Universidade Federal de São João Del Rei Departamento de Letras, Artes e Cultura Ivan Vasconcelos - Práticas Discursivas DiegoCabral, Joyce Andrade, Kellen Lanna, Rafael Silveira e Willian Carvalho ____________________________________________________________________________ MICHEL FOUCAULT: O DISCURSO, AS PRÁTICAS DISCURSIVAS - INTERPELAÇÕES ÀS PRÁTICAS DE NUMERAMENTO. Maria Celeste Reis Fernandes de Souza http://bibliotecadigital.unec.edu.br/ojs/index.php/unec03/article/viewFile/308/384 O conceito de prática discursiva em Michel Focault não pode ser recortado, isolado, no interior das suas teorizações sobre o discurso, sem se considerar sua circularidade com relação ao discurso, enunciado, enunciação, formação discursiva. Na verdade, não podemos estabelecer uma linearidade ou uma hierarquização entre esses conceitos. Assumamos que os mesmos formam, como sugere Maria do Rosário Gregolin (2004b), círculos concêntricos. A noção de discurso tem uma centralidade na obra de Foucault, pois é o “fio condutor de suas investigações”( GREGOLIN,2004a,p.59). Desde os seus livros iniciais, As palavras e as coisas, O nascimento da clínica e a História da Loucura, o autor tem como preocupação a produção do sujeito pelo discurso, mas é na obra A Arqueologia do Saber que ele vai teorizar sobre o discurso, e, nos livros posteriores, vai se ocupar das relações entre o discurso e o poder na produção dos sujeitos. Em uma perspectiva pós-saussureana, para Foucault o discurso deixa de ser visto como conjuntos de signos que remetem a conteúdos ou representações, reflexo das coisas, mas, como práticas que cria essas coisas. Embora reconheça que os signos têm uma função de designação, Foucault, não tem como propósito discutir a materialidade lingüística, a língua vista como um conjunto finito de regras “constitui sempre um sistema para enunciados possíveis” (FOUCAULT, 2005, p.30). Para Foucault, o discurso é um conjunto de enunciados que, além de designar as coisas, produzem-nas, e devem ser vistos como práticas que formam sistematicamente os objetos de que falam. Certamente os discursos são feitos de signos; mas o que fazem é mais que utilizar esses signos para designar coisas. É esse mais que os torna irredutíveis à língua e ao ato da fala. É esse 2“mais” que é preciso fazer aparecer e que é preciso descrever. (FOUCAULT, 2005, p.55) se é no enunciado que o discurso se manifesta. falado em enunciados. é aos enunciados que Foucault vai dedicar o capítulo 3. principalmente produzir uma interrogação sobre as condições de emergência desse objeto.Portanto.43) compreende “o discurso como um conjunto de enunciados na medida em que eles provêm da mesma formação discursiva”. à medida que perdia de vista o próprio enunciado? (FOUCAULT. Finalmente. descrevendo e/ou explicando seus níveis linguísticos. ora grupo individualizável de enunciados. insistentemente. ele não o tinha feito. e a própria palavra discurso que poderia servir de limite e de invólucro do termos “enunciado”. Foucault (1986. 43). mostrando como. creio ter-lhe multiplicado os sentidos: ora domínio geral de todos os enunciados. Assim. e para uma área social. havia empregado a palavra de forma polissêmica e indaga. quais são os dispositivos discursivos que possibilitaram a irrupção de determinada prática discursiva e não outra em um determinado . geográfica ou linguistica dada. econômica. se estava em seus propósitos descrever “enunciados”. em lugar de estreitar. o que mostra a importância desse conceito nas suas teorizações sobre o discurso. que.90) FORMAÇÃO DISCURSIVA E DISCURSO EM FOUCAULT E EM PÊCHEUX: NOTAS DE LEITURA PARA DISCUSSÃO Roberto Leiser Baronas http://www. nos capítulos anteriores. a significação tão flutuante da palavra discurso”. O autor se ocupa. que definiram em uma dada época. sempre determinadas no tempo e espaço. para Foucault da A arqueologia do saber. do livro A Arqueologia do saber. isto é. realizar não apenas uma análise linguística desse objeto. p. p. p. 1986.ufrgs.br/analisedodiscurso/anaisdosead/5SEAD/SIMPOSIOS/RobertoLeiserBaronas. pouco a pouco. ora prática regulamentada dando conta de um certo número de enunciados. não a fiz variar. pdf A noção de discurso é empregada por Michel Foucault na A arqueologia do saber com a seguinte acepção: “Um conjunto de regras anônimas. mas. as condições de exercício da função enunciativa” (FOUCAULT. 2005. em definir o enunciado. embora tenha. nesse capítulo. históricas. Tomar o discurso como objeto significa em última instância. no qual o discurso é renitente à ordem da linguagem em geral (. encarna ao contrário. o discurso é para Foucault um objeto essencialmente empírico. Em Michel Pêcheux. o discurso deixa de ser analisado por Michel Foucault enquanto um “regime de discursividade e de sua eventual transgressão. mas como um objeto que existe entre grandes tipos de discurso e as condições históricas. um conceito que estoura qualquer concepção comunicacional de linguagem. econômicas. A esse respeito nos diz Maldidier (2003. afirma Michel Pêcheux (1969). não significa que o tema discurso tenha desaparecido das preocupações deste filósofo. uma prática de resistência à “objetivação discursiva”.. no livro Análise Automática do Discurso. 38).. intitulando sua aula inaugural no Collège de France como A ordem do discurso.). como instância subjetiva. nem com o texto. o termo discurso possui uma acepção bastante distinta da de Foucault. as condições políticas de seu aparecimento e de sua formação” (REVEL. 21): “o discurso deve ser tomado como um conceito que não se confunde com o discurso empírico sustentado por um sujeito..momento histórico. a partir de 1971. é possível dizer que Michel Foucault não apreende o discurso da mesma maneira nas fases arqueológica e genealógica de seu pensamento. no qual o discurso se torna eco lingüístico da articulação entre saber e poder. notar que o próprio Foucault anulará essa oposição. Michel Foucault produz um deslocamento no conceito de discurso. Nesse sentido. Com base na citação de Judith Revel é possível asseverar então que. Em outras palavras. É impossível. . e o par discurso/fala. a partir de um estado definido das condições de produção”. em 1971. no entanto.. 2005. 38): Foucault substitui o par saussuriano língua/fala por duas oposições que ele faz funcionar alternativamente: o par discurso/linguagem. p. O deslocamento produzido por Michel Foucault. e no qual a fala. a partir de 1971. mas que esse tema passou a ser apreendido de outra maneira. p. o discurso para Michel Pêcheux. segundo Revel (2005. ao postular a existência de uma ordem do discurso que é distinta tanto da ordem da língua quanto da ordem da fala ou da ordem do texto. todavia].] é necessário referi-lo ao conjunto dos discursos possíveis. “analisar um discurso como um texto [. Em suma. nessas duas fases. Em outros termos. sobretudo. [É preciso. p. deve ser pensado na sua estreita relação com as condições de produção. pois a análise deste objeto passa a se dar em termos de estratégias e de práticas. em 1971. Todavia. Aproximando-se de leituras acerca das Práticas Discursivas. Então. portanto. As práticas discursivas tratam a linguagem em conjunto com os aspectos emocionais. nem recortada a partir .Assim. mais abrangente nesse aspecto. percebe-se que mesmo esta não tendo uma metodologia definida para a realização de pesquisas. sendo esta. sendo conhecida como Teoria do Senso Comum. Aspectos de Semelhanças e Diferenças No Texto 01 a autora apresenta o conceito de prática discursiva pela perspectiva de Foucault. em pesquisa. a fim de verificar o lugar que a pessoa ocupa em sua produção. como sendo pronta. Isso não significa que as Representações Sociais não possuem cientificidade. mesmo que somente uma pessoa esteja dando uma entrevista. em permanente conflito com os sucessos da vida no dia-a-dia. as Práticas Sociais tratam de entender o processo de construção das regras de conversação e das peculiaridades que elas têm. dada. teríamos que ficar atentas a estes diálogos. ela apresentará diálogos. e sim em processo de construção. de forma a trabalhar a dialogia implícita na produção de sentidos e interpretar assim. Ela adota a perspectiva dialética e construcionista. ou seja. ela não apresentará representações sociais de um grupo somente. Desse modo. situa a produção de sentidos como um meio de conhecimento da linguagem. Também se apoia na concepção de ser humano como sendo um sujeito ativo.ENTRE PRÁTICAS DISCURSIVAS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS-AVALIANDO METODOLOGIAS PARA APRENDER O PENSAMENTO DE FORMULADORES DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO PIAUÍ Ellayne Karoline Bezerra da Silva Francineide Pires Pereira http://www. são a forma pela qual as pessoas produzem sentidos e o modo como elas se comportam e se posicionam em suas relações sociais. apóia-se em técnicas que garantem o rigor científico para dar suporte e visibilidade às pesquisas que a adotam. dinâmico.ufpi.br/20sic/Documentos/RESUMOS/Modalidade/Humanas/Ellayne%20Karoline% 20Bezerra%20da%20Silva. tendo em vista que não considera a realidade. a associação de idéias. mas ainda apropria-se intrinsecamente do conceito do senso comum. onde o conceito não pode ser apresentado de uma forma isolada. construtivo.pdf No que concerne às Práticas Discursivas. descrevendo e/ou explicando seus níveis linguísticos mas. formação) a partir de uma abordagem pós-saussureana. deixa de ser um conjunto de signos o qual remetem a conteúdos ou representações. onde o discurso é um conjunto de enunciados que designa e produzem as coisas. Os autores do texto coincidem no entendimento de práticas discursivas abordadas por Foucault. O conjunto do discurso (enunciado. As práticas discursivas são definidas como linguagem em ação. O discurso deve ser tomado como um conceito que não se confunde com o discurso empírico que se sustenta por um sujeito. coisas essas que são os signos abordados por Saussuare. enunciação. significando a forma com a qual as pessoas produzem sentidos e tomam posições nas relações cotidianas. Conceito de Práticas Discursivas O conceito de práticas discursivas nos leva a usar vários significados diferentes na produção de sentidos. Para ele tomar o discurso como objeto significa realizar não apenas uma análise linguística desse objeto. ele destaca o pensamento da relação em que condições foram feitas a produção do discurso. Enfim. o autor apresenta a visão de Foucault sobre a noção de discurso que é um conjunto de enunciados que na medida em que eles provem da mesma formação discursiva. correspondendo aos momentos do uso da linguagem. Foucault substitui o par saussuriano língua/fala por duas oposições que ele faz funcionar alternativamente: o par discurso/linguagem. se é no enunciado que o discurso se manifesta. Os processos de produção de sentidos implicam existência de . principalmente produzir uma interrogação sobre as condições de emergência desse objeto. no qual o discurso é renitente à ordem da linguagem em geral. Já na abordagem na visão de Pêcheux analisar um discurso como um texto é impossível. Para Foucault. No Texto 02. Mas para Pêcheux nunca podemos analisar um discurso como texto. é necessário referi-lo ao conjunto de discursos possíveis. Possui como elementos a dinâmica (enunciados orientados por vozes). o discurso é um conjunto de enunciados. mas levam como prática que cria essas coisas. é aos enunciados que Foucault vai chamar a atenção nas suas teorizações sobre o discurso. que produzem e designa as coisas e devem ser vistos como prática que formam sistematicamente os objetos de que falam.de suas teorias sobre o discurso. . são endereçadas e. portanto. Evidenciando a gravidade da simulação de faltas no meio esportivo. supõem interlocutores. As práticas discursivas estão sempre atravessadas por vozes. A imagem do Neymar crucificado faz uma dura crítica ao seu estilo de jogo “cai-cai”.interlocutores variados cujas vozes se fazem presentes. traçando assim uma comparação com Jesus Cristo.o colocando como um mártir. O fundo preto e as palavras em tom vermelho nos remete a uma dramaticidade prevista quando se refere a crucificação de Jesus Cristo.