ESTATUTO DOS OBLATOS SECULARES DA CONGREGAÇÃO BENEDITINA DO BRASIL (basicamente os Oblatos Seculares Beneditinos seguem este Estatuto) CapítuloI OBLATOS 1. O Oblato Beneditino é o cristão (leigo ou sacerdote) que, chamado por Deus, procura viver coerentemente o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia dentro do espírito da Regra de São Bento; nos ditames desta encontra alimento e estímulo para tender à perfeição evangélica e à glorificação do Criador. 2. A atitude de oblação (ao Senhor) é decorrente, para todo cristão, de sua inserção na Igreja pelo Batismo e de sua participação na Celebração Eucarística. Com efeito, o cristão, na Santa Missa, renova sua oblação ao Pai, em união com a de Cristo. É essa oblação sacramental que o cristão deve reafirmar e exercitar no decorrer de sua vivência cotidiana. 3. Os oblatos são membros da comunidade do respectivo mosteiro; não constituem associação religiosa nem Ordem Terceira. Participam dos bens espirituais do cenóbio e procuram, na medida do possível, acompanhar a vida do mosteiro. 4. Qualquer mosteiro autônomo de monges ou monjas da Congregação Beneditina Brasileira tem o direito de receber oblatos. A palavra oblato vem do latim oblatus, "oferecido". Na Regra de São Bento, tal vocábulo designa os meninos oferecidos por seus genitores para o serviço de Deus no mosteiro (cf. cap. 59; São Gregório Magno, Diálogos, I, II). Aos poucos o termo "oblato" passou a designar fiéis que, desejosos de viver mais plenamente a vida cristã, se filiam a determinado mosteiro. Os que passam a morar no próprio cenóbio são chamados "oblatos regulares", ao passo que aqueles que continuam no século são ditos "oblatos seculares". Capítulo II A OBLAÇÃO 1. A oblação é o ato pelo qual um cristão se oferece a Deus e se torna membro efetivo de uma comunidade monástica. O abade do mosteiro ou um monge por ele delegado exercerá as funções dos oblatos. assim estruturado: 1º) postulantado. Pode tornar-se oblato todo fiel cuja maturidade espiritual. Para tanto. 7. às reuniões e a outros . dos noviços. 2º) noviciado. o Diretor ministrará regularmente conferências sobre a Santa Regra. Este liame não dispensa o oblato das responsabilidades humanas (familiares. propósito maduro e estável da vontade. todavia. se bem que a título diferente do monge. 2. 8. Aos formandos. Antes de chegar à oblação monástica. 3. profissionais. A oblação não é profissão religiosa nem implica voto público ou particular. etc. O oblato torna-se irmão dos monges e se considera como testemunha do espírito da Regra no mundo. sacrifícios e serviço. os Salmos e outros temas relacionados com a vida monástica. a Deus manifestado perante a Igreja e confirmado mediante rito sagrado. que terá a duração mínima de seis meses e a máxima de um ano. 6. o candidato deverá percorrer um período de preparação. 5. recorrerá à oração. O pedido do cristão para tornar-se oblato supõe a existência de laços espirituais com o mosteiro ao qual deseja vincular-se. no julgamento do abade ou do seu delegado. sociais. depois do que ou será admitido o noviço à oblação ou serão extintos os efeitos estatutários do noviciado. Este procurará acompanhar o crescimento espiritual dos oblatos. Só poderá ser recebido no noviciado o postulante que tiver completado dezoito anos de idade e não pertencer simultaneamente a uma Ordem Terceira. ao estudo. seja capaz de pesar o alcance deste compromisso. pressupõe. às leituras. O futuro oblato deve aproveitar especialmente o período de formação para aprofundar-se no conhecimento da vida cristã e impregnar-se do espírito da Santa Regra. Entre a comunidade monástica e o oblato deve existir intensa comunhão de orações.) e cristãs (eclesiais e paroquiais) nem o sujeita à jurisdição do abade. 4. dos postulantes e dos candidatos. que durará um ano. mas poderá ser prolongado a critério do diretor dos oblatos. O diretor poderá designar como auxiliares. 15. A cada oblato será entregue um documento. o oblato poderá ser sepultado com o hábito monástico (túnica. termo ao qual todo cristão é chamado desde o momento do seu Batismo: "Todos os fiéis cristãos. e os nomes dos oblatos ficarão inscritos em registro próprio. em casos excepcionais. As cartas de oblação serão conservadas no mosteiro. consistirá essencialmente na procura de constante conversão. são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade:. Prólogo e cap. 12.meios convenientes. no cumprimento generoso dos deveres de estado e na convivência fraterna. se o desejar. cíngulo. Santa Regra. de postulantes ao noviciado ou de noviços à oblação. 14. testemunho de seu compromisso. ser anulada pelo próprio oblato ou pelo abade. oblatos experimentados e observantes. durante o Santo Sacrifício da Missa. 58. nem o abade demita um oblato sem justa e grave causa. para os oblatos seculares. A oblação realizar-se-á. de qualquer estado ou ordem. O oblato poderá. Tais elementos são aptos a levar o oblato à perfeição evangélica ou à santidade. Tal modo de vida. na prática da oração. Compete ao abade ou a seu delegado decidir sobre a admissão. na formação dos candidatos. 10. de preferência. para acentuar que está unida à oferenda de Cristo e da Igreja. Caso o deseje. Na vestição e na oblação observar-se-á o Ritual próprio. A oblação pode. 9. postulantes e noviços. escapulário). . Por "conversação dos costumes" entende-se o modo de vida monástica exigido pela Santa Regra. 13. 16. transferir-se de um mosteiro para outro. Capítulo III A CONVERSAÇÃO DOS COSTUMES Da oblação decorre para o oblato o dever de se aplicar fielmente à conversação dos costumes indicada por São Bento aos monges: cf. 11. ou não. Mas nem o oblato desista do seu propósito senão após madura reflexão. desde que haja o consentimento dos respectivos abades. A santidade é. cap. O cap.Constituição "Lumen Gentium" nº 40). O Prólogo e o cap. 2. Em torno da Santa Missa coloca-se o Ofício Divino. É necessário. e se abra docilmente às genuínas inspirações do Espírito. O centro da vida de oração é a Celebração Eucarística. a simplicidade. de preferência com os oblatos. que o oblato tenha em vista este traço da sua vocação e cultive a sobriedade. 1. 4 (sobre os instrumentos das boas obras) da mesma Santa Regra constituem outras tantas fontes de renovação interior e exterior. III. ao apresentar os doze graus da humildade. Por conseguinte. 4. É a própria vivência do Batismo. 3. 3. Um retiro espiritual por ano. . e um encontro mensal no mosteiro contribuem para a conversão dos costumes. A Oração 1. em todo tempo. esforcem-se os oblatos por recitar diariamente ao menos uma parte do Ofício Divino sob qualquer das formas aprovadas pela Igreja. Destarte. aprofundamento e oração em comum e estreitamento dos laços da caridade fraterna que une os oblatos. A Santa Regra não tenciona senão ajudá-lo a atingir essa meta suprema. pela observância da Quaresma (Santa Regra. A Conversão 1. 7 da Santa Regra. 2. A oração é a procura da íntima união com Deus que se faz num diálogo pessoal e silencioso (oração particular) ou de maneira vocal e comunitária. a austeridade. a Santa Missa alimentará cada vez mais os pensamentos. que implica a morte ao pecado e ressurreição com Cristo para a vida nova. 49). os afetos e os atos do oblato. A conversão significa a renúncia permanente ao velho homem e às suas concupiscências. pois. pois. A conversão é inseparável da prática da ascese. III. de que o oblato há de participar assiduamente. pelo qual os filhos de São Bento nutrem especial estima. Diz o Santo Legislador que a vida do monge deveria ser caracterizada. 2. passagem do egoísmo para o amor e dos valores mundanos para as bem-aventuranças. a vocação suprema de todo oblato. visto ser a oração oficial da Igreja. oferece ao oblato as grandes linhas de um programa de renúncia a si para viver mais e mais em Deus. diariamente. Lá são chamados por Deus. às quais estão intimamente unidos. o oblato é especialmente incitado a tanto por sua vocação beneditina. A eles. pelas quais sua existência é como que tecida. Esforcem-se. 48). Vivem no século. estimarão grandemente boa formação teológica. isto é. por sua própria vocação. O Cumprimento dos Deveres de Estado 1. a todos os seus filhos. Vêem muito a propósito as palavras da Constituição "Lumen Gentium" do Concílio Vaticano II: "Os leigos. nº 6).4. especialmente pelo testemunho de sua vida resplandecente em fé. cap. em todos e em cada um dos ofícios e trabalhos do mundo. leia-se também a Constituição "Gaudium et Spes". procuram o Reino de Deus exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus. E assim manifestam o Cristo aos outros. corrobora a fé e incita ao testemunho apostólico. à qual Nosso Pai São Bento atribui notável importância na Santa Regra (cf. 42. Para que a oração vocal seja eficaz. exercendo seu próprio ofício guiados pelo espírito evangélico. contribuam para a santificação do mundo. com a inteligência e o afeto. torna-se indispensável a oração silenciosa. de dentro. mas é também . a Sagrada Escritura. cabe de maneira especial iluminar e ordenar de tal modo todas as coisas temporais. para louvor do Criador e Redentor". III. 2. certo espaço de tempo (cf. sabiamente expressa na fórmula "Ora et labora". Além do que. 3. sob variadas formas. nº 44. das ciências sagradas e da Santa Regra nutre a oração. Outrossim. para que. Decr. valor esse que a Santa Igreja hoje em dia procura ministrar. 3. Vivem nas condições ordinárias de vida familiar e social. O trabalho não é somente necessidade de índole vital. com as obras de espiritualidade mais notáveis da Tradição e da atualidade da Igreja. que elas continuamente se façam e cresçam segundo Cristo. "Perfectae Caritatis". A propósito. (nº 31). Se todo cristão leigo é chamado a impregnar do espírito evangélico as estruturas deste mundo. pois. Esta pode ser compreendida sob a "lectio divina". esperança e caridade. Constituição "Dei Verbum" nº 25. 4. ao modo do fermento. Melhor conhecimento da Palavra de Deus. Tenderão a familiarizar-se. portanto. à qual é muito desejável que dediquem. os oblatos por ler e aprofundar. Concílio Vaticano II. identificando-se com as intenções do Sumo Pontífice. também vocação para o apostolado. a ociosidade é declarada por São Bento "inimiga da alma" (Santa Regra. também o espírito da Ordem de São Bento. a fidelidade à Igreja traduzir-se-á em fidelidade ao magistério . De modo especial. Documento de Puebla. ou seja. guardará em tudo a fé pura e ortodoxa haurida da voz oficial da Santa Igreja. beneditinos que são. unido à vida do corpo. no sentido de que assumam sua responsabilidade pessoal na edificação e na difusão do Reino de Cristo. Eis as palavras do Concílio Vaticano II: "A vocação cristã é. porém. pulsar com Ela. 3.da Igreja... Aos oblatos não se impõe. portanto. Viverá. em nossos dias. 48). principalmente o amor à Sagrada Liturgia e à piedade cristocêntrica e trinitária. 16) que o . tarefa apostólica específica.. que caracteriza a casa da família cristã. Cumpre ao oblato nutrir vivos sentimentos de filial fidelidade ã Santa Igreja. 5. Como no organismo de um corpo vivo. não deixarão de imprimir no seu apostolado os sinais característicos da espiritualidade que vivem. nenhum membro se comporta de maneira meramente passiva. Ef. Mais do que nunca. que através dos séculos sempre foi esteio das grandes aspirações da Santa Sé e do Vigário de Cristo. a consciência de Igreja como comunhão e participação (cf. Tão grande é neste corpo a conexão e a coesão dos membros (cf. Capítulo IV O SENSO ECLESIAL 1. 4. Em contraste.ascese. mas. 4. O oblato deverá dar testemunho de fidelidade a seus deveres de estado de modo que o seu lar mereça o honroso título de "igreja doméstica". É no trabalho que se defrontam situações concretas de praticar a virtude. da mesma forma no Corpo de Cristo. assim. por força da Regra. cap.ordinário e extraordinário . O bom filho de São Bento no século não se pode eximir de responder aos apelos que a Santa Igreja hoje em dia dirige a todos os cristãos leigos. passim).. também compartilha a sua operosidade. 5. 2. é viva no povo de Deus. por sua natureza. motivo de renúncia e de disciplina dos costumes. O oblato. "Apostolicam Actuosilatem" nº 2). da vida trinitária. principalmente sob a forma de adoração. o mesmo texto conciliar recorda que "a caridade é como que a alma de todo apostolado". como também de transformação do mundo segundo o plano e os desígnios do Criador. 2. É ela que alimenta e aprofunda a união de da criatura com o Criador. V. (Decr. O oblato se santifica não apesar do trabalho. como o fez o Divino Mestre quando se dignou trabalhar com mãos humanas. É por isto que a oração ocupa o primeiro lugar na estima do oblato. É o lema "Ora et labora" que dá estrutura a toda a vida do discípulo de São Bento. que todo oblato há de procurar observar. . Quem ora devidamente. e leva o cristão a participar. vão explanadas treze delas: V. Em todas as coisas seja Deus Glorificado 1. Esta fórmula é inspirada pelo texto bíblico de 1Pd 4.1. Em seu teor latino.2. amar com coração humano (cf.3). Constituição "Gaudium et Spes" nº 22). por que. 3. Adiante. Ora e Trabalha 1. cap. agir com vontade humana.membro que não trabalha para o aumento do corpo segundo sua medida. (ib. Eis. louvor e gratidão ao Senhor. mas mediante o trabalho. cada vez mais. 7. São Bento recomenda aos monges que procurem vender os respectivos artefatos por preço módico "para que em todas as coisas seja Deus glorificado" (Santa Regra. Este há de ser assumido não apenas como meio de subsistência. se habilita a trabalhar em espírito de louvor e adoração a Deus. pensar com inteligência humana. O trabalho é forma de disciplina e ascese. 57). Capítulo V O ESPÍRITO BENEDITINO A tradição monástica formulou em palavras ou frases incisivas algumas das grandes características do espírito beneditino. A oração significa a atitude definitiva do cristão. mas no intuito de servir a Deus e ao próximo. 11. 6. é recomendada aos oblatos a consideração atenta das normas desse Decreto e o empenho em praticá-las. A seguir. deve considerar-se inútil para a Igreja e para si mesmo". Referindo-se ao trabalho dos artífices do mosteiro. A presença central do Cristo na vida cristã é incutida também na Liturgia Eucarística.3. Esta norma. 24). em prol da Igreja (cf. procurando completar em sua carne o que falta à Paixão de Cristo. 17).G.3-5). O oblato beneditino. "Por Cristo homem a Cristo Deus E por Cristo Deus a Deus Pai" (Santo Agostinho) V. entre os instrumentos das boas obras. Nada preferir ao Amor de Cristo 1. amar e abençoar cada ser humano (cf. 3. 12). A fórmula beneditina poderia ser aplicada a todas as prescrições da Santa Regra e a toda a vida do mosteiro.O. Por conseguinte. por Ele e para Ele tudo foi criado (cf. Ef 3. desde a eternidade. reinará também com Cristo (cf. 19).. a qual se lhe transformará em árvore da vida e penhor de ressurreição. onde se diz: " Por Cristo.) 2. Cl 1. 3. Acompanhando diariamente o Cristo peregrino na Terra. Nele. Ef. A espiritualidade monástica é essencialmente teocêntrica. padecendo com Cristo. V. 1. Prólogo). não só por via intelectual. 2Tm 2. em Cristo. Cl 1. Este é concebido como escola do serviço divino (Prólogo). Como Sagrados Vasos do Altar .. colocada no cap.D. Santa Regra. mas também mediante uma configuração crescente ao Senhor Jesus. É por Ele que ousamos chegar-nos a Deus Pai confiantemente (cf. Associe seus sofrimentos e suas alegrias aos do Cristo Jesus. Cl 1. aceite com serenidade a sua parcela da cruz salvífica. "Nele aprouve a Deus fazer habitar toda a Plenitude" (Cl 1.." 4. Em Cristo quis o Pai.I. 2.veio a ser uma das expressões típicas do espírito monástico: "Ut in omnibus glorificetur Deus" (abreviadamente: U. com Cristo. saberá traduzir este teocentrismo em atitudes e gestos concretos de sua vida. compete ao oblato procurar conhecer sempre mais profundamente o Cristo Jesus. exprime fielmente o pensamento paulino de que está impregnada a espiritualidade beneditina. na qual tanto o Ofício Divino quanto as atividades aparentemente profanas têm por finalidade suprema dar louvor a Deus. mesmo vivendo no século. 5 da Santa Regra. 16): tudo Nele subsiste (cf.4. certo de que. 11. ). 4 da Santa Regra. contribuem para pô-lo em contato com o Senhor Deus e os valores eternos. São Bento recomenda que se considerem "todos os objetos do mosteiro e demais utensílios como sagrados vasos do altar".. Esta norma traduz a aversão à aparência destituída de conteúdo. há de proceder prudentemente e não em demasia. o Legislador exorta os monges a que "não queiram ser tidos como santos antes que o sejam. Evite o oblato . ela não somente é compatível com a ascese. no falar. no Abade (cap. desejando raspar demasiado a ferrugem. mas pode fomentar a ascese. Tal fórmula tornou-se a expressão da famosa discrição beneditina. mas implica pureza interior e dignidade de porte visível (no vestir-se. cap. entre outros. nos hóspedes e nos pobres (cap. Esta discrição não significa mediocridade ou prudência acovardada e medrosa. No cap. Essa proporcionalidade ou harmonia pode exigir renúncia e sacrifício. incute ao filho de São Bento a preocupação com a coerência de pensamento e vida. já muito exaltada por São Gregório Magno )cf. Em conseqüência. no conversar. Diálogos. V. mas primeiramente sejam santos para que possam ser considerados como tais". Nada em Demasia 1. a reverência incutida pela certeza da presença de Deus na oração acompanhar-lo-á na execução de suas tarefas. ao corrigir os irmãos. relativo ao celeireiro. 16). pois elas. nos enfermos (cap. 31. Os filhos de São Bento há de viver em harmonia e proporção . Revela absoluta preferência pelo ser em relação ao ter. a seu modo. aos rótulos ilusórios ou contraditórios.. por isto. São Bento convida seus discípulos a ver nos irmãos a presença de Cristo: assim. 2. Muito ao contrário: é a virtude que proporciona os meios ao fim respectivo e que. Esta máxima de Cícero encontra-se no cap. 2.5. V. Ao contrário. de modo especial.o que nada tem de afetado. 6. Ser Primeiramente 1. não quebre o próprio vaso.No cap. 64 da Santa Regra. Sugere a honestidade incondicional de atitudes. II). para que. de palavras e de ambiente. E. I. Este. Tal visão de fé há de caracterizar também o oblato. 36. cria ordem e harmonia na vida beneditina. 53). É da discrição que decorre o senso estético que deve caracterizar a Liturgia e as expressões de um mosteiro beneditino. concernente ao Abade. no recrear-se. Nada é profano ou religiosamente neutro aos olhos do cristão e especialmente aos olhos do filho de São Bento. 2). 2). 3. Embora não esteja obrigado a celebrar o Ofício Divino no coro. 2. e. 8. cap.. 7. é para o Senhor que morremos. o oblato estará dando a Deus o ligar primordial que a Ele compete. tarefa que inspire e impregne todas as demais atividades. Assim procedendo. tiradas do cap.linguagem falsa.5) e ainda de que "ninguém vive e ninguém morre para si mesmo. aos atribulados e a quantos sofrem as vicissitudes da vida. V. deve fazer da oração (seja particular. Isto não requer que se dedique à oração o tempo que deveria consagrar a outros deveres. pertencemos ao . se morremos. 2. Nada Antepor ao Ofício Divino 1. seja comunitária) o centro de sua vida. O amor à autenticidade se exprime mais de uma vez na Regra de São Bento: assim. quer morramos. 17. que procurarão acompanhar cada um dos oblatos nos altos e baixos de sua caminhada. Quer São Bento que o Ofício Divino seja a tarefa primordial do monge. 72 da Santa Regra. Este mesmo zelo existirá no Abade e no Padre Diretor.. 12. ambígua e vã. dando a sentir a cada um a presença da comunidade e dos valores da fé. diariamente. 52). Antecipem-se Uns aos Outros em Honra 1. se vivemos. principalmente nas horas difíceis. Portanto. Estas palavras. sintetizam toda a doutrina da caridade fraterna. porque. que é o coração do Novo Testamento e a característica principal dos discípulos de Jesus Cristo. mas exige que a oração seja tarefa efetuada com o maior empenho e solicitude. porque é chamado pelo mesmo cognome que Este". nas horas próprias. e se abrirá às graças que levas à perfeição ou santidade. ao monge feito soldado do verdadeiro Rei (Prólogo) ou penetrado pela humildade (12º grau. feito de máximas de grande densidade espiritual.) V. quer vivamos. no tocante ao oratório ("seja aquilo que o nome significa". cap. que se traduzirá na assistência solícita aos enfermos. é para o Senhor que vivemos. deve ser freqüentemente meditado pelo oblato e transformado em norma de vida cotidiana. cap. ao Abade ("faz as vezes de Cristo. Tal tipo de assistência dos monges e dos oblatos avivará nos irmãos carentes a consciência de que somos membros uns dos outros e formamos um só corpo em Jesus Cristo (Rm. O oblato vê nesta norma também um traço da sua espiritualidade. Todo este capítulo. Membro da mesma família monástica. concebam uns para com os outros genuíno espírito de fraternidade. 3. nos momentos finais da peregrinação terrestre de um oblato será.7s). 10). com os irmãos. esta palavra do cap. 1) V. Seja Tudo Comum a Todos . E o dom básico do temor de Deus é três vezes lembrado pela Sagrada Escritura como sendo "o começo da Sabedoria" (Sl.) 3. o estado íntimo dos seus moradores: os monges hão de cultivar a paz. O oblato adotará mais este traço da espiritualidade monástica. 1. pela obediência e pelos opróbrios (cf. "a tranqüilidade na ordem" (Santo Agostinho) nas suas relações com Deus. São Bento o apresenta como o móvel da prontidão monástica aos apelos de Deus. 10: Pr. 34. equilíbrio e proporcionalidade na escala de valores do oblato. e com as demais criaturas. cap. que lhe são dirigidos pela voz do Superior.Senhor" (Rm 14. Esteja ele tão impregnado dos bens eternos que a sua mera presença já se torne sinal de ordem e tranqüilidade. Santa Regra. 9). É o segredo daquela solicitude que Nosso Pai deseja encontrar em seus filhos pelo Ofício Divino. 7. 58).. 2. pelo sino conventual ou pelas necessidades dos irmãos. V. Na Prontidão do Temor de Deus Como tantas outras. especialmente. 110. mais ainda. A paz e a discrição monásticas supõem harmonia. o sinal vivo da sua pertença a Cristo e da sua comunhão com a Igreja peregrina em marcha para a Jerusalém celeste. filhos do mesmo Pai. V. Paz 1. cf. 9. a paz constitui o ambiente do mosteiro e. Mt. A participação da comunidade fraterna na dor e. 10. ou seja. "Quanto me alegrei quando me disseram: Iremos para a casa do Senhor!" (Sl. Por isso. 121. cap. à qual desde o Batismo cada um foi chamado. Prólogo. 5.. a pontualidade deve ser uma característica da vida do oblato. para este. 11. que o Evangelho enfatiza na sétima bem-aventurança: os filhos de Deus são artífices da paz (cf. A tradição associou a palavra PAZ ao ideal beneditino. cap. 9. 5 da Santa Regra lembra ao monge e ao oblato que sua vida deve ser guiada pelos dons do Espírito Santo. sinal dessa prontidão no serviço de Deus e dos homens. 53. Na verdade. Repetidamente a Santa Regra refere-se à paz como sendo uma das características do cenóbio e do monge: "Todos os membros estarão em paz" (Santa Regra. 62). deve ser uma entrega total da vida a Deus. proposta por Jesus no Sermão da Montanha (cf. São Bento chama de "presunção" o pensar que alguma coisa nos pertence (cap. penhor da comunhão com o Senhor na glória. entreguese humilde e corajosamente ao poder da graça divina. e que usam as fortíssimas armas da obediência (Prólogo). aprofundar cada vez mais a "bem-aventurança dos pobres de coração". Esta referência. Encontra-se o espírito desta doutrina claramente revelado por Jesus em vários episódios evangélicos.3). que trabalha em seu Coração 1. para o oblato. Glorificam o Senhor. mas. deve ele valorizar cada vez mais o ser e o seu compromisso de partilha e comunhão com os irmãos. O oblato que vive no mundo e que não é chamado ao radical despojamento monástico. deve. 3. 33) e nos lembra que a paz da comunidade depende de uma partilha de bens. Este é o sentido do voto de estabilidade que ele vai exigir de seus monges. O contato com o mosteiro será. 9. Ao contrário do espírito do mundo que valoriza o ter. no entanto. conforme as necessidades de cada um.1. em contraposição com os giróvagos. após prolongado período de reflexão sobre os preceitos da Regra. 13. como afirmou no dia da oblação. cuja posse ele considera "vício que deve ser cortado do mosteiro pela raiz" (cap. que trabalhará sem cessar no seu espírito aberto à ação do Espírito Santo. V. quase literal. 5. que se caracterizam pela instabilidade. São Bento apresenta a perseverança e a paciência como a expressão da participação do monge nos sofrimentos de Cristo. Mt. em comunhão com os irmãos que buscam o mesmo ideal. não é apto para o Reino de Deus" (Cl. V. Sendo possuidor de bens materiais. 16-30). sinal da seriedade do propósito de buscar a Deus e de ser perseverante no esforço de conversão. são Bento estabelece a sua doutrina sobre a pobreza monástica: insiste na radicalidade do desprendimento dos bens materiais. 12. lembrado da palavra do Sumo Pontífice João Paulo II: sobre toda propriedade particular pesa uma hipoteca social. 19. Tenha o oblato presentes diante de seu coração as palavras de Cristo: "Quem põe a mão no arado e olha para trás. 33). sinta-se mais administrador do que dono. Perseverando no Mosteiro No final do Prólogo. ao cântico de Maria na sua visitação a . A oblação. Mt. Nos capítulos 33 e 34 da Santa Regra. 2. Não confie nas próprias forças. principalmente no diálogo com o jovem rico e nos comentários seguintes feitos com os apóstolos (cf. o oblato. 2.Isabel. tomará consciência sempre mais nítida de que há de ser. à medida em que for progredindo em sua vida espiritual. 3. tenha-se em vista os numerosos mosteiros a ela dedicados. cantando os seus louvores. filho devoto de Maria. em sua piedade dedicará à Mãe do Céu o lugar inconfundível que lhe cabe. é uma das mais belas sentenças da Santa Regra e pode ser apresentada como síntese da vida do monge e do oblato. A vocação a configurar-se a Cristo o oblato a viver cada vez mais como filho de Maria. para Maria. estes são chamados a glorificar a Deus. Aqui termina o Estatuto dos Oblatos . outro Jesus. Assim. assim como o título antigo "Rainha dos Monges". e deixando-o agir no íntimo da criatura pela graça do Espírito Santo. Aliás. Com efeito. a piedade para com Maria e a dedicação à Igreja se lhes tornarão inseparáveis. desde que observadas as normas nele estabelecidas. Por conseguinte. a tradição monástica sempre foi profundamente voltada para Maria Santíssima. Jesus é todo Filho do Pai e Filho de Maria. O oblato verá também em Maria Santíssima o exemplar de toda a Igreja e a consumação antecipada dos bens que esta possui germinalmente. para que em tudo seja Deus glorificado. Capítulo VI CONCLUSÃO Este Estatuto faculta a cada mosteiro organizar a comunidade de seus oblatos segundo o que melhor lhe parecer.