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March 28, 2018 | Author: Odilon Maximo | Category: Geography, Books, Schools, Time, Brazil


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OS MANUAIS ESCOLARES COMO DOCUMENTOS HISTÓRICOSLeila Barbosa Costa Doutoranda PPGE-UFPB e-mail: [email protected] Neste artigo, discutiremos os livros escolares e sua significativa contribuição histórica para o conhecimento das disciplinas escolares. Um dos instrumentos de possibilidade para esse estudo são as marcas de leitura presentes no texto do manual escolar. Hilton Sette e Manuel Correia de Andrade publicaram uma coleção de livros escolares de Geografia, a partir da década de 1950, que foram utilizados por alunos do curso ginasial e colegial do Nordeste do país. As evidências de uso por parte dos alunos nos manuais de Geografia permaneceram nas páginas amareladas e esquecidas ao longo do tempo. Para aprofundarmos o tema, organizamos esse texto em três momentos: Os manuais escolares e sua contribuição para o estudo das disciplinas escolares; As marcas de leitura nos manuais escolares de Hilton Sette e Manuel Correia de Andrade; e Os manuais escolares de Geografia de outros autores publicados na década de 1950. Palavras-chave: Manuais escolares; Geografia escolar; Ensino de Geografia; História da educação. 1.1 - Os manuais escolares e sua contribuição para o estudo das disciplinas escolares A literatura específica de estudos que usam como fonte os livros didáticos aponta que estes são importantes instrumentos históricos para o conhecimento das disciplinas escolares e de suas práticas. Entre outras significativas contribuições, envolvem a história da educação e, em especial, o ensino de uma disciplina e, no caso específico desse trabalho, a Geografia escolar. O espaço de atuação da História da Educação é muito amplo e compreende, entre outros estudos, a história dos manuais didáticos, a história do ensino e das disciplinas escolares. (STEPHANOU; BASTOS, 2005). As referências utilizadas na construção teórica desse trabalho tiveram sua principal discussão no campo do ensino da disciplina escolar Geografia, estabelecendo constantes diálogos com a história da educação no que se refere à história do ensino e dos manuais didáticos. Munakata (2003), no seu texto que trata das investigações sobre os livros escolares no Brasil, explica que é necessário considerar a materialidade e historicidade do livro escolar, compreendendo o seu aspecto material, como mercadoria e objeto cultural destinado às escolas. Esse autor afirma que os trabalhos do início do século XXI já trazem essa preocupação com a materialidade e historicidade do livro escolar, diferentemente do que se observava no século anterior, mas especificamente na década de oitenta, quando as pesquisas sobre o manual escolar traziam uma discussão voltada numa lógica implícita que pressupõe uma proporção direta entre o preço do livro e seu valor cientifico. Tais livros também são chamados de livros de texto. manual. conseqüentemente. fazendo uma crítica da ideologia ou do caráter anti-científico nessas obras. que os livros didáticos têm importância apenas enquanto estiverem sendo usados nas escolas. O manual escolar. Este decreto. na sociedade em geral. a história das disciplinas escolares. Os especialistas em pesquisa sobre o livro didático mostraram a necessidade de pesquisar este “artefato cultural” como resultado da memória e testemunho da educação de uma determinada época.006 de 30/12/1938. jogados no lixo e. apesar ter sido vastamente utilizado durante todo o processo de educação. o que deve ser entendido por livro didático. Existe uma idéia. mais conhecido hoje como livro didático. muitos deles. a Geografia e o ensino dessa disciplina na década de 1950. a pesquisa em manuais escolares caminha no sentido contrário dessa via. esse fato representa uma das grandes dificuldades e até impedimento para a realização de pesquisas cuja fonte ou tema central é o livro escolar. por isso. Freitag (1987) estudou o histórico do livro didático no . foram descartados. Diante do exposto. pedagógico e cultural. recebeu o seu primeiro conceito formal no Brasil. define pela primeira vez. na década de 1930. sobretudo os mais antigos. um preço elevado no mercado. pretendemos estabelecer uma relação de diálogo que perpasse pelos conhecimentos desses dois eixos de estudo. desde seus primórdios com os jesuítas. livro de classe. livro escolar. livro-texto. e sim. Embora a história das disciplinas escolares seja a maior provocação e inquietude para compreendermos. por meio dos indícios de usos dos seus manuais. pedagógico e cultural está intimamente relacionado ao seu valor de mercado. livro didático. De acordo com esse autor os estudos e as publicações atuais sobre os livros escolares tendem a se concentrar em torno de grandes eixos temáticos: a história do livro e da leitura e. É notória a compreensão social que seu valor científico. O manual escolar foi por muito tempo desmerecido socialmente como objeto de pesquisa e até mesmo como livro portador de significativos conhecimentos de um determinado período e sociedade. compêndio escolar. perdidos ou. simplesmente.ao exame das idéias que eles veiculavam. através do Decreto Lei nº 1. por possuir marcas do tempo e idéias simbólicas e representativas de uma geração ou grupo social. ou seja. a relevância do livro não está no fato de ser contemporâneo e ter. Entretanto. também. Apesar da década de 1980 ter alavancado a discussão das disciplinas escolares e dos livros didáticos. “Os pesquisadores da História das Disciplinas Escolares demonstraram compartilhar da idéia de que os livros didáticos constituem fonte importante para investigação.. 2007). os documentos curriculares e a legislação correspondente nos dão certa . Décio Gatti também aborda essa questão colocada por Munakata. Porém. A reflexão desse autor nos mostra que para compreendermos a história do ensino devemos recorrer aos livros didáticos.380).. fazendo uma comparação com outros países do mundo.381). a expansão dos processos de escolarização no Brasil. Na década de 1990 a crítica era feita aos trabalhos que faziam apenas esse tipo de análise dos manuais escolares. com o viés de investigação sobre os manuais didáticos. onde a relação entre pesquisa e sociedade estava mais avançada.Brasil e publicou o resultado dos trabalhos que vinham sendo desenvovidos.. 2005. devido ao descaso social com o destino das publicações escolares.] No caso brasileiro. (GATTI Jr. [. tais como a formação e as condições de trabalho dos professores. por exemplo.. como um dos principais objetos da ampla discussão sobre as disciplinas escolares. essas ações vão nos fazer repensar as práticas correntes bem como as futuras. p. O atraso no Brasil com relação a pesquisa científica e a crítica do livro didático. Trazer de volta. pois há uma série de determinações para a compreensão do fenômeno educacional que levariam à busca de outras evidências para a interpretação. 2005. nas estantes empoeiradas das bibliotecas e no tempo que passou. políticas e sociais as quais os manuais estão inseridos (RIBEIRO. notadamente aquelas mais necessárias a compreensão das disciplinas escolares restringiu o avanço do conhecimento das práticas de ensino do passado. etc. recebem severas críticas dos pesquisadores que trabalham com o livro escolar relacionando aos seus norteadores contemporâneos e não apenas resumindo-se em análise de conteúdos. p. distanciando o debate dos aspectos que envolvia um conjunto de articulações históricas. em reflexão. os trabalhos desenvolvidos nesse período. descrição e compreensão da história dos processos de ensino e das práticas escolares”. mas não únicas. para ele a análise de livros didáticos somada a outras pesquisas e outros materiais como. (GATTI JR. Esses funcionam como grande aliado para desenterrarmos um conjunto de ações praticadas na escola de antes que ficaram esquecidas nos armários das residências privilegiadas. Importante. houve um significativo aumento no número de pesquisas. os livros didáticos são fontes decisivas para a compreensão da forma tomada pelo ensino das disciplinas escolares. a partir da década de 1980. 9-10). Esse tipo de comportamento da sociedade no que se refere ao desprezo para com o livro escolar. por exemplo. Este acervo nos possibilitou conhecer a cultura escolar referente a uma determinada época e a um tipo específico de escola onde se encontrava lecionando esse importante autor de livros didáticos de Geografia. ao estudar os livros escolares de Hilton Sette e Manuel Correia de Andrade observamos nas primeiras páginas de seus livros a referência à portaria 1045 de 14 de dezembro de 1951. não estão catalogados. 2002. Essa precariedade e descuido quanto à valorização deste objeto cultural pode ser a causa de muitos pesquisadores não terem se interessado pelo livro como uma importante fonte documental. estabelecem uma relação direta com os seus norteadores contemporâneos.precisão de que os resultados conferidos. Digamos que não somente os historiadores foram os responsáveis por esse processo de negligência com a valorização dos manuais escolares nas pesquisas. no Colégio Americano Batista. Verificamos que se tratava de algo comum aos livros da década de 1950. Por exemplo. por meio desses manuais. e a superação no valor de mercado pode ser analisado a partir da teoria das representações sociais. onde não os manuais. Manuel Correia de Andrade. os mais antigos. devemos considerar a cultura escolar do período como um dos norteadores das pesquisas sobre livros escolares. tais como regimento interno. “Se os manuais foram por muito tempo negligenciados pelos historiadores. pesquisadores. pois a mesma informação estava impressa em livros de outros autores e de diferentes editoras e disciplinas. sobretudo. considerados efêmeros e pouco dignos de catalogação e guarda. essa escola preservou alguns materiais da cultura escolar daquela época.” (CHOPPIN. p. políticos e gestores que julgaram desnecessário conservá-los tendo em vista a grande quantidade de exemplares produzidos. que regulamentava o ensino enquanto a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional não era promulgada. ensinou Geografia na década de 1950. devido à dificuldade de acesso as obras e as condições que se encontram. imagens. Além das informações legislativas presentes no manual escolar. É pertinente considerar o pensamento de Galvão e Batista (2003) sobre a pesquisa em manuais escolares e o demasiado esforço dos pesquisadores em acervos não especializados. após seu uso letivo. é também porque foram considerados como simples espelho da sociedade da qual procedem – uma concepção de resto bem ingênua – ou como vetores ideológicos e culturais. mas sim toda uma geração de professores. . convites de cerimônias e livro de concluintes. na geração dos iniciadores da produção didática. ‘devido a grande quantidade de sua produção. Bittencourt.Choppin diz que: [. O livro escolar é objeto histórico de circulação de idéias. É. e em menor escala para as "escolas de primeiras letras". esboçando. lembrando ainda que os programas curriculares eram originários e "traduzidos". nesta perspectiva que abordaremos os livros. (2003. a conservação dos manuais não foi corretamente assegurada’. gramática. para compreendermos a história da disciplina escolar Geografia durante os anos de 1950.. quando nos propomos a relacioná-los a outros documentos ou outros materiais que compunham a cultura escolar de uma época e ao contexto histórico do período quando o livro foi publicado e utilizado em sala de aula. sobretudo os principais encarregados do "fazer científico" da época. majoritariamente. durante tanto tempo demonstrado pelos pesquisadores. fragmentava essas disciplinas em História do Brasil e História geral. escritores de obras literárias. e os manuais escolares davam destaque ao currículo e atuação desses autores. da França. eram personalidades que trabalhavam com os cargos de alto escalão do governo. Também é verificada essa característica de desmembrar o conhecimento das matérias escolares nas disciplinas como História e Geografia. embora não seja valorizado nessa perspectiva.. geometria. especialmente. Os compêndios que escreveram para o público estudantil eram de literatura. em sua maioria. representa uma produção de uma dada geração. compreendemos que o livro didático pode ser uma importante fonte para estudarmos e analisarmos uma disciplina escolar. p.8). história e geografia. dedicados ao ensino secundário.] O pouco interesse. pelo livro escolar decorre da dificuldade do acesso às coleções. p. portanto. (2004. então desdobrada em aritmética. Os autores. Tivemos assim. A partir desse debate que vem sendo feito.8). e Geografia do Brasil e Geografia geral. anteriormente citados. figuras próximas ao governo. Os livros de matemática. . com raras exceções e pela condição da disciplina. álgebra exemplificam essa produção modelada em obras européias. em que o currículo oficial do ensino. ao logo dos últimos vinte anos. investigando os livros escolares e seus autores. logo nas páginas iniciais do livro. nas décadas de 1940 e 1950. especialmente. a necessidade da época de transmitir a idéia de cientificidade da escola e de seus artefatos. dessa forma. inspiravam-se ou mesmo adaptavam obras estrangeiras. destaca que os autores das primeiras publicações escolares no Brasil. à sua incompletude e dispersão: aparentemente paradoxal. ‘até aqui’.] no caderno de latim”.. decorativas e dependentes apenas do livro para serem respondidas.. As marcas de leitura acompanham muitas páginas do texto desse manual escolar. da Bacia acia do São Francisco e da Bacia Platina. o número e o texto das questões continuam da mesma forma. confirmada pela seguinte expressão ‘daqui’.1.Núcleo de apoio a pesquisa acadêmica.2 . Verificamos nesse livro um número excessivo de questões que confirma o caráter enfadonho da Geografia eografia escolar da época..As marcas de leitura nos manuais escolares de Hilton Sette e Manuel Correia de Andrade Na capa do livro Geografia do Brasil Terceira série ginasial. ginasial observamos o nome da aluna que estudou com o mesmo e até referência a outras disciplinas como exemplificado na expressão “[. esse trecho delimitado pelo aluno explica os fatores do Brasil ser um país de rios. No capítulo ‘O relevo brasileiro’ observamos observamos um esquema de informações reproduzido pela estudante Helena Maria Lacerda de Melo. era um total que variava de vinte a trinta e seis questões por capítulo. 2008. Alguns nomes das escolas que os manuais didáticos de Manuel Correia de Andrade foram utilizados também podem ser conhecidos a partir do momento mo que . em seguida vem à classificação das bacias fluviais. Já no capítulo sobre a hidrografia brasileira os nomes dos lagos da Amazônia e dos afluentes do rio São Francisco estão grifados. UFPE.. Também nesse capítulo tem a indicação de uma provável avaliação que começaria na página 58 até a página 70. publicado em 1962. a caracterização da Bacia Amazônica. presente na capa do livro utilizado por Helena Maria Lacerda de Melo: Capa do livro Geografia do Brasil de Hilton Sette e Manuel Correia de Andrade Fonte: Acervo do NAPA. Na sua quarta edição deste manual.. fluvi os tipos de rios brasileiros. porventura. no que se referem ao conteúdo desses manuais. os mesmos foram usados.Núcleo de apoio a pesquisa acadêmica. a partir da leitura das anotações de uso da época. De acordo com as marcas de leitura. Parte interna dos livros de Geografia do Brasil e Geral Fonte: Acervo do NAPA. Nesses manuais também verificamos. Percebemos que os manuais didáticos mais conservados com capas e páginas preservadas não apresentaram indicativos que alunos da época tivessem estudado sobre eles. ).lemos o livro como um documento. indicam um tipo de ensino com ênfase em uma Geografia de nomenclatura e também patriótica em que nomes dos rios. Essas evidências de uso. diversidade de vegetação eram características enaltecidas como riqueza do país. 2008. os nomes da estudante Helena Moura Lacerda de Melo. que estudou no Colégio Vera Cruz com o manual de Geografia do Brasil terceira série ginasial (1958) e do estudante Márcio Moura Lacerda de Melo. . levando-nos nos a sugerir que os alunos que. tipos de relevo. tendo que ser conteúdos valorizados pelo professor durante as aulas de Geografia e memorizados por seus alunos. ambos localizados no estado de Pernambuco. no Colégio Vera Ve Cruz e no Colégio Estadual Pernambucano. respectivamente. que estudou no Colégio C Estadual Pernambucano com o manual de Geografia Geral primeira série colegial (1959). possuíram esses livros fizeram apenas leituras breves ou mesmo não se sentiram entusiasmados em estudar. UFPE. que seriam cobrados brados na ocasião dos exames escolares. observadas nos livros Geografia do Brasil terceira série ginasial (1958) e Geografia Geral primeira série colegial (1959). Para elaboração desse texto foi interessante o acesso aos livros com sinais de desgaste do tempo em que foram utilizados e que continham cont marcas de leitura tura dos alunos ou dos professores. que apesar de também estar de acordo com o programa oficial da portaria de 1045 de 1951. apresentava algumas diferenças dos demais. Porém se verifica que a crítica se estabelece e se acentua quando os autores falavam de outros países. os climas desérticos. e ainda. descrição do fenômeno e a divulgação dos resultados produtivos desse fenômeno. e isso não se resumia a Geografia dita física. que possibilitavam maior interação entre o conteúdo estudado os professores e alunos. exercícios práticos. em que se percebe que o conhecimento crítico reflexivo não era valorizado. Geografia Geral e do Brasil. indicação de vários temas para elaboração de dissertação. se estendendo até o início dos anos de 1960. que representavam o manual escolar de Geografia Geral para a primeira série ginasial (1959) de Renato Stempniewski e Eli Piccolo. o povo brasileiro e sua formação racial. as atividades eram compostas por um questionário curto que variava de quatorze perguntas diretas e indiretas. os conteúdos são sintetizados e restritos a nomes e datas históricas. tais como: “ventos alísios. sobretudo pedagógico. O livro é enciclopédico. dos ministérios de governo e etc. os eixos de apresentação dos conteúdos desses manuais escolares se resumem em: localização do fenômeno. Esse procedimento didático. no que se refere a esses fenômenos e resultados. como se alimenta o povo brasileiro. a revolução industrial. usinas hidrelétricas brasileiras e os principais portos do mundo”.3 . o que é explorado são os nomes de estradas. Ao tratar do Brasil essa crítica e reflexão desapareciam como se não existissem problemas aqui. da editora do Brasil. até trinta questões em capítulos mais extensos. No caso do estudo sobre o Brasil.1. a importância do carvão de pedra e do petróleo na economia das nações. Por exemplo. mesmo em conteúdos que se enquadraria em uma dita Geografia humana. como os de admissão. Isso também acontecia com aqueles manuais específicos para os exames escolares. como materiais que atendiam aos programas oficiais com bastante rigor e temor. de rodovias. os conceitos são meramente descritivos. o patriotismo excessivo no país e o controle político explicam esse alheamento. do ponto de vista. Devemos considerar o avanço. a exemplo do manual de Antônio Rollo. é apresentado um país positivo. distribuídos no final dos capítulos. breve histórico do comércio. num total de três ou quatro. presente nesse manual . que precisassem ser discutidos a fim das soluções surgirem. No geral. Brasília a nova capital do Brasil. aí se verificava que a discussão era mais reflexiva.Os manuais escolares de Geografia de outros autores publicados na década de 1950 Podemos caracterizar as produções escolares de Geografia nos anos de 1950. Ainda sobre o autor algumas informações pessoais são reveladas nas primeiras páginas do livro. Esse livro traz a célebre informação de amplo alcance de venda “De acordo com os programas oficiais. tem o nome do autor na parte superior da folha. na década de 1950. seguido da indicação “Sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia”. sendo Renato Stempniewski.escolar. Uso autorizado pelo ministério da Educação e cultura sob o registro n° 1895”. Belo Horizonte. constituída por dezesseis páginas com setenta e sete imagens sobre os diferentes aspectos regionais do Brasil. publicado em 1950. Nesse mesmo período. Curitiba e Porto Alegre. Recife. Belém. trazem um conjunto de informações diversas que variam desde informações oficiais até informações da vida profissional e pessoal do autor. catedrático do Colégio Estadual e Escola Normal Padre Manuel da Nóbrega e Eli Piccolo. Esse livro semelhante aos manuais escolares de Geografia de Moisés Gicovate trazia na sua última página a bibliografia utilizada na elaboração do manual. utilizado 3º livro do Ciclo Colegial. como a dedicatória do trabalho aos seus familiares. a exemplo. Fortaleza. Esses autores do manual escolar de Geografia Geral para a primeira série ginasial tinham publicado toda a coleção ginasial de Geografia e eram professores da rede estadual de São Paulo. Essa facilidade de acesso a esses recursos. Rio de Janeiro. possibilitava ao aluno maior abertura de expressão. Os manuais escolares da década de 1950. bem como ao professor maior flexibilidade em relação à aplicação do programa e maior dinamismo no ensino da Geografia. Na terceira página de apresentação do livro. os manuais escolares de Geografia publicados pela editora. de Moiséis Gicovate da editora melhoramentos. São Paulo. não tinham como . A editora do Brasil. e também. por exemplo. estava presente em algumas das principais cidades do país como. por uma parte ilustrativa ao final do livro. certamente. é o fato desse material ser constituído de muitos mapas que na sua maioria apresentavam escala e legenda. do livro Geografia Geral (1954) da primeira série colegial do Curso Clássico e Científico. catedrático do Ginásio Estadual Professor Ascendino Reis. deve-se ao fato de sua ligação com o Instituto citado. Não sabemos se esse manual de Renato Stempniewski e Eli Piccolo foi utilizado nas escolas aqui do Nordeste. Salvador. Um aspecto relevante do livro Geografia do Brasil de Moiséis Gicovate. Na página seis do mesmo livro de Gicovate podemos ler a seguinte dedicatória “A mesmos filhos HELENA e RENATO”. A informação do currículo do autor é breve e não indica que o mesmo tem vinculação com a escola. dependendo da editora. Capa do livro Geografia geral de Geraldo Sampaio de Souza e Armando José Sampaio de Souza Fonte: Acervo da biblioteca particular da autora. . O índice deste livro estava rigorosamente igual aos pontos do programa da portaria de 1942. No início da década de 1950.autores exclusivos para o curso ginasial Hilton Sette e Manuel Correia de Andrade. os irmãos Geraldo Sampaio de Souza e Armando José Sampaio de Souza. 5ª edição. O mesmo estava de acordo com a portaria ministerial n° 170 de 11 de julho de 1942. Parte interna do livro Geografia geral de Geraldo Sampaio de Souza e Armando José Sampaio de Souza Fonte: Acervo da biblioteca particular da autora. ainda. Armando José Sampaio de Souza era o responsável pela a escrita do texto do manual e seu irmão pela seleção e comentário das imagens do livro. a editora publica. indicados para a organização das aulas e elaboração dos manuais da disciplina Geografia geral. O professor Armando José Sampaio de Souza participava do julgamento das provas de Geografia e Historia do Brasil do exame de admissão do Curso Ginasial. O livro desses autores a que tivemos acesso foi Geografia Geral da segunda série ginasial. A imagem abaixo mostra o programa da disciplina Geografia Geral de acordo com essa portaria de governo para a segunda série ginasial. Os manuais escolares de Hilton Sette e Manuel Correia de Andrade eram publicados pela “Editora do Brasil S/A”. como por exemplo. lhes confere uma maior flexibilidade. principalmente. Renato Stempniewski e Éli Piccolo.Índice do livro Geografia geral de Geraldo Sampaio de Souza e Armando José Sampaio de Souza Fonte: Acervo da biblioteca particular da autora. percebemos que esses trazem nas primeiras páginas uma ficha técnica extensa com o nome dos colaboradores que participaram do processo de elaboração do livro. demonstrando preocupação didática em atrair os olhares dos adolescentes em ilustrações . como podemos observar na capa do livro Geografia Geral (1959). essa situação não muda. A sequência de apresentação dos temas e o detalhamento do conteúdo são da mesma maneira que a disposição do programa impõe o que explica a falta de autonomia que tinham os autores nesse período. uma iniciativa em desenvolver um material didático contextualizado e adaptado as necessidades dos alunos. Fazendo uma análise comparativa com relação ao processo de produção dos livros didáticos de hoje. Essa característica representava do ponto de vista pedagógico. Com a aprovação das portarias de 1951. pois o regime é o mesmo autoritário e sem liberdade de criação. e este tem os programas do governo como orientação. A década de 1950 é um período que os autores participavam de todo o processo de elaboração do manual escolar. Essa editora também publicava livros de Geografia de outros autores. Os livros de Stempniewski e Piccolo diferenciavam-se dos livros de Sette e Andrade. que apesar de terem de ser observados e considerados. no seu aspecto ilustrativo. Esses apresentavam imagens coloridas. porém não tinham autonomia frente à rigidez imposta pelos programas e normas do governo. sobretudo. uma vez que esses livros não seguissem na íntegra essa orientação seriam rejeitados no momento do julgamento oficial. o programa curricular da época. a metodologia das aulas. percebemos a importância significativa do manual escolar. a avaliação e até a escola e o nome do aluno. resultantes das marcas de leitura ou anotações de uso da época. claro se estiver em um bom estado de conservação. a corrente de pensamento. o vermelho e a mistura de ambos. fazendo referência ao Rio de Janeiro. Capa do livro Geografia do Brasil de Renato Stempniewski e Éli Piccolo Fonte: Acervo da biblioteca particular da autora. Também informações adicionais. Portanto. Geografia do Brasil 3° livro ciclo colegial (1950) da Editora Melhoramentos. a adequação dos conteúdos a esse programa. em destaque. Outro livro do período que trazia imagens na capa era o livro de Gicovate. as obras de referência e até o preço do livro. entre elas. . utilizando o amarelo. a imagem do Cristo Redentor. no tempo e no espaço.simbólicas das principais cidades do mundo. como um documento histórico que se constitui um necessário contributo a pesquisa das disciplinas escolares no Brasil. como: os conteúdos mais enfatizados pelo professor. os autores. Considerações Constatamos que por meio do livro escolar são conhecidas. embora com menos recurso de cor. Marcus A. Manuel Correia. São Paulo: Editora do Brasil. Julho. Maria Adailza Martins de. SETTE. ANDRADE. Rio de janeiro: 1952. Hilton. Manuel Correia. ANDRADE. In: Revista brasileira de estudos pedagógicos vol. ALMEIDA JÚNIOR. (Orgs). Hilton. Lugar: Conceito geográfico nos currículos pré-ativos – relação entre saber acadêmico e saber escolar. BIBLIOTECA do Colégio Americano Batista. Geografia geral para a segunda série ginasial. BITTENCOURT. 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