Biorremediação PDF

March 31, 2018 | Author: Marco Aurélio Bortolini | Category: Physical Sciences, Science, Biology, Earth & Life Sciences, Natural Environment


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ISSN 1678-0463 http://www.ftc.br/dialogos 47 TÉCNICAS DE BIORREMEDIAÇÃO DE SOLOS TÉCNICAS DE BIORREMEDIAÇÃO DE SOLOS TÉCNICAS DE BIORREMEDIAÇÃO DE SOLOS TÉCNICAS DE BIORREMEDIAÇÃO DE SOLOS TÉCNICAS DE BIORREMEDIAÇÃO DE SOLOS CONT CONT CONT CONT CONTAMINADOS POR HIDR AMINADOS POR HIDR AMINADOS POR HIDR AMINADOS POR HIDR AMINADOS POR HIDROCARBONET OCARBONET OCARBONET OCARBONET OCARBONETOS DE OS DE OS DE OS DE OS DE PETRÓLEO PETRÓLEO PETRÓLEO PETRÓLEO PETRÓLEO J JJ JJUDITH UDITH UDITH UDITH UDITH L LL LLILIANA ILIANA ILIANA ILIANA ILIANA S SS SSOLÓRZONO OLÓRZONO OLÓRZONO OLÓRZONO OLÓRZONO L LL LLEMOS EMOS EMOS EMOS EMOS S SS SSABRINA ABRINA ABRINA ABRINA ABRINA D DD DDIAS IAS IAS IAS IAS DE DE DE DE DE O OO OOLIVEIRA LIVEIRA LIVEIRA LIVEIRA LIVEIRA L LL LLUIZ UIZ UIZ UIZ UIZ A AA AANDRÉ NDRÉ NDRÉ NDRÉ NDRÉ F FF FFELIZARDO ELIZARDO ELIZARDO ELIZARDO ELIZARDO S SS SSIL IL IL IL ILV VV VVA AA AA S SS SSCHLITTLER CHLITTLER CHLITTLER CHLITTLER CHLITTLER N NN NNEI EI EI EI EI P PP PPEREI RA EREI RA EREI RA EREI RA EREI RA J JJ JJÚNI OR ÚNI OR ÚNI OR ÚNI OR ÚNI OR Resumo Resumo Resumo Resumo Resumo: Em se tratando de contaminações com hidrocarbonetos de petróleo e/ ou seus derivados, boa parte dos microrganismos do solo não possui capacidade para degradá-los, o que resulta na sua acumulação no ambiente e na consequente contaminação dos ecossistemas. No entanto, existem microrganismos que apresentam capacidade para metabolizar esses compostos e os transformam em substâncias menos danosas, CO 2 e água. Tecnologias emergentes para o tratamento de resíduos contemplam uma série de métodos e técnicas biotecnológicas conhecidas como biorremediação. As técnicas biológicas, em substituição ou aliadas aos processos químicos, geralmente, apresentam relação custo benefício satisfatório, pois são menos agressivas ao ambiente e produzem menos resíduos. Para reduzir os problemas causados pela contaminação de hidrocarbonetos de petróleo, várias técnicas podem ser aplicadas, como a atenuação natural, bioventilação, landfarming, compostagem, fitorremediação, bioaumento e bioestímulo. Palavras-chave Palavras-chave Palavras-chave Palavras-chave Palavras-chave: Técnicas de Biorremediação, Solos, Hidrocarbonetos. Abstract: Abstract: Abstract: Abstract: Abstract: In terms petroleum its products contamination, most of the microorganisms existing on the soil do not have the ability to degrade these compounds, what results in accumulation on the environment and, consequently, contamination of the ecosystems. Nevertheless, there are microorganisms able to turn this petroleum compounds into a less polluting ones, CO 2 and water. Emerging technologies for the residues treating contemplates several methods and biotechnological techniques called bioremediation. The biological techniques, replacing or together with chemical processes, in general, show a low a satisfactory cost and benefits ratio, because they are less aggressive to the environment and produce smaller amounts of residues. In order to attenuate the problems caused by petroleum hydrocarbons, several techniques can be applied, like the natural attenuation, bioventing, landfarming, composting, fitoremediation, bioaugmentation and biostimulation. K KK KKe ee eey yy yy-w -w -w -w -wor or or or ords: ds: ds: ds: ds: Bioremediation Techniques, Soils, Hydrocarbons DIÁLOGOS & CIÊNCIA - REVISTA DA REDE DE ENSINO FTC. Ano III, n. 11 dez. 2009 48 TÉCNICAS DE BIORREMEDIAÇÃO 1 INTRODUÇÃO 1 INTRODUÇÃO 1 INTRODUÇÃO 1 INTRODUÇÃO 1 INTRODUÇÃO Petróleo significa óleo da pedra, por ser encontrado, normalmente, impregnado em determinadas rochas porosas denominadas de arenito, dispostas em camadas geológicas sedimentares. Formou-se na Terra há milhões de anos, a partir da decomposição de pequenos organismos marinhos, plâncton e vegetação típica de regiões alagadiças e é encontrado junto ao gás de petróleo, formando bolsões entre rochas impermeáveis ou impregnando rochas de origem sedimentar (FONSECA, 1992). O petróleo é constituído, essencialmente, de carbono e hidrogênio (90% dos óleos crus), com quantidades relativamente pequenas de compostos orgânicos sulfurados, nitrogenados, oxigenados e organometálicos. Predominam os hidrocarbonetos como os acíclicos saturados (alcanos) de cadeia normal e ramificada, bem como os cíclicos de cadeia normal ou ramificada (cicloalcanos) e os aromáticos. Os demais compostos, por se encontrarem na composição em menores teores, são classificados como impurezas oleofílicas. No petróleo bruto não ocorrem hidrocarbonetos olefínicos. Quando incorporados durante o processamento, esses compostos aparecem nos derivados do petróleo. As impurezas oleofílicas são solúveis no petróleo, fazendo parte de sua constituição. São consideradas impurezas por se apresentarem em menores teores e, também, porque, do ponto de vista do refinador e do consumidor, conferem ao petróleo, e seus derivados, propriedades indesejáveis. Em certos casos, tais impurezas podem ser recuperadas no processamento, com fins comerciais, como ocorre com os ácidos naftênicos e o enxofre. A composição química do petróleo varia com a sua origem e, consequentemente, afeta a susceptibilidade ao ataque microbiano. A maioria dos hidrocarbonetos possui baixa solubilidade em água o que acarreta baixas taxas de metabolização do poluente (WIDDEL; RABUS, 2001). O despejo de óleo cru no solo, seja este acidental ou intencional, estimula o crescimento de populações microbianas potencialmente degradadoras de petróleo e, consequentemente, a elevação da atividade microbiana nesse ambiente. Isso ocorre porque os microrganismos oriundos do solo podem adaptar-se ao petróleo, sofrer enriquecimento seletivo e mudanças genéticas, que possibilitam esse aumento. Em solos não contaminados, menos de 1% da população microbiana nativa apresenta capacidade para degradar hidrocarbonetos, contudo, esse valor pode atingir de 1 a 10% do total de microrganismos nativos presentes em ambientes contaminados por óleo cru, se utilizadas técnicas microbiológicas convencionais (ATLAS, 1991). ISSN 1678-0463 http://www.ftc.br/dialogos 49 2 BIORREMEDIAÇÃO 2 BIORREMEDIAÇÃO 2 BIORREMEDIAÇÃO 2 BIORREMEDIAÇÃO 2 BIORREMEDIAÇÃO A biorremediação pode ser definida como um conjunto de tecnologias nas quais se utilizam microrganismos, ou seus produtos e processos, ,, ,, aplicadas à recuperação, ou remediação, de áreas contaminadas, tratamento de compostos orgânicos voláteis tóxicos ou efluentes que contenham resíduos que devem ser eliminados antes de entrar em contato com o ambiente. Em geral, utilizam-se microrganismos, plantas ou produtos biológicos, como enzimas e componentes celulares, com a finalidade de realizar a mineralização, a qual, possivelmente, resulta em gás carbônico e água como produtos finais (DIAS, 2000). A microbiologia associada à degradação de hidrocarbonetos constitui um campo de pesquisa em pleno desenvolvimento (BONAVENTURA & JOHNSON, 1997). E, como destaque, surge a biorremediação como prática atrativa de remoção de hidrocarbonetos de petróleo, por causa da simplicidade da manutenção, aplicação em grandes áreas, baixo custo, além da possibilidade de ocasionar a destruição completa do contaminante (BENTO ET AL., 2005). O objetivo da biorremediação, quando usada como técnica de tratamento em áreas contaminadas, é induzir ou acelerar os processos biológicos naturais de reciclagem de compostos de interesse, incluindo compostos orgânicos ou inorgânicos. Assim, o desafio principal é utilizar a capacidade intrínseca dos microrganismos de degradar matéria orgânica para degradar compostos orgânicos tóxicos, tanto de origem natural como compostos sintéticos (DIAS, 2000). 2. 2. 2. 2. 2.1 T 1 T 1 T 1 T 1 Tecnologias de biorremediação ecnologias de biorremediação ecnologias de biorremediação ecnologias de biorremediação ecnologias de biorremediação As técnicas de biorremediação podem ser classificadas segundo o tratamento e a fase utilizada. De acordo com o local de tratamento, as técnicas de biorremediação são denominadas in situ e ex situ. Essas técnicas devem levar em conta os poluentes, o custo dos processos e, principalmente, a concentração final do contaminante, no término do tratamento, como aceitável para o tipo de resíduo e para o uso futuro da área, lançando mão de avaliações ecotoxicológicas. Na biorremediação in situ, o processo de biodegradação ocorre no local contaminado. As técnicas in situ, geralmente, envolvem o aumento da atividade microbiana local, por meio da alteração da área degradada, usando-se a adição de nutrientes, ajuste de pH, o controle da umidade e da aeração para propiciar as condições ótimas de degradação biológica dos componentes tóxicos (FERRARI, 1996; BOOPATHY, 2000; MARTINS, 2003). Nos processos ex situ, o solo é retirado e transferido até a unidade de tratamento. Para este propósito, emprega-se a remoção do material contaminado, DIÁLOGOS & CIÊNCIA - REVISTA DA REDE DE ENSINO FTC. Ano III, n. 11 dez. 2009 50 TÉCNICAS DE BIORREMEDIAÇÃO geralmente, por escavação do solo e o bombeamento da água. Quando o tratamento é ex situ, em geral, envolve o uso de biorreatores ou de algum mecanismo que possibilite o controle dos parâmetros mais importantes do processo (FERRARI, 1996; BOOPATHY, 2000; MARTINS, 2003). Nesse caso, diz-se que o tratamento é efetuado em fase sólida se o solo for tratado em um leito especialmente preparado e houver ausência de água livre. Assim sendo, o teor de umidade é mantido em níveis suficientes para a manutenção da atividade microbiana, 50 a 75% da capacidade de retenção de água, no caso de tratamento de solos contaminados por hidrocarbonetos de petróleo. Por outro lado, denomina-se o tratamento em fase lama quando a biotransformação é executada em reatores onde acontece a formação de polpa entre o solo a ser tratado e a água adicionada ao sistema (FERRARI, 1996). Geralmente, o tratamento em fase lama é realizado em reatores verticais, nos quais o teor de sólidos é estabelecido numa faixa de 10 a 40% (ALEF & NANNIPIERI, 1995). Nesse tipo de processo, a agitação da mistura é crucial para homogeneizar o sistema, promover a quebra das partículas sólidas; a dessorção do contaminante das partículas sólidas, melhorar contato entre contaminante e microrganismos, aumentar a oxigenação da mistura e volatização dos contaminantes (DYMINSKI, 2006). As estratégias de biorremediação mais conhecidas e estudadas incluem técnicas como a atenuação natural, bioventilação, landfarming, compostagem, fitorremediação, além de técnicas auxiliares, como bioaumento e bioestímulo (SKIPPER,1999; apud BENTO ET AL., 2005) O termo atenuação natural parece ser o mais adequado para descrever todos os processos que ocorrem sem a intervenção direta do homem, sendo uma forma passiva de remediação (NYER, 1998 apud ROSADO, 2005). Moreno ET AL. (2004) descrevem atenuação natural como uma coleção de processos biológicos, químicos e físicos que ocorrem naturalmente, resultando na contenção, transformação ou destruição de produtos químicos indesejáveis no ambiente. A bioventilação é uma técnica geralmente usada para remediar solos contaminados com hidrocarbonetos do petróleo, pois aumenta a habilidade da microbiota do solo para degradar compostos naturais e xenobióticos. O ar injetado na zona não saturada do solo fornece aos microrganismos condições de transporte de oxigênio adequadas, de forma que a degradação possa continuar de maneira eficiente por períodos mais longos (ÖSTERREICHER-CUNHA EL AL., 2004). Atualmente, uma das técnicas mais empregadas para a remediação de solos contaminados por derramamento de combustíveis é o landfarming. Esta técnica é muito utilizada em locais remotos, porque o método requer o uso reduzido ISSN 1678-0463 http://www.ftc.br/dialogos 51 de equipamentos, sendo a opção de mais baixo custo, principalmente se comparada à incineração. O termo landfarming, geralmente, refere-se a um processo em que o solo contaminado com hidrocarbonetos é distribuído em uma camada de meio metro de espessura, com adição de nutriente, devendo ser periodicamente revolvido. Essa última etapa deve permitir a mistura dos resíduos à camada fértil do solo, a fim de que a própria microbiota do solo atue como agente de degradação. A homogeneização e a aragem do solo, geralmente, são realizadas por meio de tratores utilizados na agricultura (JORGENSEN EL AL., 2000). Por outro lado, durante o tratamento, podem ser perdidos hidrocarbonetos por volatilização, bem como pela ação da biorremediação e, assim, conclui-se que o landfarming recorre à combinação dos dois processos (PAUDYN ET AL., 2008). A compostagem é uma ação biológica de decomposição da matéria orgânica presente em restos de origem animal ou vegetal. Ocorre por ação de agentes microbianos e, portanto, precisa de condições físicas e químicas adequadas para que o composto orgânico final seja de boa qualidade (PERES; NAUMOFF, 1998). A presente estratégia, diferente da técnica de landfarming, requer a adição de material que favoreça o aumento da porosidade e a transferência de oxigênio, e forneça ao sistema uma fonte de energia capaz de beneficiar a expansão microbiana acelerada. Os materiais comumente adicionados na compostagem são: palha, grama, folhas, bagaço de cana, serragem ou esterco. Uma das características do processo é que o calor, gerado metabolicamente, se mantém preso ao sistema, provocando o aumento de temperatura e mudanças na população microbiana (POTTER ET AL., 1999; SEMPLE ET AL., 2001). O produto resultante da compostagem pode ser considerado como um enriquecedor do solo, ou seja, poderá ser aplicado para melhorar as características nutricionais do mesmo, sem que haja uma contaminação do meio ambiente (BRITO ET AL., 2003). Por outro lado, os nutrientes, ao contrário do que ocorre com os adubos químicos sintéticos, são liberados lentamente, permitindo que as plantas os retirem do solo de acordo com as suas necessidades. É importante salientar que essa técnica pode ser utilizada para a degradação de hidrocarbonetos de petróleo. Nesse caso, o processo denomina-se “biopilha”, sendo o produto final não necessariamente empregado na agricultura, a não ser no caso da comprovação da ausência de toxidez do resíduo. Seabra (2005) constatou que é viável a aplicação de biopilha na biodegradação de petróleo de solos com altos teores de argila e silte, podendo eliminar os riscos do óleo residual a curto e médio prazos. O autor ainda menciona que o tratamento em biopilha também contribuiu para recuperar a qualidade dos solos em termos de ecotoxicidade. DIÁLOGOS & CIÊNCIA - REVISTA DA REDE DE ENSINO FTC. Ano III, n. 11 dez. 2009 52 TÉCNICAS DE BIORREMEDIAÇÃO A fitorremediação utiliza sistemas vegetais (árvores, arbustos, plantas rasteiras e aquáticas) e a sua microbiota com o fim de remover, degradar ou isolar substâncias tóxicas do ambiente. A fitorremediação, como qualquer outra tecnologia, apresenta várias vantagens e desvantagens. Se o baixo custo é uma vantagem, o tempo para que se observem os resultados pode ser longo, pois depende do ciclo vital da planta. Além disso, a concentração do poluente e a presença de outras toxinas devem estar dentro dos limites de tolerância da planta. Outra limitação é que as plantas usadas com o propósito de minimizar a poluição ambiental podem entrar na cadeia alimentar, resultando, em consequências indesejáveis. Apesar dos problemas ainda não resolvidos, o mercado para a exploração dessa tecnologia é promissor (PLETSCH, 1999). A técnica de bioaumento envolve a introdução de microrganismos, que têm sido cultivados, para degradar várias cadeias de hidrocarbonetos, dentro de um sistema contaminado. As culturas podem ser derivadas de um solo contaminado ou obtidas de uma cultura estoque, que tenha demonstrado, previamente, capacidade para degradar esses hidrocarbonetos (SARKAR ET AL., 2005). Para que a aplicação da bioaumento tenha sucesso, é necessário que os microrganismos selecionados apresentem algumas características, como: capacidade para degradar a maior parte dos contaminantes, estabilidade genética, alto nível de atividade enzimática, alta capacidade de competir com a população intrínseca do solo. Cabe ressaltar que os agentes microbianos não podem ser patogênicos e não devem produzir substâncias tóxicas durante o processo de biodegradação (LEAHY & COLWELL, 1990). O processo de bioestímulo consiste em introduzir nutrientes adicionais na forma de fertilizantes orgânicos e/ou inorgânicos em um sistema contaminado, o que causa o aumento da população de microorganismos indígenas. Os microorganismos podem ou não, inicialmente, ter como alvo os hidrocarbonetos como fonte de alimento. Contudo, os hidrocarbonetos são degradados mais rapidamente do que no processo de degradação natural, devido à elevação da carga microbiana, causada pelo aumento dos níveis de nutrientes (SARKAR ET AL., 2005). A suplementação de nutrientes para a degradação de hidrocarbonetos tem sido, tradicionalmente, focada na adição de fontes de N e P, tanto orgânicas quanto inorgânicas (RISER-ROBERTS, 1998 apud SARKAR ET AL., 2005). Várias fontes de nutrientes, tais como fertilizantes inorgânicos, uréia, serragem, húmus, estrume e biosólidos têm sido usados no bioestímulo (CHO ET AL., 1997; NAMKOONG ET AL., 2002). É importante selecionar a tecnologia e a estratégia, dentre as diversas ISSN 1678-0463 http://www.ftc.br/dialogos 53 opções, para uma biorremediação eficiente de solos contaminados. Sabe-se que, em ambientes onde já se estabeleceu um equilíbrio e a microbiota nativa encontra- se adaptada, a bioaumento pode não promover um acréscimo das taxas de biodegradação. Nessas situações, a escolha de uma simples bioestimulação torna- se mais prudente (SÁ, 2002). Por fim, o uso da técnica de biorremediação, embora apresente inúmeras vantagens, tais como a aplicação em grandes áreas, baixo custo e destruição parcial e/ou completa do contaminante (BENTO ET AL., 2005), depende de muitos fatores, entre os quais: o tipo, a concentração e a biodisponibilidade dos poluentes; suprimento de nutrientes e do histórico da contaminação, para o alcance das condições ótimas de biodegradação (HAMDI ET AL.,2007; BENTO ET AL., 2005). Bento ET AL. (2005) também citam, como fatores-chave para o sucesso, o conhecimento da densidade da população de microrganismos degradadores de óleo e o seu potencial de biodegradação para o emprego da técnica nos sítios contaminados. 2.2 A Biologia Molecular - um auxílio para a biorremediação 2.2 A Biologia Molecular - um auxílio para a biorremediação 2.2 A Biologia Molecular - um auxílio para a biorremediação 2.2 A Biologia Molecular - um auxílio para a biorremediação 2.2 A Biologia Molecular - um auxílio para a biorremediação Sabe-se hoje em dia que apenas uma pequena fração dos microrganismos presente no meio ambiente (0,1 a 10%) podem ser cultivados por técnicas-padrão. Essas técnicas clássicas, baseadas no cultivo, além de possuírem um custo elevado, demandam um tempo relativamente grande para análise, havendo a possibilidade, também, de após várias gerações, os microrganismos apresentarem alterações fisiológicas e até genéticas significativas, como também a de só crescerem em meios específicos (ROSADO; DUARTE, 2002, THERON; CLOETE, 2000). Com o desenvolvimento das técnicas de biologia molecular, associadas ao conhecimento em bioinformática, tornou-se possível a caracterização de comunidades microbianas mistas em determinados ecossistemas, revelando os grupos atuantes, muitos destes até então desconhecidos. Essa revolução do conhecimento possibilitou a criação de um novo campo na Microbiologia Ambiental denominado Ecologia Microbiana Molecular (ROSADO ET AL., 1997). A utilização de técnicas moleculares permite, portanto, um conhecimento mais aprofundado dos grupos microbianos presentes, após a seleção natural imposta por condições extremas, como a presença de substâncias poluentes e de suas formas distintas de tratamento. Do ponto de vista técnico, esses métodos são viáveis porque são rápidos e sensíveis para identificar e monitorar a população microbiana presente e atuante no processo de Biorremediação (WILKSTRÖM ET AL., 1996). Os resultados obtidos com essas técnicas possibilitam definir com maior precisão o melhor processo de Biorremediação a ser implementado, desenvolvendo mecanismos que promovam a utilização máxima de um determinado grupo presente na comunidade microbiana. A presença de uma grande quantidade de DIÁLOGOS & CIÊNCIA - REVISTA DA REDE DE ENSINO FTC. Ano III, n. 11 dez. 2009 54 TÉCNICAS DE BIORREMEDIAÇÃO cópias de um gene catabólico em uma área contaminada pode ser um indicativo de que esteja ocorrendo um processo de biodegradação natural ou que a estratégia de tratamento empregada seja eficiente (DUARTE ET AL., 2008). 2.3 Ensaios de ecotoxicidade em processos de biorremediação 2.3 Ensaios de ecotoxicidade em processos de biorremediação 2.3 Ensaios de ecotoxicidade em processos de biorremediação 2.3 Ensaios de ecotoxicidade em processos de biorremediação 2.3 Ensaios de ecotoxicidade em processos de biorremediação Os testes de toxicidade são amplamente empregados para a avaliação dos efeitos adversos de agentes químicos sobre a biota terrestre e aquática e possibilitam a avaliação dos impactos de poluentes para organismos do solo e dos corpos receptores. Sendo assim, os testes de toxicidade podem ser realizados para avaliar o potencial de bioacumulação do contaminante fornecendo informações de toxicidade e biodisponibilidade, podendo ser uma importante ferramenta no auxílio do monitoramento de áreas degradadas (RAMOS ET AL., 2007). Nos testes de ecotoxicidade, são utilizados organismos-teste terrestres, de águas continentais, estuarinas e marinhas que ficam expostos aos contaminantes sob condições controladas (CETESB, 2005). Segundo Sisinno ET AL. (2006), os testes de ecotoxicidade são, geralmente, desenvolvidos para determinar a toxicidade de substâncias adicionadas a um solo artificial, a fim de que vários interferentes sejam eliminados. O grande desafio na adaptação desses métodos para a complementação da avaliação de áreas contaminadas é a substituição do substrato artificial pelas amostras de solos trazidas dessas áreas, a avaliação dos possíveis interferentes nos resultados, bem como a escolha dos organismos-teste para amostras com determinadas características. Dorn e Salanitro (2000) ressaltam que a maioria dos dados sobre efeitos específicos de contaminação de solos por hidrocarbonetos de petróleo é derivada de informações sobre ambientes aquáticos, sendo estes extrapolados para os solos. Isso ressalta a importância da busca por organismos terrestres que possam refletir satisfatoriamente os efeitos nocivos dos agentes químicos antes e após o processo de biorremediação. 3 3 3 3 3 CONSIDERAÇÔES FINAIS CONSIDERAÇÔES FINAIS CONSIDERAÇÔES FINAIS CONSIDERAÇÔES FINAIS CONSIDERAÇÔES FINAIS O cenário mundial aponta para a implantação de programas ambientalmente sustentáveis, e o uso da biotecnologia vem ganhando aceitação popular. Dessa forma, a aplicação da biorremediação está bem inserida nesse contexto, já que decorre de um processo biológico, que pode ser auxiliado por técnicas como o bioaumento e o bioestímulo. A primeira técnica, relacionada com o incremento da população microbiana pode ser aplicada por meio da adição de microrganismos indígenas, extraídos e proliferados externamente ao solo de onde foram obtidos; e ISSN 1678-0463 http://www.ftc.br/dialogos 55 a segunda por meio da introdução de nutrientes através da correção das relações de carbono-nitrogênio-fósforo. A biorremediação ainda pode ser favorecida pela adição de material estruturante, ajuste de pH, umidade, aeração, entre outros. A biorremediação é, portanto, uma prática que tem alcançando abrangência mundial, dado o aumento da atividade industrial e, consequentemente, da degradação dos ecossistemas naturais. Os biotratamentos de rejeitos potencialmente tóxicos têm se tornado uma prática usual em muitos países desenvolvidos, sobretudo, devido à necessidade de se obter melhor qualidade ambiental. REFERÊNCI AS REFERÊNCI AS REFERÊNCI AS REFERÊNCI AS REFERÊNCI AS ALEF, K.; NANNIPIERI, P. Me Me Me Me Methods in Appl ied Soil Micr thods in Appl ied Soil Micr thods in Appl ied Soil Micr thods in Appl ied Soil Micr thods in Appl ied Soil Microbiology and obiology and obiology and obiology and obiology and Biochemistr Biochemistr Biochemistr Biochemistr Biochemistry yy yy. 1 st ed. San Diego: Academic Press, 1995 . 576 p. ATLAS, R.M. Micr Micr Micr Micr Microbial Hydr obial Hydr obial Hydr obial Hydr obial Hydrocarbon Degradation: bioremediation of spills. ocarbon Degradation: bioremediation of spills. ocarbon Degradation: bioremediation of spills. ocarbon Degradation: bioremediation of spills. ocarbon Degradation: bioremediation of spills. Journal of Chemical Technology and Biotechnology, n. 52, p. 149 – 156, 1991. BENTO, F.M., EL AL. Com Com Com Com Comparativ parativ parativ parativ parative bioremediation of soils contaminat e bioremediation of soils contaminat e bioremediation of soils contaminat e bioremediation of soils contaminat e bioremediation of soils contaminated ed ed ed ed with diesel oil by natural attenuation, biostimul ation and with diesel oil by natural attenuation, biostimul ation and with diesel oil by natural attenuation, biostimul ation and with diesel oil by natural attenuation, biostimul ation and with diesel oil by natural attenuation, biostimul ation and bioaugmentation. bioaugmentation. bioaugmentation. bioaugmentation. bioaugmentation. Bioresource Technology, n. 96, p. 1049-1055, 2005. BONAVENTURA, C.; JOHNSON, F.M. Health Health Health Health Healthy en y en y en y en y envir vir vir vir vironments f onments f onments f onments f onments for health or health or health or health or healthy people: y people: y people: y people: y people: Bioremediation today and tomorrow. 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Analysis of oil components and hydrocarbons utilizing Analysis of oil components and hydrocarbons utilizing Analysis of oil components and hydrocarbons utilizing Analysis of oil components and hydrocarbons utilizing Analysis of oil components and hydrocarbons utilizing microorganisms during l aboratory-scal e bioremediation of oil microorganisms during l aboratory-scal e bioremediation of oil microorganisms during l aboratory-scal e bioremediation of oil microorganisms during l aboratory-scal e bioremediation of oil microorganisms during l aboratory-scal e bioremediation of oil contaminat contaminat contaminat contaminat contaminated soil of K ed soil of K ed soil of K ed soil of K ed soil of Kuw uw uw uw uwait. ait. ait. ait. ait. Chemosphere, v. 35, n. 7, p. 1613-1621, 1997. CUNHA, C. D.; Leite, S. G. F.; Rosado, A. S.; Rosário, M. Biorremediação de Água Subterrânea Contaminada com Gasolina e Análise Molecular da Comunidade Bacteriana Presente. 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T TT TTem em em em emporal ecological assessment of oil poral ecological assessment of oil poral ecological assessment of oil poral ecological assessment of oil poral ecological assessment of oil contaminated soils before and after bioremediation. contaminated soils before and after bioremediation. contaminated soils before and after bioremediation. contaminated soils before and after bioremediation. contaminated soils before and after bioremediation. Chemosphere, n. 40, p. 419 – 426, 2000. DYMINSKI, A.S. Contaminação de solos e águas subterrâneas. Contaminação de solos e águas subterrâneas. Contaminação de solos e águas subterrâneas. Contaminação de solos e águas subterrâneas. Contaminação de solos e águas subterrâneas. Disponível em: http://www.cesec.ufpr.br/docente/andrea/ TC019_Contaminacao_de_solos.pdf - Acesso em: 19/05/ 2008. 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GRADUADA EM LICENCIATURA EM QUÍMICA PELA MESMA UNIVERSIDADE. DOUTORANDO EM TECNOLOGIA DE PROCESSOS QUÍMICOS E BIOQUÍMICOS UFRJ. POSSUI EXPERIÊNCIA NA ÁREA DE ENGENHARIA QUÍMICA. E-MAIL: [email protected] PROFESSOR TITULAR DA ESCOLA DE QUÍMICA DA UFRJ COM DOUTORADO EM BIOTECNOLOGIA (THE VICTORIA UNIVERSITY OF MANCHESTER, UK, 1991). FOI RECENTEMENTE AGRACIADO COM OS PRÊMIOS: PETROBRAS INVENTOR 2005, 2006 E 2007; TESE OURO (2006), CONCEDIDO PELA ESCOLA DE QUÍMICA, ALÉM DO PRÊMIO ABIQUIM PESQUISADOR DE DESTAQUE 2006. E-MAIL: [email protected] GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA, MESTRADO TECNOLOGIA DE PROCESSOS BIOQUÍMICOS E DOUTORADO EM CIÊNCIAS (MICROBIOLOGIA) PELA UFRJ. ATUALMENTE É PROFESSOR TITULAR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. E-MAIL: [email protected]
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