Aula 01

March 27, 2018 | Author: Fabiana Silva França França | Category: Liberty, Politics (General), Philosophical Science, Science, Science (General)


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PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Olá, prezado aluno!Como foram esses dias que antecederam esta aula 1? Para mim não foram fáceis. Imagino que para você também não. Apesar do corre-corre diário, precisamos acompanhar as notícias sobre o concurso do Senado. A esta altura, você já leu o edital de cabo a rabo, certo? Ou só procurou saber quanto irá ganhar depois que for aprovado? Bem, o fato é que agora sabemos exatamente o caminho que percorreremos até o dia da prova, prevista para o dia 11/3/2012. Até lá, você não pode esmorecer. Além das óbvias questões extraídas de provas anteriores da FGV, eu continuarei acrescentando ao material questões de outras bancas examinadoras. Farei isso para que você tenha uma quantidade satisfatória de exercícios de fixação do conteúdo estudado. Assim, tentaremos abranger todos os detalhes, de modo que você não seja surpreendido com uma inesperada pergunta do examinador. Mas hoje é dia de resolvermos exercícios sobre o conteúdo da nossa aula. Ele está discriminado abaixo: AULA Texto Significação contextual de palavras e expressões 1 Leitura, compreensão e interpretação Coesão e coerência Equivalência e transformação de estruturas Então, mãos à obra! CONTEÚDO [...] A liberdade, escolha, só é a decisão, que é por manifestação fundamento de o nossa mundo possível tendo Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 1 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA axiológico, tanto quanto este tem por condição de possibilidade a liberdade. Não se pode estimar sem alternativas possíveis. Na medida do que, Na a em que de a que é algum outro; não a se escolhe, Ao ou se sob avalia algum escolhido de à para um obter é a o consciência pondera-se melhor dirigida significa [...] (Adaptado de ALVES, Alaôr Caffé. As categorias da ética. In: www.centrodebate.org) preferido. modo o escolher caminho, outras está Isto prisma, mata Ela em à relação ação, à caminho haver à nos possibilidades. que escolha escolha, pode indiferença. leva exteriorização, tomada posição. decisão, determinação normativa ou imperativa de uma via em detrimento de outra. 1. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) A escolha, a decisão, que é manifestação de nossa liberdade, só é possível tendo por fundamento o mundo axiológico. Considerando o contexto da frase, o vocábulo sublinhado tem significado equivalente a: (A) das normas. (B) dos mercados. (C) dos indivíduos. (D) das liberalidades. (E) das verdades. Comentário – o adjetivo “axiológico” (de axiologia = teorias, avaliações, análises e estudos que abordam a questão dos valores, especialmente valores morais). Segundo o contexto, seu melhor significado aproxima-se do significado da expressão das normas. Releia o final do segundo parágrafo transcrito: “Isto significa que a escolha, a decisão, nos leva à determinação normativa ou imperativa de uma via em detrimento de outra.” Resposta – A Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 2 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA 2. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) De acordo com o contexto, observa-se emprego não-literal de vocábulo ou expressão em: (A) Isso não ocorre com os animais brutos. (B) supõe a avaliação de múltiplos fatores. (C) Na escolha não pode haver indiferença. (D) o caminho escolhido mata outras possibilidades. (E) O fenômeno ético não é um acontecimento individual. Comentário – Emprego de linguagem “não-literal” é o mesmo que linguagem CONOTATIVA (o contrário seria linguagem DENOTATVA, literal). Não precisamos ir ao texto para percebermos que a letra D contém dois vocábulos com sentido figurado: “caminho” e “mata”. O primeiro simboliza um meio de atingir certo objetivo (literalmente, indicaria faixa de terreno por onde passam ou podem caminhar pessoas ou animais ao irem de um lugar para outro). O segundo expressa a extinção de mais alternativas, opções, escolhas (literalmente, poderia significar tirar a vida, assassinar, causar mortandade). Resposta – D [...] A nela, Os 75 economia os seres Não é há um nada nível de a essencial agem, então, inexorável a realidade da em realidade escolhas, seus as histórica; tomam humanos dispuseram, modificam fazem iniciativas. dos [...] movimentos. motivações Passaram a marxistas sujeitos se que discutir objetiva. debater idéias extraídas de Gramsci, Lukács, Adorno. (Leandro Konder. Esquerda e direita no Brasil, hoje. Folha de São Paulo, 13/04/2006) 3. (FGV/SEFAZ-MS/FISCAL DE RENDAS/2006) A palavra inexorável (L.73) só não pode ser substituída, no texto, sob pena de alteração de sentido, por: Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 3 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA (A) implacável. (B) indelével. (C) inelutável. (D) perituro. (E) sempiterno. Comentário – O vocábulo inexorável pode ser substituído por: rigoroso, indelével (= indestrutível), inflexível, inelutável, implacável; também pode ser trocado por sempiterno (= inesgotável, que não teve princípio nem jamais terá fim; eterno, perpétuo). Já o vocábulo perituro denota aquilo que é perecível, que há de acabar. Resposta – D [...] Ainda de acordo com DaMatta, a informalidade é também exercida autoridade 45 por esferas "maior" a de vê-se influência coagida superiores. por de Quando uma uma "menor", uma imediatamente ameaça fazer uso de sua influência; dessa forma, buscará sanção. [...] (Jeitinho. In: www.wikipedia.org – com adaptações.) dissuadir autoridade "menor" aplicar-lhe 4. (FGV/BADESC/ADVOGADO/2010) Observando a frase “buscará dissuadir a autoridade ‘menor’ de aplicar-lhe uma sanção” (L.46-47), assinale a alternativa em que a substituição da palavra sublinhada mantenha o sentido que se deseja comunicar no texto. (A) obrigar. (B) desaconselhar. (C) persuadir. (D) convencer. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 4 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA (E) coagir. Comentário – A frase integra o texto intitulado Jeitinho, que aparecerá na íntegra mais abaixo. Eis o significado contextual do vocábulo “dissuadir”: fazer alguém mudar de ideia, opinião ou intenção; tirar de um propósito; despersuadir, desaconselhar: Queria fazer a viagem, mas a mulher o dissuadiu. Resposta – B Quero apresentar a você uma singela relação de homônimos e parônimos, os quais podem influenciar o sentido do texto. Confira! acender = atear fogo ascender = subir acerca de = a respeito de, sobre cerca de = aproximadamente há cerca de = faz aproximadamente afim = semelhante, com afinidade a fim de = com a finalidade de amoral = indiferente à moral imoral = contra a moral, libertino, devasso apreçar = marcar o preço apressar = acelerar arrear = pôr arreios arriar = abaixar bucho = estômago de ruminantes buxo = arbusto ornamental caçar = abater a caça cassar = anular cela = aposento sela = arreio censo = recenseamento senso = juízo cessão = ato de doar seção ou secção = corte, divisão sessão = reunião chá = bebida xá = título de soberano no Oriente Prof. Albert Iglésia coser = costurar cozer = cozinhar deferir = conceder diferir = adiar descrição = representação discrição = ato de ser discreto descriminar = inocentar discriminar = diferençar, distinguir despensa = compartimento dispensa = desobrigação despercebido = sem atenção, desatento desapercebido = desprevenido discente = relativo a alunos docente = relativo a professores emergir = vir à tona imergir = mergulhar emigrante = o que sai imigrante = o que entra eminente = nobre, alto, excelente iminente = prestes a acontecer esperto = ativo, inteligente, vivo experto = perito, entendido espiar = olhar sorrateiramente expiar = sofrer pena ou castigo estada = permanência de pessoa estadia = permanência de veículo 5 www.pontodosconcursos.com.br PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA chalé = casa campestre xale = cobertura para os ombros cheque = ordem de pagamento xeque = lance do jogo de xadrez comprimento = extensão cumprimento = saudação concertar = harmonizar, combinar consertar = remendar, reparar conjetura = suposição, hipótese conjuntura = situação, circunstância infligir = aplicar pena ou castigo infringir = transgredir, violar, desrespeitar intemerato = puro, íntegro, incorrupto intimorato = destemido, valente, corajoso intercessão = súplica, rogo interse(c)ção = ponto de encontro de duas linhas laço = laçada lasso = cansado, frouxo ratificar = confirmar retificar = corrigir soar = produzir som flagrante = evidente fragrante = aromático fúsil = que se pode fundir fuzil = carabina fusível = resistência de fusibilidade calibrada incerto = duvidoso inserto = inserido, incluso incipiente = iniciante insipiente = ignorante indefesso = incansável indefeso = sem defesa suar = transpirar sortir = abastecer surtir = originar sustar = suspender suster = sustentar tacha = brocha, pequeno prego taxa = tributo tachar = censurar, notar defeito em taxar = estabelecer o preço vultoso = volumoso vultuoso = atacado de vultuosidade As categorias da ética A vida humana se caracteriza por ser fundamentalmente ética. Os conceitos éticos "bom" e "mau" podem ser predicados a todos os atos humanos, e somente a estes. Isso não ocorre com os animais brutos. Um animal que ataca e come o outro não é 5 considerado maldoso, não há violência entre eles. Mesmo eticamente. nas ações os atos de caráter sempre é a técnico servem sua trama sim podem para a ser qualificados ou ou Esses técnicas obter atos não expansão adequada limitação do ser humano. Sob a perspectiva ética, o que importa lógica, a eficiente para resultados, mas qualificação ética 6 10 desses resultados. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA A eficiência técnica segue regras técnicas, relativas aos meios, e não normas éticas, relativas aos fins. A energia nuclear pode ser empregada para o bem ou para o mal. Na verdade, ela 15 é investigada, apurada e criada para algum resultado, que lhe confere validade. Não vale por si mesma, do ponto de vista ético. Pode valer pela sua eventual utilidade, como meio; mas o uso de energia nuclear, para ser considerado bom ou mau, deve referirse aos fins humanos a que se destina. 20 Vê-se, humanas. pois, Isso que ocorre o plano porque ético o permeia é todas um as ser ações livre, homem vocacionado para o exercício da liberdade, de modo consciente. Sem liberdade não há ética. A liberdade supõe a operação sobre alternativas; ela se concretiza mediante a escolha, a decisão, a 25 consciência unilinear afirmação escolhemos. do da que se à faz. Isso da a implica refugir à determinação causal. Diante avaliamos É a da e necessária, de determinação nossa meramente multiplicidade. disposição, contingência, caminhos multiplicidade 30 Na verdade, somos obrigados a escolher. Somos obrigados a exercer a liberdade. Assim, a decisão supõe a possibilidade e, paradoxalmente, a necessidade de estimar as coisas e as ações humanas de complexa. do valor. para Aí, atender fatores portanto, há as que nossas demandas; uma supõe a avaliação humana a esfera esfera, múltiplos perfazem também sem situação Essa 35 temos liberdade compreendida valoração. Não entretanto, é muito ampla, pois envolve não só o mundo da ética, mas também o da utilidade, da estética, da religião etc. Sob 40 o da ângulo especificamente definição respeito a ético, ética não haverá não escolha, houver Eis por 7 exercício avaliação, liberdade, quando preferência das ações humanas. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA que na base da ética, como dissemos, encontram-se avaliadas. de o nossa mundo necessariamente a liberdade e a valoração; a ética só se põe no mundo da liberdade, da escolha entre ações humanas 45 A liberdade, escolha, só é a decisão, que é por manifestação fundamento possível tendo axiológico, tanto quanto este tem por condição de possibilidade a liberdade. Não se pode estimar sem alternativas possíveis. Na 50 medida do que, Na a em que de a que é algum se escolhe, Ao ou se sob avalia algum escolhido de à para um obter é a o consciência pondera-se melhor dirigida em à preferido. modo o escolher caminho, outras está Isto prisma, mata Ela relação ação, à outro; não a caminho haver à nos e possibilidades. significa O e, por enquanto 60 escolha escolha, pode indiferença. leva exteriorização, tomada posição. 55 que decisão, determinação necessárias precisamente justamente como sem a sua normativa ou imperativa de uma via em detrimento de outra. mundo meio as não oferece as resistências ações As ações à sem o determinações se éticas realizam brilham destas, éticas contrariam. só se Não da quando se opõem às tendências "naturais" do homem. Assim, a liberdade sem A contrapõe há e ética é necessidade, impulsão, de negação, mas também existe em função desta. Não há liberdade necessidade. prova desejo. da só um melhor liberdade esforço superação 65 necessidade, afirmando-a negando-a dialeticamente, tempo. Então, o mundo ético só é possível no meio social, no bojo das determinações sociais. O fenômeno ético não é um acontecimento individual, existente apenas no plano da consciência pessoal. Isso porque o 70 ente singular do homem só se manifesta, como ser autêntico, em suas relações universais com a sociedade e com a natureza. 8 Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Esse fenômeno é resultante o de relações das dos sociais e históricas, da maior compreendendo e os meios de também circulação mundo necessidades, bens possuem natureza. A ética só existe no seio da comunidade humana. 75 econômica liberdade do que aqueles que não têm o poder desse controle. Por aí se vê também que a liberdade e a ética não se reduzem a fenômenos meramente subjetivos; elas têm sempre dimensões sociais, históricas e objetivas. 80 Há, assim, um grande esforço, um esforço ético-político para se obter uma quer A as distribuição dentro meta-ética condições das é mais igualitária dos direitos quer entre entre os as e No homens, meta-ética. comunidades, utópica, imediatas comunidades. Na verdade existe uma ética sobre a ética, uma crítica, da subversiva social. transcende vida 85 entanto, ela precisa ser possível no mundo dos fatos sociais, sob pena de se perder como uma utopia de meros sonhos. (Adaptado de ALVES, Alaôr Caffé. In: www.centrodebate.org) 5. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) A partir da tese defendida pelo autor, é correto afirmar que: (A) a ética é condicionante da existência humana e fundamenta qualquer tipo de ação que envolva uma escolha entre “certo” e “errado”. (B) o conceito de ética aplica-se sobretudo aos seres humanos que praticam atos de natureza técnica e atuam profissionalmente. (C) a violência entre animais brutos decorre da inexistência de uma noção ética que regule suas relações. (D) as noções de “bom” e “mau” estão na base das organizações sociais, sejam elas humanas ou não. (E) o princípio ético que orienta os atos técnicos está menos nos seus resultados e mais na própria concepção desses atos. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 9 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Comentário – Alternativa A: a tese (ou ideia central) de um texto normalmente surge logo no primeiro parágrafo (parágrafo introdutório). De acordo com ela, a ética é a característica fundamental da vida humana e, consequentemente, é nela que os atos humanos devem estar baseados. Item certo. Alternativa B: o conceito de ética aplica-se a todos os seres humanos, inclusive aos que são caracterizados conforme esta assertiva. Item errado. Alternativa C: ainda de acordo com o primeiro parágrafo, “não há violência entre eles”, pois estão destituídos de qualquer concepção ética. Item errado. Alternativa D: essas noções dizem respeito exclusivamente às organizações humanas (não há como relacionar essas noções a organizações não humanas). Item errado. Alternativa E: o segundo parágrafo é fundamental para respondermos adequadamente. Segundo ele, os resultados têm grande importância do ponto de vista ético: “Sob a perspectiva ética, o que importa nas ações técnicas obter não é a sua mas trama sim lógica, a adequada ou ética eficiente para resultados, qualificação desses resultados. Item errado. Resposta – A 6. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Com relação aos terceiro e quarto parágrafos, analise as afirmativas a seguir. I. II. O objetivo principal do terceiro parágrafo é conceituar regras técnicas e normas éticas. O plano do terceiro parágrafo inclui uma exemplificação para sustentar a tese anteriormente explicitada. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 10 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA III. O início do quarto parágrafo apresenta uma conclusão acerca das ideias apresentadas no terceiro. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente a afirmativa III estiver correta. (D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. Comentário – É impossível que as afirmativas I e II sejam corretas, pois elas se excluem. Portanto você deve imediatamente descartar a letra D. A leitura atenta do terceiro parágrafo nos fará entender que nele existe um exemplo do que foi dito sobre “os atos de caráter técnico”. Conclui-se com isso que: se a afirmativa II é correta, a I é incorreta e também deve ser desprezada. Exclua, então, a letra A. Eis abaixo um exemplo1 de parágrafo desenvolvido com o objetivo de conceituar algo: Cespe/TRT 10ª Região/2005 – Tipologia: dissertação argumentativa Tema: o aperfeiçoamento dos procedimentos é fator prescindível para a democratização efetiva da justiça. “A necessidade da desburocratização da justiça Entende-se por democratização da justiça a possibilidade de que a todos seja prestada, de fato, a junção jurisdicional tal qual na Constituição Federal: com celeridade e qualidade. [...]” Breve comentário – O candidato iniciou o parágrafo com um conceito, explicando o ponto-chave do tema: a democratização da justiça. 1 O exemplo foi extraído de uma redação de candidato a concurso público. Por questões óbvias, a identidade dele está preservada. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 11 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Vamos analisar o item III para decidirmos entre as letras B, C e E. A afirmativa está correta e o autor deixou uma dica ao candidato: a conjunção “pois”. Quando surge isolada por vírgulas e após o verbo da oração que integra, essa conjunção constitui segmento de caráter conclusivo. Item correto, assim como o item II. Resposta – E 7. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Da compreensão adequada de conceitos apresentados pelo texto, analise as afirmativas a seguir. I. II. O senso-comum de liberdade é reconstruído e passa a incluir a noção de que nem todos são livres na mesma medida. O conceito de ética fundamenta-se numa perspectiva naturalista e põe em segundo plano seu viés social. III. As ideias de liberdade e obrigação não são concepções excludentes; ao contrário, envolvem implicação necessária. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente a afirmativa III estiver correta. (D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. Comentário – Afirmativa I: está sustentada na seguinte passagem: “Os homens ou grupos de homens que controlam a produção e os meios de circulação econômica dos bens possuem maior liberdade do que aqueles que não têm o poder desse controle.” Afirmativa correta. Afirmativa II: não! Esse conceito se opõe a essa perspectiva, repare: “As ações éticas brilham justamente quando se opõem às tendências ‘naturais’ do homem”. Além disso, o viés social é o que possibilita a manifestação da ética, tendo, portanto, importância significativa: “o mundo Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 12 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA ético só é possível no meio social, no bojo das determinações sociais”. Afirmativa incorreta. Afirmativa III: é verdade, conforme se depreende do seguinte trecho: a “Na a verdade, a somos obrigados a de a escolher. supõe as a Somos e obrigados e, as ações exercer liberdade. Assim, decisão estimar possibilidade paradoxalmente, Resposta – D necessidade coisas humanas para atender as nossas demandas”. Item correto. 8. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Da leitura do quarto parágrafo, deduz-se que o autor: (A) afirma-se perplexo ante a unilateralidade das escolhas. (B) contraria a ideia de liberdade como ação racionalmente concebida. (C) opõe-se à aceitação do determinismo como fonte das ações humanas. (D) defende a vocação como forma de realização pessoal. (E) situa na determinação causal a origem da infelicidade humana. Comentário – Alternativa A: o autor se posiciona contrariamente à unilateralidade das escolhas sem demonstrar perplexidade. Item errado. Alternativa B: não, o autor defende essa liberdade, para cujo exercício ele está vocacionado. Item errado. Alternativa C: sim, essa é linha argumentativa do autor. Releia, por exemplo, o seguinte trecho: “A liberdade supõe a operação sobre alternativas; ela se concretiza mediante a escolha [...]. Isso implica refugir à determinação unilinear necessária, à determinação meramente causal.” Item certo. Alternativa D: não está presente no quarto parágrafo argumento favorável ou contrário à realização pessoal. Item errado. Alternativa E: também não é tratada no quarto parágrafo a origem da infelicidade humana; esta alternativa e a anterior são descabidas. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 13 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Resposta – C Esquerda e direita no Brasil, hoje Ninguém movimento conquistas Podemos 5 pode pretender A na de Nossas Vemos E, área negar da de diversos hoje, medicina, progressos se beneficia por dores no de com água na os do de a não da ser história. operados humanidade, anestesia, casas cada a importantes Dispomos aviões. esgoto. rádio. está exemplo. com suavizar transporte luz mais, gira alguns de fazer do analgésicos. helicópteros, encanada, TV, meios filmes, rapidíssimos, elétrica, seriados utilizamos em torno Até têm vez acompanhamos ouvimos Tal como de de As computadores, a internet. 10 organizada, com e um sociedade que de mercado, "economia não acordo nenhum força de sistema tão chamam crescer no mercado", experiências outros, feitas "capitalismo". nome hoje, surgiu sistema própria capaz em para não economia. 15 socialismo manifestaram O e nada natural. modo suficiente capitalista a na e competir, tem de plano suicida, morte à quando do crescimento econômico, com o capitalismo. produção ele vocação de indica Seus que esteja ponto arena fazem têm cá; morrer concessões feito a não representantes necessário 20 Os do tempo política recorrem 20 repressão conveniente. quando trabalhadores para em que – eram mais conquistas sentem de jornadas – significativas, saudades Parte do século visivelmente obrigados que no trabalho de 12 horas. 25 dos trabalhadores passado chega mesmo a integrar-se à burguesia. Esse, porém, é um caminho Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 14 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA que só pode ser percorrido por poucos. Alguns progridem. Faz parte da lógica do sistema, A O das classes as contudo, médias torna que de está muito favorável a internas. posições reunidas um de A no as sendo massas da mais dessas à permaneçam 30 excluídas. política eficiente. cooptação individualismo setores representação resoluta, confusas mais característico camadas uma Nas intermediárias situação atuais do vulneráveis ao direita neoliberais sedução das classes dominantes. Temos 35 histórica condições, PT, as bloco vem política do PMDB mais à conservador. administrando econômica PSDB PSDB e e no (não do as suas governo contradições tendências diferentes os tranqüilizaram a direita nos últimos anos. Tanto no PT como no 40 PMDB quer líderes que posicionados eles sejam O pouco esquerda A Soviética 45 dizer esquerda) da mais ainda Há foram União de 15 afeta pessoas sem marginalizados. esquerda não se No PSDB. 50 está desarticulada. só e é de os partidos o naufrágio arrastou passaram, o comunistas: anos estilhaçamento angustiante. dolorosamente diversas organizações socialistas. Brasil, Há quadro gente complexo, esquerda de esquerda no PT, no PC do B, no PSB, no PDT e até no muita circunstancialmente partido. E há a valente iniciativa da senadora Heloísa Helena, o PSOL. Mas ainda não há um programa alternativo maduro que se contraponha à euforia do programa conservador, aplicado por gente que foi de esquerda e aplaudido pela direita. Nas atuais condições em que exerce a sua hegemonia, a 55 direita "moderada" conseguiu infiltrar seus critérios no discurso Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 15 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA da esquerda "moderada". eram a de Os os falar que "moderados" marxistas no num estavam das que dão o estilo. O em conteúdo é dado pela "leitura" oficial da economia. Antigamente, torno 60 polemizavam da a os a fé economia, convicção empurrava apoiados "materialismo "materialismo na crista para de de histórico". econômico". uma onda para e o Alguns Tinham que chegaram inexoravelmente relações da adiante, produção promover A derrotas. transformação determinista Duras a sua na crescimento das forças produtivas. 65 dinâmica da conviver ampliação essencial agem, então, a inexorável a economia história contribuiu política diversidade e pela para que a esquerda tradicional, despreparada, sofresse lições a pela convenceram interna, 70 contundentes esquerda luta é há um nada com das da em sua em liberdades realidade escolhas, seus as superação das desigualdades. A nela, Os economia os seres Não se que nível de histórica; tomam humanos dispuseram, modificam fazem iniciativas. dos movimentos. motivações Passaram a marxistas sujeitos discutir 75 realidade objetiva. debater idéias extraídas de Gramsci, Lukács, Adorno. Curiosamente, no momento em que os marxistas (e, com eles, dos 80 a esquerda da e em ética, geral) a da a (e sublinhavam direita que a significação a a crucial da da nos da a nos 16 valores, assumia dos centralidade chave que economia passava correta é acreditar possuía compreensão Essa ideologia 85 solução) problemas mais é afligem no presente. chave das o instrumento como dominantes): simbólico dizia é ela eficiente sempre em dominante classes (que, Marx, que ideologia insiste Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA convencer há tentado precisam 90 que as desigualdades o É ela nas pede tempo, materiais conquistas sociais que são o naturais, socialismo que depois, com se os a as que já não foi alternativa e ao se a para capitalismo, que elites a fracassou. enraizar direita com as povão. sustenta para chave, vão liberdades lentamente, costumeira e de como e os chegar promete melhores Empunhando o cara-de-pau, que, paciência eles de da aos trabalhadores beneficiar tal aviões condições com cidadania, aconteceu 95 medicina, computadores, que demoraram, mas vieram. Permito-me perguntar: vieram mesmo? (Leandro Konder. Folha de São Paulo, 13/04/2006) 9. (FGV/SEFAZ-MS/FISCAL DE RENDAS/2006) Assinale a alternativa que apresente comentário pertinente ao texto (A) O texto apresenta um desabafo a respeito da situação política do Brasil, apontando, perspicazmente, por comparação, os motivos por que não teria êxito a instauração de um regime socialista. (B) O texto discorre sobre a situação histórico-política internacional, objetivando analisar especificamente o caso brasileiro no tocante à falta de espaço para o surgimento de partidos políticos renovadores, capazes de revelar o discurso falho da extrema direita. (C) O texto reafirma a ineficácia do socialismo como forma de governo e aponta, no capitalismo, tanto no cenário internacional quanto no doméstico, a supremacia dos blocos moderados, de esquerda e direita, ditando falaciosamente a democracia ao povão. (D) O texto aponta, no cenário político doméstico, o processo de desarticulação da esquerda, como resultado do fim do modelo socialista e da supremacia da direita ao ditar a interpretação da economia. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 17 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA (E) O texto questiona se os valores apontados como conquistas pela direita de fato aconteceram, observando que a interpretação falaciosa da realidade atraiu antigos esquerdistas a sobejarem teorias que explicassem as falhas no processo democrático historicamente. Comentário – Alternativa A: O desabafo e a comparação existem, mas a perspectiva em relação ao socialismo é sobre os fatos passados que não sustentaram esse regime, e não sobre uma possibilidade futura de implantação dele: “As experiências feitas em nome do socialismo não manifestaram força própria suficiente para competir, no plano do crescimento econômico, com o capitalismo.” (l. 14-16) Alternativa B: a crítica feita no texto não é à “extrema direita”, mas sim à “direita moderada”. Observe: “Nas atuais condições em que exerce a sua hegemonia, a direita ‘moderada’ conseguiu infiltrar seus critérios no discurso da esquerda ‘moderada’. Os ‘moderados’ dão o estilo.” (l. 54-56) Alternativa C: a supremacia é da direita moderada, como se lê no fragmento apresentado no comentário acima. Alternativa E: o verbo sobejar significa suprir-se com superabundância. A explicação não é sobre as falhas no processo democrático; é sobre a falha de “diversas organizações socialistas”. O que achou do texto? E das alternativas? Vamos ser sinceros: tudo muito extenso, complexo, difícil..., não é mesmo? Mas é bom você se acostumar, pois a FGV não perdoa ao escolher seus textos. É claro que ela pode facilitar as coisas, mas não se surpreenda ao se deparar com um texto e uma questão como estes. Resposta – D 10. (FGV/SEFAZ-MS/FISCAL DE RENDAS/2006) O nono parágrafo, em relação ao oitavo, apresenta-se como: (A) explicação. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 18 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA (B) exemplificação. (C) complemento. (D) desdobramento. (E) oposição. Comentário – A relação estabelecida entre eles é de oposição. Contrastam-se os discursos atuais e antigos sobre a economia. Hoje em dia, os moderados dão o estilo; antigamente, eram os marxistas. Resposta – E (Angeli. www2.uol.com.br/angeli) 11. (FGV/SEFAZ-MS/FISCAL DE RENDAS/2006) Ao associar-se a charge com o seu título, percebe-se que a interpretação é possível pela via: (A) alegórica. (B) fática. (C) lúdica. (D) metonímica. (E) sofística. Comentário – Charge é um desenho caricatural com ou sem legenda, publicado em jornal, revista ou afim, que se refere diretamente a um fato atual Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 19 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA ou a uma personalidade pública e os satiriza ou critica ironicamente. A associação dela com seu título permite-nos interpretar o texto pela via alegórica, que é a expressão do pensamento ou da emoção muito comum por meio da pintura e da escultura. Fática: tem a ver com a função da linguagem que busca assegurar o contato entre falante e destinatário, como no uso de expressões como Alô? Está me ouvindo? Lúdica: a partir de jogos, brinquedos/brincadeiras. Metonímica: decorrente de linguagem baseada no uso de um nome no lugar de outro, pelo emprego da parte pelo todo, do efeito pela causa, do autor pela obra, do continente pelo conteúdo etc. (por exemplo: beber um copo no lugar de beber a cerveja do copo). Sofística: leva em consideração argumento ou raciocínio aparentemente lógico, mas na verdade falso e enganoso; falácia: Toda mulher gosta de rosa; com exceção de algumas. Ainda que uma quantidade irrisória não goste de rosa, a verdade é que nem todas as mulheres gostam dela. Resposta – A Jeitinho O jeitinho não se relaciona com um sentimento revolu- cionário, pois aqui não há o ânimo de se mudar o status quo. O que se busca é obter um rápido favor para si, às escondidas e sem chamar a atenção; por isso, o jeitinho pode ser também 5 definido como "molejo", "jogo de cintura", habilidade de se "dar bem" em uma situação "apertada". Em Roberto dos sua obra em O Que a relação e Faz às zelosa o Brasil, dos leis. dos Brasil?, o antropólogo e a a atitude causa 20 DaMatta compara postura norte-americanos que norte-americanos brasileiros Explica 10 formalista, respeitadora Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA admiração ver ingênuo O e espanto as a aos brasileiros, instituições; acostumados a no entanto, apenas que, à violar e que ausência diferente a é de das violadas próprias afirma creditar postura brasileira educação adequada. 15 antropólogo as prossegue instituições explicando brasileiras norte-americanas, foram desenhadas para coagir e desarticular o indivíduo. A natureza do Estado é naturalmente coercitiva; porém, no caso brasileiro, é inadequada à 20 realidade individual. Um curioso termo – Belíndia – define precisamente esta situação: leis e impostos da Bélgica, realidade social da Índia. Ora, realidade vezes incapacitado opressora, o pelas leis, descaracterizado utilizar por uma que uma brasileiro à sua buscará recursos de vençam a dureza da formalidade se quiser obter o que muitas 25 será necessário utilizará sobrevivência. tentará Diante autoridade, termos emocionais, descobrir alguma coisa que possuam em comum - um conhecido, uma cidade da qual gostam, a “terrinha” natal onde passaram a infância – e apelará 30 para um discurso emocional, com a certeza de que a autoridade, sendo exercida por um brasileiro, poderá muito bem se sentir tocada por esse discurso. E muitas vezes conseguirá o que precisa. Nos Estados Unidos e da América, as leis não admitem na esfera permissividade alguma possuem franca influência 35 dos costumes e da vida privada. Em termos mais populares, dizseque, lá, ou “pode” ou “não pode”. No Brasil, descobre-se que é possível um “pode-e-não-pode”. pretexto para É uma contradição simples: o acredita-se que a exceção a ser aberta em nome da cordialidade não constituiria outras exceções. Portanto, Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 21 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA 40 jeitinho jamais gera formalidade, e essa jamais sairá ferida após o uso desse atalho. Ainda de acordo com DaMatta, a informalidade é também exercida autoridade por esferas "maior" a típica está que de vê-se influência coagida "menor" atitude se vale Num superiores. por de Quando uma uma "menor", uma golpe "você um uma 45 imediatamente ameaça fazer uso de sua influência; dessa forma, buscará sanção. A sabe fórmula por com quem público de tal que seu está da contida célebre no frase clássico, por conhecido "carteirada", vê dissuadir autoridade aplicar-lhe 50 falando?". exemplo promotor carro sendo multado autoridade de trânsito imediatamente fará uso (no caso, abusivo) de sua autoridade: "Você sabe com quem está falando? Eu sou o promotor público!". No entendimento de Roberto DaMatta, de 55 qualquer forma, um "jeitinho" foi dado. (In: www.wikipedia.org – com adaptações.) 12. (FGV/BADESC/ADVOGADO/2010) De acordo com o texto, é correto afirmar que: (A) o jeitinho brasileiro é um comportamento motivado pelo descompasso entre a natureza do Estado e a realidade observada no plano do indivíduo. (B) as instituições norte-americanas, bem como as brasileiras, funcionam sem permissividade porque estão em sintonia com os anseios e atitudes do cidadão. (C) a falta de educação do brasileiro deve ser atribuída à incapacidade de o indivíduo adequar-se à lei, uma vez que ele se sente desprotegido pelo Estado. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 22 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA (D) a famosa “carteirada” constitui uma das manifestações do jeitinho brasileiro e define-se pelo fato de dois poderes simetricamente representados entrarem em tensão. (E) nos Estados Unidos da América, as leis influem decisivamente apenas na vida pública do cidadão, ao contrário do que ocorre no Brasil, onde as leis logram mudar comportamentos no plano dos costumes e da vida privada. Comentário – Alternativa A: encontra apoio sobretudo na seguinte passagem: “A natureza do Estado é naturalmente coercitiva; porém, no caso brasileiro, é inadequada à realidade individual.” (terceiro parágrafo) Alternativa B: no terceiro parágrafo está a explicação de Roberto DaMatta que esclarece que as instituições norte-americanas e as brasileiras são diferentes. Estas “foram desenhadas para coagir e desarticular o indivíduo” e são inadequadas à realidade do indivíduo. Item errado. Alternativa C: a relação de causa e consequência foi invertida, observe: “é ingênuo creditar a postura brasileira [consequência] apenas à ausência de educação adequada [causa]. Item errado. Alternativa D: os poderes não são simétricos; o princípio da “carteirada” está bem explicado no penúltimo parágrafo: “Quando uma autoridade ‘maior’ vê-se coagida por uma ‘menor’, imediatamente ameaça fazer uso de sua influência; dessa forma, buscará dissuadir a autoridade ‘menor’ de aplicar-lhe uma sanção.” Item errado. Alternativa E: lê-se no antepenúltimo parágrafo que “Nos Estados Unidos da América, as leis não admitem permissividade alguma e possuem franca influência na esfera dos costumes e da vida privada”. Item errado. Resposta – A 13. (FGV/BADESC/ADVOGADO/2010) Com relação à estruturação do texto e dos parágrafos, analise as afirmativas a seguir. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 23 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA I. II. O primeiro parágrafo introduz o tema, discorrendo sobre a origem histórica do jeitinho. A tese, apresentada no segundo parágrafo, encontra-se na frase iniciada por no entanto. III. O quarto parágrafo apresenta o argumento central para a sustentação da tese. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente a afirmativa III estiver correta. (D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas. Comentário – Afirmativa I: tema é o assunto sobre o qual discorreremos. Assim sendo, a primeira parte da afirmativa está correta. O erro surge na segunda parte, pois não existe esse discurso sobre a origem histórica. No primeiro parágrafo, o texto tratou de caracterizar o “jeitinho”, dizer o que ele é e o que não é. Item errado. Afirmativa II: tese é a ideia central (tese ou tópico frasal principal) do texto, formulada a partir do tema e seguida pelos argumentos que a sustentam. Item certo. Afirmativa III: aqui está o argumento: “incapacitado pelas leis, descaracterizado por uma realidade opressora, o brasileiro buscará utilizar recursos que vençam a dureza da formalidade se quiser obter o que muitas vezes será necessário à sua sobrevivência”. Item certo. Resposta – D Bem, é verdade que este curso é de exercícios comentados. Mas me permita explicar a você o que se segue, pois a FGV pode cobrar isso na sua prova e nem sempre é fácil encontrar material comentando o assunto. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 24 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA • Pressuposições e inferências (implícitos e subentendidos) “Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas.” A frase acima transmite duas informações: ele frequentou um curso superior e aprendeu algumas coisas. No entanto, essas duas informações transmitem de forma implícita uma crítica ao sistema de ensino vigente. Essa crítica se dá através do uso da preposição “mas”. Assim, percebemos que um dos aspectos mais intrigantes que pode ser apresentado por um texto é o fato de ele dizer aquilo que parece não dizer, ou seja, é a presença de enunciados pressupostos ou inferidos. Um leitor é considerado perspicaz quando consegue ler as entrelinhas do texto, isto é, quando capta as mensagens implícitas. Para não “cair” na exploração maliciosa de alguns textos que abusam dos aspectos pressupostos ou inferidos, devemos saber que: a) utilizadas. “O tempo continua chuvoso.” (informação implícita: estava chovendo antes) “Pedro deixou de fumar.” (informação implícita: fumava antes) b) inferências são insinuações escondidas por trás de uma pressupostos são ideias não expressas de maneira explícita, mas que podem ser percebidas a partir de certas palavras ou expressões declaração e dependem do contexto e do conhecimento de mundo que o ouvinte ou o leitor têm. Quando um fumante com o cigarro pergunta: – Você tem fogo?, por trás dessa pergunta se infere: – Acenda-me o cigarro, por favor. Caso você encontre alguém correndo na rua e gritando Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 25 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA – Pega ladrão! Pega ladrão!”, você subentenderá que esse alguém foi (ou está sendo) assaltado e clama por socorro, não é mesmo? Detectar o pressuposto durante uma leitura é fundamental para a interpretação textual, uma vez que esse recurso argumentativo não é posto em discussão pelo autor do texto e, por isso mesmo, pode levar o leitor a interpretar o texto erroneamente. Os pressupostos são marcados por: a) mais tarde.) b) c) verbos: “O caso do contrabando tornou-se público.” (pressuposto: o caso não era público.) orações adjetivas: “Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, não pensam no povo.” (pressuposto: todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais.) d) no Brasil.) Enquanto o pressuposto é um dado apresentado como indiscutível para o falante e o ouvinte, não permitindo contestações; a inferência é de responsabilidade do ouvinte, uma vez que o falante esconde-se por trás do sentido literal das palavras. A inferência pode ser uma maneira encontrada pelo falante para transmitir algo sem se comprometer com a informação. adjetivos: “Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil.” (pressuposto: existem partidos radicais e não radicais advérbios: “Os resultados da pesquisa ainda não chegaram até nós.” (pressuposto: os resultados já deviam ter chegado ou vão chegar 14. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Mesmo os atos de caráter técnico podem ser qualificados eticamente. Esses atos sempre servem para a expansão ou limitação do ser humano. Sob a perspectiva ética, o Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 26 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA que importa nas ações técnicas não é a sua trama lógica, adequada ou eficiente para obter resultados, mas sim a qualificação ética desses resultados. No trecho acima, está implícita uma posição contrária à concepção de neutralidade atribuída aos atos de caráter técnico. O instrumento linguístico que permite a construção desse implícito é o emprego do vocábulo: (A) qualificados. (B) limitação. (C) mesmo. (D) não. (E) mas. Comentário – A palavra denotativa de inclusão “Mesmo” (= inclusive, até) permite pressupor que “os atos de caráter técnico” também podem se revestir de determinada característica (“qualificados eticamente”) que os torne avessos à concepção de neutralidade comumente atribuída a eles. Resposta – C [...] Na verdade, somos obrigados a escolher. Somos obrigados a exercer a liberdade. Assim, a decisão supõe a possibilidade e, paradoxalmente, a necessidade de estimar as coisas e as ações humanas de do complexa. valor. para Aí, atender fatores portanto, há as que nossas demandas; uma supõe a avaliação humana a esfera esfera, múltiplos perfazem também sem situação Essa temos compreendida valoração. Não liberdade entretanto, é muito ampla, pois envolve não só o mundo da ética, mas também o da utilidade, da estética, da religião etc. [...] Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 27 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA (Adaptado de ALVES, Alaôr Caffé. As categorias da ética. In: www.centrodebate.org) 15. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) O advérbio Aí, no quinto parágrafo, refere-se ao processo compreendido nas etapas assim apresentadas pelo autor. (A) situação humana / múltiplos fatores / demandas (B) liberdade / decisão / avaliação (C) decisão / possibilidade / liberdade (D) decisão / possibilidade / avaliação (E) múltiplos fatores / demandas / ações humanas Comentário – Esta é uma questão que trata da coesão referencial estabelecida entre elementos textuais. O advérbio “Aí” retoma a ideia anterior, em que estão contidas as seguintes etapas: decisão necessidade de estimar possibilidade e avaliação. Entendo que a segunda etapa está mal representada, mas não vejo motivo para que alguém brigasse com a banca e exigisse a anulação da questão. Afinal, a letra D traz, mesmo resumidamente, a indicação dessa etapa. Resposta – D 16. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Nas alternativas a seguir, ambas as expressões servem essencialmente à articulação sequencial das ideias do texto, à exceção de uma. Assinale-a. (A) pois / porque (4º parágrafo). (B) assim / entretanto (5º parágrafo). (C) quando / eis por que (6º parágrafo). (D) mas também / então (9º parágrafo). (E) por aí / sempre (11º parágrafo). Comentário – Outra vez estamos às voltas com elementos (conjunções, advérbio e palavra de designação) que promovem a coesão entre segmentos do texto intitulado As categorias da ética e expressam explicação, tempo, Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 28 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA conclusão, oposição, adição. A única exceção é o advérbio “sempre”. Leia a passagem em que ele foi empregado: “Por aí se vê também que a liberdade e a ética não se reduzem a fenômenos meramente subjetivos; elas têm sempre dimensões sociais, históricas e objetivas.” Esse advérbio de tempo é meramente para indicar que o processo designado pelo verbo ter é contínuo, não se interrompe. Resposta – E 17. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Nas atuais condições em que exerce a sua hegemonia, a direita "moderada" conseguiu infiltrar seus critérios no discurso da esquerda "moderada". (L.54-56) A palavra seus no trecho acima tem valor: (A) anafórico. (B) anastrófico. (C) catafórico. (D) hiperbólico. (E) paragramático Comentário – O pronome possessivo “seus” retoma a expressão anterior “direita moderada” e lhe atribui a posse dos “critérios” (= critérios da direita moderada). Portanto não há dúvidas: a função coesiva do pronome tem valor anafórico. Valor “anastrófico” tem a ver com anástrofe, figura de linguagem que consiste na inversão acentuada dos termos de uma oração. Um exemplo clássico é o que ocorre no Hino Nacional Brasileiro: “OUVIRAM DO IPIRANGA AS MARGENS PLÁCIDAS DE UM POVO HERÓICO O BRADO RETUMBANTE”. Eis a construção na ordem direta: AS MARGENS PLÁCIDAS DO IPIRANGA OUVIRAM O BRADO RETUMBANTE DE UM POVO HERÓICO”. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 29 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Valor “hiperbólico” tem a ver com hipérbole, outra figura de linguagem; consiste na ênfase exagerada dos aspectos linguísticos do texto: Ele morreu de tanto rir. Valor “paragramático” tem a ver com a dupla possibilidade de interpretação de um escrito: uma está na “superfície” do texto, é linear e aparente; outra está nas entrelinhas dele, é implícita. Resposta – A [...] Antigamente, torno 60 eram a de os falar que marxistas no num estavam das que polemizavam em da a os a economia, convicção empurrava apoiados "materialismo "materialismo na crista para de de histórico". econômico". uma onda para e o Alguns Tinham que chegaram inexoravelmente relações adiante, produção promover [...] transformação crescimento das forças produtivas. (Leandro Konder. Esquerda e direita no Brasil, hoje. Folha de São Paulo, 13/04/2006) 18. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) A expressão na crista de uma onda (L.61) tem origem no registro: (A) burocrático. (B) culto. (C) inculto. (D) informal. (E) regional. Comentário – A expressão é um exemplo de gíria, que se enquadra no registro informal da língua e que pode significar na moda, em momento de sucesso ou evidência, no ápice de uma situação. Resposta – D Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 30 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Fique agora com uma relação de questões do Cespe e da FCC, a título de exercícios de fixação. Um grande abraço e até a próxima aula! Professor Albert Iglésia 1 O cinquenta, como tomando Os processo termo pelo grupos groupthinking sociólogo se de tornavam temerárias gestão coletivo indivíduos supera a Os usuais. esforço ações dos que foi reféns e cunhado, H. de sua na década para de William Whyte, explicar coesão, fracassos. um são e o própria 4 decisões mental seus coesão das um às das dos antigas a crítico causando grandes os manuais definem ocorre pensam groupthinking quando da para são para uma do mesma como grupos forma 7 uniformes, desejo ilusão a de de diferentes motivação sintomas que gera coletivo membros comumente avaliar e alternativas uma levar visões na visão pode conhecidos: neutralizar 10 invulnerabilidade, teses otimismo crença grupo; vistos são é as riscos; contrárias 13 dominantes; absoluta e uma como moralidade distorcida Tão contrapor pensamento dominante; inimigos, como e iludidos, para o visão sistemas auditoria; fracos ou simplesmente estúpidos. 16 o as é conceito visões e e receitas estimular à patologia: segundo, de desejável as primeiro, preciso alternativas 19 necessário adotar de o de transparentes terceiro, 22 governança renovar procedimentos constantemente o processo é grupo, tomada de de forma a oxigenar discussões decisão. Thomaz Wood Jr. O perigo do groupthinking. In: Carta Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 31 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Capital, 13/5/2009, p. 51 (com adaptações). 19. (CESPE/TCU/AFCE/2009) Apesar de a definição de “groupthinking” (l.5-9) sugerir neutralidade do autor a respeito desse processo, o uso metafórico de palavras da área de saúde, como “sintomas” (l.9), “receitas” (l.16) e “patologia” (l.17), orienta a argumentação para o valor negativo e indesejável de groupthinking. Comentário – Durante o processo descritivo do que é groupthinking, o autor tenta se manter imparcial, mas logo deixa transparecer seu ponto de vista sobre ele por meio das palavras citadas pela banca, as quais assumem carga semântica negativa. Resposta – Item certo. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 32 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA 20. (CESPE/CORREIOS/ANALISTA DE CORREIOS/LETRAS/2011) O trecho “uma série de avanços [...] bens materiais e simbólicos” (L.6-9) constitui a tese que os autores visam comprovar por meio da argumentação formulada no texto, que pode ser classificado como dissertativoargumentativo. Comentário – De fato, o texto é dissertativo-argumentativo, mas a tese é outra. Você notou isso? O que o texto sustenta é que “este é o período histórico no qual se opera a mais radical das revoluções já experimentadas pela humanidade, tanto em amplitude quanto em profundidade” (l. 3-5). Observe que, a partir da linha 16, a autora reafirma a singularidade do período histórico: “...o que distingue a atual revolução de outros tantos definitivos marcos históricos... é a tremenda rapidez, a agilidade e a amplitude das mudanças e transformações”. Resposta – Item errado. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 33 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA 21. (CESPE/SAEB-BA/PROFESSOR/LÍNGUA PORTUGUESA/2011) Pelos sentidos e pelas estruturas linguísticas do texto, é correto concluir que o emprego de “Conheça” (L.7) e “Não perca” (L.12) indica que a função da linguagem predominante no texto é a (A) metalinguística. (B) poética. (C) conativa. (D) expressiva. Comentário – Questão interessante. Apesar de não cobrar especificamente o tipo de texto, exige conhecimento sobre a função da linguagem presente no tipo de texto conhecido como injuntivo: função conativa (ou apelativa). Ela se centraliza no receptor; o emissor procura influenciar o comportamento dele. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu, você, nós, ou o nome da pessoa, além dos vocativos e imperativos. Usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 34 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA A função metalinguística centraliza-se no código, usando a linguagem para falar dela mesma (a poesia que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto). Principalmente os dicionários são repositórios de metalinguagem. Exemplos: – O que você quer dizer com isso? – “Escrevo porque gosto de escrever. A função poética centraliza-se na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. É afetiva, sugestiva, conotativa, metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem figurada apresentada em obras literárias, letras de música, algumas propagandas etc. Exemplo: “Rua Torta Lua Morta Tua Porta”. A função expressiva (ou emotiva) centraliza-se no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela, prevalece a primeira pessoa do singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor. Exemplo: – Eu odeio tomar refrigerante quente. – Nós o amamos muito, papai. Resposta – C Administração da linguagem Nosso grande escritor Graciliano Ramos foi, como se sabe, prefeito da cidade alagoana de Palmeira dos Índios. Sua gestão ficou marcada Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 35 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA não exatamente por atos administrativos ou decisões políticas, mas pelo relatório que o prefeito deixou, terminado o mandato. A redação desse relatório é primorosa, pela concisão, objetividade e clareza (hoje diríamos: transparência), qualidades que vêm coerentemente combinadas com a honestidade absoluta dos dados e da autoavaliação – rigorosíssima, sem qualquer complacência – que faz o prefeito. Com toda justiça, esse relatório costuma integrar sucessivas edições da obra de Graciliano. É uma peça de estilo raro e de espírito público incomum. Tudo isso faz pensar na relação que se costuma promover entre linguagens e ofícios. Diz-se que há o “economês”, jargão misterioso dos economistas, o “politiquês”, estilo evasivo dos políticos, o “acadêmico”, com o cheiro de mofo dos baús da velha retórica etc. etc. E há, por vezes, a linguagem processual, vazada em arcaísmos, latinismos e tecnicalidades que a tornam indevassável para um leigo. Há mesmo casos em que se pode suspeitar de estarem os litigantes praticando – data venia – um vernáculo estrito, reservado aos iniciados, espécie de senha para especialistas. Não se trata de ir contra a necessidade do uso de conceitos específicos, de não reconhecer a vantagem de se empregar um termo técnico em vez de um termo impreciso, de abolir, em suma, o vocabulário especializado; trata-se, sim, de evitar o exagero das linguagens opacas, cifradas, que pedem “tradução” para a própria língua a que presumivelmente pertencem. O exemplo de Graciliano diz tudo: quando o propósito da comunicação é honesto, quando se quer clareza e objetividade no que se escreve, as palavras devem expor à luz, e não mascarar, a mensagem produzida. No caso desse honrado prefeito alagoano, a ética rigorosa do escritor e a ética irrepreensível do administrador eram a mesma ética, assentada sobre os princípios da honestidade e do respeito para com o outro. (Tarcísio Viegas, inédito) Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 36 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA 22. (FCC/DPE-SP/Agente de Defensoria/2010) O autor do texto comenta o relatório do prefeito Graciliano Ramos para ilustrar a a) b) c) d) e) superioridade de uma linguagem técnica sobre a não especializada. necessidade comunicação. possibilidade de sanar um problema de expressão pela confissão honesta. viabilidade de uma boa administração pública afirmada em boa retórica. vantagem que leva um grande escritor sobre um simples administrador. de combinar clareza de propósito e objetividade na Comentário – Desde o título, o autor lança luz sobre a linguagem e não exatamente sobre a administração do político Graciliano. Isso torna a alternativa D desprezível. A expressão “honrado prefeito alagoano” contrapõe-se à ideia de “um simples administrador” contida na alternativa E. Descarte-a também. Já no parágrafo introdutório, o autor enfatiza qualidades do relatório escrito por Graciliano: “concisão, objetividade e clareza”. No desenvolvimento do texto, o autor critica a linguagem de certas categorias por causa da obscuridade, do tecnicismo, do esvaziamento de significado etc. Ao concluir o texto, o autor volta a ressaltar o exemplo de Graciliano: “quando o propósito da comunicação é honesto, quando se quer clareza e objetividade no que se escreve, as palavras devem expor à luz, e não mascarar, a mensagem produzida”. Resposta – B 23. (FCC/DPE-SP/Agente de Defensoria/2010) Atente para as seguintes afirmações: I. No 1º parágrafo, afirma-se que a administração do prefeito Graciliano Ramos foi discutível sob vários aspectos, mas seu estilo de governar revelou-se inatacável. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 37 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA II. No 2º parágrafo, uma estreita relação entre linguagens e ofícios é dada como inevitável, apesar de indesejável, pois os diferentes jargões correspondem a diferentes necessidades da língua. III. No 3º parágrafo, busca-se distinguir a real eficácia de uma linguagem técnica do obscurecimento de uma mensagem, provocado pelo abuso de tecnicalidades. Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em a) b) c) d) e) I. II. III. I e II. II e III. Comentário – Item I: a administração de Graciliano não é colocada sob suspeita no primeiro parágrafo. Nele, ao se referir ao relatório de Graciliano, o autor enfatiza a “honestidade absoluta dos dados e da autoavaliação – rigorosíssima, sem qualquer complacência – que faz o prefeito”. Item II: a referência a essa relação é em tom de crítica e sugere e sugere que os jargões sejam evitados, o que se comprova em toda a linha argumentativa do texto. Resposta – C 24. (FCC/DPE-SP/Agente de Defensoria/2010) Há mesmo casos em que se pode suspeitar de estarem os litigantes praticando – data venia – um vernáculo estrito (...) Nessa passagem do texto, o autor a) b) vale-se de uma linguagem que em si mesma ilustra o caso que está condenando. mostra-se plenamente eficaz na demonstração do que seja estilo conciso. www.pontodosconcursos.com.br 38 Prof. Albert Iglésia PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA c) d) e) parodia a linguagem dos leigos, quando comentam a dos especialistas. vale-se de um estilo que contradiz a prática habitual dos registros públicos. mostra-se contundente na apreciação das vantagens da retórica. Comentário – Ironicamente, o autor se vale de uma linguagem que condena para exemplificar um tipo de comunicação obscura, ineficaz. Resposta – A 25. (FCC/DPE-SP/Agente de Defensoria/2010) Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: a) b) c) d) e) sem qualquer complacência (1º parágrafo) = destituído de intolerância. jargão misterioso (2º parágrafo) = regionalismo infuso. vazada em arcaísmos (2º parágrafo) = rompida por modismos. a que presumivelmente pertencem (3º parágrafo) = que se imagina integrarem. assentada sobre os princípios (3º parágrafo) = reprimida com base nos fundamentos. Comentário – Não tente resolver esse tipo de questão diretamente nas alternativas. Vá ao texto e veja se a nova expressão é coerente. Alternativa Item errado. Alternativa B: no texto, “jargão misterioso” refere-se ironicamente, pejorativamente à linguagem de uma categoria profissional: economista; nada tem a ver com certa região e muito menos com as qualidades, virtudes ou capacidades adquiridas sem que haja qualquer esforço intencional, geralmente infundidas no ser humano pela graça de Deus (ciência infusa, virtude infusa). Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 39 A: são expressões antônimas. Ausência complacência caracteriza um ser intolerante, e não um ser destituído dela. PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Alternativa C: a palavra arcaísmo indica estilo antiquado, antigo, forma em desuso de falar ou de escrever; modismo, ao contrário, serve para indicar aquilo que está na moda, modo de falar típico de um grupo, lugar que em dado momento passa a ter grande uso. Alternativa E: o uso do verbo assentar indica que a ética estava firmada, fundamentada, significado bem diferente é o do verbo reprimir: conter, refrear, sujeitar. Resposta – D Entre a cruz e a caldeirinha “Quantas divisões tem o Papa?”, teria dito Stalin quando alguém lhe sugeriu que talvez valesse a pena ser mais tolerante com os católicos soviéticos, a fim de ganhar a simpatia de Pio XI. Efetivamente, além de um punhado de multicoloridos guardas suíços, o poder papal não é palpável. Ainda assim, como bem observa o escritor Elias Canetti, “perto da Igreja, todos os poderosos do mundo parecem diletantes”. Há estatísticas controvertidas sobre esse poder eclesiástico. Ao mesmo tempo que uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas indica que, a cada geração, cai o número de católicos no Brasil, outra, da mesma instituição, revela que, para os brasileiros, a única instituição democrática que funciona é a Igreja Católica, com créditos muito superiores aos dados à classe política. Daí os sentimentos mistos que acompanharam a visita do papa Bento XVI ao Brasil. “O Brasil é estratégico para a Igreja Católica. Está sendo preparada uma Concordata entre o Vaticano e o nosso país. Nela, todo o relacionamento entre as duas formas de poder (religioso e civil) será revisado. Tudo o que depender da Igreja será feito no sentido de conseguir concessões vantajosas para o seu pastoreio, inclusive com repercussões no direito comum interno ao Brasil (pesquisas com célulasProf. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 40 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA tronco, por exemplo, aborto, e outras questões árduas)”, avalia o filósofo Roberto Romano. E prossegue: “Não são incomuns atos religiosos que são usados para fins políticos ou diplomáticos da Igreja. Quem olha o Cristo Redentor, no Rio, dificilmente saberá que a estátua significa a consagração do Brasil à soberania espiritual da Igreja, algo que corresponde à política eclesiástica de denúncia do laicismo, do modernismo e da democracia liberal. A educadora da USP Roseli Fischman, no artigo “Ameaça ao Estado laico”, avisa que a Concordata poderá incluir o retorno do ensino religioso às escolas públicas. “O súbito chamamento do MEC para tratar do ensino religioso tem repercussão quanto à violação de direitos, em particular de minorias religiosas e dos que têm praticado todas as formas de consciência e crença neste país, desde a República”, acredita a pesquisadora. Por sua vez, o professor de Teologia da PUC-SP Luiz Felipe Pondé responde assim àquela famosa pergunta de Stalin: “Quem precisa de divisões tendo como exército a eternidade?” (Adaptado de Carlos Haag, Pesquisa FAPESP n. 134, 2007) 26. (FCC/TR-AM/Analista Judiciário/2010) A expressão entre a cruz e a caldeirinha indica uma opção muito difícil de se fazer. Justifica-se, assim, sua utilização como título de um texto que, tratando da atuação da Igreja, enfatiza a dificuldade de se considerar em separado a) b) c) d) e) a ingerência eclesiástica nas atividades comerciais e nas diplomáticas. a instância do poder espiritual e o campo das posições políticas. o crescente prestígio do ensino religioso e a decadência do ensino laico. os efetivos militares à disposição do Papa e a força do pontificado. as denúncias papais do laicismo e os valores da democracia liberal. Comentário – O texto ressalta a influência da Igreja nas áreas espiritual e religiosa, o que pode ser depreendido, sobretudo, da leitura do terceiro parágrafo. A preparação de uma “Concordata” – tratado diplomático público e Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 41 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA solene que o Vaticano celebra com outro(s) Estado(s) para regular relações mútuas e matérias de interesse comum – pressupõe o interesse da Igreja na manutenção de sua influência. A avaliação do filósofo Roberto Romano corrobora a ideia de que é mesmo difícil separar o poder espiritual da Igreja das posições políticas. Segundo Romano, um ícone da influência eclesiástica na área política é o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Conforme avisa a educadora Roseli Fischman, a instituição do ensino religioso nas escolas públicas tem reflexos no direito alheio e pode ameaçar o “Estado laico”, uma característica política do país. Resposta – B 27. (FCC/TR-AM/Analista afirmações: I. II. Judiciário/2010) Atente para as seguintes As frases de Stalin e de Elias Canetti, citadas no 1º parágrafo, revelam critérios e posições distintas na avaliação de uma mesma questão. Na Concordata (referida no 3º parágrafo), a Igreja pretende valer-se de dispositivos constitucionais que lhe atribuem plena autonomia legislativa. III. A educadora Roseli Fischman propõe (4º parágrafo) que o ensino religioso privilegie, sob a gestão direta do MEC, minorias que professem outra fé que não a católica. Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em a) b) c) d) e) I. II. III. I e II. II e III. Comentário – Item I – ao se referirem à Igreja Católica e ao poder dela, Stalin demonstra que a entende como unidades de um exército que reúne Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 42 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA efetivos e recursos de todas as armas; mas Elias Canetti explica que o poder da Igreja é de ordem espiritual, e não bélico ou humano. Item certo. Item II – “conseguir concessões vantajosas para o seu pastoreio” não significa pretender “plena autonomia legislativa”. Item errado. Item III – dizer que a pesquisadora Roseli Fischman propõe algum privilégio é extrapolar o que foi dito no texto. Ela apenas avisa que a atitude do MEC significa uma violação de direitos; a educadora não se posiciona contraria ou favoravelmente a alguma profissão de fé. Item errado. Resposta – A 28. (FCC/TR-AM/Analista Judiciário/2010) Considerado o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: a) b) c) d) e) o poder papal não é palpável = o Papa não dispõe de poder considerável. parecem diletantes = arvoram-se em militantes. com créditos muito superiores = de muito maior confiabilidade. repercussões no direito comum interno = efeitos sobre o direito canônico. denúncia do laicismo = condenação dos ateus. Comentário – Alternativa A: literalmente, não ser palpável significa não ser evidente, claro; no contexto, a expressão exprime que o poder do Papa é espiritual. Alternativa B: parecer diletante é o mesmo que parecer imaturo, amador em questões de ordem intelectual ou espiritual. Alternativa D: no texto, o segmento “inclusive com repercussões no direito comum interno ao Brasil” revela que esse direito (o direito comum) difere do direito canônico (aquele que segue ou está de acordo com os princípios de fé e disciplina da Igreja), traduzido no contexto pela expressão “seu pastoreio”. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 43 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Alternativa E: por “denúncia do laicismo” podemos entender o apontamento de doutrina contrária à influência religiosa nas instituições sociais, o nada tem a ver com a condenação dos ateus. Resposta – C 29. (FCC/TR-AM/Analista Judiciário/2010) Ao se referir ao poder da Igreja, Elias Canetti e Luis Felipe Pondé a) b) c) d) e) admitem que ele vem enfraquecendo consideravelmente ao longo dos últimos anos. consideram que, na atualidade, ele só se manterá o mesmo caso seja amparado por governos fortes. afirmam que nunca ele esteve tão bem constituído quanto agora, armado da fé para se aliar aos fortes. lembram que a energia de um papado não provém da instituição eclesiástica, mas da autoridade moral do Papa. advertem que ele não depende da força militar, uma vez que se afirma historicamente como poder espiritual. Comentário – Tanto o escritor quanto o professor advertem que o poder da Igreja Católica, que tem no Papa a sua maior representação, independe de força física ou de um exército militar, pois a força dela é de ordem espiritual. Esse entendimento pode ser confirmado nas seguintes palavras: “o poder papal não é palpável” (Elias Canetti) e “Quem precisa de divisões tendo como exército a eternidade?” (Luiz Felipe Pondé). Resposta – E 30. (FCC/TR-AM/Analista Judiciário/2010) Na frase Quem precisa de divisões tendo como exército a eternidade?, o segmento sublinhado pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido e a correção, por Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 44 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA a) b) c) d) e) ao ter no exército sua eternidade? fazendo do exército sua eternidade? contando na eternidade com o exército? dispondo da eternidade como exército? provendo o exército assim como a eternidade? Comentário – Se você reordenar o trecho sublinhado, perceberá que a questão é fácil de ser resolvida: “tendo a eternidade como exército?”. Percebeu que a “coisa” tida ou da qual se dispõe é a “eternidade” e não o “exército”? É a “eternidade” caracterizada como “exército”; é ela o alvo do que se declara, e não o “exército”. Resposta – D Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 45 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA 31. (FCC/Banco do Brasil/Escriturário/2011) A afirmativa INCORRETA, considerando-se o que dizem os versos, é: a) b) c) d) e) As cabras e os peixes são considerados animais benfazejos, por constituírem a base da alimentação dos moradores. A velhinha e o pescador oferecem seus produtos ainda bastante cedo aos moradores, recém-acordados. O silêncio que impera durante a madrugada pode ser visto como guardião do sono das pessoas aconchegadas em suas camas. O último verso deixa evidente o fato de que o pescador trazia peixes que havia acabado de pescar. A repetição da palavra orvalho acentua a sensação de frio e de umidade característicos de uma madrugada de inverno. Comentário – Alternativa A: não está clara no texto essa relação de causa e consequência entre as cabras e os peixes, de um lado, e, de outro, a base da alimentação dos moradores da aldeia. Alternativa B: sim, a velhinha e o pescador começam a trabalhar muito cedo. Na última estrofe, os trechos “Antes que um sol luarento dissolva as vidraças” e “recém-acordados” sustentam a ideia contida nesta opção. Alternativa C: sim, na segunda estrofe o “silêncio está...de sentinela”. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 46 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Alternativa D: sim, no último verso o enunciador diz sobre os peixes: “ainda se movem, procurando o rio”. Alternativa E: sim, a repetição da palavra “orvalho” é intencional e dá-nos uma noção de frio intenso. É comum haver orvalho em noites de muito frio. Observe também a expressão “frias vidraças” na última estrofe. Resposta – A 32. (FCC/Banco do Brasil/Escriturário/2011) O verso com lembrança das árvores ardendo remete a) b) c) d) e) ao ambiente natural existente em toda a aldeia. à queima da lenha no fogão da casa. ao costumeiro hábito de atear fogo às florestas. ao nascer do sol, que aquece as frias vidraças. à colheita de frutas, no quintal da casa. Comentário – O texto associa a lembrança dar árvores ardendo ao calor da cozinha que perfuma a casa. Desconsiderar isso é arriscado e pode facilmente nos fazer extrapolar as ideias contidas no texto. Sustentar, por exemplo, que a referência é feita “ao costumeiro hábito de atear fogo às florestas” (letra C) é inadmissível. De acordo com o texto, a referência é “à queima da lenha no fogão da casa”, facilmente depreendida a partir das expressões “cozinha” e “ardendo” (uma metáfora para queimando). Resposta – B 33. (FCC/Banco seguintes: I. do Brasil/Escriturário/2011) Considere as afirmativas O assunto do poema reflete simplicidade de vida, coerentemente com o título. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 47 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA II. Predominam nos versos elementos descritivos da realidade. que surge e traz o calor do dia. Está correto o que consta em a) b) c) d) e) I, II e III. I, apenas. III, apenas. II e III, apenas. I e II, apenas. III. Há no poema clara oposição entre o frio silencioso da madrugada e o sol Comentário – O único problema que podemos apontar é o item III, pois não existe essa “clara oposição”. Não há elementos suficientes no texto que sustentem essa ideia. Ao contrário, há uma noção de continuidade das singelas e rotineiras ações das personagens e uma certa combinação temporal entre dia e noite, sol e lua, que se expressa, por exemplo, por meio da expressão “sol luarento”. Resposta – E Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 48 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Lista das Questões Comentadas [...] A liberdade, escolha, só é a decisão, que é por manifestação fundamento de o nossa mundo possível tendo axiológico, tanto quanto este tem por condição de possibilidade a liberdade. Não se pode estimar sem alternativas possíveis. Na medida do que, Na a em que de a que é algum outro; não a se escolhe, Ao ou se sob avalia algum escolhido de à para um obter é a o consciência pondera-se melhor dirigida significa [...] (Adaptado de ALVES, Alaôr Caffé. As categorias da ética. In: www.centrodebate.org) preferido. modo o escolher caminho, outras está Isto prisma, mata Ela em à relação ação, à caminho haver à nos possibilidades. que escolha escolha, pode indiferença. leva exteriorização, tomada posição. decisão, determinação normativa ou imperativa de uma via em detrimento de outra. 1. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) A escolha, a decisão, que é manifestação de nossa liberdade, só é possível tendo por fundamento o mundo axiológico. Considerando o contexto da frase, o vocábulo sublinhado tem significado equivalente a: (A) das normas. (B) dos mercados. (C) dos indivíduos. (D) das liberalidades. (E) das verdades. 2. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) De acordo com o contexto, observa-se emprego não-literal de vocábulo ou expressão em: www.pontodosconcursos.com.br 49 Prof. Albert Iglésia PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA (A) Isso não ocorre com os animais brutos. (B) supõe a avaliação de múltiplos fatores. (C) Na escolha não pode haver indiferença. (D) o caminho escolhido mata outras possibilidades. (E) O fenômeno ético não é um acontecimento individual. [...] A nela, Os 75 economia os seres Não é há um nada nível de a essencial agem, então, inexorável a realidade da em realidade escolhas, seus as histórica; tomam humanos dispuseram, modificam fazem iniciativas. dos [...] movimentos. motivações Passaram a marxistas sujeitos se que discutir objetiva. debater idéias extraídas de Gramsci, Lukács, Adorno. (Leandro Konder. Esquerda e direita no Brasil, hoje. Folha de São Paulo, 13/04/2006) 3. (FGV/SEFAZ-MS/FISCAL DE RENDAS/2006) A palavra inexorável (L.73) só não pode ser substituída, no texto, sob pena de alteração de sentido, por: (A) implacável. (B) indelével. (C) inelutável. (D) perituro. (E) sempiterno. [...] Ainda de acordo com DaMatta, a informalidade é também exercida autoridade 45 por esferas "maior" de vê-se influência coagida superiores. por Quando uma uma "menor", imediatamente ameaça fazer uso de sua influência; dessa forma, www.pontodosconcursos.com.br 50 Prof. Albert Iglésia PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA buscará sanção. [...] (Jeitinho. In: www.wikipedia.org – com adaptações.) dissuadir a autoridade "menor" de aplicar-lhe uma 4. (FGV/BADESC/ADVOGADO/2010) Observando a frase “buscará dissuadir a autoridade ‘menor’ de aplicar-lhe uma sanção” (L.46-47), assinale a alternativa em que a substituição da palavra sublinhada mantenha o sentido que se deseja comunicar no texto. (A) obrigar. (B) desaconselhar. (C) persuadir. (D) convencer. (E) coagir. As categorias da ética A vida humana se caracteriza por ser fundamentalmente ética. Os conceitos éticos "bom" e "mau" podem ser predicados a todos os atos humanos, e somente a estes. Isso não ocorre com os animais brutos. Um animal que ataca e come o outro não é 5 considerado maldoso, não há violência entre eles. Mesmo eticamente. nas ações os atos de caráter sempre é a técnico servem sua trama sim podem para a ser qualificados ou ou Esses técnicas obter atos não expansão adequada limitação do ser humano. Sob a perspectiva ética, o que importa lógica, a eficiente A para resultados, segue mas qualificação relativas ética aos 10 desses resultados. eficiência técnica regras técnicas, meios, e não normas éticas, relativas aos fins. A energia nuclear pode ser empregada para o bem ou para o mal. Na verdade, ela Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 51 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA 15 é investigada, apurada e criada para algum resultado, que lhe confere validade. Não vale por si mesma, do ponto de vista ético. Pode valer pela sua eventual utilidade, como meio; mas o uso de energia nuclear, para ser considerado bom ou mau, deve referirse aos fins humanos a que se destina. 20 Vê-se, humanas. pois, Isso que ocorre o plano porque ético o permeia é todas um as ser ações livre, homem vocacionado para o exercício da liberdade, de modo consciente. Sem liberdade não há ética. A liberdade supõe a operação sobre alternativas; ela se concretiza mediante a escolha, a decisão, a 25 consciência unilinear afirmação escolhemos. do da que se à faz. Isso da a implica refugir à determinação causal. Diante avaliamos É a da e necessária, de determinação nossa meramente multiplicidade. disposição, contingência, caminhos multiplicidade 30 Na verdade, somos obrigados a escolher. Somos obrigados a exercer a liberdade. Assim, a decisão supõe a possibilidade e, paradoxalmente, a necessidade de estimar as coisas e as ações humanas de complexa. do valor. para Aí, atender fatores portanto, há as que nossas demandas; uma supõe a avaliação humana a esfera esfera, múltiplos perfazem também sem situação Essa 35 temos liberdade compreendida valoração. Não entretanto, é muito ampla, pois envolve não só o mundo da ética, mas também o da utilidade, da estética, da religião etc. Sob 40 o da ângulo especificamente definição respeito ética, a ético, ética não haverá não escolha, houver Eis por exercício avaliação, que na liberdade, da quando preferência base das ações humanas. como dissemos, encontram-se avaliadas. 52 necessariamente a liberdade e a valoração; a ética só se põe no mundo da liberdade, da escolha entre ações humanas Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA 45 A liberdade, escolha, só é a decisão, que é por manifestação fundamento de o nossa mundo possível tendo axiológico, tanto quanto este tem por condição de possibilidade a liberdade. Não se pode estimar sem alternativas possíveis. Na 50 medida do que, Na a em que de a que é algum se escolhe, Ao ou se sob avalia algum escolhido de à para um obter é a o consciência pondera-se melhor dirigida em à preferido. modo o escolher caminho, outras está Isto prisma, mata Ela relação ação, à outro; não a caminho haver à nos e possibilidades. significa O e, por enquanto 60 escolha escolha, pode indiferença. leva exteriorização, tomada posição. 55 que decisão, determinação necessárias precisamente justamente como sem a sua normativa ou imperativa de uma via em detrimento de outra. mundo meio as não oferece as resistências ações As ações à sem o determinações se éticas realizam brilham destas, éticas contrariam. só se Não da quando se opõem às tendências "naturais" do homem. Assim, a liberdade sem A contrapõe há e ética é necessidade, impulsão, de negação, mas também existe em função desta. Não há liberdade necessidade. prova desejo. da só um melhor liberdade esforço superação 65 necessidade, afirmando-a negando-a dialeticamente, tempo. Então, o mundo ético só é possível no meio social, no bojo das determinações sociais. O fenômeno ético não é um acontecimento individual, existente apenas no plano da consciência pessoal. Isso porque o 70 ente singular do homem só se manifesta, como ser autêntico, em suas Esse relações fenômeno universais é também com o a de sociedade relações das e com a e natureza. históricas, da resultante sociais compreendendo mundo necessidades, natureza. A ética só existe no seio da comunidade humana. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 53 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA 75 e os meios de circulação econômica dos bens possuem maior liberdade do que aqueles que não têm o poder desse controle. Por aí se vê também que a liberdade e a ética não se reduzem a fenômenos meramente subjetivos; elas têm sempre dimensões sociais, históricas e objetivas. 80 Há, assim, um grande esforço, um esforço ético-político para se obter uma quer A as distribuição dentro meta-ética condições das é mais igualitária dos direitos quer entre entre os as e No homens, meta-ética. comunidades, utópica, imediatas comunidades. Na verdade existe uma ética sobre a ética, uma crítica, da subversiva social. transcende vida 85 entanto, ela precisa ser possível no mundo dos fatos sociais, sob pena de se perder como uma utopia de meros sonhos. (Adaptado de ALVES, Alaôr Caffé. In: www.centrodebate.org) 5. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) A partir da tese defendida pelo autor, é correto afirmar que: (A) a ética é condicionante da existência humana e fundamenta qualquer tipo de ação que envolva uma escolha entre “certo” e “errado”. (B) o conceito de ética aplica-se sobretudo aos seres humanos que praticam atos de natureza técnica e atuam profissionalmente. (C) a violência entre animais brutos decorre da inexistência de uma noção ética que regule suas relações. (D) as noções de “bom” e “mau” estão na base das organizações sociais, sejam elas humanas ou não. (E) o princípio ético que orienta os atos técnicos está menos nos seus resultados e mais na própria concepção desses atos. 6. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Com relação aos terceiro e quarto parágrafos, analise as afirmativas a seguir. www.pontodosconcursos.com.br 54 Prof. Albert Iglésia PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA I. II. O objetivo principal do terceiro parágrafo é conceituar regras técnicas e normas éticas. O plano do terceiro parágrafo inclui uma exemplificação para sustentar a tese anteriormente explicitada. III. O início do quarto parágrafo apresenta uma conclusão acerca das ideias apresentadas no terceiro. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente a afirmativa III estiver correta. (D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. 7. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Da compreensão adequada de conceitos apresentados pelo texto, analise as afirmativas a seguir. I. II. O senso-comum de liberdade é reconstruído e passa a incluir a noção de que nem todos são livres na mesma medida. O conceito de ética fundamenta-se numa perspectiva naturalista e põe em segundo plano seu viés social. III. As ideias de liberdade e obrigação não são concepções excludentes; ao contrário, envolvem implicação necessária. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente a afirmativa III estiver correta. (D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 55 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA 8. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Da leitura do quarto parágrafo, deduz-se que o autor: (A) afirma-se perplexo ante a unilateralidade das escolhas. (B) contraria a ideia de liberdade como ação racionalmente concebida. (C) opõe-se à aceitação do determinismo como fonte das ações humanas. (D) defende a vocação como forma de realização pessoal. (E) situa na determinação causal a origem da infelicidade humana. Esquerda e direita no Brasil, hoje Ninguém movimento conquistas Podemos 5 pode pretender A na de Nossas Vemos E, área negar da de diversos hoje, medicina, progressos se beneficia por dores no de com água na os do de a não da ser história. operados humanidade, anestesia, casas cada a importantes Dispomos aviões. esgoto. rádio. está exemplo. com suavizar transporte luz mais, gira alguns de fazer do analgésicos. helicópteros, encanada, TV, meios filmes, rapidíssimos, elétrica, seriados utilizamos em torno Até têm vez acompanhamos ouvimos Tal como de de As computadores, a internet. 10 organizada, com e um sociedade que de mercado, "economia não acordo nenhum força de sistema tão chamam crescer no mercado", experiências outros, feitas "capitalismo". nome hoje, surgiu sistema própria capaz em para não economia. 15 socialismo manifestaram O e nada natural. modo suficiente capitalista a na e competir, tem de plano suicida, morte à quando 56 do crescimento econômico, com o capitalismo. produção ele vocação de indica Seus que esteja ponto arena fazem morrer concessões representantes necessário política recorrem 20 repressão quando Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA conveniente. significativas, saudades Parte do dos Os do tempo trabalhadores 20 para cá; em que – eram mais têm feito a conquistas não sentem de jornadas – século visivelmente obrigados que no trabalho de 12 horas. 25 trabalhadores passado chega mesmo a integrar-se à burguesia. Esse, porém, é um caminho que só pode ser percorrido por poucos. Alguns progridem. Faz parte da lógica do sistema, A O das classes as contudo, médias torna que de está muito favorável a internas. posições reunidas um de A no as sendo massas da mais dessas à permaneçam 30 excluídas. política eficiente. cooptação individualismo setores representação resoluta, confusas mais característico camadas uma Nas intermediárias situação atuais do vulneráveis ao direita neoliberais sedução das classes dominantes. Temos 35 histórica condições, PT, as bloco vem política do PMDB mais à conservador. administrando econômica PSDB PSDB e e no (não do as suas governo contradições tendências diferentes os tranqüilizaram a direita nos últimos anos. Tanto no PT como no 40 PMDB quer líderes que posicionados eles sejam O pouco esquerda A Soviética 45 dizer esquerda) da mais ainda Há foram União de 15 afeta pessoas sem marginalizados. esquerda não se No PSDB. 50 está desarticulada. só e é de os partidos o naufrágio arrastou passaram, o comunistas: anos estilhaçamento angustiante. dolorosamente diversas organizações socialistas. Brasil, Há quadro gente complexo, esquerda de esquerda no PT, no PC do B, no PSB, no PDT e até no muita circunstancialmente partido. E há a valente iniciativa da senadora Heloísa Helena, o www.pontodosconcursos.com.br 57 Prof. Albert Iglésia PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA PSOL. Mas ainda não há um programa alternativo maduro que se contraponha à euforia do programa conservador, aplicado por gente que foi de esquerda e aplaudido pela direita. Nas atuais condições em que exerce a sua hegemonia, a 55 direita da "moderada" conseguiu infiltrar seus critérios dão o no discurso estilo. O em esquerda "moderada". eram a de Os os "moderados" marxistas no num estavam que conteúdo é dado pela "leitura" oficial da economia. Antigamente, torno 60 polemizavam da a os a fé economia, convicção empurrava apoiados falar que "materialismo "materialismo na crista para de de histórico". econômico". uma onda para e o Alguns Tinham que chegaram inexoravelmente das relações da adiante, produção promover A derrotas. transformação determinista Duras a sua na crescimento das forças produtivas. 65 dinâmica da conviver ampliação essencial agem, então, a inexorável a economia história contribuiu política diversidade e pela para que a esquerda tradicional, despreparada, sofresse lições a pela convenceram interna, 70 contundentes esquerda luta é há um nada com das da em sua em liberdades realidade escolhas, seus as superação das desigualdades. A nela, Os economia os seres Não se que nível de histórica; tomam humanos dispuseram, modificam fazem iniciativas. dos movimentos. motivações Passaram a marxistas sujeitos discutir 75 realidade objetiva. debater idéias extraídas de Gramsci, Lukács, Adorno. Curiosamente, no momento em que os marxistas (e, com eles, dos 80 a esquerda da e em ética, geral) a a sublinhavam direita que a significação a a crucial da da 58 valores, assumia centralidade chave economia passava acreditar possuía Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA compreensão Essa ideologia 85 correta é (e o da solução) dos problemas mais é que nos da a nos não foi afligem no presente. chave das que instrumento como dominantes): o É capitalismo, ela nas pede tempo, materiais conquistas da que elites a simbólico dizia é ela que para chave, vão eficiente sempre em que já dominante classes as para (que, Marx, que o são ideologia convencer há tentado precisam chegar promete melhores aconteceu insiste desigualdades sociais naturais, socialismo que depois, com se os a as alternativa e ao se a fracassou. enraizar direita com as povão. sustenta liberdades lentamente, costumeira e de como e os 90 Empunhando o cara-de-pau, que, paciência eles de aos trabalhadores beneficiar tal aviões condições com cidadania, medicina, 95 computadores, que demoraram, mas vieram. Permito-me perguntar: vieram mesmo? (Leandro Konder. Folha de São Paulo, 13/04/2006) 9. (FGV/SEFAZ-MS/FISCAL DE RENDAS/2006) Assinale a alternativa que apresente comentário pertinente ao texto (A) O texto apresenta um desabafo a respeito da situação política do Brasil, apontando, perspicazmente, por comparação, os motivos por que não teria êxito a instauração de um regime socialista. (B) O texto discorre sobre a situação histórico-política internacional, objetivando analisar especificamente o caso brasileiro no tocante à falta de espaço para o surgimento de partidos políticos renovadores, capazes de revelar o discurso falho da extrema direita. (C) O texto reafirma a ineficácia do socialismo como forma de governo e aponta, no capitalismo, tanto no cenário internacional quanto no Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 59 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA doméstico, a supremacia dos blocos moderados, de esquerda e direita, ditando falaciosamente a democracia ao povão. (D) O texto aponta, no cenário político doméstico, o processo de desarticulação da esquerda, como resultado do fim do modelo socialista e da supremacia da direita ao ditar a interpretação da economia. (E) O texto questiona se os valores apontados como conquistas pela direita de fato aconteceram, observando que a interpretação falaciosa da realidade atraiu antigos esquerdistas a sobejarem teorias que explicassem as falhas no processo democrático historicamente. 10. (FGV/SEFAZ-MS/FISCAL DE RENDAS/2006) O nono parágrafo, em relação ao oitavo, apresenta-se como: (A) explicação. (B) exemplificação. (C) complemento. (D) desdobramento. (E) oposição. (Angeli. www2.uol.com.br/angeli) Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 60 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA 11. (FGV/SEFAZ-MS/FISCAL DE RENDAS/2006) Ao associar-se a charge com o seu título, percebe-se que a interpretação é possível pela via: (A) alegórica. (B) fática. (C) lúdica. (D) metonímica. (E) sofística. Jeitinho O jeitinho não se relaciona com um sentimento revolu- cionário, pois aqui não há o ânimo de se mudar o status quo. O que se busca é obter um rápido favor para si, às escondidas e sem chamar a atenção; por isso, o jeitinho pode ser também 5 definido como "molejo", "jogo de cintura", habilidade de se "dar bem" em uma situação "apertada". Em Roberto dos sua obra em O Que a relação e aos Faz às zelosa o Brasil, dos leis. dos no Brasil?, o antropólogo e a a atitude causa e a é de das que DaMatta compara postura norte-americanos que norte-americanos violar ausência diferente entanto, apenas que, à afirma brasileiros e Explica 10 formalista, admiração ver ingênuo O violadas respeitadora espanto as a próprias brasileiros, instituições; acostumados a creditar postura brasileira educação adequada. 15 antropólogo as prossegue instituições explicando brasileiras norte-americanas, foram desenhadas para coagir e desarticular o indivíduo. A natureza do Estado é naturalmente coercitiva; porém, no caso brasileiro, é inadequada à 20 realidade individual. Um curioso termo – Belíndia – define precisamente esta situação: leis e impostos da Bélgica, realidade social da Índia. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 61 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Ora, realidade vezes incapacitado opressora, o pelas leis, descaracterizado utilizar por uma que uma brasileiro à sua buscará recursos de vençam a dureza da formalidade se quiser obter o que muitas 25 será necessário utilizará sobrevivência. tentará Diante autoridade, termos emocionais, descobrir alguma coisa que possuam em comum - um conhecido, uma cidade da qual gostam, a “terrinha” natal onde passaram a infância – e apelará 30 para um discurso emocional, com a certeza de que a autoridade, sendo exercida por um brasileiro, poderá muito bem se sentir tocada por esse discurso. E muitas vezes conseguirá o que precisa. Nos Estados Unidos e da América, as leis não admitem na esfera permissividade alguma possuem franca influência 35 dos costumes e da vida privada. Em termos mais populares, dizseque, lá, ou “pode” ou “não pode”. No Brasil, descobre-se que é possível um “pode-e-não-pode”. pretexto para É uma contradição simples: o acredita-se que a exceção a ser aberta em nome da cordialidade não constituiria outras exceções. Portanto, jeitinho jamais gera formalidade, e essa jamais sairá ferida após o uso desse atalho. Ainda de acordo com DaMatta, a informalidade é também exercida autoridade por esferas "maior" a típica está que de vê-se influência coagida "menor" atitude se vale Num superiores. por de Quando uma uma "menor", uma golpe "você um uma 62 40 45 imediatamente ameaça fazer uso de sua influência; dessa forma, buscará sanção. A sabe fórmula por com quem público de tal que seu está da contida célebre no frase clássico, por conhecido "carteirada", vê dissuadir autoridade aplicar-lhe 50 falando?". exemplo promotor Prof. Albert Iglésia carro sendo multado www.pontodosconcursos.com.br PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA autoridade de trânsito imediatamente fará uso (no caso, abusivo) de sua autoridade: "Você sabe com quem está falando? Eu sou o promotor público!". No entendimento de Roberto DaMatta, de 55 qualquer forma, um "jeitinho" foi dado. (In: www.wikipedia.org – com adaptações.) 12. (FGV/BADESC/ADVOGADO/2010) De acordo com o texto, é correto afirmar que: (A) o jeitinho brasileiro é um comportamento motivado pelo descompasso entre a natureza do Estado e a realidade observada no plano do indivíduo. (B) as instituições norte-americanas, bem como as brasileiras, funcionam sem permissividade porque estão em sintonia com os anseios e atitudes do cidadão. (C) a falta de educação do brasileiro deve ser atribuída à incapacidade de o indivíduo adequar-se à lei, uma vez que ele se sente desprotegido pelo Estado. (D) a famosa “carteirada” constitui uma das manifestações do jeitinho brasileiro e define-se pelo fato de dois poderes simetricamente representados entrarem em tensão. (E) nos Estados Unidos da América, as leis influem decisivamente apenas na vida pública do cidadão, ao contrário do que ocorre no Brasil, onde as leis logram mudar comportamentos no plano dos costumes e da vida privada. 13. (FGV/BADESC/ADVOGADO/2010) Com relação à estruturação do texto e dos parágrafos, analise as afirmativas a seguir. I. II. O primeiro parágrafo introduz o tema, discorrendo sobre a origem histórica do jeitinho. A tese, apresentada no segundo parágrafo, encontra-se na frase iniciada por no entanto. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 63 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA III. O quarto parágrafo apresenta o argumento central para a sustentação da tese. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente a afirmativa III estiver correta. (D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas. 14. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Mesmo os atos de caráter técnico podem ser qualificados eticamente. Esses atos sempre servem para a expansão ou limitação do ser humano. Sob a perspectiva ética, o que importa nas ações técnicas não é a sua trama lógica, adequada ou eficiente para obter resultados, mas sim a qualificação ética desses resultados. No trecho acima, está implícita uma posição contrária à concepção de neutralidade atribuída aos atos de caráter técnico. O instrumento linguístico que permite a construção desse implícito é o emprego do vocábulo: (A) qualificados. (B) limitação. (C) mesmo. (D) não. (E) mas. [...] Na verdade, somos obrigados a escolher. Somos obrigados a exercer a liberdade. Assim, a decisão supõe a possibilidade e, paradoxalmente, a necessidade de estimar as coisas e as ações Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 64 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA humanas de do complexa. valor. para Aí, atender fatores portanto, há as que nossas demandas; uma supõe a avaliação humana a esfera esfera, múltiplos perfazem também sem situação Essa temos compreendida valoração. Não liberdade entretanto, é muito ampla, pois envolve não só o mundo da ética, mas também o da utilidade, da estética, da religião etc. [...] (Adaptado de ALVES, Alaôr Caffé. As categorias da ética. In: www.centrodebate.org) 15. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) O advérbio Aí, no quinto parágrafo, refere-se ao processo compreendido nas etapas assim apresentadas pelo autor. (A) situação humana / múltiplos fatores / demandas (B) liberdade / decisão / avaliação (C) decisão / possibilidade / liberdade (D) decisão / possibilidade / avaliação (E) múltiplos fatores / demandas / ações humanas 16. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Nas alternativas a seguir, ambas as expressões servem essencialmente à articulação sequencial das ideias do texto, à exceção de uma. Assinale-a. (A) pois / porque (4º parágrafo). (B) assim / entretanto (5º parágrafo). (C) quando / eis por que (6º parágrafo). (D) mas também / então (9º parágrafo). (E) por aí / sempre (11º parágrafo). 17. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Nas atuais condições em que exerce a sua hegemonia, a direita "moderada" conseguiu infiltrar seus critérios no discurso da esquerda "moderada". (L.54-56) Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 65 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA A palavra seus no trecho acima tem valor: (A) anafórico. (B) anastrófico. (C) catafórico. (D) hiperbólico. (E) paragramático [...] Antigamente, torno 60 eram a de os falar que marxistas no num estavam das que polemizavam em da a os a economia, convicção empurrava apoiados "materialismo "materialismo na crista para de de histórico". econômico". uma onda para e o Alguns Tinham que chegaram inexoravelmente relações adiante, produção promover [...] transformação crescimento das forças produtivas. (Leandro Konder. Esquerda e direita no Brasil, hoje. Folha de São Paulo, 13/04/2006) 18. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) A expressão na crista de uma onda (L.61) tem origem no registro: (A) burocrático. (B) culto. (C) inculto. (D) informal. (E) regional. O cinquenta, como 4 1 termo pelo grupos groupthinking sociólogo se tornavam temerárias foi reféns e cunhado, H. de sua na década para de William Whyte, explicar coesão, fracassos. 66 própria tomando decisões causando grandes Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Os manuais de gestão coletivo indivíduos supera a Os usuais. esforço ações dos definem que ocorre pensam groupthinking quando da para são para uma do os mesma como grupos forma e um são o processo 7 mental seus coesão das um às das dos antigas a uniformes, desejo ilusão a de de diferentes motivação sintomas que gera coletivo membros comumente avaliar e alternativas uma levar visões na visão pode conhecidos: neutralizar 10 invulnerabilidade, teses otimismo crença grupo; vistos são é as riscos; contrárias 13 dominantes; absoluta e uma como moralidade distorcida Tão contrapor pensamento dominante; inimigos, como e iludidos, para o visão sistemas auditoria; fracos ou simplesmente estúpidos. 16 o as é conceito visões e e receitas estimular à patologia: crítico segundo, de desejável as primeiro, preciso alternativas 19 necessário adotar de o de transparentes terceiro, 22 governança renovar procedimentos constantemente o processo é grupo, tomada de de forma a oxigenar discussões decisão. Thomaz Wood Jr. O perigo do groupthinking. In: Carta Capital, 13/5/2009, p. 51 (com adaptações). 19. (CESPE/TCU/AFCE/2009) Apesar de a definição de “groupthinking” (l.5-9) sugerir neutralidade do autor a respeito desse processo, o uso metafórico de palavras da área de saúde, como “sintomas” (l.9), “receitas” (l.16) e “patologia” (l.17), orienta a argumentação para o valor negativo e indesejável de groupthinking. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 67 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA 20. (CESPE/CORREIOS/ANALISTA DE CORREIOS/LETRAS/2011) O trecho “uma série de avanços [...] bens materiais e simbólicos” (L.6-9) constitui a tese que os autores visam comprovar por meio da argumentação formulada no texto, que pode ser classificado como dissertativoargumentativo. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 68 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA 21. (CESPE/SAEB-BA/PROFESSOR/LÍNGUA PORTUGUESA/2011) Pelos sentidos e pelas estruturas linguísticas do texto, é correto concluir que o emprego de “Conheça” (L.7) e “Não perca” (L.12) indica que a função da linguagem predominante no texto é a (A) metalinguística. (B) poética. (C) conativa. (D) expressiva. Administração da linguagem Nosso grande escritor Graciliano Ramos foi, como se sabe, prefeito da cidade alagoana de Palmeira dos Índios. Sua gestão ficou marcada não exatamente por atos administrativos ou decisões políticas, mas pelo relatório que o prefeito deixou, terminado o mandato. A redação desse relatório é primorosa, pela concisão, objetividade e clareza (hoje Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 69 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA diríamos: transparência), qualidades que vêm coerentemente combinadas com a honestidade absoluta dos dados e da autoavaliação – rigorosíssima, sem qualquer complacência – que faz o prefeito. Com toda justiça, esse relatório costuma integrar sucessivas edições da obra de Graciliano. É uma peça de estilo raro e de espírito público incomum. Tudo isso faz pensar na relação que se costuma promover entre linguagens e ofícios. Diz-se que há o “economês”, jargão misterioso dos economistas, o “politiquês”, estilo evasivo dos políticos, o “acadêmico”, com o cheiro de mofo dos baús da velha retórica etc. etc. E há, por vezes, a linguagem processual, vazada em arcaísmos, latinismos e tecnicalidades que a tornam indevassável para um leigo. Há mesmo casos em que se pode suspeitar de estarem os litigantes praticando – data venia – um vernáculo estrito, reservado aos iniciados, espécie de senha para especialistas. Não se trata de ir contra a necessidade do uso de conceitos específicos, de não reconhecer a vantagem de se empregar um termo técnico em vez de um termo impreciso, de abolir, em suma, o vocabulário especializado; trata-se, sim, de evitar o exagero das linguagens opacas, cifradas, que pedem “tradução” para a própria língua a que presumivelmente pertencem. O exemplo de Graciliano diz tudo: quando o propósito da comunicação é honesto, quando se quer clareza e objetividade no que se escreve, as palavras devem expor à luz, e não mascarar, a mensagem produzida. No caso desse honrado prefeito alagoano, a ética rigorosa do escritor e a ética irrepreensível do administrador eram a mesma ética, assentada sobre os princípios da honestidade e do respeito para com o outro. (Tarcísio Viegas, inédito) 22. (FCC/DPE-SP/Agente de Defensoria/2010) O autor do texto comenta o relatório do prefeito Graciliano Ramos para ilustrar a a) superioridade de uma linguagem técnica sobre a não especializada. www.pontodosconcursos.com.br 70 Prof. Albert Iglésia PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA b) c) d) e) necessidade comunicação. possibilidade de sanar um problema de expressão pela confissão honesta. viabilidade de uma boa administração pública afirmada em boa retórica. vantagem que leva um grande escritor sobre um simples administrador. de combinar clareza de propósito e objetividade na 23. (FCC/DPE-SP/Agente de Defensoria/2010) Atente para as seguintes afirmações: I. No 1º parágrafo, afirma-se que a administração do prefeito Graciliano Ramos foi discutível sob vários aspectos, mas seu estilo de governar revelou-se inatacável. II. No 2º parágrafo, uma estreita relação entre linguagens e ofícios é dada como inevitável, apesar de indesejável, pois os diferentes jargões correspondem a diferentes necessidades da língua. III. No 3º parágrafo, busca-se distinguir a real eficácia de uma linguagem técnica do obscurecimento de uma mensagem, provocado pelo abuso de tecnicalidades. Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em a) b) c) d) e) I. II. III. I e II. II e III. 24. (FCC/DPE-SP/Agente de Defensoria/2010) Há mesmo casos em que se pode suspeitar de estarem os litigantes praticando – data venia – um vernáculo estrito (...) Nessa passagem do texto, o autor Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 71 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA a) b) c) d) e) vale-se de uma linguagem que em si mesma ilustra o caso que está condenando. mostra-se plenamente eficaz na demonstração do que seja estilo conciso. parodia a linguagem dos leigos, quando comentam a dos especialistas. vale-se de um estilo que contradiz a prática habitual dos registros públicos. mostra-se contundente na apreciação das vantagens da retórica. 25. (FCC/DPE-SP/Agente de Defensoria/2010) Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: a) b) c) d) e) sem qualquer complacência (1º parágrafo) = destituído de intolerância. jargão misterioso (2º parágrafo) = regionalismo infuso. vazada em arcaísmos (2º parágrafo) = rompida por modismos. a que presumivelmente pertencem (3º parágrafo) = que se imagina integrarem. assentada sobre os princípios (3º parágrafo) = reprimida com base nos fundamentos. Entre a cruz e a caldeirinha “Quantas divisões tem o Papa?”, teria dito Stalin quando alguém lhe sugeriu que talvez valesse a pena ser mais tolerante com os católicos soviéticos, a fim de ganhar a simpatia de Pio XI. Efetivamente, além de um punhado de multicoloridos guardas suíços, o poder papal não é palpável. Ainda assim, como bem observa o escritor Elias Canetti, “perto da Igreja, todos os poderosos do mundo parecem diletantes”. Há estatísticas controvertidas sobre esse poder eclesiástico. Ao mesmo tempo que uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas indica que, a cada geração, cai o número de católicos no Brasil, outra, da mesma Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 72 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA instituição, revela que, para os brasileiros, a única instituição democrática que funciona é a Igreja Católica, com créditos muito superiores aos dados à classe política. Daí os sentimentos mistos que acompanharam a visita do papa Bento XVI ao Brasil. “O Brasil é estratégico para a Igreja Católica. Está sendo preparada uma Concordata entre o Vaticano e o nosso país. Nela, todo o relacionamento entre as duas formas de poder (religioso e civil) será revisado. Tudo o que depender da Igreja será feito no sentido de conseguir concessões vantajosas para o seu pastoreio, inclusive com repercussões no direito comum interno ao Brasil (pesquisas com célulastronco, por exemplo, aborto, e outras questões árduas)”, avalia o filósofo Roberto Romano. E prossegue: “Não são incomuns atos religiosos que são usados para fins políticos ou diplomáticos da Igreja. Quem olha o Cristo Redentor, no Rio, dificilmente saberá que a estátua significa a consagração do Brasil à soberania espiritual da Igreja, algo que corresponde à política eclesiástica de denúncia do laicismo, do modernismo e da democracia liberal. A educadora da USP Roseli Fischman, no artigo “Ameaça ao Estado laico”, avisa que a Concordata poderá incluir o retorno do ensino religioso às escolas públicas. “O súbito chamamento do MEC para tratar do ensino religioso tem repercussão quanto à violação de direitos, em particular de minorias religiosas e dos que têm praticado todas as formas de consciência e crença neste país, desde a República”, acredita a pesquisadora. Por sua vez, o professor de Teologia da PUC-SP Luiz Felipe Pondé responde assim àquela famosa pergunta de Stalin: “Quem precisa de divisões tendo como exército a eternidade?” (Adaptado de Carlos Haag, Pesquisa FAPESP n. 134, 2007) 26. (FCC/TR-AM/Analista Judiciário/2010) A expressão entre a cruz e a caldeirinha indica uma opção muito difícil de se fazer. Justifica-se, assim, Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 73 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA sua utilização como título de um texto que, tratando da atuação da Igreja, enfatiza a dificuldade de se considerar em separado a) b) c) d) e) a ingerência eclesiástica nas atividades comerciais e nas diplomáticas. a instância do poder espiritual e o campo das posições políticas. o crescente prestígio do ensino religioso e a decadência do ensino laico. os efetivos militares à disposição do Papa e a força do pontificado. as denúncias papais do laicismo e os valores da democracia liberal. 27. (FCC/TR-AM/Analista afirmações: I. II. Judiciário/2010) Atente para as seguintes As frases de Stalin e de Elias Canetti, citadas no 1º parágrafo, revelam critérios e posições distintas na avaliação de uma mesma questão. Na Concordata (referida no 3º parágrafo), a Igreja pretende valer-se de dispositivos constitucionais que lhe atribuem plena autonomia legislativa. III. A educadora Roseli Fischman propõe (4º parágrafo) que o ensino religioso privilegie, sob a gestão direta do MEC, minorias que professem outra fé que não a católica. Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em a) b) c) d) e) I. II. III. I e II. II e III. 28. (FCC/TR-AM/Analista Judiciário/2010) Considerado o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: a) b) o poder papal não é palpável = o Papa não dispõe de poder considerável. parecem diletantes = arvoram-se em militantes. www.pontodosconcursos.com.br 74 Prof. Albert Iglésia PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA c) d) e) com créditos muito superiores = de muito maior confiabilidade. repercussões no direito comum interno = efeitos sobre o direito canônico. denúncia do laicismo = condenação dos ateus. 29. (FCC/TR-AM/Analista Judiciário/2010) Ao se referir ao poder da Igreja, Elias Canetti e Luis Felipe Pondé a) b) c) d) e) admitem que ele vem enfraquecendo consideravelmente ao longo dos últimos anos. consideram que, na atualidade, ele só se manterá o mesmo caso seja amparado por governos fortes. afirmam que nunca ele esteve tão bem constituído quanto agora, armado da fé para se aliar aos fortes. lembram que a energia de um papado não provém da instituição eclesiástica, mas da autoridade moral do Papa. advertem que ele não depende da força militar, uma vez que se afirma historicamente como poder espiritual. 30. (FCC/TR-AM/Analista Judiciário/2010) Na frase Quem precisa de divisões tendo como exército a eternidade?, o segmento sublinhado pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido e a correção, por a) b) c) d) e) ao ter no exército sua eternidade? fazendo do exército sua eternidade? contando na eternidade com o exército? dispondo da eternidade como exército? provendo o exército assim como a eternidade? Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 75 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA 31. (FCC/Banco do Brasil/Escriturário/2011) A afirmativa INCORRETA, considerando-se o que dizem os versos, é: a) As cabras e os peixes são considerados animais benfazejos, por constituírem a base da alimentação dos moradores. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 76 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA b) c) d) e) A velhinha e o pescador oferecem seus produtos ainda bastante cedo aos moradores, recém-acordados. O silêncio que impera durante a madrugada pode ser visto como guardião do sono das pessoas aconchegadas em suas camas. O último verso deixa evidente o fato de que o pescador trazia peixes que havia acabado de pescar. A repetição da palavra orvalho acentua a sensação de frio e de umidade característicos de uma madrugada de inverno. 32. (FCC/Banco do Brasil/Escriturário/2011) O verso com lembrança das árvores ardendo remete a) b) c) d) e) ao ambiente natural existente em toda a aldeia. à queima da lenha no fogão da casa. ao costumeiro hábito de atear fogo às florestas. ao nascer do sol, que aquece as frias vidraças. à colheita de frutas, no quintal da casa. 33. (FCC/Banco seguintes: I. II. do Brasil/Escriturário/2011) Considere as afirmativas O assunto do poema reflete simplicidade de vida, coerentemente com o título. Predominam nos versos elementos descritivos da realidade. que surge e traz o calor do dia. Está correto o que consta em III. Há no poema clara oposição entre o frio silencioso da madrugada e o sol a) b) c) I, II e III. I, apenas. III, apenas. www.pontodosconcursos.com.br 77 Prof. Albert Iglésia PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA d) e) II e III, apenas. I e II, apenas. Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 78 PORTUGUÊS PARA CONSULTOR DO SENADO FEDERAL EXERCÍCIOS COMENTADOS PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Gabarito das Questões Comentadas 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. A D D B A E D C D 30. D 31. A 32. B 33. E 10. E 11. A 12. A 13. D 14. C 15. D 16. E 17. A 18. D 19. Item certo 20. Item errado 21. C 22. B 23. C 24. A 25. D 26. B 27. A 28. C 29. E Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 79
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