Eficiência Energética na SiderurgiaNota Técnica TR09 Centro de Gestão e Estudos Estratégicos Ciência, Tecnologia e Inovação Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) Nota Técnica TR09 Sérgio Valdir Bajay Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético - NIPE Departamento de Energia/Faculdade de Engenharia Mecânica Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Campinas Fevereiro de 2009 Sérgio Valdir Bajay Página 2 Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) Centro de Gestão e Estudos Estratégicos - CGEE Presidenta Lucia Carvalho Pinto de Melo Diretor Executivo Marcio de Miranda Santos Diretores Antônio Carlos Filgueira Galvão Fernando Cosme Rizzo Assunção Edição e revisão / Projeto gráfico e diagramação / Gráficos / Capa / Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025): Eficiência Energética na Siderur- gia. Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2009 (Nota Técnica). 32 p.; Il.; 21 cm 1. Eficiência energética. 2. Energia. 3. Conservação de energia. 4. CGEE. Centro de Gestão e Estudos Estratégicos SCN Qd 2, Bl. A - Ed. Corporate Financial Center sala 1102 70712-900, Brasília, DF Telefone: (61) 3424.9600 http://www.cgee.org.br Esta publicação é parte integrante das atividades desenvolvidas no âmbito do Contrato de Gestão CGEE/MCT/2008. Todos os direitos reservados pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). Os textos contidos nesta publicação poderão ser reproduzidos, armazenados ou transmitidos, desde que citada a fonte. Impressão Sérgio Valdir Bajay Página 3 Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA SIDERURGIA Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) Instituições do Comitê de Coordenação do Estudo ABDI AB M AÇOS VILLARES ARCELORMITTAL BNDES CSN FINEP GERDAU IBRAM IBS MDIC MME SAMARCO USIMINAS VALOUREC-MANNESMANN VILLARES METALS VOTORANTIM Comitê Executivo Fernando Cosme Rizzo Assunção (CGEE. Supervisor) Horacídio Leal Barbosa Filho (ABM) Rudolf Buhler (IBS) Gilberto Luz Pereira (ABM) Lélio Fellows Filho (CGEE) Elyas Ferreira de Medeiros (CGEE) Equipe da Nota Técnica Elyas Ferreira de Medeiros (Coordenador) Sérgio Valdir Bajay (Consultor) Ronaldo Conde Aguiar (Revisor) Bernardo Godoy de Castro (Assistente) Sérgio Valdir Bajay Página 4 . Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) Sumário Resumo 6 Introdução 7 Produtos e matérias-primas 7 Etapas do processo produtivo 8 • Redução de minério de ferro 8 • Refino de coque 11 • Laminação 13 Uma nova fase de expansão da indústria siderúrgica 13 Participação da indústria siderúrgica na formação do PIB 15 Pressões do ambientalismo sobre a indústria siderúrgica 16 Reciclagem 18 Consumo de energia 19 Consumos de coque e de finos de carvão em altos-fornos 20 Autoprodução de eletricidade 21 Eficiência energética 23 • Potenciais de conservação de energia encontrados na literatura técnica 24 • Potenciais técnicos de conservação de energia estimados pelo NIPE 26 Conclusões e recomendações 30 Referências bibliográficas – Obras gerais 32 Sérgio Valdir Bajay Página 5 . O texto indica as etapas do processo produtivo com maiores potenciais de economia de energia. com frequência. de outro. objeto de debates. de um lado. Sua elevada impor- tância econômica e seus significativos impactos ambientais as tornam. Bem verdade que tudo isso dependerá da adoção de estratégias empresariais adequadas e da formulação de políticas públicas de fomen- to apropriadas. houve grandes progressos na gestão dos principais insumos energéticos. conservação de energia. nos quais políticas públicas são sugeridas no sentido da sua expansão ao mesmo tempo em que organizações sociais fazem restrições de cunho ambiental às suas atividades. Eficiência energética: uma necessidade Sérgio Valdir Bajay Página 6 . com forte presença tanto no mercado interno quanto nas exportações do país. tanto térmica como elétrica. ainda há elevados limites de conservação de energia. mas. assim como algumas das tecnologias mais promissoras para sua efetivação. Esta nota técnica procura mostrar que. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) Resumo A s usinas siderúrgicas constituem um dos grandes pilares da indústria brasileira. Palavras-chave: eficiência energética. com substanciais benefícios em termos de competitividade e sustentabilidade ambiental. energia. cgee. que podem ser atingidos. Nas primeiras seções desta nota técnica são descritas. que inclui um relato da atual situação da autoprodução de eletricidade no setor. na última seção. da Universidade de Campinas (Unicamp). Tais estimativas foram elaboradas pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE). que produzem produtos laminados (placas. Pressões de cunho ambientalista têm motivado um aumento na reciclagem de produtos e resíduos da indústria siderúrgica. também. desenvolvidas por diversos autores e instituições do Brasil e do exterior. segundo etapa do pro- cesso produtivo e grupo homogêneo da indústria siderúrgica nacional. A indústria siderúrgica brasileira compõe-se de um con- junto de usinas integradas e não-integradas. os produtos. têm exigido reduções nos principais consumos energéticos específicos. novos arranjos gerenciais e melhores hábitos de consumo têm sido adota- dos na indústria siderúrgica de inúmeros países. apresenta algumas estimativas dos potenciais de conservação de energia térmica e elétrica. são apresentadas algumas propostas de novas estratégias em- presariais e de políticas públicas essenciais. barras. as quais buscam a “materialização” dos elevados po- tenciais de conservação de energia indicados para esta indústria. de forma a diminuir os gastos e os impactos ambientais associados ao consumo de energia. Esta nota técnica desenvolve uma rápida caracterização energética setorial. tubos) e produtores independentes. de uma forma sucinta. Da mesma forma. matérias-primas e etapas do processo produtivo da indústria siderúrgica no Brasil. Sérgio Valdir Bajay Página 7 . Produtos e matérias-primas. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) Introdução rogramas de conservação de energia que envolvem não só tecnologias mais eficientes. conforme será visto. Por fim. Tais programas visam otimizar o perfil e a qualidade do consumo. informações e dados que comprovam o início. São apresenta- das. Em seguida. P mas. também. nos últimos anos. que produzem unicamente ferro-gusa. O texto também contempla outras estimativas semelhantes. de uma nova fase de expansão deste importante ramo industrial no país. b) Produção de ferro-gusa a partir de carvão vegetal e minério pelotizado.. Bajay. O carvão mineral. C. em altos-fornos. M.. Esta divisão do processo produtivo permite classificar a indústria siderúrgica em dois segmentos homogêneos: as usinas integradas. A. 1 . materiais fundentes – calcário e dolomita. R. Relatório da etapa II. M. junho de 2008. A. O processo de produção do aço pode ser dividido em três etapas principais: redução do minério de ferro. L. que são denominadas usinas não-integradas. A produção de aço por redução direta é pequena e concentrada em uma única unidade do grupo Gerdau. Simões. M.. localizada na Bahia. Modesto. e as usinas que não realizam todas estas etapas. c) Produção de ferro esponja a partir de minério pelotizado. No Brasil. carvão mineral. Leite. sucatas de ferro e aço. Etapas do processo produtivo. P. con- sumindo carvão não coqueificável. que consiste na transformação do minério de ferro em metal líquido Existem três rotas tecnológicas alternativas para a realização desta etapa: a) Produção de ferro-gusa a partir de coque de carvão mineral e minério sinterizado. Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético – NIPE. seguido das usinas integradas a carvão vegetal e das usinas semi-integradas. V. H. Rocha. D. ou semi- integradas. Beismann. Dorileo. refino do aço e laminação1. A. que executam as três etapas citadas. é a principal fonte energética consumida nas usinas siderúrgicas. ou sinterizado. 139 p.. em al- tos-fornos. A. I. ocorre uma forte concentração da produção de aço em usinas integradas a co- que. através de redução direta. Sérgio Valdir Bajay Página 8 . S.. Contrato CNI/Funcamp/Unicamp. Projeto: Análi- se e desenvolvimento de metodologia visando a implementação de projetos de eficiência energética na indústria. carvão vegetal e coque..d: Caracterização técnica dos setores industriais.. F. e Sant’Ana. além de constituir uma importante fonte de matéria-prima do processo produtivo. ou gás natural. Berni. • Redução do minério de ferro A primeira etapa do processo produtivo do aço é a chamada redução. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) As principais matérias-primas são o minério de ferro. Universidade Estadual de Campinas. F. na usina de Pains. O carvão que possui estas características é chamado de metalúrgico. chamado coque. Sérgio Valdir Bajay Página 9 . mediante o processo de redução direta. o fluxograma da produção se assemelha bastante ao da unidade a coque. que é importante no balanço energético das usinas integradas. com alta concentração de carbono. para não prejudicar a produtividade e o consumo energético nos altos-fornos. o que provoca a liberação de gases e a formação de um resíduo sólido. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) Nos altos-fornos se produz gás de alto-forno. No caso de usinas integradas a carvão vegetal. A coqueificação é um fenômeno que ocorre quando o carvão é aquecido a temperaturas elevadas com ausência de oxigênio. com a exclusão da coqueria e a sua substituição por uma unidade de carvoejamento. O carvão mineral usado na coqueificação deve ter baixos teores de cinzas e de enxofre. A Figura 1 mostra um diagrama simplificado do processo de produção de aço bruto utili- zando coque como agente redutor. Figura 1 . além de baixa incidência de materiais voláteis. poroso.Diagrama de produção de aço em uma usina integrada usando coque como agente redutor e com a redução direta A produção de aço na usina integrada a coque se inicia com a coqueificação do carvão mi- neral e a sinterização ou pelotização do minério de ferro. uniformidade dimensional e da composição química em faixas rígidas preestabelecidas. tais como alto teor de ferro. o chamado gás de coqueria. Além do consumo de coque. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) O tempo total requerido para a coqueificação da carga varia de 13 a 24 horas. uma parte do minério é constituída por material friável. produzindo material de granulometria controlada e excelente rendimento nos altos- fornos. temperatura de operação e densidade do carvão. e de gás de coqueria. um gás combustível. ou a seco. este utilizado no forno de ignição e no próprio processo. ou de pelotização. essencialmente. da largura do forno. o coque é levado para extinção da queima. Após o desenfornamento. Há várias vantagens quanto ao produto obtido. usado como insumo energético na planta. coque e umidade. A sinterização é um processo de semifusão redutora oxidante a que é submetido o miné- rio de ferro na presença de fundentes. A maior parte da produção brasileira de pelotas é destinada à exportação. Sérgio Valdir Bajay Página 10 . maior redutibilidade e melhor aproveitamento metalúrgico dentro do alto-forno. sendo fun- ção. que hoje são aceitas como a melhor maneira de alimentação dos altos- fornos modernos e das unidades de redução direta. na sinteri- zação também ocorre consumo de energia elétrica na movimentação da carga e britagem. É interessante mencionar que o pró- prio aquecimento da bateria de fornos de coqueificação é normalmente feito com uma mistura de gases de alto-forno e de coqueria. o que pode ser feito com o uso de água. como subproduto. alta resistência mecâni- ca. Em muitas jazidas de minérios de ferro. produzindo finos que não podem ser usados diretamente no alto-forno ou na redução direta. A pelotização é uma etapa alternativa à sinterização e visa a aglomeração do minério de ferro na forma de pelotas. Tais finos são aglomerados em processos de sinterização. Coque Do processo de coqueificação tem-se. que se desagrega facilmente. e o forno elétrico a arco. que visa melhorar as características estrutu- rais do aço e reduzir o tempo de corrida da aciaria. certas misturas desses dois gases e o carbono. O primeiro é utilizado em Sérgio Valdir Bajay Página 11 . o oxigênio combinado. Aciaria Na aciaria existem duas rotas tecnológicas predominantes no mundo: o conversor a oxi- gênio – também chamado LD (Linz-Donawitz) . Os elementos redutores usuais são o hidrogênio. o minério de ferro do qual foi retirado. am- bos. entretanto. de um processo de reforma do gás natural ou do carvão). ou seja. no qual os óxidos metálicos sofrem redução no estado sóli- do. Uma das principais vantagens operacionais dos processos de redução direta é viabilizar a instalação de mini-usinas. é uma alternativa ao processo de redução em altos-fornos. (ii) A metalurgia de panela ou refino secundário. o monóxido de carbono (derivados. dispor-se de redutor/combustível em quantidade suficiente e baixo custo no local. isto é. É necessá- rio. onde ocorre a solidificação do aço. • Refino do aço A etapa de refino envolve três processos: (i) A produção propriamente dita do aço. o minério é enriquecido em ferro sem a incorporação de elementos estranhos à sua cons- tituição original. (iii) O lingotamento. na aciaria. O produto desse processo é o fer- ro esponja. em grande parte. menores do que as usinas convencionais com altos-fornos. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) O processo de redução direta. cuja finalidade é aquecer unifor- memente os lingotes sem provocar superaquecimento. (iii) Ele permite operação intermitente e mudanças rápidas de produção. abrem-se duas possibilidades distintas na etapa de lingotamento. (iv) Dos fornos de aciaria. ele precisa ser reaquecido em fornos do tipo poço. pode-se em- Sérgio Valdir Bajay Página 12 . óleo pesado ou gás natural como combustível. entre outros. A seguir. A carga de um conversor LD é composta basicamente de gusa líquido e sucata. alta-liga. Escória fundida e gás de aciaria. ou a carvão vegetal. ou em usinas integradas que empregam a redução direta. cujo processo começa na aciaria. baixa-liga. A partir da obtenção do aço líquido. (v) É eficiente em termos energéticos. este último destinado ao sistema de gases da usina. Forno elétrico de arco. devido ao alto valor de seu calor sensível e à oxidação de seus elementos. ferramen- ta. nas últimas décadas. inoxidáveis. Estes fornos usam gases pobres. O ferro- gusa líquido fornece quase a totalidade da energia necessária ao processo. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) usinas integradas a coque. o aço é vazado em moldes – lingotes. O forno elétrico de arco é o instrumento mais versátil de produção de aço e. (ii) É um equipamento extremamente versátil no que se refere à carga. podendo ser operado com 100% de sucata. vem se tornando um dos mais eficientes. Alternativamente. No processo convencional. são subprodutos da produção do aço. O segundo é mais usado em usinas semi- integradas. onde é solidifica- do. Suas principais vantagens são: (i) Ele permite produzir praticamente todos os tipos de aços: carbono. ele é o que permite obter valores mais baixos de fósforo e enxofre no aço produzido. ou mistu- ras desses gases. eles utilizam gás de coqueria. sob uma forma incorporada. também. Ambas envolvem consumos significativos de energia elétrica. todas as par- celas de energia e matéria-prima necessária à produção. Nesta etapa são utilizados fornos de reaquecimento. com ganhos na qualidade do aço produ- zido. ou contí- nuos. A indús- tria siderúrgica brasileira iniciou em 2006 um novo ciclo. gás natural. com perdas de aço inferiores e um menor consumo de energia. que podem ser em bateladas. Normalmente. Cada fração de aço perdida no corte leva. Os combustíveis normalmente utilizados são óleos pesados. dos produtos semi-acabados da indústria siderúrgica pode ser a quente ou a frio. Os fornos de recozimento não são equipamentos que respondem por parcelas elevadas do consumo global de uma instalação integrada. • Laminação A conformação. Em seguida. Uma nova fase de expansão da indústria siderúrgica brasileira. Energia térmica é utilizada em uma etapa preliminar à laminação: o reaquecimento do aço. os lingotes são laminados em laminadores desbastadores e aparados nas ex- tremidades. ou laminação. Os investimentos desta indústria salta- Sérgio Valdir Bajay Página 13 . gases de processo e. óleo combustível e gás natural como insumo energético. Linha de corte transversal para bobinas laminadas a frio Os produtos laminados a frio são geralmente recozidos antes das etapas finais do proces- samento. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) pregar um processo chamado de lingotamento contínuo. ou embarque. uma 2 . as empresas preveem investir US$ 23 bilhões até o final de 2012. também. Sua intenção é participar. A Gerdau pretende investir US$ 277 milhões com o objetivo de ampliar a capacidade de produção da Açominas de 4. temporariamente.05 milhão de toneladas de aço. com valor atualizado de R$ 1. por uma busca de verticalização e por uma diversificação dos produtos semiacabados oferecidos ao mercado. e Ceará Steel. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) ram de US$ 1. no Ceará3. diminuir sua dependência da mineradora Vale do Rio Do- ce. desta forma. por seu turno.894 bilhão. demonstrou interesse em adquirir minas de ferro no Brasil e.2 bilhão e capaci- dade de produção de 1. G. elevando a capacidade instalada para 78 Mt2. pode aumentar para US$ 37. Parte do crescimento da capacidade de produção será resultado de investimentos das companhias existentes. Rio de Janeiro: 2008. Ela deve começar a operar em 2009. no Rio de Janeiro. de modo a garantir o suprimento de minério de ferro e oferecer sua exce- lente estrutura logística de transporte do minério no país. Com o objetivo de atingir o mercado externo. principalmente para os Esta- dos Unidos.5 milhões para cinco milhões de toneladas de aço em 2010. 3 . O Grupo pretende transformar o Brasil em um pólo exportador. enquanto o restante será propiciado pela criação de duas novas usinas: Companhia Siderúrgica do Atlântico. tem planos de investir cinco bilhões de dóla- res no país até 2012. Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). e produzir cinco milhões de toneladas de aços planos por ano. desses investimentos como sócio minoritário. Além do foco nas exportações. Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). Sérgio Valdir Bajay Página 14 . em 2005. a projeção de investimentos. No início de 2007. A Companhia Vale do Rio Doce. ainda. para US$ 3. procura atrair novos investimentos na in- dústria siderúrgica brasileira. do governo federal.1 Mt anuais para 59 Mt. a Siderúrgica Resende.055 bilhões. no Rio de Janeiro. M. devido à facilidade logística. 2006. o Grupo Votorantim confirmou seu plano de construção de uma nova unidade no Rio de Janeiro.6 bilhões. Outro exemplo: o Grupo Arcelormittal. Este arranjo está sendo adotado em uma planta siderúrgica com a Thyssenkrupp Steel. Está prevista. com a pers- pectiva de aumentar a capacidade instalada de 37. que atualmente controla a CST. Investimentos e expansão da produção. segundo projetos em estudos. E- xemplo disto são as empresas que só produziam aços planos que passaram também a produzir aços longos e vice-versa. o atual ciclo se caracteriza. Se o mercado interno responder aos incentivos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). a Belgo e a Acesita. de. Nota técnica sobre Siderurgia: Estudos prospectivos setoriais e temáticos – Módulo 4/Estudo da dimensão territorial do PPA. maior conglomerado siderúrgico do mundo. em 2006. Paula. Para tanto. Por outro lado. a Vale anunciou um plano para construir a siderúrgica de Marabá. As vantagens competitivas da indústria siderúrgica brasileira. 4 . Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) parceria da Vale com a Pecém Steel Dongkuk com o objetivo de instalar uma planta em Pecém. Em agosto de 2008. que deve ser co- missionada também em 2012. Como os custos dos insumos energéticos pesam nos custos finais dos produtos siderúrgicos. Superada. com previsão para começar a operar em 2013.5 milhões de toneladas por ano. cit. 2006) A forte expansão prevista para o setor siderúrgico brasileiro5 e a competição crescente no mercado brasileiro e no exterior irão pressionar as empresas a buscarem reduções de custos e novos ganhos de produtividade. 5 . vêm do baixo custo da mão de obra e da boa qualidade (V. G.Conteúdo médio de ferro no minério em diversos países Minério Metal Conteúdo de metal Mt Mt % Austrália 231 143 62 Brasil 255 169 66 China 310 102 33 Índia 121 77 64 Rússia 97 56 58 Ucrânia 66 36 55 EUA 55 34 62 Outros 207 122 59 Mundo 1342 739 55 Fonte: (de Paula. Paula. evidentemente. M. no Pará. existem desvantagens em termos de gastos financeiros. a implantação de programas de eficiência energética pode contribuir significativamente para se atingir estes objetivos. Tabela 1) e baixo custo do mi- nério de ferro.3 bilhões. com uma capacidade de produção de 2. no Ceará. a atual crise financeira e a recessão nos EUA e em diversos outros países. de. orçada em US$ 3. Tabela 1 . além do custo de importação do carvão4. em termos de custo de pro- dução. Op. Sérgio Valdir Bajay Página 15 . 46 0.63% na década analisada. de diversos resíduos sólidos. L..44 0. resíduos sólidos. M.62 0. A. gerando.00 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Anos Fonte dos dados brutos: IBGE Figura 2 .46%.60 0.20 1. por sua vez. H. 2008.. Bajay. F. Sérgio Valdir Bajay Página 16 . ilustra como evoluiu. D. 51 p. em 2005... Do ponto de vista ambi- ental. Berni. e Sant’Ana.95%. líquidos e gasosos.71 0. M.f: Caracterização econômica dos setores industriais.20 1. Estes resíduos po- dem ser classificados em três grupos: 6 . de 1996 a 2005 Pressões do ambientalismo sobre a indústria siderúrgica. Pode-se observar que houve um aumento nesta participação de 0.20 0. a participação da indústria siderúrgica na forma- ção do PIB nacional6. Rocha. S. V. Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético – NIPE.46 0. Durante o processo de produção e transformação do aço em usinas siderúrgicas integra- das tem-se a geração. Projeto: Análise e desen- volvimento de metodologia visando a implementação de projetos de eficiência energética na indústria. insumos e energia.40 1. M. no período 1996-2005. Modesto. 1. Dorileo. em 1996. Beissmann. Relatório da etapa II. cada operação dentro de uma usina siderúrgica está associada ao consumo de matérias- primas.60 0. C. A..49 0. P. abai- xo. conforme indicado na Tabela 2. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) Participação da indústria siderúrgica na formação do PIB.40 0. I. em grandes quantidades.40 0. Universidade Estadual de Campinas.95 (VA/PIB)*100 0. para 0. Simões. R.Participação percentual da indústria siderúrgica na formação do PIB do Brasil. A Figura 2.00 0. com uma média de 0.. Contrato CNI/Funcamp.80 0. 2003) Entre os recicláveis contendo ferro estão as poeiras e lamas de alto-forno. e sobre a indústria siderúrgica. As escórias são basicamente provenientes do alto-forno e da aciaria (refino primário e secun- dário do aço). As pressões do movimento ambientalista mundial sobre os segmentos industriais energo- intensivos.Resíduos gerados na indústria siderúrgica brasileira Planta Resíduos Gases (NOx/VOCs) Dioxinas Metano Coqueria Benzeno Fenóis Compostos alifáticos Material particulado Sinterização Dioxinas Gases (CO/CO2/SO2/NOx/VOCs) Fenóis Cianetos Amônia Altos-fornos Sulfetos Gases (CO/CO2/NOx) Refratários Escória Dessulfuração Material particulado Material particulado Metais (Zn) Gases (CO/CO2/VOCs) Aciaria LD BOF (refino primário) Metais solúveis Material sedimentado Escória Refratários Gases (CO/CO2) Material particulado Refino secundário Sucata Escória Refratários Sucata Material particulado Lingotamento contínuo Sólidos suspensos Óleos Óleos Ácidos Laminação Gases (CO/CO2/SO2/NOx/VOCs) Material sedimentado Metais solúveis Fonte: (Mourão. A indústria siderúrgica é o segundo ramo industrial que mais emite gases que causam o efeito estufa. • As escórias. • Os resíduos carboquímicos. Paris: Organi- zation for Economic Co-operation and Development. de aciaria e de sinterização. as lamas das unidades de tratamento e recirculação da água de laminação e as care- pas. Sérgio Valdir Bajay Página 17 . 2007. Tabela 2 . Tracking industrial energy efficiency and CO² emissions. 7 . tem crescido ano após ano. Os resíduos carboquímicos são gerados pelas etapas de produção e manuseio do coque. International Energy Agency (IEA). em geral. em particular. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) • Os recicláveis contendo ferro. abaixo apenas da indústria química7. Um maior uso de fontes renováveis de energia e programas de eficiência energética são. F. S. A. M. I. menor investimento em instalações e aumento da qualidade dos produtos provenien- tes da transformação do aço em miniusinas e aciarias elétricas têm dado um grande impulso à indústria de reciclagem. M. C. A Figura 3 ilustra a produção. Observe-se a produção declinante e a aquisição crescente no mercado.. L. é uma prática ambientalmente muito desejável. e Sant’Ana. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) O governo brasileiro começou a acenar com a possibilidade de assumir compromissos in- ternacionais de redução de suas emissões desses gases. Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético – NIPE. A.. Caracterização ambiental dos setores industriais. Projeto: Análise e desenvolvimento de metodologia visando a implementação de projetos de eficiência energética na indústria. pois minimiza o gasto energético e aumenta a disponibilidade de recursos naturais8. instrumentos bastante eficazes para se diminuir a produção de vários tipos de resíduos. Certamente. M. A facilidade de transformação (ganho energético).e. refletindo um aumento de eficiência na geração e reciclagem das sucatas de ferro e aço no país. Simões. Universidade Estadual de Campinas. 8 . A. ao longo do período representado na figura. além de ser um negócio que movimenta bilhões de dólares por ano. aquisição no mercado interno e consumo de sucatas na in- dústria siderúrgica brasileira de 1998 a 2007. Rocha. D. Reciclagem. Relatório da etapa II. atrelada à dinâmica da disponibilidade de sucatas. Dorileo. R.. A reciclagem de sucatas ferrosas. Modesto. em geral. Berni. H. Sérgio Valdir Bajay Página 18 ... Bajay. Contrato CNI/Funcamp/Unicamp. Outro fator importante que tem contribuído para o aumento da reciclagem é a diminui- ção de áreas disponíveis para a deposição de sucatas e o alto custo desta prática. 2008. P. inclusive de gases que causam o efeito estufa. V. A. Beissmann. 51 p.. os representantes dos seg- mentos industriais energo-intensivos no país serão convocados para contribuir neste provável esforço de redução de emissões. F. Leite.. 000 Consumo (1000 tep) 16. dos consumos absoluto e relativo.000 10. na indústria siderúrgica brasilei- ra. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) Geração interna de sucatas Aquisição no mercado interno Consumo de sucatas 10.000 Sucatas de ferro e aço (1000 t) 8.Produção.Energéticos consumidos.000 2. 2008) Figura 4 . As Figuras 4 e 5 mostram a evolução.000 14. Consumo de energia.000 0 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Anos Fonte dos dados brutos: IBS (2008b) Figura 3 .000 0 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 Anos Fonte dos dados brutos: Balanço Energético Nacional (EPE. de 1970 a 2007 Sérgio Valdir Bajay Página 19 .000 4.000 6. de 1998 a 2007.000 12. dos insumos energéticos da in- dústria siderúrgica brasileira. em 1000 t.000 4.000 8. aquisição e consumo de sucata. em 1000 tep. Gás natural Óleo combustível Gás de coqueria Coque de carvão mineral Eletricidade Carvão vegetal Outros combustíveis Total 20. na indústria siderúrgica brasileira. respectivamente.000 18.000 6.000 2. ao longo do período 1970-2007. 2008) Figura 5 . Coque e carvão vegetal fo- ram responsáveis por 60. também em kg/t gusa. carvão vegetal.Evolução da participação. Dois indicadores tradicionais da eficiência energética dos altos-fornos são o consumo específico de coque. nesta sequência (Figura 4 e 5). Sérgio Valdir Bajay Página 20 . eletri- cidade. A maior parte do carvão vegetal foi consumida pelos produtores independentes. conhecido pelo nome inglês Pulverized Coal Injection. gás de alto-forno. A maior parte é carvão pulverizado injetado nos altos-fornos. Gás natural Óleo combustível Gás de coqueria Coque de carvão mineral Eletricidade Carvão vegetal Outros combustíveis 100% 80% 60% 40% 20% 0% 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 Anos Fonte dos dados brutos: Balanço Energético Nacional (EPE. calcário e alcatrão). de 1970 a 2007 Consumos de coque e de finos de carvão nos altos-fornos. conhecido pela designação inglesa coke rate. A participação do gás natural no consumo total do setor vem crescendo lentamente. em kg/t de ferro gusa. Por outro lado. dos energéticos consumidos na indústria siderúrgica no Brasil. em %. gás natural e gás de coqueria. em substitu- ição parcial do coque. e o consumo específico de finos de carvão. outras fontes (incluindo carvão. ou simples- mente PCI. o óleo combustível vem sendo substituído por gás natural e por gás de alto-forno. A quantidade de carvão mineral empregada nesta indústria vem aumentando desde o iní- cio da década de 1990. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) Os energéticos mais consumidos na indústria siderúrgica brasileira em 2007 foram o co- que.8% do total da energia consumida em 2007. sem a necessidade de ser transformado em coque. com um ganho líquido na energia que se economiza com o carvão que é injetado diretamente nos altos-fornos. A evolução. 146. aumentou a eficiência média dos altos fornos brasileiros.2 MW. de 1998 a 2007.1 MW de usinas hidrelétricas e 707. Coke rate PCI Fuel rate 600 500 400 kg/t gusa 300 200 100 0 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Anos Fonte dos dados brutos: IBS (2008) Figura 6 . Segundo o Balanço Energético de 2007 (EPE. de 1998 a 2007 A análise desta figura permite constatar que. concentrando-se. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) Pode-se diminuir o coke rate aumentando-se o PCI. Autoprodução de eletricidade. Há uma designação inglesa para a soma destes dois consumos específicos: fuel rate. o que perfaz 853.4 % da capacidade das usinas termelétricas loca- lizavam-se na região sudeste. havia. A totali- dade da capacidade das usinas hidrelétricas e 96. Sérgio Valdir Bajay Página 21 .Consumos específicos médios de coque (coke rate). majoritariamente. durante o período 1998-2007. aumentou o “PCI” menos do que diminuiu o “coke rate”. sobretudo no triênio 2005/2007. em 31 de dezembro de 2006.1 MW de usi- nas termelétricas instalados nas usinas siderúrgicas brasileiras. de finos de carvão (PCI) e a soma dos dois (fuel rate) nos altos fornos do País. ou seja. 2007). nesta ordem. dos valores médios destes três indicadores nos altos fornos do país está indicada na Figura 6. resultando em um “fuel rate” decrescente. em Minas Gerais. Rio de Janei- ro e Espírito Santo. 2 MW.890 Gerdau Açominas Congonhas. SP Usiminas 18. de usinas de geração de energia elétrica que ope- ram com gases efluentes.000 Companhia Siderúrgica do Pará Marabá. 9 .200 Companhia Siderúrgica de Tubarão Serra. MG CST 278.200 Brasil Verde Agroindústrias Conceição do Pará. que consome gás natural.000 Companhia Siderúrgica Paulista Cubatão.364.331 MWh. As unidades de autoprodução de eletricidade existentes no Brasil que consomem gás de alto-forno operam segundo o Ciclo Rankine (algumas de acordo com o Ciclo Rankine Regenerati- vo). MG Brasil Verde 1. A Tabela 3 mostra a capacidade instalada das usinas geradoras de eletricidade instaladas na indústria siderúrgica brasileira. MG Siderpa 2.gov.MS Calsete 2. Sérgio Valdir Bajay Página 22 . PA Barreiro 12.000 Siderúrgica Valinho Divinópolis. MG Cosipa 27. As usinas mais eficientes atingem uma eficiência de conversão em torno de 35%. com uma capacidade de 235. que consomem gás de alto-forno e outros efluentes gasosos. ES Sol 196.br A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) possui uma unidade geradora em sua usina de Volta Redonda. no Rio de Janeiro. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) A autoprodução de energia elétrica na indústria siderúrgica brasileira em 2007 foi de 6.900 Usina Termelétrica Barreiro Belo Horizonte.810 Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais Ipatinga.000 Usina Térmica Ipatinga Ipatinga. Tabela 3 . MG Valinho 2.1% do consumo deste energético9.aneel.500 Vetorial Siderurgia Ribas do Rio Pardo. com pressão e temperatura médias em torno de 100 bar e 500ºC.400 Siderúrgica Paulino Sete Lagoas. ES Fontes: ANEEL (2005) e http:www.000 Calsete Siderurgia Sete Lagoas. 2008. Anuário Estatístico.520 Companhia Siderúrgica de Tubarão Serra. MG Vetorial 3. em 09/2008. o que significa 37. enquanto que um valor de 30% é uma estimativa razoável para a eficiência média de todos estes autoprodutores. em siderúrgicas Empresa Capacidade Usina Localização instalada (kW) Açominas 102. MG Cosipar 10.Capacidade instalada. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). MG Ipatinga 40. respectivamente. do ponto de vista do consumo energético. o potencial de mercado. no consumo de seus in- sumos energéticos e na produção de alguns deles. Há. além dos fatores já mencionados. Consequentemente. com a adoção de novas tecnologias e novos programas de eficiência energética. os potenciais de mercado refletem. Os potenciais de conservação de energia podem ser classificados como potenciais técni- cos. Finalmente. por conta dos preços crescen- tes da energia elétrica nos mercados cativo e livre. desde a década de noventa. Efficientia. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) A Cemig e sua subsidiária. Tal tendência utiliza. a influência de barreiras de vários tipos que limitam a utilização de tecnologias eficientes. Os potenciais econômicos são resultados de avaliações econômicas. mesmo quando elas são economicamente atrativas. As seções anteriores desta nota técnica ilustraram claramente os avanços da indústria siderúrgica brasileira. ganhos substanciais adicionais a serem auferidos (essenciais para se vencer os desafios da competição e das pressões ambientais crescentes). no entanto. con- forme demonstrado no restante da nota técnica. além de comparações entre as tecnologias mais utilizadas e as mais eficientes. que é. econômicos e de mercado. assinaram em 2008 um contrato com a siderúrgica Plantar para instalar uma unidade de cogeração de cinco MW. Este é o quarto contrato da Efficientia com siderúrgicas. totalizando 20 MW em capacidade instalada. A tér- mica deverá produzir 41 mil MWh/ano. que irá queimar o gás do processo de produção de ferro gusa da siderúrgica em Sete Lagoas (MG) para gerar energia elétrica. sobretudo. em geral. Eficiência energética. Detectou-se uma tendência recente de se aumentar as participações absoluta e relativa da autoprodução de eletricidade na indústria siderúrgica brasileira. a melhor tecnologia disponível no mercado (Best Available Tecnology – BAT). gases de pro- cesso e outros subprodutos. frequentemente desviados da fabricação de produtos carboquímicos. em um dado Sérgio Valdir Bajay Página 23 . Os primeiros são definidos em relação a uma tecnologia de refe- rência. Dave. Bernstein. nesta indústria. Davidson. Metz.5%13. Contribution of Working Group III to the Fourth As- sessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change (B. promoted by Unido and ABNT in São Paulo. 7% até 2030 e 10% até 2050. Bosch. & Cerda. cit. A maior parte dos potenciais de conservação de energia apresentados nesta nota técnica são potenciais técnicos. a injeção de carvão nos altos- fornos. Worldwide trends in energy use and efficiency. Z. K. Delhotal. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) setor industrial. Worrell. Roy. O. P. de 21. Yamba. • Potenciais de conservação de energia encontrados na literatura técnica A utilização das melhores tecnologias disponíveis no mercado podia propiciar economias de 9 a 18% no consumo de energia primária na indústria siderúrgica no mundo em 2004. Uma estimativa da mesma agência. J. que comparou o desempenho de quatro siderúrgicas integradas e oi- to fornos elétricos de arco no Canadá com uma planta modelo definida pela International Iron and Steel Institute. Na indústria siderúrgica chilena identificou-se. R. Paris: Organization for Economic Co-operation and Development (OECD). F. A. R. Cambridge: Cambridge University Press. E. P. Paper presented in a semi- nar on International Energy Managment System Standards. Um estudo recente. Meyer (eds. 13 . é menor do que o potencial técni- co.1% em 200511. agosto de 2008. K. Energy efficiency in industry: the Chilean experience. uma tarea pendiente: industria e mine- ría. C. 2007. 12 . L. Bernstein et alii12 mencionam potenciais em economia de energia de 18% na indústria si- derúrgica americana e de 13% nas siderúrgicas européias. indica um potencial técnico de conservação de energia.. é menor do que o potencial econômico e. International Energy Agency (IEA). 2008. Campinas: agosto de 2008. em substituição ao coque. de acor- do com estimativas da Agência Internacional de Energia10. este. R. 11 . Uso eficiente de la energía em Chile. Maldonato. Fengqi Industry. em 2008. essencialmente com medidas de mo- dernização e otimização energética de instalações já existentes. J. International Energy Agency (IEA). Price. publicada em 2008. Matsuhashi. Tanaka. Op. Harnisch.). Mellado. Apresentação no workshop Eficiência Energética na Indústria: contribuições de países latinoamericanos para o Global Energy Assessment (GEA). A injeção de resíduos plásticos nos altos- 10 . desde que as metodologias utilizadas em sua determinação sejam compatíveis. R. Sérgio Valdir Bajay Página 24 . C. Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia. concluiu que há um potencial técnico médio de conservação de energia nas side- rúrgicas daquele país que varia de 25 a 30%. L. um potencial de conservação de energia de 0. In: Climate Change 2007: Mitigation. P. L. pode economizar 5% do consumo mundial de energia neste equipamento até 2015. Berkeley: Lawrence Berkeley National Laboratory. Processos que integram a coqueificação com a redução do minério de ferro. Elliott. Worrell.. cit.. foram desenvolvidas. em 2010. 15 . Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) fornos. N. Paris: Organization for Economic Co-operation and Development (OECD). LBNL Report Number 46990.. Energy Analysis Department. cit. Environmental Energy Technologies Division. Martin et alii18 também indicam o desenvolvimento de novos fornos elétricos de arco e a combustão com oxigênio (oxy-fuel com- bustion) em fornos de reaquecimento como tecnologias com elevado potencial de economia de energia e grandes chances de sucesso na indústria siderúrgica mundial. L. Bernstein et alii. Price. pode propiciar economias bem maiores. cit. 75% até 2030 e 90% até 205014. International Energy Agency (IEA). Op. Os processos que inte- gram a coqueificação com a redução do minério de ferro também têm um alto potencial de con- 14 . Sérgio Valdir Bajay Página 25 . Com isto. Martin.. por conta dos pesados investimentos feitos em lingotamento contínuo nos últimos anos. conforme já é feito atualmente na Alemanha e no Japão. como os processos COREX. A Agência Internacional de Energia estima que tais tecno- logias podem propiciar economias de energia nestas etapas do processo produtivo de 80% até 2015 e 90% até 203016. Os gases residuais produzidos nestes processos podem ser usados na redução direta do minério de ferro. que utiliza finos de carvão e minério aglomerado e os processos FINEX e Hismelt. mais 5% poderiam ser alcançados empregando-se novas tecnologias. são elimina- dos os fornos de reaquecimento. ha- veria. recentemente. 17 . Além do near-net-shape casting e do thin-slab-casting. segundo a Agência: 50% até 2015. com as tecnologias atualmente disponíveis no mercado. em 2010. 2000. Thorne.. em uma única operação. E. as etapas de lingotamento e laminação a quente. J. 2006. M. Emerging energy-efficient industrial technologies. Estas tecnologias ainda não são utilizadas no Brasil. Energy Technology Perspectives 2006 – Scenarios and strategies to 2050. denominadas near-net-shape casting para perfis. International Energy Agency (IEA). Duas tecnologias. 16 . tais como o processo COREX. têm potencial para economizar 5% do consumo de energia na produção de aço no mundo até 2015. FINEX . Bernstein et alii17 citam que.. no exterior com a finalidade de fundir. o que propicia economias de capital na instalação das plantas e economias de energia na sua operação. um potencial técnico de economia de energia de 24% e que. Shipley. 15% até 2030 e 19% até 2030. A. International Energy Agency (IEA). Op. como está sendo feito na África do Sul15. Op. M. que empregam finos do minério ao invés de seus aglomerados. near-net-shape casting e thin-slab-casting. e thin-slab casting pa- ra produtos planos. Ruth. N. 18 . • Sinterização. • Laminação a frio. Campinas: Universidade Estadual de Campinas. Resultado de eficiência energética na indústria. D. Núcleo Interdisciplinar de Planejamen- to Energético (NIPE). conforme o tipo de usina considerado19. possibilitaria uma economia potencial de energia de 4. • Produção de aço. que a indústria siderúrgica brasileira possuía um potencial de conservação de energia que variava de 8 a 30%. Relatório da etapa II. 21 . as usinas semi-integradas e os produtores independentes constitu- em grupos homogêneos da indústria siderúrgica brasileira. R. de energia térmica e eletricidade. de cada grupo homogêneo da indústria siderúrgica foram calculados multiplicando-se a produção física anual do país pelos consumos energéticos específicos. Contrato CNI/Funcamp/Unicamp. quando pertinente. 2005. segundo a avaliação destes autores. Visão da ABESCO – Seminário Internacional de Eficiência Energética. embora. 81. 19 . de energia térmica e energia elétrica. Balanço de energia útil 2005. segundo o Balanço de Energia Útil do Ministério de Minas e Energia20. médio e mínimo. S. 65 p. Moura. V.8% em 2006. A Abesco estimou. Só a substituição dos equipamentos então utilizados por outros de eficiência mais eleva- da. • Produção de ferro gusa. têm menores perspectivas de difusão nesta indústria. 20 .i: Simulação dos potenciais de conservação de energia na indústria. Os consumos. As usinas integradas. tér- mica e elétrica21. Campinas: 2006. C. de cada etapa pro- dutiva e. As etapas do processo produtivo que foram simuladas neste trabalho são: • Coqueificação. & Bajay. em 2006. 2008. separada em conversores a oxigênio e em fornos elétricos. Gorla. disponíveis no mercado.1% desta economia o- correriam no uso final aquecimento direto. Projeto: Análise e desenvolvimento de metodologia visando a implementação de projetos de eficiência energética na indústria. separada em usinas integradas e produtores independen- tes. • Laminação a quente. • Potenciais técnicos de conservação de energia estimados pelo NIPE Nesta seção são apresentados alguns potenciais técnicos de conservação de energia. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) servação de energia nesta indústria. Brasília: Ministério de Minas e Energia. Sérgio Valdir Bajay Página 26 . médio e mínimo. F. Sérgio Valdir Bajay Página 27 . Porto Seguro: Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais (ABM). Destacaram-se. os anais dos XXVIII e XXIX Seminários de Balanços Energéticos Globais e Utilidades22. dividido entre as oito etapas produtivas consideradas nas simula- ções. como os dados de produção física para cada etapa produ- tiva/grupo homogêneo foram obtidos da literatura técnica. Em seguida vêm os potenciais associados às etapas de laminação a quente. 23 . tanto por usinas inte- gradas como por produtores independentes. Anais do XXIX Seminário de Balanços Energéticos Globais e Utilidades. Anuário Estatístico do Setor Metalúrgico. usando energia térmica nos fornos. Vitória: Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais (ABM). das energias térmica e elétrica forne- cem os correspondentes potenciais técnicos de conservação de energia. Por outro lado. o anuário estatístico de 2008 do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). 2008. 2007. em termos de eficiência energética. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) O consumo específico médio representa a média nacional da energia consumida por uni- dade física de produto dentro de um processo industrial. 2008. de anuários estatísticos e de visitas técnicas a algumas plantas industriais. coqueificação e refino com conversores 22 . Brasília: Ministério de Minas e Energia. Usina siderúrgica integrada A Tabela 4 mostra o potencial técnico estimado de conservação de energia nas usinas si- derúrgicas brasileiras em 2007. 2007. 24 . o consumo específico mínimo representa a quantidade de energia que seria consumida pelas empresas industriais se todas elas adotassem tecnologias que correspondem ao estado da arte. Anais do XXVIII Seminário de Balanços Energéticos Globais e Utilidades. International Energy Agency (IEA). médio e mínimo. Paris: Organi- zation for Economic Co-operation and Development. Tanto os consumos específicos. dentre estas fontes de dados. As diferenças entre os consumos. o Anuário Estatístico de 2008 do setor metalúrgico23 e um trabalho recente do Grupo de Prospecção Tecnológica da Agência Internacional de Energia24. Tracking industrial energy efficiency and CO² emissions. Os maiores potenciais de conservação estão nas etapas de redução. 631.436 36.319 0 164.664 0 Refino – conversores LD Aço bruto 452.085 0 615. 2008) O potencial técnico total de conservação de energia estimado para as usinas siderúrgicas no Brasil em 2007 foi de 6.931 188. e com maiores potenciais de conservação de energia térmica do que energia elétrica. nesta sequência.277 35.994 tEP.142 Sinterização Sínter 287.664 0 0 1.852 190. na- quele ano. representando 37.597 205.822. por este importante segmento industrial. nas várias etapas do processo produtivo consideradas neste trabalho.139 6.699 287. Sérgio Valdir Bajay Página 28 .101 59.996 0 805.768. Tabela 4 .956.4% do total de energia consumida.Potencial de conservação de energia nas usinas siderúrgicas Potencial de conservação de energia (tEP) .2007 Energia térmica Energia elétrica Etapa do processo produtivo Produto Total por Aquecimento Calor de Eletrotermia Força motriz etapa direto processo Fornos Motores Fornos a arco Caldeiras Coqueificação Coque 638.768.530 59.553 0 339.857 0 413.540 1.340 50.799 288 51. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) LD.317 Fonte: (Gorla e Bajay.640 Redução – usinas integradas Ferro-gusa 1.763 0 733.260 113.102 Redução – produtores independentes Ferro-gusa 1.711 Laminação a quente Aço bruto 593.685 Refino – fornos elétricos Aço bruto 24. As Figuras 7 e 8 mostram como este potenci- al se distribuiu entre conservação de energia térmica e conservação de energia elétrica. respecti- vamente.733 Laminação a frio Aço bruto 164.967 0 1. 000 tEP 200.Consumo e potencial de conservação de energia elétrica nas usinas siderúrgicas no Brasil em 2007 Sérgio Valdir Bajay Página 29 .000 0 conversores Refino .000 LD frio Fonte: (Gorla e Bajay.Consumo e potencial de conservação de energia térmica nas usinas siderúrgicas no Brasil em 2007 Consumo mínimo Potencial técnico de conservação 600.fornos Coqueificação Sinterização Laminação a Laminação a Redução - integradas independentes Refino - usinas produtores Redução - quente elétricos -100.000 300. 2008) Figura 7 .000 500. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) Consumo mínimo Potencial técnico de conservação 9000000 8000000 7000000 6000000 5000000 tEP 4000000 3000000 2000000 1000000 0 conversores Refino .000 100.fornos Coqueificação Redução - Sinterização Laminação a Laminação a integradas independentes -1000000 Refino - usinas produtores Redução - quente elétricos LD frio Fonte: (Gorla e Bajay.000 400. 2008) Figura 8 . 40 p. Instituto Brasi- leiro de Siderurgia (IBS). Sant’Ana. Comentam-se. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) Conclusões e recomendações s resultados apresentados e as discussões das seções anteriores ilustram claramente O que. Contrato CNI/Funcamp/Unicamp. para se alcançar ganhos de eficiência energética no longo prazo e se obter saltos sustentáveis de competitividade na indústria siderúr- 25 . 2008. H. P.. constituídos com grandes benefícios para a competitividade e sustentabilidade ambiental desta indústria. Projeto: Análise e Desenvolvimento de Metodologia visando a Im- plementação de Projetos de Eficiência Energética na Indústria. Relatório da etapa I. Campinas: Universidade Estadual de Campinas. V. R. a seguir. desde que adequadas estratégias empresariais e no- vas políticas públicas sejam adotadas. Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético – NIPE. como a Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais (ABM). M. em grande parte. S. Fernandes. Confederação Nacional da Indústria (CNI) ou por parcerias entre elas. compatíveis com a ISO 9000 e a ISO 14000. Elas poderiam ser utilizadas na indústria siderúrgica no Brasil. Sérgio Valdir Bajay Página 30 . num processo capitaneado por associações setori- ais representativas. Suécia e Dinamarca. apesar dos significativos avanços verificados nos últimos anos. como os EUA. Tais poten- ciais podem ser. brevemente. como em países em desenvolvimento. algumas destas estra- tégias e políticas que têm tido êxito no exterior e pouca ou nenhuma aplicação no Brasil25. e Bajay. como a China. Uma estratégia essencial. têm sido aplicadas com sucesso na atual década tanto em países desenvolvidos. ainda existem eleva- dos potenciais de conservação de energia na indústria siderúrgica brasileira. Normas de gestão aprimoradas de energia na indústria.a: Programas de eficiência energé- tica industrial em países selecionados. pouco utilizada no Brasil. M. Sérgio Valdir Bajay Página 31 . é através de projetos de pesquisa e desenvolvimento com equipamentos e processos indus- triais eficientes. sobre- tudo através do Department of Energy (DOE). estes acor- dos propiciam benefícios fiscais e/ou creditícios para as empresas participantes. Parcerias público-privadas têm sido montadas em vários países para se diminuir os riscos e incertezas associadas a estas atividades. Os EUA têm apostado nesta estratégia. Em geral. A Austrália é outro país que tem seguido esta mesma trilha. já há bastante tempo. Acordos voluntários entre governo e indústria têm sido comuns na constituição de pro- gramas de eficiência energética na indústria siderúrgica em diversos países. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) gica. Empresa de Pesquisas Energéticas. Eficiência Energética na Siderurgia – Estudo Prospectivo do Setor Siderúrgico (2025) Referências bibliográficas – Obras gerais ANEEL. Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisas Energéticas. Rio de Janeiro. Atlas de Energia Elétrica do Brasil – 2ª edição. Rio de Janeiro.aneel.gov. Agência Nacional de Energia Elétrica (ANE- EL). RJ. 2008. acessado em setembro de 2008. Balanço Energético Nacional 2007. 2005 EPE. 2007. Balanço Energético Nacional 2008. Ministério de Minas e Energia.br. CGEE Fevereiro de 2009 Sérgio Valdir Bajay Página 32 . Brasília. http://www. DF. RJ. EPE.