ÈÉPÀÀ HEYI

March 30, 2018 | Author: Vania Araujo Onira | Category: Hunting, Red, Mother Goddess, Clothing, Fashion & Beauty


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ÈÉPÀÀ HEYI! Oyá é saudada com a frase ÈÉPÀÀ HEYI !Onde "èépàà" representa uma recomendação de calma, expressando quase terror diante de um poder incontrolável para o homem e "heyi" é a reprodução do brado gutural emitido por Oya quando, incorporada em seus filhos, identifica-se aos presentes. sobre a cabeça" e também como deu à luz o primeiro ancestral que retorna, o qual, por sua vez, se une à uma misteriosa mãe para produzir gêmeos triplos. As gerações subseqüentes destes trigêmeos, formando três famílias, tornaram-se os guardiães da prática do Culto Egungun. De alguma forma Oya está ligada às vestimentas dos egunguns que representam capas protetoras aliadas ao mistério, com signific ado muito semelhante ao das franjas de mariwo. Uma faixa vermelha indica sempre, a presença do poder feminino. É Oya que protege e defende as mulheres no mercado e seu poder permite que efetuem bons negócios e transações vantajosas. De alguma forma, este atributo está ligado ao seu poder de Ajé, sempre ocultando dos olhos invejosos, os lucros obtidos. Num itan de Ifá encontramos a narrativa da forma como as mulheres, chefiadas por Oya, manipulavam os homens pelo uso das roupas e máscaras de egungun. Vemos aí, no primeiro mito egungun, Oya mostrando o mascarado original, exibindo seu controle sobre ele e usando seus poderes para submeter, aos caprichos femininos, os representantes do sexo oposto. Judith Gleason afirma que: "... existe uma roupa egungun denominada ”Garanta-que-eu-viva-muito" cuja origem está ligada à lenda que se segue. "Agan, irmão mais velho de Egungun, discutiu com ele sobre essa roupa – o legado de seu pai. Tendo perdido a posse do que considerava propriedade sua por direito, Agan jurou que, se visse alguém usando a roupa, a rasgaria. Um dia veio Oya vestida com ela. Agan a atacou, mas Oya resistiu e venceu a luta. Aliando-se a Egungun, Oya tornou-se líder do culto dos mascarados onde recebeu o título de "Aganfeminina-que-maneja-a-espada". Como resultado Agan não tem roupa, sendo apenas uma voz “. É ainda em Ifá, no Odu Irosun-Osá, que encontramos o itan que relata a forma como Oya adquiriu esta roupa. Após haver oferecido uma oferenda composta de nove chicotes no lado direito, nove no lado esquerdo e nove galos capazes de cantar, Oya deveria dirigirse ao mercado carregando a sua oferenda e lá chegar com a cabeça inteiramente coberta com um pano vermelho. As pessoas, que nunca haviam visto nada semelhante, ficaram admiradas e curvaram-se em sinal de reverência à estranha aparição. O tempo passou e Oya deu à luz nove filhos que gostavam de brincar com panos sobre a cabeça, embora a mãe recomendasse que não agissem desta forma. Cobertos de panos os filhos de Oya iam ao mercado onde divertiam-se assustando as pessoas. Como castigo por sua desobediência, as crianças foram acometidas de uma doença misteriosa e, para obter meios de curá-los, Oya foi consultar Ifá. Um novo procedimento foi recomendado. Um galo deveria ser sacrificado sobre cada pano e a mãe deveria, a partir de então, permitir que os filhos continuassem indo ao mercado cobertos por eles. Tudo foi feito e, quando seus filhos voltaram ao mercado, Oya recomendou que cada um deles levasse um chicote denominado "ÌSÁN NI ÒPÁKU" – (Vareta da morte). Então Oya disse: "O que aconteceu é longo (é gùn)", o que significava dizer que aquilo deveria ser perpetuado. Por isto, no culto egungun africano Oya porta o título de "L’AYE WU EGUNGUN ODE ORISÁ OYÁ". Os ixan ni opaku anteriormente referidos, são feitos com varetas finas e flexíveis da planta "àtori", cortadas ritualisticamente. São as representações visíveis dos segmentos de tradicionais linhagens familiares. Amuisan, o dançarino que, por força de sua arte, foi agraciado com a roupa do falecido pai, é personificado nessa vareta controladora. Oya ostenta ainda o título de "Alákòko" (Dona do akokô), árvore sagrada pertencente a Ogun, cujas propriedades mágicas são controladas por Iyàmi Osorongá, a Grande Mãe dos Pássaros da Noite, quase negros. ÈÉPÀÀ HEYI! Oyá é saudada com a frase ÈÉPÀÀ HEYI ! Onde "èépàà" representa uma recomendação . "A luta do grande búfalo não atrai os covardes". Esse amuleto possui o "axé" originado de "Do Kainissa" – a mulherbúfalo-feiticeira. para poder casar-se com ele. sua responsabilidade é preservar a vida do caçador providenciando a morte da caça. É com a madeira do akokô. apaixona-se por Ogun e. Uma belíssima história de Ifá relata as transformações do búfalo em mulher e da mulher em Orixá.a grã-sacerdotisa . Na floresta. Os caçadores africanos possuem um amuleto chamado "dibi" que os torna invisíveis aos animais selvagens. na forma de búfalo. fica inteiramente coberto (protegido) por Oya. representação viva de Oya. Mas pela segurança da caça. As mulheres que exercem atividades comerciais adquirem importância e independência econômica. Vê-se ai. É Oya quem as impele à tal atividade. revela-se como morte representada pelos apetrechos de caça e expugnada pelos amuletos dos caçadores. À medida que o conceito religioso de Oya evoluiu. dotada do mesmo poder vital (o poder de ajé) comum a todas as mulheres. a Deusa da Morte e a Deusa da Caça fundem-se e tornam-se idênticas. As contas de Oya são finas.Oya se derrama sobre mim. deusa-búfalo. assume a iniciativa de um processo onde o caçador representa o herói que elimina a besta selvagem e perigosa. no entanto. Oya. interagindo com o ser humano. A lenda conta que Oya. de cor castanha. Na África existe um templo de Oya mantido por mulheres sob o comando de "Onirá" . Nestes locais assume a forma de um animal. às vezes entremeadas por outras vermelhas. Que caçamos.onde uma grande máscara representandoa é guardada. quem usa o cordão. Existem dois nomes yorubá para as contas de Oya: 1 . as fêmeas são avermelhadas. É com aparência de caçador que Oya. adquirindo o complexo status de "Deusa da Morte".personificação das Ajés (feiticeiras).OYADOKUN (Oya do kin) – Oya se transforma num cordão. Aí. Oyá é. Oya também possui fios de contas de cores próprias. Além do mercado. que são confeccionados os bastões mais sagrados do culto dos ancestrais. metamorfoseia-se em mulher. feiticeira das mais poderosas." Desta forma. "Não é pela carne. que incorpora diversas características associadas à Oya. Se você pensa que a carne é o nosso objetivo Nós voltaremos! A carne pode ser encontrada em casa Ou num açougue. o caçador por excelência. Oya é também a dona do mercado. a deusa implacável. No segundo nome nota-se claramente que. Oya vagueia pela floresta ao lado de Oxóssi. Embora os búfalos machos adultos sejam de cor marrom-escuro. a Orixá deixou de ser uma mulher-feiticeira qualquer. 2 . Coincidentemente. e ali. Por trás dos panos coloridos que adornam a grande máscara existe a gravura de um caçador em tamanho maior que o natural. deixando de serem vistas como simples máquinas-de-fazer-filhos. mais uma vez.Oya romi . É apaixonada pelos caçadores e respira fundo na floresta sob o cadáver do animal abatido. São os fios de contas que determinam a primeira etapa da afiliação de um ser humano com seu Orixá. Como todos os Orixás na África. Oya manifesta-se também na floresta ou nas matas. as mulheres africanas costuma pintar a pele de vermelho de forma a tornarem-se mais atraentes aos homens. o búfalo africano. E dizer Oya dakun! de nada adiantava. A descrição da origem do grito contida no oráculo apresenta-o como reflexo da violenta ameaça da deusa. Os aspectos de Oya são contraditórios. Então você deve oferecer a ela. Novamente é num verso de Ifá que podemos encontrar e origem deste brado. seis galos e 21 pedras. chocam-se de tal forma que se tornam totalmente incompatíveis e isto nos leva a um questionamento: Será que existe uma pessoa que as . Oya. muito tempo. Um escravo saberá como respeitá-la. disseram eles. Oya aceitou a oferenda. essa é Oya. Uma sopa de gbegiri. durante este período.de calma. Uma cabra branca. Deve ser Heyi. Há um Orixá. na sua família – Orixá Dona-do-fogo. em decorrência da negligência dos homens. Ele conhecerá todas as suas proibições E ensinará as pessoas quando se arriscam a ofendê-la. Heyi! Mas a pessoa possuída não chama. disseram as pessoas. Flechas-de-caça-colocam-o-caçador-em-dúvida Chuva-torrencial-dispersa-o-mercado-do-rei-de-Ifá Estes são os nomes dos sacerdotes que Consultaram Ifá para Olúgbìjì. incorporada em seus filhos. Ele fará seu nome cada vez mais conhecido. As pessoas suplicaram: Oya dakun (Oya. expressando quase terror diante de um poder incontrolável para o homem e "heyi" é a reprodução do brado gutural emitido por Oya quando. se não impossível. eles disseram. Vá comprar um escravo. identifica-se aos presentes. Você tem que aprender a aceitar um pedido. Você destruirá o mundo inteiro. disseram os adivinhos. de destruir o mundo e não apenas torná-lo seco e estéril como pretendeu Oxun. ela bradou. disse Olúgbìjì. a personalidade de seu Orixá. sempre que Oya se enfurece As pessoas chamam Heyi. Duzentas porções de inhame amassado. não sabe! É a própria Oya que está chamando. A iniciação no culto não se extingue no rito da "feitura". Se você continuar com isso. uma pessoa de bem Quando o encontraram em meio à rebelião. Oya. Ela tem estado na família há muito. O iniciado assimila gradualmente. O nome deste escravo era Ehin (dente) Que nome esquisito! Disse Oya. Eles não a demoveram. Ela se preparou. Quando se trata de Oya esta internalização torna-se por demais difícil. Depois disso. é contínua e se estende até a obrigação de sete anos. Oh. Que é o que a pessoa possuída por Oya chama. nós lhe imploramos!) Mas Oya não atendeu porque estava decidida A destruir completamente os inimigos de Olúgbìjì.
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