Chula

March 23, 2018 | Author: emanoelvitor | Category: Clothing, Fashion & Beauty, Dances, Pop Culture, Rhythm


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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSOFACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA CHULA Dança tradicional gaúcha Emanoel Vitor Q. Rocha Patrick Rosso Cuiabá/MT 03 de Agosto de 2014 INDICE 1. Introdução .................................................................................................... 3 2. Objetivo ........................................................................................................ 4 3. Metodologia ................................................................................................. 4 4. Qual a origem da Chula? ............................................................................. 4 5. Como se dança? .......................................................................................... 5 6. Músicas e letras ........................................................................................... 8 7. Como se vestir? ........................................................................................... 8 6. Como é atualmente? .................................................................................... 9 7. Discussão dos resultados .......................................................................... 10 8. Referências bibliográficas .......................................................................... 10 9. Apêndice .................................................................................................... 12 3 1. Introdução Cada estado, deste Brasil tem um ritmo musical ou uma dança que o identifica. No Rio Grande do Sul não é diferente. Dentre várias danças, uma se destaca: A Dança da Chula. Dança em desafio, praticada apenas por homens. A chula tem bastante semelhança com o lundu sapateado, encontrado em outros Estados brasileiros, sua existência no Brasil está documentada pelo menos desde o princípio do século XIX. No Rio Grande do Sul, desde os primórdios tempos, os Fandangos exibiam essa dança revestindo de particular importância no Folclore Gaúcho. A chula mantém-se no Rio grande do Sul, executada preferencialmente por homens, numa coreografia agitada e difícil. Na Bahia, chula designa genericamente as toadas alegres e vivas e se canta, como refrão, em ternos e ranchos-de-reis. Em São Paulo, a chula foi registrada como dança de fandango: os pares não se enlaçam nem se tocam, o cavalheiro fica chulando diante de sua dama, que requebra enquanto ele se contorce até encostar os joelhos no chão. É acompanhada por violão, cavaquinho, viola, pandeiros, castanholas ou imitação delas com os dedos. Alguns autores incluem ainda, no instrumental, o ganzá e o caxambu. A chula se liga entre nós à noção de dança violenta, lasciva, sapateada, requebrada, acompanhada de palmas, e em que costuma aparecer também a umbigada. De forma geral, a chula caracteriza-se pela agilidade do sapateio do peão ou de diversos peões, em disputas. A masculinidade da dança, num desempenho solitário, sapateando sobre uma lança estendida no salão, retrata a imponência do peão, forjada pelas intempéries das campanhas e a coragem das lutas, na guarda de seu chão. A chula serviu de verdadeiro tira-teima, entre peões, nas tropeadas de mulas e cavalos da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul para São Paulo. Tudo era decidido na agilidade dos sapateios, sob a expectativa dos companheiros. 4 2. Objetivo Este trabalho tem como objetivo o conhecimento da cultura gaúcha através da dança da chula e identificar sua prática em outros estados brasileiros. 3. Metodologia A metodologia consiste no levantamento da cultura gaúcha através da literatura e na aplicação de um questionário para os praticantes da dança no Centro de Tradição Gaúcha do município de Cuiabá, estado de Mato Grosso. 4. Qual a origem da Chula? Assim como o carimbó, a chula também se manifestou na forma de música (canto) e dança. O bailado é característico do sul do país, mais especificamente do estado do Rio Grande do Sul, onde é dançado preferencialmente por homens com uma coreografia ginástica e agitada (CASCUDO, 2012). Provavelmente possui origem em Portugal, nas proximidades da região do Douro e do Minho, no entanto, ainda existem algumas imprecisões com relação a esta versão. Uma das hipóteses seria que chula teria se originado com os grupos do Natal e Reis, que em caso de recusa as ofertas, apregoavam um canto, que seria da chula (CASCUDO, 2012). Já a dança seria resquício do bailado realizado sobre as uvas, e a mistura destas possíveis origens deste modo, a chula gaúcha seria uma mistura destas possíveis origens. Por suas características de desafio, a chula se aproxima do “malambo” dos platinos, e pela necessidade de habilidade de dança sobre a lança, aproxima-se de algumas danças dramáticas brasileiras, como os “moçambiques” (CÔRTES; LESSA, 1956). A chula se trata de uma dança realizada prioritariamente pelos homens, que realizam sapateados e movimentos acrobáticos sobre uma lança em forma 5 de desafios. Tradicionalmente, estas disputas são desenvolvidas pelos meninos desde cedo, como forma de manutenção da cultura local. 5. Como se dança? Uma das características principais na chula é o rápido sapateado, bem como, figurações complexas que exigem coordenação, equilíbrio e ritmo do peão. A chula normalmente é desenvolvida em forma de desafio entre dois indivíduos. Para que o desafio seja realizado coloca-se uma lança/vara no chão, medindo cerca de quatro metros (BORGES, 2009), no entanto, para ser desenvolvida na escola, não é necessário que a vara possua este tamanho. Os movimentos são realizados sobre este objeto, de um lado para o outro, e deste modo, não é permitido pisar sobre ele. Os participantes se posicionam na ponta da lança para iniciar a peleja avançando e retornando em seus passos (CÔRTES; LESSA, 1956). Durante o desafio cada um dos oponentes apresenta uma sequência de movimentos, que o outro deve repetir, e em seguida, elaborar a sua composição acrescentando outros elementos. Será desqualificado do desafio aquele que não conseguir reproduzir com exatidão os movimentos do parceiro, ou ainda, perder o ritmo, se afastar da música, errar o passo ou pisar na vara (CÔRTES; LESSA, 1956); (BORGES, 2009). O vencedor será o dançarino que não for desclassificado por estes elementos citados, e realizar figuras que os oponentes não consigam repetir. Existem outras maneiras de realizar o desafio, uma delas pode ser por meio da dificuldade e habilidade exigidas no desenvolvimento dos passos. De acordo com a comissão julgadora, vence o desafio o chuleador que realizar os movimentos mais complexos, acrobáticos, e rápidos sem encostar na lança. De acordo com Côrtes e Lessa (1956, p. 64) a coreografia da chula é dividida nas seguintes fases: 1. “Preparação da figura pelo dançarino A”: Ao som da música nomeada de “preparação”, o dançarino A executa, em uma das extremidades da lança, uma marcação de passos sem sair do lugar. Na outra extremidade o dançarino B permanece imóvel. 6 Figura 1: Preparação da figura pelo dançarino A. 2. “Execução da figura pelo dançarino A”: Movendo os pés de uma região para outra da vara, ao som da melodia intitulada “desafio” o dançarino A se movimenta ao longo da lança, retornando ao seu lugar inicial no final de sua apresentação. O dançarino B observa seus passos atentamente, uma vez que deverá repeti-los. Figura 2: Execução da figura pelo dançarino A. 3. “Pausa na coreografia”: O dançarino B tem a oportunidade de recordar os passos executados pelo seu adversário. 4. “Repetição da figura pelo dançarino B”: Este momento se desenvolve ao longo da melodia de desafio, em que o dançarino B repete os passos do seu oponente. Ao término de sua apresentação, o dançarino B ao volta a sua posição inicial. 7 Figura 3: Repetição da figura pelo dançarino B. 5. “Preparação de nova figura pelo dançarino B”: Assim como acontece na figura 1, no entanto quem realiza os movimentos preparatórios é o dançarino B, enquanto o A aguarda imóvel. 6. “Execução da nova figura pelo dançarino B”: Assim como acontece na figura 2, no entanto, é a vez do dançarino B, ao som da melodia desafio, percorrer a vara executando os seus passos. O dançarino A repetirá estes passos, acrescentará outros, e assim o desafio vai se desenvolvendo sucessivamente, com os momentos de pausa e de preparação. Existem diversas possibilidades de realizar este sapateado, que varia desde a batida do pé inteiro no chão, somente com o calcanhar, bem como apenas com a ponta do pé, o que dentre as danças gaúchas é considerado bem específico da chula (CÔRTES; LESSA, 1956). Além disso, os dançarinos da chula saltam de um lado para o outro da vara, ajoelham-se e levantam-se rapidamente, cruzam as pernas fora e sobre a lança sempre no ritmo da música. É possível encontrar também giros e volteios sobre este objeto, sempre existindo a forte marcação com os pés. 8 6. Músicas e letras A música na chula utiliza-se assim como em outras danças gauchescas da viola e da sanfona, chamada por eles de “cordeona” ou “gaita” (CÔRTES; LESSA, 1956). Ao ritmo do fandango os desafios de chula são realizados, normalmente com músicas sem letra, se restringindo ao som da gaita e da viola. Durante a realização do momento de preparação que precede o desafio, o coro pode entoar o seguinte canto: “Venha seu MES-ter-Chula, Ai seu ChuLI-a-dor, E dê uma PA-ra-dinha Para o TO-cador. Venha seu MES-tre Chula, Ai que ChuLI-a-bem, E dê uma PA-ra-dinha Para MIM-tam-bém”. A sílaba escrita com letra maiúscula deve ser entoada de modo mais forte que as demais. 7. Como se vestir? Para a realização da chula os homens se vestem com roupa tradicional gaúcha, o que inclui botas de cano mole e grandes esporas, bombacha, guaiaca, camisa de cor única, lenço de seda ao pescoço e chapéu, além de acessórios que podem variar como colete e faixa na cintura. Apesar das mulheres não desenvolverem a chula, quando participam de algumas coreografias mesmo que de modo secundário, usam roupa típica de uma prenda gaúcha, que se resume ao seu vestido rodado, de longo comprimento, podendo ser estampado ou liso. Na maioria das vezes elas usam seus cabelos presos com um coque. 9 6. Como é atualmente? Embora as mulheres não realizem os desafios de chula, atualmente em composições coreografadas elas acabam sendo inseridas, entretanto sem ocupar lugares de destaque, ou até mesmo realizarem movimentos sobre as lanças, papel ocupado apenas pela figura masculina. As prendas devidamente trajadas com roupas gaúchas, normalmente ficam atrás assistindo aos desafios, ou ainda, fazem em algumas apresentações a abertura, com movimentações dos seus vestidos ao ritmo da música. Hoje essa dança é mostrada apenas de forma cultural durante eventos, rodeios, etc. Um festival que inclui a disputa da chula é o Festival Regional de Cultura Gaúcha, que possui como objetivo resgatar a cultura deste povo, agregando entidades tradicionalistas da região oeste de Santa Catarina. O festival reúne competições de diversas modalidades além da chula, em categorias mirim, juvenil, adulto e veterano, dando forma e credibilidade às manifestações características desta região do país. Outro festival importante é o ENART (Encontro de Artes e Tradição Gaúcha), que também reúne apresentações de diversos componentes da cultura desta região do Brasil. Figura 4: Vestimentas da chula. 10 Nos termos da Lei Estadual do Rio Grande do Sul nº 8.813, de 10 de janeiro de 1989 a dança da chula estará sendo adequadamente cultuada, preservada e divulgada pelos atuais Peões Tradicionalistas Gaúchos do Brasil. 7. Discussão dos resultados Foi elaborado um questionário contendo seis perguntas e aplicado no dia 02 de agosto de 2014 aos participantes do Centro de Tradição Gaúcha do município de Cuiabá, no total foram entrevistados cinco praticantes, todos do sexo masculino. A média de idade dos entrevistados é de XXXX anos e praticamente a dança da chula há XXX anos. Todos afirmam ter participado do ENART que é realizado anualmente e é o maior festival de arte amadora da América Latina segundo a UNESCO e tem como maior incentivador à manter as tradições gaúchas é o pai. Ao serem questionados sobre seus sentimentos praticando a dança da chula, como veem sua prática e a importância nos dias atuais, todos foram unanimes ao demonstrar o orgulho de manter viva a tradição do seu povo, preservando os bons costumes. Além de deixarem claro que pretendem passar este sentimento a todos os homens da família e para as mulheres que se interessarem sendo o mais importante manter acesa as tradições gaúcha mesmo sabendo das dificuldades de manter essa chama nos jovens de hoje em dia. 11 8. Referências bibliográficas BORGES, C. M. O povo brasileiro e a catira. EFDeportes- Revista Digital - n. 139, dez. 2009. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd139/o-povo- brasileiro-e-a-catira.htm>. Acesso em: 25/07/2012. CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. 12. ed. São Paulo: Global Editora, 2012. CÔRTES, J. C. P.; LESSA, L. C. B. Manual de danças gaúchas. Porto Alegre: Oficinas Gráficas da Imprensa Oficial, 1956. <http://ifolclore.vilabol.uol.com.br/dancas/chula.htm>. Acesso em 07/06/2012. http://dancanaefe.blogspot.com.br/p/chula.html http://meusanguegaucho.blogspot.com.br/2013/04/origem-da-chula.html http://www.chasquepampeano.com.br/materia.php?id=94 http://riograndedosul01.blogspot.com.br/2009/06/danca-gaucha.html 12 9. Apêndice QUESTIONÁRIO 1. Qual a sua idade? 2. Há quanto tempo prática a dança da chula? 3. Já participou de eventos fora do estado do Mato Grosso? 4. Qual seu maior incentivador para manter as tradições gaúchas? 5. Como você se sente praticando esta dança? 6. Como você ve a prática da chula e a sua importância nos dias atuais?
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