Carl Rogers, Marian Kinget.psicoterapia e Relações Humanas.vol 2

March 25, 2018 | Author: Bruna Talita | Category: Attitude (Psychology), Empathy, Experience, Behavior, Psychology & Cognitive Science


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■t.ESTANTE D l PSICOLOGIA Teorias da Adolescência •Rolf E. Muuss Infêncle e Adolescência - Stone e Church Liberdade para Aprender •Carl R. Rogers Ludotereple- Virginia Mae Axllne Nossos Filho« e seus Problemas •Heloise de Resende Pires Miranda Pslcotarapla da Grupo com Crianças - Halm G. Glnott Psicoterapla e Relações Humana» - Carl R. Rogers e G. Marian Klnget Terapia Comportamental na Clínica •Arnold A. Lazarus Relaxamento Progressivo * Manual da Treinamento * Douglas A. Bernstein e Thomas D. Borkovec Psicologia da Criança •da Fase Pré-Natai aoe 12 anos - Maria Tereza Coutinho Quem é de Pedra?... Um Novo Caminho para a Psiquiatria —Jan Foudraine Psiquiatria a Poder - Giovenni Berllnguer Investlgeçfo Clínica da Personalidade • O Desenho Livre como Estímulo de Aper» oapç io Temática •Walter Trinca Educaçlo: Uma Abordagem Racional e Emotiva • Manual para Professores do Prl* melro Grau - William J. Knaus. Ed. D. Questionamos 2 • Psicanálise Institucional e Psicanálise sem Instituiçfo - Compila* çfo de Maria Langer ENSINO SUPERIOR Como Fezar Uma Monografia •Délcio Vieira Salomon O Homem e a Ciência do Homem •Wllllem R. Coulson e Cerl R. Rogers Modernização e Mudança Social •S. N. Elsenstadt Contribuição à Metodologia do Serviço Social •Borls A. Lima A Estrutura do Comportamento •Meurice Merleau-Ponty Poesia a Protesto em Gregório de Matos •Fritz Teixeira de Selles Poesia e Prosa no Brasil •Fábio Lucas Signos, Símbolos e Mitos •Luc Benoist P R Ó X IM O S LAN Ç AM EN TO S Psicoterapla Personellste • Uma Vlsfo Além dos Princípios Arnold A. Lazarus Psicodrama Triádico - Pierre Veill e Anno-Ancelln Schützenberger PEDIDOS IN TE R LIV R 0 8 DE M INAS GERAIS L TD A . Caixa Restai, 1843 •Tel.: 222-2668 Belo Horizonte •Mines Gerais Atendemos pelo Serviço de Reembolso Postal de Condicionamento Teoria a Pr&tica da Tarapla N&o-Dlretiva PSICOTERAPIA E ' “ ....... R ELATES HUMANAS Cari R. Rogers Professor da Universidade do Wisconsin G. Marian Klnget Professora d a Universidade do M ichigan TR A D U Ç Ã O . M a ria Luisa Blxxotto \ SU P ER V ISà O TÉCNICAi Rachel Kopit V.II PRATICA P O R 0 . M A R I A N KINQET 1 * td iç â e N I hterUvros Belo H o rizo n te • M. 0 . - 1977 P S Y C H O TH É R A P IE E T R E L A T IO N S H U M A IN E S Théorie et Practique de la Thérapie Non-Directive Carl R. Rogers et G. Marian Kinget C O O R D E N A Ç Ã O E D IT O R IA L : Rachel Kofcit C A P A : Cláudio Martins © Copyright by Studia Psychologica, Universidade de Leuven, Louvain — Belgium Ficha Catalográfica — (Preparada pelo Centro de Catalogação-na-fonte do Sindicato Nacional dos Edito­ res de Livros — R. J.) R631p Rogers, Cari R . Psicoterapia e relações humanas: teoria e prática da terapia não-diretiva [por] Cari R.=.Rtogers [e] G . Marian Kinget; tradução de Maria Luísa Bizzotto, supervisão técnica de Rachel Kopit, prólogo à edição francesa [porj J. Nuttin. 2.ed. Belo Horizonte, Interlivros, 1977. 2v. D o original: em francês: Psychothérapie et relations «íumaines Bibliografia 1 . 3 Psicoterapia 2. Relações interpessoais I. Kingst. G . Marian II. Título III. Título: Teoria é prática da terapia não-diretiva C D D — 016.«914 301.11 77-0046 C D U — 615.851:301.16 Direitos de tradução em língua portuguesa: IN TE R L IV R O S DE M INAS G E R A IS L TD A . Caixa Postal, 1843 — Tel. 222- 2568 Belo Horizonte - Minas Gerais ÍNDICE CAPtTUIiO I: CAPITULO II: CAPITOU» H l: Além das Técnicas .............. ................................. 9 A Prática das Atitude» ............................................ 1 — Exercício A ...................................................... 2 — Exercício B ...................................................... 3 — Exercício C ...................................................... xg 20 27 36 A ttesposta-Reiíexo ............................................................ Modalidades do reflexo ............................................. 1— A reiteração ................................................ 2 — 0 reflexo dosentimento ................................... 3— A elucidação ................................................ 63 64 67 83 CAPÍTULO IV: Gamo Conduzir a Entrevista ..................................... 1— A entrevistapreliminar ................................... 2 — Estruturar a relação......................................... 3 — Estruturação explicita ...................................... 4 — Estruturação implícita, operacional ................. 89 90 93 95 106 CAPITU LO Aoálise da Interação e do Processo (o caso da Se­ nhorita Vifo) ........................................................ . . 121 1 — Descrição .......................................................... 128 V: 2 — Análise 3 — Avaliação ...................................................................... .......................................................... 4 — Ueorganiaação CAPITÜIX) V I: 132 ^ ...................................................... 175 A Transferência e o Diagnóstico ................................ I — A transferência ................................................ 188 190 .............. 4 — U!m caso extremo.ï .. .............................0 CONCLUSÃO 1 — Atitude de transferência: sim — relação de transflerôncia: não .......................................................... ■■• 3 — Desaparecimento das atitudes de trans­ ferência ............... 3 — Riscos do uso dodiagnóstico psicológico ................ : ' 4 ................... IN D IC E R E M IS S IV O ..................................................... ................................................... 3 — Lógica da posição rogeriana com relação ao diagnóstico .......................................... 2 — a relação de transferência enquanto rea­ ção ao comportamento do terapeuta ................................ II — O diagnóstico 1 — O problema .............................. 192 194 202 203 207 207 210 212 214 215 ...................................... O homem e. daí permanecerem. As condições da terapia. essas atitudes devem ser comunicadas. num a certa medida. ao interessado.. o pro- . como ocorre freqüentemente. a capacidade de se tomar o ponto de vista de outro. no contexto terapêutico. para que sejam eficientes. Mas as melhores atitudes po­ dem se manifestar de modo inadequado. Seu papel consiste em pôr em prática atitudes e concepções fundamentais relativas ao ser humano — não na aplicação de conhecimentos e de habilidades especiais. um a vez que se tratam aqui de atitudes pouco comuns: a empatia. aquém das exigências da situação. M as não basta possuir as atitudes requeridas. Para ele o terapeuta deve se esforçar. reservados exclusivamente a seus contatos terapêuticos. a atitude verdadeira nunca deixa de se expressar.desta atitude é particularmente difícil quando se trata de pontQS. tão plenamente quanto possível. não deixa de exprimir um a característica primordial desta prá­ tica terapêutica tal como Rogers a concebe. fi necessário ainda saber expressá-las de maneira eficiente. tais co­ m o são enunciadas no capitulo I X (A 6) do pnmelro volume estipulam expressamente que. em linguagem usual. O risco de manifestações ineficazes é ainda forte. Certamente. ambíguo e mesmo desajeitado. A_prát£c&_. em se conduzir como pessoa — não como especialista. não é apanágio de todo o m undo. por paradoxal que seja. A empatia ou.de vista às vezes totalmente estranhos ap seu próprio ou diretamente opostos à lógica e à realidade elementares. em particular.Capitulo I ALÉM DAS TÉCNICAS A afirmação de que não existem técnicas rogerianas. a consideração positi­ va incondicional e a autenticidade. com freqüência. amplamente. de boa fé — e as que ele é capaz de pôr em prática. As respostas do terapeuta lhe parecem destituídas de substância. sua prática se revela difícil. Tam bém . verificase freqüentemente que a primeira reação do futuro terapeuta em rela­ ção ao diálogo centrado-no-cliente. de que a autoridade vai sendo substituída pela manipula­ ção. quase não se sabe sob que forma imaginá-la. pela experiência. desta atitude de tolerância. que ele poderá se revelar incapaz de adotá-lo mesmo a título ex­ perimental e durante o período limitado de tuna entrevista. da ineficiôn*' cia de atitudes contrárias. a agressão pela propaganda. Observando o panorama contemporâneo nós nos damos conta.fUsional. E no estágio atual da evolu­ ção dos problemas hum anos. a In­ teração baseada na prática que se apóia na empatia e na consideração positiva incondicional. Quanto à sua forma incondicional. Multas vezes é só depois de se convencer. mais a interdependência hum ana aumenta e máis a autenticidade tende a ser substituída pelos compromissos. e a força pela habilidade. é tão nova que. Estes casos nos propiciam ocasião de constatar a distância que pode exis­ tir entre o entusiasmo e a afinidade por certos valores. e às vezes deficiente. pela diplomacia. As m a* nlfestações. de aceitação e de respeito pelo outro. e m esm o dá experiência. não está naturalmente inclinado a adotar um a tal espécie de atitude. são raras. Por exemplo. Ocorre o m esm o com a consideração positiva incondicional. de significado. m esm o limitadas. H á u m lado b om em tudo isto. é pelo menos con­ fusa. esteja em vias de se "perder. que ele se dispõe a tentar um a abordagem em ­ pática. na ausência de exemplos concre­ tos. autentici­ 10 . a diferen­ ça que pode existir entre as concepções que o indivíduo professa — sem dúvida. parece-nos que é às custas da.praticamente desconhecida fora dos círculos rogerlanos. M esm o depois de lhe ter sido demonstrado em que con­ siste o valor de suas respostas — tanto em função do que elas contêm quanto em função do que elas não contêm — não é raro que lhe seja necessário tempo para assimilar o quanto este estilo de interação tem fundam ento. Mas. seja ela terapêutica ou não. Esta interação é tão diferente do comércio hum ano com um que o neófito muitas vezes não a reconhece m esm o quando lhe é dado observá-la. E as atitudes que sustentam este estilo lhe são tão estra­ nhas. isto é. na qual ele se pro­ duz) é. Som os levados a acreditar que se trata de um pro­ gresso real. se não é negativa. pelas “abordagens in­ diretas". todo progresso tem seu preço. £ interessante observar que esta incapacidade pode se manifestai até em pessoas profundamente apaixonadas pelo' pensamento de Rogers. Quanto à autenticidade. quanto mais complexa e organizada se torna a vida em sociedade. parece que esta caracteristica do compor­ tamento. Com efei­ to. aquela que corresponde à conservação desta atitude qualquer que seja o comportamento do indivíduo (desde que este comportamento não viole a estrutura da situação. E mes­ m o ai. econômica (>>. internacional. É obrigado a exer­ cer este equllibrismo bem antes de atingir a idade adulta. inevita­ velmente. isto é.. como. tanto positivos quanto negativos. o conteúdo desta obra corre o risco de per­ der em relevo. 1957. Desta diver­ (1) P A C K A R D .. N. suficiente. Nova torque. The Lonely Crowd. Estas exigências contraditórias devem. ela tem formas características — inspiradas e limitadas ao mesmo tem­ po pelos princípios nos quais ela se apóia. New Haven Yale Univer- lity Prew. Afeta. mas. uma ilus­ tração se impõe.. Sem esta perspectiva. Jr. não de técnicas. desde a escola primária. sejam quais forem estas formas. igualmente. Vance. (2) R IE S M A N . no entanto. D E N N Y . poderia alguém dizer. A descrição das atitudes e princípios relativos à psicoterapia rogeriana não é pois. pelo menos. As­ sim se alarga esta brecha entre o que o indivíduo sente e o que repre­ senta para si mesmo. por exem­ plo. Um a demonstração ou. tendo em vista aqueles que estariam tentados a passar diretamente à parte prática. » ( J ) W H Y T E . Um a terapia desprovida de téc­ nicas rfão é bastante espetacular para ser instrutiva por si mesma. é certo que a terapia rogeriana não tem técnicas. The organization man. Para que o interessado possa tirar proveito dela é necessário que esteja em condição de situar a prática na perspectiva das teorias que ela visa apli­ car. W. elas devem com­ portar certos elementos sem os quais não poderiam ser válidas. Inicialmente. frutos. Estas formas podem ser mui­ to variadas. The Hidden Panuedert.dade que se estabelece e*te refinamento das relações. o com­ portamento particular. H. de­ monstrá-la? Esta questão nos é freqüentemente colocada e oferece oca­ sião de precisar a finalidade desta parte prática. como será possível ensiná-la e mais ainda. Esta mudança de táticas se observa não somente no plano da vida pública. Simon end Schmter. Mas. a prática simultânea da afirmação de si e da adaptação ao outro — que Rlesman chama a “cooperação antagonista" (2). 11 . Estas mesmas condições ex plicam a procura crescente de assistência psicológica nas sociedades superorganizadas. que apenas uma demonstração quase não produziria. mas também a tomada de consciência de numerosos impulsos. 1950. Ressaltemos. G L A Z E R . e até mesmo em significação. D . 1956. se esta terapia é uma questão de ati­ tudes. serem representativas dos princípios colocados em questão. dificultar não somente a expressão. Algumas dentre elas estão mais diretamente de acordo com os princípios em causa e são de algum modo mais parcimoniosas ou mais felizes que outras. Nova lorqiie. na realidade. David McKay Co. denominada alienação de si e reconhecida como o mal típico do “homem da organização” <3i. Mas. H. O homem encontra-se diante da necessidade de realizar equilíbrio« psicológicos extremamente difíceis. nacional. Co-S m o todo fenômeno psicológico evoluído. são de natureza a despertar a necessária atenção para u m a tortia-1 da de consciência diferenciada d o que constitui u m comportamento cen-l trado em outra pessoa e do qiie não o constitui.I rapeuta rogeriano. para suas funções de alter ego do cliente. e de u m a variedade de exercícios que consistem.I coterapia e a prática supervisionada. pode-se pelo menos evocar e | apontar seu sentido. respeitoso e caloroso. a lei­ tura. apanhando cada co­ municação do cliente e procurando lhe dar u m a resposta.sidade resulta que não se poderia fornecer a demonstraçao — única e | “ ortodoxa" desta terapia. ou practicum.> periência do outro — ou. acom panhada ou não da audição de gravações. M as.se cham a prepracticum. representa o resultado de u m a * aprendizagem. representativos desta orientação. seja por m eio de u m a psicoterapiá didática! com u m terapeuta rogeriano. vejamos rapidamente em que consiste o prepracticum. em linguagem rogeriana. convém criar sucedâ-i neos capazes de conduzir a efeitos que se aproximem dos que resultam! do contato direto. sem dú-1 vida.j ta para as suas funções de “ressonador”. isto é. Antecipando u m pouco u m artigo sobre a formação prática do te. como estesl recursos não estão ao alcance da grande maioria. (Não é raro serem certas respostas do estudante. superiores 12 . Trata-se de u m seminário que se situa entre os cursos teóricos de psi. a em 9Ê patia ou qualquer outra atitude que seja. assim com o os comentários e as sugestões que o acompa-1 nham . tam bém .] ge u m a variedade . É com esta finalidade que procuramos apresentar aqull u m a seleção de material e de exercício tomados ao que — nos progra-1 m as de formação terapêutica — . terapeu. por exemplo. de entrevistas con­ duzidas por terapeutas competentes. Parece-nos que 1 este material. — alimentada pelas concepções apresentadas no pri-l melro volume — é suscetível de impulsionar o esforço necessário a estai transformação interna que é o desenvolvimento de u m a atitude. Este seminário abran. do ponto de vista dos diversos princípios que o terapeuta visa a colocar em prática. M as. seja pela estada mais ou menos prolonga-1 da n u m ambiente com o o Counseling Center de Rogers. Estes exercícios compreendem. isto é. o resultado de u m a interação entre o indivíduo e | o m eio. pelo “contágio social”. entre outros. em ler a entrevista. Estas respos­ tas são comparadas em seguida às que são realmente dadas pelo tera­ peuta e são discutidas do ponto de vista de seus respectivos méritos e deméritos. Pois atitude não quer dizer “qualidade inata” . Esta tomada de cons-j ciência. por sua vez.de exercícios que visam a preparar o futuro. A form a m ais efetiva de realizar esta aprendizagem é. da ex. Por outro lado. Com preendem . é possível apresentar u m a amostragem vá-8 lida da maneira pela qual é praticada pelos terapeutas cuja personalida^fl de e comportamento são altamente representativos dos princípios que põensB e m prática. a análise e o comentário do diálogo. adotando o papel do terapeuta. se é quase impossível ensinar autenticidade. já que. isto é. E est^ dis­ tância que aludimos não é aquela a que s? refere a psicanálise. De fato. às vezes embaraçosas. O que exprime. é importante que sua capacidade de ressonância seja tão pura quanto possível. etc.ir a comunicação do cliente de um a forma tera­ pêutica. realmente. • •• E m quei exatamente.próximo da entrevista real. o estudante tem todo o tem­ po necessário para formular sua resposta. às vezes divertidas. cada um destes pontos. isto é. o futuro terapeuta deve servir. de um a forma que esteja de acordo com os pnncipios terapêuticos tais como são aqui compreendidos. Após a prática deste tipo de interação. da compreensão empática e da consideração po­ sitiva incondicional? Já que. serão estes exercícios suscetíveis de evocar o sentido da autenticidade. a análise e a discussão do material. pois. são constantemente guiadas las seguintes considerações: O que exprime. não -simplesmente flo que diz. se dê plenamente conta disto. (literalmente: representação de papéis). o cliente através de suas palavras? O que exprime a resposta do terapeuta — realmente? *** Será esta resposta empática? Demonstra consideração positiva incondicional? ^ £ (ou parece ser. para formu­ lar alternativas. de perturbações causadas pela presença indevida de elementos provenientes de seu próprio ponto de referência. denominado "roleplay”. A con­ versa é gravada e logo analisada ora pelos próprios interessados» ora com a assistência do professor. autêntica? 1. antes de tudo. De acordo com os que passaram por este tipo de exercícios e segundo nossa experiência e nossas próprias observações.). Por isto. Neste tipo de exercícios os estudantes adotam alternativamente os papéis de terapeuta e de clien­ te. realmente. o role-play e a análise que se segue são geralmente experiências eminen­ temente reveladoras — muitas vezes surpreendentes.. sempre cheias de interesse — dos traços e ten­ dências da personalidade dos indivíduos em interação. mas. como ressonador e amplificador da experiência do cliente. Ao mesmo tempo visam desenvolver um a C apacidade de reflet. «otp & * dis­ tância totalmente alheia à consciência do indivíduo Trata-se #*rai*s .às do terapeuta. desenvolver uma capacidadé de recepção pura e completa daauilo aiifi__o cliente^exprime. o estudante passa a um gênero de exercícios mais. em geral. ao contrário deste. pode exis­ tir entre os dois um a distância que se aproxima da oposição. Estes exercícios visam. interpretando diversos tipos de personalidades e de problemas. de certo modo. rapidamente. como acabamos de afirmar. o cliente através de suas palavras? O que o cliente diz e o que ele exprime difere com freqüência — sem que ale. o terapeuta um a terceira pessoa) Vejamos. tão despojada quanto possível. original ou role-play. para examiná-la. Esta reorga­ nização do campo da percepção — conduzindo ao estabelecimento de re­ lações novas entre dados antigos — é a essência mesma da psicoterapia rogeriana. da ^percepção. isto é. Estas palavras não representam também expressão de interesse para com o terapeuta. de que o indivíduo é potencial« mente consciente. Neste caso. como fazendo parte de sua experiência se lhe é oferecida a ocasião de perceber isso O fenômeno de que aqui se trata é comparável ao que se observa na percepção das figuras ambíguas encontradas nos manuais de psicolo­ gia d a forma. isto é. dé sentimentos. organizam os riados de—urna maneira determinada. Quando um a relação favorável custa a se estabelecer e a atlvida-_ de do cliente se assemelha mais a um a tentativa de se esquivar a qual­ quer comunicação tio que a u m esforço para estabelecê-la. Trata-se aqui de expressões do eu. gerador de relações novas.cia totalmente alheia à consciência do tadividuo.io e bastante positiva para justificar esta interpre­ tação. u m a ligeira modificação de u m elemento qualquer do material dado é suscetível de produzir um a m o­ dificação da primeira im agem. e das quais reproduzimos u m exemplo no capítulo III. torna-se a “figura” e o que era a “figura" passa a fazer a função de “fundo” . O s m esm os dados" passam a ser organizados de acordo com u m ' princípio novo. de que pode facilmente tornar-se consciente por-íeus próprios meios ou que recenhecé. E m outras palavras. Segundo certas carac­ terísticas. a própria figura. antes. Imediatamente. era percebido como forman­ do o "fundo”. Se a relação íosse favorável. do material apresentado. é quase certo que não representem sequer u m a questão. o tema central da percepção Este.. de atitudcé.. O cliente que experimenta a relação como profun­ damente satisfatória e útil não pensa. pode aconte­ cer que o cliente revele seu sentimento por palavras — não intencional­ mente críticas — como: "Você é doutor?” ou: “Este é o primeiro ano que você fa z . privilegiada. seria ingênuo tomar estas palavras literalmente. h u m .. A relação entre partes r. em inda­ gar o número de anos de prática de seu terapeuta. exemplo teórico pode ser convertido em um exenplo corrente — demasiado corrente — tomado à experiência prática do torapeuta esta­ giário. N o entanto. produz-se uma reorganização do cam po. Quando se apresentam estas figuras a grupos de indivíduos (ou a u m IndivíddB determinado) verifica-se que reconhecem imediatamente um a Imagem determipada de preferência a um a outra. O que. Tudo leva a crer que exprimam um julgamento. fcm geral. pode-se predizer as respostas com um grau de cetjeza miiito elevado. estas mesmas palavras poderiam ter urnsentldo muito diferente — prenunciando eventualmente um a atitude de transferência. neste estágio do processo. um a ten- 14 A . isto é. este tipo de coisa?” NaS condições que acabamos de indicar.. O que fázia parte do “fundo” da experiência passa a fazer parte da "figura” ou se tom a. Se o terapeuta responde ao “conteúdo”. se é este o primeiro ano que faço este “gênero de coisas". — mas de caráter negativo. a resposta do terapeuta mostra-se determinada a) pela_capacidade empática deste. o temor ou o mal-estar ' sentidos pelo terapeuta? Evita erros de interpretação — revelando dados de experiên­ cia que o cliente não assimilou e que. não se trata aqui de diagnóstico. evita incidir no erro da projeção — atri­ buindo ao cliente a insegurança. quinto ou enésimo ano de prática — demonstra. isto é.tativa de avaliação — provisória. que ss sub mete à terapia devido a problemas mátrimonais. são disponíveis à sua consciência. Suponhamos que este lhe responda dizendo: Terapeuta: "Esta questão é interessante e eu gostaria de aprqveitá-la para destacar um aspecto significativo de seu caráter. é freqüente­ mente — ousamos afirmar. A interpretação de u m de­ terminado comportamento. 3. d) por sua capacidade de harmonizar a. sua percepção de seu comportamento. não lhe são acessíveis? Observemos que quando falamos de “erro de interpretação” não nos referimos a interpretações errôneas. No caso presente você tenta insinuar . N a realidade. pela autenticidade do terapeuta ou. b) pela medida na qual sua ejqperiênçia^ em particular os dados imediatos de sua experiência. de acordo com o terapeuta rogeriano a interpretação é diretamente oposta aos objetivos visados pela terapia. o que acaba de dizer trai o antagonismo e o desprezo que sente para com os homens. Suponhamos. por exemplo. Ora. ao elemento puramente m a­ terial do que lhe é dito — indicando que este é seu 'primeiro. e seu respeito pela competência profissional do terapeuta conseqüentemente diminui. i . mas ‘de terapia. etc. por conseguinte. e pela medida na qual seu comportamento é guiado por estes dados. O que responde. geralmente — mais correta que a explicação (pelo menos a explicação imediata) que o próprio indivíduo é capaz de fornecer. mais ou menos ameaçadora. e se dirijam a um te­ rapeuta do sexo masculino. em linguagem teórica. Ora. o terapeuta? Vista a partir das concepções rogerianas. talvez. e c e de exprimir esta unidade de percepção e de sentimento por meio verbal e não-verbal. Com efeito. que não capta o verdadeiro significado do que lhe diz o cliente. você está tocando no âmago de seu proble­ m a. ou que é incapaz de enfrentar dire­ ta e eficazmente uma comunicação negativa. b. Será a resposta do terapeuta empática? To m a claro o sentimento impli­ cado na comunicação ou se detém no conteúdo simplesmente verbal? Se vai além do nível puramente verbal. Aparente­ mente suas palavras visam obter algumas informações simples — se sou doutor. realmente. o cliente percebe vagamente esta incapacidade. Contudo. que as observações em questão sejam feitas por um a cliente. pelo estado de acordo (em inglês: ^ongruence” ) entre sua exper ência. assim. c) pela consideração positiva in­ condicional que experimenta para com o cliente. por um profissional competente. auxiliar o estagiário a tomar consciência desta distância entre a expe­ riência e a percepção e as razões que explicam e que o impedem de com­ preender ou de reagir eficazmente a certas comunicações. Estas atitudes se originam. A resposta demonstra consideração positiva incondicional? Se o te­ rapeuta se mostra capaz de compreender a nota crítica contida num a co­ municação qualquer. É . segundo este terapeuta. alusões a um a falta de experiência pro­ fissional ou qualidades pessoais. seja por seus próprios esforços. O tom de voz e a expressão do rosto traem muita* /ezes o significado real das palavras. e até a m e intimidar. pelo caráter ambíguo. Acontece o m esm o no seu comportamento com seu marido. seja com a ajuda do supervisor — do qual u m a das funções é. Sem jamais se entregar à agressão direta. você procura pessoalmente se afinnar e ao m esm o tempo m e diminuir. será capaz de receber esta comunicação sem expe­ rimentar ressentimento. pur sivo de sua resposta — ainda que isto não se possa . aliás. das palavras. no entanto. é exatamente o oposto do que consiste a terapia. ou se explica pela incapacidade de con­ frontar de maneira explicita e eficaz situações ameaçadoras qre ele com ­ preende perfeitamente? Esta é u m a questão que o próprio terapeuta deve responder. o que o terapeuta diz pode estar absolutamente cor­ reto. seu pai ou alguma outra figura — como iremos rer" Notemos que. dizemos que lhe falta consideração positiva incondici* ta se traduz. senão dispõe de assistência psicológica. Note que não estou absolutamente aborrecido com você por isto. as atitudes que manifesta na situação familiar. eventualmente. você procura constantemente tomá-lo submisso e afirmar sua superioridade — assim como se observa claramente pelo que você m e disse até ago­ ra. para esta situação. esta falta de capacidade em ­ pática se explica por u m a incapacidade de perceber os elementos críticos relativos ao eu. £ esta resposta autêntica? Se o terapeuta se apega às palavras do cliente em vez de valorizar a comunicação. 4. nas relações com as figuras masculinas que tiveram u m papel impor­ tante na sua infância.q u e não tenho a competência necessária e desta forma. antagonismo ou hostilidade? Se se demonstrar inca­ paz. D e acordo com o rogeriano. precisamente. geralmente. o tipo de resposta seguinte pode ter um a significação muito diferente segundo o contexto fisionô­ mico e psicológico no qual se inscreva: 16 . u m problema que ele tem que jesolver. 5. form am a própria essência da terapia. Por exemplo. Este gênero de resposta constitui não somente u m a ameaça — implicando n o fato de que a cliente não é capaz de se conhecer e de se julgar — m as opõe-se diretamente à aprendizagem da tomada de consciência de si e da autodeterminação que. A amostra de comportamento que acaba de dar reflete o esquema d e suas relações com ele. por exemplo. provavelmen­ te. Você está simplesmente transferindo. A exigência de autenticidade desta terapia. prever que a maior parte dos leitores achará estranha e difícil a prática de u m modo de interação que emana do pen­ samento do cliente e que se desenvolve totalmente no ponto de reíe- 17 . esperamos. lhe será certamente permitido utilizá-las. de entrevistas gravadas. pode significar: “Tem o que não tenha compreendido bem o que quer dizer com esta pergunta. podem significar: “Você não tem a ousadia. não é propor formas “para serem copiadas” . experimentar os sentimentos cor­ respondentes. que o leitor interessado po­ derá completar os conhecimentos que. se a resposta é formulada com a voz acolhedora.” Ao contrário. Neste caso. qual é. no entanto. de insinuar que não tenho competên­ cia?" — ou ainda: “Permita-me lembrar-lhe que não cabe a você Jul­ gar-me. Deve-se. seu comportamento estará fundamentalmente em harmonia com suas necessidades e valores e sua atividade será suscetível de ser fecunda. ainda que se inspirando nos exemplos apresentados. opõe-se diretamente ao emprés­ timo e à Imitação.” Se estas palavras são acompanhadas ctó u m endurecimento da expressão b de u m tom de voz mais ou menos tenso. Se o leitor experimenta afinidade pelas formas par­ ticulares apresentadas. sua resposta não'está de acordo com os prin­ cípios em questão. o tipo de resposta que satisfaria às diversas exigências que acabamos de estipular? A apresentação e o comentário deste tipo de resposta é precisa­ mente um dos fins a que nos propusemos nesta obra. um a ausência total de sus­ peita ou de contrariedade. assim como alguns elementos de role-play. Para isto. Este material se compõe de casos completos transcritos.Terapeuta: “Não estou certo de ter compreendido plenamente sua questão. expri­ mindo u m desejo sincero de compreender. ainda. Será que você poderia esclarecê-la? Não hesite em dizer francamente o que pensa. lembremos que a finalidade desta apresentação de amostras de um a interação “centrada-no-cliente". no entanto. estas páginas tenham conseguido comunicar.” Evidentemente. contidas nestas páginas. espero. O u ­ tros leitores. e (estes sobreftudo. concretamente. Enfim . Neste caso. Observemos. tentarão desenvolver um estilo de interação que lhes seja pessoal. destinados aos centros de for­ mação) de filmes Para concluir este primeiro capitulo. já que lhe falta autenticidade. o terapeuta pode conseguir responder de u m modo com­ preensivo e respeitoso sem. utili­ zamos passagens extraidas de diversas entrevistas conduzidas por tera­ peutas experientes e em particular pelo próprio Rogers. pelo estudo de um conjunto de material terapêu­ tico autêntico. D e fato.rência deste pensamento — muio»o vézès bastante diferente m nfuso e] complicado. Assim. o que no início tinha u m sabor es: . adquirindo. Se esta condição se realiza. não citamos a perfeição da forma — mas a autenticidade das ati­ tudes . 18 . podem igualmente produzir efeitos benéficos. não deixará de transparecer através da inabilidade da forma. Isto significa que seus esforçosi carecerão de eficácia? Não necessariamente. alimentadas pela percepção e a atração de valores. não pode m udar de "onda” por u m simples virar de botão. possui forças de compensação insuspeitadas.nho ou de empréstimo^ vai com o uso. não haveria terapia "centradano-cliente” . ao contrário do funcionamen­ to do rádio. O terapeuta descobrirá além disto qué. não tendo ainda tido ocasião de desenvolver u m estilo pes-S soai essas pessoas se vêem obrigadas a recorrer ao ^empréstimo de res-j postas do tipo contido nestas páginas. Se o comportamento hum ano. u m tilo pessoal. como condição desta te­ rapia. capazes de efetuar esta mudança em graus imper­ ceptíveis. menos parcimoniosas. pouco a pouco. Formas menos puras. O s exemplos de interação! dados nesta obra foram escolhidos devido à estreita correspondência c^inJ os princípios citados. Se a noção desta terapia tivesse que depender da "perfeição” ime­ diata e constante de sua aplicação prática. realmente o serão A Com efeito. seus primeiros esforços na prática desta terapia lhe parecerão artificiais — e do ponto de vista da forma. que^o terapeuta saiba comunicar suas atitudes de forma indireta. que é respeitado incondicjon^lmp. É necessário. Nestes capítulos — como no restante desta obra — devemos.^e. geralmente. incorporada ao que expn m e em resposta às palavras do cliente. O seguinte se concentra­ rá na forma que suas respostas tendem — naturalmente — a tomar quan­ do estão inspiradas pelas atitudes em questão. E m outras palavras. explícita.Capítulo II A PRÁTICA DE ATITUDES Suponhamos que o terapeuta possua as atitudes desejadas. limitar-nos ao aspec­ to puramente verbal do comportamento. Como procederá para comunicá-las ao cliente? Eliminemos. tais palavras lhe parecem desprovidas de sentido ou mesmo suspeitas. Considerando-se que experimen­ ta para consigo mesmo atitudes muito diferentes das que animam o te­ rapeuta de orientação rogeriana. Não porque o aspecto verbal represente necessariamente o aspecto mais importante da situação tera­ . etc. pois. é pre­ ciso que süas atitudes impregnem a estrutura e o conteúdo de todas as suas respostas sem que estejam. A forma concreta de como isto se realiza é objeto deste capítulo e do capítulo seguinte. O cliente tende a desconfiar de frases por demais tranqüilizadoras ou suavizantes. a forma direta. Este capítulo tratará das características gerais e constantes do comportamento do terapeuta. evidentemente. Este gênercTde declaraçao não produz. contudo. que consiste em dizer ao cliente que pode se sentir absolutamente livre: que ninguém pensa em julgá-lo. formuladas em qualquer delas. de Início. efeito algum — pelo menos nenhum efeito terapêutico. A fim de permitir ao leitor ver até que ponto ele compreende esta linguagem dos fatos. na medi­ da do possível. simplesmente. que se trata de u m a preferência pelo tipo de resposta — pelo ponto de vista a partir do qual a resposta é dada. m as. tom.pêutica enquanto relação interpessoal. tomemos alguns exemplos da obra de E . segundo a afinidade. tal como ele o compreende Exwddo A Com ecem os por u m exercício de classificação de respostas relati­ vas a u m m esm o enunciado. completamente subjetiva. Se esta classificação lhe parecer muito tra­ balhosa. Recomendamos ao leitor examinar estas respostas e numerá-las de u m a cinco em ordem de sua preferência pessoal. em cada u m dos seis casos. Para isto. poderá se limitar a anotar a resposta que. Porter O ) . ritmo e intensidade da voz — não se prestam à demonstração por via abstrata. Através deste quadro o leitor poderá determinar o caráter de suas respostas preferidas. E. as passagens de entrevistas. introduction to therapeutic counseling. nos absteremos das descrições e procuraremos fazer falar os fatos: isto é. (1) P O R TE R . Digam os simplesmente que será seguido de u m a definição das ca­ tegorias nas quais as trinta respostas se repartem. verbal. afinal. mas porque os aspectos fisionô­ m icos — expressão do rosto. Apresentaremos primeiramente os dados. seja a partir de seu próprio ponto de vista. Observemos. A fim de não influenciar indevidamente o julgamento do leitor nos absteremos provisoriamente de dar explicações quanto à nat ireza do exer­ cício. Boston. N o entanto. que não se trata de classificar estas respostas segundo algum critério objetivo ou teórico. que se experimenta com relação a elas. 1950. Consistem de seis passagens de entrevistas nas quais seis clientes diferentes descrevem u m aspecto de seu problema Cada passagem é acom panhada de cinco respostas. Por sua vez estas definições serão seguidas de u m quadro que permite a identificação do caráter diversas respostas — tal com o Porter o concebe. não necessariamente pelo m odo como é formulada e que dificilmente po­ deria estar de acordo com o estilo pessoal de cada leitor.H. ou a partir do ponto de vista rogeriano. Acrescentemos. e reservaremos nossos comentários para quan­ do o leitor tiver tido ocasião de examinar e avaliar estes dados. 20 . lhe parecer a melhor e a que lhe parecer a pior. os exemplos fictícios e ou­ tros materiais utilizados nesta apresentação. ainda. H . procederemos de maneira indutiva. Houghton Mifflin. Precisei de semanas antes de tei- (1 ) Os número* drm exercícios são os mesmos da obra de Porter. E u o odeio! Odeio! Odeio! E sem razão alguma. 3. 4. E ajo como se aquilo não m e tivesre acontecido. 21 . Mas. por exemplo.° 2 — M U L H E R . M eu pai é pastor. por outro lado'. 2. Tenho a impressão de que todos nós passamos por u m certo período em que detestamos um ou outro de nossos pais. Fale-me de seu pai. RESPOSTAS 1. Sei que é muito ruim odiar o pai — principalmente quando não se tem motivo algum. mas também para o futuro — e é i". a maior parte das pessoas acaba por encontrar algum meio de superar este período. 19 A N O S U) Confesso qüe detesto meu pai. certamente. ou quando tenho al­ gum a sorte sou incapaz de acreditar no que vejo. 30 ANOS Não consigo realmente me compreender. quan­ do m e saio bem num a coisa ou noutra. Isto me perturba muito. O importante é descobrir a causa deste sentimento. Diga-me o que vier à mente com relação a ele Por exemplo. Certamente compreendo que você se censure — principalmente se vo­ cê nada vê que possa justificar os sentimentos que experimenta com relação a seu pai. relação a seu pai e sem razão alguma. Mas. 5. um problema que se precisa resolver. aparentemente. mas poderia no entanto ter impedido que você fizesse certas coisas que tenha desejado fazer Você não se recorda de nada sobre isto? CASO N.omeça a m e atormentar. Este é.portante dar atenção a elas. Por exemplo. As boas relações entre pais e filhos são um a coisa tão preciosa — não so­ mente na sua idade. você diz que ele nunca lhe bateu. Jamais levantou a mão contra m im — e apesar disto experimento u m sentimento de violência para com ele — por causa disto tenho u m remorso horrível — e não tenho razão alguma para detestá-lo. eu sonhava com u m encontro com Myrtle. E este amor tem u m certo papel no seu sentimento de culpabilidade. você descobrirá que sob este ódio se esconde um certo amor por ele.C A S O N . É u m homem justo e bom . Você se atormenta por experimentar tais sentimentos ~*rr. Ê u m fenômeno muito comum. como se não fosse real Isto '.° 3 — HOME*?. chegado o dia. m esm o que venha a ^ prejudicar 3. não com pareci ao encontro. im posto u m a vida tão auste­ de u m certo prazer. será possível obter êxito e m m uitas áreas. V ocê se considera. Penso que conseguiremos resolver isto. u m a pessoa m uito ambiciosa. Isto m e parecia tão inverossímil que. outra pessoa. N ã o seria o caso d e que você se tenha ra que a perspectiva de u m a coisa boa. Não se trata. d e n ad a m uito grave. ! j . determinação tão forte quanto a sua. N o seu ponto d e vista. afinal» a lhe perguntar se queria sair comigo u m a noite — ela aceitou! Não pude acreditar que fosse verdade. N ão tenho m edo de trabalhar e n e m d e receber alguns golpes duros. já é tempo de você aprender a se comportar com o u m h om em e a ter u m a idéia u m pouco m ais realista das m ulheres. ainda que. E não hesitarei em sa­ crificar q u e m quer que se encontre em m eu cam inho. Desde que eu veja claram ente aonde quero chegar. Parece extrem am ente difícil para você acreditar que algo de b o m pos­ sa lhe acontecer. Isto poderia ser útil. o que você quer dizer por “quando tenho algum a sorte”? 5. RESPOSTAS 1. Se você desejar. n o fu n do . Recuso-me a contentar co m u m a vida medíocre. lhe pa­ I Tenho dúvida que exista ai algo que deva inquietá-lo. com um a. V ocê experim enta a necessidade de se afirmar.° 5 — H O M E M . Sim plesmente não m e parecia real. 3. 1 j 1 R E SP O ST A S 1. Quero tornar-me alg uém . Por exemplo. Elas desejam a nossa com panhia tanto quanto nós desejamos a delas. pois. E u m e pergunto se estes sentimentos de irrealidade se relacionam com ocam po particular de sua experiência. o que se esconde atrás dessa necessidade pro­ fu n d a de se to m a r alguém ? 4. poderem os lhe aplicar u m a série de testes suscetí­ veis de revelar as áreas nas quais você tem m ais possibilidades de êxito. no fim das contas. E quando m e decidi. 2. C A S O N . reça irreal? 4. O ra. 35 A N O S E sto u decidido a progredir n a vida.coragem de m e aproximar dela. independentem ente disto. 5. A determinação de ser bem sucedido constitui, certamente, u m trun­ fo poderoso. M as, você está realmente convencido de querer sacri­ ficar quem quer que se èncontte no seu .caminho? Esta atitude não lhe poderia fazer mais mal do que bem? C A S O N .° 12 — H O M E M , 33 A N O S Ah! Não sei o quéT fazerUFiquei apaixonado pela moÇa mais maravilhosa do m undo — e ela tam bém m e am a. JCstoii certo disto. M as eu não sou digno dela. Não poderia pedir que ela se casasse comigo. Tenho ficha criminal. Ela não sabe de na­ da — m as sei muito bem . que isto será descoberto u m dia. N ão. Não posso m e casar e ter filhos. Tenho u m a ficha que prova que sou u m tratante de primeira ordem . RESPOSTAS Evidentemente, não seria muito elegante para com ela deixá-la des­ cobrir seu passado após o casamento. Você não acha que deveria informá-la agora? D Você hesita em lhe revelar o seu passado porque tem m edo de que ela o rejeite — e isto você não poderia suportar. Poderíamos discutir u m pouco as razões pelas quais você está tão seguro de que ela o recusaria se estivesse a par de seu passado? f4 5. Se lhe do liz você pudfesse conseguir que ela viesse m e ver, eu poderia falar e fazer com que ela compreendesse que seu passado é seu passa­ e que não há razão para que vocês não possam ter u m futuro fe­ juntos. 9 Você está absolutamente cíerto/de ser indigno dela. C A S O N .° 13 — H O M E M , 27 A N O S Cheguei à conclusão de que, já que m eu trabalho não m e satisfaz, devo procurar u m a outra situação. E u m e resignei até agora, porque levei quatro anos n a Universidade para con­ seguir o diploma. M as, atualmente tenho a impressão d e que melhor aba^ ’ ^nar tudo e começar por outro cam inho im o c" ciso começar de baixo. RESPOST; 1. Você tèm . Cu* seria mais feliz se pudesse libertar-se de seu trabaim, e tentar alguma coisa que lhe conviesse mais 2. Ninguém poderia d*/.or se este novo cam po é o ideal para você, mas, qualquer que seja ele, o que m e parece prometedor é que você este­ ja mais decidido e mais coiifiante em vocè m esm o. 23 3. Você já pensou na possibilidade de realizar alguma espécie de liga­ ção entre estes dois campos? l& um a pena renunciar àsvantagens já adquiridas no seu campo atual. 4. Você decidiu que é melhor m udar de carreira. 5. Você se lníormou a fundo sobre essa nova carreira? C A S O N .° 24 — H O M E M , 39 A N O S A única solução é destrui-los completamente. Lembre-se de que este indivíduo se m eu melhor amigo — e ele me roubou a mulher — e após o divórcio, casou-se com ela. E depois causou m inha falência. M as, tenho documentos que, por sua vez, podem destruí-lo. Poderia aniquilá-lo — e leválo à prisão, para o resto de sua vida (riso amargo). Seria bonito. M inha ex-mulher, casada com u m criminoso! E sem u m centavo! RESPOSTAS 1. Tenho a impressão de que seu desejo de aniquilá-los é essencialmen­ te u m desejo de vingança. Você não adtaa que esta necessidade tem origem nos sentimentos de derrota e de Inferioridade provocados pela conduta deles? 2. Compreendo, certamente, que você seja tentado a se vingar. Você não acha, no entanto, que talvez esteja indo u m pouco longe demais? Não seria melhor evitar atos de que poderia se lamentar depois? 3. O que você quer realmente, é prejudicá-los. ^ 4. Após o que você acaba de dizer, compreendo certamente que você sin­ ta anecessidade de fazê-los sofrer. M as você não imagina que possa! haver u m meio de satisfazer essa necessidade de um a maneira um ] pouco m enos draconiana? 5. £ a primeira vez que lhe acontece de ser traído desta forma —- ou nos seus negócios, ou nas suas relações pessoais ou, talvez, já lhe tenha acontecido isto na infância? Antes de abordar a discussão deste exercício, o leitor poderá achar útil anotar os números das respostas que procedem do ponto de refe­ rência do cliente. (As respostas restantes serão incluídas, naturalmente, na categoria oposta). Discussão Nesta obra de Porter este exercício constitui u m a espécie de self-j test (teste que a própria pessoa aplica a si m esm a) visando a determi- 24 Dar a tendência pessoal a responder de um a certa maneira de preferên­ cia a um a outra. Visa, portanto, a descobrir a atitude (ou, pelo menos, a dar um a certa indicação sobre esta atitude, pois o “teste" não é 'afe­ rido) que o indivíduo tende a adotar no comércio interpessoal. N a <sua Forma original, este “teste" comporta 25 extratos de casos. Os resulta­ dos de sua classificação são, logicamente, mais válidos que no exercioio presente, limitado a menos de um quarto do material. Contudo, consilerando-se que este exercício visa menos a servir de base a uma autoivaliação pelo leitor do que a Ilustrar os diversos aspectos da interação ierapêutica, tal falta eventual de validade não tem grandes conseqüên­ cias . De qualquer maneira, a validade da classificação destes fragmentos le testes é suscetível de ser alterada pelo contexto desta obra. E m inúneros casos, os resultados representarão um a medida da compreensão, pelo leitor, da interação, seja típica da abordagem rogeriana, seja conírária a esta abordagem — mais do que revelarão as atitudes que ele letivamente tende a pôr em prática em seu comércio com os demais. Jma das finalidades específicas visada por este exercício é precisamente tguçar a sensibilidade do leitor para o caráter próprio de diversos tipos le respostas — tanto para os tipos compatíveis com a abordagem roge'iana quanto para os que estão menos de acordo, ou os que se opõem a ista abordagem. A classificação destas respostas, tal como Porter a concebe, abran­ de cinco categorias, definidas da seguinte forma: E S T IM A T IV A : Resposta que expressa um a certa opinião relativa ao mérito, à utilidade, à exatidão, ao fundamento, etc. daquilo que disse o cliente. D e um a maneira ou de outra — mais ou menos delicada, ou mais Iou menos franca — ela indica como poderia ou deveria agir o cliente. I, IN T E R P R E T A T IV A : Resposta que visa de algum modó^instruir^o)cliente a seu próprio respeito, a .fazê-lo tomar conscieftcia de alguma coisa, a demonstrar-lhe um a coisa ou outra. D e um a maneira dire­ ta ou indireta, ela visa a indicar como o cliente poderia ou deveria representar para sfi mesmo a situação. 1. T R A N Q Ü IL IZ A D O R A : Resposta que visa a tranqüilizar o cliente, ali­ viar sua angústia, apaziguá-lo. De um a forma ou putra, ela pressu­ põe que o sentimento do cliente não é justificado? que o problema não existe ou que não é tão sério como ele o vê. L E X P L O R A D O R A : Resposta que visa a rificar ou aprofundar a discussão. O poderia ou deveria examinar mais de problema (isto é, ele explica que o que o cliente imagina). obter dados suplementares, ve­ terapeuta sugere que o cliente perto um ou outro aspecto do problema é mais complexo do V 5^ C O M P R E E í f e r V A : Resposta que visã à com preender do itíterior,' a i j apreender o tom afetivo, pessoal, d a com unicação: que revela a preo- i cupação do terapeuta e m com preender corretamente a significação vi-/j vida, o que o cliente lhe diz e a natureza do sentimento que verda-í J deirámente experimenta. (Esta categoria corresponde, pois, à e m p a t ia h n Evidencia-se, im ediatamente, destas definições que as respostas per- j tencentes às categorias, de 1 a 4 procedem do ponto de referência do te- ] rapeuta; que representam julgamentos emitidos pelo terapeuta (cfr. as par- J tes sublinhadas). C o m a finalidade de to m ar m ais flexível e d e . aguçar sua capacida- ] de de reconhecer o caráter (explorador, estimativo, interpretativo, etc.) | de determinadas respostas e, deste m o do , adquirir u m a certa habilidade ] em evitar um as e e m procurar outras, o leitor poderá achar útil classi- ] ficar as 30 respostas do exercício, u ; .azando-se desta vez das definições | acima indicadas. O quadro seguinte lhe permitirá comparar as duas cias- j sificações que terá assim efetuado — u m a por ordem de preferência, a outra através de identificação com as categorias estabelecidas por Porter. Q U A D R O 1 — Classificação, segundo Porter, das respostas relativas aos seis . exemplos acim a apresentados. N.» do Estimati- Interpre- Tranqiiili- Explora­ Compreen­ Caso tivas tativas zadoras doras sivas 3 1 5 1 3 2 1 3 2 2 1 1 2 5 4 4 2 4 5 4 3 3 5 5 2 8 5 12 13 24 4 2 j V. w . 5 'J 4» , 3„ A finalidade principal do Exercício A , é ilustrar, por meio de con­ traste, u m a característica simples m as fundamental da abordagem rogeriana: que a atividade do terapeuta deve permanecer sempre n o cam P9.. da açplhfdar/riaoTIno d a íniciãtiva^lsíõ è p o papel do terapeuia é acom ­ panhar, não guiár. E m qualquer outra terapia o profissional se serve, n u m a m edida va­ riável, da iniciativa. O s protagonistas destas terapias desm entem geral­ mente este fato e, sem dúvida alguma, seu desmentido é sincero. Comi efeito, tal como a entendem, a noção de iniciativa — com o a noção dei direção — refere-se a u m a intervenção direta e concreta na existência do cliente. Para. nós, ao contrário, tratam-se, na realidade, de iniciati-| 26 necessárioU à atuãEiãsãQ. afinal. O pensamento do tera­ peuta se articula diretamente com o pensamento do Indivíduo sem modi­ ficar a natureza ou a orientação do mesmo. está indicando deste modo que estes são campos particularmen­ te significativos e por isto dirige a atenção e a exploração do cliente para um ou outro destes campos.-das. autônopas de si. se o terapeuta convida o cliente a falar de sua infância. su­ gestões. são perfeitamente naturais. [ão a iniciativa. £ evidente que estes tipos de respostas tendem a influenciar o itinerário mental do indivíduo. de segurança e de confiana cm sl. ele mesmo. Do ponto de vista de teu conteúdo. O uso lestes tipos de respostas é potencialmente pernicioso porque se opõe ao es. A iniciativa do terapeuta impede igualmente o cliene de chegar às suas próprias conclusões — ainda que estas conclusões ossam. pertinentes e enotam intenções louváveis. Aquelas que se praticam sob a forma de questões.jbeleqmento dos sentimentos de liberdade. marilíe^as_ou latenles. representarão necessariamente uma Iniciativa. evidentemente. contudo.capac-idades. observações levemente estimativas e outras proposições são emanentes do ponto de referência do terapeuta. Dizer que a atividade do terapeuta deve exprimir a receptividade. Inteligentes. Somente as respostas pertencentes à ca­ tegoria 5 representam um a atitude de acolhida. Por [exemplo. Sem conter jnecessarlamente ordens ou instruções. Mas. mostrar-se Idênticas às que foram prõpdstas pelo tera- 27 . é . não são terapêuticas — pelo menos se [oncebermos a terapia como um a aprendizagem da autonomia. estas respostas imprimem. Exercicio B E m cada um a das categorias \1 a *4. de suas relações com seu pai ou com sua mãe. as 24 respostas classificadas nas categorias 1 a 4 do exerpicio em questão. Examinando estas respostas constatamos que todas tendem lu a modificar a óptica 4 o cliente ou a substituí-la por um a óptica mais iu menos aldeia. acima descritas. mais que outra forma — menos ^bstrata — de dizer que suas respostas devem se inserir no ponto de referência do cliente. naquele nstante em questão. um a direção à conversa. dç sfelf-help. mas visando unicamente a [precisar o elemento vivido. afetivo ou representativo desse pensamento. Se estas procedem do ponto de referência do te­ rapeuta.Ivas mais sutis. de sua vida sexual ou de seus konhos. Por isso elas impedem o interessado de se dar plena­ mente conta do problema tal como ele o experimenta._d a -tomada de consciência edja^dlreção. isto. Com relação a sto. o terapeuta jtoma um a certa iniciativa — de forma sütll ou manifesta. será útil recordar as razões pelas quais tais respostas são incomatíveis com as concepções rogerianas. não é. Não é exatamente porque elas [ejam intrinsecamente defeituosas ou deficientes. ao desenvolvimento das forças de crescimento. a liberdade de expressão e os] resultados da terapia sofrerão. ou seja. constitui u m obstáculo. a ameaça é manifesta. ou que este não é assim tão sério quanto lhe parece de Inicio. o cliente é praticamente obrigad. A exploração. suscetível de provocar um a atitude dr defesa. desejos e( impulsos de que ®le não tem . Q uando é favorável. que a aceitação inco' dicional — elemento constitutivo da consideração positiva Incondicional — nffo quer dize] aprovação. a levá-la em consideração. como estimulantes. u m aumento de angústia. por sl só. M as. disto resultará. Se se relacion com a dinâmica do ifldlvfilTIp — com necessidades. Com o a estima é a expressão direta de u m julgamento de outraj pessoa com relação ao eu — ou de u m aspecto intimamente ligado aoi eu — ela é sempre suscetível de ser ameaçadora.. lembremos o que foi explicado no volume I. ações e atitudes de outra pessoa (nem . m esm o na ausê!ncia de qualquer questão ameaçadora poj (1) A este respeito. significa dúvida ou hesitação e esta suspensão do julgamento constitui. Considerando-se que o terapeuta dificilmente teria u m a atitude in-j condicionalmente favorável d) para com quaisquer sentimentos. o calor e a segurança da situação serão afetados de um a maneira adversa. atual ou poten: ciai. M as isto não é tudo. 28 . Com o a informação provém de font^ autorizada. disto sei conclui que a ausência de julgamento favorável da parte do terapeuta inclinado a tomar u m a atitude estimativa equivale a u m julgamento des-l favorável. Pelo m enos. para com seus próprios). u m a ameaça para aquele que se sente! o objeto dela. E tam bém a liberdade de expres-l são.peuta: ou que não há realmente u m problema.)ou não tem completamente. as conseqüências indiretas mais ou menos longínquas deste uso não podem deixar de se revelar ameaçado-I ras. aliás. Examinemos cada u m a destas categorias de respostas mais dei perto. Quando a estima é desfavorável. Ainda que os efei­ tos Imediatos do uso dé avaliações favoráveis sejam geralmente sentidos. Se as questões oil outras expressões investigadoras que em anam do terapeuta tocam ei* aspectos vulneráveis da experiência do cliente. o indivíduo pode se sentir obrigado a se mos-j trar — e m esm o a se perceber — de acordo com a imagem favorável] que o terapeuta faz dele. isto é. Primeiramente. M as não é somente quando é desfavorável que a avaliação cons-1 titui u m obstáculo. a ameaça é potencial e mais] insidiosa. tendências. pelo indivíduo. de u m especialista. conhecimen — não será preciso. naturalmente. etc.d izer" que representa u m atentado direto às su tendências de independência e de responsabilidade pessoal. U m a vez mais. ou que requer u m exame mala aprofundado. Quanto à(^ínterpretação^ ainda mais ameaçadora. Ocorre o mesi m o quando a interpretação è entendida no sentido mais ou menos didál tico que Porter lhe atribui acima. por sua vez. e eu aceito — minha mãe é capaz de se levantar e de abandonar ostensivamente a sala batendo praticamente a porta atrás de si. isto não m e impede de fumar quando tenho realmente vontade. à noite. a dependência se substitui à autonomia sem que o indivíduo o perceba e. oportunidade de tsteer observações sobre meus amigos que lum am — rapazes ou moças — e na pre­ sença deles — pelo menos quando se trata de meus amigos. e quando voltei — havia sido preciso levá-lo pois seu carro estava na ga­ ragem — encontrei minhas notas e papéis voando até ao pé da escada! E você se lembra do vento de quarta feira à noi­ 29 . nò sentido de que o cliente se sente exposto ao imprevisto. o uso de técnicas exploradoras impede o estabeleci­ mento de u m sentimento de segürôiiçá perfeito. a que é divorciada e que mora conosco — me tratam real­ mente como um a criança. nem minha mãe ousam. Evidentemente. seu efeito funesto com relação ao desenvolvimento da autonomia é particularmente insidioso porque esta resposta não é suscetível de despertai a menor defesa. Robert L. deste modo. E Susan (sua irmã) não perderá um«. inocentemente. segundo ano universitário. protestar quando se trata dos amigos delas ou de outras pessoas. Se é verdade que a defesa representa apenas um a manobra falsa ou desajeitadamente autônoma. e eu.. A nteon tem . tinha fu m ad o . N em ela. sem que pense em lhe opor resistência.. quando alguém vem m e ver — alguém que não conhece minha situação em casa — e tira seu maço de cigar­ ros e m e oferece um ..a atitude de sua família com relação a algumas de suasnecessidades de In­ dependência: Meus pais e principalmente minha irmã mais velha. talvez dois ou três. Enfim. E o que se precisava ver é a cara que fazem quando m e atrevo a comprar um maço de cigarros na presença deles! Vê-se que eles ficam furiosos — tanto que eu quase nunca faço isto na presença deles. Chega ao ponto de. você sabe. exceto quando estou de algum modo protegida pela presença de outras pessoas. pelo menos ela revela uma certa preocupação de independên­ cia. ele havia fumado muitos ci­ garros. revoltada contra . mesmo se isto os contraria. Exemplo 1 — Moça. Quanto à resposta tranqüilizadora.. o que ou queria lhe contar 6 teto. Não m e permitem nem mesmo fu­ mar. No.‘ tratamento do tipo tranqüilizador. Evidentemente. Pois o& am gos deles não abo da espécie que fuma. oh. como os amigos d|e m eu pai. Tínhamos trabalhado sem parar até tarde da noite.^arte do terapeuta. tinha vindo m e ajudar a preparar o artigo que deveria apresentar para a série “Menores e Maiores” e que eu tinha de enviar esta m anhã. te? Alguém tinha. Você acredita que a atitudel de sua irmã se explica pelo des-l peito que ela sente por causa de] seu fracasso — de seu divórcio? B 3. contudo. você B 5\ Seus pais parecem rígidos 1 e m algumas coisas e liberais em l e que você os leve tarde da noite. devef sair de casa. B e m que tenho vontade de fazer com ] que eles com preendam que eu ou ela — u m a de nós. Estou farta destes vexames constantes. no m esm o dia.) RESPOSTAS B 1. M in h a m ãe iria acompanhá-lo esta semana f Som ente Jaques (seu irm ão) estava de pé quando saí e sei muito b e m que não m e faria u m a coisa destas. (A noção de "defeito” deve ser entendida. E tinha u m a aula às oito horas na] m anhã seguinte — aliás.] E olhe que eu tinha aberto a janela antes de sair — paraj arejar o quarto. Parece-lhe que deve ser sua irmã que lhe pregou esta peça. veja b e m que eles estavam todos deitados quando saí. 30 se lhe perm item ficarJ . B 1'. não n o dia seguinte. u m aspecto — eventualmente e m m uitos. Vejam os agora duas séries de respostas que poderiam ser dirigidas | a este relato. D e u m ponto de vista rogeriano. oi que fazer? E ra quase u m a hora da m an h ã quando consegvij colocar tudo em ordem . suponho. até alta hora da noite sozinha com i B 5. algumas destas respostasj são aceitáveis.? Creio quèj legas de classe. B 2'. não no sentido] absoluto. aberto a porta de m eu quarto!. Seus pais perm item vens venham que jo­ trabalhar com outras — u m rapaz. o defeito sistemático que contamina cada um aj das duas séries. B 2. ideal. Você não acredita que a por-j ta se tivesse aberto por acidente. m as no sentido rogeriano. Èles poderiam voar para foral E então. Isto m e fezl ficar realmente furiosa.3 ora! E . N e n h u m a é. B 4. Você quer dizer qus é prin­ cipalmente o fato de com prar ci­ garros que incom oda tanto sua B 3'. você não m e falou dele.j M eus pais deveriam se levantar cedo — m eu pai vai à P . m as não adm item que você fum e. é u m de seus co­ B ‘4\ Q u e n ré Robert L . Vocô acredita que alguém se levantou expressamente para abrir a porta d e seu quarto. Pecam todas em .] no período em que você saiu dej casa ou quando voltou. todasa as quintas-feiras. portanto. Não seria a despesa com ci-1 garros que as faz ficar tão furio-J sas? mãe e sua irmã. Robert L . O leitor terá a oportunidade de ] examinar esta série de respostas e de procurar descobrir seus respectivosJ defeitos — e m particular. pelo m enos. p 6. As relações entre voe* e sua i m ã são muito tensas. B 6*. Ela pretende se instalar de­ finitivamente em sua casa» soa ir­ mã? 7. D e acordo com o que você dz, são principalmente sua mãe e tia irmã que se opõem a que voiê fume. B 7\ Parece que você tem dificul­ dades com o elemento feminino da família — ■ não com o elemento masculinoV* B 8. Quer se trate de moças ou de kpazes, seus amigos fumantes não Ião bem-vindos. B 8 . Elas mente as E 5 9. Seu irmão esta do seu lado I- se bem compreendo. 5 10. Você colabora para um a sé­ rie de artigos. reprovam principal­ mulheres que fum am , jião os homens. B 9'. Seu irmão tem permissão de fumar — se b em compreendo. B 10'. Estes artigos 4e que você fala são para o jornal ^ universi­ tário? Exemplo 2 — Jovem casado, descrevendo certos traços de caráter íe sua mulher com a qual mantém relações tensas: Por exemplo, u m a coisa a que ela se opõe obstinadamen­ te é a leitura. Quando é jornal e quando paro constantemente para fazer observações sobre o que leio nele, tudo vai bem . M as, desde que eu procure m e absorver n u m livro, tudo m uda. Ela fará tudo que estiver a seu alcance para m e desviar da leitura. M e lembrará u m a coisa e outra que lhe tenha prome­ tido de fazer, pedirá para ajudá-la, acompanhá-la ou conduzila a algum lugar. O u virá m e acariciar — e quando m e m os­ tro pouco interessado ela começa a m e censurar. Ela então acha u m a torneira que pinga, u m a tomada que não está fun­ cionando ou um a porta que range. E quando não há .estes pe­ quenos trabalhos aborrecidos, visitas ou compras a fazer, ela inventa projetos que tom am fins de semanas inteiros, como pin­ tar o porão e coisas semelhantes. Pode-se dizer realmente que ela tem um a lista de coisas supostamente urgentes para me roubar meus momentos de lazer — ou melhor, de tranqüili­ dade. Pois ela não se opõe ao lazer — desde que eu o parti­ lhe com ela. E se m e mostro firme e continuo a ler, apesar de todas as suas táticas — pois, afinal preciso ler, e não posso deixar de fazê-lo — sei antecipadamente que antes que o dia termine, ela encontrará meios de m e contrariar em um a ou outra de minhas necessidades pessoais. 31 RESPOSTAS B ‘ l . Foi depois de ter casado que vOcê percebeu este traço do cará­ ter de sua mulher. B X’ . Depois de quanto .tempo vo­ cê percebeu este traço de seu ca­ ráter? ' da B 2’ . Sua mulher é aparentemente extrovertida. B 3. Todo livro, qualquer que se­ ja o seu gênero, lhe desagrada. B 3’: Ela se opõe até à leitura de livros técnicos, relativos a seu tra­ balho . B 2. Sua mulher não gosta tranqüilidade e do silêncio. B 4. O que ela quer é que você lhe fale, que se ocupe dela ou que você faça. qualquer coisa — mes­ mo que não converse com ela — desde.que não seja. a leitura. B 4’. Ela acha, talvez, que ler é pu­ ra; perda dertempo, enquanto que os trabalhos ou divertimentos têm sua utilidade. B 5. Sua mulher sente pouca ne­ cessidade de ler ou não procura ou­ tras distrações intelectuais. B 5’. Qual é o nível de instrução de sua mulher? B 6. Ela sabe como agir para pu­ nir-lhe . B 6’. Você quer dizer que ela lhe recusa satisfações sexuais. Exemplo 3 — Trabalhador que se lamenta das condições do trabalho, criadas por seu patrão que é ao mesmo tempo seu sogro: Ele se imiscui em tudo e não pára de nos observar. Mesmo quando se acha naquela espécie de gaiola de vidro que lhe serve de escritório ele nos segue com u m olhar des­ confiado e, se surpreende um de nós (trabalhadores) trocan­ do algumas palavras com u m ou outro camarada, ele se le­ vanta e vem perguntar se há algo errado, ou outras questões deste gênero, você sabe. U m a conversa mínima representa pa­ ra ele um verdadeiro delito e se um ou outro conta alguma pia­ da e nós começamos a rir — mesmo ao chegar ou sair do serviço — ele o olha enraivecido. Seria preciso vê-lo revirar os olhos! Felizmente, que nós temos necessidade um do ou­ tro, pois, nenhum de nós ficaria com ele. Aliás, se houvesse outros mecânicos especializados em óptica na cidade, ele nos franquearia a porta — todos sabem disto. O que nos prende aqui é o lago. Somos todos apaixonados por esportes aquáti­ cos. Minha mulher também. E u lhe disse, creio, que ela aca­ ba de ganhar a Taça do Hipocampo. E , você compreende, ele, 32 meu sogro, não é capaz de perceber, de modo algum, que se pode sentir uma necessidade... praticamente fisiológica de pa­ rar por alguns momentos. Principalmente num trabalho de precisão como o meu. Sabe o que ele acaba de fazer? Ele acaba de arrumar a dependência que serve de depósito a to­ da espécie de mereadorias e que dá para o meu escritório em um a espécie de pequeno quarto e me disse para me instalar ai. Ora, essa peça não tem sequer janela; pelo menos não ja­ nela que dô para o exterior. E o que é pior, é que é preciso passar por seu escritório para entrar e sair desse lugar. Be modo que eu me acho completamente separado dos outros. E veja bem que não há nenhuma razão para me isolar; quero dizer, nenhuma razão objetiva. Meu trabalho não o exige. Pa­ rei exatamente o que fazia na oficina. E ele não se dá nem mesmo ao trabalho de inventar algum pretexto para justifi­ car esta mudança. Ele fica aborrecido de que eu faça amigos entre os colegas. Você compreende, ele é o tipo de pessoa que precisou de lutar muito para chegar ao que é. Mas, entretan­ to, m e enerva esta supervisão e estas artimanhas. RESPOSTAS B 1. Ele arrumou um modo de controlar suas idas e vindas duran­ te as horas de trabalho. B 1’. Aparentemente, é você que que ele vê como a causa d e ... da distração, e ele quer afastá-lo do grupo. B 2. Ele não percebe, em absolu­ to, que um mínimo de distração pode ter u m efeito benéfico sobre o rendimento. B 2*. Você quer dizer que ele não lhes concede nem as pausas legais ou, pelo menos, habituais. B 3. A vida não foi fácil para ele e ele não pensa fazê-la fácil para os outros. B 3’. Você acredita que sen sogro quer de algum modo vingar-se da vida dura que teve durante sua ju­ ventude. B 4. Ele procura impedir toda co­ municação entre você e os outros empregados. B 4’. Você diz que d e é descon­ fiado. Será que se sente ameaçado pelos seus empregados? B 5. Ele não gosta de que você se misture coxr os outros. B 5'. Você acredita que é porque você é seu genro qiie ele quer isolá-lo dos outros trabalhadores. B 6. Sua compensação — é o la­ go. B 6’. O que é este Prêmio do Hi­ pocampo? O sentimento - não os fatos Enquanto que o exercício A tinha por objeto o ponto de cia — externo ou interno ao indivíduo — o exercício B trata da entre o sentimento e os dados materiais da comunicação. Para pêutica, isto é, para favorecer seja a relação, seja a tomada de cia — é necessário que a resposta seja dirigida ao sentimento tenta os fatos e acontecimentos que form am a trama do relato. referên­ distinção ser tera­ consciên­ que sus­ A noção de sentimento tal com o é aqui empregada, engloba não somente experiências de natureza emocional ou afetiva — angústia, ver­ gonha, inveja, ódio, amor, desejo, inquietação, arrependimento, prazer, etc. Abrange tudo o que tende a revelar o ângulo perceptual — pessoal, sub­ jetivo — da experiência, b em particularmente da experiência relativa à imagem do eu. As intenções, impressões, crenças, atitudes, classificam-se, todas, portanto, na noção de sentimento. Por outro lado, a noção de fatos se refere aos elementos mais ou m enos secundários, materiais ou sociais, que servem de veículo ou de contexto ao sentimento. N a sua interação com o cliente, o terapeuta rogeriano não se detém nas contingências materiais, m as se interessa unicamente,, em deduzir o sentimento que impregna a comunicação. Quando esta consiste — aparen­ temente — apenas em fatos e detalhes, ele procura destacar a caráter (ine­ vitavelmente) perceptual inerente a tudo o que o indivíduo -relata. O meio mais simples de realizar isto é aceitando as palavras do indivíduo — reiterando-as ou parafraseando-as — isto é, abstendo-se de discutir o con­ teúdo ou a “realidade objetiva” . O exercício B procura ilustrar a diferença entre o sentimento e o dado material — fatos, acontecimentos, circunstâncias — no qual ele se insere. N os três exemplos citados a m esm a espécie de sentimentos se insere em u m contexto físico e social completamente diferente. E m cada caso o indivíduo se percebe com o lesado em seus direitos pessoais; sentese irritado e se percebe como objeto de represálias injustificadas por parte de u m a ou muitas pessoas significativas na economia de sua vida. A fim de evidenciar os defeitos das respostas que fazem parte deste exer­ cício, vejamos primeiramente, se algumas respostas convêm igualmente bem a cada u m dos três casos. Notemos que estas respostas não represen­ tam necessariamente a melhor reação possível a cada caso particular; servem para ilustrar a independência do sentimento com relação aos da­ dos materiais aos quais ele se incorpora. B 4a. Se bem compreendo, você julga que, as relações entre você e seus parentes (mulher, sogro) deixam a desejar, por causa das exigênoras despropositadas deles. B 4c. citadas em B 4. Você acha que eles (ela. se juntar à série das respostas comuns. Quando se compara esta série de respostas com as séries preceden­ tes: B l. ele) estão realmente em ­ penhados em contrariá-lo (a) na busca de certas satisfações per­ feitamente legítimas. O s elementos sublinhados destas respostas servem para destacar o objeto desta falha. Por isto. ele) procuram lhe impor* condições arbitrárias — e isto o (a) irrita. E m cada u m dos exemplos dados o sentimento dominante é: "Se temos problemas — é por culpa deles.B 4b. Ao contrário. Outro mérito das respostas B 4 é o de não serem seletivas. perceptual. aliás. de certo modo. Sua maneira de agir provoca m eu m au h u m o r . colocada na segunda pessoa. observa-se que as respostas da coluna da esquerda — apesar de se inscreverem no ponto de referência do indi­ víduo e apresentarem em sua maioria u m elemento subjetivo. As dificuldades que existem entre vocês não são de natureza muito grave. O mérito destas respostas se encontra não somente no fato de que são dirigidas ao sentimento mas ao sentimento dominante. B 4d.) B 4e. diretamente relacionado com o sentimento — pecam todas por se dirigirem a algum elemento secundário ou contingente da comunicação." Esta resposta. Você acha que eles (ela. são pouso suscetíveis de dirigir o pensamento do indivíduo num sen­ tido estranho à sua dinâmica interna. ele) mostram-se intolerantes com rela­ ção a pequenas coisas que lhe parecem perfeitamente legí­ timas e não hesitam em utilizar represálias se você afirma esta necessidade. Nes­ te caso deve-se imaginar estas expressões como subentendidas. Estas respostas foram construídas de modo a acentuar o defeito que afeta as respostas correspondentes das colunas da esquerda. e mesm o o (a) revolta. aquele que. resume a situação. Quanto às respostas das colunas da direita pecam por sua vez por se dirigem a dados materiais e por procederem de u m ponto de referência externo ao do cliente. como fazendo parte do contexto no qual a resposta é dada ou no tom de voz. mas são alfinetadas contínuas que você acha cada vez mais difíceis de suportar. como um a expressão de acordo. ou mesmo assim como está. Eles (ela. poderia. (Esta resposta e a seguinte não sendo pre­ cedidas das expressões: “você acha” ou "parece-lhe” mostramse como um a afirmação. tendem a favorecer o desenvolvimento dos temas principais deste pensamento. 35 . B2. e B3 acima citados. co acolhedora.Exercido C Ti In Li Li N< P« P* Té Rc D. Porque estou certa de que uma das causas de seu mal. E .. meu marido está gravemente perturbado. casada. H á u m ano que está em psicoterapia com o D r. é que ele se sente culpado da situa­ ção familiar — o efeito de sua maneira de agir sobre as crianças e tudo o mais — e que quer se defender contra este sentimento mas até agora ele quase não fez progressos em tera­ p ia . negativa. Às vezes m e parece mesmo que seu estado se agrava. V . estas respostas se distribuem em duas categorias das quais uma é de valor terapêutico nitidamente superior à outra — sen­ do idênttefias as circunstâncias. meu marido não pode prescindir de terapia! Ele está seriamente perturbado! Ele está doentr! E u não sou. No entanto. indicada para julgar u m profissional r ias m e parece que não é permitido abandonar u m paciente. E m rea­ lidade ele é psicótico. etc.. C 1.. Sifi I A matéria deste exercício procede de um a estudante de ciências sociais. não sei.. PF pJà Ar' Ps | PE INI j Ca Be Ai Com relação à série de respostas que se seguem digamos que todas elas procedem do ponto de referência da cliente ou que estão estreitaménte ligadas a ele... seu terapeuta deixou C h . 35 anos. com provei­ to. talvez. para se estabelecer na Flórida. pois sei que esta é um a maneira indireta de contribuir para o seu restabelecimento — aprendendo a compreender melhor suas reações. eu também faço terapia. Po ■ P°.. isto m e preocupa terrivel­ mente. aqui.. numa medida variável. M a s . A estudante diz: Se você pudesse me conceder u m momento gostaria de lhe falar de algo que m e preocupa muito. Aliás. Se deveria lhe pedir para dizer a m eu marido que ele precisa continuar com algum outro.. será que está de acordo com a ética profissio­ nal? E não sei o que devo fazer. sem n a d a ... que se dirige a um a professora de psicologia alínica.. O leitor poderá exercitar-se. psicoterapeuta.. em classificar estas respostas em dois gnípos.. ele não m u d a . Como eu lhe dizia outro dia. e também para lhe dar a impressão de que se trata de u m problema comum e não de alguma coisa de que é o único responsável. qual seria sua reação. pou­ . pelo menos no que eu perceba.. assim ... enfim. P* Qt Ps In » Ec nu Qi & Ef Cc O Mc • Co ' A . na cidade.. Você teme que sua reação seja. Todas se referem. ao senti­ mento. com a qual costuma conversar rapidamente após as aulas. em vez de transferir meu marido para u m colega ou de lhe dizer para procurar algum outro. E agora. imagine que deu o tratamento por terminado! Ora. Não sei se deveria procurá-lo. e em estabelecer o cri­ tério que as distingue. quase indig­ nada com a decisão do Dr. C 15. De modo que você continuará em tratamento en­ quanto seu marido estará desobrigado dele. Você se sente realmente insatisfeita. C 8. A decisão do Dr. quem estabe­ leceu o diagnóstico de psicose — pelo menos você não men­ cionou outro doutor. Você quase não vê melhora no caso de seu ma­ rido — mas. V .. C 18. V .) não seja completamente justificada — ou mes­ mo não completamente conscienciosa. se compreendi bem. Mas. deseja que ele continue seu trata­ mento. você teme que sua de­ cisão (do Dr.C 2. Foi seu marido quem a colocou a par das Inten­ ções de seu terapeuta. Se eu compreendi bem. julga indicado terminá-lo. V. C 14. A idéia de que seu marido possa ser abandonado à sua sorte deixa-a atormentada.. seu marido quase não reage à situação. Você se decidiu a fazer terapia para encorajar seu marido e para. com relação a seu marido. Você considera que tem de certa forma a respon­ sabilidade de cuidar para que ele continue seu tratamento. C 17. desculpá-lo. C 9. de certa forma. Seu marido está realmente tão perturbado assim? C 5... Se bem compreendo. C 13. Você se sente bastante tentada a ir falar com o doutor V . Se eu compreendo bem. C 7. C 10. C 6. Não estaria seu marido antes contente — ou ali­ viado — com o fim de seu tratamento? C 16. 37 . C 12. C 3. de um caso de psicose que pode ser submetido ao tratamento psicoterapêutico. portanto. alguma coisa a retém. Vocês dois se submetem a terapia individual — com terapeutas diferentes. Trata-se. suponho. foi o Dr. C 11. E ainda que ele conheça a gravidade do caso. deixou-a muito surpreendida — inquieta. no entanto. Você se refere & reação do doutor — ou a de seu marido? C 4. 1 -í j fj?. f fí C 25. ou a pôr um fim radical à conversa (C22. Outras 38 . «finai de contas. 25). Contudo. a estudante. ou a concentrar a conversa em outra pessoa (C21). Neste caso.. Ela pode tanto concluir a conversa. O Dr. isto é. Você acredita que seu marido experimenta senti­ mentos de remorso. nem de realismo. i c v t£ -? Respostas como estas não são certamente destituídas de mérito Prestam-se todas à proteção de uma terceira pessoa: o marido. Não será esta uma questão que poderia ser discutida com proveito com seu terapeuta? Jf c 24. Elas fecham toda a possibilidade de exploração das atitudes da cliente com relação ao problema tal como ela o percebe. a estudante Estas respostas tendem. Antes de passar à discussão do critério que permite a identificação e a classificação destas respostas. seu valor não pode ser previsto. é conhecido na profissão como um ho­ mem altamente competente e consciencioso. V. A pessoa — não o problema Este tópico contém o critério que permite a distinção da série de respostas Cl a C20. quanto servir de trampolim à expressão dos sentimentos do indivíduo para com seu terapeuta. A situação a deixa realmente transtornada.. ou o interlocutor (a professora-terapeuta). Algumas destas respostas se concentram na inte­ ressada. Contudo.ria n«ia que fosse contrário & ética profissional. dependem das suas entrevistas com seu terapeuta. Ele não f. 24. estas respostas são provavelmente destituídas de valor terapêuticos por desviarem a conversa de seu próprio sujeito: a interessada. O que diz seu marido a respeito de tudo isto? '* m 21 kl C 22. V.M C 19. ainda que o terapeuta rogeriano possa utilizá-las — voluntária ou involuntariamente — não poderiam ser consideradas como empáticas nem como sendo dirigidas ao sentimento: C 21.. isto apesar de ser psicótico. o Dr. no sujeito imediatamente em questão. nem de oportunidade. J< w '» £ * 9 ' li m i .. passemos em revista algumas outras respostas de um tipo completamente diferente.. V . Quanto à C23. estas respostas não carecem nem de sabedoria. > ?: >F eV f H t/ - 1 ’’ . * n . * 1 S C 23. ou de culpa e que procura se defender deles. Compreendo muito bem que você esteja tentada a procurar o Dr.. esta é uma questão que cabe a você decidir. Se você faz terapia prefiro não Intervir em questões que. No entanto. E C 20. Observar-se-á a partir das respostas que refletem o sentimento (as respostas de números pares) que seu conteúdo se refere aos dados experienciais potencialmente suscetíveis de serem simbolizados. mas que não ocupam o seu centro. pois. este ideal não sé Tealiza pòr um simples fiat. Espe­ rando que este condicionamento se estabeleça. Com efeito. não é raro que o mundo subjetivo do cliente seja comparável a u m * casa de vidro: qual­ quer que seja o lugar em que se pouse o olhar. A resposta que se dirige & pessoa imediatamente comprometida nt interação é terapeuticamente superior à que se dirige a um ou outro aspecto do problema. £ o resultado progressivo de experiências diretas e concretas que tendem. etc. Ao escutar o cliente. é a imersão no mundo subjetivo do cliente. o interior e aquilo que o rodeia. tal como aqui o concebemos. com a noção ou a ima­ gem que o indivíduo faz de seu “eu”. o papel ideal do terapeuta. essencialmente. Para se conduzir de modo autêntico. Enquanto que o hospedeiro pro­ cura interessar o visitante nas coisas que se encontram na casa. não poderia ser adquirido unicamente pelo estudo. reais. Como já o indicamos anteriormente. senti­ mentos que se encontram no campo da consciência. o que deve fazer este visitante? O relaxamento da vigilância lógica e critica. ao Timamn tempo. a aten­ ção deste é atraída para as coisas mais vastas ou mais significativas que se vêem exteriormente. isto é. o problema colocado pelo afastamento de seu terapeuta. necessário à imersão no mundo subjetivo do outro. de certo modo. impressa ao inverso. Com o fim de permitir ao leitor desejoso de examinar' a série de respostas com o auxilio deste critério de identificação e de separar as respostas em duas categorias — uma centrada na pessoa. Conclui-se. a condicionar a expectativa e o comportamen­ to do terapeuta no sentido de um abandono à iniciativa do cliente. acontece freqüentemente que o iniciante — e não apenas o ini­ ciante — experimenta a impressão muito clara de ser introduzido simul­ taneamente em dois mundos diferentes. este envolve. a outra centra­ da no problema — a solução do exercício é dada em nota. que toda resposta que se dirige ao sentimento imediatamente experimentado atua sobre elemen­ tos vivos. portanto sobre o material por excelência da terapia. Contudo.se relacionam com o problema — o estado de seu marido. o terapeuta ntn tem outra Z ' se ‘ (aiuepnisa 'euiaiqojd ou npsAuso oes teJino s ) eoswd eu tepejiuea ogs tejBduii c o j s u j q u moa wpopuj**« sewodtai (t) 39 . Recordemos rapidamente que a mudança terapêutica se relaciona. relativamente Independente do indivíduo pelas razões explicadas no primeiro volume desta obra. ao pé da página (V . admirado e lamentado pelo terapeuta. não seria esta restrição contrária ao principio da autenticidade? Não o acreditamos. estes sinais). já que esta questão é discutida no capítulo V do Volume I. Ilustremos a diferença entre a comunicação e a revelação contida nos dados verbais com a ajuda de alguns casos. em justificar este pon­ to de vista. — ele é orgulhoso e rígido — Incapaz de mostrar sua necessidade de afeto e de reconhecimento. de excluir aquilo que. mãe de três crianças pelo seu primeiro casamento. 40 . que eles já começam a ganhar o seu próprio pão — pois é mais ou menos isso o que ganham! — não têm mais necessidade de m im . — ele deu assistência não por generosidade. — o móvel de suas ações era. No contexto do caso. como ele o pretende. Nós não nos deteremos. uns clínicos. mas para afirmar seu poder e sua superioridade. eles não deram. talvez. efetivamente. segundo marido de uma mulher. prazeres. alimentando-os. ele. porém. sinais de gratidão mas. ele parece reve­ lar ao mesmo tempo. talvez. ter negligenciado outros aspectos de seu papel de marido e de pai. Etc. amarga e desafiante): Há mais de quinze anos que tenho trabalhado para eles. deve. Estou liquidado. voluntariamente. mas a dominação. e à luz dos elementos não-verbais da comu­ nicação. férias. como ele o diz. é provável que este relato signifique que: — ele nunca lhes pediu. cuidando de sua instrução. E ja In Ll Ll )■ ' rt . que mais? Deixei de ter meus próprios filhos para evitar-lhes complicações e veja que Jamais lhes pedi o menor sinal de gratidão — nem a eíes. não o amor. se se impôs uma vida tão austera. para reduzir o oampo de sua atenção àquilo que o cliente parece — ou está disposto a — lhe comunicar. EXEM P1X) 1 — Cliente (falando com voz dura. em te­ rapia por causa de problemas familiares. quase necessariamente. — ele quer parecer aos olhos do terapeuta como magnânimo e totalmenmente inocente com relação ao problema. Tomemos inicialmente o caso de um cliente. ao mesmo tempo. espontaneidade. nem à mãe. involuntariamente. vestindo-os. tratando-os como meus próprios filhos Privei-me de toda satisfação pessoal. — ele quer ser. E agora. outros ficticios. ’* Sr r< W ™ I- m h l * * ®j 0 'f <€■ 0 Ar > ‘4 1I B r>: ti® !■ ) Mas.alternativa f*"*» a de se esforçar. não deixou de ficar magoado pelo fato deles não os terem dado (se. necessariamente. — seu caráter tem provavelmente algo de repelente (se. Autenticidade não significa. Se o terapeuta dirigè sua resposta a um ou outro destes elementos da comunicação (tomando cuidado. — a atitude de minha família é verdadeir. Não podendo se apre­ sentar como o indivíduo mais Interessante da vizinhança e o único qua­ lificado para faz. manifesta uma tendência a se orientar no sentido oposto. — eis a triste recompensa de uma vida de t votamento absoluto. de tornar claro que se tratam de opiniões do cliente) favorecerá uma expressão mais com­ pleta do sentimento. — há motivo para se estar indignado. Mas você logo descobrirá. E X E M P L O 2 — Suponhamos um indivíduo A. tanto quanto ao do outro — a relação estará com­ prometida ao ponto de se romper irremediavelmente. segue-se geralmente uma modificação da atitude. tudo se passa como se a economia afetiva fosse regulada por uma espécie de mecanismo automático de es­ tabilização. O bairro é realmente multo agradável. espaçoso e as casas e Jardins são maravilhosamente conserva­ dos como vê. A se esforçará em produzir uma boa impressão e de fazer amizade com B . de fato. homem distinto e culto. quando a expressão emocional atinge um ponto de satura­ ção. Se esta expressão for total. iraente inacreditável. Suponhamos que venha a ter um novo vizinho. que seus habitantes têm apenas dinheiro e sofrem de um a falta lamentável de refinamento cultural. Estes últimos são pintados em cores pou­ 41 . O que o cliente tenta comunicar é antes: — sou a vitima de minha própria bondade. nestas linhas? Estabelece uma distinção en­ tre si mesmo e seus vizinhos. naturalmente. Se 6 altamente provável que é isto o que o cliente revela — não é isto que ele deseja comunicar. de caráter ambicio­ so e pretensioso. O que diz A. tentará.o devotamento total que teve permaneceu iem recompensa alguma). como a seguinte: A l . Para consegui-lo. Tendo em vista que as boas relações com pessoas da qualidade de B representam uma ocasião de valorização de si. __nunca deixei de demonstrar a bondade mais desinteressada. ao contato da vizi­ nhança. ele procede de maneira indi­ reta. bem entendido. __eu me privei de tudo por eles e nada obtive em troca. é importante que não deixe transparecer seus objetivos ambiciosos. B . al­ guma aproximação indireta. £ calmo. Se a resposta do terapeuta deixa entre­ ver um ou outro destes elementos — que o cliente procura subtrair a seu próprio conhecimento. parte do circulo de B. dominado pela necessidade de se afirmar. Com efeito. Sem te* mesmo que inventar uma tática. Mas. boas pessoas. Pois as frases evasivas não somente carecem de autenticidade. Com efeito. Contudo. provavelmente. insinua que ele mesm o é bem nascido. A não deixará de perceber que a ati­ tude de B é. repugnar-lhe parecer moralizador. favorável. mesmo se estivesse querendo ser sincero. ambígua e. É bem triste ver que na nossa sociedade existe esta dis­ paridade entre o dinheiro e o nível cultural das pessoas. nós vivemos num a sociedade mista! Do ponto de ^ista de suas conseqüências imediatas o uso de frases evasivas como esta é atraente no sentido de que pa&ecem evitar aborre­ cimentos àquele que delas se vale. Enfim. pelo fato de parecerem exprimir um acordo implícito com o interlocutor. neste caso. mas suscetíveis de se torna­ rem inconvenientes quando desejam simplesmente ser amáveis. e B permanece silencioso. como estes atributos não fazem geral­ mente p a r^ da imagem que o indivíduo faz de si mesmo. ex­ põem o indivíduo a se fazer procurar por indivíduos pelos quais não experimenta afinidade alguma ou mesmo que lhe repugnam. pode-se dizer que há comunicação. Neste caso. experi­ menta a mesma necessidade ae afirmação de si. o silêncio se altera. pode julgar que não é ainda o momento de revelar seus sen­ timentos. é preciso que seja refinado para poder avaliar a falta de re­ finamento de outra pessoa — a menos que se seja u m espírito crítico. Se este não é muito st <vel às nuances pessoais da lingua­ gem. recorre a frases mais ou menos impessoais. Se A contínua sua descrição. por outro lado. Contudo. e ostentadores. além disto. dizendo que a vizinhança se compõe. etc. manter-se silencioso. é possível que compreen­ da ao mesmo tempo a comunicação e o subterfúgio verbal de A. E m con­ seqüência. Com o tal 42 . como: B la. e que responda da mesma forma. Com efeito. este comportamento po­ de parecer estranho. o recurso freqüente a esta espécie de manobras pode conduzir imperceptivelmente à alienação de si. que tem o senso da medida e da boa educação. pode acontecer que B se dé conta perfeitamente de que A tenta tomar-se interessante às custas de seus vizinhos. Se. ou. negativa. D e qual­ quer modo. O efeito das palavras de A sobre B variará segundo a personali­ dade de B . de novos ricos. prin­ cipalmente. E m contraste. não poderia se aprèsentar nestes termos. o recurso à evasão é oposto da verdadeira comunicação. mas. é provável que entenderá apeni s palavras sem captar-lhes a in­ tenção. Pode. e até mesmo reprovador. Que outra linha de conduta B poderia adotar? Poderia. Ainda que desaprovetal atitude. quando querem se mostrar polidos. A_tfin£le a aparecer sob um a luz. mas não autenticidade. e responderá de acordo com isso. pelo menos. ainda que elas o protejam con­ tra a alienação ou as represálias do outro. se é mantido por longo tempo ^ Se A continua com a m esm a conversa.co lisonjeiras. Ah. evidente­ mente. pretensioso e invejoso. dando ainda mais ênfase às suas expressões. Vejamos alguns exemplos de respostas que se orientam para que A comunique a respeito de si mesmo: B lb. 2) que respeite seu direito de ter suas opiniões. Você aprecia o cuidado que têm com suas casas e jar­ dins. insistir no fato de que. deste modo. Além disto. culturalmente. a relação entre A e B terá tendência a evoluir no sentido descrito no Volume I. Este modo de interação permite que se converse de maneira apropriada. a necessidade de exprimir um ponto de vista pessoal em relação ao tema da conversa. sem trair seus próprios sentimentos e sem ferir os do interlocutor. você não se sente inteiramente em seu meio. no entanto. Você não partilha dos interesses e atitudes da maior par­ te dos vizinhos. de m odo particular. Você deseja m e alertar para que não seja muito otimista quanto ao nível cultural da vizinhança.percepgào representa um a ameaça à imagem que faz de si mesmo. é necessário que seja efetuado num tom de voá que confirme as intenções e atitudes daquele que o utiliza. Você gosta da vizinhança mas sente pouca afinidade com a maior parté dos habitantes — se bem compreendo. capítulo X I. que aborda as condições da relação que se deteriora. Se não existe este 43 . Sua atitude se tornará igualmente ambígua e. 'E m outras palavras. desfavorável. E m situações como esta é que se revela o valor do hábito — arrai­ gado num estilo de vida — de responder ao que o interlocutor comunica. tornar-fee mais consciente daquilo que expressa. para que este tipo de resposte seja realmente frutífero. mas. pouco a pouco. 3) que não einta. (Se não houvéssemos pressuposto que B é um hom em instruído. não o que revela. D o ponto de vista cultural e em relação ao que se se­ gue disto. o tipo de resposta seguinte — se for dita em u m tom amável — conviria igualmente): Devo deduzir pelas suas palavras que eu lhe pareço mais culto que a maior parte dos vizinhos? Deve-se. ou seja: 1 < que procure compreender o que o seu interlocutor lhe co­ munica sobre si mesmo. A ten­ derá a se tornar defensivo. você não se sente muito bem com a maior parte das pessoas da vizinhança. Sob certos aspectos você aprecia as pessoas da vizinhan­ ça mas não mantém relações muito estreitas com elas. permite a este se expressar com toda a li­ berdade necessária e. tom. façamos com que você seja o centro da conversa. estas pessoas não me parecem ser de seu tipo. c. j. e. estou com ciúme delas. pessoalmente não gosto multo delas. 4-1 . negativos. de uma avaliação ou de uma oplnlSo. Você gosta destas pessoas? £ muito provável que não se trate aqui de uma questão. disposto a reconhê-los. já que é largamente afetado pelo sistema nervo­ so autónomo. Isto não quer dizer nada de bom. que acaba de conhecer: C. — Percebo onde você quer chegar e lhe darei o troco — mas de maneira mais sagaz. talvez. f. pode-se prever que o tipo de resposta que acabamos de ilustrar produzirá efeito/âmbíguo — e com razão. — Desejo me abster de misturar minhas opiniões com as suas. se a llnguaem é dócil — sendo controlada pelo sistema nervoso central — o tom Je voz o é muitos menos. Com efeito. Pois. se não forem inspiradas em atitudes positivas. amigo de um indivíduo. As explicações de a. — Já que você parece ser um tipo egocêntrico. legítimos e C estará. D . este tipo de resposta pode ser igualmente empregado como um disfarce do que se pensa — como um tática refinada de defesa agressiva — e significar: — Se você se considera malicioso — está tratando com alguém mais m a­ licioso ainda. 1. Por esta razão. A escolha das palavras tende a indi­ car que seu sentido é negativo: a. exprimem sentimentos. aliás. h. desejo tê-lo só para mim. E X E M P L O 3 — Suponhamos um indivíduo. Suponhamos que C diga a respeito de outros amigos de D. As demais têm um caráter egoísta ou crítico que as torna Inaceitáveis — social e pessoalmente. não vejo o que o atrai nestas pessoas. muito provavelmente C não as ad­ mitirá se lhe forem apresentadas. bem. o que as respostas em Blb terão tendência a signi­ ficar. eu duvido. d. a f. g. eu deveria ser sufioiente às suas necessidades de amizade. gostaria de que você deixasse de vê-las. isto me surpreenderia bastante. provavelmente. C. mas. £ isto. se você gosta delas. b. mas. o papel do terapeuta não é o de colocar o cliente em confronto com seus sentimentos. Mas. Evidentemente. E era de uma delicadeza e de uma corte­ sia. realmente incomparáveis. sinal de rn^is completa consideração. b. lamento ser casada. só de falar nisto... c. a g.. estou apaixonada por ele. Verifica-se. O limite entre a comunicação e a revelação nem sempre | claro. oh. Dificilmente se encontra uma pessoa como ele. comentando sobre uma recente reu­ nião): Meu companheiro de mesa era um homem realmente extraordiná­ rio. oferecer-lhe o trampolim de uma resposta que se liga estreitamente ao sentimento manifesto ou às suas inegáveis implicações. não se pode realmente se impedir de amar um homem como ele.. Esses poucos exemplos serão suficientes para demonstrar a diferen­ ça entre as noções de comunicação e de revelação e para tornar percep­ tível a diferença dos efeitos que podem ser produzidos pela resposta do terapeuta quando ela é dirigida a uma ou a outra. eu o prefiro a meu marido. estas palavras traduzem um ou vários sentimentos como os seguintes: a. no entanto. oh. A maneira mais provável de levá-lo a isto ê. d. e. que não pode ser adquirida de imediato. f. sinto uma certa alegria. de um modo geral. deve-se prever que o indivíduo poderá não admiti-los. inspirador. realmente distinta! E sabia escutar e fazer-nos falar — fazernos dizer as coisas que não se acredita capaz de dizer. a d. Era capaz de falar de tudo e de forma brilhante. se forem formulados por outra pessoa. realmente. g. Se estes sentimentos têm no entanto um caráter mais ou menos proibido como os expressos de e. E tinha uma ma­ neira. mas criar a segurança necessária para que ele próprio os exprima. 45 .EXEM PLO 4 — Cliente (casada. que o cliente está disposto a reconhecer sentimentos de natureza mais ou menos confidencial como os acima representados de a. Tanto uma como a outra visam a proteger o eu do cliente contra qualquer ameaça. gosto de relembrar isto. . Por isto. enquanto a precedente refere-se a uma peroepç&o respeitosa. A consideração -não a perspicácia Esta iegra está intimamente relacionada com a anterior.. de tal modo tinha um efeito. parece... ficaria encantada de encontrá-lo novamente. A condição requerida para que se disponha a admitir estes elementos tácitos. penso que você não é doutor. ou porque são diretamente irerentes à sua comunicação.i. você tem a aparência de um iniciante. somente as quatro primeiras têm possibilidade de serem reconhecidas tais como são realmente. ou sob uma forma ligeiramente atenuada. Psí !fí Ar p. Po. você não tem a aparência de doutor. b. mas um a avaliação. inspirada por um esforço sincero. h. você não parece ser muito malicioso.iMÈ Ps Qi Ps In ce Ec Já m Q* W C* I E|t Mesmo não tendo como objetivo comunicar certos sentimentos. parece-me. Comecemos pelo exemplo claro e simples anteriormente citado: C 1. Esta condi ção depende geralmente do respeito que se depreende da maneira pela qual o terapeuta formula sua resposta. que o terapeuta daria provas ou de uma falta de sensibilidade empática ou de um a falta de autenticidade. — ainda que possam representar literalmente o modo pelo qual o cliente se exprime na presença de seus familiares — é praticamente certo que ele recusará reconhecer sua autenticidade. você não tem ainda muita experiência. j J? I L. o cliente pode estar disposto a admiti-los. Vejamos alguns exemplos de comunicações com implicações mais ou menos embaraçosas para o indiví­ duo. você é provavelmente um estagiário. PE IN Cai Be ^ (no decorrer de uma entrevista enfadonha): Você é doutor? Embora qualquer um a destas palavras alternativas possa descrever adequadamente os sentimentos do cliente. mais do qute o faria &e ela os desmentisse. a h . Sig PP jtf. ofensiva ou grosseira em que estão formulados nas quatro últimas 46 . f. se a admissão destes elementos tende a revalorizá-lo. e. mas de tal modo nítidas. se você representa um terapeuta experiente — a terapia não tem grande coisa a oferecer. Tí In . d. pode-se admitir: 1) que não representam uma questão. ainda que estivesse difposto a admitir que é suscetível de experimentar sentimentos críticos — e que os experimenta de fato para com o terapeuta ou seu não o admitiria que os experimenta sob a forma mais ou menos agressiva. c. Tendo em vista o contexto no qual são ditas estas palavras. se não as evidenciasse para ele. Quanto às alternativas de e.jata se refere a uma expressão respeitosa que pode se desenvolver com im mínimo de prática. P l Ni 'i Ps \'i Tc Ri D. 2) que esta avaliação é negativa — tendo um a ou outra das seguintes significações: Co -ff O Mc & Co jRft A 1 f? a. você me parece incompetente. é que possa fazê-los sem se sentir diminuído E m termos mais positivos: o cliente estará disposto a admitir os elementos tácitos — mesmo ameaçadores — de sua comunicação. ou porque os reconhece como fazendo partB de sua experiência imediata sem que estejam implícitos nas suas palavras. g. Com efeito. se ela não for formulada com a mais completa consideração pelo “eu" do cliente irá. se o terapeuta responde: T la: Você tem um a certa dúvida de que eu seja doutor. de ser antiterapêutica. um reoém-formado? o cliente ficará talvez um pouco surpreendido ou embaraçado — e até mesmo divertido. Ib: E u não lhe dou exatamente a impressão de u m doutor. Por outro lado. sincero. lc: E u lhe pareço. não fazem. se o terapeuta formula sua resposta de modo tal­ vez bem perspicaz e realista. é possível que esta diferença de idade seja a razão pela qual a relação de­ more a se estabelecer. talvez. E u fiz simplesmente um a pergunta. 47 . este estará em condições de reconhecer o que o terapeuta lhe propõe e de admitir isso. Neste caso é provável que a “questão" do cliente signifique: i. como também tal fraqueza é suscetível de lhe dar um sentimento de integridade — com a satisfação que decorre deste sentimento. mas numa certa medida. Por outro lado. Aliás. mas aumentar a lacuna entre o que o cliente experimenta e o que se confessa. parte da concepção que o indivíduo faz de si mesmo. seu desmentido não seria totalmente defensivo. como resultado. le: E u não disse isto! lf: (Se se tratasse de um cliente iniciado em psicologia. convém ter em conta que o contexto imediato admite várias dimen­ sões e deve-se tratar de distinguir a mais apropriada.alternativas. se o terapeuta é muito jovem e o cliente consideravelmente mais velho. Pois as características de grosseria. Por exemplo. portanto. dizendo-lhe por exemplo: T ld: Você quer dizer que eu pareço ser um principiante? a reação do cliente será geralmente defensiva: C ld: Absolutamente. pode­ ria ocorrer que replicasse ao terapeuta): Por que você é tão defensivo? Por mais perspicaz que seja a resposta do terapeuta. estimulado — mas sua resposta será geralmente afir­ mativa. Tal res­ posta corre o risco. se o terapeuta formula sua compreensão do cliente em termos respeitosos.. geralmente. Não será preciso dizer que as explicações apresentadas a respeito deste exemplo não são as únicas possíveis e que não são necessariamente válidas. não se reconhece sob tal aparência — este tipo de características não é imediatamente acessível à sua consciência. Quando a comunicação não parece seguir diretamente as pala­ vras. Por exem­ plo. mas sem levar em conta a imagem que o cliente faz de si mesmo.de agres­ sividade e outros atributos condenados. Por isto. não somente prejudicar a relação. Você m e parece muito jovem para esta espécie de trabalho. Esta admis­ são terá o mérito não somente de podar ou de precisar sua percepção. 2) de formulá-la de modo que permita ao cliente confirmá-la. formulados ad hoc. as vantagens do uso de material autêntico não compensam o tempo que seria necessário para selecionar entre as gravações. que os casos clínicos. vezes. E X E M P L O 6 — Professor: A primeira metade do curso de psicoterapia consistirá em exercícios que visam a lhes ensinar a escutar. equero que você — Compreendo que se possaatrasar um a vez. — Presumo que vocês não saibam escutar — o que se chama realmente escutar. (Se o restante pode ser ensinado no tempo requerido unicamente para o treinamento des­ ta função. (Se é preciso de­ dicar a isto a metade cLb curso. de forma terapêutica. Duvido que você tenha idade suficiente para poder m e ajudar. é algo muito difícil. na maioria. — Você não tem consideração para comigo. — Você me deve desculpas. k. Você é jovem demais para me servir ds terapeuta. o aspecto progressivo da interação. mas aceitável. Longe disso. no en­ tanto. Contudo.J. O recurso ao material fictício não significa. — O que significa isto? — Isto começa a me irritar. passagens que ti­ vessem a brevidade e a clareza do exemplo fictício.) E X E M P L O 7 — Cliente: É a terceira vez que começamos com dez minutos de itraso. — Quero que você saiba disto.) — Saber escutar é a função essencial do terapeuta. E X E M P L O 8 — Cliente: Preferiria muito mais ir para o escritório a pé do que tirar o carro da< 48 . autênticos.) E X E M P L O 5 — Estudante: Obtive um a grande distinção. atéduas Mas. (Tendo em vista a importância da clareza e da simplicidade quando se trata de exercícios. os exemplos seguintes são. três vezes — já é demais. — Escutar. O uso deste ma"teriaT oferece vantagens principalmente quando se trata de mostrar o desenvolvimento. Terminemos esta sessão por um a série de exercícios que visam ao desenvolvimento da capacidade 1) de extrair a comunicação implícita. não contenham exemplos igual­ mente claros e nítidos. — Estou orgulhoso — ou feliz — com este resultado. às vezes muito longas. saibadisto. — Gostaria de lhe falar sobre o que eu ganhei. — Falemos de presentes. decepcionado. três. Papíi Noel foi bom para você este ano? — Falemos u m pouco de vocô. — Sinto-me obrigado a lhes'’dizer qualquer coisa. principalmente. Estou m e aborrecendo — não m e sinto à vontade. ymnlm se corre o risco de encontrar uiq ou outro vizinho. E X E M P L O 10 — Cliente (iniciando a terceira entrevista): Tudo continua ha mesma. 49 . — Sinto-me.^arage — e principalmente de procurar onde estacioná-lo. Gostaria de ir embora. — — — — Estas entrevistas têm muito pouco valor. E X E M P L O 13 — Cliente:. Isto m e deixa indiferente. ]—• Nunca penso em fazer observações sobre o tempo. E X E M P L O 11 — Vizinho: Bela manhã. Juro.' — Não sou hom em de trocar banalidades. Não tem {a [mínima importância. — Não quero contentar-me com u m simples bom-dia. de coisas agradáveis. Não faço questão particular destas entrevistas. Não m e agrada muito estar aqui. na minha opinião. — Surpreende-me que as coisas hão tenham mudado. — Esperava que as coisas melhorassem após duas ou três visitas. M as. quatro vezes por dia e. Não estou perdendo grande coisa. E X E M P L O 12 — Criança em ludoterapia: Não está ainda na hora? — — — — O tempo parece longo hoje. E X E M P L O 9 — Cliente (em resposta ga meia hora atrasado): às desculpas do terapeuta que che­ O h! Não tem importância. — Desejo m e adaptar aos hábitos do bairro. — Tenho a impressão de que um simples bom-dia não sèria suficiente. não? — Desejo m e mostrar amável. não sei o que lhes dizer. Conheço suficientemente este método para julgar se ele me convém. E X E M P LO 15 — Cliente: Não sei se este método convém a meu caso. M inha parte da tarefa terminou. — — — — >. No momento. Não acredito muito no valor deste método.E X E M P L O 14 — Cliente: . — Gostaria de comer mais um . E X E M P L O 19 — Criança (em ludoterapia): Já acabei de comer meu pastel. £ o método que conta. seu método. disse-lhe quase tudo o que ha­ via para dizer. Antes de lhe dizer mais. E X E M P LO 16 — Cliente: £ verdade que se precisa falar de assuntos sexuais? — — — — Este assunto me preocupa. Isto deveria lhe bastar para que pudesse me dizer o que é precisofazer. — — — — Agora é sua vez. Não vejo nenhum sinal de progresso. — Sente-se que você aplica um método. — Acho que seu comportamento tem algo de especial. acredito que. é sua maneira de responder. Desejo que você conheça meus sentimentos a este respeito. E X E M P L O 18 — Cliente: Acredita que estamos progredindo? — — — — — — Esta não é minha impressão. Você poderia me tranqüilizar — me esclarecer — sobre este assunto. 50 . Meu caso não é simples. desejo escutar alguma coisa de s’iaparte. Diga-me o que não é necessário — isto me poria mais à vontade. Começo a ms perguntar se vale a pena continuar. na vez passada. já disse tudo o que desejava lhe dizer. Começo a me sentir desanimado. Duvido que estejamos. — Gosto destes pastéis.O que você prática "é o que se chama a psicoterapia não-diretiva? — Já ouvi falar deste método. E X E M P L O 17 — Cliente (ao começar sua segunda entrevista): Bem. __O que me chama a atenção. Não gosto de falar sobre estas coisas. E m certos casos. “não completamente”. em geral. bastará colocá-los na segunda pes­ soa para convertê-las em respostas que o indivíduo estará disposto a admi­ tir. ] I C om o facilmente se vera. as explicações dc3t&> exemplos são for­ muladas de tal m odo qüe. o emprego de uma expressão atenuante como “você acha q u e . ! [ • |. — Sou üm a pessoa forte. há motivos para se lamentar. “como se”.* . i •__N o entanto._ não ouso pedir outro abertamente. etc. — Estou! acima das lamentaçOes. contribuir^ para a aceitação do conteúdo da resposta. — Querol ser — ou mostrar-me — corajoso. “quase”. E X E M P L O 20 — Cliente (terminando um a narrativa triste): N Ío lamento 4> que aconteceu. “em certa medida”.. . . “u m pouco”.. . pelo menos. segue-se naturalmente mie suas respostas devem_ englobar o pensamento deste ao ponto de re­ tomá-lo e lhe dar uma forma equivalente ou.HEFLEX 1 ! j ' . Já que o terapeuta rogeriano não visa Julgar. Por isto a resposta característica da aborda­ gem rogeriana é conhecida pelo nome de “reflexo*. Refletir ct.. A finalidade deste tipo de resposta é satisfa­ zer tuna das condições necessárias e suficientes da terapia. ao contrário. que náo 6 suf-ciente quç o terapeuta perceba o. Mas. interrogar ou tran­ qüilizar. vem explorar ^pu'Interpretar... parafrasear ou acentuar a comunicaç&o ttjsnilfwta ou impiíclta dò cliente — levando-se em conta as regras assinaladas no capitulo n . || j ii . evidentemente. entre outras coisas... capítalo IXMBtfas condições estipulam. O meio mais direto e mal: seguro de realizar isto é.Capitulo j A RESPOSTA .nslste em resumir.. expostas no Vòlttme I. j. como p u a comunicar esta conformidade de percepç&o sem parecer repetitivo? ü . & resposta-reflexo. mas.!■I 1 Tendo esboçado:as características gerais da atividade do terapeuta^ examinemos mais de perto as formas concretas através das quais se tra duz esta atividade.. cliente como este se percebe a eí mesny ' * necessário . tem por objeti­ vo participar da experiência im wii^i do cliente. suscetível de ser reconhecida como sua..^nbém que consiga fazer com qua o interessa­ do compreenda esta identidade de percepç&o — e isto de forma mau convincente do que pela simples afirmação. Além dis­ so. que não é só pelo cliente. que ao me. que importa variar as modalidades do reflexo ou eleválas acima de sua expressão mais elementar ou literal. Parece inegável que estes ■halo-effects' — variantes do fenômeno de transferência — sejam obser­ váveis em um bom número de clientes. sem dúvida. Num trabalho em que a rtlaçào entre as partes é primordial. despojado ou ektremo. I ' Reconheçamos. que o profissional pode se contentar com o uso de meios verbais extremamente parcimoniosos e despojados. co m náo impõe nenhuma exigência. poderá afetá-lo como se fosse um simples eco e. poderia Indispor este mesmo cliente. por Insignificante e repetitiva que possa parecer esta maneira tie responder. tudo o que afeta uma das partes repercute na outra. de não parecer passivo ou inapto. Por seu lado. (Pode ocorrer. pode resultar uma segurança interna tal. pelo menos. mas também pelo terapeuta. subjetivo. que aconteça de modo diferente. não “nele" mas. quando se trata de terapeutas de renome. o cliente de tal terapeuta é suscetível de se acomodar. é respeitável — desde que não se transforme em uma necessidade de afirmação de si — e convém levar isso em couta.'i <U i | ' ' . formulado nos termos do cliente. Primeiramente. para fazer com que o cliente compreenda que se participa de sua expe­ riência — que se pensa.A dificuldade com a qual se defronta o Iniciante de»U terapia re­ side no fato de que o reflexo é de uma simplicidade que corre o risco de fazé-lo parecer simplista e que. Felizmente. e até mesmo admirar esta simplicidade rara — enquanto que a mesma simplicidade manifestada por um profissional mais modesto. trrcr à nprodução exata de sua Comunicação nos mesmos ter­ mos c:n que é feita. Esta 54 . ela Ihc permite absorver-se totalmente no seu mundo pessoal.tmo tempo alivia e estimula. há meios de ser empático sem parecer mecânico. contudo. para terapeutas ini­ ciantes. desde que o terapeuta possa se acomodar a ele sem violentar suas próprias tendências e sentimentos. lhe repugna. sobre o cliente — habituado. muito fre­ quentemente. eía é de natureza a exercer um efeito salutar. quando acom­ panhado de humildade. deste modo. por isto. Por isto. ela não deixa de ser de uma eficácla surpreeratentç. Com efeito. tanto por una quanto por outra das partes. Do sentimento de reconhecida competência. à intenção do interessado. ela representa o melo por excelência de facilitar a tomada de cons­ ciência autônoma da experiência vivida.) . de um terapeuta como Rogers — ainda que acreditemos que este modo estritamente empático seja o melhor. senão como inadequa­ do. Esta é uma das razões pelas quais nfio ped imos ao estagiário para imitar o modo de interação. A necessidade de parecer ativo ou inteligente ou. a ser contatado ou criticado nas suas opiniões. o uso abundante do simples reflexo. Contudo. prejudicar a relação. Este tipo de comportamento é por demais diferente do estilo habitual do interlocutor — qualquer que seja este — para que não corra o risco de ressentir-se como estranho. “com" ele — será às vezes pre­ ciso re. Esta amplificação não poderia. que possui um mínimo de capacidade intelectual e que suas fun­ ções lógicas estão relativamente intactas (tendo em vista f. palavras ou atoa que a traduzem — assim como a experiência é sempre mais com­ plexa do_que sua representação. se-produzir naquele cujo espíriúT ^stá saturado'" do categorias dlagnósticas e outros critérios de avaliação. pelo menoe. b. que o considera remediável. um mínimo de confiança nas clínicas p*icoterapêuticas. & natureza discursiva da linguagem — ao fato de que podemos dizer apenas uma coisa de cada vez. começando por alguns casos de comportamento não-verbal. que este indivíduo Julga ter u m problema. Enquanto que a comunicação se reduz inevitavelmente ao passar para a linguagem. Decorre desta propriedade de comunicação que o terapeuta que se abre às palavras de seu interlocutor está em condições de responder de forma intimamente empática sem ter que repetir as palavras desto. c. por meio de alguns exemplos. Ê suficiente que reflita os elementos tácitos. ou inerentes à comunicação (elementos necessários) ou denotados por esta (elementos prováveis). io fato de que todo comportamento. se pres­ ta & explicação de dimensões implícitas provém. que é capas de ooordenar as diversas etapas de sua iniciativa. d. Observemos que o empobrecimento a que nos referimos não resulta. de uma falta de habilida­ de verbal. Isto pressupõe. e. pode-se afirmar com segurança: a. £ Inerente. facetas múltiplas de uma mesma coisa. enquanto que podemos experimentar simultaneamente uma infinidade de coisas ou. Até prova em contrário. que se dá conta. necessariamente.possibilidade decorre de uma característica fundamental da interação hu­ mana: a comunicação é sempre mais rica do que os meios. longe de poder se amplificar. pois. ela pode se amplificar na recepção. de uma maneira geral. que ae cré incapaz de resolvè-lo sozinho. f. Tomemos esta idéia mais precisa. a comunicação é esvaziada de seu sentido próprio e as palavras se tornam veiculos de um pensamento estranho ao de seu emissor. da natureza de aeu problema. que tem. verbal ou não-verbal. Nestes casos. da com­ plexidade de todo comportamento. g. E X E M P L O 1 — A significação do comportamento do indivíduo que solicita os serviços de uma clinica pslcoterapêutica não se limita somente a este pe­ dido. no entanto. que o indivíduo receptor tome-se totalmente disponível & co­ municação. em parte. evidentemente. pelo menos. supra > EXEMrtXJ 2 — 0 terapeuta que informa ao novo cliente da importâncra . a maneira pela qual o cliente vê e experimenta o problema. Você esU esgotado (A maneira peta xqM esta respo4. la. c. não osdo terapeuta. que a comunicação do cliente — por mala trivial que possa pa­ recer — merece ser escutada com atenção. mas. aliás. Fff«n completamente não posso mais.3 tarai. no momento presente. e. em ou­ tras palavras.) j j ] 1 Se o terapeuta estiver plenamente aberto à comunicação. a pessoa.no e sobre seu caso — principalmente o que é «Muni dizer — comunica ao mesmo tempo: s. o terapeuta obteria somente uma expres­ são parcial da e ■■erlêncla do cliente. b. Vejamos alguns exemplos de comportamento verbal. que o que conta. que o resultado da terapia 6 funçSo da expressão total da ex­ periência. se não Insistisse. f. a. vá. que considera o cliente capaz de dirigir o proc-jsso. Comecemos por ! um caso em que a comunicação e as palavras correspondem estreitamento (pressupomos que o comportamento fisionômico confirme as palavras):: B x a m o 4 — 0 . que se li­ mita estritamente a refletir o pensamento do cliente. que este resultado se encontra essencialmente nas mãos do cliente. tão despo. comunicar).] Jada de nuances e de elementos contingentes — que. que o processo exigirá um esforço considerável — talvez penoso. e. a. "Você se sente esgo-tado' — sem que sua resposta corra o risco de parecer uma conflrrbaf ção ou uma avaliação. e.de «i*«w tudo sobre sl raei.'_* ^ formulada pressupõe que u estrutura empática da Interação é compreendlda pelo cliente. a comunicação é tão unívoca • Intensa. j Neste exemplo. d que as coisas diílcels de dizer sfio as mala Importantes. Quando não é o caso. no entanto. que o que importa são os pontos de vista do cliente. d. 1. à primeira vista. descobrir 1 . que não é necessário guiar o cliente por melo de questões ou outras formas de Intervenção. não 6 tanto o problema. convém que 0 terapeuta reaponda de modo a indicar ou a lembrar esta estrutura. ou estritamente .sinônima: T. EXEMTLO S — O comportamento do terapeuta não-diretlvo. revela. que considera útil responder de vez em quando — mesmo se o que diz niutu acrescenta aos dados.-los elementos de seu pensamento relativos a seu trabalho (elementos que deseja. b. que. única resposta (empática) a que parece se prestar é è reiteração — 11. até agora eu esperei. entáo. O cliente pode. o cliente pode chegar à conclusão de que o que experimenta não é desânimo (geralmente consecutivo à expe­ riência de Íracas60). para que se possa dissr que não há outra salda. mas do fato de nâo ter feito tentativas. Todos estes aspectos são mais ou menos Inerentes às palavras em questão. podem se prestar a uma colaboração ou a diferenciação a partir do interior. geralmente. cujo caso analisamos no Ctapitulo V. t ssts. quase necessariamente. é necessário ter idéia de uma determinada salda s saber. nuT. Sc suas pa­ lavras representam adequadamente sua experiência. e. se o elemento a) acima citado nto faa parte dease sentimento. VTb. e em conseqüência de uma lógica intema. Ao refleti-las.vitima de uma representação defeituosa da situação. os proble­ mas psicológicos são devidos. no entanto. Por exem­ plo. Vlb o confirma. sente-se frustrada ao ponto de Julgar que "não há outra saída aMm do suicídio' — — n que os fatos parsçam justificar este sentimento. o cliente pode tomar conhecimento deste fato e retificá-lo. pelo* cliente. d. até agora ti*« coragem de lutar. em larga escala. For sua ves. como ela própria o ad­ mite — é. renuncio a prosseguir nos meus esforços. A pessoa que. fia todo 0 esforço de que era capas. que ela esttf fechada. a uma explicação. Usávtol. a uma simbolização ou representação defeituosa do que é realmente experimentado. não posso matt”. Com efeito. pouco a pouco. Esta consta­ tação leva. Pode ocorrer. ele diz ao mesmo tem­ po: a.'mas uma total falta de confiança e de respeito com relação a st mesmo — sentimento que não resulta de qualquer acontad* menfo -»articular.^ue tem sua origem na Imagem do eu. mesmo tio simples e coerentes como o exemplo presentemente discutido. Ora. o indivíduo que diz: “Perdi toda a coragem. esta discrepância entre os fatos e a representação conduz a uma explicação. refere-se implicitamente a alguma for* ça que o animava antes e o incitava a taxar certos esforços. a . que não pertençam à experiência do cliente. b. ocorre freqüentemente. Com efeito. Esta operação de verificação. que longe ide saber que um determinado fim toraou-ss irres. f. o indivíduo não tem Idéia alpuna de qual | seu ílm. como a Srta. se dar conta de que seu sentimento nâo resulta — como suas pala­ vras pareoam sugerir — de uma acumulação de fracassos.ri que os enunciados. representa um dos fa­ tores mais importantes do processo terapêutico Com afeito. s o caso da Srta. |Í|| . eu me esgotei em v*o. com certeza. Assim. 1 o. alguma coisa velo me tirar toda a coragem. O terapeuta oferece ao cliente a ocasião de verifi­ car se sua comunicação reproduz exatamente seu sentimento. Esta resposta poderá Introduzir na consciência um elemento de ex­ periência muito real. Parece-lhe que permanecerá sempre com este!sentimento. a resposta seguinte poderá ser mais frutífera: T. Conforme for o caso. Você realmente nác pode agüentar mais — pelo menos. ji y *".7( I jjj Este tipo de resposta é de natureza a provocar uma expressão maU completa do desespero que motiva tais palavras e. que convém & mesma situação: i T lb.» pontes de vista sobre o problema e. Convém. e que*' evidencia um aspecto inegável da experiência. «i! problema. em vi'2 do provar ób clloiito quo seu problema não existe ou de lhe Impor ou­ tra versão desse problema. a con­ duzir ao estado de saturação emocional em que se opera uma mudança na direção oposta. Se o faz. NSo é ama questão de ‘momento presente”. Vejar^os outra resposta empática. O cliente não poderia responder afirmativamente. 2. NSo se trata de um sentimento passageiro. provavelmente obliterado pela intensidade da experiência imediata. Admitamos. ne­ nhuma utllidiido. dominado pelo abatimento. em consequéncla. Enquanto que o cliente provavelmente repeliria as pa­ lavras de consolo como uma subestimação de seu problema e de sua dor P— ou refutaria tais palavras. j T. Por outro lado. Ê realmente algo multo profundo. que 6 possível que o cliente. que todo sentimento é passageiro. que o terapeuta. ta. se o terapeuta gostaria de não dar a Impressão de que quer se entregar a uma espécie de disputa verbal.ko sempre. no entanto. isto é. passe a aceltá-lo tal como o cliente o formu­ la e crie as condições para que o cliente se torne capaz de perceber mais claramente ío . o terapeuta poderá Julgar útil responder a estas palavras acentuando o sentimento a que se referem: . é de natureza a modificar ' a óptica do Indivíduo sem fazer Intervir fatores pouco terapêuticos como a consolação ou a exortação. logo- 58 . de atenuá-lo. deste modo.lhe proporciona esta ocasião. No momento em que sofre. é sus­ cetível de atuar o sentimento na sua perspectiva própria e. Por isto. 6 Isto o que você experimenta no momento. Explicar-lhe tudo lito nlo tem. responda — não sem impaciência: C. de çorrlgl-los U tuilexq du 1 municaçfio manifesta — ou de qyalquer uma de suas implicações . eventualmente. portanto. com o fim de provocar mais è'mais outras semelhantes — uma resposta como a que acabamos deC^-Allcar. o Indivíduo quer ter uma Justlflcaçflo do stu sofrimento. Que não recobrará o ânimo. Zbl. geralmente. mas. futuros: |. o Julgamento n&o 6 válido. necessidades ou Indlnações. lmplldtos ou explícitos. isto é. tendo em vista a resistência mais ou menos agressiva manifestada em C2. a exis­ tência de tal depressão 6 improvável. I f„i temo fracassar. Mea marido trabalha na usina. 1 g. a percepção de seu sen­ timento é suscetível de se tornar mais clara. En cuido da casa e das crianças. b. sob certM condlçóci. (Se se tratá de um caso de depressão psicótica que requer a apli­ cação de outros agentes terapêuticos que n&o o tratamento por melo de entrevistas. I Todos estes aspectos. No etemplo 4. não me sinto capaz do esforço necessário. I são apenais-fci comunicações que expressam sentimentos que se prestam a esta elaborado a partir do Interior. evidentemente n&o chegará a perceber. Tem uma boa posi­ ção. a impllcaç&o do enunciado girava em torno da Idéia de lesforços realizados. O enunciado puramente descritivo dos fatos materiais. e. neste. pelo menos neste' momento não tenho coragem. seria preciso mais ftnlmo do que tenho neste momento. Contudo. Mas. ele se torna capes dè perceber que a qualidade de permanência está ligada ao fracasso (su­ pomos. . Isto ó exato. c. não ao sentimento —j diferenga considerável. passados. desisto de tentai1. etc. a. não vale a pena. As dimensões tácitas do exemplo 4 s&o mais claramente eviden­ ciadas quando as modificamos ligeiramente: EXEM PLO 5 — Nio tenho Animo paca Isto. ' Qual será a comunicação implícita neste caso? A menos que o •*octexto o desminta. estas palavras significam: . d. 1. que se trata de um fracasso). contém igualmente uma comunicação que vai além das palavras: E X E M P M ) 9 — C . neste momento. que.) ^ Já que o cliente nao poderia refutar T2b. como o seguinte. n&o acredito ser bem sucedido. n&o em função de suas próprias hipóteses. está relacionada com esforços potenciais.perceberá. tem dúvida.o faio de que este elemento periférico seja levado para o centro da cons­ ciência é de natureza a modificar consideravelmente o quadro afetivo. vêm naturalmente ao espirito daquele que se esforça por escutar em função do interlocutor. Poder-se-la dizer que esta especificação esta­ va subentendida -r que n&o 6 um elemento novo. cada um contribui. Entre os desenhos que ilustram a maior parte dos manuais de psi­ cologia da forma. são capazes de reconhecer que ele tinha razãzo. bm a. dar uma pri­ meira idéia da natureza da resposta-reflexo. f ele tinha razão. Tenho uma boa posição. Isto i. Para isto. necessidades. Para outros. um problema. as pessoas estão enganadas. b c. p. eu pessoalmente sei que ele não estava errado. faremos um rápido paralelo entre este tipo da resposta • um fenómeno descoberto pela psicologia da forma. há a!po de fundamentalmente anormal na iTíuação familiar. e tendências'— os outros objetivos. 63) O campo tnchddo neste quadrado pode ser organizado pelo menos de dots modos. assim o esperamos. uns subjetivos —> lntere:j^s. 60 . é a parte central que forma a figura e e*?a 6 vista como um vaso.a.1 EXEM PLO 7 — C . entre os quais me encontro. A "preferência” perceptual por uma ou outra destas figuras é função de diversos fatores. evidentemente. Entre estes 'íltfrros. citemo* o contraste entre as duas partes do campo.l. Quem quer que tenha seguido um eurso de psicologia gerai reconhecerá o traçado apresentado na ftf. Neste caso. presta-se à percepção de duas Imagens ou figuras: Para alguns indivíduos. para a manutenção da família. a comunicação sugere qualquer coisa como: a. a seu modo. mesmo se praticamente todo o mundo ainda diz que ele estava errado. quando modificamos ligeiramente este exemplo C i Eu tnbilac na usina. isto não altera as minhas convicções. poucos indivíduos. Ma» atava. b c. b c d. tíesit nor. são as pessoas que estão erradas. Completemos este esboço com uma exposição um pouco mais teórica. você percebe a situação criada por isto. as partes latera^ jrganizam-se para formar dois perfis frente a frente.lo de vista (das funções e dos rendimentos) n&o há problema. assim como as leis que regem ss relações entra estas duas partes '/institui:rai de todo o campo. e. Estes exemplos terão conseguido. encontram-se os que são utilizados para demonstrar a •ifrttnç&n entre o que se chama a 'figura" e o 'fundo* do campa da per­ cepção. . você percebe a situação criada por isto? Ainda uma vez a diferença entre a comunicação e os dados verbais se torna irais evH'ente. Meu marido caid» da casa e das crianças. isto coloca. I. As pessoas acreditam que Hltler estava errado. Z. tendo conhecimento de um elemento suplementar. este novo elemento á suscetível de mudar radicalmente a organização do campo de X . pode-se dizer que X organiza os dados de modo a ver neles dois perfis. que corresponde i — «strutura do eu. Se T Informa X dos pianos de Z e da origem de sua doação. Suponhamos que X veja natu­ ralmente nisto um gesto de generosidade.As leis da organização do campo peroeptual — que regem a forma­ ção. a mudança tarmfaiUca podo set e ü t e n «noa ™ processo de modificado coatiaaULM ca*npCL da. quando dois lndlriduos ransldfiratn unM situação mais ou menos complexa ou ambígua. isto é. adota uma qtltude diferente e vê neles o vaso. enquanto que Y. Estabelecendo um paralelo com a Plg I. e experimente um sentimento de admiração para com Z. os elementof. ar na política e que sua doaçio 6 flnandada por um grupo pouco recomendável. Como pudemos ver no primeiro volume desta obra. no campo do pen­ samento e do sentimento. valores. com as mudanças que esta nova perspectiva provoca nos sentimentos de X. X e T . Um fenômeno análogo ocorre constantemente na terapia rogerlana. Por outro lade. O que previamente era per­ cebido como um ato de generosidade pode tomar-se uma tática vil. Mais concretamente: suponhamos que dois In­ divíduos. e cujo jogo pode aer fa­ cilmente demonstrado no campo da percepção visual — são Igualmente válidos no campo da percepção não-sensorial. tez uma generosa' doação a obra filantrópica.para para t. tendências pessoais) « fatores nflárela fcontéúdo mental Imediato) que formam o fupdosobre o q}ial a sltuaç&o apa­ rece pára cada indivíduo. suponhamos que T saiba que Z se . certos . leiam no jorflkl que um outro indivíduo. . A medida que a interação tem prosseguimento. em particular do setor central.percepção. (DWJMuoc* ganízam como “figura’ variam de acoido com tatoJSa *"*** flll menos constantes (atitudes. a modificação ou a obliteração da figura. que consiste a força deste ] tipo de resposta. por sua vez. 3) se apresenta como um indivíduo excepcional — praticamente o único. o da inteligência. Ora. £ nisto. ff).. Nas palavras do cliente á X que formal a figura e esta figura é pintada em cores extremamente sombrias. Nas . nSo-amerton a. fl Comecemos por um caso de inversão completa da figura: a r çi ? Ce elementos de experiência que faziam parte do “fundo" vêm se integrar à "figura” e produzem ai modificações geradoras de novas modificações. o que importa observar com relação a este proces^i so é que a modificação da figura se faz a partir do Interior. fala de sl mesmo._(ex. | ' 1 Um dos fatores mais Importantes deste processo é a resposta-reflexo. sepá dis-j cutida miai artIço >-in preparação. Esta transposição permite que o cliente se dê conta do inverso da imagem por ele descrita. palavras dc terapeuta. i T. Em alguns aspectos.000 habitantes. como. T. pois. fl m k q El O Mi Ce A Pc Po Si* PI Pi Vejamos alguns exemplos deste fenômeno de modificação da figura.l. HI L u N Pi S 1 I I Pi I T 9 R 1 D 1 Pi R Q 9 Pi Ï (ri 1 Ct . Contudo. ou mesmo a invertê-la (ex.ariaraante — com intensidade.’(i E. é o cliente que constitui a "figura” e esta se des­ ta » — retf T. exigem que outros elementos se destaquem do fundo e venham tomar seu lugar na figura que está se reorganizando.la). não sob 1 a influência de forças exteriores.* T. Observe que não estou 1 talando de uma conversa Interessante.a*«v hi de ptor. Este exemplo oferece . . sobre a parte do campo que. 7 .lb).000 outros.. ou classificá-la por meio de contraste. { Vejamos um outro exemplo semelhante. forma a 'figura*. Q lanto à atitude que pode ser adotada pelo tera-j peuta Incapaz de pe*irian «er empático em situações como estas. Esta reSppsta^tem por efeito ou acentuar a figura tal como é percebida pelo cliente (ex.I posta na comunicação. E X E M F l /) 9 — A r f f v é estudante. dirigindo. Ele se compõe dc dois elementos: X e o cliente. Estas.umaj amostra da prova a que podem estar submetidas a empatla e a auten-j tlcldade do te/apeuta.sç a u m te-. você se atlia pra­ ticamente sozinho em X . í o?te exemplo. J. co­ mo um determinado fundo pertence a uma determinada figura. mas simplesmente inteligente. EXEM PLO 8 — C . dotado de intellfência. Fj^tre'oa 1 quase 100. O terapeuta coibe os dados de sua res. A ddade X (onde moro) é o. entre 100. 9). a orga­ nização deste campo é diferente. precisamente. o " :ampo" é o mesmo para o terapeuta e para o I c'iente. não existe nem um grupúTcom o qual se possa ] manter uma conversa sliApleanente Inteligente. ou modificá-la no sentido da ampliação (ex. para o client*. Seu conteúdo pertence à comunicação do lndlviduo. lhe é oferecida! a ocasião de consciência de que: 1) ao falar de outro.. distinguir três tipos. u mulhticj wwilcinu slo talvez as mais bonitas do mundo -4 ainda que isto se}a dlffcll de se estabelecer. ou. Mas nSo tém nenhuma personalidade. uma semana mais tarde. não de uma avaliação tiú'1de uma defohnação sutil da comunlcalo da cliente — é que seu conteúdo não pode ser negado pelo Indivíduo. e 3) “elu|ação" (recognition of feeling. m m M odalidades do heflexc^ A respoata-rôflexo pode apresentar diversas modalidades. Imas que não era destituída nem de inteligência. I sentimento refletido está ligado à sua comunicação como o avesso está kado ao direito. Diante desta resposta.rb*rece o client iem instrui-lo. sem deturpá-lo. isto i preciso admitir. Seu tom de voz mudou e. e as conclusões a que havia chegado. pelo menos. reflection of feeling. £ de certa forma uma questão de gosto. na medlem que e. — uns autômato«. que n&o a tinha agredido nem procurado lhe dar uma Ição. e que estimula seu pensa|nto. São umas I cabaças ocas. além disso. NSo hi possibilidade de se fazer amigas I entre elas. que havia demonstrado um ‘ complexo |e superioridade grotesco”! do qüal admitia várias manifestações e que Bentificou como um dos obstáculos & sua vida social. ela se tinha dado t o n t a que ele apenas "colocava um espelho diante dela' — como Unha l o s t u m e de fazer. mas que. Há nelas um va[ lio — unia pobreza Interior que chega a provocar piedade. Estas variações se situam num continuo e ainI que não se possa separá-las em Unhas de demarcação nítidas.dos pensamentos quo se haviam agitido tela. •perdeu o fio de seu pensamento.Realmente. Você se sente feliz por não ser americana. podeno entanto. Confessou que sua prlnielra reação ante a resposta do terapeu­ ta tinha sido violentamente hostil. chamaremos ia estes tipos: 1) "reiteração' ou reilexo simI 2) “reflexo do sentimento” ou reflexo propriamente dito. Elas tSo multo cuidadas. clarification) I Deve-se observar que estas categorias foram estabelecidas a pos- Í9MIMMM0 t . após a conversa qué citamos acima. Em conseqüência do caráter intrínseco do sentimento e reflete] esta resposta exerce um efeito ao mesmo tempo penetrante rasséptico" — capaz de efetuar uma tomada de consciência sem ferir Isentlmento. T. Na ordem crescente de seu valor lelucidaçBo. nenhuma individualidade. | O valor da resposta-reflexo I— se se trata verdadeiramente de um jeflexo. sem deixar cicatrizes. Nada têm a oferecer como companheiras.seguinlte (3 dias depois) mas reapareceu na outra. aparentemente. fcmpreendèu uma longa Kâáliise . Ela reconhecia. nem de sensibilidade — I ficou visivelmente desconcertada. a cliente — cujo caráter era algo deficiente. Não se: apresentou na entrevista. em seguida. p. da ampliação do campo da percepção. o fluxo verba] deste.r? ílr ■-s' londer está evidenciado nas palavras da Srta.". com o fim de submergir no daro-escuro do mundo subjetivo do outro. já que tende a* estabelecer um clima de segurança favorável ã ' diminuição das barreiras defensivas do "eu* e. contrária às suas intenções. 134 : " * Esta cliente sai de sua primeiro entrevista com a iirjirfisilo de se :.n jreender melhor. para criar uma atmosfera 'le acolhida e de tranqüilidade. nos termos do cliente — por mais humildes que estes pareçam ser. ou simplesmente em reproduzir as últimas palavras de modo a fa­ cilitar a continuação da narrativa. afeta o cliente como se fosse urr t i xplicoçSj. a expressfio verbal assume no interlocutor que se esforça em se despojar de seu próprio ponto de referência.lexo simples facilita a tomada de consciência é comparável ao efeito produzido pela pontuação num texto. multo natu­ ralmente. o terreno para uma tomada de consciênj cia cada vez maior. de haver repentinamente en­ 114 . longe de constituir técnicas sistematicamente Inventadas com fins particulares. representam formas e variações que. repeti iva.. a atividade 4o terapeuta limitou-^ f mtuar fj-Jt < ali. onalitica. no entan o. na realidade. qt ando. quando ca­ rece de substância emocional ou quando o sentimento está a tal ponto Inerente ao conteúdo material que o terapeuta demonstre uma atitude in­ vestigadora. O efeito de eluci<iaç?i dest ■Tunn . numa época em que nâo estava absolutamente preocupado com problemas de 'Uífiilcsi". pois. Ê geralmente breve e cónsiste ou erri^re­ sumir a comunicação do cliente. A reiteração Esta forma dementar do reflexo dirige-se ao conteúdo estritamen­ te manifesto da comunicação.tcriorl bascando-se na análise de entrevistas conduzidas por Rogers em uma época em que este não tinha ainda pleno conhecimento de que havia elabo­ rado uma nova abordagem psicoterapêutica **• lâto é. Eis por que I esta resposta é formulada. freqüentemente. Todos os da­ dos estão presents mas stus relações são confusas e nenhuma conclusão útil poderá ser delas tiradf. Vib (capií-i: V. O relato de um indivíduo em conflito parece multas vezes com uma longa associaç&o livre — tateante. Neste conjunto caótico. ordem que. Isto é. cheia de detalhes despropositados e sem organização — em suma. Serve. c< mo um texto sem pontuação. multo freqüentemente. o reflexo simples cria uma cer. esta ret posta tem pouco valor como elucidação di1 reta Ela prepara. por conseguinj te. se procurasse deduzir daí alguma significação lmplidta. Por isto estas categorias. fssendalmente. / Como representa de certa forina um decalque simplificado do pen[ lamento do cliente. I A maneira pela qual o re. O reflexo simples se emprega prlncP' palmente quando a atividade do cliente é descritiva. ou em assinalar lihf-èlemento relevante dela. e de natureza mais ou menos problemitim Em nossa opinião. Ett descreve-se a si mesma como profundamente neurótica. Qualquer que seja a posição que se adote em face das coisas que ela revela. Voltaremos a falar dela mais adiante.. o estilo calmamente empático do feràiáéüta «r> "f |ela um efeito particularmente estunmante. Ainda que a cliente seja uma pessoa irritável v iu^cetivel de se en­ tediar e se impacientar com o contato com interlocutores que nio excitem sua Imaginação. como se a conversa continuasse. Ett. Diz. é igualmente de­ monstrado. Trata-se de uma jo­ vem mulher divorciada.co n trado uma explicação.. S. ■ferece uma amostra deste efeito. r. A passagem seguinte. culta. Reproduziremos tuna passagem.5o de seu caso pululam de referências psicanalltlcas. praticamente conversava comigo mesma. ela observou em duas o6ksides: “É curioso. As quase duzentas páginas de trans-i. para o mu comportamen­ to “inexplicável". Ett. atendida por Rogers numa Instituição para doen­ tes mentais. mas tú não disse este tipo de coisas a estes outros doutores” (que a tinham entrevistado antes de Rogers.. tanto ortodoxas quanto apócrifas.. observei algo jnulto curioso. O efeito estimulante deste método. desta úl­ tima cliente. uma jovem esquizofrênica. Também. após minha ensta. falando » mim mes- . pelas palavras da Sra.. mie de duas crianças. Sra.'-)s srruals excepcionalmente fortes. 85: E depois. quando a cliente — bastante preocupada com métodos e escolas hicoterapêuticas — descreve sua reação ks entrevistas anteriores EMPLO 10 C . e de forma quase tocante. P. o caso da Sra.. Durante a primeira entrevista. Nss suas entrevistas. oferece um testemunho do efei­ to de certa forma liberador que este modo de comportamento ‘ Inofensi­ vo' é capaz de produzir. Após cada entrevista tinha de certo lo a impressão de não tê-lo deixado. também. Ora. tiradas de Vüuras e de conversas com amigos. empregando outros métodos). Procede do inicio da terceira entrepsta. e por isto será útil descrever em duas palavras a pessoa da Sra. O outro dia.. fcs vezes. inteligente e de um tempera­ mento vivo e apaixonado. mais ou menos divertida. casada pela segunda vez. ainda que se aproxime de um [gracejo (leva a marca do estilo invariavelmente vivo e alegre da cliente). sofria Igualmente de uma ‘ indigestão aguda* de noç9es psicanalltlcas. nfio poderemos nos impedir de admitir for­ ças construtivas que a a exprimi-las. pçIa transcrição do diá­ logo. evidencia-se que as respostas do terapeuta são da ordem do re­ flexo mais elementar. de excitação. experimentar lmpu!. peto menos durante uma hora depois de ter saldo daqui Estava «Mda numa conversa comigo mesma e — era multo curioso — pois — pi — e u . há ainda outra coisa. sujeiti a epi­ sódios inquietantes — ainda que de natureza não psicótica — de d«-pres­ são e.. de niftel sócio-econômlco médlo-superior. ainda que provisória. betnestar. Veja. este modo de agir me íez pensar tanto — durante toda a semana — e eu estava — experlmentara algo d e.n ! JÊ. E realmente co­ mi è vontade e conversei com a pessoa que estava na mesa ao lado e .. é isto mesmo. maravilhosa por um momento — e um a hora. simplesmente.' C . oh...87: Catalizador. Imagine que. » fazer um papel de "catallzaI dor**.. oh.. C . E aí está algo surpreendente. I ma — mrifi — a conversa não »cabou depois de terminada a sessão Continuai. história de sua vida — e isto. ele i comparável ao que experimento quando Arnold (seu marido) me anuncia que tem que viajar — sinto-me triste porque sei que depoisdeste sentimento maravilhoso voltarei s ficar deprimida. as diversas oolsa» t que você tinha dito e a forma como me havia escutado. geralmente tenho esta sensação d e . e ela. surprecndl-me entrando em i um ônibus ui direção ao ceniro (da cidade) e indo Jantar —L assim — soF zlnha r sem planejar isto.86: Catalizador? I [ • ' ■:-4 C . J agente. espero que não seja uma reação superficial e ! passageira. Isto me chot Càva. não sei multo bem com» dizer. Não que eu nunca tenha experimentado este sentimento d e . » fne fazer d e . tudo acabou. O fato é «ue eu >ne sentia realmente estimulada com isto. es­ tar nos céus e me sinto.. tudo isto. em menos de vinte (minutos. Isto mesmo. há pelo menos algumas semanas que não r-tinha senüd(^>somente. Devo dizer. quando se trata de tais [ visitas i 'ifcrente. f me senti calma e serena rememorando. sabe. Espero que f não seja o caso — isto é.1 rnfrevista em certo sentido se prolongava mesmo depois de ter realmente terminado.. o que há de desagradái el com pste tipo de aentimèfito — de — de — é que. Não é assim que você tchama Isso? Quero dizer. realmente agradável — oh. T.. E assim.. em geraI.86: Sim. T. quando cheguei à cidade. realmente interessante.87: Você teme que se trate de uma reação passageira. Sim. pois. !Jra tuna cxperiíncla realmente. ao sair daqui.. Mas. que as coisas não foram multo mal esta semana. no entanto. Imagine que me pus a Imitar você. Será que isto quer dizer que estou me entuslasi’ mando por isto (por sua terapia)? Me pergunto com franqueza. me contou praticamente a.. Que idiotice! De agente ca­ talizador. con­ tinuava minha ’'conversa1* — e no restaurante eu me permiti pedir certas | coisas que habitualmente não me permito — você sabe — coisas de que i gosto. Mas não me Importei (ela ri).. apó 'una conversa a gente retorna às ocupações e o pnisuneiito continua seu curso habitual. Outro dia. depois.88: Sim.. As respostas do terapeuta neste fragmento do diálogo são perfei­ tamente representativas da atividade que manifestou durante as duas en- GG ' . mas que engordam. é isto.. T.. Mas. quero dizer. De qualquer forma... 85: . o reflexo propriamente dito tem por objetivo descobrir a intenção. a reduzir sua fu­ gacidade a fim de permitir ao cliente examiná-la melhor e verificar sua exatidão. Vejamos primeiramente um exemplo elementar tirado nào da prá­ tica clínica. Em termos gestaltistas. de mocT''í4-la ou de re»lorixá-la. de uma diferenciação ou de uma correção. indivi) duo ã~sensaçao j de se sentir perfeitamente compreendido c respeitado. jtalor especifico da. Se o tom deste tipo de resposta concorda com as palavras — que são geralmente tomadas do cliente — mostra de modo quase tangí­ vel que cliente e terapeuta estão em sintonia. O cliente se sentirá acom­ panhado. ie- . A diferença entre estas duas moda­ lidades de respostas empáticas se tornará mais clara. Por um lado. esta forma elementar do h-FWgggüa ufiQ pTtmiar lnslgnUir_ n nrlnc. pe'. Este tipo de resposta nada acrescenta ao pensamento do cliente. indispor ou entristecer seu pai era1 1 . O reflexo tem. Pode-se dizer que q.eitcração parece ser sle ordem a ‘ iva.dar 8P . ao ser Ilustrada pelos exemplos seguintes. ao contrário do cliente. iReproduzem. a criança. Na linguagem da psicologia da forma pode-se dizer que ela nada contém que seja de natureza a modificar diretamente o campo da per­ cepção. simples e fielmente.o seu interlocutor e isto lhe dará a tranqüili­ dade e a segurança que facilitem a adoção espontânea de seu papel. a ati­ tude ou sentimento inerentes hs suas palavras. portanto. Assim. mas da vida de todo dia. sabe exatamente o que quer mas se exprime de uma fortaa :i reta porque teme. Esta Ultima visa estabilhar e precisar a “figura”. Suponhamos uma conversa entre um pai realmente empático e seu filho.fnnt 'fnstrumgnto da criacâo da atmospera de relaxamento necessária à ativ'a^8b"dãs 'forcas de crescimento e (jg antonnii^a O reflexo do sentimento Enquanto que a |reiteração facilita o processo ao. um caráter mais din&mlco que a reitera­ ção.provavelmente.trowatas a que sO* refere a cliente Isto quer dtzer que núo lim relevo Intelectual algum-6 nenhuma originalidade própria. ~sem os Impor. consiste em tornar claro o “fun­ do” da comunicação de modo a permitir que o lndividuo perceba se ele encontra nela elementos suscetiveis de se integrar & “figura". Tende a favo­ recer a evolução da “figura" no sentido de uma amplificação.'propondo-os ao cliente. O reflexo do sentimento vai um pouco além.j. um ou outro elemento mais marcante da comunicação manifesta. sem dúvida. O valor do exemplo reside prin­ cipalmente na sua simplicidade. não observado. sem tranqüilizar ou encorajar. ele dcslocá 68 . Você verá quando você for nu^or (Pausa) Mas. apesar de tudo. o único r 2 Você nSo posta BnaJto disto.. quando se trata do terapeuta: ! | H j ' EXEMPLO lt ' CV. não gosto. . bicicleta?'’. Em Pl. ?■7 i ~ ' F. J3 deptiLi da aula eles vão passeare se divertem. mesmo assim eu gostaria de ter uma bicU ciela . Joãozlnho. nio é? F 3 Nio. P 3 Eu compreendo Isto. H-hm (Pausa) Mas. Sei que você gostaria multo 4e ter uma bicicleta. Mas.dldo Prr outro lado o pal sabe muito bem aonde o filho quer chegar. j : Vejamos mais de perto a significação de cada uma das respostas dadas pelo pai na discussão deste pequeno problema. Eles dizem isso. e — depois co tam tudo o que fizeram e como se divertiram. vocí é 0 único que nio tem bicicleta. • F 2 Kiir. 6 Sim P (. P 4E você não acha multa graça nisto. será possível! Você já conhece o crediário! Sim. Coisas que são necessárias — tanto a você como a todos nós. F 4. Será que eu também não posso ter uma bicicleta? P. não estou podendo comprar uma. 7. Nós não achamos que é uma boa idéia comprar tudo o que se deseja quando não se tem o dinheiro necessário. Temos necessidade de multas outras coisas agora. — o que não acontece sempre. Joãozlnho. meu filho.I Filho 1 Todos os meus colegas têm uma blcldetaj jj Pal 1. 5.7.. Mas. S. Ei Jln.. nio é? O comportamento do pal neste trecho de conversa quotidiana é em muitos aspectos — não em todos — altamente representativo da manei­ ra pela qual o terapeuta rogeriano procura ajudar seu cliente. Pagar mais tarde nio é tio simples assim. (Pausa) E eka perguntam “P°r que aéu pai não lhe da uma. H-hm (Pausa) F. compreende? F 8. Sem usar 1 meios explícitos. Isto é. P. dizer fstó não vai adiantar multo. há um meio de se comprar uma bicicleta e pagá-la mais tarde. eu compreendo que. neste momento. e que você fica triste de nio ter logo uma J bicicleta Você sabe multo bem que eu lhe daria se tivesse dinheiro. I í.ele_çriB _ p„calor.. Será que ela não não poderia ser paga mais tarde? P. a acolhida e a segurança que conduzem naturalmente à expressão do sentimento — e mesmo à insistência com que este_sentimento se ma^ j nlfesta. E eu gostaria de lhe dar uma. F SNão. Mas eu e sua mãe compramos a crédito apenas quando é realmente mul­ to necessário. Em P2 o pal se mostra capaz de se representar qual deve ser o sentimento do filho nestas condições. Sabendo onde o menino queria che­ gar. Finalmente.efazê-lo nas c~'~Mç5es existentes. a criança se sente capaz de levar mais adiante sua iniciativa. acaba o paralelismo propriamente dito entre a conduta do pai é a do terapeuta. dos "outros meninos'* — entre os quais a1 criança se sltúa — para a 'própria crtanga. Admite que não dese­ ja satI.o centro da sltuaç&o em questão. O pal não reflete o sentimen­ to dò filho contido em F5 — "também penso assim" — julgando apa­ rentemente ter se mostrado suficientemente receptivo para que o filho tivesse coragem para formular a finalidade de sua iniciativa. mas sem deixar de reconhe­ cer a precocidade de seu filho com relação à "solução" de problemas financeiros. Em P3 e em P4 confir­ ma sua compreensão. Este deslocamento põe em evidência a significação pessoal de exclusão. que ele não tem conhecimento da referência feita a sua pes­ soa em FS. demonstra sua compreensão da decepção que a recusa deve ter cau­ sado à criança e termina recordando o bom relacionamento que os une. lhe teria sido fácil assumir uma abordagem autoritária ou defensiva. Com efeito. em P9. de uma recusa e de uma confissão de sua situação financeira. vemos que em P7. Com Isto comunica suá aceitação deste sentimento. no j entanto. não aproveita a ocasião que lhe é oferecida. A atitude do pai permanece. Em outras palavras. em acordo com os princípios rogerianos das relações hu­ manas — adaptadas & situação pai-filho. Tendo em vista os privilégios que tem sobre a criança. Notemos. que ape­ nas são dignos de atenção e de respeito se o adulto está disposto a rcm . que a situa­ ção apresenta para a criança. franca e simplesmente. parte da comunicação-dó filho dando-lhe deste modo a ocasião de sê exercitar gradativãmente na expressão de coisas di­ fíceis de serem ditas. Em P7. que nada lhe ensinam e que apenas servem para fazer com que ela se lembre que seus sentimentos não tòm a mesma validade que os do adulto. e de lhe dar uma explicação realista. Isto é. Deste modo esta se apressa em F2 a con­ firmar e acentuar esta significação. Estimulada por esta acolhida. Observemos que sua explicação não é defensiva. ele assume uma posi­ ção! firme para corrt a sugestão da criança. de centrar a conversa em si mesmo — seja justificando ou refutando os comentários dos oütros a seu respeito: Contenta-se calmamente em apoiar a trama do relato reiterando uma. Ele não se refugia atrás do pretexto de que lhe é impossível satisfazer o desejo do menino. de Isolamento. teria podido pôr fim k discussão logo no seu Inicio serrindo-se de uma destas respostas-feltas que a criança já está farta de ouvir. Em P8. Igualmente. O mérito desta forma de tratar um problema torna-se particular­ mente evidente quando pensamos nas diversas maneiras que o pai teria podido adotar para se esquivar ao desgosto de uma discussão. assume a responsabilidade de sua recusa. ele faz preceder sua recusa de uma demonstração de compreensão e de participação nos sentimentos da criança. mas i poderia. mais fundamenta). e de ser reconhecida ^vno UI p»r aqueles que ocupam um lugar importante na economia afetiva. digna de atençio e de respeito.So e que não è sem motivo válido que eles não poderão ser satisfei. que a abordagem do pal. ao respeito e & afeição O "conflito de gerações”. desde o início até o ílm. exceto. por mais tera-j pêutica nuc sej». seu estado de dependência total — com o pontenclal de hostilidade que se liga a esta estado.da criança são <'Ompreensiveis. mais uma “vez. que a concepção autoritária da? relações humanas considera como um fenômeno genético inevitável. dignos de atenção e de conslde-9 r«. a frustração ocasionada por este fato seria compensada pela iatlsfação da necessidade. a criança poderia compreender a recusa. o pai poderia ter tratado o problema adotando a tática que consiste em responder às palavras..rt de pedir • de recusar. Por outro lado. — prxlerá consoli iá-las.j gentes. reconhecer o subterfúgio.conhecô-los. Ainda que certas necessidades particulares do ‘rviivíduo permaneçam insatisfeitas. esta­ ria iniciado. isto é. — silenciando o que reconhecia multo bem coino sendo a comu­ nicação. após ter sido satisfeita a necessidade dc uma bicicleta. poderia ter mantido o centro da conversa onde o seu filho j o situava. 1 Obvrvemoí. no ei tanto. A abordagem assumida pe'. prói rlor. outra se manifestaiCi^ O centro dcf-ÍTroble. se proporcionar aos Interessados a ocasião de tornar conhecimento dos atributos destas relações: a liberdade de uma] p outra pr. A falta deliberada do empatia e de respeito por parte do pal repercutiria nos sentimentos do menino — que se inclinaria. não à comunicação Mais precisamente. suas respostas demonstram que os sentluicntoí. o respeito mútuo. Como todo pal o sabe muito bem. ê representativa. ou que lhes poderia ocorrer algum acidente. etc. Por isto as respostas do pai expresíam uma consideração constante para com leste sentimento De modo in iireto. Igualmente. o terapeuta não fornecc explicações > em P6 e P7 — exceto em alguns casos que se­ rão dcscrltos porU--1 mente . s? itlmcntos. ma <* o sentimento da criança com relaçlo à sua sltuaçfio. Com efe. em casos espe. o terapeuta não faz lntef| vir os seus. ao mesmo tempo. o desejo de se compreender \rm ao outro. que lhe recordam. de sentir uma ocs*oa de valor.o pal neste exemplo é construtiva porque se concentra no centro do problema e abandona os elementos contin. nas outras crianças — dizendo qüe eram mais ficas ] que moravam mais longe. à confiança. o centro não é a bicicleta ou o que os outros meninos possuem i ou dizem.to.1 tos Por isto pode-se acreditar que a discussão dos problemas — mesmo se o resultado for negat ivo — longe de enfraquecer as relações entre as partes. . Sob estas palavras. cada vez menos. em «uma. da intera­ ção que se ti* nr l:t t rapeuta e cliente. .e n fim . secundário. estas palavras representam uma questão que visa a obter uma simples informação. T r'*>que. esquecendo sua pergunta e.. agra­ davelmente surpreendida e tranqüilizada pela constatação de que o tera­ peuta 4 capaz de adivinhar o sentimento que anima suas palavras c de refleti-ío de tal modo que se toma fácil para ela admiti-lo. — tom de voz. As boas relações entro o terapeuta e a cliente. O senhor é crente?. de temor |de ser incompreendida. eu não poderia compreender o que la me dizer? A cliente.. mulher do um homem de profissão liberal. nSo sei.. Vejamos primei* r a m o n t e utna passagem do caso da senhora Nor. isto é o que significa a questão. expressão fa­ cial da cliente sugerem que sua "questão” é uma manifestação dc insegurança. a menos que fosse crente . acredita.. a clien­ te.' Você quer dizer que. multo-írAqüentemente você pensa que é melhor fuar- III A deicrição deste* caso* raros é objeto da um artigo am preparo.. talvez. quero dizer. entrega-se finalmente. demoraram a se estabelecer. Esta questão nãoj é Inspirada pelo Interesse da cliente pelo tera­ peuta.. Não é também inspirada pela curio­ sidade |— a cliente está por demais deprimida e absorvida em si mesma para sè preocupar com o terapeuta e seus valores pessoais O contexto da relsiç&ò e o comportamento não-verbal.. a expressar! o obstáculo que impedia o desenvolvimento de uma atitude de confiança com relação ao terapeuta: C:.. como ineu marido e as pessoas de suas relações se­ jam descrentes. que fazia terapia por causa de dores de cabeça psi­ c o s s o m á t ic a s . Ia falta de calor na relação existente entre eles neste estágio do processo desmente esta suposição. bastante rcticerjte. Acontece tão frequentemente que pessoas como o s e n h o r . Em certo sentido.. iniciando a descrição de um incidente ocorrido há pouco interrompese repentinamente: E XE m Jp U /1 2 G.. Mas sua significação pessoal é de ordem emocloInal. de não encontrar o res­ peito necessário à expressão de sentimentos profundos Por isto o tera­ peuta dirige sua resposta à significação emocional: T .. ao mesmo tempo. na religião? Na sua forma. M a s .ciais que serfto depois descritos.. Durante a quinta entrevista.. Passemos a alguns exemplos de origem clinica que mostram como o terapeuta destaca o sentimento subjacente às palavras. como u questões de reUgiio. T. Certos leitores considerarão. diretamente articuladas com o sentimento da cllci fe formam. lançar. neste caso suas convicções religiosas.. 'logo se n sta tivesse se dirigido mats diretamente sobrt • ati*' client« er>n relação ao terapeuta: . É o pio de cada dia. mais que uma oportunidade para abandonar :esta forma de­ fensiva u se entregar à discussão de questões — dolorúsas talvez. tn cm dnr ao cliente a ocasião de se concentrar sobre ele mesmo.. por assim dizer. C. esta manJlra de reagir não é necessariamente incom­ patível com sua abordagem — se há raz&o de crer que é. II-hm . temerosa. não sabendo como abordar estas questões de modo proveitoso. mintas ve-es. Mesmo neste caso. C..) seria preferível não limitar u elucidação a um aspecto determinado da . T. Ê. isto d..que o iidlviduo deseja orientar a conversação. que seria xnaia terapêutico aproveitar as ocasiões como is oferecidas em Cl. comoj a senhora NorJ lendo a “matar o tempo" falando de coisas inofensivas. talvez. para elucidar o senti­ mento do indivíduo coin relação ao terapeuta. não deseja. personalidade do' terapeuta. se é es 9 seu desejo. De qualquer forma.• II dar consigo m m h cert*» coisas que lhe Importam Intimamente. Um pio antes amargo. Ora. Estas Ultimas palavras. e e não se impõe como sujeito da conversa.' preparada para isto. a partir do mr mento em que o terapeuta se revela capaz c*r apreender o sentimento vlíldo. que. entretanto. ainda que não manifestamente expresp\ qtip c relação e o processo tomam uma direção mais construtiva. eia se lança a ele com naturulidadj* — e provavel­ mente com mais proveito do que se estlvess. subitamente. naturalmente. Sim Isto (falar disto) »penas serve para fszer com que nos pareçamos estúpidos ou para que fiquemos isolados. mas se conter. o caiiilnho parece se abrir espontaneamente. Contudo. e ostando por demais deprimida para tomar a iniciativa. a pessoa reticente. de fato. ela per­ manece silenciosa e evasiva. Quando. um trampolim a partir do qual ela pode f.. Em outras palavras.j mento do tl. que lhe proporcionam sen marido e seu circulo de amigos — se bem compreendo. pelas qnais net experimenta uma certa reverência. fa'ando de outras co'”. a uma explicação mais completa.<is o cliente fala ce si mesmo — como Já vimos nos exeni*«-. Vejamu por in* lc d>> role play qual teria sido o desenvolvi.3 citados. Ainda que o rogeriano geralmente evite orientar a conversa em di­ reção a si mesmo. sobre ele — o terapeuta •. e até desconfiada que. 'mas que a prcocupam intensamente. de um modo que lhe fizesse i Justiça. Este é um sentimento que lhe parece ser familiar. ge-l raimentc. T . H-hm. Para mostrar como uma questão deste tipo é pouco orientada para a obtenção de dados externos. M as. abrangendo ainda os sen­ timentos que eles experimentam com relação às convicções dela Para terminar a série. Ela continua descrevendo a nova atitude desenvolvida com relação a questões controvertidas — atitude quç se constitui de uma segurança mais nítida com relaçáo ás suas próprias convicções e de uma tolerância crescente para com aa convicções dos outros. você não item ainda a Impressão de que pode realmente se expressar rspontaneamenjte s e m se certificar antes sobre certos asp ec to de minhas atitudes i] Ainda que a interação possa se desenvolver em múltiplas direções é multo provável que. acrescentemos que a cliente não (ez mais alusão à sua questão. O h. Você não gostaria de ser Injusta para comigo. a mesma atitude em face das pessoas de convicções opostas às suas. en quase não o conheço. até o fim de sua terapia. Voe* não está muito segura de que eu seja o tipo de pessoa em que possa oonflar M m reservas. N lo . pelo menos. não concluímos ainda se o senhor i crente) T. 2) de formação universitária como seu maridò. Realmente não. quando então referiu-se a ela de forma mais ou menos divertida: C. Ela chegará em se­ guida à conclusão de que esta combinação de características havia che­ gado á representar — para ela — um sinal de hostilidade ou de despre­ zo para com a sua peksoa e que o isolamento que sofre se enraiza mais num tpmor indevidamente generalizado do que em observações concretas..r^sto resulta ——ií* acordo com ela — que' èle deve ter o mesmo ponto jde vista sobre a questão religiosa ou. C. 'NSo creio que eu desconfie do senhor. Afinal. você confiar um pouco.. não sei. A cliente exprimirá seu temor de que o terapeuta sendo 1) um homem. no entanto. Est« questão contfcioi ainda levantada. T . de exemplos relativos ao reflexo do . se for centrada no sentimento. terminará no caminho que em realidade tomou. betai? C. verificadas.n o ponto em que estamos Compreendi que este é um “problema seu" (expresso de maneira humorística). L melhor des­ C.senti- 73 . E enquanto você não me conhecer mais.T . mas . nã *é representativodeste tipode ootaa? jj T 5 Jf-hm r»j8 não vê razão alguma ipam taso. eu ou o resto das pessoas' A passagem seguinte é proveniente da sétima entrevista. V i à livraria T (livraria universi­ tária). procurara o tra­ tamento terapêutico "para ver se compreendo quem (tos dois 6 louco.» não representam uma araosii» válida. Inteligente. I. sei multo bem que minhas Idéias não eslSo na moda. de seu comportamento. Mostre-me um único livro que não seja mais ou menos sub-T vrtilvo — mor. Instruído.: ? 1 em i1 '1 C 8 Se c rv* K -ende numa 11varia universitária não é representalivo. 1. vejamos uma passagem do caso do Sr. competente na sua esped. T. 4 Pejur um Uvrc qualquer. Segundo suas próprias palavras. b Se eatrs litro. \Miuim m u no entanto. 3. o compromisso. a afetar ou costumes. Tudo que se publica em (psicologia prega o “lalsseraller". 5. T. casado.’mente. pro-. onde scrlu*n ytn lidas as obras representativas? T.*. evita falar de al mesmo.4 em suma. Sd multo be«n que o senhor não concordará comigo sobre lato Sei muito bem que psicólogos e pslquiatn^ .io aprovam C-* ncep-1 ç6ea como estas.. C. e passa o tempo a atacar com veemência uma ou outra questão de ordem geral ou pública. Absolutamente. onde . 4 Todos verslvo* o* qne você examinou ali slo mais ou menos sobij p j . O cliente. Há alguma nuão para seacreditar que oque sevende ama ttvarit como R . C 2 A Impressão? C senhor acha que se trata de uma impressão— de nina slmpies opinião? T.mento. M as. mudando de colocação de dois ou de três em três anos — incapax igual­ mente de ftuwr ou conservar amigos e manter boas relações com a jfa­ mília de sua mulher. Incapaz de obter promoções — e. eu aio me preocupo com a moda quando se trata destes assuntos. Nesta entrevista ele se prende “à derrocada moral contemporânea" EXEMPLO 13 C 1. por isto. 3. H-hm Não é o n a |questão de JnqutHio é tom Cato. H-hm C.. de seus problemas. U<*4onal de nivel superior. de um certo modo. 34 anos. a alterá-lo». Você tem a Impressão de que tudo que. .. \\ "j C. o relatlvismo moral . conforme seu hábito. T. se publica em psi­ cologia visa. Nyl. 9.it?ru miv o que me Impressiona é qué cada yez. Realmente. sim. T. você pensa que está mais bem colocado. veja bem. -specialidade deve..1 T . mas cada vez que um livro dr psicolo­ gia ou de psicanálise 1me cal às mãos — está cheio de referen. não tenho competência al­ guma. M m . Ah. E m tudo que*lhe cal n u mãos você enconir* esti in n i tendtoc^Orobverslva. : H . 12. não quera i/pr que o senhor pessoalmente-— suas teorias c seus escritos sejam suh. M I i JjLli -. 13. H -h m . Afinal de contas o senhor não poderia lubtralr-se ao clim. . Isto 4 claro. que reina na sua profissão T .ic devem procurar M amostras válidas? C t.. sob outros pontos de vista. Você não me inclui entrê os autores. . Sob certos pontos de vista. M 1i T . consiil. afinal de tonlis. 8. C 14 Sei que pareço ter um ar terrivelmente pretensioso ao . O fito de pertencer . evidentemente^ que o senhor i>"' • n w ver as coisas da mesma forma. Do ponto de vista técnico. í[g. subtrair-me à influência «Ir minha área Aquele que se encontra no inte­ rior do circulo está ménos apto a reconhecer estas coisas ' Ç. Eu compreendo. ru que eu não posso. G.' somos todos. T . 1. você acha que aquele que não perten­ ce a esta área está melhor colocado para Julgar a questão. i nerii não ver ataques onde eu òs vejo. Us dr subentendidos — ataques velados — contra as concepções murais ' diclonals.’íf-li ■ {•h— íi C . influenciar seu ponto de vista lVis afinal. Sendo o senhor ium pslcplogu. não sou especialista na m.h m . temos!que reconhecer. | i-I i ! C. 12.Ç ^ 1" j C. em uma certa medida. Mas não em todos. 1 ^ 1 li-v Pausa. pci lonelros de noSso campo de especialização Compreenda liem.. 9. Evi­ dentemente' não. 11. 10. 11. i ! ! I C. E m outras palavras. 8. Penso.trsivos T 10. Absolutamente. admito. Ah. é natural.. Esta 6 um* questão sobre a qual você w tmentoa su­ ficientemente para nfto ter dúvida alguma. Absolutamente. ou agentes miis ou menos subversivos Mas. evidentemente. Não sei como os qualificaria.. que tato se limit« «os tempos atuais. Ea não disse que aquele que não vê estes livros como eu os vejo. Nem mesmo — necessa­ riamente — os que os escrevem. acha que esti. de uma questão de fato. povoado de pessoas crédulas. Em sua maioria. C. Que diferentes indivíduos possam ver a questão de um modo diferente.r fill mar tato Ma« no entanto. Ingênuos. os Justos foram sempre poucos. »o cont^rUij Encontrarão o que buscam. Ignorantes. 17. Algumas pessoas não verão nisto nada d<LJnal. Isto é. piores. T. to catural. Você não gosta de parecer pretensioso. T. T. 11. H-hm.. C. 76 jl é yà . Inegavelmente. T. Ainda ifliu tez. Incapazes de jwnsar em termos de prlncfplos.I O *“ r H-hm C 22 EMdentrirmt ! seria uma presunção acreditar que se perten­ ce s este ndmero. penso que é um fato T. T... II. 11. 21. C.. Nio creio. (Pausa) C. 19. corrompidos. que você lhe daria. 15. T. como acabo de dizer. estas pessoas são lamentavelmente Ignorantei ou superficiais. C. 2’ ' >a .realmente. li I I T.. A Justificação de sua conduta. mas. alis. 20. • algumas talvez. Os que são. 15. Sem dúvida Evidentemente. <{-bm Os b m s. Quando você observa o panorama contemporâneo. Muitos pouas. eles são. 16. Julga que se trata. Os que lêem e gostam destes livros não são todos. certamente. haverá alguns que não serão da mesma opinião... Como a maioria das pessoas. 16. C. Mas. dei­ xam-se influenciar por qu'iiquer um. você não gostaria de parecer presunçoso. T 22. 17.. fi Isto que explica a derrocada raoral s que estamos assistindo. Este não 6 exatamente o nome. laio f íbvlo. pelo que sei. Não é por maldade.. C. seja necessariamente um mau sujeito. ignorantes. suponho. Sem­ pre foi assim. Não vêem as bnpUcsçSes do que dizem ou crêem. 20. superficiais. 14... um mau sujeito achará Isto tudo mui. Isto i Inevitável. . se não tivesse uma perta couadênda disto — de uma certa forma. de certa forma. 24. Sou provavelmente. Vejo piuc me perdi num dilema. C. 23. j I . 27. Sem me dar conta disto — comple­ tamente. este é. mas sim. provavelmente. Isuponho que. 25. Sc digo “nio". £ uma questão-chave. Stra.. 28. enfim. Entta estes dois imales lhe seria difícil escolher C. um de meus erros. E é provavelmente o que me torna tio . Você nio acha fácil escapar a tal conclusio. De certo m odo. doutor. tinha necessidade de me afirmar... Sem o querer — sem dúvida alguma. um problema-chave. eríttev ^. de ser melhor que os outros — "o primeiro da classe”. veja. às vexes. Nio sei se é uma solução.tio mal-humorado. Como quando estava na escola — onde tudç era ques­ tão de memória e de disciplina — nio realmente de dlsdpUna.'T . Se digo “sim”. Inconsciente.. Multo bem. C. 28. Ah. Nio tenho o mínimo desejo de escapar Quero olhar meus erros com honestidade. Mas temo que seja uma conclus&o üma conclusão correta. ditamos antes.26. O primeiro dos fracassados. 28. De repente me deixei levar por uma discussão com esta mu- . T . uma descoberta cha­ ve com relação à Sua pessoa. £ o que Indispõe meus ohefes... Umjdlleih». outro dia. de dominar. Parece-lhe que este é.. ! C. £ verdade. ^ T . pretensioso. nio verdadeiramente Inconsciente — eu não teria tomado conhecimento. Isto é .. 27. Por exemplo. eu sempre soube que. sim Eu nio me encontraria aqui se nio fosse Isto. 29. meus Colegas Cu pareço prrsunçoso — eu sou presnnçosol i T. sabe? Eu sempre tive este necessidade. S nm i conclusio dura. sou um presunçoso dlgo • m in mesmo e pareço absurdo. jLti i I Y I . eu coatra- T .. 24... de uma certa disciplina de adesão às regras estabelecidas E afo­ rai Ah! Estou longe de ser o primeiro. H-hm... 25. |T . Oh. E sob qualquer pretexto. você nio pode evitar de se colocar entre ele« C. Nio realmente unia descoberta...Mu. mas . de outras pessoas. Estou disposto a reconhecer meus erros O que me recuso é reconhecer fatos que nio representam meus erros. C. poderia encontrar uma saída. C . 22. (Pausa).. provavelmente. uma bondosa mulher dava uma volta pelo bairro com uma petição relativa à Instalação de uma plsctna na es­ cola média. . ae o compreendo bem. Multo bem... Alfo de que você não ae tenha dado plena­ mente conte.|. T ll-hm '<• tem a impressão nitlda de que há uma cer­ ta fflivio entre. A propósito. o senhor foi multo elegante (le­ van ta ndo . sua necessidade de se afirmar <• de outro lado. chamando a atenção deste para a complexidade. de um lado._ ■ I *| -• I l-t£ praticamente certo que as conclusões em Cat. o senhor sa­ be. ora um elemento do “fundo? 6 colocado em relevo. suas dificuldades com seus empregadores. E m termos gestaJtistas. CSS.. mas» contra todo o campo. sobre a existência — com base em referên­ cias — de autores e de teorias que. o movimento realizado no decorrer des­ te diálogo parece Inegável. com relação à psicologia — é esta minha opinião. <29 e CM não teriam sido tiradas se o terapeuta tivesse tomado uma atitude “rea­ lista”. Até quinta-feira. a diversida­ de e o caráter mutável da psicologia. acreditamos. e “objetiva" com relação ao objeto da discussão. o que acabo de fazer durante toda esta entrevista? Oh. e que provavelmente nunca mais tor­ narei a ver E tudo Isto por uma piscina! O senhor compreende? E ve­ ja que n ã o é > medo de um aumento de Imposto* — Já que. Nem mesmo contra os psicólogos ou um determi­ nado psicólogo. Este proce­ dimento teria proporcionado ao terapeuta a satisfação de saber — ! ou de 78 . sobre o fato de que a avaliação objetiva desta disciplina tf um desafio mesmo para a capacidade daqueles que a estudam durante anos. uma obsessão An­ tes mesmo *le me dar conta. tendem a oferecer a ela um apoio. mas tanto um como o outro pertencem ao camoo perceptual do cliente. ser reduzida ao nada. H . C 3 0 Oh. talvez. E tudo isto diante de Um representante da profissão. já estou envolvido num r*r*inm mala ou me­ nos direto ou Indireto.sc ) Ê que . minha personalidade. uma pes­ soa grosseira. Tornou-se um hábito. Isto não tem importância. mas não seu problema. pelo menos. Tinha se tornado uma obsessão < £ como se a gente estivesse automatizado. o que f a ç o ? Ponho-me a atacar levia­ namente a psicologia. ( N a porta): Mas.. Isto é claro. meus problemas.. que Jainab tinha visLo antra. o isto de que cada resposta reflete fiel e respeitosamnte um elemento significativo da comunicação do cliente. ora um elemento da "figura”. e o que é curioso. por exemplo. Biflm.Ihrr.. O significado tf a tal ponto Ine­ rente à comunicação que o cliente não poderia negá-lo. £ que eu tinha conhecimento durante toda esta discussão de que eu me comportava como. Se. a afirmação particular do cliente po­ deria. deixemos. somente ns proprietários pagariam — e mesmo se a questão dos Impostos mudasse — de qualquer forma 6 multo pouco provável que estejamos ainda no bairro no momento em que esta piscina for instated*. tivesse refutado as afirmações do cliente colocando-se no plano dos fatos. O que explica este progresso tf. Mas não podia parar. Aliás. a extensão.. longfe de atacar a moral tradicional.. O progresso ou. sua atitude critica. de qualquer maneira. vejo que está na hora Em vez de discutir meu caso. no íiimlo.. nos últimos anos. portanto. da vulnerabilidade de sua posição e da deficiência do seu caráter. tendo em vista o fun­ cionamento precário do cliente — ou ao retraimento numa posição tio frágil. tfto engenhosamente inacessível a toda e qualquer arbitragem que nfto ae presta sequer & discussão. se o cliente tivesse sido levado à derrota. multo agressivo — a menos que a retirada radical (e i rIterada) de seus meios de defesa tirasse por efeito precipitar seu desmoi „ lamento. por ser pouco agressivo.que. ima­ gine que eu tinha . reside no res­ peito incondicional e autêntico do terapeuta. uma ação como essa o eleva acima da mesquinharia e tal oonheclmenbo compensa a humilha­ ção causada por admitir deficiências pessoais Com relação ao resultado favorável deste fragmento do processo lembremos que a condição slne qna non de tal resultado. apesar disto. estas forças perdem o seu papel defensivo e tornam-se disponíveis à ação construtiva. como esse de que tratamos aqui. Em vez de ser levado ou à derrota — experiência temerária. cora­ josa. tenha lido muhns lnrns de psicologia e outros livros de ciências sociais — mas. ! A importância desta atitude de sinceridade e de respeito é expres­ samente confirmada por este cliente no decorrer da entrevista seguin­ te. EXÈ M PtO 1« tí. Fiz iluls sno» de . Dm cliente sensível e sus­ cetível.arnÀitAT — que havia feito justiça aos valores de realidade. o terapeutf estritamente no ponto de referência subietlvo do" cliente Pelo fato de quê não opõe resistência alguma k expressão das forças que levam o clien­ te a se afirmar de modo excessivo e agressivo. 1 Voltando à nossa discussão de qolnta-feíra passada. ele teria se sentido multo frustrado e. objetividade e razão (ou à sua própria necessidade de afirmação). pode provocar mais efeitos. nus não teria con­ seguido a aproximação entre o cliente e estes valores objetivos. itS j tenlio nenhum a. conforme a teoria do desmoronamento psíquico for­ mulado no primeiro volume desta obra (capátnJo X ) No diálogo que acabamos de acompanhar. logo reconhece se a atitude imperturbavelmente acolhedora do terapeuta é autêntica ou se represen­ ta uma espécie de artifício +. <>' • 6 estranho — mesmo que. o cliente tem a ocasião de satisfazer sua necessidade de valorlsaçáo de um modo mais proveitoao FoMba dada a capacidade de uma ação rara e dlfidl: a admissão vSIQntária. Vejamos a passagem correspondente. Desde que o cliente reconhece multo bem Isso. Ao con­ trário. nenhuma autoridade nesie campo. perfeito conhecimento dc que fazia o puptí dibobb — que fazia afirmações sobre um assunto qutj. .eu queria dizer é Isto. portanto. que fazta afirmações pie eh. suponho que o melhor que se tem 'a fazer quapdo as pessoa* se pAem a dizer tolices — é lhes dar razão. nem ser capaz de parar. Mas.Filosofia c ixtras. E Isto. ou... . bem. bem.. que exprimia uma oplnllo J» nada mala <riri— rto). era suspeito. ein certo seiitldn tu pimtili'. Você tinha a impressão de que era exatamente Isto o que eu fazia: lhe dava razão e deixava-o dizer tolice». desafiá-lo. Você não me dava exatamente razão. afinai. não uma tática. teria acreditado que eu me ria de vocé. 5. em qualquerj outra ocasião qn pelo menos com a maior parte das pessoas.. fazendo ou dizendo colsaa que não qurrta fazer ou dizer. E com relaçío ao método tive a Impressão em dado momento — de que vocé utilizava uma certá tática.. refleti muito sobre esta conversa ei tenho que reco­ nhecer que este método tem seu mérito. Pois. mesmo assim tenho qUe confesseu* que se eu não estivesse convencido que vocé não tinha nenhuma IntençAo de se rir de mim teria acreditado. isto teria me parecido sem naturalidade Ê preciso desconfiar quando a maior parte das pessoas nòs 81) . sim . iido) você nunca aarít« um desafio! Este não é o seu método Ku percebi Isto desde o Início. Isto não é uma cri­ tica A propósito. mas «pó» refle­ tir. é tão raro que é. Não de todo natural. eu percebia que vocé seguia um certo método. eu sabla que nSo IciR nrnhu. £ natural que Se contradiga as pes­ soas quando elas se põem a dizer asneiras. i em certo» momentos.. : T. Em certos momentos.4 parece-me. Isto mesmo.■ . que manifeste seu desacordo de uma forma ou de outra. era quase uma forma do criticar tocí ou de desafiar. Isto poderia sugerir um combate e vocé n&c/l> combativo.. C. não me contradizia. T. no decorrer da conversa. Ou antes.'Mas. 2. C 4. Mas. ' . . Não. em . . . Eh Sim. .. não.t .Ui1ui d>st. ^rfero dizer. II-hm. Aliás continuo icredltandi) nela! Mas o fato de quti.. C. Sim.j" r 1.. que vo­ cê estava me fazendo de Idiota. Exatamente.. vl que era rldiculo. Ora. 3. Sim e não. T 2 Se você não tivesse tido a impressão de que e u .. mas isto é outra cota* — era principalmente filoso­ fia cl£&«lra Eu percebia vagamente. de se corri­ gir ou de retroceder i c. fiquei. sincero. não tenho nenhum m o­ tivo pua M'i . 3.na je enfim. E como você não o fazia.certo momento.ira mim. 4 Isto lhe parecia suspeito./ -iTitldoI p. que eu era. de certa forma. \oiC* se surpreendeu. Não quero dizer que havia algoofen­ sivo na sua atitude Não Não quero dizer que vocé diz que eu falava bo­ bagens Eu dizia tato sobre mim mesmo.. com a pulga atrás da orelha. pois. r"cternar opiniões^extremas ou desafiadoras.. não intelectualista.düo continuamente razão. O primeiro se reIciona com a maneira pela qual se opera este efeito. em SUB casa ou cdtn seus amigos. 6. Isto é. para provocá-la. atitude. M m aqui isto lhe parece natural. A importância da autenticidade do terapeuta não poderia ser atesIda de forma mais explicita do que neste testemunho espontâneo. tem tendência ã esslvldade — manifesta. p é incapaz de obter a satisfação necessária a seu bom funcionamento.. técnico. o tempo todo. Ou melhor. kontra-se: num estado dei frustração crônica. Sim. A atitude constemente empática. Você ton a Impressão de que em geral é preciso des­ confiar desta. Isto me acontece raramente. O Indivíduo neurótico. Suponho que deve existir af algum fator.. É talvez uro^-questSo de t'^>eramento. Nos tratam como crianças. coloca o cliente ante uma situação completamente nova que. G. certas pessoas neuróticas dele se servem. uma certa habilidade adquirida com a prática. H-hm.. A ‘ lógica” deste comportamento parece ser a seguinte. 7. O fragmento de diálogo contém igualmente dois testemunhos relavos ao efeito produzido por este modo de interação. Como este comNnento nao provoca os resultados habituais quando se tr\ti d . 5.. T .. ou dissimulada. 0. arentemente. Parece-me que. Um destes meios de rOcaç&o é . Con­ fesso que' m e pergunto às rezes (o cliente rl) se vooê é sonpre amlm . Voei se pergunta se se trata de uma técnica ou se é possí­ vel ser assim . o indlviduo neurótico provoa oposição do outro a fim de ter uma ocasião “legitima" de expressar Impulsos agressivos e hostis que se agitam nele. A ausôncia de critica e de contra­ ção desfaz suas expectativas e o obriga a modificar seu comportamento bítual. A fim de proteger a Imagem de seu eu contra a includo atributo “Tenho o caráter agressivo"..:— o que prova que refletiu sobre o as­ sunto — que. enfim. demonstra a corrente de pensamento que [inspira esta terapia). ou |tra os demais. nunca. Divertem-sr nas custas. rinício. no conjunto. orientada contra sl mesmo. Sabemose a frustração tende a engendrar a agressividade. deixa um pouco perplexo.. nãoestimativa. us nos- T. C ... o. (o cliente se [entrega a uma longa dissertação. não-objutivista terapeuta. em realidade en me surpreendo de ser capaz de acredi­ tar que é sincero. sincero. Mas. A !experiência lhe ensinou que se expõe à contradição ou à opoção quando enuncia afirmações exageradas ou Insustentáveis Enquanto I a pessoa que funciona bem se serve deste conhecimento para tentar tar a oposição dos demais.. Isto é. há algo máls que Isto.te­ . ele sabe que as crianças ficarão sentidas conosco — • menos.. ou *e seria mais vantajoso vendê-la. se nao o estilo do terapeuta. Assim reor. Quando a relação é boa e o cliente se dá conta j de que certos progressos são efetuados. a faxer com que Ri juwomn a responsabilidade QP“ ta decisão. Nyl. Somente depois! de se convencer de que o terapeuta nSo parece ter odtra finalidade senão la de seguir e de tornar claro os meandfõs~Tlg~ggcri>ensamento e de m . sob o pretexto de que sua decisão depende do entendia®' to mais ou menos favorável a que chegarmos com relação a esias coi­ sas práticas. esta agfessivldad^B se transforma em autocrítica construtiva. jntc p*' H‘2 ' ’ ‘ ( T i * .rapeuta. Mas. ■ * ■ ’ Assinalemos mais . oú a lhe dar cerw* coasdbtts — em resumo. ( W i sua maneira.. Há também mo­ mento em que não pode suportá-las! E então se torna realmente grM* selro. acaba freqüentemente por mo# delar seu comportamento interpessoal pelo do terapeuta. Isto nos conduz ao terceiro fato ilustrado.vjFois o < cliente submetei ' o' terãpéutá & numerosas SondagBIQT é"-*1testes de veracidade" antes de renunciar às suas táticas. é que se torna cãptaFde~recònhecer~os melas deturpados com que persegue seus tins mal identificados. que a condiç&o para esse fenômeno se situa na nutenticldade da empatla e do respeito do mterlõcutõr. Nestn passagem a cliente descreve uma conversação na qual mostra que assimilou. ele quer me levar a fazer certas opções. ora inconscientemente. E disto ele quer ae esquivar. Enfim. compre®’ d o uiuito !>: m ([tie lhe seja difícil tomar esta decisão. u :n p o u r o p a recida com a d o seu terapeuta): "M a s . pelo menos alguns de seuk prin­ cípios de Interação: EXEMPLO 15 j SI {'• | | ' Cliente: Outro dia. o impulso agressivo se orienta sobre pró­ prio Indivíduo. que ele recnnherp da maneira explícita o efeito benéflco_flUB_jÍM | tipo de abordagem exerce sobre ele. Em ve* de se exprimir através delp reações emocionais estéreis. observa-se. Eu percebi claramente que ele qutrli jme fazer tomar alguma Iniciativa neste sentido — quando ele sabe! m u A bem que não sou eu que desejo este divórcio. ou pelo menos sugeri pelo caso do Sr. ele gosta das crianças. sobre o conteúdo de suas aíirmações ■ tais como o terapeuta as reflete. Não há dúvida quanto a Isso. Isto se produz ora conscientemente. Pois.ma vez. Evidentemente. mais precisamente. Contudo.. flcaO-^ Sentidas com aquele que tiver |querido o divórcio. o cliente não tem ocasião de se lançar contra o ataque a quç ■ seu estado de frustração o dispõe. Nesse momento. humor. E n t ã o eu lhe respondi (a cliente adota uma voz calma e cottt' p a ssa d a . meu marido voltou a falar sobre a questão de divórcio e tudo que se segue — Isto é.lnntada. etc. coma no exemplo seguinté. freqüenS] temente. Nos momentos em que Isto Ibe convém. a venda da casa e partilha de nos­ sos bens — se seria melhor que um de nós ficasse na casa. sua lógica é baseada cm elementos de conhecimento de que o indivíduo nem sempre dispõe e que são.'«5 nos meloi ialo- 83 . quando se trata de decisões graves. 6 ramper a estrutura rentrada-no-cliente da intereoio. %c tocê soubesse realmente o que quer. inspira-se. diferenciar ou mesmo deslocar o centro da percepção. portanto. que ambiciona.mas que são eclipsados pelo relevo dado ja alguns outros elementos. em princípios rogerianos. sé tocê visse claramente dentro de você mesmo. na vontade de se acomodar a certas decisões do outro e. (Não queremos dizer com feto que as deduçõís psicodmá micas carecem necessariamente de lógica. . veria também solução para to­ das estas questões práticas” . »oralmente. por outro lado. A elucidação visa. na recusa de se encarregar da execução de de­ cisões que não sfto as suas. o impregnam. Enfim. A eluddação Enquanto que o reflexo do sentimento procura ampliar. Esta resposta. sem fazer manifestamente parte dó campo. uma dedução.) Sendo a elucidação. pois demons­ tra uma certa compreensão de sentimentos multo diferentes dos seus próprios. evidenciando certos elementos que pertencem inegavelmente ao campo. dos elementos profundamente pessoais de certos comportamentos — em particular. Em conseqüência deste aspecto intelectual. hipotéticos. tomar evi­ dente sentimientos e atitudes que não decorrem diiI LumenVe das palavras do indivíduo! rnax que podem ser razoavelmente doüu^ldoá da comunica­ ção ou de seu contexto. portanto. no entanto. C^tqs elementOy~que. nò~éntantõ. no fundo. enfim. Recorrer a eles é. o emprego da elucidação exerce mul­ tas vezes uma atração »"»i» acentuada que as outroj formas do rtEo-tù — principal monto sobre 0 principiante. de fato. é caracterizada por uma certa acuidade intelectual que as outras''variedades do reflexo não tém — Já que a recognlçfio i uni simples decalque do pensamento manifesto do cliente e b reflexo propriamente dito procede de uma espécie de par­ ticipação afetiva neste pensamento mais que numa operação lógica. ainda que nlo se soquadre diretamente na ordem do reflexo. esta atitude se inspi­ ra em princípios rogerianos no sentido de que reconhece a Importância dos sentimentos. Mas. assim como um respeito e uma responsabilidade que se expres­ sam — por um lado. a elucidação consiste cm captar e cristalizar. aliás. Por “razoavelmente" entendemos por via simples­ mente ltfgW-» !— sem a intervenção de ccdbedmentos psicodmãmiooa e pe cializadoe.rece que. afastar-se do pon­ to de referência do cliente. isto ó. demonstra uma atitude que se abstém* de se opor às necessidades dos demais mas que se opõe igual­ mente a se deixar manipular pelos demais. Em suma. afli mar suai inteligência e está anlpiado por u m a granja . B mais suscetivel de conter elementos estranhos ao campo da percepção e. mais substancial. e Indicativo da competência do I terapeuta. Esta é uma das principais razões pelas quais o terapeuta rogerlaI no experiente evita responder desta maneira. Pi-Io faio de se aproximar da Interpretação.”. de afetar o indivíduo de modo ameaçador. As reb^MAitas do terapeuta nos exemplos 6 e 9 (p.. Certos terapeutas como Rogers.de alguma expressão como "Se bem compreendo.. pode. não estimula a tendência ao self-help e pode mesmo re­ duzir essa tendência à -inatividade. "Não estou certo de entendê-lo ihuito b m neste momento. seria útil..". mais ‘‘Interessante'’. " ... | deste modo. Notemos que a presença de uma expressão como esta não slgnifiíra nu cssarlamente que uma resposta determinada representa uma elu••ida^fio. Pois do que tratamos aqui é de tendência atualizante. A resposta suscetível de amea­ çar a tendência atualizante pode nada ter de desagradável. ■ um tipo cia rcspjsta menos “asséptico” que as outri~ formas do reflexo. após o primeiro movimento de "recuo” por parte do in­ divíduo. no entanto.1 tectuais Por utro lado. estar impregnada de significação intelectualmente estimulante. como veremos no capitulo. A cliente reconhece claramente que 6 terapeuta simples­ mente lhe "estende o espelho” — que o conteúdo de sua resposta. Mas. o indivíduo a contar com o terapeuta para decifrar e solucionar o pro­ blema — Isto é. à transferência. Ela leva. nem à capacidade de apreensão e de direção autonuina de sl. V . Disto resulta que cia 6 suscetível de encorajar as tendências à dependência ou. servindo-se por exemplo.. característica do neuró■tico. de fato.: Pelo fato do que a elucidação se afasta sensivelmente do centro da percepção e de que seu conteúdo corre o risco de não ser reconheci­ do pe!o indivíduo como pertencente ao campo de sua percepção. etc. não constituem uma ameaça à tendência atualizante.. as respostas em questão parecem exercer um efeito estimulante sobre a tendência ã compreensão de sl — como se vê nos exemplos 8 e 9 em questão. de afetar o cliente de forma desagradável e mesmo aumen­ tar sua angústia — pelo menos temporariamente. "Será que apreendi corretamente. "Fale-me se eu me enganar. De fato. as respostas do terapeuta nada contêm que o cliente não seja capaz de apreender por sl mesmo. 64) são ■ suscetivei. não i o produto de elementos que a Interessada não possui. — Em realidade. não de algum vago sentimento de bem-estar ou de agrado. e emocio­ nalmente atraente — tranqüilizante ou animadora. a elucidação é. esto tipo da resposta suscita freqüentemente um j' Interesse mais vivo no cllvate om relação ao que lhe parece algo mais ■ ativo. Se é isto o que você quer dizer”.. se se prefere. .. pois.. formular o conteúdo desta resposta do modo nfto categórico.”. Notemos que por ■ “ameaçador" não queremos necessariamente dizer "desagradável” ou "pe| noso". A família de minha mulher e eu. de Irta forma. afinal. aomos duas coisas distintas. lo menos não preciso convtdá-loa. como o Lo de Rogers. durante as cinco semanas em que minha mulher Iteve no hospital. Eles fazem tudo que está a seu alcance para me vitar. eles não me convidaram netn uma vez para Jantar ao que bsto me Incomode^ natarakaenbt (O cliente r i) Se não lat levam li conta. nos passagens tiradas dn [caso do Sr. se “blindar” contra os sentimentos que pacm demonstrar para com vooA.aliás. 1. não vejo o que teríamos a nos dizer.. Você quer dizer que as relações entre você e eles — ainda que nús ■são.. no entanto.„.. aquilo que você deseja que sejam.pregam esta expressão mesmo j quando reiteram a comunicação mani­ festa do cliente. aproxima-se dela. Este tipo de r>'-Losta aparece sojmehte quando a comunicação ou seu contexto a Justi­ ficam — Impõem quase o seu uso.. Ou trata-se antes k uma situação! que lhe é tão penosa ao ponto de que você tenha. 13* e 17a entrevistas com o Sr. quej se proteger. Nyl. Não estou certo de apreender exatamente o que voei expri|e. E isto. é raro que apv E a no diálogo irogerlano. Se me vêem chegar. (isto 6. contém uma [resposta mais ou menos tiplca desta variedade do reflexo. cada uma das três passagens abaixo. 1. é um sossego! T. Dificilmente poderíamos encontrar pas«agpt:s [contendo muitos iexemplos consecutivos de elucidação. Por exemplo. Quando vamos vlsltá-los. a resposta T22 sem ser um exemplo mui­ to tlplco da eludidação. 1. o uso destas expres­ ses poderia ser destituído de quaíquer fim particular e representar sim Desmente uma característica do estilo pessoal do terapeuta.. Nyl KEM PLO 16 | C. finjo pto os ver. é a custo que me dlrlgcm a palavra ... atravessam a rua. «Is mundos diferentes. (Terminando de expor o comportamento de seu chefe impede tua ascenç&o — tanto do ponto de vista Prorr'r'Ç*n . acima citado. Igualmente. não com o significado que estes ponIs de vista podei’w l ter para o tarópeuta. iretiradas do mesmo caso. Não vejo multo claramente. Os exemplos seguintes foram tomados & 11a. Se não me convidam. Nótt não temos nada era omum.. Re m p UO 17 C. Enfim. Por isto.. também não devo levá-los em conta. I Já que a elucidaç&o se aproxima da interpretação. Neste caso. no fundoj. De minha parte. o uso destas expressões presta-se menos aos Lis de verificaçãp do conteüdo dli resposta. so o cliente mronheeste conteüdo como fazendo parte de sua experiência) do que para [clicar ou consolidar a estrutura centrada-no-cliente da interação — para L r compreender que a conversa relaciona-se com os pontos de vista 0 cliente e unicamente com eles. Ah. não um cspccta*^ SeslntercsS®' nn-tslfü"çlo ’ sto mt atlnj» Está aí o ccntro do proWeiW1 . 4.. eu lhe asseguro que lamento este lagj >ijuo Eu realmente o lamento. Ah! Isto não.. ponsabllldades e a Justiça mais elemrntar. estatísticos O pedalizados nest« campo. 1 j C. de certa forma.. de prestigio e das satisfações que decor. no entanto.. 2.1 h H i r 0 I t à a: quanto tlc salário t: . Totalmente.. Isto o enerva. E X E M T U ) 18 V. Se fosse apenas o espectadpij. Certamente... escute. Uma pessoa tüo cesa ante as suas rç. ê digna de dó. 1 (Falando dc seu cunhado)■ f! um t'. Quando entra etn cena.. Mas não me afastarei. E a companhia tem necessida. T 2 Isto o Incomoda. Ele encobre todo o mundo. 1. Sim.. w «•lo não tem autoridade para me despedir. É Isto. T. estes ' sacrifícios lhe são. T. Suas ações o privam de lucro. ..!o dcprnde. Km outros lermos. reriam destas coisas.■ C. totalmente.. isto lhe agradaria? T 3 Você acredita que Isto n2o pode agradar a n inguém . C. S. r !í Ah. monopolisa ia conversação Ptxie-se dizer boa-noKe a todo o mundo e Ir-se embora. l*or Isto. que ele se arrependerá de iim conduta com relação a você. suponho Q0' n''nn3rr'rrÍ3 lndlfrrcntr. 2. T. U\ Mas ru ficarei — sel que ele se arrependerá de sua conduta p#r% wnilpi Não poderá escapar a Isto. l*or islo eu poderia facilmente obter um emprego em outrm liar. quanto por ele. E u o lanicQ to mais do que o desprezo. constitui uma razão suficiente para que suporte as pro.. um dia. ! .po literalmente cheiojdr prf»/-ns*o Para d e — somente a sua pessoa é que conta. Ou que poderia deixá-lo lodlferenle. mas. sc bem compreendo.. pectlva de constatar.. Mas eu. 1. Bt l>nm compreendo a per«.. Somente ele leni algirma coisa a dizer.. T.? A perspecth a de constatar seu remorso lhe parece uma compensação amplamente suficiente. impostos tanto por você mesmo. vações r sacrifícios de que fala. tlc tlc tnru serviço — há muito poi^^.1 C 3. Vejamos se apreendi o sentimento que você parece exprimir.. 4. Por este motivo. 6 o reflexo simples. Se conseguimos tomar estas formas suficientemente atraen­ tes para que o leitor seja tentado a adotá-las. não reter o interessa. o diminuem.Este tipo de resposta represem* a expressão mais pura dos principios de empatia o de consideração positiva incondicional que estão na bas« desta terapia. capitulo V). é o fato de que suas maneiras. des­ cobrirá gradualmente o valor do reflexo elementar. Ainda que compreensível esta conclusio não deixa de ser incorreto. e qué a reiteração ó empregada apenas nos casos em que a comunicação do cliente não se presta a uma resposta mais substancial. Eiti li o centro do problems. o atlnjem des­ favoravelmente.T .. Por isto o leitor poderia naturalmen­ te concluir que estas duas modalidades do reflexo representam os tipos por excelência da atividade do terapeuta rogerlano. fi Isto? Neste capítulo. . . o valor terapêutico de uma resposta tende a ser inversamente proporcional a seu valor Intelectual — assim como o valor terapêutico da importância assumida pelo terapeuta parece ser Inversamente proporcional à assumida pelo cliente.. 5. na esperança de que o caráter mais çu menes intelectual destes tipos de respostas tornaria o seu uso mais aceitável ao homem de formação su­ perior — inclinado a ae afastar das formas de interação extremamente elementares. não Incitar |à curiosidade ou à admiração — características que a tomam eminente­ mente apta a engendrar e a sustentar a atividade autâuoma do cliente — esta variedade do reflexo é destituída de atração para o estudante ou para o observador. 6 porque a reiteração é de tal modo simples e destituída de característi­ cas marcantes que quase não se presta a finalidades didáticas. Se dedicamos mais tempo às formas mais pronunciadas do reflexo. Parece-nos que so­ mente através da experiência direta é que podemos nos convencer do fato de que.. concedemos prioridade às formas mais complexas do r e ^ x o na escoltC^o material que ilustra nossas teorias. A resposta privilegiada do rogeriano ou. a reiteração (cf. Não são suas maneiras. de uma forma ou de ontra. guardadas as proporções. nós nos concentramos principalmente no reflexo propriamente dito e na elucidação. Pelo fato de seu conteúdo não atrair a atenção. pelo menos do próprio RÒgèrs. a titulo de ensaio. . Ela se observa em todas as línguas nas quais fizemos esta aprartntaçló. Vejamos.Capitulo IV COMO CONDUZIR A ENTREVISTA Devemos Inicialmente reconhecer que o termo "conduzir” n&o é par­ ticularmente evocador de uma relaç&o n&o-diretiva. em poucas palavras de que se trata. respeitosa. visa a representar. de maneira breve e familiar. Por isto parece-nos que há algo de revelador em relaç&o à diferença no nível de desenvolvimento da linguagem segun­ do aplica-se à descrição do homem envolvido com o mundo das coisas. ou à evocação da atividade lnter-humana tal como ela se manifesta no quadro de uma relaç&o de “pessoa a pessoa”. porque nela o discurso á mano* determinado por um esquema d* açlo mecânica e unilateral. empática. de atividade à passividade. Queremos crer que esta falta de harmonii se deve à probreza da linguagem refe­ rente aos termos que expressam as modalidades da aç&o interpessoal evo­ luída — cooperativa. pouco propícias & representação de relaçOes es­ pecificamente humanas. O discurso tal como nós o conhecemos 6 denominado por relaçOes mecânicas de agente a objeto. que Rogers chama “a re­ laç&o terapêutica". 89 . A relaç&o psí- (1) NSo queremjs dizer que erta pobreza é exclusivamente característica da ifngua franoM*. a apllcaç&o prá­ tica da noç&o de estrutura descrita detalhadamente no capitulo VI do Volume I. destituída de elementos de autoridade indevidà ou de intenções manlpuladoras tt). Acrescentemos desde já que o termo “conduzir” tal como é aqui em­ pregado. um livroda Rogar» foi traduzido para o japonís e nos foi dito que esta língua se presta melhor è detcriffo da imeraçSo empática. Todavia. sem algum preâmbulo (?). em principio. inerente & situação — é a estrutura mesma de toda a terapia traduzida em ação. as partes empenhadas devem assumir certas tarefas e responsabilidades. tem contato é uma secretária ou outra funcionária a qual chamaremos de recepcionista. O procedimento varia um pouco de acordo com a orientação pri­ vada ou pública (Centro Psiquiátrico. ela não começa.no este último decide se é capaz ou se deseja se comprometer num pr x:esso de assis­ tência terapêutica com este cliente em particular. Médico-pedagóglca etc. pelas impressões e avaliações mutáveis do terapeuta no decorrer de sua interação com diferentes clientes e em diferentes estágios de suas terapias. mas em estabelecer e manter uma estrutura relacional na qual o cliente — ao mes­ mo tempo que adquire uma consciência crescente de sl mesmo — se atualiza no sentido da autodeterminação. no entanto. Tanto num como noutro caso. no entanto. Toda a situação profissional comporta uma certa divisão do trabalho. O papel desta pessoa não tem nada de muito especial. transmissão de- (1) Em toda esta obra nós nos referimos à população das clínicas — na falta de uma deno­ minação mais adequada — indicaremos pelo nome "consultas" fout-patient clinics) a qual o cliente visita em hora e dias indicados — não às ci (nicas do tipo hospital (in patient clinics) onde ele permanece durante um tempo mais ou menos longo. Ve amos como se estabelece o contato entre o cliente e o terapeuta e cc. pois.). Clinica Psicológica. a ta­ refa do terapeuta consiste não em revelar o cliente a si mesmo. sob pena de abolir a natureza particular da situação. No caso da pslcoterapia rogeriana. é necessário oue seja exercida com conhecimento de cau a« e que se baseie em um certo acordo entre as partes. dirigida pelo pensamento. tais como programação das entrevistas. as coisas come­ çam da mesma forma. A primeira pessoa com quem o indivíduo. nem deum diagnóstico nem de um exame médico.9 coterapêutica é uma relação profissional. uma função de certa forma arbitrária. 90 . Antes de começarmos a descrição da maneira pela qual o rogeriano cumpre esta função. A entrevista preliminar Ainda oue a terapia rogeriana não proceda. abordemos rapidamente algumas questões relativas ãs condições práticas e prévias da terapia propriamente dita. Ela não é. que de­ seja fazer terapia. A função de "conduzir” ê. isto é. pois. Ela serve de intermediária com relação a diversas questões práticas. Para que a ação do terapeuta seja fecunda éjj responsável. cujo desejo de se submeter à te­ rapia foi confirmado. principalmente. ÉstêTprimeiro contato lhe per­ mite éxamihãr sua decisão à luz destas informações e lhe dá condições de se entender com a recepcionista. tais como" a contabilidade e o estabelecimento de diversas estatísticas. pelo menos. A entrevista preliminar tem uma dupla finalidade.de certa forma. assim corní dtPnatureza. O caráter diagnóstico desta entrevista pode ser mais ou menos evi­ denciado de acordo com a pessoa que vê o sujeito (isto é. se mudar de opinião. visa a obter_ luna imagem geral do funcionamento do indivíduo. E m certa medida. Estas infor­ mações impedem também que o indivíduo fique decepcionado — se ele foi eventualmente prejudicado por um periodo de espera por demais prolongado — e evitam despertar-lhe falsas esperanças quanto ao gêne­ ro de assistência que lhe será oferecido. baseando-se em alguns dados de fato. de maneira evidente. de acordo com sua atitude ante a questão das relações entre o psicodiagnóstico e 91 . Considerando-se que esta entrevista representa. um processo de seleção. visa a eliminar casos que são. a entrevista preliminar visa.icitam. O indivíduo. com revezamento entre os diversos membros do pessoal. ao obrigá-lo (ou. mas. um diag­ nóstico — mais amplo e provisório — do ísujeito.mensagens de clientes a terapeutas. Notemos que estes . (Por diversas razões. de ordem terapêutica. etc. a assistência psicoterapêutica..ser encarregada de certas responsabilida­ des administrativas. Esta tarefa se efetua de forma permanente (ainda que não full-time) ou temporária. por sua livre vontade. de ordem prática. se "deixa levar” ao consultório do terapeuta. ao lhe dar a oca­ sião) a examinar sua decisão. portanto. a confirmá-la ou mudá-la. No quadro de uma clínica. isto é. é útil confiá-la à mesma pessoa ou a um número reduzido de pessoas — de modo a lhes dar ocasião de desenvolver uma competência particular com relação a esta função.casos são raros entre as pes­ soas que so. a entrevista preliminar é geralmente realizada com um membro do pessoal especialmente designado para esta função. ela anota os dados suplementares que o clien­ te considera útil fornecer — informações quanto a natureza do conflito ou quanto à urgência da necessidade de assistência — e marca a entrevista preliminar. de certo modo.) A recepcionista pode. Mais precisamente. No primeiro contato — telefônico ou pessoal — com o futuro cliente. da competência do mé­ dico ou do psiquiatra.que o te­ rapeuta não seja facilmente acessível às chamadas telefônicas de seus clientes. Por um lado. Por outro lado sehre para ínXormá-lo do tipo de assistência oferecida peia_ cUnica^ da prová­ vel ^durãçãcPdo período de espera. e da gravidade de seu caso. é desejável. revela-se geralmente mais motivado do que aque­ le que. etc. Além disto esta entrevista serve de preparação à terapia. ela toma nota dos diversos dados de identificação de costume (o número das exigências relativas a estes dados varia am­ plamente segundo as clinicas). No que se refere à natureza e à gravidade do caso. enviarão o sujeito a seu médico para consulta.) O indivíduo pode. geralmente. representativa de seu funcionamento mental e emo­ cional. ser dispensado de qualquer en­ trevista preliminar quando. Contudo. quanto a seu estado de saúde. ou quando é recomendado por um colega do terapeuta ou por alguma pessoa inter­ mediária que está ao mesmo tempo a par da abordagem de um e do problema do outro. Julgarão. para obter uma amostra relativamente espontânea e. nas clinicas de orientação puramente rogeriana. even­ tualmente. provisoriamente. de seu passado médico. à aplicabilidade da psicoterapia. De qualquer modo. pois. de formular pergun­ tas. Se este desperta apreensões no entrevistador. em geral. não é porque seja partidário da ignorância como tal. que é suficiente permitir que o indivíduo faça livremente um esboço de seu caso. em primeiro lugar. que estes indivíduos entrem em contacto espontâneo e pessoalmente com a clinica para marcar a primeira entrevista. em conseqüência. ele pode julgar necessário fazer um certo número de perguntas especificas quanto ao desenvolvimento do indiví­ duo e de seu problema. deste livro — ver a seguri p. Esta me­ dida yisa evitar atitudes de passividade'e de dependência. No entanto. (Os testes mencio­ nados no capítulo X II do Volume I. obstáculos sé­ rios áo' progresso de uma terapia entendida como um treinamento para a autodeterminação. e no capitulo V. Quando a entrevista preliminar é gravada. conhece o terapeuta com quem deseja tratar e se põe diretamente em contato com ele. ela fornece ao terapeuta um mínimo de informações necessárias sobre o indivíduo para que este encare o tratamento de um modo "responsável”. a data de seu último exame mé­ dico. nestes casos. o terapeuta ogeriano.• psicoterapia) e de acordo com a natureza do caso. em outras palavras. O que importa guardar a respeuo da entrevista preliminar. raros serão os terapeutas de orientação rogeriana que recorrerão a tal quantidade de perguntas. 123 — eram aplicados com fins unicamente de pesquisa e não tinham relação alguma com a admissão ou a avaliação do cliente pelo futuro terapeuta. no julgamento realizado por seu colega da en­ trevista preliminar. com este. nunca se faz um exame psicodiagnóstico formal que utilize testes men­ tais e projetivos ou um histórico detalhado do caso. ou eventualmente psiquiátrico. por exemplo. ele sabe que pode confiar. por outro lado. £ porque sabe que o mínimo necessário de dados de informação é adquirido pela clí­ nica e que uma versão mais ou menos completa destes dados está à sua disposição se julgar desejável ou necessário familiarizar-se preliminarmen­ te com o caso. o nome do seu médico e a permissão de entrar em contato. é que. Se o rogeriano se abstém. Se experimen­ tarem dúvidas. ele tem a pos- 92 . exi­ ge. na maior parte doa casos. tende a dificultar o processo de sua imersão no mundo pessoal dos sen­ timentos e atitudes do cliente. onde esta dualidade de papéis é inevitável.'“objetivo'’. a entrevis­ ta terapêutica propriamente dita — tal como o rogeriano a concebe — efetua-se a partir do ponto de referência do cliente: o que conta são suas necessidades e a competência deste. descrevendo os papéis. o cliente tende a se sentir confuso e desorientado pela alteração que observa no comportamento de seu interlocutor. Quando entrevistas que têm uma estrutura tão diferente se realizam com a mesma pessoa. £ indicar a divisão do trabalho ou as funções de que cadá" parteTlevè se encarregar pára atingir o flm a que se propõemT Como se faz esta estruturação? Quando se coloca esta questão para os estudantes de psicoterapia. ele se contenta com algumas Indicações essenciais anotadas em tVchas. como profissional.regras--do jogo” da terapia. Ao contrário. a forma mais breve e a . necessita de atitudes e de comportamento diferentes por parte de ambos. a resposta é. Além disto. não são feitos pelo mesa» terapeuta — exceto quando as condições práticas o impõem. Na prática particular. No entanto. explicando a situação. é guiada pelas necessidades e pela competência particular deste. é importante que o profissional faça com que o cliente compreenda que a entrevista preliminar é independente do processo terapêutico subse­ qüente. O que importa igualmente guardar é que a entrevista preliminar.sibilidade de recorrer a ela. Estruturar a relação O que na linguagem psicológica se conhece pelo nome de "estru­ turar" é. Informando o cliente do que se espe­ ra dele e do que ele pode esperar do terapeuta. julga que tudo o que exceda a mínimo de dados necessários a uma representação da nabiresa do caso. que este último. na sua expressão mais simples. e o processo terapêutico propriamente dito. tendo fins claramente diferentes. provavelmente. No que se refere a qual­ quer outra forma de psicoterapia — ou qualquer outra forma de cola­ boração interpessoal — esta resposta é perfeitamente aceitável. a mudança de papel re­ querida no cliente. é mais facilmente efetuada quando estas mudanças são simbo­ lizadas por um novo interlocutor. com resposta à mudança de papel por parte do te­ rapeuta. invariavelmente. Conslderando-se que sua abordagem não consiste em avaliar o cliente de um ponto de vista "realista’’. A expli­ cação ou a definição verbal 6. Esta sepa­ ração de funções é desejável por causa da diferença radical de estrutu­ ra destas duas espécies de entrevistas. A primeira se efetua a partir do ponto de referência do terapeuta. dar_a„eQX^ecer_aaJ. Como o problema se coloca principalmente no começo do processo. assim como sua tendência inconsciente e inve­ terada de assumir um papel mais ou menos autoritário. falta confiança e respeito para consigo mesmo — que o respeitamos. Con­ tudo. Contudo. senão absurdo. Devido à importância crucial da estruturação com referência ao es­ tabelecimento e à manutenção de uma interação do tipo rogeriano. se este modo de interação é tão radicalmente diferente de qualquer outro comércio interpessoal — como o vimos em outra parte (Volume I) — como o cliente chegará a compreender e a exercer seu papel se este não lhe é explicado? Como poderá perceber o sentido do comportamén-' to “estranho” de um profissional que não interroga. Ora. ele vê apenas um único meio — dizer ao cliente que tem confiança nas suas possi­ bilidades. necessidades e recursos exigem uma abor­ dagem que deixasse campo livre à sua iniciativa. como o cliente. nem o cliente terão oca­ sião de fazer realmente uma idéia dela. seu respeito incondicional em relação a ele ou à sua concepção Igualitária de sua colaboração. o terapeuta opera — ou. nós nos deteremos mais longamente neste aspecto do papel do terapeuta. ope­ racional. etc. que o consideramos em pé de igualdade. que o faremos sentir que é respeitado ou que o faremos agir de igual para igual. com relação a uma interação de estrutura “não-dlretiva". uma estruturação defeituosa pode pôr fim ao uso desta abordagem desde a primeira tentativa.mais clara de dar a conhecer as regras de uma empresa comum ainda que não seja sempre a forma mais fecunda. não é declarando a um indivíduo — principalmente a um a pessoa a quem. numa abordagem empática. não prescreve. etc. a explicação é dire­ tamente contrária a esta estrutura. a explicação é um a ati­ vidade didática. Esta é a razão pela qual inú­ meros clientes cujas tendências. de modo que nem o terapeuta. de tal modo o seu primeiro contato foi decepcionante. pelo que consideram como 94 . constitui aparentemente um dos aspectos da abordagem rogeriana mais difíceis de serem concebidos pelo recém-chegado. £ em situações como estas que se revela o profundo verbalismo do indivíduo de formação universitária. empática. Ora. A inexperiência do graduado de nível superior em matéria de comunicação implícita. que confiamos nele. pelo m e­ nos procura operar — a partir do ponto de referência do cliente. para exprimir sua con­ fiança na capacidade do cliente. que experimenta um respeito incondicional para com ele. não aconselha e não guia? A estruturação de uma tal situação. ainda que em realidade seja muito simples. mas decepcionados pelos efeitos obtidos na aplicação — ou. é muitas vezes surpreendente.. se afastam da terapia rogeriana — ou antes da caricatura dela que lhes é apresentada — e não querem mais ouvir falar dela. mais uma vez. Com efeito. que procede do ponto de referência daquele que a for­ nece. E inúmeros terapeutas sinceramente atraí­ dos pelos princípios desta abordagem. Assim. e uma crítica detalhada da maneira defeituosa. Antes de passarmos a estas demonstrações. E m vista da tendência. cônjuge ou parente ou qualquer outra pessoa capaz de influenciá-lo. diretamente contrário aos princípios a que se propõe pôr em prática. Observemos que. A primeira for­ necerá um exemplo da maneira pela qual o terapeuta. ou por ordem do médico ou do tribunal. O outro. por isto tende a se mostrar ativo. “O cliente não quer isto1*. ao ritmo do cliente. E m geral. didática. Qualificamos estas formas de estruturar — a boa e a má — respectivamente. principalmente durante as primeiras fa­ ses do processo. com freqüência. "Isto não conduz a nada na prática”. Já que uma abordagem empática se adapta. de acordo com o espirito desta terapia. servirá para trazer à luz. aparentemente profunda. estruturar de uma maneira verbal. do iniciante des­ ta terapia em estruturar de modo tradicional. pressupomos que se trata de clientes voluntários. a maneira de estruturar deverá variar sen­ sivelmente de um caso a outro. por meio de contraste. A se­ gunda indicará diversas maneiras adequadas. Mas é preciso que se veja com o que eles se relacionam. por de­ finição. Está. mas de um exemplo cor- 95 . em todo este capitulo. insuficientemente preparado para a prática desta abordagem. Estruturação explicita A fim de tomar esta comparação tão útil quanto possível. estes testemunhos não são assim tão exatos. de implícita e explicita. as características da maneira adequada. enquanto que o cliente mais ou menos involuntário encontra-se ali em conseqüência da ação de terceiros. Esperamos que o fato de começar por um exemplo. não nos admiramos com suas decepções e com seus fracassos.sendo a aplicação — a abandonam prematuramente. Com efeito. ávido de se exprimir e interessado em se analisar e a se ex­ plorar. seja duran­ te a supervisão da terapia real. está muitas vezes determinado a resistir direta ou In­ diretamente aos esforços do terapeuta e a se subtrair a qualquer influên­ cia de sua parte. De acordo com fetes terapeutas “Não há meios de se ser rogeriano de forma sistemática e constante". não de uma caricatura da estruturação. acreditamos útil fazer uma dupla apresentação deste aspecto do papel do terapeuta. devemos apresentar ra­ pidamente um fator importante com relação à maneira de estruturar: o caráter voluntário ou mais ou menos involuntário do cliente. Quando se tem a oca­ sião de observar. seja num contexto fictício de “role play”. partire­ mos. como estes terapeutas se conduzem. etc. o primeiro é muito motivado. acha completamente natural estruturar — isto é. ou pela insistência de um membro de sua família. O clien­ te voluntário é aquele que se submete & terapia por sua própria inicia­ tiva. pode ser corre­ ta. já que as críticas e comentários que se dirigem a nosso exemplo se aplicarão. O terapeuta presume que o indivíduo — estando habituado a receber algum sinal de partida quando se encontra num a situação pro­ fissional — se sentirá mais à vontade se as coisas se passarem de m a­ neira familiar ou rotineira. em que certos elementos positivos se misturam com uma abor­ dagem fundamentalmente inadequada. neste caso. não se trata de facilitar. o novo cliente está por demais absorvido por seu problema para ser ca­ paz de observar estas nuances da ação do terapeuta. A intenção destas palavras é. Somente devido aos fins didáticos desta apresen­ tação é que ampliaremos as nuances desta forma de começar a entrevista. àssim. e se é capaz de lhe comunicar este interesse. significa. Contudo. ipso facto. esta forma de começar a entrevista . a entrevista começa.)? De um ponto de vista prático. 1: Qoer me descrever seu problema (ou sua dificuldade. tudo o que significam Mas — de um ponto de vista estritamente teórico — tal m a­ neira de começar a interação é inadequada no sentido de que não está de acordo com os princípios de uma abordagem não-diretiva centrada no cliente. tudo irá bem durante a fase descritiva do processo que pode se limitar à primeira entrevista e 96 . que quase não presta atenção às palavras do terapeuta — pelo menos em palavras tão pouco inesperadas! Tudo o que elas representam para ele é um sinal de partida — é aliás. aos modos de estruturação inferiores a este exemplo. com um a frase como a se­ guinte: T. o erro deixa de ter conseqüências práticas. isto é. Mas. sem dúvida. n»ri% tam de defeituosa — isto principalmente considerando-se que du­ rante sua primeira visita. teoricamente. o que aio vai bem. o que o trouxe aqui. geralmente. Esta suposição. geralmente. mas de facilitar de m a ­ neira terapêutica. certamente. a descrição de seu caso. Contudo.rente. A frase em questão convém perfeitamente a outras abordagens. O fato de dar o sinal de par­ tida e de indicar ao cliente que deve falar — ainda que não seja de outra coisa senão daquilo que ele deseja falar e está disposto a falar. assim como acabamos de observar. O cliente inicia. facilitar o papel do cliente. Este procedimento nos permitirá omitir as formas mais grosseiramente defeituosas. o cliente está muitas vezes tão nervoso e preo­ cupado consigo mesmo. É por isto que numerosos terapeutas de orientação rogeriana começam seus casos des­ ta maneira rotineira. Se o terapeuta experimenta um interesse real pelo Client« e pelas coisas que ele relata. à psicanálise por exemplo. não está de acordo com uma abordagem não-diretiva. Quer se trate de casos reais ou fictícios (role play) conduzidos por estagiários. etc. portanto. que o terapeuta assumirá a direção da empresa e que o cliente exercerá um papel auxiliar. pois. de acordo com os princípios que ele se propõe a pôr em prática. Os sinais desta mudança interior não demoram a se m a­ nifestar. elas o privam de todos os meios de interação compatíveis com seus princípios. E m vez de se con­ centrar em si mesmo e em seu problema. 1954. de guiar. REDLICH. The Initial Interview (Com gravaçõesI. Sua atenção está centrada não tan­ to no cliente mas. E estas preocupações — por mais naturais que sejam — incomodam particularmente o profissional de uma terapia empática.. E m termos técnicos pode-se dizer que ele experimenta a situação como “carente de estrutura” . não percebe claramente o que experimenta. sobre um total de 162 unidades de Interação. isto é. Acrescentemos. Logo o centro de sua atenção ss desloca. não comporta muito menos: 96. M. como um a de­ fesa dos terapeutas em questão. etcj. Citemos. N E W M A N . International Universities Press. que eles não pertencem à escola rogeriana. pois. de fazer perguntas. -■ 97 . mas sem con­ seguir manifestar o calor e a capacidade empática que deveriam com­ pensar estas abstenções. F. em si mesmo e na maneira pela qual formulará sua próxima resposta. se estender sobre uma parte considerável do processo. De fato. (2) Neste volume empregamos a abreviação C para cliente e T para terapeuta. la: São estas coisas que deseja saber? (1) GILL. ao nivel da simples não-direção. No quadro de outras abordagens. isto é. recorre geralmente a alguma pergunta como: G. Nova Iorque. este papel puramente nega­ tivo não demora em se fazer sentir à maneira de um freio sobre a ati­ vidade do cliente. Newman e Redlich (>>. São geralmente indiretos. A fim de reme­ diar o vago sentimento de mal-estar que sente se apossar dele. Infelizmente.. a este res­ peito a segunda das três entrevistas publicadas por GUI. muitas vezes não tem a dis­ ponibilidade mental requerida para poder experimentar um interesse mui­ to profundo pelo que o cliente lhe diz e para conseguir comunicar o grau de interesse que de fato experimenta. E m conseqüência. ele se volta para o terapeuta e seu método. o aspirante rogeriano se comporta. R. conduzida por um psiquiatra de renome. Cada citação é precedida de um número de ordem (por exemplo: C4. pelo fato de que o terapeuta principiante tem geralmente uma consciência aguda de sua inexperiência.pode. perplexo. sempre que não encontra coisa alguma para dizer que correspon­ da diretamente ao que o cliente acaba de exprimir. o terapeuta tem possibili­ dade de recorrer à interrogação sempre que não sabe o que responder. também. que ofereos um exemplo típico da tendência do terapeuta princi­ piante em se servir de perguntas como um escudo protetor de sua inexpe­ riência. 75 são perguntas. que começa a experimentar um sentimento estranho em relação à conduta do terapeuta.òu T5. abstém-se de tomar a iniciativa. no entanto. pois o cliente. das 108 unidades de interação que compõem a entrevista. frequentemente. (A primeira das três entrevistas. tão diferente de qualquer outro pro­ fissional.) Nestas condições de insegurança interna. ” “Desejo ajudá-lo do melhor modo que me for possível na solução de meu problema. em certo sentido. o que seria preferível — . que o terapeuta parece compreendê-lo. em vez de íomeoer alguma resposta simples para a pergunta íeita (ou.” Observemos que o que caracteriza estas diversas modalidades da comunicação contida na "pergunta" é que todas revelam uma concep­ ção centrada no terapeuta. do tom negativo das palavras do cliente. Numa situação como esta. Por isto. o cliente que acha que tudo está se passando de modo normal. lb : D e s e ja m c fazer algu m as pergu nto u? Antes de iniciarmos o exame do significado destas perguntas.” "Nem se precisa dizer que devo falar de coisas que lhe pareçam importantes. na realidade. N a sua inquietude. recorre à defesa. | Além disto. que não experimenta uma "falta de estrutura” (ainda que nenhuma explicação lhe tenha sido dada) não pensa em fazer perguntas que visem. Seu mal-estar de principiante cresce e se trans­ forma em um certo sentimento de angústia. ele se dá conta. que seu comportamento é natu­ ral. pois. O cliente imagina. de desorientação. naturalmente. Sentindo-se vagamente amea­ çado. são a expressão de um senti­ mento de admiração. Pois. de julgamento e de direção pertencem ao especialista ' Quanto ao terapeuta. em geral ele apreende o significado deste tipo de “perguntas”. também ele não sente mal-estar algum e representa seu papel sem mesmo o perceber. mas não permite que este tom entre no centro da consciência. Tem a impressão de que tudo vai bem. a defesa tende a tomar •a -fofiriâ da sobrécompreensão. a ajudar o terapeuta. que aqui como em qualquer outra situação de assistência profissional — as fun­ ções de avaliação. ou de vaga inquietação. Tendo em vista o con­ texto de mal-estar que pressupomos. ele acredita — com justiça ou não — que o cliente percebeu sua falta de experiência.C . re­ cordemos a distinção que convém multas vezes estabelecer entre as pa­ lavras e a comunicação que traduzem — principalmente em sltuaçfies que comportam uma certa ameaça à franqueza. Ele constata que não conseguiu comunicar a estrutura da situação da maneira implícita com que gostaria de tê-la comunicado. admitir que ao fazer uma pergunta como “são estas as coisas que deseja saber” o cliente revela." "Desejo conformar-me às suas exigências. Por Isso. Podemos. pode-se acreditar que as palavras do cliente representam não uma pergunta propriamente dita — que visa obter determinadas informações — mas. um sentimento deste tipo: “O senhor sabe melhor do que eu o que se deve discutir. é que o cliente seja deixado inteiramente livre quanto à forma de usar o tempo que passa comigo. E!s a forma tipica da estruturação explícita que se segue ao tipo de "pergunta" em questão: o terapeuta falando em um tom acolhedor e moderado. tal­ vez. Mas. ele continua. O que quer que você decida examinar. Se o cliente tivesse expressamente pedido explicações de natureza metodológica. Que faça dela o que queira. durante a sessão de supervisão. às vezes. Lidas em tom calmo e simpático. esta 99 . despojada do jargão psicológico. cabe a você decidir sobre as coisas que deseja ou não discutir. A linguagem simples. Talvez seja útil dizer-lhe uma ou outra coisa sobre a manei­ ra pela qual procedemos nestas entrevistas. Por isto alguns leitores pergunta­ rão o que t<m de particularmente defeituoso. no qual são formuladas. sem dúvida. O que prova que era a sua an­ siedade que punha obstáculos | sua eficácia. Na verdade. ele fica geralmente por demais perplexo para exprimir o que experimenta — o terapeuta continua: Ninguém mais bem situado para guiar este gênero de exploração do que o próprio clien­ te. a ativida­ de verbal didática. me encontrará sempre disposto ia acompanhálo. uma quantidade de voltas e. eu compreenderei perfeitamente. Somente ele sabe “onde lhe aperta o sapato” Se eu me encarregas­ se de guiá-lo na escolha dos fatos a serem examinados ou das atitudes e decisões a tomar. daríamos. provavelmente. (Como o cliente em geral não faz objeção. de modo a permitir que o cliente o acompanhe sem dificul­ dade. após uma “explicação” como esta. não sabia como me conduzir para extrair dela a verdadeira comunicação. você sentir necessidade de se calar. A natureza defensiva desta manobra lntelectualista é geralmente re­ conhecida pelo estagiário durante | cessão de supervisão: "Eu percebia claramente que não se tratava de uma pergunta. eventualmente. Se o cliente não responde imediatamente — de fato. de intrinsecamente desfavoráveis. é louvável. ele se reíugia em seu forte: a explicação. Por exemplo. só aqifele que sente a dificuldade é capaz deí falar dela com oobhecimeoto de causa. Seu conteúdo concorda no conjunto com os princípios rogerianos. ele se revela geralmente capaz de encontrar a resposta adequada — uma resposta que tende a extrair e a refletir o sentimento incluído nas palavras.mas da qual. na sua conlUSSo é incapaz — refletir o sentimento expres­ so P °'a pergunta). é que. estas palavras nada contêm. 1. o interrompa. Ê importante que a hora da entre­ vista seja completamente sua. cometeríamos erros. apresenta-lhe alguma explicação como esta: T .) Entendo que a melhor forma de alcançar resultados. E se. e principalmen­ te para refleti-la de modo terapêutico” . e. como exemplo de uma estruturação centrada no clien­ te.) Estas palavras não são inteiramente destituídas de mérito. atuais. deve-se dizer. ou às palavras como tais. (Será preciso dizer que a terapia (1) Nm m connxto o tarmo "aitrutura" rafara-sa avldantamartta è Mtruturaçio expKcIta — j4 qua toda situaçfo possui IncontattavaliTtanM dlmansôas aitruturali Implfcitai. Como diz Rogers: “Não é dizendo ao cliente como deverá experimentar a relação. que palavras como as do exemplo em questão são suscetíveis de produzir em casos individuais. Parece que encontram nela uma certa magia. porãin de que estes erros não sejam tão freqüentes a ponto de alterar a estru­ tura da situação. que ao fazer assim. uma distração ou «m« promessa — completamente ilusória. 69. no entanto. muitas vezes. Por isto ten­ dem. esta corre o risco de transformar a entre­ vista terapêutica em discussão psicológica. pela percepção do cliente. Este risco e tanto maior quan­ do se considera que a maior parte dos clientes se mostra fascinada pela psicologia. adotamos uma posição puramente teórica. Ressaltemos. à sua falta de concordância com os prin­ cípios que procuram pôr em prática. evidentemente. resul­ ta que. em última análise. p.) Justifiquemos a critica que acabamos de fazer a este modo de es­ truturar colocando as palavras do terapeuta sob uma lente. Isto é. E por esta razão que aqueles que praticam a “client-centered therapy* acabaram por renunciar a qualquer tentativa de estruturar (>> ainda que. um curso abreviado de terapia. quanto à sua falta de propósito e. no entanto. em conseqüência. que lhe daremos uma percepção adequada desta relação. como também estas apresentações intelectuais são de natureza a dificul­ tar o estabelecimento de uma imagem unificada do caráter próprio da relação ou do processo. Contudo. a apreciar o terapeuta na medida em que este os iniffln na psicologia. (A verdeira ex plicação exigiria. não somente é inútil fazer descrições. vivida: por Isto. produzir efeitos favoráveis — com a condição. A comunicação fecunda das "regras do jogo* de uma interação intima não se efetua por meio de informação verbal.exposição teria sido mais ou menos acertada — ainda que contenha mais afirmações do que elementos de verdadeira explicação. Esta é uma das das razões pelas quais é importante se evitar o caminho da estruturação explicita. processos teoricamente incorretos ou praticamente inábeis. (cf. A percepção significativa (penetrada de sentido) é uma questão de expe­ riência imediata. pias têm pouco valor. Já que o efeito produzido pelas palavras do tera­ peuta é determinado. Qient-oentered therapy. acreditassem que tais esfor­ ços fossem úteis*. aumen­ tando os defeitos para maior clareza da demonstração. . quando começaram. observemos que as criticas seguintes dirigemse não tanto às frases. isto é. Pois. po­ dem. nos colocamos do ponto de vista do ensino dos princípios da te­ rapia rogeriana — não do ponto de vista dos resultados práticos. Enfim. não é uma questão de frases e 'de palavras. porque a resposta em questão i mais aceitável neste caso que no caso precedente — Isto 4.” Se o terapeuta tivesse percebido um ou outro destes sentimentos. Neste caso.... nem com sua comunicação. como. Recordemos a este respeito que nós nos preocupamos. portanto. alguma coisa que venha do senhor m esm o. o terapeuta "impõe a liberdade”.'a de me fazer »ipim n perguntas” o cliente exprime. Ainda que insistindo no foto de que o clien­ te é senhor da situação. Agora é a sua v«z. manifestado seu de­ sejo de receber alguma explicação. se bem que há maneiras mais favoráveis de tratar questões deste tipo como veremos mais adiante. O que o terapeuta diz e o que faz. diz o que se espera dele. Ainda que ele afirme que a iniciativa pertence totalmente ao cliente. “Talvez seja útil que eu lhe diga uma coisa ou outra sobre o modo pelo qual nós procedemos nestas entrevistas. "Eu me sentiria mais à vontade se o senhor dissesse alguma coisa. mas conseqüente aplicação prática de alguns prin­ cípios?) Após esta advertência.” Estas palavras não se ar­ ticulam diretamente com as do cliente. n&o |1 nada Intrinsecamente defeituoso com relação 1 estas pa­ 101 .” "ÉS estranho que o senhor não taça pergunta alguma*. provavelmente. não estão de acordo. u palavras são as mesmas.rogenana. o cliente teria sem dúvida aceito o sentimento refletido | teria. do ponto de vista de sua significação e do efeito que elas são suscetíveis de produzir no cliente. o que é um absurdo. Com efe'to. a fim de evidenciar a distância entre a comunicação do cliente e a do terapeu­ ta. de fato.” "Acredito ter falado o essencial. como qualquer outra forma de vó^apia. frase por frase. Como já o distemos antes. teria havido comunicação empática — n&o simplesmente uma troca de palavras provenientes de pontos de referência que correspondem apenas parcialmente aos sentimentos. Examinemos seu discurso. a resposta que discutimos teria sido mais aceitável. com | questão de estruturação. neste momento. um sentimento deste tipo: "<%m toda a certeza o senhor deseja me fazer perguntas. Re­ tomemos a "questão” do cliente — tal como a formulou em Clb. é o pró­ prio terapeuta que a assume. suas pa­ lavras são essencialmente declarativas — autoritárias. uma pergunta. A primeira coisa que nos surpreende é sua contradição interna. E m suma. Ao dizer “Gostar. talvez. não sim­ plesmente uma repetição do que eu digo. neste que discutimos — Já que tanto em um. apesar de seu tom afável.. passemos a um exame mais minucioso desta forma — freqüente e funesta — da estruturação. O leitor vai se perguntar. Então. como em outro caso. o que sei. no entanto. pois. E m vez de tratar as palavras do cliente de modo econômico. Em conseqüência. )• “Entendo que a melhor forma de alcançar resultados (terapêuticos) é que o cliente seja deixado inteiramente livre quanto à forma de usar o (empo que passa comigo:” Ditos desse modo. estas palavras implicam então que a inicia­ tiva pertence ao cliente: isto é. Expliquemos. é u m prlvilé- 102 . a se tomar um motivo de preocupação e. Neste caso. Comprometendo-se. pelo menos quando apresentado de forma puramente verbal — pouco simpático ao cliente. E m outras palavras.lavras. Além disto. quando correspondem diretamente a um a per­ gunta — uma verdadeira pergunta — que se refira especificamente ao emprego do tempo. Longe de se sentir atraído pela liberda­ de que lhe é concedida. <jue são defeituosas. neste caso. estas palavras podem ser ade­ quadas em outras ocasiões. ele está se preocupando essencialmente com suas próprias necessidades — de parecer competente. em conseqüência. ele tende a pensar que. por sua própria inicia­ tiva. em geral. Pois. o terapeuta se põe a delinear u m pon­ to de vista terapêutico novo. que a pergunta do cliente pode igual­ mente significar: “Não compreendo muito bem esta situação. Quando elas são produzidas em resposta a uma pergunta do cliente. à liberdade que lhe á dada. Enquanto isto o cliente permanece na sua perplexidade. o terapeuta se esquiva & comunicação mais ou menos critica — do cliente e foge pela tangente com resposta feitas. de reduzir sua ansiedade e de reconquistar sua confiança. a comunicação que se depreende de seu comportamento é contrária à que ele exprime por suas palavras. as palavras do cliente exprimem precisamente um certo mal-estar quanto à iniciativa. ela ainda incorre em erro. (Retornaremos a esta questão e à maneira de tratá-la. ansioso e dependente: faltalhe confiança em si mesmo de modo que a perspectiva de ter que repre­ sentar um papel autônomo o apavora. visando especi­ ficamente obter explicações. este é. No caso presente. Assim fazendo. que o terapeuta está disposto a dar certa. Reconheçamos. numa explicação de ordem metodológica o terapeuta assume u m pa­ pel didático.explicações — no ponto de referência da estrutura — se o cliente ex­ prime o desejo de obtê-las. A explicação tende. limitado às suas pro­ porções reais (e sobre as quais deveria se informar antes. tendo em vista o fato de que ultrapassa de muito o alcance da pergunta. Ele estrutura a situação articulando-a em sua própria iniciativa. de comunicar as regras da interação não-diretiva. e portanto. Poderia explicá-la melhor?” Suponhamos que a resposta do terapeuta se dirija a esta comunicação. arrisca-se a impe­ dir o desenvolvimento espontâneo de seu pensamento e o estabelecimen­ to de um sentimento de segurança. Ê como meio de estruiurar a situação. inesperado e qúe é — geralmen­ te. já que as pa­ lavras do cliente são muito vagas). a afirmação de que esta é a maneira pela qual são concebidas estas entrevistas e pela qual deverão se processar poderia apenas aumentar seu mal-estar. de direção. não ao cliente. se é verdade que acontece geralmente assim. a afir­ mação segundo a qual a entrevista do cliente pertence a este. Que a utilize como julgar conveniente. 71) <<> Tais testemunhos tendem a provar que a estruturação explícita. chamar sobre isto a atenção do cliente. certas palavras.R. que não leva èm conta o caráter especial de seu caso. Ora. Se o cliente experimenta um sentimento de segurança. relativa ao fato de que não julgará nem condenará. Ora. Pois o que este teme não são somente as palavras de seu interlocutor. não o rece­ berá tampouco. 103 . ou fazer o que quer que fosse. Ao contrário. Sente-se frustrado ante a idéia de que o terapeuta não lhe oferecerá o apoio que espera receber dele. não é necessário. convêm à apresen­ tação desta terapia ao estudante.” (Ver p. cederá a seu desejo latente de se “entregar” e se mostrar tal qual é. a notícia de que deverá “resolver seus problemas completamente sozinho” (pois é isto que costuma compreender) é suscetível de alarmá-lo. C. é o seu julgamento — e este pode ser tácito. Por isto tende a remoer esta frase (procurando descobrir seu sentido “real". Por exemplo. (Praticamente todo cliente considera seu caso como especial e. E m sentido literal. provoca confusão e ansiedade. ou não deseja discutir. 1951. muito justamente ) £ importante que a hora da entrevista «seja completamente sua. A insistência do terapeuta. impli­ ca a suspeita de que o cliente deve ter coisas a dizer que provocariam normalmente a desaprovação. não é por meio de afirmações que se estabelece a segurança no indivíduo. longe de facilitar e de elucidar o papel do cliente. cabe a você decidir sobre o que deseja. ou me calar. No entanto.gio duvidoso. Client-centered therapy. Se não experimenta este sentimento. Que eu podia falar. de nenhuma garantia verbal. (1) R O G E R S . Boston. O efeito negativo de tais palavras aparece claramente nas notas pes­ soais de um a cliente que escreveu: “Fiquei absolutamente perplexa quan­ do o senhor disse que meu horário era meu. Minha impressão era de que tinha sido abandonada ao meu próprio problema. Ao acentuar deste modo a liberdade do cliente. "oculto”). de fazer com que ele tema que a abordagem deste terapeuta não lhe convém — que tem um caráter de laisser-faire por demais impessoal. o terapeuta pro­ cura provavelmente criar um sentimento de segurança. Com demasiada freqüên­ cia o terapeuta principiante distingue mal a atividade didática da ativi­ dade terapêutica. sob certos pontos de vista. carece de sentido — pois. Frases como estas. o cliente considera como evidente que o tempo da en­ trevista é dele e de ninguém mais. cheias de significação quando se trata da discussão dos princípios dados. podem ficar totalmente sem sen­ tido no quadro da aplicação destes princípios. e menos ainda terapêutico. Por isto. A frase em questão. neste estágio do processo. A reação. É totalmente incapaz de imaginar j o que poderia resultar do fato de permanecer silencioso em presença do terapeuta. em vez de se sentir estimulado pelo seu primeiro I contato terapêutico. Deste modo o cliente nãopoderá se impedir de perguntar se é “a ovelha que deve guiar o pastor?". provavelmente. jne encontrará disposto a (acom­ panhá-lo O terapeuta deseja. Assim. são pirticularmente inábeis por procederem de um ponto de referência muito diferente do do cliente. silenciosa. à medida que o terapeuta prossegue nos seus es­ forços de elucidação. não está feita para ser descrita — exceto num contexto didático — mas para ser posta em prática. a indicação de que o terapeuta “acompanhará" o clien­ te é de natureza a desorientar este último. já que tende a atenuar o tom de gravidade — às i . um grito de protesto: “Não no meu caso! E u \ não poderia guiar meu próprio tratamento! Por que o procuraria se pu. o emprego de algum ditado ou metáfora familiar. J nem o desejo de empreender aquilo — que acredita! — que o terapeuta j lhe descreve. o cliente involuntário (cí. também ele tem direitos e obrigações. aliás. e estes não são compatíveis com uma liberdade ilimitada do cliente. está convencido de que não tem nem a capacidade. 97) pode se apoiar nestas palavras para fazer obstrução durante numerosas entre­ vistas. uma vez mais. a diversas interpreta­ ções para um indivíduo não-iniciado em teoria da terapia. Além disto. em vez de se abandonar. sua noção da situação torna-se cada vez mais nebulosa. o cliente não tem noção alguma das pausas e de sua função. ou mesmo manifesta. E se. eu com­ preenderei perfeitamente. não são as coisas de que você fala. tanto quanto possível. No entanto. nem a força. comunicar seu desejo de “se pôr no ritmo do cliente” . j Ninguém é anais bem situado para guiar este gênero de entrevistas ] que o própr/o cliente.1 desse resolver tudo sozinho?” Confuso. Afirmações como estas. o cliente começa a se desesperar. pode ter 1 uma certa utilidade.Além disto. presta-se. Enfim. ao de­ senvolvimento espontâneo de seu pensamento. às vezes. é provavelmente. tende a crer que se encontra num impasse. estas palavras são inoportunas. A idéia de se pôr no ritmo do cliente. Pode ser com­ preendida como: “o que conta. O que quer que decida examinar. p. § pois. como veremosmaís adiante. Pois. Só ele | sabe onde lhe aperta o sapato! E m condições mais favoráveis. o terapeuta ultrapassa claramente os limites da estru­ tura quando diz que está disposto a acompanhar o cliente sem reserva alguma. é o sim­ ples fato de falar". Sua confusão aumenta. Com efeito. Por isto. você experimentar (necessidades de se calar. Assim. as palavras em questão são inábeis pois tendem a suge­ rir ao cliente fazer deliberadamente uma certa seleção no conjunto de sua experiência. do interessado. mais cheiasi de sentido. neste caso. Logo que ele se refaz desta experiên­ cia pelo menos inesperada. E o que é pior. aos olhos do cliente o problema consiste não tanto em compreender oáde está o mal quanto em descobrir o meio de remediá-lo. Porque. a Irri­ tação vem se acrescentar à frustração do cliente — que se pergunta se se encontra no lugar indicado. A mudança pura e simples. evidentemente. E m vez disto. Se o cliente retoma. cada vez mais confuso e perplexo. encontra uma pessoa cheia de títulos Impressionan­ tes. por parte do terapeuta. Pois. porque então Iria consultá-lo e pagar-lhe. se é mais competente que o terapeuta com relação ao que convém fazer. imprópria — do diálogo Mas. ou opondo uma resistência passiva. verbalmente ou não. sem dúvida. capaz de guiá-lo na solução de seu caso. o cliente muitas vezes reage automaticamente fazen­ do um sinal de cabeça vagamente afirmativo. eventualmente. é muitas vezes o terapeuta que logo aecide abandonar uma abordagem — tida como rogerlana — tfto ingrata. sente crescer nele uma multidão de pergun­ tas e de protestos que ele se propõe a exprimir. mas aparentemente destituída das capacidades correspondentes. declarando que “não sabe o que dizer’'. ou bombardeando o terapeuta com perguntas e objeções que o encostam “na parede”. N a verdade é apenas aquele que experimenta o problema que é ca­ paz de falar dele com conhecimento de causa. dando a aparên­ cia de que ele vai iniciar algum relato. estas palavras podem se apresentar falseando o problema. um perito. Esperava en­ contrar um especialista. o cliente se defende contra o que considera um processo destituído de sentido. a confusão do cliente persiste e ele se retira do consultório ao mesmo tempo confuso. aparentemente tão pouco prometedor. de compreender ou de refutar. Quanto ao terapeuta.vezes. ele inter­ preta com naturalidade esta reação. e mesmo. Isto acaba de desorien­ tar o cliente. vai além do que ele é capaz. Se é ele próprio que deve se encarregar da operação. Quan­ do esta declara que sua direção poderia ocasionar voltas e erros. Mas. momentaneamente. Ele sempre ouviu proclamarem que o fato de se estar envolvido em um problema causa uma certa incapacidade de formular um julgamento sobre este problema. deste ponto de vista solidamente estabelecido. daríamos. uma quantidade de voltas e provavelmente. na próxima entrevista — a menos que decida abandonar um empre­ endimento terapêutico. E m sua confusão. ou que “já disse tudo” ou adotando qualquer outro comportamento que logo desconcerta um terapeuta cuja posição 105 . decepcio­ nado e deprimido — se não furioso. a situação não tem a se­ gurança requerida para que esta nota possa produzir um oerto relaxamento e aproximar um pouco os interlocutores. cometeríamos erros O cliente se torna. Se eu me encarregasse de guiá-lo na escolha dos fatos a serem exa­ minados ou das atitudes e decisões a tomar. como significando que o cliente te­ nha compreendido e aceito sua explicação. ela varia sensivelmente de um caso para oíitro (de acordo com sua denominação). por via delicadamente operacional. Como começa a primeira entrevista? Vejamos. são autenticamente centrados no cliente. e não a expressão de impulsos e de impressões fortuitos. Estruturação implícita Operacional Vejamos. O que se procura descrever não é o desempenho a tomar. O que o terapeuta conservou de seu entusiasmo por esta abor­ dagem. Esta técnica ele a combina com fragmentos de outras abordagens e enaltece sua aborda­ gem arbitrária com o nome de ‘'eclética” . Após ter cumprimentado o cliente e lhe oferecido um a cadeira o terapeuta se assenta. A recepcionista. Tanto para um. A estruturação começa imediatamente. limita-se ao uso da “técnica” que consiste em refletir a comuni­ cação do cliente — sempre que se mostre capaz disto. como se apresenta este aspecto do processo quan­ do é praticado por um terapeuta experiente cujo comportamento. como para o outro. sem dúvida. que se reduz.é tão precariamente estabelecida. como se adapta estreitamente às ex­ pressões verbais e não-verbais do cliente. esta forma de estruturação segue um traçado fundamental que é encontrado de modo Idêntico sob diversas manifestações. E é des­ de este momento que sua descrição se toma difícil. No entanto. a for­ ma mais coerente e. agora. mais representativa da estruturação im­ plícita de uma interação centrada no cliente. ao uso de certas frases feitas procedentes do ponto de re­ ferência do terapeuta Além disto. cóm o risco de falsear1 . é freqüentemente o ponto final de sua experiência com a abordagem nãodiretiva. no sentido de um a ação inde­ pendente daquilo que o terapeuta experimenta com relação ao cliente. Esta incapacidade de comunicar sem ensinar testemunha sua incapa­ cidade de se despojar da armadura verbal que anos de formação pura­ mente intelectual forjaram em torno de si. a adaptação individual á relativamente fácil. inicialmente. A estruturação explicita que acabamos de examinar. ou o próprio terapeuta. introduz o cliente no con­ sultório. Contudo. afinal. constitui a prova da falta de competência do pro­ fissional com relação à prática de princípios empáticos centrados no clien­ te. no mundo subjetivo do outro. Como a estruturação implícita não tem uma existência indepen­ dente das ações do cliente — é Inerente a seu comportamento — sua descrição não é tão fácil quanto a da estruturação explícita. O "papel” do terapeuta rogeriano é a sua própria personalidade — em ­ penhada nums» interação terapêutica. tanto quanto as aspirações. e que o impedem de pene­ trar. como representa a explicação prática conseqüente de determinados principios. Quando estes princípios são bem compreendidos. neste preciso momento. Esta ameaça existe quando o indivíduo tem que enfrentar problemas cuja solução ultrspassa suas capacidades (ou que ele percebe como tais). mesmo quando o funcionamento do indlviduo não é de nivel elevado. quase visível. com efeito. Se o terapeuta está convencido da capacidade do indivíduo de se ajudar a si mesmo. nâo de um agente. pois. — uma co­ municação que o cliente compreenderá sem dificuldade. (Reconhecemos que a ausência de toda a manifestação de ascendênoia — por m a s benevolente e justificada que possa ser — no profissio­ nal representa uma situação indiscutrvelmenta nova. em praticamente todos os casos. pois. ameaça para o “eu” no tipo de situação criada 107 . postura. não refletida. quando lhe é realmente dada a ocasião. A recepção. é a ausên­ cia de ameaça para com o "eu”. procuraremos evocar a maneira pela qual o tera­ peuta se esforça em familiarizar o cliente com u “regras do Jogo" a ftm de que possa aplicá-las tfio Imediata e facilmente quanto possível. capaz de compreen­ der a significação de situações novas e de utilizá-las de forma constru­ tiva. quando ele se encontra em presença de pessoas cujas capacidades são superiores às suas (ou que ele percebe como se assim fossem). Constatamos. pelas convic­ ções do terapeuta — por fatores internos. etc. Existe igualmente.i*. em cena. de dar a conhecer as razões de sua visita. o terapeuta ronsfcitra sen papel como sendo o de escutar. de um modo geral. dotado de um mínimo de empatia. tanto quanto a emissão des­ ta mensagem. que o cliente confirma geralmente o papel do terapeuta adotando espontaneamente o papel correspondente: o de falar. Isto é. Já qiie não se trata de uma "pose". e se está convencido que o seu próprio papel é o de um catalizador. Os primeiros segundos que os interlocutores passam assentados fa­ ce a face — segundos silenciosos. Em praticamente todos os casos verifica-se uma mudança. Tudo o que é necessário para que ela se manifeste.>l* se 9egue. Este papel ele o ado­ ta bem mais facilmente do que se tivesse se preparado para ele —■co­ mo o terapeuta.) Esta comunicação é bem nímplse: ela ae refere ao fato de que. mas não inativos — constituem a nos­ so ver. poderia esperar.. é determinada. < inerente à situação. A ação que l"irtlltit*. uma experiência sempre igualmente fascinante. principalmente quando ele sabe (ou acredita saber) que estas pessoas estão dispostas a exercer sua competência superior — real ou presumida. transparecerá em sua aparência fisionômica — expressão do rosto. modesta mas — tendo em vista sua manifestação regular em indivíduos muitos diferentes — extremamente interessante para se observar que o ser humano é um ser ativo. Os interlocutores estSo. (Esta aparência fisionômica não poderia ser descrita. na atitude do cliente: passagem da expectativa à Iniciativa. Há.) Esta capacidade de iniciativa inteligente existe em um grau lnsuspeitado.um pouco a imagem. Estes poucos Instantes ofe­ recem uma ocasião. quando corre o risco de fracas­ sar. faz-se de maneira imediata. portanto. Ao contrário. em que o terapeuta manifesta u m grau de segurança. O que importa nãol é que o cliente saiba se representar a estrutura da interação. nenhum assunto lhe foi in­ dicado. e m conseqüência. Proceder desta! forma. igualmente. pois. é não somente supérfluo e rotineiro. Volum e I ). u m modo mais lógico e parcimonioso de es-- 1 0 8 . £ suficiente que se lhe ofereça um a verdadeira ocasião de se manifestar. Este m odo puramente operacional e inerente ao comportamento^ representa. Terapeuta e cliente começaram bem . N ã o vam os acreditar. no entanto. Esta atitude se tra­ duz sem dúvida. necessário.pela estruturação explicita. n a situação con­ trária. Tal cons­ ciência pode ser perniciosa já que é suscetível de aumentar indevidameffl-a te a m edida do esforço e as capacidades requeridas. quando não há vestígio de ameaça para o “eu”. durante a primeira visita de u m cliente — voluntário — dizer-lhe para fato e indicar-lhe o tema. v. é também um a con-1 descendência contraditória com a estrutura da interação concebida em] termos rogerianos. de tudo o que esta maneira de iniciar a entrevista significa com relação à estrutura da situação. talvez! m as que não perm anecem necessariamente sem efeito cdino se pode vea nos trabalhos sobre a subcepção (cf. de agir e agir com sucesso — o indivíduo não] deve ser posto e m movimento como u m mecanismo ou impulsionado co.-j m o u m objeto. . A entrevista está iniciada. para? sua capacidade de julgar. quando todo o peso do empreendimento pa­ rece-lhe estar sobre os ombros. de compe-. não é necessário neid desejável que ele se dê conta dela imediata e completamente. ” “Disseram-me que o senhor se ocupa de . S em se dar conta do fato de que não foi convidado explicitamente a tomar a palavra e que. por manifestações fisionômicas — subliminares. M esm o se sua atenção -e suas capacidades de observação e de dedução estivessem plenamente disa poníveis. ele não seria capaz disto. . “inteiramente centrada no cliente” .. N o entanto. com pro­ veito e satisfação. . mas. .. isto é. m as que' saiba se utilizar dela — que assuma seu papel. que o cliente se dê conta. H á ameaça.” “Venho procurá-lo por causa de . evidentemente. de m odo nítido e claro. Qj terapeuta sente-se estimulado ante a constatação de que as forças de créál cimento do indivíduo operam de forma prometedora. tência e de ascendência que leva o cliente a confiar totalmente nos ou-f tros. “Tenho algumas dificuldades sobre as quais gostaria de lhe falarf' e tc. o cliente toma a iniciativa dizendo frases como: “ O h . Não é. então vim vê-lo” . imediatamente. este é o m eu c a s o . O que importa. que esta mansira pode deixá-los. certos terapeutas não gostam de iniciar a entrevista desta forma não-verbal. a natureza do problema ou a inten­ ção do cliente pode ter mudado. mais ocasião terá a sua iniciativa de se manifes­ tar e menos ameaçado se sentirá. que o mérito do método não-verbal que aca­ bamos de descrever não reside absolutamente na ausência de linguagem. a idéia que ele faz da natureza de seu caso. em conseqüência. Por exemplo. simplesmente. que se inspira em atitudes deste tipo é. mais livre será o indivíduo. Tem em que o cliente não se sinta à vontade — ou reconhecem. certamente. mas. se a iniciativa do terapeuta reflete a iniciativa do clien­ te. Por (iutro lado.truturar um a interação centrada no cliente. de mudar a versão do problema sobre o qual falara durante a entrevista preliminar. No entanto. poderá ser indicado que o terapeuta se encarregue de iniciar a entrevista. etc. verbal ou não. (com um tom que pressupomos. à atualização das capacidades do cliente. problemas. portanto. etc. no comportamento do terapeuta. se ela põe em destaque a atividade do cliente — sua decisão de se submeter à terapia. por definição. cuja falha permanece sem con­ seqüências práticas. Volume I) — que convidam à atividade e. Permite ao cliente começar. isto é. se o terapeuta inicia a entrevista dizendo. Toda forma de estruturação. Estes terapeutas podem. por uma ou outra razão. mas na presença. parece-nos. Esta forma estará de acordo com a teoria em causa. é que eles tomem conhecimento desta discrepância eventual. se querem evitar que ela se produza automaticamente em ocasiões mais significativas. pouco à vontade. “client-centered” . Recordemos que o relatório escrito ou a gravação da entrevista preliminar oferece-lhe dados essenciais relativos ao cliente e a seu pro­ 109 . o terapeuta pode julgar oportuno ser mais especí­ fico e indicar que está a par das razões que levaram o cliente a procu­ rá-lo. de uma confiança e de u m respeito — tal como o respeito é aqui entendido (cf. no entanto. experiências) que o preocupam. Isto é particularmente útil quando a entrevista se realiza em um a data mais ou menos distante da entrevista preliminar. de fazer perguntas (veremos mais adiante algumas formas de tratar es­ tas perguntas). como estando em harmonia com sua atitude de consideração positiva e de seu papel de simples auxiliar): T la: V«cê deseja discutir algumas coisas (dificuldades. Acrescentemos. empregar al­ guma variação verbal destá atitude fundamental — até mesmo alguma variante teoricamente defeituosa. a eles tam­ bém. Este modo de formular a introdução tem o mérito de ser amplo e indefinido. e que. ao longo de toda esta exposição. N o entanto. por várias razões. enfim.por onde quer. Quanto mais amplo for o ponto de partida. Certos clientes — não compreendendo plenamente as razões pelas quais não estão tratando com a pessoa com quem falaram a primeira vez. O que o senhor acha que se deve fazer? Em outras palavras.. Por outro lado. o cliente coloca decididamente nas mãos do terapeuta a responsabilidade de avaliação de seu problema assim como 1 1 0 ... etc. ou Sra. ou: Se não me engano. esta forma específica de iniciar a entrevista tem a desvantagem de criar uma situação na qual o terapeuta — se lhe falta experiênoia — arrisca-se a ser prematuramente arrastado a uma estrutu­ ração implícita. você sofre de certos . Esta forma. Não é isto? Observemos que cada um destes modos de formular a introdução situa a iniciativa do empreendimento e da identificação do problema no cliente.. pode começar a entrevista de alguma forma análoga a esta: T U: Você deseja me M a r ' sobre.) X me pôs a par de sua visita recente à clinica. tendem a informá-lo de que não é necessário que repita o que já disse — ao mesmo tempo que lhe proporcionam a opor­ tunidade de recapitular seu relato se ele o julga útil. ou: Você tem cotos problemas familiares ou profissionais. escolares.blema. emocionais. Neste caso. Você experimenta dificuldades e m .. mais ou menos especifica. de iniciar a entrevista. Com efeito. é particularmente indicada quando o intervalo que separa a entrevista terapêutica da entrevista pre­ liminar é pequeno.. Acredita que é algo que o senhor possa tratar (ou resolver. que deseja exam*nar .. acontece freqüentemente que o cliente reaja com alguma resposta como: C lb: natureza? Exatamente. ou fazer desaparecer)? ou: Sim.. Qual é sua opinião sobre problemas desta ou: Ê Isto mesmo.. Além disto. e decidiu procurar liber­ tar-se delas. ou não se lembrando da explicação dada por esta — fi­ cam desfavoravelmente impressionados pela necessidade (presumida) de repetir o relato feito alguns dias antes e pela falta (presumida) de comu­ nicação entre o pessoal da clinica. ou: O Dr (ou o Sr. Seria possível argumentar que nenhuma pessoa de “bom senso” te­ ria esperanças como essas. antes de que a estrutura da interação tenha tido a ocasião de se comunicar ou se consolidar. por exemplo. Isto é certo. Aparentemente. ou se expondo aos riscos. que o terapeuta tenha a perspicácia ou 1 empatla necessárias para captar esperanças deste tipo. Como examinaremos este tipo de problemas e outras situações análogas. como o terapeuta. não nos detere­ mos aqui e terminaremos este capitulo limitando-nos ao exame de algu­ mas dificuldades tipicas encontradas quando se trata de estabelecer as bases de um tipo tão novo de interação. Acrescentemos em sua defesa que. o que é bastante delicado neste estágio completa­ mente inicial da relação. totalmente despropositadas. Mas. Se o profissional não se sente interessado. segundo as necessidades do momento. ou mudando der terapeuta. cabe-lhe informá-lo. num artigo (em preparo). Tende a sugerir que o papel do cliente é fornecer o ma­ terial enquanto que o papel do terapeuta é elaborá-lo em uma solução É o que se dá nos casos em que o cliente está convencido do fato de que a tarefa do terapeuta consiste em resolver a dificuldade enquanto a sua consiste em descrevê-la. não são. ante a necessidade de corrigir estes pontos de vista. capaz ou de­ sejoso de utilizar estes dados para ajudar o cliente. em realidade. a interação tende a ser vista sob uma falsa perspectiva. De fato. encontra-se pra­ ticamente reduzido ao silêncio. o indivíduo manifesta um cui­ dado particular com a exatidão no que se refere à ordem dos aconteci1 1 1 . Elas são. se. quaisc uer que sejam estes. pois. geralmen­ te fáceis de reconhecer. Contudo. aliás. Importa. por causa da loquacidade do cliente. uma atividade descritiva tão elevada não é necessariamen­ te tão promissora quanto o terapeuta geralmente preferiria acreditar Quando se dá em momento muito precoce. no devido tempo. neste caso. O cliente poderá então agir em conseqüência disto ou se exprimindo pouco a pouco e prudentemente. pois. o indivíduo que se dirige ao consultório do terapeuta não está sempre em plena posse de seu “bom senso". corre j. E não se poderia censurá-lo. o risco de conduzir a um obstáculo bem dlticil de ultrapassar. este tipo de comportamento satisfaz perfeitamente as exigências de uma estrutura centrada no cliente. ou de acordo com o aspecto que tomam os seus sentimentos para com o terapeuta. suas esperanças são errôneas. Somos decididamente de opinião de que quando um terapeuta se deixa documentar detalhadamente sobre uma determinada questão — particularmente sobre uma questão intima — o cliente sente.a de sua solução Este se encontra. de sua posição a respeito. no en­ tanto. por este motivo mesmo. . certas esperanças com relação a seu interlocutor. tão rapidamente que o terapeuta mal tem oportunidade de di­ zer alguma coisa. Suponhamos que o cliente reaja favoravelmente à introdução con­ tida em Tia ou Tlb e comece rapidamente a descrever seu caso — em realidade. Se. no fim das contas. e se ele se esforça visivelmente em fornecer um relatório absolutamente completo de todas as coisas.. dizer "Compreendo” ou qualquer outra indicação. certamente" — e continue sua narrativa sem se alterar. provisoria­ mente. se prepare. não de expressão de si. Será suficiente. não de um ponto de vista particular. o terapeuta poderá responder com naturalidade: T lie: E para que eu compreenda perfeitamente o problema. (» Não é raro verificar que o cliente não compreende imediatamente o que o terapeuta procura lhe comunicar. Estas palavras nffo visam a Interrogar o cliente mas. Não sei se esqueci de alguma coisa. no momento. para dar a conhecer as regras do jogo sem se afastar destas mesmas regras? Isto é. poderá ver nisso um sinal de que não compreendeu perfeitamente a estrutura de uma terapia centrada no (1) A ausência de ponto de Interrogação nío á acidental. retomar o meu relato.. Neste caso.. que o que importa é que eu saiba perfeitamen­ te cada aspecto do problema. verbal ou nãoverbal. surgirão outras ocasiões para esclarecê-la. introduzir gradualmente o fato desta atitude no centro da cons­ ciência para que a percepção de seu significado se produza. bá ainda isto.. pelo me­ nos. Oh. acontece muitas ve­ ies que responda com convicção: "Sim. vejamos. portanto. sim. . que você se empenha tanto em não omitir nada. tratase. Já que esta convicção é muito provavelmente a expressão de uma atitude. a chamar sua atenção sobre as implicações em jogo.. de um esforço de informação. como deve se conduzir o terapeuta. ou: Reconheço que meu relato é terrivelmente confuso. significando que ele constata — e mais nada — a convicção do cliente. Veja. De fato. Refletindo a atitude ou a intenção subjacente a estas palavras. ou... como agirá para se comunicar sem se impor? Suponhamos que o cliente diga: C lc: Bem.mentos relativos a seu problema. limitado à situação tera­ pêutica. Eu estava lhe Calando na última vez. Se o leitor se pergunta por que razão o terapeuta não retifica ime diatamente as expectativas do cliente. quero es­ tar tão seguro de lhe dizer tudo. Neste caso o terapeuta pode julgar que é suficiente. que não conseguirá. ou: Parece-lhe. geralmente. venho aqui. Apesar de que começo a acreditar. etc.. É mais ou menos Isto. o Importan­ te não é Informar o cliente da atitude com a qual ele aborda a solução de seu problema. a compreender melhor. a atitude de dependência. destról a aprendizagem". evidentemente. Por isto. na perspectiva da pslcoterapia “o ensino. ime­ diatamente operativos — neste caso.Ciente. não tanto ã significação de acontecimentos pas­ sados. a compreensão que se deve retirar da terapia deve se referir. Apesar de que. a . a tendên­ cia do individuo a se confiar a outros para a descoberta de soluções cuja responsabilidade lhe pertence.. das relações que ela poderá ter'com o problema. ele observará com freqüência que o cliente co­ meçou a perceber vagamente que a simples apresentação de seu proble­ ma a uma pessoa como o terapeuta. hum . portanto.. o que está dentro de inhn.. .. mas sim lhe permitir tomar consciência desta atitude. observei em particular no que se refere a . Recordemos igualmente que... Multas vezes o cliente completa a frase pouco firme do terapeuta: C Sc: Sim. De certo modo. um pouco mais claro.. quanto à significação das atitudes e comportamentos presentes... exerce um certo efeito positivo sobre seu próprio pensamento ou sentimento.. Recordam» o que íoi dito no Volum« I: que... o T reitera sua constatação de que o cliente parece procurar não se esclarecer. AJuda-o...... se o T responde: T 2c: Você sente. tal resposta conduzirá facilmente a um des­ locamento do centro de atividade do cliente — da descrição 1 exploração ou ã avaliação. exprimir.. nlo sei. uma forma semelhante a esta: C 2c: Ah. Por exemplo. mas in­ formar seu interlocutor.. que o simples fato de contar seus sen­ timentos lhe faz um certo bem. T 3c: H-bm. de acordo com o rogerlano. T 4o: VooS quer dizer que elas lhe parecem. Vejo isto à medida que... ter mais nuances. a resposta adota... O "aspecto** das ooisas lhe parece. no decorrer de uma entrevista subseqüente. de certo modo. um pouco di­ ferente. mais complexas. Por isto.. tam­ bém me pareçam ao mesmo tempo mais. a ver mais claro.. São menos em “preto e branco” G 5c Sim.. Acho que me faz bem .. depois de ter falado delas aqui. G 4c: Sim.. Quando. por outro lado. Um pouco por mim também. Se for bem utilizada. Este breve extrato de diálogo põe em destaque dois aspectos do fenômeno terapêutico: em C 2c o cliente comsça a reconhecer e a apre 113 .. freqüentemente. s^n. nio é istoque espera de m im? 111 . a descriçfio aexperimentar o Contudo. se. será que estou enganado? T 5: H-hm. E u não preciso fazê-lo mhn mesmo. por exemplo: T 3: Vejamos se apreendi corretamente as razões pelas quais você deseja fazer um relatório completo da semana... Percebo. 5c. Vejamos um exemplo da forma pela qual ela é suscetível de se desen­ volver quando se trata de um cliente menos perceptivo. sem dúvida — à situação. com o médico.. não. pode ser conveniente que o terapeuta não demore mais em corrigir a estrutura que o cliente com sua atitude de dependência in­ veterada. C 5: Mas . C 6: Mas. ou: ou: c: Aconteceram tantas coisas durante esta semana que fiz um a pequena lista. digam os. o terapeuta pode contentar-se inicialmente. C 3d:Ah. este último mantém seu ponto de vista errôneo e tende a consolidar seu papel de informador — começan­ do toda entrevista por expressões como estas: C 3a: Esta semana não há nada de importante para contar. apesar das evidências. Neste caso. Ê essencialmente para que eu compreenda a situaçao? C 4: Sim. ou: me contar detalhadamente os acontecimentos. mais decidido a prigir que o terapeuta assuma a responsabilidade da solução do proble­ ma. que ele constata a atitude do cliente. você não vêque outra vantagem poderia h er em descrever a situação. em resposta à constatação expressa em T 1c o cliente diga: C ld: Sim. Por outro lado. Eu a conheço muito bem! para Ainda uma vez.. impõe — involuntariamente. ou: a nada omitir. suponho. b: Eis o que se passou desde a minha última consulta..cmr a estrutura da situação enquanto que em C 4c e C começa a dar lugar à avaliação — o cliente começa problema de n ™ nova forma.. Evidentemente não. evidentemente. Por que outro motivo eu diria tudo isto? T 3d: H-hm. T 4: U m pouco como você faria.. suponhamos que. em in­ dicar. Além do fato dc me pôr a par dos problemas. etc. Ele po­ de responder. de uma forma ou outra. a interação nem sempre adquire um caráter tão positivo. ... E .. Você se dá conta de que há um a diferença. se resolvem? Pensar que esta poderia ser a forma pela qual problemas.. então. hum .. E u nunca havia feito terapia. você acha que está disposto e é capaz de adotar um a solução elaborada por outra pessoa. Seria preciso. m as aqui. é claro. . Então.. .. N ã o . de um a doença. Não sei.. E lhe parece....T 6 : C 7: T C T 7: 8: 8: C T 9: 9: V 10: T 10: T 11: C 11: C 12: T 12: C 13: T 13: G 14: T. enfim. você julga que necessita confiar-se a alguém que o seja. no entanto.. não. Ah.. tudo Isto é multo novo para m im .. H. H-hm. E esta a forma pela qual ás coisas.. Você reconhece que não poderia ser por meio de um a receita.. E h .. condições__ Mas. Ah. como o médico. ao mesmo tempo você espera talVez que eu. Se o fosse... Esta não poderia ser um a solução para você... tudo isto é novo para m im . sim... Aqui não se trata de algo físico. não sei exatamente. Poderia recorrer a m im mesmo. talvez que ela contém um a certa nota critica para com você.. e você procura satisfazer estas. Não sei o que devo fazer. M a s .. evidentemente não é a m esm a coi­ s a .. M a s .h u m . H-hm.. 115 ... que a solução deverá par­ tir de m im . Parece-lhe dlíícil imaginar que alguém pudesse prescrever u m regime que lhe conviesse. alguma fórmula para ser seguida ou alguma solução... ou o que for — é que você m e forneça todos os dados e .. não m e encontraria aqui. A h .. é por isto que venho aqui..hm . mas acredita. Não sei como o senhor procede para resol­ ver este tipo de coisas. Quando necessita..... H . Ah.. de algo que o senhor pudesse. . Espero que não! O s regimes e eu somos antagônicos.. lhe forneça de certa form a.14: C 15: T 15: C 16: T 16: U 17: T 17: C 18: T 18: Você acha multo natural acreditar que é Isto o que se egpe* ra de você...... que pudesse tratar como se fosse um a doença. Sim. De modo que minha pergunta deixa-o um pouco surpreendido. como m eu caso. não sei. Disto eu não tenho dúvida.. por não ser psicólogo. .. eu não sou psicólogo (psiquiatra). você faz tudo o que pode e parece-lhe que o que Importa é que. aqui como com o médico — o advogado... . quero dizer. Som ente. de que não seria suficiente seguir um a espécie de “regime de vida” que eu prescrevesse e que você seguisse. K m geral não. Suponho que sim.. não. pode ser que eu não seja capaz de a colocar em prática.. verbal.. quero dizer.. da ciência A psicologia não é uma ciência? Enfim.. O terapeuta principiante esquece com muita freqüên­ cia que o cliente não passou por vários cursos de psicoterapia e que as .. se resolvem. “a divisão do trabalho”? No sentido intelectual.. Se...tão pessoais. sua solução poderia ser correta do ponto de vista d a . Assim. isto é. durante as entrevistas. gosta de encontrar suas próprias soluções. Enfim. bem. Contudo. indispor ou inquietar o cliente que.. stTn. nos jornais. sim.. eh.. Isto conduz ao exame de suas reações com relação a conselhos em geral e outras “soluções” que venham de outras pessoas.. explícita dos objetivos e meios da terapia.. assim. quase ine­ vitavelmente. de ver. Isto o aflige. gosta de representar seu problema como alguma coisa mais ou menos especifica e independente de sua personalidade. Neste estágio é praticamente certo que o cliente não possa apreciar o fundamento de u m tal método. Creio que não seja realmente ama pessoa difícil. tenho meu caráter. enfim... em problema. A apreudizagem da autodeterminação começou. C 20: Quando sou capaz. francamente.. a conversa orienta-se gradualmente em direção a seu pró­ prio objeto.. como direi. não sou ca­ paz de mudá-lo à vontad T 19. fica evidenciado que ele não tem um a concepção muito clara e articulada da divisão das tarefas. M a s . A estrutura da interação se estabelece e seus efeitos benéficos se fazem ser tir gradual­ mente: imperceptivelmente ela se vai consolidando... terá o cliente compreendido a estrutura da Interação. deste modo.posso Imaginar que esta seja a forma.. A apresen­ tação verbal. M *s. jião. o cliente chega a desempenhar seu próprio papel e. deve. quando penso em certos conselhos dados nestes comentários de psicologia. é muito provável que a tenha apreendido no plano do sentimento e da ação — planos essenciais no caso.... ou de fazer. não é necessário chamar sua atenção sobre isto ao ponto de lhe impor esta informação transformando-a.. de “compreender” não se tem se­ gurança alguma.. Principalmente porque eu sou muito difícil. mas. C 19: O cliente se põe a descrever as suas reações ante certos conselhos apresentados nestas sessões.. a expressão e a avaliação de si... ela poderia não se ajustar a meu caráter. não difícil.. no fundo. Após o tipo de intercâmbio que acabamos de reproduzir. sem se aperceber. ainda que todo o mundo diga que é o que deve ser feito. sua especialidade. Você acha que. a confirmar o papel do terapeuta. o senhor sabe. * Afinal. e u . há coisas que sou simplesmente incapaz d e . De qualquer forma. e apesar de que não crei» > r u m m au caráter. Talvez o leitor se pergunte se a entrevista e. portanto. Quando se trata de abordagens dirigidas pelo terapeuta. sejam necessários alguns esclarecimentos — quer a ocasião se preste a isto ou não. ao meio e ao fim d<j processo. não era talvez necessário comunicar-lhe certos aconte­ cimentos cuja revelação lhe traz vergonha ou ansiedade. Pois. para comunicar por via operacional que a terapia se apóia nele. . essencialmente. se. Grune «nd Stratton. toma conhecimento de que não é do papel do terapeuta resolver o problema e que por isto. The Technique of Psychothenpy. após ter descrito uma situação particularmente penosa.m consideração ao leitor que julgar que nos detivemos por muito tempo na discussão do início da interação. o proces­ so. talvez. descrevendo o desenvol­ vimento típico das terapias de orientação eclética. nãodiretivá. não há ai inconveniente. e até mesmo ex­ plorado se. de qualquer forma. o cliente se considera como um sim­ ples auxiliar. 1954. Com efeito. Neste caso. o pro­ cesso deve geralmente passar por uma fase descritiva. não somente como seu beneficiário mas também como seu artífice. Durante esta fase surgirão numerosas ocasiões para sugerir. já que. L. são precisamente as mesmas pelas quais a pessoa em busca de assistência psicológica é suscetível de rejeitar tal abordagem. regras de interação descritas no capitulo II.razões pelas quais ele. por exemplo. 117 . no decorrer das primeiras entrevistas. distingue três fases correspondentes ao início. Nova Iorque. A psi­ canálise. diretivo. o cliente. o indi­ víduo é suscetível de se sentir decepcionado e ansioso. de acordo com a posição de cada fase com relação à conclusão do processo. (1) WOLBERG. U m a exceção a esta maneira gradual de estruturar pode se impor no caso em que o relato do cliente parece se encaminhar para a reve­ lação de fatos com implicações pessoais ou sociais sérias — eventualmen­ te de conseqüências legais. Wolberg C*>. precisar e consolidar a estru­ tura — em outras palavras. na maior parte das terapias. descreve as variações deste papel em termos de desenvolvimento da transferência. pois. diremos que assim o fizemos a título de demonstração dos princípios que governam a interação em qual­ quer de suas fases. escolhe uma abordagem empática. v. Realmente. terapeuta. da forma como esta se inicia. Ele se mostra mais (ou menos) ativo. interpretativo. o papel do terapeuta é descrito apresentando variações que determinam o “movimento” ou as diversas fases do processo. estas variações são lógicas e estão de acordo com os princípios em que estas abordagens se fundamentam. na terapia rogeriana a continuação da entre­ vista não difere. Durante cada uma destas fases o papel do terapeuta se caracteriza por diferenças no grau ou natureza de certas atividades. comporta outras atividades que não a de estruturar e de aplicar as. (ou se se prefere: pelas flutua-1 ções do nivel da ansiedade) a cada passo do processo. VTb. indica a sucessão dos está-1 gios e fases do processo. começa a for­ mular planos para o futuro — em termos das linhas de conduta que se propõe a adotar. quando a espio ração se torna mais profunda e esbarra com ambigüidade. o uso desta forma da resposta-reflexo não é neces. contradições-1 internas e condutas incoerentes. O ritmo do processo varia amplamente de u m individuo para outro.I rapia é guiada não por um plano mais ou menos determinado.J ralmente ignora qual será sua duração. a elucidação tende naturalmente a apa.) Poderíamos perguntar se o terapeuta demonstra responsabilidada . mas pelo estado das forças ] internas de crescimento e de atualização. Além disto. Nos outros casos. tais como são observados geralmente nesta te-' rapia. quando a atividade do cliente é principalmente descritiva e a apresentação do problema se faz principalmente em termos de fatos | de acontecimentos externos. 129. o terapeuta não sabe quando ter-* minará o processo. este tipo de resposta ] está totalmente ausente do caso de S r ta. a função do terapeuta permanece essencialmente idêntica do começo ao fim. por exemplo. (o quadro II. Contudo. no inicio do pro-1 cesso. certos clientes decidem abandonar o pro-’ cesso antes do seu término — e às vezes antes de se ter iniciado a fase de reorganização. Se não nos equivocamos. quando o cliente ten­ do passado pelas diversas fases descritas no capitulo V . p. o tera­ peuta tem a oportunidade de refletir os sentimentos implicados nas constatações do indivíduo a respeito de si própr. quando se trata de abordagens dirigidas pelas forças de crescimento do indivíduo. Isto não quer di­ zer que estas abordagens não apresentem “movimento’*. o reSexo propriamente dito e a elucidação. Como esta te. Enfim. Por outro lado. quando o cliente progride na exploração de seu mundo interior. As atividades’ que se desenrolam no decorrer do processo manifestam um a variação e um« ordem de sucessão nitidamente discerniveis. Observa-se uma exceção a esta regra nos casos em que o processo! encaminha-se nitidamente para o seu fim. o rogeriano não tem muitas ocasiões de manifestar um comportamento sensivelmente diferente do principio ao fim do processo. estas varia­ ções são espontaneamente determinadas pelo cliente como se verá no caso “miniatura" apresentado no capitulo V Estas variações po­ dem refletir-se na atividade do terapeuta. isto é. No entanto. analisado no capitulo V __j e isto se deve aos motivos apresentados na conclusão da análise do caso. a maior parte das respostas do terapeuta seja dentro da categoria denominada reconhecimento.O mesmo não se dá. Neste caso.o. £ natural que.recer. resultan­ te de um ponto de referência do terapeuta. pelo uso predominante de um ou outro tipo de resposta — o reconhecimento. o terapeuta ge. 1 Além destas variações estritamente adaptadas ao ritmo do cliente.■ sariamente encontrado. é melhor terminar. a te­ rapia pode acarretar problemas práticos — perda de tempo. a assistência terapêutica pode não ser a que imaginava. não de todo certo que sua decisão seja igualmente “digna de confiança1*. como diria Rogers. Tendo enunciado esta regra geral. bem entendido. não obstante. O método deste pode não lhe ser simpático. Outra razão pela qual o rogeriano prefere deixar ao cliente a prer­ rogativa de terminar a terapia é que as possibilidades que este a reinicie — com o mesmo terapeuta ou com outro — parecem muito maiores quan­ do o terapeuta se abstém de formular criticas ou objeções suscetíveis de ameaçar o "eu” do cliente e. explicações a terceiros. 1 1!» . se não completamente válidas. Acontece com a atividade terapêutica o mtsmn que com qualquer outra forma de comportamento — é a consciência. despesas. não existe afinidade. em conseqüência. estes sentimentos e necessidades se­ jam pertinentes. que justifiquem o término. que são potencialmente prejudiciais. e 2. dizendo: T: "Parece-lhe que no mosneato pelo menos. em última análise. será conveniente que reflita o caráter em certo sentido "existen­ cial" — imediato. mas. mesmo prematuro. A hesitação do rogeriano ante uma iniciativa deste tipo. da terapia. etc. no entanto. Baseia-se num conjunto de pressuposições e de constatações re­ lativas a 1. se o cliente demonstrou possuir o discernimento e a capacidade necessários para as diversas di­ ligências requeridas para obter a assistência terapêutica e para iniciar o processo. não se inspira. Se o terapeuta considera que determinado término é prema­ turo.. que encobrem o beneficio dela decorrente. que conselhos deste tipo revelam-se geralmente ineficazes. Pois tal decisão — mesmo que não seja boa — pode ser justifi­ cada sob muitos aspectos. De fato. E m suma. deve guiar a conduta. suficiente — por preocupações absorventes ou penosas demais. evidentemente. poderá haver inúmeras razões. Pode julgar que entre ele e o terapeuta. O cliente pode não se sentir em condições de continuar seu esforço de auto-avaliação sem comprometer seu funciona­ mento atual — defeituoso. não as teo­ rias que. pelo menos razoáveis. acrescentemos que a iniciativa em questão — desaconselhar o cliente a seguir seu próprio julgamento — está evidentemente em contradição com os princípios de uma abordagem centrada no cliente. é provável — ainda que. de elevar o nível de sua ansiedade. sem dúvida. não caberia ao terapeuta aconselhar ao c lie n te d e ceder a seu desejo de terminá-lo? Tal iniciativa não é certamente proibida. As concepções rogerianas respeitam tanto os sentimentos e necessidades do terapeuta quanto os do cliente — se. Mais precisamente.deixando ao cliente o cuidado de decidir se a f « » ffnni foi alcançada. em considerações teóricas — de natureza necessariamente hipo­ tética. não racional — que está subentendido na decisão do cliente. nos casos em que o processo numifpQhunwitp não te­ nha se concluído. talvez. não é ne­ cessário levar mais adiante esta... even­ tualmente provisório (suscetível de revisão) da avaliação que está su­ bentendida nesta decisão.oma isto.. Este tipo de respostas põe em evidência o caráter imediato.. reiniciar a terapia um pouco mais tarde” . — oa Interrompê-la durante algum tempo” otu *N c estado presente de sen. mas. feita por “especialista”. exploração de si mesmo” . sobre a personalidade ou funcionamento do clientej Inteirar-se desta forma de que não se está apto a levar a bom termoí uma terapia já começada constitui uma experiência penosa e ameaçado­ ra para todo cliente. . ou: “Parece-lhe que. sentimento. gústia que implica. parece-lhe que a con­ tinuação destas entrevistas não lhe traria muito proveito” .. sem dúvida. £ possível. mas refletem um as­ pecto implícito dele: o caráter essencialmente provisório de toda a ava­ liação e da maior parte das decisões. pode se tomar prejudicial para um indivíduo que funciona de maneira inadequada. Enfim. de acordo com suas necessidades atuais. ou: “S e* sentimento atoai é de que é preferível terminar — podendo. porque se trata de uma avaliação negativa. prevenir o cliente contra u m término prematuro da terapia talvez seja prejudicial. que estas resposta» não reflitam literalmente o sentimento do cliente. considerando-se o aumento de an. que a ação desenvolvida no decorrer da terapia não é fortuita. autêntico. e nos outros campos de experiência — verificamos que estas mudanças manifestam um a certa ordem de sucessão. d) (1) A noção de caso "completo" 'deve ser entendida nfio do ponto de vista psicodindmico. Graças a gravações e à transcrição. também. concreto. encontrada. Esta noção ie refere è presença das di- 121 . m as segue passos or­ denados. quando observamos a mudança ocorrida no comportamento e nas atitu­ des do cliente na situação terapêutica — mudanças no tipo de material discutido por ele. nos quais é possível distinguir as linhas fundamentais. mas do ponto de vista das características do processo. em todos os casos completos e bem sucédidos. Isto é. de uma parte. às características da interação terapeuta-cliente e de outra parte às diversas etapas do processo. na forma pela qual ele trata este material. Vib) U m a das formas mais instrutivas de se familiarizar com a terapia tal como esta se pratica consiste em estudar o seu desenvolvimento e as suas características a partir de u m caso. em graus variáveis de aproximação. n a sua concepção de si mesmo e de suas relações com os demais. e a pesquisa confirma. O s pontos de vista a partir dos quais nós examinaremos o caso presente relacionam-se.Capitulo V ANÁLISE DA INTERAÇÃO E DO PROCESSO (o caso da Srta. A observação clínica sugere. as entrevistas terapêuticas po­ dem ser submetidas a diversos tipos de análise. a grosso m odo á de caso "con­ creto". excepcional. a diverSSS fins: : 1.único e mesmo caso. IsTo è. Emprega-se. 4. Sua raridade está no fato de que com­ bina um grau acentuado de patologia com um a brevidade terapêutica. para a avaliação de seu desenvolvimento. de preferência a esta última. “publicitária” . enfim. 122 « . Mostra a operação desta. uma versão — daquilo que ela é no momento e nas condições da terapia. Fornece uma base à crítica realista — positiva ou negativa — desta abordagem. empreender nèste capitulo presta-se. para a observação metódica de seus casos. pois. notavelmente destituído de elementos intri­ gantes ou impressionantes. o caso é realmente único sob vários pontos de vista. Oferece. O caso que iremos examinar não foi escolhido por apresentar al­ guma quaGdade espetacular. pxocede são utilizando exemplos isolados e selecionado* dè inúmeras fontes.. contrariamente ao caso típico de terapia breve — que trata geralmente de problemas de adaptação relativamente sim­ ples — a cliente. isto é. Deste modo fornece ao leitor psicoterapeuta um gabarito. enquanto que a imagem apreendida no decorrer de uma terapia á apenas um "instantâneo". senhorita V . 2.TJm estudo como o que nqs Qjopomos. de que o leitor tenha se preocupado em se familiarizar em profundidade com os prin­ cípios cuja prática ele pôde observar. observável. a noção de caso "completo" nfo 4 aceita. Jerapia como processo. e para sua apresen­ tação nas conferências clinicas (caste conferences). corresponde. das diversas fases características do processo. um excelente meio de treinamento para a prática desta terapia — sob a condição. Quanto i noção de caso "bem sucedido". quase não oferece ao terapeuta ocasião para exibir a excelência de suas capacidades. Com efeito. 5. atravessava um a fase psicótica. mas colocando em relevo as diversas etapas de um'. No entanto. No sentido psicodinãmico. Fornece uma amostra autêntica dos resultados obtidos através desta terapia. Trata-se de um caso bastan­ te comum. já que a psicodinâmica do indi­ víduo é um processo em evolução constante. no entanto. 3. quando se deseja evidenciar a natureza positiva dos resultados mais do que a presença manifesta. A apresentação de um caso completo permite a observação do papel do terapeuta e a constância em que este papel se mantém no decorrer do processo. uma imagem — realmente. Seu conteúdo. 6. O diag- versas fases que se observam nos casos que — tanto na opinião do terapeuta como na do cliente —terminam com um progresso sensfvel. Demonstra o caráter ordenado do "processò'. por mais longa ou "profunda" que seja a terapia. que o diagnóstico tinha sido estabelecido com a única finalidade de pesquisa.nóstico de seu caso foi baseado na aplicação do Rorschach e do TA T (Thematic Apperceptlon Test) — testes projetivos bem conhecidos. é pouco gracioso. Tendo em vista estas diversas características o caso é. A facilidade que geralmente manifestava nos seus contatos sociais tinha sido substituída por um isolamento completo. pelo menos sua parte manifesta — compreendida entre a primeira e última entrevista. O apego que sempre experimentava para com os seus tinha se transformado numa atitude de indiferença to- (1) Eite tipo de pseudônimo monossilábico é representativo dos casos de pesquisa. Por felicidade o caso da Srta. 123 . mas. solteira. realmente. no entanto. graduada em nlvel de ensino supe­ rior. da interação. em geral o tem. tinha obtido um a bolsa que lhe permitia reiniciar seus estudos para se doutorar em ciândas sociais. Isto é. Após haver lecionado durante vários anos num “Junior College”. se o processo externo. pode evidentemente ter prosseguimento — e. A pessoa em questão. tabulação e outras necessidades da pesquisa. Este processo compreende apenas nove entrevistas efetuadas num período de seis se­ manas. não tinha relação alguma com a terapia propriamente dita conforme o procedimento rogeriano. Fechava-se no seu quarto como se estivesse ausente. apresentada. indica­ remos uma série de fatores suscetíveis de explicar a brevidade do pro­ cesso. sua brevidade e sau caráter sintático convém á codificação. N o final do primeiro ano começou a experimentar e manifestar mudanças de personalidade inquietantes e que. Vib fazia parte de um progra­ m a de pesquisa de modo que foi completamente gravado e transcrito. o processo terapêutico ou. O valor do caso como ilustração da psicoterapia rogeriana é par­ ticularmente valorizado pelo fato de ser o próprio Rogers que atua como terapeuta. Tinha se tomado apática e incapaz de se concentrar nos estu­ dos ou de se empenhar de modo prolongado em qualquer atividade. parece de um a brevidade desproporcionada (o processo interno. americana. único em sua espécie. foi fecundo — muito depois de que os contatos com o terapeuta tenham terminado). Após um a rápida apresentação da cliente e de seu caso. sob o pseudónimo de Vib (!) é um a jovem de 30 anos. conforme tudo indicava — incluindo-se os resultados dos testes projetivos — eram de natureza psicótica. Acres­ centemos ainda. de origem sácio-econômica muito modesta. ignorando toda chamada telefônica ainda que sou­ besse que algumas destas chamadas eram feitas por seus pais que re­ sidiam no sul dos Estados Unidos. Ante tal diagnóstico. de m u­ dança. mas. Depois de viver uns três meses assim. com efeito. um rápido comentário pa­ rece indicado. Temia que este se sentisse obrigado a regis­ trar o seu caso nos serviços médicos e disciplinares da universidade — o que teria causado o cancelamento de sua bolsa — coisa que queria evi­ tar a qualquer preço. que fora anteriormente seu professor. quanto no plano acadêmico. mas esperava a noite para sair sem ser vista e comer qualquer coisa em algum restaurante do bairro. tanto no plano fami­ liar e social. 1 2 4 . aparentemente incompatível. por ocasião da entrevista pós-terapâutica de verificação (follow-üp interview). acreditar que. Observemos que a cliente não revelou imediatamente ao terapeuta a gravidade de seu estado. Não se deve. mais de acordo com seus gostns e necessidades. A maior parte dos casos conduzidos segundo princípios rogerianos é considerai velmente mais longa. tanto do ponto de vista do número de entrevis-j tas. inclusive a leitura. Tendo em vista a relação. Os efeitos de sua terapia revelaram-se duradouros como se viu pe­ las entrevistas pós-terapêuticas (seis meses mais tarde). ela se decidiu — numa curiosa reviravolta — solicitar os serviços da clínica psicológica universitária. entre a gravidade dos sin­ tomas e a rapidez dos progressos da cliente. do ponto de vista da proporção entre o número de entrevistas e o grau de progresso realizado. que ela decidiu. na qual conhecia um dos terapeutas. o caso que se segue é ver­ dadeiramente único. Não assistia mais às aulas e havia aban­ donado qualquer trabalho acadêmico. quando do espaço de tempo em que estas se realizam. do ponto de vista da duração. o caso da Srta. mais tarde. procurava simplesmente um meio oflmodo de me livrar da existência. A psicoterapia não-diretiva é muitas vezes qualificada como "breve” J Constitui. Já que queria evitar todo o contato com as outras pessoas do cen­ tro universitário em qtte residia. o que foi con­ firmado pelos dados de informação obtidos vários anos após. Inúmeros ca­ sos compreendem mais de cem entrevistas" e duram mais de u m ano Isto quer dizer que. Deste modo seus sintomas mais graves. Preocupava-se apenas com uma coisa: a forma mais cômoda de'acabar consigo mesma. No momento de terminar o processo esta­ va em condição de funcionar relativamente bem. não aparecia mais às refeições. Durante este lapso de tempo a cliente fez progressos extraordinários." O caso da Srta.tal. no entanto. Eis como resumia seu estado anterior: "Estava certa de me en­ contrar a caminho da loucura — então. Notemos. Vib se limita a nove entrevistas distribuídas num período de cinco semanas. Vib seja representativo desta terapia. somente foram revelados vários meses mais tarde. de passagem. um método consideravelmente menos longo que a psicanálise. como sua obsessão de suicídio. renunciar ao doutorado e dedicar-se a uma pro­ fissão. que não o ensino. Notemos. . Como se poderá constatar. Re­ conhecemos francamente que se seu modo de interação fosse praticado por um terapeuta menos seguro e menos competente. Por outro lado. Pela mesma forma. porque procura agir por intermédio da relação — libertadora de forças de crescimento — não por meio de interpretações. U m último fator suscetível de ter contribuído consideravelmente para a rapidez dos progressos é a personalidade do terapeuta. acelerar o processo. suas respostas seguem diretamente o rastro das palavras da cliente. sm particular o grau excepcionalmente elevado do estado de acordo exi. nos dá um exemplo. Todos. que teremos ocasião de observar nas páginas seguintes. este fato representa um fator importante para o encurtamento do período. 125 . nas propriedades da terapia rogeriana. primeiramente. Por uma feliz coincidência ele estava disponível. Do ponto de vista do tempo e dos esforços requeridos para adaptação mútua. um fator primordial na rapidez do progresso está. E m conseqüência. Entrando em contato com a cli­ nica universitária ela havia expressamente solicitado os serviços deste terapeuta. esta terapia evita o perigo das digressões psicodinâmicas e anamnésicas. Pelo fato de que á interação se desenvolve exclusivamente do ponto de referência do clien­ te. da aplicação estrita dos princípios desta terapia. citemos os elementos seguintes. N a mesma ordem de idéias notemos que o terapeuta. ele se põe rigorosamente no ritmo do cliente. e o pedido foi aceito. desta forma. esta pslcoterapia evita o prolongamento e os rodeios dos métodos que agem a par­ tir do ponto de referência externo. correria um gran­ de risco de parecer um simples procedimento de repetição — e. rara­ mente ultrapassado. pe­ lo fato de que se concentra na experiência imediata e não nas lembran­ ças.tente entre seu pensamento e seu comportamnto. Outro fator deste progresso rápido se encontra no fato de que ela conhecia o tera­ peuta — que tivera como professor. pelo fato de que esta terapia acentua a signi­ ficação emocional e não o conteúdo intelectual das palavras do cliente. Isto nos permite supor que a cliente estivesse anim ada por um desejo muito real de mudança. & consideração positiva incondi­ cional. e mesmo tomar-se irritante. permanecer estéril. não poderiam deixar de facilitar a Interação com praticamente qualquer cliente e. alheio ao cliente. aquees que o conhecem concordarão que a natureza de suas atitudes em face do outro.Para dar uma Idéia do andam ento excepcionalmente rápido deste caso. em con­ seqüência. assim como sua tendência. sem dúvida. a relação — elemento chave da terapia — foi virtualmente estabelecida desde o começo do processo. que a ini­ ciativa partiu da própria cliente e não de uma terceira pessoa — « m « que seu “academlc advisor" tenha aludido à idéia de procurar alguma forma de assistência terapêutica.. aparentemente natural. l.) Número d « U. A regularidade do intervalo da tempo.) Com relação às unidades de interação notemos que uni­ camente as passagens que se prestanv. examinemos rapidamente os Quadros I e II. a ou­ tra do cliente. seja da interação terapeuta-cliente — são reproduzidas nesta obra. explica-se pelo fato de que as 26 primeiras unidades de interação desta en­ trevista sâo numeradas de 201a a 201z. (2) O número 56 das unidades de interação assinaladas com relação a este entrevista. pelo . particularmente bem à ilustração — seja do desenvolvimento do caso como processo. (A noção de unidade de interação referese a duas enunciações coordenadas. mostrada no Quadro I.A natureza e a ordem dos fenômenos que se manifestam num a te­ rapia bem sucedida podem ser demonstradas de diversos modos. A aná­ lise que se segue não representa necessariamente a melhor. O Quadro I contém diversos dados relativos & distri­ buição cronológica das entrevistas e ao número de unidades de Interação de que se compõe cada uma. 1.231. Por razões práticas. contendo. as U. Esta identificação particular explica-se pelas necessi­ dades de algum projeto de pesquisa e foi mantida nesta obra a fim de facilitar leitor. as passagens que consistem apenas em dados materiais foram eliminadas. 201a .! (11 Na psicoterapia rogeriana. deve-se a fatores externos sem relação com o processo. 6 um a forma entre outras de mostrar como se desenvolvem os acontecimentos quando se dão as condições que o terapeuta rogeriano considera como ótimas. assim como na maior parte dai abordagens terapêutica«. é costu­ me manter um interveio de tempo regular entre as entrevistas. do material original. QUADRO I — Intervalos de tempo que separam as entrevista» fc distribuição das unidades de interação na série das entrevistas Entrevisto n m IV V VI VII vm IX Intervalo de Tempo (1) 3 3 3 4 4 3 7 7 dias " ” « f ” ” " Unidade dc Interação <U. um a procedente do terapeuta. 1. 126 o estudo. por entrevisto 1 -59 80-117 118 -161 162 -201 201a-231 232 -283 284 -334 »35 -418 59 58 44 39 56(2) 52 41 74 Antes de proceder ao exame do diálogo. representam. O QuadrO II dá uma visão sinóptica das diversas etapas caracterís­ ticas do processo. características se reencontram em graus menos pronunciados no conjunto 5o processo. já que não foi guiada por' raeõeá tíe 'Ontem pessoai. pode haver expressões de atitudes negativas ou explorações de problemas tanto no Q U A D R O II — Etapas características do processo terapêutico estabelecidas com base nas atividades predominantes do cliente em diversos momentos <') Apresentação dos problemas e sintomas Expressão de estados emocionais Atitudes críticas com relação ao “eu” D E SC R IÇ Ã O Exploração e avaliação do comportamento Emergência de um a imagem consciente do eu Descoberta de contradições experlenciais O O *c N A N A L IS E i—l Percepção de sl a u m nível mais profundo 8 Mudança do lugar da avaliação AV ALIAÇ Ã O Início da reorganização IN T E G R A Ç A O Aceitação de sl Percepção de progresso Avaliação positiva de sl Esboço de projetos a ordem de «ua sucessão se observam . Por exemplo. * ’ j*a> seja -àrtrttrária. Nós a efetuamos sem hesitação. evidentemente. Estas etapas não. (1) Esta» etapas e 127 . Cada etapa se fun­ de com as etapas vizinhas e suas. fenô­ menos discretos nitidamente distintos uns dos outros.Esoernmos que a seleç^i® assim oj.com dlfarença» na sua respectiva importância — em todot os casos que se doienvolvem em condições terapêutica* adequadas. tendo em vista que -b texto completo é acessível ap leitor interessado. somente é praticável com base em diferenças de acentuação. e que tende a sugerir uma ausência de res­ ponsabilidade pessoal. um a das razões da perplexidade e da angústia do indivíduo — no sentido de que faz com que o problema pareça como u m corpo estranho num organis-fi mo perfeitamente são. Cfr. Examinemos um a amostra da primeira fase do processo. com o fim de encontrar as características assinaladas no Quadro II . Pelo fato de que o indivíduo tende a apresentar seu estado com os traços mais notáveis. a freqüência relativa des­ tas expressões varia de modo significativo de um a etapa a outra. Ainda que este modo de alienar o passado do pre­ sente não seja de natureza a faciíitar a reorientação. O tom é geralmente negativo. Ela protege o indivíduo con­ tra a tomada de consciência ameaçadora do fato de que seu problema representa a erupção de conflitos inerentes a si m esm o e que se desen­ volveram e fortaleceram em simbiose com sua personalidade. C375. de fatos e de acontecimentos que não têm um a estreita rela­ ção com o aspecto afetivo do problema. anteriores^ ao conflito. tão cheio de nuances e frequentemente confuso. esta descrição é quase sempre feita em termos mais ou menos — externos — de compor­ tamentos. impessoal e passivo. precisame ite. 1 -Descrição A P R E SE N T A Ç A O D E P R O B L E M A S E D E S IN T O M A S E X P R E S S à O D E E S T A D O S E M O C IO N A IS A T IT U D E S CRÍTICAS C O M R E L A Ç A O A O “E U ” Como se pode prever. 388. o indivíduo começa geralmente por u m re­ sumo de seu estado e das coisas estranhas que lhe "acontecem” (D . Depois de se informar das condições sob as quais o terapeuta poderia vê-la. seu estado tende a aparecer como totalmente novo e sem relação com sua conduta e seus sentimentos habituais. A iden­ tificação de etapas num material tão complexo. de depressão e às vezes. no entanto. 128 . n o entanto.começo quanto no fim do processo. de u m sentimento de in­ capacidade total. Ain­ da que se trate essencialmente ds fenômenos emocionais. pode. Este ponto de vista "separatista" é.390. encontra-se muitas vezes no inicio do processo e forma um contrasta com o tom determinado do final. a cliente (1) Este modo de se expresser. cheio de frustração. constituir um a defesa provisoriamente útil. 12: H-hm. . parecia-me que eu tinha vindo pa­ ra cá (a Universidade) com idéias perfeitamente claras quanto ao que iria fazer este a n o .. Seu conteúdo é amplo e se articula diretamente com a comunicação contida em C 9..inicia seu relato. Uma tradução mais literal teria falseedo ai palavras do diálogo e teria muitas vezes esvaziado o seu sentido. T^tudo começou! G . As reticências usuais que termi­ nam frequentemente as respostas do terapeuta sugerem o caráter “aberto” de seu esilo empá­ tico. E u pensava nisto ainda há pouco* E foi principalmente isto. Estes cortes são indicados por uma série de pontos entre parênteses: (. E m outras palavras. (1) Com o o diálogo está cheio de americanismos na tradução foi necesrtrio recorrer • uma certa licença. Por exemplo. repetitivo. de uma pergunta ou qualquer outra forma de discurso que procede do ponto de referência daquele que fala. que perdi. T .. Favorece o desenvolvimento do pensamento da clien­ te. .. T .Nestes últimos'meses não tenho agido verdadeiramen­ te como se fosse eu ftnesgça. eu não une icomporto absolutamente co­ mo de costume.. não sei se* se trata exatamente deste ano ou se alguma coisa que já esta­ va latente há ‘mais tempo. 10: Sim . A impressão de que não sabe mais para onde vai. mais do que qualquer outra coisa. fatò é que .. por exem- Pio ( .).. certas passagens foram suprimidas.. parece-me que-^ocabo de lesperdlçar -um ««ano* inteiro de minha vida. Um comentário. este tipo de resposta oferece u m certo apoio ao relato sem. ao mesm o tempo que a deixa inteiramente livre para se orientar de forma espontânea. ou seohá possibilidade de remediar.. <i> C ..h m . impresso em medida menor. e ..-r: O u . não fiz absolutamente nada.. 9: H .. refere-se às paiavras da cliente e do terapeuta por meio de um número de ordem(Cf.. m e parece. e também em razSo do caráter prolixo.... tenho a impressão de ter perdido todo o sentido de direção. U : Você se senfe realmente diferente. 12: Isto mesm o. mas. T 10: O mérito desta primeira resposta está na sua con­ cisão. 129 .. G . Não sei multo bem onde começar. T10 a seguir). Por razões práticas. no pé das páginas. 10: Parece-lhe difícil avaliar a gravidade de suas dificuldades e de ver quando. repleto de deta­ lhes aparentemente sem interesse para o leitor. Não sei como dizer. O. por oposição ao caráter mais ou menos “final" de uma afirmação. influenciar seu curso e sem exigir que o indivíduo divida a atenção entre seu pensamento e seu interlocutor.. pnelhor. Veja. Não sei se se trata 0e algo realmente grave. no entanto. T .. 11: H-hm. Por exemplo. G . ) .. sua simplicidade e sua generalidade.. Sim . ma de seu relato. T. sentando u m a im agem global. 20: Compreendo. 22: Você tinha mil razões para permanecer em contato com eles.. se evaporaram.. T. isto a deixa indife­ rente.Ela se aprofunda numa descrição da deterioração progressiva sofri­ da pelo seu comportamento durante os últimos meses. dando-lhe ocasião de tomar uma consciência mais agu­ da das coisas que ela expressa. T. é preferível ao “ H . espontânea. 27: Sejam quais forem as conseqüências. mas tudo se tomou diferente para você. sustentando a tra-. a restrin­ m eno s deseja particulares com eçar do apre-.. T... você os tem evitado. tenderiam . Todas as intenções e ambições que tinha ao che­ gar aqui (à Universidade) oomo que. 14: E assim tudo foi indo de mal a pior. 21: Você não consegue compreender como chegou a se desligar de seus amigos e de seus pais. Poderia ter perguntado o que a cliente quer dizer com suas alusões — fato de “desperdiçar u m tente há m ais m ais ou m enos intrigantes — tem po” . á com parada perfeitamente cetivels de facilitar desta e Por exem plo o elemento particular contido em C 9. T.. Por outro lado. do algum seu torna-se a outros tipos m as m enos suce- Indivíduo. destacado resposta.h m ” pensativo e m ais ou m enos am bíguo que o terapeuta m édio oferece geralmente às primeiras palavras do cliente. T. no gir a descrição a aspectos m ais caso.. Coríio ele se esforça por seguir de perto o pensamento de sua Interlocutora. destacando o essencial. (è seus pais) de uma forma ou outra. ao ponto em que o fez.. Ainda que estas respostas tivessem sido igualmente aceitáveis. quando o indivíduo ao an o inteiro” ou “ algum a coisa la- ou geralmente entanto. será suficiente reproduzir algumas de suas respostas para se ter uma idéia do que é essencial no relato: T. O terapeuta res­ ponde. T. 26: Você arramou uma forma de escapar a todo contato — mes­ mo com as pessoas que habitualmente a interessavam.... 25: Mesmo aqueles cuja companhia lhe agradava.. 28: Você realmente se desligou de tudo. 17: Você chegou ao ponto em que tudo lhe parece fútil. 130 . das palavras da cliente. como a resposta significa de fato: “ estou seguindo-a e compreendo muito b e m ". T. A qualidade não-intervencionista caráter favorável à expressão livre particularmente clara quando de respostas — o terapeuta ter poderia papel naturais. T 11: Reconhecimento e acentuação concisa d o sentim en­ to expresso em CIO. a alienação com rela­ ção a si mesma. Observe-se a contração: "a impressão" p o r. ainda q u e ... no entanto. há outra coisa.. ocorre exa­ tamente o tmesmo. do ponto de vista afetivo. eu possa estar enganada.. O vazio afetivo. toda interação) pode ser considerada como eminen temente representativa de um a ps<coterapia centrada no cliente 13! . Neste texto ele será emprega­ do unicamente no sentido positivo. Segundo uma das hipóteses do pensamento rogeriano o terapeuta é mais afetivo na medida em que 1) suas res­ postas são simples e concretas e que 2) o relato do cliente possa ser reconstruído a partir das respostas do terapeuta. de acompanhar o pensa­ mento ou aquiescência — equivale a "sim” (exceto quando o acento está na primeira parte: H -H m ..Estas respostas — por breves e simples que sejam — deixam. T termos termos tencial. onde seu signifi­ cado se toma então “não”). “você tem a im pressão. representa. e o sentimento que seu com­ portamento singular produz nela. 12: Exemplo tiplco do reflexo. Capitulo III) cujo uso é particularmente indica­ do durante a fase inicial do processo quando o papel do terapeUta consiste principalmente em resumir o relato for­ necido pelo Indivíduo de modo a lhe dar uma imagem mais clara mais despojada. que m e parece bem estranha.. Será útil pre­ cisar que o som “H-hm". um a expressão positiva ou de atenção.. nlo me preocupam.. suas relações com seus pais e amigos. estão evidenciados nas seguintes palavras. aliás. O fato de traduzir em simples e concretos o que o indivíduo exprime em mais ou menos abstratos.. as coisas que normalmente deveriam m e dar pra­ zer m e deixam indiferente e as de que deveria m e envergonhar. sua atitude ante acontecimentos interessantes — a cliente se dirige cada vez mais para o efeito Interior. evidencia a qualidade exis­ vivida... T 14 a T 28: Exemplos típicos da resposta-reaonhacimento (Cfr.. 50: Enfim.". a série de respostas acima foomo. e principalmente em lhe comunicar que ele vê a situação tal como o indivíduo a vê.. é que. entrever um a certa tendência para o deslocamento do foco do relato: da periferia ao centro.. De acordo com estes critérios. do sentimento. com que ter­ mina a primeira entrevista: C . nos Estados Unidos. E de­ pois. é como se eu não fosse mais a mesma pessoa... Tendo começado fazendo o quadro das repercussões de seu estado sobre diversas coisas mais ou menos exterio­ res a si própria — seus projetos de estudo. de qualquer julgamento.Análise. parece-me que. de qualquer nuance de desapro-J vação. tal­ vez. Ela reconhece. da ausência de qual-j quer sondagem. que o fim de um a etapa coincida com o fim de uma entrevista — e ainda mais raramente que isto se produzaj já ao final da primeira sessão.. que refletiu nistoi tudo. tinha falada e assim comecei a compreender q u e . E nossa conversa m e deu a idéia de que — talvez — fosse porque me sentia envergonhada. muito raramente. para ião ter que dar exp licações. no intervalo. ■ Oh. dado conta do calor e da segurança da situação. . da perplexidade è da importância que apresentam. para ime esconder le fugir das pessoas..| A segunda entrevista começa com um a expressão positiva. ■ 132 . para m e proteger. Tudo isto m e atormentava. a cliente passa decididamente à exploração. na vez passada. E m pessoas pouco agressivas. Quer dizer. A cliente não cessa de comparar o presente com o passado e de se surpreender com a ruptura completa que — segundo ela — se produziu entre os dois.. com relação a .. 2 .. por outro lado. Quanto à insistência sobre a necessidade de ser ajudada e guiada que se observa freqüentemente durante os primeiros contatos.. C139).Considerando-se que os principais aspectos do caso já foram apre­ sentados na introdução. no presente caso.. com relação às férias passadas (de verão) quando não fui em casa (à casa de seus pais) e não fiz mais nada além de m e fechar no meia quarto... porque me parecia extremamente anormal. este pedido é'principalmente implícito. saí daqui com a sensação de que estava um pouco aliviada.60: Vejam os. tinha a impressão! de ter pelo menos começado a tme movimentar. de certo modo. e isso poderia per. a ação é exclusivamente descriti­ va. mais ouj menos otimista: C . Parece ter-se. observemos que um a parte impor-j tante da modificação das atitudes visadas pela psicoterapia se opera apa-i rentemente entre as sessões. A este respeito. sa b e i tinha dito a todo mundo que iria à minha c a s a . principalmente.. Como se pode constatar. inerente ao quadro da confusão. Pelo m enos. limitar-nos-emos a esta amostra da primeira fase do processo. N o entanto.. quando o cliente retoma ao que foi discu-S tido e o seu pensamento se projeta sobre a entrevista seguinte (Cfr. qua­ se não se manifesta neste caso. indiretamente. como a senhorita V. a segunda entrevista acusa um deslocamento muito nítido do centro da atividades Da descrição. E X P LO R A Ç A O E AV A LIA Ç A O D O C O M P O R T A M E N T O E M E R G Ê N C IA D E U M A IM A G E M C O N S C IE N T E D O E U D E S C O B E R T A D E C O N T R A D IÇ Õ E S E X P E R IE N C IA IS Acontece.. que resulta geralmente da compreen­ são. quando o terapeuta se contenta em aceitar as palavras da cliente.. Isto é.. T . Esta explicação mais ou menos intelectualista do efeito experimentado ao contato de um a pessoa em ­ pática é freqüentemente encontrada. o teiapeuta favorece a busca de um a explicação alternativa — aiada que se abstenha de confirmar as palavras da cliente ou de encorajá-la diretamente a procurar um a explicação mais adequada. não acredito que esta fosse a maneira pela qual eu normalmente agiria.. No entanto. portanto..Pelo m e n o s. pelo pro­ fissional do ponto de referência do indivíduo.. a cliente modifica u m pouco sua posição. apesar de tu d o . bem diferente de seu m odo habitual. produz este efeito ao mes­ mo tempo de alívio e de estimulo. . 61: O fato lhe parece. sem fazer reservas quanto a sua validade e sem chamar a aten­ ção da cliente — ainda que sutilmente — sobre a desproporção existen­ te entre a sua explicação insignificante e a gravidade do quadro que havia pintado de seu estado trés dias antes. Podese. sabemos que. . agora — não ' se i. C .. assim. isto m e dava um {motivo paru me esconder . é isto m e sm o ... 62: H-hm Você acha q u e .. este comporta­ mento é algo. menos anormal e mais c o m o .. ocasião de tomar um a consciência um pouco mais aguda desta explicação. dando-lhe. Como se observará em muitas ocasiões nestes extratos do diálogo.. da apreensão de um a certa ordem no conteúdo do pensamento. depois de o terapeuta ter refletido com calma o essen­ cial do que acaba de dizer. supor que o simples fato de comuniear unido à adoção.. a entrevista não continha nem explora­ ções por parte da cliente. Mus — T .. É o que lhe parece. Ora... esta manifesta um a tendência a fazer sua pró­ pria crítica. 61: Sim. o resultado do mal-estar e dá vergonha ■que você sentia por ter fetto todo m undo acreditar que iria a sua casa. quando o terapeuta se abstém de manifestar um a T 61: Reflete o sentimento de alívio da cliente e põe em relevo — resumindo-a — a nova explicação que apresenta para o seu comportamento estranho. Ë interessante notar a passagem em que a cliente atribui este alivio n um a melhor compreensão do problema. isto é. de fato. O terapeuta aceita esta "explicação” sem manifestar dúvida ou sur­ presa.. para a cliente — conceber uma forma de assistência profissional que não operasse de m odo intelec­ tual. nem explicações por parte do terapeuta. pois. É aparentemente muito dificil para nossa mentalidade racionalista — neste caso... No entanto. sem exprimir a menor crítica. e ... T 62: Refletindo o fato de que o comportamento recen­ te da cliente afasta-se estranhamente de sua conduta habitual. Responden­ do deste modo o terapeuta se abstém não somente de julgar (atividade suscetível de ser considerada como ameaçadora — e atividade. 70: Seus irmãos não tinham sorte — então lhe parecia que você deveria. Tinha o sentimento... Parece-me. de que se eles não tivessem êxito. E m vez disto sublinha sua conclusão: T. Era rste.. nomear esta atitude — contentando-se em refletila utilizando os termos empregados pela cliente.. pare-. .? C. as coisas começavam a andar mal para eles e isto lhe dava n impressão de que todo o apoio. É isto. C. T .... não "client-centered”) mas permite à cliente tomar consciência por seus próprios esforços deste aspecto de sua personalidade. e assim parecia-me que.. T . O sentimento de q u e . cia-me que o próximo fracasso deveria ser o m eu .. eu... o terapeu­ ta evita destacá-los. 69: Sem se deter nos detalhes do longo relato leito em C68 o terapeuta se concentra na atitude de dependência — um pouco infantil — que se depreende deste relato. pelo menos penso que s im . Deste modo o Srta. aliás. desde que soubesse que meus irmãos estavam bem e qne . apoio Ainda que exterior. Ela se pergunta se sua crise emocional não seria a reper­ cussão dos desgostos e contratempos que três de seus Irmãos haviam so­ frido durante o ano anterior. no entanto. Sim ..orientação “realista” ou “lógica”. H-hm. E concluiu seu relato: C.. lhe fugia.. Evita.. Mas. V .. trans­ parecer alguns elementos da psicodinâmica da cliente. Com a prudência inerente às forças do “gelf-help” ela explora inicialmente as regiões de sua experiência relativas a fatos e acontecimentos exteriores a si mesma. 69: H-hm. 68: (. 70: H-hm. sim. então. o sen­ timento que você experimentava. T. abandona rapida­ mente sua “explicação” à procura de razões mais adequadas... mas.... 71: Já que não obtinham êxito nos seus empreendimentos ou nas suas relações — como poderia voos também obtê-lo. a cliente se mostra capaz de apreciar a validade de sua explicação. o sentimento de estar perdendo o pé. de certa forma era este o sentimento que isto me dava... C. U m pouco. ter êxito. se um após o outro fracassava.. enfim tudo estava indo bem para as outros tinha como que v n certo . no entanto. como poderia eu esperar. ) . 71: H-hm. por seu lado. fracassar e que não valia mais a pena continuar' lutando... se ninguém em nossa famí­ lia conseguia ter êxito. estava pjrdendo o p é . Mas. esta nova explicação deixa... 134 .. É... 69: .. exata­ mente..| Não estou muita certa. realmente.. Que relação há entre a minha “sorte” e a deles? Somos irmãos. T 71: No ponto de referência de tuna relação menos favorável. “se eles não tiveram sorte. seu túm de voz e a expressão de seu rosto poderiam. Talvez pelo fato desta conclusão ser vagamente pressentida (ou por qualquer outra razão sobre a qual o terapeuta rogeriano considera inútil especular) a cliente abandona este assunto particular e faz um ««ame de sua vida profissional. . antes. pode acontecer que o terapeuta esteja em presença de dados ambígucs. a atitude de depen­ dência que se observa em C68 e 063. isto é. sem denotar dúvida ou critica. e eventualmente modificá-lo. em forma de metáfora. menos defendida contra suspeitas. O ensino não lhe oferece a satisfação que ela esperava e ela se pergunta se está no caminho certo. vemos que a cliente permanece hesitante. oscilan­ do entre a dúvida e a afirmação. que esta não demorará a ser tirada. é indi­ cada. esta resposta — que representa uma repetição quase literal das palavras da cliente — correria o risco de pareoer um pouco sarcástica. Contudo. Veremos no entanto. teriam por efeito consoli­ dar este pensamento. falava. que uma tal explicação e tais sentimentos denotam tuna flagrante falta de maturidade e de autonomia. Inclina-se para esta última mas é no entanto incapaz ainda de tirar a conclusão que se impõe. Bor outro lado. que sublinham o conjunto do pensamento do indivíduo de modo afir­ mativo. N o caso presente o conteúdo de C70 — partindo de uma pessoa adulta — é de tal modo estranho que é importante refleti-lo tal como é a fim de que o indivíduo possa ter me­ lhor consciência dele. involuntariamente. ou quase idêntica. mas em nossa idade. enquanto a Srta. Por exemplo. T 70: Não reflete a angústia suscetível de acompanhar o sentimento de "estar perdendo o pé” já que estas palavras apenas exprimem. . isto é. For exem­ plo. no cüáMgó acima. há situa­ ções em que um a repetição idêntica. cada um tem um a existência in­ dependente". na idéia de uma relação direta e inevitável entre a sorte da cliente e a de seus irmãos — sugerida por C70. no momento. 135 . Mas. A resposta se con­ centra. V . somos tentados a acreditar que respostas reiteradas. é certo. como poderia eu ter". os fatos provam que não é assim. ex­ primi* algo como: “É evidentemente ridículo falar do destino. assim como se demonstra no capítulo III. Discutindo os sentimentos que experimenta com relação a seu trabalho ela chega a reconhecer que são claramente nega­ tivos.E m princípio. esta conclusão é ainda por demais incompatível com a imagem do “eu” típica da mulher que empreende estudos avançados. Contudo. .. Somente — não sei se poderia ter me contentado com algo mais simples! (Rindo) ‘f. 88: Que. foi ym erro escolher a carreira que escolheu. . T 87: Resume o relato da cliente e reflete implicitamen­ te o sentimento que lhe é subentendido. re­ fletindo o pensamento do cliente e despertando discretamente sua atenção quase como se fosse um eco. T / 87: Parece-lhe que.. Pois o cliente. que é preferível criar um a atmosfera de perfeita segurança do que obter material de na­ tureza mais ou menos íntima. talvez.. como se procedesse do terapeuta.. talvez tivesse sido tmais feliz.. O terapeuta utiliza o termo “erro” onde a cliente apenas fala de “dúvida” — mas ele o atenua com “parece-lhe” e com “talvez” T 88: O terapeuta não-rogeriano provavelmente se apressaria a tomar a questão do casamento — por sf r esta suscetível de representar um tema emocionalmente cjirregado. Se. se dá conta do caráter psicologicamente revelador de certos temas. C.. 88: Assim penso. T 92: U m reflexo conciso e concreto do estado emocio­ nal da cliente evocando seu conflito sem contudo nomeá-lo. não |me agrada irtuito confsssá'li». £ que. aparentemente. Tem o que Isto seja possível. começo a acreditar que sim... imediato das experiências em discussão. não teria 'sido mais feliz se tivesse simplesmente terminado meus estudos médios e se tivesse casado com u m rapaz de minha terra e arranjado um emprego bem tranqüilo e que m e tivesse satisfeito. T .. talvez...• Ppr isto m e pergunto às vezes se. e a ausência de curiosidade ou de vigilância psicodiagnóstica por parte do terapeuta. sobretudo de formação superior. Exemplo de uma linguagem “existencial” — por oposição à linguagem psicológica ou técnica — que procura destacar o ca­ ráter vivido. 87: H-hm. pergunto se sou realmente feita para os estuijpç superiores. um objetivo menos elevado teria sido preferível. Este terapeuta. .. (pelo menos neste estágio do processo) julga. O h.. se tivesse podido contentar-me com um objetivo menos elevado. lhe dá segurança. G. É possível que esta atitude não-inquisitiva diante de alusões psicodinâmicas mais ou m e­ nos atraentes contribua sensivelmente para a criação de um a tal atmosfera...- Observe-se queo tipo de "pergunta” como a que termi­ na esta resposta não foi feito em tom interrogativo.. ao contrário. Ela se faz num tom empático.. 102: H . N o entanto. compreendendo sua perturbação... um a hesitação.... E aparentemente limito-me a m e submeter a ele. como q u e . 98: E preciso q u e . Sua exploração toma uma direção cada vez mais interiorizada: G . T . 90: N o momento sinto-me como que levada numa direção em que não quero m e deixar levar. à primeira vista.. no momento... 92: Você se sente dividida. Contenta-se em caracterizar o estado interior que esta acaba de exprimir. Temo que sim (pausa prolongada).. T . Ela chega especialmente à conclusão — já esboçada desde C9: "algo há muito tempo latente” — que suas dificuldades têm sua origem pro­ vavelmente em um a época bem anterior à sua crise atual.. um a parte de anim mesma...... e de que os acontecimentos recentes sã o.. o terapeuta — acompanhando de perto os passos da cliente — acentua um dos pólos deste sen­ timento e.. de ique isto tenha origem provavelmente na rniT 93: Após ter refletido o caráter bipolar do senti­ mento expresso em T92. G .. estou dividida porque não me deixo atrair por coisas q u e . O terapeuta resume: T .. e um a outra parece dizer não. parece governar sua vida. C . 102: Você pensa que. U m momen­ to após. provavelmente. . este tema leva a um a profundidade de des­ coberta de si extremamente rara num momento tão precoce do processo. nem examinar os motivos da ambição estranha e aparentemente in­ fortunada da cliente. abstém-se de interromper este silêncio — que representa. puxada em direções opostas.. cai em silêncio. Dir-se-la que estou num estágio negativo onde nada realmente se realiza e tme pergunto quanto tempo isto pode durar e aonde m e levar&.. enfim. más não estou certa.. partece-me. „ 137 . deste modo... não quero prosseguir” é a que.. que foi se acumulando durante u m certo lapso de tempo. Parece-me. trata-se talvez de algo lento.. parece pouco prometedor (neste caso. 93: A parte de vooê que diz: “não. E no momento é o “ não” que vence. a erupção. Após esta confissão de conflito e de importância internos — e da falta de perspectiva que disto resulta — a Srta. tende implicitamente a encorajar sua exploração.. O terapeuta. no fundo. C . 93: Isto mesmo. parece dizer: siga adiante.h m . O terapeuta não procura penetrar mais profundamente neste confli­ to..Ela continua a análise dos sentimentos que experimenta com íelação ao tipo de vida para o qual se encaminha esforçando-se por obter um doutorado.. V .. ela se refaz e se volta para um caminho que. as mudanças profissionais de uma de suas irmãs).. " Gfr.. no discurso direto.. T 105: As respostas deste terapeuta apresentam fre­ qüentemente uma construção abreviada (contração) que tends a eliminar as partes que.” .. todo o mundo parecia ser de opinião de que eu era. por um a razão qualquer. de sua exploração — cabe a própria cliente. 104: Sim. que havia razões para acre­ ditar nisto. Ela continua a descrever a situação familiar e a maneira pela qual era tratada: T. oh. cap. hum.. talvez” por “V®oê pensa que talvez.. eles sempre me submeteram a regras mais rígidag do que aos outros^. Parece-me que. .. C. são mais ou menos supérfluas. no entanto. ” por “você se pergunta (ou você está em dúvida) se realmente. O b ­ servemos que tem o cuidado de fazer a introdução do refle­ xo deste pensamento mais ou menos ameaçador como “Você pensa” que tende a recordar-lhe que a responsabilidade desta conclusão — e. dai.. eu era preferida de meu pai. Observe-se também a qualificação “realmente sentidos” que tende a emprestar um a nota real. agora eu o vejo... D e minha parte nunca tive a impressão — penso — de que. que fosse preferida entre os outros. áliás. Parece-me. de certo m odo privilegiada na família. m i­ nhas. na seguinte resposta: "Se realmente. Mas. q u e . vivida. Penso. isto se resume no fato de que m eu» pais concediam anais Uberdade ia meus irmãos •— para sair e tudo o mais — do que a mim. Eu. aninha mãe m e disse que. essa era a minha impressão... 103: Vooê tem a impressão de que não se tratava tanto--de uma' preferência quanto do fato de que seus pais esperavam mais de você do que dos outros. oral. Assim.. tenho. por um a razão qualquer. II sobre o estilo em ­ pático. o uso de “você tem a impressão” situa esta comunicação ao nível subjetivo do sentimento.. T 103: Ainda que esta resposta se limite a um simples resumo do conteúdo objetivo da comunicação da cliente. Enfim. à noção de “va­ lores” cujo uso é freqüentemente vago e puramente retórico. minhas regras de conduta e meus valores estão relacionados com T 102: Refletindo esta conclusão o terapeuta sustenta implicitamente a orientação da cliente para um a exploração mais aprofundada da hipótese que acaba de formular.nhã infância. Igualmente em ^T88: “Que. . 109: ( . e que..h m . (rindo) “para pôr pa­ nos quentes” . . A ex­ pressão inicial “você tem a sensação" situa a avaliação sobre seu plano próprio.. T 110 e T 111: Refletem em algumas palavras a natu­ reza do papel que a Srta. na minha infância.... suponho.. fazia o papel de “testa de ferro" E u aparentava ser alguém que não era. V . certa form a. em vez d e . É isto? C . Pensava como “se deveria" pensar em cada momento. subjetivo. realmente sentidos.. Bem . 111: D e manifestar suas opiniões ou sentimentos realmente pes­ soais.. o fato é que desenvolvi de certo modo a arte. exerceu o papel de mediador ou de pára-choque. Isto é.. Qualquer que fosse o papel requerido. fazer reinar a paz. enfim jamais me permiti ter nm> opinião determinaria sobre o que qjuet que fosse. T.. T . você sabe. regras de conduta e tudo o m a is.. 111: Isto mesmo. tudo se passava.... para comigo m e sm a . de boa fé. . Ainda que a cliente pareça indicar em C104 que ela deixava o exa­ me destas questões para mais tarde.. Se realmente sua conduta é guiada por valores pro­ fundamente pessoais. Não sei. Venho de um a família numerosa onde havia sem­ pre tantas diferenças de opinião que era constantemente necessário alguém p ara.. ou que ignorava o que era m eu verdadeiro eu. oh. o hábito de procurar contentar todo o mondo e de . Ela continua a descrever o modo pelo qual sua mentalidade se for­ mara: C . por nossa situação familiar. A tal ponto que me sur­ preendia freqüentemente refutando minhas convicções quando via que al­ guém seria contrariado... enfim.. 139 . reconciliar os espíritos e. eu nunca era.. quer dizer.. U m outro modo de dizer é que não fui honesta.... há algum tempo. representou na sua família e o efeito que este papel exerceu sobre sua personalidade.. veremos que as ataca diretamente: G .. ... venho me perguntando se no fundo tenho valores rea'mente pessoais.. Seria preciso examinar tudo teto mais a fundo — já que..este tratamento mais rígido por parte deles. ) E assim nunca exprimia opiniões pessoais ao ponto de não saber se tenho opiniões pessoais. aparentemente este foi o papel que — por um motivo ou outro — pareço ter assumido. (ela descreve di­ versas situações em que representava este papel). T . E .... Não sei se isto se expUca pe­ las condições de m eu desenvolvimento. em todc o caco. 105: H . normas. 108: Pensava em todas estas coisas.110: Você tem a sensação de que. Bem . durante anos. se ninguém quisesse fazê-lo eu o assumia. M e habituei a pensar o que a situação e as necessidades dos outros exigiam. Ela ex-4 piora e abandona cada uma das diversas hipóteses pari chegar. na primeira. 114: Parece-lhe que há ai alguma coisa um pouco. se compreendo. e se põe à disposição dos outros. 112: Qw»iqi«w que fosse o tipo de personagem necessário par» salvar a situação.. Ela devia passar as férias em um a colônia infantil e se tinha prometido. Esta idéia de uma espécie de duplo eu — um eu superficial. a Srta. tais como a alusão da Srta. reforçando. sim. comcj por acaso. na segunda manifesta u n a vontade de compreender. A entrevista termina com esta imagem de um a personalidade de certo modo híbrida. 3 que serve. nem honesto. pouco seletivas. de certa forma seqüestradoj privado de possibilidades de expressão e de meios de satisfação — rea­ parecerá. a conclu­ são da cliente (Clll e 113) mas seu caráter ameaçador está atenuado por “um pouco” . como um dos temas centrais.. T. q u e . M e parece que é m a is. quanto do pon-j to de vista da atitude da cliente para consigo mesm a.. 113: Bem. Vib narra um incidente de sua infância.. mais do que um desejo de ser realmente este tipo de pessoa. «j Comparando estas duas entrevistas observamos um a diferença mui-] to nitida tanto do ponto de vista do material discutido. aparentemente. a seu “verdadeiro eu" ou à sua "falta de honestidade” ou a seu "falso eu”. em outras ocasiões. que se articulam direta e naturalmente com a parte final do enun­ ciado do indivíduo. onde o verdadeiro e o falso se misturam. T. T 114: Reílete a insistência da cliente na sua falta de autenticidade. C... ela se mostra inteiramente absorvida. falsa. Ainda que. ainda um a vez o gosto des­ te terapeuta pelas respostas simples. ser eleita a criança mais popular do grupo — mesmo se fosse necessário trabalhar para as outras ' crianças e fazer suas pequenas tarefas.. de descobrir as causas de seu estranho ep sódio. 140 . sincero. inteiramente orien­ tado para os demais. você se sentia obrigada a representá-lo em vez de set verdadeira e profundamente você mesma.. 113: Era. uma questão ide aposta feita a você mesma. V. O termo "falso” resume. a um aspecto que se mostrará cada vez mais como um a di-j T 112: Esta resposta mostra.. Refletindo sobre como se desenvolveu esta tendência.. neste caso ele prefere. aparentemente limitar-se a lhe provar que a “acom­ panha de perto" mas que não a "observa” .. talvez. ele possa elucidar os elementos dinâmicos ou emocionais mais eviden­ tes.T. nesse ano. Enquanto que. no decorrer das entrevistas. e um eu ignorado. o u .1 afinal não é realista. como que dominada pe-j Ia Imagem de sua desintegração.. anormal. e u .. T . O terapeuta concede a estas oscilações do sentimento e a estas observações vagamente críticas a mesma acolhida compreensiva: T . uma. Enfim. 143: Você tem a impressão de q u e. freqüentemente. hoje. Mas. 141 . o pensamento se interrompe — inca­ paz de integrar o elemento novo à imagem familiar do eu... No entanto. 139: ( . se começo a ver claro no m eu es­ tado. C .....144: Você se sente perplexa quanto a ..mensão significativa de sua personalidade. Após alguns minutos de silQncio ela narra u m incidente recente.. sim ou n ã o . sem ver aonde estou In d o . também. E u . já não tenho esta sensação de que estou praticamente ficando louca ou algo assim.. como tinha antes de vir aqui.. banal. que estas tomadas de consciência. £ interessante observar que a técnica da exploração empregada pe­ la cliente tende a seguir um plano determinado. talvez não m e tenha aprofundado mul­ to. num a certa m e­ dida.. o espirito não se tran­ qüilizou.. ou seja. chegam a unificar-se e a modificar a estrutura existente.. em seguida... Isto é . mas agora você não está m ais tão certa Ê isto? Contudo. Partindo de algum acon­ tecimento exterior. ver mais claro. ela passa imperceptivelmente à análise daqui­ lo que este implica para o eu. 142: Mas ainda não sei s e . .tendência a se submeter aos outros e a se prestar às suas necessidades ao ponto d® alienar-se às suas próprias. parece estar desmentido.. penso que meus sentimentos a esse respeito — Isto é . £ somente após um ou vários outros episódios de exploração. T 140: Reconhecimento em termos mais concisos e mais claros dá idéia essencial contida em C139. no momento de tirar a conclusão que se impõe. M as não sei para onde tenho que olhar. não olhou a situação bas­ tante perto p a ra .. 143: Isto mesmo. no entanto. fragmentárias. C . Parece-me que tudo o que faço é falar. ) Não sei como e u . parece-me que... sem ser capaz de identificá-las. 140: E m um determinado momento você teve realmente a sensa­ ção de que era. desde que comecei a vir aqui — não tenho m ais esta hor­ rível sensação — pelo menos agora. pela expressão de u m cer­ to alivio — que. ela sente estas necessidades desabrocharem em si mesma — mas. C .. se as condições morais melhoraram.. não sabe se seria útil lr adiante.. pela forma hesitante e entrecortada pela qual a cliente se exprime. A entrevista seguinte começa. ao que seria preciso fa­ zer. adquiri um a melhor compreensão de m eu estado. às vezes após várias entrevistas.... € . . você verifica que. ainda que pouco. é de tal modo evidente que a cliente não se examinou ainda suficientemente para esperar compreender-se. por um momento. Um professor. q ue} T.segundo q Ia . você tenha atingido um estágio em que espera naturalmente que se produzam milagres — sem se preocupar' com a parte que lhe compete fazer. não muito originais — tiveram a felicidade de cair no terreno fértil do indivíduo ávido de tudo que pudesse esclarecê-lo sobre seu estado.. O terapeuta — que se conside­ ra. . Refletindo o sentimento inerente &s palavras da oüente.” T 144: A perplexidade (a angústia ou a dependência?) da cliente se exprime sob a forma de uma confissão de incapaci­ dade ou de um pedido um pouco velado de ajuda: "não sei para onde devo me encaminhar". você deveria ter adquirido uma melhor compreensão de sl mesma. Com efeito. as coisas se ar­ ranjaram tão freqüentemente sem que voeê se desse ao trabalho de pensar^ nelas ou tomar decisões que. que lhe parecem as coisas 1 T 143: TTm dos raros elementos do diálogo deste caso que se desvia. revelou-SG repentinamente um traço característico de si própria. ao mesmo tempo. Mas. Pelo contrário. talvez. ela confiou sempre — e de modo quase mágico — nas circunstâncias. reconhece claramente que esta verdade nunca teve "valor de realidade" para ela. que o "si nso co­ mum” momentaneamente é restabelecido. pode ser que o terapeuta se coloque. A clien­ te se dá perfeitamente conta de que esta é uma verdade elementar que ela sempre soube. da comunicação que o precede Enquanto que a cliente fala de uma falta de compreensão o terapeuta se refere a uma falta de exploração. no “destino” — em suma nos milagres. com o qual tinha tomado contato e discutido seu fracasso (acadêmico) lhe dissera que "o êxito num exame não é um a questão de milagre. o espan­ to ou a impaciência e mesmo a decepção sutilmente expressa pela cliente. Estas palavras —. no passado. teria sido: "Você duvida que tenha adquirido um a melhor compreensão de si masma — e isto deixa-a um pou­ co surpresa". em seu próprio ponto de referência. e isto tanto com relação aos deta­ lhes da vida cotidiana quanto à conduta geral de sua vida. Uma resposta talvez mais adequada que refletiria. Por outro lado.l. não tanto como o interlocutor. elu­ cidando o sentimento contido em C142 — ou seja. mas como o alter ego do indivíduo — não reage a este convite implícito para lhe ser­ vir de guia.145: Em resumo. £ possível que se trate de uma associação involuntária entre fins e meios. mas uma questão de preparo” .. Ou: "Pareos-lhe que no ponto em que estar mos.Ê assim. ele se mantém em seu próprio pap . G . E m lugar de confrontar as decisões que se im ­ põem. C . sem ter a menor idéia das razões que a levaram a agir deste m odo..a contar com milagres. 157: Mais um a vez. 146: Você constata que. você vê claramente tudo o que deveria ser feito mas sem ser capaz de fazê-lo. ela se deixa. que qualquer que fosse ó obstá­ culo ou o problema. no fim tudo se arranjaria miraculosamente. arrastar pelos acontecimentos. quarifio olho para trás. Não. . Ela reconhece nesta espécie de abandono às forças impessoais — coincidências favoráveis. 157: H-hm (silêncio). saben­ do muito bem que era estúpido. sorte. De fato. — Desenvolvimento de contradiçfies nocomportamento). está tudo certo. (D T 145: U m a das raras respostas deste terapeuta que com­ preende mais de duas frases. O termo claramente exage­ rado “milagre" foi tomado à cliente. e u .. e parece-me que — bem.. ocasiões de momento — u m aspecto real de sua personalidade.eu. a resposta termina com um a expressão final que convida o in­ divíduo a verificar sua exatidão. quando se trata destes resumos. — Desenvolvimento do desacordo entre o eu e a experiSncia. os dois são diretamente contrários. . 145: Grelo que s im . 155: Exatam ente... 192. Enquanto isto o tempo passa. T . era assim que as coisas vinham acontecendo comigo.. pouco a pouco. de certo modo. M as.. p. e eu não faço nada.. O terapeuta resumé suas reflexões: T . agindo assim..C .. Representa o resumo de um lon­ go relato. é . Como de costume. sem ter realmente desejado. E . ela se dá conta de que esta atitude de indiferença mesclada de otimismo. eu não compreendo realmente — enfim. Isto é — refleti multo depois que ele (o professor em questão) disse isto. exceto o pequeno passo que separa a idéia do que deveria fazer — da ação. (1) Esta passagem oferece uma ótima ilustraçffo das proposiçffes F e G da Teoria da Persona­ lidade (Volume I. 156: E tudo isto. T . não explica seu estado pre­ sente. não sei. 155: Quer dizer que você se dava perfeitamente conta de que tudo isto era absurdo — mas isto não a impedia de continuar. G. T 146: Por se limitar a um a breve recordação do que foi refletido em T 145 esta resposta tende a destacar a ati­ tude de dependência mais ou menos infantil que é o tema central — ainda que implicito — desta passagem do diálogo. F.. mas cheguei a acreditar.. 156: H-hm. £ q u e . C . T . 143 .. Ela volta a se absor­ ver no comportamento "estúpido” que manifestou recentemente.. você chegou. e h á tanto que fazer. um a vez feita esta constatação... . representa. Esta entrevista contém também certos elementos de um fenômeno que acompanha geralmente esta fase. não sei se estou fazendo progressos. não sei.. Enfim... 164: Você tem a impressão de que se produzem algumas mudan­ ças em você e espera que isto seja um progresso. T 156: Enquanto T155. não sei como dizer.. esta resposta vai um pouco mais além e reflete o sentimento que está implíci­ to nesta comunicação. As palavras seguintes mostram que. uma atitude de ceticismo quanto ao valor das entrevista»! 3U de descontentamento com relação ao terapeuta. a exploração revelou apenas elemen­ tos negativos da personalidade da cliente. — o sentimento dè ser irresistivelmente ar­ rastada a cometer uma coisa ou outra. no entanto. mais sombria.... principalmente. o h .. ou seja. N o caso da Srta. neste estágio.. quase obses­ sivo.. torna-se uma fonte de inquie­ tação: C. Realmente.Após a constatação desta estranha falta de coordenação interna. T . T 155: Breve reconhecimento que tende a pôr em con­ traste a lucidez do “eu” e a ação de forças constrangedoras cuja natureza a cliente não chega ainda a identificar... mas que lhe parece muito lento.. as manifestações desta desorganização limitam-se a um a os­ cilação constante da atitude da cliente para com seus progressos — os­ cilação de tendência nitidamente negativa.. A imagem do eu torna-se cada ve. V . a entrevista termina.} E n . reconheço que. a falta de com­ preensão. E talvez eu me tome mais calma depois e . uma atitude mais ou menos Infantil de dependência e uma incapacidade 1e “tomar as rédeas” de sua conduta. não de resignação — m M para um estado em que nada mais m e preocuparia....... a perplexidade. 164: H-hm.. .. a saber.. Uma vez mais. 165: H-hm. isto é. Não sei.. uma falta de responsab!'Idade com relação às decisões e ações que modelam a existência.. trata-se talvez de um primeiro passo... finalmente. não me sinto mais tão ansiosa como na primei­ ra vez em que aqui estive. não sei se é u m primeiro pas­ so ou se me encaminho para um estado — oh. G. não tenho mais este sentimento apavorante d e . o que represen­ taria normalmente um sinal de progresso. a desorganização Interior que ca­ racteriza esta fase do processo atinge o seu ponto culminante. E m todo caso. Mas. não sei se isto é bom sinal. No decorrer da sessão seguinte.. um re­ conhecimento da comunicação do indivíduo. eu chegue a sair de tudo isso. T . 167: H-hm. que a compreensão de problemas psicológicos é coisa complexa e. T 164: Reflete a esperança mesclada de dúvida e também a nota velada de crítica (“Parece-lhe muito lento”) expressas em C164. se quiser T 157: Retoma ao que foi refletido em T155. Pergunto-me se é isto ou w é a partir deste momento que eu progrediria.. e u . constrangedor da falta de coordenação entre as ações e as intenções do indivíduo. de felicitar a cliente pelo andamento... E m todo caso. Um a vez mais. de certo modo.. se estou no caminho do progresso. sim. 145 . de seus progressos — tendo em vista a imagem do caso apre­ sentada durante a primeira entrevista. em realidade.. Esta resposta mostra que o terapeuta não protes­ ta.. eu nada rea­ lizei até agora... para modi­ ficar-se.. penso que.. seus esforços. o terapeuta não procura elevar a moral da cliente. por isto. vejo que não fiz o que quer que fosse que m e tenha servido para alguma coisa.. poderia incitá-la a abandonar. Por isto.. lenta etc. . ou defender-se a si mesmo — ainda que C165 possa ser interpretado como vagamente crítico para com ele. N a mesma or­ dem de idéias..T . não procura impor considerações "realistas” relativas ao fato de que a cliente apenas iniciou a exploração de si pró­ pria... Por mais que uma respostarefutaçâo fosse justificada e benevolente — ela procederia de um ponto de referência estranho ao da cliente. parece-me que Já é tempo de que eu faça algu­ m a coisa de positivo.. não fez mais do que “desabafar” . £ o que me parece. 165: Você acredita que esta espécie de trégua interior poderia ser mau sinal. A expres­ são final "mais uma vez” tende a tomar evidente o caráter. ti. 166: Você tem a sensação de que. 166: Stan. igualmen­ te. não sei qual o caminho que devo tom ar. Refletindo fielmente o sentimento manifestamente expres­ so. ele visa constantemente o mesmo objetivo: oferecer oca­ sião i o individuo de perceber mais plenamente seus sentimen­ tos a fim de que possa levá-los mais em consideração ao con­ duzir sua existência.. T 165. até o momento. se­ ria incompatível com uma abordagem baseada na confiança da capacidade do indivíduo de auto-avaliar.. Isto é .. C .. notemos que o terapeuta se abstém. ainda não empreendeu nada de muito positivo. mas. parece-me às vezes qu e. é o sentimento que e u .. ..... Não sei.. o que fazer. de fato notável. procurando encontrar o que deveria explorar não sei real­ mente pelo que me guiar.. inofensivo como tal. ou coisas deste gênero.. pelo menos era assim que eu as sentia no momento em que se produziam. no fundo não me haviam atingido tanto — ou abalado. Não se detêm em demonstrar que o processo se desenvolve t'e modo normal e. Não creio que seja útil etxpiorar. bem. das palavras da cliente. Mais precisamente. Enfim . ele o considera de importância nitidamente seçundária. tranqüi­ lizar ou encorajar a cliente por processos explícitos ou pelo argumento clássico de que “estè tipo de sentimento é comum em todo o cliente nes­ ta fase'’. qualquer que seja a natu­ reza do material. Não sei se me presto suficientemente a esta.. neste caso.' significação que traduz o desenvolvimento de seu pensamento tal como é vivido no momento presente.. por outro lado. já é tempo de começar.tflzar O terapeuía não procura impedir a marcha de seus esforços em comum. favorável.j quero dizer que. Teria que co­ meçar a ver — talvez. minha primeira infância. passei por certas experiências real­ mente penosas e destrutivas.. Mas. mas. já que representaria um desvio sensível da tudç que o terapeuta manifestou até este momento. o rogeriano não se afasta do seu papel: o de tomar clara a significação imediata. talvez. não exatamente a ver o que deveria fazer... por exemplo. em ­ presa ou o que me prende... também. 169: H-hni. Este tipo de resposta é. parece-me que ... mas. a dinâ­ mica do indivíduo se revela quase a mesma. .empreender algo de construtivo.ite. Assim. qualquer que seja este A cliente pro wegue: C. . É como s e . Segundo ele.... sensacional ou banal — a que o pensamento se refere. com efeito. eu m e encontrasse diante de uma espécie de “parada” em meu pensamento. ou sobre o que refletir no ponto em que estou.. Conservando a mesma atitude compreensiva e acolhedora pro­ cura comunicar-lhe de modo implícito que seus sentimentos não o sur­ preendem e que é capaz de se colocar no seu ponto de vista. não sei do que falar . . j de modo que. começar a sentir profundamente que algo está em vias de se re. Não tenta. pelo menos. Poder-se-ia observar que uma resposta tal como “poderíamos sem­ pre verificar o que o passado nos ensina” ou “não temos nada a perder' em olharmos para trás" não poderia causar dano... por exem-| pio. aparentemente. Ainda que estas alusões à primeira infância e aos acontecimentos traumáticos sejam de natureza a suscitar a curiosidade e o interesse pro­ fissional de praticamente qualquer terapeuta. tenderia a m udar a estrutura da situação. Quanto ao tipo de material — passado ou prese. tive sempre a impressão de que estas coisas não eram realmente tão apavorantes.. H á em C169 vários elementos dinâmicos interessantes.. teu comportamento era. sutilmente diretivo. lembremos.sudo pelo caráter de­ liberadamente benigno da maior parte das respo&tiu> do tera­ peuta rogeriano (capitulo II) Parece que est? tipo de res­ posta é particularmente in d ic io na ln'erarãn com uma pes­ soa temo a Srta. após alguns momentos ela faz tuna nova tentativa. V . ele lhe deixa a ocasião para que ela mesma determine. bastante normal e adaptado — ainda que tivesse tido desgostos e fracassos.>s fadtt ve? mais cla­ ramente. anteriormente.. No entanto. Por exemplo. suas alusões a sua infância e a experiên­ cias destrutivas. de qne lado deveríamos abor­ dar os fatos. ) Este incidente serve de ponto de partida para um a longa explo­ ração através de um a série de comparações. que partilharão a exploração. hoje quando eu almoça \i <mn duas colegas de colégio ( .. C. entre os assuntos que aborda. A cliente começa conside­ rando seu comportamento passado e o presente. incompatível com uma abordagem centrada no cliente. desde que este aborde temas catalogados como reveladores. o que lhe parece significativo e digno de ser examinado mais de per­ to. que o terapeuta poderia ter facilmente destacado: as censu­ ras que a cliente se faz com relação à sua resistência ou sua falta de cooperação. . Este seria um pro­ cesso. aparenteT 169: Observe-se o uso do plural ‘‘deveríamos’ pelo qual o terapeuta tende a comunicar à cliente que ela não está so­ zinha. Assim fa­ zendo... mas empenha-se em lhe imprimir uma direção. Por isto o terapeuta responde: T . 1*1: É curioso. sofre1 de um a ia-w? irai» imeterarifi M7 .. N o entanto. C . a este respeito. Compara sua situação com a de outras pessoas que conhece e admite que elas também têm seus contratempos mas que. a luta ou qualquer es­ forço que for necessário.esta mudança significaria que quando o relato não contém atrativos psicodinâmicos. 170: H-hm . o lim v. que. (silêncio) E u sempre tentei comparar meu «a-so com o de outras pessoas.. e conclui que um não ex­ plica o outro. com toda a liberdade. Pensa que. no con­ junto. .. r<v> n \®ren. neste caso ele renuncia a con­ centrar-se nestes elementos —« reconheridos geralmente como reveladores — contenta-st' em refletir o sentimento global de perplexidade e de confusão expressa pela cliente.. 169: Você sente realmente dificuldade em discernir na sua <-\pertêoQia o que n k t f a a pena mer discutido. o terapeuta se contenta em seguir docilmente o pensamen­ to do indivíduo. antes. A apresentação. uma Fundação qualquer havia lhe oferecido uma bolsa de estudos que ela se apressou a aceitar. do significado caracteriológico de seu relato. Se bem compreendi você havia aceito esta bolsa. ficou sensivelmente decepciona­ da. que. ela procurou prosseguir. frustração e desprezo de si mesma. no en­ tanto. ela não apenas deixara de se informar previamente sobre a natureza de seu trabalho. quando todos os dados foram recolhidos. os sinais destas atitudes — deixando à cliente a tarefa de tirar as conclusões que se impõem: T. domo também negligenciara na escolha do te­ ma de suas entrevistas. oferecendo deste m odo as condições que permitem à cliente efetuar a tomada de cons­ ciência que se impõe. em resumo. mas claro — da colaboração terapêutica tal como é entendida pelo rogeriano. Como os que dirigiam a pesquisa pareciam satis­ feitos com seu trabalho. Mas. em seguida. E m conseqüência. estava enfastiada ao ponto de se sen­ tir incapaz de redigir seu relatório. Assim vemos que ela tira naturalmente a conclusão que dele se depreende. pela cliente. Ao tomar conhecimento disto. adaptar-se às exigências da tarefa e aplicar o método que lhe ti­ nha sido prescrito. de certo modo Inadvertidamente. ele lhe era repugnante. afinal. chegando à Uni­ versidade. Ora.mente conseguem superá-los e não se deixam levar à deriva. 177: Percebo. A unidade de interação T 177-C 178 oferece u m exemplo. ela não sentia o menor interesse pe­ lo tema — em realidade. verificou que se tratava de fazer entrevistas em visitas a do­ micilio. compreender porque havia reagido de forma tão extremada a problemas que. por infelicidade. o terapeuta põe em evidência a passividade e a ausência de autodeterminação — ou. Mas. Tentando. sem dúvida modesto. Seu trabalho ficou portanto inaca­ bado — ela deixou de cumprir plenamente as obrigações que contraíra aceitando a bolsa — e isto deixou-a com remorsos. Ela procurou. um episódio de seu passado recente. Resumindo o relato. em sucessão imediata das diversas omis­ sões assinaladas em C177 e o uso reiterado da expressão "ou ­ tras pessoas* facilitam a tomada de consciência. em detalhes. pois havia deixado a outras pessoas o traT 177: O valor deste resumo reside no fato de que se li­ mita estritamente aos elementos psicologicamente significati­ vos. é o seguinte: Alguns anos antes. no fundo. acreditando que seu tra­ balho consistiria em seguir cursos e conferências. baseando-se es­ tritamente na comunicação explícita da cliente. O terapeuta. Mas. . reflete a sig­ nificação mais ou menos subjacente. não eram tão catastróficos — fracassos nos exames e coisas semelhantes — ela se põe a relatar. eles lhe destinaram u m tema determinado. . foi assim que as coisas se passaram.Ê o que estou começando a acreditar. então. e de modo bastante brusco. o terapeuta. um convi­ te. vendo que o pen­ samento da cliente toma outra direção. além do que examinamos até aqui. como estas pessoas acha­ ram que o seu trabalho era satisfatório.. ela formula a tomada de consciência crucial desta entrevista: G . seria fácil dizer: se não tivesse tido a horrível experiência de ter que lutar durante tanto tempo coo» e m p w j ih i — sem ao n o n com­ preender o que estava fazendo! — não estaria neste estado. Devia haver. E assim. chego à conclusão de que era uma dificuldade que eu de­ veria ter superado. Enfim. que não é suficiente para explicar uma reação tão forte. você Julga que deve baver alguma outra coisa.... pois.. Esta confissão. este tormento e esta angústia já existiam an­ tes de que eu começasse esta pesquisa.balho de organizar diversas coisas de que — você pensa — você n— » deveria ter se encarregado. T 189: Pode-se conjeturar que a primeira parte desta res­ posta serve de prelúdio à idéia — mais ou menos ameaça­ dora — de que deve haver alguma coisa em jogo — algo de oculto.. G . Com efeito... alguma coisa que não ia bem antes de tudo isto senão eu não teria ficado tão abalada. vooê o continuou — e o fazendo às vezes multo betn — mas para fracassar no entanto. Finalmente. e u . Por isto. G... 190: .. é que este conflito terrível. T . implicito mas claramente perceptivel. Isto é . No entanto. Devemos ressaltar. Ele se produz de modo espontâneo no terapeuta profundamente empático quan­ do sente que está tratando de um individuo particularmente ansioso ou cujo estado é multo precário. o fato. no entanto. ela constitui. outras pessoas decidiram o que de­ via ser feito e como se devia fazê-lo. à exploração desta coisa oculta. quando já nio podia mais saportá-lo. Durante alguns minutos ainda ela explora o significado deste tipo de comportamento.. 178: Sim. E u náo m e tinha dado conta até que ponto dependo dos outros.. evita com cuidado quase escru­ puloso introduzir elementos que podem influenciar o seu curso. quando reflito sobre a questão da bolsa e tudo que se segue. no entanto. E depois. 189: Você não pode deixar de concluir que deveria ter estado em condições de fazer face a estas dificuldades — ou antes. 189: Mas.... ter estado acima dela. 149 . que este modo de “preludiar" os elementos mais ou menos ameaçadores da resposta não é de modo algum deliberado.. ainda que esta idéia reflita fielmente a comunicação da cliente. penso que não poderia. que tende a situar a origem do problema num pas­ sado mais distante não deixaria de ser destacada pela maior parte dos terapeutas. nesta abordagem. Mas. que geralmente transcorre sem obstáculos. no en­ tanto. este descontentamento se manifesta de modo multo atenuado. representariam a marcha deste progresso quase imperceptível que é o crescimento? Mas. fazê-lo aceder a seu désejo de ser ‘‘levada pela m ão” quando o caminho se torna difícil? O u tais meandros.' ta-se de uma manobra — consciente ou inconsciente — a fim de subme.) Além disto. constatamos que ela acusa sua própria incapacidade e con­ fusão. revela-se em continuidade com seu passado. u m corpo estra­ nho num organismo sadio. Ela se dá conta de que se trata da erupção de algo que já estava em preparo há mais tempo e que. foram desvendados. Começa a perder a fé na terapia e projeta sua frus­ tração no terapeuta — ou no seu método. se esta entrevista é pobre quanto ao conteúdo. O cliente se sente ao ponto de “perder o pé” sem enxergar ao que pode agarrar-se.’' Não há dúvida de que este estágio — que se situa geralmente no primeiro terço ou na primeira metade do processo.1 mo individual — coloca o indivíduo ante uma dificuldade muito real. autopunitiva. o que vem a dar no mesmo — que ele toma responsável. ela não progrediu o bastante para ser esti­ mulante — para lhe dar a impressão de que serve para alguma coisa Por outro lado. evidentemente. tem. V . 1 A fase descritiva. Tudo nos leva a crer que ela tenta levar o terapeuta a dar mais 150 . todas as características do processo se apresentam em escala reduzida. de acordo com o rit. o que deve fazer etc. insistindo no fato de que não sabe o que deve dizer. em certo sentido. Quanto à exploração. em conseqüên­ cia. abalando. antes desconhecidos ou obscuramen­ te pressentidos. pela ausência presumi­ da de progresso. Do ponto de vista de seu conteúdo esta entrevista é a menos pro­ dutiva da série — exceto. O indivíduo tem ai a impressão de ter ‘‘dito tudo”. a imagem familiar do "eu". Esta insistência não seria a expressão da perplexidade da cliente diante da encruzilhada de possibilidades que se abrem à exploração? Tra. sua insatisfação toma uma forma. passou.' ter o terapeuta. aparentemente ca­ prichosos. No caso da Srta. consiste num enfadado repisar sobre o mesmo tema. isto é. pelo menos em parte. A cliente não se obstina mais em considerá-lo — como o fazia durante a primeira entrevista — um fenômeno isolado. Expliquemos. (Em razão da brevidade excepcional do caso. O problema está colocado agora num plano no qual pode ser compreen­ dido. no que se refere a sua consta­ tação final. por fim. de ter feito sua parte. inúmeros elementos. assim.A sessão termina com esta afirmação reiterada que justifica. a vaga suspeita que parece tê-la atormentado desde o começo (C 9 ). No conjunto. um valor crucial do ponto de vista do processo. A atitude do te­ rapeuta é aqui determinante para a continuação da terapia. Isto significa que. mais efetivamente do que por palavras. que o cliente tem liberdade de se con­ tradizer.abstendo-se de aplicar às palavras deste os critérios objeti­ vos da lógica. porám. Assim. e mesmo a continuação do processo são às vezes intensamente postas em questão — é crucial para a aprendizagem do self-help que é essencialmente esta psicoterapia: se. relação ao conjunto das necessidades e carac­ terísticas pessoais do interessado. a exortação. abandonará o leme quando o mar se torna perigoso ou se perde a dire­ ção. com. Isto é. E m outras palavras. não possui técnicas de cir­ cunstâncias. a ten­ dência a transferir para outro o encargo de fazer as avaliações e de to­ mar as decisões que somente ele está em condições de tomar de maneira satisfatória — satisfatória. exagerar. o uso de recompensas verbais. o terapeuta crie as condições que permitam ao processo sair dos diversos impasses que é suscetível de encontrar antes deatlriglr seu termó1. suas capacidades potenciais de solução de pro­ blemas experienciais da existência. com efeito. desde o inicio do processo e antes de qualquer “crise de produção”. mas com os quais o indivíduo sabe jogar) ele cede às instâncias deste. de ajudar o indiví­ duo a manter o seu. convém que. Quando tal estrutura é criada desde o começo e mantida de modo imperturbável — ainda que nunca insensível — durante a faSe de desor­ ganização . a. de manter seú próprio papel.' mi­ nimizar. a mostrar o caminho. “falar asneiras".E o fará adotando e man­ tendo um a atitude de. nem sempre com relação ao problema particu­ lar em causa.relevo a seu papei. conduzirá seu barco com tranqüilidade — mas. O terapeuta deve purtanto levar o cliente a mobilizar seus “problem­ solving resources” isto é. que toda a aprendizagem’ comporta. o processo tenderá a desenvolver-se segundo o mode­ lo de comportamento habitual do indivíduo. o que res­ tará como meio? A psicoterapia rogeriana. operação terapêutica deixará de destruir uma das raízes mais comuns do conflito neurótico no . Se por simpatia ou por amor próprio (dois sentimentos incompatíveis com a atitude empática. enquan­ to tudo vai bem ou quase. cometer erros.quaisquer que sejam as queixas e as ameaças as quais o {. Mas como? Se a estrutura da intera­ ção não permite o recurso de meios de estimulação expílcitos tais como o encorajamento. o terapeuta é incapaz de manter a estrutura da si­ tuação. .adulto. àte opinião. ■Por isto. a saber. Esta fase — em que a relação entre partes. ser defensivo e outras formas de conduta "por tentativa-e-erro” . e assim. a èsclarecer o que é Importan­ te. o resultado está definitivamente comprometido. o terapeuta comunicará. i 5 i . acompanhamento — não de iniciativa: manifestando e conservando uma atitude sempre apreciativa e respeitosa da iniciativa do indivíduo. suscetíveis de sei em empregadas em período de crise. mudas. neste momento. da “realidade” etc. antes que a relação se "deteriore". . pera C 2ÊZ: E eu me pergunto_ eu m e pergunto o que m e es­ . rnns como o arquiteto da reorientação. é que . não pelo desejo de se afirmar ou de de­ monstrar ao indivíduo que ele “encontrou seu igual”. Como se não tivesse havido um a inter­ rupção. Se o terapeuta é sincero.no fundo?” C. é praticamente certo que este se entregará à tarefa. T.. do meu objetivo na vida. Feita esta constatação. isto é. manifestamente em tomo do problema do “eu”: “Quem sou eu.. I 3 -Avaliação PERCEPÇÃO D E SI A U M N Í V E L M A IS P R O F U N D O MUDANÇA D O C E N T R O D E AVALIAÇÃO COM EÇO D A R E O R G A N IZA Ç Ã O A conclusão da entrevista anterior parece ter preocupado a cliente com proveito durante o intervalo. mas de modo deliberado ela se propõe certas questões fundam enn tais: O que eu espero da vida? O que pretendo. de profissional.. não tenho uma Idéia muito clara ou um a convicção« nítida do que espero da vida. minha vida consistirá em trahalhar para ganhar m eu pão? Ela estremece ao lembrar os cinco anos que passou como profes­ sora num estabelecimento <aparentemente de secunda categoria) onde vi­ via como interna num pavilhão. 291: (Silêncio) Penso que um a coisa que pode ser fundamental em todo Isto.cliente possa recorrer — pode-se dizér que o processo passou pela “pro­ va de fogo". com certo número de outras professoras] — na ma:or parte muito mais velhas do que ela. 201: H-hm Você não está absolutamente segura daquilo que quer fazer de sua vida. que ela sempre imaginara seu futuro no papel de es­ posa e de mãe — não no de professora. agindo como o faço? E m que direção minha vida se desenvolve? Seu pensamento gra­ vita. O horror que expeffl . ela aborda imediatamente o problema. (Com o se verá por dados posteriores. se sua atitude conseqüente é ins­ pirada pelo desejo de ajudar. ela se põe a descrever que a concepção de vida que Ibe havia guiado durante toda a sua juventude fora destruídanos últimos anos. a perturbação de seus planos de casamento resul­ tara da descoberta de que era estéril e imediato rompimento de seu noi­ vado) Ela confessa que a perspectiva de passar sua vida como celiba­ tária exercendo alguma profissão a apavora. realmente. Não mais por aci­ dente. com a mesma amplitude com a que havia colocado durante a última sessão. não como simples auxiliar que traa o material. que não tinha convicções ou valores que lhe fossem próprios — ou que ousasse afirmar. Longe de corrigir os pontos de vista da clien­ te — por meio de provas — dificultando deste modo sua li­ berdade de expressão — ele não hesita em refletir um a ima­ gem. de um modo de percepção defensivo que a imepede de se dar realmente conta do que ela. Depois de descrever o papel que adotava neste meio. T . A este respeito ela faz um a avaliação minu­ ciosa de si mesma e dos fundamentos de sua conduta: C .. sem correr o risco — ou u m ris­ co menor — de ser defensiva. chegou um a vez mais à conclusão de que este comportamento era.m enta. isto é. ele não procura retificar a opinião desta ou exprimir a me­ nor restrição sobre o tema. e no entanto. por­ que julga que as concepções da cliente não resultam de um a falta de informação mas. 205: A.. ou como terapeuta ou como cliente. vida da profissional — solteira — parece. terri­ velmente estreita e mesmo mesquinha. Não porque queira privar a clien­ te do conforto que resultaria de um a imagem corrigida de sua perpectiva sobre o que o futuro talvez lhe reserva. pois.sposta do te­ rapeuta: • • . sa­ be muito bem. . T 206: É provavelmente necessário. intensamente re­ velador. eu detestava misturar-me com aquelas mulheres. em conseqüência. mais ou menos aumentada. por não ser desencadeada por um a ameaça e. no fundo. artificial. _ _ _ _ _ _ 153 . do pensamento da cliente. . conheça entre suas antigas alunas e co­ legas. de certo modo. T 205: Ainda que o terapeuta — Rogers — pelas suas funções de professor. aliás. oferecendo-lhe assim a ocasião de que ela mesma a retifique.. mas ele se abstém do uso de argumentos lógicos ou realistas. com relação a este tipo de vida é ressaltado pela re. muitas profissionais..-lhe. conversar os assuntos que lhes inte­ ressavam e participar de toda espécie de histórias tolas que elas consi­ deravam importantes. 205: ( .. ter passado pela ex­ periência. cuja existência não pa­ rece corresponder de modo algum à idéia que faz a cliente.. que pode ser produzido por um reconhecimento do sentimento claro e simples. para se ter co­ nhecimento do efeito delicado. celibatárias. Este tipo de resposta pode conduzir a um a investigação critica de si. uma vida desperdiçada. acredito que também naquela época — como já disse —* eu procurava agir como se meu trabalho m e interessas­ se e como se tudo m e agradasse muito — quando. tanto mais penetrante por ser li­ vremente realizada. ) Não sei se . precedido de "parece-lhe" ou “você tem a impressão". por este motivo fa­ cilita o desenvolvimento natural de seu pensamento.T. em vez d e.. pessoalmente. se eu soubesse. o ritmo e o volume de voz da cliente — indicassem um desejo de exprimir de m odo intenso a aversão que chegou a experimentar pela conduta servil e ar­ tificial que havia adotado durante tantos anos. é possível que os elementos não verbais da comunicação — o tom. Havia evidentemente momentos de satisfação em que eu realmente apreciava a companhia daquelas pessoas. 207: Você se prestava invariavelmente ao papel exigido pelas cir­ cunstâncias de momento. em todo caso. notemos no entanto — a título puramente didá­ tico — que considerando-se a constatação. Enfim... mas.. mas que... T. 206: P a re c ia . enfim. sentia que não havia nada de. Constatamos.... feita em C207 “qual é meu verdadeiro eu” — teria sido melhor se sua resposta tivesse se limitado à primeira parte de T208 ou alguma paráfrase.. nesta época eu tinha freqüentemente a sensação de não ser verdadeiramente eu mesma. 306: Exatamente. enfim.. qual é meu verdadeiro eu.. T 208... e a aparência de não ligar para as coi­ sas e de estar perfeitamente contente. existência autônoma.. Não sei se há realmente um meio de sabê-lo. não |me interessavam. um ar de contentamento •— quando em realidade você desprezava aquela vida e se tornava cada vez mais enfastiada.. C.. Ê . G. Passava horas fa­ lando com elas coisas idiotas — que talvez não fossem idiotas para elas. a mim.. Q u e .. absolutamente nada! Naquela época da minha vida parecia-me que a única coisa que impor­ tava era a adaptação ao grupo. freqüentemente. como dizer. você se pergunta: Quem sou eu — realmente"? Por outro lado.lhe que para agradá-las era necessário assumir. Mas. que ela prossegue no mesmo tema até em C212. tive tão freqüentemente a impressão de que as coisas que eu fazia — e que procurava considerar como importantes — não tinham. E penso q u e . por assim dizer.. com efeito. tenho a impressão de *que não tinha. se eu soubesse. o relato da cliente e que. que era simplesmente um reflexo de meu meio. autêntico no seu comportamento. de importância central. talvez. . significado algum para m im . mais do que a elucidar. M as havia muitos em que o que eu fazia não me agradava. E eu continuava a sorrir e a dei­ xá-las acreditar que eu as escutava.. E assim eu cultivava a amizade de pessoas que não me interessavam particularmente... como: “Ao refletir so­ bre o modo como você se conduziu em todos estes anos. Ainda que seja necessário evitar toda precipita­ ção na crítica de um terapeuta do gabarito do que estamos observando. T 207: Resumo simples que tende a sustentar. em realidade.... 207: Isto mesmo. . representaram um papel na sua crise recente. penso que este é um simples hábito *— sem significado algum.. C . seu verdadeiro eu.. quando em realidade não estavam de modo algum. C. 209:Exatamente. E assim as pessoas imaginavam que eu era muito acomodada. m e forcei a acreditar que minhas necessidades estavam relativamente satisfeitas . T 213: Reflete e acentua ("você se enganou a você mes­ m a”) a tomada de consciência pela cliente do desacordo exis­ tente entre suas necessidades confessadas e suas necessidades inconfessadas — em termos teóricos: entre o “eu" e o "or­ ganismo” . eu revelava algum aspecto real de (mim mesma. com o tempo. 208: Sim. Ela explora o tema ainda durante alguns minutos. ficavam realmente admirados.T . 212: (Silêncio) Durante os últimos cinco anos e u . G . Suspeita que seus sentimentos. não do terapeuta. quero dizer. não sei. seu sorriso (não significa grande coisa**. E se.. . E diziam: "O h .. o fato é que eu sorrio com facilidade... pois. Você duvida que conheça. .. 210:Você procurava fazer com que acreditassem que estava sa­ tisfeita como um peixe na água. simples. não sei tanioésn. Por exemplo. esta representação é ineficaz. T. T . que nunca puderam se liberar. mas quando mostrava seu verdadeiro rosto.. mas.. E assim deixei de T 209: U m a paráfrase. parecia-me que. não antesl de ir para aquele colégio. Tudo que sabe com certeza é que a conduta que você adotava nessa época não expressava nada de yocê mesma. E assim. vigorosa e direta da co­ municação relativa ao “eu" da cliente. Observe-se a expressão "você quer dizer”. que partilhava de suas idéias e que era um a pessoa doce e dócil. Mas eu não percebia que não era sincero. que aceitava tudo com u m sorriso. elas fi­ cavam surpreendidadas e decepcionadas. A cliente não pode fugir à conclusão de que o tipo de duplo eu que sempre tentou representar deve inevitavelmente conduzir a frustra­ ções e a tensões intoleráveis e que afinal. os outros faziam uma certa idéia do tipo de pessoa que eu era — enquanto eu sentia muito bem não ser aquela pessoa. pelo menos. Não sei se este é um sinal de nervosismo ou o que. 208: H-hm . sei que sorrio facilmente. 209: Você quer dizer que o seu sorriso não vem “de dentro” . por acaso. chega a exprimir algo que jamais se con­ fessara — a profundidade da dor e do desespero causados pela derroca­ da de seus planos para o futuro. mas às vezes. é algo insig­ nificante. recordando que este julgamento procede dela. Bem. mas. você sorri o tem­ po todo. retomando de­ pois ao assunto de casamento. as pessoas não podem deixar de ver através da más­ cara. freqüentemente.. n ã o ' lhe falta direção. 215: (Silêncio) E não tenho nem mesmo a impressão de sabei o q u e .). M as onde encontrar um a base capaz de dar o seu pensamento e àl sua conduta a estabilidade e a autenticidade que colocarão' fim a esta existência de camaleão? Com o reconhecer seus próprios valores e necejg sidades? Compreende-se a perplexidade da 'cliente. sua alienação.. Depois. é que .. e n fim . Se. nem como chéS O conteúdo de C213 é interessante.. faria.uma am o s W i — pouco espetacular. 214: (Silêncio) Afinal o qute se deduz de tudo isfco. A cliente não se detém. 215: (Silêncio) Você não tem. ■ . nem. enfim.. m as se propõe muito claramente a questão que representai o problema central da pessoa em conflito. nem do que quer. 213: Parece-lhe que durante todos estes anos você se enganou*' a si m esm a.'p!H rêntesis..... T .. ou pelo "eu ” (.. porque fornece . tomando consciência do momento seguiig te e “refletindo sobre suas reflexões” diz: C .. na situaçãoj te­ rapêutica. parece-me.. 213: (Silêncio). o que quero. o comportamento é sempre dirigido^ ou pelo “organismo”. ou seja. T .de si'mesma.pessoa sou. sem dúvida — das observações em que se baseia a hipótese rogeriana...o q u e . mesm o que lhe fosse dado escolher. u m reflexo quase literal de tal cons­ tatação. de obter tudo o que desejo. sem dúvida. no entanto.exteriorizar sentimentos e necessidades que realmente queriam se express s a r . . (Silêncio). termina no examei de temas significativos.. T 215: A vista da importância do que a cliente exprime em C214 ou seja. o relato pode desenvolver-sé livremente. . guei a pensar nestas coisas.-a resposta mais indicada é.. se m e fosse dada a possibilidade de fazer tudo o que quero. não ?ei o que escolheria. Que não admitiu as necessidades e os desejos que se agitavatifj em você. C . que não sei realmente que tipo de. realmente nenhum a idéia do qua é. não sei imaginar o que realmenra desejo. .. incapaz de realizar a satisfaça* necessária ao b o m funcionamento: G ... Isto é . Isto é .-ante esta observação entre. Após esta nova incisão na imagem que costumava fazer de si mesã m a — a im agem de u m a pessoa satisfeita. Não sei porque disse isto. Ainda que o relato da cliente ses faça aparentemente ao acaso. e a quem nada falta — ela permanece silenciosa.. . para seu passado e ' recorda algumas experiências memoráveis: C . boa. e sabendo o quanto é importante para o êxito deste treinamen­ to para a autonomia que é a terapia. A cliente Com preende que é inútil insistir. se refira ao passado não é tal* vez acidental.) Você não tem idéia algum a. analisar m eu passado e ver o que fiz ou que delxeí de fazer.. disfarçada. O outra foi u m choque moral. Todavia. Ela se põe a descrever as duas errperiências relacionadas com o acon­ tecimento que. abstémse cuidadosamente de imprimir um a direção aos seus pensamentos. que as escolhas — por mais m o­ desto que sejã seu objeto — sejam feitas pelo próprio indivíduo. Talvez porque per­ cebe que o terapeuta não caiu na peça que ela lhe preparou — mais ou menos voluntariamente. apropriada e se apressa a confir­ ______ má-la em termos u m pouco’ niais existenciais.. Durante toda a sua juventude ela havia mais ou menos conscientemente se preparado para o papel de mãe e de esposa.... .. V .. havia tido sempre a convicção de que quando se faz u m esforço real para se obter um a coisa determinada. . Procuraria ela um a última vez levar o1 terapeuta a lhe servir de guia? O fato de que sua pergunta.G .. são mais ou menos ini­ ciadas em psicologia... pelo menos era io que eu sentia no nomento em que ocorreram... (silêncio) lembro-me principalmente de duas coisas que sentia como catástrofes.As pessoas que. comò a Sr ta. “mesquinha”. . sua ob- T 219: Reflete. utilizando u m termo . (A cliênte ri. direta ou indiretamen­ te. ou se seria necessário. V ejam o s. Parccc-me que não £ tão importante olhar para trás. no entanto.. 217: Você se pergunta se u m exame do passado seria útil&n ou se seria melhor tomar u m outro caminho.comum bem esco­ lhido. quando chegasse o momento.. lhe revelou sua esterilidade. A cliente aparentemente julga que a resposta . Até então sua conduta tinha sido guiada por um a crença em um a espécie de “jus­ tiça imanente”: isto é. Ela se dá que cabe a ela decidir. Não sei se é multo Importante. O primeiro produziu um cho­ que afetivo: a derrocada de seus planos para o futuro.. havia sempre tido o maior cuidado com minha saúde e m eu físico. quero dizer. para que. eu estivesse em for­ m a e pudesse ter filhos sadios” . 217: H-hnr. os sentimentos de decepção e de injusti­ ça comunicados ém C218. do terapeuta é. 216: É . sabendo que a cliente está diante da necessidade de fazer uma escolha. como fica evidenciado nas seguintes palàvras: " E u . ainda que agora cu não as veja absoluta­ mente do mesmo m o do . T . conhecem bem o* fraco que tem a maior parte dos terapeutas pelo passado de seus clientes. ela se volta. o terapeuta rogeriano.. Após um a certa hesitação.. (Durante alguns instan es. .. geralmente.. é ligeiramente audaciosa — é um a maneira indireta de lhe comunicar que este seu aspecto é aceito a estimado da mesma forma que qualquer outro. a questão dos critérios. e. afinal.. T. não s*i mas. C. (silêncio) Quando penso no efeito que tudo isto produziu em mim parece-me que o que se manifesta mais claramente. hum. mais do que a privação afetiva. que a havia afetado. C. m e esforçando em conformar-me a regras de conduta estritas — já que isto. valores. Isto é ... mas. O episódio que ela acaba de atravessar começa a lhe pa­ recer como a consequência quase necessária de u m enfraquecimento dos fatores organizadores e diretores da conduta — os fins. após o que. m e pergunto^ “O que real­ mente importa” Não é necessário dizer que estas palavras não representam tanto uma pergunta. ela per­ manece mergulhada nas suas reflexões. (muito tempo. uma divida. exatamente.. E assim. .. che­ ga à conclusão de que fora o abalo mental. realmente a vida lhe tinha dado u m “golpe sujo” . abandonei todos o h esforços. Que ela pode se per­ mitir sem temor. ideais. 226: Assim . parece-lhe. V . em vex de estabelecer novos objetivos. que a dor que estes acon­ tecimentos lhe causaram foi desaparecendo pouco a pouco sem que nun­ ca tivesse vindo substituir o objetivo de vida que eles lhe haviam tira­ da.. tudo isto me transtornou e atormentou durante .. quanto um a constatação do problema central de toda a avaliação do comportamento. a Srta. chamar as coisas pelo seu nom e — ou pelo que lhe parece como tal. o T 220: O fato de repetir a expressão "golpj sujo'* — que. 221: Se compreendi bem. empregado por u m a pessoa tímida e reservada com o a Srta. 218: ( .. A partir deste momento as peças do quebra-cabeça começam a se encaixar. não me serviu para nada.... merecemos uma recompensa quando fazemos u m esforço T. 220: Que. C.. 220: Sim» esta era francamente m inha opinião. foi realmente u m golpe sujo. T. não sei como. Procurando compreender melhor como estes acontecimentos pode­ riam té-la influenciado ao ponto de aliená-la de tudo. C. e depois. ) Penso que m e deixava guiar pela ^convicção pueril de que. F o i. 219: Sim. é um sentimento como: para que ter desperdiçado todos estes anos. V . desperta com a Gran­ de Questão): . O h . 219: E parecia-lhe que era um a recompensa mesquinha a que lhe coubera. ..tenção deveria necessariamente ocorrer — era como se esta coisa fosso» de certo modo. De certo m odo ela se sentira traída na sua fé e na sua confiança. Neste caso. E sempre m e repetia que até este momento eu pode­ ria ou trabalhar. E m vez de se desenvolver num a perspectiva cheia de significado e de promessas. Isto é. Estou cansada de tentar. T . pelos que a rodeavam. o indivíduo não chega a com ­ preender seu comportamento e o considera "absurdo*. Vimos. pri­ vada das satisfações que para ela eram de necessidade vital. .. (Parece-nos que. mas também a mais angustiante das cin­ co até agora realizadas. Observemos o desespero que se revela na seguinte passagem. E u havia sem­ pre pensado que quando tivesse vinte cinco ou trinta anos m e encon­ traria. Com o a comunicação en­ tre o “organismo” e o “eu” é defeituosa. no entanto. A entrevista termina com esta nota sombria.. a vida que ela havia levado durante estes últimos anos a vinha conduzindo a um estado que lhe parecia intole­ rável — o de solteirona. e não há nada em vis­ ta. G . M as.. parece-lhe que não resta mais nada que valha a p e n a . por assim dizer “instalada” num a existência tal como sempre ti­ nha imaginado.planos para o futuro.) 159 .. Este futuro lhe repugna e ela se opõe a ele com todas as suas forças. 230: Enquanto tudo fazia parte da preparação a um a vida que a atraía... com efeito (em C217) que a cliente não experimenta mais estes sentimentos com a m esm a intensidade. no presente caso. não podia ser infeliz* Dai a corajosa comédia representada pelo "eu” — m as que o "organis­ m o ” não podia sustentar e a que se subtrai adotando u m comportamentamento derrotista. Mas m e parece q u e . ele parece querer evitar dar a impressão de que subestima este sentimento destacando que ss esvaneceram com o tempo... os anos se acum ulam .... durante anos.. no fundo de si m esm a (ao nível "organismico”) sentia-se infeliz. que respondia às suas necessidades.. D o ponto de vista do conteúdo é a mais fecunda. o cuidado particular de não chocar os sentimentos. (ao nível do “eu”) sabia que para ser am ada ou. Ela quer escapar dele a qualquer preço — dai suas obsessões de suicídio. desespero. havia in­ terceptado à consciência por serem por demais penosos. T 221: Observe-se o estilo particularmente delicado (“pa­ rece-lhe. M a s. já ultrapassei esta idade.. se compreendi bem ”) do terapeuta quando ele toca em sentimentos profundos — mágoa.. vejo. você se interessava em fa­ zer e aprender toda espécie de coisas.. sem esta perspectiva. pelo menos menos aceita. orientado para o suicídio. desesperada. 229: Realmente não sei. Ao nível consciente. ou estudar e fazer todo tipo de coisas.. reflete o estilo habitual do tera­ peuta mais do que as necessidades da situação. A cliente teve a coragem de admitir certas ex­ periências — pensamentos e sentimentos que. A entrevista seguinte. a sexta. opiniões pessoais. quanto à maneira de abordar a tarefa. este terapeuta não se abstém absolutamente de exprimir. como o rogeriano. no entanto. No entanto. V. ela estaria pronta a despender o esforço necessário para alcançá-lo. a si o en­ cargo de levantar o moral do cliente. nem tratando com pessoas cuja necessidade primordial é o desenvolvi­ mento da capacidade de autodeterminação. E u . Observemos. pois. desta vez ela manifesta uma tendência geral mais positiva: C. nem qual caminho teria que to- líiO . eu gostaria muito de estar. Este mesmo terapeuta sabe. dificulta as forças autônomas de reformulação ao se substituir a sua ação. manifestam-se no caráter hesitante e quase incoerente de suas palavras: C.. Pois. que existem numerosos caminhos que conduzem à fe­ licidade — é muito forte para todo o terapeuta sensível e empático. etc. que.. é real. no entanto..240: . A angústia e a frustração cau­ sadas pelo seu desejo de prosseguir e sua ignorância quanto ao cami­ nho a tomar. quando não está exercendo suas funções profissionais.Nesta entrevista a Srta.. de reorganização que enfrenta. 241: ( . tocou no fundo de sua indigência ou do que lhe parece como tal. N5o me sinto realmente.. a visão de tal fim não apare­ ce. não sei que atitude teria que adotar diante de tudo isto. considera que o su­ cesso da terapia depende precisamente do grau de empatia que é capaz de demonstrar. tornou-se por de­ mais lúcida para poder continuar a "fazer rodeios” como tez nestes úl­ timos anos. de reerguer seu moral — fazendo com que ele veja..... faço realmente um esforço sério para modificar meu estado. ela já apreendeu bem a estrutura da interação e hãoconta mais com o terapeuta para guiá-la.. a tentação de animar o indivíduo. tudo isto. No entan­ to.n o fundo nSo sei se.) Mas então. não h á .... Infelizmente. neste estágio do processo. palavras de encorajamento. com entusiasmo e uma convic­ ção comunicativos. Por isto. Se lhe fosse dado entrever um fim novo e atraente... que se tomr.. capaz de des­ pertar e de unificar suas forças. A perplexidade da Srta. E sinto também que deveria estar. a cliente tem poucas razões para se sentir estimulada a ação. neste estágio do processo.. mas no seu estado presente de desorganização. O desejo de se corrigir está ai. Notemos que esta fase é difícil também para o terapeuta. por definição... A partir deste momento não lhe resta mais que duas alternativas: avançar ou retroceder... principalmente para aquele que. na vida cotidiana.. V. compro­ metida a fundo com. enganando-se a sl mesma e aos que a cercam. mas eu. não há dúvida de que. se caracteriza pela oscilaç&o entre a confusão e a confiança já encontradas em muitas ocasiões. quando a ocasião se apresenta. já que se trata de tuna fase de desorganização. . Examinando como se produziu a mu­ dança — de uma estreita ligação a uma atitude de aversão — ela con­ fessa um sentimento profundamente ameaçador: C.-)e. eu. Não sei se procuro puni-los ou o que será.. dtr-se-ia que existe uma espécie de barreira entre minha familia... no entanto. 249: H-hm. ______________________ 161 . seus pais ocupavam um lugar central na sua vida.. eu. Não vejo... Você nfco sabe absoluta­ mente. 248: (. eu procuro puni-los ou não fazer caso deles. que eu se­ ria feliz se eles (seus pais) não existissem. o terapeuta continua a refleti-los simplesmente. não consigo compreender. se põe.. . a explorar a mudança radical operada nos seus sentimentos para com eles. 244: E eu. estes fatos podem não ter relação com os sentimentos que ela confessa a se­ guir). alguns Instantes após. entre meus pais e eu. de fato... 242: A grande dificuldade. a esboçar um plano de ação.. seria melhor para você. Ela continua hesitante. diz: C.. Julga que deve começar pelas coisas mais urgentes. quero dizer. Examinando seus sentimentos para com seus pais (sabemos por outra parte....... certamente eu os faço sofrer e lhes dou preocupações não lhes escre­ vendo e ignorando as coisas que me enviam..... T 242: Ainda que a cliente tenha externado em muitas ocasiões seus sentimentos de confusão e de incapacidade...mar para ver aparecer algo como uma mudança .. £ interessante observar a tendência da cliente a corrigir suas afir­ mações extremas — mitigando-as ou fazendo um movimento em sentido contrário — depois que o terapeuta as refletiu... que per­ tence a um nivel social e econômico muito modesto. agora você pensa que. No fundo parece-me que. Enquanto ique. não sei.. neste momento £ — parece-lhe — sa­ ber o que fazer para sair de seu estado atual. não iel realmente por onde começar. parece-me às veses. V .. se eles não estivessem a i.. de um modo quase idên­ tico. Esta tendência se observa aqui. e não sem método..... en­ fim.) outras manifestações sutis do sentimento do terapeu­ ta. eu. começando por restabelecer as relações com sua familia.. e .. antes. uma vez mais. o que.. Pergunto-me se seria isto.. Este tom critico se observa freqüentemente nos terapeu­ tas menos autenticamente respeitadores do indivíduo e me­ nos confiantes na capacidade deste. no entanto. E eu não sei porquê. e agora. no fato de que a Srta... T. O h .. sem trair a me­ nor nota de impaciência — nota que poderia se introduzir sub-repticiamente na resposta por expressões como "uma vez mais” ou “sempre da mesma forma” ou "agora como no Ini­ cio” . T. Pois. a Srta. às vezes. para vir tomar conhecimento. você se surpreen­ de a desejar que eles não estivessem ai”. sinceramente. Um a resposta do tipo seguinte teria sido perfeitamente “client-centered” já que se articularia diretamen­ te com a comunicação precedente e. Ela nota que seu rosto estava descomposto pela fadiga.' sen­ timentos da cliente para com seus pais que refletir j fato de sua mudança. isto é o que sinto às vezes. m i < C. pela Inquietação e pela tristeza. parece-me que o terapeuta po- . imediatamen­ te. coisa estranha. teria sido talvez mais fecunda: "Por uma razão ou outra. não há dúvida. Mas. pessoalmente. mais acima). Ao vê-la. do ponto de vista da to­ mada de consciência... você percebeu claramente que era algo que deveria causar-lhe pena — mas. . esta constatação não foi acompanhada de nenhum sentimento.. ou: “Parece-lhe que há qualquer coisa — que você não vê claramente — e que a faz — às vezes — desejar que eles. se pudesse ficar iivre deles.. tenderia a favorecer um a explo­ ração mais profunda sem no entanto. e fico envergonhada. Con­ fessa que experimenta remorsos e vergonha quando pensa no uso tão pouco proveitoso que fez dela. 257: Agora me parece que tenho que pensar em reparar o mal que fiz.no entanto. T 162 250: Ainda uma vez. que havia agido mal. Seus sentimentos atingiram a tal ponto T 249: Sem dúvida poucos terapeutas deixariam passar uma confissão tão reveladora do ponto de vista dinâmico co­ mo a que a cliente acaba de fazer. não se detém fazendo queixas inúteis e conclui: C. Pode-se perguntar se não foi mais útil concentrar na natureza da mudança do. Ela passa em seguida a uma outra questão que exige lima solução urgente: seus estudos e as obrigações que contraiu aceitando a bolsa que financia seus estudos atuais (não a bolsa em questão. Fazendo uma retrospectiva ela . este é realmente lo sentimento que tenho algumas ve­ tes . tomada de remorso.. A cliente relata em seguida que sua mãe havia recentemente feito a longa viagem a X . V . não foi este o caso.. não sei o que é. percebeu. mas acha que. . . Não sei.. do que se passava. exigi-la. Tenho remorso. realmen­ te. isto a aliviaria". não estivessem mais ai". ou: “Você não aceita pensar assim. T.. Por ser este tipo de resposta orientada para a causa deste estranho sentimento.. mas. 249: Sim. 250: Isto é. Abandona-se durante alguns instantes a seus sentimentos. m as. . você considera... pois que deria ter dado uma resposta mais suscetível de conduzir a exploração das razões da Insensibilidade da cliente para com sua mãe. porque motivo isto não lhe dava nenhuma pena* ou: "Vboè se «lis. 262: E m cada um destes três casos.. T . talvez m esm o..que lhe custa lr receber seu cheque mensal. o terapeuta reflete. e u . tan­ to na sua familla. cria as condições de uma expressão mais completa des­ tes sentimentos sem no entanto.. talvez. seus sentimentos imediatos de remorsp.. ela representou durante anos.. Suas reflexões sobre esta divida particular se ampliam e se estendem a seu comportamento em geral. ) Não sei. a objetividade. 261: Votó acha que. Assim fa­ zem o.. em vez de lhe recordar a lógica.. os sublinhando. Nos momentos seguintes ela cita dois outros exemplos para refor­ çar sua impressão sobre si mesma e suas tendências à exploração. suas relações com a vida foram antes de­ siguais.. sempre recebi e tomei emprestado. Julga que do ponto de vista do relacionamento interpessoal. não tenha contribuido com coisa alguma para a vida. quanto nos seus outros contatos sociais Mas. e não pensei em dar em troca. 260: ( . e de desprezo de si mesma. quase hostil. talvez.... T . Tal resposta teria sido empática pois teria refleti­ do a perplexidade que ela experimenta e que manifesta com relação a esta conduta — como se observa na sua comuni­ cação tanto implícita quanto explicita (C249: “Não sei. Por exemplo. segundo a pró­ pria cliente. é Impossível que o terapeuta tenha de­ monstrado uma empatia superior como veremos no final des­ te capítulo — limitando-se a respostas psicodinamicamente anódinas mas terapeuticamente. excelentes. e a rea­ lidade.. (C108 a Clll). re­ cordando o papel pacificador e de ajuda que.. 261: O terapeuta poderia facilmente ter destacado o exagero ou a contradição aparentemente contida em C260.. eu . a segunda parte da res­ posta poderia ter exprimido algo como: “— e você se per­ gunta... provocá-la por Incentivos mais ou menos diretos. talvez.. está gravemente deficiente: C.... que me faz desprezá-los?” Por outro lado. tatvea. ou. Que vocS sempre recebeu. Tenho vagamente a Impressão de que du­ rante todo o ano passado. __________ 163 .. . sem pensar em dar nada em troca.. e u ..”). O terapeuta resume: T . não sei o que é . sem sugerir a cliente a se entregar a seus remorsos. o que é que — no fundo — me tor­ na tão indiferente. e u .tomou emprestadd. mas sem Jamais se preocupar em pagar. foi a partir desse momento que eu realmente m e retirei da realidade. 266: ( . esta espécie de inércia. ) H-hm . Era de se esperar que n u m determinado momento esse alguém se reerguesse e saísse de si mesmo para tomar as rédeas de sua. E para terminar é como se eu tivesse adquirido o há­ bito de ser improdutiva e de não ir adiante. T. de proteção.. não sei como dizer. pode ser que. T. O emprego três vezes reiterado de "emprestado” — um a vez pa­ ra cada exemplo citado — tenta ao mesmo tempo a refletir a intensidade do sentimento de culpabilidade da cliente.. m e pergunto se talvez não tenha vindo para a Universidade com a idéia de passar alguns anos à margem da vida. Isto é. 263: Sim. mesmo o fato de vir aqui — e que pa­ recia uma decisão positiva — poderia. no en­ tanto.. o que não compreendo é esta espécie de apatia. £ isto? C. sem que eu soubesse. a atenção do interessado. ela está enfim madura para um a tomada de consciência extremamente penosa: C. de corrigir suas palavras: “É assim que você encara a situação” Observemos. 263: Compreendo. de fato. No ponto em que estou. e dir-se-ia que.. 262: Sim. desta procura.. tenha considerado estes anos como um refúgio.... após ter reformulado ou acentua­ do palavras acusadoras ou qualquer outro sentimento amea­ çador. Tomou-se uma espécie de modo de vida: per­ manecer à parte e abandonar o leme a outros. o indivíduo tem a oportunidade.. C.. viver aqui e seguir cursos é bem mais atraente que trabalhar e . talvez. Geralmente. e de permanecer aquem das minhas possibilidades.. e continuou tomando e sempre tomando. em realidade. o terapeuta termina dando ao indivíduo a oportunida­ de de verificar.. mais ou menos.. 164 . ter feito parte des­ ta evasão. qua íto mais re­ flito nisto mais começo a acreditar que um a daa razões pelis quais m eu fracasso nos exames me parece tão grave e nenoso é q u e .. 267: Isto me parece multo provável. eventualmente. (silêncio) Pois... parece-me que. que esta expressão final não se exprime geralmente com um tom interrogador suscetível de forçar... e. Empenhada como está desde o nício desta entrevista num a ava­ liação profunda e impiedosa. ou uma forma de pausa. compromeT 262: Resumo das auto-acusações.... não. Era de se esperar que alguém se cansasse e deixasse que os outros agissem no seu lugar e dirigissem sua vida.. D e fato. e a testemunhar que o terapeuta segue atentamente cada etapa de seu relato.... E. ensinar — principalmente onde moro.. ou. não a obrigação de verificar. contidas em C260...... .. mas. Ê assim que você encara a situação? C. 267: De tal modo que.. o uso de sinais sutis de aprovação ou de- 165 . Ele mantém. um teste . de aprovação ou de acordo. 263: Paráfrase da comunicação contida em C262 e. a falta de autodeterminação que caracteriza a cliente. Sim. assim. a operação de explicação psicodinâmica que a cliente acaba de efetuar de modo inteiramente autônomo. demonstre uma no­ tável capacidade de auto-análise e ainda que não pareça ha­ ver dúvida de que acaba de tocar num elemento muito real de seu problema — confirmando.. a docilidade ou a dependência. U m fragmento de entrevista como este oferece Igualmente ™ ex­ celente ilustração da diferenciação progressiva da experi£tncia e da autocorreção que se produz no indivíduo sob certas condições. oomo a precedente. esta resposta ressalta a passividade. a teoria rogeriana da capacidade do indivíduo — o terapeuta se abstém cuida­ dosamente de “recompensá-la" com manifestações de satisfa­ ção. Porque 6 con­ trário a meus projetos de me manter à margem da vida... Com efeito. T . de um certo modo. justamente o que procurava aqui: uma espécie de sucedâneo para.". o que antes aparecia como um a deterioração inexplicável do comportamento. Um a passagem. parecem e que. revela-se gradativamente corricT um a hábil manobra — ainda que nepativa para escapar ao aue T .. “permanecer à parte" e “abandonar o leme a outros").. em suma. seu papel empático. dificilmente poderia ser supe­ rada pelo profissional — ainda que este pudesse ter procedido de modo mais metódico e que suas conclusões tivessem provavelmente um a forma mais articulada ou mais impressionante. parece-nos. vai pouco a pouco se organizando em um esquema cheio de significação. oferece. b e m . 267: Ainda que a cliente em C266. O que antes era apenas confusão e absurdo..nunho convincente da capacidade do indivíduo para se compreender. Com efeito. refletindo com seu modo habitual: “pode­ ria ter feito p a rte .. Neste caso. pelo uso de termos concretos mais ou menos lapidares (“um m o­ do de vida". Comentário Interrompemos nossa análise por um momento a fim de relacionar os fatos observados com os princípios desta abordagem.te precisamente a continuação de minha permanência aqui. isto é. para a vida que eu tinha esperado levar.. imperturbável.. Esta resposta mostra um aspecto das condições excepcionais que o rogeriano procura criar em te­ rapia. 2) ao deixar de preparar seus exames e de concluir seus trabalhos de laboratório. Ela queria se afastar do ensino — tal como o conhecia (num colégio de segunda categoria. escolhas e decisões particulares. 3) contudo. isto é. com atos que têm por efei­ to restringir o exercício desta liberdade. £ a reação da pessoa em luta com forças maiores do que ela e que é incapaz de iden­ tificar. A fim de evitar qualquer equívoco. não visava a conclusão lógica de tal iniciativa. não com proibições. a condenava a um a existência medíocre. O terapeuta que assum e estas funções restringirá a liberdade do cliente.) toma-se perfeitamente “lógica” . em resposta a palavras — atitudes. A luz destas hipóteses. . de rejeitar ou de confirmar as conclusões emitidas. (T205) Façamos uma breve exposição das etapas desta manobra. E m outras palavras. 1) Ao re­ tomar à Universidade para realizar um programa de estudos avançados. V . ao evitar envolver-se mais num caminho 1 que não queria seguir. o terapeuta rogeriano é provalvelmente o único que se abstém igualmente de exprimir as avaliações positivas. ela procurava libertar-se da engrenagem acadêmica na qual se sentia cada vez mais presa. observemos — recordando o que está dito no volume I — que este manifesta sentimentos positivos incondicionais para com o indivíduo com o pessoa. sua reação francamente psicótica do fim do ano. isto é.: tinuar. segundo ela.se mostra como “uma vida estreita e mesquinha — uma vida desperdi­ çada**. em vez de parecer desproporcional aos acontecimentos reais (fra­ casso nos exames. de prasser ou desprazer) constitui um a maneira subreptícia. sua “existência protegida” como ela a chama — cuja continuação dependia dos resultados de seus exames. m as se abstém de manifestar tais sentimentos de m odo seletivo. de dúvida ou de con­ vicção. Se é verdade que a maior parte dos terapeutas se abs­ tém de manifestar abertamente as avaliações negativas ante os fatos expressos pelo cliente. N o âmbito desta teoria as funções de avaliar. para moças) — que. m as. Seu objeti­ vo era exatamente o contrário. m as poderosa de dirigir o pensamento e as conclu­ sões do indivíduo. na qualidade de bolsista. etc. o exerci­ d o de sua profissão — o ensino — num nível m a’s elevado. a Srta. E m vez de enfrentar a agonia de um a lenta destruição. ela se perdera num a situação na qual não podia nem avançar nem recuar. ela comprometia suas possibilidades de poder con. são compreendidas como fazendo parte dos direitos e responsabilidades do cliente. ela se saprovação (de acordo ou de desacordo. de duvidar. ou pela distinção e originalidade de sua forma. talvez. ou niò é capaz de despojar sua linguagem ou sua mentalidade das características académicas tio custosamente adquiridas — e. se a cliente oferece um exemplo notável de capacidade de auto-análise (valorizada ainda pelo fato de que o processo começou há apenas três semanas e consiste somente em seis entrevistas). Este estado de desacordo In­ terno deve conduzir a uma derrota. V . aquele que. talvez. o que justifica tal afirmação. o “eu” guia o comportamento para u m objetivo — o doutorado — que não poderia alcançar porque o “orga­ nismo”. Mas. Longe de ficarem im­ pressionados. o terapeu­ ta oferece um exemplo não menos raro de competência para criar as condições em que esta capacidade pode se manifestar. como médico psiquiatra ou piicólogo cllhico. a “procurar os meios dos de acabar consigo mesma” . o problema crucial da adoção da abordagem rogariam. não o desejando recusa-se a cooperar. o pen­ samento do cliente deve estar protegido contra toda tentação de se des­ viar de sua direção inerente. o seu objeto deve tomar-se me­ ti ) Este á. Mais particularmente (já que dispõe apenas da dimensão puramente ver­ bal da interação). aparece como o resultado da luta entre o “organismo” e o “eu” . alguns poderão se irritar com o que lhe parece o caráter “repetitivo" ou "simplista” de seu estilo. acompanhado de “acidentes” — aos quais a não correspondência entre a experiência e a representação pode con­ duzir. ou nSò está disposto. ou seja pela novidade e a substância de seu conteúdo. perguntará o que existe. captar a atenção do cliente é. desviá-lo de seu objeto próprio. cômo­ Com relação a esta manobra funesta de defeso. como nós mesmos durante nossos pri­ meiros contatos com esta pslcoterapia. ou no plano objetivo dos fins perse­ guidos ou no plano existencial do funcionamento psíquico — ou em ambos. com relação às respostas do terapeuta que revela uma competência tão rara. tão proveitosas para aquele que delas se vale. O “organismo” quer escapar a um a exis­ tência que deixa de satisfazer suas necessidades fundamentais.põe. passou oito ou dez ano* no* meios universitários. com freqUênda. O leitor perguntará. segundo suas próprias palavras. da experiência tal como é vivida ao próprio instante. Para poder concentrar-se neste objeto vivo e mutável. o comportamento “absurdo” da Srta. ou seja. E m suma. recordemos as ob­ servações feitas no Volume I. Como ]é o observa­ mos. Com efeito. Traduzido em termos da teoria em què esta terapia se baseia. o tipo de resposta empática é deliberadamente oposto à resposta “interessante” d ). para o rogeriano. capitulo III. Ora. £ pró­ prio da resposta “interessante" proceder do ponto de referência daquele que fala e captar a atenção do interlocutor. relativa« aos wmltKIni — contro­ le defeituoso do comportamento. Não que­ rendo reconhecer estas necessidades. 167 . em conseqüência. M as. mais ou m enos “erudita”. a ostentação por parte do terapeuta de qualidades que o cliente não tem. atestam suficientemente sua capaci­ dade de tomar iniciativa e de exprimir seus valores e opiniões pessoais.) Por outro lado. E m primeiro lugar o que é u m a linguagem “Inteligente”? Não será aquela que se adapta tão perfeitamente quanto possível aos fins visados? N o presente caso. seu comportamento é necessariamente autêntico. no entanto. opera de m odo defensivo. se por “inteligente” se entende: linguagem acadê­ mica. (Isto não quer dizer.. Isto significa que o indivíduo opta ou bem pela dependência — entregando-se à competência manifesta do terapeuta (o que o protege contra o fracasso. por Isto. Parece que não é possível facilitar o papel do cliente servindo-se de u m a linguagem que não lhe é familiar e que. e portanto. a fim de permitir ao cliente tomar u m a consciência cada vez maior e de efetuar o passo seguinte a partir de u m a base mais firme. qualquer que seja a forma que tome a expressão dos sentimentos autênticos. isto é. técnica. Considerando-se que a autodeterminação é u m a expressão da tendência. no entanto. atualizante e que esta se realiza de m odo construtivo somente em pre­ sença de condições de segurança. Dal a utilidade de u m tipo de resposta que retenha este objeto sem modificação durante alguns instantes. Ainda que re­ conheça que estas considerações têm fundamento. Quanto ao caráter pessoal parece que. então a resposta deverá ser provavelmente. de ameaça. que Rogers se exprima sempre e e m toda parte da maneira aqui observada. sabemos que os princípios que põe e m prática são os seus próprios e que. o fato de ser ele o inovador d e u m movimento tão audacioso como o da pesquisa no cam po da psicoterapia. Isto não impede. ou que é superior (mais refinada) à sua linguagem. o estudante de psieoterapla permanece multas vezes cético quanto aos meios empregados com estes fins e pergunta se estes mesm os objetivos não poderiam ser atingidos com u m a linguagem mais "intelgente” e mais pessoal. já que a res­ ponsabilidade do processo se encontra nas mãos do terapeuta) — ou bem opta pela competição e então o diálogo se transforma imperceptivelmera te em disputa intelectual. de condições que não compor-j t a m ameaça algum a para o "e u ". A razão é muito simples. todos aqueles que conhecem o te­ rapeuta em questão — estarão de acordo e m que a linguagem que ele emprega aqui lhe é eminentemente pessoal. especializada. Além disto. pode servir para . qualquer linguagem erudita ou usual. pode-se perguntar se há u m meio de ultrapassar a in­ teligência do terapeuta. no entanto. que o cliente se sinta e se mostre extremamente interessado pelo que fa­ la o terapeuta. O ra. ela pode ser qualificada de pessoal. negativa. faz com que este fique n u m a posição de Inferioridade. ele compreende apenas imperfeitamente. principalmente. S e m dúvida. a tendência atualizante e m vez de ope­ rar de m odo construtivo.nos Inconstante e menos fugaz. Suas inúmeras publicações e conferências e. não sei... contudo. Tal como o entende. G.. Não sei porquê.. Você acredita que o que esperava do casamento era.. T . temo que não seja tão. sim. Vib é agora capaz de examinar estas experiências e de avaliar sua importância “real". Ela se pergunta porque a vida da mu­ lher solteira a apavora tanto. no entanto... o terapeuta evita estimular a superestrutura lógica e cultural da experiência. de uma certa proteção. a presença de uma pessoa a quem você podia se confiar inteira­ mente. tenha refletido muito sobre tudo isto. o que o rogeriano considera como sua íunção.. eu penso que não tenho a confiança e a segurança necessárias para prosseguir por mim mesma. mas de assistir. 272: Isto mesmo.. T .. parece-me que havia sempre alguém que me ser­ via de certo modo d e .. seu sentimento de insegurança. Esta superestrutura. que procura traduzir percepções tão próximas quanto possíveis das do Indivíduo. talvez esta é uma das coisas que esperava do ícasamento... talvez em realidade eu tenha.instruir o cliente a seu próprio respeito. independente quanto gosto de crer. seu papel é não de Instruir. de inferioridade e conseqüentemen­ te sua falta de autonomia: C. 169 . Tendo tomado consciên­ cia das diversas experiências significativas não assimiladas à estrutura do eu.... pode impedir a simbolização corre­ ta da experiência vivida. ou mesmo no tem­ po em que lecionava. pelo emprego de uma linguagem tão simples quanto possível. quando penso no tempo em que estava em casa ou no colégio... a Srta. mas que nunca havia Isolado de sem diversos contextos) ou seja. guia ou de apoio. ela descobre um traço die caráter (que se revelava durante todas estas en­ trevistas... e penso que. E u . Parece-me. ...... portanto. Após ter tocado naquilo que — no estado atual de sua percepção pareoe ser a característica mais fundamental de seu problema. Retornemos agora ao exame da entrevista. um a falta de segurança emocional. eu nunca me considerei.. como uma pessoa dependente. 271: . mas pensa que sente a ne­ cessidade de um certo apoio. Procurando responder a esta pergunta. numa tomada de consciência verda­ deiramente autônoma. Parece-lhe agora que sua ansie­ dade dos ú' timos anos e sua crise recente foram causadas pela ausên­ cia de algo mais fundamental que o casamento e a maternidade. A nova imagem de si mesma que emerge destas explorações. incentivá-la é correr o risco de di­ ficultar a terapia. 272: Você não gosta de admiti-lo. Enfim.. temo que simi. Isto não e. já que ela sabe muito bem que o casa­ mento não garante a felicidade. 273: Percebo. se tor­ na cada vez mais nítida e diferenciada.. no entanto. ou seja. e.... me­ nos graves. no entanto. 301: Parece-me q u e . O h . ficava francamente assustada de vergonha e de remorso. terríveis. você se sente menos perturbada com a maneira pela qual vinha agindo. não m e sinto mais tão alienada de minha família o u . Depois de ter pensado bem sobre suas relações com eles. Ela constata que esta necessidade transformou-se recentemente em seu con­ trário — em u m a tendência em adiar todas as coisas ou a deixá-las ina­ cabadas. V. pareceme q u e . tão hostil para com ela. D ada a importância deste desenvolvimento e o desejo que o leitor te­ rá. já não temo ta n to . mais capaz de olhar tudo isto de frente. que. tenho a impressão de que. de­ pois de eu ter examinado meus sentimentos para com meus pais. (Reconhemos. reproduzire­ mos inúmeras passagens desta fase do processo de reorganização. darei alguns passos na direção certa. a partir deste momento. O alívio que procura este primeiro passo para a aceitação de si pró­ pria perece liberar energias que até aqui tinham sido empregadas em defesa de u m “eu" precário. bem q u e . Começo antes a sentir que. enfim. no caso da Srta. 286: Enfim . admitir. Por exemplo... e de ter fadado disto aqui.. Vib. agora.... esta operação crucial se mani­ festa exteriormente de u m modo pouco espetacular.. provavelmente. Parece-me. durante o fim de semana refleti mais sobre esta questão e . sua necessidade obsessiva de ser excessivamente pontual em tudo e em toda a parte. T . m esm o quando não é necessário ou importante. C . aliás. Parecendo estar perdida em cogitações insignificantes sobre sua ineficiência atual. Por exemplo... toda vez que pensava no modo como tratava meus pais. A Srta. talvez. enfrentar meus sentimentos.. que a mantém n u m estado de tensão continua ou seja. É isto. E antes.. enfim. E m seguida. O intervalo de três dias que a separa da seguinte parece ter sido proveitoso.. Enquanto que. . não têm mais a importân­ cia que tinham antigamente. de observá-lo nos seus termos autênticos. eles. sobre minha conduta no seu conjunto.. eu começo a per­ ceber que a agitação em que sempre m e debati por causa. diversas- 170 . adquire um a visão mais otimista do futuro.. para um a das atividades cruciais de qualquer terapia fecunda: o exame da natureza e da origem das normas que regem o comportamento e que formam a estrutura da persona­ lidade.. C .. ela se volta para a discussão de um traço de seu ca­ ráter que a incomoda..) C . 284: Desde a última vez venho pensando no efeito que estas en­ trevistas produzem em m im .. sinto-me menos envergonhada... de fato. 284: Percebo..a entrevista termina. bem que.. simplesmente. . não penso q u e ... que meus sentimentos e minha conduta recente m e parecem m enos. ela se encaminha.. entre outras coisas. no que m e diz respeito. . quando encaro minha vida a partir deste novo ângulo. no passado.. absolutamente a expressão de necessidades realmente sentidas... parece-me que esta preo­ cupação com exatidão faz parte do “modelo” com base no qual sempre orientei minha existência e que consiste em querer satisfazer a todo o mundo em vez de seguir minhas próprias necessidades e inclinações.... mas que. E .. oposto a minha natureza de modo que.. X . Nos momentos que se seguem. . (A cliente começa a se dar conta da subjetividade de sua experiência) que esperam de mim. externas.. conformar a diretivas. no mo­ mento . estranho a mim mesma.coisas insignificantes que tinha que fazer. você se sente impe­ dida pela situação que criou ao agir como o fez.. Era apenas uma ob­ sessão de m e. de certo modo.'.. 303: H-hm.. quando penso nisto. mas. as coisas que eu imagino. 302: H-hm. por outro lado. C. no fundo. peio me­ nos. coisas exteriores a mim.. Sim (Pausa) No fundo.. Só que. é ourtoso.? C . Humrn. Você tem a impressão de que. necessidade de agra­ dar aos outros e a fazer as coisas que esperam de mim. por uma razão ou outra.. agradar aos outros — mas não era. JÊ isto. em certa medida. ela se dá conta de que sua família faz dela uma certa imagem e espera uma certa con­ duta de sua parte. Eu não fazia mais que. a cliente mostra perceber o fato de que se encontra... em mim mes­ m a.. 302: H-bm. de C304 e C305. mas. você se sente preparada para prosseguir e levar sua vida como pretende. parece-nos mais útil utilizarmos o resumo feito pelo terapeuta: T 306: Isto é. do que uma mudança com relação a . é o que preciso. quer dizer. não eram realmente a expres são de uma necessidade pessoal. o seu eu atual é talvez o vque sempre fo i. por um lado. sim. regras e exigências. Que tudo isto fazia parte de um único e mesmo fim: ser amável e aceita.. Mais precisamente.. — ou. a exigências externas.. E u fiquei de tal modo envolvida pelos dese­ jos e caprichos de todo o mundo que eu m e sinto realmente.. 301: Percebo. você deixou de se inquietar com toda espécie de exigências estranhas às suas necessidades pessoais realmente sentidas. Por causa da linguagem hesitante e tateante até a incoerência. C .. no momento alguma coisa me leva a dar menos importância a esta.. esta mudança (o fato de ter pas­ sado de tuna pontualidade excessiva para uma indiferença próxima da negligência) não seja talvez. externas... tão fundamental. No entanto. por isto prevê que sua nova conduta encon­ trará resistências. talvez. em C304 e C305.. .. obedecer a toda espécie d e ... 307: Penso que sim. presa num a rede. Sabe que não está em seu poder abolir esta imagem de um momento para outro. T ... sim.. eu não encontrei nada ainda para substituir estas normas exte­ riores... presa às conse­ qüências de sua conduta anterior. E este comportamento era. 171 .. será suficiente para operar a m udança social requerida. ele não manifesta reserva algum a. por exemplo. que. tam bém . Sabem os — a partir das teorias deste terapeuta (Rogers.. . isto é.. seria n e ­ reconhecer. b e m . Certamente. Vib formula e m C308. e. e d e . com 172 . quando ni estiver num novo em prego. . 310: Pensa que. T . .. não se preocuparia tanto. a intenção de tentá-lo. e m vea de ser o q u e . Algum a coisa deste tipo. eu pu­ desse dizer simplesmente “ não sei ainda” ou “O h . . talvez. toda espécie de coisas.. aliás. além disto.. desejam que eu seja. que n e m m esm o o de­ sejo. 311: Acredita que. £>enso que sim . parece-me que se tivesse a coragem d e ... se alguém m e perguntasse o que faria no próximo ano. isto m esm o...: suas esperanças. seria necessário que eu confessasse francamente a m im m esm a. que tivesse a coragem de dizer fran­ camente às pessoas q u e .. C . 311: H. se pudesse aceitar-me a m im m esm a. você não tem as que as pessoas parecem 1K> atribuir e que deveria.... N o entanto. como são.. e> que não quer continuar a alimentar suas esperanças. E . Além disto. simples. ... Parece-me que eu deveria ter a integrida. .| mente d e lhes dar a conhecer m eus limites.. o que lhe daria realmente u m sentimento de ho­ nestidade e de integridade fundamental.. simplesmente como sou e se pudesse encarar as coisas.. sou incapaz de realizar suas esperanças e que não tenho.. . . e m primeiro lugar que. sim . que lhe parece multo difícil livrar-se da rede d e . b em .< lhes que não é rehimtate a pessoa que pensam que é. C .. de u m a tal franqueza. real­ mente.. seria sentir-se capaz de mostrar. em vez de m e atormentar com a idéia de que constatam que fracasso nos exames e coisas semelhantes...T . fa­ que soubessem. 310: Sim . sem lhes dar im ­ portância demais e sem atormentar-me a propósito de tudo..E depois parece-me q u e .. não procura protegê-la das conseqüências. realmente. T e m confiança e m que a cliente se mostrará eapaz de efetuar as aprendizagens necessárias para ajustar suas intenções j às exigências e resistências d a "realidade” social. seguir m eu próprio cam inho. Você pensa que. . . E h . bem . . T. 307: Percebo.. reconhecer. se existisse em você u m a aceitação mais real e profunda d a . .. 308: H. que eu lamento m as que preciso. talvez funestas..i de ou a sinceridade d e mostrar às pessoas. terei provavelmente a um a colocação em qualquer lugar” . u m a das primeiras coisas que eu deveria fazer para m e libertar é .hm . para sair d a dificuldade. b e m .. . cessário aptidões zer com 308: H.hm . podem os admitir que o próprio Rogers experimen­ taria dúvidas quanto a utilidade de inform ar às pessoas sobre resoluções como as que a Srta... Você pensa que eles se acostum aram d e tal form a a contar com você p a r a .? C . neste caso) — que sua opinião é que a primeira parte do "program a” (m u dan ­ ça de atitudes) da cliente. . q u e .. . . terei que estar atenta para ser eu m esm a.. Seria necessário. T .. realidade tal com o é.hm .. . sempre pôde se sair bem com ajuda desta aparência enganosa. (Silêncio). 312: H. T . mas parecelhe que sempre teve apenas um verniz de maturidade....... Parece-me q u e.. Ê estranho. no fundo. Ela percebe.. se­ gundo as necessidades do momento. " ' Ç. verdadeira. Antes de poder se renovar. diz: C .. penso que. ela dá um duro golpe nesta fachada: C. ver como me comporto em realidade. talvez o que sempre tenho apresentado é uma fa­ chada de maturidade. penso em coisas que espero não dizer (ela ri). que.. 316: Percebo... Ainda que veja a urgência desta reorganização de sl mesma. apesar tle tudo..hm .. De fato. à medida que vou me dando comta de tudo isto. isto me ajudará a compreender melhor..... que a mudança de modo de vida que ela se propõe exigirá não somente um comportamento diferente mas também que a sua imagem — esta espécie de gula inconsciente do comportamento — deverá ser examinada e....h m . hoje. As ve­ zes.. T . eu me digo. repug­ na-lhe empreendê-la. As­ sim. 314: Enfim é isto... lembro-me evidentemente das coisas que discutimos e reflito sobre elas entre as entrevistas.a opinião dos outros. sabe. plenamente consciente de sua experiência imediata... alguma coisa que posso adotar e retirar. não tenho nada para dizer.. quando chegava aqui. realmente... Se posso inicialmente ter nm» imagem m ais. terei que reformular a imagem que apresentei por toda parte. T 317: Acontece sempre a mesma coisa. 312: Sim. parece que. m as.. 317: H . Você não se sente muito orgulhosa. (Silêncio) Penso que. isto é .. talvez. Você não imagina abso­ lutamente sobre o que poderia falar... chegarei a mo enfrerftar melhor (silêncio)... de súbito. sob o qual ha­ via somente imaturidade... eu me perguntava de que iria falar.. de inicio confusamente.. mais realista de mim mesma e ver. será preciso fazer bre­ chas profundas na fachada atrás da qual ela se protegeu até agora. C . modificada: C... que vejo mais claro em tmim m esm a.. Não é multo lisonjeiro. 318: Mas. 319: Dir-se-ia. C.. parece-me que nunca me com­ portei realmente como adulto.. sim ... cada vez que venho. e assim poderei me render à evidência mais facilmente.. estas coisas lhe ocorrem no tempo e na m edida. realmente... não me faltem coi­ sas para dizer... Então sinto 173 ... ntnas que. bem. Surpresa pelo rumo que toma seu pensamento quando se abandona à segurança da situação. (Silêncio).. e aceitar o que acontece ou o que aconteceu. 318: (ida ri) Mas.. O choque desta confissão parece tomá-la. 322: (Silêncio) Penso que sim.. .. geralmente.. ordenado ou mais orientado quando estou aqui.. em m eu quarto.... ela logo fecha este parêntesi e retoma à sua imaturidade. que m e poupava ter que agir rr almente como adulta..... .... a próxima etapa poderia se' mais penosa... mas.. 320: Não é algo que você poderia enfrentar quando completa­ mente só. não a tinha. s ó ...hm ... 324: (Ela ri) .. elas vão saindo. estive em Situa­ ções que exigiam m aturidade. o h ... e . 174 . 'E u . ri) revelar aq u i..... isto é ... . 320: H.... 319: Durante os intervalos você pensa.. b e m . formu­ lando-o sob forma de alternativa: T .por exemplo. m as. O terapeuta procura precisar este esboço de pensamento. poderia se r. nas coisas que acredita que seria melhor n ã o . Isto mesmo! Pois.. T ... bum ..... ter.hm . quero dizer... em rea­ lidade.. eh. 323: (Concluindo o pensamento da cliente). e sem proteção. provavelmente m e protegia.. que tende a manter o statu quo e as forças de crescimento que tendem a superá-lo. A luta entre as forças de inércia. penso que jamais admitia para mira mesma.. de u m certo m o d o ... realmente. adaptar-me a certas situações que exigem üm a Certa matu­ ridade. ser plenamente adulto e com­ pletamente independente poderia significar q u e . agora. Que­ ro dizer. penso então que o caminho de volta.... enfim. será mais difícil.. M as. 324: H... Você se encontraria. C . do que eu pensava. Mas. Isto é .i i vezes... isto m e s m o .. quer dizer.. hum.. não se prepara.. .. (a Srta.... de fo ra.. sinto que meu pensa­ mento é . isto é. m e pergunto se tenho esta difi­ culdade po rq ue. . S erá .. isto eu já tive que fazer. exposta. a aquisição desta maturidade.. apesar de tudo. que não se tem nenhu­ m a proteção ou refúgio no momento d e .. T . T ..... de u m modo q u e .. S im . obtém-se la apro­ vação das pessoas sem .... pensando nela sozinha... (Silêncio). algumas vezes me preparo antes e procuro prever. toda esta história de im aturidade.... m e n o s... perigo e contratempo.. por exemplo. ... para estas entrevistas. se manifesta na seguinte passagem: C .. 322: Não sei se apreendi muito bem : você se pergunta se seria mais difícil ser realmente adulta do que agir como se o fosse. £ isto? C .. C . não sei n em mesm o como dizer... sempre as enfrentei até o momen­ to .. e eu. pensei que se sempre agi como se tivesse maturidade quando. u m pouco.. Enfim . V . 323: Sim . T . M a s . menos fácil. no que foi dis­ cutido aqui e m esm o . você obtém todas as vantagens sem ter que correr os riscos. parece-me que quando se age como adulto..... m as n u n ca ... E se e u . isto é. .^por ou­ tro lado. (Silêncio). Isto. que se pôr um lado. parece-me que se vou adiante eponho realmente mão á obra q u e .iente atingido em um lapso de tempo tão reduzido.. sua tentati­ va da emancipação. C. o modo pelo qual passaria meu d ia . Por isto. quase saborosa. atento.. não é surpreendente que a oitava entrevista (um a semana apòs a precedente). não estou ainda no ponto em q u e... toma-se no entanto. o de­ senvolvimento de seu pensamento é vacilante.... novaa satisfações.. o moral da cliente conserva uma orientação construtiva.. 328: (Ela ri).. Nos poucos minutos restantes faz-se a revisão dos meios de con­ verter estas resoluções em ações... penso q u e... bem.. sabe.Reorganização ACEITAÇÃO P E R C EP Ç Ã O AVALIAÇAO ESBOÇO D E D E SI D E PROGRESSO P O SITIV A D E SI P R O JE TO S A quantidade e a significação do material produzido ao decorrer das três últimas entrevistas não precisa de comentários.. Prevê que o sentimento de se sentt* ’senho­ ra de sua vida poderia ser uma fonte de satisfação profunda e conclui oom uma paráfrase. no ponto em que estou. 326: £ ótimo pensar nisto: o que seria “sentir-se viver sua pró­ pria vida” ... puramente mecânico com o... não sei absolutamente como começar. sinto que sei. nm» suas intenções di­ zendo-se. não tenho a impressão de que chegaria a alguma coisa agindo assim por mi­ galhas e pedaços. havia novos obstáculos. não sei com o. eu conseguiria provavelmente. Mas. não sei qual seria o primeiro passo a dar. No entanto. quanto m»i« e u . penso que sim. marque o começo da fase de reorganização... e se sua ati­ tude para consigo mesma permanece critica. Mas persiste... da noção de “atualização de si”: C . graças à atitude sempre igualmente positiva e acolhedora do tera­ peuta.. Mas. 4 . eu. hora por hora.. Nesta ocasião.. tais como uma atitude mais posi- . Certos elemen­ tos precursores desta reorganização.Ela reconhecej)s inJohtòrfflefites que poderia trazer-lhe. Dimensões im­ portantes do “eu" foram exploradas e avaliadas a um nivel de profun­ didade rarar. francamente.. isto seria algo. oh. haverja.. T . no entanto.. 326: seria ótimo o sentir viver sua própria vida. E u . mas. como sempre que se trata de enfrentar uma nova etapa no caminho da autonomia — veri­ fica-se um aumento da ansiedade e a dúvida em si própria reaparece. como organizar um programa para o d ia .. me­ nos negativa. . . 335: Tenho refletido em certas coisas desde a última vez. e que sei muito bem que preciso fazer.. Receio não conseguir notas (de provas) altas.... e pa­ rece-me que chegou o momento de começar a pensar em algo d e .i é a impressão que eu tenho (a de passar). enfim. sen­ timento. não sei se é bom ter m e libertado deste. Desde as primeiras palavras se anuncia um a mudança de atitude: G . G .. e suge­ re que a cliente tem um a visão realista de sua situação. N o entanto. retomando as palavras da cliente.. o caráter construtivo. enfim não compreendo porque sou capaz de fazer planos e de executar ran monte de coisas urgentes. Algum resultado. pois bem . de fazer alguma coisa.é... assim como o tom mais seguro e firme. predomina­ va a desorganização ou. contrastam claramente com o conteúdo e com a forma das en­ trevistas precedentes. tratava-se prin­ cipalmente da “demolição” de u m “eu” precário e falso. a tendência é de tal m odo positiva que o processo se encaminha naturalmente para o seu .. mas apesar disto tenho a sensação de q u e .... ela taz uir balanço dos pequenos progressos recentemente realizados — progressos bastante modestos e que fazem com que duvide que se trate realmente de progressos.. quero dizer. 337: N o momento est. Por exemplo. Ela conclui. 336: ( . Nas duas entrevistas que nos resta examinar. mais concreto. N o entanto.. Não sei se sou otimista. não tenho mais esta obsessão de que m eu trabalho deve ser melhor do que o dos outros. tenho o sentimento urgente de q u e .. ) E u . de otimismo e de ceticismo^ que marca estas palavras será notada durante toda a entrevista. decidido. preciso fazer dois relatórios. Até o último momento a cliente manifesta hesitações e dúvi­ das. não Como se estivesse procurando animar-se a si mesma. Não sei se tenho este sentimento porque vejo que não m e resta mais tempo (ela se refere a seus estudos) mas. é necessário passar à ação. demasiado otimista. chegar ao fim do semestre com alguma coi­ s a .. Isto não significa que o progresso segue em li­ nha reta. não acredito que* 176 . Sei que não obterei notas altas. no entanto. espero apesar de tudo. enfim. desta tensão que costumava experimentar m as. até aqui... parece-me q u e ... por isso. tiva com relação ao “eu" e a vontade de contoecê-lo pelo que já eram perceptíveis na entrevista precedente.... A mistura de esperança e de reservas. e que as perspectivas parecem relativamente favoráveis: G .... conseguirei passar.. quero d izer. das comunicações da cliente. fim. vejo que não m e sinto mais sob a pressão habitual. Pois o tem po. que no conjunto há um a ine­ gável melhora.. E u m e sin­ to pouco otimista nestes últimos tem pos.. ) m as. também. tenho a idéia de q u e . para agir tendo em Vista o futuro. S a­ be. 343: N o momento. você esteve aqui o tempo todo?” (Cliente e terapeuta riem ). M as era algo horrível. não se i. M as. u m pouco. . . não tenho mais este sentimento estranho que antes tinha. recomecei a ler. 338: E m vez de se retirar para seu quarto e de se atormentar com o passado.. voltei a freqüentar a biblioteca e lá estudo.. para dirigir seu trabalho e que havia evitado durante meses — mas que não se sen­ tia ainda em condições de retomar contato com o outro. de certa forma.. Vooê se torna capaz de olhar o passado sem se sen­ tir oprimida por sentimentos de remorsos sobre o que fez ou deixou de fazer. suponho. ( .. 342: Quer dizer que o mundo de seus pensamentos e o de sua existência começam a se fundir em u m único e mesm o m u n d o . na sua chegada à Universidade. fazer um a coisa ou outra. como de costume. não é de modo algum como antes. N o entanto.. . M as. C . já não experimenta mais aquele estado de conflito generalizado.. tenho que reconhecer que há já algum tempo não tenho mais esta estranha sen­ sação de viver n u m certo m undo e de existir em um outro.. sim. Não s e i. principalmente porque sente desejar reatar seus contatos com ete. Ela se admira desta atitude.. de coisas insignificantes. certos obstáculos. para ser capaz. E eles m e perguntam: “Corno. C 344: Sim . Por exemplo. .. ) Enfim . T .. ( . ... Ê assim . as coisas não estão ainda como deveriam estar. T . (R i).. Partindo. . que retomara o contato com u m dos dois professores que escolhera.seja isto.... Ela relata. T e n h o .. acho menos difícil sair e oh. esforçar-me m ais.. no conjunto. pôr outro lado. as coisas estão a ssim . ) Além disto ando de novo com as pessoas — com os outros estudantes.. realizar tudo o que gostaria. julga que seus progressos são animadores. T . Acredito que m e tornei mais sociável. para chegar 177 . sinto-me ain­ da às vezes dominada por idéias negras. Real­ mente. isto é: há m enos refe­ rências críticas e outras alusões negativas com relação ao “eu” C .... tenho. . É isto? C . 342: ( . enfim.-que m e im pedem d e . 343: Percebo.. preciso a in d a . apesar destes caprichos e deficiências. e que. você se surpreende ao ver-se sair e fazer alguma coisa relacionada ao presente.. é isto m esm o. e em vez de m e fechar em m eu quarto toda a tarde remoendo meus erros e minhas omissões passadas eu . apesar de tu­ d o . A diminuição desta ruptura entre o sentimento e o pensamento é acompanhada de um a aceitação crescente de si. em seguida. 339: T e n h o . não somente de pensar nas coisas passadas m as também pari prosseguir e fazer.. M as. quando desço ao fundo das coisas. Sinto ainda que há certos... E u . (Esta to­ m ada de consciência da urgência de sua situação não é acompanhada! no entanto de u m sentimento de angústia. 178 . com as pessoas que eu m esm a escolhi. Quero d l. ao contrário.. acontecerá. . no entanto. ora. M inha bolsa expirou e não te­ nho mais o dinheiro necessário para continuar m eus estudos -*. a cliente se empenha. Ela tenta. exagerar coisa alguma: C .. entre outras coisas. Refleti no que m e espera. Ela chega. 349: M a s ... E m seguida ela passa a questões m ais práticas: C . penso que não encarei ainda com deci­ são a realidade que terei que enfrentar. .. 330: M as. Não sei s e . u m a expressão de "perfeita indife^j rença". Ela se observa com n m olhar crítico. ) Com eço a conviver com as pessoas que gosto de frefãenfsr» quero dizer. fazer u m a avaliação das vantagens que u m ano suplemenr tar na Universidade poderia lhe trazer. m as. Isto a leva a examinar suas ati­ tudes com relação ao trabalho intelectual acadêmico. e não simplrsnm te cem as que m e escolheram. e eu m e contentarei em terminar o semestre e então verei. ) M as n io perse que se trata de passos de gigante! O que parece prometedor é que ela não se deixa enganar pelas m u danças positivas que constata n a sua conduta. de fato. T 340: Você procurou ter n m i atitude crítica para com sua con­ duta a fim de ver se se tratava de m n a evasão. evitando o grupo de estudantes com o qual havia desperdiçado tanto tem po.] á conclusão de que. ctgo a m im m esm a que. nunca considerou seus estudos seriamente*« que simplesmente havia " representado ”. tem a impressão de que desta vez se trata de algo realmente positivo. agora em fazer u m a lon­ ga consideração sobre o futuro que tem pela frente. não te­ nha realizado nada.a co isa s importantes — conforme o tipo de progressão que observamos do decorrer destas entrevistas — ela acaba falando nos progressos que obteve no campo social — o cam po m ais temido e mais difícil. no entanto. ser. (no começo do ano). Descreve a diferença entre seu comportamento atual e a tendência que tinha antes em se conformar com os desejos e caprichos dos demais. C . e conclui: C .) E às vezes. m as. Muito ao contrário. . a u m a tendência ao isolamento. o que tiver que acontecer. penso que progrido.. pelo menos. estava ceden­ do. a cliente é capaz de encarar a situação oom calm a. outra vez. eu não tenha feito nada a. creio que sou since­ ra quando penso que não estou voltando a m e fechar em m im mesm a* mas sfan procurando afirmar meus sentimentos e m eus interesses reais. o tempo todo. 347: ( . Ela não quer. 348 ( .nda. inicialmente procurei ver se. Esta caima não é. assim. com o se pode constatar pela sua conclusão. receio q u e . quando terminar o se­ mestre Receio que. . 364: (Ela ri).... o que experimenta. 362: Medo. 363: H. convicção que sente nascer em você mrama que — realmente — isto é algo que ninguém pode lhe dar... quero dizer que. parece-me que m e sinto como liberta. 361: Medo? C .. talvez. G . sim. 358: H-hm. de certo m odo (silêncio). seguida de u m longo silêncio). ... 365: “Com o.. do que isto lhe d á . E agora. T . suscita u m novo impulso para au­ tonomia — com um a afirmação implícita de capacidade: G . 358: Parece-lhe que.hm (aquiescência. T .. Realmente não sei..... C ... 361: (Silêncio). T .. estou num a posição vulnerável.. V o c ê . que ao m esm o tempo. (silêncio).. m e aconteceu quase sem que eu m e desse conta. mas. 364: Quase algo estranho a você m esm a.. E também parece-me que sou m u ito . 362: M e d o .. . eu m e pergunto se é isto realmente que fiz durante todos estes anos (rindo).. C . 363: V o c ê ... b e m . (silêncio) Isto m e aconteceu. 15 c o m o .. T . T . Ela procura acentuar o caráter empático da resposta. quer dizer que o que acaba de contar lhe dá m e d o . estou completamente surpresa. Isto é .. m e d o ... a torto e a direito. não se i... você se contentou em recolher u m pouco. gostaria de dizer alguma coisa mais sobre.. C . 12 curioso.. fui eu que disse isto?99 O ) (1) Este tipo de resposta formulada na primeira pessoa nâo é raro entra os terapeutas rogarianos... e u . 179 .. co m o . começo a perceber claramente que não posso contar com nenhuma outra pessoa para m e dar m na formação. T . sim. experimento todos os sinais do medo. 359: £ por isto que digo a m im m e sm a.. m n a sensação de m e d o ... 359: Esta é mna. ... a lg o . que eu deixei escapar. O trecho seguinte é interessante porque oferece dados verbais (coi­ sa bastante rara) sobre as reações fisiológicas que acompanham certas fases da interação — e que atualmente são objeto de pesquisas pelo gru­ po rogeriano. E u .C .. 365: M as.. T .. nem fairr por você... que tenho que adquiri-la com meus pró­ prios esforços... em vez de adquirir um a verdadeira formação Esta tomada de consciência da falta de maturidade de seu com­ portamento para com seu trabalho. m a s . h u m . reunir migalha« de conhecimento sem me dar ao trabalho de adquirir um a verdadeira formação... — e acredito — que isto depende inteiramente de m im m e sm a . neste exato momento.... e c o m o ..hm s im ...h m . medo? C .. c o m o .. 367: H. Quero dizer. N o entanto. em particular dos discípulos de R ank e de Jung. a que experimento agora.t..... é u m a impressão d e . analisar experiências deste tipo.... reorganização que se abre ante ela e sua confiança de alcançar seus fins: i C . com o que privada de todo apo io ... 370: S i m . 180 .. a impressão de um impulso para a frente. abandonada. pelo fato de que a verbalização de experiências de certo m odo viscerais é particularmente difícil. 366* Realmente^ e u . em praticamente todas as situações de que m inh a vida se compõe» terei que m e conduzir de u m novo m o d o . ela exprime u m a vez mais.... como um a espécie de temor. "organísmico"... E u sei de tudo que terá que ser m u d a d o .. não deixam de excitar a imaginação da melhor parte dos terapeu­ tas. m as as coisas que você diz lhe inspiram.. Com o conclusão. for­ ça e. acredito que jamais tíve este* tipo de sen... de u m apoio que nunca m e faltara.. 366: Será u m pouco como se o fáto de dizer. serve somente para desviar o processo de seu curso próprio.. sua intenção de se lançar ao caminho da. M a s . de fato muito pouco comuns.. tenho realmente a im ­ pressão de que digo coisas q u e . fo r a .... neste m o ­ mento mesm o sinto como que u m impulso interior. b e m .. de ja to . ou.. C ... T . ainda que implicitamente. como que um a es­ pécie d e .. E não nega o interesse teórico.. pelo menos... um a espécie d e . privada. ao mesmo tempo u m sentimento d e .. especulativo. ele acredita ser útil esboçar u m ges­ to especial — u m a pergunta (T363) a fim de facilitar sua ex­ pressão. esta explo­ ração é empreendida pelo cliente. nò entanto. 367: Estas palavras.. no en­ tanto.. 367: H .. de medo... e ao m esm o tempo algo que lhe dá a impressão de estar.. com o se fosse algo poderoso e forte. agora eu saiba fazê-lo u m pouco melhor.... O tera­ peuta rogeriano não exclui a profunda significação de tais testemunhos. M a s ele julga que qualquer iniciativa com o fim de . T . que vêm de m im mesma. tenho a impressão. Assim. não sei.. Parece-me que. ou an­ tes..G ... é algo profundo e forte . Depois de u m silêncio e percebendo que o horário está chegando ao fim. tinha a sensação quase física de estar.. a cliente abandona suas reflexões sobre o aspecto fisiológico de sua experiência. as coisas de que falamos lhe davam u m sentimento de força... . no com eço... E . de sua exploração.. talvez que. sação...... é como u m sentimento d e . M a s não atribui valor tera­ pêutico algum a tais explorações — exceto quando. . mas. T. você p en sa que teria que enfrentar esta questão em qualquer outro momento. C . refleti muito sobre.. realmente seu. eles não são todos desprezíveis. E vejo. T . . alguns eram muito importantes. T . deveria poder fazê-lo em outros. mas. e assim por diante.. 373: Hoje sinto-me melhor do que me senti desde que comecei a ___ vir aqui. no conjunto.Durante a semana que separa esta entrevista da nona e última. Enfim.375: Seu sucesso neste empreendimento incita-a a aplicar o mes­ m o método a outros problemas. entrevejo um certo número de campos o u . de vez em quando.. C . (ela põe o terapeuta a par das diversas coisas que decidiu neste meio tempo).. b e m . mas de um a abordagem defei­ tuosa dos problemas da vida cotidiana: . penso que m e dei­ xei absorver por um a. começo a ver q u e . . por u m lado. cedo ou tarde. que me ocupar desta.. se tivesse passado o tempo todo traba­ lhando e se tivesse atingido todos os meus objetivos acadêmicos. Você de certo modo. 376: Sim . bem. 373: Percebo.. base falsa. você não pode deixar de se la­ mentar por não ter realizado mais. per outro lado. Mas... se tivesse con­ tinuado este ano ainda. 374: Creio que sim.. sinto nascer em m im um interesse real pelo meu trabalho (ela conta que re­ centemente teve muita satisfàção inventando um método especial para conseguir terminar iim trabalho do curso) . por exemplo. 376: D e modo que. você acha que transformou um trabalho enfadonho em al^o verdadeiramente atraente. seus problemas financei­ ros.. conclu­ são que se aplica. espécie de expli­ cação comigo mesma. .. seus estudos.. 374: Isto é. provavelmente a maior parte dos conflitos emocionais: que suas dificuldades e sua falta de satisfação são provenientes não de defeitos e de privações extraordinárias. suponho que eu lamentarei não ter feito. E h. nesta espécie d e . para executar esta tarefa. elaborou um plano de ação com relação a sua situação atual. C .. O h . Com tom deci­ dido da pessoa que liqüida um assunto.. Continuando suas reflexões sobre o tema. provavelmente. digo a m im mesma qu e. por outro lado. série de pequenos problemas. ao inventar um método novo. a cliente parece ter refletido muito de modo construtivo. isto m e dá uma certa confiança. mas começo a per- 181 . T .. 379: . ela começa imediatamente a re­ latar os progressos que julga ter realizado: C .. Não sei se tudo está perfeitamente bem. Parece-me que se posso fazer isto em u m determina. ela chega a uma. 375: Sim .. O que se segue revela o quanto ela está convencida do fato de que a origem de sèus problemas se situava em si mesma: C . teria assim mesmo. terei sentimentos de. u m uso melhor deste ano. do campo.. m e priva de meus bens. D o problema imediato de sua vida na Universidade. ela parte para u m outro problema capital. eu m esm a. m as reconheço que cada coisa deverá vir a seu tempo. o ca­ samento: C . Após u m silêncio.. oh. e aceitar o afeto que m inha família m e dedica. 11 bastante interes­ sante. e q u e . Observe-se o caráter positivo e apreciativo da atitude para consi­ go mesm a.. Suponho que m eu modo tinha alguma coisa d e . É u m a pessoa.. m as q u e . m as.. parece-me que. Prevê as armadilhas e dificuldades que a esperam neste terreno. antes. B em . penso que posso acreditar que sou. parece-me que preciso. reconhecer. um a situação de conjunto... oh. capaz de agir. E u não quero m e deixar envolver num afeto que m e tira m inha independência e .. — de fazer certas coisas de ser bem sucedida. talvez. em cada momento.. E assim os problemas se encadeavam . T .. sim. Á cliente com p..rendeu o papel central que tem tanto nos seus su­ cessos como nos seus fracassos: C . 381: Isto mesmo. não tenho (mais esta impressão de que não sou capaz de nada.. como todo o m undo.. 390: Penso que isto dependerá muito da atitude que eu m esm * adotarei com relação a eles... m enos simpáticos e p e n so .. m inha ima­ ginação criasse asas. ) A questão do casamento que durante tanto tempo me pareceu tão crucial não m e atormenta mais. que resultavam precisamente do modo pelo qual. assim como a tolerância para com seus limites que se evi­ denciam nas palavras seguintes: C ...ceber que. eu os enfrenta­ v a ... se promete manter-se firme: G .. não m e deixo mais deslumbrar pela única Idéia do casa- 182 . desesperado... .. fosse eu.. m inha maneira geral de reagir ante. 388: Calculo q u e . T . quero di­ zer. tem qualidades suficientes para q u e . ... não como o fazia antes. ou que lhe faltava sensibilidade. certamente. enfim. u m estudante que vejo freqüentemente e que.. ela passa ao de suas relações com seus pais. agora sou capaz de reconhecer que ele tem tam bém aspectos. há no curso. que preciso. devo ser u m pouco mais obje­ tiva e m enos ligada a ela. 381: Que não pode fazer mais do que é possível fazer.. enfim.... temo que eles. Quero dizer.. Caberá a m im determinar o caráter desta relação. Parece-me que posso. Por exemplo.. 395: ( . 388: Você {não quer se deixar sufocar pelo seu afeto... neste tipo de relações. parece ter u m a inclinação por m im . . é isto.. 397: Sim . e .. ela 183 . 396: Percebo. no momento.. tnas (sem que tivesse u m significado real. agora. acredito que não sinto mais realmente esta necessidade de ter um a família.. T ... se for preci­ so. m e aterrorizava. A idéia de ter que lutar sozinha até. B em . isto é. Durante muito tempo parece-me que o que eu pro­ curei fo i. Você reconhece que este sentimento pode ser pas­ sageiro mas... deixou de afetar meus pontos de vista sobre este assunto. (Faz alusão a C359. 298: Sim .. estou m e tomando capaz de ver tanto os defeitos quanto as qualidades. em todo o caso. é curioso. o casamento m e pareça algo de­ sejável — mas penso que a idéia d e . N o que se refere a estas coisas. não m e preocu­ po tanto com ele... alguém que m e protegesse. oh.. que sou eu m esm a que tenho que m e dar. pelo menos no momento. Aliás. eu havia pensado muitas vezes nela.. u m apoio. mas. era esta questão d e . Não sei. não m e sinto mais obcecada por este sentimento de que é preciso ser casada a qualquer preço.. este alívio poderia ser temporário mas. T . há ainda um a quantidade de coisas que fazem q u e . Não vejo realmente o que poderia mudar m i­ nha atitude atual. 398: Não havia nada de muito novo nesta constatação. 397: H-hm . não lhe parece mais tão imperativo ca­ sar-se e sentir-se protegida. G .. 35... Você não tem (mais esta impressão de que sua exis­ tência depende da realização de u m só e único fim . não tenho um a idéia muito clara do que será meu futuro..... 40 anos e m a is.. Sei q u e . N o fcnomento... de qualquer forma.. acredito.) Parece-me que estava ai um a descoberta realmente. parece-me que sou capaz de encarar mais de um a maneira de viver minha v id a .. N ão vejo mais as coisas como se houvesse apenas u m caminho p a r a . 396: Penso que sim.. as palavras que precediam imediatamente seu comentário sobre suas sensações fisiológicas. não ve­ jo.... A necessidade de segurança que a impelia para o casamento. em todo o caso. você se sente m a » capaz. mas se tom a capaz de entrever outros fins.. Parece-me que começo a ver q u e . não poder contar com os outros para m e dar um a formação. de organizar minha vida por m im mesm a. ■ ■ T ... Isto é. sinto-me mais capaz d e . e tudo o m a is.. G . oh. como v o u . 395: Você avalia os prós e os contras em vez de se deixar levar pela idéia de q u e . m as desta vez ela tinha u m sentido e um a força que jamais tivera antes. oh. de u m m o d o . Evidentemente. relativa à possibilidade de ter um a família.. m as um a coisa em que refleti muito desde a m inha última vi­ sita. que m e surpreendeu — como u m a revelação... Você não nega que este fim continua tendo valor.... outras possibilidades. enfim. a feli­ cidade.. mas.. de seguir seu caminho sozinha. m as agora já não tenho este sentimento. poderia haver aí um a possibilidade de casamento É isto? G . T ....mento. bem é curioso. satisfatório.... .| m a . E m sum a. por u m lado. tipico da neu­ rose). parece-me que sinto c o m o . Vejo. 402: Você não tem mais aquela impressão de estar sendo coa­ gida por “forças inexoráveis”. O h . 399: ( . E m sum a.. sobre o bem e o m al... mais livre agora.' m as. . que eu saia daqui... o casamento. que. . Estas palavras oferecem u m exemplo tipico de u m aspecto multo importante do fenôm eno terapêutico.a encontra Igualmente nos motivos que a levaram a se entregar aos estudos. 402: Exatam ente. eu o desejava e. aparentemente in­ substituível e imperativa. da última palavra sobre tudo — pelo m enos na sua especialidade. num a certa ordem de idéias ou de acontecim entos. q u e . que­ ro dizer. reconheço agora que es­ ta. nunca submetidas a exam e. O terapeuta sublinha seu sentimento de libertação: T . possível. . ) Acredito que devia ter a idéia de q u e . o que importa é que comece enfim . E m vez de fixar o olhar em u m a única coisa.. En. se eu o obtiver. não o desejava (o movimento a flavor e contra à m esm a coisa... de m o ­ do que se pode ir a toda parte m u n id o ... m as penso que.. m esm o se eu não obtiver este diploma. 401: E m outras palavras. se desejava guiar por idéias feitas. isto é. a aprender algo e. . co m u m di­ plom a de doutor então se é u m verdadeiro poço de conhecimentos. a cliente. eu desejava o douto­ rado. C .. have­ rá ainda muita coisa a fazer. . C ... todos os caminhos para o futuro.. sobre o que "se faz” e o que "não se faz". Enquanto que antes.. resistia tam bém a esta Idéia. ) . "plenitude” com que sonhava não se adquire com a instrução.. eu temia que ele tme afastasse de certas. o que importa agora. . . as classes. 184. ele era como que u m sinônimo de um a certa perfeição — mas por outro lado. assim com o toda a pessoa neurótica. N ão sei realmente com o pude acreditar u m instante sequer que u m doutorado poderia m e m u d a r . não estarão fechados para m im e que. ela se torna capaz de distinguir eis alternativas e de apreciar suas respectivas vantagens.ao m esm o tempo. não é mais a posse de u m diplo. — ela começa a ver posições intermediá­ rias. O terapeuta destaca esta m udança de atitude: T . . Isto m e libertou desta espécie de obsessão que eu experimentava antes. u m a etapa. você passou a considerar estas ques­ tões de doutorado e tudo o mais c o m o . as raças.. inerente ao doutorado. d e outras coisas de que gostava D e m odo que. que não é realm ente. ou seja. com u m sentimento de harm onia sobre certas questões ( . exteriores. verificação ou crítica — idéias sobre os diplomas. etc. afinal. .. não mais como um objetivo final e exclusivo.. ela adquire "o sen­ tido do possível’'. . fim . B e m . Parece-me que isto m e dá u m a perspectiva m e­ lhor. ao m esm o tempo.. a passagem da rigidez per­ ceptual à flexibilidade perceptual. de aceitar o fato de que não sou um exemplo de perfeição em tudo o que faço.. você poderia enganar-se... 414: Parece-me.... 408: Você quer dizer que intelectualmente você sempre admitiu ser capaz de cometer erros. Eu.. 413: Voos não está completamente segura. mais normal agora. mas agora você realmente o aceita. a saber. 403: Não (ri).. mas também cer­ tas atitudes para consigo mesma. eu gostava de acreditar que tinha razão E assim m e envolvia nu­ m a coisa ou outra e continuava até que a situação se tornasse intolerável. Não sei. pode­ ria ter evitado um pouco desta agonia. eu não gostaria.. Quando o terapeuta lembra que a hora acabou. isto é. 413: E u estava. agora sinto-me capaz de me reconciliar com a idéia. avaliando os progressos realizados.. Isto é. T . apesar disto. O que se segue dificilmente seria superado como exemplo de um dos aspectos da mudança terapêu­ tica tal como é aqui entendida. Não era divertido aquele sentimento. Mas. em todo o caso... £ isto? C .. h n m .. Enfim... evidentemente eu sempre soube que. é minha impressão.C . apesar disto.. Vib expri­ me sua intenção de terminar o processo: C . mas tem a impres­ são de que a partir deste momento.. poderia dirigir sozinha seu destino. 404: Garanto-lhe que não. G . assim me parece— por exemplo. a substituição de generalizações vagas por constatações de fato: C . parece-me que. Bem . £ isto1? C . E não sei se isto significa um passo em direção de uma certa maturidade. T . me foram tão úteis q u e . sei que estou ktnge de haver atingido um estado de perfeita maturidade. sei que ainda resta multo a fazer. mas. a Srta. em certas questões ou ações. em vez de resistir a esta Idéia eu simplesmente m e rendo à evidência. não gostaria de ter a impressão de que as estou terminando pre­ 185 . Pensa que é capaz de reconhecer que. não sei. mudaram.. quero dizer.. pelo menos. há ainda muitas coisas menores para corrigir f . às vezes. talvez.. 409: £ o que m e parece.Paz um retrospecto. 408: Não sei como dizer.. não somente seu comportamento. mas m e pergunto se não teria chegado ao ponto em que poderia continuar sozinha. ao mesmo tempo que reconhece que está longe de ter se livrado de todos os seus problemas. se tivesse feito uma terapia mais cedo. Era realmente algo terrível.. me enganava. por m im mesma. não sei. era uma experiência terrível. m e sirto m ais. Nota que... mas sinto-me menos infeliz com relação ao passado e também menos assustada com que o futuro poderá m e reservar. penso que. T .... 403: H-hm. estas entrevistas m e fizeram tão b e m . . O conflito causado pela consciência crescente da falta de "substân­ cia" pessoal e a realização.. mas não são reconhecidos pela Interessada. Algunstraços fundamentais de sua personalidade se revelam já nestas primei­ ras sondagens. de avaliação e de reorganização — que constituem o movimento sucessivamente descendente e ascendente que é a terapia D o ponto de vista do conteúdo. temporariamente. e no entanto. de análise. num a tentativa de exploração de si mesma. nem mesmo de identificar. mais que u m esboço. resumido. Após ter se analisado durante duas sessões. . isto é. Ela o considera como u m fenômeno isolado do resto de sua vida. em conseqüência da natureza mesma da experiência. U m a ima­ gem consciente do " e u " começa a emergir. E isto. no fundo deste vazio realiza-se um a tomada de cons* 1HT. mesmo os casos que se estendem durante anos per­ manecem incompletos. O pro­ blema parece complicar-se. desde a segunda entrevista. pois abrange as diferentes fases — de des­ crição. Durante sua primeira entrevista. o caso pode ser considerado como completo. . D o ponto de vista do processo. do desenvolvimento terapêutico tal como se observa num a estrutura "nãodiretiva” ou cnitrtnl*. da forma. evidentemente. a cliente descobre que sempre se comportou de u m modo que a alienava de suas necessidades e desejos pessoais — necessidades que exigiam satisfação mas que ela não era capaz nem de expressar. Contudo. também crescente. Estimulada por seu primeiro contato.maturamente. que m uda e se diferencia com as mudanças de atitude d o indivíduo. isto é. cliente e terapeuta despedem-se u m do outro. £ um a Imagem marcada de contradições e de um a duplicidade bem Intencionada. Conclusão O caso que acabamos de analisar oferece u m exemplo. da urgência da necesslda* d e d e adquiri-la — unida ao sentimento de ignorância quanto ao modo de consegui-la — mergulham o processo. ela se lança. deste ponto de vista. n u m vazio. da amplitude da experiência exa­ minada não representa. A atividade da cliente se resume em expressões de perplexidade e de inca­ pacidade. m as fatal. Mas. parece-me que cheguei ao ponto em que m e sinto apta a prosseguir. a cliente descreve seu comporta­ mento dos últimos meses como sendo totalmente diferente do que sem­ pre havia sido. O terapeuta expressa seu aoardo csom a decisão da cliente e após ter marcado uma consulta para o caso em que ela reconsiderasse sua opinião (o que não aconteceu). de modo por assim dizer. Prevê as dificuldades que a esperam e as resistências que sua família oporá k sua mudança de atitude. Esta admissão pressupõe uma diminuição muito real do nível de angústia. reformulado. numa falta de autonomia. Descobre então. assistimos a um pro­ cesso de reorganização multo Interessante — ainda que exteriormente seja extremamente modesto. ao examinar mais de perto sua explicação. tomam-se cada vez mais centrais. Apesar de seus rápidos progressos. pois. O quadro se ampliou e permite a entrada de novos dados. preocupandose com situações concretas imediatas que aborda a partir de um an­ gulo prático. por isto. Não faz Intervir abstrações ou princípios.ciência crucial: a cliente corftpreende que o episódio que ela acaba de atravessar não representa tanto uma ruptura com o seu passado. Tendo sido identificada a natureza do problema e avaliados os ele­ mentos. A fase final consiste principalmente em delimitar seus pontos de vista relativos a uma abordagem mais adequada das tarefas e problemas comuns da vida. no abalo afetivo e moral cau­ sado pela destruição de seus planos de casamento e de maternidade. decisivo. que conduzem a uma Imagem tnain diferencia­ da e. que vinham se manifestando desde o co­ meço da fase analítica. A cliente chega assim a fazer uma demonstração de forma qua­ se magistral de sua capacidade de frustrar suas próprias “intrigas psicodinarnicas”. em suma. Durante um momento a Srta. . Vib acredita reconhecer a causa pro­ funda de seu mal-estar dos últimos anos. uma redução sensível das defesas. mas se orien­ tam para questões fundamentais: “Quem sou eu. isto é. Procede como de ordinário. isto é. Reconhece que havia experimentado uma dor profunda. conforme as necessidades atuais da cliente. mais acessível & compreensão. a cliente tranlfast* uma atitude multo realista. A energia assim li­ berada é empregada numa exploração mais profunda e mais impiedosa do "eu” . ela se vê forçada a concluir que a ansiedade provocada por este acontecimento devia ter causas mais profundas. quanto a manifestação de algo que vinha se preparando lentamente. Elas não se exercem mais unicamente sobre comportamentos particulares. “Que espe­ ro da vida?”. de seu pro­ blema (que ela reconhece. No entanto. como não sendo recente) está numa falta radical de segurança interna. a cliente não tem objetivos impres­ sionantes nem arquiteta vastos planos destinados a governar o resto de sua vida. numa dependência generalizada das outras pessoas e na sua Incapacidade de ter em suas próprias mãos as rédeas de sua existência. “Que é que realmente importa?” . As funções de avaliação. que o elemento último. Com efeito. O proble­ ma encontra-se. “existencial”. realmente?”. agora. celibato. O resultado da terapia. Por que não eu? Deve haver outros caminhos além do casamento ou do doutorado” . etc. a profissão. o prousso ‘ermina. "outras pessoas têm seus contra­ tempos mas parecem superá-los. segundo a teoria rogeriana. Um pouco sob a pressão de circunstâncias externas (C355). tende a consolidá-los mais que a resolvê-los. não empregando normas e critérios alheios e gerais. Entre estes. não analisados. os diplomas. I Se posso me sair bem em algumas coisas.A última entrevista contém vários exemplos típicos de acontecimen­ tos que. por exemplo: “não há saída para mim a não ser a morte”. Este modo não se deixa guiar por enunciados absolutos. está o acontecimento crucial conheci­ do pelo nome de “mudança do centro de avaliação" (C399). tais como: "Tenho que casar-me”. que formula os problemas em termos de “tudo ou nada” e que. Ê a adoção de uma ati­ tude mais positiva para com o eu: “não me faltam realmente aptidões. constituem o cerne mesmo do fe­ nômeno terapêutico. Acredito ser isto o que procurava no casamento” . mais diferenciada. nada tem de um produto concluído. — e considerá-los como situados na atitude do indivíduo com re­ lação a estes objetos. mas por constatações particulares: “Verifico que sempre tive tendência a procurar refúgio em uma pessoa ou outra. vivida. mas consultando a experiência pessoal. como a própria cliente reconhece. absolutamente. o . Este novo modo consiste em abandonar a posição rígida. tal como o rogeriano o vS. mas principalmente por causa do andamento do fenômeno terapêutico. diferenciada. um estado de maturidade definitiva ou de adapt3ção perfeita. nem um "seguro-contra-problemas". deste modo. . é a instauração de um modo de funcionamento que tende a ava­ liar e a corrigir a percepção. £ a adoção de uma visão mais rica.. Os resultados não representam. os filhos. G a instauração de um novo modo de perceber. porque não em outras?” E m suma. Esta m u­ dança consiste em deixar de considerar os valores como Inerentes aos objetos — o casamento. à indicação pura e simples desta po­ sição sem dar a conhecer sua lógica. provavelmente. Nada é mais fácil do que indicar a posição do rogeriano a este respeito. Com efeito. * 189 .Capitulo VI A TRANSFERÊNCIA E O DIAGNÓSTICO O s motivos que nos incitam a incluir u m breve capítulo sobre a transferência e o diagnóstico são os mesmos que inspiraram Rogers a deles tratar na sua obra Terapia Centrada no Cliente. A abordagem rogerlana se aplica. porém. quando perguntas como estas: Como você trata o problema da transferência? Como o seu método considera o diagnóstico? A que tipos de casos a abordagem rogerlana se aplica? dão origem a respostas nítidas e claras tais como: Como problema. a todo o tipo de caso. mas distanciá-los ainda mais. parece-nos importante carac­ terizar a terapia rogerlana com relação a estas questões. arriscamo-nos não somente a não aproximar os pontos de vista. Consideramos o diagnóstico inútil. Considerando-se que as questões da transferência e do diagnóstico ocupam um lugar central na maior parte das concepções psicoterapêuticas e que todo terapeuta sinceramente interessado no progres­ so de sua especialidade deseja investigar a significação que têm estas questões em outras teorias que não a sua. a transferência não* se desenvolve nesta terapia. Se nos limitamos. a saber. o desejo e a esperança de favorecer a comunicação entre terapeutas de filiação teó­ rica diferente. ou afetuosa. nem com relação à prática desta terapia. e a fim de nos assegurarmos da presença de con­ dições de comunicação adequadas. Com efeito. Estas respostas servem para irritar ao interessado e afas­ tá-lo do intercâmbio de pontos de vistas. Especificamente: o processo pelo qual o paciente transfere ao analista sentimentos aplicáveis a outras pessoas. com seus pais (Complexo de Édipo). que não são baseadas na situação real. Vejamos se é possível atenuar o choque produzido por estas respos­ tas e evitar que a distância entre concepções terapêuticas divergentes aumente. há alguns anos. entende-se um a característica particu­ lar dos neuróticos. no passado. convencido de que a terapia rogeriana deve ser algo muito superficial. English em seu Dictionary of Psychological Item s Transferência: 1. mas. por exemplo. apresentando os argumentos sobre os quais estas respostas se apoiam. e é unicamente 190 . Completemos esta definição elementar com a que Freud apresen­ tou na Encyclopoedia Brittanica: Por transferência. 2. Para começar. Estes indivíduos manifestam com relação a seu médico reações de natureza. as questões da transferência e do diagnóstico não se cblocam nem com relação & teoria. no entanto-. Conslderando-se que a posição rogeriana relativa a estas ques­ tões permaneceu essencialmente inalterada desde o momento em que for­ mulada. a transferência coin­ cide com a força que se chama “sugestão”. comecemos pela apresentação de algu­ mas definições comumente aceitas. enquanto problemas. I -A transferência Tendo em vista a diversidade das maneiras pelas quais esta noção é atualmente definida. ou hostil. P Recordamos. O fenômeno da transferência for­ nece a prova do fato de que estes adultos não se libertaram da dependência característica da infância. o pacien­ te manifesta com relação ao analista. se é lygdm que considera questões tão fundamentais. são derivadas de re­ lações que estes' indivíduos mantiveram. citemos a definição sucinta de H . sentimentos de ódio que ele sen­ te com relação a seu pai. e sublinhemos que este capítulo não trata de elementos inerentes ao sistema terapêutico de Rogers. recorremos com liberdade à apresentação que Rogers fez do tema na obra acima citada. irresponsável e mesmo estú­ pido. Deslocamento do sentimento de um objeto para outro.o efeito sobre o Interlocutor de orientação divergente é geralmente de­ vastador. p. tanto do ponto de referência quanto fora deste. Isto é. se referem & maneira pela qvial o analista utiliza esta tendência. .aprendendo a utilizar esta força qiíe o medico se torna capaz de levar o paciente a superar suas resistências internas e se li­ bertar de suas repressões. As palavras seguintes. 30 • 191 . pode ser descrita como um » educação que incita o cliente a produzir derivações cada vez menos deformadas e isto até que o conflito fundamental dos instintos toma-se reconhecível. não como símbolo de alguma fgura significativa que pertença ao passado do Indivíduo. Constata-se pela observação clínica do praticante desta terapia e pelas gravações destes casos. o tratam anto psicanalitico age à maneira 'de unm educação do adulto e de um a correção da primeira educação recebida na sua infftncla. que manifestações intensas de sentimentos de transferência são raramente observadas. o sentimento positivo e caloroso que elo geralmente desenvolve para com o terapeuta durante o processo de ex- (1) FENICHEL. imediatamente vivida. Esta definição oferece um breve resumo da significação da trans­ ferência e dos objetivos perseguidos pelo analista ao utilizá-la. Nova Iorque. O analista reage às manifestações da transferência da mesma maneira pela qual reage a qualquer outra atitude do paciente: ele interpreta. e sua natureza parece justificada por esta situa­ ção. Norton. manifestações ligei­ ras de sentimentos deste tipo são encontradas na maioria dos casos. cf. Por isto. a perplexidade mes­ clada de decepção que é suscetível de experimentar no decorrer das pri­ meiras entrevistas quando constata que suas esperanças de ser guiado e aconselhado não se realizam. Ssgundo todas as indicações. m as que. ) A interpretação sistemática e constante. 1945. estes sentimentos são proporcionais à situação específica. (>> Vejamos agora como tudo isto se apresenta na perspectiva rogeriana. O. A maior parte dos clientes têm para com o terapeuta atitudes afetivas de intensidade moderada e de natureza realista. tomadas ao eminente Intérprete das teorias psicanalitlcas. portanto. estas atitudes são orientadas para o terapeuta como pessoa real e presente. ao campo da transferência. que não pertencem. Reconhece na atitude do paciente um derivativo dos impulsos inconscientes e se esforça em demons­ trá-lo ao paciente ( . Th» Psychoanalytical Theory of Naurotl*. . Como exemplos destes sentimentos citemos: a apreensão que o cliente costuma sentir ao primeiro contato com seu terapeuta. Otto Fenichel. provavelmente a grande maioria. a facilidade c o m que o cliente é capaz de estabelecer relações sociais o u profissionais durante sua terapia ou após o término desta — sem experimentar outros sentimentos que os que normalmente se ligam à realidade imediata destas relações. im ediata. A in d a que a m aiòr parte dos clientes manifeste tendê ícias e senti­ mentos de intensidade m o d era d a e de natureza realista. pode-se. a transferência c o m o algo que se relaciona com toda manifestação afètiva por parte d o cliente para co m o terapeuta. p o ­ de-se dizer que a terapia rogeriana faz intervir a transferência. de atitudeâ de transfe­ rência. pois. profundo e dependen­ te para com o terapeuta com o 'indivíduo.A atitude de transferência: sim. sentimentos de desejo e de a m o r eróticos. n o cliente. 1 . nas relações do indivíduo c o m cia. s e m toda a terapia. 1 9 2 dúvida algum a. de um a necessidade de dependência go m uito profundos. P o r q u e o tipo de ati­ tudes que acabam os de enum erar se manifesta. ou a de sentimentos de figuras importantes de sua infâ n­ hostilidade cuja intensidade vai que se poderia justificar pela situação real. além do Igualmente. em . experim entam e' manifestam com relação ao terapeuta. m as u m sentimento de since­ ro apreço pelo papel que lhe coube n a tarefa c o m u m e através do qual ç£Íou u m a situação que permitiria ao cliente aprender a resolver seus problemas por seus próprios esforços. Parece-nos que esta enum eração abrange toda a g a m a de sentimen­ tos que muitos clientes. com o expressão inten­ sa de tendências infantis que tem raízes n a experiência passada do indi­ víduo e que este projeta no terapeuta.1a gratidão com que termina sua te* rapiia — gratidão que corresponde a u m apego. pois. muitos dentre eles revelam a existência de atitudes consideravelmente mais intensas que as que acabam os de descrever. afirmar que o terapeuta rogeriano se depara c o m u m a situação que 6 d e qualquer outro terapeuta. indubitavel­ mente. Estas atitudes p o d e m tom ar a form a. c o m relação ao terapeu­ ta. ou a de u m ac o m p a n h a d a de tem or inspirado sentimentos em de ape­ sentimentos ex­ perimentados para c o m a autoridade e que tem sua origem.. D o ponto de vista d a presença. Se se definir.4p ploração e de avaliação de si m e s m o . então a transferência não se o b­ serva nesta abordagem . n o ponto de referência desta abor­ dagem. se a entendemos no sentido acim a definido. — relação de transferência: não. isto é. pode acontecer que o cliente experimente e expresse. Todavia. S. seria insensato querer evitá-la. . 193 . Quando esta tendência é positiva e moderada. somente um a minoria apresenta u m a relação vaJgamente comparável à descrita por Freud na passagem que acabamos àe citar. . /Entre os milhares de casos tratados por terapeutas com os quais m antém contatos pessoais e que praticam esta terapia. toma-se o agen­ te de influência do médico. de fato. tal relação de dependência conxpleta e persistente não se desen­ volvi em Uina terapia centrada no cliente. Esta relação pode ser de natureza positiva ou nega­ tiva e pode variar entre os extremos de u m amor apaixonado. 11) F R E U D . a relação entre terapeuta e cliente é dé um tipo completamente diferente. O contraste entre o testemunho de Freud e o de Rogers relativo ao desenvolvimento das atitudes de transferência é notável. a possi­ bilidade de um a terapia relativamente breve depende da possibilidade de um a terapia sem relação de transferência já que. E m sua mente o cliente não demora em substituir o desejo de ser curado por esta transferência. Na-maior parte dos casos. a dissolução da relação de transferência é u m proces­ so muito longo. (Se) toma uma forma hostil. Segundo Ro­ gers. Contudo. pois. Será. segundo todos os auto­ res psicanalíticos. Autobiography. pois.. ume análise sem transferência é um a impossibilidade <i). 1946. torna-se o instrumento primordial da obra da psicanálise no seu to d o . conveniente examinar se é possível a tera­ pia sem que tal relação se estabeleça. E m psicanálise estas atitudes ten­ dem a desenvolver-se no sentido de Unia relação cujo papel é de impor­ tância crucial no que se refere ao processo e aos resultados terapêuticos e que Freud descreve nestes termos: E m todos os casos de tratamento psicanalítico desen­ volve-se uma relação emocional intensa entre o paciente e o analista. p. inteiramente sensual. e de um a expressão veemente de amar­ ga desconfiança e ódio. pois.. London Hogarth Preta.Qual é. Com efeito. 75. a diferença da terapia rogeriana no que se refere a relação de transferência? Esta diferença está no desenvolvimento e na evolução que estas ati­ tudes manifestam durante o processo. paraliza a capacidade do paciente em se envolver num a relação e compromete os resultados do tra­ tamento. Como se explica a presença ou a ausência desta relação afetiva? Esta é um a questão extremamente importante. cf. 6: M a s . É tão. 3: Você quer dizer que seu sonho era tão real... É muito curioso. esta noite... C . não sei o que significa. T . 1: H-hm (Pausa).. 8: E u lhe perguntei simplesmente se os sonhos são importantes. For (A cliente se assenta e olha longamente o terapeuta com um a expressão curiosamente divertida. tão Irreal. eu pensava que poderia ao menos m e dizer se os so­ . tão vivo . como nestas entrevistas nós não nos preocu­ pamos muito com questões gerais... não sei. sei. mas relativamente moderadas. um pouco. em carne e osso. 8: Não estou seguro de ter compreendido exatamente o alcance de sua pergunta C.. 2: Sim . 1: Algo a faz sorrir... seja algo que você queira discutir. no entanto.2 . 4: Certas imagens de seu sonho persistem.. 2: Esta noite você sonhou com igo. 3: H-hm. oferece alguns elementos da res­ posta adequada a estas questões. T . realmente.A relação de transferência enquanto reação ao comportamento do terapeuta A oposição entre os dois testemunhos que acabamos de citar co­ loca-nos ante uma dupla questão: Como se explica o fato de que em terapia rogeriana as atitudes de transferência não se desenvolvam num a relação de transferência? E como esta terapia pode ser eficaz ■ na ausên­ cia de uma tal relação? O exame da "forma primeira” da terapia tal como a encontramos nas gravações ou notas dos rogerianos. Os sonhos são impprtantes? T . 4. ficaram gravadas em sua memória. T . 7: O h . 6: A menos quê esteja segura de que os sonhos são importan­ tes... bem. Sim . Esta passagem foi extraída do início da nona entrevista do caso da Sr ta.. T . você não deseja falar deles..^a minha frente.. 5: O h .. sonhei com o senhor. sim. que a realidade parece u m pouco pálida... Mas. Eles têm um a significação? T . (Pausa) depois da noite pàsS&da.. 5: Sem q u e .. T ... 7: Você quer dizer: “os sonhos em geral”? C.. 9: M a s . C. T . sua pergunta. C . se é preciso contá-los. a m inha frente. Acho tão estranho vê-lo ai.. C ... irreal vê-lo aí.. não se i. o terapeuta abre a entrevista): T... H-hm ■ ■ ’TSilêncio).. sim.. Após uma breve pausa.. 9: Sim.. Comecemos pelo exame de um a pas­ sagem que revela existência de atitudes de transferência claramente percep­ tíveis. C. E é o que tom a esta situação tão estranha. C. C . .. 17: A este respeito você nada teme. T . u m medo. C . talvez. temo q u e ... 21: Enfim . e 'Freud.. H u m . não tanto. 20: O h . do que dizem a res­ peito. T . deste sonho” . 20: Você não gostaria de parecer um a pessoa que tem sonhos. 11: Você está disposta a abandonar o assunto. T .. Sel que não poderia descrevê-lo como realmen- 195 .. T . um pouco de decepção^ ou de irritação? C .. que parece preorcupá-la. que os sonhos são Impor­ tantes? O u a psicanálise? Freud. q u e . 13: O h .. 2í: E u disse isto? O h . C . talvez. T . 13: E isto. C ...10: Voce está a p a r . Estou tentada.. T ... a psicologia. 14: M as não completamente segura. (Com um tom um pouco irritado): Enfim. Compreendo. 16: Ë simplesmente q u e ... não sei. realmente não. 10: Oh.. T . é tudo que sei. no entanto. Não é realmente um tem or. T . C . talvez. mas c o m ... T . T. e r a . 18: Outra coisa? sonho eróti­ T ... de um modo geral.. Para isto seria preciso que eu o contasse (sorri). como todo mundo. T .... C. C . você sabe.. não era realmente o que queria dizer.hm . T ..... 12: Suponho que sim. você hesita um pouco e m fazer.. 16: S im . se se tratasse de u m c o . C . eu sei que o senhor não riria... 17: Ë que. 19: H-hm. o senhor. ou psicanálise. 21: H... D e um a certa forma. de desejar ceder à tenta­ ção.. 15: H-hm. Ê .. eis do que se tratava. 23: H-hum.. 11: O h . 19: Pensei que você queria dizer “ se se tratasse de u m sonho erótico m e seria mais difícil falar dele que do so n h o . não vamos insistir. C . de saber qual era a significação des­ te sonho em particular.. Sei que m e deixa livre. Sei que o senhor não exige que eu o conte.nhos são importantes. T .. você não gostaria de que eu m e ris­ se de você. para decidir.. Ainda q u e . C .. Estou segura de que tenho inclinações sexuais.. é u m so n h o ... não sei. se quer saber. não é realmente u m sonho erótico. pense. 14: N a verdade. 12: Você gostaria. 23: Pois b e m . 18: Você quer dizer q u e . C . talvez.. seria outra coisa. C . ou interesses. 22: Você vai contá-lo porque eu b desejo saber. C. Você teme minha reação... C .. 15: Temer? Realmente não. A psicologia não «IIt. No entanto. que o senhor se ria de m im . ... ... ou necessidades eróticas.. .te aconteceu. e não dizia nem sim nem não.. seu rosto parecia muito diferente. como se não visse a barreira e . de um certo m odo. três longas feri­ das feitas pelas pontas das estacas. não sei se era na carruagem ou noutro lugar. E . e d e certo m odo. era tão evidente que não podia saltar a barreira. é u m sentimento Indescritível. m as estava atrás da cer­ c a ... as cenas e os objetos se misturam de forma impossível e o presente e o passado se fundem de maneira absurda. E ao passar. o senhor m e pegou aqui.. não m e lembro mais — que eu estava muito doente e • seahor___m e apertava o pulso ao« ponto que eu tenho a impressão de ainda sentir os seus dedos sobre m eu punho. o senhor apertava e p u xav a.. no lugar onde se toma o pulso. . mas penetrante um pouco co­ Mesmer. de certo m odo. eu ainda machucavam o corpo. era. E depois.. você sabe. E quando sua carruagem se aproximou — pois era ao mesmo tempo um a carruagem dourada com decorações barrocas e "tam bém u m automóvel conversível. sim. nas suas roupas de costume é que o senhor estava em época. não sei. eu sentia que meus pés se elevavam da terra e que <eu passava sob a barreira. E eu m e encontrava pressionada contra a barreira — estas barreiras que se constroem para conter a multidão nestas ocasiões. u m a destas estranhas combinações que se encontram nos sonhos. eu falei que o sonho é realmente indescritível.. e estava com um a espécie de tricórnio e. estava comprim ida contra ela.. havia um a parada inaugural. ou o nosso presidente ou a rai­ nha da Inglaterra. comprimida contra a barreira e apoia­ va o antebraço stosfm 4a cliente dobra o braço) «pobre a barreira.. 196 M as era tão traje . esta barreira era cons­ truída como um a cerca de jardim. m as o senhor continuava a acreditar que eu es­ tava agonizante e que ir..eu pulso não batia mais. . e n fim . escorregava e as pontas das estacas m e de u m certo m odo. pois. apertava e m e atraía para s i.. impossibilitada de de m e mover.. B em .. não sei. e m e olhava nos mo lo de olhos de modo penetrante. Isto se pas­ sou em lugar qualquer.. linhas. o que faz que seja tão estranho vêaqui. m as. o que sentia neste sonho e o q u e . mas. e juntar-me ao senhor. sinto agora três sabe. em todo o caso. não sei. era o senhor que o impedia que fosse sentido e depois. o senhor conti­ nuava a m e segurar. p o rq u e . como se quisesse m e tomar o pulso.. . fisicamente. em toda a extensão do corpo.. e apertava... sinto ainda.. eu queria ceder a esta. Sabe como acontece nos sonhos. enfim.. sabe? E eu queria lhe di­ zer que era porque o senhor m e apertava tanto o punho que não conse­ guia m e tomar o pulso. era o senhor. não sei m a is .. sob certos aspectos. é engraçado. era tão forte que. E eu m e encontrava na primeira ffla. os seus olhos estavam tão gran­ des que. à sombra deste chapéu. não m au. N o en­ tanto. . e . em realidade havia somente u m carro — pelo menos eu não m e lembro de nenhum outro. M as. com um a insistên­ cia... es­ pécie de insistência. m a s . eu sabia muito bem que era o senhor e m e uizia — ou parecia dizer. compreende. moderno — sabe. quero dizer.. O h . em Londres ou 'Washington. com estacas pontudas. do século X V I ou X V I I . d e m im m esm a sem d ú v id a . que m e p e rtu rb a . Quanto ao comportamento do terapeuta ante estas atitudes. 24: Exatam ente.. em su­ m a... é isto. todos os sonhos são u m pouco idiotas.. N e m m esm o m e “ tom a o pulso”! T .. com m eu comportamento. nas buas roupas modernas. C .hm . nes­ te mom ento... Parafraseando as palavras de Fenicbel aci­ m a citadas (193). T . io s e i. . sufocando-a. C .. o que nos ensina essa passagem? Mostra que este comportamento é exatamente o m esm o do que m a ­ nifesta em qualquer outro m om ento do processo e para com qualquer outra atituie do indivíduo. que o senhor é perigoso. E ra um a história e m que. em certo sentido. assentado aí. e . Tanto o comportamento quanto o sonho desta cliente.. como diria. de algum a fonte misterio­ s a . . o senhor m e apertava nos seus braços. e acordei! É um a tolice.. com ­ ... eu queria tom ar o seu pul­ so e dizia que você estava morta ou agonizante. 27: E isto ... que tenho m edo do s e n h o r .. como todos os so n h o s. E eu sentia que estava sufocando e fazia u m esforço su­ premo para m e separar... N en h u m a. 28: N ão. que causava este estado. G . não m e lembro se di­ zia alguma coisa. m as eu via que pensava que eu não respiravamais. .. G .. suponho (a cliente ri) e dizia.. 24: H..* eal... quando. de certo m odo tangíveis. revelam claramente a presença de atitu­ des de transferência. de certo m odo fisicamente... ou melhor. o senhor não faz nada daquilo que está no sonho.... m as. T . no entanto. Este foi u m dos sonhos m a is . tal com o se manifestam nesta passagem.. ou a realidade 'deste sonho. C . que jamais tive.. no ou­ tro braço.. Isto não é idiota? T . 25: Você pensa que é idiota.... 26: N a sua opinião. não posso dizer o que m e parece mais real: esta situação neste m om ento em que o ve­ jo. e depois também. pode-se dizer que o terapeuta rogeriano reage às m a ­ nifestações de transferência do m esm o m o do pelo qual reage a qualquer outra atitude do cliente: ele se esforça por compreender e aceitar. É com o u m a estranha em anação d e .. iele não tem pé n em cabeça.. . 25: M as. O u melhor. que sinto agora. porém este. O senhor age de m odo completamente oposto ao que agia no sonho. 28: Você quer dizer que este sonho não tem relação algum a com a realidade. é tão absurdo. evidentemente. era eu. suponho que é u m a versão figurada de algum temor p rofu n d o. Será preciso exa* iiná-lo . você acha que mão tem n e n h u m sentido. 26: Evidentemente não tem nem pé n e m cabeça.. 27: A h . pelo menos. não até agora. .. Sei que isto nada tem a ver com o senhor. não sei de o n d e . ou antes. Porque.. penso que este sonho significa. T . era o senhor que m e apertava a tal ponto que eu nãopodia respirar. . Será ique o senhor “vive” estas coi­ sas com elas ou se limita a ser simplesmente u m a espécie de “escoa­ douro”? (D T . tomada à décima segunda entrevista da terapia da Sra. este comportamento leva o cliente à conclusão de que a origem. no sentido empático do ter­ m o e aceitar. este se vê forçado a procurar sua origem na sua própria subjetividade. 2) a reação do tera­ peuta para com tais atitudes. C26 e C28 do caso da Srta. (C f. não no terapeuta. Que efeito produz no cliente este m odo de reagir? Com o se verá. não a causa ou a justificação das atitudes que experimenta e manifesta com relação a este. não no sentido intelectual. 540: Aliás. 540: Esta é um a questão multo difícil. Pelo fato de que seu comportamento não oferece n enh um a base real. qual será sua reação ante todas estas coisas que as pessoas Vêm contar. concreta. não têm tanta impor­ tância.. Ett cujo caso já foi rapidamente apresentado (p . isto é. For). na sua Interação com o cliente. Como se explica o fato de o cliente chegar tão fácil e naturalmen­ te à conclusão de que as atitudes e m questão representam expressões do "eu” — não reações a certas caraoteristicas do terapeuta? U m a das razões deste fenômeno parece estar no fato de que o te­ rapeuta.preender. se despoja de seu "eu ". Esta explicação ganha u m a confirmação extraordinariamente arti­ culada na passagem seguinte. Por isto. fora d a terapia. ele retoma. sobre a qual o cliente poderia fundamentar suas atitudes. diante de m im . C . a fonte destas atitudes se encontra em si m esm o. seria inexato (1 ) A questão colocada pela cliente é de tal tip o que o terapeuta pode lhe dar um a resposta sem e x p rim ir u m julgam ento sobre a cliente. mas. há u m a coisa que ea decidi lhe perguntar já há m ui­ to tempo. Nós m esm os (referin­ do-se a seus colegas do Centro) temos discutido este assunto freqüente­ mente entre nós. o seu pró prio p o n to de referência e se dispõe a dar uma resposta direta. afinal de contas. 4) a conclusão da cliente sobre a relação. por u m m om ento. Isto é. e então. necessidades e tendências caracteristicamente pessoais. mas no de admitir sem julgar. 65) Examinaremos esta passagem sob os diversos pontos de vista em dis­ cussão: 1) a presença de atitude de transferência. o indivíduo vem a reconhecer que o terapeuta representa simplesmente a ocasião.. à medida que avançarmos nesta exposição e analisarmos outros exemplos. Evidentemente) — E nor outro lado. e escuta todos os meus problemas e conflitos. das atitudes. Certamente que não se trata de u m papel de simples ■ ‘escoadouro” — (C . O senhor se encontra aí. que. eu m e pergunto. 198 . que guiam seu comportamento ordinário. 3) a reação do indivíduo ante o compor­ tamento do terapeuta. não no sentido de aprovar. É curioso. Isto é. que o se­ nhor Stlprima todos os elementos gue permitam a identificação . E no entanto. Continuemos. m as não se trata de nada insistente. B em . sim. eu gos­ to do senhor ( a palavra inglesa utilizada pela cliente é “like”. E saio daqui. este sentimento constante. Sei que Isto costuma acontecer.. que a senhora E t t c o m u ­ nica seus pensamentos mais profundos sem inibição. e mesmo supondo-se. isto é. 199 I . sim. por temer que ela possa saber demais a nosso respeito. 541: B em . 541: É alguma coisa bem diferente do que sente em outras re­ lações. bem .. Isto é . C . emocionalmente. m inha relação — pois eu não po­ deria chamá-la nossa relação já que o senhor nada m e confiou que m e permitisse falar em reciprocidade — minha relação com o senhor é algo maravilhoso. O h . Afinal. é claro. sua formação (background) e tudo isto. aliás. o senhor é . 542: O h . sobre a sua origem. T . O sentimento de bercvestar e de segu­ rança a que se refere nSo decorre. real­ mente. Por que. não estranhos. passamos de certo modo.dizer que passamos realmente. Evidentemente. não sei não. não tenho sentimentos como este para com o senhor. isto não tem importância. Não. n o fundo. v C .. verSo amplamente. evidentemente. e não "lo ve” ) . eh. não sei. e sob este aspecto. E . mais estabilidade. C . Aqueles que chegaram a conhecer a transcrição (inglesa) d o caso. por exemplo... este sen­ timento de segurança? Suponho que é o que pinto e m sua presença. eh. bèín. portanto. bem . e m geral. não tem nenhuma importância. m as interessantes. tenho um a certa curiosidade a seu respeito. nada comparável ao que experimento com relação a outras pessoas. impessoal. a detestar esta pessoa. 542: Você encontra nela. não sei p°rque gosto — tanto como não sei por que deixaria de gostar.do clien­ te — oh. tomemos o m eu caso. eu lhe confiei mais sobre m im m esm a do que jamais o fiz com qualquer outra pessoa. Estas gravações são transcritas por alguém. Agrada-me porque é tão completamente. T : H-hm Porque. se esta abordagem não tivesse mérito. meus sentimentos para com a sua pessoa são.. as­ sexuada tti/ tão perfeitamente equilibrada — o senhor é como um a espé­ cie de bóia. T . então.. de certo m odo. e tenho pensado nisto com freqüência. e penso no senhor. porém sem curiosidade. como se explicaria. pelo que o cliente pas­ sa. nunca tive este sentimento para com nin­ guém. o sentimento que experimen­ to a seu respeito representa de certo m odo u m a validação — seja qual for o nom e que tenha isto — do mérito da abordagem não-diretiva. 543: O h. quando confiamos coisas muito intimas a um a determinada pes­ soa. recordemos o que foi dito anteriormente sobre os impulsos sexuais desta cliente. deste tempo que passo oom o senhor. e gosto realmente. Não sei o que m e levou a lhe fazer esta pergunta. é algo por assim dizer. evidentemente. N o entanto. impessoal. (1 ) Para aqueles que possam acreditar que se treta aqui de uma pessoa puritana. d o fato de saber que n io será interrogada sobre questões sexuais. . C. a resposta "exatamente" (C544) nffo significa uma compreensão real por parte da cliente. evidentemente.. ele sorria. Isto m e dá o sentimen­ to de que devo confiar em m im (mesma. você reconhecesse. T . tudo o que e u . como se fosse um a discipli­ na Quero dizer. E isto. que desejava verificar se a interpretação que ele apresentava. também. um a ocasião para m e disciplinar. por isto. há algo que o senhor m e fez com­ preender bem. De fato. Mas. muitas vezes. respeito. Tenho continuamente esta necessidade terrível de apro­ vação . às vezes. Acredito que o senhor aparecia como um símbolo de autoridade. m M não me lembro muito bem de que % tratava. lhe faltasse base realmente para que você for­ masse um a opinião quanto ao que penso a seu respeito e que. com toda a probabilidade. 545: Sim . O que noi prova.. Ao ponto em que chego a m e sentir desanimada ao ver que não há meios de obter sua aprovação. 543: Poderia ser que. e então com muita fre­ qüência. ou algo deste gênero. que estas atitudes se encontram em você mes­ ma. seria aceita. em tudo o que faço. interpretam". este sentimento m e dá. sua descrição espontânea. estes terapeutas nâo-diretivos fazem com o todo o mundo. e psseguro-lhe que m e entrego a verdadeiras batalhas fnterioreâ. e a única coisa de que sou capaz de sentir ou de pensar. evidentemente. seu lado desagradável. é. Por isto. por outro lado. saio daqui e Üigo a m im mesim . e que você mesma oscila com relação a elas? U) C. saio com o sentimento de euforia. 200 . pois o senhor não os dá. e permite-me agora fazer-lhe pergun­ ta. realmente. vejamos o qpe disse ao senhor L. não têm suficiente substância 'para m e permitir chegar a u m a conclusão qualquer sobre a opinião que o senhor tem realmente a meu. estas conjeturas não são su­ ficientes. T . O terapeuta reconhece que estava a tal ponto interessado pela representação que a cliente fazia da relaçáo.miniiaq vacilações interiores fariam com que o senhor parecesse um a fi­ gura terrível. C o ntudo . Contudo. evidente­ mente.. tenho este sentimen­ to: Senhor! Devo ter. estas conversas devem ter ü m cer­ to valor (T H-hm' Lembro-me de tjar sonhado u m a vez com o senhor. Isto m e afeta pessoalmente... causado u m a péssima. impressão. porque imagino que lhe dei boa impressão. como nos momentos em que m e Tevelo mais profundamente. Suponho que foi na época em que me esforçava por adivinhar as coisas que aprovaria ou desaprova­ ria Quando saio daqui. 544: Este sentimento tem seu lado agradável. é que não devo esperar obter conselhos de sua parte. e. m e ensina a não lidar com as pessoas bom esta expec­ (1 ) Para aqules que poderiam dizer: " A h . a impressão de estar batendo a cabeça contra um a parede. foi.. mas. ao mesmo tempo. eh. poderia ser que. houve dias em q u e . observemos que T 5 4 3 representa a primeira resposta claramente interpretativa das doze entrevistas realizadas com a senhora E tt. E tenho necessidade disto. portanto. sua percepção da relaçffo. guando sinto tanta necessidade dela. <T: H-hm Por outro lado. talvez.. de certo modo. 544: Exatamente. indicar o caráter único. u m alter-ego — u m outro eu — do indivíduo tí esta disponibilidade completa e calorosa do 201 % . Se­ rá necessário dizer que. este fato se ex­ plica pela reação do terapeuta para com estas atitudes. N a falta de consistência.. p . M e dá um a certa confiança» co­ m o se fosse m eu verdadeiro eu que se tivesse revelado. desinteressado. por mais viva que seja a necessidade da cliente de conhecer os sentimentos do terapeuta a seu respeito. As palavras: “minha relação — eu não poderia dizer n o ssa . estes sentimentos não encontram apoio algum no comportamento deste e a cliente se dá perfeitamente conta disto (C541). “impessoal” . C o m efeito. tam bém . a cliente * se esforça por produzir u m a boa impressão no tera­ peuta. 227). sem falsidade. Certamente. D e acordo com seu próprio teste­ m unho. O indivíduo fica reduzido a conjeturas: “ contu­ do ”.tativa de aprovação ou de desaprovação. a atitude do terapeuta é. de certo m odo. de u m a relação em que o interlocutor se abstém de fazer intervir suas tendências e necessidades caracteristicamente pessoais. enquanto o terapeuta. u m a tendência muito nítida para evoluir no sentido indicado por Freud (cf. M as. “estas conjeturas não têm suficiente subs­ tância para m e permitir chegar a u m a conclusão quanto a opinião que o se­ nhor tem realmente a m eu respeito”. Neste sentido. não se produza esta substituição? Com o se observa claramente n a passagem citada. A rela­ ção entre o terapeuta e o indivíduo gravita e m to m o do “eu1* deste úl­ timo. representativa das descrições feitas por outros clientes. assim como a cliente observa. e torna-se. com efeito.. no conjunto. A descrição que faz a senhora Ett de sua reação ante o comporta­ mento do terapeuta é. a cliente pa­ rece inclinada a desejar substituir a relação que mantém com o terapeu­ ta pelos objetivos pelos quais procurou a terapia. Com o se explica o fato de que em realidade. T . o comportamento deste não lhe fornece in­ dicação alguma. por assim dizer. e muito pro­ fundamente. o termo "impessoal” não se re­ fere a um a falta de calor e de interesse por parte do terapeuta? Procura antes. neste contexto. Dois termos bem típicos repetidos constantemente em suas descrições são “impessoal” (C 541) e “segurança” (C 543). estas conjetu­ ras tendem a desaparecer. M as esta unilateralidade é de u m tipo muito especial. isto é. por ne­ cessidade da terapia. Não oferece meio algum suscetível de alimentar ou de in­ tensificar esta necessidade. sem disfarce. nada.. 545: Que aqui você pode se mostrar realmente tal como é Esta passagem é interessante. pois nos revela a dinâmica das ati­ tudes na transferência do indivíduo. — mas minha relação é maravilhosa. Esta atitude revela portanto. se despersonaliza. a cliente tem sentimentos para com o terapeuta. o fato de que a relação é experimentada de u m a forma uni­ lateral. demonstram. aproximadamente. Quanto ao sentimento de segurança a que os clientes trêratcM se referem. referindo-se a um a posição favorável — e acontece freqüemjj. interpretação. a aceitação constante e incondicional que esta demonstra para com o que lhe diz o cliente. ou por que deixaria de gostar". ele não a possui porque lhe foi verbalrr ente transmi­ tida.. não é o produto da aprovação do terapeuta. ou seja. pelo fato de que o cliente reconhece o apoio implícito que decorre da situação. ou até mesmo eirt neurose de trans­ ferência. esta certeza. Mais precisamente. segundo todas as indicações. nenhuma reação “pessoal” por par te do terapeuta. além disto. O comportamento do tera..sentimento qü3 re­ sulta da convicção de que. sem disfarce. gra­ dualmente. m eu verdadeiro e u . existe algo de que o cliente está certo. como acabamos de vej/^^comportamento do terapeuta não ofe­ rece a estas atitudes nenhuma ocasião de se ampliarem e de se desen­ volverem em relação de transferência. Contudo.J Ora. que nem ele mesmo sàiba realmente se gosta do terapeuta^ Assim como a senhora Ett o diz muito bem: "N ã o sei por que gostaria ^ do senhor. Esta segurança se explica. ou investigação. A dinâmica do cliente evolui de tal modo que. Este sentimento permite que o> cliente descubra... é de que é profundamente respeitado e que não há razão para temer a menor ameaça ou ataque à imagem que faz de si mesmo e de S3U problema . o seguinte raciocínio: “E u imaginava a situa- 202 .. não haverá julga­ mento. “organísmico” . o fato de que pode permitir-se a abandonar suas defeáSS que a relação que mantém com o terapeuta é de natureza tal comol n a a palavras da senhora Ett: “ (E u posso s e r ). mas de algò bem mnfg fundamental. de apego. É um. £ algo que experimenta de um modo existencial. seja o que for que disser.: peuta evita todo elemento que pode servir de base realista a este gênerjl ro de sentimento. ele faz. e está disposto a permitir-lhe que se| desenvolva na direção que escolher — qualquer que seja esta direcãcM O cliente não tem o sentimento de que o terapeuta gosta dele — no sen-f tido usual. intelectusl. Ele descobre quál o terapeuta o respeita tal como é. nada” . acontece o seguinte. de medo. semi falsidade. temente. etc. manifestada durante o processo terapêutico e com relação a outros ob­ jetos que não o terapeuta.terapeuta que dá & esta relação seu caráter totalmente único e diferen­ te de tudo que o cliente experimentou até então. 3 -Desaparecimento das atitudes de transferência Se. o que acontece com estas atitudes? O destino destas atitudes é exatamente o mesmo que o de qual-' quer outra atitude irracional — de hostilidade. Não é um a convicção simplesmente lógica. nas minhas relações com esta pessoa (o terapeuta). incapaz de determinar se estas relações haviam realmente acontecido ou se eram o produto da imaginação. Tir luta­ va com intensos conflitos alusivos a relações proibidas.Um caso extremo Reconhecemos que os sentimentos de transferência manifestados nos dois exemplos examinados até aqui são relativamente benignos. No decorrer do processo de sua terapia. sem dúvida.. •De­ saparecem porque o indivíduo conseguiu perceber-se a sl mesmo de ma­ neira nova e que retira toda significação. encontram-se antes nos indivíduos confinados em Instituições para doen­ tes mentais. Notemos que atitudes como as que vamos ex­ por observam-se muito raramente nas clinicas externas (out-patient clinics). até agora. For. etc.. Não são "reeducadas". no entanto./Q uando estes dados de experiência e de tomada de consciência chegam a ser assimilados à estrutura do eu. como. As poucas passagens se­ guintes darão uma idéia da intensidade das atitudes de transferência que 203 . como as da Srta. Elas não são sublimadas. Tir falava multo lentamente.■. não havia admitido à consciência (ou que admitiria. supostamente In­ cestuosas. /'Assim . a Srta. horrivel ou ameaçadora. porque tinha a Impressão de que não pòã& admi­ ti-los sem que fosse obrigado a mudar a concepção que> tinha de mim mesmo". mas in­ terpretando-os mal). quando esta estrutura se modifica de modo qup estes dados pos­ sam fazer parte inerente dela — as atitudes de transferência desapare­ cem naturalmente. o cliente começa a reconhecer a existência de elementos de experiência que antes não havia admitido. porém. Contu­ do. Pouco a poui% descobre que é ele próprio o agente da identificação e da avaliação dos dados de sua experiência — uma tomada de consciência crucial com relação ao pro­ cesso e aos resultados da terapia . pàrece que não há nenhum motivo para que eu continue a conceber ou interpretar a situa­ ção tal como o fiz. reagi a ela de acordo. As parsagens abaixo são provenientes das notas do terapeuta — excepcionalmente completas. — e. fí. pelo fato de que a Srta. Ela era. TÍr — pessoa profundamente perturbada e que. A fim de demonstrar que os mesmos princípios de evolução e de dissolução das atitudes de transferência se aplicam Igualmente em casos extremos. isto é. /Notemos que estas atitudes não são substituídas poratitudes simbólicas. em termos diagnósticos deveria. com seu pai. Posso me permitir reconhecer dqdos da experiência que. e toda validade a estas atitudes/ 4 . em conseqüência. ser clas­ sificada como psicótica. ve­ jamos algumas passagens do caso da Srta. Inegável que não têm o caráter completo e exato do material gravado. atraente.o de uma certa forma — por exemplo. T . C . m as não faço nada para satisfazê-las ( . . . Penso que tenho u m a necessidade desesperada de rel-ições sexuais. O.se manifestaram nesta pessoa e também da direção em que estas ati­ tudes tendiam a evoluir. e isto m e dá força. N on a entrevista: C . há u m a outra razão pela qual deixei m eu casaco no vestíbulo — é que sinto a necessidade de ser dependente — m as que­ ro lhe provar que sou capaz de ser independente. (Docemente) A resposta seria não.. 204 . O se­ nhor é forte. E u nunca disse a ninguém que ele era o hom em mais m ara­ vilhoso que jamais encontrei.. Você sente U m a horrível tensão e gostaria muito de ter rela­ ções sexuais comigo. £ apenas quando m e sinto perturbada que tenho este sentimento. M as ao senhor eu disse. eu gosto muito do senhor. Décim a entrevista (ao final): C . T . estes sen­ timentos a teriam forçado a m e beijar. £ m ais que isso. T . e temia que. C . Décima-segunda entrevista: C. T .. eu não conseguiria evitar de m e voltar e beijá-lo. A lan disso. Não m e atrevo a lhe per­ guntar sobre isto. a menos que tomasse precauções. ) . Você sente simultaneamente a necessidade de ser dependente c a necessidade de provar que é capaz de ser independente. Suspiro de alívio. Você sente u m apego realmente muito profundo por m im .) Penso que é meJhor que seja assim. se m e tivesse ajudado a tirá-lo. muito diferente de seu rao- (1) Lembramos que um a série de pontos entre parêntesis significa que certas passagens foram eliminadas.. O senhor pode m e dar u m a resposta direta? Penso que isto nos ajuda­ ria. (Continua n o m esm o tema e conclui dizendo): Não existe um meio de fazer algo para remediar este estado? Esta tensão é terrível. T . em vez de fazêlo aqui. Já no fim da entrevista: C . (Pausa. E m seguida co­ meça a falar com u m a voz dura e monótona.Compreendo esta terrível tensão que você sente. porque temo receber u m a resposta nãordiretlva. (Conserva-se em silêncio durante dois minutos. Você temia que. m as não estaria inclinado a satisfazê-la nisto. Nesta m anhã tirei o m eu casaco no vestíbulo. tanto a u m como ao outro. em sua sala. Não é simples­ mente um a questão de sexo. O que realmente desejo é ter relações sexuais com o senhor. Com o já lbe disse. do habitual. N ã o o lh á o terapeuta. Repete-se cpnstantemente. As passa­ gens seguintes reproduzem os temas principeas.) Ò senhor que eu tenho vontade de vir vê-lo, mas o senhor se engana, eu não quero vir Não retornarei mais. Isto não m e faz nenhum bem . E u não gosto do senhor. E u o odeio. Desejaria que nunca tivesse nascido. T . Você m e odeia realmente, profundamente. C . E u poderia jogá-lo no lago. Massacrá-lo. Pensa que as pes­ soas o am am , mas, elas não o am am ( . . . ) Pensa que é capaz de atrair as mulheres, m as isto não é verdade.( . . . ) odeio-o até a morte. T . Você m e detesta e gostaria realmente de terminar comigo, mas não é verdade. C . O senhor acredita que m eu pai fazia coisas sujas comigo, mas não é verdade. Pensa que era u m hom em m au, m as não é verdade. Pen­ sa que desejo ter relações sexuais, mas não é verdade. T . Você acredita que deformo completamente todos os seus pen­ samentos . C. ( . . . ) pensa que é capaz de fazer com que as pessoas ve­ nham vê-lo e de fazer com que digam tudo sobre elas mesmas, e de acreditarem que isto as ajuda, mas não é verdade. O que gosta é de fa­ zê-las sofrer. Pensa que pode hipnotizá-las, mas não é verdade. Acredi­ ta que é bom, m as não é verdade. E u o odeio, o odeio. T . Parece-lhe que eu gosto realmente de fazê-las sofrer e que não as ajudo. C . O senhor pensa que eu m e comportei mal. M as não é verdade. E u o detesto. Tudo o que fez foi m e fazer sofrer, sofrer, sofrer. Pensa que eu não sou capaz de m e sair bem na vida, mas não é verdade. Pen­ sa que eu não vou ficar boa, m as não é verdade. E u o odeio. (Longa pausa, apoia-se sobre o bureau, tensa extenuada.) Pensa que sou loúoa, mas não sou. T . Você está segura de que eu acredito que você é louca. G. (Pausa.) Sinto-me como qule amarrada e sou incapaz dei m e libertar! «Tom de voz desesperado e choros. P ausa.) Acabo de ter u m a . alucinação e tenho que m e desabafar... (continua falando sobre seus con­ flitos profundos e descreve a alucinação que teve, com um a voz terrivel­ mente tensa, mas manifestando um a atitude muito diferente da que de­ monstrou no começo da entrevista). Durante a m esm a entrevista: C . E u sabia, no escritório, que precisava encontrar como desaba­ far este sentimento em algum lugar. Sentia que podia vir aqui e lhe dizer tudo. Sabia que o senhor compreenderia. E u não conseguia dizer que m e d*testava a m im m esm a. E no entanto, é verdade. M as eu não podia adniti-Io. ,E por isso, em vez disto, lhe lancei no rosto todas as coisas terríveis que disse. T . O que você sentia com Telação a você mesma, você não se sen- 205 tia capaz de diaê-lo, então, rifaria a meu respeito. G. Percebo que nós estamos começando a chegar ao fondo... Nestas passagens, vemos que esta cliente, como as duas outras cujos testemunhos foram apresentados, consegue reconhecer que as atitudes que experimenta com relação a outras pessoas, — neste caso, com re­ lação ao terapeuta — têm sua origem em si própria, na sua maneira de ver e nas necessidades que a levam a ver desta uianeira. E é isto o que nos p a r e c e ser a essência mesma da resolução das atitudes de transfe­ rência: a descoberta de que se trata de percepções subjetivas, sem fun­ damento objetivo nas pessoas para com quem se manifestam. E m resumo, se se define a atitude de transferência como uma ati­ tude de natureza afetiva, cuja origem se encontra em alguma relação anterior e que o indivíduo projeta no terapeuta, podemos dizer que estas atitudes se manifestam no âmbito da terapia rogeriana como no de qual­ quer outra terapia. Como pudemos ver pelos testemunhos respectivos do psicanalista (ver supra) e do terapeuta rogeriano, cada um trata estas atitudes de forma como trata qualquer outro sentimento ou atitude. O analista, de acordo com os princípios de sua abordagem, interpreta estas atitudes e, desta forma, estabelece, ao que parece, a relação de transferência, com as características especiais que se ligam a este fenômeno. O rogeriano, igualmente, conforme os princípios de sua abordagem, reflete estas ati­ tudes que desde este momento tendem a ser reconhecidas pelo cliente como fazendo parte de sua percepção — percepção incorreta — da situa­ ção. Enquanto que a relação de dependência afetiva converte-se no pon­ to central do processo da terapia analítica, em terapia rogeriana esta relação não ocorre. Nesta última, à essência mesma da terapia reside na tomada de consciência, pelo cliente, do fato de que estas atitudes e estas percepções têm origem no seu próprio eu — não no suposto obje­ to destas atitudes. E m outras palavras/o .cliente vai progressivamente per­ cebendo que se trata de fenômenos subjetivos, não de reações legítimas a realidades objetivas^} Esta concepção da evolução das atitudes de transferência — assim como os fatos a que se refere — estão perfeitamente de acordo, aliás, com a concepção e as observações do rogeriano relativas ao processo te­ rapêutico na sua totalidade. Segundo esta concepção, a operação essen­ cial da reorganização experiencial que é a terapia consiste numa tomada de consciência gradual, pèlo cliente, do que o “eu" é o agente da iden­ tificação e da avaliação da experiência. Para concluir, formularemos duas hipóteses relativas ao fenômeno da transferência. As atitudes de transferência parecem ter tendência a se manifestar principalmente quando a tomada de consciência dos elemen- 206 tos não admitidos da experiência é acompanhada de considerá­ vel para o “eu” . Quanto à relação de transferência, parece ser íunção da constatação, pelo indivíduo, de que m m outra pessoa é capaz de conhe­ cê-lo melhor, a ele e a seu problema, do que ele próprio é capaz de fazê-lo. E m resumo: se o terapeuta representa o papel de pai, o cliente representará o de filho; se um se mostra superior, o outro se mostrará dependente. As partes em causa têm tendência a confirmar seu papel. A relação de transferência apresenta-se, pois, como um fenómeno provo­ cado, em resposta a um comportamento determinado. 1 1*0 diagnóstico « Deverá o tratamento psicoterapêutico ser precedido de uma ava­ liação profunda do problema e da personalidade do cliente? Esta é uma questão complexa e delicada, não resolvida até agora por nenhuma es­ cola de psicoterapia, de maneira plenamente satisfatória. Nas páginas se­ guintes procuraremos estabelecer e examinar alguns elementos funda­ mentais deste problema. Definiremos também o ponto de vista adotado pelo rogeriano enquanto esta questão é decidida de modo objetivo, por meio de observação e de pesquisa. 1 • O problema A origem do problema do diagnóstico parece encontrar-se muna concepção fislcista da natureza e do tratamento das afecções psicológi­ cas. No campo das doenças orgânicas, físicas, o diagnóstico é, evidente­ mente, a condição slne qua non de todo o tratamento, ifi inegável que os progressos espetaculares da medicina se devem, bem amplamente, à des­ coberta, ao desenvolvimento e ao refinamento dos meios, cada vez mais adequados de diagnóstico. Toma-se completamente natural, portanto, acre­ ditar que qualquer outra forma de tratamento — ainda que a natureza do seu objeto seja multo diferente — deva praticar-se segundo o mesmo modelo, e Imaginar que o caminho do progresso em pslcoterapia segue a mesma direção que o da medicina. Por mais compreensível que seja, este ponto de vista flsiclsta con­ tinua sendo tema de controvérsia e de contradição. No conjunto, podese dizer que o pensamento dos profissionais da especialidade se divide (1) A apresentaçSo desta questBo, como a da traniferência, segue muito da parto a exposição feita por Rogars no capítulo 5 da sau livro Tarapia Centrada no Cllanta. 207 entre dois pólos opostos. N u m destes pólos encontramos a posição do P .C . Thom e, segundo a qual: o tratamento racional nâo pode ser efetua­ do m h « que um diagnóstico preciso tenha sido estabelecido*^'1 (p. 319). N o entanto, podemos acreditar que esta não seja a opinião da maioria dos terapeutas. De fato, verificamos que M i versas escolas de psicoterapia sm fam' a atribuir cada vez menos importância ao diagnóstico como operagão distinta a prévia^Vlnúmeros analistas e psiquiatras, particular­ mente aqueles que sofreram a influência do pensamento de Rank, jul­ gam preferível iniciar o tratamento sem fazê-lo preceder de u m diagnóstico. ^ O declínio da importância concedida ao diagnóstico como opera­ ção distinta e prévia se evidencia, principalmente, na concepção larga­ mente difundida, segundo a qual o processo terapêutico começa desde o primeiro contato com o paciente .: se desenvolve simultaneamente ao diagnóstico^ Praticamente, todos os terapeutas, inclusive os partidários do diagnóstico, estão de acordo neste ponto. Contudo^1não se pode per­ der de vista que a adesão a esta concepção significa afirmar que a te­ rapia não se baseia de fato no diagnóstico. Tal afirmação implica, ao menos, que certos aspectos o caso podem ser tratados antes que seja estabelecido u m diagnóstico. "iío outro extremo, está o ponto de vista de Rogers. N a opinião deste, o diagnóstico psicológico tal como é comumente compreendidoisto é, como operação distinta e prévia, não é necessário ao tratamento e é, inclusive, suscetível de dificultar os progressos e resultados da terapia f Diante de posições tão radicalmente diferentes, onde procurar os critérios que permitam avaliar seus respectivos méritos? Já que a concepção da necessidade do diagnóstico romo condição e base do tratamento psicológico tem raizes na tradição médica, é a ela, parece-nos, que deveremos nos dirigir, para obter algumas Indica­ ções que permitam a identificação de alguns critérios. Para isto formu­ laremos brevemente os princípios em que se baseia o diagnóstico no campo físico. As proposições seguintes exprimem, acreditamos, as hipó­ teses gerais que fundamentam o diagnóstico médico: 1. Toda doença orgânica é o efeito de causas antecedentes. 2. O conhecimento destas causas facilita o tratamento da doença. 3. A identificação e a descrição precisas das causas constituem operações de ordem racional que fazem intervir o método cien­ tífico. (1) T H O R N E , F.; C A R T E R , J. et al Symposium: Critical «valuation of non-directive coun­ seling and psycho-therapy. J. Clin. Psychol., 1948,4,225-263. 2 0 8 com uma concepção do tra­ tamento feito com base em diagnóstico. precisamente. de aspecto científico. Quando a causa é descoberta e identificada. E m certos setores deste trabalho. assim como nignng acreditam. Por exemplo. sistemático e merece ser explorada por aqueles que a adotam. ser remediada ou modificada por fatores utilizados ou substâncias administradas por aquele que fas o diagnóstico ou por um outro representante da profissão médica. a fim de levá-lo a ver soi caso de maneira semelhante à do médico. E é aqui. continuam convencidos de que esta concepção representa a base de todo o progresso terapêutico. os partidários deste ponto de vista. disto se segue que este diagnóstico se imporá na 1 medida — unicamente na medida — em que as pressuposições enuncla' das acima forem aplicáveis. 130). p. que 1 permita prescrever tratamentos específicos adaptados a diagnósticos específicos. tinham chegado a esboçar uma fórmula. no que se re­ fere à colocação das crianças em famílias. e assim por diante. O sucesso de tratame itos efetuados sobre esta base podia ser previsto numa per- (1) ROGERS. a aíecçào pode. Nova lorqu«. certos terapeutas sustetam que o diagnóstico psicológico constitui. que se manifestam \as divergências de opinião. em determinado pe­ ríodo de sua carreira. os esforços conjugados do pessoal da clinica da qual era diretor (ver Volume I. Assim como a ação sobre os fatores causadores da doença de­ ve ser confiada aos cuidados do próprio paciente (observação de um regime alimentar. C. quan­ do se Iniciava no campo da nifnfoa. especialidade. 1939. efetivamente. Houghton Mifflin. de bom grado. Clinical Treatment of the Problem Child. De fato. ge­ ralmente. Se. até hoje. Como já dissemos. que uma tal concepção exerce um a profunda atração sobre o espirito racional. pois. a necessidade de diagnós\tico no tratamento psicológico inspira-se em sua necessidade no campo das doenças orgânicas.R. 209 . uma certa educação do paciente deve também ser empreendida. etc.4. redução da atividade fisica em caso de afecções cardíacas. não podem I deixar de recónhecer que muito pouca coisa foi realizada. uma operação j intelectual e especializada que requer a competência do profissional da . Esta tarefa requer a competência de uma pessoa de formação cientifica e médica. procurou aplicar metodicamente os princípios de tal concepção no tratamento da criança-problema (*).). Apesar disto. sentiu-se fortemente atraído por ela. 6. Contudo. 5. Rogers reconhece. Ele mesmo. havia disso elaborado um sistema de avaliação que permitia determinar se uma criança do tipo X se ajustaria a um a família do tipo Y . Rogers viu-se obrigado a mudar sua concep­ ção sobre o valor do diagnóstico no tratamento do cliente e de seu problema A lógica de sua nova posição foi pouco a pouco elaborada e pode ser formulada em algumas proposições fundamentais: Ji/tan m íi&t 1. é o paciente ou cliente que. Quer dizer que. /feogers chegou pouco a pòücò à confclusão de que: 1°) este modo de tratar os problemas de ordem psicológica ten­ de a ser paliativo e superficial e que. Apesar do caráter relativamente satis­ fatório procedimento. um a mudança de percepção deve ser experimentada. o paciente não reconhece um a determinada interpretação como correta. após um certo lapso de tempo. e a causa psicologica doc o m p o r t a m ento consiste em certas percepções ou em um a cer­ ta maneira de perceber. 2. Conclui-se. em últi­ m a instância é o árbitro. se o terapeuta conhecesse a verdadeira causa do desajustamento de seu cliente. Para que um a mudança de comportamento possa produzir-se. Somente o cliente é capaz de adquirir u m conhecimento com­ pleto da dinâmica de seu comportamento e de sua percepção Grande número de terapeutas estarão de acordo com o conteúdo destas duas proposições.Lógica da posição rogeriana com relação ao diagnóstico A medida que sua experiência na aplicação de procedimentos de avaliação externa crescia. Todo c o m p o r t a m e n t o t e m n m n «aisa. tanto em psica­ nálise quanto em terapia rogeriana. 2 . Certamente de nada serviria informar o cliente sobre a causa de seu desajustamento. O próprio Fenichel é de opinião que o critérioúltimo da validade de um a interpretação psicanalítica reside na atitude do cliente ante esta interpretação. pois. 3. é muito pouco provável que tal co­ nhecimento lhe fosse útil — mesmo supondo-se que tivesse um grau de validade superior a tudo o aus pode ser obtido pela aplicação dos ins­ trumentos psicodiagnóstlcos atualmente disponíveis. A com­ preensão simplesmente intelectual não seria suficente para esta finalidade. Esta proposição expressa o argumento principal da posição roge­ riana. Se. ela deve ser considerada como falsa. 2°) este procedimento coloca o clinico num papel quase divino que deve ser evitado por razões de or­ dem filosóflcas^indicadas a seguir. que. O próprio fato de chamar sua atenção sobre certos aspectos de seu -comportamento ou de sua personalidade poderia 210 .oentsgem aeterminada d© casos. tanto provocar sua resistência quanto levá-lo a considerar estes aspec­ tos de modo racional, não defensivo. Portanto, parece mala razoável supor que o cliente explorará os aspectos contraditórios de sua perso­ nalidade tSo logo for capaz de suportar a dor que acompanha talexplo­ ração, e que experimentará um a mudança de percepção tão logo estiver em condições de enfrentar a necessidade desta mudança. 4 A modificação da percepção, a reorganização do eu e o mtaholorimento de novas aprendizagens necessárias a um melhor fun­ cionamento devem se efetuar pela ação de forcas residentes essencialmente no cliente; e é pouco provável que estes oble­ tivos sejam realizáveis a partir do exterior. Esta posição, por sua vez, torna clara a falta de paralelismo entre otratamento físico e o tratamento psicoteráplco. Com efeito, os resul­ tados que a medicina é capaz de obter por meio de agentes físicos e químicos não têm correspondente no campo psicológico. Neste campo, não há coisa alguma que se possa comparar ao emprego da penicilina ou à produção de um a febre artificial. Tudo leva a crer que a aquisição de modos mais construtivos de comportamento deve ser feita pela mo­ bilização de forças inerentes ao indivíduo. O . caráter ineficaz ou tem­ porário dos efeitos da hipnose e de outros procedimentos que visam mu­ dar o comportamento pela aplicação de forças externas ao indivíduo con­ firma o ponto de vista expresso na proposição 4. Há, no entanto, um aspecto muito importante no qual o rogeriano reconhece a importância do diagnóstico psicológico. Este aspecto está des­ crito nas seguintes proposições: 5. O fenômeno terapêutico consiste pssgnrinlTmmt» n » tomada || consciência de modos de percepção inadequados, na aprendiza­ gem de modos de percepção mais corretos e na apreensão de relações importantes existentes entre determinadas percepções. 6 N um sentido profundamente significativo e real, a própria tera­ pia é um processo diagnóstico que se desenvolve aa experiência do cliente, não no pensamento d » rffnton ' Conclui-se destas proposições que o processo terapêutico, qualquer que seja seu método, termina praticamente quando a dinâmica do com­ portamento é realmente experimentada e aceita pelo cliente. Por isto o papel do terapeuta rogeriano pode ser definido como consistindo em criar condições nas quais o cliente é capaz de identificar, de experimentar e de aceitar, por seus próprios meios, os aspectos psicogênlcos de seu desa­ justamento .\ Esperamos que esta breve explicação tenha conseguido dar uma idéia de base racional de um a posição nue se opõe ao uso do diagnóstico como 211 avaliação externa feita por um especialista. Se 6 exato o desajus­ tamento psicológico correspondente a um a percepção defeituosa, nin­ guém mais que o próprio Indivíduo poderia reconhecer adequadamente sua natureza. Quanto à aplicabilidade desta concepção de tratamento psicoló­ gico, ela é atestada por milhares de clientes tratados sem diagnóstico prévio. Obervemos, no entanto, que Rogers náo pretende que estas con­ cepções sejam definitivas. Ainda que as considere como racionalmente fundadas, julga que sua posição — . tanto quanto a posição oposta — requer uma investigação clinica e experimental mais profunda antes que uma resposta final possa ser formulada. 3 - Riscos do uso do dlagnó ico psicológico Para concluir, daremos um a breve explicação do segundo argumento de Rogers em apoio à sua posição. Este argumento relaciona-se com as repercussões pontencialmente nocivas ou, pelo menos, Indesejáveis, que o diagnóstico pode exercer sobre o indivíduo. E m primeiro lugar, como a avaliação diagnóstica se faz em função de critérios estranhos à experiência do indivíduo este tipo de operação corre o risco de suscitar ou de fortalecer suas tendências à dependên­ cia. De fato, se a tarefa de avaliação de seu caso está entregue à com­ petência de um a outra pessoa, o especialista, é natural que o indivíduo seja tentado a se dirigir a este mesmo especialista para que este realize a tarefa do orientador. O uso do diagnóstico tende, pois, a .exercer uma influência funesta sobre o sentido da responsabilidade pessoal. /Se­ gundo Rogers, o Indivíduo que chega a abandonar prerrog: tivas tão emi­ nentemente pessoais, e que chega a acreditar que cabe a outro determi­ nar o caráter de sua personalidade e o significado de seu comportamen­ to, encontra-se num estado de desajustamento mais grave após a terapia do que antes./ Quanto à comunicação eventual, ao Indivíduo, da natureza do diagnóstico, esta Informação deve quase inevitavelmente pro­ vocar neste um a quebra de confiança em si e a levá-lo & conclusão fu­ nesta de que é incapaz de se conhecer. E m conseqüência, ele dificilmente poder<i fugir ao sentimento desmorallzador de que a medida de seu valor pessoal depende do julgamento de outrem. Naturalmente tudo conduz a uma certa desvalorização do eu e de seus poderes. Por isto,/Quanto mais se implantar no indivíduo este tipo de sentimento, mais comprometidos estarão os resultados realmente terapêuticos*. U m outro perigo da prática do diagnóstico é de ordem social e fit losóflca. A concepção de que a avaliação do Indivíduo, de suas ações, finalidades e meios, cabe ao especialista, acarreta Implicações sérias que exigem um exame atento. Parece-nos, realmente, que tal concepção deve conduzir uma minoria reduzida de indivíduos ao controle social da malo- 212 ria. •,A primeira vista, corto» leitores poderão achar exagerada esta con­ cluí5o. Ela não se aplica, evidentemente, às doenças físicas. Quando se trata de conseqüências sociais, o pretendido paralelismo entre o tratamen­ to físico e psicológico — base da crença na necessidade do diagndstico — deixa, um a vez mais, de se verificar. Quando o médico conclui que um determinado paciente sofre, por exemplo, de um a doença de rins, e pres­ creve um determinado tratamento, estes fatos não t & n implicações psi«coMOcfais, mfinmr» supondo«© que tanto o diagnrirtíco quanto o trata­ mento estejam errados. Contudo, quando se trata de problemas de es­ colhas e de declsóes de ordem conjugal, profissional, religiosa, etc., não acontece o mesmo. Quando aquele que faz o diagnóstico chega a conclu­ são de que q. comportamento ou ò sentimento do indivídtwcom relação ao problema é defeituoso e resolve mudá-lo, esta situação tem implica­ ções sociais e fllòaóffcás numerosqs e graves. Sobre isto, reproduzimos um trecho de um a conferência de Rogers, realizada há muitos anos, e cujo tema parece de uma atualidade cada vez maior: X n S o há meios de empreender um a avaliação do outrem, de seus motivos, conflitos e necessidades, da medida de adap­ tação de que é capaz, do grau de reorganização a que precisa­ ria submeter-se, dos conflitos que teria que resolver, do grau de dependência que teria que desenvolver com relação ao te­ rapeuta, das finalidades terapêuticas que teria que atingir, sem exercer um grau muito elevado de controle sobre a existência deste indivíduo .jsA aplicação deste processo a um número sem­ pre crescente de indivíduos como é caso, por exemplo, (nos Estados Unidos) no tratamento de milhares de ex-combaten­ tes, representa um controle sutil do ser humano, de seus va­ lores e objetivos pessoais, por alguns indivíduos que chama­ ram a si o exercício deste controle. Ora, como se trata de um controle sutil e benevolente, 6 muito pouco provável que o público chegue a se dar conta daquilo a que se presta... Se a primeira das hipóteses em questão (a necessidade do diagnóstico) se confirmar, se, pois, o ser humano não 6 qua­ se ou nada capaz de se conhecer e de se orientar na vida e se as funções de avaliação dependem da competência do es­ pecialista, conclulu-se que o caminho em que parece que nos encontramos deverá terminar em algum tipo de controle so­ cial total. A conseqüência lógica de tal sistema consistiria, pa­ rece-nos, na direção do destino da maioria pelas decisões de uma minoria auto-seleclonada. Se, por outro lado, como es­ tamos Inclinados a acreditar, a segunda hipótese for a mais adequada se a tarefa de avaliação responsável pode ser deixa­ da ao próprio indivíduo, tal concepção teria conseqüências mui­ to diferentes. Daria orlgenj a um a psicologia da personalida­ de e da terapia orientada num sentido democrático e condu­ 213 ziria, gradualmente, a uma definição mais significativa e mais fundamental da democracia. Notemos que tal concepção do indivíduo não 6 Incompatível com as funções do especialista das relações humanas. A tarefa deste especialista não consis­ tiria em avaliar o comportamento, as necessidades e objeti­ vos, em suma, a personalidade dos demais. Consistiria, sim, na criação de condições nas quais a capacidade de autodetermi­ nação do ser humano poderia atualizar-se, tanto no plano so­ cial, quanto no plano individual. A competência especifica do profissional das relações humanas consistiria em facilitar o desenvolvimento autônomo do indivíduo, (p. p. 212, 218,219) CD. Estas são algumas das idéias de Rogers que fundamentam sua po­ sição a respeito do diagnóstico. Segundo ele, essas objeções têm um ca­ ráter fundamental. De qualquer forma, acreditamos que merecem ser examinadas seriamente e que a prática da psicoterapia dentro de uma sociedade democrática exige que uma resposta adequada seja dada às questões levantadas por esta posição. Conclusão Concluindo a parte prática deste livro, parece particularmente indi­ cado recordar o que constitui o mérito e a originalidade da obra de Rogers. Os valores e ideais que inspiram sua obra nada têm de novo. Quer os chamemospelo nome de “consideração positiva incondicional”, de "liberdade, igualdade e fraternidade”, de “justiça e cari iade”; de "res­ peito pela dignidade e integridade da pessoa humana" ov por 'outros tí­ tulos clássicos e humanistas, estes valores foram reconhecidos por ' ge­ rações de homens como marcos milenares na rota do progresso humano. Estes valores nos são, pois, relativamente familiares, pelo menos enquan­ to noções, e nós gostamos de invocá-los quando a ocasião se presta a isso, isto é, em circunstâncias suficientemente solenes. Assim, o mérito específico de Rogers não reside no fato de ter reconhecido a importân­ cia destes valores, nem mesmo no fato de tê-los incorporado à psicolo­ gia moderna, teórica e aplicada. O mérito e a originalidade de sua obra é de ter dado a estes valores formas concretas, observáveis, comunicáveis e suscetíveis de serem integradas efetivamente nas mais variadas situa­ ções e condutas inter-humanas. É este aspecto de sua obra que procuramos evocar e comunicar no Volume II deste livro. (1) R O G E R S , C .R . Divergent Trends in methods o f improvíng adjustment. Rev. 1948. p. 209-219. 214 Harvard Educ. 10.ÍNDICE REMISSIVO Aceitação. Cf. Por. 121. 28 Autenticidade. 186. 165. 116 Autonomia. 16.S . 187 Capacidade do indivíduo. 29 Avaliação. 121 Catalizador. 108 Clientes. U r.: E tt. 107 Catártica (reação). Nyl. 166 Caso “toem sucedido”. 122. 95. 113. 126 Caso “completo". P . 188 Cliente não voluntário. 166. Nor.. 95 Cliente voluntário. 127. Vib 215 . 35 Centro de avaliação. SI Autocoraeção. 165 Autodeterminação. 34 Aceitação incondicional. 27. 93 Estrutura. li Dasacordo. 127. 67. 193 CHU. 210 Figura e fundo. 60-62. 83. 100. 16 Contração. 90. 40. 166 Exploração. 190 Entrevista {preliminar. 128. 17 EMS3. 160’ 186 Estruturação. 93.Comunicação. 90. 87. 118 Empatia. 150 Fanichel. 28. 45. N „ 97 Glaser. 186 Desorganização. 167 Descriçfio. 65. 91. 131.f u Iniciativa. 107. 136 Denney. 144 Diagnóstico. 189. <st. 64. 123. 191. l&l Interpretação. 169. 151. 94.. 114. 84 Laisse&Xaire.. 103 — implícita. 26. 17 For. 207. R . 95. H . 40 Consideração positiva incondicional. 202 E u (noção do — ). Emotional Maturity Scale. 117. O . 95 Estruturação explicita. 28. 88. 113. 188 Freud ( e freudianos). English.. 78 Filmes. 113. 197. 116. 98. 106 Ett. ISO. 190. 214 Elucidação. 15. N . B . 184 216 . 194. 100. (notas biográficas). 83. 186. 152. 165.. 84. 83. 67. 123 Técnicas. 193 Psicose. R . 146 T . 71 Nyi. 124. 13. E . ( Thematic Apperception Test). 65. 13. 118. 45. 148. 157 Perspicácia. 118. 67. 11 Rigidez perceptual. 167 Fackard. D . 193 Role play. 60. 97 Nor.T . 69 Reorganização. 131. 151 . 12 Prepracticuin.. F . 65.. V . 97 Reflexo.. 69. 87. 64. 63.A . 123. 54. 131. 153 Redlich. 24 Practicum. 68. 65 Reconhecimento. 143. conflito neurótico).Nkxfcreçáo. 11 Fanado ( o — ). 116 Significação pessoal. 136. 187 Resposta-Refutação. 186 I Psicanálise. 16 Rorscbacb. 73.S . 190 Newman. 175. 97 Keuroae (personalidade.. 123 Sentimeoto. 143 Reiteração. 34. 1S9.. 12 P8icodin&mica ( e: dinâmica da personalidade). 79 Rieesman. 87 Relações Humanas. 67. 164 P . 20. 86 Onganimio. 153. Cari R . 47 Porter. 45. 89. 64. 62. 184 Rogers. 145 Respeito. 53. K . 308-306 Traaofertnciaa. m Whyte. UU) Unidade d e T n f q i t i . II Woibert. 138 Vib 9t. 54. Jr . 84. I»-. « . 133 Thome r C 306 TVr. U8 .Ttatas projetivos. 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