Capítulo I – Role-Playing Game (RPG) Fig. 2 Calvin e Haroldo 2 "Role-Playing Game, jogo de interpretação de papéis1". O próprio termo denota claramente a importância da atuação das personagens neste tipo de narrativa. Esta idéia pode ser ilustrada, por exemplo, através de um trecho do RPG Vampiro: a Máscara2, um dos mais jogados no Brasil: Os personagens são essenciais para uma história. Eles criam e dirigem a trama; sem personagens não se pode ter uma história. À medida que a história flui, são eles que dirigem e energizam o progresso da trama, e não as decisões do Narrador. (Vampiro: a Máscara, 1994:22;23) Num RPG, as personagens são entidades autônomas. Os jogadores podem decidir livremente o que suas personagens falam ou fazem e são estas decisões que movimentam a trama. O Narrador responde às decisões dos jogadores ajustando a história e, dessa forma, a interatividade se faz presente no RPG. Para uma melhor compreensão da pesquisa que foi realizada no INES, faz-se oportuno conhecer as diferentes definições de "RPG", assim como de "personagens em RPG" encontradas em jogos comerciais e estudos feitos sobre o tema. Para tal, serão apresentadas algumas formulações sobre estas questões e sobre a importância do cuidado da visualidade das personagens no 1 2 Tradução minha. Neste RPG as personagens são pessoas que foram transformadas em vampiros e lutam para manter sua humanidade enquanto tem de se alimentar de sangue humano. Os vampiros vivem numa sociedade secreta, dividida em clãs de vampiros que disputam o poder em conspirações. possuindo vários artigos publicados. I. As 3 fases de RPG aqui consideradas são as identificadas por Bettocchi4 (2002. . publicações e pesquisas que tiveram o tema como objeto de estudo. analisei definições encontradas em alguns RPGs comerciais. Brasil: 1991/1993) temos a introdução de influências vindas dos quadrinhos de diversos gêneros e dos mangás. Outras técnicas como a fotografia também são usadas. trazendo uma classificação das três fases de produção do RPG brasileiro e americano com base na visualidade. Boris Vallejo entre outros. Há uma diversidade de cenários com a entrada da ficção científica e os sistemas "genéricos" que podem ser usados em qualquer cenário.I O RPG como objeto de estudo Buscando conceituar esta modalidade de jogo ou narrativa. mas há uma unidade de estilo visual dentro de cada livro. de origem americana. onde a classe corresponde à sua ocupação e o nível ao seu desenvolvimento. como o mangá.19 RPG. Na 2a fase (EUA: 1977/1991. Encontramos uma homogeneidade de estilo de ilustração. diversidade de regras e cenários. é relatado o levantamento de textos e experiências sobre o RPG aplicado à educação no Brasil. e na obra de ilustradores como Frank Frazetta. esta autora faz uma relação entre a produção de jogos levantada por Fábio Amâncio (1997) entre 1974 e 1997 e as gerações de mestres e jogadores identificadas por Andréa Pavão (1999). onde o cenário é a fantasia medieval e os sistemas de regras são quantitativos com personagens agrupadas em classe/nível. Em seguida. em quadrinhos que abordam temas de fantasia como "Príncipe Valente" e "Conan". Os RPGs de 1a fase (EUA: 1974/77. além do cinema na visualidade. A única exceção aberta foi o AD&D 2a edição. Pesquisa o tema desde 2000. Basicamente. Brasil: 1991) têm uma visualidade inspirada em ilustrações de fábulas e contos de fada do final do século XIX e início do XX. é a primeira autora do gênero no Brasil. RPGs comerciais Foram escolhidos exemplares considerados significativos em função de seu pioneirismo e/ou por marcarem a mudança de uma fase para outra no universo dos RPGs publicados no Brasil entre 1991 e 2001. A diversidade de cenários traz uma diversidade de estilos de ilustração. p: 40-49) em sua dissertação de mestrado em Design. por exemplo. Ilustradora de RPG desde 1991. Mestre em Design pela PUC-Rio.3 os quais foram selecionados de acordo com os critérios explicitados a seguir. Existem produções que se concentram nas regras e outras nas "ambientações". 3 4 Ver Anexo I Eliane Bettocchi. • Desafio dos Bandeirantes (1992) . algo que não tinha sido feito até então. é razoável supor que seus conceitos influenciaram os criadores de TAGMAR e muitos dos jogadores e mestres de RPG ativos naquele período. • TAGMAR (1991) . • Era do Caos (1997) . cinema. como a linha Vertigo americana. é um RPG americano de 2a fase e.primeiro RPG americano traduzido e publicado no Brasil. O livro é recheado de textos que se aproximam do literário com poemas e narrativas em 1a pessoa.primeiro RPG produzido por brasileiros e publicado no Brasil. Abre a 3a fase no Brasil. como. Abre a 1a fase em nosso país. Sendo o mais jogado. ambientação e narrativa. assim como a possibilidade de jogar com monstros (vampiros) como heróis trágicos. folclore e lendas do Brasil.primeiro RPG produzido por brasileiros a utilizar como ambientação a história. . por exemplo. Realismo fantástico que se passa no futuro próximo.5 • Vampiro: a Máscara (1994) . Os livros eram importados e cópias xerox eram distribuídas entre os amigos. este era o RPG mais jogado no Brasil no início da produção nacional em 1991. Apesar de ter sido impresso no mesmo ano que o TAGMAR.primeira produção brasileira de 3a fase. centrado nas personagens. Brasil: 1994) abre com o RPG Vampire: The Masquerade 2nd ed. É perceptível a influência dos quadrinhos para adultos. • GURPS (1991) . por isto. que traz um sistema de regras flexível. É o segundo RPG brasileiro a usar o país como ambientação.20 A 3a fase (EUA: 1992. 5 As datas marcam períodos em que uma determinada fase era hegemônica. televisão e videogames. • AD&D 2a ed (1989): segundo os autores do RPG TAGMAR e Eliane Bettocchi. A visualidade apresenta uma miscelânea de estilos e técnicas diferentes dentro da mesma publicação. tendo grande influência sobre os RPGs produzidos posteriormente. apresentando elementos do cenário. O livro básico é de transição entre a 1a e a 2a fases e os complementos são de 2a fase.RPG americano traduzido de 3a fase (1992 em diante). mas RPGs de estilo de 1a fase são produzidos até hoje. Até hoje é um dos RPGs mais populares no Brasil. marca o início desta fase no Brasil. o D&D 3a edição. derivando daí o apelido dado aos primeiros jogadores brasileiros de RPG de "geração xerox". criando um cenário brasileiro de fantasia. Depto de Letras da PUC-Rio. Andréa Pavão . Alfeu Marcatto .dissertação de mestrado em Design na PUCRio.Mini Gurps Descobrimento do Brasil Pesquisas sobre RPG As publicações e pesquisas analisadas nesta dissertação foram escolhidas pelo seu pioneirismo e facilidade de acesso. • Mini Gurps: Descobrimento do Brasil (1999) . a primeira tentativa de criar RPGs paradidáticos. • Saindo do Quadro. (1997). sendo este um livro de regras. • Roleplaying Game: a ficção enquanto jogo. Figura 3 . (1999). Foi publicada sob forma de livro. • A Aventura da Leitura e da Escrita entre Mestres de RolePlaying Games (RPG).Desafio dos Bandeirantes Figura 5 . É uma produção parcialmente brasileira.Um jogo de representação visual de gênero (2002).dissertação de mestrado em Educação na PUC-Rio.primeira tese de doutorado feita sobre RPG no Brasil.primeiro RPG criado por brasileiros com fins paradidáticos.21 • Mini Gurps (1999) . ilustradora e praticante de RPG. .primeira publicação sobre RPG. Sônia Rodrigues Mota . propõe-se a explicar RPG para leigos e ensinar meios de utilizar o RPG na educação. tendo em vista as comemorações dos 500 anos do Descobrimento. atualizando conceitos do Gurps americano. • Role-Playing Game . Eliane Bettocchi . Primeira dissertação sobre RPG feita por uma autora. (1996).acompanha os Mini Gurps de cenário.Tagmar Figura 4 . interativas.historias. cooperação em vez de competição. (Capturado em 23/06/03 do site: http://www. uma história cujo enredo é alterado continuamente pelo Mestre do Jogo (ou Narrador) de acordo com as ações das personagens dos jogadores.22 O que é RPG? O RPG é jogado. "hipermídia".interativas. mapas. que o distinguem dentre as diversas formas de jogo e narrativa.nom. encontramos alguns conceitos que aparecem com freqüência: atividade em grupo. Em sua esmagadora maioria. do site http://www. personagens interpretadas pelos jogadores. ou mesmo no chão. informações . organizada em "sessões de jogo". o aspecto socializante do RPG em que uma narrativa é criada de forma coletiva verbalmente. Com base nesses conceitos pude chegar a algumas formulações sobre as características e componentes do RPG. Há alguns acessórios opcionais. mundo ou ambientação de jogo. assim como componentes que o configuram na prática. que às vezes são utilizados. As características são: socialização.historias.br) Analisando as diferentes definições e explicações sobre o que é um RPG. narrativa. Características do RPG Uma forma de direcionar pesquisas sobre RPG é considerá-lo como tendo quatro características. Não utiliza tabuleiro e nenhum tipo de peça. em volta de uma mesa. um cenário. maquetes.br. como miniaturas. o compromisso com a diversão. 6 Adaptado e desenvolvido capturadas em junho de 2003. mas de forma alguma são necessários para se ter uma boa sessão de jogo. interatividade. Discorrerei brevemente sobre ambos6. que decidem livremente suas ações nas histórias. que apresento a seguir. o único elemento necessário além do livro e da ficha do personagem (folha de papel que contém todas as informações sobre o personagem) são os dados.nom. geralmente. 7 Flavio Andrade. o jogador começa a se despir de suas inibições e se expor mais à sociedade. saudável e criativo. o que muitas vezes leva à formação de grupos novos. ou seja. Tendo freqüentado eventos de RPG por vários anos e organizado cinco deles. por si só. como por exemplo no xadrez ou no pôquer. pude observar ser costume os jogadores se inscreverem para jogar histórias narradas por mestres também inscritos. expressar um pensamento. o RPG é um importante elemento de comunicação. demandando não a competição. naturalmente. no diálogo e troca de idéias. é calcado no discurso oral. Trabalhou com RPG aplicado à educação de 1996 à 2001. dá ao jogo um grande potencial como elemento socializante. pois. Neste aspecto. Também fez parte do conselho editorial da revista RolePlayinG. Nascido em 1969. mas sim a cooperação entre seus participantes. a uma maior facilidade de se comunicar. Foi também editor do Caderno RPG da revista Dragão Dourado. pois o ato de jogar leva. Além disto. onde atuou como revisor e editor-chefe. é formado em publicidade e jornalismo pela PUC. compostos por pessoas que não se conheciam anteriormente. . A capacidade de integração do RPG começa na sua própria estrutura: é jogado em grupo. Além da co-autoria do "DESAFIO DOS BANDEIRANTES" e da linha de RPG's da Akritó Editora. Isto. ao sentir-se aceito. pessoas que nunca se viram antes se sentam à mesa para viver fantasias de modo socialmente aceito.23 Socialização. segundo Flavio Andrade7 (1997): o RPG permite ao jogador exercitar sua fantasia e torná-la aceitável em seu meio. atuou na mesma editora como editor e diagramador. termos utilizados por Arlindo Machado9 (1997) para definir interatividade: Na mesma época.24 De um modo geral. Isto quer dizer que um suporte de RPG. . É o "ambiente" no qual transcorrem as histórias das personagens do grupo. seja ele impresso. Arlindo Machado é professor do Programa de Estudos Pós-graduados em Comunicação e Semiótica da PUC-SP e do Departamento de Cinema. anualmente.000 pessoas. o cinema. exibição de filmes e animação. ou mesmo. live-actions etc. ainda que possam existir exemplos de histórias e personagens. Interatividade. um RPG oferece uma "ambientação"8 a partir da qual os jogadores constróem. palestras profissionais da área e que aplicam o RPG às suas profissões. Suas pesquisas são voltadas à fotografia. Rádio e Televisão da Escola de Comunicação e Artes da USP. O Encontro Internacional de RPG de São Paulo. criativa e não prevista da audiência. implicava para ele a possibilidade de resposta autônoma. entretanto. refere-se à uma combinação do cenário com os tipos de histórias. Raymond Williams (1979:139) dizia que a maioria das tecnologias vendidas e difundidas como "interativas" eram na verdade simplesmente "reativas". pois diante delas o usuário não fazia senão escolher uma alternativa dentro de um leque de opções definido (verdade que continua sendo válida para a maioria dos videogames e aplicativos multimídia hoje consumidos em escala massiva). Interatividade: se traçarmos um paralelo com o teatro. não tem por objetivo oferecer histórias completas e fechadas. estes eventos também contam com atividades diversas. eletrônico ou oral. suas próprias histórias e personagens. 1997:250) 8 9 "Ambientação" é um jargão do RPG.IV RPG Niterói o segundo maior do mundo. mesas de cardgames e wargames. reúne. profissionais e convidados. cerca de 16. mas sim possibilidades. sendo Figura 6 . entre jogadores. promovido pela editora Devir e pela Gibiteca Municipal Henfil. autônomas e imprevisíveis. que se realizam em cada momento de jogo. computadores e oficinas com com videogames. coletivamente. no limite a substituição dos pólos emissor e receptor pela idéia mais estimulante dos agentes intercomunicadores. (Machado. o vídeo e às mídias digitais e telemáticas. além de mesas disponíveis para os grupos de jogo: exposições de ilustrações. com cenário e regras. 10 11 12 Num livro-jogo. 1997:255). trilhas que podem ou não ser trilhadas. tem formação em História das Ciências. oferece elementos a partir dos quais diferentes histórias podem ser criadas em grupo. para quem esta modalidade de texto "simula a vida e o funcionamento das sociedades. Sociologia e Filosofia. escolhas feitas pelos jogadores. Andréa Pavão compara o RPG ao hipertexto.25 Assim. razão por que ele pode ser modelo para estruturas narrativas múltiplas e descentradas [. Um suporte de RPG. "[onde existem] 'janelas' que podem ou não ser abertas. tantas vezes. neste contexto. A cada etapa da história o jogador deve decidir a ação da personagem diante das opções oferecidas. com experiência técnica na concepção de sistemas de informação inteligentes. 1999:28). podemos dizer que o RPG é um campo virtual que se atualiza a cada momento de construção de uma personagem e de uma história. As idéias desta autora podem ser complementadas com a idéia sobre "hipertexto como labirinto". é um dos estudiosos sobre as repercussões e aplicações da internet na sociedade atual.]" (MACHADO. pode-se tentar diferentes combinações de desenrolar de história. ou aventura-solo. "[. só lhe falta a existência.. mas não a interpreta. o jogador controla as ações da personagem.. Já na passagem do virtual para o atual temos a resposta para um problema. As narrativas no RPG são. temos que formular e criar. o que reservaria aos autores do jogo o papel de facilitadores destas escolhas. Os meios de comunicação hipermidiáticos seriam. muito mais do que de autoria. então. o RPG se diferencia dos livros-jogos10 e de vários videogames onde somente podemos escolher dentre uma série de opções pré-definidas. mas não se tem autonomia para criar opções. Canadá. os que mais se aproximam da própria maneira de funcionamento do pensamento e da imaginação humanas. O possível é exatamente igual ao real. um RPG oferece uma narrativa aberta às contribuições de mestres e jogadores. joga com os dados disponíveis" (MACHADO. de Arlindo Machado. de 46 anos. da Universidade de Ottawa. 1997:253). Estas seriam narrativas reativas. O filósofo francês Pierre Lévy. que se adapta em relação ao contexto. Jogando-se a história várias vezes. enquanto o RPG é interativo. que. Pierre Lévy (1997) estabelece uma distinção entre as dicotomias "possível . Narrativa: diferentemente das histórias tradicionais. enfim. A tensão interativa no jogo gera situações inusitadas que acabam levando a novas experiências e a novas resoluções de problemas.real" e "virtual atual". em oposição à torrente de informações que.] como um processo vivo que se modifica sem cessar. Se pensarmos com base nas idéias de Pierre Lévy11 (1997) sobre virtualidade12.. Lévy. conduzem-nos à sedução da passividade das 'aventuras prontas' nos trilhos da alienação" (PAVÃO.. . . mesmo que esta seja uma "aventura-pronta" publicada por uma editora de RPG. dentro do conceito de interatividade que estamos usando. Portanto. nos jogos da terceira fase (BETTOCCHI. 2002). A própria interatividade garante que os jogadores possam levar a história para rumos imprevistos. reativa e a passagem do virtual para o atual é interativa.. pois pressupõe a possibilidade de criação. cria suas personagens e joga uma história. cinema. literatura. perder sua essência. o RPG também se caracteriza pela mistura e apropriação de diferentes linguagens como teatro. em troca. a passagem que se dá é do virtual para o atual e não do possível para o real. quando um grupo de jogadores escolhe um cenário. 13 Grifo do autor . sobretudo. assim como a diluição de fronteiras entre autor e receptor. através da mistura de estilos dentro de uma mesma publicação.) "Compreende-se agora a diferença entre a realização (ocorrência de um estado pré-definido) e a atualização (invenção de uma solução exigida por um complexo problemático). Além das suas características virtual e hipermidiática." (Lévy.26 "O real assemelha-se ao possível. A representação visual expressa-se como uma colcha de retalhos. a interação dos jogadores entre si e com o narrador torna duas sessões de um mesmo RPG diferentes. quadrinhos ocidentais e orientais e computador sem. fato marcante. Na minha experiência pessoal de 12 anos com RPG. o atual em nada se assemelha ao virtual: responde-lhe. televisão. a prática do RPG por ser interativa é de atualização e não de realização.13 (. 1997: pg 17) A partir dessas definições podemos então considerar que a passagem do possível para o real é. Assim. que enfatizam a multiplicidade de estímulos e respostas. no entanto. já comprovei em demonstrações em escolas e feiras que mesmo que as personagens e o roteiro básico da história sejam os mesmos. texto e imagem. linguagem corporal e verbal) são "janelas" ou "links" de informação para o jogador sobre o cenário onde serão construídas suas próprias histórias e. 1999). o RPG se constitui de texto verbo-audiovisual (texto escrito. mas de estruturas que podem ser recombinadas diferentemente por cada usuário. Ambos. mas "para serem. as novas tecnologias nos permitiram. permitindo a concepção de novas imagens e Figura 7 . suas próprias imagens. este tipo de hiper-estrutura interativa existe desde que existe linguagem. sim. . onde a disponibilidade instantânea de possibilidades articulatórias permite a concepção não de uma obra acabada. “A hipermídia. 2003:25) É interessante notarmos que. apesar desta nomenclatura remeter diretamente à informática.27 A relação entre texto e imagem nos suportes de RPG é fundamental para a compreensão da sua proposta." (Bettocchi. onde o processo de leitura é designado pela metáfora de “navegação” dentro de um mar de textos polifônicos que se justapõem. Estes elementos (ilustrações. é uma forma combinatória e interativa de multimídia. tomar consciência deste processo e utilizá-lo de forma mais direta e simplificada. "pilhados" pelo sujeito a fim de serem reconstruídos de acordo com suas experiências cotidianas. textos. personagens etc. tangenciam e dialogam entre eles.RPG "Era do Caos" (interior) novos textos e a recriação da realidade. como diria Sonia Mota (Apud: PAVÃO. pois. imagens e a narração do Mestre e interpretação das personagens pelos jogadores). existem não para serem consumidos passivamente.” (Plaza. 2002: 52) Hipermídia: como forma de comunicação hipermidiática. conseqüentemente. textos. 1999: 22) O cenário. como. mais do que se acompanha. por exemplo. Personagens: a personagem no RPG é a interface entre o jogador e o jogo pois. portanto.) e da época na qual a história vai se desenrolar como também uma visão da situação "política" dos personagens envolvidos (o relacionamento que existe entre eles e entre cada um deles e os personagens secundários da história). inclui questões tais como quem são as pessoas e organizações mais importantes daquele ambiente. Ele inclui não somente uma descrição do local (bairro. mas visto sob um enfoque inusitado. se a magia é real ou não. através dela. como vimos.. as personagens apresentadas e criadas têm de ser coerentes com o cenário. Cenários:um cenário apresenta um mundo. país. O Cenário é o palco de sua história. uma situação social. lobisomens. descrições de as dos sonoras. planeta. kuey jin etc.Vampire: the Masquerade 2nd edition (interior) conjunto etc. a história. o Mundo das Trevas. referências textuais Figura 8 . se existem seres racionais além dos humanos etc. Algumas vezes o cenário pode ser bastante familiar aos jogadores. mais importante é que este contenha Um que de visuais. possibilidades jogadores. Tudo isto importa porque. . magos. cidade. apresenta o mundo atual sob o enfoque de vampiros. amplia criação detalhadas. da editora norte-americana White Wolf. um grupo social. um período histórico.. Quanto mais bizarro for um cenário descrito.28 Componentes de RPG Novamente esta é uma organização conceitual para facilitar o trabalho de fundamentação do universo dos RPGs. “vivencia-se”. etc. (Reis. condado. Vigotsky (1896-1934) Psicólogo russo reconhecido como um pioneiro da psicologia do desenvolvimento. a prática do RPG não acontece. conforme veremos no capítulo 1. Cabe observar que numa sessão de RPG também há as personagens do Mestre que interagem com as personagens dos jogadores. ou. não a competição. as regras compõem um sistema de simulação de realidade. mas ao sentido de modelo. Apesar de seus escritos contarem com mais de sessenta anos. cuja ênfase recai sobre a causalidade. vejamos duas definições de origem diferente para o termo. como ele chama. 15 . As personagens são definidas por regras de jogo em termos de suas características inatas. diz-se de simulação como a reprodução análoga de algo. Regras: no RPG. (.2. Enredo: para melhor compreender a questão do enredo. mesmo que estas não estejam claras. do Depto de Artes e Design da PUC-Rio. Estas personagens são definidas na maioria dos RPGs como figuras heróicas14. sem regras. personalidade e histórico. "Morreu o rei. ainda. Quando se utiliza o termo simulação de realidade no jogo de interpretação. A primeira oriunda de estudos sobre o romance e a segunda de um RPG. "simulação analógica: experiência ou ensaio em que os modelos se comportam de maneira análoga à realidade" (Ferreira. formal e previamente estabelecidas.)Consideremos a 14 A este respeito escrevi o artigo "Onde está o herói?" . brinquedo. publicado em 2002 no Simpósio "O Outro" do LaRS. e depois a rainha morreu de pesar" é um enredo. eles ainda hoje causam impacto e tem grande influência sobre pensadores e pedagogos no Brasil e em outros países do Ocidente.isto é uma história. as personagens podem viver várias histórias.29 Pode-se dizer que sem a atuação das personagens. Segundo o dicionário Aurélio da língua portuguesa. habilidades aprendidas. L. está-se referindo não ao sentido de logro ou falsidade.. "O rei morreu e depois a rainha". como força e inteligência. Definiremos a história como uma narrativa de acontecimentos dispostos em sua seqüência no tempo. Como no RPG há continuidade. 1986: 1587). Um enredo é também uma narrativa de acontecimentos. evoluindo a cada aventura. É interessante observar a colocação de Vygotsky15(1984) de que não existe brincadeira. Deve-se ressaltar. que as regras no RPG favorecem e pressupõem a cooperação entre os participantes.S. diferentemente da maioria dos jogos. aumentando suas capacidades de atuação.. fornecendo os elementos para as histórias de uma proposta específica de RPG. Numa aventura simples. o mestre cria muitas situações e os personagens vão passando de uma cena para outra a medida que vão descobrindo pistas. pode-se dizer que o clima seria uma ponte entre código e repertório. (Reis. qual foi a motivação da personagem? No RPG. as quais. então. Professor Titular aposentado da USP. A causalidade é então de mão dupla entre o mestre e os jogadores. dicas para o Narrador (enredo). possíveis focos em determinadas cidades.30 morte da rainha: numa história diríamos . históricos e personalidades (personagem). ou um cenário de terror com clima de ação (Blade). No romance. vemos que a ambientação deste RPG se compõe do mundo contemporâneo. Tomando como exemplo o RPG Vampiro: a Máscara. como. eles têm de ajustá-las às atuações das personagens por intermédio dos jogadores. Ambientação: uma combinação de cenário. com seus poderes. com a presença do sobrenatural. conforme propostos por Plaza17 – “O ambiente 16 17 Clima: este seria uma maneira de jogar tanto o cenário quanto os enredos. vampiros atormentados com a progressiva perda de sua humanidade. também está presente nas conseqüências das ações realizadas pelas personagens dos jogadores. ou um cenário de ficção-científica com clima noir (Blade Runner. 1999: 22) Vemos que ambos tratam o enredo como uma seqüência de eventos amarrados pela causalidade. 1998: 83. jogar um enredo de fantasia com clima dramático (Ladyhawk: O Feitiço de Áquila). por exemplo. personagem. Chicago (cenário). 84) O enredo é a seqüência de coisas que devem acontecer durante a aventura. histórias de horror. o leitor é atraído pela pergunta por quê? O que causou tal fato. O enredo é. por exemplo. o clima predominante nos enredos e cenários de RPG é o de aventura. Por ser um modo de jogar. Julio Plaza. conspiração e suspense (“clima”) Podem ser observadas similaridades entre a ambientação do RPG e os ambientes da arte participativa. artista intermedia e teórico de artetecnologia. Nesse caso. Contudo. o mestre guia os personagens de uma cena para outra. aventuras-prontas. a seqüência de eventos na narrativa amarrada pela causalidade de mestres e jogadores. idéias para aventuras."Por quê?" (Forster. o cinema e o teatro entendem por gênero narrativo. existem coisas acontecendo sem que os personagens saibam. talvez se aproximando do que a literatura. Mesmo quando os mestres usam "aventuras-prontas" vendidas pelas editoras. . vampiros de diferentes clãs. muitas vezes imprevistas. Façamos um paralelo com o cinema: pode-se."e depois?". Numa aventura mais sofisticada. as quais já vêm com um enredo pelo menos parcialmente pré-definido. 1927. num enredo . fazem com que o mestre tenha que alterar constantemente o enredo. Como se tratam de personagens heróicas. Gattaca) etc. onde vampiros existem e se organizam em clãs e facções políticas. enredo e “clima”16. este aspecto está presente nas ações das personagens controladas pelo mestre. maiores detalhes costumam vir separadamente em outros livros menores. Ou seja. edições Um livro de RPG18 contém. tem uma conotação diferente daquela que se usa normalmente no meio literário. 2a edição. Chamado popularmente de D&D . 2a edição revisada. isto significa que houve uma alteração em termos de forma. complementos. No meio do RPG temos as chamadas edições. do diretor Tim Burton. Este RPG lida com a batalha entre anjos e demônios pelas almas humanas. pois cada ambientação pode ser desenvolvida por diferentes sistemas de regras. Como não há apenas um sistema de regras .as possibilidades de jogos de RPG se multiplicam ainda mais. temos um RPG francês denominado In Nomini.” (Plaza. de grande popularidade no Brasil. a descrição mais ou menos detalhada de uma ambientação . foi quase abandonado na edição americana. aproximando-se talvez dos conceitos acima descritos de "refilmagem". cenário ou tudo isso junto. os chamados complementos ou suplementos . O termo "edição". como foi o caso do Nikita francês para o americano. Assim.cada jogo de RPG costuma ter o seu . basicamente. já passou pela 1aedição. que teve uma edição nos EUA. O cinismo e a postura ideológica da edição francesa. RPG é jogo ou narrativa? 18 19 20 No jargão do RPG. seja para adequar um filme ao gosto local. seja numa tentativa de atualizar o filme original19. Dungeons&Dragons20. no jargão do RPG. encontra-se atualmente na 3a edição sendo já anunciada uma 3a edição revisada. que abria com agradecimentos aos criadores da Santa Inquisição. quando um RPG recebe o que se chama uma "nova edição". 2003: 14) Livros. De forma similar. O primeiro RPG do mundo. regras. No cinema observamos as refilmagens.31 (no sentido mais amplo do termo) é considerado como o lugar de encontro privilegiado dos fatos físicos e psicológicos que animam nosso universo. entre outras figuras sombrias do cristianismo.e um sistema de regras. cada combinação ambientação-sistema dá origem a um jogo diferente. o "Livro Básico" como foi o caso do recente Planeta dos Macacos. (Japiassú. a idéia de jogo é central para a civilização. encontra sua razão de ser no prazer mesmo que proporciona. dotado de um fim em si mesmo. às dificuldades de vencer uma competição. 22 . 1996: 150) Vemos que se na definição acima trocarmos o termo "competição" pelo termo "desafio". exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço. Esta atividade. existe uma controvérsia sobre o aspecto de "jogo" do RPG. não possuindo um objetivo imediatamente útil ou definido. Para ele. 1991: III . de 1938. nos quais o prazer se vincula ao respeito às regras. Professor e historiador holandês. O filósofo holandês Johan Huizinga22 faz um estudo detalhado do jogo e suas relações com a cultura e a linguagem no livro Homo Ludens: Parece-nos que essa noção poderá ser razoavelmente bem definida nos seguintes termos: o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária. 2001: 33) 21 (Gurps. ou. tendo valor de treinamento ou de aprendizagem. "sub specie ludi" (a título de brincadeira). guerra. a Reforma e o Renascimento. Huizinga afirma que todas as atividades humanas. Em algumas definições o vemos tratado como "um jogo diferente". (Huizinga.32 Aparentemente. conhecido por seus trabalhos sobre a baixa Idade Média. incluindo filosofia. jocus: brincadeira) 1. podem ser vistas como o resultado de um jogo. 1999: 3) Johan Huizinga (1872-1945). Em seu "Homo Ludens". acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da "vida quotidiana". 1938. muda de natureza com o desenvolvimento do subjetivo humano: jogos de imitação. começando na criança ou no pequeno animal como gasto de energia. mas absolutamente obrigatórias. Mini-Gurps. Vejamos a definição de "jogo" no "Dicionário Básico de Filosofia" de Hilton Japiassú e Danilo Marcondes: Jogo (lat.21 Para trazermos alguma luz a esta questão é interessante fazer uma breve incursão sobre algumas definições e conceitos de "jogo" num sentido mais amplo. o jogo é uma atividade física ou mental que. arte. que o "termo jogo é infeliz quando aplicado ao RPG" e até algumas definições que negam o aspecto de jogo do RPG.). Em seu sentido geral. segundo regras livremente consentidas. para usarmos a terminologia técnica. Marcondes. leis e linguagem. jogos com regras ou socializados. nos quais a criança projeta seus desejos (bonecas etc. classificando-o como um método ou brincadeira para criar histórias. podemos entender o RPG como um jogo com regras ou socializado. O regime nazista o manteve preso de 1942 até sua morte. de arrebatar o jogador sem que ele deixe de perceber que "é apenas um jogo". que para Huizinga é tão cara para seu aspecto lúdico. A vitória vem sobre esses desafios. ou melhor. o autor associa a competição ao jogo de forma marcante. este 23 A passagem do virtual para o atual é entendida aqui no sentido usado por Pierre Lévy em O que é o Virtual (1997) . A capacidade de tornar-se outro e o mistério do jogo manifestam-se de modo marcante no costume da mascarada. Superioridade essa que se refletiria no grupo.33 Huizinga enfatiza o faz de conta. 1938. Cada história ou aventura tem objetivos e desafios que devem ser superados para que aqueles sejam alcançados. "O desmancha-prazeres destrói o mundo mágico.2001: 15) Ele enfatiza que uma característica fundamental do jogo é ser divertido. faz sentido classificar o RPG como um jogo diferente justamente em função de seu aspecto de colaboração em vez de competição. apesar de não haver uma competição dos jogadores entre si ou dentre estes e o/a Mestre. Porém.2001) Diante dessas colocações. colocando o desejo do jogador de demonstrar sua superioridade no jogo diante de seus pares e de ser festejado por isso. é outra pessoa. portanto. vem dos desafios propostos pelo Mestre ou Narrador na aventura. enquanto os participantes cooperam na criação de uma narrativa. O indivíduo disfarçado ou mascarado desempenha um papel como se fosse outra pessoa. Assim. 2001: 17) Aparentemente o RPG atende a todas as condições descritas por Huizinga como sendo características de um jogo. tanto por parte de crianças quanto de adultos. sem que haja uma competição real entre os participantes na atualização desta. as personagens dos jogadores e as do Mestre podem competir." (Huizinga. A tensão do jogo. usando para tal o termo fun em inglês. Aqui atinge o máximo a natureza "extra-ordinária" do jogo. 1938. (Huizinga. no mundo de fantasia da história. o que faz com que os jogadores tenham mais indulgência com os que tentam "roubar no jogo" do que com os desmancha-prazeres. Os desafios muitas vezes vêm na forma de adversários que são personagens interpretados pelo Mestre. temos então uma "competição simulada" no campo virtual23 do RPG. (Huizinga. Na minha opinião. é um covarde e precisa ser expulso. a capacidade de enlevo do jogo. 1938. O autor diz que o uso da imaginação e até de personagens faz parte das manifestações culturais do jogo. 2001:7) 24 "os jogos de aventura são cooperativos. Danilo Marcondes.. seria ele uma brincadeira ou um método para criar histórias? Esta questão será abordada inicialmente a partir dos autores Antônio Carlos Gil. Como por exemplo. Sônia Rodrigues Mota e Eliane Bettocchi. no caso da linguagem. Marcondes."(Gil. Essa também é a definição utilizada por Goldenberg no seu glossário (Goldenberg. também pode ser considerado uma "brincadeira" realizada com esse mesmo fim. "método: conjunto de procedimentos racionais. 1996: 181) "As regras do RPG são as regras da narrativa" (Mota. qual seja." (Tagmar. Cabe aqui ressaltar a associação entre jogo e linguagem feita por Huizinga: As grandes atividades arquetípicas da sociedade humana. Por detrás de toda expressão abstrata se oculta uma metáfora. "Vemos aqui a possibilidade de se abordar o RPG como um meio de comunicação e linguagem típica da contemporaneidade" (Bettocchi. ele pode ser considerado um meio.24 Faz-se oportuno. Mirian Goldenberg. um método de construção oral de narrativas." (Japiassú. Hilton Japiassú. 1991: 2) . 1938. e toda metáfora é jogo de palavras. desde início. Portanto. (Huizinga. que visam atingir um objetivo determinado.34 enfoque permite tratar o RPG como jogo. esse primeiro e supremo instrumento que o homem forjou a fim de poder comunicar. baseados em regras. são. inteiramente marcadas pelo jogo. ensinar e comandar. visto que existe cooperação entre os membros de uma equipe num jogo competitivo. mas então as equipes não cooperam e sim competem entre si durante o jogo. também. (. "pode-se definir método como caminho para se chegar a determinado fim. brincando com essa maravilhosa faculdade de designar. 2002: 50).) Na criação da fala e da linguagem.. ainda que diferente da maioria. 1997:1). os jogadores juntam forças na busca de um objetivo determinado pelo Mestre do Jogo. 1997:104). abordar um outro ponto relacionado com o RPG. Analisando as várias definições de RPG selecionadas. 1999: 26). é como se o espírito estivesse constantemente saltando entre a matéria e as coisas pensadas. Por seu compromisso com a diversão. vemos que ele gera narrativas construídas coletivamente. Luiz Ricon é autor de diversos livros de RPG. talvez uma definição que possa ser usada sem grandes restrições seja a seguinte: RPG é.br) Steve Jackson trabalha profissionalmente com RPG desde 1977." (Swahili. É o criador do GURPS (Generic Universal Roleplaying System). Isto talvez tenha relação com o fato de que o verbo play. O RPG pleno. como citei. o fundamental é cooperar. portanto. sem ser melhor ou pior do que estes. desenvolvendo aptidões que são necessárias à formação da pessoa. criam histórias coletivamente. sistema genérico de RPG que serve para qualquer cenário e foi a base dos já mencionados Mini-Gurps. conforme definido acima. combinação que não é possível em português. atuando como consultor sobre as aplicações educativas dos RPGs.com. num sentido consensual restrito que vê no jogo uma necessária competição entre os participantes. seria um jogo diferente e ele efetivamente é um meio ou brincadeira de criar histórias. a imaginação do jogador é usada ativamente. um método e uma brincadeira em que os participantes. por não pressupor. O RPG.rederpg. como no xadrez e no futebol. editados pela Devir Livraria. Acredito que a resistência de alguns autores e profissionais de RPG em classificá-lo como jogo origina-se da enfâse no aspecto cooperativo em vez de competitivo deste e da sua capacidade de gerar histórias coletivamente. Fábio Broto25 coloca que "se o importante é competir. deve-se ressaltar aqui a diferença do jogo de RPG em relação a maioria dos outros jogos. em inglês. o RPG não o é. . Desde 1994 tem realizado palestras.35 Portanto. requer um alto nível de abstração como foi apontado pelo pedagogo Gabriel Swahili (www. que correlaciona jogo e linguagem. pesquisador de jogos cooperativos na educação.26 Jackson27 (1991) e Ricon28 (1999) 25 26 27 28 Fábio Otuzi Brotto. cursos e oficinas. logo. capturado em julho de 2003 de www. controlando as ações de suas personagens e cooperando entre si." A competição estabelece relações e socializa. Porém. uma competição e sim uma cooperação entre mestes e jogadores para a obtenção do resultado final da atividade. tem ambos os sentidos de jogar e brincar. RPG é um jogo e um método de criar narrativas. Porém. num sentido amplo.rederpg. para vivencia-lo os jogadores devem criar no campo do abstrato um universo onde representarão personagens que só existem a partir da imaginação deles e.. com destaque para O Desafio dos Bandeirantes e os mini GURPS O Descobrimento do Brasil.com. pelos critérios de Huizinga. "O RPG é um jogo de abstrações isto é.br) que o define como um jogo de abstrações. ao mesmo tempo. Um certo nível de competição pode ser mesmo esperado entre os praticantes de RPG. O Quilombo dos Palmares e Entradas e Bandeiras. 5 a 7 anos. em que o raciocínio conceitual ainda está se formando e a criança tem dificuldades em realizar atividades abstratas (Vygotsky. Principalmente numa faixa etária.36 apontam as aventuras-solo como um caminho introdutório para o RPG. 1987) .