ESTRUTURA POPULACIONAL DA FLORESTA DE MANGUE E DO CARANGUEJO-UÇÁ, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), NA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA “MÃE GRANDE” DE CURUÇÁ, CURUÇÁ-PA

March 25, 2018 | Author: Jeronimo Amaral de Carvalho | Category: Mangrove, Trees, Natural Environment, Conservation, Plants


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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁCAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA INSTITUTO DE ESTUDOS COSTEIROS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA AMBIENTAL MESTRADO EM RECURSOS BIOLÓGICOS DA ZONA COSTEIRA AMAZÔNICA ESTRUTURA POPULACIONAL DA FLORESTA DE MANGUE E DO CARANGUEJO-UÇÁ, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), NA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA “MÃE GRANDE” DE CURUÇÁ, CURUÇÁ-PA SUELEN MARIA OLIVEIRA PEROTE Prof. Dr. MARCUS EMANUEL BARRONCAS FERNANDES (ORIENTADOR) 34 BRAGANÇA-PA 2010 SUELEN MARIA OLIVEIRA PEROTE ESTRUTURA POPULACIONAL DA FLORESTA DE MANGUE E DO CARANGUEJO-UÇÁ, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), NA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA “MÃE GRANDE” DE CURUÇÁ, CURUÇÁ-PA Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Ambiental: Mestrado em Recursos Biológicos da Zona Costeira Amazônica, da Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Bragança, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Biologia Ambiental. Orientador: Prof. Dr. Marcus E. B. Fernandes 35 BRAGANÇA-PA 2010 SUELEN MARIA OLIVEIRA PEROTE ESTRUTURA POPULACIONAL DA FLORESTA DE MANGUE E DO CARANGUEJO-UÇÁ, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), NA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA “MÃE GRANDE” DE CURUÇÁ, CURUÇÁ-PA Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Ambiental: Mestrado em Recursos Biológicos da Zona Costeira Amazônica, da Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Bragança, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Biologia Ambiental. Orientador: Prof. Dr. Marcus E. B. Fernandes Data de aprovação:____/____/ 2010 Banca examinadora: __________________________________________________ Dr. Marcus Emanuel Barroncas Fernandes (Orientador) Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança - UFPA __________________________________________________ Dr. João Marcos Góes (Titular) Universidade Federal do Piauí, Campus de Parnaíba - UFPI __________________________________________________ Dra. Cláudia Nunes-Santos (Titular) Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança - UFPA homem peixe. pendurada A benção minha mãe Já aprendi nadar em seu mar azul Adorar a água.. Campus de Bragança ..UFPA BRAGANÇA-PA 2010 . minha casa Eu amo você pérola azulada conta No colar de Deus. Marivana Borges (Titular) Universidade Federal do Pará. água Fonte iluminada .36 __________________________________________________ Dra. Eu amo você terra minha amada Minha oca meu iglu. Ao meu namorado. parceria. modelos reais de perseverança.. dedicação e paciência. composta por meus verdadeiros mestres. por ter permanecido ao meu lado compartilhando angústias e dúvidas.37 Já aprendi a ser parte de você Respeitar a vida em sua barriga Quantos mais vão aprender . .. Zé Miguel e Joãozinho Gomes A toda minha família. incentivo. críticas e opiniões. . provavelmente os ingredientes mais importantes para um bom trabalho.38 estendendo sua mão amiga em momentos difíceis. Outros contribuíram com amizade. gostaria de destacar algumas pessoas e entidades que foram especialmente importantes. Marcus Fernandes pela orientação. que foi indispensável à execução deste trabalho. carinho e afeto. escrevê-los são mais difíceis do que redigir a dissertação. Temendo esquecer alguém. com sugestões. idéias. por cada palavra de incentivo e pela ternura de cada abraço. Ao Programa oportunidade. agradeço a todos que conviveram comigo nesses últimos dois anos. Diversas pessoas colaboraram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho. Dedico AGRADECIMENTOS Sem dúvidas. compreensão e amizade. À CAPES pelo suporte financeiro. de Pós-Graduação em Biologia Ambiental pela Ao Professor Dr. através da concessão de bolsa de estudo. Porém. 3......... pelo aprendizado e pela amizade......1 IMPORTÂNCIA 9 9 2 . Milene Tavares e Renata Barros que se tornaram muito mais que companheiras de curso e de casa... Amo-te! Ao Sr.... Tornaram-se amigas pra todo o sempre! Aos meus amigos que não entendem absolutamente nada (ou quase nada) de biologia. Obrigada pelo carinho....... Messias Sousa (Bolor).... Marcelo Morita.... Fátima Gomes....... 1 1 1.. 1 4 1..... À turma de Mestrado/2008 com quem convivi boa parte desses últimos dois anos............. 1 INTRODUÇÃO........ que por vezes deve ter detestado a mim e a esse trabalho.......... Obrigada por depositarem em mim a confiança para todas as horas! Obrigada por vocês existirem! Ao meu namorado........39 À minha família pelo apoio incondicional.................... Em especial.................. pois ele sacrificou muitos momentos que poderíamos ter desfrutado juntos............ 1.......... acima de tudo. pela amizade e.... Mas que estiveram presentes nos momentos de diversão ao longo desses últimos anos.................. pelos dias de trabalho e descanso que abdicaram para me ajudar em todas as minhas coletas de dados no manguezal.. e a sua família de me acolheu de braços abertos..................... pela diversão.......... 8 1......................................... catador de caranguejo que me acompanhou em todas as minhas idas ao manguezal.... mas sempre incentivou............. a Adriana Pedale............ Andreza Sombra..... 1763)... Valeu galera! SUMÁRIO CAPÍTULO 1 ..3 CARANGUEJO-UÇÁ...........2 VEGETAÇÃO............ Ucides cordatus (Linnaeus.... manguezal e caranguejo........ sempre cobrou para que eu continuasse e concluísse mais esta etapa de nossas vidas que vamos construindo juntos.................................. pelas lições de vida........INTRODUÇÃO GERAL.................. sempre apoiou e.1 MANGUEZAL.... o melhor de tudo.......... ..... 1763) (CRUSTACEA........... 3 6 RESULTADOS...............2 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA............... ..4 ESCOPO DA DISSERTAÇÃO......................................................................BIOMETRIA E ESTRUTURA POPULACIONAL DO CARANGUEJO-UÇÁ.....................3.. 0 1............. .............................................................................. 3 5 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................ 2 2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................................................................... Ucides cordatus (LINNAEUS........ 4 0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................ATRIBUTOS ESTRUTURAIS DAS FLORESTAS DE MANGUE DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA “MÃE GRANDE” DE CURUÇÁ...... CURUÇÁ-PA RESUMO.............. 5 4 CAPÍTULO 3 .................40 ECOLÓGICA............................................... 3 4 INTRODUÇÃO........ ......................................................... 2 4 CAPÍTULO 2 .... 2 1 1................... ... CURUÇÁ- 5 0 ........................................................................ DISCUSSÃO.... BRACHYURA) NOS MANGUEZAIS DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA “MÃE GRANDE” DE CURUÇÁ.......................... ............... ..................................... 6 5 RESULTADOS..................... 6 9 DISCUSSÃO..................................... 7 7 CAPÍTULO 4 ..............................................................DISCUSSÃO GERAL..................................................... 7 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 6 1 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................................................................... ANEXO ....................... 8 4 8 9 ....... ............................................................................................................................................... ................................... ................................41 PA RESUMO.............................................. 6 0 INTRODUÇÃO.... 42 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO GERAL . Os manguezais brasileiros estão distribuídos do rio Oiapoque. WALSH. 1995). perdendo apenas para a Indonésia. locais que favorecem a deposição de sedimentos (ADAIME. estão diretamente relacionadas à biodiversidade do ecossistema de manguezal (LUGO & SNEDAKER.400 km2). Está localizado em áreas costeiras nas regiões tropicais e subtropicais ao redor do mundo e desenvolve-se preferencialmente em deltas. 1987). podendo estender-se até latitudes superiores (30oN e 30oS). a grande amplitude de maré e a precipitação pluvial anual acima de 1.550 km2 distribuídos ao longo de seus arquipélagos. O desenvolvimento destas florestas é também associada à baixa energia das ondas. abrangendo um total de 181. no . no entanto. que apresenta 42. mas.43 1 INTRODUÇÃO 1. 1987.077 km2. 1986. 1974. TOMLINSON. às linhas de costa protegidas.ano-1 proporcionam o crescimento de florestas de mangue em direção ao interior.1 MANGUEZAL O manguezal é um ecossistema onde ocorre o encontro de água doce dos rios com a água salina do mar (TOMLINSON. 1974.500 mm. ao aporte de água doce abundante. 1974). As florestas de mangue apresentam maior desenvolvimento nas faixas entre os trópicos de Câncer e Capricórnio (23o30'N – 23o30'S). enseadas e baías. formando cinturões que podem se estender por mais de 60 km continente adentro. Além destas condições. Assim. SCHAEFFER-NOVELLI. 2000). a ocorrência dos manguezais está relacionada às temperaturas constantes (< 5ºC de variação) e acima de 20ºC (WALSH. HUTCHINGS & SAENGER. O Brasil é o segundo maior país em área de manguezais (13. à salinidade entre 5 e 30 e à deposição e acúmulo de sedimentos finos. como as supracitadas. Diversos autores apontam para o fato de que variáveis abióticas. 1986). seu ótimo desenvolvimento estrutural é associado à linha do Equador (QUIÑONES. Esse ecossistema representa cerca de 8% de toda linha costeira do planeta e 25% da costa tropical. NEIMAN. 1993. 1981. 2000. à Praia do Sonho. 2001). MASCARENHAS . RIBEIRO et al. ODUM & WILSON. alimento e local de procriação para uma grande variedade de vertebrados. os manguezais têm grande relevância do ponto de vista econômico por: i) apresentarem uma diversidade faunística utilizada como recurso alimentar. 1978). apresenta cerca de 2. répteis. 2005). BLASCO & FIELD.591 km2 (MENDES. 2000). PRIMAVERA. 1978. serve como berçário e local de desova para diferentes espécies de peixe. aves e mamíferos (SAENGER. bem como fornece refúgio. destacando-se como um sistema-chave no litoral do ponto de vista biológico. FERNANDES. crustáceo e molusco (NEIMAN. ANDRADE & FERNANDES. ALONGI. Além de sua importância ecológica. ii) promoverem a produção de bens e serviços capazes de atrair e manter populações humanas em suas proximidades (SNEDAKER. no Estado de Santa Catarina (latitude 28º53’S) (SPALDING. A área ocupada pelos manguezais no Estado do Amapá corresponde a 2. 1998. Esse ecossistema promove a estabilidade da linha de costa contra erosão (CINTRÓNMOLERO & SCHAEFFER-NOVELLI. 2005. totalizando uma área de 7. 1983. 2000.44 Estado do Amapá (4º30’N). os dois últimos estados abrigam 57% dos manguezais do Brasil. LARA & KATTNER. Os manguezais representam uma parcela relevante dos estuários com substrato lamoso. 1996).300 km2. alimenta a cadeia trófica costeira (DITTMAR. NASCIMENTO. exporta nutrientes para os ambientes aquáticos adjacentes (GOLLEY. no Estado do Maranhão e o Cabo Orange.117 km2 e no Maranhão 5. no Pará representa 2. 1997). Pará e Maranhão. no Estado do Amapá. 2005). 1989. MANESCHY. por sua vez. Em conjunto. SZLAFSZTEIN. 1995). MANESCHY. 1983. SAENGER.414 km2. A costa amazônica brasileira.250 km de extensão e localiza-se entre a Ponta do Tubarão. TIRENDI & CLOUGH. 1995. HEGERL & DAVIES. 1989. favorece uma intensa atividade pesqueira (CINTRÓN-MOLERO & SCHAEFFER-NOVELLI. 1995. como: anfíbios. SOUZA FILHO. ALONGI. 1962. compreendendo os estados do Amapá. 2005). PROST & LOUBRY.. ecológico e econômico (ALCÂNTARA-FILHO. cria diversos microhábitats para a fauna associada (AUGUSTINUS. 2003). HEGERL & DAVIES. 1983. além de ser a maior responsável pela maior produção primária na zona costeira (ALCÂNTARA-FILHO. ALMEIDA. rápido desenvolvimento da copa. Essa vegetação contribui para a fixação do substrato. carvão. a presença de lenticelas e pneumatóforos. obstáculo à energia das marés e ao fluxo de água doce e abrigo às espécies de peixe no período da desova. A paisagem do manguezal é composta por espécies botânicas lenhosas. 1999). a floresta. . 1995. 1986). 1978). são classificadas em dois tipos: i) espécies típicas – espécies vegetais arbóreas que dominam a paisagem em áreas características do sistema e. epífitas. construção de casas e currais para a pesca (HAMILTON & SNEDAKER. 1984. segundo Duke (1992).45 & GAMA. As espécies vegetais das florestas de mangue. acompanhadas por espécies herbáceas.1986). baixa concentração de oxigênio do substrato lamoso e regime de inundações diárias. hemiparasitas e aquáticas típicas (HERZ. medicamentos. 1991). Essas plantas servem de substrato para moluscos e crustáceos. 1. ABUODHA & KAIRO. eficiente mecanismo de retenção de água e nutrientes e excreção de sal (TOMLINSON. e “mangue” para as espécies vegetais arbóreas (MACIEL. iii) fornecerem recursos vegetais para produção de lenha. dispersão de propágulos pelas marés. chamadas de mangue.2 VEGETAÇÃO As florestas de mangue apresentam baixa diversidade florística quando comparadas às outras florestas tropicais. 1991). 1996). Botânicos e ecologistas brasileiros utilizam o termo “manguezal” para o bosque. 2001) e iv) auxiliarem na produção de mel de abelha (D’AQUINO & SANTANA. como alta salinidade da água intersticial. o que permite o desenvolvimento apenas de espécies com adaptações específicas ao meio (TOMLINSON. As principais características adaptativas das árvores de mangue são as raízes aéreas. Isto porque o ambiente onde ocorrem oferece condições peculiares. além das plantas associadas de hábito arbóreo ou arbustivo: Conocarpus erectus L. PAOLI & GIRNOS.. facilitando o estabelecimento e o desenvolvimento de outras espécies vegetais precursoras. Arg.) Gaertn f.W. Rhizophora racemosa G. predominam as espécies típicas da várzea estuarina: Euterpe oleracea. ao redor do mundo. Segundo ABREU et al. Montrichardia arborescens (L. os quais podem estar determinando a distribuição e abundância atuais dessas espécies. As famílias Avicenniaceae e Rhizophoraceae. As florestas de mangue têm suas características estruturais e funcionais determinadas pela interação de características ambientais que atuam em escalas global. Avicennia schaueriana Stapf.. 2005).) Schott. Para Tomlinson (1986). 1996). Montrichardia lunatum. com 25 espécies dominam as florestas de mangue do planeta. Hibiscus tiliaceus L. Rhizophora harrisonii Leechman e Laguncularia racemosa (L. todas associadas a várias outras espécies botânicas. 1982). 2006 todas essas seis espécies típicas ocorrem nos manguezais do litoral paraense. Nas margens de acumulação de meandros de rios. À medida que se distanciam das margens d’água. Rhabdadenia biflora (Jacq. . 20 gêneros e 54 espécies. os manguezais vão ocupando níveis topográficos mais elevados. como: terra firme. provenientes de ambientes adjacentes às espécies associadas (LIMA. Tomlinson (1986) descreve que a composição florística considerada típica para os manguezais.F. dentre outras (PROST & RABELO.) Stearn. ou de vegetação baixa que são atingidos somente pelas marés de sizígia: Acrostichum aureum L. onde há maior consistência do solo. ao longo da costa amazônica brasileira.46 ii) espécies associadas – espécies pertencentes à flora de outros sistemas. o número reduzido de espécies vegetais típicas nos manguezais neotropicais parece estar relacionado à recente formação desse ecossistema. bem como aos processos geológicos históricos... Meyer.). Rhizophora mangle L. regional e local (BROWN & LUGO. várzea estuarina e igapó. etc.) M. que ocorrem associadas às espécies típicas do manguezal. é representada por 16 famílias. Nos manguezais brasileiros ocorrem seis espécies típicas de mangue (Avicennia germinans (L.. a restauração ocorre rapidamente. o que possibilita a identificação e delimitação das florestas com características semelhantes. ao longo da costa brasileira. 1992). densidade. área basal. 2006). distribuição dos indivíduos por meio das classes de altura e diâmetro e padrões de distribuição dos componentes florestais (SMITH III. seja encontrado na região amazônica. a forte pressão antrópica nos manguezais é um dos principais responsáveis pelo aumento da vulnerabilidade dos ambientes litorâneos. a maior parte das perturbações causadas pelo homem transforma drasticamente os fluxos de energia e matérias. Os manguezais brasileiros apresentam grande variabilidade estrutural. espera-se que o maior desenvolvimento estrutural das florestas de mangue. 1992). considerando as características ambientais. permitindo comparações entre as diferentes áreas (SCHAEFFER-NOVELLI & CINTRÓN-MOLERO. considerando o efeito antrópico nos manguezais. Assim. 1995). podendo ocasionar um processo de degradação irreversível do meio (CRUZ. Impactos naturais e impactos antrópicos compõem os agentes causadores de degradação das florestas de mangue. FERNANDES & SILVA. fato intimamente relacionado às condições ambientais particulares encontradas ao longo de uma grande extensão latitudinal (SCHAEFFER-NOVELLI & CINTRÓN-MOLERO. que impedem a regeneração e o desenvolvimento das plantas. pois fornecem uma idéia do grau de desenvolvimento da floresta. De fato. em geral. 1986). deixa resíduos tóxicos.47 A estrutura dos bosques de mangue pode incluir: composição e diversidade de espécies. Assim. Na região nordeste do . ou ainda. Porém. Cintrón-Molero & Schaeffer-Novelli (1992) apontaram para o fato de que quando as perturbações antrópicas se assemelham a um fenômeno natural. Todos esses atributos estruturais são importantes. Os fatores econômicos e sociais têm levado os manguezais a um crescente processo de degradação (CINTRÓN-MOLERO & SCHAEFFERNOVELLI. onde o complexo hidrobiológico e o clima equatorial têm favorecido o estabelecimento de manguezais bem desenvolvidos (SEIXAS. 1988). 1763) é umas das espécies mais importantes que compõem a fauna dos manguezais brasileiros. Ucides cordatus (Linnaeus. Tais impactos naturais são causados. o assoreamento tem causado a morte da vegetação característica dos manguezais. ocorrendo em maior ou menor abundância em toda a extensão da costa do Brasil. Melo (1996) e Ng. exposição do solo para práticas agrícolas. por ação de correntes. MELLO & FURTADO. possui o seguinte registro taxonômico: Reino: Animalia Filo: Arthropoda Subfilo: Mandibulata Classe: Crustacea Subclasse: Malacostraca Ordem: Decapoda Infraordem: Brachyura Super-Família: Ocypodoidea Rafinesque (1815) Família: Ucididae Števčić (2005) . intensificação da especulação imobiliária. sobrepesca de crustáceos para a comercialização (BASTOS & LOBATO. 1763) O caranguejo-uçá. Essa espécie é a única espécie do gênero Ucides com registro de ocorrência no Brasil e segundo Bowman & Abele (1982). ondas e marés. 1. extração de madeira. produção de carvão e lenha.48 Estado do Pará. Ucides cordatus (Linnaeus. Guinot & Davie (2008). além de migração das dunas sobre os manguezais por processos eólicos (SENNA. 2002). Incluídos dentre os impactos antrópicos mais danosos na região estão: construção de estradas.3 O CARANGUEJO-UÇÁ. bloqueio de canais e barragens. 1972). turismo predatório. principalmente. 1996). desde o estado do Amapá até o estado de Santa Catarina (COSTA. período em que os caranguejos permanecem no interior das galerias. CUNHA-FILHO & FREIRE. 1993). 1993). . quando os indivíduos retiram todo o excesso de substrato introduzido em seu interior durante a maré enchente. COSTA. BLANKENSTEYN. CASTRO. Ocorre principalmente nas zonas entremarés e vive em galerias ou galerias escavadas no substrato lamoso (PAIVA. no entanto. BEZERRA & FONTELES-FILHO. COSTA. NASCIMENTO. Este fato. 1978. Cada indivíduo ocupa uma única galeria. NASCIMENTO. ALCÂNTARA-FILHO. 1972. tortuosas e ficam submersas durante a preamar. que são facilmente diferenciadas das marcas deixadas pelas fêmeas (COSTA. O caranguejo-uçá é uma espécie semiterrestre que habita as porções altas dos manguezais. 1979. As dimensões da abertura das galerias do caranguejo-uçá possuem correlação positiva com o tamanho do seu habitante (ALCÂNTARA-FILHO. 1971. 1997). 1979). associado às marcas deixadas pelos machos na lama. 1979. saindo destas somente na baixamar. 1986. as galerias onde os caranguejos-uçá habitam são profundas. CUNHA-FILHO & FREIRE. Os caranguejos adultos habitam galerias com uma única abertura. COSTA. As primeiras saídas são destinadas à limpeza das galerias. enquanto os jovens podem habitar galerias escavadas no sentido horizontal. com até cinco aberturas que se comunicam entre si. 1979. 1997). sendo as saídas seguintes para a procura de alimento (COSTA. no presente trabalho será utilizada a nomenclatura Ucides cordatus em substituição a Ucides cordatus cordatus. 1978. característica acentuada de territorialismo na espécie.49 Gênero: Ucides Rathbun (1897) Espécie: Ucides cordatus Linnaeus (1763) Subespécie: Ucides cordatus cordatus Por ser a única subespécie do gênero Ucides presente no Brasil. durante o período de acasalamento é possível encontrar mais de um caranguejo por galeria (BLANKENSTEYN. Segundo Lutz (1912). mesmo que levemente. O estudo de Drach é relevante pela ênfase dada ao aspecto biológico que a muda envolve. Como todos os crustáceos. é considerado por Costa (1979) uma espécie onívora. junto com os estágios do ciclo de muda (NASCIMENTO.50 torna a coleta desse caranguejo bastante seletiva quanto sexo e tamanho dos indivíduos. 1986). 1971. sendo facilmente quebrado com as mãos. O exoesqueleto ainda está muito mole e deforma facilmente quando pressionado. Também é chamado de Pós-Muda. por isso. porém ainda deforma se pressionado. BEZERRA & FONTELES-FILHO. A classificação dos estágios de muda do caranguejo-uçá baseiase no trabalho de Drach publicado em 1939 (IVO & GESTEIRA. Também é chamado de Inter-Muda. A obtenção de alimentos é realizada durante a baixamar nas proximidades da galeria. Segundo Pinheiro & Fiscarelli (2001). magnésio e carbonatos e qualquer injúria de . No final da década de 30. Drach descreve o ciclo das mudas em quatro períodos: A – É o período que se dá imediatamente após a muda. D – É o período preparatório para a muda. CASTRO. sendo o alimento levado para o interior da mesma. o corpo fica preenchido por uma substância leitosa rica em cálcio. o caranguejo-uçá também passa pelo processo de muda ou ecdise. que é a troca do exoesqueleto decorrente do seu crescimento. mas todos os aspectos da fisiologia desse indivíduo estão mudando continuamente. Também é chamado de Pós-Muda. C – É o período mais longo que compreende a maior parte da vida do animal. B – É o período em que o exoesqueleto já está mais rígido. em que o exoesqueleto antigo começa a se desprender do corpo. O caranguejo-uçá alimenta-se principalmente de vegetais e restos de matéria orgânica em decomposição (PAIVA. A muda não é um ato restrito que interrompe o curso da vida do caranguejo. 1999). e nele o exoesqueleto já está totalmente rígido. 1993). A “andada” começa com um comportamento précopulatório. triangular e. Este período é também chamado de Pré-Muda. largo. Durante o período de muda os caranguejos adultos costumam manter a abertura de suas galerias fechada. Existem relatos de ocorrência de “andadas” tanto no período das luas cheias (GÓES et al. 2001) quanto no das luas novas (GÓES et al. estreito. “soatá”. “andança”. de três a nove dias antes da “andada” os machos liberam uma espuma branca..51 apêndices locomotores permite o extravasamento de hemolinfa.. temperatura e precipitação). ao passo que os indivíduos jovens a mantém tapada durante o ano todo. particularmente nos meses de verão (GLASER & DIELE. Neste momento. 2002). O abdome do macho é longo. 2000. PINHEIRO & FISCARELLI. enquanto nas fêmeas o abdome é semicircular. o que permite a fácil caracterização sexual dos indivíduos.. Segundo Góes et al. sugerindo a existência de sucessivas mudas. machos e fêmeas saem de suas galerias para o acasalamento em um fenômeno denominado pelas comunidades litorâneas de “andada”. PINHEIRO & FISCARELLI. . 2002). Por isso. com todos os segmentos visíveis e não fusionados (NASCIMENTO. com o quinto e sexto segmentos soldados num segmento longo. que envolve um grande deslocamento e troca de golpes com quelípodos entre indivíduos (GÓES et al. (2000). possivelmente para atração sexual através de feromônios. No período reprodutivo do caranguejo-uçá (meses de maior fotoperíodo. DIELE. 1993). 1972). geralmente.. 2000. como também pelo aumento de sua procura para o consumo humano. Os caranguejos apresentam morfologia externa bastante diferenciada. 2004). WUNDERLICH et al. há uma intensificação da exploração comercial deste recurso pela maior facilidade de captura. 2000. “corrida” ou “carnaval” (PINHEIRO & FISCARELLI. 2001. articulando-se com o telson.. permanecendo em no seu interior. 2000. os caranguejos neste período são chamados popularmente de “caranguejos-deleite”. WUNDERLICH et al. sem período definido (COSTA. 2001). . (2002) indicam que as larvas zoea de Ucides cordatus. 2000). aproximadamente 1. uma vez que ovários desovados não apresentam ovócitos em maturação. Mota-Alves (1975) define a desova de U. 1988). RODRIGUES & HEBLING. Após a ecdise da megalopa. com o auxílio do pênis. Góes et al. não sendo observado estádio pré-zoea (RODRIGUES. a análise histológica das gônadas das fêmeas confirmou que não ocorrem desovas múltiplas em um mesmo ciclo reprodutivo anual. Os espermatozóides transferidos para os receptáculos seminais da fêmea ficam armazenados até o momento da desova. O ciclo de vida do caranguejo-uçá apresenta sete estágios larvais antes de adquirir morfologia similar a do adulto. pois possuem reservas nutricionais. Em laboratório. evidenciando a fecundação externa (MOTA-ALVES. origina-se o primeiro estádio juvenil do caranguejo-uçá. que pode ser total. Após chegarem à costa. cordatus como sendo total. 2001). já que observou ovários com características dos estágios maduro e em recuperação.5 mm de largura de cefalotórax (DIELE. O desenvolvimento larval é constituído por cinco ou seis estádios zoea e um de megalopa. por isso é dita como de desenvolvimento indireto (PINHEIRO & FISCARELLI.52 O acasalamento do caranguejo-uçá ocorre com a fêmea em decúbito dorsal. (2000) sugerem que a desova desta espécie é do tipo parcelada. precisam capturar alimento para suprir todas as suas necessidades e ter êxito na realização das mudas. quando óvulos e líquido espermático são simultaneamente liberados. Estes são raramente vistos e pouco se sabe sobre seu hábitat e ecologia (WOLCOT. ocasião em que o macho a cobre e deposita o líquido seminal nas aberturas existentes na base do terceiro par de patas. Diele (2000) apresenta evidências de que algumas fêmeas podem liberar larvas mais de uma vez no mesmo período reprodutivo. porém. simultaneamente. Neste estádio os exemplares têm tamanho reduzido. 1975). experimentos realizados por Abrunhosa et al. 1982. Por outro lado. as larvas megalopas assentam-se e metamorfoseiam-se em pequenos caranguejos terrestres. Nascimento (1993) ainda discute se a fecundação do caranguejo-uçá é externa ou interna. embora lecitotróficas. 1989). Segundo Dalabona & Silva (2005). os indivíduos levam de 3. OSTRENSKY et al. com certa facilidade. 2000. 1992). as galerias habitadas. ii) Tapamento . 2005). sendo variadas as estimativas de idade em que os machos atingem o tamanho comercial de 6 cm de largura do cefalotórax.3 e 9. Sua captura ou "catação" acontece no período da baixamar e é feita com as mãos. Estudos realizados em diferentes regiões brasileiras revelam que. PINHEIRO. Amapá. fazendo com que os caranguejos movam-se em direção à superfície (NORDI. ou auxiliada por instrumentos adaptados pelo próprio catador. segundo Portaria IBAMA nº 34/03-N.consiste na obstrução da saída das diversas galerias com pedaços de plantas e/ou sedimentos do próprio mangue. maiores do que 10 cm de largura de carapaça. A atividade de “catação” do caranguejo-uçá nos manguezais brasileiros constitui uma das mais importantes atividades para a subsistência das populações humanas tradicionais que vivem no entorno desse ecossistema. A longevidade dessa espécie de caranguejo para alguns autores ultrapassa um pouco os dez anos de idade (DIELE. cordatus apresenta crescimento lento.. IVO et al. 2005).53 U. 2000. o sexo e a faixa de comprimento aproximado do indivíduo no interior da galeria (COSTA. 1995. FISCARELLI & HATTORI. . A experiência dos catadores de caranguejo-uçá lhes permite identificar.8 cm.1 cm. De acordo com DIELE (2000). No entanto.consiste na coleta dos indivíduos pela introdução do braço nas galerias para a retirada dos caranguejos (NORDI.. 1972).8 a 11 anos para atingir o tamanho comercial (NASCIMENTO. 1992). 1993. devido a esse crescimento reduzido. FISCARELLI & HATTORI. Abaixo estão descritos os métodos de captura do caranguejo-uçá utilizados nas regiões Norte e Nordeste do país: i) Braceamento . de 24 de junho de 2003 para as regiões Norte e Nordeste do Brasil. durante todo o ciclo anual. PINHEIRO. na Ilha de Maracá. PINHEIRO. 2000. o caranguejo-uçá vive em galerias individuais construídas sob as árvores de mangue. DIELE. FERNANDES & CARVALHO (2006) já registraram indivíduos.3 e 7. FISCARELLI & HATTORI (2005). ao passo que as fêmeas entre 7. os machos atingem uma largura máxima de carapaça entre 8. De acordo com Nordi (1994a). vi) Laço . ABRANTES & PAULA. NISHIDA & HERNANDEZ. No entanto. CUNHA-FILHO & FREIRE. ou cambito. 1992). vii) Gancho ou Cambito – consiste na introdução de uma vara com um gancho na ponta para a remoção do caranguejo (LEGAT & PUCHNICK.é uma armadilha de rede armada na saída da galeria onde o caranguejo é imobilizado na medida em que tenta desprender-se da mesma (NORDI. BLANKENSTEYN. com proteção na extremidade. 2005). A estimativa da densidade de caranguejos semiterrestres tem sido um tópico relativamente bem abordado na literatura (WARREN. Contudo. aciona o mecanismo de fechamento da mesma (NORDI. 1992). particularmente para braquiúros semiterrestres que habitam costões rochosos (FLORES & PAULA. ALVES. A densidade é um parâmetro imprescindível para o manejo do caranguejo-uçá (BRANCO. IVO et al. onde iscas são utilizadas para atrair e aprisionar o caranguejo quando ele.é uma armadilha construída com um pedaço de bambu. ALVES & NISHIDA. 1993.consiste na introdução de um ramo de planta na galeria para atiçar o caranguejo. 2000. 2005). os catadores ainda continuam utilizando todas essas técnicas de captura acima descritas. 1990. 1997. sendo uma extremidades introduzida no sedimento e na outra amarrado um fio de seda feito um laço de forca (MANESCHY. 2005. A Portaria do IBAMA Nº 034/03-N de junho de 2003 permite nos Estados do Norte e Nordeste a captura de caranguejo-uçá apenas através do método de braceamento com o auxílio de gancho. v) Redinha .é uma armadilha construída a partir de latas vazias. DIELE. KOCK & SAINT-PAUL. 2004. que ao agarrá-lo é puxado para fora mesma (NORDI.54 iii) Ratoeira . 2003). iv) Raminho . FLORES. PAULA & HENRIQUE. a escolha do método ideal para se obter uma estimativa mais confiável é um dos maiores entraves para esse tipo de estudo. 2002) e . LOURENÇO. 2000.. 1993). acidentalmente. 1992). trazendo grande aceitação da comunidade científica ao método de estimativa indireta da densidade por quantificação das galerias/área (SKOV et al. 1991). esses animais precisam ingerir uma quantidade excessiva de folhas senescentes de Rhizophora mangle. GERALDES & CALVENTI. 1999. A quantificação direta do número de galerias/área tem sido um dos métodos mais utilizados para a estimativa da densidade populacional de braquiúros semiterrestres (LOURENÇO PAULA & HENRIQUE. essa espécie de caranguejo alimenta-se de folhas senescentes que caem das árvores de mangue. o caranguejo-uçá possui importante função ecológica dentro das florestas de mangue. 1979.1 IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA Nos manguezais. bem como sua inclinação de 45º em relação ao sedimento (COSTA. armazenando-as em sua galeria. MACIA. 2002). 2002). Estimativas que utilizam a morfologia da abertura das galerias de U. De fato. Tais métodos para o caranguejo-uçá ganham ainda maior robustez quando: i) as galerias abandonadas (sem atividade biogênica) e ii) aquelas com dupla abertura. SKOV et al. QUINCARDETE & PAULA. SKOV et al. pois assimilam apenas 7. especialmente das espécies do gênero Uca. 1. JORDÃO & OLIVEIRA. além de interferirem no processo de ciclagem da matéria vegetal do sistema (ROBERTSON.55 manguezais (NOBBS & MCGUINESS. estrutura e ciclagem de nutrientes. haja vista esses animais serem os principais predadores de sementes e propágulos... Isto pode ser atribuído à presença de insetos e de caranguejos no sistema. são ambas desconsideradas durante as estimativas (HATTORI. 2002). 1983) possibilitam seu fácil reconhecimento em relação às demais espécies escavadoras.3.2% da energia orgânica. contadas como uma única galeria. 2002. 2003).. cordatus. a interação planta-animal é de fundamental importância na distribuição. 2003). Devido ao baixo valor nutricional e à difícil ingestão. Utilizando-se tal refinamento. 2001. De hábito basicamente herbívoro. os valores estimados têm sido mais próximos aos reais (BREITFUSS. 2000. sendo o restante excretado de volta ao . Além disso. KOCH. KOCH & WOLF. WOLFF & DIELE. o caranguejo-uçá assume . 1. cordatus constitui um importante recurso pesqueiro. pelas marés vazantes (KOCH. 2004) e constar da alimentação básica das comunidades litorâneas tradicionais (GLASER & GRASSO. 2002.56 ambiente (KOCH. 1999). 2003). A quantidade elevada de folhas que os caranguejos-uçá ingerem e entocam em suas galerias. A análise do processo de exportação de matéria orgânica dos manguezais para as águas costeiras evidencia que cerca de 30% da produção fica retida dentro do próprio manguezal. DITTMAR. sendo consumida pela fauna local. SCHORIES et al. 1999. 2006). 1999. 2003). facilitando assim a ação e a eficiência de bactérias decompositoras e de outros organismos saprófitos.2 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA U. Assim. 2002. 1999. vitaminas e sais minerais (FISCARELLI. NORDHAUS. por ser um alimento rico em proteínas. 1998).. em forma de partículas. além de aumentar o fluxo de energia na cadeia alimentar nesse ecossistema (KOCH. KOCH & WOLF. sua presença nos manguezais é também importante para a manutenção desse ecossistema por devolver ao substrato. 2004). a pesca desse caranguejo constitui a principal fonte de renda de muitas comunidades que vivem às margens dos manguezais (GLASER & DIELE. 1999. 1981. O simples ato de entocar material nas galerias subterrâneas do manguezal revela o importante papel do caranguejo-uçá no aproveitamento da matéria orgânica produzida e na ciclagem de nutrientes. enquanto que o restante é exportado para os sistemas aquáticos adjacentes (BOTO & BUNT. 2004. Além do mais.3. está em segundo lugar no fluxo energético em função de apresentar maior biomassa e ao seu comportamento no processamento do material orgânico no manguezal. SCHORIES et al. O caranguejo-uçá. segundo Koch (1999).. contribuem para diminuir a “exportação” de matéria orgânica dos manguezais. 1998. NORDHAUS.. cerca de 70% das folhas consumidas. ALONGI et al. 2005. VASCONCELOS & IVO. depende da formulação de uma ração que permita o aumento da taxa de crescimento dos indivíduos. Portanto. o que certamente tem auxiliado no impacto sobre suas populações naturais. maximizando os gastos para a larvicultura e evitando o crescimento adequado para a comercialização (HATTORI. cordatus é uma espécie de caranguejo de grande interesse comercial. RODRIGUES et al. mesmo com os estudos disponíveis na literatura. KOCH & SAINT-PAUL. ou seja. 1999. CUNHA-FILHO & FREIRE.. U. A notável diminuição do caranguejo-uçá nos manguezais do Norte e Nordeste do país tem sido a principal preocupação dos órgãos gestores. contribuindo para a geração de emprego e renda nas comunidades pesqueiras que vivem nas zonas de estuário.. VASCONCELOS. (1995). PINHEIRO. FISCARELLI & HATTORI. 1989) e ii) reduzida taxa de crescimento (DIELE. Assim. 1997. Embora conste na Lista Nacional das Espécies de Invertebrados Aquáticos e Peixes Sobreexplotadas ou Ameaçadas de Sobreexplotação (Anexo II da Instrução Normativa N° 5 de 21 de maio de 2004 do MMA). IVO & GESTEIRA. 1993). DIAS & IVO. SOUZA. é importante ressaltar que a viabilidade da criação em cativeiro do caranguejo-uçá também está atrelada à alimentação dos indivíduos. o presente trabalho apresenta-se com o propósito de gerar .57 características de recurso pesqueiro de elevado valor socioeconômico nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.. 1999. IVO et al. GÓES et al. 1999.. BOTELHO. 1995. 2000). as quais promovem: i) elevada taxa de mortalidade na fase larval (RODRIGUES & HEBLING. 2000. A criação desse caranguejo em cativeiro ainda apresenta várias dificuldades técnicas. Sua comercialização atinge altos valores em função da sua elevada procura na gastronomia das grandes cidades (NASCIMENTO. indicando a premência de estudos sobre a viabilidade técnico-econômica de seu cultivo e quantificação de seus estoques pesqueiros (OSTRENSKY et al. segundo OSTRENSKY et al. 1999. BLANKENSTEYN. 2000. 1999. 2002). Por fim. DIELE. é evidente a escassez de informações sobre as interações biológicas que influenciam a abundância e/ou densidade desta espécie nas florestas de mangue. 2005). enfatizando a composição e distribuição espacial dos mangues nos limites da Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. . Ucides cordatus (Linnaeus. Os outros três capítulos apresentam os resultados e discussões acerca da estrutura populacional das espécies arbóreas de mangue e do caranguejouçá. Curuçá-PA.4 ESCOPO DA DISSERTAÇÃO A presente dissertação possui quatro capítulos.“Atributos estruturais das florestas de mangue da Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. além de verificar a relação entre variáveis biométricas e populacionais desse caranguejo e os atributos estruturais dos manguezais onde vivem na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. O CAPÍTULO 1 é uma introdução geral sobre o ecossistema manguezal. enfatizando as florestas de mangue e o caranguejo-uçá.analisa comparativamente a eficiência de duas técnicas de estimativa de densidade usadas para o caranguejo-uçá. Curuçá-Pa . Pará CAPÍTULO 3 – “Biometria e estrutura populacional do caranguejoUçá. Curuçá-PA” – contribui para o conhecimento dos manguezais da costa paraense. Brachyura) nos manguezais da Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá.58 informações que contribuam para o preenchimento dessa lacuna nos estudos sobre o caranguejo-uçá. CAPÍTULO 2 . Curuçá-PA O CAPÍTULO 4 é uma discussão geral abrangendo os aspectos da estrutura das florestas de mangue e das populações do caranguejo-uçá. Ucides cordatus. bem como sua interação ao longo da Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. no intuito de melhor entender suas características individuais e suas interações. 1763) (Crustacea. cujo objetivo é apresentar informações importantes. 1. Curuçá. as quais ressaltem as principais características e relevância de ambos. M. no Manguezal do Rio Ceará. São Paulo: Aciesp. U. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. R. Belém. The influence of stand age on benthic decomposition and recycling of organic matter in managed mangrove forests of Malaysia. Contribuição ao Estudo da Biologia e Ecologia do Caranguejo-uçá. Arquivos de Ciência do Mar. M. Brachyura). 2001. D. 1763) (Crustacea. A. n. 5-12. A. Identificação. ABUODHA. M. v. A. Ciências Naturais. 18(1/2). S. BragançaPará. p. Hydrobiologia. 54: 123-148. ALMEIDA. ALONGI. 2006. & DIXON. 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São Pedro: Sociedade Brasileira de Carcinologia, p. 237, 2002. 69 CAPÍTULO 2 ATRIBUTOS ESTRUTURAIS DAS FLORESTAS DE MANGUE DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA “MÃE GRANDE” DE CURUÇÁ, CURUÇÁ-PA o seu processo de regeneração acentuada. R. enfatizando a composição e distribuição espacial dos mangues nos limites da Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. mangle foi a espécie mais abundante e dominou a paisagem da RESEX. Nos sítios localizados nas ilhas (3. somente o Sítio 1 apresentou indivíduos mortos por ação antrópica. As espécies de mangue foram identificadas e seus atributos estruturais mensurados. O trabalho de campo investigou cinco sítios de trabalho de forma a cobrir a maior parte da RESEX.70 RESUMO O presente trabalho visa contribuir para o melhor conhecimento dos manguezais da costa paraense. resultado da sua localização próximo às vilas e assentamentos humanos. Os resultados apontam a ocorrência de três espécies típicas: Rhizophora mangle. o que explica o alto índice de indivíduos jovens. ou seja. Curuçá-PA. 4 e 5) foi registrada a presença de indivíduos de diferentes portes. . Curuçá. Avicennia germinans e Laguncularia racemosa. enquanto nos sítios 1 e 2 a alta densidade de indivíduos de portes menores sugere a presença de bosques jovens ou em regeneração. estrutura de bosque. Todos os sítios apresentaram árvores mortas. indicando um processo constante de renovação dos bosques. evidenciando um processo de mortalidade natural associada à competição interindividual. Contudo. Palavras-chave: Manguezal. etc. como: altura. diâmetro.71 INTRODUÇÃO O manguezal apresenta grande variação dos fatores ambientais e reduzida diversidade florística. 1999). A estrutura dos bosques de mangue refere-se à composição das espécies e às principais características dos espécimes. TOMLINSON 1986). área basal. a caracterização estrutural dos manguezais constitui valiosa ferramenta no que concerne à resposta desse ecossistema às condições ambientais existentes.. De fato. com baixa concentração de oxigênio (NAIDOO 1985. com espécies herbáceas e arbóreas adaptadas morfofisiologicamente a sobreviver em águas salobras e substratos inconsolidados. além da distribuição desses componentes na paisagem vegetacional (SMITH III 1992). refletindo as características e hábitos de crescimento das espécies vegetais (CINTRÓN-MOLERO & SCHAEFFERNOVELLI 1985). As relações tróficas entre as florestas de mangue e os ecossistemas marinhos podem ser caracterizadas pela biomassa e produtividade dos manguezais. possibilitando a identificação e a delimitação dessa vegetação entre diferentes paisagens (SCHAEFFER-NOVELLI & CINTRÓNMOLERO 1986). bem como aos processos de alteração do . A estrutura da vegetação fornece idéia do grau de desenvolvimento das florestas de mangue. apresentando ambos relações estreitas com a estrutura das florestas de mangue (FROMARD et al. densidade. encontra-se a geração de informações sobre a estrutura e a distribuição da vegetação dos manguezais nessas áreas de reserva. Portanto. o presente trabalho vem contribuir para o conhecimento dos manguezais da costa paraense. MENEZES. SCHAEFFER-NOVELLI & CINTRÓN-MOLERO 1988.RESEXM (GLASER & OLIVEIRA 2004) ao longo da costa paraense. nos estudos e ações que objetivam a conservação desse ecossistema (SOARES 1999). auxiliando.72 meio. FERNANDES 1997. assim. Na costa norte brasileira poucos são os estudos que enfocam a estrutura e a dinâmica das maiores e mais desenvolvidas florestas de mangue do mundo (DAMÁSIO 1980a. que envolve diretamente as áreas de manguezais. ALMEIDA 1996. enfatizando a composição e distribuição espacial dos mangues nos limites da Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. PROST & RABELO 1996. Aliado a essa política. MENEZES. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tem adotado uma política de implantação de Reservas Extrativistas Marinhas . o que se torna fundamental para efetivar o processo de implantação e implementação das mesmas. Curuçá. Pará MATERIAIS E MÉTODOS ÁREA DE ESTUDO . 1980b. BERGER & MEHLIG 2008). BERGER & WORBES 2003. BASTOS & LOBATO 1996. O clima do município fica inserido na categoria Equatorial Amazônico. Ilha Ipomonga. dentro dos limites da Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá (Figura 1). 00°45’S e 48°00’W. Caracteriza-se pelas . Ilha Pacamorema. O município de Curuçá apresenta um patrimônio natural composto por várias ilhas de considerável extensão e de formação recente: Ilha Mutucal. Sítio 1 – Vila de Curuperé. Sítio 3 – Ilha Mutucal. Sítio 2 – Fazenda São Paulo. 47°30’W. nordeste paraense. Curuçá-PA. Sítio 4 – Ilha Ipomonga e Sítio 5 – Ilha Mariteua.73 O presente trabalho foi realizado no município de Curuçá-PA. do tipo Am da classificação de Köppen. Figura 1. Mapa ilustrando os sítios de trabalho na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. Ilha Mariteua ou Ilha dos Guarás. Ilha Cipoteua e Ilha Santa Rosa. entre as coordenadas 00°30’S. Sítio 2 – Fazenda São Paulo. As Reservas Extrativistas Marinhas são UC (Unidades de Conservação) nacionais que se inserem na classificação do Governo Federal como de uso sustentável – cujo objetivo legal é conciliar manutenção dos meios de vida da população tradicional que vive em sua área à conservação de recursos naturais renováveis locais (FIGUEIREDO et al. distribuídos de forma a cobrir a maior parte do estuário de Curuçá (Figura 1). A Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá.74 temperaturas elevadas. 2009). criada em 2002. sendo os meses mais chuvosos de janeiro a junho. O trabalho de campo foi realizado em cinco sítios de trabalho: Sítio 1 – Vila de Curuperé. é considerada uma das mais importantes Unidades de Conservação (UC) localizadas na costa amazônica. O acesso aos sítios de trabalho foi realizado através de canoa ou embarcação motorizada. com média de 27ºC. praias e manguezais da região (FIGUEIREDO et al. Sítio 3 – Ilha Mutucal. pois o mesmo localiza-se no continente. Sítio 4 – Ilha Ipomonga e Sítio 5 – Ilha Mariteua. de julho a dezembro (FIGUEIREDO et al. 2009). povoada por 6000 pescadores e suas famílias. PROCEDIMENTO DE CAMPO .062 hectares de estuário. instaladas em comunidades localizadas nas ilhas próximo aos furos. rios. Sua área abrange 37. 2009). e os menos chuvosos. e precipitações abundantes que ultrapassam os 2000 mm anuais. pequena amplitude térmica. exceto no Sítio 1. 9 1 – 4.9 30 – 39.9 > 50 > 25 .9 15 – 19. sendo medidos ao final do trabalho 2. DAP (cm) ALTURA (m) 1 – 9. As árvores com altura superior a 1 m tiveram a circunferência do tronco medida com fita métrica. inclusive os troncos das árvores mortas.9 20 – 24.9 10 – 14. perfazendo um total de meio hectare (5000 m2). Em cada sítio de trabalho foram abertas oito parcelas de 25x25 m.9 10 – 19. A altura total (AT) foi estimada considerando da base à extremidade superior da copa. com o objetivo de analisar o desenvolvimento das florestas estudadas (Tabela 1). Os indivíduos registrados foram divididos em seis classes de DAP e Altura.9 5 – 9. Curuçá-PA. Tabela 1.30 m (circunferência à altura do peito .75 O trabalho de campo foi realizado durante o período de junho a setembro de 2009. Em cada parcela as árvores foram identificadas e mensuradas.5 ha.9 20 – 29. com posterior conversão para diâmetro à altura do peito (DAP).CAP).9 40 – 49. a aproximadamente 1. Classes de DAP (cm) e Altura (m) utilizadas para análise da estrutura das florestas de mangue em todos os sítios de trabalho na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. germinans.83%). germinans apresentou os maiores valores de DAP em todos os sítios de estudo.39 cm) para A. sendo 1836 de R. Dominância Relativa (DoR) e Valor de Importância (VI) = FR + DeR + DoR. Todas as análises foram realizadas através do programa BioEstat 5. RESULTADOS Nas áreas de manguezal estudadas ocorreram três espécies arbóreas típicas de mangue: Rhizophora mangle L.68%).76 Os dados obtidos serviram como base para a estimativa dos seguintes atributos estruturais: Frequência Relativa (FR). Nos cinco sítios foram medidas 1981 árvores. racemosa. mangle (92. germinans (2. A regressão linear foi utilizada para analisar a arquitetura dos das árvores (todas as espécies juntas) registradas nos sítios de trabalho através da relação entre os valores de (DAP). Sendo no sítio 4 registrado o maior valor de DAP (32. Avicennia germinans (L. seguido por R. Densidade Relativa (DeR). A altura . 89 de L. ANÁLISE DE DADOS Os dados brutos foram testados quanto à sua normalidade através do teste de Lilliefors. Os valores de cada atributo estrutural das árvores vivas e mortas para cada espécies de mangue foram comparados entre os sítios de trabalho através da análise de variância (ANOVA .) Stearn (Acanthaceae) e Laguncularia racemosa (L. A espécie A. mangle e L. (Rhizophoraceae).) Gaertn f. racemosa (4. (Combretaceae).0 (AYRES et al.49%) e apenas 56 de A.um fator). 2007). altura total (AT) e densidade. R. Sítio 2 .42%).80 m). racemosa só foi registrada nos Sítios 1 e 2 (Tabela 2). racemosa foi a menos freqüente. germinans foram registradas pelo menos uma vez em cada sítio.26%).89.68 m). mangle apresentou Valor de Importância (VI) mais elevado em todos os sítios estudados (Tabela 2). Sítio 4 – 7. a Frequência Relativa (FR) das espécies botânicas em todos os sítios apresentou valores semelhantes. e L. porém L.10% e Sítio 2 – 0. mangle foi registrada no sítio 4 (17. Sítio 2 – 1.98.89% e Sítio 5 – 2. Sítio 3 – 8. R. L. ou seja. sendo que essa espécie só perde em altura para A. germinans no sítio 3. presente em apenas dois sítios (densidade relativa: Sítio 1 – 10. A maior altura das árvores de R. Em geral.31%.11% e Sítio 5 – 97. A. mangle e A. mangle foi a espécie mais abundante em todos os sítios (densidade relativa: Sítio 1 . Sítio 3 . . Sítio 4 – 92. mangle (13.79%). aparecendo principalmente em áreas de recolonização (clareiras e áreas com corte).15%.23%. racemosa é maior apenas que A.27%. R.77 média geral foi mais elevada para a espécie R.85%. germinans no sítio 1 (Tabela 2).91.67%. germinans a segunda mais abundante (densidade relativa: Sítio 1 – 0. 15 - 84.90 - 50.78 Tabela 2.64 11.10 10.33 33.16 13.23 229.94 17.20 42 .31 - 226.00 14.Rhizophora mangle.14 32.96 6. DAP (cm) Altura (m) FR (%) DeR (%) DoR (%) VI Local Rh Av Lg Rh Av Lg Rh Av Lg Rh Av 0.28 25.05 58.46 - 15.75 - Sítio 5 17.67 Sítio 2 13.26 11.80 14.69 15.39 - 17.00 50.00 50.00 - 97. DAP (diâmetro a altura do peito) médio.68 11.73 47.00 33. Av – Avicennia germinans.42 97.33 33. Curuçá-PA.25 86.85 8.33 33.10 0.66 205.71 2.23 Lg Rh Av Lg Rh Av Lg 10.08 8.27 - 236. Dados estruturais dos bosques de manguezais dos cinco sítios estudados da Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá.10 82. FR – freqüência relativa.26 2.98 Sítio 1 7.15 13.73 10.41 20.20 7.10 - - - - - - - - - 242.86 - 312.07 0.00 - 91.00 50.11 7.99 63.79 61.33 33. Espécie: Rh .74 - 89.01 - Média geral 13.20 33.43 20.31 1.33 98.30 9.22 17.67 33.11 33.14 28.27 Sítio 3 10.55 73.33 89.36 - 6.35 36.00 - 92.40 - 50. Lg – Laguncularia racemosa.54 9. DoR – dominância relativa e VI – valor de importância.50 - 50.50 10. Altura média. DeR – densidade relativa.45 - Sítio 4 19.47 12.11 0.89 - 71.00 12. entre 1 e 19.9 m. racemosa estão distribuídos nas classes de diâmetro menores em todos os sítios estudados. germinans apresenta indivíduos de elevado diâmetro nos sítios 3. A. racemosa apresenta árvores de altura mais elevada. as classes de diâmetro com indivíduos até 29. A. R. No entanto. ocorrem poucos indivíduos nas classes de altura inferiores e uma leve tendência para a presença de indivíduos mais altos.9 m. Nos sítios 2 e 4 os indivíduos de R. ao passo que L.9 cm são as que predominam em todos os sítios (Figura 3). O sítio 3 é dominado por árvores baixas de até 9. mangle estão distribuídos de forma mais equilibrada em todas as classes.9 cm. germinans concentram maior quantidade de indivíduos na classe de até 19. em geral. germinans apresenta uma distribuição de altura mais uniforme. mangle e A. mangle e L. mangle está presente em todas as classes. enquanto no sítio 5 a espécie R. os indivíduos de R.79 Analisando a distribuição das classes de altura no Sítio 1. Considerando as classes de DAP. . isto é. muito embora os indivíduos tenham se concentrado nas classes intermediárias. embora não tenham sido registrados indivíduos na última classe (> 25) (Figura 2). Mas. 4 e 5. . Curuçá-PA.% 80 Figura 2. Distribuição das classes de altura (m) das árvores em todos os sítios estudados na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. CuruçáPA. Distribuição das classes de DAP (cm) das árvores de mangue em todos os sítios estudados na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. .% 81 Figura 3. p>0. F=3.96.82 A análise de regressão entre os valores médios de altura e DAP para os cinco sítios de trabalho mostra uma correlação positiva e significativa entre essas duas variáveis (R2=0.05) . Esse mesmo resultado fio encontrado na regressão entre altura e densidade (R2=0.62. Regressão linear entre a altura e o DAP das árvores registradas nos cinco sítios de trabalho estudados na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. Figura 4.77. A regressão linear dos valores médios de DAP e densidade revela uma correlação negativa entre as varáveis (R2=0.67. A Figura 4 mostra que os sítios 1 e 3 possuem altura similar. muito embora apresentem diferentes médias de DAP.74.05). Curuçá-PA. p<0. F=8. gl=4. sendo o mesmo é registrado para os sítios 2 e 4. gl=4.05). F=4. . p>0.57. gl=4. 9 cm) e as árvores de L. . nos demais sítios o diâmetro máximo foi de 29. racemosa que apresentaram percentual de corte similares. As árvores cortadas desse sítio pertencem às espécies R. Os sítios 3 e 5 apresentaram os maiores diâmetros (39.9 cm).9 cm. por corte. mangle e L. A Figura 7 estabelece a relação entre o número de indivíduos mortos por ação não antrópica e as classes de diâmetro para cada sítio. ao passo que o Sítio 3 apresentou o maior número por ação não-antrópica (Figura 5). mangle pertencem a menor classe de diâmetro (1 – 9. a maioria das árvores cortadas da espécie R.83 Dentre os cinco sítios de trabalho. racemosa cortadas foram as que apresentaram o maior DAP (classe de diâmetro 10 -19. Das árvores mortas registradas em todos os sítios. isto é.9 cm) (Figura 6). somente o Sítio 1 apresentou árvores mortas por ação antrópica. No entanto. o Sítio 1 apresentou mais árvores mortas por ação antrópica. . Curuçá-PA. na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá.84 Figura 5. na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. Distribuição do número de árvores mortas por ação antrópica e não-antrópica nos cinco sítios de trabalho. Figura 6. Curuçá-PA. Percentual de árvores mortas por ação antrópica nas classes de DAP (cm) do Sítio 1. 85 Figura 7. Distribuição das classes de DAP (cm) das árvores mortas por ação não-antrópica nos cinco sítios de trabalho. na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. Curuçá-PA. DISCUSSÃO . mangle é a espécie mais dominante nos manguezais de Curuçá. ABREU et al. 1992. germinans e L. BERGER & WORBES 2003. Este fato pode estar indicando que. em Marudá e Ilha de Algodoal. porém com valores de Vl muito baixos quando comparados aos de R. Já A. A distribuição das espécies de mangue está relacionada a diferentes fatores abióticos. Curuçá-PA apresentam em sua composição florística as espécies R. racemosa aparecem como a segunda e terceira espécies com ocorrência em todos os sítios estudados. A. a distribuição.86 As florestas de mangue estudadas na RESEX Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. na península de Ajuruteua. germinans mais ocorrente nos sitos 3 e 4. esta espécie pode estar em processo de substituição por R. A paisagem local não registra a presença . Berger & Mehlig (2008) sobre os atributos estruturais dos manguezais da Amazônia brasileira. etc. em Maracanã (BASTOS & LOBATO 1996). germinans e L. No presente estudo de caso. racemosa. na praia do Crispim. germinans parece estar quase restrita a dois sítios. mangle. inundação. Isto implica que. respectivamente. No presente trabalho não foi registrada a presença de Avicennia schaueriana Stapf and Leechman ex Moldenke nos manguezais de Curuçá. SEIXAS et al. MENEZES & MEHLIG 2006. ALMEIDA 1996). ao longo da reserva. de R. 2006. principalmente. A análise dos atributos estruturais mostrou que R.). A. na Ilha de Canela (AMARAL et al. corroborando a revisão realizada por Menezes. em Bragança (MENEZES. mangle não está associada aos diferentes fatores abióticos (salinidade. sendo os indivíduos registrados quase todos adultos. mangle. mangle desenvolve-se ao longo de toda a região da reserva. sendo A. SENNA & LOBATO 2000). 2006). R. MATNI. mangle. que são as mesmas registradas em outros estudos sobre os manguezais ao longo da costa nordeste do Pará: em Curuçá (FERREIRA et al. 2001) e em Marapanim (COSTA-NETO. a altura eleva-se até assumirem o ponto em que as árvores cessam o crescimento em altura atingindo a idade madura. REISE 2003). Os dados de altura e diâmetro mostram que os sítios estudados no presente trabalho apresentam árvores de mangue de grande porte. Em geral.9 cm). BERGER & WORBES 2003). 2003) e a salinidade (JIMENEZ 1991. racemosa também é citada colonizando bancos de lama na Guiana Francesa (FORMARD et al. Em geral. o que corrobora com o fato de que essa espécie não está se expandindo na região. a variação estrutural nas florestas de mangue e a dominância de cada espécie arbórea nesse ecossistema estão relacionadas tanto às características ambientais regionais quanto aos fatores de caráter local (SCHAEFFER-NOVELLI et al. Dentre esses fatores podem ser citados a frequência de inundação (MENEZES. foi apenas registrada nos sítios 1 e 2. mais de 50% das árvores de mangue da RESEXM “Mãe Grande” de Curuçá possuem DAP reduzido. Pois. Menezes & Mehlig (2006). enquanto o diâmetro apresenta crescimento contínuo. mostrando que os bosques possuem uma alta densidade de indivíduos de pouco diâmetro. o que confirma a tendência dessa espécie ser heliófila e mais pioneira do que as outras duas na colonização de áreas abertas (ELLISON & FARNSWORTH 1993). racemosa. ZIEMAN & COHEN 1997. atingindo até a segunda classe de diâmetro aqui estabelecida (10 a 19. 2001). L. L. com porte superior a 25 m de altura e DAP em torno de 40 a 50 . segundo Matni. 1998) e áreas degradadas no Estado do Maranhão (REBELO-MOCHEL et al. 1990). enquanto as árvores crescem em diâmetro. o aporte de nutriente (FELLER et al. considerando a presença de árvores adultas.87 de bosques dominados por A. germinans. No entanto. por sua vez. Os registros de indivíduos dessa espécie foram realizados em clareiras e nas bordas dos canais-de-maré. SANTOS. Em todos os sítios de estudo somente A. mangle e que estão. indicando um processo de constante renovação. posteriormente. localizados nas ilhas. sendo substituídas no bosque. 4 e 5. além do diâmetro reduzido. sendo estas variáveis distribuídas de forma equivalente nos sítios continentais e nas ilhas. germinans. durante seu desenvolvimento. os bosques passam. provavelmente. A substituição de A. apresentou diâmetro maior que 50 cm. foi registrada a presença de vários indivíduos de todos os portes. . por exemplo. reforçando o fato de que essa mancha de manguezal é composta predominantemente por árvores jovens. Os sítios de trabalho. evidenciando que as árvores desta espécie são mais antigas do que aquelas de R. já que nenhum indício de alteração antrópica foi encontrado nesses sítios. quando o domínio é feito por poucas árvores de grande porte. A distribuição dos valores de diâmetro evidencia a diferença estrutural dos bosques. Segundo Schaeffer-Novelli e Cintrón-Molero (1986). indicando que essas áreas podem ser ou mais jovens ou estar em fase de regeneração mais acentuada. também sugere que a maioria dos bosques está em processo de substituição desses indivíduos. O sítio 1. por uma fase em que a área está ocupada por uma grande densidade de árvores de diâmetros reduzidos e. também apresentou a maior densidade (n=871). estes registros podem indicar a presença de um bosque adulto. Da mesma forma. 4 e 5. a presença de indivíduos mortos nas primeiras classes de diâmetro. localizadas no continente. germinans parece ser um processo natural. pela distribuição espacial. já apresentam maior número de indivíduos de menor porte. a uma fase de maior amadurecimento. não apresentam gradiente das variáveis DAP e altura.88 cm ou maior. nos sítios 3. Os sítios 1 e 2. Nos sítios 3. mas em processo de substituição de indivíduos senescentes por indivíduos jovens. o que. é de fácil acesso. Este sítio.89 Apesar do razoável estado de conservação dos manguezais estudados. lenha e para a confecção de currais de pesca. Por fim. essa área é. no qual se observou áreas de clareiras. o registro de indivíduos mortos e com DAP intermediário pode indicar que a morte desses indivíduos propiciou o recrutamento de indivíduos mais jovens. depois da instalação Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. No caso desses indivíduos mortos e com DAP reduzido. Árvores de mangue mortas por corte foram encontradas apenas no sítio 1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . SOARES et al. Além do mais. ao passo que para alcançar as áreas de manguezal das ilhas é necessário o uso de embarcações. existem áreas de manguezal com manchas de corte produzidas por ação antrópica. (1985) pode-se estar diante de um processo de mortalidade natural associada à competição interindividual. De acordo com os moradores locais. Moradores relatam que. 2003). há muito. é importante ressaltar que árvores mortas por ação não-antrópica foram registradas em todos os sítios de trabalho e com maior representatividade no sítio 3. sendo isto um indicador de bosques saudáveis com mortalidade associada a um processo natural (SOARES 1999. a alta densidade de indivíduos jovens nesse sítio pode ser explicada pela intensa atividade de corte das árvores de mangue para a produção de carvão. que está localizado nas proximidades da Vila de Curuperé. de acordo com Jimenez et al. áreas de corte de manguezais são raras na região por causa da intensa vigilância feita pelos próprios ribeirinhos e também pelos trabalhadores da Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. segundo Harper (1977). Portanto. é característico de populações de plantas que sofrem autoafinamento. utilizada para o corte de madeira de mangue. BASTOS. S.C. TIRENDI.S. 364 pp.D. NASCIMENTO.. C. 1985.. M. M.. v. 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Curuçá. esses mesmos sítios apresentam maiores e menores valores de DAP e altura da vegetação. biometria. densidade populacional. 1763) foram investigados em cinco sítios de estudo nos manguezais da Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá.95 RESUMO Aspectos da estrutura populacional do caranguejo-uçá. Ucides cordatus (Linnaeus. Curuçá-PA com o objetivo de realizar uma análise comparativa das dimensões da carapaça de caranguejos capturados comercialmente e de duas técnicas de estimativa de densidade (contagem das galerias e captura direta dos indivíduos). A comparação entre a densidade populacional do caranguejo-uçá realizada através das duas técnicas empregadas revelou diferença significativa. pois o método de contagem das galerias causou superestimativa da população aumentando o número de indivíduos em torno 60%. respectivamente. sendo os animais de maior porte registrados nos sítios 4 e 5 e os menores no sítio 1. . permanecendo escondido durante a preamar e saindo no início da baixamar para a captura de alimentos (Eltringhan. O caranguejo-uçá apesar de atingir grande porte na fase adulta. o que. 2000). bem como a diminuição no número de indivíduos machos por unidade de área. que . 1994. desde a Flórida (EUA) até o Estado de Santa Catarina (Brasil). observa-se uma acentuada redução no tamanho desse caranguejo. 1994). que habita galerias situadas na zona entremarés. pode-se considerar que o caranguejo-uçá vem sofrendo uma sobrepesca crescente A expressiva diminuição do caranguejo-uçá nos manguezais do Norte e Nordeste brasileiro nos últimos anos tem preocupado os órgãos gestores. Nordi. destaca-se como o detentor da maior proporção de biomassa incorporada entre os animais do manguezal (Wolff et al. Alves & Nishida. reduz a taxa de renovação deste recurso (IBAMA. O grande porte e a importância econômica do caranguejo-uçá fazem com que seja considerado um dos principais recursos pesqueiros do litoral brasileiro (Fausto-Filho. 2003. por sua vez.96 INTRODUÇÃO Ucides cordatus é uma espécie de caranguejo semiterrestre com distribuição no Oceano Atlântico Ocidental. 1968. como é popularmente conhecido.. Glaser & Diele. 1996). onde seu comércio e exploração aumentam gradativamente. Portanto. apresenta uma taxa de crescimento extremamente reduzida (Diele. Trata-se de uma espécie endêmica de áreas de manguezal (Melo. 1971). Considerando a baixa taxa de crescimento e as agressões antrópicas que esta espécie vem sofrendo. 2000). O caranguejo-uçá. 2004). 1999. Blankensteyn et al.ÁREA DE ESTUDO . 1997) e à situação de seus estoques in natura (Botelho et al. informações sobre os fatores bióticos e abióticos associados ao tamanho e à abundância dessa espécie nas florestas de mangue tornam-se necessárias no intuito de revelar o processo de associação de U. Devido à grande importância dessa espécie. Destas foram sorteadas três subparcelas para o a . Vasconcelos et al. 1995.. além de verificar a relação entre variáveis biométricas e populacionais desse caranguejo e os atributos estruturais dos manguezais onde vivem na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. 2000).p. 37 PROCEDIMENTO DE CAMPO O trabalho de campo foi realizado durante o período de junho a setembro de 2009. Assim. 1999. 1999. Curuçá-PA MATERIAIS E MÉTODOS ÁREA DE ESTUDO A descrição detalhada da área onde o presente estudo foi realizado encontrase no CAPÍTULO 2 . cordatus com a floresta de mangue. Cada parcela aberta para o estudo botânico foi esquadrinhada formando 25 subparcelas de 5x5 m (25 m2)... Diele...97 indicaram a premência de estudos relacionados à viabilidade técnico-econômica de seu cultivo (Ostrensky et al. o presente estudo tem por objetivo analisar comparativamente a eficiência de duas técnicas de estimativa de densidade usadas para o caranguejo-uçá. Ivo et al. cordatus assume posição oblíqua em relação à superfície do chão da floresta de mangue. as galerias abandonadas foram desconsideradas para as análises. cordatus foram classificadas em quatro categorias: 1) fechadas – caracterizada pela abertura oclusa por um “tampão” de sedimento úmido ou abertura não evidente. 1975. a largura (LC) e o comprimento (CC) da carapaça. fezes e/ou rastros na proximidade da abertura. em que a abertura das galerias de U. No presente estudo as galerias de U. Para cada exemplar foi determinado o sexo. 1993) e aferido o peso total individual (P). neste caso reconhecida pela elevação e textura diferenciada do sedimento. sendo confirmada por escavação.caracterizada pelo registro de lama fluida. pela morfologia externa do abdome (Mota-Alves. 4) abandonadas – caracterizadas por não possuírem qualquer atividade biogênica ao seu redor. 3) aberta com dupla abertura . Nas três subparcelas. Seguindo o trabalho de Hattori (2002). detalhes que diferenciam as galerias do caranguejo-uçá daquelas escavadas por outros caranguejos.98 coleta dos dados. As medidas foram retiradas com o auxílio de paquímetro (0. todas as galerias dos caranguejos-uçá foram identificadas de acordo com a descrição de Costa (1972). Nascimento. além de possuir formato interno peculiar.01 mm) e as pesagens em balança do tipo Pesola (500 g). Todos os exemplares capturados foram utilizados para a retirada das medidas biométricas. após a limpeza para retirada da lama do corpo do animal.confirmada por escavação e considerada como sendo uma única galeria para as análises. 2) aberta com atividade biogênica . . ha-1). cm) da carapaça e peso (g) dos indivíduos machos e fêmeas. multiplicando-se o valor do peso médio de um caranguejo (g) pelo estoque de caranguejos. cm) e peso (g) dos indivíduos machos e fêmeas dos cinco sítios de trabalho e populacionais de U. O mesmo teste foi utilizado para a análise entre as duas técnicas de estimativa de densidade. através das técnicas de captura de braceamento e tapamento [ver definição no CAPÍTULO 1. Para a estimativa da produtividade do caranguejo-uçá foi calculada a biomassa (t. com auxílio de um experiente catador local. 1763)]. utilizando os valores obtidos através do método de captura direta dos indivíduos nas galerias. utilizando-se os valores médios de cada sítio de trabalho. cm) da carapaça e ii) comprimento (CC.um fator) foi utilizada para testar a diferença entre os cinco sítios de trabalho quanto ao comprimento (CC. 1. o número médio de indivíduos por área (ind. cm) e largura (LC.ha-1). cordatus e os atributos estruturais dos . A mesma análise foi também utilizada para testar as variações de densidade das populações de caranguejo-uçá. estimado a partir dos valores de densidade.3 O CARANGUEJOUÇÁ. ou seja. ANÁLISE DE DADOS O Teste-t foi utilizado para detectar a diferença entre o comprimento (CC.m-2) foi obtida através dos seguintes métodos: i) contagem direta das galerias e ii) captura direta do(s) caranguejo(s) durante a baixamar. A análise de regressão linear foi utilizada para verificar a relação entre as variáveis biométricas: i) comprimento (CC. 1 INTRODUÇÃO. sendo que o estoque representa o número médio de indivíduos por área (ind. cm) e largura (LC. cm) e a. A análise de variância (ANOVA .99 A densidade populacional. Ucides cordatus (Linnaeus. p<0.04. cm) da carapaça dos indivíduos dos cinco sítios de trabalho foi significativamente diferente (Teste-t.18). 2007).44 cm.44±25. cordatus apresentaram LC variando de 6. . encontrados os maiores indivíduos (peso). cm) e o comprimento (CC. p<0.100 manguezais. F=19. em média. Os machos de U. cordatus variou entre 75 e 275 g. t=89.01).0 (Ayres et al.45±25. p<0.4 cm (Teste-t.01). O peso dos exemplares de U.01) (Tabela 1). gl=4.32) e os menores no sítio 1 (190. p<0.10.9 cm (Teste-t.4 a 7. sendo. Os machos apresentaram peso (g) variando de 115 a 275 g (ANOVA.01). gl=4.01) e as fêmeas a LC variou de 4. p<0. gl=4. F=10.1.07 cm e de CC foi de 5. Na população analisada a média geral da LC foi de 7.20. t=59. gl=4. t=81. RESULTADOS MEDIDAS BIOMÉTRICAS A análise entre a largura (LC. enquanto nas fêmeas o peso variou entre 75 e 190 g (ANOVA. Todas as análises foram realizadas através do programa BioEstat 5.6 a 8. no sítio 4 (193. gl=4. 7) 183.21 (4.5 (105-180) Sítio 4 7.40 (5.52±0.38 (6.9) 5.85 (120-255) 151.5) 190.60±0.79±058 (3.52±0.85 (95-160) Sítio 5 7.8-5.0) 5.001 p<0.2-5.35 (4.24±0.7-8.41±0.5-5.5-8.50±18. A análise considerando a relação entre o comprimento (CC) da carapaça (cm) e o peso (g).101 Tabela 1.7) 173.61 (95-185) Sítio 3 7.28 (6.01 A distribuição de frequência de classes de tamanho de U.45±25. Curuçá-PA.42±16. Valores médios ± Desvio Padrão (mínimo-máximo) das variáveis comprimento (CC) e largura (LC) da carapaça e peso (g) de Ucides cordatus nos cinco sítios de trabalho na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá.18 (75-160) Sítio 2 7.4) 6. positiva e significativamente relacionados (Figura 3).5) 193.20 (4.11±31.32 (150-265) 132.26 (5.27 (4. calculada através da análise de regressão. enquanto a de fêmeas ocorreu entre 6.36±33. Dimensões da carapaça (cm) Sítios Machos Peso (g) Fêmeas Machos Fêmeas LC CC LC CC Sítio 1 7.77±0.0 a 6.43 (6.0-6.71 (4.4-7.62±19.6-8.2-7.2) 4.8-6.69±15.44±25.73±0.27 (6.40±0.3-6.05±0.40 (6.34 (6.50 (115-275) 148.2) 6.6) 6.001 p>0.87±0.01 p<0.0-6.4-5.34±0.9 (120-265) 147.31 (5.65 (5.4) 5.2) 5.6) 6.18 (125-235) 190.6-7. em ambos os sexos. mostra uma correlação positiva e significativa entre os dois parâmetros (Figura 4).1-6.0 a 7.3) 5.58±29.44±25.47±0.4) 5.2) 5. cordatus nos cinco sítios mostrou uma maior frequência de machos na classe de 7.6 (115-190) Nível de significância p<0.6-7. A regressão revelou que esses estes parâmetros biométricos são.9 cm.35±0.05 p<0.66±0.9) 5.33 (5.2-7.19 (4.32 (6.88±0.26 (6.9 cm (Figura 2).31±0.14±0.8-7.6-8.1-5.7) 6.3) 5.25±0.65±0.001 p<0.6) 187. . .102 Figura 2. Distribuição das classes de largura da carapaça (cm) de Ucides cordatus (Linnaeus. 1763) das cinco áreas estudadas na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. Curuçá-PA. Figura 4. MEDIDAS DA POPULAÇÃO . Curuçá-PA. Relação entre as médias das variáveis comprimento (CC) da carapaça e peso (g) de machos e fêmeas de Ucides cordatus (Linnaeus. 1763) das cinco áreas estudadas na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. Relação entre as médias das variáveis largura (LC) e comprimento (CC) da carapaça de machos e fêmeas de Ucides cordatus (Linnaeus. Curuçá-PA. 1763) das cinco áreas estudadas na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá.103 Figura 3. enquanto a densidade estimada pelo método de captura direta foi de 0.5 t. uma relação permanente de 1. Os métodos utilizados para a estimativa de densidade quando submetidos à análise de variância apresentaram diferença significativa (ANOVA. sendo máxima (12. F=20. A análise comparativa entre os dois métodos de amostragem mostrou uma diferença bastante significativa (Teste-t.18%). t=7. Os resultados obtidos através dos dois métodos empregados para estimar a densidade populacional de U. com máxima de 7500 ind.ha-1) e mínima (5. A densidade relativa do caranguejo-uçá na Reserva Extrativista “Mãe Grande” de Curuçá foi estimada pelo método de contagem das galerias e.01) (Tabela 2). Já a densidade pelo método da contagem de galerias o maior valor foi obtido no sítio 4 e menor no sítio 1.ha-1) encontrada nos sitos 4 e 1.ha-1 no Sítio 5 e mínima de 3700 ind. O estoque médio de caranguejo-uçá para a reserva foi de 6400 ind.m-2.ha-1. Através desse último método foi observada uma maior densidade de indivíduos no Sítio 5 (0. gl=4. gl=4. também. pela captura direta dos indivíduos.8 t.7 ind. Na contagem das galerias a densidade média foi de 1.3 ind.m-2) e menor no Sítio 1 (0. respectivamente (Tabela 3).m-2. A biomassa média calculada para a reserva foi de 10.01) entre os valores médios obtidos na área de estudo.81 e 0.86.m-2.104 Os dados sobre proporção sexual dos 510 indivíduos amostrados apresentaram uma predominância de machos (300 ou 58.82%) em relação às fêmeas (210 ou 41. com 1.6 t. p<0.6 ind.ha-1 Sítio 1.82 galeria.ha-1. respectivamente.48 galeria. cordatus revelam que um percentual de 40 a 45% do total das galerias contabilizadas estava ocupada por um caranguejo-uçá (Figura 5). p<0. .98.4:1.m-2). 8 Sítio 2 6000 9.5-0.68-4.85 (0. PRODUTIVIDADE Estoque Biomassa (ind ha ) .04-0.56) 0.23 (0.105 Tabela 2.48) 0.47-1.12) 0. -2 Captura Direta .21 (0.81±0.85) Sítio 3 1.96) Tabela 3.38 (0.17-0.16-3. Curuçá-PA.4-0. MÉTODOS Contagem Galeria .60±0.5 Sítio 4 7400 12.18 (0.68) 0.91 (0. Curuçá-PA. Valores de estoque e biomassa do caranguejo Ucides cordatus (Linnaeus.32-3. 1763) estimados por dois métodos nos cinco sítios de trabalho na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá.69 (0-2. 1763) calculados para os cinco sítios de trabalho na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá.82±0. (galeria m ) -2 (ind m ) Sítio 1 0.61) Sítio 4 1.6 Sítio 5 7500 12.66 (0-2.75±0.20 (0.61±0.43±0. -1 .73±0.68) 0. Valores de densidade média ± Desvio Padrão (mínima e máxima) do caranguejo Ucides cordatus (Linnaeus.74±0.63) Sítio 2 1. (t ha ) Sítio 1 3700 5.74±0.2 -1 .96) Sítio 5 1.4 Sítio 3 7400 12.83 (0.37±0. 106 Figura 5. . Variação dos valores obtidos pelos dois métodos de amostragem populacional utilizados para Ucides cordatus (Linnaeus. Curuçá-PA. 1763) nos cinco sítios de trabalho na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. F= 3.52. Os sítios 3 e 5 apresentaram caranguejos com tamanhos médios para o padrão encontrado.05) e entre DAP e densidade de caranguejos capturados (R2= 0. os menores indivíduos encontrados. porém não significativas. Análises de regressões lineares entre as variáveis densidade de árvores e densidade de caranguejos capturados (R2= 0. Classes de largura da carapaça (cm) do caranguejouçá.05) foram realizadas e mostraram correlações. p>0. tanto em largura (LC) quanto em comprimento (CC) da carapaça pertenciam ao Sítio 1.95. DISCUSSÃO . p>0. F= 3. Os maiores indivíduos de Ucides cordatus foram encontrados nos sítios 2 e 4 (Figura 6). gl= 4. Figura 6.107 CARANGUEJO X VEGETAÇÃO Dentre os exemplares de caranguejo-uçá analisados. CuruçáPA.32.56. Ucides cordatus nos cinco sítios de trabalho estudados na Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. embora os machos estivessem dentro do tamanho comercial de 6 cm. gl= 4. 15 cm). por isso a preferência pelos machos no que se refere à captura e comercialização desse crustáceo. Ivo et al.108 Dentre os caranguejos semiterrestres de manguezal.07 cm) encontrada no presente estudo está abaixo dos valores médios registrados para outros municípios do Pará: Bragança (n=7. O fato de que os machos são maiores e mais pesados do que as fêmeas pode estar relacionado com a função reprodutiva. 1986. De fato. essencial para o acasalamento (Mota-Alves.60 cm) e Soure (n=8.4:1) revela que os machos predominam sobre as fêmeas. é possível encontrar uma grande variação no que diz respeito à razão . vale ressaltar que estes dados foram obtidos há dez anos e que esses valores podem ter sofrido alterações. cordatus no presente trabalho (1.. de acordo com a intensidade de comercialização dessa espécie.01 cm) (Melo. 1975. evidenciando que os machos têm maior porte físico do que as fêmeas.18 cm). 1999). alguns coletores de caranguejo argumentam que por serem maiores e mais largos do que as fêmeas. 2000).60 cm). Além do mais. 1982. São Caetano de Odivelas (n=7. os machos possuem mais carne. Alcântara-Filho (1978) relata a existência de mais fêmeas nos manguezais do estuário do rio Ceará. Botelho et al. 2000. os estudos disponíveis mostram que esta espécie apresenta dimorfismo sexual (Alcantara-Filho. 2003. corroborando com o estudo de Castro (1986). Curuçá (n=7. A largura média da carapaça de U. No caso de Ucides cordatus. 2004). Maracanã (n=7.. cordatus (n=7. Koch et al. A proporção sexual de U. esse peso é diretamente influenciado pelo maior tamanho dos quelípodos dos machos. sendo tal diferença sexual também comprovada no presente estudo. realizado nos manguezais do Maranhão.. as espécies do gênero Uca têm sido as mais abordadas na literatura quanto à estrutura populacional (Costa & Negreiros-Fransozo. Ceará. Castro. No entanto. Porém. Alves & Nishida. 2005). Nesse contexto. Lourenço et al. Skov et al. o que segundo Wenner (1972) e Margalef (1977) está à migração reprodutiva. Tais resultados são inesperados. principalmente porque a captura comercial tem como alvo principal os machos.. Desta forma. os quais apresentam maior tamanho. Isto foi confirmado por Pinheiro et al. a contagem direta do número de galerias/área parece ser o método que confere maior precisão. A estimativa de populações de caranguejos semiterrestres tem sido realizada por contagem visual dos animais em atividade.. 2000. Além disso. particularmente para as fêmeas.109 sexual do caranguejo-uçá. Tal fato pode ser explicado pelo crescimento mais lento das fêmeas após a puberdade (Díaz & Conde. a proporção sexual esperada é de 1:1. Outro fator relevante que parece interferir diretamente na diferença da razão sexual é a taxa de crescimento. cordatus foram obtidos através da captura direta dos indivíduos e da contagem do número de indivíduos por galeria. longevidade e mortalidade. Diele. os valores de densidade populacional de U. Para populações naturais em equilíbrio. as galerias das fêmeas geralmente estão posicionadas em locais estrategicamente mais protegidos e de difícil acesso. cordatus têm relatado uma freqüência maior de machos (Costa. No presente trabalho. Macia et al. 2001. (2002) relatam que dentre os diferentes métodos para estimativa da densidade populacional de crustáceos braquiúros semiterrestres.. que ocorre em função do maior gasto energético alocado na reprodução (Sartry. maior rendimento de carne e maior aceitação no mercado. mas a maior parte dos trabalhos com U. quantificação das galerias escavadas ou captura direta dos indivíduos (Lourenço et al. principalmente pelo fato de que apenas um exemplar é . 2002). os catadores de caranguejo capturam preferencialmente os machos. (2000) e Skov et al. 1989). por serem mais rentáveis. cujos resultados mostraram uma reduzida taxa de crescimento. segundo Costa (1972). comportamento. 1983). (2005). 1972. 2000). dispensando a captura dos indivíduos (Warren. pois a difícil captura dos indivíduos. A estimativa de biomassa na RESEX “Mãe Grande” de Curuçá são superiores as médias encontradas por Paiva (1997) no Piauí . 1997.7 t.9 t. cordatus é bastante limitada. onde a estimativa da densidade populacional aumentou o número de indivíduos em cerca de 60%.ha-1 ambos no Maranhão. fato esse registrado no presente trabalho. Alves & Nishida.ha-1 em Bragança no Pará.5 t.4 t. mesmo por catadores experientes. o método de contagem direta das galerias causa superestimativa da população de braquiúros. A caracterização da estrutura populacional de U.ha-1. prejudica a determinação das taxas de mortalidade e recrutamento ao longo do ano (Diele et al. De acordo com Schories et al. Certamente isto se deve à ausência de uma padronização do método adotado na quantificação dos tipos de galerias (principalmente as do tipo "fechadas”. ou até mesmo por falhas no delineamento experimental.5. (2003).. Jordão & Oliveira. Os resultados obtidos no presente trabalho mostram uma população com estoque bem preservado de porte acima da média. por Barros (1976) . 1972) e por ser um método que minimiza o impacto ambiental. tanto jovens como adultos.110 encontrado por galeria (Costa. (2002) acrescentam que. os dados obtidos muitas vezes são distintos quanto à área de maior preferência da espécie. explicando a dificuldade em sua extração.ha-1 e Castro (1986) . geralmente. .. mas inferiores aquelas encontradas por Fernandes & Carvalho (2007) no Amapá que foi de 22. 1993. Embora a densidade de U. 1990.ha-1. 2003).1. por Diele (2000) . 2005). 2004). cordatus já tenha sido estudada por alguns autores (Branco. Skov et al.0. “com dupla abertura” e “abandonadas”).1 t.3. Por outro lado. as galerias do caranguejo-uçá podem apresentar profundidade variando de 55 a 211cm. Blankensteyn et al. sociais e culturais (Jankowsky. Apesar da notória importância do caranguejo-uçá para os manguezais ecossistemas de funções ecológicas relevantes e constatadas cientificamente . iii) a captura de fêmeas para o esquartejamento e produção de “massa”. ii) a captura de indivíduos muito pequenos e. podendo ser utilizadas também como subsídio para a elaboração de planos de manejo efetivos para as Reserva Extrativistas Marinhas implantadas na zona costeira da Amazônia brasileira. 2005).. 1996). dessa forma não cumprindo a legislação vigente. os estoques populacionais de U.111 Os recursos oferecidos pelos manguezais possibilitam importante meio de sobrevivência às populações humanas tradicionais da região norte do Brasil (Glaser & Grasso. 2006). Em decorrência do manejo inadequado. cordatus têm decrescido anualmente na natureza. Pires & Nordi. 1998). o manejo desse recurso ainda é incipiente do ponto de vista das demandas ecológicas. como recurso econômico. Isto se deve à reduzida taxa de crescimento da espécie (Pinheiro et al. econômicas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . em menor quantidade. com redução do tamanho comercializado (Gondim & Araújo. combinada com i) o uso de armadilhas predatórias.e para milhares de ribeirinhos. As informações geradas sobre os diversos aspectos da estrutura populacional do caranguejo-uçá são essenciais no que concerne à melhor avaliação dos estoques desse recurso pesqueiro. AYRES JÚNIOR. 2003. R. Contribuição ao estudo da biologia e ecologia do caranguejo-uçá. 2007. ALCÂNTARA-FILHO. M. 1982.. Diversificação intraespecífica do caranguejo-uçá. Ucides cordatus (Linnaeus. Norhteast Brazil. A. A. P. Prospecção dos recursos pesqueiros das reentrâncias maranhenses. 192 f. 1763) (Crustacea . Trop. 28: 36-43. entre os manguezais dos Rios Pará. L. Brachyura) do Estuário do Rio Mamanguape. 1763) (Decapoda. Belém. N.Instituto Oceanográfico. R.Decapoda . São Paulo. M. K. A. & NISHIDA. A. & NISHIDA. 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A presença de predadores naturais na área de manguezal. que apresenta um padrão de distribuição agregado e associado com áreas de maior densidade de raízes no sedimento. grande parte deles regidos pela presença do tipo de vegetação do local. o seu processo de regeneração acentuada. 1991). ou seja. também. embora não mencione qualquer informação quanto às demais espécies arbóreas sobre a densidade desta espécie. Diele (2000) registrou em bosques com predomínio de Rhizophora mangle os maiores exemplares de U.. guaxinim. As medidas de largura (LC) e comprimento (CC) carapaça mostram. Vale ressaltar que os menores exemplares de U. mangle promovem uma maior disponibilidade de alimento para o caranguejo-uçá. 1991). principalmente de mamíferos (ex. indicando um processo constante de renovação dos bosques. aqueles localizados nas ilhas (3. 1992. Árvores mortas por ação antrópica (corte) ocorreu somente no Sítio 1. (2003). GENONI. padrões comportamentais. (CHRISTOFOLETTI. sabe-se que os fatores abióticos exercem grande influência sobre a distribuição espacial. Curuçá-PA ocorrem três espécies típicas: Rhizophora mangle. que se alimentam do caranguejo-uçá são comuns nas áreas de manguezal da Amazônia brasileira. Buteogallus aequinoctiallis). que de acordo com DALEO et al. e demais atividades dos caranguejos semiterrestres. em linhas gerais. resultado da sua localização próximo às vilas e assentamentos humanos.. podendo influenciar a densidade de U. enquanto nos sítios 1 e 2 a alta densidade de indivíduos de portes menores sugere a presença de bosques jovens ou em regeneração. Todos os sítios apresentaram árvores mortas. o fato desse sítio apresentar árvores cortadas explica o alto índice de indivíduos jovens. cordatus estão associados a bosques como DAP e altura reduzida e que os maiores encontram-se nos bosques mais desenvolvidos. a redução do tamanho dos caranguejos nos sítios mais próximos e de mais fácil acesso às populações humanas e o aumento do tamanho daqueles presentes nos sítios mais afastados. No entanto. As áreas de manguezal com predominância de R. A disponibilidade e abundância de alimento podem influenciar a densidade populacional dos caranguejos (ZIMMER-FAUST. 1987. pode modular a distribuição espacial de caranguejos do gênero Uca afetando sua densidade populacional. gavião caranguejeiro. Com relação a esta mesma espécie. A composição e dominância vegetal das áreas de manguezal são fatores que exercem grande importância sobre a densidade populacional de Ucides cordatus (MATSUMASA et al. sendo R. Avicennia germinans e Laguncularia racemosa. mangle a espécie mais abundante e que domina a paisagem da RESEX. que exercem grande influência sobre a fauna local (SMITH et al. a presença de um predador. Dentre os sítios de trabalho.120 Nos manguezais da Reserva Extrativista Marinha “Mãe Grande” de Curuçá. como maiores DAP e altura. cordatus. 4 e 5) contam com a presença de indivíduos de diferentes portes. Os fatores que moldam as populações de caranguejos nos manguezais ainda não são claramente definidos. NOMANN & PENNINGS. A idade dos bosques de mangue pode criar microclimas específicos. 2005). Procyon cancrivorus) e aves (ex. cordatus. . evidenciando um processo de mortalidade natural associada à competição interindividual. 1998). A captura dos caranguejos em ambiente natural e a sua comercialização são processos tradicionais e culturais das comunidades litorâneas no Brasil. P. Jaboticabal. grande parte dos indivíduos de grande porte foi reduzida. cordatus localizam-se nos sítios mais afastados (3. Ecologia trófica do caranguejo-uçá. 1763) (Crustacea. RIBEIRO. (2005) afirmam que a captura dos indivíduos maiores pode afetar a estrutura genética da população. 139 f. Assim. Ocypodidae) e o fluxo de nutrientes em bosques de mangue. Como todos os sítios são predominantemente bosques R. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias . em estudos realizados com caranguejo-uçá. Tese (doutorado) –Universidade Estadual Paulista . Dessa maneira. O. 4 e 5). essa espécie de caranguejo constitui a principal fonte de renda de muitas famílias tracionais ribeirinhas. Os sítios estudados que apresentaram maiores tamanhos da população de U. P. DALEO. em Jaboticabal-SP. Adicionalmente. na região de Iguape (SP). é importante ressaltar que os maiores caranguejos parecem estar associados à maior abundância e qualidade de alimento disponíveis nos manguezais. que são de difícil acesso. assim como é do conhecimento da própria comunidade que reconhece a redução do tamanho dos animais. Além do mais. certamente. com expressivo valor comercia. bem como a relação entre os mesmos com a captura e comercialização da espécie são de extrema importância. Esses sítios apresentam alta produtividade. Os catadores mais antigos da região e que sobrevivem desse recurso confirmam esse evento. fato que os catadores procuram compensar com o aumento da captura. é decorrente da menor influência antrópica nestas áreas distantes. The SW Atlantic burrowing crab Chasmagnathus granulatus Dana affects the distribution and survival of the fiddler .. de acordo com os resultados apresentados por CHRISTOFOLETTI (2005). Ucides cordatus (Linnaeus. mangle e alguns sítios estudados possuem acesso somente por barco. estudos para o conhecimento dos atores sociais relacionados ao uso dos manguezais e a este recurso de maneira direta ou indireta. 2005. Isto pode gerar um ciclo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHRISTOFOLETTI. A. Em muitas regiões ao longo da costa brasileira. no qual os caranguejos menores possuem menor preço no ato da comercialização. R. Miranda et al. comprometendo cada vez mais as populações de caranguejos. particularmente nas áreas mais internas. dando maiores chances aos indivíduos sexualmente maduros com um menor tamanho corporal. ou seja. elevada biomassa quando comparados à maioria dos sítios estudados na região amazônica. principalmente na Amazônia.121 Esse tamanho reduzido dos caranguejos capturados no Sítio 1 ocorre em função pressão de coleta nesse local ser muito elevada e direcionada aos indivíduos maiores. comprometendo a média do tamanho populacional dessa espécie. Tal produtividade. & IRIBARNE. L.. 2005. p. R. 1-9. Benthos Res.122 crab Uca uruguayensis Nobili. 116 f. S. 1992. 1991. 291. 955-970. S. R.. G... Estuarine. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology. v. R. B. GENONI. A. n. Ecology. 419432. MIRANDA. North Brazil. SOUZA. M. ROCHA. 15-23. LIMA. J. 1. 4. p. n. v. ROVIDA. MATSUMASA. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology. 267-285. p. V. E.147. 2000. p. v. J. L. Tese (Doutorado em Ecologia) Universidade de Bremen. 1991. Bremen. p. 68. 255-267. 225. 53-68. 2003. v.. J. jan.. POOVACHIRANON. 1763) (Decapoda: Brachyura) in the Caeté Estuary. SMITH III. n. S. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology. p. T. 2. Life History and Population Structure of the Exploited Mangrove Crab Ucides cordatus cordatus (Linnaeus. v. P. 43.. A. n. G. Revista de Ciências Médicas e Biológicas. v. C. & MURAI. K. K. S. n. 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