ELEGUN

March 30, 2018 | Author: joaura4760 | Category: Mediumship, Spiritism, Spirit, Religion And Belief


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ELÉGÙN – O FENÔMENO DO TRANSE"Todo Elégùn é um Adósù mas nem todo Adósù é um Elégùn." A principio, quero ressaltar nesse tópico que os iniciados e consagrados no Culto as Divindades do Panteão Iorubá, são denominados deAdósù – O portador do Osù, símbolo máximo da iniciação, estão divididos em duas categorias distintas: os Olóòrìsà – Aquele que possui um Orixá, termo correto para designar os iniciados do sexo masculino e as Ìyawóòrìsà – Esposa do Orixá, designado aos iniciados do sexo feminino. Essa dicotomia se perdeu no tempo, apenas prevalecendo o termo ìyawó para designar os neófitos masculinos e femininos que ainda não completaram totalmente seu Ciclo Iniciático. O vocábulo ìyawó tem o significado de noiva, esposa, mulher recém-casada, o que soa estranho aos ouvidos de um homem ao ser chamado de ìyawó. Entretanto, dentro do contexto religioso, o termo “esposa” tem a conotação de um matrimonio espiritual entre a neófita e sua divindade tutelar, descartando a hipótese da União legitima entre homens e mulheres. Nesse new post os questionamentos (reformulados) aqui presente são as duvidas mais freqüentes de pessoas iniciadas, não iniciadas, simpatizantes e mesmo os curiosos, que durante minha jornada religiosa me indagaram sobre a complexidade do transe. Se portanto nessas palavras de respostas (revisadas) há coisas que parecem chocar a razão de muitos leitores, é que não as compreendemos ou que as interpretamos mal. Mas qual o significado do termo Elégùn ? o o o O prefixo Elé significa “aquele que” A palavra Gùn origina-se da forma contraída do vocábulo Igègùn O vocábulo Igègùn significa “ação de excitar ou agitar” O celebre pesquisador Pierre Verger em seu artigo “Cultes de Possession chez les Yoruba et les Plantes Liturgiques” no Colloque sur les Cultes de Possession, CNRS, em Paris, no ano de 1968, explicita quanto ao termo Gùn que este significa “montar” induzindo outros pesquisadores e seus seguidores a idéia equivocada de “Aquele que pode ser montado ou cavalgado”, numa visão imaginária das divindades montada nas costas de seus adeptos, fazendo-os de cavalo, o que originou a expressão pejorativa Esin Òrìsà – Cavalo dos Deuses. Não vai muito longe essa verdade, que até mesmo a expressão usada pelos umbandistas “fulano é cavalo do guia tal”, ou seja, o guia tal, monta, desce, incorpora, no fulano. Entendo o termo Elégùn no sentido interpretativo “Aquele que se agita” ou “Aquele que se excita”. Agitações e Excitações, decorrente da reação da complexidade e muitas vezes incompreensível do fenômeno do transe. Um Elégùn poderia ser denominado de médium ? Certamente que sim. A mediunidade é um fenômeno espiritual que ocorre com muito mais freqüência do que muitas pessoas possam imaginar. Potencialmente, todos somos médiuns, uma condição natural do ser humano, pois se trata de uma faculdade inerente ao espírito. Neste sentido, ela faz parte da natureza do homem e, portanto, não há nada de sobrenatural. De suma importância ressaltar que a mediunidade não é propriedade dos espíritas, ou seja, não foi inventada por Allan Kardec – O Decodificador do Espiritismo como muitos ainda crêem. Seria como afirmar perante a ciência que o inconsciente é propriedade dos psicanalistas, dado ao fato de Sigmund Freud – O Pioneiro da Psicanálise, ter estudado o inconsciente, assim como O Ego e o Selfnão são propriedade exclusiva de Carl Gustav Jung. a maneira que outros 10% de nossos Ègbón – mais velhos nos tentam fazer entender. Pode parecer estranho aos olhos dos leitores. Considero a descrição a seguir. me deparo com o subtítulo ELÉGÙN – O Médium. desconhecendo totalmente o assunto ou respondem a celebre frase: Meu filho ! Não sou espirita para saber essas coisa. o estado de manifestação do Òrìsà. . mas me surpreendi ao fato da citação O Médiumnão corresponder com o subtítulo.ÀIYÉ O Encontro de dois Mundos da autoria de José Beniste. sobre a mediunidade. onde o estado alterado de consciência se faz presente. a psicologia ainda não usava o termo "transe". estava em minhas mãos o livro ÒRUN . Nos primeiros estudos desse fenômeno. não é simplesmente aquele episódio espetacular que culmina as cerimônias públicas do candomblé. pode parecer estranho àqueles que não se aprofundaram adequadamente no estudo do fenômeno do transe. Muitos não respondem a nada que perguntamos. mas um fenômeno de dissociação da personalidade. alguns anos atrás. que passa de um estado para outro. para definir o transe em nossa religião e em outras crenças. no caso. em que apresentam-se certos indivíduos dos grupos de culto aos Òrìsà. Apesar de naturalmente compreensível para os estudiosos da religião. pelo menos em minha opinião. perfeitamente correta. do qual considero-o um dos maiores pesquisadores e autores da atualidade. parte integrante e saliente do complexo ritual e de crenças que caracteriza as religiões afro-brasileiras. afim de outras mais leves dissociações freqüentes na experiência cotidiana de um ser portador desse Dom Divino. Mas a definição sob a visão daDoutrina Espirita é a que mais assemelha-se. Sem pretensão alguma de criticar a obra deBeniste. que é uma corruptela de uma situação "transacional". mas 90% do povo-de-santo não tem noções básicas sobre a Ciência da Mediunidade. pois nada descreve em sua obra. Os povos primitivos da antiguidade se comunicavam com suas divindades e os espíritos de seus antepassados através da mediunidade.“ Mediunidade não é e nunca será privilégio dos espíritas” A manifestação mediúnica remota de tempos imemoriais em todas as religiões do mundo. Interessante ressaltar que. em um momento de leitura. senão para minha surpresa. em outras palavras obviamente. sou candomblezeira ! Como definir o transe de um Elégùn ? O fenômeno do transe. evidentemente. relata em seu livro O animismo fetichistas dos negros bahianos. Não posso deixar de mencionar que o transe tem origem Endógena que são os provocados por distúrbios patológicos neuro-anímicos. por esse . por liberação ou inibição de neurotransmissores. naquela época denominada entre o meio acadêmico de possessão. ser um fenômeno de simulação. de projetar a “luz” e abrir muitos horizontes para novas pesquisas. Não posso deixar de mencionar Arthur Ramos – Psiquiatra e Psicanalista e Ulysses Pernambucano – Psiquiatra Clínico. Nina Rodrigues. foi o primeiro a refutar a suposição do transe. A formação cientifica desses nobres homens parece me ter sido o fator determinante do seu interesse de médicos pela dimensão cultural de sua especialidade. nenhum Òrìsà tem o poder de se dividir. Nina Rodrigues – Legista e Psiquiatra. Como explicar vários Elégùn em transe do mesmo Orixá ? Não trata-se simplesmente da colocação de ubiqüidade das divindades. de suas pesquisas de campo nos candomblés da Bahia. mas cada Divindade é um “centro” que irradia sua energia para diferentes lados. por métodos e teorias refinadas. Lógica e Neuropsiquiatria que depois se alongaria em Psiquiatria Social depois de reformador corajoso dos métodos de assistência aos doentes mentais. Essa necessidade de abarcar o estudo do fenômeno do transe dentro de um “enorme território”. de acordo com a ciências de sua época. Professor de Psicologia. No estudo das formas de expressão religiosa do negro brasileiro não passou despercebida a nenhum desses pioneiros a importância dos fenômenos do transe. os ricos detalhes. assim como a interpretação do fenômeno do transe em termos psicopatológicos e de autosugestão. que consagrou uma avalanche de evidências empíricas. a dificuldade de situar-se estritamente dentro de um só esquema conceitual.de um estado mental. consiste na cooperação com outras ciências e se antecipam aos estudiosos que tratam o assunto com seriedade. sobre um assunto reconhecidamente complexo como o fenômeno do transe. A etno-psicologia foi e sempre será a maior ciência capacitada. ou seja. lugares e pessoas. publicado por Civilização Brasileira. e Exógena que são os transes provocados mediante estímulos externos. a quem presto aqui o preito de minha admiração por ter sido o iniciador dos estudos afro-baianos. na esfera em que a descrição da individualidade do fenômeno. possa ser revelada com toda a riqueza de qualidades concretas e prescindir de compreensão e interpretação que a completem ao máximo. Dessa forma. como a utilidade de sua abordagem com o auxilio de suas especialidades. em 1935. por ser ali que se encontra a “Sede da Inteligência". ora. Assim como o Òrìsà pode se fazer presente no Terreiro e não manifestar-se em nenhum Elégùn por diversos fatores. hemácias e glóbulos brancos. nos fluídos corporais. tecidos e ossos. sem mencionar as dificuldades em restabelecer a consciência do desfalecido. que sendo absolutamente único. dá-se a principio. o Orixá incorpora no Elégùn ? A primeira condição de toda doutrina religiosa é a de ser lógica.motivo se faz presente em muitos lugares e manifestados em várias pessoas ao mesmo tempo. esta de tal forma impregnado célula a célula. ainda encontra-se na obscuridade. que nada mais é que matéria dissociada. Vários religiosos e estudiosos. Esse acontecimento é popularmente conhecido por “bolar-no-santo”. são conhecidos por diversos termos a saber: o Aura . Durante o transe. interpenetra-se nesse “campo vibratório” e domina por completo ou quase que completo o sistema nervoso central do Elégùn. que não haveria espaço para outro Ser Sobrenatural adentrar-se no corpo físico. irradia seus raios solares para vários lugares do globo terrestre simultaneamente. durante o Ciclo da Iniciação. Assim. músculos e nervos. hoje em dia com menos freqüência. Para aqueles que não sabem. local onde foi afixado o Osù. Antigamente. As divindades são portadoras de uma poderosa energia que desconhecemos e apenas uma “fagulha” dessa matéria dissociada é emanada ao Elégùn. através da fluidificação emanada pela divindade ao nosso Orí Inú – A Cabeça Interior exatamente no local da incisão. o primeiro contato da divindade com o individuo não iniciado. assim como o dia pode não estar ensolarado mas sabemos que o Astro Rei ali esta presente. seguida de um desfalecimento que pode durar horas. Por esta razão que determinados lideres religiosos não admitem a manifestação do Òrìsà em um individuo que não se submeteu aos ritos iniciáticos. era comum acontecer de um “visitante”bolar-no-santo e somente recuperar suas funções fisiológicas. denominado de Ggéré. essa matéria dissociada que age sobre esse “campo” incitando o transe. temos que compreender que o Èmí – O Espirito Encarnado. Por esse motivo devemos ser cautelosos quanto ao uso de plantas litúrgicas que incitam o fenômeno do transe denominadas de Ewé Igègùn. Esse esta localizado no alto da cabeça. o transe mediúnico não é um líquido que se adentra em um vasilhame ocupado. Essa poderosa energia. acreditam que o transe. Num quadro figurativo. na teosofia. Uma “fração desproporcional” dessa energia poderia levar um individuo a morte se for contrária a “sua capacidade receptora”. no esoterismo e outras doutrinas orientais e ocidentais. cuja a etimologia da palavra. Para os pensadores dessa concepção. podemos utilizar o Astro Sol como exemplo. o derrubaria ao solo e causaria a perca completa da consciência. finalmente. alegam o que realmente são ao afirmarem que de nada se recordam ou tem vagas lembranças do período que encontravam-se em estado de transe. Esse tônus a qual me refiro. Obviamente que os Òrìsà entendem perfeitamente a “violação dos tabu”. Que de acordo com sua natureza ou com os ritos litúrgicos. Aprendemos com nossos mais velhos. a parte dramática e essencial das cerimônias públicas e privadas quando as divindades são “convidadas” e manifestar-se. as obras realizadas nesse e no outro mundo. que durante os dias que antecedem o Ciclo das Festas Anuais deveremos nos “resguardar” quanto a alimentação. Durante o transe o Elégùn pode ver. nem sempre o fazem. Muitos iniciados que entram em transe ou são “rodantes” como são chamados entre o povo-de-santo. “violações dos tabus”. Existe uma variação de Elégùn para Elégùn. em que as Divindades se mesclavam entre os Seres Humanos. através da fala. ingestão de bebidas alcoólicas e atividades sexuais. Essas “proibições” tem como finalidade “purificar” o corpo do Elégúnque além de facilitar. Temerosos de não inspirarem a devida confiança a sua comunidade religiosa. relembrando uma época remota. escutar e lembrar dos fatos ? Sabemos que o transe é um estado alterado da consciência. pois é evidente que as pessoas ficam mais convictas . aumenta ou diminuem. onde há dissociação psíquica.o o o o o o Duplo Etéreo Corpo Astral Corpo Mental Plexos Chakras Centros de Força Através desse campo vibratório. pois em nossa religião está inserida a Lei do Livre Arbítrio. transparecem claramente o constrangimento de tocar no assunto de ser consciente ou semiconsciente. que pode ser superficial (consciente) hipnogógico (semiconsciente) e profundo (inconsciente). aumenta o grau de intensidade do transe. da dança e de seus gestos. seja qual for a designação correta. pode ser influenciado pela má conduta e atitudes inadequadas do iniciado. o que conheço por tônus vibracional. É certo que muitos adeptos. do qual facilita ou dificulta a ação dos Òrìsà. tais como. o transe constitui. revivendo através dos cânticos e da percussão. embora sejam sinceros e bem intencionados. revelando mensagens e palavras de conforto. por vaidade ou má intenção. publicado por Paulo da Silva Neto Sobrinho. O mecanismo da “incorporação mediúnica” é fácil de compreender. de uma categoria de seres maus por natureza. ocorre a denominada “amnésia pós transe”. Essa questão ainda encontra-se amplamente em debate. o vocábulo possesso. Esta poderá eventualmente influenciar o “médium”. se durante o transe. as divindades atuam sobre a mente e os órgãos materiais provocando movimentos involuntários no iniciado manifestado. O fenômeno do transe pode ser denominado transe de possessão ? Por várias vezes me deparo com essa polêmica pergunta. isto é. Na maioria dos casos de consciência e semiconsciência. Acrescento que aqui estou me referindo a subjugação corporal. para permitir que sua cúpula e corpo astral possam justapor-se ao espaço livre deixado pelo médium. não há nenhuma margem para dúvidas de que não há mesmo possessão física. ou seja.. A incorporação é tanto mais perfeita quanto maior o espaço é cedido pelo astral do médium ao afastar-se do seu corpo físico. há verdadeiramente umaposse física do iniciado. Não posso deixar de mencionar que. Somente a nível de conhecimento. supõe a existência de demônios. Ela pode principiar pela aproximação da entidade que deseja comunicar-se. outrora. quero dizer. o Orixá incorpora no Elégùn ? Entendo que nessa circunstância. . não somente entre os membros religiosos. na sua acepção vulgar. facilitando-lhe o “transe”. Este – o Espírito comunicante – deverá sofrer um processo semelhante ao desdobramento astral.das manifestações do transe. no seu corpo. Muitas pessoas me questionam. mas subjugação. quando crê no completo alheamento do Elégùn naquilo que se transmite durante o fenômeno do transe. ou seja. que colocam ainda a possessão como uma questão não doutrinária. deixando lugar para a cúpula com o corpo astral dôo comunicador. uma pequena descrição sobre o entendimento do transe de possessão a luz da Doutrina Espirita. fato esse ocasionado pelo próprio Òrìsà. nenhuma lembrança se conserva ao despertar do iniciado. o fato do Òrìsà adentrar ou não o corpo do Elégùn. Ao responder a pergunta Durante o transe. e a coabitação de um desses seres com a alma de um indivíduo. O médium passa então a sofrer um desdobramento astral e sua cúpula juntamente com o corpo astral deslocam-se parcial ou totalmente de maneira a permitir que a cúpula e o corpo astral do Espírito comunicante ocupe parcial ou totalmente o campo livre deixado pelo “corpo astral” do médium. mas também presente nos meios acadêmicos e autodidáticos. influenciaria o possuído até à aberração das faculdades da vítima. Para isso o religioso deve reconhecer o transe de uma divindade e de um espirito. Um fraterno abraço a todos. O futuro elégùn. orientando o individuo na busca de auxilio médico ou nos recursos da religião. muito cedo. ele foi indicado para desempenhar este papel por ocasião de seu nascimento. Porque um iniciado ou não que entra em transe. quando seus pais consultaram um ''Babalawo''. por atravéz da adivinhação. não apresenta problemas. é confiado à um Sacerdote do Orixá. psicótico. deidades ou entidades. esse individuo pode ser um esquizofrênico. este irá . ter o discernimento de tomar as medidas cabíveis e as devidas providências. Acima de tudo. Ter o devido conhecimento sobre as diferenças entre possessão e manifestação de divindades. obsidiado. I N I C I A Ç Ã O (parte 1) I N I AS SUAS DIFERENÇAS C I A Ç Ã O NA ÁFRICA Na região Yorubá. etc. debatendo-se e dizendo coisas desconexas. pode estar num tipo de situação complicada e isso pode ser um transe patológico. aos 7 anos de idade. geralmente. fazem toda a diferença. a iniciação de um elégùn (aquele que pode ser possuído pelo Orixá). Em se tratando de Sàngó.Por isso insistindo em que o iniciado seja ele Elégùn ou não. pois. para conhecer o destino do recém nascido. estar sob efeitos de drogas. ou seja. aprenda e estude sobre os fenômenos do transe. Em todos esses casos. cascas e raízes. cumprimentam-se uns aos outros. de um elégùn Sàngó. A Ìyà Sàngó do lugar. a meia noite. as vezes chamado de convento. há egbé Sàngó poderosos. onde ela se desfez em pedaços.. Deixa-nos teu filho na terra.. simboliza a passagem para o além. Uma das iniciações observadas. um deles. como na Bahia. dedicadas aos Orixás. atrás do pátio da roça. que fará deles. os noviços são obrigados a fazer abluções e tomar beberagens vegetais. No dia seguinte. é ela quem transmite o axé aos novos élégùn. principalmente é claro. deverá ser reservado um lugar privado. e.. Algumas vêzes. mais ou menos. sociedades que reúnem todos os adeptos do ''Deus''. a ligação entre este e seu futuro élégùn. viver a atmosfera do Culto aos ''Deuses''. onde. ou ainda. Foi preciso prepará-lo. (linguajar já traduzido) Para que o Orixá nos proteja'' Ao loge. parece exercer uma ação sobre o cérebro dos iniciados e contribuir para deixá-los num estado de entorpecimento e de sugestionabilidade. onde deverá viver os noviços. sentam-se aqui e ali. fazem sua iniciação em grupos mais ou menos numerosos. os Mógbá Sàngó. O Sàngó da família. alongando o máximo cada sílaba e então suplicou: ''Vem buscar tuas oferendas. Pode ser um simples quarto de uma casa. que iria substituir o Sacerdote falecido. força dos ''Deuses''. antes de iniciar a cerimônia. do primeiro quarto da lua. que deverá ser sacralizado. Caracterizam-se por não entrarem em transe como os élégùn. pois. derramou no chão. por exemplo. por razões que ignoramos. durante as cerimônias. ao ondô de uma estrada deserta. entre a antiga existência profana e a nova. Todos corremos e fugimos de volta para a cidade. onde os iniciados vão viver durante dezessete dias de sua reclusão. ouvia-se gritos prolongados ''Ooooooooooooo''. pegou uma panela de barro e jogou-a violentamente ao chão. (''não ! há muita gente depois de nós. ou um grande recinto cercado. Àìsùn Na noite que precede o início das cerimônias. as cabeças . ou então em um novo local. pode haver variações nos detalhes do ritual. pode se realizar em um templo já existente. consagrada aos ''Deuses''. Todos os presentes. como Uidá entre os Hwedá. um tal de Oládélé. começava então a iniciação dos novos elégùn Sàngó. para grupos de dezoito elégùns em Ifanhin. Desde a sua entrada nesse lugar. foi realizada num local ainda não consagrado. onde é idêntico o ritual seguido. a seguir os galos. Entrada na Igbó Ikú Os futuros elégùn. Oládélé então. era ''Babá Egùngùn'' que respondia. água e azeite de dendê. Esse lugar. elas começam e terminam num dia dedicado à este Orixá. as cerimônias de consagração dos novos elégùn Sàngó duram dezessete dias. realiza-se o àìsùn (não dormir). O espírito gritou por tres vezes: MO GBÀ A (eu aceito) e acrescentou: E JE MBA NDÉLÉ ''[venham comigo ''prá'' casa (no além)]'' Os presentes todos recusaram: E BÉÒ ! A PÒ LÉBÌN. encontra-se também presente. por um simples tapume de palha trançada.. ajoelhados. na sua grande maioria de egbès.. Essas beberagens e abluções. de que já falamos. OMODE O WÁ. próximo ao local onde se realizarão as cerimônias públicas. durante a qual os participantes da festa. onde na África. ou Ìyà Egbe (''mãe da comunidade''). para desde já. com um deles. onde o egbè não conhece fronteiras (anglo-francesa outrora. descansam e bebem alegremente o vinho de palma. criaturas dóceis e áptas. como Saketê ou Ifanhin.. protegido das intempéries. permanente ou provisório. As mulheres pararam em uma ponte. De um lado e outro do oceano Atlântico. mel. descrito como pó epega. era preciso substituir um elégùn Sàngó já falecido. há crianças entre nós''). Elas tem início. de uma Ìyà Sàngó.. mas a sequência geral das diversas partes de uma iniciação é sempre a mesma Em Saketê. No decorrer da iniciações observadas para Sàngó. sendo perseguidos por um curto espaço de tempo por Babá. Em certas regiões Nagô. feitas com certas folhas. e. tem o nome de Igbó Ikú (a floresta da morte). nozes de cola e dois galos vivos. com a escolha de um novo eleito. Sua consagração ao Orixá. que contém axé. para obter seu consentimento e sua concordância. foi necessário consulta à alma do morto. Oládélé gritou um nome (irreproduzível).para a casa de um Mógbá Sàngó. pois. sobre um pequeno rio. Essa consulta foi feita por um pequeno grupo de aproximadamente vinte pessoas da família. aqueles responsáveis pelo bom andamento do culto e guardiões do axé. cuja alma havia sido consultada. ou mesmo em terras estranhas aos Yorubás. percebemos uma sombra se aproximando na escuridão deserta. na cidade ou em uma roça das redondezas. um pouco fora da cidade e qualquer povoado. à cerca de cem metros mais adiante.Cavaram um buraco no chão e vários elementos ali foram despejados: A infusão das plantas. ou de álcool abatido por destilação ( O Otí ). vão para o local de sua iniciação. encontraria assim. no dia seguinte. no momento o mais próximo possível. encontravam-se presentes. outro de seus descendentes em quem se encarnar. ao seu Orixá. nigeriano beninesa atualmente). a vigilia noturna. haveria o batismo de sangue dos élégùn. A permanência na igbó ikú. reforçando assim. Tivemos a oportunidade de acompanhar as diversas fases dessas cerimônias. para terminarem na época do último quarto. falam das últimas novidades. onde os futuros elégùns. iguais as que serviram à preparação dos Odús dos Orixas. seis em Uidá e dois em Saketê. Oládélé. Babá Egùngùn insistiu. LÁÀRIN WA.. amarrados pelos pés. alguns dias antes das cerimônias. pediram-lhe para vir ao encontro deles. avançou em sua direção e deu-lhe as nozes de cola. Os homens continuaram seu caminho. colocou por cima. da semana Yorubá de quatro dias. chegam em pequenos grupos. será colocado. ainda assim. que é nosso corpo. nosso gêmeo espiritual. Cada pessoa. não diferentes. nós conseguiremos a coroa do ORIXÁ. vem de IWA (LEWÁ). haverá uma reconexão com ENIKEJI. era o apelido de Ori. eu posso voltar como pássaro. o corpo do pássaro é somente a residência do espírito do pássaro e o espírito vem de OLODUMÁRE. que somos capazes de ser vistos como algo belo e estas escolhas são acompanhadas do destino e. assim como a luz pertence à AMAKISI.de um galo e um pombo ali sacrificados. KOTOPO . ou saudarmos à Ori. porque é o que escolhemos no Orún. para nos lembrar do nosso destino escolhido em ilê ORÚN. foram acrescentados elementos calmantes como: limo-da-costa. Todos os Ori. OLORÚN. qutro espécies de pós preto. Ao acordar. que quando saudamos nossas cabeças. Ori é a ligação direta com OLODUMÁRE. nozes de cola de duas espécies chamadas de obie órógbò. NÃO HÁ SUCESSO NA VIDA. em para ser ou criar algo. òrí. Tudo vem dAquele que dá vida .OLODUMÁRE. para ver se alcançamos o nosso destino. é a coroação da cabeça que à isto se refere. porque isto é feito através de nosso Ori. A IMPORTÂNCIA DE ORI (parte II) Ori criou IFÁ e IFÁ se tornou um especialista em Ikin. ainda com Ori. Ori conquistou todos os ORIXÁS e os criou aonde Eles são hoje reverenciados. ao alto da ponta do cone da existência. temos que sobrepojar alguma oposição ou vencer alguém. o que me dá a escolha necessária de alcançar meu destino escolhido. que se mantém em espírito. é somente a residência do espírito. Mesmo antes do ORIXÁ. azeite doce. Deixe todas as coisas boas pertencerem à mim. SEM LUTA. que todos temos dentro de nós. e. Não há nada que possa acontecer sem fazermos uma escolha. e. punhado de terra. escolhem seus destinos e esta escolha é seu Ori. usado no ODU em Ori. para nos acompanhar neste mundo e atingirmos nosso destino. azeitede-dendê. tudo vem da mesma fonte. vem de ELEDA. ligação com a força chamada ELEDA. aonde a luz matinal surge na Terra. Meu Ori me deu a vida. Ori vem de ELEDA. Deixe todas as coisas boas virem à mim. por fim. há Ori. IGBÁ IWA IGBÁ IWA. o pensamento de OLORÚN. que servirá de assento no batismo de sangue. nós temos a tendência de nos separarmos deste espírito e é o que nos impede de alcançarmos IWA PELE.KELEBE KOTOPO . E o interessante é que Iwa (caráter) e Iwa (destino). Especificamente. é através dessas escolhas que nosso caráter é moldado. se durante nossa vida. Para saber como Ori lidou com todas as ameaças de oposição de seus rivais. isto é. que significa '' caráter e beleza ''.KELEBE. É pertinente para mostrar o duplo sentido do verbo ''DA'' (vencer. são basicamente a mesma palavra. pedra. é composto de um ODÚ e tem um espírito de ELEDA em sí. O buraco foi tapado. nós desenvolvermos um bom caráter moral. É por isto que é dito. antes dele se tornar a cabeça de todos os ORIXÁS. o que habita dentro. que nos direciona e nada pode se manifestar se não fizermos uma escolha. conquistar ou criar). independente da sua forma física. um pilão (odó). Ori criou AMAKISI no leste. o sangue do ìgbín. ORI ou ORO.OLORÚN e se manifesta como vida . mas. IWA LEWÁ Agora a importância de Ori. OLORÚN. Algumas Observações na Nação Ketu . Quando Ori anda conosco pelo mundo. devidamente marcado com alguns búzios e coberto com uma esteira. há ENIKEJI. no dia seguinte. mas. árvore. Se olharmos o termo ORI (SA). que contém nosso caráter. Nós não conseguiremos alcançar nossos destinos a não ser que desenvolvamos o bom caráter. é a coroação do Ori das divindades que os torna ORISAS. obtidos da calcinação de vários elementos. pois o mundo é o mercado e ORÚN é nossa casa. É Ori que nos leva de volta ao ORIXÁ. eu homenageio OLORÚN. estamos saudando à ELEDA. Neste local exatamente. o APERE de Ori. Todos Eles. porque nos leva à OLODUMÁRE. no mercado do mundo. a ascensão de Ori. Ori é que nos dá a oportunidade de fazer-mos escolhas. a razão de existir. Ele editou seus destinos. O Ori é importante. Quando formos para casa. ENIKEJI Há uma outra entidade que existe com Ori. energia incondicional. indica sua vitória sobre as outras divindades e. dê-me o poder de ultrapassar a mortalidade e eu não morrerei. Nós temos a noção de que. Porisso é que primeiro vem Ori. É através dessas escolhas que fazemos. sendo assim. negligenciou a oferenda à Exu. como o envolvimento entre a vida do ser humano e do próprio orixá. pois é através deles que encontramos explicações plausíveis para determinados ritos. O objetivo principal deste culto é o equilíbrio entre o ser humano e a divindade aí chamada de orixá. Por último. Descontente. ele saciou sua sede. colocaria o camaleão para saber se a terra estava firme. fazendo-o sentir muita sede. Sem estas estórias. lendas ou ìtan seria difícil ter respostas a sérios enigmas. . talvez sendo um dos mais antigos cultos religiosos de toda história da humanidade. A areia deveria ser jogada no oceano e a galinha posta em cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra. Basicamente este culto está assim organizado: 1o Olorun . onde a palavra elegun quer dizer "aquele que pode ser possuído pelo Orixá" 5o Egungun – Espíritos dos Ancestrais Os mitos(itan) são muito importantes no culto dos orixás. Por ser um orixá funfun. A ele foi confiado um saco de areia. Não tendo outra alternativa. Oxalá furou com seu opasoro o tronco de uma palmeira. Com o vinho. Oxalá se achava acima de todos e. O MITO DA CRIAÇÃO (Segundo a Tradição Yorubá) Olodumaré enviou Oxalá para que criasse o mundo. Dela escorreu um líquido refrescante que era o vinho de Palma.Senhor Supremo ou Deus Todo Poderoso ( Senhor do Orun) 2o Olodumare – Senhor do Destino 3o Orunmilá – Divindade da Sabedoria (Senhor do Oráculo de Ifá e dos destinos) 4o Orixá – Divindade de Comunicação entre Olodumare e os homens. também chamado de elegun. A religião de orixá tem por base ensinamentos que são passados de geração a geração de forma oral. Oxalá foi avisado para fazer uma oferenda à Exu antes de sair para cumprir sua missão. uma galinha com 5 (cinco) dedos e um camaleão. embriagou-se e acabou dormindo.A IMPORTÂNCIA DOS MITOS NO CANDOMBLÉ O culto dos orixás remonta de muitos séculos. Exu resolveu vingar-se de Oxalá. Nimrod ou Oduduwa fundou diversos reinos. Segundo historiadores. Oduduwa cumpriu sua tarefa e os outros orixás vieram se reunir a ele. Oxalá. uma nova chance foi dada à Oxalá: a honra de criar os homens. onde Ile-Ifé é aquele que cresce e se expande. O último. Oduduwa foi um personagem histórico do povo yorubá. Entretanto. que é a representação feminina. Nimrod trocou de nome e passou-se a se chamar Oduduwa. Segundo o Professor José Beniste. Oduduwa interveio novamente. albinos e toda espécie de monstros. foi então derrotado e Oduduwa tornou-se o primeiro Oba Oni Ifé ou "O primeiro Rei de Ifé". que foram insuflados com a vida por Olodumaré. tornando-se assim cultuado após sua morte. O VERDADEIRO NOME DE ODUDUWA Como expliquei em outra ocasião. Oduduwa é assim chamado devido ao fato dele cultuar uma divindade chamada Oduá. Apesar do erro cometido. Segundo o historiador. "aquele que tem existência própria". que na verdade chama-se Odulobojé. Oduduwa chamava-se Nimrod. descendo dos céus. Oduduwa foi um temível guerreiro invasor. graças a uma corrente que ainda se podia ver no Bosque de Olose. carregavam um sinal na testa. que desceu do Egito até Yarba onde fixou residência. Ao longo do caminho até Yarba. devido ao costume yorubá de cultuar-se os ancestrais. com o poder da gestação. Oduduwa teria vivido entre 2000 à 1800 anos antes de Cristo. corcundas. Era o ancestral cultuado pelo herói . Acabou com os monstros gerados por Oxalá e criou homens sadios e vigorosos. Segundo o historiador Eduardo Fonseca Júnior. vendo que Oxalá não havia cumprido a sua tarefa. embriagou-se novamente e começou a fabricar anões. vencedor dos ìgbós e fundador da cidade de Ifé. Esta situação provocou uma guerra entre Oduduwa e Oxalá. Ao retornar e avisar que Oxalá estava embriagado. incorrigível. Oduduwa foi pai dos reis de diversas nações yorubás. enviou Oduduwa para verificar o ocorrido.Olodumaré. Diz ainda que Oduduwa teria ido para a África a mando de Olodumare para redimir os descendentes de Caim que à semelhança de seu ancestral. como o trovão. a eles sendo destinados formas diversas de culto. adquirindo o conhecimento das propriedades das plantas e de sua utilização. ou hálito sagrado. criou junto seres imateriais que povoaram o Universo. O poder axé do ancestral-orixá teria. Eduardo Fonseca Júnior é um personagem histórico. as águas doces. criou o Universo com o seu ófu-rufú. com domínio sobre os 4 (quatro) elementos: fogo. Esses seres seriam os orixás que foram dotados de grandes poderes sobre os elementos da natureza.aqui em questão. terra e ar e ainda dominando os reinos vegetal e animal. o acompanha na fuga e. por exemplo. Em verdade. cada ser humano possui 01 (um) ou mais orixá. com representações dos aspectos masculino e feminino. ou então. sua primeira mulher. José Beniste. gerador de toda cultura yorubá. Senhor do Infinito. Como podemos observar. como protetores de sua vida. os orixás são emanações vindas de Olorum. o trabalho com metais. Através do processo de constituição física e diante das leis de afinidades. ou ainda. mimó. quando deixou Oyó para retornar à região de Tapá. tornou-se orixá em um momento de contrariedade por se sentir abandonado. A passagem da vida terrestre à condição de orixá aconteceu em momento de paixão como nos mostram as lendas dos orixás. Oduduwa (o fundador de Ilé-Ifé). ela entrou debaixo da terra . em princípio. Somente Oyá. existe um orixá regente. segundo grandes pesquisadores como Pierre Verger. falamos de uma força pura. Basicamente este culto está assim organizado: Quando falamos de orixá. ou salgadas. ou seja. Basicamente este culto está assim organizado: Quando Olorum. para todos os fenômenos e acidentes naturais. por sua vez. geradora de uma série de fatores predominantes na vida de uma pessoa e também na natureza. Xangô. ancestrais divinizados que em vida estabeleceram vínculos que lhes garantiam um controle sobre certas forças da natureza. o vento. assegurando-lhes a possibilidade de exercer certas atividades como a caça. após a sua morte. Um outro aspecto a ser analisado sobre a tradição de orixá e sua origem seria a de que alguns orixás seriam. a faculdade de encarnar-se momentaneamente em um de seus descendentes durante um fenômeno de possessão por ele provocada. água. muito doce venha. A origem é a própria terra. poder. esses antepassados não morreram de forma natural. realização" mas também é empregada para sacramentar certas frases ditas entre o povo de santo. vamos traduzir para vocês “As saudações dos Orixás e seus significados”: Exu Ogun Oxossy Xangô Oxum Yansã ou Oyá Omolu e Obaluayê Yemanjá Oxumaré Nanã Oxalá AXÉ A palavra Axé é de origem yorubá e é muito usada nas casas de Candomblé. Suas duas outras mulheres Oxum e Obá tornaram-se rios que tem seus nomes.” Outro responde: -“Axé!” Esse “axé“ aí dito equivaleria ao "Amém" do Kóbà Láryè Pàtakorí Ará Unse Kòke Ode Kawó-Kábièsilé Orà Yè Yé Ofyderímàn Èpàrèi Atótóo Èru Ìyá Arrum Bobo(termo Jeje) Sálùbá Esè Epa Bàbá aquele que é muito falante exterminador ou cortador de ori ou cabeça guardador do corpo e caçador venham ver o Rei descer sobre a terra salve mãezinha doce. obrigado Pai . Basicamente este culto está assim organizado: As saudações são muito importantes. como por exemplo: Eu digo: . E segundo a tradição yorubá.“Eu estou muito bem. meu servo silêncio senhora do cavalo marinho senhor de águas supremas pantaneira (em alusão aos pântanos de Nanã) você faz. e sim. alguns orixás foram seres humanos possuidores de um axé muito forte e de poderes excepcionais. Assim. Axé significa "força. sofreram uma transformação nos momentos de crise emocional provocada pela cólera ou outros sentimentos. quando fugiram aterrorizadas pela fumegante cólera do marido. Como relatei. pois é através delas que nós invocamos os orixás.depois do desaparecimento de Xangô. o Candomblé é um culto de celebração à vida e a toda a força que dela advém. os Orixás são Vida. por que estes povos se portam assim? Usamos o termo Olódùmarè por representar para o povo yorubá. E tudo que tem vida tem origem. os yorubás. “o criador de todas as coisas” ou “a divindade suprema acima dos Orixás-Ancestrais”. Ogun em Irê. Oyó. ou seja. a pessoa morre e renasce no mesmo seio familiar ao qual pertencia. por exemplo. das pedras" enfim de tudo que tem vida. O QUE SERIAM ORIXÁS-ANCESTRAIS? Para os povos africanos. a religião é a base para sua existência diária. das árvores. O contra-axé ainda pode ser todas a quizilás e ewós dentro de uma casa de orixá e também certos tabus que cercam o omo-orixá. ou seja. Axé também pode significar “Vida”. Os povos de Ketu. é o próprio Axé. Pois. ou seja. enquanto a família estiver reunida também várias saudações serão feitas. da terra. mas também cultuam à ancestralidade. o que seria Contra-Axé? O contra-axé são todas as estruturas de opressão e morte que destroem a vida das comunidades. axé também pode significar a "força das águas. Daí. Xangô em Oyó. Mas. rezas e invocações para que o dia corra bem. Chamar a vida é chamar o Axé e as origens. agradecendo a Olódùmarè e aos Orixás-Ancestrais a graça da alimentação. Ijesá. Ainda pela manhã. para os yorubás. Os Orixás são Axé. Nas horas das refeições. Oxossy . ou seja. fons e bantos. Na tradição dos orixás. Agora. Por exemplo. o próprio culto. o Axé ainda pode significar a própria casa de Candomblé em toda a sua plenitude. Agora. vários atos serão feitos lembrando sempre a tradição religiosa. fazem uma série de adúràs e orikìs. Aí entra o orixá-ancestral de cada família que por tradição será o orixá-dominante de toda uma região. do fogo. em particular. uma Yalorixá também ser chamada de Yalaxé(Iyálàse).Catolicismo ("que Deus permita"). pois para os yorubás a reencarnação existe (atun wá). “Mãe do Axé” ou a pessoa responsável pelo zelo do Axé ou força da casa de Orixá. Oxum em Ijexá. Durante o dia ainda. Ibadan e Ifé não só prestam culto à divindades naturais. conseqüentemente. na verdade. o orixá-ori independe do odù da pessoa. autoritários. trazendo portanto para este filho de Yansã. Mas. audaciosos. Como podemos entender é que lá na Nigéria os yorubás cultuam esses orixás como sendo seus antepassados. Cada odù ou destino está ligado a um ou mais orixá. viveram ou construiram estas regiões. isto é. o odù ou destino desta criança ficará momentaneamente alojado na placenta e só se revelará no dia do nascimento da criança. lentidão em certos momentos da vida. a regra determinada a cada pessoa por Olodumaré para se cumprir no àiyé. Vejamos um exemplo: um omon-orixá de Yansã que tenha no seu destino a regência do odù ofun (que é ligado à Oxalá). também são energias de inteligências superiores que geraram o “Grande Boom”. Mas. ODÙ A palavra odù vem da língua yorubá e significa “destino”. Os odùs ou destinos são um segmento de tudo que é predestinação que existe no universo. Enquanto a criança ainda não nascer. enquanto durar a vida do emi-okán ou espírito encarnado na terra. de todas as pessoas. sofrerá as influências diretas do odù ofun. Como podemos observar. Portanto. acreditando os yorubás serem eles ancestrais nestes lugares. além de serem a individualidade de cada um.em Ketu e assim por diante. constituído numa sucessão de fatos. isto é. esses orixás são patronos e dominantes de cada região. nem por isso ele será obrigatoriamente o orixá-ori. Os odùs. odù é o destino de cada pessoa. ou seja. o que muitos chamam de missão. que tem a rapidez como marca registrada. O destino é. a explosão acontecida a milhares de anos no espaço que criou tudo. Este orixá que rege o odù de uma pessoa influenciará muito durante toda a vida dela. Esta “missão” nada mais é do que o odù que já vem impresso no ìpònrí de cada um. . como Xangô ainda em exemplo teria sido o maior Alafin ou rei de Oyó. essa pessoa terá todas as características dos filhos de Yansã: independentes. enquanto ela permanecer na barriga de sua mãe. Situação esta desagradável para os filhos de Yansã. ou "o pai de cabeça" daquela pessoa. ou seja. o culto à orixá está ligado ao culto da ancestralidade. Òwórín Yansã. Oxossy.Ìka Oxumarê e Ossain 15.Òsá Oya.Dentro de um contexto específico (pessoal ou social) em nosso planeta esses odùs podem seguir um caminho evolutivo ou involutivo. Porém.Òfún Oxalá 11.Éji Òkò Ogun e Ibeji 3. existe o lado evolutivo e o próprio odù odi citado aqui em nosso exemplo possui características boas e marcantes como: caráter forte e firme e tendência a liderança.Àlàáfia Orunmilá.Ìròsùn Yemanjá 5. por exemplo: existe um odù denominado de odi. Odudua e Orixás Funfun O RITUAL DE ÌPÀDÉ NO CANDOMBLÉ A palavra Ìpàdé significa “encontro. são os odùs que governariam tudo que está ligado a vida em todos os sentidos. Ewa.Òbàrà Xangô. Traz em sua trajetória involutiva a perversão sexual e é ainda através desse lado involutivo de odi que acontece a perda da virgindade e a imoralidade. Na verdade. Da contração desta palavra surgiu o . Oxumarê e Omulu 16.Étà Ògúndá Obaluaiye e ainda Ogun 4. reunião”.Ogbègúndá Obá. relaciono os 16 (dezesseis) principais odùs e seus orixás correspondentes: ODÙ ORIXÁ 1.Èjìlá Seborà Xangô 13. Yansã e Logun-Edé 7.Òsé Oxum 6. Foi Odi que em disfunção gerou as doenças venéreas e outras doenças resultantes de excessos e deturpações sexuais. como expliquei.Éjì Onílè Oxaguian 9. Exu e Ogun 12. Orixalá.Òdì Exu. Oxossi e ainda Oxaguiãn 8. Abaixo.Òkànràn Exu 2. Omolu. Yemanjá 10.Éjì Ológbon Nanã 14. contra os efeitos negativos das ajé da sociedade das iyami. Quando isso acontece. Orixás e pessoas filhos do egbé formam um conjunto muito importante. Isso porque. Osun e Waji são elementos vegetais e Efun é mineral. todos os membros da casa devem estar no barracão. a pintura do ori de iyawos. Osun. ou seja. Na verdade. Outra forma de se proteger das yamin é passar a mão constantemente pela cabeça. . das pessoas que se iniciam no Candomblé. no intuito de impedir o pouso dos pássaros maus e que são denominados de eleye.termo “padé” que ficou para determinar o "ritual do padé". Todos são transformados em pó para preparar pintura. Daí o procedimento de se pintar o iyawo. A IMPORTÂNCIA DAS PINTURAS Três elementos são utilizados nas casas de Candomblé. Efun e Waji servem aí para proteção da cabeça do iyawo. as iyamins podem cegar esta pessoa naquele momento. só a Ìyamoró pode entrar e sair do barracão. O ìpàdé não é uma festa pública. não podendo aí nesse momento haver nenhuma conversa por parte dos participantes. apenas ressalto que quem controla o ìpàdé são as Iyá Mí Ajé ou “As Grandes Mães Feiticeiras”. o ìpàdé é uma obrigação feminina. ajoelhados em esteiras sem olhar o que se passa a sua volta. para diversas finalidades e são essenciais pela ação de proteção que exercem: Osun. Se uma pessoa levantar a cabeça em hora indevida. Nessa ocasião. pois a ela foi conferido um objeto (cuia) que a proteje como escudo dos perigos das ajé(iyamin). Ancestrais. Este ato é por causa de iyamin. Não quero dizer com isso que homens não participem. No ato do ìpàdé. Todos permanecem abaixados. No momento do ìpàdé ou padé os Exus. principalmente. todo o mal fica nessas pessoas. Efun e Waji. os pássaros enviados pelas ajé costumam pousar com as asas abertas sobre as cabeças das pessoas. do nome de iyawo. Essa maior liberdade é proporcionada pela presença de entidades chamadas no Ketu de ere. vassoura. a pessoa é devidamente isolada mantendo contato somente com pessoas preparadas para cuidá-la. Kitanda. após o ritual do oruko. O SIGNIFICADO DE PANÁ E KITANDA Durante os ritos de iniciação. para lhe assistir em tempo integral. sendo-lhe destinada uma mãe criadeira também denominada de ojúbòna. pois os mesmos neutralizam a cólera das yamins. em referência a quebra da rigidez exigida durante o começo da iniciação (banhos. Mas tudo isso é feito num clima de total alegria. pintura. Toda atenção lhe é dedicada. vale ressaltar a importância da pintura de iyawo com esses elementos Osun. Daí o iyawo também ser chamado de omotun. só se veste de branco e comporta-se de forma . tais como: não vai à praia. lápis. não toma bebida alcoólica. mercado”. pratos e ainda colocam-se frutas para serem vendidas. recém-nascida e merecedora de todos os cuidados. Estes rituais paná (no Ketu) e kitanda (no Angola) representam em verdade a quebra das kizilas em que o iyawo estava submetido durante o tempo de recolhimento. Efun e Waji. Embora adulta e talvez bem vivida. que quer dizer “criança nova”. que no Candomblé de Ketu chama-se Paná e nos de Angola. a pessoa ao entrar para se iniciar s e transforma numa criança. em kimbundo. raspagem) e kitanda. Enquanto os homens imitam trabalhos no campo. agulha. linha. o iyawo ainda sofrerá alguns èèwò durante algum tempo. Um iyawo equivale a uma criança nova. significa “feira. Por esse motivo. A palavra paná em yorubá significa “fim do castigo”. ou seja.Portanto. são colocados objetos como: tesoura. pois é um ser novo que nasce para a religião. Estas entidades têm características infantis proporcionando ao iyawo um certo relaxamento e repouso. É o reaprendizado dos gestos e ações do dia a dia. Por isso. Mas. as mulheres representam tarefas caseiras. copos. torna-se necessário um novo ritual: o reaprendizado das coisas. solicitar ajuda para os problemas do dia a dia. animais e até mesmo na própria natureza. nas casas de Angola e Vodunsi. Enquanto o oríki são palavras expressas de forma intimista com o orixá. O oríki. cores. É isto! A adúrà é a reza ou oração própria do orixá que não pode ser mexida. Porém. situações. diferente da adúrà. Enfatizo que iyawo não toma benção com a cabeça coberta. dá-se o nome de kizila ou èèwò. Muzenza.quiabo *Oxossy . e também. vinho da palma O QUE SIGNIFICA ADÚRÀ? A palavra adúrà é do yorubá e significa “reza. além de não receber a benção com a cabeça coberta. ou seja.água e mel em excesso *Ogun . Como algumas kizilas ou èèwò dos orixás. tem-se: *Exu .submissa diante dos mais velhos. são as energias contrárias a energia positiva do orixá. Kizila ou Èèwò Tudo aquilo que provoca uma reação contrária ao axé. o que seria oríki? Oríki.abóbora *Oxalá . prece ou oração”. podendo ser modificado dependendo da ocasião em que for dito. seria um aglutinado de palavras usadas pelos yorubás na hora de fazerem sacrifícios ou pedidos aos orixás.mel de abelha *Yansã . seria a “súplica”. .dendê. Estas adúrà ou orações tem por finalidade invocar os orixás. na verdade. Estas energias negativas podem estar em alimentos. nas de Jeje. Adosu e Iyawo são denominações nas casas de Ketu. que matam qualquer animal Meu Pai. Colocar água sobre a terra significa não só fecundá-la. uma Adúrà à Odé: Ode amoji elere Otiti ami ilú uo biojo Ari sokoto penpe guibon eni onã ikiré Boba guibo ma da miran sí Ode alaja pa amu ouem obó Baba mí fiki fiki ekun ako oru Ma jeki owo son mí Ode wa fun mí.Abaixo. os pedidos e rituais a serem desenvolvidos. ni alafiá “Caçador. quando ela é utilizada para acalmar as ajé. quando ela representa a limpeza lustral do egbe. pessoa forte que sacode a cidade Pessoa que veste bermuda nas estradas molhadas da cidade de Ikiré Se forem rasgadas ele tem outras Caçador que tem cachorros. desde o rito do ìpàdé. Diria ainda que as águas de Oxalá pelas quais começa o ano litúrgico yorubá tem precisamente este significado. É comum ao se chegar a uma entrada de uma casa de Candomblé vir uma filha da casa com uma quartinha com água e despejar esta água nos lados direito e esquerdo da entrada da casa. dê-me a paz” AS ÁGUAS E OS ORIXÁS FEMININOS A água é muito utilizada nas casa de Candomblé. Este ato é para acalmar Exu e também para despachar qualquer mal . mas também restituir-lhe seu sangue branco com o qual ela alimenta e propicia tudo que nasce e cresce em decorrência. até o ritual das águas de Oxalá. o forte leopardo que não tem medo da madrugada Não me deixa faltar dinheiro Caçador. Deitar água é iniciar e propiciar um ciclo. Em muitos ritos ela aparece tendo um significado muito importante. SENTIDO DAS PALAVRAS As palavras yorubás. Neste caso. "Mãe dos Rios". Não confundir com a palavra mona da língua kimbundo. a água é um elemento natural aos orixás femininos. como é dito. também está ligada às águas. também chamado pelos yorubás de Odò Oyá ou "Rio de Oya". divindade dos ventos e tempestades. Entre os eboras ou orixás femininos. Yemanjá também está muito ligada às águas. ou seja. · Monà em yorubá significa “certamente. É o orixá que em terra yorubá é patrona de dois rios: o rio Yemonja e o rio Ogun – não confundir com o orixá Ogun. Daí Yemonja estar associada à expressão Odò Iyá. na Nigéria. Nàna ou Nàna Burúkú ou Nàna Bukú. É isso que vamos entender agora: · A palavra “perdão” em yorubá é afó-riji. à lama e também às águas. Não só dentro do culto de Candomblé. “Mulher” em yorubá é obin-rin e em ewe. como é chamada no antigo Dahomé. muitas delas são empregadas de forma diferente do seu real sentido. a água é o princípio da vida. Muitas dessas palavras sofreram modificações nos seus sentidos reais. Oxum tem toda a sua história ligada às águas pois. sim”. Outro orixá feminino associado à água é o orixá Òsun. foi considerada como o ancestre feminino dos povos fons. mas como em toda a vida. ela é de suma importância pois. Não diferente dos demais orixás femininos.que por ventura possa estar acompanhando esta pessoa. ou seja. ionú. Òsun é a divindade do rio que recebe o mesmo nome do orixá. a água entra como um escudo contra o mal. Oyá ou Yánsàn. pois na Nigéria Oyá é dona do rio Niger. destacamos aqui Nàna que está associada à terra. Deus do ferro. ewes e as do dialeto kimbundo são as mais usadas nas casas de Candomblé. Resumindo. . · A palavra “licença”em yorubá é aiyè-lujará. àgò é uma contração da palavra yorubá yàgò que na verdade significa “abram caminho”. No Brasil. ou seja. a palavra “licença” foi identificada com a palavra àgò. . que na verdade em yorubá é yàgò.
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