Emanuel Bouzon - O Templo, o Palácio e o Pequeno Produtor Na Baixa Mesopotâmia Pré-Sargónica

March 29, 2018 | Author: MatheusVieira | Category: Neolithic, Sumer, Mesopotamia, Economics, Agriculture


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O templo, o palácio e o pequeno produtor na baixa Mesopotâmia Pré-SargónicaAutor(es): Bouzon, Emanuel Publicado por: Instituto Oriental da Universidade de Lisboa URL persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/24373 Accessed : 29-Apr-2015 22:47:32 A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. 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Diese Veränderung verlangte vom neolithischen Menschen eine festere Beziehung zu einem bestimmten Ort. E) der großen Familien betrieben. Chr. der gegen 3000 v. dank der neuen ökologischen Ungebungen und der Erschaffung eines künstlichen Bewässerungssystems. begann. Die ersten ließen sich im Stadtzentrum nieder während die zweiten in den alten umliegenden 29 . ein rascher Entwicklungsprozeß. als Oikos-Wirtschaft beschreiben. O PALACIO E O PEQUENO PRODUTOR NA BAIXA MESOPOTAMIA PRÉ-SARGÓNICA Por EMANUEL BOUZON Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Zusammenfassung Die Anfänge der neolithischen Zeit bedeuteten zweifelsohne für die Menschheit eine tiefgreifende Veränderung in seiner Lebensweise. Der Jäger und Nahrungssammler früherer Zeiten wird nun der Erzeuger sein­ er eigenen Ernährung.O TEMPLO. in der Gründung des ersten Stadt-Staates gipfelte. So entstehen die ersten neolithischen Siedlungen. Die neu entstandene Gesellschaftsordnung charakterisierte sich durch die scharfe Trennung zwischen den Fachleuten und den Nahrungserzeugern. Wie besonders die Texte aus Shuruppak zeigen. Die Stadt benötigte wegen ihrer Komplexität neue zen­ tralisierte Entscheidungspole. gab es sowohl in Süd . hing praktisch die ganze Bevölkerung vom Tempel ab.EN) oder pachtete sie (GÄNA.und Palastwirtschaft.LÄ). Da die Wirtschaft auf einem Redistributionssystem berührte. wurde das ganze wirtschaftliche und soziopolitische Leben der Gesellschaft in den Städten Südbabyloniens auf die Tempel bezogen. noch von einer staatlichen Wirtschaft sprechen. Die Stadt schaffte also eine straffere Stratifizierung der Gesellschaft. sondern auch das politische und wirtschaftliche Zentrum der Stadt. Sie bear­ beitete die Ländereien der Tempel (GÄNA. SUKU). besonders aber die Schreiber nach der Erfindung der Schrift. Man darf aber weder von einer theokratischen Gesellschaftsform oder von einer Tempelstadt. in der die Fachleute. die in den Händen der eizelnen Großfamilien lagen. privilegiert wurden.wie in Nordbabylonien neben der Tempel . Der Tempel war nicht nur das kultische. die über den verschiedenen Siedlungen standen.APIN. Einige höher gestellte Funktionäre bekamen auch Teile dieser Länder als Vergütigung ihrer Dienste (GÄNA. Wie die reiche Dokumentation aus dieser Zeit zeigte. 30 .EMANUEL BOUZON Siedlungen blieben. die den großen Oikos bildeten. auch die privaten Oikoi. In den Städten Nordbabyloniens aber hat der Palast sich schon früh über die Tempel erhoben und als politisches und wirtschftliches Zentrum durchge­ setzt. Für die städtische Gesellschaft war auch das Autoritätssystem der alten Siedlungen nicht mehr ausreichend. paulatinamente durante esse período. este tipo de habitação parece ter sido logo substituído pela aldeia de estrutura rectangular(®). Nesta aldeia as casas eram construídas em planta rectangular. em suas escavações. inicialmente. No Oriente Próximo. O homem do Oriente Próximo passou. normalmente. o Oriente Próximo foi 0 cenário de transformações profundas em suas estruturas sócio-económicas. Esta mudança no modus vivendi do homem neolítico foi tão radical e suas consequências na sociedade e na economia tão profundas. em aglomerações de estrutura circular. Começou um longo e paulatino processo de sedentarização(2). em que 0 cultivo dos campos se alternava com períodos de caça e de transumância com os animais domesticados. Inicialmente 0 homem neolítico parece ter misturado os antigos hábitos de caçador e colector de alimentos com os novos hábitos de produtor de alimentos. de caçador e colector de alimentos. É 0 tipo de posse de terra de cultura. O próprio tipo de construção rectangular facilitava even31 . A arqueologia constatou. com uma área de 25 a 35 m2. com vários cómodos e lugares próprios para armazenamento e abrigavam.Na passagem do sétimo para 0 sexto milénio da era pré-cristã. uma família nuclear(7). cultivando campos em que ele permanecia durante um determinado período(3). que 0 homem neolítico viveu. contudo. Gordon Childe denominou-a revolução neolítica(1). a produtor de seu próprio sustento. Do campo semi-permanente surgiu a aglomeração permanente(4). que dificultavam qualquer tipo de desenvolvimento(5). O cultivo de alimentos e a domesticação de animais exigiu do homem neolítico uma mudança no tipo de habitação dos agrupamentos humanos. que 0 arqueólogo V. que poderíamos classificar de semi-permanente. apenas. A arqueologia não encontrou elementos que pudessem ser interpretados como sinais de expressão de uma unidade comunitária do tipo edifício público. ovelhas. agora. com as variações pluviais dessas regiões. pelo cultivo de algumas gramíneas e leguminosas seleccionadas. finalmente. como parece ter sido 0 caso a partir da cultura de Samarra(8). pois. Depois de uma fase incipiente de produção de alimentos. pela criação de cabras. contudo. como a tecelagem e a cerâmica. eram executadas pelas famílias de produtores de alimentos(12). paritário e seu tipo de agregação basicamente cumulativa("). 1 a 4 hectares(®). as inovações básicas que caracterizavam a cultura neolítica atingiram todas as áreas do Oriente Próximo. uma vez preparada essa infra-estrutura. Para firmar-se nesta região foi. se. essencialmente. as possibilidades de produção no aluvião mesopotâmico eram bem maiores do que nas regiões montanhosas. no Oriente Próximo. um parentesco generalizado. Nessas aldeias não havia. A arqueologia constatou que houve. que as primeiras aldeias de estrutura rectangular do Oriente Próximo ocupavam uma área de. lugar para especialistas de dedicação exclusiva. a família nuclear viesse a desenvolver-se em família extensa. pois. Pode-se. constituída por poucas famílias extensas e havia nela. mostraram que a organização de uma comunidade aldeã neolítica era bastante simples. pelos planaltos anatólicos e iranianos e penetraram. outrossim.EMANUEL BOUZON tuais acréscimos e apêndices. consequentemente. drenagem e processos de irrigação. que contavam. por exemplo. tinham sido desenvolvidas nas regiões aos pés das montanhas. Os resultados de pesquisas arqueológicas. geralmente. entre os anos 6000 a 4500 a. necessário que a colonização agro-pastoril preparasse a sua ínfra-estrutura com desmatamentos. como templos ou armazéns comunitários(13).. A arqueologia mostrou. na região do aluvião mesopotâmico. As técnicas produtivas. uma notável expansão dos níveis demográficos e tecnológicos. Mas. No interior da comunidade 0 papel de cada núcleo parece ter sido. que. O poder decisório estava baseado na presença de alguns poucos chefes de família (ancião) e não havia diferenças substanciais de carácter sócio-político entre esses chefes(10). espalháram-se. C. apenas. A aldeia era. mesmo actividades não directamente ligadas à produção de alimentos. com muita fadiga. con­ 32 . Essas inovações são representadas pela formação de comunidades aldeãs. suínos e bovinos e pela introdução de técnicas tipicamente neolíticas como a tecelagem e a produção cerâmica. entre os animais encontravam-se 0 cão (para guarda. já no fim do período. durante a fase de recolhimento de alimentos espontâneos. método já conhecido anteriormente. fundada em uma selecção acurada das espécies domesticadas. Mesmo após a entrada nas terras de aluvião da Baixa Mesopotâmia não foi necessário criar logo um pólo decisório extra-familiar. pastoreio e caça). possibilitaram 0 surgimento de uma indústria têxtiK17). continuou a práctica venatoria. As comunidades neolíticas estabeleceram-se ao 33 . um novo método de transformação de alimentos é 0 processo de cozinhá-los(19). que substituíram 0 uso de peles de animais. Os campos cerealíferos. caprinos e ovinos) e fibras têxteis (ovinos)(16). O PALACIO E O PEQUENO PRODUTOR cluir que o próprio tipo de organização social da comunidade neolítica dificultava o processo de estratificação dessa sociedade e tornava irrelevantes eventuais diferenças funcionais(14). Depois do aparecimento da cerâmica. provavelmente. mas que agora vai tornar-se um processo normal na vida doméstica. também. ovelhas. pois. 0 centro produtor era. essencialmente. asnos). forneceu leite e outros produtos de lacticinios (bovinos. principais meios de produção em uma economia agrícola. A arqueología comprova. importante até para proteger a produção de alimentos contra animais predadores e hervíboras selvagens. Entre as plantas firmaram-se a cevada e alguns tipos de trigo. uma economia de subsistência baseada na reciprocidade(15). A economia de uma comunidade aldeã neolítica era. típico dos períodos paleolítico e mesolítico(18). como vestimentas. pertenciam à comunidade de famílias extensas.O TEMPLO. também. tratadas convenientemente e transformadas em fio contínuo. Em uma aldeia neolítica. novas técnicas de transformação relacionadas com a produção de alimentos. suínos. 0 oikos das famílias extensas. os asnos como animais de carga. É 0 caso da moagem das sementes com um tipo de mó manual de pedra. a existência de fibras tanto vegetais (linho) como animais (lã) que. Sua base era agro-pastoril. O tipo de economia igualitária e distributiva da aldeia neolítica não exigia mecanismos de decisão complexos e extra-familiares. Paralelamente às actividades de criação de animais domesticados. enquanto membro dessas famílias(21). Os tecidos produzidos pela tecelagem neolítica foram usados na confecção de roupas. bovinos e. O proprietário fundiário privado participava do direito de propriedade. cabras. Surgem. Além de fornecer carne (suínos e animais machos dos caprinos e ovinos). a criação de animais contribuiu no trabalho (bois. não foram. de terras que garantem a produção de alimentos«24). tornaram-se cada vez mais complexos(25). a uma passagem da sociedade comunitária para uma sociedade mais estratificada. A arqueologia encontrou. contudo. De acordo com os cálculos de K. que parece ter sido a característica do IV milénio(26). alimentar uma população. com a introdução da irrigação artificial. uma área de 2 km2 podia abrigar seis habitantes. com 0 crescimento demográfico. 0 Sul da Baixa Mesopotâmia sofreu um significativo aumento de população provocado. entre 0 crescimento progressivo da população e a área. enquanto que numa economia baseada na caça e no recolhimento de alimentos era necessário um território de 26. Flannery. significativamente. concluir que. A agricultura irrigada conseguiu. 0 aparecimento de uma maior estratificação social dentro da comunidade aldeã. A consequência lógica de um tal aumento substancial na produção de alimentos foi. II Pela metade do IV milénio. Pode-se. maior(23). dos recursos estratégicos. correcto quando escreve que 0 processo de estratificação social é determinado pela diferença. que. consequentemente. J. cada vez maior. Gregoire está. produzir mais em uma área menor de cultivo e. proporcionalmente menor. certamente. pressões demográficas que provocaram. necessárias obras hidráulicas de grande porte. por isso. A vinda de novos grupos populacionais para a região causou. os mecanismos de controlo dos meios de produção e. sem dúvida. imediatamente.-P. paulatinamente.EMANUELBOUZON longo dos cursos de água e. assim. teriam exigido um tipo de governo mais centralizado. O aumento demográfico. pois. sem dúvida. naturaímente. junto com 0 domínio crescente das técnicas de irrigação artificial. 0 aumento de migrações em direcção à Baixa Mesopotâmia. provavelmente. provocou um crescimento económico que trouxe consigo um desenvolvimento tecnológico e uma intensificação do comércio com as zonas periféricas à procura de matéria-prima inexistente na Baixa Mesopotâmia(28). A agricultura irrigada possibilitou. V. 34 . por imigrações maciças de novas populações em direção ao Sul da planície mesopotâmica<27>.000 hectares para um grupo de dez habitantes(22). Esta necessidade de maior estratificação social levou. um aumento considerável na produção de alimentos. pois. certamente. no Centro da Baixa Mesopotâmia(33) e na região do Diyãlã<34>. A invenção da escrita no inicio do terceiro milénio veio reforçar. Num primeiro momento. No período Uruk III. ainda mais. certamente. de um lado. Avanços tecnológicos no domínio da irrigação artificial e novas técnicas de plantio com a introdução do arado semeador permitiram. aproximadamente.000 habitantes(31). atribuída aos Sumérios estabelecidos durante esse período no Sul da Baixa Mesopotâmia(32). 3500-3100 a. com centros urbanos dominados pelo templo construido no centro do núcleo urbano e cercado de aldeias produtoras de alimentos(30). e a estratificação social proveniente dessa especialização(35). que dividiu a população activa entre especialistas e produtores de alimento. com as aldeias dependendo dos centros urbanos. como Ur. sem dúvida.O TEMPLO. No início do terceiro milénio. C. a urbanização foi consumada e começaram a aparecer outros centros urbanos no Sul da Baixa Mesopotâmia. da sociedade mesopotâmica. 0 aumento demográfico permitiu a especialização profissional e criou um novo tipo de relação entre os membros da sociedade e os meios de produção(37). A criação dessas primeiras cidades é. denominado Uruk IV (c.). também. tão radical. Neste processo de urbanização as antigas comunidades agrícolas perderam.). Uruk é já um importante centro urbano com uma área de. C. O PALACIO E O PEQUENO PRODUTOR já no período conhecido como Tell el 'Obed (c. pois. pois. Havia. uma tendência de especialização das actividades bastante clara no processo de urbanização. 4500-3500 a. Outros modelos urbanos começaram a surgir. novas áreas de plantio puderam ser cultivadas e atribuídas ao deus principal da cidade. os primeiros vestígios de organização proto-urbana«29). Os produtores de alimentos viviam nas aldeias e produziam. sua homogeneidade e auto-suficiência. uma relação de complementariedade entre a cidade e a aldeia. acentuou-se o carácter de urbanização. sendo administradas e exploradas pelo templo<36).). 400 hectares e com uma população girando em torno de 40. 0 poder da burocracia 35 . ao mesmo tempo. C. a especialização profissional. Por outro lado. uma produção significativamente maior em uma área cultivada bem menor e. também conhecido como Djemdet Nasr (c. agora. Nippur e Lagas. mais do que consumiam e com os excedentes podiam alimentar os especialistas estabelecidos no centro urbano(38). 3500-3100 a. havia. mas logo a sociedade tornou-se hierarquizada. No período seguinte. Uma das características essenciais da cultura urbana é. geralmente. Diversos elementos contribuíram para esta transformação. O templo do deus principal da cidade-Estado parece ter sido. pelo menos inicialmente. 0 centro para 0 qual fluiam a produção dos grandes domínios templários. C. mas os especialistas dos centros urbanos produziam. As comunidades rurais. apareceu 0 palácio como residência do governante da cidade e separado do complexo(41). que formavam a minoria da comunidade (c. desse 36 . armazenamento e redistribuição desses bens aos diferentes membros da comunidade da cidade-Estado(43). Neste novo tipo de sociedade fazia-se mister criar novos pólos decisórios aceites por todos. um novo centro de governo da cidade ligado inicialmente ao templo e mais tarde ao palácio. agro-pastoril. principalmente. mais tarde. também. tornaram-se os privilegiados da nova sociedade. embora os templos continuassem os grandes proprietários das terras cerealíferas.GAL) administrado pelo governante da cidade e todos os habitantes dessa cidade-Estado dependiam. administradores etc. que L. política e económica da cidade-Estado.). se iniciava 0 processo de redistribuição. Os diferentes especialistas. com outras regiões(42). Oppenheim denominou as Grandes Organizações(40). Nas primeiras organizações urbanas da Baixa Mesopotamia 0 templo do deus principal da cidade era 0 centro político e económico da cidade-Estado. era insuficiente para gerir 0 governo de uma cidade-Estado. o mesmo sistema oikos (em sumério É = casa) de economia já encontrado nas comunidades rurais do período neolítico. Surgiu. pois. em si. A base da economia da Baixa Mesopotâmia continuava. Continuava. Mas agora toda a cidade-Estado era gerida como um grande oikos (É. de uma ou de outra maneira. eminentemente. redistributivo. Nas cidades sumérias 0 sistema económico era. a partir do período proto-dinástico Illa (c. vigente na antiga comunidade rural. as contribuições e os tributos que eram armazenados nos silos e depósitos da administração central e onde.EMANUELBOUZON urbana. Em pouco tempo. uma comunidade doméstica e representa uma unidade sócio-económica. 0 palácio tornou-se o centro da vida social. e talvez até já um pouco antes. tornaram-se tributárias da cidade e foram incorporadas ao sistema de produção da cidade-Estado suméria<39>. quer burocráticos (escribas. essencialmente. desapareceram. agora. 20%).). produtos manufacturados muito procurados pelos mecanismos de troca de bens. como unidades independentes de produção. O oikos indica. já que 0 poder dos chefes de família. 2600-2500 a. então. A circulação dos bens produzidos efectuava-se por meio de um sistema bastante complexo de recolhimento. também. Enquanto responsáveis pela produção de alimentos. a documentação conhecida apresenta-nos já uma divisão tripartida das terras da administração central: GÁNA. C. criada no início do terceiro milénio.. As terras dos grandes domínios administrados pelos templos eram divididas. produziu. responsável pelo mecanismo de redistribuíção dos bens produzidos entre os membros da comunidade. o templo e mais tarde o palácio(45) e o governante da cidade-Estado suméria recebeu nomes diferentes de acordo com o modelo de cidade-Estado em questão(46). apenas. para alimentar a máquina redistributiva da cidade-Estado. os grandes domínios templários desempenhavam um papel central na vida económica e social da cidade-Estado suméria. cerca de 20% da totalidade. O primeiro tipo de campo. mas. necessariamente um sacerdote. inicialmente. tão importante em uma economia essencialmente agrícola. era cultivado pelos funcionários da administração central e sua produção destinava-se às necessidades dos governantes e de suas famílias.NA que designava as terras exploradas directamente pela administração central para satisfazer suas necessidades. também.SUKU (“campo de sustento”)(49). que as exploravam por meio dos templos. O PALACIO E O PEQUENO PRODUTOR o/tos(44). e como tal o responsável pela exploração dessas terras(47). O centro urbano era.).APIN. Morenz denominou economia de prestígio típica no Antigo Oriente(48).SUKU indicava das parcelas de terra atribuídas aos funcionários a título de sustento e os GÁNA. ela era. fonte de poder sócio-económico e alimentava aquilo que S. em GÁNA. A partir da primeira dinastia de Lagas (c.O TEMPLO. os campos designados como GÁNA.SUKU. Na cidade suméria a propriedade de grande parte das terras produtivas. 2520-2355 a. eram parcelas de terra atribuídas aos altos funcionários a título de sustento(50). do culto e dos sacerdotes. O centro administrativo desse grande oikos foi. que representavam uma pequena parte de campos alugados a funcionários ou a pequenos produtores em troca de uma parte da produção(51). que representava cerca de 80% dos campos dos domínios templários. Os primeiros textos que a escrita cuneiforme.EN.LÁ. ele era considerado o representante da divindade.NÍ. em todos os textos conhecidos. eram documentos de carácter administrativo e 37 . A acumulação de bens nos tesouros dos templos e palácios não servia. parece ter sido atribuída aos deuses da cidade-Estado.EN (“campo do EN”) e GÁNA. GÁNA. O governante da cidade-Estado não era. desde 0 período Djemdet Nasr. Inicialmente a teoria da cidade-templo teve grande aceitação entre os assiriólogos. Schneider baseada em textos de Lagas. aluguer de campos etc. Em 1954 0 ilustre sumerólogo A. matizou alguns exageros da posição de Deimel.MÍ da É.MÍ (literalmente: casa da mulher) da ÉpBA.Ú e traduzida por Deimel como “templo da deusa Bau”(s5). segundo os seus cálculos. A tese da cidade-templo pode. Toda a argumentação de Schneider e Deimel estava construída em cima de textos provenientes de um único arquivo de uma instituição denominada É. C.). DeimeK53).<56>. Foi 0 que aconteceu com a tese da cidade-templo defendida pela economista A. em GÁNA. entre outras coisas. tributos. 2370 a. da época de Eannatum II (c.Ú não podiam corresponder à área total produtiva da cidade de Lagas(58). 0 frágil embasamento da teoria da cidade-templo. aos arquivos da administração central(52). de Lugallanda (c. criação de animais. 2355 a.LÁ. em que. também. que ao lado da economia templária havia. Diakonoff baseou sua crítica nos dados relativos à área dos campos da instituição É. ser assim delineada: durante 0 período pré-sargónico todas as terras produtivas pertenciam aos templos e a vida económica da cidade suméria estava sob total controlo destes(54). basicamente. 0 conceito de cidade teocrática(57). que lhe tinham sido fornecidos pelo assiriólogo A. se 0 papel do tem- 38 . administração dos campos cerealíferos. 0 s textos deste arquivo referem-se a diferentes problemas. mesmo aceitando a teoria da cidade-templo.^BA.SUKU e GÁNA. as medidas atribuídas às terras produtivas do domínio de É. outrossim.^BA.NÍ.Ú fornecidos na documentação.) e de Uruinimguina (c.EMANUEL BOUZON pertenciam. outros tipos de economia e corrigindo.APIN. que segundo seus autores valia para todo 0 período pré-sargónico.). exactamente. Uma interpretação extrema destes textos levou à concepção de uma cidade-Estado suméria de tipo teocrático.NA. em cima de um único arquivo de uma determinada época(59). como todas as terras de arquivos públicos. uma análise mais abrangente de todos os textos pré-sargónicos pode mostrar que. admitindo. Falkenstein publicava um importante artigo.EN. C. Hoje em dia. As terras atribuídas a esta unidade económica estavam divididas. GÁNA. Mas logo surgiram vozes críticas que contestaram. como irrigação. 2400 a. sem dúvida. Naturalmente. 0 uso indevido de elementos fornecidos por ese tipo de documentação corre 0 risco de viciar a compreensão das estruturas sociais e económicas da cidade-Estado suméria. pescaria. produção de lã. Gelb critica a fraca fundamentação textual da teoria da cidade-templo e mostra 0 perigo de construir toda uma tese. C. 2350 a. era fundamental na economia suméria pré-sargónica. A análise destes textos permite-nos concluir que 0 governante da cidade controlava. figurinhas e. Dada a sua forma externa. Gelb comparou-os com os kudurrus da época cassita e pós-cassita e denomínou-os. 0 período pré-sargónico transmitíu-nos. uma localidade próxima da cidade suméria de Umma. como principal produtor de alimentos. ancient kudurrus(62>. O PALACIO E O PEQUENO PRODUTOR pío na economía da cidade-Estado suméría. de diversas parcelas de terra. tanto a economia palatina como a templáría(61). datados do reinado de Lugalzaguesi (c. nesta época. C. até mesmo.cerca de 100 tábuas cuneiformes . Estes textos . tábuas de pedra. Os kudurrus da época cassita e pós-cassita registravam dádivas de terra dos reis a altos funcionários da administração cassita(63). Um outro grupo de textos originários de Zabala. Só a escolha deste tipo de material já demonstra 0 valor desses documentos. na Baixa Mesopotâmia. eram comprados por uma única pessoa a um ou vários vendedores.). destarte.O TEMPLO. também. e por isso mesmo caro. O assiriólogo russo Diakonoff julga 0 nome ancient kudurru bastante infeliz. Enquanto os kudurrus cassitas e pós-cassitas registavam presentes reais de terras a altos funcionários do 39 . contudo nem todas as terras produtivas eram propriedades templárias<6°). A assiriologia hodierna conhece dois tipos de material documentário.pertencem a um grande arquivo do templo Ezikalama dedicado à deusa Inanna e mostram. O material usado pelos escribas nestes registos foi a pedra. que conservaram esses contratos de compra e venda. Esses campos. também. a íntima relação existente entre a economia do templo e 0 ENSÍ. um material raro. que registam a aquisição. O primeiro tipo é constituído por textos conservados em esteias. no próprio género literário dos dois tipos de documentos. é importante para 0 estudo da relação entre 0 templo e 0 palácio no período proto-dinástico. um outro tipo de textos que atestam um movimento de compra e venda de bens móveis e imóveis entre pessoas particulares. Ill Além da abundante documentação originária dos arquivos templários e palatinos. por compra. já que há diferenças não só formais mas. certamente destinados à cultura cerealífera. estatuetas. com clareza. cerca de 43 exemplares desses antigos registos colectivos de compras de terra do período pré-sargónico. pois. claramente. que menciona. É. os documentos da época pré-sargónica. pagamentos adicionais e presentes bem como 0 nome de vendedores secundários. Kis. do período Uruk III. Babel e Dilbat e a região do rio Diyãlã (Esnunna e Tutul) até ao Sul. e durante toda a história da literatura babilónica. deste tipo de documentação. cuja interpretação nem sempre é fácil. C.EMANUEL BOUZON reino ou representavam documentos de imunidade. C. Larsa. totalmente. completamente. registar a compra de diversos campos cerealíferos efectuada por um mesmo comprador a um ou vários vendedores.) e 19 ao período pré-dinástico lllb (c. lavrados em pedra. que enumera. neste tipo de documentos(6®). 0 preço e os nomes dos vendedores e do comprador. já os mais recentes usam uma escrita mais tipicamente cuneiforme(66). de influência marcadamente semita. Umma e Suruppak. 2111-2003 a. O formulário dos registos colectivos de tipo ancient kudurru pode variar entre uma formulação bastante lacónica. A assiriologia conhece. É usada tanto a língua suméria como a acádica. Cláusulas de garantia típicas dos contratos de compra e venda conservados nas tabuinhas de argila desde 0 período Fara. com Lagas. como Assur. comum que ao lado do vendedor prin- 40 . O exame da procedência desse tipo de documentos mostra. conservaram 0 registro de compras de terra. hoje. as medidas dos campos vendidos. de maior influência suméria. precem faltar. que autorizavam ou testemunhavam a compra(67). Sippar. de testemunhas e de oficiais da administração central. desde 0 Norte. conforme 0 lugar de origem do documento. É típico. apenas. Diakonoff prefere. C. C. Adab. 3100-2900 a. Em cidades do extremo sul. 3 aos períodos pré-dinásticos I e II (c. como Eridu. e uma mais ampla. encontrados doeumentos desta natureza. 2340-2198 a. O tipo de escrita cuneiforme varia de acordo com a data de composição do texto. também.). 11 deles pertencem ao período Uruk III ou Djemdet Nasr (c. com 0 advento de Ur III (c. 10 ao período de Fara ou pré-dinástico Illa (c. Acade. 2450-2340 a. C.)<65). 2900-2600 a.). Nippur. C.) e parece ter desaparecido. apresentam um tipo de escrita mais pictográfica. 2600-2450 a. Ur e Uruk não foram. os mais antigos. O uso deste tipo de documentos prosseguiu até à época sargónica (c. que eles são geograficamente originários de praticamente todas as regiões da Baixa Mesopotâmia. até hoje. por isso.). 0 antigo nome de Sammelurkunden para esse tipo de documentos(64). assim. certamente os financeiramente mais capacitados para uma transacção comercial de tal porte. acima mencionados. igualmente. escravo.. também. uma diferença entre 0 Norte e 0 Sul da Mesopotâmia. A tábua de argila tornou-se. cerca de 64 textos desta natureza. também. que podem ser com certeza datados da época pré-sargónica. provavelmente. sem dúvida. um carácter oficial. contemplados. substancialmente. cobre ou em espécie(70). Tratava-se. também. nota-se. A interpretação mais comummente aceite é que esses vendedores secundários seriam parentes do vendedor principal e estariam partidpando do acto de venda do campo(71). a compra de grandes parcelas de terra arável efectuada por um mesmo comprador. geralmente. hoje. para o estudo da economia da sociedade pré-sargónica. O PALACIO E O PEQUENO PRODUTOR cipal que recebe o preço do campo(69). Em relação ao tamanho dos campos vendidos nesse tipo de doeumento. não admira que este esteja entre os grandes funcionários da administração central. 2600-2450 a. indagar sobre a sua finalidade.) registados em tabuinhas de argila. que são uma espécie de vendedores secundários. com um tipo de pagamento em prata. Um documento lavrado em uma esteia de pedra devia ter. Além dos contratos registados nas esteias de pedra (“ancient kudurrus"). Trata-se de contratos de compra e venda de bens móveis e imóveis (campo. Em relação a esses antigos documentos lavrados em pedra pode-se. levando-se em conta que esse tipo de documentos regista. a assiriologia dispõe. Por que se registariam. a pedra era um material praticamente inexistente na Baixa Mesopotãmia.). Aliás. 0 material preferido da escrita cuneiforme até final da sua história. de um outro tipo de documento que começa a aparecer a partir do período Fara (c. mais extensos(72). normalmente. 42 deles pertencem ao período Fara e 22 ao perío- 41 . Entre os vendedores. Normalmente os campos negociados em regiões ao Norte da Baixa Mesopotãmia são. ainda. altos funcionários da administração central templária ou palatina(73). etc. mas. Os compradores são.O TEMPLO. depois do período Fara. aparecem alguns altos funcionários. todas as compras de terras realizadas por um mesmo cidadão em um determinado período de tempo? Como já foi mencionada acima. de um registo oficial que devia estar exposto em um lugar público e podia ser consultado em qualquer caso de dúvida relativa às transacções realizadas. portanto devia ser importado e sua aquisição era dispendiosa. casa. geralmente. pomar. C.. Conhece-se. a profissão do vendedor não é mencionada. em uma esteia de pedra. apareçam outras personagens. no período pré-sargónico.)<74). em seu modus vivendi. quase exclusivamente o sumério(78). tradicionalmente sumérias. sem dúvida. O contrato termina. significava uma garantia para 0 comprador do imóvel contra possíveis futuras reclamações do direito de propriedade desse mesmo comprador(77). Esse grupo de textos é. cada contrato registado na tabuinha cuneiforme era entregue ao novo proprietário e depositado no seu arquivo familiar e ali conservado cuidadosamente. em geral.BA). claramente. de suma importância para o estudo da propriedade fundiária na Baixa Mesopotâmia durante 0 período pré-sargónico. Por isso. em cobre e às vezes em prata e das medidas do campo. com a menção do funcionário responsável pela legitimidade da transacção e da localização do imóvel em questão(76). provavelmente parentes. avaliado.DIRIG) e de presentes (NÍG. Todos esses contratos apresentam uma determinada tipología: começam com a menção do preço. Guirsu e Níppur. A língua usada neste tipo de contrato era. com 0 texto do contrato. altos funcionários da administração central. sem dúvida. para 0 vendedor ou os vendedores. apenas. desta época. IV Os estudos arqueológicos do período neolítico mostraram. que vendem um campo. aparecem um ou vários cidadãos. Mas há também contratos. hoje Fara. que 0 homem do Antigo Oriente experimentou.EMANUELBOUZON do pré-dinástico lllb (c. uma transformação radical. Esta tábua de argila. geralmente. marcante. C. Nos contratos relativos à compra e venda de bens imóveis. onde a influência das populações semitas era. Ele 42 . os compradores nestes contratos não são. incluindo em seguida outros tipos de reembolso (NÍG. Ao contrário dos textos do tipo kudurru. do pomar ou da casa. segue a lista de testemunhas (que também podiam receber presentes) e 0 nome do comprador. embora paulatina. uma cidade situada ao norte da Baixa Mesopotâmia. nesta época. que são os que nos interessam neste contexto. no caso de bens imóveis(75). Não deixa de ser interessante observar que a maior parte das tabuinhas de argila com contratos de compra e venda de imóveis é proveniente da região de Suruppak. 2450-2340 a. inclusive em bens naturais. como Uruk. mas cidadãos de diferentes camadas sociais(79). um pomar ou uma casa a um outro cidadão. provenientes de cidades. O PALACIO E O PEQUENO PRODUTOR deixou. Os campos cerealíferos. Todas as actividades de produção e transformação dos alimentos. Nesse tipo de aldeia 0 centro económico parece ter sido a casa da família extensa (sumério É. De facto. A própria necessidade de produzir alimentos obrigou o homem neolítico a apropriar-se de terras para cultivá-las e semeá-las e a domesticar alguns tipos de animais selvagens. em si. Começou. bem como a produção textil e a produção de vasilhames (cerâmica) e de outros instrumentos necessários ao cultivo da terra eram realizadas dentro da economia doméstica das famílias extensas de uma aldeia(80). típico do Mundo Antigo em geral. a cultura material desse período. por sua própria estrutura. à comunidade de familias extensas.O TEMPLO. uma economia de subsistência. anacrónico falar de direito de propriedade. Toda a vida económica da aldeia era dirigida pela comunidade de famílias extensas. fundamentalmente. constituída por poucas famílias extensas que centravam suas actividades produtivas em uma economia doméstica. Surgiram. pois. aos poucos. que 0 termo oikos expressa uma comunidade doméstica e representa uma unidade sócio-económica. provavelmente. em geral. direito de alienação de bens imóveis. estudada pela arqueología. Ela era. bem como de economia privada ou pública. então. pertenciam. concluir. O chefe de uma família extensa era proprietário fundiário. essencialmente. principais meios de produção neste tipo de economia. Esta situação nova para 0 homem neolítico exigiu dele mudanças substanciais em seus hábitos de vida. na reciprocidade. passando de uma vida nómada a uma vida sedentária. baseada. mas a organização sócio-económica de uma família. de ser um simples caçador e colector de alimentos e tornou-se o produtor dos meios de sua própria subsistência. Finley denominou este tipo de economia. enquanto membro da comunidade aldeã. a economia de uma sociedade desta natureza era. mas tudo 0 que uma familia precisava para sobreviver. certamente. mostrou que a organização de uma aldeia neolítica era bastante simples. Naturalmente. certamente. assim. não apenas a casa física. O termo grego oikos indica. Ele sentiu a necessidade de uma maior fixação a um determinado ambiente geográfico e vai. de economia-o/Vcos«81). assim. 43 . Pode-se. a viver em agrupamentos humanos maiores e a formar as primeiras aglomerações. as primeiras aldeias neolíticas. Uma economia doméstica neolítica devia ser. acádico bîtum). A base da economia neolítica era agro-pastoril. autosuficiente e produzir. não só alimentos. Em uma sociedade deste tipo seria. pelos chefes das famílias extensas (anciãos). ele era. também. no palácio.EMANUELBOUZON Em uma sociedade desta natureza não havia lugar para um processo de estratificação social propriamente dito. Uma dessas etapas foi. uma crescente estratificação social. as antigas comunidades aldeãs perderam sua auto-suficiência e homogeneidade. Os restos arqueológicos dos edifícios do complexo templário demonstram. de alguma maneira. as Grandes Organizações (the Great Organizations)83. O poder decisório na aldeia era exercido. que culminou. baseados nos templos e. a divisão da população activa em especialistas e produtores de alimentos. com um centro urbano e diversas aldeias dependentes desse centro. aos poucos. Elas tornaram-se tributárias do centro urbano e dependiam dele para a sobrevivência de seus membros. A nova estrutura estatal. que provocaram. Oppenheim denominou esses novos pólos sócio-políticos e económicos. A população activa da cidade-Estado dependia. 0 centro político e económico da cidade-Estado. como 44 . mostra-nos os templos como proprietários de grandes extensões de terras produtivas. C. da economia templária. de solução de conflitos internos e externos e de comércio a longa distância que surgiram com a criação da cidade-Estado. Arquivos pré-sargónicos. no período Uruk III ou Djemdet Nasr (3500-3100 a. paritariamente. e grande parte dessa população trabalhava no cultivo dos campos classificados. L. Os pólos decisórios da antiga comunidade aldeã não eram mais suficientes para gerir 0 governo de uma cidade-Estado. na sociedade mesopotâmica. mais tarde. Esta etapa decisiva foi precedida por diversas etapas preparatórias. Em meados do quarto milénio antes da nossa era. provenientes de diversas cidades sumérias. criaram a necessidade de um governo centralizado para poder resolver os novos problemas de irrigação artificial. de defesa da cidade. O assiriólogo A. que 0 templo não era. sem dúvida. começou na Mesopotâmia um processo de urbanização. um centro cúltico-religioso. constituíram uma classe privilegiada(82). nos documentos da época. apenas. claramente. com a fundação da cidade-Estado suméria. Estes continuaram a viver nas aldeias. O estudo arqueológico de uma cidade-Estado. Com a predominância do centro urbano sobre a aldeia. mostrou como 0 centro urbano estava construído em função do grande complexo templário da cidade84.). enquanto que os diferentes especialistas se estabeleceram no centro urbano e. O processo de urbanização trouxe consigo uma mudança significativa na própria tipología da sociedade. como Uruk. provenientes de Suruppak e de outras regiões. alguma espécie de pagamento. como compradores dos campos altos funcionários da administração central. acima mencionados.LÁ. à subsistência da população da cidade-Estado. serem elencados outros cidadãos. Um outro elemento importante que se pode detectar na análise dos dois tipos de documentos. junto com 0 vendedor principal. É verdade que os “ancient kudurrus" registam. sem dúvida. do armanezamento dos excedentes necessários para alimentar os especialistas. O tipo de economia exercido pelo templo e pelo palácio continuava. enquanto trabalhavam os GÁNA. Os funcionários mais graduados participavam do processo produtivo.APIN. também.EN. 45 . que registavam um intenso movimento de compra e venda de campos cerealíferos e pelas tabuinhas de argila. que recebiam também. que não produziam seu próprio alimento. Já os contratos das tabuinhas de argila elencam entre os compradores. destarte. outrossim. agora. os GÁNA. O PALACIO E O PEQUENO PRODUTOR GÁNA. representado pelo templo ou pelo palácio. é o facto de. 0 templo ou 0 palácio representavam um grande oikos. os templos alugavam uma boa parte das suas propriedades fundiárias. contudo. a presença de pessoas particulares nos mecanismos de produção agrícola. O templo ou 0 palácio encarregavam-se. Além disso. contudo. com contratos de compra e venda de bens móveis e imóveis. da Grande Organização. portanto. campos de sustento. que. geralmente. classificar a cidade-Estado como uma cidade teocrática e nem definir a sua economia como uma economia estatal.O TEMPLO. dentro do mecanismo de redistribuição. Ao lado do grande oikos. Não se pode. e para a semeadura da próxima safra bem como da armazenagem da matéria-prima e de outros produtos da indústria têxtil e do artesanato da cidade-Estado essenciais para 0 mecanismo de trocas no comércio a longa distância. continuavam a existir os outros oikos privados constituídos pelas diversas famílias de pequenos e médios produtores. dominava a economia da cidade-Estado suméria. recebidos da administração central a título de pagamento pelos serviços prestados. certamente. a mão‫־‬de‫־‬obra de pequenos e médios produtores na exploração de parte de suas terras. dependentes. Apenas que. atestam. A abundante documentação representada pelos documentos colectivos do tipo “ancient kudurrus". pessoas de outras camadas sociais. cuja produção estava destinada.SUKU. na linha de uma economia do tipo oikos. empregando. cuja produção destinava-se às necessidades da administração central e ao mecanismo distributivo. sem dúvida. que poderia sugerir a conclusão de que a propriedade privada de campos produtivos era mais espalhada no Norte do que no Sul. assim. apenas. provávelmente. talvez. conseguir superar a importância da economia palatina ou anular a economia familiar(86). do que no Sul da Baixa Mesopotâmia. do ciclo produtivo controlado pelas Grandes Organizações. remanescente do tempo das comunidades aldeãs. originário do Sul. Baseados nestes elementos. admitir que no Norte da Baixa Mesopotâmia a economia palatina tenha superado e até controlado a economia templária. que os campos cerealíferos. negociados nos contratos desta época. Esta menção de vendedores secundários pode. parentes do vendedor principal e.EMANUEL BOUZON Estes cidadãos eram. participando. como nos períodos seguintes até 0 período páleobabilónico. onde predominavam. em uma linha de subsistência e até de prestígio da família em questão. A documentação proveniente de arquivos de templos do Sul da Baixa Mesopotâmia parece confirmar que a economia templária. na população. Embora os textos deste período atestem a presença de altos funcionários no movimento de compra e venda de extensos campos produtivos. contudo a produção desses campos permanecia. pode-se. principalmente os templos. Mas 0 papel da economia familiar “privada” tanto no Sul como no Norte da Baixa Mesopotâmia não parece ter sido relevante na economia pré-sargónica. provavelmente. outrossim. e nas áreas vizinhas do Norte. com seu modo próprio de produção e seu sistema de propriedade de terras. sem. um papel secundário nessa economia. da venda do campo em questão. também. 46 . como tal. as camadas semitas(85). contudo. sugerir uma propriedade comunitária dos meios de produção. que se alastrou para 0 Norte. participavam. Os elementos fornecidos pela documentação não parecem. foi um fenómeno típico. Esta mesma documentação mostra-nos. alguns autores julgam até que a instituição da propriedade privada se tenha originado no Norte da Baixa Mesopotâmia. suficientes para sustentar esta hipótese. eram bem mais extensos no Norte. contudo. Os grandes proprietários fundiários. O pequeno e o médio produtor desempenhavam. que dominavam e controlavam a produção agrícola de uma cidade-Estado suméria eram. A partir da análise da documentação conhecida. enquanto trabalhavam as terras dos tempios ou alugavam parcelas dessas terras. . (23) Cf. M. 72s. em Iraq 31 (1969). aproximadamente. GREGOIRE. A Economia Antiga. (15) Cf. (1°) Cf. FINLEY. 56. 51s. 41s. GREGOIRE. (19) Cf. 1981. pp. 77. J. V. GREGOIRE. OATES. (16) Cf. 76. 18s.. p. Porto. L iv e r a n i . W. p. p. Production. p. 8. 35-38. (11) Cf. 53. A evolução cultural do homem. 0. (24) Cf. DIAKONOFF. Rio de Janeiro. M. LIVERANI. 54. 0. H.-P. Os seus cálculos mostram que no período anterior havia.-H. 0. 0. idem... p. Cf. and DIMBLEBY.-P. GREGOIRE. (21) Cf. J. 0 que aconteceu na historia. Pouvoir et Parente dans le Monde Mediterraneen de Sum era nos jours. J.O TEMPLO. J. 0. p. (22) Cf. M. c. O PALACIO E O PEQUENO PRODUTOR Notas 0 ) Cf. em: C. 0. FLANNERY. FLANNERY. (2) Cf. LIVERANI.. (14) C. GREGOIRE. H. p.C. (4) Cf. j. c. 115-152. Idem. denominado economia-oikos. 19-43. c.. imprecisa. Structure o f Society and State in early dynastic Sumer. «The Rural Community in the Ancient Near East». c. 0. 54. uma densidade populacional de 0. p.C. (6) Cf. GREGOIRE.-P. Foi o modelo típico das economias antigas tanto pré-clássicas como também clássicas. p..-P. p. p. 94. geralmente.. 1974. pp. Darmstadt. J. H. M. J. Gordon CHILDE. J. a densidade era de seis habitantes por km2. p. p. NISSEN. J.p. p. (5) Cf.. p. J.74.. G. (18) Cf. 1986. C.-P. J. I. J.. 35-38 e pp.-P. 54. JESHO 18 (1975). Roma-Bari.).p.. já que não se trata de uma revolução propriamente dita. (7) Cf. Rio de Janeiro. MELLAART.p. M.. 51. (2°) Cf. 0. «Origins and Ecological Effects of Early Domestication in Iran and the Near East».. (17) Cf. M. «Choga Mami». GREGOIRE. J. 56. 0. p.. LIVERANI. C. (8) Cf. K. pp. c. c. (9) Cf. também.-P. 74. 50. p. 1983. mas sim de uma passagem longa e paulatina. Paris.-P. 1969. 42-48. M. 1988. p. 0. c. Società. 0. LIVERANI. 0. V. em uma economia irrigada. Storia. (3) Cf. 0. GREGOIRE. 0. 62. 50s. C. Cf. 77s. (13)C f. Cf. 1975.. (ed. The Neolithic o f the Near East.-p. J. (25) Cf. NISSEN. J. M. Grundzüge einer Geschichte der Frühzeit des Vorderen Orients. p. C. 74. Economia. C. Los Angeles. pp. 1981. J.-P.sem dúvida.04 habitante por km2 e.C. c. c. 47 . 0. BRETEAU etc. 0. 35s. 121-133. p. Esta terminologia é. «L’Origine et le Développement de la Civilisation Mésopotamienne du Troisieme Millénaire avant notre ère». p. pp. V. Grégoire. LIVERANI. London. 0. 0. (12) Este tipo de economia é. J.. K... 56.. GREGOIRE. NISSEN. Antico Oriente. (eds. The Domestication and Exploitation o f Plants and Animals. MELLAART.. em: UCKO.). 1981. P. p. GREGOIRE. 738. 0. ADAMS. G. L ’Origine delle cità. L ’Origine delle cità. Jahrbuch für Wirtschaftsgeschichte. Chicago. 173s. J. NISSEN. S. «Les Palais de l’Age du Bronze en Mésopotamie». (36) Os textos administrativos desta época são. PETTINATO. I Sumeri. OPPENHEIM.. p. Ancient Mesopotamia. pp. «Problèmes de la Royauté dans la Période Présargonique». pp. também R. (49) Cf. UCKO. «Household and Familly in Early Mesopotamia». M. Praga. pp. M. J. Cf. p. sem dúvida. LIVERANI. J. p. pp. 61. 0 . Me C. S. The Uruk Countryside: The Natural Setting o f Urban Societies.. 1. 95s.. (30) Cf. também M. 0. 1986. LIVERANI. Chicago. p.-P. TRINGHAM. GREGOIRE. LIPINSKI. «The Rural Community in the Ancient Near East». «Esquisse d’une histoire de la Haute Mésopotamie au debut de l’Age du Bronze». D.. (41)Cf. p. pp. H. Sobre o significado desses diversos títulos cf. <31) Cf. DIMBLEBY (eds. London. 73-111. 1964. I Sumeri. KRAMER. (46) Assim em Uruk 0 título do governante parece ter sido EN. 241-296. pp. ibid. 22-71. I. provenientes de arquivos oficiais dos templos. Handel und Händler im alten Orient. 1991. 11-26. J. (48) Cf.-P. 141-161. c. 0. p. MORENZ. em Ur e em Kis LUGAL e em Lagas ENSÍ. GREGOIRE. c.EMANUEL BOUZON (26) Cf. (4°) Cf. The Sumerians. Cf. Heft 4.). L ’Origine delle cità. P. pp. J. Le Palais et la Royauté. 1979. GREGOIRE. em sua quase totalidade. (39) Cf. CHERVÁT. State and Temple Economy in the Ancient Near East.. J. 97s. Grundeigentum in Babylonien von Uruk IV bis zur frühdynastischen Periode II. Commercial Activity in Sargonic Mesopotamia. «Patterns of Urbanization in Early Southern Mesopotamia». c. LIVERANI. P.. 69. H. 238-251. 1-97. Bari‫־‬ -Roma. MOOREY. (35) Cf.. Chicago.-P. N. Iraq 38 (1976). 1987.). C. S t e in k e l l e r . (45) Cf. 12s. vol. p. S. 1972. Paris. DIAKONOFF. LEBEAU. G. Iraq 39 (1979). (47) Cf. GELB. A. Bayerische Akademie der Wissenschäften. C. 1972. 69. Man. M. (44) Cf. 1979. P. em E. EDZARD. (37) Cf. (27) Cf. P. ZA 80 (1990). B. GARELLI (ed. p. 11-25. p. em: P. 124-212. Sonderband. pp. Grundeigentum in Babylonien von Uruk IV zur frühdynastischen Period II. 95-106. 1969. MARGUERON. 0. KLENGEL. 0. 96-134. J. pp. 121-133. Leuven. o. 49s. 31s. Jahrbuch der Wirtschaftsgeschichte. J. J. pp. «The Late Prehistoric Building at Jemdet Nasr». 48 . p. FOSTER. Berlin. 97. (28) Cf.. (32) Cf. 1964. CHERVÁT. p. 1974. Cf. em: P. (38) Cf. c. Philosophisch-Historische Klasse. W. STEINKELLER. 58. ADAMS e H. Berlin. Wien-Köln-Graz. M. J. NISSEN. JESHO 18 (1975). I. pp. PETTINATO. Ancient Mesopotamia. P. (43) Cf. 1987. R. L. Sonderband.-P. Prestige-Wirtschaft im Alten Ägypten. 0.. P. GREGOIRE. R. R. G. 1993. Settlement and Urbanism. Mc C. Esnunna. pp. (42) Cf. 57. pp. C. München. (29) Cf. p. (33) Destaca-se no centro da Baixa Mesopotâmia a cidade de Kis. (34) Na região do Diyãlã a cidade mais célebre é. Roma. 47-64. 1972. (62) Cf. também B. Cf. vol. G. K. 49 . JESHO 24 (1981). ENGLUND. are deeds of purchase». 784-814. 495s. pp. P. 1989. Essen 1920. 1978. Los Angeles 1974. Damerow. «II binomio tempio-estato e I’economia della seconda dinastia de Lagash». Sumerische Tempelwirtschaft. pp. SCHNEIDER. pp. (61) Cf. ENGLUND. Studi in onore di E. 1991. Cahiers d ’Histoire Mondiale. FOSTER.. Rome. NISSEN. A.. J. Volterra. J. 158-168. 1973-1974. JESHO 24 (1981). SELZ. pp. NISSEN. 49. the Kassite and post-Kassite kudurru were usually grants of land and/or charters of immunity.MÍ^É. Cincinnati. I Sumeri. VI. (57) Cf. Roma. p. FOSTER. G. 39-50. WHITING Jr. Deimel publicou os textos de Laga em 1931 sob 0 título èumerische Tempelwirtschaft zur Zeit Urukaginas und seiner Vorgänger. J. (51) Cf. 7 (1968). J. Hebrew Union College Annual. «The Development of the É. R. (52) Cf. H. pp. 195-200. J. 267-274. A. (54) Cf. cit. (64) Cf. 137-154. Bad Salzdetfurth. «La cité-temple sumérienne». «A New Look at the Sumerian Temple State».BA-Ú indica uma instituição dirigida pela esposa do ENSÍ. A. que a expressão É. p. Berlin 1982. PETTINATO.C. Oriens Antiquus. Cf. FALKENSTEIN.. «Altsumerische Verwaltungstexte aus Lagas. VI. Die sumerische Tempelstadt. «A New Look at the Sumerian Temple State». Roma. Milano. também CAD"K”. STEINKELLER. DIAKONOFF. 141. (6°) Para uma visão crítica desta tese cf. a formulação É. Analecta Orientalia 2. art. I. em H. (58) Cf.. G. 8-9. GELB. P. BRINKMAN. Cf. J. 252. POWELL. «Earliest Land Tenure Systems». DIAKONOFF. 1931. J. KLENGEL (ed.MÍ in Lagash during Early Dinastic III» em Mesopotamia.). WHITING Jr. DAMEROW. (55) Sabe-se. Altsumerische Wirtschaftstexte aus Lagasch. 15. hoje. Milano 1969. Gesellschaft und Kultur im alten Vorderasien. I Sumeri. MAEKAWA. «On the alleged Temple and State and State Economies in Ancient Mesopotamia». 77-144. pp. p. K. R. J. Chicago. «On the alleged Temple and State Economies in Ancient Mesopotamia». Die «Tempelstadt»: Regierungsform der frühdynastischen Zeit in Babylonien?. A. I. pp. Stuttgart. Die Anfänge der Kulturwirtschaft. I. while the Sammelurkunden of the 3. Millenium B. 6s. 15. A. Volterra. «Earliest Land Tenure Systems in the Near East: Ancient Kudurrus». P. BAUER. Die Altsumerischen Wirtschaftsurkunden der Eremitage zu Leningrad» em FAOS. em Studi in onore di E. 251s. p. p. Oikumene 3 (1982). 104. M. 1 (1954). STEINKELLER. OIP. J. (53) Cf. (66) Cf. 1. (59) Cf. R. Structure o f Society and State in Early Dynastie Sumer. GELB. «. H. 199-203. pp. 1-58. M. em Reallexikon der Assyriologie. G. 1991. M. P. NISSEN. 225-241. 225-241.dBA-Ú não indica aqui um templo. PETTINATO. «Texts from the Time of Lugalzagesi: Problems and Perspectives in their Interpretation». 71-113. pp. I. (56) Cf. Bad Salzdetfurth 1991. B. aqui. «Kudurru». 6. R. GELB. Frühe Schrift und Techniken der WirtschaftsVerwaltung im alten Vorderen Orient. p. (65) A melhor e mais recente edição desses textos é a de I. A. (67) Sobre as diferentes tipologías de documentos desta natureza cf. O PALACIO E O PEQUENO PRODUTOR (5°) Cf. 14. um óptimo resumo da teoria da cidade-templo. 1969. A. vol. M. PETTINATO. pp. (63) Cf. Deimel apresenta. K. DEIMEL. I. STEINKELLER. Frühe Schrift und Techniken der WirtschaftsVerwaltung im alten Orient. p. pp. P. GELB.. pp. J.O TEMPLO. 181-183 e pp. Cuneiform Archives and Libraries. R. pp. (69) A expressão usada é. München 1968. WHITING Jr. J. (79) Cf. I.. KRECHER. Leiden. All forty-two Fara sale documents from Shuruppak (including one found at Uruk). Modo de Produção Asiático. 1986. Wirtschaftstexte aus Fara. 72 e a tábua de Lummatur.. D. de tecelagem e do ceramista. conhecidos cf. pp. Chicago 1991. Earliest Land Tenure Systems. Para uma edição mais actual e completa dos textos. J. p. 185-191. 19-43. R. I. all twenty Pre‫־‬Sargonic sale documents from Lagash. I. 1990. A n c ie n t M esopotam ia. aparecem entre os compradores funcionários intitulados de LUGAL.). região mais perto do norte. ex. M. STEINKELLER. Jahrtausends aus der Zeit vor der III. Earliest Land Tenure Systems in the Near East: Ancient Kudurrus. P. Earliest Land Tenure Systems. I. EN etc. EDZARD. WHITING Jr. pp.EMANUEL BOUZON (68) Cf. P. G rundzüge e in e r G eschichte d e r F rü h ze it des vorderen O rients. SANGA. M. WHITING Jr.° 156a. SÁM x GÍN KÙ. H. 18-20.BABBAR. com os contratos de compra e venda de bens imóveis.. P. pp. EDZARD. Earliest Land Tenure Systems. apenas. em I. áreas destinadas ao trabalho de moagem. Parece. F. Earliest Land Tenure Systems. (74) Cf. STEINKELLER. áreas destinadas à habitação. P. Para uma tradução alemã desses textos cf. nos ancient kudurrus. Nova visita a um velho conceito. GELB. J. Earliest Land Tenure Systems. Earliest Land Tenure Systems. fornos. and one sale document from Adab are written in Sumerian. GELB. O. pp. 13. P. The exception is the Pre-Sargonic text n. tratar-se do único exemplo de um comprador. (78) Cf. (71) Cf. Jahrtausends». 151 s. p. do período Fara. Λ Economia Antiga. pp. ibid. M. J. hoje. pp. M. trabalharemos. pp. KRECHER. STEINKELLER. P.. P. J. ENSÍ. J. que nos interessa neste contexto. WHITING Jr. ZA 63 (1974). STEINKELLER. 50 .. ZA 63 (1974) 145-271. 28-29. DEIMEL. 0 . J. I. geralmente. «Neue sumerische Rechtsurkunden des 3.. M. GELB. GELB. 19-20. WHITING Jr. München 1968.. WHITING Jr. p. D. (75) Para a análise económica.). Rio de Janeiro. R. GELB. «Transmission des titres de propriété et constitution des archives privées en Babylonie ancienne». (76) Cf. 121-140. p. pp. J. Sumerische Rechtsurkunden des III. que não seja um alto funcionário. a lista de nomes dos compradores e vendedores elencados nas tabuinhas de argila em I. R.. escrita em sumério e originária de Guirsu no período de Fara. STEINKELLER. KÚ: «0 preço de x siclos de prata ele recebeu (literalmente “ele comeu”). contudo. onde os autores escrevem: «The lingustic distribution of sale documents presents a less varied picture than that of the kudurrus. STEINKELLER. A.. em C. I. STEINKELLER. Jahrtausends aus d e rZ e it v o rd e r III Dynastie von Ur. M. GELB. que pode oferecer um bom exemplo deste tipo de contrato cf. (7°) Cf. (77) Cf. p. Dynastie von Ur. GELB. R. 18-40. também em sumério e proveniente de Guirsu do período proto-dinástico lllb. Sumerische Rechtsurkunden des III. J. em K. (73) Assim. que em um «ancient kudurru» proveniente de Adab. a estátua de Lupada. Leipzig 1924. aparece um SIMUG = ferreiro como comprador. contudo. «Os modos de produção na Baixa Mesopotâmia do terceiro e segundo milénios da era pré-cristã». D. a lista com a profissão dos compradores funcionários enlencados nos documentos colectivos («ancient kudurru») em I. R. CHARVÁT. E. 15-20. 42-57. Earliest Land Tenure Systems. Note-se. (72) Cf. 75.. WHITING Jr. FINLEY. P. R. J. P. NISSEN. J. R. which is of unknown provenience and is written in Akkadian». (81) Cf. Cf. p. M. (80) A arqueologia da Baixa Mesopotâmia encontrou nas casas neolíticas silos escavados no solo.. Cardoso (Org. CHARPIN. BOUZON. pp. 25. 213‫־‬ 228‫־‬. GELB. R. VEENHOF (ed. M.. Cf. Para a tradução portuguesa de um contrato de compra de um campo. M. WHITING Jr. STEINKELLER.. p. The Natural Setting o f Urban Societies. (86) Cf. M. que dominaram a administração templária e palatina. R. os escribas. A. OPPENHEIM. The Uruk Countryside. STEINKELLER. J. Grundeigentum in Babylonien von Uruk IV bis zur frühdynastischen Periode II.. I. GELB. Chicago 1972. GELB. pp. WHITING Jr. Earliest Land Tenure Systems. Ancient Mesopotamia. (84) Cf. J. Sonderband: Das Grundeigentum in Mesopotamien. p. WHITING Jr.. Jahrbuch für Wirtschaftsgeschichte. 95s. depois da invenção da escritura. though never superseding in importance the royal and private households». P. p.». NISSEN. formaram uma classe privilegiada. STEINKELLER. 221-237. Berlin 1987. R. from where it spread to the south. Paris 1953. (85) Cf. A Parrot. ADAMS and H. L. (83) Cf. J. pp. Mc C. I. R.. M. Earliest Land Tenure Systems. 11-27. 25: «On the basis of these data it can be tentatively suggested that the institution of “private’Valienable landed property originated in the north. O PALACIO E O PEQUENO PRODUTOR (82) Especialmente os especialistas cúlticos e. which was eventually transmitted to the north. de grande influência na gestão da cidade-Estado suméria. STEINKELLER. 51 . Archéologie Mésopopamienne. Technique et Problèmes.O TEMPLO. P. 25: «Conversely. the institution of the temple household and its peculiar system of land tenacy appears to have been originally a southern phenomenon.. P.
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