Curso de Educação Cristã - Instituto de Teologia Logos

March 26, 2018 | Author: Instituto de Teologia Logos | Category: Calvinism, Catholic Church, Faith, Bishop, Divinity (Academic Discipline)


Comments



Description

EDUCAÇÃO CRISTÃBásico em SUMÁRIO 1 - SOBRE A EDUCAÇÃO TEOLÓGICA....................................................................... 3 2 - INTRODUÇÃO À TEOLOGIA PRÓPRIA .................................................................. 3 2.1. O SER DE DEUS ......................................................................................................4 2.2. OS ATRIBUTOS DE DEUS...........................................................................................5 3 - INTRODUÇÃO À TRINDADE................................................................................. 8 3.1. AS TRÊS PESSOAS DA TRINDADE ................................................................................8 4 - INTRODUÇÃO À HISTÓRIA E DOUTRINA DA IGREJA ........................................... 8 4.1. NOMES BÍBLICOS DA IGREJA......................................................................................8 4.2. A IGREJA ANTES DA REFORMA ...................................................................................9 4.3. A IGREJA NO PERÍODO DA REFORMA......................................................................... 10 4.4. A IGREJA APARTIR DO SÉCULO XVIII ........................................................................ 11 4.5. O GOVERNO DA IGREJA .......................................................................................... 11 4.6. O PODER E A FONTE DO PODER DA IGREJA ................................................................ 12 5 - INTRODUÇÃO AO BATISMO CRISTÃO................................................................ 13 5.1. NO MUNDO GENTÍLICO ........................................................................................... 13 5.2. FOI INSTITUÍDO COM AUTORIDADE DIVINA.................................................................. 14 5.3. A DOUTRINA DO BATISMO NA HISTÓRIA ..................................................................... 14 5.4. O MODO PRÓPRIO DO BATISMO................................................................................ 15 6 - INTRODUÇÃO À CRISTOLOGIA.......................................................................... 15 6.1. RELAÇÃO ENTRE ANTROPOLOGIA E CRISTOLOGIA ........................................................ 15 6.2. DESENVOLVIMENTO DA DOUTRINA DE CRISTO ............................................................ 15 6.3. OS NOMES DE CRISTO............................................................................................ 16 6.4. OS OFÍCIOS DE CRISTO........................................................................................... 18 6.5. O ESTADO DE CRISTO ............................................................................................ 19 7 - INTRODUÇÃO À HARMATIOLOGIA..................................................................... 21 7.1. A ORIGEM DO PECADO ........................................................................................... 21 7.2. A NATUREZA DO PRIMEIRO PECADO OU DA QUEDA DO HOMEM ..................................... 22 7.3. A IDÉIA BÍBLIA DO PECADO ..................................................................................... 22 7.4. O PECADO NA VIDA DA RAÇA HUMANA ...................................................................... 23 7.5. A PUNIÇÃO DO PECADO........................................................................................... 24 7.6. MORTE ESPIRITUAL ................................................................................................ 24 7.7. O QUE É PECADO .................................................................................................. 24 8 - INTRODUÇÃO À ANGELOLOGIA......................................................................... 25 8.1. A EXISTÊNCIA DOS ANJOS ....................................................................................... 25 8.2. ANJOS NA BÍBLIA ................................................................................................... 25 8.3. A CRENÇA UNIVERSAL SOBRE ANJOS........................................................................ 25 8.4. A DOUTRINA DOS ANJOS E A TEOLOGIA SISTEMÁTICA .................................................. 26 8.5. A CRIAÇÃO DOS ANJOS........................................................................................... 27 8.6. A NATUREZA DOS ANJOS......................................................................................... 27 9 - INTRODUÇÃO À SOTERIOLOGIA ....................................................................... 28 9.1. A ORDEM DA SALVAÇÃO (ORDO SALUTIS) .................................................................. 28 10 - INTRODUÇÃO À HERMENÊUTICA .................................................................. 33 11 - A HERMENÊUTICA E A EXEGESE .................................................................. 33 11.1. INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS ............................................................................ 34 11.2. VISÃO PANORÂMICA DA HISTÓRIA ............................................................................. 34 INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 2 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 11.3. ANÁLISE HISTÓRICO-CULTURAL E CONTEXTUAL. ......................................................... 35 11.4. ANÁLISE LÉXICO-SINTÁTICA..................................................................................... 36 11.5. SIGNIFICADOS DAS PALAVRAS .................................................................................. 36 11.6. ANÁLISE TEOLÓGICA .............................................................................................. 37 11.7. TEORIA DISPENSACIONAL ........................................................................................ 37 11.8. TEORIA LUTERANA ................................................................................................. 38 11.9. TEORIA DAS ALIANÇAS ............................................................................................ 38 11.10. INTRODUÇÃO À HERMENÊUTICA ESPECIAL.............................................................. 39 11.11. TIPOLOGIA BÍBLICA............................................................................................. 39 11.12. CLASSIFICAÇÕES DOS TIPOS ................................................................................ 40 11.13. PROFECIA ......................................................................................................... 41 11.14. LITERATURA APOCALÍPTICA .................................................................................. 41 12 - INTRODUÇÃO À HOMILÉTICA........................................................................41 12.1. A PREPARAÇÃO ESPIRITUAL ..................................................................................... 42 12.2. O ESTUDO DA BÍBLIA ............................................................................................. 42 12.3. A TAREFA DO MINISTRO.......................................................................................... 42 12.4. O PREPARO DA MENSAGEM..................................................................................... 43 12.5. SERMÃO............................................................................................................... 43 12.6. CLASSIFICAÇÃO DOS SERMÕES ................................................................................ 46 12.7. ILUSTRAÇÕES........................................................................................................ 47 12.8. CONSELHOS PRÁTICOS NO PREPARO DA MENSAGEM.................................................... 48 13 - INTRODUÇÃO À ESCATOLOGIA......................................................................48 13.1. O ARREBATAMENTO DA IGREJA (LC 21:34-36; JO 14:3; MT 25:1-6) ............................ 48 13.2. AS BODAS DO CORDEIRO........................................................................................ 49 13.3. A GRANDE TRIBULAÇÃO.......................................................................................... 49 13.4. A VOLTA DE JESUS À TERRA.................................................................................... 50 13.5. O JULGAMENTO DAS NAÇÕES (MT 25:31 - 34,41,46). ................................................ 50 13.6. O MILÊNIO ........................................................................................................... 50 13.7. O JUÍZO DO GRANDE TRONO BRANCO (AP 20:11-15).................................................. 51 13.8. O ESTADO ETERNO................................................................................................ 52 INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 3 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 1 - SOBRE A EDUCAÇÃO TEOLÓGICA Estamos vivendo tempos de fome espiritual, onde heresias têm procurado se instalar no seio da Igreja; Deus levantou o projeto para um grande avivamento espiritual. Não basta apenas termos talentos naturais ou compreensão das conseqüências das crises que o mundo atravessa. Precisamos exercer influências com nosso testemunho perante os que dispomos a ensinar a Palavra de Deus. É muito importante porque nos dará ampla visão da teologia Divina, atrairá futuros líderes ao aprendizado e criará um ambiente mais espiritual na nossa Igreja (Koinonia). Aprendizados errados geram desastres e resistência à Obra de Deus. Somente o correto de forma correta leva ao sucesso, na consciência e submissão ao Espírito Santo que rege a igreja. Temos que combinar estratégias de ensino com o caráter revelado em nossas vidas; devemos incentivar a confiança dos alunos na Escritura, com coerência e potencial. Temos capacidade, em Deus, de mudarmos o mundo, começando do mundo interior das consciências humanas dos alunos, que se tornarão futuros evangelizadores capacitados na Bíblia. Tome esta certa decisão: Estude, antes, o material, reúna seus alunos, apresente os planos de aula, dê um tempo para refletirem, divulgue a doutrina, em conjunto, como facilitador do processo educacional, tranqüilize e encoraje os outros a fazerem parte de novas turmas. Não preguemos a verdade para ferirmos os outros ou para destruir, mas para ajudar e corrigir as almas, com amor, esperando que Deus lhes conceda o entendimento do Reino dos Céus. Como facilitador da visão de ensino, conheça os quatro pilares da Educação: 1. Aprender a Conhecer: Tenha a humildade de saber que não sabes tudo; Seja competente, compreensivo, útil, atento, memorizador e informe o assunto de forma contextualizada com a realidade atual. 2. Aprender a fazer: Seja Preparado para ministrar as aulas, conhecendo a matéria previamente, estimulando a criatividade dos alunos, preparando- os para a tarefa determinada de Jesus de serem discípulos. 3. Aprender a Viver juntos: Estimule a descoberta mútua entre os alunos da Palavra de Deus, em forma de solidariedade, cooperativismo, promovendo auto-conhecimento e auto-estima entre os alunos, na solidariedade da compreensão mútua; o objetivo do curso não é apenas ter conhecimento, mas “ser cristão”. 4. Aprender a Ser: Resgate a visão holística (completa) e integral dos alunos, preparando-os para integrarem corpo, alma e espírito com sensibilidade, ética, responsabilidade social e espiritualidade, formando juízo de valores, levando-os a aprenderem a decidirem por si mesmos, com a ajuda do Espírito Santo. Lembrem-se de que a primeira impressão é a que fica marcada na consciência. Temos que ser perceptivos, hábeis para lidar com as dúvidas, sem agressões, procurando soluções com base bíblicas sem fundamentalismo de usar textos sem contextos por pretextos de posicionamentos individuais. Estimule os alunos, com liberdade de pensamento para terem respostas. Tome comum a mensagem, filtrando os resultados no bom-senso. Seja amável, compreensivo, sincero, sem ter uma visão exclusivista do seu ponto de vista, em detrimento da Palavra de Deus, que sempre é o referencial. 2 - INTRODUÇÃO À TEOLOGIA PRÓPRIA As obras de dogmática ou de Teologia Sistemática geralmente começam com a Doutrina de Deus. Há boas razões para começar com a Doutrina de Deus, se partirmos da admissão de que a Teologia é o conhecimento sistematizado de Deus de quem, por meio de quem, e para quem são todas as coisas. Em vez de surpreender-nos de que a dogmática INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 4 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] começa a Doutrina de Deus, bem poderíamos esperar que fosse completamente um estudo de Deus, em todas as suas ramificações do começo ao fim. Iniciamos o estudo de Teologia com duas pressuposições, a saber: 1. Que Deus existe. 2. Que Ele se revelou em Sua Palavra Divina. Para nós a existência de Deus é a grande pressuposição da Teologia, pois não há sentido em falar-se do conhecimento de Deus, senão se admite que Deus existe. Embora a verdade da existência de Deus seja aceita pela fé, esta fé se baseia numa informação confiável. O Cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé. Mas esta fé não é uma fé cega, mas fé baseada em provas, e as provas se acham, primariamente, na Escritura como a Palavra de Deus inspirada, e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza. Nesse sentido a Bíblia não prova a existência de Deus. O que mais se aproxima de uma declaração talvez seja o que lemos em Hebreus 11:6: A Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração inicial: “No principio criou Deus os céus e a Terra”. Vê-se Deus em quase todas as páginas da Escritura Sagrada em que Ele se revela em palavras e atos. Esta revelação de Deus constitui a base da nossa fé na existência de Deus, e a torna uma fé inteiramente razoável. Deve-se, notar, que é somente pela fé que aceitamos a revelação de Deus e que obtemos uma real compreensão do seu conteúdo. Disse Jesus, Se alguém quiser fazer a vontade dele conhecer· a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo (Jô 7:17). É estes conhecimentos intensivos, resultantes da intima comunhão com Deus, que Oséias tem em mente quando diz: “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Oséias 6:3). O incrédulo não tem nenhuma real compreensão da Palavra de Deus. As Palavras de Paulo são muito pertinentes nesta conexão: Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem, pela loucura da pregação (1 Co 1:20,21). 2.1. O Ser de Deus Relação do Ser e dos Atributos de Deus. O Ser de Deus. É evidente que o Ser de Deus não admite nenhuma definição cientifica. Uma definição Genético-sintética assim, não se pode dar de Deus, visto que Deus não é um dentre várias espécies de deuses, que pudesse ser classificado sob um gênero único. No máximo, só é possível uma definição analítico-descritiva. Esta simplesmente menciona as características de uma pessoa ou coisa, mas deixa sem explicação o ser essencial. E mesmo uma definição dessas não pode ser completa, mas apenas parcial, porque é impossível dar uma descrição de Deus positiva exaustiva. (Como oposta a uma negativa). A Bíblia nunca opera com um conceito abstrato de Deus, mas sempre O descreve como o Deus vivente, que entra em várias relações com as suas criaturas, relações que indicam vários atributos diferentes. Sua essência em (Pv 8:14), a natureza de Deus em (2 Pe 1:4). Outra passagem repetidamente citada como contendo uma indicação da essência de Deus, e como a que mais se aproxima de uma definição na Bíblia é João 4:2: Deus é espírito, e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. O ser de Deus é caracterizado por profundidade, plenitude, variedade, e uma glória que excede nossa compreensão e a Bíblia apresentam isto como um todo glorioso e harmonioso, sem nenhuma contradição inerente. E esta plenitude de Deus acha expressão nas perfeições de Deus, e não doutra maneira. Da simplicidade de Deus segue-se que Deus e Seus atributos são um. Comumente se dizem que os atributos de Deus são o próprio Deus, como Ele se revelou a nós. Os escolásticos acentuavam o fato de que Deus é tudo quanto Ele tem. Ele tem vida, luz, sabedoria, amor e justiça, e se pode dizer com base na Escritura que Ele é vida, luz, sabedoria, amor e justiça. Os escolásticos afirmavam ademais, que toda a essência de Deus é idêntica a cada um INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 5 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] dos atributos, de modo que o conhecimento de Deus, é Deus, a vontade de Deus, é Deus, e assim por diante. Alguns deles chegaram mesmo a dizer que cada atributo é idêntico a cada um dos demais atributos, e que não existem distinções lógicas em Deus. 2.2. Os Atributos de Deus 1. Atributos Incomunicáveis Salientam o Ser absoluto de Deus. Considerando absoluto como aquilo que é livre de todas as condições (ou Incondicionado ou Auto-existente), de todas as relações (o Irrelacionado), de todas as imperfeições (o Perfeito), ou livre de todas as diferenças ou distinções fenomenológicas, como matéria e espírito, ser e atributos, sujeito e objeto, aparência e realidade (O real, a realidade última). A. A existência Autônoma de Deus como o Ser auto-existente e independente que Deus pode dar a certeza de que permanecer· eternamente o mesmo, com relação ao seu povo. Encontram-se indicações adicionais disso na afirmação presente em (Jo 5:26). Na declaração de que ele é independente de todas as coisas e que todas as coisas só existem por meio dele (Sl 94:8s.; Is 40:18 s.; At 7:25) e nas afirmações que implicam que Ele é independente em seu pensamento (Rm 11:33,34) em sua vontade (Dn 4:35 ; Rm 9:19; Ef 1:5 ; Ap 4:11) em seu poder (Sl 115:3, e em seu conselho (Sl 33:11). B. A Imutabilidade de Deus. Em virtude deste atributo, Ele é exaltado acima de tudo quanto há, e é imune de todo acréscimo ou diminuição e de todo desenvolvimento ou diminuição e de todo desenvolvimento ou decadência em seu ser e em suas perfeições. A imutabilidade de Deus é claramente ensinada em passagens da Escritura como (Ex 3:14; Sl 102:26-28; Is 41:4; 48:12; Ml 3:6; Rm 1:23; Hb 1:11,12; Tg 1:17). C. A infinidade de Deus. 1. Sua perfeição absoluta - O poder infinito não é um quantum absoluto, mas, sim, um potencial inexaurível de energia, e a santidade infinita não é um quantum ilimitado de santidade, mas, sim, uma santidade qualitativamente livre de toda limitação ou defeito. A prova bíblica disto acha-se em (Jó 11:7-10; Sl 145:3; Mt 5:48). 2. Sua eternidade - A infinidade de Deus em relação ao tempo é denominada eternidade A forma em que a Bíblia apresenta a eternidade de Deus está nas passagens bíblicas de (Sl 90:2; 102:12; Ef 3:21). 3. Sua imensidade - A infinidade de Deus também pode ser vista com referência ao espaço, sendo, então, denominada imensidade. Em certo sentido, os termos imensidade e onipresença, como são aplicados a Deus, denotam a mesma coisa e, portanto, podem ser considerados sinônimos. A onipresença de Deus é revelada claramente na Escritura (1 Rs 8:27; Is 66:1; At 7:48,49; Sl 139:7-10; Jr 3:23,24; At 17:27,28). D. A unidade de Deus. 1. Unitas Singularitatis - este atributo salienta a unidade e a unicidade de Deus, o fato de que Ele é numericamente um e que, como tal, Ele é único. Provas bíblicas comprovam com passagens de texto em (1 Rs 8:60 ; 1 Co 8:6 ;1 Tm 2:5). Outras passagens salientam, não a unidade, mas a sua unicidade (Dt 6:4, Zc 14:9, x INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 6 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 15:11). 2. Unitas Simplicitatis - quando falamos da simplicidade de Deus, empregamos o termo para descrever o estado ou qualidade que consiste em ser simples, a condição de estar livre de divisão em partes e, portanto, de composição. A perfeição agora em foco expressa a unidade interior e qualitativa do ser divino. A escritura não a afirma explicitamente, mas ela está implícita onde a Bíblia fala de Deus como justiça, verdade, sabedoria, luz, vida, amor, etc. E, assim, indica que cada uma destas propriedades, devido a sua perfeição absoluta, é idêntica ao seu ser. 2. Atributos Comunicáveis. Através dos atributos comunicáveis Deus se relaciona com seres morais, conscientes, inteligentes e livres, como um Ser pessoal, normal e elevado. A. A Espiritualidade de Deus. A Bíblia não nos dá uma definição de Deus. O que mais se aproxima disso é a palavra dita por Jesus á mulher samaritana: Deus é espírito (Jo 4:24). Trata-se, ao menos, de uma declaração que visa dizer-nos numa única palavra o que Deus é. A idéia de espiritualidade exclui necessariamente a atribuição de qualquer coisa semelhante a corporalidade a Deus e, assim condena as fantasias de alguns dos antigos gnósticos e dos místicos medievais, e de todos os sectários dos nossos dias que atribuem o corpo a Deus. Atribuindo espiritualidade a Deus, podemos afirmar que Ele não tem nenhuma das propriedades pertencentes á matéria, e que os sentidos corporais não O podem discernir. Paulo fala dele como o Rei eterno, imortal, invisível (1 Tm 1:17), e como o Rei dos reis e Senhor dos senhores; o único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver. A Ele honra e poder eterno. Amém. (1 Tm 6:15,16). 3. Atributos Intelectuais. A. O Conhecimento de Deus. Pode-se definir o conhecimento de Deus como a perfeição de Deus pela qual Ele, de maneira inteiramente única, conhece-se a Si próprio e a todas as coisas possíveis e reais num só ato eterno e simples. A Bíblia atesta abundantemente o conhecimento, como por exemplo, em (1 Sm 2:3 ; Jó 12:13 ; Sl 94:9 ; 147:4 ; Is 29:15 ; 40:27,28). B. Sua Natureza. O conhecimento caracterizado por perfeição absoluta; inato e imediato, e não resulta de observação ou de um processo de raciocínio. O conhecimento que Deus tem de Si mesmo e de todas as coisas possíveis, um conhecimento que repousa na consciência de Sua onipotência. Chamado necessário porque não é determinado por uma ação da vontade divina. Também é conhecido como conhecimento de simples inteligência, em vista do fato de que é pura e simplesmente um ato do intelecto divino, sem nenhuma ação concomitante da vontade divina. O livre conhecimento de Deus, é aquele que ele tem de todas as coisas reais, isto é, das coisas que existiram no passado, que existem no presente ou que existirão no futuro. Fundamenta-se no conhecimento infinito que Deus tem do seu propósito eterno, totalmente abrangente e imutável e é chamado livre conhecimento porque é determinado por um ato concomitante da vontade. C. Sua Extensão. O conhecimento de Deus não é perfeito somente em sua natureza, mas também em sua abrangência. É chamada onisciência, porque é absolutamente compreensivo. Diversas passagens da Escritura ensinam claramente a onisciência de Deus. Ele é perfeito em conhecimento, (Jó 37:16), não olha para a aparência exterior, mas para o coração (1 Sm 16:7 ; 1 Cr 28:9,17 ; Sl 139:1-4; Jr 17:10), observa os caminhos dos homens (Dt 2:7 ; Jô 23:10; 24:23; 31:4 ; Sl 1:6; 119 :168), conhece o lugar da sua habitação (Sl 33:13) e os dias da sua vida (Sl 37:18). A escritura ensina a presciência divina de eventos contingentes (1 Sm 23:10-13 ; 2Rs 13:19 ; Sl 81:14,15; Is 42:9; 48:18; Jr 2:2,3;38:17-20: Ez 3:6 ; Mt 11:21). A Sabedoria de Deus. Pode-se considerar a sabedoria de Deus como um aspecto do Seu conhecimento. O conhecimento é adquirido pelo estudo, mas a sabedoria resulta de INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 7 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] uma compreensão intuitiva das coisas. A Escritura refere-se à sabedoria de Deus em muitas passagens, e até a apresenta como personificada em Provérbios 8. Vê-se esta sabedoria particularmente na criação (Sl 19: 1-7 ; 104 : 1-34), na providência (Sl 33:10,11; Rm 8:28) e na redenção (Rm 11:33; 1 Co 2:7 ; Ef 3:10). D. A veracidade de Deus. Quando se diz que Deus é a verdade, esta deve ser entendida, em seu sentido mais abrangente. Primeiramente Ele é a verdade num sentido metafísico, isto é, nEle a idéia da Divindade se concretiza perfeitamente; Ele é tudo que como Deus deveria ser e, como tal, distingui-se de todos os deuses, os quais são chamados ídolos, nulidades e mentiras (Sl 96:5; 97:7; 115:4-8; Is 44: 9,10). Ele é também a verdade num sentido Ético e, com tal, revela-se como realmente é, de modo que a sua revelação é absolutamente confiável (Nm 23:19; Rm 3:4; Hb6:18). Finalmente, Ele é também a verdade num sentido lógico e, em virtude disto, conhece as coisas como realmente são, e constitui de tal modo a mente do homem que este pode conhecer, não apenas a aparência, mas também a realidade das coisas. A Escritura é muito enfática em suas referências a Deus como a verdade (Ex 34:6; Nm 23:19; Dt 32:4; Sl 25:10; 31:6; Is 65:16; Jr 10:8,10,11; Jo 14:6; 17:3; Tt 1:2; Hb 6:18; 1 Jo 5:20,21). 4. Atributos Morais. A. A Bondade de Deus. (Mc10:18; Lc 18:18,19; Sl 36:9; Sl 145:9,15,16; Sl 36:6; 104:21; Mt 5:45; 6:26; Lc 6:35; At 14:17). B. O Amor de Deus. (Jo 3:16; Mt 5:44,45; Jó 16:27; Rm 5:8; 1 Jo 3:1). C. A Graça de Deus. Segundo a Escritura, é manifestada não só por Deus, mas também pelos homens, caso em que denota o favor de um homem a outro (Gn 33:8,10,18; 39:4;47:25; Rt 2:2; 1 Sm 1:18; 16:22). (Lemos em Ef1:6,7; 2:7-9; Tt 2:11; 3:4-7; Is 26:10; Jr 16:13; Rm 3:24; 2 Co 8:9; At 14:3; At 18:27; Ef 2:8; Rm3:24; 4:16; Tt 3:7; Jo 1:16; 2 Co 8:9; 2 Ts 2:16; Ef 2:8 e Tt 2:11). D. A Misericórdia de Deus. Pode se definir a misericórdia divina como a bondade ou amor de Deus é mostrado para com os que se acham na miséria ou na desgraça, independentemente dos seus méritos. (Dt 5:10; Sl 57:10; 86:5; 1 Cr 16:34; 2 Cr 7:6; Sl 136; Ed 3:11; 1 Tm 1:2; 2 Tm 1:1; Tt 1:4; Dt 7:9; Sl 86:5; Lc 1:50; Sl 145:9; Ez 18:23,32; 33:11; Lc 6:35,36). E. A Santidade de Deus. Sua idéia fundamental é a de uma posição ou relação existente entre Deus e uma pessoa ou coisa.(EX 15:11 ; 1 Sm 2:2 ; Is 57:15 ; Os 11:9 ; JÛ 34:10 ; At 3:14 ; Jo 17:11 ; 1Pe 1:16 ; Ap 4:8 ; 6:10). F. A Justiça de Deus. A idéia fundamental de Justiça é a de estrito apego à lei. Geralmente se faz distinção entre a justiça absoluta de Deus e a relativa. Aquela é a retidão da natureza divina, em virtude da qual Deus é infinitamente reto em Si mesmo, enquanto que esta é a perfeição de Deus pela qual Ele se mantém contra toda violação da Sua Santidade e mostra, em tudo e por tudo, que Ele é o Santo. (Ed 9:15; Sl 119:137; 145:137; 145:17; Jr 12:1; Dn 9:14; Jo 17:25; 2 Tm 4:8; 1 Jo 2:29; 3:7; Ap 16:5; Dt4:8; Is 3:10,11; Rm 2:6; 1 Pe 1:17; Dt 7:9,12,13; 2 Cr 6:15; Sl 58:11; Mq 7:20; Mt 25;21,34; Rm 2:7; Hb 11:26; Lc 17:10; 1 Co 4:7; Rm 1:32; 2:9; 12:19; 2 Ts 1:8; Lc 17:10,1; 1 Co 4:7; Jó 41:11). 5. Atributos de Soberania. A soberania de Deus recebe forte ênfase na Escritura. Ele é apresentado como o Criador, e Sua vontade como a causa de todas as coisas. Em virtude de sua obra criadora, o céu, a terra e tudo o que eles contêm lhe pertencem. Ele está revestido de autoridade absoluta sobre as hostes celestiais e sobre os moradores da terra. (As provas bíblicas da soberania de Deus são abundantes, mas nos limitaremos a referirmos a algumas das passagens mais significativas: Cr 20:6; Ne 9:6; Sl 22:28; 47:2,3,7,8; Sl 50:10-12; 95:3-5; 115:3; 135:5,6; 145:11-13; Jr 27:5; Lc 1:53; At 17:24-26; Ap 19:6). INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 8 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 3 - INTRODUÇÃO À TRINDADE A palavra Trindade não é tão expressiva como a palavra holandesa Drieenheid, pois pode simplesmente denotar o estado tríplice (ser três), sem qualquer implicação quanto à unidade dos três. Geralmente se entende, porém, que, como, termo técnico na Teologia, inclua essa idéia. Mesmo porque, quando falamos da Trindade de Deus, nos referimos a uma trindade em unidade, e a uma unidade que é trina. 3.1. As Três Pessoas da Trindade A. O Pai, ou a Primeira Pessoa da Trindade. Nome Pai em sua aplicação a Deus. (1 Co 8:6; Ef 3:15; Hb 12:9; Tg 1:17; Dt32:6; Is 63:16; 64:8; Jr 3:4; Ml 1:6; 2:10; Mt 5:45; 6:6-15; Rm 8:16; 1 Jo 3:1; Jo 1:14,18; 5:17-26; 8:54; 14:12,13). A primeira pessoa é o Pai da Segunda num sentido metafísico. Esta é a paternidade originária de Deus, da qual toda paternidade terrena é apenas um pálido reflexo. B. O Filho, ou a Segunda Pessoa da Trindade. O Nome Filho em sua aplicação à Segunda pessoa. Á Segunda pessoa da trindade é chamado Filho ou Filho de Deus em mais de um sentido do termo. (Jó 1:14,18; 3:16,18; Gl 4:4; 2 Sm 7:14; Sl 2:7; Lc 3:38; Jo 1:12; Jo 5:18-25; Hb 1; Mt 6:9; 7:21; Jo 20:17; Mt 11:27; MT 26:63; Jo 10:36; Mt 8:29; 26:63; 27:40; Jo 1:49; 11:27; 2 Co 11:31; Ef 1:3; Jo 17:3; 1 Co 8:6; Ef 4:5,6; Lc 1:32,35; Jo 1:13; Cl 1:15; Hb 1:6; Jo 1:1-14; 1 Jo 1:1-3; 2 Co 4:4; Hb 1:3; 3:16,18; 1 Jo 4:9; Mq 5:2; Jo 1:14,18; 3:16; 5:17,18,30,36; At 13:33; Jo 17:5; Cl 1:16; Hb 1:3; At 13:33; Hb 1:5; 2 Sm 7:14; Jo 5:26; Jo 1:3,10; Hb 1:2,3; Jo 1:9; Sl 40:7,8; Ef 1:3-14). C. O Espírito Santo, ou a Terceira Pessoa da Trindade. O nome aplicado à terceira pessoa da trindade. (Jo:4:24; Gn 2:7; 6:17; Ez 37:5,6; Gn 8:1; 1 Rs 19:11; Jo 3:8; Sl 51:11; Is 63:10,11; Sl 71:22; 89:18; Is 10:20; 41:14; 43:3; 48:17; Jo 14:26; 16:7-11; Rm 8:26; Jo 16:14; Ef 1:14; Jo 15:26; 16:7; 1 Jo 1:1; Jo 14:16-18; Rm 8:16; At 16:7; 1 Co 12:11; Is 63:10; Ef 4:30; Gn 1:2; 6:3; Lc 12:12; Jo 15:26; 16:8; At 8:29; 13:2; Rm 8:11; 1 Co 2:10,11; Lc 1:35; 4:14; At 10:38; Rm 15:13; 1 Co 2:4. A relação do Espírito Santo com as outras pessoas da trindade, são controvérsias trinitárias que levaram a conclusão de que o Espírito Santo, como o Filho, é da mesma essência do Pai e, portanto, é consubstancial com Ele. E a longa discussão acerca da questão: se o Espírito Santo procedeu somente do Pai ou também do Filho, foi firmada finalmente pelo Sínodo de Toledo em 589, pelo acréscimo da palavra Filioque (e do Filho) à versão latina do Credo de Constantinopla: Credimus in Spiritum Sanctum que a Patre Filio que procedidit (Cremos no Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho). 4 - INTRODUÇÃO À HISTÓRIA E DOUTRINA DA IGREJA 4.1. Nomes Bíblicos da Igreja A. No Velho Testamento. O Velho Testamento emprega duas palavras para designar a igreja, a saber, qahal (ou kahal), derivada de uma raiz, qal (oukal) obsoleta, significando “chamar” e edhah (de ya’dah), “indicar; ou encontrar-se; ou reunir-se num lugar indicado”. Conseqüentemente, vemos ocasionalmente a expressão qehal edhah, isto é, a “assembléia da congregação” (Ex 12:6; Nm 14:5; Jr 26:17). Vê-se que, às vezes, a reunião realizada era uma reunião de representantes do povo (Dt 4:10;18:6 compare 5:22,23; 1 Rs 8:1,2,3,5; 2 Cr 5:2-6). Synagoge é a versão usual, quase universal, de “edhah” na Setuaginta, e é também a versão usual de, qahal no Pentateuco. Nos últimos livros da Bíblia (Velho testamento), porém, qahal é geralmente traduzida por ekklesia. Schuerer afirma que o judaísmo mais recente já indicava a distinção entre “synagoge” como designativo da congregação de Israel como uma realidade empírica, e “ekklesia” como o nome da mesma congregação considerada idealmente. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 9 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] B. No Novo Testamento. O Novo Testamento também tem duas palavras, derivadas da Setuaginta, quais sejam, ekklesia, de “ek” e “Kaleo”, “chamar para fora, convocar”, e synagoge, de “syn” e “ago”, significando “reunir-se ou reunir”. Synagoge é pregada exclusivamente para denotar, quer as reuniões religiosas dos judeus, quer os edifícios em que eles se reuniam par o culto público, (Mt 4:23; At 13:43; Ap 2:9; 3:9). O termo Ekklesia, porém, geralmente designa a igreja neotestamentária, embora nuns poucos lugares denote “assembléias civis comuns” (At 19:32,39,4l). No Novo Testamento, Jesus foi o primeiro a fazer uso da palavra, e Ele a aplicou ao grupo dos que se reuniram em torno dele (Mt 16:18), reconheceram-no publicamente como seu Senhor e aceitaram os princípios do reino de Deus. Mais tarde, como resultado da expansão da igreja, a palavra adquiriu várias significações. Igrejas foram estabelecidas em toda parte; e eram também chamadas Ekklesiai, desde que eram manifestações da Igreja Universal de Cristo. Com muita freqüência a palavra ekklesia designa um circulo de crentes de alguma localidade definida, uma igreja local, independentemente da questão se esses crentes estão reunidos para o culto ou não. Algumas passagens apresentam a idéia de que se acham reunidos (At 5:11; 11:26; 1 Co 11:18; 14:19,28,35) enquanto que outras não (Rm 16:4; 1Co 16:1; Gl 1:2; 1 Ts 2:14). Nalguns casos, a palavra denota o que se pode denominar “ekklesia doméstica”, ou “igreja na casa de alguma pessoa”. Ao que parece, nos tempos apostólicos, pessoas importantes por sua riqueza ou por outras razões separavam em seus lares um amplo cômodo para o serviço divino. Acham-se exemplos deste uso da palavra em (Rm 6:23; 1Co 16:19; Cl 4:15; Fm 2). Finalmente, em seu sentido mais compreensivo, a palavra se refere a todo o corpo de fiéis, quer no céu, quer na terra, que se uniram ou se unirão a Cristo como seu Salvador. Este uso da palavra acha-se principalmente nas cartas de Paulo aos Efésios e aos Colossenses, mais freqüentemente na primeira destas (Ef 1:22; 3:10,21; 5:23-25,27,32; Cl 1:18,24). 4.2. A Igreja Antes da Reforma A. No Período Patrístico. Pelos chamados pais apostólicos e pelos apologetas a igreja é geralmente apresentada como a Communio Sanctorum, o povo de Deus que Ele escolheu por possessão. Não se viu logo a necessidade de fazer distinções. Mas já na Segunda parte do século II houve uma mudança perceptível. O surgimento de heresias tornou imperativa a enumeração de algumas características pelas quais se conhecesse a verdadeira igreja católica. Isso teve a tendência de fixar a atenção na manifestação externa da igreja. Começou-se a conceber a igreja como uma instituição externa governada por um bispo como sucessor direto dos apóstolos e possuidor da tradição verdadeira. A catolicidade da igreja recebeu forte Ênfase. As Igrejas locais não eram consideradas como unidades separadas, mas simplesmente como partes componentes da igreja universal, una e única. O mundanismo e a corrupção crescentes nas Igrejas foram levando aos poucos a uma reação e deram surgimento à tendência em várias seitas, como o Montanismo em meados do segundo século, o Novacianismo nos meados do terceiro e o Donatismo no início do quarto, de fazer da santidade dos seus membros a marca da igreja verdadeira. Os pais primitivos da igreja, assim chamados, ao combaterem esses sectários, davam ênfase cada vez maior à instituição episcopal da igreja. Cabe a Cipriano a distinção de ser o primeiro a desenvolver plenamente a doutrina da igreja em sua estrutura episcopal. Ele considerava os bispos como reais sucessores dos apóstolos e lhes atribuía caráter sacerdotal em virtude da sua obra sacrificial. Juntos os bispos formavam um colégio, chamado episcopado, que, como tal, constituía a unidade da igreja. Assim, a unidade da Igreja estava baseada na unidade dos bispos. Os que não se sujeitavam ao bispo perdiam o direito à comunhão da igreja e também à salvação, desde que não há salvação fora da igreja. Agostinho não foi totalmente coerente em sua concepção da igreja. Foi sua luta com os donatistas que o compeliu a refletir mais profundamente sobre a natureza da igreja. De um lado, ele se mostra Predestinacionista que concebe a igreja como “a companhia dos eleitos”, a Communio Sanctorum, que têm o Espírito de Deus e, portanto, são caracterizados pelo amor verdadeiro. O importante é ser membro vivo da igreja assim concebida, e não apenas INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 10 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] pertencer a ela num sentido meramente externo. Mas, de outro lado, ele é o homem de igreja, que adere à idéia da igreja defendida por Cipriano ao menos em seus aspectos gerais. A igreja verdadeira é a igreja católica, na qual a autoridade apostólica tem continuidade mediante a sucessão episcopal. É depositária da graça divina, que ela distribui por meio dos sacramentos. Esta igreja é, de fato, um corpo misto, no qual têm lugar membros bons e maus. Em seu debate com os donatistas, porem, Agostinho admitia que aqueles e estes não estavam na igreja no mesmo sentido. Ele preparou também o caminho para a identificação católica romana da igreja com o reino de Deus. B. Na Idade Média. Os Escolásticos não tinham muito que dizer acerca da igreja. O sistema de doutrina desenvolvido por Cipriano e Agostinho estava completo, e precisava apenas de uns pequenos re-toques de acabamento para chegar ao seu desenvolvimento final. Hugo de S. Victor fala da igreja e do estado como os dois poderes instituídos por Deus para governarem o povo. Ambos são de constituição monárquica, mas a igreja é o poder superior, porque ministra a salvação dos homens, ao passo que o Estado só providencia o seu bem-estar temporal. O rei ou imperador é o chefe do estado, mas o papa é o chefe da igreja. Há duas classes de pessoas na igreja, com direitos e deveres bem definidos: Os clérigos dedicados ao serviço de Deus, que constituem uma unidade. Os leigos, que consistem de pessoas de todas as esferas da vida e que constituem uma classe totalmente separada. Passo a passo a doutrina do papado foi-se desenvolvendo, até que, por fim, o papa se tornou virtualmente um monarca absoluto. O crescimento desta doutrina foi auxiliado, em não pequena medida, pelo desenvolvimento da idéia de que a igreja católica era o reino de Deus na terra, e, portanto, o bispado romano era um reino terreno. Esta identificação da igreja visível e organizada como o reino de Deus teve conseqüência de longo alcance: Exigia que tudo fosse colocado debaixo do poder da igreja: o lar e a escola, as ciências e as artes, o comércio e a indústria, e tudo mais. Envolvia a idéia de que todas as bênçãos da salvação chegam ao homem unicamente por meio das ordenanças da igreja, em particular, mediante os sacramentos. Levou á gradual secularização da Igreja, visto que esta começou a dar mais atenção à política do que à salvação dos pecados e, finalmente, os papas reivindicaram domínio sobre os governantes seculares também. 4.3. A Igreja no Período da Reforma Os reformadores romperam com a concepção católica romana da igreja, mas tiveram diferenças entre si nalgumas particularidades. A idéia de uma igreja infalível e hierárquica, e de um sacerdócio especial que dispensa a salvação por intermédio dos sacramentos, não teve o apoio de Lutero. Ele considerava a igreja como a comunhão espiritual daqueles que crêem em Cristo, e restabeleceram a idéia escriturística do sacerdócio de todos os crentes (1 Pe 2.9). Ele defendia a unidade da igreja, mas distinguia dois aspectos dela, um visível e outro invisível. Ele teve o cuidado de assinalar que não existem duas igrejas, mas simplesmente dois aspectos da mesma igreja. A igreja invisível torna-se visível não pelo governo de bispos e cardeais, nem na chefia do papa, mas pela pura administração da Palavra e dos sacramentos. Lutero admitia que a Igreja visível sempre conterá uma mistura de membros fiéis e ímpios. Contudo, em sua reação contra a idéia católica romana do domínio da Igreja sobre o estado, ele foi ao outro extremo e virtualmente sujeitou a igreja ao estado em tudo, menos na pregação da Palavra. Os anabatistas não ficaram satisfeitos com a posição de Lutero e insistiam numa igreja só de crentes. Em muitos casos, eles zombavam da igreja visível e dos meios de graça. Além disso, exigiam completa separação de igreja e estado. Calvino e os Teólogos reformados estavam de acordo com Lutero quanto á confissão de que a Igreja é essencialmente uma Communio Sanctorum, uma “comunhão de santos”. Todavia, eles não procuravam, como os luteranos, a unidade e a santidade da Igreja primariamente nas ordenanças objetivas da igreja, tais como os ofícios, a Palavra e os sacramentos, mas, sobretudo na comunhão subjetiva dos crentes. Ademais, encontravam as verdadeiras marcas da igreja, não somente na correta administração da Palavra e dos Sacramentos, mas também na fiel administração da disciplina na igreja. Mas, até mesmo INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 11 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Calvino e os Teólogos reformados do século XVII fomentaram, em certa medida, a idéia da sujeição da igreja do estado. Contudo estabeleceram uma forma de governo da igreja que propiciava maior grau de independência e poder eclesiásticos que o que se conhecia na Igreja Luterana. Mas, enquanto que tanto os teólogos luteranos como os reformados (calvinistas) procuravam manter a relação apropriada entre a igreja visível e a invisível, outros perderam isto de vista. Os socinianos e os arminianos do século dezessete, embora na verdade falassem de uma igreja invisível, esqueceram tudo que diz respeito à vida real. Os primeiros concebiam a religião Cristã simplesmente como uma doutrina aceitável e os últimos faziam da igreja primariamente uma sociedade visível e seguiam a igreja luterana no sentido de entregarem ao estado o direito de ministrar a disciplina, e de reterem para a igreja somente o direito de pregar o Evangelho e admoestar os membros da igreja. Por outro lado, os abadistas e os pietistas manifestaram a tendência de desconsiderar a igreja visível, procurando uma igreja só de crentes, mostrando-se indiferentes para com a igreja institucional com sua mescla de bons e maus e buscando santificação nos conventículos. 4.4. A Igreja Apartir do Século XVIII Durante o século XVIII o racionalismo também fez sentir sua influência sobre a doutrina da igreja. Era indiferente em matéria de fé e não tinha entusiasmo pela igreja, que ele colocou á par com outras sociedades humanas. Até negava que Cristo tivesse a intenção de fundar uma igreja no sentido geralmente aceito da palavra. Houve uma reação pietista ao racionalismo no metodismo, mas o metodismo em nada contribuiu para o desenvolvimento da doutrina da igreja. Nalguns casos, ele procurou força na repreensão lançada às igrejas existentes, e noutros, adaptou-se à vida destas igrejas. Para Schleiermacher, a igreja era essencialmente a comunidade cristã, o corpo dos crentes animados pelo mesmo espírito. Ele via pouca utilidade na distinção entre a igreja visível e a invisível, e via a essência da igreja no espírito de companheirismo cristão. Quanto mais o Espírito de Deus penetrar a totalidade dos crentes cristãos, menos divisões haverá, e mais perderão elas a sua importância. Ritschl substituiu a distinção entre a igreja invisível e a visível pela distinção entre o reino e a igreja. Ele considerava o reino como a comunidade do povo de Deus que age motivado pelo amor, e a igreja como aquela mesma comunidade reunida para o culto. O nome igreja restringe-se, pois, a uma organização externa com a função única de cultuar e esta função apenas capacita os crentes a familiarizarem-se melhor uns com os outros. Isto certamente está longe do ensino do Novo testamento. Leva diretamente à concepção liberal moderna da igreja como um mero centro social, uma instituição humana, e não uma lavoura de Deus. 4.5. O Governo da Igreja Os Oficiais da Igreja Podem distinguir diferentes classes de oficiais na igreja. Uma distinção muito geral é a de oficiais ordinários e extraordinários. 1. Oficiais Extraordinários. A. Apóstolos. Estritamente falando, este nome só é aplicável aos doze escolhidos por Jesus e a Paulo; mas também se aplica a certos homens apostólicos que assessoraram a Paulo em seu trabalho e que foram dotados de dons e graças apostólicas (At 14:4,14; 2 Co 8:23; Gl 1:19). Os apóstolos tinham a incumbência especial de lançar os alicerces da igreja de todos os séculos. Somente através da sua palavra é que os crentes de todas as eras subseqüentes têm comunhão com Jesus Cristo. Daí, eles são os apóstolos da Igreja dos dias atuais, como também o foram da Igreja Primitiva. Eles tinham certas qualificações especiais. Foram comissionados diretamente por Deus ou por Jesus Cristo (Mc 3:14; Lc 6:13; Gl 1:1). INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 12 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Eram testemunhas da vida de Cristo e, principalmente, de Sua ressurreição (Jo 15:27; At 1:21,22; 1 Co 9:1). Estavam cônscios de serem inspirados pelo Espírito de Deus em todo o seu ensino, oral e escrito (At 15:28; 1 Co 2:13; 1 Ts 4:8; 1 Jo 5: 9-12). Tinham o poder de realizar milagres e o usaram em diversas ocasiões para ratificar a sua mensagem (2 Co 12:12; Hb 2:4) Foram ricamente abençoados em sua obra, como sinal de que Deus provava os seus labores (1 Co 9:1,2; 2 Co 3:2,3; Gl2:8). B. Profetas. O Novo Testamento fala também de profetas (At 11:28; 13:1,2; 15:32; 1Co 12:10; 13:2; 14:3; Ef 2:20; 3:5; 4:11; 1 Tm 1:18; 4:14; Ap 11:6). C. Evangelistas. Em acréscimo a apóstolos e profetas, são mencionados os evangelistas (At 21:8; Ef 4:11; 2 Tm 4:5). Felipe, Marcos, Timóteo e Tito pertenciam a esta classe. Seu trabalho era pregar e batizar, mas incluía também a ordenação de presbíteros (Tt 1:5; 1 Tm 5:22) e o exercício da disciplina (Tt 3:10). 2. Oficiais Ordinários. A. Presbíteros. Dentre os oficiais comuns da igreja, os presbyteroi (presbíteros) ou episkopoi (bispos) são os primeiros na ordem de importância. Os primeiros nomes significam simplesmente anciãos, ou mais velhos e o último, supervisores ou superintendentes. O termo presbyteroi é empregado na Escritura para denotar homens idosos, e para designar uma classe de oficiais parecida com a que exercia certas funções na sinagoga. Como designativo de oficio, aos poucos o nome foi eclipsado e até sobrepujado pelo nome episkopoi. Os dois termos são freqüentemente empregados um pelo outro (At 20:17,28; 1 Tm 3:1; 4:14; 5:17,19; Tt 1:5,7; 1Pe 5:1,2). Os presbyteroi são mencionados pela 1 vez em At 11:30. Freqüente menção é feita a eles (At 14:23; 15:6,22; 16:4; 20:17,28; 21:18; Tg 5:14; Hb 13:7,17; Rm 12:8; 1 Ts 5:12; 1 Co 12:28; Hb 13:7,17,24; Ef 4:11). B. Mestres. O ensino – a docência – ligou-se mais e mais estreitamente ao oficio episcopal; mas, mesmo então, os mestres não constituíram uma classe separada de oficiais. A declaração de Paulo em Ef 4:11, de que Cristo também dera à igreja pastores e mestres; mencionados como uma única classe (1 Tm 5:17; Hb 13:7; 2 Tm 2:2; Tt 1:9; Ap2:1,8,12,18; 3:1,7,14). C. Diáconos. Alem dos presbyteroi, são mencionados os diakonoi no Novo Testamento (Fp 1:1; 1 Tm 3:8,10,12; At 6:1-6; At 11:30; At 11:29; Rm 12:7; 2 Co 8:4; 9:1,12,13; Ap 2:19; 1 Tm 3:8-10,12). 4.6. O Poder e a Fonte do Poder da Igreja Jesus Cristo não somente fundou a Igreja, mas também a revestiu do necessário poder ou autoridade. Ele mesmo falou da igreja como fundada tão solidamente sobre uma rocha que as portas do inferno não prevaleceria contra ela (Mt 16:18) e na mesma ocasião exatamente a primeira em que ele fez menção da igreja. Também prometeu dotá-la de poder, quando disse a Pedro: “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus: o que ligares na terra, terá sido ligado nos céus e o que desligares na terra, terá sido desligado nos céus” (Mt 16:19). A igreja de todos os séculos é ligada pela palavra deles (Jo 17:20; 1 Jo 1:3). Que Cristo deu poder á Igreja em geral, é muito bem evidenciado por várias passagens do Novo Testamento, quais sejam (At 15:23-29; 16:4; 1 Co 5:7,13; 6:2-4; 12:28; Ef 4:11-16). A. A Natureza deste Poder. O poder da Igreja é poder espiritual porque é dado pelo Espírito de Deus (At 20:28) só pode ser exercido em nome de Cristo e pelo poder do Espírito Santo (Jo 20:22,23; 1 Co 5:4) pertence exclusivamente aos crentes (1Co 5;12) e só pode ser exercido de maneira moral e espiritual ( 2 Co 10:4). 1. Poder Ministerial. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 13 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] È copiosamente evidente na Escritura que o poder da Igreja não é um poder independente e soberano (Mt 20:25,26; 23:8,10; 2 Co 10:4,5; 1 Pe 5;3),mas, sim, uma “diakonia leitourgia”, poder ministerial (de serviço) (At 4:29,30; 20:24; Rm 1:1), derivado de Cristo e subordinado à sua autoridade soberana sobre a igreja (Mt 28:18). Deve ser exercido em harmonia com a Palavra de Deus e sob a direção do Espírito Santo e em nome do próprio Cristo como o Rei da Igreja (Rm 10:14,15; Ef 5:23; 1 Co 5:4). Todavia, È um poder muito real e abrangente, que consiste na administração da Palavra e dos sacramentos (Mt 28:19), na determinação do que é e do que não é permitido no reino de Deus (Mt 16:19), no perdão e na retenção do pecado (Jo 20:23) e no exercício da disciplina na igreja (Mt 16:18; 18:17; 1 Co 5:4; Tt 3:10; Hb 12:15-17). 2. Diferentes Espécies do Poder Eclesiático. Em conexão com os três ofícios de Cristo, há também um poder tríplice na igreja, a saber: O poder dogmático ou docente (Potestas Dogmática ou Docendi). O poder de governo ou de ordem (Potestas Gubernans ou Ordinans), dentro do qual está incluso o poder de julgamento ou de disciplina (Potestas Iudicans ou Disciplinae). O poder ou ministério da misericórdia (Potestas ou Ministerium Misericordiae). EXPLICANDO! Potestas Ordinans. Deus não é de confusão; e, sim, de paz. (1 Co 14:33). Potestas Iudicans. È o poder exercido para proteger a santidade da igreja, admitindo os aprovados após exame, e excluindo os que se desviam da verdade ou levam vidas desonradas. Este poder é exercido especialmente em questões de disciplina. 5 - INTRODUÇÃO AO BATISMO CRISTÃO 5.1. No Mundo Gentílico O batismo não era uma coisa inteiramente nova nos dias de Jesus. Os egípcios, os persas e os hindus tinham as suas purificações religiosas. Estas eram mais proeminentes ainda nas religiões gregas e romanas. Às vezes elas tomavam a forma de banhos no mar, e as, vezes eram efetuadas por aspersão. O batismo de João, como o batismo cristão Foi instituído pelo próprio Deus (Mt 21:25; Jo 1:33). Estava relacionado com uma radical mudança de vida (Lc 1:1-7; Jo 1:20-30). Estava numa relação sacramental com o perdão dos pecados (Mt 3:7,8; Mc 1:4; Lc 3:3 compare At 2:28) Empregava o mesmo elemento material, ou seja, água. Ao mesmo tempo havia diversos pontos de diferença. Quais sejam: O batismo de João ainda pertencia à antiga dispensação e, como tal, apontava para Cristo, no futuro. Em harmonia com a dispensação da lei em geral, acentuava a necessidade de arrependimento, embora sem excluir inteiramente a fé. Foi planejado somente para os judeus e, puritanos, representava mais o particularismo do Velho Testamento que o universalismo do Novo. Visto que o Espírito Santo ainda não fora derramado em plenitude, no Pentecostes, o batismo de João ainda não era acompanhado por tão grande porção de dons espirituais como o ulterior batismo cristão. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 14 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 5.2. Foi Instituído com Autoridade Divina A grande comissão foi colocada nas seguintes palavras: “Ide, portanto (isto é, porque todas as nações estão sujeitas a Mim), fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado” (Mt 28:19,20). A forma complementar de (Mc 16:15,16) tem esta redação: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado”. Veja também (At 19:3; 1 Co 1:13; 10:2; 12:13; At 2:48; 8:16; 10:48; 19:5; Rm 6:3; Gl 3:27; At 2:38). 5.3. A Doutrina do Batismo na História A. Antes da Reforma. Os chamados pais primitivos consideravam o batismo como estritamente ligado ao perdão de pecados e à comunicação da nova vida. Algumas das suas expressões parecem indicar que eles criam na regeneração batismal. A opinião geral era que o batismo nunca devia ser repetido, mas não havia unanimidade quanto à validade do batismo ministrado por hereges. No transcorrer do tempo, porém, veio a ser um princípio estabelecido não rebatizar os que foram batizados em nome do Deus Triúno. O modo do batismo não estava em discussão. Do segundo século em diante, aos poucos ganhou terreno a idéia de que o batismo age mais ou menos magicamente. Até mesmo Agostinho parece ter considerado o batismo como eficiente “ex opere operato”, no caso das crianças. Ele considerava absolutamente necessário o batismo e afirmava que as crianças não batizadas estão perdidas. Segundo ele, o batismo elimina a culpa original, mas não remove totalmente a corrupção da natureza. Os escolásticos, a princípio, partilhavam o conceito de Agostinho, que, no caso do batismo de adultos, pressupõe fé, mas gradualmente outra idéia ganhou predominância, a saber, que o batismo é sempre eficaz “ex opere operato”. A importância das condições subjetivas foi menosprezada. Assim, a característica concepção católica romana do sacramento, de acordo com a qual o batismo é o sacramento da regeneração e da iniciação na igreja; aos poucos ganhou proeminência. “EX OPERE OPERATO” Foi uma doutrina promulgada pelo Concílio de Trento, segundo o qual “os sacramentos contém e conferem a graça àqueles que não colocam obstáculo (non ponentibus obicem)”. Aqui se define que os sacramentos dão a graça “ex opere operato”, ou seja, pela obra dada ou em virtude da obra dada, pelo fato de que o rito se faz, pela mesma força do gesto sacramental. B. Desde a Reforma. A Reforma Luterana não se desfez inteiramente da concepção católica romana dos sacramentos. Para Lutero, a água do batismo não é água comum, mas uma água que, mediante a Palavra com seu poder divino inerente, veio a ser uma água da vida, cheia de graça, um lavamento de regeneração por esta eficácia divina da Palavra. O sacramento efetua a regeneração. No caso dos adultos, Lutero colocava o efeito do batismo na dependência da fé presente no participante. Teólogos luteranos mais recentes retiveram a idéia de uma fé infantil como pré-condição para o batismo, ao passo que outros entendiam que o batismo produz essa fé imediatamente. Os Anabatistas cortaram a ligação com Lutero, negando a legitimidade do batismo de crianças. Eles insistiam em batizar todos os candidatos à admissão no seu circulo que tinham recebido o sacramento na infância, e não consideravam isto um rebatismo, mas, sim, o primeiro batismo verdadeiro. Para eles, as crianças não têm lugar nenhum na igreja. Calvino e a Teologia reformada partiam da pressuposição de que o batismo foi instituído para os crentes e não produz, mas fortalece a nova vida. Naturalmente, eles se defrontaram com a questão sobre como as crianças poderiam ser consideradas crentes, e sobre como poderiam ser fortalecidas espiritualmente, visto não poderem exercer fé. Alguns simplesmente assinalavam que as crianças nascidas de pais crentes são filhos da aliança e, como tais, herdeiros das promessas de Deus, incluindo-se também a promessa de regeneração; e que a eficácia espiritual do batismo não se limita à hora da sua ministração, mas continua durante a vida toda. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 15 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 5.4. O Modo Próprio do Batismo Os Batistas baseiam sua opinião em (Mc 10:38,39; Lc 12:50; Rm 6:3,4; Cl 2:12). O Catecismo de Heidelberg indaga, na pergunta 69: “Por que o batismo te assegura e te faz lembrar que és participante do único sacrifício realizado na cruz?" E responde: “Cristo determinou o lavamento externo com água e acrescentou a promessa de que eu sou lavado com o seu sangue que me purifica da corrupção da minha alma, isto é, de todos os meus pecados, tão certamente como a água me lava exteriormente, pela qual a sujeira do corpo comumente é removida”. Esta idéia de purificação era a coisa pertinente em todas as abluções do Velho Testamento, e também no batismo de João (Sl 51:7; Ez 36:25; Jo 3:25,26). Além disso, a Escritura deixa muitíssimo claro que o batismo simboliza a limpeza ou purificação espiritual (At 2;38; 22:16; Rm 6:4,5; 1 Co 6;11; Tt 3:5; Hb 10;22; 1 Pe 3:21; Ap 1:5). 6 - INTRODUÇÃO À CRISTOLOGIA 6.1. Relação Entre Antropologia e Cristologia Há uma relação muito estreita entre a doutrina do homem e a de Cristo. A Antropologia trata do homem, criado à imagem de Deus e dotado de verdadeiro conhecimento, justiça e santidade, mas que, pela voluntária transgressão da lei de Deus, despojou-se da sua verdadeira humanidade e se transformou em pecador. Salienta a distância ética que há entre Deus e o homem, distância resultante da queda do homem e que, nem o homem nem os anjos podem cobrir, e, como tal, é virtualmente um grito pelo socorro divino. A Cristologia é em parte a resposta a esse grito. Ela nos põe á par da obra objetiva de Deus em Cristo construindo uma ponte sobre o abismo e eliminando à distância. A doutrina nos mostra Deus vindo ao homem para afastar as barreiras entre Deus e o homem pela satisfação das condições da lei em Cristo, e para restabelecer o homem em sua bendita comunhão. A antropologia já dirige a atenção à provisão da graça de Deus para uma aliança de companheirismo com o homem que prove uma vida de bem aventurada comunhão com Deus; mas a aliança só é eficiente em Cristo e por meio de Cristo. E, portanto a doutrina de Cristo como Mediador da aliança deve vir necessariamente em seguida. Cristo, tipificado e prenunciado no Velho Testamento como o Redentor do homem, veio na plenitude do tempo, para tabernacular entre os homens e levar a efeito uma reconciliação eterna. 6.2. Desenvolvimento da Doutrina de Cristo A. Antes da Reforma. Até o Concílio de Calcedônia, na literatura cristã primitiva, Cristo sobressai como humano e divino, como Filho do homem, mas também como o Filho de Deus. Seu caráter sem pecado é defendido, e ele é considerado como legitimo objeto de culto. B. Após o Concílio de Calcedônia. A Idade Média acrescentou muito pouca coisa à doutrina da pessoa de Cristo. Devido a várias influências, como as da Ênfase à imitação de Cristo, das teorias sobre a expiação e do desenvolvimento da doutrina da missa, a igreja se apegou fortemente à plena humanidade de Cristo. “A divindade de Cristo”, diz Mackintosh, “passou a ser vista mais como o coeficiente infinito elevando a ação e a paixão humanas a um valor infinito”. E, contudo, alguns dos escolásticos expressaram em sua Cristologia um conceito docético de Cristo (“defendia que o corpo de Jesus Cristo era uma ilusão, e que sua crucificação teria sido apenas aparente”). Pedro Lombardo não hesitava em dizer que, com relação à sua humanidade, Cristo não era absolutamente nada. Mas este niilismo foi condenado pela igreja. Alguns novos pontos foram salientados por Tomaz de Aquino. Segundo ele a pessoa do Logos tornou-se composta na encarnação, e sua união com a natureza humana impediu esta última de chegar a Ter uma personalidade independente. A natureza humana de Cristo recebeu dupla graça em virtude de sua união com o Logos: INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 16 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 1. A Gratia Unionis (Graça da União) que lhe comunicou uma dignidade especial, de modo que até se tornou objeto de culto. 2. A Gratia Habitualis (Graça Habitual) que a mantinha em sua relação com Deus. O conhecimento humano de Cristo era duplo, a saber, um conhecimento infuso e um conhecimento adquirido. Há duas vontades em Cristo, mas a causalidade última pertence à vontade divina, à qual a vontade humana está sempre sujeita. C. Depois da Reforma (até o Século XIX). A reforma não trouxe grandes mudanças à doutrina da pessoa de Cristo. Tanto a Igreja Romana como as igrejas da Reforma subscreveram a doutrina de Cristo nos termos de sua formulação pelo Concílio de Calcedônia. Os teólogos reformados (Calvinistas) viam nessa doutrina luterana uma espécie de eutiquianismo (que ensinava que Jesus só tinha uma natureza e também ensinava que Jesus não foi um humano como nós). A teologia reformada também ensina uma comunicação de atributos, mas a concebe de maneira diferente. Ela crê que, depois da encarnação, as propriedades de ambas as naturezas podem ser atribuídas à pessoa única de Cristo. Pode-se dizer que a pessoa de Cristo é onisciente, mas também limitada, em qualquer tempo particular, a um único lugar. Daí, lemos na Segunda Confissão Helvética: “Reconhecemos, pois, que há no único e mesmo Jesus, nosso Senhor, duas natureza – a natureza divina e a humana –, e dizemos que estas são ligadas ou unidas de modo tal, que não são absorvidas, confundidas ou misturadas, mas, antes, são unidas ou conjugadas numa pessoa (sendo que as propriedades de cada uma delas permanecem a salvo e intactas), de modo que podemos cultuar a um Cristo, nosso Senhor, e não a dois. Portanto, não pensamos, nem ensinamos que a natureza divina em Cristo sofreu, ou que Cristo, de acordo com a sua natureza humana, ainda está no mundo e, assim, em todo lugar. D. No século XIX. Assim foi introduzido o segundo período cristológico. O novo ponto de vista era antropológico, e o resultado foi antropocêntrico. Isto evidenciou-se destrutivo para a Fé Cristã. Uma distinção de maior alcance e perniciosa foi feita entre o Jesus histórico, delineado pelos escritores de evangelhos, e o Cristo Teológico, fruto de fértil imaginação dos pensadores teológicos, e cuja imagem reflete-se agora nos credos da igreja. O Cristo sobrenatural abriu alas para um Jesus humano, e a doutrina das duas naturezas abriu alas para a doutrina de um homem divino. O verbo se fez carne significa que Deus se encarnou na humanidade, de modo que a encarnação expressa realmente a unidade de Deus e o homem. Ao que parece, a encarnação foi meramente o auge de um processo racial. Enquanto a humanidade em geral considera Jesus unicamente como um mestre humano, a fé o reconhece como divino e vê que, por sua vinda ao mundo, a transcendência de Deus torna-se imanência. Encontramos aqui uma identificação panteísta do humano e do divino na Doutrina de Cristo. 6.3. Os Nomes de Cristo A. Jesus. O nome Jesus é a forma grega do hebraico Jehoshua, Joshua (Js 1:1; Zc 3:1) ou Jeshua, forma normalmente usada nos livros históricos pós-exílicos (Ed 2:2). A derivação deste nome tão comum do Salvador se oculta na obscuridade. Quanto a uma outra derivação de Jeho (Jehovah) e Shua (“socorro”). O nome foi dado a dois bem conhecidos tipos de Jesus no Velho testamento. B. Cristo. Se Jesus é o nome pessoal, Cristo é o nome oficial do Messias. O equivalente de Meshiach do Velho Testamento (de Maschach, “ungir”) e, assim, significa “o ungido”. Normalmente os reis e os sacerdotes eram ungidos, durante a antiga dispensação (Êx 29:7; Lv 4:3; Jz 9:8; 1 Sm 9:16; 10:1; 2 Sm 19:10). O rei era chamado o “ungido de Jeová” (1 Sm 24:10). Somente um exemplo de unção de profeta está registrado (1 Rs 19:16), mas provavelmente há referencias a isto em (Sl 105:15; Is 61:1). O óleo usado na unção desses oficiais simbolizava o Espírito de Deus (Is 61:1; Zc 4:1-6) e a unção representava a transferência do Espírito para a pessoa consagrada (1 Sm 10:1,6,10; 16:13,14). A unção era sinal visível de: • Designação para um ofício. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 17 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Estabelecimento de uma relação sagrada e o resultante caráter sacrossanto da pessoa ungida (1 Sm 24:6; 26:9; 2Sm 1:14). • Comunicação do Espírito ao ungido (1 Sm 16:13 conforme 2 Co 1:21,22). O Velho Testamento se refere à unção do Senhor em (Sl 2:2; 45:7) e o Novo Testamento em (At 4:27; 10:38). Cristo foi instalado em seus ofícios, ou designado para estes, desde a eternidade, mas historicamente a sua unção se efetuou quando ele foi concebido pelo Espírito Santo (Lc 1:35) e quando recebeu o Espírito Santo, especialmente por ocasião do seu batismo (Mt 3:16; Mc 1:10; Lc 3:22; Jo 1:32; 3:34). Serviu para qualificá- lo para a sua grande tarefa. Primeiro, o nome Cristo foi aplicado ao Senhor como um substantivo comum, com o artigo, mas gradativamente se desenvolveu e se tornou um nome próprio,sendo então usado sem o artigo. C. Filho do Homem. No Velho Testamento este nome se acha em (Sl 8:4; Dn 7:13) e muitas vezes na profecia de Ezequiel. Também há um pequeno grupo de passagens nas quais Jesus considera a sua natureza humana (Mc 2:27,28; Jo 5:27; 6:27,51,62), chamando-se a Si próprio Filho do homem. D. Filho de Deus. O nome Filho de Deus foi variadamente aplicado no Velho Testamento: • Ao povo de Israel (Êx 4:22; Jr 31:9; Os 11:1). • A oficiais de Israel, especialmente ao prometido rei da casa de Davi (2 Sm 7: 14; Sl 89:27). • A anjos ( Ju 1:6; 2:1; 38:7; Sl 29:1; 89:6 ). • As pessoas piedosas em geral (Gn 6:2; Sl 73:15; Pv 14:26). No Novo Testamento vemos Jesus apropriando-se do nome e outros também os atribuindo a Ele. O nome é aplicado a Jesus em quatro sentidos diferentes, nem sempre mantidos em distinção na Escritura, mas às vezes combinados: • No sentido oficial ou Messiânico (Mt 3:17; 17:5; Mc 1:11; 9:7; Lc 3:22; 9:35). • No sentido Trinitário. Às vezes o nome é utilizado para indicar a divindade essencial de Cristo (Mt 11:27; 14:28-33; 16:16; 21:33-46; 22:41-46; 26:63). Vemos a filiação ontológica e a filiação messiânica entrelaçadas também em várias passagens joaninas, nas quais Jesus dá a entender claramente que Ele é o Filho de Deus (Jo 6:69; 8:16,18,23; 10:15,30; 14:20). Nas epistolas, Cristo é designado muitas vezes como o Filho de Deus no sentido metafísico (Rm 1:3; 8:3; Gl 4:4; Hb 1:1). • No sentido Natalício. Cristo é também chamado Filho de Deus em virtude do seu nascimento sobrenatural. O nome é aplicado a Ele na bem conhecida passagem do Evangelho segundo Lucas, na qual a origem da sua natureza humana é atribuída à direta e sobrenatural paternidade de Deus (Lc 1:35). Indicações do nome, também em (Mt 1:18-24; Jo 1:13). Naturalmente, este significado do nome também é negado pela teologia modernista, que não crê nem no nascimento virginal, nem na concepção sobrenatural de Cristo. • No sentido Ètico-religioso. Neste sentido que o nome “filhos de Deus” é aplicado aos crentes no Novo Testamento. É possível que tenhamos um exemplo da aplicação do nome Filho de Deus a Jesus nesse sentido Ético-religioso em Mt 17:24-27. A teologia modernista entende que a filiação de Jesus é unicamente uma filiação Ético-religiosa, uma tanto elevada, é certo, mas não essencialmente diferente da dos seus discípulos. E. Senhor (Kyrios). O nome Senhor é aplicado a Deus na Setuaginta: • Como equivalente de Jeová. • Como tradução de Adonai. • Como uma forma polida e respeitosa de tratamento (Mt 8:2 ; 20:33). • Como expressão de posse e autoridade, sem nada implicar quanto ao caráter e autoridade divinas de Cristo (Mt 21:3; 24:42). INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 18 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Com a máxima conotação de autoridade, expressando um caráter exaltado e, de fato, praticamente equivalendo ao nome Deus (Mc 12:36,37; Lc 2:11; 3:4; At 2:36; 1 Co 12:3; Fp 2:11). Mas há exemplos do seu uso mesmo antes da ressurreição, onde evidentemente já se alcançara o valor especificamente divino do título como em (Mt 7:22; Lc 5:8; Jo 20:28). 6.4. Os Ofícios de Cristo Há três ofícios com relação à obra de Cristo, a saber, os ofícios proféticos, sacerdotais e reais. Houve quem lhes aplicasse a idéia de sucessão cronológica, entendendo que Cristo agiu como profeta durante o seu Ministério Público na terra, como Sacerdote em seus sofrimentos finais e em sua morte na cruz, e como Rei age agora, que está assentado à mão direita de Deus. A importância da distinção como Cristo foi criado por Deus, ele foi profeta, sacerdote e rei e, nestas qualidades, foi dotado de conhecimento e entendimento, de justiça e santidade e de domínio sobre a criação inferior. O pecado afetou toda a vida do homem e se manifestou, não somente como ignorância e cegueira, erro e falsidade, mas também como injustiça, culpa e corrupção moral; e, em acréscimo, como enfermidade, morte e destruição. Daí foi necessário que Cristo, como o nosso Mediador, fosse profeta, sacerdote e rei. Como Profeta, ele representa Deus para como o homem, como Sacerdote, ele representa o homem na presença de Deus; e como Rei, ele exerce domínio e restabelece o domínio original do homem. • O Racionalismo só reconhece o seu oficio profético. • O Misticismo somente o seu oficio sacerdotal. • A doutrina do Milênio da Ênfase Unilateral ao seu oficio real futuro. A. Oficio Profético. As passagens clássicas de (Ex 7:1 e Dt 18:18) indicam a presença de dois elementos na função profética, um passivo e o outro ativo, um receptivo e o outro produtivo. O profeta recebe relações divinas em sonhos, visões ou comunicações verbais e as transmite ao povo, quer oralmente, quer visivelmente, nas ações proféticas (Nm 12:6-8; Is 6; Jr 1:4-10, Ez 3:1-4,17). Destes dois elementos, o passivo é o mais importante, porquanto ele governa o elemento ativo. Sem receber, o profeta não pode dar, e ele não pode dar mais do que recebe. Mas o elemento ativo também é parte integrante. O que faz de alguém um profeta é a vocação divina, a ordem para comunicar a outros a revelação divina. Provas bíblicas do ofício Profético de Cristo. A Escritura atesta de várias maneiras o oficio profético de Cristo. Ele é prenunciado como profeta (Dt 18:15) – passagem aplicada a Cristo em (At 3:22,23). Ele fala de si como profeta (Lc 13:33). Além disso, alega que traz uma mensagem do Pai (Jo 8:26-28; 12:49,50; 14:10,24; 15:15; 17:8,20), prediz coisas futuras (Mt 24:3-35; Lc 19:41-44) e fala com singular autoridade (Mt 7:29). Suas poderosas obras serviam para autenticar a sua mensagem. Em vista disso tudo, não admira que o povo o tenha reconhecido como profeta (Mt 21:11,46; Lc 7:16; 24:19; Jo 3:2; 4:19; 6:14; 7:40; 9:17). B. O Oficio Sacerdotal. O Sacerdote era representante do homem junto a Deus. Tinha o especial privilégio de aproximar-se de Deus, e de falar e agir em favor do povo. É verdade que, na antiga dispensação, os sacerdotes também eram mestres, mas o seu ensino diferia do ensino dos profetas. Ao passo que estes acentuavam os deveres responsabilidades e privilégios morais e espirituais, aqueles salientavam as observâncias rituais envolvidas num adequado acesso a Deus. A passagem clássica na qual são dadas as verdadeiras características do sacerdote e na qual sua obra é, em parte designada, é (Hb 5:1). • Estão indicados ali os seguintes elementos: • O sacerdote é tomado dentre os homens para ser o seu representante. • È constituído por Deus (conforme v. 4). • Age no interesse dos homens nas coisas pertencentes a Deus, isto é, nas coisas religiosas. • Sua obra especial consiste em oferecer dádivas e sacrifícios pelos pecados. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 19 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Mas a obra do sacerdote incluía ainda mais que isso. • Ele também fazia intercessão pelo povo (Hb 7:25) e os abençoava em nome de Deus (Lv 9:22). Provas bíblicas do oficio Sacerdotal de Cristo. O Velho Testamento prediz e prefigura o sacerdócio do redentor vindouro. Há claras referencias a isto em (Sl 110:4 e Zc 6:13). Alem disso, o sacerdócio do Velho Testamento, e particularmente o Sumo Sacerdote, claramente prefiguravam um Messias sacerdotal. No Novo Testamento há somente um único livro em que ele é chamado sacerdote, qual seja, a epistola aos Hebreus; mas ali o nome é repetidamente aplicado a Ele (3:1; 4:14; 5:5; 6:20; 7:26; 8:1). Ao mesmo tempo, muitos outros livros do Novo Testamento se referem à obra sacerdotal de Cristo. C. O Oficio Real. Na qualidade de segunda pessoa da Trindade Santa, o Filho Eterno, Cristo, naturalmente, comparte o domínio de Deus sobre todas as suas criaturas. Seu trono está estabelecido nos céus e o seu reino domina sobre tudo (Sl 103:19). Em geral podemos definir a realeza de Cristo como o Seu poder oficial de governar todas as coisas do céu e da terra, para a glória de Deus e para a execução do seu propósito de salvação. Todavia, podemos distinguir entre um Regnum Gratiae e um Regnum Potentiae (entre um Reino de Graça e um Reino de Poder). O Reinado Espiritual de Cristo (Natureza deste Reinado). O reinado espiritual de Cristo é o Seu governo real sobre o Regnum Gratiae, isto é, sobre o seu povo ou sua igreja. Um reinado espiritual porque se relaciona com uma esfera espiritual. O governo mediatário estabelecido nos corações e na vida dos crentes. Ademais, é espiritual porque leva direta e imediatamente a um fim espiritual administrado, não pela força ou por meios externos, mas pela Palavra e pelo Espírito, que é o Espírito de verdade, de sabedoria, de justiça, de santidade, de graça e misericórdia. Este reinado revela-se na reunião da igreja e em seu governo, proteção e perfeição. A Bíblia fala a seu respeito em muitos lugares, tais como (Sl 2:6; 45:6,7; conforme Hb 1:8,9; Sl 132:11; Is 9:6,7; Jr 23:5,6; Mq 5:2; Zc 6:13; Lc 1:33; 19:27,38; 22:29; Jo 18:36,37; At2:30-36) e outros. A natureza espiritual deste reinado é indicada pelo fato, entre outros, de que Cristo é repetidamente chamado Cabeça da Igreja (Ef 1:22; 4:15; 5:23; Cl 1:18; 2:19). Este vocábulo, no sentido em que é aplicado a Cristo, é, nalguns casos, praticamente equivalente, a Rei (“cabeça”. Num sentido figurado, “alguém revestido de autoridade”) como em (1Co 11:3; Ef 1:22; 5:23); noutros casos, porém, é empregado no sentido literal e orgânico (Ef 4:15; Cl 1:18; 2:19). 6.5. O Estado de Cristo A. O estado de Humilhação. Com base na referida passagem de Fp 2:6-8, pode-se dizer que o elemento essencial e central do estado de humilhação acha-se no fato de que Ele, que era o Senhor de toda a terra, o supremo Legislador, colocou-se debaixo da lei para desincumbir-se das suas obrigações federais e penais a favor do seu povo. Ao fazê-lo, Ele se tornou legalmente responsável por nossos pecados e sujeitos à maldição da lei. Este estado do Salvador, concisamente expresso nas palavras de (Gl 4:4) nascido sob a lei, reflete-se na condição que lhe é correspondente e que é descrita nos vários estágios da humilhação. Enquanto a Teologia Luterana fala em nada menos que oito estágios da humilhação de Cristo, a Teologia Reformada geralmente enumera cinco, a saber: 1. Encarnação. 2. Sofrimento. 3. Morte. 4. Sepultamento. 5. Descida ao Hades. B. A Encarnação e o Nascimento de Cristo Não foi o Trino Deus, mas a segunda pessoa da trindade que assumiu a natureza humana. Por essa razão é melhor dizer que o Verbo se fez Carne, do que dizer que Deus se fez homem. Ao mesmo tempo, devemos lembrar que cada uma das pessoas divinas agiu na encarnação (Mt 1:20; Lc 1:35; Jo 1:14; At 2:30; Rm 8:3; Gl 4:4; Fp 2:7). Não é possível falar da encarnação de alguém que não teve INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 20 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] existência prévia. Esta preexistência é claramente ensinada na Escritura: “No principio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1:1). “Eu desci do céu” (Jo 6:38). “Pois conheceis a graça do nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que pela sua pobreza vos tornassem ricos” (2 Co 8:9). “Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homens” (Fp 2:6,7). “Vindo, pois, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho” (Gl 4:4). O preexistente Filho de Deus assume a natureza humana e se reveste de carne e sangue humanos, um milagre que ultrapassa o nosso limitado entendimento. Isto mostra claramente que o infinito, pode entrar em relações finitas, e de fato entra, e que, de algum modo, o sobrenatural pode entrar na vida histórica do mundo. A nossa confissão afirma que a natureza de Cristo foi concebida no ventre da bendita Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo, sem o concurso do homem. Isto salienta o fato de que o nascimento de Cristo absolutamente não foi um nascimento comum, mas, sim, um nascimento sobrenatural em virtude do qual Ele foi chamado Filho de Deus. O elemento mais importante, com relação ao nascimento de Jesus, foi a operação sobrenatural do Espírito Santo, pois, só por este meio foi possível o nascimento virginal. A Bíblia se refere a esta característica em (Mt 1:18-20; Lc 1:34,35; Hb 10:5). C. Os Sofrimentos do Salvador (Is 53: 6,10). • Ele sofreu durante toda a sua vida. Seu sofrimento foi um sofrimento consagrado, e cada vez mais atroz conforme o fim se aproximava. O sofrimento iniciado na encarnação chegou finalmente ao clímax no Passio Magna (Grande Paixão) no fim da sua vida. Foi quando pesou sobre Ele toda a ira de Deus contra o pecado. • Sofreu no corpo e na alma. Não foi a simples dor física, como tal, que constituiu a essência do seu sofrimento, mas essa dor acompanhada de angústia de alma e da consciência meditaria do pecado da humanidade, que pesava sobre ele. Além disso, a Bíblia ensina claramente que Cristo sofreu em ambos. Ele agonizou no jardim, onde a sua alma esteve profundamente triste até à morte, e também foi esbofeteado, açoitado e crucificado. • Seus sofrimentos nas tentações. As tentações de Cristo são partes integrantes dos seus sofrimentos. Essas tentações se acham na vereda do sofrimento (Mt 4:1-11; Lc 22:28; Jo 12:27; Hb 4:15; 5:7,8). Seu ministério público iniciou-se com um período de tentação, e mesmo após esse período as tentações se repetiam, a intervalos, culminando no trevoso Getsêmani. Jesus somente pôde ser o Sumo Sacerdote compassivo e atingir as culminâncias da perfeição e do triunfo, penetrando e sofrendo praticamente todas as provações, tentações e aflições que os homens sofrem (Hb 4:15, 5:7-9). D. A Morte do Salvador. Deus impôs judicialmente a sentença da morte do Mediador, desde que este se incumbiu voluntariamente de cumprir a pena do pecado da raça humana. Estes sofrimentos foram seguidos por sua morte na cruz. Ele esteve sujeito, não somente à morte física, mas, também à morte eterna, se bem que sofreu esta de forma intensiva, e não extensivamente, quando agonizou no jardim e quando bradou na cruz: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. Num curto período de tempo, Ele suportou a ira infinita contra o pecado até o fim; e saiu vitorioso. O caráter judicial de sua morte. Era deveras essencial que Cristo não sofresse morte natural, nem acidental e não morresse pelas mãos de um assassino, mas sob sentença judicial. Alem disso, Deus dispôs providencialmente que o Mediador fosse julgado e sentenciado por um juiz romano. Os romanos tinham talento para a lei e a Justiça; representavam o poder judicial mais alto do mundo. A sentença de Pilatos foi também Sentença de Deus, embora sobre bases inteiramente diferentes. A crucificação não era uma forma judaica de castigo, mas, romana. Era considerada tão infame e ignominiosa, que não podia ser aplicada a cidadãos romanos, mas somente à escória da humanidade, aos escravos e criminosos mais indignos. Ao mesmo tempo, padeceu morte amaldiçoada, e assim provou que se fez maldição por nós (Dt 21:23; Gl 3:13). E. O Sepultamento do Salvador. É evidente que o seu sepultamento também fez parte de sua humilhação. Note-se especialmente o seguinte: INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 21 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Voltar o homem ao pó, do qual fora tomado, é descrito na Escritura como parte da punição do pecado (Gn 3:19). • Diversas declarações da Escritura implicam que a permanência do Salvador na sepultura foi uma humilhação (Sl 16:10; At 2:27,31; 13:34,35). Foi uma descida ao Hades, em si mesmo sombrio e lúgubre, lugar de corrupção; se bem que ele foi guardado da corrupção. • Ser sepultado é ir para baixo e, portanto, uma humilhação. O sepultamento dos cadáveres foi ordenado por Deus para simbolizar a humilhação do pecador. F. A Descida do Salvador ao Hades. Depois de mencionar os sofrimentos, a morte e o sepultamento do Senhor, a Confissão Apostólica (Credo) prossegue com estas palavras: “Desceu ao inferno (Hades)”. Mais tarde, porém, a forma romana do Credo acrescentou o artigo em questão após sua menção do sepultamento. Base bíblica para a expressão (Ef 4:9; 1 Pe 3:18,19; 1 Pe 4: 4-6); Sl 16: 8-10 compare At 2:25; 7:30,31). 7 - INTRODUÇÃO À HARMATIOLOGIA 7.1. A Origem do Pecado O problema do mal que há no mundo sempre foi considerado um dos mais profundos problemas da Filosofia e da Teologia: um problema que se impõe naturalmente à atenção do homem, visto que o poder do mal é forte e universal; é uma doença sempre presente na vida em todas as manifestações desta, e é matéria da experiência diária na vida de todos os homens. Outros, porém, estão convictos, de que o mal teve uma origem voluntária, isto é, que se originou na livre escolha do homem, quer na existência atual, quer numa existência anterior. Estes acham-se bem mais perto da verdade revelada na Palavra de Deus. A. Dados Bíblicos. Na Escritura o mal moral existente no mundo, transparece claramente no pecado, isto é, como transgressão da lei de Deus. Não se pode considerar Deus como o seu Autor. O decreto eterno de Deus evidentemente deu a certeza da entrada do pecado no mundo, mas não se pode interpretar isso de modo que faça de Deus a causa do pecado no sentido de ser Ele o seu autor responsável. Esta idéia é claramente excluída pela Escritura. Longe de Deus o praticar a perversidade; e do Todo- poderoso o cometer injustiça(Jó 34:10). Ele é o Santo Deus (Is 6:3; Dt 32:4; Sl 92:16). Ele não pode ser tentado pelo mal e ele próprio não tenta a ninguém (Tg 1:13). Quando criou o homem, criou-o bom e à sua imagem. Ele positivamente odeia o pecado (Dt 25:16; Sl 5:4; 11:5; Zc 8:17; Lc 16:15) e em Cristo fez provisão para libertar do pecado do homem. O Pecado se originou no Mundo Angélico. A Bíblia nos ensina que na tentativa de investigar a origem do pecado devemos retornar à queda do homem, na descrição de Gn 3 e fixar a atenção em algo que sucedeu no mundo angélico. Deus criou um grande número de anjos, e estes eram todos bons, quando saíram das mãos do seu Criador (Gn 1:31). Mas ocorreu uma queda no mundo angélico; queda, na qual, legiões de anjos se apartaram de Deus. A ocasião exata dessa queda não é indicada, mas em (Jo 8:44) Jesus fala do diabo como assassino desde o principio e em (1 Jo 3:8), diz João que o Diabo peca desde o principio. A origem do pecado na raça humana. Com respeito à origem do pecado na história da humanidade a Bíblia ensina que ele teve início com a transgressão de Adão no paraíso e, portanto, com um ato perfeitamente voluntário da parte do homem. O tentador veio do mundo dos espíritos com a sugestão de que o homem, colocando-se em oposição a Deus, poderia tornar-se semelhante a Deus. Adão se rendeu à tentação e cometeu o primeiro pecado, comendo do fruto proibido. Mas a coisa não parou aí, pois com esse primeiro pecado Adão passou a ser escravo do pecado. Esse pecado trouxe consigo corrupção permanente, corrupção que dada a solidariedade da raça humana, teria efeito não somente sobre Adão, mas também sobre todos os seus descendentes. Como resultado da queda, o pai da raça só pode transmitir uma natureza depravada aos seus descendentes. Dessa INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 22 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] fonte, não Santa, o pecado flui numa corrente impura, passando para todas as gerações de homens; corrompendo tudo e todos com que entra em contato. É exatamente esse estado de coisas que torna tão pertinente a pergunta de Jó: “Quem da imundície poderá tirar cousa pura? Ninguém!” (Jó 14:4). Mas ainda isso não é tudo: Adão não pecou somente com o pai da raça humana, mas também como chefe representativo de todos os seus descendentes, e, portanto, a culpa do seu pecado é posta na conta deles, pelo que todos são possíveis de punição e morte. Primariamente, nesse sentido que o Pecado de Adão é o pecado de todos. O que Paulo ensina em (Rm 5:12): “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” é que Deus adjudica a todos os homens a condição de pecadores, culpados em Adão, exatamente como adjudica a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo. Isso se confirma, quando ele afirma: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos” ( Rm 5:18,19). 7.2. A Natureza do Primeiro Pecado ou da Queda do Homem A. Seu Caráter Formal. Pode-se dizer que numa perspectiva puramente formal que o primeiro pecado do homem consistiu em comer dá árvore do conhecimento do bem e do mal. Quer dizer que não seria pecaminoso, se Deus não tivesse dito: “Da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás”. A ordem dada por Deus para não se comer do fruto da árvore serviu simplesmente ao propósito de por à prova a obediência do homem. Foi um teste de pura obediência, desde que Deus de modo nenhum procurou justificar ou explicar a proibição. B. Seu Caráter Essencial e Material. O primeiro pecado do homem foi um pecado típico, isto é, um pecado no qual a sua essência real se revela claramente. A essência desse pecado está no fato de que Adão se colocou em oposição a Deus, recusou-se a sujeitar a sua vontade à vontade de Deus de modo que Deus determinasse o curso da sua vida, e tentou ativamente tomar a coisa toda das mãos de Deus e determinar, ele próprio, o futuro. Naturalmente pode distinguir-se diferentes elementos do seu primeiro pecado: • No intelecto, revelou-se como incredulidade e orgulho na vontade como o desejo de ser como Deus. • Nos sentimentos, como uma ímpia satisfação ao comer do fruto proibido. A Escritura dá entender claramente que a serpente foi apenas um instrumento de Satanás, e que Satanás foi o real tentador que agiu na serpente e por meio dela, como posteriormente agiu em homens e em porcos (Jo 8:44; Rm 16:20; 2 Co 11:3; Ap 12:9). A serpente foi um instrumento próprio para Satanás, pois ele é a personificação do pecado. E a serpente simboliza o pecado em sua natureza astuta e enganosa e em sua picada venenosa com a qual mata o homem. 7.3. A Idéia Bíblia do Pecado O pecado é o resultado de uma escolha livre, porém, má, do homem. Este é o ensino claro da Palavra de Deus (Gn 3:1-6; Is 48:8; Rm 1:18-32; 1 Jo 3:4). O homem está do lado certo ou do lado errado (Mt 10:32,33; 12:30; Lc 11:23; Tg 2;10). A escritura vê o pecado em relação a Deus e sua lei, quer como lei escrita nas tábuas do coração, quer como dada por meio de Moisés (Rm 1:32; 2:12-14; 4:15; Tg 2:9; 1 Jo 3:4). Embora muitos neguem que o pecado inclui culpa, essa negação não se harmoniza com o fato de que o pecado é ameaçado com castigo e de fato o recebe e, evidentemente, contradiz claras afirmações da Escritura (Mt 6:12; Rm 3:19; 5:18; Ef 2:3). Por corrupção entendemos a corrosiva contaminação inerente, a que todo pecador está sujeito. É uma realidade na vida de todos os indivíduos. É inconcebível sem a culpa, embora a culpa, como incluída numa relação penal seja concebível sem a corrupção imediata. Mas é sempre seguida pela corrupção. Todo aquele que é culpado em Adão, também nasce com uma natureza corrupta, em conseqüência. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 23 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Ensina-se claramente a doutrina da corrupção do pecado em passagens como (Jó 14:4; Jr 17:9; Mt 7:15-20; Rm 8:5-8; Ef 4:17-19). O pecado não reside nalguma faculdade da alma, mas no coração que na psicologia da Escritura é o órgão central da alma, onde estão as saídas da vida (Pv 4:23; Jr 17:9; Mt 15:19,20; Lc 6:45; Hb 3:12). A questão sobre se os pensamentos e os sentimentos do homem natural, chamados “carne” na Escritura, devam ser considerados como constituindo pecado, poder-se-ia responder indicando passagens como (Mt 5:22,28; Rm 7:7; Gl 5:17,24). Em conclusão pode-se dizer que se pode definir o pecado como falta de conformidade com a lei moral de Deus, em ato, disposição ou estado. Há inequívocas declarações da Escritura que indicam a pecaminosidade universal do homem (1 Rs 8:46; Sl 14 3:2; Pv 20:9; Ec 7:20; Rm 3:1-12,19,20,23; Gl 3:22; Tg 3:2; 1 Jo1:8,10). Várias passagens da Escritura ensinam que o pecado é herança do homem desde a hora do seu nascimento e, portanto, está presente na natureza humana tão cedo que não há possibilidade de ser considerado como resultado de imitação (Sl 51:5; Jó 14:4; Jo 3:6). Em (Ef 2:3) diz o Apóstolo Paulo que os efésios eram “filhos da ira” (ou, pecadores) por natureza, indica uma coisa inata e original em distinção daquilo que é adquirido. Então, o pecado é uma coisa original, e dele, participam todos os homens, fazendo-os culpados diante de Deus. Além disso, de acordo com a Escritura, a morte sobrevém mesmo aos que nunca exerceram uma escolha pessoal e consciente ( Rm 5:12-14). Finalmente a Escritura ensina também que todos os homens se acham sob condenação e, portanto, necessitam da redenção que há em Cristo Jesus. Nunca se declarava que as crianças constituem exceção a essa regra, conforme as passagens recém-citadas e também (Jo 3:35; 1 Jo 5:12). Não contradizem isto as passagens que atribuem certa justiça ao homem (Mt 9:12,13; At 10:35; Rm 2:14; Fp 3:6; 1 Co 1:30), pois esta pode ser a justiça civil, cerimonial ou pactual, a justiça da lei ou a justiça que há em Cristo Jesus. 7.4. O Pecado na Vida da Raça Humana A. Pecado Original. O estado e condição de pecado em que os homens nascem são designados na Teologia pelo nome de Peccatum Originale, literalmente traduzido por “pecado original”. Chama-se Pecado Original • Porque é derivado da raiz original da raça humana. • Porque está presente na vida de todo e qualquer individuo, desde a hora do seu nascimento e, portanto, não pode ser considerado como resultado de imitação. • Porque é a raiz interna de todos os pecados concretizados que corrompem a vida do homem. A Culpa Original. A palavra culpa expressa a relação que há entre o pecado e a justiça, ou, como o colocam os teólogos mais antigos, a penalidade da lei. Quem é culpado está numa relação penal com a lei. Podemos falar da culpa em dois sentidos, a saber, como Reatus Culpae (réu convicto) e como Reatus Poenae (réu passível de condenação). O sentido habitual, porém, em que falamos de culpa na Teologia, é o de Reatus Poenae. Com isto se quer dizer merecimento de punição, ou obrigação de prestar satisfação à justiça de Deus pela violação da lei, feita por determinação pessoal. Isso é evidenciado pelo fato de que a morte, como castigo do pecado, passou de Adão a todos os seus descendentes (Rm 5:12-19; Ef 2:3; 1 Co 15:22). B. Depravação Total. Em vista do seu caráter impregnante, a corrupção herdada toma o nome de depravação total; muitas vezes esta frase é mal compreendida e, portanto, requer cuidados de discriminação. Esta depravação total é negada pelos pelagianos, socinianos e arminianos do século XVII, mas é ensinada claramente na Escritura (Jo 5:42; Rm 7:18,23; 8:7; Ef 4:18; 2 Tm 3:2-4; Tt 1:15; Hb 3:12). C. O Pecado Factual. Os católicos romanos e os arminianos menosprezaram a idéia do pecado original e, depois, desenvolveram doutrinas como a da purificação do pecado original (e de outros pecados) pelo batismo e pela graça suficiente, pelo que fica muito obscurecida a sua gravidade. A ênfase é dada clara e completamente aos pecados atuais. Os pelagianos, os socinianos, os teólogos modernistas - e, por estranho que pareça - também a Teologia da Crise, só reconhecem os pecados atuais. Deve-se dizer, porém, que esta teologia fala do pecado igualmente no singular e no plural, isto é, ela reconhece a solidariedade no pecado, INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 24 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] não reconhecida por alguns dos outros. A teologia reformada (calvinista) sempre reconheceu devidamente o Pecado Atual. (Empregamos a palavra Factual ou Atual num sentido compreensivo). A expressão Pecados Factuais não indica apenas as ações externas praticadas por meio do corpo, mas também todos os pensamentos e volições conscientes que decorrem do pecado original. São os pecados individuais expressos em atos diversamente da natureza e inclinação herdada. O pecado original é somente um; o pecado factual é múltiplo. Os pecados factuais podem ser interiores, como no caso de uma dúvida consciente e particular, ou de um mau desígnio, sediado na mente ou de uma cobiça consciente e particular do coração, mas também podem ser exteriores, como a fraude, o furto, o adultério, o assassínio, etc. Enquanto que a existência do pecado original tem-se defrontado com a sua negação amplamente generalizada a presença do pecado factual na vida do homem geralmente é admitida. Contudo, isso não quer dizer que as pessoas sempre tiveram consciência igualmente profunda de pecado. Afirmações como de Paulo em (Gl 5:21) e de passagens de texto comprovam os pecados factuais (Nm 15:29-31; Gl 6:1; Ef 4:18; 1 Tm 1:13; 5:24; Mt 10:15; Lc 12:47,48; 23:34, Jo 19:11, At 17:30, Rm 1:32; 2:12; 1 Tm 1:13,15,16). D. O Pecado Imperdoável. Diversas passagens da escritura falam de um pecado que não pode ser perdoado, após o qual é impossível a mudança do coração e pelo qual não é necessário orar. É geralmente conhecido como pecado ou blasfêmia contra o Espírito Santo. O Salvador fala explicitamente dele em (Mt 12:31,32) e passagens paralelas, e em geral se pensa que (Hb 6:4-6; 10:26,27 e 1 Jo 5:16), também se referem a esse pecado. 7.5. A Punição do Pecado O pecado é coisa muito séria, e é levado a sério por Deus, embora os homens muitas vezes o tratem ligeiramente. Não é somente uma transgressão da lei de Deus, é também um ataque ao grande Legislador; uma revolta contra Deus. É uma infração da inviolável justiça de Deus, que é o fundamento do seu trono (Sl 97:2) e uma afronta à imaculada santidade de Deus, que requer que sejamos santos em toda a nossa maneira de viver. A Bíblia atesta abundantemente o fato de que Deus pune o pecado, nesta vida e na vida por vir. A Bíblia fala de penalidades que em nenhum sentido são resultados ou conseqüências naturais do pecado (Ex 32:33; Lv 26:21; Nm 15:31; 1 Cr 10:13; Sl 11:6; 75:8; Is 1:24,28; Mt 3:10; 24:51). Todas estas passagens falam de uma punição do pecado por um ato Direto de Deus. A palavra punição vem do termo latino poena, significando “punição, expiação ou pena”. A Bíblia nos ensina, por um lado, que Deus ama e castiga o seu povo (Jó 5:17; Sl 6:1; 94:12; 118:18; Pv 3:11; Is 26:16; Hb 2:5-8; Ap 3:19) e, por outro lado, que Ele aborrece e pune os que praticam o mal (Sl 5:5; 7:11; Na 1:2; Rm 1:18; 2:5,6; 2Ts 1:6; Hb 10:26,27). 7.6. Morte Espiritual O pecado separa o homem de Deus, e isso quer dizer morte, pois é só na comunhão com o Deus vivo que o homem pode viver de verdade. A morte entrou no mundo por meio do pecado (Rm 5:120) e que “o salário do pecado é a morte” ( Rm 6:23). A penalidade do pecado certamente inclui a morte física, mas inclui muito mais que isso. 7.7. O Que é Pecado A Teologia Bíblica nos apresenta as seguintes definições para o Pecado: 1. Transgressão da Lei (I Jo 3:4). 2. Desobediência (Jr 3:25). 3. Rebeldia (1 Sm 15:23). 4. Dúvida e tudo o que não provém da fé (Rm 14:23). 5. Acepção de Pessoas (Tg 2:9). 6. Blasfêmia contra o Espírito Santo. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 25 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 8 - INTRODUÇÃO À ANGELOLOGIA 8.1. A Existência dos Anjos A nossa terra representa um pequeno ponto no meio dos inúmeros corpos celestes de todo grau de resplendor. “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos e a lua e as estrelas que estabeleceste que é o homem, que deles te lembres?” (Sl 8:3,4). De fato, nós criaturas humanas, somos nada no meio deste vastíssimo espaço. Em Gn 24:7 – “O Senhor Deus do CÉU, que me tirou da casa de meu pai e de minha terra natal e que me falou, e jurou, dizendo: A tua descendência darei esta terra, ele enviará o seu anjo que te há de preceder, e tomarás de lá esposa para meu filho”. Em Mt 1:20 – “Enquanto ponderava nestas cousas eis, que lhe apareceu em sonho um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo”. Em 2 Rs 19:35 – “Então, naquela mesma noite, saiu o Anjo do Senhor e feriu, no arraial dos assírios, cento e oitenta e cinco mil, e, quando se levantaram os restantes pela manhã, eis que todos estes eram cadáveres”. Por volta da metade da década de 90 irrompeu uma onda doutrinária a respeito dos anjos. Angelologia - É o estudo referente aos anjos. É uma palavra vinda do encontro de outras duas palavras: angelos e logia, palavras gregas que significam anjo e estudo, respectivamente. Devemos estudar angelologia unicamente por uma perspectiva bíblica. Os anjos são mencionados em toda a Bíblia: 108 vezes no AT e 175 vezes no NT, 72 dos quais se encontram no Apocalipse. 8.2. Anjos na Bíblia A. Nos livros da Lei (Gn 3:24; 22:11; 28:12; 32: 24; Ex 23:20; 32:34; Nm 20:16; 22:31- 35). B. Nos livros históricos (Jz 2:1; 5:23; 6:11; 13:3; 1 Rs 19:7; 2 Rs 1:3; 19:35). C. Nos livros poéticos (Jó 4:18; 33:23,24; 38:7; Sl 29:1; 91:11,12; 103:20). D. Nos profetas (Is 6:2; Dn 3:25; 6:22). O Novo Testamento reafirma a doutrina dos anjos exposta no Antigo Testamento. A. Nos Evangelhos (Mt 1:20,24; 2:13,19; 13:39,49; 18:10; 22:30; 28:2; Mc 1:13; 12:25; Lc 1:11,13,26; 15:10; 16:22). B. Nos Apóstolos (At 1:10,11; 8:26; 10:3; 11:3; 27:23). C. Nas Cartas Paulinas (Rm 8:38; Gl 1:18; 3:19; Cl 1:16; 2:18; Fp 2:10; 1 Tm 3:16; 1 Ts 4:16). D. Na Carta aos Hebreus (Hb 1:4,5,13,14; 2:2,5,7,9; 12:22). E. No Apocalipse (Ap 5:11; 8:2; 14:15; 15:1). 8.3. A Crença Universal Sobre Anjos A. As Sutilezas Escolásticas. No período da Idade Média, muitos assuntos eram tratados com profundidade, mas às vezes eles desciam a considerações banais. Foi assim que o Escolasticismo tratou a doutrina dos anjos levantando questões sem nenhuma relevância para a sua compreensão: • Quantos anjos poderiam permanecer na ponta de uma agulha? • Um anjo poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo? • Os anjos da guarda vigiam as crianças desde o nascimento? Depois de batizadas? Ou já desde o embrião? INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 26 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] B. O Cristocentrismo. Embora ser cristocêntrico seja uma exigência para o Cristão e para o Cristianismo, corremos o risco de, cairmos em extremos, colocando de lado outras doutrinas. A doutrina dos Anjos é uma questão de revelação de Deus, desde o Gênesis ao Apocalipse. C. As Mistificações. Estas mistificações causam repulsa e levam a considerar o assunto dos anjos uma questão de crendice popular ou de superstição que não merece uma reflexão séria. Esta é, provavelmente, mais uma razão porque a doutrina dos anjos é esquecida. Entretanto, ao invés de esquecê-la, apenas deveríamos nos livrar do misticismo em torno dos Anjos. Foi isto que Paulo condenou quando escreveu aos crentes de Colossos, que influenciados por práticas pagãs, corriam também o risco de estar em adoração a anjos, e não a Deus Cl 2:18). 8.4. A Doutrina dos Anjos e a Teologia Sistemática A Bíblia fala de Assembléia de anjos (em Sl 89:5-8, consta à palavra santos, mas o contexto dá a entender que são anjos), de sua organização para a batalha (Ap 12:7) e de um anjo que é rei sobre os terríveis seres apocalípticos que haverão de assolar a terra (Ap 9:11). Os anjos também possuem uma classificação governamental que indica organização e hierarquia (Ef 3:10 - dos anjos bons e Ef 6:12 - dos anjos maus). Sem dúvida, Deus determinou a organização dos anjos bons e Satanás a dos anjos maus. Do mesmo modo que nos governos terrenos há graduações e posições, também as há nas regiões celestiais. Os anjos estão em hierarquia ordenadamente. Aparecem em uma escala de graduação ou de autoridade. Esta graduação está de acordo com a atividade que exercem. A. Arcanjo. É uma palavra grega (archangelos). Na Bíblia aparece a menção de apenas um Arcanjo Miguel (só pode haver mesmo um arcanjo, pois a palavra significa “o principal entre os anjos”). Seu nome significa “quem é como Deus ou semelhante a Deus”. O prefixo “arc”, de Arcanjo, leva a supor ser este anjo um chefe principal e poderoso. E o significado do seu nome Miguel pode representar uma resposta a Lúcifer, cujo coração se elevou, dizendo “Serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14:14). B. Anjos Governadores. Nos escritos Paulinos aparecem várias expressões que indicam ordens de anjos: uma ordem de anjos bons ou maus, envolvido no Governo do universo (Rm 8:38; Ef 1:21; 3:10; 6:12; Cl 1:16; 2:10,15). Podem ser considerados como generais de exércitos angelicais. São anjos que têm poderes de príncipes. Potestades. Devem ser anjos que exercem uma supremacia; possuem autoridade para governar. Sua principal atividade deve ser remover os obstáculos que podem impedir o cumprimento da vontade de Deus, e para isso são investidos de especial autoridade (Rm 8:38; Ef 1:21; 3:10; 6:12; Cl 1:16; 2:10). Ef 3:10 pode dar a entender que potestades são anjos que aprendem algo da vontade de Deus ao contemplarem o que ele está realizando no seio da Igreja. Poderes. Esta palavra ressalta o fato de que anjos e demônios têm maior poder que os homens. Pode referir-se de modo especial, aos anjos, que exercem poder sobre os fenômenos da natureza (2 Pe 2:11; Ef 1:21; 1 Pe 3:22). Domínio. Deve ser uma classe de anjos que executam as ordens de Deus com relação às coisas criadas. (Cl 1:16; Ef 1:21). Tronos. Esta designação enfatiza a dignidade e autoridade com a qual Deus investiu os anjos que Ele usa para governar. (Ef 1:21; Cl 1:16; 2 Pe 2:10,11). Observe-se que em Cl 1:16 principados e potestades e tronos parecem referir-se a anjos bons. Ef 1:21, entretanto, parece ser uma referência a anjos bons e maus. Já em Rm 8:38; Ef 6:12 e Cl 2:15 parece que a referência é apenas a anjos maus. Embora haja uma aparente semelhança entre estas denominações, temos de presumir que estes títulos representam uma dignidade incompreensível e os diversos graus de categoria. As esferas celestiais de governo excedem os impérios humanos como o universo excede a terra. C. Querubins. Derivam de “querub” (hebraico) cujo significado é “guardar e cobrir”. Com esta função, os querubins aparecem mencionados em vários textos. Eles agiram como INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 27 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] guardiões da Santidade de Deus, tendo guardado o caminho para a árvore da vida no jardim do Éden (Gn 3:24). Querubins são, portanto, anjos que defendem o caráter Santo de Deus. Assim os encontramos em ação (Ex 26:1; 36:8; 1 Rs 6:23-29). D. Serafins. O nome Serafim tem origem na raiz hebraica Saraph, que significa “ardente”. Estes seres angelicais são mencionados apenas em Is 6:1-3. Eles aparecem ao redor do trono de Deus, a postos para cumprirem suas ordens. Os Serafins são considerados os mais nobres entre os anjos. Enquanto os querubins se ocupam em demonstrar a santidade de Deus, os serafins trabalham para promover a reconciliação, preparando os homens para uma adequada aproximação dele. E. Outros Anjos. Um deles, mencionado pelo nome, é Gabriel (Dn 8:15-27; 9:20-27; Lc 1:19,26). Foi incumbido de missão extraordinária, para revelar os mistérios que se encontravam acima da compreensão humana. Gabriel significa “Deus é forte”. Aparece como mensageiro da misericórdia e promessas divinas. Além do anjo Gabriel, aparecem outros anjos nas Escrituras, designados por Deus para tarefas específicas: • Mensageiros do juízo (Gn 19:13; 2 Rs 19:35). • Com poder sobre o fogo (Ap 14:18). • Com poder sobre as águas (Ap 16:5). • Os sete anjos anunciadores de juízos (Ap 8:2). • Anunciadores de nascimento das crianças (Gn 18:1,10; Jz 13:3). 8.5. A Criação dos Anjos A palavra anjo deriva da língua latina Ângelus, que é correspondente à palavra grega Angelos. No hebraico a palavra para anjo é Malak. O significado comum é “mensageiro, enviado”. Anjos, com o sentido de mensageiros, não diz respeito à natureza espiritual desses seres, mas determina sua missão. Com esse mesmo sentido de mensageiro ou enviado, pessoas humanas são chamadas anjos: o sacerdote (Ml 2:7), o rei (2 Sm 14:17,20) e os pastores líderes das sete igrejas do Apocalipse (Ap 2:1,8,12,18; 3:1,7,14). Contudo, não é difícil perceber quando o termo se refere aos seres celestiais, porque vem associado à pessoa de Deus como, por exemplo (Gn 16:7; 28:12; Sl 34:7). Deus criou tudo o que existe, as coisas visíveis e as invisíveis. Entre elas criou os anjos (Cl 1:16). Examinando a Bíblia, concluímos que foram criados todos de uma só vez - Deus criou uma companhia de anjos e não uma raça. 8.6. A Natureza dos Anjos Originalmente, as criaturas angelicais eram Santas. Todas as outras coisas criadas por Deus eram boas (Gn 1:31) e os anjos foram criados neste estado de justiça, bondade e santidade. Havia uma condição original de igualdade em todos os anjos (2 Pe 2:4). Os anjos que assim perseveraram, continuaram a serviço do Senhor e foram chamados eleitos. Mt 18:10; 1 Tm 5:21). Os anjos maus são os que não perseveraram no estado original. Rebelaram-se e tornaram-se inimigo de Deus, dos outros anjos e dos homens; e estão condenados a tormentos e castigo eterno (Jd 6; Mt 8:29; 25:41; 1 Jo 5:19; Jo 16:11). Os anjos são seres pessoais, pois Deus atribuiu a esses seres que criou características pessoais. A crendice popular tem os anjos como espíritos impessoais ou influência sobre os homens. São seres inteligentes, tem vontade própria e prerrogativas específicas. Os anjos de Deus não tomam outros corpos para se manifestarem, mas tomam formas de pessoas humanas visíveis para se fazerem manifestos. Sendo espirituais são também invisíveis. Os anjos podem influenciar a mente humana do mesmo modo como outro ser humano pode influenciar. A influencia dos anjos maus, porém, pode ser impedida pelo poder de Deus (Ef 6:10-12; 1 Jo 4:4-18) Alguns textos sobre a natureza dos Anjos (Hb 1:13-14; Mt 26:53; 22:30; Hb 12:22; 1 Rs 22:19; Dt 33:2; Lc 1:26; Jd 9; Ap 9:11; Lc 20:36; 1 Tm 6:16; Lc 20:35,36; Mt 8:16; Ef 6:12; Hb 1:14; Lc 24:39; Mt 22:30; Gn 18:2,8; 19:2,3; At 10:4,22; Ap 14:10; Is 14:12; Ez INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 28 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 28:15; Jo 8:44; 2 Pe 2:4; Lc 9:26; Ap 10:1-3; Hb 1:5-13; 2 Pe 2:11; Sl 103:20; Ap 14:18; 16:5; 2 Sm 14:17,20; Mt 24:36; 1 Pe 1:12; Lc 20:35-36). 9 - INTRODUÇÃO À SOTERIOLOGIA A soteriologia trata da comunicação das bênçãos da salvação ao pecador e seu restabelecimento ao favor divino e à vida de Íntima comunhão com Deus. Esta doutrina pressupõe conhecimento de Deus como a fonte da vida, do poder e da felicidade da humanidade, e da completa obediência em que o homem está de Deus, para o presente e para o futuro. Desde que ela trata de restauração, redenção e renovação, só pode ser apropriadamente compreendida à luz da condição originária do homem, criado à imagem de Deus, e da subseqüente perturbação da adequada relação entre o homem e o seu Deus, perturbação causada pela entrada do pecado no mundo. 9.1. A Ordem da Salvação (Ordo Salutis) A ordo salutis descreve o processo pelo qual a obra de salvação, realizada em Cristo, é concretizada objetivamente nos corações e vida dos pecadores. Visa a descrever, em sua ordem lógica e também em sua interrelação, os vários movimentos do Espírito Santo na aplicação da obra de redenção. A ênfase não recai no que o homem faz, ao apropriar-se da graça de Deus, mas no que Deus faz, ao aplicá-lo. Pode-se levantar a questão sobre se a Bíblia alguma vez indica uma ordo salutis definida. A resposta é que, embora ela não nos dê explicitamente uma ordem da salvação completa, oferece-nos base suficiente para a referida ordem. A melhor aproximação a algo como uma ordo salutis na Escritura é a declaração de Paulo em (Rm 8:29,30). Alguns teólogos luteranos baseavam artificialmente a enumeração dos vários movimentos na aplicação da redenção em (At 26:17,18). Mas, conquanto a Bíblia não nos dê uma nítida ordo salutis ela faz duas coisas que nos ajudam a elaborar uma ordem. • Dá-nos uma completa e rica enumeração das operações do Espírito Santo na aplicação da obra realizada por Cristo a pecadores individuais, e das bênçãos da salvação comunicadas a eles. • Ela indica, em muitas passagens e de muitas maneiras, a relação que os diferentes movimentos atuantes na obra de redenção os mantêm uns com os outros. o Ela ensina que somos justificados pela fé, e não pelas obras (Rm3:30; 5:1; Gl 2:16-20). o Que, sendo justificados, temos paz com Deus e acesso a Ele (Rm 5:1,2). o Que ficamos livres do pecado para tornar-nos servos da justiça e para colhermos o fruto da santificação (Rm 6:18,22). o Que quando somos adotados como filhos, recebemos o Espírito, que nos dá segurança e também nos tornamos co-herdeiros com Cristo (Rm 8:15-17; Gl 4:4-6). o Que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm 10:17). o Que a morte para a lei redunda em vida para Deus (Gl 2:19,20). o Que, quando cremos, somos selados com o Espírito de Deus (Ef 1:13,14). o Que é necessário andar de modo digno da vocação com que somos chamados (Ef 4:1,2). o Que, tendo obtido a justiça de Deus pela fé, participamos dos sofrimentos de Cristo, também do poder da ressurreição (Fp 3:9,10). o E que somos gerados de novo mediante a Palavra de Deus (1 Pe 1:23). INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 29 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Estas passagens e outras semelhantes indicam a relação dos vários movimentos da obra redentora, uns com os outros, e, assim, dão base para a elaboração de uma ordo salutis. A. Operações do Espírito Santo em Geral. A escritura nos ensina a reconhecer certa economia na obra de criação e redenção e autoriza o que falamos do Pai e da nossa criação, do Filho e da nossa redenção, e do Espírito Santo e da nossa santificação. O Espírito Santo não somente tem uma personalidade que lhe é própria, mas também tem um método peculiar de trabalho e, portanto, devemos distinguir entre a obra de Cristo merecendo a salvação e a obra do Espírito Santo aplicando-a. Cristo satisfez as exigências da justiça divina e mereceu todas as bênçãos da salvação. Mas sua obra ainda não está terminada. Ele a continua no céu, a fim de dar àqueles por quem Ele entregou Sua vida, a posse de tudo quanto mereceu por eles. Cristo mesmo indica a íntima conexão quando diz: “Quando vier, porém o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as cousas que hão de vir. Ele me glorificará porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar” (Jo 16:13,14). O Espírito que permanece nas criaturas e do qual a sua própria existência depende, provém de Deus e as liga a Deus (Jó 32:8; 33:4; 34:14,15; Sl 104:29; Ts 42:5). Deus é chamado Deus (ou Pai) dos espíritos de toda carne (Nm 16:22; 27:16; Hb 12:9). O Espírito de Deus gera vida e leva a completar-se a obra criadora de Deus (Jó 33:4; 34:14,15; Sl 104:29,30; Is 42:5). A Escritura diz repetidamente que o Espírito do Senhor veio (poderosamente) sobre eles (Jz 3:10; 6:34; 11:29; 13:25; 14:6,19; 15:14). Na verdade, há um espírito no homem, e o sopro do Todo-Poderoso o faz entendido (Jó 32:8). O Espírito do Senhor fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha língua (2 Sm 23:2). B. A Doutrina da Graça. Os ensinos da Escritura acerca da graça de Deus ressaltam o fato de que Deus distribui suas bênçãos aos homens de maneira livre e soberana, e não em consideração a algum mérito dos homens, que os homens devem todas as bênçãos da vida a um Deus benigno, perdoador e longânimo; e especialmente que todas as bênçãos da obra da salvação são dadas gratuitamente por Deus, e de maneira nenhuma são determinada pelos supostos méritos dos homens e expressa claramente com as seguintes palavras: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de nós é dom de Deus, não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2:8,9). Ele deu forte ênfase ao fato de que a salvação não é pelas obras (Rm 3:20-28; 4:16; Gl 2:16). A Graça de Deus na obra de redenção. Em primeiro lugar a graça é um atributo de Deus; uma das perfeições divinas. É o livre, soberano e imerecido favor ou amor de Deus ao homem, no estado de pecado e culpa em que este se encontra; favor que se manifesta no perdão do pecado e no livramento de sua pena. A graça está relacionada com a misericórdia de Deus, em distinção da Sua Justiça. Esta é a graça redentora no sentido mais fundamental da expressão. É a causa última do propósito eletivo de Deus, da justificação do pecador e da sua renovação espiritual; e é a prolífica fonte de todas as bênçãos espirituais e eternas. Em segundo lugar, o termo Graça é empregado como um designativo da provisão objetiva que Deus fez em Cristo para a salvação do homem. Cristo, como o mediador, È a encarnação viva da graça de Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós cheio de graça e de verdade (Jo 1:14). Paulo tem em mente a manifestação de Cristo, quando diz: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tt 2:11). Diz João: “A lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1:17). Em terceiro lugar, a palavra graça é empregada para designar o favor de Deus como é demonstrado na aplicação da obra de redenção pelo Espírito Santo. É aplicada ao perdão que recebemos na justificação, um perdão dado gratuitamente por Deus (Rm 3:24; 5:2,21; Tt 3;15). Mas, em acréscimo a isso, também é um nome compreensivo, abrangendo todos os dons da graça de Deus, as bênçãos da salvação e as graças espirituais que são acionadas nos corações e vidas dos crentes pela operação do Espírito Santo (At 11:23; 18:27; Rm 5:17; 1 Co 15:10; 2 Co 9:14; Ef 4:7; Tg 4:5,6; 1 Pe 3:7). O Espírito é chamado Espírito da graça (Hb 10:29). C. Processo da Ordem da Salvação. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 30 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Regeneração. A regeneração consiste na implantação do principio da nova vida espiritual no homem, numa radical mudança da disposição dominante da alma, que, sob a influencia do Espírito Santo, dá nascimento a uma vida que se move em direção a Deus. Em principio, esta mudança afeta o homem completo, o intelecto (1 Co 2:14; 2 Co 4:6; Ef 1:18; Cl 3:10), a vontade (Sl 110:3; Fp 2:13; 2 Ts 3:5; Hb 13:21) e os sentimentos ou emoções (Sl 42:1,2; Mt 5:4; 1 Pe 1:8). No sentido mais restrito da palavra podemos dizer: Regeneração é o ato de Deus pelo qual o principio da nova vida é implantado no homem, e a disposição dominante da alma é tornada santa. Mas, a fim de incluir a idéia do novo nascimento, como também a da nova geração, será necessário complementar a definição com as seguintes palavras: È o primeiro exercício santo desta nova disposição que é assegurado. As causas eficientes da Regeneração são: 1) a vontade Humana (Jo 5:42; Rm 3:9-18; 7:18,23; 8:7; 2 Tm 3:4), sendo Deus o que inclina a vontade do homem (Rm 9:16; Fp 2:13); 2) a verdade (Rm 1:18,25) e 3) o Espírito Santo (Ez 11:19; Jo 1:13; At 16:14; Rm 9:16; Fp 2:13). Conversão. A doutrina da conversão, naturalmente, como todas as outras doutrinas Cristãs, baseia-se na Escritura, e sobre esta base deve ser aceita. Desde que a conversão é uma experiência consciente ocorrida nas vidas de muitos, o testemunho da experiência pode ser acrescentado ao da Palavra de Deus, mas esse testemunho, por mais valioso que seja, nada acrescenta à segura veracidade da doutrina ensinada na Palavra de Deus. Podemos ser gratos ao fato de que nos últimos anos a psicologia da religião deu considerável atenção ao fato da conversão, mas sempre se deve ter em mente que, embora tenha trazido à nossa atenção alguns fatos interessantes, pouco ou nada fez para explicar a conversão como um fenômeno religioso. A doutrina escriturística da conversão baseia-se, não somente nas passagens que contém um ou mais dos termos mencionados na seção anterior, mas também em muitas outras nas quais o fenômeno da conversão é descrito ou apresentado concretamente com exemplos vivos. Exempls: com a pregação de Jonas, os ninivitas se arrependeram dos seus pecados e foram poupados pelo Senhor (Jn 3:10). Conversão verdadeira (Conversio Actualis Prima), a verdadeira conversão nasce da tristeza segundo Deus; e redunda numa vida de devoção a Deus (2 Co 7:10). É uma mudança que tem suas raízes na obra de regeneração, e que é efetuada na vida consciente do pecador pelo Espírito de Deus; mudança de pensamentos e opiniões, de desejos e volições, que envolve a convicção de que a direção anterior da vida era insensata e errônea, e altera todo o curso da vida. Há dois lados nesta conversão, um ativo e o outro passivo: 1) o primeiro sendo o ato de Deus pelo qual Ele muda o curso consciente da vida do homem e 2) o último, o resultado desta ação como se vê na mudança que o homem faz no curso da sua vida e em seu voltar-se para Deus conseqüentemente. Pode-se dar uma dupla definição de conversão: • A conversão ativa é o ato de Deus pelo qual Ele faz com que o pecador regenerado, em sua vida consciente se volte para Ele com arrependimento e fé. • A conversão passiva é o resultante ato consciente do pecador pelo qual ele, pela graça de Deus, volta-se para Deus com arrependimento e fé. Esta conversão é a conversão que nos interessa primordialmente na teologia. A palavra de Deus contém vários exemplares notáveis dela, como, por exemplo: • As conversões de Naamã (2 Rs 5:15). • Manassés (2 Cr 33:12,13). • Zaqueu (Lc 19:8,9). • Cego de nascença (Jó 9:38). • Mulher Samaritana (Jó 4:29,39). • Eunuco (At 8:30). • Cornélio (At 10:44). • Paulo (At 9:50). INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 31 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Lídia (At 16:14). Fé. Como fenômeno psicológico, a fé, no sentido religioso, não defere da fé em geral. Se a fé em geral é uma persuasão da verdade fundada no testemunho de alguém em quem temos confiança e em quem descansamos e, portanto, apóia-se numa autoridade, a fé Cristã no sentido mais abrangente, é a persuasão do homem, quanto à veracidade da Escritura, com base na autoridade de Deus. Nem sempre a Bíblia fala da fé religiosa no mesmo sentido, e isto deu surgimento às seguintes distinções na Teologia. • Fé Histórica (Jo 3:2; Mt 7:26; At 26:27,28; Tg 2:19). • Fé Miraculosa (Mt 17:20; Mc 16:17,18; Mt 8:10-13; Jo 11:22; At 14:9). • Fé Temporal (Mt 13:20,21). A Verdadeira Fé Salvadora. A verdadeira fé salvadora tem sua sede no coração e suas raízes na vida regenerada. Muitas vezes se faz distinção entre o Habitus e o Actus da Fé (entre o hábito e o ato da fé). Contudo por três destes acha-se a Sêmen Fidei (Semente da Fé). Esta fé não é primeiramente uma atividade do homem, mas uma potencialidade produzida por Deus no coração do pecador. A semente da fé é implantada no homem quando há regeneração. Alguns teólogos falam disto como Habitus da fé, mas outros mais corretamente lhe chamam Sêmen Fidei. Somente depois que Deus implantou a semente da fé no coração do homem, é que ele pode exercer a fé. É isto, evidentemente, que Barth tem em mente também quando, em seu desejo de ressaltar o fato de que a salvação é exclusivamente obra de Deus, afirma que Deus, e não o homem, é o sujeito da fé. O exercício consciente da fé forma gradativamente o Habitus, e este adquirem uma significação fundamental e determinante para o exercício da fé. Quando a Bíblia fala da fé, geralmente se refere à fé como uma atividade do homem, mas nascida da obra realizada pelo Espírito Santo. Pode-se definir a fé salvadora como uma convicção, produzida pelo Espírito Santo no coração, quanto à veracidade do Evangelho e uma segurança (confiança) nas promessas de Deus em Cristo. Em última análise, é certo, Cristo é o objeto da fé salvadora, mas Ele nos é oferecido unicamente no Evangelho. Justificação. (Natureza e Características da Justificação). A justificação é um ato judicial de Deus, no qual Ele declara, com base na justiça de Jesus Cristo, que todas as reinvidicações da lei são satisfeitas com vistas ao pecador. Ela é singular, na obra de redenção, em que é um ato judicial de Deus, e não um ato ou processo de renovação, como é o caso da regeneração, da conversão e da santificação. Conquanto diga respeito ao pecador, não muda a sua vida interior. Não afeta a sua condição, mas sim, o seu estado ou posição, e nesse aspecto difere de todas as outras principais partes da ordem da salvação. Ela envolve o perdão dos pecados e a restauração do pecador ao favor divino. O arminiano sustenta que ela inclui somente aquele, e não esta; mas a Bíblia ensina claramente que o fruto da Justificação é muito mais que o perdão. Os que são justificados têm paz com Deus, segurança da salvação (Rm 5:1-10) e uma herança entre os que são santificados (At 26:18). Devemos observar os seguintes pontos de diferença entre a justificação e a santificação: • A justificação remove a culpa do pecado e restaura o pecador a todos os direitos filiais envolvidos em seu estado de filho de Deus, incluindo uma herança eterna. A santificação remove a corrupção do pecado e renova o pecador constante e crescentemente, em conformidade com a imagem de Deus. • A justificação dá-se fora do pecador, no tribunal de Deus, e não muda a sua vida interior, embora a sentença lhe seja dada a conhecer na vida interna do homem e gradativamente afete todo o seu ser. • A justificação acontece uma vez por todas. Não se repete, e não é um processo; é imediatamente completa e para sempre não existe isso, de mais ou menos justificação; ou o homem é plenamente justificado, ou absolutamente não é justificado. Em distinção disto, a santificação é um processo contínuo que jamais se completa nesta existência. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 32 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Enquanto que a causa meritória está nos méritos de Cristo, há uma diferença na causa eficiente. Falando em termos de economia, Deus o Pai declara justo o pecador, e Deus o Espírito o santifica. Ocasião que se dá a Justificação. Alguns teólogos separam cronologicamente a justificação ativa e passiva. Neste caso, dizem que a justificação ativa deu-se na eternidade, ou quando da ressurreição de Cristo, ao passo que a justificação passiva realiza-se pela fé, e, portanto, assim se diz, segue-se à outra, no sentido cronológico. Consideremos sucessivamente a justificação desde a eternidade, a justificação na ressurreição de Cristo e a justificação pela fé. Santificação. (Natureza da Santificação). É uma obra sobrenatural de Deus. Alguns têm a equivocada noção de que a santificação consiste meramente em induzir a nova vida implantada na alma pela regeneração, de maneira persuasiva, mediante a apresentação de motivos à vontade. A Escritura mostra claramente o caráter sobrenatural da santificação de diversas maneiras. Descreve-a como obra de Deus (1 Ts 5:23; Hb 13:20,21), como fruto da união vital com Jesus Cristo (Jo 15;4; Gl 2:20; 4:19), como uma obra que é realizada no homem por dentro e que, por essa mesma razão, não pode ser obra do homem (Ef 3:16; Cl 1:11) e fala da sua manifestação nas virtudes cristãs como sendo obra do Espírito (Gl 5:22). As duas partes da santificação são expostas na escritura como: 1. A Mortificação do Velho Homem (o corpo do pecado). Muitas vezes é exposta na Bíblia como a crucificação do Velho Homem e, assim, é associada à morte de Cristo na cruz. O Velho Homem é a natureza humana na medida em que é dirigida pelo pecado (Rm 6:6; Gl 5:24). No contexto da passagem de Gálatas, Paulo contrasta as obras da carne com as do Espírito, e depois diz: “E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências”. 2. A Vivificação do Novo Homem, criado em Cristo Jesus para boas obras. É o ato de Deus pelo qual a disposição santa da alma é fortalecida, os exercícios santos são incrementados e, assim, é gerado e promovido um novo curso da vida. A velha estrutura do pecado vai sendo posta abaixo aos poucos e uma nova estrutura é erguida em seu lugar. Estas duas partes da santificação não são sucessivas, mas, simultâneas. Graças a Deus, o levantamento gradual do novo edifício não precisa esperar até que o antigo esteja completamente demolido. Se precisasse, nunca poderia começar nesta existência. Com a gradativa dissolução do antigo, o novo vai aparecendo. É como arejar uma casa impregnada de odores pestilentos. Conforme o ar que ali estava é extraído, o novo ar se precipita para dentro. Este ato positivo da santificação, muitas vezes é chamado ressurreição com Cristo (Rm 6:4,5; Cl 2:12; 3:12). A nova vida a qual ela conduz é chamada viver para Deus (Rm 6:11; Gl 2:19). Afeta o Homem todo: corpo e alma; intelecto, afetos e vontade. Isto decorre da natureza do caso, porque a santificação ocorre na vida interior do homem, no coração, e este não pode ser mudado sem se mudar todo o organismo do homem. Transforma-se o homem interior, e forçosamente há transformação da periferia da vida. Ademais, a Escritura ensina claramente e explicitamente que a santificação afeta tanto o corpo como a alma (1 Ts 5:23; 2 Co 5:17; Rm 6:12; 1 Co 6:15,20). O corpo é focalizado aqui como órgão ou instrumento da alma pecaminosa, pelo qual se expressam as inclinações, hábitos e paixões pecaminosos. A santificação do corpo tem lugar principalmente na crise da morte e na ressurreição dos mortos. Finalmente, transparece na Escritura que a santificação afeta todos os poderes ou faculdades da alma: o entendimento (Jr 31:34; Jo 6:45), a vontade (Ez 36:25-27; Fp 2:13), as paixões (Gl 5:24), e a consciência (Tt 1:15; Hb 9:14). Características da Santificação. Ao que parece, a santificação do crente deve completar-se no exato momento da morte, ou imediatamente após a morte, no que se refere à alma, e na ressurreição, quanto ao concernente ao corpo. Isto parece decorrer do fato de que, por um lado, a Bíblia ensina que, na vida presente, ninguém pode arrogar-se liberdade do pecado (1 Rs 8:46; Pv 20:9; Rm 3:10,12; Tg 3:2; 1 Jo 1:8), e que, por outro lado, os que já partiram estão inteiramente santificados. Ela fala deles como espíritos dos justos aperfeiçoados (Hb 12:23) e como sem mácula (Ap 14:5). Ademais, é nos dito que na celestial cidade de Deus de modo nenhum penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 33 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] abominação e mentira (Ap 21:27); e que Cristo, na Sua vinda, transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua gloria (Fp 3:21). A santificação tem lugar, em parte, na vida subconsciente e, como, tal, é uma operação imediata do Espírito Santo; mas também, em parte, dá-se na vida consciente, e, neste caso, depende do uso de certos meios, tais como o exercício da fé, o estudo da Palavra de Deus, a oração e a associação com outros crentes. 10 - INTRODUÇÃO À HERMENÊUTICA Diz-se que a palavra hermenêutica bíblica deve sua origem no nome de Hermes, o deus grego que servia de mensageiro dos deuses, transmitindo e interpretando suas comunicações aos seus afortunados ou, com freqüência desafortunados destinatários. Em seu significado técnico, muitas vezes se define a hermenêutica como “a ciência e arte de interpretação bíblica”. Considera-se a hermenêutica como ciência porque ela tem normas ou regras, e essas podem ser classificadas num sistema ordenado. Considerada como arte, porque a comunicação é flexível e, portanto, uma aplicação mecânica e rígida das regras às vezes distorcerá o verdadeiro sentido de uma comunicação. A teoria hermenêutica divide-se, às vezes em duas subcategorias – a Hermenêutica Geral e a Especial. 1. Hermenêutica Geral é o estudo das regras que regem a interpretação do texto bíblico inteiro. Incluem os tópicos das análises histórico-cultural, léxico-sintática, contextual, e teológica. 2. Hermenêutica Especial é o estudo das regras que se aplicam aos gêneros específicos, como parábolas, alegorias, tipos e profecias. 11 - A HERMENÊUTICA E A EXEGESE Somente após um estudo da canonicidade, da Crítica Textual e da Crítica Histórica é que o estudioso está preparado para fazer exegese. Exegese é a aplicação dos princípios da hermenêutica para chegar-se a um entendimento correto do texto. O prefixo ex (“fora de; para fora”), refere-se á idéia de que o interprete está tentando derivar seu entendimento do texto, em vez de ler seu significado no (dentro) texto (exegese). Seguindo a exegese estão os campos gêmeos da Teologia Bíblica e da Teologia Sistemática. Teologia Bíblica é o estudo da revelação divina no Antigo e Novo testamento. Contrastando com a Teologia Bíblica, a Teologia Sistemática, organiza os dados bíblicos de uma maneira lógica antes que histórica. Quando interpretamos as Escrituras, há diversos bloqueios a uma compreensão espontânea do significado primitivo da mensagem. 1. Há um Abismo Histórico no fato de nos encontrarmos largamente separados no tempo, tanto dos escritores quanto dos primitivos leitores. A antipatia de Jonas pelos Ninivitas, por exemplo, assume maior significado quando entendemos a extrema crueldade e pecaminosidade do povo de Nínive (Jn 1:1-3). 2. Em segundo lugar existe um Abismo Cultural, resultante de significativas diferenças entre a cultura dos antigos hebreus e a nossa. 3. Um terceiro bloqueio à compreensão espontânea da Mensagem bíblica é a Diferença Lingüística. A Bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego - três línguas que possuem estruturas e expressões idiomáticas muito diferentes da nossa própria língua. A mesma coisa pode acontecer ao traduzir-se de outras línguas, se o leitor ignorar que frases como “o Senhor endureceu o coração do Faraó”, podem conter expressões idiomáticas que dão ao sentido primitivo desta frase algo diferente daquele comunicado pela tradução literal. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 34 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 4. Um quarto bloqueio significativo é a Lacuna Filosófica. Opiniões acerca da vida, das circunstâncias, da natureza e do Universo, diferem entre as várias culturas. Portanto, a hermenêutica é necessária por causa das lacunas históricas culturais, lingüísticas e filosóficas que obstruem a compreensão espontânea e exata da Palavra de Deus. Exemplos de versículos com definições hermenêuticas da Bíblia: 2 Tm 3:16; 2 Pe 1:21. No estudo da Bíblia, a tarefa do exegeta é determinar tão intimamente quanto possível o que Deus queria dizer em determinada passagem, e não o que ela significa para mim. Se aceitarmos o ponto de vista de que o sentido de um texto é o que ele significa para mim, então a Palavra de Deus pode ter tantos significados quantos forem seus leitores. A esta altura pode ser útil distinguir entre a interpretação e aplicação. Dizer que um texto tem uma interpretação válida (o significado pretendido pelo autor) não quer dizer que o que ele escreveu tem somente uma aplicação possível. Exemplos: A ordem em Ef 4:27 tem um significado, mas pode ter diferentes aplicações. Em Romanos 8 tem um significado, mas pode ter múltiplas aplicações. Outros exemplo: 1 Pe 1:10-12; Dn 12:8; 8:27; João 11:49–52. A Bíblia ensina que a rendição ao pecado torna-nos escravos dele e cega-nos à Justiça (João 8:34; Rm 1:18-22; 6:15,19; 1 Tm 6:9; 2 Pe 2:19). Os Evangélicos Conservadores são os que crêem que a Bíblia é totalmente sem erros. Os Evangélicos Liberais crêem que a Bíblia é sem erro toda vez que fala sobre questões da salvação e da fé cristã; mas pode possuir erros nos fatos históricos e noutros pormenores. 11.1. Interpretação das Escrituras Os teólogos conservadores concordam em que as palavras podem ser usadas em sentido literal, figurativo ou simbólico. As três sentenças seguintes servem-nos de exemplo: • Literal. Foi colocada na cabeça do rei uma coroa cintilante de Jóias. • Figurativo. (Um pai bravo com o filho:) “Na próxima vez que me chamar de coroa você vai ver estrelas ao meio-dia!”. • Simbólico. “Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça” (Ap 12:1). 11.2. Visão Panorâmica da História Princípios evangélicos encontrados em cada um dos seguintes períodos de interpretação bíblica. 1. Exegese Judaica Antiga. 2. Uso do Antigo Testamento pelo Novo Testamento. 3. Exegese Patrística (100-600 d.C). 4. Exegese Medieval (600-1500 d.C.). 5. Exegese da Reforma. 6. Exegese da Pós-Reforma. 7. Hermenêutica Moderna. Além do mais, à medida que estudamos a história da interpretação, vemos que muitos dos grandes Cristãos (Orígenes, Agostinho, Lutero, etc.) entenderam e aceitaram princípios hermenêuticos melhores do que os que praticaram. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 35 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Agostinho (354-430). Em termos de originalidade e gênio, Agostinho foi de longe o maior homem de sua Época. Em seu livro sobre a Doutrina Cristã, ele estabeleceu diversas regras para exposição da Escritura, algumas das quais estão em uso até hoje. Entre suas regras encontramos as seguintes, conforme resumo de Ramm: • O intérprete deve possuir fé cristã autêntica. • Deve-se ter em alta conta o significado literal e histórico da Escritura. • A Escritura tem mais que um significado e, portanto, o método alegórico é adequado. • Há significado nos números bíblicos. • O Antigo Testamento é documento Cristão porque Cristo está retratado nele do principio ao fim. • Compete ao expositor entender o que o autor pretendia dizer e não introduzir no texto o significado que ele – expositor – quer lhe dar. • O intérprete deve consultar o verdadeiro credo Ortodoxo. • Um versículo deve ser estudado em seu contexto, e não isolado dos versículos que o cercam. • Se o significado de um texto é obscuro, nada na passagem pode constituir-se matéria da fé ortodoxa. • O Espírito Santo não toma o lugar do aprendizado necessário para se entender a Escritura. O interprete deve conhecer hebraico, grego, geografia e outros assuntos. • A passagem obscura deve dar preferência a passagem clara. • O expositor deve levar em consideração que a revelação é progressiva. Ele justificou suas interpretações alegóricas em 2 Coríntios 3:6: “Porque a letra mata, mas o espírito vivifica”; querendo com isso dizer que uma interpretação literal da Bíblia mata, mas uma alegórica ou espiritual vivifica. A interpretação foi amarrada pela tradição, e o que se destacava era o método alegórico. O sentido quádruplo da Escritura engendrado por Agostinho era a norma para a interpretação bíblica. Esses quatro níveis da significação, expressos na seguinte quadra que circulou durante este período, eram tidos como existentes em toda passagem bíblica. • A letra mostra-nos o que Deus e nossos pais fizeram. • A alegoria mostra-nos onde está oculta a nossa fé. • O significado moral dá-nos as regras da vida diária. • A analogia mostra-nos onde terminamos nossa luta. 11.3. Análise Histórico-Cultural e Contextual. 1. Determinar o ambiente geral, histórico e cultural do escritor e de sua audiência. 2. Determinar as circunstâncias históricas gerais. 3. Estar cônscio das circunstâncias e normas culturais que acrescentam significados a determinadas ações. 4. Discernir o nível de compromisso espiritual da audiência. 5. Determinar o objetivo que o autor tinha em escrever um livro, mediante: 6. Notar as declarações explícitas ou repetição de frases. 7. Observar as seções parentéticas ou hortativas. 8. Observar os problemas omitidos ou os focalizados. 9. Entender como a passagem se enquadra em seu contexto imediato: INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 36 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Apontar os principais blocos de material no livro e mostrar como se ajustam num todo coerente. • Mostrar como a passagem se encaixa na corrente de argumento do autor. • Determinar a perspectiva que o autor tencionava comunicar – numenológica ou fenomenológica. • Distinguir entre verdade descritiva e verdade prescritiva • Distinguir entre detalhes incidentais e o núcleo de ensino da passagem. • Indicar a pessoa ou categoria de pessoas para as quais a passagem se destinava. 11.4. Análise Léxico-Sintática O estudo do significado de palavras tomadas isoladamente (lexicologia) e o modo como essas palavras se combinam (sintaxe), a fim de determinar com maior precisão o significado que o autor pretendia lhes dar. Assim quando Jesus disse: Eu sou a porta, eu sou a Videira e Eu sou o pão da Vida., entendemos essas expressões como comparações, conforme ele tencionava. A análise Léxico-Sintática fundamenta-se na premissa de que embora as palavras possam assumir uma variedade de significados em contextos diferentes, elas têm apenas um significado intencional em qualquer contexto dado. Os Sete passos seguintes foram comentados para a elaboração de uma Análise Léxico- Sintática: 1. Apontar a forma literária geral. 2. Investigar o desenvolvimento do tema e mostrar como a passagem sob consideração se enquadra no contexto. 3. Apontar as divisões naturais (parágrafos e sentenças) do texto. 4. Indicar os conectivos dos parágrafos e sentenças e mostrar como auxiliam na compreensão da progressão do pensamento. 5. Determinar o que significam as palavras tomadas individualmente: • Apontar os múltiplos significados que uma palavra possuía no seu tempo e cultura. • Determinar os significados únicos, que o autor tenha em mente em dado contexto. 6. Analisar a sintaxe para mostrar de que modo ela contribui para a compreensão de uma passagem. 7. Colocar os resultados de sua análise em palavras não técnicas, de fácil compreensão que comuniquem com clareza o significado que o autor tinha em mente. Examinemos Gálatas 5:1 que diz: “Permanecei, pois, firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão”. Tomando, isoladamente, o versículo poderia ter qualquer de diversos significados: poderia referir-se á escravidão humana, á escravidão política, à escravidão ao pecado, e assim por diante. O pois indica, contudo, que este versículo é a aplicação de um ponto que Paulo apresentou no capitulo anterior. Uma leitura dos argumentos de Paulo (Gálatas 3:1 - 4 :30) e de sua conclusão (4:31) esclarece o significado do outrora ambíguo (5:1). Paulo está incentivando os gálatas a não se escravizar de novo ao jugo do legalismo (esforçar-se por ganhar a salvação pelas boas obras). 11.5. Significados das Palavras Em sua maioria, as palavras que sobrevivem por longo tempo numa língua, adquirem muitas denotações (significados específicos) e conotações (implicações complementares). As palavras ou frases podem ter denotações vulgares e também técnicas. As denotações literais INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 37 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] podem, finalmente, conduzir a denotações metafóricas. As palavras também possuem conotações, significados emocionais implícitos, não declarados explicitamente. A. Como Descobrir Denotações. Por exemplo, duas palavras gregas que significam amor (Agapaoe Phileo), de fato têm significados diferentes (João 21:15-7); contudo, de quando em quando parecem ter sido usadas como sinônimos (Mateus 23:6; 10:37; Lucas 11:43; 20:46). Também se forçarmos as palavras em todas as suas denotações, cedo estaremos produzindo exegese herética. Por exemplo, a palavra grega “sarx” pode significar “a parte sólida do corpo excetuando-se os ossos” (1Co 15:39), a substância global do corpo (Atos 2:26), a natureza sensual do homem (Cl 2:18), a natureza humana dominada por desejos pecaminosos (Rm 7:19). Embora esta seja apenas uma lista parcial de suas denotações, podemos ver que se todos esses significados fossem aplicados à palavra conforme se encontra em João 6:53, onde Cristo fala sobre sua própria carne, o intérprete estaria atribuindo pecado a Cristo. A palavra grega Moranthei, registrada em Mateus 5:13, pode significar: “tornar-se tolo ou tornar-se insípido”. Neste caso o sujeito da sentença é sal, e assim, a segunda denotação (se o sal vier a ser insípido) é escolhida como a correta. A poesia hebraica, caracteriza- se por paralelismo. O Paralelismo Hebraico pode classificar-se em três tipos básicos: Sinonímico, Antitético e Sintético. 1. No Paralelismo Sinonímico, a segunda linha de uma estrofe repete o conteúdo da primeira, mas com palavras diferentes Ex.: Salmo (103:10). Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniqüidades. 2. No Paralelismo Antitético a idéia da segunda linha contrasta agudamente com a da primeira. O Salmo 37:21 proporciona-nos um exemplo: “O Ímpio pede emprestado e não paga, o justo, porém, se compadece e dá”. 3. No Paralelismo Sintético a segunda linha vai mais longe ou completa a idéia da primeira. O Salmo 14:2 È um exemplo: “Do céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. 11.6. Análise Teológica 1. Determinar sua própria perspectiva da natureza do relacionamento de Deus com o homem. 2. Apontar a implicações desta perspectiva para a passagem que você está estudando. 3. Avaliar a extensão do conhecimento teológico disponível às pessoas daquele tempo. 4. Determinar o significado que a passagem possuía para seus primitivos destinatários à luz do conhecimento que tinham. 5. Indicar o conhecimento complementar acerca deste tópico que hoje temos disponível por causa de revelação posterior. 11.7. Teoria Dispensacional O Dispensacionalismo é uma dessas teorias que as pessoas parecem aceitar com plena confiança ou amaldiçoar; poucas assumem posição neutra. Ele tem sido chamado de a chave para dividir corretamente as Escrituras e alternativamente a mais perigosa heresia encontrada presentemente dentro dos círculos cristãos. O padrão da história da Salvação é visto como três passos que se repetem com regularidade: 1. Deus dá ao homem um conjunto específico de responsabilidades ou padrão de obediência. 2. O homem não consegue viver à altura desse conjunto de responsabilidades. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 38 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 3. Deus reage com misericórdia concedendo um novo conjunto de responsabilidades, isto é, uma nova dispensação. Os dispensacionalistas, identificam entre quatro e nove dispensações: o número costumeiro é sete ou oito (se o período da tribulação for considerado com uma dispensação à parte). 1. Dispensação da Inocência ou Liberdade (Gênesis 1:28 - 3:6). 2. Dispensação da Consciência (Gênesis 4:1 - 8:10). 3. Dispensação do Governo Civil (ou, Humano) (Gênesis 8:15 - 11:9). 4. Dispensação da Promessa (Gênesis 11:10 - Êxodo 18:27). 5. Dispensação da Lei Mosaica (Êxodo 18:2 - Atos 1:26). 6. Dispensação da Graça (Atos 2:1 - Apocalipse 19:21). 7. Dispensação do Milênio (Apocalipse 20). A base da salvação em cada era é a morte de Cristo, a exigência para a salvação em cada era é a fé; o objeto da fé em cada era é Deus; o conteúdo da fé muda nas várias dispensações. Evidentemente se a Teoria Dispensacional é correta, então ela representa um poderoso instrumento hermenêutico e instrumento decisivo se queremos interpretar as promessas e ordens bíblicas corretamente. Por outro lado, se a Teoria Dispensacional é incorreta, então aquela que ensina tais distinções poderia correr sério risco de trazer sobre si próprio os juízos de Mateus 5:19. 11.8. Teoria Luterana Lutero acreditava que devemos distinguir com cuidado entre duas verdades bíblicas paralelas e sempre presentes: A Lei e o Evangelho. A Lei refere-se a Deus, em seu ódio ao pecado, seu juízo e sua era. O Evangelho refere-se a Deus em sua graça, seu amor, e sua salvação. Um modo de distinguir Lei e Evangelho é perguntar: isto fala de julgamento sobre mim? Nesse caso, é a Lei. Em contraste, se a passagem traz consolo, ela é o Evangelho. 11.9. Teoria das Alianças A aliança da Graça é o acordo entre Deus e o pecador, na qual Deus promete salvação mediante a fé, e o pecador promete uma vida de fé e obediência. Todos os crentes do Antigo Testamento bem como os crentes nossos contemporâneos, são parte da aliança da Graça. Por exemplo, Jr 31:31-32 diz: “Eis aí vêm dias, diz o Senhor e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito. Porquanto eles anularam a minha Aliança. Não obstante eu os haver desposado”. A. Três Aspectos da Lei. 1. O Cerimonial. As observâncias rituais que apontavam para a frente, para a expiação final em Cristo. 2. O Judicial ou Civil. As leis que Deus prescreveu para uso no governo civil de Israel. 3. O Moral. O corpo de preceitos morais de aplicação universal, permanente, a toda a humanidade. O aspecto Cerimonial da Lei abrange os vários sacrifícios e ritos cerimoniais que serviram como figuras ou tipos que apontavam para o Redentor vindouro (Hb 7-10). Vários textos do Antigo Testamento confirmam a concepção do significado Espiritual (Lv 20:25,26; Sl 26:6; 51:7,16,17; Is 1:16). Diversos textos do Novo Testamento diferenciam o aspecto cerimonial da lei e apontam para seu cumprimento em Cristo (Mc 7:19; Ef 2:14-15; Hb INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 39 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 7:26-28; 9:9-11; 10:1,9). O aspecto Moral da lei (Rm 8:1-3; Rm 3:31; Rm 6; 1 Co 5; 1 Co 6:9–20). B. Objetivos da Lei (Gl 3:19; 1 Tm 1:8-11; Gl 3:22-24; Jo 14:15; 15:10; 1 Jo 3:9; 1 Jo 4:16-19). 11.10. Introdução à Hermenêutica Especial É o estudo das regras que se aplicam aos gêneros específicos, como parábolas, alegorias, tipos e profecia. A. Figuras de Linguagem Símile. È uma comparação expressa: È típico o emprego das palavras semelhante ou como (“o reino dos céus é semelhante”). Metáfora. È uma comparação não expressa; ela não usa as palavras semelhantes ou como. O sujeito e a coisa com a qual ele é comparado estão entrelaçados. Jesus usou metáforas quando disse: “Eu sou o pão da vida e vós sois a Luz do Mundo”. Tanto nos símiles como nas metáforas por causa de sua natureza compacta, o autor geralmente tem em mira acentuar um único ponto (exemplo: que Cristo é a fonte de sustentação de nossa vida espiritual; ou que os cristãos devem ser exemplos de vida piedosa num mundo ímpio). Parábola. Podemos entender a parábola como um Símile ampliado. A comparação vem expressa e o sujeito e a coisa comparada, explicados mais plenamente, mantêm-se separados. Alegoria. Por semelhante modo, pode-se entender a Alegoria como uma metáfora ampliada; a comparação não vem expressa e o sujeito e a coisa comparada acham-se entrelaçados. Geralmente a Parábola tem prosseguimento mantendo a história e sua aplicação distintas: em geral, a aplicação acompanha a história. As Alegorias mesclam a história e sua aplicação, de sorte que a alegoria traz em seu conteúdo sua própria interpretação. Os provérbios podem ser considerados ou como parábolas condensadas ou como alegorias condensadas. O foco geral do livro de Provérbios é o aspecto moral da lei – regulamentos éticos para a vida diária, redigidos em termos universalmente permanentes. Os focos específicos incluem sabedoria, moralidade, castidade, controle da língua, associações com outras pessoas, indolência e justiça. Os provérbios têm em geral, um único ponto de comparação ou principio de verdade para comunicar (Pv 31:14). As finalidades das Parábolas são: 1) revelar verdade aos crentes (Mt 13:10-12; Mc 4:11; 2 Sm 12:1-7). 2) ocultar a verdade daqueles que endurecem o coração contra ela (Mt 13:10-15; Mc 4:11-12, Lc 8:9-10). 11.11. Tipologia Bíblica A palavra grega Tupos, da qual se deriva à palavra tipo, tem uma variedade de denotações no Novo Testamento. A idéia básica expressa por Tupos e seus sinônimos são os conceitos de “parecença, semelhança e similaridade”. A seguinte definição de tipo desenvolveu-se de um estudo indutivo do uso bíblico deste conceito: tipo é “uma relação representativa reordenada que certas pessoas, eventos e instituições têm como pessoas, eventos e instituições correspondentes, que ocorrem numa época posterior na história da salvação”. Provavelmente a maioria dos teólogos evangélicos concordaria com esta definição de tipologia bíblica. Um exemplo notório de um tipo bíblico encontra-se em João 3:14-15, onde Jesus diz: “E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna”. Jesus ressaltou duas semelhanças: 1. O levantamento da serpente e dele próprio. 2. Vida para os que responderam ao objeto do levantamento. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 40 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Os tipos assemelham-se aos símbolos e podem até ser considerada uma espécie particular de símbolo. Contudo, existem duas características que os diferenciam: 1. Primeira, os símbolos servem de sinais de algo que representam, sem necessariamente ser semelhantes em qualquer respeito, ao passo que os tipos se assemelham de uma ou mais formas às coisas que prefiguram. Por exemplo, o pão e o vinho são símbolos do corpo e sangue de Cristo; os sete candeeiros de ouro (Ap 2:1) são símbolos das igrejas da Ásia. Não há similaridade necessária entre o símbolo e o objeto que ele simboliza, como há entre o tipo e seu antítipo. A prefiguração é chamada tipo; o cumprimento chama-se antítipo. 2. Segunda, os tipos apontam para o futuro, ao passo que os símbolos podem não fazê-lo. Um tipo sempre precede historicamente o seu antítipo, ao passo que um símbolo pode preceder, coexistir, ou vir depois daquilo que ele simboliza. A Tipologia deve, também se distinguir do Alegorismo. A tipologia é a busca de vínculos entre os eventos históricos, pessoas, ou coisas dentro da história da salvação o Alegorismo é a busca de significados secundários e ocultos que sublinham o significado primário e da narrativa histórica. A tipologia repousa sobre uma compreensão objetiva da narrativa histórica, ao passo que alegorização introduz na narrativa significados objetivos. 11.12. Classificações dos Tipos A. Pessoas Típicas. São aquelas cujas vidas demonstram algum importante principio ou verdade da redenção. Adão é mencionado como tipo de Cristo (Rm 5:14): Adão foi o principal representante da humanidade caída, enquanto Cristo o é da humanidade redimida. Ao contrário da embase ao individuo em nossa cultura, os judeus identificam-se antes de tudo como membros de um grupo. Por isso, não é raro encontrar um representante falando ou atuando pelo grupo inteiro. B. Figura Representativa. Refere-se á oscilação de pensamento entre um grupo e um indivíduo que representa esse grupo, e era uma forma hebraica de pensamento comum e aceita. Por exemplo, a figura de Mt 2:15 (“do Egito chamei o meu Filho”) refere-se a Os 11:1, na qual o filho se identifica com a nação de Israel. Em Mateus foi o próprio Cristo (como representante de Israel) que foi chamado do Egito, por isso as palavras primitivas aplicavam-se a ele. Alguns dos salmos também vêem Cristo como representante de toda a humanidade. Os eventos típicos possuem uma relação analógica com algum evento posterior. Paulo usa o juízo sobre o Israel incrédulo como advertência – tipologia – aos cristãos a que não se engajassem na imoralidade (1 Co 10:1-11). Mt 2:17-18 (Raquel chorando por seus filhos assassinados) é mencionado como analogia tipologia da situação nos tempos de Jr (Jr 3l:15). Nos dias desse profeta, o acontecimento envolveu uma tragédia nacional; no tempo de Mateus, uma tragédia local. O ponto de correspondência era a angústia demonstrada em face da perda pessoal. C. Instituições Típicas. São práticas que prefiguram eventos posteriores de salvação. Disto temos exemplo na expiação mediante o derramamento de sangue de cordeiros e mais tarde pelo de Cristo (Lv 17:11 conforme 1 Pedro 1:19 ). Outro exemplo é o Sábado como tipo do descanso eterno do crente. D. Cargos ou Ofícios Típicos incluem Moisés, que em seu oficio de profeta (Dt 18:15), foi um tipo de Cristo; Melquisedeque, como tipo do sacerdócio contínuo de Cristo (Hb 5:6) e Davi, como rei. E. Ações Típicas são exemplificadas por Isaías andando nu e descalço durante três anos como sinal ao Egito e à Etiópia de que em breve a Assíria os levaria nus e descalços (Is 20:2-4). Outro exemplo de ação típica foi o casamento de Oséias com uma prostituta. Mais tarde ele a redime, depois de sua infidelidade, simbolizando o amor da aliança divina ao Israel infiel. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 41 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 11.13. Profecia Em ambos os testamentos, profeta é um porta-voz de Deus que declara a vontade de Deus ao povo. A profecia refere-se a três coisas: 1. Predizer eventos futuros (Ap 1:3; 22: 7,10; João 11:51). 2. Revelar fatos ocultos quanto ao presente (Lucas 1:67-79; Atos 13: 6-12). 3. Ministrar instrução, consolo e exortação em linguagem poderosamente arrebatada (Atos 15:32; 1 CorÌntios14:3,4,31). 11.14. Literatura Apocalíptica Esta palavra nos vem do grego apokalupsis (encontrada em Ap 1:1), que significa “desvendar ou revelar”. O foco primário da literatura apocalíptica é a revelação do que esteve oculto particularmente com relação aos tempos do fim. A tendência do gênero apocalíptico é conter mais simbolismo, essencialmente animais e de outras formas vivas. 1. O escritor escolhe um homem importante do passado (Enoque ou Moisés) e faz dele o herói do livro. 2. Este herói freqüentemente empreende uma viagem, acompanhado por uma guia celestial que lhe mostra vistas interessantes e comenta-as. 3. Muitas vezes a informação é comunicada por meio de visões. 4. As visões com freqüência, fazem uso do simbolismo estranho e até enigmático. 5. Vez por outra as visões são pessimistas com relação à possibilidade de que a intervenção humana melhore a presente situação. 6. De modo geral as visões terminam com a intervenção divina levando o presente estado de coisas a um final cataclísmico e estabelecendo uma situação melhor. 7. O escritor apocalíptico muitas vezes usa seu pseudônimo, alegando escrever em nome do herói que, ele escolheu. 8. É freqüente o escritor tomar história passada e reescrevê-la como se fosse profecia. 9. O foco da literatura apocalíptica está no consolar e sustentar o remanescente justo. 10. As seções apocalípticas de fato ocorrem nos livros canônicos,de modo mais notável em Daniel 7-12 e no Apocalipse. 12 - INTRODUÇÃO À HOMILÉTICA Homilética é a arte de pregar; e não deve ser algo apreendido somente por pastores; existe uma grande necessidade do leigo ter conhecimento desta arte já que é possível também àqueles que não tiveram a oportunidade de estudar numa instituição teológica. Todos aqueles que pregam a Palavra de Deus tem condições de melhorar ainda mais suas mensagens. Homilética é a ciência e a técnica de comunicar ou expor a mensagem bíblica. A palavra vem do grego Homilia, que significa “persuasão, falar, etc”. Assim sendo, muitos definem a Homilética como “a arte de pregar”. As Escrituras Sagradas, afirmam que cada Cristão deve ser um pregador, pois o anúncio do Evangelho é missão de todos quantos se comprometem com Jesus Cristo (Mt 28:18-20; Mc 16:15). Por outro lado nos deparamos com os dons espirituais (Rm 12:6-8; 1 Co 12:4-7; Ef. 4:11-13), noss quais podemos destacar o de profetizar (1 Co 14:3) ligado diretamente ao Ministério da Palavra. A palavra Profetizar no Novo Testamento significa “anunciar a Palavra”. Aspectos da Pregação de Jesus. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 42 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Falou por parábolas (Mt 13:34). • Explicou as Escrituras (Lc 4:16-21). • Repreendeu o sistema pecaminoso da Época (Jo 8:43-47). • Transformou a palavra em ação, com poder (Mc 2:9-12). • Profetizou sobre si mesmo (Jo 2:19). • Profetizou sobre o fim dos tempos(Mt 24:4-13). 12.1. A Preparação Espiritual O pregador é acima de tudo uma testemunha (At 1:8). Antes de sair para pregar a outros é necessário poder dizer como o apóstolo Paulo: “Eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que Ele é poderoso para guardar o meu tesouro até aquele dia” (2 Tm 1:12). Os três grandes testemunhos dos Cristãos são: 1. O Testemunho da Palavra. A Bíblia deve ser a única regra de fé e prática daquele que tenciona pregar a Palavra de Deus. 2. O Testemunho da Conduta. A conduta do homem que nasceu de novo não é a mesma que era antes do seu encontro pessoal com Cristo (1 Co 6:9-11; 2 Co 5:17). 3. O Testemunho do Espírito. O cristão é uma pessoa que nasce do espírito (Jo 3:5- 8). O Espírito Santo atua na vida do cristão capacitando-o para fazer a obra de Deus (Gl 4:6,7; Ef 1:13,14). 12.2. O Estudo da Bíblia Bíblia é o Manual do Pregador, o pregador deve amar a Palavra de Deus (Sl 119:97) e saber que ela é a verdadeira espada do Espírito (Ef 6:17). Foi usando a Palavra, que Jesus venceu o tentador (Mt 4:1-11). É a Palavra de Deus que garante a prosperidade em todas as coisas (Sl 1:2,3). Aos que têm dificuldade em ler ou estudar a Bíblia: • Leia alguma coisa todos os dias. • Defina um plano de leitura. • Marque sua Bíblia. • Memorize alguns versículos. • Pratique a Oração. 12.3. A Tarefa do Ministro O pregador é um ministro da Palavra de Deus. Sua tarefa fundamental é ministrar a verdade de Deus (Lc 1:2; Atos 1:8; 1 Tm 5:17; 2 Tm 2:2; 4:2; 1 Pe 5:1). O Servo de Cristo do Novo testamento não era livre para pregar conforme lhe aprouvesse, mas era obrigado a pregar a verdade do Cristianismo, pregar a palavra de Deus, e ser testemunha do evangelho (2 Pe 1: 21 ). 1. A Pregação Expositiva começa com determinada passagem e investiga-a, empregando o processo que temos rotulado de análises Histórico-Cultural, Contextual, Léxico-Sintática, Teológica e Literária. Seu enfoque primário é uma exposição do que Deus tencionava dizer nessa passagem. Levando a uma aplicação desse significado na vida dos cristãos de nossos dias. 2. Sermonar começa com uma idéia na mente do pregador – um problema social ou político, mas pertinente, ou uma introspecção teológica ou psicológica – e amplia esta idéia num sermão. Como parte do processo, acrescenta-se textos bíblicos INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 43 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] aplicáveis, à medida que vêm à mente ou conforme encontrados com o auxilio de recursos de estudo. O enfoque básico deste método é a elaboração de uma idéia humana em formas coerentes com o ensino geral da Bíblia nessa área. 3. A Pregação Tópica começa pela seleção de um tópico relacionado com a Escritura de uma forma ou de outra (temas bíblicos, doutrinas, personagens da Bíblia). • Se o sermão é preparado pela seleção de passagens bíblicas pertinentes e pelo desenvolvimento de um esboço baseado em exposição dessas passagens, esta pregação poderia denominar-se Tópico-Expositivo. • Se o esboço do sermão se desenvolve mediante idéias que vêm à mente do pregador e em seguida são corroboradas pela ligação com um versículo bíblico pertinente, poderíamos dar a esta pregação o título de Tópico- Sermonal. A maioria dos sermões pregados hoje em dia parece ser da variedade Tópico-Sermonal ou Sermonal. Se a proporção da Pregação Expositiva para a Sermonal serve de indicação, a maioria das escolas de Teologia parece não estar preparando seus alunos nas técnicas necessárias á Pregação Expositiva como uma alternativa para o Sermonar. 12.4. O Preparo da Mensagem Uma boa mensagem é objetiva desde o começo até o fim, ou seja, um bom sermão obedece a um tema desde a introdução até a conclusão. Todo pregador que se preza não sobe no púlpito sem um pedaço de papel com suas anotações para serem lembradas no momento certo. Neste papel deve constar toda a divisão do sermão, ao qual chamamos de esboço. 12.5. Sermão Três condições essenciais para uma boa disposição de um sermão. A. A Unidade. Para que haja uma unidade no Sermão destacamos a importância do tema. Um bom sermão deve explorar apenas um só tema. B. A Organização. Organizar um sermão significa admitir as partes que são vitais para o tema e combinar as partes de tal maneira que possam ajudar a compreensão e dar expressão ao texto. A organização clássica do sermão se faz da seguinte maneira: • Texto. É um versículo, uma parábola, um mandamento ou qualquer porção da Bíblia que serve de base ao sermão. • Tema. É a verdade central do texto ou do assunto do pregador. • Introdução. É o comentário inicial do pregador antes de entrar no corpo do sermão propriamente dito. • Corpo (Tópicos). O Corpo do sermão se apresenta com divisões ou tópicos. • Conclusão. É exatamente aonde o pregador quis chegar com o tema. O pregador tem que levar o público a tomar uma posição ao final da mensagem, e este apelo é feito dentro do assunto ou tema o qual transcorreu a pregação. Um sermão bem estruturado tem começo, meio e fim, obedecendo a uma lógica durante todo o tempo. C. A Ordem dos Assuntos. Uma boa ordem no corpo do sermão depende de quatro coisas: • Uma Ordem nas Divisões. Por exemplo, em um sermão com quatro divisões, os itens devem estar arrumados de tal maneira que correspondam às expectativas do pregador. Se for um sermão evangelístico, a divisão que fala mais profundamente à vontade dos ouvintes deve estar em último lugar. Exemplo: o O amor de Deus é universal. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 44 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] o O amor de Deus é singular. o O amor de Deus é sacrificial. o O amor de Deus exige uma entrega. • Boas Transições de um Pensamento a Outro. De uma divisão a outra deve haver uma boa transição. Não se deve usar em um sermão, três ou quatro divisões nas quais uma nada tenha a ver com a outra. Isso é possível, mas não é aconselhável. Um exemplo errado: o A benção da Palavra de Deus o A benção do Espírito Santo o A benção da cura divina. o O uso do tempo presente. TEMA: O AMOR DE DEUS [TÓPICOS ERRADOS] De tal maneira / 2. Ao mundo / 3. Que deu seu filho [TÓPICOS CERTOS] O amor de Deus é singular / 2. O amor de Deus é universal / 3. O amor de Deus é sacrificial. • A Eliminação de Material Alheio á Mensagem. Se refere á habilidade de selecionar bem o assunto do sermão de forma a eliminar o que não é tão importante. Isso evita sermões cansativos e quilométricos. Não é pelo muito falar que seremos ouvidos. • Tema. Ou verdade central da mensagem é a coisa mais importante para o pregador. Os temas devem ser bíblicos. Os pontos de vista mais proveitosos para a discussão de temas bíblicos são os seguintes: A. O Ponto de Vista do Significado. Por exemplo, em (Mt 4: 17) diz: “Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus”. Apresenta o dever do arrependimento. TEMA: O SIGNIFICADO DO ARREPENDIMENTO • O arrependimento significa mudança de opinião a respeito do pecado. • O arrependimento significa mudança de sentimento a respeito do pecado (2 Co 7:9,10). • O arrependimento significa mudança de vontade com relação ao pecado (Mt 21:28,29). B. O Ponto de Vista das Razões que Apóiam o Tema. Alguns textos tem um tema tão claro que seu significado não necessita de explicações. Por exemplo (2 Co 9:7), o apóstolo Paulo nos diz que “Deus ama ao que dá com Alegria”. Dessa afirmação podemos perguntar: Por que Deus ama ao que dá com alegria? O esboço vai abordar as razões pelas quais Deus ama ao que dá com alegria. TEMA: PORQUE DEUS AMA AO QUE DÁ COM ALEGRIA: INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 45 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Deus ama ao que dá com alegria porque este demonstra a sinceridade do seu amor (2 Co 8:8). • Deus ama ao que dá com alegria porque este estimula a liberalidade de seus irmãos (2 Co 9:2). • Deus ama ao que dá com alegria porque este alivia a necessidade do seu próximo (2 Co 8:13-15; 9:12). • Deus ama ao que dá com alegria porque este glorifica o nome do seu Senhor (2 Co 9:13-5). Cada afirmação do esboço é complementada com um versículo bíblico. O porquê de um mandamento ou de uma atitude nos dá subsídios importantes para anunciar a Palavra de Deus. C. O Ponto de Vista dos Meios Para Executar ou Evitar Determinada Ação. A palavra chave para entender esse ponto de vista é “como?”. Por exemplo no (Sl 126:5,6) lemos o seguinte: “Os que semeiam com lágrimas, com cânticos de júbilo segarão. Aquele que sai chorando, levando a semente para semear, voltará com cânticos de júbilo, trazendo consigo os seus molhos”. TEMA: COMO REALIZAR UM AVIVAMENTO • É necessária ação - Verbos sair e semear. • É necessária compaixão - Em lágrimas, chorando. • É necessária instrução - Levando a semente. D. O Ponto de Vista das Causas. Em (Ap 3:14-22) temos uma mensagem dirigida a Igreja em Laodicéia. O tema central é o seguinte: Cristo condena a indiferença espiritual. Perguntamos: quais as causas da frieza espiritual daquela igreja? Os versículos 18,20,21 e 22 respondem à pergunta. TEMA: AS CAUSAS DA INDIFERENÇA ESPIRITUAL • Desmedida preocupação com as coisas materiais. • Menosprezo da comunhão com Cristo. • Falta de preocupação a respeito da vida eterna. • Confiança demasiada em si próprio. E. O Ponto de Vista dos Efeitos. Podemos também pensar nas conseqüências ou nos efeitos de um mandamento bíblico, considerando-se os positivos e negativos. TEXTO: Juízes 13 a 16 TEMA: O DESASTRE DO DOMÍNIO CARNAL Quando um filho de Deus se deixa dominar pela carne... • Rompe-se a sua comunhão com Deus. • Sobrevém-lhe a cegueira espiritual. • Submete-se à escravidão do pecado. • Expõe- se ao engano do mundo pecador. • Perde o desejo de viver. F. O Ponto de Vista do Conteúdo do Texto. A partir do texto, encontramos uma infinita variedade de possibilidades para organizar nossos pensamentos de acordo com o conteúdo do texto. TEXTO: Marcos 4:35-41 TEMA: UMA NOITE COM JESUS INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 46 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Desta experiência aprendemos que o discípulo deve sempre obedecer ao seu Senhor. • Aprendemos que a obediência a Cristo envolve o discípulo livrando-o de grandes tempestades. • Aprendemos que as tempestades proporcionam um conhecimento mais íntimo e profundo com nosso Salvador. 12.6. Classificação dos Sermões A. Sermão Temático. È aquele cujas divisões derivam do tema, independente do texto. O sermão temático inicia com um tema e suas partes principais consistem em idéias sobre o tema. TEXTO: Eclesiastes 12:1 TEMA: O JOVEM NOS DIAS DE HOJE • É influenciado pela Tecnologia Moderna. • É influenciado pelas Filosofias Modernas. • É influenciado pela Religiosidade Moderna. TEXTO: 2 Timóteo 3:14 TEMA: AS RESPONSABILIDADES DO CRISTÃO • A responsabilidade com a Palavra. • A responsabilidade com a Igreja. • A responsabilidade com o Testemunho. TEXTO: 2 Tessalonicenses 5:17 TEMA: ORAI SEM CESSAR • O significado da Oração. o É dependência do Homem para com Deus o É sintonia entre o Homem para com Deus. o É adoração do Homem a Deus. • Os motivos da oração. o A oração por si mesmo. o A oração pelas necessidades espirituais da Igreja. o A oração pelos enfermos. o A oração pelos incrédulos. • As possibilidades da Oração. o É possível em qualquer lugar. o É possível a qualquer hora. o É possível a qualquer pessoa. B. Sermão Textual. Enquanto o sermão temático tem as suas divisões voltadas para o tema, o sermão textual tem tanto o tema quanto as suas divisões voltadas para o texto. No sermão temático divide-se o tema, no sermão textual divide-se o texto. TEXTO: Romanos 8:13 INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 47 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] TEMA: A CARNE E O ESPÍRITO • Um alerta divino: Se viverdes segundo a carne. • Um desastre certo: Certamente morrereis. • Um apelo divino: Se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo. • Um resultado glorioso: Certamente vivereis. TEXTO: 1 Pedro 2:9 TEMA: O QUE OS CRISTÃOS SÃO DIANTE DE DEUS? • Raça eleita. • Sacerdócio real. • Nação santa. • Povo de propriedade exclusiva de Deus. C. Sermão Expositivo. Para podermos distinguir a diferença entre o sermão textual e o expositivo tem que primeiro saber defini-los: O sermão textual é aquele em que as divisões derivam de uma breve porção bíblica, enquanto que o sermão expositivo provém de uma porção mais ou menos extensa da Bíblia. É uma exposição completa de um trecho bíblico. TEXTO: João 17:1-26 TEMA: A ORAÇÃO SACERDOTAL DE CRISTO • Os motivos da Oração por si próprio. o O Pedido de Glorificação (v. 1,5). o O Reconhecimento de Sua Autoridade (v. 2) o A definição de Vida Eterna (v. 3). o A missão Cumprida (v. 4). • Os motivos da Oração pelos discípulos. o Os discípulos eram vidas que lhe pertenciam (v. 6). o Os discípulos eram conhecedores da Palavra (v. 8). o Os discípulos creram no Filho de Deus (v. 8). o A proteção amorosa e divina (v. 11). o Os discípulos não eram do mundo (v. 14). o O Ódio do mundo contra os discípulos (v. 14). o A santificação dos discípulos (v. 17-19). o Os futuros discípulos (v. 20). o A união dos discípulos com Deus (v. 21-23). o Um lugar garantido na glória (v. 24). o A continuação da Obra (v. 26). 12.7. Ilustrações Podemos extrair ilustrações da história, ciência, experiências do cotidiano, etc. Entretanto, o pregador não deve transformar-se um mero contador de estórias. As ilustrações não devem de maneira nenhuma, por mais interessantes que sejam, substituir a Palavra de Deus. Não se deve, em hipótese nenhuma, ocupar o tempo todo da mensagem com ilustrações. Se o pregador vai dividir o seu sermão em três tópicos, e costuma usar INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 48 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] uma média de meia hora para a sua pregação, possivelmente uma ilustração rápida para cada tópico. 12.8. Conselhos Práticos no Preparo da Mensagem 1. Leia muitas vezes o texto. 2. Reproduza o texto com as suas próprias palavras. 3. Observe os contextos imediato e remoto. 4. Pesquise a circunstância histórico-cultural. 5. Anote particularidades. 6. Faça o esboço. 7. Selecione Ilustrações. 8. Determine uma conclusão especifica ao assunto proposto. O pregador deve variar o tom de sua voz ao pregar do púlpito o seu sermão, para não se tornar desagradável ao ouvido do auditório. 13 - INTRODUÇÃO À ESCATOLOGIA O último livro da Bíblia narra os acontecimentos dos fins dos tempos na descrição perfeita de um ciclo pelo qual a humanidade tem de passar. O vocábulo escatologia, significa “Tratado das últimas coisas” e vem do grego ìeskhatos (“último”) e logia (“tratado”). O motivo de se chamar Escatologia Bíblica a essa matéria que estuda os acontecimentos finais a partir da compreensão da Bíblia e da revelação de Jesus Cristo. De um modo geral, os estudiosos da Bíblia têm considerado a seguinte seqüência para os acontecimentos finais: 1. O Arrebatamento da Igreja. 2. As Bodas do Cordeiro. 3. A Grande Tribulação. 4. A Batalha do Armagedom. 5. O Julgamento das Nações. 6. O milênio. 7. O Juízo do Grande Trono Branco. 8. O Estado Eterno. 13.1. O Arrebatamento da Igreja (Lc 21:34-36; Jo 14:3; Mt 25:1-6) Podemos chamar o arrebatamento da Igreja de primeira fase da Segunda Vinda de Cristo ou ainda Primeira Ressurreição. Nessa ocasião, os fiéis que constituem a Igreja de Cristo serão arrancados da Terra e levados para as mansões celestiais. Será invisível para o mundo, somente os remidos poderão contemplar essa maravilha. Embora Jesus não tenha dito o dia nem a hora, nos deixou sinais que evidenciaram a sua vinda. Um panfleto escrito por Gordon Lindsay nos apresenta 24 sinais da Vinda de Cristo. Ainda que possamos fazer algumas considerações acerca da interpretação desses sinais, achamos importante considerá-los: 1. Incremento do Saber (Dn 12:4). 2. O automóvel (Na 2:4). 3. O avião (Is 60:8). INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 49 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 4. Rádio e Televisão (Ap 11:9). 5. A Bomba Atômica (Ap 13:13). 6. A Bomba H (2 Pe 3:10). 7. Terremotos (Mt 24:7). 8. Bramido do Mar e das ondas (Lc 21:25). 9. Plenitude dos Gentios (Lc 21:24). 10. Reconstrução de Jerusalém (Jr 31:38). 11. Restauração da Palestina (Ez 36:33). 12. Confederação Russa (Ez 39:11). 13. Rosh move-se pelo sul contra a Palestina (Ez 38:15,16). 14. Os reis do Oriente (Ap 16:12). 15. Flagelos (Mt 24:7). 16. Luta entre o capital e o trabalho (Tg 5:1-4). 17. O presente ressurgimento do sobrenatural (Jl 2: 28,29). 18. Igreja Morna (Ap 3:15,16). 19. Os escarnecedores (2 Pe 3:3). 20. Falsos Cristos (1 Tm 4: 1-3). 21. Como nos dias de Noé (Lc 17:26). 22. Juventude sem lei (2 Tm 3:2). 23. Suicídio Mundial (Mt 24:22). 24. Evangelização do Mundo (Mt 24:14). 13.2. As Bodas do Cordeiro È a gloriosa reunião de Cristo com os seus santos no céu. As Bodas do cordeiro terão a duração de sete anos e a lua de Mel será eterna. Um dos atos dessa maravilhosa festa é a celebração da Ceia do Senhor, dando cumprimento literal às palavras de Cristo (Lc 22:16,27-30). 13.3. A Grande Tribulação Veja Mc 13:19; Mt 24:21; Lc 21:22. A grande tribulação é um período de sete anos no qual Deus derramará a sua ira sobre a terra. É a septuagésima semana de Daniel 9:27. Grande parte do livro de Apocalipse é dedicada a ela (Ap 6 a 18). Entre os acontecimentos da Grande Tribulação, destacamos os seguintes: Os Judeus terão voltado à Palestina na incredulidade (Is 17:10; 18:4; 66:3,4). Os Judeus terão reconstruído o templo em Jerusalém (Is 66:1; Ap 11:1,2). Os Judeus aceitarão um pacto de sete anos com o anticristo (Dn 9:27; Jo 5:43). Após três anos e meio, o anticristo trairá· o pacto e revelará o seu verdadeiro caráter (Dn 9:27; 2 Ts 2:3; Ap 11:7; 13:1). As duas testemunhas serão mortas pelo Anticristo (Ap 11:7,9). O anticristo fará cessar os sacrifícios diários no templo (Dn 9:27; 11:31; 12:11). O anticristo estabelecerá sua imagem no santo lugar (Mt 24:15; 2 Ts 2:4; Ap 13:14,15). O Diabo e seus anjos serão expulsos do céu para a Terra (Ap 12:7). INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 50 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Metade da semana (Dn 9:27; Ap 13:5). A Cidade Santa será pisada aos pés de Satanás (Dn 9:26; Lc 21:24; Ap 11:2). Começa a Grande Tribulação ou Tempo de Angústia de Jacó ou, ainda, Abominação da Desolação (principalmente para os Judeus) (Ap 7:14; Jr 30:7; Mt 24:15). Grandes perturbações causadas pelo anticristo e pelo falso profeta (Ap 13). Decretada a pena de morte para os que rejeitarem a adoração à besta ou a sua imagem (Ap 13:15; 20:4). Um terço dos judeus será envolvido (Zc 13:8,9). Os judeus são levados a Jerusalém e expurgados de sua escória (impureza) (Ez 22:17- 22; Ez 13:9). Conversão entre os Judeus (Ez 39:22). As nações se reúnem contra Jerusalém (Zc 14:2). Os reis da Terra reúnem-se na batalha contra o Senhor e Seu ungido – Batalha do Armagedom (Montanha de Megido). É o nome que se dá a um campo de batalha profético, onde os reis de toda a Terra se reunirão para a batalha no grande dia do Deus Todo Poderoso (Ap 16:14,16; 17:14; 19:19). O Senhor sairá com os Seus santos a fim de destruir os inimigos e libertar o seu povo (Is 13:3-6; 26:21; Zc 12:9,10; Mt 24:29ss). A trindade satânica se levantará na Terra (Ap 13:1-8; 16:13): Satanás – Anti-Deus; Besta – Anti-Cristo; Falso Profeta – Anti-Espírito. 13.4. A Volta de Jesus à Terra 1. Descerá sobre o Monte das Oliveiras (Zc 14:4,5). 2. Será um grande sinal (Ap 16:17-27 ). 3. Virá corporalmente (At 1:11; Ap 1:13; 1 Tm 2:5). 4. Todo o olho o verá (Ap 1:7). 5. Cumprimento do Sonho de Nabucodonozor (Dn 2:44,45). 13.5. O Julgamento das Nações (Mt 25:31 - 34,41,46). A base do Julgamento será o trato dispensado aos judeus (Mt 25:41-43; Gn 12:3). Os acontecimentos dos vs. 35 a 44 só podem referir-se aos judeus (v. 45). Nesse julgamento, que determinarão quais as nações que participarão do milênio, encontramos três classes de pessoas: Ovelhas. Aquelas que trataram os judeus com benevolência (Mt 25:35,36). Bodes. Aquelas que maltrataram ou perseguiram os judeus (Mt 25:4l-45). Irmãos. Os judeus que nessa ocasião já receberam a Cristo como o seu Messias (Is 4:1-3). 13.6. O Milênio O milênio é um período de mil anos, inaugurado com a Segunda Vinda de Cristo a Terra, tendo Jesus como rei. É a última dispensação da História da Humanidade (1ª – Inocência; 2ª – Consciência; 3ª – Governo Humano; 4ª – Patriarcal; 5ª – Lei; 6ª – Graça; 7ª – Milênio). Alguns títulos usados na Palavra de Deus em referencia ao milênio. • O Reino dos céus (Lc 1:32,33; Mt 6:10). INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 51 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • A Regeneração (Mt 19:28). • Tempos de Refrigério (At 3:19,20). • Tempos de Restauração de tudo (At 3:20,2) • Dispensação da Plenitude dos Tempos (Ef 1:10). • O dia de Cristo (Fp 1:6). • O Reino de Cristo (Ap 11:15). A. Como Será o Milênio. Cristo reinará sobre a Terra como Rei: • De Justiça (Is 3:1-26). • De Israel (Jo 12:13). • Da Terra (Zc 14:9; Fp 2:10). • Haverá paz universal (Lc 2:14; Sl 85:10; Is 9:6). • Era de bênçãos sem par (Is 11:6-9; 55:12,13; 35:1; Mq 4:3). 13.7. O Juízo do Grande Trono Branco (Ap 20:11-15) Esse julgamento terá lugar acima da Terra ao mesmo tempo em que a Terra estiver sendo renovada pelo fogo (2 Pe 3:7). O juiz será o Senhor Jesus Cristo (Jo 5:22,27). De acordo com a Palavra de Deus, os ímpios são aqueles que se recusaram a obedecer ao Evangelho, não confiando em Cristo nem recebendo-o como Salvador e Senhor (1 Pe 4:17,18; 2 Ts 1:8,9; Jo d6: 28,29). Assim como haverá diferentes recompensas para o Cristão (1 Co 3:11-15) haverá também no inferno diferentes graus de punição(Lc 12:46-48). Estes termos demonstram tais situações: • Fogo Eterno (Mt 25:41). • Trevas exteriores (Mt 8:12). • Tormento (Ap 14:10,11). • Castigo Eterno (Mt 25:46). • Ira de Deus (Rm 2:5; Jo 3:36). • Segunda Morte (Ap 21:8; 20:14). • Eterna destruição, banidos da face do Senhor (2 Ts 1:9). • Pecado Eterno (Mc 3:29). • Inferno (Lc 16:23). Esse julgamento é para aplicação de extensão a (Jo 3:18) onde alguns livros serão abertos (Ap 20:12): • Consciência (Rm 2:15; 9:1). • Natureza (Jó 12:7-9; Rm 1:20; Sl 19:1-4) • Lei (Rm 2:12; 3:20). • Memória (Lc 16:25). • Atos dos homens (Mt 12:36; Lc 12:7; Ap 20:12). • Da Vida (Ap 20:12; Sl 69:28; Lc 10:20). A presença do livro da vida no juízo final pode Ter duas finalidades: • Provar aos Ímpios que seus nomes não estão nele (Mt7:22,23). • Julgar os convertidos durante a grande tribulação e o milênio que terão seus nomes escritos alí. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - 52 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Quanto aos que morreram sem conhecer o Evangelho (Rm2:2; Ap 16:9; 2 Tm 4:8). 13.8. O Estado Eterno O Estado Eterno começará com a renovação dos céus e da Terra (Is 65:17; Ml 4:1; Ap 20:9; 2 Pe 3:7,10,13). O pleno cumprimento de Jo 1:29, se dará nessa oportunidade. Tem início então o Dia da Eternidade, quando a cidade celestial baixará sobre a nova terra (2 Pe 3:18; Ap 21:1-3). Os santos morarão na Santa cidade e governarão a Terra sob Cristo (Dn 7:18,27; Mt 19:28; Ap 5:10; Ez 34:24). Os salvos oriundos do milênio viverão para sempre na Terra, mediante a arvore da vida (Ap 2:7) e não pela ressurreição, ou porque passaram do estado mortal para o imortal (Ap 22:1-5). BIBLIOGRAFIA BÁSICA LIBANIO, João Batista; MURAD, Afonso. Introdução à Teologia. 5ª EDIÇÃO. São Paulo: Edições Loyola. ATIVIDADE 1. Apresente suas justificativas para a necessidade, a importância e a finalidade dos estudos em Teologia. Mínimo de 5 para cada item apresentado. PROGRAMA DE ESTUDOS Para finalização dos estudos no MODO INTENSIVO, essa disciplina deverá ser concluída em 5 dias. Para finalização dos estudos no MODO NORMAL, essa disciplina deverá ser concluída em 20 dias. SUMÁRIO 1 - SÍNTESE DA HISTÓRIA BÍBLICA.......................................................................... 3 2 - O TERMO “BÍBLIA” ............................................................................................. 3 2.1. COMPOSIÇÃO DA BÍBLIA............................................................................................5 3 - A UTILIDADE DA BÍBLIA ..................................................................................... 6 4 - A MENSAGEM CENTRAL DA BÍBLIA..................................................................... 6 5 - A BÍBLIA EM CAPÍTULOS E VERSÍCULOS ............................................................ 7 6 - AS ABREVIATURAS NA BÍBLIA ............................................................................ 7 7 - ALGUNS TERMOS E SEUS SIGNIFICADOS............................................................ 8 8 - CURIOSIDADES BÍBLICAS................................................................................... 9 8.1. O LIVRO DE ISAÍAS................................................................................................. 12 9 - DIVISÃO DOS LIVROS DA BÍBLIA ...................................................................... 12 9.1. A TANAKH (O A. T. DOS JUDEUS) E A DIVISÃO DE FLÁVIO JOSEFO (LC 24:44) .................. 12 9.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A DIVISÃO DA “BÍBLIA JUDAICA” ............................................ 13 9.3. DIVISÃO DOS LIVROS DO NOVO TESTAMENTO ............................................................. 14 10 - DIVISÃO CRISTOCÊNTRICA........................................................................... 14 10.1. CRISTO – A MENSAGEM CENTRAL DA BÍBLIA .............................................................. 14 11 - ANÁLISE DOS LIVROS DA BÍBLIA................................................................... 15 11.1. ANTIGO TESTAMENTO ............................................................................................. 15 11.2. NOVO TESTAMENTO ............................................................................................... 18 12 - AS LÍNGUAS E OS MATERIAIS DA BÍBLIA ...................................................... 20 12.1. A ERA DA ESCRITA................................................................................................. 20 12.2. AS LÍNGUAS BÍBLICAS............................................................................................. 20 12.3. AS LÍNGUAS DO ANTIGO TESTAMENTO....................................................................... 20 12.4. AS LÍNGUAS DO NOVO TESTAMENTO ......................................................................... 21 13 - OS MATERIAIS DA ESCRITA.......................................................................... 22 13.1. A TINTA E OS INSTRUMENTOS DE ESCRITA.................................................................. 22 13.2. OS TIPOS DA ESCRITA DOS MANUSCRITOS ................................................................. 23 13.3. O FORMATO DOS MANUSCRITOS............................................................................... 23 14 - A BÍBLIA É INSPIRADA .................................................................................. 23 14.1. O PROCESSO DE INSPIRAÇÃO................................................................................... 24 14.2. DISTINÇÃO ENTRE INSPIRAÇÃO E AUTORIDADE............................................................ 27 15 - A BÍBLIA, REGISTRO MERECEDOR DE CONFIANÇA....................................... 28 15.1. A NECESSIDADE DA REVELAÇÃO .............................................................................. 29 15.2. REVELAÇÃO GERAL DE DEUS: (SL 19:1-6; 104) ......................................................... 30 15.3. REVELAÇÃO ESPECIAL DE DEUS: (SL 19:7-14) ........................................................... 30 15.4. A ILUMINAÇÃO....................................................................................................... 33 16 - PROVAS DA INSPIRAÇÃO PLENÁRIA, VERBAL E INFALÍVEL DA BÍBLIA.......... 33 16.1. OBJEÇÕES À INSPIRAÇÃO PLENÁRIA E VERBAL............................................................ 35 16.2. TEORIAS ANTIBÍBLICAS SOBRE A INSPIRAÇÃO.............................................................. 36 17 - A BÍBLIA É A CORPORIFICAÇÃO DA REVELAÇÃO DE DEUS ........................... 37 17.1. A SINGULAR E ESPANTOSA INDESTRUTIBILIDADE DA BÍBLIA .......................................... 37 BIBLIOLOGIA - 2 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 17.2. O CARÁTER TRANSCENDENTE DA BÍBLIA.................................................................... 40 18 - A BÍBLIA E A CIÊNCIA....................................................................................41 18.1. CONTRASTE COM OS DISPARATES DA FALSA CIÊNCIA ................................................... 43 19 - A BÍBLIA E AS PROFECIAS.............................................................................43 20 - A BÍBLIA É AUTÊNTICA..................................................................................45 20.1. O PENTATEUCO ..................................................................................................... 46 20.2. OS PROFETAS ....................................................................................................... 46 20.3. OS ESCRITOS........................................................................................................ 47 20.4. O NOVO TESTAMENTO............................................................................................ 48 20.5. A BÍBLIA É VERÍDICA; CONFIÁVEL............................................................................. 50 21 - A BÍBLIA E SUA CANONICIDADE ....................................................................52 21.1. A FORMAÇÃO DO CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO...................................................... 53 21.2. CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA DO ANTIGO TESTAMENTO ..................................................... 55 21.3. LOCALIZAÇÃO HISTÓRICA DOS APÓCRIFOS ................................................................. 58 21.4. RAZÕES DA REJEIÇÃO DOS APÓCRIFOS...................................................................... 59 21.5. COMO OS LIVROS APÓCRIFOS FORAM APROVADOS ...................................................... 60 21.6. A VULGATA DE JERÔNIMO....................................................................................... 60 21.7. A VERSÃO CATÓLICA-ROMANA................................................................................. 60 21.8. A FORMAÇÃO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO........................................................ 61 21.9. A PROGRESSÃO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO..................................................... 62 21.10. FATORES QUE INFLUENCIARAM A IGREJA NO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO................ 63 21.11. CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA DO NOVO TESTAMENTO.................................................... 64 21.12. CRITÉRIOS PARA RECONHECER A CANONICIDADE DE UM LIVRO ................................. 66 22 - A BÍBLIA E SUA PRESERVAÇÃO.....................................................................67 22.1. A PRESERVAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO................................................................. 70 22.2. A PRESERVAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO................................................................... 71 23 - JESUS USOU A SEPTUAGINTA?......................................................................71 23.1. A FALÁCIA DE QUE O NOVO TESTAMENTO FAZ CITAÇÕES DA SEPTUAGINTA...................... 72 24 - A SUFICIÊNCIA DA BÍBLIA.............................................................................72 25 - A AUTORIDADE SUPREMA DAS ESCRITURAS.................................................73 BIBLIOLOGIA - 3 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 1 - SÍNTESE DA HISTÓRIA BÍBLICA 1. DEUS criou o homem e o colocou no Jardim do Éden. 2. O homem pecou e deixou de ser aquilo para o que Deus o tinha destinado. Foi então que Deus pôs em andamento o plano para a salvação do homem e o fez chamando Abraão para que fundasse uma nação, mediante a qual o plano seria executado. 3. A nação não andou nos caminhos do Senhor e foram escravizados no Egito. Após 400 anos, sob a direção de Moisés, o povo foi tirado do Egito de volta à terra prometida de Canaã. A nação se tornou um grande e poderoso reino. 4. O reino foi dividido no fim do reinado de Salomão: Israel, ao norte, 10 tribos, levada cativa pela Assíria em 721 a.C., e Judá, ao sul, 2 tribos, levada cativa pela Babilônia no ano 600 a.C. 5. Encerra-se o Antigo Testamento. 400 anos mais tarde, cumpre-se a promessa do aparecimento de Jesus, o Messias, a esperança da humanidade, mediante Quem o homem seria redimido e nascido de novo. Para realizar e consumar Sua obra salvadora, Jesus Cristo MORREU pelo pecado humano, ressuscitou e ordenou que os discípulos saíssem pelo mundo contando a história de Sua vida e Seu poder redentor. 6. Assim, obedecendo à ordem (a “grande comissão”), partiram os discípulos por toda parte, em todas as direções, levando as BOAS NOVAS, alcançando o mundo civilizado conhecido da época. Assim, com o lançamento da obra da redenção humana, encerra-se o Novo Testamento. 7. É importante entendermos que a Escatologia Bíblica é, também, parte do processo salvífico da humanidade, pois nela será revelado todo o poder de Deus ao homem, bem como parte da condenação que o homem sofrerá ainda em vida, devido ao sua rebelião contra Deus. É um tempo de descortinamento da verdadeira identidade do Diabo para que os ímpios vejam quem eles seguiam. E a manifestação e instauração do reino de Cristo, dando aos homens mais uma oportunidade de conscientizar-se da perfeita e agradável vontade de Deus para todos. 2 - O TERMO “BÍBLIA” “A Bíblia é o Livro de Deus” (Is 34:16). A palavra Bíblia (Livros) entrou para as línguas modernas por intermédio do francês, passando primeiro pelo latim bíblia, com origem no grego biblos (folha de papiro do século XI a.C. preparada para a escrita). Um rolo de papiro tamanho pequeno era chamado “biblion”, e vários destes era uma “Bíblia”. Portanto “Bíblia” quer dizer “coleção de vários livros”. No princípio, os livros sagrados não estavam reunidos uns aos outros como os temos agora em nossa Bíblia. O que tornou isso possível foi a invenção do papel no séc. II pelos chineses, bem como a invenção da impressão por tipos móveis, em 1450 A.D. por Guttenberg, tipógrafo alemão. Até então tudo era manuscrito como ocorria anteriormente com os escribas, de modo laborioso, lento e oneroso. Com a invenção do papel desapareceram os rolos e a palavra biblos deu origem a “livro” como se vê em biblioteca (coleção de livros), bibliografia, bibliófilo (colecionador de livros). A primeira pessoa a aplicar o nome “Bíblia” foi João Crisóstomo, grande reformador e patriarca de Constantinopla, 398-404 A.D. BIBLIOLOGIA - 4 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Teologicamente a Bíblia é a revelação de Deus para a humanidade. Etimologicamente é uma coleção de livros pequenos, cujo autor é Deus, o Espírito Santo é seu real intérprete e Jesus Cristo seu TEMA UNIFICADOR, seu assunto central. Cerca de 40 personagens se envolveram no registro e compilação dos 66 livros que compõem a Bíblia Sagrada (1 Ts 2:13; 1 Pedro 1:20-21). Os escritores viveram distantes uns dos outros (11 países diferentes), em épocas e condições diferentes, não se conheceram (na época a comunicação era praticamente impossível) pertenceram às mais variadas camadas sociais, e tinham cultura e profissões muito diferentes. Foram das mais diferentes categorias (19 ocupações diferentes): escritores, estadistas, camponeses, reis, vaqueiros, pescadores, cobradores de impostos, instruídos e ignorantes, judeus e gentios. Ex: legislador (Moisés); general (Josué); profetas (Samuel, Isaías, etc.); Reis (Davi e Salomão); músico (Asafe, compôs 12 Salmos); boiadeiro (Amós); príncipe e estadista (Daniel); sacerdote (Esdras); coletor de impostos (Mateus); médico (Lucas); erudito (Paulo); pescadores (Pedro e João). São aproximadamente 50 gerações de homens. Um exame das vidas dos escritores mostra a verdade deste testemunho. Esses eram homens sérios. Eles vieram de todos os caminhos da vida. Eram homens de boa reputação e mente brilhante. Muitos deles foram cruelmente perseguidos e mortos pelo testemunho que mantiveram. Não ficaram ricos pelas profecias que deram. Longe disso. Muitos empobreceram. O autor dos cinco primeiros livros da Bíblia escolheu viver uma vida terrivelmente pesada e de lutas ao serviço de Deus em oposição à vida milionária que ele poderia ter tido como o filho do Faraó. Muitos escritores da Bíblia fizeram escolhas semelhantes. Suas motivações certamente não foram convencionais nem mundanamente vantajosas. Eles não eram homens perfeitos, mas eram homens santos. As vidas que eles viveram e os testemunhos que deram e as mortes de que morreram deram forte evidência de que estavam dizendo a verdade. Cada escritor manifestou seu “próprio jeito de escrever” (idiossincrasia), seu estilo e características literárias. A Bíblia possui aproximadamente 10 estilos literários diferentes: 1. Poéticos (Jó, Salmos, Provérbios). 2. Parábolas (evangelhos sinóticos) 3. Alegorias (Gl 4). 4. Metáforas (Gn 6:6; Êx 15:16; Dt 13:17; Sl 18:2; 34:16; Lm 3:56; Zc 14:4; 2 Co 3:2-3; Ef 4:30; Tg 3:6). 5. Comparações (Mt 10:1; Jo 21:25; Cl 1:23; Tg 1:6). 6. Figuras poéticas (Jó 41:1). 7. Sátiras (Mt 19:24; 23:24). 8. Figuras de linguagem (Sl 36:7; Sl 44:23). Demoraram cerca de aproximadamente 1600 anos para escrever os 66 livros. 1491 a.C., quando Moisés (teve a visão do passado) começou a escrever o Pentateuco, no meio do trovão no monte Sinai, até 97 d.C., quando o apóstolo João (teve a visão do futuro), ele mesmo um “filho do trovão” (Mc 3:17), escreveu seu evangelho na Ásia Menor. Entretanto, há na Bíblia um só plano ou projeto, que de fato mostra a existência de um só Autor divino, guiando os escritores. A Bíblia é um só livro. Tem um só sistema doutrinário, um só padrão moral (expressão da autoridade de Deus), um só plano de salvação, um só programa das eras. As diversas narrativas ali encontradas dos mesmos incidentes e ensinamentos não são contraditórias, mas suplementares. Não há em todo o seu conteúdo uma só contradição, e um livro sempre dá continuidade ou complementa o outro, apesar das condições em que foram escritos. Muitas vezes, um autor iniciava um assunto e, séculos depois, outro o completava. Os escritores humanos fornecem variedade de estilo e matéria. O Autor Divino garante unidade de revelação e ensino. BIBLIOLOGIA - 5 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Em todo o seu conjunto, possui uma harmonia, que só pode ser explicada como sendo um “MILAGRE”. A Bíblia é a coleção das exatas palavras dos 66 livros que constituem o seu CÂNON (cânon significa “autoridade, regra de fé”. O cânon está fechado, não há mais nenhum livro inspirado!). Veja (Mt 4:4; Jo 12:48; 2 Tm 3:16-17; 2 Pe 1:3; Jd 3). 2.1. Composição da Bíblia A. 24 livros do cânon judaico do VT (equivalentes aos nossos 39 livros, o mesmo que hoje é chamado de "Texto Massorético de BEN CHAYyIM" e que, depois da invenção da Imprensa, foi impresso por Daniel Bomberg, um abastado cristão veneziano originário da Antuérpia, em 1524-5. A edição da segunda publicação ficou a cargo de Jacob Ben Chayyim); Não confundir Ben Chayyim com Ben Asher. Não confundir o Texto Massorético de Ben Chayyim (100% genuíno) com o falso Texto Massorético, de Ben Asher (conhecido como Bíblia Stuttgartensia). Não confundir a Bíblia Hebraica de Kittel (BHK) 1ª e 2ª edição [1906 e 1912, baseadas no Texto Massorético de Ben Chayyim] com as BHK edições posteriores, baseadas no falso Texto Massorético, de Ben Asher. B. 27 livros do cânon do NT (os mesmos que, depois da invenção da Imprensa, foram impressos, terminando por serem conhecidos pelo nome de TR, ou "Textus Receptus", isto é, "O Texto Recebido"). "Textus Receptus": do latim “textum ergo habes, nunc ab amnibus receptum”, que significa: texto ora recebido por todos. Foi a frase escrita no prefácio da edição de 1633, do N.T. grego dos irmãos Elzevir (impressores holandeses de origem judaica). São os 27 livros do N.T. que foram recebidos pelas igrejas do século I, das mãos dos homens inspirados por Deus para escrevê-lo; e, também, recebido pela Reforma, das mãos das pequeninas igrejas fiéis {perseguidas por Roma} e da Igreja Grega Ortodoxa. O T.R. foi o texto usado pela igreja por quase 2000 anos, antes de surgirem as versões modernas e deturpadas da Bíblia, baseadas no texto crítico, em 1881, com o surgimento do “Novo Texto Grego” de Westcott e Hort. O T.R. foi usado em todo o período bizantino (312-1453), donde foi traduzido por Almeida e é o texto grego do N.T. que os reformadores (Reforma Protestante) usaram no século XVI e XVII, para traduzir a Bíblia em vários idiomas, inclusive o português. O nome “massoretas” se refere aos rabinos judeus surgidos aproximadamente no ano 100 d.C. que conservavam e transmitiam o texto bíblico. Eles substituíram os escribas. Faziam anotações às margens do texto, chamadas “massorah”. Eles incorporaram os sinais vocálicos ao texto hebraico (que não possui vogais), entre o 5º e 6º séculos. Apesar de toda oposição, a Bíblia é o livro mais antigo, mais famoso e mais lido do mundo. Escrito em mais de 2000 línguas e dialetos, já atravessou 3.000 anos. É também o livro de maior circulação em todo o mundo. Em 1996, por exemplo, foram distribuídos 20 milhões de Bíblias em todo o mundo. Só no Brasil, foram quase 7 milhões e na China circulam cerca de 3 milhões. Por tudo isto, podemos dizer, sem medo de errar que a Bíblia tem origem sobre-humana! Os nomes mais comuns dados à Bíblia são: 1. Livro do Senhor (Is 34:16). 2. Palavra de Deus (Mc 7:13; Jo 10:35; Hb 4:12). 3. Escrituras ou Sagradas Escrituras (Mt 21:42; Lc 4:21; Jo 7:38, 42; Rm 1:2; Rm 4:3; Gl 4:30). 4. A Verdade (Jo 17:17; Rm 15:8). 5. Lei (Sl 119); Lc 10:26; Mt 5:18). BIBLIOLOGIA - 6 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 6. Mandamentos (Sl 119). 7. A Lei e os Profetas (Mt 5:17; Lc 16:16). 8. A Lei de Moisés (Lc 24:44). 9. Oráculos de Deus (Rm 3:2). Assim como Jesus Cristo (que é a Palavra Viva, 1 Jo 1:1; Ap 19:13) é 100% Humano e 100% Divino, a Bíblia (que é a Palavra escrita) é humana e divina e sem erros! A Palavra de Deus é: inspirada (Sl 19:7-11; 119:89; 105, 130, 160; Pv 30:5-6; Is 8:20; Jr 1:2, 4, 9; Lc 16:31; 24:25-27; 44-45; Jo 5:39, 45-47; 12:48; 14:26; 16:13; 17:17; At 1:16; 28:25; Rm 3:4; 15:4; 1 Co 2:10-13; 2 Co 2:4; Ef 6:17; 1 Ts 2:13; 2 Tm 3:16-17; 1 Pe 1:11- 12; 2 Pe 1:19-23; 1 Jo 1:1-3; Ap 1:1-3; 22:19); eterna (Sl 119:89; Mt 24:35); única regra de fé e prática (Is 8:20; Jo 12:48); suficiente para a vida cristã (Mt 4:4; Jo 12:48; 2 Tm 3:16-17; 2 Pe 1:3; Jd 3); lâmpada para os nosso pés (Sl 119:105); amada pelos salvos (Sl 119:47, 72, 82, 97); purificação da vida (Sl 119:9); para ler, estudar e examinar (Dt 17:19; Js 1:8; Jo 5:39; At 17:11); alimento espiritual (1 Pe 2:2); para a santificação (Jo 17:17); proveitosa para toda boa obra (2 Tm 3:16); preservada (Lc 21:33); fogo consumidor (Jr 5:14); martelo (Jr 23:29); fonte de vida (Ez 37:7); poder para a salvação (Rm 1:16); penetrante (Hb 4:12); algo a ser defendido pelos santos (Jd 3); para ser pregada a todos (Mt 28:18-20; Mc 16:15); espelho (Tg 1:23-25); semente (1 Pe 1:23); espada (Ef 6:17); comida (Hb 5:12-14); mel (Sl 119:103); leite (Hb 5:13); viva e atual (Jo 6:63 b; Hb 4:12; 1 Pe 1:23; 1 Jo 1:1). A Bíblia é o livro pelo qual todos os homens serão julgados (Jo 12:48). 3 - A UTILIDADE DA BÍBLIA “Toda escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” 2 Tm 3:16-17. Examine ainda 1 Coríntios 10:11 e Romanos 15:4. A Bíblia é um livro para ser examinado (Jo 5:39); crido (Jo 2:22); lido (1 Tm 4:13); recebido (1 Ts 2:13); confirmado e aceito (At 17:11). Alguns dos objetivos da Bíblia são: avisar os crentes (1 Co 10:11); manifestar o cuidado de Deus (1 Co 9:9, 10); ensinar e instruir (Rm 15:4); aperfeiçoar o cristão para toda boa obra (2 Tm 3:16-17); fazer o homem sábio para a salvação (2 Tm 3:15); produzir fé na divindade de Cristo (Jo 20:31); produzir vida eterna (Jo 5:24). A unidade da Bíblia é sem paralelo. Nunca, em qualquer outro lugar, uniram-se tantos tratados diferentes, históricos, biográficos, éticos, proféticos e poéticos, para perfazer um livro. Assim como todas as pedras lavradas e as tábuas de madeira compõem um edifício ou, melhor ainda, como todos os ossos, músculos e ligamentos se combinam em um corpo, assim também é com a Bíblia. 4 - A MENSAGEM CENTRAL DA BÍBLIA Entre a Bíblia e os outros escritos religiosos e filosóficos existe um abismo intransponível. A Bíblia é o único Livro que “se atreve” a prever o futuro e o faz com 100% de precisão e acerto! (Dt 18:20-22; Is 41:22-23; 42:8-9; 44:6-8). Certamente, valores como a verdade, a honestidade, a justiça e o altruísmo são comuns aos melhores escritos da humanidade. Nisso, a Bíblia se identifica com todos os outros. Mas, o que dizer do Deus apresentado pela Bíblia? Que contraste com a energia impessoal do Hinduísmo ou com os frágeis e grotescos deuses dos panteões greco-romanos! Deus Se apresenta em toda a Sua majestade e grandeza: Santo, Justo, Fiel, Onipotente, BIBLIOLOGIA - 7 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Onipresente e Onisciente; Perfeito em amor e misericórdia, Imutável em todos os Seus atributos! O próprio mistério da Trindade demonstra um Deus maior que nossa razão. O homem, na Bíblia, é retratado no seu melhor e no seu pior estado. Enquanto na Filosofia o homem é deificado como senhor do seu próprio destino, na Bíblia, o homem é criatura de Deus, pecador e dependente. Enquanto em algumas crendices o homem é parte de um jogo de dados cósmicos, joguete nas mãos de forças poderosas, na Bíblia, o homem é criado por Deus com dignidade e sentido na História. O caminho bíblico para a salvação vai de encontro à idéia arraigada, no espírito humano, de que cada um deve promover a sua própria salvação. Na Bíblia, a salvação é um presente que não pode ser comprado, mas deve ser recebido com gratidão. O perdão dos pecados não ocorre por cerimônias vazias (como na igreja católica romana, por exemplo), mas, mediante a morte do Filho de Deus na cruz, no lugar dos pecadores. O destino final, na Bíblia, não é a aniquilação da personalidade, nem um paraíso de prazeres carnais (como no Islamismo); mas, a comunhão com Deus por toda a eternidade. E isto ocorrerá somente para aqueles que um dia aceitaram o caminho oferecido por Deus (Jesus Cristo – Jo 14:6). Homens não narrariam seus próprios pecados, derrotas, idolatrias, etc. Nenhum homem conceberia a idéia de um inferno de sofrimento eterno. Isto mostra que a Bíblia é um livro inspirado por Deus! A Bíblia se opõe a certos conceitos filosóficos do mundo, e os refuta: 1. Ateísmo (Sl 14:1; 53:1; Jr 4:22). 2. Politeísmo (Mc 12:32; 1 Co 8:6; Ef 4:6; 1 Tm 2:5; Tg 2:19). 3. Materialismo (Mt 6:19-21, 24; Mt 19:16-26, 29; 1 Tm 6:10a; Sl 62:10b). 4. Panteísmo (Gn 1:1, 26; Mt 1:1, 18; Jo 1:1, 18; 16:7; 2 Co 13:14; Hb 13:8; 1 Jo 5:7). 5. A eternidade da matéria (Gn 1:1). 6. Filosofia (1 Co 1:22; Cl 2:8; 1 Tm 6:20; Tg 1:5). 5 - A BÍBLIA EM CAPÍTULOS E VERSÍCULOS A divisão da Bíblia em capítulos só veio acontecer no ano de 1250 A.D., pelo cardeal Hugo de Sancto Caro, monge dominicano. Alguns pesquisadores atribuem essa divisão também a Stephen Langton, professor da Universidade de Paris e mais tarde arcebispo da Cantuária, em 1227. Em 1525, Jacob Ben Chayyim, na Bíblia Bomberg, em Veneza, havia dividido o Antigo Testamento em versículos. O Novo Testamento foi dividido em versículos em 1551, por Robert Stephanus, um impressor de Paris, que publicou a primeira Bíblia (Vulgata Latina) dividida em capítulos e versículos em 1555. 6 - AS ABREVIATURAS NA BÍBLIA Em índices e citações bíblicas, é comum o uso de abreviaturas para se referir aos textos bíblicos. Um dos formatos convencionados segue o padrão abaixo: 1. Os dois pontos (:) separam o capítulo dos versos. Usa-se também o ponto (.). BIBLIOLOGIA - 8 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 2. O hífen (-) indica uma faixa contínua de versos. 3. A vírgula (,) indica uma seqüência não contínua de versos. 4. O ponto-e-vírgula (;) inicia um novo capítulo do mesmo livro ou não, se seguido de nova abreviação. Exemplos: • 2 Ts 2:2-12 = Segunda Tessalonicenses, capítulo 2, versículos 2 a 12 • Gn 3.1-15 = Gênesis, capítulo 3, versículos 1 a 15. • Rm 11:18 = Romanos, capítulo 11, versículo 18. • Dn 9:25,27; 11.3-43 = Daniel, capítulo 9, versículos 25 e 27; e capítulo 11, versículos 3 a 43. • Mt 24-26; Ap 1:1-8 = Mateus, capítulo 24 ao capítulo 26; Apocalipse, capítulo 1, versículos 1 a 8. 7 - ALGUNS TERMOS E SEUS SIGNIFICADOS 1. Antilegômena (falar contra). São os livros bíblicos que em certos momentos da História foram questionados por alguns. 2. Apócrifos (escondidos ou duvidosos). Livros não-bíblicos aceitos por alguns (como a igreja católica romana), mas rejeitados por outros, por não serem inspirados e conterem muitos erros, o que prova serem de autoria humana e não divina. 3. Cânon. Do grego "kánon", e do hebraico "kaneh", regra; lista autêntica dos livros considerados como inspirados. 4. Epístolas (cartas). 5. Evangelho (caminho; boas novas). 6. Homologoumena (falar como um). São os livros bíblicos que foram aceitos por todos e que em momento algum foram questionados. 7. Paráfrase (tradução livre ou solta). O objetivo é traduzir “a idéia” e não as palavras. 8. Pseudepígrafos (falsos escritos). Livros não-bíblicos (não canônicos) rejeitados por todos. Seus escritos se desenvolvem sobre uma base verdadeira, seguindo caminhos fantasiosos. 9. Sinópticos (síntese). Os três primeiros evangelhos são chamados de evangelhos sinópticos, pois são muito parecidos e sintetizam a vida de Jesus; 10. Testamento (Aliança, Pacto, Acordo). 11. Tradução (transliteração de uma língua para outra). 12. Variantes. Diferenças encontradas nas diferentes cópias de um mesmo texto, mediante comparação. Elas atestam o grau de pureza de um escrito; 13. Versão (tradução da língua original para outra língua). De capa a capa a Bíblia é a mensagem do amor de Deus por nós. Devemos estudá-la diligentemente todos os dias para termos discernimento e crescimento espiritual e vivermos no padrão de Deus, glorificando nosso Criador e Redentor. BIBLIOLOGIA - 9 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 8 - CURIOSIDADES BÍBLICAS 1. Jó é o livro mais antigo da Bíblia. Acredita-se que foi escrito por Moisés, quando esteve no deserto. 2. Foram usados 3 idiomas na confecção da Bíblia: hebraico e aramaico (A.T.) e grego (N.T.). 3. Foi escrita em aproximadamente 1500/1600 anos, por uns 40 autores e contém 66 livros. 4. Texto áureo da Bíblia: João 3:16. 5. A "Epístola da Alegria", a carta de Paulo aos Filipenses, foi escrita na prisão e as expressões de alegria aparecem 21 vezes na epístola. 6. Quem cortou o cabelo de Sansão não foi Dalila, mas um homem (Jz 16:19). 7. O nome mais cumprido e estranho de toda a Bíblia é Maer-Salal-Has-Baz - filho de Isaías (Is 8:3-4). 8. Davi, além de poeta, músico e cantor foi o inventor de diversos instrumentos musicais (Am 6:5). 9. O nome "cristão" só aparece três vezes na Bíblia (At 11:26; At 26:28 e 1 Pe 4:16). 10. O capítulo 19 de 2 Reis é idêntico ao 37 de Isaías. 11. 1 Cr 16:8-36 transcreve o Sl 105 na íntegra. 12. O A.T. encerra citando a palavra “maldição”; o N.T. encerra citando “a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo”. 13. O nome de JESUS consta no primeiro e último versículo do N.T. 14. Israel é considerada a “menina dos olhos de Deus” (Dt 32:10; Zc 2:8). 15. A Bíblia contém cerca de 3.565.480 letras, 773.692 palavras, 31.173 versículos, 1.189 capítulos e 66 livros. 16. O capítulo mais comprido é o Salmo 119. 17. O capítulo mais curto é o Salmo 117. 18. O meio exato da Bíblia é o versículo 8 do Salmo 118. 19. O versículo mais longo está em Ester 8:9. 20. O versículo mais curto é: "Não matarás" em Êxodo 20:13 (10 letras). 21. As tábuas da lei foram feitas por Deus e quebradas por Moisés, e depois feitas por Moisés e reescritas por Deus (Êx 34:1). 22. Moisés fez o povo beber o ouro do bezerro da desobediência (Êx 32:19-20). 23. A arca de Noé media 134 m de comprimento, 23m de largura e 14m de altura; sua área total nos três pisos era de 9.250 (m²) e tinha um volume total de 43.150 (m³). 24. Noé permaneceu na arca 382 dias, sendo o ano judaico de 360 dias (Gn 7:9-11; 8:13-19). 25. Davi foi ungido três vezes obtendo uma gloriosa confirmação (1 Sm 16:13; 2 Sm 2:4; 1 Cr 11:3). 26. Salomão não era o único sábio, havia mais quatro sábios (1 Rs 4:29-31). 27. Salomão disse 3.000 provérbios e 1005 cânticos. (1 Rs 4:32). BIBLIOLOGIA - 10 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 28. O A. T. apresenta 332 profecias literalmente cumpridas na pessoa de Jesus Cristo. 29. Paulo pregou o maior discurso descrito na Bíblia (At 20:7-11). 30. O maior profeta jamais realizou um milagre, contudo foi o pregador mais convincente (Jo 10:41-42). 31. O "sermão do monte" poderia ser chamado de "sermão da planície" (Mt 5:1; Lc 6:17). 32. O Salmo 22 é alfabético - um versículo para cada letra do alfabeto hebraico. 33. O Salmo 119 tem, em hebraico, 22 seções de oito versículos. Cada uma das seções inicia com uma letra do alfabeto hebraico, de 22 letras. Dentro das seções, cada versículo inicia com a letra da seção. 34. No livro Lamentações de Jeremias, os capítulos 1, 2 e 4 tem versículos em número de 22 cada, compreendendo as letras do alfabeto hebraico. O capítulo 3 tem 66 versículos, levando cada três deles, em hebraico, a mesma letra do alfabeto. 35. A expressão "o caminho de um Sábado" corresponde ao caminho permitido no dia de Sábado; a distância que ia da extremidade do arraial das tribos ao tabernáculo, quando no deserto, isto é, cerca de 1.200 metros. 36. Para a leitura completa da Bíblia, são necessárias 49 horas, a saber: 38 horas para a leitura do Velho Testamento e 11 horas para a do Novo Testamento. 37. Para lê-la de forma audível, em velocidade normal de fala, é necessário aproximadamente 71 horas. Se você deseja lê-la em 1 ano, deve ler apenas 4 capítulos por dia. 38. A menor Bíblia existente foi impressa na Inglaterra e pesa somente 20 gramas. Este fabuloso exemplar da Bíblia mede 4,5 cm de comprimento, 3 cm de largura e 2 cm de espessura. Apesar de ser tão pequenina, contém 878 páginas, possui uma série de gravuras ilustrativas e pode ser lida com o auxílio de uma lente. 39. A maior Bíblia que se conhece, contém 8.048 páginas, pesa 547 quilos e tem 2,5 metros de espessura. Foi confeccionada por um marceneiro de Los Angeles, durante dois anos de trabalho ininterrupto. Cada página é uma delgada tábua de 1 metro de altura, em cuja superfície estão gravados os textos;. 40. Foi a primeira obra impressa por Gutenberg (vulgata), em sua recém inventada imprensa manual, que dispensava as cópias manuscritas, em 1452, em Mainz – Alemanha. 41. A Bíblia foi escrita e reproduzida em diversos materiais, de acordo com a época e cultura das regiões, utilizando tábuas de barro, peles, papiro e até mesmo cacos de cerâmica/louças (ostracas). 42. Com exceção de alguns textos do livro de Esdras e de Daniel, os textos originais do Antigo Testamento foram escritos em hebraico, uma língua da família das línguas semíticas, caracterizada pela predominância de consoantes. 43. A palavra "Hebraico" vem de "Hebrom", região de Canaã que foi habitada pelo patriarca Abraão em sua peregrinação, vindo da terra de Ur. 44. Os 39 livros que compõem o Antigo Testamento estavam compilados desde cerca de 400 a.C., sendo aceitos pelo cânon Judaico, e também pelos Protestantes, Católicos Ortodoxos, Igreja Católica Russa, e parte da Igreja Católica tradicional. 45. A primeira Bíblia em português foi impressa em 1748. A tradução foi feita a partir da Vulgata Latina e se iniciou com D. Diniz (1279-1325). 46. A primeira citação da redondeza da terra confirmava a idéia de Galileu, de um planeta esférico. Bastava que os descobridores conhecessem a Bíblia. (Is 40: 22). BIBLIOLOGIA - 11 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 47. A Bíblia também mostra, em seu livro mais antigo (Jó), que a Terra está suspensa no vazio (Jó 26:7). 48. A existência de dinossauros, convivendo com humanos, está narrado na Bíblia: o Beemonte (Jó 40:15-17), e o Leviatã (Jó 41:1), sendo que, este último, em algumas versões deturpadas da Bíblia, consta como “crocodilo”, o que contradiz o contexto do capítulo. 49. Na Bíblia, também lemos que a luz foi criada antes do Sol, algo que só foi descoberto pela ciência recentemente (Gn 1:3-5). 50. Lemos que Jesus será a luz da “nova Terra” (Lc 17:24; Ap 21:23; 22:5). 51. Jesus, a luz vista por Paulo, a caminho de Damasco, é mais brilhante que o Sol do meio-dia (At 9:3; 26:13-15). 52. A palavra fé, no Antigo Testamento, é encontrada apenas em Hc 2: 4. 53. A palavra "DEUS" aparece 2.658 vezes no V.T. e 1.170 vezes no N.T., num total de 3.828 vezes. 54. Há na Bíblia 177 menções ao diabo em seus vários nomes. 55. Os livros de Ester e Cantares de Salomão não possuem o nome DEUS. 56. A expressão "Assim diz o Senhor" e equivalentes aparecem cerca de 3.800 vezes na Bíblia. 57. A vinda do Senhor é referida 1845 vezes na Bíblia, sendo 1.527 no Antigo Testamento e 318 no Novo Testamento. 58. A expressão "Não Temas!" é encontrada 366 vezes na Bíblia, o que dá uma para cada dia do ano e mais uma para os anos bissextos. 59. No Salmo 107, há 4 versículos iguais: 8, 15, 21 e o 31. 60. Todos os versículos do Salmo 136 terminam da mesma maneira. 61. Em Êxodo 3.14, Deus, pela primeira vez, revela Seu Nome: “Eu Sou Quem Sou”, ou Yahweh (Jeová) - Este é o nome mais comum de Deus no Velho Testamento, aparecendo cerca de 6.800 vezes na língua original, o Hebraico. Em nossa tradução, esse Nome vem traduzido por "Senhor" e aparece 1.853 vezes. 62. Adão - o homem no Jardim do Éden – o seu nome significa "ser humano". 63. À medida que os apóstolos levaram o evangelho pelo mundo, muitas das palavras do Senhor e muitas reminiscências sobre Ele circulavam oralmente. Uma evidência disso ocorre quando Paulo, ao falar aos anciãos de Éfeso, empregou uma declaração de Jesus que não consta de parte alguma dos evangelhos (At 20:35). 64. Adão e Eva tiveram ouros filhos e filhas, o que revela de onde Caim obteve sua esposa (Gn 5:4). 65. Sara era meio-irmã de Abraão (Gn 20:12). 66. Eva não comeu uma “maçã”, mas um fruto não especificado (Gn 3:6). 67. Os magos que visitaram Jesus não eram reis e não eram três, pois a Bíblia diz “uns magos” (Mt 2:1). 68. A palavra Salmos, em hebraico, significa “louvores” (do grego Psallo = Salmos). 69. A Bíblia tem 3 Autores: o Pai (2 Tm 3:16); o Filho (Gl 1:12) e o Espírito Santo (2 Pe 1:21). 70. Os Salmos 120 ao 134 são conhecidos como “Cânticos dos Degraus”, pois eram cantados na peregrinação a Jerusalém, quando subiam os 15 degraus do templo (15 Salmos). BIBLIOLOGIA - 12 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 71. Na leitura da Bíblia, é Deus quem fala aos corações dos homens. Na leitura dos Salmos, geralmente, somos nós quem falamos com Deus. 72. A Bíblia é a eterna Palavra de Deus. Foi dada ao homem por Deus para ser o absoluto, o supremo, o competente, o infalível e imutável padrão de fé e prática. 8.1. O Livro de Isaías 1. Também conhecido como “o Evangelho do Antigo Testamento”. 2. É tido como uma miniatura da Bíblia. 3. Tem 66 capítulos, assim como a Bíblia tem 66 livros. 4. A primeira seção tem 39 capítulos/livros e corresponde à mensagem do Antigo Testamento. 5. A segunda seção tem 27 capítulos/livros tratando do conforto, promessa e salvação, correspondendo à mensagem do Novo Testamento. 6. Assim como o NT termina falando do novo céu e nova Terra, o mesmo ocorre no término de Isaías (66:22). 7. O próprio nome Isaías tem semelhança com o significado do nome de Jesus: Isaías quer dizer Salvação de Jeová e Jesus, Jeová é Salvação. Algo muito significante é que a Bíblia contém três advertências solenes contra qualquer tentativa de acrescentar (ou diminuir) palavras ao livro inspirado de Deus e esta significação é grandemente acentuada pelo fato de que a primeira de tais advertências foi escrita pelo primeiro de todos os escritores da Bíblia, enquanto que a terceira foi escrita pelo último dos escritores: Moisés que teve visão, dada pelo Espírito, do passado desconhecido, escreveu a primeira: Dt 4:2; 12:32. Salomão, o homem mais sábio que já viveu, escreveu a segunda: Pv 30:6; Ec 3:14; João, para quem foi dada tão maravilhosa revelação do futuro, escreveu a terceira: Ap 22:18-19. 9 - DIVISÃO DOS LIVROS DA BÍBLIA Nós, cristãos (igreja), agrupamos os 39 livros do Antigo Testamento em: 1. 5 da Lei, ou Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). 2. 12 históricos (Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester). 3. 5 poéticos (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares). 4. 5 profetas maiores (Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel). 5. 12 profetas menores (Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueáis, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias). 9.1. A Tanakh (o A. T. dos judeus) e a divisão de Flávio Josefo (Lc 24:44) BIBLIOLOGIA - 13 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] TEXTO MASSORÉTICO FLÁVIO JOSEFO 22 livros TORÁH (A Lei) Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio. Chumash (os cinco livros) ou Pentateuco. Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio NEBI'IM (Profetas) Profetas anteriores – Josué, Juizes, Samuel, Reis. Profetas posteriores – Isaías, Jeremias, Ezequiel e Os 12 Profetas Menores. Josué, Juizes (inclui Rute), Samuel, Reis, Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Os 12 Profetas Menores, Daniel, Eclesiastes, Esdas (inclui Neemias), Ester, Crônicas. KETHUBHIM (Escritos) do gr. Hagiographos Poesia e sabedoria – Salmos, Jó e Provérbios. "Megilloth" – Rute, Cantares, Eclesiastes, Lamentações e Ester. História - Daniel, Esdras- Neemias e Crônicas. Poesia e Sabedoria – Salmos, Provérbios, Jó e Cantares 9.2. Considerações Sobre a Divisão da “Bíblia Judaica” 1. Os Profetas e os Escritos: também eram conhecidos pelos nomes dos seus primeiros livros, “Isaías” e “Salmos”, respectivamente. 2. Profetas Posteriores: porque exerceram o ministério no período compreendido entre os cativeiros Assírio e Babilônico até o retorno dos judeus à Palestina, após 70 anos sob o domínio babilônico. 3. Os livros históricos são de autores que não eram profetas oficiais, mas que possuíam o dom de profecia. 4. O Rolo dos Doze – XII inclui os livros de: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. 5. Os Cinco rolos (Megilloth) são cada um usado na ocasião de uma festa específica: Cantares na Páscoa; Rute no Pentecostes; Lamentações no dia 9 do mês Abibe (no aniversário da destruição de Jerusalém); Eclesiastes na Festa dos Tabernáculos; Ester na Festa de Purim. 6. O primeiro livro da Escritura hebraica é Gênesis e o último Crônicas (Mt 23:35; Gn 4:8; 2 Cr 24:20-22). 7. No Cânon hebraico, como no nosso Cânon, os livros não estão em ordem cronológica. 8. No Cânon hebraico são apenas 24 livros, visto que os seguintes livros são assim considerados: Samuel (engloba 1 e 2 Sm), Crônicas (engloba 1 e 2 Cr), Reis (engloba 1 e 2 Rs), Os Doze (são contados como um só livro), Esdras (inclui Neemias). [39 livros menos 15 = 24). 9. Flávio Josefo, historiador judeu reduziu os 24 livros para 22 livros, em correspondência às 22 letras do alfabeto hebraico, combinando Rute com Juízes e Lamentações com Jeremias. 10. O Novo Testamento menciona uma divisão tripla do Antigo Testamento: "A Lei, os Profetas e os Salmos" (Lucas 24:44). BIBLIOLOGIA - 14 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 11. Jesus Cristo mencionou estas 3 divisões do V. T. em Lc 11:49-51, Lc 24:44 e Mt 23:34-36. 12. O livro de Eclesiástico (apócrifo), escrito em cerca de 130 antes de Cristo fala em "a lei, os profetas e os outros escritos". Confira Mateus 23:35 e Lucas 11:51 que refletem o arranjo da Bíblia Hebraica. “O Novo Testamento está no Antigo Testamento ocultado, e o Antigo Testamento, no Novo Testamento revelado”. 9.3. Divisão dos Livros do Novo Testamento Os 27 livros do Novo Testamento são: A. Biografia. Os 4 Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. B. História: Atos. C. Doutrina. As 21 epístolas. São dividias em: • Epístolas Doutrinárias, dirigidas às igrejas locais: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses e 1 e 2 Tessalonicenses. • Epístolas Pastorais: 1 e 2 Timóteo, Tito, Filemon, 2 e 3 João. • Epístolas Universais: Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1 João e Judas. D. Profecia: Apocalipse. 10 - DIVISÃO CRISTOCÊNTRICA Os crentes anteriores a Cristo olhavam adiante com grande expectativa (1 Pe 1:11-12), ao passo que os crentes de nossos dias vêem em Cristo a concretização dos planos de Deus. A Bíblia pode ser dividida na estrutura geral e Cristocêntrica. Isso se baseia nos ensinos do próprio Jesus, cerca de cinco vezes no Novo Testamento (Mt 5:17; Lc 24:27; Jo 5:39; Hb 10:7). Sim, Cristo é o centro e o coração da Bíblia, porque o Antigo Testamento descreve uma NAÇÃO e o Novo Testamento descreve um HOMEM. Toda a Bíblia se converge para Cristo, como deixa claro João 20:31. Cristo é a nossa Palavra Viva (Apocalipse 19:13) que percorre todas as páginas das Sagradas Escrituras. Examine ainda Lc 24:44. Considerando CRISTO como o tema central da Bíblia, toda ela poderá ficar resumida assim: Centro = lugar de equilíbrio / Jesus = equilíbrio perfeito A Árvore da Vida, um tipo de Cristo, está no centro (Gn 2:9). O Sl 118:8 é o centro da Bíblia (594 capítulos antes e 594 capítulos depois). O Tabernáculo, um tipo de Cristo, ficava no centro do acampamento (Lv 26:11). Jesus, quando era criança, era o centro das atenções (Lc 2:46). Ele está no meio (centro) dos crentes (Mt 18:20). Foi crucificado entre dois ladrões (Mt 27:38). Jesus ressuscitado apareceu no meio dos discípulos (Jo 20:19). Vide também Ap 1:13; 5:6. 10.1. Cristo – A Mensagem Central da Bíblia 1. No Antigo Testamento: Jesus virá. De uma forma geral, todo o A. T. trata da preparação para o advento de Cristo. a. Livros da Lei: Fundamento da chegada de Cristo. BIBLIOLOGIA - 15 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] b. Livros Históricos: Preparação para a chegada de Cristo. c. Livros Poéticos: Anelo pela chegada de Cristo. d. Livros Proféticos: Certeza da chegada de Cristo. 2. No Novo Testamento: Jesus já veio. O N. T. trata da manifestação de Jesus Cristo. a. Nos Evangelhos: Manifestação de Cristo ao mundo, como Redentor. b. Nos Atos: Propagação de Cristo, por meio da igreja. c. Nas Epístolas: Explanação, interpretação e aplicação de Cristo. São os detalhes da doutrina. d. Na Profecia: Consumação de todas as coisas em Cristo. Desta forma, tendo Cristo como tema central, podemos resumir todo o Antigo Testamento numa frase: JESUS VIRÁ, e o Novo Testamento noutra frase: JESUS JÁ VEIO (é claro, como Redentor). Assim, as Escrituras sem a pessoa de JESUS seriam como a Física sem a matéria e a Matemática sem os números. Já imaginou um cristão sem a Bíblia? 11 - ANÁLISE DOS LIVROS DA BÍBLIA 11.1. Antigo Testamento A. Três Pensamento Básicos do Antigo Testamento 1. A Promessa de Deus a Abraão - “todas as nações seriam abençoadas” 2. O Concerto de Deus com a nação hebraica - Se O servissem fielmente, prosperariam. Em estabelecer a nação hebraica, o objetivo FINAL de Deus foi trazer CRISTO ao mundo. O objetivo IMEDIATO de Deus foi estabelecer, em terra idólatra, em preparação para a vinda de Cristo, a idéia de que há UM só Deus Vivo e Verdadeiro. A bênção dessa nação se comunicaria ao mundo. 3. A Promessa de Deus a Davi - “que sua família reinaria para sempre...” Portanto, concluímos que (cf. Êx 19:5-6; Dt 4:5-8; Rm 9:4-5; Jo 4:22): 1. A nação hebraica foi estabelecida para que, por ela, o mundo inteiro fosse abençoado. A NAÇÃO MESSIÂNICA. 2. O meio pelo qual a benção da nação hebraica se comunicaria ao mundo seria a família de Davi. A FAMÍLIA MESSIÂNICA. 3. O modo pelo qual a bênção da família de Davi se comunicaria ao mundo seria o grande Rei que nasceria dela: O MESSIAS. B. O Antigo Testamento é dividido em quatro partes. 1. Pentateuco, Livros da Lei ou Torah a. Gênesis – Como a palavra bem indica, é o livro dos princípios: do céu e da Terra, das ilhas e dos mares, dos animais e do homem. Com Abraão, temos o começo de uma raça, um povo, uma revelação divina particular e finalmente uma igreja. b. Êxodo – Relata o povo de Deus escravizado no Egito e a grande libertação divina, usando a instrumentalidade de Moisés. c. Levítico – Leis acerca da moralidade, limpeza, alimentos, sacrifícios, etc. d. Números – Relata a peregrinação de Israel, quarenta anos pelo deserto. BIBLIOLOGIA - 16 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] e. Deuteronômio – Repetição das leis. 2. Livros Históricos a. Josué – Trata da conquista de Canaã. O milagre da passagem do Rio Jordão, a queda das muralhas de Jericó, a vitória sobre as sete nações cananéias, a divisão da terra prometida e, finalmente, a morte de Josué com cento e dez anos. b. Juízes – Várias libertações através dos quinze juízes. c. Rute – A linda história de Rute, uma ascendente de Davi e de Jesus Cristo. d. 1 e 2 Samuel – Relatam a história de Samuel, da implantação da monarquia, sendo Saul o primeiro rei ungido por Samuel, Samuel como o último juiz e a história de Davi. e. 1 e 2 Reis – Relatam a edificação do Templo de Jerusalém, a divisão do reino. Ministério de Elias e Eliseu. Ainda em II Reis, está relatado o cativeiro do Reino do Norte pelos exércitos assírios, e do Sul com o poderio caldeu de Nabucodonossor. f. 1 e 2 Crônicas – Registram os reinados de Davi, Salomão e dos reis de Judá até a época do cativeiro babilônico. g. Esdras – Relata o retorno de Judá do cativeiro babilônico com Zorobabel e a reconstrução do templo de Jerusalém. h. Neemias – Relata a história da reedificação das muralhas de Jerusalém. i. Ester – Relata a libertação dos judeus por Ester e o estabelecimento da festa de Purim. 3. Livros Poéticos a. Jó – Sofrimento, paciência e libertação de Jó. b. Salmos – Cânticos espirituais, proclamações, poemas e orações. c. Provérbios – Dissertações sobre sabedoria, temperança, justiça, etc. d. Eclesiastes – Reflexões sobre a vida, deveres e obrigações perante Deus. e. Cantares de Salomão – Descreve o amor de Salomão pela jovem sulamita, simbolizando o amor de Jesus pela igreja. 4. Profetas Maiores a. Isaías – Muitas profecias messiânicas. É considerado o profeta da redenção. O livro contém maldições pronunciadas sobre as nações pecadoras. b. Jeremias – Tem por tema a reincidência, o cativeiro e a restauração dos judeus. Jeremias é considerado “o profeta chorão”. c. Lamentações – Clamores de Jeremias, lamentando as aflições de Israel. d. Ezequiel – Um livro que contém muitas metáforas para descrever a condição, exaltação e a glória futura do povo de Deus. e. Daniel – Visões apocalípticas. 5. Profetas Menores a. Oséias – Relata a apostasia de Israel, caracterizada como adultério espiritual. Contém muitas metáforas que descrevem os pecados do povo. b. Joel – Descreve o arrependimento de Judá e as bênçãos. “O Dia do Senhor” é enfatizado como um Dia de juízo e também de bênçãos. c. Amós – Através de visões, o profeta reformador denuncia o egoísmo e o pecado. BIBLIOLOGIA - 17 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] d. Obadias – A condenação de Edom e a libertação de Israel. e. Jonas – Relata a história de Jonas, o missionário que relutou para levar a mensagem de Deus à cidade de Nínive. O mais bem sucedido dentre os profetas. Um dos profetas que pregou o arrependimento ao povo. O povo se arrependeu e o profeta ficou triste e desejou a morte. f. Miquéias – Condição moral de Israel e Judá. Também prediz o estabelecimento do reino messiânico. g. Naum – A destruição de Nínive e a libertação de Judá da opressão assíria. h. Habacuque – O grande questionamento do profeta a Deus. Como pode Deus ser Justo e permitir que uma nação pecadora oprima Israel? Contém uma das mais belas orações da Bíblia. i. Sofonias – Ameaças e visão da glória futura de Israel. j. Ageu – Repreende o povo por negligenciar a construção do segundo templo e promete a volta da glória de Deus. k. Zacarias – Através de visões, profetiza o triunfo final do reino de Deus. Zacarias ajudou a animar os judeus a reconstruírem o templo. Foi contemporâneo de Ageu. l. Malaquias – Descrições que mostram a necessidade de reformas antes da vinda do Messias. Terminamos o Velho Testamento com a palavra "maldição". Até aqui Cristo foi prometido, mas não visto. A Esperança era prevista, mas não obtida. Divide-se em quatro períodos da História de Israel: 1. Teocracia (Juízes) 2. Monarquia (Saul, Davi, Salomão) 3. Divisão do Reino e Cativeiro (Judá, Israel) 4. Período pós-cativeiro C. Cronograma dos profetas do Antigo Testamento CRISE ASSÍRIA CRISE BABILÔNICA DURANTE O CATIVEIRO BABILÔNICO APÓS O CATIVEIRO BABILÔNICO Joel Amós Jonas Oséias Isaías Miquéias Naum Sofonias Habacuque Jeremias Lamentações Obadias Daniel Ezequiel Ageu Zacarias Malaquias Por quase 400 anos, Deus não chamou nenhum profeta para dizer "assim diz o Senhor". Em todo este tempo (de 397 a.C. até 6 a.C.), nenhum escritor inspirado apareceu. BIBLIOLOGIA - 18 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Por isto, este período é chamado de: "Os Anos Silenciosos", “O Período Intertestamentário” ou "O Período Negro". Os livros apócrifos são deste período. 11.2. Novo Testamento O Velho Testamento mostra o problema, mas não revela completamente a solução. O Novo Testamento dá a resposta ao problema e aponta a solução: Jesus Cristo. O Novo Testamento também tem quatro divisões. 1. Os Evangelhos ou Biográficos A. Mateus, Marcos, Lucas e João - Tratam do nascimento, vida, obra, morte, ressurreição e ascensão de Um Homem chamado Jesus, O Filho de Deus, O Messias Prometido a Israel. A questão central é a carreira terrena de Jesus Cristo. Os temas e as datas dos Evangelhos: Mateus: O Prometido está - veja o Seu reinado/soberania (Suas qualificações). Marcos: Assim Ele trabalhou - veja o Seu trabalho (Seu poder). Lucas: Assim Ele era - veja a Sua humanidade (Sua natureza). João: Assim Ele é - veja a Sua divindade. Mateus (40-55 d.C.): Foi escrito para os JUDEUS. Faz conexão com o Velho Testamento (as Escrituras Hebraicas). Revela o Messias como o REI prometido do Velho Testamento aos Judeus, O soberano que veio ordenar e reinar (autoridade Mt 1:1; 16:16-19; 28:18-20). Traz a linhagem/genealogia “Real” de Jesus (Rei) até Suas raízes judaicas, como Filho do Rei Davi (conf. Mt 1:1). O Novo Testamento é o cumprimento do Velho Testamento - note logo no começo do Novo Testamento o que diz Mateus 1:22. É por isto que Deus diz em Mateus: "Este é o meu amado Filho em quem me comprazo: escutai-O" (Mt 17:5). É o evangelho que mais traz profecias. Marcos (57-63 d.C.): Foi escrito para o povo ROMANO. Representa o Messias como o SERVO Fiel e Obediente de Deus, Aquele que veio servir e sofrer (Mc 10:45). Não traz genealogia, pois para o servo, isso não conta, pois servo não é uma pessoa de quem se procure uma genealogia. Marcos é um judeu-gentio (João Marcos), cujo nome faz conexão com o judeu e o gentio. Relata mais milagres, pois os romanos se interessavam mais por ações/resultados que palavras. Lucas (63 d.C.): Foi escrito para os GREGOS. Relata o Messias como o Homem Perfeito, o FILHO DO HOMEM, Aquele que veio repartir e Se compadecer (Lc 19:10). Os gregos gostavam de tudo detalhado. Lucas tem genealogia, mostrando que Jesus é Perfeito. Traz a linhagem/genealogia “humana” de Jesus até o primeiro homem, Adão, mostrando Jesus como Homem Perfeito (conf. Lc 3:38). Mesmo tentado na carne, Ele continuou Perfeito. Lucas era um médico e um gentio (narra o sofrimento de Cristo em detalhes que só um médico poderia fazer). João (90 d.C.): foi escrito para TODO O MUNDO, com o propósito de levar o homem a Cristo. João apresenta Jesus como o FILHO DE DEUS, Aquele que veio revelar e redimir (Jo 1:1-4; 20:31). Tudo no evangelho de João ilustra e demonstra o relacionamento de Cristo com o Pai. É onde Jesus trata mais a Deus como Pai (Abba Pai). Não traz genealogia, pois, Jesus Cristo, sendo 100% Deus, é Eterno, sem princípio, meio ou fim. Sua linhagem é “espiritual”, eterna!!! Os sinópticos diferem do Evangelho de João nas seguintes maneiras: Mateus, Marcos e Lucas João Os fatos da vida exterior de Cristo A vida íntima de Cristo BIBLIOLOGIA - 19 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Os aspectos da Sua vida humana Os Seus discursos públicos O ministério na Galiléia A vida divina de Cristo Os discursos pessoais O ministério na Judéia A crítica está cada vez mais voltando ao ponto de vista tradicional quanto à data e autoria de diversos livros. Há razão para crermos que os Evangelhos sinópticos foram escritos na ordem: Mateus, Lucas e Marcos. Orígenes freqüentemente os cita nessa ordem e Clemente de Alexandria, antes dele, coloca os Evangelhos que contêm genealogia primeiro, com base na tradição que ele recebeu dos “antigos antes dele”. De acordo com Euzébio, H. E., Vi. Xiv. Esta opinião é reforçada pela consideração de que os Evangelhos surgiram das circunstâncias e ocasiões da época. (Palestras em Teologia Sistemática, Henry Clarence Thiessen (Ed. Batista Regular, pág 58). Os quatro relatam os tipos mostrados em Ezequiel 1.10 e em Apocalipse 4.6-8, ilustrando os quatro animais "no meio do trono, e ao redor do trono" com a semelhança de: 1. Leão (Mateus - rei), 2. Bezerro (Marcos – servo), 3. Rosto como de homem (Lucas - filho do homem) e 4. Semelhante a uma águia voando (João - filho de Deus). 2. Históricos Atos dos Apóstolos: Propagação do Evangelho. Trata dos resultados da morte e da ressurreição de Jesus Cristo, com a propagação das “Boas Novas”, por impulso e liderança do Espírito Santo, começando em Jerusalém, Judéia, Samaria e até os confins da Terra. 3. Epístolas Os fundadores das igrejas, freqüentemente impossibilitados de visitá-las pessoalmente, desejavam entrar em contato com seus convertidos no propósito de aconselhá-los, repreendê-los e instruí-los. Assim surgiram as Epístolas. (Circulação das epístolas: 1 Ts 5:27; Cl 4:16; 1 Pe 1:1-2; 2 Pe 3:14-16; Ap 1:3) Epístolas Paulinas: a) 9 dirigidas a igrejas: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses; b) 4 dirigidas a indivíduos: 1 e 2 Timóteo, Tito, Filemom. Epístolas Gerais: a) 1 dirigida a um povo: Hebreus; b) 7 universais: Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João, Judas. As epístolas de Filipenses, Efésios e Colossenses são chamadas Epístolas da Prisão, escritas por Paulo, durante sua prisão em Roma. IMPORTANTE: As Cartas Paulinas apresentam a Teologia para a Igreja. A essência do que Deus tem para a Igreja está nas Cartas. O crente deve se guiar pelas Cartas Paulinas e não pelas regras e leis do Antigo Testamento. Elas foram escritas para orientar, instruir e exortar os crentes a viverem uma vida cristã plena, frutífera, operosa, abundante, VITORIOSA. Leia as Cartas! Medite!!! 4. Profético Apocalipse: Revelação, Consumação e Juízo de Deus. Um novo Céu e uma nova Terra. Cada livro da Bíblia deve ser estudado convenientemente para que o seu ensino seja aprendido, retido na mente e no coração, colocando os princípios em prática. BIBLIOLOGIA - 20 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 12 - AS LÍNGUAS E OS MATERIAIS DA BÍBLIA 12.1. A Era da Escrita Parece que a escrita se desenvolveu durante o IV milênio a.C. No II milênio a.C. várias experiências conduziram ao desenvolvimento do alfabeto e de documentos escritos por parte dos fenícios. Tudo isso se completou antes da época de Moisés, que escreveu alguns Livros do Pentateuco aproximadamente em 1491 a.C. Já em 3500 a.C. os sumérios usavam tabuinhas de barro para a escrita cuneiforme, e registraram, por exemplo, a descrição sumeriana do dilúvio (o Épico de Gilgamesh), que teria sido gravada em 2100 a.C. Os egípcios (em 3100 a.C.) apresentavam documentos escritos em hieróglifos (pictografia = desenhos, pinturas). A partir de 2500 a.C. usavam-se textos pictográficos em Biblos (Gebal) e na Síria. Em Cnosso e em Atchana, grandes centros comerciais, apareceram registros gravados anteriores à época de Moisés. Outros elementos correspondentes de meados a fins do II milênio a.C. acrescentam mais evidências de que a escrita já se havia desenvolvido bem antes da época de Moisés. Em suma, Moisés e os demais autores da Bíblia escreveram numa época em que a humanidade estava “alfabetizada”, ou melhor, já podia comunicar seus pensamentos por escrito. 12.2. As Línguas Bíblicas As línguas utilizadas no registro da revelação de Deus, a Bíblia, vieram das famílias de línguas semíticas e indo-européias. Da família semítica, originaram-se as línguas básicas do Antigo Testamento, quais sejam: o Hebraico e o Aramaico (Siríaco: 2 Rs 18:26; Ed 4:7; Dn 2:4). Além dessas línguas, o Latim e o Grego representam a família indo-européia. De modo indireto, os fenícios exerceram um papel importante na transmissão da Bíblia, ao criar o veículo básico que fez com que a linguagem escrita fosse menos complicada do que havia sido até então: inventaram o ALFABETO. 12.3. As Línguas do Antigo Testamento O Hebraico é a língua principal do Antigo Testamento, especialmente adequada para a tarefa de criar uma ligação entre a biografia do povo de Deus e o relacionamento do Senhor com esse povo. O Hebraico se encaixou bem nessa tarefa porque é uma língua pictórica (= desenhos). Expressa-se mediante metáforas vívidas e audaciosas, capazes de desafiar e dramatizar a narrativa dos acontecimentos. Além disso, o Hebraico é uma língua pessoal. Apela diretamente ao coração e às emoções, e não apenas à mente e à razão. É uma língua em que a mensagem é mais sentida que meramente pensada. É chamada no A. T. de “língua de Canaã” (Is 19:18) e “língua Judaica” (Is 36:11-13; Ne 13:24; 2 Rs 18:26-28). Ela, provavelmente, desenvolveu-se a partir do antigo hebraico falado por Abraão, em Ur dos caldeus (Gênesis 14.13) e vários estudiosos crêem que esse hebraico era anterior a Abraão e que era a “mesma língua” e “a mesma fala” dos tempos pré-Babel (Gênesis 11.1). Em outras palavras, crêem que essa era a língua original do homem. A língua hebraica é conhecida como “quadrática” e suplanta em beleza a todas as outras escritas. Possui raiz triconsonantal (3 consoantes). Lê-se da direita para esquerda, seu alfabeto se compõe de 22 letras e serve também para representar números. As 22 letras do Hebraico se encontram no Sl 119 e no Livro de Lamentações. BIBLIOLOGIA - 21 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Em Gn 31:47, vemos Labão (vindo da Caldéia), falar em Aramaico e Jacó (vindo de Canaã), falar em Hebraico. O Aramaico (uma língua cognata, muito próxima do hebraico) era a língua dos sírios, tendo sido usada em todo o período do Antigo Testamento. Na verdade, substituiu o hebraico no tempo do cativeiro. Era falado desde 2000 a.C., em Arã, na Síria. Tinha o mesmo alfabeto do Hebraico, mas diferenciava no som e estrutura das palavras. Era a língua “comercial” do mundo antigo, quando a Assíria e a Babilônia dominaram o mundo da época (cativeiros). Era a língua diplomática, no tempo de Senaqueribe (705-681 a.C.). Depois do Cativeiro Babilônico (500 a.C.), tornou-se a língua comum naquela região. Durante o século VI a.C., o Aramaico se tornou a língua geral de todo o Oriente Próximo. Seu uso generalizado se refletiu nos nomes geográficos e nos textos bíblicos de Esdras (4:8-6:18; 7:12-26), pelo fato de ser o aramaico a língua oficial do Império Persa; um versículo em Jeremias (10:11), onde há a citação de um provérbio aramaico; e uma parte relativamente grande do livro de Daniel (2:4 a 7:28), onde o aramaico é usado, provavelmente, por ser uma seção inteira que trata das nações do mundo. 12.4. As Línguas do Novo Testamento As línguas semíticas também foram usadas na redação do Novo Testamento. Na verdade, Jesus e Seus discípulos falavam o Aramaico, sua língua materna, tendo sido essa a língua falada por toda aquela região na época. As expressões “Talita cumi” (Mc 5:41); “Eli, Eli, lamá sabactâni” (Mt 27:46); “Maranata” (1 Co 16:22); “Aba Pai” (Rm 8:15; Gl 4:6) são em Aramaico. O Hebraico fez sentir mais sua influência mediante expressões idiomáticas, como uma que, no português, quer dizer “e sucedeu que”. Outro exemplo da influência hebraica no texto grego vemos no emprego de um segundo substantivo, em vez de um adjetivo, a fim de atribuir uma qualidade a algo ou a alguém, como ocorre na 1 Ts 1:3. O epitáfio na cruz de Cristo (o Nome de Deus = YHWH) é em Hebraico. Além das línguas semíticas a influenciar o N. T., temos as indo-européias, o Latim e o Grego. O Latim influenciou ao emprestar muitas palavras, como “centurião”, “tributo” e “legião”, e pela inscrição trilíngue na cruz (em Latim, em Hebraico e em Grego). No entanto, a língua em que se escreveu o N. T. foi o Grego. Até fins do século XIX, cria-se que o grego do N. T. (o Grego helenístico, koinê = comercial) era a “língua especial” do Espírito Santo; mas, a partir de então, essa língua tem sido identificada como um dos cinco estágios do desenvolvimento da língua grega. Esse grego koinê era a língua mais amplamente conhecida em todo o mundo do século I. O alfabeto havia sido tomado dos fenícios. Seus valores culturais e vocabulário cobriam vasta expansão geográfica, vindo a tornar-se a língua oficial dos reinados em que se dividiu o grande império de Alexandre, o Grande, uma língua quase universal. O aparecimento providencial dessa língua, ao lado de outros desenvolvimentos culturais, políticos, sociais e religiosos, ampla rede de estradas, progresso, etc., durante o século I a.C., fica implícito na declaração de Paulo: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4:4). Grego: 25 letras, começando no Alfa e terminando no Ômega. Jesus Se identifica com o N.T., que foi escrito em Grego, ao declarar: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro” (Ap 22:13). O Grego do N. T. se adaptou de modo adequado à finalidade de interpretar a revelação de Cristo em linguagem teológica. Tinha recursos linguísticos especiais para essa tarefa, por ser um idioma intelectual. Era a segunda língua dos escritores do N.T., com exceção de Lucas. BIBLIOLOGIA - 22 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] O Grego é um idioma da mente, mais que do coração (como o Hebraico), e os filósofos atestam isso amplamente. O Grego tem precisão técnica de expressão não encontrada no Hebraico. Além disso, o Grego era uma língua quase universal. A verdade do A. T. a respeito de Deus foi revelada inicialmente a uma nação, Israel, em sua própria língua, o Hebraico. A revelação completa, dada por Cristo, no Novo Testamento, não veio de forma tão restrita. Em vez disso, a mensagem de Cristo deveria ser anunciada ao mundo todo, por isto, era necessária uma língua universal: “... em seu nome se pregará o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém” (Lc 24:47). 13 - OS MATERIAIS DA ESCRITA Os autores da Bíblia empregaram os mesmos materiais para a escrita, que estavam em uso no mundo antigo. O papiro foi usado na antiga Gebal (Biblos) e no Egito, por volta de 2100 a.C. Eram folhas de uma planta, cuja popa era cortada em tiras que eram colocadas superpostas umas às outras de forma cruzada, coladas, prensadas e depois polidas. Eram escritas de um lado apenas. A cor era amarelada. Foi o material que o apóstolo João usou para escrever o Apocalipse (Ap 5:1) e suas cartas (2 Jo 12). A antiga Gebal é atualmente a cidade de Jubayl (nome árabe) e fica a 42 km de Beirute. É considerada a cidade mais antiga do mundo. Seu nome em Grego é Biblos, pois de lá vinham os papiros (biblos). O velino, o pergaminho e o couro são palavras que designam os vários estágios de produção de um material de escrita feito de peles de animais curtida e preparada para a escrita. Seu uso generalizado vem dos primórdios do Cristianismo, mas já era conhecido em tempos remotos, pois temos uma menção de Isaías 34:4 sobre um livro que era enrolado. O velino era a pele de bezerros e antílopes. O pergaminho era a pele de ovelhas e cabras. Tudo indica que o termo pergaminho derivou o seu nome da cidade Pérgamo, na Ásia menor, cujo Rei, Eumenes II (159 - 197 d.C.), fez uma grande biblioteca para rivalizar com a de Alexandria no Egito, haja vista que o Rei do Egito havia cortado o suprimento de papiro. O Novo Testamento menciona este material gráfico em 2 Tm 4:13 e Ap 6:14. O velino era desconhecido até 200 a.C., pelo que Jeremias teria tido em mente o couro (Jr 36:23). O A.T. foi escrito basicamente no couro, pois o Talmude assim o exigia. O N.T. foi escrito basicamente em papiro. No século IV A.D., foi utilizado o velino para os manuscritos. Outros materiais para a escrita eram o metal (Êx 28:36), a tábua recoberta de cera (Is 30:8; Hc 2:2; Lc 1:63), as pedras preciosas (Êx 39:6-14) e os cacos de louça (óstracos), como mostra Jó 2:8. O linho era usado no Egito, na Grécia e na Itália, embora não tenhamos indícios de que tenha sido usado no registro da Bíblia. 13.1. A Tinta e os Instrumentos de Escrita A tinta utilizada pelos escribas era uma mistura de carvão em pó com uma substância líquida parecida com a goma arábica (Jr 36:18; Ez 9:2; 2 Co 3:3; 2 Jo 12; 3 Jo 13). Para a escrita em papiro e pergaminho, os escribas usavam penas de aves, pincéis finos e um tipo de caneta feita de madeira porosa e absorvente. Para uso em cera, utilizavam um estilete de metal (Is 30:8). BIBLIOLOGIA - 23 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 13.2. Os Tipos da Escrita dos Manuscritos Alguns tipos de escrita utilizados nos manuscritos são: A. Uncial: os mais antigos manuscritos gregos só usavam letras maiúsculas desenhadas e sem separação entre palavras. Datam do IV século A.D. B. Cursivo: Era o tipo de escrita onde letras minúsculas eram conectadas com espaço entre palavras, pois, naquela época (séc. VI a X d.C.), havia maior necessidade de cópias dos manuscritos. C. Sinais Vocálicos: Mais ou menos ao redor dos anos 500 a 900 d.C., eruditos judeus chamados Massoretas introduziram um sistema de pontos colocado acima, abaixo e entre o texto consonantal do Velho Testamento, de forma a marcar a vocalização do texto. Além disto, eles cercaram o texto de uma série de anotações chamadas Massorah que garantiam a imutabilidade do texto. Estes pontos, chamados pontos vocálicos, exerceriam a função de vogais, mas tinham a vantagem de nada acrescentar ou tirar do texto consonantal inspirado. Este sistema preservou a pronúncia do Hebraico que, nesta época, era a língua dos eruditos judeus. Foi o texto hebraico preservado por este grupo de eruditos judeus que chegou aos dias de hoje. IMPORTANTE: É conveniente lembrarmos que, nos manuscritos mais antigos, não era usado um sistema de pontuação. E, também, é bom lembrarmos que não há nenhum manuscrito original preservado nos dias de hoje (para se evitar a idolatria!!!). 13.3. O Formato dos Manuscritos Os manuscritos do Antigo Testamento tinham os formatos de livros (códices) e rolos. Os códices eram feitos de pergaminho cujas folhas tinham normalmente 65 cm de altura por 55 cm de largura. Os rolos podiam ser de papiro ou pergaminho. Eram presos a um cabo de madeira para facilitar o manuseio durante a leitura. Eram enrolados da direita para a esquerda. Sua extensão dependia da escrita a ser feita. 14 - A BÍBLIA É INSPIRADA Jesus Cristo ensinou que a Bíblia é infalivelmente inspirada (Jo 10:35b; 17:17; Mt 4:4; 5:17-18) e também eterna e perfeitamente preservada por Deus (Mt 4:4; 5:18; 24:25, Lc 16:17; 21:33; 24:44) Juramento de John Burgon: “Juro pelo Nome do Deus Triúno: Pai, Filho e Espírito Santo, que creio que ‘a Bíblia não é outra coisa senão a voz d'Aquele que está sentado no trono. Cada livro dela, cada capítulo dela, cada versículo dela, cada palavra dela, cada sílaba dela, cada letra dela, são elocuções diretas do Altíssimo. A Bíblia não é nada mais que a Palavra de Deus; nenhuma parte dela é mais, nenhuma parte dela é menos, mas todas as partes de igual modo, são expressões d'Aquele que está sentado no Trono, sem defeito, sem erro, supremas.’ Assim ajude-me Deus, AMÉM”. Inspiração é o homem escrevendo o que Deus revelou. A Inspiração é o registro escrito das revelações de Deus e daquilo que Ele quis que os escritores registrassem por escrito. A inspiração, portanto, é o processo pelo qual Deus manifesta uma influência sobrenatural sobre certos homens, capacitando-os para registrar acurada e infalivelmente o que quer que tenha sido revelado. “Homens santos de Deus”, lemos, “falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1:21). O resultado desse processo é a Palavra de Deus escrita, a “escritura da verdade” (Dn 10:21). BIBLIOLOGIA - 24 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 14.1. O Processo de Inspiração A própria Bíblia clama ser a Palavra de Deus. O termo “inspiração” é o termo teológico tirado da Bíblia que expressa a verdade que a Bíblia é a Palavra de Deus. Talvez a melhor definição de inspiração seja a de L. Gaussen: “aquele inexplicável poder que o Espírito divino estendeu antigamente aos autores das Sagradas Escrituras, para que fossem dirigidos mesmo no emprego das palavras que usaram, e para preservá-los de qualquer engano ou omissão”. Para entendermos a inspiração, devemos olhar para dois versículos clássicos das Escrituras, a seguir: A. “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça” (2 Tm 3:16) A palavra inspiração é “theopneutos”, que significa “theo” = Deus, e “pneutos” = assoprar. A palavra hebraica é “nehemiah” e é usada somente uma vez no Velho Testamento (em Jó 32:8). O versículo está dizendo que Deus assoprou nos escritores da Bíblia que escreveram assim as próprias Palavras de Deus. O adjetivo empregado nesta passagem significa “insuflado por Deus” (cf. Gn 2:7). A palavra “Escritura” vem do Grego “graphe”, que siginifica escrita, grafia, palavra. Deus “assoprou” palavras! Podemos dizer então que tudo o que foi “escrito” (as Escrituras) foi dado pelo “sopro de Deus”. Portanto, o que Deus “soprou” foram palavras (graphe). Cada palavra, cada letra é importante para Deus. É importante frisarmos que a Bíblia é inspirada e não os escritores. Se fosse o contrário, tudo aquilo que eles escrevessem, de uma forma geral, seria Bíblia... A próxima passagem é: B. “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” (2 Pe 1:21) Literalmente, o que o versículo está dizendo é que a inspiração é o processo pelo qual o Espírito Santo “moveu” ou dirigiu os escritores das Escrituras para que o que eles escrevessem não fossem palavras deles, mas a própria Palavra de Deus. Deus nos está dizendo que Ele é o Autor da Bíblia, e não o homem. Os escritores da Bíblia são chamados “homens impelidos (ou “carregados”) pelo Espírito Santo” (2 Pe 1:20-21 cf. Ap 19:9; 22:6; 2 Sm 23:2). Eles foram “movidos”, “tomados”, “levados”. A palavra “inspirados” no versículo acima é a mesma palavra grega que foi usada em Atos 27:15 (o barco foi “levado”). O próprio Jesus Cristo afirmou que o Espírito Santo faria os seus discípulos se lembrarem de tudo o que presenciaram: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo 14:26) e os anunciaria fatos futuros: “Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir” (Jo 16:13). (1 Co 2:10-13; 2 Co 2:4, 13; 1 Jo 1:1-3). O Deus que soprou o fôlego de vida nos seres viventes é o mesmo que soprou Sua Palavra nas consciências dos Seus profetas. Se o próprio Espírito Santo supervisionou a entrega e o registro da revelação, Ele, sendo Deus Onipresente, Onisciente e Onipotente, garantiu que isto seria feito sem erros. Inspiração é o poder estendido pelo Espírito Santo, mas não sabemos exatamente como esse poder operou. É limitado aos escritores das Escrituras Sagradas. Isto EXCLUI todos os outros livros “sacros” por não serem inspirados; também nega autoridade final a todas as igrejas, concílios eclesiásticos, credos e clérigos. BIBLIOLOGIA - 25 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] A inspiração não exclui a diversidade de expressão sobre o mesmo assunto (Mt 16:16; Mc 8:29; Lc 9:20). Até os 10 mandamentos têm expressões diferentes, pois o Autor é Deus, e Ele pode Se exprimir de formas diferentes sobre o mesmo assunto! (Êx 20:8- 11; Dt 5:12-15). O mais próximo que conseguimos chegar da inspiração é chamando-a de “orientação”. Isto é, o Espírito Santo supervisionou a seleção dos materiais a serem usados e das palavras a serem empregadas por escrito. Finalmente, Ele preservou os autores de todos os erros e omissões. Temos na Bíblia, portanto, a Palavra de Deus verbalmente inspirada. O apóstolo Paulo relatou, inclusive, seus lapsos de memória (1 Co 1:14-16), suas emoções pessoais (Gl 4:14), suas palavras (1 Co 7:12, 40). Entretanto, ele mesmo frisa que, apesar de expor sentimentos e impressões pessoais, tudo o que ele registrou nas Escrituras são Palavras do Senhor! (1 Co 2:13; 14:37-38; Gl 1:12). Inclusive, quando ele aborda a questão do papel e posição da mulher na igreja, ele declara que o que disse são “mandamentos do Senhor” e não seu entendimento pessoal! (1 Co 14:37-38). Observamos, além disso, que a inspiração se estende às palavras, não simplesmente aos pensamentos e conceitos, ou idéias gerais. Se se estendesse simplesmente aos últimos, ficaríamos sem saber se os escritores entenderam exatamente o que Deus disse, se se lembraram exatamente do que Ele disse, e se eles tinham capacidade para expressar os pensamentos de Deus com exatidão. Será que cada palavra da Bíblia é mesmo inspirada? O que Jesus disse acerca deste assunto? Vamos lá ver, o que nosso Senhor falou: “Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de TODA a palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4:4) Que sublime afirmação do Mestre! Ele claramente nos diz que TODAS (não somente algumas, não somente as que constam nos “melhores e mais antigos manuscritos”, nem as que têm certa preferência da crítica textual), mas sim que todas as palavras que saem da boca de Deus são alimento para o homem. Ou que dizer acerca do cumprimento cabal da lei, declarado por Jesus: “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.” (Mt 5:18) Ora, aqui Jesus nos diz que TUDO o que está na lei, será cumprido completamente. Existem versículos que claramente proíbem acrescentar, ou diminuir, o que quer que seja (Dt 4:2; 12:32; Pv 30:6; Ec 3:14; Ap 22:18-19). Lembre-se que uma vírgula numa frase pode alterar totalmente o sentido da mesma. Em Gl 3:16, vemos a importância e falta que faz uma simples letra “s”!!! Assim, a Bíblia, obra de escritores humanos, é, contudo, de natureza divina (1 Ts 2:13) e isto num sentido mais elevado do que o que se dá ao fazer referência a outras obras que se costumam dizer “inspiradas”. Embora a Bíblia seja inspirada por Deus (Sl 19:7-11; 119:89; 105, 130, 160; Pv 30:5- 6; Is 8:20; Jr 1:2, 4, 9; Lc 16:31; 24:25-27; 44-45; Jo 5:39, 45-47; 12:48; 14:26; 16:13; 17:17; At 1:16; 28:25; Rm 3:4; 15:4; 1 Co 2:10-13; 2 Co 2:4; Ef 6:17; 1 Ts 2:13; 2 Tm 3:16-17; 1 Pe 1:11-12; 2 Pe 1:19-23; 1 Jo 1:1-3; Ap 1:1-3; 22:19), a participação do homem na recepção da revelação assumiu várias formas. Isto se deu naturalmente, de modos diversos: ora os escritores simplesmente registravam fatos históricos; ora registravam as mensagens que profetas e apóstolos recebiam de Deus; ora refletiam intimamente sobre coisas de Deus e Este usava seus pensamentos para levar Sua mensagem aos homens; ora eram guiados por Deus a escrever palavras revestidas de sentido mais profundo do que eles próprios sabiam (1 Pe 1:10-12; cf. Dn 8:15; 12:8- 12). BIBLIOLOGIA - 26 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Ocasionalmente, descreveram visões, sonhos ou aparições que testemunharam (Is 6; Jr 24; Dn 7-12; Ap 1-22); vários autores puderam escrever seu testemunho pessoal, pois foram testemunhas oculares dos eventos que relataram (Js 24:26; Jo 19:35; 21:24; 1 Jo 1:1-4; 2 Pe 1:16-18); também citaram documentos antigos, que tinham à sua disposição, frutos de suas pesquisas [isto é inspiração (registro escrito) sem revelação (sem ser algo recebido diretamente de Deus)] (Dn 4; 2 Cr 36:23; Ed 1:2-4; 7:11-26; 1 Jo 1:1-4; Lc 1:1-4; etc.), inclusive houve citações de fontes extrabíblicas (At 17:28; Tt 1:12; Jd 14-15); compuseram, como artistas, poesia e outras manifestações da sabedoria (Salmos, Provérbios, etc). Vale lembrarmos que os 10 mandamentos foram escritos diretamente por Deus (Êx 31:18). Os profetas estavam tão cônscios da responsabilidade de entregar a mensagem de Deus (e não suas) que muitas vezes pediam a Deus que os poupasse desse peso (Vide a resistência de Jonas). Os escritores do Novo Testamento também reconheceram terem sido guiados pelo Espírito Santo para registrar as revelações de Deus. A Bíblia é um livro divino-humano: humano porque, escrito por homens, manifesta sentimentos e pensamentos humanos, às vezes em desacordo com os de Deus (ver, por exemplo, os discursos dos amigos de Jó, que o próprio Deus refutou); divino, porque é obra de homens a quem a Palavra de Deus foi revelada. A IMPARCIALIDADE DA BÍBLIA PROVA QUE ELA É A PALAVRA DE DEUS Quando os homens escrevem biografias dos seus heróis, eles normalmente limpam suas faltas, mas a Bíblia exibe sua qualidade divina mostrando o homem como ele é. Não apenas a Bíblia é verdadeira, mas também é clara e sincera. Mesmo os melhores homens descritos na Bíblia são descritos com suas faltas. Conhecemos claramente a rebelião de Adão, a bebedeira de Noé, o adultério de Davi, a apostasia de Salomão, a desobediência de Jonas, o desaforo de Pedro para com o Mestre, a briga de Paulo e Barnabé e espante-se com a descrença dos discípulos a respeito da ressurreição de Cristo. O que se segue foi publicado em “The Berean Call” [O Chamado de Beréia], Janeiro 2005: “As Escrituras revelam honestamente as fraquezas e pecados dos melhores santos – mesmo quando tais fatos poderiam ter sido evitados. Tal honestidade dá a coroa da verdade às Escrituras. Um dos relatos mais estranhos foi a descrença dos discípulos quanto à ressurreição de Cristo. De fato, seu ceticismo e aparente má vontade em acreditar, mesmo quando Cristo os encontrou face a face, parece que dificilmente um escritor de ficção ousaria retratá-lo. Cristo acusa Seus discípulos de dureza de coração (Marcos 16:14). Eles não creram, mesmo quando Cristo lhes apareceu (Lucas 24:36- 38). Mas um dos ladrões crucificados com Cristo creu em Sua ressurreição, ou ele não teria pedido “E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.” (Lc 23:42). As dúvidas dos discípulos não tinham desculpa em vista das muitas profecias messiânicas. Eles terem sido tão cegos em relação às Escrituras, mesmo depois de terem sido ensinados pessoalmente por Cristo durante tantos anos, nos faz reexaminarmos a nós mesmos para não sermos culpados da mesma cegueira.” A aceitação da Bíblia como Palavra de Deus não é matéria de prova científica e sim de fé. Isso não quer dizer que tomamos atitude irracional ou sem fundamento. Antes, nossa atitude se baseia no testemunho de Jesus, a respeito do Antigo Testamento. De certo modo, podemos compará-la à nossa fé em Jesus Cristo como Filho Unigênito de Deus, a qual não depende, em última análise, de provas humanas de Sua divindade, e sim, de um ato de fé. A experiência cristã tem confirmado que de fato Deus Se revela aos homens através de TODA a Bíblia, ainda que o faça com maior nitidez em certas partes (João, por exemplo) do que em outras que são, por assim dizer, periféricas em relação à suprema revelação em Jesus Cristo. BIBLIOLOGIA - 27 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Não é que o Evangelho segundo João seja “mais inspirado” do que Eclesiastes, por exemplo; antes, é que, naquele, Deus estava concedendo a João a mais suprema e plena revelação dEle; ao passo que, em Eclesiastes, fornecia o registro das últimas tentativas humanas para conseguir a felicidade “debaixo do sol”. Outrossim, mesmo que algumas partes da Bíblia pareçam não trazer mensagem de Deus para nós, em nossa situação atual, é muito possível que tenham falado, ou que ainda venham a falar, a outras pessoas em situações diferentes. Basta lembrarmos, por exemplo, como o livro do Apocalipse tem revivido, vez após vez, para cristãos que sofriam de perseguição. Devemos lembrar também, que a própria Bíblia não nos autoriza a dividi-la em partes, mas, antes, considerá-la um todo orgânico, tendo cada livro um papel a desempenhar na obra total (2 Tm 3:16). De imediato, as pessoas dizem que a Bíblia é um livro de homens. Em outras palavras, “falha e imperfeita”. Por mais sinceros, eruditos e criteriosos que fossem os profetas, eles ainda estavam sujeitos às limitações da sua época e do seu conhecimento. Como poderiam deixar de errar? É natural, assim, esperar que a Bíblia apresente erros gritantes em questões filosóficas, científicas, literárias ou históricas. Os milagres, por exemplo, são vistos como lendas da Antiguidade, tão verdadeiros e históricos quanto Branca de Neve e os Sete Anões. De fato, tais conclusões seriam inevitáveis se o fator sobrenatural fosse descartado. Mas, se o Espírito Santo, sendo o mesmo Deus, estava por trás da produção da Bíblia, então é perfeitamente admissível que homens falhos fossem instrumentos para transmitir informações infalíveis. E foi exatamente isso o que ocorreu! Este volume é a escrita do Deus vivo: cada letra foi escrita por um dedo Todo- poderoso; cada palavra saiu dos lábios eternos, cada frase foi ditada pelo Espírito Santo. Ainda que Moisés tenha sido usado para escrever suas histórias com sua ardente pluma, Deus guiou essa pluma. Pode ser que Davi tenha tocado sua harpa, fazendo que doces e melodiosos salmos brotassem de seus dedos, porém Deus movia Suas mãos sobre as cordas vivas de sua harpa de ouro. Pode ser que Salomão tenha cantado os Cânticos de amor ou pronunciado palavras de sabedoria consumada, porém Deus dirigiu seus lábios, e fez eloquente ao Pregador. Se sigo o trovejador Naum, quando seus cavalos aram as águas, ou a Habacuque quando vê as tendas de Cusã em aflição; se leio Malaquias, quando a terra está ardendo como um forno; se passo para as serenas páginas de João, que nos falam de amor, ou para os severos e fogosos capítulos de Pedro, que falam do fogo que devora os inimigos de Deus, ou para Judas, que lança anátemas contra os adversários de Deus; em todas as partes vejo que é Deus quem fala. É a voz de Deus, não do homem; as palavras são as palavras de Deus, as palavras do Eterno, do Invisível, do Todo-Poderoso, do Jeová desta Terra. Esta Bíblia é a Bíblia de Deus; e quando a vejo, parece que ouço uma voz que surge dela, dizendo: “Sou o livro de Deus; homem, leia-me. Sou a escrita de Deus: abra minhas folhas, porque foram escritas por Deus; leia-as, porque Ele é meu Autor, e O verá visível e manifesto em todas as partes”. “[Eu] escrevi-lhe as grandezas da minha lei, porém essas são estimadas como coisa estranha” (Oséias 8:12). (Retirado do Sermão do Reverendo C. H. Spurgeon: A Bíblia (The Bible) - Um Sermão (Nº 0015) - Pregado na Manhã de Domingo, 18 de Março de 1855, no Exeter Hall, Strand— Londres — Inglaterra). 14.2. Distinção entre Inspiração e Autoridade Algo deve ser dito a respeito da distinção entre Inspiração e Autoridade. Geralmente, as duas são idênticas, de modo que aquilo que é inspirado tem também autoridade com respeito ao ensino e à conduta. Mas, ocasionalmente, não é isso o que acontece. BIBLIOLOGIA - 28 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Por exemplo: o que Satanás disse para Eva foi registrado na Bíblia por Moisés, que foi inspirado por Deus, mas não é a verdade (Gn 3:4-5); o conselho que Pedro deu a Cristo (Mt 16:22); a declaração de Gamaliel ao Concílio (At 5:38-39). O mesmo ocorre com textos retirados do contexto, que assumem um significado totalmente diferente de quando inseridos no contexto, etc. 15 - A BÍBLIA, REGISTRO MERECEDOR DE CONFIANÇA A Bíblia é uma revelação de Deus absolutamente fidedigna. Essa afirmativa se baseia na atitude de Jesus para com o Antigo Testamento e no testemunho da própria Bíblia a seu respeito (Mt 5:17-18; Mc 7:1-13; 12:35-37; Jo 5:39-47; 10:34-36; 1 Co 14:37-38; Ef 3:3). A Bíblia não tem a pretensão de ser uma enciclopédia infalível de informações sobre todos os assuntos e, por isso, não nos fornece a resposta a todas as perguntas que possamos fazer a respeito do mundo a nosso redor. “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt 29:29). Ela é escrita na linguagem do povo e não com a terminologia e exatidão científicas do nosso século. De fato, seria tolice esperar que o fosse, e se, por algum milagre, isso fosse conseguido, o livro se tornaria incompreensível para a maioria de nós, para todos os que nos precederam e, dentro de pouco tempo, a linguagem se tornaria arcaica. A Bíblia registra uma revelação progressiva de Deus (Is 42:8-9; 44:6-8; Os 6:3; Hb 1:1- 2) através de muitos séculos e a povos vários. Não devemos, portanto, tomar suas afirmações isoladamente, mas considerá-las à luz do todo, do contexto. Não podemos basear nossas crenças em versículos isolados, destacados de seu contexto. LEMBRE-SE! Texto fora de contexto é pretexto para heresias! Através de uma compreensão integral da Bíblia, podemos descobrir que muitas discrepâncias desaparecem ou são de pouca importância, no que se refere à verdade da Bíblia, vista como um todo. É inegável que a moderna ciência da Arqueologia muito tem feito no sentido de confirmar a exatidão da história registrada na Bíblia. Muito raramente, e em assuntos de pequena importância, põe um ponto de interrogação ao lado do registro bíblico. Uma vez que a Bíblia registra uma revelação que se deu através da história, podemos sentir satisfação em saber que o esboço histórico apresentado na Bíblia é capaz de tanta confirmação arqueológica. Muitos problemas que se alegam existir na Bíblia devem-se à nossa deficiência em saber interpretá-la corretamente. Às vezes, procuramos, por exemplo, informações literais em passagens que devem ser tomadas como poéticas e, em outras, interpretamos simbolicamente passagens que deveriam ser literais. REGRA DE OURO PARA A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA “Quando a interpretação direta, imediata e literal das escrituras faz sentido, não procure nenhuma outra interpretação. Portanto: Interprete cada palavra no seu sentido literal, usual, costumeiro e mais comumente usado, a não ser que os fatos do contexto imediato indiquem clara e indiscutivelmente o contrário, quando estudados à luz de passagens correlatas e de verdades fundamentais e axiomáticas.” (Dr. David L. Cooper) Vejamos alguns termos relacionados com a inspiração: BIBLIOLOGIA - 29 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] A. Revelação de Deus: (Pv 11:2; Mt 11:25; 1 Co 2:10; Gl 1:12). Revelação, no Grego, significa: descobrir, deixar aberto aquilo que estava velado/coberto. “Revelação é aquele ato de Deus pelo qual Ele mesmo se descerra e comunica verdade à mente, manifestando às Suas criaturas aquilo que não poderia ser conhecido de nenhum outro modo”. Uma definição concisa, mas exata, da revelação vem da caneta do Dr. James Bannerman. Ele escreveu: “A revelação, como ato divino, é a apresentação da verdade objetiva ao homem de maneira sobrenatural por Deus. A revelação, como resultado de tal ato, é a verdade objetiva então apresentada” Métodos de Revelação 1. Por anjos: 3 anjos, Abraão, Sodoma (Gn 18). 2. Com voz alta, punindo a queda (Gn 3:9-19). 3. Com voz suave, a Elias (1 Rs 19:11, 12; Sl 32:8). 4. Pela natureza (Sl 19:1-3). 5. Por um jumento a Balaão (Nm 22:28). 6. Por sonhos (Gn 28:12). 7. Em visões (Gn 46:2; At 10:3-6). 8. O próprio Livro de Apocalipse. 9. Cristofanias (Êx 3:2). Hoje, Deus só fala através da Sua Palavra (Hb 1:1; 2 Tm 3:16). Não há mais revelações! A Revelação de Deus no Antigo Testamento é uma revelação com as seguintes características: 1. É uma revelação autoritativa - Jo 5:39; Lc 19:19-31. 2. É uma revelação verídica - Jo 10:35; Is 34:16. 3. É uma revelação progressiva - Is 42:8-9; 44:6-8; Os 6:3; Hb 1:1-2. Ex: - As peculiaridades do sistema mosaico ficam claras à luz de uma Revelação progressiva. A Lei a Graça e a doutrina do Espírito Santo estão interligadas ao propósito dispensacional de Deus. 4. É uma revelação parcial - Hb 1:1, 2; Cl 2:17; Hb 10:1. 15.1. A Necessidade da Revelação “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Amós 3:7). Será possível ao homem, finito e limitado como é, em sua capacidade e em seu entendimento, compreender a grandeza do Deus infinito? Por si mesmo, é evidente que não. A não ser que Deus se revele ao homem, este não pode conhecê-Lo. Chega-se, portanto, à conclusão de que Deus Se revelou às Suas criaturas. A revelação de Deus divide-se em geral e especial: BIBLIOLOGIA - 30 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 15.2. Revelação geral de Deus: (Sl 19:1-6; 104) É endereçada e acessível a TODA criatura inteligente, e tem por objetivo persuadir a alma a buscar o verdadeiro Deus. É suficiente para condenar os homens, tornando-os inescusáveis. Mas, não é suficiente para os salvar! Ela ocorre: Na Natureza: (Jó 12:7-9; Sl 8:1, 3; 19:1-3; Is 40:12-14, 26; At 14:15-17; Rm 1:19-23, 2:14-15). Sua finalidade é incitar o homem a buscar o Deus Verdadeiro, para receber mais luz. Algumas verdades contidas nas religiões pagãs derivam-se dessa fonte de revelação. É, contudo, insuficiente. Se revela a grandeza, a sabedoria e o poder de Deus, nada diz do interesse que ele tem no homem pecador, nem se este pode se salvar. Na História: nações tais como o Egito, a Assíria, Babilônia, Média, Pérsia, etc. Embora Deus possa usar uma nação mais ímpia para castigar uma menos ímpia, ao final tratará a mais ímpia com maior severidade (Hc 1:1-2:20). E, muitíssimo mais, na espantosa história da “pulguinha” Israel (Dt 28:10; Sl 75:6-8; Pv 14:34; At 17:2-4; Rm 13:1), o “verme de Jacó” (Is 41:14). Esse povo acreditava que Deus, a quem conhecia por nome de Javé ou Jeová, agia na sua vida individual e nacional (Sl 78); que lhe falava por meio de profetas (1 Sm 3; Is 6; Os 1; Am 7:14-17), revelando-lhes que Seu caráter era de justiça e amor (Is 6:3; Am 5:6-27; Dt 7:8; Jr 31:3; Os 11:1); que Israel era Seu povo escolhido (Dt 7:7-26; Jr 7:23; 13:11) e que dele Deus reclamava não só o culto, como também a justiça e o amor em sua vida social e nacional (Am 5:21-24; Is 1:27; Mq 6:8). Esse Deus era Senhor da criação (Is 40; 42:5; Am 5:8) e Rei moral da história (Dt 28; Jz 2; Am 5:14). Haveria, um dia, de julgar o mundo e estabelecer um reino de justiça. Seu propósito final para os homens era, portanto, a salvação e, para esse fim, escolhera a Israel para Seu servo, o qual deveria levar todos os homens à religião verdadeira. Como, porém, Israel estava prejudicado pelo seu pecado, Deus prometera levantar, futuramente, para executar esta tarefa, um Libertador, chamado, ora de Rei, na sucessão de Davi, ora de Servo do Senhor (Is 2:1-4; 9:1-7; 42:1-9; 49:1-6; 50:4-9; 52:13; 53:12; Jr 31:31-40; 33:14-16; Ez 34:23-24). Esta revelação já é mais explícita e informativa do caráter pessoal de Deus, do que a revelação através da natureza. Contudo, é também incompleta. Na Consciência: Na nossa consciência temos outra revelação de Deus (Rm 2:14-16). A Lei gravada nos corações, “uma espiã de Deus em nosso peito”, “uma embaixadora de Deus em nossa alma”, como os puritanos costumavam chamá-la. É a presença, no homem, desta ciência do que é certo e errado, deste algo discriminativo e impulsivo, que constitui a revelação de Deus. Não é auto-imposta, como fica evidenciado pelo fato de que o homem frequentemente se livraria de suas opiniões se pudesse. É o reflexo de Deus na alma. Suas proibições e ordens, Suas decisões e impulsos não teriam qualquer autoridade real sobre nós se não sentíssemos que na consciência temos de alguma forma a realidade, algo em nossa natureza que, todavia, está acima desta natureza. Em outras palavras, nossa consciência revela o fato de que há uma lei absoluta do certo e do errado no universo e de que há um Legislador Supremo que encarna esta lei em Sua própria Pessoa e conduta. Na providência divina: (Pv 16:9; At 14:15-17); na preservação do mundo: (Hb 1:3) 15.3. Revelação especial de Deus: (Sl 19:7-14) Abrange os atos de Deus pelos quais Ele Se fez conhecer e à Sua verdade, em ocasiões especiais e a pessoas específicas, mas quase sempre para o benefício de todos. É uma Revelação completa! É necessária porque o homem não respondeu à Revelação Geral (Rm 1:20-23,25; 1 Co 1:21; 2:8). Ela ocorre: Em Jesus Cristo, a suprema revelação de Deus (Jo 1:14; Cl 1:15; 2:9; Hb 1:3). Necessária porque o homem não respondeu às outras Hb 1:1-3. Cristo é a melhor prova da: BIBLIOLOGIA - 31 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] existência, natureza, e vontade de Deus! A vinda de Jesus Cristo foi a manifestação suprema e o pleno cumprimento da Revelação que Deus começara a fazer de Sua Pessoa, na vida de Israel. Jesus afirmou expressamente que Ele era Aquele de quem os profetas falavam (Mt 5:17; Lc 24:44). Referia-Se a Si mesmo como o Filho de Deus (Mt 11:25-27) e atribuía às Suas próprias palavras a autoridade de Deus (Mc 2:1-12; 13:31; 14:62). Além das Suas palavras, o caráter e as ações de Cristo deviam ser considerados manifestações de Deus aos homens. Disso eram sinais: Seus milagres e Suas obras poderosas (Lc 12:54-56; Jo 3:2; 14:11). Toda a Sua vida demonstrara o amor que caracteriza a Deus (Mc 2:17; 10:21, 45; Lc 19:1-10; Jo 3:16). Sua morte coroou Sua vida de abnegação em favor dos homens (Mc 14:22-24) e Sua ressurreição e ascensão declararam que Deus Se agradara da obra de Seu Filho e O tinha exaltado (At 3:14-26; Rm 1:4). Seus discípulos passaram o restante de suas vidas anunciando-O como Aquele que verdadeiramente revelava Deus aos homens e lhes restabelecia a relação adequada com Deus Pai. As provas impressionantes de Sua influência nas vidas humanas, a partir de então, são outras tantas confirmações de Seu objetivo de revelar Deus aos homens. Esta Revelação, na qual Deus Se fez homem, na Pessoa de Seu Filho Jesus Cristo, é uma Revelação pessoal, perfeita e que não se repete. No sentido mais completo, Jesus Cristo é a PALAVRA DE DEUS aos homens (Jo 1:1-18; Hb 1:1-2; Ap 19:13). É evidente, portanto, que ninguém pode conhecer a Deus, senão por Jesus Cristo (Jo 1:18; Mt 11:27). Nas experiências pessoais de certos homens: Enoque e Noé andaram com Deus (Gn 5:21-24; 6:9); Deus falou a Noé (Gn 6:13; 7:1; 9:1); a Abraão (Gn 12:1-3); a Isaque (Gn 26:24); a Jacó (Gn 28:13; 35:1); a José (Gn 37:5-11); a Moisés (Êx 3:3-10; 12:1); a Josué (Js 1:1); a Gideão (Jz 6:25); a Samuel (1 Sm 3:2-4); a Davi (1 Sm 23:9-12); a Elias (1 Rs 17:2-4); a Isaías (Is 6:8), etc. Da mesma maneira, no N. T. Deus falou a Jesus (Mt 3:16-17; Jo 12:27- 28); a Pedro, Tiago e João (Mc 9:7); a Felipe (At 8:29); a Paulo (At 9:4-6; 18:9; Gl 1:12); e a Ananias (At 9:10). Nas experiências de nós, crentes da dispensação da graça, que temos a testificação do Espírito Santo de que somos filhos de Deus. Hoje, Deus só fala através da Sua Palavra (Hb 1:1; 2 Tm 3:16). Não há mais revelações!!! Em milagres: eventos fora do usual e natural, realizando uma obra útil, revelando a presença e poder de Deus, visando trazer homens a Cristo (Jo 20:30-31). Êx 4:2-5 (Deus transformou vara em cobra) contraste Êx 7:1-2 (imitação, desmascarada). Milagres podem ser: A. De intensificação (exemplo: dilúvio) ou “tempo exato” (terremoto na crucificação) de fenômenos naturais (praga de saraiva e fogo); a força de Sansão, etc. B. De alteração das leis naturais (multiplicação dos pães, florescimento da vara de Arão, obtenção de água da rocha, cura dos doentes, ressurreição de mortos). Se alguém quiser contestar a existência de milagres, lembre-lhe que a pergunta certa é “as testemunhas são absolutamente confiáveis?” e não “o evento é naturalmente possível?”. Demonstre a historicidade da ressurreição de JESUS CRISTO. Mostre que se ele crer na ressurreição e no Ressurreto Homem-Deus, aceitará todos os milagres da Bíblia. C. Em Profecias - predição de eventos, só possível pela comunicação direta da parte de Deus. Ex: O Livro de Isaías foi escrito em aproximadamente 698 a.C. e falou sobre Ciro, com uma antecedência de séculos (Is 44:28-45:1). Se alguém quiser contestar a existência de profecias, mostre-lhe que se ele crer em Jesus Cristo, aceitará todas as profecias da Bíblia. Por exemplo: compare 1 Rs 13:2 com 2 Rs 23:15, 16; 1 Rs 13:22 com 2 Rs 23:17, 18; 1 Rs 21:19 com 1 Rs 22:38; 1 Rs 21:23 com 2 Rs 9:36. Algumas das 332 profecias cumpridas em Cristo: 1. Ele deveria ser nascido de uma virgem (Is 7:14; Mt 1:23). 2. Da semente de Abraão (Gn 12:3; Gl 3:8). BIBLIOLOGIA - 32 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 3. Da Tribo de Judá (Gn 49:10; Mt 1:2-3; Hb 7:14). 4. Da linhagem de Davi (Sl 110:1; Jr 23:5; Mt 1:6; Rm 1:3). 5. Deveria nascer em Belém (Mq 5:2; Mt 2:6). 6. Ser ungido pelo Espírito (Is 61:1-2; Lc 4:18-19). 7. Entrar em Jerusalém montado em um asno (Zc 9:9; Mt 21:4-5). 8. Ser traído por um amigo (Sl 41:9; Jo 13:18). 9. Ser desprezado (Is 53:4-6, 10-12; 2 Co 5:21). 10. Ser rejeitado (Is 53:3; Jo 8:48; 9:34). 11. Ser vendido por trinta moedas de prata (Zc 11:12-13; Mt 26:15; 27:9-10). 12. Ser abandonado por seus discípulos (Zc 13:7; Mt 26:31, 56). 13. Ter suas mãos e pés traspassados, mas não ter nenhum osso quebrado (Sl 22:16; 34:20; Jo 19:36; 20:20, 25). 14. Os homens iriam dar-lhe fel e vinagre a beber (Sl 69:21; Mt 27:34). 15. Repartir Suas vestes e lançar sortes sobre Sua túnica (Sl 22:18; Mt 27:35). 16. Ele seria abandonado por Deus (Sl 22:1; Mt 27:46). 17. Enterrado com os ricos (Is 53:9; Mt 27:57-60). 18. Ele iria surgir dos mortos (Sl 16:8-11; At 2:27). 19. Subir às alturas (Sl 68:18; Ef 4:8). 20. Assentar-se à mão direita do Pai (Sl 110:1; Mt 22:43-45), etc. Será que não temos nestas predições que já foram cumpridas uma forte prova do fato que Deus Se revelou por profecia? E se Ele o fez nestas predições, o que nos impede de crer que O fez em outras também? D. Nas Escrituras (1 Pe 1:12; 1 Co 1:21): Se a suprema revelação de Deus é Jesus Cristo, surge o problema: como então pode Deus Se revelar a nós, que vivemos dois milênios depois de Cristo? Não estando Jesus visivelmente entre nós, ficamos privados da possibilidade de alcançar a plena Revelação de Deus? A resposta a essas perguntas é que existe ainda outra forma de Revelação. É que o Espírito de Deus capacitou homens a darem testemunho escrito da Revelação que receberam, de modo a poderem interpretá-la e transmiti-la às gerações posteriores. Assim, podemos chegar ao conhecimento da Revelação de Deus na Natureza, na História e em Jesus Cristo, através do registro (inspiração) que temos em mãos, na BÍBLIA, e pela qual Deus fala hoje aos homens (Hb 1:1-3). Deste modo, Jesus Cristo Se revela ainda aos homens. Ele não é uma extinta figura do passado, mas o FILHO VIVO DE DEUS, de maneira que os cristãos que vivem em eras posteriores à Sua crucificação podem afirmar que O conhecem e têm comunhão com Ele, através das Escrituras, que reúnem toda a Revelação que Deus quis que ficasse inerrantemente corporificada, sendo a base para todas as disciplinas da Teologia. As doutrinas da revelação e da inspiração nada seriam sem a doutrina da preservação das Escrituras. Jesus disse: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mateus 24:35). As evidências comprovam que Deus tem cuidado da Sua Palavra através dos séculos, embora não tenhamos mais os originais (autógrafos). Existem mais de 5.000 manuscritos e partes de manuscritos que concordam entre si, o chamado Texto Bizantino (em sua forma impressa ele se chama Textus Receptus [TR], ou o Texto Recebido, termo que surgiu com a impressão do Novo Testamento Grego de Elzivir em 1633). BIBLIOLOGIA - 33 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Uma vez que é a Bíblia o meio pelo qual seguramente Deus Se revela hoje aos homens, devemos examinar com algum cuidado seu caráter, sua suficiência e a confiança que merece como Revelação de Deus (2 Tm 3:15-16; Hb 1:1). 15.4. A Iluminação E aquele método usado pelo Espírito Santo para derramar luz divina sobre todo o homem que o busque, ao ser este homem exposto à Palavra de Deus (Sl 119:18, 125). A ILUMINAÇÃO é o entendimento que temos da leitura da Bíblia, pela ação do Espírito Santo (Êx 31:3; 35:31; 1 Rs 3:11; 4:29; Jó 11:12; 2 Sm 22:29; Sl 18:28; 36:9; 111:10; 119:18, 34, 99, 104, 125, 130, 169; Pv 2:1-12; 4:7; Is 11:2; Dn 1:17; 4:34-36; 5:12-14; Lc 24:45; Jo 14:26; Rm 12:2; 1 Co 2:14-16; 2 Co 4:6-7; Ef 1:18; 2 Tm 2:7; 2 Pe 1:20; 1 Jo 5:20). A iluminação se faz necessária por causa das cegueiras: natural (Rm 10:2; 1 Co 2:14; Ef 4:18); induzida pelo Diabo (2 Co 4:3,4); induzida pela carne (1 Co 3:1; 2:14; Hb 5:12-14; Cl 1:21; Tt 1:15). Só com a iluminação é que pecadores são salvos (Sl 119:30; 146:8) e crentes são fortalecidos (Sl 119:105; 1 Co 2:10; 2 Co 4:6). Antes de iluminar, o Espírito Santo procura por sinceridade do homem (Dt 4:29; Hb 11:6) e diligente estudo do crente (At 17:11; 2 Tm 2:15; 1 Pe 2:2). O Espírito Santo sempre tem que usar um crente (que O tem) para iluminar o descrente (que não O tem). Veja At 8:31 (Filipe e o eunuco etíope). RESUMINDO 1. Revelação: comunicação da verdade. (1 Co 2:10-12) [já cessou!] 2. Inspiração: registro escrito da verdade. (1 Co 2:13) [já cessou!] 3. Iluminação: entendimento da verdade. (1 Co 2:14-16) [ainda existe!] Podemos ter revelação (comunicação da verdade por Deus ao homem) sem inspiração (registro escrito dessas verdades), como tem sido o caso de muitas pessoas piedosas no passado, que receberam verdades de Deus, mas não registraram por escrito (inspiração), não há livros bíblicos escritos por eles (Noé, Abraão, Jacó, Elias, etc.) e como fica claro pelo fato de João ter ouvido as vozes dos sete trovões (revelação/comunicação da verdade por Deus), apesar de não lhe ter sido permitido escrever/registrar o que eles disseram os trovões (Ap 10:3-4). Podemos também encontrar inspiração sem revelação, como quando os escritores registram o que viram com seus próprios olhos ou descobriram pela pesquisa (1 Jo 1:1-4; Lc 1:1-4). É o que ocorre quando os relatos bíblicos parecem ser meras declarações dos escritores humanos. Isto é inspiração (registro escrito) sem revelação (sem a comunicação de uma verdade por Deus). A iluminação (o entendimento da verdade bíblica) geralmente acompanha a inspiração ou está incluída nela (cf. Pe 1:10-12; cf. Dn 8:15; 12:8-12). 16 - PROVAS DA INSPIRAÇÃO PLENÁRIA, VERBAL E INFALÍVEL DA BÍBLIA A Bíblia é inspirada (“assoprada para dentro do homem”) por Deus. IMPORTANTE! BIBLIOLOGIA - 34 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 1. Inspiração é um mistério. 2. A Bíblia é inspirada por Deus (At 1:16; 2 Tm 3:16-17; Hb 10:15-17; 2 Pe 1:20-21). 3. Inspiração é essencialmente proteção contra erros, como se Deus dissesse “As verdades que Eu quero transmitir, você as escreverá com as suas palavras, mas Eu vou guiá-lo para você não deixar de escrever toda e só a verdade que Eu quero que seja escrita, e não errar nem sequer uma letrinha ou o menor sinal de acentuação.” 4. A inspiração é plenária: significa que a Bíblia é inspirada toda ela, de capa a capa, sobre todo e qualquer assunto (Mt 5:18; 2 Tm 3:16-17). 5. A inspiração é verbal: significa que a Bíblia é inspirada palavra por palavra, e não apenas os pensamentos principais, como ocorre com as versões deturpadas da Bíblia, como as paráfrases (Ex: Bíblia na Linguagem de Hoje). (Sl 138:2; Mt 4:4-5; 5:17-18; 22:32; 1 Co 2:13; Gl 3:6). 6. A inspiração torna a Biblia infalível e inerrável: A Bíblia não contém nenhum erro, sendo incapaz de errar ou falhar! (Mt 5:18; Jo 10:35b). 7. Toda a Bíblia é igualmente inspirada, mas não igualmente importante (Ex: Jo 3:16 versus Jz 3:16). 8. Cada palavra é inspirada, mas só é autoritativa: a) no seu contexto; b) quando é de Deus [diretamente ou pelos Seus profetas] e não o registro (inspirado, infalível!) das mentiras do Diabo, demônios, ou homens. 9. A inspiração não exclui o uso de fontes extra-Bíblicas (At 17:28; Tt 1:12; Jd 14- 15). 10. Inspiração não exige mesmos detalhes no relato de um mesmo evento (Mt 27:37 + Mc 15:26 + Lc 23:38 + Jo 19:19). 11. A inspiração está terminada, finalizada (Ap 22:18-19) e só abrangeu a Bíblia. A natureza da inspiração plenária, verbal e infalível da Bíblia é assegurada pelos seguintes motivos: 1. O caráter de Deus (Sl 138:2): Iria o Deus perfeito, eterno e imutável, consentir que as Suas revelações fossem expressas imperfeita e falivelmente pelos Seus profetas? Isto é inimaginável! 2. O caráter e declarações da própria Bíblia: a. A Bíblia tem unidade, conteúdo e padrão moral incomparavelmente superior a todos os outros livros. b. A Bíblia é absolutamente confiável em tudo o que pode ser checado. Então devemos aceitar o que ela diz de si mesma: c. A Bíblia clama ser a plenária, verbal e infalível Palavra de Deus, Explicitamente em Sl 138:2; 2 Tm 3:16; 2 Pe 1:20-21. d. Mais de 3800 vezes em frases diretas como “Assim diz o Senhor” no V. T. (Êx 14:1; Is 43:1; Ez 1:3). 3. No reconhecimento de um escritor/livro por outro (2 Rs 17:13; Sl 19:7; 33:4; 119:89; Is 8:20; Gl 3:10; 1 Pe 1:23; At 1:16; 28:25; 1 Pe 1:10-11). Pedro reconheceu a inspiração dos escritos de Paulo (2 Pe 3:15-16). Pedro e Paulo reconhecem a inspiração de todo o restante das Escrituras (2 Tm 3:16; 2 Pe 1:20). Cristo ensinou que a Bíblia é infalivelmente inspirada (Jo 10:35b; Mt 4:4; 5:17-18; 22:32) e também eterna e perfeitamente preservada por Deus (Mt 4:4; 5:18; 24:35 [= Lc 21:33]; Lc 16:17) BIBLIOLOGIA - 35 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 16.1. Objeções à Inspiração Plenária e Verbal a) ALEGAM QUE HÁ “Reconhecimento de não inspiração”: basta um bom exame do contexto, ou um perfeito entendimento dos idiomas e dos manuscritos pelos quais Deus preservou infalivelmente Sua palavra: Texto Massorético e Textus Receptus. Exemplo: em 1 Co 7:12, 25, Paulo, que estava só repetindo Mt 5:31-32; 19:3-9 (sobre o Divórcio), agora introduz um mandamento igualmente inspirado (compare: 1 Co 7:40). A. “Citações expressando erros”: Ora, são apenas citações (fiéis!) de errados e/ou mentirosos homens (Sl 10:4; 14:1) ou do Diabo (Gn 2:4-5; Jo 8:44). B. “Erros histórico-científicos”: Basta lembrarmos que: • Assim como os cientistas usam expressões “pôr-do-sol”, “quatro cantos da Terra” (por serem referenciais cômodos, de fácil entendimento), a Bíblia usa a linguagem das aparências, em certas passagens, etc. Ademais, a Bíblia é 100% exata, mas não é formal, matemática. • A Bíblia só relata fragmentos da verdade Jo 20:30-31. • Relatos distintos podem se complementar (contradizer!) ou podem enfatizar diferentes aspectos dos eventos ou doutrinas. • A Bíblia foi por Deus infalivelmente inspirada e preservada (através do Texto Massorético e do Textus Receptus), palavra por palavra, til por til; mas, os tradutores mais fiéis e tremendamente cuidadosos podem aqui e acolá ter sido algo menos que perfeitos. • A verdadeira ciência se limita a fatos da observação ou experimentação (a Teoria da Evolução, das Camadas Geológicas, da Astrofísica, etc., não o fazem, resultam de meras suposições loucas!). • Cientistas hoje admitem que, por exemplo, a luz apareceu antes do sol (Gn 1:3-5). C. “Aparentes contradições”: sempre tem explicações, se prestarmos muita atenção. Alguns exemplos: • Nm 25:9 versus 1 Co 10:8 (diferentes números de mortos pela praga): Números não se limitou a 1 só dia! • Lc 6:17 versus Mt 5:1 (o sermão foi no monte ou em lugar plano?): Ou foram 2 sermões, sendo 1 para os discípulos, outro para o povo. Ou, 1 sermão, em lugar plano no meio do monte? A planura em Lc 6:17 era provavelmente na mesma montanha mencionada em Mt 5:1. • Mt 20:29 versus Mc 10:46 + Lc 18:35 (1 ou 2 cegos? na entrada ou saída de Jericó?): 2 cegos na entrada, 1 na saída. Provavelmente, foram os 2 cegos curados entre a Jericó velha e a Jericó nova, sendo que Mc e Lc mencionam somente o mais notável. IMPORTANTE! há uma infalível regra matemática que diz que “onde quer que haja 2, sempre haverá 1”. • Mt 8:5-13 versus Lc 7:1-10: Centurião de Cafarnaum com o servo moribundo: ouviu falar de Jesus -> enviou anciãos judeus para chamá-lo -> enviou amigos -> foi ele mesmo -> creu -> voltou -> constatou milagre. D. “Erros em profecias”: esses aparentes ‘erros’ são más interpretações das profecias, ou profecias ainda a serem cumpridas (Dn 2, 7, 9, 11, 12; Zc 12-14; a maior parte do Livro de Apocalipse). Nem Paulo, nem Tiago, nem Pedro ensinaram que Cristo viria imediatamente, mas simplesmente, que Ele poderia vir a qualquer hora = volta iminente (2 Co 5:4; 1 Ts 4:15-17; Tg 5:9; 2 Pe 3:4, 8, 9). E. “Impossibilidade científica de milagres”: Quando a existência do Deus Todo- Poderoso é aceita, então não há problema em se aceitar a Sua intervenção sobrenatural (e coerente Consigo mesmo): se, quando, como, e onde Ele o deseje. BIBLIOLOGIA - 36 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] G. “Erros na citação e interpretação de si própria”: Às vezes, os escritores do Novo Testamento simplesmente expressam suas idéias com palavras emprestadas de uma passagem do Velho Testamento, sem a pretensão de interpretar a passagem (Rm 10:6-8, cf. Dt 30:12-14). Às vezes, eles destacam um elemento típico em uma passagem que não tem geralmente sido reconhecido como típico (Mt 2:14, cf. Os 11:1). Às vezes, dão crédito a uma profecia mais recente, quando eles realmente estão citando uma forma mais antiga da mesma (Mt 27:9, cf. Zc 11:13). Às vezes, eles combinam duas citações em uma só, e atribuem o todo ao autor mais proeminente (Mc 1:2-3). Ademais, o Autor (o Espírito Santo) de toda a Bíblia tem todo o direito de re-expressar-Se e re-explicar-Se conforme Seu desejo soberano!!! H. “Imoralidade dos homens”: É registrada; honestamente (!); mas nunca é sancionada. Ex: a bebedeira de Noé (Gn 9:20-27), o incesto de Ló (Gn 19:30-38), a falsidade de Jacó (Gn 27:19-24), o adultério de Davi (2 Sm 11:1-4), a poligamia de Salomão (1 Rs 11:1-3, cf. Dt 17:17), a severidade de Ester (Et 9:12-14), as negações de Pedro (Mt 26:69- 75). IMPORTANTE! As aparentes sanções à imoralidade são sanções só a uma virtude acompanhante. Exemplos: • Divórcio (Dt 24:1 versus Mt 5:31-32 + 19:7-9), etc: foram tolerados/disciplinados como um bem relativo, nunca recomendados como um bem absoluto. • A matança dos cananeus (Dt 7:1-2; 20:16-18), os Salmos imprecatórios (35, 69, 109, 137), etc: mostram um Deus Soberano, Santo, e Justo, que pode usar homens para executar Seus desígnios. Strong diz que os salmos imprecatórios são “não a ebulição de ódio pessoal, mas a expressão de indignação judiciosa contra os inimigos de Deus”, e que a destruição dos cananitas “foi simplesmente cirurgia benevolente que amputou um membro pútrido, e assim salvou a vida religiosa da nação hebraica e do mundo posterior”. 16.2. Teorias Antibíblicas Sobre a Inspiração A. Teoria mecanista, ou do ditado = “Deus usou homens como meros amanuenses (escreventes, copistas)”. Esta teoria ignora diferenças de estilo entre os escritores; ignora que Deus não usou robôs inanimados nem psicografistas (“pneumografistas”) talvez até inconscientes do que escreviam, mas usou, sim, homens com personalidades distintas; e ignora que a Bíblia é 100% divina e 100% humana, respeitando a personalidade e estilo de cada escritor (2Pe 1:21). Deus usou as personalidades e modos de expressão peculiares a cada escritor (idiossincrasias): “somente” os protegeu do menor erro, desvio, omissão, e excesso. Inspiração é basicamente esta proteção. B. Teoria da inspiração natural = “a inspiração da Bíblia é só momentos de superioridade do homem natural, como Beethoven na “Sinfonia Inacabada”. (2 Pe 1:20-21). Assim, cometem o erro de pensar que: “o Salmo 23 não é mais inspirado que o grande hino ‘Rude Cruz’; o Sermão do Monte não é mais inspirado que ‘Pecadores nas Mãos de um Deus Irado’, de Jonathan Edwards; a História do Filho Pródigo não é mais inspirada que ‘O Peregrino’, de John Bunyan, etc.” C. Teoria da inspiração parcial, dinâmica = “A Bíblia só é inspirada no espiritual e essencial, não na História, Ciência, etc. e no que achamos ‘secundário’.” (2 Tm 3:16; Jo 3:12). O que é essencial? Aquilo que você gosta?! Isto é mero e puro subjetivismo; devaneios. Como crer na inspiração maior (espiritual, invisível, eterno) se não cremos na inspiração menor (material, tangível, histórico, efêmero)? (Jo 3:12). BIBLIOLOGIA - 37 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] “A teoria dinâmica não explica, nem mesmo tenta explicar, como os escritores poderiam estar possuídos de conhecimentos sobrenaturais ao registrarem uma sentença e serem rebaixados a um nível muito inferior na seguinte. Ela não nos dá a psicologia daquele estado de espírito que pode se pronunciar infalivelmente sobre matérias de doutrina, enquanto que se desvia a respeito dos fatos mais simples da história. Ela não tenta analisar a relação existente entre as mentes Divina e humana, que produz tais resultados.” (Marcus Dods, em A Bíblia: Sua Origem e Natureza, 1912, pág. 122) D. Teoria da inspiração só do pensamento principal, não das palavras em si (Sl 138:2; Mt 5:18; 1 Co 2:13; 2 Tm 3:16). IMPORTANTE! é o que ocorre com as versões modernas/deturpadas da Bíblia, tais como: NVI, Bíblia na Linguagem de Hoje, etc. E. Teoria do “encontro místico” = “Aqueles que tiveram ‘encontros’ (experiências emocionais) com Deus, escreveram a verdade sem a Sua proteção, muito misturada com mitos e imaginações. Hoje, a Bíblia não é, mas apenas contém a Palavra de Deus, que eu descubro quando, num ‘encontro’ (nirvana), percebo o que Deus tem por baixo dos ‘mitos bíblicos’. Só então, ela se torna a Sua Palavra, para mim”. Isto é puro subjetivismo louco, levando às mais disparatadas conclusões (2 Tm 3:16). 17 - A BÍBLIA É A CORPORIFICAÇÃO DA REVELAÇÃO DE DEUS A Bíblia é absolutamente genuína e confiável em tudo que podemos checar com fatos. Portanto, como é natural até nas relações diplomáticas e comerciais, somos justificados em aceitar o que ela diz de si mesma, declarando-se no V. T. (mais de 3800 vezes: Êx 14:1; Is 43:1; Ez 1:3) e no N. T. (1 Co 14:37; Gl 1:11-12; Hb 2:1-4; 2 Pe 3:2; 1 Jo 5:10; Ap 22:18-19) como a corporificação da revelação de Deus (2 Tm 3:16-17; 2 Pe 1:20- 21). 17.1. A Singular e Espantosa Indestrutibilidade da Bíblia Mesmo sob a mais tenaz/variada, violenta/sutil perseguição já vista, a Bíblia nunca foi destruída! Portanto ela tem que ser divina. (“Os malhos se amassam-despedaçam, mas a bigorna permanece”). Pink diz: “Quando pensamos no fato da Bíblia ter sido objeto especial de infindável perseguição, a maravilha da sua sobrevivência se transforma em milagre... Por dois mil anos, o ódio do homem pela Bíblia tem sido persistente, determinado, incansável e assassino. Todo esforço possível tem sido feito para corroer a fé na inspiração e autoridade da Bíblia, e inúmeras operações têm sido levadas a efeito para fazê-la desaparecer. Decretos imperiais têm sido passados ordenando que todas as cópias existentes da Bíblia fossem destruídas, e quando essa medida não conseguiu exterminar e aniquilar a Palavra de Deus, ordens foram dadas para que qualquer pessoa que fosse encontrada com uma cópia das Escrituras fosse morta. O próprio fato de ter a Bíblia sido o alvo de tão incansável perseguição, nos faz ficar maravilhados diante de tal fenômeno”. (Arthur W. Pink, The Divine Inspiration of the Bible – págs. 113/114). O ataque satânico contra a palavra de Deus remonta ao Jardim do Éden. A primeira intervenção de Satanás na História foi adulterando e pondo dúvida na Palavra de Deus: nascia a primeira Bíblia na Linguagem de Hoje! O primeiro pecado de Eva foi o de aceitar a suposta palavra de Deus "modernizada" da boca do Diabo. Séculos mais tarde, Satanás recorreu novamente às Escrituras para tentar o Mestre Jesus em Mateus 4:1-11. BIBLIOLOGIA - 38 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Repare que quem fica a ganhar com esta controvérsia Bibliológica, é o pai da mentira (Satanás); e não o povo de Deus. Os imperadores romanos descobriram que os cristãos baseavam sua crença nas Escrituras. Conseqüentemente, buscaram suprimi-las ou exterminá-las. O mais notável foi Dioclécio (em 301-304 A.D.) que, através de um decreto real em 303 A.D., ordenou que todos os exemplares da Bíblia fossem queimados. Ele havia matado tantos cristãos e destruído tantas Bíblias que, quando os cristãos ficaram quietos por algum tempo e permaneceram escondidos, ele achou que havia realmente conseguido eliminar as Escrituras. Ele fez com que em uma medalha fosse gravada a seguinte inscrição: “A religião cristã está destruída e o culto aos deuses restaurado”. Entretanto, não demorou muito para que Constantino subisse ao trono e fizesse do Cristianismo a religião oficial. O que diria Dioclécio se pudesse voltar à Terra e ver como a Bíblia tem prosseguido em sua missão mundial? Durante os dois séculos em que o Papado teve poder absoluto na Europa Ocidental (1073-1294), os estudiosos passaram a colocar o credo acima da Bíblia. Enquanto que a maioria deles ainda procurava o apoio das Escrituras para o credo, alguns deles se apegavam às revelações posteriores, transmitidas apenas pela tradição, e não tão dependentes nos ensinamentos da Bíblia. Fisher diz que durante este período: “a leitura da Bíblia por parte dos leigos ficou sujeita a tantas restrições, especialmente após a ascensão ao poder dos Valdenses, que, se não era absolutamente proibida, era vista com graves suspeitas”. (George P. Fisher, História da Igreja Cristã, pg. 219). Muitos meios foram usados para que a Bíblia ficasse restrita ao pequeno círculo dos sacerdotes, padres, bispos e papas. Dentre as medidas para conter o avanço da Palavra de Deus, estão as seguintes: A. Em 1229, o Concílio de Toulouse (França), o mesmo que criou a diabólica Inquisição, determinou: “Proibimos os leigos de possuírem o Velho e o Novo Testamento... Proibimos ainda mais severamente que estes livros sejam possuídos no vernáculo popular. As casas, os mais humildes lugares de esconderijo, e mesmo os retiros subterrâneos de homens condenados por possuírem as Escrituras devem ser inteiramente destruídos. Tais homens devem ser perseguidos e caçados nas florestas e cavernas, e qualquer que os abrigar será severamente punido.” (Concil. Tolosanum, Papa Gregório IX, Anno Chr. 1229, Canons 14:2). Foi este mesmo Concílio que decretou a Cruzada contra os albigenses. Em Acts of Inquisition, Philip Van Limborch, History of the Inquisition, cap. 08, temos a seguinte declaração conciliar: “Essa peste (a Bíblia) assumiu tal extensão, que algumas pessoas indicaram sacerdotes por si próprias, e mesmo alguns evangélicos que distorcem e destruíram a verdade do evangelho e fizeram um evangelho para seus próprios propósitos... (elas sabem que) a pregação e explanação da Bíblia são absolutamente proibidas aos membros leigos”. B. No Concílio de Constança, em 1415, o santo Wycliffe, protestante, foi postumamente condenado como “o pestilento canalha de abominável heresia, que inventou uma nova tradução das Escrituras em sua língua materna”. C. O Papa Pio IX, em sua encíclica “Quanta cura”, em 8 de dezembro de 1866, emitiu uma lista de oito erros sob dez diferentes títulos. Sob o título IV ele diz: “Socialismo, comunismo, sociedades clandestinas, sociedades bíblicas... pestes estas devem ser destruídas através de todos os meios possíveis”. D. Em 1546, Roma decretou: “a Tradição tem autoridade igual à da Bíblia”. Esse dogma está em voga até hoje, até porque existe o dogma da “infalibilidade papal”. Ora, se os dogmas, bulas, decretos papais e resoluções outras possuem autoridade igual à das Sagradas Escrituras, os católicos não precisam buscar verdades na Palavra de Deus. E. O Papa Júlio III, preocupado com os rumos que sua Igreja estava tomando, ou seja, perdendo prestígio e poder diante do número cada vez maior de “irmãos separados” ou “’cristãos novos” ou “protestantes” (apesar dos massacres), convocou três bispos, dos mais sábios, e lhes confiou a missão de estudarem com cuidado o problema e apresentarem as sugestões cabíveis. Ao final dos estudos, aqueles bispos apresentaram ao papa um documento intitulado “DIREÇÕES CONCERNENTES AOS MÉTODOS ADEQUADOS A BIBLIOLOGIA - 39 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] FORTIFICAR A IGREJA DE ROMA”. Tal documento está arquivado na Biblioteca Imperial de Paris, fólio B, número 1088, vol. 2, págs 641 a 650. O trecho final desse ofício é o seguinte: “Finalmente (de todos os conselhos que bem nos pareceu dar a Vossa Santidade, deixamos para o fim o mais necessário), nisto Vossa Santidade deve pôr toda a atenção e cuidado de permitir o menos que seja possível a leitura do Evangelho, especialmente na língua vulgar, em todos os países sob vossa jurisdição. O pouco dele que se costuma ler na Missa, deve ser o suficiente; mais do que isso não devia ser permitido a ninguém. Enquanto os homens estiverem satisfeitos com esse pouco, os interesses de Vossa Santidade prosperarão, mas quando eles desejarem mais, tais interesses declinarão. Em suma, aquele livro (a Bíblia) mais do que qualquer outro tem levantado contra nós esses torvelinhos e tempestades, dos quais meramente escapamos de ser totalmente destruídos. De fato, se alguém o examinar cuidadosamente, logo descobrirá o desacordo, e verá que a nossa doutrina é muitas vezes diferente da doutrina dele, e em outras até contrária a ele; o que se o povo souber, não deixará de clamar contra nós, e seremos objetos de escárnio e ódio geral. Portanto, é necessário tirar esse livro das vistas do povo, mas com grande cuidado, para não provocar tumultos” (Assinam Bolonie, 20 Octobis 1553 - Vicentius De Durtantibus, Egidus Falceta, Gerardus Busdragus). Durante a época da Reforma, quando a Bíblia foi traduzida para a língua do povo, a igreja Católica Romana impôs severas restrições à sua leitura, alegando que as pessoas eram incapazes de interpretá-la. Tinha-se que obter permissão para lê-la, mas mesmo quando essa permissão era dada, era com a condição de que o leitor não tentasse interpretá-la por si só. Muitos deram suas vidas pela simples razão de serem seguidores de Cristo e colocarem sua confiança nas Escrituras. Newman diz: “Um esforço persistente foi feito pelos romanizantes para eliminar a Bíblia inglesa. Em 1543, um decreto foi passado proibindo terminantemente o uso da versão de Tyndale, e qualquer leitura das Escrituras em assembléias, sem a permissão real”. (A. H. Newman, Um Manual da História da Igreja, pág. 262). A princípio, foram feitas tentativas de proibir a impressão de sua Bíblia; e quando ele finalmente publicou seu Novo Testamento em Worms, teve que despachá-lo para a Inglaterra em engradados de mercadorias. Quando os livros chegaram à Inglaterra, foram comprados em grandes quantidades pelas autoridades eclesiásticas e queimados em Londres, Oxford e Antuérpia. Dos 18.000 exemplares que se estima terem sido impressos entre 1525-1528, sabe-se que apenas dois fragmentos restaram. Em 06/10/1536, o clero católico queimou vivo William Tyndale, por traduzir e distribuir a Bíblia. Todos esses maléficos expedientes usados para eliminar, alterar ou suprimir as Sagradas Escrituras não conseguiram êxito. A Bíblia é o livro mais vendido e mais lido em todo o mundo e está traduzido para quase 2.000 línguas e dialetos. Só no Brasil são vendidos por ano mais de quatro milhões de bíblias, afora uns 150 milhões de livros com pequenos trechos (bíblias incompletas). O tempo não afeta a Bíblia. É o livro mais antigo do mundo e ao mesmo tempo o mais moderno. Em mais de 20 séculos o homem não pôde melhorá-la. Se a Bíblia fosse de origem humana em 20 séculos ela já estaria superada, ou seja, desatualizada. Uma vez que o homem moderno se farta de tanto saber, era de se esperar que já tivesse produzido uma Bíblia melhor! Para o salvo isto é uma evidência da Bíblia como a Palavra imutável de Deus. Os reflexos desses expedientes, ou seja, as tentativas de algemar a Palavra de Deus, ainda hoje são sentidos. No Brasil são poucos os católicos que se dedicam à leitura da Bíblia. Regra geral, se contentam “com o pouco que lhes é oferecido na missa”, e enquanto se contentam com esse pouco (como sugeriram aqueles bispos ao papa, item 5 retro) continuam errando. “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.” (Mateus 22.29). BIBLIOLOGIA - 40 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Com o passar dos séculos, o ataque satânico ficou mais bem elaborado, usando supostos crentes e sociedades Bíblicas. Nasciam as "versões", com textos manipulados e com técnicas de tradução traidoras do texto original como é o caso da equivalência dinâmica. Veremos porque a versão King James, conhecida como a “Versão do Rei Tiago” (e sua equivalente no português – A Almeida Corrigida e Revisada FIEL, da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil) é muitíssimo superior às versões modernas, as quais devem ser rejeitadas pelos crentes sérios. A mais recente tentativa de roubar a autoridade da Bíblia é o esforço modernista para degradá-la até o nível de todos os outros antigos livros religiosos. Se a Bíblia tem que estar em circulação, então tem que ser demonstrado que ela não tem autoridade sobrenatural. Os crentes verdadeiros, entretanto, reconhecem logo este estratagema de Satanás, e apesar de tudo que é feito para enfraquecer as Escrituras, a Bíblia é hoje encontrada em mais de 1000 línguas no mundo. O fator da indestrutibilidade da Bíblia pesa fortemente em favor de ser ela a incorporação de uma revelação divina. “Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dEle.” (Ec 3:14). No tempo de Esdras, parecia que as Escrituras tinham sido destruídas, mas logo se acharam 2 cópias, preservadas por Deus, e logo havia incontáveis Bíblias! (2 Cr 34:18-21 e Ne 8). Na grandiosa tumba de Dioclécio funciona uma igreja já faz mais de 1000 anos. É interessante notar que Voltaire (que morreu em 1778), o famoso infiel francês apregoava: “Deus morreu” e predisse que em 100 anos, a partir de sua época, o Cristianismo estaria extinto. Mas, em vez disso, apenas 25 anos após sua morte, na sua casa funciona uma grande impressora de Bíblias, a Sociedade Bíblica Inglesa e Estrangeira, e as mesmas impressoras que haviam imprimido a literatura infiel de Voltaire tem sido usadas, desde então, para imprimir a Bíblia! Como se pode ver, nem decreto imperial, nem restrições papais, nem destruição eclesiástica, conseguiram exterminar a Bíblia. Quanto maiores os esforços feitos para levar a cabo tal destruição, maior tem sido a circulação da Bíblia. 17.2. O Caráter Transcendente da Bíblia A. O padrão moral da Bíblia é tão inatingível e condenador, que não pode ser, senão Divino (Êx 20; Lv 20:7; Mt 5:21-22, 27-28 [ou 20-48]; Tg 2:10). Contrastando com outros “livros sagrados” (os deuses grego-romanos, os dos egípcios, cananeus, tupis-guaranis, etc.). B. A unidade singular e perfeita da Bíblia prova: seu autor é Deus. Embora escrita por uns 40 homens, de umas 19 ocupações diferentes, em 11 países, durante pelo menos 1600 anos, em uns 10 gêneros literários diferentes, escritores não conhecendo muitos ou todos os outros, a Bíblia é clara e espantosamente UM Livro! Que contraste com os “outros livros sagrados”, que essencialmente são coleções de material heterogêneo, sem começo, meio ou fim, inúmeras vezes discordantes! IMPORTANTE! 1. O sentido de cada palavra ou conceito é sempre o da sua primeira menção (“amor” Gn 22:2 + Jo 3:16); Os “tipos” ou “sombras” do V. T. encaixam-se perfeitamente com o “Corpo” no N. T. (serpente de bronze Nm 21:6 + Jo 3:14-15, Cordeiro pascal). 2. O primeiro e o último livro da Bíblia encaixam-se perfeitamente! Vejamos: GÊNESIS APOCALIPSE 1:1 - céu e Terra, temporários 21:1- novo céu e nova Terra, eternos 1:27-28 - primeiro Adão (com esposa, no 21:9 - último Adão (com a noiva, na cidade de BIBLIOLOGIA - 41 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] jardim do Éden), reina sobre a Terra Deus), reina sobre o universo 1:10 – mares 21:1 - “e o mar não mais existe” 1:5, 16 - sol e lua, dia e noite 21:23 - nenhum sol, lua, nem noite; o Cordeiro é o Eterno sol, luz, dia! 3:22 - a árvore da vida é negada aos caídos 22:2 - folhas da árvore da vida darão saúde e cura às nações 3:17 - “maldita é a terra” 22:3 - não existirá mais maldição 3:1 - aparece Satanás, para atormentar o homem, temporariamente 20:10 - desaparece Satanás, para ser atormentado ele mesmo, para sempre. 7:12 - a antiga Terra foi punida pelo dilúvio 21:1 (+2Pe 3:6-12) - a nova Terra será purificada pelo fogo 2:10 - lar à beira de rio 22:1 - lar eterno à beira de rio 19 - Deus retira cidade terrestre, Sodoma, do solo 21:1 - Deus traz cidade celestial, a Nova Jerusalém, dos céus 23:2 - Abraão chora por esposa, morta 21:4 - Deus enxugará todas as lágrimas da noiva (= cada salvo, eternamente vivo) 50:1-3 - Gênesis termina com um crente, morto, jazendo no Egito, num caixão 21:4 – o Apocalipse termina com todos crentes, vivos, de pé na eternidade, reinando para sempre. C. A precisão histórica da Bíblia é única e perfeita! No final do século XIX, alguns pseudo-cientistas (1 Tm 6:20) ridicularizaram a Bíblia, afirmando que continha “centenas de disparates históricos”. Mas, com o extraordinário avanço da Arqueologia, os zombadores têm sido sufocados por cada pá dos escavadores. Tem sido comprovado, por exemplo: A universalidade da crença num dilúvio universal (Épico de Gilgamesh; nativos da Nova Guiné, etc.); a existência e súbita destruição (2000 a.C.) das populosas Sodoma e Gomorra (sob o Mar Morto?); os tijolos sem palha e a morte dos primogênitos, no Egito; os muros de Jericó caídos para fora(!); um arrependimento e conversão para monoteísmo em Nínive; a existência de Dario; a seqüência dos reis das nações citadas; etc. 18 - A BÍBLIA E A CIÊNCIA 1. A Bíblia sempre declarou que a Terra é um esferóide (Is 40:22) suspenso no vazio (Jó 26:7). 2. A primeira Lei da Termodinâmica (Hb 4:3,10): “No universo, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. 3. A Segunda Lei da Termodinâmica (Sl 102:26): “Em tudo há aumento da entropia, da degradação, do caos, da morte do universo”; serão abolidas (Ap 21:1-5). 4. A Bíblia também sempre declarou que vida só vem de vida, e do mesmo tipo Gn 1:21, contrariando a farsa da Teoria da Evolução! (1 Tm 6:20; Cl 2:2-3). INTEGRIDADE TOPOGRÁFICA E GEOGRÁFICA As descobertas arqueológicas provam que os povos, os lugares e os eventos mencionados nas Escrituras são encontrados justamente onde as Escrituras os mencionam, no local exato, e sob as circunstâncias geográficas exatas, descritas na Bíblia. BIBLIOLOGIA - 42 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] O Dr. Kyle diz que os viajantes não precisam de outro guia além da Bíblia quando descem pela costa do mar vermelho, ao longo seguido no Êxodo, onde a topografia corresponde exatamente à que é dada no relato bíblico. IMPORTANTE! O objetivo de Deus na Bíblia não foi o de nos dar um livro texto científico perfeito e completo, abrangendo Física, Astronomia, Biologia, etc. Mas, sempre que o Criador fala da Sua criação, o faz de modo infalível e perfeito. Se Deus não pudesse ser infalível no campo científico, como o seria no campo espiritual? Alguns exemplos: Texto na Bíblia Fato científico implicado pela Bíblia Ciência do homem Is 40:22 A Terra é esférica 540 a.C.: um grego conjeturou; foi rejeitado. 15?? Magalhães demonstrou. Jó 26:7 A Terra paira no espaço 1687: Newton explicou como a gravidade do sol era equilibrada pela força centrífuga da rotação da terra. Gn 15:15; Jr 33:22; Hb 11:12 As estrelas são incontáveis 150 d.C.: Ptolomeu errou: “há exatamente 1056 estrelas”. Outros erraram, mas cada vez chegam mais perto de reconhecer o que Deus disse. 2Sm 22:16; Jn 2:6 Há montanhas e canyons no leito do mar 1880: A Oceanografia surgiu, chumbadas descobriram as montanhas no leito do mar. Gn 7:11; 8:2; Pv 8:28 Há fontes d’água no leito do mar 1948: Batiscafos (sondas) descobriram Sl 8:8 Há correntes, caminhos no mar 186?: Matthew Fontaine Maury, ministro da Marinha americana, movido pela Bíblia, descobre correntes, premiando quem achasse garrafas semeadas por navios. Jó 26:8; 36:27- 28; 37:16; 38:25-27; Sl 135:7; Ec 1:6-7 A água segue “ciclo hidrológico” (mar > nuvem > chuva > rio > mar) 17??: Cientistas entenderam Gn 1:21; 6:19 Vida só vem de vida. E da mesma espécie 1862: Pasteur mostrou que moscas não se “geravam espontaneamente”: vida só vem de vida. 1865: Mendel provou: vida só vem da mesma espécie. Lv 17:11 A vida da carne está no sangue 18??: Abandonou-se o conceito de que “sangue excessivo é a raiz de todas as doenças”, prática que matou milhões de pessoas, com as sangrias (por exemplo, George Washington). Gn 2:1-3; Sl 33:6-9; 102:25; Hb 4:3,10 “No universo, nada se cria, nada se perde. Tudo apenas se transforma” 177?: Lavoisier formula a 1ª Lei da Termodinâmica, uma das duas leis mais universais da ciência. Sl 102:26; Rm 8:18-23; Hb 1:10-12 “Em tudo há aumento da entropia, da degradação, do caos, da morte do universo” 18??: É formulada a 2ª Lei da Termodinâmica, uma das duas leis mais universais da ciência. BIBLIOLOGIA - 43 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Is 65:17; 66:22; 2Pe 3:13; Ap 21:1-5 A 2ª Lei da Termodinâmica, a tendência à degradação, não existirá na nova criação, que, assim, será perfeita, eterna e perfeita. Só assim o universo permanecerá eternamente Lv 13, 14 Há contágios. A prevenção é feita com a total quarentena (doenças passageiras) e isolamento (doenças como a lepra) - No tempo de Moisés, o Papiro Ebers (“o máximo da ciência”) receitava: sangue de lagarto, dente de porco, carne e banha podres, cera de ouvido de porco, excrementos humanos, etc. Só houve vitória contra a lepra, etc., obedecendo-se à Bíblia. Dt 23:12-13 Isolar e dar rapidíssimo sumiço aos excrementos Até 1790: todos excrementos eram lançados e ficavam nas ruas, mesmo nas capitais e côrtes! Lv 7:22-27 Evitar certas carnes e misturas 1960: descoberto que causam colesterol, etc. Lv 15:7, etc. Purificação (meticulosa!) pela água Até 1900: até cirurgiões eram sujos, não praticavam nem ensinavam higiene; 17% das grávidas que entravam no melhor hospital do mundo (em Viena) morriam de infecção! Ainda hoje, purificação salva mais que todos os remédios juntos. Gn 17:12 Circuncisão ao 8º dia. IMPORTANTE! as judias são as mulheres com o menor índice de câncer uterino. 1946: descobriu-se que circuncisão controla câncer cervical. Depois, que, até o 5º dia de vida, a criança não produz vitamina K, e a circuncisão traria perigosa hemorragia. Do 7º dia em diante a produção de vitamina K normaliza-se. No 8º dia, o nível de protombina alcança o máximo de toda a vida. O dia ideal. 18.1. Contraste com os Disparates da Falsa Ciência 1. A Biblioteca do Louvre tem 7 km de livros científicos obsoletos! 99,99% de todos os livros científicos com mais de 50 anos estão estufados de erros, hoje unanimemente reconhecidos. 2. Em 1861, a Academia Francesa de Ciência listou 51 “fatos científicos indiscutíveis que fazem a Bíblia inaceitável”. Hoje, esses 51 “fatos” é que são ridicularizados pela própria ciência! A. Contraste com os inúmeros disparates científicos presentes em todos os outros livros ditos sagrados: 1. O Livro dos Vedas (4 textos em sânscrito, que são as escrituras sagradas do Hinduísmo) ensina: a Lua está 50000 léguas mais alta que o Sol, e brilha por sua própria luz; a Terra é chata, triangular, e composta de 7 camadas: a 1ª de mel, a 2ª de açúcar, a 3ª de manteiga, a 4ª de vinho, etc., tudo sobre as cabeças de incontáveis elefantes, os quais, ao tropeçarem, provocam terremotos! 2. Livro dos Egípcios: um gigantesco ovo foi chocado; mas, tendo asas, fugiu, e depois se dividiu, redividiu-se, etc., formando o universo. O sol é um mero reflexo da luz da Terra. Os homens surgiram de vermezinhos brancos que pululam no lodo deixado pela inundação do Nilo. 19 - A BÍBLIA E AS PROFECIAS BIBLIOLOGIA - 44 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] A Bíblia é singular, tem muitas centenas de profecias detalhadas e “impossíveis” (aos olhos humanos); mas, todas as que deviam ser cumpridas o foram literalmente (Dt 18:20- 22; Is 41:22-23; 42:8-9; 44:6-8; 46:9-10; 2 Pe 1:19). A. Profecias sobre centenas de nações: Exemplos: Tiro destruída (Ez 26:4-5, 14), mas Egito só humilhada, rebaixada (Ez 29:15); tão minuciosas são as correspondências de Dn 11 (534 a.C.) com a História, que anti-supernaturalistas, sem prova nenhuma, o picham como mera História, escrita após 168 a.C., relatando fatos que já teriam ocorrido “no passado” !!!... A PROFECIA DE EZEQUIEL ACERCA DE TIRO Ezequiel profetizou durante o período de 592-570 a.C. Além de outras nações e cidades, ele profetizou contra Tiro, uma cidade costeira da Fenícia. Ezequiel predisse que: a) Muitas nações subiriam contra Tiro (Ezequiel 26:3); b) Os muros de Tiro seriam derrubados e a cidade completamente varrida (26:4); c) O local da cidade se tornaria um lugar para os pescadores estenderem suas redes (26:5,14); d) Os escombros de Tiro seriam atirados ao mar (26:12); e) Tiro jamais seria reconstruída (26:14) O cumprimento destas profecias é surpreendente! Ezequiel identificou Nabucodonosor, rei da Babilônia, como aquele que atacaria a cidade de Tiro e a destruiria (26:7). Nabucodonosor assediou esta cidade na praia do Mar Mediterrâneo de 585 a 572 a.C. e quando, finalmente, rompeu as portas da cidade, ele descobriu que o seu povo, na maior parte, tinha evacuado a cidade por navio e fortificado outra cidade numa ilha a cerca de um quilômetro da costa. Nabucodonosor destruiu a cidade da terra firme (572 a.C.), mas foi incapaz de destruir a cidade da ilha. Estes acontecimentos não são, talvez, muito admiráveis porque aconteceram não muitos anos depois das profecias de Ezequiel. Contudo, a história de Tiro não tinha terminado. O império medo-persa substituiu o dos babilônios e, por sua vez, o general grego Alexandre, o Magno, capturou o território dos persas. Depois de vencer Dario III na Ásia Menor, Alexandre se mudou para o Egito e conclamou as cidades fenícias a abrirem suas portas (332 a.C.). A cidade na ilhota de Tiro se recusou e, por isso, Alexandre a assediou e começou a construir uma ponte flutuante com 60 metros de largura, desde a praia até a ilha. Ele usou os escombros (26:12) da velha cidade de Tiro, limpando completamente o terreno, para fazer uma "estrada" até a cidade na ilha. Depois de um cerco de sete meses, ele tomou a cidade. Sua fúria contra os tírios foi grande; ele matou 8.000 dos habitantes e vendeu outros 30.000 para a escravidão. Muitas cidades antigas, que foram destruídas de tempos em tempos, foram reconstruídas, mas nenhuma cidade jamais foi reconstruída no antigo local de Tiro. O terreno, até mesmo hoje, é usado por pescadores para estender suas redes para limpar, remendar e secar. (26:5, 14). Como teria sido possível a Ezequiel saber o que Alexandre, o Magno, faria para capturar a cidade de Tiro 250 anos mais tarde? Nenhum homem poderia ter previsto com tal pormenor o futuro incomum de Tiro; profecias como estas são claramente a obra de Deus. O estatístico Peter Stoner, usando o princípio da probabilidade, dedica a esta profecia um em setenta e cinco milhões a possibilidade de cumprimento. A moderna cidade de Sur está situada perto da antiga cidade de Tiro, mas a própria Tiro de fato nunca foi reconstruída. B. Profecias sobre o milagre da indestrutibilidade de Israel: todas as outras nações espalhadas desapareceram! (Gn 12:1-3; 15:5 versus Jr 30:11; Dt 7:6-8; Lv 26:44; Nm 24:9b; Is 11:11-12; 41:14; Jr 31:35-37; 46:28; Ez 37:21; Zc 2:8b; Mt 24:34; Rm 11:1-5; 25-32). BIBLIOLOGIA - 45 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] C. Profecias sobre a História de Israel: Israel teve profetizada sua dispersão (Lv 26:33; Dt 28:15, 64-65; Jr 15:4; 16:13; 24:9; Os 3:4; 9:17). Primeiro seria dispersa só a parte de Israel (1 Rs 14:15; Is 7:6-8; Os 1:6-8). Depois, Judá seria dispersa (Is 39:6; Jr 25:9-12). 70 (Setenta) anos depois, Judá seria parcialmente restaurada (Mq 1:6-9 versus Jr 29:10-14). Até o nome de Ciro, o rei Persa que restauraria Judá, foi previsto com 120 anos de antecedência (Is 44:28-45:1). Isaías predisse que Jerusalém e o templo seriam reconstruídos por ordem de Ciro, o persa, que permitiria aos israelitas regressarem do cativeiro (44:28 - 45:13). Quando Isaías fez estas profecias, em cerca do ano 700 a.C., a cidade de Jerusalém e o templo ainda estavam em pé, o reino do sul de Judá ainda não tinha sido levado em cativeiro, e os assírios eram a potência mundial. Ciro não libertaria os cativos de Judá antes do ano 536 a.C., 160 anos mais tarde e, entretanto, Isaías o chamou pelo nome! O Estado de Israel foi fundado em 15 de Maio de 1948 (Is 60:9-10; 61:6; Jr 23:3; 30:3; 31:36; Ez 11:17; 36:19-27; 37). D. Profecias sobre a seqüência dos impérios mundiais (Dn 7); E. 332 profecias sobre a 1ª vinda de Jesus Cristo. TODAS (mais de 90 explícitas) literalmente cumpridas: montado num jumento (Zc 9:9-10), entrada em Jerusalém em “6 de Abril de 32” (Dn 9:24-26 + calendário). espantosos detalhes da crucificação (Sl 22:14-18); ossos (Sl 34:20); fel (Sl 69:21); transpassado (Is 53:4-6; Zc 12:10); ressurreição (Sl 16:10; 30:3, 9; 40:1-2; Is 53:1; Os 6:2). [vide outras profecias sobre Jesus Cristo no quadro da página 28 desta apostila]. Por exemplo: Em cerca de 538 a.C., Daniel, o profeta, predisse (Dn 9:24-27) que Jesus viria como o Salvador e Príncipe prometido para Israel exatamente 483 anos depois que o imperador persa (Artaxerxes) desse aos judeus permissão para reconstruir a cidade de Jerusalém que estava em ruínas nesta época. Essa profecia foi clara e definitivamente cumprida no tempo exato; F. Profecias sobre os últimos dias (do domínio dos gentios sobre o local do templo Lc 21:24): Uniformitarianismo evolucionista (2 Pe 3:3-4). Multiplicação das viagens e ciência (Dn 12:4); disparidade e tensão sócio-econômica (Tg 5:1-6); degradação moral (Lc 17:26-37; 2 Tm 3:1-7); apostasia religiosa (2 Pe 2:1; 3:3-4; 2 Tm 3:7; 4:4); demonismo (Mt 24:24; 1 Tm 4:1). Cataclismas e tribulações (Mt 24:3-8). Confederação de dez dedos-nações revivendo o Império Romano [a Comunidade Econômica Européia] (Dn 7:19-24); russos e árabes juntando-se contra Israel (Ez 28:1-6); enorme exército oriental, contra Israel (Ap 16:12). Profecias para a igreja (Jo 14:1-3). IMPORTANTE! As profecias de Daniel capítulo 11 são tão exatas, em detalhes, que os céticos querem datar o livro de Daniel como se tivesse sido escrito após os eventos, como mero relato histórico de algo passado e não uma predição de eventos. O livro de Daniel foi escrito entre 607-534 a.C., e os críticos procuram datá-lo em 168-165 a.C. PROBABILIDADE DE CUMPRIMENTO DAS PROFECIAS A probabilidade composta de apenas as profecias do primeiro advento (nascimento de Jesus Cristo) terem se cumprido por acaso é muitíssimo menor que 1/10300, comparável a um macaco, brincando, por acaso acertar na primeira tentativa o número telefônico do presidente de cada país no mundo. A probabilidade de Mq 5:2 ter acertado o local do nascimento de Jesus Cristo por acaso é de (1/12 tribos) x (1/200 cidades em Judá) = 1/2.400; tomemo-la apenas como 1/2.000. A probabilidade de Dn 9:24-26 ter acertado a data de entrada de Cristo em Jerusalém por acaso é de 1/(2.500 anos x 365 dias) = 1/900.000. A probabilidade composta desses 2 eventos é de (1/2.000) x (1/900.000) = (1/1.800.000.000). 3268 profecias do A.T. já foram cumpridas cabalmente. Isto equivale a 10-984. 20 - A BÍBLIA É AUTÊNTICA BIBLIOLOGIA - 46 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Cada livro foi escrito pela pessoa e na época que lhe são tradicionalmente atribuídos, não foi falsificado, não é espúrio, forjado, corrompido. A Tradição firme entre os fiéis e conservadores judeus e os crentes é indisputável quanto à genuinidade e autores da Bíblia, conforme abaixo indicados. Só há variação quanto a alguns pouquíssimos anos da data exata de alguns dos livros. 20.1. O Pentateuco A Lei (Pentateuco, Torah) foi escrita por Moisés (século XV a.C.). 1. Gênesis (1491 a.C.), Êxodo (1491 a.C.), Levíticos (1490 a.C.), Números (1451 a.C.), e Deuteronômio (1451 a.C.) foram escritos por Moisés. Já na época de Hammurabi se escrevia. Moisés pode ter recebido todo o livro de Gênesis por revelação direta de Deus ou ter compilado os tabletes escritos diretamente por Deus (a partir de Gn 1:1), e aqueles, divinamente inspirados, escritos por Adão (a partir de Gn 2:4), Noé (de Gn 5:1); Sem (Gn 10:1); Abraão (Gn 11:10); Isaque (Gn 25:12); Jacó (Gn 37:2); e José (Gn 50:6). Seguem algumas provas da autoria do Pentateuco por Moisés: 1. No Pentateuco: Êx 17:14 + 24:4; 34:27-28. 2. No V. T.: Js 8:31; 23:6; 1 Rs 2:3; 2 Rs 14:6; Ne 13:1; Dn 9:11. 3. Por Cristo: Mt 8:4; Lc 16:29; 24:27; Jo 5:45-47. 4. No N.T.: At 15:21; 1 Co 9:9; Hb 9:19. 5. O autor, obviamente, foi testemunha ocular do Êxodo, pois costumes e palavras são do Egito (2000 a.C.). SEM – A DESCENDÊNCIA ABENÇOADA DE NOÉ Noé tinha três filhos: Sem, Cão e Jafé, que depois de deixarem a arca, foram para diferentes regiões. Sem permaneceu na Ásia, Cão foi para a África e Jafé para a Europa. De Sem nasceu um povo que continuou explorando as terras imediatas ao berço da civilização. Desse povo é que descende o grande amigo de Deus – Abraão, “o pai dos hebreus”. Sem foi o intermdiário: nasceu 120 anos antes do dilúvio, conheceu a Noé, seu pai, a Lameque, seu avô (que conviveu com Adão 50 anos) e a Matusalém, seu bisavô (que conviveu com Adão por 250 anos). Noé viveu até ao tempo de Abraão e Sem chegou a alcançar o tempo de Jacó. Esses fatos demonstram a maneira pela qual os conhecimentos históricos do princípio da raça foram comunicados às gerações posteriores. 20.2. Os Profetas Josué 1427 a.C. Josué. Js 24:26. Eleazar ou seu filho Finéias podem, inspirados, ter concluído 24:29-33. Juízes 1080! a.C., tempo de Saul Samuel. Jz 19:1; 21:25 / 1:21; 2 Sm 5:6-8. 1 Samuel 1- 24 1060 a.C. Samuel. 1 Cr 29:29 1 Samuel 25, 1018 a.C. Natan + Gad. 1 Cr 29:29 BIBLIOLOGIA - 47 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 2 Samuel 1 Rei 1-11 1004 (ou, num sentido menos conservador, Jeremias, 590) a.C. Cronistas (ou, num sentido menos conservador, Jeremias ou seu contemporâneo), selecionados por Jeremias ou seu contemporâneo. 1 Reis 12-25 897 (ou, num sentido menos conservador, Jeremias, 590) a.C. Cronistas (ou, num sentido menos conservador, Jeremias ou seu contemporâneo), selecionados por Jeremias ou seu contemporâneo. 2 Reis 1004 (ou, menos conservador, Jeremias, 590) a.C. Cronistas (ou, num sentido menos conservador, Jeremias ou seu contemporâneo), selecionados por Jeremias ou seu contemporâneo. Isaías 698 a.C. Isaías. 2 Cr 32:32 // 2 Cr 26:22 // Is 1:1 // Mt 8:17 + Is 53:4; Lc 4:17-19 + Is 61:1; Jo 12:38-41 + Is 53:1 + 6:10. Cristo atestou a genuinidade do livro de Isaías. Jeremias 588 a.C. Jeremias. Jr 30:2; 51:60; Baruque foi seu amanuense Jr 36 + 45:1. Ezequiel 574 a.C. Ezequiel. 24:2; 43:11 Habacuque 626 a.C. Habacuque. 2:2 Oséias 740 a.C. Oséias Joel 800 a.C. Joel Amós 787 a.C. Amós Obadias 587 a.C. Obadias Jonas 862 a.C. Jonas Miquéias 750 a.C. Miquéias Naum 713 a.C. Naum Sofonias 630 a.C. Sofonias Ageu 520 a.C. Ageu Zacarias 520 a.C. Zacarias Malaquias 397 a.C. Malaquias 20.3. Os Escritos Salmos diversas datas, de ± 1491 a ± 480 a.C. 73 Salmos por Davi (2 Cr 35:4); 2 por Salomão, 12 por Asafe; 11 pelos filhos de Coré; 1 por Etan; 1 por Moisés; 50 anônimos. Asafe e Coré eram de famílias levitas, dedicadas ao louvor!!! Provérbios 1- 29 1000 a.C. Salomão: Pv 1-24 ele escreveu e publicou; Pv 25 a 29 foram copiados dos seus escritos, pelos servos de Ezequias, ± 700 a.C.; Pv 30 foi escrito por Agur, mas Salomão, inspirado, o selecionou como inspirado, e o publicou; Pv 31 foi escrito por “Rei Lemuel” , mas Salomão, inspirado, também o selecionou como inspirado e publicou; ou, mais provável porque não há registro deste “Rei Lemuel”, provavelmente ele é Salomão. Lemuel (= “Dedicado a Deus”) seria carinhoso “apelido” usado só BIBLIOLOGIA - 48 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] pela mãe ao lhe falar, e perdido com o tempo. Jó 400 anos antes do Pentateuco. Antes da Lei. Provavelmente em +- 2000 a.C.! Jó. Não se refere à Lei, nem sequer a Abraão e à aliança abraâmica, deve ser o livro mais antigo da Bíblia, pode ser mais antigo que os mais antigos hieróglifos! Algo da sabedoria do mundo pré-diluviano pode ter sido transmitida a Jó. Cantares 1013 a.C. Salomão. Ct 1:1. Rute 1060 a.C. Contemp. de Davi. Rt 4:22 Samuel. Lamentações 588 a.C. Jeremias. Eclesiastes 975 a.C. Salomão (Ec 1:1, 16; 2:4-11), não obstante alguns pequenos problemas lingüísticos. Ester 509 a.C. Mordecai. Mas (ao menos cap. 10) pode ter sido escrito por judeu seu contemporâneo e com acesso às crônicas dos reis da Média e da Pérsia Et 2:23; 9:20; 10:2-4. Daniel 607 - 534 a.C. Daniel. 7:2; 8:1,15; 9:2; 10:2; 12:4; Mt 24:15. Esdras 457 a.C. Esdras. 7:28 + 7:1 Neemias 434 a.C. Neemias. 1:1. 1 Crônicas Até 1015 (ou, menos conservador, antes de Esdras 450-425 a.C.) Cronistas (ou, num sentido menos conservador, Esdras), selecionados por Esdras. 1, 2 Rs lidam com os aspectos proféticos da história, 1,2 Cr com os sacerdotais. 2 Crônicas 1- 9 1004 (ou, menos conservador, antes de Esdras 450-425 a.C.) Cronistas (ou, num sentido menos conservador, Esdras), selecionados por Esdras. 1, 2 Rs lidam com os aspectos proféticos da história, 1,2 Cr com os sacerdotais. 2 Crônicas 10-36 623 a.C. 20.4. O Novo Testamento Mateus 38 (ou, pouco conservador: 50) Mateus, em Grego, na Judéia (ou, num sentido pouco conservador, fora da Judéia, após deixar a região, hoje conhecida como Palestina, para pregar aos gregos, e após escrever este evangelho em Aramaico, em 45 d.C.) Marcos 65 ou (67 a 68), de Roma João Marcos. Lucas 58 (ou 63), da Grécia Lucas, o médico amado João 85-90, da Ásia Menor João 21:24. Alguns, inconformados com a ênfase na divindade de Cristo, afirmam que é espúrio e escrito após 160 ou 200 d.C. A descoberta do Papiro 52, com fragmento do capítulo 18 e datado no máximo de 120 BIBLIOLOGIA - 49 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] d.C., destrói a teoria. Atos 64, da Grécia Lucas. Romanos 58, de Corinto Paulo. As pequenas mudanças de estilo nas epístolas pastorais são esperáveis!... 1 Coríntios 56, de Éfeso Idem. Idem. 2 Coríntios 57, da Macedônia Idem. Idem. Gálatas 52, de Corinto ou Macedônia Idem. Idem. Efésios 61, de Roma Idem. Idem. Filipenses 62, de Roma Idem. Idem. Colossenses 62, de Roma Idem. Idem. 1 Tessalonicenses 52, de Corinto Idem. Idem. 2 Tessalonicenses 52, de Corinto Idem. Idem. 1 Timóteo 64, da Macedônia Idem. Idem. 2 Timóteo 65, de Roma Idem. Idem. Tito 64, da Macedônia ou Grécia Idem Filipenses 62, de Roma Idem. Idem. Hebreus 63, de Roma. Anônimo. O mais provável é Paulo (Hb 13:23; 2 Pe 3:15); apoio da mais antiga e respeitável tradição. Tiago 49, de Jerusalém Tiago. Um dos pelo menos 7 filhos de Maria, irmão de Jesus. É a mais antiga das epístolas! 1 Pedro 64, de Roma Pedro. Silvanus pode ter ajudado no estilo de 1 Pe (ler 5:12), daí as pequenas diferenças quanto 2 Pe. 2 Pedro 65, de Roma Pedro. Idem. Judas 66, local ind. Judas. Um dos pelo menos 7 filhos de Maria, irmão de Jesus. 1 João 69, da Judéia João. Pequenas diferenças de estilo são esperáveis, ou semelhantes às de Pedro. 2 João 69, de Éfeso João. Pequenas diferenças de estilo são esperáveis, ou semelhantes às de Pedro. 3 João 69, de Éfeso João. Pequenas diferenças de estilo são esperáveis, ou semelhantes às de Pedro. Apocalipse 96, de Patmos João. Pequenas diferenças de estilo são esperáveis, ou semelhantes às de Pedro. IMPORTANTE! Note que o Evangelho segundo Mateus foi escrito por Mateus em grego. Alguns, inconformados com a ênfase na divindade de Jesus Cristo, afirmam que o Evangelho segundo João é espúrio e escrito após 200 d.C., mas não têm sequer uma prova, só maus desejos (O Papiro 52, datado de 120, com trechos de João 18, esmigalha seus desejos. O livro de Hebreus foi escrito em 63, anonimamente (Por Paulo, cremos!). A epístola 1 Pedro pode ter recebido o auxílio gramatical de Silvanus; pequenas diferenças no estilo BIBLIOLOGIA - 50 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] das epístolas de Pedro são esperáveis pelos tempos (ou, pode ter havido o auxílio de “amanuenses-dialogadores” diferentes). “Em caso de dúvida, deve-se favorecer o próprio documento, e não a posição questionadora do crítico” (Aristóteles). 20.5. A Bíblia é Verídica; Confiável Um livro é confiável se relata veridicamente tudo aquilo de que trata. O Antigo Testamento é Confiável A. Os fatos da História, da Arqueologia, da Geografia e Topografia, sempre concordam assombrosamente com a Bíblia! Todas as teorias desdenhadoras da Bíblia têm sido destruídas pelos fatos. Sabe-se que Salmanezer IV sitiou a cidade de Samaria, mas “o rei da Assíria”, que sabemos ter sido Sargom II, carregou o povo para a Assíria (II Reis 17:3-6). A história mostra que ele reinou de 722-705 a.C. Ele é mencionado pelo nome apenas uma vez na Bíblia (Is 20:1). Nem Belsazar (Dn 5), nem Dario, o Medo (Dn 6), são mais considerados como personagens fictícios. Os hieróglifos egípcios indicam que a escrita já era conhecida mais de mil anos antes de Abraão. A arqueologia também confirma o fato de Israel ter vivido no Egito, que o povo foi escravo naquela terra e que ele finalmente saiu daquele país. O pesquisador John Garstang, dá a data do êxodo como 1447 a.C. Os Hititas ou heteus, cuja existência era posta em dúvida até recentemente, foram mostrados como tendo sido um povo poderoso na Ásia Menor e na (região, hoje conhecida como) Palestina, na mesma época indicada na Bíblia, pela descoberta de uma biblioteca hitita na Turquia. Descobertas arqueológicas também confirmam a veracidade do Novo Testamento. Quirino (Lucas 2:2) foi governador da Síria duas vezes (16-12 e 6-4 a.C.), sendo que Lucas se refere a esse último período. “Lisânias, o Tetrarca” é mencionado em uma inscrição no local de Abilene na época a que Lucas se refere. Uma inscrição em Listra registra a dedicação da estátua a Zeus (Júpiter) e Hermes (Mercúrio), o que mostra que esses deuses eram colocados na mesma classe no culto local, conforme insinuado em Atos 14:12. Uma inscrição de Pafos faz referência ao “procônsul Paulo”, que já foi identificado como o Sérgio Paulo de Atos 13:7. Os tabletes de Ebla confirmaram a existência de Sodoma e Gomorra. Arqueólogos modernos taparam as bocas dos que zombavam da realidade de Dario, etc. OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO Em Março de 1947, um pastor beduíno árabe, chamado Muhammad ad Dib, descobriu por acaso, nas cavernas de Qumram, próximo ao Mar Morto (região de Jericó), a mais preciosa coleção de Manuscritos do Velho Testamento. Foram encontrados cerca de 823 manuscritos, sendo que a maior parte é de livros bíblicos ou relacionados. Essas descobertas trouxeram à luz textos que confirmam a exatidão da transmissão textual do Antigo Testamento. É muito conhecido o caso do famoso Rolo do livro de Isaías, chamado 1QIsª, datado de 150-100 a.C., que era cerca de 1000 anos mais velho que os mais antigos manuscritos até então existentes! BIBLIOLOGIA - 51 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Os Manuscritos do Mar Morto foram escondidos nas cavernas de Qumram pelos essênios - seita ascética judaica, durante a segunda revolução dos judeus contra os romanos em 132-135 d.C. Os Manuscritos de Qumram são os mais antigos do mundo, conhecidos até o momento. Foram encontrados em Qumram manuscritos de todos os livros do Antigo Testamento exceto do livro de Ester. Um famoso teólogo do início do século XIX, F. C. Baur, dizia que o evangelho de João só tinha sido escrito por volta do ano 160 d.C., negando a origem apostólica do documento. Mas, no século XX já se descobriu um fragmento do Evangelho de João, no Egito, datado de 125 d.C., derrubando completamente a teoria daquele "erudito". Este papiro (tecnicamente conhecido como Papiro 52) contém poucos versos do Evangelho de João (18.31-33, 37-38), mas era o texto mais antigo do Novo Testamento que conhecíamos e mostra que o evangelho que havia sido escrito depois de 90 d.C. já tinha alcançado uma cidade do Egito em menos de 35 anos. É desta forma que as descobertas recentes confirmam o relato e o texto da Bíblia. B. Cristo Onisciente reconheceu integralmente a inspiração do V.T.: Mt 5:17-18; Lc 24:27, 44-45; Jo 10:35b. Jesus endossou um grande número de ensinamentos, como verdadeiros: 1. Ele acreditou no literal relato da criação segundo Gênesis (Mt 19:4-6; Mc 10:6-8; 13:19). 2. Acreditou que o autor do Pentateuco foi Moisés (Mt 8:4; 19:7-8; Mc 7:10; 12:26; Jo 7:22-23, Jo 5:46-47; 7:19). 3. Acreditou na revelação de Deus na sarça a Moisés (Mc 12:26). 4. Acreditou na literal historicidade e na universalidade do Dilúvio de Noé (Mt 24:37- 39; Lc 17:26-27). 5. Acreditou na historicidade de Abraão (Jo 8:56). 6. Acreditou na destruição de Sodoma e Gomorra e o livramento de Ló (Mt 10:15; 11:23-24; Lc 17:28-30). 7. Acreditou que a esposa de Ló foi literalmente transformada em uma coluna do sal (Lc 17:32). 8. Acreditou que Deus deu o literal maná do céu a Israel (Jo 6:31-32, 49, 58). 9. Acreditou que Davi foi um autor de Salmos (Mt 22:43). 10. Acreditou na historicidade de Jonas e da literal baleia (Mt 12:39-41). 11. Acreditou na existência do Tabernáculo (Lc 6:3-4). 12. Acreditou que o escritor do livro Daniel foi o real Daniel (Mt 24:15). 13. Acreditou na unidade do livro de Isaías (Mt 8:17; 13:14-15; Mc 7:6; Lc 4:17-18; Jo 12:38-41) 14. Acreditou que os judeus tiveram uma história de rejeitar a Palavra de Deus (Lc 11:47-51). BIBLIOLOGIA - 52 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 15. Aceitou no Cânon judaico do Velho Testamento, mas rejeitou o Apócrifo (Lc 24:44) 16. Severa e publicamente repreendeu os Saduceus por sua ignorância das Escrituras (Mt 22:29). 17. Ensinou que cada palavra das Escrituras procede de Deus (Mt 4:4). 18. Ensinou a doutrina da perfeita e incessante preservação das Escrituras (Mt 5:17- 18; 24:35; Lc 16:17). 19. Ensinou que as Escrituras do Velho Testamento apontavam para Ele (Lc 24:27, 44). 20. Ensinou que o homem será julgado pela Palavra de Deus (Jo 12:47-48). 21. Ensinou a autoridade absoluta das Escrituras (Jo 10:34-36). 22. Pré-autenticou os escritos do Novo Testamento como realmente sendo as Escrituras (Jo 14:26; 16:12-13) 23. Ensinou sobre a personalidade de Satanás e seu caráter maligno (Jo 8:44). Se o próprio Jesus Cristo crê na inspiração da Bíblia, por que nós não creremos nela? Em muito mais que 180 dos 1800 versos onde Jesus Cristo fala, Ele cita o V.T. O Novo Testamento é Confiável Seus escritores eram competentes, qualificados (humana e divinamente falando). Eles (inclusive Paulo) foram testemunhas oculares de todo o ministério, morte e ressurreição de Cristo, aprendendo diretamente dEle. Lucas foi companheiro de Paulo, fidelíssimo registrador do que viu, e também do que os apóstolos viram e lhe ensinaram diretamente. Marcos foi o intérprete de Pedro, segundo Papias e Irineu. Tiago e Judas eram irmãos do Senhor. Eram honestos (até o ponto de darem suas vidas!). Foram investidos pelo Espírito Santo. Seus escritos se harmonizam perfeitamente uns com os outros, e sempre concordam com os fatos da História e da experiência. APARENTES CONTRADIÇÕES ENTRE PAULO E TIAGO Eles somente falam de pontos de vista complementares: o que Deus vê e o que os homens vêem; a verdadeira fé, que resulta em obras e a fé falsa, que nada produz. Há progresso no desenrolar da doutrina dos evangelhos para as epístolas e diferentes ênfases na revelação dos ensinos (por exemplo: do divórcio; dos cultos e adoração; etc.), mas nunca contradição! Os registros do N. T. estão de acordo com a História: o recenseamento quando Quirino era governador da Síria (Lc 2:2); os Atos de Herodes o Grande (Mt 2:16-18); de Herodes Antipas (Mt 14:1-12), de Agripa I (At 12:1); de Gálio (At 18:12-17); Agripa II (At 25:13 – 26:32), etc. 21 - A BÍBLIA E SUA CANONICIDADE Um livro é canônico quando, desde o seu primeiro dia, foi aceito pelo povo de Deus como divinamente inspirado, como realmente o é. O termo Cânon vem do grego "kánon", e do hebraico "kaneh" (= regra; lista autêntica dos livros considerados como inspirados). Significava originalmente “vara de medir”, depois “norma ou regra” (Gl 6:16), e hoje significa “catálogo de uma revelação completa e divina”. BIBLIOLOGIA - 53 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] A palavra cânon acha-se em três passagens do N.T.: Gl 6:16, Fp 3:16 e 2 Co 10:13- 17. A inspiração diz respeito à ação divina no ato do registro escrito, garantindo o resultado fiel. Já a canonização do Texto diz respeito à ação humana, reconhecendo a qualidade divina daquele material. A “canonização” de um livro não significa que homens lhe concederam autoridade e inspiração divina, mas sim que homens formalmente oficializaram o que sempre foi reconhecido como inspirado por Deus [em outras bases, suficientes]. Esse processo de reconhecimento se deu no seio da comunidade da Fé — a comunidade hebraica, quanto ao A.T., e a comunidade cristã (igreja primitiva), quanto ao N.T. A canonização tem tudo a ver com a preservação do Texto, pois, a comunidade da Fé só iria se preocupar em transmitir e proteger os livros "canônicos", tidos como inspirados. A parte humana na transmissão do Texto fica patente, mas será que houve ação divina também, protegendo o Texto (a exata redação do Texto)? Se o Criador quis que Sua revelação chegasse intacta, ou pelo menos de forma íntegra e confiável, até o século XX e seguintes, fatalmente teria que vigiar o processo da transmissão através dos séculos. Teria que proibir a perda irrecuperável de qualquer parte genuína, bem como a inserção indetectável de material espúrio. 21.1. A Formação do Cânon do Antigo Testamento O Cânon do Antigo Testamento foi formado num espaço de -/+ 1046 anos - de Moisés a Esdras. Moisés escreveu as primeiras palavras do Pentateuco por volta de 1491 a.C. O cânon das Escrituras do V. T. foi encerrado por Esdras e seus companheiros piedosos, que formaram a Grande Sinagoga (120 membros, segundo a literatura judaica), cerca de 445 anos a.C. (Ed 7:10, 14). Os livros do Antigo Testamento formaram o Cânon de maneira lenta e gradual, à medida que iam sendo credenciados, como inspirados por Deus, perante o povo comum, seus líderes, seus profetas e sacerdotes. A história da formação do Velho Testamento começa com Moisés, que recebeu a revelação divina em várias formas e depois a transcreveu em livros. Ele os redigiu usando livros, tradição oral, oráculos recebidos diretamente de Deus, além do fato de que participou de toda a história narrada entre Êxodo e Deuteronômio (Nm 33:2). Ele recebeu ordens expressas de escrever (Êxodo 17:14; 24:4, 7; 34:27-28). Relatou os acontecimentos da época. No fim de sua vida, com os cinco primeiros livros praticamente terminados, já tinha perfeita percepção de que estes livros se tornariam normativos para o povo: seriam “o Livro da Lei”, os cinco primeiros livros (Pentateuco) (t 28:58, 61; 29:20-29; 30:10; 31:9-13, 19, 22, 24-26) Devemos lembrar que Moisés viveu com o povo de Israel por quarenta anos no deserto, e teria não somente tempo, mas conhecimento e condições para escrever. Durante a época de Moisés e depois dele, outros profetas continuaram sua obra oral e escrita (Nm 12:6; Dt 18:15-22; 34:10; Jz 4:4; 6:8). Os sacerdotes e levitas foram encarregados de guardar, colecionar e copiar os livros do V. T. O Tabernáculo e depois, o Templo, eram o centro de reunião dos materiais inspirados. Os profetas guardavam as obras na Arca (“perante o Senhor”) (Dt 17:18-20; 31:9-13, 24-29; Js 24:26; 1 Sm 10:25; 2 Rs 22:8; 23:24; Js 24:26). BIBLIOLOGIA - 54 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Os livros estavam disponíveis aos líderes da nação e do sacerdócio. Caso eles fossem também profetas, como era o caso de Josué, eles também acabariam por escrever algo ou até uma obra inteira que seria incorporada à coleção de livros sagrados (Josué 1:8; 24:26). O período da conquista da terra de Canaã e também dos Juízes, evidencia a presença dos livros pela prática dos seus ensinos: a aliança foi lembrada (Jz 2:1-5) e alguns rituais foram praticados (Jz 13:2-7,13-14). Samuel, como “primeiro profeta”, tratou de dar impulso à historiografia profética (1 Sm 10:25; 1 Cr 29:29). Os profetas foram os historiadores de Israel: eles narravam os acontecimentos, privilegiando os assuntos que interessavam ao desenvolvimento dos propósitos de Deus para o seu povo (2 Crônicas 9:29; 12:15; 13:22; 20:34; 26:22; 32:32; 33:18, 19) No período dos reis e profetas, bastante material já estava centralizado no Templo de Jerusalém (2 Crônicas 34:14-18; Jeremias 36). Os reis Davi, Salomão, Josias, Ezequias e os vários profetas são escritores ou divulgadores dos livros bíblicos. Os reis deviam sempre obedecer à Lei (2 Reis 14:6). O sacerdote Hilquias achou “o Livro da Lei” (2 Rs 22:8-10). Neemias achou “o Livro dos Judeus” (Ne 7:5). Os textos de alguns livros foram sendo compilados durante o período dos reis. A frase final do Salmo 72.20 mostra que houve uma época em que a coleção dos Salmos terminava ali. Depois ela foi ampliada. Da mesma forma, Provérbios 25:1 mostra que o livro de Provérbios foi ampliado. Todas estas compilações a amplificações dos livros ocorreram dentro da inspiração divina, através do Espírito Santo. Os profetas pregaram e escreveram suas obras (Is 30:8; Jr 25:13; 29:1; 30:2, 36:1-32; 51:60-64; Ez 43:11; Hc 2:2; Dn 7:1; 2 Cr 21:12). Eles sabiam que estavam deixando suas obras para o futuro e até as enviaram para outros lugares (Jr 29:1; 36:1-8; 51:60-61; 2 Cr 21:12). Liam, citavam e usavam as obras uns do outros (Is 2:1-5 e Mq 4:1-5 / Jr 26:18 cita Mq 3:12), atestando a existência da coleção de livros inspirados (Dn 9:2). Entendiam que seus livros se tornariam obra de referência e consulta no futuro (Is 34:16; Dn 12:4). Este material inspirado foi levado ao exílio e à dispersão (Dn 9:2), quando os judeus foram deportados da Palestina. Talvez tenha sido trazido de volta por aqueles que iriam iniciar a religião dos samaritanos (2 Rs 17:24-41). Mas, o grande retorno da lei à (região hoje conhecida como) Palestina ocorreu com Esdras, sacerdote e grande escriba (Ed 7; Ne 8-10). O oficio de Esdras como sacerdote e levita mostra que, no Velho Testamento, os sacerdotes eram os que centralizaram e preservaram o Velho Testamento. Os últimos profetas a escrever (Ageu, Zacarias e Malaquias) tiveram suas obras reconhecidas e incorporadas no Velho Testamento, assim também, os últimos livros históricos tais como Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. Nos últimos anos do período incluso no Cânon, cinco grandes homens de Deus viveram simultaneamente numa época de profundo despertamento religioso, a saber: Esdras, Neemias, Ageu, Zacarias e Malaquias, sendo Esdras, dos cinco, o mais hábil e versátil. Foi este poderoso sacerdote-escriba que, segundo a tradição judaica, presidiu a chamada Grande Sinagoga, que selecionou e preservou os rolos sagrados, determinando, dessa maneira, o Cânon das Escrituras do Antigo Testamento (Ed 7:10, 14). A Esdras é atribuído também a tríplice divisão do Cânon hebraico (A Lei, Os Profetas e os Escritos). Ao encerramento do V. T. (isto é, ao terminar de ser escrito o seu último livro [Neemias ou Malaquias] no século V antes de Cristo) foi reconhecido por TODOS os crentes fiéis que o cânon do V. T. (isto é, a coleção dos 39 livros que o constituem) estava encerrado para sempre, e incluía o livro de que falamos. BIBLIOLOGIA - 55 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Depois do acima referido encerramento do V. T., tudo isto acima dito (e que sempre foi o consenso entre os crentes fiéis) foi meramente RECONHECIDO e declarado OFICIALMENTE e por TODOS, sob o comando de Esdras, em cerca do século IV a.C. O VELHO TESTAMENTO é canônico, porque sempre foi reconhecido como inspirado por Deus: • A Lei sempre foi reconhecida como canônica: Dt 17:18-20; 31:10-13, 24-26; Js 1:8; 1 Rs 11:38; 2 Rs 22:8; 23:1-2; Ne 1:7-9; Ed 3:2. • Os Profetas/Escritos sempre foram reconhecidos como canônicos: 2 Rs 17:13; Dn 9:2; Mt 22:29; 23:35; Lc 24:44; Jo 5:39; 10:35; 2 Tm 3:16; 2 Pe 1:20-21. OBJEÇÕES À CANONICIDADE DO ANTIGO TESTAMENTO 1ª OBJEÇÃO: As 3 divisões do V.T. (Lei, Profetas, Escritos) implicam 3 “campanhas humanas concedendo autoridade”. REFUTAÇÃO: Não há sequer uma prova disto! As divisões são pelas naturezas dos assuntos/escritores. Em Israel o divino se tornava aceito, e não o aceito se tornava divino! 2 Rs 22:8; 23:1-2; Ne 8:1-3 não são outorgamentos, mas sim reconhecimentos da inspiração divina. 2ª OBJEÇÃO: Os Livros de Eclesiastes e Cantares de Salomão ainda eram duvidados por alguns até depois do Concílio de Jamnia (90 d.C.), portanto o cânon do V.T. ainda estava em aberto até cerca de 200 d.C. REFUTAÇÃO: No Concílio de Jamnia, os judeus apenas discutiram sobre alguns livros e apenas RATIFICARAM o que já era canônico. Exigir unanimidade absoluta, o que se quer é nunca ter um cânon autoritativo e final! Os eruditos judeus sempre mantiveram que, já em 445 a.C., no reino de Artaxerxes Longânimo, Esdras “juntou, ordenou e publicou” o V.T. na sua forma final, como o conhecemos. Josephus (80 d.C.) corrobora isto e usa cânon e divisões Massoréticas. Esdras é chamado de “o escriba” (Ne 8:1, 4, 9, 13; 12:26, 36), “escriba versado na lei de Moisés” (Ed 7:6), e “o escriba das palavras dos mandamentos e dos estatutos do Senhor sobre Israel” (Ed 7:11). 3ª OBJEÇÃO: os apócrifos figuram na Septuaginta. REFUTAÇÃO: Mas nunca no cânon judaico! 21.2. Classificação Técnica do Antigo Testamento Estudiosos de eras posteriores, nem sempre totalmente conscientes dos fatos a respeito da aceitação original do cânon, tornavam a levantar dúvidas sobre certos livros. Com isso, surgiu a terminologia técnica, conforme vemos abaixo: A. HOMOLOGOUMENA (falar como um). São os livros bíblicos que foram aceitos por todos. A canonicidade de alguns livros jamais foi desafiada por nenhum dos grandes rabis da comunidade judaica. Desde que alguns livros foram aceitos pelo povo de Deus como documentos produzidos pela mão dos profetas de Deus, continuaram a ser reconhecidos como detentores de inspiração e de autoridade divina pelas gerações posteriores. 34 dos 39 livros do Antigo Testamento podem ser classificados como “homologoumena”. Os cinco excluíveis seriam: Cantares de Salomão, Eclesiastes, Ester, Ezequiel e Provérbios. B. ANTILEGOMENA (falar contra). São os livros bíblicos que em certa ocasião foram questionados por alguns. BIBLIOLOGIA - 56 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] A canonicidade de 5 livros do Antigo Testamento foi questionada numa ou noutra época, por algum mestre do Judaísmo: Cantares de Salomão, Eclesiastes, Ester, Ezequiel e Provérbios. Cada um deles se tornou controvertido por razões diferentes; todavia, no fim prevaleceu a autoridade divina de todos os cinco livros. Cantares de Salomão: Alguns estudiosos da escola de Shammai consideravam esse cântico como sendo sensual em sua essência. Porém, é mais provável que a pureza e a nobreza do casamento façam parte do propósito essencial desse livro. É preciso ver esse livro da perspectiva espiritual correta. A figura do casal, neste livro, representa Cristo e igreja (2 Co 11:2; Ef 5:25-29). Eclesiastes: Alguns objetaram que esse livro parece cético. Alguns até o chamam de “O Cântico do ceticismo”. Qualquer pessoa que procure a máxima satisfação “debaixo do sol”, com toda a certeza há de sentir as mesmas frustrações sofridas por Salomão, visto que a felicidade eterna não se encontra neste mundo temporal. Além do mais, a conclusão e o ensino genérico desse livro estão longe de ser céticos. Depois “de tudo o que se tem ouvido”, o leitor é admoestado: “a conclusão é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos, pois isto é todo o dever do homem” (Ec 12:13). Assim como o livro Cantares de Salomão, o problema básico é de interpretação do texto e não de canonização ou inspiração. Ester: Pela ausência do nome de Deus neste livro, alguns pensaram que ele não fosse inspirado. Perguntavam como podia um livro ser Palavra de Deus, se nem ao menos trazia o Seu nome. (YHWH). Porém, uma coisa é certa: a ausência do nome de Deus é compensada pela presença de Deus na preservação de Seu povo. (Ver Et 4:14). O fato de Deus haver concedido grande livramento, como narra o livro, serve de fundamento e razão da festa judaica do Purim (Et 9:26-28). Basta este fato para demonstrar a autoridade atribuída ao livro, dentro do Judaísmo. Ezequiel: Alguns na escola rabínica pensavam que esse livro era antimosaico em seu ensino. Achavam que o livro não estava em harmonia com a lei mosaica. No entanto, essa tese não prevaleceu e demonstrou mais uma vez ser uma questão de interpretação e não de inspiração. Provérbios: Achavam-no um livro contraditório (Pv 26:4-5). Achavam contraditório o leitor ser exortado a responder e ao mesmo tempo não responder. Todavia, o sentido aqui é que há ocasiões em que o tolo deve receber resposta de acordo com sua tolice, e em outras ocasiões isso não deve ocorrer. Porém, nenhuma “contradição” ficou demonstrada em nenhuma passagem de Provérbios. É importante frisar que a Bíblia em momento algum é contraditória, pois é a Palavra de Deus (Infalível). O que “parece” contradição é erro de interpretação humana. C. PSEUDEPÍGRAFOS (falsos escritos). Livros não-bíblicos rejeitados por todos. Grande número de documentos religiosos espúrios que circulavam entre a antiga comunidade judaica são conhecidos como “pseudepígrafos”. Nem tudo nesses escritos é falso. De fato, a maior parte desses documentos surgiu de dentro de um contexto de fantasia ou tradição religiosa, possivelmente com raízes em alguma verdade. Com freqüência, a origem desses escritos estava na especulação espiritual, a respeito de algo que não ficou bem explicado nas Escrituras canônicas. As tradições especulativas a respeito do patriarca Enoque, por exemplo, sem dúvida são a raiz do livro de Enoque. De maneira semelhante, a curiosidade a respeito da morte e da glorificação de Moisés, sem dúvida se acha por trás da obra Assunção de Moisés. No entanto, essa especulação não significa que não exista verdade nenhuma nesses livros. Ao contrário, o Novo Testamento se refere a verdades implantadas nesses dois livros (vide Jd 14,15) e chega a aludir à penitência de Janes e Jambres (2 Tm 3:8). Entretanto, esses livros não são dotados de autoridade, como Escrituras inspiradas. Paulo também BIBLIOLOGIA - 57 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] citou alguns poetas não-cristãos, como Arato (At 17:28), Menânder (1 Co 15:33 traz uma linha do poema grego “Taís de Alexandre”) e Epimênides (Tt 1:12). (Nm 21:4; Js 10:13; 1 Rs 15:31). Trata-se tão somente de verdades verificáveis, contidas em livros que, em si mesmos, nenhuma autoridade divina têm. É importante que nos lembremos que Paulo cita apenas aquela faceta da verdade, e não o livro pagão como um todo, como conceito a que Deus atribuiu autoridade e fez constar no Novo Testamento. A verdade é sempre verdade, não importa onde se encontre, quer pronunciada por um poeta pagão, quer por um profeta pagão (Nm 24:17), por um animal irracional e mudo (Nm 22:28) ou mesmo por um demônio (At 16:17). (Caifás – Jo 11:49). É possível que o fato mais perigoso a respeito desses falsos escritos (pseudepígrafos) é que alguns elementos da verdade são apresentados com palavras de autoridade divina, num contexto de fantasias religiosas que, em geral, contem heresias teológicas. A infundada reivindicação de autoridade divina, o caráter altamente fantasioso dos acontecimentos e os ensinos questionáveis (e até mesmo heréticos) desses livros levaram os pais do Judaísmo a considerá-los espúrios (pseudepígrafos). 1. Lendários: O livro do Jubileu; Epístola de Aristéias; O livro de Adão e Eva; O martírio de Isaías 2. Apocalípticos: 1 Enoque; Testamento dos doze patriarcas; O oráculo sibilino; Assunção de Moisés; 2 Enoque, ou O livro dos segredos de Enoque; 2 Baruque, ou O apocalipse siríaco de Baruque (*); 3 Baruque, ou O apocalipse grego de Baruque. 3. Didáticos: 3 Macabeus; 4 Macabeus; Pirque Abote; A história de Aicar. 4. Poéticos: Salmos de Salomão; Salmo 151 (consta na Septuaginta). 5. Históricos: Fragmentos de uma obra de Sadoque IMPORTANTE 1. 1 Baruque está relacionado entre os apócrifos. 2. Há outros livros, sendo que alguns foram descobertos entre os manuscritos do Mar Morto, tais como: Gênesis apócrifo e Guerra dos filhos da luz contra os filhos das trevas, dentre outros. D. APÓCRIFOS (escondidos ou duvidosos). Livros não-bíblicos aceitos por alguns, mas rejeitados por outros. Pelos católicos romanos são conhecidos como Deuterocanônicos (= 2º Cânon). Foram acrescentados às Escrituras (Dt 4:2, 12:32; Pv 30:6; Ec 3:14; Ap 22:18-19). Na realidade, os sentidos da palavra apocrypha refletem o problema que se manifesta nas duas concepções de sua canonicidade. No grego clássico, a palavra apocrypha significava “oculto” ou “difícil de entender”. Posteriormente, tomou o sentido de esotérico, ou algo que só os iniciados (não os de fora) podem entender. Pela época de Ireneu e Jerônimo (séc. III e IV), o termo apocrypha veio a ser aplicado aos livros não-canônicos do Antigo Testamento, mesmo aos que foram classificados previamente como “pseudepígrafos”. Desde a era da Reforma, essa palavra tem sido usada para denotar os escritos judaicos não-canônicos originários do período intertestamentário. O Novo Testamento jamais cita um livro apócrifo indicando-o como inspirado. As alusões a tais livros não lhes emprestam autoridade, assim como as alusões a poetas pagãos não lhes conferem inspiração divina. Aliás, desde que o N.T. faz citações de quase todos os livros canônicos do A.T. e atesta o conteúdo e os limites desse Testamento BIBLIOLOGIA - 58 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] (omitindo os apócrifos) parece estar claro que o N.T. indubitavelmente exclui os apócrifos do cânon hebraico. Os apócrifos não foram aceitos pelos judeus palestinos, zelosos preservadores dos ensinos bíblicos que não estiveram sujeitos às influências helenizantes dos judeus de Alexandria, muitos dos quais (mas não todos) acatavam tais livros como de origem divina, como Palavra de Deus. Aliás, toda a problemática de aceitação da canonicidade desses livros envolve exatamente o grande centro da cultura grega no Oriente, a cidade de Alexandria. Os judeus ali sofreram grande influência da filosofia grega, e houve até um destacado intelectual judeu, Filo, que se empenhou por fundir o Judaísmo com os conceitos gregos, que o empolgavam. Jesus Cristo Se referiu à Bíblia Sagrada na Sua oração sacerdotal a Seu Pai dizendo: “Santifica-os na verdade; a Tua Palavra é a verdade” (João 17:17). Como poderiam obras cheias de conceitos que se chocam com os claros ensinos de apóstolos e profetas, além de crendices supersticiosas, lendas, inexatidões históricas e até mentiras qualificar-se como essa verdade de divina inspiração? O Concílio de Trento, 1546, reagiu a Lutero, canonizando os livros apócrifos, com o voto de 53 prelados sem conhecimentos históricos destacados sobre documentos orientais, encontrando oposição de grandes homens como o cardeal Polo que afirmou que assim o Concílio agiu a fim de dar maior ênfase às diferenças entre católicos romanos e os evangélicos. Outro destacado líder católico, Tanner afirmou que a igreja católica romana encontrou nesses livros o seu próprio espírito (apud Introdução ao Antigo Testamento, Dr. Donaldo D. Turner, IBB). A ação do Concílio não foi apenas polêmica, foi também prejudicial, visto que nem todos os 14 (15) livros apócrifos foram aceitos pelo Concílio. A Oração de Manassés e 1 e 2 Esdras [3 e 4 Esdras dos católicos romanos; a versão de Douai denomina 1 e 2 Esdras, respectivamente, os livros canônicos de Esdras (1 Ed) e Neemias (2 Ed)] foram rejeitados. A rejeição de 2 Esdras é particularmente suspeita, porque contém um versículo muito forte contra a oração pelos mortos (2 Esdras 7.105). Aliás, algum escriba medieval havia cortado essa seção dos manuscritos latinos de 2 Esdras, sendo conhecida pelos manuscritos árabes, até ser reencontrada outra vez em latim por Robert L. Bentley, em 1874, numa biblioteca de Amiens, na França. O cânon do Antigo Testamento até a época de Neemias compreendia 22 (ou 24) livros em hebraico, que, nas bíblias dos cristãos, seriam 39, como já se verificara por volta do século IV a.C. As objeções de menor monta a partir dessa época não mudaram o conteúdo do cânon. Foram os livros chamados apócrifos, escritos depois dessa época, que obtiveram grande circulação entre os cristãos, por causa da influência da tradução grega de Alexandria (Septuaginta), que os incluiu. Com exceção de 2 Esdras (escrito em 100 d.C.), esses livros preenchem a lacuna existente entre Malaquias e Mateus (o chamado “período intertestamentário”) e compreendem especificamente dois ou três séculos antes de Cristo. No entanto, até a época da Reforma Protestante esses livros não eram considerados canônicos. A canonização que receberam no Concílio de Trento não recebeu o apoio da história. A decisão desse concílio foi polêmica e eivada de preconceito. 21.3. Localização Histórica dos Apócrifos Os apócrifos foram produzidos entre o 3o e 1o século a.C. (com o cânon já definido), no período intertestamentário, com exceção de 2 Esdras (escrito em 100 d.C.). BIBLIOLOGIA - 59 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] A cultura gentia os assimilou (o cânon de Alexandria). O historiador Josefo, os judeus e a Igreja cristã rejeitaram. A LXX (Septuaginta) os incluiu como adendo (seguindo o cânon alexandrino). No Concílio de Cártago, em 397 d.C. foram considerados próprios para a leitura. O Concílio Geral de Calcedônia, 451 d.C., negou-os. Foram colocados no cânon em uma sessão em 08 de Abril de 1546, no Concílio de Trento, com 5 cardeais e 48 bispos, apenas, e não foi por unanimidade. Em 1827, a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira os excluiu da Bíblia (não os editando nem mesmo como adendo). Desde então esta é a postura protestante. 21.4. Razões da Rejeição dos Apócrifos 1. O Velho Testamento já estava produzido. 2. A maioria dos apócrifos foi produzida em grego. 3. Prevaleceu para os judeus o cânon palestiniano. IMPORTANTE! 1. Jamais foram incluídos no cânon pelas autoridades reconhecidas: As maiores e mais reconhecidas autoridades judaicas nunca reconheceram os apócrifos: Esdras (o profeta, que “juntou, ordenou e publicou” o V. T. na sua forma final e como o conhecemos); os fariseus; Josephus (o historiador judeu, provavelmente o maior historiador de todos os tempos); os pais da igreja primitiva; etc. 2. Jamais foram aceitos pelos judeus. 3. Só em 08 de abril de 1546, no Concílio de Trento, a igreja romana os declarou canônicos, mas só em reação à Reforma Protestante. 4. Jamais foram citados por Jesus Cristo ou por nenhum outro escritor da Bíblia. (Judas cita dois pseudepígrafos, mas não parece lhes ceder declaradamente o conceito de inspirados). 5. Nenhum livro apócrifo alega ser inspirado (na realidade, alguns deles ADMITEM não ser inspirados - Macabeus 15:38). 6. Alguns apócrifos têm incontornáveis erros históricos e geográficos. 7. Alguns apócrifos ensinam doutrinas falsas e que contradizem a Bíblia como um todo (Macabeus 12:43-46 ensina que podemos e devemos orar pelos mortos. A Bíblia como um todo ensina que não adianta) Ver 2 Ed 7.105. Alguns erros ensinados pelos apócrifos Refutação dos canônicos Narração de anjo mentindo sobre sua origem. Tobias 5:1-9 Isaías 63:8; Oséias 4:2 Diz que se deve negar o pão aos ímpios. Eclesiástico 12:4-6 Provérbios 25:21-22 Uma mulher jejuando toda a sua vida. Judite 8:5-6 Mateus 4:1-2 Deus dá espada para Simeão matar siquemitas, Judite 9:2 Gênesis 34:30; 49:5-7 Dar esmola purifica do pecado. Tobias 12:9 e Eclesiástico 3:30 1 Pedro 1:18-19 Queimar fígado de peixe expulsa demônios. Tobias 6:6-8 Atos 16:18 BIBLIOLOGIA - 60 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Nabucodonossor foi rei da Assíria, em Nínive. Judite 1:1 Daniel 1:1 Honrar o pai traz o perdão dos pecados. Eclesiástico 3:3 1 Pedro 1:18-19 Ensino de magia e superstição. Tobias 2:9 e 10; 6:5-8; 11:7- 16 Tiago 5:14-16 Antíoco morre de três maneiras. 1 Macabeus 6:16; 2 Macabeus 1:16; 9:28 Isaías 63:8; Mateus 5:37 Recomenda a oferta pelos mortos. 2 Macabeus 12:42-45 Eclesiastes 9:5-6 Ensino do purgatório ou imortalidade da alma. Sabedoria 3:14 1 João 1:7; Hebreus 9:27 O suicídio é justificado e louvado. 2 Macabeus 14:41-46 Êxodo 20:13 21.5. Como os Livros Apócrifos Foram Aprovados A igreja romana aprovou os apócrifos em 08 de Abril de 1546 como meio de combater a Reforma Protestante. Nessa época, os protestantes combatiam violentamente as doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras, etc. Os romanistas viam nos apócrifos base para tais doutrinas, e apelaram para eles aprovando-os como “canônicos”. Houve prós e contras dentro dessa própria igreja, como também depois. Nesse tempo, os jesuítas exerciam muita influência no clero. Os debates sobre os apócrifos motivaram ataques dos dominicanos contra os franciscanos. O biblicista católico John L. Mackenzie em seu "Dicionário Bíblico", sob o verbete Cânone, comenta que no Concílio de Trento houve várias "controvérsias notadamente candentes" sobre a aprovação dos apócrifos. Mas o cardeal Pallavacini, em sua "História Eclesiástica" declara mais nitidamente que, em pleno Concílio, 40 bispos dos 49 presentes travaram luta corporal, agarrando às barbas e batinas uns dos outros. Foi nesse ambiente "espiritual", que os apócrifos foram aprovados. A primeira edição da Bíblia (“versão”) católico-romana com os apócrifos deu-se em 1592, com autorização do papa Clemente VIII. Os Reformadores protestantes publicaram a Bíblia com os apócrifos, colocando-os entre o Antigo e Novo Testamentos, não como livros inspirados, mas bons para a leitura e de valor literário histórico. Isto continuou até 1629. 21.6. A Vulgata de Jerônimo O arranjo da Vulgata (versão latina oficial da Igreja católica romana, desde o Concílio de Trento) completa em 450 depois de Cristo, mas aceita plenamente em cerca de 650 depois de Cristo, em geral, segue a LXX, só que 1 e 2 Esdras são iguais a Esdras e Neemias, e as partes apócrifas (3 e 4 Esdras), tanto como a Oração de Manassés, são colocados no fim do Novo Testamento. Os Profetas Maiores são colocados antes dos Profetas Menores. É uma tradução do Hebraico para o Latim, língua oficial do império romano. Quando Jerônimo traduziu a Vulgata, em Belém (a pedido do papa Dâmaso I), incluiu os apócrifos oriundos da Septuaginta, através da antiga versão latina de 170, porque lhe foi ordenado, mas indicou que os mesmos não poderiam ser base de doutrinas. Os livros são: 1 Esdras, 2 Esdras, Tobias, Judite, Adição a Ester, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, Adições a Daniel (Cântico dos 3 Rapazes, História de Susana, Bel e o Dragão), Oração de Manassés, 1 Macabeus, 2 Macabeus. 21.7. A Versão Católica-Romana Seguindo a Vulgata que traduziu da LXX (Septuaginta), com exceção de Oração de Manassés, o cânon católico incorporou os apócrifos após a Reforma. Quando a Vulgata os BIBLIOLOGIA - 61 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] inseriu, distinguiu-os dos canônicos. Aos apócrifos, chamou de deuterocanônicos, isto é, livros do “segundo cânon” (eclesiásticos). Na versão de edição Católico-Romana, há um total de 73 livros, sendo 7 apócrifos, além de 4 acréscimos ou apêndices a livros canônicos, sendo assim um total de 11 escritos apócrifos: Tobias (após Esdras); Judite (após Tobias); Sabedoria de Salomão (após Cantares); Eclesiástico (após Sabedoria de Salomão); Baruque – incluindo a Epístola a Jeremias (após Lamentações); 1 Macabeus (após Ester); 2 Macabeus (após 1 Macabeus). São os seguintes os apêndices apócrifos: Acréscimos a Ester (Et 10:4 – 16:24); acréscimos a Daniel: (Cântico dos três rapazes – Dn 3:24-90; História de Suzana – Dn 13; Bel e o Dragão – Dn 14). Além disso, as bíblias católicas possuem livros canônicos com nomenclatura diferenciada da empregada nas edições evangélicas. No entanto, esta diferença não tem importância. No entanto é bom conhecê-las: BÍBLIA EVANGÉLICA BÍBLIA CATÓLICA 1, 2 Samuel 1, 2 Reis 1, 2 Reis 3, 4 Reis 1, 2 Crônicas 1, 2 Paralipômenos Esdras e Neemias 1, 2 Esdras Lamentações de Jeremias Trenos Como podemos ver estas diferenças são apenas de nomes, mais ou menos apropriados e que para todos eles existem justificativas históricas e tradicionais. Existem também diferenças na numeração dos Salmos: BÍBLIA EVANGÉLICA BÍBLIA CATÓLICA Sl 9 Sl 9,10 Sl 10 - 112 Sl 11 - 113 Sl 113 Sl 114, 115 Sl 114 - 115 Sl 116 Sl 116 - 145 Sl 117-146 Sl 146 - 147 Sl 147 Sl 148 - 150 Sl 148 - 150 Os 39 livros do nosso Antigo Testamento os católicos denominam protocanônicos (primeiro cânon), os livros que nós chamamos apócrifos (espúrios), eles chamam de deuterocanônicos (segundo cânon) e os livros que nós chamamos pseudepígrafos (sem autor definido), eles chama de apócrifos. (Os pseudepígrafos, não aparecem em nenhuma Bíblia de edições católica ou protestante). 21.8. A Formação do Cânon do Novo Testamento A história do cânon do N.T. difere da do A.T. em dois aspectos principais: 1. O Cristianismo (N.T.) foi desde o começo uma religião internacional e não restrita a um só povo, como no caso do período do A.T. (restrito aos judeus), não havia comunidade profética fechada que recebesse os livros inspirados e os coligisse (colecionasse) em determinado lugar, etc. Por isto, o processo mediante o qual todos os escritos apostólicos se tornassem universalmente aceitos levou muitos séculos. Felizmente, há mais manuscritos do Novo Testamento do que do Antigo Testamento. BIBLIOLOGIA - 62 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 2. Uma vez que as discussões resultaram no reconhecimento dos 27 livros canônicos do N. T., não mais houve movimentos dentro do Cristianismo, no sentido de acrescentar ou eliminar livros. O cânon do N. T. encontrou acordo geral no seio da igreja universal. Não há N. T. com apócrifos. 21.9. A Progressão do Cânon do Novo Testamento Desde o início, havia escritos falsos, não-apostólicos, em circulação (Lc 1:1-4; 2 Ts 2:20; 2 Ts 3:17). No início da igreja primitiva (século I), havia um processo seletivo em operação. Toda e qualquer palavra a respeito de Cristo, oral ou escrita, era submetida ao ensino dos apóstolos (1 Jo 1:3; 2 Pe 1:16). Era o “cânon vivo” das testemunhas oculares, mediante o qual os escritos vieram a ser reconhecidos. Os primeiros cristãos (igrejas) iam recebendo, lendo e colecionando as cartas apostólicas, cheias de autoridade divina, lançando assim o alicerce de uma coleção crescente de documentos inspirados (Circulação das Cartas: 1 Ts 5:27; Cl 4:16; 1 Pe 1:1-2; 2 Pe 3:14-16; Ap 1:3). As igrejas, assim, estavam envolvidas em um processo iniciante de canonização. Os cristãos eram admoestados a ler continuamente as Escrituras (1 Tm 4:11, 13). A única maneira pela qual se poderia realizar isto no seio de um número crescente de igrejas era fazer cópias, de tal sorte que cada igreja ou grupo de igrejas tivesse sua própria compilação de escritos autorizados. Essa aceitação original de um livro, o qual era autorizadamente lido nas igrejas, teria importância crucial para o reconhecimento posterior de um livro canônico. Assim, o processo de canonização estava em andamento desde o início da igreja. As primeiras igrejas foram exortadas a selecionar apenas os escritos apostólicos fidedignos. Desde que determinado livro fosse examinado e dado por autêntico, fosse pela assinatura, fosse pelo emissário apostólico, era lido na igreja e depois circulava entre os crentes de outras igrejas. As coletâneas desses escritos apostólicos começaram a tomar forma nos tempos dos apóstolos. Pelo final do século I, todos os 27 livros do N. T. haviam sido recebidos e reconhecidos pelas igrejas cristãs como divinamente inspirados. O cânon estava completo, e todos os livros haviam sido reconhecidos pelos crentes de outros lugares. Por causa da multiplicidade dos falsos escritos e da falta de acesso imediato às condições relacionadas ao recebimento inicial de um livro, o debate a respeito do cânon prosseguiu durante vários séculos, até que a Igreja finalmente reconheceu a canonicidade dos 27 livros do N. T. Logo após a primeira geração, passada a era apostólica, todos os livros do N. T. haviam sido citados por algum pai da igreja, como dotados de autoridade. Por sinal, dentro de 200 anos depois do século I, quase todos os versículos do N. T. haviam sido citados em uma ou mais das mais de 36 mil citações dos pais da igreja. Uma tradução do N. T. (Antiga siríaca) circulou na Síria pelo fim do século IV, representando um texto que datava do século II e incluía os livros do N. T., exceto 2 Pedro, 2 e 3 João, Judas e Apocalipse. Atanásio, o “Pai da Ortodoxia”, relaciona com clareza todos os 27 livros do N. T. como canônicos (Cartas, 3,267,5). RESUMINDO! o processo de compilar (colecionar) os escritos apostólicos confiáveis iniciou-se nos tempos do N. T. No século II, houve exame desses escritos mediante a citação da autoridade divina de cada um dos 27 livros do N. T. No século III, as dúvidas e as BIBLIOLOGIA - 63 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] objeções a respeito de determinados livros prosseguiram, culminando nas decisões dos pais da igreja e dos concílios influentes do século IV. 21.10. Fatores que Influenciaram a Igreja no Cânon do Novo Testamento Alguns fatores influenciaram para que a igreja primitiva definisse de vez a lista dos livros canônicos do N. T. Márcion (ou Marcião) foi um herege gnóstico (150 d.C.) que, dentre outras coisas, fez uma lista de livros a serem aceitos. Rejeitou todo o Velho Testamento por considerá-lo obra de um “deus inferior”. Sua lista de livros bíblicos incluiu: uma versão resumida de Lucas (retirando os primeiros capítulos por serem muito judaicos) e mais dez epístolas de Paulo (as chamadas “Pastorais” não foram aceitas por lhe serem contrárias, assim como todas as outras). Chamou “Efésios” de “Laodicenses”. Sua rejeição dos livros bíblicos forçou as igrejas a tomarem uma posição explícita sobre estes livros. De fato, a rejeição dos livros prova que já havia um consenso, mas a igreja se tornou mais consciente deste consenso na luta contra a heresia. As heresias levaram à defesa da fé. Afinal, “os germes estimulam a formação de anticorpos”. Na segunda metade do segundo século, o Novo Testamento já foi considerado par do Antigo. Começam os comentários, trabalhos literários e traduções do Novo Testamento. As traduções para o Latim antigo e para o Siríaco neste período já incluem todo o Novo Testamento, exceto 2 Pedro na versão Siríaca. A heresia de Marcião e de Montano, bem como os movimentos gnósticos, contribuíram para a aceleração do processo de reconhecimento dos livros inspirados; uma vez que Marcião negava muitos livros. Montano alegava ter novas revelações e os gnósticos buscaram produzir sua literatura “superior”. Outros fatores que influenciaram foram as perseguições do imperador romano Diocleciano (302-305 d.C.). De acordo com o historiador cristão Eusébio, houve um edito imperial da parte de Diocleciano (303 d.C.), ordenando que “as Escrituras fossem destruídas pelo fogo”. A perseguição motivou um exame sério da questão dos livros canônicos, quais eram realmente canônicos e deveriam ser preservados. É sabido que, traiçoeiramente, mesmo durante a vida dos apóstolos, no século I, já havia algumas pessoas que insinuavam a existência de uma ou outra corrupção na Palavra de Deus. Livros falsificados, quer totalmente (como a Epístola de Hermas, de Barnabé, etc.), quer parcialmente, já tentavam se insinuar nas igrejas, mesmo durante a vida dos apóstolos. O apóstolo Paulo já advertia: “Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus, antes falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus.” (2 Coríntios 2:17). “Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto.” (2 Tessalonicenses. 2:2). Mas ninguém pode deixar de ver e se esquivar de reconhecer que todas estas corrupções do século I e todas as poucas corrupções subseqüentes foram totalmente rejeitadas pela massa das igrejas. Particularmente, os textos dos pouquíssimos manuscritos alexandrinos (séculos IV em diante) em que todo o TC se edifica foram totalmente rejeitados pelo total da enorme massa das igrejas e jamais foram copiados e usados para qualquer coisa. (Usamos o plural "textos" porque cada um destes manuscritos BIBLIOLOGIA - 64 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] alexandrinos difere terrivelmente dos outros, em muitos milhares de pontos. Diferem mais entre si do que diferem do TR.). Podemos resumir dizendo que a grande maioria dos livros do N. T. jamais sofreu polêmicas quanto à sua inspiração desde o início. Certos livros não-canônicos, que gozavam de grande prestígio, que eram muito usados e que tinham sido incluídos em listas provisórias de livros inspirados, foram tidos como valiosos para emprego devocional e homilético, mas nunca obtiveram reconhecimento canônico por parte da igreja. Só os 27 livros do N. T. são tidos e aceitos como genuinamente apostólicos e encontraram lugar no cânon do Novo Testamento. Assim, podemos dizer que, logo no mais tenro início, no primeiro e segundo século do Cristianismo, ocorreu a canonização (no sentido de "reconhecimento informal e consensual, pela grande massa das igrejas locais fiéis"). Também podemos dizer que, ao final do século IV, ocorreu a canonização (no sentido de "declaração formal e oficial da grande massa de igrejas locais, mesmo que já não totalmente locais e nem todas fiéis, posto que o Romanismo já se desenvolvia, Roma já se impunha, ainda que o Romanismo ainda tivesse muito em que degenerar"). 21.11. Classificação Técnica do Novo Testamento A. HOMOLOGOUMENA (falar como um). São os livros bíblicos que foram aceitos por todos. Em geral, 20 dos 27 livros do N. T. foram aceitos por todos. Exceto: Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João, Judas e Apocalipse. Outros três livros, Filemom, 1 Pedro e 1 João, foram omitidos, não questionados. B. ANTILEGOMENA (falar contra). São os livros bíblicos que em certa ocasião foram questionados por alguns. De acordo com o historiador cristão Eusébio, houve 7 livros cuja autenticidade foi questionada por alguns dos pais da igreja, e por isto ainda não haviam obtido reconhecimento universal por volta do século IV. Isto não significa que não haviam tido aceitação inicial por parte das comunidades apostólicas e subapostólicas. Tampouco, o fato de terem sido questionados, em certa época, por alguns estudiosos, é indício de que sua presença no cânon seja menos firme que os demais livros. Ao contrário, o problema básico a respeito da aceitação da maioria desses livros não era o reconhecimento de sua inspiração divina ou falta de inspiração; mas sim, a falta de comunicação entre o Oriente e o Ocidente a respeito de sua autoridade divina. São eles: Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João, Judas e Apocalipse. Hebreus: foi basicamente a anonimidade do autor que suscitou dúvidas. Por isso, o livro permaneceu sob suspeição para os cristãos do Oriente, que não sabiam que os crentes do Ocidente o haviam aceito como autorizado e inspirado. Outro fator que influenciou foi o fato de que os montanistas heréticos terem recorrido a Hebreus em apoio a algumas de suas concepções errôneas, o que fez demorar sua aceitação nos círculos ortodoxos. Ao redor do século IV, no entanto, sob a influência de Jerônimo e Agostinho, esse livro encontrou lugar permanente no cânon. Tiago: sua veracidade e autoria foram desafiadas. Os primeiros leitores atestaram que era Tiago, irmão de Jesus (At 15 e Gl 1). Todavia, a igreja ocidental não teve acesso a esta informação. Também, houve a questão do aparente conflito com o ensino de Paulo sobre a justificação somente pela fé. No entanto, sua aceitação como canônico baseia-se na compreensão de sua compatibilidade essencial com os ensinos paulinos. BIBLIOLOGIA - 65 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 2 Pedro: foi a Carta que mais ocasionou dúvidas quanto à sua autenticidade. Isto se deveu à dessemelhança de estilo com a primeira Carta de Pedro. As diferenças, porém, podem ser explicadas facilmente, por causa do emprego de um escriba em 1 Pedro, o que não ocorreu em 2 Pedro (vide 1 Pe 5:12). 2 e 3 João: o fato do seu questionamento foi porque o escritor se identificou apenas como “o presbítero” e, além da anonimidade, sua circulação foi limitada. Porém, a semelhança de estilo e de mensagem com 1 João, que já havia sido aceita, mostrou ser óbvio que 2 e 3 João vieram também do apóstolo João. Judas: a confiabilidade deste livro foi questionada por alguns. A contestação se centrava nas referências ao livro pseudepígrafo de Enoque (Jd 14, 15) e numa possível referência ao livro Assunção de Moisés (Jd 9). Porém, suas citações não são diferentes das citações feitas por Paulo de poetas não-cristãos (At 17:28; 1 Co 15:33; Tt 1:12). O que Judas fez foi citar um fragmento de verdade encravado naqueles livros e não dizer que eles teriam autoridade divina. Sua canonicidade foi reconhecida pelos primeiros pais da igreja (Ireneu, Clemente de Alexandria, Tertuliano). O Papiro Bodmer (P72), recentemente descoberto, confirma o uso de Judas ao lado de 2 Pedro, na igreja copta (igreja ortodoxa no Egito) do século III. Apocalipse: A doutrina do Milenarismo (Ap 20) foi o ponto central da controvérsia, que durou até fins do século IV. Como os montanistas heréticos basearam seus ensinos heréticos no livro de Apocalipse, no século III, a aceitação definitiva desse livro acabou sofrendo uma demora. A partir do momento em que se tornou evidente que este livro estava sendo mal usado pelas seitas, embora tivesse sido escrito por intermédio de João (Ap 1:4; 22:8-9), e não dentre os hereges, assegurou-se o lugar definitivo no cânon sagrado. C. PSEUDEPÍGRAFOS (falsos escritos). Livros não-bíblicos rejeitados por todos. Durante os séculos II e III, numerosos livros espúrios e heréticos surgiram (escritos falsos). A corrente principal do Cristianismo seguia Eusébio, que os chamou de livros “totalmente absurdos e ímpios”. Esses livros tem apenas interesse histórico. O conteúdo deles resume-se em ensinos heréticos, eivados de erros gnósticos (seita filosófica que arrogava para si conhecimento especial dos mistérios divinos), docéticos (ensinavam a divindade de Cristo, mas negavam Sua humanidade, alegando que Ele só tinha a aparência de ser humano) e ascéticos (os monofisistas ascéticos ensinavam que Cristo tinha uma única natureza, uma fusão do divino com o humano). Tais livros revelavam desmedida fantasia religiosa. Evidenciavam uma curiosidade para descobrir mistérios não revelados nos livros canônicos (como onde esteve Jesus dos 12 aos 30 anos). Eles, em sua maior parte, não haviam sido aceitos pelos pais primitivos e ortodoxos da igreja, nem pelas igrejas, não sendo, portanto, considerados canônicos. O número exato desses livros é difícil de apurar. Por volta do século XIX, Fótio havia relacionado cerca de 280 obras. Depois apareceram outras. Alguns Livros Apócrifos da Era Cristã • Evangelhos: O Evangelho de Tomé, O Evangelho dos ebionitas, O Evangelho de Pedro, O Proto-Evangelho de Tiago, O Evangelho dos egípcios, O Evangelho arábico da infância, O Evangelho de Nicodemos, O Evangelho do carpinteiro José, A História do carpinteiro José, O Passamento de Maria, O Evangelho da natividade de Maria, O Evangelho de um Pseudo-Mateus, Evangelho dos Doze, de Barnabé, de Bartolomeu, dos Hebreus, de Marcião, de André, de Matias, de Pedro, de Filipe. • Atos: Os Atos de Pedro, Os Atos de João, Os Atos de André, Os Atos de Tomé, Os Atos de Paulo, Atos de Matias, de Filipe, de Tadeu. BIBLIOLOGIA - 66 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Epístolas: A Carta atribuída a nosso Senhor, A Carta perdida aos coríntios, As (Seis) Cartas de Paulo a Sêneca, A Carta de Paulo aos laodicenses (também pode ser considerado entre os apócrifos). • Apocalipses: de Pedro (também pode ser considerado entre os apócrifos), de Paulo, de Tomé, de Estêvão, Segundo Apocalipse de Tiago, Apocalipse de Messos, de Dositeu. (os 3 últimos foram descobertos em 1946, em Nag-Hammadi, no Egito). • Outras obras: Livro secreto de João, Tradições de Matias, Diálogo do Salvador. (também descobertos em 1946, em Nag-Hammadi, no Egito). D. APÓCRIFOS (escondidos ou duvidosos). Livros não-bíblicos aceitos por alguns, mas rejeitados por outros. Esses livros gozavam de grande estima pelo menos da parte de um pai da igreja. Tiveram, quando muito, o que Alexander Souter chamou de “canonicidade temporal e local”. Haviam sido aceitos por um número limitado de cristãos, durante um tempo limitado, mas nunca receberam um reconhecimento amplo ou permanente. Eram considerados mais importantes que os pseudepígrafos e faziam parte das bibliotecas devocionais e homiléticas das igrejas primitivas, pelas seguintes razões: revelam os ensinos da igreja do século II; fornecem documentação da aceitação dos 27 livros canônicos do N.T.; fornecem informações históricas a respeito da igreja primitiva, quanto à sua doutrina e liturgia. São eles: Epístola do Pseudo-Barnabé; Epístola aos coríntios; Homilia antiga (chamada “Segunda epístola de Clemente); O pastor, de Hermas (foi o livro não-canônico mais popular da igreja primitiva); O Didaquê (ou “Ensino dos doze apóstolos”); Apocalipse de Pedro; Atos de Paulo e de Tecla; Carta aos laodicenses; Evangelho segundo os hebreus; Epístola de Policarpo aos filipenses; Sete epístolas de Inácio (este teria sido discípulo de João, mas não reivindica para si autoridade divina). 21.12. Critérios Para Reconhecer a Canonicidade de um Livro Quatro princípios gerais ajudaram a determinar quais livros deveriam ser aceitos como canônicos: A. Apostolicidade: foi escrito por um apóstolo, ou, senão, tinha o escritor do livro um relacionamento tal com um apóstolo, de modo a elevar seu livro ao nível dos livros apostólicos? (At 4:13 mostra a credibilidade dos apóstolos). B. Conteúdo: era o conteúdo de um dado livro de tal natureza espiritual que lhe desse o direito a esta categoria? Esse teste eliminou muitos livros apócrifos ou pseudo-apócrifos. C. Universalidade: era o livro recebido universalmente pela igreja? D. Inspiração: mostrava o livro evidência de ter sido divinamente inspirado? Era o teste final. Tudo tinha que cair diante dele. Da mesma forma que a apostolicidade é provada, também é provada a canonicidade dos livros do Novo Testamento, tal como se prova a autoria dos renomados escritores mundiais cujas obras trazem seus nomes. A consciência cristã, dominada pelo Espírito, discerniu entre o puro e o impuro. Cumpre ressaltar que tal realização não se deve nem à própria Igreja, mas que ela aconteceu obedecendo aos mesmos processos da canonização do Velho Testamento. Isto é, cada livro foi se impondo e falando por si mesmo com suas provas internas e externas até que, em determinado tempo, foi reconhecido pelas autoridades eclesiásticas e pelos Pais da Igreja como possuindo autoridade apostólica, não havendo a intervenção de Concílios. Os livros apareceram primeiramente separados, em épocas e localidades diferentes. Foram guardados com carinho pelas Igrejas e aceitos como apostólicos. Eram lidos nas assembléias cristãs, em reuniões devocionais, inspirativas e doutrinárias. BIBLIOLOGIA - 67 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Ao encerramento do N. T. (isto é, ao terminar de ser escrito o livro de Apocalipse, em cerca do ano 96 depois de Cristo) foi reconhecido por TODOS os crentes fiéis que o cânon do N. T. (isto é a coleção de 27 livros que o constituem) estava encerrado para sempre, e incluía o livro do Apocalipse. Claro que, sempre houve, há e haverá um pequeno grupo de descrentes em algum livro, sempre há e haverá os infiéis, os agentes que o Diabo sempre introduz para levantar dúvidas a princípio leves e sutis, depois mais pesadas. Algo depois do acima referido encerramento do N. T., tudo isto acima dito (e que sempre foi o consenso entre os crentes fiéis) foi meramente RECONHECIDO e declarado OFICIALMENTE e por TODOS no III Concílio de Cártago, em 397 d.C. O NOVO TESTAMENTO é canônico, uma vez que todos os seus livros, e somente eles, foram desde o início universalmente reconhecidos como inspirados, porque: 1. Foram escritos pelos apóstolos (ou suas segundas pessoas) (Cl 1:1,2). 2. Foram universal e espontaneamente aceitos (1 Ts 2:13). 3. Foram aceitos pelos “pais da igreja” (filhos ou netos espirituais dos apóstolos, por quem foram ensinados, diretamente. Exemplo: Policarpo, filho na fé de João). 4. Tem conteúdo evidentemente inspirado, edificante, espiritual, harmônico com toda a Bíblia. É notável o fato de não termos tido interferência da autoridade da igreja na constituição de um cânone; nenhum concílio discutiu esse assunto; nenhuma decisão formal foi tomada. O Cânone do N.T. parece ter se formado sozinho... Lembremo-nos que esta não-interferência de autoridade constitui um tópico valioso de evidência quanto à genuinidade dos quatro evangelhos; pois assim parece que não foi devido a qualquer autoridade adventícia, mas sim a seu próprio peso, que desbancaram todos os seus rivais. (George Salmon – Uma Introdução Histórica ao Estudo dos Livros do Novo Testamento, 1888, pág. 121). É bom que fique claro, que certos livros do Novo Testamento foram considerados canônicos independentemente de se conhecer quem os escreveu. O exemplo clássico que temos disso é a Carta aos Hebreus. Muitos dos debates que ainda perduram até hoje sobre alguns livros do Novo Testamento, não se ligam à sua canonicidade, mas à sua autoria. 22 - A BÍBLIA E SUA PRESERVAÇÃO Deus jurou e realmente preservou Suas palavras, de um modo absolutamente perfeito, de maneira que cada palavra do Texto (em Hebraico-Aramaico e em Grego) por Ele preservado e que temos agora escrita em papel, nas nossas (a Bíblia), é plenária, exclusiva, inerrável, infalível e verbalmente a própria Palavra eterna do próprio Deus! Esta preservação só requereu a infalível providência de Deus, não Seu milagre contínuo. Falamos de texto; de palavras; não de suas representações, nem de manuscritos e outros meios físicos (1 Cr 16:15; Sl 12:6-7; 19:7-8; 33:1; 100:5; 111:7-8; 117:2; 119:89,152,160; 138:2b; Is 40:8; 59:21; Mt 4:4; 5:18; 24:35; Lc 4:4; 16:17; 21:33; Jo 10:35b; 16:12-13; 1 Pe 1:23,25; Ap 22:18-19). Os próprios autores humanos sabiam que estavam escrevendo "as Palavras de Deus". Os líderes cristãos dos primeiros séculos da nossa Era utilizaram e citaram material neotestamentário lado a lado com material do veterotestamentário. como sendo Palavra de Deus. Entendendo, como entenderam, que estavam lidando com coisa sagrada, iriam zelar por essa Palavra, vigiando o processo da transmissão. BIBLIOLOGIA - 68 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Dispomos de declarações cabais dessa preocupação a partir do próprio N. T. (Ap 22:18-19). Justino Mártir (150 d.C.) escreveu que era costume nas congregações cristãs, quer na cidade quer no campo, ler tanto o N. T. como o A. T. cada Domingo. Resulta dali que tinham que existir cópias, muitas cópias (não se pode ler sem livro), e teriam que ser cópias boas (os usuários seriam exigentes). Embora o processo de copiar à mão resulte em erros sem querer, muitas vezes, no início, seria possível verificar qualquer cópia contra o Autógrafo (documento original), e principalmente nas regiões mais próximas da igreja detentora do Autógrafo. Tudo indica que pelo menos 18 e talvez até 24 dos 27 Autógrafos (2/3 a 8/9) se encontravam na região Egéia (Grécia e Ásia Menor). Foi exatamente nessa área que a Igreja mais prosperou, e ela se tornou o eixo da Igreja até o 4º século (pelo menos). [Lembrar que Jerusalém foi saqueada em 70 d.C., e provavelmente quaisquer Autógrafos ali existentes foram levados para a Antioquia, ou ainda mais longe]. Foi também nessa área que a língua Grega foi mais usada, e durante mais tempo, pois foi a língua oficial do império bizantino (transmissão exata de qualquer texto é possível unicamente na língua original). A Ásia Menor foi caracterizada também por uma mentalidade conservadora quanto ao Texto Sagrado. Na Antioquia, surgiu uma "escola" de interpretação literalista (por formação, um literalista é obrigado a se preocupar com a exata redação do texto, pois sua interpretação se prende a ela). Quer dizer que até o ano 300 d.C. tinha um fluxo cada vez maior de cópias boas, fidedignas emanando da região Egéia para o mundo cristão, precisamente porque aquela região reunia todos os requisitos para se impor à confiança da Igreja, quanto ao Texto Sagrado. Em contraste, no Egito, a igreja era fraca, herética, não se usava o Grego, não havia nenhum Autógrafo (fatalmente o texto ali existente sempre seria de 2ª mão, no mínimo), grassava uma mentalidade alegorista. Enfim, o Egito seria um dos últimos lugares onde procurar um texto bom. Aí houve a campanha de Diocleciano (303 d.C.), visando destruir os MSS (manuscritos) do N. T. Sendo que a perseguição mais ferrenha deu-se exatamente na região Egéia, teria sido uma oportunidade perfeita para os tipos de texto existentes no Egito e na Itália conquistarem espaço maior no fluxo da transmissão do Texto e fossem considerados aceitáveis ou viáveis. Mas não aconteceu; os principais pergaminhos não têm "filhos" — ninguém quis copiar semelhante texto. Aliás, podemos deduzir que a campanha de Diocleciano teve um efeito purificador na transmissão. Grosso modo, os MSS menos preciosos e respeitados seriam os primeiros a serem entregues à destruição; já os exemplares mais cotados e respeitados seriam protegidos a qualquer custo, e uma vez que a perseguição passou serviriam de base para suprir as igrejas com cópias boas novamente. O movimento Donatista girou em torno da punição merecida pelas pessoas que entregaram seus MSS (entre outras coisas). Obviamente muitos não os entregaram, e os que entregaram foram discriminados. É geralmente reconhecido por eruditos de todas as linhas teóricas que, a partir do 4º século, o fluxo da transmissão do Texto foi tranquilamente dominado por um tipo de texto, geralmente conhecido por "Bizantino" em nossos dias. "Bizantino" porque esse império abrangeu exatamente a região Egéia, a região que reunia todas as qualificações necessárias para garantir a transmissão fiel do Texto. Até hoje, as "Igrejas Ortodoxas" do oriente utilizam esse tipo de texto. Lá pelo 9º século, houve um "movimento" (parece que foi mais ou menos espontâneo) no sentido de mudar o estilo de grafia de letras maiúsculas (unciais) para cursivas (minúsculas). Os exemplares antigos eram copiados na nova "roupagem" e aparentemente BIBLIOLOGIA - 69 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] grande número desses antigos foram destruídos (ou reciclados, daí os "palimpsestos", manuscritos apagados e escritos por cima). Dos MSS gregos existentes hoje (do N. T.), uns 95% trazem o texto "Bizantino" e os outros 5% são um tanto heterogêneos (o erudito Frederic Wisse fez uma comparação minuciosa de 1.386 MSS gregos nos capítulos 1, 10 e 20 de Lucas e chegou à conclusão de que apenas oito deles representavam o tipo de texto egípcio, geralmente chamado "Alexandrino" em nossos dias — 8 contra 1.375 !!!). Cabem aqui algumas ressalvas: A. A mera antiguidade de um MS não garante nada quanto à sua qualidade. Aliás, devemos perguntar: como poderia um MS sobreviver fisicamente durante mais de 1.500 anos? Teria que ficar no desuso e ainda num clima seco. Como todos os MSS mais antigos estão cheios de erros cabais, tudo indica que foram reprovados no seu tempo — certo é que não foram copiados, a julgar pelos MSS existentes. B. Como é que não dispomos de MSS tipicamente "Bizantinos" de antes do 5º século? Qualquer MSS digno de uso seria usado e gasto por esse uso. Assim, seria estranho encontrar um MSS bom com tanta idade. Os MSS fidedignos foram intensamente usados e copiados, e acabados; mas, o texto (ou redação) que traziam foi preservado através das sucessivas gerações de cópias. C. A idéia de que teria havido um congresso ou concílio no 4º século que "normalizou" o texto do N. T. carece de qualquer sustentação histórica. No caso da Vulgata Latina, que na hipótese seria análogo (o papa tentou impor a nova tradução), não resultou o consenso que existe entre os MSS "Bizantinos". D. Como é que a grande maioria dos eruditos dos últimos cem anos tem preferido o texto "Alexandrino" e desprezado o texto "Bizantino"? A resposta está nas pressuposições e no terreno espiritual. Por exemplo, nenhum dos cinco redatores responsáveis pelo texto eclético, ora em voga, acredita que o N. T. seja inspirado por Deus, e o próprio Senhor Jesus adverte que a neutralidade no terreno espiritual não existe (Lc 11:23). Resumindo, os livros neotestamentários foram reconhecidos como "Bíblia" desde o início e, através das décadas e dos séculos, as gerações sucessivas de crentes zelaram pela transmissão fiel desses livros. O Texto nunca se "perdeu". Nos primeiros 200 anos, era sempre possível constatar a exata redação de qualquer livro. A preservação divina operou durante todos os séculos, de tal modo que ainda hoje podemos ter certeza razoável, com base em critérios objetivos, da exata redação original do N. T. Daí, uma preservação tamanha, uma preservação semelhante, abrangendo tantos séculos de transmissão à mão, e passando por tantas tribulações — uma preservação assim é simplesmente divina! É uma prova aparente da atuação divina, que vale dizer também que Deus abonou a escolha da Igreja, o Cânon. O argumento mais contundente e convincente a favor do exato Cânon que a Igreja vem defendendo através dos séculos é exatamente a preservação divina desse Cânon. Essa preservação é igualmente um forte argumento a favor da inspiração do Texto. É o argumento lógico. Se o Criador fosse dar uma revelação à nossa raça, deveria também preservá-la. Constatamos que Ele a preservou, com efeito. Por que Ele cuidou tanto de preservar esse Texto, e só esse Texto? Portanto, porque Ele tinha interesse especial nesse Texto. Deus realmente não só inspirou, mas também preservou Sua Palavra incessante, inerrável, infalível e verbalmente, da forma mais perfeita e absoluta (Is 40:8, 59:21; Mt 5:18; Jo 10:35; 1 Pe 1:23-25). Vejamos: BIBLIOLOGIA - 70 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 1. Salmos 12:6, 7 - As palavras do SENHOR são palavras PURAS, [como] prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes. (7) Tu os GUARDARÁS, SENHOR, desta geração os livrarás [PRESERVARÁS] PARA SEMPRE. (Também pode [e deve!] ser traduzido “Tu as GUARDARÁS, ... as PRESERVARÁS ...”, referindo-se às palavras de Deus!) 2. Salmos 19:7 - A lei do SENHOR é PERFEITA, e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é FIEL, e dá sabedoria aos símplices. (8) Os preceitos do Senhor são RETOS e alegram o coração; o mandamento do Senhor é PURO e ilumina os olhos. 3. Salmos 119:89 - [lamed:] PARA SEMPRE, ó SENHOR, a tua palavra PERMANECE [está estabelecida] no céu. 4. Salmos 138:2 - ... engrandeceste a tua PALAVRA acima de todo o teu nome (! Que inspiração verbal, isto é, palavra por palavra!). 5. Isaías 40:8 - Seca-se a erva e cai a flor, porém a PALAVRA de nosso Deus subsiste ETERNAMENTE. 6. Mateus 4:4 - ... Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de TODA a PALAVRA que sai da boca de Deus. 7. Mateus 5:18 - ... até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido. 8. Mateus 24:35 - O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras NÃO HÃO DE PASSAR. 9. Lucas 16:17 - E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei. Deus preservou Sua palavra de modo tão maravilhoso, somente através do Texto Massorético (V.T.) e do Texto Recebido (N.T.) 22.1. A Preservação do Antigo Testamento Cuidados extremos dos copistas garantiram que mesmo hoje apenas uma de cada 1580 letras do V. T. tenha variante, mesmo que esta variante seja totalmente improvável. E nenhum desses casos tem o menor dos menores efeitos em nenhuma doutrina. O rigor com o qual os judeus transmitiram a Bíblia Hebraica até hoje pode ser visto nas prescrições abaixo, preservadas no Talmude: “Um rolo de sinagoga deve ser escrito sobre peles de animais limpos, preparadas por um judeu, para o uso particular da sinagoga. Estas devem ser unidas mediante tiras [de couro] retiradas de animais limpos. Cada pele deve conter certo número de colunas, igual em toda a extensão do códice. A altura da coluna não deve ser menor do que 48 nem maior do que 60 linhas; e a largura deve ser de 30 letras. Toda a cópia deve ser primeiro dotada de linhas; e se três palavras forem escritas nela sem uma linha, será sem valor. A tinta deve ser preta, não vermelha, verde nem de qualquer outra cor e deve ser preparada de acordo com uma receita definida. Uma cópia autêntica deve ser o modelo do qual o transcritor não deve desviar-se até nos menores detalhes. Nenhuma palavra, letra e nem ainda um yod deve ser escrito de memória sem que o escriba não a tenha olhado no códice que está à sua frente. ... Entre cada consoante deve intervir o espaço de um cabelo ou de um pavio; entre cada palavra o espaço será de uma consoante estreita; entre cada novo parashah, ou secção, o espaço será de nove consoantes; entre cada livro, três linhas. O quinto livro de Moisés deve terminar exatamente com uma linha, mas os restantes não necessitam terminar assim. Além disto, o copista deve sentar-se com vestimenta judia completa, lavar todo o seu corpo, não começar a escrever o nome de Deus com a pena recentemente molhada na tinta e mesmo que um rei lhe dirigisse a palavra enquanto estava escrevendo este nome, não deve dar atenção a ele.” BIBLIOLOGIA - 71 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Cada jovem escriba era advertido pelo escriba ancião: “Acautela-te de como fazes teu trabalho, porque este é o trabalho do céu, não aconteça que tu omitas ou insiras uma letra e assim te tornes o destruidor do mundo!” (mundo = humanidade). Cada palavra e cada letra era contada, e se UMA letra tivesse sido omitida ou inserida, ou se UMA letra tocasse por outra letra, a página era imediatamente destruída; três erros numa página condenavam todo o manuscrito! 22.2. A Preservação do Novo Testamento Há cerca de 6000 manuscritos em Grego. Compare: “Texto Recebido” (Impresso por Erasmus, Stephen, Beza, Elzevir, etc., a partir de 1516) “Textos Críticos” (Impressos por Westcott e Hort, etc., a partir de 1881) São cerca de 95% dos manuscritos em Grego São cerca de 5% dos manuscritos em Grego São absolutamente consistentes entre si São absolutamente inconsistentes entre si (e, até, cada um consigo próprio) Vieram de igrejas firmes Vieram de igrejas introdutoras de heresias (Alexandria) Únicos textos adotados pelas igrejas fiéis e instruídas, sempre, antes e após a Reforma. Só recentemente descobertos/adotados pelos liberais e modernistas, que os chamam “mais antigos e melhores textos”. Das cerca de 140.000 palavras do N.T. em Grego, os T.C’s. omitem/alteram/adicionam cerca de 10.000. Em alguns casos os T.C’s. sempre diminuem a inspiração das Escrituras, a divindade de Cristo, Seu sangue, Seu nascimento virginal, a natureza vicária da Sua morte, a Trindade, outras doutrinas cardinais. Os autógrafos originais de todos os livros do Novo Testamento não existem mais. Eram feitos de papiro e este material não resistia aos séculos em condições normais de uso. O que temos hoje são cópias destes originais. O fato dos originais não existirem não deve assustar ninguém. Até mesmo a obra de Camões, "Os Lusíadas", só é preservada por cinco cópias e não há o original. Mesmo assim, ninguém duvida de que temos a obra como Camões a escreveu com sua própria mão. A famosa “Ilíada” de Homero é atestada por 643 manuscritos, sendo que o mais antigo manuscrito completo é do século XIII. As tragédias gregas de Eurípides são atestadas por aproximadamente 330 manuscritos. 23 - JESUS USOU A SEPTUAGINTA? D. A. Waite desafia a contenção que Jesus citou da Septuaginta. Em Mateus 5:18, Jesus falou sobre a Lei e disse: "Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido." Nosso Senhor falou do "i" e do "til", as menores partes das letras hebraicas. Quão pequeno? Bem, o "i" se refere à letra hebraica “yodh” que é do tamanho de uma apóstrofe. Esta é um terço da altura das outras letras hebraicas. O "til" se refere aos chifres, ou extensões minúsculas, de algumas letras hebraicas, como o “daleth”, algo parecido com o golpe vertical do lábio em nosso “m” ou “n". Isto excluiria uma Bíblia grega. Além disso, o Novo Testamento se refere a uma divisão tripartite do Velho Testamento - Lei, Profetas e Salmos (Lucas 24:27, 44). Os manuscritos do Velho Testamento grego são, porém, entremeados com BIBLIOLOGIA - 72 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] escritos apócrifos, nunca reconhecidos como "escritura" pelos rabinos, ou por Cristo ou pelos apóstolos. Waite também nos refere para Mateus 23:35 como sendo apropriada a esta discussão: “para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que mataste entre o santuário e o altar". Ele escreve: Por esta referência, o Senhor pretendeu responsabilizar os Escribas e os Fariseus por todo o sangue de pessoas inocentes derramado do V.T. inteiro. Abel se acha em Gênesis 4:8, mas Zacarias se acha em 2 Crônicas 24:20-22. Se você olha sua Bíblia hebraica, você achará II Crônicas no último livro (i.é, o último livro na terceira seção, os Escritos). Se, por outro lado, você olha em sua edição da Septuaginta, tal como publicada pela Sociedade Bíblica Americana, 1949, Terceira Edição, editada por Alfred Rahlfs, você vê que ela termina com Daniel seguida por "Bel e o Dragão". Isto é prova clara que Nosso Salvador usava o Velho testamento hebraico e não o grego. (Ver Lucas 11:51). Esta é uma observação significante. A frase, "Abel até Zacarias," é apenas outro modo de declarar, "do início ao fim". Jesus não disse, "de Abel até Bel e o Dragão". 23.1. A Falácia de que o Novo Testamento faz Citações da Septuaginta Uma citação no NT de uma passagem do VT, que não é automaticamente uma citação literal do Texto Massorético, não implica necessariamente que o escritor do Novo Testamento estava usando uma versão diferente do Texto Massorético. Em Ef 4:8, por exemplo, o apóstolo Paulo cita Salmo 68:18 (67:18 na LXX), mas a citação não concorda nem com o Texto Massorético nem com a LXX. Quando citações no NT variam do Texto Massorético hebraico do VT não implica necessariamente o uso da LXX. Os escritores do NT, escrevendo debaixo da inspiração do Espírito Santo, sentiram-se livres para levar a passagem do VT a dar um significado mais completo a eles revelado pelo Espírito Santo. DiVietro afirma: “Seria errado presumir que Jesus usou a Septuaginta. Qualquer liberdade que Ele praticou com o texto das Escrituras hebraicas, Ele o fez como Seu Autor, não como Seu Crítico. Estaria, também, errado presumir que os escritores do Novo Testamento usaram a Septuaginta como o Velho Testamento autorizado deles. Suas formas características de tradução não fornecem nenhuma defesa da prática moderna de tradução de paráfrase e ou equivalência dinâmica. As leituras aberrantes da LXX não deveriam ser elevadas sobre as leituras do Texto Massorético.” 24 - A SUFICIÊNCIA DA BÍBLIA Faz parte integrante da fé evangélica a convicção de que a igreja nada pode acrescentar à Bíblia (Dt 4:2, 12:32; Pv 30:6; Ec 3:14; Ap 22:18-19; 2 Pe 1:3; Jd 3) e de que todas as suas doutrinas devem ser testadas pela sua fidelidade às Escrituras (At 17:11). Embora nos valendo da erudição dos expositores, nem por isso devemos aceitar deles, ou de quem quer que seja, qualquer opinião que esteja em conflito com o sentido claro da própria Bíblia (At 17:11) – pois cremos que esta nunca se contradiz. Em última análise, devemos depender da unção do mesmo Espírito de Deus que inspirou os escritores (Jo 16:13; 1 Co 2:10-14; 1 Jo 2:27). Para tanto, havemos de BIBLIOLOGIA - 73 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] <<permanecer Nele>>, a fim de sabermos o que é que nos diz o Deus que <<falou aos profetas>> (Jo 6:63; 2 Co 3:6). “Toda escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2 Timóteo 3:16-17). 25 - A AUTORIDADE SUPREMA DAS ESCRITURAS A igreja primitiva recebia a Bíblia como a autoridade final. Gaussen diz: “Com exceção unicamente de Theodore de Mopsuestia, tem sido impossível encontrar, ao longo dos oito primeiros séculos do cristianismo, um único doutor que tenha negado a inspiração plena das Escrituras, a menos que fosse no seio das mais violentas heresias que têm atormentado a igreja cristã; isso equivale a dizer, entre os gnósticos, os maniqueístas, os anomistas e os maometanos”. L. Gaussen, Theopneustia (Chicago: The Bible Institute Colportage Ass’n n. D.) pág. 139 e segs. (Palestras em Teologia Sistemática – Henry Clarence Thiessen, pg. 45). A autoridade suprema das Escrituras também é uma doutrina puritano-presbiteriana. A ela, os puritanos tiveram que apelar frequentemente na luta que foram obrigados a travar contra as imposições litúrgicas da Igreja Anglicana. A Confissão de Fé de Westminster professa a referida doutrina em três parágrafos do seu primeiro capítulo. No quarto parágrafo, ela trata da origem ou fundamento da autoridade das Escrituras: “A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o Seu Autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a Palavra de Deus”. Mas, visto que Cristo nos fala agora pelo Seu Espírito por meio das Escrituras (Hb 1:1), e que as revelações da criação e da consciência não são nem perfeitas e nem suficientes à salvação do homem, por causa da queda, que corrompeu tanto uma como outra, a Palavra final, suficiente e autoritativa de Deus para esta dispensação são as Escrituras Sagradas. O fato é que, por procederem de Deus, as Escrituras reivindicam atributos divinos: são perfeitas, fiéis, retas, puras, duram para sempre, verdadeiras, justas (Sl 19:7-9) e santas (2 Tm 3.15). Cf. também Salmo 119:39, 43, 62, 75, 86, 89, 106, 137, 138, 142, 144, 160, 164, 172, Mateus 24:34; João 17:17; Tiago 1:18; Hebreus 4:12 e 1 Pedro 1:23, 25. Que autoridade teria Paulo para exortar aos gálatas no sentido de rejeitarem qualquer evangelho que fosse além do Evangelho que ele lhes havia anunciado, ainda que viesse a ser pregado por anjos? Só há uma resposta razoável: ele sabia que o Evangelho por ele anunciado não era segundo o homem; porque não o havia aprendido de homem algum, mas mediante a revelação de Jesus Cristo (Gl 1:8-12). Jesus também atesta a autoridade suprema das Escrituras: pelo modo como a usa, para esclarecer qualquer controvérsia: "está escrito" (exemplos: Mt 4:4, 6, 7, 10; etc.), e ao afirmar explicitamente a autoridade das mesmas, dizendo em João 10:35 que "a Escritura não pode falhar." A fé reformado-puritana reconhece a autoridade de todo o conteúdo das Escrituras, e sua plena suficiência e suprema autoridade em matéria de fé e práticas eclesiásticas. Tão importante foi a redescoberta destas doutrinas pelos reformadores (Reforma Protestante) que se pode afirmar que, da aplicação prática das mesmas, decorreu, em grande parte, a profunda reforma doutrinária, eclesiástica e litúrgica que deu origem às igrejas protestantes. BIBLIOLOGIA - 74 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Todas as doutrinas foram submetidas à autoridade das Escrituras. Todos os elementos de culto, cerimônias e práticas eclesiásticas foram submetidos ao escrutínio da Palavra de Deus. A própria vida (trabalho, lazer, educação, casamento, etc.) foi avaliada pelo ensino suficiente e autoritativo das Escrituras. Muito entulho doutrinário teve que ser rejeitado. Muitas tradições e práticas religiosas acumuladas no curso dos séculos foram reprovadas quando submetidas ao teste da Suficiência e da Autoridade Suprema das Escrituras. E a profunda Reforma religiosa do século XVI foi assim empreendida. BIBLIOGRAFIA BÁSICA COSTA, Hermisten Maia Pereira da. A Inspiração e Inerrância das Escrituras. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1998. ATIVIDADE 1. Demonstre a inspiração e veracidade da Bíblia Sagrada, usando unicamente a Bíblia. PROGRAMA DE ESTUDOS Para finalização dos estudos no MODO INTENSIVO, essa disciplina deverá ser concluída em 5 dias. Para finalização dos estudos no MODO NORMAL, essa disciplina deverá ser concluída em 20 dias. SUMÁRIO 1 - PORQUE ESTUDAR A BÍBLIA?............................................................................. 2 1.1. A RAZÃO DE ESTUDAR A BÍBLIA POR SI MESMO............................................................2 1.2. AS DIMENSÕES DA BÍBLIA .........................................................................................4 1.3. DOUTRINAS RELACIONADAS AO ESTUDO BÍBLICO..........................................................4 2 - O PROCESSO DOS ESTUDOS BÍBLICOS............................................................... 4 2.1. OBSERVAÇÃO..........................................................................................................4 2.2. INTERPRETAÇÃO.......................................................................................................5 2.3. APLICAÇÃO .............................................................................................................7 3 - MÉTODO DEVOCIONAL ....................................................................................... 9 4 - MÉTODO DE RESUMO POR CAPÍTULO .............................................................. 10 4.1. ETAPAS DO MÉTODO .............................................................................................. 10 5 - MÉTODO DA QUALIDADE DE CARÁTER ............................................................ 12 5.1. ETAPAS DO MÉTODO .............................................................................................. 13 6 - MÉTODO DE ESTUDO TEMÁTICO...................................................................... 17 6.1. ETAPAS DO MÉTODO .............................................................................................. 17 7 - MÉTODO DE ESTUDO BIOGRÁFICO................................................................... 20 7.1. DICAS PARA O ESTUDO BIOGRÁFICO ......................................................................... 20 7.2. ETAPAS DO MÉTODO .............................................................................................. 21 8 - MÉTODO DE ESTUDO POR TÓPICOS................................................................. 25 8.1. ETAPAS DO MÉTODO .............................................................................................. 25 9 - MÉTODO DE ESTUDO HISTÓRICO-CULTURAL E CONTEXTUAL.......................... 26 9.1. POR QUE ESTUDAR CENÁRIOS? ............................................................................... 26 9.2. O VALOR DA ARQUEOLOGIA..................................................................................... 27 9.3. ETAPAS DO MÉTODO .............................................................................................. 27 10 - MÉTODO DE ESTUDO SINTÉTICO.................................................................. 30 10.1. ETAPAS DO MÉTODO .............................................................................................. 31 MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 2 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 1 - PORQUE ESTUDAR A BÍBLIA? Um estudo bíblico inaugurou o ministério terrestre de Jesus, e com um estudo bíblico ele o encerrou. Esta é a ênfase do evangelho segundo Lucas (Lc 4.14-22; 24.27,32,44). Lucas é o livro bíblico que chama Jesus de Mestre o maior número de vezes. Jesus pressupunha que o homem só pode aproximar-se de Deus por meio da sua revelação. O estudo bíblico é o modo de conhecer a revelação de Deus. O estudo bíblico foi um meio utilizado pela igreja primitiva na divulgação do evangelho e no fortalecimento da fé dos convertidos (At 8.35; 17.2-3,11; 18.27-28). Eles seguiam os passos de Jesus e acreditavam, como ele, que a pesquisa das Escrituras levaria os homens ao encontro de Deus. O próprio evangelho de Lucas é o resultado do estudo bíblico de evangelhos anteriormente escritos, conforme declara o autor no prefácio da obra (Lc 1.1-4). A leitura do Novo Testamento certamente confirma a tese de que o estudo bíblico era uma das principais atividades desenvolvidas pela igreja nascente e missionária, no primeiro século. Estas poucas observações bastam para ressaltar nosso dever de estudar a Bíblia. É um dever e não uma opção, visto que este era o proceder de nosso Mestre, da igreja antiga e dos próprios escritores inspirados. O que conhecemos de Jesus está na forma de um livro que necessita ser estudado para obter dele uma plena compreensão da sua obra e pessoa. Todos os que se aproximam da Bíblia, utilizam-se de um método de estudo da mesma, consciente ou inconscientemente. Não há problema em ter um método de estudo bíblico, desde que ele seja válido e nos conduza a resultados verdadeiros. É necessário verificar se o método que utilizamos para estudar a Bíblia é bom. Mesmo aqueles grupos que afirmam não estudar a Bíblia, têm seu modo especial de basear nela os seus pensamentos. Outros, mais conscientes da necessidade de estudo, utilizam-se de comentários, livros de estudo dirigido e de outras obras, para obter maior compreensão do texto bíblico. Ouvir palestras, aulas e pregações é para a maior parte das pessoas o único método de estudar a Bíblia que conhecem. Nosso objetivo é incentivá-lo ao estudo independente da Bíblia. Esta independência não diz respeito a Deus, e sim ao homem. Grande parte do povo de Deus tem-se tornado erradamente dependente de outros para compreender a Bíblia. Acreditamos que o conhecimento e divulgação de um bom método de estudar independentemente a Bíblia é o melhor modo de promover um retorno sadio aos ensinamentos da Escritura. 1.1. A Razão de Estudar a Bíblia Por Si Mesmo Não podemos deixar de considerar a conquista realizada na Reforma protestante. Lutero já havia descoberto que Bíblia longe do povo causaria corrupção, assim começou mesmo sendo um monge católico a ensinar a Bíblia e a estudava em suas línguas originais. Com isto foi formando o conceito de “sola scriptura”, idéia de que as Escrituras são a única autoridade para o pecador procurar a salvação. Assim começa entender que só a Bíblia tem a autoridade verdadeira. Em 31 de outubro de 1517, fixa suas 95 teses na Igreja do castelo de Wittenberg. Em 1518 afirma que a única autoridade no debate que teria logo a frente não seriam nem ao Papa nem a igreja, mas a Bíblia.Cria um sistema de educação elementar para que o povo pudesse aprender a ler a Bíblia em alemão Até a reforma a Bíblia vinha nas suas línguas originais ou no Latim, língua dos Romanos. A pregação passa ter o seu valor no culto. A Bíblia passa ser acessível a todo o povo, tendo contribuído fortemente para isso o advento da imprensa de Gutemberg. Alguém pode perguntar: Porque devo estudar a Bíblia por mim mesmo? Uma infinidade de pessoas já não fez esse estudo? Qual a razão de tentar fazer isto de novo? MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 3 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • A primeira razão para estudar a Bíblia por si mesmo é simples: não devemos absorver a "teologia" dos que nos rodeiam. Esta sempre foi a causa da apostasia e idolatria de Israel. Usaremos, porém, um exemplo moderno para ilustrar esse ponto: Os primeiros missionários de determinada denominação batizavam para a remissão de pecados. Hoje em dia, porém, a prática mais comum desta denominação não é esta. Qual a razão? Simples: como os primeiros obreiros diziam não ter necessidade de estudar a Bíblia (mas pregavam "inspirados" pelo Espírito, sem preparo prévio), com o tempo, esta denominação foi absorvendo a teologia evangélica mais forte no país que ensinava a não essencialidade do batismo. Moral da história: quem não estuda para aprender o que é certo, vai aprender de muitos modos o que é errado. • Outra razão para fazer um estudo bíblico independente é a má exegese encontrada na literatura sobre a Bíblia. Se um professor da escola dominical preparar suas aulas consultando comentários, vai acabar ensinando mentiras em nome de Deus. Por exemplo: num conceituado comentário, a parábola do fermento é alegorizada e a lição que o autor procura transmitir é que a "a falsa doutrina se infiltra em todas as partes do reino". O autor usa muitas referências e parece ter avaliado a opinião contrária. Como saber se ele está certo? Precisamos fazer um estudo próprio, caso contrário seremos induzidos a pensar como o comentarista quer que pensemos. Muitos exemplos deste tipo poderiam ser usados, mas o ponto é que não podemos ensinar opinião humana. Temos a obrigação de verificar tudo, e o melhor meio de fazê-lo é estudar sem influência alheia. • Um motivo importante para o estudo bíblico é o fato de não possuirmos um "intérprete oficial" da Bíblia como a Igreja Romana, ou como os Russelitas. Cada cristão e cada geração cristã tem o dever de estudar e determinar o que a Bíblia está dizendo. Se não fizermos isto, estamos endossando alguma forma de "credo oral", que substitui as Escrituras como critério da verdade. • Um estudo honesto e independente das Escrituras ajuda a tirar os textos bíblicos do seu "sentido comum". Chamamos de sentido comum aquele sentido que sempre demos ao texto até o dia em que aprendemos o que realmente o texto queria dizer. Quando um católico lê a palavra "batismo", o sentido comum associado a esta palavra evoca a imagem de um sacerdote jogando água na testa de um nenê. Um estudo sério e independente mostra que este sentido comum está errado. O estudo bíblico independente faz com que tiremos os "óculos" que sempre nos faziam ver as coisas com uma determinada cor: a cor das idéias preconcebidas ou pré- conhecidas. • Estudar a Bíblia faz com que deixemos de usar os textos como "textos-prova" de doutrinas, e busquemos a mensagem íntegra que o Espírito Santo quis transmitir através do escritor do texto sagrado. • Um estudo bíblico renovado impede aquela tendência de ser eclético e dar ao texto bíblico vários sentidos. Um estudo sério leva em conta o fato do escritor original ter tido em mente algo que precisamos saber. Não adianta somar tudo o que se diz sobre um texto; precisamos determinar o que o texto diz. • Por último, cremos que a razão mais importante para um estudo bíblico sério é a vontade de Deus. Deus quer que nos apropriemos da sua vontade. A Bíblia é o registro dela. Logo, é essencial que estudemos a pa-lavra de Deus e procuremos compreendê-la. Não existe conselho mais repetido nas Escrituras, direta e indiretamente. Deus é eternamente sábio. Se ele, nesta sabedoria, deixou sua vontade revelada em um livro, então temos a certeza de que é possível compreender a vontade dele pelo estudo deste livro. Se não o fizermos ou desistirmos da tarefa, estaremos blasfemando contra a sabedoria de Deus. MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 4 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 1.2. As Dimensões da Bíblia • A Bíblia é um livro natural (humano): Pois nela há ingredientes que comunicam ao homem. Gramática, estrutura, forma literária. Tudo isto de importância para o bom estudo. • A Bíblia é um livro espiritual (divino): Ela deve ser lida e estuda como Palavra de Deus. Termos que comunicam de forma progressiva as verdade de Deus aos homens. 1.3. Doutrinas Relacionadas ao Estudo Bíblico A. Revelação. A Bíblia se apresenta como a verdade revelada de Deus. Revelada = desvendada, como o abrir de uma cortina para ver o que está por detrás. Ela revela a verdade. B. Inspiração. Os autores bíblicos foram inspirados na sua escrita para ir aonde Deus queria que fossem e para produzir o que Deus queria que produzissem. Soprado por Deus – inspirado ou exalado por Deus. Esse hálito é o sopro do Senhor. C. Iluminação. É o ministério do Espírito Santo, que esclarece as verdades reveladas na Bíblia (Jo 16. 12-15). Atitudes que o cristão deve ter para ser iluminado pelo Espírito Santo para entender as Escrituras: • Pedir que o Espírito Santo sonde nossos corações – Sl 139.23,24, Sl 26.2. • Confessar o que é necessário ser confessado – Sl 32.5 ; 51.2,7,10,17; 66,18; 1Jo 1.9 • Pedir um coração receptivo, sedento e obediente – Sl 42.1,2; Pv 23.12; Hb 10.22. 2 - O PROCESSO DOS ESTUDOS BÍBLICOS Para se fazer qualquer investigação bíblica, é necessário ter uma metodologia de trabalho. Os métodos são os passos a serem dados na pesquisa; é a forma de procedimento para se chegar a um determinado fim. No nosso estudo vamos observar os seguintes passos: 2.1. Observação Depois de escolhido a passagem bíblica e o método que será utilizado, inicia-se a primeira etapa que é a observação. Nela vamos ler o texto várias vezes, em várias versões, fazendo suas anotações. Para essa etapa, o estudante irá fazer algumas perguntas ao texto até ficar bem familiarizado com a passagem. Quando lemos um texto bíblico, nós não conseguimos extrair dele, todas as riquezas nele contida. Às vezes pensamos que a passagem não tem tantas informações para serem tiradas. Mas, quando lemos comentários e também ouvimos pregações sobre o texto, ficamos perplexos com o que uma boa pesquisa pode fazer. A observação é, portanto, aquela etapa do estudo bíblico onde vamos gastar tempo para trazer à tona todos os detalhes nele contido. O propósito é que o estudante fique permeado com o conteúdo da passagem, e com isso tenha subsídios para as demais etapas da análise textual. A Observação é o alicerce do estudo. MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 5 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] A. Pré-Requisitos. Toda pesquisa exige interesse por parte do pesquisador para que ela tenha sucesso. Além disso, os esforço e a perseverança durante o processo são fundamentais para se chegar ao objetivo. Muitas descobertas foram feitas quando os pesquisadores já estavam no limite. Aliada à perseverança temos a paciência. Um bom estudo bíblico, preparado com ordem e fidelidade ao texto, exige paciência, pois os resultados nunca surgem em questão de minutos, principalmente quando não conseguimos descobrir alguma detalhes do texto. Também é fundamental que o estudante vá registrando todas as suas informações num caderno. Essas anotações serão importantes para a formatação do estudo bíblico. Cuidado com anotações em folhas soltas, pois é comum, com o passar do tempo, elas sumirem, perdendo assim informações importantes. O conteúdo de suas informações serão, posteriormente, averiguadas quanto à sua veracidade. Assim, anote tudo aquilo que vem à sua mente B. Como Ler o Texto Durante a Obsevação é fundamental que o estudante: • Dê atenção completa ao que se está vendo; • Esteja mentalmente alerta e concentrado; A pressa é uma grande inimiga da boa Observação. Assim sendo, deve-se: • Ler a passagem cuidadosamente; • Ler repetidamente; • Ler pensativamente – concentrando-se no que se está lendo; • Ler pacientemente; • Ler orando; • Ler imaginativamente; C. Perguntas Usadas na Observação • Quem? quem está falando e quem são os ouvintes? Quem são os personagens envolvidos? Anote todos os personagens envolvidos na cena. • O que? o que está acontecendo? O que cada personagem está falando, fazendo? O que acontece antes e depois do evento? • Onde? descreva o local da ação. Onde está o autor ao escrever, e onde estão os destinatários. Há locais geográficos que devem ser identificados ? • Quando? Quando estes eventos estão acontecendo? O momento é significante? Em que ponto da história estão ocorrendo? • Por que? Descubra fatos que motivaram o acontecimento ou a história, o motivo ou propósito do autor ou do personagem central. • Como? De que forma os acontecimentos se desenrolaram: rapidamente; vagarosamente; por mãos humanas; por um milagre. 2.2. Interpretação Em seguida entra a fase de interpretação, que é a etapa intermediária na confecção do estudo. Nela vamos usar as regras de interpretação, também chamada de HERMENÊUTICA. Assim, iremos descobrir o que o autor estava querendo dizer com aquela passagem. A fase de interpretação é de fundamental importância no estudo bíblico, pois se ela estiver errada, a aplicação, fatalmente estará também errada. MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 6 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] A Bíblia é o livro mais lido e o mais estudado em todo o mundo. Nela encontramos histórias, poesias, provérbios e profecias. Algumas partes são fáceis de entender, outras exigem um maior exercício para saber o real significado da passagem. Infelizmente, por negligenciar a importância da pesquisa, muitas pessoas a interpretam erroneamente. Para que cheguemos a um sentido mais exato do texto, precisamos usar as ferramentas corretas de interpretação. Assim, o curso tem como propósito apresentar aos alunos as regras fundamentais de interpretação da Bíblia, para que, através delas, eles possam encontrar o sentido correto de uma passagem das Escrituras, visando aplicá-la na sua vida e também compartilhá-la com os outros. O objetivo principal da interpretação bíblica é descobrir o sentido correto do texto na época em que ele foi escrito, com vistas à aplicação correta. Para isso, precisamos transpor as barreiras colocadas pelo tempo e a distância entre os autores bíblicos e nós. A. O Que Gera Interpretações Erradas. • Aceitação de uma explicação sem investigação • Influência de programas e livros evangélicos. • Colocação da experiência pessoal acima das Escrituras. • Falta de conhecimento do contexto histórico-cultural. • Falta de conhecimento e aplicação de regras de interpretação. • Falta de conhecimento da revelação progressiva de Deus. • Falta de investimentos em livros de pesquisas. B. Barreiras a Serem Removidas. A Bíblia foi clara, e não complicada, para os leitores originais. Mas somos separados do contexto deles por vários séculos, pela cultura, pela língua e pela história. Sem princípios para nos orientar nessa tarefa, podemos ficar perdidos no caminho de volta para o significado original do texto. Por isso, é necessário conhecer bem os princípios de interpretação da Bíblia. Existem diversos tipos de barreira que nos separam do ambiente dos autores do texto original, e portanto precisam ser transpostas para que possamos fazer a interpretação correta. Barreiras da Linguagem. Quando estudamos uma língua estrangeira sabemos que só ter a tradução da palavra não é suficiente. Temos que aprender a disposição mental, a cultura, a visão de mundo daqueles que falam a língua. Os escritos originais do Antigo Testamento foram escritos em hebraico, e uma pequena parte em aramaico. Já o Novo Testamento foi escrito em grego koiné, sendo que muitas palavras aparecem apenas uma vez na Bíblia, tornando o trabalho de tradução muito árduo. A primeira versão em Português, feita por João Ferreira de Almeida, já sofreu inúmeras alterações. Nos últimos anos a arqueologia tem descoberto manuscritos que têm colaborado no trabalho de busca do texto original. O bom interprete é aquele que leva este detalhe em consideração. Os comentários, muitos em Português, nos apresentam estudos de palavras que, certamente, nos darão uma maior compreensão do sentido que o autor original queria dar ao texto. Fazer uma interpretação baseada apenas na tradução da Bíblia em Português, sem nenhum outro critério de investigação, poderá resultar em uma verdadeira catástrofe teológica, particularmente se o estudo em questão for doutrinário. Barreiras Culturais. A Bíblia é o produto e a apresentação de culturas que são dramaticamente diferentes da nossa. Ela começou a ser escrita aproximadamente 1450 anos antes de Cristo. Por volta do ano 400 a.C. foi escrito o último livro do Velho Testamento – Malaquias. Já o Novo Testamento teve o seu primeiro livro escrito por volta do ano de 45 e o último, perto do ano 90 depois de Cristo. Sendo assim, o leitor da Bíblia deve estar ciente de que se trata de um documento antigo, escrito em épocas específicas, com propósitos específicos e para grupos específicos. Não podemos deixar esse detalhe de lado. MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 7 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Para termos uma visão exata do que ocorreu temos que tentar reconstruir o contexto cultural nas áreas da comunicação, transporte, comércio, agricultura, profissões, religião, etc. Barreiras de Comunicação. Comunicar é uma arte. No nosso caso, temos um ser perfeito se comunicando com um imperfeito, um ser infinito se comunicando com um finito, o que traz algumas dificuldades naturais. Exemplo de barreira: Pv 22.28: “Não removas os marcos antigos que puseram teus pais.” Possíveis respostas: • Não efetuar mudanças na forma como sempre fizemos as coisas. • Não furtar • Não remover os marcos que orientam os viajantes de cidade para cidade. • Nenhum dos casos acima Lembre-se não é o que o texto significa para você , mas sim o que o texto significa para seu autor e para seu primeiro publico. Nesta caso o marco se refere a um poste que indicava o fim da propriedade de certa pessoa e o começo da do seu vizinho. Sem as técnicas modernas de agrimensura, era uma coisa relativamente fácil aumentar a área da gleba mudando os marcos. Assim o objetivo é dar significado aos detalhes observados e descobrir os propósitos do texto sendo estudado. A qualidade da sua interpretação está embasada na qualidade de sua fundação. Se a observação não for bem feita a construção será prejudicada. Na OBSERVAÇÂO escavamos; na INTERPRETAÇÂO construímos. 2.3. Aplicação Após as observações e correta interpretação do texto, precisamos saber como as verdades e princípios bíblicos podem ser aplicados em nossas vidas. O propósito da Bíblia não é aumentar o nosso conhecimento, mas mudar as nossas vidas, o nosso caráter. Definição: Praticar na vida cristã diária o que foi estudado. É transformar conceitos em prática. Um estudo bíblico perde o seu objetivo se não chegar até o ponto de ser convenientemente aplicado. Aplicação: Responde à pergunta: “Como isto funciona?” Propósito: O propósito primário das escrituras é mudar as nossas vidas, não aumentar o nosso conhecimento. LEMBRE-SE! A aplicação é o ponto final de um longo trabalho A aplicação é o prêmio final do seu estudo bíblico A aplicação é o processo de elaboração que transforma conceito em prática. A. Auto Avaliação. Para aplicarmos as escrituras, primeiro a mudança tem e deve começar em nós mesmos. Não podemos agir como se a Palavra só servisse para os outros: “fulano precisava tanto ouvir isto...”. Assim uma auto-avaliação de pontos fortes e fracos é importante para se determinar as áreas onde devemos concentrar nossa atenção. MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 8 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] B. Substitutos da Aplicação. Há um perigo inerente ao estudo bíblico: levar o aluno a um processo intelectualmente fascinante, mas espiritualmente frustrante, onde o estudante até se entusiasma com a verdade, mas não experimenta mudança de vida. Existem alguns substitutos que podem ocupar o lugar da aplicação. Alguns exemplos: Substituir a aplicação por interpretação. O Sermão ou estudo que termina com “Que o Senhor abençoe seu coração com essa verdade”. Pois que aplicação é esta? Veja Tg 4.17. Substituir mudança substancial por obediência superficial. Quando sondamos áreas de nossa vida frente a uma determinada aplicação e deixamos de lado justamente áreas onde estamos em falta. Ex. vendedor que é honesto com mulher, filhos, mas não totalmente com seus clientes. Substituir arrependimento por racionalizações. No momento em que a verdade começa a “incomodar” procuramos desculpas para nos defender. Ex. Vendendor desonesto: “Faço isto pois meus concorrentes não são cristãos e também fazem. Se eu não fizer seria concorrência desleal.” Substituir decisões volitivas por experiências emocionais. Aquela experiência típica de domingo ou final de acampamento, retiro, onde são feitos compromissos, derramam-se lagrimas, etc. mas em poucos dias tudo é esquecido e não se produz nenhuma verdadeira transformação. C. Os 4 Passos na Aplicação. • Conhecer. Conhecer o texto: ou seja, realizar a observação e a interpretação de forma exaustiva. Há apenas uma interpretação e várias aplicações. Isto nos dá segurança que aquelo que estudamos não será mudado amanhã. Além de conhecer o texto, precisamos conhecer também a nós mesmos. Por isso a importância de se fazer uma auto-avaliação. • Relacionar. Tendo conhecimento do texto e da nossa realidade, devemos relacionar a Palavra de Deus com a nossa própria experiência. Na verdade, entende-se melhor o cristianismo como sendo uma série de novos relacionamentos. O padrão bíblico para isso é II Coríntios 5:17: “E assim, se alguém está em Cristo, é nova critatura: as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”. • Meditar. A verdadeira meditação é ponderar a verdade, com vistas a deixar que ela auxilie e reajuste nossas vidas. Não significa uma ginástica mental que procura esvaziar a mente, mas entrelaçar as Escrituras no tecido da vida diária. Confira Josué 1.8 e Salmo 1.1-2. • Praticar. O objetivo do estudo bíblico é a prática da verdade. Devemos nos perguntar: “Existe alguma área da minha vida onde esta verdade se faz necessária?”. E a seguir partir para a prática. D. Perguntas Para Auxiliar na Aplicação. Assim como na etapa da Observação usamos perguntas para bombardear o texto, também na Aplicação existem algumas que podem ser utilizadas quando abrirmos a Palavra: • Há um exemplo a ser seguido? • Há um pecado a se evitar? • Há uma promessa a se reivindicar? • Há uma oração a se repetir? • Há um mandamento a obedecer? • Há uma condição a se atender? • Há um versículo a ser memorizado? • Há um erro a se notar? MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 9 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Há um desafio a enfrentar? • Há algum novo pensamento sobre Deus (Pai, Filho e Espírito Santo)? 3 - MÉTODO DEVOCIONAL O método devocional envolve tomar uma passagem da Bíblia, grande ou pequena, e meditar nela com devoção até que o Espírito Santo lhe mostre um meio de aplicar a verdade na sua vida de modo que seja pessoal, prático, possível e mensurável. A meta é você levar a sério a Palavra de Deus e ser "praticante" do que ela diz (Tgl.22). FORMULÁRIO PARA ESTUDO DEVOCIONAL • Data: 30 de junho • Passagem: Lucas 12.22-26 • Oração o [X] (assinale depois de ter orado) • Meditação o Tenho de parar de me preocupar tanto. Deus cuidará de todas as minhas necessidades. Considerando que Deus me deu a vida, com certeza posso confiar que ele a sustentará. Aprendo com o exemplo dos pássaros, pois eles não se preocupam com o futuro. Mas Deus cuida deles diariamente. E se Deus cuida dos pássaros, claro que ele cuidará de mim! Além do mais, ficar me preocupando nunca faz bem. Nunca muda a situação. Então, por que me preocupar? Qual o proveito em me preocupar? Nenhum. o Mandamento a obedecer: Não se preocupe! (Lc 12.22). o Promessa a reivindicar: Deus vai cuidar de mim! (Lc 12.24). • Aplicação o Tenho de aplicar esta lição na área financeira de minha família. Durante este próximo mês (tomarei um mês de cada vez) toda vez que o diabo me tentar a ficar preocupado com minhas contas, eu resistirei o pensamento citando em voz alta Lucas 12.24. • Memorização o "Observem os corvos: não semeiam nem colhem, não têm armazéns nem celeiros; contudo, Deus os alimenta. E vocês têm muito mais valor do que as aves!" (Lc 12.24). • Data: 10 de julho • Passagem: Juízes 6.1-18 • Oração o ÍX] (assinale depois de ter orado) • Meditação o Quando Deus quer realizar algo, ele procura e usa pessoas. o Deus usa as pessoas mais inesperadas. o Deus pode mostrar melhor sua força através de nossas fraquezas. o O poder de Deus em nós é a resposta para nossas insuficiências. MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 10 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] o Pecado a confessar/atitude a mudar: Senhor, perdoe-me por não estar disposto a ser usado por ti. Senti que tu não poderias me usar por causa de minhas fraquezas. Tenho me servido de minha insuficiência como desculpa para a preguiça. Ajuda-me a lembrar que confiar em mim só me levará ao fracasso, mas que confiar em tua força em mim me dará vitória. Usa minhas fraquezas para dar glória a ti. • Aplicação o Tenho medo de aceitar o convite que minha igreja fez para ensinar numa classe de escola dominical. Dei desculpas para não assumir a posição, porque me sentia inadequado. Mas sei que Deus quer que eu ensine aquela classe, portanto vou dizer ao pastor que aceitarei a responsabilidade. • Memorização o Lembre o que Deus disse a Gideão: "Eu estarei com você" (Jz 6.16) 4 - MÉTODO DE RESUMO POR CAPÍTULO O método por resumo de capítulo implica em uma compreensão geral, através de cinco leituras seguidas do texto, no mínimo, além de perguntas sobre o seu conteúdo e um resumo das principais idéias da porção estudada. (Este método não deve ser confundido com os métodos investigativo do livro e analítico do capítulo). 4.1. Etapas do Método Você terá que gastar mais tempo, talvez, nos salmos, nos livros proféticos e nas epístolas do Novo Testamento. A. Título. Atribua ao capítulo um título curto e descritivo. Quanto menor o título, mais fácil para lembrar. Na verdade, se você aplicar este método em todos os capítulos do livro bíblico escolhido, poderá se lembrar do conteúdo do livro inteiro apenas memorizando os títulos dos capítulos. Use, se possível, uma palavra (ICo 13: "Amor") e, no máximo, cinco (Hb 11: "Os heróis da fé"). Descubra a palavra-chave do capítulo e ajuste-a ao título. Se o título for atrativo ou puder ser idealizado, você se lembrará por mais tempo. Alguém criativo deu o seguinte título para João 4: "Poço-Posso". Os dois eventos-chaves deste capítulo são a mulher do poço e o filho de um oficial a quem Jesus pôde curar. B. Conteúdo. Descreva, resuma, parafraseie, esboce ou faça uma lista dos principais pontos do capítulo. O método que escolher dependerá do estilo literário do capítulo e de sua preferência. Algumas pessoas gostam de resumir; analistas gostam de esboçar. Escolha o método que lhe deixar mais à vontade e que seja fácil de fazer. Não tente interpretar o capítulo; faça somente observações sobre o conteúdo. Escreva no formulário o que você percebe ter sido dito pelo escritor. C. Personagens importantes. Faça uma lista dos personagens mais importantes do capítulo. Elabore perguntas como: Quem são as pessoas mais importantes e por que se fazem presentes aqui? O que é significativo a respeito delas? Se o capítulo contém pronomes (ele, ela, eles etc), reporte-se, se necessário, ao capítulo anterior para identificar os personagens. Escreva suas razões por escolher alguns deles como os mais importantes. Quando se tratar de genealogias (listas de pessoas), não relacione cada uma delas, mas faça um resumo. D. Versículo-chave. Escolha um versículo que resuma o capítulo inteiro ou algum que lhe fale pessoalmente. Pode ser que você encontre um versículo-chave em certos capítulos que sintetize o argumento do escritor, e, em outros, não. Em outras ocasiões, poderá optar MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 11 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] por um versículo para ser posto em prática, algum que você crê que Deus queira que seja aplicado sobre sua vida. E. Palavras-chave. Anote a palavra-chave do capítulo. Muitas vezes será aquela que for mais empregada no texto ("amor", em ICo 13; "fé", em Hb 11). Outras vezes, talvez, seja a palavra mais importante, mas não a mais empregada. Em Romanos 6, por exemplo, o verbo "considerar" é a palavra mais importante, embora seja usada somente uma vez (Rm 6.11). Um capítulo também pode ter mais de uma palavra-chave. F. Desafios. Relacione quaisquer dificuldades que você tenha com o texto. Existem afirmações que você não entende? Há algum problema ou alguma questão que você gostaria de estudar mais profundamente? E muito comum surgirem idéias para outros tipos de estudos (futuros) durante o método por resumo de capítulo. Por exemplo, certa palavra no capítulo pode chamar sua atenção; anote esta palavra. Mais tarde você talvez queira fazer um estudo profundo sobre ela (v. cap. 7). Uma pergunta sobre doutrina pode motivá-lo a fazer um estudo por tópicos sobre aquele ensino em particular (v. cap. 6). G. Referências cruzadas. Consulte as referências cruzadas da sua Bíblia de estudo, procure outros versículos que lhe ajudem a esclarecer o assunto tratado no capítulo e anote-os no formulário. Pergunte: Que mais na Bíblia me ajudaria a entender este capítulo? Referências cruzadas são importantes porque são ferramentas úteis para interpretar o significado de um capítulo; elas lhe permitem compreender o que a Bíblia, como um todo, tem a dizer sobre qualquer ensinamento. Você pode pesquisar em vários tipos de referências cruzadas. Eles estão descritos na seção relacionada ao método analítico de capítulo (v. cap. 10). H. Cristo. A Bíblia inteira é a revelação da Pessoa de Jesus Cristo. De fato, Jesus usou o Antigo Testamento para ensinar aos discípulos a seu respeito. No dia da ressurreição, na estrada de Emaús, Jesus ministrou a dois dos seus discípulos: "E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras" (Lc 24.27). Em cada capítulo, esteja atento à declarações que lhe digam algo sobre Jesus Cristo, o Espírito Santo ou Deus-Pai. Pergunte: O que posso aprender sobre a natureza de Jesus neste capítulo? Que atributos de Deus, em Cristo, são ilustrados aqui? (Eis alguns exemplos: seu amor, justiça, misericórdia, santidade, poder e fidelidade.) Este pode ser o passo mais difícil para ser concluído em algumas porções da Bíblia, particularmente nas narrativas do Antigo Testamento e nas passagens carregadas de simbolismo. I. Lição ou lições principais. Escreva os preceitos mais importantes, as revelações e lições que você extraiu deste capítulo. Pergunte: Por que Deus quer que esta passagem esteja na Bíblia? O que ele deseja me ensinar neste capítulo? Qual é o pensamento central que o escritor está tentando desenvolver? Uma possível resposta seria: "Devemos ser amorosos em todas as relações interpessoais" (ICo 13). J. Conclusão. Esta é a parcela da aplicação do estudo. Como já debatido no primeiro capítulo, desenvolva um projeto para ajudá-lo a implementar em sua vida uma lição que você aprendeu do capítulo ou parte dele. Será benéfico concluir o resumo de capítulo fazendo duas perguntas: 1) Como estas verdades se aplicam à minha vida? e 2) O que exatamente devo fazer com elas? FORMULÁRIO PARA RESUMO DE CAPÍTULO • Capítulo: Lucas 15 o Lido cinco vezes: [X] (assinale após as cinco leituras) • Titulo: "Achados e perdidos" • Conteúdo: o Lucas 15-3-7: A ovelha perdida. o Lucas 15.8-10: A moeda perdida. MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 12 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] o Lucas 15.11-32: O filho perdido. • Personagens Importantes: o O pastor com a ovelha perdida. A mulher com a moeda perdida. O pai com o filho perdido. • Versículo-chave: o Lucas 15.7: "Eu lhes digo que, da mesma forma, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam arrepender-se". • Palavras-chaves: o Os verbos: perder (v. 4,6,8,9,24,32), encontrar (v. 4-6,8,9) e achar (v. 24,32). • Desafios. (dificuldades que preciso estudar): o O que significa este versículo: "Noventa e nove justos que não precisam arrepender-se"? • Referências cruzadas: Mateus 18.11-14 João 10.10-14; 1 Pedro 2.25 Isaías 53.6 Salmos 119.176 • Cristo: o Na primeira parábola: Jesus, o bom pastor, que busca a ovelha perdida. o Na segunda parábola: O Espírito Santo, nosso Dono legítimo, que procura e acha. o Na terceira parábola: Deus-Pai, que espera para nos dar as boas-vindas em casa. • Lição principal: o Revelações: O filho foi embora, dizendo: "Dê-me" (Lc 15.12) e voltou, dizendo: "Trata-me" (Lc 15.19). o Deus cuida dos pecadores e ansiosamente espera que eles voltem para casa. o Características do irmão imaturo: raiva (Lc 15.28); infantilidade (Lc 15.28); ciúme (Lc 15.29,30); perspectiva errada (Lc 15.29,30); murmuração (Lc 15.29,30). • Conclusão (aplicação pessoal): o Em cada uma das três parábolas verifica-se um esforço concreto para recuperar o que estava perdido. Muitos dos meus amigos estão perdidos sem Cristo. Preciso desenvolver planos específicos para dar testemunho, a fim de alcançá-los com as boas novas. Começarei compartilhando minha fé com meu amigo João neste fim de semana. Preciso expressar mais alegria quando ouvir falar de pessoas que aceitaram a Cristo. 5 - MÉTODO DA QUALIDADE DE CARÁTER O método da qualidade de caráter implica saber o que a Bíblia diz sobre determinada característica de uma pessoa, com forte ênfase na aplicação pessoal. Além disso, é uma MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 13 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] combinação simplificada de três outros métodos de estudo da Bíblia: o morfológico, o biográfico e o de referências cruzadas. Este método difere do método biográfico no seguinte aspecto: ele estuda as características de uma pessoa em vez da própria pessoa. Estas qualidades podem ser negativas ou positivas, ou ambas. O importante é que aprendamos a evitar as negativas e a trabalhar na formação das positivas. 5.1. Etapas do Método A. Nomeie a qualidade. Escolha a qualidade de caráter que você quer estudar e tome nota. Procure num dicionário da língua portuguesa e anote a definição dessa palavra ou conceito. Faça uma lista dos sinônimos ou palavras afins que o ajudem a entender esta qualidade de caráter. B. Nomeie a qualidade oposta. Escreva a qualidade oposta, ou o antônimo da qualidade que você está estudando, e escreva a definição que consta do dicionário, além dos sinônimos. Se não conseguir pensar no significado oposto, use um dicionário de antônimos. Por exemplo, infidelidade é o oposto de fidelidade. Entretanto, em algumas qualidades de caráter que você estiver estudando, pode haver dois ou mais significados opostos. Veja o exemplo abaixo: • Fé e dúvida. • Fé e apatia. • Fé e medo. C. Faça um estudo simples da palavra. Procure a definição bíblica da qualidade de caráter que você está estudando. Descubra os modos em que ela é empregada nos contextos bíblicos; depois consulte um dicionário bíblico ou enciclopédia bíblica ou um léxico para saber como esta qualidade era usada nos tempos bíblicos e nas Escrituras. Algumas ferramentas lhe informarão quantas vezes a palavra é empregada na Bíblia, em cada um dos dois testamentos, nos escritos de autores diferentes e no livro que você estiver estudando. Por exemplo, se você estivesse estudando o caráter da mansidão, descobriria que a palavra manso, no original grego, significa "quebrar algo e colocá-lo em submissão". A palavra era usada para descrever o treinamento de cavalos de raça domesticados pelos seus domadores. Um garanhão ainda conservava o mesmo poder c força de quando era selvagem, porém agora estava sob o controle do domador. Portanto, mansidão não é fraqueza. Como qualidade de caráter cristã, mansidão é a força submissa a Jesus Cristo. D. Encontre referências cruzadas. O uso de referências cruzadas lhe dará mais revelações de outros textos da Bíblia. A Escritura ainda é o melhor intérprete da Escritura. Use a concordância e a Bíblia com versículos em cadeia temática para encontrar todos os versículos sobre esta característica. Procure a palavra e seus sinônimos na concordância e na Bíblia tópica, escreva a referência cruzada na seção apropriada do formulário e faça uma breve descrição desse versículo. Depois, faça algumas das seguintes perguntas sobre a qualidade de caráter que você está estudando, enquanto medita nos versículos da referência cruzada: • Quais são os benefícios que este caráter acarreta? • Que conseqüências ruins este caráter pode causar? • Que benefícios este caráter acarreta aos outros? • Que conseqüências ruins este caráter causa nos outros? • Há alguma promessa de Deus relacionada a este caráter? • Há alguma advertência ou julgamento relacionados com este caráter? • Há algum mandamento relacionado com este caráter? MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 14 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Que fatores produzem este caráter? • Jesus teve algo a dizer sobre esta qualidade de caráter? O quê? • Que escritor mais falou sobre esta qualidade? • Este caráter é simbolizado por algo na Escritura? E significativo? • Este caráter está incluído em algum conjunto de qualidades? Qual é a relação entre elas ? O que isto sugere? • O que as Escrituras nos dizem precisamente sobre o que Deus pensa a respeito deste caráter? • Você quer mais ou menos deste caráter em sua vida? Depois de fazer uma série de perguntas como estas, além de outras que você estiver pensando em fazer, escreva um breve resumo do ensino bíblico sobre este traço de caráter. Você pode enumerar lições ou princípios que aprendeu sobre este estudo mini-tópico, ou parafrasear alguns versículos-chaves sobre esta característica. Certifique-se sempre de anotar as dificuldades que tiver com os versículos que consultou ou as perguntas que gostaria de ver respondidas. Possivelmente, mais tarde, você entenderá sua dificuldade momentânea, e assim achará respostas aos problemas; é comum um versículo esclarecer outro que você estudou. E. Faça um breve estudo biográfico. Agora volte para a Bíblia e descubra pelo menos uma personagem (mais, se possível) que mostrou esta qualidade de caráter. Descreva brevemente esta qualidade e anote os textos bíblicos relacionados. Faça estas perguntas como parte do estudo: • O que mostra essa qualidade na vida dessa personagem bíblica? • De que forma sua vida foi influenciada por essa qualidade? • A qualidade ajudou ou impediu o desenvolvimento da maturidade? Como? • Que resultados produziram em sua vida? Um exemplo desta etapa pode ser visto na vida de José, filho de Jacó, que revelou diferentes qualidades do fruto do Espírito (Gl 5.22,23) em cada incidente de sua vida. É interessante observar seu testemunho diante dos egípcios: "Por isso o faraó lhes perguntou: 'Será que vamos achar alguém como este homem, em quem está o espírito divino?'" (Gn 41.38). Encontramos as seguintes qualidades em José: • Ele mostrou amor em uma situação familiar difícil (Gn 47). • Ele mostrou domínio próprio em uma tentação difícil (Gn 39). • Ele mostrou diligência e perseverança em circunstâncias difíceis (Gn 39.19—40.23). • Ele mostrou fidelidade em uma tarefa difícil (Gn 41.37-57). • Ele mostrou mansidão, bondade e generosidade em reuniões familiares difíceis (Gn 42; 50). Às vezes, algumas das qualidades que a Bíblia ensina são evidentes no comportamento de certos animais (particularmente no livro de Provérbios). Quando encontrar estas qualidades, anote-as. F. Encontre um versículo para memorização. Escreva pelo menos um versículo da referência cruzada ou da parte biográfica do estudo que realmente lhe transmita algo, e memorize-o ao longo da semana seguinte. Este versículo deve estar à mão quando Deus lhe der a oportunidade de exercitar esta qualidade de caráter de modo específico. G. Escolha uma situação ou um relacionamento para desenvolver. Estamos chegando à parte da aplicação do estudo. Pense numa área de sua vida na qual Deus quer que você MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 15 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] exercite esta qualidade de caráter — evitando-a, se for negativa, ou desenvolvendo-a, caso seja positiva. Pode ser uma situação ou uma relação interpessoal. Se for uma situação, antecipe com antecedência o que você fará quando ela surgir. Por exemplo, você é indolente (preguiçoso). O estudo sobre a preguiça o desafiou a se livrar dessa qualidade negativa em sua vida. À medida que planeja o futuro, você saberá quando vão surgir situações que ressaltarão o traço temperamental da preguiça em você, assim, decida de antemão o que fará. Coloque dois despertadores, um distante do quarto, a fim de ajudá-lo a se levantar para fazer o devocional e chegar na hora certa no trabalho ou na escola. Portanto, aquela era uma situação concreta que Deus havia provocado em minha vida e que me ajudaria a formar a qualidade do perdão em meu dia-a-dia. Foi uma dura lição, mas estava incluída na aplicação do que aprendemos na Escritura. Escrever o ocorrido me permitiu compartilhar essa experiência com outros. FORMULÁRIO PARA ESTUDO DE QUALIDADE DE CARÁTER • Qualidade de caráter: "coragem". o "Exibição de coragem e intrepidez; bravura; vontade de se mover para frente confiantemente em face de perigo." • Qualidade oposta: timidez, medo o "Acovardar-se em circunstância difícil ou perigosa; ser hesitante." • Estudo simples da palavra: o Palavra do Antigo Testamento: Bãtah significa "ser confiante". Exemplo: Pv 28.1: "Os justos são corajosos como o leão" (grifo do autor). o Palavras do Novo Testamento: (1) Tharreo significa "ser confiante, corajoso ou ousado". Exemplo: Hb 13.6: "Podemos, pois dizer com confiança: 'O Senhor é meu ajudador, não temerei. O que me podem fazer os homens?'" (grifos do autor). (2) Parrêsiazomai significa "falar corajosamente ou livremente". Exemplo: At 19.8: "Paulo entrou na sinagoga e ali falou com liberdade durante três meses, argumentando convincentemente acerca do reino de Deus" (grifos do autor). • Revelações por meio das referências cruzadas: o Cristo falou corajosamente diante da oposição (Jo 7.16). o Nossa confiança e coragem brotam por sabermos que o Senhor nos ajudará nas situações difíceis (Hb 13.6). o Pedro e João eram corajosos, porque eles tinham estado com Jesus (At 4.13). o Quando o Espírito Santo encher sua vida, você poderá falar a Palavra de Deus com ousadia. Os primeiros cristãos oraram pedindo coragem para testemunhar e Deus respondeu a oração enchendo-os com o Espírito Santo (At 4.19-31). o Quando o amor de Cristo estiver em nós, seremos corajosos porque não há medo no amor. O perfeito amor lança fora todo o medo (ljo 4.17,18). • Estudo biográfico simples: o O apóstolo Paulo é um grande exemplo de coragem. Sua vida inteira foi caracterizada por esta qualidade: Quando recém-convertido em Damasco, ele deu testemunho de Cristo com ousadia (At 9.27). Em todo lugar que ele ia, compartilhava a fé corajosamente, apesar da oposição e perseguição: MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 16 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] o em Jerusalém (At 9.28,29); o na Antioquia da Pisídia (At 13.46); o em Icônio (At 14.3); o em Éfeso (At 19.8); o em Tessalônica (lTs 2.2); Ele escreveu cartas corajosas para as igrejas (Rm 15.15). Ele pediu que as pessoas orassem para que ele continuamente pregasse e ensinasse com intrepidez (Ef 6.19,20). Seu testemunho cristão, enquanto estava na prisão, fez que outras pessoas falassem de Cristo com ousadia (Fp 1.14). Ele até enfrentou a morte corajosamente (Fp 1.20): "Aguardo ansiosamente e espero que em nada serei envergonhado. o Ao contrário, com toda a determinação de sempre, também agora Cristo será engrandecido em meu corpo, quer pela vida, quer pela morte" (grifos do autor). • Versículo para memorização: o "Podemos, pois dizer com confiança: 'O Senhor é o meu ajudador, não temerei. O que me podem fazer os homens?'" (Hb 13.6). • Uma situação ou relacionamento (em que Deus quer operar esta qualidade em minha vida): o Tive medo de testemunhar a meu amigo Ted, que trabalha comigo no escritório. • Meu projeto: o Primeiramente, pedirei que minha esposa ore por mim para que eu vença minha timidez em testemunhar para Ted. Depois, em cada dia desta semana farei uma pausa antes de entrar no escritório e pedirei que o Espírito Santo encha minha vida e me dê coragem para testemunhar a Ted (At 4.31). • Ilustrações pessoais: Na segunda e na terça-feira desta semana orei em busca de coragem para testemunhar a Ted, mas a oportunidade não surgiu. Na noite de terça- feira, resolvi que precisava ser mais incisivo em minhas orações, por isso, pedi à minha esposa que orasse especificamente comigo por uma chance de compartilhar minha fé com Ted na quarta-feira. Na manhã de quarta-feira, parei junto à porta do escritório antes de entrar e orei silenciosamente para que Ted sentisse que eu "[havia] estado com Jesus", como Pedro e João (At 4.13). Então, entrei e coloquei minha Bíblia em cima da mesa, esperando que Ted a reconhecesse. Durante o intervalo para o café, Ted veio falar comigo. Ele notou minha Bíblia e disse: E uma Bíblia? — Sim — respondi. — Já a leu?" — Ultimamente, não — disse ele. Eu disse: — Eu a tenho lido muito ultimamente e descobri algumas coisas maravilhosas nela — Então dei um breve testemunho do que Deus estava fazendo em minha vida. Ted parecia ligeiramente interessado — pelo menos ele não deu às costas e foi embora. É um começo e graças a Deus por me dar a coragem para chegar até aqui. MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 17 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 6 - MÉTODO DE ESTUDO TEMÁTICO O método temático implica abordar um tema bíblico com um conjunto de, no máximo, cinco perguntas predeterminadas. Depois, você pesquisa esse tema na Bíblia ou em um único livro, limitando-se às perguntas elaboradas, tirando suas conclusões e escrevendo uma aplicação pessoal. O estudo temático é similar ao estudo tópico, diferindo em dois pontos: 1. Primeiro, o estudo temático é menor que o tópico, porque se estuda menos versículos. Na realidade, é um estudo tópico reduzido. Um tópico pode ser subdividido em muitos temas. Por exemplo, "oração" seria um tópico, subdividido em: "as orações de Jesus", "as orações dos autores do Novo Testamento", "condições para que a oração seja respondida", "promessas na oração", "intercessão pelas pessoas" e muitos outros temas relacionados à oração. Quando se faz um estudo temático, centraliza-se o seu enfoque somente em passagens da Escritura que dizem respeito ao tema selecionado. Em contrapartida, um estudo tópico investiga todos os versículos possíveis, relacionados com o tópico. 2. Segundo, um estudo temático difere de um estudo tópico pela quantidade de perguntas elaboradas. Num estudo tópico fazemos o maior número possível de perguntas, pois o objetivo é esgotar o assunto. No estudo temático, por sua vez, limitamo-nos apenas a um máximo de cinco questões, pois o único interesse é responder a algumas perguntas cuidadosamente selecionadas. Depois de listarmos todos os versículos relacionados ao tema, examinamos cada versículo, fazendo somente as perguntas previamente elaboradas. A razão para o número reduzido de perguntas deve-se à quantidade de referências bíblicas (100, 200 ou mais) por tema. Se sua série de perguntas for muito longa, você ficará atolado de informações e desanimará. Ficará enfadado com o estudo antes mesmo de terminá-lo. 6.1. Etapas do Método Ao fazer um estudo temático, você elaborará algumas perguntas antes de procurar as referências bíblicas. Essas devem incluir alguns dos seis grandes pronomes relativos investigativos: O que? Por que? Quando? Como? Onde? Quem? Essas palavras, quando empregadas de várias formas, possibilitarão um número ilimitado de perguntas para o seu estudo pessoal da Bíblia. Por exemplo, se você fizesse um estudo sobre "A ira no livro de Provérbios", estas seriam algumas das possíveis perguntas: • Quais são as características de um homem irado? • O que causa a ira? • Quais são as conseqüências da ira? • Qual é a cura para a ira? Todas as quatro perguntas referem-se ao termo "o que?", mas você pode propor as mesmas perguntas usando os outros cinco pronomes. A. Escolha um tema. Escolha um tema do seu interesse. Se este for o seu primeiro estudo deste tipo, comece com um tema simples. Na seção Tarefa há algumas sugestões, inclusive perguntas, e o exemplo oferece um estudo completo. B. Faça uma relação de todos os versículos que pretende estudar. Usando as três ferramentas — a Bíblia de estudo, a concordância exaustiva e a Bíblia tópica — faça uma lista de todos os versículos bíblicos relacionados ao tema que você escolheu. Lembre-se de considerar os sinônimos e outras palavras e conceitos semelhantes, quando usar a concordância. Escolha, desta lista, os versículos que são mais importantes para o tema (a menos que você esteja tentando descobrir tudo o que a Bíblia diz sobre o tema). MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 18 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] C. Selecione as perguntas a serem feitas. Como saber se as perguntas a serem feitas estão corretas? Escreva aquelas que tiver maior interesse. Que assuntos você gostaria de saber sobre o tema escolhido? Faça uma lista de perguntas, não mais que cinco. Lembre-se de que às vezes apenas uma pergunta é o suficiente. Escreva a pergunta (ou perguntas) no formulário ou em uma folha de papel. D. Formule perguntas para cada referência bíblica. Leia as referências bíblicas e formule perguntas sobre cada versículo. Escreva as respostas que encontrar nos lugares apropriados do formulário ou no papel. Às vezes, você conseguirá responder todas as perguntas sobre determinado versículo mas, em geral, responderá somente parte delas. Vez por outra, um versículo pode não responder nenhuma de suas perguntas. Sempre que uma pergunta não tiver resposta, deixe em branco no formulário. Se não obtiver nenhuma resposta às perguntas, comece de novo e elabore outro conjunto de perguntas. E. Tire conclusões do estudo. Depois de ter lido todas as referências bíblicas e ter respondido as perguntas a ela pertinentes, retorne à série de perguntas e resuma as respostas. Você pode organizar o estudo em forma de esboço, agrupando versículos semelhantes e transformando as perguntas nas principais divisões do esboço. Assim, será mais fácil quando quiser compartilhar suas descobertas com um grupo de estudo bíblico, classe, congregação ou com algum "filho na fé". F. Escreva uma aplicação pessoal. Para implementar o que descobriu e torná-lo realidade em sua vida, escreva uma aplicação pessoal que seja prática, possível e mensurável. Reporte-se às etapas sugeridas no método devocional (cap. 1), caso precise de ajuda para pôr em prática uma aplicação eficaz. FORMULÁRIO PARA ESTUDO TEMÁTICO • Tema: Escolha o tema que deseja pesquisar, certificando-se de que não seja muito extenso e que não se trata do tópico principal. • Lista de referências bíblicas: Faça uma lista das referências bíblicas, tantas quantas forem necessárias para o estudo. • Perguntas a serem feitas: Relacione as perguntas a serem feitas sobre cada uma das referências bíblicas (não mais que cinco). • Respostas às perguntas: Faça as perguntas escolhidas de cada referência bíblica e escreva as respostas no espaço apropriado ao lado de cada referência bíblica desta seção (Pergunta A, no espaço dedicado à resposta da pergunta A. Pergunta B, no espaço dedicado à resposta da pergunta B e assim por diante). Use folhas extras de papel se não houver espaço suficiente no formulário. • Conclusões: Escreva as conclusões e resumos dos versículos estudados. • Aplicação: Escreva uma aplicação pessoal, prática, possível e mensurável. • Tema: Definição de discípulo segundo Jesus • Lista de referências bíblicas: o Mateus 10.24,25 Lucas 14.26-28 Lucas 14.33 João 8.31,32 João 13.34,35 João 15.8 • Perguntas a serem feitas: o Quais são as características de um discípulo? o Quais são as conseqüências de ser discípulo? o (Formule outras perguntas...) MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 19 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Respostas às perguntas: o Referência bíblica: Mateus 10.24,25 Um discípulo será como Cristo (seu Mestre). Ele deve esperar ser tratado como Cristo foi, pelo mundo. (Descubra outras respostas...) o Referência bíblica: Lucas 14.26-28 O discípulo deve amar a Cristo acima de tudo, carregar sua cruz e segui-lo. (Não é dada resposta.) C. (Descubra outras respostas...) o Referência bíblica: Lucas 14:33 O discípulo deixa tudo para seguir a Cristo. (Não é dada resposta.) C. (Descubra outras respostas...) o Referência bíblica: João 8.31,32 O discípulo espera continuamente na Palavra de Cristo. O discípulo conhece a verdade e é liberto. (Descubra outras respostas...) o Referência bíblica: João 13.34,35 O discípulo tem amor pelos outros. As pessoas saberão que ele pertence a Cristo. (Descubra outras respostas...) o Referência bíblica: João 15.8 O discípulo produz frutos. Os frutos produzidos glorificam a Deus. (Descubra outras respostas...) o Referência bíblica: (Selecione outra referência...) (Descubra outras respostas...) o Referência bíblica: : (Selecione outra referência...) (Descubra outras respostas...) o Referência bíblica: : (Selecione outra referência...) (Descubra outras respostas...) • Conclusões: o Características que descobri: O discípulo... é como Cristo; ama a Cristo acima de tudo; carrega a cruz e segue a Cristo; deixa tudo para seguir a Cristo; espera continuamente na Palavra de Cristo; ama os outros; MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 20 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] dá frutos. o Conseqüências que descobri: O discípulo será perseguido. O discípulo conhece a verdade e é liberto. O discípulo glorifica a Deus. Outros observam que ele pertence a Cristo. • Aplicação: o Baseado em João 8.31,32: Estabelecerei um horário regular para meditar diariamente na Palavra, iniciando amanhã de manhã. o Baseado em João 13.34,35: Demonstrarei amor pela pessoa que me irritar em minha classe de escola dominical, convidando-a juntamente com a família para jantarem em minha casa na semana que vem. 7 - MÉTODO DE ESTUDO BIOGRÁFICO O método biográfico procura descobrir o segredo do sucesso ou do fracasso espiritual da vida de alguma personagem bíblica. No estudo biográfico você busca conhecer a vida íntima da personagem em estudo. Peça a Deus que o ajude a pensar e a sentir juntamente com ele, de forma que seu estudo seja uma experiência transformadora de vida. Neste método de estudo, você escolhe uma personagem bíblica e pesquisa sobre sua vida e seu caráter nas Escrituras. O estudo torna-se aplicativo quando você analisa a sua vida à luz do que pesquisou e pede a Deus que o ajude a substituir suas fraquezas por um caráter positivo. Isso resultará em crescimento e maturidade na vida cristã. 7.1. Dicas Para o Estudo Biográfico A fim de que o estudo biográfico seja significativo, você precisa ter em mente certas dicas. • Inicie seu estudo com uma personagem sobre quem você pode fazer um estudo simples, com poucas referências bíblicas. Alguns personagens bíblicos podem ser estudados em algumas horas; outros levam semanas e ainda há aqueles, tão importantes, que custam uma vida inteira de estudo. Não comece um estudo de alguém como Jesus, Moisés ou Abraão. Comece com uma pessoa menos importante, mas de certo destaque, como André, Barnabé ou Maria de Betânia. • O segredo de um bom estudo biográfico é conviver com aquele personagem durante o estudo. Ponha-se no seu lugar. Tente entrar em sua mente e pense, sinta e reaja às circunstâncias como ele. Procure ver as coisas sob seu ponto de vista, olhando com seus olhos, ouvindo com seus ouvidos, entrosando-se com seus amigos e lutando contra seus inimigos. Torne-se essa pessoa enquanto a estuda. Isso só será possível se você passar muito tempo com ela, lendo e relendo todas as referências bíblicas a seu respeito. • Cuidado para não se confundir com pessoas de mesmo nome quando procurar as referências bíblicas. Certifique-se de que o versículo trata da mesma pessoa que você escolheu estudar. Não confunda João Batista com o apóstolo João ou João Marcos. São homens diferentes. O contexto dos versículos geralmente lhe dirá quem é quem. Por exemplo, a Bíblia nos mostra que os seguintes nomes eram populares e se referiam a pessoas diferentes: MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 21 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] o Zacarias — 30 homens diferentes. o Natã — 20 homens. o Jonatas — 15 homens. o Judas — 8 homens. o Maria — 7 mulheres. o Tiago — 5 homens. o João — 5 homens. • Tenha o cuidado em achar os diversos nomes que podem se aplicar a uma só pessoa. Considerando que a Bíblia saiu de um contexto hebraico-aramaico-grego, alguns nomes de pessoas mudavam nos idiomas diferentes, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Por exemplo, o apóstolo Pedro é conhecido por Pedro, Simão, Simeão e Cefas. Os três amigos de Daniel, Hananias, Misael e Azarias são mais bem conhecidos por Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Às vezes, ocorre mudança de nome por causa de mudança de caráter, que foi o que aconteceu com Jacó, cujo nome foi mudado para Israel. Assim, seja cuidadoso e encontre todos os nomes atribuídos à mesma pessoa no estudo da Bíblia. • Mantenha-se longe de livros escritos sobre personagens bíblicas, até que você tenha esgotado todas as referências bíblicas sobre a pessoa e tenha extraído toda compreensão possível dos textos. Não deixe que um comentarista bíblico lhe roube o trabalho da descoberta pessoal, ou prejudique sua opinião sobre certo personagem. Faça seu trabalho primeiro; depois, confira outras fontes. 7.2. Etapas do Método O formulário para estudo biográfico contém dez seções, que representam as dez etapas para fazer este estudo. A. Escolha a personagem bíblica que quer estudar. Escolha alguém que tenha um ponto fraco como você ou um ponto forte que você gostaria de aperfeiçoar. Selecione uma personagem cuja vida lhe mostre revelações valiosas sobre como você poderia se ajustar mais ao padrão de vida de Deus e se tornar mais semelhante a Jesus Cristo. B. Faça uma lista de todas as referências bíblicas sobre a personagem. Usando as ferramentas de consulta, encontre todas as referências bíblicas que puder sobre esta personagem, bem como fatos relacionados à sua vida, tais como o seu nascimento, os principais acontecimentos na vida, as realizações, o que os outros diziam a seu respeito e sua morte. Você não obterá todas as "estatísticas fundamentais" necessárias sobre cada personagem que estudar, mas descobrirá tanto quanto possível. Procure também referências bíblicas que abordem o contexto histórico da vida da personagem. Se o estudo for sobre Daniel, será necessário estudar o contexto histórico dos seus dias. Se for sobre o apóstolo Paulo, terá que estudar suas viagens missionárias. C. Escreva as primeiras impressões (primeira leitura). Leia todas as referências bíblicas que você relacionou e faça algumas anotações. Escreva a primeira impressão que tiver sobre esta personagem. Depois, escreva observações básicas e informações importantes que descobrir sobre ela. Finalmente, faça uma lista de quaisquer problemas, perguntas ou dificuldades que quiser saber, à medida que for lendo as referências bíblicas. D. Faça um esboço cronológico (segunda leitura). Quando se tratar de personagem importante, leia novamente todas as referências e faça um esboço cronológico da vida dessa pessoa. Isto o ajudará a ter uma boa perspectiva de sua vida e você perceberá como acontecimentos diferentes se inter-relacionam. Mais tarde, quando estiver estudando os acontecimentos associados à sua vida, saberá em que momento eles ocorreram. No caso das personagens de menor importância ou daquelas sobre quem poucos detalhes são MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 22 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] fornecidos, leia as referências bíblicas e faça um esboço com base na informação que você tiver. Procure ler todas as referências de uma só vez e numa tradução moderna. Isso o ajudará a sentir como sua vida fluía. Enquanto estiver lendo, procure identificar divisões naturais e importantes de sua vida. Depois procure e escreva os progressos e as mudanças de atitude ocorridos ao longo de sua caminhada. Por exemplo, uma divisão bem conhecida da vida de Moisés é: • Quarenta anos na corte de Faraó — aprendendo a ser alguém. • Quarenta anos no deserto de Midiã — aprendendo a ser ninguém. • Quarenta anos no deserto — aprendendo que Deus é Alguém. Essa é uma chave preciosa no estudo do caráter das pessoas. Veja como Deus lentamente moldou e mudou o caráter do personagem estudado ou como Satanás o empurrou para baixo. E. Procure conhecer o íntimo da personagem (terceira leitura). Consulte novamente as referências bíblicas e procure possíveis respostas às perguntas sugeridas no apêndice B. Ao responder algumas dessas perguntas, você terá revelações e saberá mais sobre o caráter da pessoa que estiver estudando. F. Identifique qualidades de caráter (quarta leitura). Após consultar as referências bíblicas, use a lista sugerida de características positivas e negativas no apêndice C como forma de verificação. Relacione cada uma das qualidades de caráter que encontrar, boas ou ruins, no formulário ou em uma folha de papel. Cite uma referência bíblica para cada característica observada. G. Mostre como outras verdades bíblicas são ilustradas na vida da personagem. Examine a vida da personagem para ver como ela ilustra outras verdades bíblicas. Por exemplo, sua vida mostra o princípio da "colheita e semeadura"? Procure na vida dessa pessoa ilustrações de alguns dos provérbios como também certos princípios ensinados em Salmos. Por exemplo, pergunte: "A vida dessa pessoa ilustra a promessa: 'Deleite-se no Senhor, e ele atenderá aos desejos do seu coração'?" (SI 37.4). Encontre referências cruzadas que ilustrem o que a Bíblia diz sobre algumas das características que você achou na vida desta personagem. H. Resuma a lição principal. Em poucas frases, escreva o que você pensa ser a principal lição ensinada ou ilustrada pela vida desta personagem. Há alguma palavra que traduza a sua vida ? Que característica se sobressai? I. Escreva uma aplicação pessoal. Reporte-se ao método devocional (cap. 1) e reveja as instruções para a redação de uma aplicação. Além dos princípios ali sugeridos, acrescente estas perguntas: • Percebi em mim mesmo algo similar à vida desta personagem? • Ela mostrou algumas de minhas fraquezas? • Ela revelou meus pontos fortes? • O que mais me impressionou acerca de sua vida? • Onde preciso melhorar nessa área? • O que pretendo fazer a respeito? J. Torne o estudo comunicável. Sintetize o que você aprendeu em um esboço simples, de fácil memorização, possibilitando compartilhar suas conclusões com outros. Torne possível a sua comunicação. Pergunte-se: "O que a vida dessa pessoa pode significar para outros? O que posso compartilhar sobre o que aprendi para ajudar outras pessoas?". Divida a informação em seqüências naturais de tempo e/ou fatos e lições aprendidas. Registre as informações encontradas de forma progressiva. Depois, pense num modo fácil de MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 23 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] memorização para intitular cada seção. Mantenha os títulos condizentes com o conteúdo principal de cada uma delas, fazendo uso de rimas, aliterações e outros dispositivos de memorização. Use sua imaginação nesta etapa! • Como ilustração de um esboço comunicável da vida de Barnabé, temos: • Ele foi um investidor na vida dos membros da igreja (At 4.36,37). • Ele foi o introdutor de Saulo (mais tarde, Paulo) aos apóstolos (At 9.26-28). • Ele foi o inspetor da nova igreja em Antioquia (At 11.22-24). • Ele foi instrutor de novos cristãos, inclusive de Paulo e Marcos (At 11.22- 26; 15.39). • Ele foi o iniciador da primeira viagem missionária, a qual ele começou como líder, mas terminou como participante (At 13—14). • Ele foi intérprete da doutrina de salvação e do plano de Deus para os gentios (At 13 —14). • Ele foi insistente em dar a Marcos outra chance para ser treinado no ministério do Evangelho (At 15.36-39). FORMULÁRIO PARA ESTUDO BIOGRÁFICO • Nome: Estevão • Referências bíblicas: o Atos 6.3 — 8.2 Atos 11.19 Atos 22.20 • Primeiras Impressões e observações: o Estevão foi um mártir e poderoso pregador da igreja primitiva com tremendo testemunho, disposto a morrer por sua fé. • Esboço de vida: o Escolhido pela igreja primitiva como líder: para ajudar a solucionar discordâncias (At 6.5); com base no seu caráter santo (At 6.3,5,8). o Ele tinha um grande ministério: servia mesas (At 6.2,5); fazia milagres (At 6.8); pregava e ensinava poderosamente (At 6.10). o Ele foi perseguido: hostilizado por judeus de diversas partes (At 6.9); falsamente acusado (At 6.11); preso e levado perante o Sinédrio (At 6.12-14): • falsas testemunhas testificaram contra ele; • defendeu-se fazendo um retrospecto magistral sobre o Antigo Testamento (At 7.2-53); • testemunhou de Jesus (At 7.55,56); • foi linchado pela multidão enfurecida (At 7.57-60). MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 24 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] o Teve um ministério depois da morte — a perseguição fez com que a igreja se espalhasse (At 8.2-4; 11.19). • Revelações gerais (respostas a perguntas): o Por que ele foi escolhido para ser líder? Porque: ele era cheio do Espírito e de sabedoria (At 6.3); ele era cheio de fé e do Espírito Santo (At 6.5); ele era cheio da graça e do poder de Deus (At 6.8); ele conhecia as Escrituras (At 7.2-53). o Qual foi sua reação diante de falsas acusações? Ele se manteve sereno, ficou calado e só respondeu quando o sumo sacerdote lhe dirigiu a palavra. o Há paralelos com Jesus? Sim, ele foi acusado falsamente, demonstrou amor e preocupação pelos que o acusavam e morreu uma morte "imerecida". o Qual foi sua atitude para com os que o executavam? Ele foi perdoador, a ponto de pedir que Deus os perdoasse pelo pecado de homicídio. o Quais foram as conseqüências, a longo prazo, de sua vida, ministério e morte? Fomentar o plano de Deus. Sua morte fez os discípulos fugirem e levarem o Evangelho a outras partes da Judeia, Samaria e regiões fora dos limites da Palestina, em cumprimento de Atos 1.8. Sua morte também ajudou na conversão de Paulo. • Qualidades de caráter Identificadas: No livro de Atos o Cheio do Espírito (6.3,5,10) o Sábio (6.3,10) o Fiel (6.5) o Disponível para Deus (6.8) o Perseverante (6.10) o Santo (6.15) o Instruído (7.1-60) o Ousado (7.51-53) o Valente (7.51-53) o Perdoador (7.60) o Respeitado por outros (8.2) o Testemunha de Jesus (22.20) • Verdades bíblicas Ilustradas em sua vida: o A presença e o consolo do Espírito Santo nas provações da vida (At 7.54,55; Hb 13.5,6). o Falsas acusações e perseguição ocorrerão em nossa vida (At 6.1 lss). o A graça de Deus nos basta quando andamos com ele (At 6.10; iCo 1.27-31; 2Co 12.9). • Resumo das lições aprendidas por sua vida: o A principal característica de Estevão foi seu compromisso com o Senhor e sua boa vontade em fazer tudo para ele, inclusive entregar sua vida. MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 25 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] o Este compromisso é notório no seu caminhar com Deus (ele era "cheio do Espírito Santo, de sabedoria, de fé, da graça e do poder de Deus"). Ele tinha grandioso testemunho diante dos outros na igreja. Testemunhou tanto em vida quanto em morte. o Além disso, ele era homem da Palavra. Ele conhecia a Bíblia — o Antigo Testamento. Ele deve ter passado horas estudando os rolos e os pergaminhos. • Aplicação pessoal: Preciso ser como Estevão — pessoa da Palavra, que conhece a Jesus Cristo intimamente e que, quando questionado, está sempre pronto para responder aos outros com base na Palavra. Como conseqüência deste estudo, me comprometo a reservar pelo menos quinze minutos para meditação, a fim de conhecer melhor a Jesus. Também me comprometo a memorizar dois versículos da Escritura, semanalmente, de forma que eu possa responder aos que me questionam. • Conceitos comunicáveis (modos de compartilhar com os outros o que aprendi): o Os conceitos neste estudo que são comunicáveis. A necessidade de uma caminhada pessoal com Jesus Cristo. O único modo pelo qual podemos nos tornar homens e mulheres de fé e de sabedoria como Estevão é reservando tempo para meditação diária e comunhão com o Senhor. A caminhada de Estevão com Jesus Cristo era dinâmica. A necessidade de viver a palavra de Deus regularmente — estudo bíblico e memorização da Escritura. Se quiser conhecer a Bíblia como Estevão, preciso investir em tempo nessa atividade para poder ensinar aos outros a fazer o mesmo. Este livro é um meio de me ajudar a fazer isso. Preciso compartilhar estes métodos com outras pessoas. Necessidade de intrepidez em tempos de adversidade e perseguição. Preciso orar para que Deus me dê ousadia para com os outros. • Alguém a quem quero compartilhar este estudo: o Com todos os alunos do Instituto de Teologia Logos. 8 - MÉTODO DE ESTUDO POR TÓPICOS O método por tópicos implica escolher um assunto bíblico e seguir o seu curso por um único livro, pelo Antigo ou Novo Testamento, ou ainda, pela Bíblia inteira, a fim de descobrir o que Deus diz sobre o tópico. O método requer uma ampla referência cruzada e, além disso, as perguntas a serem feitas sobre determinado texto, são ilimitadas. Bons exemplos de estudos tópicos são encontrados no final da Bíblia de referência Thompson com versículos em cadeia temática. Há muitos tópicos que o escritor elaborou cuidadosamente. O método por tópicos pode ser usado para estudar uma doutrina, uma idéia, uma sentença ou essencialmente todo assunto que esteja mencionado na Bíblia. 8.1. Etapas do Método Antes de iniciar as etapas, escolha um tópico no qual tenha interesse em estudar. Pode estar especificamente mencionado ou simplesmente implícito no texto; mas deve ser importante, tanto em conteúdo quanto em interesse pessoal. Quando utilizar este método de estudo pela primeira vez, escolha um tópico que não seja muito extenso ou prolongado. MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 26 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Limite o tópico às referências bíblicas encontradas em um testamento ou em um único livro da Bíblia. A. Compile uma lista de palavras. Relacione todas as palavras correlatas (sinônimos e antônimos), expressões, fatos e tudo o mais que tenha a ver com o tópico escolhido. Se você estiver estudando o tópico "sofrimento", por exemplo, liste palavras como aflição, ira, castigo, mágoa, saúde, dor, tristeza, provação e tribulação. Se perceber que o tópico ficou muito extenso, limite-o de forma que seja praticável. B. Reúna referências bíblicas. De posse das ferramentas de consulta, reúna todos os versículos que encontrar sobre o tópico. Procure cada palavra relacionada, conforme a primeira etapa, na sua concordância. Faça uma lista de todos os versículos que de alguma forma se relacionam com o tópico. Use também a Bíblia tópica para encontrar versículos para o estudo. C. Considere cada referência bíblica separadamente. Usando o quadro comparativo exposto no final deste capítulo, consulte, leia e estude cada referência bíblica e escreva suas observações e revelações. (Você usará o quadro comparativo para a terceira e quarta etapas.) Certifique-se de conferir cuidadosamente o contexto (os versículos vizinhos) quando estudar um versículo, para ter certeza de que sua interpretação é correta. Faça tantas perguntas quantas puder sobre cada versículo que estudar. Lembre-se de usar as perguntas Quê? Por quê? Quando? Como? Onde? Quem? Não se esqueça de definir todas as palavras-chaves que encontrar. D. Compare e agrupe as referências bíblicas. Depois de ter estudado criteriosamente todos os versículos, você passará a notar que certas referências bíblicas complementam naturalmente umas às outras e lidam com as mesmas áreas do tópico escolhido. Categorize estas referências bíblicas num rascunho. E. Sintetize o estudo em um esboço. Utilizando as categorias estabelecidas na quarta etapa, logicamente organizadas em suas divisões principais, esboce seu estudo. Esta etapa organizará seu estudo e lhe permitirá compartilhá-lo com os outros. Faça isto agrupando referências bíblicas correlatas ou semelhantes em divisões naturais. Depois organize as divisões dentro de um padrão lógico. F. Conclua o estudo. Na sua conclusão em duas partes, resuma suas descobertas em um parágrafo curto. Depois escreva uma aplicação prática extraída destas conclusões. Lembre-se de ser pessoal e prático e escreva uma aplicação possível e mensurável. 9 - MÉTODO DE ESTUDO HISTÓRICO- CULTURAL E CONTEXTUAL O método histórico-cultural e contextual implica no ganho de uma compreensão melhor da mensagem bíblica, pela pesquisa do cenário referente ao texto, à pessoa, ao acontecimento ou ao tópico sob estudo. Demanda conhecimento da geografia, dos fatos históricos, da cultura e do ambiente político, na época em que determinada parte da Bíblia foi escrita. 9.1. Por Que Estudar Cenários? Com o objetivo de alcançar verdadeiro entendimento do impacto da narrativa bíblica, é necessário que "nos transportemos" de volta ao tempo em que o autor viveu. Considerando que séculos nos separam dos escritores da Bíblia, devemos tentar enxergar seu mundo pelos seus olhos, sentir o que eles sentiam, para então entender como foram usados pelo Espírito Santo para escrever o que escreveram. Uma das regras básicas de interpretação afirma que, visto que a Bíblia foi escrita no meio da história, só pode ser entendida na íntegra, considerando o contexto histórico. Você MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 27 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] não pode interpretar a Bíblia corretamente, se ignora a influência da época em que foi escrita. O estudante sério da Bíblia desejará conhecer sempre o cenário geográfico, histórico, cultural e político do contexto bíblico ou do livro que está sendo estudado. Além disso, antes de entendermos o modo pelo qual a mensagem bíblica, hoje, deve ser aplicada em nossas vidas, devemos inicialmente nos certificar como era aplicada durante a época em que foi escrita. Se tentarmos interpretar e aplicar a Escritura de acordo com nossa época e cultura, logo encontraremos muitas dificuldades. Freqüentemente, uma declaração, palavra, costume ou acontecimento em outra cultura ou época, serão entendidos de um modo totalmente diferente do significado a que estão atrelados, hoje, ao nosso povo. Devido às tremendas descobertas arqueológicas do século passado, alcançamos um entendimento muito melhor das culturas e cenários históricos dos tempos bíblicos. A maior parte destas informações está disponível em excelentes ferramentas de pesquisa. Definitivamente, você terá que consultá-las quando estiver aplicando este método de estudo bíblico. 9.2. O Valor da Arqueologia Para muitas pessoas, a arqueologia é uma ciência monótona, enfadonha e pouco conhecida. Mas graças ao trabalho paciente de muitos arqueólogos experientes de diversas nações, hoje sabemos muito mais acerca dos tempos bíblicos, do que os cristãos há meio século atrás. A National Geographic e outros periódicos conhecidos publicaram as tábuas de Ebla, recentemente descobertas, que lançaram nova luz no Oriente Próximo, de 2000 a 2500 a.C. Hoje, podemos entender a Bíblia como nunca, visto que a arqueologia tem sido um poderoso meio de informação e companheira do estudante sério da Bíblia. G. W. Van Beek escreveu: “Ninguém pode entender a Bíblia sem ter um conhecimento da história e cultura bíblicas, e ninguém pode afirmar que tem um conhecimento da história e cultura bíblicas sem ter um entendimento das contribuições da arqueologia. Acontecimentos bíblicos foram ilustrados, palavras desconhecidas explicadas, idéias esclarecidas e a cronologia aperfeiçoada pelos achados arqueológicos. Dizer que nosso conhecimento da Bíblia foi transformado radicalmente por estas descobertas é minimizar os fatos.” 9.3. Etapas do Método O formulário para este tipo de estudo contém oito etapas para serem cumpridas e um espaço em branco para relacionar as ferramentas de consulta utilizadas. Use mais folhas de papel se o espaço no formulário não for suficiente. A. Escolha o assunto ou livro da Bíblia. Escolha o assunto, pessoa, palavra ou livro da Bíblia que deseja estudar, e comece a juntar os materiais de consulta para fazer a pesquisa. A disponibilidade destas ferramentas definirá, essencialmente, o escopo de seu estudo. B. Relacione as ferramentas de consulta utilizadas. Relacione todas as ferramentas de consulta que você juntou para fazer este estudo (v. a seção "Ferramentas necessárias"). Isto é para ajudá-lo a se lembrar quais livros foram mais úteis para a pesquisa de material histórico-cultural e contextual e quais livros você poderá recorrer no futuro, caso queira fazer outros estudos deste tipo. C. Anote as revelações que obtiver com base na geografia. Você precisará se familiarizar com a geografia da Palestina e do Oriente Próximo, em geral. Isto inclui os tipos de solo lá encontrados, as principais montanhas e montes, elevação e chuva, as maiores extensões de água, mares, lagos, rios, a localização de cidades e países, pontos de referência conhecidos e as fronteiras de países circunvizinhos da época em estudo. Quando você estudar o Novo Testamento, particularmente as viagens missionárias de Paulo, precisará estar familiarizado com os países e com as cidades da costa mediterrânea que existiam durante os dias do Império Romano. MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 28 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Durante todo o estudo de geografia bíblica, pergunte incessantemente: "Qual a influência da geografia circunvizinha no contexto do meu estudo?". Nesta etapa, registre toda a informação importante que obtiver sobre a geografia, para o assunto ou livro sob estudo. D. Anote as revelações que obtiver com base na história. Você deveria possuir um conhecimento prático da cronologia (a ordem dos acontecimentos históricos) da nação de Israel no Antigo Testamento. Estude os períodos da história da nação hebréia; descubra a origem e a história de cidades famosas; estude as divisões do ministério de Jesus; seja um bom conhecedor acerca das viagens missionárias de Paulo. Com relação ao período histórico que você está estudando, é útil também ter conhecimento dos fatos mais importantes que estavam ocorrendo concomitantemente em outras partes do mundo, a fim de obter uma visão panorâmica exata daquilo que Deus estava operando no mundo. Você poderia se perguntar: "o que ocasionou este fato peculiar que estou estudando?", "como isto afetou as pessoas envolvidas?", "como isto influenciou a passagem que estou estudando?". Fique atento, principalmente, aos fatos que ilustram o controle soberano de Deus sobre o progresso da história. Nesta etapa, relacione todas as revelações que obtiver sobre a história que envolve o assunto ou o livro que você está estudando. E. Anote as revelações que obtiver com base na cultura. Se você quiser entender o que ocorria nos tempos bíblicos, deverá aprender tudo o que envolvia o estilo de vida dos povos antigos das Escrituras. Eis algumas áreas que você poderia pesquisar enquanto se pergunta: "De que forma todas estas coisas influenciam a mensagem e o povo sobre o qual estou estudando?". • tipos de roupa que as pessoas usavam; • profissões e comércio nos tempos bíblicos; • música na Bíblia; • estilos arquitetônicos no Oriente Próximo; • modos e costumes na Escritura; • entretenimento nos tempos antigos; • vida familiar no Oriente Médio; • arte na Bíblia; • idiomas e literatura das nações circunvizinhas; • cerimônias religiosas em Israel e entre os vizinhos pagãos; • falsas religiões naquela região; • armas e ferramentas usadas pelos povos. Nesta etapa, relacione todas as revelações que obtiver sobre a maneira como os povos viviam em suas culturas. F. Anote as revelações que obtiver com base no ambiente político. Muito do que aconteceu em Israel no Antigo Testamento e no mundo romano de Jesus, de Paulo e dos apóstolos, está relacionado com o ambiente político da época. Reis, imperadores, governadores e autoridades governaram os povos daqueles tempos. Por exemplo, Israel passou grande parte de sua história sob domínio estrangeiro e até mesmo experimentou o exílio. Estas outras nações e formas de governo foram trazidos ao contexto para influenciarem o modo de vida do povo de Deus. Porém, reconheça que Deus sempre está no controle da situação política. Até o rei Nabucodonosor admitiu este fato (v. Dn 4.34,35). Egito, Filístia, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma desempenharam papel importante na Bíblia. Como eram essas nações? Como influenciaram Israel ou a igreja do MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 29 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Novo Testamento? Muitas das mensagens dos profetas só podem ser entendidas à luz do ambiente político da época. Nesta etapa, escreva as revelações que puder extrair de sua pesquisa sobre as condições políticas do período que você está estudando. G. Resuma a pesquisa. Volte às etapas três a seis e, a partir dos dados que reuniu, resuma a pesquisa respondendo estas duas perguntas: • Como estas informações sobre os cenários das épocas me ajudam a entender melhor o que estou estudando? • Algum destes fatores tiveram influência no assunto (ou livro) que estou estudando? H. Escreva uma aplicação pessoal. Embora seja difícil pôr em prática um exemplo pessoal neste tipo de estudo, você deveria conseguir uma aplicação do texto que está estudando. De fato, pesquisar o pano de fundo do tema estudado pode permiti-lo encontrar uma aplicação que você careça hoje, e os detalhes podem lhe ajudar a fazer a aplicação pessoalmente apropriada. FORMULÁRIO PARA O MÉTODO HISTÓRICO-CULTURAL E CONTEXTUAL • Assunto: Éfeso (carta aos Efésios). • Ferramentas de consulta utilizadas: o Dicionários Bíblicos e Manuais Bíblicos. • Cenário geográfico: A cidade de Efeso situava-se na costa ocidental da Ásia Menor, na foz do rio Caister, um dos quatro vales principais que se estendem do oriente ao ocidente, terminando no mar Egeu. Situava-se no começo de uma rodovia principal que se dirigia para o Oriente, cruzando a Ásia Menor em direção à Síria, indo depois para a Mesopotâmia, Pérsia e índia. Éfeso era uma grande cidade portuária e tinha, no tempo do apóstolo Paulo, uma população de cerca de 400 000 pessoas. Era a cidade mais importante da província romana da Ásia. Sua localização estratégica transformou-a em um lugar de encontro de rotas comerciais terrestres e marítimas naquela parte do mundo, naqueles dias. • Cenário histórico: Éfeso era uma cidade antiga, cujas origens estão perdidas nas névoas da antiguidade. Era conhecida como importante cidade portuária nos dias dos antigos hititas (princípio do séc. xiv). Em torno de 1080 a.C, foi tomada e colonizada pelos gregos do outro lado do mar Egeu, quando então foram introduzidos o estilo e a influência grega. Cinco séculos mais tarde, foi conquistada pelo legendário rei Creso, que restabeleceu a influência asiática na cidade. Os persas ocuparam Éfeso em 557 a.C. e, por este motivo, dois séculos de conflito se seguiram com os gregos. Alexandre, o Grande, conquistou a cidade em 335 a.C, prevalecendo a influência grega até os tempos romanos. Os romanos tomaram a cidade em 190 a.C., que permaneceu sob seu domínio ou de seus aliados até os dias de Paulo e também depois. Tornou-se a cidade principal da província romana da Ásia, embora Pérgamo ainda permanecesse como capital. • Cenário cultural: MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 30 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Desde a época em que os gregos conquistaram a cidade, em 1080 a.C, houve conflito cultural entre o estilo de vida asiático e o grego. A religião original incluía a adoração à deusa-mãe, a quem mais tarde os gregos chamaram Ártemis (Diana, para os romanos). Nesta cidade, a deusa primitiva tinha um santuário, e os gregos, mais tarde, construíram um grandioso templo que se tornou conhecido por todo o mundo mediterrâneo. Situada no cruzamento entre a Europa e o Oriente, a cidade tinha um ar cosmopolita, já que pessoas de origens e formações diferentes, particularmente comerciantes e navegantes, se misturavam livremente ali. Tratava-se de uma cidade cosmopolita, grega por excelência em termos culturais, mas com concomitante presença asiática. Tinha todas as comodidades de uma moderna cidade romana — ginásios, estádios, teatros e um mercado central. • Cenário político: Nos dias de Paulo, visto que era uma cidade leal à Roma, Éfeso era governada pelo procônsul romano de Pérgamo. Assim, era-Ihe permitido ter seu próprio governo, tendo sido dividida em "tribos" de acordo com a composição étnica da população. Na época de Paulo, havia seis dessas tribos e os representantes de seus grupos elegiam o "clérigo da cidade", responsável por todas as reuniões públicas. Entre outros funcionários governamentais haviam os asiarcas, funcionários municipais de Roma, e os neócoros, funcionários do templo. • Resumo das revelações: A cidade de Éfeso era uma cidade importante e, por causa de seu valor estratégico, Paulo e seus colaboradores dirigiram-se para lá em sua segunda viagem missionária. Mais tarde, Paulo ministrou nesta cidade durante algum tempo (na terceira viagem missionária). Por causa de sua população cosmopolita, havia a oportunidade de ministrar a muitos tipos diferentes de pessoas — romanos, gregos e os asiáticos daquela parte da Ásia. Também poderia ter havido um ministério para os viajantes e comerciantes que chegavam por terra e pelo mar. Sua história e geografia tornaram a cidade estratégica para a edificação de igrejas e a conseqüente pregação das novas do Evangelho por todo o território ao redor, bem como para muitos outros lugares, mediante o uso de caravanas e embarcações. • Aplicação pessoal: o Em dias de explosão demográfica, é minha responsabilidade testemunhar de Jesus Cristo em lugares estratégicos do mundo. Isto significa que preciso descobrir, em minha cidade, onde se localizam as assembléias. Então, deveria planejar ir lá, tanto sozinho como com a minha igreja, para testemunhar da graça de Deus e sua salvação. Falarei com Sam e Joe acerca disso e juntos faremos planos para evangelizar nossa comunidade. 10 - MÉTODO DE ESTUDO SINTÉTICO O método sintético implica em estudar um livro como uma uni¬dade de pensamento, valendo-se de uma leitura ininterrupta e repetitiva, resumindo seu conteúdo com base em estudos anterio¬res de cada um de seus capítulos. "A palavra sintético é derivada da preposição grega syn, que significa junto, e do radical verbal the, que significa pôr, de forma que a tradução é pôr junto; reunir; montar'. Sintético é o oposto de analítico, que significa 'desmon¬tar'". Na síntese, ignoramos os detalhes e olhamos somente para o quadro inteiro. Neste método, juntamos o que desmembramos no método anterior. MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 31 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 10.1. Etapas do Método O formulário para o método sintético é composto de seis seções visando cumprir as seis etapas do estudo. Assegure-se de ter à mão o formulário para o estudo investigativo e os formulários para análise de capítulo para cada uma das unidades, a fim de consultá-los. A. Releia o livro. Releia o livro várias vezes novamente. Leia-o de uma só vez, numa tradução moderna, rapidamente, repetidamente, fervorosamen¬te, sem consultar comentários, e com lápis ou caneta na mão. B. Escreva um esboço finai e detalhado. Compare o quadro horizontal e o esboço experimental que você fez no estudo investigativo com os resumos de texto feitos no estudo analítico. A partir da comparação destes e de suas leituras recentes, escreva um esboço final e detalhado do livro. C. Escreva um título descritivo. Do quadro horizontal e do esboço final e detalhado, feitos respec¬tivamente na pesquisa do livro e na segunda etapa, escreva um título descritivo para o livro que você acabou de estudar. Crie um título original que descreva, em poucas palavras, o assunto do li¬vro. Consulte também o título de capítulo que você deu e estabe¬leça uma síntese deles. D. Faça um resumo de suas descobertas. Reveja e compare suas considerações finais do estudo analítico, e resuma o que você acredita que sejam os assuntos principais e as conclusões do livro. Nessa fase, não consulte comentários, pois a primazia, aqui, é para suas revelações sobre a Palavra de Deus. Entre essas revelações, inclua também as observações que forem acrescentadas durante as novas leituras. E. Escreva uma aplicação pessoal. Reveja todas as aplicações pessoais feitas nos estudos investigativo e analítico, e as possíveis aplicações que você relacionou para cada capítulo. Se você ainda não realizou algumas das aplicações escri¬tas, escreva-as nesta etapa e projete pô-las em prática imediata¬mente. Se isto já foi feito, escolha outra aplicação possível dos estudos de capítulo ou de seu estudo sintético, e escreva-a aqui. Consulte o primeiro capítulo deste livro para saber como isto pode ser feito. F. Compartilhe os resultados de seu estudo. O estudo da Bíblia não deveria ser apenas alimento para a sua alma e aumento de sua compreensão da Palavra de Deus. Os re¬sultados do estudo bíblico, incluindo as aplicações, precisam ser compartilhadas com outros. Há dois modos de fazer isso. • Compartilhe em particular com seu filho na fé. Quando se reunir com seu filho (ou filha) na fé, compartilhe o que você está aprendendo do seu estudo bíblico, que aplicações está praticando e como ele pode também se beneficiar do próprio estudo. Quan¬to mais você dividir, mais aprenderá. • Compartilhe com seu grupo de estudo bíblico. Se você não pertence a nenhum, forme um pequeno grupo de estudo bíblico, no qual todos estudem o mesmo livro da Bíblia e compartilhem seus estudos, uns com os outros. Deste modo, você fortalecerá e ajudará uns com os outros, em áreas de estudo que talvez não estejam claras para alguns dos seus membros. FORMULÁRIO PARA SÍNTESE • Llvro: Efésios • Capítulos: 6 • Número de vezes lido: 5 • Introdução (1.1-2): • O autor (1.1). • Os destinatários (1.1). MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 32 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • A saudação (1.2). • O plano de Deus para a Igreja (1.3—3.21). (Quem somos aos olhos de Deus.) o A eleição da igreja (1.3-23). A revelação do propósito de Deus (1.3-14): • A declaração sumária (1.3). • A base de nossa salvação — a obra de Deus, o Pai • (1.4-6). • Os benefícios de nossa salvação — a obra de Deus, o • Filho (1.7-12). • A concessão de nossa salvação — a obra de Deus, o Espírito Santo (1.13,14). A resposta da oração a Deus (1.15-23). o A salvação da igreja (2.1-22). A obra de Cristo na regeneração (2.1-10): • O que éramos (2.1-3). • O que ele fez (2.4-9). • Com que propósito ele nos fez (2.10). A obra de Cristo na reconciliação (2.11-22): • O que éramos (2.11,12). • O que ele fez (2.13-18). • Com que propósito ele nos fez (2.19-22). o O segredo da igreja (3.1-21). A revelação do "mistério" (3.1-13): • Todos os salvos são co-herdeiros (3.1-6). • Isto precisa ser pregado a todos (3.7-13). A resposta da oração a Deus (3.14-21): • Orando para que os outros saibam disso (3.14-19). • A doxologia (3.20,21). • A conduta da igreja (4.1—6.20). (Quais são as nossas Responsabilidades perante Deus.) o As responsabilidades da igreja (4.1—5.21): Caminhar em comunhão (4.1-16). Caminhar em entendimento (4.17-32). Caminhar sem interesse (5.1-4). Caminhar sem mácula (5.5-21). o As relações na igreja (5.21—6.9): Relações matrimoniais (5.21-33). Relações familiares (6.1-4). Relações no trabalho (6.5-9). MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 33 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] o Os recursos da igreja (6.10-20): A admoestação (6.10). Os adversários (6.11,12). A armadura (6.13-17). O acesso (6.18). O embaixador (6.19,20). • Conclusão (6.21-24): o O mensageiro (6.21,22). o A saudação (6.23,24). o Título descritivo: "Cristão, você é alguém! Agora viva!”. o Resumo das revelações: Deus é o autor da salvação — ele a planejou desde a eternida¬de. E sendo seu plano, funciona! Jesus Cristo é quem nos redime de nossos pecados e nos re¬concilia com Deus, e uns com os outros. Não há modo de as pessoas de diferentes formações, raças, religiões, culturas etc, serem reconciliadas umas com as outras, exceto por meio de Cristo. O Espírito Santo é Aquele que vive em nós e nos capacita a entender o que somos em Cristo. Ele é a Garantia de nossa salvação e quem nos capacita a viver nossas vidas no caminho de Deus. Por causa de quem somos aos olhos de Deus, temos a respon¬sabilidade de viver uma vida santa — temos a responsabili¬dade de nos tornar como ele. O que Deus fez está descrito nos capítulos 1 a 3; o que devemos fazer, nos capítulos 4 a 6. Devemos levar a sério estas responsabilidades. O plano de Deus é que TODO O seu povo esteja envolvido na obra do ministério. Porque todos recebemos determinadas bênçãos espirituais e a responsabilidade de ministrar aos ou¬tros — compartilhando o Evangelho, levando-os ao Senhor e depois os instruindo. Deus espera um certo padrão de comportamento de todos os cristãos em suas relações mais íntimas. Isso inclui o casamen¬to, a formação de uma família e o lugar onde trabalhamos. Assim, as responsabilidades por todos estes relacionamentos são cuidadosa e detalhadamente explicadas. Nossa fé deve ser manifestada nos relacionamentos básicos da vida. É impossível vivermos no caminho de Deus dependendo de nossa própria força. É por isso que ele nos deu o Espírito Santo e sua armadura, para nos ajudar a viver no seu cami¬nho. As riquezas e as bênçãos de Deus nos pertencem. Deve¬mos vestir toda a armadura, a fim de vivermos vitoriosa¬mente. Este livro nos é tremendamente encorajador, sempre que nos entristecemos por nós mesmos. Aqui, Deus nos diz o que ele pensa a nosso respeito. Nada pode ser mais nobre ou sublime do que sermos recomendados por Deus por aquilo que ele pensa a nosso respeito. • Aplicação pessoal: o Este livro explica em detalhes quais são minhas responsabili¬dades como cristão em todas as áreas da vida. Sei agora que Deus espera que eu seja um bom e diligente trabalhador. Devo ser obe¬diente e submisso a ele em nome de Cristo. MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS - 34 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] o Nem sempre fui o melhor funcionário. Esta passagem (Ef 6.5-9) me convenceu da minha responsabilidade de ser um emprega¬do melhor. Determinarei, pela ajuda do Senhor, ser o melhor funcionário possível para meu chefe. E quando a oportunidade surgir, compartilharei com ele o Evangelho de Jesus e por que estas boas novas mudaram minha vida. Mas ele terá que ver isto primeiro em mim, antes de ouvir o que eu tenho a lhe dizer. o Desta forma, cumprirei esta aplicação. Pedirei a Charlie, um cristão com quem trabalho, que me ajude a ser o tipo de funcio¬nário que Deus quer que eu seja. Vou sugerir que ele se reúna comigo toda semana para orarmos, a fim de que nós dois possa¬mos dar esse tipo de testemunho. Esta pode ser a oportunidade de eu começar a trabalhar com Charlie de maneira direta. • Pessoas com quem compartilhar este estudo: o Participantes da Escola Bíblica Dominical. o Grupos de estudos. BIBLIOGRAFIA BÁSICA LAHAYE, Tim. Como Estudar a Bíblia Sozinho. 5ª EDIÇÃO. Minas Gerais: Editora Betânia, 1984. ATIVIDADE 1. Relacione 3 benefícios de cada método de estudo bíblico apresentado. PROGRAMA DE ESTUDOS Para finalização dos estudos no MODO INTENSIVO, essa disciplina deverá ser concluída em 5 dias. Para finalização dos estudos no MODO NORMAL, essa disciplina deverá ser concluída em 20 dias. SUMÁRIO 1 - EDUCAÇÃO CRISTÃ............................................................................................. 2 2 - ENSINO RELIGIOSO ............................................................................................ 2 2.1. ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL ...................................................................................2 3 - ATUAÇÃO DA EDUCAÇÃO CRISTÃ....................................................................... 3 3.1. UM OLHAR PELA HISTÓRIA........................................................................................4 3.2. CONCLUSÃO SOBRE EDUCAÇÃO CRISTÃ ......................................................................4 3.3. CONCLUSÃO FINAL ...................................................................................................5 4 - PORQUE EDUCAÇÃO CRISTÃ .............................................................................. 6 4.1. PORQUE PRECISAMOS ENSINAR? ................................................................................7 5 - COMO SE QUALIFICAR PARA ENSINAR ............................................................... 8 6 - ALVOS NO PAPEL DO PROFESSOR...................................................................... 8 7 - PREPARO DA LIÇÃO............................................................................................ 9 8 - APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO............................................................................... 10 8.1. ALVO ................................................................................................................... 10 9 - VOCÊ É CHAMADO PARA MINISTRAR ÀS CRIANÇAS? ....................................... 11 10 - PRINCÍPIOS DO BERÇÁRIO............................................................................ 12 11 - DISCIPLINA E MÉTODOS ............................................................................... 13 12 - DEZ MANDAMENTOS DO “NÃO”..................................................................... 14 13 - DEZ MANDAMENTOS DO “SIM”...................................................................... 14 14 - DESENVOLVENDO A CRIATIVIDADE.............................................................. 14 15 - ATIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM ..................................................... 16 15.1. FONTES DAS ATIVIDADES ........................................................................................ 17 15.2. ORGANIZANDO ATIVIDADES DE ENSINO E APRENDIZAGEM............................................. 18 16 - PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO CRISTÃ ............................................................. 20 16.1. AS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS DE 1 A 3 ANOS ................................................... 20 16.2. O QUE E COMO ENSINAR AS CRIANÇAS DE 1 A 3 ANOS ................................................ 22 16.3. AS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS DE 4 A 6 ANOS ................................................... 23 16.4. O QUE E COMO ENSINAR AS CRIANÇAS DE 4 A 6 ANOS ................................................ 24 16.5. AS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS DE 7 A 9 ANOS ................................................... 25 16.6. O QUE E COMO ENSINAR AS CRIANÇAS DE 7 A 9 ANOS ................................................ 27 16.7. AS CARACTERÍSTICAS DOS PRÉ-ADOLESCENTES ......................................................... 27 16.8. O QUE E COMO ENSINAR OS PRÉ-ADOLESCENTES ...................................................... 28 16.9. AS CARACTERÍSTICAS DOS ADOLESCENTES ................................................................ 29 16.10. O QUE E COMO ENSINAR AOS ADOLESCENTES........................................................ 29 16.11. AS CARACTERÍSTICAS DOS JOVENS ....................................................................... 30 16.12. O QUE E COMO ENSINAR AOS JOVENS .................................................................. 31 16.13. A CLASSE DE ADULTOS....................................................................................... 31 EDUCAÇÃO CRISTÃ - 2 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 1 - EDUCAÇÃO CRISTÃ O tema Educação Cristã, parece simples de ser discutido e estudado, no entanto, seus princípios, apesar de claros se tornam um tema de difícil definição. Mesmo entre os especialistas da área existe grande divergência na resposta à simples pergunta: O que é Educação Cristã? A divergência de definições é tão grande, que é possível encontrar obras literárias que defendem a Educação Cristã, o ensino cristão em todos os modos, e por conseguinte adota a Escola Bíblica Dominical (EBD) como sendo o grande alicerce da Educação Cristã. Se a EBD, os grupos de discipulado e os demais grupos de estudo bíblicos são exemplos de Educação Cristã, então o que é Ensino Religioso (Ensino Religioso)? Será a EBD a melhor referência a Educação Cristã? Por esta óptica, quais são os desafios da Educação Cristã visto que os alunos da EBD ou mesmo dos grupos de discipulado estão ali reunidos para aprender especificamente as doutrinas propostas por aquela organização religiosa? 2 - ENSINO RELIGIOSO Como o próprio nome sugere, Ensino Religioso é o ensino da religião, ou seja, o ensinamento dos dogmas e doutrinas de dada orientação religiosa. A palavra religião chegou a nós através do latim religio; esta palavra é usada para definir a expressão externa da crença e não necessariamente o conteúdo da mesma. Não existe sociedade na história, em que não fosse encontrado algum tipo de religião, desde as mais remotas até as modernas, a religião esta sempre presente. Em todas as formas de religião, podemos evidenciar a presença de alguns fatores básicos presente em todas as religiões, ou seja em todas as formas de religião encontramos: • Livro (ou escritos) sagrado; • Rituais; • Normas; • Sacerdote; • Promessa de recompensa (em vida ou após ela). Em algumas religiões como o hinduísmo e o islamismo, a religião se confunde com a política e faz parte da organização social e até nacional. Nestes casos já nos primeiros passos como ser social, o individuo tem contato com sua religião, visto que a organização política e social é orientada pela religião, todas as suas ações terão influência de seu conhecimento empírico. Ainda no ambiente doméstico os pais fazem o papel de sacerdote a aplicam a doutrina religiosa a partir dos primeiros anos de vida. Em culturas como estas o Ensino Religioso está diretamente ligado a formação do caráter e na socialização mais propriamente dita. 2.1. Ensino Religioso no Brasil O Ensino Religioso no Brasil passou por grandes mudanças desde o império até os dias de hoje. É bom lembrar que a Constituição foi promulgada em 1988, mas a história do Brasil começa bem antes. A partir do texto do art. 33 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, reza que: “O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão, constitui disciplina de horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.” EDUCAÇÃO CRISTÃ - 3 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Com isto o ensino religioso se torna parte essencial para a formação do cidadão, é também reconhecido como disciplina nos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. A religião é presente em nossa sociedade, respeita a liberdade e diversidade religiosa. 3 - ATUAÇÃO DA EDUCAÇÃO CRISTÃ Diferentemente do Ensino Religioso, a Educação Cristã (Educação Cristã) não trata do assunto “Religião” em si, mas sim do ponto de vista cristão da Educação. Em suma, ela não é uma matéria da grade escolar, e sim uma filosofia na educação. Podemos determiná-la como o molde que fundamenta a educação convencional nos princípios morais cristãos. Isto não quer dizer necessariamente a inclusão no currículo escolar matérias que envolvam a Bíblia ou mesmo temas que envolvam o cristianismo, lembro que esta é a proposta do Ensino Religioso. A Educação Cristã tem por objetivo a atuação mais filosófica e tanto quanto subjetiva, pois ela não é a uma matéria em si. A Doutora em Filosofia e Mestre em educação Jane Rangel Alves Barbosa, define educação como “um processo que se baseia na reflexão sobre a realidade e, ao mesmo tempo, assimila suas necessidades e a crítica em suas inconsistências, agindo no sentido de atendê-la em muitos aspectos. Portanto, está embasada na Filosofia, na Sociologia, na Psicologia, na Antropologia e no contexto histórico” (2009 pág 30). O dicionário Priberam define educação como sendo “Conjunto de normas pedagógicas tendentes ao desenvolvimento geral do corpo e do espírito”. Pelos conceitos acima apresentados, entendemos que a educação é mais que mera instrução em dada disciplina. Cada disciplina do currículo escolar é importante e a formação do caráter e o desenvolvimento da sociedade dependem desta instrução. Sendo assim a Educação Cristã “é um processo de treinamento e desenvolvimento da pessoa e de seus dons naturais à luz da perspectiva cristã da vida, da realidade, do mundo e do homem.” A Bíblia, é um livro sagrado para os cristãos; ela é o manual para a salvação de todo aquele que crê. Entretanto, é também um livro histórico e de sabedoria. Portanto, ser um observador e amante das Sagradas Escrituras, exige atenção especial a estes princípios. Religião, em sua forma latina religio é usada para definir a expressão externa da crença, portanto compõe seus ritos e dogmas. O cristianismo, por sua vez, demonstra esta forma externa de crença, não apenas em ritos e dogmas, mas em princípios, como: respeito, honestidade e amor ao próximo. Como exemplo, podemos destacar que é ensinamento do cristianismo, que, se houver cumprimento dos ritos, mas sem amor, nada vale; e também, que o que o Senhor Deus espera de nós é “justiça e misericórdia com o próximo, a saber: • I Cor 13: 2 “Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.” • Mq 6:8 “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor requer de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benevolência, e andes humildemente com o teu Deus?” O pensamento cristão excede os limites dos dogmas religiosos, e se apresenta como sendo um manual de vida social exemplar. As melhores constituições do mundo têm base nos princípios cristãos, a declaração universal dos direitos humanos em nada fere as sagradas escrituras. Não há motivos para pensar em proselitismo neste momento, e sim, que, se abordarmos a filosofia cristã na educação, toda a sociedade tem a ganhar, visto que ela contribuirá para o desenvolvimento de uma sociedade justa e igualitária. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 4 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 3.1. Um Olhar Pela História O renascimento, ou renascença, deu ao homem a oportunidade de pensar livremente, de traçar seu destino, tanto através dos conhecimentos (astronomia, química), quanto através da política (o ideal republicano), das técnicas (medicina, arquitetura, engenharia, navegação) e das artes (pintura, escultura, literatura, teatro). A importância de tal conquista é inquestionável. A reforma protestante, não trouxe luz apenas a escuridão espiritual, trouxe também liberdade ideológica a todos. Com o poder político e ideológico da igreja abalado, o pensamento livre ganha espaço. Não era mais preciso do consentimento da igreja para se apresentar uma tese; ninguém mais morreria queimado se contrariasse a igreja. O racionalismo ganha espaço, todo o pensamento se volta para a razão. A fé passa a ser classificado como assunto místico, sem comprovação científica, portanto, assunto sem importância. O pensamento chave é a razão, como a fé não pode ser comprovada unicamente pela razão, qualquer assunto que envolvesse a religião se tornou desprezível. Esta foi uma era de grande desenvolvimento em vários ramos do saber, especialmente na política e na ciência; contudo qualquer assunto que envolvesse a fé, ou ideais que partissem de qualquer orientação religiosa foi vedado. O marxismo, que através de Karl Marx, imortal fundador do comunismo científico, encontra na escola racionalista a força necessária para a teoria e prática da luta de classes, a revolução sobre o proletariado internacional. A crítica contra a sociedade burguesa foi o início de grandes ideais de igualdade e luta por melhores condições. Karl Marx, através de seus ideais de luta em defesa das classes baixas, fez grandes revoluções. Não apenas em sua época, mas abriu precedentes para outros grandes momentos na história. Sua atuação, foi destrutiva e construtiva; destrutiva, na medida em que proclamou a morte da burguesia, e construtiva, uma vez que anunciou a vitória do proletariado. A escolástica, condicionava todo o conhecimento à prova da Bíblia, ou seja, todas as teses e estudos só eram reconhecidos como verdadeiros se aprovados pelas autoridades ligadas a igreja. Portanto cada teoria, tese ou argumento deveria ser refutado ou defendido por argumentos tirados da bíblia. Caso fosse refutado o autor da tese poderia ser chamado de herege, e sabemos, através da história, que muitos morreram por defenderem suas idéias científicas. 3.2. Conclusão Sobre Educação Cristã Não está em questão aqui as contribuições sociais alcançadas com o racionalismo, e sim as percas. A supervalorização do individuo e o total desprendimento dos princípios cristãos trouxe valores para a sociedade que não estão em acordo com os princípios das escrituras. E são palco para a degradação da sociedade. Citando apenas um exemplo, podemos comparar a alegria de um pai em saber que o filho tem vida sexual ativa, e apoiar o ato sexual antes do casamento, justamente por que ele é livre e pode fazer o que quiser com o corpo. No mesmo cenário poderemos presenciar o desgosto do mesmo pai e saber que sua filha adolescente também tem vida sexual ativa e está fazendo o que quer com o seu corpo, pois ela é livre. O ideal de liberdade pregado pelo racionalismo e humanismo, ensina crianças e jovens a deliberadamente contestar as autoridades e simplesmente desacreditar em princípios morais cristãos. A ordem social e muitas vezes até familiar é colocada em cheque. É comum encontrar educadores que classifiquem a juventude como “a idade da rebeldia”, e dizerem que em breve serão maduros e estarão prontos para assumir seu papel na sociedade. Ora, tudo o que foi ensinado na escola, todos os princípios de liberdade, e “viver a vida” devem ser encarados como uma fase da juventude e então quando esta “fase” passar, ou seja, quando o jovem não for mais rebelde, ou seja, quando ele esquecer toda a EDUCAÇÃO CRISTÃ - 5 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] filosofia de educação que recebeu a vida toda. Aí sim ele estará pronto para “assumir seu papel” na sociedade. O grande avanço social e científico alcançado até então, não pode ser desprezado, no entanto, se faz necessário a presença de valores cristãos no currículo escolar, não como disciplina visto que este é papel do ensino religioso. Mas sim como filosofia de educação, pois ao contrário da prática educacional atual, os valores cristãos são ensinados para as crianças e esperamos que elas cresçam com estes princípios e jamais os abandone, pois só assim teremos uma sociedade justa, igualitária, com qualidade de vida e espaço para todos. Ensino Religioso e Educação Cristã, no primeiro momento, parecem ser semelhantes em quase todos os aspectos. Entretanto, após definir seus alicerces e propósitos, fica clara a importância ediferenças entre cada um. Assim como a presença da religião, a concepção do Ensino Religioso faz parte do dia- a-dia de todos. A instrução sobre os princípios e dogmas de cada religião deve ser ensinado a seus adeptos, e este é o papel do Ensino Religioso. Numa sociedade de grande diversidade religiosa como a brasileira, o debate se faz em torno do currículo, de como deve ser praticado o Ensino Religioso nas escolas. Proposta, não exatamente como prática educacional, mas sim como fundamento da educação, a Educação Cristã propõe não a mudança do currículo escolar para se adaptar ao cristianismo, mas sim como filosofia. Os ideais humanistas e racionalistas contribuíram para o desenvolvimento político e social, no entanto, quanto à consciência moral, ética, de valores familiares, entre outros ficaram prejudicados. Tal proposta confunde liberdade com libertinagem, desrespeita o espaço alheio, confunde liberdade com rebeldia, além de se contradizer quanto ao conceito do que é maturidade. Se existem a idade da rebeldia e a idade da maturidade, por que ensinar liberdade em confusão com a rebeldia ao invés de ensinar “liberdade com maturidade”. Portanto a Educação Cristã deve conduzir a formação de crianças e jovens, não a volta da escolástica que queimava na fogueira os cientistas, mas sim a valorização dos princípios cristão na educação, não os valores religiosos de cada igreja que se julga cristã, mas sim os valores morais, éticos, e de responsabilidade social que são a base do cristianismo. 3.3. Conclusão Final O Dr. Augustus Nicodemus define Educação Cristã como aquela feita do ponto de vista do cristianismo. E, diz que Educação Cristã não se refere à simples inclusão no currículo escolar de disciplinas que tratem da Bíblia ou temas do Cristianismo. Este último, conforme exposto em parágrafos anteriores, resumo como Educação Religiosa (Ensino Religioso), assim como escola bíblica dominical, estudo bíblico, etc. que muitas vezes é nociva à sociedade; vide catolicismo antigo, islamismo e tantos outros que, em nome de Deus, mataram literalmente e/ou espiritualmente muitas nações e povos. O Ensino Religioso por vezes é repleto de dogmas, doutrinas, filosofias do homem. Homem este moral e espiritualmente decaído. Augustus Nicodemus trata isso como pressupostos – mentalidade por detrás do processo educacional secular ou por não dizer, religioso. Pressupostos na Educação Cristã deve ser cristocêntrico, não religioso. Educação Cristã deve ser capaz de levar o homem à Era da Inocência. Atingir a plenitude da Educação Cristã é uma utopia quando permeada a luz da Bíblia, pois a Palavra nos relata a degradação da sociedade vindoura, porém aplicar a Educação Cristã é ordenança e exalta o nome de Deus. Plenitude da Educação Cristã é como a humanidade ser conduzida ao Genesis. Receber TODOS os ensinamentos vindos do próprio Deus, ou seja ser educado por Deus na viração do dia. Deus em Gn 2:15-17 realizou um processo de treinamento e desenvolvimento do homem e de seus dons naturais à luz da Sua perspectiva de vida, de realidade, de mundo. E é assim que Ele quer que façamos na família ou sociedade formando escolas, universidades para um ministério verdadeiramente cristão. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 6 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 4 - PORQUE EDUCAÇÃO CRISTÃ O plano de Deus é ter uma igreja vitoriosa sobre toda a terra: Para que isto aconteça é necessário que todo o conselho de Deus, a Sua palavra, seja restaurado (Is 46:9,10). Isaías 30:20 e 21 nos mostra que Deus prometeu restaurar o ministério de ensino ao seu povo a fim de dar-lhe orientação: e'... contudo não se esconderão mais os teus mestres, os teus olhos verto os teus mestres. Quando te desviares para a direita, e quando te desviares para a esquerda os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra dizendo: Este é o caminho, andai por ele”. Os mestres do Senhor estão se levantando porque haverá nesses dias uma unção de ensino, isto é, uma unção que desvenda a Sua palavra, nos revela os seus caminhos e nos faz compreender os seus propósitos. Ainda dentro dessa visão tem sido fundamental a restauração dos 5 ministérios citados cm Efésios 4:11 (Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e Mestres) como sendo os dons ministeriais que Jesus tem concedido á Sua Igreja, para equipá-la com vistas ao aperfeiçoamento no desempenho do seu ministério e conseqüente edificação do Corpo de Cristo. Cremos que Deus quer levantar uma equipe (não somente um homem) com unção especial de ensino, cheia de graça e com um amor e disposição de guardar intimamente a Sua Palavra. Temos observado que para realizar a obra de Deus se faz necessário preencher requisitos claros que o próprio Deus tem colocado em Sua Palavra. Por ordem de prioridade, temos: Vida com Deus segundo os princípios e padrões da Palavra de Deu. Ex.: coração submisso. “Feliz o homem constante no temor de Deus; mas o que endurece o seu coração cairá no mal. (N. 28:14). 1. Caráter; 2. Unção – Vida de oração. Fluir com percepção e maturidade espiritual. (1 Co 12:7- 10). 3. Perícia – Preparação no aspecto pedagógico. Conhecimento da matéria (Palavra de Deus). Uso de recursos didáticos, etc. (Jeremias 48:10; Êxodo 35:10,31; 36:1,2). Temos reconhecido como imprescindível um caráter tratável, ou seja, uma pessoa que saiba corresponder ã voz de Deus e á voz de autoridade sobre sua vida. Não esperamos alguém feito, mas alguém que saiba reconhecer suas falhas e esteja disposto a tratá-las em sua vida. O segundo aspecto da unção está intimamente ligado ao Batismo no Espírito Santo, pois toda Palavra de Deus precisa fluir de nossas vidas com autoridade e poder, característica básica de Mestre (Mt. 7:29). A Palavra de Deus nos diz que os dons do Espírito foram concedidos visando um fim proveitoso, ou seja, cumprir a vontade de Deus através das nossas vidas. Já que estamos nos colocando nas mãos do Senhor para sermos usados nessa área em Sua casa, quais dons nos seriam mais proveitosos no ministério de ensino? Acredito que Palavra de Sabedoria, Palavra de Conhecimento e Discernimento de Espíritos seriam os dons que mais precisaríamos em nossas salas de aula. Por exemplo, você poderá ter revelado do teu coração um sentimento de frustração ou rejeição no coração de uma criança e você poderá usar isso para ajudá-la a se sentir aceita e amada pelo grupo, orando com ela, com o grupo talvez. Com certeza, a Palavra de Sabedoria precisará estar sempre em seus lábios pois virão perguntas inesperadas e até embaraçosas. Exemplos: “Com quem se casaram os filhos de Adão?” ou Como você sabe que Deus responde nossas orações?” São perguntas complexas, inocentes e desejosas de receber respostas simples, são momentos de oportunidade pois são nesses instantes que os corações estão receptivos e abertos para a palavra de Deus. Quanto ao terceiro aspecto, a perícia, será exatamente o alvo da maior parte do nosso curso, pois reconhecemos que a grande maioria dos interessados na área de ensino não tem EDUCAÇÃO CRISTÃ - 7 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] preparação no aspecto pedagógico e nosso intento é colocar à disposição dos irmãos um breve estudo sobre didática, fases das crianças (motora, emocional, física), interesses, formas de ministrar sobre Deus, recursos audiovisuais, etc. Nas cartas de Timóteo, Paulo dá sábios conselhos para um homem de Deus, que o havia auxiliado muito enquanto faziam juntos suas viagens missionárias, e agora era Pastor em Éfeso, e que precisava fluir na função de mestre. Gostaria de destacar os seguintes textos: II Tm 2:15; 3:14-17; 4:2-5. Os conselhos são: • manejar bem a Palavra de Deus. • permanecer naquilo que aprendeu. • tornar-se sábio para a salvação. • conhecer as utilidades das Escrituras: ensino, repreensão, correção, educação na justiça. • pregar a Palavra em todas as oportunidades. • corrigir, repreender e exortar com longanimidade. • trabalhar como evangelista (ensinar a Salvação). Fazemos destes conselhos os nossos, para todos os que se dispõem diante de Deus a servir nessa área. Sabendo que no Senhor nosso trabalho não é vão, e que Ele é o nosso galardoador e nos preparará uma justa recompensa conhecendo o valor da nossa semeadura. É tempo de Semeadura: o Senhor nos chama a semear, as sementes do Reino de Deus, e se não desfalecermos, certamente também ceifaremos uma grande colheita. (Gl 6:7-10). Os que com lágrimas semeiam (intercessão e ensino), com júbilo ceifarão. Quem saí andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo trazendo seus feixes. (SI. 126:5,6). 4.1. Porque Precisamos Ensinar? 1. Para lançar um alicerce da verdade. (1 Co 15:3,4). 2. Para aperfeiçoar ( amadurecer, completar) os 'santos”. (Ef 4: 11-16). 3. Para produzir um estilo de vida santo dentro duma comunidade. (Is 2:3). 4. Para discipular todas as nações” e realizar a grande comissão. (Mt 28:19). 5. Para conduzir as pessoas para fora das trevas e para dentro da luz do Evangelho. (Cl 2:6,13; 1 JO 1:6; Jo 1:4). 6. Para restaurar a glória e poder de Deus á Igreja. 7. Para que o povo de Deus venha obedecer a Palavra de Deus e Sua vontade. (Pv 29:18). 8. Para que os filhos sejam treinados corretamente pelos pais cristãos. (Pv 22:6; Is 54:13). 9. Para adorar e servir a Deus de forma correta. 10. Para conhecer a Deus. 11. Para evitar o erro e discernir entre o bem e o mal. 12. Somos ordenados a ensinar (Mt 28:19; 28:10; 11 Tm 2:2). 13. Para fazer julgamentos corretos. 14. Para estabelecer o temor de Deus. (At 2:43; II Cr 17:10). 15. Para estabelecer os santos num entendimento da fé. 16. Para produzir e manter a unidade na igreja. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 8 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 17. Para nutrir o rebanho para seu devido crescimento. (Jo 21:15). 18. Para converter e tomar tratável, ou seja, flexível, disposto a se submeter, humilde. (Mt 18:3). 19. Para aumentar o entendimento. (Ef 1:18; 3:20). 20. Para produzir firmeza na obra do Senhor. (1 Co 15:57,58). “O professor é aquele que tanto pode abanar a chama da vida como pode apagá-la”. 5 - COMO SE QUALIFICAR PARA ENSINAR “A minha vida é o exemplo que fala mais alto que minhas palavras”. Não tem que ser um professor formado para ensinar as coisas de Deus, mas as seguintes experiências são importantes. • Tenho um relacionamento com o Senhor? o Já fui batizado nas águas? o Tenho o batismo e unção no Espírito Santo? o Oração tem uma função ativa na minha vida? o Considero a Bíblia como a Palavra de Deus a qual para nossas vidas? • Sou um membro deste corpo e compartilho da mesma unidade? o Amo meus irmãos em Cristo nesta comunidade? o Quero amar as “ovelhas” da aula que pretendo ensinar? • Sou submisso e disposto a cooperar com aqueles que Deus tem colocado em liderança sobre mim? o Minha vida é um testemunho de que tropeço para os outros. Exemplos: o Vicio de fumar; o Leitura ou filmes pornográficos; o Bebida alcoólica; o Fuxicos ou contendas; o Vocabulário baixo; o Exageros, mentiras ou bobagem. • Sou fiel aos meus compromissos - fiel à minha palavra? • Qual é a minha motivação para querer ensinar? 6 - ALVOS NO PAPEL DO PROFESSOR • Considerar um privilégio servir a Deus nesta capacidade de ensino. • Estar entusiasmado e transmitir isto para os alunos. • Ser pontual. em chegar (prioridade igual ao seu emprego). • Estar preparado com minha lição. Confiança, animo e resultados. • Cumprir minhas promessas com meus alunos. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 9 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Ser responsável e diligente na maneira em que sirvo a Deus. • Ser responsável por cada ovelha que Deus colocar nas minhas mãos. • Conhecer cada um por nome e quem é sua família. • Conhecer a família de cada aluno para encorajá-los no caminho e crescimento em Deus. • Ter um bom esquema para melhor aproveitamento do tempo da aula. • Comunicar aos meus líderes quando houver um problema. o Ausência por um motivo justo: doença ou viagem. o Problemas com a ausência ou comportamento de um aluno. o Necessidade para material ou finanças. • Transmitir uma atitude positiva e de confiança em respeito a Deus. • Fluir bem com meu ajudante de aula. o Não ter competição entre os dois. o Orar todas as semanas pelo ajudante e os alunos. • Sentir a necessidade de plantar a Palavra e princípios de Deus nos corações dos meus alunos. • Onde é que eu me encontro numa posição de ensino, emprego, lar, escola e igreja? • Precisar capacidade para melhor ensiná-los. • Ser um instrumento nas mãos de Deus para transmitir vida da Palavra e fortalecer os alunos no caminho de Deus. • Entender o valor de: o Repetição o Trabalhos o Musica o Criatividade o Memorização o Ensino • Desenvolver métodos progressivos no preparo e apresentação da lição. • Desenvolver inspiração através de leitura de livros fitas discos. • Visitar outras classes para inspiração. • Ter amor para com as pessoas. • Visitar alguém ausente. • Ter fé para ver crescimento e resultados. 7 - PREPARO DA LIÇÃO • Informação: Ler e entender quais são os assuntos que deveriam ser tratados (apreciar, contemplar). Ex.: história da natalidade. • Incubação: Meditar e contemplar qual o ponto de vista que vai escolher, pensando nas necessidades de cada aluno. Ore para direção. Ex.: qual é uma necessidade de uma faixa de idade e como pode-se aplicar. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 10 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Iluminação: Achar o assunto e os pontos que acompanham. Ex.: vida dos pastores, magos, anjos, pais. • Envolvimento: Preparando a lição em totalidade. Ex.: cordeiro - pastores, informações simples; alvo - Jesus, o cordeiro de Deus - manso e puro. Material para a apresentação da lição: o Dois livros de referência. o Um desenho grande, detalhado. o Um trabalho manual referente a um cordeiro - Jesus etc. Deve-se observar também os seguintes itens: • Tempo de Preparação: o 1 hora -> mínimo o 2 horas => melhor o 3 horas => ótimo o 4 horas => excelente • O professor precisa de tempo para a lição tornar-se real em sua vida. Nossa dedicação e tempo, possivelmente, é nossa maior prova de amor a Deus”. • Investir tempo na vida dos outros pode-se tornar: o Investimento no futuro da pessoa (p/ o Reino de Deus); o Resultados p/ a eternidade (segurança); o Enriquecimento e satisfação p/ o próprio professor. “Que você é, ou seja, sua vida, fala mais alto do que suas palavras”. 8 - APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO 8.1. Alvo Toda lição precisa de uma direção ou alvo. • Sem um alvo relaxamos. Pv 29:18; • Ficamos como uma babá fazendo hora; • Não desenvolvemos motivação. Como conseguir o alvo. • Atividades de ensino: o Dar oportunidade p/ os alunos participarem; o Ter ponto de contato; o Ter atividades que cativa o interesse e imaginação. o Controlar bem as aulas dos pequenos porque eles não o são (batem as cabeças uns dos outros, sobem nas coisas, etc.). o Ter materiais suficientes para preencher as necessidades e o tempo. o Ter maneiras adequadas para ser edificante (comunicação, educação). o Conhecer versículos para memorização. o Não deixar as crianças dominarem na hora de histórias, etc. o Investir impressões de Jesus na vida dos alunos. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 11 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • História da Bíblia comparando com a revista: o O ideal seria começar o preparo na segunda-feira e depois revisar na quarta, quinta ou sexta; o Seria bom estar por dentro dos fatos para não passar vergonha. O professor aprende mais do que os alunos. o Ensaiar um pouco em frente do espelho. Sorria, anime-se, tenha motivação. 9 - VOCÊ É CHAMADO PARA MINISTRAR ÀS CRIANÇAS? • Você gosta de estar envolvido com criança como irmão, tio, professor, enfermeiro, médico, educador, instrutor, etc.? o Existe um “chamar” de Deus para os que atingem a vida espiritual das crianças. o Uma criança é um pequeno ser começando a desenvolver entendimento e princípios de vida. o A necessidade espiritual da criança é tão válida quanto a física. • Entender que crianças são pessoas importantes para Deus. (Marcos 10:13-16). o Atendendo as crianças agora, estamos melhorando nosso ambiente, preparando-as para contribuírem á sociedade e um futuro positivo. o Alcançando uma criança com as estruturas de Deus, estamos ajudando um lar a ser construído de uma forma positiva, dando apoio e ânimo para os pais. o Armazenando verdades para as crianças se edificarem e ajudar outras ao seu redor e fortalecendo sua família em geral. • Entender que crianças tem capacidade de querer amar e aceitar Jesus desde 3-4 anos. o Se algum souber apresentar o plano de Deus de uma forma adequada e positiva, muitas pessoas podem decidir aceitar e seguir a Jesus. o Uma pesquisa revelou que 75% de um certo grupo de cristãos receberam Jesus antes dos 14 anos. o João Wesley afirma que crianças tem mais facilidade em aceitar o plano de Deus do que adultos. o O comunismo toma as crianças do lar aos 4 anos para trocar o lar e amor pela sua filosofia. • O professor de crianças não recebe tanta gratificação dos alunos (é uma obra de fé). Pode ser que os pais comentem ou vejam os resultados mais tarde. • Dedicar ao estudo e preparo para este ministério com toda sinceridade e dedicação. Não haverá sucesso no futuro, se não houver uma boa base ou alicerce agora (ceifará o que se semear). • Ministério com crianças não é uma tarefa simples para pessoas relaxadas ou menos desenvolvidas. Há a necessidade de pessoas com caráter e qualidade (Você escolhe o colégio mais qualificado para seus filhos mesmo com sacrifício!). • Desenvolver capacidade e criatividade para melhor instruir os alunos. • A criança é transparente. Ela revela o que está colocado dentro dela. Ela é educada, agitada, malandra, carinhosa, mas pode ser transformada. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 12 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Saber transmitir idéias, princípios e doutrina de uma forma simples e edificante, no nível de entendimento daquela idade. Paulo (apóstolo) simplificou sua linguagem com os gentios, Jesus ensinou através de parábolas. • Se o preletor não souber segurar a atenção da criança, o aluno poderá mostrar uma falta de educação. Deve-se cativar a sua atenção de forma adequada com gestos, etc. • Jesus também usava de criatividade e ponto de contato: o mar, os pescadores de almas, a moeda, o peixe, os vendedores no templo, os pães, etc. • Adquirir paciência e fé. Agüentar não um pouco, mas quantas vezes Jesus nos tolerou. o Semear, aguar e ceifar. Esperar cm Deus para a colheita. E um investimento poderoso. o Resultados: um advogado, professor, engenheiro, governador, pastor, etc. o Paulo deu referências ao seu professor. 10 - PRINCÍPIOS DO BERÇÁRIO • Lugar limpo, alegre e tranqüilo. De dia é bom ter claridade. É bom ter dois ou mais berços limpos. • Precisa de uma professora mansa, alegre e atenciosa que sabe enfrentar qualquer situação que envolve nenês. o Proteger contra qualquer perigo (objetos pontiagudos, subir em coisas altas, o que põe na boca, briguinhas de bebê). o Saber dar carinho, segurar a criança e conquistá-la. o Saber transmitir segurança e paz. o Despertar vontade na criança para começar a cantar, bater palmas. o Participar junto, sentado no chão e brincando com os brinquedos. • Começar impressionar a criança, mostrando que existe alguém muito bom, (igual papai) que é muito querido, faz todas as coisas, nos nenês também e que se chama Jesus. Ele é carinhoso, pega a crianças no colo (mostre um quadro), Ele tem barba, cura dói-dói, mas ele fica triste se crianças não obedecem. Coloque Jesus como uma idéia de bondade e ternura, não de medo. • Nesta idade estamos formando atitudes para aprender a gostar, confiar e cooperar com os outros. o Estamos ajudando a criança para se entrosar na casa de Deus. o Estamos cuidando delas para permitir aos pais ouvirem o seu próprio estudo com mais calma e liberdade (para os outros também). o Estamos começando a ensinar modos de respeitar e amar aos outros, etc. • Verifique a saúde da criança. Se a criança tiver febre, peça para a mãe ficar com ela. A febre transmite muitas doenças às outras crianças. É melhor a mãe ficar em casa com a criança quando ela estiver doente, muito resfriada ou com algo contagioso. • O ensino é mais sobre objetos básicos e atitudes. As crianças de 1-2 anos entendem pouco sobre religião em geral. • A criança precisa ter liberdade para ficar no chão (forrado com carpet). Nenês que não andam ficam nos berços ou sentam um pouco no chão ou carrinho. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 13 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • A professora e as ajudantes devem falar em tons baixos, calmos e carinhosos com expressão educada. Evite ansiedades, desprezos e grosserias. • Se a criança pedir para fazer xixi, a ajudante a levará no banheiro bem quietinha. Se ela sujar a fralda, chame a mãe para trocá-la. Se faltar só uns cinco ou dez minutos, veja se dá para esperar e término da aula para não perturbar a mãe. • Pode-se oferecer biscoitos de água e sal porque são práticos e agrada a criança. Desmancham com facilidade, evitando perigo de engasgar (mesmo assim fique alerta). Estes biscoitos não dão sede, não sujam a roupa (só o chão) e depois da aula basta passar uma vassoura mágica. • Enfeites na sala deixam as crianças felizes. Escolha desenhos da idade infantil. • Nas primeiras vezes, é normal a criança chorar. A mãe ou pai poderia ficar um pouco até ela acostumar. • Tenha paciência e não force a criança se não for causa urgente. “Deixai os pequenos vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus”. Mat. 19:14 11 - DISCIPLINA E MÉTODOS • Algumas razões da falta de cooperação da parte do aluno: o Possivelmente ele sente inadequado (não sabe ler bem, etc.). o Não recebe muito carinho em casa. o Não recebe atenção como gente. o Os pais não treinam ou disciplinam da forma suficiente em casa. • Dicas para os professores: o Tente conquistar com elogio. Ex.: “Que bom que você conseguiu!” ou “Você sabe cantar tão bem, veja se você pode falar o versículo” o “Vamos lembrar de fazer... tal coisa”. Não = “Não faça assim!”. o Chame a atenção através de um aluno como exemplo. Ex.: “Olhe como João fez sua letra tão bonita”, “A Suzana é tão quieta e atenciosa”, “O Maurício é o primeiro para cooperar”. o Explique bem o que você espera do aluno. Não o deixe confuso. o Não dê preferência mais a um aluno do que a outros (eles percebem). o Discirna a atitude do aluno (falta de maturidade, rebeldia contra sua autoridade, frustração, confuso, vergonha). o Expresse que você esta triste com o mal. o Dê responsabilidade para o que quer atenção. o Tome o objeto que causa competição. Devolva no fim da aula. o Peça para o aluno corrigir o erro. Ex: “Cate o giz que jogou no chão!”. o Dê castigo igual a ofensa. Seja justo. Às vezes um olhar basta. o Retire a criança do meio da tentação. Ponha-a perto de uma criança obediente. o Não faça vingança. o Reconheça seus próprios erros. Criança aprecia honestidade. o Peça cooperação na aula e não dê risadas das bobagens do “arteiro”. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 14 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] o Não promova fuxicos contra os outros. o Pergunte à criança se ela achou certo o que fez. Veja se ela pode deduzir que fez errado e precisa cooperar. o Fale para a criança que você a estima e espera bastante esforço da parte dela. Depois dê um abraço para terminar. o Só comunique com os pais se a criança rejeita correção de uma forma bem rebelde. Pergunte se tem um problema no lar, etc. Fale com os pais com carinho, não julgando. Eles podem ajudar. 12 - DEZ MANDAMENTOS DO “NÃO” • Não seja um “sargento”, ou seja, não seja muito rígido nas atitudes. • Não procure punir uma criança enquanto você está irado. • Não esqueça de ter compaixão também. • Não castigue o grupo todo por causa de umas poucas crianças. • Não converse com as crianças de uma forma infantil demais. • Não ridicularize ou despreze uma criança. • Não fique de costas muito tempo para os alunos. • Não faça desafios de castigo sem cumprir. • Não discipline com voz alta. • Não fique discutindo com a criança. 13 - DEZ MANDAMENTOS DO “SIM” • Encoraje cada criança. • Seja compreensível com os sentimentos das crianças (elas são mais sensíveis do que os adultos). • Seja atencioso e escute de vez em quando. Às vezes ninguém liga para elas em casa. • Seja consistente, um exemplo firme. • Seja firme nas exigências, não duvidoso. • Dê valor individual para cada aluno (até com adultos). • Ajude a turma para não fazer “panelinhas” que excluem os outros. Ajude a desenvolver amizades. • Divirta-os algumas vezes. Faça algo especial como festa. • Desenvolva um espírito unido para sua aula. • Faça sua aula ser um prazer e privilégio. 14 - DESENVOLVENDO A CRIATIVIDADE • Esteja alerta às oportunidades para melhor ilustrar a lição: EDUCAÇÃO CRISTÃ - 15 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] o Preste atenção às pessoas, à natureza, para conseguir idéias. Ex.: quando for falar da Criação leve as crianças para um passeio ou leve objetos da natureza para a sala de aula. o Ore para que Deus ajude sua mente a despertar e quando uma idéia “jóia” passar na mente, corra para anotá-la numa caderneta. o Procure livros sobre o assunto e dê uma estudada. o Observe e aprenda quando outros ensinam. o Lembre como Jesus ilustrou suas mensagens. o Arrume urna caixa para separar retalhos, desenhos e objetos de utilidade para futuras oportunidades. • Formas de ilustrar: o Livros com quadros ou desenhos o Natureza. o Quadro negro. o Fantoche. o Quadros coloridos. o Mapas. o Slides. o Diagramas. o Objetos que representam a história. o Música. o Som representando algo. o Desenhos para pintar ou colar. o Cheiros e comidas. o Peças jograis. o Papel recortado. o Fotografias. o Flanelógralo. o Bonecos, animais, insetos, etc. o Artefatos. o Folhas de papel de embrulhar presente ou papéis coloridos. • Materiais Práticos: o Cola. o Cartolina. o Tesouras. o Canetas coloridas. o Lápis borracha. o Papel. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 16 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 15 - ATIVIDADES DE ENSINO- APRENDIZAGEM Uma vez elaborados os conceitos chaves e determinados os objetivos específicos, o professor terá um claro senso de direção. O passo seguinte, no planejamento, é projetar as atividades que mais eficientemente comuniquem os conceitos e atinjam os objetivos. Neste capítulo, a ênfase é sobre as atividades. Freqüentemente, um professor começa a preparar-se, perguntando-se: “Que vou dizer à classe sobre o conceito de ‘pacto’?” Esta é uma pergunta errada porque, respondendo-a, o professor é levado a pensar no que vai dizer aos alunos. Uma pergunta mais apropriada seria: “Que faremos, os alunos e eu, para entender o conceito de ‘pacto’?” A resposta a essa pergunta leva diretamente a pensar nas atividades que as pessoas farão na sala de aula para aprender. Atividades de ensino são todas as ações dos alunos e do professor na sala de aula. Existem dezenas de possíveis atividades, que podem ser organizadas em varias categorias. A. Atividades Verbais. São os meios mais comumente usados. Nesta categoria, as atividades são: palestras, discussão, gravações (discos ou fitas), sermão, historia, leitura, e qualquer outro tipo de apresentação verbal que, primordialmente, o aluno possa ouvir. A evidencia é que a maioria das pessoas não aprende bem simplesmente pelo ouvir. As atividades verbais, para serem eficientes, devem ser acompanhadas de outros tipos de experiências. O ouvir, para a maioria das pessoas, é uma atividade passiva que não requer muita participação. Também, é muito seletiva. A tendência é ouvir só o que se quer. B. Símbolos Visuais. São outra categoria de atividades cujo uso envolve o aluno através do sentido da visão. As atividades nesta categoria são: figuras, diafilmes, mapas, filmes, livros e outros tipos de apresentação visual. A maioria das pessoas aprende mais pelo que vê do que pelo que ouve. Ver é menos passivo do que ouvir. Ver suscita uma reação. Quando se combina numa atividade símbolos verbais e visuais, a aprendizagem é mais eficiente. C. Experiências Simuladas. Nos permitem avançar um passo mais que as atividades verbais e visuais. Simular é atuar, agindo como se a situação fosse real. Atividades de ensino nessa categoria são: representação, dramatização, pesquisas ao ar livre, em museus, tempos, etc, escritos criativos e outras experiências que colocam o aluno na posição de explorar seus próprios sentimentos, problemas e questões. Um exemplo escrito criativo seria o aluno assumir o papel de Moisés no tempo em que ele regressou ao Egito para libertar os hebreus. Moisés enfrentou Faraó, que recusou deixar o povo ir, e aumentou seu trabalho. Faraó não quis cooperar. O povo hebreu zangou-se com Moisés e ele ficou pensando que Deus não cumpriria Sua promessa. Essa é a situação a ser representada. O professor pede que os alunos escrevam uma carta, como Moisés a escreveria, à esposa, ao sogro, ou a um amigo em Midiã. Ao escrever a carta, um aluno começou assim: “Queridas ovelhas...” Essa atividade simulada envolve os alunos mais significativamente, por identificá-los com os conceitos da aula. D. Experiências Diretas. São aquelas atividades em que os alunos estão diretamente envolvidos em situações problemáticas ou conceitos “reais”. Porque muitos conceitos, na educação religiosa, tendem a ser abstratos, é sempre difícil programar atividades de experiência direta. Um exemplo: ao estudar o conceito “ama o teu próximo como a ti mesmo”, os alunos deveriam visitar um lar para convalescentes ou inválidos e compartilhas com eles momentos de amizade e alegria. Podemos falar em “amar ao próximo” numa longa discussão e o mais certo é que haverá pouco impacto. Poderíamos escolher gravuras de revistas, apresentando alguns exemplos de pessoas mostrando amor, e o significado seria mais marcante. Poderíamos representar ou escrever o final de histórias que não tenham sido revelado pelo EDUCAÇÃO CRISTÃ - 17 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] autor, histórias que falam de pessoas carentes de amor e, assim, nos aproximamos mais do significado do conceito. E, poderíamos, toda a classe ou grupos pequenos, visitar algumas pessoas que realmente precisam de amor. Qual destas atividades requereria maior envolvimento por parte dos alunos? Qual atividade seria mais marcante? Minha intuição é que a visita a alguns inválidos seria lembrada por vários alunos a vida toda. Também, toda vez que os alunos ouvissem “amarás o teu próximo como a ti mesmo”, teriam uma experiência especifica como ponto de referencia ao relacionar os conceitos de amor ao próximo. Quanto mais atividades de ensino forem feitas com símbolos verbais, tanto menos os alunos se envolverão e menos aprenderão. Quanto mais o ensino se aproxima de experiências reais e simuladas, mais o aluno se envolverá em sua própria aprendizagem. As atividades de ensino, no nível verbal, tendem a limitar a participação e a aprendizagem de muitos alunos. Enquanto que as atividades que envolvem experiências reais tendem a incluir todos os alunos de um modo ou de outro. Já sugerimos que o professor inicie seu planejamento perguntando: “Que vamos fazer os alunos e eu?” Há outra pergunta útil que o professor pode fazer: “Que experiência real vai comunicar melhor o conceito que quero ensinar?” Experiências reais nem sempre virão à mente, e nem sempre serão praticáveis ou adequadas. Devemos, então, considerar as possibilidades de experiências simuladas. Atividades verbais só devem ser usadas depois de outras atividades; nunca devem ser usadas exclusivamente durante o período inteiro de aula, em qualquer faixa etária. É melhor quando há uma variedade de atividades numa aula em que todos os alunos se envolvem, através dos vários sentidos. Decidir qual a atividade a usar, é tarefa de cada professor. Eis alguns critérios para decidir qual atividade deve ser utilizada: • A atividade deve envolver todos os alunos de maneira dinâmica. • Deve ser uma atividade em que o professor tenha confiança. • Deve estimular maior criatividade por parte dos alunos. • Não deve ser tão conhecida que canse os alunos. • Se for uma atividade nova, os alunos devem ter oportunidade de experimentá-la para descobrir suas possibilidades. • Deve haver variedade de atividades para que os alunos possam escolher entre elas. • A atividade deve contribuir diretamente para comunicar os conceitos chaves e atingir os objetivos específicos. • A atividade deve levar o aluno a procurar respostas, declarar conclusões ou expressar reações criativas. • A atividade deve ser apropriada às idéias e habilidades dos alunos envolvidos. Usando esses critérios, os professores poderão planejar atividades que envolvam os alunos no processo da sua própria aprendizagem. 15.1. Fontes das Atividades Idéias e sugestões para possíveis atividades aparecem de muitas fontes: • O manual do professor. • Outros professores. • A própria experiência. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 18 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Encontros de treinamento. • Revistas, jornais, livros sobre educação. • Professores de grupos escolares. Os professores devem estar sempre alerta para novos métodos de planejar atividades. Lendo, compartilhando e experimentando uma variedade de atividades, tornar-se-ão mais ricos em recursos para seu planejamento e ensino. 15.2. Organizando Atividades de Ensino e Aprendizagem Todo plano de aula tem começo, meio e fim. Há muitas atividades alternativas para iniciar, desenvolver e terminar a lição. A seguir, eis varias partes do plano de aula típico que são identificadas especificamente. • Abertura – A primeira coisa numa aula é uma das mais importantes de todas as atividades – a abertura. Pode ser breve, de apenas um minuto, ou longa, de, no máximo dez minutos. • Apresentação do assunto – Antes que os alunos possam se envolver no estudo, é bom dar-lhes um pouco de informação básica relacionada com os conceitos que serão desenvolvidos na aula. • Exploração do assunto – Os alunos são mais motivados a aprender, quando podem trabalhar individualmente ou em pequenos grupos para explorar o assunto que será enfocado na aula. • Reação criativa – A aprendizagem é melhorada e os alunos podem expressar-se de maneira mais significativa, quando são incentivados a reagir de uma ou mais maneiras criativas. • Encerramento da aula – Cada aula deve ter um encerramento adequado a fim de que os alunos sintam que foi completada a seqüência de atividades naquele dia. Todos os manuais de professor incluem as cinco partes acima, mesmo que com outros títulos. Embora haja uma seqüência lógica nestas cinco partes do plano de aula, é possível usar outras combinações. As atividades de apresentar e explorar podem ocorrer simultaneamente, se os alunos pesquisarem o assunto usando vários recursos. Também, exploracao e recreação podem ocorrer ao mesmo tempo, se, por exemplo, os alunos escreverem seu próprio roteiro para um diafilme. Há muitas e diferentes atividades que podem ser usadas em cada parte de um plano de aula. A. Algumas maneiras de iniciar a aula: • Os alunos lêem a definição de um conceito e apresentam perguntas. • O professor lê uma história ou passagem da Escritura e faz perguntas. • Os alunos escutam uma gravação: história, hino, comentário ou outro material gravado de antemão. • Os alunos assistem a um filme ou diafilme que aborda o assunto da aula. • O professor e os alunos olham e discutem uma fotografia ou pintura. • Os alunos escolhem uma passagem bíblica ou um conceito e fazem exploração a respeito. • O professor faz referencia a um evento recente da escola, da igreja ou da comunidade. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 19 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • O professor e o aluno se envolvem numa explosão de idéias. • Os professores envolvem os alunos numa atividade de escolha em que indicam suas preferências. • O professor usa um artigo de jornal ou revista ou uma fotografia. B. Algumas maneiras de abordar um assunto: • O professor apresenta uma breve preleção. • Os alunos lêem uma parte da Bíblia ou de outro livro de estudo, • Os alunos assistem a um filme ou diafilme. • Os alunos discutem a gravação de uma história, sermão, porção bíblica, comentário, relatório etc. • Os alunos apresentam breves relatórios preparados de antemão. • Um convidado especial ou outra pessoa, apresenta uma preleção, painel ou debate sobre determinado assunto. • O professor lê ou conta uma história. • O professor e o aluno apresentam uma dramatização com fantoches. • O professor envolve os alunos numa estratégia de esclarecimento de valores. • Os alunos fazem uma visita de observação. C. Algumas maneiras de o aluno explorar o assunto: • Fazem pesquisa na Bíblia e/ou livro de consulta (dicionário bíblico, comentário, etc). • Escrevem argumentos para filmes, diapositivos, dramatizações com fantoches, ou de outro tipo. • Usam fotografias ou outros materiais para escolher expressões de um conceito. • Fazem e gravam entrevistas. • Discutem com o professor e os colegas. • Fazem um estudo dirigido, com perguntas preparadas. • Escolhem um centro de aprendizagem para trabalhar. • Participam de um jogo simulado. • Escutam uma fita sobre determinado recurso. • Tomam parte numa estratégia de definição de valores. D. Algumas maneiras de reagir criativamente: • Atividades escritas (cartas, relatórios, poesias, jornais, argumentos para dramatização, diapositivos etc.) • Diapositivos, diafilmes produzidos pelos alunos. • Gravações de notícias, argumentos, cânticos, dramas, entrevistas etc. • Atividades dramatizadas (simulação, fantoche, ginástica rítmica, pantomima, etc.) • Construção de modelos por escala, mapas, objetos tridimensionais. • Pinturas e desenhos. • Fotografias (diapositivos, fotos, filmes de 8 mm, etc. • Colagem (com feltro e saco de estopa, materiais da natureza, fotografias, sobras de materiais diversos etc.) EDUCAÇÃO CRISTÃ - 20 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Atividades, usando vários meios de comunicação (radio, jornal, televisão, telefone, gravações, etc.) E. Algumas maneiras de encerrar a aula: • Cada aluno compartilha algo criativo. • O professor dirige uma discussão em que os alunos expressam suas idéias. • O professor e/ou os alunos levam o grupo a preparar-se para o louvor. • O professor faz um resumo do assunto estudado. • Os alunos completam frases apresentadas pelo professor, conforme o assunto da lição. • O professor e/ou os alunos terminam com oração. • Todos cantam um hino ou corinho. • A classe fica meditando, em silencio, por um minuto. • Os alunos dirigem um culto de louvor. • Os alunos estudam algum projeto para a semana seguinte. 16 - PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO CRISTÃ As características físicas, mentais, sociais, emocionais e espirituais dos alunos; o que ensinar e como ensiná-los. Minha professora de psicologia da educação da faculdade de filosofia costumava dizer que "de médico, louco e psicólogo todo mundo tem um pouco". Menciono esse fato somente para salientar que a psicologia apresentada neste artigo (uma adaptação nossa do livreto O Bom Professor Conhece Os Seus Alunos) não é a psicologia no sentido técnico do termo (apesar de reconhecermos a importância da ciência psicológica). Trata-se apenas da psicologia da sala de aula. Daquela aprendida, principalmente, na convivência com os alunos. Neste artigo tentaremos ajudar você a conhecer melhor os alunos de sua classe de escola dominical. Possuir um conhecimento profundo das características e necessidades de seus alunos é imprescindível para um ensino eficaz e bem sucedido. 16.1. As Características das Crianças de 1 a 3 Anos A construção começa pelo alicerce. Como nosso alvo é construir Cristo na vida das pessoas, começamos pelo alicerce, que são as crianças de 1 a 3 anos. Neste artigo, gostaríamos de ver suas características, e as maneiras como conseguiremos alcançá-las, usando a Palavra de Deus. Isto talvez soa estranho aos ouvidos de alguns, porém a verdade é que a criança nesta idade pode captar muitas verdades acerca de Deus, por causa do instinto de busca de Deus que existe em todo ser humano. Damos muita importância a esta idade porque dela Deus pode receber muito louvor. A. Fisicamente. Estão crescendo rapidamente. Seus músculos exigem ação, por isso são turbulentas. Elas se cansam com facilidade e necessitam de longos períodos de descanso. 1 a 2 anos: a criança age impulsionada pelos músculos maiores mas cai quando tenta andar rapidamente. Quebra tudo que tenta alcançar porque os músculos menores não se desenvolveram e não há uma perfeita coordenação motora. Por isso, todos os brinquedos devem ser fortes, grandes e leves. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 21 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Aos dois anos gosta de enfileirar objetos: cadeiras, brinquedos, etc. É hora de ensiná- la a usar o vasinho para suas necessidades físicas. Paciência e calma são essenciais nessa fase. 3 anos: os músculos menores estão mais desenvolvidos. Tem uma coordenação motora mais equilibrada. Consegue equilibrar-se e controlar o próprio corpo. Por isso, com freqüência, ela pula de um lugar mais alto; pendura-se na mesa, na maçaneta e até no seu braço. Não fique bravo por isso. Sob sua supervisão, deixe-a dependurar-se e balançar-se, pois isto faz parte de seu crescimento normal. Não seja um empecilho para o seu crescimento. Gosta de brincar com argolas de plástico, latinhas, etc., mas além de enfileirar já consegue também empilhar os brinquedos. As crianças de um a três anos adoecem com facilidade - o ambiente da sala deve ser o mais sadio possível para evitar contágios. B. Mentalmente. São curiosas e investigadoras, por estarem começando a conhecer as maravilhas que Deus criou. 1 a 2 anos: sua atenção é limitada - um minuto a dois, no máximo; a mente cansa- se logo; fala pouco, mas entende quase tudo. Não tem a habilidade de fazer perguntas, nem observações engenhosas. Devemos nos lembrar de variar as atividades, contar histórias ou falar rapidamente sem entrar em detalhes, e não esperar que ela participe ativamente da aula, respondendo a todas as perguntas e nem perguntando. Ela entende mais do que fala. 3 anos: "O que é isso?". É a pergunta mais comum entre elas. Não tem noção dos dias da semana; gosta de repetições; falam mais palavras. Gosta de explorar o desconhecido - quebra a asa do avião para ver o que tem dentro. Arranca a perninha dos bichinhos para ver de que é feita. Para aproveitar essa curiosidade aguçada, prepare uma mesa com as coisas que Deus fez e vá sempre acrescentando mais objetos. Deixe a mesa sempre coberta com plástico para evitar estragos. A criança fala através de frases, mas sua mente está, geralmente, adiante do que diz. Não a ajude nem a apresse para encontrar palavras. Ouça pacientemente, custe o que custar. Por causa da infiltração da TV e sua maneira marcante de comunicar, as crianças dessa idade, hoje, falam muito mais que no passado. MESMO ASSIM NUNCA SE ESQUEÇA DE QUE ELA TEM APENAS TRÊS ANOS E É UMA CRIANÇA. C. Social e Emocionalmente. São sensíveis. Gostam de falar, de agradar e de serem agradadas. Precisam da atenção de todo mundo. Chamam a atenção de todos, sendo ou muito boas ou rebeldes de mais: gritam, choram, são egoístas ao extremo, etc. Conseguem perceber o humor do professor pelo timbre de voz, sorriso e contato corporal. 1 a 2 anos: certos incidentes ficam gravados na memória da criança para sempre. Ela pode não querer ir à escola dominical porque um coleguinha bateu nela na saída, ou porque teve uma impressão má da professora. Todas às vezes que sabe que terá de ir à igreja começa a chorar. Demora muito para se ambientar em uma nova situação. Ela se retrai e torna-se agressiva. Ex.: quando se separa da mãe, pela primeira vez, para ir à sua classe, chora porque pensa que vai perdê-la ou que ela vai embora. Leve-a até à classe da mãe e mostre-lhe que ela ainda está lá. Após várias tentativas, se não se acostumar com a idéia de separar-se da mãe, traga um guarda-chuva ou capa ou bolsa da mãe e deixe-a na sua classe. Assim a criança vai sentir que ela não foi embora. Nunca diga: "Você é um menino grande e ainda está chorando? Veja todas as crianças ao seu redor olhando. Você não tem vergonha?". Antes, abrace a criança que tem o nariz escorrendo e os olhos cheios de lágrimas, limpe-os com um lenço, mostre a ela um brinquedo, figura ou livro. Ela precisa de segurança. Ela se sente mais segura e ajustada na escola dominical quando é saudada todos os domingos pela mesma ou mesmas professoras. Não consegue ainda brincar com o grupo. Ela brinca sozinha no meio do grupo. Nunca espere que todos brinquem com ela. Ela não sabe brincar em conjunto. 3 anos: gosta de estar entre outras pessoas. Não tem muito problema para ficar longe da mãe, se conseguir se ajustar ao meio ambiente. Também gosta de brincar sozinha no EDUCAÇÃO CRISTÃ - 22 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] meio de todos, mas já consegue brincar com os outros. É egoísta - pode derrubar os blocos empilhados por outro menino, para aumentar sua própria construção. Pode pegar as bolachas e colocar a maioria na boca, só para não dar para os outros. Por outro lado, gosta de ajudar os outros e sente alegria em fazê-lo. Ex.: dá sua boneca para a menina que está chorando e diz palavras de consolo. Não gosta de ser mandada, mas fará muitas coisa se você as sugerir de maneira clara e diretiva. Ex.: "Olhem o relógio; está na hora de guardar as bonecas na cama, os blocos dentro das caixas. Tique-taque, tique-taque, vamos todos trabalhar. Tique-taque, tique- taque, um pouco mais, um pouco mais e descansar. Tique-taque, tique-taque, um pouco ali, um pouco aqui, e terminar. Obrigada, obrigada, e até outro dia começar". D. Espiritualmente. Por causa do instinto de busca que existe no ser humano ela deseja e tem sede de conhecer o Deus vivo e atuante. Ela aprende a conhecer a Deus através das palavras e ações das pessoas que a cercam. 1 a 2 anos: tem capacidade para entender e experimentar o amor de Deus. A criança aprende essa verdade ouvindo, vendo e experimentando. Leva tempo para ela ganhar noção de uma verdade, mas um pouco aqui, um pouco ali, e ela consegue aprender. (Is 28.10,13). Aos dois anos de idade gosta de orar e dizer palavras simples para Deus; aprende a agradecer a Deus quando as pessoas ao seu redor assim o fazem, dando graças a Deus por todas as coisas. (Ef 5.20). Ex.: "Vamos agradecer a Deus porque João está só resfriado e não precisou ir para o hospital, e porque no próximo ele já estará aqui para aprender das coisas de Deus". A prova de que ela aprende é que, durante a semana, ela tenta cantarolar os cânticos aprendidos. Desafina e inventa palavras, mas canta com alegria. 3 anos: seu interesse por Deus continua crescendo. Gosta de ouvir contar que Deus criou tudo: flores, frutos, sol, chuva, noite e dia, e os animais. Nessa época, comece a ensinar que Deus criou o corpo. Ex.: "Deus não foi bom de nos dar mãos fortes para podermos colocar os blocos dentro da caixa? Deus nos deu ouvidos e por isso podemos ouvir esta bonita música que fala de Jesus, não é?". Mesmo olhar pela janela num domingo chuvoso pode dar ocasião para uma conversa: "Deus é bom de dar esta chuva tão boa que ajuda as plantas a crescerem. Vamos agradecer a Deus por esta chuva". 16.2. O Que e Como Ensinar as Crianças de 1 a 3 Anos 1 a 2 anos: a melhor maneira de ensinar uma criança nesta idade é usar a conversação dirigida, isto é, conduzir cuidadosamente a conversa e o pensamento da criança na direção de uma verdade bíblica ou do objetivo da lição. Ex.: quando ela conseguir virar a página de um livro, diga que Deus fez suas mãos e é por isso que ela consegue mexer naquele livro. Quando uma criança aparecer com uma blusa bonita diga: "Como Deus é bom de ter feito um pano tão macio e quentinho. Vamos agradecer a Deus por esta blusa". Se ela desejar tirar a blusa porque ficou com calor, aproveite para dizer: "Você já imaginou se Deus não tivesse feito o sol? Morreríamos de frio". A Bíblia se tornará um livro especial para ela se a professora e os pais assim lhe ensinarem, falando-lhe sobre a Bíblia ou deixando que ela a carregue com cuidado e respeito. Ex.: diga: "Eu vou segurar seu dedinho e colocá-lo sobre a Bíblia no lugar que diz: 'Deus me fez'. - Jó 33.4". Assim ela vai aprendendo as coisas de Deus. 3 anos: use cânticos com gestos que ela possa participar livremente. Ex.: história da criação: Deus fez a lua - as crianças fazem um círculo com as mãos. Deus fez as estrelas - mexer com os dedinhos. Deus fez tudo isso e colocou no céu - apontar o dedinho indicador para o céu. Deus fez o sol - fazer o círculo com as mãos; as árvores - erguer as duas mãos para cima; as flores - abaixar até o chão. Os passarinhos voam no céu que Deus fez - usando as mãos, fazer de conta que estão voando. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 23 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 16.3. As Características das Crianças de 4 a 6 Anos É nessa fase, entre 4 e 6 anos, que as impressões mais profundas, provindas do ambiente em que a criança vive, estão se interiorizando nela, para depois serem externadas através de ações e reações, inclusive na fase adulta. É uma idade propícia para se entender a realidade de Cristo e Sua atuação na vida diária. A criança poderá entender, sentir e viver Cristo se isso lhe for ensinado através de palavras e atitude. Procuremos então conhecê-la para ajudá-la a se encontrar com Cristo e ter uma vida que agrade a Deus. A. Fisicamente. Crescimento muito rápido. Os músculos estão se desenvolvendo, dando-lhe assim um melhor controle motor. Consiga equipamentos adequados como, por exemplo: cadeiras baixas, para que os pezinhos não fiquem balançando, mesas de altura apropriada para que a criança não tenha que ficar pendurada ou de pé para escrever, desenhar ou brincar. Materiais como figuras ilustrativas e objetos de borracha devem ser grandes. As tesouras pequenas e sem ponta são mais aconselháveis. É ativa e, como conseqüência disso, cansa-se facilmente. Seus olhos ficam ardendo e os ouvidos cansados quando ouve ou vê algo por muito tempo. Apesar de ser tão ativa e aparentar saúde inabalável, é sensível e sujeita a doenças. Deve-se providenciar atividades variadas e incluir um período de descanso ou de atividades que exijam menos esforço. Mantenha a sala sempre bem iluminada, fale pouco e de maneira clara; modifique o tom e a entonação da voz, dependendo dos personagens e circunstâncias. Para evitar que a criança transmita ou contraia alguma doença, esteja sempre alerta e verifique se algum aluno está com alguma doença contagiosa como catapora, sarampo, rubéola ou com qualquer outro sintoma que revele possível doença. B. Mentalmente. Responda a todas as perguntas de maneira simples e verdadeira pois a criança dessa idade é indagadora, curiosa e está pronta a aprender. Como sua atenção é limitada, variando de 5 a 10 minutos, diversifique as atividades: jogos, descanso, cânticos, lanche, limpeza da sala, guardar os brinquedos na caixa, etc. Tem boa memória mas não tem noção exata de tempo nem de distância. Sua mente é ativa e quer expressar o que pensa, mas não sabe como. C. Socialmente. Gosta de estar com os outros e é capaz de brincar em conjunto. Promova então atividades nas quais todos brinquem juntos. Não utilize atividades de grupo, em que seja preciso construir algo definido. Raramente dará resultado pois ela não consegue continuar o que o outro já começou. A tendência é de destruir. Nesta idade muitos já estão demonstrando qualidades de liderança, enquanto outros só agem baseados em sugestões. Encoraje os líderes a tomarem a liderança, mas não egoisticamente, e proporcione oportunidades para que outros liderem também. É egoísta e pensa que tudo lhe pertence. Procure ensinar-lhe a importância de ser cordial e amável com os outros, e também os princípios bíblicos de posse. Deixe claro que Deus se agrada quando dividimos nossas coisas com os outros. (Exemplo do menino que deu os pães e peixes a Jesus). Proporcione oportunidades de dar e receber. Deseja a aprovação do grupo e dos adultos. Elogie-a sinceramente quando fizer coisas certas. Se fizer algo errado ou mal feito, em vez de dizer: "Eu sabia que você iria fazer isso...", diga: "Não está tão bom como os que você costuma fazer, mas sei que consegue fazer melhor. Gostei muito do verde da grama", ou "Gostei de ver como você caprichou no telhado". Gosta de palavras e piadas tolas. Ria se forem inocentes ou sem afetação pessoal. Discipline, se não forem, mas sem alterar a voz nem o gesto. Se acontecer de se divertirem às custas de defeitos físicos de outras pessoas, ou da dificuldade de alguém aprender a língua do país, chame-as, uma a uma, à parte e explique-lhes, com amor, sem tom de recriminação que aquilo fere a outra pessoa. Pode dar uma explicação, dependendo do caso, de como aquele menino ficou daquele jeito. Converse com uma criança de cada vez. Em casos de disciplina, isso dá mais resultado do que falar ao grupo. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 24 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] D. Emocionalmente. Proporcione um ambiente calmo. Não grite, nem crie uma atmosfera carregada, com imposições e antagonismo (resultado de uma disciplina muito rígida), pois a criança é sensível e suas emoções são intensas. É capaz de controlar o choro. Encoraje-a, quando esfolar o joelho em conseqüência de uma queda, simplesmente colocando a mão na cabeça dela e dizendo: "Puxa! Como você cresceu!". Muitas de suas ações são permeadas de uma atitude egoísta, invejosa e ciumenta. Evite mostrar favoritismo, elogiando sempre o trabalho de uma criança só, ou dando oportunidades apenas para algumas fazerem determinadas coisas. É explosiva. Nunca lhe peça algo que esteja além de sua capacidade, pois quando não consegue realizar a tarefa, ou chora ou fica desanimada, e fica com um gostinho amargo de derrota. É bondosa. Gosta de ajudar os outros, desde que isto não traga ameaça para si. Ensine-a a repartir as coisas e a mostrar amor e simpatia pelos outros, orando, dando ou fazendo algo. É teimosa, e bate o pé quando as coisas não saem como ela quer, ou quando é obrigada a fazer algo que não quer fazer. Aprenda a boa arte de sugerir as coisas firmemente, mas sem rispidez. Ex.: Em vez de dizer: "Guarde os brinquedos, porque já vamos ouvir a história", diga: "Chegou a hora de ouvirmos mais uma parte da história de Jesus. Quem gosta de ouvir a história de Jesus? Então vamos todos guardar os brinquedos na caixa, antes de ouvir a história". É medrosa demais. Evite dizer: "Se você não ficar quieto, vou falar com sua mãe". Evite histórias que causem medo: "... então veio um homem baixinho, de bigode, com um chapéu preto na cabeça. Ele veio devagarzinho... e zup! Agarrou o missionário, e ele gritou: "Ahhh!". Além de ficar com medo, ela vai pensar que todo homem baixinho é um bandido que agarra as pessoas. E. Espiritualmente. Pensa em Deus de um modo pessoal e consegue dar-Lhe verdadeiro louvor. Leve-a a ter um contato pessoal com o Senhor através da oração de agradecimento, de petição, e pelas histórias da Bíblia. Diga-lhe repetidas vezes que Deus odeia seus pecados mas a ama muito. Ela pergunta com freqüência sobre a morte, porque tem dúvidas. Responda com simplicidade, sem mostrar mistério ou cinismo. Acredita nos adultos e está pronta a ouvir de Cristo. Seja verdadeiro e fale de Cristo de maneira bem simples. Faça um apelo após contar a história, ou em qualquer ocasião propícia. Depois que ela tomar a decisão, verifique se entendeu e fale sobre a certeza da salvação, caso tenha mesmo se decidido. 16.4. O Que e Como Ensinar as Crianças de 4 a 6 Anos Use recursos visuais simples mas significativos para ela. Faça-a participar da aula, dramatizando, recortando a história, respondendo perguntas, ou fazendo algum trabalho manual. Não use comparações nem palavras figuradas na história. Esta deve ter seqüência lógica e ser curta. Fale pouco e de maneira clara. Modifique o tom e a entonação da voz, dependendo dos personagens e circunstâncias. Toda palavra nova deve ser explicada para evitar que a criança memorize coisas sem sentido. Cada verdade básica deve ser repetida muitas vezes, de várias maneiras. Evite dar duas explicações a uma mesma lição, pois pode causar confusão. Faça perguntas que a ajude a expressar suas idéias naturalmente, sem forçá-la, também sem depreciá-la quando não conseguir explicar aquilo que quer falar. A. Planos de salvação • Eu pequei - Rm 3.23 - Sabe que você é pecador? Você diz mentiras, tem raiva do irmãozinho e desobedece? Isto tudo é pecado. O pecado separa você de Deus. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 25 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Deus me ama - Jo 3.16 - Deus odeia o pecado que você comete, mas Ele o ama tanto que fez uma coisa para você não ficar longe dEle: deu Jesus. • Cristo morreu por mim - Rm 5.8 - Cristo morreu em seu lugar para que você não fique mais separado de Deus. • Eu O aceito - Jo 1.12 - Se você receber Cristo em seu coração, você se torna filho de Deus, e seus pecados são perdoados. Quer orar a Jesus e pedir-Lhe para vir morar com você para sempre e limpar seu coração? • Estou salvo - Jo 1.12 ou Jo 5.24 - O que você fez? Isto: abriu o coração para Jesus entrar. Onde Ele mora agora? A Bíblia diz que Jesus nunca mais vai abandoná-lo. Você está seguro nas mãos de Deus. 16.5. As Características das Crianças de 7 a 9 Anos Na idade de 7 a 9 anos a criança tem uma personalidade vibrante e curiosa, mas que também oferece momentos de frustração para o professor. Cada uma dessas idades - 7, 8 e 9 - tem suas características, necessidades e habilidades próprias. Não há dois alunos iguais; no entanto, há traços comuns a todos eles. Um bom conhecimento desses pontos análogos dará ao professor mais base para enfrentar e solucionar os problemas e necessidades de cada um. Nessa idade, as crianças descobriram um mundo novo e estão vivendo intensamente dentro dele: é a escola secular - aulas, horários, responsabilidades, concorrência em notas, brigas durante o recreio, disciplina, hostilidade sem a proteção dos pais, coleguismo, realizações, recompensa, etc. Gostam da escola, da professora, dos seus cadernos de tarefa, enfim, do seu novo mundo. Sabem fazer comparações e descobrir se uma coisa é boa ou não, organizada ou não. E a escola dominical pode ficar em segundo plano se você, professor(a) dessa faixa etária, não levar a sério o trabalho de ensino. As crianças nessa idade são parecidas entre si, porém, se formos analisar com cuidado cada idade, perceberemos que há diferenças bem visíveis na maneira de agir, de pensar e de aprender de cada idade, como iremos ver agora: A. Características Mentais. Estão aprendendo a raciocinar. Não lhes dê tudo mastigado. Não solucione os problemas deles, mas ajude-os a achar as soluções por si mesmos. O período de atenção é mais prolongado do que o dos alunos de 4 a 6 anos; varia mais ou menos de 10 a 15 minutos. Sete anos: estão aprendendo a ler e escrever, pois entraram para o primeiro ano. Gostam de fatos reais mas também de fantasias, e já conseguem distinguir um do outro. Use ambos, mas com mais freqüência os fatos reais, para evitar o pensamento de que o cristianismo é algo imaginado. Sua capacidade de expressão é limitada, mas têm boa memória. Ajude-os a se expressar em grupo, mas nunca force ninguém a participar contra a vontade. Se prometer algo, cumpra, pois eles se lembram sempre e vão deduzir que você é mentiroso, se não cumprir. Oito anos: gostam de ler, de aprender e de responder e de responder rapidamente. Leve-os a participar o máximo da aula. Gostam de pesquisar, de perguntar sobre o passado e o futuro, sobre outros povos, etc. Nove anos: gostam de expor suas idéias, de discutir, de perguntar, de ouvir histórias e de dizer coisas engraçadas. Saiba ouvi-los e dê respostas simples e claras. Saiba aceitar certas brincadeiras inofensivas. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 26 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Gostam de ser desafiados. Desafie-os a trabalhar para Cristo. Evite pensar que são muito pequenos e não entendem nada sobre consagração. São pensadores, críticos e têm boa memória. Não se espante com certas perguntas profundas que venham a fazer. Ajude-os a ver a parte boa das coisas e das pessoas. Dê-lhes oportunidade para memorizar versículos da Bíblia e princípios gerais. B. Características Físicas. Os músculos menores estão se desenvolvendo vagarosamente, e eles se cansam muito quando têm que realizar algo com muitos detalhes; portanto, não exija deles perfeição. Sete anos: estão aprendendo a escrever. Colabore em seu desenvolvimento físico dando-lhes oportunidade de escrever versículos fáceis, palavras importantes, pintar figuras, etc. Oito anos: gostam de se mostrar, fazendo coisas perigosas, como: sentar apoiando a cadeira num pé só, andar sobre um muro coberto de cacos de vidro; pegar bichinhos venenosos com garrafas ou brincar com bombinhas ou espingardas. Não mostre aprovação, nem grite para que parem, e nem mostre cuidado excessivo: porém, seja enérgico e faça-os parar quando estiverem fazendo algo muito perigoso. Chegue mais cedo para que a classe não vire uma confusão. Nove anos: sua coordenação motora já está quase perfeita, mas não é perfeita. Gostam muito de projetos de mesa: construir, armar, recompor uma cena, etc. C. Características Sociais. Necessitam de companhia; são comunicativos e gostam de ser considerados alguém. Respeitam autoridade e são cooperadores. Sete anos: gostam de agradar a professora dando-lhe presentes, e com conversas ou piadas. Mostre que você realmente se agrada dos presentes, porém deixe claro que isso não vai lhes trazer benefícios especiais nem vantagem sobre os outros. Não gostam do sexo oposto; são antagônicos. Evite colocar meninos e meninas juntos em qualquer atividade de grupo. Ficam acanhados em ambientes novos. Crie na classe um ambiente familiar e afetuoso. Oito anos: são egoístas e egocêntricos. Incentive-os a ajudar outras pessoas. Nove anos: desejam amizades sólidas. Apresente-lhes Cristo como Aquele que nunca muda. Gostam de atividades competitivas ou cooperativas. Proporcione-lhes ambos os tipos de atividades. D. Características Emocionais. Imaturos. São imprevisíveis e se desanimam com a mesma facilidade com que se animam a fazer alguma coisa: fogo de palha. Não se impressione com suas reações. Não espere demais deles só por já estarem mais desenvolvidos. Incentive-os a continuar o que começaram. Instrua-os dentro de sua própria capacidade de ação. Rebelam-se contra exigências pessoais, quando se sentem magoados. Ensine a obediência através de sugestões e com amor, e nunca dando ordens. O ambiente os influencia muito e podem estourar com facilidade. Aja com calma, sorria sempre, mas nunca ria deles. Sete anos: dependem muito do ambiente. O ambiente é que vai determinar o aprendizado. Proporcione um ambiente bem sugestivo que contribua para o aprendizado. Oito anos: criam seu próprio ambiente e fazem com que outros dependam dele. Cuidado com as panelinhas, pois podem destruir a classe. Seja um guia bem sensível às reações dos alunos e procure perceber se certo grupo está reagindo contra você, contra a classe ou contra o ambiente. Quando descobrir a causa, faça tudo para solucionar o problema. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 27 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] Nove anos: são capazes de cooperar para manter um ambiente muito agradável. Incentive-os a cooperarem para o bom funcionamento da classe. Vibram quando a classe toda se envolve num projeto ou quando há competição entre sua classe e outra. Tome cuidado para que a competição em si não seja mais importante do que o propósito dela. Ficam arrasados quando o seu grupo perde uma competição. E. Características Espirituais. Sete anos: são impacientes e querem saber tudo agora. Gostam da escola dominical e têm fé em Deus. Nessa idade já podem entender que Cristo os comprou com o Seu sangue, e que já não pertencem a si mesmos, mas a Ele. Oito anos: gostam de um cristianismo exclusivo. Ajude-os a conhecer a Cristo, e a andar com Ele em sua vida diária. Procure entender bem suas reações e mostre-se compreensivo. Nove anos: estão saindo do seu exclusivismo e o mundo à sua volta os preocupa; querem trabalhar para Cristo. 16.6. O Que e Como Ensinar as Crianças de 7 a 9 Anos Sete anos: Estimule-os a ler o livro do aluno e versículos simples, na própria Bíblia ou escritos no quadro-negro. Dê a eles versículos para copiarem na classe e em casa, como tarefa. Faça-os participar bastante da classe deixando que segurem cartazes com cânticos, recontem histórias, armem quebra-cabeças de versículos, etc. Evite contar histórias em capítulo por muito tempo, pois podem ficar desinteressados. Ensine-lhes a pedir a Deus a solução de qualquer problema. Oito anos: Conte-lhes histórias interessantes, use ilustrações atuais, faça-os pesquisar sobre costumes e histórias dos tempos antigos. Dê a eles tarefas difíceis e desafie- os a realizá-las. Ensine-os a pensar nos outros, que Jesus é o melhor amigo que existe e está pronto a ajudá-los em qualquer situação. Nove anos: Conte histórias bíblicas de uma forma atual, interessante, prática, relacionando as lições bíblicas com os fatos atuais. Como nesta idade eles desejam amizades sólidas, apresente Cristo como Aquele que nunca muda. Dê-lhes bastante trabalho prático: dobrar e distribuir folhetos, fazer evangelismo individual, dar o testemunho pessoal, participar de um conjunto musical, etc. 16.7. As Características dos Pré-Adolescentes O pré-adolescente não é mais uma criança, mas também não preenche plenamente as qualificações de um adolescente. Age como criança muitas vezes, porém fica zangado quando o consideram como tal. Ele vive as mais fantásticas aventuras e experiências, e sente necessidade de ser liderado por uma pessoa que o compreenda e o ajude a se conhecer a si mesmo. Por causa da atitude crítica, insinuosa e até marginalizadora, própria dos pré-adolescentes, muitos são chamados por alguns adultos de "moleques", "pestinhas" e "endiabrados". Contudo, vale a pena conhecê-los e ajudá-los nessa fase tão difícil e tão decisiva da vida. A. Fisicamente. Estão ganhando força, apesar de haver um estacionamento no desenvolvimento físico. Gostam de lutar e de fazer bagunça. Chegue à classe antes dos alunos e distribua algo atrativo e útil para fazerem até o início da lição. Há uma diferença muito grande entre o desenvolvimento físico das meninas e o dos meninos. Muitas garotas estão um ano na frente dos garotos. Algumas já entraram na fase menstrual e sentem que não são mais crianças, ao passo que os garotos agem e pensam como crianças. Enquanto os meninos se divertem com atividades brutas, as meninas são mais reservadas e preferem atividades mais calmas. Você deve levar em conta estas grandes diferenças, ao fazer o planejamento de quaisquer atividades. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 28 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] B. Mentalmente. São vivos e gostam de fazer perguntas. Têm boa memória, porém não pensam em profundidade. Têm consciência de tempo e distância. Gostam de colecionar "coisas". Lêem muito. Têm grande interesse em conhecer pessoalmente ou ler e ouvir a respeito de heróis. C. Socialmente. Sentem uma necessidade grande de pertencer a um grupo que lhes dê segurança. Preferem o seu grupo mais que a família. Lutam pelos direitos do grupo. Gostam de organizar grupos do mesmo sexo. As meninas pensam mais em namoro que os meninos. Ocasião propícia para aconselhamento; evite classes mistas. Adoram heróis e são perfeccionistas. Odeiam fraquezas pessoais. Gostam de ter responsabilidades. Rebelam-se contra a autoridade. Seja um guia, um líder e não um ditador. Sempre peça sugestão à classe, mas não de maneira que demonstre insegurança. Crie um ambiente de liberdade, mas controlado por você. D. Emocionalmente. São instáveis emocionalmente. O desequilíbrio é demonstrado em todas as ocasiões: são alegres ou fechados demais; mostram amizade em excesso e, de repente, voltam-se contra o melhor amigo. Ora estão calmos; ora preocupados, e assim por diante. Seja amigo constante, sincero e que inspire confiança e segurança. Não gostam de manifestações de afeto. Evite abraçar ou colocar a mão nos seus ombros. Ame-os não com palavras e gestos, mas de verdade. São dados a valentias, pois gostam de participar de coisas empolgantes. Mostre que muitas vezes é melhor fugir de um perigo inútil do que enfrentá-lo e sofrer conseqüências graves. São sensíveis ao desprezo, à falta de amor e à hipocrisia. Fale de Cristo e leve-os a viver Cristo. E. Espiritualmente. Eles possuem padrões elevados para si mesmos. Reconhecem o pecado como algo que desagrada a Deus e a si mesmos. Têm fome de Deus. Sua fé é simples e sua cabeça está cheia de dúvidas sobre a Bíblia. Gostam de encontrar resposta por si mesmos na Bíblia. Estão começando a compreender melhor os simbolismos. Querem a Cristo como Salvador e Senhor. 16.8. O Que e Como Ensinar os Pré-Adolescentes Tenha um programa ativo, envolvendo-os ao máximo em alguma atividade onde possam usar as suas forças. Dê-lhes oportunidade de pensarem, perguntarem e se expressarem. Encoraje e motive a memorização de versículos, hinos e fatos bíblicos. Ensine- lhes cronologia e geografia bíblica. Use mapas e gráficos em seu ensino. Encoraje-os a ter passatempos úteis. Ensine-os a escolher boa literatura; ajude-os na formação de bons hábitos de leitura; apresente a Bíblia como sendo o melhor livro que existe. Apresente histórias de heróis bíblicos e também de outros como: Carey, Simonton, José Manoel da Conceição, Robert e Sarah Kalley, etc. Será bom, algumas vezes, levar à classe missionários que estão na obra e cujas experiências sirvam para despertá-los para o serviço do Senhor. Promova reuniões sociais e passeios para a classe, com o intuito de preencher as necessidades sociais deles, dentro de um ambiente cristão. Aproveite para motivar a classe a estudar a lição da escola dominical, através de uma competição não individual, mas entre grupos. Deve tomar muito cuidado para que o espírito de "só os do meu grupo" não leve à marginalização de outros de fora do grupo. Ensine-lhes padrões bíblicos através de princípios bíblicos. Dê-lhes oportunidades de acordo com as suas capacidades e gostos. E como gostam de humorismo, ensine-os a cultivar o humorismo são e evitar o mal. Explique-lhes o valor do sangue de Cristo (1 Jo 1.9). Proporcione oportunidades de conhecerem melhor a Deus. Desafie-os a orar, fazendo pedidos específicos e, pela resposta de Deus, vão saber da realidade de Deus e Sua atuação hoje na vida diária. Envolva-os em diversos ministérios e responda a todas as perguntas de maneira simples e objetiva. Ofereça-lhes as ferramentas próprias para descobrir soluções para seus problemas; por exemplo, um método de estudo bíblico. Use simbolismo, mas certifique-se de que estão entendendo. Leve-os aos pés do Salvador e ajude-os a entender a importância de colocar a Cristo como líder de suas vidas. Nessa fase o professor deve nutri-los, mais do que lançar desafio após desafio, pois, como disse alguém, "O que o indivíduo aprende na idade de 10 a 12 anos leva consigo até o túmulo". EDUCAÇÃO CRISTÃ - 29 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] 16.9. As Características dos Adolescentes Queremos apresentar-lhe uns indivíduos suspeitos, desajeitados, problemáticos, rebeldes e inconstantes, que freqüentam a nossa escola dominical: são os adolescentes. Creio que ninguém apresentaria uma pessoa dessa maneira, mas quantos já pensaram nestes termos, ao depararem com os alunos na faixa de idade entre 13 e 16 anos, que mal respondem ao seu tão cordial "bom dia"? Por que agem dessa maneira? A causa é terem descoberto a existência de dois mundos: um, que é o seu, interior, e outro, exterior, o mundo dos adultos. Sentem o peso e a pressão vindos tanto de dentro de si quanto do mundo exterior. Na tentativa de se adaptarem a esses dois mundos tão conflitantes entre si é que surge a rebelião, que pode ser expressa de várias maneiras. Você terá mais condições de ajudá-los, conhecendo-os melhor. A. Fisicamente. Estão se desenvolvendo rapidamente e tanto podem estar muito bem dispostos quanto não querendo fazer absolutamente nada. O adolescente é desajeitado por causa da súbita transformação física. Seja paciente e procure compreender seus atos abrutalhados. Sua voz está mudando. Principalmente a do rapaz. Não o embarace pedindo que declame ou cante diante da igreja, pois sua voz pode mudar de tom várias vezes e ele teme o vexame. Freqüentemente, a razão pela qual um adolescente não quer ir à escola dominical são as espinhas que, para seu tormento, começam a surgir e enfear seu rosto. Peça a Deus discernimento para descobrir as causas dos problemas do adolescente, pois estes algumas vezes parecem tolos aos olhos dos adultos, mas são terríveis para ele. B. Mentalmente. Sua capacidade de raciocínio está se desenvolvendo e ele está em busca de novidades. Sua imaginação adquiriu mais vida e recebe sugestões até demais! Quer saber para que serve o que está fazendo. Por exemplo, a memorização de versículos. C. Socialmente. Quer ser adulto e independente e pertencer a uma comunidade. Gosta de grupos fechados. Mostre-lhe a alegria que temos em poder pertencer a Cristo, pois Ele nos possibilita uma comunhão genuína com outros cristãos. Faça-o sentir que é querido pela sua classe, que você o considera importante e que sua ausência é sentida por todos. Pouco vai adiantar convencê-lo de que os crentes são melhores do que os seus amigos do mundo, ou explicar-lhe as vantagens de freqüentar a escola dominical. O que realmente o prenderá ao meio evangélico será a certeza de que é realmente querido e que a sua opinião é ouvida e valorizada. Fica encabulado com facilidade e tem consciência de seus problemas. Mostre-lhe que outras pessoas têm os mesmos problemas, mas que a vitória é pessoal. Incentive-o a ter Cristo como o seu melhor amigo. Ele cultua heróis mais sofisticados. Às vezes sonha que é campeão de Fórmula 1 correndo nas pistas internacionais; em outras fala, anda e age como o galã que viu "naquele filme". Quando se sente frustrado por não poder comprar "aquela mota" ou qualquer outra coisa, tem desejo de ser rico, rico... riquíssimo. É profundamente leal ao seu grupo. Incentive-o a ser leal também à sua escola, igreja, grupo de amigos evangélicos, família, etc. Tem interesse pelo sexo oposto. Providencie reuniões sociais mistas. É sempre bom ter comes e bebes nessas reuniões, pois nessa fase de crescimento o adolescente sente muita necessidade de comer. D. Emocionalmente. Seus sentimentos são inconstantes e suas emoções são intensas. E. Espiritualmente. Está pronto para a salvação. Quer uma fé que seja prática. Está cheio de dúvidas sobre o cristianismo. Quer fazer algo e está procurando um ideal. Aproveite suas aptidões, após um bom treinamento. 16.10. O Que e Como Ensinar aos Adolescentes Varie os métodos de instrução para manter o nível de interesse. Faça com que participem ativamente da aula. Ajude seu aluno adolescente a descobrir verdades bíblicas EDUCAÇÃO CRISTÃ - 30 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] por si próprio, deixando-o procurá-las na classe e em casa. Aproveite a imaginação deles para dar colorido aos textos bíblicos. Estimule-os a contribuir com idéias e sugestões. Recomende-lhes bons livros evangélicos e traga preletores cristãos para falar sobre sexo e drogas, pois a curiosidade é tamanha nessas áreas que muitos vão querer conhecer mais sobre o assunto através de livros ou colegas, caso a igreja não a satisfaça. Quando responder perguntas, explicar ou aconselhar sobre sexo, dê respostas corretas e sinceras, sem dar a impressão de que o sexo é algo sujo ou proibido. Esteja atento para descobrir por que seu aluno está fazendo aquela pergunta. Tenha sempre ilustrações práticas, claras e reais em mente, para que ele não venha a pensar que é a primeira pessoa a lhe fazer pergunta sobre o assunto e que você está embaraçado... Nunca o mande fazer algo sem explicar-lhe o seu objetivo; inculca em sua mente o poder da Palavra de Deus na vida prática. Cristo venceu a tentação usando versos bíblicos. O Salmo 119.9 seria um bom versículo para memorizarem. Tenha o cuidado de não dar aulas em um nível inferior àquele em que o adolescente se encontra. Delegue responsabilidades, ensine-o a respeitar os pais e outros adultos em geral. Não indague insistentemente quando lhe delegar responsabilidades. Saiba perguntar sobre o andamento do projeto e, se for preciso, dê sugestões práticas, sem contudo fazer imposições. Ele detesta ser mandado por adultos. Procure conduzir seus pensamentos em direção a Cristo. Tenha o cuidado para não dar a idéia de que o apóstolo Paulo foi melhor do que Cristo ou que Paulo era tão perfeito quanto Cristo. Apresente o evangelho de maneira positiva. Seja um professor equilibrado. Tenha calma quando for aconselhá-lo. Dirija seus pensamentos para Cristo. Explique-lhe a importância de se ter autocontrole. Leve-o a Cristo. Caso seja crente, ajude-o no seu crescimento, ensinando-lhe as coisas básicas da vida cristã: oração, hora devocional, estudos bíblicos... Aplique as verdades bíblicas à vida de cada aluno. Faça sempre uma aplicação geral e outra específica, usando perguntas: como você pode aplicar isto à sua vida diária? Por que isto é importante? Esta verdade vai fazer alguma diferença em sua vida? Dê-lhes oportunidades de fazerem perguntas. Responda sempre apontando os princípios bíblicos. É importante que o adolescente saiba, com suas próprias palavras, dar a razão de sua fé em Cristo. 16.11. As Características dos Jovens Apesar de alguns adultos se preocuparem com a insensibilidade dos jovens para com as coisas espirituais existem muitos deles que estão ansiosos por conhecer a verdade. Não se pode mais ignorar o fato de que os jovens se despertaram para Jesus. Mais do que nunca, eles estão interessados não só em ouvir o que Deus tem a lhes dizer em Sua Palavra, como também em praticar o que ouvem. Será que a escola dominical os está ajudando positivamente? Está encorajando e sustentando esta onda de avivamento? Será que sua vida, professor, poderá motivar seus alunos a crescer? Certamente poderá, se você, em vez de levantar barreiras de preconceitos, incompreensão e indiferença, construir pontes de comunicação, compreensão e respeito. E o primeiro passo para isso é conhecer bem quem está do outro lado da ponte. A. Fisicamente. Muitos jovens têm problemas sérios na questão da auto-aceitação. Cada um gostaria de mudar alguma coisa no modo como Deus o criou. Como líder, você deve enfatizar o fato de que a verdadeira beleza é a interior, que surge quando aprendemos a agradecer a Deus pela maneira como Ele nos fez. Deve também mostrar a diferença entre o julgamento de Deus e o dos homens (1 Sm 16.7). Boa parte deles já são donos de sua vida, e por isso tem a tendência de se descuidar da saúde. Você deve alertá-los para o fato de que o corpo necessita de repouso, higiene e alimentação adequada. B. Mentalmente. Sua capacidade de raciocínio já está bem desenvolvida. Querem ter liberdade para discutir assuntos que provoquem polêmica, e os mais preferidos são os de ordem mundial, filosófica e ideológica. Gostam também de conversar sobre pessoas do sexo oposto. Sentem necessidade de conversar sobre assuntos práticos que estejam relacionados EDUCAÇÃO CRISTÃ - 31 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] com a sua vida e carreira. Pensam muito e fazem perguntas desejando obter respostas bem pensadas. Não aceitam nada sem explicação ou motivo justo ou lógico. C. Socialmente. Sentem muita necessidade de ter comunhão fraternal com os irmãos em Cristo. Gostam de ter contato com o sexo oposto. Há perigo de o jovem ser descuidado e precipitado na escolha do cônjuge. A solidão e a necessidade de ser amado muitas vezes levam o jovem a tomar decisões que trazem conseqüências trágicas: casamento misto, gravidez prematura, amor livre, etc. Os jovens devem aprender a esperar em Deus, para experimentar a vontade de Deus em cada área da sua vida, vontade que é boa, agradável e perfeita. Devem se conscientizar do fato de que, se estiverem dentro do plano de Deus, nada sairá errado. D. Emocionalmente. Geralmente são controlados emocionalmente. Já aprenderam a substituir as explosões de temperamento por demonstrações de cinismo e chacota. Muitos, porém, têm dificuldade em controlar as emoções. E. Espiritualmente. Eles gostariam que a igreja, ao invés de ser uma organização com regrinhas para serem cumpridas, funcionasse como um organismo vivo e atendesse mais diretamente às suas necessidades pessoais. Almejam ver funcionando na prática muitos dos princípios bíblicos pregados do púlpito, tais como: amor, compreensão, respeito, etc. Estão interessados em dar uma resposta mais adequada e menos mística, quando questionados a respeito de sua fé. 16.12. O Que e Como Ensinar aos Jovens Geralmente os jovens têm problemas com a mente. O professor poderá ajudá-los nesta área recomendando a memorização de versículos (como por exemplo o Salmo 119.11) e a meditação neles durante o dia, a fim de se apropriarem do ensinamento aprendido. Em oração particular devem colocar diante do Senhor suas dificuldades nesta área e o desejo sincero de uma renovação mental (Rm 12.1,2). Os jovens têm muitas dúvidas quanto à sua vocação, a escolha da cara metade e a vontade de Deus. O professor deve procurar relacionar Cristo aos problemas da vida usando tópicos como: "O que é serviço cristão?", "O que é consagração verdadeira?", "O casamento do ponto-de-vista de Deus", "Como Deus revela sua vontade", etc. Uma experiência pessoal do professor, contada com sinceridade e amor, vale muito mais do que muitos princípios de teoria. O professor deve ensiná-los o que é verdadeiro e bíblico, para evitar a formação de conceitos falsos acerca do caráter cristão. É necessário gastar bastante tempo com eles estudando sobre o Corpo de Cristo e seus aspectos práticos: unidade da Igreja, diversidade dos membros através dos dons e a interdependência dos membros. O ideal seria que cada jovem pudesse descobrir seu dom específico, o seu ministério e como atuar nele. Assim evitaria gastar o resto da vida em atividades e lugar não determinados pelo Senhor. 16.13. A Classe de Adultos Os adultos também têm necessidades mentais, sociais, emocionais e espirituais. A Igreja, como Corpo de Cristo, tem a tarefa de suprir essas necessidades. A escola dominical, como agência da igreja local, pode e deve colaborar muito nesse sentido. Uma das maneiras é: A. Estudo Bíblico Dinâmico. • Desperte o interesse. Sem o interesse da pessoa não se conseguirá muita coisa. Como despertar o interesse? Apresente um desafio à pessoa, pois os adultos aceitam desafios e querem ser desafiados com coisas que realmente sejam importantes. A maneira mais prática é dar uma tarefa que eles tenham condições de executar. EDUCAÇÃO CRISTÃ - 32 Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” www.institutodeteologialogos.com.br | [email protected] • Interaja. Na escola dominical deve-se dar aos alunos a chance de escolher alguns temas de maior necessidade pessoal. Exemplos: lar cristão, finanças, segunda vinda de Cristo, como estudar a Bíblia (métodos de estudo bíblico), etc. B. Estudo Bíblico Prático. Uma característica marcante dos adultos: sabem mais do que fazem. São inimigos do trivial. Têm as preocupações do dia-a-dia, como, por exemplo, finanças e família. Desejam servir e ser úteis ao Senhor e desejam desenvolver uma filosofia cristã prática, para a vida. Falando em estudo bíblico, é bom ressaltar que o professor deve ensinar com seriedade, dando alimento espiritual sólido, pois os adultos não gostam de coisas superficiais. C. Dê oportunidades para as pessoas contarem suas vitórias e derrotas. Entre outras coisas, isso ajuda a satisfazer certas necessidades sociais do adulto: o desejo de companheirismo, desejo de aprovação do grupo e o senso de valor pessoal. Muitos enfrentam problemas quanto às relações humanas e alguns experimentam solidão. Temos necessidade de falar e de ouvir. Não adianta querer ministrar à pessoa, com matérias, se ela não externar aquelas coisas que estão lhe causando problemas. Mas cuidado para a aula não virar um bate-papo sem finalidade. O uso de certas perguntas ajuda a dirigir a conversa para um fim proveitoso. Por exemplo: "O que Deus fez por você nesta semana? Como Deus o usou para ajudar outras pessoas? Como você colocou em prática os princípios da Palavra de Deus, estudados na semana passada?". D. Leve os participantes a se interessarem uns pelos outros. • Oração mútua. Incentive cada aluno (ou participante) a orar diariamente pelos outros componentes do grupo, de maneira pessoal, citando seus nomes. Nunca devem se esquecer de orar pela obra missionária em geral e pelos missionários em particular. • Prestação de serviço e hospitalidade. O professor deve mostrar com exemplos bíblicos que quando alguém precisa de ajuda, o grupo todo tem a responsabilidade de se interessar e fazer alguma coisa por ele. • Estabeleça alvos em conjunto e desafie o grupo a alcançá-los. Quantas novas pessoas vão ser alcançadas nos próximos 6 meses? E no próximo ano? Quantas vão passar adiante o que estão recebendo? Para que os alunos possam edificar outros, eles precisam de uma edificação sólida. E se você é professor, então esta é sua tarefa. BIBLIOGRAFIA BÁSICA SOUZA, Netanias dos Santos. Manual Didático-Pedagógico da Escola Dominical. Instituto de Teologia Logos. ATIVIDADE 1. Como uma educação cristã pode influenciar a sociedade? PROGRAMA DE ESTUDOS Para finalização dos estudos no MODO INTENSIVO, essa disciplina deverá ser concluída em 5 dias. Para finalização dos estudos no MODO NORMAL, essa disciplina deverá ser concluída em 20 dias. AVALIAÇÃO FINAL INTRODUÇÃO À TEOLOGIA Apresente suas justificativas para a necessidade, a importância e a finalidade dos estudos em Teologia. Mínimo de 5 para cada item apresentado. MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS Relacione 3 benefícios de cada método de estudo bíblico apresentado. BIBLIOLOGIA Demonstre a inspiração e veracidade da Bíblia Sagrada, usando unicamente a Bíblia. EDUCAÇÃO CRISTÃ Como uma educação cristã pode influenciar a sociedade? Agradecemos o seu interesse em participar do programa de estudos oferecido pelo Instituto de Teologia Logos. Estamos aguardando as repostas da sua avaliação final para lhe enviarmos seu Certificado de Conclusão. As respostas devem ser enviadas para [email protected] (O certificado será enviado via e-mail e você poderá imprimir em qualidade normal e papel cartão.)
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.