FeridasProfª Ms. Ana Célia Cavalcante Lima Pele Pele maior órgão de absorção do corpo Corresponde aproximadamente a 10% peso corporal; Apresenta 3 camadas: Epiderme; Derme; Hipoderme. Função da pele Proteção: Barreira mecânica; Termoregulação; Excreção: água, eletrólitos; Sensibilidade; Exposição: agressão: física, química, mecânica; Metabolismo: síntese Vit D na pele; Imagem Corporal: aparência. O termo ferida é utilizado como sinônimo de lesão tecidual, deformidade ou solução de continuidade; Pode atingir desde a epiderme, até estruturas mais profundas, como fáscias e músculos, aponeuroses, articulações, cartilagens, tendões, ossos, órgãos cavitários. como feridas produzidas por infecção. defeitos metabólicos e neoplasias. As feridas podem ser causadas por fatores extrínsecos. . como incisão cirúrgica e lesões acidentais por corte ou trauma. e por fatores intrínsecos. úlceras crônicas e vasculares. Ferida superficial: atinge apenas a epiderme e a derme. . a derme e o tecido subcutâneo. . Ferida profunda: destrói a epiderme. Ferida profunda total: atinge o tecido muscular e as estruturas adjacentes (tendões, cartilagens, ossos, etc.). Acidental ou traumática: ocorre de maneira imprevista, sendo provocada por objetos cortantes, contundentes, perfurantes, lacerantes, inoculação de venenos, mordeduras e queimaduras em geral. Patológicas: são lesões secundárias à uma determinada doença de base. Intencional ou cirúrgica: quando é realizada de acordo com um fim terapêutico proposto. . Iatrogênicas: feridas resultantes de procedimentos ou tratamentos (radioterapia) . . como as úlceras de pressão. cisalhamento e umidade. fricção. Fatores causais externos: feridas resultantes de pressão contínua exercida pelo peso do corpo. há ruptura da vascularização e desencadeamento imediato do processo de hemostasia (cortes.) . queimaduras. escoriações. etc. Agudas: geralmente são feridas traumáticas. Crônicas: descritas como de longa duração ou recorrência freqüente. ocorre um desvio na seqüência do processo cicatricial fisiológico. . Feridas limpas: são feridas não infectadas. livres de microrganismos patogênicos. . sem contaminação significativa prévia. lesões com tempo inferior a 6h entre o trauma e o atendimento inicial. ou durante o ato cirúrgico. Limpas contaminadas: ocorrem em tecidos de baixa colonização. . . cirúrgicas quando a técnica asséptica é desobedecida. Contaminadas: feridas acidentais recentes e abertas. feridas que o tempo de atendimento inicial foi superior a 6h. colonizadas por flora bacteriana considerável. bactérias. vírus ou fungos. exsudação purulenta e odor característico. . Apresentam evidências do processo infeccioso. Feridas infectadas: quando há contaminação grosseira por detritos ou por microrganismos como parasitas. como tecido desvitalizado. Estágio II: Perda parcial de tecido envolvendo a epiderme ou derme. ulceração superficial com presença de bolhas ou cratera rasa. descoloração ou endurecimento.São classificadas em 4 estágios: Estágio I: pele íntegra com sinais de hiperemia. . Estágio IV: grande destruição tecidual. necrose do tecido subcutâneo até a fáscia muscular. atingindo músculos. . Estágio III: perda total do tecido cutâneo. com necrose. tendões e ossos. cortante ou penetrante. . causadas por traumatismos externos. inclui esmagamentos e cortes. Feridas mecânicas: feridas traumáticas. . como as produzidas por caco de vidro ou arame farpado. Feridas laceradas: apresentam margens irregulares. . Feridas químicas: causadas pela ação de ácidos ou bases muito fortes e alguns sais e gases. . Feridas térmicas: feridas que se desenvolvem como resultado do calor ou frio extremo. Feridas por eletricidade: causadas por raios ou contato com objeto energizado. . (rede elétrica). . RX ou outro tipo de radiação. Feridas por radiação: causadas pela longa exposição a raios solares. . etc. Feridas incisas: produzidas por um instrumento cortante. faca. bisturi. Feridas contusas: produzida por ação contundente de objetos rombos. hemorragias e edema. Caracterizam-se por traumatismos das partes moles. . . Produzem pequena abertura na pele. Feridas perfurantes: produzidas por arma de fogo. causando hemorragia interna. porém podem atingir camadas teciduais profundas e órgãos. ou arma branca. . Feridas oncológicas: causadas por tumores da pele ou metástases cutâneas. Úlcera arterial: causada por isquemia. relacionada com a presença de doença arterial oclusiva. os sintomas incluem dor e perda tecidual. . Úlcera por pressão: causada por isquemia secundária a compressão. também é denominada úlcera de decúbito. . essa lesão tecidual localizada. . . causadas por edema e outras sequelas relacionadas com dificuldades de retorno venoso. Úlcera venosa: perdas locais de epiderme e de níveis variados de derme e tecido subcutâneo. que ocorrem sobre ou próximo a maléolos dos MMII. . resultante de complicações da diabetes. deformidades. que predispõem a ulceração dos pés. como neuropatia diabética e doença vascular periférica. diminuição do fluxo arterial. Feridas vasculogênicas – pé diabético: ferida crônica dos pés. Pode ocorrer diminuição da sensibilidade. . . etc. . Fístulas: trajeto anormal que conecta superfícies podendo ser causadas por infecção. traumas. com arrancamento da pele. . Escoriações: a lesão surge tangencialmente à superfície cutânea. . Equimoses e hematomas: na equimose há rompimento dos capilares. o sangue extravasado forma uma cavidade. porém sem perda da continuidade da pele. sendo que no hematoma. Lesão de escalpamento do couro cabeludo: ocasionada por acidente em embarcação fluvial na região amazônica. . material estranho. Remover tecidos mortos.Ferida: Limpeza Objetivos Facilitar ambiente ótimo para a cicatrização. a fim de evitar proliferação de microrganismos . Feridas Todas as feridas normalmente produzem exsudado inflamatório. Uma pequena quantidade de exsudado favorece a cicatrização e mantém o ambiente úmido na ferida. . Qual o volume de líquido a usar? Deve ser suficiente para arrastar o material ”solto” pela irrigação. Os líquidos utilizados devem estar à temperatura do corpo para não afetarem a cicatrização. . cobre seu leito uma camada de tecido de granulação róseo-pálido. . que posteriormente torna-se vermelho-vivo.Classificação da ferida Segundo a Cor: Vermelha indica tecido de granulação saudável e limpo. Quando uma ferida começa a cicatrizar. . amarelo-esverdeado ou bege .Classificação da ferida Segundo a Cor: Amarelo: indica a presença de exsudato ou secreção Necessidade de limpeza da ferida. O exsudato pode ser amarelo-claro. amarelo-cremoso. . O tecido necrótico torna mais lenta a cicatrização Proporciona um local para proliferação de microrganismos .Classificação da ferida Segundo a Cor: Preta: indica a presença de necrose. . Avaliar e monitorar a nutrição adequada. Terapia tópica selecionada para permitir a cicatrização. para permitir modificações.Tratamento das feridas Avaliar de maneira apropriada. (infectada ou com exposição óssea). precisa ser investigada quanto a presença de osteomielite . Tecido necrótico: desbridamento. A ferida que não cicatriza. Infecções locais e sistêmicas precisam ser controladas ou eliminadas. Tratamento de feridas Envolve: Anamnese sucinta e sinais vitais! Investigar: condições em que ocorreram as lesões: Existe perda de substância? Há penetração da cavidade? Classificar a ferida Há perda funcional? Existe corpo estranho? Necessidade de exames auxiliares? Anti-sepsia Irrigação vigorosa e intensa com soro fisiológico é bastante eficaz para a diminuição da infecção . (aproximado). não devem ser suturadas. com comprometimento do plano muscular.Recomendações Lesões por mordeduras: Em princípio. . (potencialmente infectadas) As profundas. Lesões por prego Devem ser limpas e não suturadas. não deve ser suturado. um deles poderá ser suturado. quando houver dois orifícios.Recomendações Feridas por arma de fogo A decisão da retirada do projétil deve ser avaliado caso à caso. profilaxia do tétano. caso haja apenas um orifício. lavar bem o interior do ferimento. . .Porque é realizada a avaliação da ferida? Descrever de forma objetiva o que está sendo visto Desenvolver um plano de cuidados com estratégias de tratamento Monitorar a eficácia das estratégias de tratamento e acompanhar a evolução Para haver documentação. Avaliação da ferida . .Tamanho (largura e comprimento) em centímetros. Profundidade em centímetros . medir em centímetros .Presença de túneis e fístulas. lojas – medir a profundidade e extensão e documentar a localização usando a posição dos ponteiros do relógio como referência.Presença de descolamentos. . Localização . Drenagem (exudato) cor. odor. quantidade . Presença de tecido necrótico . Processo de cicatrização O conhecimento das fases evolutivas do processo fisiológico cicatricial é fundamental para o tratamento adequado da ferida. . Fase inflamatória: Edema. As bactérias presentes são destruídas por leucócitos granulocíticos. neutrófilos polimorfonucleares. . eritema. Começa no momento da lesão e dura de 4 a 6 dias. O sangramento é controlado pela hemostasia. atraindo para o local células necessárias para a reparação tecidual. 4 dias após a lesão os macrófagos substituem os leucócitos. calor e dor. agregação plaquetária e ativação da cascata de coagulação. Na fase inflamatória ocorrem 3 etapas: Fase trombocítica: formação de trombos. . há grande concentração de leucócitos. fazendo fagocitose das bactérias. decomposição do tecido necrosado e a limpeza da lesão. Fase granulocítica: desbridamento da ferida e defesa contra infecções. que influenciam no desbridamento da ferida e na regulação das outras fases da cicatrização. Etapa macrofágica: atuação local dos macrófagos. . colágeno imaturo. surge o tecido de granulação: macrófagos.Fase proliferativa: dura de 4 a 24 dias. vasos sanguíneos e substância matricial. fibroblastos. Na ferida aberta. . os fibroblastos estimulam a produção de colágeno. A etapa final desta fase é a epitelização. que proporciona ao tecido sua força de tensão e sua estrutura.Fase proliferativa: À medida que o tecido de granulação prolifera. . . O processo continua até que o tecido cicatricial recupere cerca de 80% da força original da pele. As fibras de colágeno se reorganizam. ganhando força de tensão.Fase de maturação ou reparadora: duração entre 21 dias a 2 anos. remodelam e amadurecem. . Reduz o potencial de infecção. Ex: feridas cirúrgicas. É feito a junção dos bordos da lesão por meio de sutura ou aproximação.Primeira intenção: Cicatrização ideal de uma ferida. Cicatriza em média em 10 dias. Primeira Intenção . abscessos. etc. . Ex: úlceras venosas. Não é possível realizar a junção dos bordos Há necessidade de formação de tecido de granulação no leito da lesão.Segunda Intenção Tipo de cicatrização relacionada a ferimentos infectados e a lesões com perda acentuada de tecido. Segunda Intenção . ostomias e feridas cirúrgicas infectadas.Terceira Intenção Existem fatores que retardam o processo de cicatrização. Feridas que não foram suturadas inicialmente. que se romperam ou tiveram que ser reabertas para drenagens de exsudatos. e que após 3 a 5 dias serão ressuturadas. como aplicação de drenos. . Terceira Intenção . corticóides. Hemorragia.Fatores que influenciam a cicatrização das feridas Perfusão de tecidos e oxigenação. . Nutrição. citotóxicos. Medicamentos. impedindo que o fluxo de sangue chegue aos tecidos. penicilinas. Localização da ferida. pressão contínua sobre a área da lesão. Corpo estranha na ferida. Doenças associadas. Infecção. hepatopatias. hipertensão arterial.Fatores que influenciam a cicatrização das feridas Edema e obstrução linfática. nefropatias. e neoplasias. problemas vasculares. . diabetes. Idade do paciente. Hiperatividade do paciente. tecido desvitalizado.Complicação das feridas A grande complicação: INFECÇÃO Fatores locais: contaminação. presença de corpo estranho. técnica de sutura inadequada. hematoma e espaço morto . principalmente o diabetes e doenças imunodepressoras. Outras complicações são a HEMORRAGIA e a DESTRUIÇÃO TECIDUAL. idade avançada.Complicação das feridas Fatores gerais: debilidade. anemia. choque. . grande período de internação hospitalar. obesidade. tempo cirúrgico elevado e doenças associadas.