Cadernos Exp Ped Prof Guarani Kaingang

March 18, 2018 | Author: EmersonRpereira | Category: Indigenous Peoples Of The Americas, Pedagogy, Portuguese Language, Schools, Learning


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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃOEXPERIÊNCIAS PEDAGÓGICAS DE PROFESSORES GUARANI E KAINGANG CURITIBA SEED/PR 2009 Cadernos Temáticos da Diversidade - Experiências pedagógicas de professores Guarani e Kaingang. Depósito legal na Fundação Biblioteca Nacional, conforme Lei no 10.994, de 14 de dezembro de 2004. É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que seja citada a fonte. Editoração Eletrônica MEMVAVMEM CATALOGAÇÃO NA FONTE – CEDITEC-SEED-PR Paraná. Secretaria de Estado da Educação. P111 Experiências pedagógicas de professores Guarani e Kaingang / Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. – Curitiba : SEED – Pr., 2009. - 120p. – (Cadernos temáticos da diversidade). ISBN: 978-85-85380-86-1 1. Educação escolar indígena. 2. Povos indígenas. 3. Formação de professores indígenas. 4. Práticas pedagógicas. 5. Línguas indígenas. I. Paula, Dirceu José de, org. II. Passos, Lilianny Rodriguez Barreto dos, org. III. Marschner, Raquel, org. IV. Paraná. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento da Diversidade. V. Coordenação da Educação Escolar Indígena. VI. Título. VII. Série CDD370 CDU 572.95(816.2)+37 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ Secretaria de Estado da Educação Avenida Água Verde, 2140 Vila Isabel Telefone (XX41) 3340-1500 Fax (41) 3243-0415 www.diaadiaeducacao.pr.gov.br CEP 80240-900 – CURITIBA – PARANÁ - BRASIL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA IMPRESSO NO BRASIL Governo do Estado do Paraná Roberto Requião Secretaria de Estado da Educação Yvelise Freitas de Souza Arco-Verde Diretoria Geral Ricardo Fernandes Bezerra Superintendência da Educação Alayde Maria Pinto Digiovanni Departamento da Diversidade Wagner Roberto do Amaral Coordenação da Educação Escolar Indígena Cristina Cremoneze Equipe Técnico-Pedagógica Anabel do Nascimento Adão Andréa Gouveia de Oliveira Dirceu José de Paula Iozodara Telma Branco De George Leila do Rocio da Silva Lilianny Rodriguez Barreto dos Passos Maria Cristina de Paula Müller Raquel Marschner Revisão do texto em língua portuguesa Cristina Cremoneze Dirceu José de Paula Leila do Rocio da Silva Autores Darci Fógtẽ Bernardo, Dionísio Rodrigues, Doracilda Korigsãnh Lourenço Bernardo, Jacira Jera Fernandes, Gabriel Ningren Belino, Janaína Kuitá Rodrigues, Luiz Jagjo Gino, Olga de Fátima Kẽny Mendes, Oséias Poty Mirĩ Florentino, Paulo Karai Tataendy Fernandes, Rosenilda Norinhkanh Marcelo Frederico, Sebastiana Krexu Palacio, Teodoro Tupã Jeguavy Alves, Vanderson Lourenço. Ilustrações Darci Fógtẽ Bernardo, Dionísio Rodrigues, Doracilda Korigsãnh Lourenço Bernardo, Jacira Jera Fernandes, Gabriel Ningren Belino, Luiz Jag jo Gino, Olg a de Fátima Kẽny Mendes, Oséias Poty Mirĩ Florentino, Paulo Karai Tataendy Fernandes, Rosenilda Norinhkanh Marcelo Frederico, Sebastiana Krexu Palacio, Teodoro Tupã Jeguavy Alves, Vanderson Lourenço. Fotografia Doracilda Korigsãnh Lourenço Bernardo, Oséias Poty Mirĩ Florentino. Organizadores Dirceu José de Paula Lilianny Rodriguez Barreto dos Passos Raquel Marschner Colaboradoras Anabel do Nascimento Adão, Andréa Gouveia de Oliveira, Ciomara Stocchero Amorelli, Iozodara Telma Branco De George, Maria Cristina Cabral Troncarelli, Maria Cristina de Paula Müller. APRESENTAÇÃO A Secretaria de Estado da Educação do Paraná oferece essa publicação do Caderno Temático Experiências pedagógicas de professores Guarani e Kaingang, prioritariamente, às escolas da Rede Pública do Estado do Paraná. A série configura-se como mais uma das ações de políticas públicas voltadas ao atendimento da diversidade sócio-cultural paranaense. Historicamente, a produção de material referente aos povos indígenas e a educação escolar indígena foi, via de regra, escrita por não indígenas. Com isso, inúmeras representações e estereótipos foram construídos e reproduzidos sobre essas populações sob o ponto de vista “do outro”. Diferentemente, este material foi totalmente escrito por professores indígenas que tiveram voz, autoria e oportunidade para expressar suas diferentes visões sobre seus processos de formação, suas escolas, seus alunos e suas práticas pedagógicas. Neste sentido, espera-se que o contato com esta série oportunize aos leitores a reflexão acerca da educação escolar indígena sob a perspectiva dos professores indígenas. Este Caderno procura também subsidiar as práticas pedagógicas dos professores da rede estadual de educação, ampliar os horizontes de pesquisa na temática indígena e promover maior visibilidade aos povos indígenas, partícipes do processo de constituição histórica e cultural deste Estado. Cabe destacar ainda que as políticas educacionais, em âmbito estadual, são construídas através de princípios democráticos e as políticas afirmativas para as populações indígenas vêm assegurar o respeito às diferenças e colaborar na desconstrução de estereótipos e enfrentamento aos preconceitos e discriminações. Boa leitura a todas/os! ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 5 Yvelise Freitas de Souza Arco-Verde SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA No estado do Paraná estão territorializados, atualmente, aproximadamente 11.000 indígenas representantes dos povos Guarani, Kaingang, Xetá e Xokleng, pertencentes a diferentes troncos linguísticos, com organizações sociais, crenças, costumes, rituais e conhecimentos específicos. No reconhecimento da diversidade sócio-cultural desses povos e com vistas a afirmar e fortalecer as culturas indígenas no Paraná, bem como garantir o cumprimento dos direitos legais já conquistados, a Secretaria de Estado da Educação do Paraná desenvolve políticas específicas voltadas ao atendimento da educação escolar indígena. Dentre essas ações, destacam-se: a contratação de professores e profissionais indígenas; cursos de formação inicial de professores indígenas e continuada de professores não indígenas que atuam nas escolas das comunidades; produção de materiais didáticos nas línguas indígenas, bem como oficinas para a revitalização da língua Xetá; diálogo direto e constante com instituições parceiras, lideranças e representantes dos povos Kaingang e Guarani. Em conformidade com a lei 11.645/08 que estabelece a obrigatoriedade nos estabelecimentos públicos e privados, em todas as séries/anos da educação básica, do estudo da história e cultura indígena, a Secretaria de Educação está comprometida com a implementação da lei nas escolas da Rede Pública Paranaense. Nesse sentido, a produção do Caderno Temático Experiências pedagógicas de professores Guarani e Kaingang objetiva auxiliar os professores, indígenas e não indígenas, nas suas práticas educativas. O material expressa os diferentes olhares dos professores indígenas territorializados no estado do Paraná, contribuindo com o conhecimento dos processos educativos da educação escolar indígena e da história e cultura desses povos. Esta publicação também tem como objetivo, contribuir com o fortalecimento das políticas educacionais voltada aos povos indígenas, assim como somar às reflexões da temática História e Cultura Indígena. Alayde Maria Pinto Digiovanni SUPERINTENDENTE DA EDUCAÇÃO Wagner Roberto do Amaral CHEFE DO DEPARTAMENTO DA DIVERSIDADE 6 são implementadas políticas públicas que atendem aproximadamente 3. Contemplando as diferentes experiências dos professores indígenas. professores Guarani e Kaingang reuniram-se para elaborar o material escrito. Esses relatos contêm uma rica e original reflexão dos professores indígenas acerca da interculturalidade. organizou-se o Caderno Temático: Experiências pedagógicas de professores Guarani e Kaingang. do atendimento e entendimento da diferença e da diversidade em suas práticas pedagógicas. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 7 . as imagens e registrar suas experiências. Desse modo. tradições. línguas. pretende-se propiciar visibilidade à diversidade cultural e sociolinguística das comunidades indígenas situadas no Paraná. Na ocasião. está a elaboração de material pedagógico específico. Guarani. Ao todo são 33 escolas indígenas. laica e diferenciada. processos próprios de aprendizagem e reconheça as organizações sociais dos povos indígenas.COMO NASCEU ESTA PUBLICAÇÃO COLETIVA A Secretaria de Estado da Educação tem como um dos princípios da atual gestão o respeito e o atendimento à diversidade. bem como possibilitar acesso às pesquisas desenvolvidas sobre a temática.000 (três mil) alunos indígenas da Educação Básica. oportunizar a disseminação de textos e literatura em línguas indígenas. propiciando a disseminação de saberes que apontem para o perfil pretendido à essa modalidade de ensino: de qualidade. Dentre os desafios postos para o desenvolvimento da Educação Escolar Indígena. como desdobramento das ações realizadas pela Coordenação da Educação Escolar Indígena. Xokleng e Xetá em 21 Terras Indígenas. O material foi produzido através de oficinas realizadas em Curitiba sob a organização da equipe pedagógica da Coordenação da Educação Escolar Indígena/DEDI/SEED. Os professores indígenas optaram por elaborar os textos nas línguas Guarani. territorializadas em 20 municípios no estado do Paraná. pertencentes aos povos Kaingang. que respeite e fortaleça os costumes. com esse conjunto de experiências. Kaingang e Portuguesa considerando o contexto sociolinguístico de suas escolas. Através do Departamento da Diversidade/Coordenação da Educação Escolar Indígena. . ............................................................................................................................................................................................90 ~ SỸ TỸPROFESSORA JE KÃME Olga de Fátima Kẽny Mendes .......................................95 ĨNH RANHRÃJ KÃME Rosenilda Norinhkanh Marcelo Frederico .........................................................................SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................20 PENDEVY XEIRŨ KUERY Oséias Poty Mirĩ Florentino ..............................................................................................................................................................................................15 NHOMBO’EA AIKO YPY’I JAVE GUARE Jacira Jera Fernandes ...................................................................................................................................................................................................................................................83 ~ VÃSỸ KANHGÁG JIKRE SI VEN MÃN KEVE Luiz Jagjo Gino .........................................................41 AIKO ANHOMBO’E AGUà REGUA Sebastiana Krexu Palacio ...............................................................................71 MEU TRABALHO COMO PROFESSOR Gabriel Ningren Belino ..................80 ~ INH RÃNHRÃJ TO VE ME Janaína Kuitá Rodrigues .............................................................................................................................103 BIBLIOGRAFIA ............................112 ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 9 ..................................................................................................................14 XEREKO KYRINGUE MBO’EA RAMI Dionísio Rodrigues ..................66 INH RÃNHRÃJ KÃME Darci Fógtẽ Bernardo .....................................................................................................................................................................30 MBYA REKO PYGUA Paulo Karai Tataendy Fernandes ..........................................................................................................................................................................................................67 ~ SỸ TY PROFESSORA JE KAME Doracilda Korigsãnh Lourenço Bernardo ..............................................................47 AMOĨ PORà MBA’EAPO NHEMBO’EA PY GUA Teodoro Tupã Jeguavy Alves .........................................11 PROFESSORES GUARANI .............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................61 PROFESSORES KAINGANG ..57 TXEMBA’EAPO NIMBO’EATY REGWA Vanderson Lourenço ................................................................ . o confronto das culturas indígena e não-indígena e o foco na oralidade que pauta o seu trabalho. Assim. Destaca a importância da escola e da casa de reza como espaços de formação de professores e alunos e da produção de materiais didáticos que auxiliem no aprendizado dos alunos. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 11 No texto MBYA REKO PYGUA. dos temas que desenvolve em sala de aula e das contribuições do curso de magistério “Kuaa Mbo’e” na sua formação profissional. por uma questão de respeito aos povos Guarani e Kaingang. Ela também relata a forma como se tornou professora. Dentre eles. as dificuldades de comunicação encontradas tanto pelos alunos indígenas quanto pelo professores não-indígenas devido ao fato de falarem línguas diferentes e do seu papel na mediação entre eles. do professor Teodoro Tupã Jeguavy Alves. O texto AIKO ANHOMBO’E AGUà REGUA. conforme a descrição que segue. . posteriormente. o professor Paulo Karai Tataendy Fernandes fala da importância de manter vivas a história e a cultura de seu povo. com uma turma multisseriada cujo nível de conhecimento dos alunos era bastante diversificado.INTRODUÇÃO O Caderno Temático: Experiências pedagógicas de professores Guarani e Kaingang reúne textos produzidos por professores Guarani e Kaingang especificamente para esta obra. comenta sobre sua prática pedagógica. e a forma como organiza o currículo escolar. de autoria da professora Sebastiana Krexu Palacio. de experiências de sete professores Kaingang. Em seu relato intitulado XEREKO KYRINGUE MBO’EA RAMI o professor Dionísio Rodrigues fala sobre traços da cultura Guarani nos dias de hoje. o processo de como se tornar um professor em escolas indígenas de sua comunidade. como foi que ele começou a trabalhar como docente. a relação homem. no seu texto PENDEVY XEIRŨ KUERY. as produções foram didaticamente organizadas em separado conforme o pertencimento de seus autores e distribuídas em ordem alfabética. da importância da escola e da casa de reza na formação dos educandos. Visões de características culturais dos povos Guarani no passado e nos dias atuais. os materiais didáticos que produz. O professor Oséias Poty Mirĩ Florentino. natureza e o conhecimento escolar. Diferentes temas são tratados no texto AMOĨ PORà MBA’EAPO NHEMBO’EA PY GUA. a valorização do conhecimento dos mais velhos nas práticas escolares. destacam-se: o envolvimento da comunidade no planejamento e desenvolvimento de atividades e materiais didáticos para as aulas. Ela fala da busca de alternativas para desenvolver seu trabalho. os temas que aborda em seu trabalho docente e o processo de construção de sua prática pedagógica. O caderno compõe-se de duas partes: a primeira por registros de experiências pedagógicas de sete professores Guarani e a segunda. podem ser encontradas no texto da professora Jacira Jera Fernandes NHOMBO’EA AIKO YPY’I JAVE GUARE. apresenta as experiências que a professora Guarani viveu ao trabalhar com uma turma de alunos Kaingang e. apresenta sugestões de atividades para o ensino de matemática. frequentou o Curso de Magistério Kuaa Mbo’e. E é nesse contexto que inicia sua história como professor. em determinada época. o cotidiano da escola e a participação da comunidade. Por iniciativa própria. o(a) leitor(a) encontrará diferentes temas desde o desafio que ela enfrentou ao atuar como professora em uma turma numerosa. Mesmo sendo uma comunidade Kaingang. apenas algumas das pessoas mais velhas falam a língua. SỸ TY PROFESSORA JE KAME. sua opinião a respeito da indicação para o cargo por considerar que a pessoa precisa ter dom e os avanços de ordem operacional que ela percebe como a contratação de mais professores. Em seu texto. No texto da professora Doracilda Korigsãnh Lourenço Bernardo. as alternativas que ela buscou para desenvolver seu trabalho. VÃSỸ KANHGÁG JIKRE SI VEN MÃN KEVE. alguns dos temas que ela desenvolve em sala e as visitas que realiza com os alunos. para ser professor da língua Kaingang para alunos de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental e séries do Ensino Médio. decidiu estudá-la com seu irmão. INH RÃNHRÃJ TO VEME. a participação dos sábios da aldeia na escola ~ são temas tratados no texto de Luiz Jagjo Gino. Defende que o ensino deve ser simultaneamente bilíngue e ressalta situações comuns de equívocos na escrita que podem acontecer durante o aprendizado diante das particularidades de cada língua. de autoria da professora Olga de Fátima Kẽny Mendes. O incentivo vindo de outras pessoas para que ela não deixasse de lecionar. Ela analisa como deve ser o perfil do professor nas escolas indígenas e aponta uma relação de recursos materiais de que necessita na escola. ciências e história. O texto de Janaína Kuitá Rodrigues. espera mudanças de resultados num breve espaço de tempo. Vê no artesanato uma oportunidade para o trabalho interdisciplinar. Gabriel Ningren Belino comenta sua experiência com o ensino bilíngue. O texto. No texto MEU TRABALHO COMO PROFESSOR. sua experiência profissional. os materiais didáticos que elabora. A organização da escola indígena. do esforço que ela vem fazendo para revitalizar a língua Kaingang na comunidade onde trabalha e de algumas das dinâmicas e atividades que desenvolve.Na produção intitulada TXEMBA’EAPO NIMBO’EATY REGWA o professor Vanderson Lourenço conta que cresceu fora da aldeia e que não falava sua língua materna. Mais tarde. Por fim. 12 ~ ~ ~ . SỸ TỸPROFESSORA JE KÃME. mais tarde. a forma como acredita que o trabalho deve ser conduzido com alunos da pré-escola e nas séries iniciais do Ensino Fundamental. o modo como as crianças aprendem. o Guarani Nhandewa. As demais são falantes do português. fato que dificulta seu trabalho haja vista a pouca exposição dos alunos em situações concretas de fala da língua Kaingang. como realiza seu trabalho docente e a forma de como foi indicado. relata seu desafio em trabalhar com uma turma numerosa e em ambiente inadequado. Ela também descreve atividades que realiza em sala de aula e comenta os diferentes resultados das atividades nas diferentes escolas. ele comenta a respeito de sua prática pedagógica e descreve uma brincadeira que adaptou para fins pedagógicos. trata do processo como se tornou professora. O professor Darci Fógtẽ Bernardo relata em seu texto INH RÃNHRÃJ KÃME como se tornou professor de educação infantil em uma escola na aldeia Taquara quando ainda estava na 7ª série. Embora ainda veja poucos avanços qualitativos na educação. a experiência que vem adquirindo na área. No final da obra. bem como na pesquisa e no aprofundamento da temática História e Cultura Indígena.Por fim. bem como aos professores não indígenas em contextos locais e mais amplos. necessariamente. muitos dos autores produziram seus registros nas línguas Guarani ou Kaingang e uma versão na língua portuguesa. os mesmos. sem a adoção de um padrão. tece comentários sobre a forma como foi indicada para o cargo de professora. A ideia de publicação do material surgiu a partir do constante contato com estes sujeitos e as diferentes vozes interferiram no formato ora apresentado. Espera-se que com a publicação seja divulgado o trabalho que eles vêm realizando nas escolas junto aos seus pares. na formação continuada de professores indígenas e não-indígenas. e a ordem escolhida pelos autores na distribuição dos textos conforme a língua foi mantida. A publicação do caderno temático: Experiências pedagógicas de professores Guarani e Kaingang visa favorecer o aprofundamento do conhecimento e a reflexão sobre suas práticas escolares e colocar esses povos na posição de sujeitos do próprio fazer pedagógico. da professora Rosenilda Norinhkanh Marcelo Frederico. A natureza do material é bastante diversificada e requer um olhar diferenciado na medida em que os temas tratados não são. como os relatos dos sábios da aldeia auxiliam o seu trabalho pedagógico e algumas das atividades que desenvolve em sala de aula. outros produziram textos distintos nas línguas indígena e portuguesa. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 13 . apresentamos uma bibliografia que poderá ampliar o conhecimento do dia-a-dia das escolas indígenas. o texto ĨNH RANHRÃJ KÃME. PROFESSORES gUARANI Vanderson Teodoro Oséias Sebastiana Paulo 14 Jacira Dionísio . Ha’e jave ma Funai/SEED serenoi curso py aa angua amboe kuery kyringue mbo’ea kuery reve amongue ma harema omba’epo nguekoapy ha’e kuery omombe’u mba’eixapa nhamba’eapo aguã nhanderekoa rupi ha’e rã mi vy xepy tyvõ vaipa xerekoapy amba’ea po angua.Terra Indígena Pindoty . Xerekoa py ma huvixa kuery oiporavo kyringue ombo’e va’e rã ha’e rami vyma ha’e kuery xevy pe ome’ẽ kyringue ambo’e angua. jurua ijayvu rã ndoikuaai vy xevype meme oporandu. kuaraypopygua@yahoo. Aỹ ma aro vonhembo’ea romomba rive ma ha’e xee aikua xeve mba’eixapa kyringue ambo’e aguã.br) Xee amba’eapo kyringue ambo’e rami Tekoa Pindoty. Ha’e gui ma ama’e mba’eixapa jurua nhombo’e ha’e vy ma xeae ma ambo’e kyringue’i pe. No ano seguinte já fui trabalhar sozinho com uma turma de 9 alunos da pré-escola. Ilha da Cotinga py Paranaguá yvy’iry 2003 py. Na minha comunidade é costume que o professor seja indicado pelo cacique e lideranças. Nesse começo eu tive que observar como ela trabalhava e criar atividades que melhor ajudassem as crianças a aprender. traduzindo para a língua Guarani o que ela ensinava na língua portuguesa.com. ha’e kuery ma oikua Mbya kuery reko ymanguare. jypy’i ma ndaikuaai mba’eixapa amba’eapo aguã ha’e rami vy jurua ma oiko kyringue ombo’e va’e a’e rupi ve rive aiko ha’e mombe’u ombo’e va’e kue ma Mbya py amombe’e ha’e rami rã kyringue voi oikuaa ve avi.Ilha da Cotinga .PR. Eu nunca tinha trabalhado com as crianças e nem pensava em ser professor. Em 2004 fui chamado pela Funai e pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná para participar do Curso de Formação de Professores Guarani para o Magistério Kuaa Mbo’e. localizada na Ilha da Cotinga. assim aconteceu comigo. em 2003. pois sempre que elas não entendiam o que a professora explicava. . porque na época eu era o único que estava estudando.(E-mail: [email protected]ípio de Paranaguá .SEED/PR . Ha’e py ma oiko orembo’e va’e mokoĩ heta va’e kuery guigua. elas me perguntavam e eu estava lá para ajudar. MINHA VIDA COMO PROFESSOR ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 15 Eu comecei a trabalhar como professor na Escola Indígena Pindoty. Eu percebi que as crianças aprendiam melhor assim.com. Nesse curso conheci outros professores 1 Professor da Escola Estadual Indígena Pindoty . Quando comecei a minha atuação trabalhei alguns meses junto com uma professora não-índia. no município de Paranaguá.XEREKO KYRINgUE MBO’EA RAMI Dionísio Rodrigues1 . Estas escolas da cidade não têm informações e nem materiais adequados para trabalhar sobre as culturas e os povos indígenas na sala de aula. que tem sido muito importante para o meu conhecimento como professor. alguns experientes. caçar já não é mais possível porque os animais estão em extinção. como fazer roças. Agora estou esperando o término do curso. Agradeço os professores que citei. para termos união. já não se pode mais pescar porque os rios estão poluídos. tirar árvores para fazer as nossas casas. vão estudar em colégios fora da aldeia. A VIDA ATUAL DO POVO gUARANI E A EDUCAÇÃO ESCOLAR Hoje em dia a vida na nossa aldeia é muito diferente de antigamente. Por isso é muito importante para nós termos terras suficientes para ensinar aos nossos filhos os nossos hábitos tradicionais. As crianças nascem e crescem sem saber que vão ter dificuldades no mundo cheio de mudanças. A minha aldeia está localizada no município de Paranaguá. as nossas dificuldades são muito maiores. Com certeza. pessoas de extrema confiança. porque não se habituam e muitas vezes sofrem preconceito e discriminação por parte dos próprios colegas nãoíndios. Ali alfabetizamos nossos alunos primeiro na língua Guarani. não por mim. depois eles começam a aprender a língua portuguesa. Depois que eles terminam a 4ª série. onde 40% da terra é formada por manguezais. mas continuam a estudar e acompanhar as aulas na língua Guarani. principalmente para manter a nossa alimentação habitual. Isso às vezes não acontece por maldade. Nós temos muito pouca área para fazer plantações. Tivemos também professores não-índios que foram importantes em cada etapa do curso. numa ilha de 1. yvyra’ija estão muito preocupados com a nossa aldeia. de ideias e de opiniões.indígenas. que nos chamaram atenção pelos conhecimentos que possuem da língua e da cultura Guarani. todos os professores Guarani irão lembrar deles. para quando crescerem e se tornarem adultos. como o professor José Ribamar Bessa e a professora Ruth Monserrat. para que eu continue na sala de aula e me especialize mais nessa área. porque já não temos terras suficientes para praticar nossos costumes.800 hectares chamada Ilha da Cotinga. Os nossos pajés. Quando eu falo sobre isso muitas vezes fico triste. que me ajudaram muito transmitindo suas experiências. de pessoas. Nós temos uma escola de 1ª a 4ª série. que são grandes profissionais. 16 . Com tudo isso. mas por falta de conhecimento. serem formadores de uma só opinião. mas pelas crianças e pelos mais velhos. a nossa alimentação não é mais a mesma e usamos alguns objetos dos não-índios. Muitos desistem. Falar do povo Guarani É falar dos verdadeiros donos do Brasil” Ilustração 1: Amandau kyvy kyvy’i Fonte: Rodrigues. As crianças dentro da escola devem aprender a ler e a escrever. mas ele também precisa conscientizar as crianças para manter a cultura Guarani. assim respeitamos os costumes Guarani. COMO TRABALHO NA ESCOLA Os conteúdos que trabalho na escola são planejados junto com a comunidade e as lideranças. No começo da alfabetização eu trabalho muito com as histórias e mitos Guarani. o professor apenas ajuda na aprendizagem.Finalizo o meu depoimento com um pequeno verso: “Falar do povo Guarani é falar da história do Brasil Falar do povo Guarani é lembrar dos bravos guerreiros Que lutaram. Eu peço para ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 17 . durante mais de 500 anos. Para manter sua cultura viva. 2008. apesar de termos pouco espaço para plantar. Acho importante falar sobre a colheita do milho. Essa brincadeira é realizada por várias crianças. até eliminar o dono da roça. avisando que no dia seguinte toda a comunidade participará da colheita. os alimentos. As crianças adoram essa brincadeira que eu aprendi com a minha mãe e agora estou repassando para os alunos dentro da escola. A preocupação maior na escola é manter a nossa cultura. Hoje na minha escola eu trabalho muito com brincadeiras.eles desenharem sobre a história que contei e depois eu peço para eles escreverem do jeito que eles sabem. Essa atividade não tem data marcada para terminar. Eu também tive dificuldade no começo. 18 . ainda mantemos esta tradição. Tudo isso é difícil de resgatar.. Aí o chefe vai arrancando todas as crianças. mas trabalho com métodos diferentes e eles acabaram aprendendo. Algumas crianças tiveram dificuldade para ler e escrever. mas a luta é para não perdermos mais conhecimentos e terras do que já perdemos. nos locais onde eles paravam para acampar. além das danças espirituais que ajudam as crianças na concentração. língua. porque eles aprendem muitas coisas junto com os pais e com os parentes. Minha mãe disse que essa brincadeira vem dos nossos antepassados Guarani. Ao chegar lá. mas com o apoio da comunidade e das lideranças passei a ser um ponto de referência para as crianças. e assim vai. como por exemplo. Cada vez mais eu aprendo junto com as crianças. as danças. Na minha comunidade temos atividades importantes que fazem parte de nossa cultura. Na época de colher o milho. o chefe pergunta para o dono da roça se a roça está pronta.Amandau kyvy kyvy’i. No calendário da minha escola está prevista a participação das crianças na colheita do milho. Os conteúdos que trabalhamos e o calendário escolar são sempre elaborados com as lideranças e a comunidade. as crianças ficavam brincando.. Elas querem aprender mais brincadeiras. porque eu não sabia como trabalhar com os alunos. O chefe vai cantando: . Amandau kyvy kyvy’i! Até ele chegar a um tronco de apoio onde o resto da turma está formando uma fileira. a brincadeira que chamamos Amandau kyvy kyvy’i. os mitos. Essa brincadeira tem dado resultado e as crianças começaram a brincar no seu dia a dia. para as crianças estarem livres na época da colheita. o pajé (yvyra’ija) chama os moços da aldeia e pede para eles irem de casa em casa. pois depende da quantidade de milho que tiver para colher. até que o dono da roça responde que a roça está pronta para colheita. O dono da roça fala que não. principalmente através de brincadeiras. Um deles é o chefe que simula que estão numa roça e o primeiro da fila é o dono da roça. Em alguns momentos pensei em desistir. que é muito importante para a aprendizagem das crianças da cultura Guarani. Quando um grupo Guarani partia em busca da “Terra sem Males”. Ay gui amba’eapo ve yma nguare kyringue nheovongoapy peteĩ akuaa va’e amondau “kyvy kyvy’i” kyringue onheovanga xe ro’xa a’eva’epy xee ma aikuaa a’e va’e ha’i gui a’e va’e kue ma kyringue pe a amonbe’u. A’erami raimi rima nhandeyvy ae jareko ramo rã a’eve nhandera’y kuery nhambo’e aguã nhandereko py tuja na jareko aguerami ju gua’y kuery oguereko aguã. Xee vai ma ayexavai avi jypy’i ndoikuaai mba’eixa hete’i pa anhombo’e aguã xepy’a re oĩ nanhombo’e vei aguã guive va’eri xerentara kuery xeruvixa kuery xepytyvõ ndae joi aguã kyringue ambo’earomi ve xee aikuaa ve avy kyringue reve. para elas não aprenderem coisas erradas. A’e rami ngua re xeay vu vyma xepy’a raxy xere he’ỹ kyringue’i a’e tujakue’i re ama’ẽ vy rive kyringue’i ioko vy tuvixa a’e ndoikuai mba’e maba’e pa aexa va’erã yvy vai re. os professores e os mais velhos para aprender com todos eles. Amongue kyryngue ma ndoikuai reve’i omboayvu aguã a’egui ombopora aguã. Ajapouka mbo’emo ra’anga a’egui ombopora aguã oikuaa’i rami rive. jajaya aguã yvyra nhanderorã ka’anguy rupigua’i r jajeporako’i aguã nda’e vevei ma mbovy’i ma ikuai pira’i jajopoi aguã nda’evevei ma yaka iky’apama ha’e va’e a’yuvoi ma nhandevy pe nda’evei nhanerembiu ae’i tema ja’u aguã. Onhembo’e ramo rei va’e reve ma yma nguare nguare rive ranhe amombe’u. jajapo aguã kokue. Ilha ma me hera Cotinga yvyma oguereko 1. por isso é importante agir corretamente. va’eri jorami e’y mba’eapo oikua vai aguã amonheovanga a’egui amboporai kyringue mborai’ipu a’eva’e gui ma a’ekuery vai onhea’ã ve oikuaa aguaã.As crianças observam os pais. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 19 .800 hectare 40% ma yapo yvy porã ma mbovy’i ve mba’emo’ĩ ronhonty aguã. MBA’EIXAPA AMBA’EAPO KYRINgUE ONHEMBO’EAPY Opa mba’e ajapo va’e kyringue onhembo’eapy ma xerentarã kuery ha’e javi huvixa kuery reve roguapy peteĩ kuaxia re rombopara va’ekue re amba’eapo aguá ha’e rami vy ore reko ndoroeja vaipai aguã. Xerekoa ma opyta Paranaguá hyvy’iry. MBYA KUERY REKO A’E ONHEMBO’EA Aỹ gui ma mbya kuery reko tekoa py yma nguare remi ỹ nhane’rembi’u ramo ijopara poma jaiporu ma hetava’e kuery oiporu va’e. Nhaneramoi’ĩ kuery ojepy’apy vaipa nhanderekoa re ndajereko vei ma yvy tuvixa yma nguare rami nhanhembo’e aguã nhanderekopy. va’e ri nhanhea’ãa rupi ma jaupity nho’rã ESCOLA PY AMBA’EAPOA REgUA Escola py ma nhandeayvu ka’aguy re.SEED/PR (E-mail: indigenapr@yahoo. ha’e rire ajerure kyringue voi omombe’ei aguã oexa ra’u va’ekue guive. Xee ma amombe’u jepi avy mba’eypy. texĩ re opa mba’e nhanderu kuery gui jaikuaa va’ekue re Guarani kuery ma ombojeravia ete Nhembo’eaty ha’e opy’i. Curso de Magistério py ma aikuaa vaipa professor mboae kuery reve. Nhembo’eaty py aike ypy’i jave ma ndaikuaai kyringue reve amba’eapo aguã. Ha’e va’e rupi ha’e kuery oikuaa aguã nhandereko ha’e jurua kuery reko. ymã guare kuery reko. Ha’e gui kyringue ambo’e ma rire ma apensa vaipa. Ha’e va’e semana re ve ma aa Florianópolis katy Cursode magistério “Kuaa Mbo’e” ajapo aguã. Ha’e ramia py oguapy. xeayvu aguã.com.br) Jupy’i kyringue ambo’e aguã aike ypy’i jave ma ndaikuaai va’ekue mba’e pa ajapo aguã mba’eta aexa’ã e’ya py xepopy. yvyra’a ikuai ramo oje’oi ‘rã joupive yvyra’a ho’u aguã. ojopoi. 20 . 2 Professora da Escola Estadual Indígena Arandu Miri – Aldeia Rio D’Areia . Mbeguei’i ma aikuaa aavy. Ko’ẽ nhavõ nhaneakã re ou jaikuaave aguã. Aikuaa ambo’e aguã. Porombo’ea rami aiko ypy’i aguã ma amboy’ypy karamboae 2004 py. omombe’u mba’eypy opuka guive. oje’oi ‘rã o’yta. ha’e marã rami pa ajapo aguã. Ore rekoa py ma pavẽ onhevangaxevai. Ha’e va’e guive amboypy ajapo aguã xeae aikuaa arami hare jaraa ‘rã Kyringue nhambo’e kuaa aguã. Ha’e ramingua ha’e javi ma nhandereko pygua meme. Amongue py ma japy pa ikuai vy oporaei guive.NHOMBO’EA AIKO YPY’I JAVE gUARE Jacira Jera Fernandes2 . Kova’e mokoĩ regua rupi nhanembaraete ‘rã nhandera’y kuery nhambo’e aguã. ijayvu katu.Terra Indígena Rio D’Areia -Município de Inácio Martins-PR. Ha’e rire ma ajerure jogueroayvu. rire ma herry avi ambopara uka. Índio kuery pavẽ rekoa ma Governo kuery o demarca ramo raẽ ha’eve. Amombe’u porãve avi ha’e kuery pe mba’emo vixo nhandexu’u va’e. 2008 NHAMBA’EAPO KA’AgUY REgUA JAIKUAA AgUà NHANDE KUERY YVY Amombe’uta kyringue reve amba’ eapoa regua. guyra’i. pira ha’e mba’emo oveve’i va’e ra’angaa guive.Ilustração 2: Casa de reza Guarani Fonte: Fernandes. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 21 . Ha’e rame e’ ỹ ramo ma jurua kuery oipe’apa ju ‘rã. ha’e gui ombopara ju aguã aguataa rupi mba’emo oexa va’ekue re. Xee ma araaxevai kyringue yakã rupi. Ha’e rire ma ojapo’rã. ei. yvyra gui. xo’o ka’aguy’i. Ha’e rire ojapo ha’angaa. Tembi’u jurua kuery rembi’u regua e’ỹ ho’u. mava’e kuery pa ojapoa regua. Aỹ ja’uxevai va’e regua e’ỹ. YMA gUARE REKO HA’E AỸgUA REKO Xee ma ajapo avi mba’emo ra’angaa quadro re aexa aguã marã rami pa ymagua kuery ro ha’e aỹgua kuery ro. nhandejaryi kuery aỹ nhandekuaia rami e’ỹ ikuai raka’e. Ao jurua kuery ao py e’ỹ onhemonde. Ha’e ramo ha’e kuery ma ombopara frase he’y vy texto oexa uka aguã oo ymagua kuery ro ha’e aỹ gua kuery ro. 22 . Hery ha’e javi ombopara joo rupi oexa va’ekue. ha’e va’e nunga’i re ae ha’e kuery ikuai’i araka’e. Avaxi guigua kumanda’i reve. Há’e kuery ae ojapo ngoorã mba’emo rogue gui. AỸ MA NHANDEAYVU YMÃgUA KUERY REKO HA’E AỸ gUA KUERY REKO RE Yma nhaneramoĩ. pẽgũe py amongue py ete ojou’i va’ekue py rive. oguereko takuare’ẽ miri’ĩ.Ilustração 3: Alfabeto Guarani Fonte: Fernandes. Oo porã jurua kuery ojapo va’e kue py e’ỹ hoo. mba’exa pa jaexa mava’e. Há’e kuery ma je tambeo py reve’i onhemonde voxa. 2008. Guembi’urã ma ha’e kuery ae onhoty’ĩ va’ekue gui okaru. Amboae ramingua rojapo va’e ma joo rupiroje’oi mba’emo para re roikuaa pota aguã. ha’e marã rami pa ojapoa re. nhanhemopytamba guive. ndajakexevei ma yvy rupi.Ilustração 4: Casa feita de pau a pique Fonte: Fernandes. xapatu ipyta yvate’i va’e. Tembi’u ymangua kuery ho’u va’e regua ndaja’uxeru. Pavẽ xeretarã kuery peroayvu va’e pexa vy peikuaa pota aguã. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 23 . jaiporupa teĩ. Aỹ nhandekuai va’e kuery ma oo mba’emo rogue guigua py nanhanderoxevei. nhanderupa porãxe jurua kuery rembiporu meme jarekoxe. kunhague jaiporu kaxõ puku xapatu ete. 2008. ilustração 5: Casa atual Fonte: Fernandes. Ha’e kuery oipoiu va’e régua jerekopa. 2008. Ha’e rami vy jepe nhandeayvua nanhanderexarai ramo ma ha’e ve. Nhande Guarani kuery ete’i nda’evei nhandero nhainy aguã juruá kuery retã re. Kova’e ma anhomongetaa rupi ju ambopara. Ha’e rami vy ae guamigueve ikuai va’e ndojou poraĩ ra’aga teĩ a ỹgua kuery reko. Mba’eta ymagua kuery ma ha’e rami gu ndói kuaai raka’e. jurua kuery re voi nhamenda potave eme nho xeretarã kuery. Ao há’e rami avi jajogua va’e kue iporã gue joipata. Ha’e rami e’ỹ ramo guarã ma nda’evei ete nhande kuery pe ae. peteĩ. Xee ma sexta-feira nhavõ araa jepi aluno kuery opy’i re. nhanhotỹ va’e re. MA NHANDE PY JU AMBOPARA TA Kova’e kuaxia re ambopara va’e ma xemba eapoa regua. Ombopara ha’e ogueroayvu kuaa va’e kuery pe ma ditado ajapo aka. quadro gui oguerova aguã. Ha’e rã. mymba ka’aguy regua re. Nhamombe’u ja’u va’e. Haxa’i ma kuri rapo gui hi’y ma takua gui avi. ame’ẽ livro nhande pygua ha’e jurua pygua. Xee aikuaa ramo ma ha’ eve vaipa kyringue mokoĩ ayvu oikuaa aguã: jurua py ha’e nhande py. Xamoĩ kuery omongeta kyringue kunumigue ha’e omenda va’e kuery. Ha’e rire ogueroay amboa kuery oendu aguã. rave’i. Petỹgua ma kuru rapo gui. angu’apu ha’e mbaraka mbopua. Ha’e rami gua rupi ae orembaraeteve reje’oi vy orerekoa py oreretarã kuery reve. Ka’ygua para’i ma ky’akua gui. ha’e yvyra pẽ gue onhopĩ va’ekue. mboapy rupy oiko grupo ruvixa. Urukure’a ra’angaa ha’e amboae ramingua vixo’i ma yvyra atã e’ỹ va’e (leiteiro) gui ojapoa. Ha’e py ae kuery ombo’e gua’y kuery ojapo aguã mba’em porã. Xamoĩ ijayvu nhanhomboete aguã re: nhamboete ‘rã tujakue. ja’u e’ỹ va’e. angu’apu ha’e mbaraka mirĩ kunhã karai ma kunhãgue ruvixa. Kyringue ogueroayvu ‘rã livro jurua pygua. Região ha’e javi Guarani kuery ikuaia rupi ma oĩ opy’i. Ha’e ve vaipa livro rojapo va’e re oĩ aguã desenho e’ỹ vy foto. Nhandexu’u va’e. hi’y ma takua gui ombo’y ha’e gui ombopara ju guembepi py omboague uru ragur py. Ha’e gui ha’ angua ojapopa ma vy hery ju omoimba. kyringue ru kuery e’ỹ vy tamoĩ kuery rembiapo.NHEMBO’EA gUARANI REKO PYgUA Kyringue ha’e kunumigue. Roikuaa pota avi marã ramingua gui ete’i pa ojapoa re. Ayvu omboja’o ha’e jurua pygua nhande py ju ojapo aguã. mba’emo rery omoxã ‘rã jurua py ha’e nhande py. Nhandexu’u e’ỹ va’e ha’e javi. kyringue oporandu guive. Ha’e ramo kyringue oikuaa aguã. ogueroayvu aguã ha’e ombopara aguã ndoikuaaive va’e pe ma aipoa’e. Mokoĩ. nhandereko. Mba’eta Guarani ae vy rãe ha’e ve a’i rami ombo’e nhandeayvu py ombopara aguã. ha’e kuery voi gua’y kuery ikuai ma ramo omombe’u kuaa aguã. mbaraka mbopua. Ex: varai ma takua ryvi gui ojapo guyrapa ha’e hu’y re ma omoi guyra rague ha’e pindo ryvi oipoka va’ekue. Sala de aula py rami ae ovare. Nhanderuete ae ayvu oikuaa uka ramo ha’e kuery oikuaa mboraei ojapo aguã nhande py. mbo’y ma kapi’i’a ha’e yvaũ gui ojapoa. Mba’eta oguapy pa rire ma peteĩ xamã omongeta ‘rã. kunhatãngue arandurã ma ka’e nhavõ oĩ ‘rã peteĩ ro rupi ha’e opy’i py ae. nhanderu ha’e nhandexy huvixa ha’e jurua kuery. opy’y porombo’ea kuery. mokoĩ rupi oiko opita’i va’e. Kyringue reve nhandeayvu’rã mba’emo jareko va’e re. 24 . rave’i. 3ª E 4ª SÉRIES REVE AMBA’ EAPOA REgUA Xee ma ha’e rami ojapo. ka’arĩ rogue. Mas depois que comecei a ensinar os alunos comecei a pensar muito. Tye raxy pegua: macela rogue Juku’a pegua Temomba pegua. Novas experiências vêm na cabeça da gente a cada dia. Desde aquela época comecei a trabalhar com a minha própria experiência. Juruai pegua: yryvaja pembi’u ire. yvyra rogue. Aprendi como ensinar.Ha’e ve avi nhandeayvu aguã guyra’i kuery rery re. ha’e ramo poã voi jaikua ramo opa mba’e mba’eaxy pegua avi ikuai. Jou rogue. como falar. Ha’e rami vy xee mo po rami rive ambopara ndaikuaa poraĩ teĩ aikuaa arami reve’i amombe’u. ha’e nhande kuery rembiporu meme. jai rapo. Artesanato re nhandeayvu vy ha’eve avi nhamombe’upa aguã. Avave rei mo jaikuaapa katui’ĩ va’erã e’ỹ ae ma araka’e. Apy ma oi taxo poã pegua: guavira. yvyra rapo. Fui aprendendo devagar. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 25 HISTÓRIA DE VIDA COMO PROFESSORA . a gente consegue. No curso de magistério aprendi muitas coisas com outros professores que já tinham experiência. Há’e rami teĩ jaikuaa’i va’e ma ha’eve nhamboaxa aguã nhandera’y kuery pe Ha’e va’e anho amombe’u xeretarã kuery Xerery ma Jacira Jera Fernandes. Ko rupi ma aikua va’e va’e’i amoimba’rã foto. mas com toda a força. Ha’e va’e ha’e javi ma nhande kuery rembikuaa. SAÚDE REgUA HA’E PORà REgUA Mba eaxy ma opa marangua oiko. tata jyva rykue. tatu ka’a rogue etc. Taĩ raxy pegua: pindo rapokue. me pegaram de surpresa. rogue. Quando comecei a dar aula eu não sabia como trabalhar com as crianças. Apyka raxy pegua. como fazer. Entrei como professora na escola da minha aldeia em 2004. aio guaxu rogue. Na mesma semana fui para Florianópolis fazer o curso de Magistério Kuaa Mbo’e. No primeiro momento que entrei na sala de aula como professora eu não sabia o que fazer. Demora um pouco para a gente aprender a planejar e ensinar os alunos. yvyra pire. saúde e tudo que aprendemos com nossos pais. Costumo levá-los para fazer passeios no rio e depois comentar sobre o passeio que fizeram. até eu ainda tenho um pouco de dificuldade em algumas palavras. Ilustração 6: Trabalhando os animais Fonte: Fernandes. TRABALHANDO COM A NATUREZA E CONHECENDO NOSSA TERRA INDÍgENA Vou contar sobre o trabalho que faço com meus alunos. peixes. Também desenham pássaros. o que encontraram durante o passeio. falam. Através desses dois lugares temos forças para ensinar nossos filhos. O que os alunos falam eu escrevo no quadro. As crianças quando brincam juntas também gostam de cantar. para eles aprenderem e conhecerem o nosso mundo e o mundo do não-índio. Eu explico para eles que existem alguns bichos que mordem. 2008. Falar na língua Guarani é fácil. como por exemplo. tudo isso faz parte da educação indígena. vão ao rio nadar. quando tem frutas vão juntos para comer. Eu conto histórias na sala de aula e às vezes faço eles contarem seus sonhos. construindo textos a partir das ideias dos alunos.TEMAS QUE TRABALHAMOS NA ESCOLA gUARANI Na escola indígena falamos sobre a natureza. para eles verem as letras e as palavras. contam causos. Sentam. Nós Guarani damos muito valor à escola e à casa de reza. mas para escrever é um pouco difícil. conversam. dão risadas. Eles escrevem sobre o que viram. as aranhas. tipos de insetos e escrevem os nomes. 26 . formigas e cobras. pescar. Na nossa comunidade todos brincam juntos. quem faz as casas e como elas são construídas. 2008. O chocalho é feito de porungo (cabaça) e o cabo é de taquara. penas de pássaros e madeira fina raspada. . a trança é feita com embira e usamos pena de aves. são feitos de madeira grossa chamada leiteira. sobre quem faz ou fazia as casas. caça. Os colares são feitos com uma semente que chamamos kapi’a (rosário) e de outra semente pretinha que chamamos yvaũ. Não moravam na casa feita pelos não-índios. O machadinho é feito de nó do pinho e o cabo é de taquara. A corujinha e outros bichinhos que fazemos. de folha de palmeiras e de pau-a-pique. Plantavam bastante caninha fina.Converso também com os alunos sobre a demarcação da terra. O cachimbo é feito de nó de pinho. Nós também pesquisamos como é feito cada tipo de artesanato. A comida deles era feita de milho com feijão do mato. Por exemplo: o balaio é feito de fibras de taquara. Sobreviviam com estes alimentos. O governo precisa demarcar todas as terras indígenas. Outro trabalho que fazemos é pesquisar nas casas os diferentes tipos de artesanato. porque se as terras indígenas não forem demarcadas. As casas eram feitas de palha. Ilustração 7: Artesanato Fonte: Fernandes. feijãozinho dos índios. para fazer o arco e as flechas usamos fibras de palmeira torcida. Eles desenham e escrevem frases ou pequenos textos mostrando as diferenças entre casas antigas e as atuais. Eles se vestiam com pano de estopa (voxa ou saco) que poucas vezes conseguiam e se alimentavam das próprias plantações. os não-índios tomam essas terras. Antigamente. mel trazido do mato. não conheciam roupas e nem a comida dos não índios. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 27 É importante que nos livros que vamos produzir existam desenhos e fotos dos trabalhos feitos pelos pais e pelos avós dos alunos. Eles desenham e escrevem o nome de todos os objetos de artesanato que têm dentro de suas casas. A VIDA DE ANTIgAMENTE E A VIDA ATUAL Eu também faço desenhos no quadro explicando sobre as diferenças entre as casas de antigamente e de hoje em dia. nossos avós não viviam como nós vivemos hoje. Eu acho melhor mesmo o aluno estudar as duas línguas: Português e Guarani. Através da inspiração enviada por Nhanderu (Deus). à casa de reza. MEU TRABALHO COM A 3ª E 4ª SÉRIE Eu faço assim. às lideranças e aos não-índios. devemos falar de todas as coisas que temos. Também devemos falar para as crianças sobre os seres vivos venenosos e não venenosos. nas aldeias Guarani. Para trabalhar com a língua portuguesa os alunos leem livros. eles conseguem fazer cânticos em Guarani. Falar sobre as frutas que servem e que não servem para comer. de tambor e de chocalhos. Eu sempre levo meus alunos na casa de reza todas as sextas-feiras. animais perigosos e não perigosos. eu faço ditado. Em língua Guarani só o professor Guarani pode ensinar a escrever e ler certinho. Com os alunos que têm mais dificuldade na escrita e na leitura eu falo para copiar palavras e textos do quadro. que podem ajudar o aluno a aprender. Quando forem adultos. separar sílabas e para traduzir os textos da língua portuguesa para a língua Guarani.ESCOLA DA CULTURA gUARANI A aprendizagem do dia a dia das crianças e jovens Guarani é na própria casa de cada família e na casa de reza. aos professores. Em todas as regiões. ao pai e a mãe. dois ou três chefes que comandam o grupo. leem para a classe. O rezador fala sobre o respeito aos mais velhos. para os jovens e também para os casais. fazem atividades de ligar nomes de animais nas línguas Guarani e portuguesa. Em português é mais fácil de escrever porque existem mais livros. trabalho com os alunos leitura de livros em Guarani e em português. à cultura. Para as crianças aprenderem que tudo isso precisa saber e entender. eles que vão contar para seus filhos. da plantação e dos animais selvagens. Vale como uma aula porque eles sentam todos no banco. Kunhã Karai é quem comanda as mulheres. há sempre uma casa de reza. Os alunos também fazem perguntas para o rezador. Podemos contar o 28 . depois o rezador dá conselhos para eles. tocadores de violão. depois levantam para cantar. um ou dois Karai (sábios). Com essa união conseguimos ter mais forças na convivência dentro da comunidade. de rabeca. É lá que os pais ensinam os seus filhos a fazerem coisas boas e os rezadores dão conselhos para as crianças. Quando formos trabalhar com os alunos. desenham e colocam os nomes dos desenhos que fizeram. Com os alunos que sabem ler e escrever. Eu costumo trabalhar muito com os alunos tradução do português para o Guarani e vice-versa. Com este texto estou falando sobre o meu trabalho. nome dos passarinhos. Folha de pêssego para sarna e feridas. raiz. Assim o que aprendemos devemos repassar para nossos filhos. Raiz de palmeira para dor de dente. VAMOS FALAR DA SAÚDE E DO REMÉDIO Nós Guarani temos vários remédios para algumas doenças: folhas verdes. É isso mesmo. folhas de algumas árvores. Meu nome é Jacira Jera Fernandes. meus parentes. casca de árvore. Aqui estão algumas dicas: Folha de Guabiroba serve para vermes. nome dos artesanatos. Macela e folha de goiaba para dor de barriga. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 29 . não é de qualquer árvore. Guiné para gripe. tosse e dor de cabeça. Tudo isso é conhecido e usado pelos Guarani e por outros povos indígenas. jaikuaa va’e. planejamento ha’e conteúdo omboaxa va’e re ha’e oikotevẽ jave aipytyvõ jepi avi. Ensino Fundamental reve. Kova’e ma iporã nhandevy ha’e nhaneretarã kuery pe. Rio das Cobras regua Aỹ ma Tekoa Tapixi py ju amba’eapo 3ª série.br) Kova’ kuaxia ambopara. Paraná py. Aexauka rive ranhe mba’exapa omboje’a aguã tery letra ijypua’i va’e re. mba’eta professor va’e ma guive ma formação porã reve he’ỹ’ra sala py jaike. xeirũ kuery pe.Aldeia Rio da Lebre . MBA’EXAPA AMBA’EAPOA Amba’eapo 1ª a 4ª série reve vy ma xee aiporu vaipa material. xee ae ajapo va’e kue. ndajaikuaai mba’exa ete’i rã pa aula nhamboypy ha’e nhame’ẽ aguã. Xee voi amba’eapo ypy vy ajexavai va’e kue.PENDEVY XEIRŨ KUERY Oséias Poty Mirĩ Florentino3 . nhandekuai kuaave aguã. amombe’u aguã mba’exa pa amba’eapoa. mba’emo ra’angaa reve. ha’e rami teĩ nhemongeta oĩ jave xeayvu ombouve aguã gua’y kuery onhembo’e aguã.com. PROFESSOR RAMI AMBA’EAPOA re. ha’e gui teĩ teĩ ijayvu mba’exagua letra gui pa hery ijypya. Jypy ma professora kuery omba’eapo okuapy ramo ama’ẽ ranhe. kyrĩngue escola py ndooi okuapy ramo nda’evei ranhe. 30 .PR.Terra Indígena Rio das Cobras – Município de Nova Laranjeiras . curso rupi aikuaa va’e kue: dominó sílaba reve gua. ha’e vy ma anhea’ã aipytyvõ aguã rami aiko aguã. guery nomboparakuaai okuapy. huvixa kuery pe guive ajerure xepytyvõ aguã. Espigão Alto do Iguaçu. Ha’e gui ma aexa avi xeirũ kuery omba’eapo va’e ojexavai rei okuapy ramo.SEED/PR (e-mail: indigenapr@yahoo. 3 Professor da Escola Estadual Indígena Carlos Alberto Cabreira Machado . mba’eta nhamba’eapoa py ma axy rãe aluno kuery pe nhamboaxa kuaa ma voi aguã ha’e kuery oikuaa va’e rã. ha’e rami he’ỹ vy aluno kuery rery reve. Jypy’i ma Tekoa Pinhal py amba’eapo. ha’e gui hovai re ma letra hery ijypya’i rive amoĩ ha’e kuery ae omboje’a aguã. arandu amboaxa va’e rã ndaupityi vy. ha’e rami vy aupity ha’e kuery ombopara aguã guery. Jypy tekoa py aikoapy ma. Ha’e gui curso rupi aiko vy aikuaave mba’exapa amba’eapo kuaave aguã sala py. Ha’e ramo ajapo dominó teĩ re hery ha’e javi. Va’e ri ha’eve capacitação de professores rupi nhandekuai vy nhanhe’ãve tema jaraa aguã aluno kuery pe. Jypy ma aluno kuery. Kyrĩgueve. Aiporu dominó va’ekue gui ma ha’e kuery voi ombopara kuaa ha’e oguero ayvu okuapy. Ha’e nunga rupi nhande professor kuery ma nhanhea’ã rã ha’e jaeka rã nhambo’e kuaave aguã aluno Kova’ kuaxia ambopara. kuery. sílaba gui. no município de Espigão Alto do Iguaçu. Ha’e ramo xee avi apytyvõ Mbyá py amombe’u aguã professora “jurua” py ijayvu rã. se propôs a participar mais do dia a dia da escola. Mbya py nhande ayvua omboje’a aguã jurua py. na Terra Indígena Rio das Cobras. Depois de muitas dificuldades. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 31 . dentro da nossa sociedade e no mundo em que vivemos. por um determinado tempo observei a forma. localizada na Terra Indígena Rio das Cobras. mba’eta nhamba’eapoa py ma axy rãe aluno kuery pe nhamboaxa kuaa ma voi aguã há’e. mba’eta “jurua” py noendukuaai ramo.Ha’e ve avi amboae ae’i rami jajapo aguã. xeirũ kuery pe. no Paraná. no Paraná. ha’e rami he’ỹ vy mba’emo ra’angaa omboje’a aguã hery re ha’e oguero ayvu aguã. Como trabalho auxiliando os alunos que são alfabetizados pelos professores não-índios. pré gui oaxa 1ª série py va’ema haxy rei. incentivando-os sempre que necessário. nas reuniões realizadas na comunidade. MEU TRABALHO COMO PROFESSOR Na minha experiência como professor. Como percebi que outros professores bilíngues iniciantes tinham dificuldade para preparar materiais e aulas para os alunos. Graças aos cursos de formação de professores que são organizados. amombe’u aguã mba’exa pa amba’eapoa. Em relação aos alunos que tinham mais dificuldade. eu me preocupei e tenho ajudado a desenvolver materiais de apoio para estes professores. Quando comecei a trabalhar tinha muita dificuldade por não ter conhecimentos adequados para passar aos alunos. de 2005 a 2006 eu trabalhava na aldeia Pinhal. através de suas lideranças. então eu comecei a falar da importância da escolaridade dos alunos. Leciono para a 3ª série do Ensino Fundamental. o conteúdo e o planejamento que era seguido por esses professores. pedindo a colaboração dos pais na educação escolar de seus filhos. fui adquirindo mais conhecimentos que me ajudaram a trabalhar dentro da sala de aula. a comunidade. mas sempre deixando que o professor tenha a sua criatividade. Na minha comunidade tinha problemas em relação à evasão escolar. Atualmente trabalho com a alfabetização em língua portuguesa na Aldeia Rio da Lebre. ha’e va’e ma peteĩ teĩ ojapo va’erã aluno kuery revê. Mba’eta professor pré py ombo’e va’e ma mbyá py anho ijayvu. foi conversado com os pais para que acompanhassem a frequência deles em sala de aula. com sílabas. usando nomes de animais. Então. com palavras na língua Guarani e língua portuguesa. desenhos. Assim consegui que todos escrevessem seus nomes.METODOLOgIA DE TRABALHO Como trabalho e contribuo com alunos da 1ª a 4ª série. 2008. Podem ser feitos outros tipos de dominó. No começo os alunos tinham dificuldade para aprender a escrever seus nomes. Também pode ser feito um dominó com figuras. eu elaborei um dominó usando numa parte as letras iniciais e na outra o nome de cada aluno(a). os alunos vão ler o que está escrito e tentar achar a figura e emendar com a palavra. utilizo métodos e atividades que aprendi nos cursos de formação: uso jogos como o dominó de sílabas elaborado por mim. Ilustração 8: Dominó com os nomes Fonte: Florentino. 32 . por exemplo. Cada um dizia com que letra começava o seu nome. Mostrei o jogo de dominó para os alunos e pedi que achassem as letras iniciais de seus nomes e todos foram completando o dominó. trabalho com o nome dos alunos nas línguas Guarani e portuguesa. Ilustração 10: Dominó ilustrado Fonte: Florentino. O uso de jogos foi uma forma e um método que encontrei para que os alunos desenvolvessem a escrita ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 33 . 2008. 2008.Ilustração 9: Dominó com figuras Fonte: Florentino. e a leitura. São jogos com materiais simples, todos os professores conseguirão desenvolvê-los. Na aldeia em que moro, as dificuldades dos alunos com a língua portuguesa são grandes. Os alunos que frequentam a pré-escola são alfabetizados na língua Guarani por um professor indígena. Quando passam para a 1ª série começam a estudar com uma professora jurua. Eu tenho que estar acompanhando essas aulas para explicar um pouco da língua portuguesa para os alunos, o significado das palavras e as letras usadas na escrita do português. Não são só os alunos Guarani que têm problema de comunicação com as professoras jurua, mas elas também têm os mesmos problemas para se comunicar com os alunos porque não sabem falar a língua Guarani. Isso dificulta o desenvolvimento da aprendizagem. Por isso eu trabalho junto com as professoras jurua, para acompanhar os alunos que têm dificuldade e para traduzir o que estas professoras falam ou explicam, para a língua Guarani. Nós, professores indígenas, temos que nos dedicar aos nossos alunos e gostar do que fazemos. Foto 1: Prof. Oséias e seus alunos É desta forma que eu trabalho, tentando encontrar soluções para melhorar a situação de aprendizagem na escola. s jo luno gand o Foto 2: A Foto 3: Dominó com numerais Fonte: Florentino, 2008. Fonte: Florentino, 2008. 34 Quero deixar aos meus colegas, professores Guarani e Kaingang, a minha experiência, o meu relato, espero que os ajude nesta tarefa de alfabetizar, para formar pessoas dentro das sociedades indígenas, com respeito e dignidade, buscando cada vez mais conhecimentos adequados às nossas realidades, que são próprias e diferentes, seja o povo Kaingang ou o povo Guarani. E ao final do meu relato, também deixo um plano de aulas em Guarani, para que os meus colegas conheçam um pouco os temas e a metodologia que utilizo no meu trabalho. PLANEJAMENTO DE AULAS DO PROF. OSÉIAS NA LÍNgUA gUARANI 1- Jaxaruraa (saudações): Javyju! Bom dia! Ha’etyvai ju! / Nhande ka’ru ju! Epytu’u porã ke! Boa noite! Boa tarde! Eka quadro re ipara oĩ va’e: (caça-palavras) JAVYJU P O H T E A A P HA’E TYVAIJU J ‘ T Y A V E T Y Y I ‘ J V A U EPYTU’U PORà KE U A J P I E J P I Y U O M Y T E ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 35 U R T U A V P O R à K E 2- Nhambopara ypya (alfabeto) Nhamboparaa gui mba’emo ra’anga jajapoa: Ilustração 11: Alfabeto ilustrado Fonte: Florentino, 2008. HA’E RAMI PY HA’EVEA PEVE. Ensino das letras do alfabeto fazendo relação com palavras que começam com aquela letra. Letra a gui ma ha’eve rã nhamboapara aguã ava. Letra e gui ma ha’eve rã nhamboapara aguã eiru. Trabalho com o alfabeto envolvendo palavras e desenhos. 3- Jaipapaa (números na língua Guarani Mbya) peteĩ mokõi mboapy irundy teĩ nhiruĩ Mba’e mo ra’angaa ejapo: Ejapo: - Mokõi bola ra’angaa (desenhe duas bolas). - Mboapy yvyra ra’angaa (desenhe três árvores). Embopara: (escreva os números na língua Guarani). 12345- Nhamboje’a ke: (vamos somar) 2+2 6+1 2+1 1+1 5+4 3+2 1+0 5+1 4+4 6+2 4- Nhaneretarã kuery: (nossa família) Xeru (pai) Ha’i, xexy (mãe) Xereindy (menino chama sua irmã) 36 Xereindy kuery (menino chama suas irmãs) Xekypy’y (menina chama sua irmã mais nova) Xeryke (menina chama sua irmã mais velha) Xekyvy (menina chama seus irmãos) Xekyvy kuery (menina chama seu irmão mais novo) Xeryvy (menino chama seu irmão mais novo) Xeryke’y (menino chama seu irmão mais velho) Xamõi (avô) Xaryi (avó) Xeirũ (amigo) Xera’y (filho) Xerajy (filha) Xy’y (tia se for irmã da mãe) Xaixe (tia se for irmã do pai) Xetuty (tio se for irmão da mãe) ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 37 Xeryvy’i (tio se for irmão do pai) Xeruvy’i Mba’e mo pytãa: (cores) Iju va’e – amarelo Hovy ye’ẽ .azul Hovy Jairo – verde Pytã va’e – vermelho Pytã yapo – marrom Huũ – preto . Xiĩ – branco Pytã nara – alaranjado Pytã he’ỹ rei’i – rosa Pytã tanhimbu – cinza Emoputã número reve oĩa rami: (pinte os balões de acordo com os números) 1 2 3 4 5 6 7 iju va’e huũ pytã he’ỹ rei’i pytã nara pytã hovy ye’ẽ hovy Jairo Ejou mba’e mo pytãa rery: H U Ũ P I H X Y J O I T U V Ũ à V Y P V A J Y A ’ A Y ’ E I à E M R N O A O A V P I R E E Y à I Embopara 1 gui. 5 peve: (escreva os números de 1 a 5 em Guarani) 12345- Mbya py emboaxa: (escreva na língua Guarani) mãepaifilhoirmãoirmãavôavó- Mbya py embopara mba’emo pytãa: (escreva o nome das cores) amarelo38 azul- verde vermelho- preto- branco- . A casca da melancia é verde. vixo’i rery: reõ – leão guyra – pássaro karumbe – tartaruga tay – formiga pira – peixe jagua – cachorro xivi’i – gatinho popo – borboleta . A gabiroba é alaranjada.Ejapo mba’emo’a ra’anga ha’e emoĩ hery: (escreva o nome das frutas em Guarani) laranjamelanciaariticumgabirobabanana- Emoxã joo rami hery va’e: (ligue) pakova guavira narã xanjau araxiku melancia banana ariticum gabiroba laranja Emboapa Mbya py: (escreva na língua Guarani) A laranja é amarela. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 39 Vixo. A banana é amarela. vixo’i ra’anga: (desenhar) pira xivi’i popo mboi tay nhandu Emboaxa Mbya py: (escreva em Guarani) aranhacobraformigacoelhopeixesapo 40 .vaka – vaca uru – galinha kavaju –cavalo tapixi – coelho mboi – cobra nhandu – aranha anguja – rato vexa’i – ovelha ype – pato eiru – abelha ju’i – sapo Vixo. SEED/PR (E-mail: indigenapr@yahoo. Nhande kuery kyringue mbo’ea jaiko va’e voi nda’evei nhamboyke aguã.br) Ilustração 12: Karai kuery oiporu va’e Ilustração 13: Karai kuery oiporu va’e Fonte: Fernandes. 2008 Fonte: Fernandes. Opy’i voi ma kyringue onhembo’e avei ha’e nhande nhanhombo’e va’e voi jaikuaa ve rã marã rami pa kyringue nhambo’e porã ve aguã.Terra Indígena Mangueirinha – Município de Chopinzinho .com.Aldeia Palmeirinha . opy’i ma jaikuaa opa mba’e porã 4 Professor da Escola Estadual Indígena Vera Tupã .PR. Ha’e rami teĩ nda’evei nhanderexarai aguã nda’evei avi jaeja aguã. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 41 . 2008 MBYA REKO REgUA Nhande Mbya kuery nhandekuai va’e ma guive ma nda’evei nhanderexarai aguã nhandereko gui. Nhande Mbya pe ma opy’i ae nhanhembo’e aguã oĩ va’e ri jurua arandu avei jaikuaaxe vy ma nhanhembo’e avei ha’e kuery arandu py. Nhanhombo’e va’e voi ha’e ve kyringue jaraa opy’i jaexauka aguã mba’exa va’e rã pa jaiko nhande Mbya kuery.MBYA REKO PYgUA Paulo Karai Tataendy Fernandes4 . mbaraka. Ha’e rã jurua nhembo’ea py ma nanhaendui rã nhandereko re ijayvu va’e ha’e rã nhandero py’i ma ha’e rami e’ỹ. nhanemongeta jaeja e’ỹ aguã nhandereko’i. Mba’e rã tu opy’i oikea va’e.veju. Mba’ere tu opy’i ikuai mba’e mo oipuru py. 42 . Nhembojeguaa. Ha’e nhaendu teri avei nhaneramoĩ ijayvu nhandereko rã re. hu’y. Opy’i oĩ va’e va’e re guive. ha’e ndoiporui avei a’regua. angu’apu rave’i popy gua’i. Nhanhombo’e va’e jaiko va’e voi ha’eve nhambo’e avei kyringue. Opy’i pa joe onhemboarai aguã oike? Opy’i pa nda’evei kuringue opita aguã? Ilustração 14: Kunhã Fonte: Fernandes. Yma nhandejaryi kuery ikuai va’e ma ndoiporui araka’e jurua kuery. 2008. Yma ikuai va’e ndojayai avi o’a. Ha’e rami vy ae noendui va’e, ha’e ndoikuaai guive araka’e akã raxy, ramigua. Ndojayai vy hi’a puku, iporã guive. - Aỹ nhandekuai va’e ma opa mba’e ma jaiporu nhanhemoatyrõve ta vy jajaya avei nhande’a, ANHEMBO’E ANHOMBO’E AgUà RUPI AIKO AgUE Anhembo’e anhombo’e aguã rupi aiko ypy te’i ague, anhembo’e vy aa Celso Ramos teta Florianópolis 2005 py. Ha’e py ae aikuaa opa mba’e py ayvu amba’eapo aguã kyringue’i reve jardim peteĩ ha’e mboapy reve, ÿypy ijypy ma ndarekoi ha’e ndaikuaai guive xe’arandua va’ekue, aỹ ma aikuaa ve avy ma Secretaria Estado guigua kuery xepytuvõ vaipa guive rã. Magistério py, anhembo’ea py voi xepytyvõ avei okuapy ramo. Amboypy amba’eapo kyringue pré ha’e 1ª série Tekoa Pinhal py jave neĩ napẽxai amboae rami amba’eapo aguã va’ekue. Xee aa amba’eapo vy ha’e py mba’e ta nhombo’ea ojerure xevy amba’eapo aguã ombopara pa ma voi va’e oeja xerey. Aỹ ma arekove’i ma xe’arandua oija xevy amba’eapo agui sala py. Tekoa Palmeirinha py ma amboypy amba’apo aguã 2001 py hare ma guive amba’eapo ha’e 4ª série reve Mbya ayvu py 2007 peve. Aỹ amba’eapoa py ma kyringue ijayvu Mbya py meme nda’ijayvu vaipai, jurua py, ijayvu raẽ jurua py va’e ri nhandeagua kuery re irũ vy rive. Xerekoa Palmeirinha py ma ikuai mokoĩ regua Mbya ha’e nhandeagua ha’e rami teĩ, amba’eapo hexeve kuery Mbya ayvu py, xapy’a ramo kyringue araa’rã opy’i ramo voi ijayvu mboae’i va’e kuery voi oo oexa aguã, sala py voi onhembo’e ombopara avei okuapy Mbya kuery reve. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 43 Kyringue ru kuery voi orepytyvõ, oipytyvõ avei gua’y kuery oja e’ỹ aguã ha’e hexara e’ỹ aguã guive gueko ete’i gui ha’e rami vy Tekoa Palmeirinha py oĩ opy’i kyringue ou aguã ojerojy ha’e oporai aguã ka’aru nhavõ. Ore Mbya kuery ma roikuaa opy’i ae oĩ ronhembo’e ha’e ore’arandu aguã oĩ kyringue mboapy e’ỹ vy irundy ma’ẽtỹ oguereko va’e oo nguu kuery reve opy’i rupi ikuai ixy, tuu mba’e ojerojy rã ojerojy, opita mba’e rã voi oexa okuapy ha’e ramia rupi opita ave kyrĩ reve, ha’e rami ramo tuu kuery ojou porã, tuu kuery anho e’ỹ guive xamoĩ kuery opita’i va’e ha’e hi’arandu ovy aguã nguu kuery reve. Ore Mbya kuery ka’aru nhavõ re roo opy’i roendu aguã ayvu xamoĩ kuery, huvixa he’ỹ vy xondaro xondaria ruvixa yjoyvu mba’e yayvu rã roendu aguã. Ore ronhombo’e va’e pe voi iporã vaipa roikuaa porã pota ha’e romboekove’i aguã opy’i py ikuai va’e ha’e opy re ikuai va’e oporai va’e, ojerojy va’e, opita’i oikovy va’e voi. MBA’EAPO KYRINgUE’I REVE Kyringue jardim peteĩ ha’e mboapy ma ikuai axy vaipa ombopara aguã mba’eta omboypy ramo okuapy vy ndoikuaai mba’e nunga pa alfabeto a voi ndoikuaai. Ha’e rami ramo xee apẽxa ajapo aguã peteĩ kyringue ouga aguã vogais ayvu nhandepy gua re. Kyringue xereve onhembo’e va’e kuery xepytyvõ amopyta aguã mba’emo ra’angaa ajapo va’e kue. Ha’eve vaipa ambo’e ouga aguã re mba’eta ha’e kuery ndoikuaai mba’exa pa jauga va’e rãa. Kyringue oikuaa ouga aguã va’e ombo’e oirũ kuery ndoikuaai va’e. Ha’e ve xeayvu aguã mba’eta ojou porã ougaa rupi hi’arandu okuapy vy ougaxe riae guive ougaxe, teĩ nhembo’ea py ma nda’ipoi ha’e rami ouga okyuapy aguã. Aexa xeremimbo’e kuery oikuaa oje’oi vy ougau okuapy vy, xee aikuaa amboae rami gua ouga py rã ambo’e aguã letra re gui pré ha’e 1ª série. Amboypy letra alfabeto ha’e ajaya ha’angaa’i kuaxia yma gue gui amboja ha’e ambopara aguã py ma xepytyvo 3ª ha’e 4ª série. Peteĩ teĩ turma oguereko 4 hora peteĩ semana py onhembo’e aguã Mbya py. Xee areko katu kyringue ouga aguã ha’e gui araa ambo’e aguã kyringue. Ha’eve vaipa dominó py ouga kuringue oguerovy’a vaipa guive. aguã. Oĩ porã vaipa avei amboae nhambo’e va’e kuery pe voi oikuaa ve aguã amboae rami kyringue ombo’e 2007 py ma oĩ porã vaipa kyringue’i reve ha’e 1ª série reve Mbya ayvu py kyringue oikuaa pojava ouga, oexa mba’emo ra’angaa, e’ỹ vy ojapo mba’e ra’angaa aru pi ikuai vy hi’arandu voi voi. Kova’e 2008 dominó rami rai’i ae va’e xee aikuaa amboae rami gua ha’e rami vy ajapo kyringue ouga aguã guaraná ryrukue py amboyru kuaxia hovy, pytã, ÿu, huũ, xiĩ va’e guive amoĩ avei número ha’e nunga pe mo jogo de boliche he’i okuapy, ha’e nunga re ma kyringue oma’ẽ ha’e oikuaa pe ma guive cores número ha’e rami ikuai vy hi’arandu okuapy. Aỹ kyringue ikuai va’e oikuaa pojava ra cores, número, letra do alfabeto, ha’e rami ae ha’e va’e nunga ajapo ha’e xee anho e’ỹ guive aikuaa pavẽ joapy romba’eapo va’e ha’e rami roikuaa vy peteĩ teĩ romba’eapo ha’e rami gua re. MINHA FORMAÇÃO COMO PROFESSOR Em 2005, participei do primeiro encontro em Curitiba e nesse mesmo ano participei do primeiro encontro do Magistério Indígena, em Florianópolis. Aprendi coisas novas para trabalhar com alunos da pré-escola (jardim 1 a 3). Antes eu não tinha muita experiência, mas percebi que o curso promovido pela Secretaria de Estado de Educação do Paraná e o Magistério Guarani me ajudaram bastante. Quando eu comecei a trabalhar com o pré e a 1ª série, na aldeia Pinhal, nunca tive um pensamento de 44 trabalhar com práticas pedagógicas diferentes. Eu comecei a trabalhar com os alunos porque o professor me pediu para ficar no lugar dele. Hoje eu já tenho um pouco de experiência para trabalhar em sala de aula. No ano de 2001, trabalhei na aldeia Palmeirinha, com 1ª à 4ª série, ensinando a língua materna. Aqui na aldeia Palmeirinha, onde eu continuo atuando, os alunos Guarani falam mais a sua língua materna do que a língua do jurua (não-indígena). Mas quando eles estão junto com os Kaingang, eles conversam em português. Lá na minha aldeia Palmeirinha tem duas etnias: Guarani e Kaingang. Mesmo assim eu trabalho com eles na língua Guarani. Quando os alunos Guarani vão para a casa de reza, opy, os alunos Kaingang participam junto com os Guarani. Dentro da sala de aula também os Kaingang aprendem a escrever a língua Guarani. Os pais dos alunos também ajudam a escola, praticando os nossos costumes para não esquecer a história do povo Guarani. Nós, Guarani, sabemos que a casa de reza, a opy, é uma escola. As crianças Guarani, desde que completam 3 ou 4 anos, vão para a casa de reza com o pai e a mãe. Elas já começam a dançar e a pegar no cachimbo para dar uma ou duas fumadinhas. Elas vão crescendo e aprendendo junto com os pais. Para nós, professores, também é importante aprender e valorizar a cultura dentro da casa de reza, a opy. Nós, Guarani, costumamos ir para a casa de reza todas as tardes, para escutar os conselhos do pajé, xamoĩ, do cacique e das demais lideranças. Nós, Guarani, que estamos vivendo, não podemos esquecer os costumes tradicionais que os nossos antepassados nos deixaram. Nós, professores, também não podemos deixar de lado os nossos costumes, mesmo trabalhando na sala de aula. Nós podemos levar os alunos à casa de reza para mostrar e explicar porque não podemos esquecer de tudo que Nhanderu deixou para nós. As crianças que vão para a casa de reza já estão estudando e nós, professores, também estamos estudando o conhecimento que existe na casa de reza, para trazer esses conhecimentos para a sala de aula. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 45 Para nós, Guarani, a escola e a casa de reza são importantes. Nós aprendemos nestes dois lugares. Mesmo aprendendo conhecimentos dos não-índios, não podemos deixar de valorizar o conselho do xamoĩ. Quando estamos junto com os não-índios nós não escutamos sobre os nossos costumes. Nossa responsabilidade como professores é falar bastante sobre a casa de reza e ensinar tudo o que existe dentro da cultura Guarani. TRABALHO COM CRIANÇAS PEQUENAS As crianças do jardim 1 e 3 têm mais dificuldade em escrever, porque ainda não estão alfabetizadas. Então eu pensei em fazer um jogo de dominó em Guarani para trabalhar as vogais e palavras na língua Guarani. Os alunos ajudaram a pintar os desenhos que eu fiz. Foi preciso ensiná-las a jogar, porque elas nunca tinham visto um dominó assim. Percebi que as crianças que estavam há mais tempo na escola aprenderam mais rápido como jogar e ajudavam os coleguinhas. para as crianças identificarem e descobrirem os números e as cores. desenhando e jogando. Eu preparei o jogo e levei para ensinar as crianças a jogar. além do jogo de dominó. por isso eu inventei vários tipos de joguinhos. Nas quartas-feiras eu planejo tudo o que eu vou trabalhar com as turmas. Foi bom trabalhar com o dominó. Nesse ano de 2008. como o de boliche. Comecei com as letras do alfabeto. Vendo que meus alunos aprenderam melhor jogando. As crianças aprendem rapidamente vendo os desenhos. eu resolvi inventar um outro jogo para ensinar as letras e palavras na pré-escola e na 1ª série. os números e as letras do alfabeto. Hoje. as crianças aprendem rapidinho as cores. eu inventei outros tipos de jogos. pois na escola não temos jogos desse tipo. recortei figuras de livros velhos e na hora de confeccionar tive a ajuda dos alunos de 3ª e 4ª série. Em 2007 foi bom trabalhar com o pré e a 1ª série na alfabetização na língua Guarani. Cada turma tem 4 horas por semana de aula na língua Guarani. as crianças gostaram bastante e serviu de ideia para outros professores inventarem outros jogos. 46 . Posso dizer que todas elas gostaram de jogar e se interessaram. no período de hora-atividade. Ha’e va’e kue gui ma kyringue’i kuery aikuaa ombopara aguã guery ha’e ijayvu amogue’i jurua py. Ha’e jave Conselho Indígena py xemomba’eapa. 5 Professora da Escola Estadual Indígena Arandu Pyahu . . Ha’e jave ma nhande kuery a py oĩ nhombo’ea Justino há’e oxẽ rire ma Mario ju oĩ. 2ª série oiko va’eri oguereko 9. neĩ ndoikuaai letra neĩ ndogueroayvu kuaai guive.Aldeia Ko’ẽ ju Porã .AIKO ANHOMBO’E AgUà REgUA Sebastiana Krexu Palacio5 . ha’e jave amboae nhombo’ea oxẽ ramo xee ju xemoĩ aỹ xeve oiko. Amboypy amba’eapo aguã. amogue kyringue ma ou amboae tekoa gui. guery ombopara kuaa aguã ma ajapo kunhangue’i rery amboae’i py amopytã ha’e avokue’i rery ma amopytã hovy va’e py.Município de Turvo . Tekoa py ma oĩ opy’i. Mokoĩ ma’etỹ re ha’e rami.com. 2003 py ma xemboaxa Estado py ju. ha’e py ma oikuaa mborai’i. ha’e kuery oikuaa ve opy’i regua. aikoaxy mba’eta. Aikuaa pota ramo kyringue onhembo’e va’e. ha’e ramia py.br) Jypy’i anhombo’e aguã ma 2001 py nhandeagua huvixa Pedro Seg Ség oĩ teri jave xerenoĩ ha’e py oporandu anhombo’exa paa re ha’e ramo xee aipoa’e aiko’rã ha’e. Xee ma ambo’e ayvu (pengue-pengue) ha’e vy ma arovauka kuaxia re. 10 anos ma. Nhandeagua kuery a py kyringue mbo’ea aiko. Xee ndaikuaai ambo’e aguã neĩ ndaikuaai mamo gui pa amboypy aguã.Terra Indígena Marrecas . Tekoa Ko’eju Porã py xemboaxa anhombo’e aguã jave amboae rami gua py ju aikoaxy. amogue py akarue’ỹ re aa anhombo’e aguã. ha’e rami anheanga teĩ ndoikuaa Ha’e rami vy amba’eapo amboae rami jevy ajou mba’exa vy pa ambo’e porã ve aguã. aikoaxy. Ambo’e aguã jurua py ma aronhemboara ha’e gui ajapo hery. Kyringue rembi’u re rive akaru aikoa vy. 2005 py “Kuaa Mbo’e” py nhembo’e jave amboae nhandeagua huvixa Otávio oĩ teri jave ha’e xemboaxa nhande kuery py. Ha’e py ma ambo’e multisseriada.PR. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 47 Ambopara peteĩ teĩ rery ha’e vy amoĩ ha’e kuery ae oeka aguã guery ojou vy ma ogueraa omoĩ aguã chamadinha py. Xee ma jurua py ambo’e nhandeagua’i kuery. Nhandeagua kuery py amba’eapo 2001 – 2006 peve. Ha’e vy ma peteĩ ma’etỹ re ndajapyi ipere’i va’e. xee aikoaxy vaipa ndoxeayvu kuaai aramive ma kyringue’i oje py anho’ĩ ijayvu. ojeroky xondaro py. reguai.SEED/PR (E-mail: indigenapr@yahoo. comecei a fazer o Curso de Magistério “Kuaa Mbo’e” e o cacique Otávio Kaingang me indicou para lecionar na Escola Guarani. passei por muita dificuldade. porque a língua Kaingang. Ajapouka texto. Em 2005. como professora de Educação Infantil. só no final do ano que recebi os salários atrasados. Em 2006. Eu não tinha experiência. não sabia por onde começar. aỹ pa ndajaroayvui’rã? Xee ma ambo’eapo ha’e kuery ojapoxe vai va’e re. Kyringue ma ogueroayvuxe vai. METODOLOgIA DE ALFABETIZAÇÃO No começo eu dava aula numa Escola Kaingang. Xee ma ame’ẽxe vai ogueroayvu aguã amboypy jave ha’e ngoo katy oo jave. eles procuravam e colocavam no cartaz. Trabalho lá até hoje. xee xerexarai ramo ha’e kuery ima’endu’a vy aipoe’i: Professora. Naquela época. só comia a merenda. Eu espalhava os crachás com os nomes deles. ele me chamou e perguntou se eu queria dar aula. às vezes eu ia trabalhar sem almoçar. passei a ser funcionária da Secretaria de Estado de Educação do Paraná. estes alunos aprenderam a falar um pouquinho de português e a escrever o nome deles. De vez em quando sobrava um resto de merenda que eu levava para minha filha. Através de muitas brincadeiras e do uso de crachás. Então comecei a trabalhar sem experiência. falada pelos alunos é muito diferente da língua Guarani. Fiquei um ano sem receber pagamento. o Justino era o professor dos alunos Guarani. Quando ele saiu de lá ficou o Mário lecionando. Era muito sofrimento.Ha’e vy ma amboypy amba’eapo “Nhande kuery reko re”. Na época o chefe era Pedro Ség Ség. Xee arovy’a vaipa mba’eta peteĩ nheruĩ kyringue ambo’e va’e ogueroayvu kuaa ma. dividido em duas partes. Também para ensiná-los a escrever o nome eu fazia um cartaz. Foram dois anos assim. pois o professor anterior havia saído. HISTÓRIA DA MINHA VIDA COMO PROFESSORA Eu comecei a trabalhar em 2001. amogue py amboxa mba’emo ra’anga ha’e gui ha’e kuery ombopara ayvu. 48 . As crianças pequenas só falavam Kaingang e como eu não sabia falar Kaingang. Kyringue ma omparaxe vai. um para os alunos do sexo feminino e outro para os alunos do sexo masculino. tinha que dar aula em português. mba’emo ra’anga ojaya ha’e mba’emo ra’anga ojapoxe vai. Trabalhei nessa escola Kaingang de 2001 a 2006. Ele era do Conselho Indígena que contratava as pessoas para trabalhar e eu aceitei. Eles gostam de ler. Ilustração 15: Casa de reza Guarani Ilustração 16: Escola Guarani Fonte: Palacio. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 49 . Cada grupo fez desenhos. Quando eu esqueço de começar com a leitura. Percebi que os alunos se interessavam em aprender na casa de reza e comecei a trabalhar com temas da cultura Guarani. Na aldeia da minha escola tem a casa de reza. Comecei a dar aula para uma sala multisseriada. Depois que comecei a participar do curso “Kuaa Mbo’e” iniciei aulas sobre saúde corporal e bucal. Cada vez estou aprendendo mais como dar aulas. depois pedi para os alunos fazerem cartazes em dois grupos. não vai ter leitura?” Eu trabalho em cima do que eles gostam. entre oito e nove anos de idade. Eles também apreciam escrever nomes de figuras. os alunos falam: “Professora. As crianças também aprendem ouvindo os mais velhos contando histórias dentro da casa de reza. Mas foi aí que comecei a trabalhar com temas novos e importantes. Eu também costumo dar leitura na entrada e na saída das aulas. mas eles não conseguiam se alfabetizar. Primeiro expliquei tudo sobre esses temas. Eu preparei desenhos para poder dar melhores explicações para os alunos.UMA SALA MULTISSERIADA Outra experiência de trabalho foi quando mudei para trabalhar na Escola Indígena Guarani na aldeia Ko’ẽ ju porã. Fonte: Palacio. como por exemplo. mandava copiarem no caderno. Durante a minha formação como professora aprendi muitas coisas boas. de recortar e de desenhar. Eram alunos de 2ª série. onde as pessoas aprendem os cantos e as danças. Eu tentava ensinar para eles as sílabas. Então passei por mais dificuldades porque eu tinha alunos que vieram de outras aldeias que não conheciam as letras do alfabeto e nem sabiam ler. que foram colados na parede da escola. as diferenças da vida de antigamente e de hoje. pintou e escreveu frases. como criar atividades que as crianças se interessem. Vi que eles gostaram e a minha aula rendeu. depois foram expor os seus trabalhos. 2008. 2008. .Jaa jaexauka nhaneraĩ taĩ mboia (dentista) pe. COMO CUIDAR DE NOSSOS DENTES .Kova’e jajapo vy ma nanhaneraĩ raxyi.Jajoi jakaru pa nhavõ. Também proponho que eles façam produção de textos.Jajoi riae nhaneraĩ irundy kue.escovar os dentes quatro vezes por dia. Às vezes eu colo uma figura e eles escrevem frases. .Ilustração 17: Lendo Fonte: Palacio. . 2008 Estou muito feliz porque os cinco alunos que eu tenho estão lendo. nhaneraĩ nda’ikuai guive. 50 . EXEMPLO DE UMA AULA DE SAÚDE BUCAL: MBA’EXA PA NHAMBO’E AgUà TAĨ REgUA RE: Mba’eixapa nhaneraĩ re nhapena porã aguã: . Guaĩ ojoi va’e ma iporã’rã. . não vamos sentir dor de dente. Okaru pa nhavõ ojoi vy. Se fizermos tudo isso.escovar após as refeições.2008.ir sempre ao dentista. Ha’e rami aguã ma: kova’e rã jajapo: ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 51 . haĩ ’y iruru guive. Quem não cuidar da saúde bucal vai estragar os dentes e inflamar as gengivas. Fonte: Palacio. Guaĩ ndojoi va’e ma haĩ ikua pa rã. Ilustração 18: Dente sadio Ilustração 19: Dente com cárie Fonte: Palacio. Mba’exa vy pa nhapenã porã aguã nhande rete re ha’e nhaneraĩ re: Nhande rete re nhapenã porã vy ma javy’a’rã. nhaneraxaĩ. 2008.. Quem escova os dentes após as refeições não sente dor de dente. naĩ raxyi. .Nhande ao ky’a nhamboi vy. Para isso devemos praticar o seguinte: . ha’e ijaO iky’a e’ỹ va’e OmOĩ. Ilustração 20: Cuidados com o corpo Fonte: Palacio. OJAU MA. 52 Oje’a vy ky. . . iky’a e’ỹ va’e ju nhamoĩ nhanhembo’e jaa aguã.Jypy’i ma jajau vy nhaneakã jajoi porã.. . TOMA bANHO.Lavar bem os cabelos para não criar piolhos.Ka’a ru nhavõ jajau ‘rã nhaneremomba e’ ỹ aguã. . . COMO CUIDAR DO CORPO E DA SAÚDE BUCAL: Se a pessoa cuidar do corpo e da saúde bucal a gente se sente alegre e feliz. 2008. CAbElOs PENTEAdOs E ROUPAs lIMPAs.Trocar de roupa para ir estudar. nhande ky e’ỹ aguã. .Tomar banho diariamente para não pegar sarna.Jaje’a vyky riae’rã.Pentear os cabelos. Iky vaipa ha’e hemomba ramo iporiau ete’rã. aí a criança fica triste. mba’eta amogue py jurua kuery ou ramo ma imbo’ei pe ijayvu. pira heta ikuai. ndoatai ho’u va’e rã. Nas nossas aldeias não tinha fome. Se o filho ficar com as roupas sujas. porque às vezes as pessoas de fora reparam e falam. Yy voi iporã. . pega sarna. as mães são responsáveis pelos filhos. Os antigos só se alimentavam das coisas da natureza. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 53 A água era limpa e bonita. não está certo.Ixy nopena poraĩ opi’a re ha’e ỹ vy omemby re. tinha bastante peixe. dar banho e lavar a roupa dos filhos. Se ficar sem tomar banho. Noendui karuai ikuai xo’o ka’aguy. Ijao iky’a rei ramo nda’evei. as mães. Ha’e nunga re rive yma ikuai va’e okaru araka’e. Nós. AgORA VOU ESCREVER COMO ERA A VIDA ANTIgAMENTE Os antigos cuidavam bem da nossa natureza. Primeiramente. Nhande ixy ae ma nhapenã. das florestas e de tudo o que nelas existem. de cuidar. Outro tema trabalhado foram as diferenças entre a vida de antigamente e a vida atual do povo Guarani: AỸ MA AMBOPARA TA MBA’EXA YMA ARAKA’E Yma ikuai va’e ma opena porã araka’e jaikoa yvy’re yvyra ikuai va’e re ha’e opamba’e re. temos que cuidar dos nossos filhos. rã nhande ra’y kuery re. das árvores. as pessoas caçavam animais e não faltava nenhum tipo de alimento. os peixes estão morrendo por causa da contaminação da água e do veneno usado nas lavouras. Yy voi hypa yvyra jajaya pa rã. Os animais estão morrendo de fome porque não têm mais como se alimentar. A água está secando por causa do corte das árvores. como o desmatamento das florestas. Não tem mais animais selvagens e os pássaros já estão morrendo de fome por falta de comida. Nda ipovei ma vixo ka’aguy regua ha’e guyra’i voi karuai gui omanomba ma. yvyra ojaya pa ma. 54 . AỸ MA AMBOPARA TA MBA’EXA PA AỸgUA Aỹ gui ma jaikoaxy ma opamba’e gui: opa ka’aguy.Ilustração 21: Terra bonita Fonte: Palacio. 2008. AgORA VOU ESCREVER COMO É HOJE EM DIA Hoje em dia estamos sofrendo em razão de tantas coisas que vem acontecendo. pira omanomba yy ky’a gui ha’e veneno gui. METODOLOgIA DE ALFABETIZAÇÃO No meu relato. Fizemos vários tipos de jogos como o jogo de memória. 2008. 2008. jogo de mico. As crianças gostaram muito e aprenderam com o jogo. . quero contar algumas atividades que aprendi no curso “Kuaa Mbo’e”.Ilustração 22: Terra destruída Fonte: Palacio. entre outros. ilustração 23: Jogo da memória ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 55 Fonte: Palacio. junto com os colegas. a cesta de letras. Eu apliquei o jogo de memória com as palavras escritas na língua Guarani e na língua portuguesa. Eles vão passando as fichas até a pessoa encontrar o par. 56 . 2008. perde o jogo. Eu tive três alunos que tinham dificuldades na leitura. Ilustração 24: Jogo do mico Fonte: Palacio. Todo final de semana faço jogos com eles. por exemplo. tabelas de palavras e também as quatro operações. Depois que fiz vários tipos de jogos como o dominó de letras e números. eles se interessaram muito. Se no final alguém ficar com a figura do macaco. Eles não podem mostrar as fichas para os companheiros.Outro jogo que quero explicar é o do mico: eu coloco as crianças em círculo e distribuo as fichas para os alunos. XE TUMPA JEgUAKA Aikuaa aexa kuaa aguã mba’emo ypykue. Nhanhembo’ea ma nhande rekogui ae avi ou.AMOĨ PORà MBA’EAPO NHEMBO’EA PY gUA Teodoro Tupã Jeguavy Alves6 .com. aỹ peve ndarovai amboae ramĩ. 6 Professor da Escola Estadual Indígena Araju Porã . mboruvixa ha’e xamoĩ kuery ijypy guive ha’e ramĩ. YVY. nhanemba’epu. 57 ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang . kuaxia (xi-ti) para ogueru ha’e kuery remikotevẽ tuja’i kuery oarõ va’e oguero jeapo ha’e kuery ojapyxaka nhande reko nhande jaikuaa arami tekoete’i rupi. jaikua aguã tekotu mba’emo kue jaexa va’e yvyrupa ha’e javire. Oiko MBORUVIXA KARAI va’e ojerure YVYRA’IJA kuery pe omombe’u aguã mba’emo ijyague. Nhande kuery ma onhombo’e ombojarue’ỹ aguã Nhanderu omoingo va’e kue jaexake apy: oĩ YAKÃ. Nhande kuery nhane’arandua ma oy nhembo’eropy anhoe’ỹ jareko. XAMOĨ kuery reve jaikuaa ou nhembo’ero nhande pygua oguereko opa mba’e ombo’e aguã.PR. Mboruvixa hekoa va’e kuery mongetaa tekoapy gua omombe’u marami pa nhamboete va’e rã amboae nhande rapixa kuery amboae regua kuery (pongue). OKY. Xamoĩ kuery omoirũ agui mba’emo ojekuaa ha’e oy nhembo’ea Nhandeva’e omboete aguã nhande kuery oikuaa va’e jajopy he’ỹ re juruá kuery arandu amboae rupi gua. amba’eapo kyringue kuery reve amoango uka kuaxia (xi-ti) re ha’e ijayvu aguã mba’emo ypykue oime oime iva’e re.br) Aikotevẽ nhavõ amopu’ã mba’eaporã ojeporu va’e rã ou nhembo’eapy xe ma riae aenoĩ mba kyringue ru kuery. Ore romboete mba’emo hejapyre marae’ỹ peteĩ gui rive’ima oikova’e rã ogueroayvu va’e rã nhandevy. YRO’Y ha’e MYMBA kuery.Município de Diamante D’Oeste .SEED/PR (E-mail: indigenapr@yahoo. oĩ ma ARA reko JAXY reko ARA YMA reko. Korami ae oy nhembo’ero paroguata va’e rã nhandeae. Opy’ima pavẽ jaiporu nhanhe mboaty ha’e jajapy xaka aguã opita’i va’e kuery ijayvu ramo ha’e gui ve nhamoirũ mba’emo karai ha’e kyringue nhemboery. Hekoa va’e kuery ojou porã riae xereve omboete mba’eaporã omopu’ã va’e kue joupi vepa. KA’AGUY.Terra Indígena Itamarã . oĩ ma opy’i ha’e oka rupi ha’e jaikoa rupi arynhavõ re. ARA nhavõ nhandeavu. YVYTU. hova’e ha’e javive oĩ joupive pa ARAKUA arandu (calendário). japorai jajerojy joupivepa. JAXYTATA. 58 . KUARAY. ha’e va’e re tekorã mombe’ua tekoapy gua ojepy apy. A’ỹ ma nda’evei ve oovy ma jaroguata aguã mokoĩ regua teko. KO’ẽ. ARAI.Kyringue ha’e javi onhea’ã oikuaa ve aguã tekoare oikamavy. nmhande reko ha’e jurua reko. Toda vez que eu preciso elaborar atividades ou materiais para a escola. hoje não seria diferente. A participação dos mais velhos é um instrumento importante para funcionar a escola indígena. JAXY (SY). ma’etỹa ojerova oovy. eu sempre chamo os pais dos alunos. A ideia de chamar a comunidade para participar da elaboração de materiais pedagógicos representa o interesse e a expectativa dos mais velhos. criando uma escola com princípios étnicos e culturais Guarani. 2008. YAKÃ. Desde o início é assim. a comunidade. Fonte: Alves. YVY. 2008. YVYTU. os mais velhos). ka’aguyre oikoma jave oexavy mba’emo: YVYRA. as lideranças e os xamoĩ (os avôs. ANgA PYY XAMOĨ KUERY RE Xamoĩa kuery oexa arami. A comunidade sempre concorda comigo e valoriza o trabalho coletivo. PYTU ha’e ARA. KA’AGUY. ORgANIZAÇÃO DO TRABALHO NA ESCOLA Ilustração 25: Xamoĩ Ilustração 26: Buruvixa Fonte: Alves. GUYRA. nhande va’e rã jajapo jaeja kuaxiare kyringue oikuaa aguã marami pa ary. terra. Junto com os Xamoĩ (os velhos) descobrimos que cada escola indígena possui riquezas metodológicas. os animais. Estou falando de duas culturas diferentes. são coisas sagradas. a água. frio e animais.. Na casa de reza os conselheiros orientam as famílias da aldeia como respeitar outras pessoas de outras etnias. vento. o sol. Tudo isso está ligado ao calendário Guarani. como a terra. mato. o ar. As crianças adoram fazer pesquisas em vários espaços naturais que existem na nossa aldeia e registrar no caderno os nomes das coisas que viram. independente dos conhecimentos dos não-índios. a água. o sol. Descobrimos que a natureza ensina para a vida e o convívio de cada um de nós. Hoje eles enxergam dois mundos diferentes. Assim a gente aprende no nosso cotidiano a língua Guarani. Teodoro Tupã. A PREOCUPAÇÃO DOS MAIS VELHOS De acordo com a visão dos mais velhos nós podemos nos desenvolver através da pesquisa. a mata. Eu sempre coloco no meu plano de aula o ensino oral. as nuvens e o céu. a lua. os dias estão diferentes. aprendi a observar e conviver com a natureza. Eu. chuva. as músicas. A cultura Guarani ensina a respeitar os recursos da natureza como os rios. a noite e o universo. o tempo e o clima estão mudando. Segundo eles. as crenças. a terra. os costumes. os cantos e as danças.valorizando os conhecimentos Guarani. assim eu posso conversar com os alunos sobre a natureza. a lua. só os homens sábios podem ler essa imagem. Nós valorizamos o que a natureza nos oferece. com ela os Guarani aprendem a organizar as coisas do mundo: os dias da semana. Por exemplo: a casa de reza é um local onde as pessoas se reúnem para ouvir as palavras do rezador e das outras pessoas que acompanham a cerimônia ou ritual.. os pássaros. Trabalhei com os alunos pedindo para eles desenharem no caderno e falarem sobre as coisas nativas. as tradições. refletindo sobre a função e a importância de tudo que existe na natureza. as estrelas. Existem lideranças religiosas que orientam os rezadores para falar sobre os mitos e as histórias de nosso povo. Só assim a escola terá sua finalidade diferenciada. a indígena e não-indígena. o vento. os meses e os anos. As primeiras coisas que as crianças identificam são as árvores. o dia. torna-se cada vez mais difícil de controlar esses dois mundos ao mesmo tempo. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 59 . as estrelas. A educação indígena não está apenas na sala de aula. está em qualquer lugar no nosso espaço e em qualquer momento de nosso dia a dia. A educação está ligada à cultura. por isso esses conselheiros da aldeia estão preocupados. Fonte: Alves. 2008. só assim os alunos saberão os horários de entrada e saída da aula. Cada aluno fez o seu relógio utilizando cartolina e expôs na sala de aula. o tema desta aula foi de aprender a ler as horas. Foi uma atividade individual e em grupo. 60 . principalmente nas horas certas de tomar um remédio indicado pelo médico. eles mesmos podem acompanhar e orientar suas famílias em casa.Ilustração 27: Casa de madeira Ilustração 28: Casa de alvenaria Fonte: Alves. Portanto. O objetivo da escola é deixar as crianças bem preparadas para qualquer situação. 2008. Aprendendo a ler as horas. Levei os alunos a imaginarem o que é medir o tempo e andamos um pouco no espaço. UMA AULA DE MATEMÁTICA O objetivo desta aula foi ensinar a criança a ter conhecimento sobre o horário para seu próprio controle. Eu levei um relógio para a sala de aula e conversei com os alunos. ndaikwaai mba’emo nimbo’eaty regwa. Korengwa txewy nda’ewei awei wy ma a’e nunga ndatxe ayvu iporaĩ ore aywu rupi. Ywypory kwe idjaywu “Mbitxy’akwa” ko nimanga wa’e txee ambodjera nhande reko ramĩ gwa. onimanga rupi a’e amombe’u nhande reko regwa awei.Município de Cornélio Procópio . a’erĩ ma oĩ peteĩ onimanga wa’e “Mborowitxa” djaei’a ewĩ wa onimangapota wa’e. 61 ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang . A’erõ ma aikwaa ko mitangwe onimangapota awei nimbo’eaty py. mamo txetsytxeretxa a’egwi aa ywyaywy reta mbyte py mamo txetudja pa ma.Mbitxy’akwa! A’erõ ma ambo’e kwery: .br) 2004 e’a amboypy ombo’e’a regwa Tekoa Laranjinha e’a teta Santa Amélia gwigwa. txee dje animbo’epota a’erĩ ma amboypy.SEED/PR (E-mail: indigenapr@yahoo. OKORẽ AMBO’E WA’E Nimbo’eaty py amba’eapo ryka’e atsy katu weri txewy.Terra Indígena Ywy Porã . animbo’e txerekeyi rewe. Ndatxeaywui ore aywu ryka’e.Aldeia Arai Wera . A’erõ ma peteĩ kunhã idjaywu porã wa’e Nhandewa rupi ndogweromba’epopotai ko regwa.PR. Djurua djiwy: 7 Professor da Escola Estadual Indígena Arai Wera . a’erõ ma amboypy Nhandewa rupi aywu agwã.Mbitxy’akwa!. Yvypory kwe onimanga a’erĩ ma: Djurua otsapukai: . a’erõ ma ko mborowitxa txerenoi amba’epo agwã.TXEMBA’EAPO NIMBO’EATY REgWA Vanderson Lourenço7 .com. a’erõ ma teyi kwery ogwero ayvu porã txegwe. mitangwe nonimbo’ei wy Nhandewa aywu. A’erõ ma Tekoa Laranjinha ruwitxa oipotawy ambo’e ombo’e’a txerekeyi oipytymo agwã. A’erĩ ma mitangwe odjou porã. a’eramĩ ambo’e oporai rupi. A’erõ ma ko djurua oporandu porandu mba’e mo eta a’e ambo’e kwery odjeoi woi ogweru agwã. Mborowitxa ma awa arandu ramĩ ma.. A’erõ ma awei. Ko a’ỹ ma txeaywu porã Nhandewa rupi a’e aendukwaa mba’e wa’e Mbya idjaywu a’e Kaiowa idjaywu Txee katu.Pedjapota mba’e wa’e aipota? . Ambo’e kwery djiwy: . A’erõ ma 2005 arire peteĩ kwatia gwatsu. Txee aipota weri mitangwe gwi. 62 . awei.Ambokwa mbudjape.Ore rodjapota! Ombodjowai pame. a’ỹ anyi. A’ỹ ma ewĩwa onimbo’e oreaywu ou gwatsu py.Mbudjape. a’erĩ ma aipytymõ mo’ã ko mitangwe itudja porã wa’e rã. ndipowei ry txaryi ombo’e’a. nanimbo’ei pa teri nhandeaywu re a’erõ ma texee aywu aiko rii ma. txee txerekeyi rewe ronimbo’e roikowy ywy aywu reko mitangwe pe nimbo’eaty pygwa. A’erõ ma awa djurua oporandu: . ywy aywu reko a’e nhandereko regwa awei. Ymã’i py. omoĩ ore orenimbo’eaty py romba’eapo agwã? Apy ma txe amba’eapo 1ª a’e 2ª rewe a’e txerekeyi 3ª a’e 4ª rewe. Ko nimanga wa’e ko regwa nda’ewei nhandewy. A’erĩ ma ambo’e weri ma aikowy. irundy arangwydje djaei’a ore mitangwe onimbo’e nombo’eaty py. a’erõ ma txee adjapo mba’e ramĩ ore ronimanga agwã. mawã ogweru woi a’e ma teyi mbarete ma. a’erĩ ma peteĩ omondouka wa’e a’e ambo’e kwery odjapo wa’e mba’e mborowitxa oipota. Maraĩ ma nhanimanga “Mborowitxa” gwi. lugar onde nasci.Ilustração 29: Mborowitxa Fonte: Lourenço. mas me criei fora da aldeia por muito tempo. na aldeia Laranjinha. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 63 . MEU TRABALHO COMO PROFESSOR Comecei a trabalhar em 2004. no município de Santa Amélia. 2008 . Boca de Forno! Os presentes repetem: . Embora eu não fale fluentemente. percebi que as crianças não aprendiam conforme eu almejava.Não sabendo falar a minha própria língua. A melhor candidata não aceitou o trabalho. 64 . Nesse meio tempo. o cacique procurava um outro professor que pudesse ensinar a língua materna. Durante esses quatro anos de caminhada muita coisa mudou. eu com a 1ª e 2ª séries e meu irmão com a 3ª e a 4ª séries. o animador grita: . através da formação que tivemos no Curso de Magistério Kuaa Mbo’e. uma brincadeira chamada “Boca de Forno” em língua portuguesa. a comunidade me disse que ensinasse o que eu havia aprendido para as crianças de 1ª a 4ª série. Eu nunca tinha tido nenhum tipo de experiência pedagógica e ainda mais. METODOLOgIA DAS AULAS No primeiro ano de trabalho. Desde 2005. O animador continua: . passei a trabalhar com mais empenho ainda. músicas e brincadeiras. passei por muitas dificuldades. devia ensinar uma língua da qual eu não tinha o domínio. a língua Guarani passou a ser ensinada na casa de reza. o Guarani Nhandewa.Forno. sou falante por opção. Essa brincadeira em sua forma original é assim. Hoje. que eu adaptei para a língua e cultura Guarani. com as histórias. comecei a estudá-la com meu irmão. mas a brincadeira que elas mais gostaram foi Mborowitxa.Furei um bolo.Bolo. então me nomearam para esse cargo. Desde então. e nós. Então descobri a metodologia de trabalhar com a oralidade. assumimos todas as séries iniciais. substituímos os professores não-índios de português na escola indígena. As histórias e as músicas embalavam as crianças. pois o futuro dessas crianças inicia-se também por mim. tenho um bom diálogo em Guarani Nhandewa e conheço os dialetos Mbya e Kaiowa. Assim passei para uma outra realidade: alfabetizar em Guarani Nhandewa e ensinar português. Os presentes dão a sequência: . eu e meu irmão. Mas devido ao meu esforço. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 65 .O animador pergunta: . não faziam sentido na língua e cultura Guarani. o chefe. Eu via que quem brincava se divertia muito. Mas então eu adaptei. Então o animador começa a dar várias ordens.Faremos! Respondem os presentes. mantendo um que ordena e outros que obedecem. A palavra mboruwixa quer dizer o cacique.Tudo o que eu mandar vocês farão? . pois “boca de forno”. mas não teria nenhum fundamento se eu traduzisse palavra por palavra. “furei um bolo”. A pessoa que executar primeiro as ordens é a vencedora. PROFESSORES KAINgANg Darci Rosenilda Luiz gino Doracilda gabriel Olga 66 Janaina . Inh gĩr ag mỹ hẽri kenh mũ vé e sóg.SEED/PR (E-mail: [email protected] Indígena Rio das Cobras .PR.Município de Nova Laranjeiras . inh hẽri kenh mũ vé e sóg. jukrén mág mũ. 2008. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 67 . tóg inh jé ke mũ. inh pé hẽri ke kã tỹ vẽnh kanhrãnrãn tĩ já jé.Aldeia Taquara . Kỹ pã’i tỹ inh jé ke kar kỹ sóg. isỹ ag mỹ ne tónh ke tóg tũ tĩ. ti tỹ vãsỹ vẽme to jé. inh sỹ tỹ vẽnh kanhrãrãn jẽnh ke to sóg jykrén tũ nĩ vẽ.INH RÃNHRÃJ KÃME Darci Fógtẽ Bernardo8 . Kejẽn prỹg tỹ pénkar kri ũn pir tóg tĩ mũ.br) Vãsỹ inh sóg 7ª série ka vẽnhrán jẽ ra ẽg pã’i. Ẽn ka inh sóg sỹ tỹ vẽnh kanhrãnrãn tĩ jẽnh ke ki kagtĩg pẽjẽ vẽ. 8 Professor do Colégio Estadual Indígena Rio das Cobras .com. Ilustração 30 : Contador de histórias Fonte: Bernardo. ka krẽm. Ti tỹ inh mỹ tỹ ã vẽnh kanhrãnrãn tĩ jẽnh ha henh ke ja vẽg tĩ. Kỹ ẽg tóg gĩr kãsir ag mré kófá jé ke mũ. 68 . Kỹ ẽg tóg kar kỹ nén fy kãgrá han kar kỹ ti jiji han tĩ gé: gãr. gãru. Ilustração 31: Nũmro Fonte: Bernardo. rãgró. 2008. 2008.Kar kỹ sóg gĩr ag mré nũmro tỹ nér kãgrá han tĩgé. Ilustração 32: Fy Fonte: Bernardo. tag ag. pẽnĩ gru. kar ẽg tóg ag jiji han tĩ gé. Ti si ag kygré. rãgró (feijão). na aldeia Taquara. fui convidado para ter outra experiência. como gãr (milho). pois estou vendo os alunos lendo e escrevendo sua língua materna. Depois que eu já estava experiente. Kỹ ĩnh rãnhrãj kri prỹg e tĩn kar. Com os alunos da Educação Infantil chamamos um senhor de idade para contar uma história para os alunos. Desenhamos todas as sementes.Nén kãme .Uri inh rãnhrãj e jã tag tóg inh mỹ nén e ven mũ há. já está dando frutos. Com o passar dos anos. gãr pẽ (milho pururuca) e gãru (pipoca). na Terra Indígena Rio das Cobras. que foi ser professor bilíngue na Sede da Terra Indígena Rio das Cobras. vãsỹ prỹg tỹ 9 kã. Isso aconteceu em 1997. Nós também fazíamos os números em forma de desenho e ensinamos os alunos a contar na língua Kaingang. ẽg vĩ ki nĩm jé 5ª a 8ª série ag mỹ kar Ensino Médio ag mỹ ke ge kỹ sóg uvi 5ª a 8ª série kar Ensino Médio ag mre: . kỹ tóg tũ e mũ. inh gĩr ag tóg ẽg vĩ ki ránrán há natĩ. para ensinar a língua Kaingang.fui escolhido pelo cacique e pela comunidade para ser professor. hãra sóg uri tỹ professor bilíngue jẽ ha. Fiquei seis anos trabalhando na educação infantil numa escola localizada na aldeia Taquara. HISTÓRIA DE VIDA COMO PROFESSOR Na época em que eu estudava a 7ª série . Hoje essa experiência de trabalho que vivenciei.Vẽjẽn . sem ter experiência de como dar aulas e como me comportar diante dos alunos. ke ti. Kỹ hãvẽ inh rãnhrãj kãme ti. fui aprofundando cada vez mais a maneira de dar aulas. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 69 . kar ũ ag. kar kỹ to ke há ki gé. debaixo de uma árvore. 2008. as danças e outros aspectos da cultura Kaingang. Hoje trabalho só com a língua Kaingang lecionando de 5ª a 8ª série e no Ensino Médio. Esse é o relato da experiência que vivi de nove anos de trabalho como professor bilíngue. Nesse trabalho nós pesquisamos e consultamos os mais velhos para aprender sobre as histórias do nosso povo. fui escolhido novamente pelo cacique da aldeia. Depois de alguns anos faltou um professor de língua Kaingang de 5ª a 8ª série na Sede. a alimentação.Ilustração 33: Leitura Fonte: Bernardo. como eu já dava aulas de 1ª a 4ª série. 70 . javo tóg sir jagy pẽ tĩgtĩ. Vẽnh mã en ẽg tĩ. kómra tá ẽg rãnhrãnh vỹ tỹ fóg vĩ ke kanhrãn sór nĩ. uri ke tag ag tỹ ki kanhró nijé gé. Ũn e vỹ vahã tỹ professor nỹtĩ mũ há. Sỹ vãsỹ vẽnh rãnhrãj tag hán tĩ mũ ra tóg kejẽn ver inh mỹ jagy tĩgtĩ. vãhã uri vẽnh rá to vẽnh jygre tỹ tãpry sór vég mu há. kar ũ tỹ. Ẽg vĩ ty tũ ke kỹ ẽg tóg sir tỹ Kanhgág tũ nĩ. Ẽg hẽri kei mũ. tóg inh mỹ ki krov tu nĩgtĩ. har inh so há. Kanhgág vĩ tag tỹ tũg ke tũ ni gé? Ken jé ẽg vĩ. hãra ver ẽg nén mág vég tu nĩ kãinmar ti je há e kãn tĩ. inh rãnhrãnh.br) ~ Kỹ prãg tỹ.SỸ TY PROFESSORA JE KAME Doracilda Korigsãnh Lourenço Bernardo9 . he kỹ. ẽg ty kejẽn to jygrén ky. inhkor kãkĩ sy tỹ professora tỹ fóg vĩ ke rãnhrãj tĩ jẽ je. Kỹ profesor ag tóg pã’ĩ ag mré. han sór ke tũ já vẽgtĩ. hã vy ty ẽg ven kãfã nĩ. Prág ũ tỹ pẽnjẽn mãn kỹ. Sỹ vãsỹ rãnhrãj to vãsãn tĩ ra sóg. sóg tarhe sĩ mũ sir. Ẽg jykre tovãnh mág kỹ ẽg tóg nỹ tĩja nĩgtĩ. to tõn sóg mũ.Aldeia Sede . ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 71 . 9 Professora da Escola Estadual Indígena Coronel Nestor da Silva . Ũ tỹ tar nĩ. Vãhã sóg sỹ to tar ve ky. Tag to jygrén kỹ ẽg tóg sir. ag ty ũ fẽg jé. vẽnh so há ni. Vãsỹ ke ẽn kã. sỹ gĩr sĩ e. ẽg ty vẽnh jygre si tỹ tar ke je. ag tóg sir inh kuprẽg ja nĩgtĩ. fog ag mã. ke tũn. Ji pẽnjẽ ki ti jagy ti.SEED/PR (E-mail: [email protected]. kar venh kar to há nĩ kỹn há nĩnh mũ. ẼG INHKÓRA TA VẼNH JYGRE Inhkóra tỹ Indígena Coronel Nestor da Silva. Kanhgág régre vĩ tỹ ẽg inhkóra tỹ nĩnh ke to vãsãn mũ: Kainhgág mre Guarani. 1986 kã mãreka tá inh pẽnjẽn. mãn rã kỹ.PR.Município de Nova Laranjeiras . Kejẽn sóg tovãnh sór. ũ ag vy. hã vỹ tĩntĩ há.Terra Indígena Rio das Cobras . sỹ nén tỹ rãnhrãnh ke tũ nĩ kỹ. Prãg ẽg vỹ jagy távĩn vyr. Sy uri jygrén kỹ. ge tĩ: Ẽg tỹ nẽnh to há tũ nĩ kỹ. ég ty vẽnhvĩ regre ki gĩr kanhrón ti. sỹ ver to tõn tũ nĩ kỹ. kar kỹ tá ẽmã kar ag mré to jygrén mũ. jãvo ũ vỹ ẽg mỹ tĩmta nĩn tĩ. Ti jiji vỹ tã Projeto Chegada do Novo Milênio ti. kané. VÃFY KỸ Ẽg tỹ vẽnh rãnhrãj tag han kỹ gĩr nỹ fag tóg inhkóra to vãsãnh e ja nĩgtĩ. inh sỹ vẽnh rãnhrãj sĩnvi han ja. Gĩr. jãvo ũ ag tóg ẽgóro. 72 Inhkóra kãtá gĩr vỹ vẽmẽn mũ. ẽg tỹ ka krém nẽn han ja ti. VẽNH RÁ KI KANHRÃN. ũ ag tóg kómra ta Kanhgág nãtĩ ag to vẽnh rán mũ ge. Inhkóra kãki sóg gĩr mré ẽg tỹ nẽn han ke ẽn ty tenhto han mũ: Kanhgág mré fóg vĩ ke. kar kỹ ẽg ty ránrán. Tág tó sóg ti. ti kãgãg kỹ. Kỹ ũ ag tóg sir ẽgrénh to nãtĩ mũ. Kómra Ky Secretaria Municipal tá ke fag tóg ẽg my vén jygre tag hãn ke to mũ. inhkor kãki. ty ũ nĩ e tĩ ẽmã ag mĩ. javo tóg ũ tá há tũ nĩgtĩ ge. Vãhã ag tóg gĩr ũ ag my kãmẽn ti. prãg tỹ 2000 Kã. ẽmãsi ta Van inhkóra Nér Nor. KỸ SÓg FÉNHTA HÃN TO gIRÉN MŨ. ag nỹ fag ke gé. Vãhã sóg vẽn kar gé ke mũ. kar fog vĩ ke. kar ũn mág ag. Kaingang tã tãmi ke ag ty Konra ti Ke ag to vẽn jygre ki kainhró nỹtĩ jé. kar ag tog vãhã ag vẽnh grén han mũ. Ẽg inhkóra tá. Vãn tỹ tĩta kãmĩ tĩn ky ti ty ũ nĩ. ẽg vi ke. Sỹ ãjag my kamén sór vẽ. ti si ag tóg ser pé tĩ. genh ke natĩ. Gir fag vỹ kanĩgnir kar vãfy han. Kã pãner tóg ẽg mrẽ jãn mũ ge. ag in ty ke ag ki jẽmẽg tĩ. kurã ẽn kã. ti si ag jygre kãmén sór ky gĩr ag tog. Ti hỹn ta ne ve hã ni? Ka? Kanhkã. Ẽma sĩ ty Vãn tá vẽnh rãnhrãj vỹ ge ti. Gĩr ũ ag tóg sir Brasil kãmĩ Kanhgág ag kãgrá kanẽ kỹ inhkóra kãmi jãgjánh je. tĩmta mré. Ũ tá tóg há kutẽ tĩ. kar ká. ũ nĩ he tĩ. Kanhgág mré Varani vãhã ẽg tóg vẽn rãnhrãj ke tỹ vẽnh kãpom mũ.Kar ky ẽg tóg vẽn ra e han to jygrén. ũ ag tóg vim ken ke mũ. Ky ẽg tóg vãhã én mré hã to vẽmẽn tĩ. Vẽna rãnhrãj tag han je gir ag nỹ fag vỹ vãfy kamũ tĩ. FENHTA Fenhta ũ ag ri ke tũ han já. tá rãnhrãj ja nĩ kỹ. Varani ag vỹ ag jẽn makãmũ ge. Kanhgág ag tỹ nén krãnkrãn tĩ kar. kar kỹ ũ ag tóg ĩn han ke mũ. e tĩ. inh sỹ ẽmã e. tãnh féj tỹ. har tóg vẽnh e ẽn ag mỹ ser tĩ. ta. kanhkã góg? Vãnh? . fénhta vẽnh kãmũ mũ ag tỹ vigve jé. ti. gĩr fag vãfy hãn. vágfy hynhan kỹ. Kỹ ẽg tóg ka e krém. KANHgÁg KURà KI Tà KROM KE KY 19/04/2000 Tỹ kãki vẽnh jygre si ven jé sir. pĩ han kỹ vãn nẽnh tĩ. kar vãnh tỹ. gĨR KANHRÃN KE Ũ MATEMÁTICA Gĩr sĩ vy ti tỹ vẽnh nĩkrén ve vén kỹ vẽnh rá han tũ nĩgtĩ. ag prág tó tĩ. ũri ke ag vẽjẽn tỹ há ẽn tón ke mũ gé sir. Jãvo ẽg tỹ gĩr mág mré rãnhrãj kỹ. Ky gir ũ ag tóg ẽmĩ kajã makãmũ mũ. Prosor tóg vãsy vẽjẽn mré. ag tỹ vãnh kãtá mãn kỹ kar ag tỹ ki nẽn ger fón tũ nĩ kỹ. vẽnh jykre tag tỹ ũn sór mu fog ag to ẽg tóg vẽjẽn mã tĩ mũ. KANHgÁg Vẽ JẽN FOg Vẽ JẽNẽ Vẽjẽn tỹ Kanhgág ag tũ vỹ ki nẽn vẽnhmỹ fón kỹ nĩ tũ nĩgtĩ. . Ag nĩgé ve kỹ ag vẽnh nĩkrén ki kanhrón tĩ gé. kaféj. Jãvo ga tóg sir pũr mũ. kẽj. sỹ ti vẽnh mỹ ki kanhró nĩ ky vahã sóg to rãnhrãj sor mũ. kỹ krĩg vỹ kutẽ tĩ he tĩ. gĩr mré. nén fy. To ẽg tóg nén e ki kanhrón mũ. he ag tĩ. sygsyg. Ne kãgrá na vãfy ki vẽnh ven. Ẽg tỹ nẽn ki rãnhrãj ke mũ ũ vỹ tỹ vãn ty t ũ e tũ je ẽg ne han. Ky sóg sir ka krẽm han ke tomũ. ti tỹ ẽg ki rĩr nĩnkỹ. Vãhã ẽg tóg ka krém pĩn kã ẽg vẽjẽn ko mũ sir. ẽg tỹ to jygrén mág ke vẽ gé. Ẽg tỹ gĩr mré vén ránhráj tỹ ge han kỹ. jãvo inh sóg nén ũ nĩ makãtĩ mũ sir. he tĩ: kre. Tug nãm nĩ. ẽg ty ẽg jẽn to rãnhrãj ti. ẽg tóg. ky sóg to vẽnh mỹ en. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 73 CIÊNCIAS Ha pẽ tóg nĩ. gĩr ag mré. fag tóg kején tỹ ũn mag nỹtĩ ky nén ki rĩr há nỹtĩn mũ. Ag nĩgé ki ag. kã kãsir. Uri. Váfy ki ag vẽnh nĩkrén vég tĩ gé. TI SI Ag VẽME Ti si ag vỹ ag vẽmẽn. Kar ag tog vãfy kaja to jygrén ky tó tĩ gé. Nẽnh jãkrunh kỹ tóg nĩkrég tĩ: pó kãsir.Ũ ke ẽg vãn ry tỹ hẽri ke ty ẽg vafã han. ne tỹ ki vãvãm ky nĩ tu nĩ kỹ. ti ty púr tũ nijé. kar kỹ ũ tỹ pỹg tũ nĩje. Har topẽ ty jẽnẽ jãfã vỹ goj mág ki fón tĩ. boa vontade. sỹ ki Kanhgág jyjy. Ky ag tóg sir ag ter kỹ vẽnh sỹ mér gá ki fón e ja nĩgtĩ. Aquele ano foi. principalmente ensinar a língua portuguesa como segunda língua. inh vo ty tó já. Acredito que quando não se tem o dom de ser professora. posso dizer que me acostumei mesmo e não quero mais parar. vẽn vi ẽn ti: ẽg Gar pó. com 32 alunos. Vahã kejẽn Kanhgág ag tóg jagné kato tẽja nĩgtĩ. foi assustador enfrentar uma turma de 1ª série. um ano de terror para mim. ẽMà TỸ. Ky ag tóg sir vẽnh vĩ tag to e. Fog ág tóg sir Kanhgág ag ty vẽnh tag to me ja ni. ẽMà TY. até conseguir ter um pouco de domínio da turma ou da sala de aula. Tentei desistir várias vezes. Fóg ag tóg sir mẽg tĩ.HISTÓRIA Inh vỹ projetu ũ han. No começo. No início do ano seguinte passei a ter mais ânimo e coragem. ẽg gAR PÓ. tóg vãhã ag jé ke kỹ. Por isso acho complicado “indicar” alguém para esse trabalho. Por isso penso que a pessoa precisa ter muita coragem. posso afirmar que ensinar duas línguas para os alunos não é nada fácil. Ẽmã régre to vẽnhrá vén sór inh mu. gostar de si e dos outros. tĩ tỹ sĩnvĩ nĩ ky. VẽNH VEN? Ky inh vo ter mũ tỹ. inh mỹ. na Terra Indígena Marrecas. ky tóg ag ty vẽnh ser kri natĩnh ke mu ra vẽnh mỹtĩ ja nĩ. pois a pessoa deve ter esse desejo por ela mesma. han ja nĩ: kur ti vã. Apesar de exercer essa função há alguns anos e gostar muito desse trabalho. até conseguir alguns instrumentos que pudessem me auxiliar no trabalho. pó ẽn vỹ tỹ ẽg Gar tũ nĩ. kỹ ag tóg tó sor ja nĩgtĩ ge.. He tóg: ẽg Gar pó. Kurã pir ki kejẽn ũn tãgtu vã ter já nĩgtĩ. kỹ fóg ag tóg. Ag pã’i mág. dentro de uma sala de aula. sir ag tỹ. é muito difícil trabalhar. Hara ag tóg inh hã Curitiba he ja nĩgtĩ. Kanhgág ag tũ kren tóg. Kurã ẽn pãte. como professora de português. e mũ. até hoje. com certeza. ẽg Gar pó. ven jyjy ẽn vỹ pó mag kókov tavĩn tu grĩn vẽnh ven. ag mỹ jũgjũ tũg rỹ. Trajano Mrẽj Tar. mas algumas pessoas impediram que isso acontecesse. VẽNH VẽN? Ẽma tág tỹ vẽnh ven ke jo Kanhgág ag vy ki natĩ ja nĩgtĩ. tỹ Mareka ta jẽja ẽn. HẽRI KE KY. HẽRI KE KỸ. kar vahã ti kãme ki kanhrón kỹ. Atualmente. 74 . Vẽnh kar ty pó vég mu tóg nenh ja nĩgti. KUR TI VÃ. que iniciei minhas atividades. Kejẽn vẽn kaga jágy ne jun mu. até conseguir me acostumar. tó sor ky Guarapuava he ja nĩgtĩ. kar ẽmã jyjy. HISTÓRIA DA VIDA PROFISSIONAL Foi no ano de 1986. ky tóg inh mỹ ha pẽ nĩ. em outra já é diferente. trazendo tudo o . Espero que esta situação venha a se reverter dentro de pouco tempo. a terra poderia queimar. Poderíamos criar mais materiais didáticos para serem usados nas escolas de 5ª a 8ª série. Se não fosse assim. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 75 UMA FESTA DIFERENTE – ATIVIDADES REALIZADAS COM A COMUNIDADE DA ALDEIA TAQUARA Os resultados das atividades que são realizadas nas escolas variam de aldeia para aldeia. O trabalho foi desenvolvido com uma turma multisseriada de 1ª a 4ª séries. Eles pedem que as observemos. RELATOS DOS SÁBIOS DA ALDEIA O que é mais usado na nossa escola são as histórias. os professores junto com a comunidade têm como objetivo revitalizar a cultura Kaingang junto com os alunos. Isso ainda é pouco. já pude ver alguns avanços. que aconteceu numa aldeia muito pequena denominada Taquara (Ván). Conforme a aldeia.Durante esse tempo que venho trabalhando. o resultado é excelente. Ficamos muito preocupados quando nos reunimos e nos questionamos: será que a nossa língua Kaingang vai acabar? O que faremos para continuar sempre falando a nossa língua? Sabemos que a língua é a identidade de um povo indígena. Contam que a estrela nunca chega até a terra. com as histórias de nossos povos. Sem ela. Aproveitando a ideia colocada pela Secretaria Municipal de Educação de apresentar e desenvolver um “Projeto da Chegada do Novo Milênio”. já está bastante esquecida. pois um enviado de Deus sempre está atento e joga esta estrela no mar. A cultura Kaingang vem sendo pouco praticada. trabalhamos mais para ensinar a língua portuguesa. Pensando nisso é que lutamos para que nossas aulas de língua Kaingang e de língua Guarani continuem sempre. na Terra Indígena Rio das Cobras. Digo isso porque já trabalhei em várias escolas e aldeias do Paraná. como a contratação de mais pessoas nesta área da educação escolar. mas não vejo avanços qualitativos ainda. o povo pode não ser mais considerado pelos não-índios como indígena. No entanto. Nossos antepassados contam que as estrelas caem. resolvi fazer uma festa do Dia do Índio diferente. que os alunos ouvem e pesquisam e que são passadas de geração em geração. os pais e as pessoas mais antigas da comunidade. até pelo menos a 8ª série. na Escola Estadual Indígena Nér-Nor Bonifácio. localizada no município de Nova Laranjeiras. ORgANIZAÇÃO DA ESCOLA Na Escola Estadual Indígena Coronel Nestor da Silva. Vou contar uma atividade que considero a melhor que desenvolvi. um dia de sol quente. fazem a tradução desse texto para a língua portuguesa junto com a professora. Até então eles nunca tinham visto uma festa daquela! Foi um mês de preparação envolvendo toda a comunidade Kaingang e Guarani. depois volta para as atividades com as mães.que é da cultura Kaingang e da cultura Guarani. como caçadas. as florestas. das lideranças e de toda a comunidade. A participação foi muito boa por parte dos alunos. Também se pode refletir sobre como está sendo feita a comercialização do artesanato. O povo Guarani trouxe também a sua alimentação e as suas danças. 76 . se ela sabe como é trazida do mato e depois trabalhada.. Foi organizada uma exposição com alimentos tradicionais. A tradução é escrita no quadro. dos pais. preparam a taquara e fazem seus artesanatos. feito com a participação das mães dos alunos. pensam no que as cores fazem a gente lembrar. coleta de verduras e frutas silvestres. construções. Na geometria podemos estudar os padrões das pinturas usadas no artesanato. Como haveria uma missa. Os alunos confeccionaram cartazes sobre outros povos indígenas do Brasil. Num determinado local fazem o fogo. Estudam também sobre as cores utilizadas para tingir as taquaras. os alunos fazem a leitura e a cópia. Nesta atividade as mães trazem a taquara e as tintas são doadas. desenvolvendo a escrita na língua Kaingang. As crianças acompanham todo o processo. sua intensidade. Também se pode trabalhar o preço dos artesanatos e criar problemas de compra e venda. Em matemática são estudados os numerais através das tiras coloridas e não coloridas usadas na confecção dos balaios.. sua localização e estudaram os três povos que existem na Terra Indígena Rio das Cobras: Xetá. um céu sem nuvens. aproveitando que o mês de abril se aproximava. APRENDIZADO INTERDISCIPLINAR A PARTIR DA CONFECÇÃO DO ARTESANATO Uma outra atividade que aproxima as mães da escola é a confecção de artesanato de taquara. Em ciências podemos trabalhar com a questão do manejo da taquara: o que fazer para que a taquara não venha a acabar.. amanhã poderemos não ter mais essa planta valiosa. etc. ela vai. por causa de queimadas e desmatamento. sua tonalidade. Quando a criança quer brincar. Em seguida. Conscientizar as crianças de que se não cuidarmos agora desse recurso natural. entre outros. Ver se a criança já foi com a mãe buscar taquara. Kaingang e Guarani.. como as diferentes espécies de milho cultivadas. os alunos fizeram na sala de aula a tradução de cantos. Cada grupo de pais ficou encarregado de desenvolver atividades junto com as crianças. cestos e chocalhos. até o final do processo de confecção. Na sala de aula os alunos relatam como foi a “tarde do artesanato” em Kaingang. pescarias. atividades agrícolas. sem aquela obrigação. Escreveram mensagens em português e na língua Kaingang. Se perguntarmos para uma criança bem pequena se ela sabe contar. folhas. Nós também usamos sucata nas nossas aulas. Assim ela começa a aprender a numeração. o aluno utiliza objetos da natureza para contar. ela vai mostrar os dedos. como pedrinhas. grãos. As primeiras noções de matemática e de escrita podem partir do próprio corpo da criança. ou como ela aprendeu. já não usamos tanto os materiais concretos. então o professor deve usar sua criatividade para trabalhar com os alunos.ALgUMAS ATIVIDADES QUE TRABALHO NA ESCOLA: COMO O ALUNO APRENDE MATEMÁTICA? Ilustração 34: Ensinando matemática Fonte: Bernardo. pauzinhos. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 77 . Ao fazer artesanato os alunos já estão aprendendo a contar através das tirinhas de taquara brancas e coloridas. 2008 Inicialmente. Quando a turma é mais avançada. Alguns alunos ficaram encarregados de levar o bolo de milho azedo e eu fiquei encarregada de levar a carne. Trajano Mrẽj Tar dos Santos. “pedra de todos”. o nome da cidade surgiu de uma pedra gigante. para realizar uma atividade prática. houve uma epidemia de gripe. e disse: . quando as brasas estavam bem acesas. pois naquele tempo não haviam inventado nenhum tipo de vacina contra a gripe. seus significados e suas histórias. Chegava a morrer três pessoas por dia. Por ser professora e estar preocupada com essa questão. sobre a origem dos nomes de duas cidades. que quer dizer: “Podem levar”. HISTÓRIA Desenvolvi um projeto em que achei importante trabalhar com nomes de pessoas e de lugares. repetindo Kur ti vã. resolvi trabalhar mais profundamente com esse tema: resolvi fazer uma aula. Isso começou a trazer conflitos entre o povo Kaingang. Então os não-índios ouviram os Kaingang falando: Kur ti vã. COMO SURgIU O NOME DA CIDADE DE gUARAPUAVA Segundo meu falecido avô. vendo toda aquela confusão resolveu reunir as pessoas. O professor também pode comparar a qualidade e as características de alimentos naturais e alimentos industrializados. ou seja. Todos que viam a pedra sentiam ciúmes pela sua beleza. Um líder Kaingang. que são comprados. que o nome ficou Guarapuava.CIÊNCIAS É muito interessante trabalhar com alimentação tradicional. de brilho inexplicável.A partir de hoje esta pedra é de todos. COMO SURgIU O NOME DA CIDADE DE CURITIBA No início da formação desta cidade. Assim que a pessoa falecia. Então ele disse a frase: “Ẽg kar po”. logo já era levada para ser enterrada. os alimentos tradicionais vêm sendo trocados pelos alimentos industrializados. Segue abaixo duas histórias que ouvi do meu avô. Os alimentos indígenas não têm agrotóxicos. são retirados da natureza e consumidos. Atualmente. a fim de acabar com aquela bagunça. não dando nem tempo de fazer velório. fora do espaço da sala de aula. Saímos e fizemos fogo. que residia na Terra Indígena Marrecas. pertence a todos. Ficaram repetindo. o bolo de milho e a carne. assamos tudo na brasa. Foi de tanto ouvir esta frase e repetir. e por isso. que era preparar uma receita tradicional. a cidade é chamada de Curitiba. 78 . Essa doença quase acabou com os índios. Os não-índios de tanto ouvirem aquela frase: “Ẽg kar po” começaram a falar Guarapuava. a partir do preparo de alimentos é possível estudar química e física. Foto 5: Alunos durante as atividades Fonte: Bernardo.Foto 4: Trabalhos com os alunos Fonte: Bernardo. 2008. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 79 . 2008. depois o professor pode ensinar aquela palavra na segunda língua. o educador vai ensinar a outra língua para o aluno aprender. utilizando figuras para ela interpretar e escrever.PATO MĨG –ONÇA GÃR .Município de Laranjeiras do Sul .br) Tenho 11 anos de experiência como professor bilíngue.MILHO GOJ .ÁRVORE Ilustração 35: Ensinando a Língua Portuguesa 1 Fonte: Belino.MEU TRABALHO COMO PROFESSOR Gabriel Ningren Belino10 .Aldeia Sede . 80 . A escrita sobre as figuras e desenhos que o professor mostra deve ser feita primeiramente na língua materna do aluno. Em minha opinião. Por exemplo. 10 Professor do Colégio Estadual Indígena Rio das Cobras . a criança deve ser alfabetizada nas duas línguas ao mesmo tempo.PR. Com o decorrer do trabalho o educador pode ensinar algumas letras e palavras.ELA PATŨ . respeitando a língua que a criança fala. Tenho trabalhado com alunos que são falantes só da língua portuguesa ou só da língua Kanhgág.Terra Indígena Rio da Cobras .com. O ensino para os alunos da pré-escola deve ser oral e utilizando desenhos e figuras que a criança conheça. algumas palavras ensinadas para um falante de Kaingang como primeira língua: FI . 2008.SEED/PR (E-mail: indigenapr@yahoo. Em seguida. Este aluno vai responder o professor na língua que ele fala.ÁGUA KA . pode pesquisar palavras com os mais velhos e também no dicionário. Elas ficavam atrasadas no aprendizado da língua portuguesa. Este trabalho deve ser feito com as duas línguas. 2008.Ilustração 36: Ensinando a Língua Portuguesa 2 Fonte: Belino. Alunos de 14 a 16 anos. Ilustração 37: Dificuldades no ensino bilíngue Fonte: Belino. o professor continua trabalhando com textos e frases. ela sente dificuldade para aprender uma segunda língua. Eu tive essa experiência quando trabalhei durante três anos na Terra Indígena Rio das Cobras. Isso pode ser trabalhado com a 1ª e 2ª séries. 2008. pode continuar com a leitura e produção de frases e textos. Na 3ª série. o professor pode usar desenhos para formar frases e na 2ª série para trabalhar com textos. as pesquisas com os mais velhos e a tradução de textos. Na 1ª série. comentar sobre a fala e a escrita das línguas. Na 4ª série. Quando a criança estuda só uma língua. na 5ª ou 6ª série tinham dificuldade com a língua portuguesa ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 81 . quando trabalhei com crianças que eram alfabetizadas somente na língua Kaingang. quando a professora de português pedia para uma criança escrever cachorro. ela escrevia kasoro. pois na língua Kaingang o S tem o som de X e o K o som de C. achei que os alunos melhoraram bastante. 2008. Na minha escola os alunos de 1ª série estavam trocando as letras. o educador tem que tomar cuidado. Ilustração 39: Brincadeira de roda Fonte: Belino.e acabavam desistindo de estudar. explicar para os alunos que na língua Kaingang se escreve de uma maneira e na língua portuguesa de outra maneira. Quando acontece isso. 82 . 2008. Por exemplo. Ilustração 38: Dificuldades no ensino simultâneo de duas línguas Fonte: Belino. DIFICULDADES NO ENSINO SIMULTÂNEO DE DUAS LÍNgUAS O educador precisa tomar cuidado quando trabalha com duas línguas ao mesmo tempo. Depois que eu comecei a trabalhar com as duas escritas. porque nas línguas indígenas os sons e a escrita são diferentes da língua portuguesa. Mré ẽg tỹ kurã kar ki nén ũ tỹ ag kanhrán kỹ ti ag mỹ sér tĩgtĩ. kar ag tóg ti kãgrá hyn han ti kar kỹ ag tỹgtỹnh tĩ ke ge. kỹ ti ẽg mỹ rãnhrãj há tĩgtĩ.Aldeia Sede – Terra Indígena Apucaraninha . vãsỹ ag ga. ti ránrán ki kanhrãnrãn vãnh han tĩ. Kỹ gĩr ag tóg jagnẽ mré to vẽnhránrán tĩ. Ũri isóg jamã tỹ Apucaraninha kã rãnhrãj mũ. Kỹ ti inh mỹ ag kanhrãn jagy tĩgtĩ. kỹ gĩr ag tóg vẽnhránrán há nỹtĩ. ag tỹ to ránrán ti jé. Ẽg tỹ gĩr ag mỹ nén venven. Ti ránrán kar kỹ ti tugtó ke gé. Kanhgág ag kãme si tugtó tĩ.Município de Tamarana . Fóg vĩ ki sóg ag mré vẽnhrá tugtó tĩ. Prỹn tỹ 2007 kã isóg 3ª série ag kanhrãnrãn fóg ag vĩ ki. kar pã’i. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 83 Gĩr ag vy Kanhgág vi tavi to tĩ nãtĩ ky ag tóg fog vĩ ki. kar gĩr ag nỹ fag mré ke ge kỹ ti ha tĩgtĩ. kar vẽnh kanhir. Ẽg kar tỹ jagnẽ to há nỹtĩ kỹ ti sér tĩgtĩ. Gĩr kar ẽn ag tóg ẽg vĩ tavĩ hã tugtó há ja nỹtĩ. ag tỹ nén ũ ki kagtĩg nytĩ kỹ sóg Kanhgág vi ki ag mỹ tugtó tĩ. Hã kỹ sóg Kanhgág ag jykre tavĩ tỹ ag kanhrãn. Ẽg vẽnhránrán jafã kaki ẽg tỹ jagnẽ mré rãnhrãj há han kỹ. Ẽg vẽnhránrán jafã tá gĩr ag tóg 320 nỹtĩ.INH RÃNHRÃJ TO VEME Janaína Kuitá Rodrigues11 . ag jãnjãn.PR.com) ~ Ẽmã tỹ Ivai tá isóg rãnhrãj vén mũ tá sóg kygrũ mré kófa ag mỹ vẽnhránrán mũ prỹn tỹ 2000 kã. Ũn si ag kãme. Hara ẽn kã ti vẽnhránrán jafã tũ nĩ. Kỹ sóg materiais e hyn han ẽg jamã tá nén to jykren kỹ. hara ag vẽnh kanhrãn jafã tóg sĩ nĩ gĩr ag tóg Kanhgág vĩ 11 Professora da Escola Estadual Indígena João Kavagtãn Vergílio . Prỹg tỹ 2006 kã sóg gĩr kãsĩr ag mỹ vẽnhránrán Kanhgág vĩ ki. Kỹ sóg ĩn kuprã ki ag kanhrãnrãn mũ. Sỹ fog ag vẽnhrá tavĩ tỹ ag mỹ tugtó kỹ ag ki kanhrãnrãn tũ nĩn tĩ. . Kỹ ag tóg sir fog vi ki vẽnhránrán há han tĩ kar ti tygtó ti gé. Kar ẽg vãnh kãmĩ vẽnh kagta mré ẽgóro to vẽnh kanhrãn mũ. ag tỹ nen mẽ ja ẽn. nén ũ kãgrá. nén tỹ ẽg jamã kãkã nĩ kar ẽn to sóg ag kanhrãnrãn há han ti.SEED/PR (E-mail: jkuita13@hotmail. Gĩr ag tỹ 40 nãtĩ kỹ inh vỹ ag mré re ki. Inh hã vỹ materiais hyn han tĩ. kar ag tỹ ãjag nĩgé tỹ nén ũ mẽ kỹ. Gĩr kanhrãn tĩ ag. Sỹ gĩr ẽn ag vẽ kỹ ti inh mỹ há tĩ. kỹ gĩr ag tóg kófa ag ki vẽnh jykre jẽgmẽn ti ge. Hara gĩr ag tóg Kanhgág vĩ tavĩ tugtó tĩ nĩgtĩ. Kurã kar ki sóg vẽme si ag tugtó tĩ. kar ũri. 84 .Ag tỹgtỹnh mré ag jãnjãn to ag vẽnh kanhrán tĩ Kanhgág kar tỹ vej. Hãra sóg ũ tỹ nén ki kagtĩg han ẽn ag mỹ tugtó nĩn tĩ sir. fóg vĩ ki ag kanhrãn tĩ tugtó kar ti rá ke gé. sóg vẽme si tỹ ag mỹ tugtó e.tavĩ ki vẽnh kanhrãn ki 2ª série ta kran tĩ. Kỹ sog ag mỹ vẽnhrá tó e tĩ fog vĩ ki. 3. kỹ ag tóg sir ãjag tỹ nén ki kanhrãn mũ ẽn tỹ inh mỹ tugtó e tĩ.Ẽg jamã ki vãsỹ se ag. Kỹ ẽg jãgnẽ mré sẽ ag jiji kar nén ũ jiji ránrán F tỹ ẽg FÁG ránrán mũ. Sỹ gĩr ag kanhrãn tĩ ag vỹ 40 nỹtĩ 3ª série ki. Ag tỹ kãsĩr nỹtĩ kỹ sóg Kanhgág vĩ ki vogais mré alfabeto to ag kanhrãnrãn vén mũ. Kanhgág vĩ tavĩ ki sóg ag mỹ venhránrán tĩ. ẽg tóg jãgnẽ mré quadro ki vẽnhrãnrãn e tĩ. 5. Sỹ nén tỹ ag mré ránrán tĩ hã vỹ tỹ: 1. FÓg VĨ TÓg TỸ VĨ Ũ NĨ ẽg VẽNH KANHRÃN JÃFà TI TÁ Sỹ nén ki kanhrãn ja tóg tỹ. vẽnh kanhir mré ag jiji ránrán vẽnhrá ki.Kanhgág vĩ ki ẽg jãnjãn tĩ. kar ũri tó ẽg vẽmén tĩ. Kỹ ag tóg vẽnhránrán há nỹtĩ ag tỹ nén ũ kãgrá ve kỹ hyn han kỹ. Ag tỹ Kanhgág vĩ tavĩ to tĩ ja ra sóg. sỹ gĩr tỹ 40 ag mỹ vẽnhránrán mũ 3ª série ki. Gĩr ag tỹ vẽnhránrán há nỹtĩ jé.Kanhgág ag jamẽ rá (rá ror mré ra joj) ti kãgrá hyn han ẽg ke gé ũ ag tỹ ve jé. Tá ag mré vẽmén kar kỹ.Pó mré kaféj to ẽg numro hyn han he to vẽnh kanhrã tĩ. KANHgÁg VĨ KI gĨR KÃSIR KANHRÁN TO VẽME Sỹ gĩr kãsir ag kanhrãnrãn tĩ ja hã vỹ 40 nỹtĩ.Ẽg jamã ka ki goj to vẽme si kar ag jiji. kar kỹ sog ág nunh to sãn mũ. Kỹ ti kejẽn inh mỹ jagy tĩgtĩ ag e nỹtĩ kỹ. 4. 2. kar kỹ ẽg tóg ẽg jamã kãki Kanhgág si ag ki vẽnh jykre si jẽgmẽn mũ tĩ ge.Kanhgág ag jẽn pẽ. Kar kỹ sóg gĩr ag tỹ ãjag jiji rãnrãn ke to ag kanhrãn mũ. 7. 6. mré pã’i ag tỹ ẽg mré vẽnh kanhrã jafã to jykren há han ra ti há tĩ vẽ. Gĩr ag tỹ ajãg jykre tovãnh tũ nĩ jé. trabalhei com a língua Kaingang na oralidade e escrita com uma turma de educação infantil. Minha turma era de 40 alunos e a sala era pequena. pirã) hyn han e tĩ kre kygfy fag tĩ gé. senti uma responsabilidade muito grande de ensiná-las. Kar kỹ ẽg tóg Kanhgág kurã to hã tĩ kỹ ẽg jykre hun han e tĩ gĩr kar ag mré vẽnh ránrán jafã ti tá. kar ẽg vĩ ki vẽnhrá tóg tũ nĩ gé. Kỹ gĩr ag tóg kanhrãnrãn há han tĩ. Ẽg jamã kaka Kanhgág kar. jagnẽ mré ẽg tóg vẽnhkagta to vẽnh kanhrãn mũ. Ẽg tỹ vẽnhránrán jafã kaki jagnẽ to há nỹtĩ ky kar ẽg tỹ jagnẽ mré rãnhrãj há han ky ti sér tĩ. kar kỹ ũ mag ag tóg vãre han tĩ. Ẽg tỹ nén e hyn han kar kỹ ẽg jamã kã ki nén to vẽnhrãnrãn tĩ. gir ag tóg kanhrãnrãn há han tĩ. currículo ẽg jykre tavĩ tỹ vẽnhrá ke gé. kyfe. Kar kỹ gĩr ag tỹ vẽnhránrán nỹtĩ jafã tỹ mag jẽ ra ti há jẽgtĩ vẽ. Ẽg tỹ gĩr ag kar to há nĩn ke vẽ. porque quando entrei na sala e vi aquelas crianças. kar ẽg jamã kãki nén tỹ hyn han ke hã vỹ tỹ ẽg tỹ gĩr ag kanhrãnrãn há han ke vẽ. Em 2006. calendário. kar TV. kar ti tỹ tar nĩ jé ẽg tóg ag mré ge hyn han e tĩ. Minha experiência foi muito boa. tỹgtỹnh. computador. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 85 Ẽg kar tỹ jagnẽ mré vẽjykre to jykren kãn ra. com jovens e adultos no ano 2000.gĨR Ag TỸ NÉN TO VẽNH KANHRÁNRÁN JÁ Ẽg tỹ jagnẽ mré ẽg jamã kã ki nén to vẽnh kanhrãnrãn ja Kanhgág ag jykre to. Atualmente estou trabalhando há dois anos na Terra Indígena Apucaraninha. NÉN TỸ ẽg VẽNHRÁNRÁN JAFà KÃKI HÁ JẽJÉ. Trabalhei bastante com eles ao ar livre. kar ẽgóro. tĩgtĩ. Hara kejẽn gĩr ag kanhrãnrãn tĩ ag tóg fagrĩnh mỹ rãnhrãj tĩ jẽnkamy hã tugrĩn. Goj vej ẽg mũ e tĩ gé. gĩr ag ki ẽkrén mẽ kã. passei o ano todo trabalhando naquela casa. Por falta de sala de aula na escola. com histórias pesquisadas na . hã tugrĩn ẽg rãnrãj tóg há kute tĩ. men’hu. gĩr kanhrã tĩ ag tóg gĩr kar ag mré (ẽmĩ. Minha sala de aula era numa casa vazia que existia na terra indígena. DVD. KAR ẽg JAMà KE gÉ Ẽg vẽnhránrán jafã. Kỹ ẽg tóg vẽnhránrán jafã kã ki ẽg tỹ nén e hyn han ja ẽn to vẽnh kanhrãn tĩ sir. kar kofa ag ki ẽg tóg vẽme si to vẽnh kanhrãn gé. Kỹ Kanhgág kar ag tóg ve jé kãmũ tĩ fóg ag ke gé. Kỹ ẽg tóg sir ẽg kurã tavĩ ki vẽnh kar mỹ ven tĩ vãre krem. Kỹ ti sir ẽg mỹ sér kar HISTÓRIA DA EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL Comecei a trabalhar como professora na Terra Indígena Ivaí. Essa foi uma das experiências que tive com meus alunos. brincadeiras. pesquisas. 86 . pois quando comecei a produzir materiais diferenciados e usar materiais concretos. pude ver que tive resultados positivos atingindo os objetivos que queria. escreveram palavras. as crianças levavam seus cadernos e anotavam o que entendiam. mas que tinham tudo a ver com o que conhecem em sua terra indígena. desenharam e escreveram o que entenderam. localizaram aldeias antigas e atuais. Como os alunos são falantes da língua Kaingang como primeira língua. Trabalhei também com alfabeto móvel. fizeram teatro. seminários. escrevia frases no quadro diariamente para eles lerem juntos. O professor deve gostar do seu trabalho para ter bons resultados. Em 2007. para eles é difícil aprender a ler e escrever em português. as lideranças e os pais dos alunos. eu escrevo e faço leituras em língua portuguesa. músicas. Gosto muito do que faço. Na escola deve haver união entre o professor. recortes e pintura. Trabalhei conteúdos utilizando materiais concretos. Entre as atividades que eles fizeram. Trabalhei com histórias. Só assim a escola terá boa qualidade e será organizada de acordo com o modo de vida da comunidade. estudaram como era a terra indígena antigamente e nos tempos atuais. ler e escrever em português.comunidade. ensinando a língua portuguesa. trabalhei com uma turma de 3ª série. Como a primeira língua dos alunos é Kaingang. sempre relacionados com a vida da comunidade indígena. brincadeiras e organizaram apresentações de música e dança Kaingang na sala de aula. assistiram filmes. assim conseguiam aprender melhor. no começo do ano todos tiveram dificuldade para aprender a falar. utilizei crachás. para que as crianças pudessem ver e sentir. trabalharam com gravuras. desenhos. mas as dúvidas que eles têm são explicadas por mim na língua Kaingang. Todo dia eu lia uma história para eles e pedia para eles explicarem o que entenderam. para despertar o interesse e a auto-estima das crianças. Comecei então a produzir materiais diferentes para trabalhar. organizaram frases recortadas. Usei dominó de palavras e quebra-cabeça com textos. Usei também jogos como o dominó e caça-palavras. Os materiais utilizados em sala de aula são produzidos por mim. Criei brincadeiras para trabalhar palavras e sílabas. Assim começaram a escrever o que existe na Terra Indígena. As aulas diárias devem ser diferenciadas e significativas. Essas crianças eram falantes da língua materna Kaingang. recortaram palavras e produziram textos. Fizeram trabalhos em grupo. desenvolvi passeios de pesquisa para conhecer ervas medicinais e alimentos. começava a escrever uma frase e pedia para eles darem continuidade. Nas pesquisas que fizemos com os mais velhos na comunidade. tentaram escrever as letras de músicas que eles gostavam. escrevendo sobre a sua utilidade. por isso meu trabalho de ensinoaprendizagem começou a partir dos conhecimentos dos alunos. Então trabalho procurando diminuir as dificuldades deles. .Pinturas faciais e corporais que são marcas de identidade do povo Kaingang (rá ror e rá joj).Tradução para a língua Kaingang de músicas de roda. vejo hoje que os alunos estão aprendendo a ler e escrever. Eu tinha uma grande responsabilidade de ensiná-los a ler e escrever na língua materna.Histórias sobre os animais e estudo sobre eles (animais que existem e que existiam na Terra Indígena). trabalhando na oralidade e na escrita com palavras como nomes de animais e de objetos.Aprender a dançar.Cálculos utilizando pedras e folhas de árvores para aprender os números e a contar. .Histórias dos rios que existem na comunidade. fazendo a relação da palavra com a letra inicial. O primeiro passo foi ensinar as vogais e o alfabeto da língua Kaingang. RELATOS DE MINHA EXPERIÊNCIA DE ALFABETIZAÇÃO NA LÍNgUA KAINgANg Na minha experiência com a educação infantil. estou tendo resultados positivos. Por exemplo: Com a letra F se escreve FÁG. Após fazerem as pesquisas os alunos relatavam oralmente o que aprenderam e eu escrevia no quadro para lermos juntos. . ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 87 Eu trabalhei com os seguintes temas: .Com muito esforço e dificuldade. . eu costumava contar histórias e mitos indígenas e também fazíamos pesquisas na comunidade. através do uso de crachás e de brincadeiras. já conseguem escrever algumas palavras. Os alunos são alfabetizados na língua Kaingang até a 2ª série. trabalhei com uma turma de 40 alunos falantes da língua Kaingang. Depois ensinei os alunos a escreverem seus próprios nomes. vi que as crianças não estavam aprendendo. Tenho 40 alunos de 3ª série na minha sala. onde sinto dificuldade para dar atenção a todos. mas com a nova maneira que comecei a ensinar. . Aqueles que não conheciam nenhuma letra. nomes dos rios. Quando eu trabalhava usando somente os livros das escolas da cidade e o quadro.Alimentos tradicionais. Fizemos murais com os desenhos dessas pinturas. . escrever as letras das músicas e fazer apresentação para a comunidade. mas estou tentando dar uma atenção especial para os que estão precisando mais. . mas não temos salas de aula suficientes. Para ensinar os alunos a escrever pequenos textos e frases. Na nossa escola tem 320 alunos matriculados. que gostem de ensinar as crianças. pois refletem as atividades culturais praticadas por eles. produção de textos. A comunidade indígena e não-indígena participa assistindo as apresentações. É necessário união entre os professores e todos que atuam na escola.ENSINO DA LÍNgUA PORTUgUESA COMO SEgUNDA LÍNgUA Outra experiência que tive. Nessa casa é feita a exposição dos trabalhos que foram preparados. Não precisamos de professores que muitas vezes só estão na sala de aula para cumprir horário. Tudo isso é feito para que os alunos sintam-se interessados e orgulhosos em praticar sua própria cultura. sobre tudo o que está relacionado à cultura indígena. todos juntos fazem artesanato (kre) e também aprendem a construir a casa indígena (vãre). como a elaboração de desenhos. a fazer pesquisas na comunidade. para que melhore o ensino. assim eles entendiam. participar de todas as questões relacionadas à educação. men’hu. na escola e na comunidade é preciso ter professores bem capacitados e responsáveis. Também escreviam e liam pequenas frases a partir de figuras e desenhos contextualizados na realidade em que vivem. dando mais valor e importância à sua própria etnia. foi com 40 alunos de 3ª série. As crianças aprendem a dançar. Outra forma de pesquisa que proponho aos alunos é praticar as artes culturais indígenas na sala de aula. foi quando começamos. Nós fomos conhecer ervas medicinais e alimentos. kyfe. Comecei a ensinar através da leitura de histórias e de textos todos os dias. as aulas se tornam produtivas. A partir de várias pesquisas os alunos conseguiram produzir textos. Sempre que eles tinham dúvida na língua portuguesa eu explicava na língua Kaingang. fomos visitar os rios e saber das histórias com os mais velhos. O QUE É NECESSÁRIO PARA MELHORAR A EDUCAÇÃO ESCOLAR NA COMUNIDADE Para melhorar a educação escolar indígena na sala de aula. leitura e interpretação de textos orais e escritos. conseguiam ler e escrever textos. Assim. os professores e alunos preparam os alimentos tradicionais (ẽmĩ. principalmente para exposição na comemoração do dia do índio. Tendo como temas todas essas artes indígenas praticadas com os alunos. Depois pedia para eles relatarem na oralidade em língua portuguesa o que entenderam. Devem ensinar com amor e paciência. receber salário e não se importam se as crianças estão aprendendo. pirã). juntos. preparamos atividades em sala de aula. Eles são falantes da língua Kaingang e deveriam aprender a oralidade e a escrita da língua portuguesa como segunda língua. 88 . FORMAÇÃO DOS ALUNOS COMO PESQUISADORES Uma experiência ótima que tive. Com tudo isso poderemos melhorar o ensino escolar. a educação escolar na comunidade seria muito melhor. principalmente as lideranças.Também é preciso espaço adequado. Se todos tivessem consciência de que é importante a participação e a responsabilidade de todos na escola. calendário e currículos diferenciados e específicos. Os mais velhos precisam nos ensinar suas experiências. DVD etc. também. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 89 . É importante maior participação da comunidade na escola. É preciso. porque muitas vezes falta apoio dos líderes para buscar mais condições para melhorar a educação escolar. livros e cartilhas. materiais didáticos e equipamentos como TV. internet. computadores. elaborar com as comunidades. si.VÃSỸ KANHgÁg JIKRE SI VEN MÃN KEVE Luiz Jagjo Gino12 . Kurã tỹ 27 kysã tỹ março prỹg tỹ 2002 kã ki ẽg tóg Kanhgág si ag jikre han mũ sir.Aldeia Sede . 2008.br) ~ Tỹ sóg professor Kanhgág nĩ.Município de São Jerônimo da Serra .com. ũ tỹ sor préj sigse tỹ 1400 ku nũnh ja ag tóg nĩ Ilustração 40: Casa Kaingang Fonte: Gino. Ẽg tỹ ĩn tag han sór to jikrén ki vẽ ha sir. ag tỹ inh mré ĩn han sór to vãsãn jé. Kỹ Kanhgág tỹ 67 ag tóg vãhã sor préj nũnh mũ mũ. ti hỹn nỹ tỹ hẽri ken kỹ to ró jẽne ke mũ e tĩ.PR. inh jiji hã vỹ. Kỹ vã hã pã’i krẽm jẽ tóg vã hã vẽnh kar kógfyn mũ sir. kar Kanhgág ũ ag ki ge. 12 Professor da Escola Estadual Indígena Cacique Onofre Kanhgrén . Luiz Jagjo Gino he mũ. 90 .SEED/PR (E-mail: indigenapr@yahoo. Kỹ kurã tag kã sóg pã’i mré chefré Kógfyn mũ.Terra Indígena Barão de Antonina . Ky Kanhgág kar ag tóg ĩn tag ti to ti ror jẽnh ken kỹ. Kanhgág ĩn tag to. Vãsỹ Kanhgág si ag ĩn hã vẽ. Goj kron inh tĩ. Pari vỹ goi kãkã sa? O pari está armado no meio do rio. Ka vỹ goj fyr ki nỹtĩ. As árvores estão na beira do rio. Sa krog Salto. Eu como a fruta do coqueiro. Eu bebo água. 2008 ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 91 . A antiga casa tradicional do índio. Ilustração 41: Sa krog Fonte: Gino. Tãnh kanẽ ko inh tĩ. Krẽ tỹ ag tóg sorpéj kri fi kỹ to tỹ tar e tĩ nár ki gé. Ka ĩn nũgna. participei de muitos cursos de formação.MINHA FORMAÇÃO. Eles também precisam ajudar o professor na organização do trabalho. 2008. Como professor indígena eu tenho que passar vários conhecimentos para os alunos. principalmente para os pais ajudarem os alunos a falar a nossa língua Kaingang. principalmente da cultura e da língua Kaingang. onde aprendi com professores índios e nãoíndios. para organizar uma escola tem que ter muito cuidado. Ilustração 42: Estudando o conhecimento Kaingang Fonte: Gino. DE QUE FORMA AS CRIANÇAS APRENDEM As crianças aprendem com o ensinamento dos pais e das mães a falar a língua materna. as danças e os casamentos de antigamente. elas perguntam se o filho está indo bem. ORgANIZAÇÃO DA ESCOLA INDÍgENA Na minha visão de professor. vem o professor. que vai ensinar o aluno a falar e a escrever a nossa língua Kaingang. se o filho está se comportando na sala de aula. Essa é a minha experiência como professor indígena. Em segundo lugar. 92 . conversar com os pais e as mães dos alunos. explicar sobre os alimentos tradicionais. O COTIDIANO DA ESCOLA E A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE As mães sempre participam do trabalho do professor. É assim que a comunidade acompanha o cotidiano da escola. AS PRÁTICAS E EXPERIÊNCIAS PEDAgÓgICAS COMO PROFESSOR Como professor. O professor precisa planejar as aulas e criar atividades para os alunos. É assim que as crianças aprendem. a história. Então. Assim que eu desenvolvo o meu trabalho. as danças e os alimentos Kaingang. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 93 . ler e escrever na sua própria língua. Cada aluno levou seu caderno para registrar o nosso passeio. Por exemplo: toto – borboleta kasĩn – rato pãri – armadilha para pegar peixes mũr – cipó goj – rio ka – árvore kafej – flor sẽsĩ – passarinho pó – pedra ty – caité tãnh – coqueiro firég – grilo Portanto. no rio e na estrada foi desenhado e escrito na língua Kaingang e na língua portuguesa. para que os alunos aprendessem a falar.COMO OS SÁBIOS DA ALDEIA PARTICIPAM DA ESCOLA Os mais velhos participam explicando e fazendo perguntas para os próprios alunos. para que eles falem o que sabem sobre os alimentos e remédios indígenas. As famílias dos alunos participam para organizar uma peça teatral ou para fazer uma casa tradicional. nenhum aluno tinha visitado ainda. as músicas. a minha experiência como professor é de criar atividades para revitalizar a nossa cultura. a beleza do rio que ainda temos na nossa Terra Indígena. Este lugar que nós fomos. Tudo o que foi encontrado nas matas. eu convidei os alunos para fazerem um passeio e conhecer a nossa mata. RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA Para ensinar os alunos que não sabem falar a língua Kaingang eu tive que planejar e desenvolver uma aula diferente. 94 .Ilustração 43: Taquara Fonte: Gino. 2008. Tag to gĩr ag vỹ vẽnh vĩ rá. Vãhã inh vỹ ga tỹ Mangueirinha ki rãnhrãj mũ sir.Terra Indígena Mangueirinha. Kanhgág ag kurã kã ke gé.com. SỸNÉN HYN HAN Fà INHKÓRA KI ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 95 Sỹ inhkóra ki nén tỹ ranhrãj tĩ vỹ tỹ vẽn kanhnir. tá professores ũ ag vẽnhpéti vẽg tĩ. kỹ ẽg rãnhrãj vỹ tỹ ẽg vĩ ki gĩr ag kanhrãn jé ke nĩ vẽ. Hãra kejẽn ag vỹ inh jãvãnh mũ sir sỹ inhkóra mĩ gĩr ag kanhrãnrãn jé. tỹ ne nĩ ẽn ti. nén ũ vãme tó. inhkóra pãte ẽg fóg vĩ tãvĩ tó tĩ. rán kar gĩr mỹ kónhpinpẽn kỹ ven mũ.Aldeia Sede . ag tỹ kã ũn pir mãn jé. prỹg tỹ 1977 ki prỹg tỹ 1980 tá krỹg. prỹg tỹ 28 tóg nỹ. kỹ ũ vỹ kãtĩg vén tĩ. Jãnjãn jé gĩr ag mré ẽg vĩ ki. VẽNHKANHNIR Ũ Vẽ Pape ki ẽg nén rán sór mũ.SEED/PR (E-mail: indigenapr@yahoo. ti si ũ ag hã vỹ ver to tĩ. tỹ tar ke jé. tã tá ke tỹ tá jun jun tĩ ag ke ge. Sỹ vẽnhkãn kar kỹ inh vỹ rãnhraj mũ sir escola ag mĩ tỹ voluntária han kỹ. ag ĩn tá junjun kỹ ag vỹ mẽ mãn tũ nĩgtĩ sir. nén kãgrá ponhgija kar vẽnh vĩ sĩ.SỸ TỸPROFESSORA JE KÃME Olga de Fátima Kẽny Mendes13 . Kỹ inh vỹ sir materiais didáticos hyn han ke to jykrén mũ sir alfabetizar ke jé ẽg vĩ ki. jãnjãn. inh mỹ ag tỹ inhkóra tãvĩ ki ẽg vĩ mẽ kỹ ke vẽg tĩ.br ) ~ Inh vỹ tỹ professora Kaingang vẽnhvĩ régre tó tĩ. nén ũ jiji rán ki vẽnh mẽg ag ẽg ĩn ki.Município de Mangueirinha . kỹ ti vỹ ti mỹ tónh ke mũ. Hãra ẽg vãsãnsãn mũ ra gĩr ag vỹ vĩ ki kanhrãn tũ nĩgtĩ. nẽn kãmĩ ke ag ke gé. ránrá ki kanhrãnrãn ke mũ. tỹ ag vĩ ve nĩn kỹ.PR. kỹ ti vỹ kãgran ke mũ sir ag tỹ to jukrekrén jé. 13 Professora da Escola Estadual Indígena Kokoj Tỹ Han Ja . fénhta mĩ. tá ag vĩ fóg vĩ tavĩ tó tĩ. kỹ ti vỹ. topẽ jo ĩn mĩ hã. Rio Grande do Sul tá inh vỹ vẽnhkanhrãn kỹ. Ẽn kã inhkóra ẽn vỹ tỹ Funai mré topẽ jo ĩn tỹ luterana Alemanha tá ke mré han kỹ jẽg tĩ. ti professor mỹ ven ke mũ. jẽ inhkóra ũ ki. jugo. comunidade mré vĩ kỹ gé. . Kỹ inh vỹ gĩr ag mỹ ũ nỹ ã tỹ vẽnh mẽg jiji rá mãg mũ kãgrán kãtĩg mũ ke tĩ. ag mỹnh ag jóg tỹ tó vãnh nỹtĩkỹ. kar comunidade kãki ũ ag. gĩr tỹ ver ti rá ki kagtĩg jẽn kỹ. Kỹ gĩr ag mỹnh mré vẽnhrãnhraj ũ han kỹ hã tóg há kesĩ han mũ vẽ lideranças ag. ti rá hã to ke ki ag kanhrãn tĩ. ám. Kanhgág ag jykren ki. kurã tag kã ti kuprĩg vỹ ag krẽ mỹ ti tar tĩn tĩ. ẽg vĩ ti rá kanhrãnrãn ke mũ sér mũ ki. kỹ ag krẽ vỹ tar han kỹ mogmog tĩ. Kakrẽkin Ẽg mỹ ã tar jun Ẽg mỹ ã tar jun Ẽg mỹ ã tar jun Ám. prỹg tỹ 10 mré 12 ag vẽnhgringrén kỹ vẽnh gĩn kỹ. Á. Á. 96 . Kakrẽkin vỹ tỹ Kanhgág ag mỹ tỹ nén ũ ha pẽ nĩ. Kakrẽkin Vẽnhgrén Kakrẽkin. Á. gĩr tỹ. kỹ ẽn ag tỹ ki kunũnh nĩ kri junhjónh kỹ. ám. Á. Subtração han jé. Ti hã nỹ ag vỹ fénhta han tĩ. Á. kỹ ag vỹ numro rán mũ. inh vỹ tỹ ẽn ge tĩ. Á. MATEMÁTICA KI 1a série ag mré. ám. kỹ ag vỹ nĩkrénkrén ke mũ. ũ tỹ hẽr ke nẽ letra K tỹ ran vén kỹ nỹtĩ. Á. Á Vãjé vỹ tỹ gĩr ag mỹ tỹ nén ha nĩ inhkóra ki. Á. gĩr tỹ ti rá mãg mũ ẽn vỹ lousa tá rán ke mũ gĩr ag kar tỹ ven jé jagnẽ mré to ke kãn jé. hẽn ri ke mũn vỹ 15 nỹtĩnh mũ ag tỹ lousa ki rán já ti. hã to ag vỹ. ám. vãnh mẽg nẽn tãn tar mã mỹ. mũ nỹ vẽnh mẽg jiji rá tỹ hẽr ke nẽ vẽnh ven mũ lousa ki ke tĩ. ag vẽnhkanhrãn ẽg vĩ ki kar fóg vĩ ki ke gé. Á. ti rá to. kakrẽkĩn vẽnh ra jé kỹ tĩ ri ke. Kakrẽkin Inh mỹ ã tar nĩm Inh mỹ ã tar nĩm Inh mỹ ã tar nĩm Kakrẽkin. Á. vẽnh sásán kỹ ag vẽnhkẽfẽgfẽg ja mĩ tĩgtĩn kỹ.Ag ki kanhrãn tũ nĩn kỹ. ag krỹgkrỹg nỹtĩ kỹ ag vỹ rárá há nỹtĩnh mũ sir. Depois da minha formatura. fui procurada para trabalhar na alfabetização na língua Kaingang. onde estudei de 1977 a 1980. trabalho na Terra Indígena Mangueirinha. só aprendem na escola. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 97 . Então o nosso trabalho está voltado para o fortalecimento da língua Kaingang. mas com o passar do tempo.6 = Jo adição ki sóg ge tĩ. formada em uma escola profissionalizante no Rio Grande do Sul. traduzindo músicas para apresentação em festas. Apesar de nossos esforços. somente alguns velhos ainda falam a língua Kaingang. através de um convênio da Funai com uma igreja luterana da Alemanha. mas falar está mais difícil. então se deve fazer um trabalho também com os pais dos alunos. Então vi a necessidade de criar materiais didáticos específicos para a alfabetização nesta língua. que é o sonho de alguns professores que não falam essa língua e de algumas pessoas da comunidade. vẽnh mẽg jiji rá jo nĩ ki ũn tỹ hẽr ke nỹ letra K tỹ jo rán vén kỹ nỹtĩ vem nĩ. Estudei nessa escola naquela época. Atualmente. Acho que deve ser porque ao chegar em casa as crianças não ouvem falar nada na língua Kaingang. Kar 9 tỹ kén mũ ki ti O tỹ nỹtĩ nũnh nĩ gé: 9-3= HISTÓRIA DE VIDA COMO PROFESSORA Sou professora Kaingang bilíngue há 28 anos. em comemorações do Dia do Índio. onde a língua predominante é a portuguesa.SUBTRAÇÃO KI VE RA Lousa: FẼNẼNH MONH KÃME SOR KASĨN NINSU SẼSĨ MĨG GARĨNH KOKAMẼ GRŨ KAJẼR FÓGIN KRÁG KYSÓG 15. vemos pouco interesse por parte das crianças. Se as lideranças e outras pessoas da comunidade querem o fortalecimento e a revitalização da língua Kaingang. Algumas conseguem fazer uma boa leitura de textos e palavras. comecei a trabalhar como voluntária na escola. traduzindo hinos em igrejas. cantando ou dançando. trabalhando com a idéia de subtração. com a letra P (3). várias atividades para trabalhar com os números. Depois. Em seguida. jogos. fará a imitação do animal. o professor pode pedir para o aluno contar o total de palavras e excluir as que possuem a letra C. músicas. para os alunos aprenderem a contar na língua Kaingang e na língua portuguesa. Um outro exemplo de atividade em que se pode trabalhar com a escrita de nomes de animais e com matemática. jogo de dados. Ao ser chamada. com a letra R (3) e pedir para os alunos somarem: T+P+R 9+3+3= Na matemática. assobiando uma música.ATIVIDADES QUE DESENVOLVO NA ESCOLA Na escola onde trabalho a alfabetização é feita através de brincadeiras. UMA BRINCADEIRA Uma forma dos alunos aprenderem a ler e escrever os nomes de animais domésticos e selvagens que existem na Terra Indígena é através de uma brincadeira de imitação: cada criança receberá um papel com a palavra escrita na língua Kaingang e na língua Portuguesa. Quem não souber imitar pagará uma prenda. histórias. como no exemplo do dado abaixo.5= Através dessa lista pode ser trabalhada a contagem de nomes com a letra T (6). 98 . TATU BOI TUCANO VEADO PREÁ CUTIA COELHO RATO ONÇA PÁSSARO GALINHA PACA GATO TATETO MACACO 15. que pode ser usada na 1ª e 2ª série: a professora escreverá na lousa alguns nomes de animais e pede que os alunos risquem os nomes de animais que possuem a letra C. desenhos e poesias. a criança levantará e escreverá na lousa as palavras para os colegas lerem junto. usamos jogos como o dominó. jogo de memória. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 99 . 2008. Ilustração 45: Dança do tamanduá Fonte: Mendes. inspirando alegria no momento que estão se alfabetizando. 2008. Eu aprendi com a Sra. um método onde as crianças poderão praticar a leitura. interpretando e praticando a cultura. já falecida há 40 anos atrás. na escola. A música abaixo vem sendo transmitida de avós para netas. cantando. tanto na língua Kaingang como na língua portuguesa. Francisca Nẽnkrá da Terra Indígena Palmas.Ilustração 44: Jogo de dados Fonte: Mendes. MÚSICAS A música representa. Á. Á. assim os seus filhos crescerão fortes e robustos e quando adultos. Kakrẽkin Ẽg mỹ ã tar jun Ẽg mỹ ã tar jun Ẽg mỹ ã tar jun Ám. Á. O povo Kaingang acredita que durante a festa o espírito do tamanduá transmitirá sua força para os meninos de 10 a 12 anos. Á. Á.DANÇA DO TAMANDUÁ Kakrẽkin Vẽnhgrén Kakrẽkin. ám. ám. através da qual praticam um ritual dedicado ao espírito do tamanduá. Trabalho também com músicas populares como “Nesta rua”. que traduzi para a língua Kaingang: 100 . com as patas queimadas do animal. ám. Á. Á. ám. Á A dança e a festa do tamanduá representam para o povo Kaingang uma crença. Á. feita pelos velhos. Á. que dançam em forma de círculo imitando o tamanduá. serão grandes guerreiros. Á. Os meninos são pintados nas articulações com tinta preta. um animal que é considerado pelos Kaingang como aquele que possui muita força espiritual existente na floresta. Kakrẽkin Inh mỹ ã tar nĩm Inh mỹ ã tar nĩm Inh mỹ ã tar nĩm Kakrẽkin. eu mandava. kókov tỹ mĩ vin jẽnẽnh ke mũ vẽ. que se chama. Tá kãkã. tỹ inh sũ ra Inh vỹ pó kẽsir. Ẽpry tag tỹ. tu roubaste. sỹ ã to há togrĩn kevẽ. ã inh sũ péjug mũ gé. Sỹ péjun. dentro dele mora um anjo. sỹ ũ to há mĩ tĩg jé. ẽpry tag tỹ. com pedrinhas de brilhante. nẽn sĩnvĩ vỹ nĩ. se esta rua fosse minha. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 101 . é porque. que se chama solidão. Com pedrinhas. que roubou. ti jiji. ẽpry tag ki. sỹ péjun kỹ ã fe ti à inh sũ. kỹ ã fe ti Sỹ ã to há. Dentro dele. Ti jiji. se eu roubei teu coração. para o meu amor passar. tá kãkã topẽsĩ vỹ nĩ. hã vỹ ũn pir nĩ. tu roubaste o meu também. eu mandava ladrilhar. Se esta rua. sỹ péjun. sỹ ũ to há. Ti hã vỹ. Se eu roubei. ti hã vỹ inh fe péju Sỹ péju. é porque te quero bem. para o meu.ẼPRY TAG KI Ẽpry tag ki. que roubou meu coração. se eu roubei teu coração. NESTA RUA Nesta rua nesta rua tem um bosque. Se eu roubei. 2008. 102 .Ilustração 46: Rua de brilhantes Fonte: Mendes. Vãsỹ vẽnh jykré mré hã sóg to ranhráj tĩ. ẽg jẽn to. Gĩr ag nén kar kãgrá han tĩ. Inhkóra ra ẽg tóg ũ péje kãtĩn ke nĩ gé. Um dia ela falou que eu ia trabalhar com a 2ª 14 Professora da Escola Estadual Indígena Cacique Trajano Mrẽj Tar . Professora tag fi vỹ inh ajuda he pẽ han. ẽg TỸ ŨN KANHRÓ Ag JYKRE HAN ESCOLA KI Ẽg tỹ professores Kanhgág tag vỹ vãsỹ ke ag jykre to pesquisa han mũ ẽg cultura kar. aluno ag mỹ. Fi jiji hã vỹ Rosane he mũ. Kar kỹ tóg vẽnh vĩ ũ ki kanhrãn ke jẽ sir escola ki. Kejẽn sóg vẽnh mỹ en tĩ aluno tỹ fog vĩ to vãnh ra kejẽn to ke há jẽ sir. he tóg. Hã kỹ tóg jagnẽ ki krov tũ nĩgtĩ. Hãra uri fag hã vỹ vẽnhmỹ kyrũ kuprẽg tĩ he mũ.Município de Turvo . Kejẽn fi tóg inh mỹ: 2ª série mré rãnhrãj he mũ. Hãra sog ver tỹ fog fi auxiliar jẽ vén mũ. inh amiga fi tỹ inh ajuda he já ki. Inh rãnhrãj jẽ kri tóg 5 anos ke mũ ge.Aldeia Sede . . HISTÓRIA DA VIDA PROFISSIONAL DA PROFª. Essa professora me ajudou muito. Hãra sóg to tar he mũ ge. professora Rosane fi tỹ inh ajuda hen kỹ. Ag mỹ tóg vãsỹ kyrũ ag panh hã vỹ fag kuprẽg tĩ he mũ. número mré hã. Inh kanhnir ki sóg bingo han tĩ. Isỹ kamẽ ra sóg kejẽn to tãn sir. Ti si jé inh ke mũ.SEED/PR (E-mail: indigenapr@yahoo. ũn si ẽn tỹ vãsỹ ke ag jykre tón kỹ. Gĩr ag mỹ tóg há tĩ. ROSENILDA Minha experiência começou quando terminei o 2º grau e trabalhei como auxiliar de uma professora não-índia chamada Rosane.br) Inh kanhró vỹ sỹ 2º krỹg kar ke nĩ. Gĩr ũ tóg kanhrãn tũ nĩn kỹ sog ajuda ke pẽ han tĩ. ti tỹ vẽnh jykre ũ to jé gé.ti tỹ vãsỹ ke ag jykre tó sĩ han jé.Terra Indígena Marrecas .PR. Vasỹ vẽnh prũg kar uri vẽnh prũg tó ti ẽg mỹ. Ti tỹ vẽnhrá ki rã kỹ tóg ẽg vĩ to há jẽ sir.com. kar son ke gé. jogo kar han inh tĩ. Uri sóg Magistério Kanhgág tag ki vẽnh forma ke jẽ ge sir.ĨNH RANHRÃJ KÃME Rosenilda Norinhkanh Marcelo Frederico14 . gĨR Ag TỸ KANHRÃN KÃME ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 103 Gĩr tỹ ẽg vĩ tó tĩ vỹ ã mur hã ki ã mỹnh mré ẽg vĩ tó ki kanhrãn tĩ. caça-palavras ke jé. principalmente com os alunos que ainda não sabem ler. Nas minhas aulas utilizo brincadeiras como o bingo e o caça-palavras. Ele disse que hoje em dia as próprias moças e rapazes escolhem o marido ou a esposa. O especialista contou que antigamente a moça se casava com um rapaz escolhido por sua família e os casais viviam bem. Trabalho com cartazes com os nomes e desenhos dos animais. para os alunos aprenderem melhor. O APRENDIZADO DAS CRIANÇAS E ALgUMAS ATIVIDADES QUE DESENVOLVO NA ESCOLA Uma criança Kaingang. Hoje vou me formar no curso de Magistério Kaingang. No começo fiquei com um pouco de medo. Na escola. quando vem para a escola. Ele explicou as diferenças que existem entre o casamento de antigamente e de hoje em dia. Eu também trabalho com cantigas de roda na língua Kaingang. Utilizo também o desenho. Eu peço para os alunos lerem sozinhos. mas quando eles têm dificuldade eu ajudo a ler. mas no futuro acabam se separando. para ele contar uma história para as crianças. aprendem a escrever os nomes de seus parentes em Kaingang e em português. já aprendeu com a mãe a falar a língua Kaingang. professores Kaingang. Eu já tive essa experiência. 104 . As crianças gostaram muito de saber como eram organizados os casamentos antigamente. pesquisamos junto com os alunos as histórias dos nossos antepassados. mas como se fosse mágica. No processo de alfabetização eu produzo jogos como o dominó com os nomes dos animais escritos na língua Kaingang. eu convidei um senhor especialista da comunidade para ele contar histórias dos nossos avós para os alunos. Ela chega na escola sabendo falar sua língua materna. Os alunos desenham e pintam suas casas e suas famílias. nas línguas Kaingang e portuguesa. Contei com o meu esforço e com a ajuda de uma professora amiga. estudar matemática e aprender a falar. pesquisamos sobre nossa cultura e sobre nossos alimentos tradicionais. mas com o passar do tempo gostei muito dessa profissão. em quatro meses já consegue ler e escrever nesta língua. COMO OS RELATOS DOS SÁBIOS DA ALDEIA SÃO UTILIZADOS NA ESCOLA Nós.série. Trabalho com histórias em língua portuguesa que são traduzidas para a língua Kaingang. Nós podemos trazer um velho ou uma velha especialista na escola. Já faz cinco anos que trabalho com as crianças e me orgulho dessa profissão. no começo eles vivem bem. Eu me surpreendo quando vejo um aluno que entrou na sala de aula e não sabia falar a língua portuguesa. Com a ajuda da professora Rosane consegui muitas coisas. A língua portuguesa é ensinada na escola como uma segunda língua. a ler e a escrever textos nas línguas Kaingang e portuguesa. a criança vai aprender os números. mas vou continuar me esforçando. Avalio que os meus alunos de 3ª série estão aprendendo ler e escrever bem nas línguas Kaingang e Portuguesa. kỹ tóg kasĩn ẽn té kỹninĩ ta ti ag ja nĩgtĩ. 2008. Hã ra kejẽn kurã ũ kã kajẽr tóg ti kanhkã ag jo ẽgje han mũ. Hãra tóg kajẽr mỹ sĩnvĩ nỹtĩ. kỹ vãhã játã ag tóg kajẽr ti ko mũ sir. hã ra tóg kasĩn ũ kãgmĩ ja nĩ. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 105 KAJẽR MRÉ KASIÑ KAMẽ . kỹ jãtã ag tóg kasĩn ẽn ko ja nĩgtĩ. Kejẽn kajẽr tóg ti kanhkã tỹ kasĩn ag mré kanhir mũ. Tỹ vaj kỹ tóg ti tỹ ti kanhkã ag jo ẽgje han ja ẽn venh tĩ mũ.Duas histórias que trabalhei com meus alunos e que aprendi com meu pai Davi Pri Marcelo Frederico: Ilustração 47: Kajẽr mré kasĩn kamẽ Fonte: Frederico. Hã ra tóg kejẽn kasĩn u ve mãn tũ nĩ. kasĩn tỹ ka to ag kỹnỹtĩ ẽn tĩ. kajẽr tóg to kanhkã ag jo jykrén ja tũ nĩgtĩ. 2008. Um dia o macaco fez uma armadilha para seus amigos ratos. O macaco. Até que um dia o próprio macaco não conseguiu pegar mais nenhum rato. mais ratos eram pegos na armadilha e pendurados na árvore para os urubus comerem. então o urubu comeu o macaco.kasĩn Fonte: Frederico. Na manhã seguinte foi ver sua armadilha. mas a cada dia que passava. 106 .Ilustração 48: Kajẽr . nem pensou no seu amigo. Pegou o rato e foi pendurar numa árvore. que era malandro. para o urubu comê-lo. Ele viu que a armadilha pegou o seu amigo rato. O MACACO E O RATO Era uma vez um macaco malandro que brincava com seus amigos ratos. Os ratos pensavam que o macaco era amigo deles. 2008. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 107 . Ilustração 50: Goj mré kajẽr Fonte: Frederico.IIustração 49: Kajẽr . 2008.kasĩn Fonte: Frederico. ke mũ. Ilustração 51: Girafa Fonte: Frederico. JACARÉ Kajẽr tóg goj to han nĩgtĩ kurã kar ki tóg gój venh tĩ mũ ki kagtĩg tĩ nĩ gój tãnh ki. gój tĩ. Kã girafa fi kajẽr mỹ goj venh kã tĩ tũg nĩ. gIRAFA. 108 . Kỹ tóg tĩ mỹ sĩnvĩ nĩ. 2008. Tĩ tán tóg ã mỹ ke mũ kajẽr.KAJẽR. Ilustração 52: Kajẽr .Girafa Kurã ũ ka kajẽr tóg goj ra tĩ mãn mũ. 2008. Jacaré vỹ ã mãn mũ e fĩ tĩ mỹ hãra tóg mẽ tó nĩ kajer tĩ. Kỹ jacaré tóg tĩ ki mũ. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 109 Fonte: Frederico. . Kỹ girafa fĩ tóg ti tĩn tũgnĩ kemũ. 2008. que vivem no rio. Kỹ jacaré tóg kajẽr ko mũ sir. Não sabia que ali havia perigo.Meu filho macaco. porque o rio é muito perigoso. não fique perto do rio. tem bichos como o jacaré.girafa . A girafa falou: . O JACARÉ E O MACACO Todo dia o macaco ia para o rio e sentava numa pedra no meio da água. A girafa falou para o macaco: .Cuidado.Ilustração 53: Kajẽr . Fã fĩ tóg mu. Kỹ tóg girafa fi mỹ jag tĩ.jacaré Fonte: Frederico. meu filho! 110 . Um dia o macaco foi de novo no rio. Então. a girafa chorou e lembrou o quanto ela avisou para ele que o rio era muito perigoso. ExpEriências pEdagógicas dE profEssorEs guarani E Kaingang 111 .Coitado! O jacaré veio na direção do macaco e o comeu. Ela olhou para o macaco e pensou: .Mas o macaco não obedeceu a girafa. São Paulo: Nacional. Herbert. BRAND.mec. Brasília. Brasília. Valéria. Actualidade indígena: breves notícias sobre os índios Caingangues. 2002. Nicolau. 2002. Porto Alegre: 1997. Diário Oficial da União. na Austrália e no Canadá. Série Antropologia. Bruce. Conselho Nacional de Educação. Diário Oficial da União. Michael. São Paulo: UNESP. ASSIS. 2. BRAND. Rio de Janeiro: UFRJ. Porto Alegre: 1993. Dinâmica religiosa entre os Kaingang do Posto Indígena Xapecó/SC. 2 ed. Série Antropologia. 1988.BIBLIOgRAFIA ALBERT. São Paulo: Cortez. Valéria Soares.gov. BAINES. Brasília: 14 set. 1998. Paribas. Telêmaco. 2004. Florianópolis. APPLE. 1979. Curitiba: Paranaense. Ensaios de etnologia brasileira. 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