Arquitetura BizantinaArquitetura e urbanismo Prof: Greyce Bernardes Aluno: Raphael luiz f.m. de Souza A arquitetura bizantina possui inspiração helenística e orientalista. Suas basílicas são célebres pelas linhas curvas, a exemplo da Igreja de Santa Sofia, em Constantinopla (atual Istambul). A célebre igreja de Santa Sofia (532/37) dominada por seu grande domo, foi um modelo para as obras cristãs posteriores e para os arquitetos turcos. Outras igrejas bizantinas podem ser vistas em Ravena, Itália e em Dafne, perto de Atenas. A Catedral de São Marcos, em Veneza, é inspirada na arte bizantina. O interior de tais igrejas era coberto de mosaicos de vidro brilhante, típicos desta arte. Os esmaltes, o entalhe em marfim, a ourivesaria e a prata eram usados para embelezar relicários, muitos dos quais foram levados para igrejas ocidentais depois do saque de Constantinopla pelos cruzados, em 1204. Um importante papel na difusão do estilo bizantino na Europa foi desempenhado por manuscritos ricamente ilustrados. Um testemunho claro de sua influência, pode ser encontrado nas obras dos artistas italianos da escola sienense, na Idade Média. As imagens religiosas bizantinas sobreviveram por muitos séculos, depois da queda de Constantinopla, nos ícones russos, gregos e balcânicos. Na arte profana, merecem destaque os luxuosos tecidos bizantinos. A arte bizantina era uma arte cristã, de caráter eminentemente cerimonial e decorativo, em que a harmonia das formas - fundamental na arte grega - foi substituída pela imponência e riqueza dos materiais e dos detalhes. Ela desconhecia perspectiva, volume ou profundidade do espaço, e empregava em profusão as superfícies planas, onde sobressaíam melhor os ornamentos luxuosos e complicados que acompanhavam as figuras. A religião ortodoxa, além de inspiradora, funcionava também como censora. O clero estabelecia as verdades sagradas e os padrões para representação de Cristo, da Virgem, dos Apóstolos, ou para exaltação da pessoa do imperador que, além de absoluto e com poderes ilimitados sobre todos os setores da vida social, era ainda o representante de Deus na Terra, com autoridade equiparada à dos Apóstolos. Assim, ao artista cabia apenas a representação, segundo os padrões religiosos, pouco importando a riqueza de sua imaginação ou a expressão de seus sentimentos em relação à determinada personagem ou doutrina sacra, ou mesmo ao soberano onipotente. Essa rigidez explica o caráter convencional e certa uniformidade de estilo constante no desenvolvimento da arte bizantina. No momento de sua máxima expansão, o Império Bizantino englobava, na Europa, os territórios balcânicos limitados pelos rios Danúbio, Drina e Sava, e parte da península Itálica (Exarcado de Ravena); a Ásia Menor, Síria e Palestina, na Ásia; o Egito e as regiões que hoje formam a Líbia e a Tunísia, na África. Por outro lado, Constantinopla se erguia no entroncamento das rotas comerciais entre a Ásia e a Europa mediterrânea. A população do império compreendia, pois, nacionalidades diversas, sobretudo gregos. A cúpula procurava reproduzir a abóbada celeste. sendo criadas. a arquitetura alcançou sua expressão mais perfeita na construção de igrejas. não é apenas um elemento arquitetônico decorativo. assim. como podemos constatar. Foi nessa época que se iniciou a construção das igrejas de planta de cruz grega. Este princípio se aplica sem dúvida alguma à arquitetura cristã em geral. se transformou no símbolo do poderio bizantino. pois corresponde à concepções estéticas fundamentadas em um simbolismo preciso. novas formas de templos. toda construção religiosa possui uma significação cósmica.Inspirada e guiada pela religião. que parece já ter sido utilizado na Jordânia em séculos anteriores e inclusive na Roma Antiga. em especial. mas sim naquilo que representa: a abóbada celeste. As características predominantes seriam a cúpula (parte superior e côncava dos edifícios) e a planta de eixo central. E foi precisamente nas edificações religiosas que se manifestaram as diversas influências absorvidas pela arte bizantina. Esta. sob influência da arquitetura persa. conseguindo-se assim fechar espaços quadrados com teto de base circular. A cúpula representa o céu e sua base a terra. A cúpula não possui seu sentido em si mesma. Aqui chama a atenção na arquitetura bizantina. Entretanto seria errôneo estudá-la em separado. coberta por cúpulas em forma de pendentes. . Esse sistema. pois devemos considerá-la enquanto relacionada ao resto do edifício. também chamada de planta de cruz grega (quatro braços iguais). o significado místico que se encontra presente em um elemento específico: a cúpula. Houve um afastamento da tradição greco-romana. Simbolismo Arquitetônico Segundo René Guénon. com o fim de compreender o simbolismo cosmológico dessa arquitetura em toda a sua extensão. diferentes dos ocidentais. o edifício completo representa uma imagem do cosmos. e à bizantina em particular. A arquitetura bizantina tem sua origem durante o reinado do imperador Justiniano. cujo máximo expoente é. todo o esplendor clássico de Constantinopla da época de Constantino havia se tornado em ruínas. tanto no mediterrâneo oriental quanto no ocidental. ou mesmo as cúpulas ovulares de Khirokitia em Chipre. Sua origem remonta um longo passado. Santa Sofia de Constantinopla. a exemplo das cúpulas da Mesopotâmia. é contudo em Roma. antes da análise simbólica propriamente dita. Esta não é. onde esta forma arquitetônica alcançará sua maior expressão. deixa de existir a cidade clássica. Nessa época. desde vários milênios antes de Cristo. sem dúvida. Muitos autores referem-se a esse período como "A Idade de Ouro Justiniana". Surge uma série de possibilidades técnicas visando às necessidades litúrgicas e formais que concorre para a criação de grandes obras de arte do cristianismo. Apesar de existirem construções cupuladas no oriente. uma invenção bizantina. Uma das novidades da arquitetura religiosa bizantina do século VI é a combinação das plantas basilical e central. assim como também na arte helenística. O elemento principal e dominante é sua cúpula. entretanto. e graças aos esforços de Justiniano. No ano 532 devido à violenta insurreição de Nika. . começa a surgir a cidade bizantina.Algumas considerações devem ser feitas. ou com naves circulares. é o Panteon de Agripa.Em efeito. primeira construção com cúpula autosuportante. por exemplo. a construção mais característica e monumental por suas dimensões. e a Igreja de Santa Sofia. que havia incorporado conceitos arquitetônicos do oriente. Sem dúvida. Segundo Sas-Zaloziecky. produzindo assim uma linguagem própria. e grandes cúpulas. os estudiosos coincidem em afirmar que os antecedentes diretos da arquitetura bizantina encontram-se em Roma. iniciando a arquitetura bizantina. os principais elementos técnicos para essa arquitetura já existiam em Roma. . passou por transformações. mas desenvolvendoos e adaptando-os a uma maneira ocidental. Este templo se identifica com uma linha arquitetônica que prefere as abóbadas cilíndricas. havendo herdado muitos elementos do Oriente. que descansa sobre um tambor cilíndrico. não apresenta nenhum aspecto arquitetônico que não possa ser encontrado em algum edifício romano. que. tornando-se modelo para os edifícios paleocristãos e bizantinos. Cúpula sobre plano octogonal. ou de cruz grega (quatro braços iguais). como San Vitale en Ravenna. Os edifícios cupulados bizantinos podem ser divididos em três tipos: 1. da escola ocidental. A planta de eixo central. sobre os quatro arcos colocaram um tambor e. com simplicidade e segurança. com braços desiguais. se impôs como conseqüência natural da utilização da cúpula. e essa disposição ocorria menos facilmente na planta retangular ou de cruz latina. de acordo com suas próprias necessidades litúrgicas ou estéticas. sobre este. Os pesos e forças que se distribuíam por igual na cúpula. Os arquitetos bizantinos conseguiram opor a uma construção quadrada uma cúpula arredondada. forma similar ao Panteon de Agripa 2. Os arquitetos orientais. exigiam elementos de sustentação também distribuídos por igual. . com o uso do sistema de pendentes. Cúpula sobre plano circular. "triângulos" curvilíneos formados dos intervalos entre os arcos e que constituíam a base sobre a qual era colocado o tambor. que é um desenvolvimento do terceiro tipo. a cúpula. herdaram os princípios da arquitetura romana dando-lhe um matiz inteiramente próprio.Os arquitetos bizantinos mantiveram o formato arredondado não colocando o tambor (grande arco circular sobre o qual se assenta a cúpula) diretamente sobre a base quadrada. Em cada um de seus lados ergueram um arco. A difusão desta solução que combina as plantas centrais cupulada e basilical no tempo e no espaço. solução que se pode encontrar já no século VI e que permanece até os nossos dias. demonstra o enorme êxito destas novas formas arquitetônicas. Santa Sofía de Kiev. a redução do diâmetro das cúpulas. A Rússia se constituirá em outro ponto. Para passar desde a forma quadrada a circular. se utilizam quatro triângulos semi-esféricos que se situam em cada ângulo do cubo: são as conchas. podemos destacar. Durante a dinastia dos Comnenos (1057-1204) se introduzirá inovações que enriquecerão o estilo bizantino. a cúpula e a trichora. no Peloponeso. construída entre os séculos XIII e XV. A primeira igreja russa. a Catedral de Edessa. desde sua conversão ao cristianismo em 988. A arte bizantina ganhou assim uma província a mais. entretanto. que será fortemente influenciado por Bizâncio. Trácia e Armênia. é. representa um particular desenvolvimento das formas arquitetônicas bizantinas. combinando a planta basilical com a central. Enquanto isso. Entre elas. Esta solução já era conhecida no Império Romano. por exemplo. .3. Mistra. Cúpula sobre plano quadrado. se focalizará o primeiro grande núcleo desta difusão. levantada por arquitetos bizantinos. se multiplicam a quantidade de cúpulas em cada edifício. Grécia. Bizâncio. cujos limites irão estender-se de forma inesperada. Ásia Menor. Em torno do mar Egeu. não o copia servilmente. o assume criativamente como uma referência que irá moldar ao seu estilo particular. A este último gênero pertence. que ganham em altura e afinam sua silhueta. e a morte de Cristo. onde a beleza não é um fim como na arte clássica. predominante no mundo clássico. A "Domus Dei" é pois. Segundo o patriarca Germá. em via anagógica. Ambas estão presentes na arquitetura bizantina. uma é interior. onde dominam a profundidade e a qualidade da força. extasiada e leve. e a outra exterior. Conforme afirmava o Pseudo Dionisio Areopagita. mais espiritual.fundamentalmente. Enquanto a primeira têm como objetivo comover a alma. um universo em miniatura. pois se trata de um gozo místico. exige uma representação sublime. A chave para se compreender a arquitetura bizantina está no que se chama "a estética do sublime" em contraposição à "estética do belo". a segunda aos sentidos. "a igreja é o céu terrestre no qual o Deus superior habita e passeia. verdadeira morada do Deus onipresente e onipotente. que não produz emoção estética alguma. e o interior surpreendentemente rico em ornamentação. senão um meio. de fazer a casa de Deus sobre o modelo da casa do homem. Através da beleza externa das imagens. como no mundo clássico. cada uma arrematada em uma abside." . um cruzeiro com cúpula central e múltiplas naves. não deve se traduzir meramente em gozo estético. A contemplação desta arquitetura. entre outras . está construída em função de seu interior. O contraste entre um exterior simples e austero. onde predomina a dimensão e com ela a evidência da força. Esta noção é muito preciosa à arte bizantina. uma imagem do cosmos. independentemente da presença ou ausência dos fiéis.é possível descobrir sua origem na combinação das plantas basilical e central. Não se trata. Em todas as construções derivadas da arquitetura bizantina. se ocultam imagens e símbolos que o observador deve saber decifrar para ingressar totalmente em um universo superior. multiplicação destas e das naves. A igreja bizantina. O Deus dos cristãos não é apenas força.ampliação das cúpulas. do sublime. ao contrário. deve ser. material. A arte se constitui em outras palavras. Isso significa que o templo é um lugar santo. da arte dirigida ao espírito. entretanto. e outra expressão mais interior. se eleva às alturas. ilustra essa concepção arquitetônica. entretanto é a primeira concepção estética a que predomina. sacrifício sublime. "a imagem sensível é uma via para elevar-se à contemplação do Insensível. já que ali habita o Deus único. da alma do espectador que. é também amor infinito. além das inovações . iluminada. Existe uma expressão exterior. a presença de Deus habita ali". Assim a cúpula é sempre o elemento característico. e da Terra inteira é típico na linguagem simbólica do período. O certo é que o primeiro edifício da referida igreja. certos edifícios e nesse caso um templo. rio ou meandro. referindo-se à Santa Sofia de Constantinopla. É a união harmônica entre ambos que permite falar de um verdadeiro microcosmo. sustenta a mesma idéia: "quando te encontras diante do vestíbulo de uma igreja. essa alusão nos indica que os quatro arcos que se fazem presente nessa construção representam "os quatro extremos da Terra". através do sensível e o belo. Choricius. foi destruído por uma inundação." As novas concepções artísticas que regem e controlam a construção do edifício. talvez se refira a alguma lagoa. mas pela influência de Deus. Isso nos leva a recordar que na cosmografia antiga a Terra é representada rodeada pelo mar oceano. construído no século IV. senão que proclamam a presença de Deus. que Ele mesmo escolheu. É assim uma arte utilitária. . respondem a um fim sublime que é elevar. Por outro lado. até Deus. e o superior. Além disso. No hino à Catedral de Edessa o autor afirma que o templo representa uma imagem da terra e. senão que deve amar o habitar neste lugar. pois se o universo se assemelha a um edifício perfeitamente construído. às vezes é difícil decidir se ficarás contemplando o pórtico ou adentrarás buscando as delícias que julgando pela beleza exterior lhe aguardam o interior". Outra explicação está no fato de que a cidade grega de Edessa é conhecida como a "Cidade das águas" devido às diversas fontes de água mineral curativas que lá existem. a alma até o insensível e o belo. no século VI. A beleza material que excita os sentidos é só um meio para alcançar o dito fim. as águas o rodeiam. e incrível para os que dela ouvem falar". disse que "a igreja se converteu em um espetáculo de grande beleza. O número quatro sugere ainda uma forma geométrica. assim como esta. magnífico para os que podem gozar dela.Quando Procópio. e sua associação com os confins da Terra. porque as formas não constituem um fim em si mesmas. se refere a um gozo interior. O templo é um microcosmo. se compreende imediatamente que este trabalho se realizou não por poder e habilidades humanas. A análise do edifício nos permite distinguir dois níveis: o inferior que corresponde ao mundo terreno. Procópio ainda afirma: "sempre que se vai a essa igreja rezar. devem antes convidá-lo a explorar o interior. devem assemelhar-se ao cosmos. É difícil imaginar como as águas rodeavam tal edifício. ao mundo celestial. Assim a mente do visitante se eleva até Deus e flutua nas alturas. Entretanto a beleza e as formas do exterior não devem distrair o fiel de sua contemplação. quatro é um número sagrado. pensando que Ele não pode estar longe. Este conceito corresponde a uma concepção cosmológica conhecida a época.mundo futuro. A cúpula portanto. compartilhado pelo círculo e o quadrado. Choricius. assemelhando-se a um céu estrelado. símbolo da Terra por oposição ao céu. desprovida de toda gravidade. um véu que os separa. e é simbolicamente. .o quadrado. O número cinco aparece como o centro. nem suporte algum. que é o céu visível. e o ternário. Assim. o ómphalos que permite transitar do mundo terrestre ao celestial. representando magnificamente o céu. a cúpula da Igreja de Edessa que não se acha sustentada por nenhuma coluna. que afirma existir entre a Terra . o céu dos céus. representa a abóbada celeste. Dessa maneira também se expressa Cosmas Indicopleustes. o firmamento.mundo presente e o Céu . ao falar do teto da Igreja de São Sérgio diz que este imita o céu visível e assim existiria um céu visível e o mais alto céu. se encontra antes descansando diretamente sobre a sua base cúbica. representando o celestial. o que pelo brilho e efeito produzidos traduz um caráter de infinitude. se conjugam harmonicamente. a imagem do universo todo. Esta impressão se torna mais forte quando se vê o interior da cúpula ornamentado com mosaicos de ouro. e o conjunto do edifício. símbolo do terrestre. Na arquitetura dessa igreja o cubo suporta a cúpula e representa assim o mundo material. e graças aos quatro arcos e os pendentes (sistema que permite passar de um espaço retangular a um espaço circular) parece estar suspensa no ar. O quaternário. . um Pilar cósmico. Os serafins se situam a certa altura dos pendentes. outra é reservada para os Mistérios da vida de Cristo. A disposição da ornamentação interior segue uma hierarquia ascendente. uma verdadeira Escada de Jacó. próxima de Atenas. A cúpula é o espírito universal envolvendo o mundo. um centro.O eixo vertical do templo representa o "axis mundi". A iconografia distingue três zonas para a distribuição das distintas imagens: uma representa o céu. para o conjunto dos santos. isto é. de tal maneira que a cúpula pareça mais leve. a inferior. a cúpula é um lugar reservado ao Cristo Pantocrátor. o que contribui para acentuar a imagem cósmica. Batismo e Transfiguração. O ponto mais elevado. em seu lugar. As concepções teológicas se encontram em perfeito acordo com o sentimento estético para estabelecer as hierarquias das posições dos personagens. como no caso da Igreja de Dafne. mártires e confessores. e a última. ou algum símbolo que o represente como a cruz. Mais tarde. Nascimento. se colocarão representações dos quatro evangelistas ou dos quatro Mistérios centrais do cristianismo:Anunciação. sustentada por suas asas. necessitam de um elemento que lhes outorgue uma dimensão real: a luz. Há ainda várias janelas situadas nas três fachadas. contêm cenas evangélicas. imagens. nos planos inferiores se representam os mártires e santos. Entretanto. na abside se colocará um ícone da Virgem Maria. Estas ornamentações entram na composição com o resto do edifício para representar o todo celestial e o conjunto cósmico.Respectivamente. paredes revestidas de mármores e mosaicos. Na catedral de Edessa existem três janelas situadas na abside que simbolizam a Trindade. se o templo carece de cúpula. . este lugar será ocupado pelo Pantocrátor. mediante seus exemplos de vida. Todas estas formas. Nas absides laterais . por essas janelas entram três fachos de luz que se projetam formando um só facho que se projeta diretamente iluminando o santuário.quando se trata de uma trichora. Finalmente. que mostram a via que conduz ao Pai. no intuito de elevar a alma do espectador até Deus. e ao final verá o Pantocrátor. que ultrapassará não somente os limites geográficos. o Domo da Rocha. convergem em um determinado ponto. seu próprio feixe de raios luminosos. a "estética do sublime". permanecerá imóvel.A luz representa um papel fundamental. o que se pode perceber por exemplo. cuja arquitetura segue a linha dos templos cristãos: um corpo octogonal coberto por uma cúpula. perdido no centro desta imensidade. os quais. Esta mística da luz tem como base o fato de que a matéria humana impede a passagem da luminosa imaterialidade de Deus. como aponta André Grabar a respeito de Santa Sofia de Constantinopla: "cada hora têm sua própria luz. A arte islâmica receberá também sua influência. ou ao entrecruzar-se em diferentes alturas. a arte islâmica se inspirou em grande medida na arte bizantina. em um dos mais importantes monumentos da fé islâmica em Jerusalém. mas até mesmo as fronteiras religiosas. aqui. todos os recursos técnicos e estilísticos se combinam. e ao levantar os olhos para o alto se encontrará diante de um céu estrelado. tem como missão transmitir esse ideal através da matéria. extasiando-o com o jogo de figuras e feixes luminosos. Este encaixe radiante encontra em movimento e sua mobilidade aumenta o efeito irreal da visão". A esse ideal corresponde a Luz. Assim. Segundo Oleg Grabar. Artistas imperiais de Bizâncio . deslumbrado pela luz material e mística que erradia a cúpula. ao penetrar por diferentes janelas. O fiel que entra na igreja se sentirá surpreendido pela iluminação. A arte. resvalam ao longo das paredes e se derramam sobre as lajes do pavimento. A força original de que está dotada esta concepção estética e simbólica será tão forte e viva. utilizando assim. submergido pelo infinito no coração deste espaço ilimitado. Assim. com elementos alenxandrinos. foi se desagregando pouco a pouco. Uma vez estabelecido na Nova Roma (Constantinopla). termas. com um nome derivado do seu nome.br Havia Bizâncio. e se desenvolveu a partir do século IV como produto da confluência das culturas da Ásia Menor e da Síria. imprimir seu caráter público definitivo em edifícios abertos ao culto. com Constantinopla como capital. mais exatamente na cidade de Constantinopla. No Império Romano do Oriente floresceu a partir do século V a civilização bizantina.foram inclusive chamados pelos muçulmanos para decorar seus edifícios. uma vez oficializado o cristianismo. Durante o governo de Teodósio ocorreu a divisão do império (395) em duas partes: Império do Ocidente. E Bizâncio virou Constantinopla no ano de 330. O imperador romano era Constantino. à medida que os grandes proprietários e chefes locais se substituíam no Poder. que durou do século V ao século XI. tendo o cuidade de enfatizar nele aspectos como rituais e imagens dos demais grupos religiosos.estrutura bizantina típica A arte bizantina teve seu centro de difusão em Bizâncio. Depois da cisão do cristianismo. copiando algumas de suas formas. Igreja de Alexandre Névski (Sofia) . para manter a unidade entre os diversos povos que conviviam em Bizâncio. dava acesso à nave principal. perseguido por Diocleciano (284 a 305). dominaria em quase todas as suas realizações. Fonte: beatrix. de elementos gregos e romanos.pro. Os homens do Islã se impressionaram com os monumentos cristãos. As bases do império eram três: a política. O cristianismo. e Império do Oriente. e havia um romano que decidiu fazer dela capital do seu imperio. palácios e sobretudo igrejas. Constantino começou a renovação arquitetônica da cidade. sucessor de Diocleciano no trono. Constantino oficializou o cristianismo. a economia e a religião e. separada por fileiras de colunas de uma ou duas naves laterais. antiga colônia grega à margem do estreito de Bósforo. invadida e dominada pelos germanos. elevado à igualdade com os cultos pagãos no reino de Constantino (306 e 337) e proclamado religião oficial com Teodósio (394 a 395). As primeiras igrejas seguiram o modelo das salas da basílica (casa real) grega: uma galeria ou nártex. já que se fazia necessário. às vezes ladeada por torres. erigindo teatros. a antiga Bizâncio tornou-se o centro principal da Igreja Ortodoxa. com sede em Roma. A parte ocidental. . volume ou profundidade do espaço e empregava em profusão as superfícies planas.fundamental na arte grega . Essa rigidez exlica o caráter convencional e certa uniformidade de estilo constantes no desenvolvimento da arte bizantina. além de absoluto. pouco importando a riqueza de sua imaginação ou a expressão de seus sentimentos em relação a determinada personagem ou doutrina sacra. com poderes ilimitados sobre todos os setores da vida social. onde sobressaíam melhor os ornamentos luxuosos e complicados que acompanhavam as figuras.A arte bizantina era uma arte cristã.foi substituída pela imponência e riqueza dos materiais e dos detalhes. ou mesmo ao soberano onipotente. funcionava como censora . . além de inspiradora.o clero estabelecia as verdades sagradas e os padrões para representação de Cristo. da Virgem. ao artista cabia apenas a representação segundo os padrões religiosos. Desconhecia perspectiva. Assim. era o representante de Deus na terra. com autoridade equiparada à dos Apóstolos. ou para exaltação da pessoa do imperador que. de caráter eminentemente cerimonial e decorativo. em que a harmonia das formas . dos Apóstolos. A religião ortodoxa. corresponde ao reinado de Justiniano (526 a 565).movimento que começou mais ou menos em 725. A cúpula procurava . o maior e mais representativo dos monumentos da arte bizantina. Anatólia. Pérsia. pois. vindas do Egito. influências diversas. quando se construiu a igreja de Santa Sofia. diferentes dos ocidentais. Influências que se fundiram em Constantinopla. E foi precisamente nas edificações religiosas que se manifestaram as diversas influências absorvidas pela arte bizantina. Foi nessa época que se iniciou a construção das igrejas de planta de cruz grega. Síria. na Ásia. a iconoclastia e a segunda idade do ouro. Por outro lado. A arte bizantina sofreu. sendo criadas. também chamada de planta de cruz grega (quatro braços iguais).No momento de sua máxima expansão. Houve um afastamento da tradição greco-romana. o Império Bizantino englobava. nacionalidades diversas. assim. o terceiro período foi a segunda idade de ouro (séculos X e XIII) e nele se deu um novo apogeu das pinturas e mosaicos tão combatidos pelo movimento iconoclasta. o Egito e as regiões que hoje formam a Líbia e a Tunísia. A população do império compreendia. coberta por cúpulas em forma de pendentes. conseguindo-se assim fechar espaços quadrados com teto de base circular. Inspirada e guiada pela religião. novas formas de templos. Constantinopla se erguia no entroncamento das rotas comerciais entre a Ásia e a Europa mediterrânea. e parte da península Itálica (Exarcado de Ravena). Balcãs e da própria antiguidade grega. onde se processou a formação de um novo estilo definindo-se seus traços. os territórios balcânicos limitados pelos rios Danúbio. na Europa. sobretudo gregos. a arquitetura alcançou sua expressão mais perfeita na construção de igrejas. Drina e Sava. com um decreto do Imperador Leão III que proibia o uso de imagens nos templos -. Síria e Palestina. na África. a Ásia Menor. Sua história pode ser dividida em três fases principais: a idade do ouro. A segunda fase se caracterizou pela iconoclastia . sob influência da arquitetura persa. As características predominantes seriam a cúpula (parte superior e côncava dos edifícios) e a planta de eixo central. A primeira fase (idade do ouro). reproduzir a abóbada celeste. . Esse sistema. que parece já ter sido utilizado na Jordânia em séculos anteriores e inclusive na Roma Antiga. se transformou no símbolo do poderio bizantino. A solução encontrada pelos persas para a colocação de cúpula sobre uma construção quadrada foi o abandono da forma circular para base e a adoção da forma octogonal.A cúpula é originária da Ásia Menor. . mas facetada em oito "triângulos" curvos. colocando sobre a base quadrada uma cúpula octogonal. cujos povos. Os persas imaginaram outra alternativa. sobre a qual se erguia a cúpula. já não totalmente redonda. recorreram ao expediente de suspendê-la sobre uma construção quadrada ou pousaram-na diretamente em construções circulares. que sempre se distinguiam como arquitetos. mas adaptada à econômia e possiblidades de cada cidade. e essa disposição ocorria menos facilmente na planta retangular ou de cruz latina. O apogeu cultural de Bizâncio teve lugar sob o reinado de Justiniano e sua arquitetura se difundiu rapidamente pela Europa ocidental. com simplicidade e segunrança. Os pesos e forças que se distibuiam por igual na cúpula exigiam elementos de sustentação também distribuídos por igual. com braços desiguais. a cúpula. se impôs como consequência natural da utilização da cúpula. sobre os quatro arcos colocaram um tambor e. sobre este. A planta de eixo central. "triângulos" curvilíneos formados dos intervalos entre os arcos e que constituíam a base sobre a qual era colocado o tambor. com o uso do sistema de pendentes. Os arquitetos bizantinos conseguiram apor a uma construção quadrada uma cúpula arredondada.Cúpula persa Cúpula bizantina Os arquitetos bizantinos mantiveram o formato arredondado não colocando o tambor (grande arco circular sobre o qual se assenta a cúpula) diretamente sobre a base quadrade: em cada um de seus lados ergueram um arco. . ou de cruz grega (quatro braços iguais). Pertence a essa época um dos edifícios mais representativos da arquitetura bizantina: a Igreja de Santa Sofia.Constantinopla Igreja dos Santos Apóstolos Tessalonica. entre outras. construídas por Antêmio de Trales e Isidoro de Mileto:as igrejas de São Sérgio e São Baco e a dos Santos Apóstolos. Grécia . São também. exemplos do esplendor da arquitetura bizantina. bem como a Igreja de Santa Irene Igreja de São Sérgio e São Baco . Não se deve esquecer que Santa Sofia foi construída sem a preocupação com gastos. algo que os demais governates nem sempre podiam se permitir. A Igreja de Santa Sofia é o mais grandioso exemplo dessa arquitetura. onde trabalharam mais de dez mil homens durante quase seis anos.Igreja de Santa Irene. A necessidade de construir Igrejas espaçosas e monumentais. destacando-se a influência grega. de cenas do Evangelho. porém internamente apresentava grande suntuosidade. Istambul Fonte: pegue. onde haviam os capitéis. Por fora o templo era muito simples. Igreja de Santa Sofia .com O grande destaque da arquitetura foi a construção de Igrejas. utilizando-se de mosaicos com formas geométricas. facilmente compreendido dado o caráter teocrático do Império Bizantino. determinou a utilização de cúpulas sustentadas por colunas. trabalhados e decorados com revestimento de ouro. Destaca-se na escultura o trabalho com o marfim. ou trípticos. de cristo ou de santos. Encontramos três elementos distintos: os ícones. obras semelhantes às anteriores. São Vital Pintura e Escultura A pintura bizantina não teve grande desenvolvimento. desenvolveu-se um estilo sincrético. as miniaturas. técnica de pintura mural onde a tinta era aplicada no revestimento das paredes.Igreja de Santa Sofia Na cidade italiana de Ravena. obra em baixo relevo. portanto vinculadas com a temática da obra. . onde se destacam as Igrejas de Santo Apolinário e São Vital. com a imagem da Virgem Maria. ainda úmidos. pinturas usadas nas ilustrações dos livros. principalmente os dípticos. conquistada pelos bizantinos. pinturas em painéis portáteis. destacando-se esta última onde existe uma cúpula central sustentadas por colunas e os mosaicos como elementos decorativos. garantindo sua fixação. formada por dois pequenos painéis que se fecham. e os afrescos. porém com uma parte central e duas partes laterais que se fecham. pois assim como a escultura sofreram forte obstáculo devido ao movimento iconoclasta . fundindo elementos latinos e orientais. consistindo na formação de uma figura com pequenos pedaços de pedras colocadas sobre o cimento fresco de uma parede. principalmente durante seu apogeu.br . no reinado de justiniano.com. Fonte: www. destacando-se ainda a figura dos profetas."Teodora" Mosaicos O Mosaico foi uma forma de expressão artística importante no Império Bizantino. A arte do mosaico serviu para retratar o Imperador ou a imperatriz.historianet. . ergueu-se um arco. quando o imperador Constantino transferiu para ali sua corte.474 – c. às margens do Bósforo. A arquitetura bizantina tem sua origem no séc. IV e concilia influências do oriente com elementos gregos e romanos. Representa o ramo grego do cristianismo. entre a Ásia e a Europa. Entre os exemplares de maior importância da arquitetura bizantina. 534) e Isidoro de Mileto e a Igreja de São Marcos em Veneza. do ano de 1093. A cúpula veio da Ásia Menor e os bizantinos aperfeiçoaram-na. . construída por ordem de Justiniano na direção de Jerusalém. os arquitetos bizantinos utilizaram telhas leves. levantaram a cúpula. Em lugar do concreto ou da argamassa que os romanos usavam para cobertura. Nesta época. e sobre os arcos colocaram um tambor. Bizâncio passou a chamar-se Constantinopla. temos Santa Sofia em Constantinopla.Conhece-se como bizantina a arte e a arquitetura que floresceram na cidade de Bizâncio. expandiu-se na Rússia e na Europa Oriental. Santa Sofia é a obra prima da arquitetura bizantina. cujos arquitetos foram Antemio de Trales (c. Em cada braço da cruz grega. Nessa arquitetura destacam-se a cúpula e a planta de eixo central ou de cruz grega (com braços de igual comprimento). e sobre este. medem doze metros de altura. As primeiras adotam a planta basilical e São Vital. faixa intermediária entre os arcos e as colunas. o Novo. hipódromos. Numerosos edifícios pagãos foram utilizados pelos cristãos. o que requer uma superfície maior de apoio. Fonte: www. circos. Na história da arquitetura religiosa desta época dois progressos se assinalam: o Campanário e o Batistério. A cúpula descansa sobre pilares de mármore. Circular ou octogonal. Fora de Istambul ou Constantinopla. O batistério foi de começo uma construção à parte. Poucos batistérios foram construídos depois do séc. Justiniano realizou obras públicas e fortificações.Santa Sofia é uma Igreja de planta centrada. com encargo de concentrar nos capitéis o peso dos arcos. Também em Constantinopla os arquitetos de Santa Sofia construíram a Igreja dos Santos Apóstolos com a planta em forma de cruz grega com uma cúpula ao centro e quatro cúpulas menores cobrindo os braços da cruz. Serviu de modelo a muitas igrejas. abrem-se quarenta janelas que simbolizam os quarenta dias que Cristo esteve no deserto.com . incluindo a de São Marcos em Veneza.diretoriodearte. O Campanário deu origem às torres das igrejas medievais. era construído como os templos menores ou os túmulos romanos. XI. Os capitéis clássicos suportavam arquitraves. teatros. planta central. VI. o que explica a fusão das arquiteturas. Tem uma cúpula imensa no espaço central. com trinta e um metros de diâmetro e cinqüenta e quatro metros de altura. na Cidade e Santo Apolinário in classe. O reservatório subterrâneo de Bir-Direk contendo mil colunas foi construído por Justiniano para abastecer de água a cidade de Constantinopla. no subúrbio e São Vital. aquedutos e arcos. As quatro colunas internas de mármore foram trazidas por ordem de Justiniano do templo de Diana em Éfeso. Ainda no séc. Cada telha trazia cânticos do Livro dos Salmos. ligada a igreja principal da cidade e era apenas usado para o Batismo. neste período destacam-se: Ravena. Em volta do tambor (parte mais baixa da cúpula). O telhado é feito de telhas fabricadas com calcário poroso da ilha de Rodes. Constantinopla contava com palácios imperiais. Daí surgiram as “impostas”. parecendo levitar no espaço. quando tornou-se hábito colocar a pia batismal no vestíbulo do templo. com as igrejas de Santo Apolinário. já os bizantinos suportavam arcos.