CESARIANA EM BOVINOS E EQUINOS1 INTRODUÇÃO A cesariana é um procedimento cirúrgico para a retirada de um feto através de uma abertura transabdominal do útero que pode ser realizado com o animal em estação ou em decúbito, sendo indicada para vacas cujas distocias materno e/ou fetal não podem ser corrigidas com o uso de substâncias lubrificantes, ou quando a extração forçada colocar em risco a sobrevivência do bezerro e da vaca. Uma outra indicação é a presença de bezerro vivo ou a inadequada dilatação cervical, restringindo o uso da fetotomia. A modernização das criações, decorrente da introdução de novas raças mais especializadas e precoces, tem melhorado os índices de produtividade. Por outro lado, a ocorrência de partos distócicos tem aumentado visivelmente (CATTELL e DOBSON, 1990). O valor genético dos animais, associado ao desenvolvimento de técnicas cirúrgicas simples e seguras, bem como a possibilidade terapêutica de garantir-se um pós-operatório tranqüilo, permite salientar uma importância cada vez maior da cesariana, disseminando no meio pecuário sua utilização (GRUNERT e BIRGEL, 1989). Apesar desse tipo de tratamento ainda ter como fator limitante as condições econômicas do criador e o valor do animal (GUIDO, 2003). Quando se realiza a cesariana, objetiva-se a manutenção da função reprodutiva do animal bem como o êxito final com relação ao produto, assegurando ao produtor o retorno viável ao seu investimento (SILVA et al, 2000). O presente trabalho discorre, através de revisão bibliográfica sobre cesariana, suas indicação, procedimento anestésico, técnica cirúrgica, cuidados pós-cirúrgicos e possíveis complicações decorrente do procedimento em bovinos e eqüinos. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1 CESARIANA EM BOVINOS 1.1 Considerações gerais Ao considerar-se a cesariana nos bovinos deve-se diferenciar sua indicação absoluta (somente este procedimento é adequado para o tratamento) de uma indicação relativa quando outras manobras obstétricas também podem ser indicadas (GRUNERT e BIRGEL, 1989).Além disso, deve-se considerar os fatores de risco para a cesariana; ao quais consistem na primeira paridade, período longo de gestação, intervalo longo entre o primeiro serviço e concepção, período seco longo, e o fato da vaca ter sofrido uma cesariana precedente (BARKEMA, 1992). A cesariana em bovinos, segundo Ŝloss e Duff (1980), é melhor sucedida quando realizada até 18 horas após o início do trabalho de expulsão e o feto está vivo ou recentemente morto, nestes casos a probabilidade de morte da mãe fica entre 2% e 15 %, aumentando para 18% a 38% se ocorrer após as primeiras 18 horas e o feto estiver se decompondo,com útero atônico e infeccionado. 1.2 Indicação 2 toxemia e paraplegia ante-parto. 1980. inicia-se a introdução de uma agulha de 5 cm com o canhão levemente angulado para trás buscando penetrar o canal peridural . que é a técnica mais utilizada.4 Anestesia 1. GUIDO. GUIDO.1 Anestesia epidural baixa associada a anestesia infiltrativa ( em “L invertido” e no local da incisão). 1997. com a respectiva antisepsia já descrita. 1989. 1979. o sucesso da cesariana dependerá. Neste procedimento o anestésico local é aplicado no espaço peridural entre a última vértebra sacral e a primeira coccígea ou entre a primeira e segunda coccígea.2 Preparo do animal e material cirúrgico O jejum deve ser preconizado. a qual é variável conforme raça e características do animal. 1 pinça de preensão do útero. 1997). lavagem da região com água e sabão e aplicação de solução antiséptica. Inicialmente faz-se a tricotomia do flanco e da região coccígea. A localização do primeiro espaço intercoccígeo é facilitada pela elevação e abaixamento da cauda. 1989. gigantismo fetal absoluto ou relativo. GRUNERT e BIRGEL. 1999). 1. retenção fetal. em grande parte. A penetração do canal pela 3 . torção uterina irreversível. 1 porta agulha. 2001).4. Já quanto aos cuidados no preparo do campo cirúrgico.Procede-se à realização da contenção. feto enfisematoso e impossibilidade de correção de distocia ou fetotomia (ARTUR.YOUNGQUIST. e campo fenestrado(GRUNERT e BIRGEL. 1997). 1. oclusão do colo uterino.Segue-se com a anestesia epidural baixa ou peridural com Lidocaína 2% (5 a 7 ml) ( (YOUNGQUIST. quando possível (MASSONE. YOUNGQUIST. TONIOLO e VICENTE. de forma a facilitar a movimentação do rúmen evitando o timpanismo (GUIDO. 2003). deve-se seguir os procedimentos descritos por Grunert e Birgel (1989): tricotomia de todo o flanco esquerdo. dos cuidados de higiene e antissepsia utilizados. 1993. 1993. 2003. 2003). TONIOLO e VICENTE. o qual precipita o aparecimento de uma depressão palpável entre as vértebras (TEIXEIRA. 2 tesouras. Após a localização correta. pinças hemostáticas. A seguir. MASSONE. ŜLOSS e DUFF. agulhas e fios de sutura apropriados depositados em solução de antiséptico. 1 afastador.As seguintes indicações devem ser consideradas: estreitamento das vias fetais (angústia pélvica. monstruosidades. Assim o veterinário que executará a cirurgia deve estar preparado convenientemente para um procedimento asséptico (GRUNERT e BIRGEL. ANDERSON 1996. 2 correntes obstétricas providas de cabo para tração. O material mínimo necessário inclui 1 bisturi. 1989. abertura insuficiente ou estreitamento do canal cervical) gestação abdominal ou ectopias fetais. 1999). edema de vulva e vagina. Trata-se de uma técnica em que todos os nervos aferentes do campo cirúrgico são dessensibilizados. Local para introdução da agulha e injeção do anestésico local (linha branca contínua). região insensibilizada (linha branca pontilhada) e suposto local para incisão do flanco(linha negra). particularmente em vacas combinando com a anestesia convencional para que doses menores de anestésico sejam usadas.Nestes animais há um ponto tradicional chamado Duanxue. A seguir. 2003. promovendo um bloqueio profundo de toda a fossa paralombar. O anestésico local é injetado de maneira a formar duas linhas convergentes. associa-se uma anestesia local por infiltração do tecido muscular e subcutâneo do flanco esquerdo. deve ser feito uma sedação pelo uso de xilazina (0. 2001).25 ml/100Kg ). isoxsuprin (230mg IM) para facilitar a manipulação. Observe que a cauda pode ser levantada acima e para baixo para facilitar a identificação da junção. 1 Posição da junção de Sacral-Coccigeal/Intercoccogeal para a injeção epidural. 2 Anestesia regional em bovino pelo flanco utilizando “L invertido”.A medicação deverá ser aplicada 10 a 20 minutos antes do inicio da operação. A analgesia por acumputura é extensivamente usada na China para a cesariana em grandes animais. na área de incisão(GRUNERTe BIRGEL. está localizado na linha média dorsal entre o processo espinhoso dorsal da ultima vértebra torácica e primeira vértebra lombar (LIN. 1999). observar os ramos ventrais dos nervos T13 a L4. 1999).Teixeira (2001) e Mealha (2001) recomendam para a anestesia infiltrativa a técnica do bloqueio em “L invertido”.agulha é seguida por algum nível de sucção devido à pressão subatmosférica ali existente(TEIXEIRA. 2001.4. são injetados 2/3 da dose do anestésico local no tecido subcutâneo e muscular até a proximidade do peritôneo. CHEN e WU.São necessários nesse ato 80 a 120 ml de lidocaína 1% e agulha de 100 x 12(MASSONE. Fig. sendo uma paralela à borda dorso-caudal da última costela e a outra paralela à borda ventrolateral dos processos transversos lombares. 1.Neste momento também é recomendável a aplicação de um relaxante das contrações uterinas.FONTE: TEIXEIRA.1989). Anestesia Paravertebral 4 . Grunert e Birgel (1989) recomendam que nos animais que se encontram exitados e naqueles de temperamento nervoso e rebeldes ao manejo. Fig. Por fim. A área amarela mostra a área do bloqueio depois da injeção de lidocaína. FONTE: LEE. 5 Técnica cirúrgica Pode ser realizada por: • • • Incisão mediana: tem restrições para grandes animais pelo volume e peso dos reservatórios gástricos e vísceras em geral.5 cm onde se aplica mais 3 mL de Lidocaína a 2% para dessensibilização do ramo dorsal.0 cm para passar através da fáscia intertransversa. Ventro lateral direita.Grunert e Birgel (1989) e Youngquist (1997) afirmam que ela está indicada quando existe uma distenção acentuada do remem ou quando o exame clínico indica que a remoção pelo lado direito seria mais indicada.0 a 2. buscando atingir a porção cranial do processo transverso de L1. Introduz-se uma agulha (15 cm) verticalmente paralela ao processo espinhoso de T13. que acabam rompendo a sutura. 2001). como no caso no caso de feto de tamanho desporpocional situado do lado direito da cavidade abdominal Fig 4 Cesariana na vaca. O único órgão presente neste local é o rúmen. O procedimento é repetido entre L1. A agulha é então retraída 1. Em seguida deve-se desviar cranialmente em 1. 1.1% não usam a sedação rotineiramente. 66. FONTE: GRUNERT e BIRGEL.Notar a posição relativa entre o abdome e a incisão uterina.Promove completa insensibilização da parede abdominal e peritônio com intenso relaxamento muscular. 1989.6% usaram a epidural caudal junto com a infiltração local e 100% usam lidocaína. FONTE: MANDSAGER. 2003. Ventro lateral esquerda: é a mais recomendada. TEIXEIRA. pode-se prolongar o bloqueio para L2-L3 e L3-L4 (MEALHA. além de utilizar uma pequena quantidade de anestésico. Neste ponto é inoculado 5 mL do anestésico para o bloqueio do ramo ventral. Fig.Os ramos dorsais e ventrais dos nervos espinhais emergentes do forame entre a última vértebra torácica e a primeira vértebra lombar (T13-L1) e entre a primeira e segunda vértebra lombar (L1-L2) são dessensibilizados. que é facilmente rebatido cranialmente. 2001). o q eu indicou 74.L2 e L2-L3 (MASSONE. Abbott (2000) realizou um estudo por meio de 33 questionário com 33 veterinários no norte da Irlanda. 2003). não é muito recomendada devido à presença dos intestinos (GUIDO.3 Pontos para introdução da agulha na anestesia paravertebral. 1999. 5 . 2003). STASHAK. Fig 5: Extração do feto em direção à articulação do joelho esquerdo da vaca. Dexon II®) de tamanho 0 a 2 e do poligalactin 910 também foram recomendado(FRAZER.2 Exteriorização do útero Introduzindo o braço entre o rúmen e o útero. TAN. LAZZERI.1 Abertura da cavidade abdominal É feita com bisturi. tendo-se cuidado com as carúnculas e cotilédones. empurrar o rúmen cranialmente e com os dois braços abraçar e exteriorizar o útero. referendar com corrente colocada acima do boleto e liberar rapidamente a cabeça.1995. 1989.1993.1989.5. o músculo obliquo abdominal externo.GUIDO. 1. 1990) o uso do ácido poliglicólico(Dexon®.. 6 . Lavar a cavidade com muito soro fisiológico e suturar (.GRUNERT eBIRGEL. DOWLING e DART.2003.3 Abertura do útero Localizar um membro do feto e fazer a incisão em cima do mesmo.1. Alcançado o peritônio protege-se o campo operatório com campo fenestrado e abre-se o peritônio. Puxar fortemente o útero para fora da cavidade mantendo-o bem seguro e firme.5. DERIVAUX.5. BELL. Ao puxar o feto cuidado com o umbigo (se rompido muito próximo ao abdome pode causar persistência de úraco) e cuidado para não tracionar anexos. YOUNGQUIST. 2003). puxar rapidamente. Se for um membro posterior.5. 1997). 1. o interno e o transverso do abdome. Se for um membro anterior.1989). Esta incisão não pode ser muito profunda pelo risco de ferir o feto e deve ser feita em região bem exteriorizada para drenar os líquidos fetais fora da cavidade abdominal. 1989.(GRUNERT e BIRGEL. 1. GUIDO.GRUNERT eBIRGEL.FONTE: GRUNERT e BIRGEL.O fechamento da pele é realizado com pontos U deitado(. 1984. abre-se a pele. a musculatura subcutânea. (CATTELL. 1977) No gado. 1959. o categute cirúrgico 2 ou 3 é usado geralmente usado em uma única camada Lembert.4 Sutura do útero e parede abdominal No útero utiliza-se Cushing na ida e Lanbert na volta LAZZERI e BERNIS. Silva et al (2001) observou que as principais complicações pós-operatórias em seu estudo foram: a retenção dos envoltórios fetais (44%). 1967. Barkema et al. usando incisão no flanco esquerdo. FONTE: LAZZERI. A cesariana acarretou aumento do período de serviço e do número médio de serviços por concepção das fêmeas operadas. A maioria das fêmeas foi operada em estação. quatro éguas que tinham obstruído parcialmente canais pélvico(2 destas éguas tinham perdido previamente potros por causa de distocia) e na quinta foi suspeitado adesões cervical que puderam obstruir passagem do fetos através do canal pélvico. (1992) estudaram a fertilidade. especialmente quando a idade na época do parto for inferior a 730 dias. assim contatou que a cavidade uterina de 83% (19/23) das vacas foram contaminada com as bactérias no momento em que o útero foi aberto.Netas fêmeas a cesariana foi 7 . anestesia paravertebral ou anestesia local. 2 CESARIANA EM EQÜINOS 2. Watkins (1990) realizou. Em 38% dos casos.6 Pós-operatório O animal submetido à cesariana normalmente está sem abertura de cervix o que dificulta a eliminação dos anexos. 1977. A incidência é maior na primeira cria. exceto quando o bezerro estava morto.1 Considerações gerais Para Artur (1979). A contaminação dos líquidos fetal começa provavelmente antes da ruptura das membranas fetal. a indicação cirurgica deveu-se à desproporção do bezerro. peritonite (2%) e edema (6%). prenhez resultante das raças de dupla musculatura e histórico de partos por cesariana contribuíram para o aumento da necessidade dessa cirurgia. 2003). deiscência de ferida (6%). A exteriorização do útero não pareceu ser essencial. sendo que 84% das operações foram realizadas nas fazendas de origem. antes do fechamento do primeiro plano de sutura do útero.Fig 6: Fixação do útero com pinça própria e aplicação de antibiótico( cápsulas ou tabletes) pelo ângulo superior da incisão uterina. no período de 1980 a 1989. Cattell & Dobson (1990) pesquisaram a freqüência de cesarianas e relataram que os animais mais comumente operados foram novilhas das raça Holandesa. longo período de gestação. Mijten(1997) afirma em seu estudo que as complicações após a cesariana na vaca são principalmente o resultado das infecções por contaminação no momento em que o útero foi aberto. 8 cesarianas em 5 éguas. a probabilidade se obter potros vivos de distocia por meio da cesariana é pequena. retenção associada à metrite (26%). respectivamente. pode-se usar a ocitocina (GUIDO. metrite clínica (48%). Se estiver bem próximo ao período do parto. 1.FONTE: GRUNERT ET AL. a produção e o descarte em bovinos leiteiros que foram submetidos à cesariana e verificaram que o aumento do número de casos pode ser atribuído ao uso freqüente de raças de corte ou de dupla musculatura nos cruzamentos. Fatores como bezerro do sexo masculino. utilizando-se material cirúrgico semelhante. sem complicações em todos os exemplos. na qual o potro está inacessível para correção por manipulação ou fetotomia. de acordo com Artur (1979). 3.Contudo. Torção uterina a termo.4 Anestesia Atualmente existem várias possibilidades de anestesiar-se de forma conveniente às éguas que serão submetidas á cesariana. principalmente na apresentação posterior e a posição “cão sentado”.Em quaisquer circunstâncias. entretanto. Nas gestações bicornual com ou sem flexão do útero. Circunstâncias em que ocorreu prolapso da bexiga ou reto. a contenção é feita em decúbito lateral sobre carinho de contenção. Derivaux (1984). Na cesariana com o animal em estação. Com o animal em decúbito. 1989). Hungerford e Schaeffer (1999) afirmam.Deve-se. Freeman. Mal-apresentação de membros compridos. 8 . 2. apresentação dorsotransversa e ventrotransversa 4. que se a distocia é de longa duração e o canal do parto se encontra severamente lesionado. observa-se ruptura do útero. associa-se um pé-de -amigo duplo e a contenção da cabeça por auxiliar eficiente. tanto com o feto vivo tanto como ele morto. 2. devendo ser encaminhados com urgência para locais apropriados. laceração grave da vagina ou edema exagerado nas regiões vulvo-vaginal e perineal. Conforme Massone (1999) é fácil induzir o parto na égua. mesa cirúrgica ou sobre a cama de palha ou cavaco coberta com lona. a cesariana é preferível à extração vaginal forçada. é utilizada para o tratamento de distocia. os cuidados devem ser redobrados em relação à anti-sepsia.Além disso.Grunert e Birgel (1989) e Youngquist(1997) nas seguintes indicações: 1. sua contenção será contra uma parede ou um tronco que permita o controle das reações.executada antes delas entrarem no primeiro estágio do trabalho. Contudo. Quando durante a parturição. 1989). 2003). 2. sempre ter em mente a possibilidade do animal deitar-se. 5. uso de antibióticos. em um estudo com 116 éguas que para a resolução da distocia foram submetidas a cesariana ou a extração forçada. os eqüinos são mais sensíveis à problemas infecciosos e portanto necessitam de centro cirúrgico. 2.Dentre os métodos usuais destacam-se os abaixo descritos. informando ainda o proprietário sobre os riscos de infecção e perda do animal (GUIDO.3 Preparo do animal e material cirúrgico Recomendam-se os mesmos cuidados já descritos para bovinos. Caso isso não seja possível. o membro posterior situado do lado da incisão deverá ser mantido para trás (GRUNERT e BIRGEL. técnica cirúrgica.2 Indicação Apresentam conformação anatômica que favorece sobremaneira o parto normal (GRUNERT e BIRGEL. 1999). Ao se observar a perda do reflexo laringotraqueal. Preliminarmente faz-se uma pré-medicação para obter a sedação com levopromazina (0.Posteriormente realiza-se a anestesia epidural baixa com cloridrato de procaína 2%(10-15 ml) (GRUNERT e BIRGEL.Realiza-se a Tricotomia e a anti-sepsia no local da incisão. induz-se a anestesia com quetamina (2 mg/ Kg IV). realizar a intubação endotraqueal. na impossibilidade do animal permanecer o longo período da operação em estação (GRUNERT e BIRGEL. para animais de alto risco quando se tenta salvar ao feto.Nestas situações é mais aconselhável realizar a cirurgia sob anestesia geral. 1999). associado a uma dose de cloridrato de morfina(0. É suficiente a pré -medicação sedativa com Hidrato de cloral(8 a 12 g/animal).1 a 0. Fig 7:Anestesia inalatória na égua por meio da intubação endotraqueal .5 Técnica cirúrgica 9 .Finalmente executa-se infiltração subcutânea e intramuscular em forma de retângulo na fossa paralombar. em doses crescentes e suficiente para um plano que dê analgesia necessária (MASSONE. 1989). Após 15 minutos da sedação para que o animal entre em decúbito espontâneo.Os anestésicos administrados à égua devem causar depressão mínima para o potro (ALLEN. abrangendo a extensão da incisão cirúrgica. para a manutenção da anestesia adaptar a mascara ou se possível pode-se realizar a intubação endotraqueal para fornecer o anestésico inalatório. 2003. 1994). que pose ser opcional em função da habilidade da equipe cirúrgica. halotano ou isoflurano (1. 1999).1 Animal em estação Evita-se riscos para a mãe e para o fero.2. devido uma aplicação mínima de anestésicos.5 a 2. 2.5mg/Kg IV) ou clorpromazina (0. importante para animais de alto risco cirúrgico (MASSONE.4.Por fim.5 V%). com 80-100 ml de lidocaína empregando-se uma agulha de 100x 10(MASSONE. Para os casos que não existe possibilidade de executar o ato cirúrgico em estação devido se tratar de uma égua de temperamento indócil. FONTE: JEFF KO.05mg/Kg a 1% IV).2 g/ animal) injetada lentamente via endovenosa. 1989) e ainda conforme Massone (1999). Os vasos do útero devem ser convenientemente ligados (ATHUR. Todo o abdome inferior é tricotomizado. 1979.Isso permitirá a exteriorização primeiro de um membro( após ruptura digital do âminion) e então o outro.O conteúdo do útero deve. ALLEN. o útero pode sofrer prolapso durante o 3º estágio do parto (ALLEN. tomando-se cuidado para não incisar vísceras que podem estar imediatamente abaixo.Recomenda-se que presságios de oxitetraciclina sejam colocados no útero (ATHUR. em alguns casos. 1994). DERIVAUX. se a última membrana for incluída. mas ajuda será necessária para puxar o potro para fora do abdome(ALLEN. podendo causar a morte da parturiente. 1979).Após a recolocação do útero em sua posição.Temos ainda a incisão na linha media (ATHUR. 1997). 1997).Opera-se o lado que permitir melhor acesso ao corno uterino grávido (GRUNERT e BIRGEL. 2002. o acesso por incisão na linha média pré-mamária é provavelmente melhor (ALLEN. pois hemorragias uterinas nas éguas são graves. 1989). sempre que possível ser escoado. 1979. 1989. 10 . YOUNGQUIST. lavado cuidadosamente. 1989). As secundinas. 1984.O tecido conjuntivo subcutâneo. A pele é cortada ao longo da linha média do abdome em frente ao úbere. 1984). 1994). secado e coberto com solução cirúrgica. de aproximadamente 30 a 40 cm de extensão na dependência do porte do animal segundo Grunert e Birgel (1989).A cavidade peritoneal é exposta e mão é passada para reconhecer o útero palpando o feto dentro dele. bem como antibioticoterapia e fluidoterapia podem ser requerida. 1994) por originar mínimo traumatismo e hemorragia. 1997). Um pano cirúrgico estéril com abertura central correspondendo ao local da incisão é colocado sobre o abdome (DERIVAUX. 1979. 1984).1984. podem ser facilmente retidas ou simplesmente afastadas do local as sutura para não ocorrer a retenção mecânica. implica racionalmente a abordagem do flanco esquerdo para realizar a cesariana (DERIVAUX. A parede uterina é fechada com sutura de Lembert ou Cusching.Alinha Alba agora é procurada e incisada. Fig 8: Recuperação da égua no pós-operatório. DERIVAUX. FONTE: Hagyard-Davidson. 1979). 2. deve ser dado à égua uma dose pequena de ocitocina intra-venosa (50 UI) para auxiliar na involução e expulsão das membranas e fluidos(ALLEN. 1994. A disposição topográfica dos órgãos abdominais na égua gestante e principalmente o fato da localização do ceco ao nível do flanco direito.Contudo.Várias tipos de incisões são recomendadas: do flanco esquerdo ou direito e ventrolateral. 1994).(GRUNERT e BIRGEL. a uma distancia de 25 a 35 cm. GRUNERT e BIRGEL. evitando-se o alantocórion.O útero deve ser incisado segundo Allen (1994) ao redor de 23 cm ao longo da curvatura maior tanto quanto possível e sobre a proeminência fetal (ATHUR. com quantidades variáveis de gordura é seccionado. YOUNGQUIST. YOUNGQUIST. além de dar maior acesso ao útero (ATHUR.6 Pós-operatório Após a cirurgia uma injeção de anatoxina tetânica é aplicada. o abdome é suturado conforme já descrito para bovinos. 2001). choque. são os principais fatores que o veterinário deve avaliar antes de eleger a cesariana. para que o procedimento cirúrgico tenha êxito é necessário a aplicação rigorosa das medidas profiláticas e terapêuticas.Nas cesarianas realizadas por Watkins (1990) as membranas fetais foram retidas por até 72 horas que seguem a cirurgia. herniação. aumenta a morbidade e a taxa de mortalidade para a égua e para o potro aumente (FRAZER. A fertilidade nos casos de distocia com manipulação vaginal prévia mínima que foi resolvida pela cirurgia cesariana é mais favorável (FRAZER. 2001). e prolapso do útero. 1994). associado a retenção e expulsão da placenta. excluindo o grupo que realizou a cesariana simultaneamente com a cirurgia de cólica foi de 88% (51/58). o fator econômico do caso.Além disso. 1979). A taxa da sobrevivência em todas as éguas que foram submetidas à cesariana. ALLEN. laminite (DERIVAUX. as complicações sistêmicas da retenção se secundina não foram observadas. 11 . rompimento de sutura. a habilidade do veterinário e a existência de condições cirúrgicas. 1984. Complicações pós-operatória incluem hemorragia uterina e vaginal. CONCLUSÃO Ao final do trabalho foi possível concluir que a viabilidade do feto.Certamente como a duração da distocia. Pode-se esperar um prognóstico reservado para a fertilidade futura da égua se a cirurgia for tentada depois que ela esteve sujeitada às manipulações vaginal prolongadas. e aderências uterinas tem constituído os principais problemas pós operatórios( ATHUR. A fertilidade reduzida que tem se observado em éguas depois da cesariana pode ter mais relação com a causa e com o tratamento inicial da distocia do que com a cirurgia propriamente dita. entretanto. DERIVAUX. 1990. D. p. Sulina. 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O local da cirurgia é esfregado completamente diversas vezes. FONTE:PARAGON VETERINARY GROUP. 2004. 2004. FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP. 15 .Um bloqueio paravertebral do nervo está sendo executado usando-se o anestésico local após a contenção apropriada do animal. O veterinário prepara os material necessário para a cirurgia. Uma vez que o anestésico fez efeito é realizada a incisão inicial da pele. 2004. 2004. FONTE:PARAGON VETERINARY GROUP. A incisão é continuada nas diferentes camadas da musculatura abdominal e eventualmente na cavidade abdominal própria. 2004. FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP. Extração do bezerro. É feita a incisão no útero para expor o pé do bezerro. 16 . 2004. FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP. VETERINARY GROUP. 17 . 2004. delicadamente através da FONTE:PARAGON VETERINARY incisão.O primeiro pé é exteriorizado. é extraído delicadamente OO bezerro bezerro é extraído através da incisão.2004. Neste estágio a incisão do útero pode ser ampliada.como no caso mostrado-um assistente também ajudará com as suas mãos levantando o neonato. FONTE:PARAGON VETERINARY GROUP. 2004.FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP. Se o bezerro for grande . 2004. FONTE: PARAGON GROUP. tendo-se cuidado para não tocar no veterinário e nem na área cirúrgica. antes que o outro pé localizado. A incisão uterina é cuidadosamente fechada com a sutura de Cushing. 1977. 18 . Solução fisiológica é infundida no abdômen para repor algum do líquido perdido durante a cirurgia e também reduz significativamente a possibilidade de adesões. PARAGON VETERINARY GROUP. FONTE: LAZZERI. 2004. 2004. FONTE:PARAGON VETERINARY GROUP. Fixação do útero com pinça própria e aplicação de antibiótico pelo ângulo superior da incisão uterina. 1967 PARAGON VETERINARY GROUP. Fonte: Grunert et al. o peritônio o e as camadas musculares são suturadas.A seguir. Finalmente a incisão da pele é fechada. 2004. 1967 19 .2004.FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP. antes do fechamento do primeiro plano de sutura do útero. FONTE: GRUNERT et al. o mostrado aqui é uma sutura contínua já da pele.Há uma variedade dos materiais tipos de sutura que podem ser usados . E por fim a administração do colostro por tubo. 2004. FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP. 2004. 20 .FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP.