Arte Do Marinheiro

April 2, 2018 | Author: Vicente Gouvea | Category: Watercraft, Nature


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ARTE DO MARINHEIROMARÍTIMO Sumário 1 1.1 1.2 1.2.1 1.2.2 1.2.3 1.2.4 1.2.5 1.2.6 1.2.7 1.2.8 1.2.9 1.2.10 1.2.11 1.3 1.3.1 1.4 2 2.1 2.2 3 3.1 3.2 4 4.1 4.2 4.3 4.4 5 5.1 5.2 5.3 5.4 Introdução ........................................................................................................ 5 Conceito ............................................................................................................ 5 Características e empregos dos trabalhos marinheiros ..................................... 6 Trabalhos marinheiros ....................................................................................... 6 Nós e balsos ...................................................................................................... 6 Voltas ................................................................................................................. 8 Botões ............................................................................................................... 9 Pinhas ...............................................................................................................10 Alças .................................................................................................................11 Estropos ...........................................................................................................11 Falcaças ...........................................................................................................11 Gachetas e Coxins ...........................................................................................12 Redes ...............................................................................................................12 Costuras ...........................................................................................................13 Cabos ...............................................................................................................14 Tipos de cabos .................................................................................................14 Resistência dos cabos ......................................................................................15 Voltas ...............................................................................................................16 Elaboração de voltas simples ...........................................................................16 Voltas importantes ............................................................................................17 Nós ................................................................................................................... 20 Nós e balsos .....................................................................................................20 Nós para emendar dois cabos ..........................................................................23 Estropos ..........................................................................................................26 Conceito ...........................................................................................................26 Principais tipos de estropo ................................................................................26 Uso dos estropos ..............................................................................................28 Como cortar um estropo ...................................................................................29 Outros trabalhos marinheiros .......................................................................30 Falcaça .............................................................................................................30 Pinha ................................................................................................................31 Tipos de costuras .............................................................................................32 Gachetas ..........................................................................................................34 Bibliografia .................................................................................................................. 37 3 4 . garanta o bem-estar e a segurança por meio de acurada aprendizagem do valor dos nós. essa definição abrange tanto os grandes navios de passageiros. temos que arcar com as conseqüências. os trabalhos marinheiros são também capazes de oferecer expressiva beleza. bastando que não saibamos fazer um nó certo. O valor dos trabalhos marinheiros é incomparável. quando desconhecidos podem constituir-se em fator de risco. No mar. Por outro lado. voltas. Estes são os chamados trabalhos marinheiros ou obras dos marinheiros. pois das suas atividades resulta lucro ou perda de caríssimos materiais. médias e pequenas embarcações. depende de dedicação no aprendizado. Seguem alguns exemplos de trabalhos marinheiros. muitos subestimam-nos. Seja qual for a sua embarcação funcional. mistos ou cargueiros. 1. Após a execução. pois além da segurança. da sua carga e dos próprios tripulantes. as fainas não podem ser deletadas. de cargas de grande valor e de preciosas vidas. na hora exata ou que não saibamos dar os graus de leme requeridos. mas os mestres e toda a oficialidade devem imbuir-se dos deveres desta matéria. Os pequenos nós aprendidos no curso das aulas garantirão muitas vezes a segurança dos grandes transatlânticos que você poderá vir a tripular ou de um simples rebocador que venha a ser o orgulho da sua vida profissional. como as pequeninas canoas ou jangadas. ocasionam perdas irreparáveis à carga. da carga transportada e acrescentar-lhe estética. sempre os trabalhos marinheiros são cabíveis. AMN 5 . coxins e toda a gama de trabalhos marinheiros que você possa aplicar na ocasião adequada. à embarcação e às vidas humanas. Vale a pena garantir a segurança da tripulação da sua embarcação. no momento exato. Pelo fato de serem trabalhos artesanais. sem se aperceberem de que os trabalhos marinheiros. Por isso é que não só os marinheiros. pessoal ou material. como mencionaremos a seguir. Executálos.1 Conceito Os trabalhos marinheiros designam tudo que possa resultar no bom andamento da vida daqueles que exercem atividades em qualquer tipo de embarcação. A arte marinheira é imprescindível! O conhecimento dos trabalhos marinheiros somente surte o devido efeito quando corretamente executados. Em grandes. Visualize-os e peça ajuda ao seu instrutor para aplicá-los sabiamente. O mais importante nesta execução é unir o fazer ao conhecer. entendendo-se esta como qualquer peça que flutue sobre águas com possibilidade de transportar com segurança de um ponto a outro. botões. balsos.1 Introdução A vida marinheira requer dos seus participantes um conjunto de trabalhos específicos para a garantia da segurança da embarcação. quando negligenciados. gachetas. é usado com muita freqüência para unir cabos de bitolas iguais. coxias.2 Nós e balsos – Os nós são entrelaçamentos feitos à mão. Nó de escota dobrado – é um nó de escota singelo com o chicote fazendo uma volta redonda em vez de singela para dar maior segurança. Os balsos mais usados são: calafate. Para tais fins são usadas suas alças. o nó de correr (ou de pescador). falcaças. Nó direito – por ser um dos nós mais fáceis de fazer. Nó de escota singelo – é um nó de muita segurança. porém a segunda volta é invertida.1 Trabalhos marinheiros – Por serem muitas as atividades que garantem a segurança especificada na introdução. é um nó fácil de fazer. 6 Nó de correr – é muito útil para emendar dois cabos. o nó de moringa. com a grande vantagem de poder unir cabos de bitolas iguais ou diferentes. dobrado. 1.2. Os balsos que aqui agregamos aos nós. . botões. bastando unir os cabos ou fios e dar uma meia volta em cada no chicote e deslizar para que as meias voltas esbarrem uma na outra. apresentaremos por grupos que denominaremos de nós. rabichos. voltas. Nas figuras a seguir vemos o nó direito. costuras.1. etc. o mais seguro dos nós. epecialmente quando uma delas tem alça. o nó torto. pelo seio. o nó de azelha e o lais de guia. redes. tornando-o desusado por correr e quando aperta não se desfaz com facilidade. pinhas. os nós de escota (singelo e dobrado). É usado para emendar duas espias. alças.2.2 Características e empregos dos trabalhos marinheiros 1. são destinados a sustentar e içar ou arriar alguém que precise fazer um serviço urgente no mastro. sendo para isso. emendando cabos pelos chicotes. numa verga. de correr (ou lais de guia de correr). estropos. Nó torto – parece-se com o nó direito. no costado e até para salvar um náufrago. pelos seios ou um chicote a uma alça. Lais de guia – é um dos mais executados em todas as Marinhas. Balso pelo seio – também chamado de lais de guia dobrado. oferece uma boa opção para salvamento de um náufrago. substituindo a mão ou alça de uma espia. bem como para agüentar um homem que trabalha num costado ou num mastro. servindo de estropo. Balso singelo é o seio ou alça que resulta de um lais de guia. Como os demais balsos. AMN 7 . Como os demais balsos. oferece uma boa opção para salvamento de um náufrago. entre outros materiais cilíndricos. Serve para agüentar um homem que trabalha no costado ou para içar um objeto. podendo ser usada para fazer uma marcação num cabo. Antigamente era usado para içar barris de água potável e bujões de gás.Nó de moringa – serve onde seja necessária uma alça permanente. bem como para agüentar um homem que trabalha num costado ou num mastro. Balso de calafate – também chamado de lais de guia dobrado. podendo ele ficar com as mãos livres. podendo ele ficar com as mãos livres. Trata-se de um nó que garante uma alça segura. Balso dobrado – é um balso com dois seios formados por duas voltas redondas com o chicote do cabo antes de dar um lais de guia. ou silar uma parte do cabo que esteja coçada (ferida em conseqüência de atrito). Nó de azelha – é uma simples laçada pelo seio. o cote. volta de fateixa. Utilizada para impedir que o tirador de um aparelho de laborar se desgurna. A seguir mostramos a meia-volta. volta de tortor. Voltas falidas . Volta do fiador – uma volta que lembra o número 8. 8 . por ser aquela que usamos na amarração das embarcações de qualquer porte. Serve como base ou parte de outros nós. a qual se dá com o chicote do cabo e pode-se desfazer facilmente. é a volta falida. Cote – é uma volta singela em que uma das partes do cabo morde a outra.são uma série de voltas alternadas dadas em torno de um objeto. É utilizada em chicote de cabo que labora em aparelho de força para não o deixar desgurnir.2. a principal. são muito usadas nas atracações. desde que o cabeço seja duplo. Catau de corrente – é uma série de voltas dadas com o objetivo de diminuir o comprimento de um cabo que não sofre esforço. raramente é usado só. volta de fiel.3 Voltas – as voltas abraçam objetos.1. serve para arrematar outras voltas. o catau de corrente. a volta de fiador. em cunho em malagueta em cabeços Meia volta – é a volta dada nos embrulhos. É a volta mais usada a bordo para se passar um fiel ou uma adriça em torno de um balaustre. citamos o botão redondo. Dentre os muitos existentes. como por exemplo um pincel para alguém que esteja pintando um mastro. formam alças.2. AMN 9 . o redondo-esganado (reforçado). Volta de tortor (ou nó de rabiola. cruzam cabos. Na seqüência a seguir observa-se a elaboração de um botão redondo. um olhal ou um pé de carneiro. o falido. 1. Volta da fateixa – utilizada para amarrar uma espa a um ancorote ou um fiel a um balde. aquele que prende os papéis que formam a rabiola das pipas.4 Botões – Unem cabos paralelamente. unindo-os. de modo que os chicotes saiam por entre eles e em sentidos contrários.Volta do fiel – são dois cotes dados um contra o outro. Serve também para amarração de pranchas de trabalho no costado. o falido-esganado. o cruzado e o peito de morte. A volta prende pequenos objetos que queiramos içar. como exemplos citamos: singela. embora por vezes como terminais em cabos de vai-e-vem e como peso para arremesso. pinha de cesta ou de retinida. 10 Pinhas de retinida .2. dobrada.Botão Redondo Botão Redondo Esganado Botão Falido 1. nas atracações. pinha de rosa singela. o que facilita a passagem das espias de bordo para o cais.5 Pinhas – A pinhas são usadas principalmente como enfeites. Existem diversos tipos de pinhas. mordendo-se o chicote.8 Falcaças – Ao cortarmos um cabo qualquer.2.Pinha de rosa singela Singela Dobrada 1. Estas voltas são feitas com cabos finos. geralmente laçando-as ou abraçando-as. por vezes forradas com percintas de lona ou couro. 1. As alças podem ser feitas de cabos de fibra vegetal ou cabos de arame. Os cabos de arame são falcaçados com fios de arame. recomenda-se que se dêem voltas redondas. Isto é falcaçar um cabo.2.2.6 Alças – As alças são usadas na atracação para fixação de uma espia no cais. Alceado Estropo redondo 1. Para que isso não ocorra. AMN 11 . a tendência é que os seus cordões se desbolinem.7 Estropos – São arranjos ou alças feitas em cabos resistentes ou em correntes. linha de barca ou merlim. destinando-os ao embarque de cargas. das embarcações miúdas e outras fortes e grandes.1. a) nó de escota b) agulha c) início da rede d) rede pronta 12 . que serviam como estropos. em seu içamento.2.9 Gachetas e Coxins – São trançados de cordões que têm fins ornamentais e também são usados para proteção de uma embarcação miúda. Coxins russo Gachetas 1. Antigamente o bom marinheiro possuía os seus moldes e agulhas de madeira. ou ainda como capachos.2.10 Redes – mesmo sendo de fácil manufatura. com os quais teciam redes de proteção para as bordas dos navios. as redes hoje em dia são feitas em máquinas. Nas forrações e nas costuras de lonas usados vários tipos de pontos de costura. Chamamos de forração.1. Ponto de palomba Ponto de bigorrilha pelo redondo Ponto de bigorrilha chato (cosido por dentro) Ponto de espinha de peixe Ponto esganado (em dois movimentos) AMN 13 .2. Forramos corrimão.11 Costuras – Muitos são os trabalhos marinheiros feitos com lonas. alças e cabos fixos. E.1. • Sintético – de matérias plásticas artificiais e que podem ser esticadas em forma de fios. torna-se um cabo de multiuso. Os cabos. é o mais resistente. torcemos as fibras. . cânhamo. O uso dos cabos solteiros deve ser feito depois de conhecermos a sua resistência. também chamado de cabo de aço. Assim dizemos “a bitola do cabo é de tantos milímetros”. Os cabos solteiros não têm especificação de comprimento ou bitola. recebe o novo nome de tirador. Assim dizemos “a bitola do cabo é de tantas polegadas”. juta e outros. • Mistos – em certas operações especiais. isto é. 2 3 3 14 1 2 Este mesmo cabo. matéria-prima mais importante em quase todos os trabalhos marinheiros. Cabo solteiro – O cabo que para muitos é um cabo inútil. de uma carga bem peada. se ele resiste ao esforço que dele precisamos. Ao torcermos os fios de carreta formamos os cordões e ao torcermos os cordões formamos os cabos. coco. uma vez que compõe-se apenas de fios torcidos e isto não pode ser feito de forma manual. passa a ser chamado beta e o seu chicote. têm as suas pontas denominadas chicotes (“1” e “2”) enquanto que o espaço representado por “3” é chamado de seio do cabo. Medimos o cabo de vegetal pela sua circunferência e em milímetros. onde se exerce a força para içar o peso.3. isto é. Seja como for. Existem vários tipos de cabos de matéria plástica. é preferível usar-se um cabo misto. sendo o nylon o mais conhecido. formamos os fios de carreta. quanto à natureza de suas fibras. como em alguns reboques. se for usado para amarrar uma pequena embarcação ao cais. Medimos o cabo de arame pelo seu diâmetro e em polegadas. • De arame – a formação dos cabos de arame difere bastante da que se faz com fibra vegetal. deixa de ser solteiro para ser um boça.1 Tipos de cabos Saber manusear os cabos é garantia de uma embarcação bem amarrada. sendo de aparência muito mais apresentável. Mesmo assim o cabo de arame.3 Cabos 1. se o cabo não tiver uso determinado. algodão. se usado para vestir uma talha. linho. Os cabos. É mais resistente que o vegetal. parte de arame e parte de fibra vegetal. podem ser: • Vegetal – quando desfiamos certos vegetais como o sisal. ele passa a ser um cabo solteiro. .4 Resistência dos cabos Nos diversos trabalhos marinheiros. seca. a recomendação é que o grupo não mude a direção. Auburor. EUA. pois além do enfraquecimento produzido pela emenda. Isto ocorre porque. c) que os nós são os menos resistentes de todos os trabalhos marinheiros. como os nós e voltas.1. ainda somam-se os desgastes 15 AMN naturais dos cabos usados. Tabela de resistência de alguns nós e voltas Tipos de nós e voltas Cabo úmido C a b o se co Costura de mão. N. podemos observar que em cabo de guerra. a resistência dos cabos é enfraquecida pelo uso. podemos tirar as seguintes conclusões: a) que os cabos umedecidos são sempre mais resistentes que os secos.. ela se enfraquece naturalmente. em sapatilho Costura redonda Volta de fateixa Lais de guia Volta de fiel Nó de escota Nó de direito Meia volta Resistência Aumenta a resistência para 111% 100% 100% Reduz para 95% Reduz para 85% Reduz para 76% Reduz para 60% Reduz para 60% Reduz para 55% Reduz para 45% Reduz para 45% Pela tabela acima. com base no trabalho apresentado pela “Columbian Rope Company. úmida Costura de mão. Como exemplo. Diante destas conclusões recomenda-se que não sejam usados cabos emendados. mantendo-o em linha reta. ao mudarmos a direção de uma força. Abaixo apresentamos a tabela de resistência de alguns nós e voltas.Y. b) que as costuras são mais resistentes do que as voltas e os nós. 2 Voltas 2. pois não daria a segurança esperada. vamos à ação. Para estes treinamentos. Preparou? Muito bem. prepare uma linha de barca de 40 milímetros de circunferência com 1. Também é fácil. pronto.1 Elaboração de voltas simples Nesta Unidade você está convidado a exercitar-se. a fim de que não descochem. colocá-los paralelos. Faça dois ou três cotes. em vez de abrir os dois chicotes. ao dar o segundo passo da meia-volta.20 m de comprimento. Agora o desafio é fazer um cote. fazendo algumas voltas que você já viu anteriormente. É quase o mesmo que a meiavolta. fará um esbarro que impedirá que o tirador de um aparelho se desgurna. como o cabo da figura 2o) Agora faça com que o chicote que está por cima dê uma volta sobre a outra pernada e. Você também acabou de aprender a primeira parte do nó direito. falcaçando os seus chicotes. Nunca devemos arrematar um trabalho marinheiro fazendo apenas um cote. Assim. apenas você terá o cuidado de. se você o apertar. Façamos a meia-volta: 1º) Estique a linha debarca e cruze os chicotes. 16 . aproximadamente. Ela tem muitas utilidades. AMN 17 . como se fôssemos fazer a meia-volta. Olhe para a figura apresentada em três tempos e faça-a vagarosamente. Usa-se para reduzir um cabo solteiro em. Depois introduz-se pequena parte da linha de barca por dentro do seio e vai-se dando seqüência a este último passo repetidas vezes até chegar ao chicote do cabo. sempre fixando cabos a um objeto ou em qualquer parte da embarcação. também chamada de catau de corrente ou nó de caminhoneiro. Veja como é fácil fazer: Primeiro cruza-se o chicote do cabo.2 Voltas importantes A volta de fiel.A terceira volta que você aprenderá nesta unidade é a de corrente. um quinto do seu comprimento. Esta é aquela volta que o cavaleiro faz para amarrar seu cavalo nas estacas da cerca. Catau de corrente Pratique! Tire as dúvidas com o seu instrutor. Insista em aprendê-lo. Você pode fazê-la em torno de qualquer objeto cilíndrico ou na sua própria mão. 2. Os cotes são dados como segurança. Agora confira na figura. passe entre o objeto e as voltas que você deu. uma antena ou para enfeixar qualquer objeto cilíndrico que se queira içar ou arriar. uma verga. Volta da ribeira Volta de fateixa. Só isto. A volta da ribeira serve para amarrar um mastro. por segurança. Experimente fazê-la sem olhar a figura. Faz-se duas meias-voltas.A próxima volta importante é a Volta da ribeira. encaixamos a sua parte central em uma viga e teremos assim duas alças onde podemos fixar um aparelho ou dois cabos que queiramos fixar lateralmente. Vamos lá: pegue a sua linha de barca e dê duas voltas em torno de um objeto cilíndrico ou por dentro de uma argola (arganel). Agora. A volta a seguir é a encapeladura singela. apertando-as e puxando-se os seios para os lados opostos. Depois de feito isto. com o mesmo chicote. que muito se assemelha a um nó-deborboleta (de gravata). segurando uma em cada mão e encaixase lateralmente uma a outra. Veja que a meia volta com cote (volta singela em que uma das partes do cabo morde a outra) é o princípio da volta da ribeira. você pode observar que a volta de fateixa foi arrematada (por segurança) com um botão. 18 . mas poderia ser arrematada com um ou mais cotes. seguindo a linha pontilhada. distando as mãos uns 30cm uma da outra. torcendo o cabo duas vezes. Tal como as demais. com a outra mão. una as duas alças numa das mãos e em quarto.Agora pratique bastante e passemos para a boca-de-lobo. Com o nó pronto. a b c A boca de lobo serve para amarração provisória de qualquer aparelho de içar pelo gato ou para amarrar qualquer cabo a um gato fixo pelo seio ou pelo chicote. Faça em quatro etapas: primeiro segure a sua linha de barca em dois pontos. é muito fácil fazê-la. basta passar o gato por dentro dos seios “a” e “b”. Faça o chicote “c” passar por trás da parte “d” e por cima do seio “a” e entre “a” e “b”. d c Ou então: dobre o cabo conforme a figura ao lado. a b AMN 19 . segundo. segure os dois chicotes e puxe-os. dê duas voltas com cada uma das mãos. O cabo porta melhor pelo chicote “c”. terceiro. se praticar. mas logo que puder. 20 . Faça isso na sala de aula ou fora dela. Agora veremos os principais nós dados com os chicotes dos cabos. b a c O lais de guia é aquele que nos dá uma alça em substituição à mão de uma espia que se parta. Basta fazer o chicote “a” percorrer o caminho da linha pontilhada passando por baixo da parte “b” e depois por dentro do seio “c”. quando você não poderá escolher o cabo a usar. Tente fazê-lo conforme a figura e depois pratique. ou para qualquer outro serviço em que se precise de alça. o chamado rei dos nós. use aquela mesma linha de barca.1 Nós e balsos Nós – Na unidade anterior exercitamos a confecção de algumas das principais voltas. Comecemos pelo lais de guia.3 Nós 3. Mas lembrese de que você só aprenderá. use cabos de bitolas maiores. pois você trabalhará com grandes e pesadas espias e geralmente os nós são necessários em emergência. Para elaborar um balso pelo seio comece com um cabo dobrado pelo seio como se fosse fazer um lais de guia. em seguida. b a AMN 21 . b a c d e d É muito usado para suportar um homem que trabalha no costado ou no mastro. Balso pelo seio – Este nó é por muitos chamado de lais de guia pelo seio. Os dois seios do balso ficam livres para correr. Tente dar os passos que se seguem. A função dos balsos é quase sempre a mesma. o salvamento de um náufrago ou a execução de um trabalho de emergência num mastro ou no costado do navio. o mais importante nesta aula é que você aprenda a fazê-lo. É formado a partir de um lais de guia. em seguida. ficando o lais de guia no peito. Porém. porém dando mais uma volta por dentro do seio “c” antes de completá-lo e.Balso calafate – Na figura . alterando seu tamanho de modo que um homem possa se acomodar sentado em um deles (“d”) e. você pode ver como ele é feito e como usá-lo. basta fazer o chicote “a” percorrer o caminho da linha pontilhada passando por baixo da parte “b” e depois novamente por dentro do seio c. gurnir a cabeça e os braços pelo outro (“e”). Então passe o seio “a” por fora do “b” e aperte. Em seguida dão-se dois cotes com o seio do cabo.Balso pelo seio Catau – O catau é usado para dois fins bem definidos. a saber: 1o) Para isolar parte de um cabo que esteja coçado (poído). Inicia-se fazendo dobras no cabo como se vê abaixo. . 2o) para reduzir o comprimento de um cabo de reboque. 22 O arremate pode ser feito com botões ou com taliscas de madeira. Nó de pescador – O nome tem origem no fato de ser muito usado pelos pescadores para encurtar uma linha. conforme mostra o trajeto tracejado. .2 Nós para emendar dois cabos pelo chicote É importante não apenas saber fazer um nó . escondendo um ponto em que ela esteja coçada. mas também identificar a utilidade deles no dia-a-dia do marinheiro. puxa-se por cima de “c”. em seguida. Passa-se então a alça “a” por cima de “b” e baixo de “c” e. Para fazê-lo toma-se o seio do cabo e faz-se a alça “a”. É o nó que serve para emendar dois cabos de bitolas iguais pelo 23 AMN chicote. Você sabe que nó é este? É isto mesmo. b c a 3. Coloca-se o chicote “b” sobre “a”. a b Nó de escota singelo – serve para emendar dois cabos de bitolas diferentes pelos chicotes. O nó que emenda cabos de bitolas iguais ou diferentes é o nó de escota. por baixo da parte “b” do cabo. ou então o chicote de um cabo a uma mão ou alça de outro cabo.Você disse nó direito? Parabéns! Este é um nó de grande eficácia. somente se os cabos forem de bitolas iguais. Veja como é fácil: é só fazer o chicote “a” seguir o trajeto da linha pontilhada passando por cima e. 24 . em seguida. Ele tem este nome porque é o mais indicado quando se quer prender cabo à escota de uma vela. porém. abraçando uma a outra. Aboçadura com lais de guia Aboçadura com cotes e botões Nó de correr – serve para emendar dois cabos. Veja como é fácil e prático.A seguir você verá dois tipos de aboçadura. Podemos fazer uma aboçadura com dois lais de guia ou com vários cotes em cada um dos chicotes. AMN 25 . Aboçar é ligar duas boças ou duas espias. com cada chicote dando uma meia-volta em torno do outro. formando um anel. de cabo. Assim.4 Estropos 4. soja. julgamos mais correto simplificarmos essa definição dizendo ser tudo o que faça conexão ou ligação entre o peso a ser içado e o aparelho de içar. Tal é o progresso na área do carregamento que hoje os estropos já se tornam raros em alguns tipos de carga. um sistema de imantação. É importante por ser fácil de fazer e de usar proporcionando grande segurança. não só o anel de cabo é um estropo. arroz e outros grãos. A função do estropo é aumentar a capacidade do carregamento. a ação dos estropos. 26 . não podemos deixar de destacar como um dos principais o estropo comum. as grandes lingadas que se faziam para embarque e desembarque de trigo.2 Principais tipos de estropo Entre os muitos tipos de estropos citados.1 Conceito Embora se defina estropo com sendo um pedaço de cabo ligado pelo seus chicotes por um nó ou uma costura. um cabo com duas mãos ou alças. reduzindo o tempo de embarque e dispensando. em muito. Isto sem falar nos contêineres içados por guindastes imantados ou embarcados diretamente em cima de viaturas. também. usado para ligar um peso a ser içado a um aparelho de içar. 4. mas também uma lona. Por exemplo. uma corrente. ocorre com o embarque de caixas que hoje deslizam pelas esteiras rolantes. uma rede. Assim. foram trocadas por potentes sugadores que carregam um navio num espaço de tempo bastante reduzido. tudo isto podemos arrolar entre os estropos. 3 ou 4. • com manilha. e • com anel num dos chicotes e uma manilha no outro. AMN 27 . 3. uma em cada um dos chicotes. fibra sintética ou arame de aço que terminam em seus dois chicotes. em ambos os chicotes. Poderão ser conectados. • com dois anéis. Os chicotes podem ser de cabos com alças.O estropo comum é feito usando-se apenas um cabo solteiro. em números de 2. por meio de um anel formando. Estropos abertos ou braçalotes – pedaços de cabos de fibra vegetal. Os chicotes ainda poderão ter um sapatilho na alça com o fim de evitar o desgaste e em seu seio uma garra corrediça com o objetivo de permitir um melhor aperto. Basta que façamos uma costura redonda ou mesmo que apliquemos um simples nó direito em seus chicotes e teremos feito um estropo. aparelhos de 2. assim. um em cada chicote. ou 4 ramais ou pernadas. Os estropos podem ser de correntes que terminam em dois (2) chicotes: • com anel num chicote e um gancho no outro. ou com gancho em um dos chicotes e alça ou anel no outro. Veja. geralmente quadrada. os estropos comuns continuam a ser bastante usados em carregamentos regionais. Os estropos de corrente. razão porque podem possuir quatro correntes. As sacarias perderam bastante do seu valor. provida de fiéis fixados em seus quatro cantos.O estropo de corrente é formado por duas ou quatro pernadas de corrente. As redes também são usadas em operações de salvamento e em caso de abandono do navio. 4. em embarcações de menores portes e em cargas que não podem ser transportadas a descoberto. porém. com já citamos.3 Uso dos estropos Consideremos a utilização dos estropos na fainas de carga e descarga dos navios e demais embarcações mercantes.aqueles cujos chicotes são ligados. estes estropos são muito pesados. etc. Da mesma forma. manilha ou costura. O estropo de lona é uma forte lona. A bordo são usados para cargas como mantimentos e outros serviços do próprio navio. todas ligadas a um olhal e tendo em suas extremidades gatos. usamos fortes estropos feitos de rede.. por meio de anel. tonéis. Os estropos feitos com cabos de arame levam a vantagem de ter capacidade bem maior de içar pesos. 28 . precisam ser feitos de material de boa qualidade e exigem contínua inspeção. os quais dispensam que muitos sejam ensacados. ou de cabo de arame. Na figura vemos um estropo aberto com apenas duas correntes próprio para carga e descarga de barris. içam desde grandes tubos de ferro até grandes caixotes. ocasião em que são estendidas no costado do navio. como já citamos. com o surgimento dos sugadores. embora sejam pesados e de difícil manuseio. Como desvantagem. Estropos fechados . trilhos. etc. Portanto. Na figura veja a volta boca de lobo. Atenção E não se esqueça de que os estropos comuns devem ser confeccionados com costura redonda. “Cortar” um estropo é simplesmente a operação de reduzir o seu comprimento. O corte é um remédio que não deve ser usado com freqüência. previna-se sabendo a quantidade de volumes a içar. AMN 29 . a fim de usar estropos no tamanho exato. pois como você sabe. mesmo sendo ele de cabo de fibra. O bom marinheiro deve ter em seu paiol estropos de tamanhos diversos de modo a não precisar sempre estar cortando estropos. qualquer nó ou volta que se aplique num cabo reduz a resistência do mesmo. Você pode cortar o estropo dobrando-o simplesmente ou aplicando uma boca-de-lobo dobrada. com a qual se pode cortar um estropo comum.4 Como “cortar” um estropo Não se espante porque jamais você precisará da navalha do marinheiro para “cortar” um estropo. em vez de nós ou voltas. ou ainda fazendo uma encapeladura singela com a alça que se prende ao gato.4. isto é. 30 . Veremos a seguir dois métodos de elaborar falcaças e alguns cuidados que devemos ter na confecção. Aperte bem o chicote c e corte-o rente à falcaça. introduza o chicote de a por dentro do seio b (2).1 Falcaça Com alguma freüência você vai necessitar cortar um cabo a bordo para realizar algum tipo de serviço específico com um pedaço dele. com o seio b dê várias voltas apertadas e unidas em torno do cabo e sobre o chicote c (2). b a 1 c 2 a b a 3 c 4 No método denominado falcaça comum. Em seguida. Feito isto. ronde bem os dois chicote a e c e unindo bem as voltas (3). finalmente. Falcaçar o chicote de um cabo que foi cortado consiste em dar várias voltas redondas em torno dele com um merlim. O número de voltas é determinado pelo diâmetro do cabo a ser falcaçado. A seguir. Ao se cortar um cabo deve-se tomar certos cuidados para não deixar que ele descoche ou desbolinem. encerrando a faina. cortam-se os chicotes rentes à falcaça (4). e o seio do fio para fora do chicote. A falcaça tem por objetivo não permitir que o cabo descoche ao ser cortado. O método seguinte começa dando uma meia volta com o merlim sobre o cabo conforme se vê em (1). a largura da falcaça deve ser igual ao valor do diâmetro do cabo. com o cordão a do merlim dê várias voltas unidas e apertadas na direção do chicote do cabo.5 Outros trabalhos marinheiros 5. Observe. A partit daí. o primeiro passo é dobrar o merlim formando uma espécie de alça (b) sobre o chicote do cabo a falcaçar (1) tendo ambos os chicotes no sentido longitudinal ao cabo. E. em seguida. além de ter objetivo ornamental. até atingir o número correto de voltas (4). Para fazê-la. Ambas. tem também a utilidade de impedir que o chicote de um cabo passe através de um gorne e adicionar peso ao chicote de uma retinida. o chicote do cabo em que será feita a pinha precisa ser descochado e. Ronde o que sobrou do seio b pelo o chicote a. dobre o merlim sobre o cabo passando o chicote a sobre as voltas já dadas (3).2 Pinha A pinha é um trabalho feito no chicote de um cabo que. Tome. De um modo geral. a singela e a dobrada. tomando cuidado para impedir o merlim de torcer. Vamos ver a seguir os passos para a confecção de uma pinha de rosa dobrada. b c c a 3 5. você aprenderá também a confecção da singela. o seio b do merlim e continue dando voltas redondas em torno do cabo e por cima do chicote a.c b c b a 1 2 a Proseguindo. unindo bem as voltas e corte rente à falcaça. então. a 4 AMN 31 . são feitas no chicote ou próximo dele. ter seus cordões falcaçados para que não descochem mais ainda durante o trabalho. etc. 2o Dobram-se estas pernadas formando três cordões. Compreendeu? Então vamos adiante. enfraquecem os cabos e deixam deformações no local da emenda. O último cordão. a emenda é feita pelo entrelaçamento dos cordões de dois cabos da mesma bitola. Depois pega-se o chicote do “b” passando sobre o “c” e introduzse por dentro do seio do “a”. a segurança aumenta e a superfície emendada não fica tão deformada. Após esta etapa. 3o Pega-se o cordão “a” e pela direita passa-se por cima do cordão “b” e entra-se no seio do “c”. basta que rondemos (apertemos) os cordões tirando as folgas.1o Descocham-se as pernadas do cabo. Ao emendarmos com costuras. Os cabos de fibra são emendados em três tipos de costuras: redonda. basta apenas que cada chicote repita o mesmo percurso já feito. 5. que se deitam sobre o cabo. cordões.3 Tipos de costuras As emendas que fazemos em cabos. Normalmente é usada para fazer-se estropos e emendar espias. 32 . fios. Veja um cabo emendado com costura redonda. 4o Agora que já fizemos a pinha singela. vamos dobrá-la. Tente de novo. com nós e voltas. arrematando o trabalho feito e aparando os chicotes. o “c”. Para isso. Costura redonda – Neste tipo. será passado sobre o “a” e metido no seio de “b”. de laborar e de mão. introduzir no cordão da esquerda e com o terceiro cordão de trás. depois com a pernada da esquerda. Isto feito. ajustam-se os três cordões com um macete de bater e dá-se seqüência a esta mesma operação.Costura redonda Costura de laborar – Esta é a costura que não aumenta o diâmetro dos cabos emendados. por mais duas vezes. Macete Espichas Passador AMN 33 . à medida que se descocha um cordão. num espaço de cerca de doze vezes o diâmetro dos cabos. redonda e de mão. Observe na figura 38 que os cordões são descochados e que. E assim. de baixo para cima. de onde saiu o segundo cordão. Costura de mão – Para fazer-se uma alça no chicote de um cabo de fibra vegetal. da direita para a esquerda. a costura é feita sem alterarlhe a bitola. usam-se passadores e espichas. isto é. num vai-e-vem dos cordões. Para abrir as cochas dos cabos nas costuras. É a costura apropriada para a utilização em aparelhos de laborar. introduzirmos o cordão do centro. basta descochar-se o chicote na distância de três vezes a sua circunferência e. substitui-se aquele pelo do outro cabo. multiplique esse número por três e faça uma falcaça nessa distância (3 x 6 = 18 cm). 4) A seguir dê um botão em cada um dos cordões do cabo que você descochou. 2) Junte no seu local de trabalho. continue a manobra conforme as instruções da aula anterior. um rolo de fio de vela (ou barbante). E. 5) Agora. 34 .4 Gachetas São trançados de cordões geralmente usados para fins ornamentais em molduras. algodão e linho. fiéis.Trabalho prático – Elabore uma costura de mão. observando a figura correspondente. por serem fibras claras e bonitas. retire a falcaça do cabo e corte rentes os cordões que sobrarem. fundas e cortinas. 3) Se o cabo tiver 6 cm. dando macetadas em toda a parte costurada. para que estes não se descochem. Abaixo você vê uma gacheta de três cordões. Parabéns! 5. Acertou? então use o macete de bater. formando assim uma alça. Agora é a vez de pôr em prática a costura que você conheceu na aula anterior. 1) Pegue um cabo que tenha cerca de 6 cm de diâmetro e use um dos chicotes para fazer uma costura de mão. Veja se faz antes de chegar à sala de aula. um macete de bater e uma espicha ou um passador. Atualmente são confeccionados com cabos finos de fibras sintéticas. um de 3 e outro de 4. AMN 35 . a) separe os sete cordões em dois grupos. até ficar no grupo da direita (ou esquerda). e depois alternadamente por baixo e por cima de um dos cordões do mesmo grupo. do lado de dentro. Continue esta seqüência até chegar ao comprimento desejado.Passaremos a explicar a maneira como se pode fazer uma gacheta de sete cordões. Observe na figura que os dois grupos foram separados desde o início do trabalho. b) Traga o cordão da direita (ou da esquerda) por cima de dois. Detalhe superior Detalhe inferior 36 . Maurílio M. Gotemburg: AB Nordbok. 1975. PREFECTURA NAVAL ARGENTINA. The Boatswain’s Manual. New York: Von Nostrand Reinhold. McLEOD. 1977. William A. 17 ed. Direccion del Personal. Jr. 37 . Son & Fergunson. NOEL. 2003. Manual de conocimientos marineros. Bengt. KIHLBERG. Knight’s Modern Seamanship.Bibliografia FONSECA. Buenos Aires. Glasgow: Brown. The Lore of ships. 6. Arte Naval. Rio de Janeiro: SDGM. John V. 1970. ed. 1984.
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