Aqui você encontra definições de termos usados correntemente nas giras pelasentidades de várias linhas umbandistas. Em geral, essas palavras vêm do iorubá, língua africana falada na Nigéria, em Benim e Togo. Aparecerão, também, alguns termos do tupi-guarani que foram incluídos a esse “vocabulário” com o abrasileiramento dos cultos africanos. Não será dada a origem específica de cada termo, apenas seu significado. ABADÁ = túnica longa, de mangas largas, em geral branca, utilizada inicialmente por negros muçulmanos; hoje designa roupa com a qual se identificam grupos religiosos. ADJÁ = espécie de sineta, às vezes múltipla (tem de 1 a 7 bocas), tocada nos rituais pelos pais-de-santo com a finalidade de invocar entidades e Orixás, seja para que venham participar dos trabalhos, seja para que atendam a algum pedido. É usado também para induzir os médiuns ao transe. AGÔ = pedir agô é pedir licença, pedir permissão para realizar algo, pedir perdão. AJEUM = comida servida dentro do terreiro. ALGUIDAR = vasilha de barro empregada para fazer a comida destinada aos Orixás, também utilizada pelos guias para a realização de alguns trabalhos como acender velas, consagrar guias de contas etc. AMACI = líquido preparado com ervas e água procedente de variadas fontes, usado para dar firmeza aos médiuns. As ervas costumam ser maceradas e ficam em repouso numa vasilha de louça por algum tempo (o tipo da erva e o tempo que devem ficar maceradas depende de cada Orixá). O poder das ervas e a força do ritual (colocação das ervas no ori do médium) propiciam uma conexão mais direta com o Orixá correspondente. ARUANDA = Infinito, céu, morada do criador, plano espiritual mais elevado; nome dado ao local onde estão os guias que trabalham na Umbanda. AXÉ = força, energia, poder. Pode ser a energia que está nos elementos puros da natureza ou a que está concentrada dentro de um terreiro, trazida pelos guias que ali trabalham (que formam a egrégora da casa) e pelos objetos mágicos utilizados, incluindo os fundamentos que, em geral, se encontram enterrados sob o solo do terreiro. BABALORIXÁ = pai-de-santo, chefe do terreiro, sacerdote de Umbanda e Candomblé; quando o dirigente é mulher deve-se usar YALORIXÁ. BANZO = sentimento de saudade que os escravos sentiam de sua terra natal; nostalgia. Atualmente os pretos velhos usam a expressão para designar um estado emocional aproximado de depressão. clínica médica. . cantam e batem o pé para marcar o ritmo. em fileiras opostas. assim como “PATACO”. Há inúmeras formas pelas quais os guias se referem à moeda corrente. em geral para praticar o que os homens brancos chamavam de “feitiçaria”. por exemplo. CADINHO = presente. em geral do Candomblé. no qual o médium oferece sua cabeça ao orixá. É mais praticada na zona rural: os dançarinos. Estes são chamados também de CAVALO ou (no kardecismo) de APARELHO. inclusive o próprio terreiro. também chamado de CAMPO SANTO. BURRO = modo como alguns guias (em geral os Exus) chamam seus médiuns. em certos rituais. pode ser usado também para designar um local qualquer. residência da pessoa. CAMARINHA= espaço existente nos terreiros que tem como finalidade abrigar os médiuns em suas obrigações.BARRACO. Em geral é um compartimento isolado. olhe por mim!” BORI = ritual. a ideia é a de alguém que empresta seu corpo para ser utilizado por uma entidade que precisa realizar um trabalho espiritual. Também usado como sinônimo de dinheiro. CATULAR = cortar o cabelo do médium na preparação do ritual de raspagem para iniciação. para que o médium possa ter tranquilidade ao realizar suas obrigações ou meditações. Maneira de apresentar-se ao Orixá para dizer: “aqui estou para reverenciá-lo. CANJERÊ = reunião de pessoas para a prática de cerimônias religiosas africanas. CANJIRA = filho homem. BATER PAÔ = bater palmas para despertar energias e chamar entidades. como a feitura de santo. O termo também é utilizado para designar uma dança nos moldes africanos. CALUNGA GRANDE = mar. CALUNGA PEQUENA= cemitério. BORÓ = pagamento que se faz em troca de um trabalho espiritual ou de oferendas a entidades. “JIMBA” ou “JIMBO”. agrado. CASA GRANDE = hospital. Em todos os casos. “PLATA” (no caso dos ciganos) ou “PRATA”. CATIRA = espécie de dança que lembra os movimentos rítmicos dos primitivos africanos. BURACO ou CAZUÁ = casa. considerado o grande cemitério da humanidade. “COBRE”. CHAMEGO. designa a força de determinadas pedras. hoje é feito de casca de coco seco. trazendo-lhe prejuízos emocionais. sincretizada. choça ou choupana. relações sexuais. Por extensão de sentido. Em geral são chamados de Terreiros. em geral. EBÓ = alimento ritualístico que é oferecido aos Orixás. cultuado pelos africanos (iorubanos. EGUM = originalmente é um ancestral morto. Os alimentos. navalhas. nessas ocasiões o pai-de-santo responsável pelo filho que comemora os sete anos entrega a ele os instrumentos necessários à prática religiosa. CORRE-CORRE = veículo. COITÉ = cumbuca feita originalmente de uma cabaça cortada ao meio no sentido horizontal. podendo ser uma oferenda para agradar-lhe ou algo que vai servir como despacho para limpar energeticamente uma pessoa. para que esse espírito encontre o caminho da evolução. além de abalar a saúde (uma vez que suga as energias) da pessoa que está sendo vampirizada. . com o Anjo da Guarda da cultura cristã. consagradas com fins de dar firmeza ao médium e facilitar o recebimento de boas vibrações. como facas. costuma-se chamar de egum ao espírito desencarnado que vaga. CUBATA = casa muito simples. grupo ético da Nigéria). tesouras. CONGÁ ou OCA= casa de fé. nas giras. mas o ideal é a doutrinação. principalmente aqueles que serão utilizados quando da coroação de seus próprios filhos. local onde se praticam os rituais. Rezas. sem conseguir atingir evolução no mundo astral. ELEDÁ = entidade protetora de uma pessoa. ENCOSTO = espírito de desencarnado que se aproxima e “encosta” nas pessoas. automóvel. DEKÁ= ritual de comemoração do sétimo aniversário de iniciação sacerdotal. DJACUTÁ = originalmente é uma das qualidades de Xangô e refere-se à sua capacidade de arremessar pedras e raios. cuias. são passados pelo corpo da pessoa que está sendo tratada. namoro. DENGO = carinho. aqui no Brasil. Templos ou Tendas de Umbanda. passes e banhos ajudam a afastá-lo. espirituais e materiais. CURIAR = comer ou beber. Quando para uso externo. GARRAFADA = mezinha (remédio caseiro) preparada pelos guias. A pólvora funciona como um acelerador de partículas. . é o que recobre a cabeça de Omulu. FAZER A PASSAGEM = desencarnar. FILÁ = originalmente feito de palha-da-costa. Para os angola-congolenses é o chefe supremo. qualquer coisa que escreva. mãos e pés do médium com a finalidade de protegê-lo ou de auxiliá-lo na ligação com as falanges que vão tomar conta dos trabalhos. Por extensão. feiticeiro ou vidente. libera gases e corta os cordões fluídicos negativos. Muitos povos africanos são ágrafos. Atualmente. daí a importância dos griots. Por ser um elemento magístico poderoso. o Tata. raízes ou pedaços de cascas de plantas em garrafa (em geral de vinho branco licoroso) para que fique descansando por um certo tempo e depois seja ingerida pelo doente para a cura de determinados males. GANGA = "nganga" é palavra de origem Kimbundo que significa mágico. Às vezes os guias recomendam que a garrafada seja enterrada por alguns dias antes de ser consumida. na presença do dirigente da casa. usa-se o termo para designar uma espécie de gorro ou lenço que o médium usa como proteção para seu ori. viver em gaiola significa morar num prédio de apartamentos. O nome Ganga também denomina os chefes dos antigos terreiros cabindas. abrindo em espiral um portal de uma terceira dimensão. sob a irradiação de um ponto especificamente cantado para isso. na linguagem dos caboclos) = pólvora quando usada para fazer descarrego. O encruzamento também pode ocorrer no chão do terreiro. GRIOT = pessoa responsável pela transmissão oral de histórias e costumes do povo africano. ESCREVINHADOR ou ESCREVEDOR= lápis. caneta. São sábios extremamente respeitados e também possuem atribuições magístico-religiosas. com a finalidade de trazer segurança aos trabalhos. afastando das pessoas que estão dentro do círculo os elementos negativos e as larvas astrais que se desintegram na corrente elétrica criada. a poção pode ser feita em álcool de cereal.ENCRUZAR = fazer cruzes com a pemba na testa. GAIOLA = apartamento. nuca. Consiste em colocar ervas maceradas. de onde saem franjas que ocultam seu rosto. Esse ritual é feito pelo dirigente. também se chama de fundanga o ritual em que a pólvora é queimada num círculo de fogo. FUNDANGA (ou TUIA. só pode ser utilizada por entidades que tenham a permissão para fazê-lo. caninha. MANDINGA = originalmente. lugar onde os guias (principalmente os da linha de Oxóssi) trabalham e os médiuns podem fazer oferendas e/ou “retiros” para. passou a determinar certas rezas ou “feitiçarias” que esse povo. MACAIA = mata.HORA GRANDE = meia-noite. ILÊ = casa. MORUBIXABA = no sincretismo das religiões afro-brasileiras é nome que se dá aos guias ou entidades que incorporam em médiuns que assumem a direção espiritual de um Templo de Umbanda. Também usam PARATI. pedra consagrada. sem que se possa entender como funciona. às vezes os guias preparam “itas” que ficam ocultas no peji para proteção da casa. em oposição. a palavra é usada para designar barracões onde se pratica o Candomblé. . também. JACI = Lua na fala de alguns caboclos. moradia. MARAFO OU MARAFA = pinga. males físicos de que se sofre na Terra. em contato com a natureza. IBI = lugar. por extensão de sentido pode ser usado como sepultura. principalmente os de Oxóssi e Xangô. terra. costuma-se chamar de HORA PEQUENA ao meio-dia. OBI = fruto africano utilizado em alguns rituais. chão. por extensão. LETRADO = indivíduo que tem estudo ou diploma. deveria praticar. feitiço. Pode significar. ITA = pedra de santo. enfermeiro. LUA = corresponde ao período de um mês. cachaça. MIRONGA = segredo. residência. readquirir forças psíquicas. como os brancos alegavam. nome de um povo do norte da África e da língua falada por ele. mistério. MIJO = cerveja. Por extensão e deturpação de sentido. LUA GRANDE = corresponde ao período de um ano. pessoas ligadas à área da saúde. as folhas dessa mata. HOMEM DE BRANCO = médico. oferecido para agradar os Orixás e trazer benefícios a quem o oferece. MAZELA ou MAZELINHA = doenças. conhecimento que alguns guias têm e usam para resolverem os problemas. o chacra coronal. ritual que foi acrescentado ao culto dos Orixás africanos. ervas. PADÊ – oferenda para Exu no início das sessões ou festas. guias de contas. PONTEIRO = pequeno punhal utilizado em magias e em alguns rituais. PERNA DE CALÇA = marido. PROSEADO = conversa com os guias.ODU = destino. . ervas. mas. búzios. em geral tem uma conotação de aconselhamento moral. na coroação do médium. pendurados no pescoço. flores etc. OFÁ = arco e flecha empunhados por médiuns incorporados com Oxóssi em suas danças nos terreiros. velas. bebidas. descarregar seus médiuns da carga negativa que possa vir dos consulentes. Em alguns cultos também se diz OTI. Em geral é uma espécie de saquinho feito de tecido virgem no qual se colocam elementos cruzados e “preparados” pelos guias: orações. a força e a intuição espiritual própria (e única) de uma pessoa. flores. mais especificamente a coroa. PATUÁ = talismã ou breve (também chamado de escapulário) que se usa como forma de proteção. Costumam ser usados em correntes ou cordões. Não é uma conversa social em que se discutirão banalidades. local do terreiro destinado aos elementos materiais (imagens. sal grosso. charuto ou cachimbo que as entidades fumam para. ORI = originalmente é um Orixá pessoal. admoestação. por meio da fumaça. como. costume tradicional que é repetido em alguns rituais. Também usam MULUNGO. PITO = cigarro. ORÔ = preceito. namorado ou companheiro. por exemplo. Os elementos devem estar consagrados de acordo com rituais específicos. armas simbólicas) que servirão de portal para captar e irradiar aos fiéis as energias positivas e o magnetismo vindos das divindades. constando de alimentos. OXÊ = machado de Xangô. PEJI = altar. cobre. Todo cuidado é pouco quando se toca nos objetos do peji. é um machado de dois gumes que pode ser feito de madeira. pedras. pedrinhas de cânfora ou de incenso. bronze ou latão. velas. Os caboclos guardam esse hábito da pajelança indígena. dentes de animais. essa palavra é usada para designar a cabeça e. na prática. a fim de que se afastem as perturbações nas cerimônias. o Sr. SINHAZINHA= criança do sexo feminino. SARAVÁ = usa-se como uma saudação nos terreiros. LUZ ou SEBO = vela TRABUCO = trabalho. os médiuns são obrigados a não ingerir certos alimentos. "seja bem-vindo". namorada ou companheira. RABO DE SAIA = esposa. houve a troca da consoante L pelo R e a palavra passou a ser pronunciada “saravá”. ZAMBI = Olorum na fala dos Pretos Velhos. ganha-pão. Egunitá. muitas vezes. YABÁS = termo com o qual se designam as Orixás femininas: Yansã. Oyá.QUIZILA = antipatia. Com o tempo. Na Umbanda. para não provocar quizila com os Orixás. com o significado de “salve”. com a perda do R final. Também usam MULUNGA. RÁBULA = termo com que se designam os que conhecem o Direito e exercem livremente a advocacia. Sob a influência da fonologia banta. acrescentando uma vogal A depois do L. A palavra que lhe deu origem é SALVAR. “salve sua força”. Zé Pelintra é considerado rábula por conhecer as leis. aversão. TUPÃ = Olorum na fala alguns caboclos. mas não possuir diploma. e diziam “vamu salavar”. . inimizade. zanga. TOCO. Nanã. principalmente os de Oxóssi e Xangô. Oxum. TRABUCAR é trabalhar. sem que sejam legalmente formados por curso de nível superior. emprego. Os escravos tinham dificuldade para pronunciá-la. o verbo se tornou substantivo. menina-moça. RISCADOR = pemba RONCÓ = quarto de santo destinado à iniciação dos médiuns ou à realização de alguns rituais fechados. PAVIO. como sinônimo de “culto”: hoje se diz: “vamos num saravá”. Obá. Yemanjá.