DICIONARIO HEIDEGGER. Trad. Luísa Buarque de Holanda.pdf

April 2, 2018 | Author: Natan Luiz | Category: Martin Heidegger, Word, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, Truth, Time


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MICHAEL INWOODDICIONÁRIO HEIDEGGER Tradução: LUÍSA BUARQUE DE HOLANDA • Revisão Técnica: MÁRCIA SÁ CAVALCANTE SCHUBACK Doutora em filosofia, FCS/UFRJ Professora adjunta. Soalhem College, Estocolmo, Suécia Jorge Zahar Editor Rio de Janeiro Sumário Título original: Agradecimentos................................................. A Heidegger Dictionary Tradução autorizada da primeira edição inglesa Sistema depublicada abreviações em 1999 por Blackwell Publishers, de Oxford, Inglaterra vi (no final)......................... vii Sobre o uso deste dicionário ................................ xv Copyright © 1999, Michael Inwood Copyright © 2002 da edição em língua portuguesa: I Heidegger e sua linguagem ............................... xvi Jorge Zahar Editor Ltda. rua México 31 sobreloja 20031-144 Rio de Janeiro, RJ tel.: (21) 22400226/fax: (21) 2262-5123 e-mail: Nota à edição brasileira....................................... xxv [email protected] site: www.zahar.com.br verbetes do dicionário Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98) a-z ................................... l Leituras adicionais............................................. 209 índice geral ....................................................... 213 índice de termos e expressões estrangeiros.......... 227 Inwood, MJ., 1944Dicionário Heidegger / Michael Inwood; tradução, Luísa Buarque de Holanda; revisão técnica. Márcia Sá Cavalcante Schuback. -Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002 (Dicionários de filósofos) Tradução de: A Heidegger dictionary ISBN 85-7110-686-X l. Heidegger, Martin, 1889-1976 - Dicionários. 2. Filosofia alemã- Dicionários. I. Titulo. II. Série. CDD 193 ; CDU 1(43) Agradecimentos 3ostaria de prestar algumas homenagens. William Inwood (1918-1993) convenceu-ne a estudar grego antigo muito antes que eu pudesse perceber sua importância para a cornpreensão da filosofia alemã. Meus colegas do Trinity College concederam-me não ó licença sabática para terminar o livro, como também muita ajuda e encorajamento. ao dedicar este livro à minha esposa, Christiane Sourvinou-Inwood, expresso minha [ratidão por seu constante apoio e aconselhamento. Sobre o uso deste dicionário Cada verbete deste dicionário discute, em geral, mais de uma palavra alemã, (e frequentemente em grego e em latim). Certas palavras estão agrupadas porque enquadram-se em um único e amplo tópico (ex. ESPAÇO E ESPACIALIDADE). Em outros casos, duas ou mais palavras que parecem similares estão agrupadas por serem usadas por Heidegger de modos diferentes e porque devem ser distinguidas (ex. ENVIO E DESTINO). Com frequência, tive dificuldade em restringir a discussão de um tópico a um único verbete, o que não deve surpreender quando se considera a opinião de Heidegger de que toda questão filosófica leva a todas as outras questões filosóficas. Fiz, no entanto, referência a outros verbetes, colocando em versaletes uma palavra que aparece no título de outros verbetes relevantes. A ocorrência de " SER-SIMPLESMENTE-DADO" significa: consulte o verbete cujo título sentem a expressão "sersimplesmente dado". As principais discussões de palavras e conceitos complexos também estão indicadas no Índice Geral. Similarmente, o índice de termos em línguas estrangeiras indica as principais discussões de palavras estrangeiras. De um modo geral, pus em itálico as palavras estrangeiras, tanto ao discuti-las quanto ao mencioná-las. Entretanto, nas citações de Heidegger, não pus em itálico nem as palavras alemãs, nem as outras palavras estrangeiras, a não ser que ele as tenha posto em itálico em seu próprio texto. De modo geral, usei itálico nas palavras gregas nas citações de Heidegger, transliterando-as para o alfabeto latino. Um outro aspecto das minhas citações de Heidegger é que as omissões estão indicadas por reticências entre colchetes. Isto serve para evitar confusões com o uso que Heidegger faz das reticências. Substantivos ou verbos com uma preposição, ou simplesmente uma preposição, seguem-se geralmente de reticências indicando a falta de um objeto: ex. " O fenómeno do em direção a..., para..., por... [dês zu..., auf..., bei... | revela a temporalidade como o ehtatikon [...]" (ST, 329). Nesta sentença, o primeiro conjunto de três reticências é do próprio Heidegger; o segundo conjunto de três reticências, em "[dês zu ..., auf.., bei...]", pertence ao texto alemão que contém o primeiro conjunto; is últimas reticências, "[...]", são minhas, e indicam que omiti o final da sentença de Heidegger em minha tradução. (Os parênteses, pelo contrário, são do próprio Heidegger sempre que ocorrem dentro de uma citação.) embora não possam ver. e dizer que. O sersimplesmente-dado e o manual. que humanos "comem" e que animais "comem". Esta é mais uma razão para a preocupação de Heidegger com a linguagem e um outro motivo para a sua inovação. Heidegger acredita que a estes não podemos aplicar nem mesmo a palavra "é". A palavra "cego". E esta é a razão pela qual aguns deles podem ser cegos. Mas isto. O alongar-se e a relação com o mundo são primários. por exemplo. Heidegger usa este esquema muito frequentemente. são "dentro-do-mundo". enquanto humanos. toupeiras e pedras de um modo precisamente igual. Toupeiras e pedras. Heidegger fala de "o em função do qual". para dar um exemplo simples. Nós geralmente usamos "capaz de ver" em contraste com "cego": a maioria de nós é capaz de ver. "o em função de". pois não são capazes de ver no sentido apropriado. Entes ou entidades são de três tipos principais: Dasein ou o ser humano. tais como tempo e espaço — ao ser-simplesmente-dado. não são "cegas" neste sentido. supondo que categorias e vocabulário apropriados para pedras e árvores possam aplicar-se a seres humanos e a seus instrumentos. um vocabulário que faça distinção entre eles. não pode aplicar-se a homens. XXIX. Animais raramente aparecem em ST. Dizemos. Nós. afirma Heeidegger. aplicando essen a humanos e fressen a animais (cf. Algumas expressões nos fazem lembrar dos "cornos" e dos "porquês" — que possuem origem similar e foram congeladas em frases de nossas línguas habituais. animais e substâncias possuem modos tão distintos de ser que não se pode dizer que eles "comportam-se" no mesmo sentido. Humanos. tempo. o substrato biológico um acompanhamento secundário. Em geral. aplicando-lhes as mesmas palavras. Porém. e meras coisas ou "SERES-SIMPLESMENTEDADOS". Podemos dizer "O ser 'é' . afirma Aristóteles.4 Também de Aristóteles vem o hábito heideggeriano de formar substantivos a partir de outras partes do discurso. Dizemos. é um engano. os homens sich verhalten. tendemos a ignorar as diferenças entre coisas de diferentes tipos. Não devemos pensar no Dasein como uma coisa ou substância que possui a propriedade de "alongar-se" para o passado e o futuro. ou que investiga tempos e lugares remotos. Heidegger luta contra a ontologia da substância apropriada ao ser-simplesmentedado. como os humanos. animais sich benehmen (cf. e a propriedade de serno-mundo. quer sejamos filósofos ou não. Os problemas tornam-se ainda mais complexos quando falamos não apenas sobre diferentes tipos de entidades. deveríamos encontrar uma palavra diversa para cada caso. " o [to] em função do [heneka] qual [hou]. o mundo e o próprio ser. Filósofos tenderam a assimilar todas as entidades — e até mesmo não-entidades. 308). para esclarecer os problemas. animais e até substâncias químicas "comportam-se" ou sich verhalten de certos modos. Então. "o a fim de" etc.X VIU Heidegger e sua linguagem (ST. ou propósito". 236). Ele retoma a Aristóteles. instrumento ou o "MANUAL". Mas há um sentido de "ser capaz de ver". Aristóteles fala de to hou heneka. nem mesmo o alemão é sempre tão discriminante. em favor do movimento e das relações. Mas o mesmo princípio de diferenciação está ali em jogo. a não ser envolvendo-â com aspas. alguns de nós são cegos. O alemão distingue aquilo que assimilamos. MOVIMENTO). e se necessário forjar. não "no mundo". que diz respeito a todos os seres humanos. por exemplo. mas sobre não-entidades tais como espaço. Mas Heidegger acredita que devemos encontrar. Este mecanismo não nos é inteiramente estranho. diz Aristóteles. sofrer da "privação" da visão. que humanos. Lichtung vem de Licht. Como poderia ser de outra forma. Heidegger introduz a palavra neste sentido escrevendo Ent-fernung (ST. inseparável. Mas pouco se ganha analisando. ele está de certo modo muito distante. mas atualmente perdeu contato com essa raiz. Heidegger tem direito a seus hífens." O mundo "gira" ou "flui" — de walten. O ser. l Is). Qual é o sentido disto? O próprio Heidegger nos adverte "contra presumir muitas coisas a partir da análise de uma palavra e de um significado. dar um passo à frente". "cobrir". uma pessoa só pode estar no munio. forja palavras. recuperando o extinto verbo wesen. Mas ent. Mais uma vez. ao invés de lidar com o problema em questão. . ainda que menos eufonicamente. Ent. "descobrir". 129/107). Os ardis da etimologia levam a inúmeras investigações infrutíferas. produzir". Sua mais conhecida afirmação deste género é: " O próprio Nada nadifica".Heidegger e sua linguagem xix misterioso".ii)i 1111 pensamento único.]" (xxvil. pois nesta última sentença estaria implícito que o ser é um ente ou entidade. Ele às vezes chama o sentido original da palavra de Wortbegriffou "palavra-conceito" (S. é também trazê-lo para perto o suficiente para manuseá-lo. "tempo". e Entfernung é "distância. in-Sein. " Ser-em". Entfernung poderia significar: "remover a distância". "essencializa". que passou a significar "realizar. de Mitsein. remoção". Tais hífens podem ter um sentido — se. Ele fala de In-der-Welt-sein. Por isso. Heidegger.. como podemos observar. "luz". "ser-no-mundo" .Well-sem não são separáveis. 53ss) O in tem um sentido específico: neste sentido de in. e enfatizamos isto escrevendo Ex-sistenz. Ent-fernung. ele recupera um antigo significado de uma palavra existente. digamos. Portanto. ele recupera um sentido mais antigo. Ferne significa "distância". que é mais precisamente. "ser-com" (ST. distinto. "desapontar" como "desapontar". Mas aqui também ele forja um verbo e diz que o mundo " mundaniza". mas já significou "avançar.é. privativo: decken. então não podemos lidar com ele. traduzido por "prevalecer". O alemão se presta a isso ainda mais prontamente do que o inglês. Se algo está demasiadamente próximo. Com frequência. Como ele diz. 309s). Existenz passou a significar "ser-simplesmente-dado". Heidegger recupera sua conexão com Licht e a interpreta como "iluminação". Entfernung. se tivermos ouvidos para ela.aqui intensifica o sentido de distância. Os hifens de Heidegger não possuem invariavelmente a finalidade de analisar uma palavra por meio de seus componentes. filosofia ainda latente. Certas vezes. Eles frequentemente unem palavras distintas para formar um pensame-ito único. por exemplo.. e apenas un ser humano pode estar nele. eles form. eu pretendo distinguir "unionized" como " não-ionizado" ("un-ionized") de "unionized" como "organizado por um sindicato" ("unionized"). "ser etc. no uso ordinário "a filosofia está invariavelmente contida. Portanto. Não pode haver um mundo a não ser que ílguém esteja relê. Heidegger geralmente não passa por cima do uso comum. mas não "O ser é misterioso". por exemplo.. torna-se entdecken. os componentes de In-dvr. 105s). até mesmo a erros fatais" (xxxiv. ele procura um verbo que possibilite evitar o "é". O tempo "temporaliza" ou "improvisa" — aqui ele usa (sich) zeitigen. por assim dizer. um derivado de Zeit. entretanto. afirma ele. ou ao menos um sentido possível. remover algo para uma distância apropriada. Nesse caso. se o filosofar pertence à essência de Dasein [. Dessa forma. é um tipo específico de ser. analisando uma palavra composta por seus componentes. significando "clareira" em uma floresta. em outros casos. Isto já se faz visível no período de ST. Isto acontece também com a fala cotidiana. ele lhe dá vida nova e a adota. cada vez mais depois de ST. Em ST. Estamos em dupla desvantagem. Todo filósofo propriamente dito é de certo modo um iniciante. Às vezes podemos nos aprppriar de uma palavra antiga. nem alguma razão especial para pensar que. são melhores e mais vigorosos do que seus seguidores medievais e (com a surpreendente exceção de Kant) do que filósofos modernos. Tal exploração pode nos libertar da palavra ou então nos devolvê-la renovada. "COISA". Nós somos semelhantes a eruditos que ignoram o texto original em favor dos artigos sobre o texto. e a fala passa adiante como "falatório". Mais tarde. Isto não implica necessariamente que palavras antigas sejam melhores. não emergem da experiência. se comparados àqueles que originaram as palavras. uma palavra — por exemplo. Aplicam-nas às suas experiências correntes. Entretanto. Filósofos antigos. Heidegger desenvolve uma tendência. especialmente Platão e Aristóteles. moderna. Heidegger usou a palavra Ding. que não podemos propriamente construir um novo vocabulário até que tenhamos explorado minuciosamente o antigo. a experiência na qual a palavra se enraíza. Em certos casos. vimos que Heidegger forja novas palavras e recupera palavras e significados antigos. mas herda palavras e conceitos de seus predecessores: "natureza". com desaprovação.xx Heidegger e sua linguagem 2. independentemente da época de sua proveniência. como regra geral. Primeiramente. já que as pessoas falam na presença daquilo sobre o que é a sua fala em todas as gerações. de que as palavras que herdamos sejam inadequadas para lidar com nosso ser-no-mundo ou. como Heidegger posteriormente passou a crer. "consciência" etc. não obstante. O filósofo não forja um novo vocabulário desde o princípio. Não apenas isto: a própria palavra torna-se desgastada à medida que passa de mão em mão. As experiências são. O que ganhou vida como a "ideia" platónica degenerou para nossa Vorstellung. As pessoas falam com experiência de primeira-mão daquilo que está à sua frente. O filósofo herda a palavra ou conceito. uma palavra ou significado antigo esclarecerá certas questões substanciais melhor do que uma palavra nova. não temos as experiências primordiais que pela primeira vez inspiraram as palavras. REPRESENTAÇÃO. mas geralmente não passa pela "experiência" daquele que os originou. ao menos em parte. com fenómenos novos tais como a tecnologia moderna. porém todo filósofo — ao menos desde o começo grego — trabalha dentro de uma tradição. "verdade". em sua maioria. Heidegger tentou construir um novo vocabulário. Vorstel- . Palavras antigas Até agora. Não há necessariamente um mérito especial na Antiguidade enquanto tal. de crer que antiguidade implica em mérito. se reanimarmos suas antigas associações e a experiência que lhe deu origem. ele também tende a crer. O que começou como a physis grega terminou como " natureza". Mas elas não forjam de novo todas as suas palavras em cada geração. Em ST. como vimos. Mas as palavras. vistas através de palavras e conceitos herdados. associando-a com a rés de Descartes. Em segundo lugar. Elas herdam a maioria das palavras de gerações anteriores. Devemos fazer bom uso de uma palavra adequada. existe a possibilidade de uma combinação inadequada entre nossas palavras e nossas experiências. à medida que são exigidos por seus objetivos atuais. Elas então contam a alguém que não estava lá com elas. Palavras essenciais são ações. estadistas e artistas. e não pode ser recuperada. frequentemente. a menção do "declínio espiritual" sugere uma divergência entre Hegel e Heidegger. e.orporam essas versões anteriores. Uma outra similaridade é a investigação dos conceitos até as suas origens. Mas será que Heidcggcr não ignora justo isso? Como pede cie esperar compreender os gregos. exceto com o propósito de analisar a história degenerada que incorpora. Há fortes similaridades — a ênfase na totalidade. ações que acontecem naqueles momentos em que o lampejo de uma grande iluminação perpassa o mundo. também. abarcando o posterior desenvolvimento do espírito tano quanto Platão. Disto Heidegger discorda. Também os alemães mais antigos desfrutam de sua estima e. racionalismo-irracionalismo (cf. objetivo-subjetivo. mas não as outras coisas. embora isto em parte aconteça porque in. Nem são os filósofos em geral inferiores aos seus iredecessores.) Não são apenas os gregos e o "primeiro começo" da história ocidental que principalmente interessam a Heidegger. "espírito"." Por conseguinte. na visão de Hegel. A arte talvez decline. a desconfiança das oposições tais como realismo-idealismo. a filosofia decaiu desde os gregos. Ele ajuda a pôr em perspectiva a nossa história subsequente. de Heráciito.5 Falando em sentido amplo. Nas questões religiosas. O interesse de Heidegger pelas palavras não é um interesse em meras palavras. Mas eram também mais otimistas do que qualquer otimista"). e talvez nos ajudará a nos prepararmos para o novo lampejo de iluminação que poderá impedir nosso declínio espiritual: o " outro começo". quando falamos da linguagem grega e das palavras que ela nos legou. enbora esteticamente inferior. se a nossa situação é tão má como ele afirma? Nilo esla ele também a caminho de tornar-se um . ou às palavras do Novo Testamento. Mas a nossa visão de mundo do século xix é mais rica e mais complexa. pensadores. reunir". Hegel dá pouco peso à experiência de primeira-mão daqueles que virara Cristo e sentiram suas dores. ou ao menos até a Grécia antiga. em seus poetas. Mas isto também interessa a Heidegger. É o lampejo de iluminação que Heidegger quer recuperar ou "repetir". o mesmo ocorre com os conceitos. Entretanto.Heidegger e sua linguagem xxi lung. nenhuma palavra latina traduz exatamente uma palavra grega. 31/25). mencionava Hegel para seus contemporâneos. tal como Ding. « Heidegger com frequência. palavras de que necessita para traduzir as boas palavras gregas tais como o lagos. aquilo que fizemos posteriormente das experiências e das palavras. IM. assim como uma subsequente história de degeneração. Hegel decerto não acredita que qualquer filósofo do século xix seja igml ou superiora Platão. Assim como quase tudo ornais. 135/149: "Os gregos eram mais pessimistas do que qualquer pessimista. "juntar. ou ao menos não há meras "palavras essenciais": "Palavras essenciais não são sinais artificialmente planejados e símbolos presos às coisas com a finalidade única de nos capacitar a distingui-las. e a melhor forma de reconstruí-la é a partir da história das palavras usadas para " ser". da força criativa do povo que. Não há meras palavras. Os conceitos de Hegel não são inferiores às suas anteriores versões. "representação" — apresenta uma origem pouco honrosa. realizaram a maior investida na totalidade do ser que já aconteceu na história ocidental" (s. nas relações. O que importa é Geist. (Por esta razão. Pois ele está preocupado com a HISTÓRIA DO SER. no movimento. fornecem uma palavra adequada. estamos falando também do "povo. Ding é um exemplo. por exemplo. começará de novo. Um interessante aspecto da terminologia de Heidegger é a persistência de uma palavra através de uma mudança de significado. tais como DS. "autenticidade". Heidegger fica mais afeiçoado a palavras germânicas tais como Ding. Outros usaram a expressão para denotar uma "virada" ou mudança no próprio pensamento de Heidegger. mais tarde passa a incluir a ideia de apresentar alguém ou algo diante de um tribunal para julgamento. e que ultrapassa e muito tudo que foi imaginado (ou ao menos conceitualizado) por Hegel. no fim de ST. estão dentro da tradição filosófica. Hegel deixou no ar se acreditava que a história tinha chegado a um fim. Com alguma sorte. O sentido padrão pão desapareceu: a questão é que a teoria de que o homem "representa" as coisas implica que elas lhe sejam "apresentadas" para julgamento ou avaliação. Diversas palavras de ST tornam-se menos frequentes ou até mesmo desaparecem inteiramente após ST: "cotidianidade". e procura explorar sua etimologia. Com a ajuda de um hífen (Vorstellung). Heidegger fala com frequência de Sinn von Sein. e alguma explicação. ele prefere falar da "verdade do ser". "o impessoal" etc. Podemos pensar sobre a tecnologia. o que poderia vir a acontecer. se e somente se não estivermos submersos na tecnologia. Isto envolve uma expansão do significado que ST atribuía a Wahr-heit. se não. Heidegger tem mais a dizer sobre isto. o "sentido" ou "significado do ser". com seu sentido filosófico padrão de "ideia.XXI l Heidegger e sua linguagem "animal mecanizado". "ocupação". e. com poucas peculiaridades. Um outro é Vorstellung. Este surge. de " ser e tempo" para " tempo e ser". Wahrheitdes Seins. a essência da tecnologia. 3. "significação". Usou esta palavra para referir-se à transformação. poderemos nos preparar para o " outro começo". "essência". com um lampejo de iluminação comparável ao grego. ST inicia de uma maneira razoavelmente tradicional. já que uma palavra ou expressão pode ser substituída por outra palavra ou expressão equivalente. submerso na tecnologia? Não — a tecnologia deixa uma corda para puxarmos a sua própria essência. se continuar. Uma mudança de vocabulário não corresponde necessariamente a uma mudança de pensamento. Posteriormente. e palavras cognatas — tornam-se muito mais comuns. Em ST. O estilo e o vocabulário das obras iniciais. outras palavras — notavelmente Wesen. em ST e antes. Mas há mudanças em seu pensamento e também em sua linguagem. A história. A virada Heidegger falou com frequência de "virada". mas não necessariamente uma substancial mudança de pensamento. poderemos entender o mundo dos gregos em contraste com o nosso. A aguda "reviravolta" que a palavra Kehre sugere é pouco discernível no pensamento ou linguagem de Heidegger. embora Heidegger busque uma linguagem para expressar seus pensamentos singulares. poderemos seguir a estrada desde os gregos até nós. die Kehre. embora ele mesmo negasse que tal mudança tivesse ocorrido. poderemos ver o mundo em sua pura simplicidade. Sobretudo em seus escritos pós-guerra. E se fizermos isto. Mudanças de significado são especialmente comuns no caso de . e mais tarde para a transformação que ele esperava do "esquecimento do ser" para a sua lembrança. representação". Seinsverlassenheit. e sem. " poder. Esta é uma palavra comum para "existência". passa a significar: "lá. é usado em seu . arj. "abandono do ser". E isto ajuda a levar Seinsvergessenheit para a mesma direção. ao menos em certos casos suficientemente flexível para acomodar. nos garantem que um " firefighter" é alguém que luta contra o fogo. nomundo — não em algum lugar específico. Nenhum dos significados das palavras "pistola". Heidegger tinha em mente ambos os sentidos. O mais famoso composto de Heidegger é Dasein. Mais tarde. Mas a partir do momento em que cunha a expressão Seinsvergessenheit. "fogo" e "lutador". O vocabulário de Heidegger é. "essência". Wesen. Heidegger associl tais alterações do sentido com aquilo que ele mesmo chama de uma "virada". Na locução "a essência da verdade". Certas vezes. Sein. aqui surge um outro problema. um deslocamento de ênfase dos seres humanos para o próprio ser. refere-se a termos sido abandonados pelo ser mais do que a nós o termos abandonado. assim. esquecimento do ser. separando-a por um hífen. significa que nós esquecemos o ser (objetivo) ou que o ser nos esqueceu (subjetivo)? Será que Seinsverlassenheit." o ancoradouro ou morada do ser — um sentido que é geralmente enfatizado ao escrever Da-sein em lugar de Dasein. Seinsvergessenheit e Seinsverlassenheit. Os compostos de Heidegger são muitas vezes intrinsecamente ambíguos de modo similar. Quando Dasein é dividido em seus componentes. mas aí em um sentido anterior a e pressuposto pela diferenciação dos lugares. fazendo com que Seinkonnen signifique "poder ser"? Ou deve ser lido como um infinitivo substantivado. uma mudança no significado dos termos. tão familiar que dificilmente é percebida como um composto. o próprio ser já se aproximou do centro da cena. significa que nós abandonamos o ser ou que o ser nos abandonou (e aos outros entes)? Em ST. A mudança de "ser e tempo" para "tempo e ser" é uma virada. e parece operar como uma força independente. já não fica claro qual é o seu significado. Tais viradas envolvem. mostrando. e também ' a essência da linguagem" para "a linguagem da essência". Seinsvergessenheit poderia tanto significar que o ser nos esqueceu quanto que nós o esquecemos. mas rara depois dele — vem de kõnnen. o pré".Heidegger e sua linguagem XXlll palavras compostas. " ser". Sua cunhagem Seinkonnen — comum em ST. Por isso. São os genitivos subjetivos ou objetivos? Será que Seinsvergessenheit. Da significa "aí" ou "lá" — mas não demasiadamente distante de quem fala — ou "então" ou algo mais dentre os muitos significados listados em um dicionário? Qual a força de sem e como ele se relaciona com da} Em ST.uiTicnt.6 Entretanto. Mas Heidegger trata-a como uma palavra composta. O "s" depois de Sein indica o caso genitivo. Dasein parece significar algo como " ser-aí". transformando-a em "a verdade da essêncie". Ou podemos inverter "a essência da verdade". onde o ser 'está'. sem alteração significativa. Urra virada é (entre outras coisas) uma inversão da ordem na qual dois ternos se enconüam. Um ser humano é Dasein porque ele está "aí". sem dúvida. explica ele. Mas será que se deve ter sein como um infinitivo verbal. que Sein é nominal.i Heidegger. Os. ser capaz". significados das palavras componentes raramente determinam sozinhas o significado do composto. enquanto que um "gunfighter" é alguém que usa uma pistola para lutar. "o aí. fazendo com que a expressão signifique "capacidade de ser"? Este problema em particular é evitado por suas outras cunhagens. Heidegger lamenta que tenhamos esquecido o ser. nem o princípio geral da formação de palavras. distinguindo das Da. "paixão". Jünger. Tópicos. o obsoleto verbo wesen. Sanderson (Londres: Routiedge & Kegan Paul. segundo a interpretação mais natural.B. que se resume mais ou menos às artes plásticas. enquanto "arte" tem um sentido restrito. Se invertemos a frase. argumenta Heidegger. e significa algo como "essencializar". já que uma essência não pode ser correia ou incorreta. 4. a linguagem o auxilia a realizá-las. G. Sempre soubemos que o sentido de uma palavra depende em parte de seu contexto. . Ele o faz para expressar ideias novas. p. pelo contrário. Lectures on the Philosophy of Religion. a sua inclusão ou exclusão depende da eufonia assim como do sentido. Portanto. NOTAS 1. HOs. em um " momento de iluminação". Categorias. então "arte" passa a ter. "verdade" não pode significar "corretude". nominal. Esta é uma razão para a sua relutância em escrever "uma ética" (CH. transformando-a em "a arte do amor". o amplo sentido de "talento". enquanto "amor" assumiu o sentido mais restrito de paixão e interação sexual. Heidegger usa novas palavras e recupera palavras antigas. heideggeriano — um sentido apropriado para o outro começo — não pode ocorrer gradualmente. para retomar a vitalidade original do "primeiro começo". O uso da linguagem característico de Heidegger é explorado por Erasmus Schõfer em Die Sprache Heideggers (Neske: Pfuilingen. Mas a questão geral de Heidegger parece ser esta: a mudança de uma palavra do seu sentido já enfraquecido. The Glass Bees (Nova York: Noonday Press. e "verdade" aproxima-se de "corretude". p.27ss. Speirs e J. vol. A ausência deste " s" de Seinkonnen não prova definitivamente que Sein seja aqui verbal.W.F.II. mas adota um sentido verbal. 1952). 1960). 1895). e para explorar a "história do ser". em particular. Em "a verdade da essência". 12''32ss.342ss. tr. 143b34ss.XXIV Heidegger e sua linguagem sentido tradicional. Na frase "o amor da arte". O "s" do genitivo é opcional em tais casos.I. por meio de uma abrupta transformação da nossa visão de mundo. Aristóteles. 5. Inversões deste tipo sem dúvida alteram os significados dos termos invertidos. O que tudo isso significa? Com certeza não possui um significado mais geral. vol. degenerado. conforme à sua origem. E. Wesen também já não significa "essência". Hegel. por meio de um salto impetuoso e não por argumentos persistentes. para o seu sentido novo. "amor" tem o sentido amplo de "grande interesse". Ela acontece repentinamente.III. 2. É objetivo deste livro considerar como ele aborda essas tarefas e como. 3. p. 349ss/254ss).B. 6. 62. vol. E. a partir de uma escuta insistente da historicidade da língua e do pensamento. Desse modo. A obra norteadora do Dicionário Heidegger é Ser e tempo (1927). Na obra do filósofo alemão Martin Heidegger. desde o final dos anos 80. A dificuldade não reside tanto na estrarVieza provocada pêlos neologismos e pêlos usos inesperados de palavras corriqueiras feitos pelo filósofo mas sobretudo porque a linguagem filosófica de Heidegger é uma busca e não um sistema. aos usos coloquiais e dialetais das palavras.Nota à edição brasileira A tradução de uma obra filosófica representa. como um indicador de caminho. As obras de Heidegger induzidas para a língua portuguesa bem como uma bibliografia sobre Heidegger em nossa língua tarabérn acompanham o presente volume. As obras consultadas para a confecção do dicionário estão indicadas por siglas que correspondem aos títulos em alemão. o leilor de língua portuguesa deve sempre ainda considerar que o presente dicionário foi escrito e organizado a partir das traduções de Heidegger para a língua inglesa. obra que se encontra traduzida para o português. a tradução brasileira optou por duplas entradas. tornam ainda mais complexa a tarefa da sua tradução. portanto. na obra filosófica. mas como um mapa de orientação. a linguagem não é mera expressão de um pensamento mas o próprio lugar de criação do pensamento. a atenção às características específicas da formação das palavras e das estruturas sintáticas da língua alemã. Isso significa que a sua tradução é a tradução de uma outra tradução e que a linguagem de pensamento de Heidegger nos chega através de várias mediações. Além dessas dificuldades. Mareia Sá Cavalcante Schuback . Trata-se de um desafio que ultrapassa as dificuldades de todo trabalho de tradução porque. O recurso às etimologias. a reflexão sobre a linguagem se realiza na criação de uma linguagem da reflexão. a consistência do vocabulário de Heidegger encontra-se bem mais na radicali-dade de suas questões filosóficas do que num uso coerente das palavras e conceitos. que caracterizam a "língua" de Heidegger. a primeira correspondendo à tradução em língua portuguesa já existente e a segunda traduzindo a tradução inglesa. Um Dicionário Heidegger não deve. um grande desafio. ser lido como uma referência absoluta e consagrada do sentido das palavras e dos conceitos. Como as traduções de termos-chave do dicionário devem corresponder não só à tradução inglesa mas sobretudo à Ifngua de Heidegger. sem dúvida. Isto pode ter uma força temporal. Weile era originalmente um "descanso. e Weite.]". "alguma vez já". Heidegger brinca com estas palavras e com os seus correlativos espaciais. Je também tem força distributiva. eternamente". "tédio". "o governo atual". "no último dia de cada mês". "respectivo. Posteriormenlc.e-. "mais".e. estar (em algum lugar)". i.je schon. significa o mesmo que immer schon. "qualquer. devido a seu caráter de ser sempre minha (Jemeinigkeit). pausa". repouso. (período de) tempo". e verweilen.. cada". era originalmente o acusativo singular de Weile. Combinado com mehr. Antigamente. antes "enquanto. como em "jeweils no último dia do mês". Weile gera weilen. i. já. 118ss). Je se combina com membros da família. "algum. Ele ^era o adjetivo jeweilig. 'você é'" (ST. "A cada um segundo [je nach] suas necessidades!". 42). como em " Ele ainda mora em Londres". jede(r). expansão" (G. Heidegger explora a facilidade úoje de formar nomes compostos: je também contribui para irgend. mas frequentemente níio: "A coloniçín) jeweilige [específica. tendo se formado por analogia com a expressão usual immer noch. Ele também explora a etimologia de Langeweile. mas passo J a significar um "instante. durante". u. alguma vez". Je e Weile aparecem juntos noadvérbiojeweils. [je] melhor". "sempre já". "ficar. "cada uma das pessoas interessadas". "alguém". passar (o) tempo". todo". que soam similares mas são elimologicamente remotos. forma immer. "cada. "A cada um de acordo com [je nachdem] o que ele trabalha!". particular] de um .A a cada vez O advérbio je significa "sempre. permanecer. mas agora "porque". Distinguem-se do mesmo modo que "Eleja [je] viveu em Londres?" difere de "Ele sempre viveu em Londres?" Em ST. Assim: "Nós mesmos somos cada qual [wirje seibst] a entidade a ser analisada [çf.Weile. "ficar. 118ss). Heidegger então forja Jemeinigkeit. weit. "sempre. " ainda". je aplicava-se ao passado e immer ao futuro. O ser desta entidade é em cada caso sempre meu [je meines]" (ST. DASEIN]. "extensão. i.. Isto já não mais acontece. como em "Ele deu a cada [je] um uma maçã".e. "extenso". A conjunção weil. "o sempre meu": "Na interpretação do Dasein deve-se dizer também o pronome pessoal: 'eu sou'. Ele também aparece em expressões do tipo: "quanto [je] maior." longo insUnte" (xxix. residir. frequentemente com força emporal: "o governo jeweilige". demorar-se. Mas ele pode ser não-temponí: "asjeweilspessoas interessadas". prevalecente [condições etc. 39ss/66ss. e jemand. jegliche(r). qualquer". 41). Begebenheit. [. porém mais verbal. apesar de Dasein ser um termo abstraio. Em preleções feitas no verão de 1934. O termo mais geral para um acontecimento é Ereignis. suceder". 7). [. "acontecimento". paraje-unsrigkeit. 87). mas não necessariamente.acontecimento. As palavras ficaram associadas a (sich) eignen. continuar. sendo constituído por seu relacionamento com o ser e com seu próprio ser).. contrasta com o . no que concerne ao seu ser. vem de begeben. argumentando (como Hegel) que o autêntico si mesmo deve ser encontrado. vir-a-ser/ tornar-se visível" — o que Heidegger sabia (ACL. algo fora do comum" (DGS. que chamamos Dasein. entre outras coisas. "olho". A expressão significa mais exatamente: em cada caso. 6. 3. de vorgehen. não no eu. Cf.. "acontecer. diz-se que ele refletiu sobre a passagem de Jemeinigkeit. na nação ou povo (Safranski. CT. sempre meu". 110). permanecer [Verweilen]. 260/129). Masjeweils e jeweilig ocorrem com frequência. Em outros contextos Jeweiligkeit é mais distributivo que temporal: "este ente. Posteriormente. dar-se". "apropriar-se". "o em cada caso. mas ocupado com algo. Da-sein). O plural é empregado a partir de uma série de eventos vaga e indefinida.. Dasein é sempre o Dasein de alguém em particular. Ele associa Jeweiligkeit à temporalidade e ao permanecer assumidos como nossa atitude para com o mundo: "Jeweiligkeit significa uma situação circunscrita na qual a cotidianidade se encontra circunscrita por um específico 'de início' [ein jewei-liges Zunãchst] que se encontra em seu permanecer. 266). Assim. aneignen.] éjeweils o que eu mesmo sou. Heidegger forja Jeweiligkeit: "Fac-ticidade é o termo para o caráter do ser do "nosso" "próprio" Dasein. mas mesmo isto é bastante diferente da ocorrência de uma coisa. devido ao seu crescente interesse pela história em grande escala. de sich ereignen. ocorrência l. não concreto (já que o ser humano não possui natureza definida. " colocação/colocar diante do olho. e eigen. lit.]" (LXIII. Vorgang. Mas permanecer no sentido de um vagar preguiçoso só é em si mesmo inteligível se comparado à base de nosso permanecer normal. que é similar a Ereignis. evento. "ser apropriado. não ir embora [Nichtweglaufen].. a saber o homem. sempre. [. ser-aí-junto-a [Da-bei].. a serem publicadas como o volume 38 de suas obras sob o título de Über Logik ais Frage nach der Sprache. 325. a atenção de Heidegger desloca-se de seres humanos individuais para povos. que é estar a caminho para algo. Sobre a lógica como questão da linguagem. é "algo que muda. 8). mas no nós. "emitir. A este ser [Sein] — Dasein — pertence a particularidade [a Jeweiligkeit] de um eu. " o em cada caso sempre nosso". É "frequentemente. pertencer". 2. "(o seu) próprio". Em ST Jemeinigkeit suplanta Jeweiligkeit. possui o caráter de ser 'ai'"' (LXIII. "prosseguir. um processo. e até o século XVIII eram grafadas Eraugnis. como casas e varandas. erãugnen. acontecimento. "acontecimentoapropriador".] em circulação" e sich begeben. 7). Heidegger também usa Ereignung (Erâugnung). cf. desde que alguns dialetos pronunciaram ãu da mesma forma que ei. ocorrência ente é sempre vista" quando iluminada (XVII. que evolui. tanto com quanto sem força temporal.] Tal permanecer é de início e na maior parte das vezes não meramente contemplativo. expor-se (ao perigo). As palavras vêm às Auge. evento. [jeweilig] este Dasein (fenómeno de 'Jeweiligkeit'. publicar. "dirigir-se. ocorrer". Esperar na rua pode ser apenas vagar preguiçosamente. pôr [moedas etc. que é este ser [Sein]" (XX.. Isto é. ou seja. geralmente a acontecimentos naturais.". a humanidadï do homem. Uma experiência não é Vorgang. 250). A palavra mais forte para "evento" em ST é (das) Geschehen. Geschehnis. de vorkommen. como quando "deparar-se consigo mesmo [Sich-vorfinden] perceptivamente" é contrastado com "encontrarse em um humor [gestimmtes Sich-befinden]" (ST. que são seressimplesmente-dados. vem de geschehen. é um " acontecimento que concerne a alguém" (DOS. 135). ocorrência 3 termo específico Ereignis" (DGS. O dar-se [Geschehen] da situação não é 'Vorgang' — como por exemplo uma descarga elétrica observada em atitude teórica em um laboratório de física. o "ser-simplesmente-dado" (cf. ''história". não como um "acontecimento" individual. 111). ou de antecedência. lançar-se. " prévia(mente)". Umcano estourado ou uma batida de carro são Geschehnisse. Mas isto não acontece quando vor. cf. uma ocorrência que é um Objekt para mim. 375). 116). pedras não (XXIX. É errado colocar diferentes tipos de acontecimento — o aquecimento de uma pedra. que Heidegger associa ao termo correspondente Geschichte.75. incidente. Heidegger aplica Vorgang e Vorkommnis(se) ao SER-SIMPLESMENTE-DADO. Ele escreve Er-eignis e assim o liga a eigen etc: "Experiências [Eriebnisse] são Er-eignisse no sentido de que elas vivem daquilo que é próprio a cada um [aus dem eigenen leben] e a vida vive somente desta forma" (LVl/LVll. mas agora "dar-se". 111). possui sua própria temporalidade e correspondentemente uma 'estabilidade' própria. Geschehen é compreendido verbalmente como "evento". evento. Vorkommnis e vorkommen são normalmente reservados para o vorhanden. "ocorrência(s)".acontecimento. Palavras que começam com vor.possui uma força temporal. Pode aplicar-se a " uma tempestade. ela proporciona Motivation. ocorrer etc.são com frequência associadas ao ser-simplesmente-dado e à atitude teórica objetificante. Em ST Ereignis ainda é usada para um acontecimento que se passa comigo. É por conseguinte bastante distinto de Geschehnis. O infinitivo substantivado também é usado para "evento(s). mas 'Ereig-nisse'.). em virtude da qual também o caráter-Geschehen de . correr". por exemplo vorganging. Uma situação não é neutra. Uma "situação" contém "não elementos estáticos. acometer. para distinguir os "processos [Vorgãnge] da natureza e os acontecimentos [Geschehnisse] da história" (18) e para referir-se a "afirmações sobre acontecimentos no mundo circundante" (158) não inteiramente teóricas. 111). 119). A exploração disto nos mostra como Dasein " se refaz" em um ser próprio unificado e deste modo dá origem à história: "Ou a personalidade da pessoa. à reforma de uma casa ou à chegada de um amigo. 4. originalmente " apressar-se. 344f. que aparece somente duas vezes em ST. manuais ou co-presentes" (ST. evento". e sim Ereignis. O acontecer Dasein é o "movimento específico no qualDasein é estendido e se estende" do seu nascimento até sua morte (ST. Seu uso se limita à palavra escrita" (DGS. 205). um animal que vê e se apodera de uma caça — sob a rubrica de Vorgang no sentido de uma sequência de Vorkommnisse. ST. "acontecimento. por exemplo vorweg. ou de antecipação. somente DASEIN " acontece". " ir para a frente. 5. "adiante". Animais assumem uma conduta (Benehmen). Muito antes ele distingue Vorgang de Ereignis. Ereignisse 'se passam comigo' ['passieren mir']" (LVI. a coisas portanto. Vorkommnis(se). mas não Geschehen. Este é "o termo mais abstraio para 'acontecimento'. acontecimento(s)". Não devemos fazer asserções sobre ele. 4s). sincero.. 401s/ep. franco. 21ss).: "não é mais uma questão de lidar 'com' algo e apresentálo como um objeto. 3). Mas Geschehen é verbal e. mas um longo e arrastado Ereignis no qual a verdade dos entes como um todo muda vagarosamente e avança em direção a um fim determinado pelo niilismo (NU. sinceridade". 196. "passar despercebido. cf. acontecimentos tais como " a verdade indicando para o ser. não pode referir-se a acontecimentos distintos. 263. enquanto Geschehen e Ereignis. o essencializar do ser. são profundamente importantes (LXV. O ser se apropria do homem e o toma Da-sein. "A metafísica é o evento fundamental [Grundgeschehen] em Dasein". Estas palavras estão relacionadas a lanthanein. ainda podem nos salvar da perdição no alvoroço de meros Begebenheiten e maquinações.] para Da-sein" (LXV.. 33/niv. O niilismo é não apenas um Begebenheit histórico entre outros.." (cf. 57. "vida" ou "movimento" no sentido nietzschiano. Ser como Ereignis não é "tornar-se". lethein. [. Depois de ST Ereignis torna-se de novo importante e briga com Geschehen pela estima de Heidegger. 227s). 243). não uma substância na qual e para a qual várias coisas acontecem. Ao refazer-se ele "repete" ou retraça o passado histórico. Cf. Entretanto. Dasein é um evento.e. que atinge uma mudança na essência do homem de "animal racional' [... mais tarde dele se distinguem: Begebenheiten são acontecimentos visíveis. . mas "dizê-lo em um dito que pertence ao que o dito traz à luz e rejeita toda objetificação e falsificação em um estado (ou um 'fluxo') [. 231). 173. veracidade. não obstante indiscerníveis. mas a história do ser conhece raros Ereignisse em longos intervalos que são para ele apenas " momentos". Um outro acontecimento deste tipo é o "início [Beginn] da metafísica" e a distinção entre ser-0Que e ser-Isto (NU. Às vezes elevam-se a Begebenheit.4 aletheia e verdade Dasein do homem. 390f). Alethes é "verdadeiro. 388/niv. 28). aletheuein. Há também um verbo. "Somente os maiores Geschehen. "começo". Geschehen é em geral intercambiável com Ereignis." (LXV. 256). cf. real. se determina de um modo radicalmente diferente do caráter-Vorgang da natureza do ser-simplesmente-dado?" (xxxi. não possuindo plural. 120/109). "O que ocorre [geschieht] é a história do ser" (NU. mas superficiais e públicos. a revelação inicial do ser que pela primeira vez nos capacita a identificar entes. mas não é um acontecimento distinto na carreira de Dasein: "É o próprio Dasein" (OQM. 2s). os mais profundos Ereignis. a essência da história no sentido autêntico. Porém. i. honestidade.]" LXV. Ambos os termos são contrastados com Vorgang e Vorkommnis. Aqui Heidegger explora ao máximo seu suposto parentesco com eigen etc. como um acontecimento histórico (XXXI. 472).. 97. a consolidação do seu desvigoramento (correção)" etc. (LXV. "falar verdadeiramente etc. ST.. e a uma forma mais ahtiga. Deve acontecer algo que nos revele o ser e nos devolva a ele. tietheia e verdade Aletheia é o termo grego para " verdade. o colapso da verdade. o local da revelação do ser: " Ser como Er-eignis. 311). mas de ser transportado [übereignet] para o Er-eignis. XIX. das Ereignis refere-se frequentemente ao supremo acontecimento que constitui o Anfang. A Ereignung faz do homem a propriedade [Eigentum] do ser. Avistar ser nesses termos — que dependem do ser como entidade — faz dele um objeto. atual". 254. dramáticos..j propriedade é pertencimento à Ereignung e isso é o ser" (LXV. "A não-verdade" não é a pura "falsidade". 2. ser que desvela" (XXXI. que deve persistir através do nosso dês velamento dos entes: uma luz única não pode ser responsável tanto pela abertura do aberto quanto pelo desvelamento de entes particulares (LXV. e o velamento insiste em que o aberto revele apenas certos aspectos da realidade. 91). que. a-letheia. velar [Verber-gung]" (LXV. A verdade pressupõe explicitamente velamento ou encobrimento. "ateísmo" etc. mas sim "encobrir. Mas desde o início Heidegger afirma que aletheuein é "retirar do encobrimento [Verborgenheit]. Atingimos a " essência da verdade". Entborgenheit. "esquecer.verdade" continua sendo. compreender o desvelado como tal. porém. Entbergung. o mundo ou entes como um todo. não toda a sua natureza. 131. Ele — nio Aristóteles. ser e mundo —. e nós os descobrimos. a " abertura do aberto". 91). O que vela. i. Em ST (222. O segundo tipo (b) envolve um velamento que nós superamos "parcialmente e caso a caso" (LXV.. aletheia é "desoculta-ção" (XXI.) isto significa que o Dasein decadente interpreta mal as coisas. Em grego. uma inicial a é em geral privativa. 25. O primeiro tipo (a) envolve o velamento: tudo estava encoberto antes que o aberto fosse estabelecido. não é mais o homem. " não. 171) — iniciou o declínio da a-letheia para a "correção" e para a verdade como adequação (XXXIV. mentais e primordialmente teóricas tais quais julgamentos. não apenas entes dentro dele. Nós perdemos a ideia do aberto. P. e lethe. esquecimento". Isto possui três implicações: l. 2. 219). 362). "não escondido ou esquecido" . ao contrário de unverborgen. "natureza"). 256f. (b) de entes particulares dentro deste espaço aberto. Entes etc. desocultar [entdecken]" (XXII. 33. e assim "rejeita essencial- . 2 Iss. O primeiro procedimento é característico de ST e das preleções iniciais. 338). Desvelado [entborgen]. XXI.e. 219). está desencoberto — desencoberto tanto pêlos humores quanto pela compreensão. 338s). como o prefixo latino in. O mundo como um todo. "desvelar. Há dois tipos de desvelamento: (a) do aberto. O erro de Platão foi fatal. que tentou ao máximo reparar o dano (NU. aletheia são geralmente aceitos como sendo a-lethes. Platão erra ao relacionar z verdade à luz Nós perdemos a idéa do encobrimento e assim a força privativa de a-letheia: a luz é constante — nunca está ligada ou desligada — e revela tudo que há a qualquer um que clhe. e não apenas concordam com uma asserção ou representação. 201ss/215ss). Mas entes etc. O DASEIN está tanto na "não-verdade [Unwahrheit]" como na verdade. crenças e representações. não de pensamentos e elocuções. não "falsidade". e alefhes é " desencoberto [Unverborgen (es)]" (ST. Mais tarde. A verdade é primordialmente um aspecto da realidade — entes. nem é "encobrimento": é "o disfarce [Verstelltheit]" da verdade (XXXI. 162). 33. Cf. dito de entes. 3. estão. o segundo de obras posteriores. Aletheia era originalmente o aspecto básico dap/tyii\v(aproximadanente.aletheia e verdade 5 não ser visto". mas o ser. por duas direções: pela "reflexão sobre o fundamento da possibilidade da correção (adaequatio)" e pela "reminiscência do começo (aletheia)" (LXV. são genuinamente desvelados. ou seja.ou o germânico un: (O "alfa privativo" ocorre em muitas palavras derivadas do grego: "anónimo". ST. 228/niv. desve-lamento". é claro. ou aquele que " não esconde nem esquece".) Alethes. desencobertos para nós. Heidegger mais tarde forja entbergen.339). A verdade não está restrita a asserções explícitas e a atitudes discretas. podem possuir um sentido ativo: " alethes significa: l. "ver". raramente significa "desenco-berto" em Homero. Os três sentidos se fundem em Platão. do conhecimento e da existência. Suas tentativas de encontrar aletheia como "desencobrimento" em Platão invariavelmente falham. As interpretações de Heidegger de aletheia e de Platão são indefensáveis. 221-229: l. honestidade e consciência de um indivíduo ou personalidade ("existencial"). NI. e desde Descartes a relação entre alma e entes tornou-se a relação sujeitoobjeto. Homoio-sis tornou-se desde então adaequatio e depois "concordância". não já prontos esperando que as coisas sejam desencobertas para nós. Ele presume que. 206ss/ni. e revelados como. e também sua crença de que somos feitos. Heidegger compreende mal isto. 4. Mesmo se vier. e seu "espaço de jogo [Spielraum]".e). 329). a assunção de que os gregos. ao "aspecto [Ausse-hen]" visual dos entes. ï. se outro sentido reaparece. A ascensão da caverna é uma ascensão do ser. tal como o pensamento" (LXV. é porque Platão é indeciso e "ambíguo". Este despreza a distinção de Heidegger entre o aberto e o desvelamento de entes particulares. na explicação de Heidegger. (Ele também diz que para compreendermos como é possível dizer que fazemos coisas ao segurar um espelho.) (NI. Em Platão. é negligenciado (LXV. a veracidade. se Platão enxerga a verdade como correção da apreensão. idea. A ascensão dos prisioneiros para fora da caverna é uma "correção" progressiva da sua visão desta idea e do ente cuja idea ele é. Também não é verdade que idea — e seu quase-sinônimo eidos. então ele omite seus outros sentidos. devemos compreender "fazer" num "sentido grego" especial. Não é certo que alethes venha de a. usavam as palavras invariavelmente de acordo com suas raízes etimológicas não tem fundamento (cf. do grego idein. Verdade torna-se correção. o declínio degenerado da idea de Platão. 198. Quando Platão diz que as coisas que "fazemos" quando seguramos um espelho não são entes tei aletheiai. Hesíodo e autores posteriores. A questão de Platão é que coisas em um espelho não são reais. 177ss) Mas as coisas não estão mais encobertas em um espelho do que na carne. Estes três aspectos de aletheia estão unidos em Platão. ela "aparece sob o jugo da idea" (P. Heidegger aceita o 2. e que as coisas que os pintores fazem não são alethe (República. 3. refere-se. ou alguém mais. em EPAD (77s/447). Em 2 e 3 Friediander está certo. A explicação de Heidegger foi atacada por Friediander. ao passo que. aletheia já não é primordialmente uma característica de entes: ela trabalha junto com a alma e consiste numa homoiosis. Heidegger acredita que ele queira dizer que coisas em espelhos e em pinturas não estão "desencobertas". Por conseguinte. entre elas. 596d. mediada pela "representação". 329ss). Friediander pensa em termos "empíricos" muito mais do que .e lanthanein. O que não significa que Friediander esteja certo em 4. e implicitamente o 3. Interpretar a verdade como desencobrimento não o salvaria da subjetividade moderna: o desenco-brimento deve ser desencobrimento para alguém.172). mas possui três sentidos principais: a correção do discurso e da crença (epistemológico). o aberto. não alethe no sentido ontológico. 228).6 aletheia e verdade mente qualquer questão acerca de sua relação com qualquer outra coisa. a realidade do ser (ontológico)." forma" — signifique "aspecto. No vocabulário kantiano rejeitado por Heidegger. o que somos pela abertura do aberto. aparência".200/ni. uma "semelhança". um " Gefühl é o modo como nos encontramos em nossa relação com os entes e portanto em nossa relação conosco" (NI. 141). Um Affekt (ocorrente). 'já descobriu o mundo como uma esfera da qual o temeroso pode aproximar-se" (S". por exemplo uma broca de dentista. ou não importam. 119/ni. DASEIN. mas está se aproximando. (A consulta do mfis seguinte não me incomoda. Já está próxima. nunca é cego. 51). eu também "temo por mim . tal como ódio: "O ódio é clarividente. inautêntico e encoberto para si mesmo como angústia" (ST. algumas talvez não temam nada. O temor descobre o mundo de uma man»ira especial e está próximo. não receio me aproximar da pia quando há uma se escondendo lá. angústia. um humor que se corporifica de certo modo" (NI. e vem de uma região definida. para os entes como um todo tal qual importam. Heidegger frequentemente as distingue. apesar de não ser improvável que a encontre. deAngst ("angústia. ansiedade. 256). LXV. 110/100. Algumas pessoas não temem a broca de dentista. é bastante diferente de uma Leidenschaft (disposicional). 189). mas não é certo que chegue. 58s/ni. O que eu temo é um ente dentro do mundo. O meu medo letárgico. 141). Chamar uma paixão de "sentimento" parece enfraquecê-la. Gefühl é às vezes embara-çosamente igualado a Stimmung (OQM. para nós". tédio 7 "transcendentais". Eu posso não precisar de uma obturação. O prejuízo é de um tipo definido. Affekt ("afeto. O amor é clarividente. temor. Gefühl é aqui equivalente a Stimmung: "o sentimento não é algo que se localiza no 'interior'. só a fúria é cega. Eu não temo l broca simplesmente por causa da dor que eu espero. o sentimento é aquele modo básico de nosso Dasein em virtude do qual e de acordo com o qual estamos sempre já elevados. efémero e espasmódico. temor. 100). ainda que distinto. desconforto"): "O temor é angústia decaída no 'mundo'. Heidegger está muito mais perto de Platão. tédio O alemão possui uma variedade de palavras na areada "emoção": Leidenschaft ("paixão"). A incerteza persiste alo o último momento. um afeto. A incerteza intensifica meu temor. Gefühl ("sentimento") c Stimmung ("humor"). (Já que não tenho medo de aranhas. o dentista. 62/ni. minha suscetibilidade ao temor. 48). Se temo por outros. do que ele admite. não uma paixão" (NI. nunca é cego. mas isto é porque possuímos um conceito degenerado de Gefühl. emoção"). Eu temo por mim mesmo. pode ser que não doa se eu precisar. nem "espero" deparar-me com uma. propriamente interpretado. acima e além de nós mesmos.) Ela ameaça. A região e o que vem dela me são familiares como "amedrontadores". Elas podem esperar a mesma intensidade de dor que eu espero.) O temor é não apenas um sentimento interno. A broca ainda não está no meu dente ou nervo. dor de dente. O corpo está intimamente envolvido: "Todo sentimento é uma corporificação [Leiben] sintonizada de um certo modo. mas não a consideram temível c m1o lhe dão a mesma atsnção que dou.angústia. tal como ira ou fúria (Zorn). Este ente é "prejudicial". às vezes diferenciado dele como um sentimento puramente interno destacado de qualquer objeto (NWM. ele abre um mundo de ameaças potenciais. De fato. só o ardor do amor é cego. Mesmo que eu tema por minha "casa e lir" eu temo por mim mesmo enquanto "serjunlo-a que tem uma conjuntura" (ST. 304/385). Prejuízo é o "modo de sua conjuntura [Bewandtnisart]". Somente entes intramundanos possuem conjuntura. 2. Angst faz com que achemos tudo "estranho" (unheimlich. o ser-nomundo. Angst despe o mundo de sua totalidade de envolvimento. enquanto o "humor básico do pensamento no outro começo vibra nos humores que podem ser chamados de": pavor (Erschrecken). ou o Nada (cf. 109ss99ss). OQM. (Como eu temo por mim mesmo.58s). O humor básico do "primeiro [cf. geralmente apenas uma forma intensificadora de fiirchten. e carece de "conjuntura". Toda palavra é retirada da tradição. grego] começo" era "espanto". coisas familiares e intramundanas. mas o mundo. se compro um seguro de vida ao temer pelo futuro da minha família?) O temor é. 342. Há três tipos de tédio progressivamente "mais profundos". 111/100). O "tédio" (Langeweile) também descobre entes como um todo ao deixar tudo se afundar na indiferença. O pavor nos faz "esquivar-nos do fato de que entes são" e de que o ser os abandonou (LXV. O que Angst é para (seu Worum. enquanto o temor nos faz " perder a cabeça" (ST. o serlançado nele de alguém. "em torno de que") é o mesmo em tomo de que ele é: Dasein e ser-no-mundo. Dasein também perde suas ocupações usuais e é reduzido ao seu ser-próprio nu e cru. O humor requer mais de uma palavra: "Toda nomeação do humor básico com uma única palavra é enganosa. Posteriormente. Angst não é o único "humor básico" (XLIX. mas confirma sua riqueza e singularidade" (LXV. Angst é calma e serena. o " humor básico" dominante passa a variar historicamente. 206ss). (b) a própria Angst do filósofo o desliga de ocupações mundanas e preconceitos. seu simples poder-ser. cf. temor. Angst possui dois efeitos contrários: l. não os permite escoar e assim não revela o Nada (OQM. Angst também é um estado em que alguém se encontra. 111/101). 142).8 angústia. esp. 32. Dasein ele mesmo. só que. 184ss): o que está relacionado com Angst (seu Wovor. ir a um jantar. desta forma. tomando possível a filosofia. 141. um estado em que alguém se encontra: ele descobre o mundo. Ele não traz a ameaça de um mal definido. " diante-do-qual. Angst ocasional e explícita nos tira do familiar e descobre o puro Dasein e seu mundo vazio. lit. Langeweile é literalmente " longo enquanto" e portanto mais explicitamente temporal que Angst. OQM. Que o humor básico do outro começo tenha muitos nomes não se choca com sua simplicidade. 22). . em-face-do-qual" ) não é um ente intramundano. Angst constante e implícita faz com que fujamos de nós mesmos e nos refugiemos em ou "decaiamos para". sua " liberdade de escolher a si mesmo" (ST. XXIX. e andar pelas ruas da cidade numa tarde de domingo — um "tédio profundo" semelhante à Angst (XXIX. "temer"). e a "conjuntura" de entes dentro dele. 117ss. tédio mesmo" (sich fiirchten. é indefinido. Angst explícita serve ao filósofo de duas maneiras: (a) Em geral revela Dasein em sua unidade. "sem lar"). que poderia ser arrancado de mim" (ST. e assim nos sentimos "fora de casa [Un-zuhause]" no mundo. mas difere do temor (ST. 159). exemplificados respectivamente por: aguardar um trem numa plataforma deserta (o qual Heideg-ger injustificadamente afirma ter de estar atrasado. aquilo de que eu tenho medo é "de meu ser-com o outro. sua significação. tornando o mundo como tal ainda mais importuno. portanto. 14). 188). moderação (Verhaltenheit) — estes juntos são pressentimentos (Anhung) — e timidez (Scheu). ao contrário de Angst. guardar". Somente quando a obra se tornou um objeto ela pode se adequar a exposições e museus" (ACL. LIV. A questão não é simplesmente que ninguém é um artista até que tenha criado uma obra. Desagrada-lhe a palavra Ãsthetik. Bewahrung. 55/192). Mas "a angústia diante do ser é tão grande hoje quanto sempre. é essencialmente inconspícua mesmo se estiver em uso. disfarçando assim o "vazio crescente" (LXV. 139/43. deste material. e " preservação". Uma rocha é o que é independente de qualquer espectador. NI. A verdade. 503). da mesma forma o artista é originado pela obra de arte. Os conceitos de ST não podem ajustarse facilmente à obra de arte. ST não tem nada a dizer sobre arte (Kunst) e usa o termo Werk para o produto de uma habilidade mais do que para uma obra de arte. "percepção". a arte sendo uma espécie de força impessoal que utiliza o artista em prol de seus propósitos. e wahr. 77 ss LXV. 123). 199ss). Aobra incorpora a verdade antes de tudo. nem manual como uma vassoura ou um carro. ST pode levar-nos a esperar que Heidegger considere a arte em função das escolhas dos artistas. Assim como DASEIN está lançado em seu próprio projeto e se compreende em função dele. Como uma rocha e ao contrário de uma vassoura. 10ss/146ss). Mas uma obra precisa de preservadores para trazer à luz seu sentido e para receber a luz que ela derrama sobre suas vidas. o propósito de uma vassoura é imanente a ela. iluminando o mundo e a TERRA na qual ela se encontra.) Uma obra também necessita de uma plateia. 214. Ela não é um ser-simplesmente-dado como uma rocha ou uma árvore. ainda mais se guardada no armário. "proteger. Heidegger não fez preleções sobre arte até meados da década de 1930. naturais.. 4). deste pigmento etc. (Heidegger frequentemente sugere que filósofos também estão sob o jugo de uma força impessoal. por dar ên:'ase à audiência à custa do artista e da obra. está " posta na obra" e " põe-se à obra" (um jogo de palavras com ins Werk setzen. e em qualquer caso uma vassoura. LXV.arte e obra 9 A modernidade tende a mostrar todo humor (ou a deixá-lo aparecer). A obra de arte é mais como um PROJETO. verdade". Como uma vassoura e ao contrário de uma rocha. assim como qualquer instrumento em bom estado. do grego aisthesis. embora as palavras não estejam relacionadas etimologicaraente. a escolha deste tema no lugar daquele. ela é feita por seres humanos. Mas ele não o faz. a torná-los públicos e comuns. "verdadeiro.] transforma a obra de arte desde o início em um objetopara nossos sentimentos e ideias. ou melhor. A similaridade úe(be)wahren. cf. Wahrheit. a revelação do ser. que propõe um mundo no qual escolhas podem ser feitas. 290/niii. de "preservadores" Bewahrenden. 91ss/ ni. e por focalizar a beleza superficial e perceptível da obra: "A estética [. não de seu autor (Ni. tal como a "vontade de poder" ou o "começo" (NU. 474/niii. Uma obra deve ser compreendida em função do ser e do mundo. 69). e a beleza . não se perde em Heidegger.. 139). 10s). arte e obra Salvo uma tentativa de estabelecer a antiguidade da associação do homem com o cuidado a partir de um poema de Higino (ST. mas que o artista não tem controle de sua própria criatividade. Prova: o gigantesco aparato para calar esta angústia" (LXV. "coisais". mas a criatividade do artista possui afinidade com a criação sem propósitos da natureza (UK. Cf. Ainda assim. ela não tem propósito específico e contém essencialmente materiais conspícuos. o que significa: " Permanecer na abertura dos entes que acontece na obra" (UK. possui aspectos em comum com ambos. Ele inicialmente acha que 4 está em desacordo com a explicação fisiológica da arte dada por Nietzsche (NI. 503). a partir de um conceito de artista ainda mais vasto. é primária: ela gera o artista e os preservadores como um rio molda suas próprias margens (cf. A visão estética da arte deriva da metafísica antropocêntrica da modernidade. A verdade. 109ss/ni. A arte vale mais do que a verdade.IO arte e obra sensorial apenas secundariamente.). cf. conduzindo-a a possibilidades mais elevadas. 567s/niii. 4. A arte deve ser compreendida em função do artista. 82ss/ni. 138ss): l. 250/ni. mas desperta-a a partir de si mesma novamente para a vigília. enquanto os entes forem. e ele mantém o contraste platónico entre arte e verdade (NI. 217. para Nietzsche. "como se um estado corporal habitasse o andar térreo e um sentimento o andar de cima" (NI. a arte corre a risco de se tornar um dispositivo para prover " vivências [Eriebnis]" (LXV. pois 'Apenas através da magia pode a vida permanecer acordada' (Stefan George. UK. Seu maior desacordo com Nietzsche aparece em 5. A arte é. LXV. é o retraio acurado do estado de coisas em curso relativamente a categorias rígidas e conceitos. 92ss). 91. A arte é aquilo que mais estimula a vida. mas àquilo que Nietzsche diz que a arte proporciona: a descoberta de um reino de novas possibilidades. 635s/niii. ou a arte mesma. Heidegger rejeita 2: Nietzsche ignora a primazia da obra (NI. uma obra de arte é tão pouco um produto da habilidade. verdade não é correspondência ao fato. a noção nietzschiana de verdade é demasiadamente tradicional. 98. Isto é incitado pela visão (por exemplo. de Hartmann) de que uma obra é uma coisa. Porém. 140). 69. o resultado é incerto (UK. 126s). 148f/ni. 66s/204ss. 138/ni. 81). 48/184). com o valor estético sobreposto a ela. 83). o evento básico de todos os entes. 153. o modo como me sinto na presença de algo. ainda não vividas. É onde a verdade se abriga. que não pairam 'acima' da vida. para a verdade ou desencobrimento. ou. 507). LXV. em cujo livro póstumo Vontade de poder ele encontrou cinco proposições sobre arte (NI. A arte é a forma mais transparente e familiar da vontade de poder. uma coisa manufaturada. NI. 476). NU. perícia" quanto para "arte" (já que techne significa trazer os entes. originariamente. 165). 91). . é a verdade que possibilita a aparição dos entes enquanto entes e habilita artesãos a produzirem seus artefatos (LXV. a que se adiciona beleza. eles serão algo que cria a si mesmo e que é criado. 12/niii. 99/ni. 162ss/ni. Assim sendo. "Der neue Reich")" (NI. quanto uma coisa. isto é uma questão de "decisão". A arte "transfigura a vida. 3. Heidegger elabora suas visões acerca da arte em interação com Nietzsche. determina minha visão de tudo com que me deparo (NI. Apesar de a palavra grega techne ter sido usada tanto para "habilidade. e concorda com a concepção dos entes como aquilo que é "objeti vãmente repre-sentável" (LXV. A obra. mas modifica este veredito interpretando a fisiologia como algo que não envolve separação de corpo e mente. 69ss. Embora tanto a verdade quanto a arte sejam necessárias para a vida. A superação da estética é parte integrante da superação da metafísica (LXV. Heidegger concorda que a arte seja superior à verdade no sentido nietzschiano de verdade (Ni. A arte é o contramovimento distintivo por oposição ao niilismo. Estritamente. Meus próprios estados. 5a. 503s).243 etc. 2. 179/ni. 117s). 118/ni. Hegel estava errado em afirmar que a arte chegou a um fim. seja por habilidade ou por arte. e/ou 5b. Se a arte haverá de decair para um "instrumento de policiamento cultural" ou se a arte ainda haverá de pôr em obra a verdade. ST. 42). Ele cai em e é absorvido pelo "mundo". "não literal(mente). Sendo meu. isto é. posso perdê-lo ou compreendê-lo. A possibilidade de ser autêntico ou inautêntico de Dasein se enraíza no fato de que Dasein é " sempre meu \je meines]". quando usado como termo técnico. "próprio. 146). e deve sempre dirigir-se a e ser abordado por meio de um pronome pessoal. separado. 336). Primordialmente só Dasein é (in)autêntico. compreendendo a si mesmo e apoderando-se de si tanto ou tão pouco como exclusivamente seu [ais eigenes]. estranho etc. Tudo o mais que se pode dizer (in)autêntico — temporalidade.e. Ou. 229. ou "você" (XXI.. Isto significa que toda arte é essencialmente "POESIA" . "inautenticidade". "si mesmo etc. i. mas de que uma decisão acerca de Dasein já foi feita. algo de próprio. o futuro etc. peculiar. cf. cie compreende . 226s. SF. surge como particípio passado de um verbo morto que significava "ter. Mas Heidegger recusa isto. por exemplo nos tempos da juventurie. " autenticidade". — o é em relação à (in)autenticidade de Dasein. na medida em que já sempre foi decidido de que modo é meu — não no sentido de que ele mesmo necessariamente tomou a decisão. i. ST. ST. que vem do grego autos. e relaciona intimamente eigentiich a eigen: Dasein "é essencialmente o que pode ser autêntico [eigentiiches].. meu. ainda não encontrou seu caminho para si mesmo. autenticidade e inautenticidade O adjetivo eigen. 42s). possuindo a si mesmo tanto ou tão pouco como exclusivamente seu. cf. verdadeiro(amente). ou perdeu-se a si mesmo. de exclusivamente seu [zueigen]" (ST. original(mente) etc. 59/199). deficientemente: ele ainda não apoderou-se de si mesmo. ou ainda Dichtung (UK. possuir". alternativamente. tomado".. perdendose novamente de si mesmo.".. só pode ter falhado em encontrar a si mesmo. Dasein ainda não ganhou a si mesmo como exclusivzmente seu. Ele também usa Eigentiichkeit. de tal forma que esquece de si mesmo como um ente autónomo e interpreta a si mesmo em função de suas preocupições correntes: "Cada um é o que faz [. 231 s). um alfaiate. ter o sentido de que ele não é real. 229. Dasein é sempre meu. Em casos extremos." Dizer que DASEIN não é eigentiich poderia. como o contrário de eigentiich. Desta forma. Heidegger usa em geral uneigentiich. na medida em que ele é. Eigen deu origem a eigen-tlich "real(mente). isto significa de fato que é exclusivamente seu [zu eigen] desta maneira ou de outra. eigentiich. e uma inautenticidade genuína. "é sempre meu. 90). em seu próprio ser.. Ele o perde ao "cair na ocupação" (XXI.e. ou não realmente Dasein. um banqueiro" (XX. originalmente. 42). portanto. "garantido por confiança". talvez justo no período mais vigoroso de sua vida. um professor. um caso falso de estar-em-casa-consigo-mesmo [Beisichseibstsein] de Dasein. possivelmente autêntico" (XXI. Estes últimos não coincidem com "genuíno [echt]" e "falso [unecht]": "Há uma autenticidade falsa. uma perda de si genuína que surge do Dasein concreto em questão" (xxi. "eu".] E um sapateiro. atual(mente). Só pode ter perdido para si mesmo. e forja Uneigentiichkeit.autenticidade e inautenticidade 11 A arte é o "deixar-acontecer a chegada da verdade dos entes enquanto tal". figurati-vo(amente)".e." e significava originalmente "feito por suas próprias mãos". significando. "possuído. está próximo de "autêntico". i. Dasein não perde i si mesmo como se perde um guarda-chuva (cf. pois o fato de ser meu não acarreta necessariamente que seja "próprio [zu eigen]". De início e em geral. cf. ou ao si mesmo interpretado em função do mundo. 320): assim sendo. tratando de seus negócios. LXV. 263). " pre-sença". deve ver as coisas como eles as interpretam. Dasein inautêntico continua a falar de si mesmo como "eu". 323s). Posteriormente. Mas ele continua a usá-la em seu sentido normal de "posse. não de seu próprio modo. 53). ela acaba tornando-se um estado de decadência e inautenticidade. mas referindo-se ao IMPESSOAL. 43. Inautenticidade é apenas uma "modificação". estar fora etc. 229s. Duas noções similares ocorrem. "reinado" (LXV. " ser-aí". estar afastado. Não obstante Heidegger discute com frequência a inautenticidade independentemente do impessoal (por exemplo XXI. "qualidade do próprio. no que concerne a problemas que ultrapassam a mera concordância com a opinião impessoal de que sapatos são para caminhar e martelos para martelar. 232. Que o homefn possui a sua essência como Eigentum . não seria " inautêntico". Embora a cotidianidade comece como uma condição neutra. não o que o impessoal prescreve. portanto. Heidegger sugere certas vezes que na "cotidianidade mediana" Dasein não é nem autêntico nem inautêntico. o si mesmo "subsistente". Frequentemente isto está próximo da Eigenilichkcit de ST: "O si mesmo é o desdobramento da propriedade (Eigentumschal'l| da essência. Eigentum vem de eigen. com o qual só se pode lidar por meio de suas preocupações. NI. Ser autêntico é fazer sua própria coisa. por analogia com Fürstentum. 275s/nii. "ser-afastado" (mas como wegsein. Dasein ainda se ocupa de si mesmo.). LXV. cessando toda "ocupação" (Besorgen) com o que quer que seja. Se deixasse completamente de se importar consigo mesmo. ST. Pode ser que ele queira dizer que o Dasein cotidiano não está necessariamente sujeito ao impessoal. Weg-sein. Quando o homem como tal não é mais Da-sein. Trata-se de uma noção próxima de Uneigentiichkeit. 322). 228ss). a distinção toma-se menos importante (cf. Se queremos saber do si mesmo autêntico. já que não mais seria um Dasein. do cuidado. 24s etc. propriedade". e Heidegger insiste que essa palavra pode ser lida como Eigen-tum. Uma razão para isto é que a distinção entre autenticidade e inautenticidade não é imposta a Dasein pelo próprio Heidegger. já não há lugar para uma distinção entre Da-sein autêntico e inautêntico. Se assim o fosse. 302). 301s. Todo Dasein possui uma voz interna chamando-o para a autenticidade. não a extinção. A inautenticidade está frequentemente associada com o impessoal. 252. possessões": o "acontecimento [Er-eignung] apropria-dor destina o homem para a Eigentum do Ser (LXV. Apesar disto tudo. 163). encontrando-se num estado de Indifferem (XXI.12 autenticidade e inautenticidade a si mesmo como um SER-SIMPLESMENTE-DADO. para o cumprimento-de-si-mesmo: " ouvir constitui a abertura primária e autêntica de Dasein para seu próprio poder-ser: ouvir a voz do amigo que todo Dasein traz consigo" (ST. devemos olhar para o "autêntico poder-ser-si-mesmo [Seibstseinkonnen]. "estar desviado.") é contrastado com Da-sein (XXIX. firmado sobre seus próprios pés. 95. irrecuperavelmente perdido na inautenticidade. deixaria de ser "cuidado" (Sorge). na autenticidade e propriedade do ser de Dasein como cuidado (cura)" (ST. Inautenticidade não é uma noção moral ou teológica (XXI. mas à medida que sucumbimos ao Weg-sein estamos fora do Da-sein. A conexão entre a absorção em seu negócio corrente e a sujeição ao impessoal reside em que alguém. Dasein nunca está. 66). . apenas aqueles que estão preparando o solo para a questão do ser (LXV. Pois na maioria das vezes: Der Mensch ist das Weg. Já que agora estamos mais preocupados com a história e o ser do que com o Dasein individual.autenticidade e inautenticidade 13 significa: ele permanece em constante risco de perda" (LXV. 489. cf. 285). Mas a inautenticidade agora está mais ligada à relação de cada um com o ser do que à relação consigo mesmo: "Dasein é autêntico se pertence à verdade do ser de tal modo que a prioridade sobre os entes é concedida ao ser" (XLIX. "O homem é o desvio" (LXV. nem todos precisam de autenticidade. 323). 500). Ela pressupõe uma "simples olhadela [nur Hinsehen]" para as coisas.] com o artesão honesto" (XXIX. Além do mais. A ciência. "Dasein contemplativo não é ciência" (xxvn.. essencialmente. 48/6). em contraste com as Naturwissenschaften. História. não descobre novos entes. 179. o mar na navegação" (XXVII. 178). embora seu tipo de "rigor [Strenge]". nem a descoberta de novos fatos. cf. mas a ciência valoriza a verdade em função de si mesma e deixa os entes serem de um modo especial. ela realiza experimentos práticos e constrói instrumentos. Qualquer estudo sistemático de um campo é uma Wissenschaft. O que acontece na ciência é uma mudança nas "questões propostas e no modo de ver — os fatos mudam em consequência disto. teologia. pode revelá-las como reclamando por algum trabalho que nelas se possa fazer. Fatos e proposições pressupõem um desencobrimento anterior de entes. "sociais" ou "morais". A ciência não é o caminho primordial pelo qual descortinamos o mundo. Antes da ciência. Todo DASEIN está "na verdade" e "deixa os entes serem [Seinlassen dês Seienden]". o "solo se descobre [. que adquirimos lidando com utensílios. não como um utensílio. "Ciência significa: estar no desencobrimento de entes em função do desencobrimento" (xxvn. as ciências "humanas". o melhor exemplo de uma ciência. "exatidão [Exaktheit]". FT. 379). pressão e suas regularidades. ciências da natureza.. A ciência abstrai nossos afazeres práticos.. um modo de deixá-las ser que não é fácil de atingir. A ciência pressupõe uma compreensão pré-científica e pré-ontológica do ser. O conhecimento implícito sobre resistência.] no cultivo dos campos. apenas um modo novo de olhar para velhos entes. o cessar de lidar com as coisas. a mera inatividade. 149). 162). expande-se pela ciência para um conhecimento explícito das leis da pressão e resistência como tais. de . A ciência não é meramente teórica. história da arte são todas Wissenschaften. para Heidegger." Explicações psicológicas e sociológicas da ciência são de pouco uso: " Uma sociologia deste tipo mantém a mesma relação com a ciência efetiva e com a sua compreensão filosófica que manteria o assaltante com o arquiteto ou [. A física matemática era.c ciência Wissenschaft tem um sentido mais abrangente do que "ciência". leis que ultrapassam a região de nossa atividade e envolvimento práticos e cotidianos. não necessariamente as revela como são "em si mesmas".. Ela vê o arado como um ser-simplesmente-dado. apesar de pertencerem às Geistes-wissenschaften. filologia clássica. não seja apropriado para outras ciências (LXV. Uma ciência não é primordialmente um conjunto de proposições. mas no sentido de correção e MAQUINAÇÃO. A ciência moderna é muito diferente da "doutrina" medieval ou do "conhecimento" antigo. 22. um modo diferente de enxergar e examinar processos naturais". A filosofia. que a filosofia deveria tornar-se "científica". O nível alcançado por uma ciência determina-se pelo quão profundamente ela é capaz de uma crise em seus conceitos básicos" (ST. biologia e teologia (ST. A ciência em crise torna-se filosofia. 42ss). e isto significa para o desvelamento essencial dos entes enquanto tais. ela é filosofia" (UK. 50/187). ela opera dentro de uma compreensão pré-científica estabelecida dos entes. Aquilo que é passível de conhecimento científico sempre seda de antemão em uma verdade. contudo. a não ser tornando-se filosofia (XXVll. O filósofo examina as ciências não em função delas mesmas. como fez Husseri. 71/117). Afirmar o contrário equivaleria a dizer que a poesia de Shakespeare é melhor do que a de Esquilo (zw. A ciência "não é um acontecimento original da verdade. 13ss. um "projeto fundamental [Grundriss]" (FD. ela sempre desenvolve uma região já aberta da verdade. seus próprios limites e conceitos. Filosofia e ciência não são. mas pela metafísica (XXVII. É. mas porque estão envolvidas no "abandono do ser" (LXV. assim. 141ss). XXXI. NI. inaces- . 71/291 s). 9f. Mas mesmo a ciência em crise não funda um mundo no sentido em que a arte pode fazê-lo. está implícita na própria ciência (NI. Cf. 3ss. XXVII. 112s).] à medida que uma ciência ultrapassa a exigência de correção encaminhando-se para uma verdade. 522s/niii. 43). embora a transição da ciência para a filosofia envolva um "salto" e não o desenvolvimento constante pelo qual a cotidianidade converte-se em ciência (Ni. 161). Heidegger tornou-se hostil à ciência contemporânea à medida que sua atenção desviou-se para a tecnologia e a regimentação política da ciência: "Não se precisa querer o retorno da diligência para ver a brutalização interna e a degradação do gosto que a ciência tecnológica torna possível" (xxvn. portanto. 477. enquanto que a ciência lida com um campo específico. 179ss). [. 112). 6. demarcado e fundado não pela ciência enquanto tal. para elas não transparente. que pressupõem um conceito da natureza como homogénea e portanto matemática (XXVII. Ela lida com "o todo". Uma ciência pode passar por uma "crise [Krisis]": o "real 'movimento' das ciências ocorre quando seus conceitos básicos passam por uma revisão mais ou menos radical. Uma ciência não pode compreender a si mesma.ciência 15 enxergar o ser. Assim sendo. do lugar e da relação entre ambos baseia-se em uma interpretação diferente dos entes. E:a não é conhecimento no sentido de fundamentar e preservar a verdade essencial. 142). 9. "não se pode dizer que a teoria de Galileu da queda livre dos corpos é verdadeira e a teoria de Aristóteles de que corpos leves tendem a subir é falsa. absurdo sugerir que a ciência poderia substituir a filosofia ou. Esta é a essência da física matemática de Galileu. não a indução e o experimento. pois a concepção grega da essência do corpo. 26ss). uma " intervenção antecipadora [Vorausgriff] na essência das coisas". Esta visão da natureza é uma "projeção [Entwurf] da coisidade das coisas como saltos por sobre as coisas". mas crises também ocorrem na matemática. A filosofia não é uma ciência. engendrando. a reflexão metafísica no campo de uma ciência. NI. 38. XX.. como dois edifícios separados. 372/nii.. 520ss/niii. A relatividade e a teoria quântica são exemplos de uma crise. 373/nii. enquanto que Ding era a "corte" ou "assembleia" diante da qual um caso era discutido (c. causa. À medida que a ciência toma-se mais tecnológica e manipulativa. ao contrário da arte ou da filosofia. isto deriva da entidade como representação. aceitando conceitos tradicionais tais como "consciência".. A ciência natural torna-se parte da tecnologia e do empreendimento maquinais. ela nunca chega à história (Ges-chichte).. livre de preconceitos e pressuposições tradicionais.. Seu rigor consiste no seu método e nos demais aspectos que produzem "resultados [Ergebnisse]". Mas a vida não pode ser explicada deste modo. então" na forma do "quando . A ciência está rumando para sua própria dissolução junto com todos os entes. interpretando a experiência corrente e tornando-a pública para todos tão rapidamente e atrativamente quanto possível. Seu objetivo encoberto é o tédio completo. Historie utiliza fontes. 157). a diferença entre as ciências naturais e humanas diminui. se distingue de Sache. Ela pode desviar-se para diferentes fins. "coisa. mas apenas com "referência [Hinsicht]" a algo específico: uma pintura. porém. ST. tema. A ciência fará um progresso gigantesco. 147). um objeto de . do tipo "se . A ciência não aspira ao conhecimento genuíno. às condições fisiológicas e psicológicas de sua produção. sobre a sua região de entes. servindo ao bolchevismo e ao capitalismo americano tão prontamente quanto ao nazismo. na administração de recursos humanos. 166ss/174s). ou suas qualidades artísticas. o abandono bocejante dos entes pelo ser. Isto é exigido pela maquinação. ela é "internacional". as humanidades tornam-se um jornalismo de gigantesca amplitude. A especialização é essencial à ciência. 6).ido (XX.. Heidegger endossou este objetivo: ele é fonte de sua constante preocupação com nosso "acesso [Zugang]" às coisas (p. assim como a palavra latina rés. sua génese histórica. com algum adorno cultural com fins de propaganda. deixando a vida e a experiência expostas ao cálculo e à manipulação. Toda ciência conta com a experiência. por exemplo. "coisa". sempre mais realistas e relevantes. então". Ela precisa justificar a si mesma através de seu serviço à nação. Sache aparece na divisa de Husseri: "Às coisas mesmas!". Universidades tomam-se institutos puramente organizacionais. seu próprio tema. coisa Ding. mas nem toda ciência é experimental. alcançados por meio de um certo método. assunto". sem se deixar frear por nenhuma reminiscência romântica do passado. pode ser explicada por referência à sua composição físico-química. Sache. Suas explicações são causais. ela não admite nenhuma crise. À medida que a ciência alcança mais e mais resultados.16 coisa sível à ciência.ex. denotava originalmente um caso legal ou um assunto de interesse. Sache não se compromete com a natureza da "coisa" em qucslíio. l)inf{' cm ST. implica UITISER-SIMPLESMENTE-DADO. como a sua variante Prãhistorie mostra notavelmente. isto está excluído tanto mais definitivamente quanto mais ela avança uniformemente para seu fim. sem um exame adcqu. Husseri rejeitou. Até a história [Historie] opera causalmente. mas a informações e resultados utilizáveis. Uma ciência explica o desconhecido em função do conhecido. Mas a ciência sempre se apresenta como começo: "Somente os cegos e tolos falarão hoje em dia do 'fim' da ciência" (LXV. que prescreve uma visão perfeita das coisas. Uma ciência retira seu rigor do fato de se colar estritamente à sua região e à referência pela qual ela a considera. nenhuma mudança essencial na sua visão. na exploração da terra. um pedaço de madeira. [. "ficar de pé. Heidegger escreve algumas vezes ver-stehen. Um sentido mais extenso que inclui pedra etc. nem no sentido moderno de um objeto representado. No entanto. compreender e ser "Compreender". o histórico". Distingue três sentidos da palavra: l.. deuses e mortais: "A jarra é uma coisa não no sentido romano de rés. 77s). Posteriormente. sua política. O sentido mais extenso de todos que inclui l e 2. A coisa está especialmente associada à visão de Descartes de que o si mesmo é uma rés cogitans. 14ss/ 150ss. Pois a resposta para a questão "O que é uma coisa?" não é uma proposição. É frequentemente qualificada . contratar". mas "o início de uma mudança de nossa antiga atitude para com as coisas.] Coisifícando. 170/177). para Heidtgger. senso comum". e considera uma coisa como algo que "reúne" a "quadratura". a "assembleia" do povo. para experimentar o que significa uma descoberta como a da coisa". Heidegger desenvolve uma visão mais complexa de Ding. A visão mais "natural" é a de que coisa é um " suporte de propriedades". TERRA. pensamentos. A jarra é coisa à medida que ela coisifica. Mas precisaríamos "colocar em cena toda a existência grega. coragem" (FD. 38/50).] o número 5. os deuses e os mortais. e do verbo derivado dingen.. "[a faculdade da) compreensão. 48/64. uma forma sobreposta à matéria (UK. enfatizando que compreender algo é ficar de pé. Ele examina várias explicações de Ding: a explicação do físico de um pôr-do-sol e de uma mesa. 8ss/1 Iss). 2. NI. céu. sua arte. 303). seus deuses. agora usado raramente para "alugar. recolher". Como em FD. 98). 564/niii. a visão de Leibniz de que uma coisa é um "isto particular (je dieses]" independentemente de sua localização espaço-temporal (FD. uma coisa como a unidade de uma variedade de qualidades perceptíveis. temperamentos. uma "coisa pensante" (ST. juntar. um termo de desaprovação.. relógio etc. Ao contrário de versteher. Ela também serve à teoria da verdade como correspondência. a questão "O que é uma coisa?" coloca em cem todo o munda. uma coisa como o ocupante de uma certa posição espaço-temporal. Uma proposição envolve um sujeito e um predicado. no aberto (LXV. ela detém por um instante [verweilt] terra e céu. em suma: de Da-sein em meio aos entes" (FD. 259.compreender e ser 17 contemplação neutra. mas também acontecimentos: "planos. Cf.. vem de stehen. intelecto. e anteriormente no sentido de "discutir perante a assembleia". 30/39). Verstand. que não seja nada [. nem no sentido de um ens como os medievais o entendiam. 3. é. em contraste com o instrumento manual e com DASEIN. feitos. UK. mas também qualquer coisa que seja "um algo." coisificar". Depois de ST. 286.. de visão e decisão. 5/6). "o 'natural' é sempre histórico" (FD. O ser-simplesmente-dado (e também os manuais de acordo com seu emprego em ST): pedra. A visão "natural" é um velho preconceito originado por Platão e Aristóteles. Ele entende àingen na acepção de " reunir. verstehen. Heidegger explora o significado original de Ding ou do alemão antigo thing. uma mudança de questionamento e avaliação. 12ss/148ss). alicates. a coisa aproxima os quatro uns dos outros em suas distâncias" (c. resoluções. que correspondem ao suporte e sua propriedade: "a estrutura da coisa é coerente com a estrutura da proposição" (FD. sorte. embo-a também usado originalmente de modo transitivo. ao deter. Na década de 1930. 67s. seu saber. manter-se em" no sentido intnnsitivo. ou fazs-lo ficar. ] Toda explicação como uma descoberta de compreensão daquilo que não compreendemos enraíza-se na compreensão primária de Dasein" (ST. a distinções convencionais e à lógica tradicional (XXIX. 91). e Verstandiichkeif. mas não necessariamente uma referência a algum processo de pensamento precedente" (DGS. Dilthey e Weber sustentaram que. operada na identificação do tema comum de nosso discurso: "Já que a má compreensão [Misverstãndnis] e a falta de compreensão [Unverstãndnis] são apenas variantes da compreensibilidade [Verstãndigung]. Dasein compreende-se a si mesmo — sempre se compreendeu e sempre se compreenderá — em função das possibilidades" (ST. Como um ser cujo próprio ser está em jogo. "inteligível". assim. lit. mas o ser como existente" (ST. uma "compreensão de ser" (ST. Também envolve uma compreen- . Verstandigkeit. 328. Heidegger considera que o mundo da filosofia é. Como Heidegger disse em uma nota tardia: "Mas ser aqui não apenas como ser do homem (existência). 143). 117. lidar com algo".. 145). não apenas de seu próprio ser.. Verstehen implica a "concepção clara de uma coisa como um todo. "(o ato ou estado de) compreensão". um sentido positivo. Verstãndigung. pelo contrário. "relativo ao senso comum". "entender (conceitualmente)": pode-se compreender ser sem entendê-lo.. "é".] Uma vez que existe. contudo. um "mundo às avessas" (xxiv. [. 207). 578s/niii. Verstandiich. 'nenhum o que']. de (sich) verstãndigen. e sich verstehen aw/significa "compreender. saber como fazer algo". entendida como a mundanidade do seu mundo particular. diferente de begreifen. Antes de compreender qualquer outra coisa.. Isto não é suficientemente profundo: tanto a explicação quanto a compreensão neste sentido pressupõem uma compreensão mais fundamental que nos capacita a encontrar nosso caminho no mundo (LVI. 107/97).] Ser-no-mundo inclui em si mesmo a relação da existência com o ser em sua totalidade: compreensão de ser" (ST. com relação ao senso comum. 427ss. as ciências sociais e humanas "compreendem". XXXI. 264. Verstand-nis. 19). A compreensão não é "um tipo particular de saber. "inteligibilidade" são também aprovadas em ST. embora posteriormente a "inteligibilidade" cotidiana tenha sido depreciada (LXV.. e verstãndig. DASEIN compreende o mundo e suas próprias possibilidades: "A compreensão projeta o ser de Dasein para a sua destinação de maneira tão originária quanto para a significação. Dasein possui essencialmente Seins-verstãndnis. Verstehen é. Verstehen tem um sabor prático: verstehen seguido de um infinitivo significa "compreender. em toda parte e antes. Dasein compreende ser. OQM. nem é saber no sentido de conceber algo tematicamente. são negativos: como Hegel. 'ser competente em algo'. a aproximação recíproca dos mesmos homens em sua mesmidade e identidade deve. fundar-se na compreensibilidade" (NI. "era" etc.435). mas não se pode entender ser sem compreendê-lo (XXIV. saber como fazer. é positiva. sendo associada.. tem. "senso comum". como em Hegel. 440 ad 12).18 compreender e ser como a Verstand "comum" ou "vulgar". 43). Isto envolve uma compreensão do verbo "ser" e de seus usos básicos: "sou". "chegar a um entendimento". 'ser capaz de fazê-lo'. [. "Certas vezes na fala ôntica usamos a frase 'compreender algo' no sentido de 'ser capaz de administrar [vorstehen] algo'. enquanto as ciências naturais "explicam". 336). 18. 291). distinto de outros tipos tais como explicar [Erklãren] e entender. especialmente na acepção fundamental de concordância. Aquilo que nos compete compreender como um existencial não é nada definido [kein Was. [. 12). a compreensão de ser possui em ST um "caráter transicionalmente ambíguo".. já que só posso estar consciente de uma entidade enquanto tal se estiver consciente das POSSIBILIDADES alternativas. ela é ''por assim dizer metafisicamente retrospectiva. a compreensão de ser não é meramente um conjunto de categorias acumuladas como uma coleção de moedas. mas até certo ponto ele é sempre compreendido" (ST. Heidegger rejeita posteriormente a "mais grosseira das más interpretações". ela é "(já que a compreensão éconcïbida como pro-jeto [Ent-wurf] e também como lançado) a indicação da fundamentação da essência da verdade (o ser-mani festo.. transcendendo os entes. Da mesma forma. 314. . 303). utensílio e SER-SIMPLESMENTE-DADO. [. 183). 528ss). 259). nós já a possuímos em toda a nossa conduta silenciosa frente aos entes.. [..124. que corresponde à "caracterizïção do homem ('Dasein humano'. Mas ser 'é' apenas na compreensão [im Verstehen] dos entes cujo ser envolve uma coisa tal como a compreensão de ser [Seinsverstãnd-nis]. só podemos usar 'é' e 'era' e palavras similares. com quem nós somos. 259). por meio dos quais são descobertos e determinados. e expressar o que queremos dizer com elas. 'os entes') torna-se 'dependente' do suje:to. do conhecimento e da concepção..236) — dos modos básicos de ser. que operamos na compreensão do 'é'. Isto decorre do fato de que se considera a "compreensão como um tipo de cognição capaz de averiguar 'vivências [Eriebnisse]' interiores de um 'sujeito' e toma correspondentemente aquele que cornprende como um sujeito-eu". A compreensão é. e em relação aos outros da nossa espécie. ainda que infundido. da diferença entre pessoa. compreendemos uma coisa tal como ser. e estas dependem de um todo mais extenso (XXIX. do transcendental e da re-presentação [Vor-Stellens] da entidade e"n geral (voltaido diretamente à idea [grega])". com a transcendência (xxvn...] Sim.. 41). [. Da-sein ultrapassa toda subjetividade e brota da essencialjzação [Wesung] de Ser" (LXV. 44. No entanto. reduzindo tudo a um 'idealismo'.compreender e ser 19 são tácita — apesar de nossa tendência a ignorar tais distinções (XXXI.] um abrir-se. assim como interpretar. Compreender o que é um martelo é considerá-lo ou vê-lo como um martelo. compreender o ser dos entes envolve considerá-los como entes." Ser' não é um produto ou feito [Gemãchte] do sujeito. Compreender. possa escolher conduzir-me a este ente ou àquele. no explícito dizer-'é'. que somos entes. ser depende da compreensão qufe dele temos: "Entes são. um instalar-se no espaço aberto no qual aquele que compreende primeiramente vem a si como um si mesmo" (LXV. envolve a "estrutura-como".] também em nossa conduta em relação a nós mesmos. ela se desenvolve junto com a formação de mundo. O ser pode portanto ser incompreendido. Por outro lado. Ser (incluindo. Nem eu mesmo posso propriamente existir a não ser que. porque já compreendemos o ser dos entes antes de qualquer expressão e de qualquer frase" (XXXI.. Tal compreensão não é primordialmente linguística: "Ela não está antes no falar sobre os entes. Por um lado.. [. Por conseguinte. arremessar-se para. como um utensílio de martelar. LXV. Não podemos estar conscientes dos entes enquanto tais se não transcendemos os entes em direção ao MUNDO ou aos entes como um todo. Em ST. o Dasein no homem)" de ST. [. 217). de quebra. uma "projeção.]" (LXV. no entanto.] o fundamento. de que " através da compreensão de ser. independentemente da experiência. chamaram de "espírito objetivo" — normas. " há" ser na ausência de Da-sein (o qual "brota da essencialização de ser") e da compreensão humana. "força". preocupada mais ou menos exclusivamente com as fundações das ciências naturais. conhecimento e epistemologia Logo após a morte de Hegel em 1831. assim como em ciência. talvez aplicando algumas delas. os " neokantianos" devotaram-se à Erkenntnistheorie. o idealismo alemão perdeu sua influência nas universidades alemães. mas um Kant mais modesto.. além de registrar as descobertas das ciências. nem posteriormente. e Wert. XIX. em contraste com a ontologia ou metafísica. Erkenntnis é "conhecimento" filosófico ou científico. arte. 87ss. que restringe nossas pretensões metafísicas e examina as fundações das ciências. religião." "Nem todoconhe- . " validade". Como os neokantianos. direito.. Se a ciência não deixa nenhuma área do mundo para os filósofos explorarem. ST. pintores ou seres humanos. Nem em ST. XXI. apesar de seu verbo correspondente. Husseri foi primeiramente influenciado pelo realismo aristotélico de Brentano. XXI. "causa" e "movimento" . "Mas a compreensão de ser é. mas nesse caso. 61ss. a filosofia é apenas Erkenntnistheorie. "teoria do conhecimento" ou "epistemologia". 99s. a ciência natural. 82ss. em toda parte. Mas a maioria dos neokantianos era interessada na cultura em geral: ética. Heidegger tinha aversão à Erkenntnistheorie. ele enfocava a consciência ou o sujeito. Assim. está então ausente. um dos primeiros neokantianos. o oposto de [. Isto colocou um problema para os filósofos. "permanece afastado". Quando estamos lidando com a pulverização do sujeito. 31ss). Eles lidam com linguagem e pintura mais do que com oradores. mesmo antes de decidir que Kant era mais um metafísico do que um epistemólogo (xxn. 272s. 455s). 286). diversos filósofos acharam uma resposta: "De volta a Kant!" Não o Kant dos idelistas alemães. Erken-nen. tais como "matéria". "valor" (cf.20 conhecimento e epistemologia iluminação do aí. significar frequentemente apenas "conhecer. ou pré: Da-sein)". 26. O que eles podiam fazer. Estão preocupados com o que Hegel e Cassirer. como pode acontecer de o ser ainda ser considerado 'subjetivo'?" (LXV. ST sugere que ser seja dependente de seres humanos ou de Dasein. Mais tarde. é ser dependente do sujeito ou "stibjetivo". e o seu tipo particular de Geltung. um método distinto do método das ciências naturais. Cada um destes campos possui seu método próprio. com os conceitos básicos. reconhecer etc. pêlos quais transformamos a percepção em ciência. e a relação entre filosofia e psicologia (LIX. tais como a psicologia. embora tenha sofrido a influência neokantiana a partir de 1900. Os neokantianos não estão (como Heidegger ocasionalmente sugere) exclusivamente preocupados com as ciências naturais ou com a cognição científica.] tornar ser dependente da opinião humana [Meinen]. Sua pretensão a um conhecimento de mundo que tudo abarcasse foi anulada pelo rápido crescimento das ciências naturais e históricas. Para Riehl. 78ss. XVll. a problemas filosóficos tradicionais? Na década de 1860. valores e verdades objetivos e interpessoais — mais do que com DASEIN ou Existem e com as escolhas que fazemos em nossas vidas cotidianas e em momentos de crise. o conhecimento. um neokantiano tardio. 166s). com mapas mais do que com nosso senso de direção. ela ao menos oferece a possibilidade de exploração das suas próprias fundações. 47s/184). no entanto. é o envolvimento ecstático do homem existencial no desencobrimento dos entes". relacionando-o ao conhecimento filosófico ou conhecimento do todo: "O conhecimento [kennen] comum termina com o nãoconhecimento [Nichtkennen] daquilo que ainda é passível de ser conhecido [Kennbaren]. em uma profissão" (xxil. até mesmo. LXIII. 171). ST. XXIX. 477/niii.. "entender de algo": "Conhecimento [Wissen] no sentido mais amplo" inclui "não apenas teoria. não necessariamente.conhecimento e epistemologia 21 cer [Erkennen] é Erkenntnis científico" (S. 75. Para o ser-no-mundo cotidia-no. 63/52).. 99. 63/52). sich auskennen.] O Wissen que permanece uma vontade. "ter percebido". xx.. portanto. 5s. "forma". Considera das Wissen como "a preservação da verdade". que. Cf. 56. Heidegger discute várias palavras gregas relacionadas a conhecimento. 561s/niii. ser familiar. contrasta com kennen. em ST (UK. mas também entender de algo [Sich-auskennen]. esse verbo não costuma atualmente ser relacionado à visão. 97/ni. por exemplo. Cf. da própria vida e dos afazeres de cada um — Dasein ou Existem — que eles nunca podem apreender inteiramente. Episthastai. talento. 16/17). sobre etc. 215ss). a ver e ter visto (UK. wissen é eidenai. não é Wissen" (IM. que. com seu substantivo gnosis. arte" não é. Wissen era originalmente um verbo no passado. "habilidade. ter relação [com algo ou alguém]".. Conhecer uma pessoa é às vezes eidenai. assim como wissen. Erkenntnis. rápida e em grande escala de informação mal-compreendida para o maior número possível. "compreender". mas o Wissen que sustenta e guia todo brolar humano em meio aos entes" (NI. as vezes gignaskein. por mais abundante que isso possa ser. sabe o que quer em meio a eles. às vezes. [. Erkenntnis e. Wissen em um sentido amplo que inclui tanto "teoria". e idea. antes de ST.cf. O conhecimento essencial [Wissen] começa com o conhecimento [Wissen] de algo que não é passível de ser conhecido [Nichtwissbaren]" (NI. Utiliza. Heidegger o associa. 213). 55/192).] uma ponderada projeção da essência do homem e de sua posição em meio aos entes e uma projeção da essência destes próprios entes" (NI. Outras vezes. que Heidegger considera em geral como o que é visto um "aspecto" (XXI. "conhecer. ao passo que Erkennen é "um modo pelo qual a verdade é revelada e adquirida" e Erkenntnis. Erkenntnis sempre contrasta com humores e com vontade. " aquisição de verdade" (S. O correlato (e parente) grego d. Erkenntnis e. cf. XXI. simplesmente "ter informação [Kenntnisse]. O Wissen transmitido por uma grande obra de arte não "consiste meramente em conhecer [Kennen] e representar algo. e a fonte de eidosi. Heidegger prefere palavras tais como verstehen. 122). Assim sendo. ou. Erkennen pressupõem uma consciência tácita e não especializada de mundo. e a vontade que permanece um Wissen. tem muitas vezes uma qualidale de conhecimento por familiaridade. 265). Aquele que verdadeiramente conhece [weiss] os entes. Mas. originalmente "ter visto". 81 s Cf. Wissen. o utiliza de modo mais positivo do que o faz com as palavras ligadas a kennen. Techne. "um 'fazer' e produzir. quanto entender de algo (xxil. Erkenntnistheorie pressupõem uma explicação do ser: "A questão acerca da essência de Erkenntnis já é [. 143). UK. portanto "saber". e é portanto similar à decisão. no menor tempo possível" (LXV. 47/184).]. "saber . No nosso abandono tecnológico de ser." saber [como. Wissen tende a se degenerar para "a disseminação calculada. eidenai é frequentemente utilizado para saber que.265. o que etc. Wissen. ele insiste. Usado sobretudo na acepção de saber como. proibir e comandar: julgo que (não) deveria fazer algo. censurar: julgo que o que fiz (não) foi bem-feito. O alemão Gewissen não está diretamente relacionado a gewiss. e gê-." (ST. para são Tomás. mas este retraio é no máximo um romance ruim" (FD. "junto. 3. 77/99). Nenhum grande filósofo foi. que veio e duvidou e assim tornou-se um subjetivista e assim fundou a epistemologia. um epistemólogo. A "voz" da consciência não tem uma relação tão radical com o ser de DASEIN quanto Heidegger supõe. "conhecimento". 13). O substantivo derivado episteme. Aristóteles lhe deu o significado de "ciência". Consciência é simplesmente o raciocínio prático sobre problemas morais. O cartesia-nismo é uma ontologia. dominá-lo. "localizar. não é culpado (uma "consciência fácil"). 4. consciência e débito/culpa Conscientia.e. lit. portanto. é a " má" e a " boa" consciência." ser perito [vorstehen. 'estar diante de'] em algo. com". é. Cf. Heidegger insiste. 80/103). mas em um sentido distinto da "pesquisa [Forschung]" científica moderna e do "experimento" (zw. 291 s). 74/121. Testemunhar: eu julgo que (não) fiz algo moralmente relevante. Ela sempre nos fala de um feito definido que foi realizado ou desejado. Dasein é LANÇADO nu em um mundo vazio e insignificante no qual nflo está em casa. saber o que alguém fez ou não fez. 49). Heidegger difere de são Tomás. 3. tão falível quanto qualquer outro raciocínio. li explica l: a ANGÚSTIA . por exemplo. xinguei os outros. 31ss. ao supor que a consciência envolve uma bifurcação de Dasein em um convocador e um convocado. Desculpar ou acusar. "certo". ele tem de duvidar porque coloca a matemática como fundamento absoluto e procura uma fundação correspondente para todo Wissen" (FD. XIX. portanto. penetrar seu conteúdo substancial" (XXIX. Ela tem três funções: l. Heidegger retira "consciência" e "débito" do seu contexto ético em função de um sentido mais fundamental e EXISTENCIAL: "O ser e estar em débito em sentido originário não pode ser definido pela moralidade. A forma básica da consciência. significa "aproximar-se de algo. usando wissen. referia-se inicialmente à função l acima. 286). 69). 2.22 consciência e débito/culpa etc.i do iMPliSSOAL. "ficar". Dilscin dividese em dois: I. não uma epistemologia: "Esta história de Descartes. nos dá o retrato mais usual. É uma tradução de conscientia. li. Enreda-se em significativos negócios mundanos sob a influcnci. entender daquilo. Restringir e incitar. embora não da "interpretação ordinária". Consciência não é. diz são Tomás de Aquino. (Summa theologiae. A consciência possui uma função crítica. uma "Voz" ou uma "convocação" (de Deus). histasthai. no entanto. é. 1a. A "interpretação existencial [da consciência] precisa ser validada por uma crítica do modo pelo qual a consciência é interpretada ordinariamente" (ST. mas sente-se estranho. porque ela já o pressupõe. em que consciência não é a certeza de que alguém não fez algo e. "Descartes não duvida porquê é um cético. entender de algo" — ele o associa (controvertidamente) a historiai. rejeitada por Heidegger. torturar. i. pôr". 69. 290). "saber [scientia] com [con-]". para Heidegger. a aplicação do saber a uma ação particular. "saber". 2. na visão de Heidegger.. a que censura e a que adverte (ST. ele dissocia Gewissen de gewiss (ST. A "interpretação ordinária" difere da de Heidegger em quatro pontos: l.". sendo. Como conscien-tia. nem envolve uma bifurcação de si mesmo. 91ss). B. Não prescreve. não poderia sair desta condição nem teria motivo algum para fugir dela. especialmente da convocação silenciosa (Ruf. de tal maneira que esse próprio ser fundamento determina-se como 'faltoso' a partir de seu para quê" (ST. podemos achar alguma coisa que corresponda a esta definição abstraia. a existência envolve a rejeição de algumas possibilidades em prol de outras.. . Heidegger encontra tal culpa na estrutura tripla do cuidado (cura) de Dasein: A. e. nem recomenda um estado permanente de angústia e estranheza. 21ss/plt. consciência e culpa desempenham. lançamento. o apelo dos homens. dever algo aos outros. também envolve a nulidade: Dasein tem de existir. Além disso. fundamenta C. e a escolher por si mesmo o que fazer. mas em função da existência de Dasein de sua própria existência. um trajeto definido de ação. 198s) e o apelo envolvido m nomear as coisas (EHD. Schuldigsein e seus cognatos possuem quatro sentidos comuns: (a) dever algo. 384). II também liberta Dasein de l: o nu e sem lar Dasein n convoca Dasein l. Na obra de Heidegger posterior i ST. o correlato existencial de uma falta do ser-simplesmentedado]. " ser fundamento de um ser [Sein] determinado por um não [Nicht. e não primeiramente da existência dos outros. envolve a nulidade: Dasein não é responsável por sua própria entrada no mundo nem pela situação na qual se encontra. Heidegger prefere o sentido (d). (c) se fazer responsável. existência e c. Dasein é pura possibilidade. por algo. Dasein é essencialmente culpado (ST. mas ele não tem natureza. DECADÊNCIA. ter débitos. foge desta culpa. (b) ser responsável. Dasein se refugia no impessoal e se esquece de sua culpa original e de suas várias nulidades. 283).) Devemos interpretar isto não no sentido comum. 151ss/123ss).). que equivale a: " ser fundamento da falta em Dasein de um outro. Dasein lançado é o fundamento de B e c. o nariz quebrado é uma falta. a queda de si mesmo para Dasein l: se Dasein não fosse no fundo culpado.e. punível por. Zuruf. portanto. ele não decide de onde vai começar nem mesmo se vai começar. o apelo da poesia a nós (ACL. Observamos para ver se. B. 177). em um sentido distinto do conceito teológico de pecado. (d) enganar. 306n. A culpa existencial é. intrinsecamente nu e sem lar. seu projeto é "nulo".consciência e débito/culpa 23 reprimida de Dasein II o leva a "fugir" de si mesmo para o nível I. ser culpado de (infringir a lei). Heidegger ainda fala da convocação. culpado.): o apelo do ser (LXV. ST. um pequeno papel. 280ss). Ele não o convoca para nada definido: o nu Dasein li não tem nada definido para dizer. Convoca Dasein l a considerar suas próprias possibilidades. A. regras OJ trajetos intrínsecos para guiá-lo. tim C. 282). embora por ele pressuposto (PT. A. Dasein é culpado. tornar seu ser e estar lançado o fundamento de uma PROJEÇÃO de suas possibilidades. mas Dasein I ignora. e eu também estou faltando ou deficiente em vista da falta que causei. porém. terra e mundo uns aos outros (EHD. (Se eu quebro o nariz de alguém. 64/18f. mais do que o cardápio oferecido pelo impessoal. naquilo que até agora consideramos que Dasein fosse. portanto. 188. deuses. que é Dasein II. Mais tarde. etc. WHD. Dasein II convida Dasein I para a culpa explícita e autêntica. ser o fundamento de um nada [Nichtigkeit]" (ST. i. assim. que envolve a falta de algum sersimplesmente-dado ou MANUAL. Algumas vezes. o primeiro e o outro começo são como jogadores co-operando ao passar a bola um para o outro. Estudamos o "primeiro começo" instaurado pêlos gregos com o propósito de nos prepararmos para o "outro começo". seria a Parte li do esquema original de Heidegger. especialmente do deus cristão" (LXV. Die Zu-künftigen. Vontade de poder. Heidegger concebe LXV como uma transição da "ontologia fundamental" de ST para a HISTÓRIA DO SER característica de suas obras posteriores. são aqueles que farão surgir o outro começo. Parte III. é "O salto" para ser. "o pensamento é apenas um caminho pelo qual poucos avançam o salto para ser" (LXV. nossa preparação para o outro começo nos capacita a compreender os gregos. além da própria Visão prévia: Parte li... Hõlderlin atinge uma estatura quase comparável à de Cristo: "Em que solo [. no entanto. O título público expressa. mas não apenas pensadores. "O último deus". que alcançará a mudança essencial do homem. . cada uma contendo sessões numeradas continuamente através da obra. é "A fundamentação" da verdade de ser.. "bastante diferente dos deuses anteriores. A parte l é Vorbiick. Assim. DerSprung. cm LXV ela foi deslocada para o final. 422). 3). 403). mas o outro começo de possibilidades imensuráveis de nossa história" (LXV. — têm origem em Hõlderlin. de modo que devemos nos arranjar com um título "público" e ameno tal como "Contribuições para a filosofia".] para Da-sein" (LXV. Ela começa com uma queixa de que todas as "palavras básicas" ficaram desgastadas. Die Griíndung. refere-se ao eco de ser em nossa atual condição de "abandono de ser". Ele foi publicado pela primeira vez em 1989 como o volume 65 das obras completas de Heidegger. LXV possui oito partes. invoca a ideia de "jogar [Spiel]" ou "passar" a bola "para [zu]" outro jogador. a própria filosofia é vista como uma preparação para Hõlderlin: "O destino histórico da filosofia culmina no conhecimento da necessidade de escutar a palavra de Hõlderlin" (LXV. Inversamente. 485). mas como ele indicou que este era o lugar errado para clu. A parte vi. 395).. Mais do que Nietzsche. em um tempo futuro indeterminado. LXV é concluído na Parte VIII. mas o deus apropriado para o outro começo: "O último deus não é o fim. o fato de que LXV não é uma obra definitiva. Muitas das ideias centrais de LXV — terra. "O eco".24 Contribuições para a filosofia (do acontecimento) Contribuições para a filosofia (do acontecimento) Beitrãge zur Philosophie (Vom Ereignis) (LXV) foi escrito entre 1936 e 1938. Este deus não é o último deus do primeiro começo. A parte Vil é Der letzte Gott. 411). é porém Hõlderlin quem mais domina a obra. 3). entendido como 'animal racional' [. deuses etc. Der Anklang. em termos de estilo e de estrutura às anotações póstumas de Nietzsche. "Ser". O título verdadeiro é "Do acontecimento": nós devemos ser "entregues [übereignet] ao acontecimento [Er-eignis]. A parte IV. pensadores. Foi escrito durante as preleções sobre Nietzsche e muito se assemelha.] se firma a conjectura de que o impulso de ser pode já ter lançado um primeiro tremor em nossa história? Mais uma vez em um único fato: de que Hõlderlin teve de tornar-se aquele que diz [Sagende] que ele é" (LXV. mas o melhor que pode ser esperado " na época da transição da metafísica para o pensamento da história do ser [seynsgeschichtliche Denken]". "Os do futuro [Zukünftigen]" ou "Os que virão [Zu-künftigen]". Das Seyn. "O passe". " Visão prévia". "uma tentativa de pensar ser" (LXV. A Visão prévia explica a estrutura de LXV delineando seis partes. A parte v. Das Zuspiel. temporariamente". LXV. mas 'geralmente' na maioria das vezes" (ST. quer em todos os seus comportamentos. 436). coerentemente conectadas umas às outras. comum". na maior parte das vezes". Em LXV Heidegger trabalhou ideias que reaparecem em escritos posteriores. especialmente porque as seções dentro de uma parte frequentemente não têm conexão clara com o título da parte. "o mais perto. Zunãchst. SJgere " publicidade" ou ser " um-com-o-outro".] A existência pode. Alltâglichkeit "significa claramente aquele modo de existir que Dasein observa 'todo dia' ['alie Tage']". 380. sobrepujar o todo-dia [den Alltag] no instante da visão e. LXV. ex. Nenhuma das duas palavras. apesar de não ser mencionado pelo nome. como preposição." Significa " um como [Wie] de existência. inerente ao Dasein". Como advérbio wnãchst possui duas utilizações comuns: "antes de tudo" (coma em "antes faremos isto. LXV. explica Heidegger. quer em certos comportamentos privilegiados pela convivência". mesmo que 'no fundo' tenha de fato 'superado' a cotidianidade". Tag. Zumeist significa: "o modo pelo qual Dasein se mostra paia todo Homem. formam: Alltag. 18s). um como definido permeia Dasein 'por sua vida'. 371). significa. desconhecido e constantemente ignorado em seu sentido ontológico" (ST. o qual. vida cotidiana". no uso comum. [.cotidianidade 25 Heidegger diz que embora LXV não seja um SISTEMA. "diariamente. Por ser tão próxima de nós. "perto. Zumeist significa " geralmente. cotidianidade A interpretação de Heidegger de DASEIN parece mostrá-lo " como ele é antes de tudo e na maioria das vezes [wnãchst und zumeist] em sua cotidianidade mediana [Alltâglichkeit]" (ST. e Alltâglichkeit. Mas a cotidianidade não é um conceito quantitativo: '"todo dia' não significa a soma dos 'dias' que cabem ao Dasein na 'duração de sua vida'. depois aquilo") e "por enquanto." É "o como no qual Dasein 'vive o seu dia-a-dia'. alltãglich. A cotidianidade se contenta com o habitual. XIX. "dia". está indiscutivelmente incluído nas suas denúncias de gigantomania (p. 98). cf. "o modo pelo qual Dasein 'se manifesta' no um-com-o-outro da publicidade [im Miteinander der Õffentiichkeit]. 16). definido". não sempre. A cotidianidade é inevitável: "determina Dasein mesmo quando este não escolheu o IMPESSOAL como seu 'herói'. o mais próximo". 441ss) e de racismo (p. "próximo a". "dia de semana. "todo".. as Partes II-VII são "junções da conjuntura [Fügungen der Füge]". de fato. As dificuldades que apresenta são sucessivamente facilitadas por outros escritos e preleções. ela é normalmente ignorada: " Aquilo que é onticamente mais próximo e mais familiar é ontologicamente o mais distante. 421. É tentador enxergar LXV como blocos de pedra em uma pedreira. em geral apenas 'por um momento'. tais como XLV. mas nunca pode extingui-lo" (ST. cuja relação não é aparente (cf. e ali. "de inicio". Nem Heidegger as utiliza invariavelmente desta forma. É usado ocasionalmente. já que vem de nah. mesmo quando ele é opressivo. ex. e nãchst. tais como CH. próximo". 370). a cotidianidade é o indiferente "antes de tudo e na maioria das vezes. 43). Ao contrário de um " modo de existir distintivo. E difícil discernir um plano rígido em LXV. todo dia. Ele revela aspiração religiosa e crescente hostilidade ao nazismo. (ST. mas encontra variedade em tudo o que possa advir no dia. Aqui ele as relaciona. é claro. É uniforme. Relaciona a cotidianidade com aquilo que se faz publicamente e com fazer o que as pessoas fazem na maior . " cotidianidade". Alguns temas percorrem o livro.... [Zunãchst und Zumeist]. preocupação". e Fürsorge ao seu ser-com-outros: "O modo de ser básico de Dasein é que em seu ser está em jogo seu próprio ser. que escapam da publicidade. preocupação Heidegger usa três palavras cognatas: l. 3. "preocupação". Ela contrasta com a decisão e o "instante da visão"." (XXIX. (b) "cuidado. 1/ls). Besorgen possui três sentidos principais: (a) "obter. a cotidianidade está sujeita ao impessoal e é inautêntica. ST. Este modo básico de ser é concebido como cuidado [Sorge].. e não o tipo primário. 82). Mas Sorge não é especificamente prático: é mais profundo do que o contraste usual entre teoria e prática (ST. (b) sorgen fiir é "tomar conta de. 62. cuidar de. de tal forma que quando usamos simples- . "as coisas cotidianas mostram uma outra face" (FD. adquirir. O verbo sorgen é "cuidar" em dois sentidos: (a) sich sorgen um é "preocupar-se. a serenidade [Gelassenheitj do livre olhar de relance. fazer o que se espera que seja feito. Desta forma. Mas a filosofia precisa da "proximidade do Dasein cotidiano [. 106). a filosofia é "sempre algo desordenado" (FD. A cotidianidade contrasta com a ciência. estar preocupado com" algo. 121). "cura (cuidado)". Ela também contrasta com a filosofia: "o conceito filosófico é um ataque ao homem.. LXIII. 9/12): o sol desceu antes que o pastor o tenha visto se pôr. é "propriamente a ansiedade. a preocupação que nasce de apreensões que concernem ao futuro e referem-se tanto à causa externa quanto ao estado interno" (DGS. este modo básico de ser de Dasein é preocupação (Fürsorge). A cotidianidade tende a homogeneizar os entes e as nossas relações com eles (xxix 400). "estar ansioso. cura/cuidado. "A cura (cuidado) com o conhecimento conhecido" (Sorge um erkannte Erkenntnis) de Descartes e de Husseri é apenas um tipo de cura. e a mesa cotidiana é acompanhada dos Doppelgãnger de Eddington. é "cuidar ativamente de alguém que precisa de ajuda". cuidar de. ao homem em geral — expulso da cotidianidade e levado de volta ao fundamento das coisas" (XXIX. 225). n. ocupação. (c) especialmente com o particípio passado. preocupação parte das vezes. Estes três conceitos permitem a Heidegger distinguir sua visão daquela que considera nossa atitude para com o mundo como primariamente cognitiva e teórica.26 cura/cuidado. 31). 2. ocupação. tomar conta de" algo.i medida cm que Dasein é ser-um-com-o-outro" (XXI. este cuidado é não menos originalmente ocupação [Besorgen] e isto se Dasein é essencialmente ser-no-mundo. besorgt. e. perturbado. Para o cientista. experiências etc. fornecer (algo para)" alguém ou algo. Nos padrões da "representação cotidiana". portanto: (a) o " bem-estar" organizado pelo estado ou por corporações de caridade (cf. O infinitivo substantivado é das Besorgen. prover" algo para si mesmo ou para outra pessoa. 193). "ocupação" no sentido de "ocupar-se de ou com" algo. preocupado" com algo. Seus erros são mais elusivos e sedutores do que as teorias tradicionais (XXIV. Sorge. Fürsorge. besorgen às suas atividades no mundo.]. A cura (cuidado) ó niciiihro doininantc dessa tríade. 56). que por si mesmo tenha um apelo evidente (XVII. embora inseparável dos demais: "Ocupação e preocupação silo constitutivas da cura. como modo básico de ser de Dasein. Da mesma forma. 137). que surge no cotidiano — livre do psicológico e de outras teorias acerca da consciência. Os conceitos são distintos no sentido de que Sorge pertence ao próprio Dasein. (b) "tratar de. mas pelo seu informal saber-como. não significa que Dasein alue. 193. 'dominante". e nas nossas explicações concretas o compreendemos. "imediatamente livra o outro do cuidado e em sua preocupação se coloca no lugar do outro. como cura ocupada-preocupada [besorgend-fürsorgende Sorge]. o MANUAL. não para instrumento. "olhar em volta": "a circunvisão da ocupação é compreender como o senso comum compreende" (ST. até a falta de relação é um tipo de relação. Mas isto. que está envolvida em Umsehen. que pode incluir ajudar os outros — até mesmo ao ponto de reduzi-los à dependência. cf. [. ST. não apenas em Heidegger: normalmente enxergamos algumas coisas como não possuindo relação alguma. e devem portanto ser compreendidos em um sentido amplo. Mas acaba como um aspecto essencial de Dasein decadente para o qual a consciência apela: "O clamor alcança Dasein nesse movimento de sempre já se ter compreendido na cotidianidade mediana das ocupações. A autenticidade possibilita ajudar os outros a firmarem-se sobre seus próprios pés ao invés de reduzi-los à dependência. usado para "tornar visível o ser de Dasein como cura" (ST." (ST. Dasein é frequentemente desleixado e despreocupado. desatento para com os outros.cura/cuidado. ele mesmo.) Em ST Besorgen é introduzido como um termo geral para as mais variadas lidas de Dasein com as coisas no mundo: " tratar e cuidar de alguma coisa. seu próprio e único Dasein. de acordo con a analogia de ocupação [com instrumentos etc. 122). e descuidado. mas para o lógico duas coisas quaisquer estão sempre relacionadas de um modo ou de outro. mais do que u persistência e a percepção de um eu ou ego. "visão". não coisa nenhuma. ou deva atuar. transpõe o obstáculo para ele". só que no modo do não. nesta ocupação e preocupação como cura. ou a continuidade e coerência das expe- . " salta atentamente à frente do outro. assim como a afirmação de que Dasein é "em função de si mesmo". Há dois tipos de Fürsorge.. não para levá-lo embora" (XXI. 47). Aquilo com que lidamos na ocupação em geral é o instrumento. 318). 225s). mas que faz o que deseja fazer. negligente e indiferente. enquanto que o Fürsorge autêntico. Firmar-se sobre seus próprios pés é Sorge. egoisticimente. Fürsorge é usado para outras pessoas. (Esta é uma medida comum em filosofia.] Apenas onde há cura há negligência" (XXI.. o próprio ser que cuida [das sorgende Sein] está em questão" (xxi.e. Besorgen começa como um termo neutro para Dasein em sua "cotidanidade mediana". Fürsorge e Sorge mesmo que em um "modo deficiente" (ST. " libertador". Dasein possui Besorgen. produzir algo. 121). 223. 225). que apresentam os existenciais de DASEIN. i.] Todos estes modos de ser-em possuem o modo de ser da ocupação" (ST. O Fürsorge inautêntico.] e a preocupação [com os outros] seria uma tautologia" (ST. ocupação.. "A expressão 'cuidar de si' ['Seibs-tsorge']. mas alguma coisa. Besorgen focaliza o presente e o ser junto às coisas dentro do mundo (ST. em um sentido enfático. 193). 56s). 272. eu faço. Em suas lidas. pela Umsicht. "circun visão".. [. e »circunvisão é justamente aquilo de que necessitamos para essa lida (ST. 458ss). cf. para de lá devolvê-lo o cuidado. o tipo de Sicht. Mas mesmo assim. que. 57). preocupação 27 mente o termo 'cura' sempre nos referimos a ele. cf. 57): "Se eu negligencio algo. a ocupação é guiada não pelo conhecimento ou por regras explícitas. Besorgen contrasta assim com cura: ao contrário de cura. onde com cura queremos dizer. 69. Os conceitos são "conceitos estruturais".. A cura. 2. contribuo para uma aposentadoria porque o homem velho que vai retirá-la será a mesma pessoa que eu sou agora ("eu"). XLIX. Na cura. Dasein é o 'Entre' [nascimento e morte]" (ST. 193. preservá-lo. Assim sendo. facticidade e decadência correspondem respectivamente ao futuro. 54s).28 cura/cuidado. que está na base de "Da-sein — cura". Mas Sorge também inclui Besorgen e Fürsorge. Heidegger insiste que ela é "unicamente 'em função de ser'. e decair ou "ser-junto-a" entes dentro do mundo (ST. Dasein readquire o domínio de si mesmo: "Enquanto cura. mas do ser dos entes como um todo" (LXV. faz de Dasein um si mesmo unificado e autónomo (ST. desde que eu não faça tanto por ela a ponto de ela perder sua própria cura e tornar-se um apêndice para mim. 249). portanto. 16. passado e presente (ST. o guardião da quietude da morte do último deus" (LXV. Em ST. 294. preocupação riências. cf. 318ss). facticidade ou "ser-já-em-um-mundo". Onticamente. ocupação. ele será a mesma pessoa que eu sou agora porque estou contribuindo para a sua aposentadoria. o verdadeiro preservador da verdade de ser 3. 3. Eu poderia. Ele fala com termos oraculares da tríplice tarefa do homem. Portanto: "A temporalidade revela-se como o sentido da cura autêntica": existencialidade. supervisionar seu declínio com dignidade. não do ser do homem. Sorge parece dizer respeito à direção de Dasein de sua própria vida ou "ser". 374). . ontologi-camente. contribuir para a aposentadoria de outra pessoa. a cura unifica os três aspectos centrais de Dasein: existencialidade ou ser-àfrente-de-si-mesmo". Ser moveu-se para o centro e o pensamento de Heidegger tornou-se mais histórico: o homem precisa l. cf. " l. fundar uma cultura ou um "mundo". 240). 326). Posteriormente. aquele que procura ser (acontecimento) 2. relações sexuais dependem do seu SliK-COM original. ao falardes seres humanos e do seu ser. ele muitas vezes fala de das menschiiche Dasein. O ente ou pessoa que possui este ser. sendo assim.) Em suas primeiras preleções. o infinitivo era substantivado como (das) Dasein. "ser aí. "o Dasein humano". Em ST. quando ele chega: "Este onde como o aí da mor. " aquele que é". existir". Dasein não tem plural.D Dasein Mark Twain queixou-se do fato de que certas palavras alemães parecem significar tudo. nem mesmo equi ou lá. originalmente no sentido de "presença". 21). XXIV. No século XVIII. 'é' o próprio ser. Da-sein significa às vezes nãüT"eslar aí". embora neu ro. Retoma o sentido original da palavra. "vida". 228s). A "luta pela sobrevivência" de Darwin tornou-se em alemão der Kampfums Dasein. "ser aí". Heidegger frequentemente usa Leben. chamado Da-sein" (N11. ó sexualmente diferenciado em virtude do corpo.] que contrasta com um lá' ['dort']. é utilizada para o ser ou a vida das pessoas. 7. presente. ex." desde" etc. Da-sein significa não estar aqui em vc/. "Homem" (Mensch) inclui as mulheres: Daseh. 3. Refere-se a todo e qualquer ser humano. 358/niv. "ser-isto" (xxvi. ela forma dasein. 136). assim como " então". Quando mais de uma pessoa está em cena. Nas preleções. Como infinitivo substantivado." (xxvn." ser". lit.id. de lá. Dasein está essencialmente no mundo e ilumina a si mesmo c ao mundo. Ela significa " lá" (" lá vão eles") e " aí" (" aí vêm eles"). Mitdasein). XVll. O "aí [das Da]" é o espaço que abre e ilumina: "O 'aí [Das 'Da']' não é um lugar [. Heidegger Fala de (os) outro(s) ou Dasein-com (compresençu. refere-se a qualquer e todo SER.. Dasein passou a ser usada pêlos filósofos como uma alternativa para a palavra derivada do latim Existem ("a existência de Deus"). e os poetas a utilizavam no sentido de "vida". No século XVII. Heidegger usa (das) Dasein para l. disponível. escrevendo frequentemente Da-sein para frisá-lo. e isto também pode significar tanto o ser dos humanos quanto o ser humano (p. Coloquialmente. todo homem. só podemos entender o sexo se .il das Seiende... Mais tarde. 42). Como prefixo de sein.218). 183. masé a possibilidade. mas Dasein aparece com o sentido de ST em 1923 (LXIII. Uma destas palavras é da. a condição de ser orientado por um estar aqui e estar li. mas "aí onde 3 ser reside". de modo semelhante àquele pelo qu.i pertence ao próprio ser. é Dasein. Em ST. (Dasein em Heidegger é bastante distinto de Dass-sein. e 2. O ser dos humanos. embora ele ainda use esta palavra com o sentido de Dasein do mundo. ainda (fie inautêntico. 24). (XX Vil. O homem pode ser simplesmente um SUJEITO ou um animal racional (l. deveríamos perguntar " quem" ele é. decisão de Dasein: pode ser "eu mesmo" ou pode ser "o ninguém a quem todo Dasein já se rendeu ao ser em meio aos outros" (ST. e liberdade é a egoidade [Egoitãt] que.. cf... Dasein unifica o homem. 84. e isto significa que ele tem de decidir como ser. 45ss. (ST. ONTICAMENTE não: a neutralidade de Dasein "significa um peculiar isolamento do homem. Crianças e jovens devem ser compreendidos "de modo privativo". XI. 57s: "Tudo em que alguém constantemente toma parte. evitando a tradicional tripartição em corpo. mas um relacionamento com ser que o homem adquire e que pode perder. 128. 31) "Da-sein existe em função de si mesmo". 24). Heidegger frequentemente usa Mensch nas preleções. e a resposta dependerá de. 241 s). será que sabemos conseqüente-mente quem somos? Não"). XXVI. um professor]. mas isto agora significa que existe em função de ser. Mós). 28s. 45. Dasein funciona tanto como eu quanto como você. Isso significa que Dasein não é essencialmente e inevitavelmente racional. o "animal racional".. E o Dasein um indivíduo isolado. o princípio intelectual) (ST. Da-sein é mais o que está "entre" o homem e os deuses do que o que coincide com o próprio homem (LXV. 62. XXVII. Por esta razão. Já que Dasein existe e não é um SER-SIMPLESMENTE-DADO. 42. A egoidade de Dasein é mais profunda do que este contraste. XXXIV. e até mesmo consistirá na. observando como são inferiores ao Dasein totalmente maduro. 123ss). 42). torna possível que o ente seja ou egoísta ou altruísta" (XXVI. determina o que ele é [ex. o homem distingue-se ainda mais agudamente de Dasein. ST. Este 'em função de si mesmo' constitui o si mesmo enquanto tal" (xxvn. LX.XV. 324. 205ss/140ss). [. mas o evita em ST: homem é considerado uma espécie biológica dentre as outras. Todo homem é "em função de si mesmo. 173ss. cf. 'você é'" (ST. já que ele . ST. Isto apenas substituiria um solipsismo individual por um "solipsismo de um par" (xxvn. Além disto.] deve-se sempre usar um pronome pessoal ao dirigir-se a ele: 'eu sou'. ele invariavelmente distingue sua própria " analítica do Dasein" da "antropologia filosófica". O significado de mundo é sustentado pelas necessidades e pêlos propósitos de Dasein. ST. ele não é instância de um género (genus) ao modo de um ser-simples-mente-dado. em primeiro lugar. tornou-se epidemia" (xxxi. alma (Seele. 36). pode ele como um ente concreto propositalmente escolher a si como si mesmo" ou "abandonar esta escolha" (XXVI. Ela não ajuda a introduzir a relação eutu. E\e não localiza^ a essência do homem em alguma faculdade específica tal como a razão: um dos aspectos centraiTdë Dasein. 147).. pratica [ex. como se o filósofo fosse o centro do mundo. junto com o SER-LAN-ÇADO e a DECADÊNCIA. [. não cabe perguntar "o que" ele é.] de seu próprio objetivo.. Dasein é "em cada caso meu. 48).IX. que "mais do que moda. Porque Dasein é sempre " meu". 11). ensinar]. Em obras posteriores. egotista? ONTOLOGICAMENTE sim. cf. 122. cf. Apenas porque Dasein é "em sua essência metafísica determinado por sua individualidade. cf. exis-tenciário. Da-sein não é o homem. e desconsidera nossa peculiar "compreensão de ser". 172).30 Dasein antes entendermos Dasein na sua neutralidade (XXVI. o princípio da vida) e espírito (Geist. "Esta individualidade é sua liberdade. 146. é a EXISTÊNCIA. ela é o isolamento metafísico do homem" (XXVI. K. Mas se sabemos o que somos. mas não no sentido factual. como diz Kant. ou torna-se deles (dativo) presa/vítima (yerfãllt). 438ss). Dasein pode permanecer no centro das coisas. de onde Dasein se afastou (ST.upado com o processador de textos. no entanto. É também uma das quatro "estruturas" que constituem o "descobrimento": compreensão. 303). 84). primeiramente. tombar etc. 2. ST. Verfallen significa: "Dasein está antes de tudo e na maioria das vezes junto ao [bei] 'mundo' de sua ocupação" (cf. mais do que Da-sein é o homem que não deveria ser visto como instância de um género (LXV. 120 etc. 179s. do latim ruere. Dasein já caiu [abgefallen] de si mesmo e de-caiu [verfallen] no 'mundo' [andie'Welt']" (ST. LXV. 302). Verfallen também significa "decair. 295ss). O prefixo ver. 328. decadência (Vê rfallen) (ST. Heidegger dá três explicações daquilo em que Dasein caiu e.. Dois anos depois. 39.. então mundo prova ser aquilo em função do que Dasein existe" (ER. nada tendo em comum com a acepção cristã de queda da graça (XX.. peli curiosidade e pela ambiguidade". CH. Heidegger insiste que Verfallen não é um termo de desaprovação moral. 335). cair. a disposição em que alguém se encontra (Befinalichkeit). 3." queda" é Fali. 350). Uma pessoa cai em (yerfãllt in) maus hábitos (acusativo). devido à decadência. A posterior divergência de ST não deve ser exagerada. Em ST. Heidegger atribui os dois sentidos de Dasein.dá a verfallen e Verfall um tom de declínio e deterioração. A queda é uma "fuga de Dasein de si mesmo como poder-ser-si-mesmo autêntico" levada pela angústia (ST. o tradicional e o seu próprio.] geralmente possui o caráter de estar perdido na publicidace do impessoal". definhar". "decair. desatento ao . perguntamos "quem" somos ou quem é o homem (LXV. Decadência distingue-se do SER-LANÇADO. A explicação l sugere que. Da-sein tornou-se muito impessoal para permitir tais questões (mas cf. "Decair no 'mundo' significa ser absorvido no ser-um-com-o-outro. excêntrico" (ER 98 n. declinar. em ruína". 329Y235s)... o qual está associado à facticidade e à Befindiichkeit. em seu próprio poder-ser mais autêntico. 61). Dasein cuida de suas ocupações presentes. XXVII. decadência e fala (ST. Martelando na oficina.e. mas é em si mesmo "extático. Em ST Dasein transcende mundo: " Mas se o si mesmo aprimora-se. 11). Em suas primeiras preleções. Apesar do sentido de deterioração. "ruir. Heidegger usa ruinant(e). implicitamente. 231. "Por si mesmo. que Dasein decai porque "permanece no ser-lançado" (ST. "Esta absorção em.). os três componentes equiparáveis e inseparáveis da cura são: existência. ST. despencar" (LXI. 250). Verfallen se estabelece como um aspecto da cura (xvn. respectivamente ao "primeiro" e ao "outro" começo (LXV. facticidade. Heidegger sugere. o. 184).59. 84). e não quem é Da-sein. 175): 1. decadência "Cair. 2. i." éfallen. Agora. após a superação de mundo. 391. 175). à medida que isto é guiado pelo falatório.decadência 31 é essencialmente o " guardião" de ser (LXV. Ruinam. [Aufgehen bei. ST não é mais anfropocêntrico do que a obra posterior de Heidegger.179). 176). é motivada pelo seu desejo de expor a decadência como um "movimento" (ST. 21. Dasein também "é presa de sua tradição mais ou menos explicitamente compreendida. Não está suspenso pela angústia. Não se segue daí que a decadência seja uma coisa ruim. obstrui uma inspeção crítica do que é legado do passado.). consciente apenas de seu si mesmo vazio em um mundo vazio. o distante. Em que sentido Dasein decaiu de seu "poderser-si-mesmo autêntico"? Ele não tem em vista toda a sua vida. sabemos que ele não irra fazersapatos nem filosofia. "pela sua luz refletida [reluzem]" (ST. 106 etc. navegadores da Internet ou filósofos que voam de uma conferência para outra aferram-se à mesma velha ontologia. cf.. Não está tomando uma grave decisão sobre a direção global de sua vida. LXI. assim como a existência com o futuro e a facticidade com o passado. pela curiosidade e pela ambiguidade. E difícil aceitar a afirmação de Heidegger de que a explicação 3 não envolve nenhuma desaprovação da decadência. à compreensão ontológica e à sua capacidade de desenvolvê-la" (ST. ou o futuro. Verfallen está associado ao presente. geralmente continuando a atuar e a pensar de maneira tradicional. absorto em suas ocupações presentes. Este é o sentido no qual Dasein. A ocupação presente de Dasein é geralmente uma atividade publicamente reconhecida e aprovada. talvez também para rivalizar com a explicação de Hegel dos mesmos tópicos em sua Fenomenoiogia do espírito. Isto não se aplica menos à compreensão enraizada no próprio ser de Dasein. 21). "pública" apenas no sentido de que os outros veriam o que coube a ele se estivessem presentes. Posso em algum momento ter tomado uma decisão grave e independente para fazer aquilo que atualmente me absorve. Mesmo que o esteja fazendo porque o impessoal recomenda. Não teria . Os dois tipos de decadência estão conectados: a ocupação com o presente. de seu questionamento e de sua escolha. os detalhes daquilo que faço cabem provavelmente a mim. ainda que praticada em privacidade. nos aproxima da dignidade de pensar os entes" (Boswell. 177ss). Não precisa ser assim: Dasein poderia estar absorto e inaudito numa empreitada escandalosa. A explicação 3 vai mais longe. A explicação 2 introduz um novo elemento. Isto não é necessariamente assim. 277s). Heidegger insinua que Dasein está fazendo o que faz apenas porque é o que o IMPESSOAL recomenda. Por mais difícil que seja descrever Dasein que está completamente fora da decadência (ST. está "perdido na publicidade do impessoal". já que isto requereria um exame explícito da tradição em sua fundação e desenvolvimento. mais importante do que o presente. Disto não se segue absolutamente que eu esteja "absorvido" pelo estar junto e pelo falatório. Sua análise detalhada e vívida do falatório etc. Interpreta a si mesmo em função do mundo no qual decai. eles não parecem ser características essenciais de Dasein no sentido em que são a ocupação com o presente e com o reconhecimento público de suas atividades. do nascimento à morte. central para a decadência nas três explicações supramencionadas. A decadência de Dasein prejudica sua capacidade de fazer filosofia: assim como decai em seu mundo. o que quer que torne o passado. Sapateiros ocupados fazem sapatos à moda antiga. Por mais difundidos que estejam o falatório etc.32 decadência conselho de Dr. pensa sobre si mesmo em função de suas preocupações correntes. O que faço pode ser tacitamente guiado pêlos outros. Johnson: " O que quer que nos retire do poder de nossos sentidos. Isto o priva de sua própria liderança. Kierkegaard usava o seu equivalente dinamarquês. resolução e o instante Schiiessen significa "fechar. "deliberação".terscheidung): Das Geschiedene ist só entschieden geschieden. abrir". cerrar."fora.] Significa o arroubo resoluto de Dasein — mas um arroubo contido na de-cisão — que se direciona para as possibilidades e circunstâncias da sua preocupação que vem ao encontro na situação" (ST. o momento de decisão entre a verdade e a ilusão. não "decidir". mas normalmente no sentido de um "declínio" histórico (p. Verfall continua a ser usado. "concluir" (cf. para o ponto de contato entre o tempo e a eternidade. 338n. definir os pensamentos" (DOS. Mais tarde. tomar uma decisão".. esclarecer. A transformação criativa do tornar-se caótico em entes estáveis. Heidegger associa decisão a ser descoberto: "De-cisão [Ents-chiossenheit] é um modo privilegiado de abertura [Erschiossenheit] de Dasein" (ST.". adiante". portanto o "instante (de visão)". XXXIX. "um piscar de olhos". "decidir.. NI.e. é a primeira história do próprio ser" (LXV. estão associadas a Augenblick. Ele também usa beschiiessen. agora usado nas acepções de "incluir" "decidir". O prefixo ent. 90. ex. Em ST ele é "o presente [Gegenwartj que está contido na temporalidade autêntica e que é. resolução". er-. (Sich) entscheiden. "descobrir. 177. Como o ser suplanta o homem. 0jeblick. 338). Tudo isto não é simplesmente uma 'queda' ['Verfall'].. no entanto. ST. lit. sobretudo em O conceito de angústia (1844). deixa-os a si mesmos e assim deixa-os tornaiem-se objetos da maquinação. [. vem de schiiessen. ou-ou" (LXV. para guiá-lo ao desfazer-se da tradição antiga e estabelecer uma nova.indica oposição ou separação. concluir seus pensamentos sobre o assunto (ST. Heidegger liga. Cf.fortalece o sentido de "separado". e também " inferir". "Os termos assim distinguidos são apartados por uma incisão tão decisiva que nenhuma esfera comum da distinção pode explicar com precisão tal afastamento" (LXV. 315). erschiiessen significa "descobrir". Entschiossenheil é "a incumbência específica de Dasein de abrir a si mesmo para o aberto" (G. possui aqui uma função similar a ent-. resolução e o instante 33 nenhuma tradição para dar início. Tanto Entschiossenheit quanto Entschiedenheit. Assim. ligar em pensamento algo ao que o precede. portanto. dass überhaupt kein gemeinsamer Bezirk der Unterscheidung obwaiten kanr. por conseguinte. "concluir" i. i. passando a ocupar o centro do palco.e. 75. 59/81). "abrir a mente. originalmente " fechar. No século XVI o reflexivo sich entschiiessen passou. decisão. 297). 476/niii. O particípio passado entschiossen era usado para "determinado" e Entschiuss para "decisão. no lugar de aspecto do homem individual ou de Dasein. separar. 111).. entscheiden a Entweder-oder. 98ss). e a separar e distinguir (Ur. 5). verfallen não desempenha um papel significativo no pensamento de Heidegger. 299. 101). autêntico. a significar "decidir. postulada por Nictzschc.. trancar etc.decisão. no qual o crente toma-se contemporâneo de Cristo (cf. i. ST.e.. Ent. 90). resolver". Porém. o "abandono do ser [Seinsverlassenheit]" ocupa a posição que antes ocupava Verfallen: "que o ser abandona os entes. apartar". entschiiessen significava originariamente "abrir. destrancar". Erschiiessen. 300). cerrar etc. envolve "encontrar-se noinstante da resolução [im Augenblick dei tínis- .)." e também "inferir". vem (assim como "decidir") de scheiden que significa "cortar. onde o que quer que o preceda e o acompanhe se eleva à tarefa projetada.34 decisão. ele "adianta-se" à sua própria morte e "repete" ou "retraça" o passado. é explicitamente a interseção entre o passado e o futuro. ainda que preserve o passado (cf. 305) e decisão (XXIX. e "reminiscência". Isto requer um certo desapego do presente imediato. o DASEIN decidido não está simplesmente absorto no presente. Para ele. conceber a verdade como abertura e Ent-schiossenheit como o espaço de temporalização e feitura [die zeitigende Einrãumung] do tempo-jogo-lugar |Zeit-Spiel-Rauines| do ser.) Em ST. Ele pensa em função de episódios atuais. Se uma pessoa se concentra exclusivamente no presente. Heidegger fala de suas próprias explicações como uma "indicação formal [formale Anzeige]". Assim. nada em comum com o que chama- . Já que tais conceitos não podem ser adequadamente especificados em função de episódios atuais ou estados de coisas. 466s/ nii. e não o oposto: em função do solo prevalecente de Da-sein. não possuindo. Elas não transmitem explicitamente o que é a de-cisão. Depois de ST. deliberações ansiosas e atos vigorosos não são garantia de uma conduta de-cidida e coerente. À medida que a história e o ser tornam-se mais centrais. para quem a questão do arrependimento é alterar o significado de um fato passado. resume-se a "uma memória [Gedachtnis]" que "preserva o que antes era atual e agora não é mais". assim como o que é caminhar não se deixar transmitir adequadamente quando se explica que se coloca um pé na frente do outro de modo que ambos os pés nunca estejam simultaneamente fora do chão. não é preciso ser obcecado com a morte para não querer. Há invariavelmente maneiras mais vantajosas de preencher o tempo que se leva para votar. A decisão resoluta transforma. 202s). ver as conexões entre Entschiossenheit — verdade — Dasein em função da de-cisão [Entschiiessung] no sentido moral. mensuráveis pelo relógio. 425ss). mas nós só podemos descobrir o que ela é ao nos tornarmos decididos. Mas isso não procede. 'existenciariamente'— 'antropologica-mente'. Ele convenientemente (re)interpre-ta ST: é fácil "interpretar mal ST deste modo. por exemplo. não a escolha particular que ele faz. provavelmente não verá razão alguma para votar nas eleições ou para sair das festas na hora certa. além disso. assim. Em ST. guiada pela concepção de que tipo de pessoa se é e de como sua vida deveria seguir. Heidegger fica menos interessado na condição do homem ou Dasein individual do que naquilo que fica decidido acerca do ser e dos entes. o que importa é a Entschiossenheit de Dasein. sendo assim preservado" (NI. Heidegger pode nos apontar a direção da de-cisão. psicológicos ou físicos." Se nos concentramos na questão acerca do sentido do ser. resolução e o instante cheidung]. adiar seus exames por dez anos. o ponto de vista de Scheler. decisão é tomar frequentes resoluções ou'engajar-se em intensas deliberações e vigorosas ações. Alguém poderia pensar com frequência e intensamente sobre a morte e ainda assim não conduzir sua própria vida com vistas à morte. palavras do tipo de entscheiden tendem a suplantar as palavras do tipo entschiiessen. Augenblick ao contrário do presente inautêntico. Resoluções frequentes. adiantar-se à morte consiste em pensar com frequência sobre sua própria morte. raramente faz diferença se saio da festa agora ou se fico mais dez minutos. então "o que (• uqiii chamado de decisão [Ent-scheidung] move-se para o próprio âmago da essência do ser. O " intelecto vulgar" tende a interpretar mal conceitos tais como "adiantar-se à morte [Vorlaufen in den Tod]" (ST. Erinnerung. UK. homens e deuses. 187. 464). Ações humanas e decisões do tipo 3 desempenham um papel. têm relação com um " ou-ou". 90). Entscheidung é agora usada de três modos: l. individuais ou coletivas.] se a arte é uma organização de experiências ou o pôr-se à obra da verdade". a atuação. hewendenlassen envolve ceixar algo ser. Decisões humanas comuns. "excluir.deixar e serenidade 35 mós de fazer uma escolha e coisas afins. Em ST Entschiossenheit pode ser mal interpretada como pertencendo às decisões do tipo 3. 90s Cf. 66/204). "deixar entrar. litsralmente "deixar ver algo como algo" (ST. sem interferência ou alteração. separação entre TERRA. A separação envolvida no acontecimento do ser. 85.. um novo acontecimento do ser. é. seres humanos. Por conseguinte. Como 3. Em . ela é a abertura meãos do homem ou Dasein do que do ser. quando Heidegger fala de " deixai algo ser visto como algo". decisões tais como "se o homem continuará como 'sujeito' ou se ele fundamenta o Da-sein [. 283. Decisões do tipo 2 são intermediárias entre l e 3.. o infinitivo regida por lassen é ativo tanto no conteúdo quanto na forma. 397s). do acontecimento-apropriador [Er-eignung] do aberto. A explicação desta expressão é queex. a janela não pode ser aberta". 479). permitir. ela pertence mais às decisões do tipo 2 e portanto do tipo l. ir à guerra etc. em última instância. 33). deixar e serenidade Lassen é " deixar. têm relação com um "começo" (LXV. e assim por diante (LXV. Decisões significativas acerca da vida humana que determinam se um novo começo. (cf. 360s/niv. (sich) einlassen (auf/mit). Não podem ser ações humanas por criarem. ocorrerá e como ele será. e entre o ser e os entes (LXV. bewenden lassen). o pertencimento do homem ao ser como aquele que fundamenta a sua verdade e a indicação do ser para o tempo do último deus" (LXV. ou deixá-los irem de seu próprio modo ou "estarem envolvidos" (ST. 87s). Lassen também é usado como modo auxiliar. 234. Decisões do tipo l não são ações humanas e não estão preocupadas com um "ou-ou" (LXV. "vamos indo" etc." Ele forma diversos compostos: ausiassen. Em sentido ôntico. admite pela primeira vez. a própria natureza do homem depende de como a decisão é tomada. entendido como a clareira para o que oculta a si mesmo e permanece não-decidido [Unentschiedene]. "abandonar" etc.". "alguém" ou "nós" está subentendido: "deixar [nos] ver algo como algo". mas elas também não são ações humanas comuns. "deixar e fazer em conjunto". 84: sein lassen). 219s). parar etc. em contextos tais como "mandar fazer algo". verlassen. no afastamento. de deixar os entes serem (ST. "deixar alguém saber". Criam um espaço ou "tempo-(jogo)-espaço". ele escreve: etwas ais etwas sehen lassen. aplica-se ao MANUAL. soltar. 84ss). 405. dar vazão. São as próprias divisões do ser em regiões separadas. É menos como sair de uma festa para escrever um ensaio do que como sofrer uma queda no caminho de Damasco. não importando se seu sentido é ativo ou passivo. Mais tarde. envolver-se em/com algo/alguém". Bewendenlassen. ao separar. N11. para decisões do tipo 3 (LXV. quando ele fala de deixar os entes virem ao nosso encontro (ST. Contrastando com isto. Significa a própria divergência que separa e. "ele não pode ser persuadido. 73: begegnen '. como l. mundo. obra do próprio ser (LXV. 3. sobre casar-se. deixar ir etc. 101. ou transformarem inteiramente.assen). 2. admitir. O infinitivo regido por lassen é quase sempre ativo. eu posso usar o giz. 368. A tecnologia nos "aliena [entfremdet]" de nosso "habitat [Heimat] nativo" ao reduzir o tamanho do globo de modo a tornar tudo familiar e sob nosso alcance: "Toda semana filmes os conduzem a reinos da imaginação — muitas vezes estranhos. Há modos especializados de deixar-ser: o cientista "dá um passo atrás" das coisas. recobre qualquer lida com utensílios que deixe e permita o instrumento ser o que é. 441 ad 84). parar de fazer". como entidades independentes que não são meros apêndices de nós mesmos. EV. "restrição". fundada'em nossa liberdade (XXVII. mas também pode envolver "continuar trabalhando nele. 84s). Entramos neste espaço aberto e lá nos envolvemos com entes enquanto entes. desapego. considerando o que é zuhanden como vorhanden. Diferimos dos inse-tos.). " impassividade". Seinlassen normalmente significa "deixar em paz. não apenas aos manuais. Cf. "entrar.". devotado a Deus. composto". agora. 16/48s). 183s). XXXI. Abrimos um espaço no qual entes podem ser eles mesmos. 185/125). 15/48). Também significa "calmo. Se você e eu devemos perceber o mesmo pedaço de giz. da filosofia. sem encontrar qualquer resistência. soltar. Deixar as coisas serem é necessário se quisermos compartilhá-las. mas não forçadas. ou melhorá-lo ou fazê-lo em pedaços" (ST. O particípio passado de lassen é gelassen.36 deixar e serenidade sentido ontológico. pêlos entes (EV. inventam um mundo que não é mundo" (G. Místicos tais como Mestre Eckhart e Seuse usavam-na no sentido de "devoto. Bewendenlassen é um tipo de "sein"-lassen. cf. 85). Esta palavra é similar à apatheia. Mas deixar-ser aplica-se a todos os entes. engajar-se em. 185ss/124ss cf. nem talvez eu possa "moe-lo em um pilão" (XXVII. Lá exercitamos nossa liberdade de fazer escolhas e asserções "correias" que são guiadas. 397ss). Gelassenheit é um remédio para a tecnologia. Possuímos uma "indiferença metafísica em relação às coisas". Pode um "novo solo nos ser devolvido". 395 etc. e ao humor básico de Verhaltenheit. abandonado etc. 303). sereno. que estão "conscientes" das coisas apenas à medida que se chocam diretamente com elas e assumem a partir disso. recomendado por Heidegger (LXV. compostura. A liberdade nos dá a possibilidade de abrir o espaço (verdade) e de deixar os entes serem. um comportamento apropriado (XXIX. a fonte de energia para a tecnologia e a indústria modernas" (G. estar envolvido com" entes (EV. muitas vezes bastante comuns. recomendada pêlos estóicos gregos. no qual "a humanidade e toda sua ohm poderiam florescer de um novo modo — mesmo na era atómica?" . como Heidegger explica numa nota tardia: "Das Seyn-lassen ['deixar-ser' ou 'deixarSer']. 8. Esta "posição inteiramente nova do homem no e para com o mundo" origina-se. " (ter sido) deixado. 103). onde deixar-ser [Sein-lassen] aplica-se fundamentalmente e irrestritamente a todo ente!" (ST. "calma. 354. Gelassenheit era usada pêlos místicos para a paz que se encontra em Deus ao se tomar distância das coisas mundanas. Mas o sein-lassen de Heidegger envolve Sicheinlassen. "O mundo agora aparece como um objeto contra o qual o pensamento calculador dirige seus ataques. pio". um arado como um corpo material (XXVII. mas não posso enxergá-lo como mera função de minhas próprias percepções e propósitos. Isto ameaça nossa Bodenstündigkeit. "deixar-'ser'" (ST. nosso "enraizamento no solo": "A perda da Bodenstandigkeit vem do espírito da época na qual todos nós nascemos" (G. 17s/50). Isto pode significar deixá-lo só no sentido ôntico. 'serenidade'". 102). Significa. em última instância. A natureza torna-se agora um gigantesco posto de abastecimento. torna-se-lhe um objeto disponível. desde que cultivada. G. Todo desencobrimento depende do homem.ex. o homem não é transferido para dentro de uma região aberta da mesma maneira que um par de sapatos é colocado diante da poria de um quarto. deixando que elas sejam. 43). descoberta e clareira Verdade é. prover-nos com um novo Bodenstandigkeit. 203ss). que significa "extensão livre" (G. o mundo. Unverborgenheit é um termo gené- . o homem é o abandono errante no aberto. "desencobrimento [Unverborgenheit]" ou " desvilamento [Entborgenheit]". 50/74). apenas uma coisa em meio às outras (LXV. A ideia de Heidegger é a seguinte: a tecnologia não pode deixar os entes serem. Aguardar. por meio de um esforço especial desnecessário no passado. Ao utilizálos. 35/62). "restaurar de forma alterada o antigo Bodenstandigkeit. "porá salvo". Junto com a "abertura para o mistério [Geheimnis]". algum dia. Não podemos resistir à tecnologia. Unverborgen(hdt) vem de verbergen. Gelassenheit é a tentativa do pensador de manter aberto o aberto. 275). eguardaum tom de proteção a algo. inclusive o próprio homem. Mas nem tudo está desenco-berto do mesmo modo. Tudo. 39/66. Gelassenheit é Gelassenheit. velar". ele usa diversis palavras para diferentes tipos de desencobrimento (XXVII. 25/56). podemos "deixá-los repousar [aufsich beruhen lassen] como algo que não afeta nosso ser mais íntimo e autêntico.desencobrimento. É uma espécie de "aguardamento [Warent]" (G." (G. mas aguardar "por [auf]". 23/54). mas não o pensamento no sentido da representação. Embora abandone o desejo. Assim preservamos o espaço aberto de mundo e nossa integridade humana. o abandono do egoísmo pecador e do desejo humano em nome do desejo divino. como corre o risco de desaparecer completamente. 50/74). Heidegger explora mais minuciosamente a Gelassenheit num diálogo (G. e ao alcançar a "serenidade" dentro do aberto. 21/53). Em consequência. de até mesmo. Gegnet é uma forma antiga de Gegend. 22s/54). como Da-sein. p. não é passiva e não deixa as coisas à deriva. e não aguardar por algo em particular. o aberto. descoberta e clareira 37 (G. sendo-lhe essencial: "Enquanto Dasein. Verbergen vem de bergen. Gelassenheit é o pensamento. Nós o fazemos ao adotar uma postura de desapego em relação às invenções tecnológicas que ameaçam nos engolir. mas " para com a contréa [zur Gegnet]" (G. Gelassenheit pode. Envolve a reflexão desinteressada que a tecnologia ameaça eliminar (cf. "deixando mundo fazer-se mundo [Weltenlassen einer Welt]" (LXV. Aplica-se também a coisas escondidas naturalmente. como Eckhart supôs. "mantendo-nos livres diante deles de modo que sempre possamos largá-los [loslassen]". 24/55). em sentido heideggeriano (G. sendo quase equivalente à verdade. "Gostaria de dar a esta atitude de um simultâneo sim e não ao mundo tecnológico um nome antigo: serenidade frente às coisas [die Gelassenheit w den Dingen]" (G. cuja abertura e clareira é o inundo (XLIX. agora em via de rápido desaparecimento" (G. não esperar. para Heidegger. 391). pela abertura. especialmente coisas sobre apersonalidadeou a vida interior de alguém. desencobrimento. 63/83s). O que podemos fazer é utilizar objetos tecnológicos. Também não é. reduzindo o homem a um "animal mecanizado". para o "sentido velado do mundo tecnológico" . 98. o sol pelas nuvens. que Heidegger então passa a chamar (die) Gegnet. 29ss/58ss). "esconder. agora não para com as coisas. "con-tréa". não apenas torna-se menor. Se o que está unverborgen é ser. significa "cobrir" de várias formas. revelação". desencobrimento". i. é então "pré-ontológica".e. mas sendo ele mesmo a iluminação ou claridade [Lichtung]" (ST. e hüllen. cerrar etc. "descobrir. e a ideia de que itens de diferentes tipos estejam desencobertos de diferentes maneiras ou em diferentes sentidos é constante: "Justamente porque a verdade é essencialmente desvelamento [Entborgenheit] de entes. Heidegger nem sempre usa estes termos exatamente deste modo. O desocultamento do ser é a verdade "ontológica". ser e mundo. por sua vez. segundo o qual ela é o seu aí" (ST. Ele é 'iluminado' ['erieuchtet']. esta é sua Offenbarkeit. Heidegger usa vários termos para o desencobrimento do mundo além de Erschiossenheit. embora normalmente alguns deles estejam desencobertos. Mas nem todos os entes são manifestos do mesmo modo. ou Verborgenheit. Enthüllen tem um sentido genérico (xxiv. nem mesmo com a psicologia corroborada pela fisiologia e pela biologia. 137). 93). "manifestação". de entdecken. 348ss). 133). Se entes estão unverborgen. mas que acompanha constan-temente Dasein: Dasein "é de modo que é o seu aí. Entdecktheit é genérica. 304). ou um segmento do mundo. explorar [p. equivalente à posterior Unverborgenheit. de enthüllen. e decken. 220). revelar o que está oculto". Heidegger fala então de seu Enthülltheit. Em xx. mas com os modos básicos nos quais o Dasejn humano se baseia. é Erschiossenheit. e a uma área iluminada que não é em si mesma um ente. e mais tarde Offenheit. que em seu uso normal aplica-se a coisas razoavelmente elevadas. Ele fala da Weltoffenheit de Dasein. descoberta e clareira rico: entes de qualquer tipo. embora o mundo seja erschiossen. "abertura".38 desencobrimento. desde que seja Dasein. "ocultar"." O mundo — não um ente. "manifesto. A manifestação de DASEIN. "velamento". de erschiiessen. "descoberta". com compostos tais como verdecken. pelo seu ser" (XXXI. o aberto". Mas Erschiossenheit é o modo fundamental de Dasein. como em ST (XX. podem estar unverborgen ou inversamente sofrer Verbergung. e o próprio ser. com a maneira pela . e schiiessen. Dasein está sempre desencoberto. de offenbar. Mas a importância do desencobrimento. Lidar com o homem sob o ponto de vista da sua psicologia e fisiologia é como concentrar-se na vela e ignorar a luz que dela emana — a mesma luz que nos possibilita ver a vela: "nós não estamos aqui [em nossa explicação de sentimento etc. o modo particular do desvelamento (verdade) é governado e determinado pelo modo de ser. das Offene. são frequentemente usados para o mundo. Esta é a verdade " ôntíca". Em XXIV. Entes dentro do mundo podem estar encobertos ou desencobertos. "deso-cultamento. revelado". Dasein é aí entdeckt. Dasein é como uma vela ou lâmpada inextinguíveis. A manifestação do SER-SIMPLESMEN-TEDADO e do MANUAL é Entdecktheit. aos outros entes. "retirar o véu.ex. não por outro ente. que Dasein " abre [eroffnet]" (LXV. assim como estão. mesmo que apenas pré-ontologicamente. o que significa: iluminado [gelichtet] em si mesmo como ser-no-mundo. "abertura. mas intimamente conectado com o Dasein — também está erschiossen: "a Entdecktheit de entes intramundanos está fundada na Erschiossenheit do mundo. "fechar. abrir. que. "descobrir" o que está escondido. "desvelamento. Similar ao aberto é "o aí" (das Da). um continente]". Quando informal e não-conceitual.] preocupados com a psicologia. um ente em meio aos outros que ilumina a si mesmo. "abertura para mundo" (ST. 307). transformação e fundação da essência da verdade. 16). Ele fez considerações sobre o mito da caverna em diversos cursos (XXII. 43).. 465ss. ou Wahrer. "clarear" uma área. já que apenas as verdades por ela determinadas são procundas e cultivadas.]). 342). 428). 21ss). à beira de um novo momento de sua história clandestina?" . Lichtung e lichten originam-se de Licht. iluminar". 93. Em ST.] Mas a fonte desta claridade. Mais tarde. Mesmo quando o ser abandona os entes. a verdade não ë primordialmente a verdade do homem ou Dasein. mas a luz em si mesma não é iluminada [. A essência da verdade é histórica: " A história da verdade. 203ss/251ss). seu tempo" (XXXI. diz ele agora. ainda que o homem seja o veículo. 92. (O genitivo aqui é sui generis e nunca pode ser captado como os genitivos 'gramaticais' comuns. obra do próprio ser. Por longos períodos. queria dizer. de modo que significam "iluminação. 250ss. o que . 402ss. descobridor [entdeckend] — é Dasein. XXXIV. [. "clareira.] Será que nos encontramos no fim de um tão longo período de enriecim^nto da essência da verdade e. Descreve. O ser ilumina e vela. do surgimento. Esta frase é obscura: "A questão acerca da verdade 'do' ser se revela como a questão acerca do ser 'da' verdade. Quando ST mencionou o "sentido [Sinn]" do ser.)" (LXV. isto também é uma "iluminação do ser": o ser torna-se visível pela sua ausência (NU. 514"^). 220). Seu uso dos termos é influenciado pelo mito narrado por Platão dos prisioneiros em uma caverna que. XXIV. A verdade no sentido secundário significa não ser-descobridor [. com frequência. mas a verdade do ser. 109. descoberta e clareira 39 qual o homem suporta o "aí". de sua revelação (LXV. a "verdade do ser'' (LXV. pois as verdades esquecem-se imediatamente da verdade. saem dela e finalmente vêem o sol. " preservador". 45). A verdade é o "velamento iluminador [lichtende Verbergung] do ser enquanto tal" (LXV. esta essência parece estar solidificada (cf... seu próprio procedimento com termos similares. imensamente separados. SF.. empenhando-se para chegar à luz que ilumina seu caminho: "o problema mantém-se na claridade [Hei lê] da compreensão natural e cotidiana do ser. 102ss. Heidegger retoma a sua associação com a luz. 28/niii.LXV. sua luz.. 61). Ele tanto vela como ilumina. tendo passado a significar. a abertura e o encobrimento [Verborgenheit] dos entes em meio a que ele se encontra" (NI.] mas ser descoberto" (ST. Dasein é a fonte da verdade. Cf. o ser é a eletricidade).. tanto a si mesmo quanto aos entes. 181). em última instância. 98ss). "A verdade é o grande desprezador de todas as 'verdades'. Dasein é o que é primordialmente verdadeiro: "O que é primordialmente 'verdadeiro' — isto é. senda" numa floresta. em seu uso mais comum. O ser é iluminado e velado.. a fonte de toda verdade e ser (República. isso não diminui a influência do imaginário platónico sobre o seu pensamento. mas já perderam esta ligação.desencobrimento. Toda iluminação e todo velamento são. Que mais tarde ele responsabilize Platão pelo declínio da verdade como desencobrimento para a verdade como correspondência (P. Certas vezes ele o considera como uma versão precoce de seu próprio pensamento. possui apenas raros momentos. "luz". (Se o homem é uma lâmpada. primeiramente conscientes apenas das sombras projetadas por uma fogueira na caverna. O homem não poderia viver se soubesse tudo ou se não soubesse nada.. assim. a longa história da verdade como correção: [. já que nunca revela tudo de uma só vez — sempre há coisas e aspectos escondidos. 55/ni. Heidegger não está preocupado com verdades particulares mas com nossos modos gerais de enxergar as coisas e com suas mudanças. e sobretudo o conteúdo pré-cristão dos conceitos teológicos básicos" (PT. uma "determinação originária ontológica da existência de Dasein" (PT. 64. 19). embora a teologia a interprete conceitualmente. Cf. Heidegger era um homem religioso. o "estudo [logos] de deus [theos]") estuda não é Deus. IM. vem espontaneamente. tanto mais filosófica será em seu direito inato científico" (PT. Teologia e filosofia permanecem. a verdade do ser.. A fé é em si mesma não conceituai. acredite ela ou não em um Deus" (Simmel. Tampouco há teologia neokantiana. 14/ni. da filosofia do valor ou fenomenológica. O que a teologia (lit. 58/14). ocorrido com o crucificado" (PT. pré-cristã de DASEIN está "existenciariamenteonticamente" superada. 6/6). "a filosofia é o antídoto ontológico do ôntico que indica formalmente. Uma civilização é constituída por uma certa revelação do ser. LX. pelo mesmo motivo que não pode haver uma matemática fenomenológica" (PT. 65/20.e. venha ou não a criar um objeto de amor. porém. a teologia pertencer a todos. 67ss). Trata de fé não simplesmente como crença ou conhecimento. também uma pessoa religiosa é sempre religiosa. e cita I. Mas o que é desta forma superado pela fé. não fosse pelo fato de. a ciência da fé. tenha ou não criado. inclusive a própria fé. mas a fé cristã e os entes por ela descobertos. e não especificamente aos cristãos (PT. 51s/9). "Quanto mais inequivocamente a teologia mantiver-se afastada da aplicação de alguma filosofia e de seu sistema. o conceito teológico de pecado envolve o conceito não teológico de culpa. 88). Os icólogos fizeram com Aristóteles o que Marx fez com Hegel (Nll. Por exemplo. 132/niv. distintas. Heidegger retorna a são Pauloe santo Agostinho (cf. pois isto seria como um 'ferro de madeira'. 5. nela ainda se vê envolvido "existencialmente-ontologicamente". Os entes descobertos pela fé. . A teologia é uma disciplina histórica. de modo que a existência irreligiosa. A filosofia é necessária porque os conceitos básicos de uma ciência não podem ser inteiramente explicados isoladamente de nossa compreensão global de ser. Ela fornece a "indicação formal [formale Anzeige]" da "região ontológica" em que se firma o conceito de pecado. de um "existir compreendido por meio da fé [glãubig verstehendes Existieren] na história revelada. 5). a teologia estuda uma série de entes já revelados e acessíveis em nossas lidas pré-científicas com os mesmos e iluminados por uma compreensão preexistente de ser. mas não um filósofo religioso. 331). "Não há tal coisa como uma filosofia cristã. Ela ajuda a teologia a conceituar o pecado. LX. Deus e teologia " Assim como uma pessoa erótica é sempre erótica por natureza. Glaube. 66/21. 54/10).40 Deus e teologia certamente seduz para a complexidade a simplicidade do único como o sempre essencial" (LXV. Ni. como uma ciência. Cf. 62ss). Heidegger rejeita o tomismo de sua juventude. mas no sentido luterano de um renascimento que afeta toda uma vida. Como "ciência positiva". Poderíamos chamar de teologia a "consciência de si do cristianismo em seu aparecimento mundano e histórico". i. que apresenta a fé cristã em termos aristolélicos. que também envolve uma certa concepção de verdade. são o tema da teologia. A fé. A filosofia é diferente da teologia. A fé envolve o renascimento. Por explicar conceitos tais como a culpa. e marca as fronteiras que ela não pode ultrapassar. Não confere ou confirma a fé. Soa frequentemente como um ateis-ta: "o homem não é a imagem de Deus como o absoluto pequeno-burguês [Spiess-bür-gers]. 'pan-teísmo' e 'ateísmo'. no fundo. 471. particularmente o Deus concebido como entidade suprema: "O que parece. 353/nii. 348/niv. 95). No entanto. mas um ente de um tipo bem peculiar. 263). uma completa falta de Deus?" (XXVI. extraordinário.3)." (LXV. que nunca pode fundar-se em deus. idêntico ao seu próprio (ato de) ser (actus) esse(ndi) e à sua própria essência. 106). nem no homem como ser e vivente simplesmente-dado. Os deuses morreram com a cidade-estado gregi. como santidade — mais apropriada do que a compreensão de Deus como um absoluto Vós. no entanto. A visão do mundo como "caos" proposta por Nietzsche. 136).. n.] Porque os judeus pedem sinais.Deus e teologia 41 Cor. e sim no Da-sein" (LXV. como o deus de são Tomás é simples e único. e os gregos procuram sabedoria. CH. ser se essencializa [West] temporal-espacial-mente como este 'entre' ['Zwischen']. A visão de Heidegger é. Mas o que ele repudia é o tipo equivocado de Deus. em todo caso. um 'ateísmo' é no fundo o oposto" (NI. Não é ténue e universal. Ser está entre os deuses e os entes. todavia. Possui muitos nomes. mas seu estatuto ontológico é obscuro: "Deus [der Gott] não é nem 'existente' ['seiend'] nem 'inexistente' ['un-seiend']. 211. 486. como bonum. 374/276). Com a morte deste deus todos os teísmos colapsam. que possui a 'metafísica' como seu pressuposto intelectual. 486). Heidegger fala constantemente de "deus(es)". nem deve ser igualado ao ser. Os dcus(es) são tão reais quanto todas as coisas que projetamos. 20-23 contra a apropriação cristã da metafísica grega: "Não transformou Deus em loucura a sabedoria deste mundo? [. a seguints: os homens precisam de Deus ou de deuses. tomada em sentido ôntico. embora poetas e doutos intermitentemente os . 328/234).. São manifes:ações historicamente variáveis do ser. Deus precisa do ser. O deus de são Tomás é um ente (ens). Só houve 'monoteísmo' e todos os tipos de 'teísmos' desde a 'apologética' judaico-cristã. inteiramente justificada. loucura para os pagãos" (EWM. Podemos. é. "melhor engolir a acusação barata de ateísmo que. mas não é idêntico a ele. mas cadn um o pensa "'como um todo' ['ganz']" (LXV. escândalo para os judeus. 471/nii. e deve parecer. para a compreensão ordinária. Mas eles não são o ser ou o "deus" de são Tomás. cf. é uma "teologia negativa sem o deus cristão" (NI. 411). como valor ou como eternidade — origina-se de nossa TRANSCENDÊNCIA e compreensão global de ser. como "lareira no centro da morada dos deuses" (LXV. Não difere dos entes do mesmo modo como um ente difere do outro. A existência de Deus não pode ser provada sem blasfémia mais do que podemos provar a causalidade (NI. I. nenhum deles capta toda sua essência. enquanto nós pregamos Cristo crucificado. tentar mostrar que a ideia do ser como o todo-poderoso. Ser é. 207s). é um ente puro e indissolúvel. O "Deus está morto" de Nietzsche não é "palavra do ateísmo. cf. 366/nii. Ele rejeita o ateísmo: "O último deus possui sua singularidade mais singular e encontra-se fora da determinação calculadora visada pêlos termos 'mono-teísmo'. este deus é o falso produto [Gemãchte] do homem" (XXXI. Está mais próximo do ser de Heidegger (e do "conceito" de Hegel) do que do deus de Moisés. e sim palavra da onto-teologia desta metafísica na qual o niilismo autêntico torna-se completo" (NU. Mas não será a suposta fé ôntica em Deus. mas rico e repleto. O desprezo de Heidegger em relação essas determinações deu a impressão de um ateísmo. pois. 210). 243s. 22). mas não estaríamos conscientes deles enquanto entes. a Differenz. Numa analogia: apresentam-se a mim coisas de várias cores. sobretudo de Hõlderlin e Scheiling. a arboridade ou a qualidade do vermelho. Nossa habilidade em enxergar algo como algo. apartado um do outro). ainda assim. da Unterscheidung entre ser e entes. e cm localizar as coisas e nós mesmos no mundo depende de nossa compreensão do ser: " Em toda condução silenciosa aos entes também fala o 'é'. é central em ST: "O ser e a estrutura ontológica se acham acima de qualquer ente e de toda determinação ôntica possível de um ente. não o próprio ser (LXV. Algumas são da mesma cor. separados e. . eliminado. lidar com.. A palavra Differenz. Ao ver duas coisas da mesma cor. implica que "os entes e o ser se levam apartados um do outro. 63ss/65ss). A "teologia" de Heidegger está sob forte influência do idealismo alemão. qualquer coisa que seja vermelha. que os reúne ao mesmo tempo que os mantém separados (cf. pela metafísica e pela tecnologia que ameaçam a sobrevivência da humanidade. de uma disputa]". exceto o próprio ser. resolução [p. Seríamos. entes (ao contrário de árvores. O último deus é a " verdade de ser". 209/niv. Equivale. 35). é um ente. ou as árvores como árvores sem uma compreensão prévia da " arboridade".ex. O ser é o transcendens pura e simplesmente" (ST. para marcar a distinção entre (SER (das) sem) e ente (das Seiende) (XXIV. 155). posso ser por elas afetado e a elas reagir de um modo característico. do latim differo (lit. differo é próximo do alemão austragen. arranjar". muito diferente dos deuses do passado. verdes etc. então. 188s). Se soubéssemos unicamente dos entes. levar lado a lado. Em seu sentido literal. não poderíamos relacionar-nos com ou "conduzir-nos "aos entes enquanto tais. precisar de um novo deus ou deuses — o número ainda está por ser decidido (LXV. A distinção. como os animais. sem ter compreensão alguma do ser. Portanto. relaciondos um com o outro — e isso espontaneamente. não meramente na base de um 'ato' de 'distinção' ['Unterscheidung']" (NII. especialmente do deus cristão" (LXV. Mas eu só posso vê-las como semelhantes tendo uma compreensão a priori da semelhança (Gleichheit) (NII." (NII. coisas vermelhas ou coisas semelhantes) formam um todo ou um MUNDO. 403. 159ss). ID. Heidegger talvez tenha sido o Hegel católico. 247/niv. 38). entregar. como todas as eras que nos precederam. de ser e entes é também uma Austrag deles. porém. "semelhantes" (gleich). afetados pêlos entes (XXIX. 93ss). Posso ver coisas vermelhas. Para sobrevivermos a este perigo devemos. 214ss/niv. Austrag é o "arranjo. e em parte responsável. Tudo. "carregar para fora. Além disso. 273ss). cf. carregar. que seja uma árvore ou que seja semelhante a outra coisa deve antes ser. O Deus cristão está agora morto ou por morrer. 437) — "o último deus. e não a expressão. Heidegger também fala. diferença ontológica A expressão die ontologische Differenz foi introduzida pela primeira vez em 1927. XXXIX. por que a diferença ontológica seria mais significativa do que a distinção entre qualquer conceito geral e suas instâncias? O ser é mais fundamental e mais profundo do que a semelhança. o "ser" a qualquer outro termo geral ou universal? Se não posso ver as coisas como semelhantes sem uma compreensão da semelhança.42 diferença ontológica façam reviver. tal como (produção de) prazer. O " ser". 203): "O que são entes (enquanto tais)?" Filósofos fizeram esta indagação. Ni. 73. 13/ni. Era tempos mais recentes e decadentes. Nietzsçhe). e nunca encontramos puros entes. Deus. 73. com a aparência. A "questão fundamental" {Grundfrage: XXXI. Husório ou irrealizado (IM. O ser foi igualado.) 2." não é nenhum ente. Ainda assim os filósofos tenderam a obliterg_hi. cada um envolvendo a eliminação ou a desvalorização do ser em favor dos entes: 1. há três questões que podemos colocar acerca do ser: 1. 3. Cf.477. 2. nenhum SER-SIMPLESMENTE-DADO" (xxix. primeiramente. Ojer é em geral contrastado. Isto refere-se aos teólogos medievais. tomadas separadamente. Os contrastes tendem a restringir a amplitude do ser àquilo que está constantemente PRESENTE.. 154/169). em geral o próprio homem. aparência. (üV XXXI. Tomaram um ente ou um tipo de ente. Mas isto ignora. nenhuma coisa e nenhuma propriedade coisal. 286. ademais. geralmente como o ente supremo. junto a outras propriedades de uma coisa — propriedades que são um ente (seiend) tanto quanto as coisas às quais elas pertencem (NWM.462/nii. 2). Onde está a fronteira entre o ser e os entes? A compreensão de ser. 304/384). Vêem o ser como um universal vazio. Nietzsçhe sustentava. derivado de nossa abstração dos próprios entes. Representaram o próprio ser como um ente. 271. 196s). a diversidade do ser e de nossos usos do verbo "ser" (tanto em um período específico quanto ao longo da história): isto é análogo à "falácia naturalista". Nunca estamos sem nenhuma compreensão do ser. cf. os entes que afeiam os animais ou que existiam antes do emergir da vida consciente. sobretudo a são Tomás de Aquino. a Grundfrage concerne àconexão entre ser e tempo. o fato de os entes formarem um todo ou um mundo. a essência eu verdade do) ser?" Esta questão foi "esquecida" (ST. Isto não é nenhum acaso: pertence essencialmente ao próprio ser prestar-se justo a tais contrastes. 4.diferença ontológica 43 A diferença entre ser e entes parece óbvia. Mas eles não devem ser aceitos. Eles o fizeram de pelo menos quatro modos. por oposição ao fugaz. está envolvida em todas as nossas lidas cotidianas com os entes. muitos filósofos pararam de . ao passo que sua existência ou ser-isto é "eterno retorno do mesmo" (p-cx. Nl. Não obstante. Devir. Ignora. mas com o devir (Platão. segundo a explicação de Heideggei. como algo tal qual o ser puro. 470. 4. XXXI. por exemplo. como o paradigma ou modelo para o ente em geral (LXV. pensamento e valor — todos eles são. que nunca pode ser construído a partir das propriedades de cada ente. à materialidade e à perceptibilidade. 4. 259/niii. 203. insiste Heidegger. não com os entes. 189). NI. Pois o ser estende-se a tudo que supostamente contraste com ele. LXV. pensamento e valoresou o " dever-ser". que via Deus como idêntico ao seu próprio ser (esse). 13/ni. 286). 235. Vêem o ser como uma propriedade definida. por mais tácita e deficiente que seja. que a essência ou ser-o-que dos entes é "vontade de poder". A "questão orientadora" (Leitfrage: NI. às tentativas de reduzir nosso conceito similarmente diverso e difuso de bondade a um único e simples aspecto.): O que é (o sentido. 44 dito, o dizer, saga colocar até a questão 2, restringindo-se à "teoria do conhecimento", às fundações do conhecimento e da ciência. 3. A "questão transicional" (Obergangsfrage: LXV, 509): "Por que há o ser e não antes o nada?", colocada anteriormente por Leibniz e Scheiling. Qualquer resposta a 2 precisa conter alguma visão acerca do ser dos entes. Por exemplo, " Todos os entes são materiais" implica que ser é materialidade. Mas Heideg-ger não permitirá que isto solape a distinção entre as questões l e 2. Ele reformula a questão 2 como "O que é o ser dos entes?" ou "O que é a entidade (Seiendheit) dos entes?" (XXXI, 47; NI, 634/niii, 139). Isto é muito distinto da questão l, agora reformulada para "O que é a verdade (ou essência) do ser?" Em obras tardias, ele frequentemente escreve "Seyn", ao invés de "Sem", ("ser"), uma forma arcaica que pretende diferenciar ainda mais agudamente o ser ou ser de Heidegger dos entes e do ser discutidos por outros filósofos. Ele fala do "ser [das Seyn] como a distinção prevalecente entre ser e entes" (EV, 198/137). A diferença ontológica é agora vista como uma distinção subordinada e " transicional" entre ser e entes, de alguma forma gerada pelo simples, único e incomparável ser (LXV, 471). A distinção entre ser e entidade talvez ecoe a distinção de são Tomás entre esse como actus essendi "ato do ser", e esse como a "união mental do predicado ao sujeito em uma proposição" (Summa theologiae, ia, 3,4). dito, o dizer, saga Sagen tem um sentido próximo ao de "dizer". Relacionava-se originalmente a sehen, "ver", e significava "deixar ver, mostrar". Este verbo forma muitos compostos, em particular aussagen, "afirmar, enunciar". Um substantivo derivado, Sage, já significou "algo que foi enunciado, um dito, ditado, provérbio", e depois "fala, narração, estória, rumor". No século xvm, passou a significar "lenda, saga, conto". Heidegger muitas vezes usa Sage no sentido de "dito" (p.ex., UK, 61/198s). Esta palavra é, segundo sua visão, bastante diferente de Aussage, "proposição", assim como sagen é diferente de aussagen. O que é asserido é uma proposição, e uma asserção é falada ou escrita; o que é dito não precisa ser falado ou escrito, nem precisa ser proposicional. Podemos "dizer" o ser, mas não podemos fazer proposições sobre ele (LXV, 473). Dizer é diferente de falar: "Alguém pode falar [sprechen], falar infinitamente, sem nada dizer. Inversamente, alguém está em silêncio, não fala e pode dizer muitas coisas em seu não falar. [...] 'Dito' significa: mostrar, deixar aparecer, deixar ser visto e ouvido" (UK, 252/122). O alemão não é coerente quanto a isto. Heidegger parece extrair de Kant "o que é posto diante de nossos olhos como ainda não dito [Ungesagtes] justamente pelo que é dito" (K, 201/137). Aqui, o "não dito" é o que não foi explicitamente enunciado, o não falado, não o que não nos foi mostrado. Dizer é um mostrar anterior à fala: " O ser essencial da linguagem [Die Sprache, sprechen, 'falar'] é o dito, a saga do dizer [die Sage] como mostrar [die Zeige]" (UK, 254/123). Está associado ao ACONTECIMENTO: "A força que move o mostrar do dito é o apropriar-se [das Eignen]. Ele traz tudo o que está presente e ausente para o seu próprio [Eigenc.s], de onde os entes se mostram pelo que eles são e permanecem de acordo com o seu tipo. f...] O acontecimento apropriador [Ereignisj reúne o desígnio dito, o dizer, saga 45 [Aufriss] do dito e o desdobra na estrutura do mostrar múltiplo" (UK, 258s/127s). Dito aqui é o "dizer projetante [entwerfende Sagen]" original, que estabelece o que pode e o que não pode ser dito no discurso ordinário, que supre um povo de conceitos, abrindo-lhe assim um mundo. O dizer projetante é Dichtung, "POESIA" (UK, 61/198). Desta forma, Sage como " lenda, saga, conto" não está distante da visão de Heidegger. Em algum lugar, ele cita o final de "Voz do povo" de Hõlderlin, cf. as lendas, os contos que orientam um povo no mundo, mas precisam ser interpretados pelo poeta: "[...] de certo, tais contos são um bem/ pois rememoram o mais elevado/ mas ainda é preciso um intérprete/ de contos sagrados" (HEP, 46/312). E entre "Entre" é a preposição zwischen, relacionada a ZMW, "dois", e que significava originalmente "no meio de duas coisas". Heidegger frequentemente a transforma em um substantivo, das Zwischen, "o entre, o que está entre, entridade". Ele a utiliza para referir-se à distância espacial entre uma cadeira e a parede (ST, 55) e entre DASEIN e outro ente (ST, 108). Mais significativamente, levando em consideração a visão de que ser-no-mundo é o "comércio simplesmente-dado entre um sujei tosimplesmente-dado e um objeto-simplesmente-dado", ele sugere que seria fenomenologicamente mais preciso dizer que "Dasein é o ser deste 'entre'" (ST, 132). Isto repete preleções anteriores: Dasein não é o mundo e nem um sujeito; o " ser de Dasein é precisamente o 'entre' sujeito e mundo. Este 'entre', que certamente não surge de um sujeito que se reúne com um mundo, é o próprio Dasein, mas de novo não como uma propriedade de um sujeito! Por esta razão, não é estritamente correio conceber Dasein como 'entre', já que falar de um 'entre' sujeito e mundo sempre já pressupõe que dois entes são dados e entre eles deve reinar uma relação" (XX, 346; cf 379). O "entre" também aplica-se ao transcurso de Dasein entre nascimento e morte. Dasein não simplesmente vive em cada momento presente; seu "estender-se" entre seu começo e seu fim colore toda a sua vida: "O 'entre' em relação a nascimento e morte já se encontra no próprio ser de Dasein. [...] De fato, Dasein só existe nascendo [gebiirtig], e é nascente que já está morrendo, no sentido de ser-para-a-morte. Estes dois 'fins' e o seu 'entre' são apenas à medida que Dasein existe de fato, e apenas são na única maneira possível, isto é, com base no ser de Dasein como cuidado (cura). [...} Enquanto cuidado Dasein é o 'entre'" (ST, 374). Heidegger posteriomente faz grande uso do 'entre'. Certas vezes o ser é o entre: "O ser, a lareira no centro da morada dos deuses, a morada que é também o estranhamento do homem (o entre no qual ele continua sendo um (o) estranho, precisamente quando ele fica em casa com os entes)" (LXV, 487). O ser é "o entre em cuja essência iluminadora de si os deuses e o homem se re-conhecem [er-kennen] uns aos outros, i.e., decidem acerca de seu pertencimento. Como este entre, o ser não " 'é' nenhum suplemento para os entes, mas o essencializador [Wesende] em cuja verdade o ente [das (Seiende)] pode em primeiro lugar alcançar a guarda de um ente [eines Seienden]. Esta prioridade do entre não deve, porém, ser interpretada de modo idealista como o 'a priori'" (LXV, 42H). Se "ser é concebido como o entre no qual os deuses são coagidos, de um modo lal que ele é uma necessidade para o homem, então os deuses e o homem envio e destino/fado 47 não podem ser considerados como 'dados', 'seres-simplesmente-dados'. [...] Ser se essencializa como o entre para deuses e homens, mas de tal modo que este espaço-entre primeiramente concede para deuses, e homens sua possibilidade essencial, um entre que surge além de suas margens, deixando-os assim despontarem como margens a partir deste surgimento, sempre pertencendo ao rio do acontecimento [Er-eignisses], sempre escondido na riqueza de suas possibilidades, sempre o para lá e para cá de reservas inexauríveis, em cuja iluminação mundos surgem e sucumbem, terras abrem-se e sofrem destruições" (LXV, 476). Algumas vezes, o entre é Dasein: "Da-sein, este entre que, primeiramente fundamentando a si mesmo, afasta e une homens e deuses e os ajusta uns aos outros" (LXV, 28s). Da-sein não é idêntico ao homem. O homem " firma-se como uma ponte sobre o entre", com um pé no ser e o outro fora (LXV, 488). Ao lermos a tentativa de Kant de mostrar como podemos conhecer entes que não foram feitos por nós, não devemos focalizar o objeto, nem a nossa experiência dele, mas perceber que: "l. Devemos sempre mover-nos no entre, entre o homem e a coisa; 2. Este entre só é quando nele nos movemos; 3. Este entre não se estende como uma corda da coisa para o homem, mas este entre é uma antecipação ou concepção prévia [Vorgriff] que alcança além das coisas e similarmente por detrás de nós mesmos" (FD, 188s). envio e destino/fado Heidegger usa principalmente Schicksal e Geschick. Estas palavras denotam tanto o poder que determina acontecimentos quanto o acontecimento efetivo. Ambas vêm de schicken, atualmente "enviar", mas originalmente "arranjar, ordenar, preparar, expedir", sendo correlativas a geschehen, "apressar, correr, acontecer": schicken algo é fazê-lo geschehen. Relacionam-se, portanto, a Geschichte, "história" ; i.e., o que " acontece", geschieht. Geschick significa também "destreza, habilidade". Heidegger, certas vezes, liga Schicksal a "graça" e "convocação", conceitos calvinistas que extrai da Ética protestante e o espirito do capitalismo de Weber (1904/5) (LVIII, 167, 259s). Uma outra influência foi Spengler, que argumentou que enquanto a causalidade reina na natureza e nas ciências naturais, a história envolve Schicksal. O conceito oscila. Significa indiscutivelmente envio: "A história real é grave de envio mas livre de leis. Poce-se adivinhar o futuro [...] mas não calculá-lo. O discernimento fisionómico que capacita alguém a ler toda uma vida em uma face ou a resumir povos inteiros a partir do quadro de uma época [...] é absolutamente distante de toda 'causa e efeito'" (DO, 118). Ele é também o destino escolhido por si mesmo: "Sente-se que é mais ou menos incidental quando Goethe vai a Sesenheim [no feriado como um estudante], mas que é c destino quando vai a Weimar; considera-se o primeiro como um episódio e o segundo como uma época. [...] E assim que, talvez, a descoberta do sistema heliocêntrico por Aristarco tenha sido um incidente insignificante para a cultura clássica, mas a sna suposta redescoberta por Copérnico um destino para a cultura inspirada por um Fausto" (DO, 139). ST associa a histeria a Schicksd. e a Geschick. Schicksal é um "envio" escolhido pelo indivíduo: "Aperias a liberdadepara a morte dá a Dasein um objetivo inequívoco e impele a existência para a sua fmitide. Uma vez concebida, a fmitude arranca Dasein 48 envio e destino/fado da infinita variedade de possibilidades imediatas que se lhe apresentam, do contentamento e da negligência despreocupada, trazendo-o para a simplicidade do seu envio. Isto é o que chamamos de acontecimento [Geschehen] original de Dasein, o acontecimento que se encontra na decisão autêntica e no qual Dasein se transmite para si mesmo, livre para a morte, em uma possibilidade herdada, e ainda assim escolhida" (ST, 384). Geschickéo "destino" coletivo composto de envios individuais: "É somente na participação e na luta que se libera o poder do envio comum. O envio comum dos destinos de Dasein em e com a sua 'geração' constitui o acontecer pleno próprio de Dasein" (ST, 384s). "Chamamos de destino a transmissão antecipadora no Da (aí) do instante, que reside na decisão. O envio comum entendido como o acontecer de Sasein no ser-com os outros, também se funda no destino. O envio comum do destino pode se abrir explicitamente no ater-se à herança legada. É a repetição que primeiramente revela a Dasein a sua própria história" (ST, 386). Mannheim utilizou a observação de Heidegger acerca da "geração" — um grupo de "contemporâneos", com experiências, interesses e atitudes compartilhados — ao enfatizar a importância sociológica da geração (Mannheim, 276ss). Esta distinção entre Schicksal e Geschick não sobrevive a ST. São termos frequentemente intercambiáveis (xxxi, 6); Heidegger fala de Schicksal dos alemães, da Geschick de um indivíduo, e do "Schicksal ocidental" (Ni, 124,474). Lamenta a exclusão de Schicksal da Historie: "Admite-se o 'acaso' e o 'destino' como fatores determinantes na história, mas isto acaba apenas por mostrar o domínio exclusivo do pensamento causal, já que 'acaso' e 'fado/envio' somente expõem o fato de que relações de causa e efeito não são exatamente e inequivocamente calculáveis" (LXV, 147). Explora a noção de fado/envio e destino em Nietzsche — amorfati, "amor pelo fado (envio)", NI, 470s/nii, 207 — e Hõlderlin (EHD, 86ss, 104ss, 164ss). Mais tarde, Geschick torna-se mais importante do que Schicksal, e relaciona-se mais com ser do que com DASEIN. Heidegger deriva-os diretamente de schicken como "o que foi enviado", escrevendo frequentemente Ge-schick: "O absurdo é impotente contra o próprio ser e, portanto, contra o que lhe acontece no Ge-schick: de que dentro da metafísica não há nada para o ser enquanto tal" (NU, 339/niv, 202). Metafísica, no sentido de superar ou transcender os entes, é um Geschick no qual ele está "posto, i.e., enviado [geschickt] no caminho de sua prevalência" (SF, 86). O que envia? O ser. Heidegger associa o envio do ser à frase es gibt sem, "há o ser", mas literalmente "dá-se ser" — um modo conveniente de evitar dizer que ser "é". O que es, "se", denota? O próprio ser. Por conseguinte, o ser dá, i.e., envia, a si mesmo ou a sua própria verdade ou iluminação (CH, 332s/238s). A essência da tecnologia, ele explica mais tarde, "põe o homem no caminho" de revelação das coisas como " fontes existentes". Pôr-nos no caminho é schicken. Desta forma, este "envio" coletivo é "destino [das Geschick]". A história, Geschichte, "é não meramente o objeto da Historie, nem apenas o desempenho da atividade humana. A atividade torna-se histórica [geschichtlich] primeiramente como atividade de envio [geschickliches] [...] A armação [Ges-tell] é um envio providencial [Schickung,= l. 'envio', 2. 'ato da pró vidência'] do fado [Geschickes], assim como todo modo de revelação" (QT, 28/24). Geschick é bastante diferente de Schicksal, como em "A tecnologia é o Schicksal da nossa era". Schicksal p. ela é um Geschick der Entbergung. distanciar ctc. A compreensão de Heidegger da espacialidade é influenciada por estes e outros verbos. "destino do dês velamento". como Ort. à frente. mas "Dasein — no sentido literal — toma [nimmt] espaço em [ein]" (ST. não pela geografia. 226). XX. 102). " oníiii/cslar distante". Estas originaram fernen. XX. 91 sobre a rés extensae de Descartes) e também metaforicamente. Uma região implica uma direçflo (gegen.. o aí no qual. 388: Kultstãtte. espaço para jogar. substituído atualmente por (sich) cnifer-nen. ST. "espacial". pôr no lugar apropriado. do qual e para o qual a história acontece" (1M. 308ss). lit. Platz é usada para o "local" apropriado de/para alguma coisa: "O Platz é sempre o 'aqui' e 'lá' determinados a que pertence um instrumento" (ST. Heidegger usa diversas palavras para " lugar": l. lonjura".espaço e espacialidade 49 aqui significa: "a inevitabilidade de um curso inalterável". 103). e o substantivo abstraio Raumiichkeit. O mais elevado. Gegend. 368).° com um particípio passado entfernt. mas normalmente um lugar espaçoso. posição". "remover(-se). mas não ST) e einraumen. especialmente raum-lich. o "paradeiro" geral de algo. 103. . "esvaziar um lugar. o lugar ou "local" da verdade (ST. Esse termo forma verbos como raumen. DASEIN é espacial de uma forma que nenhuma outra coisa extensa é. Statte. uma bênção providencial que nos foi enviada pelo próprio ser. 117/128). Cf."). Raum origina adjetivos. não um lugar pequeno. regiões da vidae da morte. "distante. "sítio de um culto"). para a posição de algo no espaço concebido geometricamente. que ultrapassa a sua posição exata. 315). mas é importante mais tarde como o " sítio" de um acontecimento decisivo na história do ser (cf.. "distância. Abre um espaço em volta de si para dar a si mesmo " liberdade de movimento" ou campo de ação: "Por existir eleja sempre criou um espaço [eingerãumt] para o seu próprio campo de ação [Spielraum. atrás etc. [. 4. meio-dia. algumas coisas pertencem a uma região. Um aspecto importante da espacialidade de Dasein é a Ent-fernung (ST. raramente ocorre em ST. 261. arrumar". E portanto uma época na história do ser. 192. 105ss. "ponto. "espacialidade". e também "lugar". dos lados ensolarados e sombrios da casa para as direções assinaladas pelo nascer do sol. a cozinha. espaço e espacialidade Raum é "espaço". conceder. "remover. guardar. Esta pala/rã vem de feri. Ort é usada para as posições das coisas no espaço como concebidas pela física matemática (ST. 2. Stelle. Outras coisas ocupam ou "tomam" (einnehmen) espaço.]" (ST. Mais amplo do que um lugar é a "região". As regiões são frequentemente especificadas em função da orientação do Dasein: acima — abaixo. "são dispostas segundo o nascente e o poente. " sítio". e Ferne. deslocar etc. Precisamos de regiões. e também proximidade de algo de um local conhecido nesta direção (ST. outras ao jardim.ex. Orientamo-nos por regiões em várias escalas. já que normalmente conhecemos o paradeiro de algo quando não conhecemos ou não podemos especificar sua localização exata. (LXV. pôr-do-sol e meia-noite: igrejas e sepulturas por exemplo. p.".ex. para mover]". 3. A "polis grega é o sítio da história [Geschichtsstãtte]. dar espaço. é usada. "em direção a etc. "distante". O que conta como região determina-se por nossas necessidades práticas. Mas a tecnologia não é apenas isto. 482). 319ss: Orientation) ou "direcionalidade" (XX. a rua onde se está caminhando).... Por que usar para isso a palavra que serve usualmente para "distância. trazê-lo para perto. Abstand. muito próximas (os óculos sobre o nariz de alguém. decken. Entfernung pertence à distância entre as coisas e o Dasein.. baseiam-se em nossa habilidade geral de nos orientarmos (XX. 108). " a dois passos de distância". ST. remoção" . não saberei detectar nenhuma diferença a não ser que localize um objeto familiar e compare sua posição atual com a que guardo na memória. direita. ST. 108s). (Porque o quarto precisa estar escuro?) Ao conli-ário de nós. enquanto coisas que movimentamos com nossos corpos. trazer para perto. 108ss: Ausrichtung. Anéis não são orientados para a direita e para a esquerda. 4. em frente". Coisas que se movem junto com nossos corpos. 107). luvas e sapatos. entdecken. Apenas o "destaque". em termos quantitativos ou " objetivamente".ex. como a nossa habilidade de apontar para as coisas.e. 308. não à distância das coisas entre si. estão "ainda mais distantes" do que coisas menos próximas (o livro. estimadas não em termos quantitativos. 320s. 'o tempo que se leva para fumar um cachimbo'" (ST. e ent. Um outro aspecto da espacialidade de Dasein é a "orientação" (XX. significa a "atividade pela qual nós entfernen algo" (ST. i. mas em termos cotidianos: "para chegar ao longínquo é preciso de 'uma boa caminhada'. Dasein precisa afastar {entfernen) as coisas para além da fronteira do seu campo de ação para poder aproximá-las (entfernen) suficientemente para lidar com elas. remoto". 105).". Entfernung pode significar "remover a distância. Distâncias do Dasein são.. não são (XX. Ausgerich-tetheit). mas também do ser-no-mundo: se entro em um quarto familiar mas escuro. que. (Isto não é invariavelmente verdadeiro.) Mas a orientação depende não do "mero sentimento da diferença entre meus dois lados" (como Kant em OP). uma abelha não acha o caminho de casa por meio da orientação: "Hsl ri lamente. 3. ST.50 espaço e espacialidade remoto etc. é também aproximá-lo. em vez de "aproximar [Nâherung]" ? Por duas razões: (a) dizer a que distância algo se encontra. diferentemente de Abstand. 319. estão próximas demais para serem visíveis. 2.pode ser privativo (cf. possibilita que neles nos empenhemos enquanto entes (LXV. martelos. tomar distância dos entes que nos "assediam" ou nos "cercam". Minha desorientação atual pressupõe uma anterior orientação em um mundo de instrumentos correlacionados (XX. o Dasein pode ocupar um lugar dentro deste espaço. um espaço que nunca poderá cruzar ou de onde não poderá escapar. i. 308. a lonjura [Entferntheit] de algo desaparecer. cujo conteúdo foi em minha ausência completa-mente revertido ao longo do eixo direitaesquerda. Entfernung e entfernen possuem um significado quase oposto ao seu significado comum: já que/ern significa "distante. diminuir o intervalo" : "Entfernen significa fazer a distância [Ferne]. Mas Heidegger o desvia do uso comum em diversos aspectos: l.e. "descobrir"). (b) Coisas que estão. [. 105). tacos de golfe são. p. um amigo que se aproxima) (ST. Ela é usada "com um sentido ativoe transitivo". 'um pulo'. 321. sobretudo " esquerda. só há orientação onde o espaço é aberto enquanto . "cobrir". são orientadas para a direita e para a esquerda. Ausrichtung está associada a " direções" (Richtung(en)). distanciar". 109s). ST. 104. Tendo esvaziado um espaço em torno de si. Direita e esquerda dependem de nossos corpos. dentro da órbita das preocupações do Dasein.] No Dasein há uma tendência essencial para a proximidade" (ST. 105). O substantivo verbal Entfernung significa comumente "distância. " (IM. da bravura militar e da compreensão habilidosa. 90). Heidegger prefere outros termos: para o ser humano individual. com frequência. onde se dá a possibilidade de distinguir regiões e locais determináveis nas regiões" (xxix. 37s/41).G. Se o espírito é simplesmente inteligência. A . O "mundo espiritual [geisti-ge]" — poesia. arte. ST. o Geist do "Discurso reitoral": "O espírito é a sábia vontade da origem" (EHD. Heidegger unifica espaço e tempo em TEMPO-ESPAÇO.. ou a "direção organizacional dos recursos vitais e da raça [Lebensmasse und Rasse] de um povo" (nazismo?). A inteligência torna-se um utensílio para várias finalidades. Geist. The Plattner Story. HBE. ele geralmeite usa outras palavras em lugar de Geist. religião e filosofia. Ela pode servir à regulação da produção (marxismo). à ordenação e explicação de tudo com o que nos deparamos (positivismo). o vigor do corpo e o caráter da alma. Heidegger evita Geist não apenas porque esta palavra serve aos propósitos de Hegel mais do que aos seus próprios. o "corpo" (ST. 60/179). 354). um ser humano é constituído de um elemento espiritual e intelectual. nem mesmo a razão do mundo [hegeliana]. Sobre a inversão direitaesquerda. espírito Geist significa "espírito. Heidegger argumenta. 3. nem a engenhosidade descompromissada. cada qual com seus próprios valores e cada qual a prosseguir em função de si mesmo.). mas como uma chama que inflama. descorcerta. e o próprio Geist. Seele. degeneraram desde os tempos de Hegel (IM. Geist é interpretado como "inteligência". porém. fora de si (ausser sich]" (ACL. 2. O espírito. É uma palavra importante em Hegel (cf. espírito' |. Posteriormente. tanto como inteligência funcional quanto como Kultur. e para arte. 48 etc. Na doutrina tradicional que Heidegger desaprova. [. 183ss/144ss). Trakl "compreende o espírito não primordialmente como pneuma [grego: pneuma = 'hálito. que a utiliza não apenas para a "mente" individual ou "espírito subjetivo". 34ss/37ss). Mais tarde. mas porque a palavra. um princípio de animação ou "alma". 'desordena'].. Cita o seu "Discurso reitoral" de 1933: "Espírito não é a astúcia va/. "Dasein". assim. pois a raiz ^/i<'(. lit.v significa: estar exasperado.espírito 51 tal e. proficiência ao lidar com coisas já disponíveis. não 'espiritualmente' [spirituell]. torna-se domínio público para mostrar que não desaprovamos a cultura nem favorecemos o barbarismo. escandali/. e para conceitos tais como o Weltgeist (espírito do mundo). 435f. ver H. Em outras obras. neste sentido. e Leib. XXXII. E o solo de nossas outras virtudes. do vigor corporal. o " espírito absoluto". Torna-se Kultur e-está dividido em dois reinos distintos. Wells. alarma. A degeneração tem quatro fases: l. mas também para estruturas sociais e políticas. não há razão para valorizá-lo mais do que as virtudes dos outros componentes de uma pessoa. 4. política.ia. horrorizado. nem a perseguição ilimitada da análise intelectual. Relembra. religião — está sujeito a "o desenvolvimento e o planejamento conscientes".a [entsetzt. Heidegger explora os significados de Geist e sua relação com Seele na poesia de Hõlderlin e Trakl. é de decisiva importância para a salvação do mundo. mente". o "espírito objetivo".] Trakl considera o 'espírito' cm função da essência [Wesen] indicada pelo sentido original da palavra 'Geist'. O espírito. O espírito é a decisão afinada [gestimmte] e conhecedora [wisssnde] da essência do ser. " ser". Mas o espírito não é um componente entre outros. por exemplo. Seinsverlassenheit consiste na ausência do "desvelamento [Entbergung] do ser enquanto tal" (NI. mais parecido com Deus. os entes e o abandono do ser. (p. Mas isto passa a ser uma consequência do fenómeno geral de Seinsverlassenheit. O ser também está coberto. Vorenthait ("retensao"). os problemas se complicam (p. É portanto similar à mais comum Gottverlassenheit. "abandonar". Como há Dasein. o encobrimento de ser é diferente do seu esquecimento: consiste não no fracasso em indagar acerca do seu "sentido". Cf. recusa"). A Seinsvergessenheit persiste. Heidegger mostra uma certa confusão sobre a relação entre o ser. mas haveria entes. em favor do ser que ilumina os entes enquanto entes e permanece inquestionado enquanto ser" (NU. A ausência ou presença do ser depende do que os homens fazem. mas ainda . Mas não significa que nós tenhamos abandonado o ser. O Da-sein está onde o ser está quando ele chega. e Heidegger não sustenta a possibilidade de que o ser possa em algum momento — mesmo antes do surgimento dos humanos na terra — não ter existido inteiramente. cuja essência abissal. mas que o ser nos abandonou e também aos outros entes: "O que realmente acontece (na maquinação) é o Seinsverlassenheit dos entes: que o ser deixa os entes a si mesmos e se lhes nega. "esquecimento de Deus"... esquecimento e abandono do ser Desde os tempos de Platão e Aristóteles a "questão acerca do sentido do ser" "caiu no esquecimento" (ST. verborgen. 183). em termos de estrutura. 357s/niv.Ausbleiben ("falta. Em 1943. mas cria o homem como sua morada. NU. enquanto Seinsvergessenheit "significa: o velamento de si da proveniência da diferenciação do ser em ser-o-que e ser-isto. "expor-se. 217s). (Ser tornou-se. e isto não é afetado por nosso fracasso em perguntar sobre seu sentido. Verweigerung ("negação. ao passo que Seisvergessenheit aproxima-se da Gottvergessenheit. 194). Em ST. Em ST os entes são. O ser não estaria ausente se nós não o houvéssemos esquecido. sob este aspecto. mas "o ser 'é' apenas na compreensão desta entidade a cujo ser pertence uma coisa tal como a compreensão de ser" (ST.) Mas o ser pode estar presente ou. Mais tarde. de vergessen. "Esquecimento" é Vergessenheit. Mas o que os homens fazem depende do próprio ser. mas em nossas concepções enganosas acerca do ser dos entes. sendo verlassen o particípio passado de verlassen. Is). Se não houvesse DASEIN. Heidegger usa Seinsvergessenheit. "esquecimento de ser" para comunicar que o ser enquanto tal foi esquecido (NI. que supõem. ausente. 111). 181. O ser não mais depende da compreensão que dele temos. LXV. 654/niii. mas nós o esquecemos por causa de sua ausência. Mais tarde. a Seinsverges-senheit. ausência") etc. escreveu que: "Sem o ser.ex. colocar-se a-diante" para dentro do ser. que o martelo seja uma coisa com propriedades em vez de um instrumento manual. 293). Seinsverlassenheit é similar. 53/10). Heidegger usa diversos termos para a sua ausência. além de Seinsverlassenheit: Entwg (" retração"). LXV. não haveria ser. como em ST. O ser não depende do homem. nós nos esquecemos de perguntar sobre o " sentido" ou "verdade" do ser. em graus variados.. (ST. 35). 155). 28/niii.52 esquecimento e abandono do ser linguagem de Heidegger pretende nos fazer lembrar da Ek-sistenz e do Ekstase. "esquecer"." (NU.ex. 402/ep. no sentido de que nos esquecemos de Deus (PT. Nosso esquecimento do ser é engendrado pelo próprio ser. independentemente da nossa experiência etc. 3s). "renúncia de Deus". 22/ni. há ser. nos é comunicada na angústia essencial pelo nada. do cálculo [Berechnungj. o ser não iria "essencializar-se".] Pode por acaso -laver um caminho de saída de uma aflição do tipo que constantemente se nega como iflição?" (LXV. portanto. Em 1949. diz que mesmo que não houvesse entes não haveria absolutamente Seinlosigkeit no sentido l. Heidegger diz que não poderia haver entes se houvesse Seinlosigkeit no sentido l. Na gigantomania característica da tecnologia. a ausência de qualquer objetivo (LXV. "a Seinsverlassenheit dos entes se essencializa. Mas se nos tornamos conscientes de nossa aflição. 112). todos os entes permaneceriam na falta do ser [Seinlosigkeit].. pertence à essência do ser que o ser sem dúvida se essencialize sem os entes. que um ente nunca seja sem o ser [dass das Sein nie west ohne das Seiende. haveria Seinlosigkeit no sentido 2. Que a Seinsverlassenheit seja rememorada em sua história longa. da reivindicação da massa [Massenhaftenj" (LXV. e não mais apenas na forma da ausência de questionamento dos entes. é ela mesma a maior das aflições: "A Seinsverlassenheit é o solo mais íntimo da aflição da falta de aflição. a própria Sansverlassenheit revela o ser: é "a primeira aurora do ser como o que oculta a si mesnu para fora da noite da metafísica. Posteriormente. Implica tacitamente que pode haver entes se há Seinlosigkeit no sentido 2 (cf. [. se.. 115). Em 1943. tanto presente quanto ausente... Em 1949. com base na prioridade incondicional do 'feito' (i. ele corrigiu as últimas duas cláusulas para: "que o ser nunca se essencialize sem os entes. Seinlosigkeit possui dois sentidos: l. A confusão é. Seinsverlassenheit é o solo do niilismo no sentido nietzschiano. A Seinsverlassenheit vela a si mesma por detrás de nossa intensa preocupação com os entes. se não houvesse entes. 119. LXV. 138). já que a filosofia ou "metafísica" é a influência dominante e subterrânea da mesma. a Seinsverlassenheit afeta toda a vida humana. 385). "falta de aflição". não estamos na "necessidade" ou em "aflição" ÇNct) por causa dela. as condições a priori da . mas com a aparência da extrusão planejada.] 2. do empreendimento calculado. mas que um ente nunca seja sem o ser [dass das Sein wohl west ohne das Seiende. dass niemals aber ein Seiendes ist ohne das Sein]" (NWM. Que a Seinsverlassenheit também seja experimentada como a necessidade [Not] que assoma à transição e a ilumina como o caminho em direção ao porvir" (LXV. Geralmente. Em ST. assim..] E isto requer: l. a Seinsverlassenheit afetou a filosofia. Ela "precisa ser experimentada como o acontecimento básico da nossa história [. de uma forma ou de outra. A saída da Seinsverlassenheit inclui a consciência da mesma como Seinsverlasse-nheit. de fato. Subjaz à tecnologia e aos males da modernidade: "Seinsverlassenheit pode ser aproximada pela raflexão acerca do obscurecimento do mundo. 119). Esta Notiosigkeit. sempre em 'larga escala') e dos 'fatos'" (LXV. Mas mesmo isto [falta de ser] como abandono-pelo-ser [die Seinsverlassenheit] não é por sua vez um nada negativo [nich-tige]. 442). 2. enquanto que o ser tornou-se o suplemento na fcrma de um a priori [cf. Seinsverlassenheit. compreensível.esquecimento e abandono do ser 53 não desdobrada. mas que ainda assim haveria ser.. [. dass niemals ein Seiendes ist ohne das Sein]".. Em 1943 e em 1949 (mas não em ST). deixando a "cotidianidade mediana" mais ou menos ilesa.e. para a objetividade. da destruição da terra no sentido da velocidade. 304. o "nada negativo". velada e encobridora de si. A pura inexistência do ser. através da qual os entes apressaram-se para a proeminência e. assevera que. 119). A ausência do ser. A possibilidade inerente . problema". seu "pavor do tédio".) Unwesen. 2. Escapar da Seinsverlassenheit só é possível experimentandoa em sua forma mais crucial (cf. 115. como Wesen. pregar peças. nota de rodapé b a 85). 120s) essência Wesen é a "essência.. que. com a sua "cegueira para o verdadeiramente transitório. 120. "constituição essencial" (ST. portanto "brincar.e. para o que não é efémero. irrelevante". significa "desviar. aquele que substitui [ver-] alguém". natureza interna ou princípio" de uma coisa. embora Heidegger explore sua similaridade (LXV. "ser": "Não há 'essência do ser'. da liberdade. por exemplo. " vigor-de-ter-sido" (ST.] A 'essência' de Dasein encontra-se em sua existência" (ST. mexer com alguém". "gerente. determinamos três coisas: l. "Usada separadamente. (Verweser. 'sua natureza essencial'.54 essência objetividade segundo Kant]" (LXV. durar. "mover a sua essência". antes de ter sido atualizada. essencialmente. " durante o ter sido". que originariamente significava "morada. já ou a priori acerca de algo (XXIV. lit. tem a ver com o passado. e sobrevive em compostos como: anwesend. 12) de DASEIN.". [. "velocidade" . cf. ficar. acontecer"." Deu origem a wesentiich. significa "um mau estado de coisas. 410ss). Ele o explica como querendo dizer o que uma coisa foi. ST. o que [ele] era ser". "decair. e é quase um sinónimo de sein Wesen treiben. o acessível a todos do mesmo modo" (LXV. 2. "cálculo". Verwesung. "ser". e é normalmente equivalente a Essenz (ST. gewesen. e o menos usual wesenhaft. 42). por exemplo.] Mas também pode significar o modo como esta essência se manifesta exteriormente" (DGS. A palavra latina essentia invariavelmente contrasta com existentia. lit. ou era. 'ser interior' [. ST fala da Wesenverfassung.. 'sua natureza básica'. possuem parentescos apenas remotos com wesen.. modo de ser. i. mas Heidegger associa 'Wesen à expressão de Aristóteles to ti en einai. "essencial". e Gewesenheit.348).a liberdade é.. decadência" . A frase sein Unwesen treiben. 441. Verwesen. O verbo wesen aparece no passado nos neologismos gewesend(e). só importam tanto porque o que conta é o número e o calculável. "ser. Wesen aplica-se duplamente a Dasein: "A 'essência' ['Wesen'] deste ente encontrase em seu ser-para [Zu-seinj. "inessência". o que. (Das) Wesen raramente aparece em ST. está mais próximo de wesen. vida. O verbo wesen também origina o particípio passado. mas revela a eternidade". A "explosão do massivo [Masse-nhaften] — não as 'massas' no sentido 'social'. ("pre-sente") e abwesend(" ausente"). lit. 3. "mover a sua inessência". 8) e Wesensbestim-mung.326). Seu ser-o-que. Os três véus da Seinsverlassenheit são: l. aprontar. lit. unwe-sentiich significa "não essencial. Wesen é frequentemente usada no sentido não verbal de " essência" . a palavra significa 'a quintessência de uma coisa'. Em outras obras. 124). "essência.. 293). LXV. já que ser-uma-essência [Wesen-sein] é em si mesmo um modo de ser" (Scheler (1976). A palavra grega ousia pode significar "essência". 285). Ao "esclarecer u essência" (Wesenserhellung). de sein. vício em drogas. Berechnung. 117). administrador. e também o que nós compreendemos "anteriormente" . Ela é a substantivação do verbo desaparecido wesen. vigor etc.. Em contraste com isso. elas referem-se respectivamente ao ser-o-que e ao ser-como de algo (XXIV. apodrecer. 394). prejudicar etc. "determinação essencial" (ST. Mas não se aplica a Sein. Cf. anterior ao declínio para a essência não verbal. mas o modo como a casa e o estado trabalham [walten]. Sendo. 34/294). 3. Devido em parte à historicidade das essências.179). por exemplo. 15). "não significam o universal de um genus. 206ss). sobre a entidade dos entes. levaremos a sério a poesia" (HEP. Isto é mais do que uma análise do conceito de liberdade ou do significado da palavra "liberdade": isto envolve nossa transcendência em mundo. a saber. Wesung. Wesung. Unwesen é essencial para Wesen. 484). significa o acontecimento. é difícil decidir se Wesen é usada verbalmente ou não.-. "A essência da linguagem: a linguagem da essência [dês Wesens]": aqui. A desfiguração da essência já degenerada em algo ainda pior. possui deis empregos. Cenas vezes. 289). 344ss/niv. dois sentidos: l. à medida que acontece [sich. ser" (LXV. 200s94s). ouniversal. ele explica. Como a idéa do bem de Platão ou o deus de são Tomás. O solo desta possibilidade inerente (XXXI. uma unidade original do ser-o-que e do ser-como. mas a essência de qualquer coisa essencial possui uma riqueza própria. Heidegger também usa Wesen em sentido verbal. 2. A essência da verdade muda ao longo da história. pois antecipa uma era histórica. diz Heidegger. [. O seatido 2 de Unwesen. é uma definição persuasiva de um conceito essencialmente contestado: ela "nos força a uma decisão.. o quanto ela é intrinsecamente possível. O evento [Geschehnis] da verdade do ser. essência histórica. ER). em sentido verbal. É o modo como wesen.. 34/30). se e como. Ser não é: ser "essencia-liza [west]" (LXV. içi/130s). isto é Wesung" (LXV. da qual cada época histórica pode apenas extrair um pouco como sua parte" (LIV. 286). 288. explica Heidegger. A nova definição deveria estar afinada com a época: "A essência da poesia que Hõlderlin estabelece é histórica no mais alto grau. portanto sobre o que perfaz seu ser-o-que. 47/313s). Wesen é não verbal em sua primeira ocorrência e verbal na segunda (ACL. é a essência singularmente essencial" (HEP. Staatswesen". porém. por sua vez. Essência é aqui apenas uma outra palavra para ser (no sentido da entidade). cue correspondem a dois modos em que Wesen pode degenerar: (a) A Unvesen da verdíde é não-verdade tanto no sentido de "velamento" . Uma afirmação significativa acerca da essência.ereignet]. é o mesmo que 'durar' [wãhren] (QT. "essencialização".essência 55 ao ser-o-que. não unwesentiich (EV. no futuro. ligando-a diretamente ao verbo wesen e cunhando o substantivo explicitamente verbal Wesung. Possuem. desenvolvem-se e decaem. Heidegger usa issiduamente Unwesen e Un-wesen. Ser nem tem nem é uma essência não verbal. da poesia. "Mesmo as nossas palavras Hauswesen. a questão é sobre o que 'faz' um ente ser o que ele é. posteriormente. Em ambos os sentidos. até mesmo nos títulos (EV.] 'Wesen'. é usada de ambos os modos com grande proximidade. E "não apenas a essência da verdade. ele concede essências aos entes pela luz que derrama sobre eles. Com frequência. pertence unicamente ao ser e à verdade (LXV. Uma outra razão para esta inovação é a inadequação do substantivo não verbal Wesen para a questão acerca do ser. "Se indagamos acerca da 'essência' no sentido usual da questão. embora haja um cerne persistente que preserva a identidade da essência (Ni. A "essência pré-essencializadora [vor-wesende Wesen]". N11. 147s). que é o sentido mais usual cm Heidegger. ao qual pertence a verdade. 12. são administrados. "Wesung significa o modo como o próprio ser é. 173s/ni. seibst possui. "eu-dade" (ST. a "eucoisa" (ST. Ichding. e os neologismos de Heidegger. "o si mesmo". que permite que Heidegger fale da "subsistência de si [die Stândigkeit dês Sebst] tanto quanto de sua possível 'dependência' [ 'Unseibs-tãndigkeit']" (ST.. 124).318etc. é ich. por exemplo. Pensar ser como um "valor" é pensá-lo "em s Já Unwesen" (N11. como em "eu me bato. 119). 35). e em frases fixas tais como "no mesmo dia. Ajuda a formar outros substantivos: p. 55/niv. tão fora de si de raiva que não mais se conheça (ST.). Quando Heidegger fala da Unwesen de uma Wesen. Selb também sobrevive em seibstündig. Até mesmo a CURA possui a sua Unwesen: ela não é "melancolia e apreensão e sofrimento agoniado por causa disto e daquilo. 208). Das Ich é similar a das Seibst. a "eu-substância" (ST. A "inautenticidade do niilismo encontra-se em sua essência. 228) ou "razão" e o racional (LXV.. Ao enfatizar os constituintes.] A Unwesen pertence à Wesen" (NU. "te. o mínimo "conhecimento de si" que alguém possui a não ser que esteja. é apenas um acompanhamento vazio. com frequência.". Torna-se prontamente um substantivo e. sich. (b) A Unwesen da verdade é um conceito degenerado de verdade: "correção" (LXV. 323). mich. sem ajuda. subsistente".] não exaurem a sua essência" (NU. "o mesmo". 23). 116. uma "errância" crucial. não um matar que alguém faz por si mesmo. LXV. 204). estabilidade" e Unseibst-stãndigkeit para a deficiência correspondente (ST.. 318. que correns-ponde ao ego do grego e ao ego do latim. tais como a "desvalorização dos valores correntes mais elevados [. como um caracol em sua concha (XX. mas isto depende mais da diferença entre kennen e Erkenntnis do que entre sich e seibst. que sobrevive em derseibe. 347s) quanto no sentido de "errância" ou desvio (EV. Já que nós mesmos estamos emaranhados no niilismo. l. Mas em substantivos compostos. 343). As duas degenerações estão conectadas: a degeneração do conceito de verdade é. e cunhe Seibst-standigkeit para a "subsistência de si. Sichkennen. 117). Ele o associa a teorias que isolam o eu do mundo e dos outros entes. 116. 322). Esta expressão vem do pronome demonstrativo seibst. independente. O eu não é idêntico ao si mesmo: "Este 'eu-emsentido-puro'. 193/132).. Ichsubstanz. 383s). Heidegger é geralmente hostil a das Ich. 322). confere às palavras novos significados. eu e si mesmo O pronome da primeira pessoa do singular em alemão. sendo inade- . Isto é. o "conhecimento de si explícito" (ST. se". 2. Tudo isto é apenas a Unwesen da cura" (LXV. ele se bate". 146). [. 107.. "ele mesmo o fez etc.56 eu e si mesmo (ou a "ilusão teatral". "eu mesmo". este 'eu-ponto-de-referên-cia'. 191/130. As fases mais precoces do niilismo. uma força reflexiva: Seibstmord é "suicídio. 282/niii. na mesma hora". "constante [stàndig] por si [selb]. difere de Seibsterkenntnis. então. que tratam o eu como objeto de observação teórica e o consideram como uma coisa ou substância. tem normalmente em mente o emprego do tipo (b). se matar".ex. Difere dos pronomes reflexivos. "me". 276/niii. em si mesma. a Ichheit do século XIV. 223s). Seibst era originalmente o genitivo de selb.. passa a ser escrito com a inicial maiúscula: das Ich. 362/niv. como em "eu mesmo bato nele". sendo não obstante essenciais para o longo processo histórico pelo qual o niilismo "penetra em sua própria essência" (NII. N40 ajuda a ter experiências. 220s). "o eu" (ST. é essencial para o niilismo que sua natureza essencial nos escape (SF. [. "A fala-do-eu 'natural' éconduzidapelo próprio impessoal" (ST.. "coisa(s) extensa(s)". ou seja. e normalmente está. "logo": ele acredita não haver inferência envolvida neste caso. alma e espírito. Em um círculo social. Uma pessoa pode estar. da nossa experiência do "eu penso". Ter a mim não significa focalizar o eu como objeto. simples e imortal (CRP. [. um ser-simplesmente-dado " sem mundo". consideraram o ser si mesmo como um todo. na visão de Heideggei. Heidegger descreve tal consciência cotidiana e derivada de si como das Michseibsthaben. das Man-seibst. indc- . 165s Cf. A 348ss. 422. 177. Ainda que uma pessoa fale e pense "eu". uma pessoa. comparável. (Heidegger em geral omite o ergo. B 399). propriamente falando. o meu envolvimento com as coisas e com os outros: "Eu experimento a mim mesmo. 129). logo existo". mas essencialmente distinto da rés extensa(e). o maior erro de Descartes foi concentrarse no cogito.. no próprio-impessoal. algum si mamo.} O ser do eu é compreendido ccmo realidade da rés cogitans" (ST. Ele é "o processo vivo de ganhar e perder familiaridade com a própria vida concretamente vivida. no pensamento. "penso.. Desde o início. 47s). uma " coisa pensante". os grifos. w. inferir das minhas experiências um eu experimentador. 210). 3.. mas a mesmidade e subsistência [Bestãnàigkeitj de algo que é sempre já simplesmente dado.] eu mesmo me misturo ao grupo [Mitwelt]. tem significado e etimologia próximos aos de Substaní) "escorregou de volta para a mesma inadequada ontologia do substancial" (ST. " ter-a-mim-mesmo". 247). Em geral eu não focalizo em mim mesmo. no si mesmo apreendido como próprio" (ST. eu não preciso estar lá de nenhuma outra maneira.. 175). Ao expor o seu cogito ergo sum. considerando o eu como um Subjekt (que. ela não precisa ser. 320). Kant e também Scheler. experiências e atividades 'ao experiências de um único si mesmo. 322). explícita ou isoladamente. para quem uma pessoa é um realizador de atos intencionais ou mentais (XX. 29). portanto. Descartes deslizou sem dificuldade para a consideração do ego como uma rés cogitans. não no "si mesmo em sua propriedade. 296). Mas com isso Kant também negligenciou o ser do "eu penso". pois do coBtrário nada importa: ou se é um si mesmo ou não se é. em virtude de uma existência anterior de um eu ou si mesmo. Kant aceitou o cogito. devemos considerá-lo como um todo (xx. 97).eu e si mesmo 57 quado para o papel do si mesmo" (LVIII. Descartes.] Eu tenho a mim mesmo significa: a situação viva torna-se inteligível" JLVIII. Descartes etc. Não podemos inferir. 2.) Desta forma. mas sempre exatamente como eu experimento outras coisas: o relógio na escrivaninha. Para Heidegger não é assim. deparo-me comigo mesmo. para Heidegger. na experiência fugidia" (LVIII. mas rejeitou a inferência de que eu sou uma rés cogUans. O si mesmo não é. Para Descartes etc. não deixam clara a relação do eu com o corpo. ST. [.. "'sum' como afirmação da constituição básica do meu ser: eu-sou-no-mundo e é apenas por isso que eu posso pensar" (XX. de todos os modos possíveis. e negligenciar o sum. o ser (XX. estamos todos nos divertindo ou pensando sobre algo. dispersa no IMPESSOAL e. A visão de Heidegger do eu e do si mesmo difere em três aspectos: l.. de mim mesmo. a reunião de corpo. as notas de rodapé no texto académico. que o eu é uma substância. ao contrário de Kant. ou enxergar o eu como o resultado de um agregado de todas as minhas experiências. 319): "Pois o conceito ontológico do sujeito caracteriza não o ser si mesmo do eu como si mesmo. não (exceto pela possibilidade do suicídio. transe". Eu me tomo um si-mesmo autêntico ao trabalhar em conjunto comigo mesmo.e. o grego contrasta hyparxis. portanto. não é uma coisa ou substância que age.. "essência"). 216s. Para Heidegger. Existem significa tradicionalmente a existência de um ente. 186s/126. que Heidegger raramente menciona) por seu ser-o-que (XXVI. além do aqui e agora.. 332). Devido à sua confusão de dois tipos de SER. Existem.. Heidegger a utiliza em sentido restrito. ser-o-que e ser-como. 322). por isso. mantemos uma mínima "consciência de si". ele é "ecstático. XLIX.). dominação" quanto "começo" (NU. Posteriormente. hyparchein. 207. 98 n.58 existência pendentemente do que ele faz e sofre subsequentemente. sei que sou eu que sinto a dor e não meu ajudante. 34s). não o fato de que ele é: Dasein é responsável por seu ser-como. Heidegger frequentemente escreve Ex-sistem ou Ek-sistem para enfatizar o "passo para fora" (EV. pela "subsistência de si" ou a "decisão antecipatória" (ST. o meu ser-si-mesmo depende de como eu me conduzo. ecêntrico" (ER.. lit. 152. Um si mesmo ou um eu. mas um tipo de atividade sem um substrato inerte. "existência". 209). i. Porém. ao contrário da afirmação de Sartre de que a existência precede a essência (CH.59. feita no século XIX. com ousia. Significa "êxtase. "se fazer presente [anwesen] por si mesmo". Wirklichkeit. Quando relaxo. 322/229). e. 473ss/ep. a Existem é o modo de ser de Dasein. não envolve nenhum contraste com "essência". 42). 68ss). "dar um passo à frente. sugere "fazer. Ekstasis é literalmente "dar um passo para fora". porque a sua raiz arche significava tanto " regra. 16). Pode-se objetar que. que Heidegger imaginativamente traduz por "predominar". Nichtigkeit: "Dasein existe constantemente ao longo desta beirado não [Nicht]" (XXVII. o passado e o futuro. de modo que. era uma tradução. Dasein "dá um passo à frente" para dentro do mundo e faz algo de si mesmo. nunca caímos inteiramente e irrecupera-velmente no impessoal. existir no sentido tradicional (XX. XLIX. i. para fora". "aparecer. em contraste com a sua essência. Heidegger faz um breve resumo da história deste conceito (NU. 473s/ ep.e. Heidegger poderia responder que isto acontece porque nunca relaxamos completamente. Filósofos medievais transformaram a energeia de Aristóteles em actuali-tas que. não "existência". 68s Cf. 108ss). "começar. existência Existieren. efetuar" (agere. sempre retemos uma dose de "subsistência de si". por exemplo. CH.417/ep. Fez várias tentativas de achar um equivalente grego para o latino existentia: a fala de Aristóteles sobre estar " fora" da mente (N11. "existir". para um mundo. 53). 321/228. Esta é uma razão para a "nulidade" de Dasein. existir". do verbo latino exsistere. estar na existência". mesmo nas profundidades da cotidianidade mediana. se eu bato no meu dedo com um martelo. aplicando-a somente a DASEIN: Dasein não possui essência ou natureza do mesmo modo como os outros entes possuem: "A 'essência' de Dasein encontra-se na sua existência" (ST. A palavra latina tardia ex(s)istentia tornou-se Existem. em qualquer nível.e. XXIV. (O grego clássico não possuía palavras disponíveis para a distinção medieval entre existentia e essentia. Heidegger ocasionalmente sugere que a única característica de Dasein é ser.deumaatualidade(ene/-^e(a) emergindo de uma potencialidade (dynamis). surgir. . eu retorno para o próprio-impessoal. como o seu correlativo alemão. i. uma atividade que estende-se. REPRESENTAÇÃO. "insistência". Scheiling.. ST usou Existem em um sentido diferente. que estudou Leibniz (S.existência 59 wirkeri). 476s/71). apresenta verdades "eternas". 54. de modo que existir é ser produzido causalmente (NU. o único ente enredado na " confusão da temporalidade e eternidade" (NU. quantidade etc. preparando. na forma da percepção. uma superação da metafísica (NU. Ser-no-MUNDO. com um sufixo derivado do francês: existemiell. existenciais" em vez de "categorias". O uso em ST. Esta noção de existência é assumida por Kierkegaard. 44). mas igualmente restrito: "o conceito 'existenciário' de existência (o de Kierkegaard e o de Jaspers) significa o si mesmo individual do homem à medida que está interessado em si mesmo como este ente particular. agora concerne à relação de Dasein com ser. ExistenzieV aplica-se ao leque de possibilidades aberto para Dasein. 70). precisamos distinguir suas características essenciais chamando-as de Existemialien. a . como a existência de um ego ou sujeito. NU. Existem envolva o ser-no-mundo é um problema existencial. 129/107). Heidegger forja um outro adjetivo. no entanto. o que dá um passo à frente. existenciários e suas inter-rela-ções. i. e em seu sentido corrente "urgência". "existenciárias. Mas não se pode viver em um sistema. LXV. cf. que a restringe ao homem.. Existem. Para Leibniz. Descartes concebe existência. especialmente as do cristianismo. ele não ' nos guia nas decisões que a vida. 475/ ep.. não podem ser alcançadas passo a passo a partir das verdades históricas. é apenas "temporário" (zeitweilig(e). que significa em sua raiz "encontrar-se em".e. que se aplicam a todos os entes. que forma a base a partir da qual a Existem. para fora de si mesmo e se manifesta ao dar esse passo" (s. e à compreensão que o filósofo tem da mesma. Existem provê um adjetivo. um exislencial de Dasein. por exemplo. Suarez considera existentia como significando "emergência de suas causas". existencial. Existem é substituída por outras palavras. "permanecer na incessante relação essencial com o ser dos entes" (XLIX. 39. argumenta Kierkegaard. mas apenas por um passo da fé. 102/84s). Verdades eternas. "existencial". Mas já que Dasein existe de um modo diferente dos outros entes. Existencial aplica-se à "estrutura ontológica da existência". "encontrar-se na [Innestehen] abertura ecstática do 'tempo'". "existenciário". especialmente Instündigkeit. existência é aquilo para o qual a essência se empenha. requer. é bastante diferente de ser-dentro-do-mundo. O sistema de Hegel. 418/ep. retoma o sentido original de Existem — "Ex-sistenz. 71). o ente existente) dá o passo. 17).e. Jaspers adotou a noção de Kierkegaard de Existem. NU. 475s/ep. assim como a sua compreensão filosófica. O conceito 'existencial' (o de Heidegger) de existência significa o ser si mesmo do homem à medida que está relacionado não com o si mesmo individual. é a atualidade de toda substância. Que. 476s/ep. por exemplo. mas com o ser e a relação com o ser" (XLIX. 302s). (i. tais como substância. qualidade. como as pedras e os utensílios são (ST. assim. primordialmente. Ele a contrasta com o FUNDO. 70). sempre ainda assegurando a sua relação com o cristianismo. Aristóteles listou "categorias". Para evitar confusões com a Existemphilo-sophie de Jaspers de 1931. Existência torna-se a "objetividade da experiência" de Kant. até mesmo a vida de um filósofo. guardando a ênfase na " comunicação" e a sua importância para a formação e a manutenção de si. cf. e o que quer que exista existe porque se deixa por ele representar. mais do que com os entes. Considerar os humores (ST. que "vivencia-mos". Desta forma. mas que normalmente não se tornam objetos de introspecção. mas "no que ele faz. Uma Eriebnis é um acontecimento interno. Uma Eriebnis é uma vivência isolada. mas não necessariamente externamente.]" (NI. defahren. e lit. ouvir falar". seus derivados não são muito usados por Heidegger depois de ST (cf. 92). objetivo. Pode significar "aprender. 123) ou a consciência (ST. sensação ou "excitação" provocadas por uma droga ou causadas por uma multidão.60 experiência compreensão que delas possui e a escolha que faz (ou recusa) entre elas. estes são problemas existenciários. A erosão do homem e a diminuição do mundo provocados pela tecnologia são compensados pela sua habilida- .] com a maneira pela qual o homem suporta o 'aí' [das 'Da']. "Felizmente os gregos não tinham vivências. psíquico.ex.. Uma pessoa pode vivenciar. tem duas objeções principais: l. A distinção entre "existencial" e"existenciário" é análoga à distinção entre "ONTOLÓGICO" e "ôntico". Uma Eriebnis é uma vivência com efeito intenso na vida interior de alguém. 344." (ST. experiência O alemão possui dois verbos ligados a "experimentar": l. 45). descobrir. Erieben. Heidegger é geralmente cauteloso com a noção de Eriebnis e das Erieben. uma Eriebnisaufsatz. ao contrário. embora estes termos não se restrinjam a Dasein. 136. intrinsecamente separado tanto do corpo quanto do mundo externo. LIX. Erfahrungswissenschaft é a "ciência empírica". 73s sobre existência e o exis-tenciário). 340. eles não acreditavam que a razão da arte é proporcioná-las. Ele as associa com um "experimentar I. ao senti-lo ou ao testemunhá-lo. paixões e sentimentos não devem ser vistos como experiências internas: "não estamos aqui preocupados com a psicologia. usa. Cf. Uma Erfahrung é uma experiência de um acontecimento externo. NU. Como Existem. de leben. viajar etc. espera. Dasein não é consciente de si por focar em suas vivências. e as lições que se aprendem de tais acontecimentos. Conceber o si mesmo em termos de Eriebnisse implica ou que ele é perpassado por vivências intrinsecamente distintas e momentâneas ou que ele é um fio subjacente que persiste inalterado através de suas Eriebnisse (ST. 36ss). [. Apesar de seu precoce apego ao conceito de vida (p. é uma tentativa baseada numa vivência pessoal.". Afetos. escolhe escolher e decide tornar-se soldado ou filósofo. erieben.. 55/ni. 2. vivências. A conexão com a vida é explícita: " [Dilthey] procura compreender as 'vivências' dessa vida.. nem mesmo com a psicologia corroborada pela fisiologia e pela biologia. "ir. mas [. 95/ni. 169 etc. o medo. xxix. 46). 114). 80. sofrer" algo. possui uma qualidade mais exterior.. Eriebnisse. Heidegger usa Eriebnis para a vivência. temporal. 2. ("vivenciar").) como experiência leva a ignorar a descoberta de MUNDO e de DASEIN. sujeito ou consciência" (LIX. "ir adiante". evita".. Em ST. em coisas com as quais ele se preocupa no mundo que o circunda (ST. Mais tarde. 478ss/ep. 87/134).. aproxima-se de "vivenciar". Erfahren. por outro lado. são especialmente importantes em Dilthey. a partir da totalidade da própria vida. a abertura e o encobrimento dos entes em meio aos quais ele se encontra" (NI. Constituem estados internos. por exemplo. Se Dasein faz o que o IMPESSOAL está fazendo ou. ZW. em seus nexos de estrutura e desenvolvimento. mas também "receber. atividades e processos dos quais estamos conscientes. "viver". como em "Isto foi uma experiência e tanto!". 119). FD. Os objetos são privados de suas essências e considerados como meras individualidades conformes a regularidades matemáticas. 71/93). bastante diferente da "experiência": "a ciência torna-se racio-nal-matemática. 166/138). varia se junto à concepção prévia que temos de seu ser (p. Tudo o que importa é a qualidade do sentimento (Gefiihl) ou da experiência. 3. eles os praticam porque pressupõem uma PROJEÇÂO da natureza como matemática. Erfahrung é bastante diferente. 161). "Experiência" .e. por exemplo. 5. no sentido mais elevado não experimental" (LXV. 69ss/88ss): 1. quando isto — então aquilo" (LXV. 70s/117). engendrando. que não são guiadas por nenhuma "antecipação" matemática. 159ss Cf. O experimento moderno envolve essencialmente a medição "exala". tanto aguardando pelo surgimento das novas condições. quanto intervindo para produzi-las. Isto mostra a ideia geral de que nosso "modo de acesso" (Zugangsarfl a um tipo de ente. O experimento é. que sustenta que corpos leves tendem a subir. já que eles não podem ser significativos para a nossa vida ou nosso mundo (LXV. i. é falsa. Tais regularidades determinam anteriormente aquilo que conta como objetivo. Heidegger faz um breve resumo da história da palavra (LXV.. Vamos ao encontro de algo para ver (talvez com auxílios artificiais tais como microscópios) o que lhe acontece sob condições variáveis.. um modo correspondentemente diverso de enxergar e examinar processos naturais" (Z. neste sentido.expenencia 61 de de nos propiciar vivências. Atualmente.495).. Cientistas não praticam experimentos exatos com O intuito de descobrir se a natureza se conforma a regularidades matemáticas. É Heidegger um racionalista ou empirista? Nenhum dos dois ou ambos.ex. . só que agora nós o fazemos por "antecipação [Vorgriff. 163). assim. Pois a interpretação de um resultado como resulado é conduz da com a ajuda do princípio pressuposto. contrastam-se com a mera observação e descrição.ex. Por conseguinte. do lugar e da relação ertre ambos baseia-se em uma interpretação diferente dos entes. 2. 'concepção prévia'] de regularidade. O que conta como experiência em um dado período depende de uma interpretação prévia de mundo. que não é em si mesma derivada de ou vulnerável à experiência. 4. pois a concepção grega da essência do corpo. 73ss/120ss. nós "via-jamos" (er-fahren) para procurar por algo. FD. "Experimento" e "experiência" já foram antes contrastados com a prática medieval de examinar autoridades e opiniões prévias. 406. ZW. p. Experimento: nós intervimos em algo para ver o que lhe acontece se fizermos isso e aquilo. átomos ou figuras históricas. a conclusão da competição entre teorias científicas nem sempre pode ser definida pela "experiência": "Não se pode dizer que a doutrina de Galileu da queda livre dos corpos é verdadeira e a de Aristóteles. A experiência é primeiramente passiva: cruzamos com algo sem ir à procura disto. tem seu significado modificado através da história. assim como todas as palavras básicas. embora não fundamentado" (s. "A verdade de um princípio nunci pode ser provada pelo seu resultado. Na experiência ativa. xxv. XXXI) e também a não tão evidente experiência finita. que sustentou e deu origem tanto à forma sujeito-predicado de sua linguagem quanto à sua concepção de uma coisa como um sujeito com acidentes (OOA. Ocasionalmente.. fala da "experiência fundamental [Grunderfahrung] do ser dos entes" grega. . 12/149).62 experiência Heidegger explora a explicação de Kant de nossa Erfahrung finita em várias obras (p. K. retratada na Fenomenologia do espírito de Hegel (HBE).ex. A linguagem já não é mais a expressão de uma eterna rede de significados. 2.Cf. por mais variadas que sejam as formas das palavras e das sentenças nas quais seu conteúdo é 'apreendido' e transmitido à compreensão" (DS. No período de ST. originalmente "explicação. ser-no-mundo. corresponcendo ao latim ratio. palavra e significado. Posteriormente. razão etc. adequa-se . palavras não muilo significativas em ST. Cf. ST. por mais peculiar e próxima que possa ser a sua conexão. conversação etc. a tentativa de basear a lógica na psicologia humana está rigorosamente excluída de qualquer consideração. "falar etc. "i ornear. Ncnnun^. dos estados psicológicos dos oradores e dos ouvintes. 165s). pertencem ao mundo do que realmente existe. nomeiçãu". permanecem através do tempo. exceto o significado.". Tudo. de acordo com o ataque de HusscrI ao "psicologismo".". lenda".". a distinção aguda entre "factualidade [Tatsãchlichkcit|" e "validade [Gültigkeit]" (xvn. XXI. São eternamente idênticos e os mesmos. agora significa "fala. linguagem etc. surgem e morrem. mas enraíza-se na atividade humana. Em meio a toda diversidade de formação de sons em linguagens individuais./ïcí/e é substituída por sagen. palavras. .F fala e linguagem O pensamento de Heidegger acerca da linguagem passa por três fases: 1. furtam-se a toda percepção sensorial. Nas primeiras obras. não receptáculos de acontecimentos psicológicos. Heidegger segue as IL de Husseri: a linguagem expressa um sentido e significado essencialmente extralingüísticos. e dos contextos nos quais as sentenças são pronunciadas: "As duas estruturas. 62ss.'. Assim. discurso. Isto não significa. "dizer". Rede. Heidegger abandonou o "platonismo banal" provenienlc du "atitude teórica" de Husseri. uniu retomada do psicologismo: seres humanos são agora DASEIN. pelo contrário. a identidade do reino do significado persiste inalterada em sua validade. acusticamente. 292s). sentença e sentido. XXI. pertencem a diferentes reinos da realidade. 160. A gramática deve lihnai-se da "lógica" (ST. porém. Ela deu origem areden. 134). Os elementos linguísticos são senso-rialmente perceptíveis (visualmente. independente de qualquer linguagem em particular. não se sujeitam a nenhuma mudança. "dito. Sentido e significado. Sprache. 155s). "discurso. e nennen. a "fundação existencial-ontoió-gica da linguagem é ajala" (ST. pela atividade motora). 94.io título "psicologia" ou " realidade factual". Portanto. Sage. 442. 3. 364/nii. transmitindo a interpretação geral. 168). S. se de fato a linguagem não é uma coleção de palavras que denotam coisas individuais familiares. "Fogo!" é um tipo de Rede (XXI. "Falso". 447. sob a influência de Aristóteles. por exemplo. 338). abriga a condição ontológica da possibilidade de que Dasein que compreende possa. a linguagem pode originar-se da significação pré-lingüística. Não estamos realmente falando. encontram o possível ser da palavra e da linguagem" (ST. um ouvinte também está falando. persistentes e intersubjetivas. 161). 32). os quais. quando no chamado ecoa um mundo e. "A linguagem não é acrescentada: ela é a essência original da verdade como aí" (ST. com a qual Dasein já é sempre familiar. "O impessoal prescreve a disposição e determina o quê e como se 'vê'" (ST. "Ouvir é constitutivo da fala" (ST. palavras básicas. mas a ressonância original da verdade de um mundo" (NI. O silêncio pode ser tão fecundo quanto as palavras. mas no fato de que todos o dizem. 564. "Falar é a articulação da inteligibilidade" (161). Gerede é fala desarraigada da situação particular e da experiência de Dasein particular. também um pedido é um tipo de Rede. 578s. porém. A mudança de visão. fofoca". tais como physis (aproximadamente a palavra grega para "natureza"). entes como um todo. que constituem um mundo mesmo se a angustia os destitui de sua significação costumeira. o que importa é o significado expressado. "Mas a significação em si. entre outras razões. A linguagem não se encontra primordialmente em ST. 586s/niii. Mundo é l. No estilo de Hõlderlin: "Quando os deuses chamam a terra. No mundo II. Na visão que acompanha os primeiros trabalhos de Heidegger. 170). 87).64 fala e linguagem Rede é a fala informal em um contexto particular. XXIX. NI. na medida em que interpreta. por sua vez. 78. Rede é distinto de Gerede. em que um pedido não revela algo "no sentido de se deixar ver ao ser apontado" (ST. 91. ou ao menos de ênfase. e nossas interpretações de entidades particulares. quando duas pessoas falam ao mesmo tempo. que inauguram uma certa visão dos entes como um todo (mundo li). a questão acerca dos entes como um todo já está posta. protesta Heidegger mais tarde. No mundo l. 163). Mais importante do que a linguagem — lógica. e assim criam oradores e ouvintes: "Com a questão acerca da essência da linguagem. o chamado ressoa como . fala indolente. Palavras reúnem ou recolhem os fenómenos em entidades estáveis. não se alguém compreende ou ouve. II. não se baseia na minha experiência pessoal. é coerente com uma mudança na concepção de mundo de Heidegger. do IMPESSOAL: "As coisas são assim como são porque é assim que delas se fala" (ST. se não temporalmente — é nossa compreensão do mundo e sua significação. se perguntamos: Como o mundo l é estabelecido pela primeira vez? Isto só pode acontecer pela formação de palavras. 442 ad 87). Mas a fala requer um ouvinte. O mundo II é requerido. a fala envolve também o silêncio (ST. 95s. 21). " falatório. desvelar algo como 'sentidos'. um reino familiar de significações entrelaçadas. Minha crença de que todos morrem. 583s. ela não pode: não há significação pré-lingüística. e outras palavras que constróem as fundações para uma forma de vida (mundo l). embora Heidegger insista. Não precisa ser uma proposição completa. elas criam um espaço aberto de entes sobre os quais podemos falar e com os quais podemos lidar. assim. 97s). Portanto. 104s Cf. 152/126. Rede não precisa conter uma sentença gramatical completa. a "doutrina do significado" exclui problemas sobre "a dificuldade e a facilidade de compreender significados" (DS. em grego.inifcslo. então a linguagem se dá enquanto palavra histórica e fundamen-tadora da história" (LXV. definição. tal como as manchas. Distingue-se da "ilusão [Schein]" e da "aparência [Erscheinung. Somente o que parece mostrar-se pode ser uma ilusão: elas parecem ser manifestas.iincslni| por si mesmo |.". O sarampo aparece nas manchas. indica que a fala deixa o seu tema ser visto "a partir de" si mesmo. O sarampo é uma aparência. O prefixo cipo. Metalinguagem e sputnik. lit. "dispor. Tal ilusão é uma "modificação" de um fenómeno anterior. manifestam-se. algo pode mostrar-se sem ser a aparência de algo que não se mostra. "A linguagem é a poesia original [Urdichtung] na qual um povo poetiza [dichtet] o ser" (IM. 1'cno- . Heidegger sustentava que toda filosofia deve ser fenomenologia: considerar a fenomenologia como mera "propedêutica" a algum outro tipo de filosofia é como considerar a física como uma propedêutica à astrologia ou a química como um prelúdio à alquimia (XX. Logos significa. portanto. a como b. l lOss): 1. apenas como devemos deles nos aproximar. fenomenologia (Heidegger) Na década de 1920. reunir. conceito. " mostrar. A palavra usada por Aristóteles para "dizer. se genuínas. Mas seu sentido primordial é " tornar manifesto" e o seu verbo. As manchas "referem-se" ao sarampo. Agora " a linguagem é a morada do ser" (CH. é primordialmente "tornar m. Os significados de phainomenon e de lagos. Na nflo especifica o que . dizendo que a é b. precisa mostrar-se. relação". cf. mas não um fenómeno: o sarampo não se mostra do modo como as manchas o fazem. Ele dá uma explicação dos dois constituintes da "fenomenologia" (ST. são um fenómeno. "a partir de etc. discurso [Rede]".fenomenologia (Heidegger) 65 o Da-sein do homem. XX. 34). 2. Sua salvação é a poesia (XXXIX.510). legein. As manchas. já que a fala revela aquilo sobre o que se fala. phainomenon (da "voz média" phainestai. algo mais. que são uma aparência do sarampo. apophansis. metalingüística e tecnologia de mísseis são o mesmo" (ACL. 108s). são um sintoma de sarampo.it|iiilo que se mostn [o phainomenoiil. O sarampo "anuncia-se" nas manchas. "Fenomenologia" íignifica "deixar e fazer ver [-pli. mas na realidade não são. Inversamente. Pode então ser verdadeira — ou falsa. tal como se mostra . 61ss). A fala também revela algo como algo. as manchas que se mostram. 'brilhar adiante']". As manchas de sarampo mostram-se.ipo-) . revelar". A linguagem sofre com a tecnologia: "metalingüística é a metafísica da mecanização de todas as linguagens consumada exclusivamente para o utensílio operativo de informação interplanetária. possui a estrutura de "síntese". 28ss. Um Phãnomen ou. 131/144). vem de apophainein. arranjar. 160/58). falar ete.são os fenómenos.". al'irin. Se algo tal como o sarampo aparece.1 partir de si mesmo" (ST. "mostrar-se") é "o que se mostra em si mesmo". "fala. convergem. predicação". assim.içao. manifestar". 311/217). solo. As manchas podem ser uma ilusão. apresentando algo como o que ele não é. um truque de luz ou pintadas. julgamento. A palavra grega lagos passou a significar "razão. Ele reconhece a intencionalidade e desenvolve a fenomenologia. Ele permaneceu preso à . 79). 66). " não-científico" e holístico. mas aspectos do ser dos entes.66 fenomenologia (Heidegger) menos devem ser "demonstrados diretamente". Ao contrário de Descartes. com seu ideal de certeza e de ciência "rigorosa" à custa do mundo-da-vida onde começa a ciência. O ego é. A fenomenologia só é necessária porque alguns temas. existente "por si mesmo em evidência contínua" (MC. Ambos admitem a suprema importância de um certo conhecimento da verdade. coisa extensa. ignorando a formação da qual eu estou tacitamente consciente (XVII. Ele focaliza o puro ego. 88-92). considerando invariavelmente os fenómenos e a ciência na sua relação com a consciência. Para Husseri. em geral. podem chegar a mostrar-se tematicamente. estão velados. não postulados a partir de outros fenómenos ou de doutrinas tradicionais. Heidegger comparou Husseri a Descartes (XVII. reflexivo. não-tematicamente. e faço e penso coisas porque isto é o que se faz e se pensa. que eles desejam fundamentar. tanto porque não podemos ver o que está debaixo de nossos narizes. especialmente o próprio ser. permeada de conceitos tradicionais. isolada. mas porque ou estão muito próximos e familiares para que os notemos ou estão enterrados sob conceitos e doutrinas tradicionais. A intencionalidade torna tudo muito agudo e explícito. O conceito de intencionalidade de Husseri também é teórico. distorce tanto minha consciência de uma mesa quanto a de uma brisa leve ou a de o que eu vejo pelo canto do olho. para Husseri. Mas será que a fenomenologia examina tudo o que se mostra. na consciência. Nós nos interpretamos mal. A fenomenologia os põe em foco. é percebido como um 'objeto'. Velados não porque ainda não os descobrimos ou simplesmente os esquecemos. ela não considera entes particulares. não possui uma fórmula teológica. Desta forma. Espaço e tempo mostram-se mas. da verdade teórica encontrada primariamente na matemática e nas ciências naturais. introduzindo o corpo e o ser-no-mundo como meros pensamentos posteriores. Não somos tão perspicazes com relação a nós mesmos quanto Husseri supõe. O amor baseia-se na representação de alguém como uma entidade física à qual significação e valor são atribuídos. aspectos que embora normalmente se mostrem de forma implícita e "não-tematizada". Um remédio é examinar nossa situação filosófica e a tradição que a denuncia. Uma mesa é vista primeiramente como rés extensa. muito longe da janela etc. Ambos buscam a certeza dentro de si mesmos. quanto porque sucumbimos à tradição. Na realidade. Husseri não quer excluir nenhuma ciência nem o "mundo-da-vida" cotidiano de seu espaço de jogo. 318). eu em geral dificilmente tenho consciência de mim mesmo. 254ss). A explicação cartesiana dos entes dada por Husseri conforma-se à sua visão do sujeito. No entanto — contra o espírito da fenomenologia — Husseri herdou em demasia as teorias tradicionais de Descartes e de outros filósofos acerca do ego cogito ou consciência. (LXIII. das ciências "inexatas" tais como a história. como um ego 'desenvolvido'. do ponto de vista de um espectador visual. até mesmo as manchas e o próprio sarampo? Não. Husseri observou a história da filosofia à procura de untccipiiçõcs da sua própria "filosofia científica". e de um filosofar mais perscrutador. não como algo ao qual se está para comer. mas estou absorto em uma tarefa. "tudo o que me afeta. descreve coisas tais como a mesa. eu normalmente sou inautêntico. Esta explicação. um substrato de predicados" (MC. scn. a lógica e a matemática. e a concentração em nosso próprio ego. utilizou (XLIX. por ele tão condenado nas IL. a fenomenologia é suplantada pela "história do ser" (NU. Há duas razões para a epoche e a decorrente " redução transcendental": l. Heidegger trava um debate com a tradição para poder dela libertar-se.imcntos ele. inevitável mas equivocadamente. ego. sobretudo a filosofia. " fenomenologia" era o estudo daquilo que aparece para nós. que passa então a sofrer a sua influência. razão etc. "palavra. 14s). então eu sou pela dialética!" (LXIII. ele reivindica a suspensão da "atitude natural". no sentido tanto de "ser manifesto. Ele tenta revelar o inconspícuo sem torná-lo conspícuo. "Fenomenologia" é dessas palavras da moda que ST. quando o ser como tal (em contraste com o "ser dos entes") substitui Dasein como seu interesse principal. sua análise de DASEIN. em função da psicologia humana. "restrição". mostrar". dito. (Descartes abandonou a atitude fenomenológica no fim de sua segunda Meditação. é reconhecidamente um empreendimento fenomenológico.] Se isto é filosofia. ser-no-mundo e temporalidade. "aquilo que é manifestamente/aparentemente o caso". além do próprio ego: l. 110). Heidegger frequentemente denigre Husseri: "Alunos de Husseri chegaram a passar todo um semestre discutindo o aspecto de uma caixa de correio.. Como Descartes. Esta suspensão dacrença é a Epoche. Husseri estendeu sua critica também ao "historicismo" e ao "naturalismo". o ego e seus estados constitiem um rico campo de investigação por mérito próprio — um campo que Descartes descobriu mas rapidamente deixou vago: "Se Descartes se tivesse detido no final de sua segunda Meditação.) Ele expôs pela primeira vez a fenomenologia nas Ideias. do ego. comparável à obra de Husseri.) Eíte campo possui três constituintes. Ele encontra uma versão da epoche: a angústia despe o mundo de significação predeterminada e prepara-o para o filósofo. um texto obscurecido por interpretações passadas. consciência. ao declarar que algo que não é imediatamente dado na experiência é uma rés cofïitans. Em MC recebeu sua exposição mais satisfatória. 2.fenomenologia (Husseri) 67 tradição que explorou inadequadamente. (Em FCR. da crença no mundo externo. "(as) coisas que aparecem". O próprio Dasein deve ser capaz de discernir os aspectos atribuídos a ele pelo filósofo. uma situação-limite de transição para coisas mais elevadas. uma palavra usada pêlos célicos gregos para afirmar a " suspensão" da crença. evidente" quanto de "parecer". imaginações. (Ta) phainomena. ele teria chegado na fenomenologia" . lembranças. significa. [. nas ciências. Os "objetos intencionais" do ego. cadeiras.". Mais tarde. . éphai-nestai. Heidegger procura motivações dentro da vida cotidiana para a atitude filosófica. Ainda assim. "aparecer. incluindo percepções. "fazer aparecer. para nossa consciência. Considerou a sua fenomenologia como hermenêutica — extraindo o significado de um texto como um todo. 2. Ele a considerava um antídoto para o propagado "psicologismo" — a análise de todas as nossas realizações. fenomenologia (Husseri) "Fenomenologia" vem do grego phainomena e lagos. objeto. O passivo de phainein. até mesmo na lógica. vir à luz". portanto. "pensamentos". Mais obstinadamente que Husseri. unicamente o ego e seus estados podem fornecer as "fundações" certas e seguras para as ciências. Para Husseri.. As cogitationes. uma "coisa pensante". 415/ep. 28). matemáticas. o neutro plural do seu particípio presente. do grego epoche. Ele questiona os conceitos básicos da fenomenologia husseriiana: eu. Husseri endossa o "idealismo transcendental". para". como experimentando-o (este mesmo mundo que eu experimento) e.. uma atitude direcionada para um objeto. Isto aplica-se a qualquer homem vendo qualquer objeto aproximadamente deste tamanho: esta descrição fornece a "essência" de ver um objeto. mas um aspecto da mesma. Como o fluxo contínuo de nossa vida interior congela-se em um mundo estável? Um objeto "intencional" é algo para o qual minha mente está "direcionada". Ele forma hábitos: ouvir uma canção familiar não é como ouvi-la pela primeira vez. ("Objeto" aqui é. e de sua possível vida: uma vida não poderia passar da idade adulta. artefatos. não como objetos reais. instituições culturais. "retenho" aspectos que já vi e "projeto" aspectos que eu ainda verei. ambiguamente. ao fazê-lo. Um objeto real não precisa ser objeto intencional de ninguém: pode haver coisas sobre as quais ninguém nunca pensou nem pensará. Variando a minha experiência na imaginação.. encontro a estrutura essencial de qualquer ego possível. 3. relacionados uns aos outros. 65). mas não o solipsismo. cuja composição química pode ser analisada. ou sonhar com alguém sem ter esta intenção. Ao "sintetizar" estes aspectos que se desdobram sequencialmente em um único objeto.68 fenomenologia (Husseri) mesas etc. o ego possui uma essência.) Desta forma. Isto não é apenas a descrição de como Husseri vê uma mesa. Normalmente Husseri descreve a visão de uma mesa como ele imagina ou recorda. Minhas expectativas ulteriores são preenchidas à medida que eu ando em direção a ela e em volta dela: vejo continuamente novos aspectos da mesa. entes naturais. mas o que percebo imediatamente não é a mesa inteira. Experimento os outros como "sujeitos deste mundo. (De que outro modo poderia ele estar certo de que sua experiência é relevantemente similar à de alguém que não realiza a epoche?) Isto é diferente de descrever "a recordação (ou imaginação) de o que é ver uma mesa" — uma "estrutura transcendental" mais complexa do que apenas ver uma mesa. (A palavra latina intendere é "dirigir-se a. números.) Ele não precisa ser um objeto real: posso sonhar com unicórnios ou Sherlock Holmes. espero que uma mesa esteja lá. de modo sistemático e contínuo. Um objeto intencional raramente é dado de uma só vez na percepção. As atividades intencionais do ego não apenas abrem o mundo de objeto mas o constituem. meu próprio corpo e minha experiência das outras pessoas. a ideia de todo um mundo contendo regiões e objetos que nunca vi. O ego que realiza esta síntese está constantemente consciente de si mesmo como o mesmo ego que persiste através de suas multifacetadas experiências. A relação entre as cogitationes flutuantes e os objetos intencionais relativamente estáveis. A sua percepção "preenche" minha expectativa. A fenomenologia explora deste modo o ver. sob a luz bruxuleante e modulada pela perspectiva estabelecida pelo meu ponto de vista. imaginar etc. mas como objetos de nossas atitudes mentais. Quando entro no quarto. Uma atitude intencional. através da infância. Como tudo o mais. Qualquer distinção entre o que é real e o que não é real faz-se dentro da minha consciência: "Objetos existem para mim e são para mim o que são apenas como objetos da consciência atual e da consciência possível" (MC. não precisa ser intencional no sentido usual: posso amar. para a adolescência. tanto "intencional" quanto "real". recordar. experimentando-me também como eu experimento o mundo e os outros . Sinto a resistência da mesa quando pouso meus cotovelos sobre ela. a aquisição do conceito de um mundo objetivo pela criança etc. sem artefatos ou objetos culturais. Toma a epoche e as reduções — apenas modos de focar a sua própria consciência — excessivamente misteriosas. depois organismos animados. 254ss. em primeiro lugar. o mundo seria puramente natural. Ela progride constamemen. mas "Filosofia como ciência rigorosa" (FCR). além de ter sido um dos seus melhores comentadores e críticos (XVII.]" (147). Se outros egos não fossem possíveis. A visão filosófica de mundo varia ao longo do tempo e geralmente não se pode preferir racionalmente uma visão de mundo a outra. e da relação entre o meu corpo e os meus estados psíquicos. Mas é com Husseri que Heidegger faz seu aprendizado. uma visão geral do mundo e do lugar do homem dentro dele.. outros organismos similares a mim mesmo e faço a conjectura de que eles têm percepções similares àquelas que eu teria se ocupasse a sua posição. e Husseri é o seu último representante. filosofia Husseri distinguiu dois tipos de filosofia: filosofia como visão de mundo (Weltanschauung). Husseri comete muitas falhas. 'ciência' atingiu um peculiar significado tecnológico-cultunil. e a 'visão de mundo' do indivíduo fezse necessária como um substituto para a base anteriormente firme e agora desapirecida capaz de manter reunidos. A filosofia cicntíficu não é uma filosofia baseada nas ciências. torna-se constituído para mim o mundo comum para 'todos nós'" (MC. Temos diferentes perspectivas e um mundo em comum: "Mediante os constituintes estranhos constituídos no meu próprio ser. como a sua 'objetividade'. então. como um organismo animado. e para a ideia da humanidade enquanto tal.e ao longo da história. posso perguntar como que eu me tornaria consciente da existência dos outros. 87). XX. 13-182. e puramente meu mundo. ao formar nossa visão de mundo. "o ser outro de 'outra pessoa' estende-se ao mundo todo. imagino um mundo deste tipo. 81ss). Podemos explorar uma iniciativa diferente da de Husseri. Se.) Seus argumentos em favor do idealismo são capciosos. [. Heidegger rejeita ambas as alternativas: "A distinção entre 'filosofia científica' e 'fílosofiacomo-visã3-de-mundo' é o último sopro do desamparo filosófico do século XIX. Torno-me consciente do meu corpo. Dilthey em TW e Jaspers em PW exploraram a visão de mundo c suas variedades. XXIV. Sugere implausivelmente que. sem qualquer objetividade. Daí encaminhamos-nos para a ideia de uma comunidade de egos dividindo uma cultura e sua vida cotidiana.. da minha esfera de consciência" (150). depois pessoas e finalmente cultura e linguagem. mesmo que sem . (Sua resposta de que ele não está fazendo "psicologia genética" deixa obscuro o que ele está fazendo. 42ss. a "psicologia genética". por uma ulterior "redução".filosofia 69 dentro dele" (MC. Ignora o papel da linguagem na formação da nossa visão de mundo e na nossa experiência dos outros. Nesse desamparo. Tudo isto é constituído em minha atividade intencional: "tudo o que existe para mim deve derivar seu sentido existencial exclusivamente de mim mesmo. 91). As atividades intencionais pelas quais eu me torno consciente do inundo não constituem o mundo mais do que a atividade de ler um livro iguala-se à atividade de escrevê-lo. c n filosofia científica. Noto. avançamos de níveis mais baixos para níveis mais altos: primeiro entes físicos. incluindo estranhos fora da minha comunidade. . 127). O cientista "sempre opera na base do que já está decidido. Ela reflete sobre seus próprios conceitos. a saber. Trata-se de um modo de pensar tão distante do pensamento científico que não podemos nem mesmo dizer que seja o seu oposto. 6ss. Difere da ciência e da visão de mundo em diversos aspectos: a filosofia não considera uma região de entes. A filosofia penetra muito além das ciências e visões de mundo. 'valores' e 'ideais'" (LXV. a sua entidade e não apenas os próprios entes.. como uma ciência do ser e não dos entes (xxn. Qual o sentido da filosofia? " Se há algo de verdadeiro então é isto: a filosofia não tem utilidade alguma para o Dasein humano. não obstante historicamente situado: "Por nos encontrarmos na fronteira. ele fala da filosofia como uma "ciência". 618/niii. NI. Heidegger passa a distinguir da filosofia. XXVI. até mesmo a metafísica que. lida com os entes como um todo. não oferece provas: "Na filosofia as proposições nunca podem ser provadas. Assim sendo. na sua utilidade. como a física. Não considera os entes. não porque não sejam proposições supremas das quais outras podem derivar-se. não podemos. 422f. [. Pois o pensamento atencioso possui uma continuidade própria. 36. Desde o início. 75..] Na cognição filosófica. já com o primeiro passo. Todos os grandes filósofos "pensam o mesmo. 477/niii. Cf.] Já que na cognição filosófica tudo sempre se põe às avessas [Verrückung. 6). mas porque aqui o verdadeiro não é absolutamente a 'proposição' nem tampouco simplesmente aquilo sobre o qual falam as proposições. 4). [. por sua vez. a filosofia não progride (XXXI. 15). 17). assim. que há natureza. Toda 'prova' pressupõe que alguém que compreende a prova permaneça inalterado na compreensão do nexo de representações que constituem a prova e o mesmo que ele era quando abordou o problema por meio de representações. 125). XXXI. a própria verdade e portanto a relação com o ser —.] Para o pensador não há nada desse tipo. A filosofia não pode ser fragmentada e não há especialidades na filosofia: "Toda questão filosófica questiona o todo" (xxxi. nunca é de fato possível uma representação imediata de algo simplesmente-dado. ou um aspecto dos entes. sendo. 37). dá-se. 63). distinta da filosofia (XXIV. mas no Da-sein. este mesmo é tão essencial e rico que indivíduo algum jamais poderá esgotá-lo" (NI. a partir de uma posição a ela exterior. uma transformação da pessoa que compreende. Compromete e transforma Dasein do filósofo (XXIX. 14). portanto. como a botânica. 13s). o que uma ciência ou uma visão de mundo só fazem à custa de tornarem-se filosofia. 198). (NI. em sentido contrário das ciências "positivas".. também 'desordem. mas na possibilidade de ir além de . 13). 46/ni. arte. Por envolver uma completa mudança de perspectiva. o pensamento filosófico permanece desconcertante" (LXV.. Ainda assim. XXIV. considera aquilo que faz dos entes entes. alcançar o primeiro ponto dela" (L VIU. a partir de meados da década de 1930.70 filosofia força. Uma visão de mundo também está preocupada com os entes. Mas uma questão permanece aberta: estará a questão 'Qual a utilidade disto para mim?' endereçada a mim ou a — no máximo — um animal questionador?" A "grandeza interior do homem encontra-se não no uso que cie faz das coisas. 319/nii. história. alcançando o que as sustenta e torna possíveis: DASEIN e ser. perturbação'] — o ser humano em seu encontrar-se na verdade.. consistindo na sucessão de começos sempre mais primordiais. [. O filósofo é sempre um "iniciador" (LXI. mas a sua entidade ou o ser enquanto tal. não no sentido moral-'existencial'. encara uma decisão sobre o que há e o que são os entes" (NI. Mas se ela é inútil. 76/niv. Deus não precisa pensar: "O pensanento enquanto tal é a marca da finitude" (K. O ser pega Nietzsche pelo colarinho e o faz cumprir sua ordem (NU. sendo. aparece apenas quando a atividade principal da vida está realizada. 147/niv. que cria seus próprios abjetos. 108/90). 53). Endiichkeit. Heidegger sugeri que a infínitude (Unendiichkeit) seja posterior à finitude. que não tem relação imediata coma morte. 215). 92/niv. 142ss/niv. s. lOOs). A finitude assombra toda a nossa existência: DASEIN "não tem um fim [Ende].] E uma atrocidade descrever o amor como consciência-de-algo" (XVII. a decisão de fazer filosofia já não é uma escolha feita pelo Dasein individual. Desta forma.]? [. O motor a diesel não poderia ter sido inventado. Heidegger encontrou em Kant uma noção diferente de finitude. é difícil enxergar o que nos motiva a nos ocuparmos com a filosofia em sentido explícito. Dasein existe finitamente" (ST. pois. finitude temporal. 42. a motivação e possibilidade da filosofia são os humores perturbadores tais como a angústia e o tédio. 44). 290s/niii.. Exigir uma filosofia especificamente alemã é equiparar a filosofia à indumentária e à culinária (LXV. A filosofia enraíza-se na nossa compreensão preconceitual de ser (XXXI. pela primeira vez aberto a esfera para as buscas e tentativas dos inventores". como a coruja de Minerva.1 tinitude 71 si mesmo e de tomar uma posição.ida dos . que nos revelam os entes como um todo e o Nada que lhes subjaz.275). 329)" O tempo originário é finito" (ST... "se a filosofia não tivesse. ao escrever Un-endiichkeit (in-finitude) e un-en-dlich ("in-finito"). finitude Em ST. no momento histórico em que adentrou a esfera da sua inessência. assim. Heidegger pergunta acerca de Descartes e Husseri: "Que cura [Sorge] motiva o desenvolvimento da consciência como um tema [. A filosofia genuína não pode ser a "filosofia de um povo". Em ST e mais explicitamente em obras posteriores. Desde o princípio. não sendo deles derivada.. Ela ajudará a preparar o outro começo e nos salvará de sermos reduzidos a "animais mecanizados" pela tecnologia (LXV. tem apenas intuítux dcrivativus. possibilitando-nos apenas inventar coisas para as quais ainda não vemos uma necessidade. Deus tem uma intuitus originarias. à morte. 39s. cf. uma CURA que Heidegger mais tarde vê como uma decorrência da necessidade cristã de certeza da salvação (NU. a intuição dcriv. porsua vez. refere-se invariavelmente e de maneira mais ou menos explícita.] a filosofia é apenas o deixar-acontecer desta tomada de posição" (xxvm. Esperar que a filosofia ajude a revolução é como querer voar em um banco de carpinteiro (IM. 98.. O tempo infinito é "derivado" 3u secundário. 331). no qual ele simplesmente pára. pensado as categorias desta natureza e. 8/8). A filosofia também é responsável por grandes mudanças na história. cf. 59). Saber disto certamente não haverá de produzir melhores motores. 258). Mas ela não tem utilidade para os políticos. "fínitude". 97). [. Mas Heidegger rejeita a visão de Hegel de que a filosofia.. À medida que o ser toma-se mais central no pensamento de Heidegger. É a "cura com a certeza" ou com o "conhecimento conhecido" que os conduz (XVII. O homem. A filosofia fornece o solo para o futuro (NU. mas nos dará a possibilidade de perguntar: "o que é esta tecnologia da máquina dentro da história do relacionamento do homem com o ser?" (NU. 7). 24/16). uma "intuição originária". o mesmo ente como ele é conhecido pela cognição infinita (K. Deus não a possui"). não a "coisa em si". 236s/161). como Hegel tentou fazer. ele lança uma dúvida sobre o sentido de dizer que o ser é "in-finito" ou finito. 26/18). se "a in-finitude [Un-enlichkcilj e a finilude forem tomadas como conceitos quantitativos". uma tentativa de nos familiarizar em um mundo que não criamos e que não compreendemos inteiramente" (xxix. A visão de Heidegger de que o homem é finito. uma necessidade que não procederia se ser fosse Deus ou uma "determinação" ou propriedade de Deus. O debate gira em torno da questão se nossa livre vontade e nosso conhecimento das "verdades eternas". Cf. Não podemos alcançar uma visão "verdadeira em si mesma" por meio da contraposição de diferentes pontos de vista finitos. tais como as da matemática. entre diferentes tipos de ente. Heidegger afirma não apenas que o homem ou o Dasein é finito. 85). nenhuma visão que possamos alcançar jamais será a única visão possível (K. já que precisa de algo mais que o possa delimitar. mas aquilo que precisa da atividade divina [Gõtterung] de um deus para permanecer. o ente como uma aparência para a cognição finita. e de que Kant o considerou finito. 10). 240). A finitude é semelhante ao SER-LANÇADO: "A finitude da cognição humana encontra-se no ser-lançado entre e para os entes" (XXV. como também que o próprio ser ou "ser" é finito.] como o solo mais íntimo da nossa finitude" (K. Como pode um ente dentre os outros saber algo sobre estes outros entes? A resposta. a compreensão do ser revela-se [.72 finitude objetos e que não os cria. é incompleto. Portanto. 244/166s). afinal. são marcas de nossa infinitude. Nosso Dasein é finito: "existe em meio àquilo que já é. Em meados da década de 30. por exemplo. A finitude é responsável pela relação especial de Dasein com o ser: "Há [gibt es] e deve haver uma coisa tal como o ser somente onde a finitude tornou-se existente. também provém da nossa finitude. A visão de Cassirer é semelhante à de Hegel. 26/18).] Pois ser nunca é uma determinação do próprio deus. (XXXI. e a própria filosofia é finita: "todo filosofar. 12). 228/156. A transcendência tornada possível por nossa compreensão de ser cria a liberdade de movimento ou o espaço de jogo (Spielraum) no qual um ente pode aparecer como um objeto: um Gegenstand. finito e restrito.. 43/28). 32/21). poder mostrar-se espontaneamente?" (K. A filosofia é uma expressão de nossa finitude. 280/175: "Pois a ONTOLOGIA é uma indicação da finitude. 42/28). Ser é finito. 235s). foi discutida por Cassirer em CK e num debate entre ambos que teve lugar em Davos no ano de 1929. que também considerava o homem como infinito e rejeitava a teoria de Kant da "coisa em si" (K. sendo uma atividade humana. completamente distinto dele" (LXV.. portanto. Mais tarde.. na própria terminologia de Heidegger. A ESSEN- . temos a sensibilidade e os órgãos sensoriais para receber as intuições (Anschauung(en)) dos objetos: "A essência da sensibilidade consiste na finitude da intuição [Anschauung]" (K. Nossa tendência de uniformizar e ignorar distinções. Heidegger assume para si o problema de Kant: "Como deve ser em sua mais íntima essência o ente finito que chamamos 'homem'. Ser "se ilumina como o mais finito [das Endiichste] e o mais rico. estando a ele entregue" (K. [. Por sermos finitos. envolve nossa TRANSCENDÊNCIA e nossa COMPREENSÃO prévia do SER (K.. Até mesmo a filosofia como conhecimento do todo deveria ficar satisfeita e abandonar a ideia de compreender o todo de uma só tacada" (XXI. se ele deve estar aberto aos entes que ele mesmo não é e que devem. porém distinta. a partir do qual o último [das Letzte] como o mais primordial [das Anfânglichste] há muito tempo e desde o início retirou-se.) (c) Toda civi lização tem um começo e um fim. O fim nunca se vê. Muito mais do que o fim. portanto. inteiramente desprevenido e despreparado tanto para esperar quanto para experimentar o último" (LXV. revela-se a finitude mais íntima de ser: no sinal do último deus. sendo. tem um começo. 113) e "A meta secreta em direção à qual tudo isto c mais está avançando [. Um "ouli-o começo" da históm preparado per um retorno ao "primeiro começo" instituído pêlos gregos.ivilização. No amadurecimento. O "ser" é finito em três sentidos: (a) Ele requer outras coisas (Deus. 2. a "história ocidental".ex. Aqui.) pura revelar-se em uma . como ainda-não e não-mais" (LXV. temos duas possibilidades: l. "infinita" no sentido de que ela retorna de maneira circular ao seu começo. Uma civilização é. recusando qualquer questionamento e isto significa qualquer distinção. Deus e homem (EHD. O progresso contínuo na mesma direção depois que o significado da "verdade do ser" tiver terminado. o fim [Ende] essencial exigido mas não imposto pelo começo. mas "finita" no sentido de que não dura para sempre. mas também no sentido de que a sua revelação. (Desta forma a finitude do ser refina qualquer " idealismo". à VIRADA do ACONTECIMENTO (LXV. Heidegger distingue dois tipos de in-finitude: l. "In-finitude" no sentido 2 deriva de Scheiling e Hegel. etc. Amadurecer é estar pronto para tornar-se um fruto e uma doação. ver p. no sentido de que não alcança um final — uma ideia similar. "Em tal essencialização do sinal [Wink].] é o estado de absoluto tédio" (LXV. em uma civilização humana. Ser é finito não simplesmente no sentido de que precisa de algo mais (Deus ele. o próprio ser chega ao seu amadurecimento. (b) Nenhuma revelação do ser revela tudo que há. Diante de nós. o "círculo fechado". portanto. há sempre mais do que qualquer civilização descobre. (Para a admiração precoce e qualificada de Heidegger por Spengler. sucessão sem fim ou continuação. 269). embora a cultura que Heidegger focaliza. 416). iniciada com os gregos. O fim é o incessante eassim-por-diante. 2..) ^Só existe o fim [Ende] onde os entes separaram-se da verdade do ser.finitude 73 do ser fica acima do conflito entre estas duas proposições. CIALIZAÇÂO . sua continuidade peraétua é em si mesma seu "fim". tenha uma vida mais longa do que qualquer uma postulada por Spengler. 75. Heidegger endossa aqui a visão de Spengler de que uma "cultura" passa por um crescimento e uma decadência análogos aos de um organismo vivo. o que é último essencializa [west]. mas se considera como a plenificação [Voliendung]. Aqui. 410). se durar. que é in-finito ou "sem fim". 268). ou. encontra-se também a essência mais escondida do não [Nicht]. dizer que "ser é finito" tem sentido apenas como uma rejeição transicional de " idelismos" de todos os tipos (LXV.. 157). de modo a conduzirem-se nas possibilidades sem fim daquilo que é assim separado em um tempo sem fim. no poder da frutificação e na grandeza da doação. LXI. um desdobramento e um fim. mundo. o que precede imediatamente um tal começo é o "último". Este é verdadeiramente o "fim": "Mas o progresso não tem futuro: ele promove apenas a 'adição' do presente ao longo de seu próprio caminho" (LXV. e Heidegger discerne uma "relação infinita" na interdependência recíproca e conflituosa postulada por Hõlderlin entre TERRA.) para se revelar. 163). XLIX. a mortalidade. quanto "regra..". Em ST. Grundiegung. razão. Grund deu origem a (sich) gründen. fundo abissal etc. estritamente " terra indo para baixo". §. l. chegar ao fundo de algo". 220ss/181ss. penetrar. justificar. que não possui causa alguma. LXV. 4s. fundado em".. "solo primordial" (cf. também a begründen. a proposição universal e verdadeira "Todo homem é mortal" contém o fundo. o solo do seu poder-ser [. isto é. "sem fundo". o solo do nosso reconhecimento de que Sócrates é mortal. "A relação que causa e Grund mantêm um com o outro é questionável" (XXXI. A raiz. abismo. 141. a versão latina de Wolff: Nihil est sine ratione (cur potius sit quam non sit). leito (de mar)..74 fundo. terra. Grundstimmung. estabelecer as fundações". Ele contrasta Grund com Existem. 196). "profundezas insondáveis. Heidegger associa Grund ao grego arçhe. fundar. lote (de construção).44). solo que se esforça por atualizar-se na existência (cf. campo. aproximada se não exatamente. quádrupla do princípio de rawo suficiente (1813). Dizer que algo é grundios. Originalmente significava "areia. "disposição básica". pode significar que não provê suporte algum. "estabelecimento. que afirma que " nada nunca acontece sem que possua uma causa ou ao menos uma razão ou fundamento determinante" (Teodicéia n. tem de colocar o fundamento de si-mesmo. 42ss sobre a visão similar de Leibniz). e Urgrund têm uma participação significativa nas especulações de místicos tais como Mestre Eckhart e Bõhme sobre a natureza de Deus e da alma. ser baseado. "solo sem fundamentação/fundação". especialmente como Abgrund. 446ss/ep. ER. conhecido em alemão como der Satz vom wreichenden Grund. causa". fundo. dizendo por exemplo que oposições tais como entre o real e o ideal pressupõem um Urgrund ou Ungrund. Desta forma. em geral. Un-. o solo" (xxvil. fornecer razões para". 76). OASEIN "<? no existir. e Urgrund. que não é nenhum dos dois opostos. PR. "Nada é sem razão (pela qual é em lugar de não ser)" (xxvi. "aprofundar. "conceitos básicos". i. ver Schopenhauer. Scheiling seguiu este caminho. Mas nem todo fundamento produz algo no sentido de causá-lo. 77). mas a absoluta Indifferenz. basear.. NII.e. primeiro princípio". nunca dele . 476s/ep. Grundbegriffe. habilitação ou autorização (XLIX. "fundamentar. "representações que. 137). Mas o argumento confunde a verdade de uma proposição com a afirmação da mesma. estabelecer. estabelecer. Adquiriu uma variedade de sentidos e corresponde.: todo ente envolve um fundo. base. fundamento e abismo fundo. Um Grund ou Ratio não precisa ser uma causa: "toda causa [Ursache] é um tipo de fundamento ou solo. que significa tanto "começo. em sua inter-relação constitutiva de todo conhecimento dos entes.. Recebe prefixos. fornece o fundo. fundamento e abismo Grund provém de um antigo verbo que significa "moer". domínio" (ER. e a mortalidade de Sócrates com o reconhecimento que dela fazemos. Esta palavra também pode ser ela mesma um prefixo. fundação.. profundezas. ou que não tem direito. "fundamentar. Leibniz formulou o "princípio de razão suficiente". s. Em segundo lugar. 14.] E como ele é este fundamento lançado? Ele só é projetando-se em possibilidades nas quais está lançado. 70s Cf. por exemplo. grun-diegen. Ab-. "não-solo". Grund desempenha dois principais papéis na filosofia pré-heideggeriana. terra". Esta asserção universal não produz. 379s). a " solo. "princípio". Heidegger prefere. Gurnd.] O si mesmo que como tal. Ungrund. contudo. como em Grundsatz. 31). e ergründen. ela apenas é correia. solo arenoso. Ainda assim: "o ser não nos oferece nenhum fundo ou base. Para onde? Porque o ser essencializa. "fundar". Cf. "fundo do fundo" (ER. a verdade do ser e o acontecimento. procurar razões pelas quais isso e isso é o caso. 126). um mundo. ao existir. Begründen (ER. é a-bis. o solo no qual os entes afundam e aprofundam (abismo). 193). tenha de assumir ser-fundamento" (ST. funda a si mesmo neste mundo como um ente entre os outros. funda.. Posteriormente. o solo dos entes: "O ser como o fundo no qual todos os entes enquanto tais vêm. tanto para os entes em geral quanto para a nossa conduta. tornando-se. Quando o pensamento de Heidegger passa a ser mais histórico (LXV. 451). represente a si mesmo. n. capaz de 3.]" (LXV. O ser é o dizer-não [Ab-sage] para este papel de fundação. Porque o ser? A partir de si mesmo. 284. 436). o fundar projetando" (LXV. sobre o qual possamos construir e no qual possamos habitar — como oferecem os entes para os quais nos voltamos. 2. O fundar é aqui recíproco [kehrig]: l. além dos entes. que aparece de três formas.] Fundamentos! Fundamento e origen do por quê. 356. Heidegger encontra dois sentidos para o princípio de razão suficiente: l. Stiften. surgindo transcendentalmente. o solo no qual eles também assumem a indiferença e a evidência (não-solo)" (LXV. Tudo isto envolve a liberdade. Assim podemos perguntar: Por que (fazer) isto e não aquilo? ST mostra pouco interesse na ideia de que o ser é o fundamento dos entes: "O sentido [Sinn] do ser nunca pode ser contrastado com os entes ou com o ser como o 'fundamento' que sustenta os entes. à sua verdade (abrigo e disposição e objetividade). Da-scin funda o acontecimento (u).. Ainda mais tarde. 252/niv. na [l] projeção do mundo. "dar razões". Cf. LXV. o ser se torna o fundo. fundamento". "projeta" ou "transcende para". Dasein não estabelece o fundamento ou a base: ele não escolhe a sua entrada no mundo nem a esfera de possibilidades que inicialmente o confrontam. Nenhuma razão ou causa podem ser dadas para a nossa livre projeção-de-mundo inicial. já que o 'so\o é acessível apenas como sentido. 239). 152). portanto. Mas ele assume estas possibilidades como suas. 261).. embora. Ele expressa a exigência da tecnologia moderna de que tudo forneça uma explicação (rufio) de si mesmo. 509). para o lioinciii. ele nega tudo que funda. Bodennehmen. Essa sua habilidade depende de sua "temporalidade ecstática": "Mesmo quando a ocupação fica restrita à urgência das necessidades cotidianas. ainda que seja ele mesmo o abismo [Abgrund] da falta de sentido" (ST.. Dasein nunca é um puro atualizar. 104) — envolvidos no ser-no-mundo de Dasein: "A essência do fundamento é a dispersão do próprio fundar.75 fundo. Sempre longe. descobre possibilidades alternativas. 120). 3. ER encontra três sentidos de gründen — l. Cita Gocllic: . o sustentar assomando. Já que há vários tipos ou sentidos de Grund. fazendo delas um trampolim para a sua trajetória subsequente. 2. fundamento e abismo se pode apoderar. dos entes como um todo. Heidegger está sempre tomado pela questão de por que há o ente —uma questão que abre os entes como um todo e também levanta a questão de por que perguntamos 'Por quê?": "Por que os entes? [. "ganhar solo. ele se preocupa com a fundamentação de Da-sein. Dasein l. [. o fundar é geralmente recíproco: "O acontecimento funda Da-sein em si mesmo (l). pela primeira vez. Nossa consciência de um mundo. surge de um reter que atende e é sobre este fundamento ou como este 'fundamento' que Dasein existe em um mundo" (ST. [2] restrição entre os entes e [3] fundamentação [Begründung] ontológica dos entes" (ER. 77).sal [ab-gründing]" (NII. . Estamos "no caminho de volta". "O progresso não tem futuro: ele promove apenas a 'adição' do presente ao longo de seu próprio caminho" (LXV. 'ida para baixo. mas uma vez que eu o fiz minha atenção desvia-se logo para outra coisa. "bastante diferente de meros reatores. nem o futuro em seu apelo para o que vive como tendo sido [das Gewesende]" (LXV. para fora do abandono pelo ser. queda']". diminui o interesse de Heidegger pela morte. 411). porém. cuja 'ação' é absorvida em cego vínculo com o presente a curto prazo. 113). . possui formas correspondentes de expectativa: basta mover apenas uma alavanca para que mudem as agulhas e o trem pule para o outro trilho" (LVIII. tecnologizada até mesmo na vida espiritual. Estamos caindo. com a atualidade. não posso esperar para "torná-lo presente ou atual". em direção à "preparação silenciosa do porvir [dês Künftigen]" (LXV. para o qual precisamos nos preparar por meio de um "comprometimento [Auseinandersetzung]" com o "primeiro começo" dos gregos. Estes nunca observaram o que foi [das Gewesene] em sua intrusão no porvir [ins Künftige]. o atender "pula para depois" [nachspringt] do tornar presente (ST. em favor de um maior interesse pelo futuro do "West". Posteriormente. 395). Heidegger busca o "outro começo". descobrir algo sobre ele. "Nosso momento é a era do declínio [Untergang. 22). 347). "Nossa época.78 futuro fora"] de Gewãrtigen: quando "atendo" algo. "os porvindouros [die Zukünftigen]" (LXV. 397). 71). Heidegger argumenta que. teoria ou estudo da interpretação. Ontologia: a hermenêutica dafacticidade. Dasein adota a interpretação do IMPESSOAL (LXIII. um soldado. "Hermeneutik ist Destruktion" (LXIII. de uma "destruição [Abbau] da tradição" (LXIII. Esta disciplina foi sistematizada por Schieiermacher como "(a teoria da) arte da compreensão [Kunst(lehre) das Verstehens]".H hermenêutica e circularidade Heidegger faz um breve histórico de Hermeneutik. Dasein. 14). Hermeneutik não é. arte. Ausiegung. que descobre o previamente escondido (LXIII. Heidegger usa Hermeneutik para significar "interpretação". Dilthey. A hermenêutica é. XVII. interprelação. em seu discurso. A posição prévia. mas é apenas uma máscara que usa para si mesmo. sim. teologia. 11). "interpretação". Precisamos estar certos de que nossa "posição prévia [Vorhabe]". em LXIII. a hermenêutica abarca outros sentidos: l. 80). 13).115. hermenes. interpreta a si mesmo como. 15). Já que a hermenêutica no sentido l "apresenta o horizonte para qualquer outro estudo ontológico dos entes que não são do lipo de Dascin.ST. Esta tarefa filosófica é um desenvolvimento do que o Dasein cotidiano faz. 110. 3. Interpretar a vida humana é como interpretar um texto recoberto por séculos de exegese distorcida. 32). assim.is "con- . com o intuito de não apavorar a si mesmo". 534e4-5). 105). e tal interpretação de si torna Dasein o que ele é (LXIII. Ele começa com o lon de Platão. Não que Dasein sempre interprete a si mesmo autenticamente: "Dasein fala de si mesmo. visão prévia e concepção prévia pressupostas pela interpretação também são chamadas de hermeneutische Situation. "hermenêutica". interpretação e. mas também o estudo da história. É. agora. o estudo do método. é "original e genuína". Precisamos. primordialmente de textos escritos (LXIII. "desvelando o sentido [Sinn] do ser e as estruturas básicas de Dasein". assim fazendo. onde Sócrates chama os poetas de "intérpretes". 187. também há hermenêutica no 'cntido de Schieicrmachcr": cia claborii .232). nossa aproximação preliminar. instituições sociais etc. biógrafo de Schieiermacher. estendeu a hermenêutica às "ciências humanas [Geisteswissenschaften]". atualmente. que incluem a filologia. O ser está essencialmente escondido sob a tradição. de situação hermenêutica (LXI. primordialmente. e não adotada da tradição ou do IMPESSOAL (LXIII. de nosso próprio DASEIN (LXIII. 2. isto é. essencialmente. de tais ciências. dos deuses (/o/l. e hermeneia. Hermeneuein é a palavra grega para "interpretar". por exemplo. a metodologia. interpretação da "facticidade". ou antes ao "vigor do vigente [Anwesen dês Anwesenden]. Então. mas podemos "destruir" a lógica tradicional e a ontologia que moldam esta compreensão (XVII. 113). A prioridade ontológica de Dasein sobre os outros entes depende da sua possibilidade de EXISTÊNCIA. é um círculo estrito.] Assim. a hermenêutica no sentido l precisa analisar a "existencialidade da existência". precisamos compreender o ser em geral como o "horizonte" da distinção.. mas antes trazer notícias e uma mensagem" (122/29). Depois de ST... Heidegger argumenta que elas podem modificar-se no curso da investigação. que é. Mas como podemos fazer isso. Retorna para este assunto em ACL (95ss/9ss). (ST. A compreensão preliminar exigida é em cada caso aproximada e implícita. Precisamos começar com a atual compreensão de ser de Dasein etc. ST discute três círculos como este: l. uma forma velada da relação entre a linguagem e o ser (96/9s). 3 vai de uma ideia imperfeitamente elaborada de existência. (152s) 3. A linguagem assume maior importância quando diminuiu o interesse de Heidegger pela significação mundana (cf. mas ao ser. o sentido de Dilthey (ST. 2 vai de uma compreensão implícita para uma interpretação explícita. que nos possibilita elaborá-la inteiramente. à duplicidade do dois na sua unidade. um tipo de ser. a hermenêutica envolve um círculo: não podemos compreender uma parte sem ter alguma compreensão do todo e não podemos compreender o todo sem compreender suas partes.80 hermenêutica e circularidade dições de possibilidade de qualquer investigação ontológica". 4. e só podemos achá-la ao compreender Dasein. 37s). o que prevalece e mantém a relação do homem com a duplicidade é a linguagem. Contra a objeção de que nossas pressuposições insustentadas determinam o resultado de nossa investigação.. uma "estrutura prévia [Vor-struktur]". Como Schieiermacher e Dilthey reconheceram. Toda compreensão e interpretação. A linguagem determina a relação hermenêutica" (122/30).] O homem assim se essencializa como homem ao responder ao apelo da duplicidade e ao revelar a sua mensagem.. de Dasein. A "hermenêutica de Dasein" "ontologicamente prepara a historicalidade [GeschichtlichkeitJ de Dasein como a condição ôntica da possibilidade da história [Historie]". Para interpretar. de um texto etc. Só podemos captar a ideia do ser a partir da compreensão de ser de Dasein. a hermenêutica significa primeiramente "não a interpretação. 38. [. a "metodologia das ciências históricas" enraíza-se na hermenêutica no sentido 3. já que todo questiona-mento filosófico surge da existência e para ela retorna. [. requer pressuposições. a não ser que já saibamos o que é o ser? (7s) 2.. Este é um sentido derivativo de "hermenêutica". o mensageiro dos deuses. Este sentido da "hermenêutica" é "filosoficamente primordial": a filosofia parte da "hermenêutica de Dasein". precisamos examinar o ser de Dasein. Assim. Mas para fazê-lo precisamos da ideia de existência (314s). Considerando a sua associação com Hermes. cf. ele agora percebe. Heidegger raramente refere-se à " hermenêutica". Hermenêutica já não concerne a Dasein e à sua existência.e. Para compreender a distinção entre existência e realidade. para uma ideia do ser em geral. 3. Nenhum destes.436). Heidegger sugere que o . Seu interesse pela hermenêutica surgiu da sua preocupação com a relação entre a "palavra" da Bíblia e a teologia especulativa. Para aprender o que é o ser. ao interpretar o ser de Dasein. l vai de uma concepção implícita do ser para um conceito explícito do mesmo.. 137s/41s). i. Dasein move-se em um círculo de pressuposições para a interpretação. argumenta Heidegger. de que toda "discussão [Auseinandersetzung] opera na base de uma interpretação que já está decidida e removida de qualquer debate" (NII. 149s/50s: Aprendemos sobre a linguagem não ao falar sobre ela e. Como podemos saber o que é um diálogo "da essência da linguagem".] O homem ek-siste — isto agora significa: a história das possibilidades essenciais de uma humanidade histórica para ela se mantém. Mas ele nega que a matemática e a ciência natural — elas próprias produtos de Dasein — sejam circulares do mesmo modo como a história e a filologia o são. [. assim deturpando-a. 8/144: Como posso aprender o que é a arte sem estudar obras de arte? Mas como posso reconhecer uma obra de arte sem que saiba o que é a arte? Meu conhecimento prévio implícito da arte permite-me reconhecer casos claros de obra de arte... embora não esteja obviamente vinculado à " historicidade" de Dasein — que os filósofos. Suas justificativas são de que grandes pensadores deixam em seu pensamento muita coisa "não dita" (Ni. mas uma interpretação para preparar "historicamente [geschichtlich]" o "pensamento futuro" (LXV. Heidegger encontra outros círculos: ACL. no entanto. Heidegger declaradamente faz uso de " violência [Gewait]" para interpretar outros pensadores (LXV.. 134). a não ser que já saibamos o que é a linguagem? Ou: como o mensageiro chega a ouvir a mensagem sem que já saiba algo sobre ela? Agora Heidegger evita. Isto não procede. 28/24): a "ek-sistên-cia do homem histórico começa no momento em que o primeiro pensador expõe uma instância de questionamento para o desencobrimento dos entes. 70). seu questionamento acerca do ser também é histórico. 253). Heidegger sugere — bastante razoavelmente. "história do ser". 158/ni.história do ser 81 círculo na compreensão venha da circularidade inerente a Dasein.] A história começa. Argumentos explicitamente matemáticos ou científicos não são circulares. A . 153). O desvelamento inicial dos entes como um todo. torná-la um objeto. Nossa compreensão geral da matemática e da física é tão circular quanto qualquer outra coisa. quando esta manutenção é concebida em função do questionamento acerca dos entes enquanto tais. quando os próprios entes são especificamente promovidos ao desencobrimento e mantidos nele. sustentaram visões variadas acerca do ser. seu ser está em desacordo (ST. falar de um círculo hermenêutico: "falar de um círculo sempre permanece superficial" (151/51). Assim. mas correspondendo como diálogo à linguagem. aev. Mas também não há argumentos explícitos nas disciplinas "humanas". 253). pela primeira vez. e de que ele não está tentando produzir uma interpretação " historiologicamente [historisch]" correta. história do ser Heidegger atribui a primeira aparição do conceito de Seinsgeschichte. escrito em 1930 e publicado em 1943 (QT. perguntando o que são os entes. ST contém o germe desta ideia: já que Dasein é "histórico". no desvelamento dos entes como um todo. que enquanto ele é ser-no-mundo.. 110/niv. ACL. ao indagar acerca do ser precisamos também explorar a história da indagação acerca do ser. As raras e simples decisões da história surgem do modo como a essência original da verdade essencializa" (EV. 187s/126s). a questão acerca dos entes enquanto tais e o começo da historia ocidental são o mesmo [. desde os gregos até o presente. Posteriormente. 415/ep. por exemplo. 178. a história do ser não é algo que se inicie promovido primordialmente pêlos homens. A distinção medieval entre essentia e existentia. Aquele que projeta não é um indivíduo definido. Ainda assim. 70/77).. histórico do modo como EV é. O rKOJirro ó lançado e aquele que projeta é lançado no projeto. 332/238s). historicamente situado. 25/niii. 37/niv. que escolhe seu . como faz EV. Na década de 1930. entretanto. Por acaso isto contradiz a visão de ST de que ser é "projeto"? Heidegger não crê. Cf. ST esboça uma história do questionamento sobre o ser. acredita que os pensamentos filosóficos são a mola mestra da história e que. LXV. eles devem ser o produto não do pensamento e atividade humanos ordinários. 22. A metafísica ou filosofia ainda desempenhava um papel predominante na história do ser. mas não do próprio ser. ST não considera a questão de como e quando Dasein chegou a ser em um mundo. ST não é. Podemos. em primeiro lugar. já que tais pensamentos formam e transformam os seres humanos. Heidegger distingue Seinsgeschichte da história do "espírito" de Hegel (CH. "História é a história do ser" (N11. UK. não consequências inteligíveis do que antes ocorreu. mas de uma grande força impessoal tal como ser ou espírito. Heidegger empreende uma Destruktion da tradição.ex. o fato de tendermos a sucumbir à tradição. que para Heidegger significa "envio. Empregamos conceitos e categorias tradicionais sem investigar e explorar. 179). 326/232. nem implica que o mundo sofra mudanças significativas. Desta forma. 16ss/152ss). 235/niv. as "fontes" originais das quais foram retirados (ST. a "conversão do homem em sujeito e dos entes como um todo em 'imagem do mundo' só pode surgir da própria história do ser (aqui a história da transformação e nivelamento da verdade infundada do ser)" (Mil. nenhuma mudança "dialética" de uma categoria para outra (LXV. que o mundo de Dasein. "desti-nação. Mas a metafísica origina-se da história do ser. "enviar". que têm de dar expressão ao que são os entes em qualquer dado e estágio da história do seu ser" (NU. falhas e limitações dos conceitos tradicionais e poderá revelar novas possibilidades obscurecidas pela tradição. 231 ele. Não há lei pela qual o ser progrida. de forma adequada. usar as noções de "matéria" e "forma" sem nos recordarmos das reflexões 'de Aristóteles sobre um artesão dando forma ao seu material ou sem imaginar se elas são prontamente aplicáveis a outros entes além dos artefatos (cf. associada a Geschick. quando Heidegger começou a usar a expressão Geschichte dês Seins (p. mas "desatando-a" de modo a discernir as "experiências originais" que lhe deram origem. 20s). 28/niii. (CH. 7). 135). não das escolhas humanas.). como Hegel. alcança-nos a partir de um Seinsgeschick. Para evitar tais possibilidades. destino". IM. Esta destruição haverá de desatar as correntes que a tradição nos impôs e permitirá que lancemos um olhar cheio de frescor e atenção aos entes (ST. não destruindo-a no sentido usual. devido à sua afinidade com schicken. Um pensador é "um destes indivíduos que não têm escolha. (NU. NU. mas pelo próprio ser. esteja aberto pelo questionamento filosófico ou que mudanças cruciais no mesmo dependam de desenvolvimentos filosóficos. do "envio decisivo do ser". Seinsgeschichte está. 182). o que é enviado". Isto mostrará os méritos.82 história do ser razão explícita que possui para examinar suas visões é mais do que simplesmente afirmar a sua própria visão. as maiores viradas na história do ser são "providencialmente enviadas" e opacas para nós. Ele não sugere. 14s). 322ss/238ss). Heidegger. Cf. portanto. Por exemplo. por exemplo. Tradição é história como o passado próprio de alguém. mis o passado realçado pelas tendências correntes. " instante (de visão)". p. em sua totalidade. 59). Mas se o original permanece com a sua interpretação. que não possuam ancestrais reais. ID. Reduz o ser a um único aspecto de si mesmo. A história é o grande mestre da vida. a interpretação pode continuar. não especificamente pessoais. de Dasein. O ser é como um texto rico. portanto. 378s): 1. que se carrega constantemente consigo. já que desde o início a metafísica permanece preocupada com a salvação da sua própria essência e indiferente a uma apreciação da questão digna de ser questionada" (NU. Isto é a história como o passado (das Vergan-gene). "eles não se 'sentem' como sucessores de gerações anteriores" (LIX. 2. 56 Cf. à medida que procura guiar-se a partir do que lhe é familiar. como a lógica concreta de um campo" (LIX. revelando aspectos escondidos. 383/niv. Falar de tribos e povos sem história não significa que eles não estudem história. de escolhas em virtude do seu projeto. Ela não explora a plena abundância do ser. 3. e sim que não possuem tradição (Tradition). que é a metafísica. Geschichte e Historie. A ciência ou tema da história (Geschichtswissenchaft): "Eu estou estudando (ou 'fazendo') história". ST. têm seu começo e solo no fato de que a metafísica deixa e deve deixar por decidir a essência do ser. Isto é. o que aconteceu.ex. 4. Heidegger encontra seis sentidos diferentes para Geschichte (LIX. expulsando tudo o mais. Então o ser pode desdobrar a sua essência através dos tempos. A história do ser envolve várias "épocas".". "restrição". particularmente as realizações individuais e sociais dos homens. A metafísica focaliza os entes.história e historicidade 83 projeto como se poderia escolher o menu do jantar. ser governado pelo próprio ser. história e historicidade O alemão possui duas palavras para "história". Através da história da metafísica. a interpretação do texto original deixaria de existir. Ele só se torna um indivíduo capa/. o ser "resguarda-se para si mesmo. As "realizações efetivas" do trabalho em um problema ou filosofia: "Aproximar-se do problema por meio da sua história". "esperar. O ser possui uma história porque se retira de nós e proporciona apenas relances parciais e ocasionais de si mesmo: "Todos os acontecimentos na história do ser. Heidegger relaciona este termo ao grego epoche. Epoche vem de epochein. parar etc. uma "época" histórica começa quando o cálculo ordinário do tempo "pára" — em um ponto que Heidegger chama de Augenblick. restringe-se". ou que não sejam o produto de uma realidade precedente. Isto é a história como "atitude teórica coerente. 459/ep. revelando sucessivamente diversos aspectos do texto. mas é perito na sua história". não o passado próprio de alguém. se preserva e renova. 46). O projeto pode. 43ss Cf. Epoche(n). . Se um comentador destruísse o texto. e "da distância particular da sua retirada" — uma distância que varia ao longo do tempo — determina "uma época particular da história do ser" (NU. para a política. "Ele tem pouca compreensão da filosofia. conservando apenas a sua própria interpretação. 238). 64/66). A obra do historiador está iniciada e guiada não primordialmente . Heidegger refere-se à história no sentido l. no mundo em torno de nós. com um passado e um futuro. Dizemos: "É a mesma velha história [Geschichte]". Esta história é o passado próprio de alguém. o adjetivo historisch pertence ao estudo de acontecimentos passados.. 396). O Dasein não filosófico realiza uma REPETIÇÃO das possibilidades fornecidas pela tradição. ou em alguns contextos "o historiador"). simplesmente o seu "próprio" passado.. Isto é história como evento. dependem por sua vez da Geschichtlichkeit. portanto. em função da qual ele compreende a si mesmo e às suas possibilidades (ST. Mas Dasein " é o seu passado" (ST. não deixam de ser históricas por esta razão" (ST. 385). aluando como atua na visão tácita de seu passado. Ele "cresceu dentro de e em uma interpretação de Dasein herdada". uma inspeção crítica. seu acontecimento entremeia-se com o acontecimento de Dasein passado. A historicidade de Dasein depende de seu acontecimento ou " historização". "história do mundo". se é autenticamente histórico. 20). A historicidade não necessariamente requer a historiografia. como Historie (" historiografia". não poderia haver Historie se não houvesse Geschichte.84 história e historicidade 5. no sentido mais íntimo da expressão ambígua "ter uma história" (LIX. no sentido de Heidegger. para alguém e para as pessoas em torno deste alguém. A historicidade de Dasein lhe dá acesso ao passado histórico. Não o sendo.] a historiografia esforça-se para alienar Dasein de sua historicidade autêntica. enquanto ges-chichtlich e Geschichtlichkeit (" historicidade") pertencem ao que acontece. 20). Inversamente. 374s).. tanto antes quanto depois do seu nascimento. reservando Geschichte para a história que acontece. não dotadas de historiografia. cf. é uma condição de ser tanto histórico quanto não histórico em sentido usual. Mas Geschichte. Ser "histórico". Uma montanha ou um cachorro possuem um passado que afeta sua condição presente. Similarmente. fornecendo assim a base para a historiografia. o modo peculiar pelo qual ele se estende entre seu nascimento e sua morte (ST. "Eu fui envolvido em uma história [Geschichte] muito desagradável".. Dizemos: "Esta cidade possui uma história variada". desta tradição. Mas o "próprio passado de Dasein [. 20. o estudo sistemático de acontecimentos passados. Até mesmo o membro de um povo "não histórico" no sentido 3 acima é "histórico" neste sentido mais básico. 6. Não poderia haver história em ambos os sentidos se DASEIN não fosse histórico. Heidegger frequentemente usa Historie e historisch de maneira depreciativa: "[. Não cumpro promessas. não me arrependo de meus pecados ou voto no meu partido nas eleições por causa do efeito causal que possui sobre mim aquilo que fiz ou sofri no passado ou meramente para me assegurar de certos resultados desejáveis. Eras não historiológicas. Eu o faço em vista de minha coerência e integridade como uma pessoa que possui duração. o passado que se "tem". "Ele tem uma história triste". Dasein não é. Dasein permanece disperso em negócios e ocupações atuais e seu interesse pela história se vê confinado a relíquias e registros históricos. Na época de ST. ou Weltgeschichte. ocorrência. Um filósofo precisa empreender uma DESTRUIÇÃO. do modo como acontecimentos ocorrem na vida real.] sempre significa o passado da sua 'geração'" (ST. mas o passado da sua comunidade. 52ss). 152).". O Dasein autêntico faz escolhas decididas com vistas no futuro. suas categorias. a história escapa à historiografia" (LXV. Aceita mais ou menos as consagradas objeções à história especulativa levantadas pêlos filósofos e historiadores. Heidegger mostra mais interesse no "primeiro COMEÇO". mas por uma concepção prévia da história. 29/niii. Em ST. ST é não histórico no sentido' de apresentar a condição de Dasein como relativamente inalterável. LXV. O fim da história ocidental pode seguir-se de um "outro começo" da história. enquanto que Historie vem do grego historein. A filosofia tem uma história: começou com os gregos. Heidegger acredita. entretanto. na fundação original da história e da filosofia "ocidentais" pêlos gregos. 2. A história é. são filósofos críticos da história. preocupada com o estudo dos acontecimentos. arte e filosofia.. para o qual precisamos nos preparar por meio de um "confrontamento" (Auseinander-setzung) com o primeiro começo (NU. A sua escolha não é arbitrária: Geschichte vem de geschehen. 110/niv. assim como pela natureza da própria historicidade do historiador (NU. por fim. a história adquire uma significação adicional: primeiramente. cuja intenção primeira é encontrar um padrão em larga escala ou um plano nos acontecimentos. da história da metafísica. feito pelo historiador. relacionando Geschichte aos acontecimentos.).] 'epistemológico' da abordagem do historiador [historis-chen]" e Rickert. çue a história ( muito importante para ser deixada nas mãos dos . 10 etc. que culmina no atual domínio da tecnologia. A fundação da história. e Historie ao estudo dos acontecimentos. que explorou a "formação lógica de conceitos na explicação do historiador" (ST. Simmel. 206/niv. o homem é visto cada vez mais como o instrumento de forças impessoais: ser. tendo talvez decaído.. Heidegger não fica em nenhum dos dois ânnitos. a história não é nada além do acontecimento apropriador [Ereignung] deste entre. "inquirir etc. mas estas não precisam alterar o modo de vida geral de Dasein ou alguma coisa além da vida do agente individual. 70. 375). Assim. não pode depender unicamente das escolhas humanas: escolhas só podem ser feitas dentro de um mundo já estabelecido. a natureza da explicação histórica. em grande parte. o historiador". Em segundo lugar. Filosofia da história "especulativa". 182. apresentando ao mesmo tempo considerável simpatia pela iniciativi e questões que ela levanta (LXII. o entre que é o solo do conflito de mundo e TERRA. e a objetividade das pretensões históricas. Esta história depende. a história do próprio ser e não a história do homem: " A história [Geschichte] não é uma prerrogativa do homem. que escapa aos historiadores comuns. "historiografia. Desta forma. 38ss). historiografia O alemão possui duas palavras para " história". procupada com a história entendida como acontecimento. desde então desenvolveu-se. Em meados da década de 30. "acontecer". 479). que empreendeu um "esclarecimento [. Filosofia da história "crítica". é a essência do próprio ser. A história atua sozinha no entre do intercâmbio [entgegnung] de deuses e homens. a vida cotidiana de Dasein possui uma história. pressuposições. Mas isto mais uma vez parece deixar incólume o Dasein cotidiano. Ambas referemse tanto à história como acontecimentos ou eventos quanto à história como o estudo dos acontecimentos. A filosofia da história habitualmente divide-se em dois tipos: l. " história". de um mundo.historiografia 85 pelas ruínas e documentos. Geschichte e Historie. Heidegger torna-as menos ambíguas. Spengler era um filósofoespeculativo da história. não com o presente: " a descoberta do historiador temporaliza-se [zeitigt sich] a partir do futuro" (ST. a possibilidade selecionada de um leque de possibilidades alternativas que lhes são abertas. A REPETIÇÃO " compreende o Dasein que vigora por ter sido presente" (ST. mas como uma possibilidade. a historicidade da existência do historiador". já de algum modo. A Historie é autêntica se o historiador aborda o tema de acordo com "a historicidade autêntica e a correspondente descoberta do que esteve aí. a Historie estuda Dasein passado. 375. assim como toda ciência. Já que apenas o Dasein é histórico. 392). de todo DASEIN. Ele coloca a questão quase-kantiana: Como a Historie é possível? O que possibilita que alguns dos seres humanos estudem sua própria história? A resposta encontra-se na historicidade. 393). Ela o faz com a ajuda de remanescentes e documentos que sobreviveram no mundo atual." (ST. uma possibilidade em direçâo à qual eles se empenharam. (ST. Editar textos confiáveis e examinar a "história da tradição [Überlieferungsgeschichte]" pela qual o "vigor de ter sido presente" nos foi transmitido. Ele precisa considerar o que eles disseram. 395s). 394). isto é. a historicidade. primordialmente com o futuro do historiador. mas também sobrecarregado por interpretações contestáveis." (ST. Dasein é histórico. Para respondê-la. repetição". Ela relaciona-se. A " ideia" de Heidegger é passível de aplicação. em diversos sentidos: uma possibilidade que não está disponível no discurso filosófico do presente. Geschichtlichkeit.86 historiografia historiadores: considerar a história (Geschichte) apenas como o "objeto de uma ciência" é comparável a enxergar o mundo à nossa volta apenas pêlos olhos das ciências naturais e sociais. "aberto em seu vigor-de-ter-sido [Gewesenheit] na base da temporalidade ecstática". o historiador precisa ver como filósofos do passado perguntaram e responderam a esta questão. ou ainda uma possibilidade que podemos endossar no presente. assim. A historicidade . Ele indaga acerca do "ser". a delimitação dela derivada do setor de objetos e o prelineamento da conceitualização adequada "ao ente. (cm um lugar mais seguro no repertório do historiador autêntico do que "afundar dirctamentc nu 'visão de mundo''de uma era" (ST. não como um puro fato. mas não tiveram sucesso em alcançar ou expressar com suas palavras. Vergangenheit. em um mundo que esteve presente. em vez de compilá-la a partir da obra de historiadores atuais. na Historie de outros tipos. Eles " pressupõem o ser histórico em direçâo ao Dasein que já se fez presença. até mesmo daqueles que não a estudam: "É somente a partir do modo de ser da história. mas estes não são os únicos responsáveis pela Historie. A questão não é primariamente histórica e nem ele já a respondeu: ele espera respondê-la no futuro. 393). e de seu enraizamento na temporalidade que se poderá concluir de que maneira a história pode se tornar objeto possível da historiografia. é "primariamente constituída pela tematização" (ST. 363). o "Dasein que já se fez presença [dagewesenem Dasein]". Historie. A própria história da filosofia de Heidegger exemplifica esta "ideia" de Historie. Uma ciência PROJETA "entes que. A "história que vigora por ter sido presente" é então descoberta de tal modo que 'a força' do possível impõe-se na existência factual" do historiador. Heidegger deriva ou "projeta" "a ideia [Idee]" de Historie da historicidade de Dasein. embora menos prontamente. Cf. 395). e isto abre caminho para a Historie "tematizar" o PASSADO. vêm ao encontro": chamamos de tematização a totalidade desse projeto ao qual pertencem a articulação da compreensão ontológica. isto é. ou talvez a distorceram e suprimiram. do mais recentemente selecionado aspecto da explicação" e comparação (LXV. 144/niv. como o latim homo e o grego anthropos. 493). Ela serve à vontade do homem de estabelecer-se em uma "ordem reconhecível" e degenera em jornalismo (NU. a distinção entre a reflexão historiográfica [historischer] e a reflexão sistemática tornou-se ainda mais indefensável e inapropriada" (LXV. de decisões. Já que Heidegger raramente discute diferenças sexuais. não tornou-se o solo essencial da formação de seu 'Dasein' (LXV. em função do presente. e seu "progresso" consiste na substituição de um aspecto de comparação por outro. "sujeito" e "consciência" distorcem . Em ST. 385s/niv. i. a história torna-se a-histórica: "Sangue e raça tornam-se os portadores da história" (LXV. dentro da história (seja a poesia. Nas mãos da Historie. i. tornando a vida e a experiência acessíveis ao cálculo causal e sendo incapaz de reconhecer que entes históricos têm um modo diferente de ser. masculino". 98).e. Heidegger era. um "pensador da história". significa "varão. A Historie envolve comparação. como a palavra latina vir s agrega aner. 154). dos ápices e quedas. não necessariamente dá início à Historie: "Os gregos eram não-his-toriológicos [unhistorisch]. as artes plásticas. Cf. ele quase sempre usa Mensch(en) ao falar do "homem" ou de "homens". Mensch. do poder e da verdade. o aspecto adotado reflete o presente no qual se encontra o historiador. 27/niii. porém. O Geschichtsdenker "sempre tem o centro de sua reflexão e apresentação em um reino definido de criação. e não um "historiador" ou um "filósofo da história". A Historie pensa causalmente. 451). ser humano". 151 s).e. homem e antropologia O alemão possui duas palavras para "homem". ele restitui "a própria história à unicidade da sua inexplicabilidade" (LXV. historein visava ao presente e ao ser-simplesmente-dado [Gegenwartige-Vorhandene]. ou o governo c a fundação de estados)". 180). 240s Cf. Ele não explica a história historiograficamente nem a resume em um "retraio definido" com objetivos de educação. 147s). Mann. 479).. LXV. 508). não ao passado [Vergangene] enquanto tal. A "descoberta do chamado novo 'material' é sempre a consequência.. 10. pois. A Historie possui "a mesma essência que a tecnologia" (NU. hostil à Historie tal como praticada pêlos outros: "Assim como se toma o 'subjetivismo' como algo evidente percorrendo-se a história dos gregos até a atualidade em busca das suas formas. ele parece evitar a palavra Mensch. o caminho para a história" (NU. Termos tais como "eu" ou "ego". bloqueia. 493). * Depois de ST. não a razão. O próprio Heidegger é um Geschichtsdenker. Ela subordina seus objetos à exploração e à"" reprodução [Züchtungj" (LXV. significa "homem. o pensamento de Heidegger tomou-se mais histórico: "O pensar tomou-se mais e mais histórico [geschichtlicher]. em contraste com "mulher". A história do ser e a preparação do outro COMEÇO escapam à Historie: "A história só surge quando saltamos diretamente por sobre o historiográfico" (LXV. Mas os gregos eram tão originalmente históricos [geschichtlich] que a própria história lhes permaneceu velada. A comparação historiográfica. também se persegue historiograficamente [historisch] a história da liberdade. A Historie explica causalmente o passado e o " objetifica".homem e antropologia 87 autêntica. junto com outros modos filosóficos tradicionais de nos referirmos a nós mesmos. porém. 153. não do futuro. A pessoa funda-se cm uma legislação própria" "(LXV. esta expressão tornou-se animal rationale.) Uma dês vantagem de "homem" é que. o princípio animador responsável por estarmos vivos e por nossa vida mais baixa. 263s). esta palavra está sobrecarregada de definições tradicionais. 312). A essência do homem depende de sua "relação com o ser". "conduta" os animais possuem Benehmen. "comportamento". 165). 206). "pessoa" ou "homem". nossa razão. Os animais não podem relacionar-se com entes enquanto tais ou com entes como um todo (XXIX. implicando que sempre se está consciente de si mesmo. 84/57. O homem não é um animal a que se adiciona ainda outra coisa. Kant enxerga o homem em relação com o mundo e Deus. tratá-lo como um ente dotado de uma natureza intrínseca bem própria. LXV. Einbildung é não somente a capacidade de formar imagens dos entes. o homem é visto como envolvendo três constituintes: o corpo (Leib). Tudo em nós difere de seu aparente correspondente animal. tais como "vida". anthropos. Heidegger traduz lagos como "(o poder da) fala" em vez de "razão" (ST. XXVlll. LXV. deixando a conduta do homem à mercê de impulsos não-racionais (XXXI. 117. pode ser puramente teórica. A antropologia. Cf. Eles não percebem "algo como algo". "aturdidos. Heidegger fala muitas vezes de Mensch não só no próprio ST. 62 etc. e espírito (Geist.). por não serem benommen. No fundo. Os homens foram. apetitiva e emocional). 198). vendo que "a pessoa é mais do que o 'eu'. Cf. 48. 46). e outros tais como "alma" ou "espírito". 139s. a alma à psicologia. A razão. nossa "capacidade de dizer eu". A maioria escolheu o espírito ou a razão. o estudo do homem. no entanto. 132ss/91s). tenta então reunificar o homem. mas de abrir um mundo no qual podemos encontrar entes (K. não têm percepção. 217s). 209ss/ 142ss. "imaginação". K. e viu o "caráter poético [dichtenden] da razão" (NI. 45ss. 193s. 95s Cf. 376). 63/42). selecionam um aspecto ou fase do ser humano. 263. alguns ainda são. o "animal que possui logos". na filosofia. embora Nietzsche tenha preferido propositalmente o corpo ou a alma (LXV. Ele transcendeu o " liberalismo biológico" da visão corpo-alma-espírito. e o espírito à psicologia ou à lógica. são inadequadamente elucidados e nos tranquilizam com um falso senso de segurança (ST. Os filósofos em geral selecionaram um destes constituintes como o predominante. apenas algo análogo com um código diferente. a metafísica enraíza-se na natureza do homem (XXXI.88 homem e antropologia nossa " realidade fenomênica". ou que se está inteiramente consciente dos objetos. 53) — o que se aproxima da visão . ST. Isto é bastante distinto da antropologia de Kant (K. não de algum tipo de racionalidade (NU. Ao passo que nós possuímos Verhalten. assim como a alma. central para o homem. objeta Heidegger. Não obstante. XXXI. 28. No melhor dos casos. Outros termos. cativados" pêlos objetos circundantes. destituído de sua especial relação com o ser (ST. distribuído entre várias ciências: o corpo à biologia. indiscutivelmente "animal racional". com frequência. a alma (Seele. e todos podem vir a ser animais racionais. que se é uma coisa subjacente e substancial. usando-o para explicar os entes como um todo. mas esta é uma condição insatisfatória na qual perdemos o contato com o ser e com o Da-sein (LXV. 313. 53). Os gregos definiram o homem como zoon logon echon. K. Em latim. 584/niii. O homem é. O seu erro é. Apenas Kant considerou a Einbildung. como em preleções e textos posteriores a ST. Tradicionalmente. (Person difere de Mensch porque implica "responsabilidade por si". lOss). 357s/niv. 25. tais termos. Cf. não porque se removam coações de um tipo tal que o eu representante de si usurpa o papel de paradigma e centro de tudo o que é passível de representação" (NU. Considerando que o homem não é simplesmente mais um animal. 49). Tanto quanto Hegel. não há resposta independente das nossas respostas. Perguntamos "Quem somos nós?". FD. e o que eles são em dado período depende. Se sou ou não um indivíduo. quanto menos ele insiste no ser que acha que é. beira. fixar. limites. 195/niv. ou como um membro da raça humana. linha divisória..] É pela restrição que o homem toma-se o [grego] ego. já envolve uma decisão sobre o quem" (LXV..] Imediatamente torna-se claro que o modo como formulamos nosso tema em questão. fronteira. [. como um alemão. não-grego. 142). O homem "se considera um 'exempto' simplesmente-dado do género 'ser humano'" (LXV. (Não é budismo! Pelo contrário!)" (LXV. nem o corpo nem a alma. De novo. Heidegger aprsciava a Antígona de Sófocles. estes que estão aqui e agora? Onde passa a linha divisória? Ou designamos o 'homem' ['den' Mens-chen] enquanto tal? Mas somente por ser histórico o homem é não-histórico. 61). nem pode saber. 68). mas um povo entre outros povos. definir ele." (LXV. isso também depende de meu relacionamento com o ser: " o si mesmo do homem torna-se um 'eu' particular. uma forma bastante diferente. 93s Cf.horizonte 89 de que o ser de Dasein é uma saída para ela (ST. Para os gregos. mesmo que elas só sejam dadas em nossas ações (LXV. por restrição ao desvelamento circundante. nada do modo como a essência da verdade e do ser e a relação com ambos determina a essência do homem. horas era una "divisa. Damos diferentes explicações do ser e da verdade em diferentes épocas. mas nada é mais extraordinário do que o homem" (11. 35/46: "c eu-ponto de vista é algo moderno e. marcar fronteiras. A resposta que dou à questão de quem sou não se aplicará a todos os homens em todas as épocas. sobretudo a "proje-ção poética do homem" no primeiro coro. estabelecer.. por conseguinte. Designamos nós mesmos como nosso próprio povo? Mas dizendo isso. 42).332s at IM. limite.. [. definição | de uma palavra]". marcar. nem os três juntos. que inclui uma indicação para o 'nós' e para o histórico e absoluto.) "Quanto menos o homem é um ser.] Nós mesmos.. tanto mais ele se aproxima do ser.. prontamente acessível para nós. margem. "dividir ou separar como uma fronteira. a polis estabelecia o paradigma". O que o homem é em um dado período também depende das nossas questões e respostas. são suficientes para compreender a essência fundamental do homem" (NU. 138/niv. 248: a estranha falta de morada do homem o leva a conquistar a terra). NU. 'nós'. horizonte Em gregc. Deu origem a horizein. Kant e o idealismo alemão deram à "consciência de si centrada no eu [ichhafte]. 395/niv. como um professor. 48). uma natureza fixa. 170s)." . que começa: "Muitas são as coisas extraordinárias. de nossas questões e respostas acerca deles. O ser e a verdade não têm. Até mesmo o termo "nós" é problemático: "quem designamos com 'nós'? [. nem o espírito. de maneira que nem a animalidade nem a racionalidade. mas pela sua relação com o ser e a verdade: "A metafísica não sabe. apenas estes entes simplesmente dados. em parte. Posso pensar em mim mesmo como um indivíduo. contudo. que o homem se faz como o que é não pelas sua características intrínsecas. Mas as relações de um homem com os outros homens não são inalteráveis como as de uma espécie animal. 112/123. não somos únicos. 199 sobre o horizonte para o problema da liberdade). via de regra. Uma perspectiva ou um horizonte impõe um "esquema" ao caos subjacente do devir. podendo. não podemos adotar o "horizonte" das ciências naturais e nem o das ciências do espírito. considerando que a transcendência já é intrinsecamente o possível salto por sobre entes possíveis que podem entrar em um mundo. não podemos permanecer dentro dos horizontes do realismo ingénuo ou da moralidade cotidiana. "Nós diríamos o contrário: elas não têm janelas não porque possuem tudo dentro de si. de onde se podem enxergar certos problemas. a esfera do constante que envolve o homem.90 horizonte Ho horiwn (kuklos). 364ss). DASEIN) não precisam de janelas porque possuem tudo dentro delas. Heidegger associa Horiz. cada qual. XXXI. "é um modo originário de temporali-zação da própria temporalidade ecstática que deve tornar possível o projeto ecstático do ser em geral" (ST. 148). Um objeto relaciona-se a outros objetos.] O tempo essencialmente abre e explode dentro de um mundo" (xxvi. Esta fronteira é finita em qualquer período dado. 74ss Cf. descobrindo um horizonte mais amplo (xvil. ou entre as ciências naturais e sociais. estender-se indefinidamente. Husseri fala de (der) Hori-zont ao explicitar a percepção. Mais tarde. Este é o "horizonte externo" do objeto. Horizonte é. que pode estender-se indefinidamente e abarcar a totalidade de mundo. Devemos achar um ponto privilegiado a partir do qual possamos enxergar tanto a natureza quanto a história. Mas o "horizonte. ele é o horizonte para nossa compreensão de ser. não é um muro trancando o . Heidegger dissocia o horizonte da percepção sensorial (XXVI.. O tempo "horizonal" gera o mundo de entes. no entanto. 437). l. mas porque não há nem dentro nem fora — porque a temporalização implica intrinsecamente o acontecimento ecstático da entrada-no-mundo. Isto torna possível um mundo e a entrada de entes neste mundo. Isto também está relacionado com a natureza "horizonal" da própria temporalidade. Assim.e. e 132ss. Como a "constituição existencial-ontológica da totalidade de Dasein está fundada na temporalidade". e estes a outros objetos. já que sempre podemos conceber um ponto de vista que nos possibilite transcender a atual fronteira do nosso conhecimento. 89 sobre o horizonte em Platão e Aristóteles.. ST. Se queremos justificar a moralidade ou a crença no mundo externo. Cf. apenas um aspecto do mesmo. Os "ecstases" do passado. 437).ont à Perspektive de Nietzsche e à sua ideia de que o mundo só pode ser interpretado através das várias perspectivas. e suas respectivas ciências (XX. ST começa e termina com a indicação de que o tempo é "o horizonte (da compreensão) do ser" (ST. era "o horizonte". um "horizonte" e não coisas e acontecimentos definidos. Não percebemos a solidez de um objeto de uma só vez. um ponto privilegiado. 271. [. 7). tornando-o "constante". 646/niii.. "(o círculo) divisório". Devemos encontrar um ponto privilegiado fora deles. presente e futuro são. mas também para a fronteira do conhecimento humano. perguntar e responder questões que lhes são apropriadas. São um campo indefinidamente passível de expansão no qual as coisas e os acontecimentos se localizam. Leibniz disse que as mônadas (i. As percepções potenciais de todos os aspectos do objeto constituem seu "horizonte interno". 269). "Toda perspectiva possui seu horizonte" (NI. Querendo questionar a distinção entre natureza e história. um termo usado não apenas em ótica e astronomia. O aberto é preenchido com uma perspectiva [Aussicht) para o aspecto [Aussehen] do que aparece para a nossa representação como um objeto" (G. a "contréa de encontro". Ignora as implicações célicas do perspectivismo — que não há critério neutro. e a literatura antiga era considerada a única literatura secular significativa. No século X<. Heidegger explora a derivação de Perspektive do latim perspicere. chamaco de Neuhumanismus. livre da escolástica e da autoridade da Igreja. a cultura antiga foi reanimada por Winckelmann e desenvolvida por Lessing. portanto. o título "humanismo" foi adotado por aqueles que rejeitam qualquer crença religiosa transcendente. latim e das culturas. 574/niii. independente para o valor-de-verdade de uma perspectiva. 271/niii. o horizonte é transparente. inserindo as coisas em uma estrutura controlável na qual elas podem ser calculadas e manipuladas (NI. Horiz.humanismo 91 homem. W. insatisfatório para a " serenidade". aponta mais além. para o que não foi fixado. em grande parte. começou anteriormente com Petrarca. Este movimento é. 317s/224s). Schiller. um admirador de Cícero. para o que se torna e pode tomar-se. Herder.ont e Perspektive "são fundados em uma. um estudante de grego. que viam os gregos. 580/niii. O neohumanismo também não era incompatível com o cristianismo. Vemos através do horizonte em direção ao que pode emergir do caos. incompatível com a crença em Deus e a prática do cristianismo. Já Lutero opunha-se ao humanismo porque sua principal preocupação era a salvação das almas e nossa relação com Deus e não o desenvolvimento autónomo da humanidade. que reduz as coisas a objetos: " 'Horizonal' é. o reflorescimento da cultura antiga e uma preocupação primordial com as ocupações humanas. " ver através". contudo. O humanismo. Os alemães estiveram mais bem informados e mais diretamente preocupados com cultura grega do que os hununistas italianos. onde Heidegger insiste que Hõlderlin não era um humanista. a única vida disponível. para o possível" (NI. e recomendam uma preocupação exclusiva com o bem-estar hurrano na vida mundana. Erasmo era tanto um humanista quanto um cristão. apenas o lado virado para nós do espaço aberto que nos envolve. 92. 576/niii. Um horizonte também depende da nossa própria posição e dos entes que ele transcende para servir como alvo da serenidade. "neo-humanismo". assim. . certas fezes. CH. Mais tarde. Humanidade e Antiguidade estavam conectadas. 199). 48/72s). NU. já que ele " pensa o destino da essência do homem mais primordialmente do que este 'humanismo' é capaz de pensar"). para designar "humanista". Esta requer o conceito mais fundamental de Gegend ou Gegnet. Heidegger associa Horiwnt ao pensamento "representacional". Goethe. forma original e essencial do ser do homem (no Da-sein). Na Alemanha. ou seja. Horizont é. que Nietzsche não vê ou pode ver mais do que qualquer metafísica anterior" (NI. 87). 89. 87). 318/225. O humanismo da Renascença não era. humanismo O termo latino humanista surge na Itália. Hõlderlin esforçou-se por conciliar sua devoção a Cristo e aos deuses gregos. Indica que o perspectivismo prefigura a "armação [Gestell]" da tecnologia. von Humboldt e Hõlderlin (cf. CH. no século XV. 37/64). O horizonte é "o lado da Gegnet virado para a nossa re-presentação [Vor-stellen]" (G. 574/niii. com olhos romanos (cf. abre um MUNDO. que se opõe à "essência" ou essentia. A Existem. não com o ser e o especial relacionamento do homem com o ser. e do homem como um ente entre eles. antes de tudo.. localizando a natureza do homem e a salvação.] denota a interpretação filosófica do homem que. e acossando tudo a partir do ponto-de-vis-ta do homem. Ek-sistenz. Não reconhece que o homem não é apenas um ente dentre outros. é anterior à distinção entre "existência" e "essência". Todos estes humanismos concordam em basear sua visão do homem em uma interpretação prévia dos entes como um todo. Para Heidegger. e significa "colocar-se adiante" para dentro da " verdade do ser". faz do homem o ser e a finalidade de tudo" (zw. tendo deixado-o livre para escolher o que poderia tornar-se.) Heidegger responde que o termo "humanismo" pode ser aplicado amplamente. colocando-o no centro do universo. Nada como uma imagem-de-mundo era possível quando o helenismo estava em seu ápice. como ele age. respectivamente. humanis não é nada além de uma antropologia moralestética. ou ao menos de um deus que nos criou para um objetivo e espera certas coisas de nós. Por outro lado. 313/219). Apenas atualmente começamos a compreender com vagar a sua não-verdade. Nietzsche associa humanismo à "antropologia". Beaufret. A filosofia antiga foi comprimida pelo dogmatismo cristão em uma concepção muito definida. perguntou-lhe. que persistiu através da Renascença. mas o ente que. Ek-sistem. subestima seu papel. mas é simplesmente o que ele faz. "Como restituir o sentido da palavra 'humanismo'?" (CH. acredita ele. Por um lado. como o próprio "ser". "Existência" é a existência no sentido da escolástica. entre outras questões. como ele passa a escrever. (Em sua Oração sobre a dignidade do homem. que o homem não possui natureza essencial. o humanismo não liberou a filosofia antiga da "teologia cristã". . Sartre argumenta que "a existência precede a essência".. o homem é a criança mimada que pensa que todos os brinquedos da loja são para ele. na sociedade e na redenção de Cristo. ou os entes como um todo. De acordo com a sua visão. não deve ser confundida com a "existência" de Sartre. na sua explicação e acesso aos entes como um todo. o animal racional. Estão preocupados com os entes. Isto. o admirador francês de Heidegger. já que não apenas os humanistas romanos e renascentistas têm uma visão acerca da natureza do homem. mas também o marxismo e o cristianismo. ou seja. do humanismo e do idealismo alemães. Talvez o primeiro a percebê-lo tenha sido Nietzsche" (XXIX. Sartre simplesmente inverte a ordem destes termos. Por isso o humanismo que corresponde a imagens de mundo pouco poderia avançar. A questão refere-se à preleção de Sartre "O existencialismo é um humanismo" (1946). o homem é o empresário que fundou c sustenta a loja de brinquedos. Quanto mais o mundo aparece como objeto. resistindo à tentação de consumir seus conteúdos. o humanista renascentista Pico delia Mirandola sugere que o primado de existência não exclui totalmente a existência de Deus. mais predominante torna-se o sujeito: "Não é surpresa alguma que o humanismo apareça pela primeira vez onde o mundo torna-se uma imagem. exclui a existência de Deus. o humanismo superestima o papel do homem. Em 1946.92 humanismo Heidegger refere-se apenas ocasionalmente ao "humanismo". de Heidegger ou. Este nome [. Imagina Deus contando para Adão que não lhe atribuiu nenhuma natureza definida. 64). Para o humanismo. 86/133). Em seu sentido histórico [historischen] mais restrito. O prefixo be. embora sem nenhuma significação especial. encontrar". (c) na origem. ora tiradas e depositadas em algum outro lugar. traz a acepção de "achar-se. Ao contrarie de Stimmung. "para mim". Esta palavra deu origem a stimmen. Atualmente significa. "sinto-me doente. Humores são a força envolvente que sobrevêm a nós e às coisas. 134). Há também um uso intransitivo de stimmen como "caber. estar situado. (b)" fixar. "Sinto-me bem". mas atualmente designa "afinar" um instrumento musical." Ocorre frequentemente onde em português se usaria "estar': "ele está em viagem. já que nada em particular é entediante ou estranho. por Heidegger. originalmente (a) "deixar ouvir a voz de alguém.". a resposta requer um advérbio. lit. chegar a saber etc. junto com os entes. "encontrar-se. entediante" ) lunheimlich ("estranho"). idêntico". Stimmung significa "humor". "encontrá-lo em ordem".faz befinden referir-se ao encontro intelectual. enganado etc. (b) abriu caminho para bestimmen. (c) "tornar harmónico.dlich já significou "demonstrável. na medida em que. 2. uma palavra usada frequentemente. p. destinar etc. situar-se etc. ter e estar em um humor. nomear". a mir. é muito acstrato para terum plural. O sujeito é impessoal. "experimentar. eu desapareço como indivíduo distinto. era usada para a mente humana. "para alguém". O reflexivo sich befinden significa estritamente "perceber que se está em um lugar". Heidegger prefere o indefinido einem. ser correio". 89). Vem de Stimme. entonação". estar em sintonia". encontrar-se. mas o é somente para alguém "como um todo" (OQM. Esta locução é normalmente usada para dizer..] Humores não se localizam no sujeito ou nos objetos. achar. Somos. gritar". Esta palavra gera Gestimmtheil e Gestimmtsein. [. incluindo um "humor geral" ou "atmosfera". mas desde o século XVin. O adjetivo befir. Ich befinde mich wohl. 111/101). no caminho para a recuperação. 111/101). " Como você está se sentindo?". "voto". O particípio passado gestimmt significa "de acordo. "determinar.". por exemplo.humor e disposição em que alguém se encontra 93 humor e disposição em que alguém se encontra Heidegger usa três expressões: 1. "voz". sendo o humor geralmente determinado por um advérbio. perceptível". Finden é "cruzar com algo. estar. 134). Também significa "afinação. de ende ou como alguém se encontra. em um certo humor". O sentido (a) gerou o sentido de "dar um voto"." Também significa "avaliar" algo. Nascem no eu ou sujeito não "como luvas que ora são colocadas. quando imerso no tédio intenso ou Angst. combinar. Por isso. como o verbo francês se trouver. sinto frio [mir ist/wird schiecht/kait]". ao mesmo tempo" (xxxix. Heidegger gosta de usar uma construção impessoal similar a " Está chovendo": " O humor revela 'como alguém está e ficará' [wie einem ist und wird. de mau humor". Heidegger forji Befindiichkíit. "O que indicamos ontologkamente com o termo Befindiichkeit é onticamente a coisa mais familiare cotidiana: die Stimmung. 3. Humores não são estados psíquicos ou sentimentos. mergulhando na "indiferença" junto com tudo o mais (OQM. "concordância. das Gestimmtsein" (ST. como em "de bom humor. ..ex. mas pode expressar humores: mir ist/es ist mir langweilig ("chato." É também usada para pergunlar: " Wie befinden sie sich ?". trans-postos [ver-sew] para os humores. que combina as ideias de "estar situado" c de "passar/sentir-se berr ou mal". "como se está e se torna para alguém"]" (ST. localizado etc. revela nosso ser-lan-:ado no mundo. "humor básico". Angústia profunda ou tédio revelam losso ser-lançado. Certos humores. um dnindstimmung. 2. posso envolver-me com os habitantes. por mais longe jue penetrasse no cerne mais íntimo do entesimplesmente-dado. Mas quando tais humores intensos retornam para a sua usual condição subterrânea e se vêem substituídos por humores mais suaves. imerso [ium intenso tédio ou Angst. é aquele que: l. mais do que mir. sobretudo a angústia e o tédio profundo. dissolvo-me como indivíduo distinto. Befindiichkeit afina e sintoniza DASEIN para ser afetado pelas coisas e ser ifetado de certos modos.obrir uma coisa tal como a ameaça" (ST.. [Verweilen bei. É pêlos humores que me torno consciente do mundo ou dos entes como um todo. Somente estando em um humor posso >er afetado de certos modos. mergulhando na 'indiferença" junto com tudo o mais. como um utensílio a ser usado. já que seu objeto não é um ente em particular. nos une "à . Somente estando em um humor é que posso ser "afetado". 82. embora também faça descobertas inacessíveis ao lumor cotidiano. Os humores surgem precisamente como uma fuga deste fato. Para a contemplação sem humor. 2. "para alguém". primeiramente e geralmente no modo do desviar-se evasivo" (ST.. Estas funções 2o realizadas por humores de diferentes tipos. ocado (betroffen.94 humor e disposição em que alguém se encontra Befindiichkeit possui três "aspectos essenciais" (ST. Heidegger usa o indefinido einem. Mas até mesmo tal contemplação possui um humor próprio: "tranquila de-mora. tornando-o possível primeiramente para direcionar alguém para algo em particular" (ST. um reino aberto no qual posso encontrar outras pessoas e coisas. Posteriormente. Eles trazem para junto de mim o fato de que o meu ser está em desacordo. 134). 137). 138). Até mesmo humores cotidianos descobrem o todo sm um certo âmbito. despindo-me dos meus usuais aspectos distintivos. Animais. as coisas e os outros mergulham em uma indiferença uniforme. uma vez que. 137). e nos capacita a responder aos entes dentro do mundo. 261). Ela "descobre Dasein em seu ser-lançado. Um humor mais trivial é necessário para nos afinar às contingências (itidianas. particípio passado de betreffen) por algo. 137): 1. 138). Ao contrário dos afetos e sentimentos que torna possíveis. revelam com peculiar intensidade o puro fato de que eu estou no mundo.]. 136). (OQM. o humor não é um mero icompanhamento do ser-no-mundo. XXIX. ela nivela tudo ao plano do •er-simplesmente-dado uniforme. têm dores. poderia jamais des-. Meus humores cotidianos — eu estou sempre em um humor ou em outro — tendem a obscurecer este fato.. mas não humores (xxxix.. 111/101) 3. Quantidade alguma de "percepção pura. familiares ao mundo que se abre para mim.. um humor que foge do humor mais intenso. O humor descobre o mundo. O humor "sempre já descobriu o ser-no-mundo como um todo.]" (ST. de que eu tenho de Fazer algo de mim mesmo. ocupações e ambientes. "para mim". "nos leva icra fora dos limites dos entes e nos põe em contato com os deuses [. mas não revelam utensílios para o uso ou ameaças contra as quais c defender. No tédio profundo e na angústia. embora sejam perturbados por ocasionais relances "na 'nudez' de que isto é e deve ser" (ST.. O ser-no-mundo é constituído em parte) por uma hierarquia de humor. "pobres áe mundo". nada iparece como manual. é que posso interessar-me wr alguma coisa e algo me importar (ST. 3. filósofos precisam do seu humor: "Todo pensamento essencial precisa que seus pensamentos e proposições sejam extraídos como minério. sempre mais uma vez. Se o humor falha. Como todo Dasein. despindo as coisas de sua significação habitual. 182ss... l lOss/lOOss) — desempenha um papel similar à Epoche de Husseri. 4. 121ss) ou angústia (ST. então tudo é um forçado rumor de conceitos e cascas de palavras" (LXV. "descobre os entes como um todo [. "entrega o nosso Dasein para o ser. moldá-lo e sustentá-lo" (XXXIX. 223). 21). OQM.humor e disposição em que alguém se encontra 95 terra e ao nosso habitat nativo". O humor básico — o tédio (XXXIX. para dele encarregar-se.] como a unidade de um mundo". . do humor básico. Uma das suas mais felizes cunhagens deste tipo é das Man. O que ele é e como ele é. Hm geral. (Cf. [. 8s. (O francês on. eles. como o latim homo. "o nada". igualar-se a eles ou sobrepujálos. para a maioria e em média não sou eu mesmo que sou meu Dasein. Heidegger transforma com frequência um pronome em substantivo. é ninguém: nenhum e ainda assim todos juntos um com o outro. "o quem". Alguém diz. nós. a saber. Por isso o que fazemos e como o fazemos determina-se principalmente pêlos outros — não outros definidos. alguém encarrega-se de algo. eu sou com os outros e os outros também são com os outros. Ele o faz antes de ST: "Na medida em que Dasein é a entidade que eu sou.219: " No decorrer de uma narrativa ou . a Durchschnittlichkeit. a homens e mulheres. Atualmente restringe-se.. ao sexo masculino. determinando-se também como ser-um-com-o-outro. "o quê". que aplica-se a seres humanos de ambos os sexos. podendo ser traduzido por "alguém. lemos. mas os outros. é usado tanto com sentido de singular quanto com sentido de plural. Hoje. significava "algum homem". "se".Namier. " a medianidude". "o impessoal".) A princípio. 17 etc. As possibilidades de meu Dasein encontram-se sob o controle teimoso do impessoal. das Was. "homem". "Alguém me contou..). mas pcnnnncccr na média. depois "qualquer homem". você. Deu origem ao pronome indefinido da terceira pessoa. alguém ouve. Heidegger inicia sua explicação de das Man com a noção de Abstãndigkeit. similarmente desenvolvido a partir de homo. alguém defende algo. " Eles/as pessoas costumavam queimar as bruxas". 126s). Cf. o 'eu sou' torna-se possível em virtude deste nivelamento" (CT. as pessoas" ou por uma expressão impessoal: "Não se faz isso". das Wer. vemos e julgamos a arte e a literatura como o impessoal vê e julga" (ST. "distancialidade": DASEIN mede-se constantemente com os outros. LXIII. mas outros anónimos: " Sentimos prazer e nos divertimos à medida que o impessoal sente prazer. em geral. originalmente aplicava-se.I impessoal Mann. tentando acompanhá-los. etc. Sempre percebemos o que os outros estão fazendo e como eles o estão fazendo. A distancialidade baseia-se em nossa real preocupação. me contaram". não queremos fazer muito pior ou muito melhor do que os outros. acrescentando um artigo definido neutro e colocando a inicial maiúscula: das Nichis. ninguém é si mesmo. man. Na cotidianidade.] Este ninguém que somos nós mesmos vivenciados na cotidianidade é o 'impessoal'. o que o impessoal pensa e faz. Até mesmo quando está absorto no impessoal. Dasein é um ente dotado de peculiar fluidez. 41). 127). não acerca de seu "quê" ou natureza intrínseca: Dasein é demasiadamente multiforme para ter um quê.. nos tempos modernos. sempre meu. Mas a "intrusão e a explicitação do seu domínio é historicamente variável" (ST. não é o seu próprio si mesmo. mas que ele sempre mantém a escolha de optar a partir do impessoal. Distancialidade. Ela nos assegura que temos um mundo compartilhado: "o mundo é sempre já dado primeiramente como o mundo comum [gemeinsame]. Na maior parte das vezes. o normal fornece um ponto além do qual. Assim é como os filósofos representam os problemas quando perguntam pela constituição do mundo intersubjetivo. cada um com seu mundo particular. ele tem seu próprio ser para ser (XX. . a uniformização das distinções. 17). e das Man fornece os recursos para que ele o faça. como no desenvolvimento humano. o ser de Dasein éje meines. mas o Man-seibst. Pode tornar-se seu próprio autêntico si mesmo. na rede. Dizemos: a primeira coisa dada é este mundo comum do impessoal. Nós não começamos como sujeitos individuais.impessoal 97 de uma viagem. O impessoal não é nem uma coisa boa nem uma coisa má. 347). de tal modo que ainda não veio a si mesmo e pode constantemente ser neste mundo sem ter de vir a si mesmo" (XX. já que das Man pode nos fazer pensar que somos indivíduos autênticos quando em realidade ainda estamos sob sua influência: "nós nos esquivamos da 'grande multidão' assim como o impessoal [man] se esquiva" (ST. o "próprio-impessoal" (ST. O impessoal leva embora as escolhas de Dasein e sua responsabilidade pelo que faz e acredita. 129). medianidade e nivelamento constituem a Õffentiichkeit. "O impessoal" é uma resposta para a pergunta de quem ele é. ou sem o qual. 206. Não podemos ser medianos. O fenómeno do impessoal mostra que Dasein não é um eu ou ego no sentido cartesiano. que então deve juntar seus diferentes mundos por um tipo de acordo e arranjo para um mundo comum. está submerso no impessoal. mas pode desenredar-se para lornar-se um eu ou si mesmo individual. 336. A explicação parcial de Heidegger sugere que.ste fenómeno foi longe demais. ao tempo que compartilhamos ou "tempo-do-'eles' (tempo-im-pessoal) ['Man'-Zeit]" (CT. Se é um " si mesmo". 127). Dasein ainda guarda vestígios da capacidade de fazer algumas escolhas (tal como que blusa usar esta noite). mesmo sendo o impessoal. cada unidade torna-se cada vez mais extraordinária". se o que é medianamente esperado está além do alcance da maioria. O impessoal deve-se ao nosso mundo comum. porque (i) algo que «ao pretendia ser uma "contribuição casual à socio- . Quando perguntamos "Quem [Wer]" é Dasein. 339). ao invés de "O que [Was]" é.e. o mundo no qual Dasein submerge.) A medianidade terá Einebnung. Não sou eu que decido para que serve um martelo ou que decido usar roupas em público. Ninguém o faz. Ele abandona esta expressão depois de ST. Isto não significa que. "publicidade" .olher. i. 129). "nivelamento". A publicidade "controla todo modo pelo qual o mundo e Dasein são interpretados" (ST. Nem alguém em particular decide tudo isto. 347. Não é nem sujeito nem mundo: "O ser de Dasein é o ser do 'entre' sujeito e mundo" (XX. ele pode escolher es. É apenas o que se pensa e se faz. estamos perguntando acerca de seu modo de ser corrente ou usual. Precisamos ter cuidado aqui. ST. 98 interpretação e o "como" hermenêutico logia" (CH. [. deitar". 140). nós interpretamos a todo instante. Nós as percebemos diretamente como palavras impressas ou faladas. quando quer que nós interpretemos ou consideremos "como [ais]" isso-e-aquilo ou assim. Ausiegen e Ausiegung vêm de legen. 267) — como a tarefa distintiva das ciências "humanas". (ii) seu interesse desvia-se de Dasein individual para culturas históricas.] É indispensável uma atitude artificial e complexa para se 'ouvir' um 'ruído puro'.. Escutamos o carro rangendo. e dizem literalmente "pousar fora [aus]". 163). mesmo se não as podemos compreender: '"Em primeiro lugar'. é anterior tanto à interpretação sistemática empreendida pelas ciências humanas como às explicações das ciências naturais. A interpretação cotidiana.]. Até mesmo onde o discurso é indistinto ou a linguagem desconhecida. Interpretieren aplica-se a interpretações mais sistemáticas: "A interpretação [Interpretation] fenomenológica deve oferecer para o próprio Dasein a possibilidade [. Enquanto deuten tende "a ser usado com coisas que são consideradas importantes. faz de sua repleta apatia o padrão do que se pode considerar segurança ou insegurança" (XXIX.. faz de seus fracos temores o padrão do que se pode considerar terror e medo [. ausiegen tende "a ser usado para problemas mais prosaicos" (DGS. e são "comuns para obras de arte" (DGS.] de interpretar [ausiegen] a si mesmo" (ST. interpretieren.. e (iii) a autenticidade de Dasein passa a depender mais da sua relação com o ser do que da sua relação com os outros (XLIX. "pousar.. cobrir [p. Erklarung. e a explicação. 2. Ausiegen implica " uma explicação que procede de e apela para a razão ou senso comum". pôr à mostra. Heidegger usa ausiegen muito amplamente. Mannheim. como a tarefa das ciências naturais. pousar. certas vezes. sublimes ou secretas". sugerem "intuição ou uma inferência inspirada baseada em nada além de um sinal" (DGS. Deutung. Não vemos primeiramente marcas pretas não-interpretadas em um fundo branco. nós nunca escutamos ruídos e complexos acústicos. 3. Deuten.. Nietzsche. que "faz dos seus pequenos prazeres o padrão do que se deve considerar alegria [. Estas palavras são usadas informalmente por Heidegger. planejar. Nossa vida cotidiana é permeada de interpretação. considerava todo pensamento e conhecimento como Ausiegung. 163). e não uma multiplicidade de sons" (ST. explicar. interpretar". a "eterna média". nós imediatamente ouvimos palavras ininteligíveis. tnterpretation. Dilthey considerava Ausiegung — a "compreensão sistemática de expressões permanentemente fixas da vida" (CMH. "circun vista". adiantar. De acordo com Heidegger. 32). 66s).. portanto "demonstrar. sem possuir um significado especial. para então interpretá-los como letras impressas ou como discurso. Heidegger foi neste ponto influencia- . são usadas de ambos os modos. Heidegger concorda com Nietzsche. tanto de nós mesmos quanto de outros entes. substituído pelo "homem normal [Normalmensch]". -ação": l. Antes de fazer qualquer ciência. O impessoal é. 163).ex. a motocicleta. apresentar. 150). emprestar [dinheiro]. pelo contrário. um cientista precisa achar o caminho para a biblioteca ou o laboratório e interpretar seus conteúdos como livros ou outro instrumento. 315/221) foi adotado por sociólogos (cf.. ou ouvimos primeiramente puros sons.]. 196ss). das Geisteswissenschaften. 163s Cf. interpretação e o "como" hermenêutico O alemão possui três palavras para "inter-pret. um chão com um tapete].. [. A interpretação é anterior à proposição e. A ubiqüidade da interpretação. Ele possui uma certa concipçao prévia: conceitos tais como poder. conflito. e uma posição prévia que ele compartilha. com Begriff. Eu compreendo o mundo à minha volta. se me falta o conceito de um violino. mas não como um violino. mas considerado por Heidegger de forma literal como " visão prévia". a estrada do próprio Heidegger. para Heidegger.] A interpretação se funda existencialmente na compreensão. cooperação. eu o vejo como isso-e-aquilo e como sendo para algo. O "como" é essencial para DASEIN: "este 'como isso'. Sempre ao lidar com um instrumento .. Interpretar algo como algo não envolve o como (Ais) da proposição. Ausiegung não se distingue agudamente da compreensão (Verstehen).416).. em ST. sendo o seu "desenvolvimento": "Na interpretação. anterior à linguagem. Este 'como' totalmente elementar é [. o como " apofântico". Ausiegung envolve pressuposições. A interpretação não é baseada em uma percepção livre-do-como. 151).interpretação e o "como" hermenêutico 99 do menos por Nietzsche e mais por Dilthey.] O que está à mão de explicita na visão da compreensão" (ST. ST. "conceito". algo como algo. um carro ou uma ponte" (ST. a como b. não implica o ceticismo nietzschiano. com um economista. no máximo. a compreensão geral do ente a ser interpretado e da "totalidade conjuntural [Bewandtnisganzheit]" na qual ele se encontra. circunspecção". eu pouso minha visão sobre o que eu quero interpretar ou sobre o aspecto que quero interpretar. Isto envolve três elementos: l. Não preciso afirmar que este é o caso. 3. Ver algo sem vê-lo como algo é difícil. uma "estrutura prévia [Vor-Struktur]" assim como uma "estrutura-como [Ais-struktur]" (ST. Quando eu focalizo algum ente particular eu o vejo "como uma mesa. 149). ser como tal. associada. Eu também o vejo como sendo para algo: para comer sobre.. Não é básico. Do fato de ser eu quem imediatamente interpreta o discurso como discurso ou um utensílio como um utensílio não decorre que a minha interpretação seja duvidosa ou incorrigível ou que eu esteja criando o sentido do que é interpretado. Esta estrutura prévia aplica-se à interpretação em qualquer nível de sofisticação. 187s. mina a visão de que as interpretações se baseiam ou correspondem a fundamentos não interpretados. a cidade. no alemão comum "prudência. o como da interpretação (XXI. A compreensão é global. 148). a compreensão não nasce da interpretação. mas o como " hermenêutico". A . mas derivativo e "privativo": se eu olho para algo deste modo livre-do-como. Vorsicht. Um sociólogo possui uma extensa compreensão dos seres humanos. [. em grande parte. que em seus trabalhos posteriores trilhou. para entrar em um quarto etc.. Vorgriff. 2. usualmente "antecipação". uma porta. "posição prévia [Vorhabe]". a compreensão se apropria do que compreendo. a interpretação local. para Heidegger. Eu posso ver algo como um apetrecho.. digamos assim. a sala ou o escritório com sua rede de " significação [Bedeutsam-keit]" e "conjuntura [Bewandtnis]".] o que falta aos animais" (XXIX. Todavia. Eu só posso interpretar as coisas em função dos conceitos à minha disposição. eu paro de compreendê-lo numa conjuntura. não natural. A interpretação de um ente torna explícita as suas relações com outros itens no ambiente e com as "possibilidades" em função das quais eu compreendo este ambiente. ele possui uma visão prévia diferente da do economista: ele olha para o comportamento social dos seres humanos e não para o seu comportamento económico. mas literalmente "concepção prévia".. 158). Esse fato. 166). Interpretação física!" (LXV.100 interpretação e o "como" hermenêutico estrutura prévia. Ele pode inventar uma distinção. como 'som'. Uma estrutura prévia pode ser reparada. não a fatos crus: "Até uma descrição já é 'interpretação' ['Ausiegung']. pode ser defectiva. As coisas não possuem Sinn separado da compreensão ou falta de compreensão de Dasein. entre "estado" e "sociedade civil". embora o que se compreenda seja o ente e não o seu Sinn. 151). 153). por exemplo. sem aplicação para a sociedade em questão. "sentido". mas apenas recorrendo a outras interpretações. Isto pode ser corrigido à medida que a pesquisa progride. apenas o Dasein pode ter sentido ou não ter sentido" (ST. . tomada de "fantasias e conceitos populares" ao invés de serem trabalhadas "a partir das coisas elas mesmas [aus den Sachen seibst her]" (ST. como 'tamanho'. O que se compreende possui Sinn. Há interpretações e interpretações. "Desta forma. ou "significado" . Correspondente à compreensão e à Ausiegung é Sínn. algo como 'cor'. especialmente a concepção prévia. Pelo contrário: há jogos porque jogamos". a disposição de cada um. "é um jogador [Mitspieler] no grande jogo [Spiel] da vida" (A. mas um acontecimento livre sempre governado por regras". Jogar não é uma "sequência mecânica de eventos. Nosso jogar desenvolve-se em um jogo. 311). A regra de um jogo não é uma norma fixa que adotamos. Jogar nlo é uma estrutura isolada. com ESPAÇO. se o "ser-um-com-o-outro histórico dos homens" possui a diversidade e variedade de um jogo. É esta a razão pela qual as crianças jogam. 309). algo que nós adultos não mais compreendemos" (XXVll. DASEIN precisa de um Spielraum. 107). o peculiar "encontrar a si mesmo no jogo [Sich-dabei-finden]". disse Kant. estão "mais distantes do que o quadro na parede à nossa frente" (ST. Destarte. O que importa no jogar não é o que realmente se faz. em um sentido metafísico. Prefácio). espaço para mover-se. 3. mover-se vividamente". 2. ou seja. Spielen significa tanto "jogar" como tocar. 3. Heidegger liga Spielraum. 2.Ser-no-mundo é jogar (TRANSCENDÊNCIA) um jogo (o MUNDO). ela varia no decorrer do jogo: "Jogar sempre cria para si mesmo o espaço dentro do qual ele pode formar e isso também sigrifica transformar a si mesmo" (XXVll. contém uma filosofia latente — afinal "a filosofia pertence à essência de Dasein" (xxvn.J jogar e jogos Spiel é próximo de "jogo" no sentido de "recreação". O significado mais antigo sobrevive em Spielraum. liberdade de movimento. "espaço para mover-se. coisas que estão muito próximas. Em ST. As regras formam-se ao longo do jogo.312). envolvendo uma ligação ou comprometimento com o jogo e com a formação. Jogar possui quatro aspectos principais: l. isto é porque o Dasein é essencialmente lúdico (XXVll. à medida que o jogo forma para si mesmo essa unanimidade" . associando-o posteriormente a TEMPO-ESPAÇO forjando Zeit-Spiel-Raum. Jogar é anterior aos jogos: "Nós não jogamos porque há jogos. "dançar. Esta expressão. Portanto. como todo uso linguístico. mas também já significou "dança. 4. literalmente "tempo-jogo-espaço" (ACL. de um modo bastante diferente dos animais: "Talvez uma criança seja uma criança somente por ser. Para encontrar os entes. que pode ou não destacar-se como um sistema de regras. "Um homem do mundo". "Jogar é uma livre formação [Bilden] que sempre possui a sua unanimidade [Einstimmigkeit]. Elas nos ligam com um tipo especial de liberdade. \it. "espaço de jogo". espaço de jogo". Portanto. 310). movimento de dança". Jogar não é um "comportamento" em relação mi . Uma reformulação dos quatro pontos explica isto: l. 214/106).. mas o estado de cada um. como óculos em um nariz. vigência da criança". Isto acontece "no "pre-lúdio". i. transcendência.]" Se "a terra entrará inteiramente no jogo real. Heidegger joga com as palavras. no jogo prévio. 105).] chamamos "jogar" superar os entes.. Neste sentido de ser-no-mundo. segundo as palavras de Heidegger. Entes. Ser-no-mundo já sempre de antemão jogou além [überspielt] e em torno [ums-pielt] dos entes. [. pois as grandes épocas do tempo-do-mundo são um jogo. assim como um jogo não é "jogado em um sujeito" (xxxvn. "o jogar do jogo e o jogo do jogar [das Spielen dês Spieis und Spiel dês Spielensj" são um único e inseparável acontecimento. 4. ['Vor-Spiel'] de um tempo mais rigoroso". oferecida para o reino dos deuses na sucessão das estações e seus festivais". forma em primeiro lugar o espaço (até mesmo no sentido literal) dentro do qual nos deparamos com os entes" (XXVII. 312). como ele prefere. ou. neste jogar. A formação-de-mundo não é um empreendimento individual. e o traduz: "Tempodo-mundo — é uma criança.. mas não apenas isso: "em todo prazer—e não somente no prazer —. movendo pedras de um lado para o outro. jogando.. justamente do modo como.. Sentimos prazer no jogo. árvores tornam-se traves de gol e nós nos tornamos jogadores de futebol. Então os deuses estabelecem-se para o seu jogo (XXXIX. a história "é o grande jogo que os deuses jogam com os povos e um povo. 414). de uma [tal] criança é o domínio [sobre o ser]". uma lata de cerveja torna-se uma bola. mas conjunto.e. em toda disposição de humor encontra-se um tipo de jogo" (XXVll. em nosso jogo. ela deve "ser cultivada para os deuses. Hõlderlin está presente no pensamento de que. "joga com o jogo da linguagem" (XXIX. 316). [. 313).102 jogar e jogos a um "objeto" ou a qualquer outra coisa.. história e o tempo histórico". . são formados pela transcendência. humanos e nãohumanos. Ele cita Heráciito: "O tempo [aion] é uma criança [pais] criando. jogando [paizon] o jogo de pedras. não no . 4).K Kant e o problema da metafísica O segundo livro mais importante de Heidegger. Scheiling e Hegel. mas "como estabelecemos contato com os objetos. Ele foi precedido por preleções no inverno de 1927-8 sobre a Interpretação fenomenológica da crítica da razão pura de Kant. a saber. Kant e o problema da metafísica propõe uma nova interpretação de Kant. hinhildungskraft. Heidegger acreditava que Kant não era um epistemólogo. cujo objetivo era explorar as fundações do nosso conhecimento. Kant e o problema da metafísica [K]. Heidegger desafiou o postulado central da escola filosófica dominante na época. o mundo. a imortalidade e a liberdade. 32ss). em 1781. O principal interesse de Kant não é a epistemologia. onde interpretou Kant com o espírito da própria convicção de Kant de que a "ideia [Idee]" de uma filosofia pode não estar inteiramente expressa. não racional. de modo que deveríamos compreender um filósofo melhor do que ele mesmo se compreendeu (XXV. não com a epistemologia. 10. 66). Kant postuia três faculdades: sensibilidade. especialmente das ciências. (Heidegger acrescenta que isto se aplica também ao intérprete. que difere tanto do idealismo alemão quanto do neokantismo. Hume estremeceu a sua confiança na vinhiliditde. em 1787. podendo ser compreendido melhor do que ele mesmo se compreendeu (xxv.) Nessa época. compreensão e imaginação. Na segunda edição. c sobretudo a "especial" lida da metafísica com Deus. 2s Cf. como nos transcendemos e entramos no mundo. a "raiz" das outras duas. Mas ele nunca é um simples fazedor. O homem é finito. o neokantismo. Ele não é um idealista subjetivo. que Kant era um epistemólogo. Os neokantianos rejeitaram o desenvolvimento do kantia-nismo empreendido pêlos idealistas alemães no início do século XIX. assim. que tenderam a considerar o homem como infinito e. Ele faz as coisas e faz e refaz a si mesmo. capaz de conhecer as mais íntimas profundezas de Deus. do mundo e da alma. Kant está preocupado com a natureza do homem. Ele depende de entes diferentes de si mesmo.ilïsica. Kant recolheu e restituiu a razão à sua posição tradicional. Seu problema não é "corno os objetos vêm a ser". como Fichte. O homem é primordialmente um ser imaginativo. Na primeira edição da CRP. Com isto. foi publicado em 1929. que é também "finito"." Heidegger expulsa a razão e a lógica do espaço central que Hegel lhes atribuiu. e em sua situação histórica específica. mas um ontologista e um metafísico (XXV. XXIV. ele sempre molda o que já está disponível no mundo e em si mesmo. mas a mct. que influenciou fortemente seu pensamento inicial. de certo modo. Mas isto envolve o estabelecimento das fundações da metafísica "geral". a explícita explicação do ser ou da síntese transcendental dada pelo filósofo. religião — são tão importantes quanto as ciências. e não Deus ou a imortalidade que se localiza neste mundo como nossa existência humana (cf. À ênfase de Heidegger na finitude. embora as tornem possível. mas que traz os objetos à existência. liberdade e imortalidade. e que a matemática. Ambas são distintas das questões "ônti-cas" levantadas nas ciências e na vida cotidiana. que considera a natureza dos entes enquanto tais. uma "compreensão do ser" (Heidegger) ou uma "síntese transcendental" (Kant) da qual raramente estamos explicitamente conscientes. nosso primitivo senso de direção. O Kant de Heidegger não é um idealista. Cassirer lida com o conteúdo da moralidade. portanto. "Formas simbólicas" — linguagem. por serem profundas suas diferenças filosóficas. depende de nosso tipo de sensibilidade especial. Um ser infinito não precisa de pensamento. nosso conhecimento é finito. Ao contrário de um Deus atemporal e onisciente. XXXI. 139ss). uma intuição que não é recebida dos objetos. As coisas em si mesmas e as aparências acessíveis a nós são o mesmo. para Kant. Apenas entes finitos. Heidegger elimina este espaço de outro mundo. Kant reservou as coisas não reconhecíveis em si mesmas postuladas pela razão teórica como um espaço vazio no qual a fé ou a razão prática poderiam localizar Deus. Por isso tentou estabelecer as fundações da metafísica. na Suíça. Mas Heidegger esquece a metafísica especial. ele não duvida de que estas metafísicas revelem o mundo como ele realmente é. Nossas categorias variam ao longo da história. A ontologia ocupa a primeira parte da CRP. a "Analítica Transcendental". muito diferentes da sua aparência. precisam da metafísica. Disto não se segue que o mundo ou as cidades sejam. da metafísica. assim como precisamos de um senso de direção para encontrar nosso caminho nas cidades. Cassirer era um neokantiano com uma mistura de hegelianismo. Kant formula a ideia de um ser infinito. E portanto a liberdade. A metafísica pode ser de dois tipos: l. infinito. os objetos. não sendo. Heidegger debateu sua interpretação de Kant com Cassirer. portanto. metafísica "pré-ontológica". mito. Em março de 1929. Precisamos de um sentido de ser para encontrar nosso caminho no mundo. arte. precisamos de tempo é de um "esquematismo" para conectar nossas intuições temporais aos nossos conceitos. Cassirer e Heidegger estão frequentemente em conflito. que nos possibilita experimentar os objetos. sustentou ele. ou ontologia. Nós nos ocupamos com aparências porque não possuímos intuição infinita das coisas. à maneira de Deus. devemos pensar com a finalidade de transcender e começar a ultrapassar. cujo conhecimento é uma "intuição originária". a metafísica ontológica.104 Kant e o problema da metafísica valor. O homem é. Heidegger . Cassirer está interessado no "espírito objetivo" ou na cultura (nossos mapas). ele objeta que a ética kantiana. em Davos. não precisa. ou possam ser. cuja finitude lhes constitui um tema. Heidegger replica que só necessitamos de leis morais porque somos finitos. assim como o faz o nosso conhecimento das verdades eternas tais como a matemática. Heidegger na existência ou DASEIN. 2. mais eterna do que nossa compreensão do ser. revela a infinitude do homem. que se aplica a todos os "entes racionais" e não apenas aos homens. Como as preocupações primordiais de Kant podem ser tanto com o homem quanto com a metafísica? Para dizer que o homem é finito. quando ascende a formas simbólicas. da metafísica. enquanto Cassirer pretende descrever nossa liberdade e nossa cultura. Por todos os seus erros — ele não explora Dasein (XXXI.Kant e o problema da metafísica 105 com o modo como precisamos ser para que a moralidade nos domine. mas assim como os gregos ele dá prioridade ao pensamento" (LXV. etc. Heidegger frequentemente retorna a Kant e o problema da metafísica e a Kant (FD. 254). Cassirer (como Pelágio) dá por cena a nossa liberdade. embora seja histórica [geschichtlich]. Desta forma. 'historiografi-camente' ['historisch'] incorreta. 253). 41 ss). relacionada unicamente à preparação de um pensamento futuro. Em Kant e o problema da metafísica. "uma violência interpretativa foi aplicada a Kant sob a influência de uma concepção mais original do projeto transcendental em sua unicidade. i. Esta interpretação de Kant é. 157) nem pergunta o que é o ser (XXXI. sem dúvida. Kant é o único "desde os gregos a trazer a interpretação da entidade (ousia) para uma certa relação com o 'tempo'. —.e.. . a ênfase na imaginação transcendental. 203). Heidegger visa a promover nossa liberação. uma indicação histórica para algo bastante diferente" (LXV. Heidegger (como Agostinho) considera a liberdade como árdua e imperfeitamente realizada. ligar-se a. a capacidade para o bem e para o mal. Ao ter acesso à beleza das pinturas. O obrigatório não me é imposto externamente. espaço para (livre) jogo". a liberdade negativa é sem sentido. 384. Se eu sou livre para adorar a Deus. embora responda à obrigatoriedade do objeto. não estou compelido a pensar. 493ss) onde posso coletar meus pensamentos e considerar meu juízo. Meu juízo é livre. XXVI. .. Mas deve haver coisas que preciso fazer. independência de qualquer ente particular. 117/97. não determinado ou compelido por Deus para adorálo (XXXI. seja por minha própria escolha que devo fazê-las.. 4.. 5. Liberdade de movimento. estou livre. 11/9)..L liberdade O homem é essencialmente livre: "A liberdade não é uma propriedade [Eigenschaft. 2. libertação. Recorro a padrões de acesso e a memórias de outras pinturas. em sua maioria. Apenas 2. ou a dizer. dominação da sensualidade (liberdade inautêntica). em última instância. lit. como um animal. 'qualidade'] do homem. liberdade da indiferença (s. Por outro lado. 123/102).. embora obrigado. (compulsão etc. preciso estar livre de Deus.). xxix. 3 e 5 são de muita importância para ele. se estiver motivado a fazer o que quer que seja — mesmo que. a não ser que eu também esteja livre para várias coisas. o homem é a propriedade [Eigentum. libertar-se de. liberdade para. Heidegger distingue sete variedades de liberdade: l. 247). determinação de si a partir da lei de sua própria essência (liberdade autêntica). "espaço de jogo. A liberdade é negativa — libertar-se de . não fico. a habilidade de transformar a si mesmo.. livre para me desviar de Deus. 248. no que diz respeito a qualquer das possibilidades que me confrontam: "Apenas porque [Dasein] supera os enles como um lodo é que ele pode conduzir-se pela escolha deste ou daquele ente dentro do reino dos entes. Não coisas aleatórias: a liberdade envolve o "obrigatório" (das Verbindiiche) ou "o que liga" (Bindung) (XXVI. 6... 294. que uma dada pintura é bela. 106/88. 7. 6s). por ela "ofuscado" (benommen). 3. 'possessão'] da liberdade" (s. A liberdade e a obrigação não têm relação apenas com o prático. Não há valores ou leis independentemente de nós mesmos: a liberdade prática é a legislação de si (XXXI. 296). a extensão das alternativas aqui já foi.. Tenho uma liberdade de movimento ou campo de ação (Spielraum. não fico paralisado pela pintura diante de mim. e positiva — liberdade para . é assegurada por minha TRANSCENDÊNCIA dos entes para o MUNDO ou para os entes como um todo. Similarmente.. Será que meu juízo (ou outra ação) não possui determinantes causais? Ou é a liberdade. o pensamento. Perguntamos "Por quê?" à medida que transcendemos ao mundo (XXIX. Como podemos ser responsáveis por esta liberdade? Não podemos. Nós só perguntamos por que algo aconteceu. "Liberdade" é urra daquelas "palavras básicas" (Grundworte) cujo significado varia ao longo da histó-ia (NI. não o homem ou Dasein. uma liberdade que consiste em "deixar os entes serem" (EV. 143s). uma possibilitando que eu transcenda. Portanto: "A causalidade é fundada na liberdade" (XXXI. Nem há duas liberdades contemporâneas. 401/nii. Há aqui duas liberdades. A conexão de liberdade com liberdade cê movimento. Ele o assimila a um ente natural. Mas apenas dentro de certos limites. já que é o próprio ser (ou ainda o "ser"). 232/192). 168s/ni. 303). uma pessoa ou DASEIN. 23). DADOS" Na década de 1920. não causado ou fundado. não há milieu em si mesmo" (NI. Este é um modo equivocado de considerar um homem. permitindo-me a liberdade de movimento. As possibilidades são mais significativas aqui do que a atualidade. Se algo poderia ter sido de outro modo. não se responde apropriadamente às perguntas "O que eu devo fazer?" e nem "Por que eu fiz/ele fez isso?". Em meados da década de 1930. como Kant supôs. um tipo especial de causa inteligível? A liberdade não é uma espécie de causa. é claro. a outra garantida-pela minha transcendência? Não há duas liberdades sucessivas: Dasein não transcende em um tempo específico. 273/nii. isso depende não apenas de si mesmo. "O milieu sozinho não explica nada. 185ss/124ss). Se deixo os entes serem.liberdade 107 decidida com a existência táctica de cada Dasein.) ou como "efetivos" (NI. Portanto: "A essência da verdade é a liberdade". mas a condição de todo fundamento e causa. É uma força interna. Considerar os entes em termos de causa e efeito é considerá-los como "SERES-SIMPLESMENTE(xxxi. o que é exigido de . ela perde este papel. A visão de Kant de que a causalidade inteligível da liberdade é paralela mas independente da causa natural levanta o problema adicional de explicar como o homem pode unir ambos os tipos de causalidade (xxxi. mas dos acontecimentos dentro do mundo mais amplo ao qual ele pertence. nós escolhemos nosso meio ambiente e a sua interpretação. não nosso nilieit. 2. 163 etc. obrigatoriedade c responsabilidade (XXXI. eles me deixam ser. nem compete com causas naturais ou psicológicas. 295s). Mas o conteúdo da liberdade. a liberdade desempenha um papel central na formação do mundo. 306s). mas uma liberdade cercando a si mesma: o lançador do PROJETO é LANÇADO em seu próprio lance. Mas o ser ainda precisa do homem para manter os entes na sua VERDADE ou desvelamento. Dentro desta esfera já decidida está. 138 etc. 528). Ela é simplesmente um " fato" (xxxi.). qual é a sua RAZÃO ou causa. Isto por duas razões: 1. que nos conduz. a liberdade de movimento" (xxvn. se pensamos que ele poderia ter sido de outro modo. ele "já sempre" (immer schon) transcendeu. Transcendemos ao mundo na liberdade. 301). Em termos de causalidade. que inicia um mundo (s. 262) permantce constante. esta mudança como um alargamento da liberdade. a linguagem não diretamente da FALA. 275). 373. que passa adiante o que diz o IMPESSOAL — p. que já significou "responder. mas de Gerede. Descartes e sua geração nos liberaram desta obrigação." Todas as três palavras formam compostos. 365). escolhe o obrigatório e a ele se ata" (NII. 143/niv. 151/51s). localizando a liberdade no "livre desdobramento de si de todas as capacidades criativas do homem" (NII. "'nihil'. nós "nos submetemos ao apelo [Anspruch] da linguagem [Sprache]". um "dito. Indagador: Tal correspondência do modo de dizer só poderia ser um diálogo [Gesprâch]" (ACL. 337/niv. tanto pronunciando. agora significa " linguagem". A . Ela é simplesmente a substituição de um tipo de liberdade por outro. enraizada na visão moderna antropocêntrica da liberdade e incapaz de deixar os entes serem. dizer que Rembrandt tem grande valor — sem nenhuma experiência própria. 97). 161).e. estabelecendo novas necessidades e obrigações.. Sprache. Japonês: Então tudo dependeria de alcançar um modo de dizer a linguagem que lhe corresponda [entsprechendes. Um substantivo derivado. Heidegger deriva. linguagem e falatório "Falar" é sprechen. Ela é. 275). Heidegger não considera. nada. Por vezes.. tanto ao dizer sim quanto ao dizer não. Mas. e não é mais livre do que os outros animais. "Japonês: Como o senhor apresentaria a relação hermenêutica agora? Indagador: Inabalavelmente tentaria evitar tanto apresentar a linguagem quanto falar sobre a linguagem. 98.ex. 143/niv. 97s). Pois "toda linguagem tem cia própria o modo de ser de Dasein. sendo o fato de a interpretação (que é justamente o que a linguagem é) ser falada [Gesprochenheit] o que possui a sua aurora e declínio". "Há linguagem apenas porque há fala [Rede] (XX. XXI. varia. de entspre-chen. 152). uma nova concepção de liberdade" (NII. reagir" ]. 200).] Toda linguagem é — assim como o próprio Dasein — histórica'em seu ser" (XX. significa "o que é dito". que já significou o processo ou capacidade de " falar". "o homem legisla a si mesmo. que não mais transcende ao mundo. veredito etc. Ao contrário da fala na presença daquilo sobre o que se fala. 133/niv. portanto.. Ao discutir sobre Nietzsche e o niilismo. o falatório precisa ser falado: "O endurecimento da interpretação [Ausgelegheit] passa por uma intensificação na qual a fala comunicada é sempre enunciada [ausgesprochen]. que Heidegger explora: "A convivência é discursiva. como Hegel. subverterá a liberdade pela redução do homem ao "animal tecnificado [technisierte]" (LXV. 89). Mas também é possível que a tecnologia possa acomodar-se em uma nova e radical "fundamentação do Da-sein" e.108 linguagem e falatório alguém se ele deve ser livre. i. Outro substantivo. sobretudo. Spruch. na palavra 'niilismo'" (NII. da liberdade (LXV. [. Cf.. e ainda 'emitindo proposições' ou fazendo 'discursos' []" (ST. Mas agora a obrigação é explicitamente concebida como estabelecida pelo próprio homem: na terminologia de Kant. Será que estas mudanças continuarão para sempre? Heidegger considera a possibilidade de que a tecnologia. O que era exigido na época medieval era a livre aceitação da fé cristã em função da salvação eterna. recuperando ou propiciando. tanto provocando quanto avisando. cf." falatório". no entanto. "toda liberação genuína não é apenas uma fuga dos grilhões e uma irradiação de vínculos. Liberação da velha liberdade é liberação para uma nova liberdade. e pertence inicialmente ao Impessoal. 503). Já que a sua relação com o homem é tão íntima. continua a mudar historicamente. Heidegger já não está mais certo do modo de ser da linguagem: "Será a linguagem um instrumento à mão dentro do mundo? Terá ela o modo de ser de Dasein. Já que a linguagem possui "o modo de ser de Dasein". alma e espírito. 374). já que não pertence a um DASEIN particular. ou nem um outro? De que modo é o ser da linguagem para que ela possa estar 'morta' [] Será um acaso que os significados sejam. ST deriva a linguagem diretamente da fala. Mas se textos em latim podem estar vivos para nós hoje. mas pode ainda estar "viva" como fala e interpretação: "A 'morte' da linguagem não exclui a 'vitalidade' da fala e a descoberta que lhe pertence. 167ss. Ela parece flutuar livremente. Uma linguagem morta já não cresce como "fato de ser falada". prelineados pela significância do mundo e até mesmo. Por isso as visões da linguagem variam com a concepção de 'animal racional" e da conexão do mundo com os entes. exatamente como Dasein morto pode historicamente estar vivo. 166. " vivenciar". A linguagem é frequentemente considerada como uma posse.344). do mesmo modo a linguagem possui corpo (a palavra audível). O latim condiz com a Igreja católica: ele preserva seus dogmas inalterados. por uma maestria com as palavras ou por uma nova compreensão do seu assunto. O falatório aparece como uma fase da DECADÊNCIA. Uma linguagem viva. as palavras latinas não mudarão seus significados no sentido em que as palavras podem mudar nas línguas vivas. Cf. não como um prelúdio para a linguagem (ST. 'espaciais'?" (ST. Até mesmo palavras adequadas e originais estão propensas à degradação pelo falatório. Paru fa/. em sua maioria. um utensílio ou uma obra do homem. da revelação original dos entes como um todo. A linguagem está essencialmente relacionada aos entes e ao homem. de uma palavra) e espírito (o pensamento ou conteúdo representado). Heidegger brinca com a ideia de que a linguagem possui o modo de ser de Dasein ou do homem. de início e na maior parte das vezes 'mundanos'. isto é. XX. Não possuímos uma linguagem na mesma imensidade em que a linguagem nos possui (XXXIX. não do falatório. tom etc. onde Gerede aparece de novo. a linguagem é até mesmo tomada como um símbolo do homem: assim como o homem possui corpo. tendo sido depois suplantadas pela "ambiguidade [Fragwürdigkeit] de existência" e "decisão": "Slogans e frases de efeito são indicações de falatório. "vivência". uma linguagem pode estar "morta". Assim. Mas nós não temos de falar somente como o Impessoal fala. Uma pessoa pode. mas eventualmente a rejeita. A poesia em particular pode contudo protegê-las contra essa degradação. 376ss.cr jus à qucslilo do modo de ser da linguagem. o foco nos entes à custa do ser. XX. desta vez como uma fase da decadência). Precisamos "discernira origem da linguagem da essencialização do próprio ser" (LXV. Mas esse entendimento origina-se da metafísica. tornaram-se comuns antes da Primeira Guerra Mundial. Heidcgger deveria ler .cf. apropriar-se da linguagem de modo original. um modo de ser de Dasein no Impessoal" (XX.linguagem e falatório 109 linguagem não é uma coisa livre-flutuante que todos compartilhamos. erieben. 23). em um sentido forte. 375). Posteriormente. alma (o humor. talvez muito mais genuinamente do que na época em que realmente estava aqui" (XX. e Eriebnis. pelo contrário. como as palavras fundamentais da linguagem de alguém estão mais intimamente conectadas com esta pessoa e com a sua identidade do que qualquer instrumento. enquanto partes menos familiares da linguagem de alguém são usadas mais como instrumentos com fins a trabalhos específicos.110 linguagem e falatório considerado: l.. declínio e morte de uma linguagem se compara aos de uma pessoa e também à produção e invenção de um utensílio e o seu esgotamento ou obsolescência. . 2. como o nascimento. dos entes" (XXIX. Heidegger aprovava de início a metafísica. que estuda os entes. mas aquele que questiona como um indivíduo. Lê. 34s. Ao contrário da ciência. objeto da física. Por isso " metafísica" passou a significar "ir além das coisas físicas. É similar à TRANSCENDÊNCIA. XXXI. . exceto pelo fato de a metafísica ser primordialmente uma especialidade do filósofo. 209/niv. 210. Heidegger considera a metafísica" como equivalente à "ONTOLOGIA" (XXIX. 348/niii. ele frequentemente a designa de "ontoteologia" (XXXÍI. O "meta" em "metafísica" significava originalmente "depois".. Deus ou o motor imóvel. 59ss). 14 cie." além". que Heidegger invariavelmente critica. assim.e. naturais. 103/93s) ou a filosofia envolve "surpreendendo" não simplesmente o homem em geral. 321. i. 140ss. 103/93. que persiste desde Aristóteles até Hegel. e com a ciência. niv. Como " ontologia". atribuída pêlos editores de Aristóteles à obra em que trata da "primeira filosofia". e o fato de que a reflexão acerca do ser mais elevado ilumina todo o resto. a metafísica ultra passa qualquer ente particular ou domínio de entes alcançando os entes como um todo. Ela surpreende íiqucle que questiona porque. os aspectos comuns a todos entes [ta onta] (tal como o fato de que nenhum ente pode ser e não ser ao mesmo tempo) e 2. mas logo passou a significar" através de". 241. NU. 373s/275f. a liberdade sem levantar toda a esfera de questões metafísicas. por exemplo. a metafísica contrasta com " epistemologia" (Erkenntnistheorie). argumenta Heidegger. Ela é equivalente à " (boa) filosofia". ele é um ente em meio aos entes e implicitamente transcende aos entescomo um todo: "A metafísica é o acontecimento básico de Dasein" (OQM. 50ss/54ss). 120/109).. não sendo. ID. Ela se preocupa com o todo (OQM. mas não o SER (ou o NADA).metafísica " Metafísica" vem de uma expressão grega que significa " as coisas depois [meta] da física". indo à sua raiz (XXXI. Dentre as razões de Aristóteles para localizar Deus na primeira filosofia estão o fato de que Deus não se move ou muda. 154s). a natureza do ser primordial ou mais elevado. o MUNDO e o próprio ser. que o próprio Heidegger faz. como todo Dasein. 2. não algo que todo DASEIN realize." ultra". 131). Mas devido à sua associação com Deus.NlI. Uma questão metafísica ou filosófica possui dois aspectos distintivos: l. EWM. Aquele que questiom está envolvido na questão (OQM.): não podemos considerar. 73. A primeira filosofia deveria estudar: l. ainda defende a metafísica. no inverno de 1936-37. ela pode apenas nos levar mais longe na mesma direção. 10). precisamos ir além da metafísica (LXV. . Ni. como o homem toma e dá a "medida [Mass]" para a verdade dos entes. a "metafísica ocidental" permanece dentro dos limites do amplo significado de "ser" estabelecido pêlos gregos: permanêncic^eviGÊNClA. interpretando-os alternadamente como espírito. postula um mundo transcendente. A metafísica orienta-se por quatro questões principais: l. Cf. uma hostilidade à metafísica: Nietzsche representa o "fim da metafísica ocidental" e precisamos ingressar numa outra "questão inteiramente diferente. ela não compreende a sua própria essência: para compreender a metafísica. "Metafísica" possui um novo significado que depende do aprofundamento feito por Heidegger da DIFERENÇA ontológica. O ser é. sua interpretação dos entes é antropomórfica (NI. 12/niii. vontade. 258/nii. a filosofia tradicional desde Aristóteles. 166. QS. a luz que possibilita para a metafísica a visão dos entes como entes (EWM. Indica. Muitas vezes. a essência da verdade dos entes. no entanto. Heidegger dificilmente sugere que a pergunta "O que são os entes?" excede a capacidade dos homens. baseado em preleções de 1935. Mas ela não vai tão longe a ponto de perguntar acerca do ser. 92). 50). a natureza do homem. 376ss/nii. O aspecto central da história moderna. 203ss/niv. ou espalha. 362/265.. precisamos examinar a história do "ser". Para dar uma resposta a "O que são os entes?" que não seja historicamente insuficiente e desatenta. 2. 356ss. devir e vida. representação. 184ss. um ente finito entre os entes. 19/ni. NU. é impraticável.ex. Um retorno para uma fase anterior. questão da verdade do ser" (NI. 174). energeia (Aristóteles) ou eterno retorno do mesmo (Nietzsche) (EWM. sujeito. 628/niii. Precisamos tentar o que Nietzsche não conseguiu alcançar: a "superação" da metafísica (NU. supra-sensível (NI. A metafísica não pode acabar com a nossa dificuldade. Palavras básicas tais como "ser" mudam seu significado ao longo da história. tal como o tomismo. tem origem. na metafísica. 361/265). Muitas vezes. 274/nïïi72Õ2. e também ineficaz. a TECNOLOGIA que engole a terra e ameaça o mundo e Dasein. 98ss. o ser dos entes 3. Ela é "o solo da história ocidental" ("NII. 137. 92. frequentemente que o ser é muito diverso para permitir uma só resposta à questão. 115ss).. Por que deveríamos perguntar acerca do ser? Por diversas razões: l. 343/niv. Cf. na interpretação da natureza como rés extensa de Descartes e à posição central atribuída ao sujeito e às suas representações (NII. coloca a "questão orientadora". de modo a perguntar o que são os entes como um todo? 3. p. 133). i. Já que a metafísica não olha para a própria luz. 4. matéria e força. mais benigna da metafísica. 150ss). substância. A metafísica. A metafísica_nao é simplesmente diversão para uma elite desocupada. 205). Suas primeiras preleções sobre Nietzsche. ela é uma força'impessoal que os conquista (NII. 2. 448ss/nii. o que são os entes enquanto tais? mas não a "questão fundamental".112 metafísica IM.136s. 116ss). já que qualquer fase anterior da metafísica tem uma tendência à malignidade: a metafísica não controla os pensadores individuais. indicam. 530/niii. se (como Heidegger supõe que Descartes sustentou) o que é depende unicamente daquilo do qual o homem pode estar certo (NU. 190s. transcende os entes. porém. 4. e que uma questão prévia decisiva é: Como o homem. o que é (a verdade do) ser? A metafísica vai "além" dos entes para os entes como um todo (Ni. 165ss/niv. Por toda a sua diversidade.e. em última instância. SM). 343/niv. vorhanden. em direção das mãos. " manualidade". " ser-simplesmente-dado". modos de ser: o manual e o ser-simplesmente-dado DASEIN tende a tratar de todas as entidades — e também náo-entidades tais como o espaço. e implicitamente reconhecemos que há. utensílio(s)". -heit. Não podemos fazer isto enquanto "o homem permanecer sendo o animal rationale. Mas artefatos podem ser considerados simplesmente como vorhanden. lixo". o que é vorhanden é um ente natural e não um artefato. Precisamos tentar voltar ao FUNDO da metafísica. Só assim pode-se efetuar uma "transformação da essência do homem" e. aplicando-^ a coisas que servem aos propósitos humanos de algum modo: artigos de uso. 68). —heit. à mão". o tempo e o próprio ser — como se fossem entes. 363/267). Mais uma vez. Especialmente por também significar "existência". "compresença". à mão". "para. "instrumento de escrever". não para pessoas. 205). não o vemos primeiramente apenas como vorhanden e depois os . Vorhandensein tornou-se o "conceito mediano de ser" (XXI V. coisas que possuem o caráter de Um-zu. Ele a utiliza. porém. Heidegger dá vida nova à palavra. uma palavra comum. "instrumento para os pés" etc. seu modo de ser é Zuhandensein. passou a significar "troço. como vorhanden. material etc. lit. nem o são os artigos de uso ou "instrumentos". Schuh-zeug. que é ó solo do real NIILISMO . mas à metafísica como tal (NII. e entes naturais podem não ser vorhanden. 32). ela é usada para coisas. Mais tarde. Zuhandenheit é anterior a Vorhandensein: aquilo com que nós em primeiro lugar e imediatamente nos copáramos sãocoisas de uso mais do que coisas neutras. instrumento. o " a-fim-de" (ST. O modo de ser de outros povos é Mi'dasein. E usada em frases como "em consideraçío a [zuhanden] tal e tal" . " diante das mãos. e Vorhandenheit não é o modo primário de ser. Tipicamente. com mais frequência para um modo de ser particular. 86ss). 44). repousando de maneira neutra em si mesmas. mas agora " (estar) aí. Zuhanden. uma "transformação da metafísica" (EWM. disponível". pois assim ele será sempre o animal metaphysi-cum". matérias-primas. para coisas que encontramos. Apenas coisas não-humanas são zuhanden. presente. exatamente da mesma maneira (XXXI. Quando vemos um Zeug. Zeug já significou "meios. quando deles fazemos uso. lit. no entanto. Seu sentido anterior sobrevive em compostos: Schreibzeug. Heidegger fala mais de "sustentação" da metafísica (Verwindung) do que de "superação" (Überwindung) (SF. Heidegger frequentemente usa Vorhandensein. portanto. Heidegger extrai Zeug de tais compostos e recupera seu sentido mais antigo de "material. Seinsartfen)). Zeug. não é atualmente. Essa expressão vem de uma palavra comum. "Dasein-com". trilhas etc. Mas nem tudo é vorhanden." Desde o século XVIII. diferentes maneiras ou modos de ser (Seinsweise(n). Um modo de ser é Vorhandenheit ou Vorhandensein. no sentido da "existência" de algo (XXIV. Reconhecemos que as coisas diferem não apenas no que (was) são mas também em como (wie) elas são. 30). Nossa única esperança é a superação da metafísica. Zeug é whanden. O próprio Dasein não é vorhanden. sobretudo quando se quebram e ficam fora de uso. Isso não diz simplesmente respeito à metafísica da vontade (de poder). Mas há. especialmente quando discute as visões de outros.modos de ser: o manual e o ser-simplesmente-dado 113 188). equipamentos. instrumentos particulares são enfocados à medida que se tornam necessários. Dasein pode estar em um mundo. não apenas como um papel marcado com tinta preta (cf. Uma ideia similar é expressada por bewenden e Bewandtnis. "isto possui sua própria conjuntura. é difícil. " virar". o Umwelt. nós o vemos como um livro em uma língua desconhecida. mas descubro que não posso usá-los porque meus pregos acabaram. 77s). "importuno" e inoportuno. Um deles é Verweisung: "Na estrutura do 'a-fim-de' encontra-se uma referência [verweisung] de algo a algo" (ST. em algumas preleções analisa as afinidades e diferenças entre Zeug. Ele pode assim "deixar as coisas serem" (XXVII. exceto o caso excepcional de descobrir um uso para um objeto até então neutro. mas são atual-mente usadas somente em expressões tais como: es dobei bewenden lassen. "inflexível". 68s). 563/niii. Ele não precisa focalizar cada um deles e depois juntá-los como um quebra-cabeça. por exemplo. enquanto a madeira e o martelo são vistos meramente como vorhanden (ST. Em consequência. Aquilo de que estamos conscientes primeiramente é o lugar de trabalho. das hat seine eigene Bewandtnis. mostrar como o que é visto primeiramente como vorhanden poderia passar a ser visto como whanden. Nenhum utensílio é auto-suficiente. de verweisen. insiste ele. entes individuais podem permanecer inoportunos. 73).114 modos de ser: o manual e o ser-simplesmente-dado interpretamos como. relegar". Ni. ao contrário do mero Vorhandenes. tenho madeira e martelo.e. O martelo transfere a responsabilidade: ele se refere a pregos. "referir.. um livro para ler. Zeugganz. 68). 44). Devido à Verweisung. Zeug. expelir. Se. depois ao Welt. ou "conexão" (Zusammenhang). ou ainda quando se torna necessário e imprescindível para o nosso objetivo e.heit. Entretanto. 81 n. Vorhandenheit é um "modo deficiente" de Zuhandenheit (ST. deixá-lo como está". Podemos sugerir como o Zuhandenes passa a ser visto como vorhanden: quando ele se torna inutilizável e. portanto. mas ainda unificados dentro do mundo pelas suas referências. máquinas. "conspícuo". Inversamente. apenas para introduzir o conceito de mundo (ER. Desta forma. assim. os pregos tornam-se importunos (aufdringlich). se não impossível. normalmente não percebemos ou focalizamos o martelo como tal. dentro da "totalidade instrumental". permanece unido de modo coerente. Até mesmo um Zeug desconhecido em um ambiente de trabalho não familiar (Zeugganze. i. expulsão". é "indicação. referência. que lhe é ainda mais amplo.e. independentemente de quem os manuseie. Por conseguinte. pertencendo a um mundo. 164. Não precisamos reconstituir o mundo ou Umwelt a partir de itens individualmente discriminados (ST. Zeug e o Umwelt foram mencionados. isto é uma longa história". Eles seguem seus próprios caminhos e Dasein pode deixálos fazer isso. primeiro ao mundo à nossa volta. ausente. Até mesmo numa língua desconhecida. "totalidade instrumental") é reconhecido por qualquer ser humano como Zeug em um Zeugganze (XX. 334). Elas vêm de wenden. Heidegger usa diversos conceitos para caracterizar esta "coerência". .55). um mundo contendo entes diferentes daqueles que comprometem a sua atenção. ST. por exemplo. Heidegger mais tarde observa que ST foi mal-compreendido: "para Heidegger o mundo consiste apenas em panelas. dentro dele. Utensílios direcionam-se para ou dispõem-se "em conjunto" com outros utensílios. "deixá-lo seguir seu próprio caminho.. madeira e à oficina. Verweisung. 73ss). canivetes e abajures: ele não tem nada a dizer sobre a 'cultura elevada' ou sobre a 'natureza'" (XLIX. 102ss). i. morada (falta de) e a estranheza 115 órgãos e organismos: "Toda máquina é um Zeug, mas nem todo Zeug é uma máquina" (xxix, 314). Em ST a palavra Ding, "coisa", é usada com um tom negativo: uma coisa é invariavelmente vorhanden. "Reificar", verdinglichen, por exemplo, a consciência (ST, 46,437), tratá-la como uma coisa quando ela não é uma coisa, é uma falha central dos filósofos do passado. Mais tarde, Ding passa a ser usada positivamente (XXXI, 56ss; C, 157ss/165ss). Considerar algo como Ding é deixálo ser o que é sem interferência alguma. Heidegger está agora mais preocupado com os danos da tecnologia do que com a reificação dos filósofos. Um tipo de Ding é a obra de arte, que possui alguma afinidade com Zeug e alguma afinidade com a natureza ou Vorhandenes, mas difere de ambos (üK, 10ss/146ss). morada (falta de) e a estranheza Heim é "lar, casa, habitação". Esta palavra gera Heimat, "cidade natal, pátria" (cf. CH, 335/242). Gera também adjetivos como hei-misch, que já significou "pertencente ao lar", mas agora significa "nativo, local etc." e também "familiar, em casa", no sentido de "estar ou sentir-se em casa em um lugar, em uma língua etc.". Também heimlisch teve o sentido de " pertencente ao lar, familiar", adquirindo posteriormente, o significado de "escondido, secreto(amente)" e perdendo sua ligação com Heim. Um outro adjetivo derivado de Heim, geheim, teve o mesmo destino, significando, agora, "secreto" e o substantivo correspondente Ge-heimnis, um " segredo, mistério". A autêntica in-ESSÊNCIA da verdade é o mistério", não um "mistério particular sobre isto ou aquilo", mas o "velamento daquilo que é velado como um todo, dos entes enquanto tais"'o velamento geral pressuposto pelo desvelamento da verdade como ALETHEIA (EV, 191/130). Unheimlich, estritamente "não pertencente ao lar", não significa "desvelado", mas "soturno, sinistro, estranho". Por isso, "na angústia sentimo-nos 'unheimlisch'", ela nos dá arrepios. " 'Unheimlischkeit' possui, no entanto, ainda a acepção de não-es-tar-em-casa" (ST, 188, Cf. XX, 400ss). Haus é "casa, lar". "Estar em casa" éwhause sein ou zuhause sein. "Não estar em casa" é, assim, Nicht-zuhause-sein. Na cotidiani-dade dominada pelo IMPESSOAL, DASEIN sente-se em casa. A angústia rompe a familiaridade e "o ser-em assume o 'modo' existencial do não-estar-em-casa [ Unzuhause ]". A falta de morada é nassa condição primária e nos impele a procurar um lar: "A fuga decadente para o sentir-se em casa da publicidade foge de não sentir-se em casa [vor dem Unzuhause], istc é, da estranheza, Unheimlichkeit, inerente a Dasein enquanto ser-no-mundo lançado para si mesmo em seu ser" (ST, 189). Posteriormente, este pensamento adquire uma conotação mais histórica: "A estranheza [Unheimische] dos entes enquanto tais traz à luz a falta de morada [Heimatiosigkeit] do homem histórico em meio aos entes como um todo" (w, 394s/niv, 248). Esta falta de morada conduz o homem para "a conquista do planeta Terra e para a aventura no espaço cósmico": "O homem sem morada se deixa conduzir — pelo sucesso da sua empreitada e da sua organização de massas cada vez maiores de seres da sua própria espécie — para a fuga da sua própria essênch, com o intuito de representar essa fuga como o seu retorno para a morada (Heimkehr, para a verdadeira humanidade do homo humanus e para a responsabilidade em relação a si mesmo" (NU, 395/niv, 248). Mas não são apenas os 116 morte e morrer modernos que se deixam conduzir pela falta de morada. Sófocles também, segundo a leitura (controversial) de Heidegger, sustentou que as realizações do homem são provocadas pela Unheimlichkeit (IM, 11 lss/123ss). A filosofia também é motivada pela falta de morada, pela estranheza. Heidegger cita Novalis: "A filosofia é de fato nostalgia [Heimweh], uma urgência de estar em casa [zu Hause] por toda parte" (xxxix, 7). Estar em casa por toda parte, explica Heidegger, é "existir em meio aos entes como um todo fim Ganzen]", o que constitui "um questionamento peculiar sobre o que significa este 'como um todo' — a que chamamos mundo". Este questionamento envolve a finitude do homem, que implica "um isolamento absoluto do homem, no qual cada um permanece consigo mesmo como um indivíduo solitário diante do todo." Tal questionamento baseia-se em uma emoção: "Toda emoção [Ergriffenheit] enraíza-se em um humor. No fundo, o que Novalis chama de nostalgia é o humor básico do filosofar", um humor próximo ao tédio (XXIX, l Is, 120). Para filosofar de maneira própria, precisamos não nos sentir em casa no mundo. Precisamos tentar recuperar a Geheimnis do Dasein do homem, a Unheimlichkeit, da qual depende a " liberação do Dasein no homem" (XXIX, 255,490). morte e morrer "Morte" é Tod, "morrer" é sterben. Sterben é distinto de ableben, (das) Ableben, "deixar de viver, falecer", morte biológica que "como um acontecimento que ocorre é 'apenas' empiricamente certo" (ST, 257). Scheler, que antecipou diversas ideias heideggerianas (tais como nossa tendência, intensificada pelo capitalismo moderno, de esconder a morte), argumentou que a certeza não-empírica da própria morte origina-se da observação de que a esfera de possibilidades abertas para uma pessoa diminui à medida que a vida desta pessoa avança e parece convergir para o limite de uma única possibilidade, se não para o total desaparecimento (Scheler (1979), 18ss). A contração progressiva da minha esfera de opções é inferida (o que pode ser objetado) da observação empírica, e depende da minha mortalidade. Se a juventude eterna me fosse concedida, poderia tornar-me um general ou um ator — opções que agora me são negadas pelo envelhecimento e mortalidade conhecidos por inim de outros modos. Heidegger não apresenta tais argumentos para a certeza não-empírica da morte. Ele assume que uma vida infinita seria inviável e incauta, tornando-se impossível decidir o que fazer ou quando fazê-lo. Ele focaliza quase exclusivamente a nossa própria morte; até mesmo o tempo termina com a nossa própria morte (ST, 330s), uma afirmação difícil de conciliar com nossa estrutura essencial de ser-com outros, uma vez que pouco provavelmente todos os outros morrerão ao mesmo tempo ijue nós. E, diz ele, certo que morrerei. Não é certo quando morrerei. Posso morrer a .liialquer momento. Nada posso fazer depois de minha morte. Ninguém pode morrer por mim. Devo morrer sozinho. Isto não tem o intuito de negar o companheirismo militar induzido pela morte iminente: "A morte mesma, que cada homem individual .leve morrer por si, que reduz cada indivíduo à sua máxima individualidade, esta nesma morte e prontidão para o sacrifício que ela exige cria, antes de tudo, o espaço veliminar comum a partir do qual brota o companheirismo". O companheirismo brota Ia angústia, da "proximidade metafísica do incondicionado, concedida apenas à mais ;levada autoconfiança e prontidão" (XXXIX, 73). Isto é um caso de autêntico " ser para morte e morrer 117 a morte", Sein zum Tode, uma express ao formada por analogia com Wille zum Tode, " vontade de morte", mas que abarca qualquer atitude que se possa ter em relação à própria morte, inautêntica (p.ex., negar, esquecer, temer, insistir em falar, suicídio etc.) ou autêntica. "Porém, enquanto pertencente a Dasein, a morte é apenas em um ser para a morte existenciário" (ST, 234). Heidegger chama isto de " morrer": " Sterben (morrer) exprime o modo de ser [Seinsweise] em que Dasein é para a sua morte [...] Dasein não morre simplesmente ou até propriamente numa vivência do fato de deixar de viver" (ST, 247). O que importa não é o deixar de viver físico, mas a atitude em relação à própria morte durante a vida. A atitude "autêntica" é "adiantar-se [Vorlaufen]": "a antecipação desentranha para o Dasein sem estar perdido no próprio impessoal (eles mesmos) [Man-seibst] e, embora não sustentado primariamente na preocupação das ocupações, a coloca diante da possibilidade de ser ele mesmo: mas isso na LIBERDADE para a morte que, apaixonada, factual, certa de si mesma e desembaraçada das ilusões do impessoal, se angustia" (ST, 266). Freiheit zum Tode é liberdade para morrer a sua própria morte, não influenciado pelo que os outros falam, fazem ou pensam. A ideia aparece em Rilke: "Senhor, dê a cada um sua própria morte,/ a morte que surge da vida/ em que cada um amou, compreendeu e quis./ Pois somos apenas casca e folha./ A grande morte que cada um traz dentro de si/ É o fruto que concentra o girar de tudo." (citado por Rose, 56). Vorlaufen liberta não apenas para a morte, mas também para as possibilidades antes da morte, minhas próprias possibilidades, não as trivialidades cotidianas ou a seleção que o impessoal me oferece (ST, 264). Ele nos torna uma pessoa completa e auto-suficiente. A preocupação de Heidegger com a morte não sobrevive ao período de ST (cf. XX, 403ss; xxi, 361 s e K, 93/63s sobre a interpretação da máscara mortuária). Ele corrige as más interpretações da explicação dada em ST acerca da morte e tenta mostrar sua constante relevância. ST não defende a obsessão com a morte (xxix, 425ss). Ele não trata a morte "antropologicamente" ou em função de uma "visão-de-mundo", e sim na perspectiva de uma "ontologia fundamental". Ele não afirma o niilismo ou a falta de sentido do ser. Adiantar-se à morte ros abre para o ser: " a morte é o maior e mais elevado testemunho do ser" (LXV, 284). ST tentou "levar a morte para dentro de Dasein, de modo a dominar Dasein em seu âmbito insondável e assim avaliar inteiramente o solo da possibilidade da verdade do ser". Mas "nem todos precisam realizar este ser para a morte e assumir o si mesno de Dasein nesta autenticidade; esta realização é necessária apenas em conexão cem a tarefa de preparar o solo para a questão sobre o ser, uma tarefa que, é claro, não se restringe à filosofia. A realização do ser para a morte é um dever apenas para os pensadores do outro começo mas, dentre os futuros criadores, todo homem qie busca essensializar-se pode dela cuidar" (LXV, 285). Em ST, adiantar-se à morte, assegura, primeiramente, a integridade e subsistência de Dasein individual, pertencendo apenas indiretamente à questão sobre o ser. Posteriormente, ele revela o ser, mas apenas filosofes e aqueles envolvidos na preparação de um " novo começo" precisam incomodar-secom isso. Tanto em ST quanto mais tarde, fica claro que filósofos precisam do afastamento da "cotidianidade" e do impessoal induzido pelo Vorlaufen. Fica nenos claro omodo como este último revela o ser. Heideg- 118 movimento, comportamento e conduta ger sugere uma "correspondência" entre morte e ser: "A unicidade da morte corresponde à extraordinariedade do ser, em que se funda a sua verdade [...] Somente o homem 'tem' a peculiaridade de estar diante da morte, já que o homem insiste [instãn-<Jig] no ser" (LXV, 230). Muitas coisas além da morte são, não obstante, peculiares ao homem. Mas o "ser para a morte [...] abriga duas características básicas da fissura [do ser em terra, mundo etc.] e é sua mais irreconhecida reflexão no aí": l. Negação, "o não [Nicht] pertence essencialmente ao ser enquanto tal"; 2. A "insondável e encorpada 'necessidade'" da morte espelha a necessidade da bifurcação de ser (LXV, 282; cf. 324). A morte perdeu sua ligação íntima com o tempo: Heidegger está agora mais interessado em longos e históricos períodos de tempo do que no tempo do indivíduo (cf. LXV, 324s). Em um seminário tardio, ele e Fink consideraram o significado da morte em Herádito (xv, 92s/64s eíc.). movimento, comportamento e conduta "Mover [algo]" é bewegen e "mover[-se]" é sich bewegen. Bewegung é "ação, movimento". Heidegger também usa com frequência Bewegtheit, "agitação, movimento". A afinidade de bewegen com Weg, "caminho, vereda, trilha" lhe possibilita ler bewegen como be-wegen, significando "abrir caminho, prover [uma região] com caminhos" (ACL, 197s/91s). Muitas vezes, ao falar de ação, tem em mente a explicação de Aristóteles (cf. IFA; XXXI, 58ss; ECP, 241ss; XXXlll). Aristóteles distinguia diferentes tipos de ação ou mudança, kinesis, de acordo com a categoria na qual ela ocorria. Uma mudança substancial é o vir a ser, ou extinguir-se, de uma substância, p.ex., o nascimento ou morte de uma pessoa. Uma mudança qualitativa é a aquisição de uma qualidade por uma substância, p.ex., uma pessoa ficar bronzeada. Uma mudança quantitativa é o aumento ou diminuição de tamanho de, por exemplo, um organismo. Uma mudança na categoria de lugar é a locomoção. Quando algo muda, ele deixa de ser potencialmente (dynamei) isso-e-nquilo para ser atualmente (energeiai) isso-e-aquilo. Um bloco de mármore (a matéria ou causa material) é potencialmente uma estátua e torna-se uma estátua atual (a causa final) devido à imposição de uma forma (a causa formal) por um escultor (a causa eficiente). Uma bola que está potencialmente no gol do time adversário (e potencialmente em muitos outros lugares indefinidos) é movida para dentro do gol atualmente por um chute. O intocado bloco de mármore é potencialmente uma estátua, e a bola parada está potencialmente no gol. Quando estão movimentando-se em direção ao fim, idos, que ainda não alcançaram — o mármore no processo de ser esculpido, a bola no ;ir cm direção ao seu destino — a sua potencialidade é atualizada como uma potencialidade. Esta explicação da mudança, primeiramente da locomoção, serve à explicação de Aristóteles do tempo: ele é o "número" ou "medida" do movimento no que diz respeito ao antes e ao depois (ST, 421; xxiv, 330ss). Mas Heidegger fala com frequência do " movimento" de DASEIN de uma maneira que pouco deve a Aristóteles e que até mesmo o contradiz: ele resiste à visão de Aristóteles de que o movimento é sempre o movimento de uma substância ou, na mudança substancial, da matéria subjacente. Dasein não existe primeiro e depois se move; ele se constitui em seus movimentos: decadência e ser-lançado (ST, 177ss, 348), acontecimento ou historização (ST, 375, movimento, comportamento e conduta 119 389). O questionamento de Heidegger acerca da historicidade é assombrado pelo "enigma" não apenas do ser, mas também do movimento (ST, 391. Cf. LXI, 93 etc.). Heidegger lamenta que os filósofos desde Aristóteles tenham ignorado o movimento. Ele tenta uma classificação quase aristotélica de "movimento", no sentido genérico de "mudança" de Aristóteles: "Os tipos de movimentos possíveis e de repouso [Bewegheit, bzw. Unbewegtheit] variam com o tipo de ente em questão. O problema do movimento [Bewegung] está fundado na questão sobre a essência dos entes enquanto tais" (XXXI, 31). Tipos de movimento são: l. "movimento mecânico, o mero empurrar e impulsionar de partículas materiais"; 2. "O mero desenrolar-se e desdobrar-se de um processo [Vorganges]"; 3. crescimento e atrofia; 4. "ser uma causa, deixar seguir [Folgenlassen], começar, terminar"; 5. A "conduta" de animais; 6. o "comportamento dos homens"; 7. formas complexas: p.ex., uma viagem "de fato, não é meramente a locomoção mecânica feita em uma máquina (trem, navio, avião), ou o movimento mecânico somado a um comportamento de homens; é um acontecimento específico, cujo caráter essencial é por nós tão pouco conhecido quanto a essência dos outros tipos de movimento mencionados" (XXXI, 30). Animais "comportam-se [sich benehmen]", homens "têm atitude [sich verhal-ten]". Esta distinção tem pouca base aparente no alemão comum. (Das) Benehmen geralmente refere-se "ao comportamento de indivíduos considerados como seres humanos livres na sociedade" (DGS, 40s). Vem de nehmen, "levar", portanto sich benehmen é literalmente "portar-se". Heidegger reserva-o para animais, já que o seu particí-pio passado, benommen, significa "tomados, aturdidos, entorpecidos". No período de ST, Dasein é qualificado como benommen: "pelo mundo das suas ocupações" (ST, 61), pêlos entes (W, 85), e em humores tais como angústia (ST, 344; ER, 108). Posteriormente, apenas os animais são benommen, "tomados" pelo que imediatamente os afeta (XXIX, 344ss). Pela capacidade de distinguir o ser dos entes tangíveis, "o homem liberta-se de ser meramente tomado [Benommenheit] pelo que o cerca e o ocupa, na relação [Bezug] com o ser, tornando-se literalmente ex-sistente. Ao invés de meramente 'viver', o homem ex-siste." Mas Heidsgger teme, no entanto, que a ex-sistência não seja facilmente mantida e que muitos seres humanos possam tomar-se vítimas do Seinsblindheit, "cegueira para o ser" (ECP, 262). (Das) Verhalten "pode denotar uma atitude consciente ou inconsciente [...] com referência a indivíduos ou animais, [...] e a substâncias (i.e., no sentido de 'reação'). Este também é o termo apropriado quando o elemento enfatizado é uma tomada de atitude (p.ex., em relação i um país, umgoverno)" (DGS, 41). Como verbo transitivo, verhalten, de halten, "manter, reter, deter", significa "segurar, ater" (cf. ST, 253). Assim sendo, sich verhalten sugere "ater-se": Dasein não avança impetuosamente para os entes que enconira, ele a eles se atém e detém. O substantivo derivado, Verhãltnis, significa uma "proporção, relação". Sich verhalten indica "relacionar (-se)" com algo ou alguém (cf. ST, 124). Heidegger frequentemente fala da nossa (Sich) verhalten w Seiendem (ST, 192 stc.; XXIX, 346ss), "atitude com relação aos entes". Mas isto também sugere "relacionar-se com os entes". Animais não podem fazer isso, tanto porque estão tomados pêlos entes quanto porque não estão conscientes dos entes enquanto entes (XXIX, 361). " Ser-no-mundo" (In-der-Welt-sein) é quase equivalente a "Dasein". em uma viagem que se estende desde os gregos pré-socráticos. Em preleções anteriores. Em ER e em outras passagens (p. A conclusão deste levantamento é que há três noções de mundo: (a) ENTES como um todo (das Seiende im Gamen). 13). mas também da grega kosmos e da latina mundus. LIX. passando por são Paulo.ex. 239ss). "mundo"). Dasein. ST.. é. 31. ï.120 mundo e entes como um todo mundo e entes como um todo Há três abordagens possíveis para a questão "O que é o mundo?" (xxix. e. LXI. LXIII. mais satisfatoriamente. Somente Dasein é no mundo. 3. um ser humano que se realiza propriamente. inversamente. Heidegger a aborda por meio de uma "história do conceito de mundo". encontra-se em ST. 63. O termo Seibstwelt desaparece. essencialmente no mundo e. ST envolve duas visões divergentes do (ser-no-)mundo: l. as pessoas que se relacionam com alguém") e o Seibstwelt (" mundo-próprio". (b) a comunidade dos homens. vizinhança etc. um mundo — em contraste com uma coleção de entes — tem essencialmente em si Dasein. O mundo é introduzido por meio do Umwelt familiar. 84).ex. pode ser aplicado unicamente a Dasein e aos aspectos de Dasein. o mundo à nossa volta"). 261ss): 1. — dentro do Welt mais amplo. tais como o próprio mundo.ex. XXIX aborda-a por uma comparação do homem. argumenta ST. p. e o ser-no-mundo mantém um tom de familiaridade. O Mitwelt desempenha um papel de menor importância.. até Kant. " visão-de-mundo".. já que os "outros [. 118: "O mundo de Dasein é um mundo-com"). santo Agostinho. As coisas se entrelaçam. e também pêlos usos desvirtuados do século XIX da palavra Weltanschauung. que é "formador de mundos" (welfbildend). que são afetados pêlos entes. Quando "mundo" aparece entre aspas (" Welt". (c) homens em relação aos entes como um todo. O Vmwelt.. que envolve a história filosófica não apenas da palavra alemã Welt. xxvil. com o substantivo abstraio "mundanidade" (Weltlichkeit). mas nunca "mundanas" ou "no mundo". e são Tomás. 80). e o adjetivo "mundano" (weltlich).] não fazem e nunca possuem o tipo de ser de mundo" (XX. sublinhando o fato de que as pessoas dividem o mundo com outras (p. os arredores imediatos de uma pessoa — local de trabalho. 102. 2.. um precursor do posterior Dasein) (LVlll. de saber seu próprio caminho no mundo (ST. ou "pertencentes a um mundo" (weltwgerõrig). Heidegger fala de três submundos coordenados: o Vmwelt ("ambiente. Mas ele logo rejeita os termos Mitwelt e Seibstwelt em favor de Mitsein (SER-COM) e Dasein. sem poderem relacionar-se com os entes enquanto tais ou com os entes como um todo. geralmente refere-se ao sentido não-heideggeriano de "(todas) as coisas dentro do mundo". ST. Entidades não-humanas estão "dentro do mundo" (innerhaib der Welt. 333). ou seja. com pedras "sem mundo" (weltios) e especialmente. o Mitwelt ("mundo-com. são "intramundanas" (innerweltlich). com animais "pobres de mundo" (weltarm). ST aborda a questão por uma interpretação das operações cotidianas do homem ou DASEIN no mundo familiar que o circunda. formando um mundo unificado pela significação: os instrumen- . embora nunca tenha cessado de ser no mundo. Em certos HUMORES. Heidegger distancia-se do mundo no sentido l.") e/ou "miindaniïa" (wcllct) (l.R. a floresta que fornece a madeira. caracteristicamente. 189). 5. Ser-em entra no 'modo' existencial do 'não-estar-em-casa'" (ST. Em meados da década de 1930. onde es wfllct. Heidegger nãa simplesmente retorna ao mundo no sentido l de ST. mas individualizado como serno-mundo. homens e deuses (c. Dasein já não está mais "em casa" no mundo. XXIX. 476). o mundo torna-se descentrado. e ao banco no qual ele trabalha. que juntos formam um local de trabalho. Este é o mundo que interessa ao metafísico e.) A questão de saber se mundo inclui Alfa Centauro. nem simplesmente um somatório de entes. 263). é agora considerado meramente um modo preliminar de introduzir o mundo como totalidade e a relação de Dasein com mundo (ER. não é levantada. 172/180). O Umwelt. as vacas que fornecem o couro. 102. O mundo é agora mais explicitamente histórico do que em ST: "Os mundos articulam-se [sich fügen] e decaem. as terras abrem-se e sofrem destruição" (LXV. xv. 80n.55). 530. O martelo do artesão refere-se aos seus pregos. 475/niii. 35ss/171ss. ao próprio Heidegger. Heidegger contorna isto ao contrastar o mundo com a TERRA que o fundamenta e se lhe contrapõe (UK. 73. 145. LXV. 235/160) ou "mostrar que a essência do homem consiste em manusear uma colher e um garfo e em viajar de trem" (XXIX. lit. por sua vez referido ao mundo mais amplo além do local de trabalho. "mundaniza-sc". 2. e inclui o remoto assim como o próximo— entes (enquanto tais) como um todo. (ST referese apenas uma vez a das Seiende im Gamen (248). Heidegger considera até temerário dizer que mundo é. abarcando terra. mas não entes como um todo.mundo e entes como um todo 121 tos que usamos referem-se a outros instrumentos. Mundos e terras (aproximadamente. "prevalece etc. Logo depois de ST. céu. O mundo* familiar no sentido l não precisa elevar-se aos "entes como um todo". LVI. embora deva haver mundo para haver entes como um todo: poderia haver entes sem um mundo. O mundo e os entes como um todo não são um ente. ER declara que a explicação de ST de mundo exclui a natureza (ER. notavelmente a angústia. O mundo já não equivale aos entes como um todo. que mundo "gira" (waltet. Quando a angústia priva as coisas do seu significado. ele não o poderia fazer sem cessar de ser Dasein. 7). ele o faz. Diz. 82s). Welt retoma sua posição como um título para os entes como um todo. Cf. civilizações e seus lugares naturais) vêm e vão. além do local de trabalho estão seus clientes. à madeira e ao couro. Ainda mais tarde. ou de onde encontra-se sua fronteira. algumas vezes. " Cuida da totalidade" (NI. 170/ni. Dasein foi individualizado. ou aplicar a mundo o verbo "ser". ao menos por um tempo. é usido pura Inmfimitir nossa experiência do instrumento no Um- . reclamando que foi mal interpretado: "A análise existencial da cotidianidade não tenciona descrever como lidamos com a faca e o garfo" (K. e desta forma expandem-se indefinidamente círculos de familiaridade cada vez mais remota. coisas cotidianas perdem sua significação: "A familiaridade cotidiana entra em colapso. em um sentido depreciativo. Ni. Ele cita Periandro de Corinto: meleta to pan. 263/162). tão central em ST e tão negligenciado por filósofos anteriores. quando um fenómeno não pode ser adequadamente transmitido pelo seu uso padrão. ou cunha. Etwas). um verbo feito sob medida para o substantivo. Heidegger apropria-se.122 mundo e entes como um todo welt. . ESPAÇO e o NADA. Como no caso de TEMPO. em contraste com um mero "algo". N nada e negação A palavra alemã para "nada" é nichts. o nada do fracasso. " aniquilação. dando.. Das Nichts pode referir-se também a um uso ou sentido da palavra Nichts. mas uma interpretação do "nada". Geralmente. Se digo "Não há nada na geladeira". não é obviamente o nada ''original" (LXI. de maneira tranquilizadora. sendo ambos inteiramente indeterminados. começa com um uso negativo de . Na lógica de Hegel. sua absorção no mundo à sua volta (LXl. especialmente para dizer que Deus criou o mundo a partir de das Nichts. origem ao devir e à determinação. mas não necessariamente o primeiro e único Nichts. à disposição de alguém".. Heidegger distingue. Há "o nada da monotonia histórica. ou Sturz.). isto é. Ele pode referir-se a algum não-ente ou não-entidade particular. LVIII. o nada da falta de sentido. Mas nichts foi substantivado como (das) Nichts desde o século XVI. nem deve o "não" ser considerado num sentido puramente teórico: há tantos "nãos" diferentes quanto há "nadas". • Heidegger intrigava-se com o nada desde as suas primeiras preleções. não necessariamente caberá em todas as situações concretas. provavelmente não quïro dizer que não haja absolutamente nada na geladeira (o que não pode ser verdadeiro. 248). significa "coisa alguma": "Nada é simples" significa "Coisa alguma é simples". ein Nichts. 145s)." o ser".. O "nada de [não] estar presente. não obstante vir mais imediatamente à cabeça. Mas nem todos os nadas são o mesmo. 220). assim. mas que não há nada comestível na geladeira. da "vida táctica".. como em algumas ocorrências de das Nichts em LXI. das Sem. Conclui que o " nada da vida" para onde a vida decei é Vernichtung. Uma tal não-entidade é "um nada". 72/49). e das Nichts. já que geladeiras contêm nitrogénio etc. Nichtung. "queda. 216s. os vários modos pêlos quais posso dizer "Há algo na geladeira" (LVI/LVII. a "não-ocorrência" ou inconspicuidade da vida. "nada" surge de "não [Nicht]" e "não [nein]". 18s). nestes termos. o nada do desespero [. OQM. 50/niv. Posso querer dizer. ele diz que a destinação da decadência é "o nada da vida fáctica". Ao discutir a Ruinam. Em outro texto. o algo (Etwas) da lógica formal do algo carregado de significação mundana. decadência". transformam-se um no outro. que não há nada desagradável na geladeira. Formalmente. de modo correspondente.]". 114s. nenhum rato morto ou mão cortada (cf. Das Nichts possui também outros usos. niilação — o nada da vida amadurecida em 'ima definitiva aniquilação. [.]". NU. obra celebremente atacaca por Carnap. tal como o mundo ou o campo de ação que nos possibilita encontrar os entes (K. cf. "aniquilar". aniquilar". incluindo qualquer pessoa como um indivíduo distinto. 111/101. 274ss). A visão de Heidegger é diferente da de Hegel: o ser e o nada aparecem juntos não porque ambos sejam indeterminados. o mundo puro e não os entes dentro dele. ou me perguntar por que algo é assim e procurar razões para isso. Devido a essa afinidade. Para escapar das garras dos entes particulares. eu preciso transcendê-los para o mundo. Insistiu na importância da questão "Por que há os entes e não antes o nada [Nichts]?". obscurecido pelo nosso foco cotidiano nos entes (OQM. do mesmo modo como die Welt weltet. não poderei estar consciente das suas alternativas. e um verbo cognato é aplicado a ele. for paralisado por um único ente. é forjado a partir de nicht.e. continuamente. l84ss). Cf. não-dade".124 nada e negação nichts. "O nada" é usado positivamente: Heidegger não está dizendo "Não há coisa alguma que nadifique". no qual os entes que me rodeiam escapam de mim. Se. porém.. O filósofo torna-se consciente disto na angústia explícita e ocasional. livremente decidir como tratá-lo ou acessá-lo. "o mundo mundaniza" ou a luz ilumina. mas "Algo nadifica. Preciso transcender para o mundo ou para os entes como um todo. é o que faz o nada. nichten pode possuir um tom transitivo. o nada". contudo. O nada e seu nadificar são dados na experiência — na ANGÚSTIA. 42ss). O nada não deve ser explicado em termos de negação: ele é "a origem do negar" (l 16/105). sem parar totalmente de ser. mas "porque o próprio ser é em essência finito e revela-se apenas na transcendência de Dasein oculta no nada" (OQM.446ss/ep. Nichten. Somente então posso estar consciente dos entes enquanto entes. O pronome indefinido é substantivado. ST. mas por um humor. privando-nos de qualquer sustentação ou suporte (OQM.. Para serno-mundo. 119/108). perceber que algo está faltando — não aí. ou não como deveria ser. É similar a vernich-ten. não porque pudesse respondê-la. no qual nichts não pode ser substituído por "coisa alguma": "O que ocorre com este nada [dieses Nichts]? [. O argumento é este: para existir como Dasein. o ser considerando-se a sua essência. 98. considerar algo como possível ou como impossível. A questão foi colocada por Leibniz e Scheiling (N11. "este nada'. "O próprio nada nadifica" (113/103). OQM. notar que ele não é como deveria ser. "nadi-ficação. como um inseto "pobre-de-mundo". "não". A fascinação de Heidegger pelo nada sobreviveu ao seu interesse pela angústia. E finalmente: Das Nichts seibst nichtet. Nichtung. O nada nadifica. parecem escapulir de nós. não posso simplesmente ser afetado pêlos entes em minha vizinhança imediata. a saber. 121/110). não é levado em conta?" (SF. ou perguntar por que é assim e não de outro modo (cf. 3/4. mas porque ela abre " os entes como um todo enquanto tais" (IM. embora nunca seja acompanhado de um objeto direto. quando os entes como um todo. i. . 115/104). embora distinto. Heidegger explica posteriormente que a colocou em sentido bem diferente: "Por que em toda pane apenas os entes têm prioridade. XXIX. Dasein só deve ter angústia de forma implícita mas constante. Ele avança para um uso positivo. e o não dos entes. no qual a palavra significa "coisa alguma": "Apenas os entes devem ser examinados [pelas ciências] e além disso — nada [nichts]" (105/95). "nadificar. Isto não acontece (como no estoicismo e em Spinoza) primeiramente por meios intelectuais. Só ocasionalmente sentimos angústia.] O que ocorre com o nada [das Nichts]?" (105s/95s). ter uma atitude livre em relação a eles.. 201ss). a natureza tal como é circunvisualmente descoberta nas nossas lidas cotidianas com as coisas.". o emergir de uma rosa). ainda. destruiu sua força original (IM. por sua vez. concebida em contraste com o conceito de história. ER. tem pouco a ver com a morte ou com o NIILISMO. 287). 57ss). Aqui o ser é identificado com (o) nada porque não é um ente (cf. 49ss/niv. 18ss). 77). "ser nascido.. abarcava originariamente todos os entes: "physis. Kahn. 264). a natureza tal como conhecida teoricamente pelas ciências naturais (XXI. 314. e persistindo e permanecendo na aparência. Cf.. emergen-te-suhsistente na prevalência [das aufgehend-verweilende WaltenJ" (IM. e apenas mais tarde torna-se proeminente. anterior a qualquer demarcação deste tipo. também com a "graça" ou o "sobrenatural". l).55). precedendo e abarcando tanto natureza como história. Que Natur contraste com outros campos é um de seus defeitos. . 2. o que subsiste em si mesmo" (XXII. LIV. como o reino das ciências naturais em contraste com o das "ciências humanas" ou "do espírito" (Geisteswissenschaften) (XX. com frequência. 245s) e. incluindo de certo modo também os entes divinos" (xxix. a natureza no sentido l torna-se TERRA. Physis aparece ocasionalmente nas preleções iniciais. "Physis não é 'natureza'. mas o pensamento tardio de Heidegger sobre o nada se conecta com o seu pensamento sobre o niilismo (NU. mas um reino específico de entes. O grego physis tem uma esfera de significados similar.. Os gregos consideravam o ser como "vigência e ser-simplesmente-dado [An-wesenheit und Vorhandenheit] da physis. a palavra mais significativaem Anaximandro. Esta palavra é mais originária do que ambos os conceitos. Physis é "o que emerge espontaneamente (p. demarcado com vistas a uma concepção prévia dos entes enquanto tais. e esta. de nasci. crescer. Estes sentidos não são idênticos. a casa é uma parte da natureza tanto quanto as árvores e os marimbondos. "crescer. porque a revelação do ser no mundo e na TERRA envolve conflito e tensão (LXV. embora não sejam considerados como uma casa. não está incluída no sentido moderno e tardio de natureza.natureza e physis 125 cf. à "história". com seu particípio passado natus. embora as árvores no jardim e os marimbondos no sótão possam ser. e com o "espírito" (EÓ". e vem de phyein. Posteriormente. 237). brotando na aparência em tal desdobramento. árvores e marimbondos. ela é [. intrinsecamente. o desdobramento que abre a si mesmo. O nada. EWM. Contrasta. E esta concepção original dos entes que Heidegger quer desvelar. Ela não representa uma visão original. característica. 377/278s). Parmênides e Heráciito (cf. natureza e physis Natur vem do latim natura. 39). com a " arte". Há dois sentidos importantes de Natur: l. Cf. Nas primeiras preleções e em ST. assim como acontece com todas as palavras gregas importantes. "nascimento. ST. O ser também é associado ao nada e ao não porque se retira dos entes (LXV. LXV. Í 1/1 Is. Physis. ordem natural etc. Para o físico. 65. vir à luz etc. não contaminada do(s) ente(s). ser produzido". no sentido mais amplo" (XXI.ex." Heidegger insiste que a tradução latina de physis. 246). Natur opõe-se. 81 n. l Os/l l. os entes como um todo. em suma. penetrando além das subsequentes linhas de demarcação.] 'o que é espontaneamente'. Uma casa não é uma parte da natureza no sentido l. O termo não aparece todavia em ST. Heidegger não tem uma ideia clara de como isto se esclarecerá. uma " estação no irracional". physis não diferia profundamente de ALETHEIA. 3. ou do logos. a "reunião" ou "recolhimento" dos entes no aberto. Physis também entrou em contraste. Um retorno à " intuição da natureza" de Goethe. o racionalismo celebra seu triunfo. como epistemologia. "lei. 38ss). 46. Isto não necessariamente é o fim. 46ss). 155). entrando assim em declínio. natural ou convencional? A virtude se dá por natureza ou por ensinamento? Physis tornou-se um "conceito regional [Gebietsbe-griff]" (XXIX. Mais tarde. Cf. primeiramente com techne. permanecia na essencialização do ser". ou ainda a destruição desdobrando-se para o seu fim. Cf.126 natureza e physis XXIX. mas também sua "natureza" ou essência (XXIX. convenção". o seu sentido originário escapa ao latim. 4. uma tentativa romântica de "transfigurar os entes" — nada disso poderá alterar o que foi. Originariamente. ST. Os gregos perguntaram: E a justiça. 13/13s). A "natureza" como o objeto (Gegenstand) da ciência natural e da exploração tecnológica nada pode nos falar sobre os entes. originariamente. 65). 531/niii. a fonte de lucro da "maquinação e economia calculadoras"". 190). "A natureza. razão]". 2. "arte. nem mesmo deixando-se complementar pela "filosofia". IM. isto desenvolveu-se a partir do "aspecto" essencial. O que já foi a natureza? O lugar do instante de chegada e moradia dos deuses. torna-se sucessivamente l. Platão identificou physis com à "ideia". A visão orgânica nos bloqueia a natureza. recolhimento] tendo o homem" (IM. " 'paisagem' e uma oportunidade de relaxamento. O homem tornou-se um "animal que tem logos [discurso. physis era o " logos [reunião. apartada dos entes pela ciência natural — o que acontece a ela nas mãos da tecnologia? A crescente destruição da 'natureza'. habilidade. 496): "onde o irracionalismo determina a imagem-de-mundo. volvendo-se sempre mediante REPRESENTAÇÃO. ecstático e necessário para a representação dos entes e que se interpõe entre nós mesmos e os entes. o inverso de "graça". nesse sentido physis passa a opor-se à techne (LXV. atualmente avaliada em uma escala gigantesca e preparada para as massas" (LXV. o erro de certas ações e a corretude de outras. Physis foi traduzida por natura. 277). physis passa a significar não apenas os entes como um todo. o desencobrimento dentro do qual os entes emergem. e aletheia tornou-se a "corretude" de uma proposição. ou se ela é a terra que fecha a si mesma e sustenta o aberto de um mundo sem uma IMAGEM" (LXV. 50. entes de um tipo específico. técnica" e seus produtos. é "se a natureza é rebaixada a um reino para cálculo e preparação para a exploração e para uma oportunidade de 'experiência'. e também com nomos. Isso porque a filosofia agora está em casa na "objetividade dos objetos". Esta é a razão pela qual "uma época de irrestrito 'tecnologismo' pode assumir como sua auto-interpretação uma 'visão de mundo orgânica'" (LXV. pois não passa da culminação da visão mecânica. Um problema que ainda se deve decidir. Mas à medida que os gregos perguntaram sobre os entes. eles vieram a distinguir seu questionamento dos próprios entes questionados por eles. O predomínio da tecnologia e a suscetibili-dade à superstição pertencem uma à outra" (NI. Logos tornou-se uma "proposição" sobre os entes. Nada pode ser decidido enquanto "os próprios entes permanecerem inquestionados em relação ao seu . 134/147). como ontologia. Enquanto era ainda physis. (LXV. podendo apenas confirmá-lo. 91). Em seu declínio. a versão revista das preleções sobre Nietzsche. para sustentar a sua reivindicação de que através da "própria linguagem nós vivemos em uma concepção bastante definida das coisas" (XVll..Nietzsche 127 ser e. 19/ni. e prefere o devir ao ser (NI. apesar de sua expansão e revitalização. da mesma maneira que Bãumier. mas sobre a natureza dos entes enquanto tais ou como um todo. Começa com: "Nietzsche: a vontade de poder como arte". não obstante. 3. ele simplesmente os reavalia. ele pergunta sobre c quê (a qüididade) ou essência dos entes e sobre seu como ou existência. é a essência dos entes. 97ss/nii. Discute respeitosamente a explicação de Nietzsche de "Vantagens e desvantagens da história para a vida" (ST. 263/niv. deixando para trás a objetividade como a sua falsificação" (LXV. De uma maneira completa-mente tradicional. em sua grande parte. Possui vários aspectos: l. vago e sua ir. compartilhando do seu sentido de envolvimento pessoal com a filosofia (DS. mas não efetuada. Nietzsche Em 1961..] A real filosofia aparece como 'obras póstumas' ['Nach-lass']" (NI. 196). "Toda palavra é um preconceito". edição ampliada em 1906): "O que Nietzsche publicou no período de sua criatividade é sempre o primeiro plano. 335ss/niv. Nietzsche não repensa conceitos tradicionais tais como verdade e ser. 485/niii. 21 Iss) e um curso com abundante discussão sobre Nietzsche (WHD. 38. N toma como texto básico de Nietzsche suas anotações postumamente publicadas. Nietzsche não poderia escrever um livro tradicional sobre a vontade de poder. 155s). 12). 193ss/ qct. Ele assume a verdade com "corretude" preposicional ou correspondência. nem. 199ss). Por isso suas obras póstumas são cruciais (NU. 153). mas como um metafísico. O conceito de metafísica de Heidegger é. Vontade de poder. 189). foi escrito entre 1944 e 1946 (NU. do inverno de 1938-39. como o faz Klages. "A determinação do niilismo em função da história do ser". ficou apenas o curso sobre "Nietzsche li: meditação intempestiva". As doutrinas centrais de Nietzsche unem-se como um sistema. o último dos quais. 8. chamadas por seus editores A vontade de poder (1901. Heidegger admirava Nietzsche desde o princípio. " A frase de Nietzsche 'Deus está morto'" (H. N é. através de um "confrontamento [Aus-ei-nandersetzung]" a partir do qual podemos avançar para a "questão bastante diferente sobre a verdade do ser" (NI. pira então rejeitar a verdade (NI. Além do próprio N. a parte mais superficial. 9). 19ss/48ss). Heidegger publicou Nietzsche (N) em dois volumes. do inverno de 1936-37. 497). anunciada para o inverno de 1941-42. 36). 655s/niii. responde ele. esp. 53ss) e "Quem é o Zaratustra de Nietzsche" (EC. desaparecerem ignorados. por exemplo.terpretação de Nietzsche flutua de acordo com esse vagar. eterno retorno é a sua existência (NU. "O fim da metafísica ocidental". 10). N conclui-se com alguns textos que não foram planejados para serem preleções. 396s). 17/ni. Não incluído. A intensidade com que trabalha o pensamento de Nietzsche começa na década de 1930 e continua até a década de 1950. como um pensador político. 2. Nietzsche não pergunta sobre (a verdade da essência do) o ser. niii. e concluindo com: "A metafísica de Nietzsche". Cita a frase de Nietzsche. não tem objeli- . Nietzsche mantém o cortraste tradicional entre ser e devir. [. em termos de pensador biológico. Vontade de poder. realizadas em meados da década de 1930. 179/ni. escreveu também os dois ensaios. Heidegger não interpreta Nietzsche. colocando nosso pensamento no fluxo ou devir até que. o super-homem torna-se mais um "pensador" ou um "pastor do ser". Mas isto não mostra que Nietzsche não seja um metafísico. Heidegger trata desse problema mais como um EXISTENCIÁRIO do que como uma interpretação metafísica. 23/niii. 98). "o domínio incondicional do puro poder" (NII. Hesita. o novo homem exigido e dominado pela "economia da máquina" (NII. assim. 9). 251/ni. não se restringe à arte. que com ele esgotam-se as possibilidades da metafísica (NU. 653/niii. 334/nii. 62). 218). e não devem ser simplesmente descartadas. WHD. mas o seu efeito sobre aqueles que lhe aderem (NI. Posteriormente. Cf. Tudo deve apresentar-se ao homem para ser julgado. LXV. . 98ss. 251/ni. A objeção de Nietzsche ao platonismo exerceu grande influência sobre a crítica feita por Heidegger à " filosofia ocidental" e sobre a sua " história do ser".201/niii. 78). 310ss/niii. Ela revela.128 Nietzsche vo algum. É verdade que Nietzsche "inverte" o platonismo. "rebater". Heidegger não interpreta as doutrinas de Nietzsche invariavelmente como reivindicações globais acerca dos entes. e anuncia a MAQUINAÇÃO tecnológica da modernidade. entretanto. 148). 5. 447s/nii. mas como um pensamento que devemos compreender com vistas à nossa decisão no "instante [Augenblick]". A arte transcende nossas categorias estáticas do ser. 154). 16. vontade de poder é o que dirige a sua conquista da terra. O "super-homem" de Nietzsche é o tecnocrata. "A arte como vontade de ilusão [Schein] é a forma mais elevada da vontade de poder" (NI. de novo. incluído na perspectiva de um pensamento que de outro modo poderia nos deixar indiferentes. 67/69. pela explicação de Nietzsche. O que importa não é a verdade ou corretude da doutrina. o eterno retorno não apenas concerne aos entes como um todo. ele desenvolve a metafísica antropocêntrica de Descartes. Isto é coerente com a vontade de poder e a sua transvaloração da essência de todos os entes em " valor" (NI. 39/niv. de todo modo. singulares e engenhosas. Nietzsche localiza o homem no centro do universo. e sim que é o último metafísico. niv. Referindo-se a Assim falou Zaratustra. 115ss). 183s). ela simplesmente circula em torno de si mesma. rejeitando qualquer mundo supra-sensível ou ideal além do mundo sensível (NI.ex. não é somente uma consequência de o pensador ser um ente e. 170. acrescenta Heidegger. se essa distinção aplica-se ou não a Nietzsche (NI. O pensar do pensamento provoca um impacto vital nas nossas escolhas de vida. 4. 539/niii. incluindo o pensador e nele ressoando (NI. o fato de o eterno retorno possuir ambos os aspectos centrais de um pensamento metafísico. São. 177ss/ni. p. no entanto. o antropomorfismo (NI. 356ss. nos estabelecemos em um novo modo de ser estático. 165/niv. 376ss/nii. Heidegger interpreta o eterno retorno não como uma reivindicação acerca dos entes assumidos como "coisas simplesmente dadas" (NI. 116). (Mais tarde. Nada pode fazer a não ser a mesma coisa: o eterno retorno é sua consequência inevitável. 7. A interpretação de Nietzsche dos entes como vontade de poder é "o antropomorfismo do 'grande estilo'" (NI. As interpretações de Nietzsche feitas por Heidegger em geral não são consideradas "correias". Mas esta vontade de poder. sendo o "caráter básico dos entes" (NI. 151ss). Sob este aspecto. 218). que não está vinculado à mera universalidade do pensamento. A metafísica envolve.) 6. 56ss). 177. 318/nii. O Ruckschiag. um empreendimento tão sem sentido e sem objetivo quanto a própria vontade de poder: "A falta de sentido agora torna-se o 'sentido' dos entes como um todo" (N11. 57). Valores são aquilo com que os tecnocratas contam. 95/niv. Novos valores não podem vir do céu. Os outros são: "vontade de poder". 3ss): ele foi usado filosoficamente pela primeira vez por Jacobi. Hume. Os resultados de uma "desvalorização dos valores mais elevados". não há "totalidade de entes^' para dar ao homem seu valor: "O niilismo refere-se à posição do homem em meio aos entes como um todo. simplesmente poder. Trata-se. os entes devem ser interpretados de modo que possam preencher este papel.niilismo 129 niilismo Nihilismus vem do latim nihil. Dostoievski elogiou Puchkin pela sua descrição dos niilistas russos desenraizados. 3ss). bem e beleza. n08 148-151): o universo não tem "sentido [Sinn]" ou "finalidade". somente dos entes. o niilismo é mais do que uma doutrina adotada por alguns radicais. Já Nietzsche não pôde fazê-lo. Isto não significa simplesmente colocar novos valores no lugar dos antigos. Jean Paul chamou a poesia romântica de "niilismo" poético. em geral. mas reconhecendo que o poder essencialmente lul. o modo como o homem vem a relacionar-se com os entes enquanto tais. NU.e. Literalmente diz " nadismo". 31ss/niv. E como uma estrela morta há muito tempo. mas que continua a brilhar ilusoriamente (NU. Turgeniev popularizou o termo em Pais e filhos (1862). ao passo que a tradição e a autoridade devem ser rejeitadas — uma posição chamada frequentemente de "positivismo". distinguindo-se do positivismo. 55s). Não possui "unidade" ou "totalidade". 4). Em sua Vorschule der Ãsthetik (Propedêutica para a estética). 29).. e como forma e afirma tanto este relacionamento como a si mesmo" (NII. não há lugar para verdades e valores eternos. o niilismo mediante colocação de novos valores. interpretando os entes como "vontade de poder" . i. válidos 'em si mesmos'" (NU. onde Bazarov o aplica à sua própria posição: apenas o que é sensorial-mente perceptível é real. Trata-se de "movimento histórico". em sua Carta a Fichte (1799). 279/niii. que chamou de nihilismus o idealismo de Fichte. aceitou tudo isto com equanimidade. Para Nietzsche. "o super-homem" e " transvaloração dos valores" (ou "justiça". Denota. não haja verdade alguma. Heidegger faz uma breve história do termo (NII. porém.. 206). autoridade e princípios morais e religiosos do que a afirmação de que absolutamente nada existe. cujo diagnóstico da condição humana guarda certas semelhanças com o de Nietzsche. Logo. 62s/niv. não havendo. o começo da sua longa e complexa história — é a moralidade platónica e cristã. Ele não aceita passivamente que. " verdade". de um niilismo "ativo". O Deus cristão perdeu seu poder sobre os entes e o destino humano. 31ss/niv. desta forma. ele faz a sua própria verdade (NII. Nietzsche produ/. por não haver verdade "em si mesma". " nada". "eterno retorno do mesmo". Ele prepara-se para agir e dá espaço para novas possibilidades por meio lê uma " transvaloração dos valores [Umvertung der Werte]". que surge do que Nietzsche chama de "colapso dos valores cosmológicos" são (Vontade de poder. O próprio "lugar" desapareceu: não há mundo verdadeiro para os valores ocuparem. que afeta a "história ocidental" e que pode ser resumido na frase: "Deus está morto". "a colocação dos ideais supra-sensíveis de verdade. portanto. 33/niv. já que aceita a extinção dos valores antigos e a futilidade da sua restauração. portanto. 234ss). Heidegger considera o "niilismo" um dos cinco " termos-chave" do pensamento de Nietzsche (NII. Não há " mundo verdadeiro" acima deste mundo do devir. Ele esforçou-se por " superar". überwináen. uma nova "metafísica'.i por . Isto também é um tipo de niilisiro. mais a rejeição da tradição. A "causa" do niilismo — e. 314ss/niii. Heidegger fala da chegada do ser como se falasse da chegada de Cristo. Vontade de poder é o único valor básico. A SF de Hcidcggcr é uma carta aberta a Jünger sobre essa questão. 223s). Agora o homem assume um poder incondicional. 138). isto é. 140). este é "a falta de objetivo do domínio incondicional do homem sobre a terra. e o super-homem é a sua forma mais elevada (NU. assume a bandeira do cristianismo mais cristão. Tentar fazê-lo significaria que "o homem a partir de seus próprios recursos combate o próprio ser em seu deixar de aparecer". Jünger (1950) considerou o niilismo como resultado da tecnologia. A essência do niilismo é realmente tão profunda (já que alcança a verdade do ser e a decisão acerca dela) que precisamente estas formas inteiramente contrastantes podem e devem pertencer ao niilismo" (LXV. Nietzsche não pode discernir a natureza real do niilismo por nele estar enredado. O niilismo só pode ser efetivamente combatido pelo reconhecimento do ser enquanto tal. o descuido do ser pela metafísica: "A essência do niilismo é a história na qual não há nada para o próprio ser" (N11. conclui Heidegger. O real niilismo não pode ser superado do modo como Nietzsche propõe. Apenas intensifica a si mesmo. 39/niv. O próprio ser torna-se um peão no jogo jogado pela vontade de poder para assegurar sua própria subsistência e intensificação. é essencial ao niilismo que ele esconda sua verdadeira natureza e se apresente em vários disfarces superficiais: "O niilismo mais fatal se dá naquele que se apresenta como defensor do cristianismo e que. contrastando agudamente e legitimamente com o que se poderia chamar de niilismo cru (p. O real niilismo é a "retirada" e o "deixar de aparecer" do próprio ser. Todo o perigo deste niilismo encontra-se no fato de esconder-se a si mesmo inteiramente. bolchevismo). Nietzsche intensifica assim a metafísica antropocêntrica. o conhecimento [Wissen] do niilismo" (LXV. O ser não está à disposição do homem. mas que o poder coloca e sustenta os valores. Podemos nos preparar para a sua chegada. produzindo assim o eterno retorno do mesmo. 338/niv. iniciada por Descartes e que sustenta a tecnologia moderna (NU. A essência do superhomem é ir além (uber) dos homens do presente. De fato. e Nietzsche reconhece apenas os entes enquanto tais e o ser dos entes. 140s). gira em torno de si mesmo. pois o homem é essencialmente a "morada que o ser prepara-se para si mesmo" (NU. 9). Cf.ex. O mais essencial e difícil nesta superação é. que não é restringido por nenhum deus. Nietzsche. 210. Se o super-homem parece indeterminado. não foi bem-sucedido na superação do niilismo.130 niilismo seu próprio crescimento. . O poder não visa nada exterior. Se ele tem algum objetivo. do modo como o poder sempre ultrapassa a si mesmo. valor ou ideal. o homem é usado pela divindade do outro deus. O homem deste domínio é o super-homem" (NH. como o fundador de Da-sein. Nietzsche fala "da claridade meridiana do humor pelo qual o homem se torna o centro incondicional e a única medida dos entes como um todo" (NU. 82). 83).. Isto haveria de "retirar dos eixos a essência do homem". isto acontece porque o puro poder é indeterminado. 129ss). mas não forçá-la: "A preparação da superação do niilismo começa na experiência fundamental de que. "Transvaloração dos valores" significa agora não somente que o poder está estabelecido como o valor mais elevado. Ele torna os problemas ainda piores ao considerar o ser como um "valor" que sobrepomos ao caótico "devir" dos entes. 118ss/niv. por conta de vantagens e desempenhos sociais. exceto o próprio homem. Talvez tenha sido responsável pela sua intensificação. 365s/niv. 126/niv. porém. 125/niv. LXV. ial. " ser". adquirindo conhecimento ôntico dos mesmos.) "O privilégio ôntico que distingue o Dasein está em ser ontológico" (ST. espaço ou uma obra da literatura (XXII. pode atingir uma compreensão conceituai de ser. forma Ontologie. O seu neutro singular.l O ontologia e ontologia fundamental O particípio presente do grego einai. 8ss). pelo contrário. usualmente indica um estudo geral dos entes (NII. Kuhn chamou de "ciência revolucionária". "entes". O empreendimento de ST é não apenas Ontologie.) Mas "ontologia". por exemplo. 13. que. diz Heidegger. ontisch(e). 208/niv. Como filósofo. 201s). 154). 201). 3. com um artigo definido. Em contraste com esta indagação ontológica. fica entre 2 e 3 (cf. dito. "aquilo que é. ontologisch(e). ("Ontologia" e "metafísica" perdem o prestígio com Heidegger. ser" — Heidegger reclama que. Dasein. as indagações e descobertas nãa-filosóficas de matemáticos. um aluno alemão de Descartes e professor em Herborn (NU. 23/25). preocupadas com entes. "ciência rotineira". (Ontologisch é frequentemente acoplado com exsitenz. 196. números. analisa o ser de Dasein como 2. "palavra. uma preparação para a "questão fundemental" sobre o (sentido ou significado do) ser . mas pode ser uma ontologia "regional". portanto. como seu quase equivalente. Ele só pode fazê-lo por causa da sua compreensão pré-ontológica do ser. a entidade. geô-metras ou filólogos são ônticas. ST. O plural de (to) on é (ta) onta. por J. no uso feito por Aristóteles. é on. i. e ontisch com existenziell: as duas distinções são similares. que possui uma COMPREENSÃO implícita e pré-conceitual de ser. Clauberg. baseada em 2 (XXVII. A ontologia regional. 209/niv. combinado com o grego lagos. 2. " metafísica".". não com o seu ser.e. mas "EXISTÊNCIA" aplica-se apenas a DASEIN. que estabelece um novo paradigma para uma (novamente concebida e/ou demarcada) esfera de entes. XXVI. é to on. ao contrário de outros entes. Mas se a " ontologia" está reservada a uma investigação teórica e conceituai do ser. 12). Dasein compreende o ser dos entes. mas Fundamentalontolo^ie (ST. significa ambiguamente tanto "o que é" quanto o "ser" daquilo que é (IM. preocupada com o SER ou a natureza de. 8). 155). três camadas: l. relacionando-se com o paradigma do modo como l relacionase com 2.S. é similar a l. A ontologia fundamental l. é melhor dizer que Dasein é pré-ontológico (vorontologisch). Isto é. Ontologia é o "estudo dos entes enquanto tais". uma palavra cunhada em meados do século XVII e usada. Ele se compromete com os entes onticamente. incluindo o que T.. o ente. razão etc. possui. A ontologia fundamental foi um modo "transicional" de superar a ontologia tradicional. mas não podem realizar seu trabalho propriamente sem antes "clarificar o significado do ser" (ST. 205. Ela não dá lugar para utensílios e tecnologia (LXV. Ela afasta-se. Mais tarde. ST passa de Dasein para ser. 450). plantas.. Heidegger rejeita tal estratificação. não simplesmente analisar o seu ser. nós agora também projetamos " a entidade como ser para a sua verdade" (LXV. Assim como a ontologia tradicional PROJE-TA os entes para a entidade. são " modos de ser de Dasein" e pressupõem o acesso pré-ontológico de Dasein aos entes (ST. 11). 209/niv. que deve ser aberto de modo original" (IM. não apenas pressupõem uma compreensão do ser. 305). postulando a hierarquia dos níveis de entidade — natureza inanimada. 155. e 2. alcançando o outro lado da DIFERENÇA ontológica. ao passo que Heideg-ger prefere "a ontologia tomada em seu sentido mais amplo. TERRA) são iluminados e de certo modo constituídos pêlos mais elevados (p. mas a ordem é posteriormente revertida. 31/34). A tarefa de Heidegger agora é devolver o homem à sua relação primordial com o ser. A ontologia fundamental é metaontologia. LXV. o ser.. " Se a questão sobre o ser procura não apenas o ser dos entes. ser-historicamente [seinsgeschichtlich] (mas não 'ontologicamente')" (LXV. 436s).132 ontologia e ontologia fundamental Ela é fundamental porque as ontologias regionais e as ciências l. 182. portanto. quando entes "menos elevados" (p. uma ontologia que inclui a questão sobre o ser enquanto tal (IM. 273ss). 133/146). A ontologia é suplantada pela HISTÓRIA DO SER: " Em suma: para repensar toda a essência humana. 277).. certas vezes a investigação do ser para o qual a analítica de Dasein é meramente "preparatória" (ST. A mudança não é meramente terminológi-ca. dizem e pensam acerca das . 208n. 283. 103). Esta fundamentação é não somente uma versão renovada da ontologia tradicional: "Precisamos readaptar o Dasein histórico do homem — e isto sempre inclui nosso próprio Dasein futuro. Por esta única razão a fundamentação assumiu o nome de 'ontologia fundamental' [. e não o ser enquanto tal. Ela nega que os níveis menos elevados sejam dependentes dos níveis mais elevados. como toda ontologia. 31/34. 182s. 11). Depois de ST.]" (IM. 154.ex. ST. A ontologia tradicional foi defendida por Hartmann como um refúgio para a "epistemologia" neokantiana (Cf. EWM. 228.32s. ta onta. mundo): "Não há pedra ou correnteza sem planta e animal" (LXV. 13). Fundamen-talontologie certas vezes denota a ontologia ou "analítica" de Dasein (ST. p. então precisamos de uma completa e explícita fundamentação de Dasein. que examinava o ser ou a natureza das coisas e não apenas nossos modos de conhecê-las. o ser ainda está relacionado a Dasein. guiada por esta questão. mas o próprio ser em sua essência. independente de inclinações e tendências ontológicas" (ST. animais.ex. tão logo ela seja fundada em Da-sein. Feick explora o sentido tradicional de "ontologia". Heidegger critica o termo Ontologie: ele pode causar confusão com uma disciplina tradicional preocupada exclusivamente com os entes (IM. estuda os ser dos entes. 375/276s)..). Já que tanto Dasein quanto o ser são anteriores ou " fundamentais" para as outras ontologias. Feick. 32/34). 13). homem. desacredita este último sentido: ontologia fundamental. na totalidade da história que nos foi legada — ao poder do ser. O pensamento de Heidegger é agora mais histórico: a resposta à questão " O que são os entes?" não é independente do que os homens fazem. por meio do questionamento do seu "fundo e fundamento" (N11. em Heráciito. A metafísica faz as duas coisas. Logos. 54s/57. Hegel chamou a metafísica de " lógica". ontoteologia Ontologie é o "estudo [logos] dos entes [onta]". cujo deus é a estrutura geral dos entes. 56/59). "o ser" ? Ser e entes são distintos. Mas em ID Heidegger está lidando com Hegel. Ele e Fink discutem se. " o ser mais elevado e portanto divino" (EWM. A totalidade deste todo [die Ganzheit dieses (Sanzes] é a unidade dos entes. 220/150). Ela considera o ser com o "solo" dos entes: "Ontologia e teologia são '-logias' porque alcançam as profundezas [ergríinden] do? entes enquanto tais e os fundamentam [be-gründen] como um todo |im Ganzen. Para qualquer um que possa ler. significí "solo." a metafísica é definida como a questão sobre os entes enquanto tais e como um todo [nach dem Seienden ais solchen und im Ganzen]. 51/54). a questão 2 é "sobre os entes como um todo [nach dem Seienden im Ganzen]" (K. e inversamente os ertes "constituem [begründet]" o ser. e também "reunião [Versammiung]. arranjar. isto significa: a metafísica é Onto-Theo-Logie" (ID. de legein.". Ele imputa esta fusão à sua obra anterior: em OQM. não a totalidade dos entes. 67/69). a ontoteologia formula duas questões distintas: l. é literalmente " O que é o ser?" ou "O que é isto que é?". e qual a sua natureza? (KTS. deve ser considerada onticamente ou ontologicamente (XV. Ela reúne os entes para considerá-los "como um todo". 443). que pode significar: l. Os entes só podem. 220/150. As questões fundem-se facilmente em alemão. -logie desempenha um papel mais importante. 232ss/144ss). Em outras obras. 373/275). A ideia. reunir. a palavra kosmos. O ser "fundamenta [gründet]" os entes. (Aristóteles não tem culpa desta confusão: seu deus é um ente entre os outros. não um ente individual. o "estudo de Deus [theos]". ela é Cnto-Theo-Logik. O homem não . dizer etc. cuja "primeira filosofia" considera tanto os entes enquanto tais quanto o ser mais elevado (K. A questão l é "sobre os entes enquanto tais [nach dem Seienden ais einem solchen]". Como Deus torna-se um ente. "dispor. 'no todo']" (ID. já que Was ist das Seiende?. ao invés de simplesmente Sein. mas inseparáveis. O que são os entes enquanto tais em geral? 2. ele localiza a confusão na frase inteira das Game dês Seienden ais solchen. 373/275). o ente mais elevado. ou 2. lit. consliluir o ser mi forma de umúnico ente supremo. no entanto. uma causa que é causa sui. O contraste entre ontologische e ontisch persiste no pensamento tardio de Heidegger. Mas na Onto-Theologie. 177/109) e sobre a diferença entre a proximidade ôntica e a proximidade ontológica (XV. O ser aproxima-se diretamente e não mais por meio de Dasein. mas não as palavras. Certas vezes Heidegger explica de modo diferente as duas questões.) Biologie é o "estudo" ou "ciência" dos seres vivos. " o todo dos entes enquanto tais". Assim sendo. A coincidência do homem com Dasein não está garantida. que poderia ser tanto a questão l quanto a questão 2. Theologie. " O que são os entes?". " os aspectos mais gerais dos entes". Por isso. O que é o ser mais elevado.ontoteologia 133 respostas que deram e darão a esta mesma questão. "causa de si": " liste do nome aprorriado para o deus da filosofia. 132/79. o solo que os traz à luz e os unifica. união" (ID. vem de Aristóte-les. EWM. Heidegger combina essas palavras derivadas do grego para formar Onto-Theologie ou Onto-Theo-Logie. deixar (as coisas) estarem diante (de nós) [Vorlie-genlassen]". Hoje se diz "começar.". O verbo erspringen. 'de muitos recursos'". intacto. rebentar".era originalmente er-. 7/143. 2. Anfangen significa. visão prévia e concepção prévia conformam-se ao fenómeno. era originalmente "surgir. "levantar. ser tomado como "salto original. primevo. cf. brotar de etc. primeiro. nossa posição prévia. foi atualmente suplantado por entspríngen. anfanglich. fonte". Pensamento. origens e começos Heidegger utiliza dois principais grupos de palavras: 1. já significou uma "nascente. Heidegger vai além da metafísica. avaliatórias e algumas vezes (implicitamente) históricas. extração. "pular. agarrar. uma INTERPRETAÇÃO ursprüngliche de Dasein? Qual é o nosso critério para Ursprünglichkeit7. Ursprung aproxima-se de Herkunft. "pular. o pensamento que rejeita esse deus da filosofia. originariedade? O que queremos dizer com isso? Ele responde que uma interpretação ontológica só é ursprünglich se: l.. 3. Ursprung pode. apossar-se de". saltar". pergunta Heidegger. 70/72). 2. sobrevive com o sentido de "origem". mas Heidegger as distingue (cf. saltar". Ursprünglich ocorre com frequência em ST. foi usado primeiramente pêlos místicos. e sobre a DIFERENÇA que a metafísica discerne apenas vagamente. "diante". iniciar". Ursprung. e aplicava-se especialmente a nascentes ou fontes de água. primordial". nossa visão prévia nos concede não somente um "primeiro esboço do ser do ente. Spríngen. excentricidade". ACL. Acaso é a nossa visão de DASEIN como cuidado. mas o substantivo correspondente. mas Heidegger os diferencia: um Anfang é mais radical e fundamental do que um Beginn. não na base de um ateísmo qualquer. "inicial(mente)". mas ficou comum no século xvm sob a influência do francês original. 51/55). inicial. e captura seus profetas — Anaximandro. de onde algo provém". assim. "arrebatar. apanhar". interpretação etc.. a "situação hermenêutica". elevar-se. fonte [esp. tendo passado a significar "original. Fangen é "pegar. emanar".134 origens e começos pode rezar para este deus. Pensando sobre esta unidade. 2. mas considera-o "no que diz respeito à unidade das suas atuais e possíveis .9ss). natural. são ursprünglich à medida que descobrem (ou indagam acerca de) um fenómeno etc. nem lhe oferecer sacrifícios. 64s/202). de água]". lit. linhagem. jorrar. erguer-se. (Ur. é próximo de ursprünglich. Anfang(en) também é próximo de Beginn e beginnen. Anfang é "começo". primordial". Heidegger considera que " o pensamento sem-deus". 71/72): "O caráter ontoteológico da metafísica tornouse questionável para o pensamento. Parmêni-des e Heráciito — em seu "domínio" (LIV. originalmente. Sugere "primitivo. "origem. Sprung. está "talvez mais próximo do deus divino" (ID. "originário. em um sentido que combina as prioridades ontológicas. "brotar. Esta palavra originalmente significava "brotar/emanar. nossa posição prévia abarca a totalidade do ente sob consideração. O homem não pode cair de joelhos por admiração diante da causa sui. Ursprünglich(keit) não significa "original(idade)" no sentido de "novidade. primordial". capturar.) Ursprünglich. nem dançar e tocar diante deste deus" (ID. ursprünglich. mas a partir da experiência de um pensamento que viu na onto-teo-logia a unidade ainda impensada da essência da metafísica" (ID. tais como ocupação e preocupação. por exemplo. em princípio. O "original". ela o excede em poder desde o início. sato" adiante. o pensamento de Heidegger torna-se mais histórico. separáveis: não poderíamos lidar com as coisas se nas fôssemos com os outros. A interpretação feita por Heidegger de Dasein em sua "cotidianidade mediana" preenche unicamente a condição l. é um massivo Sprung. pois sem ela a verdade permanece indiferente" (LXV. e a interpretação (conceituai) de Dasein dada pelo filósofo é guiada pela própria interpretação de si (não-conceitual) de Dasein. Isto não significa que sejam. e precisamos desta questionabilidade. Ela falha em 2. Ursprünglich é aqui próximo a "fundamental" : uma teoria ou interpretação " fundamental" incluem o todo do interpretan-dum. "igualmente originais. todo 'brotar ['Entspringen']' é degeneração. e explicam aspectos secundários em sua função. a temporalidade infinita (ST. o cuidado (cura). sem explicar a autenticidade ou mesmo a sua possibilidade. 103. 226. Ela falha em 3. apenas uma questionabilidade mais elevada acerca da essência da verdade. A originalidade não está necessariamente vinculada à simplicidade: "A Ursprung ontológica do ser do Dasein não é 'mais superficial' do que aquilo que dela surge. A penetração ontológica na 'Ursprung' não chega ao que é oitíicamente óbvio para o 'senso comum'. já que somente a temporalidade de Dasein explica a "totalidade estrutural articulada" do cuidado (cura). descobrindo que a temporalidade é o "solo originalmente ontológico da existencialidade de Dasein". ST. aproxima-se mais de um princípio"). ela mostra como toda evidência é questionável" (ST. é algumas vezes contrastado com o "derivado [abgeleitet(e)]". a temporalidade finita. As duas falhas estão conectadas: somente o Dasein autêntico examina a si mesmo como um todo. Ura Ursprung 011 Anfang não é simples ou primitivo. Ao discernir a "autêntica habilidade de ser um todo [Ganzeinkõnnen]" de Dasein. Posteriormente. e de fato "constitui o sentido original do ser de Dasein" (ST.origens e começos 135 características estruturais" (ST. já que abrange apenas um breve espaço de tempo do caminho percorrido pelo Dasein entre nascimento e morte. 231 s). nem ser com outros se não pudéssemos lidar com as coisas.. antecipando implicitamente o que dele possa . Ursprung e seu quaseequivalente Anfang em geral referem-se a um acontecimento histórico (xxxix. ao contrário. o filósofo revela o "ser original" de Dasein. utensílio e produtos implicam clientes e fornecedores.e. Diferentes fenómenos dentro da CURA-CUIDADO. i. são gleichursprünglich. nenhum funda o outro unilateralmente. que por sua vez implica coisas intersubjetivamente identificáveis para que se as possa nomear e levar à fala. ser por meio dos utensílios e ser com os outros. "pulo. 239ss). isto nunca garantirá uma resposta mais certa mas. Portanto. onde Heidegger concorda com Aristóteles que "o mais simples. eqüiprimordiais": nenhum deles é derivado ou baseado no outro (XXI. Se os fenómenos são gleichursprünglich. no campo da ontologia. 235). "Se questionamos mais originalmente [do que questionou Nietzsche acerca da verdade]. Mas cf. está articulada e funda uma multiplicidade de fenómenos secundários. Inversamente. 334. o mais original. outros reconhecidos em sua alteririade implicamcomunicação. revelam sua natureza " fundamental". por exemplo. XXXI. A "totalidade original da constituição de Dasein". 330s). 2()()ss. 181). mas cada um pode implicar ou acarretar o outro. 362). já que considera Dasein unicamente em sua inautenticidade ou neutralidade. "Alguém que não está ouvindo no sentido genuíno (assim como quando falamos de uma pessoa. ST. e hõrig. Até escutar é ouvir com compreensão. "que acompanha. o bonde elétrico. nem em parte nem em sua totalidade. é mitologia" (IM. ouvir. que já significou " ouvir. mas está mais ligado a escutar sons. o grego. 196). "não ouvir. o vento do norte []. Sendo assim. ST. é primeiramente fundada pelo salto" (LXV. [. 'Em primeiro lugar' nós nunca escutamos ruídos e complexos acústicos. convir etc. A destinação do salto. 63ss/201ss.. 163. já que o mero escutar é uma modificação privativa definida do ouvir e compreender" (XX. Ele também deu origem agehor-sam. 15/15 Is). Escutamos o carro rangendo. "escutar" (cf. 'Ele não ouve!' — o que não significa que seja surdo) pode escutar [horchen] muito bem e. 368). "obediente". 271). e zugehõrig. 119/131). dar atenção a. Conhecimento de uma pré-história [Ur-geschichte] não é descobrir o primitivo e colecionar ossos. obedecer".. Portanto: "Dasein escuta [hõrt] porque compreende. atender". O mais importante para Heidegger é gehoren. E indispensável uma atitude superficial e complexa para se 'ouvir' um 'ruído puro'" (XX. Escuta-se a coluna em marcha. Mas agora "apenas uns poucos vêm ao salto. ehinhõren. à . ouvir Hôren tem origem em uma palavra que significava "prestar atenção. não ouvir. obedecer".]" (LXV. Da-sein "se funda no salto. "A pureza e a grandeza do conhecimento histórico encontram-se na compreensão da natureza misteriosa deste começo. escutar. Como ser-no-mundo articulado em compreensões com os outros. "O pensamento 'primordial [anfãngliche]' transfere seu questionamento sobre a verdade do ser para trás. da filosofia e da história " ocidental". ele obtém uma garantia de que virá de trás para o seu outro começo [. desenvolveram-se a partir de gehoren. e por diferentes trilhas" (LXV. já que contramovimentos "são capturados em sua própria vitória. O Sprung envolvido no começo é similar a um PROJETO. precisamos confrontarnos com o primeiro. passando a significar "pertencer (a). Para preparar-se para o "outro começo" da história humana. 119/130). Mas até mesmo o escutar envolve a compreensão: "Até o escutar é fenomenalmente mais original do que a mera sensação de tons e percepção de sons. Não é a ciência natural. notar. um " grande e singular momento de criação" (LXV. mantendo-nos ao mesmo tempo à distância. Significa agora "ouvir (algo de/sobre). atender. Cf.". 236). "escutar. Por isso é inexplicável. desenvolveu-se a partir de horen. a motocicleta. ver". na escuta. tendo perdido contato com ouvir. Horen forma diversos compostos ligados a ouvir.136 ouvir brotar (ACL. Gehõrig. em função de nosso próprio pensamento derivado do pensamento grego. 186). IM. em cativeiro.. 303).] caindo nas gaitas do conquistado". Heidegger não diz absolutamente nada sobre culturas pré-gregas. escravizado". ignorar". aberta por ele. que convém". por esta mesma razão. Dasein obedece. Hor-chen. que pertence". enquanto horen envolve a compreensão. que não será "nenhum contramovimento".. se é alguma coisa. Para as questões: foram eles humanos ou Dasein? Tinham eles uma filosofia? sua resposta é: só podemos compreendêlos "privativamente". O salto abre o aí (Da). "servidão. Desse modo. "que pertence. ACL. 59). em direção ao primeiro começo como a origem da filosofia. tanto para compreendê-lo quanto para evitar que nele nos enredemos (LXV. pode-se horchen sem horen. tais como überhôren. 367. Este é o "primeiro" começo. ouvir 137 existência e a si próprio. Nós só podemos fazê-lo por termos sempre já escutado a linguagem. O que assim escutamos? Escutamos o falar da linguagem [das Sprechen der Sprache]" (ACL. A linguagem abre. e unicamente a partir deste pertencer primário [Zugehorigkeit] há coisas tais como separação. 367). é secundária: "Que haja para ouvir coisas tais como lóbulos da orelha e tímpanos é puro acaso" (XX. Escutar é essencial para a fala: "Escutar pertence à fala assim como ser-com pertence ao ser-no-mundo". Die Sprache spricht. mostra. A linguagem fala no sentido de que ela é o mostrar que alcança todas as regiões do que é vigente [Anwesendes] e deixa o que quer que venha a vigorar [Anwesendes] a partir dessas regiões aparecer e desaparecer" (ACL. 'pertencente' a essa obediência". Seu dizer [Sagen] brota do dito [Sage] que já foi falado e ainda é não-falado.e. (ST. Heidegger argumenta que escutamos não apenas os outros. já " foi falada" explicitamente. Entretanto. A afinidade de gehoren e horen. i. nós "ouvimos em primeiro lugar o que é dito. assim como a acústica. desenvolvimento da sociedade e afins" (XX. Revela aspectos do mundo dos quais oradores particulares geralmente não estão conscientes. revela e ordena o mundo para nós. 254/124). 254s/124). "a linguagem fala no que é dito. mas foi há muito esquecida. Mais tarde. " até agora ainda não-dita". o dito que permeia a estrutura ou desígnio [Aufriss] da linguagem. . 368). A fisiologia. Ela ainda está na linguagem. formação de grupo. mas a própria linguagem: "Nós não apenas falamos linguagem. por exemplo. E: "Ser-com possui a estrutura de um pertencer-ouvinte-obediente [Zu(ge)hõrigkeit] aos outros.. 163). nós falamos a partir da linguagem. aquilo sobre o que é a fala. esperando que possamos ouvi-la. não o seu dizer e a fala sobre algo". " indagar.p palavras Wort é "palavra". Heidegger . palavras têm importância intrínseca. Uma palavra tal como kategoria. 161). [wortendinge] não são coisas dotadas de significados" (ST. As palavras. 164). quanto as palavras: "uma coisa é fazer um relatório narrativo sobre os entes. porém. "escravizado. 563/niii. cujo "conteúdo original foi perdido e precisa ser recuperado" (xxvil. categoria". que ultrapassa seu uso em proposições para expressar juízos. Cf. inquirir (de alguém)". "perguntar". sobretudo. sem significado e sem qualquer relação discernível" (DS. mas com frequência "palavras. 39). (um) dito". Embora "a linguagem possa ser estilhaçada em palavras-coisas simplesmente dadas" (ST. 2. anfragen. 161). Uma palavra. 299). é uma "palavra primordial [Urwort]". 77s). como DS sugeria: uma linguagem desconhecida é ouvida como "palavras incompreensíveis" (ST. 297/14). horen. "de-'sencobrimento. não podem ser traduzidas para o latim animal rationale sem perda (ST. a 'gramática'" (ST. horig.ex. ou família de palavras. as palavras. Das significações brotam palavras. "endereçamento. "questionar. Palavras são intrinsecamente sem significado: "Em palavras como essas não há conexão. próximos uns dos outros como algo sem sentido. 165). é mais importante do que um conceito claro. wgehõrig. Não obstante. não há ordem. N11. acusação. "perguntar. Para esta última tarefa não apenas faltam. A gramática é tão importante. na maioria das vezes. interrogar (alguém sobre algo)". 5). verdade". e também pela sua tendência de ligar palavras de mesmo radical: fragen. não há "palavras-coisas" preexistentes sem significado. Palavras surgem da significação pré-linguística: "A totalidade significativa da compreensibilidade vem à palavra. 74/niv. outra coisa é apreender o ente em seu ser. e. para Heidegger. Worte são palavras em um contexto (p. "pertencente" (ST.. erfragen. A visão de Heidegger das palavras. passa por três fases: 1. Palavras recebem um sentido pelo seu uso em sentenças para expressar juízos. 37s). Ela possui dois plurais: Worter são palavras destacadas. elas são simplesmente conglomerados. Isto é sugerido pela sua insistência em afirmar que expressões gregas. ou aletheia. vistas não como um " caos". mas como " uma inscrição visível que não somos capazes de ler" (NI. 79. Anax. averiguar (algo)" (ST. assim como da linguagem. tão defectiva. mas. tais como zoon logon echon. em cativeiro". " ouvir". "palavras e complexos de palavras como esses nada indicam" (DS. 163). 291). be fragen. 3. (Posteriormente. Por isso. representação. 78. " Dasein no homem forma o mundo" significa: (a) ele o produz. Até mesmo o sentido de palavras não-fundamentais.] precisamos ousar jogar esse jogo. poder. do 'acontecimento apropriador' ('Er-eignis'). Mas nossa visão fundamental de mundo. Cf.] escapar da sedução da fala cotidiana e seus conceitos" (XXIX. de significado dentro de certos limites. 3). cultura"). Estes três interesses convergem. Denotam coisas essenciais para o DASEIN. como "casa".. (b) ele o retraía. "história". 252/niv.. "Todo dito precisa deixar surgir também a habilidade para ouvir. não extraindo verdades das palavras. mas também no " primeiro começo" da história ocidental e no próprio ser.. varia com as coisas às quais ele se aplica. SF. e não apenas quando a fala é 'sobre' e 'do' ['vom'] ser.) Heidegger está interessado não somente em mudanças históricas de pequena escala. Este jogo da linguagem não é divertido. Cf. [. valor.Toda linguagem é linguagem dos entes. 345). na década de 1890. Heidegger faz uma outra lista de Grundworte: forma. Não podemos inventar uma nova linguagem para o ser. como também as distingue: "questão" e "problema" (XVll. Ambiguidades revelam mais do que ofuscam. 193). (c) ele o constitui. já cue não conhecemos a verdade do ser. Dasein deve também decidir o que ele mesmo significará através delas e sua decisão determina o curso da história. precisamos usar a "mais pura linguagem natural como a linguagem do ser. À medida que o pensamento de Heidegger torna-se mais histórico. "liberdade". depende do sentido de cada palavra fundamental — de todas as palavras fundamentais. da'iluminação do velamento'. para [. 67. falamos da 'renúncia áa busca'. variando.. "conhecimento". nosso mundo de fato. "Se falamos de formação-de-mundo neste sentido triplo. cada vez mais desgastada. Bildung ("educação. porém. relativamente recentes. 144). e assim por diante. O sentido da palavra Bildung usado por Goethe e Hegel difere do sentido de Bildung. Heidegger utiliza . "verdade". já que "o mundo incorporado no dito é diferente" (NI. "Palavras fundamentais [Die Grundworte] são históricas" (NI." Destarte. 414. 169/ni. as casas de 1890 diferiam das de 1820. Isto inutiliza o " intelecto vulgar". 169s/ni. que toma a questão sobre a essência do mundo do mesmo modo como uma questão sobre os preços atuais da bolsa de valores. 73ss). já que uma mudança em qualquer uma delas afeta todas as outras. Esta transformação da linguagem penetra reinos ainda fechados para nós. 105).palavras 139 não apenas liga as palavras. Não apenas seus sentidos mudam ao longo da história. domínio. será isto um jogo [Spiel] de palavras? Decerto — isto é. jogar com o jogo da linguagem. de 'Da-ssin'. Trata-se de uma palavra 'do' ser no sentido de que o ser expressa a si mesmo em cada palavra e deste modo esconde a sua essência" (NII. "ser". vontade. mais exatamente. ele percebe que certas "palavras básicas" — "arte". "espera [Hoffen]" e "esperança [Hoffnung]" (ST. mas abrindo a verdade do ser em tal dito transformado" (LXV. 144). o circunscreve. "natureza" — possuem sentidos obscuros ou "encobertos". Mas a "verdade do ser" não pode ser dita em nossa linguagem ordinária. " Ser" é a mais fundamental das palavras: "toda palavra enquanto palavra é uma palavra 'do' ser ['dês' Seins]. "beleza". segurança: SF. brota de uma falta de leis que precede qualquer 'lógica' e que nos faz exigências mais profundas do que faz o puro seguir as regras de formaçãodefinição. ele nunca será passado [vergangen]. passar por. Possuem um tom de " terminado para sempre". uma forma enfática de . menos o que passou [das Vorbei].. 220ss/140ss). [ist. lit. e a capacidade de preservar suas raízes antigas. lit. Palavras combinam-se. " 'Desde que' Dasein facticamente exista. mesmo sem possuir palavra para ele (xxxi. 'sido'] no sentido de 'eu íOM-um-ter-sido' ['ich bin-gewesen'1]" (ST. Palavras são mais cruciais do que proposições. 're-coisifica'] a coisa para uma coisa" (ACL. vergangen.. e o grego onoma. "(vigor de) ter sido. que abre para nós o modo como algo deve ser experimentado e retido em sua vigência [Anwesenheit]" (EHD. 312/218).". "Eu chamei". "nome". u. Mas "a palavra condiciona [be-dingt. i. NU.. gewesen. mas não em formas gramaticais ordinárias: "A libertação da linguagem da gramática para uma estrutura-essencial mais originária está reservada ao pensamento e à criação poética" (CH. 163ss/60ss. O passado da maioria dos verbos alemães é formado pela junção do particípio passado com o presente de haben. mas sempre/o. lit. Heidegger explora isto ao explicar o sentido de Gewesenheit. "passar. [. Alguns verbos formam seu passado usando sem como auxiliar: ich bin gereist. linguagens " filosóficas". em vez de emprestá-las de outras línguas. 326). 309). lit. Heidegger forja então uma outra palavra. "conhecimento": "O nome torna conhecido. Podemos aprender certas coisas a partir das palavras que não são evidentes ou de intenção consciente para o orador: "a linguagem não é obra do homem: a linguagem fala" (PT. Cf. 50. 281). que está terminado para sempre. "sempre ainda". gewesen. "dito". " (ter) sido": (die) Gewesenheit. O nomear é crucial. Podemos compreender algo de certo modo. 'é'.140 passado e ter sido a etimologia para reanimar palavras desgastadas e retraça as palavras originárias do primeiro começo. um mostrar. de vergehen. "proposição. xxvn.. palavras que "recolhem" ou "reúnem" coisas. aAussagen. 73/niv. "ter".. ST.. 16. 19). Prefere Sagen.. 232/151). "Eu estive doente". morrer. 328). mas pode significar. como auxiliar: ich habe gerufen. mas filosofantes enquanto linguagem e formação de linguagem" (XXXI. Isto não serve para Heidegger: "O passado [Vergangenheit] — experimentado como historicidade autêntica — é qualquer coisa. O verbo sein usa sein como auxiliar: ich bin krank gewesen. A expressão "sempre já" (immer schon) ou "alguma vez já" (je schon) é formada por analogia com immer noch. 37. passado vivo" (XXI. enunciação": "O dito do pensar primordial encontra-se fora da distinção entre conceito e cifra" (LXV. 52). Valoriza a tendência que elas possuem para combinar palavras com vistas a formar novas palavras e de usar palavras antigas com propósitos filosóficos. Mas o que é passado está muitas vezes terminado para sempre: dizer que alguém ou algo "é história" pode significar que ele vive no presente. o alemão e o sânscrito. 72/25). passado e ter sido As palavras usuais para "passado" e "o passado" são vergangen e (die)Vergangenheit. especialmente se for "história antiga".e. Ambas vêm do particípio passado. Ele é algo para o qual eu posso retornar sempre mais uma vez" (CT. Prefere o grego. usando o particípio passado de sein (" ser"). Heidegger intriga-se com a última estrofe do poema "A palavra" de Stefan George: "Assim aprendi com tristeza a renúncia:/ Nenhuma coisa que seja onde falta a palavra" (ACL. " não permeadas pela terminologia filosófica. 188).] Nomear é um dito. lit. ir [gehen] embora [ver]". com gnosis. Ele conecta o N ame. 413. " Eu viajei". " via ekstasis. "relembra". 3. (das) Vergessen. (die) Vergessenheit. não um Gewesenheit ao qual possam "retornar".passado e ter sido 141 "ainda" — "Ele ainda não está trabalhando!" (NU. junto com Zukunft. 16s). retenção". elas a imaginam em função de sua própria experiência. "distração. 238). por um duplo processo de repetição. "deslocar. "presente". do ponto de vista das preocupações em calcular o presente" (LXV. transe etc. (die) Erinnerung. Eu não posso dirigir. Behalten. Vergessen. o ser-lançado e o mais . 319/niii. Em ST. "futuro". A Gewesenheit está mais relacionada ao que eu "sempre já sou" do que à cronologia. presente e futuro. árvores e animais são afetados por seu passado. o mais próprio "poder-ser" de alguém. Ele também não sobrevive devido à pesquisa histórica: reconhecer um texto ou artefato existentes atualmente como evidência daquilo que foi pressupõe uma anterior compreensão do passado (XX. ir de volta ao passado da vida de alguém e/ou da " tradição" de alguém." Heidegger reanima o sentido original de " sair de si": o tempo sai de si para o passado. é alguma vez já [je schon] lançado" (ST. Mas em realidade. do mesmo modo o passado envolve o "já ser no" mundo (ST. minha próp ria entrada no mundo nem minha aquisição de aspectos essenciais ao fato de eu ser Dasein. recordação". o esquecer. lit. desordem. No inuutfirtico vigor-de-ter-sido. Enquanto o "caráter fenomenal" do futuro é "em direção a si mesmo [Auf-sich-zu]" e o do presente é "deixar que algo venha ao encontro de alguém". o do ter-sido é "de volta a [Zurück auf]". "repetir. na medida em que é. imaginam o passado e lembram-se do futuro" (Namier. Várias palavras expressam nosso relacionamento com o passado: l. "esquecer. Heidegger usa behalten de modo similar (XXI.REPETlçÃO". estas palavras são relatadas assim: AUTÊNTICO vigcr-de-ter-sido é repetição. 2. mas sim a sua pré-condição.). é uma das três "ecstases" da TEMPORALIDADE. Ekstase(n) vem do grego existanai. espanto. 49/niv. Todo Dasein foi arremessado no mundo. Wiederholen. 493. 328). Gewesenheit. a partir de minha própria perspectiva eu sempre estive no mundo. 69s). adquiriu uma compreensão do ser que carrega consigo. e retraçar possibilidades. NII. 5). isto é. (die) Wiederholung. "reter. 413). (das) Behalten. e quando tentam estimar o futuro elas citam supostas analogias com o passado: até que. Heidegger relaciona-a com o SER-LANÇADO DO DASEIN: "o 'já' [das 'Schon'] significa o sentido existencial temporal do ser deste ente que. Assim como o futuro envolve o "à frente de si mesmo" e o presente "ser junto às coisas". e Gegenwart. Ela expressa duas ideias: l. Husseri argumentou que ouvir uma melodia envolve " reter" as notas que já ouvimos — o que não é relembrar. Posteriormente. cf. 328s) Como o passado sobrevive no presente? Não simplesmente em virtude de efeitos que acontecimentos passados causam em nosso estado presente. Namier expressou um pensamento comparável: "Espera-se que as pessoas lembremse do passado e imaginem o futuro. Isto também se aplica a outros aspectos do ser de Dasein: "nós sempre já funcionamos em uma compreensão do ser" (ST. 2. 4. quando discursam ou escrevem sobre a história. Heidegger associa a historiografia mais com o que está morto do que com o passado vivo: Historie é a "determinação e explicação do passado [Vergangenen]. (sich) erinnern. esquecimento".. etc. Pedras. buscar de volta. desordenar etc. ou observar. 290 etc. recordar.317. mas possuem apenas um Vergangenheit. retraçar. 235). 453). "calcular". [. Esquecer continua sendo importante depois de ST.142 pensar e questionar próprio poder-ser de alguém são "esquecidos" por causa das ocupações do presente. e esquecimento. do ser (cf. planejar" (LXV. uma palavra que Heidegger contrasta com "pensativamente [denkend. uma palavra que. 73). não com a "retenção". inventiv(amente)" (NI. ele pode sich erinnern. erdenken. [. "Eu penso que penso" (xvn. Besinnung distingue-se. Usa muitas vezes sich besinnen. especialmente porque. "O vigor-de-ter-sido surge de certa forma a partir do FUTURO" (ST. 261. 149/244). "agradecer". "refletir (sobre). de Reflexion.] mas em um esquecer. 267).. na compreensão de si.. retornar para si mesmo a partir de seu podeser. de rechnen. ao seu modo. esquecidas do que vimos antes da nossa queda mas que.". Reflexion era um conceito estimado por Husserl. passam a recordar. 2. Besinnung.. lembrar" (WHD. apenas volta para aquilo que é correntemente presente. "introduzir-se (no)" campo aberto pelo esquecimento (ST. "obrigado". pouco a pouco. nor- . Heidegger deve muito ao Pedro de Platão. mas lit. G. O "esquecimento" fundamental faz o passado passado em vez de presente. "pensar sobre [an]" (NU. "esquecer". O pensar forma uma hierarquia. "cogitar. "Atenciosa(mente)" é denkerisch.. enquanto puder. com o fato de Dasein desviar-se das coisas para si mesmo (xxix. conta. Denken forma diversos compostos: Andenken. o "esquecimento" fundamental que contrasta com a "repetição". ao contrário das ciências. 95. 218ss/ni. esquecer que retornamos [do sermos lançados no PROJETO]. lembrar-se. que é um esquecimento do que ocorreu no ACONTECIMENTO" (LXV. de. que acabou de fechar a porta atrás dele para o vigor-de-ter-sido. "avaliação. Ele é o "modo dominante do vigor-de-tersido [Gewesenseins]. 4). 226). 402/ep.] Então tudo que permanece é o retorno: a retenção da entidade (ideia [platónica]). 175 sobre são Tomás). em função da nossa compreensão. lit. interpreta a sua explicação das nossas almas decaídas. essencialmente auto-reflexivo. 13s/46s). 428). LXV. portanto. surge da ilusão de que o que foi [das Gewesene] já não 'está' mais aí e de que Dasein. e frequentemente relaciona com dichterisch. danken. inventar. O lembrar-se torna-se possível pelo esquecimento. 44. apresentar para o ser aquilo que foi" (XXVI. Heidegger discute com Platão: "nosso contato com o ser baseia-se não na anamnese [reminiscência]. reflexão". pensar e questionar Denken é "pensar". junto com compostos-tais como berechnen. "contar ctc. extemalidade] das suas ocupações". "o pensamento calculador" ou das Rechnen. "poetic(amente). "lembrança". que Heidegger (como Hegel) associa à reflexão ou "desvio" da luz e. Cf. 329/nii. Já que Dasein esqueceu-se de si mesmo e está "perdido na 'superficialidade' [Ãuserlichkeit. i. Heidegger assimila-o ao cogito de Descartes. 326). denkmâssig]" (LXV.. muitas vezes.. mas como An-denken. 188ss). cálculo". ele essencialmente reflete sobre o seu próprio ponto de vista (XXIX. Heidegger explora a sua afinidade com as palavras Dank. 339). Mas fechar a porta para ele é também sempre um modo de temporalizar [Zeitigung] o vigor-de-ter-sido. Uma pessoa também pode falhar em reter. No fundo está das rechnende Denken. 284. que antes significaram "pensar. 415. em um "sentido derivado".e. Ni. para o pensar filosófico. abrindo o passado como um campo de recordações. Isto inclui duas ideias: l. cogito me cogitare. 78). 143).. 5). Uma questão é um acontecimento concreto. 289). 640ss/niii. Ele limpa o solo para construir até alturas ainda desconhecidas. quer ela cubra ou não os seus gastos" (ST. A 'vida' é um 'negócio'. Heidegger aceita a visão tradicional desta sintaxe incerta: "Pois poisar Inocm) e ser (einai] são o mesmo [to auto]". Kant etc. No período de ST. A conexão começa com Parmêni-des: to gar auto nocin fvlin te kai einai. não se deixando atravessar por meio do cálculo [errechnen]" (LXV. O pensamento combina-se tradicianalmente com o ser (IM. não um corpo de verdades (XXVII.. Uma resposta nos impele para outras questões: Philosophie ist philosofieren. 322s/niii. está o genuíno pensamento filosófico. Na década de 1930. 120s: pensar e o pensamento não são separáveis como o veículo e a nossa destinação). 242. 15. 25)..] a grande filosofia é dotada de atenção poética" (NI. não sendo contudo jamais poesia no sentido de uma forma artística [Dichtkunst]. ao contrário de problemas. 329/nii.. 639/niii. O pensamento aproxima-se da poesia: " Todo pensamento filosófico e. NI. uma inquisição genuinamente livre de pontos de vista conhece apenas 'assuntos' ['Sachen'] como possíveis fontes e motivos de questionamento e de desenvolvimento de aspectos nos quais eles devem ser questionados" (XVll. cf. "A cotidianidade considera Dasein como um assunto de ocupação simplesmente-dado. ST quebrou esta conexão. o mais rigoroso e prosaico é intrinsecamente poético [dichterisch]. NU. 423. ou construtivo" (bauend). 383/nii. Questões. . Respostas a questões não são proposições predeterminadas: "uma resposta [Antwort] só é uma resposta quando sabe desaparecer do modo correio" (xvn. O questionador se desenvolve à medida que o questionamento prossegue: "aquilo com que a filosofia lida revela-se apenas na e a partir da transformação do Dasein humano" (xxix. 73). 11 Is). algo dirigido e calculado [verrechnet]. o pensamento filosófico fica mais estavelmente direcionado para a questão sobre o ser: nós não deveríamos responder à pergunta "O que são os entes?". precisamente. Com o declínio da autoridade religiosa. ligando ser ao tempo (LXV. Um problema (tal como o problema do livre-arbítrio) é uma entidade objetificada e extemporânea. 89s). "Há uma história de problemas unicamente a partir de um ponto de vista filosófico explícito. Nenhum método deste tipo deve ser procurado ou encontrado: "o caminho desta concepção [Erdenkens] do ser ainda não foi firmemente marcado em um mapa. 183). dentro de limites. O pensamento do cientista não é tão ofuscado quanto o do comerciário. não vistos por esse pensar" (NI. "removedor" (ausscheiàend). No topo da hierarquia. mas nenhum deles transcende o seu horizonte para refletir sobre ele e sobre o seu próprio pensamento (NI. 58). LXV. "Pensar no sentido de calcular [Berechnens] [.pensar e questionar 143 malmente recebem em Heidegger um tom negativo. filósofos tais como Descartes buscaram um método confiável de descobrir verdades (NU. variando. situado. 88ss/98ss)." filosofia é filosofar". O pensamerto é: "construção. isto é. 372/nii. 143ss. 457s/niii. Em contrapartida. e cada ponto do caminho é não-familiar. [. 76). mas "desdobrá-la" na questão sobre o ser (NI. pensar inclui questionar. 86). Uma questão (Frage) é distinta de um Problem. O terreno primeiro surge através do caminho.] subsiste unicamente dentro de um horizonte fixo. não restringem-se a uma seleção tradicional. e "aniquilador" (beseitigend) ou "destrutivo" (ver-nichtend) (NI. 133s/niv. extraída por filósofos tais como Windeiband e Hartmann de obras de Platão. mas que se copertencem (IM. menos propenso ao questio-namento. 147s/241s). Modernamente. "vigência do que é vigente". 165). interpreta noein de outra forma. aplicando-se especialmente ao verso em contraste com a prosa. do grego poiesis. 319s/niii. embora Kant considere os entes como "objetos [Gegenstãnde]" (WHD. obediência "ao que o pensamento tem de pensar" (ACL. guardando o sentido mais antigo de "obediência" . que acompanhou o declínio da autoridade religiosa. precisamos escutar aquilo que ela nos fala: "a atitude autêntica do pensar não pode ser o questionar. . que. vem de poiein. produção. 68). 176/72). Cf. 528/niii. cf. 193/ni. e ser como Anwesen dês Anwesenden. 171). Mais tarde. poesia e Dichtung O alemão possui duas palavras: l. 91 s). Heidegger torna-se. "ação" — que não o possui (cf. cf. à medida que o papel uma vez atribuído a Dasein é concedido ao próprio ser ou a coisas suprapessoais a ele relacionadas tais que a linguagem. ST. 46: noein envolve permanecer [Verweilen] no desencoberto). assim como os soldados que se dispõem na retaguarda deixam o inimigo avançar" (IM. Que os gregos tenham dado este nome genérico para a poesia em particular é uma "evidência da proeminência desta arte dentro da arte grega em geral" (NI. A explicação de Kant dos entes em função da experiência possível que deles fazemos provém de Parmênides. perceber". "argumentar etc. Frôm-migkeit não é exatamente "piedade". ST. 197). Quando perguntamos sobre a essência da linguagem.". fabricação. 105/116. passa a significar REPRESENTAÇÃO de "objetos": a liberação do homem envolvida no "desdobramento do ser como subjetividade". 111/122). Poesie tem um sentido mais restrito do que poiesis. noein é interpretado como in-die-Acht-nehmen. Noein deteriorou-se sob a influência da interpretação de Platão do ser como idea. 40/35) deve ser considerado com este espírito. é "o modo pelo qual a transformação da representação [Vorstellens] de Vornehmen como recepção (noein) para Vornehmen como um ouvir judicial (per-ceptio ['percepção'. "o fazer" — que essencialmente possui um produto final. 450/ep. interrogar": um receptivo trazer-para-uma-posição daquilo que aparece. "o fazer. convergindo desta forma com o paralelo declínio do logos de Heráciito para "proposição [Aussage]" (LXV. assim. isto é. "O pensamento ocidental-europeu" é "no fundo uma série de variações sobre este mesmo tema" (WHD. Aristóteles distingue poiesis. Cf. e "examinar. 148/242. Noein é Vernehmen. a tradução de noein e einai de acordo com a sua visão de pensar e ser tal como interpretados pêlos gregos antigos. ele considerou Parmênides como um precursor de Husseri: o ser real é descoberto (mas não idealisticamente constituído) pela concepção teórica (LXIII. O dictum de Heidegger: "Pois o questionar é a piedade do pensamento" (QT. Ainda mais tarde. umpoiema — depraxis. 239. NI. 457. 'agarrar. 175/72). Parmênides não quer dizer que pensamento e ser são idênticos neste sentido. poema".144 poesia e Dichtung contudo. poesia. "fazer". Tornou-se dialegestai. mais uma vez "pertencem um ao outro" (WHD. capturar']) aparece" (NU. combinando seus sentidos de "ouvir. ela deve ser o ouvir a voz [Zusage] daquilo que todo questionar deve primeiramente consultar quando indaga sobre a essência" (ACL. Poesie. 149/243). ressaltando a sua origem em capere. Desde o início. por sua vez. 45s). "trazer para a atenção". Até mesmo as palavras usadas para indicar impressões sensoriais — " vermelho. Dicritung. acontecem sempre já e sempre ap. sendo porém distinto de "invenção livre" (UK. Esta palavra tem um sentido mais amplo do que Poesie ou "poesia". tanto atenciosa quanto poética (NI. "dizer repetidamente. "As categorias da razão são horizontes de invenção [Ausdichtung].. 61/199). Ela é "saga projetiva do dizer [entwerfende Sagen]" e constitui é Dichtung: "o dizer [Sage] do mundo e da terra. criar. não por comparações elaboradas ou inferências a partir dos seus aspectos mutantes.]. a linguagem que nomeia as . pelo contrário. Denken.e. 61/198). é dichtend. escrever.. Por isso..nas no aberto do dizer e nomear" (ACL. 584/niii. Aplica-se a qualquer escrita criativa. 98). Heidegger associa dichten a erdichten. projectiva] da arte decorre que. amargo etc. "Poesie. Heidegger usa Dichtung e dichten em um "sentido amplo" e em um sentido restrito (ACL. fabricar. não obstante parecer germânico. 587/niii. 583/niii. em meio aos entes. mas eu "sempre já" a considerei como sendo a mesma árvore. No sentido amplo. Antes de pensarmos [gedacht wird] em sentido usual. 25ss)." — dependem da invenção de uma semelhança. Mas a grande filosofia é denkerísch-dichterísch. Destarte. como um objeto [ais ein Bestãndiges. 80ss/54ss).. mesmidade e constância. " inventar. incluindo romances. em sua doutrina da imaginação transcendental [Einbikdungskraft] "(NI. ais Gegenstand]" (NI. compor versos". 208. o " pôr-se de algo 'semelhante' é uma invenção e fabricação [ein Erdichten e Ausdichten] [. que. Anax. uma invenção que primeiro encontra [einrãumt] um lugar livre para o que nos vem ao encontro. "inventar. 95s Cf. provém do latim dictare. criativa. é anterior às outras artes — arquitetura (" construção" ). e não no sentido de Poesie (Cf. amplo]. XXXIX.] o dizer do desencobrimento dos entes" (ACL. no qual ele se estabelece e a partir do qual pode aparecer como algo constante. Como a árvore idêntica a si mesma não me é de fato dada. verde. K. "poético".poesia e Dichtung 145 2. 59/197). 303/19). este caráter inventivo [dichtende] é a essência da razão e do pensamento. em sentido restrito. O verbo tem um tom de "dispor. condições meteorológicas e perspectivas.] Poesie acontece na linguagem porque a linguagem guarda a essência original de üichtung. 95). 61/198s). ditar. a linguagem "em primeiro lugar traz o ente como um ente ao aberto" por nomeá-lo. projetar". a arte ilumina um espaço aberto em cuja abertura tudo fica diferente do que era antes" (ACL. Kant "foi o primeiro a especificamente observar e refletir sobre o caráter inventivo da razão. Isto é. de dichten. Todo pensar. toda arte é em essência Dichtung em sentido amplo. [. formar". Construção [Bauen] e formação [Bilden]. precisamos inventar [gedichtet werden]" (NI. 61/199). é a Dichtung mais original no sentido essencial [i. não somente versos. que não estão dadas na multiplicidade das sensações. arte em forma <je linguagem. "inventivo". nem denkerisch. "Da essência inventiva [dichtenden. compor". "atencioso". mas nem todo pensar é dichterisch. pintura e escultura (" formação") — porque elas operam no reino já aberto pela linguagem. dichtung significa "inventar.. construir". "A própria linguagem é Dichtung no sentido essencial" (ACL. Heidegger sugere que a linguagem criativa. e ausdich-ten.. 472/nii. ordenar. Poesie. Dichtung. [. eu a considero como sendo a mesma árvore. 60/197). Cf.. uma palavra usada por Nietzsche em sentido similar: Apesar de a bétula parecer diferente em diferentes estações. George. Poesia é o jogo com a linguagem. Hõlderlin não expõe a eterna essência da poesia. Destarte a linguagem nos coloca no perigo do engano. inventando um reino de imagens para habitar. Trakl. Em seu primeiro ensaio sobre Hõlderlin. Hõlderlin foi um poeta dos poetas. as lendas que ele tem que interpretar./ Oferecê-lo ao povo". 2.. inventam entes. Dichten "é a mais inocente de todas as ocupações". 129). A poesia torna a linguagem possível. Heidegger apreciava Rilke. em contraste com a linguagem como um meio de comunicar o que já está descoberto. mas seu poeta favorito era Hõlderlin. . A linguagem é simplificada para tornar-se nossa possessão comum.. 33ss/293ss): 1. poesia. uma mensagem dos deuses é diluída para o consumo mortal. instauram [stiffen] os poetas". mas é poeticamente [dichtersich] que o homem habita esta terra. nos cabe permanecer/ De cabeças nuas sob as tempestades de Deus." A poesia nomeia os entes e fundamenta a vida humana. O poeta é um semideus. trazendo ordem e medida (i. "A linguagem [Sprache]. "Cheio de méritos. que inclui tanto falar quanto ouvir. Poetas nomeiam e. preocupado com a natureza da poesia e o lugar do poeta na ordem cósmica. Ao abrir os entes.]". sem decisões que incorram em culpa. 3./ Para capturar o raio do Pai unicamente com nossas duas mãos/ E envolvendo em canção o Dom divino. Uma única conversa coerente requer a identificação de entes estáveis e objetivos que persistem através do fluxo do tempo.. "Mas o que fica. permanecendo no entre. Afirma o que a poesia deve ser em "tempos de penúria". Goethe. foi concedida aos homens [. Nossa resposta é um ato decisivo pelo qual assumimos responsabilidade.. A poesia põe em risco o poeta: "Ainda assim. Quando nomeamos as coisas e os deuses.e. Como Heidegger." A linguagem é essencial para o homem. um mundo aparece. a Alemanha e seu Deus. a quem atribui um papel crucial na recuperação do ser (LXV. i. Nomear os deuses é uma resposta à solicitação que nos fazem.. e a linguagem é essencialmente conversa. tornando mundo e história possíveis. ser) ao imensurável avanço do tempo. entre os deuses e o povo. situada entre o abandono dos antigos deuses e o advento do l . 5.e. o mais perigoso de todos os bens. Pelo nome chamaram muitos dos celestes/ Desde que somos uma conversa [Gesprãch]/ E podemos escutar um ao outro. a linguagem nos expõe ao perigo que deles provém. A linguagem abre os entes. 4. A aparente inocência da poesia disfarça o perigo. e fundamentando a existência humana no "durável". onde se decide quem é o homem e onde ele deve habitar.] para testemunhar o que são [. O homem afirma a sua posição central por meio dos mundos que ele sucessivamente cria e destrói através da história. portanto. Hõlderlin dividia-se entre dois amores: a Grécia e seus deuses. Heidegger considera cinco de seus versos sobre a poesia e os interpreta do seu próprio modo (HEP. "Muito conhecem os homens. companheiros poetas. é Dichtung em sentido restrito..146 poesia e Dichtung coisas pela primeira vez. A livre criatividade do poeta possui duas coações: as "indicações [Winke]" dos deuses e a "voz do povo". "A questão do ser pretende atingir uma condição a priori da possibilidade das ciências [. -s". O que ele diz de Édipo aplica-se a ele mesmo: "Édipo rei tem um olho a mais. A tentativa o levou à loucura. 2. atualidade e necessidade 147 novo deus.vre para o sei próprio poder-ser" (ST. Todo Dasein é o que pode ser e o modo [wie] em que é a sua possibilidade' (ST. 250). por exemplo. física: "Até que ponto a possibilidade interna de uma coisa tal como o solo encontra-se na transcendência?" (ER. 11). entes como um todo.]" (ST. O fato de Dasein ter várias possibilidades abertas é uma das razões para Heidegger supor que Dasein é consciente do. neste sentido. Mas o que é possível depende de um todo mais amplo. 38). "possibilidade. não ter plural. a não . ST passa de um fenómeno para a sua condição. 183/289). fazer uma conferência." possibilidade. 87). mas sobre o que precisa ser possível para que algo mais seja possível" (XXVll.. p. "poder". 238). 350). Heidegger altera a tradicional e aristotéli-ca ordem de prioridade entre as "modalidades": "Mais elevada do que a realidade está a possibilidade" (ST. Não me é possível saber se posso. 143). para o qual várias coisas podem 'acontecer'" (ST. 153ss. (Das) seinkõn-nen. XXVII. a temporalidade é a "condição ontológica de possibilidade" do ser-no-mundo (ST.. Algo é a "condição de possibilidade" de algo: p. e argumenta que.ex. "Possibilidade" neste sentido é bastante diferente de "possibilidade lógica vazia" e da "contingência do sersimplesmente-dado. Primariamente.ex. como infinitivo substantivado. verdade ou ciência não são possíveis a não ser que postulemos uma concepção mais profunda sobre elas.possibilidade.. em contraste com a possibilidade "externa". Assim. a verdade como a correção de uma proposição ou a ciência como um sistema de proposições. e (ii) o procedimento de passar dos entes ao ser." Possibilidade" é a possibilidade aberta a DASEIN: " Dasein não é algo simples-mente-dado que ainda possui de quebra a habilidade de poder alguma coisa. A questão kantiana "Como x é possível?" possui duas aplicações: (a) Heidegger começa com uma concepção comum. Difere de "possibilidade" no sentido de. Dasein é possibilidade de ser. (b) Um fenómeno respeitável segundo Heidegger torna possível um outro: p. atualidade e necessidade Em ST. Posteriormente. talvez.ex. 143). -en. é "poder [kõnnen] ser [sein]" ou talvez "capacidade/potencialidade para (o) ser [Sein]". Heidegger também fala da possibilidade "interna". preferindo " captar a verdade do ser a partir de sua própria essência" (LXV. Ela aproxima-se do "poder-ser": "Dasein é a possibilidade de ser-l. por exemplo.. "Nós não indagamos sobre o que precisa ser atual para que algo mais seja atualizado. 338/niv. "possibilidade" é usada de dois modos: 1.'posição que precede a indentifi-cação do ser com "valor" (NU.. 201). Focalizar em um ente isolado pode nos dizer que ele é atual. e kmnen. de sein. ao contrário de Mõglichkeit. da qual se origina a concepção habitual (ST. Heidegger passa a desconfiar da expressão "condição de possibilidade": rejeita (i) a visão kantiana e de modo geral metafísica de que o ser é a condição de possibilidade dos entes (LXV. 144). "ser". 100). mas nenhuma/ É mais estranha do que o homem". a ode do coro de Antígona. ao invés de removê-la" (LXV./nii. a indigência é a indigência do abandono pelo ser. "compulsão. que começa: "Muitas são as coisas estranhas. 159ss). 45). atividade.) Esta falta é a fonte da filosofia: "A necessidade de filosofia consiste no fato de. para a qual tudo é subordinado à ilimitada atividade produtiva do homem. wirklich como "produzido" (herges-tellt) ao invés de "produtivo".148 possibilidade. II. 147).) Isto não necessariamente faz com que o atual dependa demasiadamente de Dasein: o produtor deixa o produto seguir seu próprio caminho (XXIV. carência". precisar resistir à falta e fundamentála. no entanto. 207. Mas a esfera de possibilidades que Dasein concebe como abertas.. não é fixa. (O sufixo -lich pode ser passivo: lieblich é "o que se ama ou se pode amar lieben]" e não "o que ama". atualidade e necessidade ser que eu saiba que ela foi publicada. efetuar. 435. 172. 244). "forçar.. A palavra latina tardia actualis. 45). xxix. "Necessidade" não é importante em ST. e está associada ao presente e às meras coisas (ST. de um certo modo ou de outro. que há uma sala disponível. "obra". . levo em consideração minha instrução passada. que eu estou em uma universidade etc. Not. e Nõti-gung. e deve "ser transformada em necessidade de criação" (LXV. 45). posso fazer uma conferência sobre o tópico divulgado ou sobre um tópico muito diferente.332-375. 328). 528ss). e em função das quais ele se compreende. de modo que os pensadores medievais viam tudo como criação de Deus (167s). 475). mas Dasein considera o ente em função de sua própria produção (156). Que falta? "Essa falta é o que conduz o homem por entre os entes e primeiramente o leva para diante dos entes como um todo e para o meio dos entes e assim o conduz para si mesmo. A falta é a favor do ser (LXV. 143. compelir". 246. Wirklichkeit. "obrar. NI. como reflexão. Posso fazer uma conferência sobre o tópico divulgado. Heidegger conecta ambos os conjuntos de palavras com o fazer ou produção de Dasein (XXIV. indigência. Heidegger não tem mais interesse na necessidade lógica do que tem na possibilidade lógica. tornando-se importante mais tarde. Posso não considerar minhas próprias possibilidades e selecionar alguma das opções oferecidas pelo IMPESSOAL. 129s). 112s/123s. que também gera nôtig. "necessário". Concentro-me no presente e no futuro imediato. dando pouca importância aos entes como um todo. (cf. de Werk. e Wirklichkeit como "o fato de ter sido produzido" (Hergestelltsein) (XXIV. Nem tudo é produzido por Dasein (xxiv. 392f. Assim sendo: "Toda necessidade enraíza-se numa falta" (LXV. wenden.] o SER-LANÇADO do homem entre os entes" (LXV. [. 147. "virar". à prioridade da atualidade ria METAFÍSICA (LXV. Heidegger relaciona esse termo à tecnologia. isto é ilustrado pela "projeção poética do ser humano" de Sófocles. ou a Realitãt. e wirken. "falta. (Em IM. eficaz. SER-SIMPLESMENTE-DADO. "necessário. e 2. atuar". "Atualidade" (Wirklichkeit) é comparativamente de pouco interesse em ST. XXXIX. 160). actualitas tem o mesmo significado original. coerção". eficácia". sempre permitindo o começo ou declínio da história. Portanto notwendig originalmente significava "falta ou carência que vira" (NI. nõtigen. 471/nii. o preço da terra etc. Diferentes modos de conceber minhas possibilidades invocam todos de esferas variadas: se considero o tornar-me um fazendeiro. necessidade". 99. Equivale a Vorhandenheit. posso continuar a fazer conferências ou abandonálas e tornar-me um fazendeiro. Notwendig(keit). Considera. fazê-la o solo da história do homem. 373s. era originalmente "ativo. vem de l. 162ss). Mais tarde. 43). formando palavras como Volkslied. o racial. o caráter especial de um povo expresso em sua vida e cultura". mas não exatamente. Volk servia à combinação nazista de nacionalismo autoritário com um igualitarismo democrático não inteiramente ilusório. Tal utilização demonstra a "insensibilidade à ambiguidade" que Heidegger considera um sintoma do "abandono pelo ser". também significava as "massas". "folclore. tal como o alemão. Volk significa: "o comum. popular". 251). não é ele a filosofia 'do' povo alemão"!" (LXV. planetários. em contraste com a elite. a metafísica de Leibniz. unificado com frequência em um estado. que só pode prosseguir se a filosofia "ainda pertencer ao seu primeiro começo essencial" (LXV. Mais tarde. que não tiveram começo anteror algum para levar em consideração. em harmonia com. passou a ter o sentido de "nacional". cultura e história comuns. 384. Neste caso. 120ss sobre a " 'pátria' como o ser histórico de um povo"). a necessidade que não requer as muletas do por quê. passou a significar todo o povo que divide uma linguagem. 333/niii. a "um/o povo". Os românticos lhe deram um tom mais cultural. "nação" e "povo comum". 19). e Volkstum. sendo usado pêlos nazistas neste sentido. funda o povo historicamente em seu Da-sein e designa-o para velar pela verdade do ser". "pertencente a. O velho adjetivo võlkisch significava originalmente o mesmo que o tardio vokstümlisch. A princípio. A filosofia não é. o suporte e o inferior. ela vem "para" um povo tanto quanto vem "de" um povo: "A filosofia de um povo é o que o torna o povo de uma filosofia. a filosofia precisa fazer-se por si mesma ou " realizar [erspringen] o seu próprio salto primordial [Ursprung]". "Quem possui alguma vaga ideia da necessidade de pensar e questionar.povo 149 18). Torna-se mais frequente com o crescente interesse de Heidegger pelas origens da "história ocidental". a filosofia de Hume — são europeus e. ST. Estereótipos raciais não lêm lugar no pensamento de Heidegger: "É pura falta de sentido dizer que a pesquisa experimentil é caracteristicamente germânica enquanto a investigação racional é estrangeira'. com o acréscimo da conotação "popular" e "racial". 163). onde ele é a comunidade histórica). O que já foi propriedade dos gregos tornou-se agora a herança europeia: "O pensamento de Descartes. A filosofia de um povo. É europeia e planetária" (NII. Eles também diferem em outros aspectos. 42). XXXIX. Com as suas sugestões de "folclore" racial. o 'idealismo alemão' e 'Nietzsche'. Acaso não foi a filosofia do "primeiro começo" a "filosofia 'do' ['dês'] povo grego? E o grande fim da filosofia ocidental. o nacional. apesar de se dividirem em várias cidades-estado autónomas. os alemães diferem dos gregos. por Hõlderlin e pêlos gregos (cf. o povo. povo Volk corresponde aproximadamente. Sob este aspecto. 117). Volk ocorre raramente no período de ST (cf. nem os apoios do para quê?" (LXV. Os gregos eram um povo. especialmente o exército. A metafísica de Nietzsche tampouco é uma filosofia especificamente alemã. precisamos considerar Newton e Leibniz como 'judeus'" [LXV. com o surgimento do nacionalismo na Renascença. por coiseguinte. Tendo significado originalmente a " massa do povo". algo feito por um povo já inteiramente formado. o permanente" (LXV. Um povo se faz povo por raros indivíduos: pensadores e poetas. como as roupas e a culinária. não pode ser estabelecida e prescrita com relação aos seus talentos e capacidades. "canção folclórica/popular". A política também transcende qualquer Volk . Fazer do Volk uma meta.] o bolchevismo é de fato judaico. e sendo o cristianismo no fundo de origem judaica [. para suprir a falta de objetivos do homem" (LXV.. 254). Heidegger era um elitista honesto. bolchevista!" (LXV. 103/153). que se organiza.e. não se coloca nas relações originais com os entes. que surge da metafísica europeia (zw. 139). a organização "nacional" da ciência é "americana" (LXV. A voz do povo fala apenas raramente e em poucos. Rússia e em qualquer outro lugar. E precisamente essa voz não fala na tão chamada efusão imediata do comum. de enraizá-la no "povo" e de comunicála a todos são uma fútil "re-ação" contra o espírito invasivo. 149). Na Alemanha. "Americanismo é algo europeu". Fazer de um povo o objetivo é "o supremo niilismo. à medida que o reino da razão como a nivelação de tudo é apenas a consequência do cristianismo.e. A testemunha assim invocada já se encontra excessivamente estragada pela educação e. Mas . sem raízes e autocentradas) deve estabelecer-se e manter-se" pêlos grilhões da 'organização'"... sangue e solo. É uma extensão " 'popular' do pensamento-do-'eu' 'liberal' e da ideia económica da manutenção da 'vida'" (LXV. 496). dissolver o "eu" na "vida" de um povo nada resolve. O Volk é uma resposta insatisfatória à questão "Quem somos nós?" (LXV..]" (LXV. no fundo. Somente o homem como sujeito pode ou sucumbir ao individualismo ou combatê-lo em nome da comunidade como a condição de todos os objetivos (zw. uma possibilidade europeia: a ascensão das massas.150 povo particular: "a forma final do marxismo [. da tecnologia. Ela só pode servir aos interesses de um povo particular perdendo suas peculiaridades locais e tornando-se "liberal". natural..] nada tem a ver com o judaísmo ou com o russismo. apenas a condição de se ter objetivos" (LXV. a mesma velha história" (XXXIX. Ele também faz objeções à elevação do "povo" à posição transcendental possibilitada pelo Deus cristão (LXV. 493). se um espiritualismo ainda latente encontra-se adormecido em algum lugar.. Tudo permanece. incólume e inculto 'camarada'. torna-se no fundo cada vez mais uniforme. atualmente tudo está imbuído de povo. 85/132s). 321).54). porém. 319). Heidegger objeta ao racismo: "Há pouquíssimo tempo atrás. a decadência do cristianismo. explanatório e calculador (LXV. de há muito. "Sangue e raça tornam-se os sustentáculos da história" — a história (Geschichte) tornou-se ahistórica nas mãos da historiografia (Historie) (LXV... da indústria. A ciência é "a mesma em toda parte. de olhos fechados. é no povo russo. e precisamente através dos vários objetivos a ela atribuídos. mais 'internacional'" (LXV. Tentativas românticas de "renovar" a cultura. É somente quando o homem já se tornou um SUJEITO que ele precisa perguntar se é um indivíduo livre ou uma comunidade. buscávamos as raízes psicanalíticas da poesia. 49s). 319). 99). se não refletirmos sobre o "ser um si mesmo [Seibstsein] e a sua essência" (LXV. Um povo precisa ser formado por pensadores e poetas: "A dominação das massas tornadas livres (i. 142). 24): "a preservação do povo nunca é um objetivo possível. o bolchevismo é essencialmente ocidental. sem o falso igualitarismo nazista e com pouco do seu autoritarismo: "A essência do povo é a sua 'voz'. [. 149) — mas pouco se ganha ao se falar de " americanismo". um Volk. i. capaz de servir a qualquer fim e a qualquer povo. mas isso também diria que o cristianismo é. A ciência não pode ser justificada por um "propósito popular-po-lítico ou por qualquer outro propósito antropológico" (LXV. 392/nii. desenho. 526). 145. jogar antes". precisamos de outro tipo de dominação: "precisamos nos preparar para os porvindouros [die Zukünftigen]. 129. 526). por exemplo. o ser é projetado sobre o tempo (XXIV. esquema. projeto". 398). concepções científicas fundamentais do ser tais como a visão matemática da natureza (xxvn. desenhar. " projetar. Uma ciência envolve urna projeção da constituição dos entes com os quais ela lida. 198ss).ex. XXIV. croqui. Adquiriu o sentido de "desenho provisório. 437). incluindo o seu próprio ser. 352). LXV. 185ss): 1. 396). tirar". a partir do qual uma nova constância haverá de acontecer [sich ereignet] no conflito de terra e mundo" (LXV.ex. planejar. 2. Cf.sio d(» ser e dos entes. 62. 3929s). 185ss). esboço. os que haverão de criar proposições sobre o próprio ser. Um(a) projeto(ção) é " livre". passo a passo. lit.projeção e o a priori 151 como isto só pode obstruí-las. do latim proicere. quando ao tecer a lançadeira de tear mexia-se para frente e para trás. Este tipo de projeto não suplanta o . ele sugere "jogar fora [ent-]. " lançar para a frente". preliminar. 397. 29. Passou depois a aplicar-se à formação literária e mental. independentemente dos utensílios particulares e das pessoas que ele encontra. a projeção do ssr como matemática de Galileu e de Newton. XXIX. por um salto adiante (NI. Não se determina por nosso conhecimento anterior nem por nossos desejos anteriores. i. Há três tipos principais de projeto (p. o próprio DASEIN (ST. a compreensão. 29f. " lançar". Heidegger recupera a associação com o lançar. XXVll. sem transformá-las. projeta Dasein sobre as (suas) possibilidades ou sobre uma possibilidade (ST. projeção e o a priori O verbo entwerfen vem de werfen. p. Ele também fala da projeção de algo sobre algo: a compreensão projeta o ser de Dasein sobre o seu "em-função-de" e sobre a SIGNIFICAÇÃO do seu mundo (ST. desenho". esboço" sob a influência do francês /? ro/etór. Ele dá várias explicações do que é projetado: um mundo (XXIX. um Entwurfé um "rascunho. Significava originalmente "formar uma figura. entwerfen significa "esboçar. 145. Um Entwurf no sentido de Heidegger. já que é somente à luz de um projeto que podemos possuir quaisquer conhecimentos ou desejos específicos. Todo Dasein deveprojetar um mundo e possuir uma compreensão pré-ontoló-gica do ser. Esta projeção capacita Dasein a compreender. ou o próprio Dasein. projetar o ser. entes são projetados sobre o seu ser (XXIV. Similarmente. Um projeto não é projetado gradativamente. pois altera inteiramente a nossa vi. As palavras são assim adequadamente traduzidas por " projeto" e " projeção". É comparável á compreensão geral de o que é uma cidade e ao senso de direção que uma pessoa possui. fazer um rascunho. Ele também não se Funda em um projeto prévio ou em uma crítica do mesmo: um novo prcjelo não é compatível com o seu predecessor. Hoje. 145). Um tal projeto não se funda na experiência dos entes: o projeto decide antes o que conta como um ente e como experiência.. o ser dos entes ou a "constituição do seu ser" (xxiv. não é um plano ou projeto particular: é o que torna possível qualquer plano ou projeto (ST. mas de uma só vez. 145). 97. Tal projeção não ocorre em um tempo definido: é uma "ação imemorial [Urhandiung]" de Dasein. o que é um utensílio ou o que é uma outra pessoa. xxvn.e. delinear". pessoas. o "sobre-o-qual [Woraufhin]" da projeçao e o "sentido [Sinn]" de x (ST. Isto está de acordo com a visão de Aristóteles: o que é anterior em si mesmo é posterior para nós. Que as coisas são mensuráveis de modo exato: isto é um a priori para a física matemática. 375ss). uma "estratificação" de projetos. Assim ao projetar. Mais tarde. ele não pode ser correto ou incorreto: o correio e o critério de correção só podem ser aplicados sob a luz espalhada pelo projeto (LXV. Por conseguinte.. o filósofo deve projetar um ente (p. 376).ex. O a priori e a sua prioridade são interpretados de acordo com a nossa interpretação da coisidade da coisa e nossa compreensão do ser dos entes em geral" (FD. assim. para além do projeto que ele ajuda a definir: "Oa priori é o título para a essência das coisas. y. 561s/niii. As projeções do filósofo prosseguem na direção inversa à projeçao de sua conceitualização. Compreendemos os entes ao projetá-los sobre o ser (XXIV. historicidade de Dasein (ST.. O filósofo não pode simplesmente descrever com esmero estes projetos sem nenhuma projeçao especificamente filosófica. p. 8/niii. embora o leque de possibilidades . Compreendemos algo. ST. e então ao tempo. não precisa ser projetado sobre outra coisa para ser compreendido (xxix. "A priori" vem da palavra latina "o que vem antes. A natureza do ser. O que é um utensílio. não abertas a puras inspeções empíricas. 130/166). ontológica. Um projeto é mais como uma decisão do que como uma descoberta (Ni. Que Dasein "existe": isto é um a priori para Heidegger. O regresso termina com o tempo: o tempo. estão "cobertas (p. Um projeto científico é análogo ao mapa seletivo de uma cidade. O que a luz de um projeto revela são possibilidades — para o conhecimento ôntico. 75s). 99). mas também para outras lidas ônticas com os entes.ex. 396). e. 323ss). Mais uma vez.152 projeçao e o a prion projeto do tipo l: um físico matemático ainda precisa de uma compreensão pré-onto-lógica de utensílios. Um filósofo adquire uma compreensão conceituai. Dasein) "sobre seu ser e suas estruturas" (XXIV. ao projetálo sobre outro algo. 3. tempo etc. 29s). O a priori não é verdadeiro ou "correio". 399). o ser é anterior aos entes e os torna possíveis. x. Há. O projeto constituidor de Dasein é visto como a realização dos filósofos e/ou poetas mais do que do Dasein cotidiano. falando da "projeçao originária grega" do ser como a "constância da VIGÊNCIA" (p.ex. Compreendemos o ser ao projetá-lo sobre o tempo. mais cedo". que envolve uma compreensão dos projetos l e 2. 437). Heidegger adota uma visão mais histórica do projeto l. devido à sua "unidade estática". passamos dos entes ao ser.. Mas devido à obscuridade destas relações. é "projeçao de si". 327). para todo Dasein. NU. de ser. não pode prescindir de uma compreensão pré-ontológica geral dos entes da mesma forma que um usuário do mapa não pode chegar a lugar algum sem um senso de direção. Dasein sempre projeta a si mesmo sobre as suas possibilidades.ex. que há um mundo: estes são a priori dentro do projeto l. os entes compreendidos e delimitados pelo projeto. O tempo é anterior ao ser e o torna possível. portanto. de Dasein etc. Um projeto envolve a "concepção prévia [Vorgriff]" e o "a priori". o projeto básico de Dasein (xxiv. outras pessoas. 162). o a priori é "o anterior" (xx. o filósofo precisa passar por uma projeçao "existencial" ou uma "construção [Konstruktion] fenomenológica" da. proposição. A ussagesatz. Befehissatz. e ocorre em compostos tais como Grundsatz. etc) Proposição (Aussage(satz)) é apenas uma forma de frase ou FALA. Urteii. Heidegger explora o fato de que Satz também significa um "salto" (PR. A razão é esta: " O traço fundamental do Dasein cotidiano é este procedimento indiscriminado em relação aos entes como meros seres-simples-mente-dados. que lambem "põe i mostra. O logos em geral mostra. 438). afirmação. tendo "determinado decisivamente a doutrina da fala em geral". e apophansis. no primeiro caso.452). Mesmo assim. ao passo que a proposição verdadeira [Satz] julgada é válida [gilt]. Aristóteles chamou a proposição de logos apophantikos. Posteriormente. e ocorre em compostos tais como Wunschsatz. indagação. 32. "fala. Heidegger é hostil à distinção entre juízos temporal e proposições atemporais: "Julgar é empiricamente real. Fragesatz. um Urteil é o que uma Aussage afirma ou "pronuncia [sagt aus]". 437). comando".proposição. já que ela é o tipo mais familiar de discurso. 72). cf. postulado. (Isto é ainda mais absurdo e vazio do que dizer que: funções elípticas estendem-se para além do golpe de estado de Kapp!)" (LIX. "axioma. no segundo caso. o "como" apofântico e logos Satz é usado de duas formas: l. Heidegger frequentemente começa com a proposição. independente do projeto: ele compreende a si mesmo pela primeira vez. Por mostrarem. (b) "o que é postulado" (das Gesetzte) (XXIX. ST evita a expressão logos apophantikos e hesita em relação à ligação entre logos. 385). 2. 95s. mas o modo de postular é. "frase/oração optativa.. Esta divergência se dá porque Satz significa (a) um " modo de postular" (Weise dês Setzens). apresenta "algo como fals] algo" — o "como [ais] apofântico" em contraste com o mais fundamental "c^mo HERMENÊUTICO". 158). 357. seu ser gordo. 3. Em "Ele é gordo" e "Ele é gordo?" o que é postulado é o mesmo. piopo. "mostrar.e. Satz denota primordialmente o modo de postular. mas ele mostra aquilo sobre o qual o logos discorre de tal maneira que o mostrar ende a ficar restrito à proposição. princípio". "frase/oração interrogati-va". 2. 19. no sentido 2 o que é postulado.. 25. mas não no sentido lie . 33.] é esta forma normal e indiferente de proposição: a é b" (XXIX. comunica aos outros (ST. 40). discurso". ele compreende a si mesmo em função das possibilidades que lhe são abertas. É uma "sentença" em geral. predica ou afirma algo sobre ele. A proposição está associada ao "julgamento" ou "juízo". Não é a forma primária (xvn. estende-se para além do devir e da mudança. Dasein projeta a si mesmo em seu próprio projeto — este é um dos significados da afirmação de que um projeto é LANÇADO. cf.sições possuem verdade e falsidade. A forma de discurso correspondente [. uma forma na qual a expressãoprópria do orador está abrandada. 196s. No sentido l. um logos que revela ou "mostra [apo-phanei]" (XVII. Dasein não possui uma compreensão constante de si mesmo. NU. ou compreende a si mesmo de novo. A proposição l. manifestar". 76/niv. "afirmação". 154. excluindo por exemplo o pedido. 218s). XXIX. Ao fazê-lo.. É uma "proposição" ou "teorema". expressão linguística de um desejo". apenas depois da projeçao (LXV. "imperativo. 441. que não mostram. o "como" apofântico e logos 153 varie. i. dependendo do grau de sua decisão (ST. mas de um modo diferente" (ST. distinguindo-o de logoi tais como desejos e ordens. 21: "Fogo!"). aponta o ente do qual trata. acusar [alguém de alguma coisa]". de logos como proposição. 226). 126). LV. isto fez com que o ser fosse concebido como um ente (XXI. 266ss). característica do pensamento de Heráciito. Fazê-lo acaba por apresentar ser como um "objeto". imputar. 152. e não em nossa capacidade de raciocinar. 71s/niv. 458).. a qual.154 proposição. de uma "proposição sobre Dasein e por extensão toda proposição sobre ser. 34). Ele também vem a significar "razão". A lógica não é anterior à ontologia. Podemos afirmar algo de entes. riqueza e ubiqüidade.]". 3f. toda proposição categorial. " NATUREZA". (Heidegger esforça-se por conectar esses dois sentidos (ST. 486). o animal racional (ST. "dizer". para ser compreendida. Ser requer Sagen. imputação". Logos tem uma história mais rica do que Aussage. 473." (Heidegger repele a sugestão de que Heráciito tenha usado logos de modo similar a são João. 410). a "lógica da proposição" (LXV. o "como" apofantico e logos "concordância" e "discordância" (ST. l: " No princípio era o Verbo [logos].] para aquilo que está indicado. já que uma descoberta mais fundamental é necessária se se pretende que as proposições sejam verdadeiras (ST. mas não do ser.) Esta sentença está relacionada a logos no sentido de "palavra". IM. 98/108. Logos vem de legein. isto tornou-se animal rationale. Nem aplicam-se a todos os entes: precisamos do EXISTENCIAL para interpretar DASEIN. 25. a . 471) quanto sobre o Deus de são Tomás. 36s). esp. A proposição permanece considerada em todo o pensamento de Heidegger um modo inferior de discurso. 33). kategoria significa "acusação. originalmente na "assembleia [agora}". Aristóteles definiu o homem como o animal que possui logos. l. 97/107. 17ss. 484. [. dizer". Anteriormente. nsioAussage. Aristóteles usou kategorein como "predicar. afirmar [algo de algo]". ou Aussage-Logik. 280). em latim. tanto como "coletar" quanto como "o que é coletado" (IM. inclusive Principia Mathematica (I. e kategoria para "predicado". que essencialmente nunca é um ser-simplesmente-dado" . especialmente os predicados ou categorias mais gerais. 42s). dizer (predicar) algo sobre (de) algo.. escolher etc. que consideram Dasein como mero SER-SIMPLESMENTE-DADO. para quem logos significa "coleção" (Sammiung). A proposição "não é o 'lugar' primário da verdade". ratio (ST. o poder do discurso. e torna-se proposição. NII. Platão e Aristóteles consideraram todas as proposições como "proposições-do-mundo".. Logos deu origem a Logik. precisa de um redirecionamento da compreensão [. na medida em que uma palavra junta o que é nomeado em uma unidade (s. 44s. a qual "pode significar diretamente o que é dito". Apesar de sua firme instrução em lógica e de seu precoce artigo sobre obras de lógjca. logos perde a conexão íntima com physis. "contar. especialmente em Platão e em Aristóteles.) Entes são agora vistos em função de predicados. um desenvolvimento acelerado pela tradução latina. Heidegger suspeita da lógica formal e da lógica dialética de Hegel. 165). Heidegger distinguia uma "proposição mundana sobre um ser-simplesmente-dado". (Heidegger localiza nossa superioridade sobre os (outros) animais no fato de termos um MUNDO. mas originalmente significa "reunir.48. Categorias derivadas do logos não são mais adequadas ao ser do que a proposição (LXV. Devido à sua simplicidade. No pensamento grego tardio. "enunciar/pronunciar" (LXV. LXV. Ela começa com Heráciito.. e de modo mais geral em função do pensamento. não de categorias.) A palavra grega kategorein significava "falar contra [kata-}. é tão difícil falar sobre o ser (ST. distante". por conseguinte. ele estabelece em relação a todos os entes é que a verdadeira proximidade das coisas chega a surgir dentro dele. 12 n. A TRANSCENDÊNCIA coloca uma distância adequada entre nós e as coisas: "O homem é uma criatura da distância [ein Wesen der Ferne]! E unicamente através da distância genuína original que. embora cada um envolva o outro. 333/240). já que todo dizer e portanto toda lógica vêm de ser e estão sob sua influência. uma em frente ou adjacente à outra. Duas fazendas solitárias. A preocupação com a certeza de Descartes e de Husseri envolve Seinsferne. "próximo". Heidegger sentiu constantemente que sua própria empreitada — ontologia. A tecnologia iorna o mundc ainda menor. pensamento etc. Em uma carta de 11 de março de 1964. que precisava transgredir os cânones da lógica e que de pouco lhe serviriam os conceitos formais de POSSIBILIDADE. também está distante: DASEIN é "onticamente o mais próximo de nós. de nah. 'manter-se em silêncio']" (LXV. 36. a "pátria dessa morada histórica é a proximidade do ser" (CH. defern. Nãhe.próximo e distante 155 lógica se baseia na metafísica. do grego sigan. mas ontolo-gicamente o mais distante" (XXIV. Apenas a habilidade de ouvir à distância propicia o despertar da resposta daqueles homens que deveriam lhe ser próximos" (XXVI. já que ele é a própria iluminação" (CH. ST. 79). cf. uniforme. e assim uma fundação incipiente" (ST. Proximidade e distância têm pouco a ver com a medição que se faz de acordo com as dimensões ou "parâmetros" de espaço e tempo. 285). dos lógicos. necessidade etc. não (como Russell e Couturat sustentam) a metafísica na lógica (xxvi. 335/242). "A essência interna da 'lógica' é. que está "mais distante [weiter] do que todos os entes. situadas a uma hora a pé uma da outra. Grandes distâncias são percorridas em curto tempo. 210/103). 21 ls/103s). A lógica "tem sua fundação em uma ontologia do sersimplesmente-dado. Para entender uma ciência precisamos olhar não para sua "estrutura lógica". A medição quantitativa considera umíAbstand. quando os alemães estabelecem o seu lugar entre as outras nações. mas para sua "lógica própria e concreta" e sua "situação histórica" (LXI. De uma forma diferente. enquanto duas casas na cidade. Heidegger apelida a visão da linguagem orientada pela lógica de Carnap de "concepção tecnológico-científica [technische-szientistische]" em contraste com a sua própria "experiência especulativo-hermenêutica da linguagem" (PT. "distância". a 'arte do silêncio'. 129. podem ser "a melhor das vizinhanças [benachbart]". "lonjura. Pode-se estar próximo ou distante dos entes. em sua transcendência. o estar remoto " do ser do mundo e mais ainda do ser de Dasein enquanto tal" (xvn. 132. ER. "proximidade". sigética [die Sigetik. ao longo dos campos. 165). próximo e distante Independentemente do seu papel na ESPACIALIDADE. 70/24). "longe. a televisão traz a.10). Nela não há lugar para o encontro " face-a-face" envolvido na vizinhança e na proximidade (ACL. Cf. e também do próprio ser. Se algo está muito próximo. e F eme. 115). 220. "Próximo" e "distante" são contrários. Nunca podemos "dizer ser imediatamente". distância". sem nuanças.ontecimentos distantes para dentro da nossa . 15). — era mais fundamental do que a lógica. podem "desconhecer toda a vizinhança [Nachbarschaft]" (ACL. estão constantemente presentes no pensamento de Heidegger. 282). " o remoto do ser". céu.156 próximo e distante casa. 207). 158). causada pelo tédio profundo e pela angústia (OQM. 214ss/107ss) e/ou a COISA (C. mortais — em sua proximidade uma com a outra e em sua recíproca distância. 170ss/177ss). deuses. XXIX. Existem antídotos. A remoção da "distância [Entfernung]" não torna tudo próximo. 110s/99ss. Tende a abolir a distinção entre o próximo e o distante: "Tudo submerge simultaneamente na uniforme falta de distância [das gleichfôrmig Abstandiosej" (C. . Estas revelam a "quadratura". A "uniformidade" resultante da tecnologia não é distinta da "indiferença [Gleichgültigkeit]" em relação a tudo. as quatro regiões do mundo que a tecnologia ameaça obliterar — terra. Podemos focalizar a linguagem original ou poética (ACL. "trabalhar etc. ser conhecidos em seu serem-si-mesmo (An-sich-sein)^ 4. Ser-no-mundo é anterior às . e visto como um ser-simplesmente dado (ST. O principal interesse de Heidegger não é o termo Realitat.-de Dasein e da interpretação do ser em função dos entes intramundanos. Kant falou da necessidade de provar não a Realitat do Aussenwelt. "atualidade".) Destarte. "coisa etc. subsistência (Bestehen). Kant usou Dasein no sentido de "realidade. O que diz de modc geral o sentido (Sinn) destes entes.". Eu não sou um "sujeito sem mundo" ou consciência. há entidades "que transcendem a consciência". que aplica-se sobretudo a entes abstratos tais como os da aritmética e os da geometria (XXIV. 201). 'desmundanizado']". real vêm do latim tardio realis. 75). mas "Dasein das coisas fora de nós" (ST. possuindo um tom mais dinâmico. Ainda assim. reservando Realitat para a natureza de algo que ultrapassa a sua existência atual (XXIV.R realidade do mundo externo Realitat. exis-tencialidade. mas a ideia de que a 'realidade do "mundo externo [Aussenwelt]" precisa ser provada. 209). O " ser do diretamente manual é ignorado" em nome do sersinÏplesmente-dado (ST. Realitat é apenas um modo de ser entre os outros — manualidade. mas esta é uma maneira equivocada de colocar a questão. vem de wirken. não apenas que ele existe.. e esse. 203). mas que é uma coisa. se expresso em função da Realitat ou de algum outro modo. cf. 45s). o problema da realidade do mundo externo envolve quatro questões distintas: 1.". Neste sentido. dizer que algo é real ou tem Realitat implica. Ru sou Dasein. O quão profundamente podem e'tes entes. para Heidegger. Sim. se eles são reais. de rés. (Sua equivalente alemã. lit. 211). 73) — sem possuir prioridade especial (ST. e Dasein é essencialmente no mundo. um SER-SIMPLESMENTE-DADO e não um manual ou DASEIN (ST. Pode esta realidade do " mundo externo" ser provada de modo suficiente? 3. 201. atualidade". Há de fato alguma entidade " que transcenda a consciência" ? 2. ele é "retirado do mundo [Entweltli-chung. concentrando-nos diretamente em um utensílio. Heidegger explica a suposta prioridade da Realitat a partir da DECADÊNCIA ' . realidade? As respostas de Heidsgger são: l. Wirklichkeit. 148. incluindo o ser-em-si-mesmo. 212). seu sentido foi dado acima. enquanto a possibilidade 'ôntica da compreensão do ser é. O problema é todavia. i. inconspícuo em um si mesmo. Se o que as coisas são "em si mesmas" é contrastado com o que elas são para a consciência ou para o sujeito. XX. o Umwelt. já que a "consciência" e o "sujeito" foram substituídos pelo ser-no-mundo e Dasein. O que precisamos fazer com o cogito ergo sum de Descartes é não usá-lo para provar a realidade do mundo. explorar o sum. A "consciência" sugere uma atenção focalizada que é inapro-priada à maioria das minhas lidas com as coisas. Nem é a consciência a minha relação primária com os entes. Isto leva à distorção acima mencionada de se reduzir. ainda queJeunaosaiba precisamente o que ele contém. Isto nega o mundo à nossa volta. Mais satisfatória é a visão de que a realidade resiste à nossa vontade e impulso. gradualmente. mas invertê-lo. XX. XXIV. Quando uma pessoa está absorta no trabalho com um instrumento. reconhecendo o papel da nossa natureza corporal em nossa experiência do mundo. Mas se estou à procura de algo o mundo deve já estar descoberto por mim. A conclusão supostamente estabelecida por tais provas via de regra representa enganosamente o mundo externo como uma coleção de coisas físicas simplesmente-dadas. prostradas ao lado de nossos estados de consciência sim-plesmente-dados. Já que Dasein é no mundo. ele já não é "em si mesmo" e sim retirado de si mesmo por nossa intervenção. 299s). uma visão sugerida por Dilthey e desenvolvida por Scheler (xx. Deve-se interpretar a noção do "em si mesmo" antes de usá-la para caracterizar a realidade do mundo. A realidade é subordinada a Dasein como CURA/CUIDADO. estamos tentando provar o que já é óbvio para nós. Quando nele nos concentramos e o consideramos como ser-simplesmente-dado. Itens de que eu posso precisar mais tarde já estão lá. 'há' ['es gibt'] ser" (ST. 177). 62ss). a realidade do mundo externo não pode e nem precisa ser provada. Entes e entidades reais são independentes de Dasein. ST. Se tentarmos prová-lo. mas o ser e a realidade não são. não é do agregado dos entes que eu estou consciente. Não há razão alguma para se pensar que o ser-no-mundo tenha especial conexão com o ser-simplesmente-dado (ST.e. assim. 209ss Cf. 4. 210). 2. LXI. 302ss. Não. antes: ele se mostra como ser-no-mundo (ST. o seguinte: só posso experimentar resistência à minha vontade se estiver à procura de algo para assim encontrar resistência. 211. Entre outros méritos. 300s. . 75s Cf. Assim como o ser em geral.158 realidade do mundo externo minhas relações com os entes. precisaremos achar premissas que não incorram em petição de princípio e não assumam que nós já somos no mundo. esta visão não restringe nossas lidas com as coisas a conhecimento e juízo. Heidegger considera e rejeita a visão de que a realidade do mundo externo consiste na vívida ou encorpada percepção das coisas (XX. 3. Dasein a uma consciência sem mundo. Eu manejo o martelo sem nenhuma consciência especial dele. meu ser. nós já encontramos o "em si mesmo". mas inconspícua significação. e qualquer um que tente provar a sua realidade é Dasein. só que encobertos. A resistência pode me dizer o que é real e o que não é^mas cia não pode me dizer que há um mundo. com a sua familiar. o instrumento mostra-se "encoberto" e. a realidade depende da nossa compreensão do ser:" apenas enquanto Dasein é. e. Wiederholung. Ele primeiramente considera " a fundamentação kantiana da metafísica em sua originalidade". como veios no mármore das nossas almas. Tais ataques provocaram a tardia explicação de ST. 204/139). "repetição. e que Kant eximiu-se desse "abismo" na segunda edição da CRP (K. e apresenta não uma inierpretação. "há". perguntá-la de novo. Quando Heidegger fala da "necessidade de uma (explícita) Wiederholung da questão acerca do ser" (ST. repetição. destruição e conversa 159 Scheler respondeu a Heidegger (Scheler (1976).ex.wie-der. [. terra de leite e mel onde nossos desejos são automaticamente satisfeitos: "Um mundo sem o mal essencialmente nunca poderia ser dado como real — mesmo se fosse real" (279). cf. se é autenticamente decidido. que a imaginação é a fonte do tempo. Considera a "fundamentação da metafísica em uma Wiederholung". 2. o ser. 331ss/238ss). há tanto tempo escondidas. "repetir. 2. Ele também a utiliza em um sentido mais próximo ao de 2: "Pela Wierderholung de um problema básico. Não apenas filósofos mas todo DASEIN.repetição. quer dizer que precisamos repeti-la. 126ss/87ss). retomada". Seu tratamento de Kant exemplifica tal repetição. esp. mas argumentando que nascemos com ideias ou disposições inatas. Nos termos de ST. aqui o verbo é inseparável. ao elaborá-las. tal como Eleanor .. "resgatar. Chomsky repetiu Leibniz. "Se o ser-do-mundo [Weltsein] funda o ser-real [Realsein] (portanto certamente a causalidade também) e se Dasein (do soius ipse) é ser-no-mundo — como Heidegger pode saber que ele e eu estamos no mesmo mundo?" (266).. 254ss): a resistência é essencial à nossa experiência de realidade.. ser 'dá' a si mesmo" ou "se entrega" ao homem (CH.] há [es gibt. o aprendizado é um conhecimento adquirido antes do nascimento do qual nos recordamos. dizer ou fazer de novo [wieder]". i. uma bola]". 185ss. destruição e conversa Heidegger usa vários termos para a atitude apropriada em relação ao passado. queria dizer es gibt no sentido literal: "ele. O cuidado seria impossível em Cocagne. rejeitando a existência anterior ao nascimento. 204ss/139ss). ele não pode aparecer como holen. isto é. nós as transformamos e a substância do problema é pela primeira vez preservada" (K. resgate.] uma pura inversão do cogito ergo sum cartesiano para um sum ergo cogito" (260). chamando atenção para a sua afinidade com o de Kant (K.. Um outro caso é este: para Platão. com outras palavras intervindo entre os dois constituintes. Leibniz "repetiu" isso. "apenas enquanto Dasein é. vem de wiederholen.. compreendemos a descoberta das suas possibilidades originais. mas literalmente "ele dá"] ser". aqui ele é separável.. uma melhor resposta a Scheler é: o "mundo comum" é o mundo do IMPESSOAL.. dá o ser". O conceito de mundo de Heidegger é "um solipsismo de Dasein [Daseinssolip-sismus] [.. repete "uma possibilidade passadi de existência". Ele "escolhe um herói". 3). argumentando que possuímos uma certa estruturagramatical inata. " Ser-um-com-o-outro — isto ainda poderia ser assim. recuperar [p. Quando ele escreveu: "Apenas enquanto Dasein é. mas um sumário do seu próprio pensamento. apresentando uma interpretação que ultrapassa as palavras de Kant de modo a alcançar o seu "não dito": que razão e sensibilidade enraízam-se na imaginação transcendental. 212 de Heidegger. reiterar. ainda que todos vivessem soius ipse no seu e somente seu mundo próprio" (280). que possui dois sentidos: l. Ainda mais tarde. as estruturas amontoadas umas por cima das outras. Heidegger fala de um "diálogo [Zwiegesprãch] com filósofos. 2. 6. Nll.] significa: perguntar mais originalmente do que eles. 136s). Isto não significa criticar e refutar. o retorno às possibilidades de Dasein que já foi presente" (ST. mas a qual foram." "destruímos o conteúdo inidicionui da antiga ontologia. um "diálogo" ou "conversa [Gesprãch]" com os pensadores do "primeiro começo". de formas diferentes. "Repetição é tradição explícita ou legado [Überlieferung]. O diálogo não é inteiramente amigável: "Perguntar de novo [wiederfragen] a questão perguntada por Platão e Aristóteles [. resposta (a). especialmente com Kant". destruição e conversa Roosevelt. de modo que não precisamos nos reconciliar mais tarde. assim. Mas isto não pode ser uma repetição exata: "o começo nunca pode ser concebido como o mesmo. 14s). A repetição envolve. Diálogo envolve Auseinandersetz. 337. mas aqueles problemas filosóficos "só possuem sua vitalidade autêntica neste confrontamento histórico [Auseinandersetzung]. mas "trazer a outra parte e sobretudo a si mesmo para aquilo que é original e definitivo.ung. determina a sua própria Wieder-holung" (LXV. 57. e. Mas o que é desconstruído? Resposta: o que abarca o sentido do ser.475. "confrontamento.. A discussão filosófica é interpretação como destruição" (XXXI.415/ep. Esta é a essência do problema e automaticamente a causa comum de ambas as partes. em favor da palavra derivada do latim Destruktion. 169. com parte do sabor da sua fonte em latim: discutere. 386). e não como devastação. uma pessoa pode afrouxar o seu domínio morto sobre o presente.73. é uma preparação essencial para o "outro começo" (LXV. 37). 371). retribuir]" à possibilidade por ele apresentada. Dasein inautêntico não se repete deste modo. 187.. discussão". Zerstõrung. 55. sugere ST. seu herói é o IMPESSOAL (ST. "Guiados pela questão acerca do ser'. Mais tarde. incapazes de elaborar em sua máxima transparência" (XXXI. uma conversa com um "herói" passado. "retorna [erwi-dert. uma história cujo evento encontra-se fora da sequência de acontecimentos" (XXXI. 432). XXIV. e sempre estende (übergreift). alcançando as experiências originárias . essa concepção para além do que com ele começa e. e usá-lo propositalmente para encarar o futuro (ST. 31. Isto é também uma "refutação [Widerruf]" do modo como o "passado morto" afeta o presente: ao dar vida nova ao passado. já que ele concebe previamente [vorgreifend]. que tornam irreconhecível o sentido do ser" (XV.185. 385). por esta mesma razão. = l.504). Destruktion "deve ser compreendida estritamente como destruere. sem reproduzir seus pensamentos e feitos exatamente. Precisamos "despetrificar a tradição endurecida e dissolver os esconderijos que cia engendrou". E — na história de tudo que é essencial — o privilégio e também a responsabilidade de todos os descendentes tornarem-se assassinos dos seus antepassados e estarem eles mesmos sujeitos ao destino de um assassinato necessário! Apenas então alcançamos o modo de colocar a questão na qual eles existiram numa proximidade dada sem esforço. "despedaçar". Também precisamos repetir o primeiro começo. 'des-construção' ['Ab-bauen']. Cf.160 repetição. 292). Cf. os gregos. Heidegger evita a palavra usual para "destruição". isto é. A questão é não simplesmente nos familiarizarmos com opiniões passadas. "Destruktion. O medo não se baseia em uma Vorstellung ou conhecimento prévios de uma ameaça. 22s Cf. interesse. 3ll6. é em Hegel" (XXXll. 68/ii. 151/niv. Ela põe em risco suas "possibilidades positivas" e as confina dentro de seus "limites". ainda não é concebida em função da história do ser [seinsgeschichtlich]" (NH. Vejo uma ameaça somente porque eu a temo (XX. todos os filósofos do mesmo modo. XXI. apresentação. apresentar uma pessoa" etc. Kierkegaard escreveu uma obra. 2. se não for representado" (citado de PÉS. Destruktion aqui soa similar a Wiederholung. por exemplo. também a nova filosofia deve ensinar que toda a vida é uma repetição". O reflexivo sich vorstellen significa "apresentar-se. imaginação etc. ele diz que. 105). pôr de pé". mas foi descartada por Scheler. A .representação e ideia 161 nas quais as primeiras e dali por diante condutoras determinações do ser foram adquiridas". Isto envolve uma tendência teórica que sobreviveu em Husseri. Ela critica não o passado. LXV. introduzir-se" — com um acusativo sich. representação. introdução" e "ideia. 166). 221). concepção. Com frequência (embora não em ST). nada pode ser desejado. N1. mas o presente e a abordagem predominante da história da ontologia (ST. Subverte as explicações atuais e tradicionais de. 3. 175ss ST. Todos os fenómenos mentais envolvem representação: "Esta representação fundamenta não apenas o julgar. sem fazer qualquer julgamento sobre ele. 27s Cf. XX. Humores básicos tais como angústia e lédio nlo silo de ou sobre nada que poderia ser rcpresenliuio. Nada pode ser julgado. revela possibilidades ainda não percebidas de seu pensamento e retorna a "experiências " que o inspiraram. em frente a etc. juízo. Vorstellung é uma "realização. mas o desejar e qualquer outro ato mental. conceber" — com um dativo sich. Heidegger não trata. como a 'fenomenologia' e todo questionamen-to hermenêutico transcendental." Portanto. pôr algo em frente a algo". Mais tarde. assim "representar. A preposição vor significa "diante. seguindo o exemplo de santo Agoslinho e Pascal (XX.415/ep. lê Kant como um protoheideggeriano. significar" e " introduzir. emoções etc. ou avaliá-lo. & representação e ideia Stellen é "localizar [algo]. e " representar para si mesmo. 56. querer dizer. 95ss. em ST. Cf. Representar algo é ter consciência de algo ou tê-lo em mente. imaginar. Nenhum desses conceitos influenciou o conceito principal de repetição de Heidegger. Heidegger considerou brevemente a significação da "repetibilidade [Wiederhol-barkeit] do experimento" (LXV. 209). Repetition (1843): "Assim como os gregos ensinaram que todo conhecimento é uma reminiscência. sobre a vontade). Ela não destrói Aristóteles. Aristóteles e também conceitos inquestionados que tacitamente derivam de um Aristóteles possivelmente mal compreendido. 139). Mas nenhum dos filósofos que Heidegger "destrói" é inteiramente destituído de "possibilidades" para o seu próprio pensamento. Brentano reconheceu três classes de fenómenos mentais: l. contudo. A Destruktion não "descarta a tradição ontológica". vorstellen é "trazer." Vorstellung também compartilha da ambiguidade de várias palavras com -ung: ela pode significar o ato de "representar [Vorstellen]" ou "o que é representado [Vorgestelltes]" (NU. 139). ST. ele encontra-se no modelo cartesiano: " Se há algum lugar onde é inteiramente absurdo procurar as ideias de ST. nada pode ser esperado ou temido. Hegel recebe um tratamento diferente. mover adiante. Heidegger possui diversas objeções. 15). 576/niii. 34.162 representação e ideia afirmação de Descartes e de Kant de que o que é dado em primeiro lugar é uma Vorstellung os cega para o mundo à sua volta. Vejo uma cadeira. A visão de Brentano sugere. Sugere que o homem é um juiz que decide o que é a entidade e o que qualifica como ente. mas é o "deixar algo ser visto [Sehen-lassen von etwas]". O ver é permeado pela linguagem e por categorias: "Primariamente e originalmente.. 450/ep. cf. " o eu foi forçado de volta para um sujeito isolado. que acompanha representações de um modo ontologicamente bastante indefinido" (ST. 361s sobre a máscara mortuária. Expressa a visão de Nietzsche de que. XXI. Vorgestelltheit. mas vemos o que se diz sobre o problema" (XX. 295ss/niii. especialmente uma intimação". Ver uma figura e ver algo em uma figura são bastante diferentes de ver algo ao vivo. aquilo que eu primeiramente ou diretamente ouço. porque assim se representa equivocadamente nosso ser-no-mundo. 139s. 70). Vor-stellen poderia significar. 24/niii. Vor-stellen pode também significar "trazer para diante" de uma corte. 534ss. Ser é então ser-representado. Importa que tudo vem ao homem para ser julgado (NII. (Heidegger liga com frequência vorstellen a zustellen. NI. não de uma Vorstellung — o "mais primitivo dos fatos [. 217f. 162. em primeiro lugar. 46. quem estabelece as leis e as aplica aos entes (NU. "entregar. 321). Os dois aspectos centrais da modernidade são que o homem é o centro dos entes como um todo. mais tarde porque representa adequadamente nossa atitude antropocêntrica em relação ao mundo. "fazer algo ficar de pé (firme) antes/diante de nós". e que "a entidade dos entes como um todo é concebida como o ser-representado para uma produção e explicação" (N11. Em Kant. lOOs). Ele explora outros compostos de stellen e vários sentidos de vorstellen. imobilizamos o devir caótico. 29s. 45. 89). Heidegger rejeita essa posição — no período de ST. 162ss. 364ss sobre pinturas. não vemos tanto objetos e coisas. que não é nem representado nem reunido a partir de representações (xxi.) A principal façanha de Descartes não foi o fato de ter considerado o ego como uma coisa — como implica ST (ST. 511. Heidegger vê uma profunda afinidade entre a teoria representacional da percepção e a teoria da verdade como correspondência: ambas envolvem "representações que copiam na alma os entes exteriores" (XXI. não uma Vorstellung. cf. 45). embora não acarrete necessariamente. no que chamamos de "verdade".. 635/niii. que quando vejo. ouço ou penso sobre algo. vejo ou penso é uma Vorstellung. o sujeito ao qual todos se referem. 433. 219). cf XXI. servir. ST. 56. Não importa se o sujeito é um puro ego ou. 478) — . NI. 337). convertendo-o em "constância estática [vor-gestellte Bestãndige]" (NI. como uma figura (XX. se realçarmos stellen mais do que vor. 178). NII.] ignorado unicamente em nome de uma teoria" (XX. 295s/niii. Vorstellen ocorre. Vorstellung adequa-se a uma visão do si mesmo como sujeito. "Produzir" é herstellen. 53ss. 29s). 163s/niv. recordo-me de uma viagem. falamos sobre eles. Ver não envolve uma figura mental: "Nada deste tipo será encontrado. não algo que é ele mesmo visto. mas o fato de ter igualado o ser com o ser-representado por um sujeito (NII. frequentemente ligado a vorstellen para sugerir a relação entre cartesiarlismo e tecnologia (LXV. escrevendo frequentemente vor-stellen com um hífen para realçar suas origens. no simples sentido de percepção eu vejo a própria casa" (XX. 109. 211). um corpo. 505s/niii. ser apresentado diante do tribunal. como acredita Nietzsche. 554/niii. 114ss). mais precisamente não expressamos o que vemos. 75). 329ss). representação e ideia 163 Vorgestelltheit nada tem a ver com objetos sendo produzidos pela alma ou mente (NII, 433/ep, 30). Dois aspectos de vorstellen ajudam a colocar o homem no centro. Em primeiro lugar, etwas vorstellen significa "representar algo" no sentido de "representar o papel, simbolizar, significar" (NU, 449/ep, 45; LXV, 306). Em segundo lugar, o reflexivo sich vorstellen realça o sujeito: "Toda representação [Vor-stellen] humana é, por meio de uma figura de linguagem, facilmente malinterpretada, uma representação-'de-si' ['Sich'-vorstellen]" (NII, 153/niv, 106). Isto está de acordo com a visão de Descartes segundo a qual, ao pensar sobre qualquer coisa, eu também penso que penso. Em Vorstellen, a representação e aquele que representa são sempre também corepresentados. Isto constitui, no entanto, um equívoco. Posso imaginar ou olhar uma catedral sem me representar, sem fazer de mim mesmo um objeto junto à catedral (NU, 153ss/niv, 106ss). Vorstellen dá um novo sentido à equiparação entre ser e vigência. Para os gregos, ser era " vigência" como Anwesenheit. A Anwesenheit grega preocupa-se com a " pre-sentificação [Anwesen]" dos entes no reino do desencoberto. O mais próximo correspondente grego para vorstellen, noein, "pensar etc.", era "permanecer no desencoberto" , receptivo mais do que intrusivo, e preocupado tanto com o todo, o desencobrimen-to enquanto tal, quanto com entes individuais. Vorstellen é a interrogação autocrática e a jurisdição sobre os entes, cuja presença é agora Prosem, mais do que Anwesenheit (NII, 319s/niii, 239; 450/ep, 46). O declínio começou quando Platão igualou ser a idea (NII, 230/niv, 174; 410/ep, 10; zw, 84/131; LXV, 135,208ss, 478). s ser: uma introdução Em seu uso, estrutura gramatical e raízes etimológicas, o alemão sein corresponde aproximadamente, embora não exatamente, ao inglês be (" ser" em português). Como todo verbo alemão, sem possui dois tempos verbais simples ou sintéticos, o presente (ich bin/''eu sou" etc.) e o pretérito, (ich war/"eu fui/era"). Os outros tempos são formados analiticamente, pela combinação de um verbo auxiliar (que pode ser o próprio sein, haben, "ter", ou werden, "tornar-se") com um dos dois infinitivos, o presente, (sem) e o perfeito (gewesen sein, " ter sido"), ou com o seu particípio passado, gewesen, "sido" (que também fornece a palavra alemã para "ESSÊNCIA" e a expressão de Heidegger para o PASSADO vivo). "Eu serei", por exemplo, é "Ich werde sein". Sein possui um particípio presente, seiend, ''ente" (Heidegger explora a "gramática e etimologia da palavra 'sein'" em IM, cap. n). Os usos de sein podem ser de modo geral classificados como o predicativo ("Eu sou/era pequeno"), o existencial ("Penso, logo sou"), e o auxiliar (er ist gereisf). Há também um uso impessoal, importante na explicação de Heidegger dos HUMORES: mir ist schiecht, "Eu me sinto mal" (lit., "É mal para mim"), mir ist es unheimlich "Isto é estranho para mim, me dá calafrios". Heidegger sempre refere-se ao ser no sentido predicativo," ser-o-quê", (Was-sein, quïdidade), já que ele diz o que algo é, e ao ser no sentido existencial, " ser-que" (Dass-sein, qüodidade), que diz que algo é; ocasionalmente, ele distingue o ser-o-quê de algo, suas características essenciais (a materialidade de um giz), de seu "ser-assim" (Sosein), suas características contingentes (sua brancura) (XXXI, 75). O infinitivo presente, com ou sem o artigo definido neutro, das, aparece como um substantivo, (das) Sem, " (o) ser". "Ser" pode aparecer como o ser de algo em particular, e pode aparecer como a sua "existência" (Ser-que), ou como a sua "essência" (seu ser-o-quê ou natureza fundamental). Ou "ser" pode aparecer como o ser abstratamente, de novo tanto no sentido de "ser-que" quanto no sentido de "ser-o-quê" . Heidegger usa (das) Sein tanto para o ser, por exemplo, de DASEIN, quanto para o ser em geral. Em nenhum dos casos, "ser" deve ser especificado como "ser-isto" ou "ser-o-quê"; ele é simplesmente ser. A distinção entre existência e essência é algo a ser explorado e não simplesmente aceito. Um substantivo também é formado a partir do particípio seiend: (das) Seiende, "aquilo que é". Ele aparece somente no singular. ser: uma introdução 165 Da mesma maneira que a expressão "o belo" não admite o plural, ser é, no entanto, frequentemente traduzido por "entes" ou "entidades". Heidegger chama a crucial distinção entre ser (das Sem) e entes (das Seiende) de " DIFERENÇA ontológica". O ser, argumenta Heidegger, é muitas vezes considerado como a mais vaga das tibstrações, o aspecto mais geral de tudo o que é. Uma distinção entre ser-que e scr-o-quê pode ser extraída. Nesse sentido ser-que é um aspecto homogéneo, partilhado por tudo que existe: tudo é ou existe do mesmo modo. Ser-o-quê também é homogéneo: os homens são mortais exatamente do mesmo modo como os números são divisíveis; as diferenças entre os dois casos dependem unicamente das diferenças entre homens e números, entre a mortalidade e a divisibilidade. Heidegger, ao contrário, realça a rica diversidade do sein. l. O verbo ist, "é", permite várias paráfrases: " 'Deus é', i.e., realmente presente. 'A terra é', i.e., nós experimentamos e pensamos sobre ela como constantemente à mão; 'A palestra será na sala de conferências', i.e., se localizará, 'O homem é de origem suábia', i.e., descende dela. 'A xícara é de prata', i.e., consiste de [...]" (IM, 68/75; cf. LI, 30; Nll, 247ss/niv, 189). 2. Podemos indagar não apenas o que algo é e se ele é, como podemos indagar como (wie) ele é, qual é o seu ser-como (Wie-sein), seu tipo, maneira ou modo de ser (Seinsart, Seinsweise, Weise w sem). Números não apenas possuem propriedades diferentes das dos homens; eles são de um modo diferente, eles são entes de um tipo diferente. Homens, por sua vez, diferem no seu modo de ser de utensílios, e estes mais uma vez de rios ou montanhas. O modo de ser de um ente afeta as questões que podemos formular sobre eles de modo apropriado. Podemos perguntar "O que é jade?" ou "O que é um martelo?". Não deveríamos, todavia, perguntar "O que é o homem?" e sim "quem é o homem?", "quem é Dasein?" e "quem sou eu?". Além disso, tais questões clamam por uma decisão por via da resposta mais do que por uma lista de propriedades. Heidegger nem sempre distingue o ser-como do ser-que, considerando ambos como um modo de ser do ser, em contraste com o seu ser-o-quê ou "constituição" (p.ex., XXIV, 291; NI, 425/nii, 163; LXV, 302). Uma razão para isso é a sua tendência de considerar a POSSIBILIDADE , a atualidade e a necessidade como modos de ser (NI, 461/nii, 195s): se é dito de um ente que ele é possível, e não atual, algo sobre o seu ser-que e o seu ser-como nos é relatado de uma só vez. A sentença " Centauros são uma invenção dos poetas" nos diz, segundo a visão de Heidegger, não tanto sobre a (atual) não-existência dos centauros, quanto sobre seu modo de ser (xxiv, 290: Modus dês Seins). Ele está menos interessado em " entes" não-existentes do que a tradição frege-russeiliana; está nimbem menos inclinado a enxergá-los como faltando em ser. 3. O verbo sem pode seguir-se de várias preposições: eu sou no mundo, perto de " (presente) em, junto a, ao lado de" etc.) coisas e acontecimentos, mt ("com") outras pessoas, w ("para, em direção a") entes, morte, outros etc. Alguém poderia dizer que o ser é, não obstante, homogéneo e abstraio; a variedade é fornecida pela preposição e pelo substantivo que se segue. Mas Heidegger não pretende desticar o ser de seu contexto. Ser no mundo é, insiste ele, um tipo de ser diferente de ser em ou junto às coisas dentro dele, e diferente de ser com outras pessoas. Por isso, forja tartas vezes compostos de sem onde o alemão não os provê: Mitsein, "ser-com"; Bçisein, "ser-em, presença"; In-sein, e assim por diante. 166 ser com outros e ser junto às coisas Estas são algumas das fontes da diversidade do ser. Outras são fornecidas por filósofos ao longo da HISTÓRIA DO SER. Entretanto, Heidegger insiste na unidade do ser. O ser, porém, apesar de unificado, não é a frágil abstração que a nossa compreensão empobrecida costuma considerar. Ele inclui (assim como o conceito de Hegel) a diversidade dentro de si, pronta para emergir em nossas lidas cotidianas com os entes, e diante do olhar do filósofo. "O ser é o éter no qual o homem respira; sem este éter, ele fica reduzido a um mero rebanho e todos os seus feitos a uma mera reprodução do rebanho" (s, 118/98). ser com outros e ser j unto às coisas Heidegger distingue nossas relações com as pessoas das nossas relações com as coisas pela utilização de diferentes preposições: DASEIN é mit, "com", os outros, mas hei, "junto a" as coisas. Originalmente, bei significava "próximo, perto". Ela pode corresponder a várias preposições em português: "Isto fica. perto da estação", "Ele está em casa", "Ela foi ao médico", "Ele trabalhava na ferrovia". Ele utiliza um substantivo verbal composto, (das) Mitsein, para "ser-com" outros. Mas ele não utiliza Beisein para "ser junto às" coisas, mas Sein-bei (ST, 192) ou Sein bei (ST, 131), talvez porque beisein]á possua um significado bastante restrito para o seu propósito, a "presença" ("em sua presença"). Sein bei, Mitsein e Seibstsein ("ser-si-mesmo") são três constituintes coordenados do ser-noMUNDO, que correspondem ao Umwelt, o " mundo circundante", ao Mitwelt, o " mun-do-com, as pessoas à nossa volta, convivência" (ST, 118) e ao anterior Sebstwelt, (p.ex. LXHI, 102). Heidegger também usa Mitdasein, "Dasein-com", para o ser ou Dasein dos outros mas, normalmente, não para os outros eles mesmos, e Miteinandersein, "ser-um-com-o-outro" (ST, 118s). Sein bei, Mitsein e Seibstsein são gleichursprünglich, "equiprimordiais, igualmente originários, primitivos" (ER, 100). É um erro considerar Sein bei e/ou Seibstsein como primários e derivar Mitsein ou outros a partir deles. O si mesmo não precisa ser separado do Sein-bei e do Mitsein. Descartes e Husseri (e Nietzsche, NI, 578/niii, 90) incorrem neste erro: "Já que se concebe o sujeito privado, por assim dizer, deste Sein-bei..., um sujeito fragmentário, a questão acerca do ser-um-com-o-outro [Miteinandersein] e sua essência também toma um caminho errado. Já que ambos os sujeitos são indeterminados, deve ser encontrado um arranjo mais elaborado, por assim dizer, do que a natureza do caso requer. A indeterminação da subjetividade causa uma superdeterminação da relação entre sujeitos" (XXVII, 140). Se as pessoas são sujeitos encerrados em si, elas precisam passar por uma cuidadosa inspeção das características físicas umas das outras antes de poderem comunicar-se. Este absolutamente não é o caso. Eu sou "com" os outros até mesmo quando eles não estão fisicamente presentes: "Estar faltando e 'estar longe' são modos de Dasein-com apenas possíveis porque Dasein como ser-com deixa o Dasein dos outros virem ao seu encontro [begegnen] em seu mundo" (ST, 121). Mit(einander)sein não envolve o focalizar um no outro: dois caminhantes tomados pela mesma visão são " um com o outro" sem estar prestando atenção um no outro. Mas prestar atenção no outro pressupõe o ser-com (XXVll, 86s). Mitsein requer Sein-bei, em particular a nossa habilidade de ser bei uma e a mesma coisa. Quando duas ou ser com outros e ser junto às coisas 167 mais pessoas vêem o mesmo pedaço de giz, elas não o vêem como exatamente similar; têm diferentes visões do mesmo giz, vendo-o de modos diferentes: "A mesmidade [Seibigkeit] e a exata igualdade [Gleichkeit] são duas coisas diferentes" (xxvn, 90). Se não pudéssemos identificar um objeto percebido por mim como o mesmo objeto percebido por você, não poderíamos nos comunicar ou reconhecer um ao outro como pessoas. Até mesmo o desacordo pressupõe o acordo com relação à coisa sobre a qual discordamos: "A harmonia e a discórdia baseiam-se, portanto, no estabelecimento de algo como o mesmo e o constante". Se fôssemos abandonados a uma corrente de representações e sensações e varridos para ela, não haveria "nós", nem "outros", e nenhum ente idêntico sobre o qual pudéssemos concordar ou diferir (NI, 578/niii, 91). Inversamente, Sein-bei envolve Mitsein. Aquilo bei o qual estamos normalmente são entidades MANUAIS: o tecido que estamos cortando, campos, livros, barcos. Não os vemos primeiramente como seres-simplesmentedados para então inferirmos a existência de outros a partir dos seus contornos físicos. Nós os vemos de uma só vez como envolvendo clientes, fornecedores, proprietários, usuários (ST, 117s). À medida que Heidegger torna-se menos preocupado com o manual, ele introduz outros argumentos: Dasein pode, é claro, estar bei uma coisa na ausência de outras pessoas, ao passo que não pode estar com alguém sem estar bei algo. Mas aquilo bei o qual Dasein está, e o seu mais próprio Sein-bei, é, em princípio, comum e partilhável com outros. Sein-bei não é uma antena ou um tubo que Dasein manda para o mundo. "No Sein-bei e como Dasein, ele traz com ele desde o princípio uma coisa tal como uma esfera de visibilidade" (XXVll, 136). Assim, "se Dasein aproxima-se de outro Dasein ele entra no espaço de visibilidade do outro, mais precisamente o Sein-bai deles move-se na mesma esfera de visibilidade" (xxvn, 134). Até mesmo de uma certa distância, reconhecemos um homem passando pela porta de sua casa; transportamos-nos para o seu Sein-bei, a sua perspectiva da situação (XXVll, 13 Is). Mais uma vez, a linguagem é essencial para fixar objetos estáveis, "o um e o mesmo", e a linguagem requer, assim como toma possível, o ser com outros (EHD, 39/301). Seibstsein também tanto exige quanto é exigido pelo Mitsein e o Sein-bei: eu não posso "ser para [Sein zu]" mim mesmo enquanto mim mesmo a não ser que ultrapasse ou TRANSCENDA a "mim mesmo". (ER, 100). Embora Sein-bei, Mitsein e Seibstsein sejam igualmente originários, não são separáveis: cada um deles pressupõe os outros. "Outros" não devem ser concebidos como entes estranhos de quem nós nos distinguimos: "os outros são mais propriamente aqueles de quem na maioria das vezes não nos distinguimos, entre quem nós tmibém estamos" (ST, 118). Nem são os outros "espécimes indiferenciados do género homo sapiens considerado pelo cientista"; o Mitwelt constitui-se como "as outras pessoas em uma caracterização inteiramente definida como estudantes, professores, parentes, superiores etc." (LX, 11). Mitsein, um caso da "dispersão [Zerstreuung]" de Dasein, não se baseia em aspectos biológicos tais como nossa estrutura corporal e diferença sexual; a atração sexual pressupõe o Mitsein ma;s do que o explica, mas o sexo influencia as formas tomadas pelo Mitsein (XXXVI, 174). Na base do Mitsein, "podemos pôr-nos no lugar dos outros" (Sichver-setz.en) ou por eles sentir empatia (Enfiihiung). Se podemos fazê-lo com animais pobres-de-inundo, até mesmo animais Jomésticos, é uma difícil questão; o fazemos com o seu vocabulário vívido. descendente de judeus e de crenças políticas conservadoras — permanecesse (ACL. Esta primeira parte deveria conter três divisões: " l. fruto de intensa atividade pedagógica nos anos anteriores: esparsas referências a são Paulo e santo Agostinho refletem cursos de 1920 e de 1921 (LX). e assim por diante. era "a interpretação de Dasein pela temporalidade e a explicação do tempo como horizonte transcendental da questão do ser". Após a citação de Platão e uma breve exposição sobre ela. Dilthey. l). Temas aparentemente marginais em ST são. que temia que o livro fosse proibido se a dedicatória a Husserl — um cristão convertido. verdade. Essa edição manteve a expressão de gratidão a Husserl de Heidegger (ST. ST começa com uma longa introdução. Dasein e temporalidade. Descartes. neokantismo. Essa dedicatória permaneceu até a quarta edição de 1935. Ele foi dedicado a Husserl. 3. 38 n. a citação introdutória do Sofista de Platão surge das suas preleções sobre esse texto em 1924-25 (XIX). comparado com nosso "ir com [Mitgehen]" outros humanos (xxix 301 s. preparado o solo para ST por meio de preleções sobre vários de seus aspectos. então essa pessoa é Husserl. 2. A dedicatória reaparece em edições posteriores. A análise preparatória dos fundamentos de Dasein. embora em uma carta a Jaspers de 26 de dezembro de 1926 diga que se ST foi "escrito 'contra' alguém. ele explica por que é importante levantar esta questão há muito esquecida e por que é ela anterior a outras questões. E de certa forma escolástico em sua linguagem e organização. 307ss). 7). O método e o sumário da investigação". (o) ser humano: é Dasein que coloca a questão sobre o ser (ST. estrutura e primado da questão do ser". Ela abarca temas tais como o mundo e . do editor Niemeyer. Aristóteles. 39). fenomenologia.168 Ser e tempo num "modo diferente". na maioria das vezes retirado da vida prática. Ser e tempo Ser e tempo foi publicado em fevereiro de 1927 como o volume viu do Jahrbuchfür Philosophie und phãnomenologische Forschung [Anuário para a Filosofia e a Pesquisa Fenomenológica] de Husserl. ST rendeu a Heidegger um cargo permanente de professor universitário em Mar-burgo: o governo do estado retirou sua objeção à indicação de alguém que até então ainda não havia produzido uma grande obra e que nada havia publicado por dez anos. "Necessidade. mas foi removida na quinta edição de 1941 — a pedido. Tempo e ser" (ST. planejada para ocupar a primeira parte de ST. entretanto. A primeira divisão dá uma explicação de Dasein que não faz referência ao tempo e à temporalidade. A primeira dessas tarefas. e com seus exemplos concretos. Também explica que a questão do ser deve ser abordada por meio de uma análise de DASEIN. intitulada "Exposição da questão sobre o sentido do ser". Husserl percebeu imediatamente isto embora tenha desde o início tomado Ser e Tempo como uma atitude positiva (HJ. No primeiro capítulo dessa introdução. O segundo capítulo é "As duas tarefas de uma elaboração da questão do ser. 269/199). ST une os laços de dez anos de incessante trabalho intelectual. na maior parte das vezes. O legendário talento como conferencista de Heidegger não sobrevive inteiramente à passagem para o texto impresso. as questões sobre o conhecimento e questões das ciências. Apenas a primeira e a segunda divisões desta parte foram publicadas. 39). diz Heidegger. Difere em estilo das suas preleções. Ele havia. desde 1919: tempo. o impessoal. 10 etc. inautenticidade e decadência. mas sente que outras publicações "conduzem à questão real por meio de desvios" (XLIX. HB. é o próximo tema de Heidegger. O fato de ST focar o ser no lugar dos entes e o fato de ligar o ser .). 39s). 2. A penúltima seção ataca a concepção hegeliana do tempo. mas seus conteúdos são familiares em virtude de outros escritos e preleções de Heidegger. Mas esta analítica temporal [temporale] é também a virada [die Kehre]. (Heidegger engana-se em sua lembrança: cartas a Jaspers e Bloch-mann mostram que ele visitou Jaspers em 1a de janeiro de 1927 (HJ. 196). o virar [das Kehren] ocorre. 39s). parece envolver a reflexão sobre os entes como um todo em relação ao ser. verdade e cuidado (cura). A segunda tarefa projetada na introdução era prover "os rudimentos de uma destruição [Destruktion] fenomenológica da história da ontologia em função da problemática [Problematik] da temporalidade [Temporalitat. guinada ou desvio: a ontologia fundamental "é: l. trazendo à tona a sua significação temporal. espaço e espacialidade. 17). A história. Aqui. O restante da introdução explica o método fenomenológico e hermenêutico de ST. durante uma temporada com Jaspers em Heideiberg. Heidegger diz tê-lo escrito. 3 deveria envolver uma VIRADA. ST permanece sendo o ponto central do pensamento de Heidegger até o fim. independentemente da natureza de Dasein. A partir de nossas vívidas e amigáveis discussões acerca das provas tornou-se claro para mim que esta divisão mais importante (l. 92ss/7ss. e a breve seção de conclusão introduz a faltante terceira divisão. 199). humores. ser com outros. 3]. e nós nos desviamos [Umschiag] para a metaonto-logia [Metontologie]" (XXVI. 3.ex. precisamos trazer a ontologia para o desvio [Umschiag] que nela mesma se acha latente. na qual ela sempre implicitamente permaneceu. a ontologia "por sobre" ou " além da" ontologia. 40. Ela então " repete" as primeiras explicações do cuidado (cura) e da cotidianidade. A segunda divisão introduz a temporalidade e é em grande parte uma "repetição" da primeira divisão em termos temporais (ST. ST. cf. Meta-ontologia. na qual a própria ontologia volta-se explicitamente para a ôntica [Ontik] metafísica. 'temporalidade' independente de Dasein. e 2. analítica da temporalidade [Temporalitat] do ser [cf. l. em contraste com a Zeitiichkeit. a doutrina kantiana do esquematismo e do tempo. CH. lidando com: l. débito e decisão. O capítulo final retorna para a temporalidade. cf. o "cogito sum" de Descartes e a sua dívida para com a ontologia medieval. 201. Ele o discute com frequência posteriormente (p. planejada para explorar o ser em relação ao tempo. Esta parte nunca apareceu. Esta segunda parte também foi planejada para possuir três divisões. l e 2]. HB. Pelo movimento de radicalização e universalização. 3). 19). com uma coda na recém-publicada correspondência com Dilthey e com o conde Paul Yorck de War-tenburg. a "historicidade". Ela começa com um famoso primeiro capítulo sobre a morte. 72. analítica do Dasein [cf. Lamenta a sua incapacidade de completar ST. e então passa para a consciência. Os conteúdos mencionados de l. a 'temporalidade' de Dasein]". ACL. ou melhor. que ainda depende da compreensão de Dasein (XXVI. LXV. ST..Ser e tempo 169 ser-no-mundo. 3 são incertos. como eu a tinha elaborado. mas ter decidido omiti-lo: "A decisão de deixar inacabado foi tomada nos últimos dias de dezembro de 1926. 54). I. I. cf. permaneceria ininteligível" (LXIX. a explicação de Aristóteles do tempo (ST. 315ss/221ss. 274 etc. XV. não meramente um mal adaptado. ele havia entrado precocemente no espírito dos tempos agitados. esp. parece não encaixar com a decisão dominada pela angústia.430. "lançar diante. A fenomenologia parece exigir que o desejo e a habilidade de filosofar sejam mostrados como coerentes com outros aspectos de Dasein e deles emergindo. por um processo intelectual" (citado em Trevelyan. O particípio passado de werfen é geworfen. 13s). uma vez que o seu espírito grego está lançado [geworfen] neste mundo nórdico. 17ss). o ser-lançado é um aspecto central de DASEIN. por assim dizer. portanto "arremessar girando o braço".. "ser-lançado". ST é. Hegel) a levou a sério. 183. virar. você tem apenas duas alternativas. e agora "jogar. elas são "sem mundo". XLIX. autenticidade. 145) ou de um mundo (XXIV. numa carta escrita para Goethe. um " lançamento. 2. o lançamento diante" de si mesmo de. em l. característico de l. crivada de pressuposições e do vocabulário da velha metafísica (LXV.] produzir a sua Grécia. Ele não sucumbe à metafísica antropocêntrica que condenou mais tarde (LXV. "reprovar.(Da) (ST. e entwerfen. Dasein é lançado em seu aí. uma obra com pouca unidade. derrubar". Isto é um fato (Tatsache). 488ss). Angústia. "PROJETAR" . 193). lançar". Husseri negligenciou a emergência da filosofia a partir da cotidianidade mediana. ST é muitas vezes considerado. Dasein também está à mão no mundo. "Criado no próprio centro da vida londrina. Todo Dasein é lançado. A partir dele. Pedras e árvores são SERES-SIMPLESMENTE-DADOS dentro do MUNDO. 3. isto . enrolar". A relação entre existência e ser-lançado é captada por Schiller. tomou-se um filósofo.170 ser-lançado e facticidade ao tempo e não ao pensamento representam um importante primeiro passo em direção às preocupações dos seus anos posteriores (LXV. uma obra de " transição". Heidegger forma um substantivo. ser-lançado e facticidade Werfen significava originalmente "girar. uma palavra que o precede tanto em ST quanto em preleções anteriores (cf. 239). Junto com a EXISTÊNCIA e a DECADÊNCIA. possibilidades (ST. Heidegger (assim como um outro grande fenomenólogo. 2. Em seus primeiros escritos. uma " reprovação". animais. em l. 431ss). l.. "factualida-dc". por exemplo. 223. ou [. decisão: é disto que o filósofo necessita. Alguns dos derivados de werfen são Wurf. característica de l. também vorwer-fen. Também significa "dar à luz". mas sobre a própria filosofia. e nós falamos da sua Tatsãchiichkeit. Um fio condutor é a urgência de Heidegger em refletir não apenas sobre as preocupações da filosofia. a partir de dentro. 93. em seu pré. ou tornar-se um artista nórdico. nos quais sua jovem vida fora lançada" (Seebohm. " Ser-lançado" está intimamente conectado à " facticidade". e Vorwurf. Geworfenheit. Qual a conexão entre a vida cotidiana e a filosofia? O que nos possibilita e nos motiva a filosofar? (Cf. O tema da circun visão cotidiana. lance" de uma bola ou de dados (Würfel). mas não unicamente ou primordialmente do modo como pedras e árvores estão. aos quais Heidegger devolve o sentido original. LXIII. entretanto. 28)." lançado". ao próprio ser. Dasein não. Uma vez que o Dasein. 135). sobretudo quando analisado por partes. em 23 de agosto de 1794: "Uma vez que você já nasceu um alemão. então ele pode ascender. LXIII: Ontologia (Hermenêutica da facticidade)). Heidegger utiliza para a factualidade de Dasein a palavra derivada do latim Faktivtàt. (c) Aquele que projeta.ançado o diferencia de Kant e de Husseri " f. K. 181). Ou seja. o ser-lançado. 144).ser-lançado e facticidade "implica que um ente 'dentro do mundo' possui ser-no-mundo de tal forma que pode compreender a si mesmo como dedicado e vinculado ao seu 'destino' com o ser destes entes que ele encontra dentro de seu próprio mundo" (ST. i. e não lança a si mesmo. é uma resposta ao ser-lan çado. 231. mas difere do ser-lançado de Dasein por ser c que se realiza pelo próprio Dasein. Pois o serlançado não é um fato que já terminou e esgotou-se. Dasein "é um serpossível entregue a si mesmo. que se pode descobrir por meio de uma pesquisa. 135). e indica a "facticidade da entrega [Überan-wortung] [de Dasein]" (ST.. O projeto (ou projeção) de Dasein é. É esta a diferença essencial de todo modo meramenti . unicamente em tal projeção pode o homem tornar-se consciente de s mesmo enquanto tal. Dasein é lançado dentro de um certo modo de ser: c projetar" (ST.e. Ele é FINITO (XXV. 327). portan to. Isto possui três diferentes sentidos: (& A própria projeção é um tipo de lançamento. 85). um modo ide " assumir o seu comanda" sem "deixá-lo para trás" (cf. 325). "Serlançado" também refere-se ao puro "que ele é" de Dasein.] A abertura pó meio do projeio só é abertura se acontecer como experiência do ser-lançado e. Dessa forma. pungentemente revelado em certos HUMORES. ela ressoa a partir da posição à qual Dasein é lançado: "Todc projeto — e portanto toda ação humana 'criativa' — é lançado. Já que Dasein "é as suas possibilidades". Isto é. Este fazer-se em conjunto daquel< que projeta na projeção é distinto do ser-lançado de Dasein... 284. entretanto frequentemente considerado como "lançado". Dasein não pode projetar o que quiser. existência] [. O projetar está intimamente relacionado à existência. (b) A projeção começa a partir do prévio ser-lançado de Dasein. o fato de que Dasein é. Dasein é um ente "em meio aos entes como um todo" (p. assim como de outros entes.] o lançador do projeto experimenta a si mesmo como lançado. est. A ênfase dada por Heidegger ao ser. ele nunca volta para trás de seu serlançado. 56).]?"). 228: "Acaso o próprio Dasein alguma vez já decidiu livremente se quer ou não entrar em 'Dasein' [i. do pertendmento ao ser. Cf. OQM. [.ex. é lançado na projeção (LXV. ou o lançador d( projeto. de modo que possa primeiramente liberar este "que ele é e deve ser" do seu mais próprio si mesmo e conduzi-lo para dentro do aí" (ST. Projetar é um tipo de lançamento. como os detalhes sobre os ancestrais de uma pessoa. Já que Dasein é simplesmente lançado. determinado peh dependência de Dasein daquilo que já exisle como um todo. Ele é um constante acompanhamento da existência de Dasein.. 235/161). uma dependência que nãc controla a si mesma" (K..452ss). limitado pela sua posição em meio aos entes... 3. "Permanece no lançamento [im Wurf] e é absorvido pela turbulência da INAUTENTICIDADE do IMPESSOAL" (ST. não está sob o controle de Dasein: "Em sua existência. 2. possibilidade lançada do início ao fim" (ST. 135). [e] pela primeira vez torna-se homem' (LXV. Ele é lançado "dentro do em meio a [In das Inmitten]" entes (LXV. Ele envolve diversos aspectos: l. ST. cf. ao projetar um mundo. 4. O ser-lançado também conduz à projeção: "E como lançado.e. 109/99). Dasein não descansa após o seu ter sido lançado. 145). Dasein está entregue ao seu "que ele é e deve ser" (ST.. 452). "( homem desprende-se [loswirft] dos 'entes'. o ser-lançado Dasein permeia seus outros dois aspectos centrais. 179. nelas projetando a si mesmo (ST. 235/161 sobre ser-lançado e decadência).. No Heidegger inicial. a rejeita por considerá-la um "platonismo banal" (xvn. de deuten (auf). Dilthey utiliza com frequência Sinn para o significado da totalidade — uma vida. a "sentido". A distinção de Frege entre Sinn como "sentido" e Bedeutung como "referência" não é usual no alemão. que compreende a si mesmo em função da subjetividade" (CH. 94. por exemplo. "enquanto ek-sistente contra-lançamento [Gegenwurf] do ser. uma sentença — e Bedeutung ou Bedeutsamkeit para o significado de suas partes — acontecimentos. ele rejeita a Cila do "psicologismo" e a Caribde dos significados extemporâneos. " interpretar.. 171. Bedeutungen objetivos. significado. exceto quando significa os cinco " sentidos" ou na expressão " perder os sentidos".e. XXI. Sinn também significa o " sentido". o homem é mais do que o [meramente biológico] animal racional. e correspondentemente menos do que o [idealistica-mente concebido] homem. Posteriormente. está lançado entre os entes desde o começo. que usava estas palavras tanto para o que um sinal significa ou exprime quanto para o "significado" de uma totalidade complexa tal como uma vida. Ele a conecta com bedeuten. mas explora a derivação de Bedeutung e bedeuten. um processo histórico etc. indicar". embora Sinn tenda a referir-se mais à totalidade do que às suas partes. Bedeutsam é " significativo. 239).) Bedeutsamkeit era para Dilthey uma "categoria de vida" central em contraste com o mundo natural. importante". Bedeutung também quer dizer "significação. Heidegger assume a separação feita por Husseri entre significado e linguagem natural. " significação. (O alemão usa-Sm/i mais do que Bedeutung para o "significado" de uma vida. significados. Heidegger também usa Bedeutsamkeit. são componentes do sentido (DS. sentido e significação Sinn originalmente significava "viagem. mas não exatamente. palavras (CMH. Em DS. existência. Husseri fez distinção entre "significar como ato [das Bedeuten ais Akt]" e Bedeutung como a " unidade ideal da diversidade de atos possíveis". sentido e significação transcendental de cognição no que diz respeito às condições de possibilidade" (LXV. Os atos subjetivos. 357). 290). XXI. não podem mudar. Ele deve muito a Dilthey. caminho". A mudança linguística vê-se entregue à esfera da psicologia. Usa por vezes Sinn e Bedeutung indistintamente (p. interpretar": "Apreendemos o caráter de remissão dessas remissões de referência [Verweisens] como ação de significar [be-deuten]. Enquanto Bedeutung frequentemente ocorre no plural. cf.". 338/245). apontar para.. 137). são variáveis. O homem de Heidegger. história etc.172 significado.. oferece a si mesmo o seu ser e o seu poder-ser para uma compreensão originária. importância". da beleza (cf. escrevendo às vezes be-deuten para realçar o sentido de "apontar. Na familiaridade com estas remissões.ex. 58ss). Dasein 'significa' [bedeutet. Com os conceitos de DASEIN. expressividade". no tocante ao ser-nomundo. Bedeutungen. o plural Sinne é raro. ST. A função [das Worumwillen] . 245s). porém. ou Dasein. i. que dão significado a expressões. interpreta) para si mesmo. Bedeutung corresponde a "significado". mas agora corresponde aproximadamente. relevante. O ego transcendental postulado pelo idealismo não tem lugar entre os entes anteriormente ao lugar que atribui a si mesmo no mundo que projeta. "significar etc. Heidegger usa Bedeutsamkeit (sempre no singular) para indicar a rede de relações que une firmemente o mundo de Dasein. Por isso. são logicamente anteriores às palavras e enraízam-se nas relações de significação do mundo: "Desde o início. XXIV. XX. significado pelo Daw. O Wobei etc. Posteriormente. 442). já que é o projeto de Dasein que confere Sinn às outras coisas (ST. por exemplo. e pelas explicações de Aristóteles da inferência prática (cf. XV. "no sentido (de)". a nossa essência é tal que ela forma a inteligibilidade e compreende. 84s). significados.] Portanto. um martelo. a perspectiva da sua projeção é o tempo e o sentido original ou grego do ser é a VIGÊNCIA. que só então. 87). 334ss). É o desfecho da projeção. 151). 174).] a iluminação do ser que abre e fundamenta a si mesma no projetar" (NU. embora invariavelmente associados com palavras. 87. que não possui maior envolvimento por ser uma necessidade profunda de Dasein — quanto vários para-os-quais intermediários. Chamamos de Bedeutsamkeit (significância) o todo das remissões dessa ação de significar [Bedeuten]. Bedeutsamkeit capacita Dasein. como animais. é inspirada por cunhagens de Aristóteles tais como to hou heneka. 86). tais como tábuas de fixação. O Worumwillen é. isto significa um utensílio.significado. 161. Bedeutsamkeit "constitui a 'mundanidade do mundo'" (ST. A perspectiva não é como uma tela que existe independentemente do projeto — entes crus. Mas em seu sentido técnico Sinn é relativo a uma compreensão geral ainda não articulada em palavras. a necessidade de abrigo de Dasein. 151).. 359s.. 444s Cf. Heidegger desencobre as anteriores relações-de-conjuntura que as torna possíveis. Mas já que a nossa concepção do ser baseia-se no tempo. são as conexões de finalidade entre estas tarefas. frequentemente. a expressão vocal desenvolve-se pela primeira vez a partir de significados j á desenvolvidos" (XXIX. 437." o em função do qual". em um estar com [ein Womit] da conjuntura. im Sinne. Heidegger rejeita a implícita dependência da linguagem da significação mundana prévia: "Falso.] Dizer que o ente 'tem Sinn' significa que ele se tornou acessível em seu ser. Em uma nota posterior. 364). sons vocais que nós. Pelo contrário. Wow. Heidegger está inclinado a dizer que "apenas Dasein 'tem' Sinn". sentido e significação 173 significa [bedeutet. exigidos para a finalidade de construir um abrigo (ST. torna o ser inteligível para nós—mais como um filme do que como uma tela: "Em ST. [. 365. 'Sinn' nomeia o reino-de-projeção [Entwurfsbereich]. ST. algo para fazer uma casa. "Sinn do . O significado não resulta dos sons. que fundam a possibilidade de "palavra e linguagem" (ST. [. A terminologia de Heidegger ligada às várias práticas (abandonada depois de ST). XIX. cf. Heidegger usa. para explicar o sentido no qual ele está utilizando uma palavra. 20/niii. ela é a essência original da verdade como aí" (ST. 48ss). Enquanto Aristóteles esboça a forma lógica das inferências práticas. isto significa um Um-zu. Sinn significa a perspectiva [das Woraufhin] do projeto primordial de uma compreensão do ser. No período de ST. 287).." (ST. uma compreensão que surge de uma projeção e nos possibilita compreender entes particulares: "Rigorosamente.e. independentes de/Dasein. tanto a tarefa final de construir um abrigo — o para-o-qual. a descobrir Bedeutungen.. quando ele interpreta as coisas. projetado em sua perspectiva de 'propriamente' 'tem Sinn'" (ST. cf.. este um ser para isso [ein Dazu]. aponta para] um ser-para [ein Um-zu]. esse um estar junto [ein Wobeil] em que se deixa e faz um conjunto. A linguagem não é sobreposta [aufgestockt].. produzimos podem possuir um significado. Anwesenheit (ST. i.. 324. O Womit etc... [. são as várias tarefas nas quais um martelo pode estar envolvido.. por assim dizer. um Daw. ACL. O silêncio não omite invariavelmente: "O silêncio é um dos modos de ser da fala e enquanto tal ele é um modo definido de expressar-se sobre algo para os outros" (XX. expressar-se pelo silêncio". Assim. salvando-o da absorção na cotidianidade (xx. Pois o silêncio brota da "reticência". 510. 368). 164s). [. . LXV. 369). Os sons da linguagem são secundários. quando de fato trata de uma "descoberta que revela [erõffnenden Erschiiessung]". nós nos tornamos vítimas de substitutos da teatralidade intelectual ou de uma ilusória. que está ainda mais seguramente lá onde menos ela irrompe.174 silêncio ser" é substituído pela "verdade do ser" (NU.. 322. o . reticente". 252/122). ele gera Verschwiegenheit. Heidegger posteriormente expressa isto forjando o verbo erschweigen. Já que não mais podemos esperar o momento propício e mantermo-nos à espera da vida (no sentido genuíno. O silêncio é o modo apropriado de pensar sobre o ser e s&bre a fundação da sua "verdade". constitui-se o genuíno ser-um-com-o-outro". Eles sobrevieram a uma visão primária do mundo e dos entes dentro dele. Verschweigen é "manter-se em silêncio sobre algo. "estar em silêncio para diante [-er]. e também "discreto. o silêncio "cor-responde [entspricht] à harmonia silenciosa da serenidade do dito que acontece e que mostra [ereignend-zeigenden Sage]" (ACL. desempenha um papel crucial na conversa: "A partir dessa reticência surge a genuína habilidade de ouvir e. silêncio O silêncio é importante para Heidegger desde suas primeiras preleções: "Adotar uma posição prematura e apaixonada a favor ou contra algo revela apenas uma deficiência de paixão genuína. com das Schweigen para o substantivo "silêncio". 368s. 262/131). não no sentido da psicologia detetivesca e da investigação da alma). 296s). O ser já não é mais — como sugeria ST — simplesmente algo projetado por Dasein. Cf. mas mantém silêncio [schweigt] e pode esperar. mas a "localidade [Ortschaft]" do ser. "reticência. Mais tarde. Pessoas comunicativas frequentemente dizem menos do que as reticentes. seu particípio passado. nesta habilidade de ouvir. Se uma pessoa nunca diz nada. portanto. de decisão de compreensão. Nem alguém que não tem nada a dizer. discrição". Por isso. Heidegger agora fala da "topologia do ser [Topologie dês Seyns]" (XV. porque cega e fugidia. mas da comunhão silenciosa entre deuses e o poeta solitário e decidido.]. ela não pode manter-se em silêncio. A linguagem surgiu não dos grunhidos com significado pronunciados por primitivos em conversa. mas não podemos esperar em nosso barulhento empenho de pôr em ordem os problemas.. 335). ele incorpora o silêncio em sua explicação da FALA (XX. 471/nii. "Estar em silêncio" é schweigen. LXV 43). significa " manter silêncio. É mais como a eletricidade que encontra uma tomada no homem ou Dasein. verschwiegen. 161. 71). Mais tarde. Sinn poderia sugerir que a projeção do ser fosse uma "estrutura da subjetividade — como Sartre a considera numa base cartesiana (que ignora a aletheia como aletheia)". 20/174. O silêncio. Somente quem pode falar pode manter-se em silêncio. omiti-lo". Também o si lêncio pode " no ser-um-com-o-outro chamar e trazer de volta Dasein ao seu ser mais próprio". Destarte. o silêncio está envolvido no silencioso chamado da CONSCIÊNCIA e na "reticente DECISÃO que arranca a ansiedade de si mesma" (ST. 408. 208. objetividade" (LXI. "Verdade" não é "corre-ção". Heidegger diz que a linguagem origina-se no silêncio (NI. segredo". ST. O sinal "Não fume". isto é. e a sua aversão a falar publicamente sobre o nazismo e seu envolvimento com ele. até o momento em que o considera como sinal de algo. ela possui a sua "origem ontológica em uma referência": como todos os termos apropriados para o ser-simplesmente-dado.sinais e indícios 175 acontecimento (cf. sinais e indícios Um Zeichen é um " 'sinal claro' de qualquer espécie. mas nem toda relação é um referencial. LXV. indicar etc. O indicar descobre o ente que serve como um sinal. 77ss. " 'sintoma'. sua convicção de que grandes pensadores não expressam tudo que querem dizer e portanto devem ser interpretados " com violência". É usada apenas poeticamente." (DOS. o instrumen-to-sinalizador. Heidegger associa Zeichen com zeigen: sinais mostram ou "indicam" (ST. como uma parte funcional do todo do carro. 2. tal como um sujeito e seu objeto. 'intimação' para que venha ao encontro algo que pode ou não ser reconhecido e interpretado corretamente. Embora esta "determinação formal" seja mais geral do que a "referência" ou o "sinal". Mais importante do que uma definição do " sinal" pelo seu género e diferença específicos é a explicação do relacionamento de um sinal com outro instrumento e com o mundo ao qual ele pertence. 276ss. O amor pelo silêncio de Heidegger é coerente com diversos aspectos de seu pensamento: sua preocupação com o "deixar os entes serem".". Em suas obras iniciais. Zeigzeug e seu "referencial" ou "indicação" é o indicar assim como o do martelo é o martelar: ele serve para. lugar . também vem de zeihen. DS. Por isso. ST. cujo significado é compreendido ou estabelecido". em geral. Esta explicação recai sob três tópicos (ST. apontar. Zeigen. independentemente do fato de indicar chuva. em contraste com outros ventos. 295ss). Beziehung — uma palavra que Heidegger geralmente reserva para uma relação-SiM-PLESMENTE-DADA entre seressimplesmente-dados. faz uma análise quase husserliana do conceito de sinal (XX. Isto é verdadeiro mesmo para um sinal natural. Um sinal é também a parte especial de um instrumento. revelar". 78). ele enraíza-se no manual e no discurso que sobre ele se faz. Um martelo "refere-se ao" martelar e a pregos. cf. Um sinal é um utensílio com a designação de indicar. e agora "acusar [alguém de algo]". pressupõe a possibilidade de haver tabaco e meios para acendê-lo na lua. sem que seja. ou algo deliberadamente produzido com um propósito. Distingue-se de Anzeichen (cf. cuja intenção foi esquecida. Encontrar um pose de sinalizaçío em um lugar selvagem. ainda é considerado um sinal desconhecido de significação. tal como o vento do sul que indica chuva. 82): l. Mas o fazendeiro não tem consciência do /vento sul enquanto tal. Todo "referencial" é "relação". 77). 314). Meteorologistas podem estar conscientes do vento do sul como um fenómeno distinto. indicar. seu ser-em-função-de é indicar. Pouco se ganha considerando um referencial e um sinal como tipos de relação. Um nó em um lenço. Mesmo sem saber a sua função. incluindo os da lógica formal. originalmente "mostrar. ele não é considerado primária ou imediatamente como mera "coisa [Ding]". "mostrar. o pisca-pisca de um carro é visto como um sinal nãofamiliar ou.). significa çue há algum lugar aonde vale a pena ir. Como qualquer outro utensílio. 36 etc. que a não ser por isso mostra-se virgem intocaio. Um <inal pertence a um contexto instrumental que não consiste exclusivamente em sinais. próximo de uma bandeira americana na superfície da lua. ST. Esta palavra vem de zeihen. ao menos. um sinal de/para eles. "alguém que acena". LXV. poderei atravessar a rua. 82).] (em sentido amplo). devo permanecer à sua esquerda para evitá-lo. O poeta recebe estes sinais e os transmite por meio de suas próprias palavras.410). não diz nem subtrai nada.]. Um pensamento situado fora . 5. chamar atenção para algo. os sinais [Winke] têm sido a língua dos deuses" ("Rousseau". se for um pedestre. ele se sobressai em relação aos seus arredores inconspícuos. Os deuses simplesmente dão sinais.. [. 127). ele mesmo não pode ser concebido como sinal" (ST. além disso. mas orientações sobre o que posso ou devo fazer. A poesia. nada haveria para se indicar. Heidegger encontra um paralelo em Heráciito: "O autor. não é "expressão de experiências emocionais" nem descrição de algo "real".] Desde tempos antigos. [. "o sinal está onticamente à mão. o vento sul. sistema e articulação Assim como Kierkegaard e Nietzsche.408. Esta palavra vem de winken. Ele não somente aponta para si mesmo ou para uma rua que vira para a direita. Desta forma. enquanto esse instrumento determinado desempenha. Somente olhando fixamente o pisca-pisca ou olhando na direção por ele indicada é que posso desconsiderá-lo. Ele ilumina todo o meu ambiente de um certo modo. "o mundo à nossa volta se torna cada vez. Der Winkende. cujo oráculo fica em Delfos.. "Acenar [Winken] adeus é tentar manter a proximidade à medida que a distância aumenta. Holderlin escreveu: "[. Il.". 3. se é que o faz. por assim dizer. assinala [semainei] o retraimento" (xxxix. construído a partir das fundações de um povo pelo poeta. Se estiver seguindo o carro. Um Wink difere de um Zeichen. já que o carro não está vindo em meu caminho.. porque não notamos tudo o tempo todo. Notamos o nó no lenço.". Um Wink é um sinal dado com a mão ou com um objeto. o ser será fundado na existência histórica [Dasein] do povo. explicitamente acessível à circunvi-são" (ST. 41). é essencialmente o que se faz notar. Cf. 83).. originalmente "balançar. e agora "assinalar com a mão etc. O tempo da construção da forma essencial dos entes a partir da verdade do ser ainda não chegou" (LXV.. Paira sobre o real na imaginação e só nos apresenta o real. No sinal.. Heidegger considerava suspeitos os "sistemas" filosóficos do tipo associado a Hegel: "O tempo dos 'sistemas' já passou.176 sistema e articulação que deste modo é trazido para a esfera do manual. totalidade referencial e mundanidade" (ST. dando-nos a saber onde está. Dichtung. Se não existisse nada além de sinais e pessoas para quem dá indicações. após a transformação poética.. Poesia — expressão de experiências emocionais? O quão distante está tudo isso! Poesia — prolongamento dos sinais dos deuses — fundação do ser" (XXXIX. "Quando o sinal dos deuses for. 82). não apenas chama atenção para si mesmo. Sistemas dependem do modelo da matemática e da busca pela certeza: " 'Sistemas' só são possíveis no despertar da predominância do pensamento matemático. Portanto. Um sinal. não apenas com a pálpebra de alguém. Cf. [.. pois eles são" (XXXIX. ele me dá não apenas uma informação. ao mesmo tempo.400.39s). 33. Se o sinal indica um desvio para a direita. 32). a função de alguma coisa que indica a estrutura ontológica de manuali-dade. enquanto que acenar na chegada é revelar distância ainda dominante na alegria da proximidade. que dão sinais para o seu povo. re-orientando-me para ele. acenar etc. se "o referencial deve ser a fundação ontológica dos sinais.]. Assinalar difere de apontar para algo. o farol pisca-pisca. elas servem à tentativa de Heidegger de desvalorizar a ética na filosofia. Em meados da década de 1930. Conceitos e questões não devem ser arquivados em escaninhos. na forma reflexiva. 432). como é suposto geralmente. junção". assistemático. aceitar [p. expressão usada metaforicamente. ajustado(amen-te)". construção. Os gregos não possuíam sistema algum: "No sentido de estrutura projetada e executada como uma unidade capaz de abarcar todas as questões e problemas essenciais uniformemente. Cf. Este sentido também não pode ser excluído das utilizações de Heidegger de Fuge. 78s/65). adaptar(-se)". com frequência. Estas interconexões dependem de DASEIN: "a única e original conexão de conceitos já está estabelecida pelo próprio Dasein" (XXIX. verfügen (über). Befugnis.]. "conveniente(mente). Estão sistematicamente conectados uns com os outros.emplo. é considerada. Já que palavras com Fug frequentemente possuem sentidos tanto descritivos quanto de avaliação. 32s/26f.. estrutura. " com todo direito". mas não por isso arbitrário e confuso" (LXV. destino]". "o que não convém". à sua disposição". que agora sobrevive apenas em mit Fug und Recht. füglich. usada em ST (LXV. e fügsam. e. não moral ou legal: " nomeia o ser no . "ajuste.ex.] As mais variadas questões são colocadas a partir de diferentes pontos de partida e em diferentes níveis [. obedecer. "justiça". do destino ou acaso]". 240/niv. 201). o conveniente" . como em " o mundo está desajustado". 221/ni. 32/27). ajustar. é a tarefa de filosofia" (s.] Tudo está reunido na questão orientadora da filosofia: o que são os entes" (NI. mas nem toda filosofia é um sistema" (S.. Este verbo adquiriu outros sentidos: "ordenar. submeter-se a.sistema e articulação 177 desse domínio e da correspondente definição de verdade como certeza é. de sistemas. Gerou: Fuge. 35/29. Dike e dikdosune não significam.. "o sistema no sentido verdadeiro é uma. passou a dar preferência para Gefüge. Fügung. befugt. A República de Platão. S. autoridade". ter sob sua responsabilidade. 182). Cf. dispensação [do destino. como uma obra sobre política e justiça. 35/29). "articulação. "decretar. prejuízo". que suplanta a palavra latina Struktur. "atos inconvenientes". "ordem. (Fuge no sentido de "fuga" vem do latim fuga. Na sua obra posterior.. ou ainda. portanto. "adaptar-se a. e nais prática do que teórica.. decretar [esp. embora "a construção de sistemas e a falsa forma dos sistemas devam ser rejeitadas sempre do novo". um 'sistema' nunca será encontrado [em Platão]. Na década de 1930. Isto. por e?. Heidegger passa a preferir a palavra germânica Fuge à derivada do grego System (xv. [. ordem". inserir em. 298s). argumenta Heidegger. 93s/141s). deficiente em sistemas. a orientação para a junção [Fuge] e articulação [Fü-gung]. é um equívoco. "conjunção. Heidegger recupera a sua ligação com Füg(e) ao escrever Unfug. Fug. " autorizado". 4. Forma compostos: (sich) einfügen. sich fiigen. Unfug. "obediente". articulação. e cada um tem seu local apropriado: "O 'local sistemático' é a interconexão substancial que demarca a direção e a amplitude do nosso questionamento" (XXXI.. 190. "encaixar.) O significado básico defügen é "juntar. convir. ZW. "Toda filosofia é sistemática. NU. providência]". encontra-se em toda filosofia como questionamento sobre o ser" (G. articular". " aquilo que convém. Não obstante. agora significa "dano. 65). elas parecem estar na dependência do ser: "E na medida em que o caráter-articulador [Fugen-charakter] pertence à essência do ser em geral [.. Dike é um conceito metafísico. "voo". 45). portanto. 199: "A concepção de mundo de Anaximandro é [. para reconstruir a inerente junção ou articulação do próprio ser (LXV. finalmente. = l. 81). Isto tem maior alcance do que qualquer distinção entre o teórico e o prático ou político: o teórico e o prático. história. 165s). NU.178 sujeito e objeto tocante à articulação ou in-junção essencial [Fílgung. literalmente o que está lançado contra (gegen). mas apenas uma para " sujeito". Dike na Antígona de Sófocles também é Fug. 461s/ep.] O prático não se modifica a partir do teórico. 58). de acordo com o estatuto do tempo" (Kahn. elas concedem umas às outras articulação [diken] e. também consideração pela desarticulação [adikias]. 153/niv. em diversos sentidos: "Compreendemos Fug aqui primeiramente no sentido de articulação [Fuge] e estrutura [Gefüge]. O pensamento efetua certas Fügungen.. Para um alemão. Fug como' a estrutura articuladora [das fügende Gefüge] que exige in-junção [Einfügung] e articulação [Sichfügen]. " 'lançando-se contra' a pura descoberta". cuja pedra original foi quebrada" (LXV. Heidegger mais uma vez introduz Fug: "Dike. é des-ordem [un-fug]" (Anax. Objekt está naturalmente mais correlacionado a Subjekt. Heidegger examina um fragmento de Anaximandro: "de onde provêm as realizações. referindo-se. enquanto poder. 65).] Ser e physis [aproximadamente "natureza"]. i. 81. 122s/134s).. 329/43. sãojunção articuladora [fügenderFug]: dike" (IM. é a ordem de junção e articulação [fügend-fügende Fug]. retornam também as desrealizações: pois.] o protótipo da visão grega de natureza como um cosmo. [. metafisicamente. 107. contraposto. o des-articulado [Un-fuge]. Subjekt.436). 2.. Seu uso insistente de begegnen.. 168).e. o sentido literal de Gegenstand é mais óbvio do que o de Objekt. [. 118).. aos entes como o que. eles sempre se modificam conjuntamente a partir da posição metafísica fundamental" (NI. depois Fug como injun-ção [Fügung]. Heidegger frequentemente escreve Gegen-stand (p.. Dike é. nem o teórico a partir do prático. são reunião original: logos. "junções".ex. Temas tais como pensamento. e Da-sein são como " blocos de pedra em uma pedreira. sujeito e objeto O alemão possui duas palavras para "objeto".. LI. linguagem. num jogo de palavras. e "a distinção entre eles só podem ser compreendidos a partir da essência do ser no tempo. o pensamento direcionado ao ser como vigência [Anwesen]. mas com o "rigor" apropriado à filosofia: "a liberdade da junção das suas articulações" (LXV. 363). com isto. como a diretriz que o poder esmagador impõe o que se acha sob seu domínio. 421). não com a "exatidão" do sistema matemático.. Quanto ao significado e ao uso feito por Heidegger. é a disposição [Verfügung] da verdade do ser que se articula [sich. Precisamos reuni-las. 194/ni. 'ordenação'] de todos os entes" (Ni. Cf.. Objekt e Gegenstand. as palavras pouco diferem. "a conveniência [Fug] e a inconveniência [Unfug] com relação ao ser" (NI. 197/ni. 152). 178/ni. Objekt vem do latim obiectum. um reino harmonioso dentro do qual o aumento e a diminuição dos poderes elementares caminham no ritmo dos ciclos astronómicos"). 166. Heidegger também descreve seu próprio pensamento como Fuge: "A filosofia é uma junção [Fuge] nos entes. "'vir ao encontro". Ele oferece uma "junção" do pensamento primordial (LXV. de acordo com o vigor da consignação. 'articulação'. em . sobretudo na expressão "relação sujeito-objeto". para ver se formam uma ponte. Adikia.fügende] ao ser" (LXV. torna-se "objeto [Objekl]" (ST. Cf. um objeto real. aquilo do qual estamos conscientes apenas de maneira vaga e restrita (ST. que são ambos SERES-SIMPLESMENTE-DADOS 01 coisas. vem da sua derivação de gegen: entes vêm contra. e um objeto intencional (p. o substratum subjacente ou sujeito da predicação. Cf. O sujeito humano pode mas não precisa ser um eu sem corpo. por exemplo. amor ou curiosidade. 363). significando: l. para Heidegger. um entendimento cartesiano por ser o árbitro do ser e do valor (NU. 430/ep. 14. Suas iniciais objeções ao modelo sujeito-objeto são: l. Um objeto real (p. 43 Iss/ep. Ele conclui que. Se todo objeto é objeto para um sujeito. já que. Como de costume. (Esse entendimento de Heidegger não procede: Aristóteles usa antikeimenon. 28ss). cuja certeza determina aquilo que há (NU. um objeto de um sujeito ou de uma atitude intencional tal como conhecimento.ex. 2.']. ignorando aquilo que vemos pelo canto dos olhos. Posteriormente. 27). aquilo com o qual temos relação e lidamos — o que é presente para lidas ocupacionais com as coisas" (xvn.'mas os "gregos não sabem absolutamente nada sobre o homem como um sujeito-eu" (Ni. como o equivalente exato de Gegenstand e Objekt. ele distingue as duas palavras: "Todo Objekt é um Gegenstand. para. então Objekt e Gegenstand são usados no sentido 2. lit. 269). feito. sendo governado mais pelo desejo e pela paixão do que pelo pensamento. en-contram. 187/niv. o que subjaz. 179 . 133).. onde normalmente diríamos: " os entes que encontramos [.ex. embora esse ainda seja.. Implica que o sujeito é separado do objeto por umi barreira (como um caramujo em sua concha. a visão ou o intelecto.. da indagação etc. 96ss). 505/niii.. o unicórnio com o qual sonho) não precisa ser um objeto real. Ele "tematiza" entes. mas nem todo Gegenstand (p. um objeto intencional. 11). o sujeito humano. 3. Ele ignora o MUNDO. "o que está contra". que é uma pré-condição dos nossos encontros com objetos ou entes enquanto tais: " 'Mundo' é algo no qua. 2. Sugere que nosso modo primordial de acesso às coisas é a cognção ou o conhecimento teórico. -a. tornaos conspícuos. alguém pode viver (não se pode viver em um objeto)" (LX. literalmente "o que está lançado sob" (p. desse modo. ST. estabelecendo-se. "Objeto" e os seus equivalentes alemães são ambíguos. 5. 4. coisa etc. 44).ex.]".. 222s). par excellence (NU.. "A categoria 'Gegenstand' era estranha aos gregos. 73/26). significando: l.sujeito e objeto frases tais como "os entes que (nos) vêm ao nosso encontro dentro do mundo" (ST. 29). 2. a coisa em si mesma) é um Objekt possível" (PT. com a nova liberdade que se seguiu ao declínio da cristandade tradicional. à medida que nos enfrentam (LXV. Heidegger começa tratando como uma desorientada teoria filosófica aquilo que mais tarde irá considerar um aspecto central da modernidade decadente. o homem tornou-se o centro em torno do qual tudo o mais revolve. 68).ex. processos naturais ocorrem sem que sejam objetos para um sujeito (XXIV. o sujeito tem corpo. como o sujeito. O sentido l foi introduzido pelo grego hypokeimenon ("aquilo que permanece sob"). Para Nietzsche. N11.) Subjekt vem do latim subiectum. por exemplo. Subjekt é ambíguo. 141 ss/niv. uma ilha não descoberta) não precisa ser o objeto de nenhuma atitude subjetiva. nos confrontam. Ele implica que o sujeito e o objeto possuem o mesmo modo de ser. Nem todo ente é um objeto. Heidegger pergunta como uma palavra que originalmente aplicava-se a tudo passou a ser usada especificamente para o ser humano. Em seu lugar havia pragma ['uma coisa feita. 85s/133). e sim que é o homem quem decide se e o que eles são.241s). DASEIN é primordialmente consciente de si mesmo naquilo com o qual está em lida (ST. 419). ele responde que l. até mesmo o homem coletivo. LXV. Forja a palavra " subjetidade". para ser administrada e explorada como qualquer outro material (N11. . e 2. já que Dasein não é um sujeito. 90 etc. 366). e que o seu acesso ao objeto é mediado por uma REPRESENTAÇÃO. que sempre comporta a sugestão do enganoso subjetivismo (em contraste com o objetivismo) e a sua aparente restrição do sujeito ao mental e ao eu. 119. 451ss/ep. XXIV. Já não está limitado por uma barreira. Heidegger argumenta da seguinte forma: o homem moderno não é apenas o que equivocadamente se considera um/o sujeito. mas isto não significa que o homem possua uma imagem mental deles. 223s). 26/niii. 6. não podem ser. por exemplo. 179f. 179f. 305f. (Subjektitât) (CEH. já que l. O modelo sujeito-objeto dá origem ao contraste entre subjetivismo (idealismo) e objetivismo (realismo) (XX. 297s/niii. de fato "mais objetivos do que qualquer objeto possível" (ST. zw. LXV.180 sujeito e objeto XX. como uma alternativa a "subjetividade" (Subjektivitãt). 122/34) ou Subjectitãt (NU. e um objeto é sempre objeto para um sujeito. 227). Para esse sujeito tudo é objeto e não áreas ou aspectos do mundo inexplorados para além do alcance teórico e prático do homem. seu domínio de objetos produtíveis e manipuláveis é irrestrito (N11. Vergegenstãndiichung) por ela envolvida. o mundo ou o ser são subjetivos. 99). Por isso. A subjetividade. pode ir tão longe a ponto de os "sujeitos" desaparecerem em nome de uma utilização abrangente (N11.). 25s/niii. 195/niv. NU. 141s. 26ss). É um sujeito. A distinção entre objetivo e subjetivo é relativa e variável (LIX. 121. destacado do corpo. Indica que uma pessoa é primordialmente um sujeito ou ego. Sua recusa a essa dicotomia ultrapassa ST (Nll. 221). Objetos ainda são representáveis. e a "objetivação" (Objetivierung. o modelo sujeito-objeto é desorientado. 429ss/ep. 171/niv. 180). Ambas as alternativas são enganosas. 25s/niii. Na verdade. sempre que Heidegger levanta a questão sobre se. esta "subjetividade" ultrapassou os limites cartesianos. e 2. É o homem corporificado. (NU. ou "anteriores a qualquer subjetividade e objetividade" (ST. são também objetivos. o tempo. sujeito e objeto são correlates: um sujeito possui um objeto que é independente. O sujeito já não é um eu individualizado. 387/niv. se são subjetivos. e que está consciente de si mesma por meio da reflexão sobre o eu. 46ss). Posteriormente. 456). e a humanidade tornar-se um "recurso humano" (Mens-chenmaterial). Embora herdeira da busca de Descartes por uma "absoluta e inabalável fundação". e nesse sentido ele não é Dasein (NU. do mundo e do IMPESSOAL. ". qualidade". 21/niii.originalmente significava "junto. de schen181 . 23/19s).". Esta interpretação de techne sobrevive na sua visão da Technik.o: Geschenk. é de "maquinações. Heidegger recupera sua ligação com o fazer e o interpreta como " fabricação. e já significou "tipo. um cabide para chapéus (cf. vem do grego techne. o possuidor da techne. maquinação e armação Technik. mas um Wissen. dar à luz [prole. 76/niv. Techne. O technites. "gerar. especialmente no plural. LXV. Gemüt. prateleira. " poder". QT. estante". produtividade". A "essência da Technik não é de modo algum algo tecnológico" (QT. 392 etc. ou a arte de fazer. depois uma "estrutura. significando agora "estábulo. possui o seu fundo final e decisivo no fato de que as categorias de uma 'natureza' utilizável pela tecnologia da máquina já foram alguma vez especificamente pensadas e refletidas por filósofos" (Nll. Techne não é o "fazer".. "fazer. O prefixo f:e. uma obra de arte".T tecnologia. com". "arte. p. um motor a diesel. habilidade. moldura. embora etimologicamente não esteja relacionada a Macht. irmação. mas um modo de revelar as coisas que precede o fazer: "jQue haja uma coisa tal como.). 'ciência']. "presente". Ela vem de Machen.ex. engenharia. destreza. de Berg. intrigas. "coragem. por exemplo. NI. e agora um "cabide. Seu significado atual. maquinação. e a Maschine. de Mut. primordialmente sabe como revelar os entes e não apenas como fazê-los (ACL. suporte. 174s. uma arte ou modo regular de fazer algo [em contraste com episteme. "tecnologia. Heidegger ultrapassa esses significados. baia" etc. A tecnologia não é primordialmente um modo de fazer coisas. frutos]. sendo mais tarde usado para formar substintivos coletiws: Gebirge. técnica". "montanha" . cadeia montanhosa". contrasta com physis. posição". 80s). 96s/ni. construir etc. 174). Gestell originalmente significava uma "posição. argumenta ele. humor etc. manufatura.". Heidegger usa a palavra germânica Machenschaft como um sinónimo próximo de Technik. especialmente de um moinho". Ela é Ge-stell. "mente etc. que guia nossas lidas com a physis (NI. 9/4). "saber"." (cf. a tendência a valorizar apenas aquilo que já convertemos ou podemos converter em algo. Techne está relacionada com tiktein. 47s/184s). artifícios e procedimentos" . Ela vem de Stall que já foi '"ugar. Esta palavra também expressa o resultado de uma açã. 39). "(o centro de) todos os pensamentos e sentimentos de uma pessoa". "montanhas. 202/ni. Esta palavra é convenientemente similar." máquina" (Nll. algo que foi formado". produzir". os entes como um todo emergindo por si mesmos. i. 'desafia. 18/14). Heidegger interpreta Gestell como um substantivo coletivo formado por gê. objetos" (N11. indicando uma ação ou um acontecimento terminados: gestellt. Ge. O homem também é visto como Bestand. "tornar as coisas Gegenstânde. 18/14s). ela nos ultrapassa. 179s). "continuação. Stand) sugere uma ligação entre bestellen e Bestand.". 126. "ordenar [p. e atualmente até mesmo a lua e os planetas. 58ss). "localizar. transporte e administração sem propósitos. De que modo uma usina elétrica provida por uma represa no Reno difere do tomo de oleiro ou de um moinho de vento? O torno revela vasos ao "trazê-los à luz". Bestellen também significa "cultivar" os campos. agora "significa aquilo que reúne este localizar [Stellens] que localiza [stellt]. prover" algo para um estoque comum. passa a distinguir entre Bestand e Gegens-tand: um avião parado pode ser um Gegenstand. 20ss/17ss). que "mobiliza dispositivos [Bestand] disponíveis como um todo sem distinção" (Jün-ger. colocado". 30/26s.e.. 387/niv. 387/niv. A Technik engole e diminui o . A associação de stellen com "estar/ficar/encontrar-se de pé" (stehen. dispor etc.e stellen. "dar. de stellen. mas uma fase de nosso destino (QT. 1932). Dá origem a bestellen. 11/5). cf.182 tecnologia. reservar. enxer-• gamos os campos como jazidas e como um sítio de riqueza mineral. como o poder humano explorável e como recurso humano (QT.ex. Estas palavras por si mesmas não são suficientes para distinguir a tecnologia da produção pré-tecnológica. como um armazenamento. De início. Posteriormente. "localizado. Como todo modo de revelar. Quando fazemos isso. maquinação e armação ken. 52/189). Depois. mas nenhum deles "requisita [herausfordert]" as energias da natureza nem as acumula para uso futuro (QT. que seja simplesmente homem apenas por sua livre vontade" (QT. mas não "verdadeira". 160. 241). 131). 20). mas não alcança a profundeza das coisas (QT. Technik revela a terra. consideramos o todo da natureza como Bestand. embora também possua muitos outros sentidos. um conceito introduzido por Ernst Jünger para transmitir a "total mobilização" do tecnocrata devotado à produção. indicando um novo significado ao escrever Ge-stell. A visão instrumental da Technik que a toma como um modo de preencher nossos propósitos. NU. como Bestand. 25s/niii. estoque.forma o particípio passado da maioria dos verbos. 20s/17).. Gestell aproxima-se da Gestait do trabalhador. um dispositivo de reservas. "contribuir. LXV. 36/31). Não é apenas algo feito por nós. provoca'] o homem para desvelar [entbergen] o real de modo a dele dispor [Bestellens] numa ordem enquanto dispositivos disponíveis [Bestand]" (QT. Ele a utiliza para expressar o modo pelo qual a " fissura" conflitual entre terra e mundo é localizada e composta na Gestait ("forma. embora voando seja um Bestand. tanto moldando quanto preenchendo nossos propósitos. 241s. devido ao seu "estar disponível" ao uso que dele fazemos (QT. reserva (disponível). Heidegger associa Technik a Vergegenstandiichung. colocar" etc. o próprio homem. Ge-stell. requisita [herausfordert. Cf. 28s/24s. recurso" (QT. p. materiais]. o moinho de vento revela a energia eólea. tal como um templo (UK. ela é certa até o ponto que atinge.ex. SF. diferindo da manufatura pré-tecnológica unicamente pela sua maior eficiência — é "correia". Stellen significa "pôr [algo] de pé". figura" — também de stellen) de uma obra de arte. "armação". 24. pois "não há uma coisa tal como um homem. presentear". uma ocupação respeitavelmente pré-tecnológica (QT.. 178. liberdade de movimento". . em sua relação com c aí (pré-) de Dasein. 86ss). Ciência e Technik possuem uma fonte comum no modo como compreendem e descobrem as coisas. NU. 199s/136): "Somente baseando-se na temporalidade ecstática-horizon-tal é possível para Dasein entrar no espaço" (ST. representado em um atualizar (Gegenwãrtiguag). 50. 98. 531. Ao explorar. com o espaço" (LXV. 248. A representação do espaço é uma . mas nós não o havíamos percebido até que a Technik o evidenciou (QT. "tempo-jogo-espaço". depois de ST Heidegger imagina um "tempo-espaço" unificado. surge no final do século XVIII? Ela não foi apenas uma aplicação da ciência natural matemática do século XVII. contudo. essas são características essenciais do racionalis-mo tecnológico (Ni. K. Cada um possui a sua própria essência. 23ss/54ss). A espacialidade de Dasein é baseada ou "abarcada" pela temporalidade. à concepção de tudo como ens creatum (LXV. cf. em uma temporalidade definida. a palavra usual para um "período/intervalo/espaço de tempo". e não apenas na diferença de quantidade de "dimensões" como ordinariamente concebidas.442.495). Deveríamos. 165. Mas isto não nos dá o direito de reduzir o espaço ao tempo. O espaço pode ser concebido como a ordem e estrutura de todos os SERES-SIMPLESMENTE-DADOS juntos. " espaço de jogo. 182). 348s) e. embora esta "conexão seja diferente da prioridade do tempo sobre o espaço" que Heidegger descobre em Kant (ST. 39/34s). cf. no entanto. 369). 189. a superstição e o irracionalismo. 24/niii. 28/niii. Como deveríamos reagir à tecnologia? Não por meio de uma fuga para o misticismo. 107. 25/22). ACL. cf. LXV. " lugar/espaço de jogo". de forma que ela não se torne o vácuo no qual tudo se apresenta como uniformemente 'inteligível' e controlável" (LXV. Podemos particularmente refletir sobre a essência da Technik. Deveríamos refletir sobre os entes de modo a "fundar a clareira. Fazemos uso inevitável de máquinas que tendem a nos desarraigar de nosso habitat nativo. Por que a Technik. 130ss. Não obstante.emporalização (Zeitigung). LXV. 129ss/niv. 20. 395/niv. 116s. 494/niii. baseando-se em Zeitraum e em Spielraum.. 391). a tecnologia industrial. A própria ciência envolve a " reunião que requisita para um desvelamento ordenador". cultivar a "serenidade". uma palavra forjada a partir de Zeitraum. 349. ainda mais longe. ameaçando assim transformar o homem de um ser-no-mundo em um "animal mecanizado" (NU. 135. vemos que a sua essência é um tempo-espaço original e unificado: "Refletir sobre o tsmpo deste modo [em seus 'ecstáticos'] já o traz. Ele não é o "espaço-tempo [Raum-Zeit]" da física. "onde há perigo cresce a salvação" (Hõlderlin). portanto. para a relação essencial com a espacialidade de Dasein e. Tempo e espaço são muito diferentes. Mas isto também pode ser remontado ao Deus criador da cristandade. 377. 126s. a essência de cada um. mas Zeit-Raum. lit. 336). à associação feita por Platão entre techne e as ideias (NI. 213s/106).. portaito. portanto. sendo. 111.tempo-espaço 183 mundo. lit. essa afirmação relaciona-se com a Technic e nos levará a pensar sobre a arte (QT. 367. não deixando que a Technik nos ultrapasse (G. Embora não sendo em si mesma tecnológica. • tempo-espaço Tempo e espaço são para Heidegger co-ordenados. Ele também forja Zeit-Spiel-Raum. a metafísica antropocêntrica iniciada por Descartes (NU. de um abrir espaço [Einrâumung. [.184 tempo-espaço Podemos prosseguir em duas diferentes direções: l. no qual os entes podem. em função das quais os gregos consideravam o ser.e. Anwesenheit. enquanto tempo-espaço é a sua origem unitária.e. e que palavras associadas ao espaço — Spielraum. O espaço não tem a mesma essência que o tempo. amplo [geraumig]". do utensílio. assim como o tempo pertence ao espaço. 386. consistência é o completar-se e o dilatar-se do espaço. 388).. o entrecru-zamento. c f.. segundo o recolhimento das retrações [i.] Vigência [Anwesenheit] é a atualidade [Gegenwart] no sentido da duração reunidora. deixar surgir". A unidade. que cria 'espaço'. ele mesmo não especificamente concebido. a espacialidade e a temporalidade da coisa. Heidegger não dá uma explicação muito clara do segundo caminho.] funda. temporal].. A vigência é o abrir espaço no sentido de dar espaço [Raumgebens] para os entes dispostos à sua volta e que. tempo e espaço revelam uma profunda afinidade: "Tempo como tempo que leva embora e abre é. 377s). 192). do tempo-espaço para o tempo e o espaço.. em primeiro lugar. o "espaço de jogo tempoespaço. tornar-se os guardiões do ser" (LXV. o tempo-espaço para a relação [entre homens e . da MAQUINAÇÃO e de todos os entes. aprimoramento. " amadurecimento. temporal]. como abrigo [Bergung] da verdade" (LXV. Os primeiros gregos não distinguiam tempo e espaço. por isso. mas pertence ao tempo. " arranjar. conceder. de Zeitigung e Eirâumung [.] Concebida espacialmente.]" (LXV. juntar-se ao ser [seiend]. aquele que dá espaço [einrâumend]. sua "raiz comum" (LXV. do tempo e do espaço para o tempo-espaço (LXV. dar espaço. Mas o espaço também deve aqui ser concebido originalmente como abrir espaço [Rãumung] [. da obra. Rãumung. mas fazer do espaço um espaço com o intuito de completá-lo]. O espaço de jogo de que eu preciso para fazer as coisas é tanto espacial quanto temporal. 192.e. Tempo-espaço não é um meio neulro que existe independentemente das ocupações humanas: "O entre [entre homens e deuses] [. e não é idêntica à abertura não-" espacial" do tempo com suas "retrações [Entrückungen]" como descrita em ST.. do espaço e do tempo para o tempo-espaço. Percebe que palavras primordialmente associados ao tempo — Zeitigung. A constância e VIGÊNCIA. " abrir espaço. [.. dar espaço" — não são exclusivamente espaciais. Considerados de maneira própria.] constitui a essência da entidade" (LXV.. eles os concebiam juntos como abrindo um âmbito consistente para as suas atividades: o aí (pré-). O tempo-espaço não é o espaço-tempo da física. aqui não o esvaziar um lugar para deixar algo entrar. 388). Trata-se. nem é a ideia de que toda ocorrência histórica acontece em algum lugar e em algum tempo e assim determinada de modo espaço-temporal. Einrâumung. são consistentes [stãndige]. mais uma vez. dar lugar"... O lugar que preparo para um compromisso é mais temporal que espacial. i. portanto..e. O cachimbo que fumo na caminhada mede mais o tempo que levo para chegar como a distância que percorro. A ideia de um Zeitraum é de uso limitado por ser puramente temporal: representa o tempo da maneira tradicional como "espaçoso. "vigência" — não são exclusivamente temporais. i. são " tempoespaciais [zeitrãumiich]": consistência [Bestãndigkeit] é "duração da retra-ção [Entrückung] para o passado e o futuro [i. "O caminho oposto [do espaço e do tempo para o tempo-espaço] pode ser percorrido com mais confiança trazendo à luz em uma interpretação. 243). 260s). ao mesmo tempo e intrinsecamente. Estas são conexões superficiais de espaço e tempo. 2. portanto.. através do qual o si mesmo e tudo que é verdadeiro nos entes fundam-se pela primeira vez" (LXV. realizar "a projeção. 386s): l. "pertencente ao tempo" (ST. ao passo que. 3. 374). 372s. seja um seu uso ordinário.485). 312). em (bom) tempo. do tempo-espaço-de-jogo da verdade do ser" (LXV. precisamos distinguir quatro aspectos do problema (LXV. O instante é o instante de decisão. na transição para o outro começo. Um tempo-espaço unificado está implícito em ST. 323. 384). desse modo. 4. LXV. Kant) e espaço (Kant) são considerados como estando no ego ou sujeito.. mundo. mas não para começos decisivos. A posterior explicação é mais histórica: a visão unitária é atribuída aos primeiros gregos e está envolvida em seu "primeiro começo". e tendo como base a ale-theia.tempo. um sentido que não está presente era zeitlich(keit). A solução de problemas. em . O big bang pelo qual o ser ex-plode em TERRA. 2. ambos fundaram " o aí. temporalidade e oportunidade Zeit significa "tempo".. Ao dizer como isto aconteceu.. ele utiliza outras palavras com mais direito a serem traduzidas por " tempoial(idade)": o neutro zeithaft.e. tempo. que fundam a história. a não ser que tempo e espaço sejam concebidos em termos de tempo-espaço. 375s. Espaço e tempo tornaram-se agora estruturas vazias. 387). 5). se vêem transformados". 327) e sobreudo a palavrade origem latina temporal e Temporalitãt. 136. e chronos. Heidegger também utiliza Zeitiichkeit. o tempo-espaço não é simplesmente um campo para a atividade de rotina. " Oportuno" e "oportunidade" possuem o sentido de "(estar) a tempo. "desencobrimento" (cf. quantitativas ou matemáticas para computar as posições das coisas e dos acontecimentos (LXV. i. próprio ao pensamento do outro começo". O desdobramento de espaço e tempo a partir de "tempo-espaço como o sem fundo abismal [Abgrund] do solo. seja no uso que Heidegger faz do termo. O adjetivo zeitiich. aproximadamente "natureza". O " apoderamento de tempo-espaço como a essen-cialização [Wesung] da verdade dentro da futura fundação de Dasein através do abrigo da verdade do acontecimento nos entes que. temporalidade" são traduções adequadas.]" (LXV. 376). deuses e homens também cria o tempoi-espaço no qual os fragmentos relacionam-se uns com os outros (LXV. a solene decisão em que se estabelece uma nova civilização. já que l. no momento certo". O surgimento de uma distinção no pensamento grego entre topos. '\inda assim. temporalidade e oportunidade 185 deuses] [. Devemos também prosseguir do tempo-espaço na direção de espaço e tempo. 'temporal. que não podem ser respondidos. e a sua relação com as "coisas". " lugar". Por isso. Mas a filosofia deve. mais do que em posteriores atividades rotineiras. "temporalidade". dentro da indiferenciada interpretação dos entes como physis. em sua unidade original de tempo-espaço. seu sentido não diverge mais da zeitlich(keit) no sentido de Heidegger do que diverge a zeitlich(ceit) no sentida usual. Ele é a "instância do instante [Augenblicksstatte] para a fundação da verdade do ser" (LXV. também possui o sentido de "transitório". "pertencente ao tempo. Tempo (Aristóteles. " tempo". cf. Este foi o primeiro começo. a abertura fundadora. Ele precisa ser recuperado para o " outro começo" que está por vir: tempo e espaço computacionais podem servir para a nossa rotina cotidiana. temporal". 311. lais como a "atualidade" e a "infinidade" de espaço e tempo. 2. A temporalidade com seus ecstases está intimamente envolvida com a atividade de Dasein. sua essência é temporalizar na unidade dos ecstases" (ST. 19). refere-se ao ser.. Seu parentesco com Zeit perdeu-se no alemão comum. tradicionalmente considerados como zeiflich. 365)). temporali-zar (a si mesmo)". outros entes. 328). e a Dasein: "À medida que Dasein temporaliza a si mesmo. "ecstática. ela temporaliza possíveis modos de si mesma" (ST. 365). A Temporal(itat). 2. está para a Zeitiichkeit assim como "intramundanidade" está para o " ser-no-MUNDO". Algumas "coisas" em particular não são entidades. por sua vez. Zeitig. entusiasmo. transporte. ela temporaliza a si mesma" (ST. deu origem a zeitigen. realizar. à temporalidade ("A oportunidade temporaliza. O seu improvisar consiste na expansão para três Ekstasen. para evitar homogeneizá-las do modo tradicional. abalo.]" (ST. As coisas diferem em seu ser ou natureza. Heidegger também usa entrücken. Innerzeitigkeit. o tempo temporaliza" (XXI.) Entrückung e Ekstase são frequentemente usadas como sinónimos: o termo Augenblick. 365)). um mundo também é" (ST. 329). significando tanto "tremor. 338). estes termos diferem: "Ecstasis não são simplesmente enleves que nos transportam para um lugar ou outro [Entrückungen zu. "Entrückung". objetos ou substâncias: Dasein. Heidegger também não utiliza o verbo zeiten. arrebatamento.. "deve ser compreendido no sentido ativo como ecstasis. transportar. Entrückung "arrebatar. são innerzeitig. ser transportado". não a Dasein nem a qualquer outro ente (ST. 328)). "deixar/fazer amadurecer. "intratemporalidade". mais como o fogo do que como uma pedra. Em outras passagens. A temporalidade é ekstatisch. deveríamos atribuir-lhes diferentes palavras: "O tempo não possui o modo de ser de nada mais. A temporalidade não é uma entidade. 410). que apenas posteriormente sai de si mesmo. Seu significado fundamental é "produzir" e não "cronometrar". lit. PRESENTE e PASSADO. a aspectos da temporalidade ("o horizonte de um presente temporaliza a si mesmo" (ST. o "instante de visão". como "que move para fora". Este termo remete à retração [Entrückung] de Dasein decidido. é mais como uma atividade: "A temporalidade não 'é' absolutamente uma entidade. neste sentido especificamente heideggeriano. Ela não é. Ele se aplica. O ecstasis possui um 'onde' para o qual se é transportado [ein 'Wohin' der Entrückung]" (ST. Entrückung é a palavra alemã equivalente à palavra grega ekstasis.186 tempo. por conseguinte. que possui aproximadamente este significado. é uma entidade peculiarmente ativa. " oportuno". ao que. improvisar. " que acontece no tempo certo". produzir". pode ter sugerido a palavra a Heidegger. "ecstases": FUTURO. mas Heidegger o recupera. O "aonde" ou "esquema horizontal" do passado (Gewesenheit) é o puro fato de que nos encontramos LANÇADOS e ternos de fazer algo de nós mesmos. de possibilidades e circunstâncias passíveis de ocupação. saindo (de si mesma)". Duas ideias subjazem a tais locuções: l. (O poema de Stefan George. levar à maturidade.. o do . embora seja uma entidade. um recipiente ou uma substância. O "ecstase" lhe é essencial: "Ela não é primeiramente um ente.]. "intratem-porais". temporalidade e oportunidade contraste com zeitlich(keit). oscilação". entusiasmar. Somente DASEIN é zeitiich no sentido de Heidegger. "remoção" e ainda um intenso estado emocional. vem ao encontro na situação [.. mas mantido na decisão. usando (sich) zeitigen no sentido de "produzir (a si mesmo) no tempo. sobre c ser. 367ss. Posteriormente. os filósofos compreenderam o ser em função do pensamento e do^LOGOS (LXV. mas outros contrastes com o ser — tornar-se. o que eu penso é atual para mim (LXV. diremos que é uma forma. No período de ST. a temporalidade como a essência do tempo nos permanecerá velada" (XXXI. Se nos perguntarem o que é o ser. sob a influência de Hõlderlin e da tecnologia. inclusive a si mesmo. O tempo é unificado com o espaço em TEMPO-ESPAÇO. Mas esta ideia só pode ser compreendida sob a luz do tempo (IM. Isto levou à concepção do ser como vigência. 200). destruindo e rei/indicando nossas obras se não as vigiarmos e . Dasein compreende o ser em virtude da sua temporalidade e em função do tempo. mundo. XXXI. p. que ele satisfaz a sua essência quando individualiza cada homem para si mesmo. 420ss). compreendido sob a luz do tempo". Heidegger recuperou o conceito de terra. cobrindo de vegetação. Lm mundo de itividades e produtos humanos é estabelecido pela domesticação e utilização da terra sobre a qual ele se encontra. diremos que é um utensílio. à medida que o homem retira-se do centro do pensamento de Heidegger. Precisamos explorar o tempo para compreender não apenas o modo como Dasein abre um mundo de entes. 154/169). 269s). Terra. Como temporalidade o tempo é responsável pela individualidade de Dasein: "O tempo é sempre o tempo no qual 'é tempo de fazer algo'. 365). Em meados da década de 1930. mas também o que os filósofos disseram. já que. Anteriormente. Ademais. mundo. o espírito. ou deixaram de dizer. no qual 'ainda há tempo'. mas "a terra como natureza" está dentro de mundo. o tempo torna-se mais importante do que a temporalidade. Não apenas o pensamento. " a alma. 109). tanto na compreensão comum do ser quanto no explícito problema filosófico do ser. 157/171s. aparência. os meios pêlos quais ele realiza seu objetivo (ST. A terra se defende. Mundo e terra estão em conflito. Quer autenticamente decidido ou o contrário. o tempo como concebido por Aristóteles e Hegel (ST. 17): "O ser é. Tradicionalmente. que ficou faltando (ST. A oportunidade de Dasein torna possível a sua espacialidade (ST.. descobriremos que não há um conceito mais geral disponível. a terra apareceu brevemenie como o suporte de nossas moradas. K. o tempo concebido para fora das atividades e propósitos de Dasein. Se nos perguntarem o que é uma mesa. 129). o do presente é o "a fim de". e deus(es) estão ausentes. terra. mas ago"a como um contraponto ao mundo. deuses e homem 187 futuro é o "em-função-de-sli-mesmo".terra. O tempo é anterior ao espaço. não constituindo uma oposição (XX. deuses e homem Em s". O cerne da temporalidade inautêntica é o "tempo como uma sequência de agoras" ou instantes.ex. 200/136s). o objetivo ou propósito de Dasein. os pólos do universo de Heidegger são o homem (DASEIN) e o mundo. é conduzindo suas ocupações que Dasein determina se a sua temporalidade é autêntica ou inautêntica. a análise de Dasein e da sua temporalidade são prelúdio para uma compreensão filosófica do ser em função do tempo. Tempo e espaço não são co-ordenados. ter de — levam de volta à ideia do ser como vigência constante (IM. planejada para ocupar a terceira seção da Parte I de ST. 'não há mais tempo'. 183). Se nos perguntarem o que é um triângulo. Enquanto não nos dermos conta de que o tempo é apenas temporal. o sujeito do homem são o sítio do tempo" (XXXI. original ou derivativa. Erae. 121). a tempestade que o golpeia e a pedra da qual ele é feito (UK. como margens formadas pelo surgimento de um rio. em direção a" e do verbo gegenen. "fissura". que sobrevive apenas em compostos. que já significou "vir em direção a. 32/169. qualquer visão definitiva sobre o número de deuses (LXV. 'fender-se'. a uns mostrou deuses. que desenha os aspectos básicos [Grundzüge] do surgimento da clareira dos entes. Este conflito quase hegeliano constitui e sustenta os combatentes. "elevação. Terra e mundo precisam um do outro. A palavra Riss é escolhida porque seus compostos Umriss. delineação']. 51/189). Deuses raramente aparecem em UK. O homem não precisa de deuses quando vê a si mesmo como apenas mais uma espécie animal entre as outras. homens. (LXV. é que pode precisar de deuses. A terra é revelada como terra pelo mundo. Esta palavra vem de gegen. 93ss). 47s. do acontecimento como um Zcrklüftung ou Erklüftung. Ent-gegnung. 30ss/167ss). erupção" — um big bang que espalha fragmentos para as quatro . Aufriss e Grundriss significam "contorno. réplica".188 terra. Mas no mesmo período. com as traduções livres do próprio Heidegger). 476). mas agora significa "replicar. mundo. 437). Ele também fala de uma Riss. 125. ou como uma Sprengung. confrontar". como um ente consciente dos entes como um todo. Ele fala de "deuses" devido à sua admiração pela Grécia antiga e pela natureza — que já foi a morada dos deuses. "vir para. IM. 61). mas para Heráciito: "De todas as coisas a guerra é pai. 411. ela traz aquilo que opõe medida e limite para o esboço unitário [Umriss]" (UK. recuperando assim a ideia de oposição e encontro — não em um sentido exclusivamente hostil — e mantendo ao mesmo tempo a ideia de deuses e homens respondendo ao chamado uns dos outros. Esta mesma experiência pressupõe que o ser humano histórico é consciente de si mesmo como transportado para o centro aberto dos entes abandonados pela verdade do seu ser" (LXV. deuses e homem protegermos. 47/51. de novo sob a influência de Hõlderlin. Os deuses estão intimamente ligados com a concepção de si mesmo do homem. Esta fissura não deixa os componentes separarem-se. uma "explosão. croqui. de todas as coisas é senhor. ele não tem "direito à vinda do deus. Quatro são os itens que emergem do ACONTECIMENTO: mundo. de uns fez escravos. a outros. 310). Homem e deuses brotam juntos do ser. perfil". delineação" e "esboço. 'elevação. A fissura entre terra e mundo define seus contornos e estabelece um plano básico da vida humana: a fissura é "um plano básico. UK. homens e deuses (cf. o homem é o único beneficiário do conflito entre terra e mundo. entre terra e mundo. "resposta. estar frente a frente. Ela é um esboço [Auf-riss = l. terra. no entanto. Rejeita. mas agora está sendo destruída pela tecnologia (LXV. Um desses compostos é Entgegen. de outros. Como Aufriss. xxxix. deuses. Heidegger fala. um " fender-se (adiante)" do ser. somente consciente da sua peculiar finitude. Heidegger apela não para Hegel. encontrar". O mundo fica sobre a terra e utiliza matériasprimas da terra. com frequência. Um templo revela a rocha sobre a qual ele se encontra. retrucar". Heidegger grafa Entgegnung com um hífen. plano básico" . aproximar-se. Eles relacionam-se não pelo Streit. homens (LXV. 277). nem mesmo direito à experiência do voo dos deuses. mas pela Ent-gegnung (LXV. "conflito". "contra. 2. livres" (XXXIX. Quando o homem considera a si mesmo como um " 'espécime' sobrevivente do género 'ser humano'". Heidegger introduz a díade contrastante. 477ss). porém. tradição ST usa duas palavras para "tradição". Também utiliza Erbe e Erbschaft. 172/179). "coisa". Heidegger utiliza três palavras para " tradicional": traditio-neli.485). uma ponte ou uma taco de beisebol. " transmitir". O taco está na terra sob um céu que espalha luz e calor. 278s). a cruz também "aponta para as quatro regiões [Gegenden] da quadratura e para a sua reunião no ponto de interseção" (SF. Überlieferung pouco difere em sigrificado de Tradition. " Se soubéssemos isso. sem pensar em agarrar o ser por meio da análise da nossa já firme familiaridade com as suas propriedades" (LXV. "prover. Não podemos saber com que frequência o fogo já queimou antes. o sucesso do golpe está nas mãos dos deuses. transmissão". tal como uma jarra. Übe'-lieferung tende a promover possibilidades e está associada com a REPETIÇÃO (ST. "descer/suceder a". Quando Heidegger escreve Das Sei». céu. 311.". não — cada ente deve ser encontrado na simplicidade. já que Heidegger sabia que tradere era originalmente transdare. Tradition tende a ser obscura e está associada com Destruktion (ST. 165s/173). encontra-se na interseção da quadratura. embora não invariavelmente. 400. O "mundo" é agora o "agitado jogo de espelhos [ereignende Spiegel-Spiel] da simplicidade]" de todos os quatro itens (c. "transmitir a posse. o que é transmitido chega até nós. "herança" (ST. "o que nos é transmitido". é um dos significados de geschichtKch. Tradition também pode participar destas associações. Ele entrega [überantwortet] aquilo que chega até nós [das Überkommene] à Dbviedade. Mais tarde. Também fala da verdade do ser como um fogo que precisa dos deuses e do homem para manter-se aceso. ceder etc. de início e na maiorparte das vezes torna aquilo que 'transmite' ['übergibt'] tão inacessível que na verdadeo encobre. "histórico" (ST. através do francês livrer. Tmdition vem do latim traditio. 83). com o ser como seu "entre" (LXV. Überlieferung é mais favorável do que Jradition. o tempo é uma dádiva de deus. esta simplicidade mantendo o ente. que. 21). 379). tragando nosso acesso às 'fontes' originárias das quais as categorias e conceitos a nós transmitidos [überlieferte] foram hauridos de um modo parcialmente genuíno" (ST. entregar". 385). Daí Überlieferte. " a quadratura. para indicar que ser não é um objeto para o homem e nem toda a relação sujeito-objeto. O Geviert. os quatro itens passam a ser: terra. não seria necessário pensar o ser na unicidade de sua essência" (LXV. Só atingimos. 383ss). O inverso de überliefern é überkommen. Uma Ding. überliefert ("transmitido") e überkommen ("o que chegou"). 22. "sêf". no espaço de jogo [Spielraum] do seu mistério. prestandose a diversas associações com outros veibos-über. 488). "dar [dare] através [trans]": "Quando a tradição [Tradition] torna-se senhora. divindades e mortais (c. liberar". A quadratura é uma réplica ao triângulo e às tríades de Hegel. Überlieferung vem de überliefern. F'eqüentemente. o quadrado" dura mais que o interesse de Heidegger na história especulativa. vem na realidade do latim liber(are) " livre. Ela também retorna para as regiões espaciais de ST. e de liefern. embora pareça um termo germânico. "A simplicidade na qual todo essencializar reuniu-se deve ser encontrada de novo em cada ente. Heidegger tende a reservar traditionell para coutrinas filosóficas a que ele se opõe: "o conceito tradicio- . cada coisa.tradição 189 direções. de tradere. É porém mais flexível. "entrega. Heidegger também utiliza seus equivalentes germânicos. 14.) Heidegger concorda que o ser é heterogéneo: não podemos dar uma explicação única e inequívoca do ser. à verdade.ex. combina com a transcendência fundamental- . especialmente quando se diz que Deus é a "transcendência" ou até mesmo um "ente".ex. "cruzar. Esta é uma noção confusa. transcendência Transcendem. Kant não explica. e überschreiten. seria como supor que há um género de coisas saudáveis. ao contrário do ser. pois. porém. os genera mais elevados. homens saudáveis). quatro sentidos de " transcendência" (LXV. exceder. conceituai do ser tal como realizada por Kant (xxvn. (São Tomás sustentou que tudo é verdadeiro ou inteligível. 34ss). Da-sein) e indicando que ele "sempre já se encontra no aberto dos entes". Heidegger distingue. esp. transcender". e a "ontologia tradicional" (ST. Deus).38). exceder". a priori). bochechas saudáveis) e aquilo que produz saúde (p. Kant distinguiu entre o "transcendente". Mas os lados bons e maus da tradição não podem ser facilmente separados: "A liberação da tradição [Tradition] apropria-se sempre de novo dos recursos que nela reconhecemos" (XXIX.ex. 280. A transcendência "fundamental-ontológica" (cf. Supor que há um género de entes. A transcendência de Dasein envolve a COMPREENSÃO de ser (cf. 207ss. o ser como conceito geral (genera — categorias — "acima" e "antes" dos entes. não se aplica a tudo. superar. unitário e bom. no cristianismo. xxvi. onde "coisas saudáveis" inclui aquilo que possui saúde (p. através (trans)". comida saudável). sem que eles mesmos constituam um género (ST.). A transcendência ÔNTICA: um outro ente transcendeu os entes. aquilo que pertence à possibilidade do nosso conhecimento experimental.endieren ("transcender") vêm do latim transcendere "ascender (scendere) para além. ST. com a sua compreensão de ser. aquilo que manifesta saúde (p. übersteigen. o que é a "transcendência".ex. 214ss). 350-67. quanto no sentido da interpretação explícita. pela razão de que esses termos aplicam-se a entes de todas as "categorias. à unidade e ao bem. "saúde" é demasiadamente equívoca para demarcar um género. 207s). Deus. Esta é a abordagem de Aristóteles e seus seguidores medievais. 216s): 1. mas não é qualificada como transcendens. 203ss. que examinaram o ser como um transcendens. e o "transcendental". Heidegger o faz: é a transcendência ou superação (Überstieg) dos entes para os entes como um todo ou MUNDO feita por DASEIN (xxvi. "ascender. As palavras latinas transcendens e transcendentalis eram aplicadas pêlos filósofos medievais ao ser. transcendeu os entes criados. A transcendência ONTOLÓGICA que se encontra no koinon ("comum" em grego) enquanto tal. um conceito ou entidade que ultrapassa a nossa experiência (p. 3. 511). como há um género de animais. 18 etc. o "conceito tradicional de verdade" (ST.190 transcendência nal de tempo" (ST.). xxvn. Assim como "ser". Assim a transcendência ontológica (2 acima). 3. 217). 364-6): esta retorna para o sentido original de "transcendência". 2. o criador. superação (Übersteigung). na medida em que é criado por Deus. transzendent e transz. deixando obscura a DIFERENÇA entre ser e entes. 22 etc. ER. assim. xxvn. sendo concebida como um aspecto distintivo de Dasein (ou melhor. tanto no sentido do nosso "conhecimento pré-ontológico do ser". ) Heidegger rejeita a transcendência critica. e questionar primordialmente a partir do ponto de vista do ser e da verdade" (LXV. Essa transcendência assegura a liberdade do homem. não está separado deles por barreira ou fronteira alguma. entes só são considerados como entes em virtude de serem transcendidos. "terror") pelo ser dos entes que nos cercam e nos assediam (LXV. mas apenas por meio de um salto direto para dentro dele. Mas a compreensão é agora concebida. mas saltar por sobre esta distinção [entre ser e entes]. como " PROJETO LANÇADO" . (LXV. Transcendência significa portanto: "estar na verdade do ser".traiisccndeiicia 191 ontológica. 211). 322). Uma tal transcendência não ocorre. Por duas principais razões: (l) Falar da transcendência de Dasein poderia parecer implicar que antes de transcender Dasein parte. Em virtude da transcendência no sentido 3. Loswurf) dos entes (LXV. 21 ln.3). como são Tomás. Nada na explicação da transcendência de ST sugere que ela seja um processo gradual ou inferencial que parte de um ainda não transcendente Dasein e de entes ainda não transcendidos. Não obstante ter defendido 3. Sugere que a afirmação de que o "POVO" é o propósito da história é apenas aparente- . 454) e da "rendição" (Entsetzung. entre o seu espaço interno e o mundo externo. o que não implica um explícito conhecimento do ser. xxvi. e Dasein não seria Dasein (ou um sujeito) se não transcendesse (XXVI. de uma esfera de entes sem-mundo. Mas isto não procede. ele concorda em começar do espaço e do tempo como concebidos tradicionalmente (LXV. 250s). como um "eu" ou sujeito sem-mundo. nãotranscendidos. Ele se pergunta como a ideia de ser como o " todo-poderoso" surgiu da nossa transcendência fundamentd-ontológica eda nossa compreensão de ser (XXVI. 372). insiste Heidegger. (Duns Scotus similarmente sentiu que argumentar. não deve ser atingido por meio de passos graduais a partir dos entes. de interpretar a sua natureza a partir da natureza dos entes. Heidegger critica o uso do termo que ele mesmo faz anteriormente. A transcendência "epistemológica" ou cartesiana: um sujeito supera a barreira ou fronteira entre si mesmo e o seu objeto. que é o modo como Heidegger usa o termo "transcendência" em ST. 4. Ele ainda fala do homem desprendendo-se (Sichioswerfen. e assim transcender. Heidegger não considera consisten-temente a filosofia como envolvendo um salto imediato para dentro do novo paradigma: ao explicar o TEMPO-ESPAÇO para os seus contemporâneos. O ser é único e incomparável. não para os objetos (cf. embora mantenha constante interesse por ela. ele transcende para o mundo. Dasein está aberto para objetos intramundanos. de modo não-medieval. Heidegger rejeita a palavra " transcendência" mais do que o conceito. que também inclui o significado de Entsetzen. como uma transição filosófica ou metafísica dos entes em particular para os entes como um todo e de lá para o ser. 217s. "Então não devemos superar os entes (transcendência). 21 Is). Mas ele sente que o ser seria contaminado se nos aproximássemos dele por meio dos entes. isto é uma tentativa de atingir o ser por meio dos entes. (2) Se a transcendência de Dasein é tornada mais explícita e conceituai. 481 s). a favor da existência de Deus a partir da existência e movimento das entidades finitas enfraquece nosso conceito de Deus. determina o que o homem deverá ser (LXV. 24s). sejam cristãs ou anticristãs.end. Mais tarde. concorrentes entre si. Em contraste com isso. possuem isto em comum: elas pressupõem que o homem seja um ente cuja natureza já é fixa e conhecida e serve de base para a sua transcendência. ela estabelece uma ideia ou valor transcendente do mesmo modo como o cristianismo postula um Deus transcendente. .eni) para o inverso da transcendência que ocorre na tecnologia antropocêntrica (SF.192 transcendência mente não-cristã. As várias " visões-de-mundo". e o "salto" envolvido na posterior filosofia de Heidegger. 56). a transcendência fundamental ontológica. Heidegger cunha o termo "rescendência" (Res2. compaixão. leis. 83). o bom e o belo" (XXI. wert significa "que vale [p. leis. um Sollen: se a generosidade é um valor. nada]. A Umwertung aller Werte de Nietzsche. relaciona-se mais aos valores "empíricos" do que aos "ideais": os calores antigos — objetividade. Gelten já foi "pagar [p. Hartmann e neokantianos tais como Win-deiband e Rickert desenvolveram a ideia de uma ética de valores. avaliar". Ias coisas.]". independentemente do que povos particulares pensem deles. Seu argumento é de que. eles são substituídos por valores novos. XXI. já que a própria verdade é um valor (XVII. os valores antigos foram desmascarados e -nostrados como disfarces da vontade de poder. grupo ou sociedade e a ordem na qual eles os posicionam. Hartmann distinguiu uma hierarquia " empírica" de valores. tributos]. em oposição à ética do dever de Kant.ex. ias relações. "são válicos". Bestehen. perderam nossa adesão. já que diferentes valores frequentemente entram em conflito. O particípio presente geltend significa "válido etc. Nem todos os valores são éticos: os valores básicos são "o verdadeiro. a ordem que os valores possuem intrinsecamente. — foram desvalorizados. a validade. Se devem guiar nossas ações. verdades e ideias gelen. o acontecer. XX. tendo atualmente a conotação de " ser válido vigente. dizendo agora. Getung/gelten. Coisas e acontecimentos físicos e psicológicos "são" ou "existem". 82). cumprir [p. taxas. moedas etc. beleza etc. desvincilados da moralidade como saúde.". Brentano. taxar. penitências]. a subsistência. independentemente do que qualquer um possa fazer ou pensar sob"e eles. também nossas convicções práticas baseiam-se e são validadas por " valores". Scheler. dos acontecimentos. então nós temos de ser generosos. os valores precisam ser hierarquizados.V valores e validade (Der) Wert é "valor". assim como o adjetivo gültig. "validade". A "filosofia-do-valor" abarca nossos interesses teóricos assim como os práticos e os estéticos. 125. algo. efetivo [certificados. 42. a "transvaloração de todos os valores". Mais exatamente. consagrar. Wirklichkeit: o ser. assim como proposições e teorias científicas baseiam-se em "fatos" sendo por eles validados. Wert e Geltung receberam proeminência filosófica com Lotze. verdade etc. Geschehen. da hierarquia "ideal".ex. Lotze distinguiu quatro formas da " atualidade". werten é "estimar. sobretudo. Um valor implica um "ter de". das .ex. Geltung também já significou "pagamento de uma dívida" em um contexto religioso ou social. os valores reconhecidos por um dado indivíduo. útil". Já valores. Mas um valor não gera automaticamente uma obrigação incondicional de promovê-lo. Sein. dedicar". 156. No período de ST. obrigatoriedade". precisa ser investigada em função do nosso conceito geral de ser e. 156 sobre o " sentido". são coisas naturais. 150). A "palavra mágica Geltung" é. 2. o objeto ao qual ela se dirige. precisa ser rejeitada. Possui pelo menos três sentidos: 1. A entidade ideal parece algo intermediário entre nós e os entes reais. desamparo e dogmatismo" (XXI. não física ou psicológica. descritíveis em termos neutros-de-valor como "extensão". gilt. A não ser que estejamos "na verdade". 78s Cf. nós não podemos escolher perseguir a verdade ou sacrificá-la em nome de outros valores.194 valores e validade proposições (XXI. nosso ser-no-mundo global. ou de um reino do ser "ideal" em contraste com o ser "real" (xxi. 80ss). 247ss. "vínculo. Isto só faz sentido se a verdade estiver confinada às proposições. 3. 63s Cf. 2. tais como utensílios e obras de arte (ST. escrita etc. 74). visto que só podemos encontrar entes se já somos no-mundo. em contraste com o ato psicológico de julgar ou com a sua concretização física em sons. 69. ignorando a ALETHEIA. sua objetividade ou verdade. A verdade. primordialmente proposições teóricas. como um valor. 79). XX. nós não podemos escolher absolutamente nada (ST. é "válida". Valores são sobrepostos a tais coisas de modo que se tornam "coisas-carregadas-de-valor". A filosofia-do-valor considera a verdade como um "valor" ao lado de outros valores. provavelmente. XXI. 42). sobre a qual impomos posteriormente um valor. Se a verdade é desvelamento. 20ss/146ss). algo que não se encontra em nossa reflexão fenomenológica sobre nossos julgamentos (xx. um mundo não surge da gradual atribuição de valor a cada ente intramun-dano. Gültigkeit. XXI. tal como um sentido ou uma proposição. 50). A objeção de Heidegger é de que nós não ficamos primeiramente conscientes de um utensílio como uma mera coisa. 200. 73). Geltung neste sentido equivale à objetividade. Uma verdade particular é válida. quanto ao fato de ser verdadeira (xxi. Mundo surge da "significação" global da sua "totalidade de envolvimentos e conjunturas" (ST. não é uma coisa com algumas propriedades adicionais. e os entes com os quais primariamente entramos em contato. Sua "validade para" todos os julgadores racionais. tanto por ser uma entidade ideal. XXI. Os neokantianos e Hartmann concordaram com Descartes em que os entes primários. 99s. Sinn). conclui Heidegger. Cf. 68. UK. provoca um efeito especial sobre aqueles que acreditam que "o sujeito 'na realidade' não 'sai' para o objeto" (ST.0 "ser" de uma entidade "ideal". Cf. A "lógica da Geltung" pressupõe que os veículos primários da verdade são as proposições. A ideia de um âmbito de Geltung em contraste com o ser. 227s). um utensílio é bastante diferente de uma coisa natural. ou sua Allgemeingültigkeit. . ST. 156. sua Verbiindiichkeit. quanto por incorporar a verdade: gelten refere-se tanto ao ser de uma proposição verdadeira (ou falsa). Heidegger rejeitou o conceito de Geltung por razões ainda diversas da sua indubitável confusão. "validade universal" (ST. um "emaranhado de confusão. Heidegger faz objeções à noção de Wert por três principais motivos: 1. A " validade de" da proposição. 81). a verdade como desvelamento (XVII. Nem a ética cotidiana nem a filosofia podem nos dizer se ou quando devemos querer decisivamente. permanece sendo um puro espectro. real. Geralmente.ou a que devemos querer: " Querer o que? Agora todos que realmente querem sabem disso. simulado.-.480). não com o ôntico e o existenciário. história.. especialmente. 6). Uma ética da decência cotidiana está implícita na cotidianida-de mediana. Heidegger considera como Dasein necessariamente é. Ademais. 182. fac-tualmente correio etc. ou seja. a não ser que o puro querer como a realidade autêntica em toda ação ética realmente queira a si mesmo. seguro". a palavra latina verus e a inglesa". decido. EV. 167). A explicação de ST de Dasein não é puramente "teórica". 316). Ela não precisa ser complementada por uma filosofia prática ou uma ética (ST.] A moralidade da ação consiste não em meu realizar um assim chamado valor. 222ss/niv. que já foi associada com das Umwillen. 175. LXV. Ela atualmente possui dois principais sentidos: l. mas no fato de que eu realmente quero. 2. são problemas ônticos e existenciários. Mais tarde. 237). próprio ao seu ser-aí [das Sollen seines Dasein]" (XXXI. é também "prática". o "em-função-de" si mesmo de Dasein (xxvi.": uma explicação.verdade como adequação 195 3. ela atua em um nível mais profundo do que a usual distinção entre teoria e prática. "verdadeiro. cuja "ideia do bem". Heidegger recusa toda ontologia da avaliação e. suas possibilidades. i. falso. . verdadeiras. a análise da decadência e de fenómenos tais como o "falatório" não é uma " crítica moralizante de Dasein cotidiano" (ST. Nietzs-che considerava todo ente como um valor (Nll. 35/niv. talvez contra.e. supõe-se que essa teoria se originara con Aristóteles. etc. ouro. A palavra "decadência [Verfallen]" não implica "avaliação negativa [Bewer-tung]" (ST. a teoria da veriade como correspondência. sem uma legitimidade que obrigue o seu cumprimento. Dasein quer decisivamente além de. mas Heidegger discute esta interpretação (XXI. 222). Cf. e o que ele pode ser. tomo a responsabilidade sobre mim mesmo e. Heidegger defende uma versão do formalismo de Kant contra uma "ética do valor material": "Uma tábua de valores material. 289). sobre os quais a Fundamentalontologie nada tem a dizer.": verdadeiro amor. ao aceitar a responsabilidade. quero com decisão. declaração. as exigências da decência cotidiana. i. 165ss. ZW. verdade como adequação As palavras alemãs para " verdadeiro. O esquecimento implícito na noção de valor iniciou-se com Platão. e sobretudo o que ele deveria fazer quando fosse decidido.. amigos etc. ou melhor. assim. Heidegger associa "valores" ao "cálculo" da tecnologia e da maquinação (NU. fidedigno. por mais ricas que sejam sua articulação e sua amplitude. cf. a "ética do valor". 175ss/115ss). ST está preocupado com o ONTOLÓGICO e o EXISTENCIAL. 279s). genuíno". Wahrheit. wahr originalmente significava " confiável. Assim como sua equivalente. teoria.. adequação à realidade". Se Dasein deveria ou não ser decidido. Em momentos cruciais. [. (cf. torno-me existente" (XXXI. materializando. em contraste com "aparente. verdade" são wahr. 94/142: "Ninguém morre por meros valores"). 28/niii. pois todos que realmente querem nada querem além do ter-que. O Shorter Ox^ord English Dictionary define a "verdade" no sentido 2 como: " conformidade com 3S fatos. imperfeito etc. 'verdadeiro..e. 210. é agora o ancestral dos "valores" (NU. Um pedaço de realidade com o qual uma dada sentença ou proposição concorda também deve ser visto como ser-simplesmente-dado. de diversos pontos de vista: 1. ela é o que nos capacita. a fazer toda e qualquer propo- . Se a verdade tem valor. e perguntar se ela concorda com a realidade. O que concorda com a realidade deve ser visto como um SER-SIMPLESMENTE-DADO. mais ou menos. "conformidade da(s) coisa(s) e do intelecto" (Alberto Magno. a verdade é o lugar da proposição" (XXI. distintos dos entes aos quais se aplicam e de nossas crenças sobre esses entes (XXIV. O silêncio pode transmitir uma mensagem com mais efetividade do que palavras. l. proposições ou pronunciamentos em geral não são o locus primário da verdade. ou ainda. proposição. e "verdade" equivale a "proposições verdadeiras". 214ss). não me concentro nas palavras que pronuncio e ouço. como a teoria representativa da percepção.1). Heidegger ataca esta visão de verdade. ao contrário de pedras. A verdade não é primordialmente uma propriedade de proposições ou juízos. representação — quando. Se a sentença concordar com a realidade. as palavras como seres-sim-plesmente-dados. a oficina. 3. posso me concentrar em uma sentença ou proposição. ressalta uma entidade mental. ou ao menos a sua primazia. nós normalmente não percebemos ou atentamos (ST. nós podemos "des-mundanizar [entweltlichen]" pedaços de realidade. tal como "O gato está sobre o tapete". Trato. 214ss. então ela é verdadeira. ST. 327ss). Summa lheologiae. Quando falo normalmente." 2. Fora de consideração também estão quaisquer razões pelas quais alguém poderia se importar com a proposição ser verdadeira ou não. apenas aquilo sobre o que é a fala. a madeira. 25. Frequentemente sei o que foi dito sem perceber ou lembrar precisamente que palavras foram pronunciadas. 280s). Quer interpretemos ou não a sua verdade como adequação à realidade. Localiza suas origens em Platão e o seu completo florescimento na definição escolástica da verdade como adaequatio rei/rerum et intellectus. apartado de suas conexões com outros entes dentro do mundo. 2.) A teoria da verdade como concordância. plantas e animais. Não obstante. nem possuem as palavras significados ou conotações fixos. uma asserção ou proposição distintas da realidade sobre a qual elas discorrem. os pregos. 135). assim. lógica ou puramente sensorial intervindo entre nós mesmos e a realidade — um significado. Quando afirmo "O martelo é pesado". (Heidegger certas vezes aproxima-se de uma teoria da verdade como identidade. 1. "correia [richtig]. Não há nada distinto daquilo sobre o que é a fala com o qual se possa estar em concordância. são Tomás. o carpinteiro — tudo que faz do martelo o utensílio que ele é — está fora de consideração. O que é dito na fala é. ainda que haja tais entidades. por que não memorizar o catálogo de telefones de Londres? Entretanto. Na verdade. sempre o fazemos e então as proposições que sustentam a igualmente simplesmente-dada relação de adequação a eles são "cor-retas". LXV.196 verdade como adequação 128ss. Não há proposições eternas distintas daquilo que é dito em ocasiões particulares. sensação. apesar de que ele — em realidade — rejeitaria este rótulo. "A proposição [Satz] não é o lugar da verdade. Minha mente está concentrada naquilo sobre o qual eu falo. De veritate. O mesmo vale para uma teoria científica. confundir um arbusto com um cabrito montês no crepúsculo. não de partes isoladas. e isto. no qual verdades particulares nos importam e podem ser reveladas. Antes que uma proposição possa ser pronunciada od compreendida. Os teóricos da verdade como correspondência tipicamente não lidam com as verdades que descobrimos no contexto dentro do qual as descobrimos. mas uma busca pela descoberta de âmbitos ainda desconhecidos. Eu conheço suficientemente meus arredores para saber que um cabrito montês é algo que pode aparecer em uma floresta. A busca pela verdade não é uma busca pela certeza sobre aquilo que já sabemos ou cremos. Estou consciente da forma geral do quarto. mas com o tipo de verdade que é "passada adiante em 'outras narrações'" (ST. 155\"0 gato está sobre o tapete" e "A neve é branca". pressupõe o velho modo familiar de olhar para as coisas que possibilita que os cientistas comam as suas refeições e percorram seu caminho para o laboratório.a- . O mundo já está descoberto para mime eu posso descobrir coisas dentro dele: algo está se aproximando. A verdade já não é mais algo do qual podemos ou devemos estar certos em um sentido cartesiano ou husserliano. eu estou certo de que isto e isto é assim. correias ou incorretas. 2. Então vejo o gato sobre o tapete. Proposições podem ser verdadeiras ou falsas. De algun? detalhes eu estou apenas vagamente consciente. c (iii) condições para que una proposição seja conhecida. querer telefonar para as pessoas. Ela não é promordialmente um conjunto de proposições. Se a "verdade" contrasta com alguma coisa. ou para certas coisas. A falsidade. por sua vez. Um erro é uma distorção localizada dentro de im âmbito de verdade. das interconexões entre áreas e itens. Ela é primordialmente um novo modo de olhar para as coisas. então é com a " ião-verdade [Unwahrheit]" Um teórico da correspondência poderia objetar que Heidegger mistura (i) condições de afirmar uma proposição.verdade como adequação 197 sição ou juízo. eu entro no quarto e fico consciente do quarto como um todo. possui três condições (XXI. o mundo à nossa volta e os entes dentro dele precisam ser descobertos de um modo que não pode ser igualado com um conjunto de crenças discretas nem expresso em um conjunto de proposições discretas. p. e se perguntar se ele está autoriy. (u\ condições da verdade de uina proposição. Mas a minha consciência total do quarto não pode ser expressa em proposições. saber como fazê-lo e onde achar o seu número de telefone. O fato de ver o gato sobre o tapete equivale a um juízo ou crença. conhecer nosso caminho dentro do espaço. A proposição explícita pressupõe tudo isso.ex. Mas as proposições falsas pressupõem um âmbito de verdade aberto tanto quanto as verdadeiras. 187s): l. 3. Nós podemos estar certos de proposições. eu as interpreto como algo. A explicação de Heidegger da verdade como " desvelamento" possui diversas consequências. da " totalidade da conjuntura". sem poder colocá-los em palavras. em suma. e digo "Ele está sobre o tapete". Eu estou consciente do quarto como um todo e não em todos os seus detalhes. eu não confundiria um arbusto com um xá da Iran ou cora a raiz cúbica de 69. Eu não somente pasmo com as coisas. A verdade não exige que memorizemos o catálogo de telefones. e o fato de ele estar sobre o tapete pode ser expresso em uma proposição. "Verdade" já não contrasta com "falsidade". Em busca do gato. Ela envolve o ter algo a dizer. vida e biologia (Das) Leben. 231. Scheler e Nietzsche. precisamos "compreender" a vida de dentro dela — por meio da história — em lugar de concentrarmo-nos nas experiências intencionais das "coisas" (LVIII. embora de maneira bastante irrefletida e indistinta. " vivências": Dilthey estava interessado na forma global ou estrutura da "vida como um todo" (ST. 573/niii. "filosofia de vida". 49s. "acompanhando a vivência [Mitmachen dês Eriebens]". Leib. 26s). 46). 'repelidos'.. "Nossa vida é nosso mundo — e raramente a examinamos. era um conceito central em Dilthey. Abarca tanto nossos estados mentais. o corpo humano. 250)." lógica da validade" de Lotze (XXI. as preleções iniciais de Heidegger falam de Leben em um sentido próximo ao do posterior "DA-SEIN" (LVIII. 42. 'satisfeitos'. LXI. A vida é dinâmica. A filosofia emerge da vida: "Toda filosofia genuína nasce da dor da plenitude da vida. não de um problema pseudo-epistemológico ou de uma questão básica de ética" (LVIII. "a palavra e o conceito 'Leben' flutuam. 160. quanto os atos expressivos e criativos que constituem nossa história. Exceto talvez em Nietzsche." significando sucessivamente "entes como um todo". Cf. Este conceito é contrário ao materialismo. e ao valor e verdade objetivos. 79ss). Lebensphilosophie. 8 Iss. não é óbvio que Heidegger perderia essa discussão. 87. ao idealismo. homens)". 326). 137). Mas em vista da complexa e multifacetada utilização das palavras " verdadeiro. que tendia a ignorar a vida: eu deveria me deixar levar pela potência da vida. pois a filosofia não lida com coisa alguma. 81). Isto porque "vida" é conceito impreciso. ST. Heidegger discorda de Husseri. vida não era concebida biologicamente. A expressão 'filosofia de vida' é. 194). e "vida humana" (NI. "criaturas vivas (plantas. ST. 29ss. verdade" e do talento com o qual ele disseca as ambiguidades e confusões da Geltungslogik. o "corpo" meramente físico (XV. 62ss. 254ss). a " vida fáctica [faktisches Leben]" é igualada a Dasein (LXIII. cf. 278/nii. A vida também "se expressa" e possui "significação" (LVIII. Heidegger prefere Dasein à Leben (cf. É uma reação contra a "representação". conscientes e inconscientes. mas metafísica e historicamente. Não podemos escapar da vida e observá-la de fora: "A vida fala para si mesma em sua própria linguagem" (LVIII. A vida é "autosuficiente". Em Nietzsche. 33s). LXV. ao invés de retirar-me dela na Epoche. [. Não porque Leben deva ser concebida como uma série de discretas Eriebnisse. Por volta de 1923.198 vida e biologia do a identificar (i) e / ou (iii) com a verdade. 253s). em contraste com Korper. estamos sempre 'envolvidos' fdabei sind']: 'cativados'. 155s). "vida". 216. portanto. Leben não é biológica: só compreendemos plantas e animais em comparação com nossa anterior compreensão da vida humana (LXI. um conceito que não era proeminente nas preleções iniciais. o "eu" e a relação sujeito-objeto (LXV. Sob a influência de Dilthey. NI. 46). é "intrinsecamente uma tautologia. animais.. Leben está ligada ao "corpo". 2. "viver".] e nossa vida só é vida na medida em que vive em um mundo" (LVIII. em constante risco de redução à mera vida biológica. cf. 'resignados'. Dasein transmite melhor do que Leben a nossa relação com o ser. Cf. 322: "o limite do . de leben. exceto com o próprio Dasein. ST. 365). quase tão inteligente quanto 'botânica das plantas'" (XXI. Além disso. "vida corporificante" e leibende-lebende Mensch. Cf. tanto aberta quanto implicitamente: "não há compulsão".já que todo uso e toda atribuição de um propósito útil já estão postos a partir da perspectiva. portanto. 610/niii. assim como a água-viva desenvolve e estende seus órgãos preênseis. O corpo não é. 34. 596/niii. também o animal " homem" usa a razãq e seu órgão preênsil. nossa liberdade implica que não somos determinados pela biologia. RN. 192. "A vida vive corporificando" (NI. 105f. onde bios. que é talvez o solo não apenas da possibilidade da autocontradição. todo possível para inocentá-lo do "biologismo". 163. Em primeiro lugar. O conhecimento não pode ser explicado pela sua utilidade na "luta pela sobrevivência". 565/ni. sempre e unicamente a consequência de uma constituição essencial" (NI. 121). que a nossa finitude humana é anterior ao nosso equipamento bialógico (XXV. falando de leibende Leben. Mas essa visão não procede. vindo ambas do grego bios. Heidegger faz. com Kant. " ser de carne e osso". a biologia enquanto uma ciência não pode fundamentar a metafísica. cf. a visão de que nossos conceitos e crenças básicos dependem da nossa natureza biológica. para encontrar seu lugar no meio-ambiente e sobreviver (NI. 118/ni. acreditando. e já significou "vida". "homem corporificante-vi vente": Das Leben lebt. XXI. sobrevive atualmente apenas na expressão wie er leibt und lebt. indem es leibt. 118).vida e biologia 199 Leib não é o limite do Korper"). 14s). sendo. " como ele corporifica e vive". 244/ni. que a significíção das diferenças intrinsecamente leves e insignificantes entre os homens dependemdaquilo que fizemos delas (cf. como "vida biológica"). leiben. 44ss). que até mesmo o princípio de não-contradi-ção é uma necessidade biológica: o homem precisa evitar a contradição para dominar o caos que o envolve. A vida no sentido nietzs-chiano tem a ver com "biografia" mais do que com "biologia". Homens podem contradizer-se e de fato contradizem-se. Heidegger recupera Leiben e a sua ligação tanto com Leib quanto com Leben. como "existência humana". ele replicou: . Para a reivindicação de que "A poesia é uma função biologicamente necessária dos povos". o princípio de não-contradição. 86s Cf. 138. lit. O homem não é biologicamente especializado. entretanto. O fato de que selecionamos entes que vivem como uma área para estudo e o modo como os estudamos dependem da nossa metafísica (NI. mas até mesmo o solo da necessidade de se evitar o princípio de não-contradição" (NI. mas "uma peculiar liberdade. 79). 'somos' corpóreos [leiblich]" (NI. 223. com Adam Smith. niii. Heidegger tem duas principais objeções ao biologismo. é distinguida de we. porém. Nietzsche falou muito de biologia. como o lagarto que ouve um farfalhar na grama mas não ouve um tiro próximo (NI. 103). 229/156). Um verbo derivado desta palavra. 99). vem de Leben. um substratum físico ou biológico ao qual se sobrepõem níveis mais elevados: "Não 'possuímos' um corpo. já que se baseia na metafísica. K. "vida" (NI. 517/niii. 524ss/niii. 39. 212). Heidegger recusa sistematicamente as tentativas de explicar a conduta humana e as suas variações biologicamente. e. Nietzsche sugere que nosso conhecimento e categorias enraízam-se na nossa biologia. 614/niii. 593/niii. visto que algo só pede nos ser útil se já formos de um tal tipo que faz uso disso e/ou se pudermos discerrir o uso apenas retrospectivamente do ponto de vista do conhecimento por ele supostamente explicado: "Mas um uso e a utilidade nunca podem ser o solo para a essência de uma atitude básica [Verhaltens]. Em segundo lugar. 326). A palavra grega parousia. (A forma ousia surge do particípio presente feminino de einai.. mas pode aplicar-se a. "esperar [wart(en)] em direção a [gegen]". nii. (estar) presente em algo". 56s). imaginar. O sentido verbal é mais explícito em sua cunhagem. domicílio. ST. 46/50). "viger..] Husseri usa a expressão 'presentificação'.. ("tornar presente. Der Augenblick. mas também para "presença" (NII. presentificação"). 106s).. Husseri forjou gegenwãrtigen. "o que é próprio de alguém. derivada do latim praesentia via o francês presence.".200 vigência/presença e atualidade/presente "Assim como a digestão" (xxxix. que é similar não apenas a vergegenwãrtigen. em um presente [Gegenwart]" (XXI. "esperar. estar aí. "um ente presente. em sua presença"). morada. 2. 223/262. (das) Anwesen é o infinitivo substantivado de um verbo já extinto. corrente. lebesnah (XXXI. aguardar. Ele também é avesso à ideia de que a filosofia deveria ser "relevante para a vida". propriedade" (XXIV. vigorar. normalmente mas não invariavelmente no sentido espacial ("estar em vigor. lit. significava. lit. é atualização.). presença. LXV. relembrar. chegada". 27). e no século XVIII perdeu seu sentido anterior de "presença". Cf. IM. vigência/presença e atualidade/presentc O alemão tem várias palavras ligadas a " presença": 1. "o instante (de visão). substância. 311/nii. presença" foi substituída no século xvn por Anwesenheit. "vigência. relance de olhos". dentro de. 338. tornar presente para si. a substância de alguém. essência". mas ainda usa gegenwãrtigen no sentido de "deixar o que é vigente [Anwesendes] vir ao nosso encontro [begegnen] em uma atualidade. tomar atual". 5. Prosem é uma palavra erudita. 363n). "ao lado etc. 160. é o presente autêntico. NI. vir à presença" (NI. Gegenwãrtigung. principalmente no sentido verbal de " viger. No século XV. 187. Heidegger também reanima o antigo uso de Anwesen. Pareinai similarmente significa "estar [einai] presente [para]". atual". usualmente refere-se ao tempo presente. a presença espacial ("em sua presença"). 394/niv. residência. convidados presentes em uma festa. Heidegger rejeita o verificacionismo de Husseri. o momento da resolução DECIDIDA na qual Dasein agarra as possibilidades apresentadas pela sua "situação" (ST. 188 etc. ousa. 'atualização' para caracterizar a percepção sensorial. (Equivale à palavra de Platão e Aristóteles para "ser. 247). anwesen. [. Anwesen adquiriu o seu sentido atual de "estado. [. propriedade". Anwesung (P.] A análise intencional da percepção e da intuição em geral inevitavelmente sugeriu esta explicação 'temporal' do fenómeno" (ST. 192. p.. 153. mas pode significar atualidade. O verbo sich vergegenwãrtigen significa "conjeturar.) Heideg- . 135. ou envolvido em algo". Gegenwart. lit. 598/ni. estar preparado para": " A tese [de Husseri] de que todo conhecimento visa à 'intuição' tem um sentido temporal: todo conhecimento é presentificação. O adjetivo gegenwãrtig também significa primeiramente o que é tempo-ralmente "presente. niii.452. é composta de ousia e para. presença".) Anwesen no sentido de " vigência.ex. no grego comum. 3. 35). O particípio anwesend ainda significa "ser e estar vigente. ousia.. presenti-ficar. 4. mas também a gewartigen. ao contrário dos egípcios e da modernidade. JOOd). Para conversar ou nos comunicarmos. 71). ele. 156. Mas isto só é possível se possuirmos uma estrutura durável na qual tais entidades possam aparecer. 655/niii. precisamos extrair do fluxo do devir entidades relativamente estáveis e intersubjetivamente acessíveis. Isto leva ao "puro agora [Jetzt]" que domina a compreensão filosófica do tempo. mas distingue-se de "SER-SIMPLESMENTE-DADO [Vorhandensein]". a época atual. 193s). 60). as associa com Bestãndigung. daquela matéria da qual os mitos são feitos — enquanto que. o outro é pressuposto pelo primeiro: "A especificamente mencionada. o "maior símbolo" do puro Presente. 286s/niii. Gegenwart íproxima-se de Anwesenheit. Spengler vale-se da coluna dórica.wesenheit. -ousia é apenas um dos diversos compostos de einai. muitas vezes. geralmente não com Gegenwart. Anwesenheit e Prosem de forma intercambiável. vivendo na "pura vigência do Presente": "Para Heródoto e Sófocles. mas o fugidio e variável só pode ser reconhecido à luz do constante. 200 etc. Distingue diversos sentidos de Gegenwart (XXI. 3. Estas palavras vêm de stehen. sobretudo palavras cujos significados não mudem a cada vez que as utilizarmos: "Mas o Um e o Mesmo só pode estar manifesto à luz do durável e constante [Stãndigen]" (HEP. Heidegger infere erroneamente que ele iguala o ser e a vigência/presença: do fato de que x é F devido à presença da Fdade não se segue que o ser de x (F) é a vigência/presença de x. "estar ausente. "agora [jetzt]. "trazer algo para uma posição (parada. embora também as diferencie. um contrasta com apousia. explícita apousia que é contrastada com a parousia ocorre apenas em função da parousia original" (XXXI. apousia. NII. mas Gegenwart não pode. 25). replica. enquanto Prosem abarca tanto Anwesenheit quanto Gegtnwart (XXI. ausência". hoje". "Ele não quis falar na Gegenwart de Tom". Fedon. Heidegger recorre à etimologia: ousia significa "vigência/presente [Anwesenheit]" devido à sua associação com parousia (ST. Heidegger recorrentemente usa Gegenwart. 61). 2. Um outro é apeinai.vigência/presença e atualidade/presente 201 ger sustentou que ousia significava "vigência. defronta-se com a dificuldade de que pareinai. Da afirmação de Platão de que as coisas belas são belas devido à vigência/presença da beleza nas mesmas (Eutidemo. Ele também recorre aos filósofos gregos. Aqui. 465/nii. Anwesenheit pode referir-se ao tipo de vigência/presença que inclui desvigoramento e ausência.. Spengler argumentou que os gregos. assim como para Temístocles ou para um cônsul romano. Mais tarde. que tende mais a ser "desocultamento [Entdecktheit]" ou VERDADE. O SER é identificado com Ar. o passado é um organismo de séculos ou milénios definidamente periódico e intencional" (DO. não tinham "memória. Stand ("estar/encontrar-se (posição) de pé") e ele. o passado é instantaneamente subtilizado em uma impressão extemporânea e imutável. 39/302). 212). 9). Abwesenheit. paralisação)" (NI. e de Bestãndigkeit. não tinham o órgão da história". da pobre cronologia e registro dos gregos e da sua preferência pela cremação. polar e não periódica em sua estrutura — em última análise. Por que é a vigência presença especial? Há. • Heidegger fala com frequência de bestãndige ("constante") Anwesenheit (XXXI. para nosso senso do mundo e para nosso olho interno. "constância" (NI. presença [Anwesenheit]" (XXI. 402s): l. 301"4. "Ele não ousou falar disto em . ousia.). dois tipos de parousia ou Anwesenheit'. Nem tudo é constante. " afastamento. e também palavras com wenden. Aqui.] Kehren significa. Este " voltar-se para [Zu.] Pode também implicar velocidade. Heidegger usa posteriormente. O conhecimento da natureza. Gegenwart (no sentido "ativamente transitivo" de Gegenwârtigen) é um EXISTENCIAL. 402). " aproximação.. drehen traduzem 'virar' em seu sentido literal de levar para uma outra posição. aplicável unicamente ao Dasein. mas enquanto volta-se para e se afasta" (ST. voltar-se para". em reciprocamente ter o mesmo mundo junto com". aplicável ao sersimplesmente-dado. na repetição decidida" (ST. O homem erra: ele está "voltado para [zugewendet] o imediato acesso aos entes" e "afastado [weggewendet] do mistério" . Kehr. einkehren. bekehren. virar para longe". reverter etc. por exemplo. Em ST. a existência de Dasein envolve várias "viradas". Ele também forma compostos: Abkehr. para uma virada radical em nosso pensamento sobre o ser. decisivamente e em um instante de visão. 17 etc. 'fazer encarar uma outra dire-ção'. [. mas: "no meu ser em relação a ele e no seu ser em relação a mim. "Em minha Gegenwart" também significa: "em minha Anwe-senheit. denotando.. certas vezes.. como sinónimos de kehre(n). Esta é a razão pela qual este Dasein.. Dasein "se afasta de si mesmo" (ST. inverter. em uma pousada]". foi formado a partir deste verbo. o seu ser mais próprio em direção ao mundo — pode dizer 'agora isto. mudança". [. e sich umkehren. Gegenwart é anterior ao agora: "tornar atual tomar-presente é acima de tudo a condição que toma possível que uma coisa tal como o 'agora' — agora isto. kehren.ex. força ou hostilidade. no tornar presente na atualização [Gegenwârtigen] recíproca.202 virada minha Gegenwart". de maneira geral. Kehrt! é "Meia-volta!" Esta palavra forma diversos compostos: umkehren. quando se dirige ao mundo. 185). gegenwãrtig também possui um sentido ativo: "ele primariamente expressa apenas o ser de Dasein em direção ao seu mundo" (XXI. e sabe que a possibilidade só retorna se a existência lhe estiver aberta.). Anwesenheit é uma categoria. "voltar atrás. "hospedar-se [p. e também para uma . é um tornar-atual/presente de um tipo definido e tornaratual/presente caracteriza Dasein em seu ser-no-mundo. meramente uma virada parcial. "converter [p. "em minha Gegenwart" significa não o ser-simplesmente-dado.ex. a uma fé]". 391 s). 4. O substantivo Kehre.und Weg-wenden] é posterior a uma virada [Wende] peculiar no para lá e para cá de Dasein" (EV. 359s). 135). Uma disposição de humor "descobre. Na decadência.". Heidegger usa com frequência wenden e Wende... em meu Dasein-com [Mitdasein] no mesmo lugar e situação".. uma "curva. 25/ni. como no "eterno retorno/recorrência do mesmo" de Nietzsche (NI. agora aquilo'" (XXI. "virar. 401). retraçar os passos". agora aquilo — seja expressa. Wiederkehr. 3 é o sentido básico de Gegenwart em função do qual nós compreendemos os outros. um sentido próximo a 2. "alterar. verkehren. ao qual certas vezes acrescenta-se a ideia de encarar uma outra direção. Ankehr. "retorno". mudar" e "virada. A historicidade autêntica " compreende a história como o 'retorno' do possível. não ao olhar para o ser-lançado. virada" (radical). virada "Os verbos wenden. Tem também o sentido de 'varrer [com uma vassoura]'" (DGS. verdade etc. 193s/132s). à natureza — e isto sempre significa que ele expressa a si mesmo. "virar-se imediatamente". inversões. mas torna-se "verdade" no sentido de "abrigo iluminador".223. i virada é o solo escondido de todas as outras .virada 203 virada no próprio ser. entre ST e os escritos datados do pós-guerra. uma comparação entre dois diferentes resultados. que considera qualquer coisa deste tipo como uma mudança de ponto de vista. O mito da caverna de Platão iniciou " uma virada [Wendung] na determinação da essência da verdade" (P. contudo. Há certamente grandes diferenças. que deveria trazer o título "Tempo e ser". pelo contrário. porque o pensamento falhou em encontrar uma fala adequada à virada [Kehre] [. Wesen significa primeiramente "ESSÊNCIA" no sentido tradicional. " Ser e tempo" transforma-se em " tempo e ser". aproximando-se do " ser como a distinção prevalecente entre ser e entes". "A virada".. i. pela primeira vez. 84. sustentada pela necessidade objetiva. de estilo e conteúdo. a "resposta à questão acerca da essência da verdade é o dito de uma virada [die Sage einer Kehre] dentro da história do ser. 201/251). como ele mesmo diz. 198s 137s Cf. Assim. die Kehre. é usada sobretudo para denotar uma virada radical no pensamento do próprio Heidegger. A resposta à questão sobre a essência da verdade é: "a essência da verdade é a verdade da essência" (EV. Uma revirada genuína. 325/231 s Cf. mas em sua segunda ocorrência é compreendida " verbalmente"." Essa parte "foi suspensa. que encontrou inicialmente em nosso pensamento: "O acontecimento realiza a sua ocorrênca mais íntima e a sua esfera mais ampla na virada. ele aparece primordialmente sob a luz da retirada que encobre" (EV. Wahrheit começa como "verdade" no sentido de "correção". E esta mesma tergiversação [Viderwendigksit] pertence ao ser enquanto tal" (LXV. 288. Essencializando no acantecimento. 229. no caso de duas proposições opostas. Já que o abrigo iluminador pertence ao ser. Heidegger fala diversas vezes de ST como uma obra de " transição [Über-gang]" da metafísica para a "questão básica" sobre o ser (LXV. Heidegger tenta explicar o ACONTECIMENTO em função das viradas. Só assim podemos ver que não é questão de mudança de ponto de vista" (xxxi. o essencializ. Na não realizada terceira seção da primeira parte de ST.). 201). A mudança é. mudança alguma de " ponto de vista". círculos e relações recíarocas. sempre sinal de continuidade interna e apenas se deixa compreender pela compreensão do nexo de problemas que abarca a mudança como um todo. LXV. Ele diz o mesmo de Kant: " a filosofia de Kant é cheia de 'reviradas' ['Umkippungen']. 198/137). na virada. cf.]". o posicionamento da sua dimensão. E o que o próprio Heidegger chama de Kehre em seu pensamento não envolve. é. o pensamento que se pretendia alcançar atinge. Mas não se pode entendê-las pelo método fatal do senso comum. 189). supostamente ocorrida entre ST e CH. 267s). A virada na história do ser é não ipenas a iluminação original do ser pêlos gregos.. gradual.e. "ocorre uma total reversão [kehrt sich das Ganze um]. 415). Por isso. A inversão transforma os significados de "essência" e "verdade". não uma Kehre. a partir da qual ST se cumpre na experiência básica do esquecimento do ser" (CH.234 etc. 258. Esta virada não é uma alteração do ponto de vista de ST. precisamos nos dar ao trabalho de compreender o problema.ar da verdade é também a verdade do essencializar. Uma Kehre ou uma virada envolvem normalmente a inversão de dois termos. 196. XXVI. EV "fornece alguma visão do pensamento da virada de 'ser e tempo' para 'tempo e ser'. mas um paradoxo inerente ao próprio ser que torna isto possível: "Na virada [Kehre] do acontecimento. 198/137). visibilidade". Sicht de seus compostos. é "respeito. A recíproca interação da virada e da sua iniciação de uma nova época na história do ser aproxima-se da dialética de Hegel.. 261. que encontram seu lugar no encobrimento iluminado do 'aí'. 42/43s). Adjetivos correspondentes frequentemente terminam em -ig: um-sichtig. Sicht gera sichtbar.. O que importa para o "sentido existencial da visão" é que ver "encontra descoberto em si mesmo o ente a ele acessível" (ST. lit. e Rücksicht. "Ver" significa tanto "não perceber apenas com os olhos do corpo". o círculo da compreensão). carro. mas Heideg-ger insistentemente rejeita qualquer afinidade com a "dialética" (EV.ex. inquestionados. para a realização (abrigo) da verdade insistentemente fundamentada dos entes. visão e circunvisao Visão é um motivo recorrente em Heidegger. a pré-sença [Da-sein] nos modos básicos de seu ser já caracterizado como a circunvisao [Umsicht] da ocupação. vorsichtig. "Ver" é sehen. 40/41. à "abertura do pré". Heidegger extrai. Umsicht. aparecendo sob várias formas: "A visão que. consideração".. Mais tarde. restaurando assim seu sentido ativo. j unto com a abertura [Erschiossenheit] do pré [Da]. Dasein deve por sua vez [wiederum] pertencer ao acontecimento como possibilidade escondida da fundamentação e essencialização do ser" (LXV. o sentido de " vendo" ou "avistando". [. o "risco desviante [kehrige]" que precisa vir à luz para que a virada aconteça (DK. já significou tanto ver como o que é visto. 40/41). Heidegger fala de uma Kehre do esquecimento do ser. no entanto.. Sicht "corresponde à iluminação [Gelichtetheit]". 407). Sicht é uma característica fundamental de DASEIN. "visível". Sicht.. "olhando ao redor". é pela primeira vez lançado para si mesmo e torna-se o si mesmo.] Se através do acontecimento o Dasein. de modo igualmente originário. ciclos e círculos subordinados — obscuros em sua origem. [. 149). mas não sichtig. assim. e também a "recíproca [keh-rig]" fundamentação de Da-sein e do acontecimento. É difícil ver algo sem vê-lo como algo. a virada na estrutura da questãoguia. visto que este tipo de "caça ao futuro" ocorre dentro da atitude da "representação tecnológicocalculadora" e "aquilo que é meramente tecnológico nunca pode alcançar a essência da tecnologia" (DK.204 visão e circunvisao viradas. porta. a visão [Sicht] do ser como tal em função do qual a pré-sença [Dasein] é sempre ela como é" (ST. como centro aberto da individualidade que fundamenta a verdade. se dá existencialmente é. a consideração [Rücksicht] da preocupação. para a "salvaguarda da essência do ser" ou da "verdade do ser" (DK. prontamente tomados como 'definitivos' por sua própria conta (cf. "à vista (mente)" (ST. lit. "vista". é "circunvisao". Isto faz lembrar uma outra "virada [Kehre]. mas agora restringe-se ao que é visto. Cunha sichtig. 45s/48). Em palavras compostas Sicht retém. Não pode ser prevista pela extrapolação do presente. a "recíproca [kehrigen]" relação de Dasein e do ser (LXV. 146). 147). O substantivo derivado. significando "visão. 316). O que é esta virada original no acontecimento? Somente a investida [Anfall] do ser enquanto um fazer acontecer o 'aí' traz o Da-sein para si mesmo e. ponte": "O ver dessa visão já é sempre compreensão e interpretação. mas primeiramente em e através do lance" (LXV. Ela será imediata e "abrupta [jah]". como também não " apreender de modo puro e com os olhos do espírito algo simplesmente dado em seu ser". no entanto. "como mesa. consumada pela tecnologia. "olhando para trás". o lançador do PROJETO é um lançador lançado.] "A . p. 259).. t Anschauung. insistindo em que Aussehen não é um aspecto visual. p. A visão é bastante apropriada para explicar nossa apreensão do "vigente e constante". Sua interpretação dos gregos não se reduz. concebem o conhecimento como uma forma de visão? Não porque tenham sido "eticamente talentosos ou um 'povo de visão' [Augenmenschen]". visão-de-mundo e iaiagem-de-mando A palavra Weltanschauung é formada a partir de Welt. 218/niv. "forma". e significa "visão de. a 'aparência' ['Aussehen'] de uma entidade. A palavra "teórico" provém igualmente de palavras gregas relacionadas a " ver": thea.". Mais tarde. por assim dizer. 162). ou seja. um significa "circum. 358). 394ss. um significa "a fim de". a mais importante é Umsicht. o muido". literalmente.é o que permite que a entidade de algo se dê à visão. Das palavras compostas a partir de Sicht em ST. Pois "ao vermos. Cf. "ver"..] já traz consigo tão originariamente a estrutura de interpretação que toda e qualquer apreensão. (ao) redor". Os gregos não explicam nossa relação com os entes pelo olhar porque são um 'povo de visão'. "deixar ver"). Weltbilaé "imagem [Bild]-de-mundo". Cf. 'face a face' com o que se apreende.visâo-de-mundo e imagem-de-mundo 205 simples visão das coisas mais próximas nos afazeres [im Zutunhaben mit. livre da estrutura-como [aisfreies] necessita de uma certa transposição e ajuste" (ST. de Platão por Aussehen. p. portanto. aspecto". a una tradução etimologizante equivocada.e. 147. espetáculo". intuição etc. se quiser. i. Heidegger geralmente considera o valor próprio das partes constituintes das palavras. do que constitui o ser-casa da casa [dis Haushafte]. Heidegger traduz regularmente os termos idea e eidos. 217/niv. A visão desse subordinar-se é a circunvisao [Umsicht]" (ST..ex. ponto de vista sobre. i. venha a ser" (NU. colocamo-nos. 69).e. ao menos desde Platão. um 'povo de visão' porque experimentaram o ser dos entes como vigência e constância" (NU.. sobre Sehen-lassen. mas porque interpretaram o ser como "vigência [Anwesenheit] e constância [Bestãndigkeit]". O modo de lidar [Umgang] com os instrumentos no uso e no manuseio. "a fim de" fazer alguma coisa. circunvisao: "A visualização puramente [hinsehende Blick] "teórica" das coisas carece de uma compreensão da manualidade. alcance vigêncil. com a ideia (NU. semelhantes. O modo de lidar com os instrumentos se subordina à multiplicidade de referências do "ser-para" [Um-zu]. "aparência. i. Como preposição. 167..e." visão. Cf. não é cego. Possui seu modo próprio de ver que dirige o manuseio e lhe confere uma segurança específica. Umsicht é olhar "ao redor" para ver o que alguém precisa etc. e horan. tendo pouca conexão com com o sentido literal de ver: "O sentido em que os gregos entenderam o 'aspecto'. " vista. As duas expressões . a interpretação do ser como ideia sugere que entes são apreendidos pelo ver. "mundo". Algumas vezes recua. Como conjunção. P. 162). Heidegger atribui esse entendimento principalmente a Platão.. Uma vez que o termo ideia vem do grego idein. Platão argumentava que para identificar coisas particulares como. Por que os gregos. devemos primeiro estar familiarizados com a semelhança ela mesma. 222ss/261ss. A filosofia "orienta-se desde o princípio primariamente pelo 'ver' enquanto modo de acesso ao ente e para o ser" (BT. assumindo que uma interpretação dos entes ainda não fundamenta nosso olhar. são. 223s/niv.ex. seguido de zu e um infinitivo. 149). de uma casa. XIX. " ver". porém. Ela pode ser " pessoal". um ideal de vida" (XXVII. 435s). uma visão da nossa posição no mundo e de como deveríamos agir (cf. a concepção da atividade humana como "cultura" e como a realização de "valores". Ele pergunta: Será que o ser-no-mundo de Dasein envolve essencialmente uma Weltanschauung? Como se relacionam a Weltanschauung e a transcendência de Dasein? Como aquela se relaciona com a filosofia? (ER. 41. e contrasta com a ciência e com a filosofia. está a própria ideia de uma Weltbild. Adeptos da mesma Weltbild podem sustentar diferentes visões-de-mundo. enquanto uma Weltanschauung é essencialmente uma " visão da vida". Não obstante. [. Entes como um todo são agora considerados de tal modo que existem unicamente à medida que são apresentados fgestellt] pelo homam representador e produtor de repre- . Mas isto se aplica à metafísica. n. ZW. 87/134s). ou "total". 40). a redução da arte a um objeto da "vivência [Eriebens]". " a imagem-de-mundo naturalista" etc. xxvn. não à filosofia do "outro começo". Uma Weltbild é meramente um componente de uma Weltanschauung: "Segundo a caracterização [de Dilthey]. 236). mas o mundo concebido como imagem. Heidegger está interessado"na Weltanschauung porque ela está relacionada com o "mundo". Subjacente a tudo isso. 80.. Qualquer imagem as colocaria muito próximas uma da outra" (LXV.] A filosofia entreabre a experiência. ao passo que a Weltanschauung pode ser pré-científica ou científica.). expressando a experiência de vida e as opiniões particulares de alguém. a tecnologia da máquina. se a lemos sob a luz de expressões tais como "estar na imagem". A moderna Weltbild envolve diversos componentes: a ciência matemática. 39). e. 69s/115s). Assim. especialmente em sua máscara cristã de idealismo alemão. a sua criatividade inicial é rapidamente convertida "na gigantomania da maquinação" (LXV. Uma Weltbild é geralmente associada à ciência ou a uma ciência ("a imagem-de-mundo mecanicista". se ela é "conhecimento [Wissen] dos entes enquanto tais como um todo". A filosofia também reivindica a "totalidade". 344). e entrar em conflito empregando as armas fornecidas por sua Weltbild comum (TIM. A filosofia é sempre um começo e requer a sua própria superação" (LXV. Filosofia e Weltanschauung "são tão incomparáveis que nenhuma imagem possível está disponível para ilustrar a sua diferença. um ateísmo que co-existe com a "modernização" da "Weltanschauung" cristã e com uma intensa "experiência religiosa" (TIM. surgindo da relação destas últimas. Weltanschauung é sempre um fim. 86/133s). Uma Weltbild é via de regra uma visão teórica do mundo externo. Uma total Weltanschauung não pode compreender a si mesma.206 vi.54. a preocupação com uma "política cultural".. Weltbild. À primeira vista. até mesmo à ciência natural. não podendo por esta razão fundar diretamente a história. onde a imagem não é co-extensiva ao mundo. pois isto a colocaria em questão. Cf. que continuamente se desenvolve e supera a si mesma (LXV. A "Weltanschauung limita e restringe a experiência real. significa uma " imagem do mundo". 229ss. "colocar-se na imagem" — que implicam um domínio total daquilo que a imagem retrata — vemos que "imagem-de-mundo significa essencialmente não uma imagem do mundo. Uma Weltanschauung é em geral arbitrária e peremptória. na maioria das vezes um prolongado e inconsciente fim.são-de-mundo e imagem-de-m lindo não são intercambiáveis. temos portanto três aspectos da estrutura da Weltanschauung: experiência-de-vida. extinguindo todas as opiniões pessoais. 37). Cf. adota uma posição. de uma maneira que nenhum tipo anterior de homem já fez. O ser dos entes é buscado e encontrado na representação dos entes" (ZW. o "calculável". 88/135. Visto que o homem é o foco central do mundo como imagem. 441ss).] possui seu próprio conceito particular de grandeza". Weltbild é distintivamente moderna.. Nossa idade é " nova" ou " moderna" não somente porque difere de eras anteriores. o fato de o homem ter-se tornado o subjetum e o mundo uma imagem". . a posição do homem é concebida como Weltanschauung" (ZW. a essência do calcular e do calculável não são acessíveis ao cálculo. há algo como uma posição do homem" (ZW. Assim. que concerne à posição do homem no mundo. e nosso conceito de grandeza é puramente quantitativo. 85/132). Stellung. A emergência da Weltbild envolve uma decisão essencial sobre os entes como um todo. o que é uma exigência básica para a redução do mundo a uma imagem (zw.. "posicionar.. mas porque " ser novo pertence ao mundo que tornou-se uma imagem" (zw. Assim como a essência da tecnologia não é em si mesma tecnológica. Não há "sistema" antigo ou medieval. Mo deveríamo» recuar para a tradição e rejeitar a Wellbild e sim refletir sobre ela de maneira não-calc-iladora. o " gigantismo do planejamento e do cálculo [Berechnung] [. pela primeira vez. " uma sombra invisível que se espalha sobre todas as coisas. 85/132). 82s/129s). Não há Weltbild medieval: o lugar dos homens é atribuído por Deus em sua ordem criada. a Weltanschauung. A atual " posição em meio aos entes" do homem não apenas difere da posição do homem antigo e medieval: "Agora. não obstante. "Cada era histórica [. 93s/141ss). Toda imagem e nossa posição dentro dela estão sob nosso controle. ele posiciona a si mesmo. precisamente assim como o homem moderno decide sobre os conteúdos e arranjos do mundo. o humanismo surge simultaneamente como o Weltbild. tomando mundo como imagem.] desvia-se para uma qualidade própria. uma diferença quantitativa. uma "postura" física em relação aos arredores de alguém. Pois. tornando-se então incalculável" (zv. "REPRESENTAR". entretanto. LXV. uma "interpretação filosófica do homem que explica e acessa os entes como um todo em função do homem e tendo como propósito o homem" (zw. de modo que podemos partir do zero e refazer tudo mais uma vez. A diferença entre um conceito de grandeza e outro não é. atitude" de alguém em relação a uma outra pessoa. Não há tampouco Weltbild grega: o homem está à disposição do ser. "posição". 86/133). vem de stellen. mas qualitativa. mas a transposição de vastas distâncias em alta velocidade etc. Esta palavra pode significar uma "posição" militar. também decide qual deverá ser sua própria posição dentro dele. Para administrar o mundo como imagem precisamos pensar em termos de quantidade e medida.visão-de-mundo e imagem-de-mundo 207 sentações [vorstellend-herstellenden Mensch]. Cf.. etc. acompanha a Weltbild: "Logo que o mundo se torna uma imagem. pôr" — que também forma vorstellen. Permanece. o "gigantesco" — não apenas monumentos gigantescos. a uma questão. ou a "posição. 84/ 132). O homem antigo e medieval não era um "sujeito": "O fato de que o mundo tomou-se uma imagem é um e o mesmo processo com o fato de que o homem tornou-se um subjectum entre os entes" (ZW. Destarte. 86/133s). 2002 (5^.-W. 1993. 1998. São Paulo.. . 1991. Londres. H. ZIMMERMAN.] [FOGEL. Um clássico. Martin Heidegger: Between Good and Evil. •Petrópolis. Nova York. BENEDITO. HUGO. 26^. University of Chicago Press. Martin Hedeigger: A Political Life. Da solidão perfeita: escritos de filosofia. Cambridge. BENEDITO.Leituras adicionais Obs. 1999. Concentra-se no envolvimento político de Heidegger. Division I. Chicago. 1996 (ed. A mais completa biografia de Heidegger. Existem diversos comentários úteis sobre Ser e tempo: DREYFUS. Bloomington. RICHARD. Vozes. 1990. Jorge Zahar. Indiana University Press. ANTÓNIO (org. Harvard University Press. Cambridge. MA. HUBERT.] [NUNES. Genial e atraente crónica escrita por um amigo. Aprendendo a pensar. Rio de Janeiro. Heidegger e Ser e tempa. 1993. EMMANUEL. Petrópolis. MIT Press.] [BUZZI. Vozes. Passagem para o poético. Encounters and Dialogues with Martin Heidegger. Petrópolis. 1969.] OTT. a linguagem.) e 1992. PETZET. l e 2. Rio de Janeiro. SAFRANSKI.] SCHMITT. Ática. Descreve o pano de fundo intelectual e cultural do pensamento de Heidegger. col. RÜDIGER. o conhecimento.] [CARNEIRO LEÃO. Vozes. MICHAEL. Heidegger" s Confrontation with Modernity. 1929-1979. Heideggtr on Being Human. vols. [ABRANCHES. Um estudo das similaridades ïntre Heidegger e Wittgenstein. em homenagem a Heidegger por ocasião do 20a aniversário de sua morte). 1992. GILVAN. Being-in-lhe-WorId: A Commentary on Heidegger"s Being and Time. 2002. PUC/Rio. MA. 2 vols. O que nos faz pensar/Cadernos de Filosofia. 1996.).: Títulos entre colchetes indicam obras de autores brasileiros ou traduzidas para o português. ARCANGELO. Harper Coilins. [NUNES. Introdução ao pensar: o ser. Random House. Filosofia Passo-a-Passo. DAVID. Claridge. PAUL. Routiedge. Albany. Um excelente livro sobre esse tema. FREDERICK. mas também faz um balanço do pensamento de Heidegger sobre arte e poesia. Cambridge. podemos citar: COOPER. STEPHNE. Indianápolis. Rio de Janeiro. OTTO. Um guia muito útil. Duas que merecem especial menção são de autoria de John D. INWOOD. Humani-ties Press. Concentra-se sobretudo em Ser e tempo. Heidegger: A Criticai Reader. [STRATHERN. Heidegger. NJ. 1987. Jorge Zahar. Hackett. The Cambridge Companion to Heidegger. especialmente seu vocabulário. São de grande valor para a exploração das fontes do pensamento de Heidegger. 1987.] Especialmente úteis são as obras que exploram as raízes de Ser e tempo nas primeiras aulas de Heidegger. OLAFSON. Martin Heidegger" s Path ofThinking. jul-set 2002. Heidegger and the Problem of Knowledge.). THEODORE e JOHN VAN BUREN. Heidegger em 90 minutos. MÁRCIA. Estas estão bem representadas numa coleção de ensaios organizada por: KIESIEL. a sair. O melhor deles talvez seja: PÕGGELER. Londres. 1992. Blackwell. 1997. MICHAEL. Oxford. bridge University Press. 1993. Relativamente poucas obras tratam da relação de Heidegger com filósofos do passado. Reading Heidegger from the Start. CHARLES (org. Caputo. MULHALL . 1996. Londres. State University ofNew York Press. Além deste.210 Leituras adicionais As preleções nas quais o livro de Dreyfus se apoia influenciaram mais tarde os estudos sobre Heidegger. Existem vários livros pequenos que exploram o pensamento de Heidegger como um todo. HUBERT Cam- e HARRISON HALL (orgs. New Haven.). 1993. Thinkers ofOur Time: Heidegger. Notes sur Ia traduc-tion de Dasein". Heidegger and Being and Time. Oxford University Press. [SÁ CAVALCANTE SCHUBACK. entre eles: GUIGNON. Oxford. 1983. Yale University Press. 1994.] Duas recentes coletâneas de artigos abrangem a carreira intelectual de Heidegger: DREYFUS. Lês Eludes Philosophiques. Heidegger and the Philosophy ofMind. GUIGNON. Atlantic Highiands. em seus predecessores: . CHARLES . "La perplexité de Ia présence. Paris. PUF. Ohio University Press. The Mystical Element in Heidegger-s Thought.W. Athens. Vozes 1994 ] [SCHELLÍNG. Petrópolis. Nova York. 1990. FRIEDRICH. -. Vozes. Heidegger andAquinas: An Essay on Overcoming Metaphysics. trad. 211 JOHN D. Hipérion. 1978.Leituras adicionais CAPUTO. trad. Petrópolis. 1982. Também são úteis para a compreensão da obra de Heidegger: [HOLDERLIN.] . F'. Ohio. A essência da liberdade. Márcia Sá Cavalcante Schuback. Fordhain University Press. Márcia Sá Cavalcante Schuback. C). 142 aguardar. 115.173.92 ADEQUAÇÃO. 187. 184. 188s abelha. 76. 188.61.133s. 136. 15s. ver também anteceder antropocentrismo.índice geral ABANDONO DO SER. 5ss. 92. 127s aparência. 104. 112. 15. 90. 83. 5. correção administração de recursos humanos. adiantar-se. 21. 71. 125s. 186. 87s.190.148. 15. 94.144. 119. ilusão.161. 24. 47. 74ss. 195ss. 18. 22s. 128. 6. 144s. 205s ANTROPOLOGIA.152. 76. 65. 61s.151ss. 112.178 ALETHEIA. convocação. 126. 35. 201 s. xxii. 135. 183. 17s.65. 120. 16. xxi.610-c.54. 136. 145s arrependimento.116s antecipação.64. 154. 1SS ACONTECIMENTO. 114s.169. 138s. 60s. 5ss. 107s. 139. 192.74. 53s. 104. 120. 198s animal racional. 170.117. 50 abertura. 64. 196s ABISMO. 179. 196 alemão. 21. 92. 66. 188. 141.103 ambiência.34. 98s. 139s.190. 7ss. 139.168. 20. 48. 12. 31 s. 167. 152s. 30. xxi.58s. XXÍÍÍ. 181ss. 30s.320-c.161s animais. Alemanha. 194.40. 22.185s anteceder.187 apelo. 203s A CADA VEZ.).42s. 126. 178 ANGÚSTIA. 171.188 APRIORI. 126. 75. 185.179.182s. xviii. 81s. 15s. Aurélio (354-430).205 afinação.204 Alberto Magno (c.119.78. 116s.161 América.47. 37s. ser-aí. 70s. 185. alemães. 37ss. 174. 173. 3. 36.155. arquitetura. 134. 125. 44.47. resguardar. 71 Anaximandro (c. 9ss. 51. 6. 60s. 180. 33. 38s.156. 190 Aristarco de Samos (c.149 ameaça.185. lá. 172. 52ss. Agostinho. 40s.203s Adão.193s.121.150 amor. 185 abrigar. 24. 28. 67ss.52.131. 67. 33s.546 a.149s. 22s. 179s.24. 194 algo.118s.64. 15. 140. 181s. llls. 149. 142. 16s. 19.51. 182. 37. 47 Aristóteles (384-322 a. 88ss. 93ss. 33s ARTE. 34s. 132. lOIs.C). 151s. 54. 196. 105. 93 agora. 204 alguém ver impessoal alma. 135.82. ver também mundo circmdante ambiguidade.99s. 30. 55. 39. 123. 49. 34s. 182s a fim de.150 antropomorfismo. 78. 77 aí.C.1220-80). 43. 57. 91.205 . 2ss. americanismo.145s. pré. xx.87s. 147 ARMAÇÃO. 154s.187.174. ver também verdade. xviii. 94. l.195 aristotélico. 91. 126. 37.168 agradecer. 88ss.250 a.76. 129. 65. 84s. 42s. 91. 31.185s. 142s. 182. 40ss. 40s. 141. 5s. 16. 47. 150. 88. 131. 120s. 137. 103s. 197 COMO APOFÂNTICO.201$ cativação. 203s CIRCUNVISÃO. 155. 80s. 42. 67s. 76. 134s.153ss. 19. 116s.116 Camap. 118. 80s. llss.193 budismo. 104. 139s. 117s. 152s. 90. 116s companherismo militar. 157s. 61s. 66. 103.l51s. 59. 16. 54 AUTENTICIDADE. 143.149. l O l S.203s Clauberg. 194 ateísmo. 31 s. 133s. xviii. 116s. 198s Blochmann. 34s. 154.159s.159s. 90s. 37s.150. 68s. 119 certeza. 90.138s. 191 ciências sociais.55. reunião. 145. 151s. 55 condição de possibilidade. 128. ver também COMPORTAMENTO conflito. 30. 36. 99s.195 cálculo. 197. 39. 18s. 55. 24.206 calvinismo. 98s.186s. 151ss. 169 Bõhme. 47 caos. 119 católico/protestante. o Como.134s. 204s . 104s. 114s. 74. Rudolf (1891-1970). 5. 149s Brentano. 90.199. 88. 40s. 27s. xxiv.177. 87. 127 Beaufret. Jean. xx. Alfred (1887-1968). 199 capitalismo. 112. 138s. 57s. 20.l25s. 36.188 coisa em si. 205 como. 14ss. 125. 87s. 22. 79ss. 125. xxi. 16s. 15. 37ss. 191s comunidade.179. 142.194 ausência/presença. 111. 47. 98s.162. 69s. 40. 53s. 48. l O l s. 190. 98s. 52s. Jakob (1575-1624). Marco Túlio (106-43 a. 98s. 15. 204 compreensão do ser.). 158. reunir. 14ss.147ss.204. 141. 116.155. Franz (1838-1917).190ss conceito essencialmente contestado.18s.186s. 52. 118. 120. 33s. 25. 8. 178s COMEÇO.185.162. 64. 48. 148. 47s. 98ss. 162. 107.176.214 Índice geral ARTICULAÇÃO.173s.182s. 17ss. 153SS COMO HERMENÊUTICO. 87 COMPORTAMENTO. 66. 85s. 124s. 64. 103. 205 ciências humanas. 48. 4. 38s. 140s. Johannes (1622-65). 41. 38s. 193 Bíblia. 125 CLAREIRA. 182.202s autoritarismo. 147. 152. 197 céu. xxix. 92 beleza. 5s. 147. 3. 16. 149ss Baumier. 182. 190. 14. 85. 18. 124. 131s. 159 cognição ver CONHECIMENTO COISA.158s caverna. 156. 126. 38s.155 CARTESIANISMO ver Descartes Cassirer. 106. 32. 202s. Elisabeth (1872-92). xx. ver também Platão cegueira para o ser. 79ss. 87. 76s. 59. 30. 40ss. 67s ATUALIDADE E POTENCIALIDADE. 151. 104. 60s. 74 bolchevismo. 18s. 68. 56ss. 15s. Emst (1874-1945). Noam (1928-). 198ss biologismo. 130.152s. 148. 104s categorias. 18.188 companheirismo. 14. 9s bem. 17ÓSS assassinato. 21. 136s. luz. 128. 179s. 173. 133s atitude natural. 9ss. 71.204s ciência natural. 27. 25s. 170.175. xix. 67s. 176s. 20. 33s. 133s. 18s. 73. 106s. 71s.47. 162. 125 CIRCULARIDADE. 173s. 16s atar.4 Is causalidade.142s. 159 Cícero. 104. 185s. 157.97s.97. 190s. 43. 80 BIOLOGIA. 130. 19. 98s. 66. 201s CONDUTA. 16. 58. 46. 79SS. 118s. 131 Cocanha.133s. 118SS COMPREENDER.200s. 187s. 43. 98s. 91 CIÊNCIA. 116s. 153s calcular. 72. 78.107s. 193. 60s. 86.172s. 90. 89 Chomsky. 9. 20s. 84s. 120 conceito. 65. xviiis.C. 125. 70. 131s.118s. 144 comparação. 160 assembleia.189s. 112. 87s. 185.203. 5$. 199. 101. René (1596-1650). 60. 153. 170ss. 35. 117. 59. 172s.44. 6. 64. 37s. 155 criação.91. 14. 58. 112. 126. 143s. descobrimento.41. 20 Is. 5ss.Índice geral CONHECIMENTO. 46. l Is. 91s.99. 3s. 30. 5s desprendimento ver SERENIDADE DESTINO.144. 107s. 101s crise.169. 205 conhecimento de si. 9. estrada de.183. 39s. 24ss CONVERSA. 143. 132. 68s. 148. D6s.197 CONSCIÊNCIA. 51.131ss. 49. 182s. 129s. 139.91s.151.174. 98s. 41. 88. 93. 22s.152. 155. 14. 200.56. 30. 18. 60s.146s. 159.79. 115s. 17. 123. 23. 58ss 60. 69. 98s. 187s. 31 s.59. 145 contemplação. 147s. 37sS.96.194 descoberta. 160s DESENCOBRIMENTO. 166ss. l Is.205 construir. 56. 144. 158. 140. 118. 194.195.66. 4SS.130. 111. 72s. 55.71. 179s. xvii . 7. llss. 22ss. 5.182.126. 148. 36.114s.130. 162. 180.70. 22. 140s. 182s.157s constância. IO. 158s. 79s. 143s. 157ss. 56 conjuntura. 160. 185. 140.71. 126. 132. 88s consciência moral. 54. llls. 71.190s. 102.184. Wilhelm (18341911). 24. 202ss.169.68s. 177s.202 DECISÃO. 215 118s.180. 139. 9. 83s. 20s. xx . 155. 145. 94. 139. 115 desvigoramento. 74s. 174s consciência de si. 7s.183. 32. 205 DEUSES. 14. 162. 15s. 135.71. 80ss.205 CURA/CUIDADO. 196s COTIDIANIDADE.158s. 8(s. 130. l. 176.185ss. 139 degeneração. 12. 151. 183. 16s. 41. 197. 33s. 43.50.168.165s. 149. 88s.16s.131. 31ss. 30.).67.195 Couturat.163. 33s. 204 DÉBITO/CULPA.198.103. 37ss. 133s. Louis (1868-1914). 22ss. Nicolau (1473-1543). 54ss.133s. 55.126. 71.152s. 146. 25ss.108. 103s. xvii. 66. 144SS DIFERENÇA ONTOLÓGICA.130. 67. 37ss.205 definição. 25s. 58s.166. 139. 179s. 79ss. 123.90s. 17s.168.153.154. 198.128. 90.84s. 201. 149s. 113. 159ss. 10. 56. 47ss. 52. 107s. xviis. 115. 50 Discurso reitoral (de Heidegger). 40ss. 43. 26ss. 139. 179s.59. 120s.107s. 157. 199 CONTRIBUIÇÕES PARA A FILOSOFIA (DO ACONTECIMENTO). 20s.162.128. 185. 23. 120s.134s. 190. 147.66. 67s. 47 corpo. Da-sein. 123. 66s. 60.10.195s. 204 diálogo. xxiii.143. 153.129. corporifícar. 77s Damasco. 99. 46s. 70. 8.63.142. 66. 190. 51 discurso ver DIZER discurso. 112. xvii. 88s. 146 DECADÊNCIA. xxiv. 124. 63. 173. 15s Cristo. 146. 115 DEUS.46s. 24. 127s. 157. 67ss. 29ss. 81. 35s.194. 74. 94s. 49 53. 195. 47s. 174 Delfos. 159s DICHTUNG.57.198s correçao.33ss. 52s.204 direcionalidade. 193 dialética.207 dever. 205 crianças. cristandade.71. 195. 176 Descartes. 108s. 14. 5s. x<i. 170s. 98. 85. 71s.79s.98. 168s.174. 190. 82.87s. 31. 203 Dilthey. 157. 182s DESTRUiçÃO. 33. 130. 51. 31.182s. 31ss. ver também diálogo Copémico. 170s.201.188.172. 26ss.190. 35ss. 31. 81. 60.170. 15s. 94 contradição.17. 15. 35 Darwin. Charles (1809-82). 27. 27s.204 desconstrução. 29 DASEIN. 18. 108 .51 DEIXAR (ser etc. 174. 190s.51. 205 cultura.197 desocultar. 7s. 14. 27s. 146. 49s. 149. 134s.49. 20ss. 104s. 189s desvelamento. 14ss. 204 curiosidade.24s. 113s.158.150.196. 42SS.57. 18s. 55.152s. 129s.).30. 118s. 6. 46. 61. 205 eu. ser em. 8. 5s. 185.172. 11 Is.186 enviar. 52SS.81ss. 153.129. 93. 55. 127s. 58s. 23.177. 104s esquecer. deparar-se com. 33. 158 esperança. 132.82s. 131ss. 155s. xxiii. 66. 191 Europa. 30. 18. 115. 86. 34s.198 eqüiprimordiais. 59. 141. 58. 129. 22s. 64.104. 145 escutar. 84s. 124s. 101. 49s ESPAÇO.149 espírito absoluto. 116. 104. 87s. 47ss. 145. 9. 46s. QUE ALGUÉM SE 31. 48. 82s. 97. 191. xxiii.151. 54. 46.186. 67. 36. 28. 69s.164s. 41. XXÍÍ1. 112. 76. 90. 49SS. 51. ESPACIALIDADE. 151ss. 77s ESPÍRITO. 19. 60. xviii. 83s. 49s. 178s.131.104s. 56ss.36.74 ecstase. 43. 90. ecstático. 142. 123. 141s ESQUECIMENTO DO SER.185s.154 Dostoievski. l. 204 esquema. 87. 111. 81. 170s existência/essência. 193s exatidão/rigor. 176 empirismo.28. 186 Eckhart. 115s. 67. 183. 43. 15 ESSÊNCIA.79s. 52. 6s. 5ss. 125. 30s. si mesmo etc. 178 EXISTÊNCIA. 20ss. 27s. 66s. 155s. 43s. 152. 67.l327). 87ss. 52s. 150. 93. 63. 94.103s. 81ss. 143s. 37. 182s.19. 164.41 EVENTO. 89. 60s. ENQUANTO. 33s. 146.).67s. 59. 74.120. xxiii.27s. 87s.184.C.93ss. 41s. 111. 30s. ver também entes entes. l Os. 11.161. Fiódor( 1821-81). 177. esquematismo. 36. 36. 22. 7ss.180s. 193 estoicismo. xixs. 202 EPISTEMOLOGIA. xix emoção. 69. Is.137. 60s. ver também eu em função de (o qual.l260-c. 112s. 145ss.171. 39. 186s Eddington.193ss.119. 42.173. 57.195 em. entidades. 86. 48s ENVIO. 31. 125.101s. 203s estética. 183. 51. xvii. 104. 97. 206 essencializar.113. 4.198s época. Desidério (c. 58s. 126. 184.1469-1536). 18s. 164 eternidade. 127s. 51 s. 97 escultura. xix. 2ss.185. 44. 202 ética.183 espaço. 96s distúrbio. 176 distancialidade. 202s. 37. 133. xix. xviü. 162. 101. 159s. 124 ESTRANHEZA.162. 106.65. 101 distância. 66 encontrar-se. 56s. Johannes (Mestre) (c.67s.191. 203s. 72. 104s. 139. 51 espírito-do-mundo. 68. 152. 92. 51.43. 26 Édipo.92s.127s. 54s. XXÍÍ. 129 "é". 188 entusiasmo. 10. Sir Arthur Staniey (1882-1944).195s eterno retomo. 72.59s. 66.190 ENTRE.24. 82. xxi. 124 encobrimento. 91 errância. verdades eternas.66. 40.44ss. 49.31s. 130.119. 135 Erasmo. 53. 82. 5s. 71. 56 escolha. 147 egípcios. 20s. 145. 18. 42ss. 186.178s. 186s esquerda/direita.139s. 90. 139 esperar. xxi. 164 . 70 DITO. 204 epoche. 149s eu-vós. 36. 30. 183. 131s. 136s espaço de jogo. l S entes. 147ss. 5. 119s. 58s.126. 29. 204 especialização. 50 Esquilo (525-455 a.216 Índice geral DISPOSIÇÃO EM ENCONTRA.30. 101. 185s. europeus.162. 133s.190s entidade. 201 ego. 75. 198 etimologia. 92s. 14. 72.20s. 116 empobrecimento-do-mundo. 52ss. 54ss. 69s. 22s.118. 51 espírito objetivo. xviii.121. 104s. 194 ficar de pé.55. xx. 120. 125s gramática. 101. 32s. 35. 32s.. 129 falta de ser. 82. 134s. 170ss. 154. 185.24. 176. 196 falta de sentido. 67s. 201 Fichte. 18. 10. factualidade.194 Hegel. 201 existencial/existencíário. 67ss. lOIs.28. 31.146.91s.86s.57s. 148s falta de mundo. 118 formação-do-mundo. 139s.204 EXPERIÊNCIA. 152.58s. 91.103s. 151s. 42. 124.89. 138. 17s. xx.162 FACTICIDADE. 15. 36. 143. 2. 143s. 6 FUNDAMENTO.133s.187. 28. 131. 106s. Grécia. 179s. 183s fisiologia. Georg Wilhelm Friedrich (1770-1831). 36. 104. 23. 24. 140. 53. 188.139. 48. 149s. 95. Paul (1882-1968). xxiii.111. 200s. 127. 31 s. 166.82. 63s. 14s. 47. 112. 2. 184. 119.197s falácia naturalista. 72.59s. 146. xviii. 79. 196. 16s. 186 geração.198s. 151 S.71. xvi. 188. 21.40.20. 21. 64.154. 67. 117. 126. 63s. 188 forma (platónica).204s experimento. 15.73. 131s. 170 fazer. 61. 173.148. 55.51. 124.199 Fink.151 género. 89. 179. 73. 17.40. 65SS.188. Gottlob( 18481925). 131. xx. 184s. 15. Nicolai (1882-1950).78.158s. 177s. Stefan (1868-1933). 58. 27. 111. 60s. 188. 83ss gigantomania. 198.200. 65. especulativa/crítica. 205 guerra. 80s. 182. 127. 49.47. existenciários. 98s. 58.190. 79 fissura. 205s Goethe. 58. 123 fenómeno.59. 120. Eugen (1905-75). 133. 84s. 40. xxss. 163. 144. 135. 126. 16s. 20s. 170. 103. 51.173 FILOSOFIA . 6. 124. 38s. 18s. 193ss filosofia medieval etc. 47s. 76ss.23. 10.204 .170 graça. gregos. carência.168. 120s fatos.75s. 62s. 198s FALA.60s. 33s. 125. 136s. 84. 139. 5s. 181s. 40s.41.34.161. 153. 148. 49. 105.169. 169. 189. 140.204 filosofia científica. 60s. 71.197 falta. 16. 25s. 123s. 152. 205 forma e matéria.Índice geral existenciais.205s fim. 59. 139s George. 142.140 grandeza. xix. lOIs. 77.195. 90s filosofia de vida. 145 formas simbólicas. 149.18K.85. 159. 63. 62. 16. 79. 5ss. 69s filosofia da história.2C4s 217 FINITUDE. 58. 59s. 113.128.17.16. 107. 43 FALATÓRIO. 160s. 71ss. 53s.186s. 71. 80. 25. 204 Galileu (Galileu Galilei). 195 falsidade. 69ss. 184. 10. 28. 87s. 111. 191. 21. 63ss. 172 Friediander.32. 165. Johann Wolfgang von (17491832). 195 formar. 133. xxi. 181. 191. 21 s. 16. 131. 139. Johann Gottlieb ( 1762-1814). 116. 182. 126. 1Ç8 filosofia do valor. 132.125s. 105. 5s. 52s familiaridade. 40s. 146.65.204 Hartmann. 118.19. 161. 24. 15. 176ss.141s. 18. 152s. 64. 143s. 31.159s. 160s. 85.19. 14s. 74ss. 150. 144. 151s. 10. 136s.31s. 88. 145. 116. 118.34. 135. 138. 206 grego. 10.181s fé. 65. 61s. 60ss. 203.31. 15. 133 física. 147. fundar. 15. Hildegard. 39. 82s. 36. 104 Frege. 53. 139 formalismo (ético).. 129 filme. 21. 193 Feick. 189s. 116.193.72. 65 ss FENOMENOLOGIA.171. 16s. 66s. 176. 65ss. 170s.40s.200 FUTURO. 111. 16 Is explicação. 190 genitivo.120. 123. 25.). 39. Homero (séc. 193 hífen. 29s. 204. 41. 39. 142. 4s. 161 Hermes. xxiv.202 instrumento.141s.102. 204ss imagem-de-mundo. 71.).171. 112. 95. 49 igualitarismo. 90s. 34. 82. 72s. 17s intencionalidade. 103.197. 81ss. 24. 127s. 146. xx. 92. 103ss.61. 104 IMPESSOAL.188.179 indicação formal. 195 ideal/empírico. 60. 97s. 175SS indiferença.159. xx. 84s. xviii. 43.484-c. 63. 125. 9. 25. 9 história do mundo. 49. 175.200 ideal de bem. 57s.130. 67. 80. 139s Higino. xxi. 19.C. 83ss.134. 71. 132. 142: 144. 104.147 INTERPRETAÇÃO. 90. 35s. 112. 186s HUMANISMO.159s. xvii. 140. 115s. 144.198. 58.202 humor básico. 88s. 86. ÍNDICES. 132s.168.146. 103ss. 37. 185.180. 205 IDEIA.David(1711-76). 115. 48s. 185 INAUTENTICIDADE. 155. 21. 199. 33ss. 103.49. 103.188 Herdei-. 42. 104s.475 a. 34.134. 168s. 179. 150 Hõlderlin. 66s. 118. 128.183 HOMEM. 74.71ss.205 ideias inatas.76ss. 91. 13. 64. 182. 169. 116. 198.viiï a. 67. 85s. 121s. 67s. 45. 146. 12. 103s. 67s. Edmund (18591938). 125s.C. 121. 141. 139. 114. 149 HUMOR. 21. xxii. 50. 61. 67. 135. 121. 80 Heródoto (c. 126. 85s. ver também utensílios inteligência. 132.185. 14. 118.159 imortalidade. 92. 3s. 10. 77. 106. 21. 31. 6 hierarquia (de entes. 189s. 201 herói. 184s.176. 118s. 16.144. 205 Humboldt. 177.123. 7ss. 112.182. 141. 67 HISTORIOGRAFIA. xxs. 4. 71 s.154. 171.425 a. 21. 172s insetos. 17.186 inconspícuo. 119. 91. 83. 200 interno. xvi. 161s. 27. 8. 79s. 192. 176.159s. 172. 101s. 206 HISTÓRIA DO SER.64.149.152. 148. 35s. 82. 123. 46s.170. 55. 57.73. 68s. 116s. 102. 126.160 Hesíodo (séc.171. Johann Gottfried von (1744-1803). 131.51. 193 ideal/real. 81ss. 33ss. 91SS. 188s. 89s.114. 113ss. 102. 87ss. 84. 103. 80s. 102.180 in(-)finidade.47. 93ss.161. 148s. Wilhelm von (1767-1835).164. 21.540-c.). 149. 83s.40.159. xxii. 79s. 129. 20. individualidade. 166. 172.66. l. 152. 20. 27. 91 Hume. 193s idealismo. 21 s. 3. 129s. 107. 205s. 80. 79ss. 17.204 . 69. 89.160. 7. 161ss. 178s. 71s. llss. 126s. 64. 92. 22s. 68s. 60s. 96.48. 35s.186. 162.144. 9. 204ss imaginação.200.C. Caio Júlio (séc. 66. 6 HORIZONTE. 176.45. 90. 18. 139s imagem. 59 INSTANTE (de visão).124. 87.96ss.197. 203 HISTORICIDADE. 85s.40 indicação ver referência INDÍCIOS. Friedrich (1770-1843). 47s.C.202s historicismo. 173. 140s. 4. 34. 135. 129.133. 51 inteligibilidade. 6s. 83.70. 124 insistência. I). 150.98ss. 60. 49s. 15. 157.).193. 162. 2. 97.204. 66. 91 HERMENÊUTICA. 25.186 inferência prática.185s idealismo alemão. 175. 158. 33. 16.105.161. 159s igrejas.24.vm a. 156 individualismo. 37ss. valores). 103ss.162. 60s. 94s.155. 25. 149s iluminação (de) velamento. 67.116s.134s. 143. 50. 39.218 índice geral Herádito (c. interior. 87ss. 148. 79ss. 161 s Husseri. 79s. 184. 83s história. 28. 84. 145.53s. 128. Índice geral intervalo ver distância intuição, 71 s, 104, 155,200 inutilidade, 70s invenção, 145ss inversões de ordem de palavras, xxii, xxiv, 55s, 132, 202s investigação da alma, 174 irracionalismo, 126,182s isolamento, 115 s já,140s, 145 Jacobi, Friedrich Heinrich (17431819), 129 jarra, 17 Jaspers, Kari (1883-1969), 59, 69, 168, 169 Jean Paul (Richter) (1763-1825), 129 JOGAR, lOlss, 139,146 JOGOS,lOlss Johnson, Dr. Samuel (1709-4), 32 jornada, 119 jornalismo, 16, 87 judaísmo, judeus, 149 julgamento, julgar, 127s, 138, 153, 158s, 161s, 194 JUNÇÃO, 24, 176ss Jünger, Emst (1895-1998), xvi, 130, 182 juntar, agregar, recolher, 17, 64, 126, 133s, 140 justiça, 126,129,177s KANT E O PROBLEMA DA METAFÍSICA, 103SS, 159SS Kant, Immanuel (1724-1804), xx, 6, 20, 30, 44, 47, 50, 54, 57, 59, 62, 71ss, 76, 86, 88, 90, 101,103ss, 107,120,143s, 145, 147,157,159s, 162, 169,171, 183,185, 190, 193, 195,199,203 Kapp putsch (1920, Wolfgang Kipp (18581922)), 153 Kierkegaard, S0ien (1813-1855), 33, 59, 161,176 Klages, Ludwig (1872-1956), 127 Kuhn, Thomas Samuel (1922-), 131 latim, xxi, 22, 58s, 87s, 91s, 125 138 legislação próprk, 88s Leibniz, Gottfried Wilhelm (1546-1716), 17,44,59,7490, 124,149,159 219 leis da pressão, 14 lembrar, 33s, 68, 142 lenda, 44s Lessing, Gotthold Ephraim (1729-81), 91 LIBERDADE, 30, 35s, 54s, 72, 75, 90, 103s, 106ss, lOIs, 111, 124, 143s, 146, 150, 151,179s, 191,199 liberdade, positiva/negativa, 106 LINGUAGEM, xviss, xxiiis, 18s, 21s, 44s, 63ss, 69, 79s, 98s, 101, 104, 114, 137, 144,145s, 156,162,167,173,174,176, 178,195ss lógica, 18, 63, 80s, 88s, 103,123,133,139, 147s, 153,175s, 194 lógica concreta, 83s LOGOS, 65, 87s, 126, 133, 144,153ss, 178, 187 Londres,!, 170,196 Lotze, Rudolf Hermann (1817-81), 193, 198 lugar, 49s luta pela sobrevivência, 29, 199 luteranismo, 40 Lutero, Martinho (14831546), 91 B mal, 159 Mannheim, Kari (1893-1947), 48,98 MANUAL, xviiis, 9, 16s, 27, 35s, 94, 113ss, 157s,167,175s mapas/senso de direção, 20,103s, 144,15 Is máquina, mecanização, 15, 71, 114, 119, 126,128,181, 183,205 MAQUINAÇÃO, 4, 15s, 33, 52, 126, 127&, 181ss, 195,205 Marx, Kari (1818-83), 40 marxismo, 51, 92,150 máscara mortuária, 117, 162 massa(s), massivo, 53s, 97,115, 149 matemática, 14s, 20, 22,49, 61, 66,72, 80s, 151s, 157,176s, 178,182,185,205 materialismo, 37, 112 medianidade, xvii, 96s, 113 ver também cotidianidade medida, medição, 112,130,146, 151s, 155, 206 mente, mental, 51, 161s, 180 "mesmidade", 17s, 35, 56, 70, 143, 144S, 166s, 201 220 índice geral METAFÍSICA, lOs, 15,24,30,35,40s, 48,53, 59,69s, 82, 84, 88, 91,103,105,lllss, 121, 127s, 129, 131, 133s, 147, 149, 154,159s, 169,177,182,191,198,203, 205 metaontologia, 132,169 Minerva, coruja de, 71 mistério, 11 ss, 36, 202 misticismo, 36s, 74, 134, 182 mito, mitologia, 104, 135 mobilização total, 18s modernidade, 8s, 10, 16s, 53, 162,179, 205 MODODESER, 18, 37s, 58,21, 87, 97, 113ss, 157,165,185s modo deficiente, 27,46,113s mônadas, 90 MORADA, FALTA DE MORADA, 36, 89, 94, 96, 115s,121, 155 moralidade, 12, 22, 33, 31, 70, 90, 104s, 129s, 177, 194s MORRER,116s, 195 morte de Deus, 41 s, 127,129 morte, extinção, 116 MORTE, 4, 22, 32, 33, 46,47s, 49, 71s, 76ss, 83s, 116ss, 124s, 134s mostrar, 65s, 44, 137, 139s, 175 motor diesel, 70s, 181 motor imóvel, 111 MOVIMENTO, XVÍÍÍ, Is, 32, 118SS mudança, 17, 118s MUNDO, xviii, 4ss, 7, 9, 14, 17, 18, 22s, 28, 29ss, 34, 36, 37s, 42s, 44, 45, 55, 57s, 60s,64s, 65, 68, 69, 73, 75,8 Is, 88, 90, 92,93,97, 101, 103 106, 111, 114, 115, 120ss, 123ss, 132, 139, 140s, 145, 151, 152s, 153s, 157ss, 162, 166, 167s, 170, 172, 175s, 179, 181s, 185, 187, 190, 194s, 196, 204ss "mundo", 31,120 mundo circundante, 98s, 120ss, 158, 196 mundo-com, 120s mundo-da-vida, 66 MUNDO EXTERNO, 67s, 90, 157SS, 191 mundo invertido, 17s mundo-próprio, 120 mundo real, 127,129s nacionalismo, 149ss NADA, XIX, 8, 17, 43s, 48, 71, 111, 121, 123ss, 129 Namier, Sir Lewis Bemstein (18881960), 96,141 não, nulidade, 23, 58, 73, 118, 123ss não dito, 44s, 85, 159s, 174s, 187 não-verdade, 45, 197 nascimento, 4, 32,46, 83s, 108, 134,170 naturalismo, 67s NATUREZA,xx,15, 36,47,60s, 76, 71, 90, 113, 114, 121, 125ss, 132, 139, 151s, 172s, 178,187s,201s nazismo, 25, 16, 51, 149s, 174s NECESSIDADE, 147ss, 199 NEGAÇÃO, 123SS neokantianos,20,41, 103ss, 132, 168, 193s Newton, Sirisaac (1642-1727), 149, 151 Nietzsche, Friedrich (1844-1900), 4,10, 24, 33, 41, 43, 48, 53, 88, 90s, 92, 98, 71, 112s, 127ss, 129, 135, 145, 149, 162, 166, 176,179,193,195,198s, 202 NIETZSCHE, 127SS NIILISMO , 4, 10, 21, 40s, 53, 56, 113, 117, 125, 129ss, 150 ninguém, 96s nivelar, 96s nomear, 23, 63, 64s, 135,139s nós, 88s, 150 Novalis (Friedrich von Hardenburg) (17721801), 116 obediência, 144 objetivação, 179s objetividade, 68s, 126,146,174,194 objetivismo, 180 OBJETO, 4, 9s, 36s, 56s, 66, 67, 85ss, 87, 91, 92, 101s, 126, 144, 145, 178ss, 181s, 189 OBRA,9ss, 181 s, 194 obrigação, 106ss, 193s Ocidente, o, 78,11 Is, 128,129s, 135,149s OCORRÊNCIA, 2SS OCUPAÇÃO, lis, 26ss, 31s, 119,135,204 ódio, 7 olhar, 14 ôntico/ontológico/pré-ontológico, xviis, 5s, 25, 28, 30, 35, 37s, 40, 59s, 79s, 93, 104, Índice geral 126, 131s, 133, 135, 152s, 158, 176, 190ss, 195 ONTOLOGIA, 20ss, 32s, 40s, 57, 60, 72, 79s, 103s, 111, 126, L31ss, 134, 151, 154, 160s, 190 ONTOLOGIA FUNDAMENTAL, 24, 116s, 131ss, 169, 190ss ontologia regional, 131 s ONTOTEOLOGIA,41, 111, 133SS OPORTUNIDADE, 185s oposição, xxi, 125s, 187s organismo, organicismo, 68, 114s, 125s organização, 51, 150s órgãos do sentido, 7 Is orientação, 49s ORIGEM, originalidade, 81s, 133ss, 159ss, 184,186s ou-ou,33ss outro começo, xxi, xxi v, 8,24, 31, 34, 71, 73,78,84s, 87,117s, 136,159,185,205 OUTROS, 68s, 96, 98, 114, 120, 135, 151, 152s, 166ss ouvidos, 137 OUVIR, 11, 64, 98s, 136s, 138, 139, 146, 155,174 paixão, 7ss, 60s, 174,179s PALAVRA, xvi, 24, 63ss, 79s, 98, lOIs, 127, 138ss,153s, 172,173,195,201 palavras básicas, 64s, 107s, 112, 139 palavras compostas, xxii, 56 palavra-conceito, xviiis palavras essenciais, xxis paradigma, 131 Parmênides (c.515-c.445 a.C.), 125, 134, 144 Pascal, Blaise (1623-62), 161 PASSADO, 4, 32, 33, 54s, 58, 76ss, S3s, 86, 90, 140ss, 159s, 164, 186, 200s pastor do ser, 128 Paulo, são, 40, 120, 168 pecado,22s, 40s Pelágio (c.354-c.420;, 105 PENSAR, pensador, 5,16, 24, 37, 43,57, 67, 70, 71s, 82, 85, 87, 95, 104, li7, 127s, 133s, 135, 139s, l42ss, 149s, lí4, 145, 163, 169, 175,175s, 178, 183, 206 221 percepção, 16s, 67s, 88, 90s, 94, 128, 144, 158s, 162, 196,200 Periandro de Corinto (?-586 a.C.), 121 perigo, 96,146, 204 permanência, 112,146, 149, 201s perspectiva, 90s pertencer, 136s, 143s, 171 pessoa, 87s Petrarca, Francesco (1304-74), 91 PHYSIS, 125ss, 153, 178, 181, 185 Pico delia Mirandola, Giovani (1463-94), 92 piedade, 36, 170 pintar, 16, 145, 162 planejar, 51, 206 plantas, 132, 198 Platão (c.427-c.347 a.C.), xvii, xix, xx, xxi, 5s, 10, 39, 43, 52, 55, 79, 90, 126, 142, 143,154,159,160,163,168,177s, 196, 183,200s, 203, 205 platonismo, 63,128, 129,172 poder, 127, 129, 139 poder-ser, xxiii, 8, 3 Is, 141, 147 POESIA, poetas, 11, 23, 44s, 51 s, 55, 65, 87, »88, 128, 140, 142s, 144ss, 149s, 152, 156,174,176,199 polis, 49, 89, 149 política, 15s, 71, 127, 149s, 177 porquê?, 75, 106s, 124s, 149 posição, 129,205s posição prévia, visão prévia, concepção prévia, 79s, 99, 134s positivismo, 51, 129s POSSIBILIDADE, 10, 18s, 48, 55, 60, 74s, 77, 83s, 86, 90, 99, 106, 116s, 124, 141, 147ss, 151, 159s, 165, 170, 189,202 povo de visão (augenmenschen, 205) POVO, xxi, 2, 44s, 51, 65, 89, 102, 71, 146, 149ss, 176, 191s, 199 prazer, 101 preceder a si mesmo, xviii, 28, 76, 141 predicação, 17, 61s, 65, 66, 154s, 178s pré-história, 16, 135 PREOCUPAÇÃO, 26ss, 135,204 preservador, 9, 39 pressuposições, 80s primordial ver origem privação, xvii, 30,99,136s 222 Índice geral problema, 139, 143, 159,203 produção, 51, 148,162s, 179,205 progresso, 70,87 projeto (cão), 9, 19, 15, 20, 23, 44, 61,75, 76,82,85s,89,107s, 132,136,142,145, 151ss, 171, 173, 185, 191, 200, 204 PROPOSIÇÃO, 1, 36, 44s, 64, 98s, 126, 139s, 144, 147,153ss, 195ss proposições, 14,17,44, 70, 143s, 193s propósito, 77, 129 propriedade (posse), l, 46s propriedade (qualidade), 16s, 42s pretensão, 67s prova, 70, 157s PRÓXIMO E DISTANTE, 17, 49s, 66, 101, 121, redução, 67ss referência, referencial, 65, 114, 121, 172, 175 reflexão, 15, 142s, 179s, 182, 198 região, 35, 37, 49s, 54, 91 . regras, 101 relação sujeitoobjeto, 5,46, 54,175,178ss, 191,194,198 relações, xviii, 6, 27, 114, 119s, 129, 132s, 150,172s, 175s, 194,196 relatividade, 15 religião, xxi, 24, 40ss, 104, 128s, 143, 205 reminiscência, 16, 33, 141s, 159, 161 Renascença, 91,149 Reno, 182 REPETIÇÃO, 4, 33, 48, 84s, 86, 141, 159ss, 168s,189s,202 REPRESENTAÇÃO, XX, XXÍÍ, 5s, 10, 16, 65s, 132s, 155ss, 176 psicanálise, 150 70,59,75ss, 91,89,112,125s, 139,143, psicologia, 14, 20s, 38ss, 58, 60s, 63, 66s, 161ss, 179s, 196, 198,204,205 88,172,193s rescendência, 192 resistência, 14, 159 psicologia detetivesca, 174, 176 psicologia RESOLUÇÃO, 21, 25, 33ss, 48, 51ss, 58, 77, genética, 69s psicologismo, 63, 66s, 172s 84, 152s, 159, 169,174s, 186,195,200, publicidade, 16, 25, 31 s, 51, 97, 115s Puchkin, 202 Aleksandr Sergeievich (1799responsabilidade, 87s, 97, 146, 195 restrição, 1837), 129 36, 82s, 119s retenção, 67s, 77, 141s reticência, pulo ver salto 176 reticências (como Heidegger faz uso de), xv,174 revelar, quadratura, 17, 156, 189s 181, 182 revolução, 71 qualidade/quantidade, 206 Rickert, Heinrich (1863-1936), 85,193 Riehl, quem?, 88s, 97, 150 Alois (1844-1924), 20 Rilke,RainerMaria(1875QUESTÃO (QUESTIONAR), xvi, 14,43,70, 88, 1926), 117, 146 romantismo, 16, 126, 128s, 115,132s, 138,142ss, 168,177s, 200 149, 150 Roosevelt, Eleanor( 1884-1962), 160 questão básica, 43,112, 203 questão do ser, 34, Russell, Bertrand (1872-1970), 155, 165 Rússia, 52, 81s, 132, 143s, 147, 150 160,168,203s sacrifício, 116s, 133s salto, xxs, 15, 24, 87, 134, questão orientadora, 43,112, 177, 204 149, 151, 153, questão transicional, 43, 124s 191s salvação, 71, 91s, 107s sânscrito, 140 •Sartre, Jean-Paul (1905-80), 58, 92, 174 raça, racismo, 25, 51, 87,149ss racionalismo, 61 s, 126, 182s raiva, 7 razão, 30, 56, 87s, 103s, 126, 145,154, 159 razão suficiente, 74 REALIDADE , 68, 80s, 157ss, 195s realismo, 20, 180 receptividade, 143s reciprocidade, 203s recursos, reserva, 181 s Índice geral Scheler, Max (1874-1928), 34, 54, 57, 116, 158,159,161,193, 198 Scheiling, Friedrich Wilhelm Joseph (17751854),42,44,59,73,74,103,124 Schiller, Johann Christoph Friedrich (17591805), 91,170 Schieiermacher, Friedrich Daniel Ernst (1768-1834), 79s Schopenhauer, Arthur (1780-1860), 74 segredo, 115s semelhança, 42,145,167, 205 SEMPRE, Is, 97,140s, 145 sensações, 145 sensibilidade, 103, 104s, 159 senso comum, 17s, 135s,203 sentença, 138, 153,172, 196s SENTIDO, xxii, 52, 63, 127, 129, 151s, 157s, 172ss, 194 ; ver também significado sentido do ser, xxii, 39s, 79s, 132, 160, 173 sentir, 7ss, 10,61,93s separação, 33ss sepulturas, 49 SER, xvii, xx, xxi, xxiii, 3s, 4s, 5, 8s, 9, 13, 15, 18ss, 19, 20s, 23, 24, 27s, 28, 29, 30s, 33,34s,39s,41s,42ss,44s, 47, 48, 51, 52ss, 54ss, 57,59, 65, 66ss, 69s, 70, 71,72s, 75s, 79ss, 81ss, 86, 87s, 90,92s, 94, 97s, 107s, 11 Is, 113, 119, 123ss, 125s, 127, 130, 131, 142, 143s, 138ss, 147s,149s, 151s, 154, 157s, 160, 162s, 164ss, 168s, 171, 179, 180, 184s, 186s, 188s, 189, 191s, 194, 198s, 202s,203s ser, 189 SER COM (uns com os outros), 21 s, 29s, 96s, 102,116,120,13;, 159,165s, 167s, 174 ser como presença, 144, 163, 176s, 178, 184,187,200s ser com um todo, 8s, 19s, 28,64,69s,71,75, 81s, 87s, 91s, 9^s, 106s, llls 115s, 124s, 127s, 129s, 132s, 139ss 148s, 162, 171, 188, 190s.l98.205 ser-em-si, 14,157s SERENIDADE, 26, 35ss, 91, 96 ser enquanto tal, entes enquanto entes, 18s, 20s, 36,42, 83, 87s, 89, 112,119i, 124s, 127s.l31s.l33s, 205 SERETEMro, xxii, 9,34s, 38s, 19s, 12., 160s, 165s, 187,195,2(i2s 223 A, 28, 135, 141, 166ss, 168 SER-LANÇADO, 7, 9, 22s, 30, 31, 72, 74, 82, 93s, 107, 118, 140ss, 148, 152, 170ss, 186,191,202,204 ser-nomundo, xix, 8, 20s, 50, 57, 59s, 63, 66, 75, 80, 93s, 101s, 120s, 124, 147, 151, 157,162,170s, 186, 193s ser-o-quê/ser-isto/sercomo, 4, 43, 52, 54s, 58,127 s,164 ser para a morte, 116s SER JUNTO SER-S1MPLESMENTE-DADO, XVÍÍÍ, 3s, 9, lÓS, 33, 44, 46s, 57, 86, 106s, 125, 133ss, 147, 153s, 157s, 167, 170, 175, 179, 183,195s,201,204 Seuse, Heinrich (c.12951366), 36 sexo,29s, 87s, 167s Shakespeare, William (15641616), 15 Si MESMO, 2, 3, 12, 19, 22, 30, 56ss, 59,60s, 89,97,150,162,166ss, 204 SIGNIFICAÇÃO , 8, 22, 30, 37, 64, 66s, 98s, 118,121,138,151,158s, 172ss, 194s SIGNIFICADO, xxii, 41, 63, 98s, 138, 172ss, 196, 201; ver também sentido SILÊNCIO, 23,44, 64,78,154s, 174ss, 196 similaridade ver semelhança Simmel, Georg (1858-1918), 40, 85 SINAL, 172, 175ss sinalizar, 175ss síntese, 65, 67s SISTEMA, 24, 59,127s, 176ss, 205 situação, 33, 66s, 70, 93, 134, 200 situação hermenêutica, 79, 134 Smith, Adam (1723-1790), 199 sociologia, 14, 97s, 99 Sócrates (c.470-399 a.C.), xvii, 79 Sófocles (c.496-406 a.C.), 89,115,116,148 sofrimento ver necessidade sol, 49 solicitações, 64 solipsismo, 30, 68s, 159 sons, 173 Spengler, Oswaid (18801936), 47, 73, 85, 201 Spinoza, Baruch (1632-77), 124 Suarez, Francisco (15481617), 59 subjetividadc, 6, 19, 144, 173, 179s, 185s subjetivismo, 19, 180 8 Is. 102. 129.224 índice geral subjetivo. 129s. 79s. 147. 22. Georg (1887-1914). 181ss. 31. 82.193ss. 153. 146. 185. xxi. 41.132. 7ss.205 superar. 148. 115. 193ss VALOR. 41 uniformidade. 191 TEMPORALIDADE .193ss. 125s. 41 televisão.36. 3s.69. 157. 61. 193. 17. xx.53s. 49s. 161s. 127s.41. 85. 34. • 191 . 26. 55.94. 33. 4ss. 155s tematízar.116.23. 55 suicídio. 35. 59. 149s.144. 190s.121s. 203s velocidade. xxii. 173. 187 TEMPO.147. 183ss. 168. 48. 178ss. 21. 201 TEMOR. 92. 56. xx. 113.104. 154. 189s. 135. 88s.98. 127s. 58 SUJEITO. 75. 204 VERDADE. 58 substância. 120. 57 ter de. 147. xxii. 177.67. 57.175s.181s.125s. 20s. 139s. 187. 60.179s. 115. 63.101s. 4. 173.16.91.107. 112. 127s. 139. ver também adequação teoria quântica. 19. 12. xviii. 53. 90s. 69s. 132. 116. 90. 134s. 66. 150.9. 148. 129. 173. 147. 42.11 Is. xviii.43. 151. 135.20. 153.72.200ss tempo-domundo. 68. 205 velamento. 184. 24.172. 14.185ss temporalizar. Mark (Samuel Langhorne Clemens.205s TÉDIO. 90. 111. 49. 56. 70.43. 204s transcendental. 195 Turgeniev. 3s. 114 TRADIÇÃO. 181. 15 teórico/prático. 78. 55. 125. 160s.118. 162. 55. 129s tabaco. 29 último deus. 168s. 180 subsistência de si.143s. 38s.14s. 202 verdade do ser. 91s teoria da verdade como correspondência. 8. 173 tomar-se. 15. 18. 76ss. 36s. 75. 14. 182. 54. 51. 20. 155s. 204.460 a. 139s.196.84s.204s ter-a-mim-mesmo. 1835-1910). 191s tomismo ver Tomás de Aquino topologia do ser. 21. 22. 132. 97. 34s. 87s. 81. 195ss.128. 130. 65. 162.C. 150. 28. 129 Twain. 194. 130s. 185.51. 176s.42ss. 55. 113. 66. 73. 55. 129s. 19.93. 190s transição. 179 Temístocles (c. 59. 4s.41. 43. 66. 159. 66. 195. 43. 76ss. 129s. 65s.75. xix. 123. 127s. 42.195ss. 87. 90. 74. 40s. 166. 163.35. 185s TEOLOGIA.24.203 transporte ver entusiasmo transvaloração de valores. 132. 16s.19. 85s. 130.524-c. 112. 107s.140ss. 16s utensílios.161 teísmo. 155. 56ss. 32s. 205 super-homem. 34s. 203 TEMPO-ESPAÇO. 17. 156 universidades. 34. 159s.79s. 177s.161s.201 s totalidade instrumental. 71. 114s. 190. 63. 85. 4.). 49. instrumentos. 73. 71. xxi. 132.106. 24. 8. 139.40ss. 175. 53. 190ss. 167.66.66.46s.16. 112s. 129s. 44s. 183. 10. 67s.187.142s.193 TERRA. 102 tempo e ser. 112. 149.18s. 64. 90. 206 ver. 111.125. 115. 127. 67. 185. 145. 42. 48.132. 103s. 83s. 20s. 112.70.104.145. 65. 19. 101. 15s. 48s. 133. 37ss. 50. 191. 92. 10. 132. 185ss. Ivan (1818-83). 115. xxiv.101.63s.184 TECNOLOGIA. 151. 198. 92.141.106s. 185s. 5s. 130. 103.159s.162. 28.204 VALIDADE . 135s. 124.187ss todo. 116. 206 Trakl.196 TOMÁS DE AQUINO (1225-74). 71s. 34s.156. 192.93ss. 168. 146 TRANSCENDÊNCIA. 9. 56.17. 172.94. 59. 112.187. 179. 134s. 113s. 161 templo.56. 191. 16s.127. 79s. 72. 176s. 65. l.183ss.118 substantivos verbais. 46. 120ss.44. 127.14ss. 71. 157s. 152.120. 14s. 174s.17. 97. 120. 56. 67.107. 86s. 45. 172s. 79s. 86s. 20. 202ss VISÃO. 54. 74 Yorck. 125. 57.150 Weber. xxviii. 169s. ATUALIDADE/PR ESENÇA. 169 Zaratustra. 29. 10.204s VIGENTE/PRESENTE. 68s. 129s. 37. xxiiss. Joachim (1717-68). 69s. 152. 141s. 93s voz. 43. 16. 195 vontade de poder. Christian Friedrich (1679-1754). 43. 112. 27. 144. Wilhelm (1848-1915). Johann. 123. 54s. 18.173. 193 Wolff.47 Wells. 143. 33s. 193 225 voo. 137. querer. 140ss. 117. 15 8s. 200ss vigor de TER SIDO. Max (1864-1920). VIRADA. 146. 150. 31s. 51 Winckelmann.159s. 90. 91. conde Paul de Wartenburg (1835-97). 141. 143 Windeiband. 60. 204ss vontade. 198ss. 200 VIDA. Herbert George (1864-1920). 127. 9s. 148. 112s. 120. 127s .183. 52.Índice geral verificacionismo. 139s. 86. 28. 4. 139. 6. 21. 161. 76ss. 192.185s. 204 VISÀO-DE-MUNDO. 163. 88s. fugir. das (neutro) ou die (plural) — entre parênteses depois da palavra. anfánglich. 7 agere animal metaphysicum (lat).índice de termos e expressões estrangeiros Todos os termos são alemães.113.153 alsfrei(es). 58. 50. adaequatio (rei/rerum et iniellectus) (lat). 7. No caso de substantivos alemães acrescentei o artigo definido — der (masculino). (gr).185 ali.31 Abstândigkeit (die). 155. 135 absagen. 4. 202 Allgemeingültigkeit (die). aletheuein (der). ais. Ab(-)sage (die). actualitas An(-)denken (das). Ab(-)bauen (das). franceses (fr). Heidegger algumas vezes escreve Ab-bauen. 79. abgefallen. 113 animal (lat). 73 196 134s anfragen. 4. 178 138 Angst (die). 96 abwesend. 201 actualis. Assim. 6. Abstandiose (das). 142 aneignen. ableben. (lat). 74s. Alltâglichkeit (die)^ abgeleitet. 48 an. 142 Abwesenheit (die). 102 aislhesis (gr). 31 Abgrund (der). alltaglich. 156 99 amor fati (lat).174. 157 anamnesis (gr). 25 abfallen. ab(-)gründig. 5. ao passo que o uso normal do alemão é Abbauen. 185 Abkehr (die). 88. 75 25 Abstand (der).126. Um hífen entre parênteses dentro de uma palavra indica que Heidegger algumas vezes introduz um hífen em urna palavra que em geral não o tem. 194 Alltag (der). 98. Ais (das).138. 54 An-sich-sein (das). latinos (lat). Abbau Akt (der)» 172 aletheia. 5 abbauen.160 115. a-(gr). 58 Ahnung rationale (lat). alethes. 94 Affekt (der).148 actus essendi (lat). die (feminino). 44 87 Anfall (der). 41. 116 ableiten. 8 aion (gr). exceto quando assinalados como gregos (gr). 5. Ableben (das). 2 aner (gr). 118.154 (die). italianos (it) ou dinamarqueses (d). Ab(-)bauen significa que. 204 anfangen.133. adikia (gr). 204 Ais-struktur (die). Anfang (der). 9 . 52 ausdichten. 137. 4. 204 ansprechen. 99. 153 apophantikos (gr). 173 Auge (die).101 befíndiich. 163.144. 143. Aussagesatz (der). aufgestockt. 163. Begriff (der). 108 anthropos (gr). bewenden lassen. Ausbleiben (das). 88. 201. 184. 143 besinnen. Bauen (das). 33. Bedeutsamkeit (die). Bestehen (das). 108 ausrichten. Besorgen (das). 65. 125 Auf(-)riss (der). 119 berechnen. -a (gr). 54. 33 beseitigen. 162.153 apophansis (gr). 142 besorgen. 137. Benommenheit (die). Aussage (die). 142 Aussicht(die). 18. 2. sein lassen. Ausdichtung (die). gestimmtes Sich-befinden (das). 140. Behalten (das). 188 Auf-sich-zu (das). 128. 200 beginnen.228 Índice de termos e expressões estrangeiros Ankehr (die). 145 Aus(-)einander(-)setzung (die).94. 36 apeinai. 177 begeben. Brechnung (die). Bestandigkeit (die). 37 aufdringlich. sich auskennen. 78. 58. 24 Ankunft (die). 45. apophainesthai (gr). 53s. 77.172s be(-)dingen. 205 Aussenwelt (die). 83.133 behalten. Beginn (der). 99 begründen.165. 44. sich besinnen. 206 bergen. 166 bekehren. Aufgehen (das). 12.31. 98s. 106. 165. 182 bestãndig. 202 Anklang (der). 50 Aussage-Logik (die). 74 Ãsthetik (die). 154 aussagen. 57. 166. 37.160 auskennen. 42 autos (gr). 172s bedeutsam. 182 . 185 Augenmenschen (pi: die).166s Beisein (das). 179 Antwort (die). 157. 37 beschiiessen. anwesend. 27. Anwe-sung (die).153s ausscheiden. 26. 157 Âusserlichkeit (die). besorgt. 143 aussehen. 141 aufstocken. 31. 145. 186. Begebenheit (die). 58. 35 ausiegen. 144 aufgehen. 88. Benehmen (das). Bergung (die). Ausgelegtheit (die). apousia (gr). 21 ausiassen. 79. 178. 74. 184 beruhen.4 begegnen. Bestandigung (die). 200s. 138 Befugnis (die). 6. 144. Bedeutung (die). 3. 31. 75. sich befinden. 80. 153 arche (gr). Ausrichtung (die). Anwesen (das). 93. 155 benehmen. 205 Ausbleiben. 140 Befehlsatz(der). 205s Anzeichen (das). 173. 35.153 befinden. 81.200 Anwesenheit (die). 127. 205 bestehen. begegnen lassen. sich begeben. Begründung (die). 143.93s befragen. 193 bestellen. Besinnung (die). Sich-dabei-befinden (das). 134 begreifen. 65. 93 be(-)deuten.91 austragen. 201 apo (gr). befugt. xviii. 9 auf. 143s bauen. sich benehmen. Austrag (der). 202 benachbart. 178. 175 apatheia (gr). Ausiegung (die). 184. 91.141 bei. 119 benommen. 142. Ausgerichtheit (die). 200 Augenblicksstatte (die). auf sich beruhen lassen. 85. Befindiichkeit (die).145 be-. 72. 2 Augenblick (der). 11. 76 Anschauung (die). Anspruch (der). 87 antikeimenon.77 Bestand (der). Aussehen (das). 65 apophainein.28. 3. 143 anwesen. 36s bzw. 184 Einstimmigkeit (die). Da(-)bei(-sein) (das). 47. beziehungsweise. 143.170. 134 chronos (gr). xx. 42 differre (lat). 29. cogito (ergo) sum. 11. xix. 142 derseibe. 88. 56 Egoitãt (die). sich einlassen. 57. 145. 173. 66. 45. 93 betreffen. Bewahrung (die). unecht. 198 Daseinssolipsismus (der). 160 Doppeigânger (der). 119 bilden.88. Da (das). 164 dazu. 159 Dass-sein (das). 19E dagewesen. 65. Eigen-tum. 49. 204 dabei. 94 bewahren. 89 ego (lat).145 Einebnung (die). 2. 119 capere(lat). 12. 183 da. 106 eigentiich. Bild (das). Bewahrenden (plural: die). 204 bodennehmen.178 Einfühiung (die).143s.189 deuten. 160 Destruktion (die). 12. 6. 149 dictare (lat). 173 decken. 86 damals. 11 ego (gr). sich einfügen. 144 dichten. 79. 175 Bezug(der). 97 einfügen. Bindung (die). sich bewegen. Bildung (die).175.. 56 destruere (lat). 199 Blick (der). Dank (der). 38. xxi. 167 einkehren.131. 120. 118s be-wëgen. 17. xxiii. 103. 106 eignen.67 cogito. Bewandtnisganzheit (die). 189 dingen.195. 139. 142.114 bewegen. 4. xxii. 9 Bewandtnis (die). 145 Dichtkunst (die). 118 bewenden.142. 17. 202 einlassen.77 dasein. 176 dichterisch. ens creatum (lat). 99. nehinen.. 157. 82. Dichtung (die). Da(-)sein (das). xxiii.. Einfügung (die). 35s.136. 2. 16s. 4.205 eigen. 35. ein Dazu. 185 cogitatio(nes) (lat).158 conscientia (lat). 7. 177s Ding (das). Eigentiichkeit (die). Bodennehmen (das). Bodenstãndigkeit (die). 77 danken. betroffen. 26 dort. 2. Bewegtheit (die).60. 38.12 Eigentum (das). 22 creare. 36 einnehmen.4. 202 dynamis (gr). Einraumung (die). 144ss. 96 echt. 145 Differenz (die). 118 Durchschnittlichkeit (die). 37 discutere (lat). 114 Beziehung (die).bestimmen. 52s. cogito me cogitare (lat). ego cogito. 101. 160s.145 denkmassig. 21 eidos (gr). 142. sich eignen. 30 eidenai (gr). 29. 115. 98. dikaiosune (gr). 50. (es dabei) bewenden lassen. 169. dagewesenem Dasein. 106 Biologie (die). 11 s. 144 causa sui (lat). 140 binden. gedichtet. 58. 49 eiraumen. Deutung (die). 29ss. 75 bodenstandig. 142.44 einai(gr). 11. 142 dann. Bewendenlassen (das). 42 dike.145. Bewegung (die). Einbildungskraft (die). 34. das hat seine eine Bewandtnis. 44 Eigenschaft (die).200 einbildung (die).139. 145 Índice de termos e expressões estrangeiros 229 denkerisch. Bewandtnisart (die). 204 bin. 159.ein. 56. 21.172 dialegesthai (gr). 29 drehen.icht. ged. Bilden (das). 50 denkcn. 177. 170s. 133 bios(gr). 101 . 141. 184. Erschiossenheit (die). 59 existieren. 131 Existenzialien (plural: die). sich entfemen. 54 etwas ais etwas sehen lassen.77 Entweder-Oder (das). 28. 8 erschweigen. Enthülltheit (die). 145 ereignen. sich entschiiessen. 51 entsprechen. 82. 20. 67. 37. 160 esse (lat). 85. Entwurfsbereich (der). 194 Erschrecken (das). 50. 174 errechen. Eraugnung (die). 33. 34. 17.21. 187 erdenken. 33. Entschiuss (der).46. 58 exsistere (lat). Ent(-)wurf (der).34 entsetzen. xix. Ex-sistenz (die). Entdecktheit (die). 18. 21. 65 erschiiessen. xix. xix. 52. 201 ent(-)femen. faktisches Leben (das). 52.141. Etwas (das). 112. 40.170. 15. 20. 60s Erfahrungswissenschaft (die). Entsetzung (die). sich ereignen.44 essen. Erschiiessung (die). 116 ergründen. 189 Erde(die).56 Erkenntnistheorie (die). 71. 108. 60 erfragen. Entbergung (die).198 epoche. Entsetzen (das). entfemt. 38 entrücken.230 Índice de termos e expressões estrangeiros ekstasis(gr). 74. Erinnerung (die).186 Ekstase (die).182 entdecken. 58. 174 entschiiessen. 54. Entfemtheit (die). 145 Entzug (der).41. 58. (die). 111 erklãren. 196 entwerfen. 123 Exaktheit (die). Er(-)eignung (die). 141.55. 21 s episteme (gr). 118 ens(lat). Erklarung (die).198. 49. 33. 143 erdichten. Entborgenheit (die). 35 etwas.35. 21. 22.10. 65. Erkenntnis (die).73 endiich. epechein (gr).58. Faktizitat .134 eraugnen. 138 Ergebnis (das).174 er(-)fahren. 82. Entschiedenheit (die).151. Ent(-)scheidung (die).205 Eriebnisaufsatz (der). xix. 36 entgegnen. 143 Erscheinung (die).198 . 174. 186 entscheiden. 54.149 erwarten. 191 entspringen. 77 erwidem. Eraugnis (das). 33. 186 Ende(das).139.60. Entrückung (die). Erbschaft (die). 19. 58 fahren. entschiossen. erschiossen. 133 erinnem. Eriebnis (das). 76. 52 epistasthai (gr). 134. 181 Epoche(die).58. 60 erieuchten.58.188 erieben. 83 er-. 59 Existenzphilosophie (die). 2s.19. 24.83. 2 Erbe (das). Entweltlichung (die). Ent(-)femung (die). 14 ex(s)istentia (lat). 5. Erkenne (das). 33 entsetzen. Entschiiessung (die). 38. 98 Erkluftung(die). 151 entbergen.95.71. 142.188 enthüllen. xviii essentia (lat). 60 faktisch.109. 16 ergo (lat).92 Essenz (die).92 existanai (gr).173.92 existenzial/existenziell.142 erkennen. Erieben (das). 134. 57 Ergriffenheit (die). 141 Existenz (die).67. 41. sich erinnem. 157. Endiichkeit (die). Entschiossenheit (die). 72 energeia (gr).85. 183. 33 entweltlichen. Er(-)eignis (das). 50.215 ent-. 170. 38 eróffnen. sich entscheiden. Erfahrung (die). 38. 59.45. 43.49.47.74.45.156 entfremden. 52. 122. 29. ekstatisch. 3. Ent(-)gegnung (die). 174 erspringen. 182 Ge(-)stell (das). 189 gegenen.31 fangen. 48 Gesprach (das). 46 Gedachtnis (das). 12 ganz. 26s Fürstentum (das).203 Ganzseinkõnnen. Folgenlassen (das). 22 geworfen. 121 Fugencharakter (der). 72. 16. 189 Gewalt(die). 141. 48. 7. Geltung (die). 97 Gemut (das). 98. 108. gewârtigen.91. xxi. im Ganzen. 82 geschichtlich.49. 87. 47s. 85s. 140 . 85s. 133. 64.231 Gemachte (das). 3 Geschenk (das). 49 Geschichtswissenschaft (die). 117 fressen. Feme (die). 186 gewiss. 177s fuga (lat). Gewesensein (das). 181 geburtig.153 fragwürdig. 181 gerâumig. 22. 172 Gegnet(die). sich fugen. 144. 25. Berg (der). XIX. 193s. 182 Gebietsbegriff(der). 109 Freiheit zum Tode (die). 91. es gibt. 40 fragen.37. Fragesatz (der). 33. 47s. 30. 193s Geschehnis (das). 49s. 54.82 geschicklich. Fragwürdigkeit (die).134 fem. 136 Geist (der). 49. 115 Geheimnis (das). 83. FUgung (die). 87 Geschichtsstatte (die). 177 Fudamentalontologie (die) 131s. Frage (die). 77s. 19. 86. 195 fürchten. 138. 115 gê-. Geschichtlichkeit (die). ich bin-gewesen. 25.47s. 205 gestimmt.164 gewesend(e). 188.37. 177 fügsam. 200 gewesen. 126 geben.81 gewartig. 170 Gestait (die).77s. 34 Gefüge(das). Gegenwartigung (die). 184 Gerede (das). 177 fügen. gnosis (gr). 22 Gewissen (das). 34. femen. 119 formale Anzeige (die). 20. xviii Frômmigkeit (die). 77. 126. geistig. 144 Fug (der). zur Gegnet.200. Ganze (das). 51 gignoskein. 35. die Gelassenheit zu den Dingen.182 Gegend(die). 200 gegenwartigen. 170 gheis. 37. Fügungsgesetzen (plural: die). 49. 78 Gewesenheit (die).181 s.41. 36 gelten.51.202 Gegenwurf (der). 3. 72.120. Gestimmtheit(die). 145. 143.125 gelassen.93 Geviert (das). das Seiende imGanzen.200 Gegen(-)stand (der). Ge-Schick (das). 21.105. 54. 61 gegen. 177 füglich. 178-9. 189 Geschichtsdenker (der). 26. gültig.Ganzheit(die). mit Fug und Recht. Geschehen (das).86.51. 116. 177 Fuge (die). 79.Fall(der).136 gehorsam.91 231 geheim.140ss. 84. Gewesene (das). 177s. 77. 8 Fursorge (die). Geworfenheit (die).177 Gefühl (das). 183. 136s gehõrig. sich fürchten. 77. 155 finden. 108s geschehen. 83 Geschick (das).115 gehen. 181. 140 gehüren. 184. 146. 48. 14. Gültigkeit (die). 93 folgen. Gestimmtsein (das). 140. 54. 179. 181 s Geschichte (die). 88 Geisteswissenschaften (plural: die). 158 Gebirge (das).41 gemeinsam. 150 Geschichte dês Seins (die). 200ss gegenwartig. 81. Gelassenheit (die). 188 Gegenwart (die). Mut (der).Índice de termos e expressões estrangeiros fallen. 87. 119 Haus (das). xix. 84ss. 136 horen. Innestehen (das). 63 histanai. 43 Grundgeschehen (die). zuhause sein. 79 herstellen.90 Horizont (der). das Haushafte. 74 grundios. 115 Heimkehr(die). 56 ichhaft. 91 hyparchein (gr). Zuhause (das). 138 hõrig. Innerzeitigkeit (die). Gültigkeit (die). xix. 133. Hoffnung. 40 gleich. 85. 21 historein (gr). 74 Grundriss (der). 171 innerweltlich. 96. 165 In-der-Welt-sein (das). 89.86. 138 horizein.144. 139 Grundzüge (plural: die). 115. 59 instandig.133 Grunderfahrung (die). 107. Grundiegung (die).204 . 159 homo (lat).205 hinhoren.24. 16 jah. ho horizon (kuklos) (gr). 188 Grundsatz (der). 74. 14.dasIch.92. in das Inmitten. 115 Heimat(die). 79 Hermeneutik (die). 135. 115 homoiosis (gr). Horigkeit (die). 166 Gott(der).167 gleichfôrmig. Gottverlassenheit (die). 162s. 156 Gleichgültigkeit (die). (die). 38 humanista (lat/it). 120 In-die-Achtnehmen (das). 136. 179s ich. 205 Hauswesen (das). Ichsubstanz (die). glâubig.56 Ichding (das). 22 Gottvergessenheit. 134 hermeneus. 4 grundiegen. 140 immer schon. 68 interpretieren.36 Heimatiosigkeit (die). 120 innerzeitig.165 haben.204 ldee(die). 87. 52 Grund(der). 144 In-Sein (das). 94 Grundwort (das). 115 Heimweh (das). 59. 12. 116 Helle (die). 16. Griindung (die). Hergestelltsein (das).205 immer. 6. 139 holen. Interpretation (die). 79s henneneutisch. 74 inmitten. 5. 6. 42. 24. 74. 115 heimisch. 55 Heim(das). 188 gíiltig.115 heimlich. 89 hüllen.103 idein (gr). 107. 182 Herkunft (die). 58 hyparxis (gr). 153 Grundstimmung. 74. hergestellt. Instãndigkeit (die). 87 Historie (die). 140. 115 in. sich gründen. 90 horos (gr). 15. 118 intendere (lat). 21. 186 innestehen. histasthai (gr). 150 historisch.48. 156 gleichursprünglich. Ichheit (die).81. 58 hypokeimenon (gr). 136s. 140 halten.(lat).41 Gõtterung (die). 98s intuitus derivativus/originarius (lat). l. 74 gründen. 39 herausfordert. 6 horan (gr). 89 idea (gr). 204 horchen. 71 ist. xix. henneneuein (gr).141.133 Grundbegriff(der).163. l. Gleichheit (die). hermeneia. 62 Grundfrage (die). 136 hinsehen. innerhaib derWelt.74s.204 Hinsicht (die). l immernoch. 105 Hoffen (das).84. zu Hause sein.140 in. 80. 165 Indifferenz (die).232 Índice de termos e expressões estrangeiros Glaube (der). 115. 148.19. kait. 24. 93. 154 legen. 56 kennen. Kehre (die). 166s. 190 kommen. kennbar. 189 -lich. 198 logos (gr). 120. 56 Michseibsthaben (das). Loswurf (der). 169. 93 lanthanein (gr).133. 65. Kehren (das). 29 meta (gr). 60. 39 233 lichten. 7. 193 mir ist/wird schiecht. xix. 87. 205 den Menschen. 81. 25. 113. 87.51. sich kennen. 29 kategorein. 4s lassen. 200 Lebensphilosophie (die). 40. 201 Jeweiligkeit (die). 76 künftig.154 kehren. xxii. xix.Índice de termos e expressões estrangeiros Je. 1 Leitfrage (die). 181 Mass(das).112 Massenhafte(n) (das). Lichtung (die). 166. 29. 29.181 man. 111 Metontologie (die). Man-seibst (das). Kunstiehre (die).133. 181 Machenschaft (die).51 Kunft (die). 21. 118 koinos. 168 mitmachen. 77.2 Kampf ums Dasein (der). xxi. 57 Milieu (das).54 Modus dês Seins (der). unheimlich. 198s Lebensmasse (die). 51 lebensnah. lieblich. -on (gr). Sichioswerfen (das). Geltungslogik (die). 49 Kultur(die). 76 Kunst (die). Meinen (das). 152 Kõrper(der). 11. 37 loswerfen.l je dieses. 5 letzteGott (der). 181 Macht(die). 138. 178 loslassen. 57. 97 Mann (der). 164 Missverstândnis (das). 147 Konstruktion (die). 97 Je-unsrigkeit (die). 36 leben. 198 legein (gr). Kenntnis (die). 1. 199.65. 18 mit.131. 154. leiblich. 169 mich. 9. Sichkennen (das). kehrig. dasLetzte. kategoria (gr). 2 jeweilsJeweilig.98 Leib(der). 17 jeschon. mir ist/es ist mir langweilig. Leiben (das).88. 165ss Mitspieler (der). 56 kinesis (gr). 53 mehr. 148 Licht (das). 171 machen. 144. 133 Krisis(die). 121 Mensch (der). 15 Kuistatte (die). 120. 180 menschiiche Dasein (das). Je(-)meiningkeit (die). 199 Leidenschaft (die). 166 mitgehen. 101 Mitwelt (die). 133. 198s kosmos(gr). 117 Man-Zeit (die). 97 Maschine (die). 189 -logie. wie er leibt und lebt. Leben (das). 165s Mitdasein (das).153s. 107 mir (dativo de ich). das Man. 120. 204 lieben. l méinen. Gelichtetheit (die). 96s. Mitgehen (das). 2 jetzt.198s leiben. 79 langweilig.l. 87s Menschenmaterial (das). 38s. 133 Logik (die). 202 Miteinandersein (das). xxiii. Langeweile (die). 29. 73 liber(are) (lat). 198 Mitsein (das).126.88. 20 meleta to pan (gr).140 je meines. 165 .67. l. 43 lethe (gr). Mitmachen (das). 76 konnen. das Jetzt. 148 liefem. 202s kennen. 14 obiectum (lat). 1993) XVII = Vol. 125 natura(lat). 38 offenbar. trad.178s. aulas de 1927 /The Basic Problems ofPhenomenology. org. 96. Rojcewicz e A. 1982) . contendo seminários de 1951-73 / parcialmente traduzidos em ing. Biemel (1976).ur Geschichte dês Zeitbegriffs.-K. natus (lat). Lilly (Bloomington: Indiana University Press.133 . trad. 140 nasci. ousa. 1985) XXI = Vol. 74 Nihilismus (der). von Herrmann (1975: 2°ed.148 notig. Objektivierung (die). Mõglichkeit(en) (die). a sair) XXII = Vol.20: Prolegomena z.-W. Nahe (die).155 Name (der). to on. ing. 91 nicht. 129 nihil est sine ratione cur potius sit quam non sit (lat). F. A. 131s. Nichtigkeit (die). Nichtung (die). 53. 140 Ontik (die).22: Die Grandbegrijfe der antiken Philosophie.. 133. 63 Neuhumanismus (der).l: Frühe Schriften. ing. Ochwadt (1986).115.. 38 Õffentiichkeit (die). contendo escritos de 1912-16 XV = Vol. Schuwer (Bloomington: Indiana University Press.. especialmente de Ser e tempo e dos volumes da Gesamtausgabe. 180 offen. aulas de 1926 XXIV = Vol. Notiosigkeit (die). Schüssler(1992). 33 on (fr). das Nichts. 127 nachspringen. Offenbarkeit (die). tr.118. ein Nichts. 178 Objekt (das). 123 nichtig. a paginação alemã é a consagrada. [Entre colchetes incluímos. 96 on. F. ta onta (gr). Ch. 3. Notigung (die). 155 Nachiass (der). 200 onoma (gr). Notwendigkeit (die). Naherung (die).I. nõtigen.-W. 1989).-K.15: Seminare. Sheehan e R. 1997) XX = Vol. 111. sempre que possível. 25. Sistema de abreviações Nas referências aos textos de Heidegger. forneci apenas a paginação alemã em minhas referências. org.123 nihil. Blust (1993). trad. DieFrage nach d<r Wahrheit. 78 nah. P.. Fink. Em muitas traduções. T.a " obra completa" que vem sendo publicada por Vittorio Klostermann em Frankfurt desde 1975 — são citados por mim com numerais romanos. objektiv. as traduções disponíveis em português (nota da edição brasileira)] Os volumes da Gesamtausgabe de Heidegger . F.aulasde 1924-25 / Plato's 'Sophist'. W. 123 nennen.58. Nennung (die). 50. org.Nein (das). Seibert (Evanston: Northwestern University Press. Offenheit (die). 129 noein (gr). 120 Nachbarschaft (die). trad. 53. F.21: Logik. C. org. 3 mundus(lat). Kisiel (Bloomington: Indiana University Press. 148 notwendig. 131. Nicht (das).. Minhas traduções diferem frequentemente das traduções inglesas publicadas.123 nichten. em M. Jaeger (1979: 2°ed. org. aulas de 1925-26 / Logic: The Question ofTruth. 147s Motivation (die). 119 nein. 23. Nachst.. Nesse caso. dieses Nichts. von Herrmann (1994). 169 ontisch. 125 Naturwissenschaften (plural: die). org. uma barra separa a paginação da obra alemã da paginação da tradução inglesa. 98 Not (die). von Herrmanai (1978).103. 14 nehmen. 163 nomos(gr).l 7: Einfiihrung in die phãnomenologische Forschung. Hofstadter(Blooniington: Indiana University Press. aulas de 1923-4 XIX = Platon: Sophistes. R. como se segue: I = Vol. 97 ójeblik (din). 1988). Heraclitus Seminar. 144. das Offene. Heidegger e E.24: Die Grurdprobleme der Phãnomenologie. 125 Natur(die). 58 nichts. 23.234 índice de termos e expressões estrangeiros müglich. 25. org. aulas de 19251 History ofthe Concept ofTime: Prolegomena. T. 148 nur. 126 Normalmensch (der). ing. 108. org. Márcia Sá Cavalcante Schuback (Rio de Janeiro: Relume-Dumará.-W. Der Anfang der abendiãndischen Denkens.28: Der deutsche Idealismus (Fichte. Mõrchen (1988). 1992). Brogan e P.S. org. trad. O. F. [Herádito. S. C. K. 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Sein-lassen (das). 44.165 Seinsblindheit (die). Schuldigsein (das). 153 seyn.51. 67 rés extensa(e) (lat). 18 Seinsweise (die). 56 Selbstwelt(die). 26 . 79. 113 Schuhzeug (das).23 ruinant(e). 63.143 sagen.120. 53. 108 Reflexion (die). aus den Sachen seibst her. 181 s Scheu (die). 41. xxiii. 27 Seibststândigkeit (die). 154 Satz(der). 176 setzen. 174. xxiii. 44s.163 Sicherheit (die). 23 schweigen.129.152. 56 Seibigkeit (die). 113 schuldig. 82 Seinsvergessenheit (die). Sage (die). 17. 155 Sinn (der).128 schenken. 48 Schickung (die). 38 schon. 166 Seibstsorge. sichtbar.56.157. 24. 133 Sollen (das). 142 reden. Sesibstandigkeit (die). seingeschichtlich. 113. 137. 53 Seinsart (die). 119 Seinsfeme (die).132 Seingeschick (das). 145.52ss Seinsverstandnis (das). 49. 139. 82. 57. 165 Selb. 147. Rede (die). 140.88 sehen. 172s. Ruinanz (die). 75. Sehen-lassen von etwas (das) 44. 35s Seinlosigkeit (die). 66.203 Sammiung (die). Seyn (das). 194 Sinn von Sein (der). [die Frage] nach dem Seienden ais einemsolchen. 195 soius ipse (lat).112 Reszendenz (die). 48 schiiessen. 82 Schicksal (das). 8 schicken. 56. 117 sein. 196 Richtung (die). 79 solch(e). 27 sigan (gr). 33. 124 seibstãndig. 157s realis (lat). 113. 174 Seele(die).166 semainein (gr). 33.57. 53. Gesetzte (das). das Seiende ais solches und im Ganzsn. 123. gesetzt. 44 Sei» (das). 47s schicksalhafte Geschick (das).123 Sache (die). 29. 24 sich. 31. 42. 16. 140. 155 Seingeschichte (die). 193s Seinkônnen (das). 133.65. Sagen (das). 56 Seibstmord (der). 155 Sigetik (die).44. Sagende (der). 56 Seibstsein (das).161. 63s. 128 Rücksicht (die). 157 Realsein (das). Schweigen (das). 188 Rückschiag (der). 29. 24. 166s Sein zum Tode (das). 204 ruere(lat). 33 Schein(der). 52 Seinsverlassenheit (die).205 seiend. 162. 148. xxiii. 196 scheiden. das Ganze dês Seienden ais solcheii. 159 Sorge um erkannte tïrkenntnis (die). 50 Riss (der). 174 seynsgeschichtliche Denken. 32 rés (lat).164s. 150.31 Ruf(der). 4t. 204 Sicht (die). das Seibst. 65. Sein (das). 153. 159 rechnen. 167 seibst. 202 Umkippung (die).159 System(das). 108 telos(gr). 102 überschreiten. gestellt. 169. 102 Umwelt(die). 143 to hou heneka (gr). 129. 188 Strenge (die). Stiften (das). technites (gr). 189 übereignen. 49. 86 überspielen.181 standig. Übergansfrage (die). 204s Theologie (die). 57. Tatsachiichkeit übergre ifen. 106. transzendieren. 189 Spiessbürger (der). 77 uneigentiich. 161. 63.l58. 189 Spiel (das). 189 Überlieferungsgeschichte (die).. 169 umsehen. 108. 93 Streit(der).116 Topologie dês Seyns (die). se trouver (fr). 14 Struktur (die). 158 sum ergo cogito (lat). transcendentalis (lat). 25 Tatsache (die).129 Umriss(der). Stellung (die).137.181. 164 SpiegelSpiel (das). 12. 183s.zu. 24. 179. sich umkehren. 182. Uneigentiichkeit (die). xviii. 185s thea (gr).166 Umwertung (allerWerte) (die). 118 189 überliefem. Überlieferung (die). 44. 171. 177 temporal. 168. 205 Subjekt (das). traditio. 203 íiberge ben. 201 Statte (die). 55 Stall(der). 193 um.57. 56. umsichtig. 113.236 Índice de termos e expressões estrangeiros sorgen für. stimmen. technisiert(e). 190 transzendent. 10. 41 Sprache (die). 116s stiften. 130.158. 203 Umschiag (der). 160 170 überhõr techne.183 Technik (die). transcendens. 17 tiktein(gr).. 177 Sturz(der). 75. 24. 160. transdare (lat). 93 Stimmung (die). . 190 trouver. 136 155 technisieren.195 um.114. 44. 133 theos (gr). 185 tradere. Überstieg (der). 204 umspielen. 205 un-. Transzendenz (die). Standigkeit (die). 5 Unbewegtheit (die). 7s. 57 sum(lat). 182. 24 Übergang (der). 180 Subjektivitat (die). 139 Spielraum (der). 11 un(-)endlich. Sorge (die). 146 sprechen. 201 stellen. das Umwillen (seiner seibst). 205s Stelle (die). 49 sterben. 190 ubersteigen. 190 überwinden. 108. 76. 119 unbezüglich. 173 to ti en einai (gr). Sterben (das). 134s Spruch (der). 27. Subjectitât (die). 72. Gesprochenheit (die). 137 Sprengung (die). Sprung (der). ein Um-zu. 188 Umgang (der). 146 Stimme (die).126. 4. 189 transcendere. 44. 63. xvii.. 17. subjectum (lat). Temporalitat (die). 120s. die Sprache spricht.34. 173. Überwindung (die).123 subiectum. 76. Überantwortung (die). 180 Substanz (die). 6. 188 springen. 93 über. 40 thing (das). Stand (der). 204 umkehren.71 Sosein (das). 49 stehen. 113. 189 tiberantworten. 184. 101. überko mmen. 174 topos (gr). 27 Umsicht (die).26s. 103.. 108 Staatswesen (das). 189 Tag (der). (die). Übersteigung (die). 189 Tradition (die). sich sorgen um. en. 178s Subjektitat (die).willen. traditionell. 54 Tod(der). 181 to gar auto noein estin te kai einai (gr). spielen. 181ss technisch-szientistische. 101. verfügen (über).161 Ungesagtes (das).41 180.172 verwesen. 71 un(-)entschiedene Índice de termos e expressões (das). Uneil (das). 119 Un(-)zuhause (das). 17. 78 Vergangenheit (die).5. Verhalten (das). (der). 31. Vemichtung (die).. Verstãndigung(die).52 vemehmen. 133 Urwort (das). Vergessenheit unverborgen. unwesentiich. 87 Vergegenstãndiichung (die). estrangeiros 237 178 -ung.182 vergegenwãrtigen. Verwindung (die). 151 144 Ursache (die). verbindiich.144 verweisen. 114. Verlassenheit Urdichtung (die). unterscheiden. 5 verus(lat). 5. 106. 161 s Vorausgriff(der). 37. Unseibst-standigkeit (die).55s 119. 8. 94. sich verstehen auf. 52 (das). 33. 93. Voliendung (die). unseibstandig. Verbindiiche (das). 125. 149 volienden. 74 verfallen. verkehren. Verwesung (die). Verfügung 115s. 54. 149 Volkslied (das). 153 Versammiung (die). 141 verhaltem. 18 verstandiich. 18 vergessen. Unterscheidung (die). l. 143 keit (die). 52 verweilen. Unverborgenheit (die). 93. 195 Verweigerung (die). Verstelltheit (die). 86. 83. ver(-)setzen. 38 verdinglichen. Urgrund (der).143 verrechnen. 31 s. sein Unwesen treiben. Unheimlichkeit Verfall (der). 202 134 verlassen. Verbergung genheit (die). Verweisung (die). 74 Urhandiung (die). 140 . 35 Un(-)fug (der). Verstandigkeit verdecken. 177s Un-fuge (die).164 (die). sich Unwahrheit(die). 15 vorbei. 35.37s (die). 74 Ursprung (der).42 77.54 verbergen. 149 võlkisch. 54 Verweser (der).140 Unverstandnis (das). 115 ur-. 18 Verstândnis (das). 195 (die). 70 urteilen. 56 Untergang 200 vergehen. ursprürgiich. 113 vir (lat).197 Un(-)wessen (das). unseiende. 174 [die). vergangen. Unseibstãndigkeit (die). 149 Verrückung (die). 87 Volk(das). 136 (die). Verstandiichkeit (die). 73 vor(-). Verfallen (das).194 versfandig. 18 ver(-)stehen. 54 verwinden. Ursprünglich123. (die). 115 unheimlich. 199 Verhaltenheit (die). verschwiegen. Sichversetzen Verborgenheit (die. 17.99 verstellen. 40. 177 unhistorisch. 56 sich vergegenwartigen. vemichten. 21. 79. 36 Verhaltnis (das). 18 verstandigen. verhalten (zu Seiendem).Un(-)endlichkeit (die). Vtrbin17 dlichkeit (die). 55 8. sich 115 verstandigen. Verschwiever-. 8. unheimisch. volkstümlich. 65 Ur-geschichte (die). 52. 138 verscheweigen. 5. verstellt.3. 167 Verstand (der). verborgen. xviii. das Vorbei. 149 Volkstum (das). 44 Ungrund (der). 134s. 88. 54. l. Wahrheit (die).125 warten. 99. 113. 173 wohin. 205 weltarm. Wendung (die). 102 vorstehen. 120. 51. Wieder(-)holung (die). weltios. etwas vorstellen. 113s. 37. Weg (das). 148. 170 vor-wesende Wesen (das). 80. sich vorweg. 21. 9. 87. 133 vorontologisch. 151. 96 werfen.54s. 165. 38 Weltsein (das). 117 winken. 54 Wesensverfassung (die). 99. xix. 3. Vorgestelltheit (die).51 Weltgeschichte (die). 55. 160 Vorhabe (die). 185 Widerruf(die). wieder. Wiederholbarkeit (die). 203 wahren. Vorgestelltes (das). xxiv. 160 Widerwendigkeit (die).133. 121. 148. 153 Weise zu sein (die). Vorlaufen (das). 144. 96. 58. 131 Vorsicht (die).31. 24 Vorenthait (der). 159 Wiederkehr (die). 205s Vor-struktur (die). 61. Wurf(der). 18. 3 vorgehen. 204 Wille zum Tode (der). 55 Wahrheit dês Seins (die).37. 114.113. 37. weltbildend. 165 weit. 9. 181.176 wirken. 79.205 Wissenschaft (die) 14 wobei.129.120. kein Was.195 Wesen (das). 3 vorlaufen. es weltet. Wirklichkeit (die). 34. Weltlichkeit (die). 203 wie einem ist und wird. 91. Vorhandensein (das). xxii. Bewertung (die). 69. 204 Vorspiel (das). Vorhandenheit (die). xxii. xxiii.193. xvii. l Weile (die). 115. 148. ein Wohin. sein Wesen treiben. Wissen (das). das Wer. 54 Wesung (die). Wert (der). 52 vorfinden. 204 welten." 76. holen. 54 wesentiich. xxi. 55 wahr. Vor-Spiel (das). xxii walten. 173 .146. 117 Vorliegenlassen (das). Vorgriff (der). 155 Welt(die).. 159 weltzugehõrig. 157. 160 wiederholen. 118 weg(-)wenden. Sich-vorfinden. Weg(-)sein (das). Vorgang (der). 54 Wesenserhellung (die). 25. vorsichtig. 54 wesenhaft. werten. l weilen. 99 vorhanden. 22. Vorwurf(der). 47. ins Werk setzen. Wink (der).238 índice de termos e expressões estrangeiros Vorbiick (der).161. 148. 18. 20. sich vorstellen. 202 weil. 9. das aufgehend-verweilende Walten. 36. 3 vorgãngig. 157 wirklich. 54 Wesensbestimmung (die). Was-sein (das). Weg (der). xxii. 152.114. Wende (die). 77. 19.155. 93 wie. 121. l Weise dês Setzens (die). 3. Vor-Stellen (das).121. 120 Weltoffenheit (die). xix. 130. 147 wieder. 124 Weltanschauung (die). 195. 12. wissbar.119 vorgreifen. 51. 77.55. 120 Weltbild (das).124 Weltgeist(der). 186 * womit. Wie-sein (das). 2. weiter.164 weg.170 Werk (das). Weite (die). 125.148 wert. 76 vorwerfen.203 wesen. 73.Welt(die). das Was. 141. 84 weltlich. 59. 202 wiederum. Vorkommnis (das). 204. 193 wissen. 120 wenden. 21 vor(-)stellen. ein Wobei. Wahrer (der). 159 wiederfragen. Weltenlassen (das). 46. 19. 200 was..202 wer. ein Womit.201 vorkommen. Vor(-)stellung (die). 99 vorweg. 39 wâhren. 41. Zeithlichkeit (die). Zuhandensein (das). 202 zwei. das Woraufhin.151 zumeist. 152. 188 Zerstôrung (die). Sein zu (das). 88. 44. ein jeweiligens Zunachst. 114 Zu-sein (das). 172 wovor. 25 zureichen.23 Zusage (die). 184 zeitweilig(e). xix Wôrterdinge (plural: die).24. 165. 144 Zusammenhang (der). 141 Zuruf(der).46 .Índice de termos e expressões estrangeiros 239 woraufhin.61 zugehõrig. 136. 162 Zutünhaben mit (das). Worum (das). Zeige (die). Wovor (das).101. Zugangsart (die). 34. 16. 76 Zu(-)kunft (die). 138 Zom (der). zukünftig. 183s zeitraumiich. 175 zeihen. 36. zeitigen.183 zeiten. 24 zustellen. 76. 153 Würfel (der). 25 zunãchst. 113s zukommen (auf). 185 zeitig.183 Zeit-Spiel-Raum (der). 46 Zwiegesprãch (das). xix. 59 Zerklüftung (die). 204 zu(-)wenden. 167 Zuspiel. 141 Zu(-)künftigen (plural: die). 167 Zeug(das). 160 zwischen. 7 zu. Worte/Worter (plural: die). sich zeitigen. 199 zoon logon echon (gr). xix. Zu(ge)hõrigkeit (die). 138 worum. Zeitigung (die). 175 zeigen.173 Wort (das). 186 zeitiich. 165 Züchtung (die). 2. 86. 8 Wunschsatz (der). 170 Zeichen (das). 87 Zugang (der). 34. 74 Zurückauf. 185s Zeit-Raum(der). 175 Zeigzeug (das). Zuhandenheit (die). 185 Zeitraum (der). Zeugganzheit (die). 142. 175 Zeit (die). 113 Zeugganze(s) (das). 183s. 138 Wortbegriff (der). 25 zunachst und zumeist. 186 zeithaft. 76s.138 zuhanden. 114 zoe (gr). 160 Zerstreuung (die). 24. Satz vom zureichenden Grund (der). Zwischen (das). 8 Worumwillen (das).
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