CESAREANA BOVINOS EQUINOS

April 2, 2018 | Author: Alexandre Silva Milanez Moreira | Category: Caesarean Section, Uterus, Pregnancy, Childbirth, Anesthesia


Comments



Description

CESARIANA EM BOVINOS E EQUINOS1 INTRODUÇÃO A cesariana é um procedimento cirúrgico para a retirada de um feto através de uma abertura transabdominal do útero que pode ser realizado com o animal em estação ou em decúbito, sendo indicada para vacas cujas distocias materno e/ou fetal não podem ser corrigidas com o uso de substâncias lubrificantes, ou quando a extração forçada colocar em risco a sobrevivência do bezerro e da vaca. Uma outra indicação é a presença de bezerro vivo ou a inadequada dilatação cervical, restringindo o uso da fetotomia. A modernização das criações, decorrente da introdução de novas raças mais especializadas e precoces, tem melhorado os índices de produtividade. Por outro lado, a ocorrência de partos distócicos tem aumentado visivelmente (CATTELL e DOBSON, 1990). O valor genético dos animais, associado ao desenvolvimento de técnicas cirúrgicas simples e seguras, bem como a possibilidade terapêutica de garantir-se um pós-operatório tranqüilo, permite salientar uma importância cada vez maior da cesariana, disseminando no meio pecuário sua utilização (GRUNERT e BIRGEL, 1989). Apesar desse tipo de tratamento ainda ter como fator limitante as condições econômicas do criador e o valor do animal (GUIDO, 2003). Quando se realiza a cesariana, objetiva-se a manutenção da função reprodutiva do animal bem como o êxito final com relação ao produto, assegurando ao produtor o retorno viável ao seu investimento (SILVA et al, 2000). O presente trabalho discorre, através de revisão bibliográfica sobre cesariana, suas indicação, procedimento anestésico, técnica cirúrgica, cuidados pós-cirúrgicos e possíveis complicações decorrente do procedimento em bovinos e eqüinos. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1 CESARIANA EM BOVINOS 1.1 Considerações gerais Ao considerar-se a cesariana nos bovinos deve-se diferenciar sua indicação absoluta (somente este procedimento é adequado para o tratamento) de uma indicação relativa quando outras manobras obstétricas também podem ser indicadas (GRUNERT e BIRGEL, 1989).Além disso, deve-se considerar os fatores de risco para a cesariana; ao quais consistem na primeira paridade, período longo de gestação, intervalo longo entre o primeiro serviço e concepção, período seco longo, e o fato da vaca ter sofrido uma cesariana precedente (BARKEMA, 1992). A cesariana em bovinos, segundo Ŝloss e Duff (1980), é melhor sucedida quando realizada até 18 horas após o início do trabalho de expulsão e o feto está vivo ou recentemente morto, nestes casos a probabilidade de morte da mãe fica entre 2% e 15 %, aumentando para 18% a 38% se ocorrer após as primeiras 18 horas e o feto estiver se decompondo,com útero atônico e infeccionado. 1.2 Indicação 2 toxemia e paraplegia ante-parto. 1980. inicia-se a introdução de uma agulha de 5 cm com o canhão levemente angulado para trás buscando penetrar o canal peridural . que é a técnica mais utilizada.4 Anestesia 1. GUIDO. GUIDO.1 Anestesia epidural baixa associada a anestesia infiltrativa ( em “L invertido” e no local da incisão). 1997. com a respectiva antisepsia já descrita. 1989. 1979. o sucesso da cesariana dependerá. Neste procedimento o anestésico local é aplicado no espaço peridural entre a última vértebra sacral e a primeira coccígea ou entre a primeira e segunda coccígea.2 Preparo do animal e material cirúrgico O jejum deve ser preconizado. a qual é variável conforme raça e características do animal. 1 pinça de preensão do útero. 1997). lavagem da região com água e sabão e aplicação de solução antiséptica. Inicialmente faz-se a tricotomia do flanco e da região coccígea. A localização do primeiro espaço intercoccígeo é facilitada pela elevação e abaixamento da cauda. 1989. gigantismo fetal absoluto ou relativo. GRUNERT e BIRGEL. 1999). 1. retenção fetal. em grande parte. A penetração do canal pela 3 . torção uterina irreversível. 1 porta agulha. 2001).4. Já quanto aos cuidados no preparo do campo cirúrgico.Procede-se à realização da contenção. feto enfisematoso e impossibilidade de correção de distocia ou fetotomia (ARTUR.YOUNGQUIST. e campo fenestrado(GRUNERT e BIRGEL. 1997). 1. oclusão do colo uterino.Segue-se com a anestesia epidural baixa ou peridural com Lidocaína 2% (5 a 7 ml) ( (YOUNGQUIST. quando possível (MASSONE. YOUNGQUIST. TONIOLO e VICENTE. de forma a facilitar a movimentação do rúmen evitando o timpanismo (GUIDO. 2003). deve-se seguir os procedimentos descritos por Grunert e Birgel (1989): tricotomia de todo o flanco esquerdo. dos cuidados de higiene e antissepsia utilizados. 1993. 1993. 2003. 2003). TONIOLO e VICENTE. o qual precipita o aparecimento de uma depressão palpável entre as vértebras (TEIXEIRA. 2 tesouras. Após a localização correta. pinças hemostáticas. A seguir. MASSONE. ŜLOSS e DUFF. agulhas e fios de sutura apropriados depositados em solução de antiséptico. 1 afastador.As seguintes indicações devem ser consideradas: estreitamento das vias fetais (angústia pélvica. monstruosidades. Assim o veterinário que executará a cirurgia deve estar preparado convenientemente para um procedimento asséptico (GRUNERT e BIRGEL. ANDERSON 1996. 2 correntes obstétricas providas de cabo para tração. O material mínimo necessário inclui 1 bisturi. 1989. abertura insuficiente ou estreitamento do canal cervical) gestação abdominal ou ectopias fetais. 1999). edema de vulva e vagina. Trata-se de uma técnica em que todos os nervos aferentes do campo cirúrgico são dessensibilizados. Local para introdução da agulha e injeção do anestésico local (linha branca contínua). região insensibilizada (linha branca pontilhada) e suposto local para incisão do flanco(linha negra). particularmente em vacas combinando com a anestesia convencional para que doses menores de anestésico sejam usadas.Nestes animais há um ponto tradicional chamado Duanxue. A seguir. 2003. promovendo um bloqueio profundo de toda a fossa paralombar. O anestésico local é injetado de maneira a formar duas linhas convergentes. associa-se uma anestesia local por infiltração do tecido muscular e subcutâneo do flanco esquerdo. deve ser feito uma sedação pelo uso de xilazina (0. 2001).25 ml/100Kg ). isoxsuprin (230mg IM) para facilitar a manipulação. Observe que a cauda pode ser levantada acima e para baixo para facilitar a identificação da junção. 1 Posição da junção de Sacral-Coccigeal/Intercoccogeal para a injeção epidural. 2 Anestesia regional em bovino pelo flanco utilizando “L invertido”.A medicação deverá ser aplicada 10 a 20 minutos antes do inicio da operação. A analgesia por acumputura é extensivamente usada na China para a cesariana em grandes animais. na área de incisão(GRUNERTe BIRGEL. está localizado na linha média dorsal entre o processo espinhoso dorsal da ultima vértebra torácica e primeira vértebra lombar (LIN. 1999). observar os ramos ventrais dos nervos T13 a L4. 1999).Teixeira (2001) e Mealha (2001) recomendam para a anestesia infiltrativa a técnica do bloqueio em “L invertido”.agulha é seguida por algum nível de sucção devido à pressão subatmosférica ali existente(TEIXEIRA. 2001.4. são injetados 2/3 da dose do anestésico local no tecido subcutâneo e muscular até a proximidade do peritôneo. CHEN e WU.São necessários nesse ato 80 a 120 ml de lidocaína 1% e agulha de 100 x 12(MASSONE. Fig. sendo uma paralela à borda dorso-caudal da última costela e a outra paralela à borda ventrolateral dos processos transversos lombares. 1.Neste momento também é recomendável a aplicação de um relaxante das contrações uterinas.FONTE: TEIXEIRA.1989). Anestesia Paravertebral 4 . Grunert e Birgel (1989) recomendam que nos animais que se encontram exitados e naqueles de temperamento nervoso e rebeldes ao manejo. Fig. Por fim. A área amarela mostra a área do bloqueio depois da injeção de lidocaína. FONTE: LEE. 5 Técnica cirúrgica Pode ser realizada por: • • • Incisão mediana: tem restrições para grandes animais pelo volume e peso dos reservatórios gástricos e vísceras em geral.5 cm onde se aplica mais 3 mL de Lidocaína a 2% para dessensibilização do ramo dorsal.0 cm para passar através da fáscia intertransversa. Ventro lateral direita.Grunert e Birgel (1989) e Youngquist (1997) afirmam que ela está indicada quando existe uma distenção acentuada do remem ou quando o exame clínico indica que a remoção pelo lado direito seria mais indicada.0 a 2. buscando atingir a porção cranial do processo transverso de L1. Introduz-se uma agulha (15 cm) verticalmente paralela ao processo espinhoso de T13. que acabam rompendo a sutura. 2001). como no caso no caso de feto de tamanho desporpocional situado do lado direito da cavidade abdominal Fig 4 Cesariana na vaca. O único órgão presente neste local é o rúmen. O procedimento é repetido entre L1. A agulha é então retraída 1. Em seguida deve-se desviar cranialmente em 1. 1.1% não usam a sedação rotineiramente. 66. FONTE: GRUNERT e BIRGEL.Notar a posição relativa entre o abdome e a incisão uterina.Promove completa insensibilização da parede abdominal e peritônio com intenso relaxamento muscular. 1989.6% usaram a epidural caudal junto com a infiltração local e 100% usam lidocaína. FONTE: MANDSAGER. 2003. Ventro lateral esquerda: é a mais recomendada. TEIXEIRA. pode-se prolongar o bloqueio para L2-L3 e L3-L4 (MEALHA. além de utilizar uma pequena quantidade de anestésico. Neste ponto é inoculado 5 mL do anestésico para o bloqueio do ramo ventral. Fig.Os ramos dorsais e ventrais dos nervos espinhais emergentes do forame entre a última vértebra torácica e a primeira vértebra lombar (T13-L1) e entre a primeira e segunda vértebra lombar (L1-L2) são dessensibilizados. que é facilmente rebatido cranialmente. 2001). o q eu indicou 74.L2 e L2-L3 (MASSONE. Abbott (2000) realizou um estudo por meio de 33 questionário com 33 veterinários no norte da Irlanda. 2003). não é muito recomendada devido à presença dos intestinos (GUIDO.3 Pontos para introdução da agulha na anestesia paravertebral. 1999. 5 . 2003). STASHAK. Fig 5: Extração do feto em direção à articulação do joelho esquerdo da vaca. Dexon II®) de tamanho 0 a 2 e do poligalactin 910 também foram recomendado(FRAZER.2 Exteriorização do útero Introduzindo o braço entre o rúmen e o útero. TAN. LAZZERI.1 Abertura da cavidade abdominal É feita com bisturi. tendo-se cuidado com as carúnculas e cotilédones. empurrar o rúmen cranialmente e com os dois braços abraçar e exteriorizar o útero. referendar com corrente colocada acima do boleto e liberar rapidamente a cabeça.1995. 1989.1993.1989.5. o músculo obliquo abdominal externo.GUIDO. 1. 1990) o uso do ácido poliglicólico(Dexon®.. 6 . Lavar a cavidade com muito soro fisiológico e suturar (.GRUNERT eBIRGEL. DOWLING e DART.2003.3 Abertura do útero Localizar um membro do feto e fazer a incisão em cima do mesmo.1. Alcançado o peritônio protege-se o campo operatório com campo fenestrado e abre-se o peritônio. Puxar fortemente o útero para fora da cavidade mantendo-o bem seguro e firme.5. DERIVAUX.5. BELL. Ao puxar o feto cuidado com o umbigo (se rompido muito próximo ao abdome pode causar persistência de úraco) e cuidado para não tracionar anexos. YOUNGQUIST. 2003). puxar rapidamente. Se for um membro posterior.5. 1997). 1. o interno e o transverso do abdome. Se for um membro anterior.1989). Esta incisão não pode ser muito profunda pelo risco de ferir o feto e deve ser feita em região bem exteriorizada para drenar os líquidos fetais fora da cavidade abdominal. 1989.(GRUNERT e BIRGEL. 1. GUIDO.GRUNERT eBIRGEL.FONTE: GRUNERT e BIRGEL.O fechamento da pele é realizado com pontos U deitado(. 1984. abre-se a pele. a musculatura subcutânea. (CATTELL. 1977) No gado. 1959. o categute cirúrgico 2 ou 3 é usado geralmente usado em uma única camada Lembert.4 Sutura do útero e parede abdominal No útero utiliza-se Cushing na ida e Lanbert na volta LAZZERI e BERNIS. Silva et al (2001) observou que as principais complicações pós-operatórias em seu estudo foram: a retenção dos envoltórios fetais (44%). 1967. Barkema et al. usando incisão no flanco esquerdo. FONTE: LAZZERI. A cesariana acarretou aumento do período de serviço e do número médio de serviços por concepção das fêmeas operadas. A maioria das fêmeas foi operada em estação. quatro éguas que tinham obstruído parcialmente canais pélvico(2 destas éguas tinham perdido previamente potros por causa de distocia) e na quinta foi suspeitado adesões cervical que puderam obstruir passagem do fetos através do canal pélvico. (1992) estudaram a fertilidade. especialmente quando a idade na época do parto for inferior a 730 dias. assim contatou que a cavidade uterina de 83% (19/23) das vacas foram contaminada com as bactérias no momento em que o útero foi aberto.Netas fêmeas a cesariana foi 7 . anestesia paravertebral ou anestesia local. 2 CESARIANA EM EQÜINOS 2. Watkins (1990) realizou. Em 38% dos casos.6 Pós-operatório O animal submetido à cesariana normalmente está sem abertura de cervix o que dificulta a eliminação dos anexos. 1977. A incidência é maior na primeira cria. exceto quando o bezerro estava morto.1 Considerações gerais Para Artur (1979). A contaminação dos líquidos fetal começa provavelmente antes da ruptura das membranas fetal. a indicação cirurgica deveu-se à desproporção do bezerro. peritonite (2%) e edema (6%). prenhez resultante das raças de dupla musculatura e histórico de partos por cesariana contribuíram para o aumento da necessidade dessa cirurgia. 2003). deiscência de ferida (6%). A exteriorização do útero não pareceu ser essencial. sendo que 84% das operações foram realizadas nas fazendas de origem. antes do fechamento do primeiro plano de sutura do útero.Fig 6: Fixação do útero com pinça própria e aplicação de antibiótico( cápsulas ou tabletes) pelo ângulo superior da incisão uterina. no período de 1980 a 1989. Cattell & Dobson (1990) pesquisaram a freqüência de cesarianas e relataram que os animais mais comumente operados foram novilhas das raça Holandesa. longo período de gestação. Mijten(1997) afirma em seu estudo que as complicações após a cesariana na vaca são principalmente o resultado das infecções por contaminação no momento em que o útero foi aberto. 8 cesarianas em 5 éguas. a probabilidade se obter potros vivos de distocia por meio da cesariana é pequena. retenção associada à metrite (26%). respectivamente. pode-se usar a ocitocina (GUIDO. metrite clínica (48%). Se estiver bem próximo ao período do parto. 1.FONTE: GRUNERT ET AL. a produção e o descarte em bovinos leiteiros que foram submetidos à cesariana e verificaram que o aumento do número de casos pode ser atribuído ao uso freqüente de raças de corte ou de dupla musculatura nos cruzamentos. Fatores como bezerro do sexo masculino. utilizando-se material cirúrgico semelhante. sem complicações em todos os exemplos. na qual o potro está inacessível para correção por manipulação ou fetotomia. de acordo com Artur (1979). 3.Contudo. Torção uterina a termo.4 Anestesia Atualmente existem várias possibilidades de anestesiar-se de forma conveniente às éguas que serão submetidas á cesariana. principalmente na apresentação posterior e a posição “cão sentado”.Em quaisquer circunstâncias. entretanto. Nas gestações bicornual com ou sem flexão do útero. Circunstâncias em que ocorreu prolapso da bexiga ou reto. a contenção é feita em decúbito lateral sobre carinho de contenção. Derivaux (1984). Na cesariana com o animal em estação. Com o animal em decúbito. 1989). Hungerford e Schaeffer (1999) afirmam.Deve-se. Freeman. Mal-apresentação de membros compridos. 8 . 2. apresentação dorsotransversa e ventrotransversa 4. que se a distocia é de longa duração e o canal do parto se encontra severamente lesionado. observa-se ruptura do útero. associa-se um pé-de -amigo duplo e a contenção da cabeça por auxiliar eficiente. tanto com o feto vivo tanto como ele morto. 2. devendo ser encaminhados com urgência para locais apropriados. laceração grave da vagina ou edema exagerado nas regiões vulvo-vaginal e perineal. Conforme Massone (1999) é fácil induzir o parto na égua. mesa cirúrgica ou sobre a cama de palha ou cavaco coberta com lona. a cesariana é preferível à extração vaginal forçada. é utilizada para o tratamento de distocia. os cuidados devem ser redobrados em relação à anti-sepsia.Além disso.Grunert e Birgel (1989) e Youngquist(1997) nas seguintes indicações: 1. sua contenção será contra uma parede ou um tronco que permita o controle das reações.executada antes delas entrarem no primeiro estágio do trabalho. Contudo. Quando durante a parturição. 1989). 2003). 2. sempre ter em mente a possibilidade do animal deitar-se. 5. uso de antibióticos. em um estudo com 116 éguas que para a resolução da distocia foram submetidas a cesariana ou a extração forçada. os eqüinos são mais sensíveis à problemas infecciosos e portanto necessitam de centro cirúrgico. 2.Dentre os métodos usuais destacam-se os abaixo descritos. informando ainda o proprietário sobre os riscos de infecção e perda do animal (GUIDO.3 Preparo do animal e material cirúrgico Recomendam-se os mesmos cuidados já descritos para bovinos. Caso isso não seja possível. o membro posterior situado do lado da incisão deverá ser mantido para trás (GRUNERT e BIRGEL. técnica cirúrgica.2 Indicação Apresentam conformação anatômica que favorece sobremaneira o parto normal (GRUNERT e BIRGEL. 1999). Ao se observar a perda do reflexo laringotraqueal. Preliminarmente faz-se uma pré-medicação para obter a sedação com levopromazina (0.Posteriormente realiza-se a anestesia epidural baixa com cloridrato de procaína 2%(10-15 ml) (GRUNERT e BIRGEL.Realiza-se a Tricotomia e a anti-sepsia no local da incisão. induz-se a anestesia com quetamina (2 mg/ Kg IV). realizar a intubação endotraqueal. na impossibilidade do animal permanecer o longo período da operação em estação (GRUNERT e BIRGEL. para animais de alto risco quando se tenta salvar ao feto.Nestas situações é mais aconselhável realizar a cirurgia sob anestesia geral. 1999). associado a uma dose de cloridrato de morfina(0. É suficiente a pré -medicação sedativa com Hidrato de cloral(8 a 12 g/animal).1 a 0. Fig 7:Anestesia inalatória na égua por meio da intubação endotraqueal .5 Técnica cirúrgica 9 .Finalmente executa-se infiltração subcutânea e intramuscular em forma de retângulo na fossa paralombar. em doses crescentes e suficiente para um plano que dê analgesia necessária (MASSONE. 1989). Após 15 minutos da sedação para que o animal entre em decúbito espontâneo.Os anestésicos administrados à égua devem causar depressão mínima para o potro (ALLEN. abrangendo a extensão da incisão cirúrgica. para a manutenção da anestesia adaptar a mascara ou se possível pode-se realizar a intubação endotraqueal para fornecer o anestésico inalatório. 2003. 1994). que pose ser opcional em função da habilidade da equipe cirúrgica. halotano ou isoflurano (1. 1999).1 Animal em estação Evita-se riscos para a mãe e para o fero.2. devido uma aplicação mínima de anestésicos.5 a 2. 2.5mg/Kg IV) ou clorpromazina (0. importante para animais de alto risco cirúrgico (MASSONE.4.Por fim.5 V%). com 80-100 ml de lidocaína empregando-se uma agulha de 100x 10(MASSONE. Para os casos que não existe possibilidade de executar o ato cirúrgico em estação devido se tratar de uma égua de temperamento indócil. FONTE: JEFF KO.05mg/Kg a 1% IV).2 g/ animal) injetada lentamente via endovenosa. 1989) e ainda conforme Massone (1999). Os vasos do útero devem ser convenientemente ligados (ATHUR. Todo o abdome inferior é tricotomizado. 1979.Isso permitirá a exteriorização primeiro de um membro( após ruptura digital do âminion) e então o outro.O conteúdo do útero deve. ALLEN. o útero pode sofrer prolapso durante o 3º estágio do parto (ALLEN. tomando-se cuidado para não incisar vísceras que podem estar imediatamente abaixo.Recomenda-se que presságios de oxitetraciclina sejam colocados no útero (ATHUR. em alguns casos. 1994). DERIVAUX. se a última membrana for incluída. mas ajuda será necessária para puxar o potro para fora do abdome(ALLEN. podendo causar a morte da parturiente. 1979).Após a recolocação do útero em sua posição.Temos ainda a incisão na linha media (ATHUR. 1997). 1997).Opera-se o lado que permitir melhor acesso ao corno uterino grávido (GRUNERT e BIRGEL. 2002. o acesso por incisão na linha média pré-mamária é provavelmente melhor (ALLEN. pois hemorragias uterinas nas éguas são graves. 1989). sempre que possível ser escoado. 1979. 1989. 10 . YOUNGQUIST. lavado cuidadosamente. 1989). As secundinas. 1984.O tecido conjuntivo subcutâneo. A pele é cortada ao longo da linha média do abdome em frente ao úbere. 1984). 1994). secado e coberto com solução cirúrgica. de aproximadamente 30 a 40 cm de extensão na dependência do porte do animal segundo Grunert e Birgel (1989).A cavidade peritoneal é exposta e mão é passada para reconhecer o útero palpando o feto dentro dele. bem como antibioticoterapia e fluidoterapia podem ser requerida. 1994) por originar mínimo traumatismo e hemorragia. 1997). Um pano cirúrgico estéril com abertura central correspondendo ao local da incisão é colocado sobre o abdome (DERIVAUX. 1979. 1984).1984. podem ser facilmente retidas ou simplesmente afastadas do local as sutura para não ocorrer a retenção mecânica. implica racionalmente a abordagem do flanco esquerdo para realizar a cesariana (DERIVAUX. A parede uterina é fechada com sutura de Lembert ou Cusching.Alinha Alba agora é procurada e incisada. Fig 8: Recuperação da égua no pós-operatório. DERIVAUX. FONTE: Hagyard-Davidson. 1979). 2. deve ser dado à égua uma dose pequena de ocitocina intra-venosa (50 UI) para auxiliar na involução e expulsão das membranas e fluidos(ALLEN. 1994. A disposição topográfica dos órgãos abdominais na égua gestante e principalmente o fato da localização do ceco ao nível do flanco direito.Contudo.Várias tipos de incisões são recomendadas: do flanco esquerdo ou direito e ventrolateral. 1994).(GRUNERT e BIRGEL. a uma distancia de 25 a 35 cm. GRUNERT e BIRGEL. evitando-se o alantocórion.O útero deve ser incisado segundo Allen (1994) ao redor de 23 cm ao longo da curvatura maior tanto quanto possível e sobre a proeminência fetal (ATHUR. com quantidades variáveis de gordura é seccionado. YOUNGQUIST. YOUNGQUIST. além de dar maior acesso ao útero (ATHUR.6 Pós-operatório Após a cirurgia uma injeção de anatoxina tetânica é aplicada. o abdome é suturado conforme já descrito para bovinos. 2001). choque. são os principais fatores que o veterinário deve avaliar antes de eleger a cesariana. para que o procedimento cirúrgico tenha êxito é necessário a aplicação rigorosa das medidas profiláticas e terapêuticas.Nas cesarianas realizadas por Watkins (1990) as membranas fetais foram retidas por até 72 horas que seguem a cirurgia. herniação. aumenta a morbidade e a taxa de mortalidade para a égua e para o potro aumente (FRAZER. A fertilidade nos casos de distocia com manipulação vaginal prévia mínima que foi resolvida pela cirurgia cesariana é mais favorável (FRAZER. 2001). e prolapso do útero. 1994). associado a retenção e expulsão da placenta. excluindo o grupo que realizou a cesariana simultaneamente com a cirurgia de cólica foi de 88% (51/58). o fator econômico do caso.Além disso. 1979). A taxa da sobrevivência em todas as éguas que foram submetidas à cesariana. ALLEN. laminite (DERIVAUX. as complicações sistêmicas da retenção se secundina não foram observadas. 11 . rompimento de sutura. a habilidade do veterinário e a existência de condições cirúrgicas. 1984. Complicações pós-operatória incluem hemorragia uterina e vaginal. CONCLUSÃO Ao final do trabalho foi possível concluir que a viabilidade do feto.Certamente como a duração da distocia. Pode-se esperar um prognóstico reservado para a fertilidade futura da égua se a cirurgia for tentada depois que ela esteve sujeitada às manipulações vaginal prolongadas. e aderências uterinas tem constituído os principais problemas pós operatórios( ATHUR. A fertilidade reduzida que tem se observado em éguas depois da cesariana pode ter mais relação com a causa e com o tratamento inicial da distocia do que com a cirurgia propriamente dita. entretanto. DERIVAUX. 1990. D. p. Sulina. Cesarean section in dairy cattle: A study of risk factors Theriogenology.589-99.. E. Acesso em 06 abril 2005. Caesarean section and other methods for assisted delivery: comparison of effects on mare mortality and complications. FRAZER. S.Madrid: Acribia. 2000. J. Investigate variations in surgical technique and pre and post-operative management of bovine caesarean section cases. The Veterinary Record. 1992. veterinária.niva. Theriogenology.br/ cesariana_vaca)> .org. E.. et al. H. J. 1979. Equine Vet J 1999... 31:203-207. Fertility. v. Ithaca NY.ohio-state. ANDERSON. ARTHUR. Porto Alegre. W.nih. E.fcgi?cmd= Retrieve&db=PubMed&list_uids=10402132&dopt=Abstract>. BARKEMA.ncbi.37 (2). M. G.htm>.ivis. p. Acesso em 06 abril 2005.In: Recent Advances in Equine Reproduction . Ball B. 489-506. Acesso em 06 abril 2005. Obstetrícia Veterinária.E.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.edu/ docs/ClinSci/bovine/repro/csect. 38. et al.vet. Disponível em: <http:/ www. e BIRGEL. G. Reprodução e Obstetrícia em Veterinária .C. production and culling following caesarean section in dairy cattle.org/advances/ Reproduction_Ball/obstetrics_frazer/chapter_frm. B. Obstetrics.ed.nlm. ECTORS.G. C.127:395-399. Acesso em 11 abril 2005. 12 GUIDO. D. 1994.asp > . A.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 ABBOTT. Disponível em: < www. Fertilidade e obstetrícia eqüina. 1984. February 1992. Acesso em 02 abril 2005.bvapublications.ed. H. SCHAEFFER. BARKEMA. Disponível em:< http://www. L. Disponível em: < http://veterinaryrecord. 12 . DOBSON. Cesariana nas vacas.gov/entrez/query.mcguido.vet.uk/word_docs/caesar.com/ cgi/content/abstract/127/16/395? > . D. (Ed. W. Fisiopatologia de la gestation y obstetrícia 2 3 4 5 6 7 8 9 FREEMAN. et al. H. 2001.A. 4.H. CATTELL.). H. 3. Surgical Management and Decisions In Problem Birthing. Survey of caesarean operations on cattle in general veterinary practice. Disponível em: <www. 2003. Ithaca NY. Disponível em:< http://www. ALLEN. v. Ithaca Y. International Veterinary Information Service.doc> Acesso em 02 abril 2005.College Of Veterinary MedicineThe Ohio State University Columbus.L.São Paulo. 1996.. 10 11 GRUNERT. 1989. F. H. HUNGERFORD. Local.vet. Acesso em 11 abril 2005. 19 MANDSAGER. paragonvet.okstate. The Web-Journal of Acupuncture . Species: Horses Oklahoma State University College of Veterinary Medicine. 1997. F. Disponível em: <users. L.J. F.htm>.br/cab1-1-05. Sup. 2002. da Esc.auth. P.Disponível em: <http://www. In:Aulas Práticas de Obstetrícia.: 1º edição. D.ufg. Acesso em 02 abril 2005. Acesso em 06 abril 2005. Anesthesia & Analgesia. M. da UFMG. 2000./jun.asp>. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara . 1999.hagyard.2003. CHEN W. 21 MEALHA.asp> . Bovine Caesarian. Avaliação das complicações e da performance reprodutiva subseqüente à operação cesariana realizada a campo em bovinos. Anestesiologia veterinária – Farmacologia e técnicas . 14 JEFF KO. em: < 24 SILVA. Acesso em 13 abril 2005. W. L.okstate. 18 LIN J. Acesso em 11 abril 2005.Disponível em: <http://www.doc>. de Méd. Vet. jan. 1999. p.H. Ciência Animal Brasileira 1(1): 43-51. A.spinolapereira. Theriogenology. Local anesthetic techniques.S. v.Faculdade de Medicina Veterinária Universidade Técnica de Lisboa. L. 15 LAZZERI. J. Acesso em 02 abril 2005. Fases fundamentais da Técnica Cirúrgica: Diérese – Hemostasia – Síntese. Disponível em: < www. Cesariana. Bacterial contamination of fetal fluids at the Time of cesarean section in the cow.cvm. VANDEN BOGAARD.med.okstate..edu/courses/vmed5412/Lect23.M.E.html >. S.cvm. Varela Livros Ltda.13 HAGYARD-DAVIDSON. O. R.. 2004. 22 MIJTEN. 1959. H. 16 LAZZERI. Disponível em: < www. 20 MASSONE. 23 PARAGON VETERINARY GROUP. Disponível em: < http://www. XII. 2001. Acupuncture Treatments for Animal Reproductive Disorders. Maastricht. et al. Arq.com/ ser_surgery.edu/courses/med5412/Lect013. e KRUIFL M. 2003. São Paulo. 17 LEE. L.cvm.A. A.htm> Acesso em 02 abril 2005.48. 1977.W e WU L.513-521.gr/~karanik/ english/articles/lin99rep. 13 . Vol.htmlfigggura > Acesso em 06 abril 2005. Disponível http://www. Disponível em: < www. Contribuição à síntese cirúrgica. 225p.J. Oklahoma State University College of Veterinary Medicine. de.Koogan.edu/courses/vmed5412/Lect17. Oklahoma State University College of Veterinary Medicine. e BERNIS.com/la-pages/bovine_caesarian.pt/Biblioteca/Obstetr %EDcia/Pr%E1ticas%20Obstetr%EDcia%20Reisinho%20.pdf> .2003. 3ed. Revista CFMV –Suplemento técnico. Disponível em: <http://www. O flanco da vaca é preparado para a cirurgia. Acesso em 11 abril 2005.pdf>. R. 28 TEIXEIRA. 30 WATKINS J.W.R.gov/entrez/query. 26 STASHAK TS. Acesso em 13 abril 2005.J . n º 22.H. Voss JL.nih.H.ava.. Philadelphia. H.197(12):1639-45. Jan/Fev/Mar/Abr/2001 29 TONIOLO. 1993. March 2003.J. Baltimore: Williams & Wilkins. W. . R.. Manual de Obstetrícia Veterinária. In: McKinnon AO. No 3. 1990 Dec 15. 1997. 27 TAN R. V. se o feto estiver em uma apresentação anormal. W. 1980.nlm.H.au/avj/0303/03030140. A.B Saunders Company.S. DOWLING. Philadelphia: W. 2004. Current therapy in large animal therriogenology . São Paulo: Livraria Varela. BELL.. VANDEPLASSCHE M. DUFF.Lea and Febiger. Caesarean Section. FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP.se o feto for grande em relação a pelve da mãe. 14 . Handebook of bovine obstetrics. 31 YOUNGQUIST. et al.ncbi. Elective cesarean section in mares: eight cases (1980-1989). 1993:437-443.R.Suture materials: composition and applications in veterinary wound repair Aust Vet J Vol 81. VICENTE.P.25 ŜLOSS. ANEXOS A cesariana é executada em animais domésticos para as mesmas razões que são nos seres humanos . fcgi?cmd=Retrieve&db=PubMed&list_uids=2276966&dopt=Abstract>. G.com. M. Anestesia: Local e Regional em bovinos. editors. J Am Vet Med Assoc. J. Equine Reproduction. BA e DART. Disponível em: <www. FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP. O local da cirurgia é esfregado completamente diversas vezes. FONTE:PARAGON VETERINARY GROUP. 2004. 2004. FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP. 15 .Um bloqueio paravertebral do nervo está sendo executado usando-se o anestésico local após a contenção apropriada do animal. O veterinário prepara os material necessário para a cirurgia. Uma vez que o anestésico fez efeito é realizada a incisão inicial da pele. 2004. 2004. FONTE:PARAGON VETERINARY GROUP. A incisão é continuada nas diferentes camadas da musculatura abdominal e eventualmente na cavidade abdominal própria. 2004. FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP. Extração do bezerro. É feita a incisão no útero para expor o pé do bezerro. 16 . 2004. FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP. VETERINARY GROUP. 17 . 2004. delicadamente através da FONTE:PARAGON VETERINARY incisão.O primeiro pé é exteriorizado. é extraído delicadamente OO bezerro bezerro é extraído através da incisão.2004. Neste estágio a incisão do útero pode ser ampliada.como no caso mostrado-um assistente também ajudará com as suas mãos levantando o neonato. FONTE:PARAGON VETERINARY GROUP. 2004.FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP. Se o bezerro for grande . 2004. FONTE: PARAGON GROUP. tendo-se cuidado para não tocar no veterinário e nem na área cirúrgica. antes que o outro pé localizado. A incisão uterina é cuidadosamente fechada com a sutura de Cushing. 1977. 18 . Solução fisiológica é infundida no abdômen para repor algum do líquido perdido durante a cirurgia e também reduz significativamente a possibilidade de adesões. PARAGON VETERINARY GROUP. FONTE: LAZZERI. 2004. 2004. FONTE:PARAGON VETERINARY GROUP. Fixação do útero com pinça própria e aplicação de antibiótico pelo ângulo superior da incisão uterina. 1967 PARAGON VETERINARY GROUP. Fonte: Grunert et al. o peritônio o e as camadas musculares são suturadas.A seguir. Finalmente a incisão da pele é fechada. 2004. 1967 19 .2004.FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP. antes do fechamento do primeiro plano de sutura do útero. FONTE: GRUNERT et al. o mostrado aqui é uma sutura contínua já da pele.Há uma variedade dos materiais tipos de sutura que podem ser usados . E por fim a administração do colostro por tubo. 2004. FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP. 2004. 20 .FONTE: PARAGON VETERINARY GROUP.
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.