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May 19, 2018 | Author: Helder Shakielly de Medeiros | Category: Libraries, Literacy, Preschool, Books, Reading (Process)


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1 2 . LIVROS INFANTIS: ACERVOS. ESPAÇOS E MEDIAÇÕES 3 . Secretaria de Educação Básica. 152 p.981 CDU: 372(81) Tiragem 1.: il. I.(Coleção Leitura e escrita na educação infantil .MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Secretaria de Educação Básica – SEB Ficha catalográfi ca L788 Livros infantis: acervos. 2016. . . Bloco L.000 exemplares MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA Esplanada dos Ministérios. ISBN : 9788577832088 (Coleção Completa) ISBN : 9788577832163 1.047-900 . Ministério da Educação. II. Livros e leitura para crianças. Série. v. Sala 500 CEP: 70. espaços e mediações / Ministério da Educação. .Brasília: MEC /SEB. Educação de crianças. Brasil.. Secretaria de Educação Básica.5 cm.5 x 27. CDD: 370. 20. 8).ed. 2.1. ESPAÇOS E MEDIAÇÕES CADERNO 7 Brasília. 2016 . Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica LIVROS INFANTIS: ACERVOS. . Aprofundando o tema 45 6. Refl exão e ação 100 5. O livro de literatura infantil: um objeto multimodal 57 3. Ampliando o diálogo 148 7.. Iniciando o diálogo 15 2. Compartilhando experiências 41 4. Ampliando o diálogo 105 7. Refl exão e ação 144 5. Aprofundando o tema 101 6.. Ampliando o diálogo 47 7. Referências 149 . Iniciando o diálogo 113 2. Referências 49 E OS LIVROS DO PNBE CHEGARAM. PROJETOS E ATIVIDADES DE LEITURA 53 1.SUMÁRIO INTRODUÇÃO 9 LIVROS INFANTIS: CRITÉRIOS DE SELEÇÃO – AS CONTRIBUIÇÕES DO PNBE 13 1. Compartilhando experiências 91 4. Espaços de leitura na Educação Infantil: a organização 116 3. Aprofundando o tema 147 6. Iniciando o diálogo 55 2. Refl exão e ação 44 5. Referências 106 OS ESPAÇOS DO LIVRO NAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL 111 1. Compartilhando experiências 141 4. Políticas públicas de distribuição de livros: breve histórico 19 3. SITUAÇÕES. 8 . uma ação política importante para aproximar o leitor do livro. Por outro lado. será que essas práticas estão contribuindo para formar essas crianças como leitoras de literatura? A partir dessas questões. Também conhecerá formas de organização e de utilização de diferentes espaços de leitura dentro das instituições de Educação Infantil. Entendemos que é um direito seu. 9 . e sobretudo. você terá acesso a si- tuações de aprendizagem e projetos que buscaram dinamizar a leitura nas instituições educativas com os diferentes grupos de crianças. vocês terão melhores condições para apoiar a sua consolidação e exercer com consciência seu papel como mediadoras de leitura literária. conhecer os trâ- mites que caracterizam o processo que vai desde a defi nição dos parâme- tros expressos no edital até a distribuição dos livros.INTRODUÇÃO O Ministério da Educação. no caso de estarem presentes. vem investindo na compra de livros de literatura infantil. o que é. as estratégias e os acervos do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE). utilizando. para tanto. De um lado. como cidadã brasileira. é preciso que o professor conheça os objetivos. uma ideia central nos mobilizou na escrita deste Caderno. os livros do PNBE. sem sombra de dúvidas. por ser um direito seu como profi ssional da Educação que atua com crianças de zero a cinco anos. Mas será que nos- sas crianças têm tido efetivamente acesso a esses livros?Será que as práticas de leitura literária estão presentes nas instituições de Educação Infantil? E. por ser essa uma política pública que envolve um robusto investimento de recursos materiais e intelectuais. ao longo de muitas décadas. o maior programa do Mi- nistério da Educação de distribuição de livros de literatura e de estímulo à leitura literária. Para auxiliá-las. Você e suas colegas têm o direito de conhecer como essa política de com- pra e de distribuição de livros se efetiva e também de conhecer e analisar os critérios de qualidade empregados para a escolha desses livros infantis. Para que os livros saiam das caixas e cheguem até as crianças. neste Caderno 7. Conhecendo mais a política. " Livros infantis: critérios de seleção – as contribuições do PNBE". Na segunda unidade. 10 . de autores e ilustradores assegu- rando o que se tem chamado de “ bibliodiversidade” .. é hora de “ colocar a mão na massa” . situa- ções. denominada "E os livros do PNBE chegaram. após termos discutido a importância da diversidade de gêneros literários e de tipos de texto. fi nalmente. conheceremos pro- jetos de leitura e estratégias para explorar os acervos que foram distribuídos para as instituições de Educação Infantil nesses últimos anos. projetos e atividades de leitura". Desejamos a todas um bom trabalho e que as propostas dos autores ajudem a iluminar as ideias mirabolantes que vocês têm e terão para transformar as instituições de Educação Infantil em comunidades de leitores ávidos por compartilhar suas experiências literárias. Na terceira unidade. de formatos de livros. experimentar cri- térios para seleção de livros de qualidade e adequados às diferentes faixas etárias que compõem a Educação Infantil e.Na primeira unidade. vamos aprender for- mas de organização e de utilização de diferentes espaços do livro e da leitura dentro das instituições de Educação Infantil.. você se informará sobre a trajetória das políticas públicas do li- vro e da leitura nos últimos anos. Vamos explorar com mais profundidade o acervo do PNBE. explorando adequadamente a potencialidade dos atos de leitura. "Os espaços do livro nas instituições de Educação Infan- til". compreenderá como ocorre o processo de seleção dos acervos pelo PNBE e conhecerá os critérios de seleção para a constituição dos acervos destinados à Educação Infantil. 11 . 12 LIVROS INFANTIS: CRITÉRIOS DE SELEÇÃO AS CONTRIBUIÇÕES DO PNBE 13 14 na minha imaginação de menina. Cheguei a imaginar. obras vivas.. passando. na minha imaginação de menina. num passeio suave. sem que a leitura sofresse qualquer tropeço. por exemplo. a amizade. da turma para as páginas do livro. da turma para as páginas do livro. das páginas do livro para a turma. Nós éramos os livros... Era como se a história estivesse sendo lida. Isso mesmo: o livro era o ouvinte da história que a professora lia na gente. Os seus olhos transitavam das páginas do livro para a turma. Do livro para a turma. alternadamente.. e me fi zeram trazer a leitura para esse território íntimo de nossas vidas. Da minha época de escola? Ah. uma professora revelou o seguinte segredo. E eu torcia para que seus olhos de leitora esbarrassem nos meus olhos de ouvinte – e eles sempre se esbarravam. quase um bailado. Francisco Marques (Chico dos Bonecos) 15 . vivíssimas! O tempo foi passando. onde só circula o que é essencial – como.. e até demoravam uns nos outros. Cheguei a imaginar. Aqueles sentimentos provocados pela professora-leitora me ligaram eternamente à palavra escrita.... da turma para o livro. Iniciando o diálogo Certa vez. que a história também estava escrita nos nossos olhos. Suave bailado. A grande lembrança da minha época de escola são os olhos da minha professora quando lia uma história para a turma. que as páginas do livro eram os ouvintes da história que a professora lia nos nossos olhos.LIVROS INFANTIS: CRITÉRIOS DE SELEÇÃO AS CONTRIBUIÇÕES DO PNBE Aparecida Paiva 1. no livro e nos ouvintes. Essa é a ponte que pretendo cons- truir entre nós para pensarmos. Nessa refl exão. penso que vocês podem comparar suas próprias concepções de leitura e de formação de leitores com o que discuto aqui. Todos os livros que li formam em mim uma espécie de biblio- teca. apesar de eu não saber exatamente o que ela contém. 16 . nas palavras de Roland Barthes e Antoine Compagnon (1987. Não está arrumada. sejam institucio- nais. especialmente sobre as escolhas que fazemos. de uma memória em que se acumulam as minhas leituras – o que eu retive –. Então é outra coisa: é o amor que nasce de uma leitura. nossa relação com os livros infantis (ou qualquer outro de literatura) e seus critérios de escolha. lemos para algo. A ideia é provocar estranhamento. E no entanto trata-se disso. p. originais. Em primeiro lugar. de forma alguma. 193). revisitar lembranças.. Sem dúvida. que não são. sejam pessoais.. juntas. Amo-te. Vamos exercitar essa rememoração. espero deixar claras minhas concepções. pequenos achados da infância. 193). Sejam generosas comigo e não se contenham: estou preparada para as boas e as más notícias. Mas esse movimento só faz sentido porque envolve a presença de um leitor ativo que processa e examina o texto. como leitoras e mediadoras de leitura. isso contribuirá para esclarecer os parâmetros dos quais partimos para facilitar nossa interação. Também implica que sempre deve existir um objetivo para guiar a leitura: em outras palavras. COMPAGNON. vamos estabelecer uma correspondência entre nós. 1987. Essa relação tem várias consequências. de nossa biblioteca “ ín- tima” : “ Todas as bibliotecas íntimas têm uma zona de interseção. ou. os volumes não estão por ordem al- fabética. p. é muito impor- tante que tenhamos clareza de nossa história de leitura.É baseado nesse breve e pungente relato que convido vocês a refl etirem comigo sobre livros infantis. gostamos um do outro no livro” . Meu desejo é olhar de esguelha a “ biblioteca íntima” de vocês por meio des- te texto. mas com- partilhadas com diversos autores cujo trabalho de pesquisa situa-se nesse âmbito. Ao fazer esse movimento. do tempo da escola. não há catálogo. quais os livros que me marcaram (BARTHES. Além disso. para que seja desen- volvido. Para Rildo Cosson (2014). ele se forme de modo adequado para futuras práticas de mediação de leitura no contexto em que atua. 17 . leitura e escrita para educadores. é o que. entre outros. que o hábito de leitura de um educador determina a sua ação no trabalho com a literatura. A prática cotidiana comprova. disponível no link <http://goo. Isso não quer dizer que o texto em si mesmo não tenha sentido ou signifi cado: felizmente para os leitores. Antes. de fato. mas uma construção que envolve o texto. em última instância. move essa ação de ler e refl etir sobre o lido. o quanto é fundamental o investimen- to no sujeito leitor e na identifi cação de suas maneiras de ler para que. requer uma prática pedagógica que possibilite o contato direto do leitor com a obra e a construção de uma comunidade de leitores. os conhecimentos prévios do leitor que o aborda e seus objetivos. assim como confi rmam as teorias sobre leitura. dentro e fora do seu contexto profi ssional. Estou tentando explicar que o signifi cado que um escrito tem para o leitor não é uma tradução ou réplica do signifi cado que o autor quis lhe dar. porém. os principais objetivos são compartilhar informações. O leque de objetivos e fi nalidades que faz com que o leitor se situe perante um texto é amplo e variado. essa condição costuma ser respeitada. ao longo dos anos.gl/f9GDXa>.para alcançar alguma fi nalidade. Isso porque constato. confi rmar ou refutar um conhecimento prévio. letramento literário é o processo de apropriação da lit erat ura enquant o linguagem. é importante ressaltar o fato de que o leitor constrói o sig- nifi cado do texto. Segundo o autor. Essa defi nição está no Glossário Ceale: t ermos de alfabetização. provocando refl exões acerca da importância do letramento literário como elemento-chave em seu processo de formação como mediadores de leitura. De olho nos leitores deste texto. aplicar uma informação obtida com a leitura na realização de uma atividade em sala de aula. o letramento literário amplia o repertório literário. Em nosso caso específi co. oferece ativida- des sistematizadas e contínuas direcionadas ao desenvolvimento de com- petências literárias. também. bibliot ecas e das nossas professoras e. a você e às crianças o que há de mais adequado (pelo menos em nosso pont o de vist a) e mais at raent e. aproximando- -nos da realidade cot idiana de nossas escolas. quem sabe. um pouco da his- tória das políticas públicas de leitura implementadas em nosso país nos úl- timos anos. e mais importante. comentando em termos gerais suas confi gurações e principais características. mais adiant e. Apresentaremos também alguns dados históricos do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE). Verá t am- bém que a seleção é feit a por professores e pesquisadores de diferent es pont os do país. 2010. cada vez mais. Por fi m. Já não era sem tempo. que. apenas em 2008 incorporou o seg- mento Educação Infantil. sentimo-nos no dever de lhes apresen- tar os acervos para a Educação Infantil selecionados até aqui (2008. Assim. Com essas informações você t erá melhores condições para avaliar o esforço que t em sido feit o para oferecer a sua escola. este texto tem um propósito claro e muito importante: discut ir crit érios de seleção de livros infant is. dimensionar a importância da conquista atual que incorporou acervos desti- nados à Educação Infantil. Por fi m. que.Achamos que seria importante apresentar. para que você se situe e compreenda melhor essa política de distribuição de livros de literatura e possa. embora instituído em 1997. 18 . julgamos ser um direito seu conhecer como se dá o processo de seleção dos t ít ulos que compõem os acervos do PNBE: as inst âncias envolvidas. nosso t rabalho. ent re os livros inscrit os no proces- so de seleção. que nos ajudam na difícil t arefa de fazer escolhas. sobret udo. por meio do ret orno que cert amente você e suas colegas nos darão. possamos melhorar. do t ipo de lit erat ura que int eressa e int eressa- rá às nossas crianças. Você vai ver. Mais: discutir esses critérios à luz do PNBE. Além de sit uarmos essa polít ica. após tantos anos de luta do movimento em prol da melhoria da qualidade no atendimento à criança pequena. 2012 e 2014). para realizarmos nossas escolhas. obedecemos a crit érios est abelecidos em um edit al. a quantidade de livros inscrit os e algu- mas de suas caract eríst icas. nesta unidade. são as políticas culturais e. “ série de medidas para obtenção de um fi m” (HOLANDA. aquele que faz política. por meio de seus governos. 3. os seguintes objetivos: 1. em segundo lugar. conhecer a trajetória das políticas públicas do livro e da lei- tura no Brasil. por meio de programas. estamos implicados nas políticas públicas de formação de leitores. mostrar a vocês (agora livres do rigor formal da avaliação) os crité- rios pelos quais esses livros foram escolhidos e. por extensão. este texto vai trabalhar. ações e atividades. sendo elas parte de um plano mais geral que visa ao desenvolvimento socioeco- nômico do país. Além disso. educacionais que dão concretude e visibilidade ao modelo de sociedade a ser implantado pelo Estado.Assim. sobretudo. Resumidamente. elas podem ser entendidas como a materialização. todos nós. Sua formulação tem uma relação direta com o modelo de so- ciedade vigente ou a ser implantado. se considerarmos a defi nição dicionarizada de “ política” . compreender como ocorre o processo de seleção dos acervos pelo PNBE. 2009). provocar em vocês o desejo de lê-los e compartilhá-los com as crianças. conhecer os acervos constituídos pelos editais destinados à Educação Infantil. 2. 19 . A partir do que discutiremos nesta unidade. esperamos duas coisas: primei- ramente. vamos deixar claro o que entendemos por políticas públicas. o político como o agente da política. cultural. étnico ou econômico. prioritariamente. Em particular. Políticas públicas de distribuição de livros: breve histórico Antes de iniciarmos nossa conversa sobre a trajetória das políticas de com- pra de livros. 2. e. do papel do Estado de assegurar determinado direito de cidadania para um segmento social. os envolvidos com os processos educativos. a questão da formação de leitores ganhou maior destaque na agenda das políticas públicas. podemos. em 1930. e seu trabalho era compor e disponibilizar acervos e repassar recursos para ambientar salas de leitura. Algumas ações que antecederam o PNBE merecem ser mencionadas. Era realizado em parceria com as Secretarias Es- taduais de Educação e com universidades responsáveis pela capacitação de professores. desde sua criação. os projetos e os programas governamentais so- frem alterações. mas. foi criado pela Fundação Biblioteca Nacional. apoiados na experiência. Programa Nacional Sala de Leitura (PNSL) – 1984 a 1987 Foi criado pela Fundação de Assistência ao Estudante (FAE). não de forma prioritária – sempre afetadas pela descontinuidade dessas políticas. Dessa forma.No Brasil. O MEC participa desse programa de forma indireta. são reformulados ou simplesmente abandonados. construir novas possibilidades. ainda assim. pois é muito importante conhecermos as propostas anteriores a nossa política pública atual de democratização do acesso aos livros de literatura e as suas ações em prol da formação de leitores. A partir da dé- cada de 1980. Foram distribuídos livros de literatura para os alunos e periódicos para alunos e professores. Essa viagem no tempo nos ajuda a perceber como as ações. Proler – 1992 Em vigência até os dias atuais. e tem como objetivo possibilitar à comunidade em geral o acesso a livros e outros materiais de leitura. 20 . do MEC. com repasse de recursos por meio do Fundo Nacional de De- senvolvimento da Educação (FNDE). avançar nas proposições e evitar rupturas indesejáveis. as ações de promoção e acesso à leitura são desenvolvidas pelo Ministério da Educação (MEC). o Pró-Leitura se propunha a articular os três níveis de ensino. Inserido no sistema educacional. a distribuição dos livros de literatura tem sido realizada por meio de diferentes ações: em 1998. Tal ação 21 . O programa aspirava a estimular a prática leitora na escola pela criação. Ao longo da história desse programa. desenvolveu-se ancorado em duas linhas de ação: a aquisição e distribuição de acervos bibliográfi cos e a produção e difusão de materiais destinados à capacitação do trabalho docente. envolvendo. de 16 de setembro 1997. o objetivo era que os alunos tivessem acesso direto a coleções de uso pessoal e também levassem obras representativas da literatura para seus familiares – por isso. em 2001. os acer- vos foram enviados para as bibliotecas escolares. professores em formação e pesquisadores. A partir de 2005. Esse programa foi extinto com a instauração do PNBE pela Portaria n. 1999 e 2000. brasileiras e estrangeiras. essas edições do programa fi caram conhecidas como Literatura em Minha Casa. após inúmeras discussões coordenadas pela Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (SEB/MEC).O Pró-Leitura na Formação do Professor – 1992 a 1996 Foi criado por meio de uma parceria entre o MEC e o governo francês. Pre- tendia atuar na formação de professores-leitores para que eles pudessem facilitar a entrada de seus alunos no mundo da leitura e da escrita. No PNBE 2004. em um mesmo programa. foi dada continuidade às ações dos PNBEs anteriores. e a materiais de pesquisa e de referência a professores e alunos das escolas públicas brasileiras. o PNBE retomou a distribuição de livros de literatura para as bibliotecas escolares. cantinhos de leitura e bibliotecas escolares. 652. alunos e professores do Ensino Fundamental. Programa Nacional Biblioteca do Professor – 1994 a 1997 Criado com o objetivo de dar suporte para a formação de professores das sé- ries iniciais do Ensino Fundamental. organização e mo- vimentação das salas de leitura. 2002 e 2003. O Programa Nacional Biblioteca da Escola O PNBE tem como objetivo principal democratizar o acesso a obras de lite- ratura infantis e juvenis. a partir dessa data. instituído em 1990 com o objetivo de promover pesquisas e ações educacionais na área da alfabetização e do ensino de português. num trabalho conjunto com o FNDE. como pro- motor da universalização do conhecimento e. No campo da educação literária. da universalização do acesso a acervos pelo coletivo da escola. bem como a realização de congressos bianuais – O Jogo do Livro (desde 1997) –. a seleção de obras es- pecífi cas nas derivações do PNBE. executam a avaliação. que estabelece as normas e os proce- dimentos a serem seguidos. Leitura e Escrita (Ceale). As instituições interessadas. a biblioteca. Há. candidatam-se a instituição parceira na execu- ção desse programa por meio do encaminhamento de suas propostas. nas quais expõem. A universidade responsável pela avaliação do PNBE. o programa compreende a distribuição de acervos literários para toda a Educação Básica – Educação Infantil. também. coube à SEB/MECa coordenação do proces- so de avaliação de obras e composição dos acervos de todas as suas edições. Ensino Fundamental e Ensino Médio. como PNBE Temático. Desde que o PNBE foi instituído.signifi cou a retomada da valorização desse espaço. Os diferentes projetos de pesquisa e leitura crítica da literatura infantil e juvenil. o Ceale conta com o trabalho especializado do Grupo de Pesquisa em Letramento Literário (GPELL). sob sua coordena- ção. além de peri- ódicos e acervos de obras de pesquisa e referenciais para professores por meio do programa PNBE do Professor. em funcionamento desde 1994. também. para tanto. a SEB/MEC passou a realizar esse trabalho em parceria com universidades públicas federais e. é a Uni- versidade Federal de Minas Gerais. de posse de edital público publicado na página do FNDE. Em 2005. nos anos ímpares. PNBE Indígena e PNBE do Campo. O atendimento aos segmentos ocorre da seguinte forma: nos anos pares são atendidos a Educação Infantil. desde 2006. os anos iniciais do Ensino Fundamental e a EJA. vem selecionando instituições que. credenciaram o Ceale a se candidatar para realizar o processo de avaliação do PNBE. A Faculdade de Educação dessa univer- sidade possui um órgão complementar. o processo de avaliação a ser utilizado. de modo minucioso. anos fi nais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. o Centro de Alfabetização. incluída a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Atualmente. Os resultados exitosos obtidos ao longo 22 . que os livros estão nas bibliotecas escolares. na construção e implementação dessa política. mas também na nossa relação com o livro. 23 . que resulta na aquisição. também. para que o processo de formação de leitores literários e de democratização da literatura aconteça. anualmen- te. não se situa apenas no nível da ausência do objeto. no papel que essa ação ocupa no projeto pedagógico da escola. envolvendo o maior número possível de pesquisadores de diferentes pontos do país. por parte do governo. Desse modo. às obras a eles destinadas. considerá-las de forma exclusiva equivaleria a desconsiderar todo um contexto em que se insere um leitor. seu engajamento nessa política é muito importante. sempre que possível. que uma das características fundamen- tais do Ceale é a busca. a sua candidatura. ao defi nir a equipe de avaliadores que trabalha em cada edição do PNBE. lidamos cotidianamente com os acervos das bibliotecas escolares. pois consideramos que o problema da circulação da literatura. mas fundamentais. de fato.desses anos de experiência acumulada levam o centro a renovar. Razão pela qual o centro. ou nos cantinhos de leitura. Há estudos que mostram que não superamos a fase da distribui- ção e que ainda temos de trabalhar muito para que os destinatários tenham acesso. dezenas de livros aportam nas escolas públicas do nosso país. desde 1997. Por essa razão. com certa margem de acerto. essas propostas não representam o único nem o primeiro aspecto desse enorme desafi o. Situa-se também na forma como nós. O resultado desse trabalho é que. Entretanto. nas propostas de atividades que adota- mos. ano após ano. bibliotecários. Mas é bom que você saiba que. endereçados a diferentes segmentos. criando condições mínimas. naturalmente. prontos para a circulação e recepção. mediadores de leitura. é possível afi rmar. nos meios que se arbitram para favorecê-la e. professores. e estudos e pesquisas são realizados para sua revisão e seu aperfei- çoamento. de um trabalho descentralizado. envolve pesquisadores de diferentes estados brasileiros. inúmeras discussões são travadas. de livros que serão utilizados em todas as escolas e instituições educacionais públicas brasileiras. especialmente em trabalhos de avaliação como esse do PNBE. com a literatura. Éimportante que você saiba. após um longo e exaustivo processo de seleção e aquisição dos acervos selecionados. da formação de leitores na escola. 740 7.353 7.584.21 92.504. é fundamental que você se aproprie das principais informações sobre a política.520 Benefi ciadas Alunos 13.902.485.043.550 24.86 Quadro 1– Histórico das Avaliações do PNBE Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados do FNDE.233.458 382. PNBE 2008 R$ 9.493 428. obras e coleções que foram distribuídos no período de 2006 a 2014.189. Consultar <http://goo.723.30 PNBE 2010 R$ 12.696.954 69.gl/4dIvd1>.56 26.02 74.183.381.509.700 258.305.526 Dostribuídos Escolas 46.380.414 10.537.45 70. Observe bem.625.384.201 123.Sendo assim.935 211.20 86.384. a quantidade de acervos.973 10. Agora compare os investimentos específi cos feitos na Educação Infantil.700 784.044.660.863.120.015 Distribuídos Investimento R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ Total 45.401 21. para fazer uso e participar dela de forma efetiva em sua prá- tica docente.360.043.531 19.447.958 22.812.193.172.390 69.161.440 258.426.775 253.00 57.585.660.237 66. 2006 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Livros 1718 1735 2085 2514 1612 2303 1643 2787 Inscritos Acervos 96.362.06 Quadro 2 – Investimento feito em compra de livros para a Educação Infantil Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados do FNDE.088. 24 . no Quadro 1 a seguir.701 5.495.686 20.464 20.092.91 PNBE 2014 R$ 50. Consultar <http://goo.237 110.164.906 21.13 PNBE 2012 R$ 24.930.429 Atendidos Livros 7.092 22.003 240.771 112.gl/4dIvd1>.955.30 48.075 5.766. 25 . As especifi cidades de cada edição do programa são determinadas por meio de publicação de edital que defi ne critérios e normas para a seleção dos livros que comporão cada acervo. ou outra em que tenha trabalhado. As alterações em relação aos destinatários. Inscrição Triagem Edital das obras IPT Negociação Avaliação Seleção das com as das obras obras editoras Distribuição Todas as escolas públicas brasileiras Figura 1– Circuito dos livros no PNBE. Elaborado pela autora. à forma de se- leção e ao tipo de obras selecionadas buscam ampliar signifi cativamente o campo de ação do PNBE. Antes de discutirmos essas especifi cidades no que tange à Educação Infantil. já foi benefi ciada com o PNBE. em algumas de suas versões?Conhece os acervos distribuídos para a Educação Infantil?Faz uso desses livros em atividades com as crianças com as quais trabalha? Processos e critérios de seleção dos acervos do PNBE No decorrer de sua história. Você alguma vez teve acesso a esses dados?Você tem conheci- mento se sua escola. até a seleção das obras e composição dos acervos. o PNBE vem modifi cando suas ações. buscando adequar-se às necessidades educacionais e às especifi cidades dos segmen- tos que atende. observe o complexo processo que se desencadeia e as instâncias envolvidas. A listagem dos acervos é enviada ao MEC.Um livro de literatura. a editora. depois de defi nido o seu “ endereço” . 26 . com base no número de matrículas para o segmento a que ele é destinado. sendo encaminhado a dois avaliado- res de diferentes estados brasileiros. encaminhando o processo para a quinta instância. A segunda instância. Você fi cará sabendo que gêneros textuais estão disponíveis para você e suas crianças. Confi rmada a inscrição do livro. Vencida essa etapa. previstos no edital. Um coordenador de grupo. terceira instância. percorre um longo caminho e passa por diferentes instâncias: a primeira instância envolvida é o MEC. encarregada da triagem do livro. que acompanha o trabalho dos ava- liadores. a todas as escolas públicas brasileiras. por meio de edital. Assim. inscreve o livro que julga preencher os quesitos do edital. por sua vez. responsável pela verifi cação dos aspectos físicos e dos atributos editoriais do livro e de se ele obedece aos critérios técnico e documental. ao inscreverem suas obras. o FNDE. imagine onde esse livro selecionado possa estar. é responsável pelo parecer consolidado sobre o livro. ele é encaminhado ao Instituto de Pesquisas Tecnológi- cas (IPT). Os agrupamentos/gêneros estabelecidos pelo edital e a resposta das editoras. Agora. ele é encaminhado ao colegiado da avaliação. dão-nos uma noção acerca das características desse acervo. refl ita comigo sobre os dois primeiros pontos do circuito: o edital e a inscrição das obras. para chegar à escola. responsável pela seleção fi nal e pela montagem dos acervos. e é inserido no processo de avaliação pedagógica. o livro segue para a quarta instância. o Ceale-UFMG. Perceba a complexidade do caminho. imagine todos os pro- cessos envolvidos na execução dessa política de acesso ao li- vro de literatura. responsável pela gestão do programa. que publica o resulta- do no Diário Oficial da União (DOU). determina as regras e os critérios a serem obedecidos pelas editoras. Se depois de todo esse processo avaliativo o livro for considerado de qualidade inquestio- nável – dentro dos critérios estabelecidos pelo edital –. a sexta e última instância. negociando com as editoras dos livros selecionados a compra governamental. e fi - nalmente é distribuído pelos Correios. que produzirão os primeiros pareceres sobre ele. que concebe a política e. o livro se- lecionado é produzido e impresso na tiragem determinada pelo FNDE. Finalmente. cartonado. como desenho. conter o selo do Inmetro.Para o segment o Educação Infant il. empregada nos editais do PNBE. deverão. pintura. Livros com narrativa de pa- lavras-chave – livros que vinculem imagens a palavras. tecido. cantiga. os edit ais det erminam as seguint es cat egorias: Categoria 1: para as instituições de Educação Infantil – etapa creche: Textos em verso – quadra. plástico ou outro tipo de material. Como você verá na próxima unidade. Textos em prosa – clássicos da literatura infantil. O edital estabelece ainda que os livros deverão ser adequados à faixa etária das crianças da Educação Infantil e confeccionados em material atóxico (pa- pel. pequenas his- tórias. aplica-se a livros nos quais não há uma narrativa propriamente dita. As obras que demandam o manuseio pelas crianças. entre outros). A denominação “ Livros com narrativa de palavras- chave” . parlenda. nesses livros. plástico. obrigatoria- mente. tais como livros de primeiros conceitos ou de primeiras representações. 27 . entre outras. EVA. EVA. uma relação bastante direta entre imagem e palavra escrita. de forma a possibilitar o manuseio por crianças de zero a três anos. confeccionadas em car- tonado. esse tipo de livro recebe outras denominações. podendo ser apresentados em diferentes tamanhos. aquarela. livros de narrativas por imagens – com cores e técnicas diferenciadas. em geral de animais ou de objetos próximos do cotidiano das crianças. textos de tradição popular. há. As ilustrações são. trava-língua. tecido. poema. teatro. Você pode conhecer os editais acessando o link <http://goo. As obras que demandam o manuseio pelas crianças. conter o selo do Inmetro – item 3 do edital do PNBE 2014. textos da tradição popular. plástico. seus interesses mercadológicos. cantiga. tecido. Os livros deverão ser adequados à faixa etária das crianças da Educação In- fantil e confeccionados em material atóxico (papel. obrigatoria- mente. tecido. observe essa distribuição nas qua- tro edições do PNBE que contemplaram o segmento Educação Infantil. quadra. por sua vez. Observe aí uma primeira dimensão que determina o processo avaliativo como um todo: a dimensão est at al. Categoria 2: para as instituições de Educação Infantil – etapa pré-escola: Textos em verso – poema. entre outros). a capacitação das bibliotecas das escolas públicas e. 28 . cartonado. e poderão ser apresentados em diferentes tamanhos. por meio do FNDE/MEC. Esse mercado editorial. Para que fi que mais claro esse raciocínio. por consequência. adivinha. Ao poder público. pequenas histórias. EVA. já que a seleção deve contemplar essas categorias preestabelecidas. EVA. o fomento do mercado editorial brasileiro. nossas escolhas estarão condicionadas ao número de livros inscritos pelas editoras e à opção que elas fi zerem segun- do cada segmento de ensino. trava-lín- gua. gl/bzZ2bl>. tem suas regras próprias. cabe garantir a implementação de políticas públicas de formação de leito- res. parlenda. e nossas possibilidades de escolha estarão sempre submetidas à resposta que esse mercado editorial der. ou seja. Textos em prosa – clássicos da literatura infantil. de forma a possibilitar o manuseio por crianças de quatro e cinco anos. deverão. Livros de narrat ivas por imagens. plástico ou outro tipo de material. confeccionadas em car- tonado. Diante dessa restrição. Esse dado é bastante signifi cativo. por exemplo. é superior à soma de inscritos nos segmentos Educação Infantil e EJA. A Educação Infantil fi gura em terceiro lu- gar nas opções de inscrição. a situação se torna ainda mais grave: não passam dos 4%. nessas edições. Fonte: Base de dados do Ceale – FaE-UFMG. Esse conjunto de segmentos em uma mesma edição infl uencia diretamente na inscrição de livros para cada um deles. Quantidade de livros inscritos por segmento Quantidade de livros inscritos por segmento PNBE 2008 PNBE 2010 3% 17% Categoria 1: 0 a 3 anos 33% 28% Categoria 2: 4 e 5 anos 67% Categoria 3: Anos inciais Anos iniciais do 52% do Ensino Fundamental Ensino Fundamental Categoria 4 : EJA Educação Infantil Quantidade de livros inscritos por segmento Quantidade de livros inscritos por segmento PNBE 2012 PNBE 2014 3% 4% 14% 29% Categoria 1: 0 a 3 anos 24% 18% Categoria 1: 0 a 3 anos Categoria 2: 4 e 5 anos Categoria 2: 4 e 5 anos 54% Categoria 3: Anos inciais Categoria 3: Anos inciais do Ensino Fundamental 54% do Ensino Fundamental Categoria 4 : EJA Categoria 4 : EJA Gráfi co 1– Inscrições por segmento. Se observarmos. e elas têm de escolher em quais segmentos desejam se inscrever. Os números evidenciam que a quantidade de livros inscritos pelas editoras. é evidente que as editoras avaliam quais livros do seu catálogo têm maiores chances de serem selecionados. nos anos iniciais do Ensino Fundamental. já que o edital deter- mina um número máximo de inscrições por editora (doze). as inscrições para a etapa creche. e podemos levantar algumas hipóteses: 29 . os segmentos anos iniciais do Ensino Fundamental e EJA (anos iniciais e anos fi nais) também foram con- templados. Você deve ter reparado que. se você consultar os acervos destina- dos à Educação Infantil. desde 2008. rigorosamente. Acessando o link <http://goo. 30 . Apesar do desequilíbrio no número de inscritos em cada segmento. os custos de produção e as especifi cidades do objeto livro para crianças pequenas não compensam o investimento editorial. conhecimentos e habilidades peculiares a cada um deles.gl/qkfJBc> você encontrará as listas de livros que foram comprados e distribuídos em cada edição do PNBE destinada à Educação Infantil. a quantidade de livros a serem adquiridos para a Educação Infantil é menor em relação aos demais segmentos. recentemente contemplado por compras gover- namentais. ao longo das quatro edições do PNBE nas quais a Educação Infantil foi contemplada. propiciando às crianças a vivência de dife- rentes gêneros e a possibilidade de desenvolver conceitos. Observe agora o quantitativo de livros inscritos no edital e de livros selecio- nados. as editoras preferem apostar em segmentos já consolidados no programa. esse segmento. encontrará livros dos três agrupamentos previstos – prosa. aos critérios de qualidade estabelecidos no edital. o mercado editorial ainda não tem clareza quanto ao que se espera dos livros infantis a serem usados por bebês no contexto escolar. e apesar de as alternativas de escolha serem mais reduzidas. Desse modo. ainda é novidade para o mercado editorial. na seleção de livros para compor os acervos destinados à Educação Infantil a equipe responsável pela avaliação pedagógica obedece. verso e livro de imagem –. o critério de diversidade de gêneros – prosa. com autonomia. Fonte: Base de dados do Ceale – FaE-UFMG. que. imagem. Observe. e outros para serem lidos com a mediação do professor. tanto da etapa creche quanto da etapa pré-escola. 2008 2010 2012 2014 Livros inscritos 1735 2514 2303 2787 (Total) Livros selecio- nados 60 100 100 100 (Total) 3 Acervos com 20 4 Acervos com 25 4 Acervos com 25 4 Acervos com 25 Acervos obras cada obras cada obras cada obras cada Quadro 3 – Relação de livros inscritos x selecionados Educação infantil Fonte: Base de dados Ceale – FaE-UFMG. no Gráfi co 2. Assim.Etapa creche Categoria 2: educação infantil . 31 .Etapa pré-escola Livros com narrativa 2% Livros com narrativa 5% 8% de palavras-chave de palavras-chave 23% 4% 23% Livros de imagens e 11% Livros de imagens e 16% livros de história em livros de história em quadrinhos quadrinhos Livros de narrativas Livros de narrativas 48% por imagens 60% por imagens Textos em prosa Textos em prosa Textos em verso Textos em verso Gráfi co 2 – Distribuição dos livros inscritos no edital PNBE 2014 para as categorias 1e 2 segundo os diferentes gêneros de textos. Desse modo. Cada um desses acervos contém diferentes categorias de livros e diferentes gê- neros de textos. como já vimos. as crianças têm acesso a uma grande diversidade de textos que podem ser lidos ou manuseados por elas mesmas. as crianças são atendidas em diferentes níveis de com- preensão dos usos e das funções da escrita e de aprendizagem da língua escrita. e apesar do desequilíbrio no número de inscritos em cada segmento. por exem- plo). palavras-chave e história em quadrinhos – é respeitado na composição dos acervos. verso. Categoria 1: educação infantil . mesmo havendo mais alternativas de escolha em um determinado gênero do que em outro (veja prosa e verso. com diferentes níveis de complexidade. Analisaremos. na estruturação da narrativa. Aspectos considerados na avaliação dos livros para a composição dos acervos A qualidade textual A qualidade textual de uma obra se revela. Um bom exemplo para elucidar esse aspecto é a obra A bela borboleta. Esse é um livro lido e apreciado por crianças e adultos desde 1980. é nosso propósito estimular você a bus- car os outros acervos do PNBE. nos aspectos éti- cos. É um li- vro para qualquer idade. mas também amplie o repertó- rio linguístico de crianças na faixa etária correspondente à Educação Infantil. exemplifi cando-os com livros que compõem os acervos do PNBE2008. a seguir. Figura 2 – A bela borboleta. do consagrado escritor Ziraldo. numa escolha vocabular que não só respeite. esses critérios de qualidade literária. Esses critérios se desdo- bram em três aspectos principais: a qualidade textual. Além de deixar mais claro o critério. Apresentaremos uma breve descrição de cada um desses as- pectos. de Ziraldo. a qualidade temática e a qualidade gráfica. Cheio de personagens que as crianças 32 . poética ou imagética. Comprove. à luz da seleção que tem como endereçamento a Educação Infantil. basicamente. estéticos e literários. todos que estiverem ouvindo a narrativa poderão ver a beleza da borboleta. Como pode ser que ela não se sinta presa? Ora. ela volta a voar. essa é uma história sobre histórias e sobre leitura. porque cada vez que alguém abre o livro. a bela borboleta bate asas. Alarmados. As diferentes personagens dos contos clássicos comparecem nessa obra para fazer parte de uma nova e original narrativa. Bela Adormecida. de Ziraldo. como você pode observar nas páginas 7. Pe- ter Pan. Eis a questão que. certamente. Nas páginas 16 e 17. Portanto. de Ziraldo. Figura 3 – A bela borboleta. 8 e 10. Figura 4 – A Bela Borboleta. a borboleta não se sen- te presa no livro. vai provocar conversa en- tre quem lê e quem ouve. Sem- pre que o livro sai da estante. 33 . ao contrário do que todos pensavam. Acontece que. Trata-se de uma história a ser compartilhada em uma leitura mediada.conhecem muito bem – Gato-de-Botas. Branca de Neve. todos se dispõem a libertá-la. Não só por se referir ao ato de leitura. mas também por ser a história toda uma afi rmação da vitalidade e da liberdade da literatura. O Gato-de-Botas comunica às de- mais personagens que a borboleta mais bonita do mundo fi cou presa em um livro. “ já que o leitor partici- pa dessa ampla rede dialógica ao trazer para o texto que está lendo sua bagagem de leituras de outros textos. A pesquisadora alerta. ou de forma indireta. romance. A ideia de texto adquire um sentido amplo: poema. Figura 5 – Banho!. de variadas linguagens de diferentes gêneros” . ao deixar pis- tas para que o leitor se lembre de outros textos que conhece. Cury (2014. que a intertextualidade ocorre tanto na produção quanto na recepção. de Mariana Massarani. de um personagem. aos diferentes contex- tos sociais e culturais em que vivem e ao nível dos conhecimentos prévios que possuem.]) afi rma que os textos dialogam entre si tanto na forma de citação direta de um fi lme. ainda. intertextualidade é a relação ou o diálogo entre textos. de um trecho de mú- sica. [s. música. notícia de jornal. Será que ele ainda está lá?Será que algum dia esteve lá?Aproveite essa poderosa lição de intertextualidade. quadro. A qualidade temática A qualidade temática se manifesta na diversidade e no tratamento dado ao tema. 34 .Busque esse livro na biblioteca da sua escola. Segundo a professora Maria Zilda Cury. história em quadrinhos e também propaganda. fi lme.p. no atendimento aos interesses das crianças. a piranha.“ Já para o banho!” A frase. o jacaré-açu e também o boto. pirapitingas.. Figura 6 – Banho!. A fauna dos rios brasileiros e a variedade de peixes amazônicos invadem o banho dos meninos. tão frequente na rotina das crianças. Alguns nomes pitorescos – são quase trava-línguas – vão divertir as crianças pela sonoridade: piraputangas. surge no li- vro Banho!. Veja quan- tos seres aquáticos nadam com os meninos nas páginas 16 e 17 desse livro. É pela mesma via que animais aquáticos da nossa fauna comparecem à banheira: a arraia. associada à fantasia. o pacu. piranambus. o pirarucu. escrito e ilustrado por Mariana Massarani. Na banheira falta um. 35 . como todos poderão ver nas ilus- trações. de Mariana Massarani. Pois só dando margem à imaginação é que se pode transformar a água do banho num caudaloso rio. Mas nem todas as personagens infantis dessa história estão nadando.. de Mariana Massarani. O que faz Edmilson lá na página 6? Figura 7 – Banho!. desenha e pinta. a diferença sexual.As crianças com certeza vão rir dessa imagem. por que se esqueceu do jantar. pode-se perceber que Edmilson. Mas a relação não acaba aí. Artur é o nome de um menino. o uso do vaso sanitário. Os peixes. tratados com muita naturalidade pela linguagem visual. duplica. por que não se assustou com as piranhas. estão também no livro que o menino lê. o uso de recursos gráfi cos adequados a crianças na etapa inicial de inserção no mundo da escrita. o próprio leitor. Avançando um pouco na observação. de Patrick McDonnell. O que pode ser tão interessante a ponto de o menino esquecer de comer? As imagens dão oportunidade para que se con- verse também sobre outros temas. Veja quantas possibili- dades para ampliar a imaginação e os meios de comunicação. um dos motivos do livro de Massarani. a articulação entre as linguagens verbais e visuais. Risca e rabisca. Artur faz arte. na sala e no vaso. assim como estão na tela da TV. A qualidade gráfi ca A qualidade gráfi ca se traduz na excelência de um projeto gráfi co capaz de motivar e enriquecer a interação do leitor com o livro. como a nudez. sinuosos. Chamamos de projeto gráfi co a qualidade estética das ilustrações. 36 . e Art são três das quatro letras que formam a palavra para o que ele mais gosta de fazer. Art. E poderão responder por que Edmilson não foi para o banho. Duas palavras iniciadas pelas mesmas letras. Artur. Figura 8 – Artur faz arte. na história. No bom sentido. Com traços lineares. . de Patrick McDonnell. que tem árvore. por sua vez. na sequência. do cachorro.. depois. Assim. Veja como. antes de serem reunidas numa com- posição de página dupla. As crianças poderão ver nesse livro desenhos muito próximos daqueles que elas fazem. Quem é ou foi criança reconhece. Da linha passa aos círculos com cores primárias. as formas codifi cadas do desenho infantil são apresentadas uma a uma. a ilustração mostra as diferentes experiências gráfi cas da perso- nagem infantil. faz do refrigerador espaço de 37 . Figura 9 – Artur faz arte. e aparece o desenho do carro. porém.denteados. que. A fi gura humana ganha uma casa. Encontra recepção e apreço na mãe. vai além dele. à espiral ondulada. A criação de Artur. os círculos são contrapostos às manchas com contornos irregulares e. Procure na instituição em que você trabalha os livros do PNBE distribuídos para a Educação Infantil. em 2008. 1. Figura 10 – Artur faz arte.exposição... Veja a espiral que se trans- forma numa linha reta e. com outras colegas. Artur não para de criar. Acabou? Não. Quanto à qualidade do texto: Amplia o repertório linguístico dos leitores? Possibilita a fruição estética? Favorece uma leitura autônoma (a criança fi ca motivada a folhear o livro e a criar histórias a partir da leitura das imagens)? Estimula uma boa leitura em voz alta por parte da professora? Apresenta coerência e consistência das narrativas? Possui um trabalho estético com a linguagem (nos textos em prosa e em verso)? 38 . considerando os aspectos propostos a seguir. 2010. Artur continua riscando. 2012 ou 2014. Traga alguns exemplares para o próximo encontro do curso e analise esses livros. de Patrick McDonnell. o ilustrador e outros dados necessários à contextualização da obra? Essas informações interferem inadequadamente na leitura das crianças? A interação das ilustrações com o texto é artisticamente elaborada? Os livros que demandam manuseio pelas crianças de zero a três anos e quatro a cinco anos são adequados à faixa etária e atendem aos critérios de segurança. com interação entre estas e aquele? O papel é adequado à leitura e ao manuseio de crianças nessa fase inicial de introdução ao mundo dos livros? Há informações sobre o autor. em que os textos se revelam artifi cialmente construídos visando apenas aos objetivos imediatistas do ensino de leitura ou de aspectos moralizantes? Os textos possuem preconceitos. culturais. o espaçamento e a distribuição espacial são adequados a crian- ças nessa faixa etária? Há uma distribuição equilibrada de texto e imagens. ambientais e históricos que constituem a sociedade brasileira? 3. motivando-as para leitura? As fontes. Quanto à adequação e ao tratamento dado à temática: Os temas das obras respondem aos interesses e às expectativas de crian- ças nas etapas creche e pré-escola? Motivam a leitura literária e. não possuem fi ns didatizantes. além de serem certifi cados pelo Inmetro? 39 . permitindo às crianças prever o conteúdo e o gênero da obra. portanto. São estabelecidas relações adequadas entre texto e imagem (nos livros ilustrados e nos livros de imagem)? 2. Quanto ao projeto gráfi co: A capa e a quarta capa são atraentes. estereótipos ou discriminação de qual- quer natureza? São considerados os diferentes contextos socioeconômicos. a leitura literária conta. se feito de maneira adequada quando as crianças iniciam sua trajetória escolar. e você precisa participar dessa política. pode despertar o gosto pela leitura e o interesse por livros. nesse segmento da escolaridade. em atividades de contação e leitura em voz alta de histórias. Na Educação Infantil. as crianças tenham contato permanente com esses bens culturais que são os livros de literatura. tanto fi nanceiro quanto pedagó- gico. que estimulassem a criatividade e a fantasia das crian- ças. fazendo circular esses livros. Você já pensou como seria bom dispor. É o resultado de um grande investimento. com os mais belos projetos editoriais. de livros que investissem em brincadeiras infantis. 2010. do qual ainda não se espera que saiba ler sozinho. Espera-se que. em sua sala. de poemas. que ampliassem seus conhecimentos de mundo e sua capacidade de apreciação estética? E se você pudesse trabalhar com li- vros variados que propiciassem a ampliação de conceitos das crianças. na biblio- teca da sua escola. É sua responsabilidade mediar esse encontro. e pode ainda contribuir 40 . muito menos um passe de mágica. 2012 e 2014) que contemplaram o segmento Educação Infantil. Todo o trabalho com o livro de literatura. que jogassem com os sons e os sentidos da língua. que possibilitem a construção de sen- tidos por esse “ leitor” . democratizando a leitura e o acesso ao livro com suas crianças. seria bom demais! A sala e a biblioteca seriam transformadas. permitindo a elas aprender mais sobre si e sobre os outros?E se esses livros fossem dos mais criativos e atraentes que se pode encontrar no país. para que se familiarizem com eles de modo a interagir com a linguagem literária – nos textos e nas ilustrações –. sua escola recebeu esses livros: trata-se dos acervos das quatro edições do PNBE (2008. Seriam?Já foram?Serão! Muito provavelmente. Esses livros estão guardados?Tem notícias deles?Já leu?Fez a leitura de algum deles com suas crianças?Atenção! Isso não é uma utopia. em grande medida. textos e ilustrações?Ah. com a me- diação de professores e bibliotecários. preparando-se para compreender também es- ses usos sociais da escrita. dar a ele visibilidade e destaque dentro das escolas. mas também outros mundos possíveis. é necessário haver mediação. da turma para o livro. Mas. práticas que promovam o acesso aos livros. 41 . a opção de ler com as crianças pode ser a mais interessante na Educação Infantil. o adulto dará vida às páginas do livro e apresentará não só as emoções das histórias. fazer dele algo sedutor. Entretanto. A leitura literária é partilha e ao mesmo tempo é também momen- to de intimidade e silêncio. enfi m. Nas situações de leitura mediada que ocorrem na Educação Infantil. Para que esse interesse seja despertado. torná-lo novidade recorrente. 2009). Compartilhando experiências Após a chegada dos acervos nas diversas instituições escolares. o livro precisa despertar na criança a vontade de abri- -lo e descobrir o que tem dentro. É necessário que os profi ssionais da escola se unam com o objetivo de criar formas para que o encontro aconteça. essas experiências precisam ser bem-sucedidas. Ao ler para uma criança. O leitor precisa ver o livro. ser quisto. o que se es- pera é que esses livros encontrem as crianças. como se a história es- tivesse sendo lida ora no livro. vale apostar numa relação mais cúmplice e apaixonada. em que o mediador também es- cute as manifestações – palavras ou gestos – das crianças. precisa se interessar por ele. a leitura vai do livro para a turma. Por isso. uma vez que a es- cuta compreensiva e nada passiva que elas realizam pode conduzir melhor a leitura e a mediação. 3. Digo “ encontrar” porque mui- tas vezes o simples fato de haver a distribuição não signifi ca necessariamen- te que eles chegarão até as crianças. é necessário retirar o livro da caixa para que ele possa circular. para que o livro encontre o seu leitor e o leitor encontre seu livro. precisa fazer dele um objeto de curiosidade. ora nos ouvintes (MARQUES. quando a criança aprenderá a ler e a escrever. de modo a aguçar a vontade de ler mais e conhecer outros livros que com- põem o grande acervo de obras da cultura escrita endereçado a crianças. Para que isso ocorra. Como descreveu o Chico dos Bonecos. no qual leitor (ou ouvinte) e livro conversam. pelo fato de já ter participado de situações escolares de leitura. criatividade na disposição das obras. ações de fomento à leitura. para que isso ocorra.consideravelmente para a etapa posterior. ser visto. é preciso promover o acervo. 2010. que sejam vistos pelas crianças. Em 2010. saber que história ele conta. em prateleiras. expandir o seu mundo de imaginação e criação. Importa mesmo é que esses acervos cumpram o seu maior objetivo: oferecer livros de qualidade para a formação de peque- nos. que saiam das caixas. manipulá-lo. É o que mostraremos nas fotos a seguir. Fonte: PEREIRA. Pois mesmo não possuindo um local adequado. mas sabemos também que não são todas as escolas que possuem uma biblioteca adequa- da. Sabemos que a biblioteca é o destino número um dos livros. Fazer do cotidiano escolar um ambiente de 42 . ainda mais quando se trata de biblioteca em instituições de Educação In- fantil. pela qual se pôde constatar que a gran- de maioria das UMEIs não possui bibliotecas escolares. os leitores. nutri-las de fi cção. médios e grandes leitores.a criança também precisa tocar o livro. foi realizada uma pesquisa em Unidades Municipais de Educação Infantil (UMEI) de Belo Horizonte. o mais importante é que os livros circulem. Ainda que essa seja uma realidade de muitas instituições. isso não é um empecilho para que os livros cheguem ao seu destinatário fi nal. es- tantes ou cantinhos de leitura. As ações de fomento à leitura devem estimular o querer das crianças. porém muitas delas encontraram soluções alternativas para que o acervo literário pudesse ser exposto. E não importa se eles estão nos corredores. Figura 11– Espaços de leitura em Unidades Municipais de Educação Infantil de Belo Horizonte. Essas fotografi as mostram exemplos de como algumas instituições de Educa- ção Infantil encontraram soluções para que o acervo literário ganhasse espa- ço dentro das escolas. o processo para a chegada dos livros até as escolas é longo e muito oneroso. entende-se como fundamental o papel exercido pelo professor da Educação Infantil como promotor de leitura literária e de práticas constantes e significativas. Entretanto. de conversas. capazes de despertar na criança o gosto e o hábito de leitura. apresentamos mais uma instituição de Educação Infantil. 2010. dos professores e da proposta curricular. Fonte: PEREIRA. criança e leitura. Logo. em uma Unidade Municipal de Educação Infantil de Belo Horizonte. de trocas de experiências. não podemos cruzar os braços e simplesmente negligenciar o acesso aos livros pelas crian- ças. que adaptou um pequeno espaço para transformá-lo em um cantinho de leitura que favorece o contato das crianças como livro de forma autônoma. Como vimos até aqui. quando o ideal não faz parte da realidade da escola. Muitas vezes o que precisamos são boas ideias e vontade de fazer com que o encontro aconteça. de muitos livros. É claro que o desejo maior é que todas as instituições escolares possuam biblio- tecas bem planejadas e preparadas para receberem os livros e principalmente as crianças. Sabemos como um espaço bem projetado faz a diferença.leitura. Figura 12 – Espaços adaptados para livros e para a leitura. Dessa forma. cabe a todos nós fazer parte desse processo para a garantia da realização do encontro: leitor e livro. Nas fotos que se seguem. de circula- ção do acervo por todos os cantos da instituição escolar. 43 . mesmo porque a biblioteca escolar desempenha a função “ extra” de propiciar práticas que fomentem o gosto pela leitura. oferecendo-lhes recursos e dinâmicas que cor- respondam aos anseios das crianças. além de interagir com as propostas peda- gógicas desenvolvidas na escola. Você. professora. as práticas de leitura realizadas por você e seus co- legas professores e bibliotecários têm possibilitado que o livro 44 . os gestores. Refl exão e ação Nossa expectativa é de que você. discutir com suas colegas cursistas. envolva-se nes- se processo de distribuição e recepção de livros. Todos são mediadores de leitura. capaz de naturalizar. enfi m. Os professores. como uma das mediadoras de leitura para suas crianças. valorizar positivamente a atividade da leitura junto aos leitores iniciantes? Você considera que o espaço escolar tem se consti- tuído como um espaço privilegiado para as atividades de leitu- ra? Enfi m. os profi ssionais da biblioteca. suas carac- terísticas e potencialidades?Na sua escola. propõe-se a conhecer os acervos do PNBE. os diferentes mediadores de leitura do contexto escolar são aqueles que de- têm o poder de fazer o livro circular. Nessa perspectiva. Agora refl ita e elabore um texto de autoavaliação. porque acre- ditamos que a voz do docente não pode ser isolada. registrar e apresentar a síntese dessa discussão para toda a turma: Os acervos do PNBE estão em minha escola?Onde? Foi feita ou vai ser feita divulgação sobre a chegada desses acervos na escola? É ou será desenvolvido algum trabalho de mediação com esses acervos? Os acervos do PNBE têm sido postos à disposição das crian- ças. os profi ssionais têm conseguido articular um trabalho coletivo. que está lendo este texto. têm sido procurados por elas? Essas são algumas questões que podem orientar a ação coletiva de leitura no espaço escolar.4. apresentamos algumas questões para você refl etir. da forma mais colaborati- va possível. E veja que estamos falando de espaço escolar. de literatura ocupe o centro da escola? Em que medida as prá- ticas educativas vivenciadas na sua instituição têm colaborado para constituir uma comunidade de pequenos leitores? 5. Aprofundando o tema Para que você possa aprofundar seu conhecimento sobre essas e outras questões, sugerimos a leitura do capítulo “ A produção literária para crian- ças: onipresença e ausência das temáticas” , presente em: PAIVA, Aparecida; SOARES, Magda (Org.). Lit erat ura infant il: políticas e concepções. Belo Hori- zonte: Autêntica, 2008. (Literatura e Educação). Esse livro faz parte de uma coleção organizada pelo Ceale, resultado do tra- balho de avaliação pedagógica do PNBE, desde 2007. São pesquisas que aju- dam a compreender aspectos relacionados à produção literária para crianças e jovens e às formas de circulação dessas obras nas escolas. O livro é com- posto por sete capítulos que abordam diferentes perspectivas acerca das políticas e concepções sobre a literatura infantil, desde a perspectiva edi- torial, as temáticas abordadas, a ilustração, a qualidade estética e a poesia para crianças. Seria excelente se você pudesse ler toda a obra! Mas vamos assegurar, pelo menos, a leitura do capítulo 3, “ A produção literária para crianças: onipresença e ausência das temáticas” . Vamos realizar uma análise dele, apoiando-nos nas discussões apresentadas aqui. Clique no link https://goo.gl/2Ui10I para acessar o texto “ A pro- dução literária para crianças: onipresença e ausência das temá- ticas” , escrito pela professora Aparecida Paiva. Esse texto foi extraído do livro Literatura infantil: políticas e concepções, or- ganizado pelas professoras Aparecida Paiva e Magda Soares. 45 Para dar mais concretude a esse exercício: 1. Faça uma análise do acervo de livros de literatura em uso na sua escola, seguindo os agrupamentos que propus no capítulo 3 para a caracteriza- ção das obras inscritas na seleção do PNBE de 2008. Que temáticas são privilegiadas, segundo os agrupamentos propostos? Identifi que percen- tualmente os agrupamentos. 2. Escolha, aleatoriamente, dois livros de cada agrupamento e avalie a sua qualidade textual, temática e gráfi ca de acordo com o que estudamos nesta unidade. 3. Pensando na característica desse acervo atual, em uso na sua escola, e no compromisso de ampliarmos as referências estéticas, culturais e éti- cas das crianças, cite as temáticas que você indicaria para serem contem- pladas prioritariamente numa compra de livros com vistas a aumentar o acervo da sua escola. Lembre-se: 360 livros percorreram esse longo caminho até as bibliotecas es- colares de todo o país. Aproprie-se do maior número deles que puder. Esses 360 livros com histórias, versos, imagens, palavras, cores e letras que com- põem esses acervos da Educação Infantil são muito especiais. Não porque sejam os melhores livros do mundo, embora você vá encontrar obras de alta qualidade. Não porque foram selecionados por um grupo de professores e estudiosos de literatura infantil, ainda que essa gente possa entender bas- tante do assunto. Não porque foram comprados pelo governo e distribuídos para todo o país, mesmo que se reconheça o tamanho do esforço feito em favor da leitura. Mas porque são os livros da sua escola. Porque são os livros da sua biblioteca. Porque são seus livros e das crianças com as quais você trabalha. Leia-os em casa e em sala de aula e descubra que os livros especiais, os livros muito especiais são aqueles que lemos para nós e para os outros. Os livros muito especiais são muito especiais porque os fazemos nossos ao compartilhá-los com outros leitores. Mais especiais se tornam quando pas- sam a fazer parte de nossa “ biblioteca íntima” , quando somos capazes de lê-los nos “ olhos de ouvintes” de nossas crianças. 46 6. Ampliando o diálogo Seguem algumas sugestões para você continuar aperfeiçoando o seu cami- nho como leitora e mediadora de leitura literária. Visando à ampliação do seu entendimento sobre a literatura infantil e a formação de leitores, lembramos que vocês têm em mãos várias obras adquiridas e distribuídas pelo PNBE do Professor 2010/2011e 2013/2014, dentre as quais destacamos: BALDI, Elizabeth. Leit ura nas séries iniciais: uma proposta para formação de leitores de literatura. Porto Alegre: Projeto, 2009. CEREJA, Roberto William. Ensino de lit eratura: uma proposta dialógica para o trabalho com literatura. São Paulo: Saraiva, 2005. COELHO, Nelly Novaes. Lit erat ura infant il: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2002. COLOMER, Teresa. Andar entre livros: a leitura literária na escola. São Paulo: Global, 2007. CUNHA, Leo. Poesia para crianças: conceitos, tendências e práticas. Curitiba: Positivo, 2014. FEBA, Berta Lúcia Tagliari; SOUZA, Renata Junqueira de (Org.). Leitura lite- rária na escola: refl exões e propostas na perspectiva do letramento. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2011. FONSECA, Edi. Interações: com olhos de ler. São Paulo: Blucher, 2012. GREGORIN FILHO, José Nicolau. Literat ura infantil: múltiplas linguagens na formação de leitores. São Paulo: Melhoramentos, 2012. MAIA, Joseane. Literatura na formação de leit ores e professores. São Paulo: Paulinas, 2007. PARREIRAS, Ninfa. Confusão de línguas na literatura: o que o adulto escreve, a criança lê. Belo Horizonte RHJ, 2009. 47 SILVA, Vera Maria Tietzmann. Literatura infantil brasileira: um guia para pro- fessores e promotores de leitura. Goiânia: Cânone Editorial, 2008. SILVEIRA, Rosa Hessel et al. A diferença na literat ura infantil: narrativas e lei- turas. São Paulo: Moderna, 2012. SORRENTI, Neusa. A poesia vai à escola: refl exões, comentários e dicas de atividades. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. Acesse a lista completa de distribuição do programa PNBE do Professor em: <http://goo.gl/7l26Uv>. Indicamos, a seguir, outros títulos cujas discussões giram em torno de dife- rentes dimensões envolvidas na difusão da literatura e na formação de seu público no mundo contemporâneo. Neles, os saberes literários são discuti- dos a partir de duas perspectivas: a do seu relacionamento com a escola, mas sem perder de vista que eles se processam antes e fora dela, em ins- tâncias livres e informais, e a daqueles saberes literários mediatizados pela escola, naturalmente, enquanto foco, sem uma dicotomização estrita, já que ambos se tangenciam. O fi o condutor dessas refl exões coloca em discussão universos diferenciados, fomentando o diálogo entre essas duas instâncias, seja na escola, seja em outras esferas socioculturais de formação de leitores. Ao analisar os diferentes textos que compõem esses livros, já que se trata (com exceção da monografi a de Fernanda Rohlfs Pereira) de coletâneas de diferentes autores, procure perceber como as questões por eles levantadas repercutem na escola onde você atua e na própria prática que você desen- volve em sala de aula. MACHADO, Zélia Versiani et al. (Org.). Escolhas (literárias) em jogo. Belo Hori- zonte: Autêntica, 2009. 48 (Org. Aparecida et al. COSSON. In: RUGGIERO. 2010. 185-186. 2007. Literat ura e letramento: espaços. Glossário Ceale: termos de alfabetização. Aparecida (Org.gl/ljUr7O>. Letramento literário. Belo Horizonte. PAIVA. 2013. RAMOS. VAL. Alexandra Santos (Org. 72 f.). 2014. 11. Visite também a página do FNDE e veja dados estatísticos sobre o programa.). Rildo. Monografi a (Gradu- ação em Pedagogia) – Faculdade de Educação. circulação e leitura. BREGUNCI. 2012.). literatura incluída? 2010. Maria da Graça Costa. COMPAGNON. Roland. 2007.). Leitura. PAIVA. v. Referências BARTHES. Maria das Graças de Castro (Org. (Org. que acervos fo- ram distribuídos para uso com as crianças e para a formação de professores e as publicações que resultaram dele: <http://goo. leitura e escrita para educadores. PEREIRA. Romano (Org. Universidade Federal de Minas Gerais. 7. Belo Horizonte: Autêntica. São Paulo: Mercado de Letras. documentos normativos que orientam o processo de escolha e de seleção dos livros e os resultados das avaliações: <http://goo. 184-206. 49 . São Paulo: Editora Unesp. Literatura fora da caixa: o PNBE na escola – distribui- ção. Belo Horizonte: FaE-UFMG. In: FRADE. Antoine. O PNBE nas UMEIs de Belo Horizonte: literatura infantil distribuída. Belo Hori- zonte: Autêntica. Lit erat ura: saberes em movimento. Isabel Cristina Alves da Silva. Visite a página do PNBE e veja em que consiste o programa. PINHEIRO. Aparecida et al.PAIVA. Enciclopédia Einaudi.gl/l40t14>. p. suportes e interfaces. Lisboa: Imprensa Nacional. Flávia.). 1987. Literatura e formação continuada de professores: desafi os da prática educativa. Casa da Moe- da.). p. Fernanda Rohlfs. O PNBE nas UMEIs de Belo Horizonte: literatura infantil distribuída. Práticas de leitura literária na Educação Infant il: como elas ocorrem em turmas de uma UMEI de Belo Horizonte?2014. MARQUES. São Paulo: A Girafa. Disponível em: <http://goo. Francisco. Intertextualidade. São Paulo: Gaia. Literatura fora da caixa: o PNBE na escola – distribui- ção.p. Belo Horizonte. Dicionário Aurélio da língua port u- guesa. 2010. São Paulo: Melhoramentos. Maria da Graça Costa. 72 f. ZIRALDO. Fernanda Rohlfs. Isabel Cristina Alves da Sil- va. Universidade Federal de Minas Gerais.). Monografi a (Gradu- ação em Pedagogia) – Faculdade de Educação. 2014. Universidade Federal de Minas Gerais. In: FRADE. Artur faz art e. Acesso em: 7 dez. Belo Horizonte: FaE-UFMG. 2007. Maria das Graças de Castro (Org. Patrick. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.CURY. [s. PAIVA.gl/j7hSXS>. 2012. Aparecida (Org. MCDONNELL. literatura incluída? 2010. VAL. 2015. Muit as coisas. PEREIRA. poucas palavras: a arte de ensinar e aprender. leitura e escrita para educadores. 2007. circulação e leitura. 2014. Mariana. Banho!. A bela borboleta. 2009. PEREIRA. Belo Horizonte. Glossário Ceale: termos de alfabetização.).]. Aurélio Buarque Ferreira de. São Paulo: Editora Unesp. 244 f. HOLANDA. 50 . BREGUNCI. Livros de literatura infantil MASSARANI. São Paulo: Peirópolis. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educa- ção. Maria Zilda. 2007. 2009. Fernanda Rohlfs. 51 . 52 . . SITUAÇÕES. PROJETOS E ATIVIDADES DE LEITURA 53 .E OS LIVROS DO PNBE CHEGARAM.. 54 . . Fonte: <http://goo. que é como se fosse o tata- ravô dos livros como conhecemos hoje. Uns dois mil anos antes de Cristo.gl/emJWJs>. SITUAÇÕES. Iniciando o diálogo Os livros nem sempre foram do jeito que a gente conhece. 55 . Tempos depois.. PROJETOS E ATIVIDADES DE LEITURA Claudia Pimentel 1. pois ninguém ainda tinha pensado em inventar cadernos com páginas a serem viradas. Foi preciso muito tempo para inventarem o códex.E OS LIVROS DO PNBE CHEGARAM. O jeito foi fazer rolos com os papéis (Figura 2). alguém criou os pergaminhos de couro que duravam mais. os egípcios criaram as folhas de papiro (Figura 1) e logo ti- veram de encontrar uma forma de guardar tudo o que escreviam e dese- nhavam. Figura 1– Folha de papiro. porque não havia folha de papiro que sobrevivesse àquele enrola e desenrola. gl/M2I2cJ>. arrastam pelo chão. mas não é. refl etir sobre a importância de criar lugares na instituição de Educação Infantil para divulgar os registros dos projetos de leitura e de promover eventos que envolvam a comunidade escolar. só de pensar no tempo que a humanidade precisou para inventá-los. 56 ... fazem casinha. Fonte: <http://goo. A gente é que já se acostumou. A história dos livros é cheia de detalhes interessantes que não cabem aqui nesta conversa. não sabem para que serve e experimentam logo colocar na boca: vai que é de comer.. estranhando o que parece óbvio. Por exemplo. o convite é olhar para o livro como se fosse coisa nova.. Figura 2 – Rolo de pergaminho. considerando diferentes as- pectos dos livros. Uns empilham. mas será que as crianças sabem disso? Os objetivos desta unidade são: considerar o livro e suas particularidades como objeto a ser descoberto. elaborar projetos e atividades.. mas as crianças não. mas.. Até descobrirem que abre leva um tempo. Nesta unidade. parece óbvio que o sentido da escrita seja de cima para baixo e da esquerda para a direita. dá para de desconfi ar que essa invenção não foi coisa sim- ples. com- partilhando descobertas com as crianças. Os bebês. quan- do veem um livro. incluem os modos de comunicação visuais – imagens. fotografias. televisão. linhas dos textos imitam ondas. 2014). 57 . entre outros. quanto pelos mais modernos. Essas são algumas estratégias grá- fi cas que fazem o leitor experimentar um olhar de infância. interferem na produção de sentidos. acompanhados por fala. páginas são dobradas e cortadas de forma diferente. olhar. (STREET. os gestuais. como computadores. suas cores e texturas. etc. Em alguns livros. Muitas vezes o projeto grá- fi co dos livros infantis brinca com as convenções. Essa diversidade foi incorporada tanto pelos meios de comunicação mais tradicionais. de ludicidade. o projeto gráfi co se destaca a tal ponto que interfere na produção de sentidos tanto do texto verbal como das ilustrações. provocando surpresas: letras variam de tamanho e cor. que. O livro de literatura infantil: um objeto multimodal Multimodalidade é a diversidade de modos de comunicação existentes. entre outros recursos. além da escrita e da oralidade. como livros e jornais. celulares.2. de descoberta. Para nossa sorte. que. os livros de literatura infantil nos convidam a sair do lugar comum e questionar o que antes parecia óbvio. Um objeto multimodal é composto por modos de representação e de comunicação que se relacionam. é um bom começo de conversa. Compartilhar com as crianças o en- cantamento com a forma do livro. gesto. de produção de conhecimento. tais como imagem e escrita. O que é projeto gráfi co de um livro?Odilon Moraes (2008. formato. quantidade de texto em cada página – itens que muitas vezes fogem à percepção da maioria dos leitores (e não ser particularmente notado é um mérito do projeto) são de grande importância por interferirem no modo de construir um todo. 49-50). 2008. No livro para crianças. O projeto gráfico convida o leitor a manusear o livro para descobrir sensações. Figura 3 – De que cor é o vento?. de Anne Herbauts. p. 49) defi ne assim: “ Por projeto gráfi co de um livro entende-se uma série de escolhas e partidos que defi nirão um corpo (matéria) e uma alma (jeito de ser) para esse objeto” . remetendo ao braille. tipo de impressão. o leitor encontra a possibilidade de ter uma experiência multissensorial. p. enriquecendo os sentidos da obra como um todo. 58 . essa proposta de leitura chamada livro” (MORAES. letra. Alguns livros que favorecem a exploração do projeto gráfi co e seus efeitos de sentido No livro De que cor é o vento. de Anne Herbauts. que é um sistema de leitura com o tato para cegos. ampliando as possibilidades de leitura e de produção de sentidos. dimensão. o projeto gráfi co dialoga com o texto verbal e com a ilustração. E completa: “ A escolha do papel. encadernação. de Chris Haughton. e seus sentidos são am- pliados à medida que o leitor vira as páginas menores. O folhear do livro ga- nha destaque e interfere na compreensão do todo da obra de forma lúdica. de Tino Freitas e Ivan Zigg. personagem central da narrativa de Um t ant o perdida.Quem quer brincar comigo?. Para acompanhar os apuros da corujinha. promovendo sentidos inusitados à medida que o leitor entra no jogo proposto pelo projeto gráfi co. As ilustrações são alteradas. Figura 4 – Quem quer brincar comigo?. 59 . de Tino Freitas e Ivan Zigg. Figura 6 – Um tanto perdida. o leitor tem de virar páginas de diferentes formatos. de forma que as ilustrações fi cam cada vez maiores. mexe com o formato clássico dos livros. pois suas páginas precisam ser desdobradas. Figura 5 – Quem quer brincar comigo?. de Tino Freitas e Ivan Zigg. de Chris Haughton. A princípio. O trabalho pe- dagógico com livros para crianças deve considerar projeto gráfi co. temática. ilustração. Tendo isso em vista. pense na sua prática e refl ita. ou seja. O conjunto. de Chris Haughton. 2009b) que definem as interações e a brincadeira como eixos norteadores das práticas pedagógicas. para formar suas partes (projeto gráfi co. você: 1. de uma relação que mistura dois ou mais elementos diferentes. aproveitando os acervos do PNBE para a Educação Infantil. que inclui a linguagem adotada. Figura 7 – Um tanto perdida. ilustração. elaboração da linguagem e os diferentes sentidos que as relações entre esses modos de expressão provocam. abordaremos questões relacionadas à temática e a aspectos da relação das crianças com os livros. que resulta da relação híbrida. serão destacados aspectos relacionados aos projetos gráfi cos e às ilustrações. deixando que elas interajam com o texto?Considera as perguntas e os comentários das crianças? 60 . faz com que o livro para crianças seja considerado um objeto multi- modal. Em seguida. Conta e lê histórias para as crianças. principalmente no que se refere a questões subjetivas como a formação da identidade. Virando a página Considerando os princípios expressos nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (BRASIL. projetos nos quais diferentes livros possam ser trabalhados. os temas e as formas de abor- dá-los. nesta unidade. texto. elaboração da linguagem verbal). pensamos em explorar. Nos projetos com livros de literatura infantil. Resumindo: os livros são objetos multimodais. interagindo com elas? 4. 9. Comenta as observações que as crianças fazem. numa rodinha. Deixa que elas brinquem com os livros. utilizando fantoches. Favorece as interações das famílias com os livros? 11. você pode cha- mar esses momentos de leitura de “ Roda de Leitura” . Caso não tenha uma quantidade sufi ciente para que todas as crianças levem livros para casa no mesmo dia. que inventem narrativas. mesmo que eles corram o risco de levar uma mordida. Separa uma quantidade de livros para que todas possam pegar pelo menos um? 8. Observa seus gestos. que façam de conta de que estão lendo. que manuseiem os livros? Lembre-se: as crianças têm direito a manusear aqueles livros que você considera os melhores da sua coleção. você faz rodízios: a cada sema- na empresta livros para um grupo de crianças? Um nome para essa atividade pode ser “ Vai e Vem” ou “ Ciran- da de Livros” .2. 6. Esse momento pode se chamar “ Leitura Livre” . Sempre leva em consideração as manifestações das crianças? Uma ideia: para colocar no seu planejamento. Reserva um tempo para que as crianças peguem os livros? 7. Varia a forma de ler – realizando a leitura para todas as crianças. mudando a voz? 5. 61 . para pequenos grupos. Faz combinados com as famílias para emprestar livros a serem lidos em casa? 10. suas expressões e outras formas de demonstrar suas opiniões sobre os livros? 3. Você verá mais sugestões de atividades a serem realizadas com as famílias em outro caderno do curso. Disponível em: <http://roteirosliterarios. famílias. aos poucos. Estabeleça parcerias. festivais. E também poderá explorar o encarte Conta de novo? As famílias e a formação literária do pequeno leitor. Ele se destina às famílias. para que elas se tornem. Esse encarte poderá ser reproduzido. no link Agenda Literária. Saberá como esses eventos acontecem e poderá ter ideias para organizar sua Festa Literária. Crie o seu evento e lembre-se: uma instituição educativa é um coletivo de professores.br/>. crianças.com. Procure espaços alternativos: comece no pátio da escola e.12. uma cultura de intercâmbios será estabelecida. ocupe uma rua ou uma praça da cidade. Neste site. que são eventos muito famosos em diversas cidades do país. cada vez mais. quando a proposta crescer. um momento de leitura e. as produções das crianças e os registros dos projetos desenvolvidos com elas devem ter destaque. depois convide uma turma para compartilhar. por mês. você encontra a agenda de festas. Comece com um mural. com você e as crianças da sua turma. eventos literários organizados no Brasil. Nas festas literárias. Registra os projetos e as produções das crianças e compartilha com a comunidade escolar em murais e eventos? Você pode inventar uma “ Festa Literária” ou “ Feira de Livros” . aliadas na formação dos nossos pequenos leitores. 62 . As guardas dos li- vros. As crianças da Educação Infantil estão se formando como leitoras e. A sala pode estar dividida em diversos ambientes. Uma atividade interessante para chamar a atenção das crianças sobre o abrir e fechar dos livros e sobre a importância de folhear suas páginas é explorar as características das capas e. As crianças também gostam de informa- ções. apesar de estar distante da Roda de Leitura. Você já deve ter reparado que. invente um tom de voz di- ferente. Segundo o ilustrador Rui de Oliveira (2008. alguns princípios valem para outras propostas de leitura para as crianças. são seres espertos. podemos conceber o livro como “ uma linguagem temporal. use um fantoche. serem livros de literatura. Nesta unidade. Or- ganizar os espaços de maneira confortável – por exemplo. Aos poucos. preparam o leitor para que entre no tempo da fi cção e abandone as preocupações cotidianas. o livro como ob- jeto de arte.Roda de Leitura O momento com os livros pode iniciar-se com uma Roda de Leitura. p. uma criança. traços e cores. que usam o corpo para se ex- pressar e têm uma maneira muito peculiar de interagir com o mundo. um passar de páginas e manchas de textos. 63 . sem que seja preciso obrigá-las a se sentarem na roda. como os “ cantinhos” . 42). espaços em branco. em alguns livros. um suceder de imagens. cabanas de lençóis. e. apesar de tratar- mos dos livros do PNBEe. às vezes. As guardas que fi nalizam os livros encerram o tempo da fi cção. reportagens de jornal e outras leituras. reparar que. Varie os tipos de textos nesses momentos de leitura. portanto. a professora poderá estar em um deles lendo em uma Roda de Leitura. a Roda de Leitura entra na rotina da turma. Antes de chamar as crianças. além do mais. demonstra prestar bastante atenção à história. exis- te uma espécie de porta de entrada para o universo fi ccional que se anuncia. ao mesmo tempo que antecipam algumas pistas sobre o que esperar do texto e da ilustração. é importante criar alternativas. enquanto algumas crianças brincam nesses ambien- tes. colchões – é importante para que as crianças ouçam a leitura com comodidade e liberdade. em que todas as partes estão interligadas harmoniosamente” . tapetes com almofadas. Combine com as crianças regras para esses momentos e conquiste sua atenção: chame para ver de perto uma ilustração. Essa entrada na proposta do livro é chamada de guarda. em seguida. Provoque a curiosidade das crianças para esse abrir e fechar das páginas iniciais e fi nais dos livros. de Fê. 64 . Para chamar a atenção das crianças. Observe alguns livros que fazem parte do acervo do PNBE e suas guardas: Figura 8 – No mundo do faz de conta.gl/c6o5vr>. Conhecer as partes de um livro pode te ajudar a explorá-las com suas crianças. Figura 9 – No mundo do faz de conta. de Fê. destaque o movimento de abrir a capa e observar a guarda. Veja esse esquema que está na página da Universidade Federal Fluminense: “ Você sabe identifi car as partes de um livro?” . Faça um suspense. Disponível em:<http://goo. Uma atividade interessante é separar alguns livros com guardas criativas para compará-las. vá até a capa de trás do livro e mostre que a guarda também fecha o livro. convide: “ Vamos dar uma olhadi- nha no que vem depois dessa página?” . Figura 10 – Meu coração é um zoológico, de Michael Hall. Figura 11– Meu coração é um zoológico, de Michael Hall. 65 Figura 12 – O jornal, de Patrícia Bastos Auerbach. Figura 13 – O jornal, de Patrícia Bastos Auerbach. A guarda é uma porta para entrar e sair do universo fi ccional do livro. Chamar a atenção para as funções das diferentes fo- lhas dos livros é um convite para as crianças brincarem de pas- sar as páginas e imaginar o que vem depois. Traga para a sala alguns livros da instituição em que você atua que possuem guardas criativas para trocar com suas colegas de curso. Apre- sente o livro e explique por que você considerou que o livro mereceu a sua escolha. 66 Variar seus gestos de leitura também pode ajudar as crianças a desenvolve- rem uma boa relação com o livro e com a narrativa. Gestos de leit ura: a forma como seguramos um livro, a direção do olhar durante a leitura, expressões faciais e corporais são alguns gestos de leitura que as crianças observam e imitam para compreender a leitura e o ato de ler. Quando as crianças brincam de ler, usam gestos de leitura observados em leituras que leitores experientes fazem para elas. Muitos professores têm o hábito de ler uma página e, em seguida, mostrar a ilustração para o grupo de crianças. Quando brincam de ler, as crianças imi- tam esses gestos. Às vezes, imitam o gesto de ler “ sublinhando” as palavras com o dedo. Os gestos de leitura individual quase nunca são imitados, por- que poucas vezes os professores os fazem na escola. Criança que não tem modelo de leitura em casa para imitar, quando brinca de ler imita mesmo é o professor. Outra dica importante é incluir, nas suas Rodas de Leitura, mo- mentos em que as crianças possam ver as ilustrações ao seu lado. É impor- tante variar os gestos de leitura na instituição educativa. Atenção: como veremos mais adiante, a relação entre texto verbal e imagem não é aleatória. Cada vez mais, autores e ilustradores se esmeram em garantir que essa relação seja rica para a construção de uma pluralidade de sentidos. Portanto, é importante garantir que as crianças escutem o texto verbal ao mesmo tempo que observam as imagens, já que são elementos indissociáveis para a construção de signifi cados e de sentidos, muitas vezes pretendidos pelos autores e ilustradores. 67 etc. Não são apenas as palavras escritas que vão precisar ser apren- didas. Ouvir uma história é tão gostoso! A entonação e o ritmo da leitura diferem do jeito como falamos rotineiramente. pelo projeto gráfi co dos livros. as cantigas de ninar são a porta de entrada para o mundo literário. texturas entram na relação entre o bebê. modulando a altura da voz para criar suspense. e por aí vai. imagens. Brinque incrementando sua performance de leitor. à elaboração da linguagem. pelos temas e pelas formas de abordá-los. antes de um ano de idade. 68 . em especial no Caderno 4. a metáforas. os bebês ainda de colo. mudando o ritmo para demonstrar calma ou afl ição. Cores. dando a impressão de estar entretidos com o rosto de quem lê. fi xam o olhar na boca. o carinho. rimas. uma por- ta se abre. com a elabo- ração da linguagem desperta a atenção antes mesmo do conteúdo e seu signifi cado. o colo. e ele está cheio de novidades. além de tudo o que diz respeito ao universo literário. léxicos.Na hora da leitura. ironias. cheio de portas. Como vimos em outras unidades. funções e convenções estabe- lecidas pelos códigos visuais das ilustrações. mas também toda uma série de usos. não sua performance artística! A entrada no mundo da leitura é como um corredor com- prido. o som das palavras. gerando ritmos. que se repetem. com o interesse do adulto em narrar ou cantar para ele. tanto pelo clima afetivo que criam como pela sonoridade das palavras que rimam. Um novo objeto aparece. obser- vam o movimento dos lábios. Esse acalanto das palavras perdura na leitura em voz alta. com a seleção das palavras. Sem exageros: o mais importante são o texto e as crianças. Será que só ouvir história forma um leitor? Formar leitor é ensinar letras e sílabas? O que pode acontecer antes do aprendizado formal da leitura que crie um terreno fértil para aventuras mais ousadas. O cuidado com a forma. com o aconchego do ritmo e do colo. tais como atravessar sozinho a leitura de uma narrativa longa?Quantas portas podem ser abertas antes de a criança ler convencio- nalmente e por si só? Quando o bebê repara que existe um objeto – o livro – na cena em que antes só havia o seu olhar para os lábios que se moviam durante a leitura. Sônia: A história não acabou. Sônia. 2011). começa a ler apontando para as ilustrações. na hora da Leitura Livre. Não. vendo o que Maria fazia. está só vendo as imagens. você pode criar situações de Leitura Livre. numa escola da rede pública de ensino. Sônia: Não acabou. ela não está lendo. terminava a narrativa com a mesma fór- mula: “ Então. livros e também se defrontam com desafi os e descobertas a serem feitas. e as interações com esse objeto vão se dar na medida em que outras in- terações aconteçam: interações com os livros. sem que se perca de vista sua complexidade? Uma atividade importante a ser garantida no trabalho com os livros é a Leitura Livre. [Maria larga o livro. entre as crianças e entre adul- tos e crianças serão necessárias. Sônia pega o livro de Maria. acabou a história. Maria: Ela está apaixonada por ele. Usarei nomes fi ctícios para apresentar melhor a situação. Maria folheava o livro e criava pequenas histórias. está só vendo. separando alguns livros para essa fi nalidade. as crianças revelam o que já sabem sobre leituras. Não pode. 69 . brincando de ler. Se arrumou e colocou um colar.Quando um livro entra em cena. Crianças de seis anos de idade faziam comentários sobre livros. Quando estão com os livros. acabou a história” .] Eu pergunto: Pode ler as imagens? Sônia: Pode. Maria: Então. começou a comentar comigo: Sônia: Ela não está lendo. O evento a seguir foi registrado durante minha pesquisa de doutorado (PI- MENTEL. e cria uma história que não termina a cada página. não. A questão é: o que pode ser feito para que as interações com esse objeto – o livro – e com todos os seus elementos siga sempre com o gosto do aconchego inicial que as cantigas de ninar oferecem. narrativas. Leitura Livre Além de realizar regularmente a Roda de Leitura. um mergulho na cultura está prestes a ser feito. Continua na outra página. A cada página. numa sala de leitura. acabou a história. Sônia: Tia. Pronto. mas valorize o desejo das crianças de estar com os livros em mãos. Maria. narram cada página. Ajude as crianças a colarem o livro se for preciso e aproveite para conversar sobre a necessidade de cuidar dos livros e respeitar regras. Além disso. pois é bem provável que todas queiram fi car com o livro que você acabou de ler ou que elejam um livro preferido. ou até mesmo inventam narrativas apoiadas nas ilustrações dos livros. demonstra possuir conhecimentos e estratégias para criar começo. quem vai contar a história para o outro. ela pensa que “ ler de verdade” é ler pa- lavras. Por isso. inicialmente. Quando as crianças estiverem com os livros. quem vai mostrar para o colega o que achou interessante. na Educação Infantil. que preferem não saber nada sobre a histó- ria antes de ler sozinho. Algumas disputas podem surgir nesses momentos. Obser- ve também se você. é uma boa oportunidade para que façam negociações para ver quem vai pegar um determinado livro primeiro. meio e fi m a cada página. algumas crianças ape- nas nomeiam as ilustrações e outras recontam histórias que foram lidas para elas. crie regras com elas. Você já deve ter percebido que. quem vai fi car sozinho com o livro. cada qual com um livro diferente em mãos. Ao contrário de muitos adultos. Os projetos com livros devem valorizar esses conhecimentos e ampliá-los. Separe uns livros para que as crian- ças possam eleger aqueles de que mais gostem ou que mais lhes interessem. isso acontece porque as crianças desejam o mesmo livro. observe e registre se as crianças nomeiam. e não em cada página separadamente. num todo. duvidando. quem vai fi car do lado de um colega. 70 . mas repare: na maioria das vezes. Fique de olho e ajude as crianças nesses momentos de Leitura Livre. de que seja possível criar histórias a partir das ilustrações. Outra estratégia importante para a formação do leitor é criar situações em que ele possa fazer suas próprias escolhas. apesar de não considerar o conjunto das páginas para compor sua narrativa. as crianças adoram pegar um livro conhecido. consideram a sequência das páginas. professora. Além de ir ajudando a constituir suas preferências. realiza cada uma dessas ações ao ler para as crianças e como você o faz.Podemos observar que Sônia já sabe que um livro pode conter uma história que se completa a partir da sequência das páginas. Algumas vezes acontece de um livro rasgar. ]). Veja como o designer gráfi co ja- ponês Katsumi Komagata. No geral.p. Algumas vezes. No entanto. evitando deixá-los ao alcance das crianças para impedir que elas os rasguem. as pessoas tentam dar as coisas mais duráveis para as crianças brincarem.Deixar os livros ao alcance das crianças é muito importante. E assim a criança vai aprender que precisa ter mais cuidado se não quiser estragar aquilo. Com pessoas também é assim. Se uma página é rasgada por uma criança. não vai ser útil.gl/UFrt3Z>. [s. explica suas opções artísticas empregadas na sua arte de ilustrar livros para crianças: Faço livros sensíveis porque sempre quis mostrar para minha fi lha que as coisas são fi nitas. Fonte: <http://goo. então precisamos saber nos comunicar e en- tender um ao outro (KOMAGATA. Figura 14 – Página de livro ilustrado por Komagata. Somos sensíveis e nos machucamos. é impor- tante que as crianças aprendam que as coisas quebram e se destroem e que nós temos de aprender a cuidar delas com delicadeza. 2012. 71 . as professoras escolhem os livros mais caros e considerados de melhor qua- lidade para ler em voz alta e os recolhem. Óbvio que se for muito sensível. numa entrevista concedida à Revista Emília. dá para consertar usando fi ta adesiva ou cola. Um horizonte de signifi cados partilhados por meio da leitura do adult o sustenta as explorações das crianças. folhear as páginas são experiências que as crianças gostam de repetir. crenças e valores partilhados por um grupo. refl etir sobre a escrita.gl/FTDmWF>. Alguns sentidos podem ser percebidos enquanto se escuta uma leitura. Explorar as dife- rentes partes dos livros. folhear páginas em busca de registros sobre o que ouviram. e a cultura é feita de sentidos. Elas querem ver de perto as ilust ra- ções. Você pode ler a entrevista completa acessando o link <http:// goo. Mui- tos estudos já foram realizados sobre a relação entre as narrativas e momen- tos afetivos vividos pelas crianças. é impor- tante que aprendam a cuidar para que outras pessoas possam também usu- fruir da leitura na escola. Vamos aprofundar esse tema mais adiante. ver ilustrações. 1980). na Educação Infant il. É importante saber que as narrativas proporcionam às crianças uma bagagem simbólica relevante para a constituição de sua subje- tividade. por isso é fundament al garant ir-lhes o acesso a livros. Observe e registre o que as crianças fazem com os livros. 72 . principalmente sobre os contos de fadas (BETTELHEIM. Um livro é um objeto da cultura. pois tentam en- tender o livro como um todo multimodal. quan- do bebês. Não é à toa que as crianças elegem histórias para pedir: “ Conta outra vez!” . Essas experiências das crianças com os livros são import antes para o aprendi- zado da leitura. outros demandam diversas interações. Por ora. observar as palavras e os t ipos de let ras. por ainda não estarem familiarizadas com o objeto livro. recon- tar a hist ória imitando gest os e ent onações feit os pelo adulto leit or. Ainda que as crianças possam estragar os livros inadvertidamente ou. Ex- perimente criar regras com elas para que aprendam a cuidar dos livros. vamos conside- rar que a necessidade de compreender e de criar sentidos é um dos motivos para que as crianças peçam que repitam a experiência com a leitura ou que queiram fi car com o livro que acabou de ser lido para ela. perceber se exist e algo escrito. entretanto. escreva os nomes das crianças na ordem estabelecida pelo sorteio no mural e marque com elas um sinal que indique quem já pegou o livro tão “ disputado” ! As crianças costumam respeitar muito bem os combinados. no momento da Leitura Livre. Para controlar quem já teve a oportunidade de fi car com o livro mais desejado pela turma. O mais importante é que outros livros também sejam disponibiliza- dos para que cada criança possa manusear um. encontramos o personagem representado várias ve- zes. Já comenta- mos um pouco sobre o folhear das páginas. Uma ideia é sortear a ordem de quem vai fi car com o livro primeiro. 73 . Em uma mesma página. cole uma fotografi a da capa do livro numa folha. Veja a seguir o exemplo do livro Douglas quer um abraço. Escreva o título do livro e. desde que sejam estabelecidos com clareza e justiça. quando trouxemos a conversa com Maria e Sônia e também quando chamamos a atenção para o momen- to de abrir a capa e observar a guarda do livro. Éimportante respeitar o interesse por determinado livro e pro- curar estratégias para conciliar os desejos das crianças quan- do estão em grupo. Por exemplo. se pos- sível. É preciso conhecer algumas convenções a respeito das ilustrações para saber que todas aquelas imagens que se repetem representam o mesmo personagem em diferentes situações. nada é óbvio no campo da leitura. de David Melling. O processo de formação do leitor requer a construção de habilidades ou de capacidades que podem parecer óbvias. não é óbvio que exista uma sequência nar- rativa no folhear das páginas do livro nem que um personagem permanece o mesmo apesar de estar representado em várias ilustrações. Agora vamos nos dedicar às ilustrações. o bebê percebe apenas uma página colorida. dando informações sempre que for pre- ciso e sempre que for solicitado pelas crianças. Figura 16 – Douglas quer um abraço. Figura 15 – Douglas quer um abraço. de David Melling. também temos de procurar saber um pouco mais sobre as ilustrações. Com a 74 . atraente. Alguns livros ilustrados para crianças pequenas apresentam a fi gura desta- cada em um fundo neutro para facilitar a percepção da imagem e sua com- preensão. Reserve algumas Rodas de Leitura para analisar as ilustrações ao lado das crianças. Muitas vezes. e só aos poucos estabelece relações conceituais. Num primeiro momento. professores. nós. de David Melling. de early concept books. É o 75 .mediação dos adultos. provocando deslocamentos de lugares-comuns. Existe uma construção de conceitos e conhecimentos relacionados a palavras que se aplica também à compreensão das ilustrações. aos poucos. pois. de diferentes países. São. perceber e construir signifi cados. entre doze e dezoito meses de idade. sem uma narrativa e designando objetos que fazem parte do dia a dia dos bebês. Kümmerling-Meibauere e Meibauer (2011) denominam es- ses livros. perceba que a página não é só um enfeite colorido. as crianças (aquelas que têm contato habitual com livros) são capazes de entender que as ilustrações bidimensionais se relacio- nam a objetos tridimensionais e também a ações. que vinculam imagens e palavras. e sim um suporte para registros e produção de sentidos relacionados com o mundo ao redor. São estratégias para produzir ampliações de sentidos. A partir da análise de livros para bebês. Segundo Bettina Kümmerling-Meibauer e Jörg Meibauer (2011). Kümmerling-Meibauer e Meibauer (2011) observam que a ilustração que mais aparece é o círculo colorido. a fi m de que o bebê. podem vir ou não acompanhadas de uma palavra. essas fi guras podem ganhar nomes e pequenas nar- rativas. novas formas de ver. Os livros do tipo imagem-palavra foram mencionados na uni- dade anterior e receberam a denominação de livros com “ pa- lavras-chave” . nos livros para bebês. e a forma circular talvez seja uma das primeiras que se destacam entre fi guras e fundos que rodeiam o universo de ilustra- ções feitas para bebês. As imagens de um único objeto. uma linha preta é usada para separar a imagem do fundo. e que justifi ca uma série de livros que se orga- nizam a partir da representação de um único objeto a cada página. Alguns livros brincam com a relação en- tre imagens do cotidiano e produção de sentidos e extrapolam os signifi ca- dos mais corriqueiros de fi guras elementares. representando uma bola. fazendo com que a volta ao livro signifi que novas explorações. Em muitos livros infantis. A bola é um brinquedo comum. designação que consta nos editais do PNBE. livros de primeiros conceitos geralmente. caso de livros como Um redondo pode ser quadrado?e Dia de sol. criadas a partir de um pedaço da outra. Éum ratinho?pode ser colocado entre os livros que ajudam os bebês. Do acervo do PNBE 2014. de Renato Canini (PNBE 2008). Figura 18 – Dia de sol. a entenderem alguns elementos e signifi cados das imagens. no desenrolar da folha. compõe a fi gura de outro animal. A ilustração inicial mostra um rati- nho. ao dobrar a folha novamente. encontra-se apenas uma folha. nos seus primeiros meses de vida. 76 . que é dobrada de tal forma que as ilustrações aparecem aos poucos. Nesse livro. de forma que. dos acervos do PNBE 2008 e 2014. de Renato Moriconi (PNBE 2014). A ponta de sua orelha. Figura 17 – Um redondo pode ser quadrado?. o ratinho reaparece. e assim sucessivamente. respectivamente. Em algumas publicações. Como estamos falando de leitura de imagem e de estranhamentos frente ao que nós. acostumamo-nos a considerar de fácil compreensão. pode ajudar as crianças de um a dois anos a prest arem at enção na imagem e const ruírem sent idos para ela. aprendemos a decifrar de forma mais ou menos sistematizada. adultos. O cont at o com livros ilust rados desde cedo pode auxiliar a produ- ção desse conheciment o. no caso do livro É um rat inho?. que não são óbvias desde o pri- meiro contato com elas. as imagens representam objetos que não pertencem ao cotidiano da criança ou que. Sem ter familiaridade nem com o referen- te nem com o referido. em sua cultura. Na Figura 20. Figura 19 – Éum ratinho?. Ou seja. algumas crianças podem não compreender a imagem mesmo quando já tenham mais idade. de Guido van Genechten (PNBE 2014). Reparem que tudo isso nós. são denominados de outra forma. 77 . vemos um peixe e pin- gos próximos. é pre- ciso fazer uma ressalva. A linha pret a. podemos dizer que fomos iniciados na leitura de imagens e de representações. que signifi cam o movimento do peixe que estaria pulando da água. adultos. que dest aca a imagem e pode ser vist a desde a ilust ração da capa. que será muit o út il durant e o aprendizado da leit ura e da escrit a. adultos. à medida que. Existem ilustrações de livros infant is que convocam não só as crianças. Figura 21– Ilustração do livro Bocejo. 78 . Figura 20 – Peixe com elementos visuais. não conseguimos decifrá-las totalmente. como pingos que indicam movimento. Veja os exemplos a seguir. a uma leitura de mundo mais aprimorada. mas até nós.gl/L7DEQ4>. de Ilan Brenman e Renato Moriconi (PNBE 2014). Fonte: <http://goo. Um conjunto de elementos visuais deve ser considerado para que a lei- tura das ilustrações ganhe cada vez mais sentido. sem determina- das referências cult urais. Quando nos damos conta disso. 79 . Como identifi camos isso? Várias são as referências. outra convenção a ser analisada é a forma das letras. A onomatopeia “ Oh” aparece escrita com várias letras repetidas e em ondulação. a Lua é de quem? A leitura desse livro sugere diferentes camadas de sentidos que podem ser ampliados pelas referências culturais de seus leitores.gl/Lewzga>. Figura 22 – Imagem de divulgação (Nasa) na qual se percebem elementos visuais utilizados para a produção da ilustração da Figura 21. associado à colonização. tanto pelas cores utilizadas como pelo fato de ambas esta- rem fi ncadas na Lua. podemos ver parte do planeta Terra. e uma dica importante é saber que nosso planeta é azul. Fonte: <http://goo. e. Ele está pisando na Lua. Afi nal. em seu momento mais sonolento. Ao relacionarmos a cueca que vemos na ilustração do livro à bandeira norte-americana. remetendo ao som do bocejo e ao movimento do corpo que se espreguiça. voltamos à ilustração do astronauta e lem- bramos de Neil Armstrong. percebemos uma ironia frente ao gesto de marcar ter- ritório com uma bandeira. que pode ser vista na Figu- ra 22. Na página da direita. que mostra um astronauta bocejando. norte-americano que pisou na Lua. míticos ou históricos. altamente divulgada pela imprensa.Na Figura 21. ao fundo. vemos uma ilustração do livro Bocejo. e da imagem do seu feito. de Ilan Brenman e Rena- to Moriconi. As ilustrações desse livro nos remetem a outras referências culturais e mostram diversos personagens. Pesquisa sobre outras culturas. Na Figura 23. para compartilhar com a comuni- dade escolar os projetos com os livros. sua capa. Sempre é importante destacar. começando com uma pesquisa feita pelo professor e que envolva as crianças e suas famílias. Um mural sobre a leitura de um livro pode ser feito com referências visu- ais que foram encontradas em pesquisas sobre elementos das ilustrações e também com desenhos das crianças realizados a partir da observação e da comparação dessas imagens. muitos pro- jetos podem ser desenvolvidos. nos murais. numa pesquisa sobre as culturas tais como a indígena e a africana. o livro. para que os sentidos das ilustrações sejam ampliados? Como podemos enriquecer a leitura desse livro com referências culturais mais amplas?A par- tir dessas perguntas sobre ilustrações específi cas. Figura 23 – Ilustração do livro Quando os tantans fazem tum-tum. vemos máscaras variadas. 80 . seus autores e sua editora. Quais são as máscaras que podemos mostrar para as crianças. de Ivan Zigg. de Marcelo Xavier. de Marcelo Xavier. Figura 25 – Ilustrações com massa de modelar. Figura 24 – Ilustrações com massa de modelar. Uma pergunta importante que pode gerar registros visuais interessantes para os murais é: qual a técnica utilizada pelo ilustrador? Massa de modelar? Colagem? Dobradura? Você já deve ter pedido para as crianças desenharem após a leitura de um livro. Asa de papel. Fotografi as das ofi cinas de artes feitas nesse tipo de projeto também enriquecem os murais. Asa de papel. 81 . certo? Que tal variar essa proposta usando técnicas diferentes a partir do que tem nas ilustrações dos livros? In- cremente seus murais com diferentes registros de leitura pro- duzidos pelas crianças. 82 . Tracinhos que indicam movimentos. há outros códigos a serem analisados. e as histórias em quadrinho estão cheias de outros tantos elementos visuais que requerem iniciação. É o que se tem chamado de referências intervisu- ais. observação. dedução. de André Neves. Psssssssssssssiu!. como vimos na Figura 20. Muitas vezes as ilustrações nos remetem a contextos culturais diversos. de Silvana Tavano e Daniel Kondo. são exemplos disso. Além dessas referências a universos culturais que estão representados nas ilustrações. Figura 27 – Minhocas comem amendoins. con- vidando a novas leituras. Figura 26 – Ilustração com traço de desenho. tipos de t ext o como narrativas curtas. Muit os aspectos present es nos livros ainda poderiam ser destacados. e por aí vai. que comeu a minhoca. além de diferentes formas de ler. os livros são objetos mult imodais.Algumas ilustrações representam o que está no interior de algo e que só dá para ver de forma representada. que comeu o passarinho. etc. lápis de cor. por exem- plo. poesias. que comeu um gato. e sugira que as crianças façam seus registros. Depois de ler um livro cujas ilustrações façam referência a elementos específi cos de conhecimento geral. máscaras de tribos indígenas. Por exemplo. estabelecendo comparações. Como essas considerações sobre ilustrações podem nos aju- dar a organizar projetos para a Educação Infantil?Aqui vão al- gumas dicas: 1. gua- che aquarelado. orelhas. obras de arte. 83 . Enfi m. longas. 2. em que vemos o que se passa dentro da barriga do gato. Isso sem falar da elaboração da linguagem. paginação. t ais como o uso de diferent es t ipos de letra. ainda. observar como um mesmo tema é abordado em diferentes livros ou como cada autor aborda um tema com um estilo próprio. ler com adereços. sumário. usando massa de modelar. dicas e sugestões de at ividades que apare- cem algumas vezes nas últimas páginas dos livros. apresenta- ção de aut ores e ilustradores. fotografi as de animais. e muitas são as formas de trabalhar com eles. fotos de divul- gação científi ca. giz de cera. com a ut ilização de bonecos ou outros objet os. Selecione imagens que ampliem o universo visual do livro. tais como ler em capítulos. como na Figura 27. mostre as ilustrações. Repare na técnica utilizada pelo ilustrador e faça uma ofi cina com as crianças para que utilizem a mesma técnica. etc. E. folha de rosto. para fi ns de constituição e organização do acervo e seleção de obras mais adequadas para nossos projetos. os chamados emoticons. em 2001. lançou o livro Muchos libros para niños: un guía para reconocerlos y nombralos (Muitos livros para crian- ças: um guia para reconhecê-los e nomeá-los). Será?Ou será que esse medo é o mesmo que existiu quando inventaram a televisão. a história em quadrinhos. da Venezuela. No entanto. Dizem que as novas mídias vão substituir os livros de papel e que suas páginas vão se reduzir à tela do computador. as narrativas continuam encan- tando. as expressões mais antigas não deixa- ram de existir: artistas continuam pintando. integrando texto verbal e texto imagético de uma forma parecida como que acontece nos livros ilustrados. Cada livro pode ser percebido na sua singularidade. é bom criar alguns critérios. pois um acervo deve garantir o acesso à diversidade ou. a máquina fotográfi ca? Mesmo com todas essas invenções. à bibliodiversidade. apresentamos algumas defi nições de tipos de livros infantis. Muitas des- sas mensagens são feitas com elementos visuais. a necessidade de aprender a ler e escrever só tem aumentado: a internet colocou a escrita na ordem do dia. os livros continuam existindo. não há quem não troque mensagens escritas. É importante saber que a defi nição de tipos de livros é sempre bem genéri- ca. Pensando nisso e na importância de conhecer- mos bem os livros que lemos para as crianças e que disponibilizamos para seu manuseio. com o objetivo de ajudar pro- fessores e educadores a se situarem no universo cada vez mais diversifi cado 84 . No mais. entre outros. A editora Banco del Libro. Atualmente. e isso é o que torna a arte interessante. Conhecer essa tipologia de livros é im- portante. no caso dos livros. não é mesmo? Parece que os livros ilustrados ainda vão existir por muito tem- po e ainda vão ocupar um espaço importante na formação das crianças. O que você pensa sobre isso? Livros infantis: possibilidades de classifi cação O universo dos livros para crianças é bem amplo e inclui livros informativos e de conceitos iniciais. separando- -os entre livros de literatura e livros de informação. e Graça Ramos (2011). os abecedários. que classifi ca a poesia infantil. plástico. Para perceber o que está escrito nesses livros. além dos livros de con- ceito. Aqui serão apresentadas algumas classifi cações encon- tradas nessa publicação por meio de uma tradução livre e acrescida de ou- tros estudos de pesquisadores. catálogos e listas de premiações. ilustrados na maioria das vezes e. A vantagem da classifi cação encontrada na associação Banco del Libro é que ela propõe uma primeira grande distinção entre os livros infantis. tais como Maria da Glória Bordini (1986). Os livros de informação são muito interessantes para as crianças e muitas vezes se misturam aos li- vros de literatura. num sobrevoo pela produção editorial para a primeira infância exposta em estantes de livrarias. que estuda a ilustração. Também foi utilizado o Glossário Ceale: termos de alfabetização. Essa primeira distinção é importante principalmente quando são considera- dos os livros para as crianças de zero a três anos. para as defi nições de livro-brinquedo e de livro de imagem. percebem-se livros de pano. em casos de maior investimento na forma. até dicionários. como os livros sobre formas. LIVROS INFORMATIVOS: Os livros informativos têm por objetivo principal veicular conceitos. indo dos mais simples. carto- nados. pois. enciclopédias. livros-brinquedos. os livros de contar e as biografi as como livros infor- mativos. A associação Banco del Libro considera. Os livros informativos vão desde os livros de conceitos iniciais feitos para bebês. com abas a serem levanta- das. rimas.dos livros infantis. Os bons livros informativos destinados a crianças possuem grande 85 . tamanhos. por terem ilustrações e tratamento gráfi co semelhantes. Câmara Cascudo (2001). com dobraduras que simulam imagens em três dimensões. com o vocabulário básico do seu cotidiano. Palavras. substituindo a visão periférica. leitura e escrita para educadores. até os mais elaborados. que estuda os contos tra- dicionais brasileiros. contrários. transmitir conteúdos. como livros didáticos e revistas de divulgação científi cas feitas para crianças e jovens e que merecem ser relacionadas numa biblioteca bem organizada. por um olhar mais atento. é preciso ajustar o foco. almanaques e outras propostas já tradicionais. A primeira sinaliza- ção a ser feita então é sobre a natureza do texto e sua função. atraída apenas pela forma. cores e texturas. textos pequenos ou mesmo imagens de- sacompanhadas da escrita escondem propostas informativas ou utilitárias nas quais o adulto desatento procura a literatura infantil. sendo muitas vezes transmitidas oralmente e eventualmente adaptadas para a forma escrita. que podem ser fantásticos. As narrativas também podem ser classifi cadas quanto à sua ori- gem: i) popular. quando é possível identifi car quando foi escrita e quem escreveu. que também podem estar mais ligadas à re- alidade. que são narrativas ligadas à cosmogonia.qualidade artística e empregam recursos poéticos e visuais que acrescentam valor literário à proposta preponderante de informar. Entre as narrativas autorais. Os livros que ensinam técnicas e formas de fazer se incluem nessa categoria. policiais e roman- ces críticos que tematizam questões sociais como o racismo e a segregação. podem ser di- vididos em três grandes gêneros: narrativa. cuja autoria não é possível identifi car. do demônio logrado. de animais. estão as crônicas. Também existem os contos tradicionais. facécias. origens de tradições. LIVROS DE LITERATURA: Os livros de literatura. como os contos de fadas contemporâneos. de adivinhações. e as lendas. religiosos. e ii) autoral. Além desses. entre outros fatos. Câmara Cascudo (2001). as narrativas podem ser sub- divididas entre narrativas fantásticas (que trazem acontecimentos sobrena- turais) e narrativas realistas (com acontecimentos que respondem à lógica racional). em seu livro Contos t radicionais do Brasil. como os contos de fadas. de exemplo. e também histórias de detetive. A luta contra o 86 . que contêm elementos fantásticos para explicar situações cotidianas. os contos e as novelas. As narrativas autorais também podem ter um caráter mais fantástico. classifi ca os contos populares da seguinte forma: contos de encantamento. A origem das narrativas também revela aspectos da cultura e da história da sociedade onde surgem. Entre as narrativas de tradição popular encon- tram-se os mitos. de natureza denunciante. por sua vez. acumulativos. como as aventuras históricas que demandam do autor pesquisa de fatos e personagens reais. inquietantes e agressivas. como as histó- rias de astúcia e esperteza. Essas três gran- des divisões no campo da literatura estão postas desde Aristóteles e valem também para os livros das crianças. Acrescentam-se a essa divisão clássica os livros de imagem. existe o livro instrucional – um exemplo bem conhecido são os livros de receita culinária. de pícaros e charlatões. a fi cção científi ca e relatos de terror baseados em forças sobrenaturais. Narrat ivas: Considerando a literatura infantil. ou realistas. da morte e da tradição. poesia e teatro. servem para nomear as partes do corpo. entre outros. Poesia: A poesia infantil tem subdivisões.mal é outro fi lão de narrativas heroicas e épicas. Brincos: são poemas dirigidos à criança pequena. muitas vezes. das onomatopeias. No Brasil. podem-se acrescentar o cordel e as poesias da primeira infância. como as convenções gráfi cas dos balões. têm ênfase no ritmo e no andamento e são associadas a jogos de coordenação e a motricidade. cujo conteúdo ameaçador é equilibrado pela pes- soa que representa a proteção do adulto. como sonhos ou mundos fantás- ticos. diferentes tipos de letra. implicam regras e a presença de outras crianças para que a brincadeira aconteça. destaca-se o estudo de Maria da Glória Bordi- ni (1986) sobre as poesias de tradição popular. ainda que conte com recursos próprios. o adulto canta-lhe bai- xinho canções. também recheiam as narrativas infantojuvenis. Podem ser igualmente autorais e populares. Entre as populares. Exem- plos:“ Dedo mindinho” . Exemplo: “ Boi da cara preta” . acompanhados de carícias ou toques. A história em quadrinhos de certa forma pode ser encaixada nessa catego- ria. em que a autora apresenta a seguinte classifi cação: Acalantos: embalando o bebê nos braços. “ Janela. janelinha” . associando o corpo à palavra. desde a Idade Média até os dias atuais. Exem- plo:“ A aranha arranha a jarra” . Os brincos. As brin- cadeiras de roda. É uma arte sequencial que justapõe imagens pictóricas e outros elementos visuais para formar uma narrativa. assim como as aventu- ras “ pós-fi m do mundo” e de sobrevivência a possíveis formas de apocalipse. É mais importante repetir o fonema do que encontrar o sentido da poesia. Relatos de universos paralelos. A ênfase está no som. Trava-língua: são poemas que jogam com a reduplicação de fone- mas de difícil articulação. Cantigas de roda: são músicas que acompanham jogos corporais das crianças mais velhas. como instrumentos de socialização. 87 . que deve ser feita com atores ou bonecos. Quadras: conjunto de quatro versos que rimam entre si. Existem os textos trágicos e os cômicos. Muitas vezes apresentam o tema amoroso. feijão com arroz” . Teat ro: O texto teatral é aquele que não tem narrador. Apresentam re- lação corpo-palavra. como nos brincos. nos quais a narrativa se desenvolve por meio das ilustrações. No Brasil. ou libro álbum. uma classifi cação importan- te diz respeito à função da ilustração. pois são sobrevivência da lí- rica dos trovadores medievais. dois. mas sua temática dá ênfa- se maior à relação da criança com o mundo. acalmar e divertir crianças. esses livros são chamados picturebooks. constituem incógnitas a serem descobertas. vem crescendo consideravel- mente a produção de livros exclusivamente de imagens. Operam por analogia. Por meio de descrições de objetos ou de animais. valem as classifi cações dos livros quanto ao texto verbal. a sabe- res sobre a natureza: “ Hoje é domingo” . Parlendas: são versos de cinco ou seis sílabas. escolher quem deve iniciar um jogo ou os que devem tomar parte numa brincadeira. Muitas relacionam-se à contagem: “ Um. Livro de imagem: No caso dos livros para crianças. Na língua inglesa. Nesse caso. Adivinhas: são como enigmas. como visto anteriormente. Os livros podem trazer um texto verbal independente da ilustração: diferentes edições de um mesmo livro podem ser ilustradas por artistas diferentes sem prejuízo para a compreensão do texto verbal. na lín- gua espanhola. bem como de livros que combinam texto verbal e visual de tal forma que um depende do outro para existir. Também há nuanças de riso e fol- guedo. também podendo ser subdivididos entre po- pular e autoral. recitados para en- treter. esses dois tipos de livro estão classifi cados como 88 . à transmissão de regras de convívio e escolhas aleatórias: “ Uni. Mais recentemente. São sempre rimas ou ditos educativos ou satíricos e não têm música. duni. ou de narração de acontecimentos comparados a outros conjuntos equivalentes. tê” . no refrão e na rima entre seus quatro versos. com algumas marca- ções para dirigir a cena. A história é contada por meio das falas dos personagens em discurso direto. Sua estrutura é baseada no paralelismo. que vem chamando a atenção de jovens e adultos. Esses são fragmentos do verbete elaborado pela professora Celia Abicalil Belmiro. acrescidos.] A produção contemporânea tem mostrado uma tal sofi sticação. tais como o abandono da lineari- dade e a alusão a outras obras de arte. criando diferentes pú- blicos para ela e a quebra de fronteira entre cultura popular e alta” (RAMOS. Para Graça Ramos (2011)..gl/ioIQhb>. constituindo um outro grupo de ávidos leitores de livros de imagens (BELMIRO. nas técnicas de ilustração. assim como mudanças no tratamento da narratividade. [. que permite a escolha de vários caminhos para compreender a obra. “ A multiplicidade de signifi cados. cuidado e complexidade na elaboração dessas narrativas visuais.]o livro de imagens explora recursos visuais e características particulares da imagem.livros de imagem. do recurso verbal. por vezes. [. 2011). sendo o leitor convidado a ler o livro como um quebra-cabeça.. As transformações pelas quais o objeto livro vem passando dão margem a novos gêneros e novos modos de operar com a realidade fi ccional. [. 2014). dos tipos de letra. marcam esse tipo de livro.] Constitui-se como uma narrativa visual. Como expressa Celia Abicalil Belmiro.. 89 . entre outros recursos gráfi cos. que pode ser acessado na íntegra pelo link <http://goo... no interior do livro de imagem podem ocorrer diferenças no tratamento do formato da página.. que aproxima duas condições básicas para sua realização: a dimensão temporal (sequência linear das imagens) e a dimensão espacial (a lógica de organização espacial dos elementos que compõem as imagens). pela acessibilidade a suas formas de escrita. São livros em que o projeto gráfi co se diferencia. “ vivos” . o livro-brinquedo pode incentivar o gosto pelos livros. aos bebês. as páginas são cortadas de forma variada. Livro-brinquedo: são livros que se transformam em objetos. destinados. impondo novas formas de dobrá-las ou folheá-las. alguns detalhes são cobertos com abas. interativos. a crianças de zero a dois anos e às primeiras explorações dos leitores que ainda estão se familiarizando com o folhear das páginas e da matéria de que são feitos os livros. fomentar a apreciação e estimular a leitura antes mesmo da alfabetização. jogos cognitivos e motores.gl/vam51k> 90 . porque leva a criança a relativizar o que sente e entende da obra. aliado ao letramento literário. a sugestão da associação Banco del Libro é de que sejam considerados: Livros cartonados: de material resistente. descobertas. Ver: <http://goo. ou de abas. algumas páginas são mais estreitas ou mais largas. entre outros. e os minilivros cabem em suas mãos. como teatrinhos. Na prática pedagógica. Estimulam a manipulação das páginas. casa de bonecas. mas também se destinam a leitores de todas as idades. Livros cortados: conhecidos também por pop-up books. A interação com esses recursos pode promover movimentos. Estes são fragmentos do verbete elaborado por Ana Paula Mathias de Paiva. as ilustra- ções simulam três dimensões. sendo que o tamanho do livro pode ou não interferir na produção de senti- dos proposta no todo da obra. surpresas. prioritaria- mente. Livro gigante e minilivro: os livros gigantes sugerem explorações de corpo inteiro dos bebês.Quanto à forma do projeto gráfi co. não falta criatividade. Quando são feitas rodas de conversa. Não cabe aqui fechar a questão. Não é intenção esgotar todas as possibilidades de classifi cação dos livros ou criar uma taxinomia para os livros infantis. A própria natureza da linguagem que se funda na interdiscursividade sugere aberturas para textos metalinguísticos. como quando o leitor pode escolher o fi nal ou mudar a ordem dos capítulos. as crian- ças indicam caminhos inusitados para projetos e nos surpreendem. por exemplo. intertextualidades. Tanto o livro que será lido em voz alta como os livros que serão disponibilizados para as crianças devem passar por uma leitura prévia do professor. características que hibridizam os tipos de texto. deparei-me com uma mesa cheia de livros deixados por um divulgador para possível compra para as escolas. em Alagoas. O que fi ca cada vez mais claro nas conversas com professores que usam livros na sua prática pedagógica é que o primeiro e importantíssimo passo de um projeto com livros é a leitura prévia feita pelo professor. quando os professores se interessam pelos livros in- fantis. O caso da relação entre ilustração e texto é um bom exemplo das transformações culturais pelas quais passam os li- vros. mas refl etir sobre como essas classifi cações es- tão sendo reveladas nos espaços dos livros e como as crianças se apropriam ou não desses conhecimentos em suas leituras iniciais. Certa vez. propondo análises combinatórias que se potencializam com as novas ferramentas digitais. Livro-jogo: são livros em que a própria leitura sugere um jogo. Eram livros destinados. intervisu- alidades. o que torna o trabalho com os livros sempre muito rico de possibilidades. Compartilhando experiências Tenho observado que. 3. pois percebem detalhes nos livros que nos passam despercebidos. 91 . Essa é uma estratégia de ampliação de referências importante para os projetos. convidada para coordenar um grupo de estudos sobre leitura e escrita na Educação Infantil pela Secretaria Municipal de Educação de Ma- ceió. até porque eles estão sempre em processo de transformação. E você? Já comentou um livro antes de levá-lo para as crianças? Essa não é uma fi cha defi nitiva e deve ser adaptada à realidade de cada professor. a crianças de zero a três anos de idade. muitos professo- res gostam de dar seu parecer sobre os livros. pela empatia que provoca em cada um. Para realizar essa atividade.a princípio. três tipos de livro foram considerados: livros de litera- tura. Para elaborar essa fi cha. livros informativos e livros técnicos (que são aqueles que chegam às escolas direcionados aos professores). Roteiro de avaliação de livros de literatura ou informativos I . uma vez que a escolha de um livro passa muito pelo gosto pessoal. Procuramos resumir bem a fi cha para que fosse usada de forma rotineira pelos professores e para que se acostu- massem a emitir um parecer sobre o livro antes de usá-lo com as crianças ou mesmo antes de comprá-lo para as escolas. Os critérios de seleção dos livros técnicos não foram objeto de estudo. Essa fi cha tem sido apresentada em cursos e encontros de formação. Como selecionar um acervo?Como escolher livros para as crianças?Dessas conver- sas.CABEÇALHO Parecerista:_________________________________________ Título da obra: ______________________________________ Autor: _____________________________________________ Ilustrador: __________________________________________ Editora: ____________________________________________ Cidade/Estado/Ano/Edição: ____________________________ 92 . desejando que o hábito de ler os livros antes de trabalhar com eles junto às crianças seja cultivado. resultou a elaboração coletiva de uma fi cha de avaliação de livros. Quando realizamos ofi cinas de leitura de livros. Compartilho com vocês o resultado dessa expe- riência. consulte o item acima “ Livros infantis: possibilidades de classifi cação” . e muitos professores demonstram interes- se por ela. Iniciei a conversa com os profi ssionais da secretaria argumentando sobre a necessidade de reali- zarmos uma leitura prévia do material que estava sendo divulgado. Por exemplo: poemas. São histórias de astúcia e esperteza. poema concreto. adivinhas. Caso o livro seja literário. contos tradicionais fantásticos. – Narrativa realista popular ( ) Não é possível identificar o autor. prosas rimadas. Quanto ao gênero: 1. – Narrativa fantástica autoral ( ) O autor é identificado e narra acontecimen- tos sobrenaturais. como rimas. Narrat iva – Narrativa fantástica popular ( ) Narra acontecimentos sobrenaturais. brincos. trava-línguas. selecione: A. cantigas de roda. II . inquietan- tes e agressivas.1. Exemplo: mitos. contos cumulativos.1. brincadeiras com os signifi cantes. Poesia ( ) Incluem-se aqui todos os textos que apresentam um trabalho com a linguagem. LITERÁRIO ( ) 2. lendas. B. cordel.O LIVRO É PARA SER LIDO/MANUSEADO: ( ) pela criança autonomamente ( ) mediado pela professora ( ) pela professora e pela criança autonomamente e dependendo da situação III . INFORMATIVO ( ) 3. fábulas. acalantos. Os acontecimentos respondem à lógica racional. Por exemplo: contos de fadas contemporâneos.CARACTERIZAÇÃO DA OBRA: 3. Por exemplo: Pedro Malasartes 93 .1. parlendas. formas específi cas em verso e ritmo. a fi cção científi ca e relatos de terror baseados em forças sobrenaturais. cuja autoria não pode ser identifi cada. apólogos. de pícaros e charlatões. 2. contos e novelas que narram aventuras históricas ou aventuras de detetive. O tema é tratado de forma provocadora e aberta. A história é contada por meio das falas dos personagens em discurso direto. identifi que: A. com algumas marcações para dirigir a cena. deixando pontos de indeterminação para serem preenchidos pelo leitor? ( ) sim ( ) não E. pela relação que se estabelece entre texto verbal e imagem que permite a escolha de vários caminhos para compreender a obra. Teat ro ( ) Não possui narrador. O que caracteriza o livro de imagem é a multiplicidade de signifi cados. O texto amplia as referências estéticas sobre a realidade. – Narrativa realista autoral ( ) Crônicas. algumas vezes. que deve ser feita com atores ou bonecos. sobre si mesmo e sobre o outro? ( ) sim ( ) não 94 . O tema é tratado sem preconceitos? ( ) sim ( ) não D. D. C. Quanto a qualidade da linguagem literária – considerando a qualidade literária do texto. 3. Livro de imagem ( ) Pode ter exclusivamente imagens ou as imagens podem ser acompanhadas de pequenos textos. possibilitada pela ilustração e. policiais e romances críticos que tematizam questões sociais como o racismo e a segregação.1. O texto oferece um grau de abertura que convide à participação cria- tiva na leitura? ( ) sim ( ) não C. O texto explora recursos expressivos e/ou outros relacionados à enunciação literária de modo surpreendente ou de maneira lírica? ( ) sim ( ) não B. no esclarecimento de informações do texto verbal ou na am- pliação dessas informações?( ) sim ( ) não C.1. As imagens são atrativas?( ) sim ( ) não E. O material é adequado ao manuseio pelas crianças?( ) sim ( ) não G. na orientação da leitura. volume. auxiliando na construção do enredo. Quanto à ilustração e ao projeto gráfi co-editorial (considerar esse item para as duas modalidades de livros) A. gráfi co e funcional?( ) sim ( ) não E. selecione: A. O tipo e o tamanho das letras e a distribuição do texto nas páginas do livro favorecem a leitura das crianças?( ) sim ( ) não 95 . As imagens são marcadas pelo tratamento estético?( ) sim ( )não D. Apresenta autoria. O projeto dá visibilidade e legitimidade à obra. O conteúdo é relevante?( ) sim ( ) não C. A capa é atraente e condiz com a proposta da obra?( ) sim ( ) não F.3. proporção dos corpos dos objetos. Os conceitos são validados cientifi camente?( ) sim ( ) não D. Desperta o interesse da criança?( ) sim ( ) não B. tais como com- binação de cores. tornando-se um convi- te inicial à leitura através do que está proposto como formato táctil. contribuem para a construção de sentidos? ( ) sim ( ) não B. fonte bibliográfi ca e outros indícios de que as in- formações sejam respaldadas cientifi camente?( ) sim ( ) não 3. Os recursos empregados na elaboração das imagens.2. As imagens dão informações complementares (que não constam no texto verbal). além da sequência de imagens e sons.3. Caso o livro seja informativo. ou ainda 96 . Os dados sobre o autor e/ou outras informações anexadas à obra a con- textualizam no universo literário e/ou informativo? ( ) sim ( ) não IV – PARECER CONSOLIDADO _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Depois de escolher os livros com os quais vai trabalhar. Conte e reconte Crianças adoram brincar de faz de conta. Quanto mais diversifi car. Veja essa cena em que um bebê conta história para outros da mes- ma idade: <https://goo. logo usam fórmulas como “ Pronto. veja uma sugestão de como dinamizar o trabalho com acervos. Lem- bre-se de que o interesse das crianças é o melhor indicador de que você está indo pelo caminho certo. adaptando a proposta a seguir e inventando outras. as crianças imitam as ações que observam serem realizadas por pessoas do seu convívio. Com os livros não é diferente: elas “ fazem e contam” . H. melhor! Você pode e deve procurar sua forma de trabalhar com os livros e com as crianças. Desde muito pequenininhas. imitando as leituras dos adultos. A proposta apresentada a seguir já foi realizada por uma professora e pode ser desenvolvida com crianças de to- das as idades. acabou a história” ou “ E viveram felizes para sempre” . Quando começam a inventar suas narrativas ou a recontar histórias ouvi- das em leituras que os adultos fi zeram para elas.gl/AWGoHg>. bastando adaptá-la à sua realidade. são marcadores temporais. “ Depois” .simplesmente “ E fi m” . Entre muitas descobertas. com um pouco de costu- me de ouvir contos de fadas. mais tarde. pesquisa na qual descreveu o desenvolvimento do discurso narrativo pelas crianças. você irá se surpreender com a importância do ato de ler para crianças desde a mais tenra idade (PERRONI. adquiridas por meio da experiência de ouvir histórias. As crianças vão incorporando e ajustando as construções sintáticas/semânticas das histórias tradicionais aos próprios textos. “ Foram felizes para sempre” . sobretudo na fase dos três a quatro anos. a autora constatou a importância das histórias tradicionais na aquisição das estruturas narrativas. Essa importância foi evidenciada pela presença dos marcadores linguísticos ou operadores de narrativas. Essas fórmulas marcam o tempo da narrativa. Essas “ macroestruturas” linguísticas. Um marcador temporal bem comum é “ Muito tem- po atrás” . tais como “ Era uma vez” . etc. logo o “ Era uma vez” começa a ser usado nas narrativas pelas crianças. suas experiências e. para narrá-las. “ Um belo dia” . passam a ser usadas pelas crianças para organizarem suas lembranças. “ Então” . Para começar as histórias. Maria Cecília Perroni publicou. 1992). em 1992. “ Daí” . 97 . Leia a obra completa. Outras narrativas que podem ajudar são Duas festas de Ciranda. Os contos da tradição oral costumam ter fórmulas bem marcadas para mostrar a passagem do tempo. Figura 28 – O Rei Bigodeira e sua banheira. a cada momento do dia seus súditos têm uma ideia para tirá-lo de lá. do acervo do PNBE 2008. Leia um livro a cada dia. nada como os contos tradicionais. Como o rei passa o dia em sua ba- nheira. enriqueça a hora da Roda de Leitura com eles. marcada com expressões como “ Quando o sol já estava alto” e “ Antes do almoço” . Branca de Neve e Cachinhos de ouro. coloque ênfase nele. destacando os marcadores temporais com o uso de uma voz diferente. Já pensou em fazer um projeto com o objetivo de ampliar o re- pertório de marcadores temporais com as crianças?Para isso. de Audrey Wood. 98 . uma entonação especial. de Audrey Wood e Don Wood. Se você conhecer alguns “ causos” ou contos da tra- dição oral. Um livro ótimo para começar esse projeto é O rei Bigodeira e sua banheira. por exemplo. Quando aparecer um “ de repen- te” . Selecione livros com histórias em que a passagem do tempo possa ser percebi- da. Destaque a passagem do tempo. Figura 30 – Branca de Neve. Combine com as crian- ças para que elas repitam com você os marcadores temporais. Depois de ler a cada dia da semana um desses livros. na hora em que você estiver lendo para elas. Adaptação de Laurence Bourguignon e ilustrações de Quentin Gréban. Figura 29 – Duas festas de ciranda. para que as crianças escolham aquele de que mais gostaram. pergunte quem quer recontar para os cole- gas um dos livros do projeto. na sexta-feira. peça. Adaptação de Ana Maria Machado e ilustrações de Ellen Pestili. de Fábio Sombra e Sérgio Penna. Depois. Figura 31– Cachinhos de ouro. de Jacob Grimm e Wilhelm Grimm. Favoreça que as crianças usem as ilustrações para 99 . esperando a iniciativa de algum professor para abri- -las. Isso atrapalha a entrega dos livros. sem que houvesse troca de informação por meio do Censo Escolar. observe se o repertório de marcado- res temporais está sendo usado pelas crianças e registre as conquistas de cada criança em termos de ampliação de reper- tório para a criação de narrativas ou recontos. Poucas vezes aconteceu. Observe. Estimule que passem as páginas dos li- vros. É importante que as crianças estejam se- guras para recontar uma história na frente de todo mundo. que é feita pelos Correios. É incrível. Algumas vezes. Será que vai dar certo?Avalie se seus objetivos foram atingidos. os professores relatam que houve uma verdadeira “ caça ao tesouro” para encontrá-los. Algumas crianças podem preferir recontar na hora da Leitura Livre. Para início de conversa. Um problema no telhado ou outra situação relacionada à infraestrutura do prédio pode ter gerado a necessidade de mudar a escola de endereço. regis- tre e refl ita sobre a proposta. Registre falas das crianças que você considere signifi cativas e explique por quê. as caixas de livros do PNBE ainda estavam em salas como a da coordenação ou da direção. Deixe as crianças bem à vontade e não obrigue ninguém a participar como “ contador de histórias” para o grupo. faça um pequeno texto de uma lauda ou duas sobre a presença dos livros do PNBE na sua escola. mas essa expressão já apareceu em muitos lugares diferentes em nosso país. Procure realizar as seguintes tarefas: 1. Refl exão e ação Está na hora de você avaliar sua prática. Você sempre sou- be da existência desse programa? Os livros sempre chegaram sem problemas?Em muitos cursos.apoiar a memória das histórias ouvidas. Verifi que se sua escola está com os dados atualizados no Censo Escolar e continue sua “ caça ao tesouro” até 100 . A notícia boa é que acharam o “ tesouro” . 4. mas acontece de ter havido mudança de endereço da escola. Na hora da Leitura Livre. sozinhas ou entre seus pares. É um lugar onde se guardam objetos que. cronograma. Ao longo desta unidade. “ co- loque sal ao seu gosto” . converse com colegas e troque essas experiências. com capa. e aqui você 101 . como foi que você encontrou esses livros. Avalie se atingiu seus objetivos. sistematize e sintetize em quatro ou cinco slides para apresentar em seminário durante o curso. Não precisa fazer exatamente como propos- to nesta unidade. num breve texto. for- mam uma coleção. Lembre-se de dar o seu acabamento e justifi car suas opções. Não se esqueça das referências bibliográfi cas. 5. e) um pro- jeto que teve como objetivo a ampliação dos recursos narrativos das crianças. encontrar os livros do PNBE. Para tanto. várias propostas de atividades e projetos fo- ram sugeridas. Aprofundando o tema Você já ouviu falar sobre um repositório?Essa é uma palavra antiga que tem sido usada com um sentido totalmente novo. registre. Registre e avalie como você realizou algumas dessas atividades: a) uma Roda de Leitura. Como nas receitas culinárias. 3. registre seu projeto de forma con- vencional. pois aqui foram apresentadas sugestões e linhas gerais. registrar e apre- sentar para o grupo. b) um momento de Leitura Livre. organizados. Que tal começar a fazer seu repositório. Então. e que agora está relacionada às novas mídias. em grupos. Crie e adapte ao seu modo. colecionando alguns objetos encontrados na internet? Já adiantei o serviço. d) uma leitura para pequenos grupos de crian- ças para observar ilustrações olhando juntos para o livro. registro das ses- sões realizadas com fotografi as e relatos das falas. c) um mural ou evento na escola. Destaque se você conseguiu estabelecer parcerias e socialize seu projeto. tema. sumário. Escolha uma proposta para realizar. 2. Além disso. gestos e ações das crianças. Depois. Aproveite também para avaliar seu empenho em estabelecer parcerias com a equipe da escola para a utilização dos livros nos seus projetos. pois traz textos excelentes com muitas sugestões de atividades com os livros selecionados em 2014. é entrevistado (p. tais como a busca da identidade. confl itos do novo contra o velho e temas clássicos. destaca os recursos do autor para demonstrar a passagem de tempo (p. acessando <http://portal. Disponível em: <http://goo. 11). 2009b).gl/n3Qvkp>.mec. MEC. Disponível em: <http://goo. Ele defende que nossa cultura tem origem na tradição oral e que esta deveria ter mais presença na escola. Não deixe de ler o Guia 2 – Educa- ção Infantil. Ele entende que a literatura infantil é uma ramifi cação de uma “ literatura popular” . Na opinião do autor. Unesco. Procure também as publicações re- ferentes aos livros para a Educação Infantil do PNBE e as revistas Leituras e Criança. Veja quais são os livros que há na sua escola. faça uma primeira vi- sita. 6-9).br>. em outra seção da revista. Lá você encontrará as Dire- trizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL. confl itos e ambiguidades que cada um tem dentro de si. Maria José Nóbrega. Disponível em: <http://goo. Sobre a história do PNBE até a seleção de livros feita em 2008. autor de livros sobre o folclore brasileiro para crianças.gl/XP7XmI>. 2006.gl/jp0THH>. A coleção PNBE na Escola: Literatura Fora da Caixa também é leitura que aprofunda o conhecimento sobre o PNBE. O número da revista Leituras sobre contos populares é bem interessante. e na página 39 sugere o projeto “ A leitura de cada dia” . Procure o link para a Secretaria de Educação Básica e identifi que as publicações. Se você ainda não conhece. Brasília: SEB. 102 . Procure observar o ca- tálogo de livros e veja se sua escola tem esse material. quando pela primeira vez a Educação Infantil foi contemplada com acervos de literatura infantil. leia Literatura na infância: imagens e palavras. marcada pela oralidade e por temas universais amplos. a literatura trata de assuntos subjetivos. Ricardo Azevedo.gov. LEITURAS. Repositório No Portal do MEC você pode encontrar várias publicações importantes so- bre a Educação Infantil.encontra links de materiais que serão úteis para você fazer uma refl exão so- bre sua prática. ou se você conhece alguns livros. com que você com certeza tem familiaridade. que relaciona literatura. COELHO. Acesso em: 7 dez. KRAMER. Revis- ta Criança do Professor da Educação Infantil. Disponível em: <http://goo. não deixe de incluir a Revist a Emília (www. Para entender que as crianças expressam sua relação com a cultura não só por meio das palavras. dependendo da ótica pela qual sejam olhadas)” (p. aí vão duas suges- tões de fi lmes: 103 . O conto de fadas. leia o artigo de Nelly Novaes Coe- lho. luta pela preservação física. disponível em: <http://goo. mas principalmente de forma sinestésica (por gestos. A autora percebe os contos de fadas como histórias baseadas nas necessidades humanas. vontade de poder. publicado na revista Criança. o imaginário infantil e a educação. tomando consciência dos valores que construímos e das condições de compreensão do mundo que oferecemos às crianças. Revista Criança do Professor da Educação Infantil. etc. posturas. A reportagem nos ajuda a pensar sobre o fato de que não podemos mudar o mundo.gl/SRIƟ u>. Nelly Novaes.Sobre a relação entre fi cção e afetividade. que é do conselho consul- tivo da revista.br). Manuel J. Disponível em: <http://goo. e saber mais a respeito dos estudos da sociologia da infância sobre as formas como as crianças lidam com a cultura e produ- zem cultura. 2015. p. mas podemos mudar o nosso mundo. 12). Como um repositório não é feito só de artigos e revistas. cultura. desejo de ser aceito pelo outro. desenhos. Para ampliar seu reposit ório. Sonia. Quando essas necessidades são frustradas. Disponível em: <http://goo. Acesso em: 7 dez. 5-8. Yolanda Reyes. formação de professores e alfabetização na Educação Infantil. 12-14. Revist a Criança do Professor da Educação Infantil. No número 39 da revista Criança encontra-se uma entrevista realizada com Sonia Kramer. tais como autorrealização. 2015. Acesso em: 7 dez. não deixe de ler: SARMENTO.).gl/BSIlYC>. Entrevista concedida a Angélica Miranda. 5-8. Culturas infantis e di- reitos das crianças. 2015. p. 2005.com.gl/a94lQT>. p. tantas ve- zes terríveis e incertas” . Leia “ A substância oculta dos contos” . 2005.gl/1GdExO>. 2007.revistaemilia. Aprendendo com a criança a mudar a história. afi rma que a substância oculta dos contos é “ esse poder das palavras para dar nome e sentido às realidades interiores. “ geram as tragédias (ou comédias. . O fi lme nos faz refl etir sobre o sig- nifi cado da casa..A CASA de pequenos cubinhos. Lucas vive com o avô num sítio. color.. Roteiro e direção: Kunio Katô. mas passa a enxergar nas palavras escritas as memórias que seu avô lhe deixou. Refl etindo sobre sua prática Para Cecília Bajour (2012. tanto como lugar do zelo cotidiano quanto como morada das recordações. na cidade. O curta-metragem conta a história do morador de uma casa que sofre inun- dações com o aumento do nível do mar. O uso de tintas aquareladas reforça as relações entre água e inconsciente. A LÍNGUA das coisas. 47). 104 .gl/5h8q3m>. Disponível em: <http:// vimeo. Acesso em: 7 dez. De volta ao sítio. não aprende a escrever. Brasil. O brinde feito ao fi nal traz a cor ver- melha do vinho como metáfora das recordações amorosas que aquecem o ambiente e o coração.). Através de descrições e relat os sobre o que acont ece na prát ica com as crianças. 2015. Cecília Bajour defende que escutar o que os professores registram de suas prát icas com as crianças é uma import ant e est rat égia para a formação docent e. Lucas. 2008. “ sondar o que acont ece com os leit ores quando falam de livros se torna uma construção de conhecimento” . melancolia e memória. Japão. Lucas não encontra mais seu avô. só registra desenhos e sinais que ninguém compreende. que ouvia histórias de seu avô “ pescadas” na água ou “ colhidas” nas árvores. Acesso em: 7 dez. t endo em vist a a produção de saberes sobre lit erat ura e leit ura. color. a autora propõe encont ros para compart ilhar regist ros sobre o que as crianças falam de livros e leituras. son. Como est rat égia de formação de professores. Disponível em: <https://goo. 12 min. Animação. Realização: Caraminho- las Filmes. 2015. Vídeo (15 min. son. p. até que sua mãe vem buscá-lo para morar na cidade grande. 2008. os professores podem conversar. quando vai para a escola.com/90180624>. Roteiro e direção: Alan Minas. reflet ir e analisar com seus colegas. Cecília.gl/5ivz5y>. Ampliando o diálogo Para aprofundar o tema. disponíveis na internet. p. selecionei dois textos. Tradução de Alexandre Morales. Rildo (Co- ord. É importante começar a registrar o que as crianças produzem nas interações com as leituras. o ambiente. 2010. de Patrícia Corsino. v. um artigo e uma entrevista. Esclareça a estratégia utilizada para o registro: usou de fotografi a? Filmou ou gravou a situação? Fez anotações num caderno? Além disso. Aparecida. procure registrar situações em que as crianças estejam com os livros e traga para a sala para uma conversa sobre a experiência de leitura das crianças. sendo que o mais importante é registrar o que de fato as crianças falam. descreva em linhas gerais qual era a proposta. Literatura: ensino fundamental. Francisca. a quantidade de pessoas e outras informações que sejam relevantes. O segundo texto tam- bém traz questões relacionadas às práticas de leitura literária na Educação Infantil. qual livro foi utilizado. (Explorando o Ensino. Literatura na educação infantil: possibilidades e amplia- ções. 6. Na entrevista com Yolanda Reyes. Ela explica o que tem feito em torno de uma bebeteca. a autora traz sua experiência so- bre as expectativas dos pais em relação à alfabetização na Educação Infantil e o que ela entende sobre quais são os alicerces para a leitura e a escrita.Pensando nisso. CORSINO. 183-204. 2016. sempre sem perder de vista a afetividade. BAJOUR. São Paulo: Pulo do Gato. MACIEL. destaca-se por trazer eventos de pesquisa com crianças. COSSON. O primeiro. 20). Disponível em: <http://goo. Brasília: Ministério da Educa- ção. Acesso em: 3 jan. In: PAIVA. considerando o que esperar das crianças em diferentes idades. 105 . 2012. Patrícia. Ouvir nas entrelinhas: o valor da escuta nas práticas de lei- tura. Secretaria de Educação Básica.). In: PAIVA. Parecer CNE/CEB n. 1986. BORDINI. COELHO. Literatura: ensino fundamental. São Paulo: Ática. VAL. de 27 de dezembro de 2009. CORSINO. Brasília: CNE. Brasília: Ministério da Educação. 7. Referências BANCO DEL LIBRO. 2001. Triângulo amoroso na primeira infância. Maria da Graça Costa. Brasília: CNE. leitura e escrita para educadores. Disponível em: <http://goo. Caracas: Banco del Libro. BELMIRO. p. de 11 de novembro de 2009. Entrevista concedida a Gabriela Romeu. Secretaria de Educa- 106 . 12-14. A psicanálise dos contos de fadas. 2009b. Conselho Nacional de Educação. Disponível em: <http://goo. ed. Maria da Glória. Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. 2015. Acesso em: 7 dez.). Patrícia. Emília.gl/SRIƟ u>. Glossário Ceale: termos de alfabetização. BRASIL.). BETTELHEIM.REYES. Belo Horizonte: FaE-UFMG. Bruno. Ministério da Educação. Francisca. Nelly Novaes. Revis- ta Criança do Professor da Educação Infantil. gl/1NyIN9>. Literatura na educação infantil: possibilidades e ampliações. 2014. BREGUNCI. Resolução CNE/ CEB n. 2012. Contos tradicionais do Brasil. 1980. Maria das Graças de Castro (Org. 2005. Ministério da Educação. Yolanda. O conto de fadas. São Paulo: Global. 2001. Acesso em: 7 dez. 7. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacio- nais para a Educação Infantil. CASCUDO. Aparecida. Câmara. MACIEL. 20/2009. 2015. 203-204. BRASIL. 2009a. Livro de imagens. 05. Conselho Nacional de Educação. o imaginário infantil e a educação. 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Aprendendo com a criança a mudar a história. Disponível em: <http://goo. Maria Cecília.). Acesso em: 3 jan.]: John Benjamins.l. 20). KRAMER. KOMAGATA. 49-59.) O que é qualidade no livro infantil e juvenil: com a palavra o ilustrador. 5-8. p. VAL. Acesso em: 7 dez. Odilon. 2007. Um redondo pode ser quadrado?. Publicações do MEC sobre o PNBE na Educação Infantil PAIVA. 5-8. Belo Horizonte: Abacatte. FÊ. FREITAS. BREGUNCI. Disponível em: <http://goo. Brian. STREET. Tino. Belo Hori- zonte: FaE-UFMG. Renato. Secretaria de Educação Básica. Acesso em: 7 dez.). 2014. Acesso em: 7 dez. Acesso em: 7 dez. Renato. Secretaria de Educação Básica. Disponível em: <http://goo. Bocejo. Ilustrações de Ivan Zigg. No mundo do faz de conta. 2015. Jornal. Glossário Ceale: termos de alfabetização. set. São Paulo: Paulinas. p. Brasília: Ministério da Educação. CANINI. Guia 2: Educação Infantil. BRENMAN. Multimodalidade. Belo Horizonte: Ceale-UFMG. Quem quer brincar comigo?. Manuel J. 2012. 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Rio de Janeiro: Pequena Zahar. Um tanto perdida. Meu coração é um zoológico. Asa de papel. HERBAUTS. Branca de neve. 2011. O rei Bigodeira e sua banheira. MELLING. Ilustrações de Ellen Pestili. 2013. MORICONI. HAUGHTON. Quando os tantans fazem tum-tum. PENNA. Psssssssssssssiu!. SOMBRA. Fábio. TAVANO. São Paulo: Saraiva. Anne. São Paulo: SM. São Paulo: Salamandra. São Paulo: Abril Educação. MACHADO. Jacob. Chris. GRIMM. São Paulo: Paz e Terra. 2011. Silvana. São Paulo: Callis. Adaptação de Laurence Bourguig- non. De que cor é o vento?São Paulo: FTD. André. 2010. 2011. 1993. XAVIER. Cachinhos de ouro. 2004. São Paulo: Ática. 2013. Ana Maria. Michael. São Paulo: FTD. Marcelo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 2011. Wilhelm. Duas festas de ciranda. Ivan. ZIGG. WOOD. Audrey. São Paulo: Jujuba. David. HALL. 2011. Ilustrações de Quentin Gréban. Douglas quer um abraço. 2013. 2012. NEVES. 110 . OS ESPAÇOS DO LIVRO NAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL 111 . 112 . A equipe pedagógica cons- tatou que alguns livros voltavam em mau estado. 2004) publicou matéria relatan- do uma ocorrência com um menino numa escola. um jornal de São Paulo (ORNAGHI. Além dis- so. Por sinal. que os adultos da Creche imaginaram que não retornariam. a professora colocou-o de casti- go atrás da porta. uma unidade de Educação Infantil – a Cre- che Oeste. Por ele não ter devolvido um livro emprestado da biblioteca escolar. as professoras tiveram a se- guinte ideia. encontrando-o na classe vazia. quando ele voltou do recreio. a mãe saiu à sua procura. Até hoje. não bastasse o castigo. E. As sacolas coloridas foram confeccionadas.“ Quando eu entrei na sala de aula. A reportagem informa que o menino. da Universidade de São Paulo –. em uso. que comprimia e danifi cava os livros. na mesma época. Mas nada disso aconteceu. pois a durabilidade seria bem maior que a das pastas de papelão. Iniciando o diálogo Em 2004. essa forma de transportar os livros para 113 . Eu quase desmaiei” . Por outro lado. levado para um posto de saúde do bairro. Depois de análises e de algumas tentativas que não deram muito certo. as sacolas teriam uma alça para que as crianças pudes- sem levá-las confortavelmente e evitar o uso da mochila. que atendia crianças de zero a seis anos. vi meu fi lho tremendo. A mãe deu queixa sobre o caso na Polícia Civil. foi medicado com calmantes. fazia também empréstimos de livros. o menino acabou esquecido ali. Desesperada com a demora do fi lho. relatada pela então coordenadora pedagógica: o grupo pensou em sacolas de pano.OS ESPAÇOS DO LIVRO NAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL Edmir Perrotti Ivete Pieruccini Rose Mara Gozzi Carnelosso 1. fi caram tão lindas. mas que pode estar em outros locais. Numa. Nesta unidade. etc. 114 . sob uma árvore ou mesmo numa sala de referência ou de leitura. desvinculado dos sujeitos. Quem sabe. no último ano das crianças na Creche. sujeita a dinâmicas. Eles podem oferecer experiências fantásticas. dois mundos e um abismo entre eles. 91-92). p. a atenção com o outro. da formação dos leitores. nas salas das crianças. a sen- sibilidade. Noutra. refeitórios. o livro como valor absoluto. mudam as atitudes em face da leitura. Nossas relações com os livros e a leitura estão cultu- ralmente marcadas e insinuam-se em nossas opções pedagógicas cotidianas. Sem desprezar o cui- dado com os objetos culturais. o afeto. casa é utilizada e. em geral. a punição. a inteligência. Tratar da organização e da dinamização dos espaços de leitura na Educação Infantil implica o enfrentamento de questões sérias como essas. “ Sala de Leitura” – ambiente especialmente preparado para uso de diferentes turmas e práticas. do livro. de- batido e compreendido. Continua prevalecendo o objeto. o respeito. simultaneamente ou não. se o empréstimo domiciliar é comum. há todo um percurso educacional e cultural que precisa ser interrogado. vamos tratar da organização de três modalidades de espaços de leitura que podem ser exclusivos ou concomitantes nas instituições de Educação Infantil: 1. não é mesmo?Se os livros es- tão presentes nos dois espaços. 2005. ligadas à apropriação da cultura escrita. quase sempre iti- nerantes e temporários. superior a tudo e a todos.. a afi rmação do direito à cultura escrita é construção diária e concreta. “ Instalação de Leitura” – ambientes demarcados. poderão evocar momentos signifi cativos que viveram com essa experiência (GOZZI. elas levam de lembrança a sacolinha que as acompanhou por um bom período de suas infâncias. das crianças. práticas que caracterizam e regulam a vida em sociedade. Afi nal. 2. ao olharem ou tocarem na sacola. valores. Entre a atitude punitiva e fechada do primeiro exemplo e a decisão negociada. Dois relatos. lúcida e aberta das professoras da creche mencionada. Podem estar num pátio. “ Canto de Leitura” – ambiente localizado e implantado. concepções. como pátios. 3. portanto. com fl orescimento. jornais. p. de experiências variadas e cont ínuas. VERDINI. da cultu- ra. por meio de imersão. entre outras manifestações que caracterizam o cidadão letrado.. textos impressos e digitais. designação geral que utilizaremos para nomear ambient es pedagógicos que.. participar de circuitos sociais da escrita. 115 . de novas semeaduras. de encontros com o outro. Estações de Leitura lem- bram. tempo de espera. permanentes viagens ao mundo do conhecimento. chegadas e partidas. de materiais de leitura. Apropriação da cultura escrita: ato de tornar próprios saberes e fazeres que caracterizam as sociedades letradas. Exemplos: ser capaz de se comunicar por escrito. propiciam o desenvol- vimento de aprendizagens relat ivas à apropriação da cultu- ra escrita. são objetivos desta unidade: distinguir concepções de organização de espaços de leitura. por meio da escrita. As t rês modalidades referidas correspondem ao conceito de Est ação de Leit ura. usar e saber usar livros. bibliotecas. “ Estações lembram movimento. Considerando contextos institucionais da Educação Infantil (creche e pré- -escola) e suas fi nalidades de formação integral da criança. de Cantos de Leitura. de diferentes modos. conhecer referências para a dinamização de Estações de Leitura. conhecer referências para a organização pedagógica: a.” (PERROTTI. maturação. em situações variadas. 26-27). b. além de lembrar os ci- clos sazonais. conhecer produções literárias. 2008. Salas de Leitura e Instalações de Leitura. revistas. gl/CHZUNT>. Fonte: Portal PUC-Rio Digital. Campo Grande. Figura 3 – Biblioteca Escolar do Colégio Termomecânica. Ou seriam? E o que dizer do espaço a seguir?Não é. Acesso em: 10 maio 2015. Disponível em: <http://goo.gl/izSNuR>. Fonte: <https://goo. não é?Um espaço de leitura num canteiro de obras ou numa praia não são frequentes. Acesso em: 10 maio 2015. Acesso em: 10 maio 2015.. Fonte: Portal do MEC. Figura 5 – Biblioteca do Trabalhador. Espaços de leitura na Educação Infantil: a organização dialógica Vamos iniciar nossa conversa vendo algumas imagens de espaços de leitura 1 2 3 4 5 6 Figura 1– Projeto do MinC promete levar leitura a famílias pobres. Disponível em: <http://goo. Figura 4 – Biblioteca Alceu Amoroso Lima. Fonte: <http://goo. Uns são mais comuns que outros.2. MS. também. Fonte: Acervo pessoal dos autores.gl/FcHm46>.gl/DboQo1>. Fonte: Acervo pessoal dos autores Figura 6 – Biblioteca na praia. um espaço de leitura?E dos mais gostosos! 116 . Figura 2 – Escola Municipal Irene Szukala. Acesso em: 10 maio 2015. Reconhecendo. Fonte: <http://goo. Figura 7 – Academia dos Estudantes do Colégio 7 de Setembro.gl/UdGNWs>. pois desconsidera qualidades próprias do ato de ler e dos leitores. Essas imagens mostram tanto espaços organizados especialmente para a leitura como espaços “ inventados” pelos leitores. p. Subordiná-las a modos de organização infl exíveis. na pers- pectiva da formação integral da criança. portanto. Acesso em: 10 maio 2015. instituir um diálogo permanente entre as formas de organização e demandas próprias dos sujeitos e dos atos de leitura. É necessário. incapazes de dialogar com os processos a que se re- ferem. monológica. 117 . Esse sistema fi losófi co apoia-se numa concepção “ radicalmente social do homem. de contextos. Sem considerar esse aspecto. A liberdade de tempo e de espaço do leitor é conquista essencial da comunicação escrita. sempre em meio à complexa e intrincada rede de relações sociais de que participa permanentemente” (FARACO. portanto. a organização é ação de mão única. 101). ao pensarmos a organização dos espaços de leitura. a importância da diversidade de motivações. 2007. Essa dupla dimensão é fundamental. de demandas próprias dos leitores e dos textos. A dialogia como princípio O dialogismo é o sistema fi losófi co construído por Mikhail Bakhtin que entende a cultura como um universo semiótico. é colocar a ordem como valor superior que submete a tudo e a todos. e o homem como um ser de linguagem. vamos refl etir sobre a concepção de organização a ser adotada em espaços de leitura em creches e pré-escolas. Trata-se de apreender o homem como um ser que se constitui na e pela interação. isto é. de um acontecimento especial. a dialógica compreende a organização não como um ato simplesmente funcional. sociais das crianças. Cantos. a ordem dialógica traduz-se em modos de or- ganização fl exíveis. instabilidade ou mesmo ritmos de mudança frenéticos que não consideram as necessidades e possibilidades das crianças. levando em conta os leitores e suas condições específi cas. por exemplo. Por isso. criar referências. desvinculado das diferentes dimensões dos sujeitos. DVDs e outros materiais podem ser reordenados para atender a projetos novos. Em função disso. Contrariamente à pers- pectiva monológica. está a serviço da educação plena. nas Estações de Leitura. Não signifi ca. a organização passa a ser elemento constitutivo da ação pedagógica. atenta à complexidade própria do desenvolvimento infantil e dos processos educativos. desordem. portanto. Em conjunto com outros. em consonância. com características.Ao estudar ambientes de informação e cultura para crianças. técnico. dos repertórios e das práticas educacionais a demandas físicas. CDs. Por ser aberta. Desse modo. vínculos e memória. em que possam reconhecer. Móveis podem mudar de função e lugar. localizar e se localizar. Convém ressaltar. a estabilidade também é. Ivete Pieruccini (2004) mostra que a “ ordem informacional dialógica” é compatível com ob- jetivos e preocupações de formação integral. 118 . todavia. mas também de ambientes es- táveis. práticas podem ser enfatizadas em um momento determina- do. que a ordem dialógica continua sendo uma or- dem. Estas precisam de dinamismo. Salas ou Instalações de Leitura caracterizam-se como espaços moduláveis. negociados e dinâmicos. em função. psicológicas. intelectuais. afe- tivas. as mudanças consideram os ritmos e as possibilidades dos participantes. adap- táveis ao pulsar das demandas subjetivas e objetivas das crianças e dos pro- jetos pedagógicos a que remetem. livros. portanto. Os princípios que sustentam a ordem dialógica permitem articular necessidades de organização física dos espaços. e mesmo as mais dinâmicas vão se fazendo sem sobressaltos. expectativas e possi- bilidades das crianças. Se a mudança é importante. Considerando o teor de tal declaração.Baby Programs. Nesse sentido. Biblioteca Universitária de Cruz das Almas.gl/ nFcBxb>. vamos tratar aqui das três modalidades de espaços de leitura anteriormente referidas (Cantos. Considerando a dialogia como referência. que concepções orientariam a organiza- ção de cada espaço de leitura a seguir? Monológicas? Dialógi- cas?As duas?O que elas signifi cam para você? 8 9 10 Figura 8 – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.gl/8B7nTu>. Salas e Instalações podem proporcionar não só o acesso contínuo e sistemático 119 . Acesso em: 10 maio 2015. Fonte: Blog CRB-6 (Foto: Juan Barbosa). 44). Fonte: <http://goo. Instalações). p.gl/YTKEoE>. Cantos. Acesso em: 10 maio 2015. Acesso em: 10 maio 2015. Fonte: <htp://goo. Disponível em: <http://goo. Figura 10 – Criança lendo em biblioteca. 1985. tendo em vista a progressiva apropriação da cultura escrita pelas crianças. criar condições nos ambientes de Edu- cação Infantil para experiências constantes e sistemáticas com a cultura letra- da é iniciativa essencial que não deve ser postergada. Na sua perspectiva. Espaços de leitura presentes e signifi cativos Em uma de suas entrevistas. Salas. Figura 9 – South Australian Public Libraries Network . toma- das como ambientes especialmente constituídos em instituições de Educação In- fantil. Emília Ferreiro disse: “ a tão famosa ‘maturida- de para a leitura e escrita’ depende muito mais das ocasiões sociais de estar em contato com a linguagem escrita do que de qualquer outro fator que se invoque” (FERREIRO. Vale para o bem ou para o mal. como também interlocuções e aprendizagens que os caracterizam como Estações de Leitura. ouça a descrição de- les. além de presentes. a primeira condição que se exige dos espaços de leitura é que. Eram grandes?Apertados?Quentes?Frios?Coloridos?Sem cor? Aconchegantes? Havia muitos ou poucos livros? Era fácil encontrá-los? Havia adultos responsáveis? Havia atividades culturais?Quais? A que conclusão chegaram? Foram presentes e signifi cativos ou não para vocês? A organização das Estações de Leitura Cantos. vínculos vivos com as diferentes faixas de idade que aten- dem. 120 . Grandes ou pequenos. Que tal lembrar dos espaços de leitura que você conhece? Se visitar sua memória. Estações de Leitura são espaços que têm. 3. fi xos ou móveis. existência física e simbólica viva na realidade da criança. práticas. descreva-os para seus colegas de turma.à diversidade de suportes e de tipos de escrita. com certeza vai se lembrar de alguns espaços de leitura que conheceu. sejam signifi cativos para as crianças e o meio em que se inserem. Em pequenos grupos. ambientação. Lembre dos que tocaram você. Eles necessitam viabilizar experiências mobilizadoras. acervos. E sua organização tem papel relevante nessa esfera tão fundamental. Salas e Instalações de leitura são confi gurações constituídas por três esferas: 1. 2. portanto. dos bebês à comunidade envolvida na educação das crianças. necessi- tam ser signifi cativos para crianças e adultos que neles convivem. conservação. texturas é importante. cestos artesanais ou industrializados. avaliar. 121 . compõem o ambiente e são essenciais. também. revisteiros. Será preciso sempre fazer escolhas. ligadas à funcionalidade do espaço. de circulação. É preciso cuidado. mas também com sua adequação ao espaço. organizar Estações de Leitura é cuidar dos dois aspectos. um estorvo. Ambientação dialógica Toda ambientação pressupõe um local que a condiciona e que pode por ela ser modifi cado. Espaços de leitura dialógicos não são “ frios” . ao compor o mobiliário. Da mesma maneira. Num espaço apertado. mesmo que estes variem em relação às situações concretas de cada realidade. Caixas de madeira. As duas dimensões atuam concomitante e dinamicamente na apropriação da cultura escrita. áreas livres. sonorização. não só com a escolha dos objetos que comporão o ambiente. Transformar um espaço físico em ambiente dialógico requer atenção especial a aspectos de infraestrutura. Por outro lado. A escolha de formas. a organização dialógica parte do princípio de que cada esfera particular está também articulada e em relação dinâmica com o todo. infl uenciando e sendo por ele infl uenciada. estantes. de outro. de papelão. Dimensões. cadeiras. são instâncias imateriais. alvo de atenção. portanto. nesse aspecto. de palha. adequar meios disponíveis e fi ns. Em consequência. pisos. ventilação. intervindo tanto na funcionalidade como na qualidade estética do ambiente. volumes. de plástico. ilu- minação.Cada uma das três esferas apresenta dupla dimensão: de um lado. entre outros que defi nem a confi guração física do ambiente. uma vez que ambos são atuantes e estão mutuamente impli- cados. são ins- tâncias objetivas e concretas. de movimentação das crian- ças. A. às fi nalidades a que se destinam. temperatura. mesas. à harmonização do todo. tampouco atulhados ou poluídos visualmente! Excesso de infor- mação tende a confundir tanto quanto a falta! O mobiliário das Estações de Leitura. aos sujeitos que os utilizarão. ligadas a processos subjetivos e simbólicos. Um sofá num local adequado pode ser ele- mento de conforto. limpeza. acabamentos de paredes são aspec- tos a serem considerados. cores. segurança. seus elementos e suas combinações são. usa- bilidade para práticas de leitura. com uso de cores. peso. coloridos. evidentemente. por exemplo. etiquetas nas estantes. E quanto maiores o espaço e a quantidade de materiais. painéis. Mesas. tatames. nos livros. tapetes. a adequabilidade de formas. a identifi cação e a distinção progressiva dos objetos culturais. No caso dos bebês. diretos. equipamentos eletrônicos como TV e aparelhos de som poderão ser incor- porados aos espaços. almofadas. cartazes indicativos. e consideradas as especifi cidades de cada ambiente. mais importante é ter placas. Entram na avaliação. caixas. a visualização das capas coloridas dos livros é um passo importante para a criação de familiaridade. de estantes. equipamentos diversos poderão integrar o espaço 122 . colchonetes. A proximidade dos livros. mas articulada a elas. tapetes de fácil manutenção são opções a serem consideradas na escolha. painéis. permite a identifi cação e a compreensão da organi- zação do espaço e dos materiais de leitura. ao toque infantil motivam. a sinaliza- ção ajuda a ler o espaço. nos CDs e DVDs. dos projetos pedagógicos. etc.pufes. permitindo à criança apropriar-se dele e de seus elementos. o conforto. a linguagem e os códigos utilizados terão de ser sempre simples. especialmente. Há inúmeras soluções para sinalização de setores. Os elementos da ambientação estão. aproximam. a segurança. almofadas. vinculam. no item da organização dos acervos. a durabilidade. agradáveis ao olhar. de caixas. mu- rais. etc. é oportuno lembrar que computadores e tablet s são portadores de textos. estantes. de imagens compreensíveis pelas crianças. A sinalização é outro aspecto importante da ambientação. A apropriação da escrita não se dá de modo isolado das demais linguagens. Os formatos lúdicos. Em outros termos. relacionados aos tipos de Estação de Leitura. sons. considerada. imagens. Mais adiante. dos públicos. CDs e DVDs e a acessibilidade a esses e a outros ma- teriais são fundamentais. Nesse sentido. a facilidade de ma- nejo e transporte. Além de estímulo à autonomia. volumes. cadeiras. a estética. Todavia. Tudo será necessariamente ade- quado às características das crianças e das professoras. é uma forma de reconhecer e de se reconhecer no ambiente. hipertextos próprios da contemporaneidade. todavia. A sinalização orienta. a questão será retomada. pufes. Na medida das possibilidades dos contextos institucionais. gl/7DddaN>. Fonte: Site da escola. Figura 15 – Projeto Biblioteca Viva – Ponto de Leitura do Estado do Rio de Janeiro. Figura 12 – Atividades culturais na Biblioteca Saint Joseph Aubière. Acesso em: 10 maio 2015. para impressos. Viva Circo/Teatro. Projeto “ Lá vem história” . Figura 14 – Instalação de leitura ao ar livre. audiovisuais. Fonte: Blog Cia. compor setores para as crianças. etc. Fonte: Acervo pessoal dos autores. Fonte: <http://goo. Acesso em: 12 maio 2015. 123 .gl/FJPfaA>. com características próprias.gl/8B7nTu>. a diversifi cação de práticas concomitantes. eletrônicos. Assim como a setorização. inclusive bebês. 13 14 15 Figura 13 – Mala de livros. Disponível em: <http://goo.das Salas de Leitura. Disponível em: <http://goo. as Instalações de Leitura são também ambientes especiais. 11 12 Figura 11– Estação do Conhecimento Einstein Paraisópolis. Fonte: <https://goo. Acesso em: 12 maio 2015. A setorização contribui para a organização das Salas de Leitura.gl/xoVfWP>. a criação de nichos para grupos menores. Acesso em: 12 maio 2015. portanto. Organizar é ordenar. Ela contribui. iconográfi co. estamos tratando do acervo bibliográfi co. ou seja. composto por livros. Esse patrimônio pode ser de âmbito artístico. documental. dispor. entre outros aspectos. estruturar. DVDs. às demandas das crianças e das dinâmicas educacionais de que participam. científico. da identifi cação e distinção dos objetos culturais. as Instalações organizam-se pelos mesmos princípios dialógicos que caracterizam Cantos e Salas de Leitura. são ambientes igualmente organizados de forma fl exível. bibliográfi co. abertos à intervenção.Apesar de constituírem ambientes distintos. modulável. arrumar. privado ou público. No caso desta unidade. como recurso facilitador da localização dos objetos existentes no espaço de leitura. B. quando tomadas como Estações de Leitura. A organização dos materiais nos espaços de leitura atua em dimensões tanto práticas como cognitivas e culturais. Organização dos acervos Acervo é uma coleção de obras ou bens que fazem parte de um patrimônio. histórico. etc. à recriação. genético. da conquista da noção e das lógicas da ordem informacional que pautam as relações entre os sujeitos e o conhecimento. construir ordens. 124 . da apropriação de terminolo- gia específica da cultura escrita. CDs de música ou de histórias. É. com quantidades de material maiores. é criar meios para que as crianças descubram relações que envolvem as dinâmicas do conhecimento e da cultura. A idade e o nível de desenvolvimento integral das crianças são também essenciais. São muitos ou poucos os livros?Os CDs?As fotos?Os DVDs?O vo- lume de materiais é um dado relevante na organização. de que a mediação direta de adultos tem aí um papel indispensável. será preciso atenção especial com os bebês. Tomada como linguagem. A organização dos repertórios nas Estações de Leitura é um processo dinâmico.Nesse sentido. produções das crianças não é ato meramente funcional ou técnico. por exemplo. de observar diferenças. no entanto. contudo. sobretudo do ponto de vista da sua localização. CDs. precisarão de um segundo nível de organização. Salas de Leitura. Muito mais do que isso. organizar os repertórios em espaços de uso cole- tivo é criar linguagens de comunicação. a organização necessita. sem deixar. Estas podem revelar necessida- des de mudanças. é educar. um primeiro nível de organização é satisfatório em Estações que reúnem um número limitado de títulos. é interessante que o trabalho de organização seja produzido cole- tivamente pelas professoras. fotos. Salas e Ins- talações de Leitura. como forma de experimentar e conhecer o mundo. A organização dos livros A organização dos acervos pode ser feita por níveis. uma vez que levam com frequência os objetos à boca. porém. organizar objetos culturais como livros.. Como tal nível implica a colocação de etiquetas nos livros. Por isso. pois do contrário gerará desorientação em vez de orientar. ter níveis assegurados de estabilidade. revistas. Como se verá a seguir. As crianças são capazes de se locomover autonomamente ou não? De identifi car letras ou não? E assim por diante. Tais informações são importantes para defi nir critérios comuns e adequados na organização dos materiais. assim como modos de disposição dos materiais em Cantos. não nos esquecendo. DVDs. A quantidade e a variedade de materiais contam muito nas opções a serem adotadas. que haja critérios gerais. sujeito a avaliações. como níveis de organização nas creches e pré-esco- las.. como os Cantos de Leitura das creches. como recurso comunicacional. 125 . cartonados (Lcar). de um autor. com adultos. Por exemplo: identifi car e lo- calizar de modo mais fácil a existência ou não de um livro. livros artesanais (Lart) e outros tipos. de pano (Lpan). de plástico (Lpla). de um DVD. Elaborar uma lista dos livros (em Word ou Excel. caso existam. li- vros-brinquedo (Lbri). entre os materiais da Estação. além de texto e/ ou imagem. constituindo lotes específi cos: livros. além de atender às suas próprias demandas. de um título. mas às vezes 126 . Organizar cada lote. fotos. Livro-brinquedo: É aquele que. DVDs. Livro cartonado: É aquele confeccionado em papel cartão (miolo e capa duros). folhetos e outros porventura existentes. Agrupar os materiais por tipo. apresenta elementos materiais lúdicos associando brincadeiras com o objeto livro à leitura. revis- tas. 2. CDs.Primeiro nível de organização: como fazer? 1. de um CD. se houver compu- tador) ou um fi chário manual: tanto uma forma como outra desti- na-se a apoiar o mediador em diferentes situações que envolvem diretamente suas relações com as crianças. Subdividir o lote dos livros em lotes menores: livros de papel (Lpap). A memória é uma grande aliada das buscas. Título do livro. Claudia Peixinhos. Lpan. Lpla.). Francesca Era uma vez uma lagarta Lpan França. Se não for possível fazer no computador. falha! As listas só funcionam se forem feitas no computador. Para mais de três. Exemplo de lista (por ordem alfabética de autor): Autor Título Tipo Bielinsky. etc. a me- lhor opção são as fi chas. as listas têm de ser refeitas! Exemplo de lista para as instituições de Educação Infantil A lista conterá três colunas: a. coloca-se a expressão “ vários autores” . e não as listas. Caso contrário. Com as listas manuais. Fhiona Venha brincar. Com a chegada de novos livros. Eliardo O rabo do gato Lpap Galloway. evitam-se confusões nas buscas. Por serem os so- brenomes menos repetidos que os nomes. Outra forma pode ser pelo nome mais conheci- do do autor: por exemplo. José Bento Reinações de Narizinho Lpap Vários Autores Tatá. a cada livro novo. Código do tipo de material (conforme indicado no item anterior: Lpap. b. peixinhos! Lcar Ferri. Ziraldo ou Monteiro Lobato. Nome do autor em ordem alfabética. a pata Lpan Ziraldo Tem bicho no circo Lpap 127 . França. Mary. pinguim! Lplas Monteiro Lobato. sem ter de se refazer todo o fi chário. terão de ser refeitas cada vez que um novo item tenha de ser incluído. Facilita indicar o autor na lista por seu último sobrenome. Ruth. outras fi chas poderão ser inseridas. Por exemplo: Rocha. c. pode-se indicar somente o primeiro ou os dois. Quando houver dois autores. Disponível em <http://www. Excel é o nome de um software que usa planilhas eletrônicas.5x 7 cm. pelo títu- lo do livro. José Bento. Francesca Lpan Reinações de Narizinho Monteiro Lobato. é possível organizar por fi chas. Lpap Reinações de Narizinho 128 .br/excel/>. organizadas em linhas e colunas.Além dessa lista. Tudo dependerá da forma como você lançar na planilha. Exemplo de fi chário para as instituições de Educação Infantil É possível criar um fi chário manual. além de trazer incorporada uma linguagem de programação baseada em Visual Basic. usando-se fi chas prontas cartonadas. de mais ou menos 12.com. que pode ser feita pela ordenação da planilha por ordem alfabética. Cada parte será destinada ao registro de um livro ou de outro material. Monteiro Lobato.signifi cados. facilitando a busca por nome do autor. criação de lista de dados. Título Autor Tipo Bruxinha Zulu e gato Miú Furnari. Eva Lpap Era uma vez uma lagarta Ferri. o título do livro.. ou cortando-se uma folha de papel sulfi te em quatro partes. pelas características do material.. Caso não haja computador. ajuda também fazer outra lista em ordem alfa- bética por título dos livros. como veremos a seguir. projeções e análise de tendências. seguidos dos autores e do tipo de material. análises estatísticas e fi nanceiras. José Bento Lpap É importante destacar que o Excel permite uma maior funcionalidade no caso da consulta. permitindo a vinculação de imagens. elaboração de relatórios e gráfi cos. Serve para realizar tarefas como: cálculos simples e complexos. Há pessoas que lembram o nome do autor. se possível. outras. etc. do ilustrador. colocados no chão ou na parede. Acesso em: 12 maio 2015. madeira. como também a percepção da variedade que os livros podem apresentar. 3. as fi chas serão organizadas em ordem alfabética dos autores e colocadas em uma caixa (de madeira. Acesso em: 12 maio 2015. entre outras razões. o princípio da ordem alfabética será mantido. painéis. dependendo da quantidade. Veja a seguir expositores de livros feitos em papelão. etc.gl/n9iygQ>. Fonte: Acervo pessoal dos autores.gl/AY3xMi>. estantes baixas. Fonte: <https://goo. Disponível em: <http://goo. por exemplo) adaptada para essa fi nalidade.Para terem a utilidade pretendida. Figura 17 – Caixa para cantinho de livros. pano. Figura 18 – Ofi cina de Informação. Em ambos os casos. Colocar cada lote menor em caixas. 129 . plástico. Fonte: Acervo pessoal dos autores. da Creche e Pré-Escola Oeste/USP. Figura 19 – Estante. organizar os lotes por tamanho facilita não só o uso. cestos. do tipo de materiais. de metal. de sapatos. Mesmo com a inclusão de novas fi chas. Fonte: Blog Eu sou dona de mim. 16 17 18 19 Figura 16 – Estação do Conhecimento Einstein Paraisópolis. Um expositor (local para exposição de livros) pode conter exclusivamente um lote ou ser subdivido em vários lotes. Tal qual os livros. dão prazer! A organização dos demais lotes de materiais Revistas: organizar por tamanho e título. Acesso em: 12 maio 2015. por nome do artista. em or- dem alfabética de título. Repare na impor- tância da visualização das capas: trata-se de recurso facilitador da localização e da identifi cação dos livros pela criança. Figura 20 – Caixa de livros. CDs e DVDs de histórias: organizar em lotes específi cos. em ordem alfabética. ao alcance dos olhos e das mãos das crianças. para a preocupação com o acesso direto. nas Estações de Leitura. cestos e até armários abertos e acessíveis. como no caso dos folhetos de cordel. CDs e DVDs de músicas: organizar em lotes específi cos. do grupo e em ordem alfabética. uma experiência estética signifi cativa. Fotos/imagens: organizar em álbuns ou pastas temáticas e/ou cro- nológicas. são expositores e não meros recipientes para guardar objetos. os lotes dos demais materiais serão organizados em caixas. cai- xas. Atente. estantes. painéis.gl/ph7gh6>. 130 . nas imagens. também. Estimulam. Folhetos: podem ser organizados por tipo. mas é. Estantes. Fonte: <http://goo. cestos. por nome de autor. plástico. 2. Desse modo. pano. c. Da mesma forma. Segundo nível de organização: como fazer? Cantos de Leitura de pré-escolas. Livros: Subdividir o lote dos livros nos seguintes lotes menores: a. que remetem fundamental- mente a aspectos concretos. CDs. especialmente no caso dos livros de papel (Lpap) e dos cartonados (Lcar). papel e cartonados. etc. Os livros do lote A (papel e cartonados) serão agrupados por classes. fotos. em função da idade das crianças. além dos passos do primeiro nível. DVDs. CDs. Organizar cada lote. demandam um nível mais desenvolvido de organização dos acervos. Agrupar os materiais por tipo. folhetos e outros por ventura existentes. dimensões. b. Seguindo a mesma lógica: 1. materiais com que são confeccionados os objetos culturais (livros. como tipos. os folhetos com autor e título podem entrar na lista dos livros. segun- do o quadro abaixo. dada a quantidade e a diversidade sempre maior de ma- teriais. e Salas de Leitura em geral. 131 . d.Se a quantidade justifi car. artesanais. constituindo lotes específi cos: livros. como as demais (Folh). em ordem alfabética de título. pode-se fazer uma lista em ordem alfabética para CDs e DVDs de músicas (por nome de artista ou do grupo) e de CDs e DVDs de histórias. serão consi- derados outros aspectos. indicados na coluna dos tipos por sigla de quatro letras. revis- tas. revistas.). catálogos. Livros de imagem: livros de narrativas exclusivamente visuais. É fundamental observar o pa- drão de cor de cada categoria. Podem ser coloridas com canetas hidrocor. amarelas para livros de imagem. Colocar uma etiqueta colorida. crônicas Literatura infantil – poesia: poemas. rimas. Escrever à mão com letra tipo bastão ou carimbar no centro das etiquetas a letra inicial do sobrenome do primeiro autor. Figura 21 Nesse caso. Livros informativos: os não fi ccionais sobre todos os assuntos. ou produ- zidas artesanalmente e coladas. almanaques. manuais. no canto direito superior da capa. guias. facilita serem quadradas. já prontas. lendas. trava-línguas. mitos. parlendas. brancas para informativos em geral. canções. As etiquetas coloridas podem ser do tipo autoadesivas.Literatura infantil – prosa: contos. as biografi as. vermelhas para livros de consulta ou referência. azuis para po- esia. Livros de consulta ou de referência: dicionários. enciclopédias. Seguindo o que está aí proposto. fábulas. Por 132 . contos de fadas. teremos etiquetas verdes para os livros de literatura infantil (prosa). atlas. Quando se tratar de vários autores (mais de três. como no exemplo a seguir. Aurélio Buarque Aurelinho: dicionário infantil Lpap de Holanda ilustrado da língua portuguesa França. acrescenta-se. etc. nos ces- tos. exemplo: José Saramago (S). separados dos de plástico. caixas. uma etiqueta colorida. na lista. José Paulo Lé com cré 3. Tanto a lista como o fi chário do segundo nível de organização são iguais aos do primeiro nível. José Paulo Lé com cré Lpap Nas fi chas. Eva Bruxinha Zulu e gato Miú Lpap Lispector. de pano e artesanais. Colocar livros de papel e cartonados nas estantes (ou nas caixas. recebem também uma etiqueta (em dimensão maior que a dos livros). Clarice A vida íntima de Laura Lpap Machado. Mary. da mesma forma como no primeiro nível. Vão em lotes de cores para os expositores. conforme a letra da etiqueta. Paes. Autor Título Tipo Classe Ferreira. O rabo do gato Lpap Eliardo Furnari. Juarez Ida e volt a Lpap Paes. A única diferença é que se deve acrescentar uma coluna com os códigos de cores. em geral). Elaborar lista dos livros (se houver computador) ou um fi chário manual.). Estes são dispostos nas caixas. por ordem de tamanho. Estantes. coloca-se a letra “ V” . no alto do canto direito. Os livros de papel e os cartonados receberam etiquetas coloridas nas capas. conforme exemplo. França. com as 133 . Os livros de cada lote serão pos- tos em ordem alfabética. etc. Da mesma forma. temos. “ Contos de fadas” .letras do alfabeto. Esses agrupamentos especiais são aqui denominados destaque. “ Brinquedos” . por exemplo. continuam a ela vincu- lados. Na estante da imagem a seguir. é possível reunir diferentes livros e outros materiais em torno dela. Livros de Ana Maria Machado. um gênero (“ Água” . pode-se permanente ou temporariamente reunir. “ Dinossau- ros” . correspondentes aos livros que nelas se acham expostos. Essa forma de organi- zação mais fl exível dos materiais permite atender a necessidades específi cas das crianças.). mas dão liberdade de adaptação a especifi cidades próprias dos inte- resses das crianças e do dinamismo educacional. num mesmo grupo. livros de literatura infantil (pro- sa). Isto é. 134 . portanto. livros sobre uma temática.. de autores cujos sobrenomes começam com as letras indicadas na estante. um assunto.. Eles representam um recorte da ordem geral adotada. sem prejuízo de princípios da lógica de organização dos acervos das Estações de Leitura. Fonte: Acervo pessoal dos autores. Como fl exibilizar sem quebrar a linguagem geral adotada? Por exemplo. das professoras e de seus projetos. Figura 22 – Estação do Conhecimento Einstein Paraisópolis. quando uma questão de interesse especial justifi que. “ Carnaval” . “ Natal” . “ Animais” . A organização de destaques Os destaques são agrupamentos especiais dos livros feitos a partir de situ- ações ou motivações especiais. “ Trava-línguas” . “ Festas Juninas” . estão certamente no lote M. “ Jogos” . Evidentemente. folhetos. ao mesmo tempo que promovem sistematicamente vivências culturais essenciais. As modalidades de organização apresentadas podem ser aproveitadas em vários aspectos. a organização de listas ou de fi chários manuais pode facilitar ações. de uma caixa-estante. fotos/imagens. porém sua especifi ci- dade. articulados aos gerais. contudo. não apenas nos Cantos e Salas de leitura. escolhendo-se uma indicação que remeta a um aspecto do conteúdo reunido e que pode ser produzida pelo grupo. As ações serão compatíveis com essa dupla dimensão geral e específi ca das Estações de Leitura. não se pode deixar de levar em consi- deração diferenças importantes como mobilidade. É um modo de in- teressar as crianças e de possibilitar aprendizagens em relação à organização. somente criar um espaço de vivências 135 . Práticas pedagógicas: a dinamização das Estações de Leitura A dinamização das Estações de Leitura.) seguem os mesmos modos já indica- dos no primeiro nível de organização. diversidade que elas po- dem apresentar e outras. é parte de um todo. como também nas Instalações de leitura. permitem aprendizagens específi cas e funda- mentais que defi nem o cidadão letrado.Se possível. se são exclusivamente de imagem. de um cesto e daí por diante. envol- vem diretamente a apropriação progressiva da cultura escrita pelas crianças. o local defi nido para dispor os destaques deve ser sinalizado de modo diferenciado. é necessária e obrigatoriamente parte dos projetos pedagógi- cos das instituições de Educação Infantil e está associada aos objetivos de for- mação integral da criança. com objetivos próprios e singulares que. assim. CDs e DVDs de histórias. ao organi- zarem seus materiais. Não basta. como todos os demais aspectos que as envolvem. Demais lotes de materiais Os demais lotes de materiais (revistas CDs e DVDs de música. indicadoras da categoria a que per- tencem. Isso mostra que mesmo as Instalações de leitura. Em todos. portanto. de prosa ou informativos. Tem. Ela inscreve-se. Um carrinho de livros é diferente de uma mala. se são de poesia. no conjunto das práticas e dos objetivos institucionais. é possí- vel ter livros com as etiquetas coloridas. Em todos. etc. adequadas às condições das crianças e que estão na base da constituição dos sujeitos letrados. uma Instalação de Leitura não substitui um Can- to ou uma Sala. saber relacionar e explorar adequadamente os diferentes documentos impressos.culturais. As ações específi cas das Estações de Leitura abrangem apren- dizagens procedimentais. Saber manusear e localizar um li- vro numa caixa. e todas podem conviver na mesma instituição educacional. sistemáticas. pre- sença. ligadas à especifi cidade das Estações de Leitura. conceituais e atitudinais próprias das relações com a cultura escrita. 136 . uma Estação de Leitura não substitui uma biblioteca ou um acervo doméstico. A cria- ção de Estações de Leitura responde a exigências de promoção de situações de aprendizagem diversifi cadas. uma livraria. e assim por diante. que os espaços de leitura sejam essenciais e não apenas um acessório a mais para atividades que poderiam ser realizadas da mesma forma em outros ambien- tes. como vimos. em realidades de tantas desigualdades como a brasileira. Além dis- so. tipos de instituições como bibliotecas. pois. Da mesma forma. distinguir práticas de leitura de acordo com os diferen- tes contextos. dos modos de participação efetiva em suas di- nâmicas. mas possui suas fi nalidades e seus processos específi cos. desvinculado de objetivos e práticas educacionais específi cas à apropriação da cultura escrita. por exemplo. essas Estações são. fazer escolhas dentre as diferentes opções que se oferecem para empréstimo. Tudo está ligado. audiovi- suais. digitais. e vice-versa. ter domínio gradual da terminologia própria dos cir- cuitos letrados. sa- ber ouvir e manifestar-se. livrarias. autonomia de uso. acesso permanente aos materiais. muitas vezes. É preciso. fazer solicitações à professora acerca dos livros. Essa apropriação demanda. Por isso. conceituais e atitudinais complexas. oportunidade única para crianças viverem experiências letradas essenciais à sua formação. reconhecer e explorar a riqueza dos diferentes suportes. tudo isso implica aprendizagens procedimentais. sociabilidades específi cas e muitas outras condições. regularidade. setores dos espaços de leitura e suas lógicas de organização e funcionamento. ter domínio progressivo dos modos de participação em atividades coletivas como rodas de história e de leitura. Figura 24 – Ofi cina de Informação. caracterizando uma pedagogia da experiência.. nesse sentido. Vão se dando com as vivências. dos autores. são feitas de modo lúdico e signifi cativo. nos Cantos. realização de exposição dos “ escritos infantis” em painéis. oferecer oportunidades de leitura co- letiva de um livro. ao referir-se ao papel do mais experiente para a construção de conhecimento do iniciante. de leituras individuais. Desse ponto de vista. gêneros tex- tuais é fundamental. Encontros com autores. Fonte: Acervo pessoal dos autores. exerce importante papel. de- senvolvido com crianças pequenas nas Estações de Leitura. naturalmente. Disponível em: <http://goo. res- peitando as condições das crianças. nas Salas. O grupo. Fonte: Portal da Tecnologia Educacional. em outros ambientes das instituições são oportunidades para que possam ir se apropriando da noção de autoria. no pro- cesso. Da mesma forma. uma vez que aqueles que detêm maiores conhecimentos podem apoiar os menos preparados para tais desafi os.Tais aprendizagens. suportes.. contudo. a pluralidade de situações. de vivências. conforme alertara Vigostski (2001). é condição. da Creche e Pré-Escola Oeste/USP. Expor as crianças a diferentes manifestações escritas. em grupos pequenos. E como é fundamental reconhecer-se como autor! O depoimento de uma mãe é revelador da importância do trabalho contínuo e bem-planejado. Acesso em: 12 maio 2015. Ela diz: “ o que mais chamou nossa atenção neste período foi o fato de ele lembrar o nome 137 .gl/uZKiae>. a aprendizagem do manuseio ou do reconhecimento dos materiais.. ou em duplas. 23 24 Figura 23 – Bebês e livro. dos títulos. Atividades de leitura livre são de importância fundamental para as crianças: aprender a ser livre é um valor maior sempre e para toda a vida! Tal fato não signifi ca dizer que não são igualmente importantes experiências lúdicas que visem a um objetivo específi co: por exemplo. Demanda cultivo. quantas perguntas. apresentado por diferentes fontes. E numa versão digital? Num DVD? E história contada “ de boca” . A exposição de um mesmo tema. quanta curiosidade. Fonte: Acervo pessoal dos autores. sob nenhum ponto de vista. pode ser rica nesse sentido. Disponível em: <http://goo. uma construção. Até hoje ele pergunta o autor de alguns livros do seu interesse. como Harry Potter” (GOZZI. É um esforço. Por exemplo. p. Figura 26 – Crianças e livros. 25 26 27 Figura 25 – Ofi cina de Informação. Fonte: Revista Escola. Fonte: Acervo pessoal dos autores. Acesso em: 12 maio 2015. a tomar e dar a palavra apropriadamente não é nada fácil. surpresas. de um livro?Quantas questões. inventada. é a mesma coisa que história lida. Promover o conhecimento de outros espaços de leitura. da Creche e Pré-Escola Oeste/USP.gl/as2F4h>. livrarias. olha! Este livro é da Mary França e do Eliardo França’.134). comunitárias. 2005. como bibliotecas públicas. mostrar edições variadas de um mesmo conto de fadas pode ser forma de desenvolvimento de visão crítica. a se expressar. Desenvolver interesses em buscar informação em diferentes fontes é igual- mente essencial. da Creche e Pré-Escola Oeste/USP. ao mesmo tempo que respeito 138 . Ainda hoje posso lembrar dele pequeno dizendo: ‘Mãe. emoções e inteligência as crianças revelam quando são criadas oportunidades para que se expressem! Aprender a ouvir numa roda de histórias. A história de Chapeuzinho Vermelho será sempre a mesma num livro cartonado com legendas curtas ou numa edição de contos completos de Perrault?Sim?Não? Vamos ver.dos autores. O pequeno pesquisador vai construindo assim intimidade extremamente importante e complexa com processos de busca bibliográfi ca. Figura 27 – Ofi cina de Informação. é uma forma de ir apresentando e integran- do paulatinamente as crianças aos circuitos culturais da escrita mais amplos. 139 . sempre. o cuidado com os materiais envolve questões coletivas que devem ser consideradas. As crianças. O respeito pelos combinados gerais é conquista que vai se fazendo paulatinamente. em função de outros de maior relevância para o crescimento do grupo e da realização do projeto educacional. o trabalho orgânico e sistemático com as crianças da Educação Infantil produz resultados capazes de surpreender. Se. organizar as práticas é tam- bém levar em conta o imprevisto. maravilhamentos pessoais próprios de cada idade! Um menino pequeno recortou o patinho feio do livro que levou emprestado. objetivos que podem. condições. seja na Educação Infantil. eles também. É. nessa faixa etária. trata-se de possibilitar a todos. não é mesmo?De inteligência e sensibilidade requerida aos adultos. que envolvem processos formais de aprendizagem de leitura e escrita. antes. O pulsar concreto da vida e seus imponderáveis são inerentes às práticas dialógicas. Segundo ele. ampliar-se. Para ninguém. Questão de lógicas. não é nunca caminho dado e acabado. desenho de roteiros possíveis. Os caminhos vão sendo avaliados e. O planejamento não signifi ca uma camisa de força. mas ele sim. inclusive aos bebês. como ninguém gostava do patinho. Aqui. Querer silêncio prolongado de um grupo de crianças durante a leitura de um texto é exigência a que as crianças do Sítio do Picapau Amarelo não atendiam. seja em outro nível edu- cacional ou campo social qualquer. que continuará se dan- do sempre. se necessário. resolveu guar- dá-lo para sempre. Assim. em situações de leitura em voz alta. o informal. que dizer do cuida- do com encantamentos. Segundo a perspectiva que orienta as Estações de Leitura. mu- dar. traçado sem consonância com ritmos. interesses e circunstâncias dos grupos. Importante notar que os domínios que podem ser desenvolvidos na Educa- ção Infantil não se confundem com os de fases posteriores. como forma de sua apropriação progressiva. refeitos no percurso. o espontâneo – a vida! O plane- jamento dialógico. comportam-se de uma forma muito pecu- liar e adequada ao seu momento de formação. como o trata Paulo Roberto Padilha (2002). por exemplo. Feito nessa perspectiva. E olhe que já eram gran- dinhas! Todo cuidado e atenção às características dos grupos e de cada um é pouco. tendo em vista. a imersão nos horizontes da cultura escrita. nesse aspecto. ao longo da vida. Era seu modo de protegê-lo.às características individuais dos sujeitos. em comum com demais ações realizadas nas instituições de educação infantil. que estão na base dos processos gerais de apropriação da cultura escrita. As atividades realizadas nas Estações de Leitura. estimulantes e inclusivas. registros de situações. pais e demais segmentos envolvidos na Educa- ção Infantil. suas características. segundo os propósitos que as motivaram e mo- dos de avaliação correntes na instituição. que englobam crianças. Em suma. Instalações de Leitura pau- tados pela ordem dialógica signifi ca não apenas acrescentar novos espaços na Educação Infantil ou organizá-los sob no- vas formas. estagiários ou outros colaboradores autorizados. necessitam ser regular e continuamente avaliadas. à participação em palestras. às orientações. cumulativo. Cantos. escolher entre edições diferentes de um mesmo título. A mediação de leitura em ambientes institucionais implica saberes e fazeres especiais que podem e devem ser permanentemente aprimorados. dinâmicas. Manter vivas e signifi cativas essas comunidades é. 140 . reafi rmar caminhos. às reuniões de trabalho e de formação especiais. conhecer nomes de autores. distinguir “ li- vros de histórias” dos “ de poesia” . manifestações de crianças e de co- laboradores são fontes valiosas para alimentar a refl exão. tudo contribui para a qualifi cação das mediações e dos media- dores. como nos re- latou a mãe citada anteriormente. são capazes de dominar saberes e fazeres como esses. Concluindo: criar Salas. Do conhecimento dos títulos do acervo à leitura de revistas. gradativo. tarefa educacional das mais relevantes. seus conteúdos. como o uso de imagens fotográfi cas ou de desenhos nos livros.crianças que desde bebês vivem experiências signifi cativas e continuadas com a cultura escrita são capazes de aos quatro ou cinco anos. refazer direções. Tal conhecimento é um processo dinâmico. suas possibilidades de uso é uma preocupação que necessita acompanhar os me- diadores que se ocupam dos espaços de leitura. recriar permanentemente as Estações. sejam pais. reconhecer ilustradores e até técnicas distintas. depoimentos de familiares. encontros. sejam professoras. professoras. Signifi ca sobretudo criar comunidades letradas. em decorrência. Conhecer os objetos culturais. ajustar percursos. Observações cotidianas. de obras especializadas. mantendo vivo o interesse por novas viagens (FREIRE. 1997). ir a uma Sala de Leitura uma. de interesse para as crianças e sua comunidade. numa creche/pré-escola em que trabalhavam. tinham uma durabilidade bastante curta. escolhidos pe- las professoras para comporem o acervo. por exem- plo. os combinados próprios dos empréstimos domiciliares (incluindo-se aí ir- mãos e também amigos próximos das crianças) não são leis. de outro lado. ainda. Acreditavam que as crianças pequenas poderiam construir uma relação carregada de signifi cados posi- tivos com os livros e. portanto. todos os dias. regras infl exíveis e imutáveis. li- vros artesanais produzidos por elas. Os livros com capa e miolo moles. expor trabalhos das crianças nos painéis das Estações. mais que exibição monótona e repetitiva de imagens ou objetos. O berçário tinha um pequeno acervo de livros. é importante meio de introdução das crianças no uni- verso da expressão pública. são orientações maleáveis e negociáveis que pautam relações dinâmicas e consideram condições concretas de cada sujeito. de signifi cados. 3. Nas Estações de Leitura. acompanhado (de professoras. que um dos caminhos possíveis para essa cons- trução com esses objetos de conhecimento seria a oferta constante e per- manente de situações que permitissem seu manuseio pelas crianças. uma 141 . emprestados da Sala de Lei- tura da creche/pré-escola. nem a convivência próxima e diária com um Canto nem a convivência eventual com uma Instalação de Leitura podem ser esvaziadas de sentido. como forma de explorá-los e conhecê-los. Assim. já que os bebês os rasgavam rapidamente. no caso de crianças maiores. Era preciso. pen- sar em soluções que garantissem a presença dos livros e.Por isso. não é e não pode se tornar ato banal ou forçado. Compartilhando experiências Canto da Leitura para os bebês Professoras organizavam Cantos de Leitura para crianças de até dois anos. Em pers- pectiva semelhante. de participação como autoras dos processos cole- tivos de produção de sentido. duas. au- tonomamente. Da mesma forma. É reconhecê-las como protagonistas culturais. três vezes por semana. como vimos na situação inicialmente apresentada nesta unidade. pais) ou. de plástico e de pano. Essa prática. Podiam brincar livremente com os livros. No segundo semestre. explorá-los a qual- quer momento. Essa solução de deixar os livros mais resistentes ao alcance das crianças e os mais frágeis para manuseio nos momentos das rodas de apreciação e das contações de histórias foi positiva. entre outras demandas próprias dos bebês. foi capaz de abrir espaço para a inclusão da recém-chegada ao grupo. dando atenção especial à recém-chegada. 142 . das babas. uma caixinha somente com os livros de papel.certa durabilidade deles. Entre a concepção que permite somente o acesso controlado das crianças aos livro se a que garante o livre acesso. a professora contornou o confl ito. colocados em uma caixinha de livre acesso. alguns livros de capa e miolo moles já faziam parte da coleção do acervo do Canto de Leitura. De um ano para outro. pegou um deles e logo o rasgou. ao longo do tempo. Atendeu as necessidades de aprendizagem e de autonomia das crianças. os ganhos foram evidentes. diante dos toques. de durabilidade dos livros. ao mesmo tempo. sem necessariamente precisarem da intervenção das pro- fessoras. Da mesma forma. nessa fase muitas vezes ainda indistintos de um brinquedo para as crianças. A outra opção foi criar. Quando ela os viu nos bolsões onde eram disponi- bilizados. Tanto que imediatamente correram para a professora e contaram o que estava acontecendo. O fato mostra o quanto a opção inicial das professoras foi importante para o desenvolvimento de aprendizagens indis- pensáveis de manuseio. acessá-los livremente. Sem alarde. assim. das disputas. As crianças podiam. Uma delas. As crianças que frequentaram o berçário no ano anterior e tiveram um contato intenso com os livros fi caram surpresas. possibilitando-lhe aprendizagens que ainda não havia conquistado. Certo episódio mostrou nitidamente o sentido que a intimidade constante com os livros produz: a creche/pré-escola recebeu no grupo uma criança nova de dois anos e cinco meses que não estava habitu- ada a lidar com os livros. a creche optou por uma terceira: organizar o Canto de Leitura na sala de atividades do berçário com duas pos- sibilidades concomitantes de acesso aos livros. de outro lado. oferecida aos bebês sob a supervisão das professoras. quanto ao encaminhamento sereno do confl ito pela professora. ao mesmo tempo que de atitudes de cuidado com os livros. composta por li- vros cartonados. mostrou-se importante em relação às aprendizagens de manuseio do livro pelas crianças. Tal envolvimento resultou em atividade de pesquisa. mostrava a força do trabalho coletivo na resolução de questões pedagógicas comuns. lúdicos para diferentes situações que dizem respeito a livros.Chegada de novos livros Chegaram novos livros à creche. Ainda mais que giravam em torno de um eixo de cabo de vassoura. Era comum as crianças e os adultos passearem pelo espaço para manusearem os cubos e os livros que estavam próximos. Como mostrá-los para crianças. em roda. as crianças fi caram encantadas. como a divulgação fundamental da chegada de novos livros nas instituições de Educação Infantil. Assim. preparou uma visita ao mu- seu. A instituição de Educação Infantil. famílias e funcionários? A questão foi tema destacado em uma reunião pedagógica. e as crianças puderam conhecer obras originais do pintor. instigantes. o Museu de Arte de São Paulo (MASP) estava realizando uma bela mostra de obras de Monet. Mãos à obra! Uma vez instalados. Da mes- ma forma. Algumas não queriam nem ir embora para fi car ali mais um pouquinho. Esse movimento de crianças. observar as 143 . Coincidentemente. leituras e leitores. professoras e funcionários confi rmava a importância da criação de ambientes envolventes. apontavam algum dos exemplares e diziam entusiasmadas: “ Eu vou escolher esse livro pra levar pra minha casa” . as crianças apreciaram algumas re- produções do pintor Monet e fi caram admiradas com algumas das obras. percebido pela profes- sora. então. encantadas com a Instalação. Monet e as crianças A descoberta do livro Linéia no jardim de Monet na Sala de Leitura por uma criança de cinco anos e o encantamento do menino. Excelente ideia. Ao fi nal do dia. E quantas possibilidades nasceram: que tal pendurar os livros no teto? Exibi- -los em mesas no saguão de entrada?E se fi zéssemos cópias das capas?E se colássemos as cópias em cubos de papelão coloridos? Ficaria bom na entra- da da creche. Cada lado do cubo apresentava a capa de um livro novo. com muitas leituras e conversas sobre a vida do artista e sua arte. pais. pediam às famílias uma leitura. resultaram na elaboração de uma sequência didática produzida por ela para toda a turma. em uma bancada. aná- lise e interpretação de dados sobre práticas pedagógicas e inclui os principais componentes de um processo educativo: objetivos. 4.pinceladas coloridas e “ esfumaçadas” que tanto haviam explorado com as reproduções. transformando um ato isolado em ato cultu- ral vivenciado e compartilhado por todos os integrantes do grupo. A noção de sequência didática ajuda a superar a ideia de ativida- des pedagógicas propostas de forma fragmentada. É cons- tituída de sessões que são unidades inferiores determinadas pelo período de tempo dedicado à realização das atividades em torno de tarefas e objetivos (COLL. 2000). prazeres. propiciando aprendizagens. Além disso. ver as diferenças entre uma pintura original e sua reprodução num livro. Considere em suas refl exões a organização das 144 . sem uma sequência lógica ou concatenação. tiveram a oportunidade de participar do ateliê desti- nado ao público infantil no museu. etc. ROCHERA. Refl exão e ação Atividade 1: Identifi cando conceitos: a organização dialógica Observe as imagens contidas no início desta unidade. relações intensas e carregadas de signifi cado com o conhecimento e a cultura. Uma sequência didática é uma unidade básica de coleta. Refl ita e enumere dis- tinções entre ambientes de leitura pautados por princípios de organização monológicos e dialógicos. A ida ao museu e a volta à instituição de Educação Infantil produziram deslocamen- tos não só espaciais. atuações do professor em relação aos aprendizes e vice-versa. mas também simbólicos. crescimento. à sensibilidade da professora e a sua capacidade de ampliar e multiplicar a experiência encantada em outras ex- periências da mesma natureza. utilização de determinado material. Essa experiência ímpar vivida pelas crianças só foi possível devido à desco- berta e ao olhar sensível do menino. de suas práticas de dinamização. e. da organização dos acervos. expositores e outros materiais a serem utilizados. espaço físico. b. os dois?). com a participação das crian- ças. Precisam ser divulgados para as crianças e a comunidade da creche/pré-escola. dos funcionários?Considere: a. pré-escolares.três esferas que constituem os espaços de leitura: organização de sua am- bientação. Atividade 3: Divulgação dos livros novos Os livros do PNBE chegaram à sua escola. d. das práticas de dinamização. de seus acervos. Atividade 2: Analisando concepções que orientam um determinado espaço de leitura Ent re em um espaço de leitura de sua inst it uição ou de seu ent orno. Elabore um pequeno relat ório com os seus regist ros e suas impressões. ordenação dos livros. grupos/público a que se destina (bebês. se possível fotografe variados aspectos da ambient ação. c. sinalização. g. Ob- serve. Se puder. Apresent e a suas colegas e discuta com elas que princípios fundamentam esses espaços observados e que as- pectos ajudam vocês a repensarem os espaços de leit ura nas inst it uições em que at uam. Que atividades poderiam ser elaboradas por você. avaliação 145 . con- verse com responsáveis pelo espaço. com outras professoras. das famílias. regist re. atividades agregadas à exposição. f. sentimentos e emoções por ela provocados nos participantes. São eles que levarão as crianças em outras ocasiões à biblioteca. escolar ou a uma livraria de seu entorno. contando seu envolvimento como pro- fessora na organização de espaços de leitura. Se não for possível le- var as crianças por alguma razão. Assunto Problema Ações Material Responsáveis Prazo Livros novos Divulgação Você poderá elaborar o plano de ação para todos os problemas encontrados. divulgan- do a instituição e suas características especiais. Esses momentos serão ricos para a troca e a criação de novas ideias.Completar o preenchimento da planilha a seguir poderá ajudar na exposição da tarefa para o grupo. Considerar nessa atividade a importância da participação dos pais. podem-se usar o desenho. com crianças de sua turma. comentários entre as crianças. ao longo de sua trajetória 146 . Para essa atividade. Atividade 4: Visita à biblioteca/visita da biblioteca Planeje uma visita a uma biblioteca pública. A visita completa-se com a criação de um espaço de manifestação sobre co- nhecimentos. Atividade 5: O mediador de leitura como leitor e autor Escreva uma carta a uma colega. a troca de fotos tiradas durante a vi- sita. comunitária. etc. poderá preparar um encontro na creche/ pré-escola para receber um bibliotecário. Introduza em algum momento da conversa com elas questões sobre diferenças e semelhanças entre os espa- ços de leituras das instituições de Educação Infantil e da biblioteca visitada. Para tanto. um mediador de leitura que atue nesses ambientes e que possa realizar atividades com as crianças. mas para o debate no curso propomos a apresentação de um item por parti- cipante. o uso da planilha indicada na Atividade3 poderá ajudar. Veja o vídeo e responda: 1. considerando-se as colocações da uni- dade no que diz respeito à dialogia como condição de apropriação da cultura escrita pela criança? 2. Disponível em: <https://goo. AVENTURA de conhecer. Encontre leitores para sua carta. color. de sonhos realizados.. Qual a importância da diversidade de suportes. Fale de conquistas. Fale de suas relações com a leitura. a casa.). Leia o texto e responda: 1. funcionários e demais segmentos ligados às crianças par- ticipam das ações mostradas no vídeo? GOZZI. de saberes e não saberes. 5. Fale de suas experiências no campo da mediação da leitura. Rio de Janeiro. Rose Mara. de projetos futuros. Qual a relação estabelecida entre o espaço de leitura e o planejamen- to pedagógico geral da instituição apresentada no vídeo? 3. as famílias. son. 2004. Apresentação do Ofi cina de Informação. de entraves. das aprendizagens por elas proporciona- das. de situa- ções apresentadas no vídeo. O que seriam “ espaços de leitura articulados” ? 147 .gl/ i6vos2>. Crie uma roda de leitura na qual cada um seja leitor e autor. Como pais. de práticas.gl/jqOEZD>. de frus- trações. 2015. o meio circundante. Disponível em: <http://goo. Acesso em: 24 abr. Espaços de leitura articulados: a escola. as crianças. Aprofundando o tema Veja os textos que indicamos e as questões que preparamos para que você e suas colegas possam aprofundar os temas trabalhados nesta unidade. a comuni- dade. a lite- ratura. Salto para o Fut uro.profi ssional. Acesso em: 23 maio 2015. Vídeo (8min. A importância do espaço na Edu- cação Infantil. p. 148 . 2005. O artigo discute a importância do espaço nos processos de Educação Infantil. possibilidade de interação entre as crianças.gl/l15hOL>. Oficina de Informação: conhecimento e cul- tura na educação infantil. 2005. 2. In: BAPTISTA. espaços como o estudado respondem a demandas próprias da época atual e de compromissos com a educação integral das crianças. Dissertação de mestrado que trata do processo de criação de um espaço de leitura e cultura. Segundo a autora. espaços e mediações. Ampliando o diálogo CARNELOSSO. na Creche Oeste. São Paulo. Disponível em: <http://goo. da Universidade de São Paulo. Como fazer essa articulação entre escola. Maria da Glória Porto.gl/2WXoBu>. Apresenta quatro fa- tores importantes para a confi guração dos ambientes de Educação Infantil: possibilidade de transformação. Dissertação (Mestrado) – Escola de Co- municações e Artes. Rose Mara Gozzi. Universidade de São Paulo. 230 f. 2015. Mônica Correia et al. 127-142. oportunidade de apropriação do espaço. 2015. Belo Horizonte: FaE-UFMG. Acesso em: 25 abr. KOK. Disponível em: <http://goo. FALCO. Defende a necessidade de desenvolvimento de recursos capazes de acrescentar novos olhares sobre a pedagogia da infância. possibilidade de movimento. Espaços de leitura. mais que a “ lu- xos” .). Edmir. Descreve o cotidiano da creche. em São Paulo. enfocando tanto questões teóricas como experiências e situações práticas. Fernanda. em uma instituição de Educação Infantil. (Org. Qual sua importância para a apropriação da cultura letrada pelas crianças? 3. as práticas desenvolvidas no espaço estudado. casa e comunidade em seu contexto de atuação? 6. 2015. PERROTTI. Lit eratura na educação infantil: acervos. Acesso em: 24 abr. ed. Gilberto de (Org. defi nindo seus três eixos essenciais e interligados: ambientação. Conta a história do menino Bastian. 2007. ROCHERA. Rose Mara Gozzi. 1984. Indicadores da qualidade na Educação Infantil.]: Warner Home Ví- deo. COLL. 109-130. Infancia y Aprendizaje. 230 f. Murcia. Dissertação (Mestrado) – Escola de Co- municações e Artes. Cristóvão. ele entra em uma livraria onde é apresentado a um livro antigo e misterioso chamado A história sem fim. 2000. Actividad conjunta y traspaso del con- trol en tres secuencias didácticas sobre los primeros números de la serie na- tural.). p. Disponível em: <http://goo. assim. São Paulo. Brasília: MEC. 7. CASTRO.l. 2015. Curitiba: Editora UFPR.gl/l15hOL>. TEZZA. Ofi cina de Informação: conhecimento e cul- tura na educação infantil. pela noção de ordem dia- lógica que lhes dá sustentação.O artigo aborda a organização dos espaços de leitura na Educação Infantil. repertórios e práticas. Maria José. Referências BRASIL. 2010. FARACO. color. Carlos Alberto. Passa. Para escapar de um grupo de garotos pouco amigáveis. CARNELOSSO.). Acesso em: 24 abr. Bastian refugia-se no teto da escola.. 149 . 4. Para lê-lo. 2005. Tomando por base preocupações com os processos de apropriação cultural. 97-108. O dialogismo como chave de uma antropologia fi - losófi ca. lugar tão estranho quanto os percorridos nas páginas do antigo livro. A HISTÓRIA sem fi m. Carlos Alberto. son. Universidade de São Paulo. p. Ministério da Educação. SEB. César. o autor trata dos espaços de leitura. 2005. a morar metaforicamente no espaço mágico do livro e se transformará em herói que deve salvar Fantasia. Filme realizado a partir do livro do mesmo título. Secretaria de Educação Básica. [S. Direção: Wolfgang Petersen. 1DVD (102 min. 92. n. In: FARACO. Diálogos com Bakhtin. mundo ameaçado pelo vilão Nada. Planejament o dialógico: como construir o projeto político pedagógico da escola. PADILHA. 13. 2. In: AIDAR.FERREIRO. Sentidos da biblioteca escolar. 194 f. São Carlos: Alphabeto. ORNAGHI. São Paulo: Espaço Pedagógico. 1985. A construção do pensament o e da linguagem. Tese (Doutorado) – Escola de Comuni- cações e Artes. Aces- so em: 18 mar. Universidade de São Paulo. Ivete. 75-100. 1997. (Guia da Escola Cidadã. In: ROMÃO. ed. Edmir. PERROTTI. v. Estações do Conhecimento: espaços e saberes informacionais. 2004. São Paulo. p.gl/c50RTm>. 17 nov. Acesso em: 24 abr.). p. A ordem informacional dialógica: estudo sobre a busca de informação em Educação. São Paulo: Cortez. Disponível em: <http://goo. Acesso em: 23 maio 2015.gl/xBKFNS>. Instituto Paulo Frei- re. Emília. PIERUCCINI. Flavia dos Santos. São Paulo. p. 2011. 44.gl/YfHaho>. São Paulo: Ática. São Paulo: Martins Fontes. Antonia de Souza. 150 . Ivete. 2002. Abrelê. aluno é esquecido atrás da porta.). AL- VES. 2015. 13-40. 2004. 2001. 2008. FREIRE. 2004. São Paulo. Disponível em: <http://goo. Januária Cristina (Org. 18. Paulo. Como as mimoseiras: das bibliotecas e dos leitores! Dispo- nível em: <http://goo. n. Tiago. Edmir. PERROTTI. Folha de S. Lev Semyonovich. Avaliação e planejament o: a prática educativa em ques- tão. Muitos lugares para ler. VIGOTSKI. 2015. Lucília Maria Sousa (Org. PIERUCCINI. Paulo Roberto. Deve-se ou não ensinar a ler e escrever na pré-escola?Re- vista Escola Municipal. Madalena. De castigo. VERDINI. 7). espaços e mediações Autores Aparecida Paiva (Unidade 1) Cláudia Pimentel (Unidade 2) Edmir Perrotti.Leitura e Escrita na Educação Infantil Coordenação no MEC Rita de Cássia de Freitas Coelho (SEB/DICEI/Coordenação Geral de Educação Infantil) Equipe de Concepção e Organização Mônica Correia Baptista (UFMG) Patrícia Corsino (UFRJ) Vanessa Ferraz Almeida Neves (UFMG) Maria Fernanda Rezende Nunes (UNIRIO) Assessoria Angela Maria Rabelo Ferreira Barreto Secretária Geral Angela Bibiana Nogueira Caderno 7: Livros infantis: acervos. Mariana Massarani e Graça Lima (Capa Dura) Diagramação Filigrana Design 151 . Ivete Pieruccini e Rose Mara Gozzi Carnelosso (Unidade 3) Leitores Críticos Ana Paula Gaspar Melin Aurilene Lima da Silva Renata Junqueira de Souza Revisão Aline Sobreira (Mangá Ilustração e Design Gráfi co) Design gráfi co Graça Lima Ilustrações Roger Mello. 152 . . 9 788577 832163 .
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