BORGES, Marcelo. Carta Aberta - O Racismo da União do Vegetal

March 27, 2018 | Author: John Winston | Category: Racism, Ethnicity, Race & Gender, Ayahuasca, Angel, Adam And Eve


Comments



Description

CARTA ABERTAO Racismo da União do Vegetal Marcelo Henrique Ribeiro Borges[1] O racismo é uma prática doentia e criminosa. Atos horrendos de intolerância e desrespeito já foram perpetrados em nossa história motivados por formas de pensamento racistas. O extermínio dos corpos físicos é antecedido pela violência emocional e psicológica, primeiro agredindo os membros dos grupos étnicos perseguidos de modo sutil e subliminar, para posteriormente estabelecer estruturas rígidas de segregação e coação social. Atualmente existem sérias questões postas ao debate na sociedade brasileira a este respeito, a par da conquista de valorosos direitos alcançados nos últimos anos, as formas de atuação de grupos racistas comumente mantêm-se de forma velada e disfarçada, porém aplicam-se no interior de suas organizações a frieza e crueldade das formas de pensamento racista. Ao tecer uma pesquisa sobre a “História da Ayahuasca no Brasil”, deparei-me com a existência de uma doutrina racista no interior de uma comunidade centrada no Rito de Comunhão da Ayahuasca. Os fatos são complexos e mereceram dez (10) anos de investigação, colhendo fontes de documentos orais relativos ao campo doutrinário da organização identificada como “União do Vegetal”, fundada por José Gabriel da Costa em 1961. A pesquisa tornou-se pública em julho de 2012 com o lançamento do livro de minha autoria: “História da Ayahuasca no Brasil: um estudo ontológico sobre as fronteiras da travessia humana com o suprassensível”. O tema do livro não se restringe apenas ao caso da União do Vegetal, mas dentro do Capítulo VI (páginas 361 a 475) abordamos a questão com a devida seriedade que ela exige, expondo o centro ideológico da doutrina racista de eugenia. Exporemos de modo sucinto nesta Carta Aberta os principais elementos que compõe da doutrina de racismo da União do Vegetal, todavia, orientamos que a pesquisa deve ser complementada com a leitura integral do trabalho publicado no livro, uma vez que a escrita apresenta-se fundamentada com um eixo argumentativo dentro do arcabouço doutrinário. São dois pontos centrais que fundam o racismo da União do Vegetal, o primeiro relaciona-se com a visão de inferioridade dos povos ameríndios na própria comunhão ancestral da Ayahuasca. O segundo diz respeito à pretensa origem inferior e negativa dos povos e indivíduos de epiderme escura a partir de sua origem ser determinada pela rebeldia de “Lúcifer” e ódio de “Caim”. Ao se tratar de argumentos no campo do imaginário religioso, somos obrigados a apresentar os argumentos na ordem destes mesmos termos. Estas duas premissas de discriminação e racismo estão fundamentadas em duas histórias contadas por José Gabriel da Costa, o mestre fundador da União do Vegetal: a “História da Hoasca” e a “História da Criação”. A primeira história situa-se naquilo que é compreendido como a “grande revelação” do Mestre Gabriel, ele mesmo o mensageiro de Deus responsável em implantar na Terra a própria Ayahuasca em tempos imemoriáveis, antediluvianos, conforme está narrado no livro na página 379: “A premissa da doutrina nasce por revelação das “recordações do mestre”, quando Gabriel teria se recordado de vidas antepassadas, sempre na forma de um enviado divino, indo até um reino mítico cujo soberano se chamava “Inca”: neste reino aconteceram milagres causadores do surgimento das plantas sagradas, o cipó e a folha, mas somente após o “dilúvio universal” – com é dito pela doutrina – a Ayahuasca foi feita pela primeira vez pelo lendário Rei Salomão, que serviu o primeiro cálice à foi transformada de Luiz Bela para Luiz Bel.Rondônia. Quando iniciou criando mais anjos. e foi retirada da Trindade ficando a Divindade. uma encarnação passada de Gabriel. pajés e caboclos são considerados “mestres da curiosidade” que teriam surgido após o degolamento de Iagora. pois realizam a comunhão de um sacramento de tradição indígena e a partir do estado de consciência ampliado promovido pelo sacramento. uma espécie de “etnocentrismo religioso”. quando este adquiriu o “grau de mestre”. a narrativa do mito de matriz racista será exposta nesta Carta Aberta conforme consta em nossas fontes de pesquisa: uma gravação aprovada em Sessão do “Quadro de Mestre Antigo”. formado por discípulos de José Gabriel da Costa que foram diretamente aprovados por ele ao “grau de mestre”. toda a doutrina de Mestre Gabriel é alicerçada pela cosmovisão da “História da Criação”. do mesmo modo dispusemos a narrativa contada na voz do próprio fundador.“Caiano”. No princípio de tudo só existia o universo e três “luiz” formando a Trindade: Pivô da Natureza. a Ayahuasca ficou “esquecida”. e de cada pingo daquela água que se desprendia. Jean Bangulê e Luiz Bela. Não obstante. disseminam uma doutrina que desqualifica todas as heranças culturais das nações ancestrais da América de pele vermelha. o autor da União do Vegetal. após este fato teriam nascido os “mestres da curiosidade”. sendo dele a realeza de todo o legado posterior… por isso é o “mestre superior” e nesta ocasião a “União do Vegetal” foi criada na Terra. fato que expressa claramente os objetivos de domínio do mundo pela organização. „Mestre Iagora‟ teria sido assassinado pelos discípulos por causa de riquezas materiais. Chegou a criar grandes legiões de anjos. por isso completamos a exposição com a “História da Criação” que apresenta diretamente o viés narrativo de origem maligna dos povos e indivíduos de epiderme escura. Aí ela rebelou-se contra as outras „luiz‟. surgia um anjo. Tempos depois… o mesmo mestre retorna ao Brasil. Luiz Bela recebeu a autorização das outras „luiz‟ pra criar anjos: de um até nove anjos por minuto. O “Quadro de Mestre Antigo” é comumente é identificado “Conselho da Recordação dos Ensinos do Mestre Gabriel”. realizada dia 17 de abril de 1987. observamos claramente a presença de um discurso discriminatório e preconceituoso na doutrina implantada por José Gabriel da Costa. pois a autorização que ela tinha era para criar de um até nove anjos por minuto. Entretanto. inclusive a própria “História da Hoasca” só pode ser compreendida plenamente a partir da correlação destes ensinos. apresentado no arcabouço do livro “História da Ayahuasca no Brasil”. Uma contradição tácita. quando este se negava a dizer o local de uma “mina de ouro”. formada pelas Luiz Jean Bangulê e Pivô . bebendo o Vegetal sem a doutrina e contaminados pela raiva e cobiça. quando então o “poder superior” ordena que o mesmo voltasse à Terra para “restaurar o Vegetal”. no “Núcleo Mestre Rubens” em Jarú. a doutrina postula que „Mestre Caiano‟ foi o primeiro ser vivente na Terra que comungou a bebida sacramental. pois começaram a beber o “chá” sem a orientação da União do Vegetal: sem sabedoria e apenas por diversão ou curiosidade: era o “cinema de índio”. Luiz Bela tinha o nome de Luiz Bela porque entre as outras „luiz‟. Rondônia. A fim de evitarmos qualquer mal-entendido a respeito do tema. No entanto. assim os xamãs. a “História da Criação” é uma narrativa restrita ao “Corpo Instrutivo” e ainda assim costuma ser retida por um tempo desde a iniciação dos discípulos. Assim sendo. em Jarú. nascendo em “Coração de Maria”: Mestre Gabriel. ao passo que também contava a antiga história do “Rei Inca”… por isso o reinado do lugar teria recebido este nome… o reino do Inca… o “Reino Inca”. Em nosso livro publicamos a íntegra da “História da Hoasca”. as outras „luiz‟ chamaram ela para não proceder daquela maneira. Conforme está posto na página 454 do livro “História da Ayahuasca no Brasil”. História da Criação aprovada pelo ‘Quadro de Mestre Antigo’ em Sessão realizada em 17 de abril de 1987 no núcleo Mestre Rubens. que atribuiu a si próprio o legado de ter ensinado o conhecimento sobre a Ayahuasca a todas as civilizações ancestrais da Cordilheira dos Andes e da Amazônia. apenas por esta lenda não será suficiente para desvendarmos o campo doutrinário do racismo. Depois Luiz Bela se envaideceu achando que deveria criar mais anjos do que aquela quantidade que lhe havia sido autorizada. àquele que teria reconhecido as plantas e ensinado toda a tradição da Ayahuasca à todos os povos do mundo. Sendo assim. a lenda diz que por alguns motivos. o “primeiro hoasqueiro”. porque ela era a luz que tinha o poder de criar anjos e chegou a criar até trezentos e sessenta e três anjos por minuto. uma vida. após „Mestre Caiano‟ instalar sua doutrina. No decorrer dos acontecimentos. reencarnando com o nome de “Iagora” em meio aos índios no Peru. E por ela não ter obedecido as outras „luiz‟. ela se destacava a mais bela. Ela tinha um ramalhete e colocava aquele ramalhete em uma água. Pediu ao Pivô. pois tentaram ocultar o fator de maior preponderância para que seus segredos não fossem abertos ao público. foi lhe entregar a irmã Genoveva e mandou que ele se afastasse da família. Tiveram diversos filhos: Caim. os discípulos que ao longo da história se afastaram das organizações identificadas como “União do Vegetal”. pelo que tinha feito. Adão quando estava em pessoa na Terra. Abel. primeiro “preparando a memória” dos discípulos. Mesmo sem concordar com a doutrina. o epicentro do racismo da União do Vegetal. Genoveva. de tal forma orientamos aos leitores que verifiquem no arquivo de áudio e constatem por vossas próprias experiências. Luiz Bel foi colocada no espaço onde não tinha „luiz‟ com todos aqueles anjos que ela criou por conta própria. cuidava da lavoura. Adão adormeceu. assassinou o irmão. Rebeca. O ar se condensou em grandes camadas. identificamos a matriz racista: O sangue de Abel manchou lhe as mãos e aquela mancha foi se estendendo pelo corpo todo e com pouco tempo estava com a cor negra. mas veio. há de ser criado um lugar onde esses anjos possam vir à „luiz‟…”. Caim sentiu inveja de Abel e com um pedaço de osso de animal. Aí veio o Autor das Trevas a habitar. eis o grande “segredo” dos “mistérios” que cercam a União do Vegetal. dando origem aos caboclos bravos das florestas. permanecendo a gravação de modo intacto. Este fato denota a consciência que o grupo tem da gravidade da doutrina. Luiz Bel recebeu uma transformação de Luiz Bel pra Lúcifer. que pela primeira vez ocupou espaço nas páginas de um livro de história. portanto um crime classificado como hediondo pela Carta Magna da República Federativa do Brasil. foi lhe entregar a irmã Genoveva e mandou que ele se afastasse da família. qualquer forma de racismo e segregação étnica. até se firmar um pacto de silêncio antes da “História da Criação” ser revelada. pois em sua mensagem uma doutrina racista é implantada à sombra da lei e de qualquer princípio humano.Abel era um bom filho e por isso Caim achava que seu pai era mais dedicado a Abel. o processo de aliciamento ocorre aos poucos. recebeu o nome de “Chão”. Uma aberração posta à contemporaneidade. Num momento crucial da gravação. Quando chegou. A doutrina posta desta forma jamais é transmitida abertamente dentro das “Sessões de Escala”. . andou… De onde nasceu a palavra “pessoa”: “de pé-sou-a dão. Adão subiu pro Astral Superior de onde o Autor das Trevas está nos clareando. formando a terra e depois de pronta. dando origem aos caboclos bravos das florestas. Jean Bangulê recebeu a transformação pra Autor do Conselho e também das Trevas. Quando fez o pedido. Com a vinda do Autor das Trevas. que abomina através da Declaração Universal dos Direitos Humanos. a sentença que o Pai Adão lhe deu. O reflexo de sua „luiz‟. mesmo que em voz baixa. Por esse motivo. formou uma mulher e deu-lhe o nome de Eva. Quando chegou. que já existia. o claro que existia era o dele. Com essas palavras. cuidava de ovelhas. a sentença que o pai Adão lhe deu. Depois do desencarnamento. o poder tirou de si uma costela. pelo que tinha feito. O Autor das Trevas formou do pó da Terra uma estátua no formato de um homem. Bicelona e Sete. mas veio. Daí então foi viver nas montanhas. Daí então foi viver nas montanhas. Ficou envergonhado de vir na presença do pai Adão. preferiram se calar e permanecer em isolamento. pôs a estátua de pé e disse: “DE PÉ SOU A DÃO”. O sangue de Abel manchou lhe as mãos e aquela mancha foi se estendendo pelo corpo todo e com pouco tempo estava com a cor negra. a Natureza: “Senhor. Indo além do simples mito de superioridade da União do Vegetal e primazia de seu mestre fundador. Ao analisarmos o fragmento do mito que tece a narrativa sobre a origem dos “filhos de Caim”. Este procedimento se fez necessário devido ao caráter que ele apresenta. Com o desencarnamento de Eva. a doutrina apregoa claramente uma suposta inferioridade por parte das pessoas de pele escura. falhou em técnica. Depois de pronta. Caim era lavrador. tal foram os métodos de domínio e controle implantados durante as doutrinações com o Vegetal. Abreu.da Natureza. Abel era pastor. clareava na região em que vivia. depois incutindo medo sobre punições sobrenaturais que recaem sobre os “rebeldes” que deixam vazar os “mistérios”. primeiro ser vivente que chegou a esse lugar. Jean Bangulê viu que aqueles anjos não tinham nenhuma culpa por terem sido criados. Depois viu que pra sua missão necessitava de uma companheira. Este é o mito fundante da doutrina de José Gabriel da Costa. no entanto. seja lá quem tentou fraudar esta passagem. Com a palavra “É tu o Autor do Conselho e também das Trevas” houve a autorização pro início da criação do lugar pros anjos. que conhecemos como Sol. tentaram literalmente cortar a parte que anunciava a doutrina racista: “manchou lhe as mãos”. Com a palavra “DÃO‟. ela subiu pro Astral Resplandecente de onde recebe o reflexo da „luiz‟ do Sol e resplandece e hoje conhecemos como Lua. o Pivô da Natureza disse: “É tu o Autor do Conselho e também das Trevas”. Ficou envergonhado de vir na presença do Pai Adão. 2007: 52-55). representadas por uma pele escura. necessitando “limpar as trevas do coração”: nasceriam primeiramente como animais e depois como pessoas humanas. Citamos esta obra apenas por ser outra referência que corrobora com a versão do mito da criação apresentado em nosso trabalho (ALVES. seu nome é Luiz Carlos Pimentel Alves e seu trabalho teve o objetivo de publicar a “A Criação do Universo pela Religião da Hoasca”. para sua difusão e doutrinação. isto caso sua pele fosse clara. Esta doutrina aplica-se na perspectiva de “purificação” da humanidade pelo branqueamento da epiderme. identificamos no decorrer desta pesquisa. as duas narrativas apresentam a explicação de que um crime fez surgir a primeira pessoa de “cor negra” ou “cor preta”: Caim. representada por uma pela clara: assim cada geração deveria se esforçar por clarear a pele de seus filhos. através do livro “História da Ayahuasca no Brasil: um estudo ontológico sobre as fronteiras da travessia humana com o suprassensível” todos os leitores interessados no tema poderão identificar todos os eixos de argumentação e conduta que acompanham o mito da criação por José Gabriel da Costa. Estas são as principais considerações sobre a doutrina racista da União do Vegetal. eliminando da Terra toda forma de trevas e escuridão. portanto são filhos da rebeldia de Lúcifer e ódio de Caim. um sacramento indígena. pois num plano inicial a “Luiz Bela” estava criando os “anjos” dentro da “obediência”: nove por minuto. um livro de vertente religiosa. de modo mais recente teve sua aplicação durante o regime nazista de Adolf Hitler a partir das “Leis de Nuremberg”. De fato. Estes anjos criados permaneceram na “luz”. Sendo espíritos inferiores. que o sacramento ancestral tem sido usado nesta vertente para a . pois veio justamente entre as “trevas” para trazer a “luz”. com a pele escura pelas trevas. a primeira diz respeito à geração da “Trindade”. A história ainda apresenta duas perspectivas de reflexão. pois quanto mais branca é uma pessoa. após o processo evolutivo de “purificação” através da dor e do sofrimento. O fato está consumado. A pesquisa levantou duas fontes de narrativa sobre a “História da Criação” pela União do Vegetal. ou seja. sincretismo e hibridismo. seus filhos seriam os “caboclos bravos das florestas”.Uma única exceção se apresentou no rol de omissões e sentenças. Os demais “anjos” criados foram filhos da desobediência. A maior contradição ainda se aplica a outras duas questões sobrepostas: a doutrina racista de eugenia nascer pela obra de um baiano de pele escura e ainda fazendo uso da Ayahuasca. claros e puros. O absurdo de um pensamento como este se manifestar no Brasil representa uma negação sobre toda a história cultural de miscigenação. por isso estes deveriam passar pelo processo de evolução espiritual. nasceu com a pele escura para servir de exemplo a todos… para que ninguém duvidasse de sua palavra. José Gabriel da Costa dizia que sua manifestação através desta forma era no “cumprimento de uma missão”. clareando a cor da pele. o “grande ensino da pureza” poderia sofrer rejeição. Mas sem se furtar à explicação dos “fatos”. enquanto os espíritos superiores e benignos nascem com a “luz no coração”. Acredita-se que os espíritos inferiores e malignos nascem com as “trevas no coração”. encarnando como uma linhagem de filhos obedientes de Adão. esta veio pela voz de um médico psiquiatra. visto como um assassino invejoso e enciumado. uma vez que se fosse ao contrário. receberiam gradativamente a “luz no coração”. a doutrina de José Gabriel da Costa ensina que primeiro encarnariam com a mancha do pecado de Caim na pele. mais pura ela seria… Tal preceito aplicado às questões étnico-raciais é classificado como EUGENIA: uma forma de pensamento criminoso que produziu barbáries na história humana. No estudo ontológico sobre a condição humana do ser em si. Alguns colaboradores desta pesquisa. até o presente momento. identificamos os fortes sinais de um ideal de superioridade por quem atravessara grandes dificuldades e angústias de existência. por vezes ponderaram se a exposição de todas estas questões não poderia “depor contra a própria Ayahuasca”. É de se estranhar que uma organização com tentáculos até no exterior. apenas esta pesquisa concatenou todo este corolário em um único trabalho. pai de família carente. princípio expresso no Estatuto da Igualdade Racial e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. todavia até o presente momento não registramos nenhum posicionamento formal da organização responsável pela disseminação da doutrina racista de eugenia: o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal. por diversas vezes também ponderamos sobre a possibilidade de alteração do foco de pesquisa ou mesmo desistência do trabalho. pois a bebida sacramental nada tem a ver com o imaginário de quem a ingere. uma forma covarde de negação do . daí o “mistério” do nome JACINTO LUZ TABOA: “já sinto que a luz está boa”… ou seja: um rei de pele branca para o Brasil. nossa responsabilidade perante o conhecimento se afirmou mais alta do que qualquer outra conjectura. do mesmo modo o livro está publicado desde julho deste mesmo ano. Por fim.propagação de uma doutrina racista com preceitos de eugenia. sabendo que somente a partir da “Edição Final” poderemos dar um retorno aos anseios e críticas que se apresentarem. todos baseados em fontes advindas da própria União do Vegetal. aos discípulos que tem em seu ato de fé os valores estudados. paciente em estado terminal. Os elementos componentes da doutrina foram expostos em sua íntegra. O caso da doutrina racista deve ser analisado com toda a seriedade que o tema exige. Ressaltamos que temos a plena consciência da seriedade das questões postas e ainda desafiamos qualquer pesquisador a identificar qualquer tipo de fraude ou manipulação tendenciosa em nosso ofício de historiar o passado. todas crônicas apresentadas foram acompanhadas por fontes primárias ou secundárias. seja como jovem apartado da família em Salvador. então por uma questão de justiça em amor à sabedoria. durante uma Audiência Pública realizada na “Comissão de Combate ao Crime Organizado” da Câmara dos Deputados. O ponto central de nossa reflexão concentrou-se no fato único de que. decidimos torná-lo público. já no ano de 2010. O ideal de beleza e perfeição da cor de pele branca assumiu patamares tão fortes no imaginário de José Gabriel da Costa. mas novamente a voz da responsabilidade histórica falou mais alto em nossa consciência. que sua “profecia” sobre seu retorno inclui no repertório de poderes. Tampouco consideramos que a exposição de questões como estas podem vir a “depor contra a Ayahuasca”. muito menos com a conduta que desempenham. trabalhador explorado. nem véus. escravo nos seringais. a encarnação num “corpo puro”. que desde o mês de junho de 2012 temos este tema exposto em nosso espaço virtual. sejam elas referências bibliográficas. fugitivo da polícia. inclusive pelos responsáveis constituídos na letra da lei para assegurar o cumprimento da Carta Magna em respeito a todos os cidadãos deste país. Não obstante. Quando iniciamos a investigação. esclareço às autoridades públicas e dirigentes de movimentos da sociedade civil organizada. considerando todos os problemas existentes ainda de graves dimensões na sociedade… contudo. nem imaginávamos que alcançaríamos uma reflexão tão profunda e que os “segredos e mistérios” da União do Vegetal seriam tão sérios. identificamos neste silêncio tácito. sem manchas. negro discriminado e… por fim. não se veja obrigada a responder um tema de tão vultosa polêmica. Portanto. deixamos o nosso trabalho como ponto de reflexão. depoimentos da tradição oral ou o próprio arcabouço doutrinário coletado em nossa pesquisa de campo. o tema do racismo entre “comunidades ayahuasqueiras” havia sido levantado por minha própria pessoa. a conduta dos membros destas organizações não é pautada por uma prática de respeito e tolerância. que apresentem tais questões com a mesma seriedade que apresento. estando à disposição de todas as autoridades competentes do Estado.histo.net contato. todavia o processo de lavagem cerebral aplicado aos discípulos os faz agir de modo temeroso e atormentado. fato que exige uma profunda e eficaz investigação pelo Ministério Público Federal e demais forças competentes do Estado. calúnia. mesmo quando afastados da União do Vegetal. Editora Kelps: 2012 – ISBN: 978-85-400-0479-5 / CDU: 111. Todos aqueles que apresentarem alguma dúvida ou discordância dos temas expostos nesta pesquisa. 27 de novembro de 2012 Marcelo Henrique Ribeiro Borges http://historiadaayahuasca. reafirmo minha inteira responsabilidade sobre este processo. já são vistas apenas como ações de mentes tacanhas e covardes. na condição de autor do livro e da denúncia sobre o racismo da União do Vegetal. perante toda a nação brasileira. logo.com [1] Autor do livro “História da Ayahuasca no Brasil: um estudo ontológico sobre as fronteiras da travessia humana com o suprassensível” (Goiânia. honrando seu nome e se identificando conforme os preceitos legais da legislação nacional. bem como dos movimentos sociais interessados em debater a questão...debate a fim de evitar que a questão seja levada ao conhecimento das autoridades públicas do Estado brasileiro. -- Marcelo Borges .1). Estas são as minhas palavras nestes momentos. A doutrina é objetiva quanto à origem maligna dos povos e indivíduos de epiderme escura. difamação e ameaças.@gmail. Goiânia. mais humana e fraterna: por este sonho entrego a minha vida. canal do “youtube” ou no próprio livro. seja em nosso espaço virtual. De tal forma. Tentativas de intimidação. Que o esclarecimento da verdade prevaleça pelo ideário do nascimento de uma nova sociedade.
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.