Astrologia Real - Oscar Quiroga

March 21, 2018 | Author: lucasaureli | Category: Year, Astrology, Calendar, Babylon, Time


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Astrologia Real Oscar Quiroga Editora Rocco Fonte Digital: Sodiler OnlineCAPÍTULO 1 De história sabemos pouco A aplicação do estudo da Astrologia como forma de desvendar o destino dos indivíduos é chamada de Astrologia Natal ou Genetlíaca. Este estudo aparentemente proveio dos egípcios e dos caldeus, mas vale ressaltar que os métodos usados por estes povos diferem muito de como a Astrologia é praticada atualmente. Há relatos de que a Astrologia teria surgido na cidade egípcia de Tebas, mas esta é uma informação duvidosa pois conhecemos o legado dos egípcios apenas por intermédio de referências indiretas. O Mito relata que Bel, o mais antigo e poderoso dos deusesrei da Babilônia,1 se desgarrou do Egito e viajou para estabelecer uma colônia nas margens do rio Eufrates, onde ergueu um templo e fundou uma comunidade de sacerdotes que cultuavam os “Senhores dos Astros”, adotando o nome de caldeus. 1 Por Babilônia se entende a cultura desenvolvida na área entre os rios Eufrates e Tigre dos primeiros assentamentos, aproximadamente no ano de 4000 a.C. Antes da constituição da Babilônia como império proeminente, aproximadamente no ano de 1850 a.C, a área era dividida em dois países em constante guerra, Suméria no sudeste e Akkádia no noroeste. Mediante referências históricas, pode-se concluir que os egípcios inventaram a Astrologia e os caldeus a transmitiram aos demais povos. A palavra Astrologia é de origem grega. Os caldeus praticavam leitura de augúrios no céu, e constituíram um império astrocrata, onde a interpretação dos movimentos celestes se convertia em leis práticas na Terra. Essas práticas estão registradas em textos originalmente escritos em linguagem cuneiforme, que datariam dos séculos XVIII ou XVII a.C. A coleção desses textos é o Enuma Anu Enlil, o registro mais antigo de práticas relativas aos astros. Não é propriamente um livro, mas uma série de tabuletas de barro consagradas ao registro da leitura de augúrios celestes. Uma compilação mais completa destes textos só viria a ser feita por volta do ano 1000 a.C., informação conhecida apenas por referência, porque na verdade as tabuletas que chegaram aos nossos dias fazem parte da biblioteca do rei Assurbanipal (VII a.C.), levando a crer que nunca tenha havido uma versão padrão do Enuma Anu Enlil. Assim sendo nem mesmo podemos considerá-lo como livro. Alguns textos são obscuros e difíceis de interpretar e outros são claras referências a acontecimentos celestes, principalmente eclipses. Quase sempre os augúrios são nefastos e assustadores, O filho de um rei que não tenha sido nomeado para reinado ocupará então o trono. o rei de Ur será traído pelo seu filho e ao filho que tiver traído o pai o Sol armará uma cilada e morrerá nos funerais do pai.. e Belat (a deusa Lua) obscurecer ao leste acima e ficar clara no lado oeste embaixo. Quando Marte se aproximar de Júpiter o rei de Akkad há de morrer e as colheitas prosperarão. o vento norte soprar e o eclipse começar na primeira observação da noite e chegar até o meio da observação da noite.indícios de que a espera do cataclisma final é uma ansiedade que persegue a humanidade desde seus primórdios. . A tabuleta número 20 do Enuma Anu Enlil traz a seguinte inscrição: Se na época de Simanu (o terceiro mês lunar do calendário caldeu) um eclipse ocorrer no dia 14. O rei de Ur contemplará a fome. Quando a Lua aparecer em sua carruagem peregrinos baterão na porta do palácio. ou um grande exército será sacrificado. (Enciclopedia Britannica) Em outra tabuleta pode ler-se o seguinte: Quando Júpiter estiver em frente de Marte chegará trigo e homens vão ser sacrificados. desta forma Belat dará uma decisão a Ur e ao rei de Ur. Quando Marte se aproximar de Júpiter haverá grande devastação no país. haverá muitas mortes.. precaver-se contra as fatalidades do destino escritas no céu com a mão de ferro dos deuses.C).Quando a Lua estiver em seu ponto mais baixo um povo estrangeiro será submetido ao rei. Naquela época. Merodach e Sarapanitum ouvirão as preces do povo e terão pena dele. Mandem um jumento a mim para que possa descansar meus pés. de alguma forma. West e Toonde) O que se depreende da leitura das tabuletas é fruto de uma prática periódica de relatar os augúrios astrológicos ao rei. a Astrologia deriva. Quando Júpiter se unir a Vênus os oráculos do país chegarão aos deuses. que os inimigos fossem vencidos e. O Enuma Anu Enlil é produto de uma rede de observadores do céu e escribas que tiveram sua época de ouro durante o reinado de Assurbanipal (VII a.C. Também a Babilônia não possui boa reputação na história moderna. bastante preconceituosa com tudo que se relacione a essa civilização. a humanidade era bem mais selvagem – matar ou morrer era algo natural. Segundo a história oficial. Muitas vezes o rei não lhes oferecia sequer um jumento para as suas andanças. que datam do século II a. principalmente. Quando Mercúrio culminar em Tammuz virão as colheitas. Na leitura das tabuletas também fica claro que o ofício de astrólogo nunca foi suficientemente bem pago. (Astrologia – História e julgamento. do Enuma Anu Enlil e também de fragmentos escritos em grego. endereçados ao rei . a quem interessava que houvesse boas colheitas. Quando Leão estiver obscuro o coração da Terra não será generoso. o que é um erro de proporções . recebiam o título de astrônomo ou “medicante” junto com o tau. Este livro também é conhecido como Tetrabiblos. O movimento teosófico é a denominação de um grupo de pessoas que se tornou mais coeso na Europa e na Índia no fim do século XIX e começo do XX. depois de passarem pelos graus de Pastophoros. apesar de documentadas. As referências teosóficas. A Apotetelemastika ou Trabalho de Astrologia é considerada a obra astrológica mais importante. astrônomo grego do século II d.C. pois nos tempos antigos astronomia era sinônimo de astrologia. Os estudantes. iniciavam-se nos signos místicos do Zodíaco numa dança circular que. os quatro livros de Ptolomeu. não são consideradas pela história oficial. pois foi a primeira a chegar completa aos nossos dias. Estudar sempre foi um assunto sério e para pessoas dedicadas. Neocoros. A palavra astrônomo é aqui utilizada propositadamente. fortemente incentivado por uma notável mulher. se tornou consenso que a Astrologia começou na Babilônia. Melanophoros. Kistophoros e Balahala (o estudo da química dos astros). Uma vez finalizada a iniciação. onde quer que eles porventura estivessem. os fazia entrar em êxtase e por isso também em sintonia com aquilo que estudavam. de Helena Blavatsky. que dedicou sua vida a viajar e compilar textos sagrados. o termo astrônomo aparece como sendo o título outorgado a quem iniciasse estudos no sétimo grau de recepção dos mistérios da escola de Tebas.Nechepso pelo sacerdote Petosiris. a cruz egípcia. Para a história oficial. por imitar o curso dos planetas. que depende de documentos pertencentes a diversos museus. Helena Petrovna Blavatsky. No Glossário teosófico. era mais prudente manter a política da Terra do que submeter-se ao contínuo mandato estelar. Quando a Astrologia chegou à já decadente Babilônia. eles se ocupavam também de assuntos do Estado e a leitura de augúrios deveria. Seria talvez correto afirmar que os caldeus associaram a aplicação da Astrologia ao momento do nascimento dos indivíduos. Essas leis eram interpretadas pelos então astrólogos caldeus. Mas todos os textos que servem de referência ao estudo da Astrologia se originam numa literatura burocrática. No entanto. que julgavam que. Evidencia-se assim que eles eram astrólogos corruptos e inventaram calendários que privilegiavam seu próprio bem-estar em detrimento da sincronia do céu com a Terra. pois a todo momento se interpretavam augúrios da forma que fosse mais conveniente aos assuntos do Estado. Magos e astrólogos eram os dois grupos que dominavam o Estado babilônico. em muitos casos.enormes. vindas diretamente do céu. que devia . auxiliar na organização de leis para criar uma sociedade com ordens rigorosas. portanto. O IMPULSO DA ASTROLOGIA É CÉU E TERRA DANÇAREM EM SINCRONIA. Os magos e os astrólogos evoluíram muito e a prática moderna em nada se parece com o que acontecia naquela época. tornou-se um instrumento de poder corrupto. no uso de cores e cheiros. evocada popularmente na cor dos signos. por pura imperícia. em vez de haver argumentos a favor ou contra determinada situação. Abusos como a prática babilônica da Astrologia Jurídica deixaram terríveis marcas na reputação do conhecimento astrológico. O ano na Babilônia era contado lunarmente. e grande parte do preconceito nutrido por mentes iluminadas em relação a esses conhecimentos deriva do preconceito babilônico. tudo era resolvido no cálculo do mapa astral e no julgamento que os aspectos dos planetas nas respectivas casas lunares emitissem. Nas questões babilônicas. Em determinado momento. o persa. Naquela época. em vez de os astrólogos o ajustarem. A contagem solar do ano é uma evolução. que é solar. Não havia possibilidade alguma de argumentar com os juízes astrólogos. estavam certos. de alguma forma. que exerciam um poder absoluto na Babilônia. para realizar seus sortilégios imaginários. A mistura de magia e astrologia que caracteriza os escritos tidos como originais em Astrologia aponta para a arte dos talismãs. conspiraram e fizeram com que o povo esperasse por um iminente fim de mundo. Os magos se especializaram na interpretação dos sonhos. pois deixa para trás as constantes defasagens lunares e instaura um padrão fixo. sua decadência. começaram a vaticinar a época negra da Babilônia. pedras e tantas outras . que media o ano solarmente e não de acordo com a Lua.buscar na sucessão de acontecimentos celestes uma ordem que organizasse o império. astrólogos e magos. O calendário babilônico ia ficando defasado e. sobre a qual. astrólogos e magos eram pessoas de caráter duvidoso. Ela seria conquistada por um império maior. diferente de nosso ano tropical moderno. com esses povos foi a intervenção cotidiana dos deuses nos assuntos do Estado. Uma “astrocracia” insofrível. Estes últimos eram os astrólogos. que é muito mais antigo. akkádios e caldeus. são os magos os que medicam contra as agressões astrais e naturais. Todos os compêndios são enganosos. prescrevendo talismãs para favorecer ou anular as forças da natureza vividamente presentes na imaginação. mas não o conhecimento da Astrologia. e também acabou. É difícil encontrar nos dias de hoje uma tradição que tenha se mantido sagrada o suficiente para transmitir a correta associação de cores. signos e pedras a todas as coisas do mundo. é aceitável dizer que a raiz da palavra Astrologia (que é grega) deriva dos caldeus influentes no tempo da Babilônia. De qualquer forma. A Babilônia era um império formado por diversos povos: sumérios. e a eles é dada a função de interpretar os sonhos e os sinais. da qual até hoje o homem moderno sabe muito pouco. . nada além de adaptações temporais aos costumes da época. Dizer caldeu era o mesmo que dizer astrólogo. O que começou. Tudo deve ser lido com muito cuidado porque há indícios de que a chave das associações mágicas e astrológicas tenha se perdido para sempre. Usamos a imaginação mas não sabemos o que ela é. A tradição bíblica prega um discurso furioso contra a Babilônia. e gera um grande e profundo preconceito contra tudo que provenha dessa civilização. tampouco com os egípcios.associações. Entretanto. A prática que caracteriza a Astrologia como o estudo e acompanhamento da relação entre os movimentos do céu e os acontecimentos na Terra definitivamente não começou com os caldeus. Há uma astrologia que vem sendo transmitida oralmente com o uso de edifícios-monumentos de tempos muito anteriores ao das culturas egípcia e babilônica. Vale ressaltar que o céu da época era também muito mais forte e claro. e contornar as fatalidades naturais. Essa é a astrologia real. pois haveria um mínimo de previsibilidade. Para os povos antigos. Para o homem moderno. tornaria a existência menos calamitosa e menos sujeita às fatalidades. no entanto. pois não havia perspectiva de luz alguma a não ser a de fogueiras isoladas. uma harmonia cíclica infalível que. mas na forma dos edifícios e monumentos. para que em comparação a eles os movimentos do céu pudessem ser claramente medidos e previstos. se organizada em um calendário. um calendário é uma coisa sem importância. contudo. com . não é textual.000 anos experimentassem o assentamento e prosperassem. um folheto na parede. atualizassem e previssem o que o céu manifestasse. A astrologia é o pleno e magnífico resultado da observação dos movimentos cíclicos do céu. ao revelar a previsibilidade tenha adquirido a reputação de ser fatalista. a expressão mais antiga de ciência de nossa humanidade. capaz de inventar calendários que registrassem. A maneira pela qual nos chega o esforço de transcrever os calendários. tendo nascido como forma de superar o império das fatalidades. Os seres humanos já observavam algo maravilhoso no céu. Com o calendário seria possível que as tribos nômades há 15. poderia organizar as atividades na Terra da melhor maneira. A criatividade da humanidade. o conhecimento transmitido por um bom calendário estabelecia a diferença entre uma existência um pouco mais previsível. É um paradoxo que a Astrologia. Sem um calendário. o calendário teria também de encontrar formas eficientes de regular e organizar todas as outras atividades cotidianas que fazem parte da existência. na época do equinócio. Vê-se claramente a serpente surgir do céu na silhueta do templo e dirigir-se para dentro da terra. algo tão simples e banal para nós. . em Stonhenge. não possuiria um método de cultivo com base no tempo. como. Emolduravam o céu em janelas megalíticas.habitação fixa. A Astrologia começa a ser praticada. por exemplo. Até os dias de hoje. instituindo a ordem das tribos assentadas em torno da disposição claramente percebida no movimento cíclico celeste e da construção de monumentos que permitissem arquitetar rituais envolvendo os astros. e a necessidade de fugir constantemente das mudanças climáticas à procura de comida e abrigo. associada à necessidade dos povos de se assentarem e cultivarem o próprio alimento. os povos antigos não teriam tido condições de subsistir. hoje e sempre. E isso se tratando apenas do mínimo que nossa humanidade precisa: o alimento. e muito menos de prosperar. ou em pirâmides e cavernas com janelas específicas. Bons edifícios seriam instrumentos eficientes. se pode ver claramente a serpente que nasce do jogo de luz e sombra que o Sol faz com o templo de Kukulcan. o que só poderia ser feito com calendários eficientes que determinassem o momento em que deveriam semear e colher. e. no México. Uma tribo sem calendário não teria como identificar o início da primavera ou do inverno. por exemplo. Mas como não só de pão vive o ser humano. calendários de pedra a denunciar uma relação harmônica entre céu e Terra a despeito de todas as contrariedades que afetam a existência humana ontem. portanto. ao revelar a concordância entre o mundo e o céu. aproveitando-se de desejos que só em sonhos poderiam materializar-se. ter começado na Babilônia. Para perpetuar o domínio sobre o povo e os reis. os . para satisfazer monarcas caprichosos. a grande dificuldade de se compreender a Astrologia com sensatez. A aliança dos astrólogos com os magos resultou na decadência do conhecimento porque em muitos momentos.Os povos antigos marcaram a importância do conhecimento astrológico através de edifícios e monumentos. Os dois povos antigos que mais prosperaram foram os egípcios e os babilônicos. os astrólogos estavam sempre presentes nestas sociedades. o lugar onde se poderia comprovar a infalibilidade dos ciclos escritos nos movimentos celestes. oferecendo aos olhos extasiados dos sacerdotes um espetáculo de rara beleza que. enquanto que em outra época o fariam por outras. o calendário é uma série de 12 fotografias de mulheres exuberantes numa parede suja. deriva do fato de. eles criavam relatórios que eram oferecidos como augúrios provindos do céu. De certa forma. Usavam a imaginação e cometiam sortilégios. e conseqüentemente. Na concepção moderna. o calendário era um edifício e uma instituição. historicamente. Portanto. Para os antigos. Adquiriram a capacidade de prosperar não mais pelos conhecimentos dos astros. causando terror. Uma arquitetura que fizesse com que em determinada época do ano o sol e a lua aparecessem por certas janelas. provia ordem e organização. sem que ela seja contrariada por crenças religiosas ou científicas. prosperidade. duas culturas que aplicavam à ordem do Estado o conhecimento do céu. mas pela política desumana. Como sabiam calcular quando aconteceriam os eclipses. apóio em gênero. esquecer o mito de que ela nasceu na Babilônia e se despir do preconceito que o mundo ocidental nutre a respeito desta civilização. Tudo provavelmente encenado com cânticos religiosos. sacerdotes caldeus instituíam rituais assustadores nos quais fingiam ter controle sobre o Sol. obscurecendo-o diante de olhos ignorantes. significa “algo que não funciona bem nos astros”. não porque deva ser considerado sob o aspecto religioso. exortando o povo escolhido a não ouvir as palavras enganosas dos astrólogos. Astrologia é um conhecimento sagrado. Surpreendentemente. Quanta charlatanice associada a um conhecimento natural! Lastimavelmente. a grande maioria dos livros de astrologia considerados originais deriva do conhecimento dos caldeus.2 A palavra des-astre. os babilônios também merecem ser tratados sem preconceito. enganar o povo era uma tarefa fácil. mas não as ameaças. e muito esforçados em manter o controle do Estado. Pessoalmente. muito pouco interessados no esclarecimento e na libertação do povo. de origem provençal. O povo e os reis os consideravam extremamente poderosos ao verem que o próprio Sol ou a Lua obscureciam sob seu comando. danças e utilizando o próprio céu como espetáculo. número e grau as críticas. o mundo ocidental parece ter preferido absorver tudo que veio da Babilônia apenas porque os vestígios deixados pelos egípcios são muito indiretos. é necessário. gritos. Para entender a astrologia real. Por mais decadentes que fossem. em primeiro lugar. mas porque atualiza em nossa . Aos caldeus e aos mágicos com certeza se dirigem as ameaças bíblicas. registro e esforço de sincronizar os acontecimentos terrenos com os ciclos celestes. Hoje sabemos que um ano dura exatamente 365 dias. Saber que horas são pode parecer algo banal. Os calendários regulam todos os ciclos com que se organizam e prosperam as nossas precárias. de forma que as defasagens decorrentes da inevitável passagem dos séculos não resultassem em um desastre2 na organização da vida na Terra. instituir um calendário que relacionasse de forma verdadeira os acontecimentos terrestres aos celestes. finalmente. que na época eram mais comumente denominados astrônomos. Sem preferências religiosas. por estar inclinada em . 15 séculos depois da primeira tentativa de Júlio César. O primeiro calendário composto de forma correta foi o do papa Gregório. com isso. 5 horas. A Terra. em 1582. 48 minutos e 54 segundos. A história da Astrologia é também a história da construção definitiva do calendário pelos astrólogos. diversos estudos foram realizados para estabelecer com precisão estes dados e. sincronia. toda alma se extasia ao contemplar o céu. Porém. Saber contar o tempo é outra conquista da humanidade. existências. que não foi bem-sucedida. porém este é o produto de longos milênios de observação. Os equinócios são os pontos de referência da contagem desse ano. ciclos e coreografias de proporções divinas. Ano é o tempo exato que a Terra leva para dar uma volta completa ao redor do Sol. e as festas religiosas pudessem ser celebradas nos dias certos.humanidade a consciência de uma ordem maior na qual as pequenas atribulações pessoais adquirem sentido. ao longo de milênios. imaginar suas dimensões e perceber sua harmonia. A história do calendário representa uma tentativa de que ele fosse composto da maneira mais precisa possível. porém criativas. todos os pedaços da Terra ficam expostos ao Sol durante o mesmo tempo. E isso como seqüência às reformas dos romanos. E essa condição vai se transferindo através de todas as regiões da Terra. Até 700 a. quando se fez a reforma do calendário gregoriano. É o momento de equilíbrio. prática muito pouco confiável devido à complexidade de sua periodicidade. A civilização egípcia parece ter sido a primeira a se aproximar de um calendário correto. resolvendo problemas de falta de exatidão muito antes da cultura moderna. Nem sempre o equinócio foi a referência para se contar o ano. Uma parte do planeta se encontra no verão.C. 48 minutos e 54 segundos é uma precisão difícil. A maioria dos povos antigos media o tempo de acordo com a Lua. o ano começava no solstício de junho. com menos sol. geralmente expõe ao Sol um de seus hemisférios de forma mais intensa. No equinócio. na época da plenitude.relação à sua órbita. enquanto que a outra se encontra no inverno. que só conseguiu fazêlo no ano de 1582. que muito se esforçaram para superar a defasagem. 5 horas. Para os povos antigos. ficando mais tempo ao sol. conforme ela vai orbitando. 365 5 48 54 dias horas minutos segundos Trezentos e sessenta e cinco dias. que tem como base de referência o Sol. o ano .. Mas os astrônomos de Júlio César tampouco mediram bem o ano. os egípcios. acumulada por causa do erro de medição romano.romano durava 304 dias.. Quando Júlio César promoveu. janeiro e fevereiro simplesmente não existiam.. Até hoje é conhecido como o “Ano da Confusão”. Em 700 a. Com base no último mês deste calendário. já conheciam o calendário de forma quase correta. Júlio César criou dois novos meses. de alguma forma. associada. É do calendário juliano que provém a tradição de considerar-se o início do calendário no dia 1º de janeiro. Fizeram-no com mestria e se aproximaram da realidade.C. ao deus Sol. cultos a Mitra. o ano romano havia ficado defasado 80 dias em relação à observação real dos acontecimentos celestes.C. Ao ano 45 a. com o fato de próximo ao final de dezembro ainda se realizarem festas de fim de ano. 4000 anos antes. em 45 a. os astrólogos do papa Gregório teriam de cortar 10 dias do calendário para eliminar a defasagem. e também as saturnais – uma espécie de carnaval da época. fato que não corresponde a nenhum movimento celeste.C. a reforma que deu origem ao calendário juliano. . Como havia uma lacuna no calendário romano que ia de dezembro aos idos de março. Quinze séculos depois. Começando novamente nas calendas marciais (mês de março). foram agregados 80 dias. em 1582. É interessante notar que enquanto os romanos só se aproximaram da exatidão perto do início da Era Cristã. Esta foi apenas uma decisão política. causando uma grande dificuldade na coordenação do processo de agricultura e também na coleta de impostos. ainda bem distante da realidade. nosso dezembro remete à idéia do número dez. divididos em dez meses. mas erraram por 11 minutos e 14 segundos. totalizando 445. a duração do ano romano foi alterada para 355 dias. considerada hoje em dia como antiga. Há 6. pois fazia muito pouco tempo que os glaciares tinham se retraído. Os humanos. período hoje conhecido como Era Neolítica. até então acostumados a viver da caça e da coleta. Demorou de 2. Nephtys e Set. Há 10. Nada poderia ter crescido ou se desenvolvido a longo prazo no Egito sem o conhecimento dos ciclos e dos bons calendários. aos olhos do homem ocidental. Vale lembrar que. mas sabiam que o deus Thot tinha feito uma correção no céu agregando mais 5 dias. Horus. nem mesmo o Saara era um deserto. A região era uma enorme savana com vida animal e vegetal. também possuía suas referências ancestrais. pois na mesma época em que seus ancestrais viviam em cavernas.Não é de se admirar o poderio e a exaltação que maravilhou os romanos quando tentaram conquistar o Egito. lunares e em torno da estrela Sirius. que atribuiu a 5 deuses: Osíris. onde passaram a depender dos ciclos de cheias e vazantes desse rio (ao qual chamavam de mar) para que o cultivo e a colheita pudessem ser feitos na hora certa. os egípcios já tinham um Império que organizava as diversas atividades da cultura de acordo com os ciclos solares. se viram obrigados a retirar-se para o vale do Nilo. Aquela época. da constelação do Cão Maior.000 anos. parece evidente e banal que o ano dure 365 dias. mas naquela época esta conclusão demonstrava um talento aperfeiçoado pela observação e experimentação ao longo de séculos.000 a 3.000 anos para que a savana se transformasse em deserto.000 anos os egípcios outorgavam 360 dias ao ano. . Ísis. um lugar onde a sobrevivência era bem mais fácil. e como descobriram a importância de fazê-lo? Vale ressaltar a imensa criatividade deste povo.500 anos para se converterem numa nação poderosa. Como os egípcios fizeram para elaborar calendário tão acurado. dividido em 12. demonstrando ser a lunar a maneira mais antiga de se medir o ano. cuja boa leitura permitiria sincronizar as atividades na Terra com seus movimentos. Suspeita-se de que a .C. Esses egípcios. De qualquer forma. cuja realeza ostentava um profundo conhecimento dos acontecimentos celestes. é muito menos acurado que o solar. a partir dele. em vez de contar o ano pela Lua. até a palavra mês parece ter raízes na palavra Lua.Os primeiros egípcios a se assentar e depender do cultivo datam de 9. é a primeira data da qual se tem noção histórica por meio de inscrições hieroglíficas nas pirâmides. Isso só pode. As pirâmides foram construídas por volta de 4230 a. ergueram a religião-estado. demoraram apenas 2. possuidora do conhecimento dos ciclos. aparentemente primitivos. o fizeram por intermédio do Sol. contrariando todas as outras civilizações. sem misticismo algum. que era muito pouco confiável.C.000 anos atrás. ser atribuído ao conhecimento dos ciclos celestes. O ano lunar. Os egípcios. Esses hieroglifos servem inclusive para analisar com maior cuidado todas as outras datas das quais se tem conhecimento. O ano 4241 a. Três mil anos é realmente muito pouco tempo para se evoluir de tribo rupestre a império poderoso. que inventava deuses novos toda vez que precisava ajustar o cálculo do ano. Instauraram o Império do Sol e. que se divide em 13 meses. O dogma substituiu a realidade cósmica e tanto os sacerdotes egípcios quanto os católicos consideraram seu conhecimento ancestral sagrado demais para ser tocado ou modificado. medida bem sensata e condizente com a realidade. considerados imperfeitos pelo culto solar. ele foi perseguido pela Santa Inquisição. que continuamente precisava de ajustes. . há vestígios do esforço de um grupo de sacerdotes para agregar um dia a cada quatro anos. trazendo conseqüências bastante sérias. se não forem levadas em conta. ao longo dos séculos. que. os egípcios instituíram o culto a Osíris. O Sol tornou-se a medida real.000 anos após a construção das pirâmides. Porém. desvinculada da perfeita correlação entre os acontecimentos terrestres e os celestes. as instituições religiosas egípcias nessa época eram muito conservadoras.superstição do 13 ser um número maligno derive da sua associação aos cultos lunares. a contagem do tempo fique defasada. Porém. Para superar o erro da pouco prática medição lunar. o ano solar não mede exatos 365 dias. e essas correções nunca foram feitas. o deus Sol. pois ameaçariam não só uma ordem universal como também a política. há aproximadamente 6 horas a mais que. teria apenas a tradição e a palavra defendida dogmaticamente para sustentar sua veracidade. A rejeição da reforma contribuiu para a decadência do império. Na época. Aproximadamente 2. de modo a equilibrar o calendário. Há registros de egípcios esclarecidos que conseguiram entender a necessidade de aprimorar a medição do calendário. farão com que. O mesmo aconteceu com o apelo do estudioso Roger Bacon ao papa Clemente para que a Igreja Católica consertasse o calendário. Recentemente os jornais noticiaram que uma antropóloga francesa descobriu nas inscrições rupestres das cavernas de Lascaux e Monte Bego.A civilização egípcia se guiou por um calendário que. O fato de há 15 mil anos os seres humanos se importarem com o céu representa um avanço razoável. assim como marca os primórdios do que futuramente seria chamado de Astrologia. que determinou que deveria ser agregado um dia a cada quatro anos. As pedras alinhadas marcam a época dos solstícios e equinócios. A Europa evoluiu mais lentamente. nem mesmo aos egípcios pode ser atribuída a origem do conhecimento astrológico. por decreto de Júlio César. apesar de muito mais acurado que os das demais civilizações. revela uma complexidade que contrasta com a imagem primitiva. tudo isso significa um impulso muito grande de raciocínio que. que sabe como calcular com precisão quando o ano começa e quando será a época propícia ao cultivo ou à colheita. Astronomia e de ciências dedicadas à cura e à construção de edifícios. associar as necessidades terrestres com os movimentos celestes. As tribos que desenvolveram tal conhecimento . na Inglaterra. oferecem provas mais recentes. No entanto. e mesmo assim. na França. mesmo primitivo. retratos fiéis do céu daquela época. Falha que só foi corrigida. de forma não muito exata. As construções megalíticas de Stonhenge. e apesar de todas as suas fabulosas invenções. na época de seu declínio. Compreender ciclos e recorrências. assim como também dos eclipses. e intuir um significado. se constitui como um claro sinal de avanço na medição de tempo. Um povo teoricamente pouco desenvolvido. era ainda falho. ainda que superada pelo poder subjetivo. De qualquer maneira. o sucesso dependia absolutamente da força física. de alguma forma. pois dava resultados a longo prazo. com a maior exatidão possível. Essa submissão. em todos os estágios da existência. O primórdio da Astrologia é exatamente esse: conseguir. em questão de oito mil anos a humanidade avançou de um ponto primitivo e nômade até a sofisticada civilização egípcia. capaz de construir pirâmides. resistiria ao grande poder da força física. Enquanto parte da humanidade insistia na força bruta como o melhor método de dominar as presas e também os inimigos. nenhum sacerdote ou autoridade semelhante. porque com certeza também não seriam todas as pessoas que se importariam com coisas tão subjetivas quanto olhar para o céu e fazer complicados cálculos apenas para saber quando começaria o ano e quando seria a época propícia para as mais diversas realizações. . Não há por que duvidar de que esse conhecimento tenha feito alguns seres superiores a outros. diferente da força física. estabelecer. por mais iluminado que fosse. florescia o conhecimento astrológico entre alguns membros das tribos.obtiveram grande vantagem sobre todas as outras porque souberam antecipar os problemas e aproveitar as facilidades. O fato é que. da capacidade de caçar. de saber onde estava a caça e de ser esperto o suficiente para manter o status de caçador sem transformar-se em presa. sintetizando nelas um conhecimento de medição do tempo que surpreende até os dias de hoje. até hoje aterroriza as pessoas. Naquela época. que provia com um poder abstrato. a função de cada época do ano e organizar de maneira harmônica todas as atividades que fazem parte da existência humana. dado que ela existe como tentativa de sincronizar os momentos existenciais com os acontecimentos celestes. fornecem pistas sobre como o conhecimento astrológico evoluiu ao longo dos tempos e se manteve presente em todas as culturas que possuíam calendário. a cultura maia também elaborou calendários tão bons quanto os dos egípcios. sua prática é a tentativa inteligente de coordenar os fatos existenciais e celestes .Aparentemente sem ter tido contato com os egípcios ou caldeus. em que realizavam rituais para que passassem o mais rapidamente possível. e atenuar a sensação de desastre iminente tão comum nos seres humanos. Os cinco dias agregados ao calendário para torná-lo solar. sem nos darmos conta de que ela também é a natural seqüência de todas as manifestações que caracterizam a existência. É importante continuar procurando no céu pistas que ajudem a medir os complexos ciclos com que se constrói aquilo que humanamente chamamos de destino. para os maias eram dias de azar. Tomamos a palavra destino apenas como expressão da fatalidade. que se transforma na mesma medida em que se modifica a cultura humana. mesmo que ainda não saibamos exatamente o que isso significa. A Astrologia não é um compêndio de fatalidades. Suas principais funções são participar da harmonia cósmica. e que eram atribuídos aos deuses no Egito. A Astrologia real é um conhecimento inacabado. gerando prosperidade. sempre revelando muito mais o que desconhecemos da vida que aquilo que sabemos dela. mudando apenas a forma mitológica de explicá-los. e em grande parte desconhecidos. Todos estes fatos confusos. a saúde. que não são diretamente astrológicos. muito conhecido por seu teorema geométrico e sua contribuição à música. Até cem anos atrás. Quando e como a humanidade começou a compreender que os acontecimentos terrestres seriam mais regulares se concordassem com os misteriosos movimentos das luzes noturnas? A necessidade é a mãe do destino. mas do tipo que se importava em encontrar a melhor maneira de atingir a beleza. aproximadamente. poucos são os lugares . Esse é o encanto e a magia da humanidade – sempre vai além daquilo que começa como mera satisfação de necessidade. colocando-a em sintonia com o mundo aparentemente reservado apenas aos deuses. A comunicação e o advento da Internet são excelentes exemplos. o resultado se afasta da mera satisfação da necessidade para converter-se em algo que adquire vida própria. se depreende uma aplicação da astrologia aos acontecimentos mundanos como meio de elevar a consciência acima das tolices cotidianas. mas que tratam de assuntos como a “música das esferas” (termo cunhado por ele). porque não havia meios de comunicação que chegassem até elas. a harmonia e a perfeição durante a mísera passagem pela existência humana.. Pitágoras. muitas regiões do planeta eram virtualmente inalcançáveis. pensador grego que viveu entre 550 e 450 a. Tudo começa com a necessidade e também. Hoje. Tudo teve início com a verdadeira necessidade de comunicar-se e de criar formas de facilitar o intercâmbio de informações e riquezas. De seus ensinamentos.C.para que haja maior harmonia em tudo. como sempre. O mundo das esferas planetárias. também foi astrólogo. determinando a escala de harmonia que é utilizada até hoje. não nos moldes dos caldeus. pode ser desagradável. que pretenderia viver no lugar em que se encontra até o fim dos tempos. no entanto. ao mesmo tempo. ao qual ela tem acesso livre e irrestrito. a curiosidade e a vontade de conhecer levam a humanidade para além de si mesma. porque nos obriga a evoluir muito além daquilo que gostaríamos. a humanidade evolui vítima daquilo a que ela mesma se dedica ansiosamente a conhecer e acompanhar. Mas. O resultado deste invento.que não podem ser explorados. E nossa humanidade criou a Internet colocando ao alcance de todos o poder de comunicar-se imediatamente com qualquer lugar do mundo. dado que há algo na alma de todos que se acomoda. no entanto. O conhecimento é um direito merecido pela humanidade. inventando coisas que no princípio parecem não ter uma utilidade certa. foi algo muito maior do que aquilo que estava sendo procurado. O resultado do conhecimento. Assim. . e agora a humanidade levará muitos anos para descobrir o que fará com essa invenção. mas que inevitavelmente a fazem evoluir. Seus comentários pessoais sobre a história da humanidade. .
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