Escutem Os Autistas (2)

March 30, 2018 | Author: christykelly | Category: Autism, Psychoanalysis, Learning, Attachment Theory, Science


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Escutem os autistas!Jean-Claude Maleval Designado como “grande causa nacional”, o autismo foi levado para frente do cenário público. A pertinência da abordagem psicanalítica está aqui ilustrada e argumentada. ________________________________ Os autistas são sujeitos que devem ser levados a sério. As pessoas que escrevem sobre eles tentam mostrar que se trata de seres inteligentes, que precisam ser tratados com mais consideração e respeito, diante das suas invenções elaboradas para conter a angústia. Será que eles gostariam que se interditasse legalmente a escuta que se faz deles para submetê-los, mais das vezes sem o seu consentimento, a métodos de aprendizagem? É preciso optar por forçá-los ou por escutá-los? Escolher escutá-los expõe ao confronto com opiniões desconcertantes. I Dona Williams, uma das mais conhecidas autistas de alto nível, não hesita, em relação ao tratamento do autismo, em se colocar de forma enfática: “A melhor abordagem, escreve ela, [seria] aquela que não sacrificaria a individualidade e a liberdade da criança em detrimento da idéia que os pais, os professores, assim como os conselheiros, fazem sobre os seus próprios valores.” (1). Outra confirma: “As pessoas que mais me ajudaram sempre foram as mais criativas e as menos apegadas às convenções.”(2). A psicanálise não é uma, ela é múltipla; as práticas psicanalíticas têm todas, entretanto, um ponto comum: são fundadas numa escuta do outro. Pretender interditar legalmente a escuta de um grupo humano revela uma ideologia política subjacente das mais inquietantes. Certamente, toda escuta não é psicanalítica, mas como o legislador fará a diferença entre a prática psicanalítica nociva da escuta e a benéfica autorizada? Deverá sobrepor ao seu papel o de defensor das abordagens surdas, a escuta das singularidades do sujeito autista? Isto parece romper com a Declaração dos direitos das pessoas autistas, proposta por Autismo Europa e adotada pelo Parlamento europeu em 09 de maio de 1996. Nesta última, é solicitado que se reconheça e se respeite os desejos dos indivíduos, de forma que os autistas tenham “o direito de não serem expostos à angústia, às ameaças e aos tratamentos abusivos”. Como poderia isto ser feito sem ser através de sua escuta? Todas as práticas psicanalíticas têm em comum preconizar o respeito ao singular e sua não diluição no universal. É o que unanimemente desejam os autistas que se expressam. Não é através de estudos randomizados, que permitem uma avaliação 1 científica impecável, que se convém demandar em primeiro lugar, como fazer para tratar o autismo, mas aos sujeitos em questão, porque são eles que mais têm a nos ensinar. Eles possuem um saber precioso sobre eles mesmos. Levemos a sério os conselhos dados por Jim Sinclair aos pais, totalmente pertinentes também para os educadores e os clínicos: “Nossas formas de entrar em relação, afirma ele em nome dos autistas, são diferentes. Se vocês insistem em coisas que suas expectativas consideram normais, vocês encontrarão frustração, decepção, ressentimento, talvez mesmo raiva e ódio. Aproximem-se respeitosamente, sem prejulgamentos, e abertos a aprender novas coisas, e vocês encontrarão um mundo que vocês jamais teriam imaginado” (3). Uma autista com mutismo, culta, como Annick Deshays, mostra-se igualmente veemente para reivindicar um tratamento para autistas que não inviabilize sua singularidade: “Por que discutir sobre escritos oficiais concernentes ao tratamento de pessoas autistas, se os interessados, eles próprios, não têm direito às informações, muito menos à palavra?” (4), escreve ela no seu computador. Ela se opõe aos métodos educativos que erguem a priori o programa das etapas do desenvolvimento a serem transpostas: “Erguer um plano científico de educação com os autistas, de maneira uniforme e unilateral, autoriza um regime de ditadura protetora, afirma ela. [...] Prima inicialmente por encontrar a faculdade (ou as faculdades) de cada pessoa autista antes de estabelecer uma intervenção educativa.” Considera que “fazer comportamentalismo é incitar a nos tornar “fáceis” através de uma formatação que reduz nossa liberdade de expressão, é cristalizar nosso grave problema de identificação e de humanização.” Procura se fazer compreender diante de especialistas para passar a seguinte mensagem: “Dizer aos responsáveis pelas decisões, desde agora, que pensar por nós corre o risco de esvaziar o substancial âmago de nossa razão de existir.” (5). Em oposição a esses métodos, preconiza “o risco de um diálogo”, a vontade de “domar o medo isolador”, até mesmo convida a procurar “experimentar os traços humorísticos” próprios à maneira dos autistas “examinarem a vida”. Tudo isto, acrescenta, “obriga a trabalhar mais em unicidade do que em uniformidade, mais em relação dual do que num propósito unilateral”. Como a maior parte dos autistas, demanda ser considerada como um sujeito capaz de uma criatividade que convém ser levada em conta: “Içar nossos conhecimentos segundo nossa boa vontade, sublinha, desloca um potencial que nos é próprio. [...] Quanto mais tomo parte nas decisões que me concernem, mais tenho a impressão de existir inteiramente.” (6). Por não serem ouvidos, muitos autistas terminam por se resignar ao que lhes é imposto. Por outro lado, quando o sujeito possui os meios de se exprimir, ele se insurge. Assim, D. Williams não esconde sua revolta em presença de certas técnicas educativas. Nos anos 1990, fez um estágio na Austrália, numa casa especializada em crianças com dificuldades. Observou ali dois educadores devotados no seu trabalho com uma autista. Impressionou-se com o seu desconhecimento do mundo interior da criança. 2 em consequência das queixas de psicanalistas caçados pela realizadora do filme.” (7). contrariamente às ilusões da razão. o que dá testemunho antes de tudo da sua vitalidade. seus movimentos e seus barulhos.. realizador de filmes engajados (Bowling for Columbine. desejando que conhecessem. Os partidários do método ABA saíram recentemente da controvérsia científica legítima. tentou fazer valer que esta condenação. seus risos. eles agitavam chocalhos e objetos diante dela como dois feiticeiros superdevotados querendo exorcizar o autismo.“Eu estava doente. sofreu inúmeros processos. a psicanálise desacomoda. sob o nome de enfaixamento úmido. Nisto. a realizadora. 3 . Observava a tortura de uma vítima que não podia se defender numa linguagem compreensiva.] Esses cirurgiões operavam com ferramentas de jardinagem e sem anestesia. Eu observava essas pessoas. Seu projeto de lei visa interditar as “práticas psicanalíticas”. ganhou todos. Aparentemente eles achavam que lhe faltava uma overdose de experiências que sua infinita sabedoria “do mundo” poderia lhe trazer. tapava as orelhas com os braços para amortecer o barulho e entortava os olhos para ocultar a matracagem da explosão visual. sua respiração. conduziria à interdição dos filmes de Michael Moore. seus odores. Farenheit 9/11). cinquenta anos antes do nascimento de Freud. fundado por Ole Ivar Lovaas . Praticamente loucos. vindo particularmente de Autismo França. sem dúvida. Desde sua invenção. II Uma aplicação sistemática desses princípios é preconizada pelo método ABA. ela não anuncia uma boa nova. com crianças cujo consentimento não é pesquisado. Se eles pudessem utilizar uma alavanca para forçar a abertura de sua alma e empanturrá-la “do mundo”. sem mesmo reconhecer a morte de sua paciente sobre a mesa de cirurgia. no início do século XIX. a psicanálise perdura apesar das incessantes críticas. [. já praticado por Esquirol. associação de pais cujo deputado Daniel Fasquelle retoma a argumentação a favor do método ABA. numa razão de 30 a 40 horas por semana. de tanto vê-los invadir seu espaço pessoal com seus corpos. eles teriam feito. Considera entre elas o packing. se fosse confirmada. O defensor de Sophie Robert. Moore. escreve. Sem dúvida inspiravam-se num método clássico de aprendizagem que consiste em apresentar um estímulo em sequências repetidas. M. o inferno dos sentidos. portanto. Entretanto. embora se saiba que para a maioria delas as demandas são sentidas como intrusivas e ameaçadoras. Deve.. A menininha gritava e se balançava. revelando que o homem não é senhor de si mesmo. elas também.. depois observar a resposta da criança e dar uma recompensa para reforçá-la ou inibi-la.. Isto durante dois anos. Atualmente é no campo do autismo que se concentram os ataques à psicanálise. produzindo um filme de propaganda severamente condenado pela justiça. Daniel Widlöcher e Laurent Danon-Boileau denunciam “uma montagem truncada a serviço de um causa a demonstrar” e visando ridicularizá-los (8). pedagógicas e terapêuticas propostas no 4 . Se é estabelecido que diversos métodos aplicados de maneira intensiva (e de preferência caso por caso) chegam a modificar as condutas dos sujeitos. Robert escolheu se esconder. enquanto que S. S. Moore se põe. certamente. utilizando ainda as punições corporais – e sem dúvida não seria muito difícil encontrar –. pode-se deduzir daí que ele confia no que faz. por outro lado. dedicado às intervenções educativas. Pierre Delion. se M. às vezes eles caricaturam. já controverso no seu tempo. o que muda evidentemente a compreensão da resposta. Então se trataria certamente de propaganda. o relatório Baghdadli. Tomando sempre como respaldo um conceito da época de Bruno Bettelheim. não hesitaram em entrar com um processo. inicialmente utilizado por Lovaas. M. ele mesmo. Robert interroga certas personalidades representativas. Os Psicanalistas da Escola da Causa Freudiana. e que a descoberta da plasticidade cerebral dá conta tanto da eficiência das práticas psicológicas quanto da dos métodos de aprendizagem. e a deformação maldosa dos seus conceitos foi confirmada pela justiça. Alexandre Stevens e Esthela Solano-Suarez. M.haver aí algumas diferenças entre sua prática e a de S Robert. mas convoca. Afirmam. até mesmo um nostálgico bom e velho choque elétrico. Ora. em primeira instância. III Um amplo e recente exame da literatura científica internacional. ela culpabilizaria os pais. de acréscimo. Moore está tão presente nos seus filmes. Duas são evidentes. em cena e filma as questões que coloca aos seus interlocutores. Robert não aparece. Quem quisesse utilizar o mesmo procedimento de propaganda para fazer objeção ao método ABA iria procurar um educador partidário desse método. Moore interroga personalidades representativas das opiniões que ele combate. que o autismo seria apenas uma perturbação neurobiológica. Segundo eles. os dados mais comprobatórios a favor desta concepção sempre colocam em evidência que elementos ligados ao meio interferem com uma possível predisposição genética. Recusam-se indecorosamente a levar em consideração que nenhum psicanalista sério a sustenta hoje em dia. e na montagem corta certas perguntas de respostas dadas. é preciso sublinhar que não existe nenhum tratamento biológico do autismo. pois o método preconiza hoje não mais recorrer aos condicionamentos aversivos e às punições. Éric Laurent. Os partidários da ABA militam contra uma psicanálise que às vezes eles inventam. S. Em suma. tentam reduzir toda a teoria analítica ao que eles chamam de “a tese dos psicanalistas”. Por outro lado. psicanalistas que ninguém conhece e que exprimem opiniões que representam apenas eles mesmos. Bernard Golse. frequentemente contestam esta suposição. quando ele atingiu a idade de 9 anos. Todas as aquisições passaram pelo intermédio de sua ilhota de competência. Os pais de Derek Paravicini. da mesma forma que se imporia privá-lo. até lhe permitir.autismo” (9). “na medida em que suas capacidades musicais se ampliaram. favorecendo suas “obsessões” pela música e seu apego ao objeto autístico. ora ficou evidente que uma educação permissiva e a cultura de suas “obsessões” lhes ajudaram muito. Bem longe de tê-lo “enquadrado” nas suas aprendizagens sistematizadas. ora. de maneira apropriada. como também adquirir um sentimento de si-mesmo suficiente para afirmar sua vontade. Williams e Temple Grandin puderam se dedicar às suas “obsessões” e cultivar o apego aos seus objetos autísticos. No que se refere a Donald. em particular sua “Nanny”. tanto quanto possível. no caso. não somente se apresentar num concerto. que seria a finalização do processo educativo. “Uma assistente social que veio visitá-lo três anos mais tarde. chega a constatar uma extrema diversidade e uma grande heterogeneidade dos métodos empregados. que infelizmente estão excluídos da literatura científica internacional sobre o autismo. a ligação entre elas e o seu desenvolvimento intelectual e social se tornou cada vez mais evidente” (11). considerando o futuro das onze crianças de seu principal artigo. parece legítimo perguntar-se se o fato de ter escapado de um tratamento por especialistas do autismo não foi para eles uma sorte. Entretanto. ficou “surpresa com a sabedoria” do casal que se ocupava dele. na conversação com um estranho (12). sozinho ou com uma orquestra. Paravicini. Este relatório conclui que não se pode “propor atualmente algoritmo terapêutico simples e que as boas práticas recomendadas repousam somente num nível bem limitado de teste” (10) – contrariamente ao que foi divulgado por alguns. Daí decorrem consequências imediatas que parecem a própria evidência: parece necessário opor-se às ditas “obsessões” do sujeito autista. constataram. A constatação de incerteza que se destaca das pesquisas em curso não seria obstáculo à opinião difundida hoje. desde sua primeira infância fizeram tudo o que a maioria dos “especialistas” desaconselham.” 5 . Ora. as monografias clínicas e os registros autobiográficos. ele também tinha pais “indulgentes” em relação a suas “obsessões” (13). de seu objeto autístico. Desde então. Dois deles chegaram a escapar das instituições de cuidado e a se integrar socialmente. um órgão elétrico. A automomia social de Daniel Tammet na idade adulta é mais evidente ainda do que a de D. D. conseguiram “dar sentido a suas estereotipias”. vinte e sete anos depois da publicação deste. na idade adulta. seus pais o colocaram numa fazenda a cerca de dez milhas de casa. de que a prioridade seria propor aos autistas estratégias educativas avaliáveis. Sabe-se que Léo Kanner não estava longe de se colocar a mesma questão. Este postulado de maneira geral é acompanhado de uma referência não questionada ao homem normal. Da mesma forma. Ora. que a sua supressão conduz os sujeitos em direção ao quase-nada. efetuando um trabalho rotineiro relacionado com maquinas de copiar. O futuro das nove outras crianças observadas por Kanner em 1943 foi muito menos favorável. de forma que sempre ambiciona calá-lo. era empregado num escritório. é extraída das mesmas origens: o discurso da ciência não se harmoniza com a singularidade do sujeito. acrescentada à pobreza fundamental da relação com o outro – em outros termos. segundo Kanner. Uma das razões da obstinação de alguns contra a utilização da comunicação facilitada com os autistas. Inversamente. “Seguindo esta constatação. centrados na ideologia do homem normal. cuja progressão não foi bloqueada pelo saber que os cuidadores detinham sobre o autismo. nem por tratamentos balizados por etapas de desenvolvimento. porém ativo. IV De fato. pouco a pouco. as mais altas conquistas no funcionamento social de sujeitos autistas não foram obtidas pela aplicação de técnicas de aprendizagem. um retraimento total em direção ao quase-nada. considerado como não tendo nem apego excessivo a objetos. sobre a terapêutica do autismo. pelo viés de suas aptidões na música e na fotografia” (14). de grande diversidade. as contribuições biológicas virão sugerir que essas crianças são demasiadamente acometidas para que suas bizarrices mereçam atenção e possam possuir uma função. a manter a imutabilidade. não se pode impedir de ter a impressão de que a admissão no hospital de Estado foi equivalente a uma condenação à vida: com o desaparecimento dos assustadores fatos de memória automática. Ora. similar àquele do qual se beneficiou Donald: no enquadre das Escolas Devereux. ao alcance da mão. Frédéric havia sido “integrado. a objetos de socialização. mas pela via de condutas singulares. ele foi beneficiado por um arranjo de suas condições de vida. 6 . Kanner escreve que a imutabilidade e o interesse pelos objetos dão testemunho atividades psíquicas preciosas. Birger Sellin teve aí uma cruel experiência: como seu testemunho não concordava com os saberes dominantes sobre o autismo. a perda de interesse pelos objetos. Donald e Frédéric colocam em evidência o proveito que um autista pode tirar de suas “obsessões” e de suas ilhotas de competência.” (15) Um saber essencial está aí. este saber será rapidamente recoberto por sedimentos superpostos de estudos do desenvolvimento. nem comportamento de imutabilidade. com 34 anos. o abandono do combate patológico anterior.Quanto a Frédéric. Pior ainda. Os especialistas não estão dispostos a admitir que “doentes” possam ter um saber digno de interesse sobre suas perturbações. uma campanha de imprensa procurou colocar em causa a autenticidade de seus escritos. de inspiração rogeriana. Contentou-se em se comunicar com ele. não é um modo de conhecimento do autismo. e tinha a audácia de pensar que toda “mudança significativa” deveria vir do próprio sujeito (16). No entanto ele foi beneficiado por condições excepcionais. mas procurando compreender a especificidade de seu sistema de referências. A experiência de Axline. ABA. de sua parte. mencionada acima. Conforme a hipótese metodológica do behaviorismo. de vê-lo fazer alguma coisa em particular. Não queria lhe propor uma solução já previamente concebida para ele. o psiquismo é considerado como uma caixa negra que ele não procura abrir. É um método que trata das aprendizagens. Bem ao contrário. como fazer com as crianças autistas? Pais. não tentando penetrar à força no seu mundo interior. uma vez que todas as sessões foram integralmente gravadas. a revisão da literatura mundial sobre o autismo. os métodos cognitivo-comportamentais e os métodos psicodinâmicos. A este respeito. Queria simplesmente segui-lo. de forma que se situa no grau zero da apreensão da psicologia do autismo. Ela não abordou o tratamento sabendo de antemão o percurso que o seu paciente deveria fazer. Este notável testemunho. O Applied Behavior Analysis. Esta diversidade se divide. educadores e terapeutas que se colocam esta questão encontram-se hoje confrontados com uma multidão de proposições. hoje. esforçou-se por nada lhe dizer que pudesse indicar um desejo. pois as autoridades sanitárias atualmente se encontram a seu favor. Então. a terapia pelo jogo. Todos alardeiam uma incontestável aptidão para modificar os comportamentos dos autistas. no quadro metodológico do discurso científico. deve ser agora considerada como nula e não sobrevivente. não conhece sua existência. “Queria.” Tinha a preocupação de que ele não tivesse o sentimento de ter a obrigação de ler os pensamentos de sua terapeuta para se orientar no tratamento. Opera essencialmente 7 . escreve ela. A aplicação deste método a conduziu a uma das conquistas mais espetaculares em matéria de terapia de um sujeito autista. assim nos sugere. como se posicionar? V A abordagem comportamental merece que nos detenhamos sobre ela. mundialmente conhecido nos anos 1960. não entra mais. A partir daí. não se preocupa com estudos sobre o funcionamento autista. pode ser tida como exemplo. realizada por Virginia Axline com Dibs. mas a de educadores ou de terapeutas capazes de apagar seus a priori para dar lugar às invenções do outro. em três grandes orientações: os métodos comportamentais. Pouco importa. ou sobre sua especificidade. que ele fosse o guia.Somente os psicanalistas perceberam que a melhor ajuda que pode ser dada ao sujeito autista não é a dos tecnicistas do psiquismo. entretanto. Este método pedagógico versátil leva a supor que o que é verdadeiro para a maior parte dos indivíduos. Neste contexto. Com efeito. que “o imprevisto e a novidade aumentam muito o reforço” (17). A disponibilidade demandada ao pai raramente se mostra compatível com uma atividade profissional. depois reforçando. é-lhes ensinado. do levantar ao deitar. sua voluntária ignorância em relação ao funcionamento cognitivo o leva às vezes a preconizar que se recorra a técnicas que a maioria dos outros especialistas consideram inapropriadas. que você não seja capaz de assumir (fazê-lo sentar. os partidários do ABA não hesitam em preconizar a utilização de “surpresas” consideradas como sendo “geralmente muito agradáveis e motivantes”. em nenhum momento. mas requer no mínimo 30 horas por semana. Ora. se eu devia ter a oportunidade de ultrapassar certos acontecimentos. devia ser preparada para isto. Compete a você decidir se isto é realmente importante e se você está pronto. tentar conseguir um contato visual. o que valia para todos os aspectos da vida. no que concerne ao caráter angustiante da voz (20).decompondo as tarefas a aprender. acompanhamento individual e intervenções que trabalhem. o 8 . desde Hans Asperger. A ABA se limita à abordagem dos comportamentos que ela se dedica a normatizar. não para moderar as intervenções físicas. muitas instituições que o tomam por referência aplicam somente seus rudimentos. a saber.” (22) Em suma. O ideal é que seja um tratamento contínuo. refere Gunilla Gerland. salientando. por condicionamento. Desde então. que mais vale falar a eles “sem emoção” (21) se houver o desejo de se fazer entender.” (18) Por outro lado. deve ser também para os autistas. A maior parte dos clínicos concorda. em que todos tiveram a experiência da função reasseguradora das condutas de imutabilidade. preferencialmente em binômio. Até mesmo um dos pais deve fazer parte da equipe. a aquisição de cada elemento da tarefa. a respeito de uma atitude contrária. evidencia um desconhecimento decidido das contribuições da psicanálise. “Eu não gostava das surpresas. Dito de outro modo. fazê-lo ficar tranquilo ou fazê-lo dizer “Bom dia” ou “Até logo”). Eu não gostava de ser tomada de improviso. Além de confrontar permanentemente o sujeito autista com demandas sentidas como invasivas e ameaçadoras. que induz a situações de confrontos. não exija nunca nada se não estiver preparado para as consequências que poderiam daí decorrer e que necessitariam de uma intervenção física. Segundo os especialistas desse método. É necessário pessoal qualificado. aconselhar os educadores ABA a colocar entusiasmo na voz (19). É verdade que é um método difícil de ser colocado em prática em todo o seu rigor. sem procurar penetrar suas funções e sem se preocupar com a vida afetiva. mas para incitar a só fazê-las quando se sentir capaz de assumi-las: “ “Não dê comandos que levarão a tal confusão”. entretanto. tal prescrição se choca com a opinião unânime dos autistas de alto nível. torna-se necessário dar aos educadores ABA conselhos. combate-se seu isolamento. Uma das objeções frequentemente feitas ao método ABA consiste na utilização de condicionamentos aversivos. trata-se essencialmente de fazer obedecer o infante. técnicas de semelhante inspiração são utilizadas notadamente no Canadá. Invocam o 9 . para fazer o bem do outro. as especificidades de seu funcionamento afetivo são ignoradas. os defensores da abordagem behaviorista não trabalham com autistas. a aquisição da linguagem. “Este processo pedagógico. Nada resiste a ele. não empregá-los com todo o seu rigor? Os partidários desse método não escondem que Lovaas começou suas pesquisas nos anos 1960 aplicando choques elétricos em crianças autistas para reduzir os comportamentos de automutilação. Desde então. a especificidade do funcionamento do sujeito autista é essencialmente apreendida como um obstáculo ao trabalho educativo. suas distrações.educador ABA não esconde que deve se manter pronto para a confusão. termo técnico designando o que na linguagem corrente mais facilmente chama de “punições”. nas suas relações de amizade e amorosas.. etc. afirmando que o autismo não existe: não teria sido mais que um erro de Kanner. a prática do ABA obriga a considerar certas dificuldades cognitivas.: ele pode melhorar as competências sociais. a autonomia. Daí decorre que. mas com anormais. Sobretudo. suas autoestimulações e sua recusa em cooperar. De fato.]. nesta perspectiva. porém é mais demandado ao autista que as ultrapasse do que ao educador que se adapte a elas. desde então. Em resumo. Certamente. Lovaas e seus colaboradores não hesitaram em sustenta-lo. de futebol ou de dança (24). Os comportamentalistas constataram que esses condicionamentos são eficazes. Em contrapartida. para reeducar os delinquentes. os seus especialistas afirmam aplicá-lo na educação de suas próprias crianças. Não são nunca mencionadas suas angústias. Sublinham também que o abandono ulterior dos métodos punitivos foi produzido sob a influência de considerações éticas. É simplesmente um ensino” (23). suas cóleras. Trata-se de um método que pouco se preocupa com as diferenças da criança autista: um método generalizável a todos. o lazer. Asperger cometeu o mesmo “erro” no ano seguinte. assim como para treinar uma equipe de base-ball. levando-o a partilhar as visões do educador sobre as normas de desenvolvimento da pessoa. enquanto seus interesses são pouco considerados. afirmam. Insinuam tacitamente que. Este método repousa na hipótese implícita segundo a qual todos os seres humanos partilham o mesmo funcionamento. Por outro lado. é aplicável a todas as idades e a todas as populações [. trazidas pela pressão social e não em nome da ciência. sem conhecer os trabalhos de Kanner. por que. as performances profissionais.. porque são noções psicológicas não diretamente observáveis. Os resultados foram conclusivos (25). É solicitado à criança especificamente que obedeça. por parte deles. de Los Angeles) (28). torna-se forte a tentação de ultrapassar o recurso somente aos condicionamentos positivos e o apelo a recorrer a outros. A punição.“politicamente correto”. salientam que é um procedimento por demais fácil de ser utilizado. a saber. ignorando a importância de suas condutas de imutabilidade. O risco é ser pesa de uma aprendizagem de submissão que impede o acesso à independência. mas pretendem ser tranquilizadores: “ Eles não são necessários. na prática cotidiana do ABA. a noção de uma punição correta. é afirmado que ela foi utilizada de uma maneira “correta” em 1973. de circunstâncias no decorrer das quais “profissionais” abusaram da punição até um ponto que se considera ser de maltrato (27). Entretanto. de um controle cuidadoso (26). pode ser um procedimento altamente maltratante e necessita. muitos só retêm as noções mais sumárias. a grande maioria entre eles utilizam unicamente abordagens comportamentais positivas” (29). Os especialistas da UCLA admitem que ainda existem profissionais que utilizam métodos aversivos. Distingue-se um certo pesar. não considerando aquilo que a angustia. Além disto. mesmo causando um impasse em relação aos condicionamentos aversivos. graças a uma boa formação do pessoal e com a vigilância de vários supervisores – entre os quais o doutor Lovaas. por conta de não terem sido formados na UCLA (Universidade da Califórnia. ela é frequentemente utilizada por profissionais que não são suficientemente competentes. Os resultados produzidos com apoio do ABA são como o método: desumanizados. Quando suas recusas colocam à prova a paciência do educador. colocam razões pertinentes para fazê-lo. Por outro lado. procurando separá-la de seu objeto autístico. Jamais um autista de alto nível pôs em andamento uma saída do seu fechamento através de uma aplicação sistemática de aprendizagens forçadas. Entretanto. ao qual muito frequentemente se recorre “de maneira emocional”. Isto não foi sem consequências. puramente estatísticos. o método ABA permanece sendo uma prática que é violenta para a criança autista. de forma que sua “utilização incorreta” corre o risco de afetar negativamente a reputação do ABA. mas cuja eficácia foi cientificamente demonstrada. Assim. na lógica do método. portanto. que a criança deve fazer o que lhe é pedido. sua frequente recusa inicial a cooperar não são interrogados. certamente não recomendados. acrescentam. solicitando que ela se adapte ao terapeuta e deixando o menos possível que ela se isole. por terem sido forçados a se privar de métodos tão eficazes. “Fomos testemunhas. e não são apreendidos como modos de comunicação ou como oriundos de dificuldades específicas. afirmam. O comportamento “difícil” da criança. A menção de uma “utilização incorreta” da punição num trabalho que explica as razões de sua parada é importante: revela que persiste. Na própria opinião dos especialistas de lá. As listas de casos são extremamente raras. 10 . algum dia. a se tornar autônomo?” (31). MAKATON.. tanto é difícil de generalizá-las. parece interessante se 11 . mas completamente desprovida de modulações. Entretanto.VI Partindo da constatação de que os autistas compreendem o mundo de uma forma muito diferente das outras crianças. me chamo Peter. os educadores que se referem a esses métodos são levados a se interrogar sobre o funcionamento afetivo. tudo isto sem pontuação nem entonação – um pouco como se eles recitassem uma oração desencarnada. a certas convenções sociais – mas a formalidade ou a exterioridade de seus comportamentos eram em si desconcertantes. nos anos 1990. mas adaptadas ao seu modo de funcionamento. obrigado. Assim. tanto bem quanto mal. Escutando singularidades cognitivas dos autistas. os induz a se confrontarem. Procuram levar em conta a especificidade do funcionamento cognitivo dos sujeitos autistas.. visita nos USA uma casa especializada na educação dos autistas. notadamente um dia em que eu havia visitado uma escola. do seu sentido. no encontro dos seguidores do método ABA. é preciso ainda dar-lhes a possibilidade de integrá-los. Os resultados obtidos dão às vezes uma impressão estranha ao observador externo. Com efeito. constata que muitos deles aprenderam a funcionar. PECS. como as aquisições permanecem artificiais. formalmente ou ao menos exteriormente. mais inspirada no método TEACCH. As crianças que lá se encontravam me interpelaram com uma voz forte . o que. Perguntei a mim mesmo se um ou outro desses jovens chegaria. de forma que podem se tornar menos afirmativos quanto à necessidade de tirar a criança de seu objeto autístico e de suas condições de imutabilidade. o que os conduz a estabelecer estratégias educativas. mas não se pode deixar de sentir um certo mal-estar. a se dobrar.. um partidário do método TEACCH (Treatment and Education of Autistic and related Communication handicapped Children) pôde afirmar que os autistas têm necessidade de suas estereotipias e que têm direito a elas (30).. de forma que incitam mais frequentemente a estruturação do meio e o estabelecimento de um sistema de comunicação com a ajuda de pictogramas. como vai o senhor”. separando as aprendizagens do sentido e das motivações.) visam construir uma realidade partilhada. escreve ele. de cara. não é suficiente fazê -los adquirir conhecimentos de acordo com as suas boas capacidades de memorização. estendendo-me uma mão rígida: “Bom dia. vou muito bem. É necessário salientar enfaticamente que uma aprendizagem autêntica se distingue de um adestramento: ela deve acrescentar à aquisição de um comportamento a assimilação. Esses métod os (TEACCH. não mais “para tudo”. Quando Olivier Sacks. pelo sujeito. “ Eles chegam. Portanto. Os três grandes métodos de tratamento do autismo repousam sobre concepções do humano essencialmente diferentes. Entretanto. muitos métodos retiram daí suas consequências. A artificialidade dessas adaptações me tinham tocado. todos eles reuniram uma experiência da prática com os autistas e podem aí estabelecer resultados terapêuticos. pode ser útil lembrar que. Nenhum desses métodos faria objeção ao benefício de escolarizar a criança autista. De fato. nesta perspectiva. a vida afetiva e o trabalho de proteção contra a angústia ficam impenetráveis. A necessidade de individualizar o cuidado é sempre salientada – mesmo pelos métodos que se contrapõem. além de suas divergências manifestas. sem procurar penetrar nas suas funções e sem se preocupar com a vida afetiva. não colocam obstáculo a uma escuta não restritiva do que ele exprime. não somente do funcionamento afetivo. mas permanecem mínimos em relação à amplitude das divergências. todos contribuíram para destruir a noção de incurabilidade do autismo. existem vários. desde que ela seja capaz de se adaptar ao ensino normal – na condição de que ela não seja rejeitada pelos outros alunos. o desconhecimento da causa do autismo é um consenso: nem as aprendizagens inadaptadas. Entretanto. Os pontos em comum precedentes são importantes. da diversidade dos comportamentos. apoia-se num conhecimento de conjunto da subjetividade (certamente parcial e provisório). Em suma. Cada um insiste no fato de que não se trata de uma limitação irremediável e que a socialização desses sujeitos é possível – pelo menos para alguns deles. o programa TEACCH se apoia num fino conhecimento do funcionamento cognitivo do autista e aplica técnicas que levem isto em conta. do primado do signo e da estranheza da enunciação. nem a genética têm condições de explicar sua gênese. nem os desfuncionamentos do tratamento da informação. O método ABA restringe-se essencialmente à abordagem dos comportamentos que ele se propõe a normatizar. Logo de início. A abordagem psicanalítica do autista é mais heurística porque não coloca impasse em nenhum aspecto do funcionamento humano. VII A abordagem psicanalítica é a única capaz de propor uma compreensão. e lhes 12 . Não se focalizando apenas numa parte do funcionamento do sujeito. Ela é a única a poder dar conta da função do objeto autístico. e o método TEACCH só apreende do sujeito a sua consciência cognitiva. mas também das consequências deste no cognitivo. nem o desejo inconsciente dos pais.perguntar sobre a eventual existência de certos pontos em comum. Ela é a única a poder destacar. enquanto que o método ABA reduz a criança aos seus comportamentos. para os especialistas informados. Por outro lado. As abordagens que levam em conta a subjetividade têm consequências maiores para o tratamento. Enfim. o que há de constante no autismo. objeto preferencial com o qual sempre imprimia. Antonio Di Ciaccia preconiza a 13 . com suas potencialidades e suas incapacidades. fizemos uma hipótese de que este interesse pelo bastão tinha uma função e utilizamos isto como ponto de partida para um trabalho individualizado. valorizam a criança autista. como nas o utras instituições pelas quais a descoberta freudiana constitui a orientação central. o trabalho com o sujeito autista procura não somente aplicar a todos uma técnica predeterminada. em seguida. – e inventamos ferramentas. depois de 13 a 24 (24 horas do dia). depois das letras e fizeram nascer de quebra na criança um gosto. com a tarefa em questão. reproduzir o que viu os outros fazerem” (32). depois pelas duas agulhas do relógio desta mesma igreja. Hubert não estava absolutamente pronto para integrar uma aprendizagem pedagógica: na aula de logopedia ele não respondia as questões. durante algumas semanas. travada por suas angústias. etc. É o que permitiu a Hubert interessar-se em seguida pela batida do relógio da igreja de Genval. afirma-se nesses lugares. “Partimos da criança tal como ela é. motivante em si e fonte de satisfações” (34). A rica experiência colhida em instituições cujos métodos se fundamentam na abordagem psicanalítica incita claramente a constatar que um sujeito autista “aprende sempre e às vezes melhor pela tangente do que quando ele é confrontado diretamente. um circuito. mas também com seu objeto privilegiado – isto pode ser um bastão. “Na sua chegada a Antenne. não demonstrava nada do que sabia. que não é de saída apreendida como um débil manipulador. Um exemplo clínico simples. constantemente. relatando uma observação várias vezes reiterada em tais lugares. uma motivação para a aprendizagem pedagógica” (35). não escutava as instruções. o que lhe deu vontade de aprender a ler as horas e. não se trata de pretender que as aquisições obtidas do acaso sejam feitas sem nenhum esforço. Certamente. generalizar esse centro de interesse privilegiado e levar progressivamente a criança até um processo de aprendizagem. depois até 60 (60 minutos por hora). Além disto. uma batida. Antes de dar a este comportamento o estatuto restrito de uma simples estereotipia disfuncional a ser logo eliminada. permitiram traçar um caminho desde o objeto preferencial da criança até a aprendizagem dos números. Tinha sempre na mão um bastão. a atenção e o interesse da criança são suscitados pelo trabalho demandado que se torna. sino e relógio. estratégias para estender. de aprender os números com a logopedista. deslocar. e sem poder escapar. Assim. Na Antenne 110 de Bruxelas (33). um cordão. teve por finalidade ir explorar a igreja. mas inventar para cada um uma maneira de fazer. Walt Disney. observa e aprende por intermédio das outras crianças e poderá. portanto. Mesmo se ele parece ausente.permitem assim apoiar-se em invenções próprias. etc. ilustra essa experiência cotidiana. as oficinas que. Desta forma. primeiro de 1 a 12 (mostrador do relógio). mas como uma criança inteligente. A este respeito. por isto. Não é pelo grau de fechamento que a “suave pressão” se distingue da aprendizagem forçada. Grandin também não hesitou em correr os riscos para se abrir ao mundo. publicando seu primeiro livro: ela dá o testemunho de que foi uma prova para ela. Uma vez que ela deslancha. Para D. opondo-se. carregada de angústia. e ela não se engaja nisto sozinha. que produz uma mudança subjetiva. e se eu a paro. a questão principal colocada pelos métodos puramente educativos de tratamento do autismo é aquela que levanta O. Ela só advém por uma decisão maior. Constato este paradoxo sem compreendê-lo. quando tomou a decisão “ao mesmo tempo assustadora e muito excitante” de partir para o estrangeiro. Uma mãe de criança autista observa: “Se eu não insisto além do racional. tudo para aí” (36). a diferença consiste na sua própria natureza. 14 . A primeira encontra suas raízes na dinâmica subjetiva. testemunham que a autonomia resulta de uma escolha que não é ensinada. relata precisamente como sua busca de autonomia foi sublinhada por escolhas concretizadas pela ultrapassagem de portas simbólicas. A “suave pressão” se apoia nos interesses do sujeito. Para isto é necessário que esta decisão não seja impedida pelo ambiente. Entretanto. às vezes incutidas sem medida. a aprendizagem forçada. não há resultado. indicação confirmada pelos próprios autistas. enquanto que a segunda a ignora..necessidade de uma “suave pressão”. nada a faz parar. como também é necessário que ele não seja confrontado com um Outro superprotetor que coloque aí um obstáculo. foi inicialmente aceitar o risco de revelar seu mundo interior. porque não há o arranque. Tammet se produziu da mesma forma. Certamente. Contribuem também para a aquisição de competências sociais. ou é exercida contra o trabalho. não se poderia duvidar de que de maneira geral os técnicos de aprendizagem forçada chegam a melhorar o QI do sujeito e suas capacidades cognitivas. Apesar de sua diversidade. Williams. T. todas se mostram relativamente eficazes neste ponto. Entretanto.] Um impulso exterior lhe é necessário para que ela esboce o arranque. no saber do educador. A aprendizagem consentida mobiliza uma dinâmica subjetiva que na aprendizagem forçada falha. Os que chegaram a dar um passo decisivo neste sentido. [. Sacks: qual o ganho em autonomia? VIII É evidente que o ganho em autonomia não está estreitamente correlacionado com a melhora cognitiva. Uma reviravolta na existência de D.. Anneclaire está realmente demandante de todo ensinamento e aprendizagem. não somente que o sujeito autista aceite se arriscar a soltar seu controle do mundo. Os ganhos em independência não são ensinados: eles só advêm de atos decisivos pelos quais o sujeito deve se responsabilizar. Convém. aceitando riscos. D. Desejou. Fez alguns amigos em meio às mulheres que assistiam suas aulas. adaptou-se muito bem ao seu trabalho e à vida na Lituânia. na Lituânia. constata o relatório Baghdadli. deixando um lugar para o não-saber. estabeleceram condições que permitiram ao seu filho operar uma mudança subjetiva decisiva. Convém. Tammet também avalia. Estes. Apesar de sua “diferença”. Seus pais se inquietaram: seu filho seria capaz de viver tanto tempo longe de casa? Mas Daniel persistiu em fazer o que considerava como “um grande passo adiante na *sua+ vida”. é geralmente limitada à aquisição de uma competência específica. para uma missão de um ano. “Eu sentia angústia. a fim de aceder a uma das estabilizações do autismo em meio aos mais bem sucedidos. uma enorme quantidade de estudos para por aí. por onde se confirmou uma modificação de sua posição subjetiva. Perguntava-me igualmente se iria ou não responder a essa correspondência. Assumiu. Sua recusa metodológica de levar em conta as 15 . um companheiro que conheceu pela internet. correram o risco de não desencorajar sua iniciativa (37). rompeu com seu mundo de segurança. naturalmente. “Este telefonema. Encantou -se com a idéia de ir ensinar inglês a estrangeiros. então ir trabalhar num outro país. com razão. Mas também havia outra coisa: a excitação de finalmente tomar as rédeas de minha vida e do meu destino. em ruptura com suas atitudes conformistas anteriores. escreve. não deixando nenhuma esperança sobre o futuro das crianças autistas. mas ao invés de considerá-lo como um limitado vulnerável demais. D. correndo o risco de realizar um ato cujas consequências não eram previsíveis. mas quando atingiu a idade de 18 anos. Sua eficácia. Ousou telefonar para uma associação gay. duvidaram da pertinência de seu projeto. com efeito. desde então capaz de apostar na responsabilidade do sujeito.D. Foi o primeiro passo no caminho da aceitação de sua homossexualidade. Não há como duvidar dessa constatação. Este pensamento me tirava o fôlego” (38). Há quase 20 anos ele não hesitou em dar um salto no desconhecido. atingida pela intervenção estudada. Encontrava-se a ponto de tomar uma nova decisão importante. De maneira um pouco inesperada. Falou aos seus pais. Assim. rompendo com a segurança de um mundo rotineiro. respondendo a um anúncio de recrutamento de pessoas interessadas por voluntariado. ao invés de se precipitarem em dissuadi-lo. Tammet chegou a passar na seleção. algum tempo depois de seu retorno à Inglaterra. vivendo com Neil. sublinhar que foi um apoio esclarecido. Por mais úteis e bem intencionados que sejam. foi uma das decisões mais importantes de minha vida” (39). pela idéia dessa viagem . escreve. que o apoio de sua família foi “uma das principais razões de *seu+ sucesso na vida” (40). os métodos de aprendizagem encontram limites. Seus pais não se opuseram. experimentou o sentimento de dever fazer alguma coisa para sair de seu quarto de criança. ao final dos seus estudos secundários. tanto que ficou ligado a Kaunas. Ora. de forma que não implica numa mudança significativa do funcionamento da pessoa que é beneficiada pela intervenção (41). Tammet ficou por longo tempo muito dependente da família. “Eles tentaram. entretanto ela sempre se recusou a “usar bastão e cenoura”. do que lhe impor adaptar-se e ser confrontado constantemente com problemas de comportamento. observa precisamente Jacqueline Berger. as melhoras obtidas mais recentemente por Anne Idoux-Thivet com seu filho não foram menores. praticando uma “ludoterapia” orientada pelas reações. seguir a forma de pensar dessas crianças e ficar tudo bem. para todo mundo. as angústias e as manifestações da curiosidade de sua criança (44). que recorrer aos “carinhos-recompensados e palmadas-punições” com sua filha melhorou nitidamente seu comportamento. chega à seguinte constatação. nossos espíritos cevados de certezas desaprendem o aleatório humano e sua criatividade. Outra mãe de criança autista. fazê-la tocar todos os objetos diante dos quais ela havia expresso terror. Na primeira vez ela gritou com todas as suas forças e depois de muitas repetições a tarefa pareceu impossível. é indispensável levar em conta suas maneiras de lutar contra a angústia. portanto. Mas enfim eles a pegaram solidamente pelo punho e administraram uma correção a cada tentativa de resistência. 16 . era preciso segui-lo. “De tanto olhar pelo binóculo da ciência toda-poderosa. parece claro que as melhoras obtidas pela suavidade e pelo jogo não são menores do que aquelas adquiridas pela violência e pela coerção. Detendo-se nos únicos discursos de mães que conseguiram. a aproximação desses dois testemunhos opostos atesta que o que é obtido por violência pode sê-lo melhor ainda pelo jogo. E. Para isto. sublinhemos sobretudo que é incontestável que resultados ao menos equivalentes possam ser obtidos por outros métodos mais respeitosos em relação ao sujeito. fazer seu filho sair do retraimento autístico. há tanto tempo procurada. efetivamente. constitui evidentemente um obstáculo epistemológico. nos anos sessenta. ao seu favor. Ora. por métodos empíricos de inspirações diferentes. com a qual só podemos concordar: “É bem mais agradável. do tratamento do autismo. E eram muitos. A melhor estratégia para evitar problemas de comportamento é antecipálos” (45). Uma vez que este era o método adotado. que guardam um saber que permite avançar. Quando os Copeland descobriram. as reticências de Anne claramente se dissiparam” (43). estatísticas eloquentes que atestam sua eficácia.monografias clínicas e as biografias de autistas. Hilde de Clerq. considerando a diversidade dos métodos. Sem entrar em intermináveis discussões sobre suas interpretações e sobre o que é realmente apreendido pelos números. acreditaram ter encontrado a chave. no decorrer de semanas extenuantes. IX Os métodos de aprendizagem invocam. o que é negligenciado pelas técnicas de aprendizagem. Em suma. podendo conduzir até sua independência. Esta diversidade se deve às diferenças consideráveis no funcionamento e no grau de acometimento dos sujeitos autistas. certamente chegam. Grandin?). Entre inúmeros autistas de alto nível. A maioria dos seus detratores ignoram que certos psicanalistas (ainda minoritários neste ponto. trata-se de estimular e acompanhar uma dinâmica da mudança inerente à criança. considerado como válido para todos. 17 . e em seguida nos pais. Por outro lado. na maioria das vezes. mas nunca à independência em relação à sua família. São inúmeras as experiências singulares que vêm contradizer esta assertiva. que ao contrário da opinião de Frances Tustin. As abordagens educativas operam uma outra escolha: elas trabalham com uma criança que deve ser guiada na estrada de um desenvolvimento normatizado.Todos os métodos de tratamento do autismo possuem suas conquistas e seus fracassos. X A psicanálise do século XXI não é a caricatura combatida pelo Autismo França. todos reportam terem inventado métodos muito originais para tornar compatível seu funcionamento autístico com o laço social. Williams ou na máquina de serrar de T. etc. o objeto autístico pode servir de apoio precioso para o tratamento. a melhorar a autonomia. que “uma suave pressão” é necessária para suscitar as aprendizagens. mas deixam a desejar quando se trata de favorecer sua independência. Desde então. a capacidade de acompanhar o sujeito nas suas invenções originais para segurar sua angústia. Por outro lado. Os métodos de aprendizagem às vezes conduzem um autista à autonomia. Por outro lado. certamente). Os métodos psicodinâmicos apostam numa responsabilidade do sujeito. O que resta. (Quem teria acreditado nos companheiros imaginários de D. nenhum colocou ter sido beneficiado de maneira intensa por métodos educativos. então da prática psicanalítica? Essencialmente. pelas vias que estão por ser inventadas e não antecipadamente programadas. para os métodos que levam em conta a subjetividade. Os testemunhos dos autistas atestam que nunca um autista pôde alcançar a independência sem ter sido beneficiado por uma escuta generosa e por um respeito a suas invenções. que relatam como chegaram à autonomia e depois à independência. esses métodos postulam abusivamente que um acompanhamento será sempre necessário. que as interpretações significantes ou edipianas são proscritas. consideram que o autismo não é uma psicose. Entretanto. eles não têm o mesmo posicionamento ético: pelos métodos comportamentais e cognitivo-comportamentais a fonte da mudança está situada essencialmente entre as mãos do educador. É coerente que aqueles que procuram apagar a palavra dos autistas sejam os mesmos que se utilizam de uma propaganda caricatural para descrever os propósitos dos psicanalistas. aquela que não respeita a Declaração dos direitos das pessoas autistas. porém mais apropriadas ao estudo dos fenômenos humanos. concernentes às intervenções educativas e terapêuticas com crianças e adolescentes autistas. seja totalmente ignorado. deveriam no mínimo conduzir a sérias restrições contra o seguimento desta prática. a universalidade. elas são inscritas como denegações. recomendações de boa prática. às ameaças e aos tratamentos abusivos”.” Melhor ainda: “A fim de colher a opinião das crianças/adolescentes que não se expressam verbalmente ou apresentam um retardo mental grave ou profundo. Desde então. D. que recomenda nunca expô-los “à angústia. com sua história. Da mesma forma. 18 . Se fossem levadas a sério. sua personalidade. Infelizmente. logo de saída. redutora do número primo na abordagem da singularidade. aquela que produz crianças inteligentes e normais dependentes para sempre. que se apoia notadamente em monografias. e os psicanalistas assinam embaixo. Conduz a recomendar a técnica mais violenta. Deshays).A Alta Autoridade de Saúde acaba de publicar. por exemplo. sobretudo pela observação. a métodos inspirados dos “ensaios biológicos e medicamentosos”. Para destacá-las. nas recomendações da HAS. aquela que nega a própria existência do autismo. A. É importante. aquela que funciona melhor. é preciso levar em conta seus gostos e seus interesses. o objeto autístico. seus ritmos. paradoxal e incoerente que o método ABA seja fortemente recomendado pela HAS. em março de 2012. com uma única base de “presunção científica” de eficácia. segundo eles. aquela que seus promotores acreditam ser tão apropriada aos delinquentes quanto aos autistas. Williams. portanto. é recomendado aos profissionais que levem em conta a expressão não verbal da adesão ou da oposição da criança/adolescente. convém fazê-la participar das decisões. Ela é repetida com insistência: a pesquisa da adesão da criança é essencial. que uma das criações mais específicas desses sujeitos. Eles sempre se esforçam para aplicá-las. o funcionamento subjetivo do autista é o grande ausente das suas recomendações. fortemente enfatizado por Kanner. “Ela deve ser reconhecida na sua dignidade. aquela que é a mais combatida pelos autistas de alto nível (Michelle Dawson. integrando punições. suas capacidades e seus limites. Para a HAS. nenhuma referência é feita sobre a importância do trabalho de imutabilidade. É. Não dá nenhum espaço para o método clínico. Paradoxalmente.” Todas essas indicações são excelentes. Confirma-se outra vez que o discurso da ciência é um discurso sem ética. seus desejos próprios e seus gostos. recomenda uma concepção da ciência limitada. Mesmo sendo insubstituível para o estudo da subjetividade. a primeira recomendação consiste “em respeitar a singularidade da criança/adolescente e de sua família”. pois são incompatíveis com o método ABA. alegando que este método “não permite generalizar os resultados”. e que se baseiem no conhecimento desenvolvido pelos seus pares e/ou por diferentes profissionais que partilham seu cotidiano e podem contribuir assim para decifrar sua expressão. não entra nas coordenadas do discurso atual da ciência. segundo suas próprias indicações. 1992. que ainda ontem bania toda a psicologia. Notas: 1. p. 15.. Paris. Neurol. Libres propos philosophiques d’une autiste. 7. Fuentes-Biggi J. p.57. 458. 2007.The extraordinary life of Derek Paravicini. 1993. Deshays A. p.114.. Direction générale de l’action sociale.p. Williams D. Este método. Orientará para uma gestão do humano através do condicionamento. p. Williams D. em atenuar sua violência. Ibid. Odile Jacob. procurando a partir dos pontos de interesse da pessoa e até mesmo levando em conta seus desejos.. p... juin. p. Interventions éducatives.. A HAD preconiza uma avaliação extensa de todas as etapas do tratamento e da maior parte das funções da pessoa. Penser en images [1995].121 & 124. Flammarion. nº 3.39 (cf. 8. 2007. 425-438. Baghdadli A.cippautisme.org). 116.. 3. p. Presses de la Renaissance. quelque part *1994+. Paris. Je suis né un jour bleu [2006].70. 2006. Noyer M. 2011. et coll. Ibid.242. 5. 459. 6. 2009. 43 (7). 1996.. Ibid. Ministerio de Sanidad y Consumo Espana. Paris. J’ai lu. Dibs [1964].214. Paris. 9. Aussiloux C. Paris. “Don’t mourn for us”.38-39. Ministère de la Santé et des solidarités. Quelqu’um. p. Sinclair J. Témoignage de Delion P. p. Barcelona. assim como a singularidade se sua vida afetiva. 12. In the key of genius. 1997. Paris. Paris. Rev.. Robert Laffont. 19 . je n’existe plus. p.. Viguera.. 1. Axline V. Ockelford A.118. dossier Coordination Internationale entre Psychothérapeutes Psychanalystes s’occupant de personnes avec Autisme (CIPPA). Les Arènes.47-49. Si on me touche. 1967. 11. Autism Network International newsletter. pédagogiques et thérapeutiques proposes dans l’autisme. 2. Um futuro mais favorável visaria um diálogo e uma colaboração entre os métodos que respeitem sua cognição específica e os que levam em conta suas invenções. p. p. 114. 4. que promete o melhor dos mundos aos autistas.... Tammet D. 16. Ibid. 13. 290. Ibid. 2007. Hutchinson. vol.A HAS assinala que o método ABA estaria se esforçando. 10. no presente. Grandin T. London. Our Voice. www.. Gufa de buena practica para el tratamento de los transtornos del espectro autista.... 14. nov. estaria renunciando aos seus próprios fundamentos? Ainda um esforço e ele será logo freudiano. p. .17. p. McEachin J. 20 . Maleval J. Cit.. Damaggio N. Une personne à part entire. Leaf R.. Paris 1996.194. escrevem eles para criticá-lo. programas utilizados por indivíduos que nunca tiveram nenhuma ligação com UCLA. “Observamos frequentemente. 2 (3). McEachin J. Leaf R. 2006. De la comphréension à l’intervention. Tammet D... nº16. p. L’Autiste et sa voix. porém o pessoal recebeu uma formação sobre a sua utilização “a fim de assegurar um emprego correto de seu procedimento”. 31. McEachin J. L’autisme. p.. Leaf R. p. Dunod. op. 26.: une pédagogie du progress [1999]. 21.191. 37. Ibid. McEachin J. Autisme et A. p.. p.40.. p. Mougins. Paris. cit. Synthélabo.35. e instituições associadas: Pondensac.124. op. demonstrando a eficácia do método ABA para normatizar os comportamentos.46.69. 19. Paris.. 24.. p.47...130. Leaf R. 2010. Estas instituições recebem crianças. 32. cit.. Un anthropologue sur Mars [1995]. Gerland G. 2011.. Seguem a orientação Freudiana e os ensinamentos de Lacan. 36. Le Plessis-Robinson.39. Seuil.. I. Ibid. o Courtil (Bélgica) e o CTR de Nonette (França). 30.B. p. p. Asperger H. Le Réseau International d’Institutions Infantiles (Rede Internacional de Instituições Infantis) (RI3) é uma rede do Campo Freudiano.. p. 22. Les psychopathes autistiques pendant l’enfance [1944]. cit. Antenne 110. Journal of Applied Behavior Analysis. p. p. Je suis né un jour bleu. 33. 18. 38. L’approche comportamentale de l’autisme [2008].. o Pretexto (Bélgica) e o Hospital-Dia de Aubervilliers.. Ibid. Pearson Education. 25. Anne Carrière. 20. 28. 23.. “Manipulation of self-destruction in three retarded children”. 2006. cit. “Un programme? Pas sans le sujet”. “Un programme? Pas sans le sujet”. Ibid. 2004...74. p. Seuil. Une épée dans la brume... 2009.. 34. Q. op. Antenne 110... Ibid.331. Leaf R. McEachin J. Taubman M.24. Por ocasião de uma pesquisa realizada em 1973. p.22. op. op. foram utilizadas punições. 29. Publication du champ freudien em Belgique. Sacks O. É atualmente constituída por três instituições membros: a Antenne 110. Paris. Peetrs T. mas invocam seu modelo. 1996. cit. p. McEachin J. criada por Jacques-Alain Miller em 1992. 27....129. 1969. p.45. Syndrome d’Asperger et espoir.. p. Taubman M. Autisme France Diffusion [1996].27-28.143-157. adolescentes e jovens afultos psicóticos e autistas. p. p.A. Pearson Education France.. Taubman M. Lovaas O. 35. A Ilha Verde e a Meia-Lua (França). Paris. 1998.. op.” Leaf R. Préliminaires.16. 27. Simmons J..-C. 2011). 1996.227. p.. Aussiloux C. Jacques-Allain Miller Jean-Claude Maleval é professor de psicologia clínica na Universidade de Rennes 2. p. psicanalista. membro da Escola da Causa Freudiana e da Associação Mundial de Psicanálise. Noyer M. Dis. introduzindo-os nas estruturas complexas da linguagem através de uma “suave pressão” (A. Paris. c’est un home ou un animal?. fazem cálculos e formatam seus protocolos. 42. 1974. Berger J. Ibid.2009. 2002. que jogam no lixo invenções que lhes são próprias para conter a angústia. 2000). Autisme France Diffusion.39. Paris.. Paris. 44.31. o autor de O Autista e sua voz (Seuil. ÉCOUTEZ LES AUTISTES! Há psicólogos que se acreditam cientistas sob o pretexto de que medem. Faz uma panorâmica das principais técnicas comportamentalistas para criticá-las. É. p. Pour l’amour d’Anne [1973]. Buchet-Chastel. atentos à singularidade de cada um. op. Interventions éducatives. 40. Copeland J..138. Os autistas cultos são os primeiros a estigmatizar a aplicação intrusiva desses métodos. p. 41.261. Ibid. 2007. Tradução: Maria do Rosário Cavalcanti de Oliveira 21 .. 43. pédagogiques et thérapheutiques proposées dans l’autisme. Apoiando-se num conhecimento aprofundado dos estudos e dos depoimentos.. Os psicanalistas estão do lado dos autistas. De Clerq H. Baghdadli A.. Sortir de l’autisme. Mougins. 2000) e Loucuras histéricas e psicoses dissociativas (Payot.. o Prof.. Écouter l’autisme. Autrement. Di Ciaccia). A Foraclusão do Nome-do-Pai (Seuil. cit.97.. 45. p. maman.. 1981). Maleval defende aqui a causa dos autistas. Idoux-Thivet A. p. Lógica do Delirio (Masson. Fleurus. PUR.39. Propõe uma colaboração entre a abordagem psicanalítica e os métodos que respeitam singularidades. notadamente. Le livre d’une mère d’enfant autiste.
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