Introdução É uma alegria para mim poder introduzir-lhes as glórias da brahmacarya.Brahmacarya é a vida do estudante celibatário que começa a compreender qual é a responsabilidade que adquire ao ter nascido em um corpo humano. Geralmente, se imagina que a prática de brahmacarya é a vida em um gurukula, a escola do Guru, ou em um Asram, seguindo os estritos princípios da vida monástica. Nós podemos começar dizendo que um brahmacari ou uma brahmacarini são um homem ou uma mulher estritamente celibatários que usam o seu tempo para servir o mestre espiritual estudando os Vedas na companhia de outros estudantes. O conceito de brahmacari também tem outras aplicações práticas. Por exemplo, se usa o termo grihasta brahmacari para aqueles casais que utilizam a vida sexul única e exclusivamente para trazer filhos a suas famílias, e que ao mesmo tempo se dedicam ao serviço dos ideais espirituais. Tais grihastas investem 50% de seu tempo e de seus recursosdiretamente a causa espiritual, a diferença dos brahmacaris estudantes é que estes investem 100% de seu tempo e de seus recursos na vida espiritual. Eles praticamente vivem como se fossem sannyasis, sem privacidade e como membros íntimos da família espiritual. O brahmacari não guarda segredos diante de seu mestre espiritual, e sabe que a firme dedicação no serviço e nos estudos sástricos são necessidades naturais e não uma obrigação imposta, ou uma disciplina militar, que as suas práticas de austeridades são aceitas voluntariamente sabendo bem o que lhe convêm e beneficia e considerando que existem muitas perturbações mentais como a luxúria, a inveja e a ganância, e que inclusive as trazemos desde vidas passadas em forma de karma, é necessário que sendo jovens comecemos a combatê-las com determinação. Brahmacarya é a prática correta que nos permite aprender as medidas de proteção adequadas para serem utilizadas na contínua batalha que mantemos ao longo da vida com a incansável emente e os sentidos. A mente é uma malandra, e uma pessoa necessita de apoio e da associação dos devotos para poder vencê-la, por isso é que se recomenda praticar brahmacarya na companhia de outros devotos e para os serviços dos mesmos. Poucos são os afortunado que tem a oportunidade de viver junto com seu diksa guru para nos educar no caminho correto e sentir a inspiração para praticar nossa vida espiritual. Se entende que na etapa de vaidhi-bhakti uma pessoa não tem ainda um grande gosto pela prática do serviço devocional, por realizar austeridades e pelo canto de mantras, mas o aspirante deve se conduzir através dessas atividades regulares sob a guia e as regras o asram no qual vive e que em geral são regras para todos. Por exemplo, levantar-se cedo e cantar pelo menos 16 voltas de japa-mala é fundamental pois é a fonte de proteção e inspiração diária, claro que na vida espiritual, em ordem de importância, o princípio número um é pensar sempre em Krishna, o princípio número dois é nunca se esquecer de Krishna e o princípio número três é seguir sempre as ordens do mestre espiritual. Claro que um livro como este pode dar muitas idéias, mas na prática o mais importante é o que o mestre espiritual diz. O praticante de bramacarya deve se distanciar absolutamente de todas as tendências sexuais sutis que existem , as quais abordaremos detalhadamente neste livro, partindo do fato que um estudante sério nunca deve ficar sozinho com um membro do sexo oposto, inclusive deve cuidar para não cair em assuntos sexuais com membros do mesmo sexo, já que a luxúria no mundo de hoje é difundida de tal maneira que as pessoas são arrastadas ao estado de loucura como esse. Portanto devemos entender que a meta da vida humana é superar a prática sexual, já que esta é a influencia principal que nos ata ao mundo, nascimento após nascimento. A luxúria não conhece respeito nem religião, nem produz benefícios a ninguém, é por isso que o brahmacari aprende a combater tanto a luxúria como os seus três aspectos sutis, os quais são o desejo de vantagem (ganho), desejo de adoração, e desejo de reconhecimento, que não são outro se não faces distintas da mesma luxúria. Podemos entender que a luta que nos toca é muitíssimo complexa e que devido a isso o próprio Senhor Supremo Sri Caitanya Mahaprabhu nos tem entregado os desejos que necessitamos para alcançar o êxito nesta grande luta. Assim, o praticante de bramacarya aprende a desenvolver qualidades importantes para sua vida espiritual, como é o não odiar ninguém e manter uma respeitosa distância do sexo oposto, assim como também sentir muita generosidade perante todas as entidades viventes e não cair em sentimentos de superioridade frente a aqueles que convivem no Asram de grihasta, uma vez que o matrimônio é um esforço também; é o esforço de passar para a família tudo aquilo que a pessoa aprendeu na convivência dentro do Asram de brahmacari. Pois a final de contas, manter a prática de brahmacari durante toda a vida será só um glorioso premio para aqueles que têm orado por conseguir e que estão servido ao seu mestre espiritual com tanto esforço e dedicação como se eles mesmos tivessem dez filhos seus. O brahmacari asram não é por nada um pretexto para evitar a responsabilidade ou o trabalho duro, é sim uma oportunidade na qual se aprende intensamente a trabalhar para fazer felizes os outros. O princípio é “viver para servir”, e não viver para ser servido pela bondade dos outros; só desta maneira o praticante se mantém sempre humilde e feliz. Seguindo este princípio, o propósito deste manual de brahmacarya é que deve servir de inspiração para todos aqueles homens e mulheres que desejam alcançar o máximo grau de dedicação em sua vida, ainda que a mente e as diversas seduções que nos apresenta o mundo nos convide a encurtarmos o caminho. Só aqueles que são sinceros de coração seguirão estes conselhos com honestidade. Os guerreiros que alcançam a glória são aqueles que ajudam a manter a missão do mestre espiritual sempre em frente, os que ajudam a manter a atmosfera espiritual e os bons tratos, pois não esqueçamos que a ira é a irmã malvada da luxúria e que sempre procura se manifestar para nos perturbar em nossa vida espiritual nos convidando a realizar más ações, insultos, grosserias e todo tipo de ofensas; recordemos que um sannyasi ou um brahmacari raivoso não é um verdadeiro renunciante, pois a primeira coisa que devemos renunciar é a influência da ira. A importancia disto é que muito mais benéfico conviver com gente santa e pura, mas devido a ira e as ofenças que se cometem, mais de uma pessoa perde seu desejo de viver nesta atmosfera. A inveja, por outro lado, tem muita influência na alma condicionada; diante dela o brahamacai não deve brigar para alcançar posições de nenhum tipo, isto ocorre com freqüência entre os materialistas que lutam por recursos econômicos, mas o brahmacari que trabalha de todo o coração para a missão do mestre espiritual deve transcender todo tipo de inveja. Uma das atividades favoritas do brahmacari se chama Sankirtan, e consiste em entregar a mensagem de Sri Caitanya Mahaprabhu a cada pessoa do mundo, e no mundo te milhões de pessoas esperando que você chegue; deste modo, não há razões para dar a inveja, e se por acaso algum devoto é melhor sankirtaneiro que você, então se sinta feliz sabendo que Krishna está repartindo sua misericórdia por todos os lados. Assim, o brahmacari aprende a se sentir feliz por ver as vitórias que os demais devotos conseguem no terreno da pregação. O mundo necessita de muita pregação e se gosta disso, então poderás se sentir feliz sempre. Uma pessoa invejosa nunca se sente feliz, pois sempre quer ser o desfrutador supremo, e sempre está se sentido triste quando outros dão alegria a Krishna expandindo sua consciência espiritual. Assim terrível é a inveja. Eu desejo aos leitores deste livro que fortaleçam seu espírito, não importa se são homens ou mulheres, solteiros ou casados, o importante é que despertemos nossa consciência natural e constitucional de sermos amorosos serventes. Essa é a lição número um que todos devemos aprender nesta vida humana. Quero agradecer também a Bhaktivedanta Giri Maharaj por fazer esta compilação de escrituras, dos Acaryas e das histórias famosas, buscando recomendações para poder exercitar com muito ânimo nossa prática de brahmacarya. É meu desejo ver vocês sempre felizes sob a proteção daqueles sadhus que nos tem recomendado a vida de celibato como pregadores, ou em última instância a vida de casados pregadores. Ofereço meus respeito e afeto a todos os sannyasis e maharanis do mundo, especialmente aqueles que formam parte da nossa família Vrinda, pois são eles que mantém este espírito dinâmico, ativo, e presente em suas vidas, através de sua dedicação e renúncia; de nada serve a teoria sem nada de prática. Eles são a personificação da ordem de brahmacarya é por eles que são os mais aptos para seguir liderando a outros na vida espiritual. A final de contas a escola do mestre espiritual é o local onde cada aluno deveria se tornar o mesmo que tem sido o professor; como se espera que um estudante do colégio de medicina se torne um bom médico, da mesma maneira se espera que um estudante do asram do mestre espiritual se torne um médico de almas, o que pode entregar a mais delicada de todas as medicinas e preparar as pessoas para o êxito da vida humana, o qual consiste em transcender o ciclo de repetidos nascimentos e mortes e alcançar, por fim o mundo espiritual. O mais importante é a união entre todos os devotos dentro de uma compreensão madura, pois um médico com inimizade com outro não tem muito sentido, e não poderão beneficiar de nenhum modo aos pacientes assim. É por isso que brahmacaris, grihastas e sannyasis formam uma linda família. Adoramos a verdade e a presença de Krishna em nossas vidas e não aceitamos o abuso das hierarquias como historicamente temos visto em algumas ocasiões, na qual uma bela estrutura se degrada pela falta de representantes genuínos. O praticante de brahmacarya é um representante da verdade e é sua responsabilidade e dever tornar-se um protetor da verdade em cada um de seus respectivos ambientes. OM, TAT, SAT. Vrinda Kunja. Vrindavan – 6 de Dezembro de 2008 B.A. Paramadvaiti Swami Capítulo 1 – O descobrimento da verdadeira riqueza interna Significado de Brahmacarya Nas sagradas escrituras védicas encontramos o significado mais amplo da palavra brahmacarya: Brahma carati iti - brahmacarya “O atuar em uma plataforma plenamente espiritual, é denominado brahmacarya” A prática de brahmacarya se encontra presente em todos os varnas e asrams. Estes por sua vez são as estruturas formais que perseguem a essência da vida espiritual; em outras palavras, podemos dizer que o varna e o asram é um núcleo organizativo e orientador, que se estabelece de acordo com a natureza particular de cada ser humano e em consideração do tempo, lugar e circunstância. Mas a essência por detrás deste sistema é a prática de yukta vairagya, o correto caminho que deixa de lado a vida material e nos ajuda a nos dedicarmos a vida espiritual; ou a abandonar nosso prazer egoísta para nos ocupar plenamente em incrementar o prazer de Deus. Assim, o dever e todo ser humano consiste em despertar sua consciência como servente da vontade divina e é neste sentido que a prática de brahmacarya se torna essencial para nós; só através desta podemos canalizar melhor nossa energia para aplicá-la no serviço devocional. Além disso, nela se reflete a força, sinceridade, determinação e pureza que queremos alcançar em relação a nossa aproximação com a verdade absoluta. Deste modo podemos compreender que a brahmacarya, como parte da cultura védica desde todos os tempos, é posta em prática por todos e cada um de seus membros. São estes homens ou mulheres, jovens solteiros (conhecidos justamente como brahmacaris), pessoas casadas (conhecidas como grihastas brahmacaris), ou renunciantes (conhecidos como vanaprasthas ou sannyasis). O primeiro dever de um ser humano Nos antigos tratados filosóficos da Índia, se explica que o controle dos sentidos e da mente é o primeiro dever ocupacional para quem recebeu um presente de Deus na forma de um corpo humano. De não cumprir com ele, a pessoa será arrastada pelos diferentes impulsos de seus sentidos a uma grande variedade de circunstâncias desfavoráveis, as quais por sua vez geram reação kármica. Hoje em dia as pessoas que se encontram buscando sua satisfação temporal e egoísta, chegam a utilizar muitos argumentos, inclusive muitas pseudo filosofias, para justificar o inapropriado uso de seus sentidos, mas nenhum desses argumentos se baseia em valores superiores de vida; portanto estes argumentos tampouco podem conduzir estas pessoas para uma felicidade superior e permanente. Compreendendo isto, é mais fácil entender que sem um verdadeiro controle dos sentidos e da mente nunca poderemos encontrar a paz interna, nem tampouco ser capazes de praticar uma verdadeira religiosidade, e muito menos desenvolver um respeito genuíno pelo próximo; portanto, sem este tipo de controle sensorial e mental não poderemos esperar uma sociedade sã e pacífica. A prática da brahmacarya é aquele caminho pelo qual a riqueza interna do ser humano pode ser despertada. O apropriado uso da sexualidade Brahmacari faz referência a alguém que é ‘treinado’ nos valores superiores da vida. Brahma vem da palavra verdade, e aquele que busca a verdade é um brahmana; portanto, um brahmacari é aquele que estuda a verdade. O verdadeiro brahmacari pratica o celibato, considerando que para ela o celibato é o fruto maduro de sua vida consagrada, e o faz não como uma restrição artificial imposta, e sim leva sua vida espiritual com grande satisfação. Porque, também conta com seus respectivos guardiões espirituais, e com lindas motivações que o entusiasmam a se ocupar em serviço com grande prazer. Atualmente a informação com a qual contamos a respeito da vida sexual diz que a mesma é: uma diversão através da qual ‘desfrutaremos mais da vida’, e a crença de quanto mais vida sexual se tenha, em diversos lugares e momentos, e com variadas e diversas pessoas, melhor a pessoa passará. Mas isto é na realidade uma grande mentira. Hoje em dia, esta classe de publicidade é enorme e se encontra longe dos conceitos de moralidade; como conseqüência disto, os efeitos secundários são mais negativos do que se pode imaginar. De fato isto é tão assim que inclusive a prática do celibato é vista principalmente na atualidade como algo abominável. Se o celibato passou a sofrer tanta rejeição é porque nos foi induzido a acreditar que o sexo é: a) necessário e b) natural. É por isso que entregamos este antigo conhecimento que provem dos Vedas, o qual tem a capacidade de não somente resolver este tipo de problemas que sofre o mundo atual, se não também nos dão um guia sábio e confiável para utilizar a sexualidade apropriadamente. É através do entretenimento correto, sob a luz adequada, que todas as pessoas podem descobrir a maravilhosa experiência que a prática da brahmacarya nos oferece, trazendo-nos paz interna, riqueza espiritual, saúde, autocontrole, veracidade e liberdade em todos os nossos atos e pensamentos. “Não é minha postura a de permitir que se mesclem desnecessariamente os sexos opostos na convivência dentro de nossos asrams, especialmente para o cultivo da brahmacarya. De qualquer modo, isto deve ser manejado com grande prudência, para evitar que as pessoas que necessitam de compreensão espiritual interpretem mal a visão dos Vedas e se tornem homessexuais ou fanáticos, ou simplesmente arruínem a possibilidade de formar uma linda família”. (Srila B.A. Paramadvaiti Swami) Adi Rasa A tendência sexual está irresistivelmente presente em todos deste mundo e em todas as espécies; na era atual, esta se usa como fonte de prazer, de felicidade, de falso amor, ou degradação. Mas a prática sexual neste mundo é uma distancia do verdadeiro amor espiritual eterno, o qual é progressivo, positivo e nunca se contamina. Este sentimento de amor transcendental é conhecido como “Adi rasa”. No mundo espiritual, Krishna e seus consortes estão atraídos espontaneamente uns pelos outros e se ocupam de passatempos amorosos, em um intenso intercâmbio de Adi rasa. No primeiro ensinamento moral do Vedanta Sutra se diz: Athato Brahma jijñasa “A forma humana de vida está destinada a auto-realização” Em outras palavras, a forma humana de vida está destinada a superar o desejo sexual e a despertar Adi rasa. Este é o processo para poder nos purificar de todas as ataduras materiais, e pela graça suprema poder entrar no nosso eterno lar. Inclusive o mesmo Senhor Caitanya Mahaprabhu adota o humor de Srimati Radharani justamente para poder buscar e saborear a doçura máxima do Adi rasa. Aquilo que é contrário e oposto a este Adi rasa é conhecido como luxúria. Capítulo 2 – O principal inimigo da entidade vivente Luxúria Atmendriya-priti-vancha tare bali ‘kama’ Krsnendriya-priti-iccha dhare ‘prema’ nama O querer satisfazer os próprios desejos dos sentidos é chamado de kama-luxúria, e o querer satisfazer os sentidos de Krishna é chamado de prema, amorosa devoção pura” (Caitanya Caritamrita, Adi 4.165) Sri Krishna é o Supremo Encantador. Quando nós queremos ocupar a posição de Sri Krishna, só sentimos atração pelas diversas fontes de misérias que nos oferece este mundo, e isto é o que se conhece como luxúria. No Bhagavad Gita Cap. 2, Verso 62 se explica: Dhyayato visayan pumsah Sangas tesupajayate Sangat sanjayate kamah Kamat krodho bhijayate “Ao contemplar os objetos dos sentidos se desenvolve o apego por eles, desse apego nasce a luxúria e da luxúria surge a ira”. Quem não está consciente de Deus, estará propenso a ter desejos materiais enquanto contempla os objetos dos sentidos, e buscará obter satisfação através dos diversos arranjos, nos quais os sentidos se dedicaram a tratar de desfrutar da matéria e de suas circunstâncias; mas a matéria nunca pode dar felicidade para a alma. É por isso que todos os desejos materiais e todas as atividades relacionadas com o objetivo de disfrute dos sentidos tem como resultado final a insatisfação, a qual se tornará ira ou em violência a si mesmo ou ao meio que nos rodeia. Para controlar os sentidos, estes devem se orientar em ocupações reais. Em outras palavras, devem estar conectados com objetivos eternos ou transcendentais, e assim devem ser utilizados para servir a vontade de Deus através da guia apropriada, do contrário serão atraídos para distintas fontes de luxúria. O resultado da luxúria se traduz na forma de uma grande calamidade para nossa vida e nosso entorno. No Bhagavad Gita Cap. 2, verso 63 se explica: krodhād bhavati sammohaḥ sammohāt smṛti-vibhramaḥ smṛti-bhraṁśād buddhi-nāśo buddhi-nāśāt praṇaśyati “Da ira surge a ilusão completa, e da ilusão a confusão da memória. Quando a memória se confunde, se perde a inteligência, e ao se perder a inteligência a pessoa cai de novo no poço material”. Vemos aqui como a luxúria nos cunduz ao mal uso de nossa inteligência, e isso nos leva a nos enrolarmos ainda mais em atividades equivocadas e a perceber o áspero das leis da natureza material. É dizer que quando a memória se confunde, se perde a capacidade de discernir entre o bom e o mal, entre o correto e o incorreto, entre o que se deve fazer e o que se deve rejeitar. Em ocasiões, pela força da luxúria nos vemos obrigados a atuar de maneira incorreta, inclusive involuntariamente, como se fossemos obrigados a fazer tal coisa. Essa é a razão pela qual Arjuna pergunta a Krishna no Bhagavad Gita Cap. 3, verso 36: arjuna uvaca atha kena prayukto 'yam papam carati purusah anicchann api varsneya balad iva niyojitah “Arjuna disse: óh, descendente de Vrsni! O que é que leva uma pessoa aos atos pecaminosos, ainda que involuntariamente como se o obrigassem a força?” Como Arjuna fez notar neste verso, a força da luxúria é tão grande que nos perde na confusão de nossos próprios atos e no final o é tão grande que nos vemos embaraçados na vida pecaminosa ainda que sem ter desejado. Este embaraço por sua vez pode nos levar a confundir a voz da luxúria com o Paramatma, ou a manifestação de Deus em nosso interior. Diante disso devemos ser suficientemente cuidadosos, já que no meio desta confusão podemos chegar a pensar: “Deus quer isso”, e concluir que nossa luxúria é a vontade do Senhor para conosco. Mas na realidade, Deus nunca deseja nada que nos traga dano, ou que traga dano a outras pessoas. É simplesmente a força da luxúria a que nos empurra a situações desagradáveis, e diante dela nós devemos tratar de obter o suficiente respaldo espiritual para não nos tornarmos presas de semelhante confusão. Sri Krishna responde a Arjuna no Bhagavad Gita Cap.3, verso 37: sri-bhagavan uvaca kama esa krodha esa rajo-guna-samudbhavah mahasano maha-papma viddhy enam iha vairinam “A Suprema Personalidade de Deus disse: és unicamente a luxúria, Arjuna, que nasce do contato com a modalidade material da paixão e logo se transforma em ira e que é o inimigo pecador deste mundo, inimigo que devora tudo”. Quando a luxúria não está satisfeita se transforma em ira, e quando a luxúria está satisfeita pede mais luxúria, portanto é insaciável e sempre termina se convertendo em ira, sendo esta última uma manifestação da modalidade da ignorância. A ira por sua vez se transforma em ilusão, e a ilusão faz com que a vida no plano material continue e se desenrole consecutivamente, ficando a alma assim condicionada pelas distintas formas de miséria ou klesas: adibhautika klesa, adidaivika klesa e adyatmika klesa, quer dizer: as misérias e sofrimentos causados por outras entidades viventes como plantas, animais, ou seres humanos; as causadas pelos diferentes fenômenos da natureza como terremotos, secas, etc; e aquelas causadas pelo próprio corpo ou mente. Também os sastras nos falam de seis inimigos que atacam incansavelmente a alma condicionada, e estes são: a luxúria, a ira, a ganância, a loucura, a ilusão e a inveja. Dentre eles a luxúria é descrita como o pior inimigo da entidade vivente. É por isso que um verdadeiro yogi ou devoto luta incansavelmente contra este inimigo que age contra o bem e a honestidade. E como lidar com semelhante tendência? Nas escrituras se mencionam quatro métodos por meio dos quais se podem conquistar um inimigo: 1- Por conciliação; 2- Por oferecer presentes 3- Por oferecer uma posição 4- Através de castigo Sri Kamadeva (nome de Krishna que significa “o Deus do Amor”) recomenda a Arjuna no Bhagavad Gita, a utilizar o quarto método: “castiga a tua luxúria com a arma do conhecimento”. Isto significa que uma pessoa deve atuar conscientemente seguindo os desejos do guru, sastra e sadhu. No Bhagavad Gita cap.3. verso 38, Sri Krishna nos explica: dhumenavriyate vahnir yathadarso malena ca yatholbenavrto garbhas tatha tenedam avrtam Assim como a fumaça cobre o fogo, como o pó cobre o espelho, ou como ao embrião cobre o ventre, assim mesmo diversos grãos de luxúria cobre a entidade vivente. Vemos pois como todas as entidades viventes estão cobertas por algum grau de luxúria, e está é a companheira constante em sua passagem pelas diversas espécies e circunstâncias; estas coberturas são três tipos e correspondem a três graus evolutivos de existência, tal qual é explicado no verso recém explicado. No terceiro grau, embrião coberto pelo ventre mostra uma situação muito particular e desesperada, pois o filho quase não pode se mover ali e é comparada com a situação desesperada também das árvores e plantas as quais tampouco tem movimento próprio. Nesta etapa de cobertura, a luxúria geralmente se encontra dominada pela modalidade de tama guna ou ignorância. No segundo grau, o espelho coberto pelo pó se assemelha a cobertura que a luxuria faz sobre as aves e animais, devido a carência de visão espiritual presente em ambos e a mesma está principalmente denominada por raja guna ou modalidade da paixão. No primeiro grau, o exemplo do fogo coberto pela fumaça se assemelha a situação dos seres humanos na qual o fogo se compara a faísca vivente e a fumaça a luxúria. A fumaça subsiste graças ao fogo, e isto quer dizer que na forma humana de vida existe mais possibilidade de superar a luxúria. Este condicionamento é denominado por sttva guna, ou a modalidade da bondade. O chamado egoísta No Bhagavad Gita Cap. 3, verso 39 se diz: avrtam jnanam etena jnanino nitya-vairina kama-rupena kaunteya duspurenanalena ca “Assim, a consciência pura da sabia entidade vivente está coberta por seu inimigo eterno na forma de luxúria, a que nunca se satisfaz como o fogo”. A luxúria não se pode satisfazer com nenhuma classe de desfrute dos sentidos, nem mesmo com deleites celestiais. Quando buscamos atendê-la, atuamos como na situação de jogar combustível no fogo, pois se o fazemos, isto aumentará devastando tudo ao seu redor. Este é o caráter da luxúria. A vida sexual é o centro de todas as atividades do mundo material, por isso recebe o nome de maithunya-agara, ou “essa atração sexual com a qual somos acorrentados nos ata ao mundo material, nascimento após nascimento”. Obviamente isto se refere a vida sexual não consagrada, a qual não se destina a satisfazer a Sri Krishna, senão a satisfazer aos nossos próprios sentidos. “ Na prisão, os criminosos são mantidos atrás das grades; igualmente os criminosos que desobedecem as leis de Deus são acorrentados por meio da vida sexual”. (A.C. Bhaktivedanta Swami) Enquanto uma pessoa se dedica a atender seus próprios, pode ser que lhe chegue algum sentimento de suposta felicidade, mas esse sentimento de felicidade material é um grande inimigo, já que é um aliado da luxúria. “Imaginemos que esta vida é como um carro de duas rodas. Uma destas rodas é a felicidade material e a outra é o sofrimento material. O carro não pode funcionar com uma só roda, são necessárias ambas; ou seja, sempre que há desfrute dos sentidos, haverá também sofrimento”. (Buda) O Bhagavad Gita Cap. 3, verso 40, também nos explica que este inimigo tem ocupado diferentes posições estratégicas dentro do corpo material: indriyani mano buddhir asyadhisthanam ucyate etair vimohayaty esa jnanam avrtya dehinam “Os sentidos, a mente e a inteligência são os lugares de assento desta luxúria, através dos quais ela cobre o verdadeiro conhecimento e a entidade vivente e a confunde. A inteligência é a guardiã da alma. Quando a Inteligência se contamina, se compara a um guardião subornado. Quando este guardião da alma é subornado, esta última se encontra num estado de grande perigo. A inteligência contaminada pela luxúria deve ser rejeitada de imediato, e devemos unicamente aceitar a inteligência que provém do guru, sastra e sadhu. Existem 8.400.000 formas de vida, e portanto existe a mesma variedade de vida sexual. Em tal quantidade e variedade só poderão experimentar diferentes sensações de luxúria, mas com ela se experimentam também a variedade de nascimento, velhice e morte e desta maneira nunca se encontrará uma satisfação permanente. “A luxúria mundana não sempre vai mostrar-se de uma maneira bruta e decadente. Também pode subsistir nas margens da moral e da etiqueta social, e também pode se vestir com as roupas da bondade. Mas o sintoma da luxúria é sempre o mesmo: ela é incapaz de dar satisfação plena e iluminação transcendental”. (Srila Atulananda Acarya) Para o último momento A brahmacaria não é somente para jovens, é também para os adultos e ainda mais para os idosos. Por que? Porque a luxúria nunca chega ao final, tanto que nem sequer desaparece ou diminue necessariamente na velhice: a luxúria pode chegar a se tornar viciante, pois é como uma droga. Apesar de que as primeiras experiências são desagradáveis, uma vez que se estabelece o hábito, se experimenta um grande incômodo diante da privação. Existe uma antiga história que nos fala da influência e força da luxúria. Esta conta que em uma ocasião, um imperador na índia chamou o seu ministro e lhe perguntou: “meu querido ministro, conselheiro meu, diga-me, até quando a luxúria vai me torturar?”. O ministro respondeu: “até que o Sr. morra, imperador”. O imperador disse então: “ não, não pode ser. Até que eu morra vai me torturar a luxúria? Óh, Deus me salve, não pode ser!” O ministro então lhe disse: “quer que eu lhe comprove?”. “Sim!!”, respondeu o imperador. “Então venha comigo – respondeu o ministro – e traga a sua jovem filha também”. Saíram em seguida para visitar um ancião pai do ministro que se encontrava em seu leito de morte. Entraram no quarto e viram o homem recostado já com os olhos fechados. O ministro disse: “Pai, o imperador veio te ver”; mas o ancião só se queixava de dor. Então o ministro acrescentou: “Pai, veio também a sua jovem filha te ver”. O ancião num instante levantou a cabeça e perguntou: “onde está a senhorita?” o ancião não tinha força para ver o imperador, mas sim para contemplar a sua jovem filha. Assim, esta simples e sábia história nos mostra a influência que a luxúria tem sobre a consciência e como ela não perde força ainda que se passe o tempo, pelo contrário, mantém seu propósito de nos acompanhar até a morte. A função original (Extrato de “Luxúria e Amor” de Srila Atulananda Acarya) “ O serviço é a função constitucional eterna da alma ou jiva. A jiva pode servir buscando o bem absoluto de todos. Quando busca sua própria felicidade trata de se relacionar com outra pessoa que constitui o objeto mais bem vindo aos teus sentidos, e trata de desfrutar com ela em uma pseudo relação de amor. Porque a isto não podemos chamar de amor verdadeiro? Qual será o verdadeiro amor? De nenhuma maneira podemos chamá-lo de verdadeiro amor porque o conceito de amor trás consigo a idéia de querer o maior bem para a pessoa querida. Mas nesse caso só se busca o máximo prazer pessoal. Se este gozo pessoal não é obtido, a outra pessoa deixa de ser querida, seja esposa, filho, pai, mãe ou quem seja. Não se ama a pessoa, e sim o prazer que se obtém dela. O princípio do amor mundano está fundamentado então no gosto e desgosto pessoal de um indivíduo. Toda sua relação amorosa estará destinada a obter dela o maior prazer pessoal. As vezes isso não pode se ver tão claramente porque também existem momentos difíceis na relação, que requerem paciência e sacrifício. Esta etapa difícil se supera por um lado graças ao apego existente entre ambos, ou porque é mais fácil melhorar a relação do que buscar uma nova. Mas qualquer análise mais profunda nos permitirá descobrir que a base da relação é um prazer pessoal baseado em quem gosta de mim e quem não gosta. Este amor que também é luxúria, basicamente é individual e egoísta. Não pode crescer e abraçar os outros seres. Se baseia na desconfiança e na inveja. Esta luxúria não é amor, ainda que assim a chamam os mundanos que sempre corrompem tudo. Esta luxúria é a exploração sensual de um ser em relação a outro, por imposição ou acordo mútuo. Então percebemos que o falso amor é luxúria. Nele não tem participação do divino. É egoísta, cego e explorador, e como não conduz aos frutos do verdadeiro amor causa frustração, ignorância e dor, e persiste pelo apego e pelo hábito do pecado. Esta é uma satisfação exploradora e egoísta, cheia de intriga e ciúmes. Em todo caso dizemos que não podemos chamar o ato sexual por uma ato de amor. É mais bem o ato mais concentrado do prazer egoísta, no qual cada sentido cego busca sua própria satisfação. A diferença disto, na mente do que busca o amor verdadeiro é que desaparece a ansiedade pelo benefício pessoal. Então se sabe ou se intui que um amor maior pode trazer felicidade. Por outro lado, em agumas pessoas existe o engano maior atribuir à relação sexual o título de máxima expressão da relação amorosa. Ainda que poucas pessoas sinceras vão reconhecer este pensamente abertamente, sabemos que o aspecto sexual predomina na relação dos casais em geral. Incluindo se tem adotado o mau termo “fazer amor”. Verdadeiramente fazer amor significa cantar os santos nomes de Deus com o propósito de limpar o coração e beneficiar aos demais. Fazer amor significa espalhar o conhecimento transcendental para tirar das almas a dor material. Quando amamos uma pessoa, queremos aliviar sua situação de dor. Os vaisnavas são chamados de ‘os amantes supremos’, porque eles tem a capacidade de nos ajudar a despertar nossa função original como eternos serventes da Suprema Personalidade, e além disso querem nos levar ao mundo de amor de Krishna”. (Srila Atulananda Acarya) O despertar de um gosto superior visaya vinivartante niraharasya dehinah rasa-varjam raso 'py asya param drstva nivartate “Da alma encarnada se pode se retirar o disfrute dos sentidos, ainda que o gosto pelos sentidos ainda fique nela. Mas ao experimentar um gosto superior e deixar por ele semelhantes ocupações, sua consciência se torna fixa”. (Bg.2.59) Srila B.B. Harijan Maharaj ensinou em muitas de suas palestras a maneira com a qual podemos despertar um gosto superior por amar a Deus e desta maneira perder a atração pela luxúria. Ele dizia que a luxúria ‘não descrimina, não respeita ninguém, nos faz esquecer as sagradas escrituras, a Suprema Pessoa, e por sua causa as pessoas estão propensas a tomar um corpo animal em sua próxima vida, e que é a doença que tem nos atado neste mundo material. Para o transcendentalista este mundo é como uma prisão, onde está pagando pena perpétua; ele está anos e anos pensando em como sair dele; em contra partida, o pensamento do materialista se foca em como disfrutar mais e mais”. É também mencionada que “a maior doença da alma é a luxúria, mas ao se esperimentar um prazer superior, o serviço a Krishna, a alma abandona o vício do prazer inferior”. Os agnósticos dizem que a melhor forma de avançar espiritualmente é no matrimônio executando a “magia sexual”, mas em resposta a isso se diz que nossa filosofia vaisnava se foca em regular a atividade sexual, sendo admitida com o propósito da procriação. O ditado do Senhor Caitanya Mahaprabhu dizia: “Não se associes nem pense no sexo oposto, nem siquer nos sonhos”, e que “o desejo de desrespeitar está alí, mas não o deixe solto, os devotos tem que controlar esses desejos. Mas se desenvolvermos amor por Sri Krishna, este será o melhor estímulo, o melhor prazer. O sexo é uma doença, mas temos a misericórdia de que Sri Krishna que nos deixou este processo para que nos tornemos puros, nos deu uma verdadeira realização, e procura para que não voltemos a ser animais. Este processo é a vida espiritual, e é um prazer superior que nos permite dominar o prazer inferior da luxúria. Krishna cantando Seu sagrado nome e praticando serviço com devoção. O homem que conquista a luxúria é poderoso, ou melhor, quem se salva dela é muito valente”. Ele dizia sempre que “o controle dos sentidos só se alcança pela misericórdia do Senhor”, e citou o Senhor Brahma dizendo: “Óh meu grande Senhor, oh grande ator, as pobres almas condicionadas estão influenciadas pela fome, pela sede, pelas secreções, pela bilis, são atacadas por um verão sufocante, severo frio e muitos outros elementos perturbadores, mas em especial estão dominadas por fortes desejos sexuais e por uma infatigável ira, me compadeço por todas elas”. Portanto, Srila Harijan Maharaj nos aconselha a “sempre estar orando dia e noite ao Senhor Supremo. Ele nos escuta quando oramos com grande intensidade. Ele nos escuta e vem e nos ajuda. Por exemplo, Draupadi estava em um momento difícil, mas orava com plena fé, e o Senhor veio e misticamente o protegeu”. Este grande acarya mencionava que “por misericórdia de Krishna é que nós estamos aqui buscando nos aprofundar na vida espiritual, e se não estamos violando princípios regulativos e estamos servindo a Sri Krishna renunciadamente, não é por nossa grande inteligência, e sim só pela graça de Sri Krishna, já que no mundo material existem pessoas mais inteligentes que nós que não são celibatárias; é sua misericórgia que nos protege”. Também realçava a importância da fé a esse respeito: “se ao buscar nos situarmos no serviço com devoção a Sri Krishna caímos devido a nossa debilidade, só por o ter adorado e o servido, ele nos vai ajudar. Mas devemos ter fé que Sri Krishna está do nosso lado. Se a pessoa duvida disso, não terá esperança de sair deste mundo material, pois quem mais nos conhece, ele sabe nosso passado, presente e futuro. Krishna veio nos dar sua misericóridia através deste doce processo extrememente atrativo, tão atrativo que a pessoa renuncia a este mundo material, por isso estamos nele. Através do esforço permanente, o sexo ilícito, tanto grosseiro quanto sutil, se vai deixando para trás. Devemos ter mais fé em Krishna, mais oração, ele vai nos ajudar. Se não levamos este processo a sério, refugiados numa profunda fé, não vamos poder nos controlar, mas se somos sinceros em nosso esforço, sem dúvida Sri Krishna nos ajudará e o gosto superior começará a se despertar em nosso interior, deixando para trás o prazer inferior. As Formas sutis da Luxúria A Luxúria tem formas sutis que se manifestam através de: a) desejo de ganho, b) desejo de ser reconhecido e c) desejo de adoração. Estes desejos perturbam a alma condicionada afastando-a de seu verdadeiro objetivo espiritual, que é desenvolver amor puro por Deus. Não esqueçamos que a luxuria é, em conclusão, o desejo de desfrutar separadamente da vontade de Deus, tentando usar ou imitar a posição do Senhor Supremo, que possui ilimitadas opulências tais como riqueza, beleza, força, fama, conhecimento e desapego. Tão logo tomamos para nós algum de seus atributos divinos, tentamos nos relacionar com os objetos ou circunstâncias que nos no final apenas uma satisfação efêmera, passageira, a qual é quase sempre a resposta da inveja que sentimos de Deus, e o que conhecemos como manifestações sutis da Luxúria. Existem diferentes metodologias de proteção que os praticantes da Brahmacarya utilizam voluntariamente, com as quais não somente se purificam das influencias sutis da luxuria, mas também os possibilitam despertar qualidades transcendentais. Por exemplo, quando um brahmacari vive em um asram de um guru, utiliza suas qualidades para o serviço em geral e para toda a comunidade; seus desejos de cobiça pessoal são canalizados fazendo serviço devocional, o qual uma conexão espiritual com o Senhor Supremo. Os grihasta brahmacaris também podem entregar uma porcentagem de suas qualidades para o serviço comum e desta maneira canalizar as inevitáveis tendências cobiçosas, pois a cobiça nos convida ao desfrute dos sentidos e da mente, e isso por sua vez nos leva a uma má utilização da forma humana de vida. O verdadeiro devoto e praticante da brahmacarya não deseja reconhecimento, mas sim oferece todas as glórias e reverências a seu mestre espiritual, pois ele considera que as situações auspiciosas que se manifestam em sua vida são a causa dos ensinamentos que aquele vem lhe entregando; e se algo desfavorável lhe sucede, considera que é devido ao seu próprio karma; assim, o aspirante sincero nunca buscará reconhecimento. A pessoa sem fundamentos filosóficos ou espirituais pode ser facilmente vítima deste aspecto sutil da luxúria, desejando a adoração que produz a fama, a adoração familiar ou reclamando simplesmente respeito. Diferentemente disso, o vaishnava tem um treinamento para cultivar a humildade e a gratidão, disposto a oferecer o mesmo aos outros sem esperar isso para si mesmo. Ele não deseja ser adorado, mas compreende que Deus deve ser adorado e dirige toda a sua atenção pra isso. Porque ele compreende que o fundamento essencial da vida espiritual é realizar a nossa posição intima original como eternos serventes e adoradores de Deus. Assim, as tendências sutis da luxúria podem ser focadas para uma perspectiva superior a qual será a base para acordar a devoção que a alma necessita. Krishna Bhakta niskama ataeva santa Bhukti mukti sidhi kami sakali asanta “O devoto do Senhor não tem desejos, então ele é pacífico. Os trabalhadores desfrutadores desejam só desfrute material. Os jñanis (estudiosos) desejam liberação e os Yogis desejam só opulência material. Assim, todos eles são luxuriosos e não podem ser pacíficos” (Caitanya Caritamrita Madhya, 19.149) Dois tipos de sexualidade Ao falar destes temas nós não desejamos dar a entender que a prática de brahmacarya não tem dificuldades, ou exigências, ou que o processo de controlar os sentidos seja uma coisa automática. Brahmacarya é uma prática de sacrifício, de entrega, é o significado do amor. Os impulsos físicos sexuais biológicos que nós temos vão existir até o último momento da vida, mas essa entrega (brahmarya) é o que nos fortalece para resistir, não levando em conta a presença destes impulsos. No final, é a nossa necessidade mais pura de amor aquela que nos ajuda a vencer esses impulsos. Srila Prabhupada disse: “O propósito da vida humana é a superação do impulso sexual”. Nós não falamos que o impulso sexual não existe. Claro que existe, e está claramente presente em todas as entidades viventes confusas no mundo. Por isso que a prática de brahmacarya não é um tipo de repressão fanática. É o treinamento básico para saber que o controle dos sentidos é o mais importante que uma pessoa tem que exercitar para não ser um escravo dos mesmos, para não ser um escravo da mente e dos instintos animais que temos dentro de nós, que só nos proporciona uma existência cheia de insatisfação, ansiedade e degradação que nos leva ao fracasso na vida. Assim nós vemos que existe dois tipos de sexualidade. Uma que é pervertida e outra que podemos entender como divina, mas precisamos aprender a diferenciar claramente os dois, antes de praticar alguma forma de vida sexual. A vida sexual pervertida é aquela promovida pelos impulsos sem controle dos sentidos. E não tem um verdadeiro respeito nem intenção de servir a Suprema Personalidade de Deus, só existe o desejo de desfrute. Além disso, existe gente que fabrica grandes filosofias para justificar seus impulsos, mas essas só são construídas por a influência das modalidades da ignorância e da paixão, assim, o resultado de seguir isso prolonga também o nosso sofrimento. Existe gente com tendências homossexuais ou bissexuais conhecidas como aqueles que praticam o 3º sexo, muitas vezes é questionado se eles podiam cantar o Maha Mantra e praticar o processo espiritual mantendo as suas tendências sexuais. Os vedas não fizeram discriminação, mas desde o começo se deve saber ser trabalhado adequadamente, Mãe Veda recebe e dá refúgio a todos aquele que buscam o seu conhecimento, e diz que qualquer tendência sexual deve ser superada. É isso que todos devem compreender, incluindo essas pessoas com tendências homossexuais ou bissexuais. Todos temos que trabalhar espiritualmente para transcender esses impulsos. A homossexualidade, assim como a heterossexualidade são faces da mesma luxúria e tem que ser superadas, porque a única maneira de vida sexual que os vedas aceitam é aquela divina. “A vida sexual divina é compreender e servir o desejo do Supremo desenhista do universo, compreender e respeitar os benefícios de uma afetuosa relação genuína e sincera com os demais, focalizar a prática sexual somente para procriar no caso das pessoas casadas”. Este tema será falado com mais detalhe na parte sobre grihasta bramacari asram, neste manual. Brahmacarya é civilização As pessoas que nossa cultura promovem real e positivamente à fé e à esperança da alma são as que tem se dedicado a brahma ou a Verdade, estas ditas pessoas são conhecidas como brahmacaris ou brahmanas. Deste modo, por sua própria natureza, a verdade é sempre representada e inspirada por aquelas pessoas que não perseguem outro interesse mais que servir a esta pŕopria Verdade Absoluta. É assim que nosso movimento para a consciência de Krishna está criando bases e estruturas para que tanto no presente como no futuru, muitas pessoas possam ser beneficiadas pela prática do celibato e possam receber uma guia e uma educação transcedentais, para conduzir suas vidas na forma mais pura possível seguindo estes ideais. Na atualidade existem campanhas que promovem formas de celibato que se assemelham as que propõem nosso movimento para Consciência de Krishna. Por exemplo, as campanhas para a prevenção de doenças como a Aids; mas nelas não se dá a informação necessária nem se aprofunda o conhecimento sobre esta milenária disciplina, a qual era posta em prática por grande e santas personalidades do passado, as que nos tem deixado como herança grandes ensinamentos. Agora bem, os benefícios tanto fisicos como psicológicos e sociais que trará a prática do celibato tem como objetivo formar uma civilização com possibilidades de um futuro de elevados valores morais e espirituais, os quais seriam impossíveis de alcançar enquanto a luxúria segue sendo promovida quase sem restrições por todos os meios. No momento, as pessoas continuam sendo assediadas e asfixiadas por seus desejos sexuais, tratando de satisfazer-los com a máxima prioridade da vida e deixando de lado não só o verdadeiro objetivo da mesma, mas também sua boa conduta, honestidade e fidelidade, e chegando aos extremos mas gritantes como as violações dentro da mesma família, coisas similares e piores. Em outras palavras, enquanto se segue semeando pornografia e promiscuidade na mente das pessoas, e enquanto estas seguem consumindo toda classe de mensagens de degradação, seguirá o aumento da violência e dos abusos na nossa sociedade. Uma vez perguntaram a Mahatma Gandhi: “o que pensa você sobre a civilização ocidental?” E ele respondeu: “isso é uma boa ideia, civilizá-los seria uma boa idéia”. A verdadeira civilização começa quando está presente o respeito pela vida, pelo próximo, pela família, pela natureza e por Deus. Sem estarem presentes estes valeores na prática cotidiana, nunca poderemos falar de civilização. Ao falar de civilização devemos levar em conta o dever correspondente a cada indivíduo que a compõe, tanto homens quanto mulheres. Neste sentido, a Bíblia trás enfaze na ocupação própria de cada um: “Eu os queria livre de preopcupações. Quem não está casado deve se preocupar com as coisas do Senhor, e como agradar o Senhor. O casado deve preocupar-se com as coisas do mundo e como agradar sua mulher, ele, portanto, está dividido. A mulher que não está casada, o mesmo que uma donzela, deve se preocupar das coisas do Senhor, de ser santa de corpo e de espírito, mas a mulher casada deve se preocupar com as coisas do mundo, e de como agradar o seu marido”. (I Corintios 7, 32-40) Nos tratados genuinos de toda religião, o tema de como devem ser conduzidas as alma se seu acesso a verdadeira espiritualidade é uma constante, e de como estas devem regular sua sexualidade não sendo uma fonte perpétua de sofrimento, e sim ter presente a responsabilidade de entregar um mundo consciente de Deus às futuras gerações: “Brahmacarya significa civilização e responsabilidade, e todos os praticantes ou buscadores genuínos da verdade podem participar de nossa família espiritual e nos ajudar assim, a criar um mundo melhor”. (Srila B.A. Paramadvaiti Swami) Karma e Reencarnação A sabedoria contida nos Vedas nos diz que existe a possibilidade de que uma entidade vivent que tenha nascido nesta vida em um corpo de homem, na próxima venha em um corpo de mulher, e vice-versa. Isso é explicado no Bhagavad-Gita Cap. 8, Verso 6, onde se diz: yam yam vapi smaran bhavam tyajaty ante kalevaram tam tam evaiti kaunteya sada tad-bhava-bhavitah “qualquer estado de existência que uma pessoa pensa quando abandona o corpo, esse estado alcançará sem falta”. Isto significa que os pensamentos no momento da morte são o espelho do cultivo da consciência e das atividades desenvolvidas na vida. Assim é possível que os homens tenham sido mulheres na vida passada e que as mulheres tenham sido homens muito ansiosos por disfrutar ou contemplar as mulheres. Não é necessariamente sempre assim, mas é o mais frequente. Uma pessoa adquire um determinado nascimento devido a necessidade manifestada de satisfazer seus desejos. Isto inclue, por suposto, a possibilidade de nascer em corpos de plantas e animais. O nascimento é determinado assim, por nossa tendência ao desejo e a sua satisfação respectiva. Essa rede se estende por milhares de vidas, nascendo e morrendo repetidas vezes e sofrendo como consequencia disso. Por isso a castidade é algo fundamental, já que através dela podemos freiar essa tendência cíclica, pois aprendemos a ser verdadeiramente responsáveis por cada um de nossos atos, já que de qualquer forma, no fim cada pessoa enfrentará a si próprio. Ou seja, isso que uma pessoa faz é o que vai experimentar no futuro, inevitavelmente. Compreeder isto nos permite explicar claramente a diferença de nascimentos, corpos e tendências. Enquanto os desejos sexuais não são superados ou espiritualizados, tenderemos a seguir aceitando algum tipo de corpo material para satisfazer tais desejos, o qual implica em uma grande variedade de sofrimentos. O nascimento em uma família de pais exemplares, espertos em compreender a ciência espiritual e o bem dos filhos, é muito difícil de encontrar hoje em dia. Dessa forma, estritos brahmacaris, brahmacarinis, grihasta brahmacaris, vanaprasthas ou sannyasis são muito difíceis de encontrar neste mundo. O que sim se encontra, e em grande quantidade, é gente com uma vida desordenada. Contudo, ainda que esta realidade esteja cheia de imperfeições, devemos guardar como um tesouro o ideal mais elevado que temos recebido de nossos acaryas, e guardar cada detalhe desse ensinamento até o final. Será a determinação por alcançar a meta da maravilhosa educação espiritual a que nos tornará exitosos neste caminho. A derrota da filosofia de Sigmundo Freud O seguinte foi extraído de uma conversa entre Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada e dois de seus discípulos, em relação aos postulados que o Dr. Freud expôs, para explicar a função da sexualidade humana e seu diagnóstico clínico, o qual é analizado em relação a verdade revelada nos Vedas. Syamasundara dasa: Freud observou um conflito entre o ser primário, o qual chamou de id e o ser ético, o qual chamou de ego. É o id que tenta gratificar todas as necessidades e sua motivação básica é a libido, o instinto sexual. Quando o id entra em contato com os sentidos, se forma o ego. O superego é uma parte modificada do ego, o qual se forma por meio das experiências relacionadas com os próprios pais. O superego se caracteriza pelos sentimentos da consciência, e é o principal fator de repressão na luta do ego por quebrar as tendências primitivas, ilegítimas e auto-motivadas do id. Srila Prabhupada: nós também aceitamos que todos tem um apetite sexual, e nos sastras se declara que o sexo é a principal atadura do mundo material. Estas tendências são inerentes a entidade vivente. De acordo com os sastras, nos é permitido intercêmbio sexual no matrimônio, mas nos é proibido ter qualquer outro sexo. Krishna disse, dharmaviruddho bhutesu kamo'smi. “Eu sou a vida sexual que não contraria os princípios religiosos”. (Bg. 7.11). Isto significa que a vida sexual tem que ser regulada. Também, as pessoas tem uma tendência pevertida a ter sexo contra os mandatos Védicos. Os Vedas fornecem regulações para todas as atividades idesejáveis. A ideia é restringir este anarthas, estas coisas indesejáveis, para que a entidade vivente possa se libertar eventualmente delas mesmas. No estado condicionado, todos criam um ego falso, pensando “eu sou americano, sou hindú, sou cristão, sou mussulmano, sou Russo, sou um ser humano, sou este corpo, sou isto, sou aquilo”. Isso é ego falso. O Ego superior diz, “Eu sou brahman. Eu sou o servente eterno de Krishna”. Se compreendermos o ser desta maneira, o ego falso se desaparece automaticamente. Nosso sentidos são grosseiros, mas são controlados pela sua mente. A mente é uma parte do corpo sutil, e a mente, por sua vez, é controlada pela inteligência. A inteligência é controlada pelo ego, e se este ego é falso, toda estrutura é falso. É falso ego pensa “eu sou este corpo”. Isto é uma falsa identificação. Quando o ego está iludido assim, todo o restante está subordinado a ele também e está iludido, porque todo o restante se ergue de uma plataforma falsa. Consequentemente, os Vedas nos aconselham acesar o nível de conhecimento e isso se denomina brahma-jnãna. Como se explessa no Bhagavad-Gita: brahma-bhutah prasannatma na socati na kanksati samah sarvesu bhutesu mad-bhaktim labhate param “aquele que está transcedentalemente situado de imediato realiza o Brahman Supremo. Ele nunca deseja nem se lamenta por nada; está igualmente disposto oara com toda entidade vivente. Nesse estado se alcança o estado de devoção pura por Mim.” (Bg. 18.54) Quando temos acesso a esse conhecimento de que não somos o corpo e sim uma alma espiritual pura, de imediato ficamos felizes. Todas as neuroses e problemas que Freud está tratando de curar se devem a ao ego falso. Quando compreendemos nossa verdadeira posição, o fogo ardente da existência material se extingue de imediato. Freud está descrevendo esse fogo ardente e está tentando curar as pessoas que estão dentro deste fogo. As como pode ser feliz a pessoa quando está rodeada por fogo? É o próprio fogo que deve ser extenguido, ou a pessoa mesma a que deve ser retirada do fogo. Logo haverá felicidade. Syamasundara dasa: o ego desenvolve estratégias defensivas contra esta ansciedade gerada pelo id. Toda vez que ocorre um forte desejo animal, o ego o reprime, em reconhecimento da auto-preservação. Srila Prabhupada: a repreção sempre está presente. Se estamos doentes e o doutor nos aconselha a não ingerir sólidos, temos que reprimir nosso apetite. No sistema de brahmacarya, o bramacari reprime seu desejo pelo sexo. Isso se denomina tapasya, represão voluntária. Naturalmente isso é muito difícil se não se tem outra ocupação melhor. Assim, como já foi dito, temos que temos que substituir uma atuação inferior por uma superior. Quando se cultiva a ver a linda forma de krishna, já não se deseja ver a forma de uma jovem. Syamasundara dasa: os Budistas falam não só da represão dos desejos, mas também da sua extinção. Srila Prabhupada: nós não propiciamos isso. Sempre haverá desejos e as vezes teremos que reprili-los. Meu Guru Maharaj costumava dizer que quando levanta da cama uma pessoa deve golpear a sua mente centenas de vezes com teus sapatos, e quando vai dormir a noite, deves golpeá-la cem vezes mais com um cabo de vassoura. Dessa forma poderá controlar a mente. Os tigres selvagens tem que ser controlados pela repressão, mas quando os tigres estão sob controle já não é necessária a repressão. Então pode-se brincar com os tigres e eles serão seus amigos. Concluimos, assim, que a repressão não é ruim. Hayagriva dasa: Freud considera a repressao sexual prejudicial, mas a sublimação frequentemente como benéfica. Ele não era a favor da total liberdade sexual, e sim sugeria que em vez de tentar negar o impulso devemos buscar reorientá-lo talvés fazendo alguma atividade artística ou estudo positivo. Srla Prabupada: isto significa desviar a nossa atenção e isso se recomenda na cultura védica para o brahmacari. Se a nós é ensinado desde o princípio sobre Krishna, esqueceremos o sexo. Além disso se um adulto adota formalmente a consciência de Krishna, também pode se esquecer do sexo. Assim foi a experiência de Yamunacarya: yadavadhi mama cetah krsna-padaravinde “conseiderando que estou ocupado na consciência de Krishna, cada vez que minha mente pensa em sexo, frizo as sombrancelhas de desgosto e cuspo sobre tal pensamento.” Se nos ocupamos no sexo sem fronteiras, eventualmente seremos impotentes. É o meio natural de castigo da natureza. O sexo não pode ser reprimido artificialmente, mas existe uma adequada forma de entretenimento. Syamasundara dasa: Freud o consideraria uma forma de repressão. Srila Prabhupada: Sua ideia de represão é diferente da nossa. Nossa repressão significa levantar bem cedo de manhã, assistir ao Mangal Aratika, cantar o Maha Mantra Hare Krishna e se ocupar em serviço devocional. Assim nós reprimimos as propenções materialistas e se desperta a vida espiritual pura. Hayagriva dasa: Freud acreditava que o sexo não podia ser erradicado e que se uma pessoa é treinada para isso se auto manifestará uma neurose indesejável. Srila Prabhupada: ele não conhecia o processo de treinamento da consciência de Krishna. De acordo com a nossa filosofia, na medida em que tenhamos inclinações sexuais teremos que aceitar um corpo material e nos enrolaremos nas misérias da existência material. Sem dúvida, existe o que se denomina vida espiritual e se somos treinados espiritualmente já não seremos perturbados pelos desejos materiais. Syamasundara dasa: Freus opinava que a maioria dos nossos problemas, os quais são de natureza sexual, podem ser curados trabalhando e analizando objetivamente as experiências ruins pelas quais o indivíduo passou. Srila Prabhupada: devemos entender porque se apresenta esse problema sexual. Se toleramos uma pequena sensação de comichão, nos salvaremos de muito sofrimento. yan maithunādi-gṛhamedhi-sukhaṁ hi tucchaṁ kaṇḍūyanena karayor iva duḥkha-duḥkham “A vida sexual é comparável a nos arranharmos com as duas mãos para aliviar uma coceira. Os grihamedhis, os chefes de família sem conhecimento espiritual, consideram que tal coceira é o maior nível de felicidade, ainda que na realidade é fonte de aflição.” (S.Bhag. 7.9.45) Quando os homens comuns estão apegados excessivamente a vida materialista sua única felicidade é a relação sexual. Os Sastras dizem que a felicidade oriunda da relação sexual é sumamente insignificante. Na realidade, nem siquer é felicidade. A maior parte dela pode ser considerada uma felicidade de décima classe. Considerando que as pessoas não tem ideia do que é a felicidade da consciência de Krishna consideram que o sexo é a maior felicidade. Mas se analizarmos, que classe de falicidade é? Quando tivermos uma coceira nos coçamos e sentiremos certo prazer, mas quando esse prazer passa, os efeitos são abomináveis porque a coceira piora. Os sastras nos informam que se somente buscarmos tolerar essa sensação de coceira, nos salvaremos de uma considerável “caudal” de sofrimento. Isso é possível se praticamos a Consciência de Krishna. Syamasundara dasa: Segundo Freud, através da psicanálise podem ser liberadas as emoções reprimidas e o trauma original pode ser “mitigado” pela memória e confição. Srila Prabhupada: mas que garantia se tem de que não se formará outro trauma? A entidade vivente recebe golpe atrás de golpe. Se cura um golpe e logo vem outro. É um fato que a vida material é dolorosa. Enquanto se recebe o corpo material se deve sofrer as três classes de misérias. Todos buscam a felicidade e ao menos que a vida materialista seja detida ou que coloquemos um fim ao nascimento, a velhice a doença e a morte, não haverá felicidade. A vida materialista é uma doença e a civilização védica procura curar essa doença. Nosso objetivo é a cura total. Nõa mais choques. O tratamento de Freus é inútil porque não pode garantir que não ocorrerão mais choques. Se estão realmente situados na consciência de Krishna pode ser que o pior tipo de miséria aconteça a vocês e que você não se perturbe com isso. Não experimentarão nenhum tipo de choque, em absoluto. Freud trabalha para curar nos seus paciêntes os resultados de algum trauma que experimentaram anos antes, mas não tem garantia de que não volte a ocorrer outro trauma similar. Ao invés disso a entidade vivente receberá um golpe atrás de outro. daivi hy esa guna-mayi mama maya duratyaya mam eva ye prapadyante mayam etam taranti te “Esta energia divina minha, integrada ás três modalidades da natureza material, é dfícil de superar. Mas aqueles que são rendidos a mim podem atravessá-la facimente” (Bg. 7.14) Enquanto procuramos resolver um problema, se apresenta outro. E logo outro. Se nós falamos de Consciência de krishna, já não haverá mais choques. Syamasundara dasa: Freud acreditava que nossa personalidade atual é influência de nossas experiências sexuais na infância e na idade maternal. Srila Prabhupada: em consequencia disso, estamos tentando criar nossos jovens como brahmacaris. Entretanto a tendência para o sexo existe, mas por praticar brahmacarya, por dirigir nosso atenção para Krishna, ocorre quase nenhuma oportunidade da qual se gere um choque. Se a sociedade humana acata o sistema védico, estes choques não se apresentarão. Hayagriva dasa: de todos os modos Freud considera a crença em Deus como infantil. No “o futuro da Ilusão” escreve: “o homem não pode seguir sendo criança sempre, a final deverá aventurar-se no mundo hostil. No lugar continuar na dita maternidade, o homem deve buscar liberar-se da muleta psiquica da Religião”. Srila Prabhupada: qual é sua definição de infantilidade? Todos devem ser crianças e todos devem ter um pai. Tal como não podemos negar nosso pai biológico, não podemos negar o pai Supremo definitivo. Hayagriva dasa: não se trata de que se negue os pais biológicos senão da ideia de Pai Supremo, a qual em sua opinião surgia do estado inicialmente desamparado do homem. Srila Parabhupada: o desaparo sempre se faz presente porque as tres classes de misérias sempre existiram na vida material. Sempre haverá misérias emergentes do corpo e da mente, infligidas por outras entidades vivas e por catśtrofes naturais. Além disso, sempre haverá nascimento, velhice, doença e morte. Só um tolo, ou um espertinho segue alimentando esperanças para superar materialmente todas as dificuldades. Apesar de fazermos planos, a natureza é tão forte que quebra em pedaços nossos planos com a patada da morte. O homem alimenta esperanças e mais esperanças de ajustar as coisas materiais para poder ser feliz no mundo, mas essa é sua loucura. O homem está desamparado a cada passo. Hayagriva dasa: Freud considerava a quietude que segue após o ato sexual como muito semelhante a morte, porque nesse momento os desejos foram extinguidos. Assim, o sono segue a relação sexual. Nesse sentido a execução do prazer conduz a extinção. Srila Prabhupada: se esse é o propósito da vida, devemos orar a Deus para que nos transforme em porcos e cães porque estes animais têm muita boa faciidade para a vida sexual. Todos eles consideram o sexo como a sua meta última e em seguida, dormir. rsabha uvaca nayam deho deha-bhajam nrloke kastan kaman arhate vid-bhujam ye tapo divyam putraka yena sattvam suddhyed yasmad brahma-saukhyam tv anantam O Senhor Rishabhadeva disse aos seus filhos: “Meus queridos filhos, de todas as entidades viventes que tme aceitados corpos materiais no mundo, aquelas as quais lhes é concedida a forma humana, não devem duro dia e noite só para a gratificação dos sentidos, o qual está disponível também para os cães e porcos que comem excremento. Devemos nos ocupar no trabalho e austeridade para obter a posição divina do serviço com devoção. Mediante essa atividade o coração se purifica e quando chega a essa posição, se obtem a vida eterna e bemaventurada a qual é transcendental a felicidade material e a qual continua sempre”. (S.Bhag. 5.5.1) A vida humana foi criada para fazer tapasya, para por fim ao sexo. Esse é o processo de brahmacarya. Capítulo três – Comprendendo e transcendendo o desejo sexual O sexo não é obrigatório Desde um enfoque específico, podemos considerar o celibato como a alternativa não sexual para nos relacionarmos com as pessoas em nossa volta. Ao sermos “não sexuais” (isto é, ao não projetar sua identidade baseados na sua sexualidade física presente), os praticantes de brahmacarya podem ver aos demais como seres humanos individuais e não simplesmente como corpos, os quais se pode classificar como atrativos ou não atrativos, os quais se pode aceitar ou regeitar. Para a grande maioria das pessoas este tipo de atitude – a de tentar nos relacionar em uma plataforma desvinculada da atração sexual – pode chegar a ser considerada uma aberração ou algo terrível. Mas na verdade se tememos não ter o sexo, é porque não compreendemos completamente o que ele é. E o que é o sexo em um sentido? O sexo é o unico processo fisico o qual é imprescindível para que exista uma vida sem efeitos necessariamente negativos. O desejo sexual não é em princípio uma necessidade física, se origina da mente. É uma necessidade imaginária, não real. As escrituras védicas confirmam isto de maneira unânime. A fantasia de que se experimenta uma felicidade “quase espiritual” quando se está nos braços de um ser amado, durante o ato sexual e depois dele é só isso: uma fantasia, pois no fundo sabemos que o contato íntimo dos corpos, sem estarem dotados de um propósito superior, não representa mais que uma forma de intercâmbio comercial. Portanto, o fato de que o sexo forma a base exclusiva de uma relação, implica que nenhuma das partes sinta respeito pela outra: onde quer que haja uma relação sexual egoísta, haverá forçosamente momentos de hostilidade, pois o desejo e a satisfação são diferentes em cada indivíduo e jamais coincidem, pelo menos a longo prazo não, gerando, assim, toda uma série de choques e conflitos intermináveis. Desta maneira o ato sexual se converte fundamental e necessariamente em um ato violento: ele que chamamos de “violação” ou “ato de amor”, dependerá só das circunstâncias mentais que desejemos invocar. Em outras palavras: o sexo é só um ato físico, neutro em si, e o dotamos (mentalmente) de significado que desejamos em cada momento. Assim, podemos perceber sem maiores dificuldades, como a nível global existe uma profunda crise nas relações, em grande parte devido ao fato de nos identificarnos como seres “sexuais”, buscando assim estabelecer uma comunicação com os demais tomando por base uma identificação e existência como corpos (grosseiro e sutil) simplesmente, mas sem incluir neste enfoque a alma, nossa verdadeira e única identidade. Enquanto continuarmos nos considerando principalmente como criaturas sexuais, seguiremos nos sentindo reprimidos, frustrados e insatisfeitos, por mais que mantenhamos muita atividade sexual. O conhecimento do verdadeiro prazer nunam pramattah kurute vikarma “A alma condicionada, estando assim enrolada no mundo material experimenta distintos estados de oucura.” (S. Bhag. 5.5.4) Ao esquecer sua bemaventurada e eterna relação com Krishna, a jiva sofre vida pós vida, sendo golpeada pelas modalidades da natureza material e pelo repetido ciclo de nascimentos e mortes. Mas ela se sorri considerando isto como um desfrute devido a idéia falsa de felicidade que a ilusão propõe. Esta falsa felicidade começa pelo prazer sexual e é o principal sintoma de insanidade exibido pela alma condicionada. O verdadeiro prazer se encontra naquilo que nos relaciona com o eterno, com a Verdade Absoluta, ou em outras palavras, o verdadeiro prazer começa a ser descoberto quando buscamos nos tornar serventes do amor de Deus. “A felicidade que provem da agitação dos sentidos é senpre causa de dor”. (Bg. 18.38, significado de Srila Prabhupada) O prazer sem consciência de Deus é somente uma agitação da mente da qual se divide em dois grupos: A primeira se chama avirodha-prti, ou apego irrestrito e a segunda se chama virodhayukta-krodha, ou a ira que surge da frustração. Tanto os mayavadis e karmavadis experimentam este avirodha prti, ou em outras palavras, sempre que a alma condicionada guarda interesses separados de Deus, experimentará desejos de satisfação pessoal, os quais culminam em virodha-yuktakrodha, ou na ira que surge da frustração a qual é uma calamidade tanto para a pessoa como para o meio ambiente que o rodeia. “A satisfação da mente pode ser obtida pelo simples fato diminuir os pensamentos de disfrute sensual. Quanto mais se foque a mente em desejos de satisfação sexual, mais insatisfeita se tornará”. (Bg. 17.16, significado de Srila Prabhupada) Visão Correta Através da história os materialistas tem escrito milhares de libros sobre a relação homem-mulher, a qual é muito complexa, já que esta relação em geral a principio é como nectar mas ao final é coma veneno. Mas ainda assim, estas pessoas não tem conseguido até o dia de hoje resolver este mistério que os inquieta, pois sempre tem visto a mulher como um objeto desfrutável é justamente por isso que não tem conseguido entender o modo de levar uma relação correta. Na cultura védica se ensina que todo homem deve ver toda mulher como se fosse sua própria mãe, exceto desde já a sua esposa no caso de uma pessoa que é casada, e deste modo, através de um profundo respeit, se poderam estabelecer bases com maior sinceridade no relacionamento social. Deste modo, todas as escrituras recomentam que o brahmacari veja todas as mulheres como se fossem sua própria mãe, ainda que algumas delas devido a carência espiritual não se comportem deste modo. Srila Prabhupada, em uma conversa em Seattle em 1968 dirigindo-se a seus discípulos masculinos lhes disse: “as mulheres não devem ser tratadas como inferiores. As vezes, supostamente dizemos que a mulher é a causa da escravidão deo homem, mas isso não deve ser fixado. Devemos tratar muito bem as mulheres que chegam. Porque no fim de tudo, qualquer um que chega a consciência de Krishna, seja homem ou mulher é muito afortunado”. O brahmacari deve esforçar-se por se estabelecer na modalidade da bondade, já que é nesta modalidade se desenrola o conhecimento e a renúncia, e desta maneira, ele poderá obter uma maior facilidade para manter a visão correta e assim proteger sua prática de brahmacarya. Abandonar os apegos inferiores Um poeta bengali, Bankim Chandra, disse que na frente dos olhos do amante a amada está sempre muito linda, mesmo quando é feia. Esta atração é chamada de devamaya, pois a atração entre o homem e a mulher é a causa da escravidão para ambos, já que eles realmente pertencem a para prakriti, ou a energia superior do Senhor. As mulherers são chamadas makini. A palavra kama significa luxúria, pois pelo desejo do criador supremo, as mulheres são atrativas e invocam a luxúria no sexo oposto. Devido a sua natureza elas se enfeitam se embelezam, e desta maneira despertam os desejos luxúriosos dos homens. As mulheres com natureza monástica recorrerão a uma vestimenta que reflita sua castidade e compromisso com Deus, sem ter em conta a moda ou uma intenção de despertar luxúria no sexo oposto. O apego sexual que surge deste tipo de atração é a fonte de todos os demais apegos, os quais causam as confusões nas diferentes atividades da vida. Quando estas confusões se incrementam se perde por completo a visão espiritual, a dependência de Deus, e os diferentes egoísmos afloram com grande força. No Srimad Bhagavatam (5.5.8) se menciona: puṁsaḥ striyā mithunī-bhāvam etaṁ tayor mitho hṛdaya-granthim āhuḥ ato gṛha-kṣetra-sutāpta-vittair janasya moho 'yam ahaṁ mameti A atração entre macho e fêmea é o princípio basico da existência material. Sobre a base deste conceito erroneo, o qual ata os corações dos macho e fêmeas, a pessoa se vê atraída ao corpo, casa, propriedade, filhos, parentes e riqueza. Desta meneira se incrementam as ilusões da vida e se pensa no fim “Eu e meu”. A esse respeito, Srila narottama das Thakut comenta: Karma kanda jñana kanda, kevala visera bhada amrta baliya yaba khaya nana yoni sada phira, kadarya bhaksana kare tara janma adhah pate yaya Devido a minhas atividades fruitivas passadas agora estou caído no oceano da ignorância. Não posso encontrar nenhum meio de sair desta mar o qual, de fato é como um oceano de veneno. Estou tentando ser feliz através do disfrute sensual, mas realmente esse chamado desfrute é como o alimento que está tão quente que ocasiona queimaduras no coração. Sinto uma sensação ardente constantemente, dia e noite, e assim minha mente não pode encontrar satisfação”. Se diz que nossas más condutas poder ser queimadas no fogo do arrependimento, pois o Senhor sempre escuta a oração sincera e humilde de Seus devotos j, ou de quem está lutando com sua natureza inferior e ao mesmo tempo está tentando realizar algum serviço para satisfazer a vontade divina. No Caitanya Caritamrta Madhya 22.16, se menciona: kamadinam kati na katidha palita durnidesas tesam jata mayi na karuna na trapa nopasantih utsrjyaitan atha yadu pate sampratam labdha buddhis vam ayatah saranam abhayam mam niyunksvatma dasye “oh meu Senhor, não temm limites as órdens indesejáveis de meus desejos luxuriosos. Ainda que lhes tenha realizado muito serviço, eles não tem mostrado nenhuma misericórdia para comigo. Não tenho me envergonhado de servi-los nem siquer tenho desejado renunciar a eles. Oh meu Senhor, cabeça da dinastia Yadu(!), recentemente, contudo, minha inteligência tem despertado e agora estou renunciando a eles. Graças a inteligência transcendental agora me recuso a obedecer as ordens indesejáveis destes desejos e venho a Ti me render a Teus pés de lótos. Tú que és bondoso , por favor, me ocupa em teu serviço e me salva”. O Senhor Supremo aprecia o esforço de Seus devotos e sempre é compreensivo, ainda que tenham debilidades, mas devemos entender isso com amadurecimento e sinceridad epara qe nosso avnço seja positivo. Sri Krishna instruiu a Uddhava no Srimad Bhgavatam (11.20.27-28) “Tendo despertado fé nas narrações de minhas glórias, estando desgostoso de todas as atividades materiais, sabendo que toda satisfação sensual conduz à miséria, mas ainda assim sendo incapaz de renunciar a esse desfrute sensual, Meu devoto deve permanecer feliz e me adorar com brande fé e plena convicção. Ainda que as vezes esteja ocupado em disfrute sensual, Meu devoto deve saber que a satisfação sensual conduz a resultados miseráveis e se arrepende sinceramente por tais atividades.” Vencendo o desejo sexual Sri Krishna aconselha no Bhagavad Gita Cap. 2, verso 70, que as pessoas controlem a sua mente, ou ao menos evite sua influêcia negativa, pelo simples fto de ignorá-la: apUryamANam acala-pratiSThaM samudram ApaH pravishanti yadvat tadvat kAmA yaM pravishanti sarve sa shantim apnoti na kama-kami. “A pessoa que não se perturba pelo incenssante fluir dos desejos – que entram nela como os rios no oceano, o qual, ainda que sempre esteja enchendo, permanece calado - , é a única que pode encotrar a paz, e não o homem que se esforça para satisfazer os ditos desejos'. Desta maneira vemos que pelo simples fato de tolerar, podemos evitar serem arrastados pela influência dos desejos materiais que se alojam na mente como sementes de pecado. Muitos pensamentos absurdos em geral entram na mente contaminada, mas se no lugar de satisfazê-los os ignoramos, naturalmente se irão e pronto. O mais aconselhável é praticar a austeridade da mente, a qual consiste principalmente em pensar em como servir mais e melhor o estre espiritual. Srila bhaktivinoda Thakur tem sugerido aos devotos que são instigados por desejos mórbidos do disfrute sexual, que meditem no passatempo de Krishna quando matou o demônio Sankhacuda, que queria desfrutar das gopis. O Srimad Bhagavatam (3.28.32) diz que podemos vencer o desejo sexual por meditar nas sombrancelhas de Krishna. Este verso afirma que grandes sábios são protegidos por meditar nas sombrancelhas do Senhor. Podemos desta meneira meditar na Deidade local ou em uma imagem de Krishna que seja nossa inspiração. Também podemos refletir sobre outras consideraçãoes prátcas, que nos ajudam em nossan determinação: a) A beleza corporal é ilusória, pois se acaba com o tempo. b) A vida sexual não traz felicidade, e sim gera o oposto. c) A ocupação do sexo, tanto lícito como ilícito, nos prende a este mundo. d) temos um compromisso com o guru desde o momento da nossa iniciação. Sripad Sankaracarya, encarnação autorizada do senhor Siva e principal expoente da filosofia Advaita Vedanta, nos instrui também da seguinte maneira: nari-stana bharam nabhi-desam drstva ma ga moha-vesyam etam mamsa vasa adi vikara] manasi vicintaya bharam bharam “Tendo visto a suposta beleza dos pozados pitos de uma mulher e sua delgada cintura, não te agites ou se iluda, porque estes aspectos atrativos são simplesmente transformações de gosdura, carne e vários outros ingredientes desagradáveis. Você deveria considerar insto em tua mente uma outra vez”. Srila Bhaktivinoda Thakur disse também em seu Sri Godrumacandra Bhajan Upadesa: “oh, amigo, de prazer que finalmente se obtem de relações sexuais se torna como temor e o desvia a um verdadeiro objetivo da vida. Só adora ao Senhor Gouranga, a lua dos resudentes do bosque de Godruma, e intexica tua mente com as melodias néctares do Santo nome”. O impulso sexual é chamado Cupido ou Madana, o qual é muito difícil de superear, “...mas aqueles que se tem rendido a mim..” diz Krishna no Bhagavad Gita (7.14), “... podem seperá-lo facilmente”, into devido também ao fato do cupido se atrair por Krishna. Somos atrídos pelo Cupido, mas vemos que o Cupido é atraído por Krishna, e por tanto Krishna é conhecido como Madam Moham. Se não somos controlados por Madan Mohan através de nossa desinteressada rendição, de sermos controlados por “Madan Daha”, o fogo do Cupido. No Srimad Bhagavatam (6.1.15) se diz: kecit kevalayā bhaktyā vāsudeva-parāyaṇāḥ aghaṁ dhunvanti kārtsnyena nīhāram iva bhāskaraḥ “Somente uma pessoa que tenha adotado o serviço a Krishna com devoção completa e despoluído, pode se desprender das sementes das ações pecaminosas sem nenhuma possibilidade de que revivam. Ela pode fazer isto por desempenhar serviço com devoção, tal como o Sol pode discipar a neblina com seus raios”. A alternativa subtancial e amorosa se encontra no serviço que o guru e vaisnavas generosamente nos oferecem, pois como disse o dito, “aquele que me dá serviço, me abençoa”. Não existe comprimido, mantra, tantra, yantra, kavaca ou pedra astrológica que substitua esta verdadeira fórmula mística para superar os desejos sexuais, a qual nos comprometerá a sempre mais responsabilidade no serviço com devoção. Alguns devotos as vezes comentam que sentem mais agitação sexual depois de ter chegado na Consciência de Krishna do que antes, e não sabem bem como interpretar isso. Isto pode se ver assim em algumas ocasiões, porque as reservas de desejos adormecidas dentro do coração se manifestam. Não quer dizer que tenha aumentado a luxpuria, e sim que a pessoa está se purificando pouco a pouco. Usualmente se dá o exemplo de um quarto que se limpa depois de um longo tempo. Todo o pó e a sujeira, os quais estavam escondidos nos cantos saem à superfício. Ao começar a limpar o quarto realmente parecerá que se tornou mais sujo, mas a verdade é que o quarto estava cheio de sujeira anteriormente, mas devio ao fato de não haver esforço para limpá-lo a sujeira estava escondida. O resultado final será que o quarto se tornará limpo de uma maneira que não estava antes, ou seja, ficará totalmente limpo. Da mesma maneira, no início do processo do canto dos santos nomes os desejos irão saindo do coração, mas se seguimos cantando com a atitude apropriada isto gradualmente irá desaparecendo. Esta é a declaração definitiva das escrituras, em especial para esta era, de Kali: kaler doṣa-nidhe rājann asti hy eko mahān guṇaḥ kīrtanād eva kṛṣṇasya mukta-saṅgaḥ paraṁ vrajet “Oh rey (!), apesar de que Kali Yuga é um oceano de faltas, ainda assim possue uma grande qualidade. Simplesmente por cantar o nome de Krishna, uma pessoa se ribera do emaranhamento material e pode alcançar o mundo transcendental.” (S. Bhag. 12.3.51) Harinama Sankirtan Yajña ki jay!!! Capítulo quarto – Brahmacari asram Princípios básicos da brahmacarya “O voto de brahmacarya está destinado para ajudar uma pessoa a se abster completamente da satisfação sexual e sensual, nos atos, nas palavras e na mente. Todo o tempo, sob todas as circunstâncias e em todos os lugares”. (Yajñavalkya smrti) Existem oito práticas que devem ser evitadas na vida de brahmacari, favorecendo a pureza e a honestidade de todas as nossas intenções: 1- Pensar em vida sexual 2- Falar sobre a vida sexual 3- Flertar com o sexo oposto 4- Olhar luxuriosamente o sexo oposto 5- Falar intimamente com o sexo oposto 6- Decidir se ocupar em relações 7- Se esforçar pela vida sexual 8- Se ocupar na vida sexual O celibato total em que alguem quer consagrar sua vida para Deus é uma vocação pessoal, não é algo obrigatório. Mas deve ser glorificado, porque é o ato de se dedicar toda a energia ao Supremo. O desejo do celibato em uma pessoa deve ser considerado como o sintoma natural de uma alma evoluída que deseja se consagrar completamente a deus, pois ela só pensa em condições de querer servir completamente o Senhor Supremo, quer trabalahr para a humanidade e quer ajudar a todos. Se assim sente uma pessoa, então o celibato é uma forma dela viver. As sagradas escrituras e as grandes religiões do mundo tem descrito que o celibato é a forma mais linda de viver. A finalidade do celibato deve ser a de servir sempre: servir a humanidade e servir a Deus. Mais além das considerações externas Como bem falamos, segundo a cultura védica, em todos os vernas e asrams se encontra presente a prática de brahmacarya. Mas o período chamado brahmacari propriamente dito está especialmente destinado para o treinamento do controle dos sentidos e da mente. Este treinamento flui através da prática do serviço com devoção e da submissão aos diksa e siksa gurus. Nesta etapa da vida, o devoto tem maiores facilidades para descubrir sua natureza e se capacitar para servir no futuro ao mestre espiritual, já sendo grihasta, vanaprastha, ou sannyasi. Sri Caitanya Mahaprabhu disse: “Não sou um brahmana, nem ksatriya, nem vaisya nem um sudra, taopouco me identifico como um brahmacari, nem grihasta, nem vanaprastha ou um sannyai, eu somente sou um servente de Krishna, quem é o mantenedor das gopis” (Caitaya Caritamrita, Madhya 13.80) Assim, vemos que o avanço espiritual não depende das considerações externas, mas ao mesmo tempo seremos muito afortunados se pudermos assumir as distintas facilidades que guru, vaisnavas e Krishna nos presentearam. Existem muitos passatempos nos quais o próprio Senhor Caitanya, quando visitou Varanasi, evitou a associação de muitos sannyasis mayavadis que se encontravam alí presentes e no lugar disso preferiu viver com seus devotos grihastas, Tapana Misra e Candrasekhara. Inclusive os sannyasis mayavadis critiaram o Senhor mas posteriormente ele pragou a eles e todos eles se tornaram vaisnavas, então foi alí que Mahaprabhu se sentou entre eles a compartilhar prasadam. Desta maneira vemos que o que conquista o senhor supremo é a sinceridade de seu devoto, além de qualquer tipo de consideração externa. Mas ainda assim as regras e regulações de cada asram em particular devem ser respeitados já que estes tem a capacidade de nos proteger, principalmente de nossa própria mente, e também de nos ajudar no desenvolvimento correto de nosso crescimento espiritual. A mais importante regra de proteção No asram do mestre espiritual tem regras e valores que nos protegem e que nos ensinam a cuidar de nossa castidade mais além do impulso dos sentidos, ou da tentação que as distintas formas da ilusão nos oferece. A mais simples e importante de todas as regras de proteção e que homens e mulheres que não são casados não devem falar a sós em locais privados, e se recomenda que se mantenham sempre visiveis a outros membros da comunidade, incluindo no caso de ser necessária uma conversa mais pessoal. Esta é uma regra sagrada. Por que será? Porque as pessoas não são de confiança? Não. Srila Harijan Maharaj respondeu a esta pergunta de uma forma muito apropriada: " Eu acredito em você, mas não acredito em maya, não acredito na ilusão". Não se trata de desconfiar pessoalmente de alguém. Nas escrituras aprendemos que existem quatro tipos de defeitos que cobrem a alma condicionada. Estes são: a tendência a cometer erros, a tendência a enganar ou a mentir, a tendência a perder o controle dos sentidos ou a incapacidade dos mesmos para perceber a realidade de forma apropriada. Estas análises nos permitem concluir que nossa situação no estado condicionado é fraca e precária, pois estamos constantemente expostos a sermos arrastados por qualquer destas tendências. Ao estar assim expostos, nossas capacidades são afetadas de tal modo que muitas situações ou decisões se encontram além de nosso alcance e também, mais além de nossa prórpria vontade ou determinação. É por isso que as pessoas que realmente valorizam sua vida espiritual tomam esta recomendação como algo muito importante e não como um conselho fanático, senão como a luz que nos mostra o caminho mais seguro para transitar. Uma pessoa deve ser cuidadosa, então, de procurar manter intacta sua conduta pessoal em relação a sexo oposto seguindo essa regra tão fundamental. Então, para que uma pessoa esteja bem situada no cultivo de sua consciência espiritual, em sua brahmacarya, se necessita de uma boa proteção espiritual. Essa proteção descende o devoto desenvolve uma atitude humilde, acompanhada de um profundo sentimento de rendição e estando também plenamente ocupado em serviço do mestre espiritual. Submissão e relação com o mestre espiritual Com um sincero voto de brahmacarya o aspirante deve viver no asram, com o único interesse de servir ao mestre espiritual. Nos quatro asrams uma pessoa deve ser um submisso ao mestre espiritual, mas a submissão é especialmente recomendada para os: Brahmacaris, já qie desa meneira podem ter um treinamento intenso quanto ao serviço devocional. Os acaryas anteriores nos tem ensinado que o serviço mais importante é o que for mais necessário. Assim, através da submissão e um profundo sentimento de rendiçao ao mestre espiritual, os brahmacaris podem aprender a mística intimidade de satisfazer a Krishna no serviço mais necessário, e tal serviço deve se realizar idealmente sem nenhum interesse de ganho pessoal. Uma vez perguntaram a Srila B.R. Sridhar Maharaj: "Qual é o métudo mais direto e eficiênte paratranscender a luxúria?" Ele respondeu: "A luxúria poderá ser superada aceitando serviços mais responsáveis. Desta maneira, o devoto deve sempre procurar aumentar a qualidade do serviço e compromisso com o seu mestre espiritual". A prática da austeridades ou tapasya são necessárias para que a mente possa se fixar nos objetivos espiritual. Tapasya significa, "Rejeitar as atividades materiais". Estas são austeridades voluntárias que o devoto realiza com o objetivo de purificar sua existência, e podem ser de tres tipos, ou seja, que podem se realizar sob a influência da modalidade da ignorância, da paixão ou da bondade, mas o importante em si, é seguir o programa da austeridades que o mestre espitual estabelece através de suas instruções, as quais tem o único propósito de difundir a mensagem de amor divino de Sri Caitanya Mahaprabhu, pois através desta prática o devoto terá uma maior compreensão e conexõ com a mensagem que o mestre espiritual está entregando. Sem estar plenamente determinado, ninguém pode esperar ser liberado da escrevidão sexual. "Maya é tõ forte que a menos que a pessoa esteja totalemente determinada em não ser sua vítima, ninguém poderá te proteger, sem siquer a Suprema Personalidade de Deus. (Caitanya Caritamrita Madhya, 17.14) Estamos sendo inspirados a manter nosso celibato com determinação, mas como manteremos essa determinação? Uma compreensão filosófica das misérias da vida nos ajudará, mas ainda assim isso é insuficiente: se requer uma profunda, sincera e humilde oração, a qual será respaldada por nosso compromisso e comportamento. Em última análise, tudo é a graça do Senhor Supremo, mas devemos buscar ter a atitude correta para nos ternarmos receptores dessa misericórdia. Srila Prabhupada disse em uma oportunidade: " Se uma pessoa pôde se liberar desse desejo sexual, se encontra liberado cinquenta por cento". Tanto quanto estivermos influenciados pelo desejo sexual permanecerá nosso esquecimento de Krishna. É algo certo na realidade. Enquanto não regeitarmos completamente a satisfação sensual, física e mental, não seremos capazes de fixar nossa inteligência em Krishna, teremos altos e baixos, deixando escapar assim o verdadeiro néctar. Nossa vida é simples, não queremos luxos. Simplicidade mental e externa é a marca registrada de um brahmacari. Ele não acumula posses, somente conserva o que necessita, qualquer coisa que ele tenha a considera propriedade de seu guru e não sua. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur disse que saralata, ou simplicidade, é a primeira qualidade de um vaisnava. A submissão,sinceridade e dedicação ao mestre espiritual são as principais diretrizes na vida de um devoto, especialmente no cultivo da etapa conhecida como brahmacari, pois o devoto sempre tenta de evitar qualquer coisa que desagrade o seu guru. É por isso que um devoto é conhecido como susilah ou bem comportado, pois devido a isto o aspirante genuino se torna imparcial, autosatisfeito, alegre, confiante e nunca mal humorado. Consequencias de um desfrute momentâneo Sem dúvida, a consciência luxuriosa leva as pessoas a depreciar este potencial espiritual místico e as faz pensar só em termos de disfrute momentâneo que o ato sexual pode representar para o corpo gerando depois um alt grau de insatisfação e sofrimento. E se a vida sexual trás sofrimento a outra pessoa, então é nociva para a vida, especialmente, a vida espiritual. Ter relações sexuais sem o desejo de avançar espiritualmente, sem o desejo de fazer uma oferenda a Deus, roba uma grande quantidade de força espiritual e física. Por isso, todos aqueles que tem encontros sexuais sem um propósito superior, confirmam que depois do ato se sentem fracassados, derrotados, com o coração vazio, porque menosprezam o mistério da vida e não aceitam que a energia sexual tem um propósito mais elevado. Benefícios da prática de Brahmacarya Como seres concientes teremos a capacidade de criar vida através de nossa energia sexual, é claro que apenas em um sentido relativo. Só podemos ser criadores servindo como instrumentos pois as origens da vida só podem ser consideradas e compreendidas em relação a uma causa espiritual última. Se reconhecermos a origem de toda vida como divino, será natural pensar no divino de nosso próprio ser, portanto é natuaral aceitar que os fluidos sexuais da procriação constituem uma energia extremamente valiosa. O resurgimento de uma nova ética, a qual foi conhecida como "a preservalção do planeta", têm feito com que muitas pessoas compreendam que podemos obter a liberdade através de certas restrições, pr exemplo, por se restringir o uso de intoxicantes, uma pessoa pode gozar da liberdade de uma conciência de uma conciência clara: Muitos de nós, devido a uma concientização positiva, agora não ingerem comidas altamente processadas, as quais contem uma grande quantidade de conservantes químicos que em geral tem bom sabor, mas diminuem nossa duração da vida. Similarmente pode levar um tempo para compreendermos como a retenção dos fluidos sexuais podem prolongar nossa vida. Isso requerirá um tremendo esforço, mas sem duvida será a causa de nossa liberdade de pensamento nos eximindo das ansiedades que ocasionam o querer disfrutar da vida sexual. O progresso requer aceitação e eliminação, a vida é como uma grande escada de muitos degraus e devemos estar mais preocupados em alcançar o topo da escada do que com qualquer degrau em particular. Por um lado aceitar uma idéia particular pode constituir progresso, mas logo essa idéia pode ser eliminada com a finalidade de que sigamos em um estado de avanço progressivo. Deixar para trás os primeiros degraus para seguir avançando nos capacita para ascender na escada da vida, mas ainda assim é possível que para algumas pessoas, ou ainda para alguns devotos, a ascenção utilizando uma prática sexual restrita pode parecer praticamente impossível, mas ainda assim eles deveriam estudar cautelosamente os benefícios que nos trazem a prática da brahmacarya. A primeira onda de revoluçãi sexual foi promovida com uma visao de expressão meramente sexual, a qual buscavam o aumento ou a busca de um maior prazer. Contrariamente, a prática da brahmacarya promove uma apreciação mais profunda da energia sexual que há dentro de nós, levando nossa atenção para uma visao mais universal e ao mesmo tempo é a fonte da uma ótima súde, de uma capcidade mental e intelectual aumentando, de experiências místicas e abre a possibilidade para uma completa compreensão espiritual. A redução dos desejos sexuais através da dieta Mencionaremos aqui alguns pontos práticos que mostram como por mudar alguns de nossos hábitos e a maneira como pensamos sobre nós mesmo, a brahmacarya que parece ser impossível se torna possível. É verdade que a demanda sexual é natural, mas o ponto em que nós estamos absortos aceitando-a como uma grande prioridade em nossa vida, é anti-natural. Existem argumentos nos quais se afirma que a prática sexual é uma necessidade biológica, mas isto não é assim, pois necessidades biológicas são aquelas que não podemos deixar, tais como comer, dormir e evacuar. Não existe espaço para a prática sexual durante a infância nem na velhice, pois a existência da demanda sexual só cumpre um ciclo na vida das diferentes espécies. Nós nos auto denominamos de "animais racionais", mas é algo questionável realmente que somos tão racinais como os animais, a partir do momento em que a prática sexual fora da procriação parece ser nossa forma de vida atual. Contudo, também existem animais que se ocupam em atos sexuais fora do interesse de procriação, apesar de raramente vermos isso. No fim das contas eles são animais sem um poder racional, pois nosso poder de raciocinar nos impõe que nossa preocupação sexual e os resultados que normalmente vemos da mesma é normal. Por amis que isso possa soar suficientemente normal para nós, tais sentimentos podem ser fortemente incentivados por influência externa. Apesar de que a filosofia Freudiana tentou dar uma explicação não mecânica da demanda sexual, sua explicação negligencia brutalmente certas considerações físicas. Se examinarmos várias causas físicas para o desejo sexual, encontraremos uma meneira natural de diminuir a atividade sexual grosseira. Por exemplo, existe consideráveis evidências que sustentam a idéia de que a dieta influencia no desejo sexual. A dieta que as pessoas geralmente mantém é determinada pelas demandas da incansável língua, mais que a nutrição. Isaac Newton faz a seguinte declaração: "Aqueles que nunca notaram em si mesmos os efeitos da maioria dos estimulantes tais como alcool, café, ovos, certas espécies e excesso de comida animal, nao podem com muita justiça culpar a natureza pela abundância de seus desejos sexuais". Algumas civilizações do passado, praticamos o celibato com o propósito de alcançar uma saúde exitosa, e todos eles mantinham uma dieta vegetariana. Por exemplo, Pitágoras, Platão, Aristóteles, Tolstoi, Teresa de Calcuta, Gandhi e outros, promoveram a prática de brahmacarya acompanhando-a com uma dieta vegetariana; seu objetivo não somente era alcançar uma ótima saúde, mas sim também obter visão espiritual. De todos os tipos de carne, a de vaca é o afrodisíaco mais potente, junto com os ovos e o pescado, os que produzem um efeito similar de excitação sexual. Claro, isto é completamente alheio a idéia de um devoto, mas de todos os modos é um conhecimento importante, o qual nos anima a ser mais cautelosos em nossas oferenda e consequentente mente nossa alimentação, nos esforçando para evitar todos os produtos que contenham restos animais. Quando os testículos estão cheios de esperma estimulam os centros sensoriais sexuais; o experma basicamente está formado por núcleos de proteínas. Quando as comidas ricas em proteínas são absorvidas ne dieta, influenciam o esperma para que cause excitação sexual. É possível que as pessoas acostumadas a uma alimentação carregada em proteínas não identifiquem facilmente que o surgimento dos impulsos sexuais provem da dieta, mas se eles fazem uma mudança em sua dieta que seja por um curto tempo, eles poderão notar que seus desejos sexuais diminuiram. Obviamente toda modificação em uma dieta deve ser guiada por um profissional na metéria para evitar desequilíbrios nutricionais desnecessários. Uma dieta alta em proteínas é também alta em ácido úrico. O ácido úrico causa uma inflamação nas membranas mucosas genitais, as quais são o lugar de assento da sensibilidade sexual. Para as mulheres este tipo de dieta causa uma inflamação nas membrans mucosas uterinas e tende a promover a aparição de eucorrea e o aumento da menstruação. Os estimulantes tais como o chá, a cafeína, o chocolate e muitos outros, os quais em muitos casos passam desapercebidos na dieta de um devoto, tem uma grande influença no sangue, e o sangue intoxicado por conta destes estimulantes junto aos efeitos tóxicos de uma comida que é muito dificil de digerir, seja pela má combinação ou pelo excesso, irritam o sistema nervoso especialmente aos mais delicados nervos que governam o sistema reprodutor. Ao adotar uma estrita dieta vegetariana e ao utilizar alimentos aucalinos, mais que alimentos produtores de diferentes tipos de ácidos, neutralizam a formação de ácido úrico e reduzem as inclinações sexuais. O segredo para ajudar ao controle sexual nos homens pe manter o sangue e a urina o mais aucalinos possível, de maneira que não se irritem os centros sexuais. A alimentação baseada em uma dieta baixa em prteínas pode ajudar na prática de brahmacarya, e para isso é recomendável sempre as frutas e vegetais que contenham grandes quantidades de fibra e água. Por exemplo, as batatas são muito aucalinas e entre os grãos de arroz é mais caixa a quantidade de ácido úrico. Em muitos casos notaremos que pela simples mudança de nossa dieta, o que parece ser impossível começa a se tornar possível de alcançar. Além de melhorar nossa saúde e qualidade de vida, a prática de brahmacarya também pode ser vista como uma solução para a maior quantidade de dilemas ou problemas sociais que ameaçam a humanidade, pois um estilo de vida como a brahmacarya também fornece um crescimento intelectual e contribui diretamente no desenvolvimento espiritual, se o qual a verdadeira brahmacarya não é possível. Conservação da energia vital Com o desenvolvimento da energia sexual na juventude chega o amadurecimento, o qual significa um desenvolvimento físico. As teorias psio-sexuais modernas no ocidente consideram só o corpo físico, entretanto, essa análise está cheia de deficiências, por não levar em conta o corpo sutil ou a consciência. Por exemplo, este modelo sugere que uma descarga periódica de semem é necessária logo que o jovem se torna maduro. Ao amadurecer, de acordo com essa proposta , não existe já uma necessidade interna de reter o semem. Contudo, esta não é de maneira nenhuma a opinião unânime da comunidade científica. Na proposta dos sábios do passado, a qual considera realidades mais elevadas, se apresenta um uso alternativo para a energia sexual, pois a proposta popular ocidental se encontra em uma línha de pesamento onde não existe grande valorização do presente divino, e onde tentamos explorar os diferentes recursos para logo jogar fora como se fosse lixo. A proposta espiritual nos convida a uma reciclagem da energia sexual, a qual cria um maior balanço no cuidado com o corpo, e o resultado disso será uma maior vitalidade, a nível físico e psíquico. Os fluidos sexuais, quando são retidos aumentam a vitalidade em todas as partes do corpo. Por exemplo, qualquer atleta masculino está preocupado em ter uma polução noturna na noite anterior a partida. Depois de tudo isso, é razoável propormos que o semem, o qual é um instrumento para a reprodução de células, sirva quando retido para produzir e gerar vitalidade interna. É uma oportunidade, Mahatama Gandhi escreveu: "o horror com que a literatura antiga se dirigiu a perda desnecessária do fluido vital, o semem, não era uma supertição nascida da ignorância, por certamente é um crime para o homem permitir que seu bem mais precioso se perca por nada". Pitágoras, o pai fundador da geometria, ensinou ue existe uma conexão cireta entre o semem e o cérebro. Ele advertiu que a perda de semem debilita o cérebro, enquanto que sua conservação serve para nutri-lo. No livro "Segredos Taoístas de Amor", se comenta: "Dado que uma simples semem é a casa de semelhante energia vital, a perda frequente deste fluído, sistemas corporais dos mais preciosos nutrientes e acelera a decadência inevitavelmente trás a velhice. A retenção desta semente dentro do corpo é o passo para otimizar a nossa saúde. gota de priva os física e primeiro É aconselhável, tanto para homens como para mulheres, utilizar a energia sexual para nutrir as células do cérebro. A lecitina é um dos principais nutrientes do cérebro e das membranas nervosas, sendo também um componente essencial do semem. Mas além da lecitina, o semem é rico em cálcio, fósforo, ferro, vitamina E, e hormonios. Com a perda do semem vem também a perda da lecitina do sangue e do cérebro, já que para produzir novo semem as glândulas retiram a lecitina que se encontra no sangue e cérebro, privando este último de enriquecimento e vitalidade. A conservação do semem através da prática da brahmacarya contribuirá naturalmente na nutrição do cerebro e proporcionará um progressivo aumento da energia intelectual. O Dr. Brown Sechuer, quem foi conhecido como o pai da endocrinologia, demosntrou através de vários experimentos que a perda desnecessária de semem gera deficiências em glandulas reprodutoras e diminui a vitalidade em geral de diferentes organismos, enquanto que sua conservação potencia tanto o desenvolvimento físico, como o psíquico e espiritual. Sobre o comer e Dormir Comer De acordo a Ayurveda, a doença é causada geralmente por comer em excesso, por falta de limpeza e pela ansciedade. Comer em excesso é a causa de dezenas de doenças. Isso também nos leva a dormir em excesso, o qual é outro obstáculo para a vida devocional progressiva. Taopouco se recomenda consumir alimentos que seja muito gratificantes para os sentidos, assim como o mesmo Sri Caitanya Mahaprabhu aconselhava. Se recomenda então que a maha-prasadam, a qual em geral é muito opulenta, se distribua aos visitantes, convidados, e que os brahmacaris que desejam avançar espiritualmente somente comam um grão para se purificar, comendo assim alimentos (prasadam) saudáveis e simples. O significado de Srimad Bhagavatam (1.9.27), Srila Prabhupada diz, "os problemas causados por várias doenças poderiam ser evitados ao se levar dietas reguladoras", ou como diz o ditado popular "seu alimento é sua medicina". Tradicionalmente os brahmacaris estão destinados a ser austeros especialemente no comer, pois o comer demasiado ajudará o estomago que precione os órgãos genitais causando excitação sexual, e o comer alimentos muito saborosos fará com que seus sentidos se perturbem e se tornem difíceis de controlar. Dormir É imprescindível um descanço regulado. O horário mais aconselhável para realizá-lo é entre as 21h e as 4h, pois neste momento o sono pode se desenvolver melhor, propriciando uma meior recuperação de energia para o corpo. No Bhagavad Gita Cap. 6, versos 16-17 se diz: naty-asnatas 'tu yogo 'sti na caikantam anasnatah na cati-svapna-silasya jagrato naiva carjuna yuktahara-viharasya yukta-cestasya karmasu yukta-svapnavabodhasya yogo bhavati duhkha-ha "Não existe possibilidade de se tornar um yogi se se come pouco ou demasiado, se se dorme muito ou não se dorme o suficiente. Aquele que é moderado em seus hábitos de comer, dormir, e se recrear e trabalahr, pode atenuar todas as penas materiais por praticar o sistema de 'yoga'." Se recomenda dormir com as costs retas e as mãos fora da área genial, idealmente do lado direito ou de barriga para cima. Não é aconselhável dormir de barriga para baixo. Também é muito importante evitas consumir grandes quantidade de prasadam e/ou doces pouco antes de dormir, pois considerando que a pessoa não chegará a fazer boa digestão do alimento, existe uma grande chance de ocorrer uma descarga noturna devido a pressão do estômado sobre a zona genital. Além disso, antes e depois de dormir é aconselhável oferecer reverência sao mestre espiritual, se lembrando que o proprósito do descanso é somente recuperar energias para servi-lo. Sadhana A vida de brahmacarya está tradicionalmente centrada ao redor do conceito de sadhana, pois um bom sadhana propicia o desenvolvimento estável da consciência de Krishna. No Bhagavad Gita Cap 12 verso 9, Krishna disse a Arjuna: atha cittaṁ samādhātuṁ na śaknoṣi mayi sthiram abhyāsa-yogena tato mām icchāptuṁ dhanañjaya “Meu querido Arjuna, óh conquistador de riquezas, se não podes fixar tua mente em mim sem se desviar, então segue os princípios regulativos do bhakti-yoga. Desse modo cultiva o desejo de chegar a mim.” Este verso fala de dois tipos diferentes de bhakti-yoga, o primeiro se aplica a aquele de quem verdadeiramente está desenvolvendo um apego por Krishna por meio do amor transcendental (raganuga sadhana bhakti), e o outro é para aquele que não está desenvolvendo um apego pela pessoa Suprema mediante esse amor (vaidi sadhana bhakti). Para esse tipo de pessoa, se tem prescrito diferentes regras e regulações que a pessoa pode seguir para ser finalmente elevado a etapa de apego por Krishna. Para executar os princípios regulativos do haktiyoga, se deve seguir a prática do sadhana recomendada pelo mestre espiritual: levantar-se cedo, tomar banho, entrar no templo, oferecer orações e cantar Hare Krishna, coer só prasadam, etc. Existem diferentes regras e regulações que a pessoa pode seguir: “deve-se ouvir constantemente a leitura do Bhagavad Gita e do Srimad Bhagavatam de lábis de devotos puros. A prática do bhakti-yoga sob as regras e regulações e com a direção do mestre espiritual, é seguro que levará a pessoa a etapa de amor por Deus”. (Srila Prabhupada) Essencialmente o sadhana consiste em seguir as instruções do mestre espiritual com grande determinação, pois existe uma infinidade de detalhes e atividades nesta rotina diária que nos conecta com Krishna, ou com a intenção de servir a Krishna. A instrução do mestre espiritual pode variar de acordo com tmepo, lugar e circunstância, e nossa sincerdade e fidelidade nos pode levar a abraça-la com grande determinação. Sri Bhismadeva foi um grande exemplo de determinação na prática de brahmacarya. Em uma ocasião disse: “.. o Sol pode perder o seu brilho e a Lua perder sua harmonia, também Sri Yamaraj pode perder seu dharma, mas eu jamais partirei do caminho da brahmacarya. A brahamacarya é apra mim a maior de todas as promessas de recompensas no cel, nada me fará mudar.” Em relação a isso recordamos a Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur, quem dizia: o primeiro que deve fazer na manhã quando nos levantamos é golpear nossa mente com fortes sapatadas”. Essa é a essencia de vaidhi sadhana bhakti, onde o devoto não permite que os desejos de disfrute permaneçam asfixiando seu ideal espiritual. Entre outros aspectos de importância, a pregação forma uma parte essencial do sadhana do devoto: “Este movimento de Consciência de Krishna significa pregação, sem pregar não podem saborear nada, e sem saborear nada vocês não são capazes de continuar com a prática dos princípios regulativos” (Srila Prabhupada) Se diz que o ataque é o maior meio de defeza, e a arma de ataque mais efetiva contra Maya é a pregação. Por pregar não somente golpeamos a maya por fora senão que também limpamos nosso coração por dentro. Em nossa família espiritual existem inúmeros serviços e projetos mediante os quais todos os aspirantes e devotos podem se vincular com a pregação de alguma maneira ou outra. Todas as tendências serão bem vindas, tais como as tendências artísticas, culinárias, profissinais, intelectuais, etc. Desta maneira começa e se desenvolvo posteriormente o sadhana. Fortalezas da pureza Sempre é saudavel para todo aspirante conhecer a vida e passatempos das personalidades emblemáticas dentro da prática da brahmacarya que a cultura védica nos oferece para conhecer. Aqui mencionamos só algumas delas para aqueles interessados que desejam se aprofundar em seu exemplo e inspiradores ensinamentos. - Hanuman: Símbolo de dasya rasa, a modalidade de servidão ao Senhor. Sri Hanumanjee é também conhecido e adorado por muitos como o “protetor da brahmacarya”. Sua seriedade neste ponto era tal que estando no ventre de sua mãe pediu a ela que para comer um pedaço de tecido de maneira que ao nascer, ele pudesse estar com esse tecido como kaupin (roupa interior), e assim evitar encostar seus genitais nos de sua mãe. - Narada Muni: Cosmonauta místico, que viaja eternamente por todos os universos alegremente cantando as glórias do Senhor e pregando a todos sobre Sua mensagem. Apesar de que em muitos passatempos ele aparenta romper os votos de brahmacarya se enrolando na vida sexual, sempre que isto acontece é unicamente pelo desejo do Senhor, quem utiliza a Narada (assim como muitos outros devotos e sábios antigos) como cobaias, para nos entregar diversos ensinamentos sobre este tema. - Sri Bhismadeva: Avó dos Pandavas, também conhecido como Devavrata. Como mencionamos neste manual, Bhisma considerou a prática impecável de sua brahmacharya como sua mais precioso tesouro, demonstrando isto em diversos passatempos narrados no Mahabharata. - os quantro kumaras: Filhos do Senhor Brahma e representantes de uma das quatro vaisnava sampradayas. Ao ver como a entidade vivente começa a se enroscar no conceito sexual e assim perde seu interesse pela auto realização, estes quantro sábios perfeitos tomara a decisão de permanecerem como filhos pequenos durante toda a sua vida. Su determinação na brahmacarya era tal que quando seu pai lhes pediu que eles o assistissem procriando para expandia a população do universo eles se negaram categoricamente a isso, pois não tinham o mais mínimo interesse neste tipo de ocupação, estando sempre absortos na transcendência. Brahma se enfureceu momentaneamente por isso e da ira do Brahma nasceu o Senhor Sivo, do meio entre os seus olhos. - Sukadeva Goswami: Filho de Srila Vyasadeva e principal orador do Srimad Bhagavatam, o fruto maduro da árvore dos desejos da literatura védica. Permaneceu por dezesseis anos no ventre de sua mãe devido a sua indiferença por sair a se “relacionar” com este mundo, e assim que foi concebido fugiu para o bosque para se absorver de forma exlusiva en hari-bhajan, e logo entregar os conceitos mais elevados sobre adi rasa a Pariksit Maharaj e muitos outros sábios. - Srila Haridas Thakur: Também chamado de namacarya, ou aquele que mostrou um estandar sem paralelo de devoção e efetividade na hora de cantar o santo nome do Senhor. Em um de seus passatempos foi tentado pela prostituta Menaka (considerada uma encarnação de maya), mas em muito pouco tempo ela terminou se convertendo em uma rendida vaisnavi pregadora, pela potencia do canto e a graça de Srila Haridas. Em um contexto mais cntemporâneo, podemos desde já incluir a todos os acaryas de nosso guru parampara, mas desejamos fazer uma menção especial sobre aqueles membros de nossa linhagem que recebem o título de “naisthika brahmacari”. Um naisthika brahmacari, significa literalmente “aquele que nunca tenha derramado uma gora de semem” e se refere aquelas estraordinárias almas que no seu curso de vida mantiveram seu voto de celibato de maneira total e completa. Isso não representa algum tipo de atitude extremista ou excentrica, mas sim o fruto natural de ter cultivado um desejo e purificação muito intensos, oriundo de sua consagração ao serviço divino. Alguns exemplos deles são: Srila Bhaktisiddhanta Saraswai Thakur (quem fez o voto de celibato aproximadamente aos dezoito anos, na Assembréia Augusta, formada por ele e outros amigos para logo aceitar a ordem de renúncia e também inspirar e iniciar a muitíssimos outros brahmacaris e sannyasis), Srila Bhakti Pramode Puri Maharaj (um dos principais discípulos e sucessores de Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakur, que viveu durante 102 anos plenamente dedicado ao serviço da humanidade da maneira mais humilde e comovedora) e muitos outros vaisnavas que nos mostram como é possível levar uma vida deste tipo, e ao mesmo tempo ser completamente feliz e cheio de entusiasmo por satisfazer a Sri Guru e Krishna. Recebendo a inspiração destas grande almas, é mais apropriado poder orar, enquanto tenho que regressar a este mundo e ir mais além da posição que nos encontramos atualmente, para obter a misericórdia de nascer e viver como um naisthika brahmacari e assim compreender o caminho da vida espiritual e maneira mais clara e pura possível. Néctares recomendados Além da literatura mencionada e citada neste livro desejamos compartilhar alguns néctares que com certeza atuarão como elixir tonificante na vida de todo brahmacari genuino. Por exemplo, existem muitas canções vaisnavas que nos ajudarão a comprometer mais nossa consciência no ideal da brahmacarya, a castidade e a pureza. Algumas delas são: - “Saranagati” (livro de canções, especialmente concebido para grihastas), “Gopinath” e “Kabe Habe Bolo Sei” de Srila Bhaktivinoda Thakur - “bhajabu Re Mana Sri Nanda-nandana” de Srila Govinda das Kaviraja - “Sri Sri Sad-Goswamy-Astaka” de Srinivas Acarya Além disso, é muito recomendado estudar os seguintes livros e passatempos: - O Srimad Bhagavatam desde o primeiro Canto e muito em especial a seção do Décimo Canto onde Sri Krishna aniquila aos demônios que representam os muitos anarthas que impedem o progresso no caminho espiritual. - En relação a este último ponto, o Sri Krishna Samhita de Bhaktivinoda Thakur desenvolve de maneira muito detalhada este importante aspecto de Krishna como matador de demonios e em seu Bhajana Rahasy, Srila Bhaktivinoda explica de maneira reveladora a etapa de anartha nivritti. Também se considera muito recomendavel que todos os devotos, independentemante do asram em que se encontram estudem em máximo detalhe a vida de Sri Gauranga Mahaprabhu, nos diferentes trabalhos bibliográficos que revelam Sua vida e preceitos (Caitanya Caritamrita, Caitanya Mangala, Caitanya Bhagavata, entre outros), pois ali Sri Krishna mesmo está dando o exemplo de como atuar como um perfeito grihasta, sannyas, etc. - O Upadesamrita de Srila Rupa Goswami é outra peça emprescindível na formação de uma consciência de castidade e entrega vaisnava, com muitas diretrizes valiozíssimas para nossa prática cotidiana do bhakti. - Neste contexto, estudar a vida e ensinamentos dos Seis Goswamis, através das muitas bibliografias autorizadas que existem, seguramente entregará ao aspirante novas forças e entusiasmo para continuar com sua luta cotidiana após a Verdade Absoluta. - Outro livro muito especial é “A arte do Sadhana” de Srila Bhakti Pramode Puri Maharaj, com centenas de conselhos e citações das escrituras, referentes ao sadhana, elemento crucial dentro da vida de brahmacarya. Poderíamos continuar e continuar mencionando mais e mais destes néctares, e assim incluir toda a literatura vaisnava nesta seção, pode como se explicou anteriormente, ao longo de toda a cultura védica encontramos o elemento da brahmacarya como uma constante sempre presente e sugerida para todos os seus seguidores. Capítulo Cinco – Visnupriya Asram O fundamento dos Visnupriya Asrams Nos Vedas não se fala de brahmacarini asram ou de Visnupriya asram, mas eles enfatizam o cuidado e a proteção da mulher como algo muito importante na sociedade. Também os Vedas não dizem que quando se perde o respeito a mulher, se perde a pureza na família e por tanto a sociedade. Nosso parama guru Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur tem sido um grande reformados de muitas estruturas existentes no vaisnavismo, as quais foram tomdas de diversas fontes e desta maneira ele buscou extrair a essencia da filosofia e o processo, dando-lhe uma forma mais adequada para ser utilizada de acordo com o tempo, lugar e circunstância. Também com a intenção de projetar através de seus discípulos a consciência de Krishna ao mundo inteiro. Uma das grandes contribuições da Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur foi expressar seu desejo de estabelecer os Visnupriya asrams, ou refúgios espirituais para as mulheres. Além disso, ele mesmo deu este nome vendo que me Kali Yuga as mulheres em geral não recebem o verdadeiro refúgio transcendental; ele assim teve esta preocupação. No clássico Prema Pradipa de Srila Bhaktivinoda Thakura, ele menciona os asrams de mulheres e suas santas líderes, que eram altamente respeitadas. Federico Nietzsche, depois de ler o Manu Samhira declarou: “Este é o primeiro livro que leio em que se dá um tratamento justo para as mulheres e os pobres”. “A história , com todos vocês sabem nos conta sobre mulheres que foram grandes mestres espirituais, tais como Hemalata Yhakurani, Gangamata Goswamini e por suposto Janhava Didi. Elas não eram mulheres num sentido ordinário, pois por acaso são ordinárias as mulheres que pregam?” (Srila B.A. Paramadvaiti Swami) Bhaktivedanta Swami Prabhupada, seguindo o desejo de seu gurudeva e com a grande responsabilidade de semear a consciência de Krishna no ocidente, pediu aos seus discípulos que implementassem o brahmacarini asram. Ele mesmo realizou uma série de arranjos para conceder as mães uma maior proteção e possibilidade de desenvolvimento no serviço com devoção. Outro dos principais ajustes que Srila Prabhupada implementou foi ocupar as mulheres no seva puja da Deidade (atenção às Deidades), pois tradicionalmente as mulheres não podiam atender a Deidade ou cozinhar para ela. Cumprindo o desejo dos Acaryas anteriores Nos Visnupriya Asrams, ou refúgios espirituais para as mulheres, se têm estabelecido com grande firmeza no mundo inteiro através do cuidadoso trabalho de nosso mestre espiritual Srila B. A. Paramadvaiti Swami e todos seus colaboradores, cumprindo desta maneira com o desejo original dos acaryas anteriores e dando um merecido refúgio espiritual para todas as mães que assim desejam. Em relação a isso, presenteamos aqui algumas palavras de de BA. Srila paramadvaiti Swami, sua visão pessoal sobre a necessidade de fundar os Visnuprya asrams e sua posterior experiência: “Na missão que iniciei em 1984, considerei a necessidade de uma maior proteção para a mulher e concluí que tínhamos que dar-lhes mais espaço para se protegerem umas nas outras. Quando seus pais, ou os pais de seus filhos, ou qualquer outro fala, a quem podem pedir ajuda? Os homens são especialmente habilidosos para enganar a mulher quando ela se encontra desamparada. Não pude ver outra solução além da de pedir as mães mais velhas, que são mais maduras que buscassem tomar a responsabilidade de cuidar das mães mais jovens em espaços dedicados para a proteção e educação espiritual à mulher e com o apoio e entusiasmo de todas em geral começamos. Considerei que as matajis transcendentalmente avançadas poderiam guiar corretamente e proteger as mães mais jovens que ainda não estão casadas, para as mães solteiras com filhos, para as viúvas e aquelas que não tem família. Podem tembém receber a visita e inspiração das mães mais velhas ou renunciantes quando viajam. Isto deu lugar aos Visnupriya Asrams que temos iniciado em muitas cidades e países. Sei que outras missões vaisnavas tem começado programas similares. Os resultados tem sido surpreendentes. Mães devotas fiéis tem expandido valentemente a consciência de Krishna a lugares onde antes delas não tinham chagado pregadores. É maravilhoso contemplar a vaisnavis de só vinte anos de idade pregando aos professores universitários, administrando templos, organizando festivais, grupos de harinama e qualquer outra coisa que se possa imaginar. Assumem responsabilidade e ajudam a nossa missão tanto como qualquer homem. Isto é um fato comprovado. Eu não posso compreender como algumas pessoas se comportam com grosseria e minimizam assim a importância das matajis para qualquer e todos os serviços dentro da sociedade vaisnava. De fato, a presença das mães é muito necessária nas reuniões familiares, nos isthagostis, ou na comunidade em geral, já que seus sentimentos de afeto materno sempre trazem uma sensibilidade importante para estabelecer a armonia e a equanimidade”. Os aspectos mais importantes No brahmacarini asram as mulheres aprendem a realizar todo tipo de atividades devocionais e também se formam como pregadoras, mas o mais importante é que elas aprendam a manter a presença do guru e Krishna no centro, por cima e qualquer outro apego, inclusive sobre o que sua natureza maternal possa propor, e também se capacitem para conduzir tal natureza através das instruções do mestre espiritual. A energia externa do Senhor é muito poderosa, se apresenta de muitas maneiras e tanto homens como mulheres devem ser muito cautelosos em sua prática espiritual, pois maya sempre tentará nos atrapalhar para nos distanciar do propósito último da vida. O serviço a Sri guru é a vida e alma do discípulo e é este compromisso e responsabilidade o que dá ao discípulo a visão transcendental, confirmando desta maneira sua realização espiritual. Visão Transcendental Na continuação observaremos uma série de cartas e comentários de Srila Prabhupada, nas quais ele expressa sua visão sobr e o Brahmacarini asram, em seu desejo de proteger as mulheres dos perigos da era atual: Srila Prabhupada em uma carta a Satsvarupa prabhu. Montreal, 8 de agosto de 1968: “Que o asram de brahmacarini seja um exito são notícias muito boas. Segundo a cultura védica, a mulher nunca deve permanecer independente. Eu me alegrarei se as brahmacarinis no futuro possam ter bons maridos, e viver como grihastas, mas se não tem homens o suficientemente qualificados, é melhor que sigam como brahmacarinis toda a vida, ainda que isto seja um pouco difícil”. Srila Prabhupada em Nova Yorque dirigindo-se a um grupo de discípulos: “Em nossa associação damos as boas vindas a essa classe de matrimônios, entre o devoto que tenha recebido treinamento de brahmacari e uma mãe que tenha recebido o treinamento de brahmacarini, desta meneira projetamos um futuro consciente de Krishna e uma boa educação para nossos filhos. Esse é nosso ponto de vista: o treinamento é necessário tanto para o homem como para a mulher.” Palavras de Srila Prabhupada, dirigindo-sea Tamal Krishna prabhu: “Se podes organizar o asram de brahmacarini será um êxito para nossa sociedade, pois temos uma grande necessidade a respeito. Só o marido com sua esposa devem viver juntos, eu desejo que nossos estudantes vivam separados, ou seja, que o homem viva separado da mulher e que a mulher viva separada do homem. Desta maneira terão mais felicidade para avançar espiritualmente.” Srila Prabhupada em uma carta a Jay Govinda prabhu, 8 de fevereiro de 1968: “Respeito para as mulheres devotas que deem conferências: Eu lhes tenho confirmado que o serviço do Senhor não faz diferenças de casta, ou credo, cor ou sexo. No Bhagavad Gita ele (o senhor) menciona especialmente que também a mulher que o tenha tomado seriamente está destinada a aucançá-lo. Requeremos de uma pessoa que tenha conhecimento de Krishna, essa é a única qualificação necessária. Não importa quem é. Se uma mulher pode dar boas palestras devemos escutá-la com atenção. Esse é nossa filosofia, mas e um homem pode falar melhor que uma mulher, ao homem deve se dar prioridade. Desejamos muitos pregadores, tanto mulheres como homens.” Exemplos de vaishnavi casta Srila B. A. Paramadvaiti Swami: “Para minhas filhas” “De seu sempre bem querente para todas as minhas filhas: minha recomendação a minhas filhas, as quais quero muito bem e tenho grande desejo que seja felizes renunciantes ou felizes mães casadas, é a seguinte: Preguem, preguem e apeguem-se aos pés de lótos do Senhor e de Seus devotos. Na pregação tenham um estandar muito dedicado. Se desejam encontrar um parceiro, esperem que uma pessoa tome a pregação mais a sério, mais ainda que vecê mesma, ainda mais, que se sinta agradecido e atraído por você. Somente em uma pessoa deste calibre se pode confiar e entregar a sua vida para formar uma fmaília. As vezes penso que é impossível conseguir tantos bons devotos para se casarem com tantas maravilhosas filhas que Krishna me mandou nesta vida de pregador. Mas estamos em Kali Yuga e quem sabe com que karma chegamos aqui. Sobretudo em relação a o que uma pessoa terá feito em vidas passadas com seu parceiro e filhos, família e entorno. Mas em consciência de Krishna não existe lamento pois tudo o que Krishna faz é perfeito. Mas se uma pessoa não é séria, nem pode esperar algum bom parceiro. Muitas vezes se formam casais entre devotos sobre uma base irregular. Pois eu tenho visto que a pessoa que não cumpre bem com seu guru e Krishna jamais cumprirá com uma mulher ou ela com um homem, como eles o desejam. Devemos saber de antemão que existem muito poucos candidatos, pois hoje em dia existem poucos homens e mulheres que realmente cumprem com Krishna e com a missão do amor espiritual. Desta maneira nos vemos entusiasmados a tentar aumentar a pregação buscando mais e melhores devotos, claro, primeiramente devemos pregar com nosso próprio bom exemplo. Eu não desejo outra coisa além de excelentes devotos, pois buscamos a excelência para oferece-la a Krishna. Já temos visto muitas famílias que não funcionam bem, e também temos visto devotos e devotas comprometendo-se e depois não cumprindo. Ainda que esta tarefa seja difícil, tomei a determinação de contribuir de maneira tal que possamos aproximarmos do ideal de uma vida plenamente consciente de Krishna, tanto para homens como para mulheres. Na pregação podem surgir algumas dificuldades, mas se seguirmos adiante com grande determinação chegarão grande benefícios também. Como devota iniciada jamais estará sozinha, pois quem tem um mestre espiritual e genuinos irmãos e irmãs nunca está sozinho e ninca deve se sentir sozinho. Muito frequentemente se manifesta a luxuria da maneira tal que te pede para se associar sem levar em conta se a pessoa é adequada, qualificada e ideal. Mas se obedecer este impulso não chegará a um resultado positivo nem auspicioso. Temos que pensar sempre em expandir a beleza que temos. É por isso, filha minha, que me comprometo a te ajudar sempre em tua decisão e por favor te peço, me ajuda também realizando um serviço com todo o seu coração.” Capítulo Seis – Grihasta brahmacari asram A criação biológica perfeita Não devemos pensar que devido ao fato de alguns devotos tomarem a decisão de se casar, seus anos de esforço como brahmacari ou brahmacarini foram inúteis. Ao contrário, estes esforços tem fortalecido o caráter devocional com o qual o matrimônio poderá se sustentar, pois o treinamento monástico e o celibato tem entregado uma grande fortaleza na qual a mente e os sentidos são controlados e alinhados com o interesse do coração. A criação biológica do Pai Supremo é perfeita, e a castidade é a proteção ideal para que tal presente não se perca nunca. Portanto, a brahmacarya ou castidade é aquilo que nos ajuda para que não percamos nosso desejo de auto realização, já que os sentidos e as diferentes tentações do mundo material sempre estão nos incentivando a degradação ou ao esquecimento da meta da vida. A atitude prudente e transcendental em relação a sexualidade não termina ao entrar no matrimônio. Na cultura védica, dentro do matrimônio se continua vivendo abrigado pela mentalidade e pela prática da brahmacarya. A Brahmacarya na vida matrimonial significa que se valoriza com toda a sinceridade o parceiro e se compreende que o dom da vida não deve ser disperdiçado sem sentido. No momento em que um homem disperdiça sua capacidade reprodutiva perde automaticamente o respeito pela vida, e se ele propõe a mulher ter relações sexuais utilizando sistemas de anticoncepção, ou também abortos, ele esta dizendo praticamente que prefere seu corpo mutilado ou alterado, de tal modo que esse possa oferecer maior prazer ou satisfação, sem ter presente o objetivo claro pelo qual recebeu um corpo físico. Assim vemos que a prática de brahmacarya dentro do matrimônio é essencial para propiciar um maior respeito entre ambos, mais harmonia e sobre tudo, para avançar espiritualmente. “Desta maneira, pais sábios que conhecem a meta da vida, que não se confundem pelos atraticos do corpo nem do prazer sensual, poderão ter filhos e condizi-los pelo caminho da liberação do cativeiro material para a morada do eterno e extático amor onde reina o Senhor. O verdadeiro propósito da vida sexual é trazer filhos ao mundo que serão abençoados pelo sacrifício do verdadeiro amor, o qual é conhecido como serviço devocional. Assim disse Krishna no Bhagavad Gita e assim os grandes sábios situam o ato sexual em um nível muito superior. Sua meta não é criar um disfrute de estímulos nervosos passageiros e frustrantes e sim trazer um nova vida a um lar abençoado com sabedoria. Só neste caso o ato sexual poderá deixar sua posição de disfrute egoísta e poderá participar do desejo amoroso de levar uma nova alma a Deus. Isso é sem dúvida mais responsável , elevado e difícil, mas não podemos esperar disfrutar dos frutos da sabedoria e do amor sendo irresponsáveis e negligentes. Aqui encontramos como o mesmo ato mais egoísta de prazer mundano, pode ser transformado para a natureza do verdadeiro amor de querer dar a Krishna uma nova alma que nascerá como um dependente. (Srila Atulananda Acarya) Instruções para casados A castidade é algo de importância extraordinária para a hora de criar uma boa população. Se a população não é boa, se as pessoas agem como hippies, como pode haver paz e prosperidade? Por isso para produzir filhos se segue o samskara. “O primeiro samskara é garbhadhana samskara, e se chama kula dharma. O garbhadhana samskara é seguido principalmente por castas altas, os brahmanas e ksatriyas. Os sudras comumente nã seguem samskara.(...)Os vaisyas as vezes tão pouco seguem o samskara, mas brahmanas e aspirantes da cultura brahmínica devem sempre seguir samskara: dasa- -vidha-samskarah”. (Srila Prabhupada) “Samskara significa método purificatório. Existem dez tipos de samskara. Um deles é o matrimônio, casar-se. E antes de que naça um filho se realiza o garbhadhana samskara. Não é correto que o marido e mulher se relacionem sem nenhum tipo de restrições e tenham relações sexuais em qualquer momento. O pai de \hiranyakasipu, Kasyapa Muni, cedeu diante da demanda sexual de sua esposa pois sua mulher sentiu uma grande excitação sexual e o marido lhe perguntou: “mas isso não é um momento propício, é um mal momento, é o entardecer, porque incistes? . Mas ela estava muto luxuriosa, e o marido se viu obrigado a satifaze-la e devido a isso nasceu Hiranyakasipu. O resultado foi que nasceu um grande demônio. Por isso se segue o garbhadhana samskara, para entrar no momento apropriado em que a esposa e o marido se unam para criar um belo filho.” (Srila Prabhupada) No Bhagavad Gita, Sri Krishna diz: “eu sou a vida sexual que não contraiz os preceitos religiosos”. Entendemos com isto que a vida sexual não é ruim, sempre e quando se leve a cabo conforme os princípios religiosos de garbhadhana samskara. Qual é a idéia por de trás disso? A idéia é que o filho ao nascer dever ser de primeira classe, deve ser capaz de entender os sastras e se tornar consciênte de Krishna. Para praticar a vida sexual espiritual dentro do matrimônio se deve esperar o dia do mês de máxima fertilidade da esposa. Depois se devem cantar muitas voltas de Japa Mala para evitar que maya entre na mente. Se recomenda cantar o mínimo de 50 voltas. Assim, o casal vaisnava vanta e canta querendo presentear sua energia para que seu filho seja um genuino servente de Deus. Os filhos, por assim dizer, são um produto da consciência dos pais. Geralmente podemos ver que se nasce um filho luxurioso, é porque os pais se encontravam influenciados por esta mesma luxuria no momento de concebê-lo. Então não sao somente os traços físicos que se herda de seus pais, o caráter também é herdado, portanto, este é um assunto muito delicado o qual deve ser abordado com grande seriedade. O celibato é a melhor forma de se preparar para fortalecer o caráter otimista, a força de vontade e assim, desta maneira poder assumir as diferentes situações próprias da vida familiar. “O homem deve ver sua esposa como uma das gopis de Krishna. Ele deve se sentir orgulhoso e feliz de estar casado e ser pai, e não se esquecer que Krishna não perdoa facilmente quem maltrata suas Gopis. É necessário para aqueles que tomama responsabilidades familiares, que sejam felizes e o façam de maneira espiritual e materialmente balanceada. (Srila B.A. Paramadvaiti Swami) Quando Srila Prabhuada explicou como se pratica realmente a via sexual entre devotos que são genuinos brahmanas, um devoto lhe perguntou: “Não é mais facil se esquecer de tudo?” E Srila Prabhupada respondeu:”Sim, muito melhor, mas para aqueles que não podem, este é o processo recomendado que se deve serguir.” É importante realçar aqui nossa posição, pois nós buscamos viver estes ideais, mas na prática as vezes encontramos dificuldades ou mediocridades em nós mesmos. Isto não deve nos deprimir nem nos traumatizar, nem a gerar medos e complexos dentro de nós, senão que é melhor aceitar com profunda humildade nossa situação e praticar com toda sinceridade o processo, orando sempre para alcançar os ideais que nosso ser anseia, e servindo sempre aqueles vaisnavas que representam a meta de nossas ambições espirituais. O comportamento ideal em todas as circunstâncias Em uma ocasião, Srila Prabhupada conversou com alguns de seus discípulos a respeito da importância da conduta exemplar dos pais consciênctes de Krishna frente aos filhos, ja que se os pais praticam brahmacarya, os filhos terão mayor possibilidade de absorver estes ideais e assim estarão mais protegidos em seu desenvolvimento. Syamasundara dasa: Freud também opinava que os filhos atuam de diferentes maneiras para ganhar o amor e afeto de seus pais. Srila Prabhupada: Os filhos imitan. Em Agra tenho visto filhos de dois e três anos tentando imitar a relação sexual dos seus pais. Eles não sabe nada de prazer sexual, mas estavam imitanto o que tinham visto. Os filhos não conhecem o valor das coisas mas imitam os pais. Não existe uma pauta específica de desenvolvimento da personalidade para os filhos. Se pode moldar um filho de qualquer forma. Eles são como uma massa suave e pode-se fazer com eles o que se desejar. Tudo o que se tem que fazer é colocálos num molde. Muitas neuroses das que falava Freud não são experimentadas nas famílias indianas. Se colocam o filho em boa associação ele irá funcionar com propriedade, e se o colocam em má associação atuará impropriamente. Um filho não tem independência nesse sentido. Syamasundara dasa: Freud acreditava que nosso compreendido em termos de nossa história de vida. comportamento devia ser Srila Prabhupada: Assim é. Por isso em nosso sistema védico se proíbe que o marido e a mulher falem de sexo, incluindo em piadas, diante de um filho pequeno, porque o filho não pode entender. Se os filhos sabem sobre a relação sexual, é porque estão aprendendo com seus pais. Não falar sobre a vida sexual na frente de terceiros é um princípio importante para quem está adotando a ordem de grihasta. Isto inclui evitar se relacionar com meios que transmitem a idéia sexual de modo muito distorcido, como geralmente podemos observar na televisão ou internet, ou também na mesma publicidade do mundo capitalista. A castidade protege a união familiar Na cultura védica não existe o divórcio. Inclusive em termos quase totalitários atualmente esta prática se mantem vigente na sociedade hindú. A India em geral está sendo ocidentalizada, e com isto os bons valores de uma cultura ancestral pouco a pouco se está perdendo, mas ainda assim a tradição do matrimônio sagrado é mantida com grande seriedade. É por isso que muitos dos problemas que os países ocidentais apresentam como consequencias da vida sexual, na india, entretanto passam despercebidos. Se a vida sexual não é regulada no âmbito familiar a reação mais imediata será uma convivência insustentável, na qual se começa a manifestar a rixa e os mal tratos como algo cotidiano, perturbando a própria vida espiritual. Então vemos que, para evitar o divórcio, proteger a educação dos filhos e levr uma vida familiar centrada no interesse de Deus e do Mestre espiritual, é imprescindível a prática do celibato dentro do lar. Tembém existem diferentes regulações sobre o uso da vida sexual dentro do matrimônio, no qual esta poderá ser regulada gradualmente, já que é necessário que o casal esteja plenamente situado na modalidade da bondade, no qual se obtem maior visão e controle, para poder abraçar estes ideais espirituais. O grihasta como pregador (Extraido do 'Manual do Grihasta” de Srila B.A. Paramadvaiti Swami) “Srila Prabhupada mandou a muitos de seus discípulos grihastas que abrissem templos em todo o mundo. Participar ativamente na missão do mestre espiritual é a glória da vida de um grihasta. Aqueles que não são tão afortunado para encabeçar pessoalmente algum dos centros da urgentíssima missão de Sri Gauranga, devem ajudar diretamente a outro devoto que esteja neste serviço. A salvação na vida espiritual consiste primordialmente em não ser indiferente com os devotos e com o mestre espiritual. Sempre devemos estar conectados com o mestre espiritual e/ou com os devotos mais experiêntes em nossas realizações da vida espiritual e de nossos serviços. Algo se chama serviço devocional porque nós executamos este serviço para agradar aos represententes de Krishna, ainda que nos desagrade algum dever em particular ou custe grande suor e esforço fazê-lo. Como grihasta e devotos em geral, devemos estar sempre muito preocupados pelo o quê nossos guardiões espirituais estão pensando de nós, sobre nossa conduta, atitudes e atividades. O amor só pode surgir com esta atitude. Este sentimento nos protege para não atuarmos em nenhum momento contra a vontade de Krishna, ou melhor, até nunca mais a televisão, o bhoga, e os produtos comestíveis feitos por karmis, a preguiça e a perda do valioso tempo. E um grande sim para os votos do serviço devocional desinteressado, a vida simples, a educação espiritual e uma outra vez, a confirmação do compromisso com a pregação da mensagem que deu sentido e esperança a nossa vida.” A vida ideal do grihasta (Extraido do “Manual do Grihasta” de Srila B.A. Paramadvaiti Swami) “O pai de Srinivas acharya se chama Caitanya das, quem viu a cerimonia de sannyasa de Sri Caitanya Mahaprabhu. Um dia sua esposa lhe disse que o Senhor Caitanya em um sonho lhe havia intruido que eles deviam ter um filho. Caitanya das não podia acreditar que o Senhor Caitanya diria tais órdens, mas sua esposa insisti. Finalmente, os dois combinaram que deveria caminhar até Jagannatha Puri (a uns 600km) para everiguar o desejo do Senhor Caitanya. Depois dessa longa marcha, eles tiveram a fortuna de se encontrar com o Senhor e no primeiro encontro Sri Caitanya confirmou o sonho da esposa de Caitanya Das dizendo: “sim, sua esposa tem razão, eu quero que vocês tenham um filho de nome Srinivas, e ele vai ser um importante devoto na distribuição da literatura sagrada”. Feliz o casal voltou depois de algum tempo ao seu lar, e logo nasceu Srinivas e seus pais viveram cheios de felicidade. Um dia Srinivas com quatro anos encontrou seu pai no chão do templo dizendo: “Oh, eu não tenho amor por Krishna, o que faço?” Em seguida seu filho caiu ao seus pés exclamando: ”Oh pai! Eu muito menos tenho amor por Krishna”. Escutando o tumult no templo a mãe de Srinivas entrou na sala encontrando-se com essa situação, e ela também começou a chorar com o mesmo sentimento. Assim se podia entender que eles viviam uma vida de grihasta perfeita. Posteriormente Srinivas saiu da casa com um sannyasi quem pediu um filho a seus pais com só oito anos, e a história de sua vida pode preencher muitas páginas com néctares. Conclusão Tendo contemplado o aspecto da brahmacarya de muitos ãngulos e circunstâncias, podemos concluir que esta vital prática milenar é, de fato um estado próprio e necessário para o ser, se este deseja desenvolver-se corretamente em sua vida espiritual. Tanto para aqueles que desejam seguir uma vida de celibato permanente, como para os que estão inclinados a formar uma família (ou seja, dentro de qualquer dos quatro varnas e asrams), tanto para homens e mulheres, jóvens e adultos, em ambos e todos os casos o elemento da brahmacarya deve estar idealmente presente, ajudando-nos assim a poder mantes nossos votos e responsabilidades adquiridas com nosso mestre espiritual, com plena armonia e equilíbrio. Estamos sendo assim inspirados, para poder tomas as decisões corretas no dia a dia e fazer os ajustes que sejam necessários, considerando nosso grau de avanço (misericórdia recebida) e nosso grau de condicionamento, e com a companhia dos santos, os sábios conselhos e exemplo de nossos guardiões espirituais, e uma constante prática de oração e o sadhana em geral, receberemos todos os ingredientes necessários para poder introduzir exitosamente o conceito de brahmacarya em nossa vida. A brahmacarya, como temos visto, é um resultado natural dentro da condição pura da alma, e enquanto esta última permanece ainda coberta pela ilusão, esta aspiração será de grande ajuda para alcançar a pureza e a visão necessária, que nos guiam na vida de forma permanente. Praticar a brahmacarya não implica simplesmente em ser solteiro, não ter intercâmbios sexuais, rejeitar aos membros do sexo oposto, ou algum tipo de consideração fanática e imatura: ser brahmacari, ou praticar uma consagrada castidade no caso das mulheres, significa que uma pessoa opta por transitar no caminho da pureza, traçada e iluminada pelo guru, sastra e sadhu com transparência, submissão e com o desejo sincero de servir, para poder assim ter a chance de seguir servindo para sempre. Desta maneira, oramos para poder chegar a nos tornar algum dia verdadeiros e fiéis praticantes da brahmacarya, a prática que nos guia a todos os diferentes aspectos da vida. Brahmacarya ki jay!!