√ Classificação Nosológica

March 30, 2018 | Author: Msaluiz981 | Category: Epilepsy, Logos, Psychiatry, Pathology, Word


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Capítulo 21CLASSIFICAÇÃO NOSOLÓGICA DAS ENFERMIDADES PSIQUIÁTRICAS Miranda-Sá, L.S.Jr. Aqui se diferencia o conceito de enfermidade do de doença. Enfermidade é organismo vivo. a condição patológica que agrava um Doença é a enfermidade sentida ou conhecida pela pessoa enferma, que assume o papel de doente. Introdução A classificação das condições patológicas (nosotaxia ou nosotaxonomia) pode usar critérios de forma e ser uma classificação descritiva (nosografia) para ordenar os sintomas e a síndromes ou empregar critérios explicativos (nosologia) para classificar as enfermidades. A explicação de uma enfermidade se refere principalmente aos seus fatores etiológicos e patogênicos, embora a identificação de fatores atenuantes ou agravantes seja importante para a clínica. De fato, já em 1911, JULIO DE MATOS (4 pag.154) afirmava que uma classificação ideal das doenças mentais seria a que levasse em conta sintomas, evolução, fatores determinantes e influentes. De fato, tal classificação, que viria atender completamente à necessidade da prática psiquiátrica, ainda não existe, embora o conhecimento esteja bem mais avançado. A impossibilidade de comprovar a etiologia e a patogenia de muitos casos de doença mental ou emocional impossibilita seu diagnóstico explicativo com certeza; por isto, o diagnóstico de muitas patologias psiquiátricas tende a permanecer no estádio fenomênico-descritivo. As classificações nos últimos anos apóiam-se na descrição dos quadros clínicos e recusam qualquer teoria de apoio. Recusam, portanto o recursos ás hipóteses e ao emprego do método hipotético dedutivo para comprovar seus achados. Até meados do século passado, muitos países, escolas de psiquiatria e, até, serviços assistenciais elaboravam suas classificações. Desde 1946, quando a Organização Mundial da Saúde passou a se responsabilizar pela atualização e revisão da Classificação Internacional de Doenças e Causas Mortis, em sua sexta revisão, iniciou-se um esforço mundial para a padronização dos diagnósticos psiquiátricos com base no trabalho da Associação Americana de Psiquiatria. Não apenas para uniformizar a nomenclatura e auxiliar a tarefa de planejar da assistência, mas sobretudo para a padronizar os critérios diagnósticos de cada condição clínica particular. Com esse processo de uniformização da linguagem e dos procedimentos diagnósticos, busca-se, ao menos, atingir três objetivos declarados: a) quando se mencione um sintoma, síndrome ou enfermidade, aquela comunicação evoque no interlocutor exatamente o que se pretende comunicar; b) que um paciente com uma examinado por dois psiquiatras diagnósticos idênticos; e mesma história clínica, diferentes, receba dois c) que, um certo diagnóstico atribuído a doentes diferentes, motive prognósticos e indicações terapêuticas, senão idênticos, ao menos análogos (ao menos naquilo que se refira à enfermidade e não ao enfermo). Entretanto, esses catálogos de condições patológicas também servem como tábuas nosográficas e permitem ordenar os diagnósticos realizados sob outros critérios para fundamentar relatórios e outros procedimentos administrativos. A CID/10 é bastante extensa (10 seções, mais de 80 subseções e mais de duas centenas de rubricas diagnósticas específicas. Esta extensão e seu caráter heterogêneo dificultam sua aprendizagem. Daí por que, parece melhor iniciar o estudo da taxonomia psiquiátrica a partir de um programa classificatório de estrutura mais simples, de matriz causal ou etiopatogênica, ainda que inferida ou hipotética mas que tenha amplitude suficiente para conter todos os casos clínicos a serem diagnosticados, sobretudo para a finalidade terapêutica. Programa de Freitas, J.O, Jr. para diagnosticar em Psiquiatria O diagnóstico de Freitas, J.O, Jr. é um programa de diagnóstico psiquiátrico misto, dimensional e categorial, multiaxial, disposto em quatro ordens superpostas, em cada uma das quais se elabora uma rubrica diagnóstica. O diagnóstico final sintetiza os anteriores. Os planos diagnósticos são: síndromes, constituição, disposição, fatores etiológicos predominantes, diagnóstico da classe nosológica. Diagnóstico Sindrômico Sintetiza o quadro clínico atual do paciente, através da descrição das síndromes clínicas elementares. Importa ressaltar seu caráter descritivo amplo e a importância de evitar, a todo custo, qualquer preconceito monossindrômico. Devem ser diagnosticadas tantas síndromes elementares quantas forem observadas diretamente, resultarem de informações do paciente ou de terceiros, ou surgirem de exames complementares biológicos ou psicológicos. Déficit do desenvolvimento mental - global / específico Demente/Dismnésico, Disestésico/Parestésico Discinético/Dispráxico, Distímico/Hipertímico/Eufórico/Hipotímico/Disfórico, Hiper/Hipoemotivo/Distímico interpessoal, Astênico/Estênico, Ansiedade/Angústia, Fóbico, Hipondríaco, Anancástico/Ruminativo, Paranóide/Referencial, Delusões/Derreismo, tios. dissimetria corporal/facial e outros elementos indicadores de constituição corporal patologica. Não se trata de tentar definir um ou vários agentes causais. como displasias. Disgenital / Parafílico. irmãos. traços acromegalóides. Diagnóstico de Disposicionais Componentes e Elementos Avaliação ponderada dos elementos etiológicos presumidos a partir de dados que configurem um diagnóstico definitivo ou uma hipótese diagnóstica razoável. ou patoplástico em relação ao estado psicopatológico. infantilismo. Disoréxico. componentes podem ser: alguns destes elementos ou a) disposição psicótica em parentes da mesma linhagem (pais. Entre outros possíveis. tios. Disproséxico. Disgrípnico primário/secundário.Apatia/ Entusiasmo patológico. Dissolução da consciência/Coma Diagnóstico Constitucional Definição do biótipo e de outros elementos constitucionais constatados no paciente. mas de assimilar condições objetivamente definidas de reconhecido valor como fator desencadeante. avós. irmãos). Hipobulia/Hiperbulia impulsiva. avós. patogênico. c) disposição neuropática nos pais. . b) disposição psicótica em outros parentes. Inibição/Desinibição/Conversão/ Dissociação. l) distonia endócrino-humoral. t) trauma psíquico. . malformações. v) práticas paragenitais/abstinência. i) afecção somática aguda/crônica. Diagnóstico da Predominante Categoria Etiopatogênica Resultante da ponderação dos fatores etiológicos (genéticoconstitucionais. g) distonias neurovegetativas e alergias. u) condição conflitiva. y) episodio prévio. somáticos. q) imaturidade (coartativa ou expansiva). o) manifestações neurológicas anormais. x) religiosidade primitiva. encefálicos. m) condição puberal. h) dismorfias.d) disposição esquizopática. j) gestação/puerpério. r) sugestionabilidade/volubilidade. p) doença neurológica definida. s) rigidez/perseveração. e) disposição ictafim. sóciopsicogênese atual e pretérita). n) condição involutiva/senil. f) disposição cíclico-timopática. estimando-se o que for aparentemente predominante. V -. Indica a forma pela qual o estado patológico repercute no desempenho psicossocial e interpessoal e na história de vida do paciente. encefalógeno. As espécies patológicas emergem dessas classes. psicótica ou não psicótica). Diagnóstico da Classe Nosológica Aqui se deve definir a classe da condição nosológica a ser diagnosticada. tóxico] 5) comportamento sociopático. III – condição encefalógena (aguda ou crônica). Pode-se empregar as seguintes classes de patologia: 0) diagnóstico negativo. 2) deterioração mental – global /parcial 2) comportamento neuropático (agudo/subagudo/crônico). somatógeno. subaguda ou crônica).A definição deste diagnóstico pode ser: I – condição sóciopsicógena (aguda. IV – condição tóxica (aguda ou crônica. somática ou ambiental) IV – condição endógena (aguda o crônica.condição não-classificável (aguda ou crônica). II – condição somatógena (aguda ou crônica). 3) estado depressivo. 1) anormalidade do desenvolvimento (global/parcial – quantitativo/qualitativo). sócio-psicógeno. e seus diagnósticos nosológicos . 4) comportamento [psicótico: fucional (timopático e esquizopático). 6) não-classificável. 284) e vem sendo modificada para este curso a cada edição deste trabalho. nosografia e nosotaxia sejam freqüentemente empregadas como sinônimas. prováveis ou possíveis). foi proposta por SCHNEIDER e KLOOS (pag. articulada a partir da etiologia e da patogenia (comprovadas. nosotaxia. portanto. Modificada Esta classificação. Ela é. aprendizado e uso. nominação das condições patológicas de quaisquer graus de complexidade. como se isto fosse possível). Na patologia clássica. facilitando o diagnóstico psiquiátrico na prática diária e constituindo recurso bastante útil para programar o tratamento dos doentes. é de fácil compreensão. Nosotaxia. síndromes ou enfermidades). o que possibilita o entendimento de caso clínico singular). Entretanto. Cada uma delas tem significação diferente na terminologia científica e as três são igualmente importantes para quem pretende conhecer sobre diagnóstico e classificação de enfermidades. . por quem presta pouca atenção à correção de sua linguagem. Consiste em uma sistematização compacta. que escamoteiam suas teorias de apoio e fingem ser ateóricas. fossem sintomas. distinguiam-se nomenclatura. Contudo. A organização dos quadros clínicos a partir da etiopatogenia é o elemento mais importante desta proposta classificatória porque permite formular uma teoria de enfermidade para cada caso clínico. Por isto. nosografia e nosologia: . não o são.Classificação de Schneider e Kloos. que pode ser considerada como bastante didática e operacional. destaca-se a condição etiológica ou o mecanismo patogênico predominantes. leva em conta o princípio da multicausalidade em psiquiatria (ver o capítulo 17).Nomenclatura em patologia (designação das condições mórbidas. uma proposta abertamente teórica (ao contrário das demais. em concordância com a evolução do pensamento do autor e com o avanço do conhecimento estabelecido. Nosologia e Nosografia Embora as palavras nosologia. sua principal vantagem reside em sua viabilidade. Nosologia (estudo e classificação das enfermidades a partir de suas características tidas como essenciais. englobando os conceitos de nosografia e nosologia. de sua resposta à terapêutica conhecida e da previsão de sua evolução. . ambos de muito boa qualidade. faz-se referência ao conhecimento que se tenha de sua origem e de seus mecanismos patogênicos. na edição espanhola).. O mesmo sucede ao recente Dicionário de Psiquiatria de Valdez-Miyar. Até hoje. e . Alarcon e Lolas. O mesmo acontece com o Lexicon de Ayd (que só emprega o verbete nosology. da escola de Barcelona. (qualquer classificação de conceitos de . Usa-se a designação mais genérica nosotaxia ou nosotaxonomia para designar a classificação sistematizada de qualquer entidade clínica (designação preferida pelos ontologistas) ou condição patológica (expressão predileta dos fisiologistas). mas confunde-o com o significado de nosografia). quando se menciona o status nosológico ou a situação nosológica de uma enfermidade (como acontece nos diagnósticos psiquiátricos da CID/10). no geral. nosologia e nosografia atualmente são usados atualmente por muitos autores de trabalhos na Medicina com superposições significativas inaceitáveis e significações confundidas. O que se pode tentar explicar porque a cultura dos positivistas e fenomenistas americanos do campo psi negarem a explicação e se aferrarem à descrição como objetivo do conhecimento científico. Saúde Mental e seus Derivados. O hoje clássico Manual Alfabético de Psiquiatria de Porot. e ao Dicionário Taxonômico de Psiquiatria de Garrabé. os termos nosotaxia. sucessor de Porot.Nosografia (descrição das síndromes e dos sintomas e sistematização de seus diagnósticos). A despeito de sua significação original. tratam lexicamente os termos nosologia e nosografia como análogos ou equivalentes. nem menciona estes termos (mesmo com a revisão de Pelicier. de sua etiopatogenia). bem como ao Glossário de Termos de Psiquiatria.Nosotaxia enfermidade). Veja-se os seguinte autores: O dicionário de Campbell e o de Vidal. insuficiente. nosografia e nosologia são termos importantes para a estrutura do conhecimento médico e não devem ter seus significados ignorados por um médico. O Dicionário Médico de Ceu Coutinho. NOSOTAXIA (ou nosotaxonomia) Etimologicamente. Coisa idêntica verifica-se no Dictionary of Epidemiology de Last. Não faz menção a nosotaxia. como a parte da Medicina que tem por finalidade descrever. Não obstante. em que são muito confundidos. nosologia. O que é. porque prejudica o conhecimento da Medicina. organização taxonômica de um conjunto de enfermidades. classificação científica das doenças. no mínimo. baseado na 29a. em livro publicado recentemente. o conceito de nosotaxia provém do grego taxis (que quer dizer arranjo. O Dicionário Dorland de Ciências Médicas define nosografia como descrição das enfermidades. define nosografia como descrição das doenças. classificação) e nosos (que significa enfermidade. esta confusão terminológica é lastimável e deve ser combatida. principalmente no terreno da psicopatologia e da psiquiatria. também cometeu algumas confusões com os estes conceitos. diferenciar e classificar as enfermidades. Este parece ser o conceito mais amplo dentre os que se pretende estudar neste capítulo. Tudo isto posto. Conhecer os exatos limites entre os significados de tais termos constitui necessidade para quem pretende conhecer a patologia e. ordenação. edição do Black Medical Dictionary. a sua classificação metódica. Mesmo o autor deste trabalho. além de afrontar o conteúdo dos termos que entram em sua composição Nosotaxia. doença) com o sentido bastante amplo com que se emprega na linguagem comum).organizado por Bertolote. para a prática médica quotidiana. deve-se dissecar a significação de cada um dos termos usados no título deste item. significando classificação de enfermidades. e nosotaxia como classificação das enfermidades. em particular. nosologia. mesmo. Empregam-se os termos taxonomia e nosotaxonomia (taxis+nomos = regra. lei. arrumação. estudo das características distintivas que permitem definir as doenças. . em sentido amplo). NOSOLOGIA Para entender o exato significado da idéia contida na palavra nosologia. bem feita) e lexicografia (capítulo da gramática que estuda a forma das palavras) são bons exemplos disto. portanto deve ser entendida como o registro sistemático das enfermidades. seu caráter de estar voltado para a forma e para a aparência das coisas a que se refere. tem sido seu conteúdo descritivo sistemático. nos chamados tempos homéricos para designar o mesmo que designa atualmente. o termo logos traz em si.princípio) para referir qualquer procedimento classificatório de qualquer conjunto de quaisquer coisas materiais. a enfermidade ou. As palavras geografia (descrição da terra). Nosos é um radical que significa enfermidade. palavras ou idéias. patografia (descrição de um caso clínico). pelo menos. diagnósticos e de descrições de patologias. nosografia (descrição das enfermidades). biografia(descrição da vida). E nosotaxia para classificação de enfermidades. O termo nosologia surgiu no começo do uso da linguagem conceitual. desde há muito tempo. explicação. razão explicativa. é preciso decodificar seus conceitos-chave: noso e logos. empregada como sufixo entra na composição de numerosas palavras de construção erudita. como geografia (descrição da terra). A taxonomia em Medicina deve abranger. radiografia(com significação mais metafórica que realista de representação gráfica de órgãos ou tecidos). A palavra grafia. caligrafia(escrita bonita. o estado de enfermidades. O denominador comum de todas estas palavras construídas com o termo grafia em todas as ciências. bem na origem da civilização grega. conhecimento. e logos? Etimologicamente. . NOSOGRAFIA Nosografia. No grego antigo. empregavam-se duas palavras. descrever) e nosos (significando enfermidade ou doença. Nosografia. mais precisamente. razão. procedimento de classificação das descrições das enfermidades ou de classificação dos diagnósticos médicos. um grande número de conceitos relacionados com as noções de pensamento. lei. sem maior complicação ou detalhes. as duas modalidades principais de nosotaxia (ou nosotaxonomia): a nosografia e a nosologia. ambas com o significado de fala ou discurso. do grego grafein (que significa escrever. em seus dicionários de filosofia. usado quase sempre como uma referência à divindade cristã. o Verbo (Logos) encarnado. inteligência. já na Idade Média. que é apresentado aos outros. De regresso ao seu significado original antigo bem mais remoto. quando a Filosofia começou a ser sistematizada e estudada. empregavam o termo logos para mencionar a divindade perfeita e absoluta dos judeus e cristãos.” para se referir à divindade toda poderosa. Muito de acordo com a ideologia platônica. o deus onipresente. . o termo logos vem sendo empregado com sentido de princípio ontológico. os filósofos Tomistas como Agostino e Tomás de Aquino. com sentido idêntico ou muito semelhante ao vocábulo verbo (palavra) do texto do livro bíblico do Gênesis: “No princípio. Bastante tempo depois. Contemporaneamente. No início da Época Clássica grega. princípio de todas as coisas. o termo logos se referia à lei e à ordem universais. como se de um com Heráclito. Aristóteles tinha concepção de logos semelhante à platônica. onisciente e onipotente. era o verbo. Sem muita diferença do sentido expresso acima. Como mostram Abbagnano e Brugger. palavra. a fala que demonstra (ou explica). idéia. Mitos significava narrativa. Bem mais tarde. usava-se o termo graphein. desde Heidegger. Hegel. enquanto logos significava demonstração. nos tempos chamados Modernos na periodização que se faz atualmente da História da Civilização.. segue considerando o logos como o conceito absoluto. o termo logos passou a poder ser empregado mais modestamente (e menos religiosamente).que eram mythos e logos. mas evoluiu e passou a usar o termo L. ainda que sem a conotação religiosa. Verbo aí com sentido de palavra.. significando uma sentença que podia ser verdadeira ou falsa (com o sentido com qua atualmente se denomina proposição) e que expressa o pensamento inteligente. ainda que na linguagem culta e científica. à inteligência e razão humanas capaz de desvendar a ordem da natureza por meios racionais. no fim) de todas as coisas. significando discurso. o Logos significava o princípio cósmico que estaria no princípio (e. E chamavam ao Cristo. Para Platão. A narrativa e a explicação. talvez. o Verbo. a fala que narra. Para a narrativa com caráter descritivo. significa razão. de sua origem. explicação e definição a partir da explicação.verbo. dotado de uma essência conceitual que lhe seja própria. discurso lógico. a linguagem interna. E nosologismo. sua causa e os mecanismos pelos quais o(s) agente(s) etiológico(s) produzia(m) dano na pessoa enferma e determinava o aparecimento dos sintomas das enfermidades e os prejuízos característicos de cada condição patológica. principalmente. mensagem verbal. como sufixo ou prefixo. quando empregado fora dos textos religiosos. estudar todas as circunstâncias de seu aparecimento. ali se define como variedade de ontologismo. classificá-las e pesquisar sua natureza. já era identificada com sua etiologia e sua patogenia. princípio inteligente que permite explicar algo. ainda que tenha caráter mais reflexivo que o solilóquio vulgar. mas sempre com o significado de conhecimento da gênese. como ramo da Medicina que se ocupa de dar nomes às enfermidades. comunicação mais inteligível que inteligente. a essência das enfermidades e. essencialismo (ou especifismo) que encara cada enfermidade como um construto particular. cujo sentido foi ampliado mais tarde para significar verbo interior. definílas. muitos termos inclusive nosologia. Neste sentido. Em Filosofia do conhecimento. razão explicativa. esta confusão é muito grande e parece distante de ser elucidada. Hoje. razão explicativa. o falar sozinho. Esta noção evoluiu e no início deste século. Isto é. até porque há muitos interesses em persistir a confusão entre os dois conceitos. expressa conhecimento racional. Define-se nosologia no Dicionário de Littré. conseqüentemente sua explicação. o termo logos está na raiz da palavra lógica e compõe. abstração inteligente que integra e sintetiza o sujeito e o predicado do conhecimento em uma única entidade lógica. o conhecimento de suas causas. Principalmente na literatura da psiquiatria e da Psicologia. Rápida mirada à literatura médica permite inferir que a confusão entre os conceitos de nosografia e nosologia tem se agravado com o tempo (e a influência positivista e fenomenista). Há mais de um século que o termo logos. . o termo logos significa realidade inteligível ou proposição que expressa uma realidade inteligível e possibilita o entendimento de uma coisa ou um processo. o falar consigo mesmo. pensamento inteligente. a explicação mais importante é a etiológica. inclusive o nosologismo. não se deve usar o termo logos para mencionar simples estudo. aumento diminuição ou deformação do padrão característico da normalidade. concepção doutrinária da patologia que entende as enfermidades como variações dos padrões funcionais do organismo. são contraditados pelo fisiologismo. a partir de componentes teóricos comprovados ou levantados a priori. significando qualquer classificação. . menos ainda um estudo resumido à descrição. para isto. O termo logos tem um compromisso original com o conhecimento explicativo que subiste sempre que é adequadamente empregado e que não deve ser esquecido. a nosologia e a nosografia. Atualmente. existe grafein. Podendo-se concluir que: a) Nas construções eruditas. d) Já a expressão científica nosografia tem conotação descritiva. c) A palavra técnica nosologia encerra sempre uma conotação explicativa e só deve ser empregada para designar o conhecimento explicativo de uma enfermidade. Mas que podem coexistir na construção da explicação de enfermidades diferentes. b) O termo nosotaxia pode ter abrangência extremamente ampla. seus diagnósticos. suas descrições e suas explicações. Uma classificação nosológica deve presumir a explicação etiopatogênica como chave de sua sistemática. devendo-se empregar para indicar sistemas descritivos de condições mórbidas. ainda. Nem classificação. E nas enfermidades. quando se deve empregar táxon. de critérios para diagnosticar). compreendendo.Os ontologismos. sistematização de descrições de enfermidades ou ordenação pragmática de diagnósticos médicos (ou. Sempre que se ignore se uma sistematização de enfermidades (ou de diagnósticos) é uma nosologia ou uma nosografia. mesmo que apenas narrativa. que é uma modalidade médica do ontelogismo. Corre-se menos risco de errar. é possível entendê-los como padrões diferentes de adoecimento. organização ou sistematização de enfermidades mentais. nominação ou designação de alguma coisa ou construto. inclusive. convém designá-la como nosotaxia. desde que não se absurtizem os conceitos ontológicos e fisiológicos. Condições Patológicas Psiquiátricas Predominantemente Endógenas. intoxicação crônica.pré-senil b-2 – senil . sem causar lesão anatômica demonstrável) e uma patologia orgânico-cerebral. afinal. estas entidades existem em um continuum<D>. apenas diversas na aparência. dependência. de uma única entidade clínico-nosológica. sendo muito difícil. Condições Patológicas Psiquiátricas Predominantemente Exógenas. o uso. Condições Patológicas (deficiências e desvios). do Desenvolvimento Mental Defeito original desta classificação é estimular a compreensão mecânica de que poderia haver uma estratificação qualitativa real entre uma manifestação sintomática ou tóxica (quando a agressão se mantém no nível funcional. demência e deterioração parcial são exteriorizações. abuso. no caso das patologias determinadas por drogas. 4. distinguir quando uma patologia sintomática (resultante da ação de um agente agressor interno) ou tóxica (ocasionada por um agente agressor externo) se transforma em uma entidade orgânico-cerebral porque ocasionou uma lesão encefálica irreversível. 2. 3. ORGÂNICO-CEREBRAIS a) DEMÊNCIA SENIL b) DEMÊNCIA NA DOENÇA DE ALZHEIMER b1 . Porque.1. Condições Patológicas Psiquiátricas Predominantemente Sócio-psicógenas. ao valorizar o sintoma e a evolução mais que ela.PRIMEIRO NíVEL DA CLASSIFICAÇÃO NOSOLÓGICA: 1. quando na verdade. senão impossível. na prática. Condições Patológicas Psiquiátricas Predominantemente Exógenas 1. Além do que subestima-se a etiologia. por exemplo. 1. intoxicação aguda. transitórios c2 .demência multi-infarto (arterioesclerótica) h2 .vasculite OUTRAS _1.deterioração e mudanças de personalidade e) ENFERMIDADES PSIQUIÁTRICAS DEVIDAS A SíFILIS e1 .c) ENFERMIDADES PSIQUIÁTRICAS DEVIDAS A TRAUMATISMOS CRANIO-ENCEFÁLICOS c1 .permanentes d) ENFERMIDADES PSIQUIÁTRICAS DEVIDAS A EPILEPSIA d1 .acidente vascular cerebral trombo-embólico h3 .acidente vascular cerebral hemorrágico h4 .2._ _SINTOMÁTICAS_ Manifestações na consciência ou na conduta originadas em: a) doenças do aparelho cárdio-circulatório b) doenças do aparelho respiratório .paralisia geral progressiva e2 – neuro-lues e3 – outras f) ENFERMIDADES PSIQUIÁTRICAS INFECÇÕES ENCEFÁLICAS DEVIDAS A OUTRAS g) ENFERMIDADES PSIQUIÁTRICAS DEVIDAS A PROCESSOS EXPANSIVOS h) ENFERMIDADES PSIQUIÁTRICAS DEVIDAS A VASCULOPATIAS ENCEFÁLICAS h1 .intercríticas d3 .críticas d2 . c) doenças do aparelho digestivo d) doenças do aparelho gênito-urinário e) transtornos endócrinos e metabólicos f) doenças do sistema imunitário g) infecções h) infestações i) outras _1. ENFERMIDADES EXO-TÓXICAS_a) INTOXICAÇÕES AGUDAS a1 .síndrome de abstinência de outras drogas d) ENFERMIDADES psicótico tóxico) PSIQUIÁTRICAS TÓXICAS (transtorno e) DETERIORAÇÃO CAUSADA POR SUBSTÂNCIA PSICOATICA .3.profissionais a3 .profissionais b2 – outras c) INTOXICAÇÕES CRÔNICAS VOLUNTÁRIAS c1 .síndrome de abstinência de álcool c6 .abuso de álcool c2 .dependência de álcool c4 .dependência de outras drogas (especificar) c5 .abuso de outras drogas (especificar) c3 .acidentais a2 .voluntárias b) INTOXICAÇÕES CRÔNICAS INVOLUNTÁRIAS b1 . AGUDAS (reações) . Condições Patológicas Predominantemente Endógenas Psiquiátricas _2.3. TIMOPATIAS BIPOLARES a) Hipomaníacas b) Maníacas C) Quadros mistos d) outras _2.agudos c2 ._ _FORMAS MISTAS (OU ASSOCIADAS)_ (Esquizoafetivas) 3.1. ESQUIZOPATIAS_ a) ESQUIZOFRENIA b) TRANSTORNOS ESQUIZOMORFOS c) TRANSTORNOS DELIRANTES c1 .2. TIMOPATIAS MONOPOLARES a) b) c) d) Apáticas Ansiosas Psicofisiológicas Outras _2.crônicos d) PERSONALIDADE ESQUIZÓIDE e) OUTRAS (inclusive o transtorno esquizotípico) _2. Condições Patológicas Predominantemente Sócio-Psicógenas Psiquiátricas _3 Doenças Sóciopsicógenas 3.4.1.2. treinável a3 .2. GLOBAIS (deficiência mental) a) _deficiência mental organogênica_ a1 .1.1.educável a2 . disortografia) e2 da leitura (dislexia) . CRÔNICAS (desenvolvimentos) a) Desenvolvimentos Patológicos Simples b) Desenvolvimentos Neuróticos c) Desenvolvimentos Psicopatológicos Delirantes d) Mudanças Psicógenas Da Personalidade ou dos Padrôes de Conduta 4. ESTADOS DEFICITÁRIOS PERMANENTES 4.1.a) Reações Imediatas Patológicas b) Reações Patológicas Protraídas 3. Alterações Patológicas do Desenvolvimento Mental 4.2.1. PARCIAIS a) do desenvolvimento sensorial b) da atenção voluntária (distraibilidade) c) do controle psicomotor (hipercinesia e ataxia) d) do aprendizado da fala ou da linguagem e) do aprendizado escolar formal e1 da ortografia (disgrafia.dependente b) deficiência mental sócio-psicogênica 4. quando durar mais de dois anos. transtornos específicos da personalidade) g1 .3. se a instalação foi súbita (ou abrupta). duas semanas. crônica. gradual. quando permanecer um período menor que dois anos e maior que dois meses. mais de duas semanas.neuropatias g2 . menos de 48 horas. sócio-psicógena ou alteração do desenvolvimento). Sub-Agudas e Crônicas Uma patologia psiquiátrica pode ser considerada _aguda_ quando dura menos de dois meses. se a qualidade apresentada pelo quadro clínico é psicótica ou não-psicótica. moderada ou grave. geralmente mais de um mês. DESENVOLVIMENTO MENTAL DESARMÔNICO 4. no capítulo 19) deve mencionar a síndrome ou as síndromes identificadas. no máximo. endógena. Condições Patológcas Agudas. e sub-aguda. DESVIOS ESTRUTURAIS DESENVOLVIMENTO MENTAL a) Autismo Infantil b) Outros (pervasivos) DO OBSERVAÇÂO IMPORTANTE: A síntese diagnóstica completa (de acordo como o que consta em A Elaboração do Diagnóstico Psiquiátrico. e se a intensidade das manifestações não psicóticas é leve.e3 da aritmética (discalculia) f) da socialização g) da afetividade ou da vontade (psicopatias. rápida ou gradual.2. até o momento de maior intensidade. se uma doença ou uma patologia expressa por sofrimento inadequado). deve-se especificar se é um quadro agudo. sub-agudo ou crônico. rápida. Súbita ou abrupta. desde os primeiros sintomas. determinar a classe de patologia (se perturbação mental estrutural. situar a classe etiopatogênica (exógena.sociopatias 4. Condições Patológicas Psicóticas . A instalação ou início se refere ao tempo que o quadro clínico consome para se fazer completo. “moderado”. Nos termos da CID/10. parkinsoniana. uma patologia mental deve ser considerada “psicótica” sempre que perturbar gravemente a capacidade de entendimento da realidade ou criar uma situação ponderável de risco para o paciente ou para outrem. o que exigirá nova sistematização. . pós-comocional ou contusional. Condições Patológicas Leves. o adjetivo psicótico indica apenas um quadro clínico em que hajam alucinações e atividade delirante mais ou menos óbvias e reconhecíveis clinicamente. comicial. doença de Huntington. resposta terapêutica e causa. e “grave”. Algumas das patologias comumente correlação: epilepsias. as demais venham a ser enquadradas aqui. de aturdimento. demencial. quando causar transtorno ao desempenho pessoal ou social do paciente. ampliando-se as informações etiopatogênicas. encefalite límbica. é possível estabelecer correlação clara entre as variáveis que presidem o esforço de classificação nosológica: sintomas. qualquer que for o seu diagnóstico sindrômico (como as síndromes orgânica inespecífica. cerebral local. Na maioria dos casos. que oferece um critério clínico muito prático para diagnosticar demência. curso. de Ribot. quando impedir qualquer atividade essencial para o desempenho pessoal ou social do paciente. não se trata de demência ou de um transtorno do desenvolvimento mental. Condições Patológicas Psiquiátricas Exógenas Dentre todas as patologias psiquiátricas. prognóstico. Moderadas e Graves Um quadro clínico deve ser considerado “leve” quando não perturbar seriamente o desempenho pessoal e social. Sendo provável que. A seguir. as chamadas exógenas são as que têm seus fatores etiológicos e mecanismos patogênicos mais conhecidos. lesão.Nos termos da CID/9. da base. A CID/10 não emprega o termo psicose como substantivo embora use os adjetivos psicótico e psicótica unicamente para designar quadros clínicos em em esteja presente a síndrome alucinatório-delirante. amnéstica de Korsakov. traumática permite orientar o tratamento de pacientes com manifestações psiquiátricas de uma encefalopatia. serão estabelecidos alguns elementos dos conceitos referidos acima. síndrome frontal. Deve-se levar em conta a multicausalidade das afecções psiquiátricas para entender a etiologia das alterações patológicas orgânico-cerebrais do comportamento. como se vê no capítulo 15. paranóide. maníaca. catatônica. sobre etiologia geral das patologias psiquiátricas. ainda que brevemente. emprega a expressão “orgânico” unicamente como sinônimo de “físico”. todos os demais transtornos psiquiátricos se dão no organismo. A menção a doença “orgânico-cerebral” ou “orgânica” deve ser feita apenas nos casos em que houver clara evidência da correlação entre uma agressão. hebética. A CID/10. “orgânico” é uma abreviação de “orgânicocerebral” e assim deve ser entendido e empregado. acidentes vasculares cerebrais. ainda que possam coexistir com ela. e mais as mudanças da personalidade ou da orientação sexual). referindo-se genericamente ao corporal. lesão ou doença cerebral e a sintomatologia psiquiátrica. demências vasculares. depressiva. deve-se ler o capítulo 17. traindo uma concepção dualista do psíquico e do somático. no organismo. mas não devem ser classificadas neste capítulo. causadas por doença. onde esta noções estão mais ou menos explicadas. no corpo. Em psiquiatria. ansiosa. As doenças sintomáticas. deve-se utilizar o critério de fator predominante. abrangendo. dissociativa. A rigor. Mesmo havendo clara correlação entre uma lesão cerebral e os sintomas que a exteriorizam.crepuscular. neurastênica. Sobre o conceito de exógeno e endógeno. incluindo o antigo conceito de _somático_ ( o corporal extra-cerebral). Sabe-se que inúmeros casos clínicos ricos e de sintomatologia grave podem provir de lesões encefálicas relação no rendimento pessoal e no desempenho social. os conceitos de orgânico-cerebral e de sintomático da psiquiatria clássica. sífilis cerebral) comprova-se que não há correlação necessária entre a extensão da lesão encefálica e a riqueza ou intensidade dos sintomas produzidos por ela. fóbica. Posto que em inúmeras situações clínicas (epilepsias. lesão ou disfunção encefálica e que não sejam secundárias a uma deficiência mental. os quadros psicógenos psicofisiológicos e somatomorfos podem ser considerados “orgânicos” na medida em que se manifestam no soma. mas não devem ser enquadradas aqui. . desta maneira. Confunde-se com as formas clínicas da demência senil citadas acima e costuma ser classificada em dois grupos principais: a forma senil (quando se inicia após os setenta anos de idade) e a présenil. timopática bipolar. c) _TRANSTORNOS DEVIDOS A TRAUMATISMOS CRANIANOS_ c1 . deve-se destacar que os quadros demenciais típicos podem ser precedidos. Em qualquer caso. mais breve é o curso para a demência. expansiva. ordenadas segundo sua etiopatogenia predominante. Caracterizam-se por uma clara e imediata relação temporal com do asparecimento dos sintomas com a agressão traumática.Um quadro sintético e ordenado das patologias psiquiátricas exógenas orgânico-cerebrais (orgânicas).transitórios c2 . sobretudos nos quadros tardios. o prognóstico muito mau. Devendo-se destacar que quanto mais jovem a idade de início. depressiva. delirante (paranóia senil). hebefrenimorfa (presbiofrenia). Apenas por conveniência clínica e . pode ser o seguinte: a) _DEMÊNCIA SENIL_ Resultado do envelhecimento cerebral não patológico. Inclui todas as formas clínicas: simples (tipo alzheimerizada).permanentes Quadros transitórios ou permanentes de alterações da consciência ou da conduta resultantes de traumatismos cranio-encefálicos. por manifestações mais ou menos circunscritas de deterioração ou por manifestações discretas compatíveis com o conceito de transtornos cognitivos leves. A demência resultante da doença de Alzheimer. b) _DEMÊNCIA DE ALZHEIMER_ A demência é a condição clínica mais importante entre as manifestações psiquiátricas da doença de Alzheimer. alucinatória (alucinose senil). ainda. destacam-se.críticas d2 .deterioração e mudanças na personalidade As alterações mentais devidas à epilepsia devem merecer Considerações Especiais. As alterações eletroencefalográficas manifestadas por ondas anormais do traçado eletroencefalográfico são. os quadros epilépticos podem apresentar diversas outras alterações da neuromotricidade ou da psicomotricidade (ver o capítulo 9). ainda. reflexo de uma anomalia funcional e fenômenos indicadores de epilepsia. em primeiro lugar. apenas e tãosomente. todos os transtornos mentais de etiologia orgânico-cerebral indefinida. podendo. os quadros de mudança pós-traumática de personalidade (acentuação exagerada de traços previamente existentes ou mudança de padrões de comportamento. 3a) confundir com epilepsia todas as patologias orgânicas. d) _ALTERAÇÕES PSIQUIÁTRICAS DEVIDAS A EPILEPSIA_ d1 . alterações psicológicas ou da conduta ou. não são a epilepsia. nestes últimos. é preciso se precaver contra três tendências que costumam induzir a muito erro e a muita discussão evitável: 1a) confundir epilepsia e convulsão. Para isto.epidemiológica. sem convulsões atuais ou pretéritas. . apresentam manifestações acinéticas críticas.intercríticas d3 . mesmo. 2a) confundir epilepsia e disritmia cerebral. sobretudo aqueles traços provavelmente herdados. Deve-se ter claro o conceito de epilepsia. se resumir a um único deles (quadros monossintomáticos). Também. devem ser separadas as síndromes pósconcussionais transitórias (com completa recuperação à integridade funcional e as pós-contusionais (que deixam seqüelas permanentes de natureza psíquica ou na conduta). A convulsão é apenas um dos sintomas motores possíveis na epilepsia. Alguns pacientes com epilepsia apresentam crises disfásicas. não é raro que se incluam entre os quadros clínicos que recebem o diagnóstico de epilepsia. atribuíveis a traumáticas (os quadros de transição). sensoriais. porque existem muitas e diferentes interpretações correntes para este conceito. o compromisso científico da Medicina torna necessário definir o sentido com que o diagnóstico de epilepsia está sendo empregado. desde de que não possa ser precisada. nos processos expansivos cerebrais e em muitas outras condições capazes de ocasionar sintomas da síndrome comicial. Como se vê. neuro-vegetativos ou psíquicos apresentados pelo paciente não são diagnosticados como epilépticos). nas quais as convulsões e outros sintomas sensoriais. porque apresentam qualquer anomalia de traçado eletroencefalográfico. Pode-se dizer que são patologias orgânicas de causalidade desconhecida. é bem provável que reste um resíduo de casos caracterizados por uma patologia a nível sub-molecular que possa justificar a continuação deste diagnóstico.Por todas estas diferenças de opinião. As crises epilépticas se caracterizam pela iteratividade e por reperitem a mesma forma. Epilepsia é como se denomina um conjunto de manifestações clínicas (sintomas motores. provavelmente. Como resultado. abandona-se o diagnóstico de epilepsia (como se dá na doença vascular. neuro-vegetativos ou psíquicos) originados em qualquer causa orgânica. Outrossim. Epilepsia é um conceito sindrômico geralmente episódico ao qual se associa uma etiopatogenia genérica e um certo perfil de evolução. aqui se emprega o termo epilepsia com sentido sindrômico e não nosológico. este conceito sindrômico de epilepsia tende a desaparecer. Em primeiro lugar. coexistindo com muitos pacientes que têm epilepsia (isolada ou em associação com outras patologias) que não são . na neuro-cisticercose. e que cursa com perfil episódico e iterativo. a superestimação dos recursos tecnológicos e o abuso da expressão “disritmia” como sinônimo de epilepsia são. sempre que for utilizado. A separação da neurologia e da psiquiatria. os principais fatores responsáveis por estas distorções conceituais. com perfil de evolução episódico. desde que a etiologia precisa de cada uma de suas manifestações for conhecida e reconhecível no procedimento diagnosticador. (Ver o capítulo 16). Quando se consegue diagnosticar a patologia orgânica subjacente. mas que determinam alteração da atividade bioelétrica cerebral e cujas manifestações clínicas tendem a se repetir iterativamente. existem muitos pacientes não epilépticos usando indevidamente anticonvulsivantes. a patologia primária das manifestações comiciais. especialmente as meninges e os vasos). etiopatogênico. e) ALTERAÇÕES PSIQUIÁTRICAS ATRIBUÍDAS A SíFILIS e1 .convenientemente tratados por não apresentarem convusões ou lhe serem detectadas anomalias eletroencefalográficas. emergentes na fase primária ou secundária da infecção pelo treponema (às vezes nas primeiras semanas da contaminação). ocasionou grande neglicenciamento de seu diagnóstico e da profilaxia das infecções sifilíticas. Contudo. parece melhor conservar neste grupo. talvez devessem ser classificadas como doença sintomática para ser fiel à conceituação nosológica. O virtual desaparecimento da sífilis no período que sucedeu à descoberta dos antibióticos. quando alcança a fase terciária. em razão da incapacidade de entender o diagnóstico da epilepsia como um dado clínico-fenomenológico e não. Por outro lado.paralisia geral progressiva e2 . fizeram diminuir a incidência de todas as doenças sexualmente transmissíveis em largas faixas da população. a ameaça da síndrome da imuno-deficiência adquirida e as medidas tomadas para sua prevenção. alterações psicopatológicas discretas ou inaparentes e revelando agressão predominante ou restrita aos tecidos mesenquimatosos do sistema nervoso central.outras O diagnóstico clínico das manifestações psiquiátricas da sífilis envolve classicamente o reconhecimento de duas grandes categorias nosológicas: a paralisia geral progressiva (com seus sintomas psíquicos muito evidentes e expressando a existência de agressão encefálica que seja essencial ou exclusivamente parenquimatosa) e a neuro-lues (com sintomas neurológicos mais conspícuos. por causa da importância epidemiológica e social da sífilis. necessariamente. labilidade emocional ou hipotimia.neuro-lues e3 . A infecção sifilítica que. Algumas manifestações psicopatológicas precocíssimas. daí se acumularem as evidências de que a incidência está crescente e sub-diagnosticada. ocasionar os quadros orgânico-cerebrais de paralisia geral . como irritabilidade. mas é comum que tais diagnósticos careçam de elucidação microbiológica que possibilitem reconhecimento específico do agente infeccioso. costuma ocasionar o aparecimento de um momento clínico que os legistas chamam “período médicolegal da sífilis”. tem curso progressivo. de fato) e se manifestam como patologias neurológicas focais (por isto. Não tem sentido diagnosticar psicopatia em paciente que apresente conduta social anômala pós encefalítica. devem ser diagnosticadas como doenças psiquiátricas exógenas. qualquer que for sua natureza infecciosa. ainda que se expressem clinicamente por episódios convulsivos ou por manifestações mais ou menos estáveis de condutopatia psicopática. por contrariar a convenção atual. os abcessos cerebrais se comportam como processos expansivos (que são. comportamentos agressivos e condutas anti-sociais que os pacientes cometem neste momento da evolução de sua enfermidade e que devem ser explicados pela irritação do tecido encefálico. das encefalites.preogressiva e neuro-lues mencionados anteriormente. embora isto seja um erro. Irritabilidade e depressão são os sintomas mais comuns deste quadro clínico que se apresenta sem qualquer comprometimento evidente da consciência-vigilância e. sobretudo. Do ponto de vista clínico. e o comportamento profissional correto será diagnosticar mudança organogênica . orgânico-cerebrais. pode apresentar quadros aparentemente sintomáticos pela irritação do sistema nervoso central. assim devem ser diagnosticadas os casos de seqüelas de encefalites (síndromes póst-encefalíticas). devidas a uma meningite ou encefalite (cujo agente etiológico deve ser precisado. A crescente irritabilidade comumente presente nos casos de sífilis secundária. sempre que possível. sua sintomatologia depende de seu volume e de sua localização). em geral. Da mesma maneira. f) _ALTERAÇÕES ENCEFÁLICAS_ DEVIDAS A OUTRAS INFECÇÕES As alterações da consciência ou da conduta que compõem a sintomatologia das meningites e. qualquer que for a intensidade ou qualidade que manifestem. aí cabe o conceito de transtorno da personalidade. devido a um processo meningovascular que se verifica desde a fase secundária da infecção. por causa da quantidade de infrações legais. desequilíbrio. esquecimento do já fixado. não cabe o diagnóstico de epilepsia nas manifestações comiciais. hipertonia. de uma neoplasia cerebral. o que inclui os casos de demência e outros sintomas orgânico-cerebrais atribuíveis a infecção por HIV. dando ênfase diagnóstica na etiopatogenia e não nas manifestações sindrômicas. Na deterioração mental aidética típica. Nesta rubrica diagnóstica. principalmente dos membros superiores. Em geral. o comprometimento neurológico pode ocorrer na ausência de infecções oportunistas e neoplasias. hiperreflexia generalizada. hipertonia. pode apresentar (atipicamente) um Transtorno Afetivo. com alguma dificuldade de fixação. até quadros demências nos quais rapidamente aparecem sintomas devastadores de sérios prejuízos cognitivos. redução da espontaneidade e isolamento social.da personalidade. lentificação psíquica. uma pequena minoria dos indivíduos afetados pela doença. o quadro psiquiátrico de SIDA/AIDS se inicia por um processo de deterioração que pode transitar desde muito discreta dificuldade de manter constante ou concentrada a atenção. o quadro tem um curso geralmente rápido. movimentos anormais rápidos e repetitivos. g) ALTERAÇÕES DEVIDAS A NEOPLASIAS ENCEFÁLICAS . neste caso. paroxísticas ou não. déficite da constância da atenção. dificuldade progressiva para resolver problemas diários comuns e para assimilar trechos lidos. desaparecem quando se institui a terapêutica específica. É cada vez maior a incidência de infecção por HIV em crianças como resultado do aumento da prevalência em mulheres jovens. Igualmente. volitivos e afetivos de uma processo demencial avançado. microcefalia e calcificação dos glânglios da base. Diferentemente do que sucede nos adultos. praxia construtiva e comunicativa prejudicadas e nistagmo. Em geral os sintomas de deterioração mental melhoram ou. e elas também podem apresentar um transtorno do desenvolvimento do sistema nervoso que se caracteriza por atraso do desenvolvimento. os sintomas comiciais devem ser considerados parte do quadro neurológico primário da neoplasia encefálica. sinais positivos de comprometimento frontal. deve-se destacar a importância cada vez maior que estão assumindo as afecções psiquiátricas decorrentes de infecção por HIV. O exame físico do paciente aidético revela freqüentemente tremor das extremidades. Costuma haver apatia. alterações psicóticas ou convulsões. ataxia. iniciando com queixas de dificuldade de fixação. até. devem ser agrupadas neste único conjunto nosográfico.O procedimento diagnóstico das perturbações da consciência e ou da conduta resultantes de neoplasias encefálicas dispensa qualquer comentário esclarecedor.AVC hemorrágico h4 . inclusive as arterioescleróticas ou vasculites induzidas por drogas injetáveis (como análgésicos. i) OUTRAS PATOLOGIAS SIDA/AIDS E TIQUES) ORGÂNICO-CEREBRAIS (INCLUSIVE Destina-se a reunir o diagnóstico das formas clássicas das demências pré-senis (quadros demenciais. desde que devidas a neoplasias cerebrais. sempre. doença de Huntington. as demências resultantes de traumáticadas em outros grupos.vasculite As patologias psiquiátricas devidas a vasculopatias cerebrais. com ou sem deterioração mental. de intensidade psicótica ou não psicótica. e mais a etiologia quando possível. . até antes do fim do sétimo: doença de Alzheimer. doença de Pick. de início precoce) usualmente no quinto decênio. devam ser mencionadas na síntese diagnóstica). resultantes de degeneração tissular cerebral. como a demência na hidrocefalia de pressão normal. não importando a forma de sua síndrome. embora deva ser ressaltado que este item deve ser empregado para diagnosticar. Exatamente como no grupo anterior. tanto as alterações psiquiátricas transitórias. h) ALTERAÇÕES DEVIDAS A VASCULOPATIAS ENCEFÁLICAS h1 . necessitando ser investigados deste ponto de vista. anfetamina). doença de Creutzfeldt-Jakob. o que é bastante comum.AVC trombo-embólico h3 . ainda que apresentem manifestações convulsivas. Devendo-se ter presente que sintomas orgânicos cerebrais que se iniciem após os trinta anos devem. doença de Parkinson. cocaína. sua evolução ou intensidade (embora estas informações. sugerir a possibilidade de afecção neoplásica. Os quadros demenciais precoces. quanto permanentes.multi-infartos arterioescleróticos h2 . Nesta condição mórbida. sabe-se que todas as patologias exógenas sintomáticas são caracterizadas por comprometimento funcional da atenção e da consciênciavigilância. mas as mais comuns são aquelas que revelam diferentes graus de gravidade dos déficites ocasionados às funções mentais e ao desempenho da conduta social: a deterioração de funções psíquicas específicas. o que facilita muito seu diagnóstico. Desde que Bonhöeffer descreveu a psicosíndrome preferencial exógena. hipercalcemia. esclerose múltipla. sendo da maior importância diagnosticar esta patologia básica. deficência de vitamina B12 ou niacina pelagra. várias encefalopatias não mencionadas nas outras categorias (inclusive a encefalopatia hipertensiva). seja importante saber que esta alteração às vezes está inaparente (aparecendo como transtorno discreto da . depressiva. degeneração hepatolenticular (doença de Wilson). de uma doença corporal que induz a disfunção nervosa. É traço convencionado essencial que suas manifestações são transitórias e regressivas. deve ser acrescentado o diagnóstico da patologia primária subjacente. poliarterite nodosa. de modo a poder instituir terapêutica efetiva. o transtorno cognitivo leve e a demência. Embora na CID/10 e no DSM-III-R não se faça distinção entre os conceitos de deterioração (prejuízos circunscritos e reversíveis) e demência (defeito global e irreversível). Condições Patológicas Exógenas Sintomáticas As doenças psiquiátricas exógenas sintomáticas são resultantes de uma patologia somática extra-cerebral que perturba transitoriamente o funcionamento do sistema nervoso central e se manifesta por transtornos da consciência. catatônica e mudanças da personalidade. e às vezes da conduta. Para especificar a etiologia.As demências podem ocorrer como manifestação ou consequência de numerosas condições clínicas cerebrais ou somáticas. de variadas intensidades. lupus eritematoso sistêmico. esta diferenciação continua a ser importante para a prática clínica. entre outras. sintoma. Embora. com diversas síndromes: ansiosa. tripanosomíase. Devem-se incluir aqui os diagnósticos de demência ou outras síndromes psiquiátricas devidas a dislipoidose cerebral. As patologias orgânicas cerebrais podem apresentar quadros clínicos muito diferentes. a agressão cerebral é secundária. como costuma acontecer nos quadros de estado crepuscular e da síndrome de delirium. a obnubilação ou turvação da consciência. consagra-se o equívoco iniciado nas classificações norte-americanas. sobretudo no curso de patologia hepática crônica. Na CID/10 o delirium é descrito como uma síndrome não específica etiologicamente. destinado ao estudo das síndromes psiquiátricas. caracterizada por perturbação da consciência-vigil. pode se diferenciar em síndromes diversas na dependência de sua etiologia (como as síndromes hiperestésico-emocional. a turvação da consciência vigil. que são muito úteis para o diagnóstico etiopatogênico. gritantes. com oscilações. não é incomum que dure. faz a Psicopatologia regredir e abandonar os elementos diferenciais reconhecidos entre as diversas síndromes sintomáticas. O estado é transitório e de intensidade variável. da memória. carcinoma ou endocardite bacteriana sub-aguda. da emotividade e do ciclo de sono/vigília. o que é importante para o tratamento dessas patologias. mais de seis meses. se demonstra como esta manifestação clínica básica. mas é mais comum após os sessenta anos. No capítulo 15. do pensamento. varia de grau leve a muito grave. a maior parte dos casos se recupera dentro de quatro semanas ou menos. Na CID/10. No entanto. Pode acontecer em qualquer idade. Pode se superpor a um quadro demencial ou evoluir para demência. independente da duração. de reunir sob a designação geral de delirium todas as síndromes psiquiátricas caracterizadas por obnubilação da consciência vigil. às vezes.atenção ou um certo grau de astenia psíquica) ou disfarçados por sintomas mais evidentes e. da atenção. Esta indevida extensão de um sintoma. ao delirium e a conseqüente expansão deste conceito. amencial-confusional. como descritas e categorizadas no capítulo 15. crepuscular. da psicomotricidade. delirium e estado hipnóide) e a importância semiológica que tem o reconhecimento de cada uma delas especificamente para o diagnóstico explicativo. quaisquer que forem seus outro componentes fenomênico-descritivos. . A intensidade de uma manifestação cínica. da percepção. As doenças sintomáticas devem ser diferenciadas de seu oposto conceitual.Recomenda que não se misture com o diagnóstico dos estados de delirium associados ao uso de substâncias psico-ativas especificadas em F1 talvez em função de sua importância epidemiológica. da conduta. o diagnóstico da patologia somática primária deve ser acrescentado ao diagnóstico da psicopatologia com a qual se exterioriza. Identicamente. transtorno primário de ansiedade). os sintomas psicológicos e comportamentais das patologias exógenas sintomáticas se originam em perturbações corporais estruturais ou funcionais. neste caso. o nome do medicamento em questão também deve ser registrado. em pacientes idosos. uma disfunção condicionada. Sempre que for possível sua identificação. síndrome confusional urêmica em insuficiência renal. apenas secundariamente. Por exemplo. vão perturbar o funcionamento do sistema nervoso central e. uma perturbação adaptativa) ou uma psicopatologia primária (doença afetiva. as doenças psicofisiológicas (antes denominadas psicossomáticas). O mecanismo patogênico geral de todas as condições clínicas sintomáticas é a endointoxicação ou a hipóxia. os estados de delirium devidos ao uso de medicação regularmente prescrita devem ser codificados como delirium (tal como os estados confusionais agudos devidos a anti-depressivos. às vezes. síndrome hiperestésicoemocional na convalescença de sarampo. Por definição. Sua característica conceitual comum consiste em serem secundários a perturbações somáticas causadas por patologias subjacentes que são primariamente corporais e extra-cerebrais e que. enquanto nas últimas. ocasionar uma alteração da consciência e. Os transtornos psiquiátricos exógenos sintomáticos podem ter diversas origens. nas doenças sintomáticas. o transtorno corporal é sintoma de uma alteração psicológica (como um conflito inconsciente. por isto. Porque. síndrome de delirium em pneumonia. o transtorno mental é sempre um sintoma de uma doença somática da qual é secundário. excluem-se deste conceito as alterações mentais provenientes da ação de substâncias tóxicas ambientais que são incluídas . Enquanto os sintomas psicofisiológicos têm sua origem em fenômenos psicológicos. no qual uma psicopatologia primária e outra. doença depressiva.que a ansiedade pode ser. Isto se deve. . relação da terapêutica específica acarreta aumento significativo de risco para a sobrevivência ou a reabilitação do paciente. nestes últimos casos (na exo-intoxicações patológicas) é mais comum que sejam secundárias a outras psicopatologias. sobretudo no atendimento de urgência. _Classificação das Psicopatologias Sintomáticas_ As manifestações psicopatológicas exógenas sintomáticas podem ser agrupadas. Porque. a ansiedade pode ser também. Deve-se convir que este conhecimento é essencial para o tratamento que deverá considerar. canabis sativa. como acontece nas alterações psicopatológicas induzidas por insuficiência cardíaca esquerda. secundária a ela. segundo a patologia primária que as ocasionam. necessariamente toda esta arquitetura psicopatológica. a cadeia etiológica seria a seguinte: uma psicopatologia primária (seja. movendo todo o processo como numa espiral de evolução progressiva de um complexo psicopatológico. dependência) esta. se combinam dando lugar a uma terceira manifestação clínica que pode até obscurecer as anteriores. não apenas a razões epidemiológicas. anfetamina. tabaco ou qualquer outra) e isto ocasiona o aparecimento de outra psicopatologia (embriaguez. o único sintoma da angina pectoris ou do infarto do miocárdio. cocaína. conseqüentes às seguintes perturbações somáticas: a) TRANSTORNOS DO APARELHO CÁRDIO-CIRCULATÓRIO Transtornos mentais ou da conduta que sejam sintomáticos de alterações anatômicas ou funcionais do aparelho cárdiocirculatório. como acontece de forma relação arterial (mesmo sem qualquer evidência de encefalopatia hipertensiva) e na síndrome do prolapso da válvula mitral. mas clínicas. que se soma à psicopatologia primária e à secundária. Neste caso. Deve-se ter presente. epilepsia ou psicopatia) determina secundariamente a necessidade patológica do consumo de uma substância de ação psicotrópica (que pode ser álcool. que são doenças somáticas graves. por exemplo. terciária. ansiedade condicionada psicologicamente. patologia coronária. em psicopatologias sintomáticas. espasmos arteriais fugazes. às vezes durante horas.no próximo item. afinal.O prolapso mitral é achado comum em pacientes com patologia ansiosa aguda ou crônica. é o motivo da busca de ajuda médica. como acontece nas insuficiências respiratórias significativas do ponto de vista funcional. predominam as manifestações de ansiedade. o que já seria um fator estressante patogênico de natureza psicológica. quando examinam estes pacientes e diagnosticam esta alteração valvular. b) ENFERMIDADES DO APARELHO RESPIRATÓRIO Condições patologicas sintomáticas originadas em perturbações do aparelho respiratório. o que contribui para aumentar a ansiedade do paciente e cultivar seus temores patológicos e fantasias hipocondríacas. localizada ou difusa. por vezes. mas não se pode subestimar o efeito irritante para o psiquismo da dificuldade respiratória permanente e do fato de se saber portador de doença grave e de mau prognóstico. deixam de lado o tratamento mais adequado. além de não exercer qualquer efeito terapêutico na patologia ansiosa que. provavelmente. notadamente. A insuficiência hepática (resultante de hepatite infecciosa. c) ALTERAÇÕES DO APARELHO DIGESTIVO Enfermidades psiquiatricas sintomáticas originadas em perturbações anatômicas ou funcionais do aparelho digestivo. o transtorno do aparelho digestivo responsável pelos quadros clínicos . Nos casos de transtornos psiquiátricos causados por patologia pulmonar crônica. talvez devida à hipóxia crônica. destas patologias respiratórias. Muitos médicos. As patologias respiratórias mais comumente ocasionadoras de fenômenos psiquiátricos são as que determinam suprimento insuficiente de oxigênio para o cérebro (hipóxia). um dado da sócio-psicogênese. em favor de terapêuticas com anti-arritmicos ou outros medicamentos cardiológicos. como acontece no enfisema pulmonar. tóxica ou degenerativa) é. destacam-se as pneumonias que podem atuar neste processo por meio de dois mecanismos patogênicos básicos: a) prejuízo do suprimento de oxigênio pelo comprometimento dos alvéolos e b) endo-intoxicação determinada pela toxemia infecciosa. nas crises de ansiedade paroxística denominadas síndrome do pânico. com os déficites funcionais conseqüentes. As alterações psiquiátricas ocasionadas por infecções infestações do trato digestivo serão vistas adiante. podem causar sintomas psiquiátricos crônicos. por exemplo. e . ao sopor. inquietação psicomotora.sintomáticos mais evidentes por sua intensidade (a chamada encefalopatia hepática). ansiedade difusa. ocasiona o acúmulo de substâncias tóxicas na corrente sangüínea. com sintomatologia intensa. (a tais substâncias. com ou sem a evidência de edema ou de odor urêmico no hálito). sonolência perturbação da caligrafia.500 daltons. mas convém não esquecer aqueles quadros de sintomatologia discreta. A endo-intoxicação secundária à insuficiência renal pode resultar em quadros psiquiátricos de proporções psicóticas. dificuldade de manter concentrada ou constante a atenção. como delirium. cujo peso molecular varia de 1. A insuficiência hepática costuma ocasionar uma diminuição mais ou menos importante dos neurotransmissores verdadeiros e um aumento de falsos neurotransmissores. o que vai ocasionar transtornos psicopatológicos da consciência que variam de um estado levemente confusional. astenia. pré-coma e ao coma hepático. d)_ PERTURBAÇÕES DO APARELHO GÊNITO-URINÁRIO Aqui se situam os casos de psicopatologia sintomática originados em perturbações do aparelho gênitourinário capazes de transtornar a atividade nervosa. astenia) que podem e costumam passar despercebidos.200 a 1. se atribuem os efeitos tóxicos constatáveis clinicamente) que são capazes de perturbar secundariamente o funcionamento do sistema nervoso e dar lugar ao aparecimento de endo-intoxicações com sintomas mais ou menos graves (como a encefalopatia urêmica). dificuldade de compreender as circunstâncias. condições clínicas que lentificam o trânsito intestinal ou dificultam a absorção. torpor. por exemplo. perplexidade. coma que podem levar à morte. irritabilidade. Quadros agudos de insuficiência renal podem causar convulsões. às vezes quase inaparente (como. A insuficiência renal. não recebendo cuidados terapêuticos adequados. se bem que de pequena intensidade (com manifestações de ansiedade. no entanto. (sempre mais grave quando complicada por uma infecção) os sintomas iniciais costumam ser insônia acompanhada de hipoprosexia. podendo ser correlação. astenia. podem surgir delírios e alucinações relação comumente acompanhados de fatigabilidade fácil e astenia (em pacientes idosos. o feocromocitoma. a hiper ou hiponatremia. dificuldades de manter constante a atenção. pode-se verificar hipertiroidismo apático. pode haver hipomnésia ou amnésia e convulsões delirium grave ou estados crepusculares com intensa agitação. em pacientes com doença . podem ser verificados: cefaléia. alucinações e outros componentes da síndrome de delirium. hipersônia com sono interrompido.Quadros depressivos leves ou de média intensidade. alterações da consciência-vigil. quando ocorre. adinamia e mialgias que podem preceder os sintomas infecciosos mais típicos. pode evoluir para quadros graves de alteração da consciência. raiva (que podem induzir comportamentos grosseiros e agressivos que necessitam ser diferenciados de uma reação psicógena à condição mórbida como experiência psico-social). Tanto. sopor e coma. a hipercalcemia. até mesmo. nos estádios mais acentuados de lise da consciência vigil. que pode encobrir o diagnóstico principal e simular uma enfermidade psiquiatrica por ansiedade primária com possibilidade de enganar. com ou sem ansiedade. com a seguinte seqüência: hipersônia progressivamente intensa. Alterações psíquicas mais ou menos transitórias. podem aparecer agitação e delirium. em geral. inquietação. de diversas qualidades e de variadas intensidades têm sido descritas em portadores de disfunção tiroidiana. mialgia. neurastenia. a hipercalemia e a porfiria são patologias somáticas que podem apresentar a ansiedade como sintoma muito importante por sua intensidade e persistência. (a ansiedade é menos comum e. Em diabéticos com cetoacidose como complicação. A síndrome carcinóide. ansiedade. euforia. até. perplexidade e. hipercinesia. podem estar relação de risco). quadros de torpor e coma. Na lacto-acidose diabética. medo. hipotimia. adinamia e apatia. diversos graus de dissolução da consciência-vigil que vão desde discreta turvação. muito mais discreta que no hipertiroidismo). um psiquiatra experiente. No _hipoparatiroidismo_ podem aparecer sintomas psíquicos como anorexia. podem acontecer quadros complicados no qual se mesclam sintomas fenomenologicamente opostos).vigil pode estar comprometida e se revelar como confusão mental. deve-se chamar a atenção para os sintomas de deterioração ou pré-demenciais (os prejuízos . mais raramente. podem aparecer juízos deliróides ou idéias sobrevaloradas que são. principalmente através dos sistemas nervoso e endócrino. quando há hipercinesia. nestes pacientes. ocasionalmente. astenia acentuada. geralmente aparece apenas inquietação psicomotora. transtornos psicóticos sintomáticos esquizofrenomorfos.depressiva. Deve-se acrescentar a _síndrome pré-menstrual_ (transtorno disfórico da fase lútea tardia) e os processos psicopatológicos. A _síndrome de Cushing_ evidencia sintomas psiquiátricos em um número ponderável de casos. hipersensibilidade e labilidade emocional também está presente. quase nunca agitação. confundidos com delírios primários. principalmente depressão (com alto índice de comportamentos suicidas). por vezes se exteriorizam quadros da síndrome maníaca e. apatia e astenia. nem sempre é fácil estabelecer seu significado particular nas alterações da consciência e da conduta. a consciência. podem aparecer transtornos da consciência-vigil ou transtornos da conduta que podem atingir proporções psicóticas. relação absoluta e permanente com o restante do organismo. irritabilidade e ansiedade. O _hiperparatiroidismo_ pode causar depressão. depressão e astenia. adinamia. às vezes. com quadros confusionais e grande agitação psicomotora. geralmente afetivos. A _doença de Addison_ costuma apresentar depressão de variada intensidade. No entanto. . também pode provocar depressão do sistema imunitário de defesa. serão inseridas no capítulo das alterações orgânico-cerebrais. as implicações psiquiátricas das neoplasias e infecções também se situam nesta encruzilhada teórica. abre caminho para novas possibilidades de explicação e intervenção. acompanhadas por inquietação ou agitação psicomotora. g)_ INFECÇÕES As _infecções generalizadas_. à medida que forem sendo mais conhecidas. As manifestações psiquiátricas das doenças auto-imunes.g. O _botulismo_ é um quadro tóxico-infeccioso grave e costuma apresentar visão dupla. como os fenômenos histéricos. podendo ser confundido. As consequências comportamentais dos transplantes de órgãos. paralisia flácida. no atendimento de emergência. importa lembrar que a dialética dos fenômenos naturais faz saber que os processos vivos podem se desenvolver em dois sentidos.cognitivos leves. v. ou borrada. Os fenômenos alérgicos são um campo novo para pesquisa clínica e psicopatológica. a possibilidade de sintomas psiquiátricos (sobretudo os diagnosticados como epilépticos) resultarem de alteração alérgica cerebral. a imunodeficiência pode induzir depressão psíquica. da CID/10) da síndrome de imuno-deficiência adquirida (SIDA/AIDS). por outro lado. confusão mental e delirium. a doença depressiva ou qualquer outra forma de depressão do humor. Todos os processos infecciosos podem apresentar alterações da consciência. com quadros psicógenos agudos. Na _erisipela. simétrica e descendente. na _infecção puerperal_ costumam ocorrer os transtornos psicóticos infecciosos mais intensos. Nesta oportunidade. _febre tifóide e paratifóide. às vezes muito precoces. Alguma infecções inespecíficas. aos medicamentos específicos ou à própria condição existencial do paciente. já na convalescença. principalmente as que apresentam sintomatologia somática sub-clínica. Este fenômeno pode ser explicado pelo acúmulo no organismos das toxinas resultantes da ação bactericida do medicamento. que finda por ultrapassar a capacidade de resistência orgânica e condicionar o aparecimento dos sintomas psiquiátricos. Alguns processos infecciosos podem apresentar manifestações psiquiátricas depois de desaparecerem seus sintomas agudos. Em pacientes com _hanseníase_ são comuns os sintomas indicadores de organicidade (perseveração. confusão mental e inquietação ou agitação confusional. São também comuns a síndrome neurastênica na convalescença de infecções sistêmicas. doenças . impulsividade. artralgias. não é fácil diferenciar de perturbações neuróticas complexas. a mais dramática. destes. sendo comum que estes pacientes sejam encaminhados à consulta psiquiátrica. mialgias. nas formas crônicas.A _brucelose_. a depressão pós influenza é a mais comum e a depressão pós dengue. como as causadas por enterobactérias. estigmatizado pela doença. irritabilidade) contudo. Mas também é comum que as alterações sintomáticas nas infeções se manifestem quando do emprego de agentes antibióticos usados em seu tratamento. com sintomatologia somática discreta ou inaparente. infecção relação pasteurizado (o que acontece na maioria das cidades de pequeno e médio porte e na zona rural) apresenta em seu quadro clínico cefaléia. como as _alterações psíquicas puerperais_ (causadas pela toxemia produzida pela infecção puerperal) diferenciáveis das _das manifestações psicopatológicas no puerpério_ ou _post-partum_. não é fácil saber se isto se deve à ação da bactéria. adinamia e astenia que podem simular uma síndrome depressiva. Coisa semelhante acontece aos portadores de _hepatite por virus_. quando em proporções septicêmicas. podem ocasionar obnubilação da consciência. as observações levantadas no item anterior sobre as relação do humor e depressão imunológica. Inclusive os psiquiatras. tais alterações não são encontradas na literatura psiquiátrica americana e européia. A _amebíase_. Usualmente. h) INFESTAÇÕES h) As _infestações_ podem apresentar manifestações psicopatológicas com diversos graus de perturbação do desempenho pessoal. Particularmente na estrongiloidíase. no Brasil. às vezes.endógenas desencadeadas no puerpério. depressão e irritabilidade. ser identificados quadros de mêdo difuso e de ansiedade de intensidade relação por tênia costuma determinar o aparecimento da casos de epilepsia por cisticercose. ser consideradas nestes casos. Na América do Sul e. Devem. porque não é raro que certos pacientes que procuram o psiquiatra ou são encaminhados a ele. sofrem influência da desnutrição cujas proporções se desconhece. podem. uma crise biológica e predisponente. a _giardíase_ e a _estrongiloidíase_ são infestações intestinais que podem induzir sintomas de ansiedade. As crises de _malária_ podem incluir em seu quadro estados de turvação da consciência e confusão mental de intensidade psicótica. tenham seus quadros psicopatológicos explicados por estas condições clínicas. mas da qual não se duvida. . as infestações representam um problema epidemiológico importante e nossos médicos têm que estar atentos a elas. Tanto as alterações mentais (incluindo a geofagia) dos quadros de infestações. em particular. onde tais enfermidades estão controladas e quase extintas. geralmente determina despesa desnecesária aos indivíduos afetados e às suas coletividades. compoem esta categoria diagnóstica. os três grupos farmacológicos mais importantes são: 1) substâncias psicotrópicas não dependenciógenas. primariamente ambiental. cuja importância está sendo mais valorizada recentemente. porque. A CID/10 inclui neste conceito a seguinte secção: F55 Abuso de Substâncias Não-Dependenciógenas Numerosos remédios populares. como aspirina e paracetamol. Este conceito inclui também os fenômenos psicopatológicos agudos e breves induzidos pela ação de substâncias não dependenciógenas. que invade o organismo secundariamente e. propicia . terciariamente. um certo prejuízo econômico que ultrapassa a despesa individual feita na farmácia. que não são potencialmente capazes de induzir fármaco-dependência. redundando em prejuízo social significativo. o uso prolongado e desnecessário. freqüentemente com dosagens altas. se desenvolve pela facilidade de aquisição do produto sem prescrição. muito freqüentemente.pois. naturais ou sintetizados. Embora a medicação da qual se abusa possa ter sido inicialmente prescrita ou recomendada por médico. isto é. 2) laxativos e 3) analgésicos isentos de prescrição médica. tal como descrita adiante. ocasiona alteração do funcionamento do sistema nervoso central. como os antidepressores.i) OUTRAS Condições Patologicas Exógenas _Exo-tóxicas_ Alterações agudas ou crônicas da consciência ou da conduta que manifestam uma disfunção cerebral transitória causada por um agente tóxico. neste capítulo. pode-se adicionar ao prejuizo físico causado pela substância. O uso persistente e injustificado destas substâncias mencionadas acima. mas. No caso de abuso de laxativos e analgésicos.6 remédios vegetais ou populares = F55. a resistência se dá a despeito do paciente saber que aquelas substâncias provocam disfunção renal ou perturbação hidroeletrolítica.1 laxativos = F55. como acontece com as substâncias psicoativas potencialmente dependenciógenas que a CID/10 menciona em F1.3).2) ou síndrome de abstinência (F1x. paracetamol. fenacetina) = F55.5 esteróides e hormônios = F55.4 vitaminas = F55.0 antidepressores (tricíclicos.3 anti-ácidos = F55. . As tentativas emprendidas pelo clínico de dissuadir o paciente do uso da substância provocam resistência e abandono do tratamento. Embora possa estar clara a forte motivação psicossocial para usar a substância.2 analgésicos (como aas. tetracíclicos ou IMAO) = F55.9 substância não especificada _Exclui_: Abuso de substâncias psicoativas dependenciógenas. um quarto algarismo pode ser empregado para identificar o tipo de substância utilizada: = F55. Na CID/10. não há qualquer condição de se diagnosticar dependência por substância (F1x.consultas médicas desnecessárias e atendimento por pessoal para-médico ou auxiliar nos serviços de atenção à saude pública.8 outros (inclusive diuréticos) = F55. no caso. As doenças exógenas exo-tóxicas podem ser classificadas em: _A) INTOXICAÇÕES AGUDAS_ a1 . SCHNEIDER e KLOOS. Em contraposição à versão original da classificação que se adotara até aqui. consideravam as doenças exógenas. foram incluídas as entidades clínicas exotóxicas agudas e crônicas. ainda que pudessem ter duração prolongada. Uma perturbação exotóxica reversível indica apenas disfunção cerebral e não lesão. Quando há razão para crer que o cérebro está lesionado (como se pode presumir sem dificuldade nos estados de dependência) o diagnóstico seria deslocado para a categoria de transtorno orgânico-cerebral ou uma das categorias diagnósticas de perturbação exotóxica crônica.acidentais a2 . como ocorrências mórbidas transitórias.profissionais a3 .Originalmente. por parecer que este critério está melhor harmonizado com os princípios defendidos neste texto.voluntárias _intoxicações agudas_ Transtornos psiquiátricos agudos (início mais ou menos súbito e duração menor que dois meses) associados ou não a alterações da conduta que resultam da ação de agentes tóxicos introduzidos no organismo e que vão transtornar o funcionamento do sistema nervoso central. à semelhança das enfermidades sintomáticas. . causada pelo uso profissional de solvente orgânico (ou desfolhante. Exemplo: Confusão mental. estas ocorrências clínicas podem ser classificadas nos seguintes tipos: __ a1 . Sempre que se tratar de intoxicação a observação clínica deve mencionar a atividade profissional. o emprego. Nota importante: profissional.De acordo com o modo de introdução do agente agressor no organismo e o caráter voluntário ou involuntário da introdução. o agente tóxico e as circunstâncias e cuidados relação.acidentais_ Alterações agudas da consciência ou da conduta determinadas pela introdução acidental de um agente tóxico no organismo. ou outro defensivo agrícola. de proporções não-psicóticas. ocasionados por ingestão acidental de cogumelo tóxico. . em razão de atividade imposta pela ocupação profissional. _ a2 . ou inseticida). Exemplo: os transtornos psicóticos exógenos. exo-tóxicos agudos.profissionais_ Alterações agudas da consciência ou da conduta ocasionadas pela introdução de um agente tóxico no organismo. _B) INTOXICAÇÕES CRÔNICAS INVOLUNTÁRIAS_ b1 . a psiloscibina. bad trip) é a designação que os usuários habituais de drogas dão às respostas emocinais desagradáveis surgidas durante as intoxicações agudas por agentes psicodislépticos (como a cannabis.voluntárias_ Quando o agente tóxico é voluntariamente introduzido no organismo.lsd). Má-viagem ou viagem má (em inglês.outras Síndromes psicopatológicas atribuíveis a intoxicações crônicas do sistema nervoso central e a introdução do agente tóxico se deu contra ou à margem da vontade do paciente. exo-tóxico.profissionais b2 . a dietilamina do ácido lisérgico . transtorno psicótico exógeno._a3 . Tais quadros clínicos podem se apresentar em dois grupos: . “má-viagem” canábica. induzido por cocaína (quando o paciente pode apresentar quadros delirantes (geralmente de perseguição) agudos e de grande intensidade. Exemplos: embriaguez alcoólica. O conceito de má-viagem não inclui o aparecimento de sintomas aflitivos ou desagradáveis que ocorrem no estado de embriguez aguda por outro tipo de agentes como o álcool e a cocaína. _ b2 . Embora quase sempre seja muito difícil estabelecer estas situações com segurança. o tempo de exposição ao agente. por exemplo. enfrentar esta tarefa. nas condições em que usualmente se clinica. Como._b1 . o emprego e as medidas protetoras adotadas no trabalho. a equipe de assistência deve. como acontece com pintores que trabalham em câmaras fechadas com tintas que empregam solventes ou outros componentes tóxicos ou com trabalhadores agrícolas ou moradores da zona rural que estão expostos diretamente à ação de agentes genericamente denominados agrotóxicos. ambientais. na observação clínica. podendo-se contar com um sistema de vigilância sanitária. porém. se desenvolvem programas de assistência comunitária. como em outros semelhantes.abuso de outras drogas (especificar) c3 . importa referir.outras_ Casos nos quais a intoxicação crônica involuntária que induziu os fenômenos psicopatológicos não são profissionais. de alimentos. o tipo de atividade. Nestes casos.dependência de outras drogas (especificar) c5 . Quando. _C) INTOXICAÇÕES CRÔNICAS VOLUNTÁRIAS_ c1 .abuso de álcool c2 . da água. sempre.profissionais_ Quando a exposição ao agente tóxico decorre de atividade decorrente de ocupação. ofício ou profissão.síndrome de abstinência de álcool .dependência de álcool c4 . _ c2 . embora não apresente uma fármaco-dependência alcoólica. profissional ou social.abuso de outras drogas _(especificar) Aplica-se aqui o mesmo conceito diagnóstico referido acima. para abuso de substâncias alcoólicas. como tabaco. consome habitual ou mais ou menos esporadicamente.c6 . tereré. café. e este consumo lhe causa algum prejuízo pessoal. familiar.abuso de álcool_ Situações clínicas nas quais o paciente. _ c1 . como uso social. quando se tratar de substâncias de uso legal ou mais ou menos aprovadas (ou não condenadas) pela sub-cultura a que pertença o paciente. chimarrão. __c3 .dependência de álcool_ Naqueles casos clínicos nos quais o paciente desenvolve uma apetência patológica por substâncias etílicas e. apesar dos . bebidas alcoólicas em quantidade ou freqüência maior que a estabelecida pelos padrões aceitos em sua sub-cultura.síndrome de abstinência de outras drogas C) _INTOXICAÇÕES CRÔNICAS VOLUNTÁRIAS_ Casos de alteração do comportamento é determinado pela ação de agentes tóxicos voluntariamente consumidos pelo paciente. oportunidades de auto. resultante da interação entre um organismo vivo e um medicamento. Sinônimos: etilismo. e variáveis psicológicas (maturidade afetiva. _ c4 . quando apresenta fenômenos de tolerância. por seu próprio esforço. alcoolismo. A observação clínica deve mencionar qual a substância psicoativa ocasionadora do estado de dependência. e às vezes também físico. caracterizandose por alterações do comportamento e outras reações que representam sempre a necessidade compulsiva de tomar o medicamento de modo contínuo ou periódico a fim de reexperimentar seus efeitos psíquicos e. _c5 .prejuízos pessoais. o tempo de uso.estar do estado de privação ou abstinência”. não consegue parar de utilizá-las. alcoolismo crônico. sem ajuda de outrem. a deterioração causada pela droga). estado de ânimo. familiares. Ou quando apresenta sintomas da síndrome de abstinência quando passa algum tempo sem ingerir bebidas alcoólicas.dependência de outras drogas _(especificar) A fármaco-dependência é definida pela OMS como “estado psíquico. ou ainda. As fármaco-dependências são formas de transição nosológica. para evitar o mal. a ação farmacológica da substância psicoativa.síndrome de abstinência de álcool_ . alcoolmania. auto-estima. às vezes. grau de desenvolvimento mental). variáveis socio-culturais (valores da cultura. nas quais se combinam variáveis biológicas (fatores genéticos de predisposição e resistência. profissionais e sociais que ela lhe tráz.afirmação e auto realização). as doses utilizadas e a via de introdução. muitpo comumente com alucinações e idéias delirantes com forte repercussão afetiva. dismnésia.Estado patológico de mal-estar. como a cocaína. a anfetamina e seus sucedâneos. fenciclidina (analgésico) e solventes voláteis. podem provocar perturbações psicóticas tóxicas. alcalóides da beladona. _ c6 . dexametazona. dietilaminaropioferona e dietil-propiona (as duas últimas. _D) TRANSTORNO PSICÓTICO TÓXICO_ Quadros psicóticos de variadas formas que são induzidas pelo consumo de substâncias psicoativas. O delirium tremens é manifestação comum dos quadros avançados de dependência etílica. inquietação ou agitação (que podem assumir grandes proporções). como tri-hexi-fenidil (substância ativa do Artane). Algumas substâncias utilizadas como medicamentos. O tremor e a ansiedade são os primeiros sintomas da síndrome de abstinência alcoólica. desorientação. utilizadas em medicamentos anóreticos). mas pouco estruturadas. tremor. às vezes. inquietação ou agitação psicomotora. O paciente sente-os após algumas horas de abstinência e cedem quando ingere sua dose habitual de etílicos. tremor e.síndrome (especificar)_ de abstinência de outras drogas Alterações mais ou menos intensas de mal-estar. queixas gastrintestinais e musculares. . apresentando graus variados de estreitamento e turvação da consciência-vigil. ansiedade. As substâncias mais comumente causadoras de transtornos psicóticos tóxicos são os agentes psicodislépticos e os excitantes. convulsões que resultam da interrupção do uso de drogas por quem costuma consumí-las. Geralmente se evidenciam transtornos da orientação temporal e da seqüenciação dos acontecimentos.Síndrome Amnésica (de Korsakov). tem-se como exemplo mais comum a síndrome de Korsakov. A CID/10 catacteriza a síndrome de Korsakov como F1x. mesmo o álcool. estão relação desproporcio-nais em relação aos outros transtornos. qualquer que for sua extensão ou intensidade.Os transtornos mentais determinados pelas drogas (transtornos psicóticos tóxicos). pois é muito comum que quadros endógenos sejam exteriorizados em momentos de consumo de drogas. desde de que seja possível atribuí-la a alguma intoxicação exógena. causada por álcool ou droga. Há um século. As demais funções cognitivas. ainda que tal consumo se dê em quantidades relação ou algum tempo depois de cessada a ação tóxica da substância (transtornos psicótico tóxico de início tardio). _E) DETERIORAÇÃO MENTAL CAUSADA POR DROGAS_ Diagnostica-se com esta rubrica todas as afeccções mentais deficitárias. enquanto a evocação imediata está preservada. em geral. devem ser diferenciadas daquelas afecções psicóticas apenas desencadeadas pela intoxicação. bem como prejuízo da capacidade de aprender novo material. A confabulação pode ser acentuada. mas não está presente obrigatoriamente. com a seguinte descrição clínica: Síndrome associada a importante prejuízo crônico da memória dos fatos recentes e remotos.6 . . _(ii)_ Ausência de perturbação da evocação imediata. transtornos da orientação temporal (reorganização da seqüência temporal. Estabelece diferencial: os seguintes elementos para o diagnóstico . Embora a confabulação costume ser evidente. tais sintomas não devem ser considerados como condições necessárias para o diagnóstico. _Inclui_: psicose ou síndrome de Korsakov. determinada por álcool ou droga. Podem estar presentes mudanças de personalidade. Contudo. menor alteração da consciência. não deve ser considerada pré-requisito necessário para o diagnóstico. perda da iniciativa e tendência a negligência para consigo mesmo.vigilância e das funções cognitivas em geral. muitas vezes aparentando apatia. condensação de acontecimentos repetidos em uma única experiência). _(iii)_ história ou evidência objetiva de uso crônico (sobretudo em doses altas) de álcool ou outras substâncias psicoativas.E as seguintes diretrizes diagnósticas: Deve satisfazer os critérios gerais para síndrome amnésica orgânica (como F04). diagnóstico da _(i)_ memória prejudicada evidenciada pela incapacidade da memória recente (aprendizado de material novo). todas caracterizadas pela disjunção dos elementos estruturais do psiquismo: o pensar. O termo esquizofrenia (que significa etimologicamente mente partida. A _esquizofrenia_ reúne diversas manifestações clínicas. na qual predominam alterações cognitivas. e as demais afecções psicopatológicas que aparentemente estão aparentadas ou assemelhadas a ela. mente fragmentada) foi cunhado por Bleuler que apontava a dissociação intra-psíquica como o fenômeno essencial daquela enfermidade. o sentir e o agir. neste sentido de coexistência de emoções. como modelo conceitual e descritivo. sobretudo a capacidade de julgar (as patologias do . como título desta grande categoria diagnóstica. sentimento ou motivos diferentes ou opostos. outras síndromes orgânicas que apresentem marcado prejuízo da memória. os fenômenos cognitivos. _Esquizopatias_.Deve-se considerar: síndrome amnésica orgânica. tendências ou motivos) que caracteriza a esquizofrenia. Isto é. F05). pretende unicamente referir uma patologia psíquica esquizomorfa. nãoalcoólica (F04). A designação _esquizopatia_. A Esquizofrenia pode apresentar quatro formas clínicas diferentes: a forma paranóide. pois a contradição é fenômeno corriqueiro e normal. afetivos e volitivo-motores da personalidade. Condições Patológcas Psiquiátricas Endógenas Enfermidades psiquiátricas nas quais a hereditariedade desepenha um papel essencial: as esquizopatias e as timopatias. Importa ter presente que é a _dissociação_ (núcleo da ambivalência) e não a contradição interna (de desejos. como demência ou delirium (F00-F03. alberga a esquizofrenia e outras patologias que mantém semelhança como ela. transtorno depressivo (F31-F33). Trata-se de uma alusão genérica que abrange a esquizofrenia. deveria incluir as patologia ansiosos. Os fatores que permitem prever um _mau prognóstico para a esquizofrenia_ são: início insidioso (curso processual).juízo. início súbito (em surto). posto que . também se deve criticar a designação doença afetiva que. delírios ou sistemas delirantes). A melancolia de involução também pode ser considerada como uma forma de transição entre as doenças endógenas. Os fatores que permitem identificar um quadro esquizofrênico como de bom prognóstico são: início tardio. sendo possível que se trate de patologias essencialmente diversas. onde avulta o comprometimento da afetividade. ocorrendo um processo de progressiva deterioração que alcança praticamente todos os atributos psicológicos. ausencia de turvação da consciência-vigilância. Do ponto de vista _prognóstico_. biótipo leptossômico. é possível dividir os casos de esquizofrenia em dois grupos: os de bom prognóstico e os de máu prognóstico. ausência de consciência de enfermidade. forma clínica catatônica ou paranóide. a hebefrênica. forma clínica simples ou hebefrênica. sendo viável supor que sejam formas defendidas de esquizofrenia. e a simples que não apresenta praticamente sintomas produtivos. Contudo. biótipo atlético ou pícnico. com boa adaptação familiar e social. psicorreativas e exógenas. ausência de situação existencial adversa ou traumáticas e 2) não são sempre bipolares. histórico familiar de casos de doença afetiva e ausência de casos de esquizofrenia na família. início precoce. personalidade pré-psicótica bem estruturada. É possível que se acrescente uma forma _esquizo-afetiva_ para categorizar quadros onde se mesclem sintomas esquizofrênicos e uma síndrome afetiva (depressiva ou maníaca). mas nada se sabe sobre sua natureza. a forma catatônica. assim. presença de eventos existenciais precipitantes claramente relação da consciência-vigil ou confusão mental. sintomas afetivos (depressivos ou maníacos) evidentes. A _paranóia_ e a _parafrenia_ podem ser consideradas patologias semelhantes à esquizofrenia paranóide. na qual ressaltam os sintomas reveladores de transtorno da motricidade. os estados afetivos periódicos cíclicos e a ciclotimia. Têm sua gênese fundada aparentemente em um processo complexo de frustrações internas e externas que aparecem nas relação se pode afastar . _CRÔNICAS_ mudanças de personalidade) (desenvolvimentos psicopatológicos e a) _desenvolvimentos psicógenos anormais simples_ b) _desenvolvimentos psicógenos neuróticos (depressivos e ansiosos)_ c) _desenvolvimentos psicógenos delirantes_ d)_mudanças psicógenas da personalidade_ Grande número de manifestações psíquicas mórbidas de causa predominantemente psico-social. agorafobia).1. como a síndrome de pânico e as fobias endógenas (fobia social.provavelmente contém elementos etiológicos naturezas muito mesclados e indiferenciáveis. destas três Algumas das manifestações não psicóticas das doenças afetivas assumem tanta importância epidemiológica em razão de sua elevada taxa de prevalência que devem ser mencionadas: as depressões crônicas. Doenças Sócio-Psicógenas 3. _AGUDAS_ (reações) 3.2. ou que se manifestam como quadros ansiosos. as depressões periódicas e sazonais. a hipótese da predisponentes. existência de fatores constitucionais Discutir se os transtornos psicorreativos são ou não uma doença não tem mais sentido, pelas seguintes razões: a) a institucionalização universal do conceito de saúde como bemestar físico mental e social; b) a existência de quadros clínicos bem definidos e de uma razoável explicação etiopatogênica; c) o reconhecimento do sofrimento patológico como manifestação de patologia. Os transtornos predominantemente psicogênicos são alterações da consciência e ou da conduta ocasionadas por conflitos internos ou externos, conscientes ou inconscientes. Os transtornos psicogênicos podem ser _agudos_ (duram menos de dois meses), _sub-agudos_ (duram entre dois meses e dois anos) ou _crônicos_ (duram mais de dois anos). Esta sistematização das doenças psicorreativas agudas e crônicas tem a vantagem de aperfeiçoar a conceituação de seus componentes, fugindo à imprecisão conceitual e ambigüidade que vêm acompanhando a expressão “neurose”; além de nomear diferentemente fenômenos que têm distintos significados diagnósticos, prognósticos e terapêuticos. Sua correlação principal com situações estressantes (enfoque explicativo) ajuda a enteneder porque uma mesma síndrome, como a síndrome ansiosa ou a síndrome depressiva, pode expressar uma ocorrência sócio-psicogênica, sintomática, exotóxica ou orgânica. Os _transtornos psicógenas agudas,_ quadros clínicos que duram menos de dois meses e que se manifestam como resultado de um traumática para uma pessoa e não ter qualquer significado para outra. Os antigos conceitos diagnósticos de reação vivencial anormal, reação mediata patológica _(2pag.144)_ e reação neurótica correspondem aos transtornos psicógenos agudos. São alterações da consciência e ou de conduta que se iniciam subitamente, logo após um traumática) e como uma ocorrência psicopatológica isolada na vida da pessoa. _Reações psicógenas protraídas_ (pós-traumáticas) são aqueles transtornos psicógenos agudos nos quais a resposta patológica não se configura clinicamente imediatamente após o acontecimento traumática e o aparecimento e a progressão dos sintomas; nestes casos, o paciente tem perfeita consciência da relação existente entre a situação traumática e os seus sintomas psiquiátricos, embora possa negá-la, o que acontece com muita freqüência. Os desenvolvimentos psíquicos anormais simples costuma se manifestar por síndromes ansiosas, depressivas ou histriônicas. Os desenvolvimentos psíquicos anormais neurótico_ são alterações da consciência e ou da conduta que resultam de danos psicológicos causados por conflitos internos reprimidos, como o choque de pulsões antagônicas ou o conflito entre um desejo e uma proibição. Correspondem aos conceitos de neuroses verdadeiras ou neuroses infantís. Ao contrário dos anteriores, estes desenvolvimento não manifestam claramente uma relação temporal entre a situação causal e o aparecimento dos sintomas; em geral, a situação se dá na infância e os sintomas vêm a aparecer na adolescência ou na idade adulta (quando os pacientes assumem responsabilidades sociais e certa autonomia); em geral o prognóstico é pior quanto mais cedo aparecem os sintomas. Os transtornos neuróticos se manifestam em todos os planos da existência pessoal, podendo apresentar sintomas físicos, psicológicos ou do desempenho social. Os conflitos internos condicionadores dos desenvolvimentos psicopatológicos neuróticos nunca (ou só muito raramente) se configuram em um acontecimento isolado, mas sempre compõem uma situação, uma constelação existencial, uma atmosfera neurotizante mais ou menos prolongada. Quando um acontecimento isolado é tão agressivo para a pessoa que basta para transformar sua personalidade, em geral determina uma mudança da personalidade, um transtorno bem definido e diagnosticável por si mesmo. As neuroses são, basicamente, uma patologia das atitudes pessoais, sobretudo de rigidez e de dificuldade de socialização. O conflito neurótico, em geral, é desconhecido pela pessoa afetada e permanece intocado ao longo do tempo. Desenvolvimentos psicógenos delirantes. Os desenvolvimentos psíquicos anormais delirantes se compõem de ideias deliróides, mais ou menos estruturadas e sistematizadas, induzidas por uma situação cronicamente adversa e um ambiente cultural que as fomenta e cultiva. Corresponde a um exagero patológico da desconfiança como acontecimento adaptativo necessário. _Mudanças sócio psicógenas da personalidade. A CID/10 descreve-as como anormalidades da personalidade e da conduta de pessoas adultas que anteriormente não apresentavam anomalias, seguindo-se a experiências catastróficas, a situações de tensão (estresse) muito intensas e prolongadas ou, ainda, após grave afecção psiquiátrica. O diagnóstico de mudança psicógena da personalidade deve ser feito unicamente quando houver indiscutível evidência de mudança definida e permanente dos padrões pessoais de perceber, pensar ou se relação da personalidade deve ser significativa e precisa estar associada a algum comportamento rigidamente inadaptado que não se manifestara antes da experiência patógena; não pode ser uma manifestação direta de outra condição patológica, nem sintoma residual de transtorno mental precedente. antes denominadas doenças psicossomáticas) ou patologias da instintividade. Só se diagnostica mudança da personalidade quando a transformação havida representar uma nova forma de ser. histeria. embora não se mencione na CID/10. É preciso estudar mais para estabelecer a diferença entre os desenvolvimentos psicógenos advindos de conflitos internos reprimidos (neuroses verdadeiras) e os resultantes de conflitos . Mas. as mudanças permanentes da personalidade podem ser ocasionadas por situações agudas ou crônicas. hipocondria. fobias. Pode ser muito difícil diferenciar da irrupção ou exacerbação de moléstia mental pré-existente que tenha sido desencadeada por estresse. recorrente ou prolongada. astenia. Embora se trate de uma patologia crônica. sobrecarga ou experiência psicótica. tanto os desenvolvimentos psíquicos anormais simples. obsessões) como podem se apresentar com sintomas corporais (as síndromes psicofisiológicas. Os transtornos psicossexuais também podem ser expressão de doença psicógena. quanto os desenvolvimentos neuróticos. as mudanças permanentes da personalidade podem ser induzidas por numerosas situações estressantes prolongadas desde que suficientemente graves.A mudança psicógena da personalidade se verifica mais freqüentemente após uma experiência traumática devastadora. definitiva e diversa da anterior e possível de ser relação deve ser feito quando a alteração da personalidade for secundária a uma doença ou a uma lesão cerebral demonstrável. mas pode ocorrer como conseqüente à experiência de uma doença mental grave. Os transtornos sóciopsicógenos crônicos. A CID/10 menciona a situação catastrófica e a experiência psicótica como fatores ocasionadores de mudança psicogênica da personalidade. podem se expressar como síndromes exclusivamente compostas de sintomas psíquicos (ansiedade. hipotimia. Trata-se de uma síndrome histriônica dirigida para atrair atenção e se colocar em evidência e que pode conter queixas adicionais (geralmente inespecíficas) que não são de origem física.com o meio sócio-ideológico (valores. Reações e desenvolvimentos somatomorfos: a CID/10 ordena os seguintes quadros de somatização específicos: asma F54 e J45. fisicamente determinadas. Inclusive os casos em que fatores psicológicos agravam ou modificam patologias somáticas. o meio sócio-psicológico (outras pessoas afetivamente importantes. tabus. colite mucosa F54 e K58. normas. as regressões a instâncias sócio-culturais mais primitivas. dermatite ou eczema F54 e L23 ou L25. urticária F54 e L50. como os conflitos de papéis sociais. situações que criam conflitos entre uma necessidade e sua realização (os desenvolvimentos simples). padrões). Comumente. Os transtornos psicogênicos agudos e crônicos podem se manifestar como sintomas ou síndromes somatomorfas (antigamente denominadas psicossomáticas).0 . Mas é preciso distinguir entre estes fenômenos patológicos e sintomas impostos pela cultura por via ideológica._Elaboração psicogênica de sintomas somáticos_: por causa de seu estado psicológico o paciente amplia ou prolonga sintomas físicos compatíveis e originalmente devidos a transtorno. as tendências definidas ou impostas pela posição de classe ou outras. mas estas não tem qualquer especificidade etiológica. situações sociais ou familiares. Duas categorias diagnósticas da CID/10 devem ser mencionadas com maiores detalhes aqui: a elaboração psicológica de sintomas somático e a simulação de doença ou transtorno factício. F68. os condicionamentos religiosos. enfim. doença ou incapacidade física comprovados (supersimulação). colite ulcerativa F54 e K51. . úlcera péptica F54 e K25. crenças. o paciente parece angustiado por causa de sua dor ou incapacidade. parecendo evidenciar apenas a predisposição individual a apresentá-las. e freqüentemente se preocupa com a previsão. F68. A insatisfação com o resultado de tratamentos ou exames. obtenção de drogas ilícitas. A produção de sintomas físicos pode atingir auto-inflingência de mutilações ou queimaduras para provocar sofrimento. deve ser codificada em Z76. da possibilidade de prolongada ou progressiva incapacidade ou sofrimento.1 . furtar-se à convocação do serviço militar ou de obrigações militares perigosas. Os motivos externos mais comuns para Simulação são evadirse de responsabilidade criminal. A motivação deste comportamento quase sempre é obscura e presumivelmente interna. Alguns casos parecem claramente derivar da possibilidade de compensações financeiras por acidentes ou danos. incapacidade. a despeito dos repetidos achados negativos. transtorno físico ou mental. como quitação da casa própria. Geralmente os indivíduos com este padrão de comportamento mostram sinais de outra anormalidades marcadas da personalidade e do relação. além do desapontamento com a atenção pessoal recebida em hospitais ou clínicas também podem ser fatores motivantes. mesmo quando o litígio resulta bem sucedido. tentar obter auxílio ou licença-doença ou melhores condições de vida. e esta condição clínica é melhor compreendida como um transtorno de conduta mórbida e do papel de doente.as vezes justificável. ou a auto-injeção de substâncias tóxicas. motivada por estresses ou interesses externos.Produção intencional ou simulação de sintomas ou incapacidades físicas ou fisiológicas (Transtorno Factício): o indivíduo finge sintomas na ausência de enfermidade. O diagnóstico de Simulação é relação de sintoma ou doença .5 e não em uma destas rubricas do capítulo V da CID/10. mas a síndrome necessariamente não tem resolução rápida. Inclui: neurose de renda. A dor (fingida ou real) e o sangramento podem ser tão convincentes e insistentes que motivam repetidos exames e cirurgias. definida como a produção intencional ou o fingimento de sintomas físicos ou psíquicos ou de incapacidades. 1) para explorá-las. uma patologia qualitativa do desenvolvimento (geralmente devida ao aparecimento de estruturas comportamentais estranhas àquele processo. caracterizando uma alteração fundamentalmente quatitativa.treinável . DÉFICITES DO DESENVOLVIMENTO Correspondem. Condições Patológicas do Desenvolvimento Mental Estados mentais patológicos caracterizados por transtornos que se manifestam durante o desenvolvimento psíquico e se caracterizam por um atraso ou desvio deste relação do desenvolvimento global do sistema nervoso ou de algumas funções em particular.5). na designação original de Schneider e Kloos que situam as perturbações do desenvolvimento psíquico e/ou da conduta resultantes de retardamento ou interrupção do desenvolvimento do sistema nervoso central ou da estruturação da atividade nervosa superior. na sua maior parte. às _disposições psíquicas anormais_. isto é.educável a2 . Deficiência global (deficiência mental) a) _deficiência mental organogênica_ (oligofrenia) a1 . a patologia manifesta um desvio do desenvolvimento mental.8) e espancamento de criança (T74. abuso de criança (T74.(Z76. noutros casos. é relação mental) podem ser sistematizados em dois grupos bem definidos: a deficiência mental organogênica. Deficiências parciais Estados deficitários parciais específico_ são os que alcançam limitadamente o desenvolvimento do sistema nervoso central. a estes pode-se acrescentar o comprometimento deficitário . deficiências da aptidão para aprender e da aptidão para adquirir socialização. deficiência da comunicação. sobretudo a capacidade conceitual e o raciocínio abstratos. Esta diferenciação se impõe pelas diferenças prognósticas e terapêuticas. comprometendo de forma mais evidente as estruturas psíquicas mais primitivas como a esfera cognitiva. perturbando o desenvolvimento de certas funções específicas. antigamente chamada oligofrenia (de origem orgânica. deficiência da coordenação e da harmonia dos movimentos. No entanto.a3 – dependente b) deficiência mental sócio-psicogênica (pseudo-oligofrenia) Nas deficiências globais o déficit atinge mais ou menos universalmente o sistema nervoso central. como acontece nos casos de: deficiência senso-perceptiva. resultando em déficites circunscritos de certos traços da personalidade. O grau de insuficiência dos conceitos e dos raciocínios (principalmente abstratos) nas deficiências globais. biológica) e a deficiência mental sóciopsicogênica ou pseudo-oligofrenia (quando se radica em causas afetivas e ou sociais). tem servido como indicador valioso do nivel do comprometimento deficitário. hipercinesia) d) do aprendizado da fala e ou da linguagem e) do aprendizado formal e1 .neuropatias g2 – sociopatias PATOLOGIAS DO DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE E DA CONDUTA SOCIAL É tradição da psicologia francesa.os estados deficitários da afetividade e da vontade ou psicopatias.da ortografia (disgrafia. (3 pag. a personalidade reunindo . disortografia) e2 . personalidades psicopáticas.da aritmética (discalculia) f) da socialização g) da afetividade ou da vontade (psicopatias) g1 . fisiológicos e psicológicos que caracterizam uma pessoa.das estruturas mentais mais diferenciadas do ponto de vista funcional e mais recentes do ponto de vista evolutivo .da leitura (dislexia) e3 .392) As deficiências psicopatológicas específicas classificadas nos seguintes estados deficitários: podem ser a) do desenvolvimento sensorial b) da atenção voluntária (distraibilidade) c) do controle psicomotor (ataxia. em suma. denominar de personalidade ao conjunto de traços morfológicos. adotada por muitos entre nós no passado. todas as características pessoais de alguém. são afecções congênitas (ou muito precoces) e dotadas de grande estabilidade. transtorno do caráter. há muita divergência e discordância com relação à caracterização fenomenológica e. transtorno de conduta. condutopatia. passou-se a usar o conceito de personalidade para abranger apenas os traços psicológicos (este é o sentido mais comum). O conceito de psicopatia. personalidade anormal. As psicopatias podem ser subdivididas em dois grupos: neuropatias (apresentada pelos pacientes que sofrem com sua anormalidade) e sociopatia (característica doas pessoas que fazem sofrer a outrem por causa de sua anomalia). destas alterações da conduta. correspondendo a realidades um pouco diferentes). o conceito de psicopatia guarda. até. deve ser correlação muitos semelhantes. sobre a possível patologicidade. transtorno da personalidade. mais recentemente. senão identidade (pois que cada uma destas noções tem uma circunscrição conceitual característica. porque eles são . como as de personalidade psicopática. denominam de personalidade apenas os traços afetivos e volitivos do psiquismo. a origem da expressão personalidade psicopática para designar alterações específicas das esferas afetiva ou volitiva do psiquismo. ao menos mantém com todas elas grande analogia. Com todas estas entidades clínicas. os psiquiatras alemães. A expressão psicopatia se refere uma alteração deficitária específica do desenvolvimento das funções psicológicas superiores (afetividade e ou vontade). como Schneider. daí. contudo. em geral. Mas. os traços característicos da subjetividade de uma pessoa. Sendo muito importante que se diferenciem os conceitos de psicopatia (mais abrangente) e de sociopatia. congênito ou adquirido e pode ser associado a outros diagnósticos psiquiátricos. anti-social. porque nos transtornos da conduta se pode ter maior esperança de remissão. O diagnóstico de psicopatia deve ser aplicado somente quando a patologia se iniciou na infância ou. as alterações podem ou não ser atribuídas a ela.muitas vezes confundidos como se representassem uma única ocorrência. Quando o paciente apresentar outra psicopatologia. Desvios Estruturais (pervasivos) do desenvolvimento mental a) _AUTISMO INFANTIL_ b) _OUTROS_ . no máximo. mas porque induzem a uma falsa confiança na terapêutica conhecida e justificam muito tratamento desnecessário ou inútil. De certa forma. reune os conceitos de psicopatia (transtornos precoces do comportamento que cursam de maneira mais ou menos independente das circunstâncias da vida da pessoa afetada) e neurose verdadeira ou neurose infantil (transtornos do comportamento intimamente relação dos conceitos de psicopatia e de neurose nos transtornos da conduta são o ponto mais frágil desta conceituação clínica. destrutiva e querelante se emprega o conceito de transtorno da personalidade em função de seu prognóstico. O diagnóstico de transtorno da personalidade se refere unicamente à alteração crônica da conduta social. mas não se deve diagnosticar psicopatia como elemento de comorbidade. na adolescência e cursa de maneira relação se deve associar a outras síndromes psicopatológicas. qualquer que seja. Não apenas porque parecem entidades clínicas heterogêneas. O conceito de transtorno da conduta se aplica a crianças que apresentam padrões de comportamento caracterizados por conduta social agressiva. Para efeitos Classificação estatísticos. quanto outras. delineada no capítulo seguinte. alguns elementos estruturais das doenças mentais. ao menos conceitualmente. b) ressalta o caráter de doença dos transtornos psíquicos. psicóticos e psicopáticos. pelo indevido de ou certas funções de adiantamento aceleramento Desvios do desenvolvimento das pulsões vitais a)_ da alimentação_ b) _da sexualidade_ c) _outros_ Esta classificação das doenças mentais. . didática e operacional. ao invés de fugir dele. além de ser sintética. utiliza-se a décima versão da Internacional de Doenças. e c) delineia os mecanismos básicos do enfermar psiquiátrico e distingue.Desenvolvimento Mental Desarmônico Casos nos quais o desenvolvimento resulta desarmônico tanto pelo reativo atraso do desenvolvimento comportamentais. apresenta as seguintes vantagens: a) evita a super-simplificação errônea e maniqueísta de reduzir toda patologia mental a transtornos neuróticos. 1955. TorayMasson. 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