Edda Simões e Klaus Tiedemann - Psicologia da Percepção

March 25, 2018 | Author: André Becker | Category: Ear, Muscle, Perception, Neuron, Biology


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Edda Augusta Quirino Simões Klaus Bruno TiedemannPsicologia da Percepção Sobre os Autores Edda Augusta Quirino Simões é graduada em Psicologia pela Universidade de Brasilia, mestre em Psicologia pela California State University e doutora em Ciências (Psicologia) pelo Insti tuto de Psicologia da Universidade de São Paulo. É Professora Adjunta das Faculdades Metropolitanas Unidas, responsável pela disciplina Psicologia Geral e Experimental II (Percepção), e Chefe do 1 aboratório da referida disciplina. Foi Professora Assistente da Universí dade Federal do Ceará, ocasião em que coordenou a implantação do seu Departamento de Psicologia e respectivos Laboratórios. Realizou pesquisas no Institute of Medical Sciences do Pacific Medical Center e na Smith-Kettlewell Eye Research Foundation da University of the Pacific, em San Francisco, California (USA). Klaus Bruno Tiedemann é graduado e mestre em Psicologia e doutor em Ciências (Psicologia) pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. E Professor Assistente, responsável pela disciplina Psicologia da Percepção, no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Fez cursos e pesquisas no Centro de Estudos Avanzados de Caracas (Venezuela), no Zoologisches lnstitut da Universidade de Munique (Alemanha) e no Instituto de Investigaciones Biológicas “Clemente Estable” e Faculdade de Medicina de Montevidéti (Uruguai). Capa: Paulo Hiss P. L — ditoi Pedogógica e ti :i\ ersitaria Lida., São Paulo. 1955. iodos os dirc-iios esersados .. \ repiodução dcxii obra, no todo ou em parte, por qualquer meio, seisi 1iutori/açio expressa e po escuto da liditoia,sueitará o infrator, nos termos da leito 6.595, de 17—12—1950, ii penalidade prevista tios artigos 154 e 156 do Código Penal, ii saber: reclusão de um a quatro P Ir. - Telefone (0 II) 3549-6077 - J°ax. (0 II) 3X45-5S03 l’—1aiI: vendas(o epu.com.hr Site na Intcrnct: http: ‘.vs\ w.epu eom.br Rua Joaquni t-loriano, 72 — 6 andar — eon(unto 65 65 — 0—1534 000 São ‘mio — 5 P In p10550 no l3rasi 1 Printed is t5t ao Sumário Prefácio geral da coleção VII Prefácio IX 1. Bases sensoriais da percepção 1 1.1. O ambiente e sua percepção 1 1.2. Transdução sensorial e classificações dos receptores 2 1.3. Após a transdução 6 1.4. Sensibilidade cutânea 8 1.5. Sensibilidade cinestésica 13 1.6. Sentido vestibular 15 1.7. Olfato 16 1.8. Gustação 19 1.9. Audição 21 1.10. Visão 24 1.11. A interação dos diversos tipos de receptores 32 2. Psicofísica Medidas em percepção 35 2.1. Detecção 37 2.2. Discriminação 44 2.3. Reconhecimento 52 2.4. Formação de escalas 55 3. Atenção 60 3.1. Vigilância 61 3.2. Atenção seletiva 61 3.3. Atenção dividida 64 V — 4. Percepção de brilho ou luminosidade 67 5. Percepção da cor 74 5.1. Teoria tricromática, componente ou de Young Helmholt 75 5.2. Teoria oponente ou de Hering 78 5.3. Cegueira para cores 80 5.4. Visão de cores — Uma capacidade inata ou aprendida9 81 5.5. “Ver cores com as mãos” — Uma capacidade extrasensorial’ 83 6. Percepção de espaço, distância, profundidade e tamanho .. 86 6.1. Percepção visual do espaço 87 6.2. Percepção auditiva do espaço 97 6.3. Percepção espacial tátil 99 6.4. Percepção olfativa do espaço 100 6.5. Interação multi-sensorial 101 6.6. Percepção do tamanho 101 7. Percepção da forma 104 7.1. Neurofisiologia da percepção de forma 105 7.2. A percepção de forma pela teoria da Gestalt 109 7.3. O contorno como elemento constituinte da forma 110 Bibliografia básica para consulta do aluno 117 Lâminas coloridas 119 Conteúdo do volume 10-11 8 . Constâncias perceptivas 9 . Ilusões perceptivas 10. Percepção de tempo 11. Percepção de movimento 12. Percepção de eventos e causalidade 13. Percepção de pessoas, expressões faciais e emoções 14. Percepção do corpo 15. Desenvolvimento da percepção em bebês 16. O efeito da aprendizagem sobre a percepção 17. O efeito da motivação sobre a percepção 18. Percepção e cultura 19. Aplicações dos conhecimentos sobre percepção 20. Bibliografia básica para consulta do aluno VI 1 Bases sensoriais da percepção 1.1. O ambiente e sua percepção Freqüentemente, a Psicologia é definida como a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais. A Psicologia acadêmica aborda diversos assuntos, como bases fisiológicas do comportamento, desenvolvimento psicológico, aprendizagem, percepção, memória, motivação, emoção, inteligência, linguagem e pensamento, personalidade, psicopatologia, influências sociais sobre o comportamento e outros. O estudo da percepção é, talvez, o seu ramo mais antigo. Cabe à análise experimental compreender as bases sensoriais da percepção, a fim de desvendar o mistério de como nos é possível perceber o mundo que nos cerca através dos órgãos sensoriais. Você acha que a percepção que temos do nosso ambiente é perfeita? Antes de emitir sua opinião, convém lembrar que não somos capazes de ouvir sons de alta freqüência (ultra-sons) como os morcegos e os cães; não conseguimos ver o ultravioleta, como as formigas, as abelhas e outros insetos; não percebemos campos elétricos ou magnéticos, como o fazem os peixes elétricos e algumas aves migratórias; tampouco conseguimos sentir o cheiro deixado pelo corpo de uma outra pessoa, fato corriqueiro na vida dos cães. Algumas destas incapacidades serviram de inspiração para os escritores de ficção científica criarem seres fantásticos, dotados de uma percepção da realidade diferente daquela que conhecemos. Se você perguntar a dez pessoas quantos sentidos nós possuímos, a maioria responderá que o ser humano possui cinco sentidos: visão, audição, tato, olfação e gustação. Talvez alguns declarem que são dotados de um sexto sentido, cuja função raramente é definida com clareza, proporcionando-nos a vaga impressão de tratar-se de uma modalidade sen sorial enigmática que a ciência ainda não conseguiu compreender. Poucos acrescentarão à lista dos sistemas sensoriais o sentido cinestésico. Ele nos permite perceber a posição dos membros e o sentido do equilíbrio do corpo, também conhecido como sentido vestibular. Muito raramente alguém menciona o sentido orgânico. Ele nos fornece informações sobre a hidratação (sede), nutrição (fome), condição hormonal (sexo) e oxigenação (ar). Além disso, convém lembrar que a visão, por exemplo, não é um só sentido. Compreende a visão de cores, forma, movimento e outros, como veremos posteriormente. De quantos sistemas sensoriais você havia se lembrado? Para um psicólogo, nem sempre é importante saber o número exato de modalidades sensoriais do ser humano. E imprescindível, no entanto, saber para que servem e como funcionam, a fim de compreender os comportamentos que dependem de uma correta percepção dos estímulos do ambiente e das condições físicas e orgânicas do próprio corpo. Todos os nossos órgãos dos sentidos têm características comuns: possuem receptores que são células nervosas especializadas, capazes de responder a estímulos específicos. Recebem, transformam e transmitem, para o restante do sistema nervoso, um grande número de informações existentes no ambiente, na superfície e no interior do nosso organismo. 1.2. ‘hansdução sensorial e classificações dos receptores A especificidade dos sistemas sensoriais não é dada apenas pela especialização das células receptoras. Também o é pelas vias ascendentes e suas conexões neurais com os centros específicos do sistema nervoso central (áreas sensoriais primárias), onde ocorre a integração da informação. Devido a esta especificidade, não somos capazes de ouvir música com os olhos, nem ver cores com os ouvidos ou através da pele. Os receptores são classificados de diferentes maneiras por diversos autores. Na tabela 1.1 foram reunidas duas das classificações mais freqüentemente encontradas. De acordo com a primeira, os receptores sensoriais podem ser classificados em quatro grupos, de acordo com o tipo de estímulo para o qual são especializados. Mecanorreceptores são sensíveis à energia mecânica (pressão); termorreceptores são sensíveis à energia térmica (calor e frio); fotorreceptores são sensíveis à energia eletromagnética (luz) e quimiorreceptores são sensíveis à presença de substâncias químicas. Mecanorreceptores são responsáveis pela audição, sentidos vestibular e cinestésico e pela sensação de pressão cutânea. Os termorreceptores encontram-se na pele e em outras regiões do corpo humano. São sensíveis às modificações de temperatura. Os quimiorreceptores são responsáveis pela olfação e gustação, acusando a presença de substâncias químicas na só ouviremos o . no entanto. os quais se encontram espalhados por quase todo corpo. desde que muito intensa. suspirar. exigem o contato do organismo com o objeto ou moléculas de substâncias. produzida por suas cordas vocais. entretanto. Estes. informações a respeito do ambiente. gás carbônico e hormônios. fome. ou sentidos profundos. olfativos e cutâneos. Não há necessidade de contato com os mesmos. Fornecem informações sobre o equilíbrio. A visão e a audição proporcionam a percepção de objetos muito distantes. Alguns autores acrescentam um quinto grupo referente aos receptores da dor. mecânica e térmica. ou próximos. Na tabela 1. transformar e transmitir. como os estímulos visuais e auditivos. devidas a alterações na concentração de diversas substâncias no organismo. Permitem-nos. na pele (tato). No entanto. não é óbvia. falar. no segundo. a luz do sol ou de uma lâmpada. Os interorreceptores. sais minerais. Entre as poucas regiões que não possuem receptores para a dor.1 podemos comparar as duas classificações descritas an 2 3 Tabela 1. Receptores reagem diante da energia existente no ambiente. em duas coisas: matéria e energia. é transferida para as moléculas existentes no ar e transmitida para nosso ouvido. a estimulação dos receptores ocorre devido à energia (luz) produzida pela própria lâmpada. Este conjunto de receptores é responsável por comportamentos como andar a pé ou de motocicleta. O mesmo não acontece com os telerreceptores propriamente ditos. estão o cérebro e o colo do útero. quando olhamos para uma lâmpada. vimos que as células receptoras são capazes de receber. pessoas e animais. assobiar.mucosa nasal e na língua. A olfação poderia ser considerada um telerreceptor. são denominados telerreceptores e. Por exemplo. também. Objetos. porém. que tanto o cheiro agradável de uma flor quanto o cheiro aversivo de águas poluídas só poderão ser percebidos quando algumas moléculas do perfume e das substâncias poluentes entrarem em contato com as células receptoras olfativas alojadas em nossas narinas. Verifica-se que os mecanorreceptores consistem. capaz de injuriar o organismo. a presença de uma fábrica pode ser percebida a grandes distâncias através da poluição por ela provocada. Exterorreceptores são responsáveis pela captação de estímulos externos ao organismo. Classificação dos receptores sensoriais quanto à sua função e quanto à localização dos estímulos. por exemplo. Nós “ouvimos” um gato miar quando a energia mecânica. Ela também atinge outras regiões de nosso corpo. tomar conhecimento de modificações que acompanham nossas emoções. Podem estar distantes. e telerreceptores. Finalmente. na realidade. Trata-se de receptores que respondem à estimulação mecânica. como os estímulos gustativos. Os propriorreceptores fornecem informações sobre o movimento. para o restante do sistema nervoso. propriorreceptores e interorreceptores. Os propriorreceptores consistem em um grupo bastante heterogêneo de receptores. a visão depende dos fotorreceptores presentes na retina. postura e equilíbrio do corpo. porque respondem à energia mecânica (pressão exercida pelo som). o movimento dos membros e o perigo de ter o tecido de alguma parte do corpo injuriado. verificamos que os receptores da audição foram classificados como mecanorreceptores. sede e sexo. esta mesma energia eletromagnética será captada também por termorreceptores de nossa pele. No primeiro caso. Dependendo do tipo de lâmpada. o “nó na garganta” e o “aperto no coração” sentidos em outras ocasiões. pessoas e animais são feitos de matéria. como. isto é. e consistem em receptores do sistema cinestésico e vestibular. A classificação acima é baseada na função dos receptores sensoriais. afagar e beijar. A classificação dos receptores de acordo com a localização dos estímulos. Por outro lado. existem classificações de outro tipo. proxirreceptores. porque nos possibilita receber informações a respeito de objetos nem sempre próximos. No princípio do capítulo. quando olhamos para uma criança. teriormente. como lá não existem receptores para este tipo de energia mecânica. Por exemplo.1. como. Por exemplo. as batidas fortes do coração num momento de alegria. a chama que aquece a panela no fogão são diferentes tipos de energia (eletromagnética. seja ela energia refletida ou produzida pelos objetos. o som que vem do rádio. por exemplo. Porém. sugerindo a divisão dos receptores sensoriais em três grupos: exterorreceptores. as células receptoras dos nossos olhos captam a luz refletida pela superfície de seu corpo e de sua roupa. Trata-se de modificações de funções orgânicas. oxigênio. respectivamente). sentiremos seu calor. térmica e química. denominados nociceptores. Isto é. Em que consiste o ambiente? Basicamente. Neste caso. no ouvido (audição) e nos músculos (cinestésico). porque informam a respeito de coisas externas e distantes do organismo. de receptores localizados em regiões bem diversas do corpo. no entanto. E preciso considerar. são receptores destinados à percepção do estado interno do nosso organismo. Uma delas dá ênfase à relação espacial entre o organismo e os estímulos. 1974. darão origem a uma mesma resposta: modificação do estado iônico e de suas membranas. Dendritos Axônio Impulso Exterior lons positivos Na+ Na+ + + + + +/ 4 + + + + + +j Membrana ti:i tzi celular 1 lons negativos Interior +++++ k fZl LD rii tzt jzt zi Li rzi. E o processo que caracteriza as células receptoras dos órgãos dos sentidos. a resposta das células consiste em uma mudança no potencial de repouso de suas membranas. nas proximidades da membrana. (llustração segundo McGuigan. 1. podendo dar origem ao impulso nervoso (fig. cuja principal característica é o fluxo de íons através da membrana celular. Quando o neo ro n lo e a cio 1 epo o o. dentre as quais destaca-se a migração de íons positi’. não importa qual a sua especialização.) 4 5 ‘Çiiizaçãodo Fun receptor Telerreceptores Fotorreceptores Mecanorreceptore s Termorreceptores Quimiorreceptores Nociceptores Exterorreceptores Interorreceptore s Propriorreceptores Proxirreceptores Visão Audição Tato (pressão) Cinestésico Vestibular Temperatura Olfação Olfação Gustação Dor Dor Nutrição Hidratação Hormônios Oxigenação etc. Por exemplo. Isto é. íons negativos. tanto um fotorreceptor do olho quanto um termorreceptor da pele. quando estimulados. isto é.miar do gato com nossos ouvidos. ou tradução de um tipo de energia em outro. quando o neurônio está ativo. é denominada transdução. ocorrem modificaçôes iônicas no meio celular. Por Outro lado. Dor Funções orgânicas . Todas as células receptoras. quando conduz um impulso nervoso. Esta transformação. comum a todo o sistema nervoso: a energia eletroquímica. LZ] E] [El [E] [El E] ++•++‘ 1 / í+ + + + + + ÷ Impulso nervoso em uma parte do axônio Figura 1. lii eq o i o ei te o i o n que se encontram nas vizinhanças da membrana celular: no exterior da célula. transformam a energia por elas captada em um único tipo de energia.1).os (Na +) para o interior da célula. encontram-se íons positivos e no interior.1. A migração destes fons através da membrana semipermeável altera momentaneamente as características eletroquímicas da célula. novos e intensos. do relógio mais próximo. alucinógenos. Sua atenção. ou seja. como as áreas visual. interesses e valores. Assim. A integração da informação proveniente de várias áreas sensoriais primárias ocorre nas chamadas áreas associativas do córtex. você desiste de dar um banho de água fria com a mangueira do jardim. Convém lembrar que o impulso nervoso se propaga de um neurônio para outro através de estruturas funcionais denominadas sinapses. você chegará à brilhante conclusão de que o seu cachorro precisa de um banho. No momento que você está lendo esta página. O receptor não será excitado por estímulos demasiadamente fracos. os estímulos mais importantes não seriam investigados de forma a assegurar um comportamento ajustado e bem-sucedido. Por exemplo. no sistema nervoso. Alguns faziam parte de um fundo geral. no entanto. o impulso nervoso provoca modificações nas substâncias químicas que se encontram nestes pequenos espaços entre dois neurônios vizinhos. nossa atenção é voltada para os estímulos súbitos. como os anestésicos. para podermos ver uma luz. os latidos e o ruído característico quando se sacode. (Ilustração segundo Schmidt. finalmente será integrada às demais informações provenientes do mesmo ambiente (fig. ela será encaminhada para as células nervosas aferentes e a outras partes do sistema nervoso. é preciso que o estímulo tenha uma determinada intensidade. Estas modificações.3. Estímulos intermitentes também são capazes de chamar nossa atenção. Podemos adiantar. pois. 1. No organismo. Seu sistema tátil permitirá confirmar que o pêlo do animal está molhado. por sua vez. que muitas coisas podem afetar a nossa atenção: nossas necessidades. acrescidos da informação. o número de moléculas da substância que determina a intensidade do estímulo. a cor da pele de sua mão. 1. No caso da olfação e da gustação.Para haver transdução. estimulantes e calmantes. lembra-se dos banhos mornos recomen dado na última visita ao veterinário. seu cérebro também está recebendo informações de outros estímulos do ambiente em que você se encontra. seu estado emocional oscila entre a pena sentida pelo cão molhado e frio e a preguiça de esquentar água no fogão para lhe dar um banho no tanque. espalhando gotas de água pela sala inteira.2. a informação sobre o ambiente é transferida para o cérebro. Você resolve a situação. mais especificamente. não estava igualmente voltada para todos esses estímulos. Agora. é a concentração. ouvir um som. deveria estar primordialmente voltada à leitura deste livro. para poder avaliar o papel que ela desempenha na percepção. dada pela memória. E nestas sinapses que age a maioria das drogas capazes de alterar a sensibilidade e o comportamento. seu sistema olfativo fornecerá informações sobre o cheiro pouco agradável de seu cão molhado pela chuva.2). a energia elétrica é propagada na forma de impulsos nervosos através dos milhares de neurônios que o constituem. Após a transdução Depoís que o receptor transformou em energia eletroquímica (neural) a energia recebida do ambiente. motor . analgésicos. de um carro passando na rua. Em algumas destas sinapses. nossas motivações e emoções presentes. em resumo. entrando em sua sala. Córtex Auditiva Visual Figura 1. seu sistema auditivo permitirá que você ouça a respiração. Você também se lembra que sua mãe proibiu terminantemente banhos mornos no chuveiro do banheiro. o cheiro e o gosto de uma substância. Finalmente. Obviamente. estudaremos melhor a natureza da atenção. pode ser anunciada por vários receptores sensoriais. se prestássemos atenção igual a tudo que nos cerca. onde. sentir a temperatura de um objeto. Outros mereceram mais atenção. decidindo enxugar seu cachorro com a toalha e passar um pouco de perfume. desencadeiam um novo impulso na célula seguinte. pois. concomitantemente. auditiva e somato-sensorial. a posição em que se encontra o seu pé esquerdo. Só depois que todos estes dados chegarem ao cérebro. os ruídos do motor da geladeira. esta. De sinapse em sinapse. isto é. 1980). frio e grudento. A seleção dos estímulos mais importantes para nossa sobrevivêncía em um dado momento é um fenômeno importante. de que um cão limpo e seco é uma companhia mais agradável. no entanto. Seu sistema visual permitirá que você veja o pêlo molhado e embaraçado. a presença de seu cachorro molhado pela chuva. E no cérebro que as informações sobre o ambiente são integradas com nossas experiências passadas (memória). As informações oriundas dos diferentes sistemas sensoriais são integradas em áreas sensoriais primárias do córtex. que ocupam vastas extensões do cérebro. a temperatura e o cheiro do ar. Por exemplo. subitamente. No capítulo 3. o outro dói. 1. A princípio. que quanto maior o limiar menor a sensibilidade. que envolve a raiz dos pêlos (fig. é bem mais sutil: ambos são estímulos táteis que consistem de pressão exercida sobre a pele. frio. frio intenso. Meissner. por exemplo. Na figura 1. imperceptível em um determinado ponto da pele. Podemos afirmar. são basicamente de quatro tipos: terminações nervosas livres. Sensibilidade cutânea Se alguém lhe perguntasse qual é o maior órgão do seu corpo. encontram-se medidas de limiares. os lábios. 1. Nas páginas seguintes. Isto é. Assim. encontram-se pêlos. terminações com extremidades expandidas ou dilatadas (discos ou corpúsculos de Merkel ou Ruffini).4. aproximadamente. Os termorreceptores respondem quando ocorrem mudanças de temperatura na pele. termorreceptores e nociceptores. a sensibilidade cinestésica. podemos avaliar em que circunstâncias um estímulo poderá ser percebido e quando é inútil esperar por uma resposta. a danificação e irritação do tecido epitelial estimulam os nociceptores. Isto ocorre porque as patas do inseto deformam a pele de seu braço e os pêlos nos quais esbarram. o pulmão. o que você responderia? O fígado. que nós começássemos.3). a palma das mãos. pode ser suficientemente intenso para ser percebido em outras regiões. supunha-se que cada um destes diferentes tipos de receptores fosse sensível a apenas um tipo de estímulo. a seguir. portanto. A diferença psicológica entre um afago e um tapa é óbvia: um é agradável. por um momento. De forma muito simplificada. você a percebe. poucas regiões são desprovidas dos mesmos. No caso de uma picada de abelha. Esta leve pressão exercida sobre a pele e os pêlos é energia mecânica suficiente para estimular os mecanorreceptores. por meio de um conjunto de experimentos criteriosamente controlados. finalmente. beliscões. O contra-exemplo mais famoso foi fornecido pelos resultados obtidos com a estimulação tátil da córnea. Ela nos proporciona. A análise experimental da percepção permitiu. também seriam estimulados. no entanto. sentimos dor devido às injúrias causadas pelo ferrão e pela substância química injetada na epiderme. cortes. Porém. a compreender um pouco melhor o funcionamento do nosso próprio corpo. Ela é iluminada pela luz que vemos com nossos olhos. a gustação. estímulos capazes de danificar o tecido atingido. nossa pele não capta estes detalhes de nosso ambiente. Neste . dor e calor. os termorreceptores.Somatosensorial 6 7 Entre dois observáveis — o estímulo ao ambiente e a resposta do organismo — te uma grtnde variedade de mudanças complexas não diretamente observáveis. temperatura e dor). como. o que leva à excitação de receptores cutâneos diferentes. responsáveis pelo exuberante conjunto de sensações cutâneas. sensíveis à queda de temperatura. pressão e calor excessivos. um estímulo fraco. informações importantes a respeito de outros aspectos da realidade que nos cerca. as pessoas relatavam todas as modalidades de sensação: pressão. é atingida pelos sons que fazem vibrar nossos tímpanos e pelas moléculas de perfume que penetram pelas nossas narinas. obtidas em diferentes regiões cutâneas. A característica que os distingue é a intensidade do estímulo. pancadas. Veremos. Sobre ela incide todo tipo de energia. Esta vasta superfície que nos reveste possui três tipos de receptores: mecanorreceptores. no entanto. O peso do inseto estimula os mecanorreceptores. Se. denominado terminação nervosa folicular ou peripilosa. Relativamente. a visão. O grande número de fibras nervosas que chegam até a pele.4. Ela é tão pequena e tão leve. terminações encapsuladas (corpúsculos de Paccini. Entretanto. vibração e a pressão que os objetos exercem sobre nossa pele através dos mecanorreceptores. Porque. esta hipótese foi rejeitada. a sola dos pés e algumas áreas dos órgãos genitais. sua área corresponde à de um tapete de. Golgi e Krause). picadas. Começaremos pela sensibilidade cutânea (tato. em lugar da abelha. Os nociceptores são responsáveis pela sensação de dor causada por uma grande variedade de estímulos. Sentimos cócegas. a pele pode ser considerada o órgão mais extenso do ser humano. A sensibilidade da pele varia de uma região do corpo para outra. nas regiões dotadas de pêlos. podendo produzir lesões. acarretadas pelo contato com objetos mais frios ou mais quentes que ela. você imediatamente perceberia a diferença. Ainda assim. Para uma pessoa de estatura mediana. tivéssemos uma minhoca fria e úmida.50 m. o cérebro ou o intestino? Fisiologicamente. Por exemplo. além dos mecanorreceptores. o sentido vestibular. na sua sensação quando uma minúscula abelha anda sobre seu braço. a audição e. finalmente. Isto é. podemos dizer que a intensidade mínima necessária para que um estímulo possa ser percebido é conhecida como limiar (no capítulo 2 você encontrará informações detalhadas a respeito do estudo dos limiares do ser humano). Em quase toda a sua extensão. A pele é o limite externo de nosso corpo. A diferença física entre os dois. Aplicando-se estímulos mecânicos térmicos e dolorosos sobre esta parte do olho. encontrase um receptor adicional. Pense. 1. o olfato. analisaremos o processo da transdução em cada um dos sistemas sensoriais. a mais importante. uma vez que o ser humano pode ser considerado um ser primordialmente visual. por meio de experimentos criteriosamente elaborados. uma região inervada apenas por terminações livres. portanto. percebemos apenas um ponto de pressão. as mesmas pessoas só eram capazes de tais proezas quando a distância entre as duas pontas do compasso atingia 70 mm. ao elevado número de receptores nas regiões mais sensíveis e a um número igualmente privilegiado de neurônios nas áreas corticais (áreas sensoriais primárias). Trata-se. as mesmas eram percebidas como sendo uma única ponta exercendo pressão sobre a pele. (Ilustração segundo Weber e Landois. 1980. as pessoas eram muito sensíveis a este tipo de estimulação mecânica. no livro de Schmidt. 1980. mostram limiares bem mais elevados. para as quais convergem as informações oriundas destas regiões. empregando um compasso. os pesquisadores estimulavam. O gráfico de barras em b apresenta limiares assim obtidos para diferentes regiões da pele. principalmente. ao mesmo tempo. Isto é. Se a distância entre dois pontos de pressão sobre a pele é muito pequena. Eles verificaram que em algumas regiões do corpo. como a ponta da língua. Regiões muito sensíveis. (Ilustração segundo Schmidt. No entanto. Limiares para discriminação de dois pontos de estimulação mecânica sobre a pele.Corpúsculo Discos Corpúsculos Receptores Discos ções de Meissner de de Pacini dos folículos táteis livres Merkel pilosos Figura 13. nas situações experimentais em que a distância entre as duas pontas do compasso era inferior a 7 cm. por outro lado. como o pescoço e o dorso. a ponta do dedo indicador e lábios. terminações nervosas foliculares ou peripilosas só ocorrem nas regiões dotadas de pêlos (b). como a ponta da língua. os sujeitos já conseguiam relatar que haviam sido estimulados em dois pontos da língua e não em apenas um. por exemplo.) do compasso. As diferenças de sensibilidade são devidas.5 encontra-se uma secção transversal através do córtex sensorial. No dorso.4. com uma distância minúscula de 1 mm entre as duas pontas 8 9 Termina. Figura 1. Terminações livres e corpúsculos de Pacini podem ser encontrados em ambos os tipos de pele. de uma região bem menos sensível. mostrando as diferenças de tamanho das áreas desta região cortical Epiderme Tecido subcutâneo b Pele 0 Limiar de discriminação espacial simultânea c . apresentam limiares baixos (os resultados foram ampliados no canto direito da figura). dois pontos da pele. uma vez que. Alguns dos numerosos tipos de mecanorreceptores existentes tanto na pele glabra (a) como na pele dotada de pêlos (b) foram ilustrados esquematicamente. Isto pode ser verificado utilizando um compasso de duas pontas como está ilustrado em a. Regiões menos sensíveis.experimento.) Na figura 1. Como se observa. a perna e o cotovelo. como os lábios. de regiões relativamente pequenas. A sensibilidade cutânea é de extrema importância para a sobrevivência da espécie humana. interagir fisicamente com o meio e nossos semelhantes e evitar estímulos que possam causar injúria ao nosso corpo. refere-se às sensações produzidas pelos movimentos dos membros e corpo. portanto. você exercerá mais ou menos força ao apertar-lhe a mão. da sensibilidade cutânea. a língua. estímulos fornecidos pelo ambiente. ou simplesmente cinestesia. Sensibilidade cinestésica A sensibilidade cinestésica. 1. Mesmo depois de adultos. que regiões de seu próprio corpo você apontaria? Vamos considerar o gesto simples de estender a mão para cumprimentar um amigo.tcntunho disto são as características táteis de determinados tecidos. modificando o ângulo formado pela articulação do antebraço com o braço (cotovelo). homens e mulheres continuam buscando o contato com determinados estímulos que lhes proporcionam prazer. pelos receptores. Bem diversas são as condições de regiões de pouca sensibilidade. Te.Termina . a partir de estímulos fornecidos por regiões específicas do organismo.ções de Ruffinj b . e do braço com a mão (pulso). você distende e contrai um conjunto específico de músculos e tendões do braço e da mão. Os exaustivos estudos feitos por psicólogos dedicados ao desenvolvimento infantil não deixam dúvidas quanto à importância da estimulação tátil adequada durante a infância. o elevado número de produtos cosméticos e farmacêuticos destinados a diminuir a aspereza da pele. o pé. corno a fc’fura da flanela e da lã angorá. Ao executá-lo. Dependendo da posição em que você estiver e do entusiasmo ao cumprimentar seu amigo. percebemos a postura e movimentos de nosso próprio corpo. Esta é incumbida de captar. Ponta da língua Ponta do indicador Lábios Bordo da língua Palma da mão Fronte Dorso da mão Dorso do pé Pescoço Dorso — — o 1 2 3 4 5mm O 10 20 30 40 50 60 7Omm 10 11 destinadas ao processamento da informação tátil proveniente de diferentes lugares da superfície do corpo. Se pedíssemos a você para adivinhar onde se encontram os receptores da inestesia (proprioceptores). áreas relativamente extensas de tecido cortical são reservadas para processar a informação enviada.5. por exemplo. como. e a proliferação das casas de massagem nos grandes centros urbanos. a maciez da seda e do algodão. a ponta do dedo indicador e a palma da mão. Esta modalidade sensorial difere. o tronco. Isto é. E precisamente nos . Permite-nos procurar abrigo do frio e calor. Esta representação distorcida da superfície corporal foi denominada de homúnculo sensorial ou homúnculo de Penfleld em homenagem ao pesquisador que descobriu este importante aspecto da diferença de sensibilidade tátil. bem como a força despendida em cada gesto. sobretudo. o papel importante da sensibilidade cinestésica no dia-a-dia de manequins. justamente. Com o consentimento e colaboração de pacientes adultos submetidos a cirurgia cerebral.6a).5. preservam informações sobre a posição. Estes três tipos de receptores sensíveis à energia mecânica. tendões e articulações que estão situadas as células nervosas receptoras da cinestesia. fornecem informações sobre características qualitativas da propriocepção: sensibilidade postural (percepção da posição dos membros. mostrando a localização e a extensão das regiões corticais em que a informação proveniente da pele é processada. convergem para regiões proporcionalmente menores do córtex somato-sensorial. A ilustração acima. a transdução nos fusos musculares consiste na transformação da energia mecânica sobre eles exercida em energia eletroquímica. b)ferio e maxilares Figura 1. Os mecanorreceptores encontrados nas articulações proporcionam sensações posturais e cinestésicas (não de força) porque os impulsos nervosos. observando as sensações resultantes. Nos órgãos tendinosos. de seus movimentos e da força despendida. Através destes dois tipos de receptores. Observe como as informações provenientes de pequenas superfícies de pele muito sensíveis como a língua. órgãos tendinosos (fig. Trata-se de receptores sensíveis à energia mecânica. foi possível estimular diferentes pontos do córtex somato-sensorial. Permite um exame mais detalhado das relações entre estímulos e respostas. através de uma cadeia de neurônios e sinapses.músculos. Esta é transmitida. as informações sensoriais oriundas de grandes áreas cutâneas menos sensíveis. Podem ser de três tipos: fusos musculares (fig. o conhecimento dos processos sensoriais envolvidos nos movimentos do corpo é extremamente útil.) 12 13 Para o cérebro • Extenso-receptor (terminações anulospirais) Cápsula do fuso (tecido conjuntivo( Placa terminal das fibras motoras Durante a contração ou distensão muscular. ombros e quadris. no livro de Shmidt. Ilustração de mecanorreceptores encontrados em músculos (a) e tendões (b) responsáveis pela cinestesia.6.6. na forma de impulsos nervosos. sensibilidade aos movimentos (percepção da direção e velocidade do movimento) e sensibilidade para força (percepção da força exercida em cada movimento). l. alojados nos tendões. esportistas ou estivadores. conhecida como Homúnculo Sensorial de Penfield. até o córtex sensorial e demais áreas do sistema nervoso. da percepção acurada de seu próprio corpo. mesmo no escuro). Para um psicólogo empenhado na compreensão do comportamento. portanto. 1980. (Ilustração segundo Penfield e Rasmissen. l. Sentido vestibular Figura 1. proporcionando ao profissional maior probabilidade de acerto ao tentar auxiliar o ser humano em seu relacionamento com seus semelhantes e com seu meio. Quando o músculo é . tendões e articulações. como as costas. são processadas por extensas áreas do córtex. velocidade e direção do movimento articular. Nos músculos (a) os receptores encontram-se enrolados ao redor das fibras musculares contidas dentro da cápsula do fuso. o processo desenvolve-se da mesma forma. intérpretes. E fácil compreender. consiste no mapeamento das regiões do córtex somato-sensorial. Por outrb lado. é fornecida a informação a respeito da força desenvolvida pelos músculos em cada movimento.6b) e receptores articulares. resultantes da transdução da energia mecânica exercida sobre eles. 1950. dedo indicador e lábios. 1. situados nos músculos. Sua competência profissional depende. (Ilustração a.7. a freqüência de impulsos nervosos enviados ao cérebro aumenta à medida que o tendão é estirado. O contrário ocorre quando o músculo é contraído. desencadeando os impulsos nervosos que serão enviados para o cérebro. Compreende-se. por exemplo. Desta forma. b) A ampliação no alto da figura mostra os mecanorreceptores. 1971. enquanto nosso corpo descreve uma trajetória circular (aceleração angular). As células receptoras encontram-se na cúpula de uma região dos canais semicirculares. Há uma de cada lado da cabeça e são repletas de fluido (endolinfa). E preciso também que suas moléculas sejam solúveis no muco que reveste a região olfa a Figura 1. informa-nos se estamos de pé. 1. ou cair lentamente para a frente ou para trás. Fibras motoras Tendão Fibra muscular Órgão tendíneo de Golgi Fibras musculares internas do fuso 14 15 O órgão vestibular consiste em duas cavidades alojadas no osso temporal do crânio. que se encontra no ouvido interno. que fica mergulhada na endolinfa e oscila quando o líquido se agita em decorrência dos movimentos da cabeça. Nas ampolas.) . por que substâncias muito voláteis. Trata-se de células receptoras ciliadas. ele eleva a cadeira a uma certa distância do chão (aceleração linear). álcool e gasolina são tão prontamente percebidas por estes quimiorreceptores. Isto é. há duas maneiras de perder o equilíbrio: cair em linha reta no chão (aceleração linear). As ramificações da fibra sensitiva sobre o tendão (b) são conhecidas como órgãos ou fusos tendinosos ou ainda como órgãos de Golgi. As sensações olfativas são transmitidas por uma série de células sensoriais. 1. alojadas em uma pequena região do epitélio olfativo. Como no caso dos músculos. Desta oscilação resulta a deformação dos cílios que excita as células receptoras.) Já vimos que o sentido da cinestesia é responsável pela percepção da posição e dos movimentos de nossos membros no espaço. a respeito da força por eles exercida. para a direita — para a esquerda). em cada momento. b. Quando o dentista aumenta ou diminui a inclinação do encosto da cadeira (aceleração angular). Estes se desprendem de objetos contidos em nosso ambiente. Obviamente. da estimulação conjunta destes três tipos de células resulta a percepção de movimentos muito sutis e complexos. Esta é agitada com os movimentos da cabeça (fig. (ilustração a. 1. sáculo e utrículo. isto é. no entanto. 1979. portanto. segundo McGuigan. aumenta a freqüência de impulsos nervosos enviados ao cérebro. segundo Alpern. segundo Schmidt. Estas células são estjmuladas por uma mistura de ar e moléculas. Isto é.8a). para cima — para baixo. que reveste a cavidade nasal (fig. fornecendo desta forma informações a respeito da força exercida pelo músculo a ele conectado.7). denominada ampola.estendido. só poderá ser detectada por nosso olfato se algumas de suas moléculas atingirem as células sensoriais olfatórias sensíveis a elas. Esta. encontram-se células receptoras que respondem a movimentos retilíneos (para a frente — para trás. Respondem a movimentos circulares e rotatórios da cabeça e os impulsos nervosos resultantes da transdução propagam-se pelo nervo vestibular. dá origem à cúpula. éter. o sistema nervoso central recebe ininterruptamente informações sobre o comprimento dos músculos. o sáculo e o utrícolo. a) O aparelho vestibular é formado por três canais semicirculares. caindo ou de cabeça para baixo. 1974. a presença de um objeto-estímulo. Cada cavidade é constituída de duas partes distintas: três canais semicirculares e duas estruturas saculiformes. células ciliadas que se encontram nas ampolas dos canais semicirculares e nas máculas do saculo e utrículo. Basicamente.7. A sensação de perder o equilíbrio depende da inclinação e do movimento da cabeça. Uma parada brusca no veículo (aceleração linear) no qual viajamos estimula as células receptoras do utrículo (mais sensíveis a movimentos horizontais). A volatilidade de uma substância é necessária. como um perfume francês. são estimuladas as células receptoras dos canais semicirculares. O sentido vestibular refere-se à percepção e manutenção do equilíbrio do corpo como um todo. Isto permitirá avaliar com precisão a posição da cabeça no espaço. como. nas imediações da cóclea. os cílios destas células reúnem-se formando a crista. são estimuladas as células receptoras do sáculo (sensíveis a movimentos verticais). Estes dois tipos de aceleração são os estímulos captados pelos mecanorreceptores do labirinto ou aparelho vestibular. estimuladas através da energia mecânica proporcionada pela inclinação de seus cílios mergulhados na endolinfa. porém não é suficiente. de uma pessoa ou de uma substância. Nas regiões das máculas do sáculo e do utrícolo. envolta por uma substância gelatinosa. Olfato O sentido do olfato permite-nos distinguir uma série de substâncias químicas pelo seu cheiro. quando. Ainda não são conhecidas. que sinalizam a presença de alimento. onde entram em contato com moléculas de substâncias dissolvidas na saliva. 1974. (Ilustração segundo McGuigan. azedo e amargo. aparentemente. para esclarecer a função olfativa. Estes quimiorreceptores são os corpúsculos gustativos. que lançam seus prolongamentos (microvilosidades) para o poro gustativo. foram elaboradas diversas teorias. Porém. de hortelã. o cheiro de uma substância depende.9). medicamentos e outras substâncias quando algumas de suas moléculas dissolvidas na saliva atingem as células receptoras. por exemplo do suco do limão e do vinagre. cujos cílios encontram-se mergulhados no muco que reveste a cavidade nasal.) A importância do olfato para a sobrevivência dos organismos pode ser avaliada. Dentre elas. onde se dissolvem as moléculas das substâncias que excitam os cílios destas células. relativamente grande o número de substâncias que diariamente levamos à boca. que o sabor azedo dos ácidos.9. 1 8b). desempenham o importante papel de estímulos discriminativos.8. permitindo a discriminação entre uma sopa gostosa e outra muito salgada. 1. nossa sensibilidade é maior ao azedo. Isto é. Nossa sensibilidade a diferentes substâncias não é a mesma em toda a extensão da língua. Deste modo. penetrante e pútrido.tória da cavidade nasal. alojados nas papilas distribuídas pela superfície da língua (fíg. pela decomposição de organismos mortos e pelas glândulas de alguns animais. que é uma estrutura do cérebro. perigo ou de parceiros sexuais. ao amargo.10). floral. segundo a teoria estereoquímica. A magnitude das respostas dos corpúsculos gustativos varia de acordo com a intensidade do estímulo. segundo Mcouigan. no entanto. Os corpúsculos gustativos encontram-se nas papilas gustativas da língua. 1974. podem entrar em contau’ com os cílios dos receptores olfativos que ali se encontram mergulhados (fi. apenas. almiscarado. referimo-nos a apenas quatro tipos de sabor: doce. as características responsáveis pelo gosto das substâncias.8. Na olfação. Para explicar por que determinadas substâncias são inodoras. isto é. Poro gustativo Receptores gustativoS Figura 1. Este fato levou-o a estabelecer uma relação hipotética entre a forma e o tamanho da molécula de uma substância química e o seu cheiro. da forma e do peso molecular. etérico. na base. São formados por um aglomerado característico de células receptoras. (Ilustração a. constatando-se que uma parte das substâncias odorosas naturais é produzida por flores e frutos. Nas laterais. salgado. Verificou. somos mais sensíveis ao doce e. Este pesquisador verificou que todos os odores podiam ser agrupados em apenas sete categorias: canfórico. Na ponta. Ampola vestibularauditivo Sáculo Ductococlear 16 17 1. a mais conhecida é a teoria estereoquímica desenvolvida por Amoore. Gustação Figura 1. também. b) A ampliação no alto da figura mostra as células receptoras ciliadas.) Odor Receptorolfativo Cavidadenasal a Superfície da língua . enquanto outras possuem odor. que uma grande parte das substâncias percebidas como pertencentes a uma destas sete categorias possuía forma e tamanho molecular semelhantes. a) Os receptores do olfato encontram-se na parte superior da cavidade nasal e estão em contato direto com o bulbo olfatório. No entanto. Sentimos o gosto dos alimentos. é devido ao íon H + (hidrogênio) de sua composição química. nem todas as substâncias dotadas de volatilidade e solubilidade são capazes de desencadear a sensação de cheiro. resultando na excitação dos receptores. para descrever o seu gosto. e nas bordas da língua somos muito sensíveis ao salgado (fig. Sabe-se. 1. são acrescidos de substâncias amargas para que sejam rejejtados imediatamente. Audição Quando você liga um rádio portátil. Se colocássemos o rádio em um recipiente do qual fosse retirado todo o ar. 1. a membrana de seu alto-falante começa a vibrar. não teriam gosto nem cheiro. por sua vez. permitindo a propagação da energia a grandes distâncias. a sensibilidade ao amargo é mais acentuada. por exemplo. que poderiam ser ingeridos por engano pelas crianças. porém. Estas. portanto rica em proteínas. no extremo oposto. 340 metros por segundo. no entanto. são acrescentados “flavorizantes” e aromatizantes às geléias e gelatinas que. Na ponta da língua encontra-se a maior sensibilidade ao doce. continuará sendo um saboroso “quindim”. medicamentos muito perigosos. Os medicamentos preparados para crianças merecem um cuidado todo especial por parte da indústria farmacêutica. O som se propaga em forma de ondas que se deslocam no ar a uma velocidade de. Trata-se. As ondas sonoras podem ser divididas em ciclos. cheiro e cor de gema de ovo. Se. usada para afinar os instrumentos Para o cérebro Nervo glossofaríngeo’ Nervo facial circunvaladas Papilas foliadas Papilas fungiformes Ponta da língua Figura 1. sem valor nutritivo. for preparada sem ovos e a ela se acrescentarem substâncias com gosto.11). 1980. 1. transmitem a energia mecânica assim recebida para as moléculas vizinhas.10. com exceção dos supersônicos capazes de se deslocarem a velocidades superiores à do som. A nota Lá. Tomemos. (Ilustração segundo Schmidt. na base da língua. Por Outro lado. uma sobremesa preparada com muitos ovos.9. em seu estado natural. deixaríamos de ouvir o som porque a vibração de seu alto-falante não se propagaria no vácuo. Produtos destinados a diabéticos e a pessoas que estão se submetendo a dietas alimentares desprovidas de açúcar são adoçados artificialmente. Sua freqüência depende do número de ciclos por segundo — cps — (ou Hertz) e é responsável pela diferença entre um tom grave e um tom agudo. uma nota Dó e uma nota Mi. A sensibilidade às diferentes qualidades gustativas não é a mesma em toda superfície da língua. a sensibilidade ao azedo é maior nas laterais e ao salgado. de uma velocidade comparável à dos modernos aviões a jato. Assim. O emprego indiscriminado de substâncias aromatizantes e “flavorizantes” pode colocar em risco a saude do ser humano. Acrescentam-se a eles substâncias de gosto e odor agradáveis para garantir seu consumo.Células-suporte Para o cérebro Fibras nervosas 18 19 As modernas indústrias de medicamentos e gêneros alimentícios adicionam substâncias químicas aos seus produtos com a finalidade de controlar seu consumo. aproximadamente. por exemplo.) 4 4 Um ciclo . nas bordas. Esta vibração é transferida para as moléculas de ar mais próximas. portanto. e de forma mais rápida na água (fig. Onda sonora . a) O ouvido é composto de três partes: ouvido externo. encontra-se a membrana basilar. maior a probabilidade de que seja percebido como agudo. com suas células ciliadas. Nosso ouvido é constituído por três partes bem distintas: ouvido externo. são percebidos como agudos.13). isto é. Figura 1. por exemplo. por exemplo. que é separado do ouvido médio pelo tímpano. a vibração recebida. como o berimbau e o violão. estendem-se até a membrana tectória. Esta última parte do ouvido contém a côdea. penetram pelo canal auditivo e. Esta passa a vibrar na mesma freqüência que a fonte sonora. Isto significa que tons com esta característica qualitativa podem ser ouvidos em intensidades muito baixas (fig. Após penetrar no ouvido através destas estruturas. Estas. A trompa de Eustáquio liga o ouvido médio à faringe. a rampa timpânica e a rampa vestibular. fronteira entre ouvido médio e ouvido interno. presos entre as duas membranas. Quanto maior a freqüência de um tom. que se estende através de todo canal coclear. As ondas sonoras. Somos mais sensíveis a tons cuja freqüência oscila entre 20 e 20. ou complexas como a maioria dos sons que ouvimos no dia-a-dia. vindas de longe ou de perto. que separa o ouvido médio do ouvido interno.12). b) As células receptoras localizam-se sobre a membrana basilar. atingem a membrana timpânica. finalmente. As vibrações provocadas pela onda sonora sobre o tímpano são transmitidas à cadeia dos três ossículos (martelo. como no caso dos tons puros. ouvido médio e ouvido interno. No ouvido médio. instrumentos musicais (de corda. tem 400 ciclos por segundo. A sensibilidade não é a mesma para todos os animais dotados de audição. Cães e morcegos. acima de 700 cps. encontram nossas orelhas. Por outro lado. como o tambor e a cuíca). no entanto. os tons de 20 ou 20. denominado canal coclear. apóiase na membrana timpânica e transfere para os seguintes.tom puro Onda sonora complexa Figura 1. ou aqueles dotados de membranas. campainhas. . encontra-se um conjunto de três ossos muito pequenos conhecidos como ossículos. a onda sonora choca-se contra a membrana do tímpano. A vibração das estruturas do ouvido. ao longo de toda sua extensão. O primeiro ossículo. O ouvido interno consiste de um canal repleto de líquido e enrolado como um caracol. efetuam a transdução dos estímulos ambientais. 1. que separa esta parte do ouvido médio. que por sua vez as transmitem a outra membrana. As ondas sonoras podem ser simpLes. motores a explosão de veículos (como motocicletas e aviões). cujos cílios. são capazes de ouvir tons para os quais o ser humano é insensível. Esta intensidade mínima necessária para se ouvir um som é denominada de limiar absoluto auditivo. causada pelo som. provoca a flexão. portanto. conhecida como janela oval. Nossa sensibilidade é maior para tons de 2. permitindo assim que a pressão do ar existente nesta parte do ouvido seja igual à pressão do outro lado da membrana timpânica. jatos de ar (como apitos e assobios). desencadeiam a vibração do ar e das estruturas do ouvido os quais terminam por deformar as células receptoras.000 cps deverão ser muito intensos.000 a 3. São medidas em ciclos por segundo (cps ou Hertz). O último ossículo apóia-se sobre uma membrana conhecida como janela oval. tração ou torção produzidas pela vibração do líquido no qual estão mergulhados. Eles respondem à deformação. 1. Trata-se de células ciliadas.000 cps. mergulhados na endolinfa contida no canal. Tons de baixa freqüência. Estas células são os receptores da audição. Diferentes tipos de fontes sonoras. Tons de alta freqüência. Denominamos de subliminares aqueles estímulos cuja intensidade é mais baixa que o limiar absoluto.000 ciclos por segundo.11. uma estrutura tubular dentro da qual se encontram outros tubos como o canal coclear. bigorna e estribo).12. O nosso ouvido não é igualmente sensível a todos os tons. por sua vez. Qualquer tipo de tom dentro da nossa faixa de audibilidade. uma vez que somos pouco sensíveis a eles. transformam a energia mecânica sobre elas exercida em energia eletroquímica. A orelha e o canal auditivo fazem parte do ouvido externo. como graves. 20 21 musicais. O ouvido externo consiste no pavilhão auditivo (orelha) e no canal auditivo. abaixo de 700 cps. Dentro deste canal. denominados bigorna e estribo. Ela é responsável pela transferência da vibração para a região mais interna do ouvido. médio e interno (fig. necessita sempre de um mínimo de energia para que possa ser ouvido. Os cílios encontram-se. chamado martelo. mostrando as conseqüências da poluição sonora para a saúde física e mental. as abelhas. da escuridão e do brilho dos objetos nos é proporcionada por um conjunto de células receptoras que revestem o interior do globo ocular. Apenas as ondas de 450 a 750 nm (namômetros) são captadas e transduzidas pelos fotorreceptores do olho. uma vez que é muito acentuada a sensibilidade a este tipo de freqüência. Além da luz. de ondas muito longas (como.000 Freqüência Figura 1. (Ilustração adaptada de Schmidt.) a Ouvido externo Ouvido médio Ouvido internv 22 23 31. O espectro de radiações eletromagnéticas pode ser dividido em uma região visível e outras não visíveis.0008. sensíveis a uma pequena faixa da energia eletromagnética existente no universo. não são captadas pelo olho.000 Hz). adaptada de Mueller. ver p. entre os animais invertebrados. Este pequeno conjunto de ondas corresponde a aproximadamente 1/100 de toda a energia eletromagnética conhecida. denominadas infravermelho. os fotorreceptores são pouco sensíveis a esta faixa do espectro. simplesmente. A curva do gráfico corresponde ao limiar absoluto da audição e mostra que o ser humano não é igualmente sensível a diferentes tons (freqüências). Esta faixa da energia é denominada espectro visível (fig. mas de calor. dão-nos a sensação de azul. não são percebidas.000 Hz). Tanto ondas eletromagnéticas muito longas (ondas de rádio. Além disso. 1974. 1. dB 100 80 6040 20 o . Trata-se de células nervosas especializadas. a poluição sonora é responsável por distúrbios circulatórios gástricos e perda da audição. da claridade. adaptada de McGuigan. Por exemplo. uma infinidade de espécies que possuem receptores para esta faixa de espectro. Eis aí um dado intrigante: dois estímulos que. O contrário ocorre com tons compreendidos em regiões intermediárias da faixa de audibilidade (4. como ondas muito curtas (raios gama. As ondas mais longas. uma vez que a intensidade mínima necessária para que possam ser ouvidos (limiar) é grande para os tons de freqüência muito baixa (20 Hz) e de freqüência muito alta (16. luz. os raios X. As ondas de 450 nm. da região do ultravioleta. fisicamente. resultando na excitação das células receptoras e dando origem ao impulso nervoso que será enviado ao cérebro. que são ouvidos com pouca intensidade.1. (Ilustração a. surgem pesquisas feitas com seres humanos e animais. ondas de rádio. Elas correspondem a ondas térmicas que estimulam termorreceptores da pele e dão origem à sensação não de uma cor. dificultando a execução de tarefas que exigem concentração. o barulho é cada dia mais intenso. o ultravioleta. por exemplo. e finalmente no ouvido interno propagam-se através de um meio líquido (endolinfa). ou quando a poluição sonora o impede de raciocinar. as formigas e outros insetos. b.5 125 500 2. Ondas mais curtas ainda. Disto pode resultar um elevado grau de ansiedade que dificulta o ajustamento do sujeito ao seu ambiente. radar e infravermelho). temos a sensação de ver o violeta. televisão e infravermelho) e ondas curtas (como. No ser humano. Observe que as vibrações sonoras são transmitidas através de um meio gasoso no ouvido externo (ar). Existe porém. a energia eletromagnética compreen Figur 1. quando captadas pelos receptores do olho. 1980.) Nos grandes centros urbanos. por exemplo. Observe que as freqüências contidas na fala correspondem aos valores aos quais somos mais sensíveis.torção e tração dos cílios. A parte inferior da figura mostra o espectro que é visível como luz de várias cores e corresponde a uma região muito pequena do espectro total ilustrado na parte superior da figura.14) ou. de vermelho. Ondas de 500 nm dão a sensação de verde e de 750 nm. raios X e raios ultravioleta) não são visíveis para o ser humano. 119).13. correspondem a ondas eletromagnéticas muito semelhantes (quanto a intensidade e comprimento de onda) nos proporcionam sensações muito diferentes — um é responsável pela sensação de “vermelho” A sensação das cores. Esporadicamente. a seguir são transferidas para um meio sólido (ossículos) no ouvido médio. uma vez que nossa córnea e nosso cristalino filtram estes comprimentos de onda. A faixa designada “Região da fala” corresponde ao conjunto de freqüências e intensidades das quais a voz humana se compõe. raios gama e raios cósmicos) (lâmina 1.14. Diante de ondas um pouco mais curtas. A saúde mental pode ser afetada quando o indivíduo não consegue dormir o número mínimo de horas necessárias para um repouso adequado. O • cl) Regilo da tala 20 63 1.10.— — — —. Visão MuitoMuito longascurtas Raios x Raios gama 1 Espectrovisível Vermelho Laranja Amarelo Verde Azul Violeta 700 600 575 525 450 400 —4 Comprimentode onda(nm) 24 25 — —.— — — — z z: .co o o 0 o co o. z : : :1-‘E - E E E . trata-se de um órgão bastante complexo. o cristalino e o humor vítreo. no qual não há receptores. responsável pela forma característica do globo ocular. a ser atravessada pela luz. A fóvea também é conhecida como mancha amarela ou mácula lútea.1 i. Alguns são transparentes. A conjuntiva. adjacente à membrana coróide.15.se o conjunto de músculos que formam a íris e a pupila. Nossos olhos são compostos por um conjunto de estruturas destinadas à captura e ao controle da luz que penetra em seu interior. de vivo luzir “Olhos encantados. a região mais delgada da retina. (ão puros. o humor aquoso contido na câmara anterior do globo ocular. olhos cor do mar Estamos nos referindo à fris. que é a estrutura mais externa. algumas das quais são transparentes como a córnea. portanto. tão belos. estruturas responsáveis pela rcomodação do cristalino. Eles se tornam visíveis quando choramos. Para facilitar a compreensão da localização e do funcionamento dessas estruturas. conhecido como ponto cego. por exemplo. uma vez que os fotorreceptores se encontram na última. responsáveis por . Esta é constituída por uma rede de vasos sanguíneos e encontra-se entre a retina e a esclerótica. Há na região posterior do globo ocular um pequeno orifício.15. Córnea e cristalino formam o sistema óptico responsável pela focalização da imagem sobre a fóvea. O cristalino é mantido na sua posição por um conjunto de delicadas fibras que partem de sua borda e se inserem no músculo ciliar. No Brasil. a primeira. o transplante não é realizado com maior freqüência por falta de córneas no banco de olhos. Desprovida de vasos sangü mneos. Encontra-se logo atrás da córnea.000 Hz Ondas de rádio 11 I 1 1 Infra— I 1 vermelho 1 I Ultra— 1 1 I 1 1 Radar 1 1 violeta e outro. o que torna o transplante de córneas uma operação bastante simples e segura. Constitui-se numa lente poderosa. torna-se muito vulnerável às infecções. pela de “calor”. por exemplo. a parte branca e externa do globo ocular. O olho é um órgão muito complexo.000 16. composto de diversos elementos. Deve-se isto ao simples fato de serem captados e transduzidos por receptores pertencentes a sistemas sensoriais muito distintos. responsável pela convergência dos raios luminosos sobre a retina. a luz atinge e atravessa todas as camadas da retina. Como é possível ver. Depois que passou por estes elementos. Há uma pequena região do nosso olho que foi cantada em prosa e verso por poetas de todo o mundo: “Teus olhos (ão negros.) bo ocular. por onde penetram vasos sanguíneos e fibras do nervo óptico.ogo à frente do cristalino encontra. o orifício pelo qual a luz penetra no olho. (Ilustração adaptada de Schmidt. permitindo a passagem da luz — são conhecidos como aparelho dióptrico. são as fibras da zônula. L.doo 1 4. 1980. Por outro lado. Esta região não transparente é ricamente irrigada por vasos sangüíneos. A córnea transparente funde-se com a esclerótica. sugerimos que você consulte a figura 1. é a parte anterior do glo Par o cérebro Figura 1. a ausência de vasos permite a perfeita passagem da luz e diminui o risco da rejeição de enxertos. composto de diversas partes. substância gelatinosa que ocupa toda a câmara posterior. A seguir encontra-se a córnea. Consiste em um conjunto de músculos e células pigmentadas. junto com a córnea. diminuir. A leitura muito freqüente e o trabalho com objetos muito próximos dos olhos pode causar problemas semelhantes em pessoas jovens. a pessoa míope (sem óculos) costuma aproximar os objetos dos olhos (b). que é transmitida às . contraindo-se rapidamente. A seguir. Ele funciona como uma lente elástica que.16. No entanto. A íris tem forma de disco. Quando a luz é muito intensa. Aumenta de diâmetro no escuro. A seguir. ocupado por uma substância transparente e gelatinosa. Este fenômeno é facilmente observável. A acomodação da imagem de objetos a diferentes distâncias é obtida pelas mudanças na espessura do cristalino. O olho míope é alongado. Ela é formada pelo espaço interno do globo ocular. que é muito curto. há um orifício. Preste atenção a um detalhe interessante e muito intrigante: após atravessar todas as estruturas transparentes do olho. que havia aumentado de diâmetro no escuro. Finalmente. o humor vítreo. Ele pode tornar-se achatado (miopia ou hipermetropia) (fig. Para corrigir este problema. conhecido como humor aquoso. amácrinas. O oposto ocorre com o olho hipermetrope. No centro. ela se contrai. Atrás da íris. Finalmente. a esclerótica. 1. Peça para um colega de íris clara olhar para uma parede ou folha de papel branca bem iluminada. Na penumbra. Na figura 1. Atrás da retina. a luz atinge finalmente a retina. constituída de tecido de sustentação. enquanto permanece olhando para o objeto claro. A medida que as pessoas envelhecem. por onde penetra a luz refletida dos objetos do ambiente. A camada de fotorreceptores é formada pelas células nervosas sensíveis à luz.sua coloração característica: azul. Quase toda a superfície interna desta câmara é revestida pela retina. não permitindo que se formem imagens nítidas de objetos distantes sobre a retina (a). na câmara posterior. Atrás do cristalino. que parece uma pequena mancha preta.16) ou apresentar uma córnea cuja curvatura não é perfeitamente esférica (astigmatismo). Miopia e hipermetropia referem-se a deformações do globo ocular. enquanto você observa o tamanho da pupila dele. A imagem dos objetos é focalizada com maior precisão sobre um ponto da retina denominado fóvea. terá que atravessar também todas as camadas da própria retina. Trata-se de uma resposta reflexa dos músculos da íris que evita a entrada de quantidades excessivas de luz no olho. uma vez que os receptores estão localizados na última camada e virados para trás. Esta abertura. é preciso que a pouca luz existente penetre no olho para facilitar a visão. encontra-se uma rede de vasos sangüíneos conhecida como camada coróide. E com esta minúscula região do olho que vemos as cores e os detalhes das coisas que nos cercam. Com o uso de lentes corretivas (óculos). fenômeno denominado de acomodação. não permitindo a formação de imagens nítidas de objetos próximos sobre a retina (d). castanho ou preto. repleta de fluido transparente. Isto é favorecido pelo aumento da pupila. porém.17 você encontrará uma ilustração esquemática da retina. O uso de óculos também é necessário quando ocorrem deformações do globo ocular. cujo diâmetro chega a ter um milímetro de extensão. peça para ele cobrir os olhos abertos com as palmas das mãos por um breve período de tempo e depois retirar rapidamente as mãos. A sua capacidade de acomodação 26 27 fica reduzida (presbiopia). encontra-se o cristalino. na última camada da retina. A reação fotoquímica dos receptores dá origem a uma resposta neural. encontra-se a câmara posterior. Figura 1. o cristalino perde a sua elasticidade. a luz atravessa a camada das células ganglionares. formada pelas células receptoras e outras células nervosas. é responsável pela focalização precisa da imagem sobre a retina. verde. Este se apresenta como uma pequena depressão. é a pupila. A primeira camada corresponde a fibras nervosas que darão origem ao nervo óptico. a camada branca e mais externa do olho. O emprego de lentes corretivas devolve a visão normal (t). Na retina encontram-se diversos tipos de células. Você verá nitidamente a pupila. Entre a córnea e a íris encontra-se a câmara anterior do olho. antes de ser absorvida pelos fotorreceptores. isto pode ser contornado com o emprego de lentes corretivas capazes de restaurar a visão de objetos próximos. passa a ver normalmente (c). Para superar esta dificuldade a pessoa hipermetrope afasta os objetos dos olhos (e). a luz é absorvida pelos fotorreceptores que ali se encontram. chegando a ficar 7 vezes maior. é responsável pela forma característica do globo ocular. por outro lado. bipolares e horizontais. 18 você poderá convencer-se da existência de seu ponto cego e demonstrar a si mesmo que. uma região que não dispõe de receptores. talvez você se surpreenda com o fato de existir um ponto cego na retina. Um exame microscópico da retina mostra dois tipos de receptores: cones (6 milhões) e bastonetes (120 milhões).se do local em que o nervo óptico e os vasos sangüíneos chegam à retina. As células amácrinas e horizontais proporcionam a comunicação entre neurônios de uma mesma camada. dar origem ao impulso nervoso que se propagará para as demais células da retina. que através de sinapses múltiplas entre as células ganglionares permitem uma ampla difusão da informação recebida por cada uma delas. as camadas de células horizontais e amácrinas são responsáveis pela difusão de informação dentro de uma mesma camada. Finalmente.) .17. No seu trajeto para o cérebro. Por Outro lado. A retina é formada de diversas camadas de células nervosas. isto é. Com o auxílio do desenho da figura 1. o nervo óptico. em determinadas circunstâncias. transmitem seus sinais às células ganglionares. E conhecido como papua ou ponto cego. assim. encontram-se as fibras nervosas que formarão o nervo óptico.células bipolares. A seguir encontra-se um conjunto de neurônios. no livro de Schmidt. que levará os impulsos nervosos ao sistema nervoso central. após a sua transdução. transmitindo o impulso nervoso a numerosas células vizinhas. Na realidade.se na periferia da retina e são excelentes detectores de luz graças à rodop Olh miope a Olhohipermetrope b Aproximandose do objeto e c f 28 29 Célula horizontal i— Células bipolares Células ganglionares Fibras nervosas Para o cérebro Figura 1. a atividade da retina é tão complexa que pode ser considerada um “minicérebro” Depois de tomar conhecimento de um conjunto tão complexo e elaborado de estruturas. por sua vez. respectivamente. devido à sua forma aproximadamente cônica e cilíndrica. Na segunda camada. o impulso nervoso é transmitido das células bipolares para as ganglionares e finalmente através do nervo óptico deixa a retina e segue em direção ao cérebro. Trata. uma pequena parte dos estímulos que nos cercam não pode ser vista. cujos axônios se agrupam. as células amácrinas. Entre a camada de células fotorreceptoras e as bipolares há uma camada de células horizontais que é responsável pela difusão da informação entre receptores vizinhos. a luz atinge a última camada de células nervosas. permitindo uma sofisticada elaboração da informação captada pelos receptores. organizam-se as células ganglionares que dão origem a estas fibras nervosas. Os bastonetes localizam. Formam. os fotorreceptores. 1980. A camada das células bipolares é formada de neurônios que recebem a excitação de diversos fotorreceptores e transmitem esta informação para as ganglionares. (Ilustração adaptada de Boycott e Dowling. onde é absorvida pelos cones e bastonetes para. Estas. Na primeira camada a ser atravessada pela luz. e cuja luz foi captada pelos bastonetes da periferia da retina. Como o ser humano possui três tipos de receptores para a visão de cores. do verbo lambáno captador). Muito sensíveis à luz. portanto. Somente muito tempo depois. sobre a região central dos cones da fávea. a princípio você não consegue ver nada além da imagem projetada na tela. Lentamente. dotada exclusivamente de cones. substância fotossensível neles encontrada. aproxime lentamente o livro de seus olhos. Os receptores desta região. principalmente. depois de andar por uma rua ensolarada e entrar em um cinema. Os três tipos de cones diferem quanto ao tipo de substância fotossensível neles contida. com os olhos completamente adaptados ao escuro. o passarinho desaparecerá permanecendo. a comprimentos de onda intermediários. feche seu olho esquerdo e olhe fixamente para o ponto da figura. teremos que movimentar os olhos de tal maneira que sua imagem seja focalizada. você consegue ver com nitidez até mesmo pessoas distantes. seu sistema visual é denominado tricomático. onde a detecção de pequenas modificações no nível de iluminação se torna importante. Passada uma hora. Se quisermos saber a cor ou detalhes de um objeto que surge na periferia do nosso campo visual. que de acordo com o seu funcionamento existem três tipos de fotorreceptores nesta região. lábio. aos comprimentos longos de onda. Sabe-se. no entanto. dando-nos a sensação do verde. Já vimos que nos bastonetes apenas uma substância fotossensível é encontrada (a rodopsina). é possível mostrar que os bastonetes precisam de mais tempo do que os cones para atingir a sua sensibilidade máxima. somente reagem quando a luz é mais intensa (visão fotópica). Quando observados ao microscópio. do verbo lambdno = captador). Isto ocorre porque o ponto cego corresponde a uma pequena área da retina. para grande surpresa sua. A substância química fotossensível que reage a estes comprimentos de ondas foi denominada cianolábio (do grego: ciano azul. o terceiro tipo de cone responde. as grades da gaiola. sobre a qual agora incide a imagem do passarinho. Em condições controladas de laboratório. Você notará que. A seguir. em dado momento. é possível vislumbrar uma poltrona vazia. A substância química nele encontrada foi denominada clorolábio (do grego: cloro verde. proceda da seguinte maneira: segure o livro com o seu braço estirado. e a substância fotossensível nele encontrada foi denominada eritrolábio (do grego: entro = vermelho. Célula amácrina * Incidência da luz 30 31 Finalmente. no entanto.Figura 1. Um tipo de cone capta principalmente a luz de comprimento de onda curta. lábio. anatomicamente parecem semelhantes. A fóvea é a região de maior acuidade visual da retina. sobretudo. com precisão. sina. Mas. do verbo lambdno captador). lábio. é possível ver outros objetos e pessoas a seu redor com maior clareza. O segundo tipo de cone reage. uma vez completamente adaptados ao escuro. que a retina do ser humano é dotada de quatro tipos de receptores: os bastonetes e três tipos de cones. Trata-se portanto de um sistema visual monocromático que não participa da visão de cores. Epitélio pigmentado Bastonete Fotorre Con ceptores retiniano . sua sensibilidade à luz é mais pronunciada que a dos cones.18. Isto quer dizer que . são responsáveis pela visão na penumbra (visão escotópica). no entanto. proporcionando-nos a sensação do azul. que não é percebido. Você certamente se recorda de ocasiões em que. Conclui-se. Para você se convencer de que existe um ponto cego na retina do olho direito. ocasião em que estímulos de pouquíssima intensidade podem ser vistos. No cérebro. a seleção e interpretação dos dados sensoriais. por exemplo. 1. diante de uma mesma situação de estímulos. chegou à conclusão de que “nós não vemos as coisas como elas são. A linha contínua (a) corresponde ao curso da adaptação ao escuro. a curva de dois “degraus” corresponde à adaptação ao escuro de uma região mediana da retina. A interação dos diversos tipos de receptores A descrição das diversas modalidades sensoriais vista nas páginas anteriores deixa claro que os mecanismos de captação de energia do ambiente e a fisiologia da transdução são os mesmos em todos os seres humanos. 1 O 5 10 15 20 25 30min Períodode adaptaçãoao escuro Figura 1. numa região nas vizinhanças da fóvea de um indivíduo possuidor de visão normal. bem como de nossas atitudes. Eles transformam diferentes tipos de energia (mecânica. vivem ajustadas em seu ambiente.os bastonetes reagirão diante de estímulos luminosos bem mais fracos (de menor intensidade).19 encontram-se os resultados obtidos em uma situação experimental deste tipo. mostrando que a adaptação ao escuro inicial do olho humano é devida ao aumento de sensibilidade dos cones. Isto. o que ocorre durante os primeiros 7 ou 8 minutos no escuro.19. A linha tracejada superior foi obtida projetando-se um feixe de luz sobre a fóvea. era totalmente cega a cores (visão monocromática). Verificase que a curva é composta por duas partes bem distintas.. desprovida de cones. Curvas de adaptação ao escuro. A curva pontilhada (b) corresponde à adaptação ao escuro da fóvea. E graças à integração de todas as informações provenientes de um dado estímulo que pessoas portadoras de deficiências sensoriais. O filósofo Immanuel 654321— 0co > co 5) 5) 0 co 0 c 5) c 32 33 Kant. pensando neste assunto. constituído tanto de nossos semelhantes quanto de objetos inanimados. . é fornecido por nossos órgãos dos sentidos.) em energia eletroquímica. que chega ao nosso cérebro na forma de impulsos nervosos. completamente cega a cores. em que são encontrados tanto cones como bastonentes. serão integradas as informações provenientes dos diversos órgãos sensoriais. Ela dependerá também de nossa experiência passada. Isto é.. térmica. demonstrando que a sensibilidade máxima do olho humano só é atingida após 25 ou 30 minutos de adaptação ao escuro. Na realidade. Estes resultados mostram que os dois tipos de receptores se comportam de forma bem distinta no escuro. eletromagnética etc. foi obtido o traço contínuo. portanto. daltonismo ou surdez. Verifica-se que esta curva corresponde perfeitamente à segunda parte da primeira curva (a). E a linha tracejada inferior foi obtida projetando-se um feixe de luz sobre os bastonetes de uma pessoa que não possuía cones. Esta sensibilidade acentuada é devida à adaptação dos bastonetes e ocorre muito tempo depois da adaptação inicial dos cones. O que difere de uma pessoa para outra. Como se pode verificar. A linha tracejada (c) foi obtida com uma pessoa cuja retina era dotada apenas de bastonetes. este consiste em dois “degraus”: o superior corresponde à adaptação ao escuro dos cones e o inferior à dos bastonetes. porém. Ou seja. onde são encontrados tanto cones quanto bastonetes. como. não basta para nossa percepção do ambiente. (Ilustração adaptada de Schmidt. Foram reunidas medidas obtidas em três situações distintas: projetando-se um diminuto feixe de luz numa região do olho dotada tanto de cones como de bastonetes. porém como nós somos”. Todo conhecimento que temos de nosso próprio corpo e do ambiente. é a percepção. de nosso estado emocional e motivacional. 1980). Na figura 1. preconceitos e de nossas expectativas a respeito do futuro.11. Verifica-se que a curva corresponde perfeitamente ao primeiro degrau da curva anterior. região em que existem apenas cones. que tamanho ela precisa ter? Se o filme estiver embaçado. Para o observador. em termos do referencial dos estímulos físicos. uma vez que em nosso comportamento habitual nos deparamos. Não é assim. Porém. temperatura e outras características. forma. os métodos psicofísicos desenvolvidos por ele são ainda amplamente utilizados. Precisa. portanto. Como o próprio nome sugere. em sua busca da relação entre o valor do estímulo físico e a sensação. Estas podem ser distinguidas apenas artificialmente. Em segundo lugar. uma questão de detecção. as escalas físicas utilizadas para medir os estímulos são. com quatro questões. como a Sociologia ou a Fisiologia. um estudioso de Medicina. os métodos psicofísicos foram desenvolvidos para uma disciplina chamada Psicofísica. para que provoquem sensações diferentes? A menor diferença entre os valores físicos de dois . como o brilho de uma luz expressa em lumens ou o volume de um som expresso em decibéis relativos à sensibilidade auditiva humana. o brilho de uma lâmpada pode ser expresso em watts ou candeias ou Lamberts. a ponto de o observador se dar conta disto: o mesmo observador olha o comprimento de uma escada deitada no chão e a altura do telhado. preocupar-se com as medidas e a quantificação de seus resultados. a Psicofísica procura relacionar funcionalmente os estímulos ou eventos físicos e as sensações ou perceptos. cujos cones estão desfalcados de uma das substâncias fotorreceptoras. Mas há algumas notáveis exceções. Se houvesse uma relação simples e constante entre os valores físicos de um estímulo e as sensações provocadas. Evidentemente. geralmente estudadas sob a denominação de métodos psicofi’sicos. até certo ponto arbitrárias. defronta-se. por exemplo. quanto dois estímulos precisam diferir entre si. o limiar absoluto apresenta. de forma acurada. com os quatro aspectos e os solucionamos de uma forma conjunta. Sua primeira preocupação em Psicologia Experimental foi medir as sensações (os perceptos). também o campo da percepção tem suas técnicas especiais de medida. tem a nítida sensação de que a distância é a mesma. em sua maioria. constantemente. raramente terá transtornos maiores. Para que um médico possa detectar uma mancha na radiografia dos pulmões de seu paciente. De maneira ampla. Na verdade. A maioria das escalas utilizadas para medir um estímulo físico é independente do observador humano. Mas ao encostar a escada à parede percebe que faltam alguns centímetros. portanto. mostrar dificuldades para discriminar dois objetos pela cor. Isto pode ser facilmente intuído: em pri35 meiro lugar. é este o objetivo da disciplina Percepção. transcendem o campo da Percepção (e da Psicologia Experimental) inicialmente procurado: também são empregados em pesquisas de outras ciências. Ela poderá perceber o espaço através da informação fornecida por outras modalidades sensoriais como. será ainda mais difícil detectar a mancha: haverá elementos perturbadores. mas não há mais uma sensação correspondente. a sensação não corresponde sempre ao estímulo físico de uma forma simples. ou seja. 34 2 Psicofísica Medidas em percepção A Percepção é uma disciplina da Psicologia com ênfase muito grande em investigações científicas e em experimentos de laboratório e pesquisas de campo. Em geral. Física e Filosofia. tamanho. De maneira mais abrangente. Originou-se com Gustav Fechner (1801-1887). a Psicofísica busca a relação funcional entre as sensações provocadas por estímulos de diferentes magnitudes ou valores. a audição e o tato. Mesmo que a Filosofia e a teoria psicológica que fundamentaram os estudos de Fechner hoje somente possuam valor histórico. toda disciplina desenvolve técnicas específicas e especializadas para lidar com seus problemas particulares de medida. Podemos medir uma distância em centímetros ou polegadas ou anos-luz. aspereza. e assim por diante. Inicialmente. o relógio não deixa de fazer tique-taque quando o afastamos do ouvido: o estímulo físico continua presente. uma vez que os objetos também diferem quanto ao brilho.Uma pessoa daltônica. basicamente. de alguma forma. O mesmo ocorre com uma pessoa parcial ou totalmente cega. A primeira questão é: qual é a energia mínima (ou grandeza) que um estímulo deve ter para provocar em nós uma sensação (ser percebido)? Isto é normalmente considerado como um problema de sensibilidade absoluta. A segunda questão diz respeito à sensibilidade diferencial. A Psicofísica. a questão não apresentaria maiores problemas. Assim. ocasionalmente. e o valor físico desta magnitude de estímulo é chamado de limiar absoluto. poderá. estímulos, que provocam sensações diferentes e que, portanto, podem ser discriminados, é chamada de limiar diferencial. Por exemplo, o médico tem diante de si a radiografia dos pulmões. Ambos os pulmões estão com uma mancha. Quanto uma mancha tem de ser maior que a outra para o médico decidir qual dos dois pulmões está mais afetado? Para o observador, trata-se de uma tarefa de discriminação. Ele precisa distinguir, isto é, discriminar, vários estímulos que variam entre si quanto a um mesmo aspecto físico. A terceira questão refere-se ao que representa, para o observador, uma tarefa de reconhecimento. O estímulo, depois de detectado, precisa ser reconhecido ou identificado. O médico detectou uma mancha na radiografia. Agora precisa identificar a mancha. Trata-se de um tumor, uma infec ção corpo estranho? O reconhecimento implica a comparação do estímulo detectado com outros perfeitamente definidos. Estes podem estar presentes (o médico pega um manual e compara os vários tipos de manchas). Mas, na maioria das vezes, o observador faz o reconhecimento em função de imagens que possui na memória. Quando reconhecemos que a pessoa que se aproxima é nosso irmão ou que a fruta sobre a mesa é uma maçã, valemo-nos de imagens de nossa memória. Por fim, a quarta questão nos transforma num instrumento de medida. Agora queremos, a partir da magnitude de nossa sensação, chegar ao valor físico de estímulo. A tarefa com a qual o observador se defronta é a da construção de uma escala. O médico que encontrou uma mancha nos raios X e a reconheceu como sendo um tumor, vai avaliar a profundidade deste baseando-se na densidade da mancha (que ele pode medir). Constantemente, estamos nos valendo de escalas de sensação. Por exemplo, quando estimamos a distância até uma árvore ou o tempo que passou desde que o filme começou. Estas quatro tarefas perceptivas, detecção, discriminação, reconhecimento e formação de escalas, são os temas principais da Psico física. Relacionam sensações com valores físicos do estímulo. Para o estudo científico destas tarefas, foram desenvolvidos os métodos de medição — métodos psicofísicos — que são utilizados na quantificação na maioria dos estudos de percepção. 2.1. Detecção O problema básico de qualquer sistema sensorial é detectar a presença de alterações de energia no ambiente, ou seja, a presença de estímulos, sejam estes olfativos, gustativos, visuais, auditivos etc. Para que ocorra a detecção da energia por algum de nossos sistemas sensoriais, é preciso haver um mínimo de energia presente, que corresponde ao limiar absoluto. O conceito de limiar absoluto foi introduzido, em Psicologia, por Johann Herbart, em 1824, ao escrever a respeito de limiar de consciência. Ou seja, uma “idéia” somente se tornaria consciente para o observador se tivesse uma certa “força”, do contrário permaneceria no inconsciente. Gustav Fechner retomou este conceito e o aplicou diretamente ao conceito de sensação, tal como é empregado ainda hoje. Portanto, um estímulo de energia inferior ao limiar absoluto nunca é percebido. E acima do valor de limiar sempre seria percebido. Observa-se, no entanto, que o valor do limiar não pode ser fixado tão precisamente. E impossível estabelecer um limite exato entre estímulos supra e subliminares. Valores de estímulo próximos ao limiar absoluto ora são percebidos ora não, o que implica dizer que o limiar absoluto flutua em torno de um valor, o que pode tanto ser devido a flutuações intrínsecas do limiar decorrentes de modificações na sensibilidade, como a lapsos de atenção por parte do sujeito que se sub- 36 37 mete ao experimento, fadiga e outras variações de cunho psicológico ou fisiológico. Devido a esta flutuação do valor de limiar, foi necessário para sua determinação desenvolver métodos específicos que envolvessem um critério estatístico. Os principais métodos psicofisicos são: método dos limites e método dos estímulos constantes. 2.1.1. Método dos limites A forma mais intuitiva para a determinação de um limiar absoluto seria apresentar a um sujeito, sob condições bem controladas, um valor de estímulo imperceptível (subliminar) e aumentá-lo, gradativamente, até que fosse percebido. O valor de transição seria o limiar absoluto. Pelo método dos limites, o limiar é determinado exatamente assim. Mas, devido à flutuação do limiar, não é suficiente se fazer apenas uma determinação, mas várias, obtendo-se, finalmente, a média de todas as determinações. Ainda como um controle adicional, também seriam apresentadas séries de estímulos iniciadas com valores bem acima do limiar e diminuídos gradativamente, até que o sujeito deixasse de perceber o estímulo. Como o valor do estímulo diminui nestas apresentações, elas são chamadas de séries descendentes. As primeiras são chamadas de séries ascendentes. Costuma-se alternar os dois tipos de séries, procurando apresentar pelo menos umas dez séries ao todo. Esta alternação de séries visa compensar os erros de habituação de série que podem ocorrer na determinação de um limiar pelo método dos limites. Há dois tipos de erros de habituação: 1) erro de antecipação, quando o sujeito sente uma pressão psicológica muito grande para inverter seu julgamento, pelo simples fato de já ter emitido um mesmo julgamento repetidas vezes (por exemplo, o sujeito não percebe o estímulo numa série ascendente — pois está subliminar —, então, sabendo que a intensidade do estímulo está aumentando gradativamente, acredita que já deve ter chegado o momento de perceber o estímulo e, por isto, inverte seu julgamento; o inverso ocorreria numa série descendente). 2) Erros de persistência: o sujeito mantém o julgamento anterior por muito tempo, e só quando o estímulo, numa série ascendente, já está bem perceptível, se dá conta de que já o percebe; ou, numa série descendente, que deixou de percebê-lo. O fato de o sujeito apresentar erros de antecipação ou persistência tem relação com sua personalidade, o que pode ser controlado em parte pelas instruções fornecidas pelo experimentador. A alternância de séries ascendentes e descendentes compensa os dois erros, uma vez que o sujeito apresente sempre um só tipo de erro. Na figura 2.1 estão apresentados os dados de um experimento de determinação de um limiar auditivo, com os respectivos cálculos estatísticos e a maneira prática de dispor a folha de registro para um experimento deste tipo. Sériesde apresentação Figura 2.1. Folha de registro, com dados, para a determinação de um limiar auditivo pelo método por limites. Como valores de estímulos a serem apresentados, foram escolhidos 10 valores, de modo que se tivesse certeza de que a menor intensidade (10 dB) nunca poderia ser ouvida, e a maior intensidade (100 dB), sempre. Desta forma, o limiar auditivo absoluto necessariamente cai entre estes valores. As séries de apresentação dos estímulos são alternadamente ascendentes e descendentes. As setas indicam a direção de apresentação dos estímulos. Dez séries correspondem a um número mínimo de séries, sendo que 10 a 12 valores discretos de estímulos devem ser utilizados. As séries de apresentação são interrompidas na primeira inversão de julgamento. Assim, numa série ascendente, os primeiros julgamentos serão “não ouço” (—), até atingir-se um valor no qual o sujeito dirá “ouço” (+). Neste momento, a série de apresentação pode ser interrompida, para se passar à próxima série. As séries não devem ser iniciadas todas nos mesmos valores, para evitar que o sujeito simplesmente inverta seu julgamento após um número fixo de apresentações. O limite de série corresponde ao ponto médio numa inversão. O limiar é calculado pela média aritmética dos limites de série. Pode-se, a fim de analisar o padrão de respostas do sujeito, obter separada- mente o limiar para as séries ascendentes e descendentes, ou para a primeira e segunda parte do experimento. A vantagem deste método está em sua simplicidade. Talvez o maior inconveniente do método dos limites, tal como foi apresentado aqui, seja o fato de que inúmeros estímulos apresentados na verdade não entram no cálculo do limiar, prolongando desnecessariamente um experimento. Por esse motivo, Cornsweet (1962) criou uma variante do método dos limites, denominada método da escada dupla. Neste mé Valore do estimulo(intensidadesonoraem dB) limites de série (45+55+65+55+55+65+45+45+65+55) Limiar = = = n 10 Limiar= = 55 dB lo 38 39 lo 20 30 40 50 60 70 80 90 100 - - - - - - - - - - - - - - - - - + - - - - ÷ - + - - + - i- + + - + + + + + + + + + + + + + + + + + + + Limitesda série (dB) 45 55 65 55 55 65 45 45 65 55 todo, também se utiliza uma série ascendente e uma descendente, alternadamente. Mas, de cada série, é apresentado um só valor de estímulo, alterando-se a direção da série após cada mudança de julgamento do sujeito (mudança de “perceber” para “não-perceber” ou vice-versa). O limiar é calculado simplesmente pela média aritmética de todos os valores apresentados após a primeira inversão de cada série. A figura 2.2 mostra um exemplo de aplicação deste método simples e rápido para a determinação de limiares. • 70÷70+80+60+70+80+60+90+70+80÷80+90÷70÷8O+80+90+70+80+60÷70 Limiar = 1.500 Limiar = 75 dB 20 Figura 2.2. Folha de registro com dados, para a determinação de um limiar absoluto pelo método da “escada dupla”. Este método, derivado do método dos estímulos constantes, também se vale de duas séries (a e b) em alternação simples (pode ser também alternação aleatória). De cada série é apresentado um só valor. Se a resposta a uma apresentação numa série a for “não”, a próxima apresentação para esta mesma série a será de um valor imediatamente maior (mais intenso). Por outro lado, se a resposta for “sim”, a próxima apresentação será de um valor imediatamente menor. Esta é a única regra que governa os valores apresentados. E preciso lembrar ainda que as duas séries, a e b, são totalmente independentes durante a apresentação. De forma análoga no método dos limites, deve-se partir de 10-12 valores de estímulos, O número de séries deverá ser acima de 30. O limiar é calculado pela média aritmética de todos os valores apresentados, sem levar em conta se são de séries a ou b, ou se tiveram resposta “sim” ou “não”, após o primeiro “contato” das duas séries. A vantagem deste método está no número bem menor de apresentações do estímulo para determinação do limiar. 2.1.2. Método dos estímulos constantes Consiste no segundo método clássico, ainda desenvolvido por Fechner. Neste método, apresentam-se, repetidas vezes, valores de estímulos muito próximos ao suposto limiar (que deve ser estimado previamente por algumas séries do método dos limites). Em geral, escolhem-se por volta de 10 valores próximos ao limiar. Num experimento ideal, os valores de menor magnitude serão subliminares (nunca serão percebidos no experimento) e os de maior magnitude serão supraliminares (e serão percebidos em cada tentativa em que forem apresentados). Cada valor de estímulo deve ser apresentado o maior número de vezes possível (nunca menos de 10), de maneira aleatória. Determina-se, então, a freqüência de percepção para cada valor. O limiar absoluto corresponderá ao valor de estímulo que foi percebido 50% das vezes. Este valor pode ser estimado estatistícamente ou determinado de forma gráfica, como mostra a figura 2.3, na qual se apresenta a determinação de um limiar pelo método dos estímulos constantes. O limiar determinado pelo método dos estímulos constantes seria muito preciso se a resposta do sujeito dependesse unicamente do valor de estímulo apresentado. Mas isto, infelizmente, não ocorre. Há outros fatores que influenciam a resposta do sujeito e nada têm a ver com a intensidade do estímulo. O que mostra que um limiar absoluto não é tão “absoluto” assim: é sempre “relativo” às outras condições que atuam sobre a resposta do sujeito. Os outros fatores que influenciam a resposta do sujeito, e, portanto, indiretamente, o limiar medido, são estudados pelo que se convencionou de teoria de detecção de sinais. O primeiro fator que influencia as respostas do sujeito é a sua motivação em dizer sim (percebo o estímulo) ou não (não percebo o estímulo). Num experimento de detecção, o sujeito, sabendo que o estímulo às vezes sub e às vezes supraliminar é apresentado em cada tentativa, pode dizer sempre “sim”, simplesmente por se sentir motivado, apresentando um limiar muito baixo e, assim, gabando-se de uma “supervisão” ou “superaudição”. E claro que o experimentador perceberia imediatamente a artimanha do sujeito e o repreenderia por sua falta de colaboração com o experimento. Uma maneira de “pegar” o sujeito mais facilmente nesse comportamento pouco simpático, é introduzir tentativas-armadilha, nas quais nenhum estímulo é apresentado. Se o sujeito disser um “sim” numa tentativaarmadilha, estará desmascarado, e o experimentador poderá “puni-lo” para extinguir este comportamento, pois, sem a punição, o sujeito poderá continuar neste padrão de respostas. Por outro lado, se o experimentador resolver punir somente as respostas “sim” às tentativas-armadilha, o sujeito poderá passar a responder sempre “não”, só para esquivar-se de todas as punições. Assim, novamente, o limiar medido não corresponderá ao real. O que o experimentador precisa fazer é punir as respostas “sim” em tentaSéries para o sujeito estudado. 60. pode. até que cada um dos valores tivesse sido apresentado por 10 vezes. 90) foram apresentados ao sujeito numa seqüência aleatória. Em cada tentativa o sujeito deve dizer se o sinal foi apresentado ou não. O limiar corresponde ao valor de intensidade que é percebido em 50% (metade) das apresentações. Há dois resultados desejáveis . a fim de que pudesse ser determinado o limiar absoluto. através de uma matriz de pagamento que pune e reforça diferencialmente os resultados. Portanto. pois em determinadas situações os acertos podem ser muito importantes. a) Tabela de dados obtidos num experimento de determinação de limiar absoluto de intensidade luminosa. a e Figura 2.valores após cruzamento = Limiar = Cruzamento das duas séries 40 41 Intensidadeluminosa(unidadesarbitrárias) b 100 90 80 70 60 E a a o o.3. ao todo foram apresentados 90 estímulos. A intensidade luminosa está expressa em unidades arbitrárias. Em seguida. 80. Ou.4. a a a ‘o c a a a a . do ambiente externo ou do próprio sujeito com suas expectativas. então. 30. 20. 40. bastando lembrar que corresponde à determinação da mediana. Para cada valor de intensidade luminosa foi então determinada a proporção (porcentagem) de respostas “sim. sendo que previamente foi determinado “a grosso modo” (fazendo-se algumas séries pelo método dos limites) que o limiar absoluto realmente se situa. Observe e avalie se cada resultado tem seu valor intrínseco. determinado graficamente. A ausência de sinal é chamada de ruído. traçando-se uma linha na altura de 50% de respostas “sim” até a interpolatriz e verificando-se a que valor de intensidade corresponde. vejo a luz”.e dois resultados indesejáveis . obtém-se o limiar absoluto. 70. Além dos valores intrínsecos que os diferentes resultados possuem. Este valor.a omissão e o alarme falso. Resultados possíveis num experimento no qual o sujeito se depara com duas situações: presença de um sinal (s) ou ausência deste sinal (ruído-n). a a Não Figura 2. e as rejeições corretas-menos importantes. uma vez que sempre ocorre alguma estimulação ou ruído de fundo que pode provir da aparelhagem que produz o sinal. b) Os resultados do protocolo a foram apresentados graficamente. pode também ser determinado matematicamente. os resultados são indesejáveis se possuem valores diferentes. 50. As respostas do sujeito vão depender da matriz de pagamento. A curva contínua corresponde a uma ogiva interpolada “a olho” (naturalmente também é possível fazer-se uma determinação matemática utilizandose o método dos quadrados mínimos para determinação da interpolatriz). entre as intensidades 10 e 90. Portanto.o acerto e a rejeição correta . os 9 valores de intensidade (10. ou vice-versa. Sim a a a o o.se criar valores artificialmente. como na figura 2. Precisamos recompensar o acerto e a rejeição correta. Na vida real. quatro situações possíveis. Por exemplo. pois. E preciso também estabelecer uma matriz de pagamento. as inúmeras “detecções” são controladas por matrizes de pagamento inconscientes. ao todo. é dada por outras motivações. o custo da omissão de um médico em detectar câncer numa radiografia é muito alto. E bastante óbvio como a ma 40 30 20 10 Limiar 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Estimulação Sinal lsl Ruídoln) 42 43 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1 n n n s 5 n s s s 2 n n s n s s s s s 3 n n n s n s s n s 4 n s n s n ri n s s 5 n n n ri s n s s s 6 ri n s n n n s s s 7 ri n n n s s s s s 8 n ri n n s s ri s s . na maioria das vezes. pois. se o ponto luminoso observado na tela do radar não for um avião inimigo. temos. milhões serão gastos no disparo de foguetes. a matriz de pagamento é representada por fichas. Portanto.a. Por outro lado. pontos ou algo semelhante. o custo de um alarme falso para um operador de radar na fronteira de um país é muito grande. e punir o erro e o alarme falso. em nossa vida diária. dinheiro.4. a a z tivas-armadilha (chamadas de alarmes falsos) e reforçar as respostas “sim” quando efetivamente esteve presente um estímulo (chamadas de acerto). Num experimento de laboratório. pode ocorrer um incidente diplomático ou a destruição de um avião nacional. conquanto o custo de um alarme falso seja relativamente baixo (levaria o paciente a fazer alguns exames a mais). havendo tentativas com e sem estímulo (chamadas de sinal e ruído) e respostas “sim” e “não”. considera-se que a situação normal. a intensidade real do estímulo. Na teoria de detecção. Cada uma das situações provoca com certa probabilidade sensações ao longo do contínuo sensorial. pela intensidade do estímulo. Para tanto. perceptível pelo sujeito entre dois estímulos. e não aquela que nós queremos detectar. A tarefa do sujeito é diferenciar em cada tentativa se se tratou de ruído (n) ou sinal (s). o estímulo. há apenas estimulação aleatória. mais pesados etc. isto é. depois de algum tempo nem vamos olhar mais. obviamente. na maioria das vezes. em uma tentativa. Se num experimento. Na figura e. sem estímulo. Esta tendência é óbvia: se. pois as duas curvas têm uma zona de sobreposição. ao contrário.9 n n n s s s s n s 10 n n ri n n s ri s 5 % Sim O 10 20 40 60 60 80 100 100 Acerto Alarmefalso Omissão Rejeição correta triz de pagamento influencia o limiar de detecção: o sujeito procurará otimizar seu ganho.se um estímulo padrão e vários estímulos de comparação. As estrelas serão o ruído e a luz do avião. Do valor de d’ dependerá a facilidade com a qual o sujeito consegue distinguir o sinal do ruído. ou seja. Alguns estudos mostram que é conveniente eliminar o julgamento de igualdade. isto é. o propósito geral é determinar o limiar diferencial. Imagine que se queira detectar as luzes de um avião num céu estrelado. pela probabilidade de. as tentativas-armadilha são denominadas ruído. ou seja. o sujeito dirá “não” com freqüência cada vez maior. pois a curva de n sobrepõe em grande parte a curva de s. Discriminação A questão colocada pela discriminação é saber quanto dois estímulos devem diferir para que sejam percebidos como diferentes. Na figura 2. utilizam. além. Em b esta zona é grande. E preciso fixar todas as dimensões e variar apenas uma. E preciso definir em que dimensão se dá a diferença. mais brilhantes. e a partir disto conhecer muito sobre o limiar absoluto e o próprio critério de respostas do sujeito. podem ter cores diferentes e brilhos iguais. Nestes experimentos de discriminação. isto é. apesar de terem a mesma cor. apresenta-se um exemplo que elucida um pouco mais a teoria de detecção de sinais aplicada à Psicologia da Percepção. A presença de um estímulo corresponde à situação de sinal (na verdade a soma de ruído + sinal). o que é representado em a.2. onde a mesma sensação poderia ser interpretada tanto como n ou s. o sinal pode ser diferenciado do ruído apenas com grande dificuldade. haver apenas o ruído ou o sinal e. Portanto. pois este é muito susceptível às instruções dadas aos sujeitos. diminuindo desta forma a possibilidade de alarmes falsos. Não é somente a matriz de pagamento que influencia as respostas do sujeito num experimento de detecção. sinal e ruído são muito diferentes. Mas como em todos os casos existe uma zona de sobreposição onde os estímulos podem ser confundidos. Esta diferenciação não é imediata. ausência do estimulo. sempre que ouvimos um som. iguais.). Pelas instruções. E possível relacionar estes três fatores matematicamente entre si. A distância entre as duas curvas é chamada de d’.5. Em teoria de detecção de sinais. for apresentado apenas o ruído. isto é. podem ter brilhos diferentes ou. o sujeito tenderá a dizer sempre “sim” para evitar as omissões. corresponde a uma situação de ruído n (noise em inglês). 2. como é feito nos experimentos de laboratório que estudam problemas de discriminação. se o estímulo quase sempre for apresentado.5. Nas figuras b e c estas zonas estão marcadas. ou menos intensos. também vemos uma luz. do limiar absoluto propriamente dito. O valor de d’ conseqüentemente é grande. Há formulações matemáticas que relacionam os diversos valores da matriz de pagamento para estimar o critério do sujeito. mesmo que não esteja mais. a resposta do sujeito será determinada pela matriz de pagamento. o sujeito pode ser compelido a Figura 2. o sujeito procura estabelecer um critério (B) que fixa um valor de sensação a partir do . adotando um critério de respostas mais ou menos rígido. que são julgados como sendo mais intensos (maiores. isto é. mas também o número de vezes que o estímulo é apresentado em relação às apresentaçõesarmadilha. a mínima diferença. provocam sensações bem distintas. pois iremos supor que a luz está presente. é claro. pois duas luzes. Ao contrário. que o sujeito tem para o estímulo em causa. por exemplo. há um exemplo de determinação de limiar diferencial pelo método dos limites. mostrando uma situação de critério relaxado ( na qual o sujeito julga muitos valores de sensação como provenientes do sinal. “sim. Os pontos onde a probabilidade de resposta “mais intenso” (ou “menos intenso”) é 25% e 75% correspondem a valores que são discriminados com 50% de probabilidade. como pode ser visto na figura 2. em geral. Para a determinação do limiar diferencial podem ser utilizados os mesmos métodos empregados na determinação de um limiar absoluto. o erro constante era chamado de erro de tempo. obrigando o sujeito a optar por “mais” ou “menos” em cada tentativa. dizer “igual” apenas quando tiver certeza de que os dois estímulos são realmente iguais (haverá poucas respostas “igual”). Quando um estímulo de comparação é julgado. conseguimos discriminar um peso de 1. um após o outro. Prefere-se. a valorização de cada tipo de erro (omissão em alarme falso). Os resultados de experimentos com escolha forçada se mostram mais precisos e facilitam o cálculo do limiar diferencial. Na figura 2.000 g de outro de 1. e portanto comete muitos alarmes falsos. Tal- . No entanto. uma de discriminação precária (limiar elevado) e outra de boa discriminação.——-Sim — critério relaxado e = critério estrito 44 45 Séries de apresentação dizer “igual” sempre que não puder definir exatamente se um estímulo é mais intenso que o outro ou não (haverá muitas respostas “igual’ sempre que o sujeito estiver em dúvida). simplesmente. isto é. mas sim. que são discriminados do estímulo padrão em 50% das apresentações.6. ou erro constante depende. o sujeito cometerá muitas omissões. Corresponde ao valor que.8 apresenta duas curvas de discriminação. b Distribuiçãodo ruído a Distribuiçãode 1 b + ruído Contínuosensorial e d Não. como a proporção de situações de sinal/ruído. deixando claro que o limiar diferencial é uma medida de variabilidade. Admitia-se que o erro constante surge porque o estímulo padrão e o estímulo de comparação não eram julgados simultaneamente. Por isto. ou seja. mostrando que a inclinação da curva de discriminação é um indicador do limiar de discriminação. um exemplo de limiar diferencial calculado pelo método dos estímulos constantes. a “imagem mental” do estímulo padrão já se esvaneceu um pouco. o sujeito é capaz de discriminar dois estímulos que distam entre si pelo menos uma DAP. a explicação do esvanecimento da imagem do estímulo padrão se mostrou falsa: o erro de tempo. 50%. Parece óbvio que o valor do limiar diferencial varia em função do estímulo padrão. Vimos que o limiar diferencial é determinado em função de um estímulo padrão. é denominado ponto de igualdade subjetiva (PIS).qual emitirá o julgamento “sim” (isto é. portanto. A figura 2. O ponto onde a probabilidade de julgamento “maior” ou “menor” é igual.000 g de 10. “não percebi o sinal’ trata-se portanto de um ruído). As figuras d e e ilustram isto. então. A diferença entre o ponto de igualdade subjetiva e o estímulo padrão é denominada erro constante. que é mantido constante no decorrer de um experimento. A distância entre estes dois pontos corresponde ao intervalo de incerteza. cuja metade é o limiar diferencial. fazer um experimento de “escolha forçada”. Portanto. percebi o sinal”) e abaixo deste valor emitirá o julgamento “não” (isto é. as instruções que o sujeito recebe e sua própria atitude com o experimento. parece ao sujeito ser igual ao estímulo padrão.100 g (A 1 = 100 g).. e na figura 2. de fatores de configuração do estímulo padrão e de comparação que não são controláveis pelo experimentador.. Onde o sujeito vai posicionar seu critério depende de uma série de fatores.6.100 g (limiar diferencial DAP = A 1 = 100 g).7. Ao contrário. poderá. também denominado diferença apenas perceptível (DAP). numa situação de critério estrito (e). é óbvio que não conseguiremos discriminar 10. Se. subjetivamente. Ou. 5 42. A intensidade luminosa está indicada em unidades arbitrárias. Neste exemplo em particular o EC é extremamente grande.83 Figura 2. então.5 37. que é o valor de estímulo que em média parece para o sujeito ter a mesma intensidade que o Sp. Fechner denominou a relação K = A 1/1 fração ou constante de Weber.000 g (A 1 = 1.0 = 10.5 — 25. Ernst Heinrich Weber (1834) mostrou que havia uma relação constante entre o limiar diferencial (A 1) e o valor de estímulo padrão (ou intensidade do estímulo 1). A média aritmética dos limites de série corresponde agora ao ponto de igualdade subjetiva (PIS). O estímulo padrão (Sp) tem intensidade 25.5 27. ou seja. vez precisemos de 11. O limiar diferencial (LD) corresponde a alguma medida de variabilidade dos limites de série. ou. Para tanto há várias possibilidades.000 g) para notar uma diferença de peso.1 para a determinação de um limiar absoluto. A 1 = KI (K constante de proporcionalidade). mostrando que possivelmente houve um erro entre o Sp e os Sc. Intensidade luminosa (Sc) t Intensidade padrão (Sp)—’-25 m m m m m m m m m m Limites de série 32.0 2 46 47 5 m 1 m m m . O desvio padrão é calculado da maneira habitual.5 — 32. provavelmente decorrente da calibração do aparelho. é preciso diferenciá-los por uma proporção constante.5 37. que o método de comparação deixava os Se parecerem muito mais escuros.lx — x)2 LD desvio padrão dos limites de série = a = ‘4I 1 4. mas as mais comuns são a semi-amplitude de variabilidade e o desvjo padrão dos limites de série.5 37. A semi-amplitude de variabilidade corresponde à metade da diferença entre o maior e o menor valor dos limites de série. ou seja. para discriminar dois estímulos entre si. Ambos os valores estão calculados acima. Em cada apresentação os estímulos de comparação (Sc) são comparados ao Sp e julgados como menos intensos (m) ou mais intensos (M). Determinação do limiar diferencial de intensidade luminosa pelo método dos estímulos constantes.5 32.5 Limiar Diferencial = LD semiamplitude de variabilidade = = 5.5 32.5 42.5 42. o método é igual ao apresentado na figura 2. No demais.6.5 Ponto de Igualdade Subjetiva = limites de séries n 10 Erro Constante = EC = PIS — Sp = 35.5 32. A diferença entre PIS e Sp dá o erro constante (EC). Ela corresponderia a uma função constante. A figura 2.0 1 5 m m m m m 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 m M m m m m M m M m M m M M M M m M m M M M M M M M M M IntensidadeluminosaSp ‘1 a. Já a curva B corresponde aos resultados de um sujeito de ótima capacidade discriminativa. a. Fica evidente que a lei de Weber é válida para uma ampla gama média dos estímulos.8. ‘o a. ai ‘1 a. é de mais de 2 unidades de abscissa. A curva A corresponde aos resultados de um sujeito de pequena capacidade de discriminação uma vez que o LD. Os exemplos mostram claramente que a inclinação das curvas de discriminação indica a sensibilidade do sujeito em diferenciar os estímulos.5 de unidade da abscissa. O LD corresponde a 0. ai z b% 100 80 60 40 20 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Figura 2. Resultados de um experimento de discriminação (limiar diferencial) para unidades arbitrárias de um estímulo. . bem como os dados reais de um experimento. que seria a metade do intervalo de abscissa correspondente a 25¾ e 75¾ de respostas “maior”.9 mostra o gráfico da fração de Weber. Mas há desvios grandes da relação nos extremos da faixa de variação do estímulo padrão. tal como assumida por ele e por Fechner. mas comumente empregadas neste tipo de cálculo. b) Representação gráfica dos resultados. a 5 10 15 20 30 35 40 45 50 2 3 4 5 6 7 8 9 100 90 80 . O estímulo padrão (Sp). 15. ou então o ponto máximo da curva (=).2 70 E 60 a a. 25. tinha uma intensidade igual a 25. O sujeito foi instruído a julgar o estímulo de comparação (Sc) em relação ao Sp. 35. Os cálculos e resultados são semelhantes. quando o padrão se aproxima do limiar absoluto. O limiar diferencial pode ser tomado como o valor no qual o julgamento (=) seja igualmente frequente aos julgamentos (+) e (—). 45 e 50) foi apresentado por 10 vezes. Cada um dos 10 valores de intensidade (5. 10. 2) Se tem intensidade igual a Sp(=). sendo que lhe eram permitidos três julgamentos: 1) Se tem menor intensidade que Sp (—). mas poderiam não ser se os resultados não fossem simétricos. Exemplo dc um e\perirnento no qual foi determinado o limiar diferencial de intensidade luminosa pelo método dos estímulos constantes.14 = 11 ou LD = 36-25 11. o que resulta num EC = O (EC PIS . o LD é determinado em função dos valores da abscissa que correspondem respectivamente a 25% e 75% de respostas (+) ou (—). O PIS pode ser considerado o valor de abscissa no qual as curvas (—) e (+) se cruzam. em relação ao qual foi determinado o limiar diferencial. 30.Sp). ambos os valores são coincidentes e iguais a 25. que aparecem nas três últimas linhas da figura a.Este resultado é esperado. o aparelho sensorial em causa está operando no limite de sua sensibilidade. 50 o • 40 ri A B Intensidadedo estímulo Intensidade 48 49 1 — — = = = = + + + — — = = = = = + + + . No exemplo teremos LD = 25 . Neste caso pode-se tomar a média dos dois LDs calculados. para diferenciar dois estí Figur 2. O experimento também pode ser feito permitindo-se ao sujeito apenas julgamentos (+) e (—). sempre pareado com o Sp (25) em ordem completamente casual. No caso os valores são coincidentes. No caso. Neste caso. a) A intensidade luminosa é indicada em unidades arbitrárias de 5 a 50. A determinação do limiar diferencial (LD). ponto de igualdade subjetiva (PIS) e erro constante (EC) pode ser feita matematicamente ou simplesmente de forma gráfica. Para cada valor de Se calculou-se a porcentagem de cada um dos três tipos de resposta. 40. Estas percentagens são arbitrárias. 20. pois.7. Por isto. e 3) Se tem intensidade maior que Sp (+). 5).10 mostra um exempio com a devida explicação e as decorrêncías de um . vários botões. Em seguida. assumindo. e disto resultará a curva d’ = O da figura. 3) se não sabe.11. mulos. e o sujeito deve pressionar aquele que corresponde a determinado estímulo que. a fração de Weber torna-se muito grande. como na audição). A figura 2. ou dor. 4) se tem alguma certeza que é maior e 5) se tem absoluta certeza que é maior. A curva A (no caso uma reta) representa a fração de Weber ±j ideal. com estes dados traça-se graficamente a relação entre a probabilidade dos alarmes falsos e acertos. trata-se de uma curva de um valor constante para todos os valores de intensidade 1. assim como o limiar absoluto (detecção). 5 níveis de certeza: 1) se ele estiver absolutamente certo que é menor. em copas mais paus e em ouros mais espadas. são apresentados dados de discriminação de comprimento de retas a partir do tempo de reação. o sujeito em cada tentativa deve dizer qual é o estímulo menor ou maior. na outra. foi discriminado de todos os outros. ou seja. Quanto mais o sujeito conseguir discriminar os estímulos. sendo que são necessárias diferenças grandes entre estímulos para que possam ser discriminados. Na região central do contínuo de estimulação a fração de Weber é aproximadamente constante. A discriminação também pode ser encarada do ponto de vista da teoria de detecção de sinais. Na figura 2. Supondo-se que o número de tentativas de sinal e ruído seja idêntico. apresentando-se o estímulo padrão (que corresponde ao ruído n) e o estímulo de comparação (que se diferencia muito pouco do primeiro e corresponde ao sinal s). e que o sujeito não consiga discriminar os estímulos. mostra-se que o tempo de reação diminui quanto mais diferenciáveis forem os estímulos entre si. por exemplo. A situação é idêntica quando o estímulo padrão atinge valores próximos ao limiar terminal (intensidade máxima à qual o aparelho sensorial responde normalmente — com valores maiores de estímulo pode haver lesão dos órgãos sensoriais. Figura 2. O leitor mesmo pode comprovar isto. é preciso uma diferença muito maior que a prevista pela fração de Weber para um sistema sensorial em particular. Em seguida. Cada um destes tipos e respostas corresponde a um critério B (veja fig. 2. por exemplo. Próximo ao limiar terminal (LT) a fração de Weber assume novamente valores maiores. 2) se tem alguma certeza que é menor. como na visão. uma vez em naipes pretos e vermelhos e. tanto maior será o valor de d’ obtido. O limiar diferencial para um contínuo sensorial qualquer pode ser determinado pela utilização de uma técnica da teoria de detecção de sinais. próximos ao limiar absoluto (LA). medindo o tempo que leva para separar um baralho.10. quando há. ao ocorrer. O valor de d’ corresponde ao limiar diferencial. a probabilidade de alarme falso é igual à probabilidade de acertos p (alarme falso) p (acerto).— — = — = + = + + + — = — = = = = = + + — — = = = = + = + + — — — = = = = + + + — — — = = + = + = + — — = = + = = + + + — — = — = = + + + + 10 — — = = — = + = = + — 10 0 9 0 1 0 4 0 6 0 2 0 8 0 1 0 8 0 1 0 O O O O O %= O 8 0 2 0 7 0 3 0 3 0 7 0 2 0 8 0 O %+ O O O O 100 Figura 29. considerando que há tentativas nas quais é apresentado apenas o estímulo padrão (ruído) ou o estímulo de comparação (sinal). tempo de reação de escolha. A curva B representa a curva da fração de Weber usualmente obtida para a maioria dos contínuos físicos (estímulos): para valores de intensidade (1) baixos. Seja qual for o paradigma experimental utilizado. Foi amplamente empregada por Herinann Helmholtz (1850) e por Wundt (1879). saber do que se trata além de simplesmente detectar sua presença. isto é. Há. Intuitivamente. de acordo com o comprimento de duas linhas traçadas nos cartões. Neste experimento os sujeitos tinham que separar cartões em pilhas.25 0. Mediu-se o tempo total que o sujeito levava para fazer a separação de acordo com as diferenças de comprimento. a detecção do estímulo e depois seu reconhecimento. por exemplo. pois o tempo de reação frente a cada cartão é menor. sempre mais longa.0 0.75 Probabilidadede alarmefalsop(sim/n) 1. e 1. Existe uma hierarquia da percepção. realmente. mais rapidamente o sujeito consegue formar as pilhas. por exemplo. identificar estímulos. Um outro modo de estudar a discriminação de estímulos é pelo tempo de reação. de dois processos distintos. o número de diferentes estímulos possíveis determina a dificuldade de reconhecimento.5 0. Uma das linhas sempre media 45 mm. Muitas vezes é preciso. isto é.experimento deste tipo. Esta é uma das formas mais antigas de medição em Psicologia da Percepção.11. muitas vezes. pode-se concluir que o número de alternativas. e ele . Se o sujeito sabe que apenas um tipo de estímulo pode ocorrer. inicialmente.50 B 0. Isto mostra que se trata.--_ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Diferençano comprimento(milímetros) Figura 2. Pode-se diferenciar dois tipos de tempo de reação: tempo de reação simples. olhar por mais algum tempo antes de reconhecer o estímulo detectado. media de 1 a 11 mm a mais. quando há. sendo que mais energia é necessária para que se atinja o estágio do reconhecimento. 2. O tempo total corresponde à soma dos tempos de reação frente a cada um dos cartões.3. O interessante é que. detecta-se sua presença.0 LA LT 1 (intensidadedo estímulopadrão) 50 51 -. Reconhecimento O observador constantemente se depara com a tarefa de reconhecer. um botão que o sujeito deve pressionar sempre que discriminar um estímulo diferente. Fraçãode Weber 0. antes de reconhecer um estímulo.25 A o 0. e a outra.75 E 0 o t e o e 0 0 e e o o. Nitidamente se observa que quanto maior a diferença de comprimento. num experimento. No conjunto de letras A B. Se existirem quatro alternativas. O sujeito sabe que o experimentador pode dizer 8 letras diferentes: A. Ou seja. Portanto. Imaginemos que. a 46 a e. O sujeito. a próxima questão será: E A? Se a resposta tiver sido não. Portanto. ouve um som “. por exemplo. que na realidade é um sistema da mensuração. existe transmissão de alguma informação. Se existem apenas duas alternativas. os psicólogos da percepção tomaram emprestada a teoria da informação desenvolvida por Shannon e Weaver (1940) e por Wiener (1948). necessárias para especificar completamente determinado estímulo no conj unto das alternativas. quantificar a informação contida num estímulo e também a quantidade de informação transmitida ao sujeito (ou recebida). Com quatro alternativas há dois bits de informação. Por isto. . Existe transmissão perfeita quando. a a 42 e e. mas que extraiu do estímulo aquela porção de energia (ou informação) a mais que é necessária para passar da simples detecção ao reconhecimento. pode-se ter quase certeza de que o sujeito não adivinhou. cada letra contém apenas pouca informação. F. saberá imediatamente que se trata daquele único estímulo que pode ocorrer. Nenhuma informação é transmitida quando as respostas do sujeito são totalmente aleatórias. Se existem 100 alternativas. e se a resposta for “não”. é preciso levar em consideração que existem 26 letras diferentes. B. o número de questões que podem ser respondidas apenas por sim ou não. exatamente o número de alternativas.. Conclui que a letra dita pelo experimentador foi 8 ou C ou D ou E. duas perguntas serão necessárias para identificar uma das alternativas: E A ou B em. No caso de todo o alfabeto. pois. ao observador em sua totalidade. e que não chega. No primeiro caso. Havendo um número de acertos (reconhecimentos) maior que o esperado pelo acaso. por exemplo. necessariamente. a possibilidade de acertar ao acaso se reduz para 1/100. o observador nem sempre pode receber toda a informação transmitida ou contida num estímulo.). cada estímulo possui dentro de si uma certa quantidade de informação que o diferencia de outros estímulos. o estímulo sendo mais intenso etc. portanto. de C. 40 E 52 53 ternativas: 1og22 1. reduzindo as alternativas de 8 para 4.eeeeeeee. isto é.se do estímulo A. mas numa intensidade quase inaudível. o sujeito deva identificar letras ditadas pelo experimentador. Para lidar com este aspecto do reconhecimento. que pode ser estimada a partir da proporção de acertos. como já foi apontado acima. em cada tentativa. se. C ou D. oposição a C ou D? Se a resposta for “sim”. serão reconhecidos mais prontamente desde que mantidos constantes todos os outros parâmetros. o limiar de reconhecimento de algarismos será mais baixo. de uma letra. log4 2 etc. o sujeito reconhece o estímulo. Portanto. E. num experimento a respeito de percepção auditiva. Uma vez conhecida a maneira de medir a informação contida num estímulo. ‘. foi recebido apenas um bit de informação e restam ainda 2 bits a serem transmitidos.observa (detecta) algo. se forem algarismos. se quiser determinar o limiar para o reconhecimento. E preciso. A. Cada estímulo contém. pergunta-se qual a informação recebida quando o observador percebe o estímulo. em 11 alternativas. cada estímulo possui 3. A quantidade de informação pode ser também um número fracionário. ou seja. uma só questão basta: E A? Se a resposta for “sim”. Este sistema pode ser aplicado à percepção na medida em que perceber é extrair informação dos estímulos. Já dentro do alfabeto completo. Cada questão define um “bit” de informação (bit = binary digit). pois são apenas duas alternativas. No entanto. se existem duas alternativas. de D e de todas as outras letras. H. . A e B. a próxima questão será: E C? Cada questão sempre deverá ser formulada de modo a eliminar exatamente a metade das alternativas. cada letra contará muito mais informação. C. 3 bits de informação (log2 8 3). isto é. há 50% de probabilidade de acertar ao acaso qual estímulo foi detectado. a letra A precisa ser diferenciada apenas da letra B. obviamente será o estímulo B.. G. com duas alternativas temos um bit de informação.46 bits de informação. B. . Mas. o reconhecimento é fácil. quanto mais informação o observador obtiver do estímulo (observando por mais tempo ou com maior atenção. para esta quantificação. trata. maior número de detalhes será apreendido por ele. são apenas 10. A teoria da informação utiliza um sistema binário para medir a quantidade de informação. Se o estímulo for corretamente reconhecido. numa tentativa. no entanto. D. Portanto. A quantidade de informação em bits corresponde ao logaritmo de base 2 (log2n) do número de al a e 52 g’ 50 a o 48 ia o. a letra A precisa ser diferenciada de B. A teoria da informação utiliza. 2.12.1 fornece uma relação de sensações e valores de n correspondentes. com aproximadamente 7 estímulos diferentes. como foi explicado na figura 2. ou seja. Por fim.4. partindo da lei de Weber ( 1/1 K) e dos três pressupostos citados. As pesquisas mostram que. que diferentes DAPs correspondem a uma mesma sensação e que as DAPs podem ser somadas para formarem uma escala. A diferença entre a escala de Fechner e a escala de Stevens pode ser definida no seguinte sentido: a primeira diz que a razões (proporções) iguais de estímulos correspondem djferenças iguais de sensações. desde o limiar absoluto até o limiar terminal. n = 1 ou n > 1. E facilmente demonstrável que uma escala assim construída (o que é bastante trabalhoso) corresponde a uma função logarítmica do tipo R = K log S. Neste caso. Uma escala de sensação deveria ser independente da situação. o limite de canal para cada dimensão combina-se com as outras dimensões.Verificou-se. som. de forma bastante prática.9). Um experimento mostrou que para estímulos variando em forma. A combinação resulta num valor um pouco inferior à soma simples da capacidade de canal. podem lidar. S o estímulo julgado. que observadores humanos conseguem receber apenas 2. Além disto. A idéia de Fechner era determinar o limiar diferencial para cada valor do estímulo. através de sucessivos limiares diferenciais ou diferenças apenas perceptíveis (DAP). A figura 2. Stevens mostra que. Uma delas baseia-se na afirmação de Gustavo Fechner (1860) de que não é possível medir uma sensação diretamente. As escalas assim construídas não são susceptíveis às criticas feitas às de Fechner. ou pelo método do fracionamento ou da mul 20 0 a •0 . cor e posição espacial há uma transmissão de 17 bits.). Em contraposição. do número de dimensões envolvidas e. S o valor do estímulo e K uma constante de proporcionalidade.0 bits de informação. A medida de quantidade é apenas o aspecto mais simples da teoria de informação. e assim por diante — veja fig.13 mostra que a forma da função R = KS pode variar bastante. cobrindo toda a gama de variação do estímulo à qual o aparelho sensorial em causa é sensível. onde R é a sensação. mas da sensação provocada pelo estímulo no sujeito. cor. onde R é a sensação. Formação de escalas Por fim. em especial pelos valores particulares de estímulo utilizados dentro da gama de variação. simultaneamente (brilho e cor e tamanho e forma etc. realmente foi encontrada uma função logarítmica esperada pela lei de WeberFechner (R = K log S). Na prática. de características próprias do sujeito. mas que assume valores diversos para cada dimensão sensorial. pois o julgamento não será do estímulo propriamente dito. ele enfrenta o problema de formação de escalas de sensação. O interessante é que esta função pode ser deduzida matematicamente. a função logarítmica deste tipo prevê sensações negativas (seriam sensações subliminares?. 2. 2. obtêm-se funções do tipo R KS. discriminá-lo de outros e reconhecê-lo. e constitui uma das poucas deduções matemáticas encontradas em Psicologia (veja fig. o que corresponde a 131.9). 2. Em primeiro lugar. Mas algumas críticas podem ser feitas a esta formulação. que constituem seu limiar de reconhecimento específico. baseando-se unicamente no princípio de que estímulos que parecem iguais devem receber números iguais. nestes casos. fazendo-se um julgamento direto de magnitude (pede-se ao sujeito que dê medidas em números aos diferentes estímulos.3 a 3. Ele está interessado em fazer também um julgamento de magnitude ou intensidade do estímulo. por ser intrínseca ao observador. para cada dimensão em separado. Estes variavam num determinado contínuo. deve receber um número (magnitude) que 54 55 seja o dobro. simultaneamente. O importante é compreender que o reconhecimento de um estímulo depende do número de alternativas existentes. forma etc. Stevens (1951) mostrou que é possível ao observador construir escalas diretamente a partir de julgamentos de magnitude. isto é. pois as sensações parecem ser contínuas. Outros conceitos desta teoria também se aplicam. mas apenas de forma indireta. por fim. Há duas maneiras de abordar a formação de escalas sensoriais. Isto ocorre porque os objetos variam em mais de uma dimensão. o observador não está apenas interessado em detectar o estímulo. podem-se obter escalas de razão (como também são chamadas as escalas de Stevens) pela estimação direta de magnitude. a segunda afirma que a razões iguais de estímulos correspondem iguais razões de sensação. as escalas construídas sob os pressupostos desta teoria são influenciáveis pelas condições do experimento. Esta é a capacidade de canal do observador. com ou sem unidades. S. K uma constante de proporcionalidade e n um expoente constante para uma determinada dimensão sensorial. Em muitos experimentos de determinação de escalas sensoriais. A tabela 2. No entanto. numa única dimensão verificando-se que a capacidade de canal era aproximadamente a mesma para brilho. Foi determinada em experimentos nos quais o sujeito tinha de diferenciar um certo número de estímulos entre si. Uma escala de sensação assim construída incorpora três pressupostos básicos: que a DAP é a unidade de sensação. todos sabem que qualquer observador pode diferenciar em sua vida normal mais do que 7 estímulos entre si. conforme n < 1.072 alternativas. por exemplo. as DAPs não são verdadeiras unidades de sensação. ao problema da percepção. o que parece ser o dobro do outro.12). veja fig. da capacidade de canal. S. 11 16 Magnitudefísica (II cm b 18 20 18 14 12 .75 1 1. / 14 / / / / / / / / / / / S = 0. 12 e.416 e E a a E a uJ 10 / 10 . 3 b a b n=1 c n< 1 Figura 2. Figura 2. para o julgamento de magnitude de choques elétricos. na curva C. no qual o sujeito deveria julgar o comprimento de 6 linhas (1). Em a apresenta-se uma tabela dos resultados de um experimento. S. de modo que as curvas de potência da forma S = Kl geram retas para qualquer valor de n. A diferença de comprimento entre elas era de 2 cm. o valor de n na função de S. S Kl1.6 20. O sujeito julgou os comprimentos diretamente em centímetros.11. para o julgamento de compilmentos de linhas.8 14.0 16. Stevens (S = KIfl) é próximo à unidade. Observe que agora ambas as escalas (escala física de magnitude dos estímulos e escala das magnitudes julgadas) estão expressas em unidades logarítmicas. para o julgamento de comprimento de linhas.13.75 1. a) Representação gráfica das 3 formas muito diferentes que a função de potência de Stevens. o que ocorre para o julgamento de brilho.9 Magnitudedo estímulo(1) a . Na figura b encontra-se a representação gráfica destes dados. encontra-se o que ocorre.2 18.7 11. por exemplo. pode assumir para diferentes contínuos físicos e diferentes valores de n. A linha mais curta tinha 10 cm e a mais longa 20 cm. sendo que cada linha foi julgada dez vezes. Na curva B. Na curva A. A linha tracejada corresponde à curva (função de potência) interpolada aos dados pelo método dos quadrados mínimos. s 10 12 14 16 18 20 9.3 (brilho). por exemplo.0 a c a E a a e E a ul ti) o a a E a a E a a .6 (choque elétrico) e 0. encontra-se o que ocorre. n = 1. Os resultados que aparecem na tabela são as médias dos 10 julgamentos (S).12. n < 1. b) Apresentação gráfica da função de Stevens para quatro contínuos físicos diferentes que geram valores de n entre 3. n > 1. A expressão numérica correspondente é S = 0. mostrando que. 14. Outra variação interessante na consrrução de escalas de Stevens é não utilizar julgamentos em números. 80 70 60 50 40 30 tiplicação. 1/4 etc. O procedimento era o seguinte: o experimentador aplicava um dos pesos sobre a palma da mão do sujeito e lhe pedia para traçar uma linha correspondente de qualquer comprimento. a linha também deveria ter apenas 1/3 do comprimento.3 0. seguindo a regra de que ao dobro da pressão a linha deveria ter o dobro de comprimento. x4 etc.1. aplicava-lhe um segundo peso sobre a palma da mão. pois tanto a estimação de pressão como de comprimento de linhas resulta em funções de Stevens com o expoente n próximo da unidade. Como foi explicada no texto.14 mostra um exemplo de um experimento deste tipo. diferentes intensidades de luz. respectivamente. 20 10 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Pressão(g*) 58 59 Brilho Gosto para sal (NaC1) 0. Em seguida.) ou. x3.) de um estímulo padrão. e o sujeito traçava uma outra linha correspondente ao peso. E E o E a. O gráfico mostra os resultados de um experimento no qual o sujeito devia estimar a pressão exercida por um peso sobre sua palma da mão através do comprimento de linhas traçadas numa folha de papel. Os resultados do gráfico mostram que a curva correspondente é quase linear. nas quais a curvatura (n) corresponde à relação das curvaturas (n1/n2) de cada uma das dimensões dos estímulos (som e luz). se a sensação de pressão fosse apenas 1/3 da pressão da primeira aplicação do peso. A figura 2. Assim. a diferentes intensidades de um som.Log magnitudedo estímulo(Iog 1) 56 57 Tabela 2.4 . o sujeito pode ser instruído a fazer corresponder. 1/3. a múltiplos (x2. a estimativa da magnitude entre modalidades sensoriais distintas resulta num coeficiente que corresponde à relação entre os coeficientes das duas modalidades sensoriais. mas sim sob forma de outras estimações de magnitude. O interessante é que se obtêm novas escalas de razão. E o Figura 2. no qual o sujeito é convidado a escolher ou formar estímulos que correspondem a uma fração (1/2. Expoente da função de Stevens para diferentes Contínuos sensoriais. 5 3 Atenção Todos sabem o que vem a ser “prestar atenção”. Não é possível prestar atenção a um grande número de estímulos ao mesmo tempo. Ao receber esta ordem. em geral não o fazemos. . Ele começa a acompanhar mentalmente a letra. o caso do estudante que está lendo um livro e liga o rádio. é esta “atenção”. ou percebê-lo. ele está lendo o texto e compreendendo o que lê. com a difusão do “behaviorismo’ a atenção deixou de ter a antiga importância. Os estímulos que o estudante percebe continuam sendo os mesmos: de um lado. Mas.5 0.4 1.3 1. podendo ser inferida do comportamento global apresentado pelo animal. do outro. Vejamos. Por isto. o que. exatamente. Com isto talvez deixe de perceber alguns outros estímulos presentes (aos quais não estará “prestando atenção”). Mas. o interlocutor saberá o que deve fazer para “prestar atenção” e também que perceberá melhor os estímulos aos quais estiver “prestando atenção”. simplesmente.6 0.3 1. atenção não é um comportamento. como a capacidade de responder a um estímulo. Mas a atenção não pode ser definida. continua lendo. na mudança do século. que parece atuar tão diretamente sobre nossa capacidade de perceber? Nos primórdios da Psicologia científica. Se um animal respondeu a um estímulo. o rádio toca uma música da qual gosta muito. A despeito disto. por exemplo. Quando estamos lendo. afinal. a música. micialmente. Segundo os behavioristas. as palavras do texto.0 1.0 1. conclui-se que esteve atento a ele.8 0.6 1. De repente.5 3. os manuais de Psicologia sempre traziam capítulos dedicados ao estudo da atenção.9 1.7 2.Cheiro para café Volume sonoro Gosto para açúcar (sacarina) Vibração (60 Hz) Comprimento linear Temperatura (frio) Abertura entre dedos Gosto para açúcar (sucrose) Peso Temperatura (calor) Saturação da cor vermelha Choque elétrico (corrente contínua) Choque elétrico (corrente alternada) 0. Mas algo mudou completamente: o texto lido deixou de ser compreendido. pois sua atenção se deslocou do texto para a música. Atenção seletiva Como já foi dito no item anterior. Observa-se. No entanto. um pouco antes do estímulo visual que deve detectar. Os experimentos clássicos de atenção seletiva visual são feitos instruindo sujeitos para procurarem determinadas letras em listas extensas.f. é difícil prestar atenção a um grande número de estímulos simultaneamente. Outros estudos mostram que a vigilância muda com o estado de excitação do sujeito. Em geral.1. através do posicionamento de nossos olhos.2. e nada sobre as outras letras existentes (às quais não prestou Figura 3. Com níveis de excitação ainda maiores. sem desviar seu olhar do X. estabilizando-se logo em seguida num valor ligeiramente inferior. les estímulos visuais focalizados na região central de nossas retinas. a fóvea. seu desempenho será significativamente melhor. conforme é esquematizado na figura 3. Você notará que esta tarefa se torna mais difícil à medida que os agrupamentos de pontos estão mais à esquerda. o desempenho decresce. em laboratório. na maioria das vezes. Empenhado na tarefa de contar os pontos. Vigilância Chamamos de vigilância ao estado de atenção mantida. é muito difícil prestar atenção a estímulos que se encontram na periferia de nosso campo visual.1. seu cérebro sinalizará que os agrupamentos de pontos são o foco de atenção e fará com que seu olho se volte diretamente para eles. Os experimentos clássicos utilizam o “teste do relógio de Mackworth”.2. onde mencionamos que há um limite na quantidade de informação que pode ser processada ao mesmo tempo pelo nosso cérebro. Olhe para a figura 3. onde o sujeito observa o movimento do ponteiro de um relógio que avança aos saltos. ocorre um salto duplo ao qual o sujeito deve responder apertando uma tecla. Isto demonstra que a atenção é máxima dado um certo grau de excitação do organismo. quando estão envolvidos vários estímulos e respostas diferentes. a queda de desempenho não ocorre após ter sido atingido um desempenho máximo. Apesar disto. que estipula que o desempenho tem uma relação de Uinvertido com o nível de excitação do sujeito. dando ao sujeito a tarefa de detectar um sinal que ocorre de tempos em tempos. mas também leva a uma reorientação de toda a cabeça ou corpo. Mantendo o olho direito coberto. Numa tarefa destas fica comprovado que a atenção é seletiva. este resultado não pode ser generalizado para todas as tarefas que envolvem vigilância. a informação auditiva do rádio deve ser. b. O desempenho numa tarefa perceptiva aumenta com o nível de excitação geral até atingir um máximo. de modo que qualquer falha de reconhecimento é uma questão de “atenção” e não de “detecção”. basicamente. como neste exemplo. 3. isto é. mas. Observa-se que. pelo fato de o sujeito saber relatar unicamente as letras que foi instruído a procurar. A tendência de voltar o olho para aquilo a que se deseja prestar atenção corresponde ao reflexo de orientação visual. será difícil manter seu olhar fixo no X. a. Os saltos são iguais. fixe o X e tente contar o número de pontos existentes em cada um dos agrupamentos à esquerda. o peso do relógio de pul so nosso próprio peso sobre a cadeira e a mordida do mosquito.. o que corresponde ao limite do canal de transmissão de informação. pois o seu olho escapará repetida e involuntariamente para a esquerda. costuma-se estudar a vigilância. fixe o X com o olho esquerdo e procure discriminar o número de pontos em cada uma das distâncias. Além disso. as crianças que gritam na rua. prestamos atenção àque 60 61 Nivel de excitação Figura 3. Na visão. 3. Experimentalmente. quer pelo direcionamento direto de nossos olhos. O desempenho atingirá o máximo se o estímulo de “aviso” ou de excitação for apresentado entre 200 a 500 m antes do estímulo a ser detectado. não é uma tarefa fácil! . mantendo o olho direito tapado com a mão direita. após aproximadamente 20 minutos. podemos. Na verdade. de tempos em tempos.2.. por exemplo. quer pela orientação de nosso corpo ou cabeça. escolher prontamente a que nós queremos prestar atenção. nas quais as letras aparecem em ordem casual. Esta relação é conhecida como Lei de Yerkes-Dodson. mais rapidamente é atingido o máximo. Isto nos faz voltar ao que foi dito no capítulo 1. Quanto mais simples é a tarefa. então. um sinal acústico. cobrindo todo o conjunto de letras apresentadas. A isto chamamos de atenção seletiva. Este fato levou à formulação da lei de Yerkes-Dodson. no máximo. a seleção se dá..o estímulo principal deve ser a informação visual. Ele não se limita ao movimento do olho. a velocidade com que a tarefa é executada pode aumentar de 6 a 10 vezes. como o avião que passa. Pois. o movimento de rastreio dos olhos. e menor será o nível de desempenho médio estabilizado que ocorre em seguida. o desempenho do sujeito passa por um máximo. Com treino.1. Se o sujeito ouve. Este estímulo é muito óbvio. Sem dúvida. um “fundo musical”. atenção). assinalando-as numa folha de respostas. os sujeitos não marcam mais que 3 ou 4 letras com acerto. Parece. O interessante é que. controlada. A limitação é. mas sim o processo de memória (os processos de “ar o c e o. As outras letras parecem ao sujeito apenas uma espécie de fundo desfocalizado. Desfocalizado não visualmente. o sujeito terá percebido praticamente o conjunto total de letras. neste caso. aliás fundamental. •••• •••• ••• ••• • •• •• •• • • x . Em geral. que num experimento destes a gama de apreensão dos sujeitos não ultrapassa 4 letras. pode-se fazer o seguinte: após apresentar. por 50 m. os sujeitos continuam acertando quase sempre três ou quatro letras. mas cerebralmente. antes de ouvir o som indicativo. Outros pesquisadores. Como o sujeito. tudo indica que ele viu (percebeu) três ou quatro letras de cada fileira. o sujeito é convidado a reconhecer letras apresentadâs taquistoscopicamente. o sujeito deve relatar a primeira. estímulos visuais por frações de segundos. faz-se soar um som. pois. Conforme seu tom mais agudo ou mais grave.mente. não só da atenção (apreensão dos estímulos). não sabe qual fileira deverá relatar em seguida. mas também da capacidade de relembrálos logo em seguida. E e e e •••• •••. segunda ou terceira fileira de letras. Para responder a esta questão. um conjunto de 12 letras. para estudar a seletividade da atenção. Nestes estudos. aparelho que permite apresentar. Estes dados experimentais não nos permitem saber se é a atenção do sujeito que é limitada à percepção de 4 letras ou se a capacidade de sua memória é que não lhe permite lembrar-se de maior quantidade. portanto. independentemente de quantas foram apresentadas (3 a 12 letras). Este tipo de resultado experimental parece sugerir que a percepção em si não é seletiva. dispostas em três fileiras de quatro letras. Isto é. empregaram um taquistoscópio. os dois olhos funcionam conjunta. é possível fazer com que os dois olhos funcionem individualmente. seu sistema visual não está programado para analisá-la. em animais. Também podem ter conteúdos distintos. esta é uma situação completamente artificial (receber imagens diversas nos dois olhos). o sistema perceptivo processa sempre toda a informação.f e d c b a. significados diferentes. alturas ou timbres. esta situação não é relevante para a sobrevivência da espécie humana.3. o que constitui uma tarefa bem mais simples para o sujeito. do que se toda ela fosse apresentada a um só. Certamente. mas sim a alternância entre os dois padrões. localizações diversas e.mente e a integração de suas imagens proporciona a percepção em terceira dimensão. Estas situações são conhecidas como situações de rivalidade binocular. alternadamente. alternadamente.3. Segundo esta visão. Por isso. Isto ocorre graças a um processo de inibição de um ouvido sobre o outro. para se certificar das diferenças nas imagens. Uma série de experimentos empregando estimulação dicótica mostrou ser mais difícil prestar atenção a uma seqüência de estímulos apresentada. Deste modo. Provavelmente você não verá uma imagem fundida formada pela sobreposição das linhas horizontais e verticais. a cada um dos ouvidos. Já na audição. cores diferentes ou padrões de listras horizontais e verticais. o que constitui um reflexo. Uma função primordial do sistema auditivo é separar a informação que atinge os dois ouvidos. na visão a atenção a um estímulo é geralmente indicada pela direção do olhar. de cada uma das imagens. Se forem estímulos visuais. a dois ou mais estímulos. Apresenta-se a cada olho uma imagem completamente diferente. em detrimento de outros estímulos. Este é o conhecido fenômeno da “reunião social” (cocktail-party problem). para daí extrair informação de profundidade. prestar atenção a estímulos visuais que distam muito entre si. também existe divisão da atenção entre estímulos de modalidades diferentes. O observador é quase sempre incapaz de dizer qual olho está recebendo a imagem (se forem imagens diferentes). Fica difícil. Numa reunião 64 65 . Pelo menos para o ser humano. então. a situação é totalmente outra: apesar de igual integração entre os estímulos recebidos em cada um dos ouvidos. na visão. isto é. isto é. como. Para poder dividir a atenção entre os estímulos. Quanto maior a diferença. poderá concentrar-se. como. Estímulos auditivos podem originar-se de lugares diferentes. Assim. Em situações específicas de laboratório. 3. mais fácil será dividir a atenção entre eles. Mas nem toda informação pode ser “arquivada” no cérebro. numa situação de estimulação dicótica. A função biológica desta nossa capacidade de prestar atenção à informação proveniente de um só ouvido é exatamente proporcionar-nos a opção de prestar atenção a estímulos provenientes de uma fonte localizada. como as aves. Conseqüentemente. por exemplo. por exemplo. é preciso que estes tenham algo que os diferencie. A alternação é automática e prosseguirá enquanto o observador olhar para as imagens.3. A não ser que feche alternadamente um dos olhos. postos frontalmente como nos seres humanos. ter diferentes intensidades. poderão ter brilho e cores diferentes. Tente sobrepor as duas partes da figura forçando seus olhos. o que é mais importante e freqüente. 62 63 quivar” o percebido no cérebro ou de chamar o percebido de volta). seu sistema visual está programado para extrair informações desta situação. de laboratório. o observador tomará consciência. O interessante é que. Atenção dividida Atenção dividida refere-se a certas situações nas quais o observador presta atenção. portanto. estímulos diferentes em cada ouvido. Isto faz com que o estímulo a que se presta atenção caia sobre a fóvea dos dois olhos. simultaneamente. Naturalmente. isto é. Como o sistema visual não conseguirá integrar as duas imagens diferentes. fica impossível ao observador relembrar todos os estímulos percebidos. essa integração é importante para indicar a direção da origem do estímulo acústico. atuar muito mais sobre a memorização do que sobre a percepção. A instrução de “prestar atenção” parece. cujos olhos não estão dis Figur 3. Isto ocorre pelo fato de os dois padrões serem incompatíveis para uma fusão binocular. Como já foi dito. No entanto. auditivos e visuais. semelhantes àqueles ilustrados na figura 3. Além disso. conteúdos. processo que é hoje amplamente conhecido. prestar atenção à estimulação recebida em cada ouvido separadamente. o sujeito saberá relatar a informação fornecida a cada ouvido separadamente. a percepção de imagens completamente diversas é constante. for dito o nome do participante ou alguma outra palavra “especial” (o nome de uma pessoa que ele conheça e na qual esteja especialmente interessado. ao mesmo tempo. Iniciaremos o estudo com a percepção de brilho ou luminosidade porque. podemos destacar: o timbre (se é uma voz feminina ou masculina) e o conteúdo (acompanhamos o conteúdo lógico do que está sendo dito). Mas. Este é o fator principal. por exemplo. O curioso é que. a menos que tenha um conteúdo especial (“interessante”). A intensidade da . Alguns autores mais cautelosos. aparentemente. a fim de alertar o leitor para a existência de ambos na literatura especializada. por exemplo. podemos afirmar que a percepção de brilho ou luminosidade refere-se à nossa capacidade de perceber a luz (daí a preferência pelo termo “luminosidade”) que emana ou se reflete dos objetos de nosso ambiente. nem toda informação das conversas paralelas é perdida: se. 66 4 Percepção de brilho ou luminosidade Neste capítulo e nos seguintes estudaremos as principais capacidades perceptivas do ser humano. todos os sons vêm aproximadamente do mesmo lugar. Textos mais recentes empregam o termo percepção de luminosidade. percepção de brilho e percepção de luminosidade. e por isto pode ser considerada mais simples. velas. como seu tamanho ou sua forma. alguma informação das outras conversas é captada. isto se torna mais evidente ainda num toca. um “palavrão” ou então um termo de seu esporte preferido). pode alterar seu foco de atenção. mas não levada à consciência. ele toma consciência disto. precisa “desligar-se” dos inúmeros ruídos “normais” de uma floresta. inclusive gritando ou falando muito mais próximas de nós. depende em menor grau de aprendizagem e maturação do que a percepção visual de outras características dos objetos. Como estes objetos fornecem luz. localizá-los espacialmente e acompanhar cada um destes ruídos. Todo este sistema de atenção parece ter um significado muito grande para a sobrevivência. perde quase toda informação das conversas paralelas. Outros. Portanto. De todos os experimentos que utilizam a situação da “reunião social”. Numa orquestra.social. são denominados fontes luminosas e podem ser de dois tipos: fontes emissoras e fontes refletoras. Como o presente texto tem por objetivo uma introdução ao estudo da percepção. apesar de inúmeras outras falarem ao mesmo tempo. também influenciam nosso comportamento de prestar atenção a estes estímulos. seu tamanho e a distância ou profundidade a que se encontram. somente ao som do piano ou da guitarra elétrica. destacando-se entre elas a nossa capacidade de perceber o brilho e as cores dos objetos que nos cercam. podemos estar atentos à conversa de uma pessoa. bem como a capacidade de perceber a sua forma e o movimento. é conveniente que se mantenham os dois termos. porém. Ao mesmo tempo. preferem manter os dois termos. vaga-lumes e o Sol. um animal selvagem na floresta. no entanto. Dentre eles. emitem luz própria. da luz que incide sobre eles. repentinamente. fica claro que o participante consegue prestar atenção a uma “conversa” definida. onde os estímulos tiveram origem. podemos prestar atenção unicamente ao piano ou à guitarra. O fato de o timbre influenciar a focalização da nossa atenção auditiva é claramente demonstrado quando ouvimos uma orquestra ou uma banda de “rock”: podemos prestar atenção. As fontes refletoras são todos os objetos capazes de refletir parte. à escuta: ele precisa ter a capacidade de dirigir sua atenção auditiva aos ruídos do predador que se aproxima. De uma forma muito simplificada e resumida. As fontes emissoras. Mesmo assim. como lâmpadas. Eventualmente. que agora deverá tornar-se o centro da sua atenção. apesar da diversa localização da fonte. guiados pelo seu timbre. apesar da execução dos instrumentos de corda ou da marcação da bateria. Podemos também alterar nosso foco de atenção quantas vezes quisermos. outro ruído “especial” denote a presença de outro predador. Consideramos. refletindo este período de transição na nomenclatura. ao passo que nos mais antigos emprega-se apenas o termo percepção de brilho. ou a totalidade.discos: todos os sons saem de um único alto-falante. repentinamente. A não ser que. como aqueles provocados pelo vento nos galhos das árvores ou pelas águas do riacho. Deixe a lente escura diante do olho e afaste a mão (fig. permanecerá inalterada. 4. dos nossos calçados. 4. Fontes emissoras como o Sol. A proporção de luz incidente que é refletida é sempre a mesma.se a intensidade da luz refletida por este objeto (R) pela intensidade da luz que sobre ele inside (1). Sua intensidade é medida em termos de luminância. que é. isto é. a página parecerá bem mais clara. enquanto que no caso de fontes refletoras falamos de medidas de luminância (fig. A maioria dos experimentos feitos para estudar a percepção de brilho ou luminosidade ou a constância de brilho ou luminosidade (esta e outras constâncias serão estudadas no capítulo 8) obedece a um esquema básico que consiste em apresentar ao sujeito um estímulo visual padrão de um determinado tom de cinza. No período de 24 horas. No entanto. convém lembrar que a luz solar é 800. pois o seu albedo permanecerá constante.1). Este é o conhecido Paradoxo de Fechner e nos alerta para o fato de que a relação entre a intensidade da luz que atinge nossos olhos e a percepção de luminosidade ou brilho não é tão simples como a princípio poderia nos parecer. ao passo que uma superfície preta reflete apenas cinco por cento desta luz. 67 Figura 4.2 c). das folhas dos coqueiros e da pele. e este índice de reflexão é denominado albedo. isto é. o que mostra claramente que nós reagimos à proporção e não à quantidade de luz refletida que atinge nossos olhos. Para estudar esta relação. óculos escuros. não importa se caminhamos numa praia ensolarada. como permanecerão constantes os albedos da areia da praia. 4. ou do seu brilho. Você notará que a página ficou mais escura. Sua intensidade é medida em termos de iluminância. isto é.2 a e b).2 e) e você perceberá uma coisa surpreendente: apesar da diminuição na intensidade de luz que chega a seus olhos. cobrindo novamente um dos olhos (fig. por exemplo. 4. realmente aumentou a intensidade de luz que penetrava em seus olhos. Cabe dizer que o sapato preto reflete mais luz de dia que o tênis branco de noite (isto é. nossa percepção da sua luminosidade.2 d). O albedo (A) de um objeto pode ser calculado facilmente dividindo. as condições de iluminação do ambiente variam consideravelmente. geralmente são necessários experimentos que permitam um controle rigoroso de todas as variáveis que participam desta capacidade perceptual. Para avaliar melhor a magnitude da diferença de iluminação existente durante o passeio ao sol e o passeio ao luar. Fontes refletoras são todas as superfícies capazes de refletir total Ou parcialmente a luz que sobre elas incide. Cada objeto tem seu albedo característico. Agora recoloque a lente no lugar em que estava. Isto é óbvio porque. Isto é. A seguir. da proporção de luz refletida pelo objeto. Esta depende tanto da intensidade da luz incidente quanto da proporção de luz que é refletida pelo objeto. lâmpadas. tire rapidamente a lente escura da frente do olho coberto e note que a página ficou muito mais clara. quando você retirou a lente que filtrava uma parte desta luz. de uma medida que nos informa a respeito da proporção de luz incidente que a superfície de um objeto é capaz de refletir.000 vezes mais intensa que a luz da lua cheia. deterFonte emissora / . respectivamente. Vejamos se você concorda. cubra completamente o olho diante do qual se encontra a lente escura (fig. em segundo lugar. A luminância de um objeto depende de duas variáveis: em primeiro lugar da intensidade da luz incidente e. com uma de suas mãos. você percebe um aumento de brilho ou luminosidade. que filtre uma parte da luz ambiental. Em seguida.luz de fontes emissoras é medida em termos de iluminância. à sombra dos coqueirais ou sob o luar. portanto.1. portanto. Existem dois tipos de fontes luminosas: fontes emissoras e fontes refletoras. Albedo (do latim albus. como. aplicando a fórmula A = R/I.2 O a página do livro parecerá mais escura apesar do aumento na quantidade total de luz que penetra em seus olhos. uma propriedade deste objeto. que quer dizer alvo ou branco) é um termo freqüentemente empregado pelos astrônomos para designar o poder de reflexão de planetas e satélites. Trata-se. a variação da luz incidente não dificultará a percepção da luminosidade. Tente fazer a seguinte experiência: procure um material transparente. Dissemos no princípio do capítulo que a percepção de luminosidade ou brilho pode ser considerada simples. Uma superfície muito branca é capaz de refletir 80 por cento da luz que incide sobre ela. ou brilho. fogo e vaga-lumes emitem sua própria luz. o meu tênis branco e o seu sapato preto sempre serão percebidos como branco e preto. isto é. como porém o albedo de todos os objetos permanece o mesmo. tem iluminância maior). 4. 4. Cubra um de seus olhos com a lente dos óculos escuros e continue a leitura desta página com os dois olhos bem abertos (fig. aumentou sua luminosidade (fig. O fundo desempenha o importante papel de referência. Nesta situação experimental. Apesar da menor quantidade de luz que chega a seus olhos (um está coberto). você verificará que esta página do livro parecerá mais escura apesar do aumento na quantidade total de luz que penetra seus olhos. passando por todos os tons de cinza intermediários da escala acromática. Cubra um olho com a lente de uns óculos escuros (b) e continue a leitura da página com os dois olhos abertos. No nosso ambiente normal.1 foram resumidos os principais conceitos mencionados até o presente momento. Principais conceitos empregados no estudo da percepção de luminosidade (ou brilho). seu albedo. Retirando a sua (f) mão. Um levantamento criterioso dos principais experimentos realizados com o objetivo de verificar a influência da aprendizagem sobre a percepção de luminosidade mostra que. e pedir que o compare com um conjunto de outros estímulos visuais de comparação. a mesma iluminação que atinge o objeto também incide sobre o ambiente no qual este objeto se encontra inserido. Deixe os óculos onde estão. pois todos os sujeitos encontram pouca dificuldade para localizar.]. que obriga o sujeito a olhar para os estímulos através de um minúsculo orifício por onde podia avistar apenas os estímulos (fig. e isto foi demonstrado em experimentos nos quais os sujeitos eram convidados a comparar o estímulo padrão com os diversos estímulos de comparação sem que pudessem ver o fundo. o sujeito é confundido pelas diferentes quantidades de energia luminosa refletidas das duas superfícies. Agora retire os óculos (e) e continue a leitura. No entanto. Antes porém de analisar alguns trabalhos experimentais. o julgamento das pessoas foi feito levando em consideração a quantidade de luz refletida dos estímulos e não seu albedo. o ambiente no qual os estímulos se encontravam. Diante destes resultados experimentais surge a pergunta a respeito do papel da aprendizagem nesta capacidade perceptiva. aquele que é igual ao estímulo padrão. Na tabela 4. Isto foi possível. Cubra novamente um olho com a lente dos óculos (d) e você verificará que novamente a página parece mais escura. que pouco -‘ / / /\\ . Vejamos agora como se procede para executar um experimento cujo principal objetivo é estudar a percepção de luminosidade ou brilho.3). pois ele faz seus julgamentos supondo que todos os estímulos recebem a mesma quantidade de luz. façamos uma rápida recapitulação do que foi visto até agora. aparentemente. Mudanças na percepção de brilho. Quando a tela era retirada. que podem variar desde o branco até o preto. Trata-se de uma tarefa relativamente simples quando a iluminação é a mesma para os dois tipos de estímulos visuais. colocando entre o sujeito e a situação de estímulos um anteparo. minada luminosidade. Olhe para a página deste livro (a). dentre os estímulos de comparação. e a seguir. isto é. a página parecerá mais clara. Você notará que a página parece mais escura. quando é modificada a iluminação de apenas um dos estímulos visuais. 4. isto é. a percepção de brilho era novamente quase perfeita.2./ Fonte refletora 68 69 Figura 4. ou tela de redução. você notará que a página parece mais clara ou mais brilhante. o sujeito pode extrair informações adicionais sobre o objeto. Da comparação entre a quantidade de luz refletida de cada objeto (“figura”) e aquela refletida pelo ambiente (“fundo”) no qual se encontram. com auxílio da sua mão. Tabela 4. trata-se de uma capacidade perceptiva inata. cubra completamente o olho diante do qual se encontram os óculos escuros (e). De um ponto de vista ontogenético. de tal forma que nenhuma outra parte do ambiente. depende da aprendizagem para ser aprimorada. Refere-se á percepção que se tem do estímulo. Propriedade da superfície do estímulo (razão entre luz refletida e incidente) Refere-se à luz emitida. por exemplo. na qual a aprendizagem desempenha um papel importantíssimo como veremos nos capítulos seguintes. feitos com crianças de diferentes idades e adultos. TR: tela de redução.3.adores preferem empregar um disco giratório que pode ser submetido a altas rotações e assim proporcionar um estímulo visualmente homogêneo. verifica-se que a percepção de luminosidade em crianças é muito semelhante à dos adultos. pintainhos e macacos mostraram que a percepção de luminosidade nestes animais. animais que logo após a eclosão já possuem comportamentos muito elaborados. foram testados com grãos claros em ambientes de pouca luminosidade e grãos escuros em ambientes fortemente iluminados. demonstrando que possuíam uma capacidade inata de perceber a luminosidade do seu alimento preferido. tinham absoluta certeza de que o disco era preto. B: discos giratórios branco e preto superpostos que permitem obtenção de diversos tons de cinza para escolha daquele que parece igual ao disco A. ela está completa aos sete anos de idade. Estes resultados são muito convincentes nos estudos feitos com pintainhos. muito surpreendidos com o que viam. por exemplo. Todos os sujeitos foram incapazes de perceber a verdadeira cor do disco. Refere-se á luz refletida Iluminância Luminância Figura 4. como. afirmavam que não sabiam muito bem o que estava acontecendo. mas estavam certos de que o disco voltara à sua cor branca inicial. Não importa quantas vezes GeIb repetisse as duas situações experimentais. ou do fundo. na ausência do papel branco. Em todos os testes a que foram submetidos preferiram sempre os grãos claros. experimentos feitos com peixes. em seguida. isto é. preta. Para evitar a interferência de pequenas manchas e marcas que porventura possam existir sobre as superfícies dos papéis de várias tonalidades de cinza utilizados nos experimentos a respeito de percepção de brilho. Gelb fez um experimento empregando este tipo de equipamento. como. também depende do albedo dos objetos. corrigiam-se imediatamente afirmando que haviam se enganado. e iluminado por uma lâmpada. Utilizou um disco completamente preto. Estes animais foram criados em completa escuridão até atingirem uma determinada idade e. No entanto. - . alguns pesci’i. a percepção de tamanho e sobretudo a percepção de forma. sair em busca de alimento e preferir bicar grãos claros.f 70 71 Conceitos Luminosidade ou brilho Albedo OUreflectância Comentários Fator psicológico. Ilustração esquemática de uma situação experimental. vista de cima. Quando Gelb retirava o pedaço de papel branco. O: observador. Outros estudos. ou seja sem um estímulo de comparação. J: janela. A: disco giratório branco. quando Gelb pegava um pequeno pedaço de papel branco e o segurava por alguns segundos na frente do disco. Em 1929. Os sujeitos eram convidados a se sentar bem em frente ao disco e a responder a uma única pergunta: “Qual é a cor do disco?” Os sujeitos foram unânimes. sub- metido a alta rotação. mostram que. pudesse beneficiar-se da iluminação proporcionada por esta fonte luminosa. Todos responderam que sem sombra de dúvida o disco era branco. Filogeneticamente. os sujeitos não conseguiram aprender a perceber a luminosidade do disco preto corretamente. se houver alguma aprendizagem de percepção de luminosidade durante o desenvolvimento do ser humano.. E importante ressaltar que o mesmo não acontece com outras capacidades perceptivas. os sujeitos. a) Sem tela de redução (anteparo). b) Com tela de redução (anteparo). como no ser humano. Hermann von Helmholtz e Ewald Hering. e físicos. no escuro (visão escotópica). algumas das quais nos acompanham até hoje. estariam propensas a acreditar. na época em que nossas bisavós criaram nossas avós. apenas três tipos de receptores seriam suficientes para o ser humano perceber todas as cores do espectro visível.1. os conhecimentos a respeito das capacidades perceptivas do ser humano por ocasião do seu nascimento estão mudando. em conseqüência das pesquisas realizadas na área da psicologia do desenvolvimento infantil. mas podemos adiantar que dentre os principais resultados experimentais encontram-se as demonstrações de que nossa capacidade de perceber distância.1. explica de forma satisfatória os resultados experimentais obtidos em pesquisas que tinham como principal objetivo desvendar o papel dos receptores do olho. Thomaz Young e Hermann von . o bebê vem ao mundo bem mais preparado para perceber o que acontece ao seu redor do que nossas bisavós. como havia sugerido Newton. autores das duas principais teorias sobre visão de cores. o próprio Isaac Newton formulou algumas das primeiras hipóteses segundo as quais haveria no olho humano um receptor para cada cor. de fisiólogos como Thomas Young. Hoje em dia. denominada teoria oponente. No capítulo 15 o desenvolvimento perceptivo será discutido detalhadamente. na realidade é composta por todas as cores do espectro visível. apesar da acentuada imaturidade e do prolongado período de dependência pós-natal. de que a luz solar. Teoria tricromática. O trabalho realizado por inúmeros cientistas interessados no assunto mostra que. que é branca. no claro (visão fotópica). que em diferentes épocas da história da humanidade tentaram explicá-la. No princípio do século passado. o olho é mais sensível ao amarelo (devido à maior sensibilidade dos cones). explica muito bem os resultados experimentais obtidos em pesquisas que tomam como indicadores respostas envolvendo atividade neural além do nível dos receptores propriamente ditos. A segunda teoria. componente ou de Young-Helmholtz Segundo a teoria tricromática (Young-Helmholtz). de Hering. Supunha-se que o recém-nascido não reconhecia fisionomias. o olho é mais sensível aos verdes (devido à maior sensibilidade dos bastonetes) e. como Newton. As contribuições mais valiosas partiram. acreditava-se que o bebê. A percepção das cores foi alvo da atenção e curiosidade de numerosos estudiosos.\A ‘s/ s \ SI’ 5I J \‘t i / _____________ / TR 5 t I/ II OO ab 72 73 5 Percepção da cor Antigamente. teoria de Young-Helmholtz. também conhecida como teoria tricromática ou teoria componente. desde o violeta até o vermelho. Elas mostram que. fisionomia e cor pode ser verificada logo após o nascimento. Após a descoberta. emitiram suas opiniões a respeito da visão de cores. Purkinje mostrou que nossa sensibilidade às cores se modifica quando passamos do escuro para a claridade ou vice-versa. profundidade. Poetas. encontram-se as curvas obtidas nestas duas situações. Na lâmina 5. 5. como Goethe. não precisaríamos de um receptor para cada cor. no entanto. era quase incapaz de ver. Esta sensibilidade é conhecida como Efeito de Purkinje. A primeira. em 1666. Seus esforços resultaram na elaboração de teorias. provavelmente. ao nascer. tampouco distinguia formas e cores. Figura 5.3a se encontra uma ilustração das conseqüências da mistura de luzes com estas três cores. como ausência de luz. Como então somos capazes de perceber todas as demais cores? Se você observar atentamente os resultados reproduzidos na figura 5. e absorve com eficiência cada vez menor luzes cujos comprimentos de onda se afastam deste valor. Se ao invés de analisar o comportamento de um determinado tipo de cone. O mesmo tipo de mecanismo é empregado para a percepção do amarelo. Vermelho . em 1964. a segunda. e especializados em luzes de comprimentos de onda longos. correspondente aos comprimentos de onda muito longos. veria o ultravioleta como uma cor. o que prova a existência de apenas três tipos de cores na retina. Luzes de cores intermediárias são absorvidas menos prontamente por um (ou mais) destes três receptores.Helmholtz chegaram a esta conclusão a partir de um conjunto de experimentos de percepção visual criteriosamente controlados. respectivamente). misturando luzes de apenas três cores (azul.1. As diferenças entre as informações provenientes dos dois tipos de cones deste exemplo seriam muito mais acentuadas se o olho fosse estimulado com um azul muito esverdeado ou então com um verde extremamente azulado. como o vermelho. só que menos prontamente. Somente um século e meio depois. De modo análogo. não será transduzido. o cone especializado em azul absorve preferencialmente luzes de 450 nm. Pelos resultados da figura 5. portanto não serão enviados impulsos nervosos ao cérebro. que correspondem ao ultravioleta (que não é visível para o ser humano). foram publicados os primeiros resultados experimentais obtidos com receptores da fóvea (cones) de retinas humanas. Não somente ao infravermelho. Diante disto. as pessoas relatavam ver todas as cores do espectro. pois precisam de intensidades maiores para produzir o mesmo efeito neural. Estas 74 75 pesquisas relatam apenas três tipos de cone. porém seria cego. com os quais conseguiram demonstrar que.570 nm). como o verde. nos cones sensíveis ao verde há uma substância denominada clorolábio e nos cones sensíveis ao vermelho encontra-se uma substância denominada eritrolábio (“cloro” e “entro” são prefixos de origem grega que significam verde e vermelho. No caso. Marks e Dobelle (fig. Porém. Por exemplo. Tomemos. um verde-azulado cujo comprimento de onda é de aproximadamente 490 nm. Absorção espectral (ou sensibilidade espectral) de cones em retinas de seres humanos (parênteses abertos) e macacos (números). por exemplo. verificará que na realidade existem três tipos de cones que absorvem “preferencialmente” luzes de uma determinada cor (comprimento de onda). São precisamente as informações enviadas em conjunto pelos dois tipos de cones conjuntamente que serão processadas pelo cérebro e permitirão a percepção de uma cor intermediária entre o azul e o verde. no entanto. que também reagem a comprimentos de onda menores. 1977). os três tipos de cones reagirão.]. verde e vermelho). ou seja. o infravermelho. ambos transduzirão este tipo de energia e enviarão ao cérebro impulsos nervosos. Isto pode ser visto pela forma característica das curvas e pela considerável superposição de algumas delas. por duas equipes de pesquisadores norteamericanos: a primeira formada por MacNichol. mas com uma eficiência cada vez mais reduzida. é possível verificar. luzes cada vez mais violáceas (comprimentos de onda mais curtos) ou mais esverdeadas (comprimentos de onda mais longos). mais ou menos acentuada. porque estivemos destacando dados que podem ser . analisarmos o que acontece com uma luz de um determinado comprimento de onda quando ela atinge nossa retina. uma cor intermediária entre o verde e o vermelho. Um estímulo luminoso com esta característica qualitativa será absorvido tanto pelos cones especializados em azul quanto pelos cones especializados em verde. como o azul. verde-azulado (490 nm). como cor de jerimum (cor de laranja) ou azul-piscina. não é a mais eficiente para nenhum destes dois tipos de cones.535 nm. nenhum dos três tipos de receptores fará a transdução.2. Baseado em dados de Marks ei ah.mente três cores (Azul 445 nm. Para comprimentos de onda mais curtos ainda. Verificou-se também que cada um dos cones estudados absorvia preferencialmente apenas uma destas três cores (comprimentos de onda). por Brown e Wald. desenvolveram a teoria segundo a qual o ser humanos deveria possuir três tipos diferentes de fotorreceptores: especializados em luzes de comprimentos de onda curtos. intermediários. No caso do olho ser estimulado com uma mistura da luz de três cores — azul. os cones absorvem preferencial. não é? No entanto. 1964 (no livro de Alpern.1 e na lâmina 5. Isto quer dizer que os comprimentos de onda intermediários também são absorvidos por estes três tipos de receptores. dos cones que têm sensibilidade máxima no verde e no vermelho. verde e vermelho — em determinadas proporções. e os impulsos nervosos resultantes levarão o ser humano a perceber a luz como branca. Verde . não sendo encontrados cones sensíveis às cores intermediárias. A percepção das cores que ficam nos extremos do espectro visível. Na lâmina 5. depende dos cones especializados em azul. como acabamos de fazer. depende da reação mais acentuada de um tipo de cone. se você tivesse olhos iguais aos das abelhas. Até aqui analisamos a percepção de cores a nível de receptores. semelhante à luz solar. talvez fique mais fácil ainda compreender a percepção das cores intermediárias. isto é. sendo portanto sinalizada a sua presença pela reação. Os resultados foram obtidos através da microespectrofotometria e mostram que. De acordo com estes autores. Como você percebe estes tipos de energia? Como escuro. os cones sensíveis ao azul possuem uma substância fotossensível denominada cianolábio (ciano em grego quer dizer azul).1). mas também ao vermelho. por exemplo. que esta cor. 1971) e MacNichol. apesar de serem projetadosf!ashes de luz de quase todas as cores (comprimentos de onda) do espectro visível. 5. 1964 (no livro de Robinson. como o violeta. 2 é um neurônio do sistema vermelho-verde. com o seu material. que seja de cor vermelha bem intensa. De Valois publicou um trabalho interessantíssimo. um outro conjunto de dados. Assim. quando se olha demoradamente para uma determinada cor. No entanto. há uma diminuição da sensibilidade do receptor para esta cor.. A célula mostrada da figura 5. Há. no qual relata ter encontrado no cérebro do macaco (núcleo geniculado lateral) neurônios cuja atividade correspondia ao processo de pares oponentes da teoria de visão de cores elaborada por Hering. . ‘. . co E x E o “o o co -o co o) E o) oc ‘o o o) o 100 50 0- Azul 445 Verde535 Vermelho570 . 400 500 600 e øt 76 77 5.explicados pela teoria tricromática. uma vez que o receptor que captou a luz refletida da figura vermelha encontra. a neurofisiologia vive um grande avanço. triângulo ou coração. O que aconteceu? Olhando para o papel completamente branco você continua vendo a figura que acabou de tirar. se for amarela. só que agora não mais em vermelho e sim em verde.-. quando ocorre a sensação de uma cor como o vermelho. a atividade desta célula aumenta consideravelmente. Se você quiser proceder como Hering. Por este motivo.. Após 1950. . procure também uma folha de papel bem branco. como um pequeno círculo.. sem se mover. Olhe para a figura fixamente. que reflete todos os comprimentos de onda por igual..amarelo e preto-branco. Quando o olho do animal é iluminado com uma luz vermelha (633 nm). se for azul. Teoria oponente ou de Hering Tente fazer a seguinte experiência: procure uma figura relativamente simples.‘. -—. correspondente à atividade de uma única célula no cérebro de um macaco anestesiado. . substitua rapidamente a figura pela folha de papel branco. apenas os oponentes de cada cor seriam ativados. permitindo registros incrivelmente detalhados e específicos. .•• . . azul. que não podem ser explicados por esta teoria. concomitantemente ocorre uma alteração na sensação do verde. . procure outras figuras e você verificará que. Em 1965. perceptivos e neurofisiológicos.-. se a figura fixada for verde. no século passado. e vice-versa. cujos olhos eram mantidos abertos e estimulados com luzes de diversas cores. nas experiências aqui sugeridas. no entanto.: :y •. o que corresponde a aproximadamente 6 ou 7 impulsos em um determinado intervalo de tempo. Na figura 5. na qual afirma que a visão de cores ocorre graças a processos oponentes de três sistemas de cores que se opõem aos pares: vermelho-verde. Foi por meio de experimentos como estes.2. que Hering formulou a sua teoria oponente. A seguir. quando se olha para um campo neutro (branco ou cinza). a sua cor oponente (complementar). Observe que na coluna “escuro” temos a atividade espontânea desta célula no escuro. criteriosamente controlados.:. sua pós-imagem será azul. Agora sente-se em um lugar bem iluminado.se insensível.•. fruto do desenvolvimento de microeletrodos que podem ser inseridos em uma única célula do sistema nervoso. Isto quer dizer que. durante meio minuto (tente contar lentamente até trinta). dobrando o número de impulsos nervosos durante o mesmo intervalo de tempo. deixará uma pósimagem amarela. a sua pós-imagem será vermelha.2 você encontra a reprodução de um registro obtido por De Valois. núcleo geniculado lateral e córtex visual no cérebro) encontram-se neurônios visuais que têm respostas antagônicas (excitação-inibição) às cores oponentes (vermelho-verde. que na retina existem três tipos de cones. portanto. o que está de acordo com a teoria tricromática (componente). Comprimento Cor de ondanm Luz acesaEscuro 1 III Ii 465 480 Verde533 563 586 603 Vermelho 633 667 706 78 79 tilili a II 1 1 1 liiIL a II 1 1111 11111 1 ii ali =1 1 1 III 1 liii ‘li 1 II l) 1 1 II 1111111II J II a 1 III iii 1111 a 1 III L_ 1 ii__i__I_. pode-se afirmar. azul-amarelo). Respostas de uma única célula nervosa do cérebro (núcleo geniculado lateral) de um macaco. chegando a dobrar o número de impulsos nervosos. quando o olho é estimulado com luz vermelha (633 nm) sua atividade aumenta. A combinação das duas teorias (tri cromática ou componentes e oponente) não explica todo o processo da visão de cores. o que está de acordo com a teoria oponente. isto é. quando. através dos olhos mantidos abertos. vermelho e azul) chega-se a quatro cores psicologicamente primárias (verde.5. Trata-se de um neurônio cuja atividade espontânea (no escuro) é de aproximadamente 6 ou 7 impulsos. enquanto o animal anestesiado recebia.2. O mesmo tipo de registro foi encontrado para células com atividade oponente para azul-amarelo. e que nos elos de integração seguintes (células ganglionares na retina. No entanto. sua atividade diminui drasticamente. diante de estimulação com luz verde (533 nm). Como isto é possível? . ii 11 . ocorre uma inibição da atividade eletro fisiológica da célula nervosa. porém. acontece exatamente o contrário: as descargas do neurônio cessam quase que completamente.ii iii —- Fundamentado nos resultados de pesquisas psicológicas e fisiológicas a respeito da visão de cores. E fácil observar que os registros correspondem a uma célula de atividade oponente do sistema vermelho-verde. uma luz verde (533 nm) incide sobre o olho do macaco. chegando a uma inibição quase total. vermelho. que o ser humano é capaz de distinguir 128 cores espectrais (matizes). Estas respostas foram obtidas inserindo-se um minúsculo microeletrodo no neurônio. Por outro lado. uma vez que apenas mostra como a partir das três cores primárias (verde. os estímulos visuais de diferentes cores. azul e amarelo). Sabemos.Figura . Neste caso a oponência corresponde a uma diferença de apenas 50 nm. Visão de cores Uma capacidade inata ou aprendida? A suposição de que somos capazes de perceber cores ao nascer fortaleceu-se com dados obtidos em pesquisas — psicológicas e neurofisiológicas. o ser humano finalmente atinge a capacidade de discriminar 128 cores espectrais (matizes). Consiste em um círculo. pois nestas circunstâncias o indivíduo fará discriminações entre cores com apenas dois tipos de cones. mas também terá outras deficiências visuais resultantes do menor número de receptores. e consiste em uma coleção de fios de lã de diversas cores que deverão ser separados de acordo com a sua cor. uma vermelha e outra verde. devido a proporções anormais dos três tipos de cones. quando o olho de um ser humano adulto é estimulado sucessivamente com numerosos estímulos visuais. obviamente. A mistura do verde com o vermelho resulta na percepção de um amarelo. 580 nm (amarelo). obtém-se. a oponência ocorre entre. a fim de poder transmitir a nossa percepção: falamos de um branco “sujinho” ou de um gelo “claro” ou “muito clarínho”. Entre os tricromatas anormais. Com oponências cada vez mais afinadas. Quando se faz o mesmo tipo de registro com bebês recém-nascidos. é denominar as cores de acordo com os padrões da nossa cultura. mais tarde. indicando que a estrutura neural da visão de cores. foi possível determinar que distinguem as diferentes cores e têm preferências bem determinadas. fala.3. já está pronta quando nascemos. a nível do olho. Um dos mais conhecidos é o teste de Ishihara e consiste em diversas figuras contendo pequenos círculos coloridos formando números. a grande maioria tem deficiência de clorolábio. Para descrever tonalidades intermediárias. Significa que não precisamos aprender a discriminar as cores. o mesmo tipo de resultado. no entanto. 5. pois. reconhecerá determinados algarismos. Estudos meticulosos. na Suécia. é possível registrar a atividade de uma dada região do cérebro. Da próxima vez que você fizer uma visita a um oftalmologista. provavelmente há uma proporção diferente da normal dos três tipos de cones. as chamadas cores quentes. observa-se uma resposta característica na região do córtex occipital (área sensorial primária da visão). peça para ele lhe mostrar alguns dos testes para cegueira de cores. sufixos e outros artifícios de linguagem. com inibição. uma célula ganglionar responde com excitação quando os receptores são estimulados com uma luz de 630 nm (vermelho) e. Para o ouvinte. o que corresponde a uma diferença de apenas 20 nm entre as cores. A outra metade do círculo é iluminada com duas luzes. feitos tanto com tricromatas anômalos como com dicromatas. Isto significa que. cuja metade é iluminada com um amarelo espectral específico. um esquimó tem cerca de 10 nomes distintos para diferentes tonalidades de branco. quando a estimulação corresponde a uma luz de 530 nm (verde). Observando a preferência de bebês colocados diante de dois estímu 80 81 los de cores diferentes.Os resultados experimentais mostram que a oponência dos neurônios visuais é cada vez menos acentuada. No caso de tricromatas anômalos. São poucos os casos de tricromatismo anômalo devido a deficiência de eritrolábio. Assim. como no córtex visual. Existem. A que se deve esta anomalia que leva pessoas a confundir o verde com o vermelho e o azul com o amarelo? Anomalias no tricromatismo ocorrem. isto é. Extremamente raros são os casos de deficiência de cianolábio. a pessoa pode produzir um amarelo que é percebido como igual ao primeiro. aproximadamente. por exemplo. Quando apenas um tipo de cone é encontrado.nem sempre serão muito úteis. No núcleo geniculado lateral — que corresponde a um elo intermediário do sistema visual — uma célula que responde com excitação quando o olho do animal é iluminado com 630 nm (vermelho) passa ao estado de inibição máxima quando sobre o olho incide uma luz de. Dentre estes. se tiver anomalia em um dos tipos de cones. não apresentavam nenhuma outra anomalia. pois para obter o amarelo no anomaloscópio precisam acrescentar muito mais verde a uma mistura de luzes vermelhas e verdes do que as pessoas com visão de cores normal. que nós brasileiros aglomeramos entre o “branco” e o “gelo”. além da cegueira para cores. . outros testes que podem ser utilizados com crianças muito jovens e analfabetos. que podem ser misturadas em diferentes proporções. cada um de uma cor. se a pessoa tiver visão tricromática normal. por exemplo. Em um nível mais elevado ainda.4. O que aprendemos. Desta forma. o que nos leva à conclusão de que os dicromatas desprovidos de cones sensíveis ao verde possuem um número proporcionalmente maior de cones sensíveis ao vermelho e ao azul. um dos mais antigos foi desenvolvido por Alarik Holmgren. Trata-se de um teste muito prático e de fácil aplicação. revelaram que. por exemplo se for cega ao vermelho.se de dicromatismo. Evidentemente este teste só pode ser utilizado com pessoas alfabetizadas que saibam ler números. aparentemente. falamos em monocromatas. recorremos a adjetivos. 5. No cérebro estas diferenças são gradativamente menores à medida que se registra a atividade de células nervosas pertencentes a níveis progressivamente mais elevados do sistema nervoso central. provavelmente. O anomaloscópio é um aparelho empregado para diagnosticar a cegueira de cores. estas explicações . 630 nm (vermelho) e 610 nm (laranja). ela será cega a uma das cores. Por meio da eletroencefalografia (potenciais evocados). Se a pessoa não tiver um dos três tipos de cones. reconhecerá outros algarismos. No caso de uma completa ausência de um destes tipos de cones. Comparando o amarelo espectral específico com o amarelo resultante da mistura de verde com vermelho. Cegueira para cores Agora você certamente já tem condições de saber o que é a cegueira para cores ou daltonismo. portanto é preciso que haja uma diferença de 100 nm para que esta célula passe do seu estado de excitação máxima para o estado de maior inibição. pois passam mais tempo olhando para as cores de comprimento de onda longo. se misturarmos nossas tintas azul. têm usualmente uma coloração amarelo. Deve-se ter em mente. na qual cada gomo é reservado para uma determinada cor que pode variar de saturação. de todos os comprimentos de onda que incidem sobre as penas da arara. por um momento. verde-azulado. não existir ou apresentar coloração diferente em diferentes regiões geográficas. Existem algumas cores que são designadas pela combinação dos termos acima mencionados.Pense. que não faz parte deste espectro. além de menos freqüentes. por exemplo: azul-celeste. porque desta vez estamos misturando substâncias químicas (pigmentos) que têm propriedades próprias. a saturação refere-se à pureza da cor. Na realidade. Quando fazemos declarações deste gênero a respeito das cores dos objetos que se encontram em nosso ambiente. O brilho refere-se à intensidade de cor. pois o cor-de-rosa é um vermelho diluído. Ele criou um sistema de representação tridimensional de cores que permite incorporar as variáveis brilho. Na lâmina 5. contendo as cores do espectro solar e a púrpura. encontra-se um círculo de cores. “Ver cores com as mãos” — Uma capacidade extra-sensorial? Depois que duas repórteres americanas divulgaram o caso de uma camponesa russa que era capaz de discriminar cores com as mãos. que vai do branco ao preto. portanto. e o resultado será uma tinta de cor preta. Percebemos de imediato que temos apenas quatro termos básicos: vermelho. Aproximadamente a mesma representação foi adotada por Geldard quando elaborou o fuso de cor mostrado na figura 5.5. que é refletida e atinge minha retina quando observo o animal. para a qual não 82 83 Verde Figura 5. os receptores de temperatura da palma da mão têm sensibilidade suficiente para perceber o calor refletido pelos objetos.4. amarelo-ouro. não temos consciência de que na realidade ocorre uma série de coisas muito interessantes entre a luz do Sol (que é branca. porém. comparou estas medidas com os limiares diferenciais para temperatura e descobriu que a diferença entre a quantidade de calor refletida por uma superfície vermelha e uma superfície azul é muito maior que o limiar diferencial médio para temperatura do ser humano. por exemplo.3b). o assunto passou da percepção extra-sensorial para a percepção sensorial. Já vimos que misturando três cores de luzes — azul.3. verde e vermelha — obtém-se uma luz branca (lâmina 5. isto é. amarela e vermelha. Um grande número de matizes são descritos através da comparação com objetos característicos. Quando misturamos nossas tintas para pintar. Uma forma simples do fuso de cor. verde-garrafa. na seguinte afirmação: “ a arara é azul”. amarelo e vermelho) são as cores primárias (lâmina 5. que é outra variável das cores. Estas três (azul. verde e azul. A cor que percebemos como preta é precisamente a quase ausência de luz refletida da superfície de um objeto. O mesmo não acontece. composta de todos os comprimentos de onda do espectro visível) que incide sobre as penas da arara. dependendo da distância a que ela se encontra do eixo central onde se concentram os tons mais acinzentados (menos saturados). pois nesta região as laranjas. matiz e saturação. Trata-se. Isto é.esverdeada. A designação “cor de laranja”. pois os “objetos característicos” podem ser incomuns. porém. bem como as púrpuras que são cores não espectrais resultantes da mistura de cores das extremidades do espectro (violeta e vermelho). a mesma cor. teloso conseguiu demonstrar que não se tratava de poderes misteriosos que estas pessoas possuíam. o que os distingue é sua saturação. amarelo. Tomemos o cor-de-rosa como exemplo: vermelho e cor-de-rosa têm o mesmo matiz. A saturação da cor é representada pelo raio do círculo central e seu perímetro representa o matiz. O matiz refere-se ao comprimento de onda e é a característica do estímulo que percebemos como cor. 5. passado por todos os cinzas discrimináveis. precisamos de um pigmento que tenha a capacidade de refletir todos (ou quase todos) os comprimentos de onda da luz solar.se que muitas pessoas possuíam esta mesma capacidade. todas as cores são absorvidas pelas penas. Seu primeiro cuidado foi medir a quantidade de calor que era absorvida ou refletida de superfícies de diferentes cores. usual nos Estados do sul do Brasil é freqüentemente substituída por “cor de jerimum” no nordeste. Não se encontrava na pele destas pessoas nada que . Variações no brilho. amarelo-esverdeado e assim por diante. estamos misturando diversos pigmentos que têm a capacidade de absorver uma parte das luzes do espectro e refletir outras. de cores que não são monocromáticas. havia uma explicação. verificou. como. que este tipo de designação não está completamente livre de ambigüidades. A seguir. Depois que foram demonstradas as propriedades do sistema sensorial envolvido. portanto. a luz que é refletida da superfície do corpo da ave e a minha afirmação de que o animal “é azul”. dar nomes cientificamente corretos às cores sempre foi um problema difícil. azul-esverdeado.3. ou círculo cromático. A dimensão de brilho é representada pelo eixo vertical. são ordenadas de baixo para cima em cada gomo e dependem da quantidade de branco ou preto que foi adicionado à cor. exceto a cor azul. o que se verifica é que. Por outro lado. Temos ainda dois termos relativamente distintos: marrom e violeta. como. O sólido elaborado por Munsell assemelha-se a uma laranja de 20 gomos. Para obter uma tinta de cor branca. Vamos refletir a respeito dos termos empregados para designar as cores. e dentre as propostas mais importantes para uma solução encontra-se a sugestão dada em 1915 por um retratista americano de nome Albert Munseli. vermelho-tijolo e cor de areia.3a). E no perímetro do fuso que se encontram todos os comprimentos de onda do espectro visível (cores). Antes de escolher o “melhor”. procuramos enriquecer nossas informações a respeito de objetos que nos cercam estimulando. Por exemplo. em nosso dia-a-dia. ouve o choro de um bebê. Percepção visual do espaço Para compreender melhor os aspectos visuais da percepção espacial. de seu significado. Dediquemos nossa atenção a apenas duas dimensões do espaço: a verticalidade (para cima — para baixo) e a horizontalidade (esquerda — direita). isto é. você foi capaz de identificar. um cientista mais cau o Branco Preto . Freqüentemente. analisaremos separadamente a percepção visual. O exame destes aspectos bídimensionais do espaço permite avaliar a largura. Nestas circunstâncias. uma parte do espaço ao seu redor. A intensidade do som permitiu avaliar a distância a que se encontrava. tato e olfato. provavelmente. não havia vomitado (visão e olfato). auditiva. Suas conclusões seriam bem diferentes se o bebê fosse membro da família dos seus vizinhos e estivesse acomodado na casa adjacente à sua. O choro persiste. os músculos dos seus braços se contraem. A direção do som. ao comprar arroz e feijão. pelo menos. você está lendo uma revista em seu quarto. podemos iniciar nosso estudo com situações mais simples. olfato e tato você pôde coletar mais informações a respeito do estado físico e emocional do bebê: não estava ferido (visão). as informações seriam. distância. O corpo do bebê exerce pressão sobre a pele de seus braços e. você se depara com uma pequena criatura muito infeliz. Lá. obviamente. adequadamente. o maior número possível de orgãos sensoriais.se assemelhasse a um fotorreceptor. forneceu informações sobre o local da residência em que o bebê se encontrava. se estava dentro da casa. você sente a maciez da sua pele e verifica que sua temperatura está normal. e então deu início a uma seqüência de comportamentos que culminaram com a sua presença diante do berço. o local e a distância a que se encontrava a fonte sonora. tátil e olfativa do espaço. não estava molhado (visão. Muitos dão uma cheiradinha. Por meio da visão você pode comparar o bebê com o tamanho do berço e o comprimento de seus braços. no mercado ou na feira.1. De repente. avalia corretamente o tamanho do rebento. profundidade e tamanho O espaço que nos cerca e os objetos nele contidos podem ser percebidos através de várias modalidades sensoriais. Após muita controvérsia. Avaliou alguns dos elementos nele contidos como. por sua vez. Ao afagá-lo. no entanto que. Através destas informações auditivas. E preciso lembrar. para mantê-lo aconchegado em seu colo. Neste exemplo. e publicaram-se manuais ensinando as principais etapas para a aquisição desta discriminação. Alguns autores chegaram a afirmar que aproximadamente trinta por cento das pessoas teriam esta capacidade. quatro modalidades sensoriais: audição. que rapidamente se aloja em seus braços. Você resolve ir até o berço instalado em outro quarto para ver o que aconteceu. no quintal ou no vízinho. bem como do tamanho e distância das coisas nele contidas e. 6. Desta forma. Esta pressão e contração fornecem informações adicionais a respeito do peso e tamanho do pequeno chorão. Pela audição você tomou conhecimento da presença do bebê chorão. para verificar a sua consistência. visão. apenas auditivas. pegam os grãos na mão e os examinam com o tato. outros. tato e olfato) e não estava com febre (tato). todos os órgãos dos sentidos estão simultânea e constantemente fornecendo um rico e complexo conjunto de informações a respeito do espaço que nos cerca. no entanto. sente aquele cheirinho característico de bebê novo. . Há pessoas que. não se contentam em olhar o produto. 84 85 6 Percepção de espaço. as informações foram captadas e transduzidas por. só conseguem decidir-se depois de morder um grão. Ao beijar-lhe a cabeça. Neste capítulo. com precjsão. por exemplo. Através da visão. prestando atenção ao tamanho e visibilidade dos objetos atrás dele. recolocar na posição vertical um quadro anteriormente desalinhado na parede. Veremos mais adiante a delicada relação entre a percepção visual do espaço bi e tridimensal. mostrou uma relação entre características de personalidade e a maior ou menor dependência de indícios visuais ou proprioceptivos. cada vez mais. Witkin e outros pesquisadores realizaram uma série de experimentos que consistiam. 6. Quando estiver com o lápis bem próximo de seu nariz. Percepção do espaço tridimensional Além da verticalidade (altura) e horizontalidade (largura). Porém. indícios fornecidos pelo próprio corpo. Há um fato interessante a respeito da percepção desta terceira dimensão: as imagens do mundo tridimensional são projetadas sobre a retina.1.1).2). A contribuição dos indícios proprioceptivos torna-se evidente quando tentamos nos locomover num recinto completamente escuro.1. Mas começou a ganhar complexidade à medida que novas condições experimentais foram sendo investigadas. Olhe para o lápis. tendo como único ponto de referência nossa própria postura e sensação de equilíbrio.2. Pessoas extrovertidas tendem a basear-se mais em indícios externos fornecidos pela visão. Indícios musculares Dois conjuntos distintos de músculos proporcionam informações sobre a distância. ficaram sem peso como os astronautas no espaço. através das sensações proprioceptivas. experimente. A seguir. a alteração da estimulação proprioceptiva. 6. percebemos uma terceira dimensão: a espessura (ou profundidade) dos objetos e a que distância se encontram uns dos Outros ou de nós. preste atenção . E mais ou menos como diz o velho ditado “quem não tem cão.1. Se você quiser sentir estes músculos.2. os músculos que controlam a posição dos nossos olhos quando fitamos objetos próximos e distantes (fig. Nosso comportamento. acomodando os sujeitos em cadeiras inclinadas. A incrível interação entre indícios visuais e proprioceptivos pode ser avaliada nos relatos de pessoas que foram submetidas à gravidade próxima de zero. elas têm dificuldades de orientar-se. olhando fixamente para o lápis.1. da estimulação proprioceptiva resultante da contração dos músculos e do equilíbrio ou desequilíbrio do corpo. Percepção do espaço bidimensional De 1930 a 1960.1. no entanto.dos.altura. pela força centrífuga e gravitacional resultante da rotação do cubículo em que o sujeito se encontrava. O ser humano. binoculares e monoculares. basicamente. Um resultado adicional. aproxime-o de seu nariz. como paredes e molduras verticais ou inclinadas. obtidos de estudos diversos. conseguimos recolocar em sua posição vertical correta móveis e objetos derrubados. caça com gato”. encontrado nestas pesquisas sobre percepção do espaço. a variação das condições posturais. predominantemente. com os olhos venda. A princípio. A princípio. à medida que são removidos. Apalpando aqui e ali. vive em um mundo tridimensional. Como esta informação é preservada? Resultados experimentais. para colocar a haste na posição vertical. Segure um lápis com o braço estirado à sua frente (fig. onde a percepção da espessura ou profundidade dos objetos e a distância que deles nos separa também é fundamental. mostra que percebemos corretamente a terceira dimensão (distância e profundidade). 6. a percepção da contração e relaxamento de nossos músculos e a percepção do equilíbrio de nosso corpo. experimente a seguinte ginástica. Pessoas introvertidas utilizam. 6. Por exemplo: a presença ou 86 87 ausência de outros estímulos visuais além da haste vertical. Documentários filmados durante os vôos espaciais e a caminhada dos astronautas na Lua mostram claramente esta capacidade de adaptação. Seus olhos estarão convergindo para uma posição gradativamente mais desconfortável. Estes experimentos mostraram que nossa percepção de verticalidade e horizontalidade (espaço bidimensional) é resultante da interação entre fatores visuais e proprioceptivos. porém. em pedir às pessoas que colocassem uma haste na posição vertical. forma e tamanho de figuras e objetos. mas acabam se adaptando a um ambiente no qual tudo flutua. permitiram reunir três tipos de indícios de profundidade responsáveis pela nossa percepção de distância: musculares. a orientação espacial destes. — Primeiro. isto é. isto parecia muito simples. Os indícios visuais são predominantes. a percepção do espaço bidimensional passa a depender. que é uma estrutura bidimensional. 6. Se você quiser testar sua capacidade de perceber a verticalidade de objetos. Disto resultam duas imagens retinianas bem distintas. estes parecem menores. No ser humano. no entanto. Músculos do olho.novamente ao tamanho dos objetos atrás do lápis. Para objetos que se encontram a distâncias superiores a 8 metros.2. . 6. responsáveis pela curvatura e espessura do cristalino.1.1. Os indícios fornecidos por estes músculos proporcionam informações sobre objetos próximos (a menos de 25 metros). que. Indícios binoculares Você já pensou como deve ser o mundo visual das galinhas? Cavalos e algumas espécies de aves e peixes possuem olhos voltados para duas regiões completamente diferentes do ambiente. 6. Músculo oblíquo superior Tróclea 88 89 a 1 b e os objetos do fundo. portanto.2. quanto sobre a distância entre ele e outros objetos do ambiente. a convergência dos olhos proporciona informações tanto sobre a que distância se encontra o objeto que estamos observando. A esta distância. — Segundo. Isto é. e sim pelos mecanorreceptores que se encontram nesses músculos. São. Portanto. Os indícios provenientes destes dois conjuntos de músculos proporcionam informações a respeito da distância de objetos muito próximos de nós. os músculos ciliares (fig. por sua vez. Elas têm em comum apenas uma pequena parte do campo visual situada bem à sua frente. indícios não mediados pelos fotorreceptores da retina. tem a finalidade de acomodar a imagem do objeto com nitidez sobre a retina. estes músculos não fornecem indícios de profundidade.3). Você notará que parecem consideravelmente menores. à medida que aumenta a distância entre o lápis Músculo reto superior Músculo elevador da pálpebra superior Músculo reto interno Músculo reto externo Nervo óptico Músculo reto inferior Músculo oblíquo inferior Figura 6. o cristalino já tem sua curvatura mínima. os trilhos da ferrovia e as marcas dos pneus na auto-estrada parecem convergir à distância no horizonte.3. foi responsável pela primeira descrição detalhada da perspectiva. Gradiente de textura: sempre que nos deparamos com numerosos elementos semelhantes formando uma superfície como ladrilhos. por exemplo. a) Diante de objetos distantes. A seguir estenda seu braço. responsáveis pela espessura do cristalino. perspectiva linear. Comece a piscar. Músculos ciliares. 6. a) Músculo relaxado . o vador.3. feche um olho.1. ou seja.os próximos produzem imagens grandes e os distantes. Esta discrepância é conhecida como disparidade bin ocular. Alguns dos principais indícios monoculares de distâncias. Figura 6. durante o Renascimento.2.Figura 6. Esta diferença progressiva das imagens retinha.nas proporciona um gradiente de textura no qual os elementos distantes . em outras eras da civilização ocidental. feche o olho que estava aberto e abra aquele que estava fechado. Agora.2. Perspectiva linear: paralelas sâo retas que nâo se encontram. destacaremos alguns. fechando e abrindo os olhos alternadamente. no mesmo momento. gradiente de textura e densidade. há uma discrepância entre as duas imagens. de tal forma que ele cubra uma parte específica do quadro. O que acontece? Parece que o lápis mudou de posição em relação ao quadro.eonardo Da Vinci (1452-1519). isto é. recorrem a estes recursos com muita freqüência. Você verá o lápis “pulando” de um lado para o outro. que nada mais são do que a projeção de imagens em telas. Tamanho relativo: objetos de mesmo tamanho colocados a diferentes distâncias projetam imagens de diferentes tamanhos sobre a retina . pois o seu braço permanece firme e imóvel no mesmo lugar. Isto ocorre porque cada olho recebe uma imagem um pouco diferente dos mesmos objetos. Para avaliar a magnitude das diferenças.5 cm) entre as duas pupilas dá origem a duas imagens retinianas levemente discrepantes.4). disparidade retiniana ou estereopsia. Permaneça imóvel nesta posição. há uma série de outros que permitem a percepção de espaço quando a observação é feita com um olho apenas.cristalino achatado (acomodação para longe). E precisamente da desigualdade das imagens projetadas nos dois olhos que o cérebro extrai a informação sobre a que distância o objeto se encontra do obser Acomodaçã para longe Acomodaçãopara perto Figura 6. Os denominados indícios monoculares são comumente utilizados quando se deseja criar a percepção de espaço em fotografias. os artistas não tivessem conhecimento de muitas normas hoje consideradas elementares. Indícios monoculares Além dos indícios musculares e binoculares. que projeta imagens separadas e diferentes em cada olho. um dos indícios monoculares de distância. As duas fotos levemente desiguais são colocadas no estereoscópio. Dentre os vários indícios monoculares. faça a seguinte tentativa: pegue um lápis. Isto é. aqueles que estão próximos projetam imagens retinianas maiores que os distantes. desenhos e pinturas. A distância relativamente pequena (aproximadamente 6. como um quadro na parede. ciliar 90 91 (‘/: dq. O efeito é obtido tirando-se duas fotos do mesmo objeto. superposição ou interposição. o observador encontra-se numa situação semelhante àquela verificada durante a visão normal. Esta convergência aparente de paralelas é um dos sinais dos quais nosso cérebro extrai informações a respeito da distância. e com o outro olhe para um objeto a uma certa distância. 6. Portanto. os olhos estão na frente da cabeça.5 cm uma da outra. ambos voltados para o mesmo campo visual. Porém. perspectiva aérea e paralaxe de movimento (fig.cristalino de curvatura aumentada (acomodação para perto). o que não é verdade. A convergència dos olhos.4. Da diferença entre a estimulação. b) Diante de objetos muito próximos. com duas máquinas fotográficas colocadas a 6. Uma imagem pequena pode significar um objeto grande distante ou um objeto pequeno próximo. resulta a impressão de profundidade. tacos ou pedras no chão. Tente alinhar o lápis. imagens pequenas. o tamanho relativo da imagem retiniana pode proporcionar informações sobre a distância a que o objeto se encontra. O cinema e a televisão. E difícil imaginar que. como: tamanho relativo dos objetos. à mesma distância de um olho para o outro. luz e sombra. L. Isto pode ser comprovado com o auxílio de aparelhos conhecidos como estereoscópios. b) Músculo contraído . Portanto. preste atenção ao chão. o lado mais distante do ladrilho projeta uma imagem menor na retina do que o lado mais próximo de você. Luz e sombra: a maioria das fontes luminosas encontra-se no alto conferindo um conjunto característico de luz e sombras ao ambiente. na forma dos elementos da superfície. um próximo e outro distante. desprovidos de pontos de referência para o julgamento do tamanho ou da distância. fornecendo informações importantes sobre subidas e descidas de ruas. e a cavidade parecerá uma bola pendurada no teto. a percepção de tamanho e a percepção de distância estão vinculadas. Ou seja. Portanto. a textura da superfície fornece informações importantes a respeito da distância a que se encontram as pessoas e objetos do nosso ambiente. dando-lhe uma textura particular.mente o outro. os trilhos sempre aparecem como convergentes. Em geral a parte superior dos objetos é mais brilhante. parecem convergir em algum ponto no horizonte distante. para criar um gradiente de textura e assim evitar acidentes. E preciso não esquecer que estamos estudando cada um destes indícios. os ladrilhos (tacos ou pedras) que são quadrados (ou retangulares) parecem possuir uma forma trapezóide. De um modo geral. Sua textura adquire um aspecto gradativamente mais fino ou mais denso. onde ainda é possível discriminar folhas e falhas na grama. este é percebido como estando mais próximo. estarão os objetos mais próximos. Perspectiva aérea: objetos muito distantes parecem embaçados e azulados. Nas regiões do solo que projetam imagens maiores. TamanhorelativoPerspectivalinear Gradientede texturaSuperposição Luz e sombraPerspectivaaérea 92 93 • Tamanho relativo dos objetos Como vimos. rampas e estradas e a presença de despenhadeiros ou degraus. Na representação bidimensional em desenhos e fotografias. A importância desta relação torna-se óbvia nas discrepâncias encontradas em descrições de objetos desconhecidos encontrados em lugares ermos ou mal iluminados. E precisamente desta diferença de tamanho que o cérebro extrai informação sobre a distância a que se encontram os objetos. possuindo estruturas que se distribuem de forma mais ou menos uniforme por toda a sua extensão. E o que ocorre com a pele.parecem gradativamente menores e mais numerosos. se um oculta parcial. um gramado ou uma parede de tijolos. apesar de paralelos. Superposição: dados dois objetos. Por esta razão. Como se vê. Estas modificações gra duai formam um gradiente de textura em que objetos distantes são encontrados nas regiões do solo cujas projeções retinianas são pequenas. dois objetos conhecidos e de igual tamanho. Além das modificações na textura. com o intuito de . o veludo. a superfície dos objetos é irregular. havendo sombra na parte inferior. Se você virar o livro de cabeça para baixo. conforme as regras da perspectiva descritas anteriormente. Disto resulta a impressão de profundidade e distância. separadamente. Da próxima vez que você estiver no corredor da sua Faculdade. projetarão imagens de tamanhos diferentes na retina. ladrilho ou pedra. também ocorrem modificações aparentes. a areia da praia. que joga na região do campo mais próxima de você. sua imagem projetada na retina diminui gradativamente de tamanho. O mesmo acontece com os acostamentos das estradas de rodagem e com as árvores que ladeiam longas alamedas. Por exemplo. as pedras parecem menores e mais numerosas. • Perspectiva linear Você certamente já notou que os trilhos de uma estrada de ferro. Aquele que estiver sobre a região do gramado que se assemelha a um denso tapete de veludo parecerá mais distante do que o outro. é preciso lembrar que. • Gradiente de textura e densidade Superfícies inteiramente lisas são raras. é prudente acrescentar faixas coloridas ou de material contrastante. provavelmente a “bola” sobre a caixa parecerá uma cavidade. é difícil perceber degraus. Quando a superfície do chão é muito lisa. quando um objeto se afasta do observador. observe dois amigos jogando bola em um campo de futebol. as pedras do chão. Voltemos ao chão do corredor da sua Faculdade: além de parecerem menores e mais numerosos à distância. à medida que seu olhar se fixa mais longe. O gradiente de textura da superfície varia de acordo com a sua inclinação. Verifique como. uniforme e mal iluminada. A esta convergência aparente de linhas paralelas no horizonte damos o nome de perspectiva linear. em particular ao piso de taco. colocada um pouco abaixo do seu queixo. Técnicas modernas de maquilagem oferecem à mulher a oportunidade de alterar o rosto. o lápis próximo. E fácil entender que cosméticos mal empregados podem produzir drásticos efeitos. olhando fixamente para o lápis distante. no item anterior. • Paralaxe de movimento Este é o último dos indícios de profundidade que descreveremos. no cinema e na televisão. da Lua ou das luminárias do teto. através dos efeitos de luz e sombra. menos detalhes poderão ser discriminados. • Superposição. contrários aos desejados. na qual não existe a dimensão da profundidade. entre observador e objeto observado. tente a seguinte experiência imediatamente: pegue dois lápis. E denominada de paralaxe de movimento. que a oclusão parcial de imagens na retina é um indício da distância relativa entre objetos. por sua vez. Se. o outro com a mão direita e com o braço bem esticado à sua frente. iluminando seu rosto de baixo para cima. A informação sobre a distância e a profundidade é preservada por meio da oclusão parcial de uma imagem pela outra. Ao passo que edifícios. proporcionando-nos meios de julgar o ambiente pronta e precisamente. Da próxima vez que você estiver em um veículo em movimento. Trata-se de um indício cinético. pinturas e filmes. a iluminação vem quase sempre de cima. isto é. que dois objetos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. você não quiser esperar até seu embarque em um veículo. instalando a iluminação no chão. a beleza surpreendente do nascer e pôr do Sol é devida aos efeitos de luz e sombra criados nos objetos e paisagens. preste atenção ao seguinte detalhe: objetos próximos. desloca-se na direção contrária ao movimento . lançam mão deste indício para nos proporcionar espetáculos convincentes. tendo como única fonte de iluminação uma lanterna. todos eles operam em conjunto. do Sol. sem perder o lápis de vista. Diretores de filmes de terror e técnicos de efeitos especiais. alterando seu tamanho e forma. Olhe fixamente para o lápis próximo e mova a sua cabeça de um lado para o outro. árvores. parecem deslocar-se lentamente com você. portões e porteiras. onde a luz deverá ser apresentada de cima para baixo. Esta aparente discrepância entre o movimento de objetos próximos e distantes fornece importantes indícios sobre a profundidade do espaço em que você se encontra. Já vimos. o primeiro projetará sobre nossa retina uma imagem que encobrirá parcialmente o segundo. muito acertadamente. superposição ou oclusão proporciona um forte indício para a percepção da distância relativa entre objetos. • Luz e sombra No mundo em que vivemos. Esta interposição. Porém. ocultará uma parte do seguinte. num recinto completamente escuro. Perspectiva aérea Eis aí um indício de distância muito conhecido de todos que vivem na zona rural e em cidades poluídas. segure um com a mão esquerda. por outro lado. e assim sucessivamente. para o qual você não estava olhando. Quanto maior a distância maior o número de partículas de água. Na retina. Cor seqüentemente. permitindo ressaltar alguns aspectos de sua fisionomia e atenuar outros. Este. Você verá que. Se estivermos observando três ou quatro objetos enfileirados à nossa frente. as imagens dos objetos de um mundo de três dimensões são projetadas sobre uma superfície de apenas duas dimensões. pó e poluentes existentes no ar. casas e colinas distantes. Agora faça o mesmo. Proprietários de casas noturnas de espetáculos aproveitam-se deste indício para criar climas especiais de entretenimento. Iluminação colocada em outras regiões do ambiente proporciona efeitos surpreendentes e por ve 94 95 zes assustadores. mais azulados. O recurso c empregar figuras pouco nítidas e azuladas é freqüentemente utilizado por artistas que desejam criar a percepção de profundidade em seus desenhos. Disto resultam objetos que parecem progressivamente menos nítidos. no mesmo sentido. próximo de seu rosto. parecem movimentar-se rapidamente no sentido contrário ao seu. lembrando que ainda existem outros. Que tipo de emoção você sentiu ao contemplar-se assim no espelho? Peça a participação de familiares e amigos. além do seu ponto de fixação visual. quando nos movimentamos em nosso dia-a-dia. desta vez. Verifique como a sua reação muda à medida que uma outra pessoa movimenta lentamente a posição da lanterna do queixo para a testa. O emprego de fumaça e vapor nos modernos shows de música alteram a percepção de distância nos palcos de pouca profundidade. Em parte. Observe o que acontece com o lápis distante: ele parece mover-se na mesma direção que a sua cabeça. como postes. interposição ou oclusão Há uma lei da Física que afirma. Mova novamente a cabeça de um lado para o outro. violáceos ou acinzentados. pois é produto da movimentação do próprio observador ou dos objetos observados.conhecê-los melhor. Experimente olhar-se no espelho. Decoradores e diretores de filmes de terror utilizam-se deste recurso com freqüência. . Durante muitos séculos. como poderíamos esperar. A paralaxe de movimento pode ser considerada o principal indício de profundidade. você ouvirá o seu tique-taque primeiramente com este ouvido e.2. Elas se utilizam do eco de seus próprios passos para obter informação sobre a presença de objetos próximos.lateral da sua cabeça. Desta diferença não resulta nenhuma confusão na percepção. Este procedimento é freqüente por parte das pessoas portadoras de deficiências visuais. No transcorrer deste capítulo. Não é apenas quanto ao tempo de chegada que o estímulo sonoro difere. corais e das grandes orquestras e bandas era devida à grande intensidade dos sons emitidos nestes espetáculos. Seguramente. Você. Em recintos grandes. Se você encostar um despertador a seu ouvido direito. o cérebro extrai informações sobre a localização da fonte sonora no espaço. evitando. Disto resultará um julgamento correto a respeito do local e da distância em que se encontra nosso interlocutor. animais ou pessoas que. poderá ouvi-lo também com o ouvido esquerdo. Raramente as fontes sonoras em nosso ambiente se encontram à nossa frente. e as diferenças temporais na estimulação de suas respectivas células receptoras fornecem informações sobre a localização da fonte sonora. Neste caso. A intensidade do som também nos fornece informação sobre a distância em que se encontra uma fonte sonora conhecida. como é possível verificar pela movimentação característica de sua cabeça quando querem julgar a distância. A informação visual e auditiva do ambiente é captada por dois órgãos sensoriais simetricamente localizados na cabeça. que a percepção do espaço que nos circunda depende da interação de todos os indícios. no exemplo de nosso bebê chorão do princípio do capítulo. é possível superar muitas dificuldades com o auxílio das modernas soluções eletrônicas. uma parte do sucesso dos cantores de ópera. Assim sendo. certamente. empregando amplificadores e alto-falantes. De um modo geral. a formação de ecos. muitos objetos e elementos do ambiente podem ser detectados. parcialmente diferentes. Atualmente. os ecos desempenham um papel importante em sua locomoção. a discrepância de vermos com os dois olhos e ouvirmos com os dois ouvidos é mínima. é preciso tomar providências para que a platéia possa ouvir bem em qualquer lugar. Quando. dotados de olhos cujos campos visuais são separados ou têm pouca ou nenhuma sobreposição. que a percepção do espaço é proporcionada por diversas modalidades sensoriais. por exempio. por exemplo. porém. E utilizada também por animais. Muito pelo contrário. A experiência nos ensina que os sons diminuem de intensidade à medida que se distanciam as suas fontes sonoras. No passado. Os impulsos nervosos oriundos de um olho (ou ouvido) diferem ligeiramente daqueles oriundos do outro. O som que atinge o segundo ouvido é sempre menos intenso: é atenuado pela barreira do crânio. arquitetos de todo o mundo vêm desenvolvendo normas para construção de grandes espaços que favoreçam a propagação do som. pois está presente em recém-nascidos mesmo antes que estes possam coordenar os movimentos de seus olhos. galinhas e cavalos. como nós. quanto à intensidade também. E óbvio. ainda se recorda da importância de possuirmos dois olhos e do fa 96 97 to de que o cérebro extrai informação sobre a localização no espaço tridimensional da discrepância entre as duas imagens retinianas. Vimos o importante e complexo papel desempenhado pela percepção visual. apenas meio milionésimo de segundo depois. como cinemas. olhamos para uma pessoa que está falando conosco bem na nossa frente. os sons são emitidos por objetos. 6. Através do eco de sons gerados por eles mesmos. esta riqueza tão grande de indícios visuais contribui para a sobrevivência e formidável adaptação do ser humano sobre o planeta. igrejas e salas de conferência. Destas diferenças temporais e de intensidade. permitindo que sua natureza e trajetória no espaço sejam prontamente percebidas. Vale a pena acrescentar mais alguns detalhes úteis sobre a percepção auditiva do espaço. movimentam-se pelo espaço. Também possuímos dois ouvidos. teatros. analísamos a percepção do espaço bi e tridimensional separadamente. caçam mjnúsculos insetos. no entanto. As velhas e famosas catedrais européias e nossas igrejas coloniais fornecem exemplos de soluções arquitetônicas bem-sucedidas. Um mecanismo de orientação espacial semelhante é utilizado pelos morcegos enquanto voam. atingem primeiramente um ouvido e a seguir o outro. Freqüentemente. Há situações em que o eco é propositadamente criado e empregado para a percepção de objetos no espaço. localizados e identificados. Adultos que possuem apenas uma vista funcional valem-se do mesmo indício. estes recintos têm um teto muito elevado que não é paralelo ao chão. como. Percepção auditiva do espaço Já vimos. a discrepância fornece ao cérebro elementos para uma correta percepção do espaço visual (distância e profundidade) e auditivo (localização). Por meio do sistema auditivo. podemos avaliar se o local em que nos encontramos é arejado ou se está abafado. bastou felicitar o vizinho aniversariante e aceitar o prato que nos ofereceram. O tato permite discriminar um do outro. sem sair do gabinete. afastamos o cobertor indesejável a uma distância adequada de nosso corpo. em uma superfície sobre a qual incide a energia existente no ambiente.4. O ser humano não tem receptores adequados para captar os sons empregados no sonar. foi fácil localizar a fonte do conhecido odor: estava na direção do quintal. como o coração e os órgãos genitais do feto. se a água da piscina contém cloro. . imediato e distante. A percepção do espaço imediato e distante é perfeita. voando com espantosa agilidade e precisão. os receptores térmicos não permitirão que o sol seja esquecido. Estava delicioso! Temos duas narinas pelas quais o odor das substâncias penetram. auxiliando-nos a discriminar o “Eu” do “Não Eu”. cardumes e objetos submersos. foi possível tomar conhecimento de objetos relativamente distantes. 6. Como na audição. E o que ocorre quando passamos em frente de uma geladeira cuja porta está entreaberta. A intensidade do cheiro permitiu avaliar a distância do churrasco. Percebendo a temperatura. Nos três órgãos sensoriais. Na Medicina. De um mo 98 99 6. ao alcance da mão. também.3.5. o tato também nos auxilia a perceber melhor objetos distantes. Isto é. A interação entre tato e cinestesia permite a obtenção de informações importantes e detalhadas sobre objetos próximos. De certa forma. Percepção espacial tátil Dizem que “tamanho não é documento”. forma. quanto mais abundantes forem as informações. cor e tamanho do churrasco. precisamos da visão. A ecografia é uma descrição muito útil da forma e funcionamento do coração. que a pele é o maior de nossos órgãos sensoriais. olfativas e gustativas. Desta forma. 6. Porém nós não percebemos dois cheiros. A intensidade da temperatura permitirá avaliar se estamos próximos ou distantes do aparelho. sentimos o cheirinho da carne assando sobre a brasa da churrasqueira de um de nossos vizinhos. no entanto. O “sonar” provoca eco no meio líquido e permite detectar. os receptores encontram-se agregados.. mãos e dedos. os pais são auxiliados na escolha do nome e da cor do enxoval do bebê. o resultado é uma diferença temporal entre a estimulação olfativa proveniente dos receptores. com auxílio de aparelhos especiais. atingirá primeiramente uma narina e. Não poderiam ser fornecidas pela visão e audição. forma e tamanho do objeto. o tato fornece informações sobre objetos que já estão em contato com nossa pele.-/ 3_’ ‘. na praia ou na beira da piscina. Para maiores informações sobre a localização exata. muito antes de seu nascimento. sua aplicação oferece a oportunidade de obter informações sobre as características e funcionamento de estruturas anatômicas. Por exemplo. Quando adormecemos sobre a esteira. Portanto. Um exame mais detalhado pode fornecer informações importantes a respeito da temperatura. Portanto. depois de fração de segundos. E prontamente empregada pelo bebê recém-nascido. percebemos um odor que vem de um lado. Para saber se o tempero estava bom. somos capazes de puxar o lençol e descartar o cobertor. O ar frio que sai da fresta é prontamente percebido pelos receptores térmicos da pele. como. maior a probabilidade de um julgamento correto do espaço e dos objetos nele contidos. cinestésicas. Convém lembrar. isto é. graças à sofisticada interação múltipla das modalidades sensoriais. por exemplo. ao iniciar sua interação com o ambiente. Interação multi-sensoríal do geral. As vezes. a discrepância temporal entre os estímulos permite perceber a localização da fonte de estimulação. O tato contribui para tomarmos consciência de nosso próprio corpo. Com um leve movimento de cabeça. Por meio da visão e da audição. recebemos informações sobre determinadas características qualitativas do espaço. Percepção olfativa do espaço Enquanto escrevíamos estas linhas. sem precisar acender a luz do quarto nas noites quentes de verão. se o odor está sendo propagado por uma brisa que vem da direita para a esquerda. A percepção auditiva é apenas um aspecto da complexa percepção espacial do ser humano. um avião a grande altitude. o médico avalia o desenvolvimento do feto e. carvão e carne de casas vizinhas. Estas informações a respeito do espaço e dos objetos nele existentes são fundamentais para a nossa sobrevivência. um ao lado do outro. freqüentemente tomamos conhecimento de objetos muito distantes. Informações audiovisuais a respeito de objetos e pessoas são comparadas com informações táteis. Através do olfato. a pele se assemelha à retina do olho e à cóclea do ouvido. a textura dos tecidos que nos envolvem e a posição de nossos braços. como a churrasqueira. Através da cinestesia. a outra. Estes são emitidos e captados por aparelhos especiais que os transformam em estímulos visuais. Portanto. se há ou não vazamento de gás no fogão.Evitam colisões com objetos do ambiente. diferenciar nosso corpo dos demais objetos do ambiente. no entanto. / \‘ 100 . Por isto nos surpreendemos que automóveis vistos do alto de arranha-céus pareçam brinquedos e pessoas se assemelhem a formiguinhas. Percepção do tamanho Nossa percepção de tamanho é excepcional. A seguir. Esta singela experiência pode parecer uma tolice. A imagem projetada na retina sofre modificações semelhantes. verifica-se que. somos capazes de perceber e viver adequadamente. quantos centímetros você acha que ele tem de altura (ou comprimento). televisão. Esta é uma das causas prováveis das discrepâncias entre os relatos de pessoas que alegam terem visto discos voadores. localizados a grandes distâncias. vários pesquisadores dedicaram seu tempo e interesse ao estudo da percepção de tamanho. pois este julgamento é produto da interação entre todos os elementos presentes na figura. o que você verificou? Quanto maior a distância entre você e o copo. E agora. Existem. ou seja.Graças à riqueza de informações existentes a respeito do espaço e à extraordinária interação entre todas as modalidades sensoriais. como pedras e tijolos. nem julgar a distância. verifica-se a correspondente diminuição do tamanho da imagem. A seguir. a percepção de tamanho pode ficar comprometida. confeccionando mobília e outros objetos de grandes dimensões. proceda desta maneira a cada passo que se distanciar. mesmo quando ocorrem deficiências temporárias ou permanentes em uma destas modalidades. Figura 6. menor o tamanho assinalado com o seu polegar no lápis. apesar da redução do tamanho da imagem na retina você não percebe o objeto como se estivesse encolhendo. então. Porém. um circundado por círculos pequenos e outro por círculos grandes. A conhecida ilusão visual de Ebbinghaus. objetos e demais elementos do ambiente. à medida que você se afasta do objeto. Tudo indica que a correta percepção de tamanho só é pos101 sível porque respondemos a uma relação entre objetos. Continue procedendo da mesma maneira por mais uns cinco ou seis passos. quando forem vistos em céu aberto.5. Isto é. ilustra claramente a importância da relação entre elementos diversos do ambiente. Vejamos se você concorda: coloque sobre uma mesa um objeto qualquer. Os círculos pequenos e suas respectivas imagens retinianas proporcionam indícios de objetos distantes. acostumados a trabalhar . como o solo e as paredes. apresentada na figura 6. para dar a impressão de que o personagem da história é muito pequeno. sempre observando atentamente o objeto. sejamos mais cautelosos. Conseqüentemente. Tente repetir a mesma experiência. estenda o braço bem à sua frente. 6. esses objetos são inseridos entre outros objetos pequenos. proporcionar-nos a impressão de que determinado modelo de automóvel ou poltrona é grande e espaçoso. O que intriga. Afaste-se mais ou menos um ou dois passos do objeto e feche um olho. nossa percepção do seu tamanho é correta porque o julgamos de memória. próximos do objeto observado. o objeto é desconhecido. Você verificará que. Já vimos que um dos indícios de tridimensionalidade do espaço. ou na penumbra. desta vez. são contratados apresentadores muito charmosos. Quando a distância entre observador e objeto for muito grande. Tente marcar a altura do copo ou do livro com o polegar sobre o lápis. A seguir. E é desta imagem na retina que resultarão os impulsos nervosos que serão enviados para o cérebro. na cegueira e surdez. relatos de pedreiros e limpadores de janelas.5. Quando o efeito contrário é desejado. Mas é justamente a constância de seu julgamento sobre o tamanho do objeto que é intrigante. sua percepção de tamanho permanece inalterada. o gradiente de textura. uma vez que os seus elementos. dê mais um passo para trás e faça um novo julgamento de seu tamanho que seja independente do julgamento anterior. Disto se aproveitam diretores de cinema. se o objeto é conhecido. em praias ou campos desertos. determinam a nossa percepção de seu tamanho. ou. Verificaram que ela depende da percepção da distância (ou profundidade) e dos demais objetos próximos. como fazem os desenhistas e pintores quando querem medir o tamanho de objetos. como por exemplo. com um lápis na mão. Com o aumento gradual da distância. porém de baixa estatura. as imagens retinianas dos círculos grandes proporcionam indícios de objetos próximos. é que seu julgamento a respeito do tamanho do objeto corresponde ao tamanho real e imutável. Ilusão de Ebbinghaus. dê um passo para trás e torne a medir o tamanho do copo com o seu lápis. Se. Os erros perceptivos serão obviamente maiores quando as circunstâncias forem pouco propícias para o julgamento da profundidade.6. Consiste de dois círculos de igual tamanho. em voz alta. Olhe bem para o objeto e diga. porém. teatro e companhias de propaganda. Como explicar esta excepcional capacidade de perceber corretamente o tamanho dos objetos? Movidos por esta curiosidade. isto é. Isto é. os dois círculos centrais iguais são percebidos como sendo de tamanhos diferentes. dê um passo para trás. cometemos erros perceptivos. informa sobre a que distância se encontram partes diferentes de grandes superfícies. no entanto. como um copo ou este livro. projetam imagens retinianas muito pequenas. Quando somos convidados a julgar o tamanho de objetos. em circunstâncias nas quais não é possível compará-los com outros objetos. no entanto. Ao esbarrar com a mão na chave. Resumindo. Se precisarmos ficar na pontinha dos pés. profundidade e tamanho depende da interação de muitos indícios captados por várias modalidades sensoriais. principalmente visuais e cinesté o oQo o o sicas. Para pegar uma chave escondida sobre um guarda-roupa. O tamanho dos objetos também pode ser percebido pela interação entre tato e cinestesia. o o 102 103 . tato e audição fornecerão informações conjuntas sobre as suas características.a grandes alturas. os receptores cinestésicos das pernas permitirão um julgamento mais seguro de que se trata de um objeto bem mais alto que nós. dependeremos do tato e da cinestesia para encontrar o guarda-roupa. mostrando que a experiência desenvolve uma correta percepção do tamanho dos objetos e pessoas observadas no solo. distância. em um quarto completamente escuro. podemos afirmar que nossa percepção de espaço. Estes profissionais não relatam a sensação de ver miniaturas. Levantando os braços a fim de alcançar o alto do móvel. os receptores cinestésicos nos informam se ele é mais ou menos da nossa altura. O objeto como um todo nunca poderia ser percebido. sob uma teoria única. Vamos neste momento deixar de considerar os matizes (cores). No entanto. Respondiam a estímulos mais específicos ainda. Neurofisiologia da percepção de forma A imagem luminosa projetada pela córnea e cristalino sobre a camada de receptores primeiro elo neural do sistema — visual — apenas representa um padrão claro-escuro sem significado algum. Já no segundo neurônio após os receptores — as células ganglionares —. por último vamos nos referir a um seu possível movimento. isto é. ou se a iluminação é exatamente igual. padrões repetitivos. o próprio sistema visual faz esta separação. foram encon 104 105 tradas células. seu brilho e. aponta para a maneira como o sistema visual consegue extrair. a linhas em diferentes orientações. talvez. os elementos constituintes para proceder à análise do percepto. E claro que uma linha com um comprimento limitado ainda não é uma forma ou um objeto. que são elos na integração da informação visual. Ao estudar percepção de forma.7 Percepção da forma Em todos os objetos que percebemos visualmente. como emerge a forma (no sentido mais amplo possível). Kurt Koffka e Wolfgang Kõhler. mantém adeptos até os dias de hoje. como o vemos no dia-a-dia. uma vez que a percepção de forma pode ser entendida totalmente desvinculada da percepção de cores. Sem dúvida. Investigando os neurônios do sistema visual do córtex visual de gatos (córtex estriado. mas que talvez se unam. A habilidade de ver formas estacionárias envolve um alto grau de atividade e desenvolvimento cortical. Nascida na Alemanha no início do século XX. e outra. o pesquisador de comportamento se preocupa basicamente com um problema: como é que um objeto em nosso campo visual com seus inúmeros elementos constituintes (ângulos. Esta última expressão — “e seus vizinhos” — é extremamente importante. jamais poderia ser extraída alguma informação a respeito do conjunto de elementos do objeto. uma área homogênea. uma teoria clássica. um dia. esta é a seqüência que as qualidades de um objeto têm para nós. não só a linhas e bordas. Esta última é tradicionalmente considerada a psicologia da forma por excelência. Aqui abordaremos apenas duas linhas de ataque ao problema de percepção (visão) de forma: uma tomando — — como ponto de partida recentes descobertas fisiológicas a respeito do sistema visual. Ao nível das áreas do córtex pré-estriado (áreas 18 e 19). portanto. A habilidade que os seres humanos têm em olhar para um objeto estacionário e perceber até os mínimos detalhes de sua forma é reservada apenas aos animais que se encontram nas posições mais elevadas na escala filogenética. as células ganglionares já diferenciam linhas retas de diferentes inclinações. de forma muito nítida. Na verdade. Em geral. a partir dos elementos constituintes do objeto? Este problema único pode receber explicações em várias abordagens. Chamaram a estes neurônios de “simples” ou “complexos”. (Aliás. 7. pois a resposta neural do receptor será diferente se a iluminação a seu lado for totalmente diversa (mais brilhante ou mais escura). tendo constituído uma escola. dotado de significado? Em outras palavras. obtém-se informação da parte e do todo. definimos em primeiro lugar sua forma. de um estímulo visual dotado de forma complexa. de acordo com a iluminação que cai sobre cada receptor “e seus vizinhos”. área 17). em retina de gatos. Mas se a resposta de cada receptor depende também da iluminação incidente sobre os receptores vizinhos. um segmento de linha já constitui um elemento que compõe uma forma. curvas etc. num primeiro instante completamente diferentes. com Max Wertheimer. só depois descrevemos sua cor. Como veremos no capítulo 11. quando solicitados a descrever um objeto. O mesmo ocorre ao nível do corpo geniculado lateral. áreas contínuas. determinando. a teoria da Gestalt. E importante . mas ainda na retina.) O padrão claro-escuro (a imagem) estimula diferencialmente os receptores. Por ordem de importância. Certamente. determinando um contorno. pode-se verificar nitidamente o início da percepção de forma. Foi demonstrado que. em oposição ao behaviorismo dos Estados Unidos. Hubel e Wiesel encontraram neurônios que respondem a características cada vez mais específicas de forma. onde existem neurônios que respondem. muitas vezes denominadas de “super e hipercomplexas”. referente à percepção de movimento. é este o percepto mais primitivo. contornos. é a chave da percepção de forma: se cada receptor reagisse somente à intensidade da luz que cai sobre ele mesmo. de acordo com a especificidade a que respondiam. Muitos animais apenas vêem um objeto quando está em movimento.1. Esta atuação recíproca entre neurônios no sistema visual não se limita aos receptores e outros neurônios da retina. mas já impondo restrições ao comprimento máximo das linhas. Mas de modo algum corresponde à seqüência da percepção mais elementar à mais complexa. o que mais nos chama a atenção e o que nos parece mais importante é a sua forma. envolve algumas das funções mais complexas do sistema visual. mas se verifica também entre os neurônios de todos os elos de integração do sistema visual.) projetados pelo sistema ótico sobre a retina passa a ser visto como um objeto integrado. nitidamente. Já a posição dos dedos da pata e a direção em que apontavam influenciavam a intensidade da resposta deste neurônio. pois o número de receptores na retina é bem inferior ao número de neurônios visuais no córtex visual e no córtex de integração poli-sensorial. pois uma árvore deve ser reconhecida como tal. uma pata de macaco. isto é. como. A convergência se evidencia pelo fato de que o objeto. a face específica do experimentador. no córtex ínfero-temporal. Se. 106 107 ‘o O C) -v -5 O o. Nesta área foram encontradas células que emitiam sua resposta máxima diante de estímulos visuais extremamente específicos e complexos. pelas sucessivas convergências da informação. Isto significa que. na qual ainda podem ser encontradas muitas células visuais. é extraída a forma como um todo. para “perceber a forma” em causa. independentemente de onde esteja no campo visual. inúmeros trabalhos de pesquisa da atualidade abordam o problema. que leva à análise e à percepção integral das formas. a divergência é muito maior que a convergência. em qualquer um dos níveis de integração da informação visual. sobre a qual se projeta a imagem de uma região específica do campo visual. A pata de macaco podia ser apresentada com igual efeito em qualquer parte do campo visual e em tamanhos diversos. por Outro lado ainda nos são totalmente desconhecidos os circuitos neurais para obter as combinações mais específicas. E o oo L) L) Q O > o a E O) > o . esquematicamente. O O. estes responderão a partes maiores do campo visual. Entretanto. inicialmente. Deste modo.notar também que. de um lado. nos primeiros elos de integração. quanto mais específicos devam ser os estímulos visuais para que ocorra uma reação máxima da célula. Por outro lado. O significado é realmente adaptativo. isto é. estimula um grande número de neurônios da retina e. neurônios individuais são responsáveis pela percepção da forma deste objeto. combinan do-a entre si. o córtex ínfero-temporal já é. uma de campo complexo. até. mostrando que a célula era responsável apenas pela visão da forma do objeto e não de sua localização no espaço ou de seu tamanho. quanto mais “complexas” as células neurais do sistema visual. todos os seus neurônios possuem função visual. Na figura 7. pois. ao nível do córtex ínfero-temporal. Enquanto os córtex estriado e pré. já podemos entender como se forma. como uma pata de macaco ou.1 estão representadas. o local de estimulação da retina é importante. Vamos recordar: da simples projeção da imagem ótica (luminosa) sobre os receptores da retina. No entanto. procuraram neurônios visuais num nível de integração ainda mais elevado que o córtex estriado e pré-estriado. Por campo receptivo. nos níveis corticais superiores. depois limitar o comprimento das linhas. uma área de integração poli-sensorial. Pode-se. dentre os quais o brasileiro Rocha Miranda. da combinação de várias células simples. Estas alterações correspondiam a uma mudança da forma do estímulo. maior é seu campo receptivo na retina. há uma dependência cada vez menor de localizar o objeto no campo visual. conjecturar que o circuito neural visual é arquitetado de maneira a. a convergência e a divergência neural do sistema visual. gerando combinações (padrões) únicas. isto é. desdobrar as imagens visuais em linhas de diferentes inclinações.estriado ainda correspondem a áreas exclusivamente visuais. até que cheguem a combinações quase únicas. Outros pesquisadores. por exemplo. a localização já não importa mais. se os campos receptivos se tornam maiores para os neurônios visuais mais complexos. O campo receptivo corresponde a uma área da retina. devido à divergência. estudando o sistema visual de macacos. entendemos o conjunto de receptores que se conectam a um neurônio do sistema visual. Na verdade. ou seja. Sobreposta a esta convergência existe também uma divergência do fluxo de informação visual. como um todo. da área específica da retina sobre a qual é projetada a imagem desta árvore. a eles. A percepção de forma pela teoria da Gestalt o > o o -o ‘-0 O. Esta segunda abordagem.a O) o. mostrar como se chegou a E o a ‘—0 E o -v E ao. -o 1: .2.5 . pela formulação de certas regras. ‘o ‘o a o.0) O 00 a ‘o ‘oO 0 o o o •0 > o o o o.0 O z c0 7. ‘o 0. - ‘o ‘3 o ‘o. •0 o > O oc . o. partindo de perceptos de formas. é totalmente oposta à primeira.E O o. O. procura. que procura explicar como ocorre a percepção de formas. . pois não parte de dados fisiológicos do sistema visual mas sim. agrupamento por similaridade — elementos semelhantes ou iguais parecem fazer parte de um mesmo todo. sempre que era possível se perceber um determinado todo. a E O-) 0 a A teoria da Gestalt é bastante conhecida daqueles que estudaram história da Psicologia. segundo a Gestalt. parecem muito óbvios e explicativos. o -o LO o. poderia ser percebido um todo que representava algo de novo. A lei básica que governa a percepção de uma forma. boa continuidade — elementos que estão na mesma direção de partes do padrão regular são a ele integrados. “boa”. a Lei da Boa Forma pode ser dividida numa série de leis secundárias que regulam o agrupamento dos elementos. a fim de que a forma total seja “boa”. estas regras pouco ajudam o pesquisador. “estável”. das partes. As principais regras que levam a uma “boa forma” são as seguintes: 1. 2. O que realmente dirá se uma forma é “boa” ou não é seu efeito sobre o observador. De imediato. a o “o O) o 108 . Para tanto. em geral. a existência de um mecanismo pré-programado de percepção. 0. tomaram contato com as leis e princípios da Gestalt para a percepção de forma. Obviamente. O a o a O O. nos organismos. não a simples soma das partes? Como. verificava-se que seus elementos guardavam entre si uma certa relação. na maioria das vezes. que se imponha. agrupamento por proximidade — elementos próximos uns aos outros parecem fazer parte de um mesmo todo. para estes elementos.) -o O E a > O. ou seja. Mas. São leis a posteriori. pode surgir um todo com um significado próprio? Como este todo pode se impor mais ao sujeito que as partes? Foi para responder a estas perguntas que foram formuladas as leis da Gestalt. O que preocupou os psicólogos da Gestalt foi: como. Os psicólogos da Gestalt acreditavam que havia. as leis da Gestalt não podem. Todo objeto é visto de modo a apresentar uma forma “harmoniosa”. Na verdade. algo (uma estrutura representativa das leis da Gestalt) que os levava a organizar as partes de certo modo. que seja mais regular. Seria como que postular. isto é. assim como o formulamos no princípio deste capítulo. mais simétrica ou mais simples. não é explicitado o que realmente sigiiificam para o problema da percepção de formas. o O) a -o o o ‘o 0 o. 3. é a Lei da Boa Forma ou Lei da Pregnância.aa a E O -o. a partir de elementos isolados. dando continuidade a este padrão. explicar a percepção dos elementos no percepto total. Certamente. Há uma terceira maneira de analisar a percepção de formas. O contorno como elemento constituinte da forma cd Figura 7. Este exemplo mostra como as leis atuam em conjunto. parece óbvia. é interessante combinar estes vários princípios e observar a rivalidade entre eles. Exemplos de princípios de “Boa Forma” da Gestalt. Permitem que nossos olhos recebam uma iluminação homogênea. introduzindo. Por exemplo. c) A “boa continuidade” faz o observador ver uma figura fechada e uma linha curva. para que as duas leis atuem com igual força. verificaremos que esta cor se esvanecerá. Pela lei da proximidade devemos ver colunas verticais de elementos. cujos elementos se juntam por “similaridade”. em poucos minutos. em nosso campo visual.3 ilustra a rivalidade entre o princípio de proximidade e de similaridade: na medida em que os elementos semelhantes se afastam um do outro. bolas de pinguepongue são ótimos difusores de luz. um contorno em nosso campo visual. proporcionando a percepção de um padrão global. muitas vezes designados pela palavra alemã Ganzfeld. de modo geral. deixa-se de perceber colunas de elementos iguais para perceber fileiras de elementos diferentes. fechamento os elementos são agrupados de modo que o todo forme uma figura fechada. Se sobre cada bola traçarmos uma linha escura. nos quais o sujeito não percebe coisa alguma. Neste caso o sujeito verá uma oscilação entre os dois perceptos. d) As três figuras são vistas como um círculo. Contornos. nem enquadrar em princípios ou leis as maneiras que temos para agrupar elementos de um percepto: verificar como. portanto. 7. são necessários para que ocorra percepção de qualquer forma.2. b) Por “similaridade”. tornando-se um campo incolor.2 ilustra. Para um estudo mais pormenorizado da percepção. torna-se possível determinar exatamente a distância entre os elementos. sem a possibilidade de vermos formas ou contornos. variações repentinas de luminância no campo visual. somente desaparecerá quando a própria linha se dissolver no campo homogêneo. quadrado e triângulo pela lei do “fechamento’ que faz o observador ignorar as interrupções nos lados destas figuras. Pela lei da sim ilaridade devemos ver carreiras horizontais. Uma área completamente envolta por um contorno. sem reduzir o sistema visual ao nível fisiológico.109 4. São bastante conhecidos os estudos feitos com campos homogêneos.3. em geral é vista como uma forma distinta (ou figura). A figura 7. a) Por “agrupamento”. mas próximos entre si. ocorre a percepção de uma forma. estes princípios da Gestalt. o quadrado de elementos (visto como um todo por “agrupamento”) é separado em quatro quadrados menores. Se cobrirmos nossos olhos com metades dessas bolas e olharmos para uma luz vermelha. sob o ponto de vista da Gestalt. 110 111 0 00 00 c OOO a t 000 000 0000 00 DLJLI000 0000 0 O b 0000 00 o OA . os pontos são reunidos e separados em quatro grupos distintos. E possível construir esta figura de tal maneira que as distâncias horizontais e verticais possam ser alteradas.3. Na verdade. A cegueira provocada por campos extensos de neve não é nada mais que um exemplo natural deste fenômeno. — A figura 7. quando um observador olha para um objeto. Com uma figura destas. como a pata de um macaco. Sua insuficiência para explicar a percepção de uma forma complexa. Este poderia ser definido como uma variação. Um elemento básico necessário para a percepção de uma forma visual é a presença de um contorno. a cor se manterá por muito mais tempo. ou alteração abrupta de luminância. ou seja. ELILILILIEI ii•i•• DE LI LI Figura 7. através de exemplos clássicos. Mas nem sempre o problema é tão simples. Figura é. o contorno continua sendo o determinante da figura. a movimentação contínua de nossos olhos (nistagmo) transforma a variação de iluminação numa variação temporal para cada sítio da retina. como pode ser visto na figura 7. e assim por diante. o tampo da mesa.o E Mas por que é necessário um contorno para que ocorra visão de formas? Já respondemos no princípio deste capítulo. enfatizando tanto o vaso através das flores como as faces pelas orelhas. na verdade. é simétrica. a estimulação visual não adquire uma variação temporal. Se mantivéssemos apenas um destes indícios. a percepção de uma figura. Este tipo de figura é chamada de reversível. que pode ser visto como sendo um vaso sobre um fundo branco ou como dois perfis sobre um fundo escuro. indicando quais os parâmetros mais prováveis para que isto ocorra. Uma linha pode ser considerada a forma mais simples. Isto ativa o sistema visual e permite a visão contínua do contorno. Ou seja. isto é. é mais brilhante. Figura 7. Dissemos que a função mais primitiva do sistema visual é a percepção de movimento e que. é menor. b) As colunas escuras . um grupo integrado de contornos. por sua vez. a) O famoso vaso de Rubin. destacando-se do restante a que chamamos de fundo. Mas a maioria dos objetos com que nos deparamos no nosso dia-a-dia são compostos por unidades integradas. Existem alguns parâmetros que tornam maior a probabilidade de uma parte ser vista como figura: a forma se parece mais com alguma “coisa’ é mais fechada. E o que ocorre no Ganzfeld. naquele momento. e às vezes acontecerá o inverso. será visto sempre fazendo parte da região que. que chamamos de figuras. Exemplos de princípios que determinam a percepção de formas. mais brilhante. que define a figura como dissemos acima. A figura 7.5. o percepto correspondente tornar. se olharmos demoradamente. alternadamente. a) O losango é visto como figura por ser menor. Em outras palavras. a percepção de formas estáticas é uma conquista da evolução fi logenética Quando há algum contorno em nosso campo visual. mas também por uma interpretação visual do estímulo. pelo arranjo espacial das bordas. vemos como figura. um único contorno que divide o campo visual em duas partes. isto é. Mas a percepção de uma figura reversível também é influenciada por algumas variáveis. é figura em relação ao chão. um contorno). Se não houver variação de iluminação no campo visual (isto é. o que leva à desativação do sistema visual. Estas sensações se impõem de maneira inquestionável. altllb fleflf Figura 7.4. pois. por mais que ocorra movimentação dos olhos. O livro em cima de uma mesa é percebido como uma figura e o tampo da mesa como o fundo. veremos alternadamente os dois perfis ou o vaso. unicamente. portanto. que mostra o clássico exemplo do vaso e dos dois perfis de Rubin. Nunca veremos simultaneamente as duas regiões como figuras! O contorno. como a expectativa do observador ou o treino que ele possa ter tido. b) Figura modificada por Gombrich. na maioria das vezes.4. simétrico e central. tem um significado. devido a processos que veremos no capítulo dedicado à visão de movimento. O contorno é visto como estando parado. partes diferentes de nosso campo visual se tornam figura ou fundo.5 mostra alguns contornos que se impõem como figuras. Mesmo numa figura reversível. às vezes será figura a região branca e o fundo será a região preta.se-ia bem mais pronunciado e estável. Só que o que é visto como contorno não é determinado. Olhando-a por algum tempo. Os dois perceptos podem flutuar entre si. impõe-se ao observador. Mas também podemos “querer” ver um ou outro. Nossa experiência pessoal mostra que a percepção de figuras é básica. Até hoje não existe uma explicação convincente e definitiva sobre o mecanismo que nos leva a ver contornos subjetivos. a ilusão de Ponzo. Neste fato. Em a. e) O perfil escuro é visto como figura por ser dotado de um significado. pois seus contornos sobressaem de uma região totalmente homogênea. é formado o contorno de uma pêra. podem aparecer numa região clara ou escura e delimitar uma figura com ou sem significado. J) O retângulo todo é visto como figura por adquirir o significado de um quadro pendurado num prego. num outro plano.8. Supõe-se que. que se impõem ao sujeito. que faz as linhas oblíquas parecerem desencontradas. curvos. e) O triângulo é visto como figura por ser menor. a e b) Estes dois exemplos de figuras formadas por contornos subjetivos mostram que estes também podem ser curvos.7 mostram alguns exemplos. e) Há também contornos subjetivos que não formam uma figura fechada. isto é. As figuras 7. c) O fenômeno dos contornos subjetivos não está limitado a figuras geométricas simples: no caso. sem haver elementos circulares formadores. isto é. assim como havíamos definido contornos no princípio. São figuras que possuem contornos subjetivos. Os contornos subjetivos guardam muitas propriedades dos contornos verdadeiros. Normalmente. Observe que o triângulo formado pelos contornos subjetivos em ambos os casos parece estar à frente. reside a explicação de sua origem: trata-se de figuras tão “óbvias”. Em b. o mecanismo de percepção de contornos é ativado pelos elementos contidos no padrão da figura. Aqui. . a Figura 7. fechado e dotado de significado. é a figura que determina os contornos.7. são determinados por uma variação abrupta de luminância. a b e 112 113 Recentemente. no entanto. como pode ser visto na figura 7. Ele parece mais branco em a e mais preto em b. Dois exemplos que mostram que os contornos subjetivos agem como linhas reais. J) Aqui ocorre a formação de um contorno subjetivo circular.são vistas como figuras por serem simétricas. é produzida dentro de um triângulo de contornos subjetivos. Alguns exemplos curiosos de contornos subjetivos.6. de alguma forma. Observe que o disco “branco” formado pelo contorno subjetivo parece mais “brilhante” que o disco formado pelo contorno real. mas que deveriam existir para completar a figura. As figuras a e b mostram respectivamente contornos subjetivos claros e escuros. d) O coração é visto como figura por ser simétrico. são adequados ao contexto e não seguem uma regra de menor distância. receberam muita atenção figuras que não possuem contornos reais. E fácil verificar que os contornos subjetivos podem ser retos. ainda não se conhece exatamente o mecanismo que faz surgirem os contornos subjetivos. Este vê contornos inexistentes. a ilusão de Poggendorff. d) Esta figura mostra claramente que os contornos subjetivos não podem ser considerados um simples prolongamento das linhas formadas pelos círculos interrompidos. eliciando contornos subjetivos. são os contornos que determinam a figura. é provocada pelas duas linhas subjetivas paralelas induzidas pelos três semicírculos negros. 4y0 Figura Z8. provavelmente.6 e 7. Figura 7. Na verdade. que faz a linha vertical direita (próxima ao vértice) parecer mais longa que a esquerda. b c .r d e ________ f ‘a b ///4 2 Ia b 114 115 i 1 A A . a. Rinehart and Winston.. São Paulo. D.Editora Pedagógica e Universitária Ltda. Messenger. e l. Processos Sensoriais. Som e Audição. New York.. Gregor R. Zahar Editores. Percepção de Pessoa. Forgus.P. Campbell. Lawrence M. iluminada pelos pintores surrealistas. M. Piaget. R.U. Nervos. São Paulo. Zahar Editores. 1966. J. New York. L. P. mc. e Editora da Universidade de São Paulo. The Macmillan Company.M. Vernonb M. Schmidt. McGraw-Hill Book Company. A. Olho e Cérebro. 1974. Percepção Humana. S. 1973. J. e Editora da Universidade de São Paulo. Percepção e Informação. Touching. Holt. e Melamed. P.. S. São Paulo E. Rio de Janeiro. C. São Paulo. 1980. . London. Day. Sandor. M. E. 1974. E. São Paulo. S.U. Psicologia dci Percepção. 1956. Rio de Janeiro. R.P. Stevens.Routledge & Kegan Paul. 1969. São Paulo. J. 8. Rio de Janeiro. Manmng. 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