UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIROCentro de Ciências Humanas e Sociais – CCHS Pedagogia Para Os Anos Iniciais Do Ensino Fundamental PAIEF/UNIRIO/CEDERJ Posto Santa Maria Madalena MARIA EDILSA DE SOUZA SILVA AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO SANTA MARIA MADALENA 2008 MARIA EDILSA DE SOUZA SILVA AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO Trabalho apresentado ao curso de Pedagogia Para Os Anos Iniciais Do Ensino Fundamental PAIEF/UNIRIO/CEDERJ, Projeto Monográfico em Educação e Tecnologia sob a orientação do Prof. Ms. Edno Gonçalves Siqueira. Projeto de Monografia apresentado ao programa de Graduação em Pedagogia Para Os Anos Iniciais Do Ensino Fundamental - PAIEF/CEDERJ - da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UNIRIO, como requisito parcial para obtenção do Grau de Licenciado, na área de concentração em Educação e Tecnologia. Orientador: Prof. Ms. Edno Gonçalves Siqueira. 2 SANTA MARIA MADALENA 2008 MARIA EDILSA DE SOUZA SILVA AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO Projeto de Monografia apresentado ao programa de Graduação em Pedagogia Para os Anos Iniciais Do Ensino Fundamental –PAIEF/CEDERJ – da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UNIRIO, como requisito parcial para obtenção do Grau de Licenciado, na área de concentração em Educação e Tecnologia. Aprovado em ____ de ___________ de 2008. COMISSÃO EXAMINADORA ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ Prof. Ms. Edno Gonçalves Gonçalves Siqueira. Orientador 3 A Deus "Que nos deu o dom da vida, nos presenteou com a liberdade, nos abençoou com a inteligência, nos deu a graça de lutarmos. Para a conquista de nossas 4 realizações, cabe o louvor e a glória. A nós só cabe agradecer. (Rui Barbosa) AGRADECIMENTOS Aos meus Pais, em memória: “A vocês, que me deram a vida e me ensinaram a vivê-la com dignidade. Iluminaram meus caminhos com afeto e dedicação para que caminhasse sem medo e cheio de esperanças. Doaram-se inteiros e renunciaram aos seus sonhos para que, muitas vezes pudesse realizar os meus, não bastaria um muitíssimo obrigado.” Aos professores do CEDERJ/UNIRIO, e ao Orientador Edno Siqueira e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento e conhecimento pessoal: "Hoje nossos caminhos se partem, para que possamos andar sozinhos, na certeza de que todas as estradas se unem em um ponto comum, onde nos encontraremos para falar da vida, das lágrimas, das alegrias, das conquistas e dos fracassos, e é claro, dos sonhos que ainda ousaremos realizar!" Obrigada por tudo! 5 "Não me preocupa que não exerça um cargo, o que me preocupa é como me tornar capaz de um. Não me preocupa 6 o não ser conhecido, mas procuro tornar-me digno de ser conhecido. " RESUMO A verdadeira função do aparato educacional não deve ser a de ensinar, mas sim a de criar condições de aprendizagem. A história da inserção da informática na sociedade e na educação foi influenciada por interesses políticos e econômicos. Estudos recentes na área de Inclusão Digital enfatizam o fato de que a inclusão envolve basicamente três componentes: acesso à tecnologia digital, capacidade de manejar essa tecnologia e capacidade de integrar essa tecnologia no cotidiano. As tecnologias de informação e comunicação na educação correspondem a descoberta de uma nova pedagogia. A sua integração ao processo educacional depende da atuação do professor e para que seus alunos sejam efetivamente incluídos digitalmente é necessária uma educação de qualidade que contribua para o seu desenvolvimento e melhoria de vida. Palavras-chave: Inclusão, Educação e Socialização. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.......................................................................................................................09 CAPÍTULO I Tecnologia da Informação e Comunicação...........................................................................11 CAPÍTULO II A utilização da tecnologia e o papel do professor................................................................16 CAPÍTULO III Políticas Públicas de inclusão digital.....................................................................................21 CAPÍTULO IV Inclusão Digital e socialização................................................................................................26 CAPÍTULO V Inclusão Digital nas escolas de Santa Maria Madalena.......................................................30 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................33 REFERÊNCIAS......................................................................................................................36 8 INTRODUÇÃO Inclusão Digital é o processo pelo qual as pessoas obtêm acesso à tecnologia digital e se capacitam para utilizá-la de modo a promover seus interesses e desenvolver competências que resultem na melhoria da qualidade de suas vida. A história da inserção da informática na sociedade e na educação, no mundo e no Brasil, foi decisivamente influenciada por interesses políticos e econômicos. No início, a computação era tida como um mecanismo que tornava possível automatizar determinadas tarefas em grandes empresas e nos meios governamentais. Com o avanço tecnológico e a evolução das telecomunicações, aos poucos, os computadores passaram a transmitir Informação. Daí a necessidade da inclusão digital como: instrumento de transmissão de informação e troca de conhecimentos. Estudos recentes na área de Inclusão Digital têm enfatizado o fato de que a Inclusão Digital envolve basicamente três componentes: acesso à tecnologia digital, capacidade de manejar essa tecnologia do ponto de vista técnico e capacidade de integrar essa tecnologia nos afazeres diários. Isso significa que a velha visão da Inclusão Digital, segundo a qual, para promovê-la, bastava dar aos digitalmente excluídos acesso à tecnologia, fornecendo-lhes computadores, software e conexão com a Internet, não é mais adequada. Também não basta complementar o acesso com treinamento técnico em Windows, Office e Internet para que as pessoas aprendam a manejar tecnicamente a tecnologia. Esses dois componentes: acesso e manejo técnico da tecnologia são condições necessárias para a Inclusão Digital, mas nem mesmo conjuntamente se tornam condições suficientes. Para que as pessoas não sejam excluídas dos benefícios da tecnologia digital, é preciso, além desses dois componentes, que elas adquiram a capacidade de efetivamente integrar a tecnologia em sua vida e em seus afazeres diários, de modo a desenvolver competências que resultem na melhoria da qualidade de sua vida. 9 Numa sociedade como a brasileira, em que grande parte da população em idade escolar está, hoje, pelo que consta e em princípio, na escola, é de esperar que a Inclusão Digital se faça predominantemente dentro da escola e através da escola. E para que os alunos sejam efetivamente incluídos digitalmente é necessária uma educação de qualidade - que contribua para o seu desenvolvimento humano - em escolas bem equipadas com tecnologia, em que o desafio não será aprender a usar a tecnologia, mas usar a tecnologia para aprender, e, assim, para se desenvolver como ser humano e viver uma vida de qualidade. 10 Capítulo I Tecnologia da Informação e Comunicação A Tecnologia da Informação e Comunicação pode ser definida como um conjunto de todas as atividades e soluções providas por recursos tecnológicos. Na verdade, as aplicações para TIC são tantas que existem várias definições e nenhuma consegue determiná-la por completo. Um dos recursos tecnológicos que precisa encontrar um espaço mais produtivo na Educação é o computador. Maria Elizabeth Bianconcini Almeida (1998), assim questiona: O computador pode ser um transmissor de informações muito mais eficiente do que o professor. Cabe ao professor assumir a mediação das interações professor-aluno de modo que o aluno possa construir o seu conhecimento em um ambiente desafiador, em que o computador auxilia o professor a promover o desenvolvimento da autonomia, da criatividade, da criticidade e da auto-estima do aluno (ALMEIDA, 1998, p. 66). A história da inserção da informática na sociedade e na educação, no mundo e no Brasil, foi decisivamente influenciada por interesses políticos e econômicos. Em seu início, a computação era tida como um mecanismo que tornava possível automatizar determinadas tarefas em grandes empresas e nos meios governamentais. Com o avanço tecnológico, as "máquinas gigantes" começaram a perder espaço para equipamentos cada vez menores e mais poderosos. A evolução das telecomunicações permitiu que, aos poucos, os computadores passassem a se comunicar. Como conseqüência, tais máquinas deixaram de simplesmente automatizar tarefas e passaram a lidar com Informação. As TIC na educação correspondem a descoberta de uma nova pedagogia. Uma pedagogia ativa que atenda as necessidades e anseios de uma sociedade que tem a comunicação como processo mediador da educação. Esses processos configuram-se por uma alfabetização áudio-visual, coletiva e interativa que de certa forma desestabilizam os processos de organização tradicionais de ensino. A utilização das TIC com ênfase na aprendizagem volta-se para o desenvolvimento das habilidades, expectativas, interesses, 11 potencialidades e condição de aprender; todas essenciais ao processo educativo autônomo. Os alunos são estimulados a se expressarem pelas suas próprias idéias, a desenvolver a autonomia e a capacidade de se sociabilizar e construir conhecimento, o que exige um novo papel do professor. Aos poucos, os computadores se incorporam ao dia-a-dia das escolas, convidando os professores a repensar suas práticas. Há uma década, computador em escola brasileira era privilégio de elite. Seu uso praticamente se restringia a processar textos e a internet era novidade absoluta. Hoje esses recursos são os mais básicos de uma enorme gama de opções. As escolas públicas com laboratório de informática ainda são poucas, segundo o Ministério da Educação. Mais cedo ou mais tarde, contudo, eles estarão em toda a rede de ensino. Fazer parte dos novos tempos não depende apenas de equipamentos modernos. A interação que eles permitem pede uma revisão dos métodos tradicionais de ensino. O professor Adilson Cabral, doutorando em Comunicação Social e estudioso do tema, considera até impreciso utilizar o termo inclusão digital atualmente, porque não mostra à sociedade o contexto social envolvido na questão. “Preferimos a idéia de apropriação social das tecnologias de informação e comunicação (TIC), cuja relação direta é a tomada de consciência e cidadania nas comunidades”, explica. Ele critica a atuação de muitos laboratórios públicos de informática, alguns chamados de “telecentros”, porque muitas vezes os próprios organizadores não têm noção de objetivos e propósitos na hora de ensinar pessoas a usar o computador. “Não adianta apenas oferecer acesso à internet e editor de textos. A gente precisa transformar a perspectiva de vida das pessoas, buscar soluções práticas que melhorem a vida desses novos usuários”, sugere Cabral. Em muitas escolas, os computadores ficam durante a maior parte do tempo, confinados a salas que só se abrem para aulas de informática, sem se incorporar ao projeto pedagógico. A integração das TIC ao processo educacional depende da atuação do professor. Para Tedesco (2004); a incorporação das novas tecnologias à educação deveria ser considerada como parte de uma estratégia global de política educativa” e, nesse sentido, destaca que “as estratégias devem considerar, de forma prioritária, os professores”, considerando que “as novas tecnologias modificam significativamente o papel do professor no processo de aprendizagem e as pesquisas disponíveis não indicam caminhos claros para enfrentar o desafio da formação e do desempenho docente nesse novo contexto (TEDESCO, 2004, p. 11). 12 Hoje, muitas escolas públicas e privadas já estão equipadas com televisão, videocassete, DVD, antena parabólica, computadores conectados à internet etc. Isso, porém, não é o suficiente. Os equipamentos só terão seu real valor quando forem incorporados, conscientemente, às práticas pedagógicas da escola. Como nos diz os PCN: Entretanto, o fato de que imagens e informações estão disponíveis, ao mesmo tempo, em praticamente todos os lugares do planeta, por intermédio dos meios eletrônicos de comunicação não significa necessariamente que esteja ocorrendo um processo de democratização do acesso às informações, e muito menos que os cidadãos contemporâneos tenham conhecimento crítico do mundo em que vivem. Basicamente o que mudou nos últimos anos, com o desenvolvimento tecnológico, foi a possibilidade de comunicar as informações globalmente, com maior velocidade e em diferentes formatos (BRASIL. MEC. PCN, 1998, p. 136). Com toda a evolução tecnológica dos nossos dias, não podemos perder de vista que em nosso país ainda há uma enorme distância entre as pessoas que dominam a tecnologia, as que são apenas consumidoras e as que não têm condições nem de consumir, pois não têm acesso às TIC. Ter informação não significa ter conhecimento. “Se, por um lado, o conhecimento depende de informação, por outro, a informação por si só não produz novas formas de representação e compreensão da realidade” (BRASIL. MEC. PCN, 1998). Apesar da existência de recursos tecnológicos nas escolas, esses têm sido pouco explorados pedagogicamente, tanto pela ausência ou inconstância de processos permanentes de capacitação, quanto pela resistência à inovação por parte de muitos professores que, ao temerem o “novo”, preferem manter as tradicionais formas de ensino centradas na transmissão de conteúdos. Os gestores da escola, por sua vez, tampouco conhecem as tecnologias e seu potencial de apoio às atividades pedagógicas. Há pouco tempo os educadores do Brasil têm usado os meios tecnológicos em sala de aula. Através da mesma observa-se que dinamiza, motiva e conduz o aluno a descobertas dependo do uso e quais são os parâmetros que quer alcançar. As aulas tradicionalistas muito pouco se apropriam dos recursos que as TIC propiciam como elemento renovador das mídias no processo ensino-aprendizagem. Não é a salvação da educação, contudo tem contribuído para uma melhor socialização do direito de estudar e aprender com mais atratividade e interação. A sua incorporação na educação só se justifica se colaborar para a melhoria da qualidade do ensino. Os PCN nos ajudam a refletir sobre o assunto: 13 A tecnologia deve servir para enriquecer o ambiente educacional, propiciando a construção de conhecimentos por meio de uma atuação ativa, crítica e criativa por parte de alunos e professores (BRASIL. MEC. PCN, 1998). A incorporação das TIC na escola vem se concretizando com maior freqüência nas situações em que diretores e comunidade escolar se envolvem nas atividades como sujeitos do trabalho em realização, uma vez que o sucesso desta incorporação está diretamente relacionado com a mobilização de todo o pessoal escolar, cujo apoio e compromisso para com as mudanças envolvidas nesse processo não se limitam ao âmbito estritamente pedagógico da sala de aula, mas se estendem aos diferentes aspectos envolvidos com a gestão do espaço e do tempo escolar, com a esfera administrativa e pedagógica. Daí a importância da formação de todos os profissionais que atuam na escola, fortalecendo o papel da direção na gestão das TIC e na busca de condições para o seu uso no processo de ensino e de aprendizagem. À medida que marcam presença na sociedade, as tecnologias afetam valores, identidades, formas de trabalho, de pensar e de sentir. Essa idéia é compartilhada por Moran (1998), que destaca a presença de mudanças também em vários conceitos, como os de espaço, tempo, real e virtual, tradicional e inovador. De nada adianta possuir computadores de última geração e programas moderníssimos, se não souber como utilizá-los. Antes de questionar a freqüente evolução dos recursos tecnológicos e a incapacidade para acompanhar tal evolução, é necessário saber claramente o que se pretende fazer. O importante é ressaltar que, introduzir computadores ou qualquer outro recurso tecnológico nas experiências de aprendizagem dos alunos não resulta, automaticamente, na melhoria da aprendizagem. É necessário que os professores adquiram compreensão das relações entre Informática e sociedade, além de uma visão crítica dos diferentes usos do computador na Educação. A tecnologia deve ser usada de forma a não dispersar a atenção do aluno, mas buscar sua participação ativa na construção de seu conhecimento, facilitando a interação deste com o conteúdo trabalhado. Como diz Moran (1998): “O conhecimento se torna mais produtivo se o integrarmos em uma visão ética pessoal, transformando-o em sabedoria, em saber pensar para agir melhor” (MORAN 1998, p. 153). Tecnologias na escola envolvem não somente a garantia da presença dos meios em sala de aula, como, principalmente, sua integração nos processos curriculares. 14 É preciso desenvolver habilidades que propiciem a utilização da tecnologia para busca, seleção, análise e articulação entre informações e, dessa forma, construir e reconstruir o conhecimento, utilizando-se de meios disponíveis, em especial do computador. A TIC é algo cada vez mais comum no dia-a-dia das pessoas e tudo gira em torno da informação. Portanto, é preciso que o professor compreenda as transformações que estão ocorrendo no mundo e a necessidade de a escola acompanhar este processo. As tecnologias da comunicação, além de serem veículos de informações, possibilitam novas formas de ordenação da experiência humana, com múltiplos reflexos, particularmente na cognição e na atuação humana sobre os meios e sobre si mesmo. A utilização de produtos do mercado da informação – revistas, jornais, livros, CDROM, programas de rádio e televisão, homepages, sites, correio eletrônico – além de possibilitar novas formas de comunicação, gera novas formas de produzir o conhecimento (BRASIL. MEC. PCN, 1998, p. 136). A perspectiva das TIC é para que as múltiplas linguagens, em suas múltiplas vozes, amplifiquem os espaços educativos, constituindo um universo em constante processo de interação e transformação social. A ação comunicativa dessa nova pedagogia, dialética e interativa, favorecida e potencializada pelas redes telemáticas, orienta-se numa perspectiva de desenvolvimento da capacidade crítico-reflexiva do homem, numa interação social que atenda as necessidades emergentes da sociedade e que de certa forma proponha ações mais justas e democráticas. Desta forma, preocupam-se os educadores, as TIC na educação devem ser orientadas de forma cuidadosa a fim de reforçar a humanização do homem. 15 Capítulo II A utilização da tecnologia e o papel do professor A introdução do computador na educação tem provocado uma verdadeira revolução na concepção de ensino e de aprendizagem. Primeiro, os computadores podem ser usados para ensinar. A quantidade de programas educacionais e as diferentes modalidades de uso do computador mostram que esta tecnologia pode ser bastante útil no processo de ensinoaprendizagem. A sua introdução na educação não implica necessariamente novas práticas pedagógicas, pois podemos com ela apenas utilizar o método antigo disfarçado de novo, como seria o caso dos livros eletrônicos, tutoriais multimídia e cursos a distância disponíveis na Internet, que não incorporam nada de novo no que se refere à concepção do processo de ensino-aprendizagem. Acreditar, entretanto, que novas práticas pedagógicas implicam o uso de novas tecnologias, confiando à tecnologia educacional a renovação da educação, seria uma visão extremamente tecnicista do processo educativo. Para Dillon (1996), acreditar que qualquer nova tecnologia nos oferece os meios de resolver nossos problemas educacionais é fazer parte da nova tecnocracia. Segundo ele, essa nova tecnocracia não é muito diferente da velha tecnocracia das máquinas de ensinar de Skinner, mesmo que admitamos avanços teóricos de lá para cá. A utilização dos meios tecnológicos pode contribuir para novas práticas pedagógicas desde que seja baseado em novas concepções de conhecimento, de aluno, de professor, transformando uma série de elementos que compõem o processo de ensinoaprendizagem. As novas modalidades de uso do computador na educação apontam para uma nova direção: o uso desta tecnologia não como "máquina de ensinar", mas como uma nova mídia educacional: o computador passa a ser uma ferramenta educacional, uma ferramenta de complementação, de aperfeiçoamento e de possível mudança na qualidade do ensino. Hoje, vivemos num mundo dominado pela informação e por processos que ocorrem de maneira 16 muito rápida e imperceptível. Os fatos e alguns processos específicos que a escola ensina rapidamente se tornam obsoletos e inúteis. Portanto, ao invés de memorizar informação, os estudantes devem ser ensinados a buscar e a usar a informação. Estas mudanças podem ser introduzidas com a presença do computador que deve propiciar as condições para os estudantes exercitarem a capacidade de procurar e selecionar informação, resolver problemas e aprender. A verdadeira função do aparato educacional não deve ser a de ensinar, mas sim a de criar condições de aprendizagem. Isto significa que o professor deve ser o criador de ambientes de aprendizagem e o facilitador do processo de desenvolvimento intelectual do aluno. As novas tendências de uso do computador na educação mostram que ele pode ser um importante aliado neste processo. E sempre atento quanto a inserção da tecnologia da informação e comunicação na sociedade. Compete a ele buscar novos saberes científicos e tecnológicos. E para mudar a forma de ensinar, deve priorizar o investimento na formação continuada, buscando capacitar-se no uso do computador com aplicação na aprendizagem. É importante diversificar as formas de dar aula, de realizar atividades, de avaliar. O professor tem várias opções metodológicas, possibilidades de organizar sua comunicação com seus alunos, de introduzir um tema, de trabalhar de maneira presencial e virtualmente. Cada professor pode encontrar sua forma mais adequada de integrar as várias tecnologias e procedimentos metodológicos. É importante que cada docente encontre o que lhe ajuda a sentir-se bem, a comunicar-se bem, ensinar bem, ajudar os alunos a que aprendam melhor. Programas de processamento de texto, planilhas, manipulação de banco de dados, construção e transformação de gráficos, sistemas de autoria, calculadores numéricos, são aplicativos extremamente úteis tanto ao aluno quanto ao professor. Talvez estas ferramentas constituam uma das maiores fontes de mudança do ensino e do processo de manipular informação. A internet traz um potencial inovador que permite superar as paredes da sala de aula, com a troca de idéias com alunos de outras cidades e países, intercâmbio entre os educadores, pesquisa on-line em bancos de dados, assinatura de revistas eletrônicas e o compartilhamento de experiências em comum. Este novo ambiente de aprendizagem, que não reside mais apenas na escola, mas também nos lares e nas empresas, traz novos desafios para os educadores, mais do que nunca, chamados a serem facilitadores e motivadores. No entanto, a escola tem-se mostrado resistente a mudanças, mesmo quando tenta incorporar meios inovadores. Em muitos casos, 17 A presença nas escolas de equipamentos de vídeo ou informática obedece mais ao interesse dos pais ou aos interesses comerciais de alguma empresa do que propriamente aos educacionais e didáticos (ALONSO, 1998, p. 81). Em projetos de informática educativa, por exemplo, laboratórios de informática são instalados, mas o trabalho com o aluno é desenvolvido de forma desarticulada do projeto pedagógico da escola, sem o questionamento sobre sua contribuição de ordem pedagógica e sócio-cultural, o que acaba resultando no fracasso do projeto. É importante que a escola perceba que o valor instrumental, Não está nos próprios meios, mas na maneira como se integram na atividade didática, em como eles se inserem no desenvolvimento da ação (In: SANCHO, 2001, p. 79). Um projeto de inovação tecnológica na educação deve gerar propostas comprometidas com as finalidades educativas, assumindo como essencial o sentido transformador da prática pedagógica. O trabalho do professor é fundamental nos projetos de inovações tecnológicas até porque: A qualidade educativa destes meios de ensino depende, mais do que de suas características técnicas, do uso ou exploração didática que realiza o docente e do contexto em que se desenvolve (LIGUORI, 1997, p. 80). O construtivismo tem sido ultimamente a abordagem teórica mais utilizada para orientar o desenvolvimento de materiais didáticos informatizados, principalmente o de ambientes multimídia de aprendizagem. É o indivíduo como agente ativo de seu próprio conhecimento, o que no contexto educativo desloca a preocupação com o processo de ensino (visão tradicional) para o processo de aprendizagem. Na visão construtivista, o aluno constrói representações por meio de sua interação com a realidade, as quais irão constituir seu conhecimento, processo insubstituível e incompatível com a idéia de que o conhecimento possa ser adquirido ou transmitido. O mais importante é aprender como aprender, como construir e refinar novos significados. A epistemologia construtivista relaciona-se fundamentalmente com a idéia de construção, o que no planejamento de materiais didáticos informatizados pode ser traduzido na criação de ambientes de aprendizagem que permitam e dêem suporte à construção de alguma coisa ou ao envolvimento ativo do aluno na realização de uma tarefa, que pode ser 18 individual ou em grupo, e a contextualização dessa tarefa. Para isso, oferecem ferramentas e meios para criação e manipulação de artefatos ao invés de apresentarem conceitos prontos ao aluno. Perkins (1992, p. 45) classifica como construtivista o ambiente de aprendizagem que ofereça ao aluno ferramentas de construção e a possibilidade de interação com a realidade, muitas vezes simulada. O computador é usado como ferramenta para gravar, analisar e comunicar interpretações da informação entre os participantes. O estudante deverá construir seu próprio banco de informações e assumir a responsabilidade pelo gerenciamento das tarefas de aprendizagem. Referindo-se à informática educativa e, mais recentemente, à utilização da Internet no processo educativo, vários autores discutem de que forma o papel do professor poderia adequar-se ao uso das tecnologias educacionais na concepção construtivista da aprendizagem. Para Valente (1993, p. 06), o professor deixa de ser o repassador do conhecimento para ser o criador de ambientes de aprendizagem e facilitador do processo pelo qual o aluno adquire conhecimento. Demo (1998, p. 52-63), tentando redefinir o papel do professor (cuja função básica não é mais dar aula, pois isso pode ser feito através da televisão ou do microcomputador), apresenta-o como o orientador do processo reconstrutivo do aluno, através da avaliação permanente, do suporte em termos de materiais a serem trabalhados, da motivação constante e da organização sistemática do processo. Moran (1998, p. 1-3) considera que o ensino com as novas mídias deveria questionar as relações convencionais entre professores e alunos. Para tanto, define o perfil desse novo professor - ser aberto, humano, valorizar a busca, o estímulo, o apoio e ser capaz de estabelecer formas democráticas de pesquisa e comunicação. Nas atividades pedagógicas realizadas através da Internet, Pacheco (1997, p. 136-137) considera que professor e aluno tornam-se participantes de um “novo” jogo discursivo que não reconhece a autoridade ou os privilégios de monopólio da fala presentes, com freqüência, nas relações de ensino-aprendizagem tradicionais, inaugurando, assim, relações comunicativas e interpessoais mais simétricas. O papel do professor, na abordagem construtivista, aproxima-se de uma concepção de profissional que facilita a construção de significados por parte do aluno nas suas interpretações do mundo. Assim, este profissional será melhor, denominado de facilitador pedagógico. Para que haja compreensão clara do papel do professor na formação do aluno a partir da inserção das tecnologias na escola, Nevado (2004) afirma que: 19 A formação do professor precisa ser realizada a partir da sua experiência de vida profissional, para que ele possa conservar tudo o que lhe parece válido e passe a incorporar a inovação buscando transformar sua prática de modo significativo. (...) O uso da tecnologia deve preparar o próprio professor para viver a experiência de mudanças no ensino que ele irá proporcionar aos seus alunos (NEVADO, 2004, p. 79). Estabelecer uma relação empática com os alunos, também é muito importante, procurando conhecê-los, fazendo um mapeamento dos seus interesses, formação e perspectivas futuras. A preocupação com os alunos, a forma de se relacionar com eles é fundamental para o sucesso pedagógico. Os alunos captam se o professor gosta de ensinar e principalmente se gosta deles, e isso facilita a sua prontidão para aprender. Ao utilizar o computador com o aluno, o professor deve ter como meta: desenvolver a consciência e a postura crítica quanto ao seu uso. Como cita Franco (2004): Os alunos não modificam suas práticas apenas porque os professores falam para que mudem. Eles mudarão se conseguirem tomar consciência das suas práticas e puderem criticá-las (FRANCO, 2004, p. 83). A educação e a escola devem abrir espaço para essas novas linguagens, senão, elas poderão ter seus espaços definitivamente comprometidos. Os meios, por si só, não são capazes de trazer contribuições para a área educacional e que eles são ineficientes se usados como o ingrediente mais importante do processo educativo, ou sem a reflexão humana. A tecnologia educacional deve adequar-se às necessidades do projeto político-pedagógico, colocando-se a serviço de seus objetivos. O mais importante é destacar que: é tarefa do professor incentivar os alunos a produzirem atividades que favoreçam a construção de conhecimentos. A tarefa do aluno é fazer, refazer, construir, criar e criticar. Assim, como o pensamento de Cury (2003), que ratifica a humanização do conhecimento: Os computadores podem informar os alunos, mas apenas os professores são capazes de formá-los. Somente eles podem estimular a criatividade, a superação de conflitos, o encanto pela existência, a educação para a paz, para o consumo, para o exercício dos direitos humanos (CURY, 2003, p. 139). 20 Capítulo III Políticas Públicas de inclusão digital A proposta das políticas públicas para a informática na educação é a democratização através da aquisição de computadores para os professores e um maior número de escolas conectadas à internet. A inclusão digital ainda não é, uma realidade e a capacitação dos profissionais pouco satisfatória e lenta. Em janeiro de 2005, o Governo Federal anunciou o seu propósito de fazer o ano da inclusão digital. O Plano Brasileiro da Inclusão digital (PBID) tem como ação prioritária o aumento do número de escolas públicas ligadas à internet (Jornal O dia, p. 15, 2005). Hoje, é comum ver empresas e governos falando em democratização do acesso e inclusão digital sem critérios e sem prestar atenção se a inclusão promove os efeitos desejados. É baixo o índice da população com acesso à internet, principalmente no caso da população de baixa renda. De acordo com Pressiontt (2003): O conceito de inclusão digital é bem simples: oferecer acesso a todas as pessoas que não estejam conectadas ao mundo virtual e, mais do que isso, ensiná-las a utilizar a internet para resolver de forma efetiva problemas do dia-a-dia. Para todos os estudiosos e envolvidos na questão, inclusão digital não pode ser entendida apenas como oferecer computador, mas sim ensinar a utilizá-lo (PRESSIONTT, 2003, http://www.unisys.com.br/premio2003/inclusoodigital.htm). O Governo publicou recentemente propostas no sentido de fazer a inclusão digital acontecer. Tal medida prevê programas que viabilizam acesso ao mundo digital em escolas, bibliotecas e todos os estabelecimentos públicos. Opiniões sobre como será o futuro, se as pessoas estarão inclusas no meio digital, ou ficarão cada vez mais deslocadas do mundo por 21 não estarem compatíveis com ele, variam. Roseli Ferrari (1994) tem uma visão um tanto pessimista sobre o assunto, diz ela: A exclusão digital, pelas características do contexto que envolve, tende a crescer numa especial virtualidade, sob uma muralha digital que deve convencer os olhos menos críticos de que a inclusão está ali mesmo. Esta muralha nada mais é do que a intensa carga de apelo consumista, em arranjos de notável inteligência mercadológica, que exige como suporte a infra-estrutura de informática. Neste sentido, é de se supor que o acesso a esses equipamentos e mesmo às ferramentas amigáveis de conexão com a Internet, sejam franqueados mais e mais a um número cada vez maior de consumidores. FERRARI, 1994, http://www.iar.unicamp.br/disciplinas/a625_2003/roseli_artigo.html). Segundo ela, a proliferação do meio digital mais deixará pessoas fora dele do que propriamente fará com que sejam inseridas. É que, para que todos tenham acesso é necessário, além de possibilidade financeira, ter o conhecimento sobre tais meios. Numa realidade onde a maioria das pessoas não possuem nem telefone em casa, é admissível e compreensível o ponto de vista dela. Afirma que a escola deve ser o ponto de partida para que a inclusão digital aconteça, para que a autonomia frente ao computador seja efetivamente assimilada pela inteligência coletiva. Muito mais do que permitir às crianças carentes o acesso a computadores na sala de aula, o programa de inclusão digital do governo federal pretende buscar a tecnologia que atenda a todos os requisitos funcionais para o uso pedagógico. Tal programa está sendo implantado não só no Brasil mas também, por outros países em desenvolvimento que assumiram o compromisso de levar computadores portáteis de baixo custo para os estudantes. A meta mundial do projeto de inclusão digital é permitir que alunos e professores de ensino básico promovam uma verdadeira revolução na educação, além de estimular a indústria na fabricação dos equipamentos populares. Pela previsão do MEC, o projeto poderá chegar às primeiras escolas da rede pública já no início do próximo ano letivo. O público-alvo vai desde o ensino fundamental ao ensino médio. Inclusão digital significa, antes de tudo, melhorar as condições de vida de uma determinada região ou comunidade com ajuda da tecnologia. Incluir digitalmente não é apenas “alfabetizar” a pessoa em informática colocando-a frente ao computador e ensinando-a como lidar com ferramentas como Windows, Word, Excel, mas também melhorar os quadros sociais a partir do manuseio dos computadores. Somente colocar um computador na mão da pessoa ou vendê–lo a um preço menor não é inclusão digital. É preciso ensiná–las a utilizá–lo em benefício próprio e coletivo. 22 Há escolas que recebem computadores novos, mas que nunca são utilizados porque não há telefone para conectar à internet ou porque faltam professores qualificados para repassar o conhecimento necessário. Discutir a formação dos profissionais da educação, no cotidiano da escola, significa colocar realidade no contexto mais amplo da democratização do ensino e da própria sociedade, ou seja, assumir a formação do educador em serviço, como um meio e não como um fim em si. Portanto, vale registrar que a formação continuada do educador não vai resolver, por si só, a questão da democratização do ensino, mas, certamente, terá uma função importante no processo de construção da escola. Uma escola democrática necessita de educadores mais competentes para que cumpra, de maneira diferenciada a sua função social. Educadores competentes necessitam de condições mínimas de trabalho, dentre elas, a questão salarial é ponto de partida para qualquer discussão de propostas que visem melhorar o ensino. A inclusão digital pode ser encarada como um aspecto relacionado à educação e à cidadania. É inegável que é dever do governo buscar garantir a inclusão digital de toda a sociedade, e isso gera vantagens sociais maiores do que as vantagens individuais. É fato, também, que o uso de softwares livres aumenta o alcance das iniciativas do governo por diminuir os gastos com o licenciamento e aumentar as possibilidades de se ampliar a instalação de facilidades com o mesmo orçamento. Entre as estratégias inclusivas estão projetos e ações que facilitam o acesso de pessoas de baixa renda às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). A inclusão digital volta-se também para o desenvolvimento de tecnologias que ampliem a acessibilidade para usuários com deficiência. A exclusão digital é um fenômeno mundial, não uma particularidade brasileira. Diversos países estão trabalhando e investindo no sentido de encontrar soluções para esse problema. Obviamente, a intensidade e as particularidades com que esse fenômeno ocorre diferem dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento. Ao se observar a realidade brasileira no que tange as questões de renda, de educação e de acesso a tecnologias da informação e comunicação, considerados pilares para a inclusão digital, tem-se idéia do grande esforço que deverá ser empreendido pelo governo, e pela sociedade em geral, na busca da eliminação do analfabetismo funcional e digital no país. É fato que os esforços governamentais podem, através do uso da tecnologia, permitir às comunidades carentes o acesso à informação e ao conhecimento gerados em outros lugares. São inúmeros os exemplos de iniciativas nesse sentido, no Brasil e no mundo. Paralelamente, observa-se um grande esforço e investimento por parte dos governos no sentido de 23 modernizar e aumentar a eficiência da estrutura estatal através da digitalização de controles e serviços prestados à população. Entretanto, é preciso atentar para o fato de que trilhar tal caminho pode acabar ocultando problemas perversos e já existentes, que certamente estão relacionados às causas da exclusão, não apenas digital, mas social. O que ocorre é que não basta disponibilizar o acesso à internet ou preços acessíveis para aquisição de computadores, se problemas como o analfabetismo e o baixo nível da educação de base e renda ainda afligem significativa parcela da sociedade. A perspectiva de que a exclusão digital seja, talvez, muito mais um sintoma do que uma causa deve ser ressaltada quando se empreende esforços e recursos tentando minimizá-la. Paralelamente, o desenvolvimento da percepção das possibilidades e do papel do indivíduo dentro de uma sociedade integrada deve fazer parte, inevitavelmente, de uma política de inclusão digital. Pierre Lévy (1999) ressalta que (...) não basta estar na frente de uma tela, munido de todas as interfaces amigáveis que se possa pensar, para superar uma situação de inferioridade. É preciso, antes de mais nada, estar em condições de participar ativamente dos processos de inteligência coletiva que representam o principal interesse do ciberespaço (LÉVY, 1999, p. 238). A alfabetização, a capacitação no uso do software e do hardware, e a oportunidade de utilização constante do aprendizado são essenciais ao processo. A sala de aula continua sendo a tecnologia interna predominante, mas sua incorporação ao projeto estatal da modernidade lhe transforma numa instituição que passa a atender demandas externas que terminarão por permear toda a empresa educativa. Desde então, o estado passa a se responsabilizar pelo projeto educacional da sociedade, vislumbrando o desenvolvimento da nação. Dentro deste contexto, a inclusão digital passa a ser uma iniciativa cada vez mais constante em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, onde o surgimento de projetos ligados a Organizações Não-Governamentais (ONGs), Poder Público, universidades e instituições privadas passam a ser vendidos com a idéia principal de que todos precisam obter o conhecimento da informática para uma possível inserção no mercado de trabalho. Como conseqüência desta demanda, foi aprovada em 1996, a Lei n° 9394/96, que torna obrigatória a inserção das novas tecnologias nas instituições de ensino, o que impulsionou os municípios e estados a equiparem as instituições de maneira emergencial e sem um planejamento de como estas tecnologias seriam utilizadas. Isto que acarretou, em muitas escolas, na não utilização dos equipamentos por falta de preparo dos professores e na obsolescência dos computadores. 24 No entanto, é importante enfatizar que a inclusão digital nas instituições educacionais: (...) está muito longe do mero ato de comprar computadores, embalálos e enviá-los às escolas (BRASLAVSKY, 2004, p. 93). Por trás dos equipamentos é necessário que exista um trabalho pedagógico de auxílio, formação técnica e educacional, com o intuito não apenas de formar pessoas capacitadas a utilizar computadores, mas também aptas a questionar, criar e utilizar esse meio de comunicação como uma forma de participação na sociedade. A implementação de projetos que incluam o meio digital no sistema formal de ensino e nas demais esferas da vida pública se torna imprescindível, enquanto política pública, não só de inserção social e econômica, mas também de estímulo à participação política. Enfim, as ações de inclusão digital devem estimular parcerias entre governos, empresas privadas, ONGs, escolas e universidades. Governos e empresas privadas devem atuar prioritariamente na melhoria de renda, suporte à educação, bem como tornar disponíveis equipamentos à população. O governo precisa fazer a sua parte no sentido de dá a infraestrutura e formação a escola e ao professor. É preciso que ele assuma o papel de coordenador e atue em conjunto com sociedade a fim de assegurar a inclusão digital. 25 Capítulo IV Inclusão Digital e socialização Educar é colaborar para que professores e alunos transformem suas vidas em permanente processo de aprendizagem, construindo sua identidade, traçando seu caminho pessoal e profissional, num processo de socialização e cidadania. Muitas das mudanças ocorridas na história da humanidade estão relacionadas às transformações tecnológicas e às mudanças dos meios de produção. A partir do momento em que se mudam os instrumentos de produção, as relações de produção são consequentemente modificadas juntamente com todas as relações sociais. As novas tecnologias, em particular a Internet, vieram para ficar e já começam a alterar o comportamento da sociedade, como um dia fizeram o telefone, o rádio e a TV. Hoje, a Sociedade da Informação, tem em mãos uma infinidade de soluções digitais cada vez mais surpreendentes e poderosas. No entanto, todos estes avanços ainda não estão disponíveis para toda a população. Custos altos, falta de infra-estrutura, ausência de capacitação e de uma política definida para a inclusão digital. Na sociedade atual, as novas tecnologias da informação e da comunicação estabelecem as novas relações sociais: as próprias instituições ligadas ao ensino e ao trabalho e o cotidiano das pessoas passam a ser influenciados por esta nova tecnologia, que impulsiona um novo modo de produção e estilo de vida. A inclusão digital é uma ferramenta que visa democratizar o acesso e promover a troca de conhecimentos em uma forma onde praticamente o tempo e espaço não existem. Aplicada corretamente, irá permitir, gerar ou identificar novas oportunidades sem a necessidade do deslocamento do indivíduo, ou seja, que a tecnologia colabore para que as pessoas e comunidades explorem seu pleno potencial, em que esta tecnologia seja um agente facilitador neste processo e, como conseqüência deste processo, as pessoas passem a ser incluídas em 26 uma atividade econômica que permita uma melhoria em sua vida, do crescimento de sua comunidade, de sua cidade, estado e do país. O acesso cotidiano às redes, equipamentos e o domínio das habilidades relacionadas às tecnologias de informação e comunicação é requisito indispensável à integração social, atividade econômica e fortalecimento da cidadania (Programa de Inclusão Digital 1008, Ministério da Ciência e Tecnologia http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/42303.html). As mudanças tecnológicas atingem a sociedade como um todo e trazem implicações para a educação escolar, no conhecimento, na cultura, nas instituições, nas relações entre as pessoas e o trabalho. A escola não pode se colocar à margem das mudanças sociais advindas dos avanços tecnológicos. Ela tem o comprometimento social de democratizar a informação e o conhecimento, e formar cidadãos capazes de analisar e interpretar o mundo tecnológico com criticidade. Portanto, a formação do professor deve estar voltada para a inserção cultural, social, política, econômica do cidadão, como profissional ativo na sociedade, para atender os padrões da modernização científica e tecnológica. A prática para a responsabilidade social envolve a busca de formas pedagógicas para o ensinar e o aprender, e a competência para usar a tecnologia da informática e suas diferentes linguagens com aplicação pedagógica. O compromisso primordial da escola é com a formação da cidadania e a construção do conhecimento, a partir do legado socio-cultural do aluno. Há que se pensar na função social do computador, não como instrumento de dominação, mas como ferramenta a ser explorada, como recurso pedagógico. Deve estimular as crianças na busca de formas de selecionar informações, de pensar, de criar e, enfim, de desconstruir e construir conhecimentos. Portanto, é preciso desenvolver habilidades que propiciem a utilização da tecnologia para busca, seleção, análise e articulação entre informações e, dessa forma, construir e reconstruir continuamente os conhecimentos, utilizando-se de todos os meios disponíveis, em especial dos recursos do computador, já que eles possuem um enorme potencial educativo para complementar e aperfeiçoar o processo de ensino e aprendizagem. Certamente a Educação ocupa um papel importante na diminuição das diferenças e desigualdades sociais, acompanhando os processos de mudança e fornecendo uma formação mais adequada às novas necessidades da vida moderna. Há uma mutualidade entre indivíduo e sociedade, ou seja, “os indivíduos e sociedade podem ajudar-se, desenvolver-se, regular-se e controlar-se mutuamente” (MORIN, 2003, p. 107). No contexto de uma sociedade democrática, o consenso entre a maioria dos cidadãos e o 27 respeito às regras democráticas são fundamentais. É natural surgir, nesse contexto o respeito à expressão de idéias e opiniões, mesmo as conflituosas, desde que não se suprimam as regras democráticas. Ações coletivas como debates, fóruns, plenárias, seminários e outros eventos exigem consenso, diversidade e conflitos, e geram autonomia de expressão, de liberdade, de igualdade, de solidariedade e de respeito mútuos. A formação humana se dá na relação entre os homens na sociedade. A ética como parte da Filosofia, reúne valores e regras que orientam a conduta humana. A ética não poderia ser ensinada por meio de lições de moral. Deve formar-se nas mentes com base na consciência de que o humano é, ao mesmo tempo, indivíduo, parte da sociedade, parte da espécie. Carregamos em nós esta tripla realidade. Desse modo, todo desenvolvimento verdadeiramente humano deve compreender o desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e da consciência de pertencer à espécie humana (MORIN, 2003, p. 17). O desenvolvimento tecnológico está associado ao desenvolvimento humano, num contexto comunitário, na consciência de pertencer à espécie humana e na autonomia do indivíduo. As questões éticas constituem objetivos fundamentais à educação. Há fundamentos na Constituição Brasileira (1988) que mencionam a dignidade humana, que é o respeito pela pessoa, sem discriminação de gênero de etnia; e o pluralismo político, que é o direito do homem de ter opiniões, de expressá-las e de organizar-se em função delas; construir uma sociedade livre, justa e solidária; promover o bem de todos, como a prática de direitos e obrigações iguais para homens e mulheres e inviolação da vida privada, da honra e da imagem das pessoas. Esses valores são necessários ao convívio humano, vivido num clima de liberdade, autonomia de pensamento, reflexão e construção. Portanto, os valores éticos situam o homem no mundo. A violação desses valores desorganiza as relações entre os homens. A leitura do mundo, sob o olhar ético em relação ao uso das tecnologias, gera mudanças nas práticas pedagógicas na escola, portanto, cabe à escola preservar o exercício de tais valores. A falta de ética tem levado o homem a utilizar sua inteligência para maquinar atos de violência. As mazelas computacionais são exemplos concretos disso. Os educadores tem o compromisso com a formação humana e, por isso, devem se valer do uso das 28 tecnologias da informação e comunicação para resgatar valores tão necessários à vida humana. Considerando a presença da tecnologia nos diversos âmbitos da sociedade como realidade iminente, não se pode deixar de mencionar a relação que existe entre seu uso e a necessidade do contexto social. Levando-se também em conta as transformações que as tecnologias digitais estão gerando na sociedade como um todo, pode-se questionar as implicações pedagógicas que tal mudança acarreta na educação, lembrando que, para Freire é necessário passar de uma educação bancária, onde “a educação é o ato de depositar, de transferir, de transmitir valores e conhecimentos” (FREIRE, 1970, p. 59), para uma educação libertadora. Pensando desse modo, torna-se importante não só levar o computador e a Internet para a sala de aula, mas verificar se determinada prática pedagógica vai além da utilização desses recursos para buscar e “depositar informação”. Segundo o mesmo autor, em vez de depositar no educando os seus comunicados acerca da leitura de uma dada realidade, é necessário que o educador leve em conta a leitura do mundo de seus educandos e respeite os seus saberes. Assim, as tecnologias podem ser abordadas como agentes modificadores da sociedade, com potencial para gerar alterações no comportamento humano. No entanto, menos relevante que o tipo de resultado possível de se obter através de uma tecnologia é o tipo de mudanças que ela pode estabelecer nas relações humanas. Freire ressalta, ainda, a importância do respeito à autonomia do educando. Para ele, a autonomia de um indivíduo é construída em respeito à autonomia dos outros e “vai se constituindo na experiência de várias, inúmeras decisões, que vão sendo tomadas” (FREIRE, 2002, p.121). Essa autonomia é fundada quando o sujeito assume a sua responsabilidade no mundo e, portanto, ninguém é sujeito da autonomia de ninguém. A autonomia, enquanto amadurecimento do ser para si, é processo, é vir a ser. Não ocorre com data marcada. É nesse sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada nas experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas da liberdade (FREIRE, 2002, p. 121) Enfim, socialmente incluído, é o indivíduo capaz de participar plenamente da vida social, em todos os seus múltiplos aspectos. Neste contexto, o papel da escola é capacitar seus alunos para integrar a tecnologia na sua vida e nos seus afazeres, desenvolvendo, com a ajuda da tecnologia, as competências necessárias para melhorar a qualidade de sua vida. 29 Capítulo V Inclusão Digital nas escolas de Santa Maria Madalena Na era da globalização da economia e do conhecimento, o Brasil convive ainda hoje com uma parcela significativa da população que vive às margens das facilidades e benefícios gerados pela tecnologia. Com a inclusão digital, a internet se torna poderoso instrumento de comunicação. Permitindo que moradores de cidades carentes conheçam um mundo diferente do seu dia-adia, incentivando-os a buscarem novos conhecimentos, e assim uma vida melhor. O conhecimento digital permitirá que os mesmos possam ampliar seus conceitos culturais, ideológicos e iniciarem uma postura mais crítica em relação ao mundo. A realidade encontrada nas cidades do país é bem diferente do que se espera. O processo de inserção da informática nas escolas do Município de Santa Maria Madalena, por exemplo, ainda não ocorreu de maneira satisfatória. A maioria das escolas são municipais e duas são particulares. Dessas escolas, apenas duas utilizam o computador com seus alunos. A Escola Floresta Encantada Desengano é uma escola particular e atende a uma clientela de mais ou menos 100 alunos do maternal à 4ª Série do Ensino Fundamental. Esta escola possui uma sala de informática, equipada com dez computadores, todos conectados à internet, no qual os alunos têm aulas semanais com noções básicas de informática e seus professores se revezam com suas turmas para a utilização das máquinas em aulas que utilizam softwares específicos para determinadas aulas e também utilizam a internet com seus alunos. De acordo com os professores, o rendimento dos alunos melhorou muito desde que implantaram o sistema educativo, segundo eles, as aulas se tornaram mais atrativas, os alunos mais participantes e interessados nas aulas. 30 A qualificação dos professores desta escola é notável e primordial. Estão sempre se atualizando e buscando métodos inovadores de ensino. A outra escola, também informatizada, é o CIEP Brizolão 273 Municipalizado Graciano Cariello Filho. Como no próprio nome já diz, é uma escola municipal que atende cerca de 200 alunos de 2ª a 4ª Série do Ensino Fundamental e mais ou menos uns 300 alunos de 5ª a 8ª Série. Apesar de possuir sala de informática, o número de máquinas é insuficiente, há apenas cinco computadores para atender todos os alunos, ou seja, é uma média de um computador para cada 100 alunos no total da escola. E essas salas quase não são utilizadas. Apenas alguns alunos que tem noções de informática, utilizam essas salas para digitarem trabalhos. Outro problema, também vivido pela escola é que só o computador da sala da Diretoria possui internet. Os professores pouco sabem como utilizar esses recursos tecnológicos nas suas aulas, tendo professores que não sabem nem como ligar um computador e, o pior é que não estão nem um pouco interessados em aprender. Ou seja, o quadro de professores qualificados para esta área é inexistente. Os recursos são poucos e a falta de qualificação e capacitação dos professores afeta diretamente no processo de aquisição e utilização das TIC na escola como meio de informação e aprendizagem visando melhorar a qualidade de vida dos alunos. Esta é a dura realidade da educação no Município relacionado à inclusão digital. Problema este, também, vivido por vários municípios espalhados por todo Brasil. O que vale ressaltar é que o professor não pode fechar os olhos quanto à inserção da tecnologia da informação e da comunicação na sociedade. Compete a ele, professor, estar sempre em busca de novos saberes científicos e tecnológicos. Para mudar a forma de ensinar, ele deve priorizar o investimento na formação continuada, buscando capacitar-se no uso do computador com aplicação na aprendizagem. Franco (2004), quando afirma que (...) a formação do professor precisa ser realizada a partir da sua experiência de vida profissional, para que ele possa conservar tudo o que lhe parece válido e passe a incorporar a inovação buscando transformar sua prática de modo significativo (FRANCO, 2004, p. 79). O professor, não deve permitir que o computador seja apenas mais um recurso midiático a ser usado nas práticas docentes. Devendo estar ciente e consciente de que o computador não irá resolver todos os problemas de ensino e aprendizagem. Com o olhar crítico e criativo, deve rever as possibilidades e as limitações dessa ferramenta educacional. O 31 computador, como ferramenta, é um instrumento que o aluno pode usar tanto em sua aprendizagem na escola como no cotidiano. A Informática na Educação poderá entrar na sala de aula para desenvolver conhecimentos cognitivos nos alunos, estimular as atividades curriculares e vencer os desafios disciplinares e culturais. Compete ao professor, portanto estabelecer as metas e os objetivos para o trabalho com o uso do computador em sua prática docente, tendo-o como aliado. O computador não deve ter a função de substituir o professor na escola, ele deve ser utilizado como um recurso à mais no processo de ensino – aprendizagem. Há uma grande dificuldade em se obter sucesso com a implantação do computador em escolas que não estão preparadas para mudanças. 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS As tecnologias de informação e comunicação foram inicialmente introduzidas na educação para informatizar as atividades administrativas, visando agilizar o controle e a gestão técnica, principalmente no que se refere à oferta e à demanda de vagas e à vida escolar do aluno. Posteriormente, as NTICs começaram a adentrar no ensino e na aprendizagem sem uma real integração às atividades de sala de aula, mas como atividades adicionais. Com certa freqüência, como aula de informática, ou, numa perspectiva mais inovadora, como projetos extraclasse desenvolvidos com a orientação de professores de sala de aula e apoiados por professores encarregados da coordenação e facilitação no laboratório de informática. Tais atividades levaram à compreensão de que o uso das tecnologias de informação e comunicação - TIC na escola, principalmente com o acesso à Internet, contribui para expandir o acesso à informação atualizada e, principalmente, para promover a criação de comunidades colaborativas que privilegiam a comunicação, permitem estabelecer novas relações com o saber que ultrapassam os limites dos materiais instrucionais tradicionais e rompem com os muros da escola, articulando-os com outros espaços produtores do conhecimento, o que poderá resultar em mudanças substanciais em seu interior. Criam-se possibilidades de redimensionar o espaço escolar, tornando-o aberto e flexível, propiciando a gestão participativa, o ensino e a aprendizagem em um processo colaborativo, no qual professores e alunos trocam informações e experiências entre eles e entre as outras pessoas que atuam no interior da escola, bem como com outros agentes externos. As relações convencionais professor-aluno estão em pauta de discussão não só como conseqüência da visão construtivista de aprendizagem, mas também porque o professor deixou de ser o único a ter acesso à informação nessa relação. Esse dado está levando o professor a mudar de postura, abdicando do poder que detinha enquanto único possuidor do 33 conhecimento relevante no contexto escolar, favorecendo uma relação mais simétrica com o aluno. A incorporação das novas tecnologias da informação e da comunicação na educação tem conseqüências tanto para a prática docente como para os processos de aprendizagem. Este trabalho restringiu-se ao exame de algumas implicações, de ordem pedagógica, das inovações tecnológicas sobre a educação, portanto a uma visão parcial da situação, na medida em que não foram discutidas as condições políticas e sociais que estruturam as práticas escolares. Mesmo sem o aprofundamento da questão político-social, não é difícil perceber que a tecnologia tem um papel de destaque no momento social que estamos vivendo. O aluno de hoje, de todos os níveis de ensino, com o acesso (maior ou menor) às tecnologias em seu cotidiano, começa a desempenhar um novo papel no contexto escolar. Apresenta vantagens em relação ao aluno de dez anos atrás, porque traz para a escola maior conhecimento factual e demonstra necessidades e expectativas mais objetivas quanto à sua formação. Como resposta a essa realidade, é fundamental o questionamento da postura tradicional do professor enquanto detentor do poder e do conhecimento, em total descompasso com as tendências atuais de incorporação das novas tecnologias da informação e da comunicação na educação. A introdução das TIC no contexto educacional só pode significar um avanço para o cotidiano de professores e alunos, se essa aliança não se caracterizar somente pela presença da tecnologia (DILLON, 1996, p. 25). Ao longo da história, as inovações tecnológicas foram responsáveis por grandes mudanças na sociedade: os novos modos de produção impulsionaram novas formas de relação social. Na escola não foi diferente: as mudanças sociais pressionaram a instituição de ensino a se adaptar às transformações, em geral com o objetivo de formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho. No entanto, muitas iniciativas de incorporação das novas tecnologias na escola ainda são caracterizadas por atividades meramente instrumentais, em que a informática é vista como um pré-requisito de inserção no mercado. A reflexão em torno da importância das novas tecnologias na sociedade e de sua utilização para fins de participação política ou de instrumento didático-pedagógico ainda é deixada de lado. A escola precisa se reestruturar não só para se inserir no mercado de trabalho, mas para questionar as novas formas de produção e ter condições de propor alternativas à sociedade. 34 No entanto, como o professor vai conviver com estes aparatos tecnológicos que mais fascinam do que são incorporados de fato no cotidiano escolar? A idéia é que o educador seja um mediador da tecnologia, utilizando-a como apoio para atividades de ensino e pesquisa, mas também como objeto de estudo e questionamento das influências das novas tecnologias na sociedade. E como pensar a incorporação das novas tecnologias em sala de aula? É necessário que as políticas públicas sejam pensadas em conjunto com gestores e professores das escolas, para que os projetos sejam elaborados de acordo com a realidade das mesmas, de seus alunos e professores. Torna-se, portanto, imprescindível a formação de formadores e alunos para as novas tecnologias; e a educação tecnológica não deve se deter numa visão meramente instrumental, pois esta formaria tecnocratas (pessoas a serviço da tecnologia), mas viabilizar a formação de pessoas que pensem na utilização da tecnologia em benefício do ser humano. Talvez, na Educação, um desafio maior do que promover o acesso às TIC seja o de desenvolver a capacidade crítica para lidar com a grande variedade de informações e recursos tecnológicos. A questão é aprender a utilizá-los e a conviver com as transformações constantes, refletidas nas mudanças de hábitos e comportamentos na sociedade atual. É preciso que o professor compreenda as transformações que estão ocorrendo no mundo e a necessidade de a escola acompanhar esse processo. Promover e ampliar a inclusão digital é uma tarefa que mobiliza os mais amplos setores da sociedade civil organizada e inscreve-se nos esforços mais amplos de reduzir a exclusão social. Apesar de cada setor ter seus próprios interesses e perspectivas em relação ao papel que as TIC desempenham na sociedade, isso não impede o estabelecimento de parcerias entre eles. Apesar dessas iniciativas, qualquer projeto de inclusão digital só cumpre sua finalidade quando se orienta por diretrizes educacionais mais amplas, que incorporem a tomada de consciência de que a aprendizagem - seja ou não em relação à tecnologia - não se esgota na escola, mas se estende ao longo de toda a vida. Ou seja, a inclusão digital só é efetiva quando desenvolve, no indivíduo, competências cognitivas e afetivas que o permitem continuar a aprender ao longo da vida. Entre elas estão a criatividade, a independência, a autoestima, a auto-avaliação, a cooperação, a seleção crítica de informação, a assimilação e a síntese. 35 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini; ALMEIDA, Fernando José. Uma zona de conflitos e muitos interesses.In: Brasil. MEC. Secretaria de Educação a Distância. Salto para o Futuro: TV e informática na Educação. Brasília: MEC/SEED, 1998. 112p. (Série de estudos. Educação a Distância) ALONSO, Ángel San Martín. 1998. O método e as decisões sobre os meios didáticos. In: SANCHO, J.M. (Org.). Para Uma Tecnologia Educacional. Porto Alegre: Artes Médicas. BRASIL. Constituição de 1988. Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de Outubro de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental: introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998. p. 174. 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Report "AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO EDNO GONÇALVES SIQUEIRA; MARIA EDILSA DE SOUZA SILVA"