E Ela Acordou Casada - Mira Lyn Kelly

March 19, 2018 | Author: Natália Moraes | Category: Love, Time, Visual System, Mind, Eye


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Autoras e histórias consagradas nas principais listas de best sellers internacionais. Mira Lyn Kelly Criada em Chicago e formada em Belas Artes, Mira conheceu o amor de sua vida durante uma viagem a Roma, mas logo descobriu que ele morava na esquina de sua casa. Casada, com quatro filhos e um cachorro, ela adora ler, escrever, conversar com as amigas e cozinhar com o marido. E Ela Acordou Casada... A primeira pergunta dela ao acordar foi: “Quem é você?”. Na manhã seguinte à despedida de solteira de sua prima, Megan Scott acorda com a pior ressaca do mundo. E não é só isso! Além de estar em uma cobertura desconhecida, ao seu lado há um lindo, sensual e arrogante… marido? Até agora, arrumar um namorado havia sido praticamente impossível para ela. Ainda que tentasse, conquistava apenas um coração partido. Mas depois de alguns martínis com Carter – não, Connor Reed! – ela estava casada… Megan precisava de um advogado. Para a sua surpresa, Connor não queria aceitar o divórcio! E ELA ACORDOU CASADA... Tradução Vera Vasconcellos 2014 Capítulo 1 FORÇADO escutar uma pontada de náusea após outra reverberando através do mármore polido, Connor Reed praguejou contra a própria consciência. Por falar em fardo inconveniente… Não importava o quanto sentisse o estômago revirar ou a cabeça latejar, não havia a menor possibilidade de disparar pela porta na parede oposta, que lhe acenava com a liberdade. A Forçando o olhar de volta à própria imagem levemente esverdeada, fechou a torneira e torceu uma toalha. Em seguida, injetou um certo grau de empatia em sua expressão e se preparou para encarar a situação. – Ei, bela! – exclamou, cruzando na direção da criatura deprimente, meio inclinada, meio se amparando sobre o vaso à frente. – Está se sentindo melhor? Olhos de guaxinim perscrutaram sob um ninho de rato loiro enquanto ela esticava a mão para a toalha que Connor lhe oferecia. – Carter… – Connor – corrigiu ele, dividido entre o divertimento e o que devia ser exatamente o oposto disso. – Precisamos de um advogado – ofegou ela, mal conseguindo tempo para demonstrar seu desgosto antes de a próxima náusea a atingir. Um advogado. Aquele não era exatamente um começo espetacular para a lua de mel dos dois. Mas, de qualquer forma, aquela também não era o que podia se chamar de situação espetacular. Claro que, menos de quinze minutos após aquele corpo quente esticado ao lado dele gemer de um modo não muito agradável e se erguer de um salto em direção ao toalete, Connor não conseguira juntar todas as nebulosas peças do quebra-cabeça que compunha a noite anterior. Porém, baseado na chocante evidência à mão… ou melhor, no dedo… e a aliança de diamantes faiscante que adornava o dela, aquele era o pior dos cenários a ganhar vida. A descontração acabara mal. A julgar pelas consequências. Sim, ao que tudo indicava, aquela seria uma sujeira difícil de limpar. Portanto, um advogado lhe pareceu o ponto de partida ideal. Assim que a parte nauseante da manhã estivesse concluída. – Uma coisa de cada vez, querida. Vamos resolver isto primeiro e mais tarde nos arrependermos do restante. Qualquer que fosse a resposta engrolada que ela lhe deu, Connor tinha a impressão de que se tratava de algum tipo de concordância. Droga, que desastre! Esfregando a nuca com uma das mãos, ele percorreu a lívida esposa com um olhar não muito sutil. Doze horas atrás, aquela mulher lhe parecera “autêntica”, com seu humor afiado e uma discreta aspereza. O sorriso excessivamente largo, um sortimento de sardas e uma risada sexy. Agora, com os cabelos ameaçando como uma antiga vizinha. como diabos ela acabara . Perfeita para o clima travesso em que se encontrava na noite anterior. mesmo ao observar o caos que ela aparentava diante de seus olhos. Pensara que aquela mulher poderia lhe proporcionar algumas horas de divertimento. Uma garota comum. parecia apenas… rude. permitindo vislumbres de quem ela fora na noite anterior. Então. Ainda assim.imergir em só Deus sabia o quê. imagens fragmentadas lhe bombardeavam a mente. Sem nenhuma delicadeza. cedendo a uma travessura. certo.atirada sobre seu ombro. enquanto ele a carregava para uma daquelas famosas capelas de casamento expresso em Las Vegas? Megan girou. permitindo-lhe uma visão completa da parte frontal da camiseta rosa-shoking muito apertada que ela estava usando quando Connor cambaleara para dentro do banheiro atrás dela. . dando risadinhas e o chamando de louco. Fora assim. as letras de imprensa em tinta preta formavam cinco palavras: “QUER ME DAR SEU SÊMEN?” Oh. Estampadas sobre o busto. Com um estranho. Em seguida. Fizera sexo. baixou-o para o que devia ser um conjunto de dez quilates de diamantes que lhe adornava o dedo anelar da mão esquerda e se inclinou sobre o vaso outra vez. Ou talvez tivessem resolvido esperar… seguindo pela rota mais .Diabos! O QUE lhe dera na cabeça! Megan ergueu o olhar para a expressão severa estampada no rosto de Carter… não. E depois… acabara se casando com ele. Alguém a quem tinha uma vaga lembrança de ter conhecido. Connor. Para que fosse algo especial. o peso impetuoso daquele corpo sobre o dela e a intensa frustração de ficar com o dedo do pé preso no ilhós da calça que ele usava. ao passo que aquele homem. enquanto tentava lhe afrouxar a gravata. E agora se encontrava ajoelhada. colocando as entranhas para fora. um total .tradicional e se guardando para depois do casamento. Argh! Tão incrivelmente especial que o único detalhe de toda a consumação do qual conseguia se lembrar era a suave fricção do tecido entre suas coxas. Quando os espasmos abrandaram. Além da expressão . – Soou a voz áspera atrás dela. Mas ele permanecera para se certificar de que ela estava bem como o bom marido que era. – Não pode ter restado muita coisa. Gostaria que ele tivesse se retirado como havia lhe pedido. Aquilo foi quase o suficiente para fazê-la rir. ousava testemunhar um dos mais íntimos dissabores que uma pessoa podia suportar. Megan arriscou um olhar ao homem com quem se casara.estranho. não fosse o fato de não ter nenhuma graça e seu corpo estar ocupado com outra coisa. permitir que a mão livre segurasse a parte superior.contemplativa. pelo que posso ver. E não apenas porque estava olhando do chão. E com muita ênfase. – Não há… – Ela gemeu. aqueles olhos escuros não transpareciam muita coisa. – Hum. Alto o suficiente para se recostar ao batente da porta e. Aos detalhes que deixara escapar no primeiro olhar. – O toque de humor seco fez o foco de Megan se voltar mais uma vez a ele. que ficava a . Isso… é apenas meu estômago reclamando… acho eu. com o braço dobrado. – Por várias vezes não consegui colocar nada para fora. Era um homem alto. Um nariz reto. do ponto onde se instalara no . abdome. embora não fossem exaltados como os de um fisiculturista. ombros e braços. A compleição corporal era vigorosa. como se aquilo não bastasse. ossos malares salientes e um sortimento de feições harmoniosas tão atraentes que. a fizeram imaginar há quanto tempo o estava dissecando com o olhar. com uma força esbelta refletida nos músculos definidos do peito. Aquele homem parecia estar mesmo em forma. Ali. ele também era dotado de uma beleza clássica. de repente.apenas alguns centímetros do topo de sua cabeça. E. ou que estivesse. qual a importância daquele estranho ser lindo. na verdade. não poderia se sentir mais humilhada. Aquele homem e toda sua beleza não faziam parte de seus planos. Portanto. casada com ele? Tivera percalços suficientes com homens a quem de fato conhecera e havia desistido de todo e qualquer relacionamento. ou de ela ter visto traços do tipo do humor que costumava agradá-la. .chão… ao lado do vaso sanitário… onde estivera colocando todo o conteúdo do estômago para fora. Argh! De fato. Mas não importava. e ele tentando segurá-la. Membros que quase não respondiam ao seu comando. O contato foi desajeitado. Megan se viu caindo outra vez. – E após uma pausa: – Apenas um dos benefícios . sem se aproximar demais. não fossem duas mãos fortes a segurar pelas axilas. o orgulho a fez se erguer em membros que se encontravam dormentes pela combinação da desidratação e de ter ficado ajoelhada por tanto tempo. De repente. Megan tentando se equilibrar. mantendo-a de pé até que ela recobrasse o equilíbrio. – Não há o que agradecer. – Obrigada.Ainda assim. devastada. Não conseguiria manter nenhum diálogo até pelo menos tomar um banho. Por mais que necessitassem. mas de alguma forma mais agradecida do que as palavras poderiam expressar por aquele diálogo superficial. exausta. não estava preparada para conversar sobre o que acontecera na noite anterior.de ter um marido por perto. Sobre como conseguiriam. passar fio dental e enxaguar a boca com o primeiro antisséptico bucal que lhe caísse nas . escovar os dentes. naquela manhã ou durante o tempo que demorasse. anular o casamento. acho eu. Megan anuiu. em vez do quase estranho ao lado do qual acordara naquela manhã. Em seguida. Que lhe trouxe as imagens da discussão regada a vodca em uma sequência ordenada o suficiente para fazê-la ter ao menos um vislumbre do homem da noite anterior.mãos. Baixando o olhar. acrescentou uma troca de roupas à lista. . comprometida a fazer sua parte. A risada abafada que obteve em resposta a fez arriscar um outro olhar por sobre o ombro. Foi aquele sorriso que surtiu efeito. retrucou com uma voz gentil: – Sabia que havia uma razão para escolhê-lo. Deus! No que havia se metido… e com que rapidez seria capaz de se livrar daquela situação? .Oh. Capítulo 2 Doze horas antes… – ORA, VAMOS, que se dane o banco de sêmen. – Tina suspirou, adejando os dedos pintados com esmalte vermelho para refutar tal ideia. – Qual a graça nisso? Megan Scott inclinou o corpo e bebeu as derradeiras gotas do martíni de chocolate branco. Em seguida, afundou ainda mais no assento que ocupava nos últimos quarenta minutos. Contemplando a possibilidade de tomar outro drinque, esforçou-se para ignorar as críticas incessantes que as outras duas damas de honra haviam aperfeiçoado durante uma vida inteira de prática. Era sobre seu útero que estavam discutindo à toa, já que Megan tinha um plano do qual não abriria mão. – Hum… a graça chega nove meses depois – respondeu Jodie para Tina. – Pequenino e gracioso, vestindo um daqueles diminutos gorros infantis… e sem nenhum dos efeitos colaterais transmissíveis oferecidos por seu plano… – O plano de Tina, pelo que Megan entendia, girava em torno da camiseta que acabara de ser confeccionada, com os dizeres “QUER ME DAR SEU SÊMEN?”, e que estava dobrada com esmero sobre a mesa entre elas. – Estou falando sério, quem pode dizer que esse total e aleatório estranho, estimulado por sua camiseta personalizada de treze dólares clamando por sêmen, não esteja nos estágios iniciais do Ebola ou algo pior? Sexo casual e sem proteção é burrice. E você está tentando convencer Megan a fazer isso. Pelo amor de Deus! Por que não enterra uma faca no coração dela? Virando o copo de cabeça para baixo, Megan observou a última gota do divino martíni deslizar até a borda e a aparou com a língua, esperando que a garçonete interpretasse aquilo como a súplica por socorro e lhe trouxesse outro drinque. E rápido. – Você é uma puritana. Isso é patético. Meu Deus! – Eu sou muito educada para dizer o que você é. – Meninas, por favor. – Megan interveio antes que a troca de farpas se tornasse caótica. – Aprecio muito a preocupação de vocês comigo. – Está bem. Ela não estava se atendo à verdade, mas de alguma forma sua língua lhe permitiu escapar da sinceridade. Honestamente, Megan teria preferido ser insignificante a ponto de aquelas duas esquecerem seu nome durante todo o fim de semana e ignorá-la durante o jantar. Mas, graças à propensão de sua mãe em espalhar segredos, os boatos familiares garantiram que sua chegada a Las Vegas para o casamento de Gail fosse recebida com uma tempestade de opiniões conflitantes sobre sua decisão de se submeter à inseminação artificial dentro de dois meses. – Tina, eu amei. Realmente amei essa camiseta, mas o único lugar onde a exibirei será no meu álbum de retratos. E Jodie, obrigada pelo apoio, mas… Jodie ergueu uma das mãos, interrompendo-a. – Não a estou apoiando. Realmente não concordo com o que decidiu fazer. Deve esperar até encontrar um marido, como todas nós. Imagens de Barry e dos dois anos em que namoraram espocaram na mente de Megan, ameaçando sugá-la para um vórtice de emoções turbulentas, às quais não se permitiria render. Vergonha, constrangimento, raiva, frustração e impotência. “Juro que não havia percebido isso. Não até este instante… e, de repente, tudo ficou claro. Eu nunca deixei de amar aquela mulher.” Não voltaria àquele momento, não perderia nem mais um precioso segundo pensando em um homem que partira para uma conferência, falando em formar uma família com ela e retornara casado com outra mulher. Não precisava de Barry. Não precisava de nenhum outro homem para ter o filho que sempre desejara… Bem, ao menos não mais do que produtivos cinco minutos com um recipiente plástico. Jodie suspirou, com um olhar perdido estampado no semblante. – Espere por seu Príncipe Encantado e terá alguém para dividir seu momento especial na maternidade, tornando tudo mais prazeroso. – Bem, na verdade… – começou Megan, mas Jodie não havia concluído. – Você reflete o que há de errado em nossa sociedade. Quero dizer, a vida não se resume em ter tudo que se deseja no momento que se quer. Vale a pena esperar pelas coisas certas. Mas, entre se deitar com o próximo desconhecido que encontrar ou comprar espermatozoides pré-selecionados, defendo o banco de sêmen. Megan sentiu a onda de calor traidora lhe corar as bochechas do rosto, mas, pensando em Gail e no tipo de casamento que ela teria, com suas três damas de honra se estrangulando, optou por colocar os proverbiais panos quentes naquela discussão. – Está bem. Obrigada… por sua opinião sobre esse assunto. Tina resfolegou de maneira nada delicada ao seu lado. Megan esticou o pescoço à procura da garçonete. Porém, em vez da mulher de pernas compridas e atitude eficiente que servia às mesas, sua atenção foi atraída para o homem que passava pela mesa que elas ocupavam. Ele erguia a mão em um cumprimento casual e os olhos cor de mogno estavam fixados em alguém do outro lado do salão. Era alto, moreno e belo de uma forma tradicional. Estrutura larga e esbelta, bem talhado e acabado. Linhas harmônicas e uma beleza clássica. A simetria equilibrada daquele homem era tão impecável, que poderia tê-lo tornado insípido. Se não fosse por aquela boca. Os lábios estavam curvados em um daqueles sorrisos oblíquos. Tão preguiçoso que apenas um dos cantos da boca fazia o trabalho. E, ainda assim, algo na facilidade daquele sorriso sugeria uma quase permanência no belo rosto onde se estampava, enquanto seu progresso atrofiado, sugeria… bem, Megan supunha que aquilo era parte da sedução. Aquele sorriso poderia de fato sugerir qualquer coisa. Era o tipo de sorriso em que as mulheres se perdiam tentando decifrar seu mistério. Mas Megan havia desistido de interpretar sinais e compreender os homens. E por esse motivo se forçou a desviar o olhar da mesa onde o homem fora se sentar com um amigo, sócio ou quem quer que fosse. Megan se concentrou outra vez em Tina e Jodie… que estavam totalmente focadas nela. Em um movimento sincronizado, as duas se inclinaram para a frente, apoiando-se nos cotovelos. – Observando a vitrine para ver se encontra um conjunto genético que valha a pena? – perguntou Tina com uma expressão perspicaz. A sobrancelha fina traçada com lápis se erguendo. – Viu alguma coisa que a agradou? Os olhos de Jodie se estreitaram. – O terno é muito bem cortado para ser outra coisa, senão feito sob medida. O terno, o relógio, as abotoaduras. Esse homem é a personificação da caça de qualidade. Depressa, Megan, cruze as pernas, deixe à mostra uma parte da coxa. Tina, atraia a atenção dele. Os lábios de Megan se entreabriram em um protesto, mas Tina era uma mulher de ação. – Uau, Megan, eu sabia que você era uma ginasta, mas não tinha noção de que as pernas de alguém pudessem fazer isso! – O rosto de Tina adotou uma expressão benevolente enquanto ela se inclinava para trás na cadeira com os braços cruzados. – Não precisa me agradecer. Agulhadas de tensão espetavam todo o comprimento da espinha de Megan, E naquele momento Tina e Jodie explodiram em uma gargalhada. Com o olhar fixo no tampo da mesa à sua frente. Quando julgou ser capaz de fazer mais do que emitir um guincho. girando o líquido .que lutava para respirar. elevando uma prece aos deuses do coquetel por outra dose. ela ergueu o copo de martíni vazio. limpou a garganta e respondeu para todos que estivessem a distância da audição a ouvissem. mas você está melhor sem ela… Connor Reed mudou de posição na cadeira. – PODE NÃO parecer agora. – Não sou ginasta. irritado. âmbar e o gelo no copo de uísque enquanto ouvia Jeff Norton comprometer seu status de macho. – Você e Caro ficaram juntos por quase um ano. – É mesmo? Não diga! Não era exatamente uma novidade. Aquela não era uma conversa de homem. Não era nada divertido. Não era a prometida descontração com a qual fora atraído para a Cidade do Pecado. e para alguém com um ego como o seu… . é natural estar sofrendo… Sofrendo? Connor sentiu uma contração involuntária em um dos olhos. – … isso é um golpe no ego. inabalável. – Connor retrucou. mas você sempre se recusa a acreditar na verdade sobre mim.Fixando um olhar furioso no copo. – Sim. – Precisamos medir seu nível de testosterona. Connor resmungou. com um sorriso . – Seja o que for – respondeu Jeff. – O que estou dizendo é que você estava disposto a se casar com Caro duas semanas atrás. Não acredito que esteja tão indiferente quanto aparenta. O amigo estava tão seguro de sua “consciência” emocional quanto de sua posição de mais antigo e melhor amigo de Connor. . Podia parecer insensível.impenitente. mas depois de ouvir o que Caro tinha a dizer… sinto-me mais aliviado do que qualquer outra coisa. o amigo talvez estivesse certo. Como lhe disse antes. E aquilo fora algo que Caro entendera desde o início. O grunhido que se seguiu sugeria que Jeff não estava acreditando. Connor não estava sofrendo com o término do relacionamento porque seu coração não estivera envolvido. – Mas estou falando sério. estou bem. E até certo ponto. Ela é uma ótima moça. Apenas não da maneira como imaginava. mas era verdade. Conhecia muito bem o potencial destrutivo daquele sentimento. Seu objetivo era formar uma família.Connor não se permitia amar. Portanto. Não se candidataria a passar por aquilo outra vez. mas que ainda assim cobiçara. Testemunhara seu alcance e experimentara a devastação do efeito cascata que causava. decidira construir uma. obrigado. A família que o pai não quisera que um filho bastardo contaminasse e a que a mãe estivera muito enterrada no próprio sofrimento para manter. Do tipo que sempre vira a distância. Não. . Dinheiro. com nome. Ela se encaixava ao papel. precisava de uma parceira. Ou assim pensou até o momento em que . educação e passado ilibados. casa própria… e o bemsucedido negócio que ele dirigia com punho de ferro e que lhe proporcionava todas essas coisas.Fora privado de muitas coisas quando criança. Coisas que fizera questão de garantir quando adulto. Mas quanto a uma família… Para isso. uma angariadora de fundos feita sob medida. Dona de uma tranquilidade fria e desprovida da carência emocional que Connor passara a vida adulta evitando. respeito. Pensara tê-la encontrado em Caro. sofrendo? Não. – … Acho que está se sentindo sozinho. Muito justo. Connor se regozijou com a trilha de ardência na . mais importante. Nem ela esperava por isso. antes de fazerem seus votos. Portanto. antes de calmamente lhe explicar que desejava um casamento baseado em mais do que eles tinham. Connor teve de lhe dar crédito por ter o bom senso de reconhecer que desejava algo que não encontraria nele. E. sim. mas chegara àquela conclusão. Aliviado? Diabos.Caro dobrou seu guardanapo e o pousou ao lado do prato. Triste… – Engolindo de uma só vez o restante do uísque. garganta e o calor que se espalhou por seu peito. Talvez a bebida fosse capaz de lhe embotar a mente o suficiente para abrandar o desconforto produzido por aquela conversa. inclinando a cabeça em um ângulo que desse para ver melhor. Mas o amigo persistia. ao que parece aquela ali é ginasta. – … Lembre-se. há outros peixes no mar… – Pelo amor de Deus! O que virá em seguida? Uma princesa de conto de fadas? – Erguendo o copo vazio. à procura da garçonete. Connor olhou ao redor. Connor ergueu uma das sobrancelhas. – … diabos. – Qual delas? . desde que fora catapultado da pobreza e arremessado em um internato exclusivo na Costa Leste. uma rachadura entalhada no centro da alma e um rancor contra o nome do qual não podia escapar. Eu me preocupo com você. Aquele afeto fora a única coisa constante em sua vida. A criança ilegítima.Jeff piscou. – Queria apenas me certificar de que estava prestando atenção. Embora nunca tivesse entendido por quê. E Jeff fora o idiota sem sorte que ficara atrelado a ele como . aos 13 anos. com complexo de inferioridade. Connor tinha ciência disso. rapaz. E agora onde está a ginasta? AP ÓS MAIS duas rodadas e quarenta e cinco minutos. Connor se recostou ao espaldar da cadeira. Connor não lhe dera nenhuma razão para que Jeff fosse tolerante com ele.colega de quarto. mesmo tendo tornado a vida do amigo bastante difícil. pelo fato de não ser uma pessoa receptiva… também o presenteou com a verdade. mas por alguma razão isso aconteceu. E por esse motivo. observando Jeff reafirmar seu status de macho movido a testosterona ao abordar a garçonete que . – Eu também me preocupo com você. devia ser fenomenal. pousou o copo sobre a pilha na mesa. Connor pegou a carteira no bolso interno do blazer. e ele soube que não teria mais a companhia do amigo. em seguida. atirou algumas notas sobre a mesa e. Jeff lhe dirigiu uma saudação.estivera observando pela maior parte da última hora. O que quer que tivesse sido. Connor não queria nem pensar sobre a lábia que o amigo passara na moça para fazê-la adejar os cílios e colocar a bandeja de lado com tanta rapidez. A noite se estendia diante dele com todas as suas infinitas… e exaustivas . que se encontrava na outra mesa. com um vestido de noite. pronta para limpar a mesa.possibilidades. Comer alguma coisa. Connor ergueu o olhar. . mas em vez disso se deparou com a loira. Ou não. Arranjar companhia. Poderia encarar mesas de blackjack. esperando outra garçonete. A ginasta. Com aquela patética indiferença da qual estava sofrendo… – Com licença. que com certeza não devia ser uma ginasta se sua altura e as curvas sinuosas da figura envolta em um daqueles trajes justos fossem algum indicativo. Não se trata disso. Um dos cantos dos lábios de Connor se ergueu. Mas tem de acreditar em mim. deixando escapar a respiração. – Olá. A mulher assentiu. e ele se preparou para o inevitável “resto da cantada”. vá em frente. – Isso pode parecer uma cantada barata. Em que posso ajudá-la? O sorriso da loira se alargou enquanto os enormes olhos azuis se fixavam nos dele. com isso esclarecido. anuiu. . – Muito bem. E das piores. Entrando no clima.Muito bom. e Connor identificou nuances da garota da vizinhança. De modo que pareça que estamos indo embora juntos. Não era exatamente seu tipo. E não poderia imaginar o quanto eu ficaria agradecida se pudesse sair em minha companhia. mas por alguma razão desconhecida. Minhas… amigas perceberam que eu o observava mais cedo e… bem… e você não iria gostar de saber o . Certo. ela abriu um sorriso.– Percebi que você estava prestes a partir. – Mas apenas pareça que estamos indo embora juntos? Mais uma vez. havia algo no olhar daquela… – Sim. Eu disse a elas que viria aqui ver se você estaria interessado porque queria me livrar da perturbação daquelas duas. Connor permitiu que os olhos a percorressem de cima a baixo. ela o estivera observando? Bem. detendo-se por mais tempo do que fizera da primeira vez que a medira com o olhar. Então.que se seguiu desde então. muito bom. na verdade. Adoraria sair daqui sem tê-las como sombra pelo resto da noite. que não sou o tipo de mulher em quem estaria interessado… e. só de olhar para você. já que era assim. Muito. essa foi a única razão que me fez decidir vir. Mas posso ver. . quando percebeu que ela estava falando sério. Olhando além dela. o sorriso que quase retrancara minutos atrás se libertando. – Que sutileza! A desconhecida deu de ombros com um gesto delicado.Mesmo ao se deparar com o dedo apontado para ele de maneira repreensiva. Você é lindo. Connor mudou de posição na cadeira. notou as amigas com os olhares ansiosos descaradamente fixos nos dois. quando seus olhos percorriam o caminho de volta. . – Nada disso. mas sinceramente estou apenas tentado escapar de uma fria. – Até onde sei. Espero. Elas são amigas de jardim de infância de minha prima. a sutileza não é uma característica daquelas duas. Connor ergueu uma das sobrancelhas. . Ah! – E estão interessadas em sua vida amorosa porque…? O nariz da loira se enrugou enquanto ela escaneava o teto com o olhar. em algum momento antes da madrugada de domingo. – Até onde sabe? Que tipo de amigas são? – Do tipo temporário até concluirmos nossas obrigações como damas de honra. . O olhar cético deixava claro que aquela desconhecida deduzira que ele estava pensando em mais do que dez minutos. – Não se quiser que isso pareça convincente.– Há alguma chance de você simplesmente sair daqui comigo? Connor se inclinou para trás. empurrando com o pé a cadeira antes ocupada por Jeff. Sairei com você… daqui a dez minutos. Por mais diferente que ela fosse das mulheres que costumavam atrair Connor. parecia o tipo exato de diversão que aquela noite pedia. mas permitirá que eu segure sua mão. Você pode tocar meu braço uma ou duas vezes para tornar isso real. Flertar. Talvez eu possa colocar alguma mecha de cabelos para trás de sua orelha. Suas voyeurísticas amigas vão acreditar piamente. O tipo corruptível.O tipo que geralmente não dava conversa a estranhos. Depois. Você se mostrará nervosa e tímida. menos apático a cada segundo. pensou ele. – Dez minutos. Vamos conversar. E então . Talvez de uma forma que a faça corar até a raiz dos cabelos. me inclinarei na direção de sua orelha e sugerirei sairmos daqui. – Melhor para você. – Isso é muito mais do que eu estava pedindo. . antes de se fixar em seus lábios e desviar os olhos rapidamente para encará-lo. e o que você ganha com isso? Um sorriso voraz curvou os lábios de Connor. – Dez minutos para convencê-la a me dar vinte. Era como se a tivesse afetado com aquele pequeno roteiro. E veremos no que isso vai dar. – Isso é… umm… – Ela engoliu em seco. A expressão dela era impagável. olhando ao redor.sairemos. – Sim. mesmo que esteja à procura de algo além do casual. não estaria interessada.O ligeiro movimento negativo de cabeça da loira fez o foco de Connor se afiar e suas habilidades críticas sintonizarem. Não sou o tipo de garota que aceita encontros casuais. Diabos! Ele estivera pensando em quanto o agradaria ver o sorriso daquela garota comum se tornar provocante e agora lá estava ela. fazendo-o se esforçar para conquistá-la? Aquilo não estava progredindo bem. – É melhor eu ir embora. E. Algo no modo que ela proferiu aquelas palavras aguçou a curiosidade . de Connor. antes mesmo de começar. – Desculpe. mas é algo um tanto pessoal para um primeiro não encontro irreal. é mesmo? Como assim? A mão delicada se ergueu em um tipo de gesto negativo. erguendo e baixando um dos ombros. Em seguida. – Ah. embora. – Então porque não tornamos isso um primeiro não encontro não tão irreal? Ou talvez um primeiro encontro irreal. já que estamos fingindo. Connor sorriu. que foi interrompido. teremos de ir para o segundo ou terceiro . ela o encarou. Ela tomara . dando lugar a uma risada em nada condizente com a garota comum e tudo que se relacionava a ela. na forma como inclinava a cabeça e o corpo começava a girar.encontro… onde começam as coisas boas. Connor podia ver nos olhos dela. quando os olhos azuis se semicerraram e os lábios atraentes se entreabriram para deixar escapar aquele som sedutor e abandonado. ele se viu enfeitiçado. E. O sorriso da mulher se alargou. Por um segundo. – Sério. gostaria de saber. Antes de recobrar o autocontrole. oferecendo um aperto de mão. – Ele lhe estendeu a mão. – Eu sairei com você – disse Connor. depois de tudo que haviam dito. mas ela recusou com um gesto de cabeça e sorriu. A propósito. depois de ela ter reunido coragem para ter ido até ele. Que pena! Mas. – É justo. sentindo-se como um idiota. de qualquer forma. meu nome é Connor.aquela decisão na mente e já se imaginava a meio caminho da porta de saída. mas eu ficarei bem. ele não queria deixar de ajudá-la. – Obrigada. Mas por alguma razão queria testar como seria o contato físico . aterrissando no colo de Connor. olhando-a nos olhos. – Ela esticou o braço por sobre a mesa e aceitou a mão estendida… e algo cor-de-rosa neon varou o ar.entre os dois. Ou assim dissera. antes de puxá-la . – Megan. A mão que ele segurava apertou a dele ao mesmo tempo que Connor baixava o olhar às letras garrafais. Connor lhe segurou a mão com força. – Que diabos…? Risadas ribombaram da mesa em que Megan estivera sentada. As damas de honra de quem ela tentara escapar. Carter… – Connor. Megan engoliu em seco. Aqui vai… . uma centena de pensamentos lhe revolvendo a mente.para a frente e em seguida para baixo. Megan o encarou. na direção da cadeira que ela deixara vaga. – Sente-se. – Está bem. Agora quero saber. – Muito bem. antes de se deixar afundar na cadeira. fazendo-a imaginar como passara tanto tempo de sua vida sem ter QUE . Megan sorriu contra a borda do copo. enquanto tomava o próximo gole. tentando não soltar uma risada.Capítulo 3 Nove horas antes… – ACHO você está tentando me dizer algo mesmo que subconscientemente. O delicioso sabor doce do martíni lhe revestiu a língua. Eu já disse. apenas para encontrar o dele impenitente. – Ou essa viagem é por causa do casamento da minha prima. Megan lhe dirigiu um olhar perspicaz. O quê? – Essa viagem a Las Vegas. Fazer alguma loucura. – A negação é uma coisa poderosa. Não vou . Espere… subconscientemente… – Está bem. Era delicioso. É seu subconsciente gritando que algo profundamente reprimido precisa se arriscar. – Esqueça isso. Estavam de volta àquilo outra vez.experimentado aquele drinque de chocolate branco. explicando sua intenção de tentar uma inseminação artificial através de um doador de sêmen. ele decidiu . em vez de começar a se afastar. Connor. Carter… droga.fugir e me casar com você. Ambos sabiam que não era exatamente a um casamento que ele estava querendo chegar. Mostrara-se muito interessado quando ela os revelou. Assim como tinham plena ciência de que ele não estava falando sério. portanto pare de insistir. E. deixou escapar uma risada rouca. por que nunca conseguia se lembrar?!. Connor sabia quais eram seus planos. parando para ver uma atração ou outra. Do tipo que girava em torno de uma conversação agradável. Do tipo sem consequências. Megan concordara. flerte inconsequente e mais drinques do que seria sensato. Sabendo que seria a última e encontrando um certo conforto na absoluta falta de expectativa em relação ao homem com quem estava. vagando pelo enorme cassino. envolvida em um tipo de diversão que nunca se permitira. .que ambos necessitavam de uma noite para se libertar e se divertir. E desde então estivera quase sem fôlego de tanto rir. A palma da mão longa pousou. Megan. Era daquilo que estava precisando. você deveria considerar todas as opções antes de descartá-las de pronto. cedendo ao sorriso malicioso que repuxava seus lábios. – E aqui parece ter muitas . fez um gesto vago com a mão para indicar os homens ao seu redor.No final das contas. Connor estava certo. suave. – Em seguida. Acho que. – Não sei. – Talvez tenha razão. para uma decisão tão grandiosa. na base de sua espinha enquanto ele a guiava na direção de uma fileira de caça-níqueis. – Nada cheira mais a baixa autoestima do que um homem agarrado a uma haste de metal de trinta centímetros. Demorou mais do que ela imaginava. – Sério? Há quanto tempo nos conhecemos… e você acha que eu optaria pelas máquinas caça-níqueis? . – Se está procurando um homem para fechar negócio.opções a considerar. Megan forjou uma careta falsa. mas. eu me afastaria das máquinas caça-níqueis – sugeriu ele. totalmente inexpressivo. Connor discordou com um gesto de cabeça. tão logo conseguiu frear a própria risada. olhando ao redor do cassino. Provavelmente. Qualquer homem que se atenha a um jogo baseado apenas na sorte é delirante. – Sou forçado a discordar. Deveria ter tido mais fé em você. – É nas roletas que se encontram os peixes maiores. – Certo. Não é um bom presságio de . Megan anuiu. acredita em Papai Noel e em fadas. Mais uma vez ele torceu os lábios.Agora foi a vez de Connor exibir o meio-sorriso que parecia ser seu equivalente a uma risada de tirar o fôlego. Tampouco de ter se sentindo instantaneamente tão à vontade ao lado de um homem. Claro que a última parte tinha mais a ver com o fato de ela saber que aquilo não ia levar a nada. me pergunto o que será de você. Quer enfrentar a possibilidade de uma psicose espiralando no DNA do seu bebê? Megan teve de suprimir mais uma risadinha. – Não. definitivamente não. o que . Megan não conseguia lembrar qual fora a última vez que se divertira tanto. Como pude ser tão incauta? – Às vezes.estabilidade mental. subtraía a tensão daquela equação. . então? Os dois haviam dado alguns passos quando Connor abordou uma garçonete que passava e fez pedidos para os dois antes de retornar a atenção a Megan. sem ter de se preocupar… com coisa alguma. A não ser que ele esteja contando… então. – Blackjack. Podia simplesmente desfrutar da atenção daquele homem incrivelmente atraente e charmoso. – Também delirante. terá um elemento criminoso a considerar. Esse tipo de homem pensa que está no controle quando se trata de um jogo de azar. Megan perguntou. Quanto tempo livre acha que terá para visitar o pequeno no reformatório? Megan simulou sua mais indignada tosse. você será uma mãe solteira. – Está insinuando que meu filho será algum tipo de delinquente? Uma sobrancelha excessivamente . – Mas a contagem não seria um indicativo de um ótimo nível de inteligência? – Ora. descapitalizada devido ao custo da escola particular que a “genialidade” dele exigirá.Bancando o advogado do diabo. Tão próximo. – Não se souber jogar suas cartas. A resposta de Connor veio . – Está bem. que ela podia sentir o corpo responder ao toque daquele olhar em cada ponto de contato. – Megan soltou uma risada. limpando as lágrimas que se acumularam nos cantos dos olhos com os polegares. Está bem. Sexy e confiante. – Então. descartamos as máquinas caça-níqueis.arrogante se ergueu. a roleta e o blackjack. então o que… apostas em corridas de cavalo? Connor estacou de repente. girando para estudá-la mais de perto do que a pergunta exigira. Se nenhum desses serve. quase o fazendo perder a .acompanhada de um sorriso de pura arrogância. MEGAN ATIROU a cabeça para trás e fechou os olhos. O som o atingiu no centro do peito. quando aqueles enormes olhos azuis voltaram a se abrir e encontraram os dele. soltando outra gargalhada. – Se quer ganhar o prêmio máximo no âmbito da genética. então tem de evitar uma passada pelos Jogadores Anônimos também. Uma onda quente e eletrizante de atração varou o corpo de Connor. É óbvio que sua melhor aposta sou eu. E. as bochechas do rosto delicado se encontravam rubras. Mesmo depois de lhe abandonar os lábios… os ecos ainda lhe . Felizmente. – Tenho a noite toda. – Bem a tempo! Com toda certeza precisarei de outro drinque antes de concordar com essa última sugestão. ele estimulou: – Então. ela não parecia ter notado enquanto girava para aceitar o drinque que a garçonete que se aproximava lhe oferecia. Connor sorriu. Empinando o queixo.cabeça. Diabos! Aquela mulher tinha uma risada esplêndida. esvaziemos as taças! – Tomando um grande gole da própria bebida. de repente. a ideia daquela mulher forte. Aquelas íris azuis brilhantes que o fitavam como se ele pudesse ter a solução para tudo. e remediou o problema com outro gole de uísque. Megan esticou a mão para lhe segurar a lapela do terno. creditando o timbre baixo da própria voz à secura em sua garganta. obstinada e independente necessitar algo dele o atraiu no mais primitivo dos níveis. os dedos magros se curvando no tecido em um movimento carente e íntimo… produzindo um efeito .iluminavam os olhos. – O que foi? – perguntou ele. E. – Estou faminta – confessou ela após um suspiro. – Megan. Megan repetiu com um sutil gesto positivo de cabeça. . E então aqueles dedos se fecharam com força e um leve tremor sobre sua lapela. o que fez Connor prender a respiração por completo. Connor baixou o olhar para encará-la. Os dentes brancos perolados de Megan se enterraram no lábio inferior antes de libertá-lo. Por uma fração de segundo.que ele não sabia se deveria gostar tanto. – Fa… minta. Comida. De alguma coisa. Mas então ouviu a risada acrescida dos guinchos de alegria de Megan e teve . – Então. ele também estava com fome. Sete horas antes… Connor pensou que não poderia haver coisa mais agradável do que aquele riso. ele entregou o copo vazio a um garçom que passava. sou o homem que está procurando. Portanto. Sim. estava na hora de parar de encarar aquele belo rosto sardento. – Tomando o restante do uísque em um só gole. – Certo. Envolveu em uma conversação muito espontânea e. Bastara a pergunta certa no momento certo e ela se abriu. enquanto a máquina vencedora fazia a contagem na extremidade do bufê de waffles que um taxista surpreendentemente confiável lhes havia indicado. Mais uma vez. lhe deu detalhes de sua vida com a mesma facilidade que a máquina lhe entregara aquele prêmio. .uma visão completa das nádegas deslumbrantes cujos contornos se encontravam perfeitamente evidentes. requebrando-se em algum tipo de dança da vitória. em seguida. Megan o surpreendera. Uma mulher que acreditava no amor. Megan se autoproclamava uma romântica em recuperação. E havia aceitado esse fato.revelando uma nova perspectiva da criatura cativante que ele conseguira pescar para passar a noite. ao longo de uma vida inteira de experiências. que o ápice daquela sublimidade romântica estava fora de seu alcance. Megan era uma beldade inteligente. Uma engenheira de software que trabalhava por conta própria. bem-sucedida na profissão que . mas que descobrira. Não estava interessada na inutilidade de uma busca inatingível. O que talvez não fosse de todo ruim. Terna. Confiante na medida certa e tímida da forma mais atraente. Naquele momento. Connor se encontrava parado atrás dela.escolhera. Independente ao extremo e não temia se opor às convenções quando se tratava de atingir seus objetivos. engraçada e sexy. a última rodada de drinques que haviam tomado. esquecida. cedendo à absurda e inoportuna insanidade possessiva que o deixava louco só de pensar em qualquer outra pessoa . considerando o tipo de desvios que sua mente estava tomando enquanto retirava o paletó. em nenhuma oportunidade. – Nunca consegui ganhar. Esticando os braços. Nunca. dizendo a si mesmo que ela parecia estar com frio. Coloque isto – disse ele. ajustou as lapelas. – Não posso acreditar nisso! – ofegou ela. Connor sorriu. – Tome. pendurando o paletó nos ombros de Megan. Em seguida. antes que capitulasse à . observando o comprimento desnudo dos braços elegantes desaparecer sob o mar de tecido do seu paletó. tive uma sorte como essa.admirando aquela perfeição em formato de coração. Megan brilhava como um diamante. roçar as juntas dos dedos naquela suavidade provocadora. Da mesma forma que ele erroneamente a julgara ao pousar os olhos nela pela primeira vez. se ocupou com as mangas do paletó. Era uma pulseira delicada. Enrolou-as até que a pulseira fina do relógio que ela usava faiscasse. – Carter – disse ela.tentação de se deter próximo do atraente “V” de pele feminina exposta ou. Os olhos azuis observavam o polegar longo . refletindo as luzes da máquina vencedora. mas um pouco comum. Na verdade. Deus o ajudasse. ofegante. Teria ela ideia do quanto eram sedutoras aquelas frações de segundo em que ele podia ver claramente a mente de Megan trabalhando nas possibilidades existentes no ponto onde seu olhar se detinha? Aquela mulher era extremamente . – Que diabos ele estava fazendo? Megan ergueu o olhar lentamente. aos lábios sensuais de Connor. – Connor. em seguida. seguindo o contorno do braço longo.lhe roçar a pele sensível da parte interna do punho. do ombro largo até a parte superior da gravata e. o bom senso travando uma batalha naquelas piscinas azuis. Droga! Gostava do modo como Megan dissera seu nome. quisesse saboreá-la. Ou talvez mais. E tinha o olhar cravado em sua boca como se a achasse mais apetitosa do que vodca de baunilha com licor de chocolate branco. – Connor – corrigiu ela. Perspicaz. por fim. Como se talvez. E doce. Mais um segundo e os olhos azuis encontraram os dele.sensual. Principalmente . quase não conseguindo vencer a tentação. Divertida. Porque desde o princípio soubera. Poderia caprichar na sedução e a teria.por ela ter dito o nome certo. Porém. Repetição. Connor tinha uma excelente ideia para ajudá-la a se lembrar. evitara o contato visual. Em cada elogio casual. O flerte de que lançara mão até então fora apenas um aperitivo. Por horas a fio. Em cada insinuação. com gemidos de súplica. havia mantido a distância física entre os dois. pressentira o que poderia acontecer entre os dois e decidira não investir. agora… . E um belo reforço… do tipo ofegante. as luzes resplandecentes. encontravam-se envoltos pelo ar da noite. Culpa sua. Temos de . Instantes depois. Empurrando os pensamentos para o fundo da mente. – Você acabou de depenar duas máquinas sucessivamente. Gesticulando negativamente a cabeça. Connor fixou o olhar no copo pela metade sobre o balcão ao lado deles. decidiu manter o braço de distância entre os dois e o sorriso fácil.desejava mais. o tráfego de pedestres sem destino e o fluxo de carros. A aparência de quem estava encarando aquilo apenas como diversão. – Acho que não. Não quero abusar da sorte. Connor não queria pôr um fim à noite. Adeus.voltar e tentar o prêmio máximo. Admirava . mas afinal ela traçara um plano para sua vida. estou feliz com meu lucro. Para alguém que não tem sorte no jogo. embora já soubesse a resposta ao perceber a resignação naqueles olhos azuis. E a respeitava por isso. como as roletas? Um profundo suspiro escapou pelos belos lábios de Megan. Ou prefere tentar algo diferente. – Mais alguma coisa em mente? – perguntou Connor. o senso de prioridade. a premeditação e o compromisso que Megan empregara naquela meta. Os olhos azuis voltaram a se fixar nos . Diabos! Provavelmente aquele plano era responsável por metade da atração que sentia por ela. Portanto. Claro que isto é Las Vegas. a noite ainda é uma criança. – Megan mudou o peso de um pé para o outro. onde se detiveram a brincar distraidamente com o primeiro botão da camisa. O olhar se desviou enquanto os dedos delicados subiam pela lapela de seu terno. – Eu também. – Diverti-me muito esta noite. parada diante dele. dele. pousando a mão na base . – Um grande dia de festividade. – Dessa vez o sorriso que curvou os graciosos lábios de Megan era de pura travessura. – Terei de dar a Jodie e Tina algo suculento para elas digerirem. brilhando por uma fração de segundo em seus lábios. – Sim. E de engendrar elaboradas mentiras sobre nossa noite juntos. – Uau! Vai mentir sobre mim? – perguntou ele. – E então os ombros de Megan se estreitaram e as feições se acomodaram em uma expressão muito formal. – Tenho de acordar cedo. – E terei um grande dia pela frente. – Sinto-me lisonjeado. Não havia nenhum táxi disponível. como manter a paz de espírito durante o casamento de minha prima. em busca de um táxi.da espinha de Megan. – Então você é um daqueles tipos letalmente francos? – perguntou ele enquanto se encaminhavam na direção . talvez não. mas mentir me dá urticária. mas a qualquer momento apareceria algum. É o que desejo. Megan lhe dirigiu um sorriso oblíquo. Mesmo que por uma boa causa. enquanto se aproximavam da esquina. não sei se seria capaz. Seria muito divertido. – Na verdade. acho que não dizer nada seria tão eficaz quanto dizer que sou um garanhão… o . Mas acho que. na maioria das vezes. Uh-huh. Connor não queria perder a atenção dela. O que nem sempre é conveniente. Mas em seguida Megan se deu conta de como ele a olhava e virou o rosto. me mantém longe de problemas. – Sem dúvida. Não ainda.do cassino em que estavam hospedados. – Com mulheres como Tina e Jodie. mas se ela não parasse de prender aquele lábio inferior sexy entre os dentes… nada a manteria longe do problema que ele tinha em mente. Ele estava brincando. Sem dúvida. seria cem por cento verdade. Não revele nada. Deixe-as cozinhando no banho-maria da curiosidade. isso as deixará enlouquecidas.que. – Ela ofegou. – Deus sabe que a imaginação daquelas duas é bem mais fértil do que a minha. . – Eu poderia ajudá-la com isso – ofereceu ele com outro sorriso presunçoso. – Oooh. fazendo-o imaginar a profundidade da veia perversa de Megan e se alguma vez aquela mulher atravessava as fronteiras do pecaminoso. quase saltitando de felicidade ao lado dele. aliás. captar todos os sutis sinais de hesitação à medida que surgiam. Podia vê-la lutando consigo mesma para não ceder a cada “talvez”. As pontas lisas dos cabelos roçando suavemente os ombros. “só mais um pouco” e “só desta vez” que espocavam em sua graciosa cabeça. Podia sentir a tensão enquanto Megan travava uma batalha contra a própria consciência sobre a possibilidade de esticar a noite que agradava a ambos. – Tenho certeza de que sim.Megan estacou e fez que não com a cabeça. . Connor podia ver o rubor aflorar naquele belo rosto. Mesmo sob as luzes e o brilho da Strip. MEGAN não queria que a noite . Connor não conseguia parar de pensar na abordagem prática em relação ao amor que ela possuía. ela traçara um plano… mas talvez não fosse somente um. Megan era tudo aquilo e mais um pouco. Independente. DEUS. Sim. Com os olhos voltados para o céu. Sincera. apenas para estacar abruptamente quando se focou no letreiro neon brilhante sobre o ombro direito de Megan.Sabia que ela desejava… – Mas você tem um plano. Divertida. Connor deixou escapar um longo suspiro. Inteligente. E quando pensasse sobre aquela noite. não queria ser assolada por nenhum arrependimento. não era seu estilo de vida. – Sim. – As palavras . Portanto. tenho um plano. por mais que a ideia de acabar deitada na cama daquele homem lhe fosse atraente. se arrependeria no dia seguinte. Se ela cedesse. E. engoliu em seco e fez o que devia fazer.chegasse ao fim. Mas se continuasse só haveria um lugar para onde aquela situação os levaria. Não importava que ele parecesse mais sua alma gêmea do que um desconhecido. Tentador. virada de frente para Connor. – Há algo que me deixa curioso. – Obrigada por esta noite extraordinária. Os lábios de Connor se curvaram de leve em mais um daqueles meios sorrisos. Muito tentador. – O quê? – perguntou ela. Os dedos longos escorregaram pelos braços delicados em uma carícia suave. . – Ele pousou as mãos sobre os ombros de Megan. Carter. diferente daquele que se transformara em uma parte de si mesma ao longo do tempo. – Quanto ao seu plano.abriram um vazio no íntimo de Megan. . A princípio. tudo que Megan conseguiu registrar foi o choque daquele contato. Em seguida. ele a prendeu atrás da base da espinha de Megan. Em seguida. A corrente elétrica produzida em todos os pontos em que os corpos dos dois se tocavam. E lhe capturou os lábios. Sim. O suave sugar.Segurando-lhe uma das mãos. baixou o olhar aos lábios tentadores e murmurou: – Apenas isso. A pressão firme. aproximou-se um passo. o movimento lento e sensual da boca experiente contra a dela. Segundos depois. sentiu um sopro do hálito quente e úmido entre os dois. . – O quê? Um dos cantos dos lábios de Connor se ergueu. tão perto que Megan pôde sentir a vibração dos lábios sensuais. Piscando. – Connor – murmurou ele. O fim perfeito para uma noite que ela desejava não ter de findar. ela o olhou nos olhos. confusa.Apenas isso. embora permanecesse no mesmo lugar. – Queria apenas garantir que não esquecesse meu nome. Quando os olhares se encontraram. Connor a forçou a encará-lo. Megan teve de piscar várias vezes. antes de partir. – Isso foi para que você se . O que refletiam era uma arrogância atrevida e explícita expectativa. Erguendo-lhe o queixo com o dedo curvado.– Connor. – Megan suspirou. – Isso foi maravilhoso. – Não muito – retrucou ele. Nem de longe. envolvendo-lhe a mandíbula com a mão em concha. fechando os olhos e saboreando aquele momento apenas um segundo a mais. Não era o tipo de resignação doce e ao mesmo tempo amarga que brilhava naqueles olhos escuros. fechando a distância que os separava sem hesitar. Era .acostumasse com a ideia. os dedos se enroscando na camisa feita sob medida. mas. antes que ela tivesse a chance de contestar ou reformular sua resposta. Connor se apossou de sua boca como se fosse algo que lhe pertencesse. tornando-a sua de uma forma que fez as mãos de Megan se erguerem em um gesto involuntário. Não havia nada suave naquele beijo. ele os arrebatou outra vez. Um gemido se desprendeu de seus lábios para ser absorvido pelos dele. Os lábios de Megan se entreabriram em um protesto. mesmo que remotamente. Algo que Megan nunca acreditara que um dia permitiria acontecer em plena calçada. E então todos os pensamentos sobre onde estava. Tudo que conseguia registrar era a pressão quente do corpo de Connor quando ele a puxou mais para perto. o que deveria estar fazendo ou o que faria lhe desertaram a mente. também. Explosivo. nunca se vira em face da necessidade de interromper algo tão envolvente. Mas. Arrebatador e intenso. A exploração magistral de uma parte de . repleta de transeuntes. O tipo de beijo que se dava a portas fechadas.quente. As mãos se moviam sobre os planos rígidos do torço largo em uma frenética antecipação do que mais ele poderia lhe oferecer. Muito bom.seu corpo que. parecia um continente desconhecido. Mais uma investida da língua e Megan se viu perdida. Quando Connor recuou. Talvez se arrependesse no dia seguinte… mas não tanto quanto se arrependeria se interrompesse aquela noite agora. A sensualidade com que aquela língua ousada encontrava a dela. Delicioso. ela estava . de repente. – Sim. Ele deixou escapar um suspiro lento. . uma vez mergulhando nelas. o meio-sorriso elusivo não estava presente. anuindo. Estou dividindo o meu com Tina e Jodie. Desesperada.ofegante. Dessa vez. seria capaz de voltar à tona. – Mas temos de ir para seu quarto. como se tivesse chegado a alguma conclusão íntima. está bem – murmurou ele. Faminta. – Oh. está bem – sussurrou ela. Os cílios pareciam baixar mais a cada segundo até os olhos escuros se transformarem em profundezas insondáveis que a fizeram imaginar se. – Pelo caminho eu . Um segundo depois. Depois de pressionar um único e lento beijo em seus lábios. moveu a boca na direção da orelha de Megan. – Tenho um plano… – respondeu ele. confiante e animado. O corpo oscilando com as passadas largas e decididas.Só então Connor baixou a cabeça na direção dela. e ela se viu atirada por sobre o ombro de Connor. exigindo uma explicação. Deliciada com aquela demonstração de homem das cavernas. as mãos firmes se espalmaram em torno dos quadris de Megan. – Tenho uma ideia melhor ainda. ela soltou uma gargalhada. lhe explico. Fica logo aqui à direita. . deixando apenas o silêncio no bangalô. conseguindo até mesmo . Connor olhou para fora. além do terraço do quarto e da piscina particular de um azul-caribenho. Megan se mantivera firme durante aqueles primeiros minutos de plena conscientização. tentando antecipar o que teria de encarar quando a esposa emergisse de seu refúgio de vapor.Capítulo 4 O RUÍDO abafado do chuveiro cessou. naquela manhã. . pedira-lhe um pouco de privacidade para tomar banho. revelações e resoluções da noite anterior.fazer alguns comentários jocosos entre uma náusea e outra. Megan queria um advogado. Refletindo sobre o único soluço abafado que ouvira antes que o eco da água corrente dissipasse qualquer outro som. Ouvindo a maçaneta da porta do toalete se fechar. Mas. Juntando o quebracabeça dos eventos. tão logo se vira com forças suficientes para ficar de pé sozinha. Tentando conciliá-los ao presente momento. E desde então Connor estava esperando. Aquele fora o único comentário definitivo que fizera em relação ao casamento dos dois naqueles poucos e caóticos instantes que passaram abrigados em seu refúgio de mármore e bronze. assim como ele. Aquela mulher era sua esposa. Sem dúvida. mas algo possessivo no íntimo de Connor rugia. sim. mas porque reconhecera o potencial entre os dois. Casara-se com ele. diante de tal pensamento. E. o álcool talvez tivesse algum . E não apenas de brincadeira. da mesma forma que ele também percebera. Megan não se recordava com nitidez dos detalhes da noite anterior. ultrajado. reafirmando a confiança de Connor de insistir na decisão. Claro que ele teve de lhe vender a ideia quando percebera sentido naquilo.papel no imediatismo de seus atos. não. mas a cada minuto os detalhes daquelas horas decisivas que passaram juntos e da mulher com quem havia se casado aguçavam em sua mente. E. após o fracasso de sua abordagem paciente e metódica de encontrar uma esposa em Caro. Mas ele era um homem com um talento especial para identificar oportunidades . Megan havia caído em seu colo por acaso. não lhe passou despercebida a ironia de que. Era impossível ignorar o fato de que os objetivos dos dois estavam muito bem alinhados. E ela tivera o . Era capaz de avaliar uma situação e destrinchar os fatores essenciais. perfeita. A cronologia. E o que vira em Megan lhe dissera que ela era o tipo de oportunidade que não deveria desperdiçar. ideal.e com a habilidade necessária para transmitir os benefícios de tais oportunidades aos outros. sem esperar pela proverbial batida à sua porta ou o manual de instruções dos quais muitas pessoas dependiam antes de tomarem decisões. A abordagem prática. o faria rever sua posição. A maçaneta se abriu com um clique. embora achasse que os próximos minutos seriam cruciais para confirmar isso.mesmo bom senso de perceber isso e concordar. portanto. Megan se encaixava com perfeição em seus objetivos. a visão de Megan. recém-lavada e quase soterrada pelo enorme robe felpudo. enxugada. . Um ataque de histerismo. e Connor se preparou para o que iria se seguir. com um gesto hesitante. Porém. não estava preparado para reconhecer que cometera um erro. Pelo menos não ainda. por exemplo. tentando afastar. era algo para o qual não havia se preparado. E a firmeza com que ela lhe sustentava o olhar provava que não parecia prestes a desmoronar. Megan parecia forte. segurando as lapelas do robe na altura do pescoço. não parecia disposta a começar de onde pararam na noite anterior. Aquela mulher era linda. Os braços estavam cruzados com uma das mãos. E fria. e aquilo lhe fez a pulsação acelerar tanto quanto a visão daquelas sensuais unhas dos pés . a julgar pela linguagem corporal. Uma postura alerta.uma mecha de cabelos da testa. Ainda assim. enquanto a outra envolvia a cintura. em vez de ceder ao desejo de se aproximar. – Precisava disso. De alguns minutos para organizar meus pensamentos. Mas me desculpe por tê-lo . – Sim. ela relanceou o olhar ao redor antes de focar a atenção nele mais uma vez. recostando um dos ombros à porta de deslizar. obrigada. Queria que ela se sentisse à vontade. E faria tudo para que aquilo acontecesse o mais rápido possível.pintadas de cor-de-rosa. – Limpando a garganta. – Está se sentindo melhor? – perguntou ele. que perscrutavam sob a bainha do enorme robe. Ótimo. e o polegar de Megan se ergueu como uma bala quando ela começou a relacionar . – Antes que ele tivesse a chance de perguntar. aquele olhar firme se encheu de determinação. Temos muito a fazer em um curto prazo. – Sem problemas. Está sendo uma manhã interessante e acho que começou um pouco mais rápido do que qualquer um de nós esperava. mas considerando nossa situação foi melhor assim. – De fato. As sobrancelhas de Megan se arquearam. Conscienciosa.feito esperar. e um longo suspiro lhe escapou dos lábios. Independente. já que aqui é Las Vegas.nos dedos da mão. – Portanto. Mas sou capaz de apostar que a recepção do hotel tem ao menos alguma informação superficial sobre essa questão. Perguntarei quando descer para fazer cópias de qualquer documentação que nos deram na… capela? Connor anuiu. Connor admirava aquilo… mas ela estava agindo na . linhas profundas lhe vincando a testa. enquanto ela enumerava a lista de afazeres nos dedos. precisaremos de um advogado que nos guie nos trâmites legais envolvidos na concessão de uma anulação. – Em quarto lugar está isto – disse ela. Megan prendeu a respiração e arregalou os olhos. As linhas na testa de Connor se tornaram ainda mais profundas à medida que ela deslizava a aliança de platina e diamante pelo dedo. . Megan contara quatro afazeres antes de ele se desencostar da parede e lhe segurar a mão. vá com calma. – Ei.direção errada. Temi tirá-la até que pudesse devolvê-la a você. a voz se tornando mais baixa enquanto agitava o dedo anular no confinamento da mão de Connor. – Sua aliança. – Espere. Megan anuiu. – O mais lindo anel que jamais vi. – Valera cada um dos vários mil dólares que dera pela joia na noite anterior. Mas de repente estacou. – Megan ergueu um olhar questionador e cauteloso para encará-lo. não achando graça alguma naquelas . Os lábios se curvaram em uma apreciação silenciosa. Deixe-me ver como fica em sua mão. brincando com a aliança no dedo de Megan. Connor deixou escapar uma risada abafada. – Fica ótimo em você. Gostaria de poder me lembrar do quanto deve ter ficado incrível refletindo as luzes fluorescentes do toalete da capela. ele disse: – Não se lembra de eu ter lhe comprado esse anel? Megan engoliu em seco. não… – Ela pareceu pensar melhor no que iria dizer e se calou com um movimento negativo de cabeça. e a ruga se aprofundou. Uma ova! – Importa para mim.palavras. Mas não consigo. – Não pode sequer imaginar o quanto gostaria de me lembrar. – Não importa. Baixando o olhar à pequena ruga que abria caminho entre as sobrancelhas de Megan. Lembra-se de . Na verdade. – E do casamento? – Desculpe. – Nem um piscar de olhos ou um hesitar. era óbvio que Megan se excedera na bebida. Diabos! O álcool também havia lhe embotado a mente. Connor a encarou. Ambos o fizeram. Sim. apesar de ser muito maior e mais forte do que ela… mas ter um apagão? . não. A mente presa à aparente impossibilidade do que estava escutando. Também precisara de alguns minutos para que todos os detalhes da noite anterior se encaixassem no lugar.quando a pedi em casamento? – Não. aquelas duas piscinas azuis procuravam por algo… qualquer . Enquanto ela o encarava. O alerta o atingiu como uma conflagração.– Megan – começou ele. ficando escondia sob os dedos que Megan lhe fechou com certa dificuldade. esforçandose para disfarçar a ansiedade na voz. Mas no instante seguinte a aliança foi retirada e colocada na palma de sua mão. Aguardou que Megan terminasse a frase com “parecem ter sumido de minha mente”. e Connor esperou que ela prosseguisse. – O quanto exatamente se lembra da noite anterior? – Alguns momentos espaçados. conversar sobre waffles. – As bochechas do rosto de Megan adotaram uma coloração rosada . – Lembro-me de tê-lo visto no bar e pensado o quanto você era bonito. exceto que você parecia sério. Não havia nenhum “talvez” entre nós. Simplesmente não parecia haver dúvidas. Recordo-me de ter rido… muito e. Lembrome de você sugerindo em tom de brincadeira que escolhêssemos as estampas de nossa porcelana. mas não sei o que respondi. em outro momento. embora não me lembre em que contexto. mas recordo que não acreditei que você estivesse falando sério.coisa talvez. presumo que eu não estivesse pensando. O rubor ainda lhe corava o rosto. Portanto. pensando… Deus! Eu nem sei o quê. embora ela mantivesse os ombros empertigados. ele observou Megan virar de costas. O ar abandonou os pulmões de Connor em uma exclamação grosseira enquanto ela afastava com o pé as almofadas decorativas e as fronhas . Perplexo. E também me recordo de assinar meu nome na capela. mas pedir outra rodada porque não queria pôr um fim àquela diversão. porque não costumo beber muito. – Eu me lembro de estar ciente de que deveria ir mais devagar.enquanto ela desviava o olhar. Um dos cantos da boca de Megan se curvou. Não era de se admirar que Megan estivesse encarando aquele casamento como uma lembrança descartável de Las Vegas. Aquela mulher tinha um plano e não se recordava de nenhuma das razões que ele lhe dera para alterá-lo. Megan era forte. – Acho que não sabe me informar onde posso encontrar meu vestido? . E ainda assim conseguia se manter controlada.espalhadas pelo chão. calma e focada o tempo todo. Droga! Ela não se lembrava dele. Durona. Tudo de que ele necessitava. Por que não me perguntou? FECHANDO OS olhos. tentando remontar a noite passada. estaria lhe contando todos os detalhes. sinto muito. – Megan. Por quê? Porque os detalhes não eram importantes e ela poderia decifrar os acontecimentos mais importantes .Imagens daquela peça justa e superfina de seda azul atingindo-lhe em cheio o rosto lhe espocaram na mente. Se eu tivesse percebido. Megan inspirou profundamente. explicando o que aconteceu. Mas onde o vestido aterrissara depois não fora prioritário naquele momento como era agora. a indulgência de viver uma noite de excessos imprudentes que ela nunca consideraria possível quando fosse responsável por outra pessoa. sua mente conservadora havia racionalizado aquela última aventura. a chance de ser completamente espontânea. Talvez o fato de ter bloqueado o tempo que passaram juntos não passasse de algum mecanismo de defesa. Estilo Las Vegas. Portanto. Bastava olhar para aquele homem .sozinha. Aquele homem estonteante e tranquilo a tentara com todas as coisas com as quais jurara se privar na vida… a atenção de um homem atraente. E então aquelas mesmas mãos a giravam. o que quer que tivesse acontecido entre os dois. – Megan? – O tom barítono profundo e empostado a arrancou daqueles pensamentos um segundo antes de o calor das mãos longas entrar em contato com seus ombros. segurando-a com mais força.para acreditar que. poderia muito bem ter sido o tipo de fenômeno do qual uma mulher adulta não conseguia se recuperar. e seu subconsciente estava tentando protegêla. . – Por quê? – Não importa. fazendo-a se sobressaltar. Será que ele achava que algo fazia sentido entre os dois? Acreditava que tinham algum potencial? Não era aquilo que ela precisava ouvir. Acho que você não está entendendo. – Tem de ser. . tentando desviar o olhar.– Está enganada. Megan pestanejou várias vezes. A noite de ontem não foi apenas um erro crasso a ser corrigido esta manhã. mesmo enquanto cambaleava cada vez mais para a intensidade daquelas profundezas escuras dos olhos de Connor. – Megan não poderia investir em algo em potencial outra vez. – Sim. . um dos cantos dos lábios de Connor se ergueu com o mais sutil dos movimentos. Até mesmo você concordou. mas.Não tinha tempo nem vontade para isso. mas meu plano é melhor. Megan esperava que ele desse um passo atrás. ela lhe contara? Megan inclinou o queixo para trás ao sentir o golpe da autotraição e praguejou contra seu subconsciente. Então. Era como se de repente ele se descobrisse em melhores condições do que esperava. – Eu tenho um plano. perguntasse sobre o que ela estava falando. em vez disso. e Megan não pôde evitar se perguntar se todos os seus objetivos e propósitos não haviam sido motivo de piada.Não existia mais nada inviolável? Imagens das risadas lhe vieram à mente em uma onda nauseante. tentando estrangular as palavras que ela não queria dizer. Então do que se tratava… – Oh. – Você se voluntariou para ser meu doador de sêmen? Connor era alto. alguma parte instintiva de seu ser soube que aquilo não era verdade. Porém. meu Deus! – A garganta de Megan se fechou. lindo e desprovido . ao olhar nos olhos de Connor. de que jeito?. não era exatamente um livro aberto. O olhar de Megan baixou ao dedo desprovido da aliança que ela retirara. pensou ela. As doações eram livres . obscurecendo qualquer chance remota que ela possuísse de tentar interpretar um homem que. – A testa já franzida de Connor se enrugou ainda mais. experimentando uma nova onda de pânico. Não do jeito que ela estava pensando? Então. – Não do jeito que está pensando. – Não. Então.de qualquer doença infecciosa aparente. talvez não se tratasse de uma simples doação. para começar. – Você é homossexual. Deixe-me explicar. – Por que outro motivo um homem com aquela aparência estaria com ela? . e aquele homem a prendera com algo realmente significativo. – Espere. Connor queria reivindicar direitos sobre seu bebê. e o ar que entrava e saía de seus pulmões parecia ralo e inútil. Não sei o que está pensando. mas posso perceber por sua expressão que está enganada. a respiração de Megan saía mais acelerada do que deveria.de qualquer vínculo. De repente. – Ouça. Carter.– Uh… – Aquele sorriso torto estava de volta. Na noite anterior. Qualquer que tenha sido o trato que fechamos ontem à noite. e Megan soube que estava certa. não importa. ela estivera altamente embriagada. ela fechou os olhos. não quer que seus pais saibam? Precisa de um herdeiro ou algo parecido para manter seu fundo patrimonial? – Não… uh… eu… uh… Com movimento negativo de cabeça. – Está bem. Mesmo que . Então. está anulado. seja o que for. – Você tentou… me engravidar… ontem à noite? Connor tossiu. Megan o viu erguer a mão. a menos que… Os olhos azuis se arregalaram enquanto ela o encarava. não importava o quanto parecesse com isso. confusão e algo que Megan se recusava terminantemente a acreditar ser sentimento de culpa. mas não se importava se ele precisava de um tempo . a expressão divertida se metamorfoseando em choque.tivesse assinado uma dúzia de documentos. horrorizada. não teriam valor algum. Poderia escapar daquela situação. autossabotadoras e perigosas… – Megan. – O nome soou com partes iguais de súplica e risada. – De todas as coisas estúpidas.para inventar uma história ou para construir sua defesa. ela cruzou os braços sobre o abdome. fizera sexo sem proteção com um homem que ela não conhecia. O que ela fizera? Mesmo que não estivesse grávida. … com o próximo desconhecido que encontrar… Megan sentiu o estômago revirar. . Girando nos calcanhares. nauseada com a consciência do que fizera. – Ela ofegou. teria de esperar.– Ele poderia ter uma doença sexualmente transmissível. Mesmo que não estivesse grávida ou infectada. a ansiedade dando voz ao pensamento. Tinha preocupações maiores do que se incomodar com a paciência de Connor. antes que pudesse se conter. – Dessa vez a voz pareceu tensa. ainda teria de postergar seu plano por mais seis meses para garantir que não tivesse contraído nenhuma doença sexualmente . Era como se ele estivesse perdendo a paciência. pensou Megan. – Megan. O que quer que ele estivesse pensando. Complicado. – O dedo indicador longo foi o próximo a se erguer. – Ele a soltou para erguer o polegar. girando-a e segurando-a no lugar. De onde diabos tirou . – Não tenho nenhuma doença sexualmente transmissível. olhe para mim. Cada centavo que tenho. Megan. Três. nem testamenteiro a satisfazer. Sempre uso preservativo e logo após ter terminado meu relacionamento fiz exames apenas para garantir. enquanto ele a encarava. – Aquelas mãos estavam nela outra vez.transmissível. – Droga. ganhei com meu próprio esforço. Dois. – Não existe nenhum fundo patrimonial. – Um. – Mas isso não faz sentido… Connor dispensou o comentário com um gesto de mão. Casei-me porque temos objetivos. Não me casei com você para colocar as mãos no seu bebê. Megan sentiu o queixo cair. Não fizemos sexo. Connor era muito gay. Não tentei de forma alguma engravidá-la ontem à noite. Megan negou com a cabeça. droga. prioridades e expectativas semelhantes… e. . – E cinco.isso? – Outro dedo se ergueu. procurando aqueles olhos incríveis. me casei porque gostei muito de você. – Quatro. Teria de lidar com isso mais tarde. Um golpe de sorte. . recordando que tropeçara literalmente sobre sua calcinha e camiseta indecente a caminho do toalete. – Mas eu estava nua – desafiou ela.E por que aquela revelação a atingiu como um desapontamento quando deveria estar dando saltos de alegria. ela não sabia explicar. Mas aqueles lampejos confusos de memória lá estavam outra vez. levando em consideração a velocidade com que Connor a seguira. erguendo-se com uma risada vitoriosa diante de um pensamento que deveria suscitar ultraje. – E. – Connor! Impenitente. os olhos escuros traçaram um caminho ardente pelo corpo de Megan. com essa concessão. .Nua e devolvendo todo o conteúdo do estômago seria um cenário degradante que ela não queria contemplar. Ele a vira antes e agora a estava vendo outra vez. – Deus! Adoro quando você acerta o meu nome. – Espere… o quê? – Repita. mas eu não disse que nada aconteceu. ele lhe encontrou o olhar. – Sim. deixandoa com a sensação de que aquele robe gigantesco era invisível. acrescentou: – Sou um homem muito . – Eu poderia convencê-la disso. Encontravam-se repletos com algum tipo de ardor predatório e possessivo… e cravados nela.– Está bem. “Definitivamente” seria a palavra certa. – Ela engoliu em seco. – Inclinando-se na direção dela. assim como definitivamente não deveria ter tocado no assunto “sexo”. Acredito em você. Passar as próximas duas horas sustentando minha argumentação. Porque agora aqueles olhos ilegíveis não estavam mais tão indecifráveis. Talvez não seja mesmo gay. convincente quando me proponho a isso. tentando não ceder à risada que ameaçava escapar de sua garganta. algo mudou no homem à sua frente. as provocações e insinuações totalmente inadequadas daquele homem a estavam fazendo se sentir segura? Como se tivesse lhe pressentido a tensão relaxar. Traumatizada. Connor se mostrou totalmente sério. A brincadeira e a insinuação postas de lado. e a profunda sensibilidade de Megan à mudança de . por que logo após ter tomado a pior decisão de sua vida. Então. – Connor – disse ela em tom de advertência. Deveria estar aterrorizada. Deveria ter nos feito parar antes. De alguma forma. Simples.humor dele era mais desconcertante do que ter acordado ao lado de um estranho. Simples. sexy e envolvida. E no outro começou a passar mal. Connor lhe segurou a mão. em vez de levá-la para a cama para fazer sexo eu a coloquei para dormir. – Eu deveria ter percebido o quanto você havia bebido. Megan não concordava com isso. . Portanto. – A razão pela qual não fizemos sexo ontem à noite foi porque em um momento você se encontrava risonha. – A se casar… – A palma quente de Connor lhe tocou a lateral do rosto enquanto os olhos escuros procuravam os dela. – Veja onde isso me levou. Óbvio. E você nem ao menos se lembra por quê. Eu deveria ter me feito parar.– Sou uma mulher adulta e com mais bom senso do que isso. as palavras calmas soando muito . – Mas você se lembra? – perguntou ela. Nenhuma insinuação do sorriso elusivo. – Megan inspirou lentamente e pressionou as mãos contra as têmporas latejantes. – … com um homem que é a melhor alternativa que poderia conseguir para seu plano. De repente.sinceras para o tom sarcástico pretendido. Porque aquela franca intensidade que gravitava na atmosfera entre os dois. Connor era um estranho. aquele estranho a olhava nos olhos como se soubesse exatamente quem ela era. . – Mais a cada minuto. era quase insuportável. Porém. pulsando contra sua pele como se quisesse penetrá-la. Megan desejou ver de volta aquele sorriso malicioso que insinuava apenas metade da história. Capítulo 5 OS de Megan estavam entreabertos. embora ela tivesse feito seus votos. convidando-o a roçar o polegar naqueles contornos carnudos. Isso significava que. Megan não mais lhe pertencia. colocado a aliança que ele lhe dera e se abandonado em seus braços na noite anterior… naquela manhã. LÁBIOS . assinado o nome. Mas Megan não se lembrava dele. Connor era capaz de entender. Era como se de certo modo soubesse o que eles haviam compartilhado e quisesse vivenciar aquilo outra vez. se parecia muito com quem ela realmente era. Connor poderia lhe mostrar como foi. com a respiração levemente alterada e a coloração que a manhã lhe subtraíra de volta ao rosto. Beijá-la até que ambos perdessem os sentidos e ela estivesse suplicando como fizera… Megan prendeu a respiração. . quando Megan o olhava nos olhos da forma como estava fazendo naquele momento. Porém. Porém. Ou ele podia esperar. .– Acho melhor eu tentar encontrar meu vestido. Aqueles enormes olhos azuis vagueavam outra vez. – Graças a Deus! Acho que mereço a vergonha de ter de sair do quarto do amante com a roupa da noite anterior. escaneando o quarto como se pudesse encontrar salvação em algum canto escuro. em seguida. Connor enfiou as mãos nos bolsos da calça. Droga! Recuando. se iluminaram ao mesmo tempo que um pequeno guincho lhe escapou da garganta e Connor concluiu que ela havia encontrado o vestido. Connor sentiu um sorriso lhe repuxar os lábios. Connor a viu se encolher diante das palavras que ele estivera saboreando. sinceramente. – Vergonha? Acho que isso não se aplica a uma mulher casada. Megan mordeu de leve o lábio . amargas ou totalmente descabidas e se perguntou se aquele não seria um gosto ao qual estava começando a se acostumar. Mais uma vez. não queria ter de fazer isso de robe. Algo a encorajá-la a tentar. Não as considerou ruins. Aquela mulher tinha um senso de humor que o agradava.mas. isso definitivamente se aplica a mim. – Levando em consideração a aparência desse vestido. Por mais sexy e harmônica que tivesse parecido quando colada àquelas belas curvas na noite anterior.inferior. a peça amarrotada parecia quase um trapo naquela manhã. – Posso telefonar para a recepção e pedir que lhe enviem outro… Megan quase se engastou. – Gosto… e muito… da ideia de vêla envolvida em uma das minhas . – Espere. Não faça isso… usarei uma de suas camisas ou algo do tipo. Duas poças azuis penitentes se voltaram para ele.camisas. foi Megan a se descobrir sem palavras. Tenho um casamento hoje. e Connor saboreou aquilo pelo segundo e meio que demorou para que ela encontrasse uma nova desculpa. Mas primeiro vamos tomar o café da manhã. Connor enrijeceu. da noite anterior. dispensando o pedido de desculpas. Real. embora calcado na lei. – Ao contrário do irreal. . Dessa vez. – Quis apenas dizer que… Connor ergueu uma das mãos. – Não posso ficar para o café da manhã. O olhar de Megan dizia tudo. Precisamos discutir o assunto. Chamemos isso de um encontro para conhecer melhor seu marido. vamos.– Sei o que quis dizer. E você está aterrorizada e mais do que desesperada para sair daqui e colocar os pensamentos em ordem. Você tem muitas horas antes do casamento de Gail. Mas . Um casamento planejado. você é muito controladora para não ter nenhuma pergunta. Vamos comer alguma coisa para que seu estômago se acalme e depois conversar. Tinha um milhão de perguntas a fazer. – Ora. certo? – E diante da hesitação de Megan. Mas nós estamos casados. – Ora. Connor inclinou a mandíbula para a . Levando tudo em consideração.havia mais do que curiosidade naquelas profundezas cristalinas. chocada e… – Ela empertigou os ombros. – Não estou certa de que qualquer tentativa de conhecê-lo melhor faça muito sentido. Estou apenas confusa. Uma insinuação aos advogados outra vez. Divórcio. – Não o acho ruim. Como se de alguma forma temesse o que iria escutar. não posso ser tão ruim assim. levando tudo em consideração. Havia medo também. Megan. um divórcio seria a solução mais simples.esquerda e cruzou os braços. Ele teria o conhecimento. pareceria que toda aquela situação nunca acontecera. fixando um olhar severo à mulher com quem se casara na noite anterior. De ambos como casal. Colocar alguns advogados trabalhando naquela questão e resolver tudo de forma rápida e tranquila. Connor fingiu . Portanto. Porém. ele se lembrava. Megan não se lembrava dele. Sem dúvida. Dando de ombros. Poderia deixá-la ir. Você tem o quê? Quatro horas sobrando antes que as duas se distraiam com o casamento? O olhar perplexo de Megan disparou na direção dele. estou certo de que Jodie e Tina ficarão felizes em lhe emprestar seus ouvidos. – Elas sabem? Ah. se precisar conversar. – Elas sabem que nós saímos juntos do bar. sim. Além disso. Provavelmente tem razão. – Sim. Ao menos não tão cedo. E que você não retornou à suíte . sua esposa não iria a lugar algum.indiferença enquanto retirava um ás da manga. – O menor dos males que você possui? – As sobrancelhas de Megan arquearam com a insinuação do sorriso e da risada que os colocaram naquele caos. Portanto. – Você sabe se valorizar. eu diria que suas amigas sabem o suficiente para me tornar o menor dos males que você possui esta manhã.que está dividindo com as duas. Connor desejou-a ainda mais. O olhar de Megan se estreitou enquanto o seguia. – Não preciso disso – retrucou ele. – Não quando a concorrência são aquelas duas. . cruzando o quarto. A suíte master ficava localizada na extremidade do corredor do segundo andar. onde o mármore e o vidro faiscavam em contraste com os tecidos em tons de pedras preciosas. a madeira esculpida de forma elaborada e as paredes revestidas de seda. O choque estampado no rosto ainda mais . Vamos brincar de conhecê-lo melhor. Os passos de Megan vacilaram.– Está bem. Você venceu. com vista para a área de estar. Connor se esforçou ao máximo para frear o sorriso vitorioso que tentava lhe curvar os lábios e abriu a porta do quarto. – Você é louco. – Foi exatamente o que disse na noite anterior. Connor sorriu. enquanto ele examinava um lauto café da manhã posto na sala de jantar. A primeira coisa que deve saber sobre mim… – Uh-huh.divertido do que na noite anterior. atirada ao acaso. – QUER DAR uma chance ao casamento? – Megan perguntou. sim? – É que não quero me divorciar. Erguendo o olhar da xícara de café com uma camada generosa de creme que mexia com uma colher. – Muito bem. Claro que juntamente com . chocada com a insanidade daquela sugestão. vou lhe explicar por que conta para você . Não queria evocar aquelas imagens. Megan revirou os olhos. – Ontem à noite quarenta por cento de mim era álcool. E. Na verdade. Mais uma vez. Podia apenas imaginar aquelas circunstâncias. – Para mim. se você se sentar e comer alguma coisa. não recordar. Portanto. Imaginar. toda vez que seu olhar encontrava aqueles lábios pecaminosamente cativantes… começava a imaginar tudo outra vez. isso não conta.muitos “sim. por favor” sussurrados antes do “você é louco”. ele deu de ombros. conta. mas não conseguia se controlar. Megan olhou para aquele conjunto. – Acredite. – Coma.também. você precisa colocar alguma coisa no estômago primeiro. Connor escolheu um croissant e colocou-o em um prato de porcelana com um pequeno pote de cerâmica com manteiga e outro com geleia. frutas e queijos que ele trouxera para a mesa. Acrescentou um garfo de prata e o empurrou na direção dela. pães. Entregando-lhe o café. Connor gesticulou com a cabeça na direção da bandeja com doces. não muito disposta a comer . cautelosa. .nada depois da forma como aquela manhã começara. – Você não me conhece – começou ela. Não conseguia entender. Sentia-se nervosa. E levemente preocupada com o aparente compromisso de Connor com aquele erro monumental. Aquilo não fazia sentido. Ele não queria o divórcio. movimentando lentamente a cabeça em negativa. – Mesmo que eu tenha falado sem parar desde o instante em que nos conhecemos até minha pequena peregrinação ao santuário do toalete… não seria possível você me conhecer. Frustrada. esperando que a cada vez as coisas terminem de maneira diferente. – Sei que quer uma família convencional e que. Connor deixou escapar um suspiro pesado e lhe encontrou o olhar. Aquele conto de fadas pelo qual as pessoas anseiam não faz parte do seu cenário. Assim como eu. nunca se apaixonou de fato. problemas emocionais e defeitos. E também sei que acabou por concluir que o que de fato deseja é ter um filho e que não precisa de um marido . embora se afeiçoe aos homens que namora.Minhas crenças. Sei que está cansada de se tornar vulnerável. – Hesitante.para isso. pegar o croissant. Muito bem. observando aquele estranho esticar o braço na direção de seu prato. – Para sua . ofereceu-o a ela. como se não tivesse acabado de relatar seus mais profundos segredos e maiores fracassos. permitindo que a massa leve e amanteigada se dissolvesse na língua. Em seguida. Talvez ele a conhecesse um pouco. besuntá-lo de manteiga. – Coma enquanto esclareço algumas coisas entre nós. Megan se reclinou para trás na cadeira. Megan deu a primeira mordida no pão. crise emocional ou caprichos . ao contrário do que as evidências possam sugerir. há algum tempo venho querendo me casar. a segurança de saber que esse casamento não vai se desmoronar diante de alguma carência. e eu quero que a minha seja sólida e robusta. o casamento não é algo que encaro de maneira negligente ou no qual mergulharia sem uma prévia e séria consideração.informação. Mas. Quero. para meus filhos e para nós também. – Quando Megan abriu a boca para contra-argumentar aquela última afirmação. erguendo uma das mãos. ele a impediu. – O casamento é a base da família. Não tinha nenhuma intenção. E de repente percebi que você era a mulher certa. em seguida. Portanto. quero que saiba que não se tratava disso. – Connor franziu a testa.de um coração inconstante. Maior do que o que Megan esperara suportar naquela . – Aquele comentário carregava um grande peso. estava esperando por uma mulher que tenha prioridades específicas. – Antes que pense que ontem à noite eu estava em busca de sexo ou pescando uma esposa. – Certa. baixou o olhar à mesa e. voltou a encará-la com expressão perceptiva. além de desfrutar dos bons momentos que estávamos tendo. deixe-me explicar como respeito seu plano de priorizar um filho em detrimento do instinto de encontrar um homem. E se essa relação se tornar séria? – perguntou Connor. Se você tiver um filho. Agora. – Sim. – Você apresenta a pequena Megan ao homem e depois as coisas entre vocês não dão certo. .viagem a Las Vegas. Nesse caso. não estará dedicando esse tempo a ele. passando manteiga em outro pedaço de croissant. não será só você a se decepcionar. Uau! Se ela lhe dissera aquilo. então realmente lhe contara tudo. – A construção de um relacionamento leva tempo. – Megan engoliu em seco. há toda aquela crise emocional pósseparação com que lidar. Além disso. respeito isso. mas ainda assim refletia uma intensidade enquanto lançava luz sobre aquela perspectiva de seu plano. O fato de não querer esse tipo de gangorra emocional para seu filho fala muito sobre que tipo de pessoa você é. E. Muito desagradável para uma mãe solteira e para o pequeno ser que vive em sintonia com seus sentimentos mais do que qualquer outra pessoa no planeta. como disse antes.mas também a criança. demonstrando um nível de . parecendo à vontade. Connor falava em tom casual. por que acabamos casados? . – Não entendo. e ela lhe segurou o punho. e ela já se encontrava confusa o suficiente. aquilo abriria mais portas. Uma parte dela queria perguntar sobre o passado de Connor. Connor esticou o braço para lhe oferecer o próximo pedaço de croissant.empatia que Megan não esperava. Assuntos que imaginava se haviam discutido na noite anterior. Saber sobre seus pais. Porém. Não precisava acrescentar imagens daquele homem poderoso parecendo uma criança vulnerável ao caos que se encontrava sua mente. Se respeita tanto o meu plano. dessa vez. – Como assim? – É simples.Os olhos escuros prenderam os dela. sem o risco de acontecer o pior. – Porque o que lhe ofereci foi o melhor desses dois universos. desde que acordara naquela manhã. Porém. O que há entre nós não se baseia em amor. Sentiu-as desabar sobre ela com o mesmo espectro de familiaridade intermitente que sentia em relação a Connor. Megan empinou o queixo enquanto absorvia aquelas palavras. Era quase como se uma peça do quebra-cabeça do episódio que . algo não lhe parecia confortador. de alguma forma.não conseguia lembrar tivesse sido colocada ao contrário e não se encaixasse. embora não soubesse por quê. Talvez aquele não fosse o tipo de coisa que esperava ouvir de Connor. . ouvi-lo dizer aquilo a deixou… confusa. o que é então? Connor exibiu um sorriso de satisfação. – Se não se trata de amor. Certamente não acreditara que o homem que se casara com ela em uma questão de horas após se conhecerem tivesse se apaixonado. E por falar em loucura… Ainda assim. Trata-se de duas pessoas gostando uma da outra. nem ela nem o homem que estava namorando . De tratar o casamento como uma sociedade em vez de uma fantasia romântica. Com uma grande diferença. O que aquele homem estava sugerindo era o que ela tivera na maioria de seus relacionamentos. Trata-se de respeito. De compartilhar objetivos e prioridades em comum.– De todos os componentes vitais que fazem um relacionamento dar certo. Gostando uma da outra. sem nenhum tipo de caos emocional para miná-lo. Em suas ex-relações. afeto e compromisso. está dizendo que tudo gira em torno das expectativas. – Porque essas expectativas nos são convenientes. – Uma sociedade – repetiu aquelas palavras lentamente. Claro que aquele homem não desejaria mais nada dela. Se as limitarmos. Enquanto com Connor… – Então.acreditavam que aquilo fosse o suficiente. Connor franziu a testa quando a olhou nos olhos. Megan anuiu. ninguém ficará desapontado. – Não estou me referindo a um . – Se as aceitarmos – corrigiu ele. . – Mas eu quero você. A verdade é que não há outra mulher que eu conheça mais. – Se uma amizade é o que tem em mente. Em quem confie mais. Connor a encarou por um instante. certamente deve ter centenas de opções. Mulheres que desejem isso.relacionamento sem nenhum afeto e sim sobre a construção de uma amizade. Ao menos não no que se refere às crenças e às prioridades essenciais. Sem transformar isso em algo que nenhum de nós seja capaz de oferecer. antes de proferilas. Mulheres a quem conheça mais. medindo as palavras. A risada fácil e a conversa inteligente. Não sabia quem eu era. a coisa mais consistente em você tem sido sua inabalável sinceridade. A autenticidade. o que eu possuía ou o que eu desejava. Conheci uma parte de você que não quer um relacionamento. mas o que você quer. Claro que os fatos passados que a fizeram a mulher que é hoje ainda são um mistério. mesmo quando não serve aos seus propósitos. quem é e como nos demos bem… essas coisas eu sei. O humor sagaz. Gostei do que encontrei em você. A independência. desde o início. E me . Na verdade.Você não tinha um motivo oculto quando nos conhecemos. – Por causa da noite de ontem.agradam. Megan anuiu. – Da noite de ontem. sentindo-se mais insegura do que ficara quando acordara sem nenhuma lembrança da noite anterior. Até mesmo deste minuto. Aquilo não lhe parecia o suficiente. Megan engoliu em seco. Gosto do que estou vendo. desta manhã. – Mas mesmo que eu seja o tipo de mulher que está procurando… – A mulher. – O que o torna o homem certo para mim? . – Essa é uma das muitas coisas que aprecio em você. poderá ser mãe em tempo integral em vez de uma escrava do mercado do trabalho. Casada comigo. Tenho .– Posso cuidar de você. – Eu sei – retrucou ele com aquela insinuação de sorriso outra vez. Sendo capaz como você é. Sua independência e autossuficiência. – Posso cuidar de mim mesma. minha ajuda lhe permitiria ser mais do que uma mãe solteira com uma única renda. Sua felicidade não dependerá da quantidade de atenção que eu possa lhe dispensar a cada semana. o que preferir. Poderá trabalhar ou não. suas horas livres não serão esfregando rejunte. a não ser algumas expectativas que tenho em relação à minha esposa. Meu trabalho requer viagens frequentes. Teria a oportunidade de conhecer o mundo e pessoas novas. portanto.empregadas domésticas. e gostaria de uma esposa que me ajudasse a equilibrar as . senão nada. exigindo seu tempo. Haveria muito pouco. Você e nossos filhos seriam encorajados a me acompanhar. – Que expectativas? – Na minha área há uma parte social importante. Megan sentiu a tensão nos músculos dos ombros. festas. Que fizesse o papel de anfitriã e me acompanhasse nos compromissos que surgissem. – Fidelidade. estou me referindo ao respeito mútuo aos nossos votos de casamento.conversas. quantos você desejar. – Fidelidade. Megan entendeu a que ele estava se referindo. Eles terão de ser sua prioridade. E. eventos beneficentes. Não mais do que umas duas vezes por semana. Jantares. estarão sempre em primeiro lugar. Mas nossos filhos. por fim. Não era nenhuma surpresa Connor não ser o tipo de homem que suportava . pôde ver naquelas profundidades a resposta evidente àquele contato. e. Encontrando os olhos escuros. – Não se sentirá sozinha comigo. ainda assim.de maneira passiva o fato de a esposa se divertir com o treinador do golfe do clube. Ela o estivera tocando aquele tempo todo. mas daí ele ser fiel… Os olhos de Megan vagaram para a mão com que segurava o pulso de Connor. Sei que o que estou sugerindo não está dentro dos padrões da normalidade. aquela era a primeira vez que se dava conta da suave corrente de eletricidade entre os dois. E prendeu a respiração. Não . se trata de um namoro tradicional e de uma promessa de amor. Ansiar por algo que jamais chegaria. Porque seria difícil perder algo bom. Mas também não somos as pessoas mais tradicionais do mundo. Tudo que estou pedindo é que dê uma chance a isso. Uma chance. Não queria mais esperar por sua cara metade. . – Temos algo muito bom. Aquele fora o motivo pelo qual traçara seu plano. ele lhe segurou a mão. Megan acreditava que aquilo poderia ser bom. E já perdera tantas vezes. – Girando o punho. Isso era parte do problema. Quantos ela quisesse. Megan sempre sonhara com uma casa cheia de crianças. Mas o que Connor estava lhe oferecendo não se tratava apenas do . quando se decidira por seu plano.Mas com Connor o amor não fazia parte da equação. Alguém que compreendesse suas prioridades da mesma forma que ele entendia as dela. Tudo que ele desejava era uma parceira. aceitara que havia toda a probabilidade de só ter uma. E se convencera de que seria suficiente. Porém. Connor desejava ser o pai dos filhos que eles tivessem. sobre o oásis particular dos dois. Estava propondo mais do que ela acreditara ser capaz de sonhar. E se ela se apegasse… àquela família. pressionando os polegares nos . brutal e belo. onde o sol brilhava. – Preciso pensar – respondeu Megan. Não poderia passar por isso outra vez. por menor que fosse. havia um risco.suficiente. e ele mudasse de ideia? E a deixasse. Connor pousou as mãos em seus ombros. Aproximando-se por trás. como preferiu pensar. Ainda assim. erguendo-se da mesa e caminhando na direção das portas de vidro. Você não lembra. e é assustador confiar apenas em minha palavra em relação a algo tão importante. E então não era apenas o toque daquelas mãos que Megan estava experimentando. Uma lembrança sutil de que ela não estaria sozinha. Uma parte de Megan desejava se soltar.músculos principais de cada lado da espinha. Mas outra grande parte dela reconheceu aquele gesto como um exemplo do apoio que Connor estava lhe oferecendo. mas a pressão do corpo musculoso contra o dela. Pode acreditar. – Eu entendo. O queixo de . pedir para que lhe desse o espaço que ela pedira. Megan girou no círculo seguro daqueles braços fortes. As mãos pousando nos planos perfeitos do peito largo. – Portanto. Mas sim em si mesma. não estou lhe pedindo para acreditar em mim agora. enquanto ele continuava a massageá-la próximo ao pescoço.Connor pousado sobre o topo de sua cabeça. o peito rígido colado às suas costas. – Acreditar em mim? As juntas dos dedos longos lhe . como se fosse a coisa mais natural do mundo. E tudo em que Megan conseguia pensar era no quanto aquilo parecia certo. Não quer descobrir por quê? .roçaram a têmpora em um toque suave e etéreo. – Casou-se comigo. Havia vencido apenas uma modesta batalha.Capítulo 6 MEGAN CONCORDARA. ainda não ganhara a guerra. dando-lhe a chance de convencê-la de que os dois faziam sentido juntos. Felizmente. a . Connor mal conseguia acreditar naquilo. mas Megan passaria o dia com ele. E. sim. Isso significava que ele teria de ir ao casamento de Gail. provavelmente desde a saída de Megan do bar.distribuição das mesas do estilo Las Vegas tinha mais a ver com quem havia chegado ao salão primeiro do que ser sorteado com a mesa próxima à cozinha. – De fato fiquei com ele… Claro que . seguido por um gaguejar e mais instantes de silêncio. confirmou o que ele soubera desde o início. Ela mal havia cumprimentado a prima quando o silêncio suspeito que sucedeu os cumprimentos. Jodie e Tina haviam espalhado a novidade. na noite anterior. não pôde evitar escutar a conversa dela com Gail. Servindo outra xícara de café para si mesmo e um copo de suco para Megan. seguido por uma crise aguda de amnésia… mas isso não vinha ao . ele é muito bonito. hoje é o dia do seu casamento… Sim. Jeff não teria sido tão conciso se tivesse lhe informado que o “algo” em questão se tratava de uma troca de votos de casamento. o amigo lhe respondera com duas palavras: Até mais.estou bem. Quando passara uma mensagem de texto para Jeff. Fim de discussão. mas isso não é… Gail. informando-o de que algo surgira e só entraria em contato com ele na semana seguinte. Certamente. Aquela era a diferença entre os homens e as mulheres. ele se inclinou na direção da orelha de Megan. Os olhos azuis se encontravam .caso. hoje é seu dia. Connor roçou o polegar em seu ombro para se certificar de que Megan notara. Em seguida. – Sei que não costumo agir assim… Não! Não teve nenhuma droga envolvida… Pare com isso! Gail. Quando devo chegar para ajudála? Pousando o copo de suco ao lado dela. – Se precisar de mais alguma coisa é só me dizer. envolvendo-lhe a base da espinha com uma das mãos. o quê? – perguntou ela. Megan queria ser convencida. – Espere. – Por causa de Jodie e Tina. Megan soava indecisa. a atenção se voltando imediatamente para a ligação. tudo é válido para fazer este dia perfeito para você. Certo… Não. – Bem.arregalados quando ela se voltou para encará-lo. curioso. mas resignada. vejo-a na limusine. e uma onda de pura satisfação masculina o atingiu diante do evidente impacto que suas ações provocaram. – Não quer que eu…? Connor ergueu o olhar. E. então. Gail… poderia enviar meu vestido de dama de honra para cá? . – Venha cá – disse ele. – Boas notícias. – É mesmo? – Gail não quer ter de lidar com Jodie e Tina enquanto estiver se arrumando e não posso ir sem que as duas também estejam presentes. Megan cruzou a sala até onde ele . Temos mais algumas horas para nos conhecer melhor. Megan desligou e estampou um sorriso hesitante no rosto.Após informar mais alguns detalhes. portanto vamos nos encontrar todas na limusine na hora de ir para a igreja. dando palmadas leves no estofado ao lado dele. Segurando-lhe a mão. deixando espaço entre a curvatura de seu joelho e o quadril de Megan. Conversar. Connor a puxou para que se sentasse a seu lado. – Ouça. Os olhos azuis se estreitaram nos . mas mantendo uma pressão leve nos dedos delicados. Boas notícias uma ova! Ela estava à beira de um ataque de nervos.estava com um sorriso nervoso a lhe curvar os lábios e a apreensão se refletindo no olhar. vamos esquecer todas as razões pelas quais sou uma escolha perfeita para marido e relaxar. Para provar o que estava dizendo. Você não lembra. enquanto ela recuava com o mais sutil dos movimentos. aumentou a pressão com que os segurava. pare com isso. Ao contrário. puxando-a de volta. Sobre qualquer assunto. – Por que tenho a sensação de que você está prestes a me vender algum tipo de óleo de cobra? Connor não lhe soltou os dedos. Connor ergueu um dos jornais entregues junto com o café da manhã e o atirou . mas se há algo que fazemos muito bem… é conversar.lábios de Connor. – Porque você é um pouco pessimista. Agora. Dedo esse que ele utilizou para a rebocá-la da posição de joelhos em que se encontrava. Leia as manchetes e depois me diga a primeira coisa que vier em sua mente. vamos começar.sobre o colo de Megan. a risada não impedindo que ela golpeasse o peito de Connor com o dedo. E. Mais uma vez. mais uma vez. – VOCÊ É muito trapaceiro – acusou Megan. Megan espalmou uma das mãos no centro do peito largo e . – Portanto. E de repente Megan se viu presa entre o corpo meio esparramado de Connor e o encosto do sofá. recusando-se a admitir como era tentador simplesmente ficar ali. Conversando sobre nossas opiniões sobre educação. – Claro que estamos. não acreditando nem por um segundo naqueles olhos arregalados que tentavam vender uma pureza inexistente. Megan lhe dirigiu um olhar cético. Connor fez um movimento negativo com a cabeça. – Trapaceiro? Estamos conversando. o semblante esbanjando inocência fingida. era demais para suportar. .se levantou. O fato de Connor sequer tentar. sendo dono de uma boca como aquela. Um tópico sobre o qual temos pontos de vista extremamente similares. Qual é o problema? – Mmm-hum. Um assunto interessante para se tirar do nada. Outro sorriso oblíquo curvou aqueles lábios sensuais. antes da questão da educação. Temos muita coisa em . E. – Eu lhe disse. E você concorda. os esportes radicais. – Eu gostaria que nossos filhos vivessem em casa e frequentassem escolas particulares. E coincidentemente você seria da mesma opinião que riscos dessa natureza estariam fora de questão quando uma criança entrar no cenário. Coloquei muitas coisas dentro dessa conversa. mas que agora ela procurava encontrar. e você as colocou todas dentro desta conversa “casual” nas últimas horas… – Ora. Os olhos faiscavam de uma forma que a princípio a surpreendeu. vamos. querida. – … convenientemente omitindo qualquer coisa em que discordamos. Os lábios de Connor se curvaram em mais um grau.comum. – Sim. – Eu já lhe disse o quanto essa sua esperteza é sexy? Um inconveniente frio na barriga a fez . Megan deixou escapar um suspiro. – Com um dedo. Sou um homem motivado e determinado a não permitir que nada importante me escorregue pelos dedos. como se cada coisa que . ele lhe girou o queixo até que Megan o encarasse. e essa é sua resposta? – Sim. Produzia um clique.desviar o olhar antes que Connor pudesse mensurar o efeito de suas palavras. detestando a forma como tudo que ele estava dizendo fazia sentido. Quero que saiba o que sei. – Eu o repreendi por tentar me manipular. – Mas isso não torna o que conversamos menos verdadeiro. tudo em que conseguia pensar era: E se desta vez a recompensa valesse a pena? Uma batida soou na porta da frente. em algum lugar em seu íntimo para se libertar. Connor interrompeu o contato visual . Megan jurara nunca mais cometer aquele erro. E aquele… aquele era um risco diferente de todos que enfrentara antes.Connor mencionasse estivesse trancada. Porém. Era loucura pensar em acreditar naquilo tudo. olhando nos olhos castanhoescuros de Connor. mesmo que por um segundo. aguardando. Não se arriscaria outra vez. pelo menos. Ou. Um instante depois. Megan resolvera ceder. Connor dissera-lhe que aquele era um dos privilégios de ser a sra. mas seus protestos não foram ouvidos. Reed e que devia se acostumar com isso. Era justo. um carrinho de bronze lustroso se encontrava encostado na entrada e Connor verificava o horário em que o cabeleireiro faria a maquiagem e o penteado de Megan. aproveitar enquanto o tinha. – Deve ser seu vestido.para verificar a hora no relógio de pulso antes de se erguer do sofá. Ela tentara impedi-lo. E agora tinha de admitir que estava . com aquela estrutura deslumbrante e um equilíbrio perfeito. que parecia ser uma das preferidas de Connor. Para ser completamente sincera. estava se aproximando outra vez. A porta se fechou.ansiosa por deixar alguém trabalhar em seus cabelos. A pele na altura dos ombros de Megan começou a formigar em uma expectativa imprudente daquela posição. em que suas costas ficavam coladas ao peito . e a hercúlea tarefa de deixar seus cabelos com uma aparência decente era algo com que não podia perder tempo. e Connor. já tinha preocupações suficientes com seu casamento. – Sim.musculoso. Megan fixou mais uma vez o olhar no vestido antes que girasse e cometesse alguma estupidez. essa era uma grande possibilidade. Considerando seu estado civil atual. abriu o plástico fino protetor e escorregou os . E muito próximos. – Iria se sentir melhor se eu partilhasse alguns pontos de discórdia? Lançando um olhar por sobre o ombro. Megan percebeu os olhos castanho-escuros muito sérios. Em seguida. E então lá estava ele. escorregando um dos polegares por seu pescoço. espaciais… – Sim. Eles têm programas incríveis por lá. Claro que apenas quando tiverem idade suficiente. – Mas o acampamento é algo interessante. Megan girou para encará-lo. – O quê? – Não gosto da ideia de deixar as crianças fora de casa por longos períodos de tempo. ginástica e tudo pelo que as crianças poderiam se . futebol. – Acampamentos. artes.dedos sobre a bainha prateada do traje que lhe chegava acima dos joelhos. Connor clareou a garganta. Acampamentos naturais. – Passando uma das mãos pelos cabelos escuros e sedosos. enquanto ela girava completamente na direção dele. – A ideia ainda não me agrada. Megan deixou escapar um suave arquejo. Todos os anos. As sobrancelhas de Megan se ergueram. Todos juntos. Alguma outra pequena vitória que devo saber? – Natal em casa. Ponto. .interessar. mas estou aberto a ela. as mãos se movendo para o coração em um choque genuíno. – Uau. juntamente com os cantos de seus lábios. ele deixou escapar um suspiro. Eu não queria eliminar a possibilidade de uma viagem a algum lugar exótico. – Por favor. Mas seus argumentos eram tão convincentes que foi uma concessão fácil de fazer. pode tirar essa expressão “ele é tão cruel” do rosto. – E agora está me mostrando o quanto sabe ser sensato. com todas essas concessões espontâneas. Os olhos azuis se estreitaram enquanto o estudavam. semicerrando nos cantos. Uau! Ele era tão… Espere.– Você contestou o… Natal? Aqueles olhos escuros se suavizaram. Nunca se . Connor não parecia se importar. Megan estava se perdendo na profundidade escura daqueles olhos. – Não até conseguir o que quero.corrige? Sim. Mas. fechando a distância entre os dois até . a julgar pelo sorriso torto que bailava naqueles lábios sensuais. – E você me quer. sentindo-se mais atraída a cada minuto que passavam juntos. Connor se inclinou para a frente. ela estava completamente ciente de que insensata era sua reação àquele homem lhe concedendo exatamente o que ela pedira. – A voz grave soou com um rumor baixo contra a orelha de Megan. A palma da mão esquerda de Connor lhe envolveu a cintura. O contato entre os dois era quase como um beijo. – O que quero é mantê-la ao meu lado. Megan oscilou. .que o calor de seu corpo queimasse o dela como línguas de fogo. – Eu a tenho. de repente ofegante. antes de ele recuar e lhe entregar o vestido. Dessa vez.Capítulo 7 COM cabelos penteados e a maquiagem feita. ao mesmo tempo que Connor escorregava os braços pelas mangas da camisa do smoking. Megan emergiu mais uma vez do toalete da suíte principal. que deixava uma boa parte do comprimento daquelas pernas bemtorneadas à mostra. OS . ela estava trajada com o vestido cinza-metálico de dama de honra. – Não tive nenhuma participação na escolha deste vestido. com toda a certeza teria selecionado algo ilusoriamente conservador.Diabos! Megan mudou o peso de um pé para o outro diante daquele escrutínio. Se Megan o tivesse escolhido. Como se ele precisasse daquela informação. Mas aquilo era impossível. esfregando as mãos nos quadris com movimentos descendentes provavelmente na intenção de acrescentar alguns milímetros de comprimento ao vestido curto. Como o vestido que estava . quando se permitiu uma observação mais acurada. o caimento colado que lhe enfatizava todas as curvas perfeitas. o modelo cinturado. O corte das costas. Algo que o agradava. Mas era um tipo diferente de apreciação. A princípio. Foi Tina? – perguntou ele. – Deixe-me adivinhar. pensando que só poderia . Megan sabia o que a valorizava. mas fazia aquilo com elegância e discrição. Ora. mas. percebeu que os toques sedutores estavam todos presentes. o traje lhe parecera modesto. diabos! Gostava daquele vestido também.usando na noite anterior. Algo sobre o traje da dama de honra ser um presente para nós. – Presente da dama de honra? – Jodie acreditou que esses vestidos nos trariam os melhores partidos do cassino. solteiras. foi escolha única de Jodie. – É o mais sensato de se deduzir. mas. Megan exibiu um sorriso malicioso.ser a amiga que estava por trás daquela camiseta “QUER ME DAR SEU SÊMEN?”. E devo dizer o . ela tem razão. Connor deixou escapar uma risada rouca. – Bem. acredite ou não. Principalmente quando penso na dificuldade que eu teria em deixá-la escapar de minhas vistas caso não me levasse. – Você é do tipo ciumento? – Chamemos de possessivo. e. . ao perceber o prazer que suas palavras fizeram refletir naqueles olhos azuis. – As pálpebras de Megan se ergueram. ele acrescentou: – Mas apenas quando algo é muito importante para mim. Um rubor intenso se espalhou pelo rosto de Megan enquanto o mais ínfimo dos sorrisos dançava em seus lábios.quanto estou feliz por ter decidido me levar com você esta noite. Os dentes brancos perolados se cravaram no exuberante lábio inferior de Megan enquanto ela girava e bulia nas abotoaduras e alfinetes que ele havia deixado sobre o tampo de mogno polido da cômoda. E Connor não conseguiu conter uma onda de pura satisfação masculina por tê-la causado. Devido ao penteado. era impossível Megan disfarçar a coloração graciosa que se espalhava por seu pescoço e orelhas. Após arrumar todos os pequenos objetos em uma fila perfeita. Megan girou outra vez. As bochechas do rosto conservavam apenas uma insinuação do rubor remanescente. . Megan limpou a garganta em uma tentativa clara de manter a pose. gesticulando para a camisa aberta de Connor. puxando para baixo a bainha que se erguia a cada tentativa. ela tentou pegar os calçados que se estavam encostados à parede. Mas logo endireitou a coluna. Os olhos se detiveram no peito exposto mesmo enquanto . Jodie. E você… Inclinando-se em um ângulo discreto. – Você deveria terminar de se vestir – disse ela. Uau! Obrigada.– Acho melhor calçar meus sapatos. Constrangida. mudou de posição e tentou outra vez. desviava o rosto. – Logo teremos de sair. – Mmm-hum – concordou ele. Pare de olhar para que eu possa pegar meus sapatos. – Isso é ridículo. fazendo uma anotação mental para. Percebendo o olhar de Connor perdido em suas pernas. revirou os olhos ao teto e . depois que aquela exibição mais atraente do que um filme adulto acabasse e os dois deixassem o bangalô. ela lhe lançou um olhar furioso que logo se transformou em uma risada. não permitir que Megan se abaixasse em nenhuma hipótese. – Em seguida. . – Certo. – Está bem. – Megan soltou uma risada.resmungou algo adoravelmente suave sobre os homens. Jodie e o desejo de ter uma parca naquele momento. e ele esperou. nem ao menos se esforçando para parecer sincero. cedendo à tentação de flexionar os dedos… só uma vez. Os olhos azuis se arregalaram diante do contato inegavelmente íntimo. Isso foi baixo de minha parte – concedeu ele. avaliando a resposta de Megan. Porém. – Sinto muito. o som abafado morreu em sua garganta quando ele se aproximou e lhe cingiu os quadris com as duas mãos. Deveria ter feito mais do que se limitar a encará-lo. enquanto a guiava para onde queria que ela ficasse. – Por que não se senta e eu ajudarei com os sapatos? MEGAN SE empoleirou na beirada da cama. atritando o tecido do vestido contra sua pele. Mas algo em seu íntimo não reagia a Connor como a um estranho. Não deveria ter permitido aquilo. Connor a recuou na direção da beirada da cama.Quando ela não o afastou. ainda se recuperando do impacto do contato das mãos de Connor com seus quadris. Seu corpo se lembrava dele… mesmo . impotente. escorregando um . Connor ergueu os calçados com um dedo enganchado nas tiras e. se ajoelhou diante dela.que a mente não conseguisse. vestido com a calça preta do smoking e uma camisa branca engomada pendendo perigosamente aberta enquanto ele a provocava. E pela primeira vez entendeu o tipo de fascínio entorpecente que levava as mulheres a tomar as piores decisões de suas vidas. Ela o desejava. – Por acaso a estão incomodando depois de toda aquela caminhada de ontem? – perguntou. Aquele homem sexy descalço. E sorrir ao se recordar delas depois. em seguida. encaixando suavemente o calcanhar. – Ótimo. enquanto as mãos longas trabalhavam com extrema habilidade na tira de contas . ela observou.polegar pelo contorno do calcanhar de Megan e subindo pelo arco do pé. presa ao impacto da intimidade daquela cena e de como seria agradável responder com mais do que um discreto gesto negativo de cabeça. – Com o olhar cravado no dela. Ela observou. Paralisada. ele deslizou o pé delicado para dentro do sapato. traçou um círculo preguiçoso com a ponta do polegar em torno do tornozelo de Megan. ofegante. Em seguida. de cristal. Aquele homem estava lhe dizendo que o casamento dos dois se basearia na franqueza direta e no realismo pragmático que dissipava qualquer expectativa. a riqueza. aquela beleza incrível. tudo nele. ainda assim. a capacidade de dizer exatamente o que Megan queria ouvir e. Então. Tão inacreditavelmente sexy. acima de tudo. O que não era nada bom. Lembrava um… conto de fadas. por que estava entrando . Aquilo era irreal. E. suas abordagens românticas gritavam: Isso é muito bom para ser verdade. naquela charada? Permitindo-se visualizar os dois. . nem ninguém. E como se não estivesse se referindo ao sapato. conversando enquanto se arrumavam juntos para algum evento? Um dos dedos de Connor escorregou sob a tira do sapato. era de fato perfeito. Os lábios de Connor se curvaram em uma insinuação de sorriso tristonho. – Como tudo que ele lhe mostrara. – Está bem assim? – Perfeito. – Você faz “perfeito” soar como algo não muito bom. nada. anos adiante. Mas ela estava falando do sapato. Porém. calçando um sapato de cristal no meu pé. ele pousou o pé calçado com o sapato. Quero que você ceda. Mais aí está você. ajoelhado. Tudo que faz ou diz é como uma fantasia ganhando vida… o que torna difícil saber como a realidade será. – Admito que estou me esforçando para envolvê-la. – Você me disse que nosso casamento dará certo porque não estamos trazendo nenhuma expectativa de um conto de fadas para nosso relacionamento.apenas não da forma como se adaptava ao seu pé. Concordando com um aceno pensativo. – . tenho certeza de que o Príncipe Encantado não usou a velha desculpa do sapato para colocar as mãos nas pernas da esposa. sinceramente espero que ele não estivesse alimentando o tipo de pensamentos que passavam em minha mente enquanto você estava batalhando . – Além do mais. tomando por base o público-alvo dessas histórias. dispensando-lhe o mesmo tratamento do outro. enquanto prosseguia. acariciando a parte posterior do joelho de Megan. – Mas. – Com a fivela atada. se isso a tranquiliza.Connor lhe ergueu o outro pé. ele permitiu que a mão subisse pela panturrilha bemtorneada. – É mesmo? Connor anuiu. – O nome soou como uma súplica nos lábios de Megan. – Apenas pensamentos censurados para menores. objetivos em comum ou quaisquer das outras coisas . E no mesmo instante o humor abandonou os olhos castanho-escuros e as linhas do belo rosto másculo se aprofundaram. – Somos bons juntos. – Connor. Não se trata de sapatos de cristal. Juro.com o comprimento do seu vestido. de contos de fada ou amor de qualquer tipo. Tampouco de escolas particulares. Porque não havia nada de puro neles. Por ela. – A conexão estava lá. . O mesmo que tive quando a conheci e do qual continuo percebendo os sinais hoje. Mas como saber se a sensação de perfeição de um dia juntos se perpetuaria pelo resto de suas vidas? – Apenas não sei se… – As palavras ficaram presas em sua garganta diante das labaredas no olhar de Connor. Desse sentimento de perfeição que você mencionou ontem à noite. inegável. Tratase de nos encaixarmos perfeitamente. – Sinto. O desejo ardente que refletia. Diga-me.sobre as quais conversamos hoje. entre os dois. Diga-me que sente o mesmo. – Você me faz desejar… Deus! Ela não conseguia dizer aquilo. – Connor – sussurrou Megan. . Apenas desejava que aquele homem. Não queria se preocupar com o bom senso ou com as consequências no longo prazo. cujas promessas pareciam muito boas para serem reais. que a queimava por dentro e lhe deixava a mente entorpecida. De repente. cumprisse o que se refletia em seus olhos naquele momento.O mesmo desejo abrasador que lhe lambia o corpo. Megan desejou que aquelas mãos longas a estivessem explorando. puxando a perna e trazendo junto o homem que a segurava. com o olhar preso ao dele. Uma das mãos se movendo da perna de Megan para se apoiar no colchão ao lado de seu quadril. não dando outra escolha a Megan senão se deitar. no desejo que ardia entre ambos. no deslizar lento do toque de Connor por sua pele. Ele substituiu a mão pousada na lateral do quadril pelo . enquanto o corpo forte a cobria. Todos os seus pensamentos racionais estavam enroscados na sensibilidade crescente entre os dois. A outra subiu para a lateral do ombro delicado. E então ele se ergueu.Nem mesmo se permitir refletir sobre aquilo. Um movimento sutil. E puxou outra vez. puxando-o na sua direção até que restasse apenas um ínfimo espaço entre os corpos. Os dedos de Megan se fecharam em torno do tecido da camisa pendente. Pecaminoso.joelho. Connor estava tão próximo que ela podia sentir o calor irradiando daquele corpo musculoso. com mais força. o soprar do hálito quente contra sua mandíbula. Muito sedutor para resistir. Íntimo. e Megan se viu cercada. Em seguida. mas tudo que conseguiu foi outro daqueles meios sorrisos devastadores enquanto . o roçar da camisa aberta em seus braços. dizer “sim” . ela também desejava. de alguma forma. Permitir que ele escorregasse aquele anel de platina em seu dedo. inspirada pelo desejo. o que. Pairando sobre ela. tão próximo que a fez sentir uma atração quase magnética.Connor negava lentamente com a cabeça e enfiava a mão no bolso para retirar a aliança que lhe dera. Dar a Connor o que ele queria. Seria tão fácil ceder. Connor rolou o anel de diamantes faiscante por sua pele até posicioná-lo acima da ponta do dedo anular esquerdo de Megan. com o peso do corpo sustentado em um dos braços e nos joelhos. – Nervosa? Prometo ser gentil. mais uma vez aliviada pelo senso de humor e a habilidade daquele homem em tornar o clima mais leve sem minar a seriedade . Já fiz isso antes. Forçando o ar para dentro dos pulmões. Um dos cantos dos lábios de Connor se ergueu em um sorriso sugestivo. – Espere. Megan fechou os olhos. Megan conseguiu pronunciar uma única palavra. mas que tinha um potencial devastador se não tomasse cuidado.para o que inevitavelmente pareceria ótimo no momento. – Por que não? Estamos casados. Sim. naquele instante. queria. – Estou vendo que você quer. Ainda não. Da promessa que fizera a si mesma… pela possibilidade de algo muito maior. Da segurança de um futuro sobre o qual teria total controle. Conseguindo respirar com mais facilidade. ela sussurrou: – Não podemos. Mas usar a aliança que ele lhe dera significava abrir mão de seus planos.do que estava em jogo. – A voz grave se tornou baixa enquanto ele encostava de leve a aliança de diamantes contra a ponta do dedo de Megan. . apenas para garantir um pouco mais de tempo para saborear aquele contato. Hesitação. entenderia. Hesitante. Pestanejar. Mas ela simplesmente não era assim. Quente. A pele exposta era um pouco mais escura do que a dela. Firme. – Não estou preparada.Connor estava sobre ela. o olhar sagaz lhe estudando cada minúscula reação. Atraindo-a para uma ação imprudente. rubor e tremor. Não sei se serei capaz de lhe dar o que está . Se Connor a conhecesse de fato. Megan pousou a mão livre contra o centro do peito largo. Cada pedra perfeita emitia luz em todas as direções. E em seguida: – Use a aliança mesmo assim.pedindo. pairando acima . Por enquanto. Engolindo em seco. Por que não tentar o pacote completo para ver como se sente? O olhar de Megan vagou para a aliança de diamantes que estava a ponto de escorregar para seu devido lugar. Um aceno em concordância. Nada poderia competir com aquela aliança. que esperava. Era uma peça soberba. ainda é minha esposa. ela voltou o olhar a Connor. Mas não poderia fazer aquilo. – E quanto ao fato de estarmos casados. fechou a mão e se esquivou. tentando incutir na voz o mesmo tom leve que Connor costumava usar. – E.dela. estava pensando que é melhor não mencionarmos isso. . – É melhor que eu não o faça. O brilho possessivo em seus olhos a deixava ansiosa por concordar. Deixe que todos pensem que sou apenas uma mulher vulgar em vez da pessoa respeitável que você fez de mim. – Não quer que eles saibam. O corpo paralisado. Um par de olhos sinceros encontraram os dele. – Prefiro que não saibam.Capítulo 8 CONNOR ENGOLIU em seco. E em seguida Megan se contorceu para sair de debaixo dele e se arrastou para um dos lados da cama enquanto ele saía pelo outro e guardava o anel de . era melhor tentar dar um jeito naquela aparência. Connor fez um movimento negativo com a cabeça. .volta no bolso. Logo teriam de partir e. considerando o fato de que Connor contratara um profissional para lhe fazer um penteado perfeito. Megan estacou diante do espelho da cômoda. franzindo a testa para os cabelos que haviam se desprendido do penteado durante aquele interlúdio sobre o colchão. Aquilo não estava certo. Mas de repente tudo que ele podia ver era uma mulher preocupada com a própria aparência e imaginou se de fato a conhecia. A franqueza era importante para Connor. ninguém irá perguntar. porque. Prefiro que não toque no assunto. Aquela era a qualidade que mais apreciava em Megan. Connor sabia tudo sobre aquele assunto. aquilo era irônico. Uma mentira por omissão. Ele fora uma mentira por . Mas isso não significa que ando por aí regurgitando cada detalhe pessoal de minha existência sem ser questionada. obviamente. – E não minto. ela girou abruptamente para encará-lo. Com uma das sobrancelhas erguidas. Bem.– Pensei que não mentisse. o fato de ela não querer que as pessoas soubessem não o agradou nem um . Mas. lá estava ele. aquilo não era o mesmo que surpreender Megan escondendo a aliança no cinzeiro do carro enquanto se divertia pelos bares. ainda assim. Muito bem. casado com uma mulher que fizera dele seu pequeno segredo sujo desde o início. Freud teria um prato cheio com ele.omissão durante a primeira década de sua vida e jurara nunca mais voltar a ser. E ainda assim. Estavam casados a menos de vinte e quatro horas e ela não estava certa se desejava esperar mais vinte e quatro antes de entrar com um pedido de divórcio. Megan o fizera acreditar em quem ela era. antes de convencê-la a alterar os planos que mudariam o destino de ambos.pouco. – Eu lhe disse que a sinceridade era importante para mim. porque uma das primeiras coisas que o atraíra em Megan fora a forma como ela geria a própria vida. Nas primeiras horas em que a conhecera. Conversamos . Suas ações. Isso o fez colocar em dúvida tudo mais em que acreditara. Como vivia. Em parte. E aquilo… aquele segredo não combinava com o que ela lhe mostrara. Megan não inventara desculpas ou mesmo se esquivara de uma explicação. mas espero que respeite meus sentimentos. – É por causa da minha prima. se eu aparecer ostentando sua aliança. Embora não sejamos extremamente próximas. ninguém prestará atenção ao casamento de Gail.sobre isso hoje. mas principalmente em um que não se baseava no amor. como se fosse ela a estar insatisfeita com aquela conversa. A cabeça de Connor se ergueu . Sinto muito. Não seria justo com ela. – E assim como na noite anterior ela concordara que a confiança era primordial em qualquer casamento. – Connor… – A voz havia adotado uma tonalidade austera. – Algo do gênero. encorajada por um alívio maior do que ele jamais pensara experimentar. – Não está escondendo algo do qual se envergonha? Megan inclinou a cabeça para o lado. A angústia dentro dele se desfez diante daquelas palavras. como se não estivesse certa do que acabara de escutar.abruptamente. . – Está se referindo ao fato de você ser um homem desinteressante e insuportável que vai depenar tudo que tenho… e eu não ter sido esperta o suficiente para escapar? A risada estava de volta. – Acho. – E se decidirmos nos divorciar? Você poderia varrer isso para debaixo . que me sinto um pouco envergonhada com isso.Megan exibiu um breve sorriso antes de se mostrar pensativa. para ser totalmente sincera. Quero dizer. Mas não tenho a ilusão de manter nosso casamento em segredo. Todos nesse casamento saberão sobre nós… aproximadamente dois segundos após eu contar para minha mãe. Por isso ainda não telefonei para ela. tomei uma das mais sérias decisões de minha vida em uma noite em que me embebedei de tal forma que não consigo sequer lembrar. – É capaz de lidar com isso? . não guardo segredos dela. E então no minuto que eu desligar o telefone… – Megan fechou os olhos e deixou escapar um suspiro baixo. Connor lhe ofereceu a mão. – Acredite. mas não eu. Apesar de saber que minha mãe não é capaz de guardar uma confidência.do tapete. – Talvez você conseguisse. Não importa qual seja o desfecho. Terei de suportar comentários sobre isso para o resto da vida. Vou ligar para ela e contar tudo tão logo eu chegue em casa. Megan soltou uma risada. mesmo que disso dependa sua vida. Gostava do modo como ela pensava. Portanto. E.Megan balançou a cabeça de leve. gostava do modo como ela conseguia enxergar além da situação presente para considerar os sentimentos dos que estavam ao seu redor. Seu modo de viver. Sou capaz de lidar com isso. Como se agarrava às escolhas em que acreditava. apesar de sua reação inicial à recusa de Megan em usar a aliança. . – Trata-se da minha vida. sim. os olhos voltados para o teto. O jeito com que se importava com as coisas. Diabos! Connor gostava das coisas que escapavam pelos lábios daquela mulher. no final. a união foi selada com um . as alianças trocadas. ainda está bem comigo? Os olhos azuis se mostravam firmes e suaves quando encontraram os dele. – Sim. Gail e Roy se casaram em uma capela não muito diferente. estou bem com você também. daquela em que os dois haviam se casado na noite anterior. O CASAMENTO transcorreu sem nenhum percalço. – Se eu prometer não mencionar o casamento. na opinião de Connor. Os votos foram feitos. e.Aquela força de caráter era exatamente o que Connor queria para sua família. – E comigo? – perguntou ele. Mas o que não esperava era descobrir o quanto seu marido era protetor e a forma com que ele conseguia sabotar quase todas as picuinhas que aquela dupla tentava lhes atirar. Prevenira Connor para fazer o mesmo. que devido à sua falta de experiência ela conseguira estragar sua aventura de apenas uma noite. as duas eram a personificação da insistência. . As duas sugeriam. Uma cerimônia bonita. às risadinhas. Megan havia se preparado para aquela enxurrada de provocações.beijo. apesar das piadas que Jodie e Tina faziam às custas de Megan durante toda a cerimônia. Ainda assim. fazendo-a durar até o dia seguinte. mesmo porque só de pensar nos drinques sentia o estômago revirar. a pergunta refletia uma total falta de tato.– Connor. o que de fato está fazendo aqui? – perguntou Jodie. – Quero dizer. E Megan lembrou a si mesma que martínis de chocolate branco não eram a solução. Connor esticou o braço sobre o espaldar da cadeira de Megan. mas não está ansioso por cortar o anzol e escapar? Se estava tentando flertar ou se pretendia apenas fazer uma piada. . sei que Megan o fisgou ontem à noite. esforçando-se para ser ouvida acima da música estrondosa da boate. Tina se inclinou para a frente. desde o instante em que terminara a cerimônia. Ele .emanando um calor que penetrava o casaco do smoking que. – Relacionamento? Um rubor lento começou a se espalhar pelo rosto de Megan quando todos os olhos se desviaram para o polegar com que Connor lhe acariciava o ombro. colocando à mostra seus melhores atributos. – Nem um pouco. Megan é uma mulher incrível e acho que nosso relacionamento será duradouro. se encontrava pendurado nos ombros de Megan. se mostrara atencioso. diga-me que você não fez isso? – Com o coração apertado. Mas aquele tipo de pergunta poderia levá-los rapidamente ao encontro da verdade se algo não mudasse. ao menos até que a tinta na certidão de casamento de Gail secasse. Megan. Era evidente que ele se esforçava para lhe respeitar a vontade e manter o casamento em segredo. . – Oh. sem ser muito óbvio durante toda a noite. Os olhos astutos de Tina se alternaram entre ambos por duas vezes antes de ela se inclinar para trás com um sorriso frio. ela concluiu que Tina havia descoberto. – Diga-me que você não se esforçou tanto para arranjar apenas mais u m amigo? – A última palavra foi lançada com tamanho desdém que Megan precisou de um segundo para perceber que seu segredo não havia sido descoberto. Não precisava se sentir envergonhada por desviar as atenções do casamento da prima. Uma onda de alívio a atingiu. Porém.Gail. algo no tom da voz . – A que ela está se referindo? – perguntou Connor com estudada casualidade. jamais a perdoaria. que estava esperando tão ansiosa quanto todos os outros. elevando-lhe o humor o suficiente para forçar um sorriso largo. Não é nada – respondeu ela. A súplica e a promessa de uma posterior explicação quando não estivessem envoltos no brilho da festa de casamento de Gail. quando Megan girou para encará-lo. não gostou da aparência daquele meio-sorriso. esperando que Connor reconhecesse a súplica em seu olhar e esquecesse o assunto.grave destoou. – Que tal uma dança primeiro? . – Nada. e. oferecendo-lhe a mão. Gostaria de me acompanhar até o bar? Após um breve instante. o sorriso de Connor se tornou mais genuíno e ele se levantou. – Adoraria tomar outra água tônica. Jodie e todas as suas farpas em uma lembrança distante. Não havia nada de amigável naquilo. desejo sexual e que pertencia exclusivamente à sua experiência com Connor. coxas e quadris entre os demais casais na pista de dança. Aquilo transformou Tina. Dentro de poucos minutos.Porém. Megan estava de volta àquele estado que oscilava entre risadas. guiando-a com maestria com mãos. que refletia confiança no próprio físico. antes que Megan pudesse resmungar um protesto. CONNOR ASSINOU o boleto de . Ele movia-se com um ritmo perfeito. ele a tinha colada ao peito. em vez disso. observando a mesa que ocupavam como um homem prestes a enfrentar o patíbulo. . o valor das indústrias Reed e se Megan conseguira fisgar um pouco do seu sêmen. preparando-se para se esquivar das perguntas inconvenientes sobre sua conta bancária. Em seguida. Megan ainda estava no toalete feminino. mas algo lhe dizia que esperar por ela do lado de fora da porta do recinto reservado às mulheres pareceria assédio. pegou a água tônica com gelo que Megan lhe pediu.consumação de open-bar do grupo em que estavam. Portanto. Connor se encaminhou à mesa. Abusando de uma paciência que ele desconhecia possuir. Jodie e Gail estavam jogando pesado. Não. estava se provando uma tentação à qual não conseguiria resistir por muito tempo. que refletia um abandono sexy. obrigado. Segundo. cujas piadas variavam de um tanto irritantes a francamente desagradáveis. porque a risada de sua esposa. Primeiro. entre Tina e Jodie. Gail havia retirado os sapatos e descansava os pés em uma cadeira vaga. .Estava ansioso por sair dali. porque Tina. deixando apenas uma disponível. Roy e seus dois padrinhos se viam empenhados no mesmo tipo de conversa tranquila à qual estiveram se dedicando durante toda a noite. entremeada de longos silêncios. claro. E logo se seguiu a reprimenda de Gail. com exceção da duração da cerimônia. Não deveria sequer ter sido . observou a pista de dança enquanto aguardava por Megan. Optando por parar a pouca distância da mesa. Do tipo monossilábica. – Vocês duas são terríveis! Connor não queria saber do que se tratava. A explosão de uma gargalhada o fez enrijecer os músculos das costas. – Por favor. A mulher que discutira com ele em um esforço para respeitar aquele dia.capaz de ouvir acima do som da música. Mas as vozes daquelas mulheres. Não há a menor possibilidade… . soou o nada delicado resfolgar de Tina. As três não haviam notado que ele se encontrava parado logo atrás da mesa e mais uma vez estavam falando de sua esposa. isso é patético. Foi a vez de Jodie. Em seguida. – Aquilo o fez girar a cabeça na direção delas. – Não sei quem ela pensa estar enganando com esse aí. – Ela não consegue parar de colecionar esses caras. A prima provavelmente exigiria um pouco de respeito. quando ela começou a falar. a visão de Connor se turvou. Ótimo. com base em todos esses “amigos”. então o . é o seguinte: se ela é tão maravilhosa para conversar. – … o que não posso deixar de imaginar. Gail ergueu uma das mãos para calar as amigas. fazer com que nós não caçoemos dela. Porém.– De jeito algum – interrompeu Tina. Provavelmente. – … ele não passa de um próximo “amigo”. tentando lhe fazer algum tipo de favor. OS PASSOS de Megan vacilaram enquanto ela se aproximava da mesa. que tem de tão ruim que os faz se afastar? Megan prendeu a respiração enquanto Gail especulava com sarcasmo sobre sua vida. Quando encontrou o de Megan. com Connor parado logo atrás. Ele ouvira. A imobilidade de uma estrutura que esbanjava energia. e Tina ergueu o olhar. Ela e Connor já haviam ficado por tempo suficiente. Megan percebeu pela total falta de reação dele. Jodie anuiu. solene. soltou uma risada. Talvez ele não fizesse nenhum comentário e os dois pudessem esquecer . Poderiam partir. E então Connor se encontrava ao lado dela. Porém. afinal. sem dúvida pronto para colocar um ponto-final na participação dos dois na festa. Mais perto. Mais do que ela. E mais perto ainda até que os olhos de Megan se arregalassem ao sentir a mão ousada escorregar sobre . Gail não era parente dele. quando Megan abriu os olhos. pelo menos não consanguínea. envolvendo-lhe a cintura com uma das mãos e a puxando para perto.aquele episódio desagradável. assim como ela. Sorte dele. Connor havia girado e estava parado diante da mesa. Ou… bem. Connor estava deixando algo claro. E. deixando-as ver o que Megan havia pedido para que ele refreasse no intuito de não apagar o brilho do casamento de Gail. roçando o nariz na pele sensível. Com o rosto enterrado na lateral do pescoço de Megan. aquilo não o depreciava em nada.sua nádega em uma carícia lenta e descarada antes de pousar na parte superior de sua coxa. tornava-o uma espécie de seu herói particular. ele inspirou profundamente. Na verdade. Deixando-a recuar apenas para que . para ser sincera. atrás da orelha. fiquem. – Não. e Jodie revirou os olhos. Portanto. – O que acha de partirmos? O queixo de Tina empinou. Todo indiferença. com uma das mãos ainda perigosamente espalmada abaixo do quadril de Megan e a outra displicentemente enfiada no . O meio-sorriso ameaçador de Connor lhe curvava os lábios quando ele dirigiu o olhar à mesa. As feições de Gail se contraíram em uma expressão de desagrado. Vocês têm de ficar. Este é meu dia.não parecerem indecentes. Connor lhe dirigiu um sorriso. Isso é um privilégio da noiva. O chão pareceu lhe sair dos pés.bolso da calça. Megan deveria ter previsto. mas sinceramente não posso esperar. – Sem dúvida. Segundo. – Privilégio da noiva – murmurou ele. Saber o que ele faria. – Megan – começou ele com um sorriso amoroso e o brilho do aço nos olhos. – Megan se viu demasiado perplexa para reagir quando ele escorregou a valiosa e faiscante aliança . Mas só quando Connor lhe capturou a mão esquerda foi que notou o que ele estava segurando. Um. Mais. – Sei que queria que eu esperasse para fazer o anúncio. Nem. mas não havia a menor probabilidade de eu deixar esta mulher escapar. Gail foi a primeira a erguer o queixo do chão.em seu dedo. – Você se casou. – Sei que foi rápido. erguendo as mãos dos dois unidas para que todos vissem. Os olhos marejados de lágrimas agora alternando entre a aliança que se encontrava no próprio dedo e a de Megan. – No dia do meu casamento? Megan começou a procurar algo para dizer. Abriu a boca apenas para sentir o ar lhe . mas aquilo não lhe pareceu certo. um pedido de desculpas talvez. – Ela ofegou. – Nós nos casamos primeiro. mas acho que já esperamos o suficiente para voltarmos à nossa lua de mel. que lhe envolviam o torso com força. Esta manhã. – As bebidas são por minha conta esta noite. Parabéns. – Tina e Jodie faziam que não com a cabeça. . claro que não – garantiu ele com toda a sensibilidade de um assassino. – Não. – Sei que é cedo. como se fosse impossível acreditar.abandonar os pulmões pressionados pelos braços de Connor. Portanto. se nos dão licença… – E diante dos olhos de todos Megan se descobriu erguida nos braços fortes. Connor tirou a foto com o celular e o colocou de volta no bolso do casaco do smoking antes que o dispositivo acabasse derretido pelo olhar feroz que a esposa lhe dirigia ou ainda esmagado . as mãos nos quadris e os olhos o incinerando como as labaredas do inferno.Capítulo 9 – QUE DIABOS pensa que está fazendo? – Megan exigiu saber entocada no fundo do elevador. – Não acredito que você fez isso. – Documentando nossa primeira briga.sob o salto agulha do sapato com apliques em cristal que ela usava. com um tom baixo e letal na voz. Mas em um piscar de olhos ela voltou ao estado de fúria. toda a raiva canalizada na direção de Connor se transformou em uma perplexidade que a deixou gaguejando de uma forma que ele não podia deixar de achar divertida. Por um instante. é para nosso álbum de recortes. inclinando-se para a frente. – Ora. – Você sabe muito bem que não estou . vamos. Mais tarde me agradecerá. então simplesmente mudou de ideia. os olhos se alternando como flechas entre ele e o mostrador digital do elevador. Ou nosso acordo não servia aos seus anseios no momento. ele sabia. Da mesma forma que tinha plena convicção de que tirar uma foto quando Megan se encontrava tão irritada era provavelmente uma atitude suicida. – Tínhamos um trato – sibilou ela. aquilo era algo do qual não iria se arrepender. Porém. assim como a decisão que tomara na boate de quebrar a promessa que lhe fizera. . – Mas talvez tenha esquecido.me referindo à foto. Sim. Mas não Megan. uma máscara de calma. quase a desafiando a perder a compostura diante de todas aquelas pessoas. deslizando em silêncio e Megan se projetou para a frente. O rosto. Com a mão longa envolvendo a base da espinha de Megan. impressionando-o mais . As portas se abriram. os dois saíram para o andar térreo. Uma provocação. traída apenas pela pulsação acelerada do pescoço. Ela se manteve calma. a última opção – sussurrou-lhe ao ouvido Connor. emitindo um sinal sonoro que indicava o andar desejado. – Sem dúvida.O elevador diminuiu de velocidade. a cada momento. os dois caminharam em silêncio pelo hotel antes de chegar ao bangalô privativo onde se encontravam. De lá. confirmando mais uma vez como era talhada para o papel de sua esposa. mas era importante saber até que ponto Megan conseguia se controlar. Não esperava muitos desentendimentos entre os dois. Aquela cena na boate transpusera os limites do aceitável. não importava o quanto ela estivesse furiosa. Não que Connor pretendesse ter como hábito irritá-la em público ou quando estivessem a sós. . Connor estava mais do que disposto a confrontá-la naquela questão. e fora o que ele fez. O que me interessa é o que você disse. A palavra que você . – Não me importo com o que elas disseram. Exigiram uma tomada de decisão. difamadoras… A mão de Megan cortou o ar. Firmando sua postura. – Você me prometeu. Era verdade. Connor cruzou os braços. Megan girou na direção dele. cedendo à própria raiva. – Ouviu o que elas estavam dizendo? – perguntou. – Não iria permitir que aquelas traiçoeiras.No instante em que entraram. mas as circunstâncias não foram as que ele esperava. – Foram esses nossos votos? – Esses foram os meus.empenhou. Gostaria de ter podido atender seu pedido esta noite. MEGAN P ESTANEJOU várias vezes. O que vale a pena. E eu estava falando sério. de repente se vendo sem palavras. Connor lhe sustentou o olhar sem recuar. No que posso acreditar. respeitá-la e protegê-la durante todos os dias de nossas vidas. Era o que . – Você pode acreditar que eu a recebi como minha esposa. Não sou o tipo de marido que cruza os braços enquanto a esposa é caluniada. Para honrála. pretendia fazer. após um instante. Connor fechou a distância entre os dois. – Oh! – Megan engoliu em seco o nó de emoção que se formou em sua garganta. Mas. puxando-a contra o peito. mas estava falando . pode apostar que sempre vou priorizar você. Tentando não permitir que algumas poucas palavras tivessem o poder de torná-la vulnerável. E então. tentando forçá-lo a descer. – Desculpe por ter de quebrar a promessa que lhe fiz. entre quebrar uma promessa para proteger minha esposa e quebrar minha promessa para proteger o “dia especial” de sua prima. – E por que deveria? – Gail merecia ter seu dia de casamento perfeito. porque Connor havia concordado em deixá-la ter! – Sim. inclinando-o para trás de modo que ela o encarasse. – Só porque não se lembra não quer dizer que não conta. . – Megan estivera fazendo aquilo durante toda sua vida. – E mais do que isso.sério quanto a cuidar de você. – Connor lhe segurou o rosto. – Eu poderia ter lidado com aquela situação. Não ficarei passivo quando alguém lhe causar algum mal. mas você também. Não estou procurando alguém para ocupar um cargo temporário. Procurando-lhe o olhar. Megan fez a pergunta crucial para aplacar seus temores e relutância.Tudo que ele dizia parecia tão coerente. – … isso é muito importante para mim. esfregando o dorso do nariz. enquanto ela deixava escapar um suspiro pensativo. – E se você mudar de ideia? – Essa é a questão. Não mudarei. A saltar de cabeça. o precipício que se estendia abaixo era demasiado profundo para ser ignorado. Compromisso… – disse ele. Quero uma esposa . Incitando-a a confiar. Porém. sabendo que não seria capaz de levar aquilo adiante. Não estava mais disposta a esperar para ver se algo iria dar certo.que me apoie durante o percurso. . algo na expressão de Connor se alterou. Não desejava mais falsas esperanças e anos de indecisão… – Não – respondeu ele com um vigoroso movimento negativo de cabeça. E mais intenso. – Porém. no instante seguinte. – Talvez se você tivesse mais tempo… – Está se referindo a namorar? – perguntou ela. O olhar se tornou distante por uma fração de segundo antes de voltar a se fixar nela. Aguçado. Se achar que não servimos um para o outro. Você é minha esposa.confirmando que os dois estavam de acordo em não namorar. – Entenda uma coisa. Dê-me três meses. como aconteceu ontem à noite e o que estou pedindo significa um grande passo. nivelando os rostos dos dois para que a sinceridade em seus olhos ficasse mais evidente. Connor se inclinou para a frente. Mas sei que as coisas não se encaixaram com perfeição para você. Portanto. Mas ainda assim estou certo de que. e quero que continue assim. isso acontecerá. proponho um período de experiência. eu lhe concederei o . em breve. O que Connor estava sugerindo… – Você me apresentaria aos seus amigos e sócios? E se eu não me sentisse feliz e quisesse me afastar? – É livre para ir. começamos como se fosse para valer. Não acredito . Estou pedindo para dar uma chance ao nosso casamento. Você morando comigo… como minha esposa.divórcio e você retorna à vida que havia planejado. Aquilo era loucura. Megan sentiu a garganta seca e o coração batendo como um tambor contra as costelas. não para se trancar em algum tipo de prisão da qual não possa escapar. Enquanto isso. – Finalmente encontrei uma forma de ser feliz – disse ela. Não quando assumiu um compromisso… quero dizer. E isso é . Não posso colocar toda minha confiança em alguém outra vez. – Sei que pensa que pelo fato de não haver amor esse acordo que está sugerindo não envolve nenhum risco. Durante todo aquele dia ela se vira tentada por diversas vezes… mas suas dúvidas tinham um grande peso. Não para mim. Além do mais.que você se afastaria sem nos dar uma chance. Connor fazia tudo parecer tão simples. você não vai querer se afastar. mas isso não é verdade. um que se lembra. eu deveria fazer isto. que tenha uma visão do todo quando não lhe forneci todas as partes. ele lhe capturou os lábios com um beijo. Megan se encontrava pressionada ao . E.exatamente o que está pedindo que eu faça. em vez de ficar esperando que você se lembre. Isso me diz que. – Não acha que a recompensa valeria o risco? – Não sei. Dói… dói muito ser decepcionada. antes que Megan pudesse reagir. E talvez essa dúvida por si só deveria nos dizer alguma coisa – sussurrou ela. diz. – Sim. Sinto muito. presas entre os dois. mesmo que . As mãos. em face do até então desconhecido calor ardente que espiralava por seu corpo e se tornava mais intenso a cada movimento dos lábios e língua de Connor. Não era de se admirar que ela tivesse bloqueado aquilo.corpo forte. tentaram se erguer em uma defesa frágil que cessou antes de começar… diante da estranha familiaridade da intimidade de que nem ao menos conseguia se lembrar. O beijo de Connor era ainda melhor do que imaginara. Tão bom que ela sentiu a determinação resistente abandonando seu corpo. tentasse agarrá-la. e Megan se abriu para ele. O olhar preso no dele. Megan não conseguia nem ao menos pestanejar. Mas não conseguiu impedir que a resolução se dissipasse. levando em seu encalço o traço de agressividade nas profundezas escuras dos olhos de Connor. Porém. em vez de se apossar outra . antecipando o sabor e a textura daquele homem misturados aos dela. Temendo perder sequer um segundo. A pressão dos seus lábios contra os dela aumentou. As mãos longas escorregaram de seus ombros para lhe envolverem a cintura e se enterrarem em seus cabelos. Connor apenas traçou o contorno interno de seu lábio inferior com um movimento lento e agonizante da língua. Tão instigante que temporariamente lhe sobrepujou o instinto de respirar. Incitando-a a responder… a língua hesitante de Megan roçando contra a dele. ele lhe girou a cabeça no ângulo desejado e aprofundou o beijo. Utilizando a mão imersa nos cabelos sedosos. ele deixou escapar um gemido baixo de .vez de sua boca. Connor não precisou mais do que aquele convite. Contraindo as mãos no quadril e nos cabelos de Megan. Megan estava colada a ele. suspendendo-a sobre a lateral da própria perna. Connor espalmou as duas mãos nas nádegas macias com um aperto firme e excitante. . em seguida. imediata e profunda demais para ser negada. pressionando-o. Em seguida. antes de a língua ousada lhe penetrar mais uma vez a boca. E. Em seguida.prazer. Aquela invasão possessiva suscitou uma resposta forte. ao mesmo tempo que Connor a esmagava contra o corpo. moveu uma delas para a coxa de Megan. Para nenhum dos dois. Mas aquilo não era o suficiente. que ela sorveu. investiu o quadril para a frente. Em algum ponto no fundo da mente.fazendo-a sentir a ereção contra a barriga e a rigidez dos músculos da coxa de Connor entre as pernas. saboreando-a com a língua. Não conseguia parar. Megan tinha uma vaga ideia de todas as razões pelas quais aquela não era uma boa ideia… mas não se importava. Outra investida forte e a boca devoradora se movia por sua mandíbula e pescoço. sugando-a até que ela atirasse a cabeça para trás. frenéticas. As mãos delicadas trabalhando. entre os corpos excitados. na tentativa de agarrar a lapela da camisa de Connor para abri-la . – Megan. Diga-me que deseja isso tanto quanto eu. Eu o quero. A lufada de hálito quente era tão intoxicante quanto a fricção daqueles lábios hábeis nos dela. por favor. sim. – Sim – respondeu Megan com um gemido. sim. – Sim. enquanto roçava a extensão da própria coxa contra a intimidade úmida de uma forma que fazia o baixo-ventre de Megan se contrair com as correntes . erguendo-lhe a saia. isso será tão bom. – Querida. Connor suspendeu o joelho entre as coxas macias.com um puxão. Megan… – gemeu ele. Traçando o contorno de um dos cantos da boca carnuda com a língua.elétricas produzidas com aquela fricção. – Mais tarde. presenteandoa com um vislumbre da rigidez vigorosa de sua ereção. vamos conversar sobre isso mais tarde. O momento não era apropriado para aquele tipo de discussão. Uma vez. Por favor. Os quadris de Connor pressionaram ainda mais contra os dela. ele murmurou: – Diga-me que sim… que será minha esposa. Não era hora de terem qualquer tipo de conversa. . por favor – suplicou ela com o corpo em chamas. Um ofego agudo lhe escapou dos lábios diante do forte espasmo de desejo no centro de sua feminilidade. – Connor. Duas. – Diga-me que irá comigo para minha casa amanhã. E mais uma vez. – Você não tem ideia do quanto gosto . Os dedos de Megan se enterraram na massa espessa dos cabelos escuros enquanto o que parecia ser um jato de lava incandescente se espalhava por seu ventre.Oh. Deus… tão excitante. traçando uma linha de fogo com as pontas dos dedos desde a parte posterior do joelho de Megan até a curva das . – Sim… – Megan já estava prestes a explodir. – Sim. – O quanto desejo ouvir essas palavras sussurradas contra meu ouvido enquanto a penetro… bem fundo. o quê? – perguntou ele. – Um soluço escapou da garganta de Megan diante das imagens eróticas que aquela voz rouca suscitou. – … levando-a cada vez mais alto… até que exploda de prazer em meus braços.do som disso – murmurou ele contra os lábios entreabertos de Megan. .nádegas arredondadas e perfazendo o caminho de volta. – Sabe o que quero ouvir. Megan estava a ponto de prometer qualquer coisa que Connor .Capítulo 10 ESPERE. – Os quadris de Connor recuaram uma fração de centímetro. Mesmo sabendo o tipo de jogo que ele fazia. – Surtiria efeito? Surtiria. O quê? – Você está me… chantageando com… sexo? – Não sei. refletia sobre os eventos que se desenrolavam ao redor dela. de alguma forma a mente repressora de Megan voltou à vida. Embora frágil. Eventos que moldariam o restante de sua vida.quisesse… se aquilo o fizesse terminar o que começou. forçando as mãos à imobilidade. conforme se passaram os segundos. – Não – disse ela com a voz estrangulada. – Droga! Megan podia ver a indecisão nos . Porém. Os olhos se abriram para encontrar as labaredas naquelas profundidades cor de mogno. Não consigo pensar. ou desistir. – Ótimo. – É entorpecedor. – O que é isso? – perguntou ela. Connor fez um movimento negativo com a cabeça. Era mais que excitante. implacável. com uma expressão quase perplexa em seu rosto arrogante. então concorde em me dar . Um tremor de esperança varou o ventre de Megan diante do pensamento. Um que ela afastou. – É excitante.olhos castanho-escuros… a batalha entre tentar outra vez. agitando uma das mãos entre eles. com mais afinco. Mais uma vez. Não poderia concordar com nada. Megan fez que não com a cabeça. naquele momento. sua incapacidade de . Com o coração disparando e a respiração alterada. antes que Megan considerasse sequer lhe dar três minutos. As mãos se espalmaram no centro do peito musculoso e o empurraram de leve. a boca ávida havia capturado a dela outra vez.três meses. instigavam as restrições de Megan a abandonar seus postos. Mas. A língua quente abria caminho por seus lábios com investidas lentas e sedutoras. Não importava o estado em que estivera na noite anterior. vamos. – Megan – murmurou ele. Não fuja.julgamento estava em nível recorde. observando-a sob as pálpebras semicerradas. Necessitava de espaço para respirar. – Ora. O olhar de Megan disparou na direção do sofá. diabos. E depois outro. querida. abundante em . Para pensar. Vamos sentar no sofá e conversar. aquele acolchoado se tornou matériaprima para mais cenários do que sua experiência poderia imaginar… um covil de sedução. dando um passo atrás. Oh. Precisava se afastar. aquele olhar! Ela engoliu em seco. Em um piscar de olhos. talvez ele mantivesse. – Bem. – Manterei minhas mãos longe de você. – Soou outra promessa baixa e rouca. arrastando o foco de sua atenção de volta para Connor. A camisa cujos botões Megan tentara arrebentar. Talvez não fossem as . sua imaginação andava fértil. Megan sentiu a boca encher de água enquanto outro cenário que tinha por base o sofá lhe invadiu a mente.potencial erótico. – Claro que manterá. aberta para revelar os músculos definidos do abdome e os discos perfeitos dos mamilos planos. Parado onde ela o deixara. Ultimamente. . – A não ser que prefira… – Não! – Muito bem. – Connor segurou uma das extremidades da gravata que pendia solta sobre seu pescoço.mãos de Connor que a preocupavam. O sorriso pecaminoso se expandiu até novos limites. Com as cenas que se desdobravam em sua mente. Definitivamente não eram as mãos de Connor que a preocupavam. Megan duvidava que fosse capaz de se sentar em qualquer outro sofá em sua vida. – Não acredita em mim? Se quiser pode atar minhas mãos. quanto mais naquele. torcendo-a entre os dedos e oferecendo-a a Megan. Estivera a ponto de concordar com… qualquer coisa.Forçando os pés a se mover um após o outro. banhando-a com a frieza da racionalidade recuperada. . – Uhh! – guinchou ela ao sentir as agulhadas da água ártica contra a pele superaquecida. ela subiu a escada e se encaminhou à suíte master outra vez. Cruzando os braços. Casamento. segurou a bainha do vestido e o tirou pela cabeça. entrou no boxe e abriu a torneira da água fria. preparando-se para a clareza que ansiava conseguir com o jato de água gelada. Em seguida. Gosto quando emite esses sons. E. Deus a ajudasse.Viajar pelo país. . – Droga. mesmo com a frieza da realidade a inundando… tudo que conseguia pensar era na forma como o beijo de Connor a consumira por inteiro. Um gemido baixo de desejo relutante lhe escapou dos lábios. esperando que o impacto gelado lhe penetrasse o crânio duro e lhe dissipasse os pensamentos nebulosos. Megan. e Megan posicionou a cabeça sob o jato de água. bem como o fogo que lhe queimava as veias. através do vidro transparente do boxe.A fechadura. O olhar predador lhe percorreu o corpo. Uma das sobrancelhas espessas arqueou quando ele se desencostou da parede. Megan girou para ver. O meio-sorriso a todo o vapor. Não lhe passara pela cabeça trancar a porta. Por que ela não se sentia constrangida com aquele escrutínio? Não que tivesse . querida? – Tentando clarear a mente. Connor recostado à parede na outra extremidade do toalete. sedutor e faminto. Pestanejando para dispersar a água dos olhos. – O que está fazendo aí. mas também estivera agindo de maneira incomum desde o início daquela manhã. Em nada parecido com o que sentira com outros homens. o olhar de Connor nela lhe parecia natural. E. Tranquilo. – Hum. . A clareza lhe cai bem.onde se esconder. Dessa vez foram os lábios de Megan a se curvarem em uma fração de centímetro. Sem dúvida. Eu poderia tentar um pouco disso também. Era melhor parar de fazer comparações. Aquele homem precisava abrandar o fogo dentro dele. O vidro transparente funcionava como uma vitrine para olhares curiosos. ainda assim. enquanto se aproximava do boxe.– Acha mesmo? As mãos de Connor se encontravam na braguilha parcialmente aberta. ele estava se livrando da calça do smoking e a deixando em um monte no chão. finalizando a tarefa que ela começara na porta de entrada. Seria seu cérebro capaz de voltar a funcionar direito outra vez? As mãos longas se moveram para a cueca boxer que confinava a potência de sua ereção. Em seguida. O queixo de Megan caiu quando ela se deu conta do convite que acabara de fazer. E quando se livrou daquela . Os olhos brilhavam com um fogo quente o suficiente para fazê-la arder mesmo sob… – Que diabos…? – exclamou ele enquanto se afastava para a extremidade oposta do boxe. Ao menos uma vez. O corpo de Connor era ainda mais belo que suas fantasias sexuais poderiam imaginar. mas havia algo definitivamente satisfatório naquilo. ficou deslumbrantemente nu.peça. Megan sabia que não deveria ter rido. não fora ela a ser pega de surpresa. Deslizando a porta de vidro do boxe. Vindo em sua direção. E ele estava fechando a distância entre os dois. E o . No segundo em que Connor ameaçou segurá-la. Parados em lados opostos do enorme boxe. em seguida. – Você disse que queria clareza – respondeu Megan. O corpo entrando em estado de alerta quando o foco daqueles olhos semicerrados se concentrou em seus seios e. – Fez isso de propósito – acusou ele. ela disparou pela porta de . permanecendo longe do jato de água. mais abaixo. Porém. a expressão estupefata logo se dissipou. Os dois estavam despidos.semblante perplexo que congelara no rosto de Connor era simplesmente irresistível. sacudindo a cabeça. . Connor se encontrava parado sob o jato de água gelada.vidro. rindo. isso não está funcionando do jeito que eu esperava. Com as mãos espalmadas acima da torneira e os músculos flexionados e tensos. focou o olhar onde ela estava. Em seguida. Um rosnado grave soou atrás de Megan quando ela esticou a mão para pegar o tecido quente e felpudo do robe dobrado sobre a lateral da banheira. – Para ser sincero. além da porta de vidro. Envolvendo-se na peça monstruosa. – Quem sou eu para impedi-lo. ela girou na direção do boxe e paralisou. – Ou talvez seja isso que está . vou sair deste boxe e pressioná-la contra a parede. Era como se aquele homem tivesse superpoderes sedutores que o possibilitavam infundir um potencial erótico aos mais comuns componentes de uma casa.– Concordo plenamente – respondeu ela. – Estou me esforçando ao máximo para permanecer onde estou neste momento. Primeiro o sofá. meio que mesmerizada com a visão diante dela. mas. E agora a parede. se você não sair por aquela porta. Megan se viu boquiaberta. observandoa.esperando. A MÃO longa atingiu os ladrilhos com uma pancada úmida ao mesmo tempo que ele deixou escapar um suspiro. sem nenhuma sombra de um sorriso. Ele estava imóvel. com expressão fechada. usando aquela tarefa para ganhar o tempo necessário para analisar suas . Por mais tentada que estivesse. – A promessa na voz grave foi a força propulsora que fez os pés de Megan transporem a soleira da porta do toalete. Megan não iria correr o risco. de onde ousou um último olhar a Connor. Connor pegou o sabonete e o esfregou na pele com movimentos bruscos. tinha certeza de que. Claro que.opções. se lhe oferecesse a opção de não criar laços. embora contra seus preceitos morais. Mas diabos! Nenhuma delas lhe daria o que desejava: Megan voltar para casa com ele. a teria sob ele antes que seu corpo secasse. Mas não queria apenas uma noite com Megan. não queria perder mais um ano em um relacionamento que não tinha a autenticidade de pessoas que sabiam que era para valer e não apenas para passar . Mesmo com alguém como Megan. E também não estava disposto a entrar na rotina de um namoro. não importava o quanto tentasse mostrar a Megan como fora. Arrumada e preparada para uma noite de romance. Até que escorregasse entre seus dedos como um drinque derramado. Não queria ver Megan em sua melhor forma. o que aprendera sobre ela. ele limpou a . Não queria esperar para a realidade começar. Queria a realidade agora. E nada que ele fizesse a impediria. fazê-la sentir a insanidade da ligação entre os dois… não era o mesmo. Agora.três ou quatro horas divertidas. E a teve. ela partiria. Fechando a torneira. No dia seguinte. Não era o suficiente. Escancarou a porta do toalete. com os pés enfiados sob o corpo em uma poltrona acolchoada na extremidade da suíte máster. na sala de estar. Não iria mais protelar. envolveu os quadris com uma toalha e se preparou para o adeus que certamente o aguardava do outro lado da porta. . Mas definitivamente não no sofá. Ou mais provavelmente lá embaixo.água dos olhos e sacudiu os cabelos. determinado a enfrentar o desfecho daquela situação como homem. afogada em seu roupão gigante. tomado de assalto pela visão de Megan. e estacou onde estava. Em seguida. Até lá. mas ele não entendeu uma só palavra do que viera depois do “serei sua esposa”. ele manteria . retorcendo as mãos em um gesto nervoso. silenciando-lhe as palavras que não conseguia discernir.– Está bem – disse ela. Connor cruzou o quarto e a envolveu nos braços. No tempo de uma batida do coração. Os lábios carnudos ainda estavam se movendo quando ele os capturou em um beijo. quando baixasse o nível de adrenalina. que o ensurdecia para tudo que não fosse o urro da vitória. – Serei sua esposa. Megan poderia dizer o que quisesse depois. Megan continuara a falar. – Espere – suplicou Megan. As mãos se moveram dos músculos peitorais para lhe envolver a mandíbula. Com as mãos espalmadas no peito musculoso. Guiando os dois na direção da cama. Amanhã. Acordo pós-nupcial ou o que for. rindo quando Connor tentou seguir seu recuo. – Mais tarde. Precisamos deixar algumas coisas claras antes de seguirmos adiante. – Espere. . resolveremos depois. ele fez que não com a cabeça. não é isso que… – E então.aquela boca carnuda ocupada com algo mais produtivo do que conversar. ela se afastou. – Não. Na cama não… Mas ele já a estava deitando sobre o colchão. gemendo com as investidas de sua língua. estou falando sério. se agarrando aos seus ombros e. – Connor. mas dê uma chance à cama. ela olhou para trás. – Sei que você gostou da ideia da parede. sim. E diabos.girando a cabeça. ela estava arqueando na direção de seu corpo. Não ficará desapontada. aos . Uma das mãos longas seguindo a curva suave da coxa de Megan até lhe alcançar o quadril nu. em seguida. E então a boca ávida estava sobre a dela outra vez. Abrindo os lábios para receber e corresponder à invasão erótica de sua língua. Saborearia cada centímetro dela naquela noite. Aquilo o fez recuar para encarála. – Droga.cabelos. Abandonando-lhe a boca. Megan era tão sexy! E lhe pertencia. A expressão de Megan se transformou . os lábios de Connor rumaram para o pescoço delicado. onde escorregou a língua sobre a pulsação acelerada e a ouviu deixar escapar um xingamento abafado enquanto contorcia o corpo para se soltar. em uma máscara de frustração, fazendoo recuar ainda mais, surpreso ao observá-la se erguer da cama. – Agora. Temos de conversar agora. Porque não posso concordar com tudo. Temos de estabelecer algumas regras básicas. – Regras básicas. – Connor não estava gostando daquilo. – Tais como? Apertando a faixa que prendia o robe à cintura, Megan mudou o peso de um pé para o outro e o olhou de soslaio. – Nada de sexo. Os dentes de Connor cerraram enquanto ele deixava escapar um longo suspiro pelo nariz. – Quer dizer… esta noite? Mas, mesmo enquanto fazia a pergunta, já sabia a resposta. – Não. Estou me referindo a todo o período de três meses. Forçando-se a rir em vez de xingar, Connor fez que não com a cabeça. – Esqueça. Estamos experimentando um casamento real, e o sexo é uma parte saudável e normal desse contexto. – É dispersante – protestou ela. – Não consegui nem ao menos raciocinar quando estávamos… – Megan agitou uma das mãos entre os dois. – … na cama. E estamos falando sobre mudar meus planos para o resto da minha vida. Preciso estar apta a pensar. Connor franziu a testa. – Terá muito tempo para pensar, querida. Que tal eu prometer não a distrair quando estivermos discutindo algo importante? – Sim, mas não tenho certeza se essa sua concessão será suficiente. Quando estamos juntos… até mesmo nos beijando… não consigo pensar claro o suficiente para mandá-lo parar, mesmo quando é o meu futuro que está em jogo. Está bem, pensou Connor. Rir como um tolo provavelmente não transmitiria a melhor mensagem, mas droga!, gostava do que estava ouvindo. – Provou ser capaz disso… e mais de uma vez. – Ficou por pouco! – Já mencionei o quanto estou feliz por você ter se casado comigo? – Estou falando sério… – Eu também – contrapôs ele, erguendo-se da cama e a segurando pelos ombros. – No que se refere à gravidez, obviamente esperaremos até que você esteja confiante de que esta é a vida que deseja. Mas quanto ao sexo? Sem chances. Vou seduzi-la. – Eu direi “não” – sussurrou ela, o olhar já vagando para a boca sensual de Connor. – É um aviso justo… – Ele moveu o polegar ao longo da pele pálida sob o lábio inferior de Megan. – Se fizer isso, eu pararei. Fechando os olhos, ela anuiu, e o movimento permitiu que a carícia de Connor se movesse para o lábio. Tão apetitoso. – Sei que o fará. Megan abriu os olhos e, dessa vez, os deixou percorrer a estonteante estrutura masculina, desde a cabeça úmida, passando pelo local onde a toalha se encontrava precariamente situada até o pé, antes de perfazer o caminho de volta. Era como se estivesse se testando diante da tentação. Aquela era a sua esposa! Os músculos do pescoço de Megan se moveram para cima e para baixo enquanto ela engolia em seco. Duas vezes. Em seguida, aqueles deslumbrantes olhos azuis pestanejaram antes de encará-lo. A determinação lutava para se refletir neles. – Posso resistir a você. Connor cedeu ao sorriso lento que lhe repuxava os lábios. – Você pode tentar. Capítulo 11 – PERDEU maldita cabeça? – perguntou Jeff. O ultraje soava tão claro pela linha do telefone quanto se o amigo em pessoa tivesse rastejado através do fio para segurá-lo pelos braços e sacudi-lo. – Acreditaria se eu dissesse que perdi a cabeça, subi à lua e estou totalmente apaixonado? – perguntou Connor, carregando sua bagagem de mão SUA enquanto saía da banca de jornal do aeroporto. – Não. – Soou a resposta direta e destituída de humor. – Bem, então você está certo. – Desviando-se de um casal atracado em um abraço apaixonado, Connor olhou ao redor dos portões e verificou a hora no relógio de pulso. – Estou em meu juízo perfeito. Com os pés firmemente plantados no chão da realidade e casado com uma mulher estonteante, sexy e inteligente, que por acaso é tudo que eu estava procurando em uma esposa. – Uau, não sabia quer você estava procurando por alguma caça-dotes perita em lavagens cerebrais ou teria lhe indicado uma dentre as hordas das interesseiras que se atiraram aos seus pés na última década. Que diabos aconteceu, homem. Essa mulher o drogou? Connor contraiu a mandíbula e trincou os dentes. Imaginara o que as pessoas iriam pensar. As conclusões que tirariam. E dissera a si mesmo que não se importaria. Que nenhum dos dois se incomodaria. Diabos, seu temor em ir contra as convenções não era menor do que o de Megan. Mas, assim como no casamento de Gail, o instinto protetor o preparou para contestar aqueles comentários absurdos. – Nem de longe. Na verdade, suponho que tenha sido eu que realmente a droguei. Lá estava ela. Retornando da cafetaria, com uma bandeja lotada com dois copos de café e um saco de pães doces. A outra segurava a mochila do laptop pela alça. Ele diminuiu o passo, preferindo ficar longe do alcance da audição de Megan. – Hum… Connor, a que está se referindo? – Deixei que ela se embebedasse, o que a fez esquecer a maior parte da noite. – Deixe-me adivinhar – disse Jeff em tom de voz seco. – Ela se lembra da parte em que se casaram. – Sim, mas infelizmente não se lembra por que, no momento, pensou que aquela era uma excelente ideia. Foi necessário um pouco de esforço de minha parte para fazê-la se recordar. Até mesmo agora, ela ainda está reticente, mas disposta a dar uma chance ao casamento. Estamos voando para Denver a fim de que ela faça as malas. – Você está falando sério? Connor não conseguia se lembrar se algum dia ouvira a voz de Jeff tão estridente, e aquele som trouxe de volta aos seus lábios o sorriso com que iniciara aquela ligação. – Claro. Você terá de confiar em minha palavra, mas, Jeff, eu a conheço. E gosto muito dela. – Em seguida, por simplesmente não conseguir deixar de provocar um velho amigo quando a oportunidade se apresentava, acrescentou: – De volta à ativa, como você mesmo disse. – Por falar no assunto… ela sabe sobre Caro? – Sim. Eu lhe contei na primeira noite. – Connor limpou a garganta e olhou para a pista adiante. – E ontem também. – Tivera uma sorte dos diabos por Megan ter lhe perguntado sobre algum relacionamento sério enquanto se dedicavam ao curso “conheça seu companheiro”. Caroline fora a última mulher em sua vida, e algo lhe dizia que não seria muito interessante para a confiança que estavam construindo ele não colocar a esposa a par do assunto. E até mesmo agora percebia que deveria ter sido mais detalhista em seu relato. Determinados pormenores que não alteravam nada, mas, diabos!, Megan estivera muito próximo de não dar uma chance àquele casamento. Muito próximo. Não estava disposto a arriscar – Não posso acreditar que não me tenha apresentado a ela ontem. Por enquanto. estou pronto para levá-la para casa.que ela se aborrecesse por alguma lamentável cronologia. Queria ter conhecido essa mulher… agora que sei que ela não o arrastou pela nave da igreja com uma faca apontada para suas costas – disse Jeff. . Connor sorriu e retomou a caminhada. ao menos não até que estivessem em terreno mais sólido. – Em breve. Aquele sorriso largo lhe provocava todos os tipos de reações ao mesmo tempo. acenando quando Megan girou na direção dele. mas quero detalhes. Comece do início. com uma cantada pouco original. – Trinta segundos depois que você partiu. Em seguida.– É bom ouvir isso. – A ginasta? Rapaz! Megan o alcançou no meio do caminho e. a “ginasta” apareceu em minha mesa. parecendo ter ouvido aquela parte da conversa. – Não sou ginasta. Connor se inclinou e lhe depositou um beijo breve na têmpora. deliciando-se com o leve rubor que corou as . ergueu as sobrancelhas em uma expressão divertida. inclinou-se na direção do telefone. os dois haviam embalado a maior parte do que havia em seu apartamento. deixando apenas o mais elementar para trás. os limites estritos e os prazos. Risadas e piadas do tipo que Megan nunca desfrutara haviam pontuado uma intensa negociação. enquanto . – Mas ela não é ginasta e não foi exatamente uma cantada… MEGAN DESP ERTOU com as batidas firmes do coração de Connor sob sua orelha.bochechas do rosto de Megan. Após dois dias de intensa atividade em Denver. o peso do braço musculoso em torno de sua cintura e o redemoinho de uma mente ansiosa por despertar. E cinco minutos depois os dois colapsaram na cama. com um sorriso tolo a lhe . Com tantas coisas a fazer e decisões a tomar… passava da meianoite quando Connor finalmente transpôs a soleira da porta de sua espaçosa casa em San Diego com ela nos braços. os respectivos compromissos profissionais e uma miríade de outros detalhes que comporiam a vida na qual estavam embarcando tiveram de ser acertados. Agora. obrigações sociais e viagens.planejavam como seriam os três próximos meses. Acordos sobre como dormiriam. Megan piscava os olhos sonolentos. curvar os lábios e a frase “hoje é o primeiro dia do resto de nossas vidas” na mente. procurava indícios que revelassem mais do homem com quem se casara. O que descobriu foi um lugar . acendendo uma luz após outra. para se familiarizar com a casa que ainda não considerava seu lar. Ao longo do caminho. localizou um relógio em um canto afastado e franziu a testa ao constatar que o “hoje” estava começando no incrédulo horário de quatro horas da manhã. Olhando ao redor do quarto desconhecido. Megan escorregou de maneira furtiva para fora da cama e desceu a escada. Uma estatueta de bronze que captava a essência de um cavaleiro cansado em cima de sua montaria era a obra central de uma sala de leitura. Um forte contraste com as linhas elegantes e o corte impecável de tudo . que mais parecia algo exposto em um salão de exibição.decorado com elegância. onde cada cômodo possuía uma peça de obra de arte central. inspirando tudo ao redor. E o couro envelhecido por trás do vidro na sala de estar revelou que seu marido tinha o coração de um caubói. Cavalos pintados a carvão correndo por uma planície aberta no imponente escritório. Havia tanto a aprender. após a conversa que tiveram na manhã do dia anterior. E nunca houvera. graças às . Que conselho! Não havia nenhum jogo. lhe sussurraram ao ouvido. Mas talvez aquilo fosse apenas para Las Vegas. “Você terá de jogar alto se quiser permanecer com esse…” Megan fez um movimento negativo com a cabeça. As palavras que a mãe lhe dissera na despedida. Ao menos tudo que ela vira até o momento.feito sob medida que ele usava. Não era afeita a ilusões. Afastando-se da relíquia do Velho Oeste. e elusivas estrias brancas no mar corriam de encontro às costas. e a paisagem ao redor começava a ganhar forma. As nuances escuras das primeiras horas da manhã davam lugar ao azul. . Megan se aproximou lentamente. Palmeiras se estendiam em contornos escuros contra o céu da manhã.lições aprendidas na convivência com a mãe. o olhar de Megan se deparou com as portas de vidro do teto ao chão que compunham a parede sudoeste. desejando enterrar no fundo da mente as palavras da mãe e as lembranças. que prenunciavam a chegada de cada novo homem. Porém. A própria determinação de Megan em não permitir que esse novo homem se aproximasse demais. As mudanças radicais na personalidade e objetivos pessoais da mãe. porque aquilo não seria permanente. Nunca era. Os homens maravilhosos que Gloria Scott estivera disposta a fazer. ou ser. qualquer coisa para mantêlos ao seu lado. Todos os “papais” que haviam passado por sua vida.Perder-se na beleza revelada pela aproximação da luz do dia. Seu . o passado já havia dominado o presente. não importava o quanto fosse bom ou divertido. . Rubin. aquele não fosse embora. Charlie. Jose e Dwayne. Ainda assim. Mas todos partiam. Que talvez. se fosse uma menina boa e se esforçasse o suficiente. E tentar apenas prolongava o inevitável. Pete. as expressões contrariadas. ninguém podia ser algo que não era.nervosismo infantil quando as coisas começavam a dar errado. Da mesma forma. Eugene. A esperança de que talvez estivesse errada. Sete maridos e todos se foram. Os olhares de desaprovação. Ninguém podia fazer algo durar quando não estava predestinado. Zeke. a mãe ainda não percebera. Alguns eram fáceis de esquecer. não estaria repetindo os mesmos erros da . Os dedos de Megan escorregaram pela moldura de madeira das portas deslizantes enquanto um frio de ansiedade lhe agitou o íntimo. Apesar de sua determinação em contrário. Os ecos daquelas ausências estavam profundamente arraigados em seu cérebro e influenciavam todos os relacionamentos que ela tentara. Mas outros… Megan deixou escapar um suspiro pesado enquanto a lembrança de um par de olhos semicerrados pela luz do sol piscando para ela através de uma doca desgastada lhe fez o coração contrair. mãe? Casara-se com um homem que conhecera havia menos de um dia. que estava determinado a não a perder. Um homem que acreditara tanto no valor da mulher que conhecera na noite da qual ela nem sequer se lembrava. Claro que Connor pensava que a conhecia. Mas e se estivesse errado? E se ela não tivesse sido a Megan genuína e ele estivesse tão focado na vitória conquistada a duras penas que não tivesse percebido isso ainda? Quanto tempo levaria até que Connor enxergasse além da ilusão da pessoa que desejava que ela fosse e a visse como . Megan girou com um movimento abrupto para encontrar Connor a observando do corredor. Deus! Aquele homem estava . A largura nua daquele peito perfeito enfatizada pela forma casual com que ele recostara um dos braços no batente da porta aberta.realmente era? Aquilo aconteceria dentro do prazo da experiência de três meses ou depois que ela de fato se permitisse acreditar… – Acordou cedo. Ele trajava uma calça de pijama de algodão cinza que caía perigosamente pelos quadris retos. – Você também. Estava mais do que disposto a dar aquele . Aquilo lhe emprestava uma aparência maliciosa que também se refletia em seu sorriso e no olhar. Connor acreditava nos dois.estonteante com a massa de cabelos sedosos apontando para todas as direções e a barba de um dia ao longo da linha perfeita da mandíbula quadrada. – Minha cama ficou solitária de repente – retrucou ele com uma piscadela que fez loucuras nas entranhas de Megan e a lembrou da impossibilidade de não acreditar nas convicções daquele homem quando estavam juntos. Fazia Megan querer tudo que ele estava lhe oferecendo. também deduzi que talvez você desejasse fazer um tour por sua nova casa. a estimulava a querer saltar. Fazia parecer tão simples. – Solitária. – Sim. Bem. Quando ele a olhava da maneira como o fazia agora. Tinha de manter isso em mente. Connor sorriu. Quem sabe tomar um pouco de café? . Apenas salte.enorme salto de cabeça no futuro deles como casal. Mas desejar algo não significava necessariamente que aquilo era o melhor. – Sim. – Meu ego está exigindo que da próxima vez que fizer esse som não seja por causa do café.Megan deixou escapar um gemido involuntário. mas sei preparar waffles congelados – ofereceu ela por sobre o ombro. – Não sou boa cozinheira. no caso de ainda não ter mencionado isso. Venha. Connor se aproximou por trás. Megan vasculhou o freezer enquanto ele ligava a cafeteira. Na cozinha. café. Com uma risada. um dos braços se esticando sobre o ombro de . Connor lhe segurou a mão. por favor. querida.Megan para fechar a porta do freezer. – Ele a tranquilizou. – Tudo que estou querendo é meu previamente combinado beijo de bom-dia. Em seguida. Megan sentiu o coração perder uma batida e o ventre formigar. – Relaxe. . dando um passo atrás. – Connor – advertiu ela. ergueu-a para sentá-la sobre o tampo. – Daqui a um minuto. A concessão que haviam acordado no que se relacionava à intimidade. cingindo-a pelos quadris e a empurrando para trás até recostá-la à mesa impecavelmente arrumada da cozinha. quer fosse de experiência ou não. um de seja bem-vindo a casa e outro de boa-noite concedidos nesses respectivos momentos. Por fim. Um de bom-dia. nenhum dos dois pareceu interessado naquele tipo de acordo prévio de três meses puramente platônicos. um de tenhaum-bom-dia. Ela poderia lidar com quatro beijos. Quatro. optaram por quatro beijos diários. Portanto. com Megan determinada a não deixar que a sedução modificasse sua forma de pensar sobre aquele casamento e Connor desejando… bem… tudo. .Aquele fora um ponto de discórdia entre os dois. Em seguida. Connor se posicionou entre eles.O corpo de Megan aqueceu diante do pensamento de que estava na hora de arcar com as consequências de tal acordo. Afastando-lhe os joelhos um para cada lado. E depois um pouco mais. sentindose drogada pela fragrância da pele masculina. que não teve outra opção a não ser ficar pressionada contra os ombros largos. aproximou-se. – Um beijo – sussurrou ela. . E mais até que uma de suas mãos estivesse apoiada sobre o tampo de madeira atrás dela e a outra envolvendo a cintura de Megan. – Deus. Connor roçou o dorso do nariz contra a mandíbula delicada até o ponto abaixo da orelha de Megan. Megan o olhou nos olhos. – Megan tentou afastar a entonação de súplica da voz. mas queria ser lembrada daquela química. sim! Mas me contentarei apenas com um beijo se for o que estiver preparada para me dar. Ofegante.– Um beijo. Para onde aquilo estava se encaminhando se tudo desse . Da forma que eu quiser. – Apenas o beijo. Da mágica. Deixando escapar um gemido baixo. – E você quer fazer isso na mesa do café da manhã. E então Megan sentiu. O primeiro leve roçar dos lábios sensuais contra os dela. Ou talvez tudo que desejava era a boca de Connor na sua. – Veremos. .certo. Deus! Ela queria que aquilo durasse muito tempo. As pálpebras de Connor baixaram como em câmera lenta. O familiar sorriso arrogante se alargou um milímetro. A insinuação suave e persuasiva do que estava por vir. Era bom saber que alguém achava DE . Apertando o volante com as mãos até que as juntas dos dedos se tornassem brancas. Connor não perdeu o divertimento implícito na voz de Jeff.Capítulo 12 – NADA sexo? – perguntou Jeff com uma voz estrangulada do outro lado da linha. não importava o quanto o amigo tentasse disfarçar. relanceando o olhar além dos desfiladeiros para o oceano que se descortinava adiante. Tivera tanta certeza de que a teria com aquela cota diária de intimidade. . Mas. porque quando se beijavam… Connor escorregou um dedo por dentro do colarinho. também não consigo acreditar nisso. abriu o primeiro botão da camisa e afrouxou a gravata… se b e i j a v a m para valer. como prometera.aquilo engraçado. Megan se mostrara determinada. – Sim. antes de retornar a atenção à estrada. Mas Megan… – Connor inspirou lentamente. Tornar as coisas “especiais” quando na realidade não são. Entendi. – Certo. Sessões de sexo selvagem têm a tendência de confundir prioridades. como está o restante da vida de casado? – Bom. fora o fato de sua esposa o achar totalmente resistível. Garota inteligente. Sem surpresas. Dar significado ao insignificante.– Ela não quer que nada lhe embote o bom senso até chegar a uma conclusão. sem saber exatamente que tipo de resposta desejara do amigo… mas certamente não fora aquela. – Então. – Não muitas. – Megan é mais reservada do que se . – Connor trincou os dentes molares. Afinal. o tom de brincadeira abandonou a voz de Jeff. bobagens.mostrou em nossa primeira noite. Após alguns segundos de pausa. Na maioria. Megan teme que eu tropece em alguma decepção depois que ela esteja comprometida. – Alguma decepção? – Relaxe – respondeu Connor. – Coisas pequenas. Sabe como é. E está meio preocupada em se certificar de que eu saiba no que estou me metendo. ele não se importava nem um pouco que Megan não fosse uma cozinheira de mão cheia ou que tivesse a . mostrando uma lista de defeitos para se revelar por completo. queria a confiança de Megan de volta. ela veria. aguardando um instante para medir sua reação ou se o abalaria. Não importava. Mas certamente fazia questão de saber se a mulher com quem se casara seria sincera com ele. Connor se lembrava de como aquela fé se esvaíra de Megan da noite para o dia. não podia reclamar. Mas todas as vezes que ela revelava outro defeito.tendência de se exceder quando adotava um novo hobby. E todas as vezes que estavam juntos Megan lhe dava provas disso. No entanto. A fé que ela colocara nos dois quando recitara seus votos. E até lá… bem. Em breve. . Talvez com muita facilidade. Connor sabia que ela não estava totalmente entregue. Droga! Era um prurido a ser coçado. Ele a queria e até . Isso significava que Megan era um projeto inacabado. – Agradável aos olhos e lhe ocupava a mente com facilidade. E. Agradável de conversar. – Ela me faz rir e é uma pessoa excepcionalmente fácil de conviver. embora tivesse conseguido que ela desse uma chance ao casamento dos dois. Inteligente. Um negócio prestes a ser fechado. Mas isso era de se esperar. Megan era um desafio.Megan era uma mulher forte. Sabia se proteger. – Connor diminuiu a velocidade ao atravessar o caminho que levava à garagem da casa. – Cara. – Está na hora de vencer a resistência da esposa. – Jeff soltou uma risada. esperando que o portão se abrisse. estou quase chegando em casa. – Entendi. E depois de Caro… – Ouça. fico feliz que tenha encontrado uma mulher com quem possa conversar. Sei que sempre imaginou um casamento que fosse mais como uma fusão de empresas. .ter certeza de que a possuía Megan lhe estaria ocupando a mente mais do que ele normalmente permitia que um relacionamento o fizesse. que lhe . estava certo que teria outra chance de fazê-lo. – E boa sorte… parece-me que vai precisar. antes de despertar por completo. Se tivesse alguma coisa para dizer. que ronronara com o beijo que ele pressionara em seus lábios. Sabia que ela não se pareceria em nada com a felina sexy daquela manhã. Um sorriso lento se estampou nos lábios enquanto a mente se focava na última imagem que tivera da esposa. Connor desligou e saltou para fora do carro.não se ofendendo com a interrupção abrupta do telefonema. O pijama de seda. Sonolenta e quente. antes de sair para o trabalho. Acontecimentos que envolviam seda e sonolência. Agora. sarcástico. . erguido na altura das costelas. grande chance!. Sim. Não era de se admirar que Megan ocupara seus pensamentos nas últimas onze horas.marcava o contorno dos mamilos. Connor não conseguia afastar os acontecimentos picantes que lhe assombravam os cantos não tão ocultos da mente. pensou ele. Ainda assim. embalados em um tipo de beijo seja-bem-vindoansiei-por-você-o-dia-todo. ela estaria vestida. Provavelmente limpa e arrumada. cheguei” ao cruzar o corredor. Não que retornar a uma casa vazia fosse uma experiência nova para ele. Nenhuma. Connor franziu a testa e verificou se havia alguma mensagem no telefone celular. com exceção da luz frouxa da luminária no hall. mas com Megan vivendo ali. esperara… . O terceiro andar também.Fechando a porta ao entrar. O segundo andar se encontrava escuro e vazio. O silêncio ecoou de volta para Connor enquanto ele largava as chaves na mesa com tampo de vidro e seguia na direção da escada. acima do lance de escada. ele gritou o jocoso “querida. Connor estacou em frente à porta do escritório . não esperava que ter seu desejo concedido o deixaria tão incomodado. Não que estivesse desapontado. teve de admitir que. que nunca lhe parecera solitária antes. caminhando por aquela casa vazia.algo diferente. Desejara uma mulher independente. No meio do corredor escuro. em uma semana de casamento. que não o fizesse se sentir culpado por sua agenda de trabalho atribulada ou agisse como se sua vida estivesse atrelada à dele. Desejo concedido! Porém. Megan estava ali. mas. A sensualidade da aparência sonolenta de Megan esmaecera ao longo do dia.de Megan. E sacudia levemente a . Parecia intensa e focada. ainda assim. ele não conseguia desviar o olhar dela. O olhar concentrado no monitor enquanto os dedos trabalhavam ligeiros no teclado à frente. abriu a porta do santuário da esposa… e descobriu sua fantasia coberta com a mesma seda daquela manhã. Um feixe de luz prateada se insinuava pela fresta juntamente com o som indistinto de teclas de computador sendo digitadas. Girando a maçaneta. Nada parecido com aquilo. Nunca. E ele nunca saberia… para ser sincero. Connor esperara voltar para casa e encontrar uma cena como aquela se tivesse se casado com Caro. nunca se importaria com o rumo dos pensamentos de Caro. A ex-noiva estaria a postos e toda arrumada. pensou . Atenciosa daquela maneira distante à qual ele se acostumara.cabeça no ritmo do que quer que estivesse tocando naqueles fones de ouvido rosa-shoking. Fazendo comentários corriqueiros como faziam com estranhos durante os coquetéis. nem em um milhão de anos. Poderia entrar e tirar vantagem da distração de Megan.ele com um sorriso estupefato. considerando suas alternativas. Despercebido. Afastar aquela massa de cabelos loiros para o lado e começar pelo pescoço sedoso. Naquele momento. aproximando os lábios do ponto extremamente sensível que ela possuía atrás da orelha. O projeto que ela estivera esperando finalmente havia chegado. Connor permaneceu parado à soleira da porta. antes de seguir . sabia exatamente onde estavam os pensamentos de Megan. Imersos no trabalho. Esfregando a nuca. bela.adiante… Ou poderia pedir o jantar. A voz de Megan soou alta. quando tivesse seu beijo de boasvindas. – Olá. e ela o encarava com uma adorável expressão confusa. E. e ela retirou os fones de ouvido. porque baseado no que estava vendo aquilo nem passara pela cabeça de Megan. – Connor. Connor indicou a própria orelha. Como foi seu dia? O cumprimento fora sincero. mas . queria que ela estivesse focada. ele virou para se retirar. – Fiquei envolvida com este trabalho durante todo o dia… e perdi a noção do tempo. O que . O semblante empalideceu ao mesmo tempo que as mãos rumavam para os cabelos loiros e depois para o pijama de seda. Porém. que revelava mais segredos do que ocultava.Megan parecia tê-lo interpretado como sarcástico. Isso pode ser irritante para algumas pessoas. mais uma das revelações. Ah. A expressão de constrangimento se dissipou. e algo que se parecia muito com desafio se estampou no belo rosto da esposa. logo em seguida aconteceu a coisa mais admirável. fosse necessário para tranquilizá-la. sentindo que o tempo que Megan teria para concluir o que estava fazendo até chegar o jantar lhe permitiria não retornar ao trabalho naquela noite. – É melhor não me importar… em breve será minha vez. – Ligarei para o . – Acha que está em um ponto em que pode parar se eu pedir comida chinesa? – perguntou ele. – Você não se importaria? – O olhar de Megan voltou a se concentrar nele. infinitamente mais suave do que segundos atrás. Costumava ser assim com ele. – Sem questionamentos. aliviada com a tranquila aceitação de Connor em relação ao fato de ela ter se distraído com o trabalho. – Mas só quando tiver sua total atenção. e Megan voltou o olhar ao monitor. mas ainda incapaz de se livrar das dúvidas. A sensação de que. – E diante da testa franzida de Megan. – Algo errado? – Não quer seu beijo? – Oh. concentre-se para concluir seu trabalho. .restaurante e tomarei um banho rápido. quero – assegurou ele. Encontre-me no térreo quando estiver pronta. cedendo ao sorriso que estivera pairando em seus lábios. A PORTA se fechou. Portanto. Havia muita harmonia entre os dois. Fatalmente aconteceria. mas ainda assim uma parte dela não conseguia crer. Essa parte percebia a máscara de calma que Connor estampava no rosto toda vez que ela lhe mostrava algo que tinha todo o potencial de ser desagradável. Megan não queria pensar daquela forma. Claro que o fato de ter ficado envolvida com o trabalho até a noite não . então seria outra coisa.se não era aquilo que abriria os olhos de Connor para um futuro não muito promissor. Isso fazia Megan imaginar o que haveria por trás daquela aparente tranquilidade. Mas com tanta coisa em jogo. Precisava saber se Connor a estava vendo de fato como ela era. que decidira fazer vista grossa para tudo que não se encaixasse… Até o dia que não fosse mais capaz de ignorar. E então o que aconteceria? Deus! Megan queria acreditar. Mas o que ela falava ou fazia parecia não importar.era algo tão grave. precisava que ele tivesse mais do que uma ilusão de perfeição. Parecia que Connor estava tão determinado a provar o quanto os dois eram perfeitos um para o outro. . Era como se nenhum mau hábito ou defeito pessoal fosse registrado. Capítulo 13 – O QUE ela preparou para você? – Jeff guinchou do outro lado da linha. Connor sabia porque . congelado. Com ervilhas. Connor fez um movimento negativo com a cabeça. – Atum ao molho branco sobre purê de batatas. – Enlatado. em caixa. recordando a última tentativa de Megan de confrontá-lo com a realidade. A última tentativa fracassada. A última vez que Connor ouvira aquele tipo de admiração na voz do amigo fora quando uma modelo famosa piscara e atirara um beijo para Jeff. – Não brinca. antes de pular de bungee jumping na barragem da Usina Hidrelétrica de Verzasca em Ticino. essa mulher está levando a sério a tarefa de decepcioná-lo. Suíça. – Ao que parece é alguma preferência familiar antiga que ela tem de comer de vez em quando. – Diabos. Connor sentiu um arrepio enquanto .vira as embalagens deixadas estrategicamente expostas no balcão. E então. deveria recorrer a algo mais substancial do que um jantar. – Você comeu aquele grude? – Claro que sim. Como se eu fosse desistir por ela não me servir uma refeição cinco estrelas. cedendo a uma relutante . surpreso com a pergunta do amigo. como se fosse um banquete dos deuses. embora nem mesmo Megan tivesse conseguido comer. – Connor resfolegou.controlava um rosnado que no momento ameaçava sua calma. – E comera até a última garfada. – Megan fez especialmente para mim. – Se está levando a sério. Essa não! Aquilo era um insulto para ambos. delineadas por uma calça de ioga colada ao corpo e ela… oh. acrescentou: – Mas tenho de admitir que aquela foi a pior coisa que já experimentei. com o olhar fixo nas curvas graciosas das nádegas de Megan. diabos!. Connor adentrou a cozinha.risada abafada. estava verificando o ponto do que parecia ser uma lasanha no forno… mas o aroma nada tinha a ver com a iguaria italiana. afrouxando a gravata e desabotoando o colarinho. os pensamentos sobre os testes e as frustrações foram postos de lado. . – Rapaz! Meia hora depois. – Que tal meu beijo de boas-vindas… Argh! Connor atirou a cabeça para trás quando se deparou com o rosto . Com as mãos espalmadas no quadril e na cintura de Megan. anunciando sua presença um segundo antes de escorregar as mãos pelas doces curvas dos quadris de Megan. Precisava de um lembrete que justificasse por que ele teria de digerir a próxima atrocidade culinária. bela – disse ele. – Olá.Não. ele a observou fechar a porta do forno e começar a girar. Uma espécie de incentivo. Outra. Vez. Ousando olhar mais . enquanto se afastava. maliciosa. em seguida. – Seu beijo? – Megan soltou uma risada. dando de ombros. – Toda semana? – Deus! Não poderia nem imaginar ter de enfrentar aquele odor regularmente. dando-lhe palmadas leves no peito e. piscando.sorridente coberto com algum tipo de máscara com aparência de matéria orgânica em decomposição ressecada… sem mencionar o odor. mas eu a aplico toda semana – justificou ela. – Desculpe por surpreendê-lo com essa máscara com aparência de vegetais em decomposição. Connor se inclinou para a frente e escorregou o dedo ao longo da bochecha do rosto pegajoso. E remove as impurezas. Metade do tempo em que estivera com Megan não a vira usar nenhum tipo de maquiagem e a achara linda de qualquer jeito.de perto. Talvez fosse o efeito da máscara? . Jovial. – Que efeito tem isso? Megan deu de ombros. Mantém a pele com uma aparência mais suave. Hum. fecha seus poros. Mais saudável. – Uh… bem. A pele impecável. pontuada por graciosas sardas. – Interessante. mas também nunca tivera tal curiosidade. Com os braços cruzados. Megan lhe lançou um olhar especulador. E. – Depilação com cera – respondeu após um instante. perguntou: – Que outros segredos de beleza devo esperar? Connor nunca questionara nenhuma outra mulher com quem se relacionara sobre os misteriosos rituais femininos. – É mesmo? – O olhar de Connor . gesticulando com a mão em frente ao próprio rosto. nunca tivera uma relação tão íntima e pessoal com alguém. – E. claro. Dessa vez. – Por quê? Isso não o incomoda. mas logo Connor entendeu e empinou o queixo. – É mesmo? Megan ergueu uma das sobrancelhas delicadas. certo? Connor poderia ter julgado aquele . – Sim. foi Megan a gesticular a mão em torno do próprio rosto. o sorriso desafiador a todo o vapor. A princípio lhe pareceu confuso.deslizou pelo corpo de curvas graciosas. a curiosidade sobre cada centímetro de pele macia aumentando. Havia passado três semanas. – Sei o que está fazendo. Megan o encarou alarmada.olhar brincalhão. preparando-se para o que vinha a seguir. não fosse pelo brilho de aço nas profundezas azuis. E aquilo estava começando a irritá-lo. Minando os limites de sua natureza até o ponto em que algo teria de ceder. Não fizera nenhum progresso em aliviar as preocupações que a atormentavam. e ele não conseguira provar nada para Megan. . Mas não ele. Outro teste. O bom humor e a curiosidade divertida de Connor se dissiparam. Connor caminhou na direção dela. – E se está pensando que a ameaça de alguma máscara fedorenta ou o ritual não muito sexy de se depilar a . – Sei o que quero. – Megan havia se recostado à bancada. Seria necessário. porque ele estava prestes a pôr um ponto final naqueles estratagemas. os testes. A máscara. a respiração escapando pelos lábios de uma forma que incitava a parte mais primitiva de Connor. até ver apenas a mulher que lhe dirigira o olhar naquela primeira noite. permitindo que a mente descascasse as camadas de defesa que Megan erguera entre ambos.Boa ideia. – Quero meu beijo agora.cera irá me impedir de conseguir isto… – Ele lhe acariciou a orelha. ele se aproximou ainda mais. MUITO BEM. Disposto não só a sustentar o desafio de Megan. respirando apenas pela boca. Em seguida. . Nem de longe. afastando para trás algumas mechas de cabelos soltas naquele ponto e prosseguiu com a carícia pelo pescoço delicado. inclinou-se na direção dela e se permitiu um tom levemente rude na voz. mas também estimulá-lo. – Dois olhos azuis arregalados envoltos pela máscara verde pútrida o encararam. Aquilo não saíra exatamente como ela pretendera. – … está muito enganada. em vez de ter rastejado para fora daquela bancada. impassível. enquanto Connor se retirava.Ofegante e trêmula pelo desejo não saciado. Assobiando para si mesmo! Como se tivesse experimentado uma espécie de vitória. a camiseta enrolada em um dos cotovelos. Megan baixou o olhar ao próprio corpo estendido no granito polido da ilha central da cozinha com absoluta descrença. coberto de repugnantes flocos de máscara de alga. A camisa feita sob medida sem metade dos botões e ostentando uma ereção que ameaçava arrebentar o zíper da braguilha. . Determinada. Mas ainda assim. conseguira pronunciar o nome de Connor. E provavelmente apenas porque. Mais ou menos. E alguns minutos depois fora capaz até mesmo de desenroscar os tornozelos que enroscara na cintura dele e dizer “não”. Connor lhe capturara os lábios em um . no meio da tempestade de paixão. ela tivesse aberto os olhos e se deparado com o reflexo de seu rosto verde no metal reluzente da tigela pendurada acima da bancada. após algumas tentativas ofegantes.Conseguira resistir a ele! Claro que levara algum tempo até que Megan voltasse a si. Não temia o confronto. apesar do odor desagradável. Na verdade.último e ardente beijo antes de… desmontar. mas que usava porque. não fora o suficiente para fazer Connor desistir daquele jogo. Assobiando. fosse em face do trabalho duro ou de um pungente odor de pântano. Era motivado por seus objetivos. ela não esperara que fosse. aquela máscara revoltante que ela mal podia aguentar. O homem com quem se casara não era fraco. era extremamente eficiente. Aff! Então. . Não respondia de nenhuma forma crível. Aquele homem sabia influenciá-la. a lábia e olhar obstinado de Connor. Connor não admitia nada que não estivesse alinhado com seu objetivo. não conseguia deter os pensamentos que lhe invadiam a mente.Megan engoliu em seco. Porque. Isso a aterrorizava. fazer todas as promessas certas e deixála se sentindo mais vulnerável do que antes. Embora o desejasse. todas as vezes que se confrontava com a segurança tranquila e imperturbável. se recusando a enxergar quem ela de fato era e moderando todas as suas . E isso não era o bastante. Importava-se com os waffles que ele preferia. MEGAN NÃO conseguia acreditar que chegara àquele ponto. Connor também a estava impedindo de ver quem ele realmente era. passara os últimos dez . Mas Megan não conseguia se forçar a desistir. Momentos muito puros e intensos para não serem genuínos. pior. Porque para cada defeito facilmente relevável havia centenas de exemplos de sinceridade. Sabia que tipo de waffles Connor preferia. Deus! Tinha de tomar cuidado. E.respostas. Tratava-se apenas de waffles. relanceou o olhar pelo corredor do supermercado. agora que parara para pensar. para que dessa forma fosse ela a preparar o melhor maldito waffle que ele jamais experimentara.minutos parada diante da porta aberta da seção de congelados para café da manhã. aquilo não era um bom sinal. Oh. Nada bom. E desconcertante. esperando encontrar uma multidão de bisbilhoteiros rindo e fazendo apostas sobre a marca pela qual . determinada a encontrar waffles ainda melhores. pelo amor de Deus! Sentindo-se de repente em evidência. Mas dessa vez… podia jurar que era Pete. em vez disso. Com o coração martelando as costelas. nunca fora ele. – Pete.optaria. seu foco captou uma massa de cachos grisalhos que encimavam um rosto que ela não vira durante as duas décadas que o envelheceram. Megan pestanejou várias vezes e deu um passo à frente antes que fosse capaz de conter o impulso. Mas. Durante todos aqueles anos. A respiração lhe escapou pelos lábios em um sussurro gelado. Não poderia ser ele. Megan sentiu a bolha do riso . o que acha de chocolate com manteiga de amendoim e marshmallows? Megan estacou. broto.lhe subir pelo peito. De qualquer forma. estava a ponto de tocálo quando ele disse: – Diga. embora. do jeito que ele adorava viajar. . muito confusa para encontrar sentido nas palavras que ouvia. Deveria abraçá-lo? Apenas lhe dar um aperto de mão? Dizer que até mesmo naquele momento podia perceber o quanto sentira sua falta durante todos aqueles anos? Pete deveria morar naquele bairro. talvez estivesse apenas de passagem. perdoe-me. minha jovem. – Oh. pensei que você era a minha filha. Por um instante. – Nada de marshmallows. ele lhe relanceou o olhar. papai. enquanto verificava a lista de compras que segurava na outra. Deus. soltou uma risada estrondosa de surpresa e recuou um passo rapidamente. – Os olhos semicerraram nos cantos. acariciando a barriga com uma das mãos.Porém. em seguida. mas . – Tenho uma péssima mania de não prestar atenção com quem estou falando! E então uma mulher em estágio avançado de gravidez virou para aquele corredor. Pete anuiu e esticou a mão para pegar outra caixa na prateleira.vou querer a manteiga de amendoim. Ela era uma criança na última vez que ele a vira. Agora sou Megan Reed. doía-lhe o coração revê-lo. – Pete. Embora Pete estivesse bem conservado. sou Megan Scott. atirou-a no carrinho e voltou um olhar expectante a Megan. Eu me casei. Em seguida. Quero dizer. não mais. Um calor lhe subiu ao rosto ao . Claro que não poderia saber. Porque ela o estava encarando e Pete não tinha a menor ideia de quem se tratava. parada a alguns centímetros de distância. – Megan… Scott? – Pete olhou por sobre o ombro para a filha. mas os dois tinham muita coisa em comum. Pensar que talvez pudesse apresentá-lo a Connor.perceber como era prazeroso dizer a Pete que se casara. Os dois simpatizariam um com o outro. os pensamentos ligeiros estacaram com um solavanco. Nunca pensara sobre o assunto até aquele instante. Sabia que sim. estalou os dedos. voltando . e toda aquela energia feneceu quando linhas profundas vincaram a testa de Pete. Porém. Em seguida. com um sorriso simpático estampado no rosto. na First? .a atenção outra vez a Megan. – Do banco. sentiu a tensão concentrada nas costas e no pescoço. Contornando a esquina. em direção à casa. O tipo de pulsação acelerada que experimentava quando entrava em uma grande negociação.Capítulo 14 CONNOR TINHAde admitir que estivera procurando uma briga. . E o fato de seu organismo estar se predispondo ao conflito diante da expectativa de ver sua esposa apenas piorava as coisas. Algo estava a caminho. mesmo sabendo que ele estava vendo – haviam apenas aumentado. Porém. Um alerta silencioso começou a soar no fundo de sua mente enquanto ele desligava o motor e saía do carro. mas o distanciamento emocional. viu a garagem aberta.Não houve nenhum “teste” novo. o carro de Megan estacionado e ela sentada atrás do volante. quando transpôs o portão de segurança. Toda aquela pulsação e disposição para o confronto se . os olhares defensivos e a especulação quando Megan pensava que ele não estava prestando atenção – às vezes. Connor viu algo além da mulher forte com quem se casara. ele se aproximou da janela de vidro e estacou diante da visão do rosto inundado de lágrimas e do olhar sombrio de Megan. E. não podia ocultar dele. pela primeira vez desde que se conheceram. mas no momento. .metamorfosearam em instinto protetor. parada dentro do carro. Algo que Megan não mostrava ao mundo. Algo não estava certo. Uma garra invisível lhe comprimiu o peito ao mesmo tempo que a primeira pergunta lhe martelou a mente. Sob aquela carapaça de aço havia algo frágil. Contornando o carro. Os olhos azuis vasculharam o interior do carro antes de se focarem nele. Megan se sobressaltou no banco quando ele abriu a porta.Teria sido ele o culpado? Será que a teria pressionado muito? Pedido muito? Feito com que ela desabasse? Com o coração em disparada. Fisicamente. Connor se forçou a bater no vidro em vez de arrancar a porta do carro para ter acesso a ela. Descobrir o que aconteceu. se a culpa era dele. Certificar-se de que Megan não estivesse ferida. E então os braços que segundos antes se encontravam flácidos no colo de Megan se ergueram para . limpar as bochechas do rosto ao mesmo tempo que ela resmungava algum pedido de desculpas ao emergir do transe melancólico. Pousando uma das mãos no ombro delicado, Connor se agachou ao lado dela, em busca de alguma pista no rosto que a esposa tentava rapidamente limpar. Porém, à medida que os polegares escorregavam sob os olhos, mais lágrimas eram produzidas. – O que está acontecendo, querida? Megan deixou escapar um suspiro trêmulo, engoliu em seco e, em seguida, baixou a cabeça. – Sou tão boba. Desculpe. Não deveria estar assim. É que… encontrei alguém com quem convivi. Os músculos de Connor se contraíram. Então, ele não era culpado por aquele choro. Um alívio imensurável o invadiu. Mas não foi nada comparado ao ultraje que experimentou pelo fato de outra pessoa ter feito aquilo com Megan. Alguém com quem ela convivera. – Barry? – O idiota fugira e se casara com outra mulher quando estava fazendo planos com Megan. O mesmo que Connor acreditara não ser importante o suficiente para causar aquele tipo de tristeza. Teria o ex-namorado a capacidade de ferir o coração de Megan e ele não se dera conta disso? Estaria ele na Califórnia para tentar reconquistá-la? Megan fez um movimento negativo com a cabeça, esforçando-se ao máximo para estampar um sorriso nos lábios incapazes de sustentá-lo. – Não, o nome dele é Pete. E durante um ano, muito tempo atrás, foi meu pai. Pai de Megan. Connor não podia estar mais confuso. Sabia que Megan fora criada pela mãe, uma esposa serial, que não tinha uma ficha muito encantadora no que se referia a manter casamentos. Megan nunca comentara sobre nenhum dos homens com quem a mãe se casara, e ele ficara com a impressão de que nenhum deles fora importante em sua vida. Porém, agora se perguntava o quanto estivera enganado. – O que aconteceu? – Ele não se lembrou de mim. – Megan contraiu as feições e fechou os olhos. Quando voltou a abri-los, pestanejou rapidamente e sacudiu a cabeça como se quisesse atirar aquela emoção pela janela. Queria parecer forte. E, diabos, ele a admirava por isso. Mas as lágrimas continuavam a escorrer, o sofrimento nos olhos, inconfundível. Diabos! Connor vira aquele tipo de dor antes. Conhecia a ferida profunda da qual parecia germinar. E a temia. Megan era forte. – Querida, sinto muito. – Faz muito tempo. Não sei por que achei que ele se lembraria de mim, mas eu estava praticamente a ponto de envolvê-lo em um abra… – A voz de Megan falhou, e ela desviou o olhar. Droga! Connor não podia suportar a forma como ela parecia vulnerável e perdida. Tinha de fazer algo. Apoiá-la de alguma forma. Segurando-lhe a mão, ele roçou o polegar sobre as juntas dos dedos delicados. – Vamos entrar. Megan anuiu, e ele se afastou para ajudá-la a sair do carro. Os olhos azuis se desviaram para a casa, e Connor se preparou para vê-la se erguer e se afastar. Recolher-se a um lugar em que ele não pudesse alcançá-la. Porém, Megan fechou os olhos e se recostou a ele, pressionando o rosto no centro do peito largo, não deixando alternativa a Connor senão lhe envolver os ombros trêmulos com os braços e a colar ao próprio corpo, observando com olhar incrédulo enquanto ela se apoiava totalmente nele. Puxando-a o máximo possível para perto, ele recostou a lateral do rosto contra o topo da cabeça de Megan e lhe acariciou as costas. – Está tudo bem, querida. Eu estou com você – prometeu ele, abalado com a profundidade do significado por trás das próprias palavras. Queria protegê-la de uma forma que nunca experimentara antes. E o fato de Megan desejar sua proteção e conforto, de conseguir aceitálos, era extremamente gratificante. – Eu lhe disse meu nome e ele não conseguiu ligá-lo a mim. Só quando mencionei o nome de minha mãe foi que ele fez a conexão. Mas foi tão… estranho. Connor se apressou em levá-la para dentro da casa até o quarto que ocupavam, onde se deitaram, juntos, na cama, com a cabeça de Megan apoiada na curva de sua axila. Conversavam em tons sussurrados, observando as sombras do fim da tarde se moverem ao redor do cômodo à medida que a luz do ocaso fenecia e a noite silenciosa substituía a cacofonia do dia. – Eles eram todos bons homens – sussurrou Megan em resposta à pergunta que ele acabara de lhe fazer. O hálito aquecendo o ponto abaixo do coração de Connor ainda úmido pelas lágrimas que ela derramara. – A questão era essa. Mamãe nunca se envolvia com idiotas dos quais queríamos nos livrar o mais rápido possível. Todos eram homens legais, que esperávamos que ficassem, embora no fundo eu soubesse que não permaneceriam. – Foram sete. – Sete com os quais ela se casou. Isso significava que havia outros, com quem a mãe de Megan não se casara. Connor não podia imaginar como teria sido para uma menina ter uma porta giratória de figuras paternas se alternando em sua vida daquela forma, ou como a mãe dela fora capaz de permitir aquilo. Mas ele sabia tudo sobre mulheres que não conseguiam controlar os próprios corações… mesmo que para o bem de seus filhos. Ou de si mesmas. Ao menos a mãe de Megan fora resiliente o bastante para se recuperar. E seguir em frente. – Quando ela trouxe Pete para nossa casa, eu mal falava com ele. Foi terrível, mas acho que não havia se passado nem dois meses desde que o último partira e eu não queria… me apegar, acho eu. Mas ele se mostrou incansável. Queria conquistar minha amizade… fazer tudo que pudesse para que aquela nova família desse certo. Por isso me contava piadas e histórias, levava-me para pescar. Conversava comigo escutando de fato o que eu tinha a dizer. Fazia com que eu me sentisse… especial. Como se eu não fosse apenas a criança que viera de brinde com a mulher com quem ele se casara. Era como se eu também fosse sua amiga. Pensando melhor agora, talvez fosse mais o caso de eu ser a desculpa perfeita para encontrar algo em comum com uma esposa com quem ele não tinha muitas afinidades. – Connor contraiu o braço com que lhe envolvia os ombros, dando-lhe o tempo que fosse necessário para que ela prosseguisse. – Quando ele partiu, pensei que seria… diferente. Pensei que voltaria para se despedir de mim. Talvez telefonar para me dizer que sentia saudades ou que sentia muito por ter partido. Mas Pete não fez nada disso, e eu pensei que fosse por causa das regras de minha mãe sobre cortar os laços. Mas, ainda assim, pelo fato de ele ter dito que me amava, continuei aguardando, esperançosa. E talvez nunca tenha deixado de esperar, porque quando o vi no supermercado esta tarde fiquei tão… Oh, Deus, Connor, fui tão tola. – Não. Não foi. O fato de ela pensar assim… Ele amaldiçoou Pete e a mãe de Megan pelo que a fizeram passar. Por negligenciarem o impacto que suas ações descuidadas teriam. Aquele homem dissera a Megan que a amava. Fizera-a acreditar naquele sentimento e depois partira. Uma criança, cujo delicado coração era ferido constantemente. E o pior: o que mais fazia fervilhar o sangue de Connor era a certeza de que, em grande parte, tinha com Gloria Scott e com sua horda de homens desleais um débito de gratidão. Se as repetidas decepções que ela e seus maridos causaram não tivessem destruído a Megan veria com os . ela nunca teria concordado com a sociedade que havia lhe proposto. e o tempo se encarregaria de lhe mostrar. para amá-la da forma que merecia e os dois estariam casados com meia dúzia de filhos. mas se certificaria de que ela tivesse tudo mais. Podia não ser capaz de lhe dar um romance de contos de fada. Seria constante. Megan teria encontrado alguém.capacidade de Megan em acreditar no amor a ponto de se render a tal sentimento. anos atrás. Passariam por aquele período de experiência. com amor eterno. Um homem com quem Megan poderia contar. Envolvendo-a . escaneou a cama vazia e o quarto ao seu redor. mas incapaz de se conter. sabendo que aquilo era um erro. E então. MEGAN DESP ERTOU com um ofego. ele estava lá. arregalando os olhos. Procurando por Connor. Em seguida. Tentava se agarrar à realidade do momento. perdida em um tipo de nevoeiro que apenas o mundo dos sonhos era capaz de conjurar. enquanto se sentava ereta na cama. mesmo com o pesadelo do qual fugira ainda lhe assombrando a mente.próprios olhos. Ela estivera fugindo. – Não se preocupe. e gritou o nome dele. a voz sussurrada indistinta tendo o efeito de um confuso consolo aos seus ouvidos. Desesperada. as linhas que lhe vincavam os cantos dos olhos se aprofundando. Connor sorriu. enquanto ela o . ela olhou ao redor.nos braços. deparou-se com o rosto de Pete falando com a voz de Connor. encontrando Connor mais uma vez do outro lado de um precipício. Eu a conquistarei. Ao erguer o olhar para encará-lo e perguntar o que ele estava dizendo. onde ele estacara naquela mesma posição relaxada com o braço pendendo da parte superior do batente da porta. Megan afastou o pesadelo para o fundo do cérebro. em vez de se dissipar. Atirando as cobertas para o lado. O . Porém.observava. – Não me lembro de você. você está acordada. Precisava encontrar Connor. Precisava… – Ei. o pânico que experimentara no pesadelo estava aumentando. Megan girou na direção da porta. dizendo a si mesma que era apenas sua mente processando o caos que fora o dia anterior. – Sinto muito. . Megan deu um passo hesitante na direção dele. fazendo-a sentir a perda iminente bem no centro do peito.jeans e a camiseta fina a tentavam com vislumbres do corpo musculoso escondido sob o tecido. – A voz grave de Connor soou dura. Mas foi o meio sorriso elusivo que a deteve. levando consigo todo o calor que se refletia nos olhos escuros. – Não posso fazer isso. – Não. Megan engoliu em seco. – Retorcendo as mãos. observando a postura tranquila de Connor enrijecer e o sorriso desaparecer de seus lábios. Eu não… – Ela se calou. . – Nem ao menos tentou! – Isso não é verdade. Mas é inútil. desviando o rosto do olhar acusatório de Connor. o quê? Se esse é o fim.– Bobagem – retrucou Connor. Deus! Não queria que ele a olhasse daquela forma… não queria merecer aquilo. Não estou conseguindo me adaptar a uma vida que sinto que não posso manter. Tentei. – Você não. esperando ser aceso. que era como se o pavio sempre estivesse preparado. a centelha de raiva inflamando tão completamente o ultraje que sentia. Há um mês venho tentando. a ofensa que ele parecia sentir a açoitando . Desesperada. – Connor se desencostou da porta. Megan lutou contra a dor que se agigantava em seu peito e fez o que ele pediu. direto e verdadeiro com você desde o início. – Eu também não confiaria em mim. – Não confio em você. Tenho sido sincero. – Claro que não. Megan o observou caminhar como um animal enjaulado de uma extremidade do quarto à outra. Diga. Com os punhos cerrados nas laterais do corpo. escorregando uma das mãos pelos cabelos em um gesto bruto.então sejamos diretos. – O problema não é você – afirmou ela. Demasiado perfeito para ela acreditar que ele fosse real. . Fora muito perfeito. – Connor já fizera muito.como um furacão. – Sou eu. – Você nunca quis ser convencida. procurou por qualquer desculpa cabível para se afastar antes de ter de arriscar… qualquer coisa. Desde o início. – Então é isso? Não há nada que eu possa fazer? – Não. ele deixou escapar um suspiro áspero. Connor cruzou os braços e baixou o olhar para encará-la. Dirigindo-lhe um olhar condenatório. o que lhe diga. com a mãe e com todos os acontecimentos que a levaram àquele terrível momento. Com Connor. é como se seu único foco fosse . Muito irritada.O queixo de Megan despencou. Não importa o que eu faça com você. Consigo mesma. – Como posso arriscar tudo com alguém que não é real?! – A que diabos está se referindo? – Você não reage a nada! Não fica furioso. Não se mostra frustrado. Com Pete. Aquilo não era verdade. Ela apenas… ela… De repente se viu irritada. É por isso que não consigo confiar em você. a não ser uma calma imperturbável e um charme encantador. Nunca vi nenhuma faceta sua. E é impossível acreditar nisso porque ninguém é tão perfeito assim. Tem sempre a solução perfeita para qualquer problema. E por que tenho de partir! . Garantir uma esposa e o resto não interessa. Sempre se mostra tão sensato. Nunca abre mão da abordagem racional.a linha de chegada. Durante o tempo em que estiveram juntos. vinha prometendo lhe dar tudo que possuía… mas nada seria suficiente. . Pensara que nada poderia ser pior do que a sensação impotente do fracasso e da inadequação que marcara os primeiros treze anos de sua vida.Capítulo 15 CONNOR BAIXOU o olhar à esposa. absorvendo aquela última revelação. Quando a dependência de Connor e sua própria existência não tinham importância suficiente para competir com o frasco de calmantes que ela ingeria para mitigar o sofrimento. Mas agora a consciência de que simplesmente trocara uma mulher assolada por uma dor que ele não conseguia abrandar por outra com uma dúvida que ele não era capaz de .Quando nenhuma nota excelente. dente perdido ou objetivo atingido era suficiente para dissipar o sofrimento dos olhos da mãe… não quando cada importante estágio alcançado suscitava recordações de um homem que estava perdendo aquilo tudo. na noite anterior. Porém. De sua força. em que tivera certeza de que ela lhe viraria as costas.mitigar… Droga!. pensou na expressão desolada nos olhos de Megan. . Desfrutando do conforto que ele lhe oferecia. Naquele instante. Para acordar na manhã seguinte. sentiu-a colada ao seu corpo. chorando contra seu peito. o que ele estava fazendo? Que tipo de caos psíquico o fazia voltar àquela posição torturante… quando passara toda sua vida adulta lutando para evitá-la? Deveria deixá-la partir. decidida a partir. Para o diabo com aquilo. esse tipo de coisa nem ao menos pontua. com quem decidi me casar no mesmo instante… na realidade é uma fraca que foge de desafios. não fiquei assim porque minha esposa me fez um jantar. o que me deixa realmente muito irritado. – Estou furioso. O que me faz fervilhar de raiva. Na verdade. é saber que a mulher que julguei tão forte. em minha escala de significância. Porém.– Quer ver uma reação? Deseja algo real? – Connor se aproximou com passos lentos. por nenhuma dessas bobagens triviais que tem feito. sinceramente. permitindo que a raiva emanasse dele em ondas. uma . Porque. Connor fez que não com a cabeça. desejando estar.covarde demasiado temerosa para sequer tentar. Mas lhe direi com . – Você está enganado. uma mentirosa que faz promessas que não irá cumprir e uma cínica. muito amarga para acreditar no que está bem diante de seus olhos. No que ele dissera. como se não conseguisse acreditar no que acabara de presenciar. Isso é real o suficiente para você? Os lábios de Megan se entreabriram em um ofego. – Megan conseguiu dizer em um quase sussurro. os olhos pestanejando repetidas vezes. – Acho que não. Mais enraivecido do que jamais estive com nenhuma outra mulher com quem me relacionei. ele a puxou para um beijo . droga. portanto escute com atenção. E se isso não for real o suficiente. pôr o dedo em meu rosto e provar que estou errado.quem estou… enlouquecido como o diabo. Com você. Sou aquele que a está estimulando a lutar. Mas… e essa é a parte importante. querida. A atirar as luvas ao chão. quero que fique por isto também… – Agarrando-lhe os ombros. Não sou eu que estou pronto para partir. Quero que fique porque o que poderíamos ter justifica a luta para conseguir. Neste momento. a expressão confusa. E.ousado e incinerador. desafiando a próxima reação de Megan. – Está mesmo furioso. breve. ela deixou as mãos descansarem no peito e no abdome de Connor. Encarando-o através da atmosfera eletrizada pela tensão. Porém. . quando Connor interrompeu o beijo. a raiva ainda correndo como lava em suas veias sustentou-lhe o olhar. – Fervendo – assegurou ele. Não satisfez a mais básica das exigências. não apenas tentando envolvê-la com sua lábia. mas sendo totalmente sincero. Labaredas de fogo lambiam todo o espaço entre eles. As . – Além do racional ou sensato. – Os dedos magros se fecharam contra o tecido da camiseta que ele usava. a respiração escapando por seus lábios para formar um sussurro. – As pupilas de Megan se dilataram. Os lábios de Megan esmagados contra os dele. – A nós.– E você ainda me quer. exceto a mais profunda verdade que estivera no centro daquilo tudo desde o início. queimando a resistência de Connor até que nada sobrasse. E então havia apenas a forte pressão de um corpo contra o outro. – Isto. enroscando as pernas sedosas em torno de seus quadris.mãos delicadas lutando para galgar altura e se enterrar nos cabelos escuros e espessos ao mesmo tempo que ele a empurrava contra a parede. que fazia o sangue de Connor ferver e o tornava capaz de caminhar sobre carvão em brasa para obtê-la. a resposta faminta. A realidade. Megan disse o que ele . arrasadora. Aquele era o beijo que trocaram naquela primeira noite. Sem interromper o contato dos lábios de ambos. Aquela era a mulher com quem se casara. úmida e tão ávida.estivera ansiando ouvir. – Prove. O doce sabor daquela objeção se espalhou pela língua de Connor. Dessa vez. Outro beijo. – Não sou covarde nem mentirosa. cuja resposta foi uma ordem gutural. ao passo que ele a mantinha colada à parede ao mesmo tempo que puxava a . macia. As mãos frenéticas desceram pelas costas largas de Connor. a língua de Megan atritou contra a dele. que elevou o desejo que os consumia a um ponto insuportável. fechando-se em torno do algodão da camiseta e a puxando para cima. – Não sou uma fraca. ela voltou a falar. – Então fique. . Baixando-os de modo que só restasse aquele esparso centímetro e meio entre os dois. Fique e nos dê a chance que merecemos. estacou diante da barreira dos dedos delicados de Megan entre os lábios de ambos. Os braços delgados se fecharam atrás do pescoço largo. Connor lhe envolveu a nuca com uma das mãos e lhe imobilizou a cabeça para olhá-la nos olhos. Precipitando-se para o beijo do qual não conseguia se saciar.camiseta enrolada pela cabeça. Pensei que se conseguisse lhe mostrar o pior de mim… – Ela se calou. segurando-a com força. mas tudo que consegui foi ser estúpida e medrosa. com um movimento negativo de cabeça. – Tem razão quanto ao que eu estive fazendo. antes de lhe dirigir um olhar suplicante. Como se não conseguisse . As mãos longas se moveram para a cintura de Megan. como se ela já não o estivesse segurando.– Desculpe – sussurrou ela em um tom ofegante contra a orelha de Connor. – Estive tentando ser esperta. Focando-me no que poderia dar errado em vez de apreciar o que está dando certo. procuraram os dele e escureceram ao se fixarem nos lábios de Connor. Os olhos azuis. . A boca se movia com uma intensidade carnal da qual ele se protegera durante todos os contatos prévios que tiveram. Qualquer coisa. arregalados.acreditar… Megan estava de fato lutando por eles. detendo-se lá por um agonizante segundo. – Diga-me o que você quer. francos e intensos. O que Megan precisasse. – Ele poderia lhe dar. – Quero você. A CABEÇA de Megan pendeu para o lado enquanto ele lhe devorava o pescoço. retesando sob as pontas de seus dedos. aquela cueca sexy que a fazia salivar. O corpo de Connor era tão perfeito. Os contornos rígidos do abdome definido. Megan estivera certa de que ele a seduzia com todo o seu potencial quando na verdade Connor estava se refreando. . De pé. que a deixava em dúvida sobre onde tocá-lo primeiro. ao lado da cama. o que saborear. Megan estremeceu com a sensação inebriante que experimentava ao escorregar as mãos sobre os músculos do peito nu. usando apenas a calcinha e Connor. Àquilo… ela nunca teria sido capaz de resistir.Durante todo aquele tempo. O que precisava. – Com meu corpo… E então ele a guiou na direção da . deixando uma trilha de fricção quente por onde passavam. – Com minha boca… – Os lábios quentes se fecharam sobre a depressão sensível da clavícula de Megan. – Por favor.Todo ele. – Vou fazer amor com você… – As palmas das mãos longas exploravam as linhas de seu corpo. – Com as minhas mãos… – Deus! O toque daquele homem era extasiante. Era aquilo que desejava. a sucção suave a fazendo gemer e se contorcer. cama. Em torno da minúscula depressão do umbigo. Sobre as costelas de Megan. os lábios roçando de leve o mamilo enrijecido. em seguida. A boca experiente traçou um caminho de fogo e desejo desde o pescoço delicado até um dos seios de Megan. ao longo da borda . Pela saliência do osso ilíaco. E. A rigidez do peito largo encontrou os seios macios em um beijo provocante de pele contra pele antes de pairar sobre ela. antes de circundá-lo lentamente com a ponta da língua e rumar para baixo. – Tão linda – murmurou ele. Megan só percebeu a mudança estratégica dos braços musculosos da parte externa de sua perna para a interna quando as mãos exploradoras se encontravam em seus joelhos. tocando-a com reverência. As mãos fortes vagando por seus quadris. panturrilhas.rendada da calcinha. Ela . Com os dedos longos escorregando em torno de seus tornozelos e perfazendo o caminho de volta. joelhos. cativa da visão daquele homem estonteante desfrutando de seu corpo sem restrições. como se quisesse cobrir cada centímetro de pele. Megan observava todo aquele percurso. Deus. – Adoro quando você acerta o meu nome. Connor – gemeu ela. – Oh. sentindo o estímulo da língua ousada contra a proteção tênue que lhe cobria a intimidade. Megan cedeu a uma risada ofegante .observou os joelhos sendo afastados enquanto Connor a abria para receber os beijos que depositava no “V” rendado no centro da calcinha. provocando-a através do tecido com o hálito quente e a pressão firme dos lábios. Roçando os lábios para cima e para baixo ao longo do tecido úmido da calcinha. ele gemeu. uma tensão sem limites. Enterrando os dedos nos cabelos escuros e espessos. Megan tentou lhe puxar a cabeça para cima. – Quero… Connor lhe segurou os punhos e os guiou para a posição prévia. . acima da cabeça de Megan.diante daquelas palavras. O gesto ordenava que ficasse imóvel. mantendo-os lá por um instante. mais do que as palavras teriam sido capazes. mas perdeu a linha de pensamento com a próxima investida da língua de Connor. Um desejo avassalador crescia em seu baixo-ventre. Longa. ainda mais escurecidos pelo desejo e brilhando pela determinação.Os dedos longos se engancharam no elástico da calcinha minúscula para baixá-la pelos quadris e pernas de Megan. A ameaça sensual refletida naquele sorriso pecaminoso produzia um efeito que os dedos não conseguiram. querida… como desejei desde o início. – Vou beijá-la desta forma. ele acrescentou: – . Em seguida. estavam mesmerizados quando encontraram os dela. lenta e profundamente… – acrescentou ele. Os olhos castanhos. com um olhar tão dissoluto que a fez estremecer. Megan sentia o corpo em chamas sob as investidas lentas. Espetacular. Era perfeito. desesperada. nos ombros largos. Mas a única resposta que conseguiu foi outra investida. E então ele a . sob o efeito do mais extraordinário beijo íntimo que jamais experimentara.Exatamente assim… – Connor! – Ela ofegou quando se submeteu à primeira investida aveludada da língua experiente. As mãos pequenas voaram para os cabelos de Connor. os movimentos circulares e lânguidos da língua que lhe explorava a feminilidade. em seguida. apertando-os. espalmandose. Circundou-lhe a abertura com o dedo. Deus! – gritou ela. o . O desejo abrasador espiralou em seu vente. Cada investida do polegar de Connor intensificava a sensação até que os quadris de Megan arquearam para encontrar o ritmo que ele imprimia.estava tocando ao mesmo tempo. antes de penetrá-la com um movimento lento e firme. sentindo-o dentro e fora de seu corpo. Fazia tanto tempo que não desfrutava de nenhuma intimidade com um homem. mas nunca fora daquela forma. – Oh. enquanto o beijo se concentrava no ponto mais sensível da intimidade de Megan. Estava quase lá. ela fechou os punhos em torno da manta sob seu corpo.prazer se agigantando. A respiração de Megan saía em arquejos agonizantes. Megan. – Mais uma investida deliberada da língua no centro de sua feminilidade a levou a espiralar em torno de um desejo tão primitivo e a fez duvidar se poderia suportar o prazer tão avassalador que a carícia erótica produzia. Quero ouvi-la. Gritos desesperados de desejo lhe escapavam pelos lábios. Cravando os dentes no lábio inferior para se impedir de gritar. – Libere-se. ecoavam contra . tão intenso.as paredes do quarto e os inundavam. Tão melhor do que ela jamais sonhara ser possível. mais sensíveis e totalmente secretos para um homem encontrar. roçava contra os confinamentos de sua estrutura e lhe estimulava lugares que Megan nunca esperara que aquele ato fosse alcançar. Os . Lugares muito profundos. Lugares cuja existência até mesmo ela desconhecia. Libertar-se daquela forma com Connor era tão delicioso. A tensão sexual que crescia dentro dela lhe tocava todas as células do corpo. Megan sentia a cabeça explodir. uma explosão estelar a estilhaçou. As coxas comprimiram os ombros largos enquanto ela se submetia a uma onda após outra de êxtase. E então Connor fechou os lábios contra aquele ponto sensível e o sugou de leve. Um ato de amor que nunca tivera. Aquilo parecia interminável. A mente esvaziou. E ainda assim não era o . Uma satisfação que nunca antes experimentara. e o corpo estremeceu com fortes espasmos sob o toque de Connor.sons que lhe escapavam da garganta soavam como súplicas incoerentes. Por trás dos olhos de Megan. ela envolveu a mandíbula de Connor quando ele se inclinou na direção dela. ele estava colocando um preservativo. acomodou-se entre as coxas macias antes de penetrá-la lentamente. continuava a zunir com o desejo sexual. Em seguida. erguendo-a e a posicionando no centro da cama. embora saciado de prazer.suficiente. Esticando a mão. deslizando as mãos firmes sob suas nádegas. O corpo. Ofegando diante da sensação de . Tudo dentro dela a empurrava na direção do homem que desafiava qualquer lógica. Um instante depois. Connor recuou os quadris e voltou a investir. Connor determinou: – Nada de se conter. Aquilo era maravilhoso. Eu quero tudo. Megan se agarrou aos ombros largos. imprimindo um ritmo que lhe permitia se afundar cada vez mais naquele casulo quente. Buscando-lhe o olhar. . úmido e aconchegante até que estivesse totalmente enterrado dentro dela. Megan. unindo-os completamente da forma mais íntima que dois corpos poderiam estar. Isso serve para os dois.estiramento que a potente ereção provocava. próximo ao seu rosto. ela ofegou a única palavra que ecoava em seu coração. . – Qualquer coisa. A boca de Connor capturou a dela com um beijo ardente antes de recuar. Músculos rígidos e uma força potente lhe aqueciam as costas e se entrelaçavam em seus membros enquanto uma respiração ritmada lhe acariciava a pele dos ombros. Era como estar no céu. – Tudo. MEGAN ABRIUos olhos para se deparar com uma longa mão masculina engolfando a dela.Tão preenchida que mal conseguia respirar. Megan. E ela quase jogara aquilo tudo fora. Girando o rosto para encarálo. Connor rolou para se deitar de costas. . Megan foi atingida pelo impacto da intimidade das duas cabeças dividindo um único travesseiro enquanto o sol do fim da manhã banhava a cama. – Ainda está com raiva de mim? – perguntou ela com o olhar fixo na perfeição simétrica do rosto do marido. alertando-a de que Connor havia acordado. mas manteve a cabeça virada na direção dela. O braço pesado atirado sobre a lateral de seu corpo se contraiu. de modo que Megan pôde ver aquele meio-sorriso decretar a resposta. essa é a primeira vez que lutei por uma mulher. esclareceu: – É verdade que as coisas pequenas não me incomodam. Se quer mesmo saber. Não sou rancoroso. Mas antes de você… nunca investi em um relacionamento . – É tão despreocupado assim? Connor desviou o olhar ao teto. E nem um lutador ferrenho.– Não. há coisas com as quais devemos nos preocupar e outras que não têm muita importância. indecisa do que fazer com aquela revelação. – E voltando a encará-la. – Primeira vez? – perguntou ela. Quero dizer. – Sim e não. – Sim. A expressão do belo rosto másculo deixava claro que havia mais em sua mente. Talvez algo que não fosse fácil colocar em palavras. Mas você vale o risco.assim. Connor franziu a testa. como se . E quanto a você… ainda temerosa? Foi a vez de Megan desviar o olhar para o teto. Puxando a mão delicada para pousála sobre o peito. e o foco na aliança se intensificou. – É tão diferente assim conosco? – Sim. Connor brincou com a aliança que ela usava por um instante. – O que está .observar a joia funcionasse como uma âncora contra os próprios pensamentos. Não quer investir confiança em um cara como aqueles com quem sua mãe se casava. E então. após um instante. E o fato de estar confiando em mim… Megan. limpou a garganta. Eu. Nós. – Eu entendi. Não quer se submeter àquele sofrimento outra vez. Que lhe fará promessas e depois se afastará. mas não conseguindo captar a causa. eu prometo. – Eu sei – sussurrou ela. O que a assusta neste relacionamento. sentindo a tensão crescente de Connor. nunca a decepcionarei. girou na direção dela. . porque sei como é ser negligenciado. em seguida. Sei como é se permitir precisar de alguém e ver essa pessoa se afastar. – Por quê? – Acho… eu acho que lhe contei sobre minha mãe – começou ele. Connor limpou a garganta e. Os olhos escuros se abriram dolorosamente para ela. não conseguiu aguentar mais. Seguiu-se uma longa pausa. Por fim. e Megan se perguntou se ele prosseguiria. – Quero que saiba que eu entendo o que você passou.acontecendo? Mais uma vez. O coração de Megan começou a martelar as costelas. – Ela morreu quando você era garoto. sinto muito. anuiu em um gesto de agradecimento e a puxou outra vez contra o peito. – Oh. Megan se sentou na cama. Muito mesmo! Connor lhe deu palmadas leves na mão. . Connor anuiu. enfiando os joelhos embaixo do corpo ao mesmo tempo que espalmava uma das mãos sobre o peito largo. – O que não lhe contei… o que não contei… a ninguém é que ela se suicidou. E. Megan sentiu um nó no peito. – Mas você era um menino de apenas 13 anos. muitas peças se encaixaram no quebra-cabeça. Ela viveu infeliz por um longo tempo. De repente. O ressentimento contra um homem que não merecia o título de “pai”. por fim. O laço de Connor com Jeff. não conseguiu suportar. Havia muitas formas de abandono.– Obrigado. querida. E seu marido havia vivenciado uma das piores. Por que motivo ele entendia sua dificuldade em confiar. – Levei muito tempo para superar . mas naquele momento o que lhe chamava a atenção era a confiança que ele acabara de depositar nela. merece saber que eu compreendo o que isso significa para você. E. Portanto. como disse. . Megan anuiu contra o peito musculoso. Com o nó na garganta cada vez mais apertado. E ela faria por merecê-la.isso. Acreditando em mim. Connor estava se referindo à confiança que ela depositara nele. Mas você está depositando sua confiança em mim. evito falar sobre esse assunto. Connor tentava retirar os pensamentos de baixo do edredom e da ninfa sexy que deixara na cama.Capítulo 16 O JATO quente do chuveiro lhe açoitava o rosto enquanto. Cinco horas era muito cedo para acordá-la com o tipo de beijo que tinha em mente. com as mãos espalmadas contra a parede de mármore. Principalmente quando ela o acordara por volta de duas horas da manhã com uma versão . Deus o ajudasse. E o nível de compatibilidade entre os dois era fora do comum quando não diluído pela vodca de baunilha e livre das dúvidas que Megan conseguira pôr de lado durante aquela semana. Ficara impressionado com a habilidade de Megan em discutir de maneira inteligente qualquer tópico que fosse levantado. acrescentando seu ponto de vista e encontrando o lado . insaciável. ela era incrível! Melhor ainda. Superava qualquer expectativa. Connor já havia percebido o quanto ela era sagaz.personalizada daquele que tinha em mente. Connor sabia que poderia relaxar e desfrutar… sem se preocupar em guiá-la. perspicaz e sensual esposa tinha as mesmas limitações que ele. Megan o fazia desejar mais do que havia imaginado que poderia em relação a uma esposa. Nenhum dos dois desejava mais do . E por ela ser quem era e como era. E nenhum deles se apaixonara. fora capaz de se abrir… e aquele cérebro dela o deixava perplexo.humorístico da situação. Porque sua doce. Mas agora que ela estava mais relaxada em relação ao período de experiência. Está bem. O ventre de Megan crescendo e se abaulando com um filho dele. O pensamento em si o fez gemer. Ele queria mais. Queria que ela engravidasse. Tão excitante! Está bem.que existia entre ambos. a porção DNA daquela fusão e aquisição teria de esperar. mas o resto… Com a água escorrendo pelo rosto. Aquela não era a verdade absoluta. . Queria deixar aquele período de experiência para trás. bem como mitigar quaisquer dúvidas residuais que impedissem Megan de desejar o mesmo. sr. com os mamilos enrijecidos. lhe pressionaram as costas. Reed – murmurou ela. e os seios quentes. – Bom dia. A mão estava girando a torneira quando lembrou que Megan tinha de trabalhar naquele dia. Uma lufada de ar frio penetrou a nuvem de vapor no instante em que os braços magros de Megan se fecharam em torno de sua cintura. Ela o acordara primeiro.Connor dirigiu um olhar ao quarto que dividiam. . De acordo com suas regras. Ao menos um deles poderia desfrutar de mais três horas de sono. pagar na mesma moeda fazia parte do jogo limpo. sexy e macia. Connor sentiu o corpo enrijecer e a mente apagar tudo que não fossem as formas criativas com que poderia levá-la a sussurrar seu . – Sem chances. envolvendo-a nos braços de modo que a água a inundasse também. – Pensou que iria escapar daqui sem meu beijo de bom-dia? Connor girou. que ele se perguntou se seria capaz de resistir. Megan se encontrava amarfanhada pelo sono. A pele exposta e úmida era tão tentadora.calando-se apenas enquanto escorregava a língua ao longo da espinha de Connor. – Mergulhando em um beijo lento e profundo. Os olhos brilhantes se alternavam entre Megan e Connor. aquela era a primeira noite que passavam em companhia de outras pessoas. Em quase seis semanas de casamento baseado. no desejo de Connor de ter à mão uma esposa angariadora de fundos para contrabalançar a vida social com seus negócios. O trabalho poderia esperar. ao menos em parte. O jantar íntimo fora encaixado na brecha que surgira antes da viagem .nome durante a próxima hora. – UMA NOITE em Las Vegas? E vocês tiveram certeza? – Soou a pergunta extasiada de Georgette Houston. disposta a fornecer uma versão mais asseada de como se conheceram… ao menos como lhe fora contada… quando Connor se adiantou com um meio-sorriso tolo estampado no rosto. Um casal de meia-idade que tratava Connor e Megan mais como parentes do que como um sócio de longa data e a esposa a tiracolo enquanto fechavam um negócio.de Connor para Ontário e o iminente prazo final de Megan. Estavam em companhia de Larry e Georgette Houston. – Nenhum de nós estava à procura de . Megan entreabriu os lábios para responder. suspirando diante do . – Connor se inclinou para a frente. – Larry está de prova que. quando uma oportunidade espetacular como essa se apresenta. A mão de Georgette flutuou na direção do peito.romance. com um braço atirado sobre o espaldar da cadeira da esposa em um tipo de postura possessiva e confortável que fez borboletas baterem asas no estômago de Megan. Uma coisa levou a outra e… bem… aqui estamos. Não queria perder Megan de vista até garantir um encontro para o resto de nossas vidas. mas acabamos conversando por muito tempo. não costumo me arriscar a perdê-la. Megan percebeu que Connor respeitava o homem mais velho e apreciava sua companhia. As risadas em torno da mesa soavam genuínas e calorosas. Amigos que esperava manter para o . no final da noite.romantismo daquilo tudo. e. a conversação fácil e animada. Megan sentia como se tivesse ganhado dois amigos. resmungando algo em tom alto e claro sobre ter entendido e prometendo analisar os números que Connor lhe enviaria no dia seguinte. O jantar se prolongou por mais algumas horas. Larry trocou um olhar divertido com Connor. resto da vida. viu-se estimulada a tentar. O que desejava. . Uma libertação que nunca se permitira experimentar verdadeiramente antes. Algo extraordinário e viciante. E quando Connor a instigou a soltar a confiança que ela mantinha presa com punho de ferro… abrir mão dela fora incrível. forçada a aceitar o que aqueles temores estavam fazendo com ela. O que agradecia à sorte por lhe dado uma segunda chance de ter. Porém. porque era exatamente esse tempo que pretendia desfrutar com Connor. Baixar as defesas fora uma das coisas mais difíceis que jamais fizera. – Obrigada. Enquanto os homens buscavam seus agasalhos. E aquele era dela. Segura. – Não imagina o quanto ficamos felizes por Connor tê-la encontrado. A mulher mais velha fez um . apertando-as de maneira afetuosa. Georgette segurou as mãos de Megan nas dela. Ele teve uma infância difícil com aquele pai e merece a felicidade que obviamente estão vivendo.E se sentia… livre. Era como se os contos de fadas pudessem acontecer de forma que ela não imaginava existir. Georgette. A cabeça de Megan se inclinou para o lado. Ela e Connor haviam concordado em não contar a parte daquela “história de amor” em que ela acordara com amnésia alcoólica e tentara se afastar. o olhar se voltando na direção de Connor e tornando a se fixar em . franzindo as sobrancelhas. portanto não sabia exatamente a que Georgette estava se referindo.movimento negativo com a cabeça. – Devido à pequena margem de oportunidades desse tipo em Las Vegas? O sorriso nos lábios de Georgette vacilou. – E pensar no quanto estiveram perto de não chegarem a se conhecer. – Claro. Cínica. Estava sendo paranoica. Pode ter certeza de que você é especial. Procurando problemas inexistentes por trás de palavras que haviam sido ditas . a mulher mais velha sussurrou: – Nunca o vi olhar para nenhuma outra mulher como olha para você.Megan. A mente zunia com aquele instante de hesitação de Georgette e com as palavras que fizeram disparar alarmes silenciosos no fundo de sua mente. Algo muito sutil antes de um sorriso menos sincero e menos confortador substituir o anterior. – Puxando-a para um abraço. Dessa vez. foi Megan a franzir a testa. CONNOR FECHOUa porta do quarto do hotel e.apenas para tranquilizá-la. E então Larry envolveu os ombros da esposa com o casaco. e a noite com os amigos chegou ao fim. Mas bastou um olhar a Connor e ao meio-sorriso que ela não tinha nenhuma dificuldade em interpretar para saber que. Portanto. a noite estava apenas começando. . para eles. Seguiram-se as despedidas e promessas para um outro jantar. optou por responder com uma verdade absoluta. atirando os sapatos para o lado. – Connor me faz sentir assim. na busca de seus . ainda sentia prazer nas negociações. Megan o estragara completamente. E aquilo era desagradável. Viciara-se nas relaxantes conversas noturnas na companhia de uma mulher cuja mente o mantinha estimulado e ansioso por mais. pela primeira vez durante todo o tempo em que as viagens de negócios fizeram parte de sua vida. encontrava-se totalmente ciente do que estava perdendo em casa. Sim. Agora era oficial.deixou-se afundar nas almofadas nada acolhedoras do sofá com um gemido. E agora. na agressividade do mundo dos negócios. mas ao final de cada dia… algo estava faltando. COM OS olhos colados no monitor à sua frente. fincando um calcanhar mental no solo de sua concentração. Megan tentou se focar na última linha de código. lhe fez os lábios se curvarem em um sorriso e a letargia que pesava em seus ombros . E de comer alguma coisa. Precisava de um intervalo. Porém. que fora o tom da última mensagem de texto de Connor. algo em seu íntimo a empacou.objetivos. O tilintar e chacoalhar das moedas escorrendo por uma máquina caçaníqueis. 23:37 CONNOR: Está acordada? Deliciada. esperando encontrar Connor a aguardando. Estaria ele de volta? Ali. para surpreendê-la? Megan se precipitou pela escada. Sentia uma saudade imensa do marido. Não importava o quanto dissesse e si mesma para colocar rédeas naquele sentimento.evaporar. não conseguia se conter. E agora… A campainha da porta da frente tocou. Megan respondeu perguntando como foram as reuniões. quando chegou ao . Porém. – Na verdade. ela escancarou a porta e sentiu o coração dar uma cambalhota no peito. O entregador anuiu. Divertido. Atendendo a ligação. costumo ouvir muito isso. Connor perguntou do outro lado da linha. eu o amo. – Ela ofegou.andar térreo. piscando para dispersar as lágrimas. meu Deus. seu telefone tocou outra vez. – Oh. – Vocês dois precisam de algum tempo sozinhos ou está pronta para jantar? VINTE MINUTOSe metade de uma pizza . Gosto disso. – Fico feliz que tenha telefonado. Megan fechou os olhos. o gemido exausto… e. com o telefone colado à orelha enquanto observava as chamas da lareira a gás faiscarem. – Sim. Podia ouvir o farfalhar de tecido através da linha. – Acho que me acostumei com nossas conversas no fim do dia. aconchegando-se ao som da voz grave e sensual. mais do que qualquer outra coisa. eu também. desejou estar lá. . Megan se encontrava enroscada no sofá da sala de estar.de massa fina de linguiça e cogumelos depois. – Talvez melhor ainda.– Então. – Está dando certo para mim. Os olhos de Megan estavam completamente abertos agora. essa coisa de casamento… está dando certo para você? Um sorriso repuxou os cantos dos lábios de Megan. Uma parte de Megan esperou por algum tipo de resposta arrogante. algo em seu coração preso no anzol das palavras que ele deixara morrer. mas . – Sim. Você provou ser um grande provedor. – Não era isso… Está bem. ótimo. Como você previu. – A voz de Megan diminuiu algumas oitavas. – Para mim também.em vez disso um longo suspiro soou a milhas de distância. . deixando o olhar vagar pelos contornos familiares do centro de San Diego. é negócio fechado. – O período de experiência acabou? Vocês já deram início à produção do Connor LHE . – Connor girou a cadeira ao contrário. – É mesmo? – perguntou Jeff.Capítulo 17 – ESTOU dizendo. que se estendiam diante da janela de seu escritório na lateral do último andar. a primeira reunião de negócios estava marcada para as dez horas da manhã.2. Diabos! Provavelmente naquela noite.0? – É uma questão de tempo – respondeu ele. Nada o teria impedido de aceitar as promessas devassas refletidas nos olhos da esposa quando se inclinara sobre ela para lhe dar um beijo de despedida e teve sua gravata puxada de um modo que o fez desabar sobre aquele corpo macio de curvas . Felizmente. a julgar pelo modo como Megan o atraíra de volta para a cama naquela manhã. Duas vezes. anuindo. – Foi o que ouvi dizer. a esposa de alguém comenta sobre seu casamento. Mas nas últimas semanas. pensou Connor com um sorriso extasiado. Os olhos escuros semicerraram. a tensão espiralando da base de seu . com apenas dois botões fechados. além da gravata na qual dera um nó frouxo e deixara pender sobre o vale entre os seios.deliciosas. Aquele ardil lhe custara uma hora inteira… e a gravata. É incrível que você tenha mantido isso em segredo por tanto tempo. em todos os lugares a que vou. Ou depois que tomara banho e saíra do toalete para encontrar Megan trajada com sua camisa. A mudança de rumo repentina. estão afirmando para todos que é um casamento real. Comentam que nunca o viram desse jeito. Caro. Isso me deixa emocionado. . – Eu? – Ao que parece.crânio. os Clausen. você está apaixonado. – E? – E surge todo o tipo de especulação natural nessas circunstâncias. Stalick. Mas as pessoas com quem vocês saíram ultimamente. Houston. Todos percebem. Forçando uma risada breve através do nó que se formara em sua garganta. . após o clube de tricô. É assim que funciona. e eu lhe explicarei. estou aprendendo. divertido. – Sou um homem. Foi a vez de Connor soltar uma risada. Qualquer noite dessas.Connor rebateu com cinismo. – Por falar nisso. E alguém terá um Natal muito especial em breve. porque era bem possível encontrar alguma atrocidade feita à mão em sua meia naquele ano. – Acho que voltou a assistir Steel Magnolias. certo? – Nunca abre mão das piadas. dê uma passada lá em casa. Jeff resfolegou. e o amor não faz parte dele.– Não estou negando que há algo incrível entre mim e Megan. Prefiro que pensem que estamos apaixonados a sugerirem algo menos lisonjeiro. E quanto aos outros? Diabos! As pessoas veem o que querem e tiram conclusões baseadas em suas expectativas. Megan e eu temos um acordo. – Claro que não! – afirmou Connor com toda a certeza. . – Entendi. – Aquela total aniquilação de limites não faz parte de nosso jogo. Estava apenas curioso para saber se algo havia mudado. Mas nenhum dos dois tem a ilusão de que isso é amor. graças a Deus! Mesmo subtraindo os pais da equação. e. tudo se tornava fluido… um cenário que mudava constantemente com base em emoções que haviam se libertado das correntes. Expectativas. Megan e eu . – Não se preocupe. de repente. era mútua. Connor testemunhara muitas vezes o que acontecera com seus amigos e sócios. restando apenas uma vulnerabilidade que. O amor mudava as coisas. na melhor das hipóteses. A razão deixava de existir. Os relacionamentos deixavam de funcionar dentro do âmbito em que foram estabelecidos. tentando desprender o fecho do colar de safiras com que Connor a presenteara na noite anterior. vá procurar sua própria esposa e pare de se preocupar com a minha. As pedras. – Sim. Megan se encontrava parada em frente ao espelho do closet. Deixei-as claras desde o início.conhecemos as regras. refletindo as luzes . aquecidas por sua pele. Você sabe que eu não seria capaz de magoá-la. faiscavam. mas quem disse que é com sua esposa que estou preocupado? AP ÓS DEIXAREM mais uma noite de brindes com champanhe e obras de caridade para trás. – E em tom zombeteiro acrescentou: – Portanto. se moveu para o lado. aplicando o mesmo tratamento ao outro. em seguida. Pareciam suplicar para que ela não as retirasse. A mão escorregou do fecho quando Connor surgiu atrás dela no espelho. Baixando o zíper do traje de noite ao longo das costas delicadas. As mãos longas lhe traçaram os contornos dos ombros. onde desatou o fecho do colar. O tecido grosso do vestido de noite . – Estive… pensando em nossa lua de mel. depositou um beijo no topo do ombro desnudo e.artificiais. seguindo o corte das costas do vestido e subindo outra vez por sua espinha. – O que tem nossa lua de mel? – perguntou ela.pendeu para a frente. embora tudo que parecia conseguir registrar era a sensação dos polegares longos sobre a pele que o vestido acabara de expor. As mãos hábeis escorregaram para a cintura de Megan por dentro do tecido solto e rumaram para o abdome macio. tentando se concentrar no que Connor estava dizendo. com um tipo de sensualidade que Megan associara à sua pessoa até aquele momento. As palmas largas e os dedos fortes lhe exploraram os quadris e a barriga antes de subirem lentamente e lhe capturar os . criando uma fenda. – Não se lembra de nosso casamento. – Estava pensando que eu deveria levá-la em uma lua de mel de verdade. – Megan sentiu uma suave sucção atrás da orelha antes de aquelas palavras reverberarem em um lugar sensível em seu interior.seios. abrindo caminho pelos lábios de Megan e fazendo brotar gotas salgadas em seus . UMA LEMBRANÇA para guardar. Ou de nosso namoro… por mais breve que tenha sido. Quero lhe proporcionar uma lua de mel da qual possa se recordar. Um fluxo quente de emoção ebuliu do poço que ela julgara estar seco. formando uma poça aos seus pés. Megan segurou o belo rosto do marido entre as palmas das mãos e o beijou. puxandoa para perto e a erguendo até que ficassem alinhados nos pontos certos. As pernas de Megan se enroscaram na cintura reta. A boca ousada fazia maravilhas sobre a pele que cobria seu peito. sentiu o vestido despencar. enquanto as mãos fortes se espalmavam em suas nádegas. e ele a carregou para o quarto.olhos. Em seguida. A língua quente espalhava promessas que . pescoço e parte posterior das orelhas. Girando no círculo seguro dos braços fortes. que ela se apressou em piscar para dispersar. com aquele homem em sua . Não mudaria de ideia. Connor havia lhe mostrado o tipo de homem que era. Megan sabia que. Como poderia ser assim com ele? Como conseguira viver até então sem Connor ao seu lado? Megan se apressou em deixar as perguntas de lado. sabendo que nunca mais teria de viver longe dele. Connor não a abandonaria.o corpo de Connor logo cumpriria. Fizera questão de deixar claro o valor de sua palavra. O tipo de compromisso que firmara com ela fora diferente de todas as promessas que ela ouvira no passado. Enquanto vivessem. espocou em sua mente. com os cabelos desgrenhados de um modo suspeito. Poderia confiar nele. Poderia abandonar todas as defesas e ansiedades com Connor. como se alguém tivesse passado um bom tempo escorregando os dedos entre os fios sedosos e espessos. A expressão dos olhos castanho-escuros… não se podia . O eco daquelas palavras sussurrou em sua mente enquanto ela sentia as costas encontrarem a macia resistência da cama. O rosto afogueado de Connor. teria alguém com quem poderia contar.vida. Com toda a força de seu ser. Uma lembrança. Nos olhos de Connor encontrara a resposta para o enigma que tentara decifrar. A realidade.comparar a nada que Megan vira antes. Era um misto de alívio. reverência. divertimento e vitória revelados para que ela pudesse ver. Não era fantasia. A resposta que ela encontrara através de um outro caminho. Focados nela enquanto ela dizia as palavras “enquanto nós vivermos”. mas agora… Deus! O modo como ele a . Uma noite que pensara ter perdido para sempre. Nem imaginação. Fora esse o motivo que a levara a tomar uma decisão em apenas uma noite e que foram necessários quase dois meses para descobrir.olhara. – Não preciso de uma lua de mel – sussurrou Megan. por um breve instante. A confiança que ela sentira ao lhe sustentar aquele olhar… O tipo de confiança que durava para sempre. embotando-lhe a mente para qualquer . escorregando os dedos pela sedosidade dos cabelos do marido enquanto ele lhe explorava os contornos do corpo. – Claro que precisa. – A língua sensual mergulhou na depressão de seu umbigo. Cataratas de Niágara? – Connor prosseguiu com a trilha de beijos mais para baixo. – Turcos e Caicos. Taiti. O brilho travesso nos olhos de Connor havia se dissipado quando ele se ergueu ao pé da cama. prendendo com cuidado o elástico da calcinha entre os dentes antes de segurá-lo com os dedos e escorregar a peça íntima pelas coxas macias e as pernas bem-torneadas da esposa.coisa. Veneza. esperando por ele. Megan se encontrava completamente despida. observando-a deitada. com exceção do magnífico colar que lhe . além daquele contato úmido e provocante. Esfregou um joelho no outro enquanto o observava desabotoar a camisa com uma determinação que nunca vira antes. Megan se entregou ao impulso devasso de provocá-lo. prendeu-o pela tira de couro do cinto que ele usava e o puxou. . Connor estava no quarto botão quando ela esticou a perna e. utilizando o bico fino do sapato. As duas chamas escuras nos olhos de Connor encontraram os dela ao mesmo tempo que Megan prendia o lábio inferior entre os dentes.adornava o pescoço e os sapatos de salto fino em seus pés. Sustentando o peso do tronco nos cotovelos. Por um instante. e. Os ombros largos se livraram das lapelas da peça agora arruinada. graças a Deus. Connor estava na cama. mas era a . arrastando-se pelo corpo de Megan ao mesmo tempo em que as mãos fortes escorregavam sob as nádegas dela e a puxavam de encontro ao corpo excitado. CONNOR TINHA de possuí-la. tudo pareceu paralisar. O cinto foi o próximo a ser descartado. em seguida. E então o restante dos botões voou pelo ar quando ele abriu a camisa com um puxão. – Você é uma fantasia. Megan não ostentava aquilo para todo mundo ver. Se tivesse lhe restado um mínimo de paciência. teria retirado a calça comprida antes de montar sobre ela. Precisava sentir aqueles sapatos de salto fino deslumbrantes em suas costas e a suave pressão das coxas macias em torno de seus quadris. Necessitava do contato daquela pele quente e macia. Ansiava pelo santuário úmido daquela boca carnuda e por sentir o puxão dos dedos delgados de Megan em seus .coisa mais sexy em que ele jamais pusera os olhos. Agora. o que Megan fizera com seu cinto e a forma como mordera o lábio o haviam enlouquecido. Porém. Quando as afastou o máximo possível. ele a puxou contra o corpo. .cabelos. porque não conseguia se afastar daquele tão necessário contato. Mais uma vez. atritando contra o ponto sensível entre as pernas macias. Torturava-se com as camadas de tecido que permaneciam entre eles. A concentração se refletia nos olhos enquanto ela enganchava o salto do sapato na cintura da calça do smoking e sob o elástico da cueca boxer para escorregá-las pelas pernas musculosas. Mas em seguida Megan se incumbiu de lhe abrir a braguilha. Como se ela tivesse conseguido o maior feito que se podia imaginar… ou a mais difícil das tarefas por tê-lo desvestido sem usar as mãos. – Impressionante.ele se livrou das peças e lhe encontrou o olhar. O sorriso que bailou nos lábios de Megan era impagável. – Tenho habilidades mágicas – afirmou ela. Com a ponta da língua. – O sorriso que curvava os lábios de Connor parecia . ofegante. – Sem dúvida. Megan umedeceu o lábio inferior enquanto os olhos azuis se cravavam nos dele. em seguida. mas o divertimento sempre conseguia encontrar um espaço quando os dois estavam juntos. mas nunca uma afirmação tão simples tivera impacto tão profundo. Quando os olhos escuros encontraram os dela. Connor se acostumara aos elogios femininos durante toda sua vida adulta. – Lindos. Os olhos azuis se fixaram nos lábios de Connor.deslocado em meio àquele tipo de ansiedade sexual. e. os dedos de Megan se encaminharam para o mesmo lugar. acariciando-lhe a pele sensível naquele ponto. ele teve vontade de se perder naquelas . Precisava estar dentro dela da mesma forma que precisava respirar. Ajoelhando-se na cama. Connor se inclinou na direção do criado-mudo ao lado da cama e segurou o puxador da gaveta… apenas para sentir a mão delicada lhe seguir o contorno do braço e se fechar sobre seu punho para detê-lo. Mais ainda. Apenas a ele. Aquele olhar no qual desejava se perder para sempre… era destinado a ele. E então percebeu. perguntando-se por que não tivera de lutar com uma centena de homens em Las Vegas para chegar até ela. .profundezas azuis. soltando a respiração lentamente. Para saber. Megan lhe pertencia. Ela estava… chorando? A lava quente da satisfação que lhe . – Apenas você. – Espere.Connor girou a cabeça para encará-la. Finalmente. querida. Não quero nada entre nós. – Sustentando-lhe o olhar. a palma da mão de Megan flutuou para o peito musculoso. Lá estava. estacando sobre o coração de Connor. – Ela engoliu em seco. O que ele estivera esperando. – Não preciso de mais tempo para decidir. – Vou pegar preservativos. Connor pestanejou várias vezes. aquilo não era amor. Megan lhe garantira que não se apaixonaria.percorria as veias congelou quando Connor percebeu a mancha ainda brilhante sob os olhos azuis. A única gota faiscante que lhe traía a emoção presa nas pontas escuras dos cílios perfeitos que emolduravam aqueles olhos estonteantes e confiantes… e que o encaravam com tanto… – Megan. Não. – A voz grave saiu em um grasnido. Connor deixou escapar um xingamento. . fechando os olhos quando o corpo flexível e sexy sob o dele enrijeceu. Não. Em seguida. Muito intenso. de repente. Megan não deveria olhar daquele jeito para ele. A mesma que ele estivera conquistando. cultivando desde o primeiro dia. com o objetivo de garantir o comprometimento de Megan. diante do brilho dos olhos confiantes da esposa.Nenhum dos dois se apaixonaria. Como se tivesse lhe . garantindo-lhe o acesso irrestrito ao seu corpo que cimentaria aquela união para sempre. ele reconheceu o sentimento exatamente como era. enquanto ela lhe oferecia exatamente o que Connor lutara para conseguir. O que estava vendo era afeição. Porém. todo o prazer ofegante de segundos atrás substituído pela incerteza. Não podia crer que tinha de dizer. enterrou o rosto contra a orelha macia. Tornando-se vulnerável de uma forma que ele não podia suportar. – Você bebeu muito champanhe esta noite… e depois do que aconteceu no casamento… Acho que devemos tomar .confiando uma parte da própria alma. Sabe que quero… é só que… – Droga! Connor não podia acreditar que estava dizendo aquilo. – Pensei que fosse isso o que desejava – disse ela. Forçando uma risada que não sentia. a dor e a confusão. – E quero. Um instante depois. – Mas… – Shh. . encontrava-se enterrado dentro dela… esforçando-se para convencer a ambos a esquecer as barreiras. enquanto com a outra alcançava a gaveta do criadomudo.nossas decisões mais importantes após tomar café com torradas. que ele colocara entre os dois. ele os ergueu acima da cabeça de Megan. – Segurando-lhe os braços delgados que o haviam tentado impedir momentos atrás. prendendo-os com apenas uma das mãos. tanto físicas quanto emocionais. o sono não chegava. saciandoa repetidas vezes até que ela não tivesse forças para mais nada. . O que dissera desejar.Capítulo 18 À MEDIDA que os minutos se esvaíam com as sombras da noite. Megan não conseguia dormir. embora Connor tivesse feito de seu corpo uma área de recreação. além de se fundir ao calor daquele contato. Havia oferecido a Connor o que ele estava querendo. O futuro de ambos.Oferecera-lhe seu corpo e sua alma. Não se tratava de uma rejeição. Não se tratava de rejeição de jeito algum. Não. . Connor sentia como se tivesse falhado com ela na noite em que se casaram. E ele recusara. Não arriscaria deixá-la tomar uma decisão monumental como aquela se houvesse alguma possibilidade de sua capacidade de discernimento estar comprometida. Aquele era um bom sinal. Mas sim de proteção. Foi essa a conclusão a que chegara durante aquelas horas de insônia. Megan colocou algumas mechas de cabelo para trás da orelha. Definitivamente havia coisas piores do que ter um homem comprometido com seu bem-estar. Em seguida. alisou o abdome.Era mais uma evidência do tipo de cuidado que o homem com quem se casara estava mostrando que ela poderia contar. . Um sorriso lhe curvou os lábios quando ouviu as passadas rápidas de Connor descendo a escada. Conferindo o próprio reflexo na porta do micro-ondas. em uma tentativa desesperada de acalmar as agitadas borboletas em seu estômago. Dirigiu-lhe um sorrio e pegou um pedaço de torrada do prato que ela servira. Antes que ela pudesse fazer mais do que abrir a boca. encaminhou-se ao cantinho do aconchego e serviu duas xícaras. Levando a xícara consigo. Connor depositou-lhe um beijo na bochecha e tomou metade do conteúdo de sua xícara de café. impecavelmente vestido e com todos os fios de cabelo no lugar. estou atrasado. os olhos faiscando para a garrafa de café que ela segurava e a . estacou à soleira da porta. Segundos depois.Com a garrafa de café na mão. Connor surgiu. – Perfeito. Pode ter certeza. E eu desejo isso. O coração que estivera demasiado confuso para bater. aquecendo o frio em seu peito. Megan reconheceu o que estava refletido lá. – Torradas e café – disse ela com um breve sorriso Connor pousou a xícara na bancada com expressão reservada.metade da torrada em sua mão. Quando os olhos escuros finalmente entraram os dela. retornou ao seu ritmo. de repente. – Tem de acreditar em mim quando lhe digo o quanto me sinto honrado por você se sentir preparada para esse tipo de compromisso. . É como… Como se todo o medo e preocupação que se convencera a abandonar na noite anterior fossem mais justificados do que se permitira imaginar. . Sentia-a no frio em sua barriga. antes que Megan tivesse tempo de analisá-las. – Não entendo.Mas ele não desejava. – As palavras lhe escaparam dos lábios. suplicantes e trêmulas. – Parece que está me dizendo “não”. Ouvi-la na tensão da voz grave. Megan podia ver aquela verdade estampada no belo rosto do marido. Calá-las em uma tentativa de salvar o próprio orgulho. não tenho. – No que me diz respeito. Mas não tenho tanta certeza .Connor cruzou a cozinha até onde ela estava e pousou as mãos nos ombros delicados. – Eu quero. Não parecia haver nenhuma dúvida. Megan lhe procurou olhar. recusandose a ceder às lágrimas que ameaçavam lhe inundar os olhos. – Estava tão decidido antes. Mas. quanto mais reflito sobre a situação. mais acho importante que você espere até terminar o período de experiência para decidir. Mas quanto a você… Diabos! Sei o quanto se encaixará perfeitamente em minha vida. Megan negou com a cabeça. à noite. amanhã bem cedo. – Ele depositou um beijo na testa de Megan e a afastou. mudando de assunto como se estivessem conversando sobre o tempo. que se estenderá até tarde e outra. Provavelmente acabarei dormindo no escritório. – Como pode dizer isso? Tive dois meses… – O primeiro não conta. Até ter certeza. . não me espere acordada.de que você teve tempo o suficiente para saber se me encaixarei perfeitamente na sua. portanto. – Tenho uma reunião. Deve esperar mais dois. Droga! Deveria ter esperado por aquilo. mais uma vez a imagem da expressão arrasada de Megan lhe assombrou a consciência. E aquelas lágrimas originadas da emoção que inundaram os olhos da esposa… eram toda a evidência de que . a enxergar que ele era o homem que Megan desejava. que na essência se tornara um homem que não era. COM OS punhos cerrados até que as juntas dos dedos se tornassem esbranquiçadas sobre a mesa do escritório.E em seguida Connor se foi. Mas estivera tão dedicado a convencê-la a se comprometer. necessitava para saber que aquela sedução fugira de controle. Eram os arquivos em que ele estivera trabalhando e que prometera enviar a ela meia hora antes. deixando subentendidas as palavras que ambos conheciam. Precisava manter a cabeça no lugar. Precisa que eu envie aqueles relatórios…? A secretária se calou. – Desculpe. Uma breve batida na porta precedeu a entrada da secretária no escritório. mas a conferência por telefone com Zurique começará dentro de cinco minutos. Os mesmos que não conseguira concluir. . Diabos! Aquele não era ele. Não havia nenhuma possibilidade de o plano inicial de Megan competir com aquele. Eu lhe enviarei esses .Conseguir um pouco de perspectiva. – Stella. E tinha de se certificar de que o homem que estava vendendo para Megan era o mesmo com quem ela passaria o resto da vida. Mas tinha de priorizar o que vinha em primeiro lugar. veja se eles podem aguardar mais meia hora. Mesmo após alguns ajustes em suas expectativas. Tinha certeza de que ela ainda desejaria aquele casamento. O escritório. Sempre fora assim e sempre seria. Peço desculpas pelo inconveniente. Connor havia avisado que não voltaria para casa. A PORTA de frente bateu com o som abafado que Megan fingia não ouvir desde a manhã do dia anterior. . Estava na hora de concentrar o foco em seu devido lugar. Porque. avaliando cada rangido ou gemido. mas uma parte dela o aguardara.arquivos dentro de vinte minutos. Tentando não pensar em todas as noites insones que tivera quando criança. O seu e o deles. os ouvidos apurados para um retorno que nunca acontecia. Esperançosa. Aquele não era o mesmo tipo de decepção inesperada. . Connor estava se preocupando com ela. mas não devastador.apesar da mudança abrupta de opinião de Connor a respeito da evolução daquele casamento. Não a estava abandonando. Megan sabia que ele voltaria para casa. Era surpreendente. Connor não havia partido. Aproveitando aquele tempo a mais para garantir que não tivessem de enfrentar as dúvidas que fizeram parte daquele primeiro mês que viveram juntos. sem dúvida. Pendurou o blazer no closet e atirou as chaves sobre o tampo da mesa antes de saudá-la do mesmo modo como fazia todas as noites. Nada havia mudado. Uma onda de alívio a engolfou enquanto Megan fechava a distância entre os dois e lhe oferecia o beijo que se tornara parte da rotina do casal desde o início. pressionar a testa à depressão entre os peitorais rígidos e ceder à emoção que estivera .E agora Connor chegara em casa. Reed. Tudo estava bem. – Olá. sra. Megan teve vontade de enterrar a cabeça no peito do marido. Um sentimento indesejado na vida que ela estava construindo. em vez de colapsar sobre o homem pelo qual estirava aguardando ansiosamente.ameaçando sufocá-la. Porém. Ansiava por toda aquela racionalidade sensata de Connor para abrandar a insegurança indomável que lhe abalara a serenidade desde o instante em que ele saíra por aquela porta no dia anterior. palavras tranquilizadoras ao seu ouvido. a insegurança era algo que não podia suportar. Queria aqueles braços fortes a envolvendo. Contentou-se em acariciar . Megan se satisfez com a visão daquele sorriso suave. Portanto. Em seguida.os ombros de Connor enquanto perguntava como fora seu dia. . exibindo o mesmo sorriso que trazia estampado no rosto quando transpusera a porta de entrada. O mesmo que lhe chamara a atenção. ele abriu a pasta executiva tipo carteiro e de lá retirou um envelope pardo. Conformou-se em perguntar se ele havia dormido bem na suíte do escritório e com a resposta afirmativa quando ele lhe garantiu que passara tantas noites lá que considerava aquelas acomodações o seu segundo lar. mas que não durara o suficiente para que ela descobrisse o motivo. Acomodando-se no sofá. – Está com tempo para conversar sobre luas de mel? – perguntou ele. Connor abriu a pasta e começou a analisar os .Talvez ele estivesse cansando. Nada mudara. passando por Megan em direção à sala de estar. Talvez ela é que devesse ter dormido um pouco mais. Uma risada de alívio explodiu dos pulmões de Megan enquanto ela o seguia com uma euforia vertiginosa borbulhando em seu íntimo. não obstante o que dissera sobre as acomodações confortáveis do escritório. viu de onde eram: Zurique. Connor deu de ombros. mas estava . – Estou vendo que tem algumas ideias. em seguida. – Acho que não se tratam de praias paradisíacas isoladas. Taiwan. – Gosto muito de praia. em seguida. um entorpecimento a invadindo ao perceber o que aqueles lugares significavam. Porém. alterando a ordem.folders que estavam dentro. dispondo os folders em pilhas e. certo? – perguntou ela. Munique. Megan se sentou com os pés sob o corpo. – Preciso estar em cada um desses lugares a negócios no próximo mês… – Connor deixou o restante da frase morrer enquanto lhe acariciava um dos ombros. Gostaria de levá-la em uma viagem. – Matar dois coelhos…? Megan voltou o olhar às pilhas mais uma vez. – Ei! Sei que conversamos sobre fazer dessa lua de mel algo mais romântico e fantasioso. um desses . vendo pelo prisma da praticidade. mas depois das reuniões que tive ontem e hoje achei que estava na hora de tirar minha cabeça das nuvens e voltar à realidade.pensando se não seria mais sensato matar dois coelhos com uma só cajadada. Mas. Fazer turismo e compras. aquilo fora antes de ela se oferecer em uma bandeja. você aproveita para conhecer os lugares.lugares seria mais proveitoso. Os destinos românticos. Mas. Enquanto compareço às minhas reuniões de trabalho. claro. Que diabos…? Fora ele a sugerir uma lua de mel. pela primeira vez sentindo como se o homem à sua frente fosse um estranho. “… na hora de voltar à realidade…” . O entorpecimento começou a se dissolver sob o calor da raiva crescente de Megan. Megan observou o sorriso tranquilo e a expressão indulgente do marido. poderia fazer uma viagem ao Havaí. A lua de mel estava descartada. se faz muita questão de alguma praia. . Megan ergueu uma das mãos. – Eu entendi.Então era isso? Algum tipo de advertência antes que ela se comprometesse? O modo de Connor se certificar de que ela entendesse que a vida que tinham pela frente nem sempre seria um mar de rosas? – Ei. Leve uma amiga com você. Ou talvez se hospedar em algum spa. E ela estava prestes a ver uma faceta do marido que até então lhe fora ocultada. observando as luzes e as janelas passando em uma névoa.Capítulo 19 T RAJADA COM outro vestido de grife famosa. O marido a saudara com um beijo . Ao arriscar um olhar ao banco oposto. Megan se acomodou no banco de trás da limusine. encontrou Connor folheando a papelada de trabalho que trouxera consigo quando foram buscá-lo no trabalho. minutos antes. Mas a ligação que possuíam no início – aquela coisa invisível emprestando valor. E nada daquilo parecera verdadeiro a Megan. Ainda se mostrava disponível para responder às perguntas . Sim. Claro que ele ainda era agradável. cada pequeno sorriso ou olhar sutil – havia evaporado quando ela ofertara algo que Connor havia apregoado desejar. significado e muito mais a cada comentário. pergunta. Charmoso.casto antes de fazer elogios ao seu traje e cabelos e lhe perguntar sobre seu dia. ele escutara suas respostas. catalogando as informações para usá-las mais tarde. Seria a esse tipo de casamento que ele estava se referindo desde o início? O romance. a intensidade da conexão entre ambos… teria sido aquilo tudo apenas uma forma de convencê-la a ficar naquele casamento? Conquistar sua afeição e interesse para que considerasse a proposta que ele lhe .que ela lhe fazia ou para dispor de uma hora ou mais em sua companhia no fim de cada noite. O marido se transformara na lista de qualidades que ele lhe fornecera naquele primeiro dia que passaram juntos. Mas aquela interação não passava de uma sombra do que fora semanas antes. as risadas. não era capaz de entender por que Connor teria se esforçado tanto para lhe dar o aperitivo de algo que ela não teria. Connor se certificando de que ela entendesse do que estava se comprometendo a abrir mão? Não.fizera? Megan não conseguia acreditar nisso. o tipo de conexão que possuíam não podia ser forjada. Além disso. . A não ser que aquele fosse um tipo de teste. Não era algo fabricado. Conhecia o marido e sabia que ele jamais faria algo intencional para feri-la daquela forma. ele não seria tão cruel. E não fora unilateral. E.Então. Seria possível que Connor. As feições perfeitas. tivesse sentido o impacto profundo da conexão inexplicável que existia entre os dois e achado demasiado intenso para tão pouco tempo? Que não conseguira se sentir à vontade com aquilo e se forçara a recuar? Talvez tudo de que ele necessitasse fosse tempo. Connor estava focado nos papéis espalhados à frente. em nada parecido com a forma como ele a olhara. ainda assim. . de que se tratava? Os olhos de Megan voltaram a vagar para o banco oposto. assim como ela. concentradas. Tempo e um pouco de espaço para discernir o que estava acontecendo em seu coração.E talvez ela fosse uma tola que gostasse de se iludir. . depois de experimentar o encantamento que podia haver entre os dois. a ideia de que o homem com quem se casara fosse capaz de desligar as próprias emoções tão repentina e completamente era aterrorizante… mas não conseguia aceitar que Connor fosse capaz de tão cruel indiferença. Mas uma vez dissera a Connor que ele valia o risco e. Sim. ainda pensava assim. Talvez tudo que ele precisasse fosse de um tempo para se ajustar. Connor colocou os documentos de lado. o carro estacou diante do toldo dourado do hotel.E então a inegável ligação entre os dois faria o resto. Por ele… por ambos. Aquela relação valia a espera. sentiu-se muito mais leve. Seria a mulher que Connor desejava até que ele descobrisse do que precisava. Megan girou a cabeça na direção da janela. De repente. Sim. Poderia esperar. . Instantes depois. piscando para dispersar as lágrimas que ameaçavam brotar com aquela conclusão e com a certeza profunda de que tudo acabaria bem. indicando com o dedo o telefone recostado ao ouvido. – Chegamos ao hotel. conferindo como Megan havia recebido a notícia de que ele estava marcando uma reunião para o meio daquela noite com um de seus gerentes. Com um sorriso tranquilo. Você irá esta noite? Os olhos escuros faiscaram nos dela. o restante disso terá de esperar. ela retirou o pó compacto e um gloss da carteira de contas e começou a retocar a maquiagem. Portanto. A única mudança era a compreensão do que acontecera com seu casamento ao . estou escutando. ele deixou escapar uma tosse ligeira. . Juntos. recusando-se a levar em conta a testa levemente franzida do marido ou a forma como aqueles olhos escuros semicerraram enquanto a encaravam. Porque aquela união valia a pena. Devolvendo a maquiagem à bolsa. Um longo minuto depois. Falo com você daqui a algumas horas.longo da última semana… e como ela pretendia seguir a partir dali. – Desculpe. então. ela lhe sorriu. Esta noite. Podia esperar por Connor. Connor saltou do carro e se inclinou para ajudá-la a sair. MEGAN ERA perfeita. da profunda percepção que tinham um do outro. ele deveria ter se acostumado com a facilidade com que a . – Sempre. Àquela altura.Talvez ele estivesse sentindo que algo estava diferente? Um fluxo renovado de confiança percorreu as veias de Megan com aquela prova da conexão existente entre eles. Tudo acabaria bem. – Pronto? – perguntou ela quando a porta se abriu e o ar frio da noite os envolveu. Minutos após a chegada dos dois. Encantadora. Temera destruir tudo aquilo. Megan havia cativado todos os presentes à mesa. permitindo que a emoção fugisse de controle entre os dois. preocupara-se com a possibilidade de não haver um caminho de volta do ponto onde . A autenticidade que ele achara tão atraente.esposa se encaixava com perfeição à matéria-prima de sua vida. o magnetismo que exercia em todos ao seu redor. O sorriso contagiante e o manancial aparentemente ilimitado de informações que possuía. Porque não queria abrir mão de Megan. Risadas explodiram. depois de alguns dias testando essa representação mais acurada da vida que teriam juntos. no carro… ele percebera. vindas do grupo em que Megan se encontrava. Naquela noite. Agora. Connor ficara supresso e aliviado ao mesmo tempo. tudo que precisava era manter a cabeça focada para não estragar tudo. a musicalidade do riso da esposa se destacando aos seus ouvidos. acima das . Aceitação.estavam. Mas. Diabos! Sentira-se de fato aliviado. Megan tomara sua decisão. Não queria perdê-la. Que não queria corresponder. Ameaçando invadir o lugar que ele chamava de “inalcançável”. Quando Megan voltou a abrir os olhos.outras. Havia esgotado as segundas chances que teria com aquela mulher. os olhos fechados e com a cabeça inclinada para trás. portanto bastava de abrir a guarda e criar expectativas irreais que não seria capaz de corresponder. . ela ria de alguma história que Lenny contava para o grupo. Com os dedos delicados pressionados à nuca. ele virou de costas. Linda. mas Connor conseguiu controlar o impulso. Caro. Mesmo em tom de acusação. O instinto quase o fez virar na direção de Megan para conferir se estavam em sua linha de visão. a voz controlada era tão polida quanto se estivesse perguntando sobre a saúde de uma tia-avó. ele atrairia menos atenção se simplesmente trocasse algumas palavras corteses antes de se . Se por acaso Megan estivesse olhando naquela direção.– Então é verdade? Connor girou abruptamente em direção ao sotaque modulado da Costa Leste. Mas no início estivera muito ocupado lutando para mantê-la a seu lado. E sair dali. Claro que os detalhes… ele os havia revelado na noite em que se conheceram. E na última semana não quisera acrescentar mais um contratempo no clima .afastar. E mais tarde fora tudo muito maravilhoso para arriscar arruinar o que tinham. Pegaria Megan e sairia dali. Era isso que faria. A esposa estava ciente de seu noivado com Caro e sabia que a separação fora recente. E tivera a intenção de colocá-la a par deles depois. parada a pouca distância. lá estava ela.melindroso entre os dois. porque não esperava que Caro aparecesse. O mesmo que ele vira todas as vezes que se encontraram durante aquele relacionamento. Como tem passado? – Como tenho passado? – Uma voz fria. O sorriso costumeiro lhe curvavam os lábios. um sorriso agradável. Connor sentiu um aperto no peito. – Humilhada. Polido. encarando-o com olhos que não revelavam nada de seus verdadeiros sentimentos. Porém. Suave. Connor não vira nenhuma urgência naquilo. – Caro! Não sabia que estava de volta à cidade. . Ainda assim. você terminou nosso noivado – concedeu. Connor anuiu. sentindo a tensão lhe contrair os músculos dos ombros e lhe percorrer a espinha. mantendo a voz no mesmo tom baixo de Caro. podia .Deveria ter entrado em contato com ela. E na esperança de aliviar aquela mágoa acrescentou: – Todo mundo sabe que foi você quem me deixou. Quem terminou nosso relacionamento… – Nosso noivado. – Sim. Ter lhe contado pessoalmente. Você ia se casar comigo. – Não deveria se sentir assim – retrucou. mas Megan havia entendido quando ele lhe explicara tudo naquela primeira noite. A atenção que aqueles poucos instantes de diálogo haviam atraído.sentir olhos curiosos fixos nos dois. Ótimo. precisava contar tudo a Megan. A cronologia dos acontecimentos talvez não a agradasse. Um rápido olhar à área onde ficava a mesa que ocupavam. A voz de Caro adotou uma entonação . Tinha de acreditar que faria o mesmo agora. Resolveria aquele contratempo e a tiraria dali. Com Caro de volta. revelou que Megan não estava mais lá. Queria que percebesse o que tinha. Terminamos nosso relacionamento. – Você disse que queria algo que não tínhamos. que ele nunca detectara antes. Fiquei esperando… – Ela se calou. atraindo ainda mais atenção para os dois.áspera. e você partiu. – Nunca tive intenção de magoá-la. Voltou para o Leste… – Porque eu queria mais de você. a emoção na voz vazando para o olhar. Algo que não havia entre nós. sincero em sua justificativa. . – Como pôde fazer isso comigo? Connor lhe sustentou o olhar. Do que estava abrindo mão. . Caro não poderia estar parada no meio daquele salão de festas com lágrimas escorrendo pelo rosto. Que lhe dando tempo suficiente você perceberia que desejava mais do que um simples “acordo”. Não aquela mulher.Nunca insinuou que… – Eu achei que você descobriria por si mesmo. Pensei que iria me procurar. encantadora e impenetrável peça de beleza porcelanizada diante dele. Aquilo não era possível. que ele nunca vira com um fio de cabelo fora do lugar. Não. que nunca erguera a voz ou fora qualquer coisa que não a mais educada. – Quando conheci Megan… Connor sabia o que parecia. Tinha ciência de que provavelmente nunca a faria entender. Nunca quisera olhar além do exterior de socialite que ela lhe mostrara.Não queria ser a causa da dor de Caro. – Apaixonou-se por ela? – As palavras escaparam dos lábios de Caro como uma espécie de acusação cortante que ele jamais esperara. Nunca fora essa sua intenção. – Não. Mas a ex-noiva estava ferida. Ela é apenas mais um acessível conjunto de qualificações ambulante que caiu em seu . Acho que não. e a verdade era que não a conhecia bem. Uma oportunidade imperdível. Sua capacidade de se afastar sem nem ao menos olhar para . considerando a rapidez com que se casou com ela. afeição… ver como o marido é capaz de ligá-las e desligá-las como se acionasse um interruptor. despois de meros três dias após ter proposto que fôssemos a Bali para nossa lua de mel? Muito conveniente para deixar passar.colo. Mas aposto que não levará muito tempo até que sua esposa consiga ver através do sorriso e do charme. Sabia que você era um homem frio. que sua atenção. Mas até mesmo para seus padrões… Ela tem alguma ideia disso? Provavelmente não. – Não faça isso. – Caro – começou ele. Connor sentiu o fogo da raiva se misturar ao sentimento de culpa. mas não eram. Sabia que Caroline ficara magoada e sentia muito por isso. Ou talvez ela não se importe. As pessoas estão olhando. baixando o tom de voz e se inclinando mais para perto.trás. Caro escaneou o salão. Se as farpas que estivesse lançando se destinassem apenas a ele. as aceitaria com resignação. Talvez seja a bela embalagem e o peso de seu talão de cheques que lhe interesse. empertigando . E. – Sim. Parecia congelada no lugar. encarou-o com amarga satisfação brilhando no olhar. imóvel. Estreitando a coluna para olhar além da mulher que poderia ter sido sua esposa. Uma das mãos semiestendida. encontrou Megan parada. naquele instante. – Vamos pegar nossos agasalhos.a coluna. . Detida em seu caminho em direção a ele. à margem das pessoas que os rodeavam. os lábios ainda curvados em um arremedo do sorriso terno que sempre exibia. dando um passo na direção da esposa. – Megan – disse ele. Em seguida. estão. ele soube. Elevando a voz acima do burburinho. Duas. Atrás dele. Mas.Os olhos azuis o observaram se aproximar enquanto ela pestanejava uma vez. soavam palavras de conforto quando algumas mulheres intervieram para contornar a situação com Caroline… Mas ela ainda não terminara. a julgar pela expressão do rosto dela. Caro disse: – Tinha a intenção de dar à sua esposa o conselho que gostaria de ter recebido de alguém: para não se apaixonar por você. Droga! . é tarde demais. – Conversaremos em casa. Os lábios de Megan se entreabriram para a inspiração que devia preceder uma resposta ou uma negação… Mas voltaram a se fechar ao mesmo tempo que ela fazia um discreto movimento negativo com a cabeça e os lábios se curvavam em um sorriso impotente. Caro. .– Basta. Connor espalmou uma das mãos na curva do quadril de Megan e se aproximou o suficiente para protegê-la dos olhares curiosos. Atirando o xale sobre o encosto do sofá. perplexidade e emoções indesejadas. A porta se fechou.Capítulo 20 MEGAN CRUZOU a sala de estar. ela dirigiu o olhar além da porta de . e os passos de Connor ecoaram no mármore do hall de entrada. A mente. O trinco girou. um redemoinho de pensamentos fragmentados. Os passos curtos e destituídos de qualquer graciosidade. – Sei que não estava… preparada para isso. desejando estar em qualquer lugar. Megan negou com a cabeça. concluindo que ao menos um dos dois tinha de oferecer a verdade absoluta. menos ali. Connor fechou a distância entre eles. – Sinto-me uma tola – admitiu ela. Não.vidro. envolvendo-lhe a cintura com um dos braços e a puxando contra o calor sólido . – Eu sei… – Um xingamento abafado soou. ao mesmo tempo que a mão de Connor escorregava sobre a boca através do reflexo do vidro. Nem um pouco. ao vácuo negro do Pacífico mais adiante. – Nunca menti para você. – Importa-se de me dizer a verdade? Contar-me os mais sórdidos detalhes… para que eu tenha a chance de me preparar se algum dia passar por situação semelhante? A expressão de Connor endureceu. Se eu tivesse… – O quê? – perguntou ela. Ainda não consigo acreditar… Diabos.de seu corpo. – Por favor. soltando-se dos braços fortes para encará-lo. – Não. fomos eu e Caroline. Se alguém foi tolo esta noite. Treze dias? E quanto à . tem de entender que eu nunca esperava isso de Caro. os olhos perdendo por completo o brilho . Você fez parecer como se fosse uma perda de interesse quando na verdade foi o oposto. Os lábios de Connor se fecharam. Ela se apaixonou por você! – Eu não sabia… Droga! Ela disse… – Esqueça o que ela disse! Qualquer um que olhasse para aquela mulher perceberia como ela estava se sentindo. Da mesma forma que qualquer pessoa que olhe para mim é capaz de ver o que sinto. Ela certamente viu.alegação de que vocês tinham aspirações diferentes? A percepção de que não eram certos um para o outro. mas ele percebera a dor que emanava daqueles olhos azuis… Era . Ela se esforçara tanto para manter a compostura. Já percebi que cometi um erro. – Megan. naquela noite. para se controlar.do conflito ao mesmo tempo que ele começou a negar com um gesto de cabeça. fechando-a sobre um punhado de fios na base do crânio e depois esfregou as mãos. O que poderia dizer? Droga! O semblante de Megan horas antes. Não… – Relaxe. – Megan… – Ele passou uma das mãos pelos cabelos. – O que houve entre mim e Caroline havia acabado antes de nos conhecermos. Nunca menti para você ou lhe ocultei . – Sim. não um caso de amor.similar à emoção que lhe fizera brotar lágrimas nos olhos na noite em que ela lhe oferecera seu comprometimento. Tudo que ele lhe dissera para evitar. Aquilo era tudo que Connor desejava evitar. Treze dias antes. – Este casamento é um acordo entre duas pessoas similares. Não que tivesse tido alguma importância se fossem treze horas – retrucou ele. Uma sociedade. – Eu ouvi. não. O que estava acontecendo naquela noite não mudava nada. como se não o reconhecesse.algo importante. Nem um pouco. – Não. Megan o encarou. compreendia-o. – A que está se referindo? – disparou ele. Eu é que não fui sincera. Aquilo não o agradou. Megan já o conhecia. quando ela girou para se afastar. – Não se preocupe. Connor devia tê-la deixado ir. quase perplexa. A única pessoa para quem menti foi para mim. De fato. mas. não . não se permitiu ver as razões pelas quais talvez não desse? – Não – respondeu Connor de modo mais áspero do que pretendia.conseguiu se impedir de lhe segurar o braço. Todas as razões pelas quais nossa união faz sentido permanecem as mesmas. . – Por acaso parou para pensar que você. Os olhos azuis se fixaram no ponto onde a mão longa lhe tocava a pele exposta do braço. – Você está aborrecida. Envergonhada. – Isso não muda nada. no afã de me mostrar todas as razões que fariam este casamento dar certo. Ferida. Queria que Megan desse voz ao que estava pretendendo fazer para começar a . assim como não estamos falando de algo verdadeiro. – Pode dizer. Mas é muito inteligente para permitir que uma noite dite seu futuro.Entendo isso. Portanto. Connor deu um passo atrás. Enrijecendo a postura. não se atreva a fingir que estamos. Mas é óbvio que não estamos falando de uma única noite. Sou muito inteligente para permitir que uma única noite de constrangimento se interponha no caminho de algo verdadeiro. – Tem razão. Tarde demais. Todos os argumentos que Connor estava preparado para lhe atirar de repente o desertaram. Faziam tanto sentido. Megan empertigou os ombros. – Não posso ser sua esposa. – Então. talvez não seja eu. Tratava-se apenas daquela maldita . Talvez você não seja o marido que eu desejo. – Você é minha esposa. A mão longa lhe soltou o braço. Talvez seja você. Os dois eram tão certos juntos.desviá-la da direção que ele os impediria de tomar. Megan lhe dirigiu um olhar desolado e. está bem? Você precisa de espaço. Ficarei lá. . estragando tudo. ELES FICARIAM bem. Que tal eu vestir um terno e ir para o escritório? Estava com um compromisso marcado para esta noite de qualquer forma. anuiu com um gesto sutil. Megan era uma mulher racional. que ele fizera questão de evitar durante toda sua vida. – Não vamos tomar nenhuma atitude precipitada. O que precisavam era de um pouco de perspectiva. E amanhã à noite conversaremos.emoção. Reflita. após uma pausa. dirigiu-se ao andar térreo. Connor tranquilizou a si mesmo enquanto retirava um terno do closet e rapidamente fazia uma pequena mala. Não podia suportar a distância que colocara entre eles no momento. Mudança de planos. Megan estava na cozinha. Com a maleta feita. E no dia seguinte faria o controle dos danos. Apenas um pouco. Ela precisava de um pouco de espaço para superar a mágoa. Voltaria a se aproximar. mas ainda assim não conseguiu se impedir de .Realista. O suficiente. Connor sabia que ela queria distância dele. O tipo exato da pergunta atenciosa que sua esposa ideal ofereceria. – Connor cruzou na direção . Educada. o clique do vidro contra o granito. a taça intocada de lado. como se ela estivesse esperando por ele. – Quase. Malditamente superficial para ter vindo da mulher que com quem se casara. o suave gorgolejar do vinho sendo servido. Superficial.seguir os sons da porta da geladeira se fechando. ele a encontrou recostada contra a bancada. – Está levando tudo de que necessita? – perguntou ela. Contornando um dos cantos. Distante. os lábios de Megan se encontravam rígidos e inflexíveis.dela com uma única passada. Os lábios entreabertos. O rosto virado para cima. Talvez fosse melhor que o tivesse feito. recebendo-o com o mesmo distanciamento frio que suas palavras haviam oferecido. Mas em vez disso permitiu que o beijo acontecesse. Porém. tirando vantagem do que inevitavelmente pretendia ser um protesto. . puxou-a para perto. Em seguida. embora ela não tentasse se soltar. O beijo de boa-noite que ele não conseguiria partir sem receber. se lhe daria espaço para pensar. Tolerar a intimidade. Connor roçou os lábios de um lado para outro sobre os dela. mas. Mas em vez de desistir ele a puxou ainda mais para perto. escorregando uma das mãos pela extensão aveludada das costas expostas até o pescoço delicado. sabendo que Megan pensava apenas suportar aquele contato. queria garantir que a deixara com algo para refletir. inclinando-lhe a cabeça para trás de modo suave e aprofundando . onde enterrou os dedos nas mechas sedosas cor de ouro.Não era assim entre eles e talvez estivesse sendo vil em pressioná-la naquele momento. ela se rendeu. abrindo caminho contra os dentes. apertando-a contra o corpo. com um gemido fraco. Recebendo. Até que toda a atmosfera fria estivesse . até encontrar a língua suave e úmida que ele tanto desejava. Mas ainda assim Connor podia sentir o ofego contra os próprios lábios. Megan não queria corresponder.o beijo. – Megan – gemeu ele. Dando. Não desejava lhe dar nada. a boca carnuda o correspondendo. A língua macia rolou suavemente contra a dele. O sugar suave quando. os cantos dos lábios. Invadiu-lhe o interior da boca. Os olhos azuis faiscavam com a raiva que sentia de si mesma. Levando a mão aos lábios carnudos. – Isso não… . embora estivesse partindo. Quando ele interrompeu o beijo.carregada da eletricidade que gravitara entre eles desde a primeira noite… até que Connor se certificasse de que. ela fez um movimento negativo com a cabeça. aquilo ficaria com ela. mas ele percebeu o leve rubor no rosto delicado. – Algum dia se furtou a tomar mais do que alguém estava disposto a lhe dar? Aquelas palavras o chocaram. Megan não lhe sustentou o olhar. interrompendo-o. ao mesmo tempo que a primeira maldita lágrima rolava por seu rosto… E de repente Connor se viu sem palavras.Mas ela ergueu uma das mãos. colando-se ao homem que . Sem defesa. NÃO TINHA defesas contra ele. sabendo que aquela apatia o faria perder um grande terreno. Tudo que conseguiu fazer foi observá-la desaparecer por um dos cantos da cozinha em um redemoinho de seda cinza-clara. Mesmo vendo Connor se aproximar e se preparando contra aquele avanço. não tivera chance alguma. Desmoronara sob o ataque daquele beijo. Um homem capaz de deixar uma mulher e.necessitava desesperadamente deixar e rezando para que ele dissesse algo que a fizesse se sentir melhor. dentro de poucos dias. se comprometer com outra. que a convencesse de que aquilo era diferente do que parecia. Porém. Connor era exatamente o tipo de . Um homem capaz de partir sem nem ao menos olhar para trás. Connor era exatamente como ela o julgara ser. Um homem capaz de ligar e desligar seus sentimentos como se acionasse um interruptor. em vez de dar ouvidos ao instinto. Por que não quisera ser cínica? Ora! . resolvera ignorá-lo por completo. casara-se com ele horas após tê-lo conhecido. como se tivesse um imã que a atraísse para aquele tipo especial de tortura.homem a quem ela jurara nunca mais se tornar vulnerável. Mas. Os sinais sempre estiveram lá. Avisos por todos os lados. O momento embaraçoso quando o silêncio da mulher mais velha praticamente gritara que havia coisas que ela não sabia. E. A mente de Megan retrocedeu àquele primeiro compromisso social com Georgette. Megan fechou uma caixa com fita adesiva. Levaria apenas as da primeira categoria. Passara a noite desmontando a vida que começara a construir ali. E. Em seguida. Dividindo seus pertences em duas categorias: as de sua vida antes e as de sua vida com Connor. havia . Retirou a tampa da caneta com os dentes e escreveu o endereço de seu apartamento em Denver no topo. empilhando a caixa junto com outras duas. olhou ao redor da casa que julgara ser seu lar. Desgostosa.O que não quisera fora encarar a verdade. quanto a essas. O restante coordenaria com Connor quando estivesse em seu próprio espaço. Connor ficaria lívido e se sentiria . Não tinha nenhuma ilusão de que seria capaz de partir e se ver livre dele para sempre. Não naquele dia. O sentimento de culpa fervilhou em seu íntimo ao imaginá-lo retornando para descobrir que ela havia partido. Mas não naquela casa. Legalmente unidos.apenas um punhado de coisas que poderia embalar sozinha e ainda conseguir pegar o voo. Estavam casados. afinal. Precisariam conversar. Mas ele havia se tornado demasiado proficiente em manipulá-la.traído. Ser prática. ao qual ela se mostrara muito fraca para resistir. A evidência fora aquele beijo irritante. Não conseguiria permanecer em uma situação em que se tornaria uma casualidade dos desejos de Connor. Responsável. Aquela era uma das características que a tornaram atraente aos olhos de Connor. O que significava que aquele era o único jeito. Mas. Construíra a própria vida com base na filosofia das decisões inteligentes. com ele por perto. não sabia . Tampouco a que desejava para a criança que pretendia ter. MEGAN HAVIApartido. Tentar se convencer de que sabia o que estava fazendo. mesmo quando não tinha a menor ideia. Devia a ambas algo muito melhor. Não fazia a coisa certa. Antes que Connor tivesse a chance de fazê-la mudar de ideia.tomar uma decisão inteligente. Megan costumava atirar a cautela pela janela e se arriscar no campo da satisfação. Eram nove horas . Aquela não era a vida que queria para si. E por isso estava partindo. No que se relacionava ao marido. olhando em seus olhos. Danação! Pensara que ela o esperaria. Mas. Era muito inteligente para lhe dar a chance . por mais sensível e respeitosa que Megan fosse. havia a inteligência. sob toda aquela suavidade. que estava tudo acabado. A casa se encontrava silenciosa e estática sob o som enferrujado da respiração dificultosa de Connor. Para que dissesse. A consciência de respeito e sensibilidade de Megan seriam suficientes para garantir que não partisse sem conversar com ele. Para que ao menos tentasse.da manhã e ela havia partido. Embalando apenas o que podia levar com ela. Organizando o restante para que ele despachasse quando lhe fosse conveniente.de convencê-la a fazer qualquer coisa. Lembrá-la do tipo de vida que poderiam ter juntos. Mas em vez disso pegara algum voo noturno. Connor tinha vontade de derrubar cada peça da mobília da casa. deixando que ele descobrisse a . Deveria ter se acalmado o suficiente para deixá-lo racionalizar com ela. Não conseguia acreditar que Megan de fato fizera aquilo. Portanto. Não deveria ter partido. havia agido durante a noite. A única razão que a fizera partir sem antes terem uma conversa fora o medo de que ele a convencesse a ficar se estivessem face a face. Connor saiu pisando duro do escritório escuro que ainda guardava a essência da luz do sol. Provaria que ela estava certa. Megan podia ter partido. . Para o diabo com aquilo! Cerrando os punhos nas laterais do corpo. mas não estava fora de alcance.vida que planejara para os dois desmantelada em pilhas de caixotes rotulados com a caligrafia dela. Aquilo não estava terminado. não tinha nenhum pudor em usar o próprio corpo para explorar a fraqueza de Megan. sim. Por completo. E a faria ouvir a voz da razão. as mãos delicadas enterradas em seus cabelos e ouvindo as súplicas que . com a respiração ofegante contra sua orelha.Iria atrás de Megan. Ele a convenceria a voltar para casa e a esquecer aquele beijo indiferente que terminara antes mesmo de começar. Começaria com seus lábios e língua. Em seguida. porque aquilo a deixava enlouquecida de desejo… e. E quando a tivesse descontrolada. a pressionaria à parede. Ele a seduziria. Ele era igual ao pai. Não importava o quanto jurara jamais se permitir. usaria aquela alavanca… Não pode me deixar. Não a deixarei escapar… O eco daquelas palavras com décadas de existência. aquele bastardo fazia parte de seu DNA.ela deixava escapar preencher toda a atmosfera. ditas por um homem que Connor odiava para uma mulher que não fora capaz de resistir ao ouvi-las. Quantas vezes a mãe tinha tentando deixá-lo? Tentado pôr um fim àquela . fez seus passos estacarem e o sangue que lhe fervia nas veias congelar. relação e começar de novo. muitos anos antes. mesmo antes de esticar a mão para tentar acordá-la… O que teria significado para eles se o pai lhe tivesse respeitado os desejos e permitido que ela começasse uma nova vida longe dele? Teria a mãe conseguido superar aquele sofrimento? Encontrar a vontade de… simplesmente viver? Relaxando o punho que cerrara desde . A figura muito pequena e imóvel da mãe enroscada no meio da cama. separada do homem que nunca a deixaria fazer parte de sua vida? Connor refletiu sobre aquela manhã. A certeza. Passara a vida toda provando isso para si mesmo e para qualquer pessoa que ousasse ligálos devido ao sobrenome. Aquela era a segunda vez que Megan a devolvia. uniu-as atrás da nuca e olhou além da janela para o oceano adiante.que entrara em casa e não encontrara Megan. Não era como o pai. estivera parado à porta do escritório do pai. recusando seu . Naquele último dia. Passando as mãos pelos cabelos. A segunda vez que lhe ignorara a vontade completamente. Connor baixou o olhar à aliança de diamantes na palma de sua mão. A única coisa que levaria consigo seriam as lembranças de como aquele homem arruinara a curta vida da mãe com seu egoísmo. por mais que tentasse. E apenas porque. Uma dor terrível se acomodou no fundo da alma de Connor. Uma vez que aquele espaço . não as conseguiria esquecer. girou na direção do escritório de Megan.dinheiro. Disse a si mesmo que jamais aceitaria nada daquilo. emprego e reconhecimento relutante. Seria melhor para ambos. Tinha de deixar Megan partir. Forçando a respiração a voltar ao normal. . Seguiria em frente. ficaria bem. como sempre fizera.estivesse vazio. Mesmo que o “sempre” nunca tivesse sido como dessa vez. tivera plena ciência de que precisariam conversar. E assim o fizeram.Capítulo 21 MEGAN incômodo o telefonema de Connor. duas noites antes. ACHARA . Sim. dizer as coisas que sua ausência se antecipara em anunciar. Mas o que ela não esperara fora a forma como se dera aquele telefonema. combinar a devolução de seus pertences e discutir o divórcio. Ter de partir quase a matara.” Tratando-a de uma forma que não deixava margem a nenhum vestígio de hostilidade. o prazo mais rápido da transportadora é na sexta-feira. O tom causal de Connor… “Tem algum advogado em mente ou quer que eu providencie um?” “Ao que parece. mas a dor de saber que aquela decisão quase não o afetara fora ainda pior. Poderá esperar até lá?” “Tem certeza de que não quer nenhuma dessas roupas? Aquele vestido azul era pura dinamite em você. Educado. acusação ou insultos. Connor havia . Pacífico.Tranquilo. E Megan ficara destruída ao ver suas suspeitas confirmadas com tanta rapidez. Mas. mas naquele momento ainda estava disposto a lutar.desligado toda e qualquer emoção… em um único dia. Connor se mostrara determinado a convencê-la a não partir. Mostrara-se tão indiferente que o telefonema se desdobrara mais como uma conversa amigável do que o primeiro passo para o fim daquele casamento. por mais brutal que fosse ter seu . Uma vez que ela partiu e a perda foi confirmada… era como se simplesmente tivesse lavado as mãos. Na casa que dividiam. aquele sorriso provocante tendo a ela como alvo. Ou assim pensara até sessenta segundos antes. o telefonema. valera a pena. Portanto. por mais incômodo que tivesse sido. Nunca mais duvidaria. quando abriu a porta esperando encontrar os transportadores à soleira de sua porta.coração esmagado outra vez. a dor recente era exatamente o que precisava para diminuir suas dúvidas sobre a inseminação artificial e a escolha de esquecer os relacionamentos no futuro. . mas em vez disso se deparou com o rosto de Connor. – Não sabia se tinha alguém para ajudá-la e pensei que seria mais fácil com mais duas mãos. bela. Queria me certificar de que não haveria nenhum problema. Connor deu de ombros em um gesto casual. Com a garganta se fechando com uma emoção que não queria encarar e que . traga alguma coisa com que aqueles caras possam escorar a porta de segurança. Isso não deve demorar muito… – O que está fazendo aqui? – disparou ela.– Ei. muito chocada para suavizar a pergunta. – Ainda sou seu marido. . Privilégio conjugal… a quem ele estava querendo enganar? Megan teve vontade de argumentar. – Não deveria ter vindo. – O sorriso de Connor permanecia exatamente como era. portanto é melhor desempenhar esse papel enquanto possuo esse título.precisava descartar. Megan fez um movimento negativo com a cabeça. mas os olhos tinham uma expressão endurecida ao observar os rapazes da transportadora descarregarem uma caixa após outra do caminhão. Eu parti porque… – Considere isso um privilégio conjugal. – Então. Sabia muito bem o quanto aquilo a aborreceria e escolhera vir assim mesmo. depois de ela ter partido com as primeiras horas do dia para evitar ter de vê-lo outra vez. Porém. Connor não era tolo. esticando a mão sobre a cabeça de Megan e a fechando sobre a grade da porta de segurança que ela estivera segurando como a uma tábua de salvação. o que me diz de levarmos isso tudo até seu apartamento para podermos dispensar esses caras? . estou aqui – prosseguiu ele. – De qualquer forma. porque ele sempre fazia o que tinha vontade.dizer o quanto a irritava sua aparição ali. Megan anuiu. Lembranças de fins de noite. Megan inspirou profundamente e guardou aquela deliciosa fragrância dentro dela. Saboreando-a como fazia com as lembranças que aquela essência suscitava. peles nuas e um prazer que lhe embotava todos os sentidos. E . Incapaz de resistir. Apaixonara-se tão profundamente. Ou como a fragrância do sabonete que Connor usava a provocou quando ele se inclinou para a frente a fim de segurar a porta que ela ainda não havia largado. tentando ignorar a forma como a blusa informal se esticava sobre a largura musculosa daquele peito. A mão livre de Connor se fechou em torno de sua cintura. suscitando fagulhas elétricas que se alastravam por sua pele. . querida. – Megan – disse Connor. e ela encontrou aqueles olhos escuros profundos. Não deveria ter se permitido fisgar com a isca destinada a capturá-la. Não deveria estar tão próxima dele. puxando-a na direção do calor do próprio corpo. mas… – Cuidado. A mão longa em sua cintura se moveu para a base da espinha.tão rápido. Foi um erro. porque aquela proximidade significava sair chamuscada. – Megan sabia que devia se soltar. ameaçando reacender a chama. a vergonha fazendo-lhe as bochechas do rosto queimar enquanto ela tentava se afastar do braço de Connor e se inclinar na direção da porta. – Obrigado. ele a segurou firme.os rapazes têm de passar. Megan anuiu. senhora. A cabeça de Megan girou para se deparar com o primeiro transportador. – Solte-me para que eu mostre onde . até que Megan não tivesse alternativa senão olhá-lo nos olhos de novo. Porém. Mas dessa vez manteve o controle. que tentava contorná-la com um caixa marcada como “ESCRITÓRIO” nos braços. pensar e ter alguma chance de se lembrar de todas as razões pelas quais precisava manter distância daquele homem que causara estragos em sua capacidade de julgamento. e. O POLEGAR de Connor se moveu na mais ínfima das carícias na base da espinha de Megan. sua atenção se dirigiu aos homens. em seguida.ele deve colocar as coisas. . Que diabos ele estava fazendo ali? Havia decidido deixá-la seguir em frente. ao caminhão e ao retorno da vida de Megan ao modo como era antes de conhecê-lo. – A fim de que pudesse respirar. dando palmadas leves nas próprias costas mentalmente por enfim ter feito a coisa certa. determinado a mantê-la ao seu lado para que pudesse ser capaz de lhe telefonar. E conseguira. Para conversar com Megan sem tentar convencê-la a fazer qualquer coisa. Tratara da logística em relação à devolução das coisas de Megan e desligara o telefone. . Apenas se certificar de que fizera uma viagem segura até Denver e de que estava bem.Passara o maldito dia em que ela partira controlando aquela parte possessiva de seu ser. Mas. Que o persistente nó no peito se desfaria. quando a última caixa foi levada. Que a força daquela garra que lhe comprimia os pulmões afrouxaria. Verificando as .E então fora para a cama e ficara olhando para o teto até. supervisionara o encaixotamento dos pertences de Megan. Quando a equipe de transportadores chegou. uma vez que aquelas constantes lembranças do que ele havia desejado e perdido estivessem longe de sua casa. Connor se descobriu a seguindo. Imaginara que. Onde passara as últimas dezoito horas. seria capaz de relaxar. por fim. desistir e mergulhar no trabalho. resolveu pegar um avião e encontrar o caminhão em Denver. Se os homens que descarregariam seriam os mesmo que carregaram a mudança.condições do caminhão. Que precauções haviam tomado para que os pertences de Megan chegassem nas mesmas condições nas quais partiram. Havia quanto tempo ele trabalhava com aquela equipe. Certificar-se de que entregariam os pertences de Megan em boas condições e sairiam do apartamento dela sem . não se sentiria seguro o suficiente. Quando percebeu que não importava o que dissessem. interrogando o entregador responsável sobre o prazo de chegada. passaram por sua mente em uma velocidade alucinante. Mas tinha planos de agir para tornar aquelas fantasias reais? Não.nenhum percalço. Os olhos tão cheios de raiva quando o viram parado à porta se suavizando e aquecendo enquanto ele a afastava do caminho do . Ao menos não até que ela erguesse o olhar para encará-lo em uma proximidade tão tentadora. Sim. Sem motivos ulteriores. claro que as fantasias de tê-la sob e sobre seu corpo. Simples assim. enroscada deliciosamente em torno dele. O fato de ela ter lhe dirigido aquele olhar. Ótimo. E certamente não ficasse tentando deixá-lo repetidas . Não fosse vulnerável em relação a ele.rapaz da mudança. quando ele tinha certeza de que Megan não queria mais nada. O que desejava era que Megan o quisesse… mas não necessitasse dele. nenhuma massagem em seu ego se comparava com aquela… mas ele não queria um relacionamento com aquele tipo de emoção. deixava clara a influência que exercia sobre ela. Aquele tipo de responsabilidade. E a emoção refletida naquelas duas poças azuis? Sim. Ainda assim não agiria. vezes… para simplesmente não conseguir. Ela não levara tudo que possuía para San Diego. Connor assinou as notas. Apenas suas . fechou a porta de Megan. em seguida. Não. Quando a última caixa foi entregue. ocupando espaço. Não queria nada daquilo. deu gorjetas aos rapazes e. O apartamento parecia menor do que se lembrava. Nenhuma mobília. Mas havia caixas empilhadas no centro de cada um dos quatro cômodos. Iria apenas se certificar de que ela estava bem e então seria capaz de partir sem olhar para trás. Coisas que lhe renderam risadas quando vira Megan desencaixotar. Quinquilharias. Megan retirou de lá um abajur com cúpula de contas.lembranças. Após colocar o abajur sobre a pequena mesa ao lado de uma poltrona para leitura. Era curioso ver a vida dela se encaixando sem sua presença. Megan ligou o fio à tomada e recuou com uma expressão ilegível . Abrindo uma caixa com formato esquisito. Livros. mas que agora se perguntava se não sentiria falta de ter por perto. e Connor se viu observando com olhar atento enquanto ela devolvia o objeto ao lugar que antes ocupava. Connor percebeu o que viria a seguir. Connor não sabia definir se ela estava feliz ao ver o objeto de volta ao seu lugar ou não. Quando ela girou na direção dele. portanto a cortou antes que Megan pudesse dizer adeus.estampada no rosto. para que Megan não visse seus punhos cerrados. – Por qual cômodo deseja começar? – perguntou. enfiando as mãos fundo nos bolsos da calça comprida. ao mesmo tempo que estampava um sorriso tranquilo no rosto. Não estava preparado para aquilo. – Obrigada por ter enviado minhas . ciente de que sua voz soara uma oitava mais baixa. Nenhuma. Nem um pouco intimidante. Avisei no escritório que ficarei fora uns dois dias… – O quê? – Ela ofegou. – Pediremos pizza e escolheremos uma garrafa de vinho para esta noite. – Então a ajudarei. Podemos ver um filme. adotando um tom austero. Sem pressão. – Connor fazia aquilo parecer casual. – Estou aqui – disse ele. mas posso fazer o restante sozinha.coisas com tanta rapidez. – Uma pizza? Ficou louco ou está sendo intencionalmente cruel? – Megan . Sem exigências. ao mesmo tempo que respondia no mesmo tom alto: – Não quero que sejamos amigos! Megan pestanejou. de repente. . as mãos fechadas sobre seus antebraços. tão chocada com a quebra da reserva de Connor quanto ele. ele estava ao seu lado. E. – Estou tentando ajudar.vibrava com a tensão. muito calma para a proximidade em que se encontravam. – O que você quer? – perguntou ela. Quero… – Não se trata do que você quer! Como não conseguiu entender isso? Não posso ser sua amiga! E então Connor estava de frente para ela. – Quero você. Quero a esposa. – Isso não dará certo. .Segundos se passaram. Quero o que deveríamos ter. – Por que não? – Porque… – Megan ergueu as duas mãos em um gesto impotente. a parceira que encontrei em Las Vegas. e. o ar que ele estivera prendendo lhe escapou da garganta com a única resposta possível. Os olhos azuis repletos de dor e emoção para ser qualquer coisa que não fosse o que ela disse a seguir. por fim. – Eu o amo. Quero que admita que posso lhe dar mais do que pode ter sozinha. Não era exatamente uma surpresa. Em um milhão de pequenas coisas que ele desistira de tentar negar. Connor percebera a prova daquele sentimento em seus olhos. – Por favor. . no chão. antes de partir. Na dor que ela sentira. roubando-lhe o ar dos pulmões e o deixando perplexo. E então Megan se encaminhou para a porta e a abriu. Os olhos em algum ponto além de seus pés. Mas ouvir aquelas palavras nos lábios dos quais não conseguia se saciar… a confissão o atingiu como um soco no peito. depois do que Megan lhe dissera. Ou ao menos não deveria ser. vá embora. olhou para o monitor. Muitas noites insones e a necessidade desesperada de se distrair com alguma coisa a fizeram terminar a fase final de seu projeto muito antes do prazo estabelecido. em seguida.Capítulo 22 MEGAN SALVOU seus arquivos e. O que faria agora para afastar aqueles pensamentos indesejados? Aqueles sussurros insidiosos que se infiltravam . como aquele. imaginou que seria uma eternidade. sra. Mais lágrimas. afogando-se em um mar de lembranças. . No prazer que encontrara naqueles momentos. O monitor se tornou embaçado. Megan se entregava a eles.com uma velocidade alarmante em sua mente? … bom dia. Reed… Vou querer meu beijo agora… Alguns dias. lutava para afastá-los. Em outros dias. Quanto tempo levaria para derramar a última? A julgar pela dor aguda em seu coração. para evitar a dor que vinha atrelada à percepção do que havia perdido. – Megan Scott – atendeu. Talvez uma oferta de cartão de crédito? Uma pesquisa? Quem quer que fosse o pobre chato do outro lado da linha. acolhendo de bom grado qualquer distração que aguardasse do outro lado da linha. esticou a mão para o fone. conseguiria sua total atenção. Megan os manteria ocupados pela próxima hora e meia. Fechando os olhos para se livrar da última de suas lágrimas.O som do telefone a arrancou dos pensamentos melancólicos. no mínimo. ainda com dificuldade de fazer o nome romper a . Connor.barreira de seus lábios. . Como era possível o coração de uma pessoa subir às nuvens e descer ao centro da Terra ao mesmo tempo? – Pode não ser oficial ainda. Seguiu-se uma pausa que ela presumiu ser o sistema registrando que a ligação fora atendida e a encaminhando para um atendente. Porém… – Scott? Sei que faz algum tempo que não nos falamos. mas acho que alguém teria me avisado se eu tivesse me divorciado. mas será. – Certo. muito obrigada por sua ajuda. Claro. – Está tudo na mais perfeita ordem. Inspirando profundamente para se recompor. – Fico feliz em saber disso. Connor levava suas responsabilidades e compromissos muito a sério. – Estive alguns dias em Nova York. Era apenas isso. mas estava querendo saber se teve a chance de desencaixotar suas coisas para me certificar se houve algum estrago. Está tudo aí? Uma pergunta sensata. Megan respondeu com igual sensatez. Avise-me . – Connor limpou a garganta. Mais uma vez. Agora que está acomodada de volta em seu apartamento. – Eu… realmente preciso que você não me . quais são seus planos? Megan olhou para o fone por um instante. – Nada. – Acho que não será necessário. quebrar-se em mais mil pedaços. Tudo que aconteceu… nada mudou.se perceber alguma coisa faltando. Como ele poderia fazer uma pergunta como aquela? – Você sabe quais são meus planos. – Ótimo. questionando-a de maneira tão casual. exceto o fato de seu coração estar quebrado em mil pedaços e de toda vez que escutava a voz de Connor. Isso significava que era capaz do . Porque acreditara que não se realizaria. Tempo para engendrar uma estratégia que a deixasse incapaz de resistir.procure mais. soubera que Megan tinha um caminho traçado para seu futuro. Megan se apaixonara por ele. VOCÊ SABE quais são meus planos… As palavras martelavam o crânio de Connor com o mesmo impacto de uma britadeira. Desde o início. Precisava de tempo. E não se importara. Uma família sem as complicações de um casamento ou de um homem. Tempo para reconquistá-la. Acho melhor que nossos advogados assumam daqui em diante. talvez pensasse que isso seria possível com outro homem. Refletir sobre aquela ligação inquebrantável. a união íntima… mesmo que o doador não soubesse da . agora ela estava disposta a ir adiante com seu plano. E esperasse. Megan se apaixonara por ele. Nada mudou… Uh-huh. por antes não existir. Algum dia. Então.sentimento que. Porém. a levara a considerar a inseminação artificial. Exceto que ele estava doente de tanto pensar em Megan grávida do filho de outro homem. Nem uma maldita coisa. Droga! Detestava quase tanto ou mais do que detestava a ideia de alguma pequena parte de outro homem se misturando à essência de quem Megan era. com fome… ou assustada. A mãe não costumava conversar com ele sobre como fora criá-lo sozinha.existência dela. a ideia em si era suficiente para enlouquecê-lo de raiva. se sentisse fraca. E quanto aos meses seguintes? A relação de Megan com a mãe era delicada. na melhor das hipóteses. Quem estaria lá para ajudá-la nos momentos difíceis? Quando enjoasse. Não quisera que o filho se sentisse um . Mas Connor se recordava de uma noite em que ela estava chorando e conversando com seu pai. .fardo. enquanto dava uma festa de Natal com a esposa. sem entender o que estava acontecendo. Um homem que deixou que ela desse à luz seu filho. Megan nem ao menos teria a esperança de que alguém estaria ao seu lado. Tendo de chegar ao hospital e passar todas aquelas horas esperando por um homem que a enchera de promessas. mas não apareceu para apoiá-la. sozinha e assustada. Perguntandolhe se ele tinha ideia de como fora para ela acordar em trabalho de parto. Porém. Engoliu o conteúdo em apenas um gole. serviu-se de outro drinque. imaginando que. de nada adiantou.Diabos! Por que Megan simplesmente não permitia que ele ficasse ao seu lado? Afastando a cadeira para trás. Portanto. talvez . na esperança de que a queimação produzida abrandasse aquela dor profunda que vinha com todos os “e se” e “por que não” rodopiando constantemente em torno do nome de Megan em sua mente. Connor se encaminhou ao bar e se serviu de um copo de uísque. se não conseguisse abrandar a dor que lhe revolvia as entranhas. fosse capaz ao menos de amortecer o latejar na cabeça. O oscilar suave e indolente do espaço ao seu redor fazendo coisas bem desagradáveis com seu estômago. pelo curso da noite. empurrou a garrafa vazia para o lado e pegou o telefone. Uma hora mais tarde. – Preciso de você… CONNOR ACORDOUcom o que parecia ser uma boa parte de um aterro sanitário em seus olhos e a quase certeza de que. logo em seguida. o colchão ao . acabara se juntando a um cruzeiro. pensando com mais clareza do que nunca. de alguma forma. Porém. Não estava sozinho.seu lado cedeu com o peso de alguém. De alguma forma. conseguira atrair Megan de volta à sua cama. tornou a fechálas. Uma onda de entusiasmo o atingiu enquanto tentava forçar as pálpebras a se abrir. Estava. Deus abençoasse o que quer que estivesse pensando na noite anterior. Não importava. Ou . Não. Diante da pontada de dor que a invasão da luz provocou. Sozinho. Tateando pelo colchão. com algum argumento. fechou a mão sobre o primeiro calor humano que encontrou e o puxou para perto. Jeff. protegida pelo jeans.tentou. Connor abriu os olhos de uma só vez. Sua cama. – … mas não sou esse tipo de garota. . E se deparou com a visão burlesca de sua mão fechada sobre a coxa do amigo. porém… – Não sei o que ouviu dizer… – Soou a voz extremamente baixa e muito próxima. forçando-os a suportar a dor cruciante que a luz do dia provocava. que se encontrava pousada sobre o edredom que cobria a cama. Dessa vez. Não um navio. Connor estava de banho tomado e vestido. – Sirva-se. O que estivera pensando? Arrastando os pés na direção da cozinha. Trinta minutos depois. utilizando a perna para empurrá-lo na direção oposta. Diabos! – Sim. Tem uma bacia bem ao lado da cama. Connor se deixou afundar em uma cadeira ao lado da mesa e arriscou um olhar a Jeff. que estava cozinhando . O frescor da menta fazendo o que podia para disfarçar o hálito desagradável dos excessos da noite anterior.Então por que toda aquela oscilação… oh. companheiro – informou Jeff. A massa que revolvia seu estômago se solidificou em uma bola de chumbo. – Não quero que pense que não fiquei extasiado em encontrá-lo em minha cama esta manhã.bife e ovos. Droga! – Meu telefone está em cima da mesa. Veja por si mesmo. mas o que está fazendo aqui? Um giro presunçoso com a espátula. Oh. Há uma mensagem de voz que lhe dará ideia do que aconteceu. droga! Acessando as mensagens de . mas acho que as mensagens de texto esclarecerão tudo. com um sorriso pretencioso no rosto presunçoso. 20:53 REED: Não posso. Quero minha esposa de volta.texto a bola de chumbo se avolumou a cada palavra. 20:53 JEFF: Está bebendo? . 20:46 JEFF: Estou em uma reunião. faça com que ele não tenha ligado para Megan. Dê-me 1h. Estou indo agora. Deus! Por favor. Acho que posso convencê-la com meu sêmen. 20:42 REED: Preciso que me acompanhe até Denver. pensou Connor. Você está no bar. 20:56 JEFF: Saindo agora. Seu . Espere por mim. 21:04 JEFF: ATENDA SEU TELEFONE. Connor dirigiu o olhar ao amigo. Um plano sólido. 21:57 JEFF: Deveria parar para tomar um drinque naquele bar no terminal que vende azeitonas grandes antes de pegar o voo. 21:02 JEFF: ESPERE POR MIM. 21:02 REED: Não se preocupe com isso. E parece furioso. Melhor do que o dela.20:55 REED: Tenho o que ela quer. 22:22 REED: Ei. Liguei para o serviço de carros que você contrata e consegui que um dos motoristas bloqueasse a saída de sua casa… só para garantir. Quando você telefonou para pedir um carro. ele já estava lá.melhor amigo naquele mundo. E algum dinheiro. peguei o atalho e o encontrei no bar. Sei que você não dirige quando bebe. Enquanto isso. – E ficou comigo… na minha cama… para se certificar de que eu não me . Levou-o ao aeroporto pelo caminho mais longo. você não estava em seu juízo perfeito. – Como fez isso? – Com um pouco de sorte. mas… bem. seu idiota. atacando seu próprio prato. – Sim. Nunca esperara afundar tanto. . – Então. – Jeff escorregou um prato com bifes e ovos na direção de Connor e se sentou na cadeira de Megan à mesa. conte-me o que aconteceu. Nada mudou… – Ela está planejando engravidar. seu telefone ficou meio prejudicado quando recebeu um banho de amaciante de carne.afogasse em meu próprio vômito? – Passando uma das mãos pelos cabelos. mas na verdade fiquei mais para impedi-lo de ligar para Megan. ontem à noite. Por falar nisso. Connor fez um movimento negativo com a cabeça. Desculpe. . Fazê-la ver o que poderia lhe oferecer. Do que ela estava abrindo mão. e você pensou em ajudá-la. Certo. se ela não queria que você a engravidasse antes. então onde achou que seus nadadores iriam levá-lo na noite passada? – Se tivesse de arriscar.– Ah. Porém. diria que imaginava poder convencê-la a reconsiderar. pensando bem. – E com isso estaria se referindo aos confortos materiais e segurança financeira? – Ao menos alguém consegue enxergar alguma coisa – resmungou Connor. – Faça essa pergunta a si mesmo: o que o está afetando tanto? Quero dizer… o que há em Megan que você não quer perder? Connor abriu a boca para responder. Jeff fez que não com a cabeça e franziu a testa. pronto a explicar como eram feitos um para o outro. Connor não estava com disposição para decifrar enigmas ou mensagens sutis. Mas não sei se a mesma coisa que você. – Vá direto ao ponto. Como aquela relação era .– Sim. Consigo enxergar alguma coisa. Aquele casamento fora um trem descarrilado desde o início. Sua noiva tão embriagada a ponto de acordar na manhã seguinte incapaz de lembrar o nome do marido quanto mais do motivo pelo qual se casara com ele. Fora necessário tempo e romance para conquistá-la. Porém. Ela o . Megan fora uma pedra no sapato desde o começo. de repente. lhe percorreu a espinha. diferente daquela de que se tornara íntimo. O tipo de esforço que Connor nunca investia nos relacionamentos.tranquila. E uma tensão. conseguiu enxergar os últimos meses com uma clareza que nunca tivera antes. Aquilo não fazia sentido. Megan o afetava como nenhuma mulher que jamais conhecera. E mesmo sabendo o tipo de caos que ela traria para sua vida… a ideia de perdê-la o estava matando. adivinhando. . E ele exultando com cada minuto. Pensando em retrospectiva. Megan o deixara furioso e confuso. se esforçando.mantivera alerta. Megan trouxe consigo todas as complicações e frustrações características dos relacionamentos amorosos que ele afirmava odiar e o fizera suplicar para que lhe desse mais. Voltando a dirigir o olhar ao rosto extremamente presunçoso do amigo. – Está bem. ele anuiu. Acho que entendi. . Capítulo 23 SEIS HORAS depois. A caixa da aliança? Queimando o bolso interno do paletó. Carteira? Sim. O voo partiria dentro de quarenta . Um rápido olhar ao relógio de pulso fez sua adrenalina saltar. dando palmadas nos bolsos para conferir o conteúdo. Sim. Podia fazer aquilo. Connor desceu a escada. apenas algumas horas antes. apenas um seria capaz de trazer o “felizes para sempre”. Porém. E quando chegasse em Denver… Connor sentiu um frio na barriga diante dos milhares de cenários que lhe invadiram o cérebro. Connor segurou a maçaneta da porta da frente e… A passagem! Ele não imprimira .minutos. que. com exceção daquele. havia concluído que desejava. e ele estaria naquele avião mesmo que isso significasse ter de comprar a companhia área para garantir sua viagem. Afastando todos os outros desfechos da mente. Precisava chegar lá. mas pelas que descobrira quando ela partiu.aquela maldita coisa e. com a foto dos dois em um jantar . E não por todas as razões que ele alegara desde o início. Todas as coisas que concluiu não poder viver sem. precisava daquele papel. Na cozinha havia acesso à internet! Disparando pelo corredor. após o fim trágico de seu telefone. Ligando o computador. o monitor veio à vida. Connor quase derrapou ao virar para a cozinha. Precisava estar com sua esposa. Precisava lhe dizer que tudo poderia dar certo entre eles. beneficente. Prestes a abrir uma nova aba para acessar a companhia área. . no mês anterior. Não havia tempo agora. por acaso. E a forma como ele a olhava… como diabos poderia não ter percebido aquilo? Teria de esperar pelo voo para descobrir. reparou. que Megan deixara sua caixa de e-mail aberta desde a última vez que utilizara a máquina. Ao abrir o navegador. como imagem de fundo. Estavam sorridentes. Os dedos de Connor brincavam com uma mecha dos cabelos loiros da esposa enquanto se olhavam nos olhos. doador nº 43409089RS1 disponível para retirada imediata. desmoronaram. Assunto: Conforme sua solicitação. datado de cinco dias atrás. em silêncio. e. observando a conferência em vídeo que . Fora ela quem atraíra aquilo. Pestanejando para o tablet empoleirado sobre o balcão que dividia a cozinha da sala de estar.Connor estacou quando uma das mensagens em negrito lhe chamou a atenção. Era do banco de sêmen. Megan se encontrava sentada. ao visualizá-la seus planos. Tina. Você tem razão. estava pensando que talvez uma dose tripla de tortura na forma de discussão irritante pudesse distraí-la. – Cale a boca. Bem. . – Oh! E de fato a surpreendeu o fato de ele ter ido embora? O que ela estava pensando quando concordara com aquilo? – Cale a boca. Você viu o jeito como ele a olhava durante a recepção. Afastar-lhe a mente da tristeza que se apossara primeiro de seu coração e que de forma lenta e uniforme se espalhara até consumir todo seu ser. Jodie e Tina.representava o comício de apoio de Gail. – Está brincando? – Tina se inclinou. O simples pensamento lhe causava uma náusea que a fez fechar os olhos e respirar e expirar várias vezes. mesmo que se materializasse do nada. . com um canudo do tamanho de uma mangueira de regar jardim para agilizar o consumo.Mas não tivera tal sorte. Não que fosse capaz de beber o drinque. contornando Gail para encarar Jodie com a testa franzida. Onde estava o martíni de chocolate branco quando se precisava dele? Uma taça de martíni de chocolate com as proporções de uma fonte para pássaros. ao menos.Além disso. – Quer ter uma conversa agradável? Que tal… – Garotas. Uma confusão de lençóis e cobertas… e as pernas de Connor entrelaçadas às dela? Não. Ou. só Deus sabia em que tipo de confusão se meteria se mais uma vez seguisse o caminho dos drinques para esquecer. Não devia desejar aquilo. parar de fantasiar formas de fazer aquilo acontecer. Tinha de parar de desejar aquilo. Mais uma vez. A vida dela está um caos. – Estamos falando sobre Megan. Outro . – Gail cortou as amigas. um casamento.relacionamento fracassado. – Gail! Mas a prima de Megan se limitou a baixar a cabeça uma fração de centímetro e erguer as mãos como se dissesse: Todas estávamos pensando a mesma coisa. Desta vez. E então as três deram início a uma discussão acalorada repleta de teorias. Claro que todas sabíamos da rapidez com que aconteceu e formulamos nossas teorias sobre a probabilidade de dar certo… Jodie ofegou. a mão voando para quase ocultar o sorriso que lhe curvava os lábios. . mas a triste verdade era que simplesmente não se importava. Aquele minuto de fraqueza em que se rendera às fantasias proibidas abrira a porta para algo muito pior… infinitamente mais devastador. algo sobre um suéter no ensino fundamental… um rapaz no ensino médio… os livros de Laura Ingalls Wilder da primeira série… Megan devia tê-las interrompido.especulações e os mais patéticos tópicos sobre o passado amoroso de Megan. Depois houve uma mudança de rumo para comentarem sobre Jodie ter comprado um par de sapatos mesmo sabendo que Tina já os havia reservado. . Jodie. aquilo doía tanto! – Ótimo. Megan… Então. Pense em seu bebê do banco . Fragmentos do que de fato fora. essa coisa de casamento… está dando certo para você?… Você é uma fantasia… Não quero que sejamos amigos… Oh. não.Lembranças. querida. Veja o que fez… ela está chorando… – Eu? – Oh. não chore. – Sim. E daí? Pense em algo agradável. Megan. O que quero é mantê-la… Tudo. Connor… adoro quando você acerta o meu nome… Eu a tenho. Talvez essa coisa de amor não seja para você. de sêmen! Megan fez um movimento negativo com a cabeça. talvez. Pensou na forma como Connor costumava aparecer em seu escritório com um refrigerante e algum petisco saudável. Como fora tão atencioso e dedicado a ela. esfregando a ponta dos polegares sob os olhos e detestando aquela aparente inabilidade em conter as lágrimas. – Preciso apenas de um drinque. Ficarei bem. ainda mais quando ela conseguia se esquecer de ser . Megan circundou a pia e se serviu de um copo de água. – Estou bem. Saltando do banco alto onde estava sentada. – Um dia. Connor a percebia de uma forma como ninguém antes. Mas não era amor. Como era irônico o fato de que sua inabilidade em se apaixonar tivesse sido a causa da destruição de todos seus outros relacionamentos. destruíra seu relacionamento com Connor.atenciosa consigo mesma. E. Por que agora? Por que não conseguiu ser a esposa que ele precisava que fosse? Megan agradeceu quando as três batidas rápidas à porta a arrancaram da espiral descendente de pensamentos . quando conseguira. a incredulidade a fazendo negar com um movimento de cabeça.destrutivos. Os olhos se voltaram para a porta. encaminhou-se para atender e escancarou a porta… – Connor? – Megan quase se engasgou com o nome. Repreendendo-se por aquela estúpida onda de esperança. A sra. diante do homem que tinha a testa franzida e uma sacola plástica em . Gandle do apartamento 2C provavelmente havia assinado o recebimento de outra encomenda. o coração dando saltos no peito até perceber que a campainha da porta de segurança não tocara. uma das mãos. – Nem um trinco de segurança? – perguntou ele. – Primeiro encontro uma senhora pequena no andar térreo. demasiado perplexa para registrar qualquer coisa além da presença de Connor. segurando a porta para que eu entrasse e depois você escancarando essa porta. O ultraje intenso e possessivo. Mais uma vez. . sem nem ao menos perguntar quem era? Sei que este é um bairro tranquilo. Ele voltara. mas que diabos? Megan fez outro movimento negativo com a cabeça. ainda . perdido na visão daquela coleção de sardas e nos lábios estonteantes que ele não via esboçarem um sorriso havia muito tempo. e não lhe agradaram as sombras escuras sob os olhos azuis. O rosto de Megan parecia mais magro. mas tudo que conseguiu foi devorá-la com o olhar. – O que está fazendo aqui? – perguntou ela em um quase sussurro.CONNOR PASSOU a mão livre pelos cabelos. Connor abriu a boca para responder. completamente ciente do papel de bobo que estava fazendo. mas ainda assim incapaz de ir embora como deveria. Mas. totalmente ciente da futilidade daquele questionamento. Connor se fixou nos olhos que o assombravam havia semanas e. Limpando a garganta. Megan pestanejou. aparecendo? Isso . – Por que esperei tanto? – perguntou a si mesmo. E depois a determinação. em seguida. Por que fica telefonando. na mão magra de Megan que rumou para o abdome em um gesto defensivo. nunca ninguém estivera tão belo quanto ela estava naquele momento. a dor e milhares de outros sentimentos cintilando naqueles belos olhos. – Você tem de parar com isso. confusa.assim. Connor detestava saber que ela estava dizendo a verdade. – Desculpe. Uma única e grossa lágrima rolou por seu rosto até o lábio superior.é… – Megan engoliu em seco e aquele simples gesto pareceu lhe consumir muito esforço. Desejou ter sido perspicaz o suficiente desde o início e. – … está me fazendo sofrer. fazendo o coração de Connor se contrair com uma dor que nunca antes experimentara. vá embora – sussurrou ela. impedido que os dois passassem por aquele tipo de sofrimento. – . desse modo. – Então. mas não consigo. Deixe-me em paz.Por favor. . Não posso ser o que você precisa que eu seja. A testa estava cortada por linhas profundas em uma expressão de pura e impotente incredibilidade. – Connor negou com um gesto austero de cabeça. – Você tem de… – Nunca a deixarei em paz! – As palavras escaparam dos lábios de Connor sem lhe dar chance de moderálas. Megan congelou onde estava. Mas aquela era a verdade. Nunca serei capaz disso. – Não. – Eu tentei. A boca sensual se entreabriu no meio de um protesto. Mas nenhuma exultação. Nenhuma rendição. Quando ela pestanejou, dando o primeiro sinal de que estava saindo daquele estado de torpor, uma onda de pânico o atingiu. Não dissera o suficiente, não explicara, não podia deixá-la responder sem que dissesse tudo que Megan precisava saber. Portanto, lançou mão do truque mais baixo que possuía em seu arsenal. Aquilo era muito importante para ele. Megan era muito importante para ele para arriscar ser ético. E, pela primeira vez em sua vida, não amaldiçoou aquela pequena porção de DNA inescrupulosa que espiralava nos cantos sombrios de sua personalidade. Ao contrário, abraçou aquela pequena parte de sua genética. Dando um passo à frente, segurou-a com uma das mãos sob a cascata de cabelos loiros, silenciando qualquer negativa que ela pudesse fazer com um beijo que dissipava toda a ansiedade, saudade não saciada, sofrimento e desejo que sentira desde que Megan partira. Dizendo-lhe com os lábios que sentira sua falta. Mostrando com a língua o quanto a queria. E, com mordidas leves, o poder que Megan exercia sobre ele. E, quando os dedos delicados se fecharam sobre o tecido de sua camisa, a respiração quente a lhe fustigar os lábios e a bochecha do rosto, os olhos azuis mais uma vez presos nos dele… Connor continuou. Deixando-a ciente do ele que acabara de descobrir. – Eu nunca quis amar. Testemunhei o que isso fez com minha mãe e não queria nenhuma parte desse sentimento. Durante toda minha vida adulta, evitei esse tipo de intimidade, mantendo-me a um braço de distância e traçando limites intransponíveis em todos os meus relacionamentos. Foi fácil. Até conhecêla. Em uma questão de poucas horas, casei-me com você e todas as normas que regiam minha vida eram coisa do passado. Jurei para mim mesmo que teríamos um casamento controlado, no qual nenhum dos dois sofreria, mas não fui capaz de controlar nem a mim mesmo. Com você, nada pela metade era suficiente. Arranjei todas as desculpas possíveis e imagináveis porque não consegui admitir o que de fato estava acontecendo. – Connor… – O nome escapou dos lábios carnudos em um suspiro que mal tomou contornos de voz. – Disse que não queria ser seu amigo, mas não é verdade. Quero ser seu amigo, seu amante, seu marido e o pai do seu filho… – Ele se calou, engolindo em seco um poço de arrependimento sem fundo. – Sei que me dirá que é tarde demais, mas não é. Connor se ajoelhou, observando os olhos azuis se arregalarem. Em seguida, segurou o galão de leite integral orgânico em uma das mãos e com a outra retirou a caixa de joias do bolso interno do paletó. Abriu-a, revelando os dois anéis que se aninhavam no veludo preto. Um era a aliança de casamento encrustada de diamantes que ela lhe devolvera por duas vezes, mas ele não conseguia acreditar que Megan não a queria. E o outro, um solitário tão pesado quanto a promessa que encerrava. – Vou amar esse bebê como se fosse meu. Não haverá um único minuto de dúvida, porque juro que o amarei tanto quanto a amo. – Megan ofegou diante daquela confissão. Da revelação. Da libertação de Connor. – Sei que não se lembra da primeira vez que a pedi em casamento, mas espero que esta permaneça em sua mente. Eu a amo. Estou lhe pedindo para permitir que eu lhe ofereça uma vida toda do que você me mostrou ser o mais importante. Riso, amor, conversas de fim de noite. Estou lhe pedindo para ser minha esposa no sentido mais convencional, tradicional e comprovado da palavra, para o resto de nossas vidas. Com o coração martelando a caixa torácica, a respiração presa, ele aguardou enquanto aquelas palavras ficavam suspensas no ar. Capítulo 24 AQUILO NÃO podia estar acontecendo. Não era real. Não era possível. Devia se tratar de algum colapso nervoso em curso. Tinha de ser. Algo que ela deveria ter pressentido… porém, o galão de leite era o tipo de detalhe surreal que seu cérebro normalmente não conjurava. O que significava que… – Oh, meu Deus! Megan soltou o ar em um soluço baixo e esticou a mão para agarrar o tecido da camisa de Connor e puxá-lo para cima até erguê-lo. Retirando o galão de leite das mãos dele, ela o pousou sobre a mesa com um sutil gesto negativo de cabeça. – Não estou grávida. Connor a encarou por um longo instante. Os músculos do pescoço trabalhavam como se em um esforço de conjurar as palavras às quais não conseguia dar voz. E então ele a puxou para os braços, o corpo forte a envolvendo, enquanto um suspiro pesado soava acima da cabeça de Megan. Um alívio, potente o suficiente para subjugar um homem tão forte quanto Connor, se derramou sobre ela. Era humilhante testemunhar. – Seu e-mail ficou aberto no computador da cozinha – explicou ele, as palavras saindo roucas. – Vi a mensagem sobre o doador solicitado pronto para fornecer. Megan espalmou as mãos no peito largo, o único gesto de conforto que podia fazer, presa no confinamento dos braços fortes. – Aquela mensagem era a resposta a um pedido que eu tinha feito meses atrás. Antes de nos conhecermos. Ainda não estava me sentindo preparada para seguir adiante com meus planos. Para começar, porque eles ainda estavam casados. E o que sentia por Connor… Megan não se viu capaz de começar algo tão importante com o coração ainda despedaçado. Decidira que seus planos ficariam suspensos por um ano ou dois. Afrouxando a força férrea com que a segurava, Connor lhe ergueu o rosto, inclinando o queixo delicado, para que ela o encarasse. – Não me importo. – A calma daquelas palavras contrastava com a intensidade ardente dos olhos castanhoescuros. – Megan ergueu uma das sobrancelhas em uma expressão inquisidora. – Quero você de qualquer maneira. Mesmo que não esteja levando um bebê na barganha. Uma risada suave escapou dos lábios carnudos. Como Connor conseguia fazer aquilo? Fazê-la rir quando seu mundo estava virado de cabeça para baixo. – Você me quer de qualquer maneira? Connor anuiu. – Eu a amo. Achei que não possuía esse sentimento em mim, mas era porque nunca o havia experimentado antes de conhecê-la. Connor a amava. Procurando-lhe o olhar, com um dos cantos dos lábios erguido em um sorriso voraz, ele escorregou as mãos do queixo para os cabelos de Megan. Com um leve puxão, inclinou-lhe a cabeça para trás e lhe capturou os lábios com um beijo suave e profundo, que tinha o sabor de cada promessa que ela nunca se permitira sonhar. Em seguida, mudando o ângulo da cabeça, Connor lhe invadiu a boca com movimentos ousados, até que as mãos delicadas se fechassem com força contra o tecido de sua camisa, enquanto Megan se colava a ele com toda a intensidade de que era capaz. Entrelaçando os dedos aos de Megan e lhe fazendo todo o mundo rodar até que ela estivesse pressionada contra a resistência inflexível da porta. meu Deus. – Soou uma voz distante. .Sem interromper o beijo. as mãos longas começaram a rumar pelos contornos perfeitos do corpo macio. Sentindo os punhos prensados contra a madeira maciça e o peso desorientador do corpo musculoso em um delicioso contato com o dela. – Eu a amo – sussurrou ele contra os lábios carnudos. seguindo-lhe a curva da cintura fina e os comprimentos dos braços. sim. – Oh. com olhares ansiosos. – Desculpe… esqueci. – Como fora capaz de esquecer? Juntos. – Shhh! O rosto de Connor recuou para se deparar com o rubor que se espalhou rapidamente pelo rosto de Megan. Connor aprumou a coluna. Três descarados rostos. os dois dirigiram o olhar à fonte das palavras invasivas: o tablet que se encontrava pousado sobre o balcão.Os dois congelaram diante da ilusão destruída de que eram as duas únicas pessoas no planeta. Na sala. preenchiam a tela. afastandose para se encaminhar ao dispositivo . com um sorriso no rosto. gesticulando com a cabeça na direção da . Jodie! Viu o que você fe… Fechando o aparelho com a capa. – Droga. O show acabou. espere. meninas. ele interrompeu a conexão e girou para encarar Megan. erguendo as duas mãos para cima. – Não. – É o que parece – respondeu Connor. – Achou engraçado? – perguntou ele. – Eu me distraí. – Foi sem querer – jurou ela. – Desculpem-me.eletrônico. Que não deveria ter rido. – Tinha a esperança de que. onde a aliança de casamento faiscava em conjunto com o novo anel que estava aninhado no veludo preto da caixa de joias na última vez que o vira.mão esquerda que ela ainda mantinha erguida. se você visse o conjunto em seu dedo. . mal conseguindo forçar a palavra a passar pelo nó de emoção que se alojou em sua garganta diante da visão da aliança de casamento de volta ao seu dedo. seria mais fácil me dar a resposta que estou esperando. O olhar de Megan seguiu até seu dedo anular. – Sorrateiro – sussurrou ela. – Mas? Megan escorregou a mão sobre a superfície levemente áspera da mandíbula quadrada antes de deixá-la descer para os botões da camisa que ele usava. Quero ser sua esposa e mãe de seus filhos. E quero tudo que está me oferecendo.– Eu o amo. – Mas o que acha de esperarmos um pouco mais para termos um bebê? Talvez alguns meses ou um ano… – Um período de experiência? – . Mas… Connor deu um passo à frente. Toda aquela segurança presunçosa se dissipando. ela anuiu. anuindo rapidamente. A determinação e certeza se sobrepujando ao desapontamento e à dor que se refletiu em seu rosto. por quê? – Talvez porque durante algum tempo tudo que eu quero seja você. Abrindo o primeiro botão da camisa.perguntou ele. – Então. passaremos nossa vida . Megan fez que não com a cabeça. Não preciso de nenhum período de experiência. Connor lhe procurou o olhar. Confiante. – Qualquer coisa que a faça se sentir segura. – Não. – Sim? Libertando o outro botão. – Afinal. Reed – respondeu ele. A emoção lhe emprestou rouquidão à voz enquanto ele a puxava para os braços e lhe arqueava as costas.inteira juntos. – Com todo o prazer. Agora. sr. em seguida. Aquele meio-sorriso curvou os lábios deslumbrantes de Connor com uma amplitude que abrangeu toda a boca e. estou pronta para receber meu beijo de “eu a amo”. – Eu a amo. tinha um sabor tão familiar. Reed. sra. o rosto. que não havia como negar que . Porém. E lhe capturou os lábios com o beijo que tinha a pretensão de ser o primeiro daquele tipo. Sem limites. Uma promessa de eternidade… e ela acreditou. embora oculta. estivera presente o tempo todo… apenas esperando para ser reconhecida. Sem reservas. .a propensão ao amor. Mas naquele beijo seu marido estava transmitindo todo o sentimento que possuía. 1. recurso digital Tradução de: Waking up married Formato: ePub Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions Modo de acesso: World Wide Web ISBN 978-85-398-1663-7 (recurso eletrônico) 1. Vera. I. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS.Rio de Janeiro: Harlequin. Mira Lyn E ela acordou casada.. Vasconcelos. Romance americano. tradução Vera Vasconcelos. [recurso eletrônico] / Mira Lyn Kelly.. RJ K39e Kelly. Livros eletrônicos. 2014. ed. . 2. II. . .CIP-BRASIL. o armazenamento ou a transmissão. Título original: WAKING UP MARRIED Copyright © 2012 by Mira Lyn Sperl Originalmente publicado em 2012 por Mills & Boon Modern Heat . Todos os direitos reservados.A.111(73)3 PUBLICADO MEDIANTE ACORDO COM HARLEQUIN BOOKS S. Proibidos a reprodução. 14-16485 CDD: 813 CDU: 821.Título. no todo ou em parte. Todos os personagens desta obra são fitícios. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Arte-fial de capa: Isabelle Paiva Produção do arquivo ePub: Ranna Studio Editora HR Ltda.rivera@harlequinbooks. RJ — 20921380 Contato: virginia.br . Rio de Janeiro. 171.com. 4º andar São Cristóvão. Rua Argentina. Capa Texto de capa Rosto Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Capítulo 15 . Capítulo 16 Capítulo 17 Capítulo 18 Capítulo 19 Capítulo 20 Capítulo 21 Capítulo 22 Capítulo 23 Capítulo 24 Créditos .
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