Aula 1 - noções e concepções de leitura

March 28, 2018 | Author: Walquiria Morais | Category: Knowledge, Information, Linguistics, Memory, Reading (Process)


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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO IUNIDADE 01 AULA 01 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARAÍBA Noções e concepções de leitura 1  OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM „„ Compreender as noções de leitura e as perspectivas teóricas que sustentam as noções e concepções de leitura; „„ Relacionar os princípios das perspectivas Cognitivista, Sociointeracionista e Discursiva. Figura 1 Podemos iniciar nossa aula refletindo sobre a leitura. conhecer. quando começamos a compreender o mundo a nossa volta. mas também a partir dos aspectos ideológicos. Você já deve ter ouvido frases como. 3  TECENDO CONHECIMENTO 3. por exemplo. Mas será que é necessário entender. não apenas como estudantes. pouco refletimos sobre o que vem a ser essa prática. entreter.LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO I . O que é leitura? O que lemos? Para que lemos? Para quem lemos? Esses são alguns dos questionamentos que buscaremos refletir ao longo da nossa aula. para questionar e resolver problemas. 2 Iniciamos nossos primeiros passos rumo à leitura quando ainda somos bebê. por prazer ou curiosidade. contribuirão com a sua prática docente. mas como operadores da educação. fazer a leitura de uma situação ou ler a mão.1  Leitura: construção de sentido Desde que iniciamos nossas atividades como estudantes. ainda nos primeiros contatos com o mundo. em especial com a escola. entendemos que o conceito de leitura extrapola a decodificação das letras. iniciaremos essas reflexões que. no entanto. conhecer. para sonhar. questionar.Noções e concepções de leitura 2  COMEÇANDO A HISTÓRIA O primeiro assunto que veremos na nossa disciplina está diretamente relacionado ao objeto de estudo do curso: o ensino da língua voltado para a prática de leitura. Lê-se para entender. sonhar para compreender o que está sendo lido? . não é verdade? Por essa razão. não somente como um processo decodificador de letras. somo impulsionados ao prazer e a necessidade da prática de leitura. uma habilidade adquirida desde cedo e desenvolvida de diversas maneiras. certamente. Agora. A leitura é uma atividade permanente do indivíduo. nenhum conhecimento prévio de mundo. O professor é o principal mediador no fortalecimento e desenvolvimento da habilidade leitora. Paulo Reglus Neves Freire – Paulo Freire. Sabemos que para muitas crianças é somente no ambiente escolar que elas terão contato efetivo com livros. a água. a terra. 11-12) “a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquela”. Diante desse reconhecimento da importância da leitura. por meio de gestos. sons. A escola. 3 .paulofreire.” (Paulo Freire) Figura 2 Fonte: http://www.asp Não é a toa que esta citação é recorrente nos texto que tratam dessa temática. Paulo Freire destaca. selecionar. os bichos. é a partir da leitura da palavra que o indivíduo participa de forma efetiva na construção e reconstrução da sociedade e de si mesmo. mais do que nunca.org. A partir dessa reflexão. reconhecemos o que está em nossa volta. de forma muito lúcida. relacionar e organizar informações relevantes sobre o mundo. precisa ofertar aos estudantes subsídios necessários para que eles consigam buscar. pernambucano. nascido em Recife (19/09/1921). É considerado um dos pensadores mais notáveis na Pedagogia. imagens. as pessoas. Dedicou sua vida aos estudos na área da educação popular. as árvores.UNIDADE 01 AULA 01 Na tentativa de responder a esse questionamento. bem como com outros diferentes gêneros textuais que circulam na sociedade. identificamos. recorremos à reflexão deixada por Paulo Freire (1983. No entanto. p. cabe à escola desenvolver habilidades para que o educando seja um leitor competente. analisar. objetos.br/asp/Index. podemos constatar a relação existente entre o conhecimento de mundo e o da palavra: ao lermos o mundo. “Eu gostaria de ser lembrado como alguém que amou o mundo. que o primeiro contato do indivíduo com a leitura é quando começa a perceber o mundo que o cerca. enquanto ser humano. Nela. não necessariamente por ações associadas à palavra. Não é possível defender a bandeira de que no início do processo de ensino de leitura o educando não traga nenhuma bagagem. a vida. o fato . voltados para as práticas comunicativas. 2001. Nesse momento. de qualquer extensão. provavelmente. podemos concluir que ler significa construir. indicando-nos os banheiros masculino e feminino. em sua situação de interação comunicativa. você terá acesso às reflexões mais específicas e voltadas para o texto literário. que o texto é usado para interação comunicativa oral ou escrita. independentemente da sua extensão (KOCH. E isso refere. Porém. Figura 3 4 Para Orlandi (2001. Dessa forma. dotada de unidade sociocomunicativa. enunciados. p. sentenças e parágrafos.LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO I . que é tomada pelos usuários da língua (falante.Noções e concepções de leitura Dessa forma.2  O que é texto? Durante sua vida escolar. um simples gesto ou uma única palavra são considerados textos. leitor). p. 3. semântica e formal”. 3) define-o como “ocorrência linguística falada ou escrita. atribuir sentido/ significado ao mundo. em nossa memória. independente do uso da palavra. independente de sua extensão. páginas etc. nas duas definições. pois é uma unidade de sentido naquela situação. escrito/ouvinte. Uma letra ‘O’. como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida. leu e estudou muito sobre texto. Percebe-se. Como você o define? O que realmente pode ser considerado um texto? Maria da Graça Costa Val (1999. você já ouviu. trataremos de texto no sentindo mais amplo. escrita em uma porta. ao lado de outra com a letra ‘A’. Isso evidencia que texto não é apenas o que está escrito com certa quantidade de palavras. 10). para direcionar o nosso estudo e cumprir o nosso objetivo principal do ensino da Língua Portuguesa. é um texto. p. Ingedore Villaça Koch acrescenta que o texto pode ser: entendido como uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou audição). Na disciplina Introdução aos Estudos Literários. 69) “o texto não é definido pela sua extensão: ele pode ter desde uma só letra até muitas frases. iniciaremos outra reflexão sobre o que vem a ser o texto que lemos. . Nesse caso. que o texto não seja um amontoado de palavras.UNIDADE 01 AULA 01 de que em feminino é significativa e é praticada socialmente. por exemplo. Para desenvolver essa habilidade. resulta em um trabalho de interpretação.” Contudo. conhecer outras culturas. até para distinguir lugares próprios (e impróprios. precisamos ter bagagem intelectual. além das que já existem. Ao produzir um texto é importante considerar que essa construção de sentido não está relacionada apenas ao autor. por exemplo. coesão. por isso devemos ler bastante. já refletido a partir da citação de Paulo Freire.. Conseguimos isso por meio de nosso conhecimento de mundo. Um texto criativo mostra ao leitor algo diferente. concisão. São eles: criatividade. Clareza: é uma qualidade essencial de qualquer texto. exposto por Antonio Suarez de Abreu (2004). mas a partir da relação autor-texto-leitorcontexto. correção gramatical.). O texto claro possibilita a imediata compreensão por parte do leitor. compreendemos o conteúdo semântico e percebemos a intenção de quem produz o texto. que características um bom texto deve ter? Listaremos alguns aspectos que contribuem para a construção de um texto como uma unidade de sentido reconhecível. precisamos prestar bastante atenção ao uso. Por isso. assistir a bons filmes. frases sem possibilidade de construção de sentido. o problema pode ser resolvido com o emprego de “dele” ou “dela”. 5 . Criatividade: compreende a habilidade de produzir algo e conhecimentos novos. é a importância de entendermos o que ouvimos/lemos. é preciso que haja organização das ideias. não se sabe a quem se refere o possessivo “sua” (Maria ou João). Ao produzirmos um textos. Em “Maria disse a João que sua filha havia viajado”. de termos que podem provocar ambiguidades. com ele. e. esse ‘O’ tem seu sentido: tem sua historicidade. No entanto. unidade e a argumentação: poder argumentativo. TEXTO CONTEXTO AUTOR LEITOR Outro ponto que destacamos. definição que o autor chama de repertório. clareza. coerência. estabelecida entre as partes de um texto. Um texto que tem unidade temática apresenta uma ideia central e outras que giram em seu redor. sedimentada e apresentada com autoridade. mesmo que não sejam aparentes. 2001). ilustrações.Noções e concepções de leitura Concisão: é a qualidade do texto em ser preciso. Correção gramatical: é o uso da língua de acordo com os padrões da norma culta. Coesão: é a ligação. ser entendida como um princípio de interpretabilidade. cooperativo e útil. os sinônimos. Esse aspecto é essencialmente empregado em gêneros textuais de natureza técnica. Vamos analisar todos esses fatores que contribuem para a qualidade textual no trecho a seguir. portanto. as conjunções. Deve. Unidade: um bom texto mantém unidade temática. influenciar a opinião do leitor. ligada à inteligibilidade do texto em uma situação de comunicação. ou seja. e a capacidade que o receptor tem para calcular o sentido desse texto (KOCH. as ideias são amarradas entre si (algo as unifica). a argumentação será firme. Assim. TRAVAGLIA. Ela deve fundamentar-se na consistência do raciocínio e na evidência das provas (apresentação de fatos. Argumentação: procura persuadir. 6 . a relação. busca convencê-lo de que o raciocínio apresentado é o mais relevante. ou seja. exemplos. deve apropriar-se de caráter construtivo. ela é o que faz com que o texto seja coerente para os leitores. dados estatísticos e testemunhos). Contribuem para essa ligação os pronomes. ou seja. Coerência: esta ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido ao texto. Um texto conciso condensa ideias em períodos que expressam o essencial do que se quer comunicar. sem incorreções gramaticais. sem rodeios de palavras.LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO I . as repetições. de que elas são vazias.00. Porque as pessoas não estão preparadas para subir ao nível das crianças.UNIDADE 01 AULA 01 “Existe certa presunção da nossa parte. continuaremos falando sobre os fatores de qualidade na construção de um texto e analisaremos com mais detalhes. E de que nós é que temos o saber. apresenta as informações de forma clara.6993. ficar na ponta dos pés. portanto.com/Epoca/0.globo. Houve um diretor de um abrigo para crianças e adolescentes em Varsóvia chamado Janusz Korczak. html. Estou em desacordo. http://revistaepoca. expõe dados para ser consistente e com isso convencer seu leitor de que o raciocínio apresentado é o correto. mantém a unidade temática. da parte dos adultos. No abrigo dele. Entrevista acessada em 10/09/2011). professores. eram os alunos que exerciam a disciplina. (Grifo nosso) Percebemos que o texto possui os fatores que analisamos. O que é muito difícil é subir ao nível de sensibilidade e de curiosidade das crianças. O autor foi criativo. É por isso que a escola não muda.” (Rubem Alves. de que as crianças não sabem nada. que são usados para referirse a alunos. Utiliza elementos coesivos. Em outro momento do curso. Estou de acordo. concisa (sem rodeios de palavras). E vocês dizem também que é muito difícil descer às crianças. 7 . E Korczak costumava dizer: 'Vocês. Propõe-se falar sobre o modelo de educação existente no Brasil (ideia central) e depois apresenta dados sobre um abrigo para crianças e adolescentes em Varsóvia. Em seus argumentos. como.EPT879723-1666-2. O autor respeita as regras da norma culta da língua. me dizem que é muito difícil ensinar às crianças. Também achamos que só nós podemos determinar o que elas têm de aprender. falar brandamente para não machucá-las'. coerente (as informações expostas têm sentido). por exemplo. “crianças” e “elas”. capital da Polônia (ideias secundárias). Isso é o que Paulo Freire denominou de educação bancária. Você vai sempre fazendo depósitos na criança. Noções e concepções de leitura EXERCITANDO 1) Leia e analise o trecho a seguir. Essa perspectiva revela um caráter. apresenta ambiguidades. dos fatos lidos. segue para a memória profunda ou memória semântica. “Sinto falta da galinha da minha mãe. do objeto. sílaba. mecânico do ato de ler. automaticamente a memória de trabalho aciona os conhecimentos prévios associando-os às informações lidas. 2025. 2007). palavra. iniciase o processo de levar as informações apreendidas para a memória intermediária. a) O texto de Gisele. Identifique-as b) Dos fatores que contribuem para a qualidade textual. tato e. tirando essas ambiguidades. qual foi prejudicado devido as ambiguidades? Por quê? c) Para torná-lo um bom texto. Gisele. onde elas serão organizadas em unidades dotadas de significados. sobretudo. tende a prender seu foco visual apenas nos elementos menores por não ter domínio do código linguístico. momento em que há a compreensão real e a re-elaboração do objeto. . a partir do que foi lido. a leitura é um processamento de informações recebidas pelo leitor por meio de mecanismos cognitivos. O conhecimento adquirido.LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO I .3  Perspectiva Cognitivista Com base nas acepções dos estudos cognitivistas. ainda criança. p. ou seja. texto lido por parte do sujeito. ed. paladar. fundamentalmente. Essa perspectiva teórica considera que o processo de leitura ocorre em etapas e a partir do uso dos órgãos sensoriais: audição. intelectual. Etapa determinada como momento da percepção da letra. Durante o processamento do ato de ler. Veja. Ou seja. baseada na compreensão da leitura como atividade mental.12 set. reescreva o trecho. visão. do peixe do meu pai e da energia do povo brasileiro” (Bundchen. bem como com as experiências e com a necessidade do leitor. 53. 8 Após adquirida essa habilidade de percepção das unidades menores. 3. a top model. olfato. o aluno. de um sujeito capaz de agir e de interagir de maneira autônoma e consciente com o seu interlocutor. 2003: p. Contudo. desenvolve também a capacidade de retomar o que já foi lido. consequentemente. Logo. a leitura se efetiva quando aquilo que se lê significa algo para o sujeito leitor. perceber e compreender tanto o texto oral como escrito. E. a perspectiva Sociointeracionista. Nesse sentido. o processamento linguístico passa a ser textual. não consegue agir de forma seletiva na escolha das informações.4  Perspectiva Sociointeracionista Fundamentada. Essa é razão que justifica o recuo visual para uma palavra já lida a fim de se chegar a uma compreensão definitiva do texto. num processo contínuo. depende das concepções do leitor e dos estímulos aos quais ele estará sujeito desde as primeiras construções do saber. a informação é armazenada na memória profunda e. no momento de leitura. o leitor não é visto apenas como um “ouvinte” ou “leitor”. no sentido mais restrito da palavra. que a leitura é “atividade cognitiva por excelência pelo fato de envolver todos os processos mentais” (KLEIMAN e MORAES. se o sujeito. significa que ele descartará o que foi lido ou que as novas informações não estabelecem relação de sentido com as unidades significativas maiores já sedimentadas. a memória intermediária é liberada para receber outras informações. global. a memória intermediária é a que trabalha ininterruptamente em um processo de seleção e escolha das informações que serão armazenadas. recuar para releitura de palavra com o propósito de garantir compreensão do que está escrito. Na medida em que o indivíduo adquire proficiência na leitura. capaz de ouvir. a partir dos textos.UNIDADE 01 AULA 01 Identificação Visual Memória Intermediária Memória Profunda ou Semântica Após julgada relevante. especialmente nos estudos de Bakhtin (1986 [1929]). mas como sujeito. claro. Tratase. portanto. considera a leitura a partir do entendimento da linguagem como interação. não mais apenas o processo de decodificação da palavra escrita. agente produtor do texto. 9 . Percebe-se. a forma como a palavra é decodificada pode ocasionar uma compreensão indevida. então. é importante considerar que a compreensão do mundo. Por essa razão. 126). Ao passo em que o indivíduo adquire essa habilidade. 3. Nessa perspectiva. Portanto. assim como. ou seja. não previstas pelo autor. Do mesmo modo. sociolinguística. devem ser consideradas . análise do discurso e semiótica. entendemos que a linguagem é a mediação decisiva para a construção social do homem e de suas atividades sociais. visto que o primeiro não será sujeito absoluto do que foi escrito. bem como de ser direcionado a um público específico: leitores da Revista Época . produtor do texto.LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO I . escritor. que é a construção de sentido do que foi produzido: o texto. fatores que permitem a formação de conhecimentos e da própria consciência. no processo de interação. constitui-se como um importante instrumento de mediação entre locutor e interlocutor. aqui. E considerando a linguagem como principal fenômeno no processo de interação e o texto como instrumento que regulam a atividade de linguagem. que se internalizam conhecimentos. 10 Retomando o trecho da entrevista de Rubem Alves à Revista Época. filósofo russo. Focaremos. Figura 4 Por essa razão. o texto escrito em que a linguagem. A relação entre autor e leitor precisa ser reconhecida. bem como as condições de produção e de leitura. crítico do sistema de ensino brasileiro e de ter sido uma entrevista-gênero textual que permite ao entrevistado. por muitas vezes.influencia a compreensão . conhecer o autor do texto. Nesse sentido. expor sua opinião a partir do que foi questionado. citada na seção 1. uma vez que serve para transmitir uma mensagem entre ambos. nascido no ano de 1895 em Orel. o segundo não estará isento de informações complementares.1. O fato de ser educador. compreendemos a importância da linguagem na formação social e no desenvolvimento das funções superiores do indivíduo. o texto se apresenta como lugar de interação entre os indivíduos envolvidos no processo comunicativos: leitor/autor.Noções e concepções de leitura Mikhail Mikhailovich Bakhtin. É considerado um filósofo da linguagem e seu trabalho reconhecido como fonte de estudo e pesquisa nas áreas de teoria e crítica literária. então. constatamos que o texto não se limita a apenas uma leitura. papéis e funções sociais. entendemos que é pela linguagem que se definem o entendimento e a compreensão do mundo. É na troca com outros sujeitos e consigo próprio. e as razões para a construção de motivos e finalidades que justifiquem a ação.o que determina seu caráter de processo com vistas à elaboração de um produto final. da história de leitura. no ato de ler. do papel social. associada à tríade. texto e o contexto . possibilita. que esses interajam.leitor. ou seja. como também dos alunos. autor. como também a compreensão do objeto materializado: o código linguístico. 11 . podemos concluir que em todas elas o processo de leitura ocorre com o propósito de construção de sentido considerando todas as esferas envolvidas nesse processo . Na escola. não apenas dele. a partir das perspectivas de leituras. Cabe a reflexão de como o professor. onde o trabalho do aluno pode ser resumido à tarefa limitada de buscar as informações que o texto apresenta como. A linguagem permite o avanço do conhecimento de mundo por parte dos sujeitos.em que esse texto é materializado e não apenas a decodificação do código. históricas e culturais em que a linguagem é o meio pelo qual os indivíduos interagem socialmente. no qual autor e leitor interagem por meio do e no texto. decodificando o código linguístico. além do que é proposto pelo livro didático. o que o autor quer ‘dizer’. Com base no que foi apresentado na nossa primeira aula dessa unidade. definir e deixar bem claros esses conceitos dentro da perspectiva teórica que estamos adotando. pelo seu uso. por exemplo. a relação existe entre leitor. Por muitas vezes o aluno lê apenas reproduzindo o que está escrito.UNIDADE 01 AULA 01 do texto. pode dar uma dimensão maior a leitura de textos na escola a partir da visão de mundo. É importante considerar aspectos relacionados ao modo como o autor utiliza-se da língua para causar sentidos: ‘como o autor diz o que diz?’. a perspectiva discursiva considerada a leitura como produção de sentido do processo de interação entre leitor e autor por meio de um texto e inseridos em um contexto associado às práticas sociais. a atribuição de sentido atrelado à memória. Assemelhando-se ao Sociointeracionismo. também. 3. Ou seja. o que o texto quer ‘dizer’. É importante para o processo de leitura a interpretação do que está escrito.5  Perspectiva Discursiva Para que possamos tratar da leitura a partir da perspectiva discursiva. Compreendemos que a leitura é o principal meio pelo qual os homens alcançam o conhecimento. torna-se necessário considerar. precisamos. que trataremos com mais detalhes em outro momento do nosso curso. poderíamos destacar. autor e. enquanto transmissor do saber acumulado pelos homens. dialoguem. o contexto. primeiramente. ou seja. produzindo e modificando a linguagem. troquem informações. texto. enquanto um evento discursivo. a leitura vem sendo tratada como simples ato de decodificação. especialmente. é necessário recorrer à memória profunda. . que texto é uma ocorrência linguística falada ou escrita. dotada de unidade sociocomunicativa. apenas. concisão (precisão no uso das palavras). Para produzirmos um texto de qualidade. precisamos levar em consideração: criatividade (apresentação de ideias e conhecimentos novos). escolha um livro didático de Língua Portuguesa. ou seja. publicado pela Editora Pontes no ano de 1993.Noções e concepções de leitura EXERCITANDO 1) Com base no que vimos ao longo dessa aula. a unidade temática (ideias amarradas entre si) e a argumentação (convencer o leitor). exigem respostas estabelecidas por reprodução exata do texto. correção gramatical (uso da língua segundo os padrões da gramática normativa).LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO I . coesão (ligação entre as partes de um texto). 5  TROCANDO EM MIÚDOS 12 Vimos na nossa primeira aula as concepções inicias de leitura como construção de sentido. semântica e formal. conhecimento prévio? b) Você considera que as perguntas exigem do aluno uma compreensão efetiva do texto? c) São questões que levam em conta a reflexão do aluno ou. seja do Ensino Fundamental seja do Ensino Médio e selecione uma atividade voltada à leitura considerando aspectos como: a) Para que o aluno responda às perguntas. clareza (apresentação deve proporcionar imediata compreensão do leitor/ouvinte). de qualquer extensão. uma colagem do texto dado para leitura? 4  APROFUNDANDO SEU CONHECIMENTO Como forma de aprofundar seus conhecimentos. sugerimos como leitura complementar o livro Oficina de leitura: teoria e prática de Ângela Kleiman. coerência (o texto precisa fazer sentido para o leitor/ ouvinte). ou seja. autor. você reconhece essas perspectivas nas suas aulas enquanto estudante do Ensino Fundamental ou Médio? 13 . apresentamos três perspectivas de leitura: Cognitivista. não apenas a decodificação do código. 6  AUTOAVALIANDO De acordo com tudo que vimos sobre leitura e alguns aspectos que a envolve. caso você não atue na docência. Em todas elas. quais dessas Perspectivas de leitura você consegue identificar nas suas práticas de sala de aula? E. texto e o contexto .leitor. considerando todas as esferas envolvidas nesse processo . Sociointeracionista e Discursiva.UNIDADE 01 AULA 01 Em seguida. o processo de leitura ocorre com o propósito de construção de sentido.em que esse pensamento é materializado e. . Leitura e interdisciplinaridade. MARTINS. Silvia E. Jean-Paul. textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo. Tecendo redes nos projetos da escola. 1988. E. MORAES. Discurso e leitura. Campinas: Ed da Unicamp. BRONCKART. 7ª ed. 2003 KOCH. Oficina de leitura. Maria Helena. 2006. São Paulo: Editora Pontes. Redação e textualidade. 2. 2001. V. Mikhail. Paulo.São Paulo: Mercado das Letras. 1983. In: A Estética da criação Verbal. 1999. São Paulo. I. ed. ORLANDI. Os Gêneros do discurso. COSTA VAL. [1979] p. Atividade de linguagem. São Paulo: Contexto.REFERÊNCIAS BAKHTIN. A importância do ato de ler. São Paulo: Martins Fontes. . São Paulo: EDUC. autores associados: Cortez. 2004 ______. M. da G. São Paulo: Cortez. O texto e a construção dos sentidos. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense. 5. 1986. ed. 1999. 7-10. FREIRE. P. 261 – 421. KLEIMAN Ângela. São Paulo: Martins Fontes. p.
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