Depressores - Seminário

March 21, 2018 | Author: Daniela Lopes Terra | Category: Ethanol, Benzodiazepine, Neurotransmitter, Biotransformation, Serotonin


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1.Barbitúricos As substâncias mais usadas para induzir o sono até o século passado eram: o etanol, o hidrato de cloral, os brometos e o paraldeído. O primeiro barbitúrico introduzido no arsenal terapêutico, em 1903, foi o ácido dietilbarbitúrico (barbital). Poucos anos depois, surgiu o fenobarbital, o qual ainda é usado como anticonvulsivante. No início dos anos de 1970, as intoxicações letais por superdose de derivados barbitúricos chegaram a ser maior causa de morte induzida por fármacos. O reconhecimento dos problemas de superdose, além do seu potencial de abuso, fez com que os barbitúricos fossem substituídos pelos benzodiazepínicos, mais eficientes e seguros. Na década de 50, começaram a surgir os hipnóticos não barbitúricos, tais como glutetimida e metaqualona, que não mostraram nenhuma vantagem sobre os barbitúricos, e apresentavam propriedade de causar dependência. Relação Estrutura Atividade dos Barbitúricos A adição do grupo alquil ou aril no carbono na posição 5 confere ao composto propriedades sedativas. A substituição de um dos hidrogênios do carbono na posição 5, por um grupo etil, e outro hidrogênio, por um grupo fenil, confere ao conjunto uma atividade anticonvulsivante como o fenobarbital. Os barbitúricos de ação curta, utilizados na anestesia, possuem um enxofre no lugar do oxigênio na posição 2. Os barbitúricos são classificados de quatro maneiras:  Ação ultracurta – tiopental, tiamical, metolexital.  Ação curta – hexobarbital, pentobarbital, secobarbital.  Ação intermediária – aprobarbital e butabarbital.  Ação longa – barbital, mefobarbital, fenobarbital, primidona. 2. Toxicocinética Absorção e distribuição Os barbitúricos possuem absorção rápida e completa (principalmente pelo intestino delgado), com início da ação variando de 10 a 60 minutos, dependendo da via de administração, características físico-químicas do composto, tipo da formulação e da presença de alimentos no estômago. Quando utilizamos para uso sedativo-hipnótico a administração é oral, enquanto a via intravenosa é utilizada para a indução ou manutenção de anestesia, como no caso do tiopental ou para o tratamento de epilepsia, tratando-se do fenobarbital. Os barbitúricos são amplamente distribuídos e ultrapassam todas as barreiras do organismo, inclusive a placentária, podendo se distribuir por todo o organismo. Os fatores que influenciam a distribuição são: a lipossolubilidade, a ligação com proteínas e o grau de ionização. Os derivados barbitúricos de ação ultra-curta são altamente lipossolúveis, distribuindo-se na massa cinzenta do cérebro em poucos segundos após a sua administração. Os compostos menos lipossolúveis, como o fenobarbital, acumulam-se lentamente no cérebro e permanecem no organismo por mais tempo, em decorrência de sua reduzida metabolização, dependendo da excreção urinária para o término de seus efeitos. Os depósitos de gordura podem conter altas concentrações barbitúricas, principalmente os de ação ultracurta, devido a sua lipossolubilidade. Os barbitúricos sofrem redistribuição no organismo e, quando ocorre sua saída do sistema nervoso central para outros tecidos, diminuem ou cessam seus efeitos depressores. Biotransformação e excreção O processo de biotransformação da maioria dos barbitúricos de ações intermediária e curta ocorre principalmente no fígado (cerca de 90 a 99%). Contudo, existem outros locais de biotransformação como: rim, cérebro, coração, intestino, músculo e baço. A reação mais importante nesse processo é a oxidação de cadeia lateral, a qual reduz a atividade farmacológica. Esta é a via mais importante na biotransformação de barbitúricos. A biotransformação de barbitúricos de ação longa não é completa quando comparada com outros barbitúricos. A hidroxilação do fenobarbital é cerca de 60-75% da dose absorvida. A biotransformação do mesmo ocorre no fígado através do sistema enzimático, principalmente pela CYPP2C9 e uma menor participação das CYPP2C19 e CYPP2E1. Outros barbitúricos também induzem enzimas hepáticas ataxia. O início dos sintomas. O mefobarbital e o metarbital sofrem desmetilação para produtos ativos. A relação dose-resposta é muito difícil de ser estabelecida devido ao fenômeno de tolerância. A intoxicação leve a moderada lembra muito embriaguez por álcool. Para o fenobarbital. Barbitúricos com coeficiente óleo/água baixo.como as CYPP1A2 e CYP3A4. portanto. consequentemente mais tóxicos que os de ação prolongada. A indução dessas enzimas tem como consequência o aumento da taxa de biotransformação de alguns fármacos. como fenobarbital. Os efeitos tóxicos provocados pelos barbitúricos estão relacionados com a dose. a intoxicação se manifesta por uma alteração da consciência e depressão dos centros respiratórios e vasomotores. Os de média e curta duração são excretados pela urina parcialmente inalterados e parcialmente biotransformados. A dessulfuração é a reação de biotransformação responsável pela formação de oxibarbitúricos. são excretados inalterados pelo rim ou parcialmente biotransformados com barbital (25-40%). dificulta sua reabsorção tubular. A urina alcalina favorece a ionização de vários derivados barbitúricos e. No aspecto clínico. os sintomas iniciam-se dentro de duas horas. compostos de ação ultracurta. sendo todas essas alterações reversíveis. .5g. após a ingestão. vertigem e confusão. fenobarbital e barbital. respectivamente. A toxicidade depende do tipo de barbitúricos. A excreção é principalmente urinária. A eliminação é dependente do pH. Os barbitúricos de ação curta são mais potentes e. Nos casos de superdose de barbitúricos de ação longa. além de substâncias endógenas como hormônios esteroide e vitaminas como a K e D. 3. depende do tipo de barbitúrico. primariamente exercem seus efeitos sedativos e anestésicos por potencialização da ação do GABA (ácido gama-aminobutílico) no receptor GABAa no que se refere a inibição pré e pós sinápticas. metarbital (60-90%) e aprobarbital (7-18%). a dose letal mínima estimada é de 1. mas com o desenvolvimento de tolerância há casos de ingestão de 16g com recuperação. ficando o indivíduo com fala enrolada. Toxicidade Os barbitúricos são depressores do sistema nervoso central e. a partir de tiobarbitúricos. o que é importante em casos de intoxicação. desenvolvendo resistência aos efeitos hipnóticos. cujas mães ingerem barbitúricos como anticonvulsivantes ou como droga de abuso. e a tolerância farmacodinâmica. Tratamento A intoxicação barbitúrica pode ocorrer de três maneiras: tentativas de suicídio (a grande maioria). A síndrome de abstinência pode aparecer também com o uso de analgésicos em combinação com o barbitúrico. acarreta tolerância. quando usado nos três primeiros meses de gravidez. como também em neonatos. automatismo (perda de controle sobre a quantidade ingerida após os . alucinações. Ocorre tolerância cruzada com os depressores. na qual o individuo apresenta debilidade. o processo de biotransformação do fármaco é acelerado. induzidos pelos derivados de barbitúricos. sedação. sendo necessário diagnóstico laboratorial. resultando na sua eliminação mais rápida. Toxicidade Neonatal Alguns autores correlacionam um possível efeito teratogênico dos barbitúricos. delírios e convulsões. diminuindo o tempo de ação terapêutica e. portanto. Como consequência. Essa relação ainda não é conclusiva. também conhecida como tolerância metabólica. defeitos de coagulação e síndrome de abstinência no neonatal. A dependência física e psicológica com uso a longo prazo de barbitúricos é bem estabelecido. observa-se a tolerância farmacocinética. não é característico. A retirada abrupta do fármaco pode gerar síndrome de abstinência. Dependência Uso contínuo de barbitúrico. 4. ansiedade. sendo necessário aumentar a dose para manter as concentrações nos tecidos. 5. A tolerância metabólica é explicada em parte pelo aumento da atividade de algumas isoenzimas do CYP hepático. como o álcool etílico e os anestésicos gerais de inalação. No caso destes fármacos. mas quando utilizado no final da gravidez poderá provocar depressão respiratória.Apesar do coma ser o principal sinal de intoxicação aguda por barbitúricos. em curtos intervalos de tempo. 1.  Terapia de suporte: estabilização e manutenção de sinais vitais (hipotérmica.primeiros comprimidos) e. Relação Estrutura Atividade dos Benzodiazepínicos O termo benzodiazepínico se refere a uma classe de compostos cuja estrutura possui um anel benzênico acoplado a um anel diazepínico e grupamento aril substituinte na posição 5. com a estrutura 5 –aril -1. agitação). sendo as diferenças fundamentalmente quantitativas. a intoxicação acidental principalmente em crianças. Administrar intravenosamente solução de Ringer nos pacientes hipertensos e administrar glicose. anticonvulsivantes. Todos os benzodiazepínicos induzem esses efeitos em maior ou menor grau. naloxona e tiamina a todos os que apresentem depressão do sistema nervoso central.4 benzodiazepínico. é indicada a lavagem gástrica e emese para pacientes conscientes.  Descontaminação do trato gastrintestinal: como os barbitúricos diminuem a motilidade gastrintestinal e retardam o esvaziamento gástrico. letargia. São utilizados como ansiolíticos. Sendo a parada respiratória a principal causa da morte. o fenobarbital fica na forma ionizada numa proporção de 85% e. adequação da ventilação deve ser o primeiro passo. Quando se eleva o pH urinário. . por último. hipertermia. portanto sua excreção é acelerada. A alcalinização urinária aumenta de cinco a dez vezes a velocidade da excreção do fenobarbital e do metarbital. Benzodiazepínicos Os benzodiazepínicos estão entre os fármacos mais prescritos e utilizados em todo o mundo. A hemodiálise é mais eficaz para os derivados barbitúricos de ação longa. compondo um terceiro anel. relaxantes musculares e hipnóticos.  Aumento da eliminação: doses repetidas de carvão ativado reduzem a meia vida sérica de fenobarbital administrado por via intravenosa ou oral. com a administração de solução de bicabornato de sódio. Os barbitúricos são bem adsorvidos por carvão ativado sendo este administrado na dose de 1g/kg de peso. particularmente a biotransformação. Fármacos que alteram o pH gástrico podem influenciar a absorção por via oral.5 e triazolobenzodiazepínicos. Biostransformação e Excreção Os benzodiazepínicos são biotransformadores pelas enzimas hepáticas. outros fatores. onde são biotransformados. de absorção lenta. conjugação glicurônica e etc. lorazepam. hidroxilação ou amabas) e não oxidativas (nitro-redução. a via retal é o ultimo quando se quer obter um efeito rápido em circunstancias em que a administração intravenosa é impraticável ou indesejável. envolvendo as vias oxidativas (N-desmetilação. A maioria deles é altamente ligada a proteína plasmática. Com a administrações repetidas.Várias modificações foram realizados nessa estrutura produzindo fármacos com atividades similares como os benzodiazepínicos. não inteiramente desprovida de riscos. Após a administração de dose oral única (ou intravenosa). já que a introdução muito rápida pode levar a um período de apneia. terapia associada e formulação. os benzodiazepínicos são geralmente bem absorvidos pelo trato gastrintestinal. 2. intravenosa. a duração de ação normalmente depende da taxa e extensão da distribuição. Toxicocinética Absorção e Distribuição Após a administração oral. chegam ao fígado. Os benzodiazepínicos são bem distribuídos pelos tecidos orgânicos e possuem suficiente lipossolubilidade para atingir o cérebro.1. flunitrazepam. Os maiores representantes são: clonazepam. Absorção pode ser influenciada por alimentos.). flurazepam. diazepam. assumem importância maior. exceto para o lorazepam. Os benzodiazepínicos sofrem extenso metabolismo de 1ª passagem. Outras vias podem ser utilizadas: intramusculares. nitrazepam e oxazepam. . através da circulação porta. o qual. Quando o GABA se liga ao receptor.A duração da ação depende em parte da meia vida de eliminação e da presença ou ausência de metabólitos ativos. . a estrutura tridimensional do complexo é alterada resultando na conformação aberta do canal de cloreto. 3. com pequenas variações atribuídas aos fatores acimas citados. cerebelo e estruturas límbicas. O mecanismo molecular da transmissão GABA-érgica envolve a formação de um complexo entre o receptor de GABA e o canal de cloreto. isto é. na ausência de GABA de encontra na conformação fechada. dano hepático e uso concomitante de indutores. Os benzodiazepínicos de longa ação e a maioria dos de ação ultracurta estão sujeitos à biotransformação oxidativa com frequente variações individuais nos parâmetros farmacocinéticos. Os fármacos de ação intermediaria/curta são biotransformados preferencialmente pelas vias não oxidativas. Os efeitos de sedação/ataxia são os primeiros a serem atenuados. inibidores enzimáticos. Toxicodinâmica Os benzodiazepínicos interagem com receptores específicos nos SNC localizados paralelamente ao receptores de GABA e amplamente distribuídos no córtex. A falta de ação direta dos benzodiazepínicos sobre o fluxo de cloreto explica porque esses fármacos são mais seguros do que os barbitúricos que ativam diretamente o canal de cloreto e causam depressão respiratória. Doses Usadas e o Fenômeno da Tolerância O primeiro fenômeno que se observa com o uso crônico dos benzodiazepínicos é o desenvolvimento da tolerância cuja velocidade de instalação varia para diferentes efeitos. efeitos anticonvulsivantes são reduzidos mais vagarosamente e efeitos ansiolíticos demoram mais para desaparecer. permitindo o fluxo de ânions. áreas envolvidas em processos emocional e cognitivo e também na produção de convulsão. Eles são os hipnóticos de escolha em função de sua eficácia e segurança. impermeável a íons. atribuídos a fatores como idade. Os benzodiazepínicos exercem ação potencializando atividade do GABA. 4. Os sintomas de abstinência decorrentes da interrupção do uso desses fármacos incluem: disforia. vertigens. opiáceos e álcool etílico. embora eles tenham baixo potencial de abuso quando comparados outros. mais graves após a interrupção abrupta do que gradual do fármaco. náuseas ou vômitos. insônia. ou mudanças na neurotransmissão noradrenérgica ou serotonérgica em sistema em que o GABA interage. os sintomas de abstinência são mais intensos e. Administração intravenosa de fármaco de ação ultracurta (como triazolam) pode resultar em apneia e óbito. desenvolvendo-se mais rapidamente. Dependência e a Síndrome da Abstinência O segundo fenômeno observado com o uso crônico dos benzodiazepínicos é a dependência manifestada por sintomas de abstinência. A dependência física é maior com benzodiazepínicos com meia vida de eliminação curta. agitação. em geral. entre eles substâncias que apresentam efeitos opostos àqueles apresentados pelos benzodiazepínicos. ansiedade (maior do que na condição pré-existente). . 6. Depressão respiratória e cardiovascular ocorre somente em circunstâncias especiais. A dependência psíquica também ocorre com o uso prolongado de benzodiazepínico. como os barbitúricos. 5. modificações no acoplamento de GABA ao seu receptor. Ocorre uma tolerância do tipo funcional. cujos mecanismos envolvem alterações de numero ou sensibilidade de receptores de benzodiazepínicos.A tolerância observada com os benzodiazepínicos é diferente daquela observada com os barbitúricos. Consequências Toxicológicas do Uso e do Abuso Os benzodiazepínicos são fármacos relativamente seguros. como injeção intravenosa muito rápida ou diante de uma disfunção hepática. anorexia. convulsões etc. Uma das características dos receptores dos benzodiazepínicos é que eles permitem a fixação de diferentes ligantes. hiper-reflexia. Ela não depende de indução enzimática. antagonista seletivo do receptor GABA. entre outros. numa intensidade maior. por inibição competitiva os efeitos dos benzodiazepínicos mas deve ser usado com cautela. o consumo de álcool sofreu restrições que tentavam controlar ou prevenir o uso indevido: limitar o uso a ocasiões festivas. colocar limite mínimo de idade para seu consumo. Os benzodiazepínicos são frequentemente usados em associação com antidepressivos. 1. sabidamente. rebote que se caracteriza pelo retorno dos sintomas originais para os quais foram prescritos.Intoxicações graves e letais causadas pelo uso isolada de benzodiazepínicos são raras. a overdose é devida unicamente a benzodiazepínicos. A interrupção do uso após terapia prolongada pode levar a 3 tipos de síndromes: recorrência em que os sintomas da doença voltam a se manifestar. O flumazenil somente deve ser usado quando. e síndrome de abstinência que é o aparecimento de novos sintomas após a descontinuação ou redução das doses. Ele bloqueia especificamente. Etanol O álcool é uma das substâncias psicoativas mais consumidas pela sociedade. normalmente essas intoxicações envolvem o uso concomitante de outros depressores do SNC como etanol e barbitúricos. um remédio para quase todas as doenças. Mesmo sendo aceito socialmente. como pode ser percebido pela origem galênica do termo “whisky”. como em festas e comemorações. podendo resultar em risco para indivíduos que exercem atividades envolvendo precisão ou rapidez de reflexos. impor restrições a sua produção ou comercialização. Os principais efeitos colaterais observados como uso desses fármacos são sedação e letargia. 7. Antidoto da Intoxicação Aguda Para tratamento da intoxicação aguda o flumazenil. interferência com o tempo de reação e coordenação motora. . Acreditava-se que o álcool era um elixir da vida. é antídoto específico disponível atualmente. tornar o seu ilegal. sendo seu uso estimulado em algumas situações. Absorção de Droga O etanol (CH3 CH2 OH) é uma substância de baixo peso molecular hidrossolúvel. Os senhores de engenho e fazendeiros ofereciam a aguardente. que eram mastigados e depois misturados e fervidos em um vasilhame especial de cerâmica. Por ser hidrossolúvel. Uma vez no intestino delgado. os etanos e absorvido rápida e completamente independente de presença de alimentos no intestino ou no estômago. intra ou extracelularmente. rins. também conhecido como cachaça. o etanol distribui-se por praticamente todos os tecidos. a cachaça. pulmões. A instalação dos primeiros engenhos para a produção de açúcar de cama e aguardente tornou os destilados nacionais. sendo rapidamente absorvida no estômago (20%) e intestino delgado (80%). . bebida de alto teor alcoólico. aos escravos como fins medicinais e também para alegrá-los por ocasião de festas religiosas gradativamente. as leveduras. A concentração plasmática máxima é atingida entre 30 a 90 minutos após a ingestão. A absorção de álcool é rápida no início do uso e declina posteriormente. contribuiu muito para o agravamento do consumo de álcool pela população brasileira. uma bebida fermentada preparada a partir da mandioca cozida ou de suco de frutos como caju ou milho. Com a popularidade alcançada em todo o país e pelo preço acessível. A maior concentração ocorre. em ordem decrescente. mais acessíveis para a população de menor poder aquisitivo. Vários fatores podem influenciar a absorção. variando de acordo com a composição hídrica dos tecidos. sendo que o tempo de esvaziamento gástrico e o início da absorção intestinal podem ser considerados os principais fatores determinantes das taxas variáveis de absorção de álcool encontradas em diferentes indivíduos ou circunstância. cérebro. obtidos da fermentação e destilação da borra do melaço. no sangue.2. 3. a cachaça foi se tornando mais popular e sua oferta aumentando e passando a ser consumida também pelos portugueses. mesmo que a concentração no estômago ainda esteja alta. As bebidas fermentadas são obtidas pela produção do etanol resultante da quebra de açúcares feita por alguns microrganismo. O álcool também pode ser absorvido pela aspiração de seu vapor. antes da chegada dos portugueses os índios produziam o cauim (do tupi “ka wi”). Fontes e Usos No Brasil. o etanol é oxidado com formação de aldeído. O hidrogênio é transferido do álcool para o cofator dinucleotideo adenina nicotinamida (NAD). formando NADH. Biotransformação e Excreção A principal via de biotransformação do álcool envolve a enzima álcool desidrogenase (AD). o que limita a atividade da catalase. O etanol se difunde rapidamente através da barreira hematoencefálica. Sua atividade é maior no citosol do que nos microssomas. microssomas e citosol do hepatócito. No interior dos peroxissomas. sendo necessário o consumo de peroxido de hidrogênio que é transformado em água. músculos estriados e fígado. 4.coração. por exemplo. Por muito tempo achou-se que o álcool. Uma terceira via de biotransformação do etanol é a catalase. com desdobramento de trifosfato de adenosina (ATP) em monofosfato de adenosina (AMP). 5. O consumo crônico de álcool também promove um aumento significativo da atividade do SQM. paredes intestinais. com níveis bastante baixos nos ossos e tecido adiposo. que participa com no máximo 10% da biotransformação. assim como os barbitúricos e anestésicos voláteis. Existem polimorfismos do álcool desidrogenase e do aldeído desidrogenase (AID) que e a enzima responsável pela oxidação do aldeído. O aldeído resultante das três vias de biotransformação do etanol é oxidado a acetato por uma reação catalisada pela aldeído desidrogenase (AID). os barbitúricos. uma enzima que contem zinco e que catalisa a conversão do etanol para acetaldeído (CH3 CHO). Mecanismo de ação do etanol no SNC Um dos principais locais de ação do etanol é a membrana celular. A produção de peroxido de hidrogênio pelo hepatócito é muito lenta. devido a indução enzimática. que é encontrada na matriz e membrana externa. Outros fármacos também provocam a indução enzimática deste sistema como. O álcool também pode ser biotransformado através do sistema de oxidação microssômico (SQM) que utiliza o NADPH ao invés do NAD como cofator. exercia . atingindo o sistema nervoso central. O acetado resultante desta reação é posteriormente convertido em acetilcoenzima A. ataxia. Cálcio. Em ratos.se elevados no córtex. os níveis encontram. quando que em uso crônico. o uso ogudo de álcool diminui a ligação das encefalinas aos receptores. Glutamato. Dopamina. fala pastosa. um antagonista especifico dos GABAergicos. Toxicidade Aguda O sistema nervoso central (SNC) é o órgão mais rapidamente afetado pelo álcool quando comparado a qualquer outro órgão ou sistema. área relacionada com o prazer e a necessidade de repetir o uso de diversas substancias e comportamentos. Serotonina Alterações no sistema serotonérgico afetam o consumo de álcool em animais e em seres humanos. alimentação e uso de drogas. O cálcio tem uma importante participação na função de neurotransmissão e pode ter um papel no efeito hipnótico do álcool. prejuízo da capacidade de julgamento e . há evidências de que os sistemas opioide e serotoninérgico influam no consumo de álcool através da modulação sobre a liberação de dopamina no núcleo acumbens. Elevação dos níveis de serotonina pelo uso de inibidores seletivos da recaptura da serotonina diminui a preferencia e o consumo de álcool nos animais. O álcool atua em diversos sistemas de neurotransmissores e neurorreceptores: Sistema adrenérgico. diminuição e ausência de alterações no sistema GABA já foram relatadas após ingestão aguda de álcool. Acetilcolina. Acido Gama-Aminobutirico-GABA elevação. Esse efeito de álcool e outras ações sedativas e motoras são inibidas pela bicuculina. Em geral. enquanto no uso crônico. O álcool causa sedação. Sistema opióide. dissolvendo o componente lipídico. produz tolerância. O álcool aumenta a inibição sináptica mediada pelo GABA e pelo fluxo de cloreto. diminuição da ansiedade. reduzindo assim a viscosidade da membrana celular. possivelmente por sua ação no sistema dopaminérgico na região mesolimbica. 6. O álcool agudamente diminui a atividade colinérgica. sendo esta a ação também estudada como mecanismo de ação.sua ação depressora do sistema nervoso central. uso agudo de álcool reduz os níveis de glutamato no córtex e no cerebelo. como sexo. hipocampo e substancia nigra. O uso crônico de álcool aumenta a síntese e liberação de noradrenalina. como a dose ingerida. levando a um diagnóstico errôneo de intoxicação. peso e sensibilidade do individuo. ou seja. o que em alguns casos. levando em muitos casos é anemia megaloblástica. Sistema gastrintestinal . A memória remota e imediata permanece preservada.1 Sistema Hematológico Ocorre elevação do volume corpuscular médio (VCM). ele deve ser removido por hemodiálise nos casos de intoxicação grave. o álcool é um depressor do SNC. plaquetopenia e leucopenia.2. o álcool pode produzir amnesia (blackouts). Muitas pessoas pensam que o álcool é um estimulante. 7. Em indivíduos saudáveis que consomem álcool com moderação. 7. Toxicidade Crônica Praticamente nenhum sistema do organismo é poupado dos efeitos deletérios do álcool. Os sinais e sintomas da intoxicação pelo álcool são bastante conhecidos.desinibição do comportamento. O álcool pode causar perda do autocontrole. o coma diabético. As alterações no comportamento. Dependendo da dose ingerida e do individuo. Uma vez que o álcool é solúvel em agua. intoxicação por outras drogas e acidentes cardiovasculares podem ser diagnosticados erroneamente como intoxicação pelo álcool. 7. Por exemplo. assim como o desenvolvimento da tolerância. porém podem ser confundidos com sintomas de outras patologias. a maioria das alterações patológicas que ocorrem no organismo é reversível. como outros anestésicos gerais. devido á deficiência do ácido fólico. velocidade de absorção. entretanto. o individuo não se recorda do que ocorreu há 5 ou 10 minutos. funções cognitivas e motoras dependem de vários fatores. pode trazer risco para integridade física do paciente e pessoas próximas. porem há um déficit especifico da memória de curta duração. liberando impulsos agressivos. 7. levando a um quadro de incoordenação motora. Outra alteração potencialmente irreversível é a degeneração cerebelar. Sistema neurológico O uso crônico do álcool provoca. atenção etc).O álcool esta associada á maior incidência de câncer em todos os níveis do trato digestivo. b) a passagem livre do álcool pela barreira placentária. um quadro de neuropatia periférica. Dois fatores corroboram a participação do álcool na gênese das alterações a) a capacidade do álcool de provocar lesão em praticamente todos os sistemas do organismo. provoca inflamação no musculo cardíaco (miocardiopatia). fissuras palpebrais diminuídas e lábio leporino. progridem da esteatose para a hepatite e posteriormente para a cirrose. e retardo mental de gravidade variável. No fígado. principalmente de esôfago e estomago. Sistema endócrino-reprodutivo O uso crônico de álcool pode provocar diminuição da libido.5. . hipertensão e elevação do colesterol sérico. em geral. hepatite alcoolica e cirrose. O consumo crônico de álcool tem efeito negativo em hormônios masculinos reprodutivos e na qualidade do sêmen. em altas doses. As alterações hepáticas. defeitos do septo ventricular. sendo que esta ultima tem caráter irreversível. malformações faciais. malformações de pés e mãos.4. entre as quais ausência de filtro (sulco entre o nariz e o lábio superior). 7. A síndrome fetal é caracterizada pela combinação de vários componentes. esterilidade e hipogonadismo. que se inicia pela deposição de fibras ao redor das veias centrais (esclerose hialina central). recém-nascidos de baixo peso para a idade gestacional. 7. as consequências mais comuns são: esteatose hepática. resultante da deterioração dos nervos periféricos dos membros superiores e inferiores (neuropatia em “nota e luva”). O álcool esta associado ás alterações cognitivas (memoria. impotência. em aproximadamente 5 a 15% dos alcoolistas. concentração. Sistema cardiovascular O álcool.3. incluindo múltiplos abortos instantâneos. O uso da substância é mantido apesar de problemas físicos e psicológicos recorrentes. sabidamente causados ou exacerbados pela droga. Abstinência: Síndrome de abstinência. 8. De inicio. usá-la ou recuperar-se de seus efeitos.8. com dificuldades para dormir e desconforto gastrintestinal. trêmulo. A substância é usada frequentemente em quantidades maiores ou por períodos maiores do que o individuo deseja. Tolerância caracterizada por uma das seguintes situações: Necessidade de aumentar a quantidade da substância usada para obter o mesmo efeito. diversos autores elaboraram critérios diagnósticos das patologias psiquiátricas. o paciente pode tornar-se confuso. segundo o DSM-IV. Esse fato acabava gerando uma baixa confiabilidade dos diagnósticos. que se inicia algumas horas após a última ingestão e dura de 5 a 7 dias. o álcool fluidifica as membranas. Critérios para o diagnóstico de dependência de álcool. Em sua evolução. entre os quais o abuso e a dependência de substâncias psicoativas. Tolerância e dependência Os diagnósticos em psiquiatria. Substância é utilizada para aliviar ou evitar sintomas de abstinência. Desejo persistente ou tentativas malsucedidas para diminuir ou controlar o uso. Visando atenuar este problema.1. O individuo despende grande parte do tempo em atividades para obter a substância. dissolvendo o componente lipídico e diminuindo a viscosidade. profissionais ou recreativas anteriormente importantes são abandonadas ou reduzidas devido ao uso de drogas. Síndrome de abstinência A interrupção abrupta da ingestão crônica do álcool pode resultar em síndrome de abstinência. delirante e com alucinações. Diminuição do efeito com o uso contínuo da mesma quantidade da substância. tanto na prática clínica como em pesquisas. foram sempre muito influenciados pela subjetividade do entrevistador. Atividades sociais. o paciente sente-se ansioso. desorientado. Em seu mecanismo de ação. caracterizando o quadro de delirium tremens. Genética e dependência do álcool . náuseas. Estudos revelaram que o acamprosato é um agonista que estimula a atividade do neurotransmissor inibidor GABA e antagoniza os aminoácidos excitatórios. alterações hemodinâmicas. levando ao aparecimento de efeitos tóxicos: mal estar. Hoje. em particular o glutamato. 9. mas influenciam a predisposição ou risco para esse transtorno. O paciente deve estar ciente do uso da medicação. Estudos em gêmeos sugerem que influências ambientais podem proteger ou exacerbar a vulnerabilidade genética ao desenvolvimento do álcool. sabe-se que os genes não determinam a presença de dependência. incluindo uma acetilação que permite a passagem pela barreira hemato-encefálica. vômitos. Evidências iniciais sugerem que a naltrexona atua bloqueando os efeitos euforizantes do álcool. e estudos em laboratórios demonstram que a medicação diminui o “high” (efeito prazeroso) produzido pela administração do etanol principalmente em sujeitos com história familiar positiva para consumo de álcool. Esta substância diminui o desejo de beber e suprime a hiperatividade que ocorre durante a fase de abstinência. Acamprosato: Droga com estrutura semelhante a de neurotransmissores aminoácidos tais como a taurina ou o ácido gama-amino-butírico (GABA). Atualmente a eficácia e a segurança da medicação estão bem documentadas. Farmacologia do tratamento da dependência O uso de fármacos para tratamento do alcoolismo vem sendo estudado como tentativa de aumentar a eficácia terapêutica.Diversos genes estão relacionados e contribuem para o desenvolvimento da dependência em um individuo. As drogas mais comuns são: Dissulfiram: Esse medicamento inibe a ação da enzima aldeído desidrogenase que metaboliza o acetaldeído. “flushing”. Parece ser mais eficaz em pacientes em que o desejo de beber é intenso. se possível supervisionado. a carga genética modula a gravidade da doença. Efeitos tóxicos decorrentes da interação com outras substâncias . Naltrexona: É um antagonista opióide com maior seletividade para o receptor U. promovendo o acúmulo dessa substância. por um familiar. Quando este se desenvolve. (2) uso crônico do álcool e agudo de drogas. Barbitúricos Intoxicação aguda pelo álcool: inibe o . (3) uso agudo do álcool e crônico da droga. Antidepressivos Aumento dos efeitos sedativos do etanol e do comprometimento psicomotor. e sob o ponto de visto farmacodinâmico. pode potencializar ou diminuir a ação de fármacos nos órgãos-alvo. pela competição perante as enzimas responsáveis pela metabolização. do ponto de vista farmacocinético. Em geral. Analgésicos/narcóticos Volume de distribuição da meperidina intravenosa aumenta com o consumo excessivo de álcool (o significado clínico desta interação é desconhecido). Antipirina Consumo crônico de álcool (mais que 1 ml/kg/dia): aumento do metabolismo da antipirina. melhora a coordenação motora e a discriminação de cores após o consumo de álcool.O etanol pode interagir com fármacos. mas também com uma ampla variedade de medicamentos. como os tipos de substâncias ingeridas. aumentando o efeito de primeira passagem e diminuindo a concentração de xenobióticos na circulação. as vias de administração e a presença de patologias orgânicas e/ou psiquiátricas. O álcool interage não apenas com os fármacos psicotrópicos. (4) uso crônico de ambos. as doses de cada uma delas. o uso crônico de álcool induz o metabolismo hepático. A interação entre o álcool e outras drogas também se dá em quatro situações diferentes: (1) uso agudo de ambos. Efeitos da interação do etanol com outras drogas Drogas Efeitos da interação Ácido ascórbico O ácido ascórbico aumenta a depuração do etanol e os níveis séricos de triglicérides. São vários os fatores que interferem nessas interações. Depressão respiratória. Consumo crônico de álcool: aumenta o metabolismo hepático do pentobarbital. Salicilatos O etanol pode aumentar as chances de hemorragia gastrintestinais e aumenta o sangramento gástrico causado pelo ácido acetilsalicílico. Ocorre depressão cumulativa do SNC. Cimetidina Potencializa os efeitos do álcool. . Benzodiazepínicos Aumento do comprometimento psicomotor. Cafeína Não apresenta efeitos sobre os prejuízos psicomotores causados pelo etanol. Produz efeitos tóxicos no SNC pelo aumento da concentração sérica de cimetidina.metabolismo do pentobarbital. Aumenta as concentrações plasmáticas máximas do álcool e a área sob a curva concentração/tempo. O fenobarbital diminui a concentração sanguínea de etanol. mesmo que não seja um medicamento seu uso ‘indiscriminado’ leva a várias consequências. . ou não. O etanol também participante dessa classe. Seja medicamento. inclusive a morte de muitas pessoas no trânsito. porém seu uso deve ser realizado após consultas médicas para que haja o uso racional e correto dos medicamentos. precisa ser consumo do mesmo modo de forma racional. tudo deve ser administrado com zelo.Conclusão Os depressores são medicamentos de grande importância em diversas terapêuticas (barbitúricos e benzodiazepínicos). entre outras formas. depressores. H. BURCKHALTER.. Márcia Maria de Almeida Camargo. Química Farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. José Antonio de Oliveira Batistuzzo.ed. Seizi. KOROLKOVAS. -.783 p. 1937 – Fundamentos de toxicologia / Seizi Oga. 2008. – São Paulo: Atheneu Editora.3. .Bibliografia Oga. 1988. A. J. Tiago Evangelista e Wallace Miranda Depressores . David Krueger. Jaqueline Goralski.UNIC AEROPORTO Daniela Lopes. Renata Amorim. Renata Amorim. David Krueger. : Fabrício Costa Toxicologia .28/10/2015 Sinop – MT Acadêmicos: Daniela Lopes. Tiago Evangelista e Wallace Miranda Depressores Prof. Jaqueline Goralski. UNIC AEROPORTO Farmácia 6º Semestre – Noturno Sinop – MT .
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