Artigo - Acidentes estruturais

March 17, 2018 | Author: giordanosaltiel12 | Category: Rio De Janeiro, Engineering, Newspapers, Building, Foundation (Engineering)


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Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de ConcretoAbril / 2006 ISBN 85-86686-36-0 Monitoração e Manutenção de Estruturas Existentes Trabalho SIMP0309 - p. 45-58 ACIDENTES ESTRUTURAIS: A ENGENHARIA EM MANCHETE STRUCTURAL ACCIDENTS: ENGINEERING IN HEADLINES Ivan Ramalho de Almeida (1); Humberto Dias da Costa (2) (1) Professor Dr., Titular de Materiais de Construção do Departamento de Engenharia Civil Universidade Federal Fluminense - Niterói (RJ) [email protected]; [email protected] (2) engenheiro civil, ex-aluno da Universidade Federal Fluminense - Niterói (RJ) [email protected] Resumo O trabalho resume e analisa os desabamentos de 24 estruturas de concreto ocorridos em um período de 5 anos, em 7 estados do país, e os classifica segundo sua causa. A base de pesquisa foi leiga - notícias de 87 jornais, com busca na Internet, pela palavra-chave “desabamento”. Assim, pretendeu-se avaliar também a visibilidade dos engenheiros na mídia nacional e, por extensão, na sociedade. Foram registrados acidentes com uma ponte, dois reservatórios d’água, um galpão e vinte edifícios. Como conseqüências, dezenas de mortos, centenas de feridos, centenas de famílias desalojadas, abastecimentos interrompidos, processos nos tribunais, prejuízos generalizados, etc. Na maior parte dos desabamentos, contudo, a estrutura apresentou, antecipadamente, sinais de que algo não ia bem. Muitas das conseqüências teriam sido evitadas caso houvesse inspeção estrutural periódica. Apesar de tudo, não se identificou nenhuma impressão formada, desfavorável à engenharia nacional. Palavras-Chave: desabamento; estrutura; concreto; notícias de jornal; engenharia. Abstract The work summarizes and analyzes the collapses of 24 concrete structures happened in a 5 year period, in 7 states of the country, and classifies them according to the causes. The research base was laic - news of 87 newspapers, with search in the Internet, for the keyword "collapse". This way, it intended also to evaluate the engineers' visibility in the national media and in the society. Accidents were registered in one bridge, two water reservoirs, one shed and twenty buildings. As consequences, dozens of deaths, hundreds of wounded persons, hundreds of unhoused families, interrupted supplies, processes in the tribunals, widespread damages, etc. In most of the collapses, however, the structure presented, in advance, signs that something didn't go well. Many of the consequences would have been avoided if there were periodic structural inspections. In spite of everything, it was not identified any well-founded opinion, unfavorable to the national engineering. Keywords: collapse; structure; concrete; newspaper headlines; engineering. Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 45 que provocou grande mobilização no meio técnico nacional. 2 METODOLOGIA Realizou-se uma busca por reportagens em todos os jornais que disponibilizavam seu conteúdo gratuitamente para os assinantes de um dos grandes portais da Internet: o UOL.1 Caso n° 1: Prédio em Construção na Gruta de Lourdes. Dos 87 jornais disponíveis. 3. foram relacionados por ordem alfabética dos estados onde ocorreram e por ordem cronológica dentro de cada estado. nas notícias retornadas. procurouse preservar ao máximo o texto publicado nos jornais. CONSEQÜÊNCIAS: Não foram relatadas. LOCAL E DATA: Maceió (AL). 46 . A base de pesquisa não foi científica: foi leiga . A maior parte das ocorrências pesquisadas (23) aconteceu no período de cinco anos. por extensão. má utilização/falta de manutenção ou causas acidentais. a partir dos quais foram então selecionadas e resumidas as notícias relativas a 24 obras. devido à sua peculiaridade. Essa preocupação surgiu principalmente após o desabamento do Ed. 3 RESULTADOS OBTIDOS Dessa forma foram obtidos relatos de casos de desabamentos (parciais. Utilizou-se a palavra-chave “desabamento” e. Os acidentes. resumidos a seguir. Nos resumos. sem alvará da Prefeitura. Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. foi incluído no trabalho. totais ou potenciais) em vários pontos do Brasil. compreendidos entre 1999 e 2004. falha de execução. Houve apenas uma exceção. fez-se uma triagem para selecionar principalmente os casos relacionados com as estruturas de concreto. OBSERVAÇÕES: Prédio que desabou estava embargado. havia falhas no projeto estrutural e o material utilizado na construção era de má qualidade. É importante ressaltar que esse rol de jornais (enumerado no Anexo 1. Desta forma pretendeu-se avaliar também a visibilidade dos engenheiros na mídia nacional e. um caso ocorrido em 1990. Figura 1: Desabamento de prédio em construção na Gruta de Lourdes. a pesquisa foi feita naqueles que apresentavam caixa de busca por palavras-chaves. Areia Branca. outubro de 2002.1 OBJETIVO DA PESQUISA Pretendeu-se levantar os casos recentes de acidentes estruturais e classificá-los segundo sua causa: erro de concepção ou de projeto/dimensionamento. que. em 7 estados. CAUSA: Segundo o CREA. Construção estava irregular.notícias de jornais. na sociedade. apresentada mais adiante (CASO Nº 21). ao final do trabalho) inclui desde diários de abrangência nacional até noticiários de penetração predominantemente regional. CONSEQÜÊNCIAS: O prédio foi interditado. Logo após a entrega pela construtora.Ed. 8 meses fora de seus imóveis. 3.6 Caso n° 6 . pois havia risco de desabamento do edifício. O piso do 10º andar chegou a ceder 10 cm. OBSERVAÇÕES: Dois conjuntos residenciais financiados pela Caixa Econômica Federal (CEF) na periferia de Salvador foram condenados e as famílias tiveram de desocupar os imóveis. outubro de 2002. Athenas.5 Caso n° 5 . Foram identificados pelo menos outros 11 prédios com enormes fissuras e rachaduras nas paredes. LOCAL E DATA: Brasília (DF). Desde então o número de pedidos de vistorias subiu de 10 para 80 por semana. OBSERVAÇÕES: Imóveis com infiltrações nas paredes.Condomínio Cachoeirinha (20 blocos). CAUSA: Foram apontadas falhas na construção (principalmente na fundação) e nos materiais utilizados. pois corria o risco de desabar. CAUSA: A obra apresentava problemas desde a construção. novembro de 1999. Tribunal de Justiça (TJ) do Distrito Federal. desabou. o bloco A não pôde ser ocupado. foi interditado. CAUSA: Não foi divulgado o laudo da perícia. Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. sem qualquer tipo de punição às construtoras. LOCAL E DATA: Maceió (AL). em risco de desabamento. com 30 apartamentos distribuídos por 3 andares. problemas na rede hidráulica e inúmeras rachaduras. CAUSA: Moradores condenam a CEF. CONSEQÜÊNCIAS: Não foram relatadas. Alguns moradores preferiram arriscar e permaneceram no local. que tinha fundação de alvenaria estrutural. ainda mais profundas e numerosas. CONSEQÜÊNCIAS: Dezenas de famílias desalojadas. mas 2 meses depois as fendas nas paredes voltaram. outubro de 2004. 3. por exemplo. 3. OBSERVAÇÕES: O bloco B. LOCAL E DATA: Alto da Cachoeirinha (BA). Residencial Enseada de Serrambi. CAUSA: Laudo da prefeitura apontou o comprometimento dos pilotis (pilares) do edifício e recomendou sua interdição imediata. outubro de 1999.Ed. LOCAL E DATA: Olinda (PE). pois constatou-se um erro de cálculo e as fundações tiveram de ser reforçadas. Foram feitas recuperações. que financiaria obras com erros estruturais evidentes. OBSERVAÇÕES: Perícia constatou deformações em uma das lajes e fez escoramentos de emergência. em média. Engenheiros da Prefeitura constaram erros nas fundações e utilização de materiais inadequados na estrutura dos prédios.3. que havia sido construído há 33 anos. OBSERVAÇÕES: O edifício. 47 . LOCAL E DATA: Salvador (BA). que não tiveram reforço necessário para o solo arenoso e alagado do local.2 Caso n° 2 . novembro de 2004. O prédio tinha 8 andares e abrigava 28 moradores. CONSEQÜÊNCIAS: 320 famílias ficaram.Conjunto Habitacional Campinas.4 Caso n° 4 .3 Caso n° 3 . até a conclusão das obras. 3.Bloco A. O TJ não sabia o nome da construtora nem tinha as plantas do edifício. por problema no solo do local. CAUSA: Probabilidade de falha na fundação. que não existia antes.Edifício Ijuí. Aos sobreviventes que conseguiram sair ou foram resgatados. Moradora disse ter ouvido barulhos. 3. disse ainda não saber a que atribuir o fato e que ia contratar uma consultoria de alto nível. A técnica dispensa “vigas de ferro” na fundação. interditou 53 prédios. como o Ericka) implica em menor gasto. CAUSA: Fundação inadequada ao solo arenoso e úmido do local. levando seus pertences. em que a técnica de alvenaria estrutural utilizada na construção dos prédios tipo “caixão” (sem pilotis. O construtor garantiu que o imóvel. 3.CONSEQÜÊNCIAS: Sete pessoas morreram (3 mulheres.5 metro de profundidade. Havia sido construído há 12 anos. OBSERVAÇÕES: Caso semelhante ao anterior. CONSEQÜÊNCIAS: Muitas famílias desalojadas. Antes. O Ericka tinha 4 andares e 8 apartamentos. estava dentro das especificações técnicas exigidas. sem vítimas. LOCAL E DATA: Olinda (PE). tinha várias trincas e apresentava vazamentos. A caixa d’água inferior. moradores teriam ouvido estalos e.Ed. e que não tinha nenhuma irregularidade na prefeitura ou no CREA.9 Caso n° 9 . depois de fazer vistorias em todos os do tipo caixão. havia sido esvaziado na noite anterior pelo Corpo de Bombeiros e Defesa Civil. mas só percebeu do que se tratava ao ver uma rachadura. OBSERVAÇÕES: Antes do desabamento. mas parece assemelhar-se aos 2 casos anteriores. A localização do Ericka porém exigia cuidados e precauções para tornar a construção menos vulnerável a fatores externos.Ed. em cima da porta do apartamento. CAUSA: A notícia não esclarece. em 1998. incluindo o térreo.7 Caso n° 7 . justificando que o problema era falta d´água. deixaram o prédio. Quatro apartamentos foram destruídos. LOCAL E DATA: Jaboatão dos Guararapes (PE). O “embasamento” deveria ter sido “revestido de cimento” o que não foi feito . CONSEQÜÊNCIAS: Morreram 4 pessoas: uma mulher e seus dois filhos e uma criança de 1 ano e meio. Algumas “peças de sustentação do subsolo” estavam em “estado bastante adiantado de colapso” e muitas vigas tinham sinais de esmagamento.e a fundação deveria ter recebido “reforço de viga e concreto”. e por isso é muito difundida. Areia Branca. construído havia 7 anos. estilo “caixão” (sem pilotis). e a proximidade do mar (cerca de um quilômetro).8 Caso n° 8 . restou apenas a roupa do corpo. 48 . Éricka. que é feita com blocos pré-moldados de concreto e alvenaria de tijolo. que ficava no subsolo. Moradores tinham saído após ouvir estalos. LOCAL E DATA: Jaboatão dos Guararapes (PE). dezembro de 1999. 24 horas antes do desabamento. também em Jaboatão dos Guararapes. a estrutura (de concreto armado convencional) já estava comprometida. enquanto as paredes funcionam como base de sustentação. O engenheiro responsável pelo cálculo estrutural da obra é quem indica o tipo de fundação a ser usada. a partir da ocorrência de casos semelhantes. onde moravam 21 pessoas. sem elevador e com no máximo quatro pavimentos. O prédio. de 4 andares e 16 apartamentos. OBSERVAÇÕES: Parte de prédio de 4 andares desabou e outros quatro estavam ameaçados de ruir. Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 3. o Edifício Aquarela afundou. A prefeitura de Olinda. junho de 2001. como a existência de um lençol freático a cerca de 1. outubro de 2004. 2 adolescentes e 2 crianças) e 9 tiveram ferimentos. funcionava um hotel e uma lanchonete. que não tinha autorização do CREA. deixaram seus imóveis. encontravamse em risco iminente de desabamento. nº 407.11 Caso n° 11 . pedaços de reboco começaram a cair. Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 49 . CONSEQÜÊNCIAS: 2 mortos e 3 feridos.10 Caso n° 10 . expondo falhas na fiscalização de obras no Rio. 3. No prédio. LOCAL E DATA: Niterói (RJ). nem engenheiro responsável. além da Rua 1º de Março interditada. no Centro.Hotel Rosário. 3. Figura 2: Ed.CONSEQÜÊNCIAS: Morte de 2 operários da empresa de recuperação e muitas famílias desalojadas (posteriormente soube-se que haviam morrido mais 2 pessoas). de 6 andares. março de 2002. assustadas com as rachaduras. OBSERVAÇÕES: Dois blocos de 7 andares. meia hora antes do desabamento.Edifício na Rua Noronha Torrezão. LOCAL E DATA: Rio de Janeiro (RJ). CAUSA: Não foi relatada. após o desabamento. CAUSA: A provável causa do desabamento foi uma falha numa obra de reforma do restaurante localizado no pavimento térreo do edifício. Um mês antes foram detectadas rachaduras no prédio. OBSERVAÇÕES: O Hotel Rosário. O CREA mandou vistoriar os dois blocos e constatou que o melhor a fazer era mesmo evacuar os apartamentos e iniciar obras urgentes de reforço estrutural. construído há 40 anos. CONSEQÜÊNCIAS: Trinta e duas famílias. setembro de 2002. desabou. Areia Branca. num total de 56 apartamentos. o trânsito na região ficou caótico por vários dias. Moradores não confiaram que o prédio. Marajó. outubro de 2002. alegando que houve “apenas uma acomodação da estrutura por causa da retirada de água na base do prédio”. CONSEQÜÊNCIAS: Famílias temporariamente desalojadas. estaria causando a movimentação da estrutura do Edifício Marajó. Após vistoria da Prefeitura. poucas horas depois. mas pelo menos 70% dos moradores do edifício. 50 . levou a Defesa Civil a interditar o prédio e o trânsito no local. ninguém ficou ferido. CONSEQÜÊNCIAS: Como a defesa civil já havia evacuado o edifício e isolado toda a área em torno. causou o desabamento de uma parte do edifício. que tem 9 andares e 104 apartamentos. na Zona Portuária do Rio. um dos três blocos do edifício desabou. Figura 4: Incêndio do prédio de arquivos da Caixa Econômica Federal.12 Caso n° 12: Prédio dos Arquivos da Caixa Econômica Federal (CEF). estivesse em condições de moradia Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 3. LOCAL E DATA: Rio de Janeiro (RJ). no Catete.Edifício Marajó. CAUSA: Incêndio. OBSERVAÇÕES: Um incêndio de 12 horas no arquivo da CEF. As chamas deixaram a estrutura comprometida e. decidiram deixar o local. Moradores reclamaram de estalos e quedas de partes das paredes. outubro de 2002. CAUSA: A construção de um anexo do Scorial Rio Hotel.Figura 3: Escombros do Hotel Rosário.13 Caso n° 13 . 3. decidiu-se liberar a entrada de moradores. mesmo liberado pela Defesa Civil. OBSERVAÇÕES: Aparição de rachaduras nas áreas interna e externa do Ed. LOCAL E DATA: Rio de Janeiro (RJ). no terreno ao lado. Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. Depois de escutar estalos no térreo do edifício. Para não provocar riscos às construções vizinhas. A queda chegaria a afetar os prédios vizinhos. LOCAL E DATA: Rio de Janeiro (RJ). A área foi isolada e o prédio.Figura 5: Rachaduras na fachada do Ed. com o subsolo inundado e com as bases cedendo. OBSERVAÇÕES: A ameaça de desabamento do prédio. Pereira da Silva. CAUSA: A Defesa Civil informou que as causas mais prováveis para o aparecimento de rachaduras e o rompimento do pilar central foram falhas na construção. corria risco de desabamento. 254. em Jacarepaguá. durante vários dias.16 Caso n° 16 . de quatro andares. outubro de 2002. no Recreio dos Bandeirantes. Benvindo de Novaes. por risco de desabamento. No dia do acidente. depois de ouvir estalos dentro de casa. LOCAL E DATA: Rio de Janeiro (RJ). o prédio deverá ser demolido. 3. interditado. CAUSA: Não foi relatada. Era caso de demolição. 51 .14 Caso n° 14 . OBSERVAÇÕES: Prédio residencial de quatro andares e 11 apartamentos foi evacuado.Edifício na R. com a ação do maquinário durante as obras. Um relato mais detalhado e de cunho técnico dessa ocorrência pode ser consultado em SOUZA et al (2004). Uma moradora disse que.15 Caso N° 15 . Marajó.Prédio na Rua do Amparo. CAUSA: Suspeita-se que a construção de um prédio ao lado tenha abalado as estruturas do número 254. mas sabe-se hoje que o prédio foi implodido em maio de 2005. 3. havia chamado a Defesa Civil. apareceram rachaduras nas paredes e o órgão foi chamado novamente. CONSEQÜÊNCIAS: Famílias desalojadas e trânsito caótico em Niterói. com reflexos na ponte Rio-Niterói e em seus acessos. vizinhos chamaram a Defesa Civil. OBSERVAÇÕES: Prédio abandonado. Gal. CONSEQÜÊNCIAS: Cinco famílias desalojadas. na véspera. janeiro de 2003. levou os moradores a abandonar às pressas o local.Prédio na Av. CONSEQÜÊNCIAS: Não foram relatadas nas notícias da época. LOCAL E DATA: Niterói (RJ). 3. dezembro de 2004. outubro de 1999. outras 20 obras.Condomínio Apolônio Lima. OBSERVAÇÕES: Escavadeira preparava o trabalho de fundação de uma construção limítrofe. com um apartamento por andar.18 Caso n° 18 . O prédio. 52 . Ele está processando pela segunda vez a Cia. não havia responsável técnico pela obra. o projeto estrutural apresentava insuficiência de armação nos pilares e vigas de contraventamento. a construtora retirou as formas dos pilares apenas um dia após a concretagem. também teriam caído”. OBSERVAÇÕES: Desabou após seis meses de construção. CAUSA: O CREA apontou quatro problemas no projeto e na execução: 50% das amostras do concreto apresentaram resistência a compressão inferior ao especificado no projeto de estrutura. Além disso. Figura 6: A caixa d’agua tinha capacidade de 150 mil litros. CONSEQÜÊNCIAS: Prejuízos não contabilizados. O projetista discorda do relatório do CREA na parte que fala do projeto estrutural. LOCAL E DATA: São Pedro de Potengi (RN). quando a cortina de concreto arriou e uma parte da garagem desabou. e afirma: “Se o projeto não estivesse correto. com dois carros. Figura 7: Desabamento da cortina de contenção do terreno.17 Caso n° 17: Caixa d’água. fevereiro de 2002.3. em que a CAERN usou o projeto. LOCAL E DATA: Lagoa Nova (RN). Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte (CAERN). foi evacuado. elaborados por ele há 20 anos. por usar indiscriminadamente os projetos técnicos de caixas d’água. sem a verificação estrutural das condições de cada local da construção. pois havia ainda risco de outras partes garagem do edifício desabarem. de 8 andares. 3. no livro da obra não constava o controle tecnológico do concreto utilizado. Erros grosseiros foram encontrados na obra: as estacas possuíam apenas 4 metros de profundidade. Figura 8: Pedaços do reboco continuaram caindo e assustando as pessoas no local. OBSERVAÇÕES: Uma prova de carga na estrutura reprovou a construção da ponte. CAUSA: O laudo pericial concluiu que houve falha no projeto estrutural da câmara da caixa de água. dezembro de 2002. LOCAL E DATA: Natal (RN). Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. Tudo será demolido. de 33 metros de altura. que tem 18 metros de altura. mas o prejuízo será o valor da recuperação da câmara do reservatório. O prosseguimento da obra certamente redundaria em desabamento. LOCAL E DATA: Pium (RN). CONSEQÜÊNCIAS: Derramamento de 100 mil litros de água. O valor dos danos materiais não havia sido definido. CONSEQÜÊNCIAS: Foram perdidos três anos de trabalho e os R$ 25 milhões de reais investidos na construção. 53 . a estrutura não foi comprometida. 3. mais a perícia.CAUSA: Erro na escavação para a fundação da construção vizinha descalçou a cortina de contenção. que custou mais de R$ 16 mil. Devido às fundações em tubulão. 3. A pressão da água era 10 vezes maior que a capacidade de resistência das paredes da câmara do reservatório. quando o indicado no projeto era 45 metros. setembro de 2002.20 Caso n° 20: Obra da Ponte Forte-Redinha.19 Caso n° 19: Reservatório d’água. Figura 9: Obra da Ponte da Redinha. CAUSA: A construção não apresentou capacidade de carga suficiente para a absorção dos esforços a serem a ela transmitidos. OBSERVAÇÕES: Rompimento no reservatório da CAERN. A construção do reservatório custou R$ 253 mil. CONSEQÜÊNCIAS: Diversas famílias desalojadas. por erro na execução das fundações. As estacas estavam ainda com um erro de 10 metros na localização. 3. atribuído à má qualidade dos materiais utilizados na construção. que dormiam na obra. Granville.21 Caso n° 21 . LOCAL E DATA: Santos (SP). o que não é apropriado. com 36 apartamentos. descobriu-se uma ruptura no nó entre a viga e o pilar que davam sustentação ao primeiro pavimento do edifício. A armadura de cima estava muito próxima da armadura de baixo. LOCAL E DATA: Santos (SP). Nove apartamentos foram interditados e a coluna recebeu reforço de sustentação. O prédio poderia cair. e aventou-se a possibilidade de desabamento do imóvel. hipótese que até então tinha sido descartada. para a obra de restauração do pilar na fachada esquerda. várias trincas e fissuras no complexo do Shopping Miramar.Ed.Desabamento de um mezanino em galpão de cerca de 350 m2 e mais de 6 metros de altura. muito menos para funcionar dessa forma. morreram soterrados. ainda em obras.23 Caso n° 23 . fevereiro de 2004. uma das 40 colunas de sustentação do Ed. O responsável pelos cálculos estruturais do prédio era o engenheiro CPM. Eles denunciaram que as colunas estavam envergando e que o piso e o reboco do teto estavam se soltando. As barras de ferro que sustentavam a viga e o pilar já estavam tortos e sujeitos à ferrugem. março de 1990 (a notícia pesquisada porém foi de janeiro de 2000). OBSERVAÇÕES: O edifício de 9 andares. Residencial Alphaville.Ed. em um galpão que não tinha licença da prefeitura nem para ser construído. LOCAL E DATA: Santos (SP). CAUSA: Um especialista contratado adiantou que a queda foi provocada por um defeito na execução da obra.24 Caso n° 24 . 54 . “A estrutura de aço que sustenta o piso é formada por duas armaduras. com 63 apartamentos. Os engenheiros responsáveis pela recuperação creditaram o problema à falhas cometidas na época de construção. O projetista foi o mesmo CPM. 3. LOCAL E DATA: Guarulhos (SP). um problema antigo. Residencial Tamoios desabou. preocupando os moradores dos 80 apartamentos. CAUSA: Concreto totalmente deteriorado. 3. Moulin Rouge. desabou. CONSEQÜÊNCIAS: Os moradores do prédio (36 famílias) e de algumas casas ao redor também tiveram que abandonar suas casas. A queda do mezanino lançou 17 toneladas de concreto e ferro sobre diversas pessoas que dançavam no térreo. motivaram uma vistoria da Prefeitura e a elaboração de um laudo para atestar a segurança do prédio. parte do revestimento da fachada do Ed.Ed. Em maio de 1996. OBSERVAÇÕES: Foi interditado pela Defesa Civil. fevereiro de 2001.3. cedeu. CONSEQÜÊNCIAS: Quatro operários. Magnólia. CONSEQÜÊNCIAS: Por sorte. iniciada em 1980. Os cálculos estruturais do prédio levaram a assinatura de CPM. em março de 1990. OBSERVAÇÕES: Duas sacadas do prédio despencaram sobre uma terceira. Na semana seguinte. Em novembro de 1990 uma comissão técnica da Prefeitura concluiu que houve falhas no dimensionamento estrutural. OBSERVAÇÕES: Houve uma festa clandestina. Em outubro do mesmo ano. CAUSA: Falha de projeto. ninguém se feriu. Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. agosto de 2004.22 Caso n° 22 . e acabou se rompendo”. porque existia o risco do pilar se romper. O projeto era do engenheiro CPM. Em março de 1991. causas mais comuns de colapso e partes mais afetadas da estrutura. porém. mas existe a possibilidade de que eles tenham efetivamente ocorrido e as notícias não tenham interessado as editorias dos jornais regionais.. Nos casos onde houve possibilidade de identificação. Tabela 1: Totais de jornais e de casos relatados. casos e regiões do país Região Número de jornais Total de casos Distribuição (%) Norte 12 0 0 Sul 17 0 0 Sudeste 32 11 46 Nordeste 18 12 50 Centro-Oeste 8 1 4 É interessante observar que. Nele. ou não tenham sido detectadas pela busca por palavraschaves. abordando aspectos como: localização e freqüência por região do País. Seis jovens morreram e mais de 130 ficaram feridos. Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. e houve apenas um relato na região Centro-Oeste. 4 ANÁLISES E CONSIDERAÇÕES Para ilustrar melhor os resultados e tornar mais fácil o entendimento desse trabalho. E não foi por falta de jornal . a maioria estudantes. nas regiões Sudeste e Nordeste. contra 11 e 12 acidentes.CAUSA: O CREA concluiu que o mezanino foi calculado como laje de fogo. 55 . sem ninguém em cima. Relação entre jornais. através de gráficos e tabelas. CONSEQÜÊNCIAS: Havia cerca de mil pessoas no local. por região. funcionava a pista onde dançavam centenas de pessoas. as causas principais dos acidentes foram atribuídas a: 17% 4% 49% 30% Projeto Construção Acidentes Utilização Figura 10: Causas responsabilizadas pelos desabamentos. não foram relatadas ocorrências nas regiões Norte e Sul. no período. respectivamente. Talvez não tenham mesmo ocorrido acidentes nessas regiões. feita para isolar o telhado e suportar somente seu próprio peso. um resumo estatístico das ocorrências descritas.. elaborou-se. As partes das estruturas responsabilizadas pelos acidentes foram: 10% 5% 14% 24% 47% Paredes Pilares Fundações Lajes Vigas Figura 11: Partes afetadas das estruturas. Trabalhando com manifestações patológicas de 527 obras espalhadas pelo Brasil. 1 Para tanto. na tabela original. enquanto causas das ocorrências. garagens. Foram registradas quedas de mezaninos. A maior parte dos acidentes. etc. É considerável também a atribuição que é feita às fundações. Noticiados porém apenas por veículos regionais de divulgação. e a tomada de posições para evitá-las. Causa Projeto Construção Utilização Patologias (%) 18 59 13 Desabamentos (%) 58 37 5 Apesar de patologias e acidentes estruturais serem assuntos distintos. O levantamento rápido e simplificado. como partes da estrutura que mais causam acidentes.É considerável a predominância que os jornais atribuem aos erros de projeto em comparação com os outros tipos de falhas. um galpão e vinte edifícios. registrou desabamentos totais. Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. Tabela 2: Causas principais das patologias apresentadas por 527 obras. Aos projetos seriam atribuídas as causas dos acidentes mais graves. dificultam a elaboração de um quadro nacional de ocorrências. porém. considerando-se que as patologias sejam as causas principais dos acidentes. abaixo1. realizado nesse trabalho. eliminou-se o tipo de desabamento classificado como “acidente” e somaramse os tipos “execução” e “materiais” para constituir o item “construção”. conforme a tabela 2. verifica-se então praticamente uma inversão de importância entre projeto e construção. 56 . rompimentos de pilares. dois reservatórios d’água. SOUZA e RESENDE (1999) apresentaram dados que podem ser comparados com os desse trabalho. parciais ou potenciais em uma obra de ponte. 5 CONCLUSÕES Os acidentes estruturais não são tão raros como poderia inicialmente parecer. foi atribuída aos erros de projeto e a problemas nas fundações das obras. sacadas. B. O tema.Semana Fluminense de Engenharia. A. R. 57 .. não refletem avaliações técnicas abalizadas. SIQUEIRA. não se identificou nenhuma impressão ou opinião formada desfavorável à engenharia nacional. RESENDE.Manifestações Patológicas em Estruturas de Concreto Armado na Região Sudeste. Conforme a figura 12. Universidad Nacional de Cuyo. realizada entre os dias 18 e 22 de agosto de 2005. etc. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SOUZA. porém. as notícias mencionavam a existência de laudos periciais.Demolição de um Prédio Sinistrado na Cidade de Niterói (RJ). Anais em CD-ROM da 3a SEMENGE . a estrutura apresentou. . que ficam na memória das pessoas. portanto. abastecimentos interrompidos. deixar bem claro que os dados apresentados. Anais em CD-ROM das “XXXI Jornadas Sud-Americanas de Ingeniería Estructural”. entretanto. de tudo um pouco: palpites de leigos. mas.O. 1999. regra geral. Na maior parte dos desabamentos.R.H. dezenas de mortos. UFF. centenas de famílias desalojadas. avaliações gratuitas de técnicos e apenas. Niterói. Considera-se importante.A. I. porém. e que formam a chamada “opinião pública”. 2004.F.. impedindo tragédias maiores. .H. mais uma vez. que resume os resultados da pesquisa do IBOPE.F. ALMEIDA. deve merecer uma atenção maior dos profissionais envolvidos e de suas representações de classe.. Apesar de tudo isso. Mendoza (Argentina).P.. sinais de que algo não ia bem. Faculdad de Ingeniería.Como conseqüências. M. processos nos tribunais. J. SOUZA. por exemplo. Figura 12: Pesquisa IBOPE de confiança nas instituições. centenas de feridos. inspeções estruturais periódicas. Essas opiniões. caso houvesse. grandes prejuízos materiais. R. se não estão em situação que possa ser classificada como ruim. antecipadamente. Muitas das conseqüências relatadas poderiam ter sido completamente evitadas. em uns poucos casos. são as que aparecem nas manchetes dos jornais. os engenheiros. TOSTES. também não se encontram em posição muito confortável em termos de confiança da população. Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. Gazeta de Cuiabá Mato Grosso do Sul .Jornal do Tocantins REGIÃO SUL Paraná .A Notícia 58 . a seguir.Correio do Povo . Grande do Norte .Zero Hora Santa Catarina .Gazeta do Paraná .Folha Popular .Jornal do Povo .Diário do Grande ABC .Correio do Estado .Jornal de Londrina .Tribuna REGIÃO CENTRO-OESTE Distrito Federal .O Povo Paraíba .Jornal da Cidade .Folha de Londrina .Folha de Niterói .Tribuna do Norte Sergipe .Diário de S.Cruzeiro do Sul on Line .O Globo .Jornal da Manhã .Agora .Jornal Meio Norte R.Folha de Rondônia .Jornal do Dia Pará .Jornal da Cidade .Em Tempo Amapá .O Diário (Maringá) .Folha de Pernambuco .Brasil Norte Rondônia .Gazeta Norte Mineira . REGIÃO SUDESTE São Paulo .A Crítica .A Tribuna Amazonas .O Norte Maranhão .O Dia .Paulo .Estado de Minas .Folha Universal .Tribuna do Paraná Rio Grande do Sul .Diário do Povo .Jornal de Santa Catarina .Diário de Guarapuava .Folha da Manhã .Gazeta de Rondônia Tocantins .Diário da Manhã .Paulo .O Liberal Roraima .Jornal do Brasil .Gazeta do Povo .Correio Braziliense .Bauru .Valor Econômico Rio de Janeiro .Tribuna de Alagoas Bahia .Jornal do Commercio Piauí .Jornal da Paraíba .O Imparcial Pernambuco .Tribuna de Minas Espírito Santo .Gazeta de Alagoas .O Estado de S.Hoje em Dia .A Gazeta .Gazeta Online .Diário de Pernambuco .Correio Popular .Gazeta de Sergipe .Diário de Cuiabá .Jornal da Tarde .Obs: O Anexo 1.A Tarde Ceará .O Popular REGIÃO NORDESTE Alagoas .Gazeta de Garanhuns .Rio Claro .Folha de S.Diário Popular .Correio da Bahia .Diário de Sorocaba . REGIÃO NORTE Acre .A Tribuna .Jornal NH .Diário do Nordeste .Tododia .Lance .Folha do Amapá . enumera os jornais em cujas páginas foram pesquisadas as notícias.Santo .Diário da Borborema .A Voz da Serra Minas Gerais .Diário Oficial Mato Grosso .Paulo .Gazeta Mercantil .Folha do E.Aracaju Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto.Diário Catarinense . ANEXO 1: Relação dos jornais pesquisados.A Gazeta Esportiva .Jornal do Commercio .Jornal da Cidade .Folha do Povo Goiás .
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