Equivalência e Transformação de Estruturas

April 30, 2018 | Author: Max Cardoso | Category: Linguistics, Languages, Philosophical Science, Science


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Equivalência e transformação de estruturas1. 2. 3. 4. 5. Paralelismos sintático e semântico O sentido da frase: a ordem pode alterar o produto Do discurso direto ao indireto e vice-versa Transformações de orações em termos nominais Vozes verbais - transformações 1. Paralelismo sintático e paralelismo semântico PARALELISMO: consiste em uma sequência de expressões com estrutura idêntica. PARALELISMO SINTÁTICO: ocorre paralelismo sintático quando a estrutura de termos coordenados entre si é idêntica. Esclarecendo: termos coordenados entre si são aqueles que desempenham a mesma função sintática dentro do período. Podem aparecer expressões nominais ou orações coordenadas em uma frase. Vejamos os exemplos: Ela vende balas e biscoitos.  Os termos coordenados são: “balas” e “biscoitos”. Veja que esses termos estão unidos pela conjunção “e” e apresentam a mesma função sintática na sentença: ambos são objetos do verbo “vender”.  O paralelismo sintático encontra-se na semelhança dos termos coordenados: veja que tanto a palavra “balas” quanto a palavra “biscoitos” são expressões nominais simples, ou seja, elas se apresentam, na sentença, em uma estrutura sintática idêntica. Ela pensou na carreira, isto é, no futuro.  Os termos coordenados são: “na carreira” e “no futuro”. Veja que esses termos estão separados pela expressão “isto é” e apresentam a mesma função sintática: ambos são complemento do verbo “pensar”, que rege a preposição “em”(“pensar em algo”).  O paralelismo sintático encontra-se na semelhança dos termos coordenados: veja que tanto a expressão “na carreira” quanto a expressão “no futuro” são formadas pela preposição “em” mais um substantivo, ou seja, elas se apresentam, na sentença, em uma estrutura sintática idêntica. Eu li todos os livros, mas não entendi tudo.  Os termos coordenados são: “Eu li todos os livros” e “não entendi tudo”. Veja que esses termos são duas orações unidas pela conjunção “mas”. já a segunda expressão é um termo nominal. isto é. Veja que esses termos são separados pela preposição “a” e apresentam a mesma função sintática: são complementos do verbo “preferir” (“preferir isso a aquilo”).  O paralelismo sintático encontra-se na semelhança dos termos coordenados: veja que tanto a expressão “um grupo de estudos pequeno” quanto a expressão “uma turma de cursinho lotada” são estruturas que têm como núcleo uma substantivo.  Da mesma forma como na frase anterior. Temos dificuldade de relacionar a presença de ambos os termos na forma como foram apresentados. . ou seja. É a coerência entre as informações. O paralelismo sintático encontra-se na semelhança das orações coordenadas: ambas apresentam estruturas sintáticas equivalentes. Prefiro um grupo de estudos pequeno a uma turma de cursinho lotada. temos dois termos coordenados entre si: “estudar em casa” e “aulas particulares”. Esse é um exemplo de falta de paralelismo semântico. Veja que esses termos também são separados pela preposição “a” e desempenham a mesma função sintática de complementos do verbo “preferir”. Agora veja: Ele gosta de livros de ficção e de ovo mexido. Essa diferença de estrutura sintática determina o problema de paralelismo. e os verbos estão flexionados adequadamente.  Sem dificuldade podemos entender a relação semântica entre as expressões “uva” e “maçã verde”: são frutas de que João gosta. porém.  Nessa frase. tem como núcleo um nome: “aulas particulares” = núcleo: “aulas”. Vejamos os exemplos: João gosta de uva e de maçã verde. Agora veja: Prefiro estudar em casa a aulas particulares. os termos “livros de ficção” e “ovo mexido” não constituem uma sequência lógica e esperada na frase. PARALELISMO SEMÂNTICO: consiste em uma sequência de expressões simétricas no plano das ideias. apresentam uma estrutura sintática idêntica.  Nesse exemplo. temos um problema de paralelismo sintático: veja que a primeira expressão estrutura-se em forma de oração reduzida “estudar”.  Os termos coordenados são: “um grupo de estudos pequeno” e “uma turma de cursinho lotada”. O uso desse artifício parece ser uma das marcas estilísticas do autor.com: Português: Falta de paralelismo semântico cria efeito de estilo THAÍS NICOLETI DE CAMARGO da Folha de S. atenção. sim. Alunos e carteiras não são elementos comparáveis entre si.). um enunciado como "A diferença entre os alunos e as carteiras disponíveis na sala é muito grande" contém um problema semântico.) um rapaz (. a simetria no plano das idéias. O elemento "papel". o narrador diz: "(.. em que. Como a conjunção "ou" indica alternativa. Mas. Essa interpenetração de planos é um dos articuladores do tom irônico do discurso machadiano. Em: "Ele hesitava entre ir ao cinema ou ir ao teatro". Então. Na abertura de "Dom Casmurro". Mas. irônica e amargamente.. está em outro patamar semântico. .Vejamos um texto retirado da Folha. a informação ganhou precisão.. a quebra da simetria semântica pode resultar em curiosos efeitos de estilo. "mas para isso era preciso tempo. entretanto.. É preciso lembrar. Então. surpreende o leitor e instala o discurso irônico. ao anunciar que vai relatar um episódio. um problema pessoal.) encontrei (. Não foi outra coisa o que fez Machado de Assis no conhecido trecho de "Memórias Póstumas de Brás Cubas". na pena de um bom escritor.. falta simetria no plano sintático. que eu conheço de vista e de chapéu". Preservar o paralelismo semântico é tão importante quanto preservar o paralelismo sintático. Daí o motivo de reger dois elementos ligados por "e". ou seja. o narrador diz: "Marcela amou-me durante 15 meses e 11 contos de réis". No conto "O Enfermeiro". Embora claro do ponto de vista do paralelismo sintático. Faltava na frase o que chamamos paralelismo semântico.Paulo Já tratamos neste espaço da importância do paralelismo sintático para a clareza da expressão. O uso da preposição "entre" pressupõe a existência de dois elementos de mesmo valor sintático ligados pela conjunção "e". Agora. é possível ocorrer confusão num contexto como esse. o narrador adverte que poderia contar sua vida inteira. ânimo e papel". disposto nessa seqüência. A falta de ânimo. entre outras possibilidades: "O time brasileiro vai enfrentar a seleção da França" ou "O Brasil vai enfrentar a França". Esse é o mesmo problema verificado em construções do tipo: "O time brasileiro vai enfrentar a França nas quartas-de-final". que a preposição "entre" delimita um intervalo entre dois pontos definidos. o ideal é dizer: "A diferença entre o número de alunos e o de carteiras é muito grande".Ter ou não papel para escrever é algo prosaico. No mesmo livro: "antes cair das nuvens que de um terceiro andar". Ora. A diferença a que se refere a sentença é numérica. um time não pode enfrentar um país.. quanto Estávamos questionando tanto seu modo de ver os problemas quanto sua forma de solucioná-los." tanto.. Diz-se que estão formando um paralelismo sintático. Paralelismos frequentes e.Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha Para finalizar.ora Ora a desejava.. criam um processo de ligação por coordenação. ou seja amiga dos alunos ou perca o emprego. com sua sobrevivência. ou O governo ou se torna racional ou se destrói de vez. " Maria Rita. vejamos um texto retirado da Wikipédia: PARALELISMO O que se denomina paralelismo sintático é um encadeamento de funções sintáticas idênticas ou um encadeamento de orações de valores sintáticos iguais.. Orações que se apresentam com a mesma estrutura sintática externa. . sem Ele conseguiu transformar-se no Ministro das Relações Exteriores e no homem forte do governo. como também será aprovado. mas sim com sua arrogância.. ora. isto é. ora a ignorava. mas também O projeto 'não só será apreciado. isto é.. não só. ou seja Você deveria estar preocupado com seu futuro.. ao ligarem-se umas às outras em processo no qual não se permite estabelecer maior relevância de uma sobre a outra. Não adianta invadir a Bolívia sem romper o contrato do gás. mas Não estou descontente com seu desempenho. ou seja. maravilhosa cidade. A mudança de sentido causada pela ordem não é exclusiva dos adjetivos. “pobre mulher” é uma mulher digna de pena. “oficial alto” é um militar de estatura alta. E se a ordem for alterada – bonita casa. A ênfase não é o único resultado da alteração da ordem de um adjetivo. no segundo. ocorre algo parecido: “O carro é caro. O sentido é outro componente da história: “amigo velho” é um amigo idoso. mas não na língua portuguesa. mas é bonito” é diferente de “O carro é bonito. “mulher pobre” é uma mulher de poucas posses.” Isso pode ser verdade na matemática. mulher charmosa. prevalece a ideia de que o carro é bonito. mas é caro”. é mais forte a ideia de que o carro é caro. “velho amigo” é uma amizade antiga. Começaremos mostrando uma característica do adjetivo. mudará alguma coisa? Mudará sim. . Com as conjunções adversativas. “maravilhosa” e “charmosa” são adjetivos e estão na ordem natural. algumas vezes.2. Com esses casos. “Bonita”. cuja função é qualificar. geralmente fica depois do substantivo modificado por ela: casa bonita. cidade maravilhosa. logo a pessoa não deve comprá-lo. a ordem dos fatores altera sim o produto. provamos que na língua portuguesa. a ideia será expressa de modo mais enfático. Isso ocorre porque o trecho iniciado pela conjunção adversativa é sempre mais forte opinativamente que o anterior. charmosa mulher –. Vamos provar. depois do substantivo. “alto oficial” é um militar importante. O sentido das frases: a ordem pode alterar o produto “A ordem dos fatores não altera o produto. Essa palavra. a frase ficará mais forte. No primeiro caso. logo a pessoa deve comprá-lo.
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