UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO JULIANA FONTES DOS SANTOS SOUZABIBLIOTECA NA ESCOLA Como elaborar um projeto de biblioteca escolar integrada às atividades pedagógicas para alunos do primeiro ao nono ano RIO DE JANEIRO 2010 JULIANA FONTES DOS SANTOS SOUZA BIBLIOTECA NA ESCOLA Como elaborar um projeto de biblioteca escolar integrada às atividades pedagógicas para alunos do primeiro ao nono ano Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia Orientador: Profª. MS Suzete Moeda Mattos Co-orientador: Prof. MS Roberto Nunes Bittencourt Rio de Janeiro 2010 JULIANA FONTES DOS SANTOS SOUZA BIBLIOTECA NA ESCOLA Como elaborar um projeto de biblioteca escolar integrada às atividades pedagógicas para alunos do primeiro ao nono ano Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia Aprovado em de 2010. BANCA EXAMINADORA Profª. Suzete Moeda Matos – Orientadora Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Prof.ª MS. Maura Esandola Tavares Quinhões Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Prof.ª Ludmila Guimarães Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Dedico esse trabalho aos meus pais, Márcia e Moacir, que me ensinaram a amar os livros. AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus, que me deu a vida e talentos. Agradeço aos meus pais, Márcia e Moacir, pelo apoio e pelo incentivo para que eu vencesse mais essa etapa da minha vida. Sem eles eu não teria conseguido. Aos meus irmãos, Luciano e Yago, que sempre compreenderam e colaboraram com meus momentos de estudo, e que me serviram como motivação para prosseguir. Ao Rafael, meu namorado e melhor amigo, que em todos os momentos me incentivou e acreditou que conseguiria desenvolver esse trabalho. Agradeço todo o carinho, paciência, compreensão e amor. Ao professor Roberto Bittencourt por ter aceitado o desafio de me ajudar na elaboração desse trabalho, e por toda a ajuda que me deu. À professora Suzette Moeda Mattos por também ter aceitado o desafio de me ajudar a escrever esse trabalho. Aos meus amigos por todo apoio, incentivo, paciência e compreensão durante o período final do curso de biblioteconomia. Às minhas amigas de trabalho, Cintia Sales e Cleia Marcelino, que em meio a momentos de desespero, me motivaram a concluir o curso junto com elas. Por fim, agradeço a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a realização desta monografia. “Um país se faz com homens e livros." (Monteiro Lobato) RESUMO Enfoca o desenvolvimento de projetos para bibliotecas escolares para o atendimento de alunos do primeiro ao nono ano. Conceitua e define biblioteca escolar. Mostra a importância da leitura no processo de educação dos indivíduos. Aponta o desenvolvimento da literatura direcionada para o público infantil. Apresenta as funções da biblioteca em ambiente escolar. Analisa a situação da biblioteca escolar no Brasil. Trata do planejamento e desenvolvimento de projetos de biblioteca escolares. Indica as características administrativas dos projetos para bibliotecas escolares. Aborda a importância da implantação de biblioteca nas escolas. Apresenta as políticas que devem ser incluídas no projeto de biblioteca escolar. Trata da importância da elaboração de estudos de usuário para a criação do projeto de biblioteca. Descreve o processo de elaboração do ambiente e estrutura da biblioteca que está sendo projetada. Aponta as adaptações para o acesso à biblioteca de pessoas com necessidades especiais que devem estar previstas no projeto. Mostra a importância da decoração do ambiente de acordo com os usuários potenciais da biblioteca. Aponta o processo de desenvolvimento de coleções que deve estar previsto no projeto de biblioteca escolar. Aborda o planejamento do processamento técnico do acervo. Palavras-chave: Biblioteca escolar. Projeto de biblioteca. ABSTRACT Focus on the development of school library projects for student of the first one to the nineth year. Evaluate and define the school library. Show the importance of reading in the process of educating individuals. Develop literature targeted to children. Present the functions of the library in the school environment. Analyze the situation of the school library in Brazil. Talk about the planning and development of school library projects. Outline the administrative features of school library projects. Discuss the importance of establishing libraries in schools. Present policies that should be included in school library projects. Elaborate on the importance of self study in library projects. Elaborate on the importance of environment and structure in the design of a library. Demonstrate design adaptations required for easy access to the library by persons with special needs. Show the importance of having surrounding decorations be in harmony with its potential users. Illustrate the process of collections that must be anticipated in a school library project. Discuss the technical process of planning by a group. Keywords: School library. Library project LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT BE IFLA INEP NBR O&M PNBE UNESCO CCAA2 Associação Brasileira de Normas Técnicas Biblioteca escolar Código de Catalogação Anglo-Americano – 2ª edição International Federation of Library Association Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira Norma Brasileira Organização e Métodos Programa Nacional Biblioteca na Escola United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization SUMÁRIO 1 2 2.1 2.2 3 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.5.1 3.5.2 3.6 4 INTRODUÇÃO .................................................................................... BIBLIOTECA ESCOLAR .................................................................... Conceito de Biblioteca Escolar ........................................................ Função Social da Biblioteca Escolar PROJETANDO UMA BIBLIOTECA ESCOLAR ................................. A Organização Biblioteca Escolar ................................................... Políticas para a Biblioteca na Escola .............................................. Estudo de Usuário ............................................................................. Projeto Estrutural da Biblioteca ....................................................... Desenvolvendo a Coleção ................................................................ Seleção e Aquisição ............................................................................ Organização da Coleção ..................................................................... Processamento Técnico ................................................................... CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ REFERÊNCIAS ................................................................................... APÊNDICE 1 – PROTÓTIPO ANEXO A - MISSÃO DA BIBLIOTECA DA FAMEMA – 10 12 12 17 20 21 23 25 26 30 31 33 34 36 38 42 48 FACULDADE DE MEDICINA DE MARÍLIA ........................................ ANEXO B - MISSÃO DA BIBLIOTECA DA ESCOLA SECUNDÁRIA 49 DE CANTANHEDE .............................................................................. ANEXO C - MISSÃO DA BIBLIOTECA DOM BOSCO DO 50 COLÉGIO SALESIANO SÃO JOSÉ ................................................... ANEXO D – VISÃO DO CICLO DE VIDA DE UM PROJETO ............ 51 ANEXO E – ITEN 8.7 DA ABNT NBR 9050:2004 52 10 1 INTRODUÇÃO A biblioteca escolar é um instrumento fundamental de apoio às atividades pedagógicas. Através da leitura, os indivíduos são capazes de desenvolver sua criatividade, imaginação e também seu senso crítico, características fundamentais para o convívio em sociedade. Pensamos que o ideal para o bom desempenho do processo de educação seria que cada escola possuísse uma biblioteca que estivesse participando ativamente das atividades da instituição de ensino. No Brasil, de acordo com o senso 2009 do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, existem 197.468 unidades de ensino, mas 133.321 dessas unidades ainda não possuem biblioteca escolar. Sabemos que o governo brasileiro tem desenvolvido projetos de incentivo à implantação de biblioteca dentro das escolas. Um desses projetos é o PNBE – Programa Nacional Biblioteca da Escola, de 1997, que apóia a criação das bibliotecas escolares. O sucesso de uma biblioteca escolar não está somente na implantação da mesma, mas sim em um conjunto que é formado por um acervo composto de itens de relevância para seus usuários potenciais, pelos profissionais bibliotecários capacitados e especializados, além da construção de uma ambiente atrativo e funcional, e através da integração entre os educadores e os bibliotecários para o bom aproveitamento da biblioteca pelos alunos. Desenvolver bibliotecas que atendam aos critérios citados anteriormente é um desafio para as escolas, e é esse processo que apresentamos nesse trabalho. O presente trabalho se dispõe a estudar formas para a elaboração de projetos de implantação de bibliotecas nas escolas, que estejam de acordo com a necessidade do público que será atendido, no caso, alunos do primeiro ao nono anos, e que também sejam bibliotecas integradas ao sistema educacional da instituição de ensino como instrumento de apoio. Esse trabalho se justifica pela importância da presença de bibliotecas nas escolas, bibliotecas que sejam participantes das atividades pedagógicas, com a finalidade de formar cidadãos que desenvolvam o hábito e o prazer da leitura. O tema desse trabalho foi desenvolvido através da metodologia de pesquisa bibliográfica aplicada aos seguintes temas: biblioteca escolar, função da leitura na vida do individuo e na sociedade, administração de bibliotecas, organização de bibliotecas e elaboração de projetos de biblioteca. A pesquisa baseou-se 11 principalmente nas publicações “A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica” de Bernadete Campello et al, e “Bibliotecas como Organizações” de Alba Costa Maciel e Marília Alvarenga Rocha Mendonça. A maioria dos autores pesquisados concorda com as opiniões relativas a função e importância da biblioteca escolar contidas no livro de Bernadete Campello et al, que indicam que a presença da biblioteca na escola é fundamental para o desenvolvimento do hábito de leitura nos indivíduos e para o desenvolvimento de cidadãos conscientes e capacitados para a convivência em sociedade. Desta maneira, o item dois trata da indicação das definições e funções da biblioteca escolar. Discursa sobre a função social que uma biblioteca escolar pode possuir. E também trata da importância de desenvolver o hábito e a capacidade da leitura nos indivíduos durante o período da infância. O terceiro item trata especificamente sobre as partes relacionadas à construção de um projeto de biblioteca escolar que esteja integrada as atividades pedagógicas da escola, e também as atividades de lazer dos alunos do primeiro ao nono anos. Aborda questões administrativas para uma biblioteca, e também as políticas que precisam ser desenvolvidas pela mesma. Os processos para o desenvolvimento de um projeto de biblioteca escolar estão descritos no capítulo três deste trabalho. Com este percurso, acreditamos, com a crítica desenvolvida, que ainda há muito a ser trabalhado nas relações entre leitura, biblioteca e escola, para que os objetivos de uma formação crítica dos leitores e o desenvolvimento de projetos de incentivo à leitura tornem-se cada vez mais constantes no âmbito escolar. É o que passaremos a analisar. 12 2 BIBLIOTECA ESCOLAR Considerando o ambiente da escola “[...] como o espaço que propicia formação e informação ao indivíduo, desenvolvendo capacidades que favorecem não somente a compreensão dos fenômenos sociais e objetos culturais, como, também, a própria intervenção nesses fenômenos e a fruição de tais objetos” (Campello et al apud Kaulthau), podemos perceber a importância da presença de uma biblioteca dentro da escola. A biblioteca escolar é um espaço para o desenvolvimento do indivíduo para o convívio na sociedade da informação, conforme afirma Campello (2002, p.7) sobre o ambiente da biblioteca escolar, que é “mais do que um estoque de conhecimentos, pode constituir-se em um espaço adequado para desenvolver nos alunos o melhor entendimento do complexo ambiente informacional da sociedade contemporânea.”. Percebemos através dessa colocação que implantar uma biblioteca na escola favorece a inclusão das crianças no contexto da nossa sociedade atual. Mesmo reconhecendo a importância da presença de uma biblioteca dentro da escola, a realidade do Brasil indica que essa conscientização ainda precisa ser colocada em prática. De acordo com o último senso escolar realizado em 2009 pelo INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais o número total de estabelecimento de educação básica no Brasil é de 197.468, mas apenas 64.147 escolas possuem biblioteca instalada em suas dependências. Isso demonstra que na maioria das instituições de ensino o hábito de utilização da biblioteca não é estimulado, e também não existe uma biblioteca que apóie as atividades pedagógicas desenvolvidas. 2.1 Conceito de Biblioteca Escolar A biblioteca escolar é um dos instrumentos auxiliadores de grande importância para o processo educacional de aprendizado. Através da educação formal ou educação escolar, a população se torna apta para o exercício de seus direitos e deveres, e esta educação formal é exercida no ambiente da escola. Um dos maiores objetivos dos educadores é fazer com que a criança adquira a capacidade e o hábito 13 da leitura, podendo assim ter acesso às informações disponíveis nos meios escritos (Vieira 1989, p. 11). O trabalho dos educadores deve ser o de desenvolver a capacidade do aluno em interpretar e compreender do que se lê, e não apenas de decifrar as palavras em um texto. Esse objetivo foi retratado por Jolibert (1994, p. 59): É preciso superar algumas concepções sobre o aprendizado inicial da leitura. A principal delas é de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a compreensão conseqüência natural dessa ação. Por conta dessa concepção equivocada a escola vem produzindo grande quantidade de leitores capazes de codificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que tentam ler. A capacidade de leitura está relacionada à capacidade de um indivíduo desenvolver o pensamento criativo e crítico perante a sociedade. Para Silva (1991, p.36) “quanto mais o ensino real da leitura for distorcido no âmbito da escola e da sociedade, tanto melhor para a reprodução das estruturas sociais injustas, existentes no país”. Desse modo, compreendemos que a melhor forma de mudar a realidade das estruturas sociais, seria através do incentivo a leitura. Sabemos que grande parte das informações que geram o conhecimento são repassadas através da escrita. Da mesma forma, a introdução a realidade da cultura e das artes pode ser realizada através da literatura, de acordo com Vieira (1989, p.13) “[...] se é por meio da leitura que o homem moderno entra em contato com as diversas formas de conhecimento, capacitando-se para atuar e participar da sociedade, é por meio da literatura que ele se introduz no mundo do imaginário, desenvolvendo não apenas sua sensibilidade e seu gosto artístico, mas também ampliando sua maneira de entender o mundo.”. Dessa forma, nosso senso crítico se torna mais desenvolvido, fazendo com que cada indivíduo seja capaz de questionar a realidade da sociedade na qual está inserido. Campello (2003 apud Abreu et al, p. 20) indica a biblioteca escolar como “espaço para o desenvolvimento de habilidades de localização, seleção, interpretação e uso da informação, essenciais para se viver numa sociedade de abundância de informação”. Esse espaço é fundamental para a formação de novos leitores e para a inserção da criança no universo dos livros. Carvalho (2003 p.21) indica que: Três elementos estruturam esse novo conceito de biblioteca como 14 lugar de formação de leitores: uma coleção de livros, e outros materiais, bem selecionada e atualizada; um ambiente físico bem concebido como espaço de comunicação e não apenas de informação, que leve em conta a corporalidade da leitura da criança e do adolescente, isto é, os seus modos de ler; e por último, mas não menos importante no processo de promoção da leitura, a figura do mediador. O ambiente propício para o incentivo ao desenvolvimento de novos leitores na escola é o ambiente da biblioteca. É nesse local que os educadores devem encontrar todos os subsídios necessários para um bom desenvolvimento do seu trabalho que é a transformação das crianças em leitores em potencial. Segundo PEREIRA et al (1991): Um sistema dinâmico de bibliotecas escolares constitui um dos mais fortes apoios para o desenvolvimento e a melhoria do processo ensino-aprendizagem. A biblioteca escolar, como parte integrante da escola, constitui fator essencial para atingir as metas educacionais ao funcionar como elemento de apoio no desenvolvimento das atividades curriculares, motivando, assim, o interesse do estudante e do professor nos vários tipos de informação, formando, conseqüentemente, o hábito do uso da biblioteca por meio de um processo contínuo. Os subsídios encontrados em uma biblioteca escolar não é somente o seu acervo, mas também os profissionais que trabalham nela. O profissional bibliotecário é um apoio de suma importância para as atividades desse tipo de biblioteca. Válio (1990) define a biblioteca escolar como uma faceta de todas as atividades escolares, define também que o bibliotecário escolar é um apoio e complemento para os professores. O bibliotecário escolar deve ser qualificado para trabalhar em conjunto com o corpo docente da escola, reconhecendo que o bibliotecário também possui a função de educador. Confirmamos através de Silva (1986, p.71-72) que diz o seguinte: Além de muitos autores batizarem o bibliotecário com “agente cultural de mudança”, o que por si só já demonstra uma preocupação com o contexto social, iniciou-se um processo muito sadio de discussão a respeito da relação entre as práticas biblioteconômicas e os aspectos políticos da socialização do saber. Dessa discussão resulta, entre outras, a conclusão de que o trabalho do bibliotecário não se desvincula de determinados objetivos sociais e de determinados valores humanos e que por isso mesmo, é um trabalho de cunho político. Essa reviravolta, por abalar as bases tecnoburocráticas da biblioteconomia, vai colocar a prática do bibliotecário na categoria mais abrangente das práticas educativas que, devido a sua natureza específica, devem ser conscientizadoras, 15 transformadoras e criadoras. Os textos analisados indicam que a biblioteca escolar deve fazer parte do planejamento pedagógico da escola, servindo com instrumento de apoio e alternativa para consolidação do ensino na sala de aula. A Biblioteca deve estar inserida como suporte para alcançar os objetivos dos programas educacionais de ensino-aprendizagem. Segundo LOURENÇO FILHO (1944, apud Silva, 1985, p.28) “uma escola sem biblioteca é um instrumento imperfeito. A biblioteca sem ensino, ou seja, sem a tentativa de estimular, coordenar e organizar a leitura, será por seu lado, instrumento vago e incerto”. Existem projetos de incentivo a leitura e a implantação de bibliotecas nas escolas do Brasil, tais como o PNBE - Programa Nacional Biblioteca na Escola, instituído no ano de 1997 pelo Ministério da Educação. No Rio de Janeiro, por exemplo, foi criada a Lei estadual nº 2296/94 estabelecendo que todas as escolas, estaduais ou particulares, devem possuir pelo menos uma biblioteca, mas percebemos que a realidade das escolas no Brasil está distante do modelo ideal de educação formal dos indivíduos. Para suprir a ausência de biblioteca, algumas escolas instalam as chamadas salas de leitura, que seriam apenas um apoio ao incentivo à leitura. Essas salas não são capazes de substituir todos os serviços de apoio que uma biblioteca ofereceria ao sistema de ensino-aprendizagem, e isso acontece devido à ausência de um planejamento de participação maior da biblioteca nas atividades pedagógicas, e também da ausência dos profissionais bibliotecários. Existem projetos das secretarias de educação de estados brasileiros, como por exemplo, no estado de São Paulo, que implementam salas de leitura nas escolas estaduais. Nesse espaço o professor leva seus alunos para a prática da leitura. Não existe necessariamente um profissional especializado para gerenciar o acervo, os próprios professores são responsáveis pela organização e manutenção dos itens. A falta de capacitação dos profissionais responsáveis pelas salas de leitura interfere na caracterização de que uma biblioteca é um suporte fundamental para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem e necessitam de profissionais especializados, no caso os bibliotecários. No Manifesto IFLA/UNESCO para Biblioteca Escolar encontramos a seguinte definição sobre as bibliotecas escolares “[...] A BE (biblioteca escolar) habilita os 16 estudantes para a aprendizagem ao longo da vida e desenvolve a imaginação, preparando-os para viver como cidadãos responsáveis.”. Notamos que os especialistas em biblioteca escolar indicam que esta é um instrumento de fundamental importância para que os objetivos da educação formal sejam alcançados. O conceito sobre biblioteca escolar ainda está sendo objeto de estudo com o objetivo de adequar essa definição ao contexto educacional moderno. 17 2.2 Função Social da Biblioteca Escolar A função social da biblioteca escolar está intimamente ligada à função social da leitura na vida de um individuo. Como foi dito no capítulo anterior, um individuo que possui a capacidade de leitura consegue desenvolver o pensamento criativo e crítico perante a sociedade. E a formação do leitor começa quando o indivíduo está na fase da sua infância, conforme indica Carvalho (1989, p. 194): E é na infância que se adquire o hábito de ler; é na criança que estão todas as potencialidades e disponibilidades para o prazer da leitura. E é evidente também que se torna necessário abrir para a criança as janelas desse mundo maravilhoso... mas é preciso saber fazê-lo. A estrutura organizacional das famílias sofreu grandes alterações desde a idade média até a contemporaneidade. Enquanto que durante a idade média a infância não era reconhecida e as crianças eram tratadas da mesma forma que os adultos, na sociedade atual o período da infância é reconhecido e tratado de maneira diferenciada, e as crianças são consideradas cidadãos em formação que possuem seus direitos e deveres, conforme expõe Carvalho (1989, p.18) “Hoje, sabe-se que a infância constitui uma fase especial de evolução e formação, com suas implicações específicas e suas complexidades, em nada comparável com o adulto.”. Durante o período no qual a sociedade esteve influenciada pelos pensamentos burgueses, convencionou-se que a educação infantil era função das mães, e a educação básica era fornecida no ambiente domiciliar. As instituições escolares, que davam continuidade ao processo educacional iniciado em casa, já estavam sofrendo um processo de transformação, conforme indica Áries (apud Carvalho 1989 p. 76): Nessa mesma época, no século XV ao XVI, o colégio modificou e ampliou seu recrutamento. Composto outrora de uma pequena minoria de clérigos letrados, ele se abriu a um número crescente de leigos, nobres e burgueses, mas também a famílias mais populares. Com a inserção dos pensamentos e hábitos capitalistas e industrialização da sociedade, as mães que antes eram figuras domiciliares e deveriam possuir como principal função a educação dos filhos, passaram a participar do mercado de trabalho. Nesse momento as instituições de ensino passam a ocupar essa função de fornecer educação básica para crianças de zero a seis anos. No Brasil, por exemplo, essa nova estrutura de sociedade repassou para o 18 Estado a função de fornecer educação básica a todos os indivíduos durante a sua primeira infância, como indica a autora Maria Eugênia Albino Andrade: A educação infantil é considerada a primeira etapa da educação básica e sua expansão ocorreu nas últimas décadas devido a fatores tais como, intensificação da urbanização, participação da mulher no mercado de trabalho e mudanças na organização e estruturação das famílias. Assim, a partir da demanda por uma educação institucional para crianças de zero a seis anos, a Constituição Federal de 1988 incorporou a educação infantil como um dever do Estado e como um direito da criança, o que foi seguido pelo estatuto da Criança e do adolescente, que também destaca esse direito. (ANDRADE in Biblioteca escolar Campello pag 56) O início da produção literária direcionada ao público infantil ocorreu durante o século XVII, conforme afirma Carvalho (1989, p.48) “E é assim que a literatura infantil vem a ter seu início no século XVII, com Perrault”. Durante o período de influência da burguesia, a literatura infantil surge como material de apoio para as mães que precisam repassar para seus filhos os princípios morais da sociedade burguesa, e a literatura infantil encontra “seu verdadeiro lugar com o advento da burguesia, entre os bem-nascidos, nos fins do século XVIII e início do século XIX” (Carvalho 1989, p. 75). Dessa forma, “a literatura infantil floresce no século XVIII, quando as mudanças sociais e familiares exigem uma produção apropriada para o público infantil.” (Vieira 2004, p.6). De acordo com Carvalho (1989, p. 75) “Para haver uma literatura infantil, é necessário que haja criança e escola. Sem escola não há livros ao alcance de todas as classes.”, podemos perceber que o ambiente escolar é um espaço para integração da criança com os livros e o hábito da leitura. Conforme afirma Brenman (2005, p. 64): Todos sabem que a aquisição da habilidade da leitura é vital em qualquer sociedade ocidental. Os signos gráficos encontram-se por todos os lados e sua decifração é o primeiro passo em direção à inclusão social; por isso a escola tornou-se fator decisivo na vida de milhões de pessoas. A literatura infantil tornou-se grande aliada ao processo educacional de desenvolvimento do hábito da leitura nas crianças, e permanece como instrumento de apoio até os dias atuais, como afirma Brenman: As intenções nessas manifestações literárias orientam-se por uma intenção didática, moralizante. Educar é preciso. O livro era o melhor instrumento para essa tarefa. A criança teria de ser preparada para o mundo via texto literário, teria de conhecer o modelo adulto de comportamento. Esta visão da literatura inserida na escola perdura 19 até os dias de hoje. A produção literária, principalmente a infantil, mesmo com muitos avanços, ainda reflete a origem desse processo, ou seja, livro bom é aquele que educa. (2005, p. 128) A escola assumiu a função de preparar a criança para viver em sociedade, através do desenvolvimento e estímulo do hábito de leitura nas crianças. Segundo Carvalho (1989, p.194) “A leitura é o meio mais eficiente de enriquecimento e desenvolvimento da personalidade: é um passaporte para a vida e para a sociedade”. A biblioteca escolar é o instrumento mais apropriado para apoiar o desenvolvimento das atividades de incentivo a leitura dentro do ambiente educacional. A biblioteca escolar é parceira da escola e do professor. De acordo com o Manifesto para a Biblioteca Escolar da UNESCO/IFLA (International federation of Library Association), está comprovado que bibliotecários e professores, ao trabalharem em conjunto, influenciam o desempenho dos estudantes para o alcance de maior nível de literância na leitura e na escrita, aprendizagem, resolução de problemas, uso da informação e das tecnologias de comunicação e informação. Portanto, investimentos, bibliotecas bem equipadas, com bom espaço e acervo, que atendam ao projeto pedagógico das escolas e administradas por profissionais bibliotecários, podem contribuir significativamente para suscitar o gosto pela leitura, atraindo mais leitores, oferecendo a possibilidade de se ornarem mais críticos e efetivos usuários de informação, em todos os formatos e meios. (Alves p. 105) 20 3 PROJETANDO UMA BIBLIOTECA ESCOLAR A construção de uma biblioteca escolar começa com a elaboração de um projeto de implementação da biblioteca dentro do ambiente da escola integrado ao planejamento pedagógico da instituição de ensino. Esse projeto deve ser a ferramenta de demonstração dos objetivos que pretendem ser alcançados após a implantação de uma biblioteca dentro da respectiva instituição de ensino. Kuhlthau indica que: O programa de desenvolvimento de habilidades para usar a biblioteca e a informação deve integrar-se à proposta curricular da escola. A seqüência de habilidades deve estar intimamente ligada aos conteúdos programáticos. É importante que as atividades desenvolvidas em sala de aula exijam que os alunos utilizem as habilidades para usar a biblioteca e a informação que estão adquirindo. A construção de um projeto para biblioteca escolar para alunos do primeiro ao nono ano é composta por diversas etapas, e essas etapas devem ser desenvolvidas de maneira coerente e clara, e estar alinhada com os objetivos pedagógicos da escola que receberá a biblioteca. Percebemos que “para que o programa de biblioteca seja eficaz o planejamento conjunto é essencial” (Kuhlthau p. 144), dessa forma não deve ser ignorada a necessidade do trabalho do bibliotecário com os professores. Inicialmente o construtor do projeto, preferencialmente um profissional bibliotecário, deve delimitar quais são os interesses pedagógicos da escola e quais são as necessidades dessa comunidade escolar que devem ser supridas pela biblioteca. Maciel e Mendonça indicam que: o estudo da organização pode ser primariamente útil como um meio para bibliotecários adquirirem a compreensão, não só do entendimento da estrutura administrativa implícita à biblioteca, como também dos mecanismos de integração formal dessa estrutura com a instituição que a sustenta. Entendendo a estrutura da organização será possível a construção de uma biblioteca que atenderá com excelência a comunidade que será atendida. “A integração do programa da biblioteca com os conteúdos curriculares compensa o esforço de ambos, bibliotecário e professor. Mas as crianças são as principais beneficiárias de um programa integrado.” (Kuhlthau, pag 145) 21 3.1 A Organização Biblioteca Escolar A biblioteca escolar entendida como uma organização que está integrada a uma instituição chamada escola. Essa organização é um recurso pedagógico que deve possuir como objetivo principal atender as necessidades de pesquisa e lazer da comunidade escolar. Será necessário demonstrar a importância da implantação de uma biblioteca dentro do ambiente escolar, e a importância da integração da mesma com as atividades pedagógicas da escola. Segundo Andrade: [...] um bom programa de biblioteca, contando com profissional especializado, equipe de apoio treinada, acervo atualizado e constituído por diversos tipos de materiais informacionais, computadores conectados em rede e interligando os recursos da biblioteca às salas de aula e aos laboratórios resultou no melhor aproveitamento escolar dos estudantes, independentemente das características sociais e econômicas da comunidade onde a escola estivesse localizada. O projeto de desenvolvimento da biblioteca escolar deve estar pautado com argumentos que indiquem os resultados positivos alcançados através da utilização do recurso de biblioteca na escola. Além disso, devem demonstrar claramente os objetivos que pretendem ser alcançados através da biblioteca. As escolas que atendem aos alunos do primeiro a nono ano devem elaborar projetos de biblioteca que reconheçam e atendam as necessidades das crianças dentro da faixa etária atendida, e também dos professores que trabalham com esse tipo de alunado e os outros profissionais que exercem função administrativa no ambiente da escola. A organização biblioteca escolar é parte fundamental para o sucesso do processo escolar de ensino-aprendizagem. A importância da presença de uma biblioteca no ambiente escolar deve ser reconhecida por parte da instituição e vivenciada por toda a comunidade escolar. Entendendo a biblioteca escolar como uma organização, sabemos que é necessária a elaboração de métodos para o desenvolvimento dessa organização. Para elaboração desses métodos utilizamos da área da administração o sistema de Organização e Métodos – O&M. De acordo com Maciel e Mendonça: O termo organização é empregado no sentido de capacidade de criar organismos, estruturas e sistemas bem integrados e constituídos, como base para atividades operacionais e administrativas de uma 22 empresa qualquer, com o menor dispêndio e risco. Os métodos permitem o melhor aproveitamento do esforço humano e a diminuição do desperdício, conseguindo menores custos para os serviços e produtos oferecidos. (p.10-11) As mesmas autoras citam as seguintes atividades como possíveis atividades de O&M em bibliotecas: organização ou reorganização estrutural e/ou funcional; elaboração e/ou revisão de instrumentos executivos; racionalização dos métodos, processos e rotinas de trabalho; implantação de projetos de layout; desenvolvimentos de estudos e projetos especiais; promoção de estudos da ambiência da biblioteca; supervisão; conscientização das pessoas; e facilitação do processo decisório. Todas essas atividades de O&M que podem ser empregadas no ambiente de biblioteca, são recursos para tornar os serviços oferecidos pela biblioteca mais eficazes. Durante a elaboração do projeto da biblioteca deve-se integrar a mesma a estrutura organizacional da instituição de ensino. Segundo Vasconcelos e Hamsley: A estrutura de uma organização pode ser definida como o resultado de um processo através do qual a autoridade é distribuída, as atividades desde os níveis mais baixos até a alta administração são especificadas e um sistema de comunicação é delineado permitindo que as pessoas realizem as atividades e exerçam a autoridade que lhes compete para o atingimento dos objetivos organizacionais. (2000, p. 3) Para o ambiente da escola, a estrutura organizacional deve corresponder à natureza das atividades desse ambiente. Dessa forma os departamentos e relações institucionais devem refletir a realidade das atividades exercidas no ambiente escolar e servir como base para o bom funcionamento de todos os serviços que devem ser prestados por uma escola, demonstrando seus fluxos de trabalho e suas hierarquias. A estrutura organizacional das instituições pode ser representada através de um organograma que “é o gráfico que representa a estrutura de uma instituição, configurando seus diversos órgãos com suas posições e respectivas interdependências, via hierárquica, linhas de autoridade e subordinação.” (Maciel; Mendonça 2006, p. 69). Todas as atividades e processos que serão elaborados pela biblioteca devem possuir relação com as outras partes da instituição. Um exemplo dessa integração biblioteca – escola está no processo de aquisição de materiais para a biblioteca que deve estar integrado ao setor financeiro da instituição. Podemos concluir com as indicações de Heloísa de Almeida Prado: 23 Conclui-se que a biblioteca funciona para todos os objetivos escolares, não tendo nenhum assunto especializado e fornecendo material para todos os assuntos que possam interessar aos alunos e professores. Atinge seus fins justamente quando os leitores aprendem a usar suas fontes e a servir-se dela para seus trabalhos e suas horas de lazer. Através dela os livros e outros materiais, tais como mapas, revistas etc., são distribuídos a indivíduos, grupos e classes, para todos os tipos de pesquisa; portanto, tem uma função positiva e ativa de ensinar. Ela sugere a leitura de bons livros que talvez permanecessem esquecidos ou ignorados. Oferecem oportunidade para os interesses se desenvolverem e se expandirem, estimulando-os. Coopera com os agentes de instrução. A beleza, a ordem, o silencio, a eficiência de sua organização e o apelo de seus livros atraem o leitor. Realiza então ela a sua finalidade máxima: servir e difundir a leitura. 3.2 Políticas para a Biblioteca na Escola As políticas iniciais que devem ser desenvolvidas pelo projeto de biblioteca escolar são: objetivos, justificativa, missão, propósitos e ciclo de vida. O objetivo do projeto de uma biblioteca escolar que irá atender alunos do primeiro ao nono ano deve estar totalmente relacionado com os objetivos pedagógicos da escola para seus alunos. Uma biblioteca escolar deve possuir objetivos que sejam elaborados visando à solução dos problemas de ausência de instrumentos de auxílio ao aprendizado em sala de aula, e também de instrumentos incentivadores da leitura. Eles devem apresentar a forma, ou seja, através de quais meios a biblioteca que está sendo apresentada no projeto irá suprir as necessidades de apoio as atividades pedagógicas da escola. Kahlmeyer-Mertens ET AL indica que “o objetivo é o que se quer. [...] Portanto o projeto sempre se lança a um objetivo”. Quando um profissional elaborar um projeto, através da justificativa ele deve argumentar as razões pelas quais o seu projeto deve ser efetivado na escola. Nas justificativas devem estar presentes os argumentos que convencerão aos responsáveis pelo plano de desenvolvimento pedagógico que a instalação do modelo de biblioteca descrito no projeto será fundamental para o sucesso do planejamento pedagógico da escola. A missão da biblioteca e seus propósitos fazem parte do planejamento estratégico do projeto. Entendemos o planejamento estratégico como “[...] um conjunto de princípios e processos que possibilitam aos gerentes de bibliotecas, em 24 qualquer nível, criar e controlar o seu futuro.” (Hobrock apud Maciel; Medeiros p.59). Para elaborar a missão da biblioteca escolar que está sendo projetada é necessário que se conheça os estatutos e regimentos da instituição de ensino que irá abrigar essa biblioteca. De acordo com Maciel e Medeiros: O estabelecimento da missão é fundamental, pois determina o propósito da organização e a sua razão de existir. Significa um ponto focal em torno do qual todos os participantes assentarão o esforço de planejamento. Como a biblioteca pertence a uma organização maior, o estabelecimento de sua missão necessariamente deverá estar intimamente sintonizado com a missão dessa organização. (2006, p.61) O texto que expõe a missão da biblioteca escolar servirá como base para o desenvolvimento de todo o planejamento estratégico para essa organização. Nos anexos A, B e C encontramos exemplos de missão para bibliotecas. Segundo a professora Ana Virgínia Pinheiro (2008, p. 29) “A missão é a vocação da biblioteca, sua razão de ser, o conjunto de valores que define seu objetivo, determina suas atividades e delineia suas metas”. Os propósitos complementam a missão da biblioteca indicando quais são os compromissos que a biblioteca assumirá para cumprir sua missão. Podemos entender o ciclo de vida de um projeto através da seguinte explicação do autor Ricardo Viana Vargas: Todo projeto pode ser subdividido em determinadas fases de desenvolvimento. O entendimento dessas fases permite ao time do projeto um melhor controle do total de recursos gastos para atingir as metas estabelecidas. Esse conjunto de fases é conhecido como ciclo de vida possibilita que seja avaliada uma série de similaridades que podem ser encontradas em todos os projetos, independentemente de seu contexto, aplicabilidade ou área de atuação. (2005, p. 27) No ciclo de vida do projeto de biblioteca escolar devem estar descritas todas as atividades que serão desenvolvidas. Essa descrição pode ser representada de diferentes formas: gráficos, fluxogramas ou tabelas. No anexo D podemos visualizar um exemplo de visão do ciclo de vida de um projeto. O ciclo de vida também deve estar relacionado e integrado com a instituição escolar que receberá o projeto. O ciclo de vida do projeto é o conjunto das fases seqüenciais, cujos nomes são determinados pela organização e geralmente incluem passos principais englobados pela conceituação, planejamento, desenho, desenvolvimento, implementação e operação dos subprodutos relacionados à performance técnica do projeto. Também determinam as ações de transferência incluídas no projeto, que visam ligar o projeto às operações contínuas da organização. (Mendes 2006, p. 44) 25 Juntamente com as políticas descritas acima, o projeto para a construção de uma biblioteca escolar deve indicar “a estrutura organizacional que se planeja, ou seja, determinar as funções (seleção, aquisição, processamento técnico, referência etc) necessárias ao alcance dos objetivos e metas traçados anteriormente [...]” (Maciel, Mendonça 2006, p. 46). 3.3 Estudo de usuário Para a construção do projeto de biblioteca para alunos do primeiro ao nono ano, o estudo de usuário deve ser feito não somente com os alunos, mas também com os professores e pedagogos que trabalharão com esse público, que será o alvo da biblioteca. “O estudo do público-alvo é empreendido quando se visa, por exemplo, cotejar acervos e serviços com as características desse público, ou quando se procura atrair esse público para a biblioteca [...]” (SILVA, 1989, p.152). O estabelecimento do estudo de usuário está relacionado a tentativa do projeto estabelecer o fornecimento de um serviço de qualidade para a comunidade que será atendida. Entendemos a importância do usuário da mesma forma que os autores Guinchat e Menou (1994, p. 482) “O usuário é um agente essencial na concepção, avaliação, enriquecimento, adaptação, estímulo e funcionamento de qualquer sistema de informação”. De acordo com Figueiredo (1979, p.79): Estudo de usuários são investigações que se fazem para se saber o que os indivíduos precisam, em matéria de informação, ou então, para saber se as necessidades de informação, por parte dos usuários de um centro de informação estão sendo satisfeitas de maneira adequada. Para a biblioteca que se pretende construir nesse caso, o estudo de usuário será uma investigação para saber o que será necessário para os alunos desenvolverem o conteúdo que estará sendo ensinado no ambiente de sala de aula, e também de quais instrumentos de apoio serão necessários para os educadores que a biblioteca deverá possuir. Além do estudo de usuário servir como auxiliador no desenvolvimento da coleção e das atividades da biblioteca escolar, ele servirá também na estruturação do ambiente da biblioteca. Indicando qual será a faixa etária atendida pela biblioteca projetada, no caso de biblioteca para alunos do primeiro ao nono ano, a biblioteca 26 atenderá crianças e adolescentes dentro da faixa etária de seis a quinze anos. Através desses dados será possível a construção de um ambiente com mobiliário e recursos adequados para o atendimento a esse público da educação básica. Campello faz a seguinte indicação sobre o conteúdo da biblioteca escolar com relação aos seus usuários: As crianças serão levadas a perceber as lacunas em seus conhecimentos e a preenche-las por meio de diversas fontes de informação. Será necessária uma variedade de materiais na forma de textos, mapas, filmes, depoimentos de pessoas, além das tradicionais enciclopédias e livros. (2005, p. 58) Nesse contexto percebemos a importância do estudo da comunidade escolar que será usuária da biblioteca que está sendo projetada. Sendo assim, é necessário conhecer as necessidades informacionais desses alunos do primeiro ao nono ano, e também dos profissionais que trabalham com esse público. Costa, Silva e Ramalho indicam que: Conhecer as necessidades de informação dos usuários significa conhecer fatos da sua vida cotidiana e, também, entender o verdadeiro significado que a informação tem para esses indivíduos. Por outro lado, o entendimento das necessidades de informação dos usuários habita o profissional da informação a oferecer, para esses usuários, serviços de informação mais eficientes e eficazes, em relação ao atendimento de suas necessidades. (Costa, Silva, Ramalho 2009) Um projeto bem elaborado e específico deve esclarecer quais são as reais necessidades dos usuários potenciais daquela biblioteca escolar, indicando a formação de uma coleção especifica e de um espaço adequado para o atendimento do alunado. 3.4 Projeto Estrutural da Biblioteca É importante o bibliotecário observar a influência que a estruturação do ambiente exercerá sobre seus usuários. A escolha do local no qual será implantada a biblioteca escolar, ou a indicação dos requisitos estruturais para a implantação da biblioteca na escola deve ser parte fundamental do projeto. Para que o bibliotecário e/ou responsável pela biblioteca escolar realize um trabalho produtivo, é necessário que conheça a realidade 27 da escola e procure adaptar salas, ou parte delas, formando ambientes que servirão de biblioteca, uma vez que a grande maioria das escolas não possui lugar adequado. (Amato; Garcia, p.20) Deve ser considerada a necessidade de um espaço amplo, bem arejado e de boa visualização para seus usuários, no caso, alunos do primeiro ao nono ano. Se a escola não possuir uma sala que possa ser disponibilizada para implantação da biblioteca, será necessário que o bibliotecário responsável pelo projeto procure um profissional para projetar um espaço a ser construído para a biblioteca, atendendo as necessidades que o bibliotecário considera importante para o atendimento da clientela da escola. Após a indicação do espaço adequado para a instalação da biblioteca, devem ser indicados o mobiliário e equipamentos que darão suporte para o funcionamento da biblioteca escolar. Além disso, será necessário desenvolver um projeto de decoração adequado ao público assistido. Todos os itens devem ser devidamente detalhados para que esteja explicito o conhecimento do profissional desenvolvedor do projeto com relação às necessidades da comunidade que será atendida. A estruturação do ambiente da biblioteca também deve se preocupara com a preservação do espaço e de seu acervo. De acordo com Trinkley a preocupação com a preservação do espaço da biblioteca e todos os materiais que pertencem a ela é de suma importância. Um projeto que privilegie a preservação pode proporcionar inesperados e agradáveis benefícios. A atenção com os níveis de luz, a localização de janelas e a filtragem adequada da luz ultravioleta podem evitar que objetos caros de decoração e mobiliário, como tapetes e estofados, esmaeçam e se desgastem tão rapidamente. A preocupação com problemas de incêndios e de segurança pode reduzir o custo do seguro. A insistência em adotar práticas de construção corretas ajudará a evitar a obsolescência prematura e o colapso da construção. (2001, p.14) Para planejar o projeto estrutural da biblioteca devemos saber que esses espaços devem ser planejados, preferencialmente de forma conjunta entre o bibliotecário, a equipe da biblioteca e um profissional arquiteto. O arquiteto responsável por elaborar o projeto de construção da biblioteca deve considerar diversos aspectos. O primeiro deles é a localização geográfica da biblioteca, na qual o profissional deve procurar eliminar a incidência de elementos naturais indesejados, tal como o excesso de incidência de luz solar, e aproveitar esses elementos naturais, tais como a claridade do sol para melhorar a visibilidade dentro da biblioteca e o 28 posicionamento das janelas como forma de possibilitar maior circulação de vento. Também deve ser considerada se a estrutura suportará o peso da construção que será erguida, para o caso de edifícios. Um projeto de biblioteca não pode mais desconsiderar a necessidade de desenvolver acessibilidade para as pessoas portadoras de deficiência, objetivando estar de acordo com o artigo 53 do decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999, que regulamenta a Lei nº 7.853, que estabelece o seguinte: as bibliotecas, os museus, os locais de reuniões, conferências, aulas e outros ambientes de natureza similar disporão de espaços reservados para pessoa que utilize cadeira de rodas e de lugares específicos para pessoa portadora de deficiência auditiva e visual, inclusive acompanhante, de acordo com as normas técnicas da ABNT, de modo a facilitar-lhes as condições de acesso, circulação e comunicação. Nesse artigo do decreto nº 3.298 podemos saber que existe uma norma brasileira que regulamenta “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”. Essa norma é da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 9050:2004, e seu item 8.7 indica as questões de acessibilidade em bibliotecas e centros de leitura: 8.7 Bibliotecas e centros de leitura 8.7.1 Nas bibliotecas e centros de leitura, os locais de pesquisa, fichários, salas para estudo e leitura, terminais de consulta, balcões de atendimento e áreas de convivência devem ser acessíveis, conforme 9.5* e figura 157**. 8.7.2 Pelo menos 5%, com no mínimo uma das mesas devem ser acessíveis, conforme 9.3*. Recomenda-se, além disso, que pelo menos outros 10% sejam adaptáveis para acessibilidade. 8.7.3 A distância entre estantes de livros deve ser de no mínimo 0,90 m de largura, conforme figura 158**. Nos corredores entre as estantes, a cada 15 m, deve haver um espaço que permita a manobra da cadeira de rodas. Recomenda-se a rotação de 180°, conforme 4.3*. 8.7.4 A altura dos fichários deve atender às faixas de alcance manual e parâmetros visuais, conforme 4.6 e 4.7*. 8.7.5 Recomenda-se que as bibliotecas possuam publicações em Braille, ou outros recursos audiovisuais. 8.7.6 Pelo menos 5% do total de terminais de consulta por meio de computadores e acesso à internet devem ser acessíveis a P.C.R. e P.M.R. Recomenda-se, além disso, que pelo menos outros 10% sejam adaptáveis para acessibilidade. *Os itens e figuras que não foram transcritos podem ser consultados no endereço: http://WWW.mj.gov.br/sedh/ct/corde/ABNT/nbr9050-31052004.pdf **As figuras pode ser visualizada no ANEXO E. O mobiliário deve ser planejado para atender aos usuários de todas as faixas 29 etárias. Desse modo, preferencialmente os livros que serão utilizados pelos alunos até o quinto ano devem ser dispostos em estantes com baixa estatura, e as mesas de leitura para esse público deve estar no tamanho adequado para que haja conforto na hora da leitura. Devem ser incluídos no projeto: as estantes que serão necessárias, as mesas e cadeiras, tapete, puffs e/ou almofadas, móveis para a exposição de documentos, fichários, computadores, móveis para utilização dos computadores, armários guardavolumes, balcão de atendimento, mesas e cadeiras para os bibliotecários e outros profissionais que irão trabalhar na biblioteca, caixas para periódicos e livros com lombada em espiral, bibliocantos, sistema de ar condicionado, lâmpadas adequadas, extintores de incêndio, impressora e fotocopiadora, e também os materiais eletrônicos que serão utilizados como suporte para as atividades na biblioteca, tais como televisão e aparelho de DVD. Além do mobiliário, todo o material necessário para o tratamento técnico dos itens da biblioteca deve estar descritos no projeto. De acordo com os padrões mínimos para a área de armazenamento, desenvolvido por Ana Virginia Pinheiro em seu plano de aula “ao escolher o mobiliário da biblioteca, deve-se optar por materiais que favoreçam a rigidez como aço, com revestimento em pó e o alumínio anodizado, que além de lisos, resistem a abrasão e à umidade e não são facilmente combustíveis.”. Para o caso de bibliotecas escolares que atenderão os alunos do primeiro ao nono ano, Pinheiro faz a seguinte indicação: A altura recomendável de uma estante para crianças é de para adolescentes é de 1,60m. No entanto, consagrou-se médio para leitores infanto-juvenis, que reconhece que prateleira deverá estar no limite aproximado de 150cm. 2008 p.74) 1,20m; e o padrão a última (Pinheiro O planejamento de materiais necessários à biblioteca escolar também deve incluir, caso haja disponibilização de recursos, os equipamentos e recursos de tecnologia digital. Esses recursos estão de acordo com a atual realidade da sociedade da informação, na qual as crianças já possuem contato com o mundo digital através de computadores. A forma de conexão desses equipamentos com a rede de internet também deve estar prevista no projeto. Essa conexão digital da biblioteca favorece a divulgação da mesma, fornecendo mais uma possibilidade de divulgação do ambiente da biblioteca para os alunos. O projeto estrutural de uma biblioteca escolar para alunos do primeiro ao nono 30 ano deve ser desenvolvido idealizando-se o espaço adequado para o atendimento desse público de alunos. Cada material deve ser selecionado de forma a transformar o ambiente da biblioteca em um ambiente atrativo e aconchegante para seus usuários. 3.5 Desenvolvendo a coleção O processo de desenvolvimento da coleção para uma biblioteca escolar deve considerar diversos aspectos: os tipos de materiais que serão incorporados (revistas, livros, DVDs etc.), quais conteúdos serão considerados, como serão organizados os itens do acervo, dentre outros aspectos. Todas essas considerações devem ser elaboradas cuidadosamente para que a coleção da biblioteca seja realmente relevante para o público que será atendido. Assim, afirma Weitzel o seguinte Refletindo essa limitação humana, o desenvolvimento de coleções tornou-se recurso fundamental para se administrarem as coleções de acordo com os interesses e o perfil daqueles que necessitam de informações específicas. Esse processo funciona como filtro do conhecimento registrado, separando o joio do trigo para consumo adequado. Exige do bibliotecário e de sua equipe de especialistas grande capacidade de análise da informação para selecionar as mais relevantes e pertinentes produzidas em cada área de interesse. (2002, p.63) Além dos aspectos descritos acima, o desenvolvimento da coleção de uma biblioteca escolar deve estar de acordo com o PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais, que demonstra que biblioteca escolar deve enfatizar o aprendizado da língua portuguesa através do modo oral e do modo escrito. Campello ET AL diz que: A aprendizagem das competências lingüísticas básicas (falar, escutar, ler e escrever) é feita com base no texto. É fundamental que seja dada à criança oportunidade de ter contato com a diversidade textual e de gêneros, devendo os textos ser apresentados nos seus portadores originais. Isso permitirá que desde o início de sua escolarização a criança perceba a utilização que se faz da escrita em diferentes circunstâncias, observando as condições nas quais é produzida, suas várias funções e características. (2001, p. 3) O acervo de uma biblioteca escolar pode ser compreendido através da definição de acervo de Cunha e Cavalcanti “conjunto de documentos conservados para o atendimento das finalidades de uma biblioteca: informação, pesquisa, educação e 31 recreação [...]” (2008, p.2). Através dessa afirmação verificamos que o acervo da biblioteca não deve somente conter itens de apoio ao conteúdo desenvolvido em sala de aula, mas também deve conter literatura para o lazer dos alunos do primeiro ao nono ano. 3.5.1 Seleção e aquisição Toda biblioteca precisa de uma política de seleção e aquisição, pois essa política torna-se o parâmetro para a formação de uma coleção que será realmente utilizada por seus usuários. Para uma biblioteca escolar, a política de seleção e aquisição deve representar os interesses dos alunos e dos educadores. Vergueiro faz a indicação sobre as coleções de bibliotecas escolares, destacando a necessidade de integração entre o acervo e os interesses dos educadores. As coleções das bibliotecas escolares devem seguir, na realidade, os direcionamentos do sistema educacional vigente, pautando-se pelos currículos e bibliografias dos cursos. A ênfase do processo de desenvolvimento de coleções estará, portanto, muito mais na seleção de materiais para fins didáticopedagógicos – normalmente alicerçada por uma política de seleção que terá por base o currículo ou programa escolar. Revelem-se, a respeito disso, as grandes inovações que vêm acontecendo em termos de recursos de informação colocados a serviço das instituições educacionais, principalmente em países do primeiro mundo e em algumas regiões de países como o Brasil, em que as bibliotecas escolares transformaramse em verdadeiras centrais de multimeios cujos objetivos podem ser expressos como ‘dar suporte e promover o propósito formulado pela escola ou distrito do qual são parte integrante’. (1993, p.7) A política de seleção de uma biblioteca escolar deve considerar as necessidades dos alunos e dos educadores. De acordo com Vergueiro (1995) “a seleção é um momento de decisão”, isso indica que desenvolver uma política de seleção para uma biblioteca é a aplicação da responsabilidade de criação da coleção. Por se tratar de uma atividade intelectual, deve ser desenvolvida por um profissional competente, considerando os usuários da biblioteca. A seleção de materiais para biblioteca escolar deve incluir materiais de literatura básica para lazer, livros de referência (dicionários e enciclopédias), livros 32 didáticos e os livros que serão utilizados pelos professores como instrumentos de apoio ao aprendizado. Durante essa etapa o profissional bibliotecário deve estar integrado e atento às necessidades dos educadores e dos alunos, que serão os principais usuários da biblioteca. Após a elaboração da lista de seleção de itens para o acervo, segue-se a atividade de aquisição. Vergueiro (1989) indica que a atividade de aquisição de materiais é uma atividade administrativa, “isso acontece porque o papel da aquisição, no processo, constitui-se em localizar e, posteriormente, assegurar a posse para a biblioteca, daqueles materiais que foram definidos, pela seleção, como de interesse” (1989, p.63). Analisando essa indicação do autor, percebemos que a política de aquisição de uma biblioteca deve ser desenvolvida de forma a representar os processos que deverão ser desenvolvidos para a incorporação do item selecionado ao acervo. O mesmo autor indica que a atividade de aquisição pode ser resumida em quatro etapas, são elas: 1. Obter informações sobre os materiais desejados pela biblioteca (1989, p.64) 2. Efetuar o processo de compra dos materiais (1989, p.65) 3. Manter e controlar os arquivos necessários (1989, p.65) 4. Administrar os recursos disponíveis para aquisição (1989, p.65) As bibliotecas escolares estão sempre integradas a uma instituição de ensino, dessa forma o setor de aquisição da biblioteca deve trabalhar em conjunto com o setor financeiro da escola, para que haja conformidade entre os recursos disponibilizados e as necessidades da biblioteca. Bem como, haja sincronismo entre as atividades administrativas da escola com as atividades administrativas da biblioteca, para que assim a biblioteca consiga manter seu acervo atualizado. Existem listas elaboradas com a finalidade de indicar a literatura básica que deve estar presente em uma biblioteca escolar. A utilização dessas listas pode ser um recurso para a elaboração do primeiro processo de seleção do acervo. Durante o ano letivo podem ser utilizados outros recursos, tais como, formulário de sugestão, para que os alunos possam indicar as suas necessidades e desejos de leitura. 33 3.5.2 Organização da coleção O acervo de uma biblioteca pode ser organizado de diversas formas, a principal é feita através da utilização de um sistema de classificação. Um sistema de classificação é “um conjunto de classes, apresentado em ordem sistemática” (Piedade 1983, p. 29), e esse conjunto de classes pode ser representado através de números, letras, cores, caracteres especiais etc. Cada bibliotecário deve procurar adotar para sua biblioteca um sistema de classificação que atenda às necessidades do acervo, e também que esteja em conformidade com os usuários daquela biblioteca. Uma biblioteca escolar deve adotar um sistema de classificação que seja adequada as capacidades de utilização da mesma, pelos alunos que serão os usuários da biblioteca. No caso de uma biblioteca para alunos do primeiro ao nono ano, o sistema de classificação deve ser adequado para alunos na faixa etária entre seis e quinze anos. Dessa forma o sistema de classificação precisa ser utilizável e compreensível para esses usuários. Os sistemas de classificação mais indicados para bibliotecas escolares são a CDD – Classificação decimal de Dewey e os esquemas de classificação por cores. O profissional bibliotecário deve ficar responsável por avaliar qual classificação será mais bem aproveitada e compreendida pelos alunos. A coleção bibliográfica deve ser formada por obras gerais e também por obras especializadas. Serão necessárias para a biblioteca escolar obras de conhecimento geral e específico, que são os livros didáticos e de complemento para o ensino em sala de aula; as obras literárias, que são os contos, romances, novelas e outros estilos que servirão para o lazer dos usuários e também para a promoção da leitura; e também as obras de referência. Placer faz uma definição das obras de referência: Obras de referência são aquelas que, pela natureza da matéria que arrolam e de técnica em que são organizadas, não se destinam a serem lidas do começo ao fim, mas consultadas em determinados tópicos, para proporcionar determinadas informações (referências) específicas. Exemplos: um dicionário, uma enciclopédia etc. (1968, p. 23) A coleção de periódicos ou coleção hemerográfica também é item fundamental para bibliotecas escolares, por causa do grande volume de pesquisas que são 34 realizadas como atividades pedagógicas. Esse acervo é composto basicamente por jornais e revistas, que devem estar disponibilizados de maneira diferenciada dos outros materiais. Uma das formas de disponibilizar revistas para pesquisa dos alunos é colocando os itens em cestas, para que os alunos possam consultar diferente. Os multimeios também devem ser recursos incluídos no acervo da biblioteca, pois estes serão uma forma de aliar os recursos tecnológicos ao ensino tradicional (Santos, 1998). Para inclusão desse tipo de acervo será necessário que a biblioteca possua os equipamentos eletrônicos para a utilização dos itens, e também de um espaço adequado para a utilização dos mesmos. Classificar um acervo é desenvolver um mapa de localização, ou seja, determinar um lugar específico para cada item da biblioteca. Para fazer as pesquisas e a determinar a localização dos suas obras de interesse, os usuários precisam dos instrumentos de auxílio que são os catálogos. Os tradicionais são os catálogos de fichas organizadas por ordem de autor, título e/ou assunto, mas também temos os catálogos em linha que são utilizados com o auxílio dos computadores. Sabendo que atualmente as crianças estão integradas em larga escala com as novas tecnologias, os computadores são recursos fundamentais para as bibliotecas escolares. Não somente para servirem de suporte para os catálogos, mas também como recurso de pesquisa através da internet. Esse tipo de inclusão favorece a biblioteca e seus usuários, que se mostram mais interessados e identificam a biblioteca como moderna. 3.6 Processamento Técnico A parte técnica de tratamento do acervo de uma biblioteca chama-se processamento técnico. Durante esse processo são feitas as seguintes atividades: registro, catalogação, classificação, colocação das etiquetas e fichas de empréstimo, inclusão do item na base de dados, dentre outras atividades de mesma natureza. De acordo com Silva e Araújo “são considerados processos técnicos todos os procedimentos biblioteconômicos: a catalogação, a classificação, a alfabetação, a 35 ordenação dos livros nas estantes e o preparo técnico o mecânico do livro” (1995, p. 51). Após as atividades de seleção e aquisição do acervo, há a necessidade de organizar esse acervo para disponibilizar as obras para as consultas e empréstimos. Esse processo de organização do acervo começa com o registro dos itens nos chamados “livros de tombo”, é através desse livro que o bibliotecário possui o controle de todos os itens que foram adquiridos pela biblioteca. O processo de catalogação também deve estar previsto como etapa dentro do projeto para a biblioteca escolar. O bibliotecário deverá escolher o formato de catalogação que irá escolher, os principais são o Código de Catalogação AngloAmericano – 2ª edição (CCAA2 ou AACR2 – Sigla em inglês) ou o formato de referências bibliográficas baseado na norma da ABNT NBR 6023. Por se tratar de uma biblioteca escolar que atende ao publico infanto-juvenil, os autores indicam o formato de referência como o mais adequado. Os catálogos que serão utilizados como instrumentos de pesquisas, utilizando o formato de referências, podem ser organizados por título, autor e assunto. Da mesma forma a catalogação deve ser feita na base de dados online da biblioteca, possibilitando aos alunos dois formatos de consulta. A etapa de classificação dos documentos também deve estar prevista no projeto, não só o tempo que será necessário para a atividade de classificação dos itens, mas também todo o material que será necessário para o desenvolvimento dessa atividade. A escolha do sistema de classificação deve ser feita durante a elaboração do projeto, pois caso seja necessária a compra de algum código de classificação, esteja inserido no orçamento geral do projeto. Para as etapas do processamento técnico, precisa-se de análise do pessoal necessário para o volume de itens que formarão o acervo da biblioteca. Essa etapa do desenvolvimento do projeto deve ser desenvolvida detalhadamente pelo profissional bibliotecário que será responsável por esse serviço, pois a elaboração dessas tarefas influenciará diretamente na utilização da biblioteca pelos alunos. 36 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho demonstrou da importância da leitura na vida de um indivíduo, e como a escola tem papel fundamental na formação de leitores. A biblioteca escolar é um instrumento de apoio para as atividades pedagógicas da instituição de ensino, principalmente para a promoção da leitura e da pesquisa escolar. No decorrer desse trabalho vimos como a biblioteca deve ser integrada ao planejamento pedagógico da escola desde a fase do projeto, como um instrumento ativo dentro do ambiente escolar. Percebemos que a maioria dos autores pesquisados indica que o desenvolvimento do indivíduo para o convívio em sociedade está altamente relacionado à presença da biblioteca e da leitura durante seu período escolar. Notamos que foi possível identificar a função social das bibliotecas escolares como instrumentos de apoio aos educadores para a formação dos cidadãos. E também notamos que a biblioteca escolar é um complemento para as relações de ensinoaprendizagem e para o estímulo a leitura. Entendemos que a biblioteca escolar precisa de profissionais especializados, no caso, bibliotecários, e também de um acervo adequado ao público que será atendido (alunos do primeiro ao nono ano). Além disso, percebemos que os trabalhos da biblioteca devem ser elaborados de forma conjunta aos educadores e aos alunos. Este trabalhou tratou dos requisitos necessários para elaboração de um projeto de biblioteca escolar integrada às atividades pedagógicas da instituição de ensino. Esses requisitos foram diversos, tanto um ambiente adequado para receber os usuários, como um acervo bem selecionado e organizado, e também a inclusão da tecnologia aos recursos da biblioteca para incentivar a pesquisa e a utilização da biblioteca pelos alunos. As questões de estudo de usuário e elaboração de políticas para a biblioteca também foram itens importantes para a construção de um projeto de biblioteca escolar para os alunos do primeiro ao nono ano. Verificamos que o planejamento correto e um desenvolvimento de projeto de biblioteca escolar que esteja preocupado em atender as necessidades de seus usuários potenciais, são critérios fundamentais para o sucesso do ambiente da biblioteca entre os alunos e professores. A presença do profissional bibliotecário é de 37 suma importância para o desenvolvimento adequado das atividades técnicas e de referência. Este estudo demonstrou uma parte da relação entre biblioteca e escola, e percebemos que os estudos dessa relação continuam a fim de tratar da inclusão de bibliotecas participativas nas escolas brasileiras. Sabendo que parte das escolas brasileiras ainda não possui uma biblioteca dentro do seu espaço, os estudos nessa área visam a colaborar com os projetos governamentais de incentivo a leitura e a implantação de bibliotecas nas escolas. 38 REFERÊNCIAS ABREU, Vera Lúcia Furst Gonçalves. A coleção da biblioteca escolar. In: ______. CAMPELLO, Bernadete. et al. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. p. 29-32. ABREU, Vera Lúcia Furst Gonçalves (Coord.). et al. Diagnósticos das bibliotecas escolares da rede estadual de ensino de Belo Horizonte – MG: a situação dos acervos. Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Santa Catarina, n. 17, 1º sem. 2004. Disponível em: <http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/viewFile/138/5268>. Acesso em: 21 fev. 2010. AFONSO, Priscila Benitez. Desenvolvendo o Hábito da Leitura nos anos iniciais da educação formal. In: I SIMPÓSIO DE ESTUDOS LINGÜÍSTICO E LITERÁRIOS (SELL). Caderno de Resumos. Uberaba, MG, UFMG, v. 1, p. 119-120. ALVES, Mirian Clavico. Biblioteca escolar e leitura na escola: caminhos para sua dinamização. In:______.SILVA, Ezequiel Theodoro (Org.). Leitura na Escola. São Paulo: Global, 2008. p. 99-106 AMATO, Mirian; GARCIA, Neise Aparecida Rodrigues. A biblioteca na escola. In:______. GARCIA, Gabriel (Org.). Biblioteca escolar: estrutura e funcionamento. Disponível em: <http://books.google.com/books? id=6l1lKdfyvHwC&printsec=frontcover&dq=biblioteca+escolar&hl=ptBR&cd=1#v=onepage&q=&f=false>. Acesso em: 24 fev. 2010. ANDRADE, Maria eugenia albino. A biblioteca faz diferença. In:______. CAMPELLO, Bernadete et al. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. p. 13-15. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002. ______. NBR 6024: informação e documentação: numeração progressiva das seções de um documento escrito: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ______. NBR 6027: informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ______. NBR 6028: informação e documentação: resumo: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ______. NBR 6033: ordem alfabética. Rio de Janeiro, 1989. ______. NBR 9050: acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004. ______. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002. 39 ______. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2005. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO. Manual Básico da biblioteca Escolar. Brasília: FNDE, 1998 BRENMAN, Ilan. Através da vidraça da escola. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. CAMPELLO, Bernadete. A competência informacional na educação para o Século XXI. In:______. CAMPELLO, Bernadete et al. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. p. 9-11. CAMPELLO, Bernadete et al. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. 2. Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. CAMPELLO, Bernadete Santos et al. A coleção da biblioteca escolar na perspectiva dos parâmetros curriculares nacionais. Informação & Informação, Londrina, v. 6, n.2, p. 71-88, jul/dez 2001. CARVALHO, Bárbara Vasconcelos de. A literatura infantil: visão histórica e crítica. 6. Ed. São Paulo: Global, 1989. COSTA, Luciana Ferreira; SILVA, Alan Cursino Pedreira da; RAMALHO, Francisca Arruda. (Re)visitando os estudos de usuário: entre a “tradição” e o “alternativo”. DataGamaZero, Rio de Janeiro, v. 10. n. 4., ago. 2009. Disponível em: <http://www.dgz.org.br/ago09/Art_03.htm>. Acesso em: 10 fev. 2010. CUNHA, Murilo Bastos da; CAVALCANTI, Cordélia Robalinho de Oliveira. Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia. Brasília: Briquet de Lemos, 2008. p. 2. FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Avaliações de coleções e estudos de usuários. Brasília: Associação dos Bibliotecários do Distrito Federal, 1979. GUINCHAT, Claire; MENOU, Michel. Introdução geral às ciências e técnicas da informação e documentação. Brasília: IBICT, 1994. JOLIBERT, J. H. Formando crianças leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. KAHLMEYER-MERTENS, Roberto S. et al. Como elaborar projetos de pesquisa: linguagem e método. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007. KUHLTHAU, Carol. Como usar biblioteca na escola: um programa de atividades para a pré-escola e ensino fundamental. Trad. e Adapt. Por Bernadete Campello et al. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. Coleção Formação Humana na escola, 4. 40 LOURENÇO FILHO, M. B. O ensino e a biblioteca: 1ª conferência da série educação e biblioteca. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1944. MACEDO, Neusa Dias (Org.). Biblioteca escolar brasileira em debate: da memória profissional a um fórum virtual. São Paulo: Editora SENAC, 2005. MENDES, Marcelo. As fases e o ciclo de vida de projetos e suas técnicas de melhoria. In:______ POSSI, Marcus. Gerenciamento de projetos: guia do profissional: volume 1: abordagem geral e definição de escopo. Rio de janeiro: Brasport, 2006. p 41-58. PEREIRA, Ana Maria Gonçalves dos Santos et al. Reestruturação e/ ou implementação das bibliotecas escolares do Estado da Paraíba da rede pública de ensino de 1º e 2º graus. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 16, 1991, Salvador. Anais... Salvador: Associação Profissional dos Bibliotecários do Estado da Bahia, 1991. p. 362 – 379 PIEDADE, M. A. Requião. Introdução à teoria da classificação. 2.ed. Rev. e Aum. Rio de Janeiro: Interciência, 1983. PLACER, Xavier. Técnica do serviço de referência. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Bibliotecários, 1968. PRADO, Heloísa de Almeida. Organize sua biblioteca. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1974. SANTOS, Marlene Souza. Multimeios na biblioteca escolar. In:______: GARCIA, Edson Gabriel (Org.). Biblioteca escolar: estrutura e funcionamento. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 1998. SILVA, Divina Aparecida da; ARAUJO, Iza Antunes. Auxiliar de bibliotecas: noções fundamentais para formação profissional. Brasília: Thesaurus, 1995. p. 51 SILVA, Ezequiel Theodoro. Leitura & Realidade brasileira. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985. SILVA, Ezequiel Theodoro. Leitura na escola e na biblioteca. Campinas, SP: Papirus, 1986. SILVA, Gilda Olinto do Valle. Biblioteca e estudos de Comunidade. Revista ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 2, n. 18, jul./dez. 1989. p. 151-154. TRINKLEY, Michael. Considerações sobre preservação na construção e reforma de bibliotecas: planejamento para preservação. 2.ed. Rio de Janeiro: Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e arquivos: Arquivo nacional, 2001. Disponível em: <http://143.106.151.46/cpba/pdf_cadtec/38.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2010. VÁLIO, Else Benetti Marques. Biblioteca escolar: uma visão histórica. Transinformação, Campinas, v. 2, n. 1, jan./abr. 1990 VARGAS, Ricardo Viana. Gerenciamento de projetos: estabelecendo 41 diferenciais competitivos. 6. ed. e Atual. Rio de Janeiro: Brasport, 2005. VASCONCELLOS, Eduardo; HEMSLEY, James R.. Estrutura das organizações: estruturas tradicionais, estruturas para inovação, estrutura matricial. 3. ed. São Paulo: Editora Pioneiro, 2000. Cap. 1, p. 1-16. VERGUEIRO, Waldomiro de Castro Santos. Desenvolvimento de coleções: uma nova visão para o planejamento de recursos informacionais. Ciência da Informação, Brasília, v. 22, n. 1, jan./abr./ 1993. p. 13-21. ______. Seleção de materiais de informação. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos. 1995. VIEIRA, Alice. O prazer do texto: perspectivas pra o ensino de literatura. São Paulo: EPU, 1989. VIEIRA, Solange Kate Araújo. Literatura infantil: a criança através dos tempos. Fortaleza: Banco do Nordeste, 2004. WEITZEL, Simone R. O desenvolvimento de coleções e a organização do conhecimento: suas origens e desafios. Perspectiva ciência da informação, Belo Horizonte, v. 7, n. 1, jan./jun. 2002. p. 61-67 42 APÊNDICE 1 - PROTÓTIPO DE PROJETO DE BIBLIOTECA ESCOLAR Problema: O hábito da leitura deve ser desenvolvido durante a infância, pois é durante esse período que o individuo aprende a necessidade e a importância da leitura para o seu desenvolvimento. As bibliotecas escolares são instrumentos de fundamental importância para a formação de jovens leitores. O grande desafio é como construir adequadamente este tipo de biblioteca? Objetivo: A biblioteca escolar apresentada nesse projeto será um instrumento de apoio para o processo de ensino-aprendizagem. A biblioteca irá auxiliar no desenvolvimento das atividades pedagógicas da escola, fornecendo aos alunos os recursos bibliográficos necessários de maneira acessível e através do auxilio de profissionais capacitados e especializados. Justificativa: O espaço da biblioteca apresentada nesse projeto será utilizado para o desenvolvimento de atividades de apoio às atividades pedagógicas desenvolvidas na escola. Será um local com recursos que incentivem a prática da leitura e o desenvolvimento da criatividade e imaginação de seus usuários. A biblioteca apresentará um espaço decorado de forma atrativa para seus usuários, e possuirá recursos para a complementação das atividades desenvolvidas em sala de aula. Missão: A biblioteca escolar tem a missão de apoiar o desenvolvimento das atividades pedagógicas na escola, incentivar a leitura e a pesquisa e suprir as necessidades de conhecimento dos alunos. Propósitos: Disponibilizar um acervo adequado aos alunos que serão atendidos, ou seja, aos alunos do primeiro ao nono ano. Atualização anual do acervo da biblioteca para apoiar as atividades que serão desenvolvidas pelos educadores durante o ano letivo. Promover a leitura através de eventos culturais, tais como: ciranda de livros e concurso de redação. Incentivar a participação dos alunos no desenvolvimento da biblioteca através do pedido de sugestões de livros para lazer, que serão feitos pelos alunos e adquiridos conforme adequação com a política de seleção da biblioteca. 43 Ciclo de vida: Lista de atividades: Administração / Recursos Humanos - Contratação de profissionais para a biblioteca; Administração das necessidades dos profissionais. Finanças - Aquisição do acervo e de materiais; Aquisição de mobiliário e equipamentos; Responsável pelo pagamento dos funcionários; Responsável pela manutenção do ambiente da biblioteca. Setor de Produção - Seleção dos itens do acervo; Solicitação de aquisição com o setor financeiro; Processamento técnico do acervo (registro dos itens, catalogação - usando norma ABNT NBR 6023, classificação - sistema de classificação por cores, estando cada cor estará relacionada a um assunto específico; supervisão e manutenção dos catálogos internos e externos. Setor de Referência - Cadastramento dos usuários; Atendimento dos usuários; Organização do acervo nas estantes; Auxílio nas pesquisas; Elaboração de empréstimos; Recebimento dos itens devolvidos; Solicitação de cobranças das devoluções atrasadas; Disponibilização e avaliação do formulário de solicitação de itens para aquisição da biblioteca, feito pelos usuários. Setor de Marketing - Divulgação da Biblioteca para alunos da instituição; Divulgação dos principais títulos do acervo; Elaboração e divulgação dos eventos que ocorrerão na Biblioteca; Promoção de concursos que promovam a leitura. 44 Estrutura analítica: Instituição de Ensino Administração / Recursos Humanos Finanças Contratação dos profissionais Administração dos funcionários Aquisição do acervo para a biblioteca Aquisição do material para a biblioteca Pagamento dos Funcionários Biblioteca Setor de Produção Técnica Seleção dos itens que precisam ser adquiridos Setor de Referência Cadastramento de usuários Setor de Marketing Auxílio nas pesquisas Divulgação da biblioteca Catalogação e Classificação do acervo Atendimento às necessidades dos usuários Elaboração de eventos Inclusão de etiquetas, fichas de empréstimo e carimbos nos itens Promoção de concursos que promovam a leitura Solicitação de encadernação Recursos Necessários: Recursos Humanos Profissionais Bibliotecário Auxiliar de Biblioteca Quantidade 1 2 Materiais Recursos Materiais Características Quantidade 45 Estantes Dimensões: Maiores – 2,00m x 1,20m Menores – 1,50m x 1,20m Com três lugares Mesas para usuários: redondas com 7 cadeiras cada; Mesas para computadores Mesa para bibliotecário 3 estantes grandes 4 estantes pequenas 1 unidade 3 unidades 2 mesas redondas para crianças com cadeiras 2 mesas redondas para adultos com cadeiras 1 mesa de escritório com gavetas 2 mesas para computadores 2 unidade 3 unidades Sofá Puff Mesas Fichários Computadores Para os catálagos interno e externo Para consulta dos usuários e para os serviços internos da biblioteca Cadeiras de escritório Cadeiras Armário GuardaVolume Balcão Mural de cortiça Norma Impressora Multifuncional Toner Fichas para Catalogação Fichas de Empréstimo Canetas 3 unidades 1 unidade 1 unidade 1 unidade 1 unidade 1 unidade 1 unidade 300 unidades 600 unidades Dimensões: 1,30m de altura NBR 6023 Tecnologia de impressora a laser Fichas pautadas Formato: 12,5 cm x 7,5 cm 50 azuis 50 vermelhas 50 pretas 50 lápis 150 unidades Lápis Extintor de incêndio Ar condionado 50 unidades 1 unidade 1 unidade Capacidade de refrigeração: 12.00) BTUs 46 Folhas A4 1 caixa com 10 resmas de 1 Caixa 300 unidades 300 unidades 1 unidade 1 caixa 1 unidade 1 caixa 4 unidades papel A4 Bolso para Livros Bolsos para as fichas de Etiquetas Livro de Tombo Fita adesiva Grampeador Grampos Caixa Arquivo Cronograma: Período 1º mês empréstimos Para colocar a classificação nas lombadas dos livros Fita larga para proteger as etiquetas Atividades Fase 1 Contratação dos Profissionais Solicitação e compra do material para a biblioteca Apresentação do projeto Pesquisa de usuários Análise das necessidades dos educadores Elaboração da Política de Seleção e Aquisição Fase 2 Compra do acervo Preparação do local da biblioteca Organização do mobiliário Fase 3 Tratamento técnico do acervo Implantação do software para bibliotecas nos computadores Fase 4 Organização dos itens nas estantes Organização dos catálogos em ficha Inclusão do acervo na base de dados 2º mês 47 do software dos computadores 3º mês Fase 5 Divulgação da biblioteca Cadastro dos usuários 48 ANEXO A - MISSÃO DA BIBLIOTECA DA FAMEMA – FACULDADE DE MEDICINA DE MARÍLIA Missão Contribuir para as atividades de ensino, pesquisa e extensão, disponibilizando informações científicas na área de Ciências da Saúde para a comunidade acadêmica da FAMEMA. Fonte: http://www.famema.br/biblioteca/missao.htm 49 ANEXO B - MISSÃO DA BIBLIOTECA DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE CANTANHEDE Missão Enquanto estrutura pedagógica desta Escola, a Biblioteca tem por missão apoiar o processo de ensino e aprendizagem, promover a leitura, a literacia da informação e o gosto pela frequência de bibliotecas ao longo da vida, a fim de formar pensadores críticos, cidadãos responsáveis, utilizadores efectivos da informação, com capacidades de aprendizagem autónoma ao longo da vida, numa busca constante da excelência dos serviços e recursos que oferece. Para isso disponibiliza para toda a comunidade escolar e educativa acesso físico e virtual à informação e a um conjunto de serviços, com base na igualdade e liberdade de acesso. Fonte: http://www.be.escantanhede.pt/missao_objectivos.php 50 ANEXO C - MISSÃO DA BIBLIOTECA DOM BOSCO DO COLÉGIO SALESIANO SÃO JOSÉ MISSÃO Art. 2° - A Biblioteca escolar tem a missão de servir seus usuários, oferecendo atividades de incentivo a leitura, como também recursos informacionais e serviços de apoio à aprendizagem. Possibilitando a todos os membros da comunidade escolar tornarem-se pensadores críticos e efetivos usuários dos vários tipos de suportes documentários e meios de comunicação. Fonte: http://www.salesianonatal.com.br/saojose/biblioteca/regimento 51 ANEXO D – VISÃO DO CICLO DE VIDA DE UM PROJETO Fonte: VARGAS, Ricardo Viana. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. 6. Ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2005. p.28 52 ANEXO E – ITEN 8.7 DA ABNT NBR 9050:2004 Fonte: http://WWW.mj.gov.br/sedh/ct/corde/ABNT/nbr9050-31052004.pdf, p. 88
Report "BIBLIOTECA NA ESCOLA: Como elaborar um projeto de biblioteca escolar"