SOUSA & FERRAREZ (2017) HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NA EDUCAÇÃO ARTÍSTICA, ENERGÉTICA E AMBIENTAL NO PROEJA 1 1 A. C. SOUZA e A. H. FERRAREZ 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense [email protected] Submetido 12/01/2017 -‐ Aceito 10/07/2017 DOI: 10.15628/holos.2017.5544 RESUMO O PROEJA busca resgatar e reinserir, no sistema escolar artística e científica. A energia e o acesso a ela são cada regular, jovens e adultos, promovendo uma formação vez mais questões centrais no nosso dia a dia. Energia e integral na vida e para a vida. A interdisciplinaridade é desenvolvimento são indissociáveis, resultando em forte uma ferramenta para se alcançar uma formação mais pressão sobre o meio ambiente. Nesse contexto, a humanista. A Arte na Educação cumpre um papel educação energética e ambiental ganha importância e importante na promoção do conhecimento cultural do deveria fazer parte da formação de todo brasileiro. Este aluno. Uma das possibilidades de potencializar o trabalho teve por objetivo realizar um projeto aprendizado de arte são as histórias em quadrinhos interdisciplinar envolvendo educação artística, (HQs) que podem proporcionar excelentes resultados energética e ambiental por meio de histórias em interdisciplinares, sobretudo com a união da linguagem quadrinhos. PALAVRAS-‐CHAVE: PROEJA, Educação Artística, Ciência e Tecnologia. COMICS IN THE ARTS EDUCATION, ENERGETIC AND ENVIRONMENTAL IN PROEJA ABSTRACT The PROEJA aims to revive and reintegrate in school energy and access to it are an increasingly central issues system, youth and adults by promoting a comprehensive in our day-‐to-‐day. Energy and development are education in life and for life. The interdisciplinarity is a inseparable resulting in strong pressure on the tool to achieve a humanistic education. The Arts in environment. In this context education energy and Education has a significant role in promoting the cultural environmental gains importance and should be part of knowledge of the student. One possibility to enhance the training of every Brazilian. This work aimed to learning of art are the comics that can deliver excellent perform an interdisciplinary project involving arts results especially united with science language. The education, energy and the environment through comics. KEYWORDS: PROEJA; Arts Education, Science and Technology. HOLOS, Ano 33, Vol. 04 201 É objeto de reflexão de expressiva parte dos arte-‐educadores. mas um cidadão consciente de sua importância e potencial. Ano 33. inventividade e criatividade. 1. que impele ao diálogo. atitude. ao ensino profissional na perspectiva de uma formação integral (Brasil. HOLOS.SOUSA & FERRAREZ (2017) 1. de vida (Fazenda. A interdisciplinaridade não deve ser considerada como uma meta obsessivamente perseguida no meio educacional simplesmente por força da lei. pois. mas permitir ao aluno uma participação ativa e diligente também no processo do fazer. proposta pelo PROEJA. Trata-‐se de recorrer a um saber útil e utilizável para responder às questões e aos problemas sociais contemporâneos (Brasil.2. 2002). mais especificamente. no sistema escolar regular brasileiro. a necessidade de não somente estimular a sensibilidade na percepção da arte. tais como flexibilidade. de compromisso em construir sempre da melhor forma possível. são algumas entre várias razões para o ensino de Artes (Mendonça. 1994). de revelação. mas. contemplando assim um ensino-‐aprendizado da arte fundamentado no trinômio apreciação. INTRODUÇÃO 1. desafio em redimensionar o velho – atitude de envolvimento e comprometimento com os projetos e com as pessoas neles envolvidas. Atitude de espera ante os atos consumados. atitude de desafio – desafio perante o novo. conhecimentos e habilidades cada vez mais valorizadas na sociedade competitiva em que vivemos. devido aos problemas internos e externos à escola. O PROEJA busca resgatar e reinserir. A interdisciplinaridade é uma das ferramentas para se alcançar a formação mais humana.1. 04 202 . atitude de reciprocidade que impele à troca. trabalha a formação integrada com o ensino profissionalizante. jovens e adultos que se encontram afastados do mesmo. Entende-‐se por interdisciplinaridade a integração de disciplinas por meio de uma articulação voluntária e a coordenação das ações com vistas a um objetivo comum. permeados pelo pensamento crítico e construtivo. a interdisciplinaridade tem uma função instrumental. atitude de humildade diante da limitação do próprio saber. agregando ao seu repertório. através do acesso à educação geral e. 2007). 2008). na vida e para a vida. reflexão e elaboração. de encontro. atitude de responsabilidade. suas emoções. possibilitados pela apreciação da diversidade de manifestações artísticas e a produção de trabalhos artísticos. de alegria. sobretudo. imaginação. São percebidas questões em relação ao PROEJA que são marcos na história política brasileira no sentido de promover uma formação integral do indivíduo. Proeja e interdisciplinaridade O Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA. aguçando seu senso crítico. Educação artística A Arte na Educação vem cumprir um papel significativo e fundamental na promoção do conhecimento da cultura em que o aluno está inserido. A atitude interdisciplinar consiste em buscar alternativas para conhecer mais e melhor. Em suma. Esse conhecimento de si mesmo. instituído a partir de 2006. atitude de perplexidade ante a possibilidade de desvendar novos saberes. nos dias atuais. valores estes que modelam não só o trabalhador apto a exercer as habilidades específicas da profissão. Vol. A interdisciplinaridade deve utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema concreto ou compreender um fenômeno sob diferentes pontos de vista. assim como quem estuda biologia não é ou será necessariamente um biólogo. A própria escrita é uma espécie de desenho que aprimora com a repetição e se assinamos e escrevemos. desde a criação de histórias que retratem seu cotidiano e de personagens baseados em colegas de sala de aula e situações vividas HOLOS. A ideia de posicionar uma imagem após a outra para ilustrar a passagem do tempo. ao menos alguma vez na vida. Os quadrinhos são um idioma. a simples leitura e apreciação dos quadrinhos revelam várias possibilidades de utilização com fins pedagógicos. 1989). tanto separadamente como em surpreendentes combinações. os formatos dos balões. por um lado. pode ser um excelente recurso para desenvolvimento da oralidade. dos requadros. 2013). A identificação dos elementos dessa linguagem. A simples leitura em sala de aula. entre os seus muitos predicados. mas na produção dos desenhos necessários à produção de suas próprias histórias em quadrinhos. Partindo de exercícios básicos de desenho e sempre baseadas em geometrização para estruturar os corpos das personagens os alunos podem assimilar princípios de anatomia. incluindo o poder dos cartuns e do realismo. as histórias em quadrinhos (HQs) se apresentam como uma ferramenta que oferece amplas possibilidades de utilização em sala de aula. onomatopeias e metáforas visuais e até mesmo a percepção da narrativa visual. 2005). como popularmente são chamadas as HQs no Brasil (Patati e Braga. signos cinéticos. proporção.SOUSA & FERRAREZ (2017) Dentre as inúmeras possibilidades de contextualizar e potencializar o aprendizado de arte. Ano 33. As chamadas histórias em quadrinhos se baseia numa ideia simples. Uma das possibilidades de utilização do recurso do roteiro em aula pode se dar a partir da utilização de histórias em quadrinhos profissionais para elaboração de roteiros. por parte dos alunos. que decifra facilmente os códigos visuais das HQs e tende a representar a carga dramática implícita nos diálogos das personagens. bons ou razoáveis desenhistas de letras no qual é impresso nosso estilo pessoal. dificilmente. procedimento este útil tanto na disciplina de Artes como em Língua Portuguesa (Danton. em forma de roteiro. no mínimo. O aluno pode descrever. lido um gibi. devido às características próprias dessa forma de linguagem que reúne artes visuais e literatura. dialoga com as técnicas comuns à fotografia e cinema e. incluindo os planos e angulações podem ser objeto de análise (Eisner. a referida proposta de leitura coletiva de quadrinhos se torna uma experiência muito proveitosa para fins educativos. em voz alta. Se. as histórias em quadrinhos são um dos mais difundidos meios de fabulação visual e popular do planeta e. um aluno não tenha. onde a imaginação do leitor dá vida a imagens inertes (Mccloud. a produção de quadrinhos por parte dos alunos amplia consideravelmente seu potencial como ferramenta no ensino-‐aprendizado. 2006). O coração dos quadrinhos está no espaço entre um quadro e outro. Quanto à possibilidade de estimular e explorar não somente o potencial criativo e artístico dos alunos na criação de histórias. de outro. Até mesmo a elaboração de roteiros de histórias em quadrinhos pode ser utilizada como exercícios de avaliação do aprendizado. Quando disponíveis os recursos de projeção de imagens. 04 203 . utilizando quadrinhos digitalizados a partir de dispositivos de captura de imagem. é possível direcionar a produção dos quadrinhos por parte dos alunos com o tema que for o mais conveniente. todos os detalhes da HQ como se fosse ele o autor do referido roteiro. somos. 1979). Seu vocabulário consiste de toda a gama de símbolos visuais. Vol. mas os quadrinhos. na modalidade cartum com sua forma estilizada de representação. se apresentam como uma das opções mais fáceis de serem manejadas tanto pelo educador quanto pelo aluno. Após os exercícios de desenho básico. pode-‐se crer que desenhar não é privilégio de quem desenha com talento e expertise. O desenho artístico pode ser estimulado de várias maneiras na disciplina de Artes. movimento e perspectiva (Edwards. Muitos especialistas apontam as fontes renováveis de energia como a única solução para suprir um desenvolvimento econômico e ambiental sustentável. o consumo mundial de energia primária proveniente de fontes não renováveis (petróleo.SOUSA & FERRAREZ (2017) no ambiente escolar ou produzir quadrinhos com temas que dialoguem com outras disciplinas e linguagens. biogás. 1. fluidos (energia das ondas. 04 204 . levam milhões de anos para serem repostas naturalmente e. 1997). cuja transformação em outras formas de energia pode ser realizada em larga escala. Já fontes. energia das marés. cuja reconstituição pode ser feita sem grandes dificuldades em alguns anos ou menos. A linguagem da arte é a que. Verifica-‐se nos últimos tempos o surgimento de uma consciência ambiental o que implica numa maior preocupação com a sustentabilidade energética. técnica ou filosófica. Existe a indissociabilidade entre energia e desenvolvimento. associada ou não ao movimento dos corpos. estilisticamente trabalhada. Tem como finalidade o prazer intelectual. e propõem a substituição imediata das fontes não renováveis. Educação energética e ambiental A energia está presente em todas as nossas ações. mas a dinâmica desse relacionamento resulta em forte pressão sobre o meio ambiente. instruir. qualidade e custo da energia precisam ser considerados em todos os projetos do nosso dia a dia. a ordenação intuitiva dos elementos psicológicos. a busca de uma verdade psicológica ou o simples entretenimento mental (André. uma vez que o crescimento econômico tem estado atrelado à expansão da oferta de energia. Neste caso essas fontes são chamadas de não renováveis. O acesso à energia é algo estruturante na nossa sociedade. Infelizmente essa não é uma preocupação geral da população. Tem como finalidade informar. A linguagem da ciência é a que busca transmitir ideias de natureza científica. É na interdisciplinaridade que os quadrinhos com fins educacionais podem proporcionar excelentes resultados sobretudo ao unir a linguagem da arte à da ciência. 2013). Vol. apesar de serem produzidas naturalmente. São exemplos de fontes renováveis: a energia solar. mesmo sendo possível a reposição artificial. biomassa) que possa produzir energia em processos de transformação (combustão. gravitacional). carvão vegetal. hidráulica) e gases (energia eólica). urânio. desde um simples planejamento de férias até um plano de governo para vários anos de investimentos. a energia da biomassa (lenha. cabendo apenas 14% às fontes renováveis. Ano 33. fissão nuclear) como também as formas de energia (energia solar. otimizando assim a aprendizagem. nos últimos anos. Esta grande HOLOS. com vistas a reduzir os efeitos ambientais e fomentar a transição para um novo perfil de consumo de energia de maneira estável sem escassez ou elevação de preços dos energéticos (Jannuzzi e Swisher. os custos são exorbitantes e o gasto de energia é igual ou superior a quantidade a ser obtida o que torna o processo inviável. a ordenação lógica dos elementos racionais. São consideradas fontes de energia toda substância (petróleo. etc). etc (Silva. a energia eólica. 1982). A disponibilidade. nem da maioria dos setores produtivos e políticos (Macedo.3. gás natural e nuclear) correspondeu a aproximadamente 86% do total. procura criar um estado psíquico de emoção estética. biodiesel. Segundo as Nações Unidas. são chamadas de fontes renováveis de energia. 2013). É de interesse público que os cidadãos tenham esse direito. álcool. Suas características fundamentais são a objetividade. ou à temperatura das substâncias (energia geotérmica). carvão. As fontes de energia como o petróleo. Suas características fundamentais são a subjetividade. a energia hidráulica. carvão. Energia é cada vez mais a questão central nos dias atuais e próximos. sociais e econômicos que afetarão todos os países. realizado em 2001. Os GEE são aqueles que têm a capacidade de reter a radiação infravermelha (calor) emitida pela Terra.4 e 5. 2008). São considerados gases de efeito estufa o dióxido de carbono (CO2). durante o período de 1750 a 1998 a concentração de gases de efeito estufa (GEE) duplicou na atmosfera. No Quadro 1 são mostradas alguns desses impactos. Quadro 1 – Região do planeta e impactos provocados pelo aquecimento global Região Previsão de Impactos África i) Diminuição da produção agrícola ii) Diminuição da disponibilidade de água na região do Mediterrâneo e em países do sul HOLOS. aumentando a temperatura na superfície terrestre e do mar. 2003). Figura 1 – Esquema do Efeito Estufa Fonte: (Notícia Proibida. Vol. o hexafluoreto de enxofre (SF6) e as famílias dos perfluorcarbonos que são compostos completamente fluorados como perfluormetano (CF4) e perfluoretano (C2F6) e dos hidrofluorcarbonos (HFCs) (Rocha. o óxido nitroso (N2O).SOUSA & FERRAREZ (2017) dependência de fontes não renováveis de energia tem tido como consequência. Ano 33. 1999). O teor de dióxido de carbono na atmosfera tem aumentado progressivamente. 2001). 04 205 . 2010) O aquecimento global implicará em impactos econômicos. o metano (CH4).8ºC nos próximos cem anos (IPCC. A Figura 1 mostra como a radiação infravermelha é bloqueada pelos gases de efeito estufa. De acordo com estudo do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). o famigerado aquecimento global (CGEE. O aumento da concentração de GEE poderá provocar um aumento médio da temperatura no planeta entre 1. além da preocupação permanente com o esgotamento dessas fontes. Esses impactos serão diferenciados dependendo da região do mundo (Manfrinato. levando ao aumento da temperatura média da biosfera terrestre. a emissão de grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. iluminação). Vol. causas e consequências do uso da energia. etc) sua conversão para formas de energia mais úteis para o uso final (eletricidade. 04 206 . Para HOLOS. numa turma do módulo I do Curso Técnico de Eletrotécnica. Foi ministrada uma palestra para a turma com vistas a introduzir o tema. nuclear. 2. evolução. hidráulica. Foram levantadas várias bibliografias sobre o assunto e realizadas várias consultas à internet. A educação energética e ambiental deveria fazer parte da formação de todo brasileiro. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado no Instituto Federal Fluminense.SOUSA & FERRAREZ (2017) iii) Aumento dos vetores de diversas doenças iv) Aumento da desertificação v) Extinção de animais e plantas Ásia i) Diminuição da produção agrícola ii) Diminuição da disponibilidade de água nas regiões árida e semiárida iii) Aumento do nível do mar deverá deslocar dezenas de milhões de pessoas Austrália e Nova i) Diminuição da disponibilidade de água Zelândia ii) Extinção de animais e plantas Europa i) Desaparecimento de geleiras nos Alpes ii) Aumento da produção agrícola em algumas regiões iii) Impactos no turismo América Latina i) Diminuição da produção agrícola ii) Aumento dos vetores de diversas doenças iii) Extinção de animais e plantas América do Norte i) Aumento da produção agrícola em algumas regiões ii) Aumento dos vetores de diversas doenças Polar i) Diminuição da calota polar ii) Extinção de animais e plantas Pequenas Ilhas i) Aumento do nível do mar deverá deslocar dezenas de milhões de pessoas ii) Diminuição da disponibilidade de água iii) Diminuição da atividade pesqueira iv) Diminuição no turismo Fonte: (IPCC. com informação quantitativa sobre as fontes primárias de energia usadas (petróleo. campus Itaperuna. o entendimento das conversões de energia. 2001). energética e ambiental por meio de histórias em quadrinhos. comercial. as perdas e desperdícios associados. As aulas de Artes se transformaram em laboratório de ideias. Foi proposto à turma que o trabalho final da disciplina “Artes” fosse a produção de uma “tirinha” que abordasse o tema: “Energias Alternativas e Sustentabilidade”. fornecendo conhecimento da “matriz” de fontes/usos de energia. Este trabalho teve por objetivo realizar um projeto interdisciplinar envolvendo educação artística. calor. biomassa. Ano 33. Parte dessa formação envolveria introduzir os princípios da termodinâmica. industrial. transportes. e sua distribuição pelos setores de uso (residencial. Modalidade PROEJA. etc). acionamento mecânico. o fim da era do petróleo e aquecimento global. desenho. colorização. O Sol é a fonte de energia térmica. É possível fazer quadrinhos com tudo e sobre absolutamente tudo. ambientais e artísticos: Trabalho 1: Alunos: George da Silva Vicente e Wellington da Silva Faria Comentário: Em 2010 tem-‐se o Sistema Heliocêntrico assim como defendido por Nicolau Copérnico. RESULTADOS E DISCUSSÃO As tirinhas produzidas são apresentadas a seguir com os comentários respectivos. Vol. A vida na Terra só se tornou possível devido ao fato de não sermos tão quentes como Vênus e nem tão frios como Marte. são uma variação dos elementos típicos da linguagem dos quadrinhos chamados de linhas cinéticas e que figuram como um reforço expressivo na ideia do movimento de deslocamento do núcleo orbital. ser digitalizado em scanner. esboço. o Sistema passa a ser Geocêntrico. 04 207 . posteriormente. As elipses em linhas descontínuas. letreiramento. representando a órbita dos planetas. Primeiramente foi feito um esboço em papel do que seria a história em quadrinhos. Uma vez obtidos os arquivos digitais. Assim os alunos puderam também se familiarizar com o computador e manejar de forma conjugada arte e tecnologia. 3. Em 3000. finalização à tinta. a seguir esse desenho foi finalizado a nanquim para. a colorização e o letreiramento foram feitos utilizando as ferramentas digitais. considerando os aspectos energéticos. e a Terra é o terceiro planeta mais próximo do Sol.SOUSA & FERRAREZ (2017) minimizar as dificuldades e limitações quanto à produção dos desenhos ou histórias foi facultada a formação de grupos de dois alunos. O que vale é a criatividade. digitalização. A interação e a cooperação entre os componentes dos grupos foram facilitadas pela distribuição das diversas tarefas envolvidas na produção das tirinhas: pesquisa. Será que isso tem a ver com o aumento da temperatura da Terra devido ao aquecimento global? Uma mostra simples de história sem personagens humanos ou antropomorfizados. HOLOS. roteiro. Ano 33. apontando para o personagem donde se origina a respectiva fala. que tornam mais verossímeis as personagens. Ano 33. os quadrinhos são chamados de “fumetti” numa alusão à forma dos balões. HOLOS. Na grande maioria dos casos. Destaque para os diálogos em linguagem coloquial. Vol. o balão-‐pensamento.SOUSA & FERRAREZ (2017) Trabalho 2: Aluno: Marco Antônio Braga Pimentel Comentário: Devido ao aumento da temperatura média na superfície da Terra. que se assemelham a fumaças que pairam sobre os personagens das HQ. dando ritmo e enriquecendo a narrativa. A estilização do chapéu de palha ganha uma caracterização facilmente reconhecível. Vale ainda destacar as linhas térmicas que emanam do ovo cozido no último quadro. o balão-‐pensamento possui um rabicho em forma volatizada ou esfumaçada. indicando um bom domínio da linguagem por parte do autor. possuem um elemento identificador do interlocutor. O requadro central não apresenta contorno e destaca uma onomatopeia. sejam linhas. No exemplo acima. etc. Exemplo de como os alunos podem dispor dos elementos da gramática visual na prática e com espontaneidade. Junto com as onomatopeias e recordatórios ou legendas. chamado de delta ou rabicho. 04 208 . por exemplo. em forma de nuvem. na Itália. O rabicho varia segundo o estilo do balão. bastando apenas três linhas para sugerir a trama da fibra vegetal. os balões são os elementos textuais dos quadrinhos. que funcionam como contenedores dos textos. é um dos muitos formatos de balão. Vale lembrar que. os balões. galinhas como a Marilu já botam ovos cozidos. No último quadro. pontos. volumes. ao valer-‐se de uma metalinguagem. houve uma boa apropriação dos recursos visuais disponíveis. nas cores utilizadas e. HOLOS. 04 209 . tal como ocorre em escala planetária. mas. ao usar o espaço gráfico dos requadros para exemplificar o acúmulo crescente dos gases tóxicos no efeito estufa.SOUSA & FERRAREZ (2017) Trabalho 3: Aluno: Thiago Ferreira de Queiroz Comentário: Veículos movidos a combustíveis fósseis como gasolina e óleo diesel emitem uma grande quantidade de gases de efeito estufa (GEF) como o CO2 (Dióxido de Carbono). Nessa tirinha é perceptível o pouco domínio do desenho por parte do autor. durante as etapas da produção da tira cômica. Ano 33. principalmente. Vol. CH4 (Metano) e N2O (Óxido Nitroso). O homem consome esse petróleo em um tempo muito menor do que o necessário para sua formação (isso faz do petróleo uma fonte não renovável de energia). Ano 33. 04 210 . culminando com a natureza totalmente devastada. Primeiramente vê-‐se um dinossauro (seria um T-‐Rex?) num ambiente primitivo. As onomatopeias e a interrogação no último quadro são os únicos elementos textuais que reforçam a leitura. HOLOS. Há uma criativa utilização de recursos narrativos para representar um processo gradativo de extinção da vida. Vol. é de fácil entendimento por parte do leitor. independente de códigos verbais. A queima desse combustível implica em poluição e junto com ações não sustentáveis a devastação ambiental. que.SOUSA & FERRAREZ (2017) Trabalho 4: Alunos: Carlindo Carlos Torres Coelho e Josias Mattos do Valle Comentário: Observa-‐se um ciclo histórico-‐energético em nosso planeta. Os restos mortais desse dinossauro após muitos e muitos anos submetidos à alta pressão e temperatura se transformam em petróleo. Os diálogos em linguagem coloquial e o traço estilizado também são destaques. HOLOS. 2012). mantendo sua caligrafia original. como no exemplo acima. O quadrinho acima mostra que. 04 211 . 2010). Vol.SOUSA & FERRAREZ (2017) Trabalho 5: Aluno: Elson Pereira da Silva Comentário: O potencial eólico brasileiro estimado é de 350 GW de capacidade instalada e uma geração de 920 TWh/ano (CEPEL. Ano 33. A utilização dos recursos do software utilizado para finalização dos quadrinhos. no intuito de imprimir personalidade ao trabalho. tais como filtros e cores em dègradé. foi um elemento motivacional no processo criativo. O consumo total de energia elétrica no Brasil em 2011 foi de 472 TWh (EPE. utilizamos desse enorme potencial de energia para realizar as nossas brincadeiras. No entanto. alguns alunos dispensaram o uso dos recursos digitais para o letreiramento. desde pequenos. SOUSA & FERRAREZ (2017) Trabalho 6: Aluno: Adriano Barbosa Loureiro Ferreira Comentário: De acordo com estudos da Petrobrás a previsão é de que em 2020 a produção de petróleo do Pré-‐Sal seja de 1. Ano 33. o que não prejudica a legibilidade da informação. que é investir no desenvolvimento de novas tecnologias de aproveitamento das energias renováveis. A exploração dessa riqueza poderá representar grandes oportunidades para o povo brasileiro desde que o ritmo de exploração dessas reservas não seja o das grandes potências mundiais de petróleo (Estados Unidos e China). Na linguagem do humor gráfico é muito comum o uso de um traço estilizado. HOLOS.8 milhão de barris por dia. quase “caligráfico”. pelo contrário. O quadrinho apresenta mais uma alternativa para aplicação dos recursos do Pré-‐Sal. 04 212 . se ajusta perfeitamente à mensagem direta e sucinta. além da educação. Vol. A ironia presente na cena é um recurso comumente presente no humor gráfico. 04 213 . constituindo-‐se na “alma do cartum”. Vol. optou por uma mensagem desprovida de texto. que usa analogias e trocadilho visual. Ano 33. A mamona. HOLOS. A criatividade. mas rica em significados e expressividade. valoriza o traço simples do autor. ao extrair graça do tema abordado. pode ser a base do biodiesel – combustível obtido a partir de matérias-‐primas vegetais ou animais. que apresentou um dos melhores resultados na qualidade do traço. O biodiesel pode substituir o óleo diesel e tem a vantagem de ser menos poluente e renovável. planta oleaginosa. Trabalho 8: Aluno: Paulo Ferreira de Souza Comentário: A agroenergia é uma alternativa energética que pode contribuir para a mitigação do efeito estufa.SOUSA & FERRAREZ (2017) Trabalho 7: Aluno: Reinaldo de Paulo Bartholazi Comentário: Alusão à energia eólica e aos aerogeradores como ventiladores para amenizar a temperatura escaldante da cidade de Itaperuna/RJ que pode chegar aos 40 ºC. O aluno autor da tirinha acima. processo microbiológico em que bactérias convertem a matéria orgânica em biogás. Vol. Ano 33. utilizando motores de combustão interna ou microturbinas. e outros gases. Tem na sua composição metano (CH4). O personagem do quadrinho está renovando suas energias com a mais abundante fonte renovável que temos à nossa disposição.SOUSA & FERRAREZ (2017) Trabalho 9: Aluno: Igor Pizane da Silva e Carlos Rubens Rios Rodrigues Comentário: A energia proveniente do Sol é muito generosa com o Brasil. Esse conteúdo humorístico amplia o valor autoral do trabalho. É encontrado em qualquer unidade de acúmulo de resíduos urbanos ou agroindustriais. França e Espanha onde a geração fotovoltaica é bastante difundida. A “gag” normalmente faz rir e pensar. ao usar um balão-‐pensamento HOLOS. O país possui uma irradiação média anual que varia entre 1200 e 2400 kWh/m2 (EPE. Aqui uma inovação do aluno. dióxido de carbono (CO2). hidrogênio (H2). Por meio da conversão energética. Trabalho 10: Aluno: Robson Nascimento Rodrigues Comentário: O biogás é um combustível relativamente barato. O efeito humorístico presente na fala e ações dos personagens junto com o elemento surpresa no argumento da tirinha é chamado nos comics de “gag” e pode ser definido como “piada rápida”. permitindo ao leitor ampliar o debate sobre o tema em questão. 04 214 . Esse valor é superior à irradiação da Alemanha. 2012). Surge da biodigestão anaeróbia. pode ser transformado em energia elétrica. As tirinhas cumpriram o papel de síntese. NOTA TÉCNICA EPE -‐ Análise da Inserção da Geração Solar na Matriz Elétrica Brasileira. No entanto.pdf Edwards.SOUSA & FERRAREZ (2017) fora do requadro em que se encontra o personagem autor do pensamento em questão. Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos: Educação Profissional Técnica de nível Médio / Ensino Médio. (2008).files. ou a lembrança de um experimento já feito e bem sucedido que ratifica a notícia da TV? 4. Editora Moderna. Empresa de Pesquisa Energética. (1989). Na linguagem das HQs. Brasil. Campinas – SP. I. por parte dos alunos.com/2013/02/comoescreverhq_giandanton. 4. B. C. (2002). Brasília: Ministério da Educação. Os alunos foram estimulados a irem além da condição de coadjuvantes no processo de ensino-‐aprendizagem. ed. G. Danton. passa a ter a função de quadrinho. Brasil. de http://quadrinhopole. H. (EPE). A. Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (CEPEL). CONCLUSÃO Os resultados alcançados demonstram que a proposta de abordar de forma interdisciplinar o tema “Energias Renováveis e Sustentabilidade” foi alcançada. Gramática ilustrada. Desde o processo de pesquisa em que os alunos foram estimulados a fazer uma imersão no tema proposto. através de pesquisas referenciais. 3ª ed. (1979). normalmente um quadrinho com a forma de nuvem é utilizada para flash-‐backs. A junção de palavras e imagens nas histórias em quadrinhos foi eficaz na fixação dos conceitos. Vol. dos conhecimentos necessários para o processo criativo de uma forma que só a arte pode fazê-‐lo. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. diante da criativa solução apresentada pelo aluno: o pensamento é uma imaginação ou ideia evocada pela informação recebida. houve uma apropriação espontânea. rememorações de fatos.W. Ministério da Educação. na aplicação dos conhecimentos manejados. ciência e cultura. Recuperado em 15 de setembro de 2013. HOLOS. (2007). 04 215 . Rio de Janeiro. Quadrinhos e Arte Sequencial. Em proporção idêntica ao primeiro quadro e disposta à direita deste. Atlas do Potencial Eólico Brasileiro -‐ Preliminar.wordpress. (2012). REFERÊNCIAS André. Editora Ediouro. (2010). Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Papirus. 5. (1994). Desenhando com o lado direito do cérebro. Brasília. (2013). Eisner. Uma proposta interdisciplinar como essa é importante para que o PROEJA cumpra uma de suas missões qual seja integrar educação. (1982). A. São Paulo. CGEE – Centro de Gestão e Estudos Estratégicos. Documento Base. São Paulo: Martins Fontes. Brasília -‐ DF. Interdisciplinaridade: história. fica a dúvida. Como Escrever uma História em Quadrinhos. teoria e pesquisa. até a etapa de elaboração das histórias em tiras de quadrinhos. Fazenda. Manual de capacitação sobre mudança do clima e projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL). Ano 33. MEC/SETEC. G. Ano 33. Jannuzzi. Editora Autores Associados. (2001). 1. P. S. T. Brasil. Recuperado em 03 de setembro de 2013. Editora Ediouro.org/fotos/Image/atuais/esquema_do_efeito_estufa_reduzido. A. (1997).. 6.M. Almanaque dos Quadrinhos. 04 216 . Macedo. São Paulo: M Books. v. Swisher. Planejamento Integrado de Recursos: Meio Ambiente.N.br/reportagens/2004/12/15. Shangai. (2005). M. Notícia Proibida.D. Aquecimento global e o mercado de carbono: uma aplicação do modelo CERT. (2003). (2010). Braga.noticiaproibida.SOUSA & FERRAREZ (2017) IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change.shtml HOLOS. Summary for Policymakers. de http://www.jpg Patati. A Report of Working Group I of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Belo Horizonte. Fontes renováveis de energia para o desenvolvimento sustentável. Mudanças Climáticas: ações e perspectivas para o novo milênio. São Paulo. Reinventando os Quadrinhos. Energia: fontes e usos finais no Brasil.comciencia. I. CEPEA/ESALQ/USP. Mendonça. Silva. Boletim Qualidade de Vida.br/reportagens/2004/12/05. W. Recuperado em 08 de julho de 2013 de http://www. Rio de Janeiro. Mccloud. C.. Piracicaba: ESALQ/USP. J.P. n. Rocha. China. Traça Traço Quadro a Quadro. Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC. (2008).shtml Manfrinato. Conservação de Energia e Fontes Renováveis. Editora C/Arte. São Paulo. Recuperado em 02 de agosto de 2010 de http://site. (2006).comciencia. (1999).P. Campinas -‐ SP. J. F. Grupo 3. E. Vol.