CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DAS PRINCIPAIS ANONÁCEAS E ASPECTOS FISIOLÓGICOS DE MATURAÇÃO.pdf

May 28, 2018 | Author: Geraldo Henrique Martins Vieira | Category: Carbohydrates, Postharvest, Fruit, Metabolism, Breathing


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ISSN 1677-1915 Dezembro, 2006 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Agroindústria Tropical Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Documentos 106 Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação José Luiz Mosca Carlos Eliardo Barros Cavalcante Tatiana Mourão Dantas Embrapa Agroindústria Tropical Fortaleza, CE 2006 José Jaime Vasconcelos Cavalcanti. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Embrapa Agroindústria Tropical Mosca. II. Tatiana Mourão Dantas.cnpat. Antonio Teixeira Cavalcanti Júnior. Andréia Hansen Oster. (Embrapa Agroindústria Tropical. III. Pici CEP 60511-110 Fortaleza.embrapa. Sara Mesquita 2270. José Luiz Mosca Editoração eletrônica: Arilo Nobre de Oliveira 1a edição 1a impressão (2007): 200 exemplares Todos os direitos reservados A reprodução não-autorizada desta publicação. Afrânio Arley Teles Montenegro. – Fortaleza : Embrapa Agroindústria Tropical. Carlos Eliardo Barros Cavalcante.Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na: Embrapa Agroindústria Tropical Rua Dra. Dantas. CE Caixa Postal 3761 Fone: (85) 3299-1800 Fax: (85) 3299-1803 Home page: www. Supervisor editorial: Marco Aurélio da Rocha Melo Revisor de texto: José Ubiraci Alves Normalização bibliográfica: Ana Fátima Costa Pinto Fotos da capa: Maria Auxiliadora Coêlho de Lima. 106). CDD 634. 28 p. Ebenézer de Oliveira Silva. José Luiz.610). I. Barros. Tatiana Mourão Dantas. Série. no todo ou em parte. Título. Carlos Eliardo. Documentos. ISSN 1677-1915 1. constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.br E-mail: [email protected] Comitê de Publicações da Embrapa Agroindústria Tropical Presidente: Francisco Marto Pinto Viana Secretário-Executivo: Marco Aurélio da Rocha Melo Membros: Janice Ribeiro Lima.41 © Embrapa 2006 .embrapa. 2006. Características botânicas das principais anonáceas e aspectos fisiológicos de maturação / José Luiz Mosca. IV. Tatiana Mourão. Anonácea. UFC Tatiana Mourão Dantas Aluna de Mestrado em Tecnologia de Alimentos.Autores José Luiz Mosca Engenheiro agrônomo. CE. Dr. Fortaleza. mosca@cnpat. Universidade Federal do Ceará .embrapa. em Fisiologia Pós-Colheita.UFC . pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical.br Carlos Eliardo Barros Cavalcante Aluno de Graduação de Engenharia de Alimentos. Universidade Federal do Ceará . minimizando as perdas pós-colheita. e é essencial que em toda a cadeia produtiva sejam adotadas as práticas recomendadas de colheita. Lucas Antonio de Sousa Leite Chefe-Geral da Embrapa Agroindústria Tropical . a proposição de estratégias e tecnologias que reduzam a velocidade das transformações bioquímicas. assim. Nesse sentido. este trabalho fornece informações importantes para o entendimento desses processos. pós-colheita. sem prejuízo da qualidade. transporte e distribuição. contribuindo para melhorar a qualidade e a competitividade dessas frutas. A alta perecibilidade dos frutos das anonáceas e o seu curto período de conservação pós-colheita exigem um adequado conhecimento dos aspectos relacionados ao desenvolvimento dos frutos e dos processos fisiológicos e bioquímicos da maturação. tanto no mercado interno como no externo. possibilitando. O acompanhamento dessa demanda e das exigências do consumidor deve ser sistemático.Apresentação As anonáceas representam um grupo de frutos com uma demanda crescente. ........................................................................................................................................) ......... cherimola Mill................................. Perda de Massa ........................................................... Açúcares ......................................... squamosa L. 26 ....................... Peroxidase .................................................Sumário Introdução ......) .............................................................................................. 17 Respiração ............ 10 Aspectos Gerais ............ 11 13 13 15 Processos Fisiológicos de Maturação .............................. squamosa L....... Acidez Total Titulável ....................... Amido ..................... cherimola Mill x A..........) ........... Textura ........... 18 19 19 20 21 22 22 24 Referências ................................................................... Pinha.......... Sólidos Solúveis Totais ................................................................ Atemóia (A......... Fruta-do-Conde (A.............................................. 10 Graviola (A.............. Ata................................ 9 Família Annonaceae .......) ........ muricata L......................... Cherimóia (A.......................................................................................................................................................................................................... de sabor agradável. devido a seu amadurecimento muito rápido.). Dentre as espécies de anonáceas que produzem frutos comestíveis. Muitas dessas espécies têm interesse como frutíferas comerciais. No entanto. Em frutos maduros. cherimólia (A. pinha. as mais conhecidas e de maior importância econômica são: graviola (A. e de conservação extremamente reduzida. aroma e textura. açucarado e ligeiramente ácido.).) e atemóia (híbrido de A. ata ou fruta-do-conde (A. sendo cultivadas em vários países. difíceis de serem manuseados sem danos. Essas quatro anonáceas produzem frutos bastante aromáticos. cherimolia x A. uma vez que o fruto não depende mais da absorção de água e minerais efetuada pelas raízes. até alcançar o estado comestível. após a colheita. sabor. a maioria nativa das regiões tropicais ou subtropicais. a respiração tornase o principal processo fisiológico. squamosa L. cherimola Mill.Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação José Luiz Mosca Carlos Eliardo Barros Cavalcante Tatiana Mourão Dantas Introdução A família Annonaceae compreende grande número de gêneros e espécies. O amadurecimento de frutos é um processo fisiológico complexo que promove transformações em cor. os frutos apresentam limitações à distribuição para mercados distantes. que os torna muito macios. da condução de . squamosa). muricata L. citado por Crane & Campbell (1990).. podem ser detectadas através de diversas análises. No gênero Rollinia. para consumo in natura. popularmente chamada de graviola e a Annona reticulata L. Alberonoa purpuracea (marolo) e a Alberonoa lanceolata (pindaíba) (Manica. No gênero Annona. dos quais apenas três. três gêneros são importantes: Annona. sendo as mais importantes a graviola. tem-se Rollinia silvatica (araticum-do-mato). para indústria de suco e polpa. Rollinia escalbida (araticum ou quaresma) e no gênero Alberonoa. denominada de fruta-da-condessa. ata ou pinha. Bailey. Rollinia e Duguetia. Família Annonaceae Aspectos Gerais A família Annonaceae descreve mais de 40 gêneros. (cherimólia) e seu híbrido Annona cherimola Mill. os frutos de anonáceas apresentam problemas em sua conservação pós-colheita. e a fruta-do-conde. Na família Annonaceae. a espécie Annona cherimola Mill. a cherimóia. (atemóia) são frutíferas de importância.. produzem frutos comestíveis.. Para as regiões subtropicais. Rollinia e Alberonoa. todos originários de regiões tropicais da Ásia. Rollinia mucosa (biribá). apenas as espécies do gênero Annona são cultivadas comercialmente. . 1994). conhecida no Brasil como fruta-do-conde. afirmou que a família contém 46 gêneros e de 500 a 600 espécies de árvores e arbustos. África e América. mesmo não podendo ser visualizadas. mas de distribuição ainda restrita.10 Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação nutrientes pelo sistema vascular. ocasionados por alterações metabólicas nos tecidos durante o amadurecimento. as principais espécies cultivadas nas regiões tropicais são: a Annona squamosa L. a Annona muricata L. nem da atividade fotossintética da planta mãe. a atemóia e a fruta-da-condessa. x Annona squamosa L. Annona. as quais. No Brasil. Devido à alta perecibilidade. 1) é uma árvore de pequeno porte. mais especificamente da América Central e Vales Peruanos.) A graviola é citada como originária da América Tropical. após a fecundação. de cor verde-escura-brilhante na página superior e verde-amarelada na página inferior. oblongas ou elípticas. distribuídas em pedúnculos curtos axilares ou diretamente do tronco.5 a 8 m. copa pequena. Fig. Gravioleira (Annona muricata). solitárias ou agrupadas de 2 a 4 flores. a gravioleira (Fig. de ramificação assimétrica e de folhagem compacta. formam cachos de frutos. são hermafroditas. originadas de raminhos curtos dos ramos de plantas velhas que. ovadas. duras. 1997). com altura de 3. Segundo Manica (1997). de cor verde-escura quando em crescimento e verdeclara quando próximas da antese.Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação Graviola (Annona muricata L. Foto : Maria Auxiliadora Coêlho de Lima As flores no estádio de “capulho” têm um formato subgloboso ou piramidal. 11 . e daí distribuída para todas as regiões tropicais do mundo (Manica. quando adultas. 1. As folhas são inteiras. medindo de 5 a 18 cm de comprimento por 2 a 7 cm de largura. de pecíolos curtos. coriáceas. de sabor agradável e alto conteúdo de vitamina A e de vitamina C. apresentando três fases características. apresentam no centro um pseudo-espinho curvo para baixo. O fruto tem polpa branca. de forma elipsoidal ou ovóide. pesando entre 0. o maior do gênero Annona. seguida de uma fase estacionária. aos 90 dias após o início do período quiescente (Lima. eles são carnosos.1 cm de comprimento por 11. muito aromática. curtos e moles.61 g. Na primeira. com peso de 1 kg até 10 kg . o fruto apresenta um rápido crescimento inicial. tendo a testa dura e cor marrom-escura-brilhante. estudos têm demonstrado que o fruto atinge maturidade fisiológica. Graviola (Annona muricata L. registramse. carnoso.Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação O fruto (Fig.3 a 21. frutos quase lisos.57 g e 0. também. enquanto a fase final é aquela em que o fruto atinge a maturidade e o tamanho definitivo. 2. medindo entre 15 e 20 mm de comprimento. entretanto. sucosa e ligeiramente ácida. 2002). Os carpelos aparecem separados por um sulco fino e.2 cm de largura. aproximadamente. acima de 95 por fruto. Foto : Maria Auxiliadora Coêlho de Lima 12 Fig. As sementes. 2) é uma baga composta. O desenvolvimento do fruto é do tipo sigmoidal duplo. na maioria das cultivares. são ovóides e aplainadas.).2 a 30. medindo de 16. . Na Região Nordeste. frutos múltiplos ou sincarpo. Peru. na maioria das variedades estudadas. e na terceira e última fase. ocorre rápido crescimento. Bolívia. com 4 a 6 metros de altura e muito ramificada. A ateira (Fig. é originária das terras baixas da América Central. espécie paternal da atemóia. e que. Gardiazabal & Rosenberg (1993). Ata. 3) é considerada uma árvore baixa.05% de acidez total titulável. quando eles atingem o máximo desenvolvimento. sua ocorrência foi de 116 dias. de ápice obtuso ou acuminado e medindo de 5 a 15 cm de comprimento por 2 a 6 cm de largura.6 ºBrix e 1. pinha ou fruta-do-conde. ocorrendo nos primeiros 71 a 102 dias após a polinização. abrangendo períodos de 217 a 282 dias após a polinização.Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação Lima (2002). 1997). Equador e em locais de clima ameno. O desenvolvimento do fruto se caracteriza como sendo uma curva sigmoidal dupla. transcorre entre 102 e 217 dias.) A ata. cujos teores de sólidos solúveis totais apresentam variação de 15 oBrix a 30 oBrix (Manica. 13 . com coloração verde-brilhante na página superior e verde-azulada na página inferior. tendo sido levada do México e introduzida no Oriente e nas Fillipinas. Cherimóia (Annona cherimola Mill. encontrou valores de 17. estudando o crescimento de fruto de cherimóia no Chile. em frutos maduros. além das formas variadas. podendo este crescimento contínuo ser dividido em três fases. ocorre espontaneamente nas Regiões Andinas do Chile. Os frutos.) A cherimóia. A segunda fase. onde o crescimento é reduzido. com pequeno número de sementes (21 a 41 por fruto) e com 54% a 71% de polpa. As folhas apresentam lâminas oblongo-elípticas. estudando frutos de gravioleira do tipo “Crioula”. Pinha ou Fruta-do-Conde (Annona squamosa L. espécie maternal do híbrido atemóia. verificaram que a primeira fase se caracteriza por alta taxa de crescimento. podem apresentar-se com peso variando de 250 gramas a 600 gramas. A polpa é branca. recobrindo um grande número de sementes. O fruto (Fig. doce e aromática. Ata.Foto: Tatiana Mourão Dantas Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação Fig. Foto: Tatiana Mourão Dantas 14 Fig.). Segundo Vithanage (1984). Ateira (Annona squamosa). . ovóide. cobertos externamente por uma saliência achatada em forma de tubérculos regularmente expostos. com os pistilos ocupando o centro do receptáculo cônico. Essas flores apresentam dicogamia protogínica. esférico ou cordiforme. sendo formado por carpelos muito proeminentes na maioria das cultivares. 4. a ateira apresenta flores pendentes. 4) é um sincarpo arredondado. com 5 a 10 cm de diâmetro. 3. pinha ou fruta-do-conde (Annona squamosa L. enquanto as anteras se localizam na periferia. ) A atemóia é um híbrido de cherimóia com fruta-do-conde (ata.88% acidez total titulável. na prática. Pesam de 15 . (1986) apresentaram 54% de polpa. Rego et al. pH 4. (1989). analisando a polpa de frutos maduros. localizadas nas axilas das folhas de ramos com um ano de idade ou nos brotos novos (Manica. altura esta intermediária a dos pais. Ela apresenta como principais características a sua adaptação climática intermediária a dos pais.24 oBrix. bem como a qualidade da cherimóia e a rusticidade e facilidade de produção da fruta-doconde (ata. liso ou com protuberâncias. a copa é aberta. o resultado do melhoramento por hibridação entre a cherimóia e a fruta-de-conde. cônico. As flores medem de 3 a 4 cm. O fruto (Fig. 1994).3 e 0. Geralmente. As folhas são elípticas. e repetidos mais tarde em outros países. onde o crescimento apresenta dois picos. encontraram os seguintes valores de 5. mais vigorosa que a fruta-do-conde (ata. pinha). pois.Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação O desenvolvimento do fruto é do tipo sigmoidal. com isso. com ramos longos. o primeiro entre 45 e 60 dias após a antese e o outro. Atemóia (Annona cherimola Mill. chegando ao máximo de 10 m. no entanto. a atemóia pode ser cultivada tanto nos trópicos como nos subtrópicos. 39% de casca e 7% de sementes. de forma variável. ovaladas ou lanceoladas. com três pétalas amarelo-esverdeadas. obtido no início do século em cruzamentos feitos na Flórida. x Annona squamosa L. 5) é típico da família. A planta apresenta porte pequeno a médio. Essa adaptação climática intermediária traduz-se numa relevante vantagem. A atemóia é. EUA (Donadio. pinha). entre 90 e 105 dias (Pal & Kumar. 1992). pinha). simples ou em pencas de 2 a 3. cordiforme. 1995). medindo de 10 a 20 cm de comprimento e 4 a 8 cm de largura. com o objetivo de obter híbridos que reunissem as características de adaptação ao clima tropical da ata ao de subtropical da cherimóia. sendo. composto de carpelos agregados. Frutos analisados por Maia et al. 5. Bernitski. Bradley. Malali. Em geral. São conhecidas cerca de 15 cultivares de atemóia. PR .3. Hete. são esverdeados e chegam ao amarelo-pálido. como a produtividade e o vigor das plantas.). As cultivares mais conhecidas são Gefner. tamanho e aspecto bem definidos de seus frutos e o sabor e aroma de sua polpa.Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação 200 g a 450 g. Foto: José Luiz Mosca 16 Fig. A polpa é branca. Das cultivares mais promissoras disponíveis atualmente. doce e de consistência média entre a cherimóia e a fruta-do-conde. amadurecem de 4 meses a 6 meses do florescimento. African Pride. contém menor número de sementes que ambas (Manica. a baixa relação polpa/semente que ela apresenta é suplantada por outras características. a Gefner atende à maioria dos requisitos exigidos.A. x Annona squamosa L. 1994). Island Gem. Atemóia (Annona cherimola Mill. Malamud.2. Page. das quais algumas foram introduzidas no Brasil. . PR . na maturação. IAC . Kabri. Mammoth e Sterner. até alcançar o estado comestível. que o início e a elevação da respiração e o amadurecimento da variedade estudada não são estimulados por concentrações tão baixas. ainda.35% de ácido cítrico em frutos maduros. Como efeitos negativos. O relacionamento entre o amadurecimento e o pico climatérico é aceito de forma generalizada. Processos Fisiológicos de Maturação O amadurecimento de frutos é um processo fisiológico extremamente complexo.Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação Mosca (2002). em estudos sobre respiração em pós-colheita de graviola mantida a 20 ºC. sendo a cherimóia um caso típico. como 50 ppb (0. 1990). observaram aumento na produção de etileno logo após o pico climatérico. estudando a relação entre a produção do etileno e a iniciação do climatérico em cherimóia. sugerindo que o aumento da taxa de respiração pode depender do incremento da produção de etileno. encontrou valores de 24.9 ºBrix e 0. estudando atemóias da variedade Gefner. citam-se a antecipação da senescência e a aceleração do envelhecimento dos tecidos. afirmaram.05 ppm). 17 . marcando a transição entre o desenvolvimento à senescência do fruto. Kosiyachinda & Young (1975). armazenada a 20 ºC. O etileno é o hormônio mais ativo da planta e é conhecido por sua benéfica atuação como iniciador e uniformizador no processo de amadurecimento de frutos. variedade Chaffey. no aroma e na textura. O climatério ou pico climatérico pode ser definido como o período durante o qual uma série de mudanças bioquímicas é iniciada por produção autocatalítica do etileno. no sabor. Em muitos frutos. que promove transformações na cor. Essas trocas podem coincidir com os primeiros estádios da senescência. encontraram que a concentração de etileno interna foi menor que 0. o pico climatérico coincide com o estado de qualidade ótima para consumo.05 ppm até a metade do primeiro pico respiratório. envolvendo um aumento na atividade respiratória e na condução ao amadurecimento (Chitarra & Chitarra. Bruinsma & Paull (1984). . enzimas e outros materiais de estrutura molecular elaborada (Chitarra & Chitarra. os padrões respiratórios e de textura apresentaram-se. Kosiyachinda & Young (1975) demonstraram que a curva de respiração para cherimóia. nem da atividade fotossintética da planta mãe. Em frutos da ateira (A. a respiração torna-se o seu principal processo fisiológico.climatéricos e não climatéricos. muricata L. com a conseqüente depressão progressiva das reservas de matéria seca acumulada. os frutos têm vida independente e utilizam suas próprias reservas de substratos. cv. Bruinsma & Paull (1984). apresentou dois picos de produção de CO2 e alcançou o ponto de amadurecimento (estado comestível) próximo ao segundo pico. As atividades não são apenas catabólicas. Biale. Posteriormente.). uma vez que ele não depende mais da absorção de água e minerais efetuada pelas raízes. squamosa L. Broughton & Tan (1979) confirmaram a forma irregular da curva de respiração em pós-colheita nos frutos da ateira (A. squamosa L. Portanto. Em estudos comparativos sobre fisiologia em pós-colheita de diferentes anonáceas. sendo que o padrão climatérico dos frutos de anonáceas foi descrito por Biale & Barcus (1970). sendo que alguns órgãos vegetais utilizam a energia liberada pela respiração para continuar a síntese de pigmentos. Brown et al. estudando o processo respiratório em pós-colheita de graviola (A. os classificou em duas categorias . com base no comportamento respiratório dos frutos.18 Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação Respiração Após a colheita do fruto. ao amadurecimento.). (1988) encontraram que os padrões respiratórios e as alterações de firmeza em cherimóia e atemóia são de forma similares aos estabelecidos anteriormente por Kosiyachinda & Young (1975). Em estudos posteriores. 1990). estabeleceram dois picos. substancialmente diferentes. enquanto a curva respiratória exibiu um único pico de CO2 coincidente com o amadurecimento. após a colheita. Chaffey.). nem da condução de nutrientes pelo sistema vascular. Na década de 60. sendo o primeiro associado ao efeito da colheita e o segundo. acumulados durante o seu crescimento e a sua maturação. muricata L. 19 . A elevação no teor de açúcares se deve à maturação do fruto. O amido é o material de reserva energética nos vegetais.Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação Amido A mudança mais marcante na composição química das frutas anonáceas durante o amadurecimento é a diminuição no conteúdo de amido e o aumento de açúcares. (1983). 1990). que também ocasiona decréscimo na acidez e na adstringência. pela redução do teor de ácidos e fenólicos e pelo aumento nas características do aroma. em forma progressiva. devido à emanação de compostos voláteis. Há predominância de sacarose sobre os açúcares redutores (glicose + frutose). como também durante o período entre a colheita e o ponto de amadurecimento para ser comestível. concomitantemente. nas últimas semanas de maturação. Alguns frutos jovens contêm grande quantidade de amido e apresentam decréscimo acentuado com a maturação. A transformação qualitativa mais marcante que ocorre na maturação de frutos é a decomposição de carboidratos. Açúcares Os frutos climatéricos apresentam consideráveis mudanças no conteúdo de açúcares totais.) durante a maturação. Contudo. Paull et al. A sacarose alcançou concentração igual a quatro vezes a inicial e depois declinou rapidamente. teores mais elevados de açúcares permanecem por curtos períodos. aumento dos açúcares solúveis. notadamente a conversão de amido em açúcares solúveis. em estudos sobre as mudanças na composição química da graviola (A. observaram diminuição na concentração de amido e. sendo maior a concentração deste açúcar. decrescendo após armazenamento prolongado (Chitarra & Chitarra. Glicose e frutose apresentaram aumento moderado e constante. Essa transformação tem efeito no sabor e na textura dos frutos (Chitarra & Chitarra. 1990). que aumentam não só durante o período de sua maturação na árvore. como critério usual e objetivo para a maioria dos frutos. reduz o teor de SST do fruto. em condições brasileiras. Campa foram estudados por Plaza (1986). pela diluição do suco celular. à hidrolise do amido acumulado durante o crescimento do fruto na planta. sendo o teor de sacarose quatro vezes o valor inicial. ocorrendo aumento apenas moderado e constante (Paull et al. O aumento da relação SST/ ATT. transformando-se em açúcares solúveis totais (AST).20 Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação Teores de açúcares durante o amadurecimento em cherimóia (A. A chuva ou uso de irrigação excessiva. e a relação entre SST e acidez total titulável (ATT). 1983). Esse acréscimo é atribuído. podem-se encontrar teores de SST variando de 4 ºBrix a 27 ºBrix. pode afetar a doçura e o flavor dos frutos. 1990). ocorre aumento nos teores de SST e de açúcares.) cv. Cabe ressaltar que os índices de colheita estabelecidos não são adequados para as anonáceas. cherimola L. que registrou aumento considerável de açúcares redutores e sólidos solúveis nos frutos armazenados a 5 ºC. Durante a maturação. principalmente a atemóia. Na atemóia. mas essa relação não é indicativo de sabor ou flavor. como acontece em alguns plantios comerciais. serem insípidos. onde o teor de SST atinge valores muito baixos na época das chuvas. Os índices utilizados baseiam-se na mudança de coloração da casca e nas modificações na forma dos carpelos dos frutos. Frutos com baixo teor de SST e baixa ATT podem apresentar relação elevada e. no entanto. .. Índices observados na evolução da maturação são utilizados como medidas de firmeza. A glicose e a frutose não apresentam o mesmo comportamento. na maioria das vezes. durante o amadurecimento. Sólidos Solúveis Totais Os teores de sólidos solúveis totais (SST) têm sido utilizados como índice de maturidade para alguns frutos (Chitarra & Chitarra. principalmente. principalmente. muricata L. Martinez et al. parece existir uma tendência clara com respeito ao aumento da acidez total titulável (ATT) em relação à maturação.Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação Mosca (1997b). coletou frutos em três estádios de maturação. então.). trabalhando com cherimóia cv Concha Lisa. “de vez”. (1983) determinaram.3 ºBrix. Os frutos iniciaram sua evolução com teor de 9. Em graviola (A.1 ºC. squamosa L. observou acréscimo de 7 ºBrix a 9 ºBrix.). PE. Acidez Total Titulável Os ácidos orgânicos estão entre os constituintes que sofrem maiores trocas no amadurecimento. em relação à cv. consideravelmente. Após esse período. durante 48 dias. Comprovou-se que existe grande variabilidade no comportamento. durante a maturação. armazenada a 6 +/. até os frutos atingirem o ponto de colheita na 14a semana (98 dias). Plaza (1986) encontrou que. durante o amadurecimento. cítrico e oxálico e encontraram que o ácido málico era predominante e aumentava sete vezes em relação ao valor inicial. trabalhando com identificação do ponto de colheita em graviola (A. maturo fisiologicamente e maduro e os manteve a 24. Campa. trabalhando com ata (A. (1997). produtos da hidrólise do amido. muricata L. os frutos foram colhidos e armazenados por sete dias a 24.) conservada a 9 ºC. os níveis de ácidos málico. à glicose e à sacarose.). até 16 ºBrix a 18 ºBrix. no pólo irrigado de Petrolina. acompanhou seu desenvolvimento na planta. até atingir 18 ºBrix no 42o dia. Mosca (1997 a). e notou que apresentavam teor de SST de 3. dessa forma. o conteúdo de acidez aumentava.6 ºBrix. à frutose. e que esta evolução foi mais ressaltada na cv Fino de Jete.5 ºBrix. Em anonáceas. Paull et al. sugerindo. em cherimóia (A. observaram aumento progressivo no teor de SST. ser o maior contribuinte para o sabor ácido do fruto. Este incremento no fruto foi devido.5 ºC e 70% UR. 21 .5 ºC e 75% de UR e observou que teores de SST atingiram valores médios de 27. tanto no sentido quantitativo como qualitativo. cherimola Mill. ). muricata L. seguidos da pré-maturação. squamosa L. em maior ou menor intensidade.). As perdas entre 3% e 6% são suficientes para causar redução na qualidade de muitos produtos.1 ºC durante 48 dias. (1997). enquanto que outros. podendo ser avaliada por métodos subjetivos. dependendo das condições ambientais. expressaram os valores para graviola em ácido málico e para ata em ácido cítrico. respectivamente. observaram que nos primeiros 21 dias de armazenamento a perda de umidade foi mínina. quando o produto ainda está sendo refrigerado. afetando a qualidade organoléptica do fruto. maturação. Segundo Zúñiga (1977). enquanto nos 42 dias de armazenamento a perda foi de 63%. Ocorrem sucessivas divisões e crescimento celular. e graviola (A. tais como penetrômetro e texturômetro. em trabalho com cherimóia (A. Perda de Massa Fresca O teor de umidade da maioria dos frutos está acima de 90%.) cv. Concha Lisa. mesmo perdendo 10% ou mais ainda podem ser comercializados. Martinez et al. Quanto mais longo for o período de resfriamento do produto. amadurecimento e senescência (Chitarra & Chitarra. através da compressão do produto com o polegar ou com o auxílio de instrumentos. maior será sua perda de água. Durante o desenvolvimento. a perda de peso por transpiração com níveis maiores que 4% pode provocar diminuição da qualidade. 1990).22 Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação Mosca (1997a) e Mosca (1997b). cherimola L. trabalhando com ata (A. . A perda de massa fresca é maior durante as primeiras horas ou primeiros dias de armazenamento. os frutos passam por diferentes estádios fisiológicos. armazenada a 6 +/. A transpiração é um processo fisiológico que continua acontecendo na fase pós-colheita. Textura A textura é um dos atributos de qualidade de maior importância comercial em frutos. verificaram que para a variável textura. observaram que até os 28 dias de armazenamento. African Pride e Palethor Pe receberam nota 7. trabalhando com cherimóia cv. onde 1 é reprovado (“dislike”) e 9 aprovado (“highly acceptable”). variando de 12 kg a 8. (1984). a penetração. obtido no 42o dia de armazenamento não correspondeu aos valores de consumo (1. assim. O valor de 4. como. provavelmente. promovendo.3 kg.1 ºC durante 48 dias. como resposta a uma maior atividade metabólica do fruto. ainda. podem apresentar grande variabilidade devido à orientação dos segmentos do fruto e à presença de sementes próximas à superfície. (1997). uma maior resistência. utilizando-se uma escala hedônica.5 kg). Por outro. em revisão sobre textura em frutos tropicais afirmou que. George et al. por exemplo. Peleg (1979). Martinez et al. devido.8 kg. A textura de produtos vegetais esta relacionada com a turgidez. Gefner a única que obteve nota 5. as cultivares Hillary White. trabalhando com sete cultivares de atemóia. grande parte deles apresenta dificuldades de determinação da textura por métodos instrumentais. ocorreu decréscimo gradual da resistência da polpa à pressão. Concha Lisa armazenada a 6 +/. enquanto Pink´s Mammoth. decrescer ainda mais. as medidas localizadas. depende do grau de transformações que essas células podem sofrer durante o amadurecimento. tendo em conta as características particulares dos frutos de anonáceas. posteriormente. presença de tecidos suporte e composição da planta e. o que se considera como a primeira indicação da maturação. sendo a cv. forma das células. em especial as alterações nas substâncias pécticas. Martin e Marrochygold apresentaram a maior nota (8). coesividade. 23 . a desordens fisiológicas que provocam processo de lignificação.Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação O tecido comestível da polpa dos frutos é composto de células e a permeabilidade da plasmalema e a quantidade de espaços intercelular contribuem para o amaciamento dos tecidos. para. aparentemente. Associado com a desintegração da membrana celular e com a hidrólise dos polissacarídeos da parede celular há aumento da respiração. pode-se pensar que a peroxidase está relacionada com o climatério respiratório. aminas e certos compostos heterocíclicos como o ácido ascórbico (Dilley. sendo. Clemente & Pastore. 1970). 1964. pois estudos fisiológicos mostram paralelismo entre essas enzimas e a produção de etileno pelos vegetais. 1998). As PODs são hemiproteínas. Uma generalização plausível da senescência é que ela corresponde a um estado de oxidação dos tecidos. Sua presença em vegetais tem sido relacionada à biogênse de etileno (Matto & Modi. Sua atividade parece aumentar durante a maturação de diversos frutos. como ocorre na manga. Clemente & Pastore. Clemente & Pastore. resultando em lipídios hidroperóxidos. balanço hormonal. 1998). importante fator no controle da maturação e senescência de frutos. As peroxidases têm sido implicadas em vários processos bioquímicos e fisiológicos.24 Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação Peroxidase Muitas mudanças metabólicas que ocorrem nos tecidos dos frutos são atribuídas à atividade de enzimas. os quais podem estar na forma de acúmulo de peróxidos ou no aumento da atividade da lipoxigenase. seca. entre as quais a peroxidase. na presença de H2O2. geralmente. balanço hormonal (Gortnen & Kent. 1970). Maturação e senescência. Este aumento de peróxidos e de radicais livres é. catalizam a oxidação de substratos como fenóis. 1988. integridade da membrana e controle respiratório. Assim. 1998) Polifenol-oxidase (PPO) e peroxidase (POD) estão relacionadas com o metabolismo de produtos de reação ante o dano celular e de adaptação a fatores externos como salinidade. tais como biogênese de etileno. ocorrem após a parada do crescimento e inclui uma série de processos de desorganização celular. as quais. . com a integridade da membrana (Dilley. dessa forma. relacionado com aumento da atividade da peroxidase na senescência. temperatura e pH. e com a degradação de clorofila e senescência de plantas (Walker. 1969. provavelmente. Lima et al. os cloroplastos e a membrana dos tilacóides se desorganizam. relatam que frutos de ata (A. o fruto apresenta problemas de conservação pós-colheita causados por fatores externos e internos. 25 . e recomendaram a atividade da enzima como parâmetro de conservação pós-colheita de ata. Lima (2002).000170 mmol de H2O2 / mg de proteína) em relação aos frutos não tratados. O comando dos processos da atividade da peroxidase é um componente muito importante na conservação pós-colheita de frutos. e da qualidade nutricional e funcional dos alimentos.) tratados com cera (citrosol) e cálcio (cloreto de cálcio 3% / 30 minutos).Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação Devido à alta perecibilidade. da cor. induzida pela peroxidase. tendo como efeito pricipal a perda de cor verde. levando à degradação da clorofila. a atividade da peroxidase voltou a aumentar. embora se mantivesse abaixo da inicial. da textura. armazenados por dez dias sob refrigeração. trabalhando com maturação pós-colheita de graviolas tipo “Crioula” observou que os frutos mostraram aumento inicial na atividade da peroxidase. Squamosa L. apresentaram uma taxa de atividade específica de peroxidase mais baixa (0. entre eles. processo este que não está claro mas. seguido de uma queda acentuada até o quarto dia de armazenamento após a colheita. participando de várias reações oxidativas. pelo fato de a enzima ter ação relacionada ao escurecimento. (2000). pode ser devido a uma série de fatores. cita-se a ação da enzima peroxidase. Durante a maturação dos frutos. Acredita-se que a oxidação fenólica. No final do armazenamento. seja responsável pela deterioração do flavor. Fruticultura tropical. In: NAGY. CRANE. C. properties and uses. 32.. 2. R. v. CAMPBELL. GEORGE. 1990. A. 1988. G. BROWN.. P. London: Academic Press. L.. Tropical Science. Origin and distribution of tropical and subtropical fruits. R. H. P. Florida: Science Source. CLEMENTE. n. DILLEY. p.26 Características Botânicas das Principais Anonáceas e Aspectos Fisiológicos de Maturação Referências BIALE. G. 167–71. 1990. WONG. I. 1992. 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