A inclusão escolar, no Brasil, encontra-se em um momento privilegiado selevarmos em consideração todo o caminho percorrido até a implementação das políticas públicas que hoje temos em vigor e os debates cada vez mais fundamentados e recorrentes sobre uma “educação para todos”. Até os anos oitenta, a educação especial era ligada ao modelo clínico, onde os alunos eram avaliados por profissionais de saúde que se responsabilizavam pelo diagnóstico e tratamento dos mesmos. A Educação dos deficientes, nesse caso, era considerada de pouca importância e direcionada apenas para promover uma melhora na execução de atividades cotidianas (GLAT & FERNANDES, 2005; GLAT & BLANCO, 2007; MACEDO, CARVALHO e PLETSCH, 2010; entre outros). Entretanto, o cenário da educação atual é outro. Hoje, a democratização do ensino se estende aos alunos com deficiências e outras condições atípicas de desenvolvimento. Isto se deve principalmente ao reconhecimento e o aumento significativo de políticas voltadas para a educação inclusiva, com a finalidade de garantir o direito ao ensino de qualidade para todos os alunos (GLAT & BLANCO, 2007). Todavia, embora tenhamos evoluído, ainda temos um longo caminho a percorrer para que possamos realmente alcançar uma educação de qualidade, abrangendo e se adequando para atender e possibilitar um ensino significativo a todos os alunos. Um grande desafio atualmente é o de fazer cumprir a legislação em vigor, garantindo aos alunos com necessidades educacionais especiais ingresso, permanência e aprendizagem na escola (GLAT & BLANCO, 2007). Nossa pesquisa será baseada também em um estudo de caso. De acordo com Yin (2001, p.35), o estudo de caso é definido como “estratégias de pesquisa” que representam um modo “de se investigar um tópico empírico seguindo-se um conjunto de procedimentos pré-especificados”. Para Gil (2002, p.54), o estudo de caso “é uma modalidade de pesquisa” que “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados.” O autor supracitado menciona que essa modalidade de pesquisa é muito utilizada nas áreas de ciências sociais e biomédicas e que a mesma pode ser dividida por etapas tais como: formulação do problema, definição da unidadecaso, determinação do número de casos, elaboração do protocolo, coleta de dados, avaliação e análise dos dados e preparação do relatório. Cervo e Bervian (2005, p. 67) expõem que estudo de caso “é a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo do seu universo, para examinar aspectos variados de sua vida”. por exemplo. que essa limitação não é prerrogativa dos estudos de caso. são especialmente importantes cinco componentes de um projeto de pesquisa: 1) As questões de um estudo.29) como preconceitos contra este método. Justifica-se a utilização de um único quando o caso estudado é único ou extremo. 2) Suas proposições. o autor alerta que os resultados são válidos somente para o caso que se estuda. porém. Assim. como. uma empresa que apresenta características peculiares referente à solução de seus conflitos de trabalho ou tem problemas administrativos peculiares (GIL 2002). Porém. como em qualquer outro método de pesquisas o estudo de caso tem suas limitações. No entanto. quanto de múltiplos casos. De acordo Yin (2005) em estudos de casos. No entanto. Tendo como objetivo aprofundar a descrição de determinada realidade.Estudo de Caso Triviños (1987) define estudo de caso como uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente. 4) A lógica que une os dados às proposições. Os estudos de caso podem ser constituídos tanto de um único. que são vistas por Yin (2005. dentre eles estão: a) Falta de Rigor metodológico: ocorre. p. b) Dificuldades de generalização científica: a análise de um único ou mesmo de vários casos fornece uma base muito frágil para a generalização. defende que o grande valor do estudo de caso é fornecer o conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada que os resultados atingidos podem permitir e formular hipóteses para o encaminhamento de outras pesquisas. Para ele talvez o estudo de caso seja um dos mais relevantes métodos de pesquisa qualitativa. os propósitos deste . 3) Sua unidade de análise. podendo ocorrer em outras modalidades de pesquisa. 5) Os critérios para interpretar as constatações. isso fica restrito aos cuidados que o pesquisador deve ter no planejamento quanto à coleta e análise dos dados. . comunitário e social. em um contexto de miséria e de privações. porém. São Paulo: Atlas. o que de certa forma valida o método. 2002. sonho. é vista é vista como um ideal utópico e inviável. diz que “as escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na organização de suas classes comuns” . art. Pedro A. generalização analítica. Metodologia científica. 2001. no período de 2001 a 2011.” (BRASIL. A assistência social traduz-se na distribuição de benefícios e de parcos recursos. determinam que os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos e que cabe às escolas se organizarem para o atendimento dos alunos com deficiência. no qual impera a concorrência do assistencialismo e da filantropia. 2001. as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. c) Tempo estimado à pesquisa e documentos inelegíveis: esta crítica não é válida porque ao longo das últimas décadas foi demonstrado que é possível a realização de estudos de casos em períodos curtos e com resultados passíveis de confirmação por outros estudos. contudo. 2ª Ed. GIL. ou seja. Amado L. ed. vem sofrendo mudanças. Em cada um destes setores. Acompanhando esse processo de redefinição na política educacional. o foco do atendimento privilegia uma certa dimensão do contexto de vida familiar. Roberto K. Porto Alegre. O cenário educacional brasileiro. YIN. 5ª. Estudo de caso: planejamento e métodos. definidas pela Resolução CNE/CEB nº 2/2001. Editora: Bookmam. BERVIAN. No período de 2001 a 2011 tem se observado relevantes mudanças na política educacional brasileira que resultaram em novos direcionamentos à educação especial. CERVO. Essa resolução não faz menção direta ao atendimento educacional especializado. Como elaborar projetos de pesquisa.. assegurando-lhes “as condições necessárias para uma educação de . A saúde limita-se à medicalização e patologização da deficiência ou à reabilitação compreendida basicamente como concessão de órteses e próteses. 2º). 4ª ed.. dentre os quais pode-se destacar os movimentos que deram curso a implantação da política de educação inclusiva no país. muitas das vezes. São Paulo: Pearson Prentice Hall. Antonio Carlos.método não são os de proporcionar o conhecimento preciso das características de uma população ou universo a partir de procedimentos estatísticos. A educação destas pessoas tem sido objeto de inquietações e constitui um sistema paralelo de instituições e serviços especializados no qual a inclusão escolar desponta como um ideal utópico e inviável. 2005. mas sim o de expandir ou generalizar teorias. A inclusão de pessoas com necessidades especiais nas escolas brasileiras é uma realidade. o sujeito com deficiência é um "aluno especial". . percebemos uma concepção de sujeito fragmentado. cujas necessidades específicas demandam recursos. o mesmo aluno é tratado como "paciente". incompleto sem a necessária incorporação das múltiplas dimensões da vida humana. sujeito a intervenções tardias e de cunho curativo. enquanto no campo da assistência social ele é um "beneficiário" desprovido de recursos essenciais à sua sobrevivência e sujeito a formas de concessão de benefícios temporários ou permanentes de caráter restritivo. O que se observa. nestes setores. No âmbito da saúde. Em todos os casos. equipamentos e níveis de especialização definidos de acordo com a condição física.Para a educação. sensorial ou mental. projetos e iniciativas insipientes e desarticuladas entre as diversas instâncias do poder público. são ações isoladas e simbólicas ao lado de um conjunto de leis.