Disgrafia e disortografia –exercícios Posted on 24/05/2010 Já falei anteriormente aqui no Educa Já! sobre Disgrafia e Disortografia, porém tenho recebido vários comentários de leitores pedindo para que além de falar mais sobre o assunto, eu coloque algumas orientações para os professores. Assim sendo, segue abaixo: Disgrafia Fonte: Centro de Fonoaudiologia A escrita disgráfica pode observar-se com traços pouco precisos e incontrolados. Há uma desorganização das letras, letras retocadas e “feias”. O espaço entre as linhas, palavras e letras são irregulares. Há uma desorganização do espaço ocupado na folha e podese referir à problemas de orientação espacial. Há falta de pressão com debilidade dos traços, ou traços demasiadamente forte o que causa cansaço e lentidão na hora da escrita. Além disso, devido a letra ilegível há dificuldades de entendimento na hora da leitura por parte dos alunos e professores. Recomendação da fonoaudióloga Luciana Reis Não recomendo usar caderno de caligrafia esse poderá sobrecarregar o punho podendo dar dores no braço indo até os ombros. É preciso intervenção fonoaudiológica! Tratamento É importante que se faça uma avaliação fonoaudiológica o quanto antes melhor evitando-se assim o fracasso escolar. Paciente no 3 ano com queixa de cansaço ao escrever: Letra mais legível com traçado menos forte. Depois do tratamento de 2 meses: Disortografia (Dificuldade de . desorganização espacial do espaço ocupado na folha e com escrita lenta.Letra com traço forte e “feia”. melhor organização espacial e sem cansaço ao escrever. acentuação e pontuação. Até a 2ª série é comum que as crianças façam confusões ortográficas porque a relação com sons e palavras impressas ainda não estão dominadas por completo. Devido à essas dificuldades o indivíduo prepara textos reduzidos e apresenta desinteresse para a escrita. Além disso. Quanto antes o tratamento com um fonoaudiólogo melhor será o prognóstico! Veja um caso clínico de um paciente com 9 anos. confusão de sílabas.Aprendizagem) Fonte: Centro de Fonoaudiologia A Disortografia caracteriza-se por troca de fonemas na escrita. Causa Considera-se que 90% das disortografias têm como causa um atraso de linguagem ou atraso global de desenvolvimento. dificuldades em perceber as sinalizações gráficas como parágrafos. Um sujeito é disortográfico quando comete um grande número de erros. A Disortografia não compromete o traçado ou a grafia. omissões de letras e inversões. Tratamento Depois de uma avaliação fonoaudiológica o profissional irá traçar um plano de tratamento para que a disortografia não se torne uma vilã na aprendizagem. junção (aglutinação) ou separação indevidas das palavras. O fonoaudiólogo poderá desenvolver um atendimento preventivo antes mesmo do terceiro ano (antiga 2ª série). no 4º ano: . Após 3 meses de tratamento: Escrita sem aglutinações e omissões. omissões e separação indevida de palavra.Exemplo de disortografia com aglutinações. . durante). é um sistema visual simbólico. irregular . omissões. Trata-se de um transtorno funcional e apresenta-se em crianças com capacidade intelectual normal. que faz uso de uma série de operações cognitivas. duração dos intervalos. abordaremos a disgrafia como sendo um prejuízo que o indivíduo possui na execução do ato motor destinado à escrita e não das trocas. sem transtornos neurológicos. que converte pensamento. – Lateralidade (dominância=força e precisão) conceito de direita e esquerda será mais fácil de ser interiorizado a medida que sua dominância for mais homogênea. palavras e números. visual. tais como percepção auditiva. cinestésica. afetivo. Para o desenvolvimento da escrita adequada. Apesar de alguns autores terem visões diferentes quanto ao termo disgrafia e disortografia. que envolve análise de todos estes subsistemas. existem alguns pré-requisitos. que afeta a capacidade de escrever ou copiar letras. motores e/ou afetivos que justifiquem tal dificuldade. motor e linguagem que são necessários observar: – Esquema corporal (planta do indivíduo) é a organização das sensações relativas ao seu próprio corpo em relação ao mundo exterior. como aspectos cognitivos. minuto). que seriam características da disortografia. De modo geral. discriminação tátil. inversões e contaminações de letras/palavras. – Estruturação espacial: o indivíduo deve ser capaz de situar-se e situar objetos uns em relação aos outros. Ou seja.LETRA FEIA PODE SER DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM Por Raquel Caruso* Fonte: ClockWork Comunicação A Disgrafia (dis=dificuldade e grafia=grafar/escrever) é um transtorno da escrita resultante de um distúrbio de integração visual-motora. ritmo regular. sentimento e idéias em símbolos gráficos. a escrita é uma linguagem visual expressiva. após. sensoriais. – Orientação temporal: envolve a capacidade de situar-se em função da sucessão dos acontecimentos (antes. noções de tempo longo e curto (hora. – rasuras. observamos algumas características que podem auxiliar no diagnóstico. que usam a escrita para chamar a atenção pela “letra defeituosa”. papel. massinha. escrita instável. Conflito emocional importante: . margens. pincéis. Gestos no plano vertical (utilizando lousa. somente após a alfabetização pode ser feito o diagnóstico. – alteração dos fatores psicomotores. como por exemplo relaxamento. – transtorno do esquema corporal. – letra ininteligível – lentidão. com proporções inadequadas. podemos observar dificuldades motoras de ritmo.(aceleração. Porém. Grandes desenhos que vão diminuindo a medida que a criança . cotovelo (peteca). como movimentos de abrir e fechar com o brinquedo vai e vem e bolas. – alteração de postura. – não direciona o giro da escrita. Estes exercícios poderão ser feitos utilizando técnicas de percepção corporal. que ocorre alteração na forma das letras e na qualidade da escrita em seus aspectos percepto-motores. freada). tinta . – pressão do lápis ou caneta na escrita ou falta desta. jogos). – Pré-escrita: domínio do gesto e da direção gráfica (da esquerda para direita). – inclinação defeituosa (inicia uma frase no canto superior esquerdo e acaba no canto inferior direito). Sua finalidade é fazer com que a criança atinja o domínio do gesto e do instrumento. – impulsividade. – transtorno de ritmo. Há ainda a Disgrafia caligráfica ou motora. Em crianças menores. massagens. a percepção e a compreensão da imagem a reproduzir. A seguir exercícios de grafismo para professores trabalharem em sala de aula: . punho. É importante que o indivíduo seja estimulado a realizar exercícios para o ombro. – transtorno da atenção. . mão e dedos. e que diferenciam os subtipos de disgrafia: Pura (inconsciente): quadro disgráfico em crianças com conflitos emocionais importantes. Os exercícios de pré-escrita e grafismo são necessários para aprendizagem das letras e números. Reativas: devido a transtorno maturativo. giz de cera e canetas hidrocor) para aprender a segurar corretamente o lápis. Quando realizamos uma avaliação psicomotora. pedagógico ou neurológico. Inicialmente não possuem componentes de alteração emocional. . Para tanto é fundamental uma avaliação com profissional especializado na área. deficiente espaçamento e inclinações Mista: apresenta conflitos emocionais associados à déficits perceptivo-motor (tipo de disgrafia mais freqüente): – dificuldade na forma. tamanho da letra. – deficiente espaçamento entre letras. – ligamento defeituoso entre letras da palavra. prancha de equilíbrio e com a utilização de alguns materiais (argila. tipo verdana. além de professora convidada da Associação Brasileira de Dislexia (ABD) Dicas para criar materiais visuais para disléxicos Fonte: Espaço Aprendizagem Quando se pretende criar algum tipo de material para disléxicos é importante ter em atenção vários factores que podem facilitar a compreensão dos conteúdos: Use um tipo de letra clara e direita. *Raquel Caruso é fonoaudióloga. Opte pelo negrito em vez de itálico ou sublinhado. . Use texto não justificado ou justificado à esquerda.5 ou 2. mas sem ser branco. cotovelo e passa a adquirir destreza de punho e dedos. listas com números ou bolas. psicomotricista e coordenadora da EDAC – Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico. Estruture o melhor que for possível: use títulos. preferencialmente num tom escuro. psicopedagoga. Opte pelas colunas em vez de linhas compridas. Faça frases e parágrafos curtos e objectivos.desenvolve habilidade de ombro. Use espaçamento de 1. Não use abreviações e evite a hifenização. O trabalho deve ser realizado sempre da esquerda para a direita. Use caixas de texto para evidenciar partes importantes do texto. ajuda o disléxico a reter a informação. Use e abuse de imagens ou gráficos. os espaços brancos distraem o leitor disléxico. esquemas. Use um fundo claro. no tamanho 12 ou superior. . Comece sempre uma nova frase no início da linha e não no fim da frase anterior. variada e diferente: gráficos. depois tapar. Nunca fazer comparações com o resto da turma. processamento de texto. Nunca partir do pressuposto que o aluno disléxico é preguiçoso ou descuidado. Ensinar métodos e práticas de estudo. vídeo. etc. Dar o tempo suficiente para o trabalho ser organizado e concluído. oral. Permitir a apresentação de trabalhos de forma criativa. posicionar o aluno disléxico perto do professsor.Dicas para professores de disléxicos Fonte: Espaço Aprendizagem A melhor abordagem perante uma aluno disléxico é a multissensorial. auditivo. diagramas. . táctil e cinestésico. Elogiar . ou seja facilitar a aprendizagem utilizando todos os meios disponíveis: visual. depois escrever e depois verificar.de forma verdadeira. dando-lhe a oportunidade de “brilhar”. audio. Incentivar o uso do corrector ortográfico de um processamento de texto. Na sala de aula. para se sinta confortável para pedir ajuda. Repetir as novas informações e verificar se foram compreendidas. Criar e enfatizar rotina para ajudar o aluno disléxico adquirir um sentido de organização. o que aluno disléxico fizer ou disser bem. Incentivar o uso do computador como ferramenta de digitação de texto. Esta abordagem permite que o aluno use os seus pontos fortes para colmatar os mais fracos. algumas dicas que poderão ajudar o professor no contexto de sala de aula: Interessar-se genuinamente pelo aluno disléxico e pelas suas dificuldades e especificidades e deixar que ele perceba esse interesse. utilizando a memória. para receber ajuda facilmente. Assim. Utilizar mnemónicas. Encorajar as práticas da sequência de ver/observar. Ensinar as regras ortográficas. Incentivar a participação em trabalhos práticos. Não insistir na reformulação. para não ser tão evidente os seus erros). Não pedir ao aluno disléxico para ler em voz alta na sala de aula. tais como recitar poemas infantis em conjunto. Usar exercícios criativos que envolvam a memória. Não corrigir todos os seus erros (evitar o uso da cor vermelha. . saltar e treinar o equilíbrio. pintura ou outra que a criança se sinta inclinada. os disléxicos necessitam do apoio dos pais. aplaudir as sílabas e cantar músicas. jogar a pares. usando a linguagem dos livros — as imagens. os jogos de tabuleiro. as palavras e as letras — para perceber que os livros podem ser analisados. mas também para os ajudar a criar mecanismos para ultrapassar as suas dificuldades. ler poemas. utilizar a acção. em que se promova o atirar. teatro. de que forma ele abre. podem ser muito úteis. utilizar mímica. Não só para a satisfação das suas necessidades imediatas e físicas. onde é o topo da página e que direcção segue o texto. a menos que exista um propósito claro. onde começa a história. Dicas para Pais de Disléxicos Fonte: Espaço Aprendizagem Como qualquer criança. Incentivar o gosto pela leitura. chutar bolas. falar de imagens. Estas são algumas dicas/estratégias que também se poderão revelar importantes: Incentivar a prática de exercício físico. vezes sem conta. capturar. apreciar as imagens. Mostrar como segurar num livro. como dança. Incentivar a prática de actividades lúdicas e artísticas. lidos e desfrutados. etc Ajudar a criança disléxica a aprender a seguir instruções. * Permanecer atento e calmo. * Simpatia para com os colegas. * Materiais organizados. * Dar o exemplo para outros. Incentivar a criança disléxica a repetir a instrução antes de a realizar. encontrar a caixa vermelha. * Boas maneiras / boa educação. trazê-la para mim”. “ir à prateleira. * Demonstração de esforço (independentemente do sucesso). Valorizar o disléxico na sala de aula Fonte: Espaço Aprendizagem Raramente o disléxico recebe certificados ou prêmios academicos.conhecer outras cidades. por exemplo. assitir peças de teatro ou musicais. mesmo sem ser academicamente: * Ajuda dada aos colegas. “por favor pega no lápis e coloca-o na caixa”. por exemplo. pode e deve valorizar o disléxico por tudo aquilo que ele alcança. No entanto. Promover o aspecto cultural: visitar museus. * Vontade em participar. e fazer gradualmente sequências mais longas. . ele precisa de perceber na prática que é capaz e inteligente como os demais. o cérebro funciona de forma diferente. “estúpido”. produções. desde a escrita até à matemática.* Desejo de se envolver noutras actividades da escola (clubes.Oh. assim. etc). De forma objectiva e verdadeira escreva numa coluna “Coisas em que eu sou bom” e noutra coluna “Coisas em que eu sou menos bom”. . o disléxico enfrenta o fracasso. importante trabalhar a auto-estima e auto confiança de cada criança ou jovem disléxico. claro que não consegue ler. o disléxico constata que não consegue fazer o que os outros fazem e considera-se “burro. Trabalhar a auto-estima do disléxico Fonte: Espaço Aprendizagem Todos os dias na escola. E como a dislexia não é como partir um braço – visível – o próprio sistema escolar promove este tipo de pensamento: “. Só palavras não são suficientes para motivar o disléxico. mas não há nada de errado com a sua inteligência!” Torna-se. isso não tem nada a ver com inteligência!” Mas ninguém diz: “ Oh. Pegue numa folha e divida-a em duas colunas. Assim. claro que não consegue escrever. tem o braço partido. .Provavelmente terá duas colunas assim: Coisas em que eu sou bom * Nadar * Basquetebol * Desenhar * Tomar conta dos meus ratos * Pintar * Fazer rir * Ajudar os outros * Decorar * Etc Coisas em que sou menos bom * Soletrar * Ler * Escrever * Calcular * Etc Constatem juntos que afinal a lista de “defeitos” é menor e portanto o disléxico tem razões para se sentir bem e apreciar a sua personalidade. os adolescentes disléxicos deve reconhecer e aceitar a sua combinação única de pontos fortes e dificuldades. . Esta é. Chega um momento em que. adolescentes disléxicos não vão assumir a responsabilidade e agir para superar os obstáculos e os problemas que a dislexia cria. dando-lhes oportunidades de experimentar o sucesso. A educação dada pelos pais pode ajudar com problemas de concentração e mais tempo pode ser gasto em interesses especiais do jovem. na realidade o grande segredo para lidar com a dislexia. para se tornarem adultos bem sucedidos. Até que isto suceda. sendo essencialmente desenvolvida no lar. elogiando-os verdadeiramente e mostrando-lhes que apreciam o seu valor e a sua companhia. Sentir-se livre da pressão é muito importante e é mais fácil de manter em casa.Disléxicos e auto estima Fonte: Espaço Aprendizagem Auto estima é a característica vital para qualquer adolescente disléxico. Os pais podem construir a confiança/ auto-estima dos seus filhos. Adultos disléxicos bem sucedidos têm invariavelmente sucedido por se concentrarem nos seus próprios dons particulares e não incidindo sobre as suas dificuldades.