Diagnostico Por Imagem

March 29, 2018 | Author: Caroline Gomes | Category: X Ray, Radiology, Medicine, Nature, Wellness


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA1960 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM EM MEDICINA VETERINÁRIA Carmen Lice Buchmann de Godoy Luiz Carlos de Pellegrini Ingrith Mazuhy Santarosa Gionani Krolikowski Santa Maria, 2010 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM EM MEDICINA VETERINÁRIA CARMEN L.B.DE GODOY, M.V. Dra. Professora Associada do Departamento de Clínica de Grandes Animais Curso de Medicina Veterinária Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria, RS LUIZ CARLOS DE PELLEGRINI, M.V. Professor Adjunto do Departamento de Clínica de Grandes Animais Curso de Medicina Veterinária Universidade Federal de Santa Maria INGRITH MAZUHY SANTAROSA, M.V. M.Sc. Mestre em Clínica Veterinária – Diagnóstico por Imagem GIOVANI KROLIKOWSKI, M.V. M.Sc. Mestre em Clínica Veterinária - Diagnóstico por Imagem 2 D536 Diagnóstico por imagem em medicina veterinária / por Carmen Lice Buchmann de Godoy ... [et al.] – Santa Maria : Ed. da Universidade Federal de Santa Maria, 2008. Revisado em 2010. 131 p. : il. (Caderno didático) 1. Medicina veterinária 2. Radiologia 3. Ultrassonografia 4. Grandes animais 5. Pequenos animais I. Godoy, Carmen Lice Buchmann de II. Pellegrini, Luiz Carlos de III. Santarosa, Ingrith Mazuhy IV. Krolikowski, Giovani V. Série CDU: 619:615.849 Ficha catalográfica elaborada por Luiz Marchiotti Fernandes CRB-10/1160 Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Rurais/UFSM 3 APRESENTAÇÃO Este caderno didático tem por objetivo proporcionar um guia para o acompanhamento das aulas de Diagnóstico por Imagem. 4 . uma vez que a literatura existente é rica e ampliará os horizontes do aluno em busca de conhecimento. Não deve ser usado como única fonte de estudo. ministradas aos estudantes do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria. ...................................................................................... 113 XV: Anatomia ............................ 5 ........................................ CAPÍTULO XIII: Introdução ao Estudo Radiográfico do Aparelho Locomotor de Equinos ... 100 CAPÍTULO XIV: Posicionamentos Radiográficos .......................................................................................................... 6 CAPÍTULO II: Sistema Digestório ............................................................................................................................ 27 CAPÍTULO IV: Sistema Reprodutor ....... 87 VII: Introdução à ................... 37 CAPÍTULO VI: Coração e Grandes Vasos ........................................... 72 CAPÍTULO XI: Radiologia da Coluna Vertebral ...... 45 CAPÍTULO Ultrassonografia 49 CAPÍTULO VIII: Ultrassonografia do abdome de pequenos animais ......................................................................................... 33 CAPÍTULO V: Sistema Respiratório ........................................ 12 CAPÍTULO III: Sistema Urinário . 100 CAPÍTULO Radiológica 106 CAPÍTULO XVI: Alterações Radiológicas ......SUMÁRIO CAPÍTULO I: Introdução à Radiologia .................................... IX: Introdução à Radiologia Óssea e ................................................................................................. 78 CAPÍTULO XII: Radiologia do Aparelho Locomotor ......................................... 52 CAPÍTULO Articular 70 CAPÍTULO X: Radiologia do Crânio ...................................................................................... porém. pela possibilidade de avaliar estruturas do corpo do indivíduo sem uso de técnicas invasivas como cirurgias exploratórias. Formou-se engenheiro mecânico em Zurich.1. esta continuava determinando luminosidade num cartão pintado com substância fluorescente (platino cianeto de bário). a da mão de sua esposa.15/09/04) A ampola de Crookes era de vidro. Existia. no tratamento de tumores. os raios-X eram produzidos em ampola de Crookes. Röentgen percebeu que.fisica. a impossibilidade de controlar a quantidade e a intensidade da radiação emitida. Röentgen. por exemplo. onde também obteve grau de doutor em 1869. usado para verificar radiações catódicas.ufc. Em 28 de setembro de 1895. Figura 1. PRODUÇÃO DOS RAIOS-X Como visto anteriormente. contendo gás no interior. Suíça.No radiodiagnóstico. fazia experiências com uma ampola de Crookes (fig. professor do Instituto de Física da Universidade de Würzburg.Ampola de Crookes. . que alimentado por corrente elétrica produzia elétrons e um ânodo (pólo positivo).1. 6 .Na radioterapia.CAPÍTULO I INTRODUÇÃO À RADIOLOGIA HISTÓRICO Wilhelm Conrad Röentgen nasceu em 1845 na Alemanha.1). Em 1895.br/raiosx. quando descobriu os raios-X. (Fonte: www. Esta disciplina se restringirá ao radiodiagnóstico. IMPORTÂNCIA DOS RAIOS-X EM MEDICINA VETERINÁRIA . mesmo envolvendo a ampola em papel grosso preto (cartolina). composta por um cátodo (pólo negativo). para o qual estes eram atraídos e ao se chocarem contra o ânodo e contra as paredes do tubo produziam raios-X. o pesquisador apresentou sua descoberta à Sociedade de Física e Ciências Médicas na Universidade de Würzburg e exibiu a primeira radiografia da história. colidindo contra o mesmo. 1.2. 7 . medida em miliamperes (mA).2). é de vidro com invólucro de metal. produz-se entre os pólos positivo e negativo da ampola uma diferença de potencial. que levou o seu nome. a qual é acoplada a comandos que permitem imprimir corrente elétrica adequada aos fatores de exposição a serem empregados em cada caso. então. A ampola. fazendo com que os elétrons sejam atraídos pelo ânodo. Figura 1. o qual apresenta uma janela de berílio por onde passa o feixe útil da radiação. Através do circuito de alta voltagem.Foi. Na outra extremidade da ampola encontra-se o ânodo (potencial positivo) apresentando uma pequena placa de tungstênio. medida em quilovolts (kV). enquanto a quilovoltagem determina a energia e. fornecendo determinado número de elétrons que darão origem a proporcional quantidade de raios-X. produzindo raios-X e calor. A quantidade de raios-X é diretamente proporcional ao tempo. em cujo interior é produzido vácuo. a penetração dos raios. é aquecido. Numa das extremidades encontra-se o cátodo (potencial negativo) com filamento de tungstênio em espiral que alimentado por corrente de baixa voltagem. consequentemente. Pelo descrito acima pode-se concluir que a miliamperagem é responsável pela quantidade de radiação produzida. sendo esta relação denominada miliamperes/segundo (mAs).Ampola de ânodo giratório (Fonte: Fundamentos de radiografia – Kodak). desenvolvida por Coolidge uma ampola (fig. O objeto a ser radiografado deve estar o mais próximo possível do filme para que a imagem tenha o tamanho próximo do real... Produzem ionização por onde passam por isso impressionam filmes fotográficos (e radiográficos).. 8 .. quanto maior a quilovoltagem empregada.... O posicionamento da estrutura a ser radiografada em relação ao filme e à fonte de radiação é de suma importância para evitar-se a distorção da imagem.. ou seja. A distância ideal entre o foco e o filme está em torno de 70cm. INTERAÇÃO DOS RAIOS-X COM A MATÉRIA Ao interagir com a matéria os raios-X podem sofrer fenômenos: Radiações Secundárias: parte da energia da radiação é cedida a átomos do corpo radiografado.01Å (angstrom)..... no meio. Já as ampolas de ânodo giratório têm o foco preservado.... as mesmas apresentam um sistema de refrigeração. os raios-X mais empregados estão entre 0.. Estimulam substâncias fluorescentes como o platino cianeto de bário e o sulfato de zinco... Raios Dispersos: a radiação é apenas desviada da sua trajetória sem alterar o comprimento de onda.. menor é a quantidade de raios provenientes do foco que o atinge e....... evitando deterioração do foco..... Efeito Compton: parte da energia da radiação é transferida aos átomos e os raios incidentes continuarão sua trajetória..... consequentemente.λ = 0.... dissipando mais facilmente o calor (fig.. óleo.. por ser este bombardeado pelos elétrons em pontos sucessivos.. os quais podem emitir radiação de comprimento de onda maior que o dos raios incidentes.... produzindo imagem menos nítida. DEFINIÇÃO DE RAIOS-X São ondas eletromagnéticas....45Å – raios médios 80 a 100 kV.....λ = 0....... em geral. 40 a 60 kV.... 1....... Em radiodiagnóstico.5 e 0......4Å. RELAÇÃO ENTRE A FONTE DE RADIAÇÃO. Podem afetar células vivas..... O OBJETO RADIOGRAFADO E O FILME NA IMAGEM RADIOGRÁFICA A densidade da radiação é inversamente proporcional ao quadrado da distância... À medida que se afasta o objeto....4Å – raios duros Acima de 100 kV obtêm-se raios chamados ultraduros.......          PROPRIEDADES DOS RAIOS-X Os raios-X se propagam em linha reta e na mesma velocidade da luz... Efeito foto-elétrico: os raios-X perdem toda sua energia arrancando elétrons..5Å – raios moles 60 a 80 kV... semelhantes à luz. o filme... maior será seu poder de penetração.. diferindo no comprimento de onda (λ)..λ = 0. com comprimento de onda maior.2). produzindo alterações somáticas e / ou genéticas. Quanto menor o comprimento de onda dos raios-X... Por não possuírem massa atravessam os corpos. O comprimento de onda dos raios-X varia entre 100 e 0.Para absorver o calor nas ampolas de ânodo fixo...... na dependência da quilovoltagem empregada....... Contrastes positivos: são radiopacos. à base de iohexol utilizado para mielografia. Quando estruturas de mesma densidade se sobrepõem produzem efeito de adição de imagem. Ex: Pneumocistografia. Por outro lado. determinando a imagem radiográfica de seus órgãos na dependência da densidade. pode-se recorrer ao uso de contrastes. à base de amidotrizoato de sódio e amidotrizoato de meglumina utilizado para estudo do sistema urinário e angiografia. Usualmente utiliza-se ar. absorverá a radiação. Num mesmo animal verificam-se várias densidades radiológicas. da espessura e da densidade da substância que compõe o objeto radiografado. Entre a densidade osso (radiopaca) e a densidade ar (radiolucente).DENSIDADES RADIOLÓGICAS A imagem radiográfica é determinada por sombras do objeto. Contrastes negativos: são radiolucentes. espessura e peso atômico dos mesmos. por exemplo. impedindo a chegada da mesma ao filme. CONTRASTES Quando a imagem radiográfica não é diagnóstica. Considerando-se que esta substância absorve os raios-X. fazendo com que se reduzam a prata metálica quando o filme é imerso no revelador. o brometo de prata que compõe a emulsão que envolve a película radiográfica. tendões e sangue (menos radiopaca que o osso) e a densidade gordura (menos radiopaca que a densidade água). pois a radiação impressiona os sais de prata da emulsão. Já. entre outros. que são substâncias administradas ao paciente no intuito de melhor definir ou delimitar estruturas.  A espessura também impedirá a passagem da radiação de forma diretamente proporcional. o ar que enche os pulmões. não se reduz a prata metálica ao ser mergulhada no revelador. podendo-se usar óxido nitroso ou dióxido de carbono. maior dificuldade terão os raios para ultrapassar o material. não sendo atingida pela radiação. determinando imagem radiolucente. 9 . Ex: Determinado volume de água absorverá mais a radiação do que o mesmo volume de gelo. a primeira será atravessada pela radiação produzindo imagem radiolucente (cinza escuro). Ex: Um cão de porte grande requererá maior poder de penetração dos raios para imprimir imagem no filme.  Maior densidade da matéria requer maior força de penetração dos raios. na dependência do peso atômico. Ex: Radiografando-se uma rolha de cortiça e um cilindro de chumbo com o mesmo diâmetro. Ex: Composto à base de sulfato de bário utilizado para estudo do sistema digestório.  Quanto maior o peso atômico. passando por vários tons de cinza. Ex: Dois ossos sobrepostos determinam imagem mais radiopaca que a determinada por um único osso. o segundo. do que um cão de pequeno porte. oferece menor resistência à passagem das radiações. existe a densidade água que corresponde aos músculos. proporcionando imagem radiopaca (branca). Os ossos. variando do preto ao branco. entende-se porque aquelas estruturas imprimem imagem radiopaca na radiografia. constituem-se basicamente de cálcio. Rostro-caudal – A radiação incide cranialmente à face do paciente. são impressos no filme. DP. data do exame. para a extremidade. Ex: Porção do duodeno com gases (radiolucente) sobreposto à imagem do fígado (radiopaco). no ponto de sobreposição. DV. densidade menos radiopaca que a característica deste órgão. LE Lateral esquerdo Crânio-caudal e caudo-cranial – usado para membros de proximal até a extremidade distal de rádio e ulna/tíbia e fíbula.Quando estruturas de densidades diferentes se sobrepõem determinam efeito de subtração de imagem. VD. VD Ventro-dorsal – o feixe incide na face ventral e emerge dorsalmente. Skyline – O feixe de radiação incide tangencialmente à estrutura em estudo. Assim: DV Dorso-ventral – o feixe de raios incide no dorso (cabeça. com tipos de chumbo afixados no chassi no momento da radiografia ou com identificador eletrônico na câmara escura. coluna cervical). DP Dorso-palmar/plantar ou PD Palmo/planto (ou pálmaro)-dorsal – usado para membros a partir de carpo/tarso inclusive. tórax ou abdome) e emerge na face ventral do animal. LD Lateral direito – o feixe incide no lado esquerdo e emerge no direito. após a radiografia. determina. L ou LL Lateral ou Látero-lateral – o feixe incide em um lado e emerge no outro (não especifica o lado). PD a marca deve ser colocada no lado direito do paciente. deve-se dar nome a este posicionamento. emergindo na superfície caudal do crânio. Lateral flexionada – efetuada com flexão da estrutura avaliada (membros. ou seja. IDENTIFICAÇÃO DE RADIOGRAFIAS A identificação do paciente (nº da ficha e / ou nome). membro E ou D (quando necessário). PLDMO – Palmarolateral-dorsomedial obliquada/ Plantarolateral-dorsomedial obliquada. levando em conta a face do corpo do animal onde incide e a face onde emerge a radiação. Quando a incidência for frontal. atingindo o filme. NOMENCLATURA PARA POSICIONAMENTOS Ao posicionar o paciente com o propósito de efetuar uma radiografia. Usadas com maior freqüência em extremidades de eqüinos: DMPLO – Dorsomedial-palmarolateral obliquada/ Dorsomedial-plantarolateral obliquada – o feixe de raios incide no ângulo formado pelas superfícies dorsal e medial e emerge no ângulo formado pelas superfícies palmar e lateral/ plantar e lateral do membro. DLPMO – Dorsolateral-palmaromedial obliquada/ Dorsolateral-plantaromedial obliquada. PMDLO – Palmaromedial-dorsolateral obliquada/ Plantaromedial-dorsolateral obliquada. 10 . o filme deve ser colocado no negatoscópio com a identificação para o lado esquerdo do radiologista. Obliquadas – são incidências complementares. No momento da interpretação radiológica. em geral. CUIDADOS ANTES E DURANTE O EXAME PARA ADEQUADO ESTUDO RADIOGRÁFICO  Para exame de abdome fazer a limpeza do trato digestório.. idade. a marca deve ficar em local que não atrapalhe a imagem. avaliando-se o padrão radiográfico e o posicionamento.  Especificação das estruturas a serem radiografadas. livres de ferraduras para exame de 3ª falange. óculos e protetor de tireóide plumbíferos e dosímetro para medir a radiação recebida durante determinado período de tempo (normalmente mensal). REQUISIÇÃO Na solicitação do exame radiológico é importante que conste:  A identificação do paciente: Nome. utilizando-se a maior quilovoltagem e a menor miliamperagem.  Descrição sucinta da história clínica. indicada.  Colima-se o feixe de radiação através de cones ou diafragmas. inicialmente. radiografias perpendiculares entre si.  Verificar se pele e pelos estão limpos e livres de pomadas.Em incidências laterais..  Radiologistas. sempre que as condições do paciente o permitirem. para o chão. a marca deve ser colocada no direito. já que a radiografia não proporciona imagem tridimensional (não dá noção de profundidade) (fig.. 11 . Ao negatoscópio.  Efetuar. Quando possível. Preencher os sulcos do casco (pode ser com massa de modelar). à região central do filme. Quando radiografados os dois membros. luvas. PROTEÇÃO RADIOLÓGICA Considerando-se que a radiação é nociva à saúde. onde deve estar a estrutura a ser estudada. dirigindo-o. efetuar exame simples antes. procura-se proteger ao máximo as pessoas envolvidas no exame. Detém-se. usar avental. sempre.3). a radiografia toda.  Quando solicitado exame contrastado. 1.  Os cascos dos equinos devem ser escovados e. sempre que possível. sempre. proteger-se atrás de biombo de chumbo ou paredes espessas e fazer controle hematológico periodicamente (6 em 6 meses). Nada impede que se coloque as letras D e E respectivamente. técnicos e auxiliares devem.  Solicita-se ao cliente (proprietário) que auxilie na contenção do paciente. se possível. pelo clínico. INTERPRETAÇÃO RADIOLÓGICA Observa-se. coloca-se a região cranial do corpo do animal para a esquerda do radiologista. então. ou declara-se não haver alteração detectável ao exame radiológico. 12 . nas estruturas avaliadas. A primeira sugere que o projétil se encontre entre os dois ossos. LAUDO RADIOLÓGICO Na elaboração do laudo se descreve as alterações observadas. Ex: neoplasias ósseas. Ex: aumento de volume cardíaco. por tumor na cavidade abdominal. Alteração na densidade. Ex: bexiga com divertículo.3 – Radiografias em projeção lateral e crânio-caudal de rádio e ulna de um cão.       Atenta-se para: Mudança de posição de um órgão ou parte dele. Ex: Rim afuncional (evidenciado na urografia excretora). Ex: alças intestinais desviadas para um lado. A outra demonstra que está sob a pele.Figura 1. Alteração na função. na face lateral do membro. emite-se o diagnóstico. Variação no tamanho. Ex: rarefação óssea. Variação no contorno ou forma. se possível. Mudança na arquitetura. FARINGE Nesta região. palato. corpos estranhos entre os dentes. Imagem que não deve se repetir em radiografias sucessivas. colapsado. fazendo a inspeção. Figura 2. levando em conta alteração de volume. ser observada na porção inicial do esôfago.1). determinando a mesma densidade dos tecidos moles da região do pescoço e do mediastino. Corpos estranhos. onde volta a ser dorsal. dispensando raios-X. normalmente. chegando ao abdome. deve-se analisar a anatomia da mesma (fig. O esôfago não é distinguido ao exame radiográfico simples. Recomenda-se que o clínico abra a boca do paciente. fazem parte do capítulo de sistema ósseo. até a entrada do tórax. primeira do sistema digestório. gengiva. é avaliada através de exame direto. pois encontra-se. cáries ou dentes quebrados ou frouxos.1 – Faringe de um cão evidenciando palato mole (seta fina preta). ESÔFAGO Esta estrutura estende-se da altura da 2ª vértebra cervical à 10ª torácica. continuidade ou densidade. em busca de lesões na língua. não apresentando ar ou conteúdo em sua luz. dentes e periodonto. As estruturas ósseas que limitam a cavidade oral. Seta descontínua aponta as cartilagens da laringe. 13 . palato mole. em geral. passando para o lado esquerdo da mesma na porção cervical caudal. Discreta porção de ar (radiolucente) poderá. onde se une ao cárdia. eventualmente. facilitando a identificação de alterações. epiglote e hióides. quando presentes. epiglote (seta grossa preta) e hióides (setas brancas).CAPÍTULO II SISTEMA DIGESTÓRIO CAVIDADE ORAL Esta estrutura. É importante o conhecimento das estruturas normais. Começa dorsal à traquéia. linfonodo aumentado e neoplasias são alterações passíveis de serem detectadas ao exame radiográfico. 2. ou a visualização da mesma até o terço médio do tórax. Isto se deve à passagem livre e rápida do contraste para o estômago (fig. 2. No gato. via oral. coloca-se o paciente em decúbito lateral sobre o filme e efetua-se a radiografia. ALTERAÇÕES As alterações de esôfago classificam-se em intraluminais (ex: corpo estranho.5). 2. o contraste passará imediatamente para o estômago. Imagem normal de esôfago de cão (A). Sinais clínicos: dificuldade de deglutição. fig. intramurais (ex: nódulos de Spirocerca lupi. no terço caudal do esôfago. 6) ou periesofágicas (ex: neoplasia adjacente ao esôfago. determinando uma imagem semelhante a espinha de peixe. Recomenda-se composto orgânico em caso de suspeita de solução de continuidade de parede do órgão. mais esclarecedor e dorsoventral ou ventro-dorsal. fig. TÉCNICA RADIOGRÁFICA Com auxílio de seringa administra-se. eventualmente. sem dilatação do esôfago. fig. para avaliar o padrão da radiografia e descartar a presença de alteração detectável sem contraste. Imediatamente. A não detecção da coluna de contraste. não caracteriza alteração. de gato (B). Figura 2. sendo estes últimos de pouca ajuda pela sobreposição das vértebras.2 A). IMAGEM Na ausência de alterações. 2. 14 . em geral. tosse. deixando resíduos entre as pregas do esôfago. 2. existem pregas transversais além das longitudinais.2 B).ESOFAGOGRAMA É o exame contrastado do esôfago para o qual se usa contraste positivo. determinando imagem de linhas longitudinais que se estendem até a entrada do abdome ou próximo a este ponto. 5 a 10ml de sulfato de bário. regurgitação e. sulfato de bário.2 – Esofagograma. Nota: Sempre realizar o exame simples antes do contrastado.3). quando preenchidas por contraste (fig. 2. As radiografias são efetuadas em posicionamento lateral. quando haverá interrupção parcial ou total da coluna de contraste na trajetória do esôfago. Os pontos onde mais frequentemente se instalam os corpos estranhos são: porção terminal de esôfago cervical (pela resistência à distensão na entrada do tórax). anterior à base do coração (pelas estruturas da região) e na porção terminal do esôfago (pela limitação proporcionada pelos pilares do diafragma). 15 .3).4). Exame simples (A) e esofagograma (B). Os primeiros são visualizados ao exame radiográfico simples. já os últimos necessitam de esofagograma para sua identificação.4 – Imagens de corpo estranho radiolucente (setas) em esôfago de um cão.3 – Imagens radiográficas de corpos estranhos radiopacos em esôfago de cão. 2. Figura 2. 2. dilatando a luz do mesmo cranialmente ao corpo estranho. Figura 2. ou radiolucentes (Fig.OBSTRUÇÃO ESOFÁGICA POR CORPO ESTRANHO Os corpos estranhos podem ser radiopacos (Fig. 5 – Massa comprimindo o esôfago cervical (setas pretas). como uma saculação na parede do órgão. Utiliza-se.COMPRESSÃO ESOFÁGICA Pode ocorrer por aumento de volume de linfonodos mediastinais. ESTENOSE ESOFÁGICA Redução da luz por espessamento da parede. Pode levar a espessamento da parede em casos crônicos ou demonstrar irregularidade nas pregas do esôfago. deve-se suspeitar de ruptura ou perfuração do mesmo. 2. DIVERTÍCULO ESOFÁGICO Não produz sinal clínico. ESOFAGITE Diagnóstico pouco comum pelo estudo radiográfico. o que será demonstrado por extravasamento do contraste para fora da luz esofágica. hipertrofia ou neoplasia de timo. tumor ou nódulos de Spirocerca lupi (fig. Pode ser congênito ou adquirido. Exame simples (A) e esofagograma (B). RUPTURA DE ESÔFAGO Quando ao exame radiográfico simples for evidenciado ar nos tecidos adjacentes ao esôfago. a menos que seja muito grande. Aparece.6). ou massas adjacentes ao esôfago (fig. 16 . então.5). ao esofagograma. Figura 2. consequente a fibrose após lesão. Contraste impedido de progredir livremente (seta branca). 2. composto orgânico para confirmar o diagnóstico. NEOPLASIAS Não são comuns em cães. lateralmente ao esôfago. Figura 2. embora raramente. 17 . sendo diagnosticadas.Figura 2. INVAGINAÇÃO GASTRO-ESOFÁGICA O estômago invagina para o interior do esôfago e. A hérnia pode ser axial ou paraesofágica. HÉRNIA DE HIATO Esta alteração ocorre quando uma porção do estômago passa pelo hiato esofágico e penetra no tórax.6 – Nódulo de Spirocerca lupi em esôfago de cão (setas). A imagem radiográfica demonstra irregularidade da parede do esôfago. produzindo uma dilatação esofágica.7). produzindo estenose (não identificada nesta imagem). também. Observa-se. em gatos. a ausência de qualquer imagem correspondente ao estômago na cavidade abdominal (fig. que apresentará densidade alterada na porção terminal. A segunda. baço e pâncreas. Ao esofagograma é possível visualizar o padrão pregueado da mucosa do estômago na luz do esôfago. quando parte do estômago penetra no tórax pelo hiato. 2. A primeira ocorre quando parte do estômago escorrega intermitentemente para o tórax através do hiato. leva junto porção do duodeno. eventualmente. evidenciada ao esofagograma.7 – Esofagograma demonstrando intussuscepção gastro-esofágica em cão. 8). 2.DILATAÇÃO PARCIAL DE ESÔFAGO Devido à constrição ou obstrução do esôfago. Para detectar-se alteração. é indispensável ter conhecimento da imagem normal do organismo animal (fig. 2. Megaesôfago pode ser causado por acalasia ou tumor de cárdia. ABDOME Ao avaliar-se o abdome como um todo. Às vezes dispensa o exame contrastado (fig. 2. A. Figura 2. ocorrerá dilatação do órgão cranialmente a este ponto. B.9 B). 2. bem como o conteúdo e o grau de repleção das vísceras ocas. 18 . densidade e localização de cada órgão.10 e 2.9 A). Figura 2. deve-se considerar tamanho.9 – Megaesôfago em cão. é necessária uma quantidade de contraste bem maior que a recomendada para o esofagograma (fig. até a entrada do abdome.8 – Esofagograma demonstrando dilatação parcial de esôfago (setas).Exame simples demonstrando as paredes do esôfago (setas) e ar no interior. em determinado ponto.11). MEGAESÔFAGO Observa-se aumento da luz do esôfago em toda a sua extensão. Uma das causas mais comuns é o arco aórtico direito persistente (fig.Esofagograma demonstrando quantidade insuficiente de contraste devido à grande distensão. Para preenchimento do órgão dilatado. por exemplo. cárdia e região fúndica do estômago estão localizados à esquerda da linha média. no cão. o estômago está localizado em sua totalidade no lado esquerdo. Figura 2. Fígado (seta longa preta). gás no seu lúmen. GASTROGRAFIA OU GASTROGRAMA 19 . usualmente. pode ser facilmente identificado por conter. No gato. a coleção de gás que tende a subir. Em posição VD.ESTÔMAGO Este órgão localiza-se na porção cranial do abdome. tendo o piloro na linha média. Ao exame simples. dependendo do decúbito. Figura 2. se localizará na região fúndica (decúbito direito) ou na pilórica (decúbito esquerdo). estômago (seta grossa branca) e cólon descendente com gases e fezes (seta grossa preta). fígado (seta branca). Incidência lateral (A) e ventro-dorsal (B). rins sobrepostos na incidência lateral e rim esquerdo na ventrodorsal (seta grossa preta). aparecendo parcialmente sobreposto ao fígado nas radiografias. alça do intestino delgado (seta pequena branca).10 – Abdome normal de cão.11 – Abdome normal de felino. Cólon descendente (seta fina preta). ficando a região pilórica à direita. Na projeção lateral. evidenciado por pequena quantidade de contraste administrada que o envolverá. administra-se o meio de contraste na dose de 5 a 12ml. não sendo indicado o uso de contraste. ou radiolucente. Indica-se incidências VD. avaliando-se as imagens obtidas. com o piloro deslocado de sua posição normal. lateral direita e. efetua-se a primeira radiografia.kg-1 de peso do animal. perda de peso.É o exame contrastado do estômago. desidratação e fadiga. repetindo-se aos 5. sendo o sulfato de bário o meio de contraste indicado rotineiramente. 15. via oral. TÉCNICA: Visando avaliação do estômago. Presença de conteúdo no estômago após jejum. indica-se jejum de 8 horas previamente ao exame. 2. ALTERAÇÕES São sinais de desordem gástrica: dor abdominal. Com auxílio de seringa. vômito. Este quadro caracteriza emergência. preferencialmente. se as condições do paciente o permitir. para avaliar a passagem do contraste para o duodeno (fig. TORÇÃO GÁSTRICA O estômago apresenta-se distendido por gases e / ou conteúdo alimentar e líquidos. Diante de suspeita de perfuração de parede. que será visualizado ao exame simples.12). ou através de sonda diretamente no estômago. 20 . lateral esquerda. Figura 2. sugere obstrução ou espasmo de piloro.12 – Imagem do estômago de cão ao exame contrastado. anorexia. Plástico e vidro são exemplos de corpos estranhos radiolucentes. até chegar ao diagnóstico. podendo chegar a temperatura elevada. junto ao proprietário. CORPO ESTRANHO Pode ser radiopaco. Nota: É importante que o paciente seja mantido em local tranquilo. 20 e 60 minutos após. se necessário. este deve ser substituído por composto orgânico. para que o estresse não interfira na progressão do contraste. DV e obliquadas. Imediatamente. efeito de laxante suave e enema efetuado 6 horas antes do exame. O diagnóstico radiológico destas últimas é feito pela constatação de contraste preenchendo-as. administra-se via oral ou por sonda gástrica. Ainda. ou qualquer efusão peritonial. permanecendo o piloro em sua posição normal (fig. causadas pelo uso indiscriminado de antiinflamatórios. Animais muito magros ou jovens. Gordura na cavidade peritonial. têm imagem do abdome bastante homogênea pela ausência de gordura. Deve ser precedido. como em casos de anorexia. INTESTINO DELGADO EXAME SIMPLES As alças intestinais serão mais facilmente distinguidas ao exame radiológico quando apresentarem gás em sua luz ou conteúdo de densidade diferente dos tecidos adjacentes. é a endoscopia. Figura 2. por exame simples. 21 . Dependendo do quadro clínico. na presença de líquido livre na cavidade. O mais indicado.13 – Dilatação gástrica por obstrução de piloro em um cão. especialmente. para o diagnóstico definitivo. proporciona distinção entre as mesmas. haverá uma opacificação homogênea da imagem. dificultando ou impedindo totalmente a distinção de qualquer estrutura. peritonite. Não é de fácil visualização devido às pregas gástricas que podem levar a erros. sempre.DILATAÇÃO GÁSTRICA O estômago apresenta-se distendido. em que o paciente já vem há dias sem se alimentar. TUMORES E ÚLCERAS Os tumores gástricos são raros em pequenos animais. por ter densidade radiológica diferente das vísceras. TÉCNICA Após preparo com jejum de 24 horas (água sem restrição). como em caso de ascite.kg-1 de peso do animal. já as úlceras ocorrem. 2.13). o preparo será dispensado. o sulfato de bário na dose de 8 a 12ml. hemoperitônio. TRÂNSITO INTESTINAL É o exame contrastado das alças intestinais. a imagem radiográfica demonstrará dilatação por gases ou conteúdo alimentar das alças intestinais. O trânsito poderá estar acelerado em caso de enterite. para observar a passagem do mesmo do estômago para o duodeno. 2. o contraste proporcionará imagem de franzimento do segmento da alça que o contém (fig. superfície mucosa relativamente lisa e parede fina. desidratação.Intestino delgado em projeção ventro-dorsal e B . Num paciente adequadamente preparado para o exame.16). A B Figura 2. perda de peso.Trânsito intestinal normal em cão. novamente. efetuase a primeira radiografia. não haverá retenção significativa de gases. pode-se verificar a passagem do mesmo ao cólon e avaliar o esvaziamento do estômago. podendo necessitar contraste para o diagnóstico. quando em condições normais. No primeiro caso. ALTERAÇÕES Os sinais clínicos incluem vômito. ENTERITE Radiologicamente diagnosticada pela velocidade aumentada do trânsito intestinal (o contraste passa muito rapidamente) e/ou por significativa quantidade de gases na luz 22 . Quando a causa for corpo estranho linear. ao fim da administração do contraste.15). anorexia. o intestino apresentará diâmetro uniforme. ou retardado pelo estresse do animal devido à manipulação.14 . Três horas após a administração do contraste.Projeção lateral. anteriores ao ponto de obstrução (fig.14 A e B). todo o intestino delgado estará delineado pelo contraste. quando em condições normais de saúde (fig. No segundo. Repete-se a avaliação 15 minutos após e uma hora. 2. dor abdominal e /ou melena. A . Estômago apresenta resíduo do contraste. diarréia. 2.Da mesma forma vista na gastrografia. OBSTRUÇÃO A obstrução pode ser completa ou parcial. comparada por alguns autores a uma salsicha. dando-se preferência ao exame ecográfico em lugar do contrastado. DIVERTÍCULO Pode ser adquirido ou congênito.15. eventualmente.15 – Radiografia simples: obstrução intestinal em projeção lateral e ventro-dorsal.intestinal. INTUSSUSCEPÇÃO Poderá produzir obstrução completa ou incompleta. Figura 2. Irregularidade na superfície da mucosa ou estreitamento do lúmen só será observado em casos crônicos. uma imagem de uma estrutura tubular com densidade água. Apresenta-se como uma saculação na parede da alça intestinal. Evita-se a administração de contraste. 23 .16 – Trânsito intestinal em projeção ventro-dorsal e lateral. Quando causar obstrução completa a imagem será semelhante à vista na figura 2. evidenciando corpo estranho linear no intestino delgado de um felino. A invaginação de uma porção da alça em outra determina. demonstrada por radiolucência. Figura 2. sendo mais comum o consequente a corpo estranho. localizada entre a superfície ventral do sacro e o assoalho da pelve em projeção lateral.HÉRNIAS As alças intestinais. presença de alças intestinais com gases e estruturas radiopacas insinuadas no tórax. estômago. Imediatamente efetuam-se as radiografias. ALTERAÇÕES 24 . é identificado no lado direito do abdome em projeção VD. As paredes do cólon delineadas pelo contraste positivo são avaliadas para alterações na mucosa e lesões intramurais. A dose indicada é de 5 a 12ml. serão visualizados fora da cavidade abdominal. como fígado. ou outros órgãos. observa-se o cólon ascendente no lado direito do abdome. hérnia inguinal (na região inguinal) (fig. A . cólon transverso. 2. A B Figura 2.Perda da linha do diafragma. É aconselhável a sedação para evitar o desconforto do paciente.17 – Hérnia diafragmática. Seringa com bico ou sonda é utilizada para administrar o contraste no reto.kg-1 de peso. Corno uterino com fetos compõe o conteúdo herniário. Ex: Hérnia diafragmática (vísceras insinuadas no tórax) (fig. Este segmento do intestino é facilmente identificável ao exame radiológico por sua localização. INTESTINO GROSSO O intestino grosso inclui ceco. B . cólon e reto. TÉCNICA As incidências e o preparo são os mesmos do trânsito intestinal. com seu conteúdo gasoso ou com contraste. Este último é a estrutura intrapélvica. COLONOGRAFIA OU ENEMA BARITADO É o exame contrastado do intestino grosso. Para exame de duplo contraste. tamanho e conteúdo.17 A). da direita para esquerda e descendente no lado esquerdo. cheio de gás. com forma de “C”. Nesta projeção. O ceco no cão. útero. descendo até o reto.Hérnia inguinal em uma cadela prenhe.17 B). 2. proporciona-se a eliminação do contraste positivo e administra-se ar na mesma dose do primeiro. 2. 25 . 2. atresia anal (fig. hérnia perineal (fig.São as mesmas que acometem o intestino delgado. Alças intestinais distendidas por gases. 2. A B Figura 2.18 B).18 A).19 – Atresia anal em felino de 4 dias de vida.Megacólon com conteúdo fecal. Figura 2.19) e intussuscepção íleo-cólica (fig.18 – A.20). B-Hérnia perineal. em projeção lateral. mais megacólon e fecaloma (fig. 2. Figura 2.20 – Intussuscepção íleocólica em cão. Alças do intestino delgado apresentam-se distendidas por gases, na projeção lateral. Contraste usado na colonografia progrediu até o ponto da invaginação, na junção íleocólica. MASSAS TUMORAIS Pode ocorrer o desenvolvimento de massas no abdome, as quais se originam em qualquer órgão ou mesmo no mesentério, o que é difícil de especificar ao exame radiográfico. É importante, diante de massas que ocupam grande parte do abdome (fig. 2.21), não se fazer confusão com efusão pleural, observando o limite que aquelas demonstram, diferentemente das efusões que se distribuem por toda a cavidade. Incidência VD auxilia a localização das massas, bem como incidência lateral em estação, permite a observação do líquido colecionado ventralmente nesta posição. Figura 2.21 – Massa no abdome (tumor no baço) e tórax do mesmo paciente com metástases pulmonares. PNEUMOPERITÔNIO Pode ocorrer como consequência de perfuração em alças intestinais (fig. 2.22). Radiolucência distribuída em toda a cavidade será observada. Figura 2.22 – Pneumoperitônio causado por perfuração de alça intestinal em felino. Imagens cedidas pelas colegas Médicas Veterinárias Cristiane Elise Teichmann e Anelise Réquia. 26 PNEUMOPERITONIOGRAFIA É o exame radiográfico no qual se injeta ar ou óxido nitroso na cavidade abdominal, com a finalidade de melhor avaliar a superfície serosa das vísceras. Exame pouco usado atualmente, graças à ultrassonografia que proporciona imagem sem invasividade. ÓRGÃOS ANEXOS PÂNCREAS Este órgão não é distinguido ao exame radiológico. Quando aumentado de tamanho, em geral por pancreatite ou tumor, poderá aparecer como uma massa deslocando as vísceras adjacentes. A ultrassonografia aqui, bem como no baço, proporcionará esclarecimento. FÍGADO Em projeção VD o fígado se apresenta na radiografia como uma estrutura de densidade água, homogênea, na região mais cranial do abdome, com forma convexa limitada pelo diafragma e, irregularmente côncava em sua borda caudal, em contato com o estômago, duodeno mais à direita e rim direito. Em projeção lateral, este órgão apresenta forma triangular, limitado pelo diafragma e parede abdominal ventral, tendo sua borda caudal formando um ângulo bem definido, ultrapassando ligeiramente o último arco costal (fig. 2.10 e 2.11). O fígado poderá apresentar-se aumentado de tamanho (fig. 2.23), ultrapassando significativamente o limite normal, perdendo o aspecto afilado de suas bordas, as quais aparecem arredondadas. Exemplos de causas de hepatomegalia são neoplasias hepáticas, carcinoma de ducto biliar, cirrose em sua fase aguda,, intoxicação e congestão por insuficiência cardíaca direita. Deslocamento caudal das estruturas adjacentes auxiliam no diagnóstico. Já, o fígado diminuído de tamanho, é característico de cirrose hepática. Com o exame ultrassonográfico será possível avaliar-se o parênquima e os limites hepáticos, fazendo diagnóstico o diferencial. Figura 2.23 – Imagem radiográfica hepatomegalia em cão. de 27 BAÇO Apresenta-se na radiografia como estrutura triangular, com a mesma densidade do fígado, situado no lado esquerdo do abdome, caudal ao estômago em projeção VD e ventralmente em projeção lateral (fig. 2.24), sendo o decúbito lateral direito preferencial, pela posição tomada pelo órgão, determinando boa imagem. Poderá estar aumentado de tamanho quando o paciente estiver sob efeito de anestésico, período pós-vacinal ou em casos patológicos como linfossarcoma (fig. 2.21). Figura 2.24 – Radiografia de abdome normal de cão, com evidência do baço (seta). 28 mas no canino macho o osso peniano indica a posição terminal desta estrutura. Ao exame radiológico simples apenas rins e bexiga são visualizados. os rins têm. Para maior conforto do animal. EXAMES CONTRASTADOS UROGRAFIA EXCRETORA É a técnica utilizada para melhor avaliação radiológica das estruturas do sistema urinário. a seguir os ureteres que aparecem como duas linhas radiopacas estendendo-se da pelve renal até o trígono da bexiga. 5 e 10 minutos. No posicionamento VD observa-se que o rim direito se localiza mais cranialmente que o esquerdo. Ao término da administração do contraste efetua-se a primeira radiografia. sendo que os primeiros são melhor distinguidos das demais estruturas da cavidade abdominal. que consiste na limpeza do trato digestório. se necessário. o mesmo poderá ser sedado. mais cranialmente se estende (fig. administra-se composto orgânico específico para vias urinárias. Após avaliação do preparo e fatores de exposição através do exame simples. seguindo-se de outras aos 2. À medida que se torna cheia. A bexiga depende de seu conteúdo para ser identificada. 2 a 3 vezes o tamanho da 4ª vértebra lombar.1). finalmente. 2. Os rins são móveis. laxante suave e. No cão. No gato. onde se inserem e. para limpeza completa do trato digestório. A bexiga é visualizada sobre o assoalho da cavidade abdominal caudal. É indicado preparo do paciente com dieta hídrica por 24 horas.1).CAPÍTULO III SISTEMA URINÁRIO Este sistema compreende rins. na dose de 3ml.3. na região dorso caudal desta. em média. nas incidências lateral e VD. em projeção lateral.kg-1. 3. Os ureteres se estendem da pelve renal ao trígono da bexiga. apresentando-se parcialmente sobrepostos (fig. esta última preenchida por contraste diluído na urina (fig.2). bexiga e uretra. o que não é imprescindível. em geral à base de diatrizoato sódico e diatrizoato de meglumina.5 a 3.5 vezes o comprimento da 2ª vértebra lombar. 3. Para adequada avaliação do sistema urinário é necessário o preparo do animal. necessitando de meio de contraste para serem identificados radiologicamente. Neste exame observa-se primeiramente os rins opacificados. usualmente identificáveis na porção dorsal do abdome. enema morno 6 horas antes do exame. iniciase o procedimento da urografia excretora: via endovenosa. 29 . ureteres. A uretra não é visualizada radiologicamente em condições normais. sempre que as condições do paciente o permitir. quando há gordura no retroperitônio. projeção lateral e VD evidenciando rins.kg–1 é injetado para o interior da bexiga via cateter adaptado a uma seringa. Figura 3. até que o órgão esteja moderadamente distendido. É importante a remoção de toda a urina presente na bexiga antes da administração do contraste negativo (fig. PNEUMOCISTOGRAFIA Ar ou óxido nitroso na dose de 6 a 12ml. 3. ureteres e bexiga. esta última com defeito de preenchimento causado por neoplasia. parcialmente sobrepostos (setas pequenas) e bexiga (seta grande).2 – Urografia excretora em uma cadela.3).Figura 3.1 – Radiografia simples do abdome de um felino: rim direito mais cranial e esquerdo caudalmente. visando conforto do paciente. 30 . Pode-se recorrer a sedação em caso de manifestação de dor. CISTOGRAFIA Contraste orgânico é diluído a 5% em solução fisiológica e introduzido na bexiga por meio de uma sonda uretral até que o órgão esteja moderadamente distendido. ar ou óxido nitroso até obter moderada distensão do órgão.3 – Pneumocistografia evidenciando urólitos radiolucentes e sonda. O excesso é removido.kg –1 (fig. 3. CISTOGRAFIA COM DUPLO CONTRASTE O contraste positivo é introduzido na bexiga em quantidade suficiente para envolver a mucosa vesical. A B Figura 3. então. o que requer em torno de 6 a 12ml. Diagnóstico comprovado em cirurgia. Este exame proporciona boa avaliação da mucosa. A imagem foi delineada por linha pontilhada por ser de difícil visibilização.4 A e B).Figura 3. administrando-se.4 – Cistografia. ALTERAÇÕES 31 . em projeção L e VD demonstrando massa tumoral no interior da bexiga de uma cadela. 3. enquanto os radiolucentes são formados por urato de amônia ou de cistina. não opacificadas. RUPTURA RENAL Diagnóstico feito pela urografia excretora. Nota: cálculos radiopacos são compostos de fosfato triplo ou oxalato de cálcio. CISTO RENAL Usualmente causa distorção no contorno do rim. haverá necessidade de exame contrastado (urografia excretora) ou ultrassonográfico para confirmação. o cisto não se destaca do parênquima. 3.5) são alterações passíveis de ocorrer. Ao exame radiológico o rim aparecerá como uma grande massa radiopaca de contornos lisos. HIDRONEFROSE Usualmente. Ultrassom é o meio ideal para este diagnóstico. a ectopia e a hipoplasia renal. Por conter líquido no interior. onde haverá extravasamento do contraste. NEOPLASIA Poderá ser observado aumento de tamanho do rim ou irregularidade no contorno. cita-se a aplasia. Rim pequeno e nodular poderá sugerir nefrite crônica ou rim terminal. NEFRITE Diagnosticada por outros meios que não o radiológico. isto é. cálculos ou ligadura acidental em cirurgia. podendo ser este último afuncional.RINS DEFEITOS CONGÊNITOS Entre os defeitos congênitos. Se os cálculos forem radiolucentes. Neste caso. ruptura de ureter e hidroureter (fig. CÁLCULO RENAL Também chamado de urólito. 32 . URETERES Cálculo.5). o outro rim pode ser hipertrofiado para compensar. é visto como densidade radiopaca no interior da pelve renal. sendo que estas últimas são detectadas ao exame contrastado. que pode ser consequente a massas abdominais. INFARTO RENAL Áreas de infarto poderão ser demonstradas como não funcionais à urografia excretora. Estas alterações são melhor demonstradas pela urografia excretora. algumas vezes preenchendo a mesma. esta alteração ocorre por obstrução de ureter (fig. uma vez que a maior ocorrência é de cristais. já que os pequenos são facilmente eliminados através da uretra curta. Em gatos. muitas vezes sendo evidenciados na uretra. discreta alteração da mucosa poderá ser imperceptível. BEXIGA CISTITE O meio de imagem indicado para este diagnóstico é o ultrassom. Nas fêmeas é comum a presença de poucos cálculos e grandes. CÁLCULOS São comuns em cães. se poderá observar a trajetória da uretra do macho com acúmulo de cristais. imagem semelhante à obtida na urografia excretora (fig. difícil. À cistografia a imagem será de uma massa menos radiopaca que o contraste positivo administrado (fig. NEOPLASIA Não é visualizada ao exame simples. Neste caso. especialmente na base do osso peniano (fig. Quando radiopacos. 3. de serem observados na radiografia. mesmo à cistografia ou pneumocistografia. o meio de imagem mais indicado é o ultra-som. 3. À pneumocistografia aparecerá como uma massa radiopaca em contraste com a radiolucência do ar administrado. se apresentarão um pouco menos radiolucentes que o ar (fig.Figura 3. são facilmente observáveis (fig. 3. 3. uma vez que a mucosa vesical não é distinguível ao exame radiográfico simples e. Se radiolucentes. se não impossível.6).2).3).4).6 B). poderão depender de contraste negativo para serem evidenciados. Eventualmente. 33 .5 – Hidroureteres demonstrados por urografia excretora em cão. 3. Nos machos observam-se cálculos de todos os tamanhos e em grande número pela dificuldade de serem eliminados. URETRA CÁLCULOS Poderão ser observados na trajetória da uretra de cães e gatos machos.7). onde o contraste extravasou para a cavidade abdominal.7 – Ruptura de bexiga diagnosticada por cistografia. RUPTURA Perceptível apenas ao exame contrastado. B. 3.6 B). quando será visibilizado ar ou contraste positivo livre na cavidade abdominal. Figura 3. Contraste positivo é o mais indicado por ser mais facilmente observado ao extravasar (fig. Poderá não ter nenhum significado clínico. 3. onde o divertículo colecionará sedimento.Cálculos radiopacos na bexiga de um cão ao exame radiográfico simples. DIVERTÍCULO Pode ser de origem traumática ou ocorrer no ponto onde se fixava o úraco no feto (estrutura que proporciona comunicação entre a bexiga e o saco alantóide).B A Figura 3. ESTENOSE 34 . proporcionando recidivas. a não ser em casos de cistite. como já comentado (fig.6 – A.Muitos e pequenos cálculos preenchendo a bexiga e a uretra de um cão. Fratura de osso peniano no cão é a causa mais comum desta alteração (fig.8). podendo.8 – Fratura de osso peniano em cão (seta). ser determinada por cálculo ou sondagem. ] 35 . Figura 3. 3. também. ao redor da uretra. Estas estruturas.1). PRENHEZ Esta condição está entre os casos passíveis de serem diagnosticados radiograficamente.1 – Próstata aumentada de volume em cão (seta). É importante ter-se conhecimento da história clínica da paciente. 4. prostatite ou hiperplasia prostática benigna. FÊMEA O útero consiste em colo. nos cães. estes últimos totalmente dentro do abdome. TESTÍCULOS Devem ser investigados por outro meio que não o radiológico. URETRA Vista no sistema urinário. tem sua visualização. uma vez que até em torno do 42° dia de gestação na cadela e 39° dia na gata. Estará aumentada em casos de neoplasia. corpo e cornos. a próstata normal não será identificada na radiografia. enquanto o corpo se encontra no abdome caudal e pelve. Figura 4. componentes do sistema reprodutor das fêmeas. Só a ultrassonografia ou outro meio de auxílio ao diagnóstico poderá fornecer esclarecimento quanto ao diagnóstico. uma vez que é deslocada cranialmente quando há repleção vesical (fig. Ultrassonografia é o meio de diagnóstico por imagem indicado para avaliá-las. embora. a radiografia possa ser utilizada na falta deste recurso.CAPÍTULO IV SISTEMA REPRODUTOR MACHO PRÓSTATA Na maioria das raças de cães e nos gatos. Os ovários estão localizados caudalmente aos rins. não haverá 36 . dependente do conteúdo urinário. Localizada caudalmente à bexiga. ou o será parcialmente. não são identificáveis ao exame radiográfico quando em condições normais de saúde. em caso de tumoração. Durante a involução uterina pós-parto.deposição de cálcio no esqueleto dos fetos. a coluna estará distendida ou suavemente curvada (fig. Figura 4.2) e o crânio apresentará continuidade em seu contorno. podendo levar à confusão com piometra que será discutida adiante. por exemplo. conforme o conteúdo do mesmo (fig. em condições normais. também se poderá detectar aumento desta estrutura. homogênea. embora o diagnóstico não possa ser afirmado. 4. partindo da porção caudal do abdome em sentido cranial. poderão ser visualizados como massa densidade água deslocando estruturas adjacentes. exceto na região da fontanela. 4. o qual apresenta-se como uma estrutura de densidade água. bem como hemometra. 37 . podendo haver confusão se não for conhecida a história da paciente. variando de tamanho. Após a calcificação dos esqueletos. sendo que. ALTERAÇÕES OVÁRIOS Quando os ovários estiverem aumentados de tamanho. Presença de feto com características normais. conta-se os crânios. se poderá visibilizar cabeça. A radiografia é um meio confiável para a contagem do número de fetos.2 – Gestação em cadela.3). ÚTERO PIOMETRA Esta alteração. mucometra ou hidrometra se caracterizam por aumento do volume uterino. sendo que para este fim. coluna e membros. 4 – Radiografias de abdome: A.4 B). no interior e em torno do mesmo. 4.4 A). Seta aponta crânio com ossos sobrepostos. Havendo morte do embrião e contaminação. caracterizado pela radiolucência. fazendo com que a estrutura óssea torne-se muito evidente. A B Figura 4. FETO MUMIFICADO Após a morte do feto. 4.Figura 4.3 – Radiografia de abdome de cadela com piometra. poderá ocorrer evidência só de gás no interior do útero. Setas apontam os cornos uterinos distendidos.5) 38 . 4. A coluna se apresentará dobrada ou enrolada e é possível perceber sobreposição dos ossos do crânio (fig. caracterizando fisometra (fig. não havendo infecção. ocorrerá reabsorção dos tecidos moles.Fetos mumificados.Feto enfisematoso. os fetos mortos apresentarão áreas de radiolucência em seu interior e ao redor. gás. B. FETO ENFISEMATOSO Em caso de infecção. correspondente ao gás produzido (fig. incompatível com parto normal. 5 – Radiografia de abdome demonstrando fisometra em cadela PRENHEZ ECTÓPICA Caracterizada pela localização dos fetos fora dos cornos uterinos. A densidade dos esqueletos se apresentará semelhante a dos mumificados. DISTOCIA Situação na qual o parto normal fica impedido. O exame radiológico é de grande auxílio. 39 . demonstrando apresentação ou tamanho dos fetos.Figura 4. originando os grandes brônquios. C. Ao penetrar no tórax a traqueia inclina-se ventralmente em direção à base do coração (fig. são alterações passíveis de serem diagnosticadas.Tumor de Sticker em fossa nasal de cão. 5. A estrutura óssea da região está descrita no capítulo X. TRAQUEIA Estrutura tubular preenchida por ar. Observar a densidade aumentada (seta) e destruição do vômer. muito discretamente. ALTERAÇÕES DESLOCAMENTO TRAQUEAL 40 . radiolucente. 5.1). apresentam ar em seu interior determinando radiolucência e evidenciando os cornetos como linhas radiopacas irregulares (fig. 2.4 A). A. que se estende da laringe à carina. Calcificação da laringe ou deslocamento e compressão por massas adjacentes.1 B).lateral. aritnoide e cricoide. ponto onde se bifurca. contrastando com o ar contido na luz do órgão (fig. sendo identificada radiologicamente pela imagem da epiglote e. em condições normais.1 – Imagem de fossas nasais de cão.CAPÍTULO V SISTEMA RESPIRATÓRIO FOSSAS NASAIS O sistema respiratório inicia nas fossas nasais que. A B C Figura 5. Projeção ventro-dorsal (VD).1 A e 5.Projeção dorso-ventral (DV) e B. LARINGE É a estrutura que se segue à faringe (já estudada no sistema digestório). das cartilagens tiroide. A Figura 5. ele é colocado em decúbito lateral sobre a mesa (filme). se ocorrer excessiva extensão do pescoço. 6. 5. sendo melhor visibilizado em projeção lateral. se tornar paralela à coluna torácica (fig. como brônquios. Para o posicionamento DV (fig. A cabeça é mantida baixa entre os membros anteriores e o feixe de radiação centrado na altura da 6ª costela. A.2) ou cervicais.4 B). evitando a rotação. podendo se restringir à região cervical ou à torácica.Coração. 41 . Já. proporcionam bom contraste para a visibilização das estruturas intratorácicas. 5. Os membros posteriores são flexionados apoiando os joelhos sobre a mesa. O esterno deve ficar no mesmo plano das vértebras torácicas. a radiografia deve ser efetuada durante a inspiração. porque. bronquíolos ou alvéolos. haverá diminuição da luz da traqueia. distinguindo-se apenas os vasos pulmonares que se apresentam radiopacos. O feixe de raios x é centrado na altura da 5ª costela (fig.2 – Imagem de desvio traqueal por massa mediastinal radiopaca (setas). para identificação do colapso da traqueia torácica. com os membros anteriores tracionados cranialmente. Cuidado deve ser tomado ao posicionar o paciente.3 B e 5. normalmente cheios de ar. 5. dorsal à traqueia em cão. podendo.4 A). Para a incidência lateral. Estes vasos são vistos como linhas convergentes em pares e de menor calibre na periferia do tórax ou como pontos radiopacos que vão diminuindo de tamanho da região do hilo à periferia. com os membros anteriores puxados para a frente e os cotovelos abduzidos. levando a falso diagnóstico de colapso. deve-se cuidar o posicionamento do paciente. às vezes. As vértebras devem se sobrepor ao esterno.3 A e 5. mas uma imagem radiolucente homogênea. o paciente é colocado em decúbito esternal. ou por aumento de tamanho do coração.1). COLAPSO TRAQUEAL O colapso traqueal usual ocorre no sentido ventro-dorsal.Pode ocorrer por compressão por massas mediastinais (fig. PULMÕES Os pulmões. Para uma boa imagem radiográfica. Na imagem radiográfica dos pulmões normais não estão evidentes os espaços aéreos. a tomada radiográfica deve ocorrer na fase expiratória. Para evidenciar o colapso traqueal cervical. traqueia (seta preta). como pregas cutâneas e mamilos. Qualquer alteração pulmonar. que produza perda de ar. quando na expiração. A radiografia do tórax deve ser feita no final da inspiração. Nota: Atentar para imagens radiográficas estranhas à cavidade torácica. se observará padrão pulmonar correspondente. o diafragma alcançará 7ª ou 8ª costela. em projeção L (A) e DV (B). Quando feita a radiografia durante a inspiração.3 – Tórax de felino demonstrando pulmões e coração normais. fará com que os vasos tornem-se menos evidentes. Aorta (seta branca). como a imagem radiopaca dos vasos pulmonares e do mediastino com coração e grandes vasos. evitando falso diagnóstico. 42 .4 – Tórax de cão. 5ª ou 6ª costela. proporcionando melhor evidência das estruturas radiopacas diante da radiolucência do ar.A B Figura 5. É importante efetuar a radiografia no menor tempo possível. PADRÕES RADIOLÓGICOS PULMONARES Dependendo da afecção pulmonar. A B Figura 5. para evitar imagem tremida pelo movimento respiratório. projeção L (A) e DV (B) demonstrando pulmões e coração normais. predominando na radiografia a imagem radiolucente do ar contido nos espaços aéreos. 5. 5. os vasos. este passa a ser evidente. os espaços aéreos preenchidos por secreção.7 B). 5. enquanto os livres de secreção continuam com ar em seu interior. ainda. edema intersticial (fase inicial do edema pulmonar) e neoplasia ou metástases pulmonares. proporcionam densidade radiopaca. pela imagem que apresenta na radiografia.PADRÃO ALVEOLAR É produzido por fluídos ou secreções que preenchem os espaços aéreos. Diagnóstico de pneumonia bacteriana. Como dito acima.5). pneumonia micótica.9 A) e afogamento são exemplos de afecções que proporcionam padrão alveolar. 43 .5 – Imagem radiográfica de tórax de cão evidenciando padrão alveolar. Em caso de doenças que determinam padrão alveolar. ficando sua imagem evidente. Pneumonia bacteriana (fig. determinam o padrão intersticial. Diante destas imagens que aparecem radiopacas sobre o campo pulmonar.6 A).7 A) e nodular (fig. o que caracteriza o broncograma aéreo ou aerobroncograma (fig. determinando imagem de manchas radiopacas nos pulmões ou radiopacidade homogeneamente distribuída em todo o campo pulmonar. 5. 5. com formações nodulares. determinando a imagem radiolucente dos pulmões. os espaços aéreos apresentam-se preenchidos por ar. sem distinção de brônquios ou bronquíolos. como intersticial linear ou reticulado (fig. podem se tornar pouco distimtos . 5. Figura 5.6 B). hemorragia (fig. que normalmente são evidentes. que poderá receber uma classificação mais específica. Pneumonia viral. Quando alguma afecção faz com que o parênquima se torne espesso ou edemaciado ou. PADRÃO INTERSTICIAL O parênquima pulmonar é muito fino. em condições normais. edema pulmonar (fig. 8 A). assim como o parênquima pulmonar. Setas apontam broncograma aéreo.A B Figura 5. conforme o corte. Quando. Em alterações que determinam congestão dos mesmos. como em casos de bronquite crônica ou em animais muito velhos.6 – Imagem radiográfica de tórax evidenciando padrão alveolar em paciente com hemorragia pulmonar (A) e pneumonia (B). ao contrário. PADRÃO BRONQUIAL Os brônquios. 5.7 – Imagens radiográficas de tórax de cães demonstrando (A) padrão intersticial reticulado e (B) padrão nodular.8 B). não se distinguem na imagem radiográfica. Quando ocorrer espessamento da parede bronquial (fig. 5. determinando o chamado padrão vascular aumentado (fig. 44 . A B Figura 5. PADRÃO VASCULAR Os vasos pulmonares têm uma superfície uniforme e um diâmetro compatível com o tamanho do animal. esta se tornará evidente. transversal ou longitudinal. determinam o padrão vascular diminuído. os vasos tornam-se menos calibrosos. como em caso de hipovolemia. como estrutura radiopaca circular ou linear. os vasos tornam-se ingurgitados e tortuosos. tetralogia de Fallot e desidratação. como cardiomiopatia e insuficiência da válvula mitral. 6 B). Outras 45 . intersticial e alveolar. podendo afetar um lobo mais que outros. PNEUMONIA FÚNGICA Neste caso.A B Figura 5. o que é mais comum. quando crônica. 5.5 e 5. Pode ocorrer como um nódulo único ou multifocal. que se distribuirá em todos os lobos ou. 5. é possível que não se observe alteração pulmonar na radiografia. AFECÇÕES PULMONARES PNEUMONIA BACTERIANA É uma infecção que ocorre pelas vias respiratórias. 5. B . que poderá levar à confusão com metástases pulmonares de pequeno diâmetro e em grande número. com evidência de broncograma aéreo (fig. 5. bactérias oportunistas podem se instalar nas vias aéreas de um pulmão já debilitado pela pneumonia viral. NEOPLASIA PULMONAR Neoplasia pulmonar primária é relativamente rara em cães. Neste caso o padrão pulmonar será o alveolar (fig. em maior concentração a partir do hilo. determinando um padrão misto na imagem radiográfica.Imagem radiográfica ampliada da região do hilo pulmonar evidenciando o padrão bronquial (setas).7 A).9 A). EDEMA PULMONAR Usualmente associado a insuficiência cardíaca esquerda. determina o padrão pulmonar alveolar (fig. Na fase inicial da doença ou quando tratada precocemente.8 – A. os pulmões apresentarão um padrão intersticial nodular. PNEUMONIA VIRAL Este tipo de infecção determina um padrão intersticial linear ou reticulado (fig.6 B). instalando-se o agente na luz destas vias. como o carcinoma bronquíolo-alveolar multifocal. determinará padrão bronquial e/ou intersticial. Cultura de lavado traqueal e a história do paciente (presença ou não de tumorações em outros órgãos).Radiografia de tórax demonstrando o padrão vascular aumentado (setas). Outras vezes. determinando produção de secreção. isto é. BRONQUITE Esta alteração. auxiliarão no diagnóstico. Obs: A observação da continuidade ou não da parede é feita clinicamente. 5.9 – A. com tamanhos variados distribuídas pelo pulmão (fig.Imagem radiográfica de tórax de cão evidenciando edema pulmonar conseqüente a insuficiência cardíaca esquerda. quando há solução de continuidade da parede. infarto. 46 . se caracteriza por ar no interior da cavidade torácica. A B Figura 5. compatíveis com metástases pulmonares (setas). determinada por trauma. O pneumotórax pode ser aberto ou fechado:  Aberto. ao redor dos pulmões.5. fazendo com que o coração se desloque (fig. PNEUMOTÓRAX Alteração. em geral. Na projeção lateral há um afastamento do coração em relação ao esterno.  Fechado. cisto ou granuloma. A B C Figura 5. como abscesso. Metástases pulmonares se caracterizam por múltiplos nódulos. o ar contido no tórax é proveniente dos pulmões. entrando o ar exterior para o tórax. Isto se deve ao espaço proporcionado pelo colabamento pulmonar. B.condições podem causar densidades nodulares solitárias.9 B).10 – Imagem radiográfica de tórax de cão (A) e gato (B e C) demonstrando pneumotórax. É possível visualizar as bordas dos lobos pulmonares devido à retração dos mesmos em relação à parede costal e diafragma.Imagem radiográfica de tórax de cão demonstrando vários nódulos radiopacos. São identificáveis radiologicamente a partir de 3 a 5mm de diâmetro.10).7 e 5. se desfará a pressão negativa presente no tórax. caracterizando a hérnia diafragmática (fig. podendo tratar-se de exsudato. quilotórax. fazendo com que as vísceras do abdome. piotórax. 5. estômago ou alças intestinais. sejam sugadas para o interior daquele. graças à diferença de densidade entre pulmões radiolucentes e fígado radiopaco. o espaço intercostal aumentado. DERRAME PLEURAL Caracteriza-se pela presença de líquido na cavidade torácica determinando radiopacidade homogênea ao redor dos lobos pulmonares radiolucentes (fig.11). mas constata-se a sua integridade pelo limite bem definido entre cavidade torácica e abdominal. deve-se fazer a radiografia lateral com o paciente em estação. Figura 5.11 – Radiografia de tórax de cão evidenciando derrame pleural.ENFISEMA PULMONAR Em caso de enfisema pulmonar a radiolucência estará exacerbada devido ao excesso de ar contido nos pulmões. determinando imagem semelhante a um barril na radiografia DV e o diafragma deslocado caudalmente. sangue. dependendo das estruturas herniadas. melhor identificado em projeção VD ou DV. com desvio do mediastino para este lado. HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA O músculo diafragma não é visualizado.. transudato. Como causa de derrame pleural. entre outras. pode-se citar a insuficiência cardíaca congestiva. 47 . Quando houver ruptura do diafragma. Em caso de dúvidas. como fígado.5..  Lado indene: padrão pulmonar normal. O tórax torna-se distendido. Características do hemitórax:  Lado afetado: desaparecimento da linha do diafragma e áreas de radiodensidade variável. O tipo de líquido não é identificado radiologicamente. melhor evidenciado na incidência lateral. Na maioria das vezes ocorre um hemitórax.12). mediastinite. proporcionando que o líquido desça e incidindo o raio no sentido horizontal. onde vísceras abdominais se insinuaram no tórax.Fig. 48 .5.12 – Imagem radiográfica evidenciando hérnia diafragmática. enquanto o lado esquerdo. cranialmente ao coração e. para obter-se imagem proporcional do órgão em relação ao tórax. 5. toma-se a distância obtida nas mensurações. podendo-se perceber o cajado aórtico proeminente. em decúbito direito. porém com menor diâmetro. estes vasos são pouco visualizados. Cães jovens. Mede-se também a distância crânio-caudal.67% dos animais destas raças. ventralmente à cava caudal. Se somarem até 10. Neste posicionamento a traqueia. aparentemente grande. mede-se o comprimento do coração. Para avaliação cardíaca pelo exame radiológico. apresentaram imagem cardíaca que seria considerada aumentada. Na imagem radiográfica. até o ápice.5 corpos vertebrais. Ultrapassando este número. É importante lembrar que o chamado lado direito no coração dos animais. até em torno dos 6 meses. Esta distância. Conta-se o número de vértebras abrangidas. com a imagem radiográfica obtida em projeção lateral. adota-se meios subjetivos como a experiência do radiologista. Em projeção lateral. ALTERAÇÕES 49 . Em projeção DV. as projeções recomendadas são lateral direita e dorso-ventral. a artéria aorta aparece como uma estrutura linear emergindo da parte superior da borda anterior cardíaca. eventualmente. usando-se para isso uma linha perpendicular à primeira. correndo paralela à coluna vertebral. Marca-se a borda cranial da 4ª vértebra torácica e.2m. considera-se normal o tamanho cardíaco. levando a um aumento da imagem daquele. 5.4) em projeção DV apresenta a borda direita mais arredondada e a esquerda mais aplainada. no ponto mais largo do coração. a partir daí. ainda. quando comparado aos adultos. O coração de gato (fig. já que 46. radiografados em experimento realizado em nossa instituição. O eixo do coração é dirigido para o lado esquerdo. a sombra deste vaso sobre a imagem cardíaca. têm o tamanho cardíaco maior em relação ao tórax. forma um ângulo agudo com a coluna torácica. ficando a base do mesmo sobre a linha média e o ápice à esquerda desta. da base.CAPÍTULO VI CORAÇÃO E GRANDES VASOS Para avaliar coração. corresponde à porção mais caudal e dorsal do mesmo. Nas raças yorkshireterrier e maltês. O formato cardíaco varia nas diferentes raças. Em pacientes de pequeno porte. sem sinais clínicos de alteração cardíaca. o coração será considerado aumentado de tamanho. que aparece como uma estrutura radiolucente proveniente da região cervical direcionando-se à base do coração. componente do sistema respiratório. A veia cava caudal ou posterior é visualizada com o mesmo padrão da aorta. sendo mais estreito e posicionado mais verticalmente nas raças de tórax profundo e mais arredondado e em contato com o esterno nas raças de tórax cilíndrico. a distância foco-filme pode ser mantida em 90cm. em projeção lateral. no centro do tórax. ou meios objetivos como o método de Buchanan e Bücheler no qual. ao longo da coluna torácica.3) é relativamente menor que o de cão e está posicionado mais obliquamente. considerando-se o tamanho do coração em relação ao tórax. corresponde à porção mais cranial e ventral. tem se percebido que esta fórmula não confere resultado fidedigno. com distância foco-filme de 1m a 1. se faz necessária por ser o coração volumoso e. o ápice cardíaco toca ligeiramente ou nem alcança o esterno. estendendo-se da imagem do átrio esquerdo ao abdome. dentro da caixa torácica. A imagem cardíaca normal (fig. na borda ventral da carina. a borda cranial do coração se apresentará arredondada e a maior parte do ventrículo direito estará em contato com o esterno (fig. DILATAÇÃO CARDÍACA DIREITA Em caso de dilatação ventricular direita. na projeção DV. 6.  Em projeção DV: a silhueta cardíaca aproxima-se da parede costal bilateralmente.2 B). em projeção D-V (A) e L (B). a característica imagem de D invertido (fig. 50 . O aumento cardíaco generalizado pode ser resultado de várias condições. às vezes. que em lugar de se apresentar formando um ângulo agudo com a coluna torácica. isto é. A B Figura 6.2 – Radiografia de tórax de cão evidenciando dilatação cardíaca direita. Dilatação do átrio direito desloca a traqueia dorsalmente e geralmente está associada à dilatação do ventrículo. apresentando.1).1 – Imagem radiográfica de tórax de cão evidenciando dilatação cardíaca generalizada e padrão vascular aumentado. Na projeção lateral. lado esquerdo e direito afetados. estará paralela a esta. entre outras. Maior contato do lado direito do coração com o esterno. Figura 6. Lado esquerdo cardíaco perpendicular ao esterno em vez de arredondado. 6. 6. São características desta alteração:  Em projeção lateral: deslocamento dorsal da traqueia. o coração tomará maior área da cavidade torácica (fig.2 A).DILATAÇÃO CARDÍACA GENERALIZADA Quando o coração apresentar aumento generalizado. Traqueia deslocada dorsalmente (seta). a borda direita estará mais arredondada e próxima à parede torácica. incluindo velhas lesões valvulares e doença do miocárdio. A B C Figura 6. 6.4 A). HÉRNIA PERITÔNIO-PERICÁRDICA Alteração congênita na qual há comunicação entre a cavidade peritonial e o saco pericárdico. Em projeção DV observa-se aumento da região caudal esquerda do coração. muito aumentado. uma vez que desloca o esquerdo dorsalmente. proporcionando que estruturas do abdome se insiram entre o coração e o pericárdio (fig. como seria normal. Nesta incidência o átrio esquerdo dilatado não aparece ou. 6.3 – Radiografia de tórax de cão evidenciando dilatação cardíaca esquerda (A e B).4 B e C). DILATAÇÃO DA ARTÉRIA PULMONAR Diagnosticada na projeção DV. Na DV causa um aparente aumento no comprimento do coração. 6. pode produzir dupla sombra onde se sobrepõe ao ventrículo direito. com diminuição do espaço entre este e a parede costal (fig. Em caso de aumento do átrio as bordas posterior e dorsal do coração formam um ângulo reto e não uma curva.3 A). 6.3 B). onde se observa uma proeminência na porção cranial esquerda do coração (fig. 51 .DILATAÇÃO CARDÍACA ESQUERDA Em projeção lateral a borda caudal do coração apresenta-se perpendicular ao esterno (dilatação ventricular) (fig. O aumento do átrio esquerdo (fig. 6. DILATAÇÃO DA AORTA Em projeção lateral aparece como uma proeminência na região cranial da silhueta cardíaca. Dilatação de átrio esquerdo (C). correspondente ao ventrículo.3 C) faz com que os grandes brônquios não apareçam sobrepostos na radiografia. A B C Figura 6.4 – Radiografia de tórax de cão evidenciando dilatação de artéria pulmonar (A). Figura 6.5 – Efusão pericárdica em cão consequente a tumor no coração. hérnia peritônio pericárdica (B e C). EFUSÃO PERICÁRDICA O coração apresenta-se globoso pela presença de líquido no interior do saco pericárdico. consequente a tumor. por exemplo (6.5). 52 . 5 MHz) são mais utilizados para cães de porte grande e médio. A onda sonora (eco) captada é transformada em pulso elétrico. emitindo ondas de ultrassom.1 MHz • Ultrassom: 2 a 15.000 ciclos/s ↔ 2 a 15 MHz COMPRIMENTO DE ONDA É a distância que a onda percorre durante 1 ciclo. Em íntimo contato com a pele do paciente. A profundidade que o som alcança depende da frequência do transdutor. 53 .000. um monitor e um software.7. Quanto menor o comprimento de onda. o som atravessa as diferentes interfaces biológicas do mesmo as quais emitem eco que é captado pelo próprio transdutor. A profundidade que o som penetra no tecido é inversamente proporcional à frequência empregada.1 Hz • 1 000 ciclos/s . Hipoecoico-Hipoecogênico: ecos esparsos.10 MHz) são mais indicados para exame abdominal de estruturas superficiais. • • • • • TERMINOLOGIA Anecoico-Anecogênico-Transônico: ausência de ecos (preto) Ecoico-Ecogênico: presença de ecos (do branco ao cinza) Hiperecoico-Hiperecogênico: ecos brilhantes. Isoecoico-Isoecogênico: estruturas com a mesma ecotextura ou ecogenicidade. enquanto os de menor frequência (3. 7. atingindo menor profundidade. ou transversal (fig.1 kHz • 1. estruturas altamente reflexivas (branco).1 A e B).2 A e B). determinando imagem em pontos sucessivos na tela do aparelho. O transdutor contém um cristal (ou cristais) piezoelétrico que vibra ou pulsa ao receber impulso elétrico. Sons de alta frequência são mais atenuados que sons de baixa frequência. Ex: Transdutores de alta frequência (8 . ORIENTAÇÃO DA IMAGEM Conforme a posição do transdutor na superfície corporal do animal. felinos e cães de pequeno porte.CAPÍTULO VII INTRODUÇÃO À ULTRASSONOGRAFIA BASES FÍSICAS DO ULTRASSOM O equipamento de ultrassonografia (ecografia) é composto por um transdutor. 7. • 20 000 ciclos/s . reflexão intermediária (cinza).20 kHz (audível pelo ouvido humano) • 1 ciclo /s .000. maior a frequência e melhor a resolução. também conhecido por sonda ou probe.5 . será determinada a orientação da imagem.000 ciclos/s . FREQUÊNCIA É definida como o número de vezes que uma onda é repetida (ciclos) por segundo. Esta poderá ser longitudinal (sagital) (fig. A frequência e o comprimento de onda são inversamente relacionados. Frequência de milhões de ciclos/s tem um curto comprimento de onda (essencial para uma boa resolução da imagem). 2 A e B – Orientação do transdutor correspondente à imagem do plano transversal do paciente. ARTEFATOS REVERBERAÇÃO: Imagem de linhas ecogênicas sucessivas.3 – Linhas hipo e hiperecoicas alternadas demonstrando a reverberação (setas) externa (A) e interna (B). paralelas à superfície da pele. VENTRAL LADO DIREITO LADO DIREITO DORSAL A B Figura 7.3 A e B). . .Ecogenicidade dos tecidos e fluidos corporais em ordem crescente: Bile/ Urina → Medula renal → Córtex renal → Fígado → Baço → Próstata VENTRAL CRANIAL CAUDAL CRANIAL CAUDAL A B DORSAL Figura 7. determinadas pela repetição do eco devido a ar ou gás na trajetória do ultrassom (fig.Reverberação externa: quando o contato entre o transdutor e a pele não é total. A B Figura 7. 7.Reverberação interna: determinada por gases no interior do corpo do paciente. 54 . determinando a imagem de reverberação desde o topo da imagem ecográfica.1 A e B – Orientação do transdutor correspondente à imagem do plano sagital do paciente. causada por interface arredondada. determinando imagem hiperecoica (fig. Figura 7. fazendo com que este chegue com muita intensidade nos tecidos posteriores à mesma. o que poderá determinar imagem do fígado posterior ao diafragma.6 – Sombra de borda (setas).Sombra acústica suja causada porBgases em cólon (A) e limpa. REFORÇO POSTERIOR: uma estrutura anecoica (conteúdo líquido) conduz muito bem o som.6).setas brancas.4 A e B). 7. Ex: bexiga com urina. A Figura 7. altamente reflexiva. cólon Figura 7. IMAGEM DE ESPELHO: Imagem dupla de uma estrutura. refletindo-o completamente (fig. causada pela refração das ondas sonoras (fig. como por exemplo. B SOMBRA DE BORDA: sombra acústica distal à estrutura arredondada. 7. 55 . o diafragma em relação aos pulmões. cólon com gases (determina sombra suja).SOMBRA ACÚSTICA: zona anecoica determinada por estrutura hiperecoica que impede a progressão do ultrassom nos tecidos.5 A e B). 7. além da imagem normal. causada por cálculo vesical (B) .4 . anterior ao mesmo.5 A e B – Reforço acústico posterior (setas). Ex: Cálculo urinário – hiperecoico (determina sombra limpa). A ultrassonografia detecta a presença de lesões difusas ou focais. O parênquima pode apresentar ecogenicidade normal ou diminuída. O corpo e a cauda são bastante móveis podendo ser visibilizados em diferentes locais do abdome. administração de anestésicos e tranquilizantes.CAPÍTULO VIII ULTRASSONOGRAFIA DO ABDOME EM PEQUENOS ANIMAIS BAÇO O baço tem localização intraperitoneal no hipocôndrio esquerdo e geralmente acompanha a curvatura maior do estômago. Quando está aumentado. É triangular em seção transversal e situa-se quase paralelo à curvatura maior do estômago.  Congestiva: associada a condições toxêmicas. ALTERAÇÕES DIFUSAS DO PARÊNQUIMA ESPLÊNICO Por fazer parte do sistema reticuloendotelial. lobo esquerdo do pâncreas e rim esquerdo. intestino delgado. ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DO BAÇO Anatomicamente se relaciona com o estômago. torção esplênica. As lesões são classificadas como neoplásicas e não neoplásicas e possuem aparência sonográfica variável. pode cruzar a linha média ventral ou estender-se caudalmente para a região da bexiga. sólidas ou cavitárias. 8. O aumento do calibre dos vasos é característico de congestão. Infecciosa e/ou Inflamatória: acompanhando afecções sistêmicas. podendo ser mistas. A esplenomegalia difusa pode ser:  Infiltrativa: causada por células neoplásicas (fig. A região do hilo (vasos) é facilmente visibilizada (fig.1 B) e por células não neoplásicas (amiloidose). Raramente é o local de doença primária. Nos processos crônicos a ecogenicidade pode estar aumentada. ALTERAÇÕES FOCAIS DO PARÊNQUIMA ESPLÊNICO Podem acompanhar ou não esplenomegalia. O baço é envolto por uma cápsula ecogênica. insuficiência cardíaca congestiva direita e hipertensão portal. trombos vasculares. o baço é envolvido em todas as inflamações sistêmicas. 56 . 8.  Hiperplásica. Possui parênquima homogêneo e é considerado hiperecogênico em relação à cortical renal e parênquima hepático. ESPLENOMEGALIA É a alteração mais frequente do baço. distúrbios hematopoiéticos generalizados e alguns distúrbios metabólicos.1 A). O aumento da distância entre o estômago e o diafragma. contornos lisos e margens de ângulos agudos. a presença dos lobos hepáticos ultrapassando os limites do gradil costal ou o deslocamento caudal do rim direito. não exclui doença hepática. pesquisa de metástase e para monitorar a evolução de doenças hepáticas crônicas.2 A). A vesícula biliar possui parede hiperecogênica que pode medir de 1 a 5mm de espessura. Em cães de tórax profundo o exame deve ser realizado entre os últimos 3 a 4 espaços intercostais.1 – Imagem ultrassonográfica: A. hepatomegalia. indicam hepatomegalia.VL Figura 8. Imagem normal ao ultrassom. o fígado é formado por quatro lobos: lobo esquerdo (subdivide-se em sublobo medial e lateral).2 B). O padrão sonográfico normal é de ecotextura homogênea mais grosseira que do baço. quando repleta.2). A vesícula biliar se localiza. Em cães e gatos de pequeno porte o fígado pode ser visibilizado mais facilmente pela localização subcostal. cão. FÍGADO O fígado é o maior órgão do abdome. ascite. 8. A ecogenicidade hepática é avaliada através da comparação com os órgãos de referência (rins e baço). tornando seu completo exame mais difícil. A ultrassonografia hepática está indicada diante de icterícia e quando há suspeita de ruptura de diafragma. idosos.Neoplasia esplênica em B A Aspecto rendado. A superfície cranial do fígado está delimitada por uma linha ecogênica que representa o diafragma (fig. ANATOMIA SONOGRÁFICA NORMAL DO FÍGADO Em cães. no 7o espaço intercostal na região ventrolateral direita. lobo direito (subdivide-se em sublobo medial e lateral) e lobo caudato. 57 . entre o lobo medial direito e o quadrado. A avaliação do tamanho hepático é subjetiva. Normalmente o conteúdo é anecogênico (fig. A dimensão ecográfica do fígado normal é variável. 8. VL: veia lienal. lobo quadrado. B. 8. sedentários ou endocrinopatas (fig. A lama biliar é um achado comum nos animais obesos. Normalmente é levemente hiperecogênica em relação ao córtex renal e hipoecogênica em relação ao baço.Baço normal (seta). Fígado canino normal.Obstrução biliar.4 A e B).Vesícula biliar com lama (seta).Edema da parede da vesícula biliar (seta).  Obstrução de vias biliares: nos processos mais avançados pode-se observar uma dilatação da vesícula biliar e região de colo alargada e tortuosa (fig. ALTERAÇÕES DA VESÍCULA BILIAR  Litíase biliar: geralmente apresenta sombra acústica.3 B). Nas demais patologias o fígado pode se apresentar com dimensão normal ou aumentada. B.3 – Imagem ultrassonográfica: A.VB A B Figura 8. diabetes mellitus. 58 . Linha do diafragma (seta). 8. A B Figura 8. Achados sonográficos normais não descartam a presença de obstrução. hepatite aguda ou crônica e colangiohepatite. O espessamento focal pode estar associado a neoplasias. hipoalbuminemia ou congestão passiva (fig. ALTERAÇÕES DIFUSAS DO PARÊNQUIMA HEPÁTICO As alterações difusas são de difícil detecção sonográfica por não provocarem grande modificação da arquitetura hepática.  Espessamento de parede: pode acompanhar colecistite. B. Geralmente a colagiohepatite crônica e a cirrose apresentam fígado de tamanho reduzido e contornos irregulares. cirrose e colangiohepatite crônica (fig. hepatopatia por esteroide. linfoma.3 A). 8. VB: vesícula biliar. duto dilatado (seta ). Alterações difusas hiperecogênicas (aumentam a ecogenicidade do fígado) incluem: infiltração gordurosa. 8.2 – Imagem ultrassonográfica: A. hematomas. 8. Parênquima heterogêneo com áreas hipoecogênicas.Imagem ecográfica de neoplasia no fígado. abscessos. granulomas e neoplasias (fig.A B Figura 8. Seta aponta vesícula biliar com parede irregular e espessada. Nesses casos o fígado pode apresentar-se com dimensão normal ou aumentada.Cirrose hepática e presença de líquido livre no abdome. podem ser evidenciadas ultrassonograficamente. inflamatória.Colangiohepatite. hiperplasia nodular.4 – Imagem ecográfica de região hepática.5) de origem primária ou metastática. leucemia e congestão passiva crônica. hipoecogênicas. neoplasias e hematomas podem calcificar. neoplásica e que alteram a motilidade gastrointestinal. linfoma. TRATO GASTRINTESTINAL (TGI) Doenças de origem obstrutiva. B. A reverberação causada pelo gás pode impossibilitar um exame de planos mais 59 . cistos. Figura 8.5 . Alterações difusas hipoecogênicas (diminuem a ecogenicidade hepática) podem caracterizar hepatite aguda. A. Calcificações hepáticas aparecem como pontos hiperecogênicos que produzem sombra acústica. Granulomas (tuberculose). hiperecogênicas ou de ecogenicidade mista e são produzidas por hemorragias. ALTERAÇÕES FOCAIS DO PARÊNQUIMA HEPÁTICO As alterações hepáticas focais podem ser anecogênicas. O exame ultrassonográfico deve ser realizado anteriormente a exames contrastados à base de sulfato de bário.4mm. limitando a mensuração de sua parede. 8. Superfície mucosa: linha hiperecogênica Mucosa: hipoecogênica Submucosa: hiperecogênica Muscular própria: hipoecogênica Subserosa/serosa: hiperecogênica 60 . A avaliação sonográfica da parede do intestino grosso é dificultada pela quantidade de gás. A espessura da parede é maior quando comparada ao restante das alças intestinais e varia de acordo com a raça (3-5mm). Já os contrastes iodados.6 – Sonograma evidenciando a parede de estômago (A) e alças intestinais(B) com líquido intraluminal.7 A e B): A. O preparo prévio do paciente (jejum alimentar) para diminuir o acúmulo de gás pode ser necessário. D. No peristaltismo normal ocorrem em média de 5 contrações por minuto. IDENTIFICAÇÃO DAS CAMADAS DA PAREDE (do lúmen para fora) (fig. baço e rim esquerdo.profundos.6B). Nos gatos varia de 2-2. A B Figura 8. Nos gatos a média é de 2mm (entre as pregas) e 4. ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DO TRATO GASTRINTESTINAL O estômago (fig. o piloro situa-se no lado direito do abdome enquanto nos gatos está na linha média ou próximo a ela. 8.4mm (na região das pregas). Nos cães. A porção proximal do duodeno localiza-se na região cranioventral do abdome e relaciona-se com o rim direito e lobos hepáticos direitos. A presença de líquido intraluminal pode favorecer a avaliação da parede gástrica. O baço e a bexiga servem de janela acústica para a visibilização dos demais segmentos intestinais que se localizam na região média do abdome (fig. E. exceto em gatos que pode ocasionar evidente contração estomacal (forma de roseta). A espessura das demais porções do intestino delgado nos cães é de 2-3mm e nos gatos de 2mm. não comprometem o exame. B. para que não haja atenuação da onda sonora. 8. A espessura normal da parede estomacal varia de 3-5mm nos cães. C.6A) localiza-se no abdome cranial relacionando-se ao parênquima hepático. A B Corpos estranhos: sua identificação é dependente do formato. características físicas e acúmulo de líquido ou gás intestinal.  Gastrites: espessamento difuso da parede do estômago (maior que 7mm) com preservação das camadas. Pregas gástricas (setas). 8.aderências. A ALTERAÇÕES DO TRATO GASTROINTESTINAL Neoplasias: São formações hipoecogênicas de tamanho variável em que se tornam indiferenciáveis as camadas da parede gástrica e/ou intestinal. 2004). O peristaltismo pode estar ausente.  Funcionais (denominada íleo funcional) – gastroenterite de origem viral. 61 . Podem ocorrer por causas:  Mecânicas .Imagem do corte transversal de intussuscepção (alvo). O espessamento localizado.8 A e B). hérnias. que ocorre frequentemente em úlceras. em um gato (A) e em um cão (B). Os corpos estranhos lineares são representados por uma linha hiperecogênica intraluminal e pelo pregueamento intestinal no segmento envolvido. Radiografias auxiliam no diagnóstico.7– A.Parede do estômago normal de cão.Figura 8. B. Ocorre comumente em cães jovens com gastroenterite (fig. Intussuscepção: A imagem sonográfica se caracteriza por camadas de anéis concêntricos no corte longitudinal e imagem de alvo (conhecido como olho de boi) no corte transversal que representam as camadas intestinais. corpos estranhos.Plano longitudinal do duodeno B identificando as camadas (FONTE: CARVALHO. etc.8 . não pode ser diferenciado de neoplasias através do exame ecográfico. tumores. Figura 8. Obstrução do TGI: sonograficamente pode haver distensão de alças com aumento do peristaltismo anterior ao ponto de obstrução. Inflamações gastrointestinais: presença de espessamento da parede do intestino com preservação de suas camadas e com visibilização da camada submucosa. Apresentam-se como estruturas arredondadas. apresentam forma oval ou arredondada e medem aproximadamente 1.5cm de comprimento. 62 . Podem ser únicos ou múltiplos e estar presentes em um ou ambos os ovários. por não se perceber os limites de cada um e aumentar o tamanho ovariano. Demonstram aspecto homogêneo durante o anestro e ecogenicidade semelhante à córtex renal. estão associadas a processos inflamatórios no pâncreas (pancreatite). Ovários policísticos (fig. com contornos irregulares ou pouco definidos. a ecogenicidade dos ovários se torna diferenciada em relação aos tecidos adjacentes. evolução gestacional ou distúrbios na gestação como retenção. geralmente. ocupando considerável porção do abdome. Os cistos ovarianos possuem aspecto cavitário. Duodenites: em cães. mas na rotina tem-se visto tumores com aspecto de muitos cistos com septação fina entre eles. OVÁRIOS ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DOS OVÁRIOS Os ovários estão localizados caudalmente aos polos caudais dos rins correspondentes. ALTERAÇÕES OVARIANAS As alterações usualmente detectadas nos ovários são: neoplasias. ALTERAÇÕES PÓS-OVARIECTOMIA: Granulomas por fio de sutura: decorrem da reação ao fio. SISTEMA REPRODUTOR SISTEMA REPRODUTOR FEMININO A ultrassonografia do aparelho reprodutor feminino está indicada para pesquisa de alterações ovarianas e uterinas.9) se caracterizam por estruturas císticas anecogênicas que podem aparecer separadamente ou como um único cisto. morte ou maceração fetal. Sonograficamente possuem aparência variável. cistos ovarianos e granulomas por fios de sutura. Normalmente são heterogêneos. Pode tomar grandes proporções. Há espessamento da porção duodenal com preservação das camadas. facilitando sua identificação. como inclusão acidental do ureter no momento de ligar o pedículo ovariano durante a operação. Hidronefrose ou pionefrose: alterações renais consequentes a falhas no procedimento cirúrgico. As neoplasias são classificadas de acordo com sua origem embriológica. Nas demais fases estrais. 8. anecogênicas com reforço acústico posterior. com a presença de folículos.  Endometrite: é caracterizada pelo aumento da parede uterina e mucosa irregular. Na gestação contribui para o diagnóstico precoce. A ausência de peristaltismo pode diferenciar os cornos uterinos das alças intestinais.Ovário normal. em geral. Nesta condição a parede uterina possuirá espessura variável.  Piometra: o útero é identificado como estrutura tubular. ou circular quando a imagem é obtida com cortes transversais. O exame ecográfico não permite diferenciar piometra (fig.9 . Na piometra de colo aberto. podendo apresentar quantidade variável de pontos ecogênicos. 8.10) de hemometra. A bexiga distendida serve de janela acústica para localizar e avaliar o corpo uterino. constatação da viabilidade fetal e estimativa aproximada da idade gestacional. Muitas vezes a visibilização do útero normal. hiperplasia endometrial cística (HEC) e endometrite.A B Figura 8. Outras afecções como neoplasia. A quantidade de conteúdo luminal geralmente é pequena. ÚTERO A ultrassonografia tem importante papel na avaliação uterina principalmente em doenças de grande ocorrência como a piometra. não gravídico.  HEC: ultrassonograficamente se apresenta com múltiplos cistos irregulares na parede uterina aumentando seu diâmetro. ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DO ÚTERO O corpo uterino mede de 2-3 cm e está localizado parcialmente no interior da pelve. estendendo-se na direção de cada rim. é anecogênico. 63 . ALTERAÇÕES UTERINAS As alterações mais frequentes são piometra. no plano sagital. com diâmetro menor que 1cm. o útero poderá não apresentar conteúdo significativo. não é possível em fêmeas jovens em anestro ou pré-púberes. Os cornos variam de 12-15cm de comprimento. O conteúdo luminal. mucometra e hidrometra. granuloma e piometra de coto secundários a ovário-histerectomia também ocorrem. hipoecogênico em relação aos tecidos adjacentes (A) e com aspecto multicavitário (B). Quando visibilizado se apresenta como estrutura homogênea hipoecogênica. porque os cornos uterinos não possuem conteúdo em seu lúmen e podem ficar encobertos por gás das alças intestinais. localizados no abdome. Em cães podem ser detectadas após 17 dias do pico de LH. IDENTIFICAÇÃO DE ESTRUTURAS FETAIS APÓS PICO DE LH: 21-29 dias . Na espécie canina. monitoração da fêmea prenhe. Aos 40 dias. A morte fetal é caracterizada pela ausência de batimentos cardíacos e perda da movimentação fetal. devido à ovulação ser induzida pela cobertura. GESTAÇÃO Diagnóstico precoce de gestação. podendo ocorrer acúmulo de gás no feto e ao redor do mesmo em caso de contaminação. reduzindo próximo ao parto. 44-45 dias – Rins deixam de ser anecóicos e apresentam córtex e medular distintas.batimentos cardíacos (15-17 dias em gatas) 28-30 dias – movimentos fetais 30-35 dias – início da mineralização óssea 38-42 dias – diferenciação entre pulmões hiperecogênicos e fígado hipoecogênico. 58-63 dias – Movimento intestinal.. ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA GESTACIONAL As vesículas gestacionais correspondem a formações arredondadas anecogênicas.Figura 8.10 – Imagem de ultrassom de útero com conteúdo anecogênico. Na espécie felina a frequência cardíaca dos fetos se mantém quase constante durante toda a gestação (aproximadamente 228 bat/min. a frequência cardíaca média inicial do feto é de 214 bat/min. 238 bat/min. enquanto a gestação de gatas varia de 64-68 dias. A gestação das cadelas dura em média 64 dias ± 1. 64 . Em gatas. idade gestacional aproximada e viabilidade fetal são informações que o exame ultrassonográfico fornece.). O sofrimento fetal é caracterizado pela frequência cardíaca diminuída em relação às medidas citadas ou quando comparada aos outros fetos. Piometra. Nas gatas as vesículas gestacionais podem ser detectadas 11-14 dias após a cobertura. a data do início da gestação é mais precisa. O embrião só é visibilizado a partir do 22-25o dia (período indicado para a realização do exame) e se apresenta como uma estrutura ecogênica homogênea projetada para o interior da vesícula. 8. Cadelas com mais de 40 dias de gestação (variação de  3 dias): (Fig. Aproximadamente 24 dias de gestação.11 A e B) IG = (6 x DSG) + 20 Onde: IG = Idade Gestacional DSG = Diâmetro do saco gestacional A B Figura 8. 8. B.12 A e B) IG = (15 x DBP) + 20 IG = (7 x DTA) + 29 IG = (6 x DBP) + (3 x DTA) + 30 Gatas com mais de 40 dias de gestação (variação de  2 dias) IG = (25 x DBP) + 3 IG = (11 x DTA) + 21 Onde: IG = Idade Gestacional DBP = Diâmetro Biparietal DTA = Diâmetro Tóraco-abdominal A B Figura 8.CÁLCULOS PARA ESTIMAR A IDADE GESTACIONAL Cadelas com menos de 40 dias de gestação: (Fig. 65 .12 – A.11 – A.Vesícula gestacional.Medida do diâmetro do saco gestacional (DSG). B.Diâmetro tóraco-abdominal (DTA).Diâmetro biparietal (DBP). SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Alterações como testículo ectópico, orquites, prostatites, epididimites, neoplasias prostáticas e cistos paraprostáticos podem ser identificados. TESTÍCULOS ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DOS TESTÍCULOS E EPIDÍDIMO Os testículos estão localizados no interior da bolsa escrotal, têm contorno ovalado e medem aproximadamente 3,6cm. Os epidídimos se situam sobre os testículos, sendo que a cabeça do epidídimo fica na porção cranial do mesmo. As túnicas: vaginal visceral e albugínea recobrem os testículos formando uma cápsula fibrosa. Ultrassonograficamente possuem textura homogênea hipo ou isoecogênica em relação à próstata. A linha do mediastino formada pela invaginação da túnica albugínea é hiperecogênica (fig. 8.13). Figura 8.13 – Imagem do testículo com o mediastino evidente (seta) e o epidídimo (+). ALTERAÇÕES DOS TESTÍCULOS E EPIDÍDIMOS  Hidrocele: os achados sonográficos incluem uma imagem hipoecogênica ao redor do testículo, determinada pelo líquido que se acumula na bolsa escrotal (fig. 8.14).  Testículos ectópicos: os testículos podem ficar retidos no tecido subcutâneo préescrotal, na área inguinal ou no abdome. Sonograficamente podem ter aparência normal, atrofiada ou alterada. Testículos atrofiados se caracterizam pela diminuição de tamanho, ecogenicidade normal a diminuída e preservação das características da arquitetura interna. A neoplasia se apresenta com aumento testicular e formação de massa abdominal complexa.  Orquite e epididimite: é a inflamação do testículo e epidídimo, respectivamente. O testículo inflamado apresenta-se hipoecogênico, em geral em focos e com contorno irregular. O epidídimo se apresenta hipoecogênico ou hiperecogênico, com ou sem mineralizações, podendo a alteração ser focal ou difusa em toda a extensão da estrutura, o que é mais comum. 66  Neoplasias testiculares representam o segundo tipo mais comum de tumor em cães idosos. A aparência sonográfica é variável, observando-se heterogeneidade do parênquima, nódulos ecogênicos ou hipoecogênicos, solitários ou múltiplos. Figura 8.14 – Hidrocele. Área hipoecogênica ao redor do testículo (setas). PRÓSTATA ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DA PRÓSTATA A próstata se localiza na porção retroperitoneal circundando a uretra ou o colo da bexiga. Em cães é bilobulada e seu tamanho é variado, medindo de 1,3 a 3cm nos três planos (largura/ comprimento e espessura). Nos cães castrados, o tamanho da próstata está diminuído e os lobos prostáticos não são distinguíveis. No gato a próstata recobre a uretra dorsolateralmente. Seu comprimento é de aproximadamente 1cm e possui pouco significado clínico. Sonograficamente se apresenta com parênquima de ecogenicidade homogênea e hipoecogênica em relação aos tecidos adjacentes, há simetria dos lobos e bordas lisas (fig. 8.15 A).     ALTERAÇÕES PROSTÁTICAS Hiperplasia prostática benigna (HPB): é a alteração de próstata mais comum em cães, principalmente com mais de 6 anos de idade. Ultrassonograficamente há aumento de volume prostático, parênquima homogêneo, podendo ser visibilizadas estruturas císticas múltiplas e difusas. Cistos prostáticos: são áreas cavitárias focais ou multifocais, com conteúdo hipo ou anecogênico, correspondente a fluido. Prostatite bacteriana: Na infecção aguda o exame ecográfico mostra áreas cavitárias preenchidas por líquido com imagem hipoecogênica, resultante de abscesso. Neoplasias: os achados sonográficos incluem parênquima heterogêneo (fig. 8.15 B), áreas hipoecogênicas ou hiperecogênicas focais ou difusas sugestivas de mineralização. 67 A Figura 8.15 – B A- Imagem de próstata normal com limites nítidos (setas) e uretra prostática evidente (estrutura anecogênica). B- Próstata com parênquima heterogêneo e contorno irregular. Neoplasia prostática. SISTEMA URINÁRIO A ultrassonografia do trato urinário permite a avaliação da forma, do contorno, da dimensão e da arquitetura interna dos órgãos que o compõem. RINS Os rins são órgãos retroperitoneais circundados por tecido adiposo. ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DOS RINS O rim direito localiza-se na fossa renal do lobo caudato do fígado e mantém proximidade com a adrenal direita, lobo direito do pâncreas e duodeno descendente, enquanto o rim esquerdo relaciona-se à grande curvatura do estômago, baço, lobo esquerdo do pâncreas e adrenal esquerda. Externamente são revestidos por uma cápsula fibrosa que produz eco brilhante quando o feixe sonoro incide perpendicularmente. Possui a cortical ecogênica, a medular (porção mais interna) hipoecogênica em relação àquela e uma região mais central correspondente à pelve renal que é hiperecogênica (fig. 8.16 A). Na região do hilo são observáveis a veia e a artéria renais. A dimensão renal em cães está relacionada ao peso, tamanho e condição corpórea. Porém, dimensões entre 6,0-9,0cm são consideradas normais no eixo longitudinal. A simetria dos rins é um dado mais útil. Felinos têm o comprimento renal variando entre 3,8-4,4cm em plano longitudinal. A avaliação da relação córtico-medular, bem como a ecogenicidade cortical que é comparada com fígado e baço, servem para indicar alterações renais. A ultrassonografia do trato urinário é indicada quando há dor na região renal, hematúria, suspeita de massa abdominal ou doença policística, infecção urinária recidivante ou quando a função do rim está ausente na urografia excretora ou alterada em dados laboratoriais. A função renal não está correlacionada com o tamanho ou ecogenicidade dos rins. ALTERAÇÕES DIFUSAS DO PARÊNQUIMA RENAL A ecogenicidade cortical pode encontrar-se aumentada em patologias como nefrite, necrose, amiloidose, nefrocalcinose (fig. 8.16 B) e doenças renais terminais. Em felinos o aumento da ecogenicidade cortical também está relacionado a linfossarcoma difuso, peritonite infecciosa felina (PIF) ou pode ser considerado normal em gatos castrados. O diagnóstico diferencial é feito através de biopsia renal. 68 podendo ser uni ou bilaterais.16 – A.17 A).Dioctofimose: causada pelo verme Dioctophyma renale. A B Figura 8. B. ALTERAÇÕES FOCAIS DO PARÊNQUIMA RENAL RINS POLICÍSTICOS Os rins policísticos. Distorção anatômica do rim e presença de várias estruturas circunscritas ou lineares hiperecogênicas com conteúdo anecogênico podem sugerir a presença do verme (fig.18). 8.17 B).17 – A. apresentam múltiplos cistos.Imagem de rim de cão sem alteração em corte longitudinal.Rins policísticos em felino. CALCIFICAÇÃO E CÁLCULO RENAL As calcificações podem aparecer em diferentes porções do parênquima renal ou formar linha hiperecogênica na medular ou na junção córtico-medular. afeta principalmente o rim direito.Imagem ecográfica de Dioctophyma renale no rim direito de um cão. B. que são estruturas anecogênicas de forma e tamanho variados. B A Figura 8. são visibilizados ao exame ultrassonográfico na pelve renal e determinam sombra acústica bem definida (fig.Hiperecogenicidade da cortical renal indicando nefropatia. 8. independente da composição. como o nome sugere. 8. 69 . Já os cálculos. A doença policística renal é mais comum em gatos da raça Persa sendo identificada como doença autossômica dominante (fig. 70 .Figura 8. 8. podendo determinar irregularidade no contorno do rim.19 A e B). Sonograficamente a arquitetura interna do órgão é afetada em maior ou menor grau. A ecogenicidade é variável. ALTERAÇÕES DE PELVE RENAL HIDRONEFROSE É a causa mais comum de aumento renal. Áreas heterogêneas são observadas. secundariamente à obstrução. NEOPLASIAS Em cães e gatos a metástase renal é mais frequente que o tumor primário. Pelve renal (P). Caracteriza-se pela dilatação do sistema coletor. P A B Figura 8.18 – Imagem ecográfica de cálculos no rim esquerdo formando sombra acústica (setas pequenas). (fig. os rins podem apresentar-se como um saco de conteúdo hipoecogênico ou anecogênico.19 – A.Imagem ecográfica de hidronefrose. Em estágios avançados da doença. dependendo da duração da obstrução. Em B ocorreu grande destruição do parênquima. sendo a biopsia renal indicada para o diagnóstico definitivo. ALTERAÇÕES DA BEXIGA CISTITE Características como irregularidade da mucosa vesical e espessamento da parede com presença de sedimento podem ser observadas (fig.Imagem ecográfica de bexiga normal. a bexiga é visibilizada cranialmente à pelve. 8. 8. separada por uma linha hipoecogênica.21 A).20 – A. 71 . A espessura normal da parede vesical varia de 0. ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DA BEXIGA Com o animal em decúbito dorsal.5cm nos cães e de 0.17cm nos gatos e deve ser considerada com uma distensão moderada. podendo tornar-se deformada por estruturas vizinhas (fig. 8. promove movimento do conteúdo com formação de redemoinhos compostos de pontos hiperecogênicos flutuantes (fig. 8. Recomenda-se manter o paciente sem urinar por um período mínimo de 3 horas. A bexiga normal apresenta-se como uma estrutura de forma piriforme. próstata e linfonodos ilíacos.13 a 0. com conteúdo anecogênico (urina) (fig.1 a 0. A parede é observada como uma camada dupla hiperecogênica.21 B). O ato de sacudir o conteúdo vesical com o transdutor (balotamento).20 A). A cistite aguda pode não causar alterações sonográficas na parede vesical. É utilizada como janela acústica para avaliação de estruturas adjacentes como cólon. útero. B-Distorção no formato da bexiga causada pelo útero aumentado de volume (seta). A camada interna (mucosa) deve ser lisa e contínua.BEXIGA A avaliação ecográfica da bexiga requer conteúdo no interior da mesma. A B Figura 8.20 B). COÁGULOS Geralmente ocorrem após traumas.B Figura 8. 72 . 8.22 .Cálculo vesical (C) formando sombra acústica (Imagem cedida pela M. Sonograficamente os cálculos são visíveis independentemente do tamanho e da composição. similar à cistite crônica.21 – A. URETERES ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DOS URETERES Os ureteres normalmente não são visibilizados ecograficamente devido ao seu pequeno diâmetro. não formam sombra acústica e têm ecogenicidade mista. NEOPLASIA Os tumores se apresentam como espessamentos focais de parede que se estendem para o lúmen vesical ou de forma difusa que causam espessamento uniforme e generalizado da parede. Sonograficamente são irregulares. sugerindo A cistite. Os machos retém os cálculos na bexiga devido à uretra mais longa e estreita. O papiloma é a neoplasia benigna mais comum. neoplasias. Sua porção abdominal é adjacente ao músculo psoas. infecções ou alterações sanguíneas. São observados como estruturas hiperecogênicas que produzem sombra acústica (fig. CÁLCULO VESICAL (UROLITÍASE) Os cálculos urinários possuem forma e tamanho variados (2mm a 10cm) e podem causar obstrução urinária ou lesão traumática na mucosa. Adriane Ilha). B.Sedimento vesical após balotamento. Ultrassonograficamente apresenta-se como formação ecogênica homogênea.22).V. Figura 8. Podem ser móveis ou aderidos à parede vesical.Imagem ecográfica demonstrando parede vesical espessada. Sua característica isoecóica à gordura circundante dificulta sua visibilização. ALTERAÇÕES PANCREÁTICAS PANCREATITE E NEOPLASIA As mudanças sonográficas causadas pela pancreatite permitem sua identificação. A sobreposição de alças intestinais com gás pode impossibilitar a visibilização do trajeto total dos mesmos. 8. Tumorações podem ser focais ou difusas e determinam imagem heterogênea. podendo induzir ao vômito. Em geral observa-se aumento do órgão e hipoecogenicidade. duodeno.23). PÂNCREAS ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DO PÂNCREAS O pâncreas situa-se adjacente à curvatura maior do estômago. Figura 8. pode contribuir por deslocar o gás do piloro.ALTERAÇÕES URETERAIS HIDROURETER OU DILATAÇÃO URETERAL Obstrução por ligaduras acidentais durante a ovário-histerectomia ou por cálculos e compressões tumorais são as causas mais comuns de dilatação. A administração via oral de líquido. Ecograficamente o ureter dilatado apresenta-se com paredes bem definidas e tortuosas que podem ter luz de 2-3cm de diâmetro. URETER ECTÓPICO E RUPTURA DE URETER São mais facilmente identificados pelo exame de urografia excretora. porém. é contra-indicada em animais com suspeita de pancreatite. sendo pesquisado em sua topografia habitual (fig.23 – Imagem de pâncreas sem alteração. cólon ascendente e transverso. 73 . 9. O periósteo recobre a cortical externamente (exceto nas superfícies articulares) enquanto o endósteo a envolve internamente. M – metáfise. Além de fornecer informações diagnósticas permite acompanhar a evolução do caso clínico.1 – Membro de animal jovem (5 meses de idade) apresentando as fises abertas (setas) .1). Algumas afecções necessitam de um razoável tempo para se manifestarem radiologicamente. Nos cães. mesmo o paciente apresentando sinais clínicos precoces. D M E Figura 9. D – diáfise. são nítidas entre as epífises e as metáfises. Quando as cartilagens estiverem totalmente substituídas por tecido ósseo. o crescimento cessa. ESTRUTURA ÓSSEA Os ossos longos são constituidos de diáfise (corpo do osso que contém a medula óssea). mais tardiamente. A cortical é a região periférica e mais radiopaca dos ossos e a medular é a região central. duas epífises (extremidade proximal e distal) e entre elas as metáfises (fig. até que as reações ósseas alterem a densidade do tecido. principalmente nos castrados.2) (Quadro 1) e nos gatos. 74 . 9. Em animais jovens. o crescimento se completa em torno do 10° ao 14°mês de idade (fig. as cartilagens ou placas epifisiárias (linha radiolucente).linhas radiolucentes. E – epífise. ambos promovem o reparo e a consolidação óssea.CAPÍTULO IX INTRODUÇÃO À RADIOLOGIA ÓSSEA E ARTICULAR A radiografia é um exame complementar essencial para o estudo das afecções que acometem tanto o sistema ósseo quanto articular. 75 . doença metabólica. (FONTE: SCHEBITZ & WILKENS.Tuberosidade Isquiática Fêmur Proximal (cabeça) Fêmur Distal Tíbia Proximal Tíbia Distal Tuberosidade Tibial Fíbula Proximal Fíbula Distal Tuberosidade Calcânea Idade de Fusão 4-7 meses 10-13 meses 6-8 meses 6-11 meses 8-12 meses 6-10 meses 8-12 meses 5-7 meses 4-5 meses 5-6 meses 1-2 anos 8-10 meses 7-11 meses 8-11 meses 6-11 meses 8-11 meses 6-12 meses 8-12 meses 7-11 meses 3-8 meses TIPOS DE RESPOSTAS ÓSSEAS DIMINUIÇÃO DA DENSIDADE (OSTEOPENIA): a reabsorção ou destruição óssea podem resultar de traumas.Figura 9.2 – Desenvolvimento em dias do membro anterior de cão em projeção dorsopalmar. Alterações radiograficamente identificáveis ocorrem a partir de 50% de perda de conteúdo mineral dos ossos.Crista Ilíaca .Acetábulo .Idade de fechamento epifisário em cães. desuso. infecção e neoplasia. Estrutura Tuberosidade Escapular Úmero Proximal Úmero Distal Rádio Proximal Rádio Distal Ulna Proximal (olécrano) Ulna Distal Metacarpianos e Metatarsianos 1a e 2a Falanges Pelve: . Quadro 1 . 2000). AUMENTO DA DENSIDADE: está associado a neoformações ósseas ou aumento na mineralização. o que pode ser referido como esclerose óssea na imagem radiográfica. O crânio dos felinos tem características uniformes em sua maioria. são requeridas no mínimo duas projeções perpendiculares entre si. CAPÍTULO X RADIOLOGIA DO CRÂNIO O crânio. as características raciais.: Dobermann. elevação do periósteo e neoformação subperiosteal. deixando a impressão de que a cabeça é larga em relação ao comprimento. a dificuldade dentro de uma mesma espécie é a diferença entre cães dolicocéfalos. devido. PROJEÇÕES Para a análise radiológica precisa. incidências obliquadas e skyline contribuem eventualmente. sendo intermediária em relação aos anteriores. ou induzida cirurgicamente por artrodese. FRATURA: é a solução de continuidade de uma estrutura óssea. à grande variação entre espécies e. decorrente de ferimentos de origem traumática. TRIÂNGULO DE CODMAN: ocorre em processos neoplásicos e inflamatórios. Radiograficamente observa-se lise e esclerose óssea. dentro destas.: Rottweiler e Labrador. quando há lesão com destruição de cortical. sendo que projeções com articulações flexionadas. Dolicocéfalos: nestes animais o diâmetro antero-posterior da cabeça é longo.: Boxer e Bulldog. principalmente. Para a obtenção de boa imagem de uma lesão. Ex. PERIOSTITE: é uma reação inflamatória do periósteo determinando irregularidade em sua superfície. ANQUILOSE: é a fusão de duas ou mais estruturas ósseas. mas algumas 76 . constitui uma das partes que oferece maior dificuldade na interpretação radiográfica. é recomendável que a mesma esteja o mais próximo possível do filme. EXOSTOSE: é uma proliferação óssea mais acentuada que a periostite podendo ser lisa (estacionária) ou irregular (proliferativa). Mesocéfalos: são cães com a medida proporcional de largura e comprimento da cabeça. LUXAÇÃO: é o deslocamento completo entre as superfícies articulares. O uso de sedativos. OSTEÓFITOS: são proliferações ósseas em forma de espículas. desde que o estado físico do paciente permita. deixando a impressão que a cabeça é estreita em relação ao comprimento. tanto em pequenos quanto em grandes animais. SUB-LUXAÇÃO: é o deslocamento parcial entre as superfícies articulares. cirúrgica ou via hematógena. OSTEOMIELITE: é um processo inflamatório e ou infeccioso com envolvimento da cortical e medular. mesocéfalos e braquicéfalos. Braquicéfalos: animais com esta característica possuem a cabeça achatada no sentido antero-posterior. Correspondem a aproximadamente 75% das raças caninas. com perda do padrão trabecular normal e reação periosteal. Ex. tranquilizantes ou anestesia geral pode tornar-se necessário para um posicionamento correto. Ex. OSTEÍTE: é uma reação inflamatória do osso sem o envolvimento da medular. podendo ser provocada por reação inflamatória e / ou infecciosa. dentro do sistema ósseo e articular. determinando um ângulo. Por exemplo. Os ossos turbinados das conchas nasais conferem uma imagem trabeculada de linhas finas radiopacas no meio radiolucente normal.Imagem radiográfica normal em projeção lateral de crânio de cão. A projeção dorso-ventral com o filme intra-oral permite visualizar a região trabeculada da cavidade nasal sem interferência de sobreposição com a mandíbula.Projeção dorsoventral de crânio de cão. Afecções relacionadas a esta região incluem um aumento de radiopacidade. por exemplo. PREPARO  Sempre que possível limpar a região a ser radiografada.Projeção dorso-ventral de crânio de gato. alteração no padrão trabeculado e destruição ou proliferação óssea. porém. enquanto o septo nasal divide a cavidade em duas porções simétricas (esquerda e direita). para avaliar seios frontais.1 – A. 10. A cavidade nasal e os seios frontais são facilmente identificados pela sua radiolucência. ANATOMIA RADIOGRÁFICA NORMAL (fig.raças apresentam características braquicéfalicas. infecciosos.  Ventro-dorsal.  Obliquados. não são diferenciáveis entre si radiograficamente. Os posicionamentos principais são:  Dorso-ventral.  Quando necessário se faz uso de sedação ou até anestesia geral. como os Persas.2) A B C Figura 10. POSICIONAMENTOS Para as incidências de maxila ou mandíbula com boca aberta e trans-orais. Radiografias nasais de boa qualidade ajudam a definir a localização e extensão das lesões.1 e fig. é necessário que os animais estejam anestesiados. 10. 77 . As alterações mais comuns são os processos inflamatórios. os quais diminuem a radiolucência da cavidade nasal. B. C.  Trans-oral com boca aberta para avaliar bulas timpânicas.  Skyline. para evitar artefatos como sujidades ou pomadas iodadas.  Lateral: com a boca aberta ou fechada. hemorrágicos e tumorais. deficiências visuais. Radiograficamente será observado aumento de radiopacidade e homogeneidade na região do neurocrânio.3 – Imagem radiográfica de hidrocefalia. Aumento da radiopacidade da região craniana de um cão. 10.Projeção Skyline demonstrando os seios frontais radiolucentes. podendo ser adquirida.3) refere-se ao acúmulo de líquido na região do neurocrânio. B.Projeção dorso-ventral. A. ALTERAÇÕES RADIOGRAFICAMENTE VISÍVEIS AFECÇÕES CONGÊNITAS HIDROCEFALIA Enfermidade congênita.Imagem radiográfica em projeção ventro-dorsal com boca aberta evidenciando a cavidade nasal.2 – A. B. 78 . aumento do vértice craniano. braquicéfalos e Beagles. com convulsões. adelgaçamento do osso e retardamento no fechamento das suturas ósseas. A B Figura 10. a hidrocefalia (fig. Afeta principalmente raças toy.Projeção lateral. disfunção motora e desenvolvimento retardado. por excesso de produção de líquido cérebro espinhal ou decréscimo na absorção do mesmo. Os principais sinais clínicos estão relacionados a estado mental alterado.A B Figura 10. podendo ser uni ou bilateral e ter deslocamento cranial. determinada por deslocamento entre as estruturas que se articilam.Fratura craniana em felino caracterizada por linha radiolucente (cabeça de seta). as pequenas. LUXAÇÃO A luxação. são de difícil observação. podem provocar enfisema subcutâneo e / ou processos hemorrágicos. A luxação da articulação têmporo-mandibular. são facilmente evidenciadas. quando grandes. caudal ou lateral. Na região do crânio e face observam-se luxações na articulação têmporomandibular e na sínfise mandibular. nas fossas nasais. geralmente.4). Em geral decorrem de traumas e quando se estendem à cavidade nasal ou seios frontais.4 – A. porém. pela sobreposição das estruturas. por exemplo. neste caso. B-Projeção lateral com boca aberta em canino com fratura de ramo mandibular (seta). podem ocasionar reação inflamatória e. mas. 10. AFECÇÕES DE ORIGEM METABÓLICA E / OU NUTRICIONAL HIPERPARATIROIDISMO SECUNDÁRIO RENAL Também conhecido como Osteíte fibrosa renal. dependendo da localização. CORPO ESTRANHO Corpos estranhos podem ser radiopacos ou radiolucentes. que poderá ser confundida com outras afecções. resulta de traumatismo e caracteriza-se por uma instabilidade palpável da articulação. Em animais velhos a causa principal é a doença renal 79 . Raquitismo renal. Os radiopacos são facilmente observados. sobretudo na cabeça.AFECÇÕES TRAUMÁTICAS FRATURA As fraturas (fig. Osteodistrofia renal ou Mandíbula de Borracha. como projéteis que apresentam densidade de metal. Os radiolucentes nem sempre são visíveis. podendo estar associadas a fraturas na mandíbula. mostrar determinada área com aumento de radiopacidade. A B Figura 10. Várias incidências radiográficas podem ser necessárias para obtenção do diagnóstico. caracteriza-se radiograficamente pelo afastamento do processo condilóide da mandíbula do seu local anatômico que é a fossa mandibular do osso temporal. típica também de processos infecciosos. pode ocorrer. Radiograficamente evidencia-se uma área de radiolucência circunscrita. sendo geralmente. Osteomielite (rarefação óssea) pode ocorrer nos ossos adjacentes. AFECÇÕES DE ORIGEM DESCONHECIDA OSTEOARTROPATIA TÊMPORO-MANDIBULAR Também chamada de Osteopatia Têmporo-mandibular. O diagnóstico diferencial de neoplasia deve ser considerado. Com o desenvolvimento da enfermidade. lateral ou rostro-caudal permitem a avaliação dos seios frontais. mas é mais lenta. as bulas timpânicas e os ramos da mandíbula. ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS E / OU INFECCIOSAS SINUSITE As projeções ventro-dorsal. ABSCESSO APICAL OU PERIAPICAL É uma afecção associada à raiz dentária que pode resultar de fraturas. Radiograficamente observa-se aumento de radiopacidade de um ou ambos os seios frontais. o que justifica a expressão “mandíbula de borracha”. lise ou esclerose adjacente ao ápice do dente e aumento do espaço periodontal ao redor da raiz (halo radiolucente). Os dentes parecem soltos na radiografia devido à absorção da lâmina dura e a respiração pode estar dificultada devido ao colapso dos ossos da região das fossas nasais. cirúrgica ou hematógena. primeiramente no crânio. esta afecção é uma osteopatia proliferativa de cães jovens. mas nos casos de otite crônica. Osteopatia Crâniomandibular ou Periostite da Mandíbula. A parede da bula poderá estar espessada. cáries ou doença periodontal. a mandíbula torna-se maleável. resultando em desmineralização óssea. Geralmente é progressiva. A desmineralização no restante do esqueleto. Radiograficamente evidencia-se áreas características de rarefação (lise) e esclerose óssea. afetando maxila e mandíbula que têm a radiopacidade diminuída. que radiograficamente apresenta neoformação óssea envolvendo o osso occipital. OTITE O conduto auditivo e a bula timpânica são radiolucentes. 80 . há reabsorção radicular. bilateral. enquanto em cães jovens se deve às nefropatias congênitas. OSTEOMIELITE É uma lesão inflamatória e / ou infecciosa que pode ter origem traumática. principalmente. as radiografias demonstrarão densidade radiológica aumentada nestas estruturas.crônica. a não ser em casos crônicos. Ao exame radiográfico simples. O diagnóstico poderá ser radiológico através de exame contrastado. Neste e em outros casos sempre é indispensável exame e história clínicos. mieloma e tumor venéreo transmissível (benignos). compatível com imagem de sinusite. CENUROSE Enfermidade que atinge a região do cérebro em ovinos principalmente. Geralmente os tumores cerebrais não 81 . um aumento de radiopacidade. Projeção ventro-dorsal e trans-oral .6) e aumento da radiopacidade e circunscrição nos tumores benignos.5) decorre de otite crônica média e interna. 10. os mais comuns. se propagando e destruindo os ossos adjacentes. seios frontais ou ambos. A Figura 10.5 – Imagem radiográfica demonstrando radiopacidade da bula timpânica (setas). A maxila e a mandíbula são os locais mais acometidos. e é evidenciada pelo aumento da radiopacidade da região. AFECÇÕES DEGENERATIVAS CALCIFICAÇÃO DE BULA TIMPÂNICA A calcificação da bula timpânica (fig. como a arteriografia cerebral. ocasionada pelo Coenuros cerebralis. 10. que normalmente é radiolucente.AFECÇÕES PARASITÁRIAS OESTROSE Afecção comum em ovinos. quando pode-se encontrar rarefação óssea da calota craniana. ou através da tomografia computadorizada ou da ressonância magnética. com formação de cistos intracranianos. é difícil a observação. demonstrando na película de raios-X. Radiograficamente pode ocorrer elevação periosteal e rarefação óssea em casos de tumores malignos (fig. B AFECÇÕES NEOPLÁSICAS As neoplasias de crânio surgem mais comumente a partir de tecidos moles. em que as larvas de Oestrus ovis podem localizar-se nas fossas nasais. sendo o osteossarcoma (maligno) e osteoma. PREPARO PRÉVIO  Limpeza da região a ser radiografada  Coluna lombo-sacra: limpeza do trato digestório. são relativamente frequentes.6 – Radiografia craniana de felino em projeção lateral com tumor nasal. POSICIONAMENTOS  Ventro-dorsal  Laterais  Obliquadas 82 . são os sinais radiográficos fornecidos pelo exame. A angiografia cerebral (exame contrastado) pode auxiliar no diagnóstico.são visualizados pela radiografia simples. Algumas poderão ser congênitas outras adquiridas. sacral (3 vértebras) e coccígea ou caudal (6 a 20 vértebras). torácica (13 vértebras). O uso de anestesia geral permite um posicionamento simétrico do paciente para uma interpretação radiográfica apropriada. na densidade e no alinhamento das vértebras. sendo necessária a mielografia. CPÍTULO XI RADIOLOGIA DA COLUNA VERTEBRAL As alterações de coluna vertebral tanto em pequenos quanto em grandes animais. Figura 10. no tamanho. A definição da medula espinhal não é obtida pela radiografia simples. que devem ser radiografadas separadamente. A coluna vertebral é dividida em 5 porções. lombar (7 vértebras). são elas: cervical (7 vértebras). Alterações na forma. A radiologia é fundamental como apoio diagnóstico ao clínico. Observar a destruição óssea (seta). As lesões de medula espinhal (fig. 11. TIPOS DE EXAMES PARA COLUNA VERTEBRAL  Exame Simples  Exames contrastados . Observar as linhas epifisiárias abertas (setas). 83 . edemas. 11.1 – Coluna lombar de filhote de cão em projeção lateral.ANATOMIA RADIOGRÁFICA NORMAL DA COLUNA Projeção lateral (fig. hemorragias).Mielografia A mielografia (fig.1) Figura 11. 11. Figura 11. A interpretação envolve a avaliação do espaço subaracnóide preenchido com meio de contraste positivo (colunas de contraste) que pode demonstrar alterações situadas extra ou subduralmente no canal vertebral (como tumores. .2 – Projeção lateral evidenciando as colunas paralelas de meio de contraste e o posicionamento adequado da agulha para mielografia lombar. intradural-extramedular (neoplasias) e intramedular (neoplasias.3) classificam-se em: extradural (coágulos. prolapso de disco intervertebral.Osteovenografia (pouco utilizada) Consiste na injeção de contraste especifico no corpo vertebral. fraturas consolidadas.2) é um exame contrastado da coluna e está indicada quando a radiografia simples não for conclusiva. neoplasias). prolapso de disco intervertebral ou do núcleo pulposo ou ainda hematomas). 5ml. podendo causar desvios da coluna vertebral. submetidos à anestesia geral. Bulldog e Boston Terrier são as mais comumente afetadas por esta alteração. ALTERAÇÕES RADIOGRÁFICAS ALTERAÇÕES CONGÊNITAS HEMI-VÉRTEBRA As hemivértebras (fig. sendo posteriormente. (Fonte: WHEELER & SHARP.4-A) resultam de uma falha na formação de parte do corpo vertebral.3 .Kg-1 de peso vivo. 11. ioversol.250. sacral ou coccígea. incompletas e geralmente em forma de cunha. Ocorre devido a um defeito no desenvolvimento embrionário o qual resulta na não fusão do arco vertebral dorsal em uma ou mais vértebras. Radiografias simples em projeção ventro-dorsal evidenciam melhor a alteração 84 . O meio de contraste utilizado para o procedimento é à base de iohexol. sendo que as vértebras torácicas e coccígeas estão mais frequentemente envolvidas. sua aplicação é feita na cisterna magna ou no espaço subaracnóide entre L4-L5 ou L5-L6. geralmente em porção caudal da coluna lombar. 1999) O preparo prévio dos pacientes é feito com jejum líquido e sólido de 12 horas. ESPINHA BÍFIDA Afecção com etiologia desconhecida com maior incidência em cães da raça Bulldog e rara nas demais. Cães das raças Pug. Os sinais clínicos são compatíveis com alterações da coluna em segmento L4-S3. iopamidol ou metrizamide na dose de 0. dependendo da orientação da mesma. que se apresentam radiograficamente menores.Figura 11. podendo ocorrer também ausência ou hipoplasia do processo espinhoso dorsal.Representação esquemáticas das lesões medulares. meningocele (coleção de líquido cefalorraquidiano em uma saculação em forma de bolsa na pele). Instabilidade Vertebral Cervical. falta de equilíbrio. VÉRTEBRA EM TRANSIÇÃO É a denominação dada àquela vértebra que assume características anatômicas de sua adjacente.Imagem radiográfica de hemivértebra. Vértebra em formato de cunha na regão cervical. Yorkshire Terrier e Chihuahua. podendo também ser causada pela ausência ou ruptura dos ligamentos atlantoaxial e transverso.através da comparação das vértebras normais craniais e caudais às alteradas. onde a vértebra une-se com a pelve (chamado de sacralização de L7). Acomete principalmente Poodle miniatura. Radiograficamente observa-se.Mielografia demonstrando comunicação do canal medular com o meio esterno (espinha bífida). ALTERAÇÕES LIGADAS AO DESENVOLVIMENTO ESPONDILOMIELOPATIA CERVICAL Também chamada de Espondilopatia Cervical. além do defeito nos corpos vertebrais) (fig. B. SUB-LUXAÇÃO ATLANTOAXIAL Além de congênita poderá ser também adquirida. Caracteriza-se por instabilidade e sub-luxação vertebral. 11.4-B). Os sinais clínicos são variáveis e incluem incoordenação. Exemplos: radiograficamente evidencia-se ausência de uma ou ambas as costelas de T13 (chamado de lombarização de T13). a qual permite excessiva flexão da região.4 – A. podendo resultar em compressão da medula espinhal. em projeção lateral. A B Figura 11. Com a realização da mielografia pode-se evidenciar o extravasamento de contraste para fora do espaço subaracnóide ou para o exterior. A forma congênita está associada à malformação da articulação com agenesia total ou parcial do processo odontóide. dor e quadriplegia. 11. meningomielocele (protusão de partes da meninge e medula espinhal através da falha na coluna vertebral) ou ainda mielocele (protusão de porções de medula para fora do canal medular em função de um defeito na formação das meninges. ausência de processo transverso (uni ou bilateral) de L7. um aumento da distância entre o arco do atlas e a espinha dorsal do axis além da ausência total ou parcial do processo odontóide do axis (fig. Um processo transverso poderá assumir a aparência de costela ou vice versa. 85 .5-A). Geralmente essa afecção não possui significado clínico. A forma adquirida decorre de traumas que provocam fratura ou separação do processo odontóide. quando se trata de grandes animais. formando um bloco. com frequência mostram sub-luxação vertebral da região cervical.5-B) são as mais comumente afetadas e poderá haver protrusão de disco intervertebral associada. como causa secundária. necessitando de mielografia. Essa afecção é observada mais frequentemente na coluna cervical e lombar.Mielografia cervical com interrupção da coluna de contraste. hérnia de disco.Imagem radiográfica demonstrando subluxação atlantoaxial. hipertrofia ligamentosa. 11. onde a medula espinhal é lesionada por uma combinação de anomalias da coluna vertebral cervical. lombares. com aumento da distância entre o processo espinhoso do axis e arco dorsal do atlas. Este quadro é comum aos pequenos animais e especialmente em equinos.6 – Imagem radiográfica demonstrando fusão de 4ª e 5ª vértebras. Radiograficamente há uma parcial ou total ausência do espaço intervertebral entre as vértebras envolvidas (fig. BLOCO DE VÉRTEBRAS Poderá ser congênito ou adquirido.5 – A. como causa primária. O termo síndrome de Wobbler é usado para nomear uma afecção específica. B. observando-se uma imagem de fusão de dois ou mais corpos vertebrais.6).Síndrome de Wobbler e Mal-articulação Vertebral Cervical. Subluxação de C7 com elevação da porção cranial do corpo vertebral para dentro do canal medular. podendo ser congênita ou adquirida. A B Figura 11. A Figura 11. são estenose do canal vertebral e instabilidade vertebral e. proliferação da cápsula articular e produção de osteófitos. As radiografias simples nem sempre mostram a estrutura do canal vertebral. C6 e C7 (fig. mas. 86 . 11. As vértebras C5. Pode-se dizer que é uma questão multifatorial. Alguns fatores importantes que contribuem para o aparecimento desta síndrome. esta enfermidade se caracteriza por uma rarefação óssea em todo o esqueleto. A. ALTERAÇÕES DE ORIGEM NUTRICIONAL E / OU METABÓLICA HIPERVITAMINOSE A DOS FELINOS Também chamada de Osteodistrofia felina. podem causar compressão de medula espinhal. Osteodistrofia Juvenil ou Osteoporose Nutricional. LUXAÇÃO E SUB-LUXAÇÃO As fraturas (fig. desarticulação completa das superfícies articulares (luxação). 11. sendo que ao afetar os corpos vertebrais.7 – Radiografias em projeção lateral. Os sinais radiográficos incluem descontinuidade de estruturas ósseas. descontinuidade do canal vertebral e linhas de fratura dos corpos vertebrais.7-B). acomete gatos que recebem dieta com excesso de vitamina A. Poderá ocorrer a fusão das vértebras. luxações (fig. processos articulares e apófises. O excesso de vitamina A provoca a formação de exostoses na porção ventral das vértebras cervicais e torácicas. fazendo com que os ossos tenham uma densidade semelhante à musculatura. pequeno desalinhamento entre vértebras e / ou facetas articulares (sub-luxação). A imagem radiográfica caracteriza-se por extensa exostose anquilosante principalmente na coluna cervical e torácica. Fraturas patológicas (fratura em talo verde) ocorrem.Luxação em coluna torácica determinando um degrau (seta). encontrada principalmente na alimentação caseira constituída predominantemente por fígado. movimentação restrita do pescoço e compressão de medula e raízes nervosas. 11. HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO NUTRICIONAL Também chamada de Osteodistrofia Nutricional. 87 . A manipulação dos pacientes mesmo anestesiados deve ser cuidadosa para não causar novos danos durante o estudo radiográfico. ocasionando eventualmente compressão das raízes dos nervos espinhais.Fratura de corpo vertebral em L3. Os sinais clínicos mais evidentes são: dor. B. que apresenta cortical delgada. A B Figura 11.7-A) e subluxações ocorrem comumente em pequenos animais devido a acidentes (atropelamentos por carro) e podem causar compressões do cordão espinhal e raízes nervosas subsequentes.ALTERAÇÕES TRAUMÁTICAS FRATURA. 11. Quando atinge o canal vertebral pode causar mielite e meningite. As regiões cervicotorácica. A origem é hematógena e resulta numa infecção do disco intervertebral de origem não vertebral. Infecção discal intervertebral e Espondilite intervertebral. caracteriza-se pela formação de placas ósseas na dura-máter e 88 . Discite. Caracteriza-se por crescimentos ósseos em forma de espículas (osteófitos) que se desenvolvem nas extremidades dos corpos vertebrais. raramente associada a sinais clínicos. DISCOESPONDILITE Também chamada de Osteomielite intradiscal. As características radiográficas incluem lise de uma ou ambas as faces articulares dos corpos vertebrais (placas das extremidades vertebrais). Pode ocorrer associada a Brucela canis. Staphylococcus aureus e alguns tipos de leveduras.8). Mais comumente envolve a porção ventral e lateral do corpo vertebral. 11. seguidos de diminuição do espaço intervertebral (fig. A mielografia permite estabelecer se há ou não compressão de medula. sendo chamada espondilose deformante / anquilosante. Com a progressão do processo pode surgir uma margem esclerótica com proliferação óssea ventral de grau variável. com destruição dos corpos vertebrais. PAQUIMENINGITE A Ossificação da dura-máter. Metaplasia óssea da dura-máter ou Ossificação dural como também é denominada.9) é um achado radiográfico comum em cães idosos atingindo mais frequentemente as vértebras torácicas e lombares. formando uma anquilose. perda do padrão trabecular.8 – Radiografia lateral de um cão com discoespondilite em L4-L5 evidenciando irregularidade e esclerose das extremidades dos corpos vertebrais. lise óssea.ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS E / OU INFECCIOSAS ESPONDILITE Processo inflamatório e ou infeccioso que atinge os corpos vertebrais. tóracolombar e lombossacra são os locais mais acometidos. reação periosteal e esclerose do osso circunjacente. causado pela infecção bacteriana e / ou fúngica. Figura 11. ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS ESPONDILOSE Também chamada de Espondilo-artrose (fig. podendo se fusionar. Radiograficamente assemelha-se à osteomielite. 10 – Detalhe evidenciando calcificação do ligamento longitudinal dorsal entre os corpos vertebrais (seta). dor à palpação. claudicação. SÍNDROME DA CAUDA EQUINA Também chamada de Estenose lombossacra. A. A B Figura 11. B. A cauda equina corresponde à porção caudal do cordão espinhal e suas raízes adjacentes estão localizadas nos corpos vertebrais de L5-L7.9 – Espondilose anquilosante (pontes ósseas) na coluna torácica e lombar (setas). Instabilidade ou Espondilose lombossacra. 11. A localização da extremidade caudal do cordão espinhal varia de acordo com o tamanho dos cães e gatos. Compressão de cauda equina. Os sinais clínicos dependem do grau de comprometimento da medula espinhal e raízes nervosas. Figura 11. S1-S3 e Cc1-5.10). variando de acordo com o tipo de alteração anatômica.Projeção lateral. Os sinais radiográficos estão associados com a causa de compressão da cauda 89 . De origem congênita ou adquirida. Não deve-se confundir com calcificação do ligamento longitudinal dorsal (fig. relutância ao exercício. Radiograficamente aparece como uma linha radiopaca imediatamente acima e paralelamente à base do canal medular. sendo melhor visualizada nos espaços intervertebrais. é um complexo de sinais neurológicos causados pela compressão das raízes nervosas da espinha lombossacra. Animais de grande porte são acometidos com maior frequência e demonstram como sinais clínicos a incontinência urinária e fecal.Projeção ventrodorsal.acomete cães de grande porte. porém. A afecção ocorre pela extrusão (Hansen tipo I) ou protrusão (Hansen tipo II) de disco intervertebral independente de estar ou não fibrosado ou calcificado. Quando fibrosados não serão observados nas radiografias.equina que podem ser: fraturas. espondilose anquilosante entre L7 e sacro. além de protrusão de disco intervertebral Hansen Tipo II. proliferação de tecidos moles (ligamentos e cápsula articular). 11. Na extrusão (mais comum em raças condrodistróficas como Basset e Bulldog): radiograficamente observa-se calcificações precoces. Suas principais características radiológicas são: lise óssea. Nesse caso. mas deve-se ter o cuidado de não confundir com sobreposição de apófises transversas ou costelas. podendo também causar compressão medular. ALTERAÇÕES NEOPLÁSICAS As neoplasias de coluna afetam mais comumente cães idosos. destruição das placas terminais vertebrais. luxações. neoplasias ou infecções. HÉRNIA DE DISCO INTERVERTEBRAL Os discos intervertebrais ocupam os espaços entre uma vértebra e outra desde C2-C3 até S1. Ao exame radiográfico simples e sem alterações. Cada disco é composto de um anel externo fibroso e laminado e um núcleo central chamado de núcleo pulposo. Na protrusão (nas demais raças): as alterações fibróides progridem lentamente à medida que o animal envelhece. instabilidade articular entre L7 e sacro. Observa-se aumento de radiopacidade entre os corpos vertebrais. o material do núcleo se deslocará com muita força podendo causar compressão medular. 11. porém o diagnóstico é definido somente através da biopsia. esses espaços intervertebrais são radiotransparentes e seu tamanho é aproximadamente igual em toda a extensão da coluna vertebral. A mielografia fornece dados como localização do tumor e sua posição no canal vertebral. crescimentos ósseos desordenados e alteração na radiopacidade óssea. Os discos poderão estar fibrosados ou calcificados (fig.11-B). presença de material mineralizado no forame intervertebral e compressão medular demonstrada pela mielografia. Pode ocorrer também somente calcificação do núcleo pulposo do disco intervertebral. Os tumores poderão ser primários ou secundários e é difícil serem distinguidos de espondilite ou discoespondilite. o anel fibroso origina uma saliência (prolapso) sem romper-se. 90 . crescimentos ósseos no interior do canal medular. Caso o anel fibroso se rompa. os sinais radiográficos da doença de disco intervertebral incluem calcificação de um ou mais discos. estreitamento (fig.11-A) ou aparência de cunha do espaço do disco intervertebral. fraturas patológicas (por compressão). osteocondrose de sacro e comprometimento vascular. tumores como linfoma podem ocorrer em gatos jovens. De modo geral. Para se evitar distorções da aparência dos espaços intervertebrais. CALCIFICAÇÃO DE DISCO INTERVERTEBRAL A imagem é melhor avaliada em radiografias laterais de coluna. segmentos curtos da coluna devem ser radiografados separadamente. seguidas de degeneração tanto do núcleo pulposo quanto do anel fibroso. dorsopalmar/ dorso-plantar e médiolateral) são necessárias. pelo menos duas projeções. Estas técnicas poderão ser utilizadas para observação de cápsula articular. Para realização desses exames deverão ser seguidas as normas de preparo prévio: limpeza da região. Ultrassonografia é meio de imagem indicado para avaliação articular. Radiograficamente observa-se sub-luxação da articulação fêmoro-tibial. pode-se efetuar exames contrastados quando os simples não forem esclarecedores. Ao se avaliar articulações. 91 . ALTERAÇÕES RADIOGRAFICAMENTE VISÍVEIS ALTERAÇÕES DE ORIGEM TRAUMÁTICA LUXAÇÃO E SUB-LUXAÇÃO Alterações já descritas.. B. ainda. Poderá ocorrer edema intra-articular. É importante o conhecimento da posição dos centros de ossificação e o período em que as linhas epifisárias se fecham. superfícies articulares. meniscos.. realizadas em ângulo reto uma em relação à outra em incidências padronizadas (crânio-caudal. Estes exames poderão ser realizados com contraste positivo denominando-se artrografia. tricotomia. excesso de esforço físico ou ainda por excesso de força na tração. associando os dois meios de contraste que se chama artrografia de duplocontraste. sendo esta última a mais aconselhada. com deslocamento dos côndilos femorais caudalmente. anti-sepsia e sedação ou anestesia. em casos iniciais e artrose em casos mais avançados. etc. RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO Ocorre por traumatismo.A B Figura 11. CAPÍTULO XII RADIOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR Para a avaliação apropriada da condição óssea e articular. com contraste negativo denominando-se pneumoartrografia ou.Radiografia demonstrando diminuição do espaço intervertebral entre T12-13.11 – A. Incidências obliquadas e flexionadas podem contribuir.Calcificação de disco intervertebral L6-7 (seta). Caracterizam-se pela presença de solução de continuidade óssea (fig. No rádio ocorre arqueamento cranial podendo tornar-se severo durante a evolução do quadro. podendo levar à sub-luxação da articulação do úmero com a ulna. permite avaliar a eficácia do método realizado e a terceira etapa faz o acompanhamento do processo de cicatrização ou reparo ósseo. etc.FRATURAS Poderão ser traumáticas ou patológicas (espontâneas). Durante o procedimento terapêutico. A radiografia desempenha importante papel na avaliação das fraturas nas seguintes etapas: pré. A B Figura 12. esta é denominada osteocondroma. mas o local mais comum é a linha de crescimento distal da ulna. Esta alteração poderá ocorrer em qualquer placa epifisária. principalmente em ossos longos e menos frequente na coluna. A primeira etapa comprova a fratura e avalia os diversos aspectos relacionados à mesma.1). animais jovens apresentam consolidação mais rapidamente que os velhos. ALTERAÇÕES LIGADAS AO DESENVOLVIMENTO E / OU DE ORIGEM DESCONHECIDA FECHAMENTO EPIFISÁRIO PRECOCE Principal causa são os traumas.. devido à posição medial do rádio no carpo que força o membro lateralmente enquanto continua crescendo. como sua extensão.Fratura distal de metáfise do fêmur. esta afecção de etiologia desconhecida. poderá ocorrer em todo o esqueleto. O método de imobilização da fratura (talas e pinos) e a presença de doença local ou metabólica afetam a velocidade de consolidação óssea..Fratura de colo femoral direito. Quando ocorre uma exostose cartilaginosa isolada. 12. É uma doença que afeta também outras 92 . EXOSTOSE CARTILAGINOSA MÚLTIPLA Também denominada Osteocondromatose e Exostose Hereditária Múltipla. A lesão óssea poderá não ser percebida na radiografia. se ocorrer lesão na linha epifisária do rádio. Aparecimento de doença articular degenerativa é uma possível consequência dessa enfermidade. Poderá ocorrer o desvio medial ou varus. observando-se o encurvamento da ulna causando a deformidade do membro com desvio lateral ou valgus. alinhamento.1 – A. trans e pós-procedimento terapêutico. B. Com relação ao reparo ósseo. A etiologia. osteoartrose.Necrose asséptica da cabeça do fêmur. com aumento de radiopacidade. A B Figura 12. 12. Radiograficamente caracteriza-se pela imagem de exostoses circulares e regulares. médiolateral e skyline da articulação fêmorotíbio-patelar. os osteomas. lado esquerdo. hormonais. B. com bordas escleróticas. Por isso torna-se necessária biopsia para diagnóstico diferencial.2-B). Doença de Legg-Calvé-Perthes ou Necrose Avascular da Cabeça Femoral. embora os osteomas. NECROSE ASSÉPTICA DE CABEÇA DO FÊMUR Também conhecida como Doença de Legg-Perthes. Na incidência médio-lateral. Nesta alteração ocorre 93 . Outras anormalidades ósseas poderão estar presentes como sulco troclear raso. 12. em crescimento. Pode-se observar. conformação anatômica. ainda não bem esclarecida. geralmente unilateral. podendo haver fragmentação da mesma e encurtamento do colo femoral (fig. esta enfermidade ocorre geralmente em raças de pequeno porte. Radiograficamente a patela se encontrará deslocada lateral ou medialmente. CALCINOSE CIRCUNSCRITA Também chamada de Calcinose Tumoral e Gota Cálcica. como por exemplo.Luxação lateral de patela observada em projeção skyline. a patela poderá estar posicionada em seu local anatômico no sulco troclear. ou seja. dependendo do estágio da enfermidade. LUXAÇÃO PATELAR A luxação de patela pode ser medial ou lateral (fig. inclui fatores hereditários. alterações degenerativas secundárias. rotação e curvatura da porção proximal da tíbia e angulação anormal da articulação fêmoro-tibial. no momento do posicionamento para o exame.2-A).2 – A. podendo ser císticas ou proliferativas. Ao exame radiográfico evidencia-se densidade óssea da cabeça do fêmur diminuída (rarefação óssea). As lesões são frequentemente múltiplas. Caso a luxação seja intermitente.espécies. As projeções radiográficas indicadas são a crânio-caudal. em geral. principalmente equinos. a patela não se encontra no sulco troclear e está sobreposta aos côndilos femorais. não sejam múltiplos. pressão intracapsular e infarto da cabeça do fêmur. Às vezes poderão ser confundidas com neoplasias. deposição de sais de cálcio de aspecto amorfo no tecido mole. B. úmero-rádio-ulnar.3 – A. Clinicamente os animais apresentam claudicação sem história de lesão. podendo ocorrer em um membro e após em outro.3-B).4). OSTEOARTROSE OU MOLÉSTIA ARTICULAR DEGENERATIVA Observa-se formação de osteófitos em superfícies periarticulares. 12. podendo às vezes ocorrer erosão de cartilagem articular e formação de osteófitos periarticulares. a genética.Artrografia sem alteração.3-A). A B Figura 12. Radiograficamente se caracteriza como áreas circunscritas com radiopacidade de tecido ósseo. mais evidente próximo ao forame nutrício. Frequentemente é bilateral e afeta as articulações escápuloumeral. geralmente. Área radiolucente na cabeça do úmero. PANOSTEÍTE EOSINOFÍLICA Também conhecida como Panosteíte Canina ou simplesmente Panosteíte. causando dor e dificuldade de movimentação. sexo. A etiologia é multifatorial incluindo o manejo. Poderá ocorrer perda do padrão trabecular normal do osso. 94 . pele e proeminências ósseas. Há casos em que as lesões são tão intensas que chegam a tomar por completo a cavidade medular. pela diminuição da amplitude do movimento articular. ocorre em cães jovens e tem etiologia desconhecida. fatores hormonais e nutrição. A confirmação do diagnóstico pode ser feita através da artrografia (fig. 12. Fechamento epifisiário precoce (seta). 12. fêmoro-tíbio-patelar e tarso de cães jovens com crescimento rápido. Na imagem radiográfica observa-se aumento de radiopacidade na medula dos ossos longos. passa a denominar-se osteocondrite dissecante. o qual pode sofrer mineralização. Espessamento endosteal e reação periosteal regular poderão aparecer independentemente da opacidade da medula (fig. Quando há avulsão de um flap de cartilagem no local do cisto. tecido subcutâneo. OSTEOCONDROSE Caracteriza-se por um distúrbio na ossificação endocondral que leva à formação de um cisto subcartilaginoso. Radiograficamente observa-se área de rarefação óssea circunscrita na região subcartilaginosa (cisto ósseo) (fig.Articulação escápulo-umeral de cão jovem com osteocondrose. Características radiográficas incluem grande proliferação periosteal perpendicular à cortical. Observar o novo tecido periosteal formado. demonstrando dor à palpação e claudicação. porém.Imagem radiográfica de nódulos pulmonares. 12.5-A) como neoplasias e tuberculose.Membros torácicos de cão. A reação óssea do tipo osteofitose ou espículas.Figura 12. a atingir as superfícies articulares. geralmente. esta doença está. Aumento de radiopacidade do canal medular da tíbia (seta). doença pulmonar crônica. DISPLASIA DA ARTICULAÇÃO DO COTOVELO É determinada por uma das seguintes alterações: a) Processo coronóide medial fragmentado Radiograficamente observa-se alteração articular degenerativa secundária 95 . associada a enfermidades pulmonares (fig. as alterações ósseas regridem rapidamente.4 – Panosteíte. afeta ossos longos (fig. OSTEOARTROPATIA HIPERTRÓFICA PULMONAR Também chamada Acropaquia ou Osteopatia Hipertrófica Pulmonar. não chegando. geralmente simétrica e generalizada. B. neoplasias na bexiga ou prostáticas e alterações metabólicas.5-B) e pode estender-se até as cápsulas articulares. Quando a lesão pulmonar é tratada com sucesso. Clinicamente os animais afetados apresentam edema na região distal dos membros. a qual permanece íntegra.5 – A. B A Figura 12. 12. 7. podendo estar envolvidos nesta enfermidade: acetábulo.progressiva e. A alterações radiológica perceptível é a separação de fragmento ósseo na região caudal do epicôndilo. dogue alemão e demais raças gigantes. excesso de exercícios físicos. este é feito com 1 ano e seis meses.6 – Radiografia demonstrando não-união do processo ancôneo. Na projeção lateral. 96 . é necessário que estejam incluídas na radiografia as asas do ílio e a extremidade distal dos fêmures. fratura do processo medial. A displasia caracteriza-se por uma instabilidade articular ou sub-luxação da articulação. Frequentemente com o tempo desenvolve-se doença articular degenerativa (osteoartrose). b) Osteocondrose Enfermidade já descrita. na maioria das vezes. forma elíptica anormal e curvatura diminuída da chanfradura troclear ficam evidenciadas pelo aumento do espaço articular úmero-radial. afetando cães de raças grandes. sabe-se que está ligada a fator hereditário. cabeça de fêmur redonda ou esférica. d) Não União do epicôndilo medial do úmero Esta situação é a menos frequente dentre as demais relacionadas. Deve haver perfeita simetria entre as asas do ílio e forames obturadores. O diagnóstico definitivo para a raça pastor alemão e labrador é feito com 1 ano de idade enquanto que para rottweiler. fila brasileiro. crescimento rápido. c) Não União do processo ancôneo Radiograficamente observa-se uma linha radiolucente evidenciando a separação do processo ancôneo da porção proximal da ulna (fig. colo femoral delgado.6). Alteração vista somente na projeção lateral flexionada do cotovelo. os fêmures devem estar paralelos e as patelas posicionadas nos sulcos trocleares. sendo assim descrita como de etiologia multifatorial. Figura 12. DISPLASIA COXOFEMORAL Não existe uma única etiologia definida. mastif. cabeça de fêmur e colo femoral. 12. distúrbios hormonais. Para posicionamento ideal para a avaliação da articulação coxofemoral representado na figura-12. raramente. a) Os animais normais apresentam: Acetábulo profundo. d) Displasia de grau médio (fig.  “Ângulo de Norberg” maior que 90o e menor que 100o. 12. b) Animais em fase de transição: São animais que apresentam boa articulação e o ângulo levemente inferior a 105o ou animais em que a articulação é ligeiramente incongruente e tem o ângulo maior ou igual a 105o. 12.articulação com perfeita congruência e “Ângulo de Norberg” igual ou superior a 105o. 97 . c) Displasia de grau leve (fig. achatada. até plano.  cabeça de fêmur poderá estar facetada.8-B):  acetábulo pouco profundo. achatada. Sem sinais de artrose.  colo de fêmur poderá estar levemente engrossado. em forma de cogumelo.8-A): As características são: “Ângulo de Norberg” maior que 100 o e menor que 105o. Figura 12.  poderá apresentar sub-luxação ou até luxação completa.  cabeça de fêmur poderá estar afilada. etc.  artrose geralmente evidente. e) Displasia de grau grave (fig.7 – Posicionamento adequado para avaliação de displasia coxofemoral.. etc..  aparecem os primeiros sinais de artrose.  “Ângulo de Norberg” inferior a 90o (só medido em ausência de artrose).8-C):  acetábulo pouco profundo.  perda da congruência ou seja imagem de sub-luxação acentuada. 12.  colo de fêmur geralmente curto e engrossado. A.. B.9 – Osteopenia por desuso.Displasia em grau leve. engrossamento de colo femoral e artrose – osteófito (seta).. RETENÇÃO DE NÚCLEOS CARTILAGINOSOS ENCONDRAIS Ocorre na metáfise distal da ulna de cães jovens de raças grandes e gigantes. alterações de número de dedos. resultando em uma deformidade do membro. C. Sem etiologia definida. radiolucente na metáfise distal da ulna. etc.A B C Figura 12. Radiograficamente é observada como um cone invertido. OSTEOPENIA POR DESUSO Ocorre principalmente devido à inatividade do membro. como rotação externa ou arqueamento cranial.Displasia em grau grave demonstrando subluxação e grande deformidade da cabeça femoral. arrasamento de acetábulo. Figura 12. OSTEOCONDRODISPLASIAS São anormalidades do crescimento e / ou desenvolvimento cartilaginoso ou ósseo. 98 .9) devido à desmineralização por reabsorção óssea. Sua persistência causa encurtamento da mesma em relação ao rádio. podendo estar associada a problemas vasculares da região metafisária da ulna. 12.8 – Diferentes graus de displasia coxofemoral. Radiograficamente observa-se diminuição da densidade óssea localizada (fig.Displasia em grau médio com deformidade de cabeça femoral (facetada) e leve engrossamento de colo femoral. Aqui se enquadram: nanismo. 99 . Nos estágios iniciais da enfermidade há um espessamento da membrana sinovial. Com o desenvolvimento do processo observa-se reação periosteal nos ossos envolvidos e destruição das cartilagens articulares. nas reduções de fraturas com pinos transfixados.ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS E/ OU INFECCIOSAS ARTRITE INFECCIOSA Esta infecção ocorre via hematógena ou por feridas punctórias. e reação periosteal intensa. periostite. As articulações do carpo e tarso são as mais frequentemente atingidas. dependendo do material utilizado. A característica radiológica da metalose é lise óssea em torno do implante. OSTEOMIELITE NÃO SUPURATIVA É uma reação inflamatória não infecciosa ocasionada. Clinicamente se observa aumento de volume articular. calor. osteomielite é o processo inflamatório da medular e cortical óssea. ARTRITE REUMATÓIDE É uma enfermidade não infecciosa. situação observada. aproximadamente 50% do cálcio do osso deve estar reduzido. áreas de neoformação óssea periosteal. Pode haver osteopenia por desuso do membro afetado. pequeno alargamento do espaço articular. Osteodistrofia Nutricional. Deve-se suspeitar de causa metabólica quando ocorrerem alterações em todo o esqueleto e não lesões isoladas. A lesão mais evidente é a progressiva destruição do osso subcondral na inserção da membrana sinovial. Osteoporose Nutricional. lise óssea. Osteodistrofia Juvenil (no homem e pequenos animais) e. esclerose. claudicação e diminuição da amplitude dos movimentos articulares. distensão da cápsula articular. sendo comum a metalose. dor. Observam-se alterações no padrão ósseo com áreas de rarefação e perda dos padrões trabeculares. ou via hematógena. Poderá ocorrer estreitamento ou alargamento do espaço articular que é decorrente da erosão da cartilagem articular e destruição do osso subcondral. no equino de Osteomalácea ou “Cavalo da Cara Inchada”. por reação do organismo a implantes metálicos. OSTEOMIELITE SUPURATIVA Segundo a definição. Ocorre devido à invasão bacteriana da estrutura óssea. ALTERAÇÕES DE ORIGEM METABÓLICA E NUTRICIONAL Anormalidades metabólicas podem ser refletidas nos ossos e provocar graves alterações. situação que leva à rarefação óssea na articulação. devido ao aumento de volume e pressão no interior da articulação. em geral. presença do “Triângulo de Codman” e poderá ocorrer presença de sequestro ósseo. HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO NUTRICIONAL Esta enfermidade também chamada de Osteodistrofia Fibrosa. E para que essas alterações tornem-se radiograficamente evidentes. sendo aparentemente de ordem imunológica. a qual pode ocorrer por feridas cirúrgicas ou traumáticas. A B Figura 12. cortical delgada e. 100 . Nas radiografias das regiões metafisárias de rádio e ulna. Radiograficamente manifesta-se por rarefação óssea generalizada.10 – Radiografias de um cão jovem demonstrando diminuição generalizada da densidade óssea e adelgaçamento de cortical presente na osteodistrofia fibrosa. em contrapartida pouca quantidade de alimento volumoso. pelo desequilíbrio na relação cálcio-fósforo. B.Fratura em talo verde (seta). É comum que cadelas e gatas recuperadas apresentem distocia na idade adulta em função do estreitamento da cintura pélvica ocorrida durante o curso da doença quando jovens. A. associada a fatores nutricionais. podendo estar associada ao desequilíbrio dos níveis de vitamina D e Cálcio.10). defecação e dor à palpação. RAQUITISMO Afecção não muito frequente na clínica veterinária. sendo um mecanismo compensatório para manter a calcemia. iniciando o desequilíbrio. proporcionando aspecto de cálice invertido. na extremidade distal do rádio. onde a cortical óssea dobra. OSTEODISTROFIA IDIOPÁTICA Ocorre em animais de raças de grande porte na fase de crescimento. 12. No caso dos equinos. observa-se discreto aumento de opacidade na metáfise (esclerose) e irregularidade de periósteo. A falta de exposição ao sol também pode ser fator determinante no processo. contudo.Ingestão de corpos estranhos para suprir carência alimentar. observa-se certo grau de desmineralização óssea e. possivelmente. passam a receber uma quantidade de grãos maior que a adequada. linha epifisária e metáfises aumentadas de largura. A epífise e a cartilagem epifisária aparecem normais. quando estes são desmamados. Radiograficamente além do “Rosário Raquítico”. fratura patológica chamada de fratura em “talo verde”.Esta afecção ocorre em animais em crescimento como cães e gatos jovens e equinos. Clinicamente os animais parecem bem nutridos apesar de apresentarem dificuldade de locomoção. não há fratura completa (fig. Sua etiologia é discutida. As lesões são simétricas e bilaterais. As raças caninas mais atingidas são as de grande porte como pastor alemão. os locais de maior aparecimento da doença são ossos longos. embora acredite-se que agentes químicos (salicato de zinco e berílio). doberman e collie. B. 12. vírus (vírus do sarcoma de Moloney). Escorbuto Esquelético. dinamarquês. ALTERAÇÕES NEOPLÁSICAS TUMORES MALIGNOS OSTEOSSARCOMA Este é o mais frequente. Há edema de tecidos moles junto à metáfise e calcificação justacortical ao redor da metáfise. Displasia Metafisária e Doença de Moeller-Barlow. radiação e implantes metálicos (placas e pinos intramedulares) possam estimular. Linha radiolucente paralela a fise (seta). 101 . cuja etiologia permanece incerta. Sua evolução é extremamente rápida. Radiograficamente. atingindo principalmente ossos longos. demonstrando dor à palpação. boxer. são bernardo. crânio. aparenta linha fisária dupla. vértebras e ossos da pelve. A idade média de aparecimento dos osteossarcomas é de 7. Em felinos. A B Figura 12. podendo ocorrer também em ossos do crânio. labrador.Osteodistrofia hipertrófica.7 anos. Não tem etiologia definida. ulna e tíbia. vértebras. Clinicamente os animais afetados apresentam aumento de volume nas metáfises. Osteopatia Metafisária.OSTEODISTROFIA HIPERTRÓFICA Também chamada de Escorbuto Canino.11).11 – A. principalmente. de rádio. escápula e costelas.Fechamento prematuro da epífise da ulna causado por trauma ocasionando o encurvamento do rádio. causa destruição das trabéculas metafisárias de ossos longos de cães de grande porte com crescimento rápido. determinada por uma zona radiolucente irregular paralela à fise (fig. representando 50% dos tumores ósseos dos caninos e felinos. esta afecção. Proximal de tíbia. tíbia e mandíbula.As alterações radiográficas mais importantes do osteossarcoma dos ossos longos são: destruição da cortical óssea. O exame radiológico revela um tecido tumoral infiltrativo com destruição cortical irregular e extensão parcialmente mineralizada com os tecidos moles adjacentes. O efeito “sunburst” é causado pela proliferação óssea com aspecto que lembra raios de sol ou explosão. As metástases ocorrem em aproximadamente 18% dos casos e se localizam nos pulmões. neoformação óssea e possível progressão para os tecidos moles adjacentes. C. Na maioria dos cães e gatos. As características mais evidentes destes tumores são o “triângulo de Codman” (fig. A B C Figura 12. coração. Ao exame radiográfico.8 anos. CONDROSSARCOMA É o segundo tumor ósseo mais encontrado nos cães e gatos. Metástases são raras. 7 . O triângulo de Codman é uma elevação do periósteo sobre a neoformação óssea. há tumefação dos tecidos moles e provoca reação osteolítica dos ossos subjacentes. Triângulo de Codman elevando o periósteo (seta) e efeito Sunburst (explosão óssea). os quais poderão apresentar calcificação. tendo como locais mais comuns a região nasal. Deve-se levar em consideração que outras lesões como osteomielite. ocorrendo em animais de meia idade. por isto. B. costelas. a destruição óssea já é intensa na ocasião do diagnóstico. Já nos felinos os locais de maior aparecimento são escápula. rins e linfonodos regionais. se faz necessário uma biopsia para diagnóstico definitivo.Distal de fêmur. Aproximadamente 60% destes tumores estão associados a ossos do crânio (maxila. maxilar e ossos da pelve. Possui crescimento lento e tem a 102 . mandíbula e osso nasal) e 30% ocorrem em ossos longos. poderão ser confundidas com tumor. FIBROSSARCOMA Ocorre geralmente em animais velhos.12 – A. Frequentemente se encontra fratura patológica no osso atingido e metástases nos pulmões que são achados em quase a totalidade dos casos.Neoplasia afetando carpo e rádio.12) e o efeito “Sunburst”. 12. por exemplo. As raças caninas mais afetadas são o pastor alemão e o boxer. ou seja. Geralmente aparecem nas extremidades dos ossos longos e costelas. Ainda que a lesão seja insignificante. quando múltiplo é denominado Osteocondromatose. Exostose Cartilaginosa Múltipla ou Exostose Hereditária Múltipla. na superfície dos ossos. aparecem no crânio de cães e gatos. ela pode interferir com o osso e tecidos moles adjacentes causando claudicação. OSTEOCONDROMA É um tumor benigno composto de cartilagem e tecido ósseo. Pode estar ligeiramente associado à intumescência do tecido mole. O osteocondroma tem córtex e cavidade medular comunicada com a cavidade medular do osso no qual se originou. nos metacarpos e metatarsos. contudo esta não é uma característica marcante. usualmente assintomático. Radiograficamente apresenta-se como uma exostose situada na metáfise óssea perpendicular à córtex.característica de invadir os espaços articulares adjacentes. acredita-se estar ligada a fatores genéticos com transmissão hereditária. Radiograficamente os osteomas aparecem em forma de uma massa radiopaca arredondada. Sua patofisiologia é incerta e quanto à etiologia. A neoplasia apresenta características de um processo benigno crônico. 103 . esclerótica e de consistência dura de contorno regular. Podem ocorrer fraturas patológicas. ENCONDROMA O Encondroma é encontrado nas extremidades dos membros dos cães. tornando esta mais delgada com a evolução do processo. Pode ser único ou múltiplo. Não há reação periosteal nos ossos adjacentes. TUMORES BENIGNOS OSTEOMA São achados radiográficos que. geralmente. Estes tumores têm a característica de causar expansão da córtex óssea. geralmente. eventualmente. No caso de projeções dorso-palmar e palmaroproximal-palmarodistal obliquada. A ferradura deve ser removida.1 . Nas demais regiões do aparelho locomotor.1-A e 14. que o médico veterinário dispõe para diagnosticar alterações no aparelho locomotor de equinos. sendo necessário.Nomenclatura para posicionamentos. geralmente. As radiografias em projeção lateral da terceira falange e navicular devem ser obtidas usando um suporte ou bloco de madeira para apoiar o casco. CAPÍTULO XIV POSICIONAMENTOS RADIOGRÁFICOS Nomenclatura para posicionamentos (fig. A Figura 14.CAPÍTULO XIII INTRODUÇÃO AO ESTUDO RADIOGRÁFICO DO APARELHO LOCOMOTOR EQUINO O estudo radiográfico é um importante instrumento. os posicionamentos de rotina. um túnel (caixa de madeira ou acrílico) é utilizado para proteger o chassi. As radiografias da falange distal e navicular requerem que todo e qualquer fragmento ou excesso de casco seja aparado. sempre que possível. 104 . bloqueio anestésico ou sedação. anatomia básica e as principais alterações detectáveis radiograficamente. Este capítulo tem por objetivo descrever o preparo da região a ser radiografada. a limpeza eficaz da região é suficiente.1-B). sobreposta à terceira falange. sendo o sulco da ranilha limpo e preenchido com material de densidade de tecidos moles (sabão ou massa de modelar) a fim de evitar imagem radiolucente do ar. 14. elevando o mesmo do solo. juntamente com a anamnese e exame físico. margem da sola e processo palmar da falange distal.FALANGE DISTAL Dorso-palmar Existem três variações recomendadas da projeção dorso-palmar.2-C). seguindo uma linha traçada entre os bulbos. A. O casco a ser radiografado deverá ficar mais caudal que o contralateral. Lateromedial Na projeção lateromedial com a pata sobre um bloco de madeira o feixe principal de radiação é direcionado na horizontal e centrado na falange distal. Na segunda. sobre o chassi protegido e a ampola é posicionada caudalmente ao membro com o raio centrado entre os bulbos.Variações da projeção dorso-palmar (plantar). particularmente em suspeita de fratura ou separação da lâmina da parte posterior do casco. C. Palmaroproximal-palmarodistal obliquada Está indicada para a visualização do processo palmar da terceira falange e osso navicular.3-B). com a pinça colocada num bloco de madeira com o sulco da ranilha encostado no filme (fig.Dorso-palmar 65ºobliquada. 14. pequenas opacidades 105 . garantindo uma posição dorsopalmar correta (fig. cuidando para que o boleto não se sobreponha ao processo palmar da terceira falange (fig.2-A). A B C Figura 14. B. 14. O ângulo de incidência do feixe de radiação em relação ao chassi é de 45° a 70° dependendo da inclinação da quartela e do posicionamento do casco. Na primeira. centrado na coroa do casco (fig. Outra posição é a dorsopalmar que consiste na colocação da pata sobre um bloco de madeira sendo que o raio é centrado horizontalmente entre a coroa do casco e superfície da sola. As variações do processo extensor ou apófise piramidal. sendo que o animal deverá permanecer em estação. 14. o casco fica posicionado na vertical. Este posicionamento proporciona boa visualização do corpo. 14.Dorso-palmar com o casco em pinça.2 . 14. efetua-se a radiografia em projeção dorsopalmar com uma visualização de cima em relação à coroa.3-A).2-B). O raio é centrado na coroa do casco perpendicularmente ao filme. denominada dorsoproximal-palmarodistal obliquada. com a sola sobre o chassi protegido. próximo à inserção do tendão flexor profundo perpendicular ao filme (fig. O raio incidirá com um ângulo dorsoproximal-palmarodistal de aproximadamente 65º em relação à linha horizontal.Dorso-palmar com feixe de raios-x na horizontal. B. Outras projeções Osteófitos e irregularidades da face dorso-medial e dorso-lateral da falange distal são melhor vistas em projeções obliquadas flexionadas onde há abertura da articulação inter-falangeana distal. podem ser avaliadas nesta projeção. A extremidade do casco é colocada em bloco com o osso navicular a fim de que a sola se aproxime da posição vertical. principalmente. e incide-se o feixe de radiação com uma projeção 45º dorsolátero-palmaromedial 65º obliquada (fig.     NAVICULAR Lateromedial (idem à falange distal) Dorsopalmar com o casco em pinça (idem à falange distal) Dorsoproximal 65º-palmarodistal Obliquada (DPr65º-PaDiO) (idem à falange distal) Palmaroproximal-palmarodistal Obliquada (PaPr-PaDiO) (idem à falange distal)     FALANGE PROXIMAL E MÉDIA Lateral (idem à falange distal) Dorsopalmar Dorsolátero-palmaromedial Obliquada Dorsomédio-palmarolateral Obliquada       BOLETO (fig. 14. 14.3 – A. 14. C.estendida e flexionada Dorsopalmar Dorsolátero-palmaromedial obliquada (DLPMO) Dorsomédio-palmarolateral obliquada (DMPLO) Lateroproximal-mediodistal obliquada (LPMDO) ou (MPLDO) Dorsopalmar 125º obliquada ou skyline (estendida e flexionada) A Figura 14.4 e fig. 106 . rotação de falange distal.ósseas na porção proximal da terceira falange e.Palmaroproximal-palmarodistal obliquada (PaPrPaDiO).3-C) e 45º mediopálmaro-dorsolateral 65º obliquada.Projeção lateral.Projeção 45ºdorsolátero-palmaromedial 65º obliquada.5) Lateromedial . Flexionada.Dorsomédio-palmarolateral obliquada (DMPLO).Projeção lateral estendida. D.Lateral flexionada.4 – A.Dorsomédio-palmarolateral obliquada (DMPLO).A B C D Figura 14.estendida e flexionada Dorsopalmar (DP) Dorsolátero-palmaromedial obliquada (DLPMO) Dorsomédio-palmarolateral obliquada (DMPLO) Dorsoproximal-dorsodistal ou skyline (rádio.Dorsolátero-palmaromedial obliquada (DLPMO). 14. B. 107 . camada proximal e camada distal) B C D Figura 14.Projeção dorsopalmar. 14. A B C D Figura 14. B.Lateral estendida.7) Lateromedial . D. D.      A CARPO (fig.6 e fig. B.Dorsopalmar 125º obliquada estendida.6 – A.Lateroproximal-mediodistal obliquada (LPrMDiO). C.Projeção dorsopalmar. C.Dorsolátero-palmaromedial obliquada (DLPMO).5 – A. C. 8) Lateromedial (lateral) Dorsoplantar (DP) Dorsolátero-plantaromedial obliquada (DLPMO) Dorsomédio-plantarolateral obliquada (DMPLO)    ARTICULAÇÃO ÚMERO-RÁDIO-ULNAR E ESCÁPULO-UMERAL (fig.11) Projeção lateromedial Projeção cranioproximal-craniodistal obliquada ou skyline Projeção caudal 30º lateral-craniomedial obliquada Projeção caudo-cranial A B C D Figura 14. 14. 108 .A B C D Figura 14.9) Médio-lateral Crânio-caudal (cotovelo) Craniomedial-caudolateral obliquada (escápulo-umeral)     ARTICULAÇÃO FÊMORO-TÍBIO-PATELAR (FTP) (fig. 14.Camada distal dos ossos do carpo.10 e fig.     TARSO (fig.Dorsolátero-plantaromédio obliquada (DLPMO). C. 14. D. 14.Projeção lateromedial.7 – A.Camada proximal dos ossos do carpo.8 – A. D.Skyline ou dorsoproximal-dorsodistal obliquada (DPrDDiO) da extremidade distal do rádio. C.Dorsomédio-plantarolateral obliquada (DMPLO).Projeção lateral flexionada. B. B.Dorsoplantar. 2000. al.Projeção médio-lateral (A).11 . caudal 30º lateral-craniomedial obliquada (B) e caudo-cranial (C). B Figura 14. B Figura 14. crânio-caudal (B) da articulação úmero-rádio-ulnar e médio-lateral da articulação escápulo-umeral (C). FONTE (B): SCHEBITZ & WILKENS.Projeção lateromedial (A).10 .9 .Projeção tangencial (skyline) da articulação FTP em estação (A) e (B) e em decúbito (C). FONTE (A e C): BUTLER et. 2000. 109 ..Figura 14. superfície dorsal da falange distal (g). localiza-se na face palmar da articulação interfalangeana distal. processo palmar da falange distal (e). sulco solar (h). navicular (d). FONTE: http://www.CAPÍTULO XV ANATOMIA RADIOLÓGICA FALANGE DISTAL (fig. Legenda: falange proximal (a). processo extensor da falange distal (f). falange média (b). os quais aumentam de tamanho com a idade e aparecem na radiografia como uma borda bastante irregular.1 – Anatomia radiológica da falange distal. por sua forma ser semelhante a um navio. É comum se encontrar uma série de forames nutrícios na borda inferior do osso navicular. (B) dorso-palmar 65ºobliquada. 15. falange distal (c).ca/equinelimbs/html OSSO NAVICULAR (fig. margem solar (i) e canais vasculares (j). estando em contato com as falanges média e distal. (C) dorso-palmar com o casco em pinça. 110 .1) Figura 15. 15.2) O sesamóide distal também chamado osso navicular.upei. (D) dorso-palmar com feixe de raios-x na horizontal. nas projeções: (A) lateral. METACARPO E METATARSO (fig.Figura 15. 15. medular óssea (b).4) A articulação do carpo é constituída de sete ossos. A primeira é proximal e constitui-se dos ossos: carpo radial.2 – Anatomia radiológica do osso navicular em projeção lateral (A) e dorso-palmar com o casco em pinça (B). terceiro carpiano e quarto carpiano localizado caudolateralmente. enquanto que o sesamóide medial possui uma forma mais arredondada. CARPO (fig. Na imagem radiográfica o sesamóide lateral tem forma triangular. embora existam diferenças anatômicas entre estas estruturas.3) Os sesamóides proximais têm a face crânio-proximal articulada com os metacarpianos ou metatarsianos e a face crânio-distal com a falange proximal. 111 . carpo intermédio. carpo ulnar. localizado medialmente. processo palmar da falange distal (c). divididos em duas linhas. em forma de bico de flauta e carpo acessório. 15.ca/equinelimbs/html FALANGES MÉDIA. o carpo intermédio localiza-se levemente proximal em relação ao carpo radial. FONTE: http://www. A segunda linha é distal e constitui-se dos ossos: segundo carpiano localizado medialmente.upei. localizado na face palmar do carpo ulnar e intermédio. Legenda: cortical flexora (a). 15.3) Didaticamente não se difere metacarpo de metatarso. Em projeção lateral flexionada. localizado lateralmente. falange distal (e) e processo extensor da falange distal (f). falange média (d). PROXIMAL E ARTICULAÇÃO METACARPOFALANGIANA OU METATARSO-FALANGIANA (BOLETO) (fig. 112 . sesamóide lateral (c) e falange proximal (d) FONTE (E e F): http://www.upei.Figura 15.3 – Anatomia radiológica da articulação do boleto em projeção dorsopalmar (A).ca/equinelimbs/html . lateral flexionada (C) e dorsoláteropalmaromedial obliquada (DLPMO) (D). Legenda: 3ºmetacarpiano (a). lateral estendida (B). sesamóide medial (b). upei. lateral (B) e (C) dorsomédio-palmarolateral obliquada. 4ºcarpiano (f). sesamóide proximal medial (c) e 4ºmetacarpiano (d).ca/equinelimbs/html 113 .4 – Projeção dorsopalmar (A). Legenda: 3ºmetacarpiano (a). 2ºcarpiano (g) e 3ºcarpiano (h). sesamóide proximal lateral (b).Figura 15. FONTE: http://www. 2ºmetacarpiano (e). 3ºcarpiano (g). carpo radial (b). intermédio do carpo (c). lateral (D) e lateral flexionada (E) dorsomédio-palmarolateral obliquada (DMPLO). acessório do carpo (e). 4º carpiano (h). carpo ulnar (d). 2º carpiano (f). 3º metacarpiano (i). (C) dorsomédio-palmarolateral obliquada (DMPLO). Legenda: rádio (a).Figura 15. FONTE: http://www. (B) Dorsolátero-palmaromedial obliquada (DLPMO).ca/equinelimbs/html 114 . 2º metacarpiano (j) e 4º metacarpiano (k).4 – Anatomia radiológica do carpo em projeção dorsopalmar (A).upei. FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html 115 . 4ºtarsiano (d). central do tarso (e). Legenda: tíbia (a). 15.TARSO (fig. 3ºtarsiano (f). (C) dorsolátero-plantaromedial obliquada (DLPMO) e (D) dorsomédio-plantarolateral obliquada (DMPLO). 1º e 2ºtarsianos (m) e tróclea lateral (n). (b) talus (tarso tibial). 3ºmetatarsiano (g).5 – Anatomia radiológica do tarso em projeção dorsoplantar (A). (c) calcâneo (tarso fibular). 4º metatarsiano (i). maléolo medial (j) e maléolo lateral (k). lateral (B).5) Figura 15. 2ºmetatarsiano (h). Legenda da articulação escápulo-umeral: escápula (a). FONTE: http://www. tíbia (i). FONTE: http://www. epicôndilo medial do úmero (b).7 – Anatomia radiológica em projeção caudo-cranial (A) e lateral (B) da articulação fêmoro-tíbio-patelar.upei. côndilo lateral do fêmur (d). ápice da patela (l). tuberosidade da tíbia (j). côndilo medial do fêmur (c). em projeção médio lateral. 15. côndilo do úmero (d).7) Figura 15. traquéia (b). epicôndilo medial do fêmur (b). Legenda da articulação úmerorádio-ulnar: úmero (a). patela (k). da articulação úmerorádio-ulnar (A) e escápulo-umeral (B).upei. rádio (g). eminência intercondilar medial da tíbia (e). epicôndilo lateral do úmero (c). cabeça do úmero (c). ulna (f). fíbula (h). Legenda: fêmur (a).6) Figura 15. base da patela (m) tróclea lateral (n) e tróclea medial (o). 15. olécrano (e). eminência intercondilar lateral da tíbia (f). úmero (d) e tubérculo maior (e).6 – Anatomia radiológica.ca/equinelimbs/html 116 .ARTICULAÇÃO ÚMERO-RÁDIO-ULNAR E ESCÁPULO-UMERAL (fig.ca/equinelimbs/html ARTICULAÇÃO FÊMORO-TÍBIO-PATELAR (fig. fossa intercondilar (g). 1-B) se caracteriza por presença de espículas ósseas na borda da falange distal em projeção dorso-palmar. a osteíte podal (fig. Lesões antigas que levam a torções de ligamentos ou tendões e estiramento de cápsula articular resultam em hemorragias ou efusão estimulando crescimento ósseo.1-A). pequena alteração na irregularidade fisiológica do contorno da margem da sola. FONTE (A): http://www. Outra alteração comum refere-se ao remodelamento da margem solar da falange distal. observar a irregularidade da superfície solar da falange distal (B). As causas podem ser determinadas pela avaliação da extensão e localização específica da lesão. Algumas vezes a osteíte podal apresenta-se inativa.ca/equinelimbs/html . Assim.1. ligamento ou cápsula articular.Crescimento ósseo periosteal na parede dorsal da falange distal (A).CAPÍTULO XVI ALTERAÇÕES RADIOGRAFICAMENTE VISÍVEIS CRESCIMENTO ÓSSEO PERIOSTEAL DA MARGEM DORSAL DA TERCEIRA FALANGE Esta lesão é vista em projeção lateral e indica tensão crônica no periósteo e resulta em pequena proliferação periosteal (fig. Osteíte Podal. frequentemente. 16. 117 . podendo ter largura aumentada dos canais vasculares e desmineralização óssea. Reação periosteal focal pode ser provocada por lesões de tendão. A B Figura 16. OSTEÍTE PODAL Radiograficamente. A uniformidade da margem e a extensão da lesão periosteal podem ser usadas para determinar a agressividade e cronicidade da lesão. os sinais clínicos devem ser usados para determinar se uma margem radiograficamente irregular é um indicador de doença antiga ou recente.upei. onde há. irregularidade difusa criando um aspecto inacabado com aparência rendada quando vista em projeção lateral ou 65° dorsopróximo-palmarodistal obliquado podendo ser indicativo de lesão crônica ou breve resposta inflamatória. 16. artrite infecciosa. onde um espaço articular diminuído. e intra-articulares podem ser vistos em DDA avançada. AUMENTO DE RADIOPACIDADE SUBCONDRAL Este achado é indicativo de esclerose. A infecção do casco é comum e com pouca frequência atinge a terceira falange. 118 . ferimento punctório. Uma diminuição difusa da radiopacidade da terceira falange pode ocorrer por desuso. estreitamento irregular do espaço articular e esclerose óssea. podendo causar desmineralização. portanto. Dentre as características radiológicas de DDA crônica (fig. FONTE (A): http://www.2B).DIMINUIÇÃO DA RADIOPACIDADE DA FALANGE DISTAL Em uma radiografia os fatores de exposição sempre têm que ser avaliados a fim de descartá-los como os responsáveis pela densidade diminuída. osteófitos.2A) e severa pode-se citar. osteófitos peri-articulares. trauma prévio. embora neoformação usualmente esteja presente (fig. Quando presente. a qual pode ser evidenciada por radiolucência e irregularidade na margem.ca/equinelimbs/html. observar área de radiolucência na borda da falange distal (setas). OSTEÍTE INFECCIOSA A falange distal não tem cavidade medular e. ou conformação pobre. Osteíte infecciosa (B) da falange distal. observar crescimentos ósseos (setas). geralmente.upei. múltiplos pontos radiolucentes subcondrais. A B Figura 16. a infecção deste osso é chamada osteíte infecciosa e não osteomielite. DOENÇA DEGENERATIVA ARTICULAR (DDA) A origem desta afecção pode ser. havendo raramente esclerose circundante.2 – Doença degenerativa articular (A). infecção adjacente (abscesso de tecido mole) via hematógena ou iatrogênica (nos casos de artrocentese ou terapia intra-articular com corticoides). necrose do osso subcondral e estreitamento do espaço articular devido à destruição da cartilagem. envolve a superfície solar ou dorsal da falange. As alterações ósseas representam osteomielite. 16. 16. Raramente o desequilíbrio cálcio-fósforo causa desmineralização do esqueleto apendicular identificável na radiografia. possivelmente causada por início de doença degenerativa articular (DDA) por instabilidade crônica. pois a ossificação da cartilagem alar pode estar acompanhada de uma lesão degenerativa significante nesta estrutura. tratamentos com antibióticos resultam em abscessos com pus espesso originando-se da terceira falange. causando uma radiolucência bem definida. Com a progressão da infecção ocorre comprometimento do suprimento sanguíneo da área podendo ou não apresentar sequestro. sendo um achado comum em radiografias da falange distal de animais adultos. As projeções lateral (lateromedial) e dorso-palmar devem ser feitas para diagnosticar com exatidão a extensão da alteração.3). CALCIFICAÇÃO DAS CARTILAGENS ALARES (COLATERAIS) DA FALANGE DISTAL Ocorre mais comumente em raças pesadas. Ocorre especialmente em cavalos velhos. 16. Um extenso grau de ossificação pode não ter significado clínico se o animal não demonstra dor à palpação. a qual aparece como protusões ósseas estendendo-se em direção caudal ao processo palmar da terceira falange. especialmente na junção da linha branca e casco. Considera-se presente quando a ossificação estende-se além da margem proximal do navicular.Ferimentos penetrantes através da sola podem resultar em osteíte infecciosa. de tração e com pata ampla. Uma linha radiolucente dividindo a imagem da cartilagem ossificada. a qual inicialmente é vista como uma área radiolucente no osso em projeção dorso-palmar com o casco em pinça. Às vezes. com drenagem recorrente localizada na coroa do casco ou superfície solar e está associada a vários graus de claudicação. Figura 16. indica a junção entre a periferia do centro de ossificação separado e a porção da cartilagem alar que está calcificada. parecendo uma lesão cística.3 – Calcificação das cartilagens complementares da falange distal em projeção dorso-palmar com o feixe da radiação horizontal (esquerda) e dorso-palmar com o casco em pinça (direita). A ossificação completa é raramente vista podendo estender-se proximalmente até a 119 . A aparência do navicular também deve ser avaliada. A calcificação assimétrica pode indicar aumento de estresse na porção mais ossificada (fig. geralmente. As anormalidades radiográficas podem aparecer quatro semanas após o início da lesão. A osteíte infecciosa pode ser crônica quando estes ferimentos penetrantes são profundos na sola. articulação inter-falangeana. a alteração passa a ser mais importante. perfuração da mesma (fig. 16. como vasoconstrição das veias digitais. ROTAÇÃO DA TERCEIRA FALANGE O desvio da terceira falange é comum na ocorrência de laminite crônica. O resultado da isquemia e necrose da lâmina do casco leva à perda do suporte da superfície dorsal da terceira falange. A origem mecânica pode variar conforme a causa inicial e tempo de duração dos estágios agudos. ou ossificação incompleta desta estrutura. Fraturas da cartilagem calcificada ocorrem e causam claudicação aguda e autocura é passível de ocorrer. Uma resposta dolorosa a uma pressão digital aplicada na coroa do casco justamente na área onde se suspeita de fratura ajuda a diferenciar esta de uma calcificação incompleta.4 – Linha da superfície dorsal da muralha do casco (1) paralela com linha da superfície dorsal da terceira falange (2) sem rotação em A e com rotação. edema perivascular e shunt arteriovenoso da coroa do casco. causando rotação. sem paralelismo das linhas em B. FONTE : http://www. um incompleto desenvolvimento e / ou separação do centro de ossificação. Seu significado deve ser avaliado como sinal clínico de pouca importância. 120 . A rotação da terceira falange resulta na perda do paralelismo entre a falange distal e a parede do casco. Um variável número de causas tem sido proposto. podendo levar a osteoartrite secundária da articulação interfalangeana distal.ca/equinelimbs/html . IRREGULARIDADE DO PROCESSO EXTENSOR Um defeito na base do processo extensor ou fragmentação proximal ao processo pode indicar fratura.4). a ponto de aproximar o osso à sola do casco ocorrendo. Fraturas podem ocorrer devido a anormalidades de tensão do tendão extensor digital comum ou hiper-extensão da articulação inter-falangeana distal. que com a perda da junção laminar.upei. microtrombose. sendo que os sinais radiográficos de laminite têm sido descritos quando um aumento na espessura do tecido mole dorsal à falange distal é visto em projeção lateromedial. são consideradas causas possíveis. Figura 16. o peso do animal age como alavanca forçando o deslocamento do osso que também é puxado pelo tendão flexor digital profundo combinado à força mecânica proveniente da parede do casco. uma vez que as alterações radiográficas persistem após a resolução da claudicação. Quando a superfície articular está envolvida. A linha formada pela ossificação geralmente é irregular e pode ter alteração de radiopacidade e estrutura trabecular do osso subjacente. Por esta condição poder ser bilateral. à vezes. superfície solar irregular. causando deformação da parede. como os neurofibromas. Com o passar do tempo esta área torna-se mais radiolucente dando uma aparência de gás na região. mas são raras. pois quanto mais marcante for a rotação. inicialmente representando uma secreção serosa colecionada entre a derme e lâmina epidérmica. visto em projeção dorso-palmar com o casco em pinça ou projeção dorso-palmar obliquada. 16. mais rápido for o progresso. fratura patológica. sola e linha branca. A B Figura 16. Se inicia. com claudicação 121 . remodelamento da falange distal e aparência alongada e elevada da falange distal. Outras neoplasias (fig. Com o progresso da lesão pode aparecer uma leve linha radiolucente entre a falange e a parede do casco. com contorno uniforme e dificilmente há neoformações ósseas associadas. Este tipo de neoplasia pode ocorrer em qualquer porção do casco. FONTE: http://www. a qual é vista em radiografias de alta qualidade. aumento do número de canais vasculares direcionados à superfície dorsal. Pode provocar claudicação quando for ampla e às vezes está associada a infecções secundárias. As lesões por queratomas podem reaparecer após vários anos. aparecendo como uma chanfradura semicircular.ca/equinelimbs/html . pior será o prognóstico e dificilmente o animal retornará à sua função atlética.A laminite caracteriza-se pelas seguintes alterações radiográficas na terceira falange: desvio palmar/plantar. Quando há suspeita de rotação progressiva.5-B) podem aparecer. É geralmente encontrada na margem solar do osso. Com a extensão desta para a sola pode se estabelecer um ponto de contaminação causando osteíte infecciosa.upei. geralmente. O aumento do tamanho desta linha indica a progressão da rotação ou necrose laminar. O grau de rotação tem sido usado para fornecer um prognóstico para animais com laminite. esta alteração possui patofisiologia multifatorial. SÍNDROME NAVICULAR Também chamada de “Doença do Navicular”. causando claudicação e dor. fibrossarcomas.5 – Lesão neoplásica benigna (setas) (A) e maligna (B). A crena não deve ser confundida com este tipo de lesão.5-A e 16. NEOPLASIA O queratoma é o tipo mais comum de neoplasia benigna encontrado na terceira falange. deve-se realizar radiografias com intervalos regulares para monitorar este progresso. Não há sinal clínico patognomônico ou teste específico para o diagnóstico. irregularidades na borda proximal (fig. denominado bursografia. 16. mas é luxada intermitentemente. Esta afecção é mais comumente vista em raças miniatura.6-c1) e esclerose na medular do osso navicular (fig.intermitente bilateral nos membros anteriores. mas tem sido relatado em raças puro sangue e árabes. ou seja. pode ser utilizado para confirmação das lesões evidenciadas no exame simples.  Grau 2: a patela geralmente está no sulco troclear. bem como inserção de ligamentos e cápsula articular. caudal à borda anterior da tróclea lateral. a qual também é chamada de patela ectópica. apenas um trauma severo poderá induzir o deslocamento medial. as quais permitem visualizar a patela em posição anormal. na bursa do navicular. causando alterações na superfície flexora fibrocartilaginosa. A confirmação do diagnóstico é através de radiografias caudocraniais e craniopróximo-craniodistal obliquada (skyline).6b2). Em função de a tróclea medial ser maior. Em adultos a luxação é provavelmente de origem traumática. sendo este realizado através das características do passo do animal. erosões no córtex flexor e mineralização do tendão flexor digital profundo. podendo ocorrer ocasionalmente em membros posteriores. 16. Também é causa de luxação a hipoplasia da tróclea lateral. alteração nas invaginações da borda distal (fig. bem como eliminação de outras causas de claudicação. no tendão flexor digital profundo. em potros com conformação aparentemente normal. As patelas podem ser palpadas em um posicionamento lateral anormal. caudolateral à borda anterior da tróclea lateral e não no local normal que é o sulco troclear. LUXAÇÃO DE PATELA Anormalidades congênitas são raras na articulação femoro-tíbio-patelar. demonstrar outras lesões antes não percebidas.6 – Representação esquemática das principais alterações encontradas na síndrome navicular. 16. porém a mais comum é a luxação. 16. bem como.6c2). Figura 16. FONTE: DOUGLAS & WILLIAMSON. Dentre os principais sinais radiográficos encontrados na síndrome navicular estão: osteófitos nas bordas lateral e medial do osso navicular (fig. mas poderá ser reduzida manualmente. 1975.6-a). formações císticas (fig. Possui desenvolvimento progressivo e crônico. Podem ainda aparecer pequenos fragmentos ósseos na borda distal.  Grau 3: a patela geralmente está luxada. O exame contrastado da bursa do navicular. A luxação lateral de patela em potros é considerada uma herança genética causada por um gene recessivo. localização da dor e sinais radiográficos de alterações do osso navicular. 122 .6-b1). 16. Classificação da luxação patelar:  Grau 1: a patela pode ser manualmente luxada e facilmente reduzida. deve ser feito exame radiográfico do membro contralateral. não sendo detectados radiograficamente quando houver pequeno grau de alteração subcondral. e é ocasionalmente visto com esclerose do osso subcortical. Radiografias pré-operatórias devem ser feitas para avaliar o grau de DDA. É um achado acidental em cavalos velhos. Projeções obliquadas são importantes para a avaliação destas lesões. Quando se apresenta mais afastado da superfície articular radiolucente se caracteriza como uma área circular ou ovalada de densidade radiolucente e contorno regular que muitas vezes é cercada por uma borda radiopaca ou esclerótica. FRAGMENTAÇÃO DA PATELA Esta alteração é geralmente associada à fixação muito proximal da patela. Uma causa potencial destas alterações é a instabilidade e estresse na porção distal da patela causada por desmotomia medial.7 – Osteocondrose na face dorso-medial da falange proximal A osteocondrose por ter sua borda espessa e arquitetura cística. onde a substituição de tecido cartilaginoso por tecido ósseo não é completa. Cistos ósseos podem ocorrer em vários locais. Há falência na maturação da cartilagem. como a necrose da cortical óssea. manifestada por fragmentação da cartilagem e ápice ósseo da patela. sequestro e defeito congênito. Graus variáveis de claudicação são evidenciados sendo que movimentos de flexão pioram os sinais. Grau 4: a patela estará luxada e não poderá ser manualmente reduzida. 16.7) é uma desordem relativamente comum no animal jovem. 123 . Por ser frequentemente bilateral. Radiograficamente estão presentes pequenos fragmentos ósseos no ápice da patela. Não pode ser confundido com condromalácea da patela. muitas vezes combinado com lise do osso subcondral e tornando-se irregular ou com osteófitos na superfície cranial do ápice da patela. OSTEOCONDROSE (CISTOS ÓSSEOS) A osteocondrose (fig. Figura 16. do aparelho locomotor equino. deve ser distinguida de outras lesões que causam radiolucência circunscrita no corpo da falange. Um ligeiro achatamento da face anterior da tróclea lateral não precisa ser acompanhado de indício clínico. Dentre as alterações radiográficas estão as fraturas da eminência intercondilar da tíbia. O trauma direto na articulação ou alteração degenerativa no ligamento são alterações que podem ocorrer nos equinos. A exostose pode ser lisa (fig. com envolvimento do periósteo. lesões em ligamentos adjacentes. pode ocorrer em outras situações. PERIOSTITE E EXOSTOSE A periostite é uma reação do periósteo. 16. sendo demonstrada na radiografia como uma pequena área irregular.8-a) e periostite irregular (fig. reabsorção ou fragmentação óssea na inserção dos ligamentos cruzados no fêmur. existindo a possibilidade de ser proliferativa e tomar proporções que pode atingir estruturas adjacentes como ligamentos e tendões. As reações periosteais podem ser classificadas como periostite laminar (fig. o qual é visto em projeção lateromedial. laminar ou lisa de densidade radiopaca. neoplasias e consolidação de fraturas.RUPTURA DE LIGAMENTO CRUZADO As lesões no ligamento cruzado cranial ocorrem quando há hiperextensão ou rotação súbita com o membro flexionado. de origem inflamatória.8-c e 16. geralmente ocasionada por trauma direto.9-B) ou irregular do tipo Sunburst (fig. As lesões do ligamento cruzado cranial são mais comuns que do ligamento cruzado caudal. A reação tipo Sunburst geralmente é exuberante e sua aparência radiográfica se assemelha à imagem de uma explosão. Na periostite irregular há ruptura de periósteo. Periostite e exostose são características de osteíte.9-d).8-b e 16. é também denominada de sobreosso. Didaticamente denomina-se de osteíte quando um processo inflamatório determina grande reação óssea. Sem etiologia definida os animais afetados geralmente não claudicam. de opacidade irregular com pequenos grânulos amorfos de radiopacos. A claudicação pode estar presente ou não.9-A). A exostose é uma reação periosteal exuberante. Na maioria das vezes apresenta forma discreta com tamanho pequeno. Uma discreta radiopacidade cranial e proximal ao local de inserção pode indicar lesão do ligamento. Radiografias evidenciam a lesão como uma massa de contorno distinto no tecido mole. localizado aleatoriamente. neoformação óssea cranial à eminência intercondilar. 16. frequentemente encontrada em metacarpianos e / ou metatarsianos. associada a traumas ou defeitos de aprumos. 16. deslocamento cranial da tíbia com a ruptura do ligamento cruzado cranial e osteoartrite ou mineralização do ligamento associada a lesões crônicas. 16. sem alterar a medular. OSTEÍTE A osteíte é uma reação inflamatória do córtex ósseo. CALCINOSE CIRCUNSCRITA A calcinose circunscrita ou calcinose tumoral pode aparecer como um nódulo duro. 124 . porém. como osteomielites. Quando lisa dificilmente tem ruptura de periósteo. mas o melhor posicionamento é o lateromedial flexionado. também tem origem inflamatória e difere da periostite apenas pelo seu grau de desenvolvimento. de edema e calor (fig. Já em animais adultos pode ocorrer por traumas perfurantes ou infiltrações articulares sem os devidos cuidados de assepsia. 16.8 – Representação esquemáticas dos tipos de reação periosteal. ARTRITE A causa mais comum em potros é pela via umbilical. Radiograficamente caracteriza-se por perda da trabeculação e padrão ósseo. A imagem radiográfica de artrite consiste em irregularidade de superfícies articulares. acompanhada.10-A). podendo ser causados por traumas.Figura 16. 125 . nas onfaloflebites. áreas de lise e destruição óssea. fraturas expostas. cirúrgicas. OSTEOMIELITE Este termo se aplica aos processos inflamatórios e ou infecciosos. feridas punctórias. sequestro e esclerose nas bordas. A B C Figura 16. carpo. 1982. Os locais mais comuns são os ossos longos. porção distal de terceiro metacarpiano (B) e exostose em face palmar de falange proximal (C).9 – Imagem radiográfica de periostite em metacarpiano acessório (A). ou via hematógena. tarso. diminuição da densidade. dependendo da via de infecção e do agente. que envolvem a cortical e a medular. FONTE: OWENS. em geral. A osteomielite pode ser supurativa ou não. neoformações ósseas. cabeça e mandíbula. SESAMOIDITE Esta afecção é evidenciada. 16. em projeções obliquadas. refere-se a alterações na linha epifisária ou placa de crescimento e pode ter origem inflamatória. Em alguns casos podem ser evidenciados osteófitos. sendo o local mais comum a epífise distal do rádio. Apresenta-se na radiografia como uma fise ampla. A B Figura 16. DLPMO ou DMPLO.11) de acordo com a forma na imagem: na sesamoidite do tipo I as lesões são lineares em número de 1-2 e com largura menor ou igual a 1mm. 126 . nas extremidades da linha epifisária (fig. irregular com bordas escleróticas. infecciosa. Geralmente ocorre em animais jovens em preparo para competição. ainda. Radiograficamente é demonstrada por alteração da densidade óssea na superfície não articular proximal dos sesamóides. Geralmente está associada a alterações degenerativas no ligamento suspensório e remodelamento de fraturas distais do 2º metacarpiano e 4º metatarsiano.10 – Imagem radiográfica de artrite na articulação matecarpofalangeana (A) e epifisite distal de rádio (B). na sesamoidite do tipo III as lesões têm largura maior do que 1mm ou apresentam forma cística e irregular. a gravidade do sinal clínico não corresponde ao grau de severidade do radiográfico. Sinais de doença degenerativa articular podem estar presentes na forma de osteófitos. podendo haver lesão em um ou ambos os sesamóides de uma ou mais articulações. 16.EPIFISITE OU FISITE Também denominada Displasia Fisária. sendo classificadas em três tipos (fig. Estas alterações com densidade radiolucente podem ser lineares ou císticas. com maior clareza de detalhes. Os sinais clínicos e radiológicos não são proporcionais. ou seja. na do tipo II as lesões são em número de três ou mais também com amplitude menor ou igual a 1mm. metabólica. traumática ou.10-B). 11 – Sesamoidite tipo I (A).ca/equinelimbs/html. onde se evidencia um aumento de volume com densidade água. HIGROMA DO CARPO O higroma é uma formação sinovial. exostoses. onde os principais sinais clínicos são dor à palpação. com pequena reação periosteal e aumento de densidade radiológica articular. O diagnóstico é feito com radiografias em projeção lateral estendida e flexionada. resultante de pequenos traumas os quais levam ao desenvolvimento de uma bolsa com líquido sinovial em seu interior. por exemplo.12-C) é um processo proliferativo crônico da cápsula sinovial. SINOVITE VILONODULAR A sinovite vilonodular (fig. sem envolvimento ósseo. osteófitos. Com a evolução do quadro desenvolve-se uma osteoartrite severa com maior aumento de volume e aumento de densidade radiológica. esta afecção é uma resposta inflamatória. na articulação do carpo. ligamentos colaterais e ossos que compõem a articulação. claudicação. localizada na face dorsal do carpo. nos estágios iniciais. 16. à base de iodo.upei. também chamada de bursite. É comum encontrar fratura dos ossos carpo radial e terceiro carpiano. sendo que os animais de salto e corrida são os mais atingidos. aumento este caracterizado por ser firme e não flutuante. a carpite se apresenta como uma artrite serosa. podendo ocorrer dor e claudicação. O aumento de volume e calor local são os principais sinais clínicos. Dentre os sinais clínicos geralmente encontrados estão a dor. que geralmente ocorre nos membros anteriores. O diagnóstico radiológico pode ser confirmado através de radiografias em projeção lateral estendida e flexionada. Radiograficamente. tipo II (B) e tipo III (C). CARPITE Também chamada de Artrite Traumática do Carpo. dorsopalmar. aumento de volume e calor na região. DLPMO e DMPLO. compromete a cápsula articular. FONTE: http://www.A B C Figura 16. como a formação de massas. A etiologia mais comum é o trauma direto na região da articulação. sinais estes característicos de doença degenerativa articular.12-B e 16. além de neoformações ósseas fora das superfícies articulares como locais de inserção de ligamentos e cápsula articular. aguda ou crônica. confirma o diagnóstico e descarta outras alterações articulares. A injeção de meio de contraste positivo. Geralmente. A demonstração radiográfica se dá em projeção lateral e a confirmação é feita através de artrografia com meio de contraste 127 . claudicação e aumento do volume da articulação. positivo, pela injeção de composto orgânico. Na radiografia evidencia-se grau médio a severo de erosão da porção dorsal distal do 3ºmetacarpiano ou metatarsiano, imediatamente após local de inserção da porção proximal da cápsula articular, o qual se forma devido à necrose que ocorre em função da pressão exercida pela massa vilonodular (seta). Em alguns casos pode se observar mineralização da inserção na porção proximal da cápsula articular. Com a artrografia se visualiza uma área radiolucente na porção interna dorsal do espaço articular que corresponde à massa vilonodular que ocupa espaço e é quase totalmente circundada pelo meio de contraste (setas). Estas massas podem aparecer em outros locais do espaço articular, dependendo do grau de desenvolvimento da afecção. A B C Figura 16.12 – Equino: Imagem radiográfica da articulação sem alteração (A), sinovite vilonodular em exame simples (B) e com artrografia (C). FONTE:http://www.upei.ca/equinelimbs/html. FRATURAS As fraturas no aparelho locomotor dos equinos advêm de acidentes em competições, trabalho no campo e traumas nas mais diversas situações. Podem ocorrer em qualquer estrutura óssea e ter as mais diferentes conformações (fig. 16.13-A a 16.13-G). Quanto mais grave for a fratura e / ou quanto mais importante for a região fraturada, menos favorável será o prognóstico. Radiograficamente as fraturas se apresentam como linhas radiolucentes na estrutura óssea radiografada. FRATURA DE PATELA A patela é o maior sesamóide do corpo, sendo uma porção vital para o grupo muscular quadríceps, pois sua inserção é feita na face proximal da patela além de agir como alavanca para extensão da articulação, já que sua porção distal está conectada à tuberosidade da tíbia. As fraturas de patela são incomuns e geralmente são resultados do trauma direto do membro flexionado, no chute ou coice ou ainda no momento do salto. Quando o trauma direto ocorre, o mais comum é que a fratura seja sagital no aspecto medial da patela, em função de que a tróclea medial é mais proeminente que a lateral. Fraturas cominutivas e transversas também podem ocorrer. Os sinais clínicos mais comuns são edema de tecidos 128 moles, efusão articular e graus variados de claudicação. Os animais podem caminhar apenas com o outro membro, mantendo a articulação flexionada. Radiograficamente a avaliação deve incluir projeções caudo-cranial, lateromedial, lateral flexionada, e skyline. Estas projeções são importantes na avaliação das fraturas cominutivas, transversas e sagitais. FRATURA DA EMINÊNCIA INTERCONDILAR DA TÍBIA A eminência intercondilar medial da tíbia é mais larga e pontiaguda que a lateral. Estas fraturas são descritas como fraturas por avulsão da inserção do ligamento cruzado cranial. Por mais que a inserção do ligamento cruzado cranial seja cranial à eminência, não existe probabilidade de avulsão. Estas fraturas podem ocorrer em função de trauma no côndilo medial do fêmur e eminência intercondilar. O diagnóstico é confirmado pelas radiografias em projeções caudo-cranial e lateral flexionada, onde se evidenciam fragmentos ósseos de vários tamanhos no interior do espaço articular. FRATURA E FRAGMENTAÇÃO DA FACE ANTERIOR DAS TRÓCLEAS E CÔNDILOS FEMORAIS Esta lesão geralmente é resultado de traumas externos diretos, como saltos que acertam as cercas, feridas punctórias ou coices. Há claudicação súbita moderada a severa, com história de trauma agudo, efusão articular, crepitação e dor na flexão. Fragmentos da articulação fêmoro-patelar são mais comumente vistos na porção distal da tróclea lateral em projeção lateral ou lateral flexionada. A projeção caudo-cranial é importante para identificar o posicionamento dos fragmentos, e a skyline é necessária para avaliar a presença de fraturas de patela. Fraturas da face caudal dos côndilos do fêmur podem ser demonstradas em projeção lateromedial obliquada e, geralmente, ocorrem com outras lesões da articulação, tendo seu prognóstico reservado. Deve-se ter cuidado para não confundir a fabela com fraturas, já que esta estrutura, quando presente, localiza-se nesta região. FRATURA DA TUBEROSIDADE DA TÍBIA A tuberosidade da tíbia é uma estrutura relativamente exposta e suscetível à fratura por trauma direto, por coice ou colisão com cercas. Estas fraturas não parecem estar associadas com a placa de crescimento da tuberosidade da tíbia ou com avulsões da inserção de ligamentos patelares, embora os ligamentos patelares quase sempre estejam envolvidos. Ocorre uma variedade de configurações desta fratura, com pequenos fragmentos na face cranial proximal a grandes fraturas estendendo-se distal à crista da tíbia a proximalmente na articulação fêmoro-tibial. As fraturas por avulsão da tuberosidade da tíbia são melhor vistas em projeção caudolateral-craniomedial obliquada. Deve-se ter cuidado, em cavalos com menos de três anos de idade, para não confundir fraturas com a linha de crescimento. FRATURA DE FÍBULA As fraturas da fíbula podem causar claudicação de elevação. Deve-se cuidar para não interpretar as linhas radiolucentes normais da fíbula como fraturas. Linhas de fratura tendem a correr obliquamente de um lado a outro na fíbula. 129 Estas fraturas são causadas por trauma direto, o animal apresenta claudicação moderada a severa e o diagnóstico é feito radiograficamente com projeção caudo-cranial, que é a mais usada. Figura 16.13 – Fratura de terceira falange (A e B), primeira falange (C), sesamóides proximais (D), terceiro metacarpiano (E), tíbia (F) e úmero(G). FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html. FRATURA DE TERCEIRA FALANGE As fraturas do corpo e processo palmar podem ser de difícil visualização nas radiografias, mas sete a dez dias após, em função da rarefação que ocorre na linha de fratura, sua identificação é possível. São melhor visualizadas em projeção dorso-palmar com o casco em pinça, embora as fraturas do processo palmar possam primeiro ser identificadas em projeção lateral. Quando se suspeita de uma fratura, pode ser necessário um número maior de projeções obliquas, a fim de que se possa visualizar claramente uma ou mais linhas. Uma fratura de processo palmar, por exemplo, pode requerer uma projeção médio-lateral, látero-medial e palmaroproximal-palmarodistal obliquada para ser demonstrada. A linha de fratura é melhor vista quando o feixe de radiação é direcionado em linha com o plano da mesma. Pela comparação cuidadosa das projeções oblíquas ligeiramente diferentes é possível estabelecer se a fratura é simples ou cominutiva. Clinicamente este tipo de lesão na falange distal causa claudicação aguda com dor, pressão e choque do casco. Uma fratura no processo extensor é melhor evidenciada na projeção lateral, onde um pequeno fragmento radiopaco próximo ao processo extensor pode representar uma 130 uma separação do centro de ossificação ou uma mineralização distrófica dentro do tendão extensor. A confirmação do diagnóstico é realizada através de radiografias em projeções: lateral. indicam etiologia hereditária. Figura 16. do processo palmar diferindo do tipo I. o que resulta em prognóstico muito reservado.lesão recente. 131 . não há consenso a respeito da etiologia. Existe ainda um outro tipo de fratura (tipo VII). ESPARAVÃO ÓSSEO Denomina-se esparavão ósseo (fig.15) a afecção que causa uma osteoartrite progressiva. 16. 16. Os sinais clínicos mais comuns são dor e claudicação. dorsolátero-palmaromedial obliquada (DLPMO) e dorsomédiopalmarolateral obliquada (DMPLO). As fraturas são classificadas em sete tipos (fig. animais com problemas de desenvolvimento e ainda estresse articular devido ao treinamento precoce ou muito rigoroso. não articulares do processo palmar (tipo I). São demonstrados osteófitos e ou exostose. contudo. pois elas se originam e terminam na margem da sola. Muitas projeções radiográficas podem ser requeridas para se estabelecer. distúrbios nutricionais. Fraturas cominutivas da terceira falange não são comuns. cominutivas (tipo V) e da margem da sola (tipo VI). uma fratura antiga. podendo ter apresentação e prognóstico variável. enquanto as do tipo I são transversas e completas no processo palmar. do processo extensor (tipo IV). oblíquas articulares estendendo-se da linha média à lateral na margem solar medial (tipo II). 2003. podendo não ter significado clínico. mas aparecem ocasionalmente.14 – Esquemas representando os tipos de fraturas da falange distal. As fraturas tipo IV podem ser articulares e as do tipo V podem ser secundárias à osteíte infecciosa e sequestro. FONTE: BUTLER et. com periostite e exostose. Uma lesão penetrante no casco pode resultar em fratura de qualquer tipo. nas articulações intertarsiana distal e tarsometatarsiana. podendo também ser evidenciado aumento de volume local. a configuração da fratura e determinar a possibilidade de envolvimento articular. As alterações de conformação e animais com “jarrete de vaca”. dorsopalmar.14) em função da configuração que apresentam. As causas mais comuns são traumatismos. al. com precisão. comumente resultando em anquilose. médio-sagitais envolvendo ou não a articulação (tipo III). em ser não articulares. que consistem. Em casos mais graves poderá ser evidenciada anquilose destas articulações.ca/equinelimbs/html.15 – Imagem radiográfica de osteoartrite de tarso em três diferentes graus de lesão.upei. 132 . FONTE: http://www. Figura 16.localizadas geralmente na face medial da extremidade proximal do terceiro metatarsiano e a face medial do terceiro tarsiano e central do tarso. D. Veterinary radiological interpretation. R. 1975. Dog and cat. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan. Veterinary Surgery vol. Princípios de radiologia veterinária. ed.. 1978.. J. 2. T. D. Louis : Mosby. H. P. GHARBI. ed.E..D. WILLIAMSON. O. . 1998. Zaragoza.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAMS. v. D. A. BRUGUERA. D. 3. S. 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