11. Desenvolvimento da Animação Tradicional 1.1. A invenção dos dispositivos óptico-mecânicos BARBOSA JÚNIOR, Alberto Lucena. Arte da Animação. São Paulo; Editora Senac São Paulo, 2011. Em “Arte da Animação”, Alberto Barbosa comenta que a ideia de movimento vem sido um dos maiores motivos de dedicação para os desenhistas e pintores desde os tempos mais remotos por um simples motivo, estes consideram o movimento a atração visual que mais desperta a atenção, e a “animação”, que tem seu sentido morfológico “dar vida a”, tem sua essência no movimento e procura explorar esse tema tão instigador e desejado por tantos artistas. Lucena Júnior começa então com uma retrospectiva da animação, mostrando-nos que sua essência já vinha sido trabalhada ao longo da história da arte. Segundo ele, a tentativa de busca de movimento se inicia na Pré-História, com animais pintados em cavernas com uma quantidade de pernas bem maior do que realmente tinham para representar velocidade; mais tarde sendo usado no Egito Antigo como código social para registro histórico, passando pelo reforço da narrativa no Oriente Próximo antigo em diante, e até por fim, ser trabalhada apenas por sua forma artística no contexto da arte moderna. O autor ressalta que houve vários exemplos em que essa técnica foi trabalhada, como quando Leonardo da Vinci apresenta em seu desenho “Proporções do corpo humano”, feito para ilustrar o texto Vitrúvio, onde apresenta um homem com o dobro de seus membros, da mesma forma que é trabalhada na pintura futurista “Nu descendo uma escada” de Marcel Duchamp que evoca uma dinâmica, movimento, numa sequencia de posições de uma personagem num único quadro. O escritor segue analisando que a forma popular de expressão de movimento que se verifica desde a Antiguidade através de múltiplos desenhos para transmitir uma história ou mesmo sequencia de eventos, mais tarde deu origem a histórias em quadrinhos, na qual a ação se desenvolve em quadros separados, já sugerindo movimento. A animação, entretanto, em seu conceito de sequência sucessiva de imagens, trazendo ilusão visual de movimento, requeria muita ciência e desenvolvimento técnico para ser vista enquanto arte, o que só seria adquirido no inicio do século XX. Com isso. um exemplo é o taumatroscópio de 1825. Apesar do surgimento do invento da lanterna mágica. podendo então projetar os slides sobre espelhos. deve aprimorar a matéria ou a técnica a qual lida. de forma a iludir o espectador. explica como um disco de vidro giratório com uma série de imagens poderia ser usado para apresentar uma história ao público. por exemplo. Agora. um inventor chamado Athanasius Kircher foi o responsável pela criação da lanterna mágica. que obteve grande sucesso. o autor comenta sobre um cientista holandês Pieter van Musschenbroek que demonstrou que um disco similar ao de Kircher poderia produzir uma ilusão de movimento se utilizasse imagens em sequência. retirando o círculo de luz branca que normalmente envolvia as imagens projetadas. em 1794. mascarou as bordas das imagens com tinta preta. vidros. Alguns anos depois. e mais tarde. Kircher. e como tal. dando inicio assim a primeira exibição animada. numa edição revisada sobre seu texto original que tratava de seu invento. Musschenbroek incrementou seu aparelho usando múltiplas lanternas e imagens sincronizadas para apresentar visões mais completas e elaboradas. Lucena Barbosa esclarece que o olho humano combina imagens vistas em sequência num único movimento se forem vistas rapidamente uma seguida da outra. presas . buscando uma maior exploração da lanterna mágica. Gaspard preparou o projetor para que as superfícies em que fossem apresentadas as imagens não se limitassem a apenas um ligar. apenas apresentou essa finalidade graças a Etienne Gaspard Robert que lançou em Paris. Robertson (como Gaspard gostava de ser chamado). que se trata de uma caixa com uma fonte de luz e um espelho curvo em seu interior.2 Alberto Barbosa também observa que apenas após o Renascimento que veio a existir um ambiente que pudesse proporcionar ideias e pensamentos que resultaram nos primeiros princípios dispositivos que possibilitaram por em prática a animação como a conhecemos. Engenhoso. percebeu-se claramente que um artista é um ilusionista. e do quão ela se tornou popular. já no século XVIII. sua obra “Fantasmagorie”. Adotando este conceito. na cidade de Roma. dando uma aparência de flutuarem livremente. fumaças e outras superfícies. era um equipamento consideravelmente simples que permitia a projeção de imagens pintadas em lâminas de vidro. que se tratava de um disco com gravuras pintadas de ambos os lados. ficando inclusive anos em cartas. Em 1645. além disso. a partir do séc XIX foram criados vários brinquedos que buscavam adotar essa ideia de ilusão óptica. o escritor nota que este invento não foi criado para fins artísticos. desse modo o observador se punha em frente a um espelho e ao girar o disco também via a animação através das frestas. em 1834. prendendo-o sobre o primeiro. que tinha o mesmo princípio.3 em sua extremidade por um barbante e. apresenta os desenhos em sequência. por acomodar-se . com a diferença de possuir apenas um disco com frestas abertas entre os desenhos. que consiste em um numedo de paginas como livrinho onde cada uma delas apresenta uma sequência de desenhos que. quando os discos eram girados. mas os desenhos eram feitos em tiras de papel e colados dentro de um tambor giratório. que evidentemente era um grande artista e grandes intenções em seus projetos. eram coloridos e já apresentavam enredo. Barbosa ressalta que. Outro invento apresentado pelo autor foi o fenaquistoscópio. Contudo. como o zootroscópio. por conta de seu conforto em manter-se apenas em sua invenção. Reynaud aprimorou seu modelo utilizando também lanternas e com isso seu dispositivo permitia a visualização da animação das figuras sobre a projeção de um cenário numa tela através de um sistema complexo de espelhos e lentes. assim. quando girado rapidamente dá a impressão de uma imagem sobrepor à outra. apesar dos grandes feitos de Emile Reynaud. a ilusão de movimento é criada. apesar de tantas criações. e enfim. Franz von Uchatius. O escritor também informa sobre Emile Reynaud que em 1877 criou o praxinoscópio. havia outros inventos que se basearam no fenaquistoscópio e estroboscópio. as aberturas do tambor são substituídas por espelhos. barata e popular foi o flipbook. quando as páginas são viradas rapidamente. Segundo o escritor. Alberto Lucena afirma que. dá um avanço a lanterna mágica ao combiná-la com dois discos giratórios para assim criar o primeiro projetor de cinema. cada um refletindo uma das imagens das coladas na circunferência. começou a desenhar histórias animadas. um militar. trilha sonora e personagens que apresentavam movimentos que sincronizavam e condiziam com o cenário. que era bastante similar ao anterior. criado por William Horner. e em 1892 abre seu Teatro Óptico onde os filmes produzidos tinham cerca de 15 minutos. mas neste. Mais tarde. a mais simples. descendente do zootroscópio. em consequência disso. Em 1850. Depois de um tempo. Stampfer cria o estroboscópio. o observador via as imagens em movimentos através das frestas. criado pelos cientistas Joseph Plateau (belga) e Simon von Stampfer (austríaco) que era formado por dois discos: um com sequências de imagens em torno de um eixo e outro com frestas. seus trabalhos eram limitantes como qualquer tecnologia por si mesma. a televisão. o último invento que seguiria esta trajetória de criações). . sua contribuição para a arte de animação não aconteceu com grande força. como a fotografia. e.4 num ponto de desenvolvimento e não buscar um novo. o vídeo e o computador (por enquanto. o cinema. seu invento logo foi subjugado por outras tecnologias mais avançadas. Reynaud estava preso ao fascínio pelo praxinoscópio. portanto. Arte da Animação. Editora Senac São Paulo. São Paulo. 2011. . Alberto Lucena.5 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA BARBOSA JÚNIOR.
Report "Barbosa Junior, Alberto Lucena. Arte da Animação"