Bilquis Sheikh - Atrevi-me a Chamar-lhe Pai

March 21, 2018 | Author: mCkPsi | Category: Quran, Family, Love, Fashion & Beauty, Clothing


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ATREVI-ME A CHAMAR-LHE PAIATREVI-ME A CHAMAR-LHE PAI Bilquis Sheikh e Richard Schneider Categoria: Biografia Título original: I Dared to Call Him Father Editora Vida, 1985 ISBN 85-737-135-1 Ca!a: "na #aria Bo$en %igitali&a'(o: guerreira )tt!:**+e,eadore+da!ala-ra./uerou,foru,.0o, )tt!:**grou!+.google.0o,*grou!*+e,eadore+da!ala-ra* "+ 0ita'1e+ 2í2li0a+ fora, e3traída+ da Edi'(o 4e-i+ta e "tuali&ada no Bra+il, da tradu'(o de 5o(o 6erreira de "l,eida, +al-o onde outra fonte for indi0ada. Ao meu neto Mamude meu pequeno companheiro de oração que me tem sido uma fonte de alegria e conforto nas muitas horas de solidão. Í ndi ce Contra0a!a ................................................................................................... 7 8ref90io ........................................................................................................ 7 1. :,a "++o,2ro+a 8re+en'a ..................................................................... 9 ;. < E+tran)o =i-ro .................................................................................... 19 3. <+ Son)o+ ............................................................................................. ;5 7. < En0ontro ............................................................................................. 31 5. " En0ru&il)ada ....................................................................................... 73 . "!rendendo a En0ontrar +ua 8re+en'a ................................................. 51 7. < Bati+,o 0o, 6ogo e 0o, >gua ......................................................... 59 8. ?a-ia 8rote'(o@ ..................................................................................... 9 9. < Boi0ote ............................................................................................... 81 1A. "!rendendo a Vi-er na BlCria .............................................................. 9; 11. Vento+ de #udan'a ........................................................................... 1A9 1;. Te,!o de Se,ear ............................................................................. 11 13. "-i+o+ de Te,!e+tade ....................................................................... 1; 17. " 6uga ................................................................................................ 177 E!ílogo ..................................................................................................... 153 "0er0a do+ autore+... ............................................................................... 15 CONTRACAPA MILAGRE NO PAQUISTÃO! Quando o Espírito Santo tocou esta orgulhosa mulher da nobreza muçulmana, as repercusses se fizeram sentir ao redor do mundo! Esta " a hist#ria $erídica de %ilquis Shei&h, uma senhora muçulmana que repentina e dramaticamente sofre uma transformação completa ao encontrar'se com (eus por interm"dio da leitura da %íblia. Enfrenta, então, ameaças de morte, perda da família, da posição social e " forçada a dei)ar sua terra natal. *udo isso por procurar ser fiel a seu Sal$ador. +elos olhos da Sra. Shei&h podemos $er em primeira mão, o confronto entre cristianismo e islamismo, e o tremendo abismo e)istente entre as duas culturas. E, num ní$el ainda muito mais pessoal, descobrimos que o Espírito Santo muda os coraçes , at" nas circunst-ncias menos pro$.$eis. /esta "poca de dificuldades, " $ital que os cristãos ocidentais compreendam quão difícil " ser crente em terras muçulmanas e mediante essa compreensão percebam a preciosa d.di$a que t0m de adorar ao Senhor li$remente. PREFÁCIO 1 que mais me impressionou em Madame %ilquis Shei&h do +aquistão, foram seus grandes, e)pressi$os e luminosos olhos. /eles $i a dor, a compai)ão e a rara sensibilidade ao mundo dos espíritos. 2ma senhora de misteriosa idade, com amostras de cabelos brancos, usa$a um lindo sari com dignidade e graça. Ao seu redor, uma aura inconfundí$el de ter nascido para a riqueza e posição. Sua $oz tinha o timbre mais profundo e ressonante que eu 3. ou$ira numa mulher. /osso primeiro encontro deu'se no salão de 3antar, com paredes espelhadas, de um restaurante de %el Air, na 4alif#rnia. /esse dia ou$i o esboço da espantosa hist#ria de Madame Shei&h. As a$enturas de muitos outros podem, tal$ez, igualar'se 5 dela em conte6do dram.tico, mas poucas a igualariam em um aspecto7 raramente o (eus soberano interrompe o flu)o da hist#ria a fim de descer e re$elar'se a um ser humano de maneira tão inequí$oca como o fez a ela. 1 elemento da iniciati$a di$ina era tão espantoso que lembra a e)peri0ncia de Saulo de *arso na estrada de (amasco. Ao ou$ir o relato desses acontecimentos e)traordin.rios, con$enci'me de que essa hist#ria de$ia ser apresentada ao mundo. (ois anos se passaram desde aquele primeiro encontro. /aquele dia eu não podia saber que %ilquis Shei&h ha$ia de tornar'se, não somente uma amiga querida, mas uma $erdadeira mãe no Senhor para mim. 8 medida que os acontecimentos se desdobra$am e uniam nossas $idas, descobri uma mulher que possui uma 6nica pai)ão , ser um catalizador a fim de mediar o Senhor, a quem ela ama, a todo o coração faminto que encontrar. +ara tornar isto possí$el o mesmo Senhor deu'lhe dons especiais de percepção espiritual e de conhecimento. 4erto dia, em outubro de 9:;<, %ilquis telefonou'me, na =l#rida, de sua casa na 4alif#rnia. , >eio'me ao espírito a impressão de que $oc0 est. preocupada com alguma coisa. 1 que " e como posso a3udar? =iquei espantada com a percepção dela. , >oc0 est. certa, estou perturbada ,, disse'lhe eu. , Acabo de saber que de$o sofrer uma inter$enção cir6rgica importante. 1 m"dico parece um tanto alarmado, mas ... (epois de reunir todos os fatos, Madame Shei&h disse que buscaria a pala$ra de @esus a respeito disso , e desligou. A esta altura eu 3. sabia que sempre que minha amiga dizia que iria orar por alguma coisa, isso significa$a que ela estaria a3oelhada perante ele, 5s $ezes por horas a fio. Ela telefonou'me no dia seguinte. Atra$"s da dist-ncia sua $oz transmitia segurança. , >oc0 não tem nada de que temer. A operação ter. sucesso em todos os aspectos, e o m"dico descobrir. que nada " maligno. E foi e)atamente isso que aconteceu. Em outra ocasião %ilquis telefonou a (ic& e %ettA Schneider na >irgínia. Embora (ic& esti$esse trabalhando com afinco no manuscrito de Atrevi-me a Chamar-lhe Pai, não tinha tido contato pessoal com Madame Shei&h por $.rios dias. , B. algo errado com $oc0s dois ,, começou ela. , B. algum tipo de emerg0ncia. (igam'me o que ", queridos amigos. E ha$ia de$eras! 1s Schneider tinham dois filhos na faculdade. 2m deles tinha sido $iolentamente espancado por alegar ter $isto tr0s robustos terceiranistas surrarem um estudante franzino. A situação no dormit#rio agora esta$a um pouco difícil, as autoridades escolares não tinham sido notificadas adequada' mente, e ha$ia o perigo do filho dos Schneider dese3ar sair da escola. /esta ocasião Madame Shei&h pCde conseguir as diretrizes de (eus quanto 5 maneira s.bia de lidar com o problema, que foi resol$ido a contento. Em tais ocasies tenho'me mara$ilhado de que uma cristã no$a pudesse ter tão profunda percepção do mundo dos espíritos. *amb"m, quão estranho que (eus ti$esse descido at" uma mulher muçulmana no +aquistão e a trou)esse para ministrar nos Estados 2nidos! Al"m disso, a intensidade da pai)ão de Madame Shei&h em testemunhar de seu Senhor tem cumprido a condição prim.ria para que (eus conceda seus dons especiais do Espírito Santo. Esses dons, com a unção e autoridade que os acompanham, são $isí$eis a todos os que a ou$em falar por todo o país. Entretanto o fato de ela não preencher nenhum padrão estabelecido intriga a muitos que se sentem mais 5 $ontade quando determinado líder pode ser rotulado. 4erto líder cristão e)igiu, por carta, que ela afirmasse ser ou não carism.tica. Ela sentou'se 5 escri$aninha pensando a respeito dessa questão. E impressionante como uma 6nica pala$ra pode di$idir os que amam a 4risto. %rincando, num impulso, tirou uma moeda da bolsa e disse7 , %em, +ai, o Senhor decide. @ogou a moeda para cima, dizendo7 , 4ara, sou carism.ticaD coroa, não o sou. , A moeda prateada girou lindamente no ar, e foi cair no tapete. Ela mal podia acreditar no que $iu. A3oelhando'se para $er melhor, sorriu para si mesma. Que melhor pro$a poderia ela ter do senso de humor do Senhor? A moeda ha$ia aterrissado sobre a borda nas grossas dobras do tapete, ficando de p". A lição, diz %ilquis, " que o importante não " como adoramos ou que pala$ras usamos, ou que r#tulos coloquemos, mas se amamos nosso pr#)imo. Somos guiados pelo Santo Espírito de (eus? 1bedecemos'lhe implicitamente? 4horamos pelos que não conhecem a 4risto? Ansiamos partilhar nosso conhecimento dele? Madame Shei&h encontrou, nos Estados 2nidos, uma surpreendente fome de @esus. Surpreendente para ela por que em $isão, que te$e no +aquistão antes de emigrar para este país, ela $iu os Estados 2nidos como uma terra de muitas igre3as, com torres ele$ando'se acima de toda $ila e cidade. (esta $isão inferiu ela que os Estados 2nidos de$iam ser um país completamente de$otado a (eus. /a $isão, por"m, aparecia um bando de famintos gansos brancos. (epois de ter $ia3ado de um lado a outro do país, ela sabe que os gansos representa$am todos os que nesta terra ainda não ou$iram falar de @esus. (e maneira $i$ida, descre$eu'nos seu primeiro domingo nos Estados 2nidos ... ela saíra do hotel para uma rua de tr.fego intenso. , (e$em estar todos indo para a igre3a ,, pensou ela. >iria a descobrir, entretanto, que a maioria dessas pessoas esta$a a caminho das praias, de campos de golfe e de lugares de piqueniques. E por essas pessoas que Madame Shei&h anseia e tamb"m pelo futuro desta nação. Em certo sentido, agora ela " uma mulher sem p.tria, em parte por possuir de nosso mundo a larga perspecti$a de (eus. Em outro sentido, le$a consigo seu adorado +aquistão aonde quer que $.. *endo sido obrigada a dei)ar seu pequeno pedaço de terra do outro lado do mundo com seu 3ardim, ela tem'se ocupado em criar outro ao lado do morro, por tr.s da pequena casa na 4alif#rnia, que partilha com seu neto, Mamude. *ão lindo tem'se tornado esse pequeno 3ardim que os $izinhos de sua rua que ha$iam desistido de plantar qualquer coisa na ladeira est"ril por tr.s de suas casas, inspirados por Madame Shei&h, agora estão culti$ando seus pr#prios 3ardins. %ilquis contou'me como, ao trabalhar entre suas flores, recentemente, ela pensa$a no mission.rio ingl0s Filliam 4areA, com quem se identifica muito, embora tenha ele falecido 9GH anos atr.s na índia. Ele adora$a as margaridas inglesas que floresciam nos prados de sua cidade natal, +aulerspurA, em /orthamptonshire. /os seus 6ltimos anos na índia, alguns amigos en$iaram'lhe sementes de sua flor fa$orita, e Madame Shei&h copiou, com bastante cuidado, em seu di.rio, a carta que ele escre$eu nessa "poca7 Sacudi o saco de sementes sobre um pedaço de terra num lugar ensombreado. Ao $isitar esse lugar alguns dias depois, para meu deleite ine)primí$el, encontrei uma bellis perennis de nossos campos ingleses brotando. /ão sei se 3amais desfrutei, depois de dei)ar a Europa, um prazer simples tão singular como a $isão que essa margarida inglesa concedeu'me, não tendo $isto uma por trinta anos e 3. não mais esperando $er outra. %ilquis chorou quando leu essa carta pela primeira $ez. Ela acha as flores norte'americanas muito lindas, e muitas delas ela cria$a em seu 3ardim em Fah. Mas sempre permanece um resto de nostalgia por sua terra natal. Ela fica esperando $er certas flores de Fah que aqui não crescemD espera que algum dia algu"m no +aquistão, en$ie'lhe tamb"m algumas sementes. Entrementes, n#s, nos Estados 2nidos, estamos mais ricos por causa de sua presença entre n#s. *oda $ez que estou com ela, toda $ez que ouço sua $oz profunda no telefone tenho a certeza de que (eus " ainda um (eus soberano, e que ainda est. no controle de nosso mundo. 4A*BEIJ/E MAISBAKK E$ergreen =arm, >irgínia 9L de outubro de 9:;; 1. UMA ASSOMBROSA PRESENÇA 2m sentimento estranho e irritadiço crescia dentro de mim enquanto anda$a lentamente ao longo dos caminhos de cascalhos de meu 3ardim. Era crep6sculo. 1 perfume de narcisos paira$a no ar. 1 que, pergunta$a a mim mesma, me torna$a tão inquieta? +arei e olhei ao redor. /a casa, a alguma dist-ncia, do outro lado do largo gramado, os criados começa$am a acender as luzes. =ora tudo parecia tranqMilo e calmo. Estendi a mão para colher algumas flores brancas e de aroma acre para meu quarto. Ao abai)ar'me para cortar os caules esbeltos e $erdes, algo passou roçando minha cabeça. Endireitei'me assustada. 1 que era? /u$em, ou n"$oa? , uma presença fria, 6mida e temí$el , passara flutuando. (e repente o 3ardim pareceu mais escuro. 2ma brisa fria farfalhou os salgueiros fazendo'me estremecer. 4ontrole'se, %ilquis! Iepreendi'me. Minha imaginação prega$a'me peças. /ão obstante, 3untei as flores e segui rapidamente para casa onde as 3anelas brilha$am em segurança t"pida. As grossas paredes de pedras brancas e as portas de car$alho ofereciam proteção. Ao apressar'me pelas estradas encascalhadas encontrei'me olhando para tr.s. Sempre ha$ia rido das con$ersas a respeito do sobrenatural. E claro que não ha$ia nada l. fora. 1u ha$ia? 4omo se em resposta, senti uma pancadinha firme, bem real e esquisita na mão direita. Soltei um grito e entrei correndo em casa, batendo a porta atr.s de mim. Minhas criadas apressaram'se em minha direção, receosas de fazer qualquer coment.rioD de$o ter ficado parecida com um fantasma. S# na hora de ir para a cama foi que, finalmente, encontrei a coragem para falar 5s minhas duas criadas sobre a presença fria. , >oc0s acreditam em coisas espirituais? , perguntei, concluindo minha hist#ria. /ur'3an e Iaisham, uma, muçulmana, a outra, cristã, e$itaram responder 5 minha perguntaD /ur'3an, sacudindo ner$osamente as mãos, perguntou'me se podia ir chamar o mulá da aldeia, o sacerdote da mesquita, que traria um pouco de .gua benta para purificar o 3ardim. Mas meu bom senso ha$ia $oltado. Iecusei submeter'me 5 superstição dos ignorantes. Al"m disso, não queria que esta hist#ria se espalhasse na $ila. *entei sorrir da preocupação dela e disse'lhe, um tanto abruptamente, que não queria nenhum homem santo em minhas propriedades fingindo e)pulsar espíritos maus. (epois de as criadas dei)arem o quarto, dei por mim apanhando meu e)emplar do Alcorão. Kutei com algumas p.ginas do li$ro sagrado muçulmanoD cansei'me dele, coloquei'o de $olta no seu esto3o azul e adormeci. Acordei lentamente na manhã seguinte, como o nadador que luta para $ir 5 superfície, com um cantochão agudo e fino perfurando minha consci0ncia7 NKa. ila. il. Jla., Maom" resolu, l.!N A cantilena flutua$a atra$"s da filigrana da 3anela do meu quarto7 N/ão h. (eus a não ser Al.7 E Maom" " seu profeta.N Era um som confortador, este chamado 5 oração muçulmano porque parecia tão normal depois da noite anterior. Era um chamado que eu tinha ou$ido, quase sem e)ceção, todas as manhãs dos meus G< anos. >isualizei a origem do cantochão ondulante. Alguns instantes atr.s, na pequena $ila paquistanense, pr#)ima de Fah, nosso idoso muezim ha$ia entrado apressadamente pela porta 5 base de um antigo minarete. /o interior agrad.$el e fresco ele ha$ia subido, $agarosamente, degraus de pedras, cur$os e gastos pelas sand.lias de geraçes de homens santos muçulmanos. /o topo da torre da oração, eu podia imagin.'lo parando um pouco 5 porta entalhada, de teca, que le$a ao parapeito, a fim de tomar fClego. (epois, indo at" o corrimão, 3ogou a cabeça barbada para tr.s e, com sílabas de mil e quatrocentos anos de idade, chama$a os fi"is 5 oração. N>inde 5 oração, $inde 5 sal$ação, A oração " melhor do que o sono.N 1 grito assombrado flutuou atra$"s da cerração matutina, atra$essando as $ielas de paralelepípedos de Fah, frios ainda da noite de outubro, cruzou meu 3ardim, indo'se enroscar ao longo das paredes de pedra da $elha casa agora $ermelhas 5 luz do sol nascente. Enquanto os 6ltimos fragmentos do antigo cantochão pendura$am'se acima de mim, lembrei'me da e)peri0ncia misteriosa do 3ardim na noite anterior, e rapidamente $oltei 5s rotinas da manhã que de$iam ser confortadoras apenas por serem tão comuns. Sentei'me e le$ei a mão 5 procura do sino dourado na mesinha de cabeceira de m.rmore. Ao seu toque musical, minha criada /ur'3an entrou correndo, esbaforida, como de costume. Ambas as minhas criadas dormiam num quarto ad3acente ao meu e eu sabia que elas tinham estado de p" por uma hora, esperando meu chamado. 1 ch. da manhã na cama era indispensável. /ur' 3an, uma adolescente disposta, rechonchuda e risonha mas um pouco desa3eitada, começou a dispor minhas esco$as e pentes de prata. (errubou uma esco$a e repreendi'a duramente. Iaisham, minha outra criada, mais $elha e mais calma, uma mulher alta e graciosa, entrou no quarto trazendo uma bande3a de ch. grande e coberta. 4olocou'a no criado mudo, afastou a toalha de linho a fim de e)por a bai)ela de prata e despe3ou'me uma )ícara de ch. fumegante. Sor$endo a ambr#sia escaldante, suspirei de satisfaçãoD o ch. era melhor do que a oração. Minha mãe teria ficado chocada com meu pensamento. Quantas $ezes tinha'a eu obser$ado colocar seu tapete de oração no chão ladrilhado do quarto, e, com o rosto $oltado para Meca, a cidade santa, a3oelhar'se e pressionar a testa contra o tapete, em oração. +ensando em minha mãe olhei para o esto3o de toucador sobre a penteadeira. =abricado s"culos atr.s, de s-ndalo, e coberto de prata esterlina gra$ada, ha$ia pertencido a mamãe e 5 sua mãe antes dela. Agora era minha herança, meu tesouro. (epois de terminar duas )ícaras de ch. cur$ei'me para frente, um sinal para Iaisham começar a esco$ar'me o cabelo 3. grisalho, que me ia bater 5 cintura, enquanto /ur'3an, cuidadosamente, fazia'me as unhas. Enquanto trabalha$am, as duas comenta$am em familiaridade f.cil as notícias da $ilaD /ur'3an falando sem parar e Iaisham fazendo alguns coment.rios bem pensados e medidos. 4on$ersa$am a respeito de um rapaz que se mudara para a cidade e de uma moça que logo ha$ia de se casar. Então discutiram o assassinato ocorrido numa cidade pr#)ima onde mora$a a tia de Iaisham. Eu podia perceber Iaisham estremecer enquanto comenta$a a notícia. A $ítima ha$ia sido uma cristã. 2ma 3o$em que esta$a parada numa casa de mission.rios cristãos. Algu"m encontrara seu corpo em uma das $ielas estreitas de sua $ila. (iziam que a polícia ia in$estigar. , Alguma notícia acerca da garota? , +erguntei casualmente. , /ão, %egum Sahib ,, disse Iaisham calmamente, enquanto, com cuidado, começa$a a fazer uma trança no meu cabelo. Eu podia entender por que Iaisham, sendo cristã, não queria falar do assassinato. Ela sabia tão bem quanto eu quem ha$ia matado a mocinha. Afinal de contas, a garota ha$ia abandonado a f" muçulmana para se batizar, tornando'se cristã. Então o irmão, furioso com a $ergonha que esse pecado causara 5 família, ha$ia obedecido 5 antiga lei dos fi"is de que aqueles que se des$iam da f" de$em morrer. Embora os editos muçulmanos se3am duros e implac.$eis, suas interpretaçes são, 5s $ezes, temperadas com miseric#rdia e compai)ão. Mas sempre h. os zelosos que e)ecutam a lei do Alcorão le$ando'a ao e)tremo. *odo mundo sabia quem ha$ia matado a garota. Mas nada seria feito. *inha sido sempre assim. 2m ano atr.s, o criado cristão de um dos mission.rios acabou num fosso, garganta cortada, e nada ha$ia sido feito tampouco. *irei da mente a hist#ria triste e preparei'me para le$antar. Minhas criadas foram apressadamente ao arm.rio e $oltaram com $.rios saris de seda para eu escolher. Apontei para um bordado com 3#ias. (epois de me a3udarem a enrolar'me nele, fizeram uma mesura e saíram. Agora a luz do sol enchia o quarto, dando 5s paredes brancas e mobili.rio cor de marfim, um brilho de açafrão. A luz do sol brilhou sobre a moldura dourada de uma fotografia na minha penteadeira. =ui l., apanhei'a com rai$a. *inha colocado a foto $irada para bai)o no dia anterior. 2ma das criadas devia tê-la endireitado! A moldura gravada continha uma fotografia de um casal de apar0ncia sofisticada, sorrindo para mim de uma mesa de canto de um restaurante de lu)o em Kondres. A despeito de mim mesma, olhei para a foto outra $ez, assim como a gente contínua a apertar um dente que d#i. 1 homem elegante, de bigodes negros e olhos ardentes tinha sido meu marido, o general Ohalid Shei&h. +or que guarda$a eu essa fotografia? 1 #dio surgiu dentro de mim enquanto olha$a para o homem sem o qual 3. uma $ez pensara não poder $i$er. Quando a foto fora tirada seis anos antes, Ohalid era Ministro do Jnterior do +aquistão. A mulher charmosa ao seu lado tinha sido eu. =ilha de uma família muçulmana conser$adora, da pequena nobreza que por setecentos anos ha$ia morado nesta pro$íncia da fronteira nordeste, de clima agrad.$el, que ha$ia sido o nordeste da Pndia, eu tinha sido anfitriã de diplomatas e industriais de todo o mundo. Ba$ia'me acostumado a passeios em +aris e Kondres onde passava o tempo fazendo compras na Iue de la +ai) ou na Barrods. A esbelta mulher que sorria da foto 3. não e)istia, pensei, mirando'me ao espelho. A pele sua$e e p.lida ha$ia'se bronzeado, o cabelo preto lustroso manchara'se de branco, e a desilusão ha$ia'lhe ca$ado linhas fundas no rosto. 1 mundo da fotografia tinha'se fragmentado cinco anos antes, quando Ohalid me dei)ou. Sofrendo a $ergonha da re3eição, eu tinha fugido da $ida sofisticada de Kondres, +aris e IaQalpindi e $im procurar ref6gio aqui, na paz tranqMila da propriedade de minha família, aninhada ao p" das montanhas Bimalaias. A propriedade compreendia a pequena $ila do interior montanh0s de Fah onde eu ha$ia passado tantos dias felizes quando criança. Fah era cercada de 3ardins e pomares que muitas geraçes de minha família ha$iam plantado. E a grande casa palaciana de pedra com torres, terraços e enormes c-maras ecoantes parecia tão $elha quanto as montanhas Safed Ooh, coroadas de ne$e, que apareciam no oeste. Entretanto, minha tia tamb"m mora$a nesta casa e dese3ando eu um pouco mais de isolamento, mudei'me para uma casa menor que a família construíra nos arredores de Fah. Engastada como uma 3#ia em LR hectares de 3ardins, esta casa, com os quartos e .rea de estar no andar de cima, sala de 3antar no t"rreo, prometia o conforto de que eu precisa$a. Ela deu'me mais. Quando cheguei, muito dos grandes 3ardins precisa$a ser aparado. Jsto foi uma b0nção, pois enterrei muito da minha dor no solo f"rtil enquanto me lança$a 5 restauração da propriedade. *ransformei parte dos LR hectares em 3ardins com muros e flores e dei)ei um pouco da .rea ao natural. Kentamente, os 3ardins, com suas incont.$eis fontes musicais, tornou'se meu mundo, a ponto de no ano de 9:<<, eu ganhar a reputação de eremita que se isola$a fora de uma cidade aninhada entre suas flores. *irei os olhos da foto com moldura de ouro e coloquei'a $irada, de $olta 5 penteadeiraD $oltei'me para a 3anela do quarto olhando para a $ila. Fah... o pr#prio nome da $ila era uma e)clamação de alegria. S"culos antes, quando esta $ila não passa$a de uma pequenina aldeia, o lend.rio imperador Mogul A&bar passou por aqui e sua cara$ana parou para descansar perto de uma fonte que agora fazia parte de meu ambiente. Ele, agradecidamente, sentou' se sob um salgueiro e e)clamou com alegria7 NFah!N, dando, assim, nome a esta .rea para sempre. Mas a lembrança desta cena não me trou)e alí$io do sentimento de inquietude que me acompanha$a desde o momento da e)peri0ncia estranha da noite anterior. Entretanto, tentei desfazer'me dele. Em p", 5 3anela, disse a mim mesma que 3. era manhã do dia seguinte, uma hora de segurança com rotinas familiares e a c.lida luz do sol. 1 epis#dio da noite pr"$ia parecia tão real e, ao mesmo tempo, tão remoto quanto um sonho mau. Abri as cortinas brancas e aspirei profundamente o ar fresco da manhã, ou$indo o som sibilante da $assoura do li)eiro $arrendo o p.tio. A fragr-ncia da fumaça de lenha queimada, $inda dos foges que prepara$am as refeiçes matinais ele$a$am'se at" mim e o ruído rítmico das rodas dos moinhos dS.gua soa$a 5 dist-ncia. Suspirei satisfeita. Jsto era Fah, meu larD era, afinal de contas, segurança. =oi aqui que /a$ab Mohammad BaAat Oahn, príncipe e senhor feudal, $i$era setecentos anos atr.s. Eramos seus descendentes diretos e minha família era conhecida por toda a Pndia como os BaAat de Fah. S"culos atr.s as cara$anas dos imperadores des$ia$am'se da rodo$ia *ronco Trande a fim de $isitar meus ancestrais. /os dias de minha inf-ncia, pessoas importantes, de toda a Europa e da Usia, passa$am pela mesma estrada, outrora caminho para as cara$anas que atra$essa$am a Pndia, a fim de $isitar minha família. Mas agora, somente os membros de minha família seguiam essa estrada at" o portão. E claro que isto significa$a que eu não $ia muita gente, a não ser minha família imediata. /ão me preocupa$a muito. Meus catorze criados eram companhia suficiente. Eles e seus ancestrais ha$iam ser$ido minha família por geraçes. E mais importante ainda, eu tinha Mamude. Mamude era meu neto de quatro anos de idade. A mãe dele, *ooni, esbelta e atraente, era a mais 3o$em de meus tr0s filhos. *ooni era m"dica no hospital da sagrada família na cidade $izinha de IaQalpindi. Seu e)'marido era um preeminente propriet.rio de terras. *i$eram um casamento infelizD o relacionamento entre eles deteriora$a um pouco mais cada ano. (urante seus desacordos longos e amargos, *ooni en$ia$a Mamude para ficar comigo at" que ela e seu marido chegassem a outra tr"gua inquietante. 4erto dia, *ooni e seu esposo $ieram $isitar'me. +odia eu ficar com Mamude, que tinha um ano de idade, por algum tempo at" que resol$essem suas diferenças? , /ão ,, disse eu. , /ão quero que ele se torne uma bola de pingue'pongue. Mas terei prazer em adot.'lo e cri.'lo como meu pr#prio filho. E triste dizer, mas *ooni e seu esposo 3amais puderam resol$er suas diferenças e finalmente se di$orciaram. Entretanto, consentiram em que eu adotasse Mamude, e tudo esta$a indo muito bem. *ooni $inha $er Mamude freqMentemente e n#s tr0s "ramos muito íntimos, particularmente porque meus dois outros filhos mora$am muito longe. Mais tarde nessa manhã Mamude pedala$a seu triciclo no terraço pa$imentado e sombreado por amendoeiras. @. fazia mais de tr0s anos que ele esta$a comigo e essa criança ador.$el, com cara de an3o, olhos castanho'azul profundos e nariz achatado era a 6nica alegria de minha $ida. Seu riso cristalino parecia alegrar o espírito desta $elha e isolada casa. Ainda assim preocupa$a'me com o efeito que teria sobre ele o $i$er com um pessoa tão abatida como eu e tenta$a compensar certificando'me de que cada uma de suas necessidades fosse antecipada , e isto incluía seus tr0s criados, al"m dos meus onze, que o $estiam, traziam'lhe brinquedos e os guarda$am depois de ele terminar de brincar. Mas eu esta$a preocupada com Mamude. Ele tinha'se recusado a comer por $.rios dias. Jsto era muito esquisito, pois o menino esta$a sempre indo 5 cozinha e adulando meus cozinheiros com o fim de ganhar biscoitos, doces e lanches. 2m pouco mais cedo nessa manhã eu tinha descido at" o terraço. (epois de trocar um abraço afetuoso com Mamude, perguntei ao criado dele se o menino ha$ia comido. , /ão, %egum Sahib, ele se recusa ,, disse o criado quase num sussurro. Ao pressionar Mamude a comer alguma coisa, ele simplesmente respondia que não esta$a com fome. =iquei realmente perturbada quando /ur'3an $eio procurar' me a s#s e sugeriu, receosa, que Mamude esta$a sendo atacado por espíritos maus. Espantada, olhei para ela fi)amente, lembrando'me da e)peri0ncia inquietante da noite anterior. Que significa$a tudo isso? 2ma $ez mais pedi que Mamude comesse, mas sem nenhum resultado. Ele nem mesmo ha$ia tocado seus chocolates suíços fa$oritos, importados especialmente para ele. Ke$antara para mim os olhos límpidos quando lhe ofereci a cai)a de chocolates, dizendo7 , Adoraria com0'los, mamãe, , disse ele. , Mas quando tento engolir, d#i'me a garganta. 2m calafrio percorreu'me o corpo enquanto eu olha$a para meu netinho, antes tão ati$o e agora tão sem $ida. Mandei imediatamente chamar Manzur, meu chofer, tamb"m cristão, e ordenei'lhe que aprontasse o carro. (entro de uma hora est.$amos em IaQalpindi a fim de consultar o m"dico de Mamude. 1 pediatra e)aminou Mamude cuidadosamente e disse não ter encontrado nele nada errado. 1 temor enregela$a'me enquanto dirigíamos de $olta 5 quinta. 1lhando para meu netinho, sentado quietamente ao meu lado, eu medita$a. Ba$eria alguma possibilidade de /ur'3an estar certa? Ser. que isto ia al"m do mundo físico? Era... algo do mundo dos espíritos que me esta$a atacando? 4oloquei o braço em $olta da criança, sorrindo de mim mesma por entreter tais pensamentos. 4erta $ez, lembrei'me, meu pai ha$ia'me contado de um lend.rio muçulmano, homem santo, que podia realizar milagres. Ii'me da id"ia. +apai ficou descontente, mas era assim que eu $ia tais rei$indicaçes. Mas, ho3e, apertando Mamude contra o coração enquanto o carro saía da rodo$ia *ronco Trande e entra$a em nossa pr#pria estrada, encontrei'me brincando com um pensamento indese3ado7 poderia o problema de Mamude estar relacionado com a cerração do 3ardim? Ao partilhar meus temores com /ur'3an, ela le$ou as mãos 5 garganta e implorou'me que mandasse chamar o mulá da aldeia e pedisse que ele orasse por Mamude e que aspergisse .gua benta no 3ardim. (ebati seu pedido. Embora eu cresse nos ensinamentos b.sicos dos muçulmanos, ha$ia'me des$iado de muitos rituais por $.rios anos, tais como orar cinco $ezes por dia, 3e3uar, as complicadas purificaçes cerimoniais. Mas minha preocupação por Mamude $enceu minhas d6$idas e disse a /ur'3an que podia mandar chamar o homem santo da mesquita da $ila. /a manhã seguinte Mamude e eu est.$amos sentados 5 minha 3anela impacientemente esperando pelo mulá. Quando, finalmente, o a$istei subindo os degraus da $aranda, a capa fina e esfarrapada es$oaçando ao $ento frio de outono, arrependi'me de t0'lo mandado chamar e ao mesmo tempo fiquei com rai$a por ele não andar mais depressa. /ur'3an introduziu o $elho esquel"tico em meus aposentos, e retirou'se. Mamude obser$a$a o homem curiosamente enquanto ele abria seu Alcorão. 1 mulá cu3a pele combina$a com o couro antigo do seu li$ro santo, olhou'me com olhos enrugados, e colocou a mão, curtida pelo tempo, sobre a cabeça de Mamude e numa $oz tremida começou a recitar o kul , a oração que todo muçulmano recita quando $ai começar um ato importante , quer se3a orar pelos doentes ou fazer um acordo comercial. Então o mulá começou a ler o Alcorão em .rabe , o Alcorão sempre " lido em .rabe pois seria errado traduzir as pala$ras que o pr#prio an3o de (eus ha$ia dado ao profeta Maom". *ornei'me impaciente. (e$o ter começado a bater o p" no chão. , %egum Sahib, , disse o mulá, estendendo'me o Alcorão. , A senhora tamb"m de$ia ler estes $ersículos. , Ele se referia ao ura !ala"ue e ao ura #az, $ersículos que de$em ser repetidos quando a pessoa se encontra em dificuldades. , +or que não repete tamb"m estes $ersículos? , /ão ,, disse eu. , /ão $ou repetir. (eus se esqueceu de mim e eu me esqueci de (eus! , Mas ao $er o olhar de m.goa que se estampou no rosto do $elho homem, abrandei'me. Afinal de contas, ele tinha $indo por causa de meu pedido e pelo bem'estar de Mamude. , Est. bem ,, disse eu, pegando o li$ro gasto. Abri'o por acaso, e li o primeiro $ersículo que meus olhos encontraram7 Maom" " o mensageiro de (eus, e os que com ele estão são duros contra os incr"dulos... +ensei na moça cristã que ha$ia sido assassinada e na cerração que aparecera no meu 3ardim logo depois de ela ter sido morta, e acima de tudo na doença misteriosa de Mamude. Ba$eria alguma relação entre elas? E claro que nenhuma força espiritual irada relacionaria a mim e a Mamude com uma crist$. Estremeci' me. Mas o santo homem pareceu satisfeito. A despeito de minhas reser$as ele $oltou por tr0s dias consecuti$os a fim de recitar $ersículos sobre Mamude. E, para completar a s"rie de acontecimentos misteriosos e inquietantes, Mamude realmente melhorou. Que de$ia eu inferir de todos esses acontecimentos? A resposta a essa indagação não se faria esperar. Sem eu saber, acontecimentos que ha$iam de esmagar o mundo que eu tinha conhecido durante toda a minha $ida tinham sido colocados em ação. 2. O ESTRANHO LIVRO (epois destas e)peri0ncias senti'me atraída ao Alcorão. *al$ez ele a3udasse e)plicar os acontecimentos e, ao mesmo tempo, preencher o $azio dentro de mim. Era certo que este li$ro continha respostas que, muitas $ezes, ha$iam dado -nimo a minha família. +or certo que eu ha$ia lido o Alcorão antes. Kembro'me e)atamente da idade em que comecei a aprender .rabe a fim de ler o li$ro sagrado7 quatro anos, quatro meses e quatro dias de idade. Era esse o dia em que toda criança muçulmana começa$a a des$endar a escrita .rabe. 1 acontecimento foi marcado por um grande banquete familiar, a que todos os meus parentes compareceram. Então, numa cerimCnia especial, a esposa do mulá de nossa aldeia começou a ensinar'me o alfabeto. Kembro'me especialmente de meu tio =ateh Vn#s, as crianças, o cham.$amos de *io'a$C =atehD ele não era meu tio de $erdade , um parente mais $elho " chamado de tio ou tia no +aquistãoW. *io' a$C =ateh era o parente mais chegado de nossa família, e lembro' me claramente de como ele me obser$a$a na cerimCniaD o rosto aquilino e sensí$el brilha$a de prazer enquanto eu ou$ia, de no$o, a hist#ria de como o an3o Tabriel começara a dar a Maom" as pala$ras do Alcorão naquela fatídica N/oite de +oderN do ano <9R A. (. Ke$ei sete anos para ler o li$ro sagrado do começo ao fim pela primeira $ez, mas quando terminei, a ocasião deu ense3o a outra celebração em família. (esde então eu sempre lera o Alcorão por obrigação. (esta $ez, senti que de$ia realmente e)aminar suas p.ginas. +eguei meu e)emplar, que pertencera 5 minha mãe, recostei'me no alcolchoado de penas de minha cama, e comecei a ler. 4omecei pelo $ersículo inicialD a primeira mensagem dada ao 3o$em profeta Maom" numa ca$erna do monte Bira7 Iecitai7 Em nome de teu Senhor que formou, =ormou o homem de um co.gulo de sangue. Iecitai7 E teu Senhor " o mais generoso, Que te ensinou pela caneta, Ensinou o homem que dele não sabia. A princípio fiquei perdida na beleza das pala$ras. Mais adiante encontrei pala$ras que não me conforta$am de modo nenhum7 Ao di$orciares mulheres, e elas chegarem ao seu termo, então retende'as ama$elmente ou libertai' as com amabilidade. 1s olhos de meu marido pareciam de aço negro quando disse não mais me amar. 4ontraí'me por dentro enquanto ele fala$a. 1 que tinha acontecido a todos os anos que pass.ramos 3untos? +odiam ser 3ogados fora assim? *inha eu, como dizia o Alcorão Nchegado ao meu termoN? /a manhã seguinte apanhei de no$o o Alcorão, esperando encontrar em suas letras cursi$as a segurança de que precisa$a tão desesperadamente. Mas tal segurança 3amais $eio. Encontrei somente direti$as para a $ida e ad$ert0ncias contra as outras crenças. Ba$ia $ersículos sobre o profeta @esus, cu3a mensagem, dizia o Alcorão, fora falsificada pelos cristãos primiti$os. Embora @esus hou$esse nascido de uma $irgem, não era filho de (eus. #$o digais% &'rês&, ad$ertia o Alcorão contra o conceito cristão da *rindade. (efreai-vos) * melhor para v+s. ,eus * um -nico ,eus. 4erta tarde depois de $.rios dias de aplicar'me ao li$ro sagrado, coloquei'o de lado, le$antei'me, e fui at" o 3ardim onde espera$a encontrar um pouco de paz na natureza e nas antigas recordaçes. At" mesmo nesta "poca do ano, a lu)uriante $erdura persistia, a$i$ada aqui e ali por um alAssum colorido que ainda desabrocha$a. Era um dia um pouco quente para o outono e Mamude saltita$a pelos caminhos por onde eu ha$ia andado, em criança, com meu pai. 4om os olhos da mente $ia papai andando ao meu lado, com seu turbante branco, $estido impeca$elmente em seu terno brit-nico conser$ador comprado em Sa$ille IoQ como con$inha a um ministro do go$erno. Muitas $ezes ele me chama$a pelo nome completo, %ilquis Sultana, sabendo o quanto eu gosta$a de ou$i'lo. %ilquis era o primeiro nome da rainha de Sab. e todo mundo sabia que Sultana significa$a realeza. *i$emos muitas con$ersas agrad.$eis. E, mais tarde, gost.$amos de con$ersar a respeito de nosso no$o país, o +aquistão, do qual ele tinha tanto orgulho. &A Iep6blica Jsl-mica do +aquistão foi criada especialmente como p.tria para os muçulmanos do sul da UsiaN, dizia ele. NSomos um dos maiores países do mundo sob a lei isl-micaN, acrescenta$a ele, ressaltando que :<X da população de nosso país era muçulmana, e que o restante consistia, na maior parte, em grupos espalhados de budistas, cristãos e hindus. Suspirei e olhei para al"m das .r$ores do meu 3ardim, para os montes cor de la$anda 5 dist-ncia. Sempre pude encontrar conforto em meu pai. Ba$ia'me tornado a companheira dos seus 6ltimos anos, e muitas $ezes, discutia com ele a situação política de nosso país, que muda$a rapidamente. E)punha'lhe meus pontos de $ista. Ele era tão gentil, tão compreensi$o. Mas agora 3. não e)istia. Kembro'me de estar de p" ao lado de seu sepulcro no cemit"rio muçulmano de %roo&Qood, nos arredores de Kondres. Ele tinha ido a Kondres para ser operado e nunca se ha$ia recuperado. 1 costume muçulmano e)ige que o cad.$er se3a enterrado dentro de $inte e quatro horas e quando cheguei ao cemit"rio seu cai)ão esta$a pronto para ser bai)ado 5 sepultura. Eu não podia acreditar que 3amais $eria meu pai no$amente. Ieti' raram a tampa do cai)ão para que eu pudesse $0'lo pela 6ltima $ez. Mas a argila cinzenta e fria naquela cai)a não era eleD aonde ha$ia ele ido? =iquei parada, entorpecida, meditando no significado de tudo aquilo, enquanto fecha$am de no$o o cai)ãoD cada guincho dos parafusos entrando na madeira 6mida fazia'me doer o corpo todo. Mamãe, com quem tinha bastante intimidade, morreu sete anos mais tarde, dei)ando'me completamente s#. K. no 3ardim, as sombras ha$iam'se alongado e outra $ez encontra$a'me no crep6sculo. /ão, o conforto que eu procurara nas recordaçes ha$iam somente trazido dores. Sua$emente, 5 dist-ncia, ou$ia o chamado do muezim 5 oração crepuscularD a melodia assustadora somente aprofunda$a a solidão dentro de mim. , 1nde? Y Al. ,, murmurei ao ritmo da oração, , onde est. o conforto que prometeste? (e $olta ao quarto, naquela noite, tornei a apanhar o e)emplar do Alcorão de minha mãe. Enquanto lia fica$a no$amente impressionada com as muitas refer0ncias aos escritos 3udaicos e cristãos que o precederam. *al$ez, medita$a, de$esse continuar minha busca nesses li$ros. Mas isso significaria ler a %íblia. E como podia a %íblia a3udar uma $ez que, como todo mundo sabia, os cristãos primiti$os ha$iam'na falsificado tanto? Mas a id"ia de ler a %íblia torna$a'se cada $ez mais insistente. Qual era o conceito bíblico de (eus? 1 que dizia ela a respeito do profeta @esus? *al$ez, afinal de contas, eu de$esse l0'la. Então surgiu o problema7 onde poderia eu conseguir uma %íblia? /enhuma lo3a em nossa região teria uma %íblia para $ender. *al$ez Iaisham ti$esse um e)emplar. Mas logo descartei tal id"ia. Ainda que ti$esse, meu pedido somente a assustaria. +aquistanenses têm sido assassinados por at" mesmo parecerem estar persuadindo os muçulmanos a se tornarem cristãos traidores. +ensei em meus outros criados cristãos. Minha família ha$ia'me pre$enido a não empregar cristãos por causa de sua not#ria falta de lealdade e confiança. Mas não dei)ei que isso me incomodasseD enquanto cumprissem seus de$eres, eu esta$a satisfeita. (e qualquer modo, " de du$idar que fossem muito sinceros. Afinal de contas, quando os mission.rios cristãos chegaram 5 Pndia foi'lhes f.cil fazer con$ertidos entre as classes mais bai)as. A maioria destes eram li)eiros, pessoas tão bai)as na ordem social que seu trabalho era limitado a limpar ruas, calçadas e sar3etas. /#s, os muçulmanos, cham.$amos a essas pessoas ser$is de Ncristãos de arrozN. /ão era este o moti$o pelo qual aceita$am uma religião falsa, a fim de conseguir alimento, roupa e instrução escolar oferecidos gratuitamente pelos mission.rios? , 1lh.$amos para os pr#prios mission.rios com certo desd"mD ocupa$am'se tão a$idamente com essas pobres criaturas. (e fato, somente alguns meses antes, Manzur, meu chofer, um cristão, perguntou se podia mostrar meu 3ardim a alguns missio' n.rios locais. , E claro ,, disse eu generosamente, pensando no pobre Manzur que e$identemente dese3a$a tanto impressionar essas pessoas. Alguns dias mais tarde, da 3anela do meu quarto, obser$ei o 3o$em casal de norte'americanos passeando pelo 3ardim. Manzur tinha'se referido a eles como o Ie$erendo e a Sra. (a$id Mitchell. Ambos possuíam cabelo castanho'claro, olhos p.lidos e usa$am roupas $elhas em estilo ocidental. Que criaturas sem cor, pensei eu. Ainda assim, mandei recado ao 3ardineiro que desse algumas sementes a esses mission.rios, se eles as pedissem. Mas o pensar em Manzur deu'me a resposta quanto ao conseguir uma %íblia. Ele ha$eria de conseguir uma para mim. Amanhã, dar'lhe'ia a incumb0ncia. Assim, na manhã seguinte, chamei'o a meus aposentos. Ele permaneceu perante mim, em posição de sentido, em suas pantalonas brancasD o tique ner$oso de seu rosto da$a'me certo desconforto, como sempre o fizera. , Manzur, quero que $oc0 consiga uma %íblia para mim. , 2ma %íblia? , seus olhos dilataram. , E claro! , disse eu, tentando ser paciente. Eu tinha certeza que Manzur não possuía uma %íblia, pois não sabia ler. Mas acha$a que ele podia conseguir uma para mim. Ele murmurou alguma coisa ininteligí$el, e eu repeti simples, mas firmemente7 , Manzur, consiga'me uma %íblia. Ele assentiu com a cabeça, cur$ou'se e saiu. Eu sabia por que ele reluta$a em conceder'me o pedido. 1 car.ter de Manzur não era mais firme do que o de Iaisham. Ambos lembra$am'se da garota assassinada. (ar uma %íblia a um li)eiro era uma coisaD trazer uma %íblia a uma pessoa da classe alta era uma hist#ria completamente diferente. 1 conhecimento de tal fato podia significar grandes dificuldades, de$eras. (ois dias mais tarde Manzur le$a$a'me a IaQalpindi para $isitar *ooni. , Manzur, eu ainda não tenho a %íblia. Eu podia $er as 3untas dos dedos dele embranquecerem ao apertar com força o $olante. , %egum, $ou conseguir'lhe uma. *r0s dias depois chamei'o 5 casa. , Manzur, pedi'lhe tr0s $ezes que me trou)esse uma %íblia, e $oc0 não o fez ,. 1 tique ner$oso do seu rosto tornou'se mais acentuado. , (ou'lhe um dia mais. Se amanhã eu não ti$er uma %íblia $oc0 est. despedido. Seu rosto ficou lí$ido. Ele sabia que eu esta$a falando s"rio. >oltou'se e saiu, suas botas de chofer fazendo barulho no assoalho. /o dia seguinte, logo antes da $isita de *ooni, uma %íblia pequena apareceu misteriosamente na mesa da sala de estar do andar de bai)o. Apanhei'a e a e)aminei de perto , encadernação barata, capa cinzenta, impressa em urdo, um dialeto hindu local. Ba$ia sido traduzida por um ingl0s 9ZR anos antes. 1 estilo era antiquado e de difícil compreensão. Manzur, e$identemente, ha$ia obtido essa %íblia de algum amigoD era quase no$a. =olheei as p.ginas finas, coloquei'a sobre a mesa e me esqueci dela. Alguns minutos mais tarde *ooni chegou. Mamude entrou correndo logo atr.s dela, gritando, pois sabia que a mãe ter'lhe'ia trazido um brinquedo. /um instante Mamude saiu correndo para o terraço, passando pelas portas francesas com o no$o a$ião de brinquedoD *ooni e eu preparamo'nos para o ch.. =oi então que *ooni percebeu a %íblia sobre a mesa ao meu lado. , 1h, uma %íblia! , disse ela. , Abra'a e $e3a o que ela tem a dizer ,. /ossa família d. $alor a qualquer li$ro religioso. Era um passatempo comum dei)ar que um li$ro santo caísse, abrindo'se ao acasoD então a pessoa coloca$a o dedo, sem olhar, em uma passagem, quase como querendo que ela lhe desse uma profecia. Alegremente, abri a %íblia e relanceei os olhos pelas p.ginas. Então, uma coisa misteriosa aconteceu. Era como se minha atenção esti$esse sendo atraída a um $ersículo no canto inferior direito da p.gina aberta. Jnclinei'me para l0'lo7 4hamarei meu po$o, 5quele que não era meu po$oD e amada 5quela que não era amadaD e suceder. que no lugar em que lhe foi dito7 $#s não sois meu po$o, aí serão chamados filhos do (eus $i$o. Iomanos :7[L'[< V+hillipsW Susti$e o fClego e um tremor perpassou'me o corpo. +or que esse $ersículo te$e esse efeito sobre mim? 4hamarei meu po$o, 5quele que não era meu po$o... no lugar em que lhe foi dito7 $#s não sois meu po$o, aí serão chamados filhos do (eus $i$o. A sala permanecia em sil0ncio. Ke$antei os olhos e $i *ooni esperando graciosamente, pronta para ou$ir o que eu ha$ia encontrado. Mas eu não podia ler a passagem em $oz alta. Ba$ia algo profundo demais nessas pala$ras para serem lidas como di$ersão. , %em, o que encontrou, mamãe? , perguntou *ooni, seus olhos $i$os questionando'me. =echei o li$ro, murmurei algo acerca de isso não ser mais um 3ogo, e dirigi a con$ersa para outro assunto. Mas as pala$ras bíblicas queima$am'me o coração como brasas $i$as. E $ieram a ser a preparação para os sonhos mais incomuns que 3amais ti$e. 3. OS SONHOS S# fui pegar a pequena %íblia cor de cinza no dia seguinte. /em *ooni nem eu nos referimos 5 %íblia no$amente depois de eu ter le$ado a con$ersa para outro assunto. Mas por toda a longa tarde as pala$ras da passagem fer$ilha$am logo abai)o da superfície da minha consci0ncia. 4edo, na noite do dia seguinte, retirei'me para meus aposentos onde plane3a$a descansar e meditar. Ke$ei comigo a %íblia e acomodei'me nas almofadas macias do meu di$ã. 2ma $ez mais folheei as p.ginas da %íblia e li outra passagem enigm.tica7 +ois 4risto significa o final da luta pela 3ustifi' cação'pela'Kei, e isto para todos os que nele cr0em. Iomanos 9R7G V+hillipsW Abai)ei o li$ro por alguns instantes. 4risto? .le era o fim da luta? 4ontinuei a ler. 1 segredo reside no $osso pr#prio coração e na $ossa boca. ...Se abertamente admitirdes pela $ossa pr#pria boca que @esus 4risto " o Senhor, e se crerdes no coração que (eus o ressuscitou dos mortos, sereis sal$os. Iomanos 9R7Z': V+hillipsW 4oloquei o li$ro de lado outra $ez, sacudindo a cabeça. Jsto contradizia diretamente o Alcorão. 1s muçulmanos sabiam que o profeta @esus era simplesmente humano, que o homem não morreu na cruz, mas foi le$ado ao c"u por (eus e um s#sia fora colocado na cruz em seu lugar. Agora, $ia3ando por um c"u inferior, esse @esus algum dia $oltar. 5 terra para reinar por quarenta anos, casar'se, ter filhos e depois morrer. (e fato, ou$i dizer que e)iste um pedaço de chão para uma sepultura especial conser$ado $ago para os restos mortais do homem em Medina, a cidade onde Maom" tamb"m foi enterrado. /o dia da ressurreição, @esus le$antar'se'. e comparecer. 3untamente com os outros homens para ser 3ulgado perante o (eus todo'poderoso. Mas esta %íblia dizia que 4risto ressuscitara dos mortos. Era blasf0mia ou... Minha mente rodopia$a. Eu sabia que todo aquele que in$ocasse o nome de Al. seria sal$o. Mas crer que @esus * Al.? At" Maom", o 6ltimo e maior dos mensageiros de (eus, o selo dos profetas, foi somente mortal. (eitei'me de costas, cobrindo os olhos com a mão. Se a %íblia e o Alcorão apresentam o mesmo (eus, por que h. tanta confusão e contradição? 4omo " que podia ser o mesmo se o do Alcorão " um (eus de $ingança e castigo e o da %íblia cristã " um (eus de miseric#rdia e perdão? /ão $i quando adormeci. /ormalmente nunca sonho, mas nessa noite sonhei. 1 sonho era tão real, os acontecimentos tão rotineiros, que na manhã seguinte achei difícil ti$essem sido somente fantasias. Eis o que $i. Eu me encontra$a ceando com um homem que sabia ser @esus. Ele tinha $indo $isitar'me em minha casa e ficara por dois dias. Ele esta$a sentado 5 mesa em frente de mim e em paz e alegria 3ant.$amos. Iepentinamente o sonho mudou. Agora eu esta$a no topo de uma montanha com outro homem. Ele $estia'se com uma capa e calça$a sand.lias. 4omo " que de uma maneira misteriosa, sabia o seu nome? @oão %atista. Que nome estranho! Encontrei'me contando a esse @oão %atista a con$ersa recente que ti$era com @esus. N1 Senhor $eio e hospedou'se em minha casa por dois diasN, disse eu. NMas agora ele se foi. 1nde est. ele? (e$o encontr.'lo! *al$ez $oc0, @oão %atista, pudesse le$ar'me a ele!N =oi esse o sonho. Acordei gritando o nome de @oão %atista! /ur'3an e Iaisham entraram correndo no quarto. +areciam embaraçadas com minha gritaria e começaram, apressadamente, a preparar minha toalete. *entei contar'lhes meu sonho enquanto trabalha$am. , 1h, que bom! , sorriu /ur'3an, apresentando'me a bande3a de perfumes. , Sim, foi um sonho abençoado , murmurou Iaisham enquanto me esco$a$a o cabelo. =iquei surpresa que como cristã, Iaisham não ti$esse mostrado mais entusiasmo. Ja perguntar'lhe a respeito de @oão %atista mas parei a tempoD afinal de contas, Iaisham era simples aldeã. Mas quem era esse @oão %atista? Eu ainda não ha$ia encontrado o nome na porção que lera da %íblia. /os pr#)imos tr0s dias continuei lendo, tanto a %íblia como o Alcorão lado a lado, passando de um li$ro para o outro. Encontrei' me pegando o Alcorão por um sentimento de de$er, e depois a$idamente $olta$a'me para o li$ro cristão, lendo aqui e ali, e)aminando esse mundo no$o e confuso que acabara de descobrir. *oda $ez que abria a %íblia enchia'me um sentimento de culpa. *al$ez isto resultasse da minha criação rígida. Mesmo depois de me tornar mulher, papai tinha de apro$ar todo li$ro que eu de$ia ler. 4erta $ez meu irmão e eu le$amos um li$ro, 5s escondidas, para o nosso quarto. Embora fosse um li$ro totalmente inocente, ficamos muito assustados, ao l0'lo. Agora enquanto abria a %íblia, reagia da mesma maneira. 2ma hist#ria chamou'me a atenção. 4onta$a que os líderes religiosos 3udaicos trou)eram uma mulher apanhada em adult"rio ao profeta @esus. *remi, sabendo que sorte a aguarda$a. 1s c#digos morais do 1riente antigo não eram muito diferentes dos nossos no +aquistão. 1s homens da comunidade t0m o de$er, por tradição, de punir a mulher ad6ltera. Enquanto lia a respeito dessa mulher, em p", perante seus acusadores, eu sabia que os pr#prios irmãos, tios e primos esta$am na linha de frente, prontos para apedre3.'la. Então o profeta disse7 NAquele que dentre $#s esti$er sem pecado se3a o primeiro a atirar a pedraN V@oão Z7;W. >acilei, enquanto com os olhos da mente obser$a$a os homens saindo um a um. Em $ez de super$isionar a morte horrí$el dela, @esus ha$ia forçado os acusadores a reconhecer sua pr#pria culpa. 1 li$ro caiu em meu colo enquanto ali permaneci em profunda meditação. Ba$ia algo tão l#gico, tão correto no desafio desse profeta. 1 homem fala$a a $erdade. Então tr0s dias mais tarde ti$e um segundo sonho estranho7 Eu esta$a em meus aposentos quando uma criada anunciou que um $endedor de perfumes espera$a para $er'me. Ke$antei'me, enle$ada, do meu di$ã, pois nessa "poca ha$ia falta de perfumes importados no +aquistão. E tinha muito medo de ficar sem meu lu)o fa$orito. E então, no meu sonho, alegremente pedi que a criada fizesse entrar o $endedor de perfumes. Ele esta$a $estido 5 maneira dos $endedores de perfumes dos dias de minha mãe quando esses mercadores iam de casa em casa $endendo seus produtos. Ele usa$a um casaco preto e le$a$a seu produto numa $alise. Abrindo a $alise, tirou uma 3arra dourada. Iemo$endo a tampa, entregou'me a 3arra. Ao olhar para ela fiquei sem fClegoD o perfume brilha$a como cristal líquido. Eu ia tocar o líquido com o dedo, mas ele le$antou a mão. , /ão ,, disse eleD e pegando a 3arra dourada foi coloc.'la sobre minha mesa de cabeceira. , Jsto se espalhar. pelo mundo todo , disse ele. Quando acordei, na manhã seguinte, o sonho ainda esta$a $í$ido em minha mente. 1 sol entra$a pela 3anela, e eu ainda podia sentir o cheiro daquele perfumeD a fragr-ncia deliciosa ainda enchia o quarto. Ergui'me e olhei para a mesinha de cabeceira, como que esperando $er a 3arra dourada ali. Mas, onde esti$era a 3arra, agora esta$a e %íblia! 2m formigamento passou'me pelo corpo. Sentei'me 5 beira da cama meditando em meus dois sonhos. 1 que significariam? Eu não ha$ia sonhado em anosD agora tinha tido dois sonhos $i$idos em seguida. Ba$ia alguma relação entre eles? Ielaciona$am'se eles com meu encontro recente das realidades do mundo sobrenatural? /essa tarde saí para meu passeio costumeiro no 3ardim. Meus sonhos ainda me perturba$am. Mas agora algo mais fora acrescentado. Era como se eu sentisse uma deliciosa e estranha alegria, uma paz que ia al"m de qualquer coisa que ha$ia conhecido antes. Era como se eu esti$esse perto da presença de (eus. (e repente, ao sair de um pequeno bosque para uma .rea inundada de sol, o ar ao meu redor pareceu tomar $ida com outra fragr-ncia ador.$el. /ão era fragr-ncia de flores , era tarde demais para qualquer dos 3ardins florescer , mas uma fragr-ncia mui real, não obstante. 2m tanto agitada $oltei para casa. (e onde $iera essa fragr-ncia? 1 que esta$a acontecendo comigo? 4om quem podia eu con$ersar a respeito do que me acontecia? *eria de ser algu"m que ti$esse conhecimento da %íblia. Eu 3. tinha dei)ado de lado a id"ia de interrogar meus criados cristãos. Em primeiro lugar, nem podia pensar em pedir informaçes a eles. +ro$a$elmente não tinham lido a %íblia e não saberiam de que eu esta$a falando. /ão, eu tinha de con$ersar com algu"m que ti$esse educação formal e conhecesse esse li$ro. Ao considerar essa questão uma id"ia chocante $eio'me 5 mente. Kutei contra ela. Esse seria o 6ltimo lugar aonde de$eria ir procurar a3uda. Mas o nome continuou $oltando a mim de um modo tão insistente que finalmente toquei a campainha chamando o Manzur. , Quero que $oc0 prepare o carro. , E então, como que pensando melhor, acrescentei7 , Eu mesma $ou dirigir. 1s olhos de Manzur dilataram'se. , A senhora mesma? , Sim, eu mesma, se faz fa$or. , Ele saiu, relutante. Iaramente eu ha$ia dirigido o carro tão tarde da noite. Eu ha$ia ser$ido como oficial no e)"rcito real hindu, na di$isão das mulheres, durante a Segunda Tuerra Mundial e tinha dirigido ambul-ncias e carros do comando por milhares de quilCmetros em todos os tipos de terreno. Mas o tempo de guerra era uma coisa e ainda assim sempre dirigira em companhia de algu"m. 2ma filha da nobreza /aQab não de$ia dirigir seu pr#prio carro na $ida normal, especialmente 5 noite. Mas eu sabia que não podia arriscar que Manzur soubesse o que eu esta$a plane3ando fazer, pois logo os criados estariam comentando. Esta$a con$encida de que ha$ia somente uma fonte onde podia encontrar resposta para minhas indagaçes7 quem era @oão %atista e o que significa$a esse perfume. (e modo que foi com relut-ncia e)trema, nessa noite, que me dirigi ao lar de um casal que eu mal conhecia, o Ie$erendo e a Sra. (a$id Mitchell que ha$iam $isitado meu 3ardim naquele $erão. Esses mission.rios cristãos eram as 6ltimas pessoas com as quais gostaria de ser $ista. 4. O ENCONTRO Meu Mercedes preto funciona$a em marcha lenta na entrada da garagem. Manzur esta$a de p" ao lado da porta do motorista, que ele conser$a$a fechada at" o 6ltimo instante, protegendo o calor do carro contra o frio daquela noite outonal. Seus olhos negros ainda questiona$am minha decisão, mas sem coment.rios. Entrei no carro quente, a3eitei'me atr.s do $olante e saí para o meio do crep6sculo, com a %íblia no assento ao meu lado. *odo mundo sabia onde todos $i$iam em Fah. 1 lar dos Mitchell fica$a perto da entrada da f.brica de cimento de Fah, da qual minha família percebia parte de sua renda. Ser$ia como centro de uma comunidade pequena e estranha cerca de dez quilC' metros fora da cidade. As casas ha$iam sido construídas para abrigo tempor.rio das tropas brit-nicas durante a Segunda Tuerra Mundial. Iecorda$a'me, das poucas $ezes que me ha$ia a$enturado nessa .rea, que as casas $elhas e uniformes ha$iam perdido muito da caiaçãoD os tetos de zinco mostra$am sinais de muitos remendos. 2ma mistura estranha de e)pectati$a e temor inunda$a'me enquanto dirigia. Eu nunca esti$era em um lar mission.rio cristão antes. *inha esperança de conhecer a identidade de meu homem misterioso, @oão %atista, e ao mesmo tempo temia uma certa , o que de$ia cham.'la, Ninflu0nciaN? , dos que podiam responder 5 minha questão. 1 que pensariam meus ancestrais desta $isita a um mission.rio cristão? +ensei, por e)emplo, no meu bisa$C que ha$ia acompanhado o famoso general brit-nico /icholson atra$"s do desfiladeiro OAber em uma das guerras do Afeganistão. Que $ergonha essa $isita seria para minha família! Sempre ha$íamos relacionado os mission.rios com os pobres e os p.rias da sociedade. Jmaginei uma con$ersa com um tio ou uma tia na qual tenta$a defender'me contando'lhes meus sonhos estranhos. , Afinal de contas ,, dizia eu na cena que e)ecuta$a mentalmente , qualquer pessoa ha$eria de querer descobrir o significado de sonhos tão $i$idos. 1 bairro dos Mitchell, 5 mortiça luz da noite que chega$a, com seus bangalCs iguais, parecia, se possí$el, ainda mais descuidado. (epois de procurar acima e abai)o pelas $ielas estreitas, descobri a casa dos Mitchell perto da f.brica de cimentoD um bangalC pequeno e caiado de branco, por entre um bosque de amoreiras. 4omo cautela, ia estacionar o carro a alguma dist-nciaD então, dando conta de mim, pensei que esta$a por demais receosa do que minha família ia pensar. Estacionei bem na frente da casa dos MitchelJ, peguei a %íblia e dirigi'me rapidamente para a casa. +ercebi o quintal bem cuidado e a $aranda, cercada de tela, bem mantida. Estes mission.rios cuida$am bem do lugar onde mora$am. A porta da casa abriu'se e um grupo de aldeãs, con$ersando alegremente, saiu. *odas elas $estiam um típico /alvar camiz, uma esp"cie de pi3ama frou)o, feito de algodão, e traziam um dupata V)aleW ao pescoço. Estaquei rígida. E claro que me iam reconhecer. Quase todo mundo me conhecia. Agora a hist#ria seria comentada por toda a região que %egum Shei&h ha$ia $isitado um mission.rio cristão! 4omo para pro$ar o que eu esta$a pensando, assim que elas me $iram 5 luz que 3orra$a da porta da frente da casa dos Mitchell, pararam de con$ersar. +assaram apressadas por mim em direção 5 rua, cada uma le$ando a mão 5 testa em cumprimento tradicional. /ão ha$ia nada que eu pudesse fazer, a não ser continuar em direção 5 porta, onde a Sra. Mitchell, de p", perscruta$a o escurecer. Mais de perto, sua apar0ncia era como me lembra$a, ao $0'la 5 dist-ncia pela cidade. @o$em, p.lida, quase fr.gil. S# que agora usa$a um /alvar camiz igual aos das aldeãs. Assim que me $iu, ficou boquiaberta. , 1ra... ora, %egum Shei&h! , e)clama$a ela, , o que? ... mas ... Entre , disse ela. , Entre! =iquei contente em entrar na casa, e escapar aos olhares das aldeãs, que, eu tinha certeza, esta$am fi)ados em minhas costas. Entramos na sala de estar, pequena e singelamente mobiliada. A Sra. Mitchell pegou, o que parecia, a cadeira mais confort.$el, e colocou'a para mim, perto da lareira. Ela mesma não se sentou, mas de p", abria e fecha$a as mãos. Meu olhar captou algumas cadeiras em círculo no meio da sala. A Sra. Mitchell e)plicou ha$er terminado um estudo bíblico com algumas mulheres locais. *ossiu ner$osamente. , Ah, gostaria de uma )ícara de ch.? , perguntou ela, empurrando o cabelo para tr.s com a mão. , /ão, obrigada ,, respondi. , >im fazer uma pergunta. , 1lhei ao meu redor. , 1 Ie$. Sr. Mitchell est. em casa? , /ão. =oi de $iagem ao Afeganistão. =iquei sentida. A mulher, em p", 5 minha frente, era tão 3o$em! Seria ela capaz de responder 5s minhas indagaçes? , Sra. Mitchell ,, a$enturei'me , a Sra. sabe alguma coisa acerca de (eus? Ela sentou'se em uma das cadeiras de madeira e olhou'me estranhamenteD o 6nico barulho na sala era o crepitar sua$e das chamas na lareira. Então ela disse calmamente7 , Acho que não sei muito acerca de (eus, mas de$eras o conhe0o. Que afirmati$a e)traordin.ria! 4omo " que uma pessoa podia ter a presunção de conhecer a (eus? Ainda assim, a confiança estranha da mulher da$a'me segurança tamb"m. Antes de descobrir o que realmente esta$a acontecendo, dei por mim contando'lhe o meu sonho com o profeta @esus e com o homem chamado @oão %atista. (e algum modo estranho, tinha dificuldade em controlar a $oz enquanto relata$a a e)peri0ncia. Ao contar'lhe a hist#ria, senti a mesma emoção que sentira no topo daquela montanha. (epois de descre$er o sonho, inclinei'me para frente. , Sra. Mitchell, 3. ou$i falar de @esus, mas "uem * @oão %atista? A Sra. Mitchell piscou os olhos e franziu a testa. +arecia que ela ia perguntar se eu realmente nunca ou$ira falar de @oão %atista, mas em $ez disso assentou'se de no$o. , %em, %egum Shei&h, @oão %atista foi um profeta, precursor de @esus 4risto, que pregou o arrependimento e foi en$iado para preparar o caminho do Senhor. =oi ele que apontou para @esus dizendo7 NEis o 4ordeiro de (eus que tira os pecados do mundo.N =oi ele quem batizou @esus. +or que meu coração deu um salto ao som da pala$ra Nbatizou?N +ouco sabia destes cristãos, mas todos os muçulmanos tinham ou$ido de sua estranha cerimCnia de batismo. Minha mente flutuou at" as muitas pessoas que foram assassinadas depois do batismo. Jsso tamb"m aconteceu durante o go$erno brit-nico, quando, supostamente e)istia liberdade religiosa. Ainda em criança eu tinha relacionado os dois fatos7 o muçulmano era batizado, o muçulmano morria. , %egum Shei&h? Ke$antei os olhos. Quanto tempo esti$era sentada em sil0ncio? , Sra. Mitchell , disse eu, com um n# na garganta, , esqueça'se de que sou muçulmana. (iga'me simplesmente o que quis dizer com conhecer a (eus. , 4onheço a @esus ,, disse a Sra. Mitchell, e eu sabia que ela pensa$a estar respondendo 5 minha pergunta. Então contou'me o que (eus ha$ia feito por ela e pelo mundo, desfazendo o terrí$el abismo entre o homem pecador e o pr#prio (eus, ao $ir, pessoalmente, $isitar esta terra, na carne, como @esus, e morrer na cruz por todos n#s. A sala ficou no$amente em sil0ncio. +odia ou$ir caminhes passando na rodo$ia pr#)ima. A Sra. Mitchell não parecia estar com pressa de falar. =inalmente, quase sem acreditar nos meus pr#prios ou$idos, respirei e ou$i minha pr#pria $oz dizendo distintamente7 , Sra. Mitchell, algumas coisas estranhas t0m acontecido em nossa casa ultimamente. 4oisas do espírito. *anto boas quanto m.s. Sinto como se esti$esse no meio de um imenso cabo'de' guerraD preciso de toda a3uda positi$a que puder conseguir. A senhora podia orar por mim? A mulher pareceu ficar espantada com meu pedido, e então, $oltando a si, perguntou se eu queria ficar de p", a3oelhar'me ou ficar sentada enquanto or.$amos. Estremeci, subitamente horrorizada. *odas as alternati$as eram igualmente inconcebí$eis. Mas l. esta$a essa mulher esbelta e 3o$em a3oelhada no assoalho de seu bangalC. Jmitei'a! , Y Espírito de (eus ,, orou a Sra. Mitchell em $oz sua$e , sei que nada que eu possa dizer con$encer. %egum Shei&h de quem @esus ". Mas agradeço'te o tirares o $"u de nossos olhos e o re$elares @esus a nossos coraçes. Y Espírito Santo, faze isto para %egum Shei&h. Am"m. +ermanecemos a3oelhadas, pareceu'me, por uma eternidade. E nesse sil0ncio confortador meu coração sentia um calor estranho. =inalmente a Sra. Mitchell e eu nos le$antamos. , Jsso aí " uma %íblia, Madame Shei&h? , perguntou ela, indicando o $olume cor de cinza que eu aperta$a contra o peito. Mostrei'lhe o li$ro. , 1 que acha dele? , perguntou ela. , E de f.cil compreensão? , /ão muito ,, disse eu. , E uma tradução antiga e ainda não me acostumei com ela. A Sra. Mitchell foi a uma sala ad3acente e $oltou com outro li$ro. , Eis um /o$o *estamento escrito em Jngl0s moderno ,, disse ela. , E a tradução de +hillips. Acho'o muito mais f.cil de compreender do que os outros. Tostaria de le$.'lo? , Sim ,, disse eu, sem hesitação. , 4omece com o E$angelho de @oão ,, aconselhou a Sra. Mitchell, abrindo o li$ro e marcando a p.gina com um pedacinho de papel. , Este " outro @oão, mas sua missão " parecida com a de @oão %atista. , 1brigada ,, disse eu emocionada. , Acho que 3. tomei muito do seu tempo. Ao preparar'me para sair, a Sra. Mitchell disse7 , A senhora percebe, " tão interessante que um sonho a tenha trazido aqui. (eus, muitas $ezes, fala a seus filhos por meio de sonhos e $ises. Enquanto ela me a3uda$a a $estir o casaco, pergunta$a'me a mim mesma se de$ia partilhar o meu outro sonho com ela. 1 sonho do $endedor de perfumes. Ele parecia tão... bizarro. Mas, como 3. tinha acontecido $.rias $ezes nessa noite estranha, descobri que esta$a possuída de uma aud.cia enorme. Aud.cia que parecia $ir de fora de mim. , Sra. Mitchell, poderia dizer'me se h. alguma ligação entre perfume e @esus? Ela pensou por alguns instantes, a mão na maçaneta da porta. , /ão ,, disse ela , nada me $em 5 mente. Entretanto, $ou orar a esse respeito. Enquanto eu dirigia para casa, e)perimentei, pela segunda $ez, aquela mesma presença fragrante que percebera no meu 3ardim mais cedo naquele dia! Quando cheguei a casa naquela noite li um pouco da porção da %íblia chamada NE$angelho de @oãoN, onde o escritor fala$a a respeito de @oão %atista, esse estranho homem que se $estia com pele de camelo e $i$ia no deserto conclamando o po$o a preparar' se para a $inda do Senhor. E então, l. na segurança do meu pr#prio quarto, sentada no meu di$ã, rodeada de mem#rias e tradiçes de setecentos anos de idade, um pensamento entrou de esguelha em minha mente, sem ser con$idado, não dese3ado e rapidamente re3eitado. E se @oão %atista fosse um sinal $indo de (eus, um sinal que apontasse para @esus, não estaria este homem apontando'me a @esus, tamb"m? E claro que a id"ia era inconcebí$el. *irei'a da mente e adormeci. /essa noite dormi profundamente. Enquanto o muezim chama$a'me 5 oração na manhã seguinte, senti alí$io em poder $er as coisas com clareza de no$o. Que s"rie bizarra de pensamentos ha$ia brincado em minha mente na noite anterior! Mas agora que o muezim me recorda$a de onde se encontra$a a $erdade, senti'me segura outra $ez, distante daquelas influ0ncias cristãs perturbadoras. /esse instante Iaisham entrou, não com o ch., mas com um bilhete que disse ter acabado de receber. Era da Sra. Mitchell. *udo o que dizia era7 NKeia [ 4oríntios, capítulo [, $ersículo 9G.N +eguei a %íblia que ela me ha$ia dado e procurei at" encontrar o capítulo e o $ersículo. Então, ao ler, susti$e o fClego7 Traças, por"m, a (eus que em 4risto sempre nos conduz em triunfo, e, por meio de n#s, manifesta em todo lugar a fragr-ncia do seu conhecimento. Sentada na cama, reli a passagem, minha compostura de um minuto atr.s esmagada. 1 conhecimento de @esus manifesta'se em todo lugar como uma ador.$el fragr-ncia! Em meu sonho, o $endedor ha$ia colocado o frasco dourado de perfume na minha mesa de cabeceira dizendo que o perfume se Nespalharia pelo mundo todoN. /a manhã seguinte eu tinha encontrado minha %íblia no lugar onde o perfume esti$era! Esta$a tudo muito claro. /ão queria pensar mais a respeito disso. *ocar a campainha pedindo o ch., " isso que de$ia fazer. *ocar a campainha pedindo ch., trazer a $ida de $olta 5 sua perspecti$a normal rapidamente, antes que qualquer outra coisa saísse errada. Embora a Sra. Mitchell me ti$esse con$idado a $oltar, senti que era melhor não faz0'lo. +arecia'me agora uma decisão l#gica eu pesquisar a %íblia por mim mesma. /ão dese3a$a ser le$ada ao redor por nenhuma influ0ncia e)terna. Mas, certa tarde /ur'3an entrou apressadamente em meu quarto com um olhar estranho no rosto. , 1 Ie$. e a Sra. Mitchell $ieram fazer'lhe uma $isita , disse ela, quase sem fClego. Ke$ei as mãos 5 garganta. +or que $iriam a"ui1 Jndaga$a'me a mim mesma. Entretanto, $oltando a mim rapidamente, disse 5 criada que os introduzisse na sala de $isitas. (a$id Mitchell, um homem magro de cabelos cor de areia, irradia$a o mesmo calor amistoso da esposa. 1s dois pareciam tão felizes em $er'me que esqueci o desconforto que a $isita deles me causa$a. A Sra. Mitchell foi para apertar'me as mãos, mas, no 6ltimo instante, 3ogou os braços ao meu redor. =iquei espantada. /ingu"m, fora de nossa família , nem mesmo nossos amigos mais íntimos , 3amais me ha$ia abraçado desta maneira. Enri3eci'me, mas a Sra. Mitchell pareceu não notar minha reação. Mais tarde ti$e de admitir que essa demonstração de amizade agradara'me. /ão podia ter ha$ido nenhuma hipocrisia na saudação dela. , Estou muitíssimo contente em conhecer a N(ama das =loresN ,, e)clamou (a$id, com um 3o$ial sotaque norte' americano. 1lhei para a Sra. Mitchell e ela sorriu. , (ei)e'me e)plicar. Quando a senhora foi a nossa casa, eu quis que (a$id soubesse imediatamente, pois ha$íamos falado a seu respeito muitas $ezes desde o dia em que $isitamos seu 3ardim na prima$era passada. +assei'lhe um telegrama, entretanto, não queria usar o seu $erdadeiro nome, a fim de proteg0'la. Enquanto pensa$a em como referir'me 5 senhora pelo telegrama, olhei para fora da 3anela e $i as flores que ha$iam nascido das sementes que nos dera seu 3ardineiro. >eio'me 5 mente o nome N(ama das =loresN, e esse ficou sendo o c#digo para seu nome. Sorri. , %em, de ho3e em diante podem chamar'me %ilquis. , E, por fa$or ,, disse a Sra. Mitchell , chame'me SAnno$e. =oi uma $isita estranha. Acho que espera$a certa pressão da parte dos Mitchell quanto a aceitar sua religião, mas nada parecido com isso aconteceu. *omamos ch. e con$ersamos. Questionei @esus ser chamado o Nfilho de (eusN, pois para os muçulmanos não h. maior pecado do que fazer tal rei$indicação. 1 Alcorão afirma $ezes sem conta que (eus não tem filhos. , E essa N*rindadeN? , perguntei. , Então (eus " tr0s? 4omo resposta, (a$id comparou (eus ao sol que se manifesta em tr0s tipos diferentes e criati$os de energia7 calor, luz e irradiação. 2m relacionamento trinit.rio que 3unto perfaz o sol, mas que separadamente não " o sol. E logo depois se despediram. (e no$o, por $.rios dias, encontrei'me a s#s com dois li$ros , o Alcorão e a %íblia. 4ontinuei a ler a ambos, estudando o Alcorão por uma lealdade familiar, mergulhando'me na %íblia com uma fome estranha interior. Entretanto, 5s $ezes, hesita$a em pegar a %íblia. Eu sabia que (eus não podia estar em ambos os li$ros porque as mensagens deles eram tão diferentes. Mas quando minha mão hesita$a em apanhar o li$ro que a Sra. Mitchell me ha$ia dado, sentia um des-nimo estranho. /a semana passada eu tinha $i$ido num mundo de beleza, não em um 3ardim $isí$el, criado por mim com sementes e .gua, mas um 3ardim interior, criado por uma conscientização espiritual no$a. Entrei nesse mundo de beleza pela primeira $ez por meio dos meus dois sonhosD então tornei'me cCnscia desse mundo pela segunda $ez na noite que encontrei a presença indefini$elmente gloriosa no meu 3ardimD e o conhecera outra $ez quando obedeci ao impulso que me le$ou 5 casa dos Mitchell. /os dias seguintes, lenta e claramente comecei a perceber que ha$ia uma maneira de $oltar ao meu mundo de beleza. E ler o li$ro cristão parecia, por moti$os que não podia definir, a cha$e para a reentrada nesse mundo. Então certo dia o pequeno Mamude $eio a mim com a mão na cabeça, tentando não choramingar. , Meu ou$ido, mamãe ,, disse ele com a $oz perpassada de dor. , (#i muito. Abai)ei'me e e)aminei'o cuidadosamente. Sua tez, geralmente rosada, tinha'se tornado p.lida, e embora Mamude não fosse o tipo de criança que $i$esse a reclamar, eu podia $er as manchas de l.grimas em suas bochechas redondas. 4oloquei'o na cama imediatamente e cantei sua$emente para ele. Seu cabelo negro destaca$a'se contra o tra$esseiro branco. (epois de ele fechar os olhos, fui ao telefone e disquei para o hospital da =amília Sagrada em IaQalpindi. (entro de um minuto *ooni esta$a no telefone. Ela concordou que de$íamos le$ar Mamude para o hospital imediatamente e que marcaria um e)ame completo para a tarde do dia seguinte. Eu podia ficar num quarto ad3acente, e teria um quarto menor pegado ao meu para uma criada. @. era quase noite quando nos alo3amos no hospital. *ooni tinha a noite li$re para passar conosco. Kogo, Mamude e a mãe esta$am dando risadas por causa de algumas gra$uras que Mamude esta$a pintando num li$ro que ela lhe ha$ia trazido. Eu, recostada na cama, lia a %íblia. *amb"m ha$ia trazido comigo o Alcorão, mas a esta altura eu lia o Alcorão por um sentimento de de$er, mais do que interesse. (e repente as luzes do quarto tremularam e se apagaram. =icou totalmente escuro. , 1utra falta de energia ,, disse eu, e)asperada. , >oc0 $iu algumas $elas? /um instante a porta se abriu e uma freira entrou com uma lanterna. , Espero que a escuridão não os tenha incomodado ,, disse ela, alegremente. , Arran3aremos algumas $elas rapidamente. Ieconheci'a. Era a (ra. +ia Santiago, uma senhora franzina, de #culos, filipina, respons.$el por todo o hospital. Ba$íamo'nos conhecido em uma $isita anterior. Quase imediatamente outra freira entrou com $elas e num instante, a c.lida luz in$adiu o quarto. Mamude e *ooni retomaram a con$ersa interrompida. =iquei con$ersando com a (ra. Santiago. /ão podia dei)ar de notar que ela olha$a fi)amente para minha %íblia. , A senhora se incomoda se eu me sentar um pouco? , perguntou a (ra. Santiago. , Seria um prazer ,, disse eu, presumindo que fosse simplesmente uma $isita de cortesia. Ela sentou'se numa cadeira ao p" da cama. , 1h ,, disse ela, tirando os #culos e en)ugando a testa com um lenço , tem sido uma noite tremendamente mo$imentada. Meu coração simpatiza$a com ela. 1s muçulmanos sempre ti$eram respeito por essas santas mulheres que desistiam do mundo a fim de ser$ir ao seu (eusD sua f" podia estar colocada em lugar errado, mas sua sinceridade era real. /o decorrer da con$ersa, percebi que essa mulher tinha algo mais em mente. Era a %íblia. +odia $0'la olhando para ela com curiosidade crescente. =inalmente, inclinando'se para a frente perguntou em tom confidencial7 , Madame Shei&h, que est. a senhora fazendo com uma %íblia? , Estou em busca sincera de (eus , respondi. E então, enquanto as $elas diminuíam contei'lhe, a princípio um tanto cautelosa, e depois com aud.cia crescente, os meus sonhos, minha con$ersa com a Sra. Mitchel e estar comparando a %íblia com o Alcorão. , 1 que quer que aconteça ,, enfatizei ,, de$o encontrar (eus, mas estou confusa a respeito de sua f" , disse finalmente, compreendendo que enquanto fala$a descobria algo importante , $oc0s parecem tornar (eus tão... não sei... tão pessoal! 1s pequeninos olhos da freira encheram'se de compai)ão. Jnclinou'se para frente7 , Madame Shei&h ,, disse ela, com a $oz cortada de emoção , s# h. uma maneira de descobrir por que sentimos assim. E essa maneira " descobrir por si mesma, por estranho que isso possa parecer. +or que a senhora não ora ao (eus que est. buscando? +eça'lhe que lhe mostre o caminho. 4on$erse com ele como se ele fosse seu amigo. Sorri. Era como se ela esti$esse sugerindo que eu fosse con$ersar com o *a3 Mahal. Mas então a (ra. Santiago disse algo que passou atra$"s de mim como uma descarga el"trica. Ela se achegou para mais perto, tomou'me as mãosD l.grimas corriam'lhe pelas faces. , 4on$erse com ele ,, disse ela mui calmamente , como se ele fosse seu pai. Endireitei'me rapidamente. 2m sil0ncio de morte enchia o quarto. At" a con$ersa de Mamude com *ooni ficara pendurada entre pensamentos. 1lhei para a freira cu3os #culos rebrilha$am 5 luz da $ela. 4on$ersar com (eus como se fosse meu pai! 1 pensamento sacudia minha alma com a maneira peculiar que a $erdade possui de, ao mesmo tempo, espantar e confortar. Então, como se de comum acordo, todos começaram a falar a uma s# $ez. *ooni e Mamude riram concordando que o guarda'sol de$ia ser pintado de ro)o. A (ra. Santiago sorriu, le$antou'se, dese3ou felicidades a todos, arrepanhou o h.bito e saiu do quarto. /ada mais foi dito a respeito da oração ou do cristianismo. Entretanto, passei o resto dessa noite e a manhã do dia seguinte, estonteada. 1 que torna$a a e)peri0ncia especialmente misteriosa era o fato de os m"dicos não poderem encontrar nada errado com Mamude, que continua$a a dizer que o ou$ido não lhe doía nem um pouquinho. A princípio, irritei'me com a perda de tempo e com o trabalho que tudo isso ha$ia acarretado. Então $eio'me o pensamento de que tal$ez, de alguma maneira mística, (eus tinha apro$eitado essa situação para colocar'me em contato com a (ra. Santiago. Mais tarde, nessa manhã, Manzur le$ou'nos de $olta a Fah. Ao dei)armos a rodo$ia *ronco Trande e entrarmos em nossa rua, eu podia $er o teto cor de cinza de minha casa atra$"s das .r$ores. Teralmente $ia minha casa como um retiro afastado do mundo. Mas ho3e parecia e)istir uma diferença na casa, como se algo especial esti$esse para acontecer. Ao apro)imarmo'nos da casa, Manzur começou a buzinar. 1s criados correram a rodear o carro. , 1 pequeno est. bem? , pergunta$am todos ao mesmo tempo. Sim, assegurei'lhes que Mamude esta$a bem. Mas minha mente não esta$a nas festi$idades do retorno ao lar. Encontra$a' me nesse no$o caminho 5 busca de (eus. Subi para meu quarto a fim de meditar em tudo o que esta$a acontecendo. Muçulmano algum, tinha a certeza, 3amais ha$ia pensado em Al. como pai. (esde a inf-ncia ha$iam'me ensinado que a maneira mais certa de conhecer Al. era orar cinco $ezes por dia, estudar o Alcorão e nele meditar. Mas as pala$ras da (ra. Santiago continua$am $indo'me 5 mente7 N4on$erse com (eus. 4on$erse com ele como se fosse seu pai.N Sozinha no quarto, a3oelhei'me e tentei cham.'lo de N+aiN. Mas foi um esforço in6til. Ke$antei'me desapontada. Era ridículo! Ser. que não era pecado tentar trazer o Trande Ser ao nosso pr#prio ní$el? /essa noite dormi mais confusa do que nunca. Acordei horas mais tarde. @. passa$a da meia'noite, meu ani$ers.rio, 9[ de dezembro. 4ompleta$a G; anos de idade. Senti uma e)citação moment-nea, lembrei'me da inf-ncia quando os ani$ers.rios eram festi$ais com bandas de m6sica no gramado, 3ogos, parentes chegando 5 casa o dia inteiro. Agora, não ha$eria celebração, alguns telefonemas tal$ez, nada mais. 1h, como sentia falta dos dias da inf-ncia! +ensa$a em meus pais e $inham'me 5 mente as lembranças melhores que tinha deles. Mamãe, tão amorosa, tão real e linda. E papai. Eu tinha tanto orgulho dele, de sua alta posição no go$erno indiano! Ainda podia $0'lo, impeca$elmente $estido, a3eitando o turbante ao espelho, antes de sair para o escrit#rio. 1s olhos amigos sob a sobrancelha cerrada, o sorriso gentil, as feiçes definidas e o nariz aquilino. 2ma das minhas recordaçes mais queridas era $0'lo trabalhando no seu escrit#rio. Embora $i$0ssemos numa sociedade em que os filhos recebiam mais atenção do que as filhas, papai da$a $alor igual a todos. Muitas $ezes, em criança, quando tinha uma pergunta que queria fazer'lhe, fica$a olhando'o da porta do escrit#rio, hesitando em interromp0'lo. Então os olhos dele encontra$am'se com os meus. +ondo a caneta sobre a mesa, ele se inclina$a para tr.s e chama$a7 NQuicha?N e eu entra$a de$agar no gabinete, cabisbai)a. Ele sorria e mostra$a a cadeira perto da sua. , >enha, minha querida, sente'se aqui ,. Então coloca$a os braços ao meu redor e atraía'me a si. , Agora, minha pequena Quicha ,, pergunta$a ele gentilmente , que posso fazer por $oc0? +apai era sempre o mesmo. /ão se importa$a que eu o incomodasse. Sempre que eu tinha uma pergunta ou um problema, não importa$a quão ocupado ele esti$esse, coloca$a de lado seu trabalho e de$ota$a'me atenção total. @. passa$a da meia'noite, e eu, deitada na cama, saborea$a essas recordaçes mara$ilhosas. , 1h, obrigado... , murmurei para (eus. Ser. que eu esta$a realmente con$ersando com ele? Subitamente, um raio de esperança atingiu'me. Suponhamos, simplesmente suponhamos, que (eus fosse como um pai. Se meu pai terreno coloca$a tudo de lado para ou$ir'me, tamb"m não o faria meu pai celestial...? *remendo de emoção, saí da cama, a3oelhei'me no tapete, olhei para o c"u e numa compreensão no$a e rica, chamei a (eus de Nmeu paiN. Eu não esta$a preparada para o que ia acontecer. 5. A ENCRUZILHAA N1h, +ai, meu +ai... (eus +ai.N Besitantemente, disse o nome dele em $oz alta. *entei maneiras diferentes de falar com ele. E então, como se algo se hou$esse desfeito dentro de mim, descobri que acredita$a que de$eras ele me ou$ia, assim como meu pai terreno sempre o ha$ia feito. N+ai, oh, meu +ai (eusN, clamei, com confiança crescente. Minha $oz parecia inusitadamente alta no grande quarto, enquanto me a3oelha$a no tapete ao lado da cama. (e repente, aquele quarto 3. não esta$a $azio. .le esta$a l.! Eu podia perceber sua presença. +odia sentir'lhe a mão colocada gentilmente sobre minha cabeça. Era como se eu pudesse ver seus olhos, cheios de amor e compai)ão. Ele esta$a tão perto que coloquei minha cabeça sobre seus 3oelhos, como a criancinha sentada aos p"s do pai. =iquei ali a3oelhada por um longo tempo, soluçando quietamente, flutuando em seu amor. 4on$ersei com ele, pedi desculpas por não t0'lo conhecido antes. E de no$o, sua compai)ão amorosa, como um c.lido cobertor, en$ol$eu'me toda. Ieconheci ser essa a mesma presença amorosa que ha$ia encontrado naquela tarde fragrante em meu 3ardim. A mesma presença que muitas $ezes ha$ia sentido ao ler a %íblia. , Estou confusa, +ai... , disse eu. , *enho de acertar uma coisa imediatamente ,. Ke$ei a mão 5 mesa de cabeceira onde tinha a %íblia e o Alcorão lado a lado. Apanhei ambos os li$ros e le$antei'os, um em cada mão. , Qual, +ai? , disse eu. , Qual destes " o teu li$ro? Então uma coisa admir.$el aconteceu. /ada igual 3amais ha$ia acontecido em minha $ida. 1u$i uma $oz dentro de mim, uma $oz que me fala$a tão claramente como se eu repetisse as pala$ras mentalmente. +ala$ras af.$eis, e ao mesmo tempo cheias de autoridade. , Em qual dos li$ros $oc0 me conhece como +ai? Iespondi7 , /a %íblia. Era disso que eu precisa$a. Agora não ha$ia d6$ida em minha mente de qual li$ro era o dele. 1lhei para o rel#gio e fiquei admirada ao descobrir que ha$iam passado tr0s horas. Entretanto, eu não esta$a cansada. (ese3a$a continuar orando, queria ler a %íblia, pois agora sabia que meu +ai falaria por interm"dio dela. S# fui para a cama quando percebi que minha sa6de o e)igia. Mas cedo na manhã seguinte, disse 5s criadas que não queria ser perturbadaD peguei de no$o a %íblia e reclinei'me no di$ã. +rincipiando com Mateus, comecei a ler o /o$o *estamento pala$ra por pala$ra. =iquei impressionada por ter (eus falado a seu po$o em sonhos, cinco $ezes na primeira parte de Mateus! =alou com @os" a respeito de Maria. Ad$ertiu os s.bios quanto a Berodes, e tr0s $ezes mais dirigiu'se a @os" a respeito da proteção ao menino @esus. *odo o tempo que eu podia encontrar para a %íblia ainda era pouco. *udo o que eu lia, parecia dirigir'me para algum tipo de comunhão mais íntima com (eus. Encontrei'me numa grande encruzilhada. *inha encontrado pessoalmente o (eus +ai. Sabia, dentro do coração, que de$ia entregar'me totalmente a seu filho @esus ou então $oltar'lhe as costas por completo. E tinha certeza de que todos os que eu ama$a aconselhar'me' iam a dar as costas a @esus. >eio'me 5 mente a lembrança de um dia especial e precioso, muitos anos atr.s, quando meu pai me le$ou 5 mesquita de nossa família. Est.$amos a s#s. Entramos na c-mara de ab#bada alta. +egando'me pela mão, papai contou'me, com grande orgulho e forte identificação, que $inte geraçes de nossa família ha$iam cultuado ali. , Que pri$il"gio " o seu, minha pequena Quicha, de fazer parte desta $erdade antiga! +ensei em *ooni. +or certo que essa 3o$em mulher 3. tinha problemas suficientes. E tamb"m ha$ia meus outros filhosD embora $i$essem longe, eles tamb"m ficariam magoados se eu Nme tornasse cristãN. E tamb"m ha$ia meu tio =ateh, que me obser$ara com tanto orgulho no dia em que completei quatro anos, quatro meses e quatro dias de idade e comecei a aprender a ler o Alcorão. E ha$ia a amada tia Amina e todos os meus outros parentes , algumas centenas de NtiosN, NtiasN e NprimosN. /o 1riente, a família torna'se biraderi, uma comunidade, e cada membro " respons.$el pelo outro. Eu podia magoar a família de muitas maneirasD podia at" mesmo interferir no casamento de minhas sobrinhas, uma $ez que teriam de $i$er 5 sombra de minha decisão se eu escolhesse unir'me aos N$arredores de ruasN. Mas acima de tudo preocupa$a'me com meu netinho MamudeD o que lhe aconteceria? Meu coração deu um pulo ao pensar no pai de Mamude. Era um homem muito f6til, que podia muito bem tentar tirar'me o menino se eu me tornasse cristã, o que claramente mostraria minha instabilidade mental. /esse dia, enquanto lia e medita$a em meu quarto, esses pensamentos queimaram'me o coração. Ao reconhecer a dor que eu poderia infligir aos outros, tal pensamento tornou'se demais para mim e le$antei'me chorando. Enrolei'me num )ale e saí para o 3ardim frio, o meu ref6gio, onde parecia poder pensar melhor. , 1h, Senhor ,, clamei, enquanto anda$a pelo caminho encascalhado , ser. que realmente dese3as que eu dei)e minha família? +ode um (eus de amor dese3ar que eu faça os outros sofrerem? , E na escuridão de meu desespero, tudo o que podia ou$ir eram suas pala$ras, as pala$ras que acabara de ler em Mateus7 Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não " digno de mimD quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não " digno de mim... Mateus 9R7H; Este @esus não contemporiza$a. /ão aceita$a competição. Suas pala$ras eram duras e constrangedorasD pala$ras que eu não queria ou$ir. %asta! /ão podia mais suportar a pressão da decisão. Jmpulsi$amente corri para casa, mandei chamar Manzur e disse 5 caseira espantada que eu ia a IaQalpindi. =icaria fora por alguns dias. Se precisasse de mim podia encontrar'me em casa da minha filha. Manzur le$ou'me a IaQalpindi onde passei $.rios dias fazendo compras7 brinquedos para Mamude, perfumes e saris para mim. /ão fiquei surpresa, ao continuar minhas compras, de encontrar'me afastando do calor da presença de (eus. 4erta $ez, quando um balconista desenrola$a certa peça de fazenda, mostrando'me as gemas bordadas num desenho rico, de s6bito $i a forma da cruz no padrão. Murmurei qualquer coisa e fugi. /a manhã seguinte $oltei a Fah sem a determinação de permanecer muçulmana e sem a determinação de tornar'me cristã. Então, certa noite, ao descontrair'me ao lado da lareira, apanhei a %íblia de no$o. Mamude dormia. A sala de estar esta$a em sil0ncio. 1 $ento do 3ardim batia contra as 3anelasD o fogo crepita$a. Eu ha$ia lido todos os e$angelhos e o li$ro de Atos, e nessa noite ha$ia chegado ao 6ltimo li$ro da %íblia. Apocalipse fascina$a' me, embora compreendesse muito pouco dele. Kia, como se esti$esse sendo guiada, cheia de uma confiança estranha. Então, de repente cheguei a uma sentença que fez o quarto rodopiar. Era o $ersículo $inte do capítulo tr0s de Apocalipse7 Eis que estou 5 porta, e batoD se algu"m ou$ir a minha $oz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo. =altou'me o fClego e o li$ro caiu'me ao colo. Este era meu sonho, o sonho em que @esus ha$ia ceado comigo! /a "poca em que ti$e esse sonho eu não ha$ia lido o li$ro do Apocalipse. =echei os olhos e uma $ez mais podia $er @esus sentado 5 mesa em minha frente. +odia $er'lhe o sorriso afetuoso, sua aceitação. E a gl#ria tamb"m esta$a l.! (o mesmo modo que esti$era com o +ai. Era a gl#ria que pertencia 5 sua presença! Agora eu sabia que meu sonho tinha $indo de (eus. 1 caminho esta$a claro. Eu podia aceit.'lo ou re3eit.'lo. Eu podia abrir a porta, pedir'lhe que entrasse permanentemente, ou podia fechar'lhe a porta. *eria de tomar a decisão 2á, de uma maneira ou de outra. *omei minha decisão e a3oelhei'me 5 frente da lareira. , Y (eus, não esperes nem mais um instante. +or fa$or, entra em minha $ida. Meu ser inteiro est. aberto para ti. , /ão foi preciso lutar nem preocupar'me acerca do que aconteceria. Ba$ia dito NsimN. 4risto esta$a agora em minha $ida, e eu o sabia. Que coisa mais linda! Em poucos dias eu ha$ia encontrado (eus o +ai e depois (eus o =ilho. Ke$antei'me e comecei a preparar'me para dormir, com a mente em tor$elinho. Ser. que eu ousa$a dar um passo mais? Kembrei'me que no li$ro de Atos, no dia de +entecoste, @esus ha$ia batizado seus seguidores com o Espírito Santo. (e$ia eu seguir esse mesmo padrão? , Senhor ,, disse eu, enquanto descansa$a a cabeça no tra$esseiro , não tenho ningu"m para dirigir'me a não ser o Senhor mesmo. Se o Senhor dese3a que eu receba o batismo no Espírito Santo, então, " claro, dese3o o que o Senhor dese3a. Estou pronta ,. Sabendo que ha$ia colocado a mim mesma completamente em suas mãos, adormeci. Era ainda escuro quando acordei num estado de e)pectati$a $ibrante naquela madrugada de [G de dezembro de 9:<<. 1lhei para o rel#gio fluorescente e os ponteiros marca$am tr0s horas da manhã. 1 quarto esta$a muito frio mas eu me queima$a de emoção. Arrastei'me para fora da cama e caí de 3oelhos no tapete frio. Ao le$antar os olhos, parecia estar olhando para uma grande luz. K.grimas quentes escorriam'me pelas faces enquanto le$anta$a as mãos para ele e clama$a7 , Y (eus +ai, batiza'me com teu Espírito Santo! +eguei a %íblia e abri'a onde o Senhor dizia7 +orque @oão, na $erdade, batizou com .gua, mas $#s sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. Atos 97L , Senhor ,, clamei, , se estas pala$ras tuas forem $erdadeiras, então d.'me esse batismo agora ,. Amontoei'me no chão frio com o rosto em terra, e continuei a clamar7 , Senhor ,, solucei , não dese3o le$antar'me deste lugar at" que me d0s esse batismo ,. (e repente, fiquei cheia de espanto e admiração. +ois naquele quarto silente, antes do nascer do sol, eu $i o rosto dele. Algo passou atra$"s de mim, ondas ap#s ondas de um oceano purificador, inundando'me at" as pontas dos dedos das mãos e dos p"s, la$ando'me a alma. Então as ondas poderosas diminuíram de intensidadeD o oceano celestial aquietou'se. Eu esta$a completamente limpa. Alegria e)plodiu dentro de mim e clamei lou$ando'o e agradecendo'lhe. Boras mais tarde, senti o Senhor erguer'me. Ele dese3a$a que eu me le$antasse. 1lhei para fora das 3anelas e $i que 3. era quase aurora. , Y Senhor ,, disse eu, enquanto me deita$a na cama. , Ser. que o c"u do qual o Senhor fala " melhor do que isto? 4onhecer'te " alegriaD adorar'te " felicidadeD estar perto de ti " paz. E isto " c"u! (u$ido que tenha dormido duas horas naquela madrugada. +arecia não ter passado tempo nenhum quando minhas criadas entraram para a3udar'me a $estir. =oi a primeira manhã, que me lembre, em que não disse nenhuma pala$ra dura contra elas. Ao contr.rio, reina$a certa atmosfera de calma e paz no quarto inundado de sol. Iaisham at" murmurou uma canção enquanto me esco$a$a o cabelo, coisa que nunca ha$ia feito antes. (urante todo aquele dia andei pela casa, lou$ando a (eus silentemente, quase não podendo conter a alegria interior. /a hora do almoço Mamude tirou os olhos das panquecas e disse7 , Mamãe, a senhora est. tão sorridenteD o que lhe aconteceu? +assei a mão pela cabeça dele, emaranhando'lhe o cabelo preto e lustroso. , (0'lhe um pouco de ralva ,, disse ao cozinheiro. Este prato, feito de trigo, manteiga e aç6car era o seu doce fa$orito. (isse a Mamude que celebraríamos o /atal na casa dos Mitchell. , /atal? , disse Mamude. , E um feriado ,, disse eu , parecido com o (amazan ,. E isso, Mamude compreendia. Iamazan era o m0s do ano muçulmano em que Maom" recebeu sua primeira re$elação. (e modo que nesse m0s, todo ano, os muçulmanos 3e3uam do nascer ao pCr'do'sol, quando os tambores tro$e3am nas mesquitas e enchemo'nos de guloseimas, doces, frutos amargos, folhas de espinafre fritas em manteiga, berin3ela delicadamente cozida e kabobs suculentos. /atal, supunha eu, de$ia parecer um pouco com o Iamazan, e eu esta$a certa. Quando (a$id foi'nos encontrar 5 porta de sua casa, delicioso cheiro de comida flutua$a ao seu redor, e ou$iam'se risos dentro da casa. , Entrem! Entrem! , e)clamou ele, le$ando'nos para uma sala de estar cheia do espírito festi$o. 2ma .r$ore de /atal brilha$a no canto e o riso dos dois filhos de Mitchell, um pouquinho mais $elhos que Mamude, escapa$am de outro quarto. Mamude, alegremente, uniu'se a eles no brinquedo. @. não podia mais conter minha alegria. , (a$id! , e)clamei, usando o seu primeiro nome sem nem mesmo perceber , agora sou cristã! =ui batizada com o Espírito Santo! Ele olhou para mim por alguns instantes, então le$ou'me para dentro da casa. , Quem lhe falou acerca do batismo no Espírito Santo? , perguntou ele, os olhos cor de cinza bem abertos. Ele começou a rir alegremente e a lou$ar a (eus. Ao ou$ir seus Naleluias!N SAnno$e entrou correndo na sala, $indo da cozinha e (a$id perguntou'me no$amente7 , Quem lhe contou? , @esus contou'me ,, sorri. , Ki'o no li$ro de AtosD pedi'o a (eus e o recebi. *anto (a$id como SAnno$e pareciam desnorteados. Então correram para mim. SAnno$e colocou os braços ao meu redor e desfez'se em l.grimas. (a$id uniu'se a ela. Então, n#s tr0s, de braços dados, lou$amos a (eus pelo que ha$ia feito. /essa noite comecei um di.rio de todas as coisas mara$ilhosas que o Senhor esta$a fazendo por mim. Se eu morresse , e eu não tinha id"ia do que podia acontecer a mim uma $ez que se espalhasse a notícia de eu ter'me tornado cristã , queria, pelo menos, que este registro da minha e)peri0ncia permanecesse. Enquanto escre$ia minhas e)peri0ncias, não tinha id"ia de que (eus fazia preparaçes a fim de começar minha educação. !. APRENENO A ENCONTRAR SUA PRESENÇA >.rias surpresas aguarda$am'me nos dias seguintes. 1u$i pala$ras que não posso traduzir mas nunca me esquecerei das cenas. (urante uma dessas e)peri0ncias eu $i uma torre que se alça$a aos c"usD subitamente, perante mim, esta$am centenas de igre3as, no$as, antigas, igre3as de todos os estilos e, finalmente uma linda igre3a dourada. 1utra $ez a cena se mudou e $i .reas do centro das cidades desenrolarem'se perante mim. 4entros comerciais modernos e praças antiquadas. Era tudo tão claroD podia di$isar os arranha'c"us, as torres com rel#gios e edifícios lindamente ornamentados. /ão podia dei)ar de pensar que isto me ha$ia sido dado por um moti$o especial, ainda desconhecido. (escobri tamb"m, ao ler as Escrituras, que era uma e)peri0ncia completamente diferente das que 3. ti$era em leituras anteriores. Alguma coisa acontecia comigo 5 medida que liaD em $ez de ler a %íblia, encontrei'me $i$endo'a. Era como se passasse atra$"s de suas p.ginas para o mundo antigo da +alestina onde @esus 4risto andou pelas estradas pedregosas da Talil"ia. >i'o pregando, ensinando, $i$endo sua mensagem nas situaçes do dia' a'dia, demonstrando o poder do Espírito, e finalmente, indo 5 cruz e passando $itoriosamente pela e)peri0ncia da morte. +ara minha surpresa, tamb"m descobri, que o efeito da leitura bíblica esta$a começando a ser sentido pelos outros. +ercebi isto certa manhã quando minhas criadas prepara$am'me a toalete. /ur'3an arruma$a os pentes e as esco$as de prata numa bande3a quando, acidentalmente, derrubou tudo. 1 barulho foi grande. Ela enri3eceu'se, os olhos muito abertosD eu sabia que ela espera$a meu massacre costumeiro. E de$eras, quando dei por mim, esta$a a ponto de repreend0'la. Em $ez disso, eu disse7 , /ão se preocupe, /ur'3an. /ão se quebraram. Então uma ousadia peculiar começou a tomar conta de mim. At" então eu tinha tido medo de dizer a qualquer pessoa do meu interesse por 4risto. +rimeiro porque tinha horror 5 id"ia das pessoas fazerem pouco da N%egum li)eiraN. E tamb*m, tinha medo de minha família colocar'me no ostracismoD o pai de Mamude podia at" tentar tir.'lo de mim. *emia at" que algum fan.tico le$asse a s"rio a in3unção7 a"uele "ue se desvia da f* deve morrer. (e modo que não esta$a realmente ansiosa em ser $ista na casa dos Mitchell. 1 grupo de mulheres, que naquela noite ha$ia saído da cada de (a$id e SAnno$e ainda me preocupa$a. Meus pr#prios criados certamente sabiam que algo incomum esta$a acontecendo comigo. Ao pensar em tudo isso, $i que esta$a $i$endo num estado de inquietação constante, não sabendo quando a pressão contra mim iria começar. Mas depois dos meus tr0s encontros com (eus, fiz uma admissão surpreendente a mim mesma certo dia. /o que me dizia respeito, minha decisão de tornar'me cristã era do conhecimento p6blico. 4omo diz a %íblia, eu esta$a Nconfessando @esus com os meus l.biosN. , %em, , disse a mim mesma, de p", 5 3anela do quarto certo dia , esperemos para $er os resultados. Mas não espera$a resultados assim tão r.pidos. Kogo depois do /atal de 9:<<, a criada do andar t"rreo $eio a mim com o sobrolho enrugado7 , A Sra. Mitchell est. aqui e quer $0'la, %egum , disse ela. , 1h? , disse eu, tentando parecer casual , mande'a entrar. , Meu coração batia forte enquanto ia 5 porta receber minha $isita. , =ico muito honrada com a sua $isita , disse eu, certificando'me de que a criada, que esta$a ainda por perto, me ou$isse. SAnno$e tinha $indo con$idar'me para 3antar. , *eremos outras pessoas presentes tamb"m, pessoas que temos certeza a senhora gostar. de conhecer , disse ela. 1utros? Senti a $elha parede erguer'se dentro de mim. SAnno$e de$e ter percebido meu olhar hesitante pois procurou dar' me segurança. , A maioria " cristã , disse ela. , Alguns são ingleses, outros, norte'americanos. A senhora $iria? , seus olhos implora$am esperançosamente. E, com mais entusiasmo do que sentia, disse que seria um grande prazer. +ergunta$a'me a mim mesma por que tantos cristãos eram tão tímidos! Eu tinha estado em contato com cristãos antes, geralmente em 3antares de estado, onde eu fora anfitriã e esposa de oficial do go$erno. 1s 3antares, em geral, eram acontecimentos formais, ser$idos por criados de libr"D acontecimentos longos, muita comida, cada prato ser$ido separadamente, na melhor bai)ela, melhor porcelana. Ba$ia muitos cristãos de diferentes nacionalidades entre os con$idados, mas nenhum deles 3amais menciona$a sua f", ainda que tal assunto pudesse fazer parte da con$ersa. As pessoas que eu ha$eria de encontrar na casa dos Mitchell, sentia eu, não seriam tão tímidas. /o dia seguinte, esta$a de no$o na estrada, que agora 3. se torna$a familiar, em direção 5 casa dos Mitchell. (a$id e SAnno$e cumprimentaram'me calorosamente e apresentaram'me a seus amigos. +ergunto a mim mesma como teria me sentido se ti$esse ficado sabendo, nesse dia, o grande papel que algumas dessas pessoas iriam desempenhar em minha $ida. 1 primeiro casal era Oen e Marie 1ld. Oen era um ingl0s, cu3os olhos azuis brilha$am cheios de humor por tr.s de #culos espessos. Engenheiro ci$il com ar de informalidade tão f.cil como as roupas amarrotadas que usa$a. Marie, sua esposa, era enfermeira norte'americana com uma atitude pr.tica, desmentida por um lindo sorriso. 1s outros tamb"m eram pessoas afetuosas e amigas. E então, para meu horror, descobri que eu era o centro das atençes. *odos esta$am ansiosos para ou$ir as minhas e)peri0ncias. 1 que espera$a ser um 3antar calmo transformou'se num período de perguntas e respostas. A sala de 3antar esta$a em sil0ncio , at" as crianças senta$am'se quietas , enquanto eu conta$a meus sonhos, e meus encontros separados com as tr0s personalidades de (eus. /o fim do 3antar (a$id cumprimentou a esposa pela refeição mas disse que o alimento espiritual de minha hist#ria fora ainda mais rico. , 4oncordo , disse Oen 1ld. , @. a $i antes, a senhora sabe. @. morei em Fah. (e manhã cedo eu passa$a por seu 3ardim e admira$a suas flores. 8s $ezes a $ia no 3ardim mas de$o dizer que a senhora não parece a mesma mulher. , Eu sabia o que ele queria dizer. A %ilquis Shei&h de alguns meses atr.s tinha sido uma pessoa que não sorria. , A senhora " como uma criança , continuou Oen , que de repente recebeu um presente. Em seu rosto percebo uma admiração incrí$el por causa dessa d.di$a. A senhora d. mais $alor a ela do que a qualquer coisa que 3. possuiu. Senti que gosta$a desse homem. *i$e con$ersas agrad.$eis com os outros, e percebi que esti$era certa. Esses cristãos eram muito diferentes dos cristãos que tinha encontrado em outros 3antares. Antes de terminar a noite, cada pessoa ha$ia contado um pouco do que o Senhor esta$a fazendo em sua $ida. (a$id tinha razão. A refeição fora e)celente, mas o alimento $erdadeiro $inha da +resença naquela casa pequena. /unca tinha $isto nada parecido, e comecei a dese3ar que pudesse conseguir esse tipo de alimento regularmente. E " por isso que, quando ia retirar'me o coment.rio de Oen te$e tão grande impacto sobre mim. Oen e Marie $ieram a mim e pegaram'me pela mão. , >oc0 $ai precisar de comunhão cristã regularmente, agora, %ilquis , disse Oen , gostaria de $ir 5 nossa casa aos domingos 5 noite? , +oderia? , insistiu Marie com esperança na $oz. E foi assim que comecei a freqMentar regularmente as reunies com outros cristãos. Aos domingos 5 noite reuníamo'nos na casa dos 1ld, uma habitação feita de ti3olos cu3a sala de estar mal podia acomodar a dezena de pessoas que ali se reuniam. Somente duas destas eram paquistanenses, o restante eram norte'americanos e ingleses. 4onheci pessoas no$as tamb"m, como o (r. e a Sra. 4hristA. Este m"dico norte'americano, magro e com apar0ncia de grande energia era um especialista de olhos e sua esposa, enfermeira. Ambos pertenciam ao quadro de empregados do hospital da missão local. /as reunies, cant.$amos, líamos a %íblia e or.$amos uns pelos outros. Iapidamente essas reunies tornaram'se o ponto alto da minha semana. Então, certo domingo, não me senti com muita $ontade de ir. *elefonei aos 1ld e dei algumas desculpas. +arecia uma coisa mínima. Mas quase instantaneamente comecei a sentir'me mal. 1 que era? Andei pela casa inquietamente $erificando o trabalho dos criados. *udo esta$a em ordem, entretanto tudo parecia fora de ordem. Então fui para meu quarto e a3oelhei'me para orar. (epois de algum tempo Mamude entrou, tão silenciosamente que não percebi sua presença at" sentir sua mãozinha sua$e na minha. , Mamãe, a senhora est. bem? , perguntou ele. , A senhora est. com um rosto tão engraçado! , Sorri, assegurando' lhe que sim, que esta$a bem. , %em, a senhora fica andando por aí procurando, como se ti$esse perdido alguma coisa. Ele se foi, saltitando corredor abai)o. Então parecia que eu tinha perdido algo? Mamude tinha razão. E eu sabia o que ha$ia perdido. Ba$ia perdido o sentimento da gl#ria de (eus. Ela ha$ia desaparecido! +or qu0? Ser. que tinha algo que $er com o não ir 5 reunião na casa dos 1ld? 1u não ter comunhão quando dela precisa$a? 4om um sentimento de urg0ncia telefonei para Oen e disse que estaria l., afinal de contas. Que diferença! Senti imediatamente, realmente senti, a $olta do calor 5 minha alma. =ui 5 reunião como prometera. /ada incomum aconteceu. Entretanto, sabia que de no$o esta$a andando em sua gl#ria. Oen aparentemente tinha tido razão. Eu precisava de comunhão. Ba$ia aprendido minha lição. (esse dia em diante tomei a resolução de assistir 5s reunies regularmente a menos que o pr#prio @esus me dissesse para não ir. 8 medida que me apro)ima$a mais de (eus, um passo aqui, outro ali, percebi que tinha mais fome de sua +ala$ra, a %íblia. *odos os dias assim que me le$anta$a, começa$a a ler a %íblia com um sentimento constante de novidade. A %íblia torna$a'se $i$a para mim, iluminando'me o dia, derramando luz em cada passo que eu de$ia dar. Era, de fato, meu perfume ador.$el. Mas aqui, tamb"m, descobri uma coisa estranha. 4erto dia Mamude e eu de$íamos ir $isitar sua mãe e passar o dia com ela. =ui para a cama tarde na noite anterior e não me sentia com $ontade de le$antar'me de madrugada a fim de passar uma hora com a %íblia, de modo que disse a Iaisham para acordar'me com o ch. logo antes do hor.rio em que de$íamos sair. /essa noite não dormi nada bem. =iquei rolando, retorcendo' me na cama e ti$e sonhos ruins. Quando Iaisham entrou, eu esta$a e)austa. +ercebi que o dia todo não saiu bem. Estranho! Que esta$a o Senhor me dizendo? Ele espera$a que eu lesse a %íblia todos os dias? Essa era a segunda $ez em que eu parecia estar saindo da gl#ria da presença do Senhor. Mas a e)peri0ncia, não obstante, dei)ou'me um estranho sentimento de emoção. +ois eu tinha o sentimento de estar $i$endo, sem perceber, uma $erdade importante. Ba$ia horas em que eu esta$a na presença e e)perimenta$a aquele sentimento pro' fundo de alegria e paz, e ha$ia horas em que perdia o sentimento de sua presença. Qual era o segredo? 1 que podia eu fazer para permanecer perto dele? +ensei nos momentos em que ele parecia inusitadamente perto, retrocedi at" meus dois sonhos e 5quela tarde quando percebi a fragr-ncia esquisita no meu 3ardim de in$erno. +ensei na primeira $ez que fui 5 casa dos Mitchell e nas $ezes posteriores em que ha$ia lido a %íblia regularmente, e ido 5s reunies dominicais na casa dos 1ld. Quase sempre essas foram horas em que sabia que o Senhor esta$a comigo. *amb"m pensei nos momentos opostos, momentos em que sabia ha$er perdido o sentimento da sua pro)imidade. 4omo " que a %íblia descre$ia tal coisa? . n$o entriste0ais o .sp3rito de ,eus VEf"sios G7HRW. E isso que acontecia quando eu repreendia os criados? 1u quando falha$a em alimentar meu espírito com a leitura regular da %íblia? 1u quando eu simplesmente não ia 5 casa dos 1ld? +arte do segredo em permanecer em sua companhia era a obedi0ncia. Quando eu obedecia, então ele permitia que eu permanecesse em sua presença. +eguei a %íblia e procurei no e$angelho de @oão at" encontrar o $ersículo onde @esus diz7 Se algu"m me ama, guardar. a minha pala$raD e meu +ai o amar., e $iremos para ele e faremos nele morada. @oão 9G7[H Era dessa maneira que a %íblia e)pressa$a o que eu esta$a tentando dizer. +ermanecer na gl#ria. Era isso que eu esta$a tentando fazer! E o segredo era a obedi0ncia. , Y +ai ,, orei , quero ser tua ser$a, como a %íblia diz. 1bedecer'te'ei. Sempre pensei ser sacrifício desistir de minha pr#pria $ontade. Mas não " sacrifício porque faz com que eu fique perto de ti. 4omo " que tua presença poderia ser um sacrifício? Eu ainda não ha$ia acostumado com essas horas nas quais o Senhor parecia falar tão direto 5 minha mente, como estou con$encida que ele o fez naquele instante. Quem, a não ser o Senhor teria pedido que eu perdoasse a meu marido? Ama a teu antigo marido, 4il"uis. Perdoa-lhe. +or alguns instantes, fiquei sentada, em estado de choque. Sentir seu amor pelas pessoas em geral era uma coisa, mas amar o homem que tanto me ha$ia magoado? , +ai, simplesmente não posso faz0'lo. /ão dese3o abençoar Ohalid, nem perdoar'lhe. , Kembrei'me de que uma $ez ha$ia infantilmente pedido que o Senhor não con$ertesse a meu marido para que ele não sentisse a mesma alegria que eu possuía. E agora (eus pedia que eu amasse esse mesmo homem? +odia sentir a rai$a crescer dentro de mim enquanto pensa$a em Ohalid e rapidamente tirei'o do pensamento. , *al$ez eu simplesmente pudesse perdoar'lhe, Senhor? Jsso não seria suficiente? Era minha imaginação ou o brilho da presença do Senhor pareceu diminuir? , /ão posso perdoar a meu marido, Senhor. /ão tenho a capacidade para faz0'lo. Meu 3ugo " sua$e e o meu fardo " le$e VMateus 997HRW. , Senhor, não posso perdoar'lhe! , clamei. Então fiz uma lista mental de todas as coisas terrí$eis que ele ha$ia praticado contra mim. Ao fazer isso, outras feridas $ieram 5 superfície7 m.goas que ha$ia empurrado para o fundo da mente por serem humilhantes demais at" mesmo para pensar nelas. 1 #dio crescia dentro de mim e agora sentia'me totalmente separada de (eus. Amedrontada, gritei como uma criança perdida. E rapidamente, milagrosamente ele esta$a ali comigo em meu quarto. @ogando'me a seus p"s, confessei meu #dio e minha incapacidade de perdoar. Meu 2ugo * suave e o meu fardo * leve. Kenta e deliberadamente, entreguei meu fardo a ele. Abri mão de meu ressentimento, de minha m.goa, de minha ira e coloquei tudo em suas mãos. Subitamente percebi uma luz surgindo dentro de mim, um brilho como o da aurora. Iespirando li$remente, corri at" a penteadeira e apanhei a foto com a moldura douradaD olhei para o rosto de Ohalid. 1rei7 , Y +ai, desfaze meu ressentimento e enche'me com teu amor a Ohalid em nome de meu Senhor e Sal$ador @esus 4risto. =iquei ali em p" um longo tempo, olhando para a fotografia. Kentamente o sentimento negati$o dentro de mim começou a desaparecer. Em seu lugar surgiu um amor inesperado, um sentimento de cuidado pelo homem da foto. /ão podia acreditar. Esta$a, de fato, dese3ando o bem para meu e)'marido. , Y, abençoa'o, Senhor e d.'lhe alegria, faze'o feliz em sua no$a $ida. Ao e)primir esse dese3o, uma nu$em negra desprendeu' se de mim. 1 peso foi remo$ido de minha alma. Senti'me em paz e descontraída. 2ma $ez mais $i$ia em sua gl#ria. E uma $ez mais não queria dei)ar sua companhia. 4omo lembrete a mim mesma deste dese3o, desci at" o andar t"rreo, embora fosse tarde da noite, e peguei um pouco de tinta henna. 4om essa tinta desenhei uma cruz grande nas costas de cada mão a fim de sempre me lembrar. /unca, se esti$esse em meu poder, 3amais sairia de sua companhia deliberadamente. Ke$aria muito tempo, eu tinha certeza, para aprender a $i$er no brilho de sua presença, mas era uma "poca de treinamento que eu recebia com imensa emoção. E então, certa noite, ti$e uma e)peri0ncia aterradora. Eu não sabia que iria ter notícias do outro lado. ". O BATISMO COM FOGO E COM ÁGUA (ormia profundamente naquela noite de 3aneiro de 9:<; quando acordei espantada pelo sacudir $iolento da cama. Seria um terremoto? Meu coração encheu'se de um terror indizí$el. Então percebi uma presença horri$elmente maligna em meu quartoD uma presença definiti$amente demoníaca. (e repente fui 3ogada para fora da camaD se no espírito ou no corpo físico não sei. Mas fui 3ogada ao redor como uma palha num furacão. 1 rosto de Mamude relampe3ou perante mim e meu coração clamou por sua proteção. Jsto de$ia ser a morte, pensei, minha alma estremecendo. A presença horrenda engolfou'me como uma nu$em negra e instinti$amente clamei 5quele que era tudo para mim. , 1h, Senhor @esus! , 4om isso fui sacudida poderosamente, como o cão que estraçalha sua presa. , Estou cometendo um erro ao clamar a @esus? , gritei a (eus, no espírito. 4om isto uma grande força surgiu dentro de mim e clamei7 , 5nvocá-lo-ei! @esus! @esus! @esus! +ouco a pouco a de$astação amainou. =iquei deitada adorando e lou$ando ao Senhor. Entretanto, por $olta das H7RR horas da manhã, minhas p.lpebras tornaram'se pesadas demais e $oltei para a cama. Acordei de manhã quando Iaisham me trou)e o ch.. =iquei deitada por alguns instantes sentindo um tremendo alí$io. Ao fechar os olhos em oração, $i o Senhor @esus 4risto de p" perante mim. *razia uma $este branca e uma capa escarlate. Sorriu gentilmente para mim e disse7 , /ão se preocupeD isso não acontecer. mais. +ercebi, então, que essa e)peri0ncia cruciante fora sat-nica, um teste permitido por @esus para o meu pr#prio bem. Kembrei'me do grito que ha$ia partido de dentro de minha alma7 , Jn$ocarei o seu nome, eu direi @esus 4risto. Meu Senhor ainda esta$a perante mim. Chegou a hora de você ser batizada com água, 4il"uis, acrescentou ele. %atismo com .gua! Eu tinha ou$ido as pala$ras bem distintamente e não gostei do que ou$ira. >esti'me rapidamente e pedi a /ur'3an e Iaisham que não dei)assem ningu"m importunar'me at" a hora do almoço. (ei)ei' me ficar 5 3anela pensando. 1 ar da manhã era frescoD p.lidos $apores subiam das fontes do 3ardim. Eu sabia que a significação do batismo não era totalmente desconhecida ao mundo muçulmano. +ode'se ler a %íblia sem despertar muita hostilidade, mas o sacramento do batismo " outra hist#ria. +ara o muçulmano esse " o sinal de que o con$ertido renunciou a sua f" isl-mica a fim de se tornar cristão. +ara o muçulmano o batismo significa apostasia. (e modo que aqui esta$a um ponto difícil. 1 assunto esta$a bem claro. Su3eitar'me'ia ao temor de ser tratada como p.ria, ou ainda pior7 traidoraD ou obedeceria a @esus? Antes de tudo eu tinha de ter a certeza de estar realmente obedecendo ao Senhor, e não a alguma ilusão. Minha $ida cristã era recente demais para confiar em N$ozesN. Qual seria a melhor forma de testar minha impressão senão mediante a leitura da %íblia? +ortanto, $oltei 5 %íblia e li que o pr#prio @esus ha$ia sido batizado no rio @ordão. E)aminei no$amente a carta de +aulo aos Iomanos onde ele se referia a essa cerimCnia como morte e ressurreição. 1 N$elho homemN morre, e le$anta'se uma no$a criatura, dei)ando todos os pecados para tr.s. %em, então esta$a decidido. Se @esus foi batizado e se a %íblia e)igia o batismo, esta$a claro que eu de$ia obedecer. /esse mesmo instante toquei a campainha chamando Iaisham. , +or fa$or, diga ao Manzur para aprontar o carro , disse eu. , >ou $isitar os 1ld depois do almoço. Em bre$e esta$a eu de no$o sentada na sala de estar de Marie e Oen. =alei precipitadamente, como sempre o fazia7 , Oen , disse eu, encarando'o de frente , tenho certeza de que o Senhor me mandou ser batizada. Ele olhou'me por um longo instante com o sobrolho franzido tentando medir a profundeza de minha intenção. Então inclinou'se para frente e disse, muito, muito seriamente7 , %ilquis, $oc0 est. preparada para o que pode acontecer? , Sim, mas... , comecei a responder. Oen interrompeu'me em $oz bai)a. , %ilquis, outro dia encontrei um paquistanense que me perguntou se tinha sido $arredor de ruas em meu pr#prio país. , 1lhou'me de frente. , >oc0 compreende que desse momento em diante $oc0 não seria mais a %egum Shei&h, a respeitada senhora feudal com geraçes de prestígio? Que dessa hora em diante $oc0 estaria relacionada com os cristãos $arredores de rua daqui? , Sim , respondi. , Sei disso. Suas pala$ras tornaram'se ainda mais firmesD fiz'me de aço a fim de olh.'lo de frente. , E $oc0 sabe , continuou ele , que o pai de Mamude pode facilmente tir.'lo de $oc0? Ele pode rotul.'la de tutora indigna. Meu coração desfaleceu. @. me ha$ia preocupado com isto, mas ou$ir Oen dizer tal coisa em $oz alta fazia com que a possibilidade se tornasse mais acentuada. , Sim, eu sei, Oen , disse fracamente. , 4ompreendo que muitas pessoas pensarão que estou cometendo um crime. Mas dese3o ser batizada, de$o obedecer a (eus. /ossa con$ersa foi interrompida pela chegada inesperada dos Mitchell. Oen contou'lhes imediatamente que tínhamos algo importante para resol$er. , %ilquis , disse ele , dese3a ser batizada. Sil0ncio. SAnno$e tossiu. , Mas não temos um tanque para isso , disse (a$id. , E que tal a igre3a de +eshaQar? , perguntou Marie. , Eles não t0m um tanque? *i$e outro desfalecimento. +eshaQar " a capital da pro$íncia fronteiriça noroeste. Em todo o sentido da pala$ra " um territ#rio fronteiriço, uma cidade pro$inciana habitada por muçulmanos conser$adores not#rios por sua rapidez em tomar ação. %em, pensei eu, aí $ai qualquer sigilo que eu pudesse ter conser$ado. (entro de uma hora toda a cidade ficaria sabendo. =icou assentado que Oen faria os preparos a fim de irmos a +eshaQar. 1 pastor de l. nos mandaria notícias em um ou dois dias. /essa noite meu telefone tocou. Era meu tio'a$C =ateh. Eu ama$a muito esse idoso ca$alheiro. Ele sempre esti$era tão interessado por minha instrução religiosa. , %ilquis? , a $oz autorit.ria do meu tio parecia perturbada. , Sim, tio? , E $erdade que $oc0 est. lendo a %íblia? , Sim. , +erguntei a mim mesma como " que ele sabia. E que mais teria ele ou$ido? *io =ateh limpou a garganta7 , %ilquis, 2amais con$erse a respeito da %íblia com nenhum desses cristãos. >oc0 sabe quão argumentadores eles são. Seus argumentos sempre le$am 5 confusão. Quis interromp0'lo mas suas pala$ras sobrepu3aram as minhas. , /ão con$ide ningu"m... , enfatizou ,... ningu*m 5 sua casa sem me consultar! Se o fizer, $oc0 sabe que a família não ficar. do seu lado. *io =ateh fez sil0ncio por uns instantes. Apro$eitei a oportunidade. , *io, ouça'me. , Ba$ia um sil0ncio forçado no outro lado da linha. =ui em frente7 , *io, como o senhor pode lembrar'se, ningu"m 3amais entrou em minha casa sem um con$ite meu. , Meu tio lembraria, sim, senhorD todo mundo sabia que eu me recusa$a a receber $isitas sem arran3o pr"$io. , 1 Senhor sabe , concluí , que $erei a quem quiser. At" logo, tio. (esliguei. Seria isto um press.gio das coisas que $iriam do restante da minha família? Se a reação do tio =ateh foi tão forte pelo simples fato de saber que eu esta$a lendo a %íblia, o que aconteceria quando ele e o restante de minha família soubessem do meu batismo? Essa id"ia não me agrada$a nada. Mas isso somente aumenta$a meu dese3o de ser batizada imediatamente. Eu não tinha certeza de poder resistir 5 pressão das muitas pessoas a quem ama$a. Oen não da$a notícias. /a manhã seguinte, ao ler a %íblia, outra $ez deparei'me com a hist#ria do eunuco etíope a quem =ilipe ha$ia le$ado a mensagem de (eus. A primeira coisa que o eunuco fez, ao $er a .gua, foi saltar da carruagem a fim de ser batizado. Era como se o Senhor esti$esse dizendo no$amente7 , %atiza'te, e faze'o agora! Eu tinha certeza de que ele queria dizer que se eu esperasse um pouco mais, algo ou algu"m poderia impedir meu batismo. +ulei da cama, compreendendo, com poder no$o, que forças enormes se dispunham a fim de impedir'me de fazer o que o Senhor queria que eu fizesse. +us a %íblia na mesa, chamei as criadas que rapidamente me $estiram e logo eu esta$a na estrada em direção 5 casa dos Mitchel. , (a$id ,, disse eu, ainda na soleira da porta , h. alguma resposta de +eshaQar? , /ão, ainda não. Minha $oz ele$ou'se7 , >oc0 não pode batizar'me aqui, ho3e? Agora? (a$id franziu o sobrolho. Ke$ou'me para dentro, tirando'me ao ar frio da manhã. , 1ra, %ilquis, não de$emos nos precipitar com um passo dessa en$ergadura. , (e$o obedecer ao meu Senhor. Ele diz'me que me apresse ,. 4ontei'lhe da leitura bíblica matinal, e a no$a insist0ncia de que eu me batizasse antes que qualquer coisa me acontecesse. (a$id estendeu as mãos desnorteado. , (e$o le$ar SAnno$e a Abbottabad esta tarde e não h. nada que possa fazer agora, %ilquis. +egou'me pelo braço7 , Se3a paciente, %ilquis. *enho certeza que receberemos notícias de +eshaQar amanhã. (irigi'me 5 casa dos 1ld. , +or fa$or, , clamei enquanto Oen e Marie me cumprimenta$am , h. alguma maneira de eu ser batizada imediatamente? , +erguntamos a nosso pastor ,, disse Oen, tomando'me pelo braço e le$ando'me para a sala de estar. , Ele disse que o assunto todo de$e ser le$ado 5 sessão. , Sessão? , ecoei. , 1 que " isto? Ele e)plicou que o pastor dese3a$a batizar'me mas para isso de$ia ter a apro$ação da 3unta administrati$a da igre3a. , Jsto pode le$ar $.rios dias , acrescentou ele , e nesse ínterim qualquer coisa pode acontecer. , Sim ,, suspirei , a notícia se espalharia. , Minha mente percorreu desesperadamente todas as circunst-ncias possí$eis. Então Oen contou'me uma coisa espantosa. /o meio da noite ele ha$ia ou$ido a $oz de um homem dizendo'lhe7 &Abra sua 43blia na página 678. Que maneira estranha, pensou ele de dar uma refer0ncia bíblica! Era @# 9H79GD o $ersículo parecia rebrilhar. Keu o $ersículo que tanto o ha$ia abençoado e que parecia dirigido a mim. 4omeça$a assim7 'omarei a minha carne nos meus dentes, e porei a vida na minha m$o. Ainda "ue ele me mate, nele confiarei. Ser. que eu esta$a pronta para isto1 pergunta$a'me a mim mesma. Minha confiança tinha essa fortaleza? Ke$antei'me e tomei o braço de Oen. , %atize'me com .gua agora. E então, embora ele me mate, estarei preparada. Estarei melhor no c"u com meu Senhor. Amontoei'me numa cadeira e olhei para Oen, desculpando' me7 , Sinto muito, Oen. Estou ficando perturbada. Mas de uma coisa sei7 o Senhor disse que eu de$ia ser batizada agora. >ou diretamente ao ponto7 $oc0 $ai a3udar'me ou não? Oen sentou'se numa cadeira, passou a mão pelo cabelo cor de areia. , E claro ,, disse ele, olhando para Marie. , +or que não $amos 5 casa dos Mitchell e não $erificamos se h. alguma coisa que podemos fazer? (irigimo'nos de $olta pelas ruas tortuosas de Fah. Sentamo' nos em sil0ncio por alguns instantes com os Mitchell na sala de estar, em oração. Então Oen suspirando profundamente, inclinou' se para frente e disse a todos n#s7 , *enho certeza de que todos n#s concordamos em que (eus tem dirigido %ilquis de uma maneira muito singular at" agora. E se ela insiste em que a urg0ncia em ser batizada $em de (eus, então não sir$amos de empecilho. , >oltou'se para (a$id7 , >oc0 $ai a Abbottabad. Que tal se Marie e eu le$.ssemos %ilquis l. ho3e, e encontr.ssemos $oc0 e SAnno$e, e arran3.ssemos para %ilquis ser batizada l. nesta tarde? Esqueçamos +eshaQar. Subitamente isso parecia a coisa certa e todos n#s começamos a fazer as preparaçes. 4orri para casa, disse a Iaisham que colocasse na mala um con3unto de roupas e)traD roupas estas, disseram os 1ld de que eu iria necessitar. , Algo que se3a resistente 5 .gua , dissera Oen. Entretanto, no meio de tudo isso sentia'me inquieta. Sentia at" mesmo a diminuição da pro)imidade do Senhor. /ão me tinha ele dado, de $.rias maneiras, uma instrução específica e urgente? /ão me tinha ele dirigido a batizar'me com .gua agora1 2m pensamento cruzou'me a mente. (esfiz'me da id"ia. Era inimagin.$el. Mas ao persistir o pensamento, perguntei ao meu Senhor, em oração7 , Ser. que podia ser, (eus +ai? E assim no dia [G de 3aneiro de 9:<; te$e início um batismo muito incomum. Iaisham esta$a em p", 5 minha frente, em resposta a meu chamado. , Sim ,, disse de no$o. , +or fa$or, encha a banheira. *ornou a seu de$er, com uma e)pressão de incredulidade no rostoD eu nunca ha$ia tomado banho a esta hora do dia. Iaisham anunciou que o banho esta$a pronto. Mandei'a sair. 1 que então fiz pode ter alguns problemas teol#gicos. Mas eu não esta$a pensando em termos teol#gicos. Esta$a simplesmente tentando obedecer a um impulso forte, apoiado pelas Escrituras. Eu de$ia ser batizada agora, e com os impedimentos que, percebia eu estarem'se 3untando, tinha receio de esperar at" a tarde. (e modo que por dese3ar mais do que qualquer outra coisa no mundo permanecer na presença do Senhor, e a maneira de fazer isso era mediante a obedi0ncia, fui ao banheiro e entrei na banheira. Ao sentar'me, a .gua quase me chega$a ao ombro. 4oloquei a mão sobre minha pr#pria cabeça e disse em $oz alta7 , %ilquis, eu te batizo em nome do +ai, do =ilho e do Espírito Santo. , Afundei'me na .gua de modo que meu corpo inteiro ficasse totalmente imerso. Saí da .gua regozi3ando'me, clamando e lou$ando a (eus. , 1h, +ai, obrigada. Sou tão feliz! , Eu sabia que meus pecados ha$iam sido la$ados e que eu era aceit.$el 5 $ista do Senhor. /ão tentei e)plicar a Iaisham o que tinha feito e ela com seu 3eito costumeiro e reser$ado não perguntou. (entro de alguns minutos esta$a $estida, esperando que os 1ld $iessem le$ar'me ao meu batismo em Abbottabad. (e no$o, não sabia qual seria a teologia da situação, mas conhecia meus moti$osD esses amigos cristãos tinham tanto cuidado de mim, tinham'me a3udado tanto, ha$iam passado por muita coisa por mim e eu não dese3a$a complicar ainda mais a situação. +rosseguiria com o batismo, embora certo instinto me dissesse que eu 3. tinha feito o que o Senhor dese3a$a. *entei ler a %íblia mas meu espírito regozi3a$a'se de tal modo que eu era incapaz de concentrar'me. Esta$a de $olta 5 gl#ria, assim como sempre $oltara, ao obedecer'lhe e)plicitamente, tendo a %íblia como 6nica diretriz. , %egum Sahib, %egum Sahib? Ke$antei os olhos, era Iaisham. (izia ela que os 1ld esta$am embai)o, esperando. (isse a Mamude que ficaria fora o resto do dia. Achei melhor ele não se en$ol$er demais no acontecimento que poderia ter conseqM0ncias desagrad.$eis. Então desci para 3untar'me a Oen e a Marie. Ke$amos duas horas de $iagem at" Abbottabad, por uma estrada alinhada de pinheiros de ambos os lados. /ão mencionei meu batismo na banheira. Em $ez disso, falei das muitas $ezes que ha$ia passado por esta mesma estrada indo a acampamentos com a família, seguida por $.rios carros carregados de bagagem. Silentemente, pergunta$a'me a mim mesma se de$ia sentir'me desleal a essa antiga herança. Quando chegamos 5 missão encontramos os Mitchell esperando 3untamente com um m"dico canadense e sua esposa7 %ob e Madeline %lanchard, nossos anfitries. 4om eles esta$a um senhor paquistanense. , Esse ca$alheiro ,, disse SAnno$e , " +adri %ahadur, o ministro que a batizar.. 1lhei para as outras pessoasD esta$am tamb"m presentes um m"dico anglicano e outro ministro paquistanense. , *al$ez isso se3a prof"tico, %ilquis ,, disse SAnno$e. , +ode ser que por sua causa muitos cristãos se unam, pois esta tal$ez se3a a primeira $ez no +aquistão que os batistas, os presbiterianos e os anglicanos tenham'se unido numa cerimCnia de batismo. Ieina$a certa atmosfera de emoção na sala7 portas fechadas, cortinas cerradasD fiquei imaginando como de$ia ter sido no primeiro s"culo quando os cristãos faziam os batismos nas catacumbas embai)o de Ioma. Enquanto nos prepar.$amos para a cerimCnia, olhei ao meu redor e perguntei7 , Mas onde est. o tanque? /ão e)istia nenhum. Oen disse que eu teria de ser aspergida. , Mas @esus foi imerso no rio @ordão ,, disse eu. Ba$íamos atra$essado um rio logo antes de chegar 5 sede da missão. , +or que não me le$am de $olta ao rio? , pergunteiD então lembrei'me de que esta$a fazendo muito frio e que os outros tamb"m teriam de entrar na .gua e eu não queria forçar a questão. Especialmente por ter certeza de 3. ter recebido o sacramento. E assim fui batizada de no$o, desta $ez por aspersão. Enquanto esta$a sendo aspergida, pensei em como o Senhor de$ia estar rindo. (epois da cerimCnia, le$antei os olhos e $i l.grimas descendo pelas faces dos outros na sala. , %em ,, sorri , esta choradeira toda certamente não me encora3a nada! , 1h, %ilquis ,, SAnno$e limpa$a o narizD $eio at" mim, e lançou os braços ao meu redor e não pCde prosseguir. , +arab"ns! , disseram todos, um a um. SAnno$e cantou um hino, Oen leu a %íbliaD e 3. era hora de $oltar para casa. =oi uma $iagem calma. /ão ha$ia ansiedade entre n#sD era bom estar com os cristãos. (issemos adeus, outra $ez, por entre l.grimas e entrei em casa. Meu humor agrad.$el foi desfeito no instante em que cheguei. A caseira correu para mim, olhos arregalados, ansiedade na $oz7 , Y %egum Sahib, sua família este$e aqui perguntando pela senhora! (izem que sabem que a senhora est.'se misturando com os cristãos, e... Ke$antei a mão. , +are com isso! , ordenei, silenciando a con$ersa. , (iga' me quem $eio. Enquanto a caseira recita$a os nomes dos que tinham $indo 5 minha casa naquele dia, uma no$a apreensão inundou'me o ser. Estes eram os membros mais $elhos de minha família, tios, primos, tias, pessoas que somente $iriam 5 minha casa desta maneira por causa de um assunto $italmente importante. Meu coração desfaleceu. /essa noite 3antei com Mamude, tentando não dei)ar meus temores aparecerem, mas logo que ele foi para cama eu tamb"m me retirei para meus aposentos. 1lhei para fora, atra$"s da filigrana da 3anelaD a ne$e tinha parado de cair e 5 luz da lua in$ernal podia distinguir os esboços do 3ardim que tanto ama$a! Ao meu redor percebi o conforto da antiga e querida casa, meu santu.rio, meu retiro. E agora? Ser'me'ia permitido conser$ar a casa? Era um pensamento estranho, pois sempre ti$era a segurança da família, do dinheiro e do prestígio. Entretanto, sentia, sem d6$ida alguma que esse pensamento tamb"m era prof"tico. 1s poderes que eu sabia estarem'se 3untando contra mim ha$iam começado 3. a manifestar'se atra$"s de minha família. Muito do meu NpoderN, muito de minha NsegurançaN, esta$am na família. 1 que aconteceria, se de repente todos eles começassem a opor'se a mim? 4ertamente este era o moti$o pelo qual o Senhor insistira em que me batizasse imediatamente. Ele me conhecia. Ele sabia onde eu era mais $ulner.$el. (ei)ei'me ficar a olhar para fora da 3anela. A sombra oscilante das .r$ores brinca$a nas filigranas da 3anela. , Y Senhor! , orei , por fa$or, não dei)es que eles me ataquem todos de uma $ez. +or fa$or, que $enha um de cada $ez. /em bem acaba$a de murmurar estas pala$ras quando ou$i uma batida na porta. A criada do andar t"rreo entrou e entregou' me um pacote. , Jsto acaba de ser entregue , disse ela. Iasguei o embrulho, com impaci0ncia, e encontrei uma %íblia com a seguinte dedicat#ria7 9 nossa "uerida irm$, no dia do seu aniversário. Esta$a assinado7 NOen e Marie 1ldN. Apertei'a contra o peito, agradecendo a (eus amigos tão bons. Abri'a então, e meus olhos caíram numa p.gina em que estas pala$ras pareciam se destacar7 .u os espalharei para longe... /aquele instante o significado destas pala$ras era'me um mist"rio. #. HAVIA PROTEÇÃO$ Acordei na manhã seguinte, cheia de apreensão. Bo3e a família $iria de no$o, todos 3untos ou um de cada $ez. (e qualquer maneira, temia o confronto horrí$el. Sentia o pa$or das acusaçes, das ad$ert0ncias iradas, das ameaças e engodos que eu sabia esta$am para acontecer. Acima de tudo, odia$a mago.'los. /ão acreditando, de $erdade, que (eus responderia a meu pedido, fiz com que Iaisham tirasse meus melhores sarisD escolhi o mais atraente, mandei recado ao guarda no portão7 receberia todos os $isitantes ho3e, e então fui para a sala de $isitas. Sentei'me em uma das cadeiras de seda branca e li enquanto Mamude ziguezaguea$a seus carrinhos de brinquedo pelo desenho do tapete persa no assoalho da sala. 1 gigantesco rel#gio entalhado, na parede do corredor bateu dez horas, onze, finalmente meio'dia. %em, pensei, parece que plane3am dei)ar a $isita para a tarde. 1 almoço foi ser$ido. (epois da refeição, enquanto Mamude tira$a uma soneca continuei a esperar. =inalmente 5s tr0s horas ou$i barulho de um carro que para$a 5 porta. +reparei'me para a batalha. 1 carro se afastou! Que esta$a acontecendo? +erguntei 5 criada e ela simplesmente disse que era algu"m fazendo entregas. A noite escurecia as 3anelas altas da sala de $isitas. As sombras empilha$am'se altas no teto. 2m chamado telefCnico para mim. 1lhei para o rel#gio7 sete horas. Ser. que iam telefonar em $ez de $irem em pessoa? Apanhei o telefone e ou$i uma $oz sua$e, muito minha conhecida , Marie 1ld. Ela parecia muito preocupada. 4ertamente que a notícia de minha con$ersão 3. se tinha espalhado, como pro$a$a a in$asão dos parentes no dia anterior. Então por que a preocupação? , >oc0 est. bem? , disse Marie. , Estou preocupada com $oc0. Assegurei'lhe que esta$a bem. Ao desligar, pedi que me trou)essem o casaco e que aprontassem o carro. /esta "poca do ano, minha família geralmente não fazia $isitas depois das oito horas, de modo que achei seguro sair de casa. Estranho que nem um parente hou$esse telefonado nem $indo $isitar'me. Eu necessita$a da segurança de algu"m da minha família cristã. 1s 1ld? +or que teria Marie me telefonado tão misteriosamente? (irigi'me 5 casa dos 1ld e fiquei surpresa em encontr.'la completamente 5s escuras. E então, inesperada e abruptamente, fiquei alarmada. +arada no portão de entrada do 3ardim eu podia sentir o medo in$adindo' me, tocando'me com um horror $iscoso e 6mido. +ensamentos escuros $ieram a mim de cantos sombrios do 3ardim. 4ertamente que ha$ia sido estultícia minha sair a s#s no meio da noite! 1 que era aquilo ali nas sombras? Meu coração disparou. >oltei'me. Esta$a para correr de $olta ao carro. Então parei. /ão! /ão era assim que eu de$ia agir. Se eu fazia parte do reino, tinha direito 5 proteção do rei. Em p", na escuridão horrí$el, ainda com muito medo, deliberadamente coloquei'me de $olta nas mãos do rei. , @esus! @esus! @esus! , Iepeti muitas $ezes. 1 medo desapareceu de uma maneira incrí$el. Assim como chegara, se fora. Eu esta$a li$re! Agora, quase sorrindo, dirigi'me para a casa dos 1ld. (epois de alguns passos, $i um fio de luz por entre duas cortinas abertas na sala de estar. %ati. A porta abriu'se lentamente. Era Marie. Ao $er'me deu um suspiro de alí$io e rapidamente le$ou'me para dentro com um abraço. , Oen! Oen! , gritou ela. Ele apareceu num instante. , 1h, graças a (eus! , e)clamou ele. , Est.$amos muito preocupados com $oc0. , Oen disse'me que o +adri paquistanense que esti$era presente no meu batismo ha$ia ficado muito preocupado por minha segurança e tinha'lhes dito ha$erem cometido um grande erro dei)ando'me sozinha. , Então " por isso que $oc0 parecia tão preocupada no telefone, Marie!? , Suprimi uma risada ner$osa. , %em, " certo que o país inteiro logo h. de saber de minha con$ersão, mas obrigada de qualquer forma. At" agora nada aconteceu. At" minha família não apareceu e $oc0s não sabem o quão grata sou por essa resposta 5 oração. , Agradeçamos ao Senhor,, disse Oen, e n#s tr0s a3oelhamo'nos na sala de estar enquanto Oen agradecia a (eus minha proteção e pedia'lhe que continuasse a proteger'me. Assim, $oltei para casa, mais rica por ter clamado pela a3uda do Senhor em face do medo, apro$eitando'me do nome de @esus. Meus criados disseram que ningu"m ha$ia telefonado naquela noite. %em, pensei eu, enquanto me arruma$a para a cama, prepare'se para amanhã. (e no$o, esperei na sala de $isitas o dia todo, orando, pensando, estudando o mosaico dos ladrilhos do assoalho e o desenho do tapete persa. /ão ti$e notícias de ningu"m. 1 que esta$a acontecendo? Ser. que isto era algum 3ogo de gato e rato? Então $eio'me a id"ia de interrogar os criados. /o +aquistão se a pessoa quiser saber de alguma coisa, " s# perguntar a um criado. Mediante uma ramificação inteligente, sabem tudo a respeito de todo mundo. =inalmente encantoei /ur'3an7 , (iga'me, o que aconteceu com minha família? , 1h, %egum Sahib ,, respondeu ela, suprimindo um risinho ner$oso , a coisa mais estranha aconteceu! =oi como se todo mundo ti$esse ficado ocupado ao mesmo tempo. Seu irmão te$e de ir ao torneio anual de in$erno de críquete ,. SorriD para meu irmão, críquete era mais importante que uma irmã a caminho do inferno. , Seu tio =ateh te$e de sair da pro$íncia por causa de um 3ulgamentoD sua tia Amina precisou ir a KahoreD dois de seus primos foram chamados para fora da cidade a neg#cios e... Jnterrompi'aD não precisa$a continuar. 1 Senhor tinha dito que os espalharia e realmente os espalhou. Quase podia ou$ir o Senhor rindo 5 socapa. Eu tinha certeza de que os preocupados membros de minha família não me dei)ariam em paz, mas agora teriam de aparecer um a um. E assim aconteceu. 1 primeiro emiss.rio foi tia Amina, uma senhora da realeza em seus setenta, cu3a beleza oriental de alguma forma sempre parecia fora de lugar em minha sala de $isitas com a moderna mobília ocidental. +or muitos anos tínhamos tido um relacionamento íntimo de amor e confiança. Agora, ao entrar, sua tez de magn#lia esta$a ainda mais p.lida que de costume e os olhos cor de cinza pareciam rodeados de tristeza. 4on$ersamos um pouco. =inalmente percebi que ela esta$a pronta para apresentar o $erdadeiro moti$o de sua $isita. Kimpando a garganta, endireitou'se na cadeira, e tentando parecer casual, perguntou7 , Ah ... %ilquis ... ah ... ou$i... que $oc0 se tornou cristã. E $erdade? Sorri para ela apenas. Ela mudou de posição inquietamente na cadeira e continuou7 , +ensei que as pessoas esta$am espalhando falsos rumores a seu respeito ,. Besitou ela, os olhos sua$es implorando'me que dissesse tudo não passar de uma mentira. , /ão " mentira, tia Amina , disse eu ,, fiz uma entrega completa a 4risto. =ui batizada. Agora sou cristã. Ela bateu com as palmas das mãos nas bochechas. , 1h, que grande erro! , e)clamou ela. =icou sentada completamente im#$el por alguns instantes, incapaz de acrescentar qualquer coisa. Então, lentamente, enrolou'se no )ale, le$antou'se e com dignidade fria saiu da casa. =iquei esmagada, mas pedi ao Senhor que a protegesse da m.goa de$astadora que esta$a sentindo. Eu sabia que tinha de descobrir a oração dele para a minha família. (outra forma, eu dei)aria uma esteira de pessoas amadas feridas atr.s de mim. , Senhor ,, disse eu ,, o ideal, " claro, seria que cada uma dessas pessoas $iesse a conhecer'te. Mas sei que ainda que não se con$ertam, tu ainda as ama, e neste instante peço'te que toques cada uma destas pessoas amadas com tua b0nção especial, começando, por fa$or, com tia Amina. 1brigada, Senhor! /o dia seguinte ti$e de fazer a mesma oração. (esta $ez foi por Aslam, um querido e idoso primo que $eio $er'me. Era ad$ogado e mora$a cerca de ZR quilCmetros distante de Fah. 4omo filho do irmão de meu pai, tinha herdado muitas das características desteD o mesmo sorriso afetuoso, o mesmo senso de humor gentil. Eu gosta$a de Aslam. (a atitude dele, depreendi que não ha$ia ou$ido os particulares do meu problema. *rocamos algumas galanterias, e então Aslam disse7 , Quando " a reunião da família? >irei apanh.'la e iremos 3untos. Ii. , /ão sei quando ser. a reunião da família, Aslam, mas sei que não serei con$idada porque a reunião " por minha causa. Ele parecia tão confuso que senti de$ia e)plicar tudo. , Mas, por fa$or, $. 5 reunião, Aslam , disse eu, ao terminar a e)plicação. , *al$ez $oc0 possa dizer alguma coisa boa por mim. 1bser$ei'o sair tristemente da casaD era #b$io, pensei eu, que o clíma) se apro)ima$a. Era melhor eu ir a IaQalpindi e a Kahore assim que pudesse. Eu não queria que *ooni e meu filho Ohalid ou$issem hist#rias distorcidas a meu respeito. /ão ha$ia nada que eu pudesse fazer pessoalmente por minha filha Ohalida que mora$a na Ufrica. Mas poderia encarar Ohalid e *ooni. Kogo no dia seguinte parti para Kahore. Ohalid tinha'se saído muito bem nos neg#cios, e sua casa bem o refletia. 2m bangalC ador.$el na cidade, cercado de $arandas largas e um gramado imaculadamente bem cuidado. Entramos pelo portão, estacionamos 5 entrada e subimos para a larga $aranda. Ohalid, que tinha sido alertado pela família e por meu interurbano, apressou'se a cumprimentar'me. , Mãe! Que prazer em $0'la ,, disse ele, embora eu pudesse perceber um pouco de embaraço em suas boas'$indas. 4on$ersamos toda aquela tarde a respeito do que eu tinha feito, mas no final percebi que Ohalid não compreendia de maneira alguma. Em seguida tinha de ir $er *ooni. (irigi'me a IaQalpindi e fui direto ao hospital. +edi que a chamassem pelo sistema de alto' falantes, e enquanto espera$a, medita$a em como de$ia contar tudo a ela. Jndubita$elmente ela 3. de$ia ter ou$ido algumas hist#rias. E certo que ela sabia, em primeira mão, que eu esti$era lendo a %íblia. Ela podia at" ter ou$ido alguns pedaços de minha con$ersa com a freira cat#lica, a (ra. Santiago, neste mesmo hospital no dia em que Mamude foi internado. 2ma coisa ela certa' mente n$o sabia7 o quanto aquela con$ersa com a (ra. Santiago tinha mudado minha $ida, pois foi essa pequena freira que me encora3ou a orar a (eus como meu +ai. , Mãe! , Ke$antei os olhos e $i *ooni apressando'se em minha direção, o cabelo cor de castanha em definido contraste com o uniforme branco e engomadoD rosto sorridente, braços abertos. Ke$antei'me com o coração aos pulos. 4omo " que ha$ia de dar'lhe as notícias? *entei pensar em maneiras gentis, mas o temor da pressão da parte de *ooni era demais para mim. Sem fazer rodeios, coloquei tudo para fora. , *ooni ,, disse eu , prepare'se para um choque, querida. (ois dias atr.s eu fui...eu fui batizada. *ooni estacou, a mão meio estendidaD os olhos sensí$eis enchiam'se de l.grimas. (ei)ou'se cair no di$ã ao meu lado. , Eu pensei que ia acabar assim ,, disse ela com uma $oz quase inaudí$el. *entei confort.'la, mas não ti$e 0)ito. , /ão h. moti$o para fingir trabalhar ,, disse *ooni. Assim, pediu licença para sair mais cedo e 3untas dirigimo'nos para seu apartamento. 1 telefone de *ooni esta$a tocando enquanto destranca$a a portaD entrou apressada, apanhou o receptor e $oltando'se para mim disse7 , E /ina. /ina era um sobrinha que mora$a em IaQalpindi. , Ela quer saber se " $erdade ,. >oltou'se para o telefone, pois /ina, e$identemente, ha$ia começado a falar de no$oD e de onde esta$a eu podia ou$ir a $oz de /ina aumentando de $olume. Então *ooni disse sua$emente7 , Sim, " $erdade, /ina. Ela o fez ,. /ina de$e ter batido com o fone, porque *ooni tirou o receptor do ou$ido, olhou para ele, deu de ombros e lentamente colocou'o no seu lugar. Era melhor dar'lhe tempo para coordenar seus pensamentos. +or isso apanhei minhas coisas e dispus'me a sair. , >enha $isitar'me, querida ,, disse eu , quando sentir $ontade. 4on$ersaremos ,. *ooni não fez ob3eção alguma, de modo que em alguns minutos eu esta$a de $olta na rodo$ia *ronco Trande em direção 5 minha casa. /o instante em que cheguei, meus criados rodearam'me. /ur'3an esfrega$a as mãos gordasD o rosto de Iaisham esta$a mais p.lido do que de costume. 1 telefone ha$ia tocado o dia todo, os parentes tinham estado ao portão desde cedo da manhã perguntando por mim. E no meio da con$ersa dos criados, o telefone tocou de no$o. Era @amil, marido de minha irmã que trabalha$a para uma companhia de petr#leo brit-nica. Eu sempre ha$ia pensado nele como um homem do mundo, mas agora sua $oz não parecia ter muita segurança. , %ilquis, ou$i a coisa mais estranha e não posso acreditar , disse ele, sem nenhuma cerimCnia. , 2m colega de trabalho contou'me ter ou$ido que $oc0 se tornou cristã. E claro que ri dele e assegurei'lhe que isso 3amais poderia acontecer. A notícia realmente esta$a'se espalhando rapidamente! Eu não disse nada. , %ilquis! , A $oz de @amil insistia. , >oc0 me ouviu1 , Sim. , Essa hist#ria não " $erdade, "? , Sim. 1utro sil0ncio. Então7 , %em, isso " bom ,, retrucou @amil. , >oc0 perdeu mais do que pode imaginar. E por qu0? +or outro ponto de $ista religioso. E por isso. , (esligou. Em dez minutos *ooni esta$a ao telefone soluçando7 , Mamãe, tio /aQaz acaba de me telefonar dizendo que agora o pai de Mamude poder. le$.'lo de $olta. /aQaz diz que tribunal algum permitir. que $oc0 fique com ele! *entei confort.'la mas ela desligou soluçando. Mais tarde naquela noite enquanto Mamude e eu 3ant.$amos em meu quarto, *ooni e duas de minhas sobrinhas $ieram 5 casa. =iquei espantada com a palidez de seus rostos. , +or fa$or, sentem'se e 3antem comigo , disse eu. , Mandarei as criadas trazerem o seu 3antar. *ooni e minhas sobrinhas apenas tocaram na comida. Esta$a contente em $er as duas 3o$ens, mas era claro que elas não o esta$am em me $er. A con$ersa foi tri$ial e as tr0s mulheres olha$am para Mamude como que sugerindo que ele fosse brincar l. fora. S# depois de ele sair " que uma das sobrinhas finalmente inclinou'se para frente com ansiedade, dizendo7 , *ia, a senhora compreende o que isso significa para os outros1 , (ebulhou'se em l.grimas. , A senhora pensou nos outros? , Sua pergunta ecoa$a nos olhos castanhos da outra sobrinha que esta$a sentada silenciosamente 5 minha frente. Estendi a mão por cima da mesa e apertei a da garota. , Minha querida , disse eu tristemente. , /ão h. nada que eu possa fazer, a não ser obedecer. *ooni agora olha$a'me com olhos chorosos, e, como se não ti$esse ou$ido nada do que eu dissera, suplica$a7 , Mãe, faça a mala e $. embora. >. enquanto h. alguma coisa ... ou algu*m ... com quem sair. Sua $oz aumentou de $olume. , A senhora sabe o que estão dizendo por aí? A senhora ser. atacada. Seu pr#prio irmão pode ser le$ado a agir contra a senhora! , E começou a soluçar. , Meus amigos dizem que a senhora ser. assassinada, mamãe! , Sinto muito, *ooni, mas não $ou fugir , respondi gentilmente. , Se eu sair agora ha$eria de correr para o resto da $ida. , A determinação crescia dentro de mim enquanto fala$a. , Se dese3ar, (eus pode facilmente cuidar de mim em minha pr#pria casa. E ningu"m, ningu*m , disse eu , ir. me e)pulsar ,. Endireitei'me na cadeira, de repente sentindo'me muito dram.tica. , Que me $enham atacar! E então, enquanto me sentia tão ferozmente segura de mim mesma, algo aconteceu. A presença afetuosa de (eus desapareceu. =iquei sentada, quase em p-nico, esquecida das $ozes que se ele$a$am ao meu redor. Mas subitamente compreendi o que ha$ia acontecido. A minha $elha natureza, cheia de orgulho e teimosia, ha$ia tomado o controle. Eu esta$a decidindo o que ha$eria de acontecer, que ningu"m me e)pulsaria de minha pr#pria casa. Afundei'me na cadeira, quase sem perceber que *ooni esta$a falando comigo. , ... est. bem então, mamãe? , 4lamou *ooni. , Então, a senhora $irou cristã. Mas de$e tamb"m tornar'se m.rtir? , A3oelhou'se ao p" da cadeira e colocou a cabeça no meu ombro. , A senhora não compreende que a amamos? , E claro, querida, " claro , murmurei, acariciando'lhe o cabelo. Em sil0ncio pedi o perdão de (eus por ser tão cabeça'dura. Aonde quer que ele quisesse le$ar'me, esta$a bem, ainda que significasse dei)ar meu lar. Ao dizer isto em meu coração, uma $ez mais senti a presença do +ai. 1 epis#dio todo tinha tomado somente alguns minutos, mas 5 medida que as tr0s mulheres sentadas 5 minha frente continua$am a falar, eu esta$a consciente de que a $ida continua$a em outro ní$el tamb"m. 1 Senhor esta$a neste instante trabalhando comigo e ensinando'me. Ele esta$a no processo de mostrar'me como permanecer em sua presença. , ... então ir., não " mesmo? , Era a $oz de *ooni e eu não tinha id"ia do que ela esta$a pedindo. =elizmente, ela continuou. , Se o pai de Mamude $ier busc.'lo, $oc0 pode dei).'lo comigo. Eu não me tornei cristã , acrescentou enfaticamente. Afinal as tr0s moças se aquietaram. +erguntei'lhes se gostariam de passar a noite comigo. 4oncordaram. Enquanto dizia boa noite a minhas sobrinhas, pensei em como nossos pap"is ha$iam mudado. Antes eu era tão protetora e me preocupa$a com elasD agora est.$amos igualmente preocupadas umas com as outras. /essa noite orei7 , Senhor, " tão difícil falar com uma pessoa que não tem f" em ti. +or fa$or, a3uda a minha família. Estou tão preocupada com o bem'estar das pessoas que amo. Ao adormecer, parecia ter no$amente dei)ado o corpo e saído flutuando. Encontrei'me de p" numa ladeira gramada e cercada de pinheiros. 2ma fonte sussurra$a por perto. Ao meu redor esta$am an3os em tão grande quantidade que pareciam formar uma esp"cie de ne$oeiro. 4ontinua$a a ou$ir um nome7 NSão Miguel!N 1s an3os deram'me coragem. E então esta$a de $olta 5 cama. Ke$antei'me e, ainda sentindo esse poder espiritual, fui ao quarto de Mamude. Apontei o dedo para ele na camaD depois fui ao quarto de minha filha e sobrinhas e fiz o mesmo. >oltei a meu quarto e caí de 3oelhos. , Senhor ,, orei , tu tens'me dado muitas respostas, agora mostra'me, suplico'te, o que $ais fazer com Mamude. Tostaria de dar alguma pala$ra de conforto a *ooni. Senti'me impelida a abrir a %íblia e a passagem seguinte parecia saltar da p.gina7 T0nesis [[79[ , N/ão estendas a mão sobre o rapaz, e nada lhe façasD...N , 1h, obrigado +ai! , Suspirei. /o caf" da manhã pude dar segurança a *ooni. , Querida, nada $ai acontecer a seu filhoD não precisa preocupar'se. , Mostrei'lhe o $ersículo da Escritura que me ha$ia sido dado. Quer minha f" ti$esse sido contagiosa, quer *ooni ti$esse sido tocada pelo Espírito Santo, não sei. Mas seu rosto descontraiu'se e ela sorriu pela primeira $ez em dois dias. Minha filha e sobrinhas saíram da casa com uma e)pressão um pouco menos sombria naquele dia. Mas o flu)o de outros parentes e amigos continuou. Alguns dias mais tarde Iaisham anunciou que sete pessoas, todos amigos queridos e preocupados, esta$am esperando embai)o para $er'me. /ão queria encar.'los sem o Mamude. 1 menino de$ia saber de tudo o que se esta$a passando. =ui busc.'lo e 3untos descemos para a sala de $isitas. Eles esta$am sentados aprumados em formalidade, quase na ponta das cadeiras. (epois do ch. com bolinhos e con$ersa sem import-ncia, um dos presentes limpou a garganta. =iz'me de aço para o que sabia estar para $ir. , %ilquis ,, disse um amigo que eu conhecia desde a inf-ncia , n#s a amamos e temos pensado no que $oc0 fez e temos uma sugestão que pensamos ser. de alguma a3uda a $oc0. , Sim? Ele inclinou'se para frente e sorriu. , /ão declare publicamente seu cristianismo. , >oc0 quer dizer que de$o conser$ar minha f" em segredo? , %em ... , /ão posso ,, disse eu. , /ão posso fazer 3ogos com (eus. Se de$o morrer, morrerei. *odos os sete pareciam ter'se chegado para mais perto de mim. 2m antigo amigo de meu pai olha$a'me fi)amente. Eu esta$a a ponto de de$ol$er seu olhar, mas conti$e'me a tempo. Eles pensa$am ter o meu bem'estar em mente. , Sinto muito ,, disse eu , simplesmente não posso fazer o que pedem. , E)pliquei que minha f" ha$ia'se tornado a coisa mais importante da $ida em pouco mais de um m0s. , /ão posso guardar segredo dela , disse eu. 4itei'lhes a passagem bíblica onde o Senhor diz7 N+ortanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, tamb"m eu o confessarei diante de meu +ai que est. nos c"usD mas aquele que me negar diante dos homens, tamb"m eu o negarei diante de meu +ai que est. nos c"usN VMateus [R7H[, HHW. , Mas ,, disse outro ca$alheiro idoso , $oc0 se encontra em uma situação muito peculiar. *enho certeza de que (eus não se incomodaria se $oc0 conser$asse sil0ncio. Ele sabe que $oc0 cr0 nele. E isso " suficiente. , Ele citou a lei do Alcorão sobre a apostasia. , *emos medo , disse ele , de que algu"m a assassine. Sorri. /ingu"m me acompanhou nesse gesto. Era uma discussão in6til, como eles tamb"m perceberam. Ao se le$antarem para sair, deram'me o ultimato. , Kembre'se, %ilquis, se ti$er problemas, nenhum de seus amigos e ningu"m de sua família poder. ficar do seu lado. 1s que mais se importam com $oc0 terão de $oltar'lhe as costas. Assenti com a cabeça. 4ompreendia bem suas pala$ras. Agora dese3ei que ti$esse mandado Mamude ir brincar no 3ardim para que não ti$esse ou$ido essa con$ersa. Ao olhar para ele, sentado em sua cadeirinha ao meu lado, ele simplesmente sorriu. , Est. tudo bem , ele parecia dizer. Ao prepararem'se para sair, o grupo esta$a quase chorando. 2ma amiga íntima de mamãe bei3ou'me. , Adeus ,, disse ela. Iepetiu a pala$ra com uma 0nfase estranha, desfez'se em l.grimas, desprendeu'se de mim e saiu apressadamente. A casa parecia um t6mulo depois de eles terem ido embora. At" o brincar de Mamude, geralmente barulhento, esta$a mais calmo. +assaram'se tr0s semanas nas quais o 6nico som em minha casa eram as $ozes abafadas dos criados. Se não fosse pelos Mitchell, pelos 1ld e por nossas reunies de domingo, pergunto'me a mim mesma, se a Nguerra'friaN não teria dado resultado. 4ada dia a linha de batalha da família podia ser $ista mais claramente. +odia ser percebida na rai$a do rosto de um primo a quem encontrei no bazar. Senti'a no olhar de desprezo de um sobrinho por quem passei na rua em IaQalpindi. Esta$a na $oz gelada de uma tia que telefonou para dizer que não podia comparecer a um almoço. 1 boicote ha$ia começado. Meu telefone permanecia silencioso, e ningu"m pu)a$a o cordão do sino do meu portão. /em um membro da família $eio $isitar'me, nem mesmo para me repreender. /ão podia e$itar a lembrança de um $ersículo do Alcorão VSura ;G7[RW7 e renunciaste : f*, certamente causaste mal : terra e violaste os la0os de sangue. Assim s$o a"ueles sobre "uem Alá p;s a maldi0$o, dei/ando-os destitu3dos da vis$o e da audi0$o. (e uma maneira muito real isto esta$a acontecendo. Eu tinha $iolado os laços de sangue e indubita$elmente não $eria mais minha família nem dela mais ou$iria. A con$ersa e riso normal de minhas criadas ha$ia'se amainado enquanto entra$am e saíam de meus aposentos. 1 m.)imo que conseguia tirar delas era um NSim, %egum SahibN. E então, certa manhã, o boicote sofreu uma mudança estranha. 1u$i um le$e barulho na portaD $oltando'me, $i /ur'3an entrar silenciosamente a fim de fazer'me a toalete. Sua e)uber-ncia ha$ia desaparecido. Iaisham entrou ainda mais solene do que de costume. Ao começar suas tarefas, não falaram e o olhar assombrado de seus rostos incomoda$a'me. Esperei que dissessem alguma coisa mas /ur'3an continuou suas tarefas em sil0ncio, sem a con$ersa costumeira. 1 rosto de Iaisham parecia de granito. =inalmente, com um pouco do antigo fogo na $oz, eu disse7 , Est. bem, posso perceber que algo est. errado. (igam'me o que ". +araram de esco$ar enquanto me da$am as no$as. A não ser Iaisham, que esta$a 5 minha frente, todos os outros criados cristãos, inclusi$e o Manzur, ha$iam fugido de casa no meio da noite. %. O BOICOTE 1 que significa$a esta deserção? Quatro criados demitindo'se! /uma cidade como Fah onde era difícil encontrar qualquer tipo de emprego, era difícil compreender a decisão deles. E claro, fora o medo. Manzur esta$a com medo porque eu pedira que ele conseguisse uma %íblia para mimD e tamb"m me ha$ia le$ado de carro 5 casa de mission.rios cristãos. 1s outros tr0s criados cristãos de$iam ter sido contagiados pela preocupação dele. 1u$iram os rebCos do $ulcão que logo entraria em erupção e não quiseram ser apanhados na a$alanche. Mas e Iaisham, esta criada cristã que agora começara de no$o a esco$ar'me o cabelo? Eu podia sentir'lhe as mãos graciosas tremerem enquanto começa$a a trabalhar. , E $oc0? , perguntei. Mordeu os l.bios e continuou a esco$ar'me os cabelos. , *al$ez eu não de$esse ficar ,, disse ela sua$emente. , >ai ser... , Muito solit.rio , concluí sua afirmati$a. , Sim ,, disse ela, engolindo em seco , e... , >oc0 est. com medo. %em, se $oc0 saísse, Iaisham eu não a culparia. >oc0 tem de tomar sua pr#pria decisão, assim como eu fiz. Mas se ficar, lembre'se que @esus disse que seríamos perseguidos por amor dele. Iaisham assentiu com a cabeça, os olhos negros 6midos. *irou um alfinete de cabelo da boca e começou a fazer'me o penteado. , Eu sei ,, disse ela tristemente. Iaisham ficou em sil0ncio durante o resto do dia. A preocupação dela afeta$a a /ur'3an que esta$a perto da histeria. AoS acordar na manhã seguinte, falta$a'me coragem para tocar a campainha. Quem ainda estaria comigo? A porta abriu'se lentamente e /ur'3an entrou. Então, na quase escuridão das horas matinais de in$erno, outra forma seguiu'se. Era Iaisham! Mais tarde, disse'lhe o quanto significa$a para mim o fato de ela ter ficado. Ela corou'se. , %egum Sahib Ti ,, respondeu ela sua$emente, acrescentando a terceira saudação afetuosa que significa7 Que a senhora tenha $ida longa. , Assim como a senhora ser$e ao Senhor, da mesma forma a sir$o. 4om a deserção do restante dos meus criados cristãos, minha casa tornou'se ainda mais quieta, em parte porque não coloquei outros nos seus lugares. Minhas necessidades eram menores agora que não recebia $isitas da família. (ecidi não empregar cristãos por algum tempo. Encontrei um no$o chofer, um muçulmano chamado =azad e um no$o assistente de cozinheiro muçulmano, mas não empreguei ningu"m mais. Esta$a especialmente contente por Mamude, que continua$a a brincar alegremente dentro de casa ou no 3ardim. Encora3ei'o a con$idar amigos da $ila, e Mamude aceitou essa sugestão rapidamente. A maioria das crianças era um pouco mais $elhas, de cinco ou seis anosD Mamude s# tinha cinco. Mamude, entretanto, era o líder naturalD não acho que era somente pelo fato de ele ser o anfitriãoD setecentos anos de liderança esta$am nos genes da criança e não podiam ser negados como tamb"m não podiam ser negados seus olhos límpidos e castanhos. Quanto dessa herança esta$a eu colocando em perigo? Quanto dos laços familiares a que o menino tinha direito esta$a eu ameaçando? 1ntem ele tinha perguntado de no$o quando " que seu primo Oarim iria le$.'lo para pescar. Oarim tinha prometido ensinar Mamude a pegar trutas que desliza$am por entre rochas musgosas do riacho que corria por nosso 3ardim e mais adiante 3unta$a'se ao rio *ahmra. , Mamãe! , Mamude ha$ia perguntado. , Quando " que Oarim $em? 1lhei para o menino cu3os olhos brilha$am, e simplesmente não ti$e coragem de dizer'lhe que sua pescaria esta$a cancelada. Mamude ainda não podia ter sido atraído de maneira significati$a para o 4ristianismo. Kia hist#rias da %íblia para ele. Ele gosta$a tanto dessas hist#rias que mudei sua hora de dormir de Z para as ;7HR a fim de termos tempo suficiente para elas. Mas o que eram algumas hist#rias comparadas a uma $iagem de pescaria? E ami' gos? +ouco a pouco os amigos de Mamude começaram a faltar. Mamude não podia compreender isto, e quando tentei e)plicar, ele olhou para mim intrigado. , Mamãe , disse ele , a quem a senhora mais ama, a mim ou a @esus? Que de$ia dizer? Especialmente agora quando ele se sentia tão solit.rio. , (eus tem de $ir em primeiro lugar, Mamude ,, disse eu, parafraseando a ad$ert0ncia do Senhor que a menos que coloquemos a família depois dele, não somos $erdadeiramente seus. , (e$emos colocar (eus em primeiro lugar ,, disse eu , at" mesmo antes das pessoas que mais amamos no mundo. Mamude parecia aceitar isso. Ele parecia estar ou$indo enquanto eu lia a %íblia para ele. 4erta $ez, depois de ler para ele o $ersículo7 N>inde a mim todos $#s que estais cansados e sobrecarregados, e eu $os ali$iareiN, ou$i suas s6plicas da hora das sonecas7 N@esus, eu te amo e $irei a ti, mas ... por fa$or, não me d0 descanso. Eu não gosto de descansar.N Ele at" coloca$a as mãos em postura de oração, mas eu sabia que era difícil para ele ficar sozinho e $er'me sozinha. /em um parente, amigo ou conhecido se des$ia$a da rodo$ia *ronco Trande em direção 5 minha casaD o telefone tamb"m não tocou mais. Então 5s H7RR, de certa manhã, meu telefone branco ao lado da cama, tocou. +rocurei o aparelho com o coração batendo fortemente. /ingu"m telefona$a a esta hora a não ser que ti$esse ha$ido uma morte na família. Apanhei o fone e a princípio somente ou$i um respirar pesado. Então tr0s pala$ras foram'me atiradas como pedradas7 , Jnfiel. Jnfiel. Jnfiel. 1 fone emudeceu. *ornei a deitar'me. Quem seria? 2m dos fan.ticos contra quem meus tios ad$ertiam'me constantemente? Que podiam fazer? , Y Senhor, tu sabes que não tenho medo de morrer. Mas sou uma tremenda co$arde. /ão posso suportar a dor. *u sabes que desmaio quando o m"dico me d. uma in3eção. 1h, oro para que eu se3a capaz de suportar a dor se ela $ier ,. Meus olhos encheram'se de l.grimas. , Acho que não fui feita para m.rtir, Senhor. Sinto muito. Simplesmente dei)a'me andar contigo por meio do que quer que $enha em seguida. 1 que $eio em seguida foi uma carta anCnima e ameaçadora7 NSe3amos claros. B. somente uma pala$ra que a descre$a7 *raidora!N Então chegou outra carta e logo depois outra. *odas elas continham ad$ert0ncias. Eu era $ira'casaca e seria tratada como tal. @. pelo fim de uma tarde do $erão de 9:<;, cerca de seis meses depois de minha con$ersão, esta$a de p" no 3ardim com o restos amassados de uma dessas cartas. Era particularmente $itri#lica, chama$a'me pior que infiel7 sedutora dos fi"is. 1s $erdadeiros crentes, dizia a carta, tinham de queimar'me como se queima a gangrena de um membro sadio. Queimar'me? Seria isso mais que uma figura de linguagem? Aprofundei'me no 3ardim por entre os canteiros de tulipas, 3acintos e alAssum. A prima$era ha$ia desabrochado em $erão. 1s marmeleiros floresciam e as 6ltimas p"talas brancas caíam das pereiras. >oltei'me e olhei para a casa. N/ão teriam coragem de tocar em minha casa!N e)clamei para mim mesma. /ão queimariam uma %egum! Mas, como se para confirmar que eu não mais podia contar com a proteção da posição e da riqueza, recebi uma $isita. 2ma criada anunciou7 , 1 general Amar espera para $0'la, %egum. Meu coração deu um salto. 1lhei pelo portão do 3ardim e l. esta$a um carro cor de oli$a do comando militar. 1 general Amar era um amigo antigo e querido dos meus dias de e)"rcito. (urante a Segunda Tuerra Mundial, esti$e associada com ele e agora ele era um dos generais de mais alta patente do e)"rcito paquistanense. *ínhamo'nos conser$ado em contato atra$"s dos anos. +articularmente enquanto meu marido foi Ministro do Jnterior e trabalhou intimamente relacionado com ele. >iria ele, tamb"m, condenar'me? Kogo podia ou$ir'lhe os passos no gramado do 3ardim enquanto $inha ao meu encontro, elegante num uniforme de c.qui e botas de couro. *omou'me a mão, inclinou'se e bei3ou'a. Minha apreensão diminuiu. E$identemente ele não $inha em missão de combate. 1lhou para mim, os olhos negros brilhando humoristicamente. 4omo sempre, o general foi direto ao assunto7 , E $erdade o que o po$o est. dizendo? , Sim ,, disse eu. , 1 que a le$ou a fazer isso?! , e)clamou ele. , >oc0 se colocou numa situação muito perigosa! 1u$i rumores de que algumas pessoas dese3am mat.'la! 1lhei para ele em sil0ncio. , Est. bem ,, acrescentou ele sentando'se num banco do 3ardim com o cinto de couro fazendo barulho. , >oc0 sabe que sou como um irmão para $oc0? , Espero que sim. , E, como irmão, $oc0 sabe que sinto por $oc0 uma afeição protetora? , Espero que sim. , Então, lembre'se de que minha casa estar. sempre aberta para $oc0. Sorri. Esta era a primeira coisa am.$el que ou$ia em muito tempo. , <as ,, continuou o general , h. algo que $oc0 precisa saber. Esta oferta " pessoal. , Ke$ou a mão a uma flor, pu)ou'a para si arrebentando'a, então $oltou'se para mim e acrescentou7 , 1ficialmente, não ha$eria muito que eu pudesse fazer, %ilquis. , Eu sei ,. *omei a mão do generalD le$antamo'nos 3untos, passeamos pelo terraço em direção 5 casa. Enquanto and.$amos contei'lhe que as coisas não tinham sido f.ceis. , E não ficarão mais f.ceis, minha querida ,, disse meu amigo com seu modo pr.tico. Mais tarde, depois de eu ter mandado $ir ch. para a sala de $isitas, ele perguntou, com um sorriso enigm.tico7 , (iga'me, %ilquis, por que $oc0 fez isso? E)pliquei o que tinha acontecido e descobri que o general Amar esta$a ou$indo cuidadosamente. Que e)traordin.rio! Aqui esta$a eu, sem o perceber fazendo o que os mission.rios chama$am de testemunhar. Esta$a falando de 4risto a um muçulmano, e um muçulmano que era um alto funcion.rio. E ele esta$a ou$indo! (u$ido ter realmente alcançado o general Amar naquela tarde, mas ao dizer'me adeus, meia hora mais tarde, 5 luz do ocaso de $erão, no$amente pressionando os l.bios contra minha mão ele parecia meditati$o. , Kembre'se, %ilquis ,, disse ele, $igorosamente , qualquer hora em que precisar de minha a3uda ... tudo que puder fazer por $oc0 como amigo ... , 1brigada, Amar , disse eu. >oltou'se, os saltos das botas fazendo barulho no ladrilho do corredor e desapareceu na escuridão da noite que chega$a, em direção a seu carro de comando. E nossa $isita solit.ria, estranhamente triste, ha$ia terminado. NSer. que o $erei de no$o?N pensei. +ela primeira $ez, durante o boicote, em meio 5s cartas, telefonemas anCnimos e ad$ert0ncias de $elhos amigos, esta$a aprendendo a $i$er de hora em hora. Era o oposto de preocupar' me. Era esperar para $er o "ue ele ia permitir. Eu tinha a certeza de que nada acontecia sem sua permissão. Eu sabia, por e)emplo, que a pressão contra mim de$ia tornar'se mais intensa. Se isso acontecesse, seria com a permissão dele, logo eu de$ia aprender a buscar sua presença em meio ao desastre aparente. Simplesmente teria de $i$er de hora em hora, 5 sua pro)imidade. Sim, era esse o segredo. Aprender a conser$ar sua companhia, de modo que acontecesse o que acontecesse, quando acontecesse, eu ainda estaria em sua gl#ria. 4om o aumento da pressão familiar, pensei saber o que o rei (a$i sentiu quando, ao fugir de seu filho Absalão, apanhou a lira e cantou7 N+or"m tu, Senhor, "s o meu escudo, "s a minha gl#ria ...N VSalmo H7HW. Essa gl#ria, compreendo eu, eram a b0nção, a alegria e a felicidade indizí$eis dos santos no c"u. /o momento, a pressão familiar ainda era o boicote. /em um membro da família $inha $isitar'me, nem mesmo para repreender' me. 4om raras e)ceçes, meus $elhos amigos tamb"m não me $isitaram. 1s esc.rnios no mercado continua$am. *amb"m continua$a a e)clusão premeditada dos grandes momentos da $ida da família7 nascimentos, mortes e casamentos. Sempre que me permitia permanecer na solidão que isto me causa$a, sentia que a gl#ria de (eus começa$a a se enfraquecer, e imediatamente $olta$a meus pensamentos, por um ato deliberado da $ontade, 5s horas em que @esus tamb"m se sentiu solit.rio. Jsso a3uda$a. Mas descobri, um pouco para surpresa minha, que precisa$a desesperadamente de companhia. Eu, que sempre ha$ia sido tão indiferente, agora precisa$a de intimidade. /em os 1ld nem os Mitchell $inham a minha casa. +ara sua pr#pria proteção, aconselhei'os a não me $isitarem. 4erta tarde cinzenta retirei'me para meus aposentos a fim de ler a %íblia. Esta$a inusitadamente frio para o princípio do $erão. 2m $ento gelado batia contra minhas 3anelas. Ao começar a ler, senti certo calor em minha mão, abai)ei as $istas e $i uma mancha de sol no meu braço. 1lhei pela 3anela 3ustamente a tempo de $er o sol desaparecer por tr.s das nu$ens. S# por um minuto, pareceu que ele ha$ia descido e tocado minha mão dando'me conforto. Ke$antei os olhos7 , Y meu Senhor , disse eu. , Estou tão s#D at" minhas bochechas parecem secas pela falta de con$ersa. +or fa$or, en$ia algu"m com quem con$ersar ho3e. Sentindo'me um pouco ridícula por ter pedido uma coisa tão infantil, $oltei'me para a %íblia. Afinal de contas eu tinha a companhia dele e isso de$ia ser o suficiente. Mas em pouco tempo fiquei espantada ao ou$ir um som estranho na casa, estranho por ter estado ausente por tanto tempo. >ozes subiam do andar de bai)o. 4oloquei o $estido de dormir e saí correndo para o corredor, onde encontrei /ur'3an que $inha correndo em direção ao meu quarto, quase sem fClego. , 1h, %egum Sahib , gritou ela , os 1ld estão aqui. , Kou$ado se3a (eus! , e)clamei e corri ao seu encontro. E claro que $ia Oen e Marie nos cultos de domingo na casa deles, mas isto era diferente, uma $isita no meio da semana. Marie apressou'se em minha direção, tomando'me pela mão. , Simplesmente tínhamos de $0'la, %ilquis ,, disse ela, os olhos azuis brilhando. , /ão temos nenhum moti$o especial, simplesmente gostamos de estar com $oc0. E que $isita foi aquela! 4ompreendi, enquanto con$ers.$amos, que eu ha$ia cometido um erro ao não con$idar as pessoas para $isitar'me. 1 orgulho ha$ia impedido que eu admitisse a necessidade de companhia. Subitamente ti$e uma inspiração. +or que não con$idar as pessoas 5 minha casa para as reunies de domingo? /ão seria isto 3ogar p#l$ora no fogo? *entei desfazer'me do pensamento mas ele teima$a em permanecer. /o momento em que meus amigos se prepara$am para sair eu disse rapidamente7 , >oc0s não gostariam de $ir aqui neste domingo 5 noite? 1s 1ld olharam para mim um tanto espantados. , Estou falando s"rio ,, disse eu, estendendo as mãos. , Esta $elha casa precisa de $ida. E assim ficou decidido. /essa noite, ao preparar'me para a cama, pensei em quão mara$ilhosamente o Senhor pro$0 tudo para n#s. Quando a família e os amigos me foram tirados, ele os substituiu com sua pr#pria família e amigos. (ormi em paz e acordei com o calor do sol entrando pela 3anela. Ke$antei'me e abri a 3anela, regozi3ando'me 5 brisa sua$e do $erão. /o aroma de terra do 3ardim eu podia perceber o cheiro do h.lito do $erão que ha$ia chegado. Mal podia esperar que chegasse a noite de domingo. A tarde de s.bado $eio encontrar a casa cheia de floresD o assoalho e as 3anelas brilha$am de tão limpos. (isse a Iaisham que podia unir' se a n#s, se quisesse, mas ao $er seu embaraço, percebi que ela não esta$a preparada para um passo audaz como esse e não insisti mais. 1 domingo arrasta$a'se enquanto eu conser$a$a Mamude fora da sala de $isitas, arruma$a o tapete persa, constantemente rearran3ando as flores, limpando um resto de poeira aqui e ali. =inalmente ou$i o barulho do portão abrindo'se e de carros chegando. A noite foi tudo o que eu espera$a, com c-nticos, oração, e testemunhos do que o Senhor esta$a fazendo. Eramos somente doze, al"m do Mamude, sentados conforta$elmente na sala de $isitas, mas eu poderia 3urar que ha$ia mil outros con$idados tam' b"m, in$isí$eis, mas bem'$indos. A noite te$e outro prop#sito peculiar, tamb"m, um prop#sito que eu não tinha pre$isto. Aconteceu que meus amigos cristãos ainda esta$am muito preocupados comigo. , >oc0 est.'se protegendo bem? , pergunta$a Marie. , %em ,, ri , não h. muito que eu possa fazer. Se algu"m quiser fazer'me mal, certamente encontrar. uma maneira. Oen olhou em torno da sala de $isitas e para fora das grandes portas de $idro para o 3ardim. , >oc0 realmente n$o tem muita proteção aqui , disse ele. , Eu não tinha percebido quão $ulner.$el $oc0 ". , E seu quarto? , perguntou SAnno$e. *odo mundo achou que de$íamos dar uma olhada no meu quarto, de modo que todos n#s fomos para l.. Oen ficou particularmente preocupado com as 3anelas que da$am para o 3ardimD eram protegidas somente pelo $idro e uma tela de filigrana. Ele sacudiu a cabeça. , Iealmente não " seguro, $oc0 percebe. >oc0 de$e fazer algo a esse respeito, %ilquisD de$e mandar instalar uma grade espessa de ferro. Qualquer pessoa podia quebrar isto e entrar. (isse que iria pro$idenciar tudo no dia seguinte. Seria minha imaginação ou a gl#ria dele diminuía enquanto eu fazia a promessa? =inalmente dissemos adeus e retirei'me mais feliz do que esti$era em muito tempo. /o dia seguinte, entretanto, ao preparar' me para mandar chamar o ferreiro da $ila, uma $ez mais senti que a presença do Senhor diminuía rapidamente. +or qu0? Seria por que eu esta$a prestes a agir le$ada pelo medo? Era certo que toda $ez que me dispunha a mandar chamar o ferreiro minha ação era impedida. Então compreendi o porqu0. Ao espalhar'se a notícia de que eu esta$a mandando colocar grades nas 3anelas, todo mundo perceberia meu medo. Eu at" podia ou$ir o coment.rio7 NAh.! Que tipo de religião " o 4ristianismo, afinal de contas? Quando a pessoa se torna cristã então fica com medo?N /ão. (ecidi não instalar grade nenhuma nas 3anelas. /essa noite fui para a cama confiante de ha$er tomado a decisão correta. Adormeci imediatamente. (e repente fui acordada por um ruído. Sentei'me na cama, espantada mas sem temor. +erante mim descortina$a'se uma $ista mara$ilhosa. Atra$"s das paredes do meu quarto, de um modo sobrenatural, podia $er o meu 3ardim. Esta$a inundado por uma luz branca e celestial. Eu podia $er cada p"tala de rosa, cada folha de .r$ore, cada l-mina de grama, cada espinho. E por sobre o 3ardim paira$a uma serenidade calma. Em meu coração ou$i o +ai dizendo7 N>oc0 fez a coisa certa, %ilquis. Estou contigoN. A luz diminuiu lentamente e o quarto ficou de no$o na escuridão. Kiguei a l-mpada de cabeceira, ergui os braços e lou$ei a (eus7 NY +ai, como posso agradecer'te o suficiente? *u te preocupas tanto com cada um de n#s!N /a manhã seguinte reuni todos os criados e disse'lhes que podiam ir dormir em suas pr#prias casas de ho3e em diante, se o dese3assem. Mamude e eu dormiríamos na casa grande. 1s criados trocaram olhares, alguns de surpresa, outros de alegria, um ou dois de alarme. Mas eu sabia que uma coisa pelo menos ha$ia sido realizada. A decisão punha fim a qualquer id"ia de autoproteção. E com essa decisão $oltou a gl#ria e permaneceu por mais tempo do que de costume. *al$ez isso fosse necess.rio para a pr#)ima s"rie de acontecimentos. 4erta manhã Iaisham esco$a$a meu cabelo e comentou casualmente7 , 1u$i dizer que o seu sobrinho, Oarim, morreu. (ei um pulo da cadeira e olhei para ela incredulamente. , /ão ,, sussurrei. /ão Oarim, que prometera le$ar Mamude para uma pescaria! Ele era um dos meus sobrinhos prediletos! 1 que tinha acontecido? +or que tinha eu de descobrir at" a morte de Oarim atra$"s dos criados?! 4om força de $ontade de aço ganhei controle de mim mesma e forcei o corpo de $olta 5 cadeira para que Iaisham pudesse continuar o seu trabalho. Mas minha mente corria em disparada. Jsso podia simplesmente ser um rumor, pensei. Iaisham podia ter'se enganado de nome. Meu cora' ção animou'se um pouco. Mais tarde, pedi que uma criada mais idosa descobrisse o que realmente ha$ia acontecido. Ela foi 5 $ila e depois de uma hora $oltou com o semblante descaído. , Sinto muito, %egum Sahib ,, disse ela. , Mas " $erdade. Ele faleceu ontem 5 noite de um ataque de coração e o enterro $ai ser ho3e. Então, esta criada, que tinha o dom de descobrir tudo, deu' me notícias que me magoaram ainda mais. Minha tia, disse minha criada, sabia o quanto eu ama$a seu filho, e tinha pedido especificamente que minha família Nnão dei)asse de contar a %ilquis que meu filho morreu.N /ingu"m cumprira seus dese3os. Mais tarde sentei 5 3anela meditando em tudo isso. Eu tinha sido e)cluída dos acontecimentos familiares por seis meses, mas 3amais o boicote tinha magoado como desta $ez. Enquanto me balança$a sua$emente na cadeira comecei a orar pedindo sua a3uda e, como sempre, a a3uda chegou. (esta $ez foi como se uma capa confortadora ti$esse sido colocada sobre meus ombros. E com tal sensação $eio'me 5 mente um plano de ação incomum. A pr#pria id"ia choca$a'me. Era tão audaz que eu sabia de$ia $ir do Senhor. 1&. APRENENO A VIVER NA GL'RIA Sentada 5 3anela que da$a para o 3ardim, onde Oarim e eu ha$íamos brincado em criança, sentia no rosto o $ento que sopra$a da Pndia, dobrando os topos das .r$ores. +arecia'me perceber nele uma mensagem e)traordin.ria! Meus ou$idos recusa$am'se a acreditar no que ou$iam. , 1 Senhor não pode estar'me realmente dizendo isso , disse sorrindo. , Estou simplesmente escutando $ozes! 1 Senhor não quer que eu $. ao funeral de =arim. /ão ficaria bem. Eu acabaria ofendendo pessoas enlutadas. Ainda no meio da ob3eção, reconheci uma $ez mais que o sentimento de sua presença começa$a a diminuir. Jmediatamente, com esse sinal, comecei a perguntar a mim mesma se o Senhor realmente esta$a'me dizendo que fizesse essa coisa e)traordin.ria, ir direto ao rosto das hostilidades do boicote. =inalmente, suspirando profundo, le$antei do meu lugar 5 3anela, dei de ombros e disse em $oz alta7 , Estou começando a aprender, Senhor. Meu sentimento da coisa certa a fazer nada " comparado com o teu! Jrei, uma $ez que o Senhor me diz que $.. E, " claro, o sentimento de sua presença retornou. Que s"rie e)traordin.ria de e)peri0ncias esta$a tendo com a ida e a $inda de sua gl#ria! Ainda assim, sentia que esta$a somente principiando a compreender o significado de tudo isso. 4omo poderia eu aprender a permanecer em sua presença por um tempo sempre crescente? Eu não tinha maneira de saber que nos pr#)imos dois meses encontraria uma s"rie de e)peri0ncias que me fariam dar um passo mais nesse processo de aprendizagem. Besitei, em p", na rua de paralelepípedos da casa de Oarim. A despeito de minha promessa em obedecer, sentia'me como uma pomba solit.ria entre mil ga$ies. Jnspirando o ar profundamente dirigi'me 5 casa de pedra, em meio a tantas iguais a ela. =ui ao 3ardim, subi 5 $aranda, sentindo os olhares dos aldees sentados ao redor em sil0ncio. Entrei na casa antiga com tetos gra$ados e paredes de gesso brancas, onde Oarim e eu tantas $ezes tínhamos rido e brincado 3untos. Agora não ha$ia risos. Al"m da tristeza da família enlutada, a frieza de uma dezena de olhares desafiadores da$a'me arrepios. 1lhei para uma prima com quem eu tinha sido muito íntima. /ossos olhos se encontraram por um instanteD minha prima rapidamente $oltou a cabeça e começou a falar com uma $izinha. Aprumando os ombros, entrei na sala de estar da casa de Oarim, sentei'me num dos grossos colches de algodão que tinham sido colocados no assoalho rodeados de almofadas para as pessoas se reclinarem. A3eitei o sari em torno de minhas pernas. Subitamente as pessoas começaram a perceber quem eu era. A con$ersa quieta que tinha enchido a sala, de repente parou. At" as mulheres que conta$am as contas do ros.rio, cada conta uma oração a Al., cessaram sua ati$idade e le$antaram os olhos. A sala, que esti$era quente com o calor do início de $erão, e por causa dos muitos corpos 3untos, quase que ombro a ombro, de repente parecia gelada. Eu não disse nada, não fiz nenhuma tentati$a em ser social, simplesmente abai)ei os olhos e fiz minhas preces7 NSenhor @esusN, sussurrei em meu coração, Nest. comigo enquanto te represento a este grupo de amigos e parentes queridos que estão tão tristes pela morte de Oarim.N (epois de uns quinze minutos o flu)o da con$ersa começou de no$o. Era hora de prestar homenagem 5 esposa de Oarim. 4om a cabeça erguida, le$antei'me do colchão e entrei na sala ad3acente onde 3azia o corpo de Oarim, num cai)ão alto, fundo e preparado de acordo com a crença muçulmana de que o morto de$e poder sentar'se quando os an3os $ierem question.'lo antes de entrar no c"u. (ei os p0sames 5 esposa de OarimD olhei para a face tranqMila do meu querido primo enrolado na mortalha no$a e branca de algodão e murmurei para mim mesma uma oração a @esus pelo espírito deste homem. 1h, como dese3a$a ter tido a oportunidade de con$ersar com ele antes de sua morte! 2m murm6rio bai)o enchia a sala enquanto os membros da família mais chegados ora$am por Oarim. As senhoras le$anta$am' se e liam $ersículos do Alcorão. *udo era parte do ritmo de $ida e morte que eu conhecia tão bem. Eu esta$a $oltando as costas a tudo isso. Antes do pCr'do'sol de ho3e, fariam uma procissão at" o cemit"rio e toda a família seguiria o esquife. 1s carregadores deporiam o cai)ão ao lado da sepultura e o sacerdote clamaria7 (eus * grandioso. enhor, este * teu servo, filho de teu servo. .le testificou n$o e/istir outro ,eus sen$o a ti, e "ue <aom* * teu servo e teu mensageiro ... Enquanto escuta$a o gemido sua$e na sala, $ia a mãe de Oarim a3oelhada 3unto ao esquife. Ela parecia tão perdida que de repente senti um impulso a$assalador de colocar'me a seu lado. *eria eu coragem para isso? /ão seria uma afronta? (e$ia eu dizer'lhe algo a respeito de @esus? +ro$a$elmente não. A minha presença de cristã traria @esus para o lado dela de um modo amoroso. Assim, fui at" a mãe de Oarim e coloquei os braços ao seu redor, dizendo'lhe em $oz sua$e e acariciante o grande pesar que eu sentia7 NOarim e eu "ramos tão íntimos. Que (eus a abençoe e a conforte.N A mãe de Oarim $oltou o rosto para mim. Seus olhos negros e cheios de l.grimas agradeceram'me e eu sabia que @esus nesse mesmo instante conforta$a'lhe o coração cheio de dor. Mas a mãe de Oarim era a 6nica pessoa na sala que parecia aceitar o que eu esta$a fazendo. Ao dei).'la e $oltar a unir'me aos pranteadores, um primo , que tamb"m ha$ia sido íntimo , le$antou'se ruidosamente e saiu da sala. 1utro primo seguiu'o. E depois mais outro. =iquei sentada lutando, de um lado, com as emoçes de minha pr#pria dor por Oarim e por sua família e de outro, com este profundo embaraço. Meu coração batia descompassadamente. A hostilidade esta$a'me atingindo. *i$e de lutar a fim de ficar sentada o tempo apropriado, dizer adeus e sair da sala. Ao sair senti que todo mundo olha$a fi)amente para mim. /o carro, fiquei sentada por alguns instantes atr.s do $olante, tentando controlar'me. Eu tinha obedecido mas o preço fora alto. 4ertamente que eu teria preferido ficar em casa em $ez de entrar na boca desta ira declarada. Esta$a enganada ao pensar que tinha de andar por esse $ale somente uma $ez. Algumas semanas mais tarde, quando o calor do $erão começa$a a chegar a nosso distrito, outro primo faleceu. (e no$o, fiquei sabendo de sua morte por meio de meus criados. (e no$o, em obedi0ncia a (eus, encontrei'me entrando, relutantemente, em uma sala cheia de pranteadores, na presença enregelada da disc#rdia e do #dio. +or um ato de força de $ontade des$iei a atenção de mim mesma, focalizando'a na pessoa realmente destituída, a $i6$a de meu primo. Ela tinha um filho que ia fazer cinco anos, a mesma idade de MamudeD parecia tão perdida e sozinha ao lado do esquife que chorei por ela e por seu marido. Então 3ustamente como tinha acontecido no funeral de Oarim, fui impulsionada para essa mulher em desespero. Ao apro)imar'me, nossos olhos se encontraram, percebi a hesitação passar'lhe pelo rosto manchado de l.grimas. Então, com um ar de repentina determinação, sabendo estar indo contra a $ontade da família, estendeu'me a mão. Ao segurar'lhe a mão idosa e que tremia nas minhas, chorei em sil0ncio. *rocamos somente uma ou duas pala$ras, mas meu coração ora$a fer$entemente para que o Espírito Santo a tocasse em sua destituição e cumprisse sua promessa, a esta querida muçulmana7 N%em'a$enturados são os que choram.N , 1brigada, %ilquis, obrigada ,, disse a $i6$a num sussurro ao soltar'me a mão. Abracei'a e saí da sala. Bou$e uma estranha e r.pida sucessão de mais dois funerais. Jsto era muito incomum at" mesmo para uma família grande como a nossa. E em cada caso foi'me dito, muito clara e distintamente pelo Senhor, que eu saísse de minha casa segura e fosse ao lugar onde precisa$am de mim. Eu não de$ia falar muito. (e$ia dei)ar que minha presença amorosa fosse sua 6nica testemunha. /essa "poca o Senhor trabalha$a comigo. Ele tinha tanto a me ensinar e usa$a esses funerais como sala de aula. =oi durante uma destas $isitas a um funeral que descobri o pr#)imo grande segredo de permanecer em sua presença. /um funeral muçulmano ningu"m cozinha ou come at" que o corpo se3a enterrado. Jsto geralmente resulta em um dia de 3e3um e na $erdade, tal coisa não " sacrifício. Entretanto, naquele dia, enquanto senta$a isolada na sala apinhada de gente, descobri de repente que dese3a$a ter meu costumeiro ch. da tarde. Era algo, disse a mim mesma, que eu simplesmente não podia dispensar. =inalmente, incapaz de controlar meu dese3o, le$antei'me e murmurei uma desculpa qualquer. Eu tinha de la$ar as mãos, disse. Saí da casa e desci a rua at" um pequeno caf". Ali tomei o meu precioso ch. e $oltei para 3unto dos pranteadores. Jmediatamente senti uma solidão estranha, como se um amigo ti$esse saído de 3unto de mim. E claro que eu sabia o que era. A presença confortadora de seu Espírito ha$ia'me dei)ado. , Senhor ,, disse para mim mesma , que fiz? E então eu sabia. *inha mentido enquanto da$a a desculpa. , Mas foi somente uma mentira inocente, Senhor , disse eu. /ão percebi nenhum conforto do Espírito. S# sil0ncio. , Mas, Senhor ,, continuei , não tenho de seguir mais essas pr.ticas do luto muçulmano. Al"m disso, simplesmente não posso passar sem meu ch.. 1 Senhor sabe disso. /enhum sentimento de seu Espírito. , Mas, +ai ,, continuei , não podia dizer'lhes que ia sair a fim de procurar ch. e bolos. Jsso os teria magoado. /enhum Espírito. , Est. bem, +ai ,, disse eu. , 4ompreendo. Errei em mentir. +ercebo que procura$a a apro$ação dos homens e que de$o $i$er somente para a tua apro$ação. Sinto muito, de $erdade, Senhor. Magoei'te. 4om tua a3uda não mais farei isso. E com essas pala$ras sua presença confortadora inundou'me de no$o, como a chu$a que cai num leito de rio ressecado. (escontraí'me. Sabia que ele esta$a comigo. E foi assim que aprendi a $oltar para sua presença rapidamente. Sempre que não sentia sua pro)imidade, sabia que o ha$ia entristecido. >olta$a ao passado, at" o momento em "ue tinha sentido sua presen0a pela -ltima vez. Então fazia uma re$isão de cada ato, cada pala$ra ou pensamento at" descobrir onde me ha$ia des$iado. Então confessa$a meu pecado e pedia seu perdão. Aprendi a fazer isso com aud.cia crescente. Mediante esses e)ercícios na obedi0ncia aprendi o segredo mara$ilhoso do arrependimento. Arrependimento, descobri eu, não era remorso lacrimoso mas sim admitir onde eu ha$ia errado e fazer um $oto que com a a3uda dele nunca mais cometeria tal erro. Ao perceber minha pr#pria fraqueza, pude in$ocar sua força. =oi durante essa "poca que descobri não ha$er mentira inocente. 2ma mentira " uma mentira e sempre procede de Satan.s, o pai das mentiras. Ele usa mentiras Ninofensi$asN e inocentes a fim de iniciar'nos nesse h.bito traiçoeiro. As mentiras preparam o caminho para as futuras e maiores tentaçes. Satan.s murmura que uma mentira inocente pode ser NconsideraçãoN por outras pessoas. (obramo'nos ao mundo em $ez de dobrarmo'nos a @esus, a >erdade. Embora tenha aprendido essa lição num funeral de um parente, foi o princípio de um no$o tipo de $ida para mim, no qual tentei desarraigar toda a mentira. (esse dia em diante tentaria policiar'me toda $ez que esti$esse prestes a dizer uma mentira inocente. 4erta $ez uma mission.ria amiga con$idou'me a uma reunião 5 qual não queria assistir. *inha decidido dar a desculpa de ter outro compromisso. 2m sinal de ad$ert0ncia soou dentro de mim e estaquei 3ustamente em tempo. Em $ez disso, descobri que podia dizer a $erdade e ao mesmo tempo não magoar o sentimento de ningu"m, simplesmente dizendo7 NSinto muito, mas não poderei estar l..N 4erto dia sentei'me para escre$er uma carta a um amigo em Kondres e automaticamente comecei a escre$er que esti$era fora da cidade por algum tempo e por isso não tinha podido responder 5 sua 6ltima carta. +arei, com a caneta no ar. =ora da cidade? Eu esti$era aqui o tempo todo. Amarrotei o papel, 3oguei'o na cesta de li)o e comecei de no$o7 NQuerido amigo7 +or fa$or, perdoe'me o não ter respondido 5 sua mara$ilhosa carta antes...N 4oisinhas, " $erdade. Mas eu esta$a aprendendo que ter cuidado com as pequenas coisas torna$a muito mais f.cil lidar com as tentaçes maiores 5 medida que chega$am. Al"m disso, a $ida fica$a muito mais f.cil por não ter de passar muito tempo tentando encontrar uma desculpa. Kenta e seguramente comecei a compreender que esta$a tentando $i$er tendo 4risto como meu companheiro constante! E claro, simplesmente não era possí$el fazer isto. *antas $ezes da$a conta de mim mesma $oltando a meus antigos h.bitos! Mas conti' nua$a tentando. E no processo, descobri o lado pr.tico da promessa7 N%uscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua 3ustiça, e todas estas coisas $os serão acrescentadasN VMateus <7HHW. 8 medida que tenta$a colocar (eus em primeiro lugar, algumas de minhas necessidades sinceras foram'me de$ol$idas. 4erta tarde Iaisham entrou no meu quarto com uma e)pressão de espanto no rosto. , B. uma senhora na sala de $isitas esperando para $0'la , , disse ela. , Quem "? , perguntei. , %em, %egum Sahib, se não estou enganada " a mãe de Oarim. 4ertamente que ela de$ia estar enganada! A mãe de Oarim não $iria aqui! (esci as escadas indagando'me quem poderia ser. Mas, ao entrar na sala de $isitas, a$istei a mãe do meu falecido primo. 1u$indo meus passos le$antou ela os olhos, $eio ao meu encontro e abraçou'me. , %ilquis ,, disse a mãe de Oarim com l.grimas nos olhos, , eu tinha de $ir pessoalmente dizer'lhe algo. A princípio, no funeral, não a $ira entre as pessoas. Mas preciso dizer'lhe quanto conforto $oc0 me deu. E ... não sei ... algo no$o. Alguma coisa calorosa, especial. E finalmente percebi por que não me fora permitido falar de @esus diretamente 5 mãe de Oarim durante sua perda esmagadora. *eria sido le$ar $antagem dela. Agora, entretanto, a situação era totalmente diferente. Tentil e sua$emente, em minha sala de $isitas, disse a ela o quanto @esus significa$a para mim e como ele, lenta e ine)ora$elmente esta$a mudando tantas das minhas maneiras antigas e imperiosas, substituindo'as por sua personalidade afetuosa e humana. , E $erdade , disse a mãe de Oarim. , >oc0 realmente se preocupou. >oc0 realmente dese3a$a partilhar de minha tristeza. =oi uma $isita curta mas mara$ilhosa. Essa $isita encora3ou' me em duas direçes7 primeiro, que outro ser humano tinha, na $erdade, notado mudanças em mimD segundo, eu espera$a que este fosse o começo de uma tr"gua no boicote da família. *oda$ia tal tr"gua não $eio logo. *elefonemas s# recebia de meus amigos mission.rios. (e modo que certa manhã logo antes do se)to ani$ers.rio de Mamude, quando o telefone tocou, espera$a ou$ir a $oz de Marie. Em $ez disso, ou$i a $oz amistosa da mãe do segundo primo falecido. , %ilquis? , Sim. , %ilquis, simplesmente queria dizer o quanto significou para mim a a3uda que $oc0 prestou 5 esposa de meu filho. Ela disse'me que $oc0 realmente falou a seu coração. Que interessante! Eu ha$ia dito muito pouco. =oi 4risto quem deu o consolo. *rocamos algumas pala$ras agrad.$eis e desligamos. (e no$o, não podia e$itar o espanto que se apodera$a de mim ao $er como @esus ha$ia feito o trabalho atra$"s de mim quando pouco ou nada ha$ia dito a respeito dele. =ora minha presença, representando seu Espírito nesta hora de necessidade que tinha trazido a a3uda. 4om o correr das semanas alguns parentes $ieram fazer'me $isitas curtas. /o dia do ani$ers.rio de Mamude, passaram para dar'lhe doces e brinquedos. 1 moti$o aparente de sua $isita era $er o menino. /a realidade, eu sabia, o ani$ers.rio era simplesmente uma boa desculpa. Eles tinham realmente $indo para sua$izar um pouco a m.goa do boicote. As $isitas eram sempre curtas e forçadas. Mas eram fendas claras e bem'$indas na muralha erguida ao meu redor. +assara'se quase um ano desde o dia em que tomei a decisão de aceitar o chamado de 4risto. 4omo o tempo $oa! Kogo seria no$amente meu ani$ers.rio. 2m ano desde que me ha$ia entregue ao Senhor. E agora olha$a com antecipação para minha primeira e real celebração do /atal. E claro que, na Europa, tinha $isto festas natalinas. Mas não tinha tido a e)peri0ncia do /atal, quando " celebrado de coração. *omei um pres"pio emprestado dos Mitchell. Quando $ieram trazer a pequena man3edoura trou)eram tamb"m um pequeno pinheiro e todos cantamos7 NY pinheirinho de /atal...N, enquanto Mamude grita$a de alegria. 1s criados colocaram a .r$ore num canto da sala de $isitas e todos n#s a3udamos a decor.'la com fitas de papel. Entretanto, algo esta$a errado. +or mais que estas festi$idades me agradassem, não $ia nelas muita significação. 4omecei a perguntar a mim mesma se ha$ia um modo de celebrar o /atal de forma a e)pressar a mudança ocorrida em minha $ida. Então $eio'me 5 mente uma id"ia. +or que não dar uma festa para todos , mission.rios, aldees, at" mesmo para os $arredores de rua? Jmediatamente ou$i a $oz de minha família ad$ertindo'me a não fazer uma e)posição de minha f"D e tamb"m ou$i a $oz do general ad$ertindo'me de que se eu ti$esse problemas não mais podia dar'me proteção oficial. Eu sabia que a id"ia de tal festa de /atal seria uma ameaça para muitos. Entretanto, depois de muita oração pareceu'me que a presença era mais forte quando eu começa$a a fazer os planos para essa inusitada reunião. (e modo que segui adiante com o plano e no dia de /atal dei uma festa que causou rumor em Fah. 1s aldees chegaram cedo e congregaram'se ao redor da .r$ore na sala de $isitas. Então chegaram os mission.rios. SAnno$e dirigiu os c-nticos. E, para espanto meu, uma criada anunciou que uma tia e alguns primos de IaQalpindi tinham chegado para uma $isita não plane3ada. Meu coração deu um salto. Qual seria a reação deles?! /ão precisa$a ter'me preocupado , reagiram 5 maneira típica da classe alta, penso eu. +rimeiro descaiu'se'lhes a boca, então, quietamente, retiraram'se para outro cCmodo onde ficaram a s#s em sil0ncio carregado. Eu não queria dei)ar de dar atenção a nenhum dos grupos de modo que passei o tempo andando de uma sala para outra. Era como se corresse de um lado para outro, de um chu$eiro quente para um chu$eiro frio. =inalmente, tal$ez por causa de minha persist0ncia, alguns familiares começaram a descontrair'se. Alguns at" foram para a sala de $isitas e 3untaram'se 5s festi$idades ao redor da .r$ore. @. pelo fim da festa esta$am de con$ersa com os 1ld, com os Mitchell e at" mesmo com os $arredores de rua. A festa anuncia$a, espera$a eu, o começo de um ano diferente. /ão um ano mais f.cil, simplesmente um ano diferente. A minha frente esta$am muitas encruzilhadas que, tomasse eu a esquina errada, le$ar'me'ia a grandes dificuldades. +ois com os parentes e amigos que agora retorna$am, $eio tamb"m uma esp"cie di$ersa de $isitantes. Eram pessoas decididas a le$ar'me de $olta 5 f" muçulmana. Eu tinha a impressão de e)istir espectadores ansiosos para $er como eu reagiria a essas $ozes que me chama$am de $olta ao lar. Tuardaria eu sil0ncio discreto, ou realmente diria o que pensa$a? A resposta $eio'me de no$o, em termos da presença de (eus. Sempre que tenta$a ser ambígua sentia'me desconfort.$el e s#D mas toda $ez que respondia 5s questes capciosas diretamente e em amor, sentia que o pr#prio Senhor esta$a comigo. 4erta tarde, por e)emplo, ou$i baterem sua$emente 5 minha porta. =iquei surpresaD eram duas horas da tarde. , Sim? , A porta abriu'se. Era Iaisham. , %egum Sahib, a senhora tem $isitas. Ba$ia certa hesitação em sua $oz sua$e. *inha dito a Iaisham que preferia não ser incomodada entre meio'dia e tr0s da tarde. +or"m não fora uma ordem. 2m ano atr.s eu teria ordenado a Iaisham duramente que não me incomodasse por coisa alguma entre o meio'dia e as tr0s. Agora e)pliquei'lhe que 3. não considera$a o tempo coisa minhaD pertencia ao Senhor. Se acontecesse alguma coisa que ao seu pensar precisa$a de minha atenção, então, " claro, de$ia $ir a meu quarto não importando que hora fosse. , %egum Sahib, o homem " ingl0s. , Ba$ia uma ponta de humor em seus olhos castanhos. , Ele diz que dese3a falar a respeito de (eus. , Est. bem ,, disse eu, um tanto intrigada. , (escerei num instante. Esperando por mim, na sala de $isitas, esta$a um ingl0s p.lido, cabelos cor de areia. Meu interesse aumentou ao notar que ele usa$a roupas típicas paquistanenses7 camisa branca e calças largas. Seu rosto p.lido e suas roupas brancas quase se confun' diam com as paredes brancas da sala. (epois de se desculpar por aparecer sem ter a$isado, foi direto ao assunto. (isse ter $ia3ado desde Oarachi a fim de $ir $isitar'meD e por ter'se con$ertido do 4ristianismo para o islamismo, seus familiares pensa$am termos interesses comuns. NAhN, disse a mim mesma, Nagora compreendo. Sabendo o quanto gosto dos ingleses, pensam que eu $ou ficar impressionada com um ingl0s que trocara o 4ristianismo pelo islamismoN. Meu $isitante hesitou por uns instantes e então lançou'se ao prop#sito a que $inha. , %egum ,, disse o homem , uma coisa realmente me perturba acerca dos muçulmanos que se con$ertem ao 4ristianismo. E a %íblia. *odos n#s sabemos que o /o$o *estamento não " o mesmo dado por (eus. Ele apresenta$a a principal acusação do islamismo contra a %íblia, isto ", que ela tinha sido tão alterada que a $ersão atual não merecia confiança alguma. 1 original, diziam os muçulmanos, esta$a de acordo com o Alcorão. , Espero que $oc0 não pense que eu este3a tentando ser engraçada , disse eu. , /a $erdade, dese3o saber uma coisa. *enho ou$ido com tanta freqM0ncia que a %íblia foi modificada, mas 3amais me disseram quem a mudou, quando foram feitas essas mudanças e que passagens foram corrompidas. Meu $isitante reclinou'se e olhou para as tra$es entalhadas do teto, os dedos martelando os braços do sof.. /ão respondeu. Eu esta$a sendo in3usta, pensei. At" onde sabia, não e)istiam respostas a estas perguntas. , >oc0 percebe ,, continuei, , no Museu %rit-nico e)istem $erses antigas da %íblia publicadas quase trezentos anos antes do nascimento de Maom". Em toda a questão entre o 4ristianismo e o islamismo estes antigos manuscritos são id0nticos 5 %íblia de ho3e. 1s peritos dizem que nos pontos b.sicos essenciais a %íblia de ho3e não " diferente do original. +ara mim, pessoalmente, isto " importante, pois a %íblia tornou'se uma +ala$ra $i$a7 fala 5 minha alma e me alimenta. A3uda'me e me dirige ... Meu $isitante le$antou'se sem dar'me tempo para terminar. , ...e assim ,, continuei , acho que " muito importante saber se realmente h. passagens bíblicas com as quais este3a perdendo o meu tempo. >oc0 pode esclarecer isso? , A senhora est. falando acerca da N+ala$raN como se fosse $i$a ,, disse'me o $isitante. , Acredito que 4risto $i$e, se " isto que $oc0 quer dizer ,, disse eu. , 1 pr#prio Alcorão diz que 4risto " a +ala$ra de (eus. Adoraria con$ersar a respeito dela com $oc0 em outra oportunidade. , (e$o partir. E foi tudo. Acompanhei meu $isitante 5 porta e con$idei'o para $oltar. Ele nunca $oltou, mas outros $ieram, alguns bem preparados para a batalha e com concepçes errCneas tão grandes! @amais me esquecerei do que acusou os cristãos de adorarem tr0s deuses distintos. , A assim chamada *rindade consiste em (eus, Maria e @esus! , (isse ele. , >oc0s, os cristãos, dizem que (eus tomou uma esposa, Maria, e de sua união nasceu @esus. Al. não pode ter esposa! , Iiu ele. 1rei rapidamente. E uma linha clara de pensamento $eio'me 5 mente. , >oc0 l0 o Alcorão? , perguntei. , E claro. , %em, então $oc0 de$e lembrar'se de que o Alcorão diz que o Espírito de (eus foi dado a 4risto? , *inha indagado a mim mesma com freqM0ncia como podia o Alcorão conter $erdades tão mara$ilhosas como esta?! , >oc0 tal$ez tenha ou$ido falar de Sadu Sundar Sing, o Si& de$oto a quem @esus apareceu em uma $isão. A e)plicação que @esus deu da *rindade foi7 NAssim como no sol h. calor e luz, e a luz não " calor e o calor não " luz, e ambos são um, embora manifestem'se de formas diferentes, assim tamb"m eu e o Espírito Santo procedemos do +ai, trazemos luz e calor ao mundo ... Entretanto não somos tr0s mas um, assim como o sol " um.N Quando parei de falar a sala esta$a em sil0ncio. Meu h#spede medita$a profundamente. +or fim, le$antou'se, agradeceu'me o ter passado algum tempo com ele e em sil0ncio dei)ou a casa. Ao obser$ar sua figura esguia descendo a entrada de carro encascalhada ocorreu'me indagar de mim mesma se minhas curtas palestras com pessoas como o ingl0s e este zelote esta$am realmente sendo usadas pelo Senhor. /ão tinha como saberD nunca mais ti$e notícias deles. Mas isso não era importante. *al$ez eu nem de$esse preocupar'me com os resultados. A 6nica coisa que realmente importa$a para mim era a obedi0ncia. Se o Senhor me pedia que falasse com essas pessoas, era 3ustamente isto que de$ia fazer. 8 medida que o in$erno se transforma$a em prima$era, o Senhor parecia apresentar'me outras maneiras de testemunhar. =ui a Kahore e depois de uma boa mas estranha e incomunicati$a con$ersa com meu filho Ohalid, comprei cem e)emplares da %íblia a fim de distribuir a qualquer pessoa que se interessasse em possuir um. 4omprei tamb"m grande quantidade de folhetos. (istribuía'os em toda oportunidade que encontra$aD dei)a$a'os tamb"m nos banheiros p6blicos. /ão tenho certeza de que isto tenha dado algum resultado. 4erta $ez ao $oltar ao banheiro onde tinha dei)ado um pacote de folhetos, $i que esse pacote ha$ia diminuído. 1lhei para a cesta de li)o. Ali, amassados, esta$am os e)emplares que falta$am. , +arece tudo tão sem prop#sito, Senhor , disse eu. , Estou fazendo o que o Senhor dese3a? +or que, Senhor, , disse eu erguendo as mãos em s6plica , não pude, uma 6nica $ez, $er os resultados do testemunhar de ti? , +ensa$a no ingl0s con$ertido ao islamismo, no general, em todos os criados que ha$iam fugido e nas centenas de $ezes em que tinha con$ersado com pessoas de minha família e amigos , nem uma destas $ezes ha$ia produzido frutos $isí$eis. , *udo " tão curioso, Senhor! Simplesmente não compreendo por que o Senhor não me est. usando. 8 medida que ora$a a sensação da presença de 4risto aumenta$a naquela sala. Ele parecia encher a atmosfera de poder e conforto. 1u$i, no coração, a sugestão distinta7 N%ilquis, tenho somente uma pergunta a fazer'lhe7 pense nas $ezes em que $oc0 con$ersou com seus amigos, e com sua família. +ense nas $ezes em que aceitou as pessoas que $ieram a fim de discutir. >oc0 sentiu minha presença durante essas con$ersas?N , Sim, Senhor. Sim, de$eras, senti'a. , Minha gl#ria esta$a l.? , Sim, Senhor. , Jsso " tudo o de que $oc0 precisa. E assim, muitas $ezes, que acontece com os amigos e com a família. 1s resultados não são problema seu. >oc0 de$e preocupar'se somente com a obedi0ncia. %usque minha presença, não os resultados. Assim continuei em minha tra3et#ria. 1 estranho " que ela se torna$a cada $ez mais estimulante e re$igoradora. 2ma $ez que o Senhor ha$ia des$iado minha atenção dos NresultadosN para sua presença, eu podia ter a alegria de $er amigo ap#s amigo, parente ap#s parente sem o mínimo sentimento de frustração. Aprendi a apro$eitar as oportunidades. Quer a con$ersa $ersasse sobre política ou roupas, pedia que (eus fizesse surgir uma questão que me desse uma abertura. +or e)emplo, certa $ez ao con$ersar com uma sobrinha, a palestra foi le$ada para meu e)'marido, que agora era embai)ador paquistanense ao @apão. , E se Ohalid $iesse 5 sua casa? , sorriu ela, le$antando o sobrolho. 1lhei'a nos olhos. , (ar'lhe'ia boas'$indas. Ser$ir'lhe'ia ch.. , Minha sobrinha olhou para mim com incredulidade. , @. lhe perdoei , continuei. , E espero que ele me tenha perdoado tudo o que fiz para mago.'lo. , 4omo " que a senhora pode perdoar dessa maneira?! , Minha sobrinha sabia que a separação tinha sido muito difícil. E)pliquei ser $erdade que por mim mesma não podia perdoar. Ba$ia pedido a @esus que me a3udasse. , >oc0 percebe ,, disse eu. , @esus con$idou'nos para le$ar nossos fardos a ele. @esus desfez o meu fardo de #dio. Minha sobrinha ficou im#$el por uns instantes. , %em, , disse ela , Esse " um 4ristianismo do qual ainda não tinha ou$ido falar. Se a senhora $ai agir dessa maneira eu serei um dos primeiros a $ir aprender a respeito de seu @esus. Ainda aqui fiquei desapontada. *inha grandes esperanças. 4ria de$eras que minha sobrinha $oltasse ao assunto mas nunca mais o fez. *amb"m hou$e dias em que a gl#ria me dei)ou durante esse período. Sempre acontecia do mesmo modo. Eu caía na armadilha de Satan.s7 con$encia'me ele de eu estar fazendo um bom trabalho, de que meus argumentos eram realmente profundos! 4erto dia, por e)emplo, um amigo perguntou'me7 , +or que $oc0 tem de ser tão e)clusi$a? >oc0 ter. de admitir que todos n#s adoramos o mesmo (eus, quer a pessoa se3a cristã, muçulmana, hindu, budista ou 3udia. +odemos dar'lhe nomes diferentes e irmos a ele de diferentes direçes, mas no final " o mesmo (eus. , >oc0 quer dizer que ele " como o topo de uma montanha ao qual todos os diferentes caminhos le$am? Ele se a3eitou na cadeira equilibrando sua )ícara de ch. e assentiu com a cabeça. Então lancei'me ao ataque. , %em ,, disse eu , ele pode ser o topo da montanha mas s# e)iste um caminho que le$a a ele, e esse " mediante @esus 4risto. 1 Senhor disse7 NEu sou o caminho, a $erdade e a $ida.N /ão simplesmente um caminho ,, acrescentei categoricamente , mas o caminho. Meu amigo depCs sua )ícara de ch., fez uma careta e sacudiu a cabeça. , %ilquis, , disse ele , ser. que ningu"m ainda não lhe disse que $oc0 parece muito orgulhosa? E instantaneamente eu sabia que o homem sentado 5 minha frente fala$a por (eus. Meus argumentos esta$am corretos. Eram bíblicos e sãos. Mas o Espírito ha$ia'se retirado. 4il"uis esta$a certa. 4il"uis dita$a a $erdade. Iapidamente fiz uma oração de arrependimento e pedi que o Senhor tomasse o controle. , Sinto muito ,, falei. , Se pareço con$encida por ser cristã, então não estou agindo como 4risto dese3a. Quanto mais aprendo a respeito de 4risto tanto mais preciso de ser corrigida. 1 Senhor tem tanto a ensinar'me e sei que neste e)ato momento ele est. falando atra$"s de $oc0. Meu $isitante saiu, tal$ez um pouco mais perto do Senhor, tal$ez não. (u$ido que 3amais $enha a saber. Mas sei que eu esta$a, passo ap#s doloroso passo, aprendendo a ou$ir e a obedecer. Então certa noite ti$e outra daquelas e)peri0ncias assustadoras que esta$am acontecendo depois de ter'me tornado cristã. Esta$a em meu quarto preparando'me para dormir quando repentinamente senti a presença poderosa do mal 5 3anela. Jnstantaneamente $oltei'me para meu protetor, que me ad$ertiu a não chegar perto da 3anela. 4aí ao chão orando, pedindo que o Senhor me cobrisse como a galinha cobre seus pintainhos e senti' me totalmente protegida. Ao le$antar'me, a presença da 3anela ha$ia desaparecido. /a manhã seguinte fui de carro 5 casa dos Mitchell. 1 sol brilha$a iluminando as ruas mas por dentro ainda me estremecia. 4hegando 5 porta da casa deles, senti certa hesitação em mencionar o que me ha$ia acontecido, com receio de eles não compreenderem. 8 porta, SAnno$e abraçou'me, então afastando'se, seus olhos azuis questionaram'me. , 1 que h., %ilquis? , perguntou ela. , %em ,, a$enturei'me , por que as coisas assustadoras continuam acontecendo depois da pessoa tornar'se cristã? Ke$ou'me para a sala de estar onde nos assentamos. , Iealmente não sei o que $oc0 quer dizer ,, respondeu ela com ar curioso. , Algu"m a ameaçou? , /ão algu"m ,, respondi , mas alguma coisa. , 1h? , fez ela. Ke$antou'se e foi buscar a %íblia. , Aqui , , disse ela assentando'se e folheando as p.ginas da %íblia. , Ef"sios < fala desse tipo de coisas. , Keu7 &Pois n$o * contra carne e sangue "ue temos de lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os pr3ncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da ini">idade nas regi?es celestes.& Ke$antou os olhos para mim. , (e$e ser isso ,, disse eu e contei'lhe o que tinha acontecido naquela noite. Ela ou$iu com atenção. +erguntou7 , +or que $oc0 não con$ersa com os 1ld. acerca disso? , %em ,, disse eu, dando uma risada ner$osa , nem mesmo sei se dese3o falar mais acerca disso. E assim ainda pensa$a no inicio de nossa reunião com os 1ld naquela noite. (ecidi não mencionar o assunto. Simplesmente estaria me e)pondo ao ridículo, pensei. +ro$a$elmente era s# minha imaginação. Entretanto, ao con$ersar com Marie 1ld sentada no sof. defronte 5 lareira, não pude dei)ar de mencionar o assunto. *entei parecer despreocupada. , Aconteceu'me uma coisa muito estranha na noite passada, Marie , disse eu. , *i$e uma e)peri0ncia por demais assustadora e não posso e)plic.'la. Oen, seu marido, geralmente descontraído, esta$a sentado numa cadeira 5 3anela atr.s de n#s lendo um li$ro. Ao ou$ir'me, abai)ou o li$ro, olhou para n#s e percebendo minha relut-ncia em falar a respeito dessa e)peri0ncia, tranqMila e gentilmente le$ou' me a e)plicar o epis#dio todo. Ao terminar, tentei rir. , E tamb"m ,, disse eu alegremente , pode ser que eu ti$esse comido caril demais no 3antar na noite passada. , /ão diminua as coisas pelas quais o Senhor a faz passar , , disse ele calmamente. , As coisas sobrenaturais realmente acontecem. , (eu $olta ao sof. e sentou'se numa cadeira 5 nossa frenteD compenetrado. E)plicou a presença sobrenatural do mal e como (eus 5s $ezes permite que ela sobre$enha a n#s como uma pro$a. E)emplificando citou no Antigo *estamento a permissão que (eus deu a Satan.s para afligir a @#D no /o$o *estamento (eus permitiu que o maligno tentasse a 4risto no deserto. Estas duas ocasies, ressaltou Oen, foram pro$as. E em cada caso, acrescentou ele, a pretendida $ítima de Satan.s emergiu $itoriosa por causa de sua f" sincera em (eus. /ão pude dei)ar de lembrar'me do ataque que sofri duas noites antes do meu batismo. A aprendizagem continua$a lentamente. Mas o que eu não sabia ao meditar com gratidão no ensino confortador de Oen, era que o Senhor 3. tinha começado um processo que me dei)aria cada $ez mais solit.riaD solit.ria mas não a s#s. +rocesso esse que me afastaria mais e mais de minha família, le$ando'me a uma família grande e protetoraD que me afastaria das raízes em Fah que tanto significa$am para mim, fazendo com que criasse raízes profundas em uma cidade no$a. +or causa das pro$as de resist0ncia $indouras ele me fazia passar, muitas $ezes, por situaçes nas quais eu tinha de depender somente dele. 11. VENTOS E MUANÇA 1 processo de emancipação começou certo domingo algumas semanas mais tarde, durante nossa reunião regular de oração. Achei que tanto os 1ld como os Mitchell pareciam inusitadamente sombrios nessa noite. , 1 que h. de errado? , perguntei ao entrarmos na sala de $isitas dos 1ld. Oen inclinou a cabeça para tr.s olhando para o teto. , Marie e eu $amos tirar f"rias de um ano , disse ele abruptamente. Minha primeira reação foi de p-nico. *i$e a impressão de estar sendo abandonada. 1 que faria sem os 1ld?! E claro que ainda ha$ia os Mitchell, mas eu dependia do apoio de ambas as famílias. 1s Mitchell ha$iam'me le$ado ao primeiro contato com a igre3aD os 1ld tinham andado intimamente comigo. Seria isto apenas o começo? Quanto tempo le$aria para perder as duas famílias? Marie de$e ter lido meu coração, pois, apro)imando'se, tomou'me a mão. Enquanto fala$a, l.grimas enchiam'lhe os olhos. , Querida, $oc0 de$e compreender que sempre ser. assim , disse Marie. , 1s que amamos sempre partirão. S# @esus permanece conosco para sempre. Oen agora ha$ia'se 3untado 5 esposa ao meu lado. , B. outra coisa, %ilquis ,, disse Oen. , >oc0 pode ter a certeza de que o Senhor 3amais nos tira de uma situação segura a menos que tenha um prop#sito para isso. Assim, $oc0 pode começar a regozi3ar'se neste instante, ainda que no meio da dor. 1s 1ld, os Mitchell e eu tínhamos somente mais algumas semanas para passarmos 3untos. A data da partida apro)ima$a'se trazendo consigo um horrí$el sentimento de destruição. *odos n#s tent.$amos olhar com f" para o $.cuo que criaria a partida de Oen e MarieD mas tudo não passa$a de encenação. =oi um dia triste quando os Mitchell, eu e outros de nosso pequeno grupo de cristãos fomos 5 casa dos 1ld dizer'lhes adeus. =izemos o mais que podíamos para transformar este 6ltimo momento em celebração, mas nossos coraçes esta$am pesados demais. *ent.$amos $er a ocasião como uma oportunidade não de Ndei).'los irN mas de Nen$i.'losN. =oi uma tentati$a cora3osa. Mas em nossos coraçes, ao $ermos o carro dos 1ld carregado partir em direção 5 rodo$ia *ronco Trande, parecia'nos a todos que a $ida 3. não poderia ser tão rica quanto antes. Ao dirigir de $olta 5 minha casa nesse dia ti$e uma sensação estranha de estar agora por minha conta, sozinha numa comunidade hostil. Que ridículo! Afinal de contas os Mitchell ainda esta$am em Fah! 1 processo de emancipação tomou rumo no$o e inesperado certa manhã alguns meses depois de os 1ld terem partido, quando o (r. (anie %a&sh me telefonou. (isse ele que o (r. StanleA MooneAham e ele, representando um grupo chamado @orld Aision V>isão MundialW, com sede no estado de 4alif#rnia, nos Estados 2nidos, gostariam de $isitar'me. Eu nunca ha$ia ou$ido falar dessa organização, mas minhas portas esta$am abertas a qualquer pessoaD at" 5quelas que s# tinham curiosidade em $er uma muçulmana que se tornara cristã. Ambos chegaram alguns dias mais tarde. *erminado o 3antar, o (r. MooneAham começou a falar e suas pala$ras dei)aram claro que ele não era nenhum curioso 5 procura de no$idades. E claro que tinha interesse em minha con$ersão, mas percebi que ele teria tido o mesmo interesse se o con$ertido fosse o meu 3ardineiro. Enquanto tom.$amos ch. ele tocou no assunto. , A senhora $iria a 4ingapura, Madame Shei&h , perguntou o (r. MooneAham , para testemunhar do Senhor? , 4ingapura? , %illA Traham est. programando uma grande confer0ncia l., chamada Cristo 4usca a Bsia, tendo em mira todos os cristãos asi.ticos7 indon"sios, 3aponeses, indianos, coreanos, chineses, paquistanenses. Seu testemunho seria uma inspiração para todos n#s. /ão parecia direito. Eu tinha o suficiente a fazer em Fah sem ter de $ia3ar a outras partes do mundo. , %em ,, disse eu , orarei a esse respeito. , +or fa$or, faça'o! , disse o (r. MooneAham e logo despediu'se. Muito tempo depois de o (r. MooneAham ter saído, fiquei sentada na $aranda pensando e orando, como ha$ia prometido, a respeito do con$ite. 2ma parte de mim dizia que eu de$ia apro$eitar a oportunidadeD outra parte dizia que eu não de$ia nem pensar nisso. Então ocorreu'me uma id"ia. Meu passaporte. E claro. Esta$a quase $encido. +ara ir a 4ingapura teria de reno$.'lo. /essa "poca no +aquistão o processo burocr.tico para a reno$ação de passaportes era muito complicado. A situação era imposs3vel. Algumas pessoas manda$am os passaportes para reno$ação e nunca mais os recebiam de $olta. +or que não dei)ar que esta situação falasse pelo Senhor? Se ele dese3asse minha ida, tomaria conta do passaporte. /essa mesma tarde preenchi os formul.rios necess.rios e mandei o passaporte aos oficiais competentes. Ao coloc.'lo na cai)a do correio tinha pouca d6$ida de que isto seria o NnãoN 5 minha $iagem a 4ingapura. 2ma semana mais tarde um en$elope com apar0ncia oficial chegou pelo correio. , Bumm , sorri , " o primeiro passo para conseguir minha reno$açãoD alguns formul.rios para serem preenchidos. E assim continuar. por meses. Abri o en$elope. K., reno$ado e oficialmente selado, esta$a meu passaporte. E assim foi. Alguns meses mais tarde disse adeus a Mamude, agora com seis anos de idade e fui de carro at" Kahore. K., antes de partir para Oarachi onde tomaria o a$ião a 3ato para 4ingapura, fiz uma curta $isita ao meu filho Ohalid. Embora esti$"ssemos em 9:<Z e um ano e meio hou$esse passado desde que o Senhor se encontrara comigo, Ohalid agia como o restante de minha famíliaD mostra$a pouco interesse em minha descoberta. Suspeitei que ele acha$a ser estranho que eu, aos GZ, fizesse uma $iagem dessas. Mas, como mãe, eu de$ia ser respeitada e assim ti$emos uma con$ersa agrad.$el. Mais tarde, depois de embarcar no 3ato em Oarachi e e)aminar a situação ob3eti$amente, ti$e a impressão de que Ohalid esti$era certo. 1 que esta$a eu fazendo num a$ião a caminho de 4ingapura? Ba$ia muitos cristãos a bordo e eu não tinha certeza de estar gostando do que $ia. Afastei'me da e)uber-ncia deles. 4anta$am hinos, grita$am uns para os outros atra$"s do corredor, e 5s $ezes erguendo as mãos, e)clama$am7 NKou$ado se3a o Senhor!N =iquei embaraçada. Ba$ia uma qualidade artificial nessa alegria, não muito diferente da alegria forçada que ocasionalmente tinha $isto entre os con$encionais nas ruas de Kondres. Murmurei para mim mesma que se era isto que significa$a $ia3ar em círculos cristãos, eu não esta$a interessada. 1 que piora$a a situação era que, por moti$os que não podia definir, sentia ter esta $iagem um significado pessoal que ia al"m de meu saf.ri a 4ingapura. Era como se fosse uma $iagem prof"tica, pren6ncio do tipo de $ida a que seria chamada para $i$er. , 1h, não, Senhor , disse a mim mesma. , 1 Senhor de$e estar brincando comigo! , +rof"tica em que sentido? Que terei de passar muito tempo em meio a e)tro$ertidos, $ia3ando de 3atos? Em Fah eu acaba$a de me acostumar um pouco com o meu papel de cristã, mas Fah era uma $ila pro$inciana. K. pelo menos, eu esta$a no controle da situação. 4ristianismo para mim era uma alegria pri$ada, a ser partilhada de acordo com minhas regras. (efiniti$amente não gosta$a da id"ia de desfilar perante centenas, tal$ez milhares de pessoas estranhas. Quando o a$ião decolou, fiquei olhando para fora da 3anela at" $er o +aquistão desaparecer no ne$oeiro. Embora soubesse que $oltaria dentro de alguns dias, alguma coisa ad$ertia'me de que em um sentido muito real isto era apenas o princípio. Embora hou$esse de retornar fisicamente a meu lar, em outro sentido eu 3amais $oltaria. Este grupo de cristãos era agora a minha família. Qual seria o significado de tudo isso? A id"ia espanta$a'me. (o aeroporto de 4ingapura fomos direto para o salão de confer0nciasD as reunies 3. tinham começado. E repentinamente, muito para minha surpresa, descobri que minha reação a este grupo de cristãos reunidos era bem diferente. Ba$ia milhares de homens e mulheres no salão de confer0ncias, o maior conglomerado de pessoas que eu 3. tinha $isto. Quando entrei no salão canta$am o hino NQuão Trande Es *uN. Senti a presença emocionante e familiar do Espírito de (eus. Quase que instantaneamente eu queria chorar, não de tristeza, mas de alegria. /unca antes ha$ia $isto tão grande multidão lou$ando ao Senhor. Mal podia compreender a e)tensão de tudo isso. *anta gente de tantos países! Iaças diferentes, diferentes roupas! Talerias de cristãos em lou$or que parecia ele$ar'se para sempre. Jsto era diferente! /ão parecia nada com o grupo de pessoas no a$ião. Então percebi o que tinha acontecido. Iepentinamente tudo ficou muito claro. As pessoas no a$ião, esta$am tímidas, ner$osas e tal$ez at" com medo , medo da no$idade, medo de $oar. %lefa$am e faziam pose, não no Espírito apesar do lingua3ar cristão. Mo$iam'se no Espírito tanto quanto eu ao repreender um dos criados ou reagir $iolentamente a um tio quando tenta$a pressionar'me de $olta ao islamismo. 1 problema era a linguagem. 1 falar cristão ha$ia'me enganado. (e$ia ter reconhecido o cristianês, por assim dizer, o disfarce de uma dor. Mas aqui, no centro de confer0ncias era diferente. A hora social ha$ia terminado, o culto começara. Se a profecia que eu ha$ia recebido significasse estar com grupos como este, isso eu podia apreciar e aceitar. 2ma coisa ainda me preocupa$a. (e$eria eu realmente ficar 5 frente destes milhares de pessoas e testemunhar a elas? 2ma coisa era contar minhas e)peri0ncias aos conhecidos em Fah. Mas aqui? 4om todas estas pessoas de apar0ncia estranha, de tantos continentes diferentes? /ão me sentia nada segura. Apressei'me para o hotel onde tentei descontrair'me. 1lhei para fora da 3anela, para 4ingapura que fer$ilha$a de gente. Que diferença entre 4ingapura, Kondres e +aris! As pessoas apertando'se nas ruas, mascates anunciando seus produtos em cantilenas mon#tonas, carros trafegando pelo meio da multidão, constantemente buzinando. A pr#pria multidão parecia ameaçar'meD $inha'me o mesmo sentimento que ti$era no salão de confer0ncias. *remi, fechei a cortina e fui para o outro lado do quarto. Sentei'me e tentei acalmar'me. , 1h, Senhor , clamei. , 1nde est. teu Espírito confortador? Subitamente lembrei'me de uma e)peri0ncia da inf-ncia7 anda$a com papai pelo mercado de Fah. +apai pre$eniu'me que permanecesse a seu lado, mas sempre ati$a, eu dese3a$a correr. 4erto dia separei'me dele. 2ma e)posição de flores chamou'me a atenção e corri para l.. Subitamente compreendi que meu pai 3. não esta$a a meu lado. Enchi'me de p-nico e e)plodi'me em l.grimas. , Y papai ,, solucei , $em socorrer'me! Eu 3amais fugirei de ti! , =ala$a eu ainda quando o $i, alto e esbelto correndo para mim por entre a multidão. Eu esta$a com ele de no$o. *udo o que queria agora era permanecer a seu lado. Sentada, no quarto de hotel, compreendi que de fato tinha dei)ado meu +ai celeste outra $ez. Ao permitir'me ficar ansiosa, ha$ia fugido de sua presença confortadora. Quando aprenderia que não posso preocupar'me e confiar em (eus ao mesmo tempo?! (escontraí'me, recostei'me na cadeira e senti paz no$amente. , 1brigada, +ai ,, disse, chorando de alí$io. , +or fa$or, perdoa'me o afastar'me de ti. *u est.s aqui, e tamb"m est.s no salão de confer0ncias. Estarei segura. Alguns minutos depois, no saguão do hotel, senti uma mão pressionar'me o braço e ou$i uma $oz familiar. >oltei'me e $i o (r. MooneAham. , Madame Shei&h! E tão bom $0'la aqui! , 1 (r. MooneAham parecia muito contente em me $er. , Ainda est. disposta a falar? , Era como se ele ti$esse lido meu pensamento. , /ão se preocupe comigo ,, disse sorrindo. , Estarei bem. 1 Senhor est. aqui. 1 (r. MooneAham, parado estuda$a meu rosto, como se procurasse um modo de interpretar minhas pala$ras. Afinal, eu esti$era usando o Ncristian0sN tamb"m, e se o le$asse a s"rio, possi$elmente se enganaria como me ha$ia enganado no a$ião. 1s olhos do (r. MooneAham pareciam ler minha pr#pria alma. Kogo pareceu satisfeito. , %em ,, disse ele abruptamente. , >oc0 est. escalada para amanhã de manhã. , 1lhou para o rel#gio. , >oc0 ter. muito apoio em oração. 1 (r. MooneAham tinha'me compreendido corretamente. 1 sentimento de segurança durou por toda a manhã seguinte tamb"m, quando de$eras me le$antei perante aqueles milhares de pessoas a fim de contar'lhes a maneira estranha em que o Senhor me ha$ia encontrado. /ão foi difícil falar. Ele esta$a comigo enquanto eu tropeça$a nas pala$ras procurando dizer alguma coisa. Ele abraça$a'me estimulando'me e assegurando'me de que era ele quem esta$a comunicando e não eu. E enquanto as pessoas me rodea$am em comunhão amorosa depois da palestra, parecia' me ter dado o primeiro passo em direção a um no$o tipo de trabalho para o Senhor. 1 Senhor tamb"m arran3ou para que eu conhecesse um homem que seria de grande influ0ncia em minha $ida, embora nessa "poca eu não soubesse disso. =ui apresentada ao (r. 4hristA Filson, um am.$el ca$alheiro, pastor de uma igre3a para os estrangeiros em Oabul, no Afeganistão. Encontramos comunhão no Espírito do Senhor enquanto fal.$amos a respeito de seu trabalho. Em bre$e as reunies se acabaram e eu esta$a a caminho de casa. 2ma $ez mais percebi que a $iagem toda tinha um car.ter estranhamente premonit#rio, como se (eus ti$esse pedido que eu fosse com ele a 4ingapura a fim de aprender mais acerca de um trabalho que tinha para mim. %em, disse para mim mesma, pelo menos estarei sediada em Fah. *al$ez eu não me importasse demais em $ia3ar de $ez em quandoD dei)ar meu lar confort.$el e seguro de $ez em quando. Enquanto o carro saía da rodo$ia *ronco Trande em direção 5 nossa casa, que aparecia segura por entre as .r$ores eu não tinha como saber que o processo de emancipação ia destruir um pouco mais dessa segurança. 12. TEMPO E SEMEAR 1 passo seguinte da separação $eio com a notícia triste de que os Mitchell esta$am saindo de f"rias. =icariam algum tempo fora do +aquistão. Ba$ia passado mais de ano desde o acontecimento em 4ingapura. Esta$a sentada na sala de estar dos Mitchell com nosso pequeno grupo de homens e mulheres cristãos, profissionais liberais da região. Era uma ocasião triste , a 6ltima reunião com (a$id e SAnno$e. /ão podia dei)ar de pensar na primeira $ez em que tinha $indo a esta mesma casa de $aranda bai)a como uma pessoa que busca mas hesita. *anta coisa tinha acontecido desde então! 1lhei para o rosto destas duas pessoas que acompanharam tão de perto minha apresentação a 4risto. (a$id, alto, cabelo tornando'se grisalhoD SAnno$e, tão interessada, orando consistentemente por mim. , >ou sentir uma falta terrí$el de $oc0s , disse eu no pequeno gramado em frente 5 casa dos Mitchell., 4omo " que $ou passar sem sua companhia e comunhão? , *al$ez o Senhor a este3a ensinando a passar sem ela , disse SAnno$e. , Ele est. sempre esticando'nos, $oc0 sabe, %ilquis, at" que não tenhamos nenhum ponto de apoio seguro a não ser ele. Jsso parecia bom, mas ainda não gosta$a de ser esticada e o disse a SAnno$e. Ela simplesmente riu. , E claro que $oc0 não gosta, querida %ilquis. Quem " que 3amais dese3a dei)ar um lugar seguro? Mas a a$entura 3az adiante! SAnno$e entrou em seu $elho carro e fechou a porta. 2m abraço a mais atra$"s da 3anela e subitamente o carro dos Mitchell roda$a por entre a poeira, ganhando dist-ncia, dei)ando para tr.s os edifícios caiados que tinham ser$ido de alo3amento para oficiais durante a Segunda Tuerra. 1 carro desapareceu na esquina. A$entura, de$eras! Aqui esta$a eu, uma cristã solit.ria numa cidade muçulmana. Seria eu capaz de sobre$i$er sozinha? +assaram'se $.rias semanas, e durante esse tempo, francamente, foi'me difícil $er ou perceber a a$entura que SAnno$e ha$ia prometido ou a direção e prop#sito que Oen 1ld tinha predito quando de sua partida, que parecia ter sido muito tempo atr.s. A reunião dos domingos 5 noite continuou, primeiro em uma casa e depois em outra dos cinco de n#s que fic.ramosD mas na falta da liderança dos 1ld e dos Mitchell as reunies pareciam estar morrendo. Então, certa noite, depois de uma reunião sem $ida, $eio'me uma id"ia. Ser. que não est.$amos cometendo um erro tentando fazer as coisas e)atamente como os Mitchell e os 1ld ha$iam feito? /osso pequeno grupo certamente atrofiar'se'ia se não conseguíssemos sangue no$o em nosso meio. 1 que aconteceria , e sentia o pulso apressar simplesmente ao pensar nisso , o que aconteceria se con$id.ssemos pessoas para nossa reunião, gente que não fossem profissionais liberais , que não fossem m"dicos, engenheiros nem mission.rios? Suponhamos que con$id.ssemos cristãos e não'cristãos, $arredores de rua e pessoas da classe bai)a, a unirem'se em comunhão conosco. *al$ez em minha pr#pria casa, por ser grande e con$eniente. Quando fiz essa sugestão, nosso pequeno grupo resistiu, a princípio, depois concordou cepticamente. (ecidimos ir em frente. Mediante con$ites diretos e tamb"m atra$"s da ramificação dos empregados, dei a notícia de que teríamos uma noite cristã em minha casa no domingo 5 noite. =iquei surpresa ao $er quanta gente apareceu. A maioria era de IaQalpindi, onde a notícia ter'se'ia espalhado mais rapidamente. E, como espera$a, nem todos eram cristãos. Muitos, simplesmente esta$am famintos e queriam descobrir mais acerca do (eus cristão. /#s, os do grupo original, como líderes, cantamos, oramos e tentamos fazer o possí$el a fim de ministrar 5s necessidades indi$iduais dos criados, trabalhadores, professores e gente de neg#cio que tamb"m compareceram. Kogo ha$ia um no$o sentimento nas reunies de domingo. A responsabilidade era espantosa. Eu e os outros líderes desse pequeno grupo pass.$amos horas a3oelhados, horas de intimidade com o Senhor e com sua +ala$ra, tentando certificar'nos de que não di$ergíssemos nem um pouquinho da direção que ele dese3a$a que tom.ssemos. Subitamente o período Nsem resultadoN que eu tinha e)perimentado foi in$ertido. +ude $er con$erses reais. A primeira pessoa a $ir ao Senhor foi uma 3o$em $i6$a. Ela derramou sua m.goa e solidão e depois pediu que o Senhor entrasse em sua $ida. Era e)traordin.rio obser$ar as transformaçes em sua personalidadeD de uma criatura sombria e indefesa tornou'se uma filha de (eus, cheia de esperança. Em bre$e um mec-nico de uma oficina pr#)ima entrou no reino do Senhor, então um arqui$ista, depois um $arredor de rua. E tudo isso em minha casa. Sentia'me de$eras honrada, embora continuasse indagando a mim mesma quando começaria minha família a falar a respeito desta mancha em nossa reputação. Mas ningu"m reclama$a, por enquanto. Era como se a família não quisesse admitir o que esta$a acontecendo. 4erto dia tropecei num ladrilho do terraço, caí e sofri uma le$e fratura. Minha família não me $eio $erD por"m algu"m telefonou. +elo menos esta$am telefo' nando! Ao passo que a oposição 5 minha $ida cristã de parte de minha família, esta$a lentamente diminuindo, dentro de mim mesma sentia grande resist0ncia. Eu ainda era uma pessoa muito pri$ada, possessi$aD minha terra e meu 3ardim eram meus e de mais ningu"m. (o outro lado do gramado e)istia uma estrada que le$a$a ao alo3amento dos criados. 4rescendo ao lado dessa estrada e)istia uma .r$ore chamada ber, que d. um fruto $ermelho parecido com a cere3a. /esse $erão, depois de os Mitchell terem ido embora, crianças da $ila Vtal$ez estimuladas por relatos de uma mudança em minha personalidadeW começaram a in$adir minha propriedade a fim de subir na .r$ore e tirar os frutos. A in$asão em si 3. era horrí$el, mas quando os gritos delas começaram a perturbar minha hora de descanso, saí 5 3anela e ordenei ao 3ardineiro que as en)otasse. /esse mesmo dia mandei cortar a .r$ore. Jsso resol$eria o problema permanentemente! Assim que a .r$ore foi destruída, percebi o que tinha feito. 4om a .r$ore fora'se a alegria e a paz da presença do Senhor. +or um longo tempo, dei)ei'me ficar 5 3anela olhando para o lugar $azio onde esti$era a .r$ore. 4omo dese3a$a que a .r$ore ainda esti$esse ali para que eu pudesse ou$ir os gritos alegres das crianças. 4ompreendi quem era a $erdadeira %ilquis Shei&h. 4ompreendi de no$o que com minhas pr#prias forças 3amais seria diferente. Somente o Senhor, por meio de sua graça, poderia operar alguma mudança em mim. , Y Senhor ,, disse eu , por fa$or, dei)a'me $oltar 5 tua presença! , S# ha$ia uma coisa a ser feita. Espalhadas por todo o 3ardim e)istiam grandes .r$ores carregadas de fruto do $erão. /o dia seguinte mandei um con$ite 5s crianças da $ila. Que $iessem e se di$ertissem! E elas o fizeram. Embora ti$esse eu a certeza de que elas tentaram ser cuidadosas, não podia dei)ar de reparar nos galhos quebrados e nas flores amassadas. , Acho que percebo o que est.s fazendo, Senhor , disse eu certa tarde depois de as crianças terem ido para casa, e enquanto $erifica$a o dano. , 1 Senhor acha que o 3ardim nos separa. Est.s tentando desprender'me dele. *u o tomaste para dar a outros. E olha como eles se di$ertiram! E teu 3ardim. 4edo'o a eles com grande prazer. 1brigada, por usares isto a fim de le$ar'me de $olta 5 tua presença confortadora. E ele $oltou realmente. At" eu precisar de uma no$a poda. (esta $ez não foi o 3ardim, mas meu precioso descanso. /uma tarde fria de no$embro enquanto eu descansa$a, Mamude entrou no quarto. Quase adolescente, as feiçes bem humoradas predizendo o futuro de um homem elegante. Mas nesse instante tinha ele o rosto perturbado. , Mamãe, h. uma mulher l. fora que dese3a falar com a senhora. Ela est. com um nen0 nos braços. Ke$antei a cabeça. , Mamude ,, disse eu, esquecendo'me das instruçes dadas a /ur'3an e a Iaisham, , $oc0 3. tem oito anos de idade! >oc0 sabe que não quero $er ningu"m a esta hora do dia. /em bem Mamude tinha saído do quarto quando me atingiu o seguinte pensamento7 o que o Senhor teria feito? E, " claro, eu sabia a resposta. Ele teria ido 5 mulher imediatamente, ainda que fosse no meio da noite. 4hamei Mamude, que ainda não esta$a tão longe que não pudesse ou$ir minha $oz. 2ma $ez mais ele enfiou o rosto bronzeado pela porta. , Mamude , disse eu ,, o que essa mulher dese3a? , Acho que o beb0 dela est. doente ,, disse Mamude entrando no quarto. Eu podia $er a preocupação estampada em seu rosto. , %em, então le$e'a 5 sala de recepção ,. 1rdenei enquanto me prepara$a para descer. /um instante, 3untei'me a Mamude, 5 mulher e 5 criança. A mulher $estia'se grosseiramente, 5 moda dos camponeses. *inha a apar0ncia de a$# e não de mãe do beb0. Iosto murcho, ombros descaídosD as pantalonas en$ol$iam uma estrutura franzina. S# quando le$antou para mim o rosto e fitou'me com seus olhos castanhos profundos pude perceber que ela tamb"m não passa$a de uma criança. , Que posso fazer por $oc0? , perguntei, meu coração sua$izando'se. , 1u$i falar da senhora na $ila, e andei at" aqui. 1 lugar mencionado por ela fica$a a [L quilCmetros de dist-ncia. /ão era de admirar que a pobrezinha ti$esse essa apar0ncia tão cansada. Mandei buscar ch. e sanduíche. +ergunta$a'me a mim mesma se ela ainda esta$a dando de mamar ao beb0D em algumas $ilas as mães amamentam seus filhos at" aos tr0s anos de idade. 1s olhos do beb0 fi)aram'se, sem $ida, no candelabro de cristal, a boquinha im#$el. 4oloquei a mão sobre a testa da criança a fim de orar por elaD a testa esta$a quente e seca. Ao impor as mãos sobre a cabeça da mulher, podia sentir geraçes de minha família estremecendo' se. /o passado, eu teria ficado horrorizada se at" a sombra desta camponesa ti$esse pousado sobre mim. Meu coração encheu'se de compai)ão para com os pequenos, mãe e filho, enquanto pedia a (eus que os curasse em nome de @esus. Quando a criada retornou, disse'lhe que trou)esse algumas $itaminas para a mãe. 4on$ersamos por cerca de meia hora, a mãe contando'me sua $ida com um marido que tinha sido alei3ado num acidente, o beb0, alimento insuficiente. E, sim, ela esta$a dando de mamar ao beb0 , era a maneira mais barata de aliment.'lo. Quando a mulher finalmente se le$antou para sair, reti$e'a com um gesto. , /ão ,, murmurei. , Ainda não. (e$emos descobrir uma maneira pela qual $oc0 e o beb0 recebam a3uda. , Ao dizer isto, a $elha %ilquis Shei&h começou a ficar ner$osa. E se a noticia chegasse a outras pessoas necessitadas de Fah que a %egum Sahib, no grande 3ardim, da$a a3uda aos pobres , não seríamos in$adidos por filas de outras pessoas magras, emaciadas, doentes e desesperadas? Mas no instante em que meu coração sussurra$a esta pergunta eu sabia que não tinha escolha. Eu estaria falando a s"rio ou não quando disse ter entregado a mim mesma e tudo o "ue possu3a ao Senhor. , ... e, " claro, seu marido precisa de atenção tamb"m. >oc0s todos irão para o hospital. E $amos colocar algum alimento decente em seus corpos. Então, se seu marido ainda não puder encontrar trabalho, a$ise'me. Aí terminou a $isita. =iz arran3os para que o hospital me mandasse a conta e esperei. Mas a mulher 3amais $oltou. =iquei um pouco surpresa. Quando perguntei aos criados se sabiam o que tinha acontecido a ela, eles , como de costume , tinham a resposta. Ela, o beb0, e o marido tinham ido ao hospital, e todos agora esta$am melhores. 1 marido tinha arran3ado trabalho. Meu ego estrilou a princípio por causa da ingratidão da mulher em não $ir agradecer'me, mas o Senhor parou'me a tempo. , =oi por isso que $oc0 a a3udou? +ara que pudesse receber agradecimentos? Eu pensa$a que a ação de graças de$ia ser dada a mim! E " claro que ele tinha razão. >oltei, mentalmente, ao lugar onde eu senti ter cuidado dessa mulher pela primeira $ez. Então pedi que o Senhor me perdoasse, e que 3amais me permitisse cair nessa armadilha no$amente7 , Senhor , suspirei, , teus braços de$em estar cansados de erguer'me tantas $ezes. /aqueles dias parecia que eu tinha pequenos momentos de 0)ito no esforço de $i$er perto do Senhor, e então era le$ada de $olta 5 terra rapidamente, com um fracasso enorme. Jndaga$a a mim mesma se era esse o padrão geral da $ida cristã. E por não ter ningu"m com quem con$ersar então, tinha de carregar essas perguntas em segredo. 4erta manhã, enquanto /ur'3an me fazia a toalete, um p.ssaro $ermelho sentou'se na soleira da 3anela. , 1h! , e)clamei, , $e3a o que o Senhor acaba de en$iar' nos esta manhã! /ur'3an continuou a esco$ar'me os cabelos em sil0ncio. =iquei um pouco surpresaD /ur'3an geralmente era tão con$ersadora. Então ela obser$ou com timidez7 , %egum Shei&h, a senhora sabe que quando começa a falar a respeito do Senhor sua apar0ncia toda muda? /essa tarde encomendei $.rias %íblias na li$raria da missão em Jslamabad. Eram um tipo especial de %íblias, pr#prias para crianças. Eu tinha descoberto a utilidade dessas %íblias com Mamude. (escobri tamb"m que os criados anda$am e)aminando o pequeno li$ro lindamente ilustrado. Quando as %íblias chegaram, fiz questão de dar uma a /ur'3an. Jmagine minha alegria quando certo dia ela $eio falar comigo em particular. , %egum Sahib ,, disse /ur'3an, seu rosto redondo cheio de emoção, , tenho algo a dizer'lhe. A Senhora se lembra de como tantas $ezes nos tem dito que se quisermos conhecer este @esus tudo o que temos de fazer " pedir que ele entre em nosso coração? , 4om isto es$aiu'se em l.grimas. , %em, eu o fiz, %egum Sahib. E ele realmente entrou em meu coração. @amais senti tanto amor em toda a minha $ida! Eu não podia acreditar em meus ou$idos. Kancei os braços em torno da garota, abraçando'a. (ançamos uma $alsa 5 m6sica do choro em torno do quarto. , Que notícia incrí$el, /ur'3an! Agora somos tr0s cristãs , $oc0, Iaisham e eu. (e$emos celebrar! Assim, Iaisham, /ur'3an e eu tomamos ch. 3untas. /ão era a primeira $ez que eu toma$a ch. com pessoas da classe dos ser$idores. Mas ainda sentia certa apreensão. Enquanto n#s tr0s cristãs, elegantemente tom.$amos nosso ch. e mordisc.$amos o bolo, con$ersando como $elhas amigas, minha mente começou a di$agar. 1 que tinha acontecido 5 mulher que se ha$ia retirado para esta propriedade com o fito de subtrair'se 5 sociedade afluente? Aqui esta$a ela, sentada com as criadas. Que esc-ndalo para minha família e meus amigos! 4omo isso daria o que falar a meus $elhos amigos e familiares! +ensei no tempo em que costuma$a desabafar minhas frustraçes com ordens duras e e)ploses de g0nio. Se notasse um pouco de p# na perna de uma cadeira, se os criados falassem um pouco alto na cozinha, se atrasassem meu almoço um s# instante, a criadagem toda podia estar certa de uma e)plosão. 1 Senhor tinha realmente trabalhado comigo, e eu sentia sua companhia com grande satisfação. /ão " que eu dese3asse tornar'me santa. Mas esta$a começando a aprender que minha responsabilidade como representante de @esus 4risto não me permitiria fazer nada que desonrasse seu nome. Ele tamb"m esta$a'me ensinando que as açes da pessoa falam mais alto do que as pala$ras quando se trata do testemunhar por 4risto. Então notei uma coisa estranha em nossas reunies noturnas. /ur'3an não se encontra$a entre as dezenas de aldees que agora se reuniam conosco em minha sala de $isitas. Que estranho! 4erto dia, depois de ela ter feito meu cabelo, pedi'lhe que ficasse por mais um instante. Ser. que ela, perguntei, não gostaria de se reunir conosco neste domingo? , Mas %egum ,, disse /ur'3an, espantada, o rosto empalidecendo, , simplesmente não posso falar a respeito do que aconteceu comigo, ou ir a uma reunião. Meu marido " muçulmano de$oto. *emos quatro filhos. Se eu disser que me tornei cristã ele simplesmente me abandonar.. , Mas $oc0 tem de declarar sua f" ,, insisti. , /ão h. outro 3eito. /ur'3an olhou para mim tristemente, então saiu do quarto sacudindo a cabeça e murmurando alguma coisa que mal pude compreender7 , Mas não pode ser feito. Alguns dias mais tarde eu esta$a con$ersando com a Ie$erenda Madre Iuth a quem tamb"m tinha conhecido no Bospital da Sagrada =amília. Sempre gostei de con$ersar com ela. A Ie$erenda Madre mencionou que muitas pessoas no +aquistão eram crentes em segredo. , 4rentes secretos?! , e)clamei. , /ão consigo perceber como isso " possí$el. Se a pessoa " cristã de$e gritar essa no$a! , %em ,, disse madre Iuth , olhe para /icodemos. , /icodemos? , Ele foi um crente em secreto. >erifique o capítulo tr0s do E$angelho de @oão. Abri minha %íblia ali mesmo e comecei a ler como esse fariseu tinha ido a @esus tarde da noite a fim de descobrir mais a respeito do reino. Eu ha$ia lido este capítulo $.rias $ezes mas at" então não compreendera que /icodemos fora um crente secreto. , *al$ez em data posterior, /icodemos tenha demonstrado sua crença , disse a irmã. , Mas como mostram as Escrituras, ele te$e cuidado em não dei)ar com que seus companheiros fariseus percebessem. /o dia seguinte chamei /ur'3an a meu quarto e li os $ersículos acerca de /icodemos para ela. , Sinto muito por t0'la colocado numa situação desconfort.$el , disse eu. , 4om o tempo o Senhor poder. mostrar'lhe como declarar sua f". /esse ínterim simplesmente siga cuidadosamente sua liderança. Seu rosto alegrou'se. Mais tarde ou$i'a murmurando uma canção alegremente enquanto trabalha$a. NEspero ter feito a coisa certa, SenhorN, disse eu. N*enho de cuidar'me para que não me coloque em posição de 3ulgamento contra ningu"m.N Alguns dias mais tarde, descobri para mim mesma, com no$a intensidade, quão difícil era tornar'se cristã nesta parte do mundo. 4erta tarde o telefone tocou. Era um dos meus tios, um parente que tinha sido particularmente se$ero comigo. Embora o boicote da família ti$esse começado a diminuir de intensidade, este tio não tinha entrado em contato comigo, nem falado comigo. Sua $oz no telefone parecia dura. , %ilquis?! , Sim. , 1u$i dizer que $oc0 est. des$iando outros. >oc0 os est. tirando da $erdadeira f". , %em, querido tio, isso " uma questão de opinião. +odia imaginar o rosto do homem ficando $ermelho de rai$a que transparecia em sua $oz. , >oc0 tomar essa decisão para si mesma " uma coisa. Mas " outra bem diferente que outros a sigam. >oc0 de$e parar com isso, %ilquis. , *io, sua preocupação me sensibiliza, mas de$o lembrar'lhe que de$e dirigir sua $ida, e eu, a minha. Kogo no dia seguinte quando meu no$o chofer le$a$a'me de $olta 5 casa depois de uma $isita a *ooni, um homem no meio da estrada tentou parar o carro. 1 chofer sabia que eu costuma$a dar caronas. Mas desta $ez ele não quis parar. , +or fa$or, não peça que eu pare, %egum ,, disse ele com determinação na $oz. (eu uma guinada, des$iando'se do homemD os pneus cantaram 5 beira da rodo$ia. , 1 que $oc0 quer dizer? , Jnclinei'me para frente. , >oc0 acha que aquele homem esta$a tentando ... , %egum ... , Sim? , %egum, " s# que ... , o homem recolheu'se ao sil0ncio e a despeito de todas as minhas perguntas não consegui mais nenhuma informação dele. /em bem ha$ia passado uma semana quando outra de minhas criadas entrou em meu quarto, logo depois de eu ter'me retirado para o descanso da tarde. =echou a porta atr.s de si. , Espero que a senhora não se incomode , disse ela sussurrando. , Mas eu tenho de ad$erti'la. Meu irmão este$e na mesquita de IaQalpindi ontem. 2m grupo de 3o$ens começou a falar a respeito do dano que a senhora est. causando. 4ontinuaram dizendo que era preciso fazer algoD logo. Algo que a fizesse calar. A $oz da criada tremia. , 1h, %egum Sahib ,, disse ela , a senhora precisa ser tão aberta? *ememos pela senhora e pelo menino. Meu coração deu um salto. Agora era minha $ez de indagar se não teria sido melhor permanecer uma crente secreta nesta terra, ainda mais nesta família onde @esus era an.tema. 13. AVISOS E TEMPESTAE +assaram'se dois meses desde o relato de ameaças contra mim. A coisa mais ameaçadora que me aconteceu foram os olhares hostis de alguns 3o$ensD comecei a cogitar se os alarmes não eram infundados. Era /atal no$amente, alguns anos depois de eu ter encontrado o beb0 de %el"m. Embora alguns membros da família ti$essem $indo $isitar'me, o telefonema de ad$ert0ncia do meu tio lembra$a'me que o relacionamento da família ainda era forçado e senti ser uma boa id"ia dar uma ceia para meus parentes e amigos a fim de $er se podíamos fazer algo para pCr fim 5 separação. (e modo que gastei bastante tempo fazendo a lista de con$idados. 4erta noite, antes de ir para a cama, coloquei a lista dentro de %íblia com a intenção de mandar os con$ites na manhã seguinte. Jsso 3amais seria realizado. Ao abrir a %íblia na manhã seguinte a fim de tirar a lista meus olhos caíram numa passagem que dizia7 Quando deres um 3antar ou uma ceia, não con$ides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem $izinhos ricosD para não suceder que eles, por sua $ez, te con$idem e se3as recompensado. Antes, ao dares um banquete, con$ida os pobres, os alei3ados, os co)os e os cegosD e ser.s bem'a$enturado, pelo fato de não terem eles com que recompensar'teD a tua recompensa, por"m, tu a receber.s na ressurreição dos 3ustos. Kucas 9G79['9G , Senhor, " esta tua mensagem para mim? , Jndaguei, segurando a %íblia em uma mão e a lista de con$idados na outra. Era certo que a maioria de meus parentes, $izinhos e amigos eram gente rica. *inha dito a mim mesma que esta era uma oportunidade de fazer com que muçulmanos e cristãos se unissem, mas na realidade percebi que o orgulho se tinha intrometido. Eu queria mostrar 5 minha família que ainda tinha amigos na classe rica. Amarrotei a lista. =iz e)atamente o que a %íblia manda$a. +reparei uma lista de $i6$as, #rfãos, pessoas desempregadas e pobres da aldeia e con$idei'os a todos inclusi$e os mendigos para a ceia de /atal. Alguns con$ites eu mesma entreguei, outros dei para meus criados entregarem. /otícia como esta $ia3a r.pido. Kogo meus criados $ieram dizer que a $ila inteira plane3a$a comparecer 5 festa. +or um momento fiquei preocupada. *oda aquela gente. +ensei nos tapetes persas fabricados a mão que ha$ia encomendado recente' mente para a sala de estar. 1ra, pensei, eu poderia erguer as coisas boas nesse dia. E assim começamos as preparaçes. 1 entusiasmo de Mamude que agora tinha oito anos de idade, era contagioso. A3uda$a'me ele a escolher presentes para as pessoas que $iriam. +ara os meninos escolhemos camisas de lãD para as meninas, $estidos de cores brilhantesD peças de pano $ermelho, rosa e p6rpura para as mulheresD pantalonas quentes para os homensD panos de embrulhar e sapatos para as crianças. Meus criados e eu gastamos horas embrulhando os presentes e amarrando'os com fitas prateadas. 4erto dia bateram 5 porta. K. fora esta$a um grupo de mulheres de Fah. Queriam a3udar. , /ão " para ganhar dinheiro, %egum , disse a representante do grupo. , Simplesmente queremos a3ud.'la a preparar o 3antar. Subitamente a celebração ha$ia'se tornado um programa da comunidade. +ara a decoração, pedi a uma família de oleiros que fizesse l-mpadas , pequenas l-mpadas de barro ainda muito usadas naquela parte do +aquistão. Encomendei LRR. Mandei as mulheres entrar e le$ei'as 5 sala onde est.$amos fazendo pa$ios de chumaços de algodão. Enquanto trabalh.$amos surgiu oportunidade de falar de 4risto. Ao colocarmos as l-mpadas nos lugares, por e)emplo, contei'lhes a hist#ria das $irgens loucas e das $irgens s.bias. 1 alimento foi outro pro3eto e)citante. (e no$o as aldeãs a3udaram'me a preparar doces tipicamente paquistanenses, am0ndoas partidas e as deliciosas castanhas do +aquistão. Elas transforma$am o papel prateado em tiras tão finas que podíamos decorar com ele $.rios tipos de doces. 1s aldees começaram a chegar a casa no dia [G de dezembro e continuaram $indo para o que se transformou num festi$al de uma semana. Que lindas eram as l-mpadas em cada canto da casa e ao longo dos guarda'mãos, balaustradas e soleiras das 3anelas! Mamude di$ertiu'se muito brincando com as crianças da $ila. /unca tinha $isto os olhos dessas crianças brilharem tanto, nem os de Mamude. Iisos e gritinhos enchiam a casa. (e $ez em quando Mamude $inha pedir alguma coisa. , Mamãe , dizia ele, , h. mais cinco meninos l. foraD ser. que eles podem entrar? , E claro , ria eu, acariciando'lhe a cabeça, certa de ha$er mais crianças em nossa casa neste instante do que e)istiam em toda a $ila de Fah. Quando disse aos aldees que @esus nos ha$ia instruído a tratar uns aos outros desta maneira, sua reação foi7 , Ele realmente andou com gente como n#s? , Sim , disse eu, , e ho3e o que fazemos para ele fazemos pelos outros. =inalmente, quando as festi$idades se acabaram e pude dei)ar'me cair numa cadeira sem a preocupação de estar sentando numa criança adormecida, suspirei de contentamento, ele$ando o pensamento a (eus. NE isto o que o Senhor queria que eu fizesse?N E pareceu'me ou$ir a resposta sua$e7 NSim.N Então percebi7 tinha esquecido de suspender os no$os tapetes persas. Entretanto nem pareciam ter sido usados. Muitos dos pobres 3amais se esqueceram daquela festa. 4erca de um m0s mais tarde uma criada contou'me de um funeral em Fah. A esposa do mulá local reclama$a em $oz alta que eu tinha errado em perder a f". Algu"m, entretanto, respondeu7 NA senhora $iu %egum Sahib ultimamente? A senhora fez algumas das coisas que ela tem feito desde que se tornou cristã? Se dese3a aprender alguma coisa a respeito de (eus, por que não $ai $isit.'la?N Mas ha$ia outro lado para a e)peri0ncia tamb"m. (escobri que e)istiam forças em Fah que não $iam a festa com bons olhos. , %egum Sahib ,, um $elho empregado que trabalha$a no 3ardim parou'me certo dia. Ke$ando a mão 5 testa disse7 , *em um minuto, por fa$or? , E claro. , %egum Sahib Ti ,, andam dizendo coisas na $ila e acho que a senhora de$e tomar conhecimento delas. =alam que a senhora se tornou um problema. E h. os que dizem que de$em fazer algo a seu respeito. , A meu respeito1 , disse eu. , /ão compreendo. , /em eu, %egum Sahib. Mas achei que de$ia inform.'la ... 4omecei a receber ad$ert0ncias como esta, ora quase seguidas, ora com inter$alo de meses, mas com regularidade crescente no ano seguinte. Era como se a +ai esti$esse tentando preparar'me para uma "poca de dificuldade $indoura. 4erto dia, por e)emplo, tr0s meninos da $ila $ieram a nossa casa. Mais tarde indaga$a'me a mim mesma se não eram mensageiros de (eus, disfarçados de crianças. Mamude $eio procurar'me para dar''me notícias dos meninos. Ele tremia e seus olhos esta$am cheios de medo. , Mamãe, a senhora sabe o que os meus amigos disseram? (isseram que na $ila as pessoas estão plane3ando mat.'la. *encionam fazer isso depois das oraçes de se)ta'feira. , Ele começou a soluçar. , Se a senhora morrer eu tamb"m morrerei! Que de$ia fazer? +eguei Mamude nos braços, acariciei'lhe o cabelo negro e despenteado, tentando confort.'lo. , Minha querida criança ,, disse eu , $ou contar'lhe uma hist#ria. , E contei'lhe de no$o a hist#ria do primeiro sermão de @esus em /azar", onde a multidão ficou tão furiosa que decidiu mat.'lo a pedradas. , Mamude , disse eu ,, @esus passou por meio deles. /ão ha$ia nada que algu"m pudesse fazer para ferir a @esus a menos que o +ai o permitisse. A mesma coisa " $erdade a respeito de $oc0 e de mim. *emos a perfeita proteção de (eus. >oc0 acredita nisto? , A senhora quer dizer que nunca seremos feridos nem magoados? , /ão, não " isso que quero dizer. @esus foi ferido. Mas somente quando o tempo de seu sofrimento ha$ia chegado. /ão precisamos le$ar uma $ida de constante temor de que algo terrí$el est. para acontecer a n#s. /ada poder. acontecer at" que chegue nossa hora. E tal$ez essa hora nunca $enha. Simplesmente teremos de esperar para $er. Mas, nesse ínterim podemos $i$er confiadamente. >oc0 compreende? , Mamude olhou para mimD seus olhos castanhos escuros sua$izaram'se. Subitamente sorriu, deu meia $olta e saiu correndo para fora, gritando alegremente. Era a melhor resposta 5 minha pergunta que ele poderia ter dado. Tostaria de poder dizer que eu pr#pria sentia essa confiança. /ão que eu não cresse no que tinha dito a Mamude, mas minha f" ainda não era como a das crianças. Ke$antei'me e le$ei a %íblia para o 3ardim. Meu coração não esta$a e)atamente le$e. Que ousa' dia a deles tentar e)pulsar'me de minha terra! 1 clima outonal era seco e re$igorante e, andando lentamente ao longo do caminho encascalhado, podia ou$ir ruídos de pei)es pulando no pequeno riacho e chamados de p.ssaros ao longe. 4ris-ntemos e outras flores, resquícios do $erão, reanima$am o caminho. Sor$i o ar agrad.$el e le$e. Essa era minha terra, meu po$o, meu país. Minha família o ha$ia ser$ido bem por setecentos anos. Este era meu lar, e eu não podia dei).'lo, e n$o o dei)aria! Entretanto, acontecimentos, totalmente fora de meu controle, esta$am sendo preparados, acontecimentos que não prometiam bons resultados 5 minha determinação teimosa de permanecer em meu lar. Em dezembro de 9:;R, quatro anos depois de minha con$ersão, hou$e eleiçes no +aquistão e parecia que o +artido do +o$o le$aria a melhor. Jsso não era e)atamente boas no$as para mim. /enhum de meus amigos influentes pertencia a esse partido. NJslamismo " nossa f"D democracia, nossa políticaD socialismo, nossa economiaN era o slogan do no$o partido. 2m slogan dirigido ao homem da rua. Sei que o paquistanense comum sentia um sentimento no$o de poder. Jsto era bom para mim? +ro$a$elmente fosse bom para a no$a %ilquis, mas tamb"m ha$ia nisso um perigo inerente, pois nada inspira mais o zelo do fan.tico do que a crença de que seu go$erno o apoiar. em suas proezas. Minha antiga reputação certamente não era a de democrata e o socialismo não se encai)a$a nas tradiçes centenares de nossa famíliaD islamismo? %em, agora era traidora. Segui os acontecimentos a alguma dist-ncia. 4erto dia, entretanto, um $elho amigo de meu pai, que pertencia ao go$erno chegou de Sardar. Apesar do desespero que sentia por causa de minha no$a f", tinha tentado permanecer meu amigo chegado. (e tempos em tempos ele telefona$a ou $inha $isitar'me s# para certificar'se de que tudo corria bem. Sentado no di$ã com capa de seda de nossa sala de $isitas, toma$a ch. comigo. , %ilquis , disse ele, a $oz bai)a , $oc0 tem consci0ncia do que est. acontecendo e de como esses acontecimentos poderiam afet.'la? , >oc0 est. falando do +artido do +o$o paquistanense? , Eles ganharam a eleição, " claro. 1 que $oc0 sabe de \ulfi&ar Ali %hutto? , 4onheci'o bem. , (isse eu. , >oc0 não l0 3ornais? /ão ou$e r.dio? , /ão, $oc0 sabe que não tenho tempo para isso. , %em, aconselho'a a tomar o tempo. A situação do go$erno mudou. (u$ido que $oc0 possa contar com %hutto como contou com os presidentes anteriores , acrescentou ele. , Querida, $oc0 perdeu toda a influ0ncia que tinha nos altos círculos. Essa era 3. passou. Meia hora mais tarde, depois de despedir de meu $elho amigo, $oltar, chamar a criada para fazer limpeza, percebi que uma coisa estranha ha$ia acontecido enquanto con$ersa$a com meu amigo. Era como se ele ti$esse falado pelo Senhor, preparando'me para o fato de que meus amigos protetores e influentes não mais e)istiam, le$ando'me a um passo mais para a depend0ncia total do Senhor. /ão passou muito tempo at" eu começar a perceber crescente hostilidade. >i'a nos olhos dos homens quando anda$a por Fah. @amais me esquecerei da mudança de atitude de um oficial com quem discutia impostos sobre a propriedade. /o passado ele ha$ia sido um homem ser$il, que se inclina$a e le$a$a a mão 5 testa. Agora o indi$íduo esta$a abertamente hostil. Essa hostilidade era e$idente nos coment.rios incisi$os e na maneira desdenhosa com que bateu com os formul.rios na mesa 5 minha frente. Mais tarde, enquanto passea$a pela estrada que rodea$a minha casa, $i um homem que geralmente se des$ia$a do seu caminho a fim de falar comigo. Agora percebi algo totalmente diferente. +ercebeu'me, e rapidamente $oltou a cabeça e começou a estudar o horizonte enquanto eu passa$a. Jnteriormente sorri 5 socapa. NSenhor, todos n#s agimos como crianças!N E interessante, mas o no$o go$erno não parecia ter nenhum efeito sobre meus criados. A não ser por /ur'3an, que ainda desfruta$a quietamente de seu no$o andar com @esus, e Iaisham, minha outra criada cristã, meu quadro inteiro de empregados eram seguidores fi"is de Maom". Entretanto e)istia entre n#s $erdadeira afeição. Mais de uma $ez meus criados muçulmanos $ieram a meu quarto a fim de implorar7 , +or fa$or, %egum Sahib Ti ,, diziam em $oz bai)a , se a senhora ti$esse de partir ... ou se decidisse partir ... não se preocupe conosco. Encontraremos trabalho. Que relacionamento diferente tinha eu agora com os criados em comparação com o relacionamento de quatro anos atr.s! 1s sonhos, tamb"m, ti$eram papel admir.$el em minha $ida nessa "poca. 1s sonhos tinham feito parte de minha e)peri0ncia cristã desde o dia em que encontrei @esus pela primeira $ez, o qual $eio em um sonho cear comigo. Agora estas e)peri0ncias estranhas e místicas, como +aulo disse ter e)perimentado, tornaram'se ainda mais freqMentes. 4erta noite, encontrei'me tomada no Espírito atra$essando o oceano em $elocidade terrí$el. 4om a $elocidade da luz cheguei ao que pensa$a ser a /o$a Jnglaterra, nos Estados 2nidos, embora nunca ti$esse estado l.. Esta$a 5 frente de uma casa, ou era um asilo para $elhos? =lutuei para um quarto com camas duplas. /uma cama 3azia uma mulher de meia'idade, rosto redondo, olhos azul'claro e uma mistura de cabelo curto grisalho e branco. 2ma colcha branca de algodão em padres triangulares cobria a cama. 1b$iamente ela esta$a muito malD percebi que tinha c-ncer. /uma cadeira ao lado uma enfermeira lia. Então $i o Senhor no canto do quarto. A3oelhei'me perante ele e perguntei'lhe o que de$ia fazer. , 1re por ela , disse ele. (e modo que fui at" a cama da mulher e orei fer$orosamente por sua cura. /a manhã seguinte dei)ei'me ficar 5 3anela, ainda espantada pelo que tinha acontecido naquele quarto do outro lado do mar. +or que @esus tinha pedido que eu orasse pela mulher? Ele esta$a l.. Entretanto pediu'me que orasse por ela. Esta$a principiando a ter um $islumbre de uma re$elação tremenda. /ossas oraçes são $itais ao Senhor. Ele opera por meio delas. =ui le$ada ao capítulo cinco de *iago7 . a ora0$o da f* salvará o enfermo, e o enhor o levantará) e, se houver cometido pecados, ser-lhe-$o perdoados. ... <uito pode, por sua eficácia, a s-plica do 2usto ... /ossa oração, pois, liberta esse poder para a pessoa por quem suplicamos. 1utra $ez ti$e uma $isão de estar embarcando num na$io. A prancha de embarque le$a$a a um quarto. 4risto esta$a de p" nesse quarto. Ele parecia estar'me dando instruçes. Então desci a prancha. Ao p" dela, uma senhora, $estida com roupas ocidentais7 saia e blusa, espera$a por mim. Apro)imando'se ofereceu'me o braço e saímos. , Aonde estamos indo, Senhor? , perguntei por sobre o ombro. Mas ele não queria dizer'me. 1 sonho parecia indicar que eu iria sair de $iagem. Embora dessa $ez eu esti$esse indo a um destino desconhecido, ainda assim @esus estaria protegendo a $iagem. 1 sonho dei)ou'me em um estado de preparação de modo que não fiquei espantada com as notícias trazidas por um $elho amigo. Em março de 9:;9, alguns meses depois de %hutto ter tomado o poder, recebi uma $isita de ]aqub, um amigo que trabalha$a para o go$erno. Ele tinha sido íntimo de nossa família por anos. (e fato, quando meu marido era Ministro, hou$e uma "poca em que o +aquistão este$e em declínio econCmico com um s"rio desequilíbrio de importação. ]aqub e eu tínhamos a3udado a inaugurar um programa que $eio a ser chamado o Plano do Aiver imples. A id"ia b.sica era encora3ar as ind6strias paquistanenses a produzir nossos pr#prios bens, diminuindo a necessidade de importação. =omos por todo o país estimulando pequenas f.bricas e tentando dar início a pequenas ind6strias. Encora3amos as tecelagens locais e a produção de tecido. /#s mesmos, tínhamos $oluntariamente entrado num programa de austeridade, usando $estimentas tecidas em casa. *udo correu bem, pois o Plano do Aiver imples foi um grande sucesso. 8 medida que as f.bricas locais progrediam, a condição econCmica do +aquistão melhora$a. (esde então, ]aqub $isita$a'me ocasionalmente a fim de discutir política e a situação mundial. Ele sabia das posses de nossa família, pois tinha $isitado as muitas propriedades que tínhamos por todo o +aquistão, e sabia que a maior parte de nossa renda pro$inha de empreendimentos imobili.rios. , %ilquis , disse ele, em tom de desculpa , tenho con$ersado com amigos e ... ah, o assunto de sua situação financeira foi trazida 5 baila. >oc0 3. pensou em $ender um pouco de suas terras? Acho não ser seguro $oc0 ter todas as suas rendas in$estidas em propriedadesD %hutto est. prometendo a reforma agr.ria. Era muita consideração de ]aqub dizer'me tal coisa. E não sem risco. 4om a hostilidade crescente para com a classe regente de ontem, o carro do go$erno que ele usa$a 5 porta de minha casa podia facilmente trazer'lhe complicaçes. , 1brigada, ]aqub, , disse eu, tentando controlar minha $oz. , Mas como as coisas estão agora, estou decidida. /ada , nada de modo algum me forçar. a mudar! Eu esta$a dizendo uma coisa infantil, " claro. A $elha %ilquis com sua maneira imperiosa e teimosa esta$a aparecendo. Entretanto era uma atitude que não surpreendeu meu amigo de modo algum. , Eu 3. espera$a por essa resposta, %ilquis , disse ]aqub, passando a mão pelo bigode e sorrindo. , Ainda assim, pode chegar o dia em que $oc0 dese3e sair do +aquistão. Se precisar de a3uda ... , Se esse dia chegar, meu bom amigo, certamente me lembrarei da sua oferta. 1utro sonho7 desta $ez, de Iaisham, geralmente tão reser$ada. , 1h! %egum Shei&h , e)clamou minha criada, a3oelhando' se ao p" do di$ã no qual eu esti$era sentada naquela noite fria em que me encontrei com o Senhor. , *i$e um sonho horrí$el. +osso cont.'lo 5 senhora? , E claro. Escutei com atenção. Iaisham contou'me que no seu sonho alguns homens maus ha$iam entrado na casa e me ha$iam feito prisioneira. , Kutei com eles , e)clamou ela. , Tritei7 N%egum, corra!N E no sonho $i'a correr para fora da casa e fugir. 1s olhos castanhos escuros de Iaisham esta$am 6midos de l.grimas. Era eu quem tinha de confort.'la. Mas para mim isso não era difícil. /as pala$ras que disse, descobri conselhos a que eu mesma de$ia prestar atenção. , Minha querida ,, disse eu , o Senhor tem'me falado muito ultimamente a respeito da possibilidade de eu ter de fugir. E isso pode acontecer. A princípio recusei'me a crer. Mas agora estou começando a du$idar. , E possí$el , disse eu, le$antando'lhe o quei)o p.lido e sorrindo , que eu precise partir. Mas se ti$er de ir, ser. no tempo do Senhor. Estou aprendendo a aceitar isso. >oc0 acredita em mim? A pequena criada ficou em sil0ncio. Então disse7 , Que maneira mara$ilhosa de $i$er, %egum Sahib. , E, de$eras. E a 6nica maneira. /ada mais est. sob meu controle. Embora eu realmente acreditasse em tudo o que dissera, enquanto a criada saía do quarto, descobri que não controla$a minhas emoçes tão bem como parecia. =ugir? 4orrer? Eu? A s"rie de mensagens tipo Ne)peri0nciasN começaram a suceder mais rapidamente no outono de 9:;9. 4erto dia /ur'3an $eio a mim esbaforida e tensa de emoção. , 1 que ", /ur'3an? , disse eu, enquanto ela começa$a a esco$ar'me o cabelo, com as mãos tremendo. , 1h! %egum Sahib ,, soluçou /ur'3an , eu não quero que a senhora se3a ferida. , =erida por qu0? /ur'3an en)ugou os olhos. 4ontou'me que seu irmão, seu pr#prio irmão, tinha ido 5 mesquita no dia anterior, e ha$ia escutado um grupo de homens dizendo que finalmente ha$ia chegado a hora de fazerem alguma coisa contra mim. , >oc0 tem alguma id"ia do que eles plane3a$am? , /ão, %egum Sahib ,, disse /ur'3an. , Mas estou com medo. /ão somente pela senhora mas tamb"m pelo menino. , 2ma criança de no$e anos de idade? Eles não se atre$eriam ... , %egum Sahib, esse 3. não " o país que foi cinco anos atr.s , disse /ur'3an seriamente, tão diferente de sua natureza geralmente borbulhante. , +or fa$or, tenha cuidado. E de$eras, algumas semanas mais tarde algo aconteceu. *inha sido um dia tão lindo! 1 outono esta$a no ar. A monção ha$ia passado e o tempo era fresco e seco. /ada tinha acontecido por $.rios dias e comecei a pensar que afinal de contas est.$amos $i$endo numa idade moderna. Era 9:;9, não 9L;9. As guerras santas eram coisa do passado. Subi ao quarto para meu período de oração. Subitamente, sem saber por que, senti um impulso fortíssimo de pegar Mamude e correr para fora de casa! Que coisa tola! Mas o impulso era tão definido que corri pelo corredor, acordei Mamude, e sem e)plicar nada empurrei a criança ainda meio adormecida e protestando corredor abai)o. Ainda sentindo'me ridícula, desci correndo as escadas, abri as portas e corri para fora. /o instante em que cheguei ao terraço, senti o cheiro acre de fumaça. Algu"m de$ia estar queimando galhos de pinheiro. *ínhamos uma regra que $inha de longa data de que ningu"m tinha permissão para queimar li)o em minha propriedade. =ui 5 procura do 3ardineiro e ao rodear a casa estaquei horrorizada. Empilhado contra a casa esta$a um monte de galhos secos de pinheiro, em chamas. A labareda crepitante subia rapidamente pelo lado do edifício. Tritei. 1s criados $ieram correndo. Kogo alguns corriam ao riacho com baldes e traziam'nos cheios dS.gua. 1utros desenrolaram a mangueira do 3ardim e 3oga$am .gua nas chamasD mas a pressão da .gua era pouca. +or uns instantes parecia que o fogo ia pegar na madeira saliente sob o telhado, que começa$a a soltar fumaça. /ão ha$ia 3eito de 3ogar .gua 5quela altura. A 6nica maneira pela qual podíamos e$itar que a casa se queimasse era apagar as pr#prias chamas. 4orremos contra o tempo. 1s dez criados formaram uma fileira at" o riacho e começaram a passar baldes dS.gua de uma pessoa para outra, entornando''o, 5s $ezes, com a pressa. *odo mundo trabalhou arduamente por meia hora. =inalmente dominamos as chamas. Est.$amos de p", em círculo ao redor do fogo, suados e tremendo. Alguns minutos mais e a casa teria pegado fogo, sem possibilidade de sal$amento. +ercebi os olhos de /ur'3an. Ela estremeceu de le$e e assentiu com a cabeça. Eu sabia e)atamente o que ela esta$a pensando. A ameaça ha$ia sido cumprida. 1lhei para as tra$es de madeira com as pontas negras de car$ão, para as manchas de fuligem nas paredes brancas da casa. Agradeci ao Senhor nada mais ter acontecido e tremi ao pensar no que poderia ter acontecido se eu não ti$esse sido le$ada para fora em tempo. 2ma hora mais tarde, depois de a polícia ter $indo in$estigar, tomar notas, interrogar a mim e aos criados, esta$a eu de no$o sentada em meu quarto. Apanhei a %íblia para $er se o Senhor tinha alguma coisa especial para dizer'me. 2m $ersículo parecia saltar da p.gina. NApressa'te, refugia'te nelaD pois nada posso fazer, enquanto não ti$eres chegado l.N VT0nesis 9[7[[W. Abai)ei o li$ro e olhando para cima disse7 , *udo o que o Senhor precisa fazer agora " mostrar'me a maneira pela qual o Senhor dese3a que eu parta. Ser. f.cil ou ser. difícil? E acima de tudo, Senhor, , disse eu, desta $ez as l.grimas enchiam'me os olhos, , e o menino? Ele pode $ir tamb"m? 1 Senhor tem'me tirado tudo. Jsso tamb"m inclui a criança? 4erto dia, seis meses mais tarde, em março de 9:;[, o Senhor falou comigo de no$o mediante outro sonho. Iaisham $eio a mim com os olhos transbordando preocupação. , %egum Sahib ,, disse Iaisham , o cofre de dinheiro " seguro? Ela se referia ao cofre port.til em que guarda$a o dinheiro de casa. , E claro que " seguro , respondi. , +or qu0? , %em, , Iaisham e)plicou , ob$iamente tentando controlar a $oz, , ti$e um sonho na noite passada no qual a senhora ia de carro em uma $iagem longa. Ke$a$a o cofre. , Sim? , disse eu. Jsso não era coisa incomum, pois muitas $ezes le$a$a o cofre comigo nas $iagens. , Mas o sonho era tão real , insistiu Iaisham. , E a parte triste " que enquanto a senhora $ia3a$a, algumas pessoas tentaram roubar o cofre. Ela tremia e, uma $ez mais, ti$e de confort.'la assegurando' lhe que a perda do dinheiro le$ar'me'ia para uma depend0ncia ainda mais íntima de (eus. (epois de ela ter $oltado ao trabalho fiquei pensando no sonho. Seria ele prof"tico? Estaria ele dizendo' me que minhas finanças seriam tiradas? Estaria eu em bre$e completamente 5s minhas custas, correndo para o desconhecido sem apoio financeiro? Esses foram dias espantosos. (ois meses mais tarde, num dia quente de 3ulho de 9:;[, um criado $eio anunciar a chegada de meu filho Ohalid. , Ohalid? , meu filho ainda mora$a em Kahore. +or que fazer uma $iagem especial, particularmente nesse calor intenso? 1 que era tão importante que não podia ser tratado pelo telefone? Ohalid espera$a'me na sala de $isitas. , =ilho! , e)clamei ao entrar. , E tão bom $0'lo de no$o! Mas por que não me telefonou? Ohalid $eio at" a mim e bei3ou'me. =echou a porta da sala, e, sem pre-mbulos, lançou'se ao prop#sito de sua $isita. , Mamãe, ou$i um rumor horrí$el. , +arou. *entei sorrir. Ohalid abai)ou o tom de $oz e continuou7 , Mamãe, o go$erno $ai desapropriar muita propriedade pri$ada. Minha mente $oltou'se 5 $isita do meu amigo que trabalha$a para o go$erno e que ha$ia dito a mesma coisa, cerca de um ano atr.s, em março de 9:;9. Ser. que sua $isita prof"tica esta$a agora cumprindo'se? Ohalid contou'me que %hutto esta$a começando suas reformas agr.rias e que era muito pro$.$el que minhas propriedades esti$essem entre as primeiras a ser nacionalizadas. , 1 que $oc0 acha que de$o fazer? , perguntei. , Ser. que tomarão tudo ou somente uma parte? Ohalid le$antou'se e foi at" a 3anela do 3ardim, em pensamentos profundos. >oltando'se para mim, disse7 , %em, mamãe, ningu"m sabe. *al$ez fosse melhor $ender um pouco de suas propriedades em porçes pequenas. (essa forma o no$o propriet.rio estaria protegido contra a apropriação do go$erno. Quanto mais pensa$a a esse respeito, mais sentia que a sugestão de Ohalid fazia sentido. =omos discutir a questão com *ooni, e todos n#s concordamos ser esta a maneira correta de se proceder. =icou então decidido. Ohalid $oltaria a Kahore. Jríamos encontrar com ele l. a fim de dar andamento aos pap"is. =oi assim que numa manhã quente de 3ulho de 9:;[, *ooni, Mamude e eu est.$amos quase prontos para a $iagem a Kahore a fim de $er corretores para tratar da $enda de minhas propriedades. Ao sair da casa, a beleza do 3ardim atingiu'me. As flores de $erão esta$am em sua maior beleza e at" as fontes pareciam borbulhar mais alto que de costume. , Estaremos de $olta em algumas semanas ,, disse eu aos criados reunidos nos degraus da frente da casa. *odo mundo parecia aceitar essa id"ia. *odo mundo, isto ", menos /ur'3an e Iaisham. /ur'3an subitamente e)plodiu em l.grimas e saiu correndo. *ristemente subi ao meu quarto a fim de apanhar alguma coisa que tinha esquecido. Ao $oltar de no$o para o hall a fim de descer, Iaisham esta$a de p" em minha frente. *omou minha mão, com os olhos molhados de l.grimas. , (eus $. com a senhora, %egum Sahib , disse ela sua$emente. , E ele contigo. , Iespondi. Iaisham e eu ficamos paradas no hall em sil0ncio, nada dizendo mas compreendendo tudo. (e alguma forma percebi que eu não mais $eria esta pessoa alta e esbelta de no$o , ela, com quem me tornara tão íntima. Apertei'lhe a mão e sussurrei7 , /ão h. ningu"m que possa pentear meu cabelo como $oc0. Iaisham le$ou as mãos ao rosto e saiu correndo. Esta$a a ponto de fechar a porta do quarto quando algo me dete$e. Entrei de no$o no quarto e fiquei parada em p". 2m sil0ncio paira$a sobre o quarto mobiliado de branco. 1 sol matinal entra$a pela 3anela do 3ardim. =oi aqui que me encontrara com o Senhor. (ei as costas para o quarto e para meu precioso 3ardim, onde tantas $ezes ha$ia sentido a presença do SenhorD saí da casa e caminhei em direção ao carro. E)istiam pessoas em Kahore a quem ficaria e)tremamente feliz em re$er. +rimeiro, " claro, Ohalid, sua esposa e a filha adolescente. *amb"m ha$ia a possibilidade de $er os 1ld. Eu tinha escrito que iria a Kahore. Sua no$a missão fica$a numa $ila a alguma dist-ncia da cidade, mas espera$a $er estes $elhos e queridos amigos. Kahore, como de costume em 3ulho, esta$a terri$elmente quenteD das ruas subia o $apor da chu$a da 6ltima monção. Ao passarmos pelas ruas mo$imentadas do centro da cidade, um alto' falante num minarete acima de n#s, irradia$a a $oz met.lica da oração do meio'dia de um muezim. 1 tr-nsito subitamente diminuiu enquanto os carros e caminhes procura$am estacionamento. 1s motoristas desciam para a calçada, estendiam seus tapetes de oração e começa$am a se prostrar. *ooni s# pCde ficar conosco por pouco tempo por causa de obrigaçes anteriores. (epois de arrumarmos os pap"is necess.rios e de termos uma con$ersa curta, Ohalid le$ou'nos 5 estação ferro$i.ria para que *ooni pegasse o trem. /a estação, ti$emos um instante de pung0ncia, um período mais triste do que eu poderia compreender. Segundo plane3ado, Mamude $eria sua mãe de no$o em alguns dias. Entretanto todos n#s percebemos algo inusitado nessa despedida. Mamude, com quase dez anos de idade, tenta$a conter as l.grimas ao bei3ar a mãe. *ooni chora$a abertamente enquanto abraça$a o filho. (e repente eu tamb"m esta$a chorando e os tr0s nos abraçamos na plataforma de embarque. =inalmente, *ooni 3ogou o cabelo cor de castanha escura para tr.s e sorriu7 , 1ra, animemo'nos, isto não " um funeral. Sorri, bei3ei'a de no$oD Mamude e eu seguimo'la com os olhos enquanto embarca$a no trem. 1 trem apitou e os $ages começaram lentamente a sair da estaçãoD uma dor profunda in$adiu'me o coração. +rocurei o rosto de *ooni na 3anela. Kocalizei'a. Mamude e eu 3ogamos'lhe bei3os. A$idamente, fi)ei o rosto de *ooni na mente, gra$ando'o na mem#ria. 1 dia seguinte gastei'o com corretores de im#$eis que me pre$eniram de que a $enda de minhas propriedades le$aria $.rias semanas. Ohalid assegurou'nos que seríamos bem'$indos por todo o tempo que quis"ssemos permanecer em sua casa. A 6nica coisa que me perturba$a " que não teria comunhão espiritual. Agora sabia por que os discípulos saíram dois a dois. 1s cristãos precisam uns dos outros para apoio e conselho. *elefonei para os 1ld. Que bom foi ou$ir de no$o a $oz de Marie! Iimos, choramos e oramos no telefone. Embora ti$essem um programa muito ocupado que os impedia de $ir a Kahore, " claro que podiam colocar'me em contato com cristãos na cidade. Marie mencionou especialmente a esposa de um professor uni$ersit.rio, +eggA Scholorholtz. Estranho! +or que meu coração bateu mais r.pido ao som desse nome? (entro de minutos, +eggA e eu est.$amos con$ersando no telefone. (entro de horas, ela esta$a na sala de $isitas de Ohalid. Ao $er'me, seu rosto transformou'se em sorriso. , (iga'me, %egum Shei&h ,, disse ela , " $erdade que $oc0 encontrou @esus pela primeira $ez em um sonho? 4omo " que $eio a conhecer o Senhor? Ali, na sala de $isitas, contei a +eggA minha hist#ria toda, 3ustamente como tinha começado seis anos atr.s. +eggA ou$iu com toda atenção. Ao terminar, ela pegou minha mão e disse a coisa mais espantosa. , Tostaria que $oc0 fosse aos Estados 2nidos comigo! 1lhei para ela, estonteada. Mas de no$o meu coração dispara$a. , Estou falando s"rio , disse +eggA. , +arto em bre$e a fim de colocar meu filho na escola. =icarei nos Estados 2nidos por quatro meses. >oc0 poderia $ia3ar comigo e falar a nossas igre3as l.! Ela esta$a tão entusiasmada que eu não quis arrefecer'lhe o -nimo. , %em, , disse eu sorrindo , agradeço muito seu con$ite. Mas dei)e'me orar a esse respeito. /a manhã seguinte uma criada entregou'me um bilhete. Ki'o e dei uma risada. Era de +eggA. (izia7 N>oc0 3. orou?N Sorri, amassei o bilhete e não fiz nada. Era um absurdo at" mesmo pensar a respeito disso. A menos que. ... Subitamente os acontecimentos dos dois anos passados $ieram'me 5 mente numa onda enorme. 1s sonhos. As ad$ert0ncias. 1 inc0ndio. Minha decisão de fazer o que quer que o Senhor dese3asse , ainda que significasse dei)ar minha terra natal. /ão, não tinha realmente entregue a pergunta de +eggA ao Senhor. Mas agora o fiz. 4oloquei a $iagem em suas mãos. Era difícil porque uma parte de mim, que eu não compreendia, sabia que se eu partisse não seria s# por quatro meses, seria para sempre. , Senhor, di'lo'ei uma $ez mais. *u sabes quanto dese3o permanecer em minha terra. Afinal tenho L[ anos de idade, e essa não " uma boa idade para começar tudo de no$o. , Mas, , suspirei , mas ... essa não " a coisa mais importante, não "? *udo o que realmente importa " permanecer em tua presença. +or fa$or, a3uda'me, Senhor, a 3amais tomar uma decisão que me $enha afastar de tua gl#ria. 14. A FUGA Estranho! (epois de o Senhor mudar meu modo de pensar quanto a dei)ar o +aquistão, surgiram repentinos empecilhos. 2m, por e)emplo, que parecia intransponí$el era uma lei que diz que os cidadãos paquistanenses s# podem tirar LRR d#lares do país. 4omo meu dependente, Mamude podia le$ar [LR d#lares. 4omo " que Mamude e eu poderíamos passar quatro meses com ;LR d#lares? S# este fato parecia suficiente para que não consider.ssemos o con$ite de +eggA. Alguns dias mais tarde, +eggA con$idou'me a $isit.'la em sua casa. Enquanto con$ers.$amos, o nome do (r. 4hristA Filson foi mencionado. Ela tamb"m o conhecia. Eu esta$a bastante preocupada com ele pois tinha ou$ido dizer que ele ha$ia sido e)pulso do Afeganistão pelo go$erno muçulmano que então ha$ia destruído a igre3a para os estrangeiros que ele construíra em Oabul. , >oc0 tem alguma id"ia de onde ele este3a? , perguntei. , /ão tenho a mínima id"ia , disse +eggA. /esse instante o telefone tocou. +eggA foi atender. >oltou com olhos esbugalhados7 , Sabe quem era? , perguntou ela. , Era ChristC @ilson! (epois de $encermos o espanto que esse fato ocasionou, começamos a indagar de n#s mesmas se isto não era mais do que Ncoincid0nciaN. 1 (r. Filson, disse +eggA, ia 3ustamente passar por Kahore. (ese3a$a fazer'lhe uma $isita. E claro que fiquei contente, porque sempre era bom ficar ao par das notícias, mas eu tinha um sentimento intuiti$o de que ia ocorrer mais do que uma con$ersa casual. *i$emos uma reunião mara$ilhosa na casa de +eggA no dia seguinte. 4ontei ao (r. Filson os 6ltimos acontecimentos em Fah e em minha pr#pria $ida. Então +eggA mencionou que esta$a tentando persuadir'me a ir aos Estados 2nidos. Ele ficou bastante entusiasmado com a id"ia. , B. $.rios problemas, entretanto , disse +eggA. , 1 primeiro " a lei que diz que %ilquis s# pode tirar LRR d#lares do país. , Ser. que ... ,, disse o (r. Filson acariciando o quei)o. , *enho alguns amigos que podiam. ... *al$ez eu pudesse en$iar um telegrama. ...4onheço um homem na 4alif#rnia ... (epois de alguns dias +eggA telefonou, toda entusiasmada. , %ilquis ,, gritou ela. , Est. tudo arrumado! 1 (r. %ob +ierce dos N%ons SamaritanosN patrocin.'la'.! >oc0 acha que pode se aprontar para partir em sete dias? Sete dias! Subitamente a enormidade da id"ia de dei)ar minha terra natal in$adiu'me, pois ainda esta$a con$encida de que se chegasse a partir, seria para sempre. Fah ... meu 3ardim ... meu lar ... minha família ... +odia eu contemplar seriamente a id"ia de dei).'los? Sim, podia. /ão podia considerar nada mais se esti$esse $erdadeiramente con$encida de que esta era a $ontade de (eus. +ois eu sabia o que aconteceria se eu desobedecesse deliberadamente. Sua presença desapareceria. /as $inte e quatro horas seguintes pareceu surgir outra confirmação. Ohalid disse'me, enquanto 3ant.$amos, que ha$ia somente um detalhe a ser resol$ido, então todos os problemas imobili.rios estariam terminados. , +enso que a senhora pode dizer com segurança, mamãe ,, disse Ohalid , que a partir de ho3e a senhora se desfez das propriedades que dese3a$a $ender. Então subitamente as portas foram fechadas. /ão por (eus, mas por meu país. =oi instituída outra lei que dizia que nenhum paquistanense pode sair do país a menos que tenha pago todos os impostos de renda. 1s meus ha$iam sido pagos, mas precisa$a de um recibo do go$erno. *inha de obter um 4ertificado de +agamento do Jmposto de Ienda. Somente com esse 4ertificado poderia eu comprar passagens para os Estados 2nidos. Quatro dos meus sete dias at" a partida ha$iam passadoD agora, enquanto meu filho Ohalid e eu entr.$amos no gabinete do go$erno a fim de conseguir o 4ertificado s# me resta$am tr0s. Ohalid e eu pensamos que não ha$eria problema nenhum, uma $ez que meus pap"is esta$am em ordem. 1 escrit#rio fica$a numa rua mo$imentada do centro de Kahore. Entretanto, ao entrar naquele edifício, algo pareceu'me estranho. Esta$a quieto demais para um escrit#rio burocr.tico comum onde atendentes correm de um lugar para outro e sempre parece que algu"m est. discutindo com um escritur.rio. A não ser por um funcion.rio cal$o, sentado 5 ponta de um balcão, lendo uma re$ista, Ohalid e eu "ramos as 6nicas pessoas no escrit#rio. =ui at" o funcion.rio e disse o que dese3a$a. Ele le$antou um pouco os olhos e sacudiu a cabeça. , Sinto muito, senhora, , disse ele afundando de no$o a cabeça na re$ista , estamos em gre$e. , 2ma gre$e? , Sim, madame , disse ele. , Jndefinidamente. /ingu"m est. trabalhando. /ão h. nada que se possa fazer pela senhora. =iquei parada olhando para o homem. Então afastei'me alguns metros. , Y Senhor ,, orei em $oz alta, mas de modo que somente meu filho pudesse ou$ir , o Senhor fechou a porta? Mas por que então encora3ou'me a $ir at" aqui? Então $eio'me uma id"ia. Ser. que ele realmente ha$ia fechado a porta? , Est. bem, +ai , orei. , Se for a tua $ontade que Mamude e eu $amos para os Estados 2nidos, tu ter.s de fazer com que eu consiga esse 4ertificado. , 2m sentimento forte de confiança encheu'me e dirigi'me ao funcion.rio. , %em, o senhor parece estar trabalhando ,, disse eu. , +or que não me d. o 4ertificado? 1 homem tirou os olhos de sua re$ista com uma e)pressão azeda. +arecia o tipo que fica$a feliz em dizer não. , @. lhe disse, senhora, estamos em gre$e , grunhiu ele. , %em, então quero falar com o oficial encarregado. , 2ma coisa eu ha$ia aprendido no meu trabalho com o go$erno, e era que quando dese3a$a que algo fosse feito, de$ia sempre ir 5 autoridade mais alta. 1 funcion.rio suspirou, dei)ou a re$ista e escoltou'me a um escrit#rio ad3acente. , Espere aqui ,, grunhiu de no$o e desapareceu. (o escrit#rio eu podia ou$ir um murm6rio bai)o de $ozesD o homem emergiu e acenou para que eu entrasse. Ohalid e eu encontramo'nos na presença de um homem elegante de meia'idade atr.s de uma escri$aninha riscada. E)pus' lhe meu problema. Ieclinou'se na cadeira, girando um l.pis na mão. , Sinto muito, madame ... madame ... como " mesmo seu nome? , %ilquis Shei&h. , %em, sinto muito. /ão h. absolutamente nada que possamos fazer durante a gre$e ... , Subitamente uma luz de reconhecimento inundou'lhe os olhos. , A senhora não " a %egum Shei&h que organizou o Plano do Aiver imples1 , Eu mesma. %ateu com os punhos na mesa, le$antando'se. , %em! , disse ele. +u)ou uma cadeira e pediu que me sentasse. , Acho que esse foi o melhor programa que nosso país 3. te$e. Sorri. Então o oficial inclinou'se por cima da escri$aninha, e disse confidencialmente. , Agora, $e3amos o que podemos fazer pela senhora. =ez'me e)plicar precisamente qual era o problema e eu disse' lhe que de$ia estar em Oarachi em tr0s dias a fim de tomar um a$ião para os Estados 2nidos. 1 rosto do homem re$estiu'se de um ar resoluto. Ke$antando'se, chamou o funcion.rio do balcão. , (iga ao no$o assistente que $enha aqui. , Eu tenho , disse'me ele, em $oz muito bai)a , um datilografo tempor.rio. Ele não faz parte do quadro regular de funcion.rios e não est. em gre$e. +oder. datilografar o 4ertificado. .u mesmo colocarei o selo. Estou contente em poder a3udar. Alguns minutos mais tarde eu tinha o precioso 4ertificado em mãos. Ao sair, tenho de confessar que abanei o papel para o pequeno funcion.rio, que surpreso, tirou os olhos da re$ista o tempo suficiente para $er meu sorriso e ou$ir o meu N(eus o abençoeN. Ao dei)armos o edifício do go$erno alguns minutos mais tarde, Ohalid, espantado, mencionou o fato de que ha$ia le$ado somente $inte minutos para completar a transação toda. , Jsso foi menos do que le$aria se todo mundo esti$esse trabalhando! , disse ele. 4om o coração em c-nticos, tentei e)plicar a Ohalid que o Senhor dese3a nossa coopera0$o. Ele dese3a operar conosco, mediante a oração. Era o princípio da $ara de Mois"s. Se eu simplesmente ti$esse colocado o problema nas mãos do Senhor sem ter dado o passo da f", eu 3amais podia ter conseguido o 4ertificado. *i$e de dar o passo7 fazer tudo o que esta$a ao meu alcance. *i$e de pedir para $er o homem encarregado. Assim como (eus pediu que Mois"s batesse na rocha com a $ara, ele tamb"m nos pede que participemos na operação de milagres. Ohalid parecia um tanto espantado com o meu entusiasmo mas recobrou'se e acrescentou com um sorriso7 , %em, uma coisa posso dizer, mamãe. /otei que em $ez de N1brigadoN a senhora sempre diz N(eus o abençoeN. E sua $oz ao dizer isso " a coisa mais linda que 3amais ou$i. Agora que todos os meus pap"is esta$am prontos gostaria de fazer uma $iagem r.pida a Fah a fim de dizer adeus, pois a esta altura esta$a con$encida de que esta $iagem le$aria mais que quatro meses. Entretanto, ao mencionar o assunto, Ohalid disse7 , A senhora não ou$iu falar da inundação? 4hu$as torrenciais ha$iam caído na porção de terra entre Kahore a Fah. Muitos quilCmetros de terra esta$am inundados. 1 tr.fego todo fora bloqueado. 1 6nico transporte disponí$el era o do go$erno. Meu coração afundou'se. /ão me seria permitido nem dizer adeus. 1 Senhor pedia'me que saísse rapidamente, como K#, e dizia'me que nem olhasse para tr.s. *inha plane3ado partir de Kahore na se)ta'feira de manhã, dois dias mais tarde. >oaria at" Oarachi, de onde sairia para os Estados 2nidos. +eggA e seu filho começariam a $iagem em /o$a (eli. Seu a$ião, com destino a /o$a Jorque, faria escala em Oarachi e Mamude e eu tomaríamos aí o a$ião. /a manhã de quinta'feira, entretanto, um impulso forte e incomum tomou conta de mim, dizendo'me que não esperasse. Minha ansiedade concentra$a'se em Mamude. 4ertamente que a efici0ncia da ramifica0$o dos criados ha$ia le$ado a notícia a Fah de que n#s não est.$amos fazendo uma simples $isita a Kahore, e que íamos dei)ar o país. Era pro$.$el que parentes podiam tentar tirar Mamude de minha influ0ncia NcorruptoraN? Seria eu detida por qualquer prete)to? 2m forte sentimento de perigo impulsiona$a'me. /ão, não esperaria. +artiria nesse mesmo dia. Jria a Oarachi, ficaria em casa de amigos, sem dar muito na $ista. (e modo que nessa tarde, depois de fazermos as malas, Mamude e eu dissemos adeus a Ohalid e a sua família e corremos para o aeroporto. >oamos de Kahore com um sentimento definido de alí$io. Est.$amos a caminho! Oarachi era como me lembra$a, uma cidade 5 beira'mar, aninhada contra o oceano Pndico. 2ma mistura do antigo com o no$oD camelos desa3eitados lado a lado com Iolls IoAces, bazares cheios de moscas es$oaçantes pr#)imos a lo3as elegantes com as 6ltimas modas de +aris. +erfeito. A cidade era grande o suficiente para sermos tragados por ela. Est.$amos na casa de amigos e eu fazia compras em preparação da partida para os Estados 2nidos no dia seguinte. Subitamente uma opressão estranha me in$adiu. =echei os olhos e apoiei'me numa parede pedindo a proteção de meu Senhor. =oi'me dada a orientação de que de$ia ir para um hotel nessa noite. *entei desfazer'me desse sentimento. NJsto " tolice!N disse a mim mesma. Então lembrei'me da hist#ria dos magos do 1riente que ha$iam sido a$isados em sonho que partissem por outra estrada. Kogo depois, alo3.$amo'nos no hotel da Air =rance no aeroporto de Oarachi. Ke$ei Mamude para o quarto tão rapidamente quanto possí$el, pedi que nossas refeiçes fossem ser$idas ali, e 3untos, simplesmente esperamos. Mamude parecia inquieto. , +or que temos de ser tão reser$ados, mamãe? , perguntou ele. , Simplesmente acho que de$emos ficar quietos por um pouco de tempo, " s# isso. /essa noite, antes do $Co, na cama, acordada, medita$a. +or que esta$a tão apreensi$a? /ão ha$ia moti$o $erdadeiro para isso. Ser. que meus ner$os esta$am me dominando? Esta$a eu reagindo e)ageradamente 5s ameaças do passado? 1 inc0ndio? Meu sono foi inquieto e durou somente umas horas. 8s duas horas da manhã 3. esta$a de p" e $estida, de no$o impulsionada por um forte sentimento de urg0ncia. /o$amente senti'me ridícula. /ão era do meu feitio. A 6nica e)plicação que eu tinha " que a hora tinha chegado de dei/ar o hotel e que esta$a sendo impelida pelo Senhor. >esti o Mamude, ainda meio adormecido, coloquei nossas malas 3unto 5 porta para que o carregador as le$asse. Eram tr0s horas da manhã. 1 $Co sairia 5s cinco. Mamude, ainda meio dormindo e eu, esper.$amos em frente do hotel um t.)i que nos le$aria ao aeroporto. 1lhei para a p.lida lua e indaguei de mim mesma se esta seria a 6ltima $ez que $eria a lua em meu pr#prio país. 2ma brisa matinal trazia o perfume de narcisos, e meu coração clama$a, pois percebia que não $eria meu 3ardim nunca mais. =inalmente o porteiro fez um t.)i parar. Mamude e eu entramos. 1rei enquanto ziguezague.$amos atra$"s do tr-nsito. Embora fosse cedo de manhã, as a$enidas que le$a$am ao aeroporto 3. esta$am bem mo$imentadas. Quando carros para$am ao nosso lado nos sinais fechados, eu, ner$osamente abai)a$a'me um pouco mais. NSimplesmente $amos ficar quietos por algum tempoN, dizia a mim mesma, tentando parecer tão segura a meus pr#prios ou$idos quanto o ha$ia sido para Mamude. /ão, isto não funciona$a. 1 que eu realmente precisa$a era de orar. NSenhor, desfaze esse ner$osismo. 1 ner$osismo não tem fundamento em ti. /ão posso confiar em ti e preocupar'me ao mesmo tempo! Entretanto, se esta urg0ncia procede de ti, Senhor, de$e ha$er um moti$o e obedecerei.N Ao saltarmos do carro no aeroporto, o ruído ensurdecedor dos motores a 3ato e a cacofonia de centenas de $ozes mistura$am'se numa atmosfera de urg0ncia. Meu coração deu um salto ao olhar para cima e $er a bandeira paquistanense, estrela e meia'lua num fundo $erde, tremulando 5 $iração sua$e. Sempre ha$eria de respeitar essa bandeira, meu po$o, e a f" muçulmana. 2m carregador le$ou nossa bagagem apressadamente para o balcão de embarque e, com gratidão $i'as desaparecer para a segurança aparente. S# $inte quilos de bagagem para cada um. Sorri ao pensar em nossas $iagens de família em outros dias no interior quando le$.$amos milhares de quilos de bagagem para uma estada de somente algumas semanas e minhas irmãs ainda reclama$am das roupas que não podiam le$ar. *ínhamos uma hora de espera antes da partida. 4onser$ando Mamude a meu lado, senti que era melhor que nos mistur.ssemos 5 multidão do aeroporto de modo que não fCssemos percebidos. Mas não podia desfazer'me do sentimento de perigo iminente. (e no$o repreendi a mim mesma pela preocupação desnecess.ria. 1 Senhor est. no controle, dizia a mim mesma. Ele me dirigir. para fora desta situação, tudo o que preciso fazer " obedecer. Então Mamude pediu para ir ao banheiro. (escemos o corredor at" o banheiro dos homens. Esperei no corredor. Subitamente o alto'falante anunciou nosso $Co. , +an Am, para /o$a Jorque prontos para o embarque. Senti o coração apressar'se. 1nde estaria Mamude? (e$íamos ir! =inalmente a porta do banheiro dos homens abriu'se. Mas quem saiu foi um Si& de turbante. 4heguei para mais perto da porta. Que esta$a eu fazendo? 4ertamente que mulher alguma num país muçulmano seria apanhada entrando num banheiro de homens ainda que 5 procura de um menino de no$e anos que esti$esse perdido. Anuncia$am no$amente nosso $Co. , +an Am, para a cidade de /o$a Jorque prontos para o embarque. *odos os passageiros de$em estar a bordo. 1h, não! Meu coração clama$a. Eu tinha de fazer algo. Empurrei a porta do banheiro dos homens e gritei7 , Mamude! 2ma $ozinha respondeu7 , @. $ou, mamãe ... (ei um profundo suspiro de alí$io e me apoiei 5 parede. Kogo Mamude saiu. , 1nde $oc0 esta$a? +or que demorou tanto? , gritei eu. /ão tinha import-ncia. /ão esperei resposta. *omei a mão do menino e saímos correndo. (escemos apressadamente o longo corredor at" o portão de embarque. Est.$amos entre os 6ltimos passageiros a embarcar. , /ossa, mamãe! , gritou Mamude , que na$e! Que na$e, de$eras! 1 ;G; era enorme. Est.$amos emocionados. /unca tinha $isto um a$ião t$o grande assim antes. /o instante em que ia entrar no a$ião hesitei por uns segundos, sentindo o 6ltimo toque do solo paquistanense. Mas tínhamos de continuar andando. (entro do a$ião, que para mim parecia um audit#rio, uma aeromoça le$ou'nos a nossos lugares. 1nde estaria +eggA? Que faria eu nos Estados 2nidos sem ela? E então l. esta$a ela! >inha pelo corredor a nosso encontro. +eggA 3ogou os braços ao meu redor. , 1h, preciosa senhora! , e)clamou ela. , Eu esta$a tão preocupada. /ão pude $0'la na multidão no portão de embarque! , E)pliquei o que tinha acontecido e +eggA pareceu ali$iada. Apresentou'nos a seu filho que a acompanha$a. , E uma pena que não possamos sentar 3untos , disse ela , ti$emos de aceitar os lugares que nos deram. =rancamente, não importa$a. Minha mente não se preocupa$a com problemas sociais nesse instante. 1cupa$a'se inteiramente com o fato de eu estar dei)ando minha terra natal. Sentia'me triste, " $erdade, mas ao mesmo tempo completa. /ão podia compreender isso. Kogo Mamude esta$a sendo ele mesmo. =ez amizade com uma aeromoça que o le$ou 5 cabina do piloto. Mamude $oltou mara$ilhado. =iquei contente. A aeromoça pediu'nos que apert.ssemos o cinto de segurança. 1lhei para fora da 3anela e $i os primeiros raios da aurora darde3ando o c"u oriental. 1s motores ressoaram e uma onda de emoção encheu'me. /ossa na$e começou a descer a pista. 1lhei para tr.s de mim mas não pude $er +eggA. Mas o rosto de Mamude esta$a comigo, pr#)imo ao meu. Iebrilha$a de emoção enquanto os motores a 3ato e)plodiam em tro$oada na decolagem. *omei a mão de Mamude e comecei a orar. , E agora, Senhor? (e no$o in$ade'me o sentimento de inteireza! 1 Senhor tirou'me de minha p.tria, como Abraão. /ão sei o que $em em seguida, por"m estou completa, satisfeita por estar contigo. /aquele instante nem o embaraço das l.grimas nem o ner$osismo me incomoda$am. *udo o que sabia era que tinha obedecido ao Senhor em tudo. E tinha de admitir que nunca realmente saberia o que podia ter acontecido se não ti$esse seguido sua ordem para marchar. Kuzinhas passa$am a toda $elocidade pela 3anela e repentinamente o barulho de rodas abai)o de n#s cessou. Est.$amos no ar! A luz da aurora podia $er o contorno da costa do +aquistão recortado no oceano Pndico que fica$a para tr.s abai)o de n#s. Ergui as mãos para (eus. Ele era minha 6nica segurança, e minha 6nica alegria era permanecer em sua presença. Enquanto pudesse permanecer ali sabia estar $i$endo na gl#ria. , 1brigada, (eus ,, murmurei. , 1brigada por me permitires $ia3ar contigo. EP(LOGO 9:;Z , Seis anos se passaram desde o dia em que $i minha terra natal desaparecer na cerração. 1 pressentimento de que eu não $eria mais o +aquistão fora prof"tico. /unca mais $oltei. A curta $isita foi prolongada por $.rios moti$os. Em primeiro lugar, meus amigos ad$ertiram'me de que " melhor para mim e para Mamude , um 3o$em robusto de quinze anos de idade e agora chamado (a$id , que não $olt.ssemos. 1utras pessoas e autoridades em meu país ha$iam'me dado mensagens semelhantes. Em 9:;< hou$e uma reunião do 4ongresso Jsl-mico Mundial na qual passaram uma resolução conclamando a retirada do +aquistão de todas as instituiçes cristãs estrangeiras, estaçes de r.dio e mission.rios. E e$idente que eu não seria bem recebida de $olta ao +aquistão agora. 1 que " mais importante, o Senhor tornou bem claro que de$o permanecer aquiD parece e)istir nos Estados 2nidos grande necessidade de ou$ir minha mensagem. Jsto me foi mostrado em $isão, logo depois de chegar aqui. 1 Senhor esta$a de p" em meu quarto. +ediu'me que falasse de seu fardo 5s igre3asD que ha$eria uma separação das o$elhas dos bodes e que o 3uízo começaria na 4asa do Senhor. Ietraí'me ante a tarefaD não cabia a mim dizer aos outros dos seus fracassos. /este país, eu era $isitante e cristã no$a. (e modo que perguntei7 , +or que eu, Senhor? Em resposta, seus olhos encheram'se de tanta preocupação e agonia tanta pelas igre3as que caí de 3oelhos prometendo obedecer' lhe. Entretanto, humana e fraca como sou, ainda hesita$a. >inha isto realmente do Senhor ou procedia de mim mesma? (e modo que fiz a pro$a do $elo de lã, dizendo7 NSe me le$ares no Espírito, Senhor, então nada no mundo me impedir. de falar.N Assim que minha cabeça tocou o tra$esseiro, fui arrebatada em Espírito e uma grande luz en$ol$eu'me como se me ungisse para a tarefa. 4lara e inequi$ocamente, o Senhor ordenou'me que honrasse e glorificasse seu nome e falasse de sua miseric#rdia e amor a igre3as e grupos em todos os lugares. Então, como confirmação posterior de sua direção, praticamente todas as $ises que ti$e no +aquistão se cumpriram e)atamente como as $ira anos antes. *enho $isto pessoalmente algumas cidades e igre3as norte'americanas que me foram mostradas claramente em sonhos. 2ma confirmação muito espantosa de que o Senhor pode falar a n#s mediante $ises foi'me dada pela Sra. Borold %. Fold, cu3o marido " pastor da igre3a da Missão do =arol em +ortland, no estado de 1regon. Ela escre$eu'me contando uma $isão que te$e nos Estados 2nidos mais ou menos na "poca em que o Senhor falou comigo pela primeira $ez no +aquistão, dez anos atr.s. NEu anda$a e ora$a em minha sala de estarN, escre$eu ela, Nquando subitamente o poder do Senhor $eio sobre mim tão fortemente que senti como se meus p"s não tocassem o solo. 8 minha frente esta$a a $isão mais linda. Era uma mulher de pele mais escura, usando um sariD de alguma forma eu sabia que ela pertencia 5 nobreza. Esta$a de frente para mim e ficou ali parada por um longo tempo, e eu sabia que ao encontr.'la ha$eria de reconhec0' la. Quando $oc0 $eio falar em nossa igre3a, reconheci'a como a senhora de minha $isão.N Bo3e, $i$o um instante de cada $ez, esperando para $er o que o Senhor h. de fazer em seguida comigo e com meu tempo. 2ma coisa sei7 de$o testemunhar dele. Ainda mais, de$o estimular os norte'americanos a reconhecer a liberdade que t0m de adorar a 4risto. E tamb"m de$o orar por meu pr#prio país. /ão posso testemunhar ao po$o de l. diretamente, mas quando alguns $0em $isitar'me, como 3. o fizeram minhas filhas *ooni e Ohalida, e meu filho Ohalid plane3a fazer, então posso falar li$remente. 1utros de minha família e amigos pro$a$elmente nunca mais $erei. Mas oro por eles regularmente. 1ro por todo o po$o muçulmano, tão perto de (eus, e ainda tão longe. 2m po$o que acredita ser a sal$ação uma pro$ação que nunca termina de boas obras. 1ro para que encontrem o 4risto $i$o que * a sal$ação e que o encontre antes de sua segunda $inda. +enso em /ur'3an e Iaisham e em todos os cristãos que dei)ei para tr.s. Ao mesmo tempo em que me preocupo com eles em seu andar solit.rio, tenho a certeza de que o Senhor est. com eles tamb"m, pois ele prometeu7 &#$o vos dei/arei +rf$os, voltarei para v+s outros& V@oão 9G79ZW. +assei uma procuração a *ooni, e pedi'lhe que separasse fundos para o sal.rio de um ano dos empregados. *odos ha$iam'se tornado como membros da família e eu queria fazer tanto quanto podia para que começassem com segurança em seus no$os empregos. Meus 3ardins e minha casa? Sei que os 3ardins de Fah foram desapropriados pelo go$erno, por causa de sua significação hist#rica. Mas quando pergunto acerca de minha casa, onde me encontrei com o Senhor, dão'me respostas $agas. *al$ez minha família e amigos não dese3em que eu saiba da triste condição em que se encontra. 1 que eles realmente não podem compreender " que Fah agora pertence ao passado. As coisas do mundo 3. não t0m sentido para mim. Agora meu lar " com o Senhor. Minha família em 4risto " minha no$a família. Estou $i$endo na /o$a @erusal"m. E um lugar onde tenho de tudo e ao mesmo tempo não tenho nada. *enho aprendido dolorosamente, passo a passo, que quando não temos nada então " que o Senhor pode realmente começar a operar por meio de n#s, pois " nesse instante que começamos a $i$er, com maior segurança, em sua gl#ria. %ilquis Shei&h =undação %ilquis Sultana +.1. %o) LR[G *housand 1a&s, 4alif. :9HL: , 2.S.A. ACERCA OS AUTORES... %JKQ2JS SBEJOB agora $i$e em *housand 1a&s, na 4alif#rnia, com Mamude, seu neto de dezessete anos de idade. V1s amigos dele o chamam de (a$id.W Ela " uma testemunha poderosa para 4ristoD faz palestras e d. seu testemunho por todo o continente norte'americano. (J4O S4B/EJ(EI " redator assistente da re$ista Duideposts.
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