UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIAINSTITUTO CIBERESPACIAL – ICIBE LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO Educação inclusiva das pessoas com deficiência visual Natalia Alves Trabalho referente à disciplina Educação regular, especial e inclusiva, orientado pela Prof.ª Dra. Andréa Miranda da Universidade Federal Rural da Amazônia. Belém, 25 de setembro de 2014. Educação inclusiva das pessoas com deficiência visual Introdução O ponto de vista deste artigo é que um trabalho junto a portadores de deficiência visual implica, necessariamente, conhecimento do referencial próprio que o norteia. Nesse sentido, esta comunicação apresenta-se, aos que lidam com o portador de deficiência visual, como um convite para refletirem sobre os fundamentos da própria ação. “A construção de uma sociedade de plena participação e igualdade tem como um de seus princípios a interação efetiva de todos os cidadãos. Nesta perspectiva é fundamental a construção de políticas de inclusão para o reconhecimento da diferença e para desencadear uma revolução conceitual que conceba uma sociedade em que todos devem participar, com direito de igualdade e de acordo com suas especificidades” (Conforto e Santa Rosa, 2002). Breve histórico Em toda a história da humanidade o tratamento das pessoas com deficiência visual desenvolveu-se conforme crenças, valores culturais, concepções de homem e transformações sociais ocorridas em determinadas épocas. Em grande parte da História o Homem encarou a questão da deficiência com preconceito e discriminação. Após a Segunda Guerra Mundial (1948) ocorreram algumas mudanças nos conceitos de da sociedade e houve a instituição dos Direitos Humanos universais, que visavam principalmente garantir os direitos fundamentais a pessoa, de maneira a coibir atrocidades generalizadas à humanidade. A Constituição Federal de 1988 e a LDB 9394/96 (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO, Lei de Diretrizes e Bases da Educação,1996), promoveram transformações em todo o sistema de ensino no pais Uma delas foi a implantação de políticas publicas de inclusão de pessoas com deficiência nas redes regulares de ensino. Definindo deficiência visual Antes de fazer referência a quaisquer dados, é importante assinalar que, educacionalmente, os portadores de deficiência visual são divididos em dois grupos: cegos e portadores de visão subnormal. Tradicionalmente, a classificação tem sido feita a partir da acuidade visual: sendo cego aquele que dispõe de 20/200 de visão no melhor olho, após correção; e portador de visão subnormal, aquele que dispõe de 20/70 de visão nas mesmas condições. Essa delimitação pela acuidade visual tem, porém, para fins educacionais, mostrado ser pouco apropriada, dando-se preferência àquela referente a eficiência visual. Dessa forma, neste trabalho, foi adotada a definição sugerida pela American Foundation for the Blind, na qual criança cega é aquela "cuja perda de visão indica que pode e deve funcionar em seu programa educacional, principalmente através do uso do sistema Braille, de aparelhos de áudio e de equipamento especial, necessário para que alcance seus objetivos educacionais com eficácia, sem o uso da visão residual. Portadora de visão subnormal, a que conserva visão limitada, porém útil na aquisição da educação, mas cuja deficiência visual, depois de tratamento necessário, ou correção, ou ambos, reduz o progresso escolar em extensão tal que necessita de recursos educativos”. Esta definição educacional volta-se, assim, para as possibilidades do aluno. Ao invés de estabelecer precocemente uma delimitação numérica e rígida de seu potencial, focaliza-o primeiramente naquilo que sabe e pode fazer e, posteriormente, naqueles que são seus limites. Implicitamente fica assinalada a importância de conhecer a criança na sua totalidade, voltando-se antes para o que ela tem em comum com as demais crianças, para depois focalizar as diferenças existentes entre elas. Inclusão escolar de alunos com deficiencia visual A inclusão de alunos com Deficiência Visual (DV) na rede pública de ensino tem sido questão de discussão entre muitos professores, pois em geral, estes dizem que não receberam em seus currículos de formação, preparo adequado para trabalhar com estes alunos. Desse modo, Romagnolli (2008, p.7) cita que, a Declaração de Salamanca, assegura que “as pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter acesso às escolas comuns que deverão integrá-las numa pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a essas necessidades”. Porém, estes estudantes com baixa visão ou cegueira podem encontrar dificuldades durante o seu processo educativo, tanto em relação à formação adequada do professor, quanto ao fato de não existirem materiais adequados na escola em que este aluno esteja inserido. Até mesmo os pais da criança, por não terem conhecimento da deficiência e não ter clareza de como esta percebe o mundo, consideram que a criança não aprende por falta de interesse. Assim como ressalta Romagnolli que, “a ausência de clareza sobre como essas crianças percebem o mundo os levam [pais e professores] a considerar as suas 4 dificuldades como decorrentes de outras incapacidades pessoais, e não de sua limitação para enxergar”. (RAMAGNOLLI apud AMIRALIAN, 2008, p.18). Os alunos com DV não são diferentes dos demais colegas videntes, eles também tem o mesmo desejo de brincar, aprender, se comunicar, de saber algo sobre o que lhe deixa curioso. E para isso, é necessário que o ambiente em que ele esteja inserido seja estimulador, que lhe ofereça condições favoráveis para a sua aprendizagem. Pois, esses alunos devem ser tratados da mesma forma que os outros colegas são tratados, respeitando assim o direito de uma escola de qualidade para todos. Softwares de acessibilidade aos deficientes visuais Os softwares de acessibilidade aos ambientes digitais para deficientes visuais utilizam basicamente ampliadores de tela para aqueles que possuem perda parcial da visão e recursos de áudio, teclado e impressora em Braille para os sujeitos cegos. Dente os sistemas para deficientes visuais os mais utilizados atualmente em nosso país são o Dosvox, o Virtual Vision e o Jaws. Dosvox É um sistema operacional para microcomputadores da linha PC (Personal Computer, - Computador Pessoal) que se comunica com o usuário através de síntese de voz viabilizando deste modo, o uso de computadores por deficientes visuais. O sistema “conversa” com o dv em Português. Uma das importantes características desse sistema é que ele foi desenvolvido com tecnologia totalmente nacional, sendo o primeiro sistema comercial a sintetizar vocalmente textos genéricos na língua portuguesa. Tanto o software quanto o hardware são projetos originais, de baixa, complexidade, e adequados a nossa realidade. Contribuições de Vigotsky para a educação de pessoas com deficiência visual A contribuição do psicólogo bielo-russo Lev S.Vigotski (1896-1934) para a educação tem sido explorada através das mais diversas questões, no caso do Brasil, desde a difusão dos textos desse autor no início da década de 1980 (Carvalho, 2002; Davis & Silva, 2004; Freitas, 1994). Suas análises sobre o papel da interação social na formação do psiquismo, suas contribuições para o estudo da relação desenvolvimento e aprendizagem e seus argumentos sobre o papel da educação no desenvolvimento psicológico são, com frequência, resgatados pelos pesquisadores da educação, que muitas vezes evidenciam controvérsias sobre a interpretação de sua obra (Góes, 1997; Oliveira, 1992, 1995; Zanella, 2001). A preocupação com a educação de pessoas com deficiência ocupa um lugar de destaque no conjunto da obra de Vigotski (Shuare, 1990). Nas edições recentes dessa obra, como a da editora espanhola Visor, os textos referentes às deficiências ficam reservados ao quinto tomo. Este reúne uma produção realizada, em sua maior parte, entre 1925 e 1929, versando sobre o desenvolvimento psicológico e a educação de pessoas com deficiência, a qual não pode ser lida de forma isolada do conjunto de sua obra, tampouco descontextualizada de seu momento histórico. Conclusão A responsabilidade da inclusão social é de todos, alunos, professores, pais, profissionais envolvidos na educação e sociedade civil. As tecnologias estão nas escolas para promover crescimento social, sendo auxiliares na inclusão, na diminuição das diferenças, na globalização da informação, na possibilidade de constituição de uma sociedade mais produtiva, diversa e tolerante. Podemos dizer que as vantagens que a Informática nos propicia são inúmeras, desde que bem utilizadas. Todo o dia novos software e equipamentos são desenvolvidos nas mais diversas áreas, incluindo a educação. E há um segmento desta que tem sido muito beneficiado com isso - A Educação Especial, que está se valendo deste recurso tecnológico de duas formas: como prótese no sentido de adequar ou adaptar equipamentos para que esta população também faça uso deles, e como meio de aprendizagem. Referências SONZA, SANTAROSA. Ambientes digitais virtuais: acessibilidade aos deficientes visuais. 2003. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/13034/000581081.pdf?sequence=1>. Acesso em 19 de set. 2014. MASINI. A educação do portador de deficiência visual- as perspectivas do vidente e do não vidente. 1993. Disponível em: <http://www.emaberto.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/888/795 >. Acesso em 19 de set. 2014. MACHADO. A inclusão da pessoa com deficiência visual na escola: Contribuições da Educação à Distância. 2011. Disponível em: <http://iea.com.br/wp- content/uploads/2012/06/Inclusao_EaD.pdf> . Acesso em 19 de set. 2014. NUERNBERG. Contribuições de Vigotski para a educação de pessoas com deficiência visual. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pe/v13n2/a13v13n2>. Acesso em: 19 de set. 2014. SILVA, OLIVEIRA. Convivendo com a diferença: a inclusão escolar de alunos com deficiência visual. 2012. Disponível em: <http://www.uel.br/eventos/sies/pages/arquivos/009%20- %20CONVIVENDO%20COM%20A%20DIFEREN%C3%87A.pdf> . Acesso em: 19 de set. 2014.