ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS - TEXTO DIDÁTICO - 2003

March 19, 2018 | Author: jarstec10 | Category: Convection, Heat, Water, Thermal Conduction, Evaporation


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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA “ELISEU MACIEL”DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AGROINDUSTRIAL LABORATÓRIO DE PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE GRÃOS C P, 354 - CEP 96010-900 – Capão do Leão, RS - Fone (53) 2757250 - Fax 2759031 ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS Moacir Cardoso Elias PÓLO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM ALIMENTOS DA REGIÃO SUL CONSELHO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO SUL (COREDE-SUL) PELOTAS - RS 2003 Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 2 ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS Moacir Cardoso Elias1 1) O ARMAZENAMENTO DE GRÃOS NO BRASIL Os modernos sistemas mercadológicos, cada vez mais dinâmicos e com os seus novos conceitos de globalização, exigem que os processos produtivos se tornem competitivos quanto à qualidade dos produtos e ao preço final de mercado. Este preço precisa cobrir todos os custos de produção, além de garantir remuneração, com margem de lucro, a todos os participantes da cadeia produtiva, desde a exploração de jazidas donde saem matérias-primas utilizadas na produção de alguns dos insumos, até a comercialização dos produtos finais, in natura ou industrializados, em nível de consumidor. Num passado não muito distante, na grande maioria dos sistemas produtivos, as margens de lucro desejadas eram acrescidas aos custos de produção, e assim era estabelecido o preço final do produto. Atualmente, o preço final dos produtos é estipulado pelo mercado, em função das relações entre oferta e demanda. Logo, quando se quer aumentar as margens de lucro de um sistema produtivo, o principal aspecto a ser trabalhado é o custo de produção, ou seja, é preciso se produzir mais com menos. Isto significa que estão, a cada instante, mais estreitos e escassos os caminhos para aqueles que atuam no mercado com uma postura amadora. Ninguém mais está disposto a pagar pela incompetência dos outros. Num mercado competitivo se fazem necessários profissionalismo e competência para se produzir bem, sobreviver e progredir. A necessidade de conhecimentos sobre conservação de grãos fica evidenciada quando são analisadas as potencialidades brasileiras de produção agrícola e são verificadas as astronômicas perdas de grande parte do que se produz, em função de deficiências em infra-estrutura, como falta de unidades de secagem e armazenamento e/ou de suas inadequações. Atualmente, muitos dos equipamentos e das estruturas de secagem disponíveis não são apropriados para as condições nacionais, apresentam custos elevados e são incompatíveis com o poder aquisitivo de pequenos e médios produtores rurais. No armazenamento, as inadequações se repetem como no sistema de secagem: além das deficiências estruturais e tecnológicas, há apenas um pequeno percentual da capacidade armazenadora localizado nas propriedades rurais. A maior parte da produção brasileira de grãos é proveniente de pequenos e médios produtores. Nesse segmento produtivo, para a armazenagem, são utilizados depósitos ou paióis tecnicamente deficientes, que estão sujeitos a intensos ataques de insetos, ácaros, roedores e fungos. Ademais, o armazenamento sem uma prévia e eficiente secagem, além do previsível e preocupante desenvolvimento de insetos, ácaros e microrganismos, estimula o metabolismo dos próprios grãos, consumindo substâncias de reservas, provocando deteriorações e reduzindo sua qualidade. Umidade e temperaturas elevadas no interior das unidades armazenadoras, associadas a deficiências no manejo operacional, potencializam esses efeitos. A produção brasileira de grãos apresenta safras quantitativa e qualitativamente irregulares, como reflexos de problemas culturais e de deficiências históricas na política agrícola do país, assim como na setorial, que poucas vezes criou possibilidades efetivas de capitalizar a atividade. Em conseqüência, são muitas as dificuldades de implantação de unidades com secadores de escala comercial. Isso leva grande quantidade de agricultores, de propriedades familiares ou de pequenas e médias escalas, a esperar a secagem dos grãos na própria planta, no campo, através do retardamento da colheita, com todos os seus inconvenientes, 1 Professor Titular, Engº Agrº, Dr. Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas. Programas de Mestrado e Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial. Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul, Convênio UFPEL-Governo do Estado e COREDE-SUL. Também participaram na elaboração deste trabalho os seguintes autores: Álvaro Renato Guerra Dias; Manuel Artigas Schirmer; Jorge Adolfo Silva; Cátia Maria Romano; Daniel Simioni; Elvio Aosani; Flávio Manetti Pereira; Leonor João Marini; Maurício de Oliveira; Valdinei Soffiati; Vandeir José Dick Conrad. Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 3 ou a realiza-la em terreiros ou a por outros métodos não forçados, que empregam ar ambiente, na condição natural, sem aquecimento e nem uso de ventiladores. Quando a secagem é realizada em terreiros ou em estruturas adaptadas, em geral não são empregadas tecnologias adequadas. Na pós-colheita, a agricultura de pequena escala é a que possibilita maior controle operativo, mas mostra menor economia operacional e expõe os grãos a grandes alterações biológicas e riscos de ataques de organismos associados, no armazenamento, com perdas quantitativas, qualitativas, nutricionais e de sanidade, reduzindo seu valor comercial. No Brasil, milho e sorgo são utilizados predominantemente na alimentação animal. Nos estados do sul, a expansão de seus cultivos tem estreita associação com as das produções de suínos e aves, principalmente, mas também dependem da lucratividade dos produtores com outras culturas de sequeiro, que têm estrutura de produção similar e podem usar os mesmos insumos e recursos. As tentativas de produção desses grãos em várzea irrigável, típica da orizicultura, buscam alterar esse panorama. Similarmente aos produtores de milho e sorgo, que acompanham atentamente as evoluções da avicultura e da suinocultura, os produtores de soja passam a observar o mercado interno, os de arroz mais os estoques e os de trigo o que ocorre na importação. São novas realidades a exigirem novos comportamentos. No sul do país, os grãos destinados ao consumo interno, em sua maioria, são produzidos nas pequenas e médias propriedades, assim como acontece com os voltados à exportação, como soja. A diferença fica por conta do arroz. Na região, a par das elevadas tecnologias de produção empregadas em algumas culturas, as condições climáticas adversas e a concomitância das épocas de colheita, os aspectos peculiares das diferentes safras, a falta de tecnologias específicas de conservação e as estruturas de secagem deficientes, principalmente, provocam elevados índices de perdas de produtos, o que reduz nos agricultores o estímulo ao aumento de produção, com diminuição de cuidados com alguns aspectos de qualidade dos produtos oferecidos para o consumo e seu valor comercial, conseqüentemente. Ao reduzir os investimentos na atividade, geralmente os produtores acabam optando por aplicarem seus recursos na etapa de produção, deixando de lado a de pós-colheita. Esse procedimento cria um círculo vicioso: por não terem adequadas estruturas de limpeza/seleção, secagem e armazenamento, os agricultores acabam vendendo sua produção na safra, quando a oferta de produtos é grande e os preços são menores, o que lhes diminui as receitas, também porque não limpando, secando e nem selecionando os grãos, não lhes agregam valor; por não terem receitas suficientes, não investem em estruturas de póscolheita na propriedade rural. Com isso, grande parte do que poderia ser o lucro da atividade acaba indo para os intermediários, que então dominam o mercado, ditando os preços de compra (dos produtores) e de venda (aos consumidores). Nessa ciranda, perdem produtor e consumidor, ou seja, perde a sociedade. O armazenamento em nível de propriedade rural deve ser visto como uma forma de incrementar as produções agrícolas, para reduzir o estrangulamento da comercialização de grãos, ou mesmo evitá-lo, e permitir a regularização dos fluxos de oferta e demanda, com a manutenção de estoques e a racionalização do sistema de transportes, evitando-se, assim, os efeitos especulativos. Para o agricultor, a armazenagem da produção na propriedade pode representar vantagens, como a redução dos custos de transporte, ou de frete, a comercialização do produto em épocas de menor oferta e de maior demanda (entressafra), com melhor remuneração e aproveitamento dos recursos disponíveis na propriedade para a secagem e o armazenamento adequados, bem como a disponibilidade de produtos com mais qualidade e mais adaptados às condições de consumo e/ou comercialização. Também, o aproveitamento dos resíduos das operações de pré-limpeza e limpeza dos grãos, na alimentação animal, se tratados adequadamente, pode agregar valor ao complexo produtivo. Para o consumidor, um adequado sistema de armazenamento se reflete nos menores preços pagos, em conseqüência das menores perdas que resultam em maior oferta de produtos, e na melhor qualidade desses, em conseqüência da maior conservabilidade que a armazenagem adequada pode proporcionar. Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 4 Havendo maior conscientização da população urbana, que é a imensa maioria dos eleitores, sobre esse fato, menos difícil se torna o estabelecimento de políticas agrícolas mais equilibradas, com criação de programas e destinação de recursos também para a fase de pós-colheita da atividade. A atividade agrícola não termina mais na colheita e a colheita não é mais sinônimo de produto na porteira da propriedade, para quem pratica agricultura de maneira verdadeiramente profissional. Mesmo com os avanços tecnológicos, o armazenamento em espiga, na palha, e o convencional, em sacaria, ainda se constituem nos principais métodos utilizados pelos produtores de milho no Brasil, principalmente os pequenos. Embora desempenhem papel importante na redução de perdas na póscolheita, quando bem operados, esses métodos se caracterizam por dificuldades no controle tecnológico da manutenção da qualidade dos grãos no armazenamento. Armazenamento em silos ou em armazéns equipados com eficientes sistemas de termometria, aeração e/ou outros recursos para manutenção de qualidade dos grãos, são as formas mais empregadas por cooperativas, agroindústrias e grandes produtores. Se bem dimensionados e manejados corretamente, esses sistemas podem ser empregados também por médios e pequenos produtores. Se, por um lado, são observados investimentos na área de produção, especialmente os relacionados à produtividade, por outro lado pouco se tem investido na conservabilidade dos grãos produzidos, o que resulta em reflexos diretos na comercialização, a qual enfrenta altos e baixos nos últimos tempos, embora o recente aumento de interesse verificado. No Brasil, ainda predominam, em número (Figura 01), as unidades armazenadoras do sistema convencional, ainda que a maior capacidade de armazenamento (Figura 02) já se concentre no sistema a granel, com o grande incremento ocorrido na construção de silos nos últimos anos, mas ainda é expressiva a participação quantitativa das unidades de armazenamento do sistema convencional. A granel 54% Convencional 46% Figura 01. Unidades armazenadoras no Brasil, no final do século XX. Fonte: CONAB (2001) Convencional 30% A granel 7% 0 Figura 02. Sistemas de armazenamento e capacidade armazenadora de grãos no Brasil, no final do século XX. Fonte: CONAB (2001) Para alguns casos. de conhecimentos e/ou de tecnologias compatíveis com a sua condição. A preservação dos grãos. Já os produtores com maiores recursos financeiros e tecnológicos encontram no curto período das safras agrícolas a necessidade de fazerem grandes investimentos nas estruturas de secagem. ainda que por períodos não muito longos. uma característica marcante da atividade. Fonte: CONAB (2001) Apesar dos avanços da pesquisa em tecnologia de pós-colheita.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 5 As deficiências quantitativas e qualitativas verificadas na armazenagem. como método de conservação de grãos. representa uma alternativa eficiente. a contaminação por microrganismos e o maior tempo de ocupação das lavouras têm sido os fatores mais limitantes na utilização da secagem previamente à colheita. assim como o é em grande parte do mundo. são pontos de estrangulamento na cadeia agroindustrial dos grãos. o retardamento ou mesmo a substituição da secagem pela utilização de ácidos orgânicos de cadeia carbônica curta. Os pequenos produtores não utilizam a secagem artificial. as perdas por tombamento e/ou deiscência. como acético e propiônico. ou ainda poucos a utilizam. por falta de recursos. Níveis e localizações das unidades armazenadoras de grãos no Brasil. a diminuição das perdas do produto e a dispensa da secagem forçada. A dependência das condições climáticas. nas propriedades rurais. sem aumentar as perdas ou até mesmo as diminuindo. a liberação do solo para outros cultivos. há tecnologias que permitem retardar ou mesmo substituir a secagem. pode ser efetuada antes da colheita. retardar a secagem possibilita racionalizar o dimensionamento e a utilização do sistema. A secagem. o que resulta em grande ociosidade do capital investido. pássaros. A necessidade de estrutura adequada. associado com a hermeticidade ou não. são aspectos vantajosos na conservação de grãos com umidade de colheita. os ataques de insetos. com os grãos ainda na planta-mãe. causando grandes perdas à economia do país. em locais afastados das principais regiões produtoras. Esse fato. através . forma mais usada na conservação de grãos. apesar de sua maior eficiência. indústrias e grandes produtores. no final do Século XX. com um produto de qualidade. que não dispõem de estruturas ou recursos para a instalação de complexos sistemas de secagem e de armazenamento. sem secagem. ou após essa. armazenagem e transporte. a secagem ainda é praticamente o único método utilizado para a conservação de grãos no Brasil. os custos daí decorrentes e a exigência da adoção de tecnologias compatíveis restringem a utilização da secagem posteriormente à colheita. e a concentração da estrutura existente em locais afastados das principais zonas produtoras (Figura 03). determina estrangulamentos na cadeia produtiva. dentre outros. Para cooperativas. Outra. especialmente para pequenos e médios produtores. pois essa técnica permite melhorar a utilização da estrutura armazenadora disponível na propriedade e a alimentação de animais na entressafra. A silagem de grãos úmidos é uma das alternativas. (Terminal) Portuária 6% (Produtor) Fazenda 9% (Interme diário) Zona Urbana 56% (Intermediário) Zona Rural 29% Figura 03. roedores e outros animais. associado às deficiências na armazenagem em nível de propriedade e à concentração da estrutura nos níveis sub-terminal e terminal. não basta guardar os grãos. recepção. às alterações bioquímicas e às químicas não enzimáticas. estado sanitário. roedores. não depende só das condições de produção e de colheita. bioquímicas. ácaros. transporte. grau de pureza e umidade. pois o retardamento e as danificações mecânicas podem determinar que sejam colhidos grãos com qualidade já comprometida ou com pré-disposição para grandes perdas durante o armazenamento. refletem o metabolismo dos grãos e/ou organismos associados. limpeza e/ou seleção e expurgo preliminar. acondicionamento. mesmo. Nem sempre é necessária a realização de todas as operações. do sistema de armazenagem utilizado e dos fatores ambientais durante a estocagem. à presença de materiais estranhos. Num caso ou noutro. As operações de armazenamento e de manutenção dependem do próprio sistema de conservação. proteção contra o ataque de pássaros e retificação da secagem e/ou limpeza. antes da colheita. Dentre outros. às danificações mecânicas. Todavia. Os tipos de manutenção a aplicar. diminui a resistência dos grãos ao ataque das pragas e dos microrganismos. estão sujeitos aos ataques de insetos. umidade e temperatura dos grãos. físicas. com diminuição do valor comercial. expurgo. sua periodicidade e sua intensidade ficam na dependência de resultados observados durante o período de armazenamento e das medidas de controle de qualidade obtidas em testes. a pré-limpeza e a secagem são. em vista da ocorrência de alterações químicas. À medida que passa o tempo após a maturação. ácaros. desde antes do armazenamento. conhecimento. devem ser considerados fatores como: integridade biológica. impurezas e ao ataque microbiano. para industrialização. resultando na redução do conteúdo da matéria seca dos grãos. caso não forem adotadas técnicas adequadas e métodos eficientes de conservação. presença de insetos. Os grãos. muita dedicação e grande dose de profissionalismo. da sanidade e do valor nutritivo dos grãos. As operações de pré-armazenamento incluem colheita. A colheita deve. aeração. roedores e outros animais. secagem. desenvolvimento de microrganismos. Já as qualitativas são devidas. O ataque de pragas e de microrganismos. com a possibilidade da formação de substâncias tóxicas no produto armazenado. transilagem. às reações químicas e enzimáticas. resultando em perdas de valor nutricional. portanto. incidência de defeitos e variação de acidez do óleo. acaba comprometendo a utilização do produto para o consumo e. pássaros e outros animais. A capacidade de preservação da qualidade. combate a roedores. Nos grãos destinados ao armazenamento. A qualidade dos grãos durante o armazenamento deve ser preservada ao máximo. pode reduzir a conservabilidade durante o armazenamento. compulsórias. É preciso conservá-los. dos transportes e de seus reflexos nos fretes. germinativo e comercial. Esse conjunto de fatores indesejáveis provoca perdas quantitativas e/ou qualitativas. durante o período de armazenagem. intra-silagem. geralmente. pré-limpeza. A velocidade e a intensidade desses processos dependem da qualidade intrínseca dos grãos. Por conseqüência. As quantitativas são as mais facilmente observáveis. devem ser considerados parâmetros como variação de umidade relativa e temperatura do ar. As alterações que ocorrem durante o armazenamento são refletidas em perdas quantitativas e/ou qualitativas. E isso exige cuidados. e podem incluir movimentação. . mesmo que a limpeza e a secagem sejam bem feitas. mas das de armazenamento e de manutenção das condições adequadas de estocagem do produto.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 6 da redução da ociosidade das estruturas de secagem. ser realizada no momento próprio e de forma adequada. microbiológicas e da ação de seres não microbianos a que estão sujeitos. redução do valor nutritivo e desenvolvimento de substâncias tóxicas. pelo consumo de reservas e por modificações na composição química dos grãos. se o processo não for adequadamente conduzido. apesar das características de resistência e rusticidade próprias de cada espécie. sobretudo. integridade física. microrganismos. A boa conservação de grãos começa na lavoura. umidade. soja. A porosidade. Embora tenham causas. aptidão industrial e/ou de consumo e valor comercial. ângulo de talude e respiração. FORMAS/TIPOS DE POROSIDADE Os grãos formam uma massa porosa. constituída pela soma dos espaços intragranulares e intergranulares tem média entre 45 e 50%. POROSIDADE 2. formas em que se apresentam. Já em arroz com casca e aveia. que lhes conferem propriedades específicas. . condutibilidade térmica. Determinação prática da porosidade intergranular. como óleo mineral (pode também ser óleo vegetal não aquecido). mecanismos de ação e efeitos complexos e integrados. Figura 04. e medindo seu volume. sorgo. atividade enzimática. nesta obra são apresentadas cinco características: porosidade. poros intragranulares e espaços ou poros intersticiais ou intergranulares. Na armazenagem de trigo. com suas definições. As características dos grãos e suas interações com o ambiente a que estiverem expostos determinarão propriedades como conservabilidade. uma proveta graduada (Figura 04). com grãos. Fonte: Adaptado de Cunha (1999).1. oxigênio. O início dos processos depreciativos dos grãos e sua intensidade de ação estão ligados a características próprias.1. organismos associados. feijão. os grãos ficam sujeitos à ação de diversos fatores. que corresponde aos espaços que o líquido preencheu. milho e arroz beneficiado. na tentativa de ser facilitado o entendimento. composta por eles próprios. entre 55 e 60% do volume são ocupados pelos grãos.1. A porosidade e a composição conferem aos grãos características higroscópicas e de má condutibilidade térmica. dentre outros. a eles se adicionando um líquido não absorvível pelos grãos. higroscopicidade. causas que nelas interferem e conseqüências. Pode-se determinar o espaço poroso intersticial enchendo-se. como calor. menos da metade dos espaços construídos são ocupados pelos grãos. 2. As características englobam do tipo de tegumento à constituição química e ao arranjo celular dos grãos.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 7 2) PROPRIEDADES E/OU CARACTERÍSTICAS DOS GRÃOS E SUAS CORRELAÇÕES COM OS PROCESSOS CONSERVATIVOS E TECNOLÓGICOS Ao serem armazenados. Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 8 A porosidade total é o espaço não ocupado por sólidos no armazém. Para secagem e armazenamento, interessam mais o número e as dimensões dos poros, pois esses aspectos se relacionam intimamente com a maior ou a menor pressão estática, e essa com a menor ou maior facilidade de circulação do ar. Em conseqüência da porosidade e da necessidade de serem preservados espaços para manejo operacional, na construção de silos e armazéns, são destinados mais espaços ao ar do que para a parte sólida constituída pela massa de grãos. 2.1.2. FATORES QUE INTERFEREM NA POROSIDADE A porosidade dos grãos está sujeita à interferência de uma série de fatores, como os a seguir apresentados. 2.1.2.1. Formato Pode ser irregular, esférico, elíptico, cordiforme, reniforme, lenticular. 2.1.2.2. Tegumento Que pode ser liso ou rugoso. 2.1.2.3. Dimensões Que são comprimento, largura e espessura. Quanto menores forem os grãos, maior será o número de poros, menor o diâmetro médio e maior a porosidade. 2.1.2.4. Integridade física A presença de quebrados e/ou grãos danificados altera a porosidade. 2.1.2.5. Integridade biológica A porosidade será tanto maior quanto mais grãos chochos e imaturos contiver a massa. 2.1.2.6. Integridade fitossanitária ou estado sanitário A presença de esclerócios e/ou de grãos brocados, por exemplo, altera sua porosidade. 2.1.2.7. Impurezas e/ou matérias estranhas Tanto as matérias estranhas como as impurezas alteram a porosidade. Impurezas são partes da própria planta que originou o grão, enquanto matérias estranhas são os outros materiais, que podem ser inertes, como areia, ou biologicamente ativas, como sementes de outras plantas. Os três primeiros fatores citados constituem características intrínsecas do grão, por isso variam em função da espécie de grão e da variedade ou cultivar (Tabela 01); já os demais dependem das condições ambientais e de manuseio dos grãos. Tabela 01. Porosidade intersticial média de grãos de quatro espécies. Espécie de grão Arroz em casca Milho Soja Trigo Fontes diversas. Porosidade intergranular (%) 53 39 38 39 2.1.3. CONSEQÜÊNCIAS DA POROSIDADE 2.1.3.1. Trocas fluidas e alterações metabólicas Os grãos permanecem em constantes trocas de calor e de umidade com o ambiente que os circunda, através dos espaços intergranulares e do ar que entre eles circula. Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 9 As trocas de calor e água entre os grãos e o ar ambiente são dinâmicas e contínuas até o limite da obtenção do equilíbrio higroscópio, em determinadas condições de temperatura. A pressão de vapor do ar é diretamente proporcional à temperatura absoluta em que é medida e à quantidade de água que contém. Toda substância que contém água apresenta pressão de vapor. Quanto maior for a umidade, maior será a pressão de vapor. Essa tem relação direta com a atividade de água, que por sua vez é diretamente proporcional à umidade relativa do ambiente. A atividade de água dos grãos é numericamente igual ao centésimo da umidade relativa do ar em que ele entra em equilíbrio, denominada umidade de equilíbrio higroscópico, a qual também depende da temperatura. Se a aeração for efetuada com ar em temperatura maior do que o equilíbrio térmico dos grãos, haverá seu aquecimento. O aumento de temperatura do ar provoca diminuição de sua umidade relativa (a umidade absoluta permanece constante) e, conseqüentemente, aumenta sua capacidade de absorver água. O grau crítico de umidade dos grãos, em equilíbrio higroscópico, para o desenvolvimento microbiano é de 14%. Para insetos e ácaros se situa entre 8 e 10%. Elevada umidade dos grãos e alta temperatura do ar ambiente, mesmo em equilíbrio higroscópico, aumentam o metabolismo dos grãos. Isso favorece o crescimento microbiano e das pragas, acelerando seu metabolismo. 2.1.3.2. Disponibilidade de oxigênio A disponibilidade de oxigênio intensifica a respiração dos grãos e favorece a atividade metabólica de organismos associados aeróbios. Em armazenagens herméticas, a quantidade de oxigênio pode ser diminuída ao se queimar uma vela ou chumaço de algodão embebido em álcool no espaço vazio de 20% que deve ser deixado na parte superior. Fecha-se o recipiente enquanto a vela ou o álcool queimam. Esse procedimento altera a relação O2/CO2 e pode reduzir a taxa de O2 a valores próximos a 1%, na queima de álcool, ou a cerca de 4% se o procedimento usar vela. Em ambientes com 4% de O 2, os insetos adultos não sobrevivem, mas persistem outras formas, enquanto taxas de oxigênio menores do que 1% são letais para todas as formas, do ovo ao adulto. Em baixas concentrações de oxigênio, organismos anaeróbios e facultativos são favorecidos; por isso, antes do armazenamento os grãos devem ser secados e limpados. Não sendo interessante ou possível, para a preservação pode ser incorporado 1% de uma mistura paritária de ácidos acético e propiônico, se em sistema hermético, ou de 2% dessa, se em ambientes semi-herméticos ou não herméticos. Essa tecnologia pode substituir a secagem, se o armazenamento ocorrer em ambientes de baixa temperatura, ou se o tempo não for prolongado além de 6 a 8 meses. 2.2. CONDUTIBILIDADE TÉRMICA A taxa de propagação é medida pela intensidade de calor que passa de uma parte mais quente para outra mais fria. Os grãos são maus condutores de calor, porque características das substâncias orgânicas, com ligações covalentes e/ou covalentes dativas, tornam difícil a transferência de calor. Além disso, a descontinuidade de massa, representada pela porosidade, também não favorece a condução do calor. 2.2.1. FORMAS/TIPOS DE PROPAGAÇÃO DE CALOR O calor pode se propagar por condução, convecção ou por irradiação. Na condução, o calor se propaga de molécula a molécula. É uma forma lenta, favorecida em estado físico organizado e é, por isso, característica dos sólidos. Na convecção, o calor se propaga em ondas ou correntes convectivas, por movimentação molecular. É rápida, favorecida em estado físico não organizado Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 10 e é, por isso, característica dos fluidos. Na irradiação, a propagação do calor independe do meio físico e é pouco expressiva nos processos tecnológicos que envolvem os grãos. Havendo gradiente térmico numa massa de grãos, o calor se propaga por condução (ocorre pelo contato entre as moléculas vizinhas, que transmitem o calor às outras por vibração) ou por convecção (onde a transferência de calor ocorre por correntes convectivas, que acontecem em líquidos e gases em movimento, de acordo com as leis da termodinâmica aplicadas a esses fluidos). Nos grãos, esse fenômeno ocorre por micro-convecção e decorre do fluxo do ar intergranular. É uma forma rápida de propagação de calor. Na irradiação, a propagação ocorre por dissipação (calor irradiante). 2.2.2. FATORES QUE INTERFEREM NA PROPAGAÇÃO DE CALOR 2.2.2.1. Gradiente térmico Qualquer que seja a forma de propagação, a transferência de calor é diretamente proporcional ao gradiente térmico. 2.2.2.2. Continuidade de massa e constituição química Na propagação por condução, esses são os fatores mais importantes. A condutibilidade térmica dos grãos é baixa, porque eles apresentam alta porosidade, intra e intergranulares, o que lhes caracteriza como massa descontínua. Além disso, são maus condutores de calor, por terem constituição predominantemente orgânica. 2.2.2.3. Proporção entre fluidos e sólidos, velocidade e/ou fluxo de circulação do ar Na propagação por convecção, esses são os fatores mais importantes. Quanto maior for a proporção entre fluidos e sólidos, maior será a propagação térmica. Quanto maior for o fluxo de ar (que pode se expresso em função do tempo, em m3.s-1, ou da área, em m3.m-2), maior será a propagação térmica. 2.2.3. CONSEQÜÊNCIAS DA PROPAGAÇÃO DE CALOR 2.2.3.1. Desuniformidade térmica Grãos são maus condutores de calor. Em função disso, há pouca propagação de calor por condução numa massa de grãos. Se ocorrer aquecimento dessa massa, a causa mais provável é o metabolismo de grãos e/ou de organismos associados e a menos provável é a decorrente da variação ambiental. Alguns exemplos comparativos podem facilitar a compreensão da baixa condutibilidade térmica dos grãos: 1cm de cortiça (isolante térmico natural) e uma camada de 3cm de grãos têm capacidades isolantes equivalentes, assim como uma camada de 1cm de grãos equivale em capacidade isolante a 9cm de concreto. O ar estático é isolante, mas estando em movimento forma correntes e propaga o calor por convecção. Em dias quentes, ou nas horas mais quentes, a parede e a cobertura do silo começam a receber calor e a temperatura aumenta. Estando os silos carregados, os grãos e o ar próximos da parede se aquecem. Se esse aquecimento atingir 13ºC, em média, a medida da temperatura dentro do silo, a uma distância de 25cm da parede, terá um diferencial de 0,7ºC. Isso significa que 25cm de grãos são capazes de isolar 12,3 em cada 13ºC. 2.2.3.2. Formação de correntes convectivas Quando a temperatura externa ao silo é maior do que no interior, como ocorre em dias quentes, os grãos próximos às paredes se aquecem mais do que os outros. Dessa maneira, se aquece o ar intersticial próximo da parede, fazendo com que sua densidade diminua e sejam formadas correntes convectivas Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 11 ascendentes de ar mais aquecido junto da parede, criando um gradiente térmico e fazendo com que ocorra formação de correntes convectivas descendentes de ar menos aquecidos nas regiões mais internas do silo. As moléculas de ar que circulam são insaturadas e quando passam por regiões mais quentes absorvem calor e têm sua entalpia aumentada, diminuindo sua umidade relativa e aumentando sua capacidade de troca de energia térmica pelas moléculas de água dos grãos por onde passam. Depois de um período de correntes convectivas, na região central do terço inferior do silo, no ponto “mais frio” da massa de grãos, ocorre condensação da água que atingir o ponto de orvalho e/ou temperaturas abaixo dele. Os grãos localizados nesta região se umedecem, havendo então problemas de deterioração. Temperatura externa menor Condensação no terço superior Temperatura externa maior Condensação no terço inferior Figura 05. Correntes convectivas e transferência de calor e água no interior dos silos. De forma análoga, quando a temperatura ambiente for mais baixa (horas e/ou dias frios), o ar próximo à parede do silo sofre arrefecimento e forma correntes convectivas descendentes. Isso provoca a formação de correntes ascendentes do ar que circula nos espaços intergranulares da região mais interna do silo e faz com que haja uma região de condensação no topo do silo, já que a cobertura está resfriada e no cone se forma então uma zona de condensação. Em clima temperado, fenômenos de transferências de calor e de água ocorrem mais marcadamente entre as estações do ano, mas acontecem todos os dias, pelos gradientes térmicos diários e entre os dias e as noites (Figura 05). 2.3. HIGROSCOPICIDADE 2.3.1. FORMAS/TIPOS DE HIGROSCOPICIDADE Higroscopicidade dos grãos é sua propriedade de trocar água entre si e com o meio circundante. Isso depende das pressões de vapor (PV). As diferenças de pressão de vapor entre os grãos e o ar determinam, por exemplo, se ao entrarem em contato com o ar no armazenamento os grãos permanecerão em equilíbrio higroscópico, ganharão ou perderão água (Figura 06). PV ar > PV grãos PV ar < PV grãos PV ar = PV grãos sorção dessorção Adsorção Absorção umedecimento secagem equilíbrio higroscópico Figura 06. Pressão de vapor e transferência de água entre grãos e ar. A água contida nos grãos determina sua umidade. A água é uma substância e umidade é uma propriedade do grão. Logo, não é correto serem utilizadas as expressões teor de umidade, conteúdo de umidade e nem grau de água, devendo ser usada uma das expressões: teor de água, conteúdo de água ou grau de umidade. de dois fenômenos fundamentais: difusão. A hidroafinidade das moléculas varia em função dos seus grupos químicos. havendo reumedecimento na situação inversa. portanto. haverá perda de água pelos grãos. o qual gera um gradiente hídrico e faz ocorrer um processo de movimentação da água por difusão. formando um novo gradiente hídrico.3. e assim prossegue. ocorrerá a dessorção. cessando o processo. Esse é o mecanismo de secagem por ar não aquecido ou por ar ambiente.3.3. O mecanismo de secagem é constituído.2. FATORES QUE INTERFEREM NA HIGROSCOPICIDADE 2. A temperatura interfere inversamente na umidade relativa: quanto maior for a temperatura. que provoca uma nova difusão.2. menor será a umidade relativa do ar. PV ar < PV grãos --------. e evaporação. pelos poros intragranulares. proteínas. No caso. aumente também a velocidade de difusão. Absorção é a fixação de uma substância. em geral líquida ou gasosa. como acontece na secagem com ar não aquecido.secagem Se a pressão de vapor do ar for menor do que a pressão de vapor na periferia do grão.2. PV ar > PV grãos --------.2. há a ocorrência simultânea de outro fator que promove a difusão: o gradiente de pressão interna. além do gradiente hídrico formado pela evaporação da água da periferia. responsável pelo movimento da água do interior do grão para a periferia. Composição do grão Os grãos são formados por macromoléculas orgânicas (carboidratos.re(umedecimento) Quando a pressão de vapor do ar for menor do que a dos grãos. Quando a pressão de vapor do ar for maior do que a pressão de vapor dos grãos. . conseqüentemente. entre o interior e a periferia dos grãos e entre a periferia e o ar. há um aumento de energia cinética. reações químicas e outros. Já adsorção é a fixação de uma substância (o adsorvato) na superfície da outra (o adsorvente). No grão. Ela resulta de um conjunto complexo de fenômenos de capilaridade. na mesma proporção. Esse é o mecanismo de secagem com ar aquecido. a água periférica evapora e se forma um desequilíbrio interno de umidade. até que se equilibrem a distribuição interna da água no grão com a periferia e a pressão de vapor desta com o ar circundante. razão pela qual se for efetuada aeração com ar abaixo do equilíbrio higroscópico. 2. com o aumento de temperatura. ocorre mais evaporação. que pode acontecer por adsorção e/ou absorção. no interior de outra substância ou material. sólido. os quais são quantificados pelo conteúdo de cinzas no grão.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 12 2. Gradiente hídrico e temperatura A intensidade de troca de água é diretamente proporcional à diferença de umidade entre ar e grãos. formando novos gradientes de pressão. o qual explica o fato de não ser recomendável aquecer o ar para a aeração quando se deseja a manutenção de qualidade de grãos armazenados. a qual proporciona aumentos de umidade na periferia e intensifica a evaporação. ocorre o fenômeno de sorção. quando ar e grãos entram em equilíbrio. que conduzirá à secagem. na qual água é removida do grão para o ambiente através do ar.1. Quando a água alcança a periferia e nela se acumula. provocado pelo acúmulo de calor no interior do grão. ambas resultando em reumedecimento dos grãos. Isso faz com que aumente a pressão interna no grão (parte das moléculas não é água) e. lipídios) e minerais. em geral. aumento de sua superfície ou expansão. sem que haja. do interior para a periferia. atração eletrostática. respectivamente. íons metálicos (como o ferro e o cobre) em altas temperaturas aceleram o processo. álcoois. além da produção de efeitos citotóxicos. que é hidrofílico. Esses são altamente instáveis. maior será sua higroscopicidade. se decompõem rapidamente e originam uma série de outros compostos de cadeia curta como aldeídos. onde três ácidos graxos esterificam o glicerol. com participação de enzimas lipoxigenases (ou lipoxidases). com os grupos hidrofílicos voltados para a água e os hidrofóbicos para o lado oposto. A recíproca. e. são apolares.C – O -H H . onde são formados novos radicais livres. mas que pode ser por dois ácidos graxos ou um. oxigênio. Seus principais representantes.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 13 A água é uma substância polar (bipolo). Os fosfolipídios ou fosfatídeos. e que irão conferir odores e sabores desagradáveis a grãos oleaginosos. A partir daí. estão presentes em quantidades apreciáveis em soja e milho. Quanto maior for o grau de polaridade de uma molécula. gorduras típicas formadas predominantemente pela esterificação do glicerol por ácidos graxos. voláteis ou não. ou produzidas pela microflora associada. uma série de reações é desencadeada. formando. Atuando sobre os ácidos graxos linoléico e linolênico. além de ácidos graxos. galactolipases e fosfolipases dos próprios grãos. proporciona nova deterioração da matéria graxa. Sendo o radical nitrogenado apolar. essa última com participação de lipases. e apresentam propriedades hidrofílicas. resultando em glicerol e ácidos graxos livres (Figura 07). ésteres de ácidos graxos.C . polares. Presenças de luz. por ácaros ou insetos. H O Esterificação H . ou produzidas por pragas ou de microrganismos associados. esses lipídios se arranjam numa configuração lamelar. são não hidratáveis. A ocorrência de ácidos graxos livres. Na hidrolítica. encontram-se situados ácidos graxos de cadeia longa. Numa extremidade encontra-se o grupo principal. poli-insaturados. com propriedades hidrofóbicas. formam-se os lipídeos derivados ou mistos. A rancidez oxidativa ou peroxidação consiste na incorporação não enzimática do oxigênio aos glicerídeos. apresentam extremidades que exibem comportamentos diferentes em relação à sua afinidade por água. os di e os monoglicerídeos (Figura 07). proteínas e carboidratos também são. Há basicamente dois desses nas células vegetais: os fosfolipídios (mais abundantes) e os fitosteróis (predominantemente o estigmasterol). noutra. ou mesmo constituintes de triglicerídeos e fosfolipídios. Na presença de água. seja pela redução do seu conteúdo total e/ou pela suscetibilidade a alterações estruturais. produzindo radicais livres e hidroperóxidos insaturados. A rancidez pode ocorrer de duas formas: hidrolítica e oxidativa. Síntese e hidrólise de glicerídeo. A hidrólise pode ser química (não enzimática) ou bioquímica (enzimática). constituindo o grupo hidrofóbico. As lipoxigenases podem ser do próprio grão. Os lipídeos constituem a fração mais suscetível à deterioração durante o armazenamento.O -C -R + H2O H . H H-C-O-H O H-C-O-H + H Glicerol + Ácido Graxo Figura 07. As moléculas mais comuns entre os lipídeos são triglicerídeos. cetonas e outros produtos secundários. . é verdadeira. formam hidroperóxidos. como inativação de proteínas e inibição do processo mitótico. produzindo compostos de menor peso molecular. minerais. enquanto os lipídeos. ocorre a decomposição das moléculas dos lipídeos na presença de água. Esses fosfatídeos.C – O -H H Monoglicerídeo + água C-R Hidrólise H-C-O-H OH Havendo outros grupamentos esterificando o glicerol. as lecitinas. contém um composto nitrogenado e ácido fosfórico na molécula. nesse caso. 3 11.4 15.8 12.6 16.2 15.61 4.8 11.4 16.8 50 12.44 5.14 5.3.40 0.8 18.0 8.9 12.25 2.98 6º 0.9 7.1 15.3 16.0 10.8 13.2 15.2 14.1 7. A atividade da água e a temperatura dos grãos afetam diretamente a intensidade do processo respiratório e.74 99.05 2. Tabela 03.2 11.12 16.3.13 0.7 12.08 0.4 14.6 15.92 99.6 11.04 0.25 100.6 13.51 0. Temperatura (ºC) 30 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 9.47 14.3 9.3 12.33 3.3.6 13.9 16.6 70 15. Parâmetro Ardidos Amarelos Rajados Gessados Manchados.9 9.03 14.34 5.04 0.3 17.2 19.03 0.5 12.0 10.7 16.0 18.7 19.45 15. 95 no final da 2ª hora e 115ºC do final da 3ª ate a penúltima hora.22 17.3 14. entre outros.38 16.5 11.52 0. Equilíbrio higroscópico O equilíbrio higroscópico é dependente da espécie de grão.1 9.1 12.1 12.65 3.9 14.4 13.5 12.51 0. Crescente = secagem com ar a 75º no final da 1ª hora.00 15.3.4 40 11.6 10.81 3.6 8.9 19.0 9.13 0.6 14.81 4. Em meio aquoso.2 12. sua deterioração.0 19.9 12. e da temperatura do ar (Tabelas 03 e 04).58 2.9 17. devido à constituição.0 11.44 1.0 11.5 75 16.4 9.24 16.3 13. As aminas conferem odores fortes e desagradáveis.12 4.8 11. danificados/picados Extrato etéreo Acidez Peso seco Temperatura do ar na secagem crescente constante crescente constante crescente constante crescente constante crescente constante crescente constante crescente constante crescente constante 1º 0.6 11. assim como o grupo carboxila passa para a forma iônica.9 10.8 10.2 16. conseqüentemente.6 13.4 14.5 85 18. formando pólos moleculares que são altamente higroscópicos.35 4.05 0.48 0.00 99. o grupo amina é mais eletronegativo do que o grupo carboxila.03 0.50 0.53 0.07 99.2 11.2 18.7 14.6 Umidade Relativa (%) Fonte: Queiroz e Pereira (2001) Quanto maiores forem os teores de proteína e/ou de carboidratos dos grãos.4 10.3 11.3 10. Fonte: ROMBALDI (1988) Como os lipídios.8 15.7 12.6 14.1 9.1 12. durante toda a operação.1 15.1 17.3 8.04 0.0 14.7 18.1 10.1 16. Tabela 02.49 0.8 14.5 11.5 55 13.4 9.9 9.80 13.7 17.33 3.0 16.0 13.2 17.7 10.6 10.4 11. maior será sua higroscopicidade e maior será a umidade em que entrarão em equilíbrio higroscópico.4 13.5 17.6 9.6 14. CONSEQÜÊNCIAS DA HIGROSCOPICIDADE 2.80 4.6 11.09 1.9 65 14. atraindo mais o H+.49 0. Umidade de equilíbrio (%) do milho.29 0.1 19.90 98.2 9.24 0.06 0.9 8.8 13.11 1.0 11. desaminação e complexação com outros componentes químicos.8 11.1 60 13.51 2.25 0.40 99.37 2º 0.1 8. Quanto maior for o .4 17. levando à formação de ácidos orgânicos.9 9.35 3.55 14.8 12.8 10.8 8.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 14 O acompanhamento da variação da acidez da gordura dos grãos ao longo do armazenamento é uma medida adequada para avaliar a conservabilidade (Tabela 02) desses.3 10.0 14. descarboxilação.0 12.8 90 20.43 6.5 8.49 2.3 9.5 12.4 19.3 12.51 0.7 9.25 1.75 3.72 0.58 3.1.9 13.1 45 11.38 2.4 18.7 15.26 0.8 9.3 12.3 10.47 5º 0.39 1.8 35 10.01 97.6 8.2 13.37 3.06 0. Efeitos do manejo de temperatura do ar na secagem intermitente sobre parâmetros de conservação no armazenamento de grãos de arroz BR-IRGA 409.03 6. as proteínas também podem sofrer peroxidação.51 3.29 16.57 99.25 3.25 4.34 0.1 10.06 0.0 17.9 15.6 10.6 18.44 Constante = secagem com ar a 90ºC.3 15.34 4.8 13.5 10.97 13.54 97.8 8.5 9.01 3.1 13.4 80 17. transformando o grupo amina (-NH2) em radical de amônia (-NH3+).29 3.05 0.04 0.07 0.16 Mês de armazenamento 3º 4º 0.5 19.17 2.9 15.74 98.15 98. compostos amoniacais e aminas. 2.7 9.3 20.5 15. 0 16.9 11.0 9.1 9.7 11. a água teria que deslocar o ar.9 17.Os grãos são constituídos de poros.6 10.9 Fonte: Queiroz e Pereira (2001) 2.7 13.9 9.0 14.3 14.5 12.5 14.4 45 11.4 9.8 10. os grãos não seriam materiais estruturados. Outras dificuldades são devidas ao fato de o caminho interno percorrido pela água no grão na dessorção (secagem) não ser o mesmo quando da sorção (reumedecimento).7 10.2 14. porque em ambos existem as camadas de lipídeos e as interações entre proteínas.4 11.8 16. 2ª.7 12.8 9. no qual ganha (sorção) ou cede água (dessorção).5 Umidade Relativa (%) 55 12.4 17.4 14. Tabela 04.6 16.1 13. Os grãos da mesma partida.9 8. porém em menor proporção.3 10.3 15.4 13. a água no interior do grão se apresenta sob três formas: livre.8 15.7 9.9 40 10.8 75 14.8 13. com espaços de pequeno diâmetro.3.1 15. Quanto menores e mais danificados forem os grãos.5 90 18.8 11.3.3 13.1 9.0 60 13.3 9.9 10.7 8.7 10.4 10.1 13.6 15.7 12.0 17.5 8.1 18. entre os espaços intercelulares.1 14. Quando a água migra.5 15.8 14. No entanto a capacidade de dessorção é cerca de sete vezes maior do que a de sorção.9 50 11.5 16.3 10. 2.6 15.1 12.3 12. estes espaços podem ser preenchidos por ar.9 13.9 15. pelo menos entre as mais aceitas. Umidade de equilíbrio (%) do arroz.0 12.0 9.8 10.7 15.3 11. Capacidade de sorção de água pelos grãos Os fenômenos de sorção e dessorção estão relacionados com a forma de interação da água com a estrutura e os demais constituintes.6 80 15.9 10.5 9. em ar com a mesma umidade relativa.2 10. com malhas internas definidas de capilares.2 17.3.9 12.0 12.8 14.4 12.0 10. São mais aceitas duas formas de classificação da água dos grãos.4 12. Temperatura (º) 30 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 9.2 11.3 12. mais intensa deve ser a secagem e menor dever ser a umidade de conservação com que devem ser armazenados.7 11.7 13. Para haver reumedecimento destes mesmos espaços.1 16.7 14.9 14.3 9.0 8.6 9.3.1 9.6 11. . podem ter diferentes conteúdos de umidade.0 11.6 17.5 85 16. Água livre: é suportada pelas moléculas responsáveis pela fixação da estrutura orgânica.2 13.0 12.8 13.8 15.6 14. A histerese é responsável pela variação que o grão sofre na aproximação do equilíbrio higroscópico.3.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 15 teor de gordura dos grãos.2 10.8 12.0 8.8 9.4 15. Ela se evapora facilmente pela ação do calor.5 17.0 13. Segundo a classificação de Puzzi (1986).5 9.1 11. formando um gargalo entre “tubos” menores e maiores. duas hipóteses para o fato: 1ª.4 11.2 10.6 13.6 8. lipídeos e minerais.9 11.0 11.9 14.9 10. adsorvida e combinada. com curvas de dessorção e reumedecimento diferentes em conseqüência do fenômeno da histerese.4 12.6 9.9 9.4 9.3 13. Há.1 12.4 16. Umidade de conservação Quanto maior for o teor de gordura dos grãos.4 10.4 35 10.5 12. na dessorção.3 17.6 11.3 16.6 14.3 12.2 70 14.0 15.8 17.1 13.2. menor será sua higroscopicidade e menor será a umidade em que entrarão em equilíbrio higroscópico.Os poros se contraem na dessorção e podem se dilatar na sorção.1 10.9 9. Além disso.9 13.6 10.2 11.6 65 13.2 11.1 17.5 13. carboidratos.7 10. menor ainda deve ser a umidade para sua conservação.3 11.4 10.4 13.6 9.6 12.8 11.5 10.7 11.5 11. o que geraria ainda mais dificuldades na ocorrência do fenômeno. além do desenvolvimento de fungos. ácidos. Esse tipo de água. Lasseran (1978) propõe a classificação da água presente nos grãos em quatro tipos. Neste momento. mas seu autometabolismo e o de organismos associados. em tempo hábil e de forma eficiente. A água de impregnação é bastante “móvel” e evapora facilmente por ocasião da secagem. ligada a certos grupamentos moleculares da matéria biológica. conhecidas por forças de Van der Waals. que compõem sua fração de matéria seca. denominada água livre. Água combinada: denominada água de constituição. etc. fracamente adsorvida. Essas diferentes camadas monomoleculares se ligam à matéria por meio de ligações eletromagnéticas. não existe um valor específico de conteúdo de água no grão que delimite a separação entre água adsorvida e água absorvida. presa aos componentes do grão e integra as estruturas de reserva. podem favorecer a difusão. há um pouco mais de dificuldade na difusão de água das camadas mais internas para as externas. Quando da avaliação da umidade. como açúcares. é parte da estrutura química. A determinação da umidade acaba sendo arbitrária. A água osmótica pode ser facilmente evaporada. sem papel biológico e que se encontra fortemente adsorvida. A presença de apenas esses dois tipos de água indica níveis de hidratação relativamente baixos. e se junta à água osmótica. A água de primeiro tipo é constituída por uma camada monomolecular de água. aumentos na entalpia do sistema de secagem. tem função biológica. outros microrganismos e pragas. sais. amido. e constituem a água não solvente. que também apresenta propriedade solvente. Esta água presente nos grãos é o fator mais importante e determina não apenas a qualidade. pois é resultante da diferença de pressão osmótica de célula para célula. fortemente polarizados. É difícil a delimitação entre estas formas de acomodação da água no interior dos grãos. como o grupo das hidroxilas. na evaporação dos últimos dez pontos percentuais de água dos grãos. que retém substâncias dissolvidas nas células. O terceiro tipo de água encontrado nos grãos é composto por água líquida sob tensão osmótica. podendo permitir reações enzimáticas. passível de ser separada do material sólido sem promover alterações em sua constituição. Trata-se de água solvente. presa pelo sistema de atração molecular. Corresponde aos níveis de hidratação que vão de 13 a 27% (a 15°C). fixada sobre a camada monomolecular precedente. essa água não está efetivamente “livre”. tal como ocorre em uma esponja. Sua presença nos grãos colhidos e manejados a granel é indesejável e pode lhe causar prejuízos irrecuperáveis. Exprime-se o resultado como umidade em base úmida . Na denominada água do segundo tipo é incluída aquela representada por uma camada polimolecular. Como as paredes celulares semipermeáveis constituem uma espécie de obstáculo ao escoamento da água. em razão da sua localização e da espessura dos grãos. Sua avaliação deve ser feita antes mesmo da colheita. que alguns autores denominam “água livre”. sua migração no momento da secagem é um pouco lenta. pois inexistem vasos capilares nos grãos. e continuar durante a armazenagem e após o beneficiamento. A origem do conceito de teor de água ou grau de umidade reside no fato de os grãos serem constituídas por uma certa quantidade de água e de um complexo de substâncias sólidas. se não for removida adequadamente. nem se constitui verdadeiramente em água de embebição. Na prática.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 16 Água adsorvida: na sua maior parte está associada às substâncias adsorventes do material sólido. correspondentes aos diferentes níveis de hidratação e de acordo com a natureza das ligações físico-químicas existentes entre os componentes dos grãos e as moléculas de água. pelo aquecimento do ar. porém. a água adsorvida e a água absorvida são consideradas como uma só fração. O quarto tipo corresponde à água de impregnação. Na realidade. os quais poderão prejudicar seu valor. Ela se encontra mecanicamente retida no grão pelas paredes celulares. Possuem também elevado potencial de formação de pontes de hidrogênio. industrialização e comercialização de grãos. durante 24 horas. Por isso. Várias são as combinações possíveis entre a temperatura empregada. ao invés de ser adsorvida. -NH2. Principais métodos de determinação de umidade Para a determinação da umidade dos grãos. em dois grupos: diretos e indiretos. o tempo de secagem. -CONH2. em grande parte. pois apresentam fácil manuseio.3. Os grãos são colocados entre duas placas de um condensador. fica ligada ao lado polar da cadeia e. A determinação é baseada na perda de peso sofrida pelos grãos de uma amostra de peso conhecido. liberando ácidos graxos e participando das reações de rancificação. devido às suas características de boa precisão e exatidão. -COOH. A água adsorvida pela proteína. -NH.2. que são pontos de polaridade. quanto maior for a quantidade de gorduras no grão. Grãos armazenados em sacos de juta. maior será a retenção de água.3. carboxilas retêm de 4 a 5. principalmente em função de sua ampla utilização nas áreas de produção.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 17 (quando se relaciona a quantidade de água existente com o peso total de grãos). e nestas é maior do que nos lipídeos. Os baseados na capacitância elétrica são denominados métodos dielétricos. As proteínas são polímeros de aminoácidos. em geral expressa em percentagem. leitura direta e rapidez na operação. 105±3°C. algodão ou outro material higroscópico. os quais são classificados. A aeração deve ser mais intensa neles. . a umidade relativa do ar é que será influenciada pela umidade do grão. obtendo-se o resultado pela relação entre o peso da água removida e o peso da amostra inicial. que também possuem caráter anfótero. devida à retirada da água livre que contém. de acordo com os aminoácidos que as compõem. Baseiam-se no princípio de que as propriedades elétricas dos grãos dependem. têm sua umidade alterada freqüentemente pelas oscilações da umidade relativa do ar atmosférico. 2. Quanto maior for o número de pontes. 2. sem trituração do material. o tamanho da amostra e a forma em que os grãos se apresentam. O método da estufa a. basicamente.3. pode prender mais ou menos moléculas de água.3. a água pode promover hidrólise. Como são ésteres. Os lipídeos não têm facilidade de formar pontes de hidrogênio.3. com circulação natural de ar. ou como percentual de umidade em base seca (quando é ao peso da matéria seca). existem vários métodos.3. é o oficial brasileiro para determinação da umidade de sementes e de grãos. Apresentam caráter anfótero. Estrutura química e sorção de água A adsorção é maior nos açúcares. o de destilação e o infravermelho. dependendo dos grupos presentes nos aminoácidos de que é composta a proteína. Os principais métodos diretos são o de estufa. -R. mas sua execução exige tempo prolongado e trabalho meticuloso. Os métodos diretos têm boa exatidão. de sua umidade. medindo a umidade sempre em base úmida. podem ser destacados os elétricos. Em armazenamento a granel ou em recipientes hermeticamente fechados. que possuem vários grupos iônicos polares capazes de interagir com água.1. Os grupamentos amina e hidroxila podem reter 3. Métodos baseados na resistência elétrica indicam o grau de umidade pela maior ou menor facilidade com que a corrente elétrica atravessa a massa de grãos. caracterizado pela presença de grupamentos -OH. e carbonilas 2 moléculas de água. As moléculas de amido apresentam grande número de grupos hidroxílicos e pontes de hidrogênio. menores devem ser sua umidade e a temperatura no armazenamento. neste é maior do que nas proteínas. na primeira camada. Dentre os métodos indiretos. armazenamento. O de maior importância é o da estufa. ligados a seu carbono assimétrico. embora sejam menos precisos do que os diretos. 4. uma leitura da quantidade total de água presente na mesma. a erros de pesagem e de oscilações de temperatura. o ângulo de talude vertical é grande e vice-versa. quando descarregados em um recipiente ou silo.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 18 constituindo o dielétrico. sem a devida correção.4.3. Segundo Sasseron (1980).2.1. a amostragem.2. Os ângulos de talude horizontal e vertical são complementares. Embora não tão precisos quanto os diretos. Os aparelhos que utilizam o princípio da constante dielétrica apresentam algumas vantagens sobre aqueles baseados na resistência elétrica.1. Vertical É o ângulo formado pelos grãos com o plano vertical. α 1 + β 1 = 900 (complementares) 2. Alguns grãos tendem a ocupar a maior área possível. Os determinadores dielétricos.3. dimensões.3. A leitura dielétrica numa célula de provas é.4. são fatores que fazem variar o ângulo de talude dos grãos. pelas mesmas razões do ângulo horizontal. sendo as variações na capacitância do condensador.1. uma pequena resistência elétrica através do material. se adequadamente operados e bem calibrados. Também oscilações no fornecimento de energia. pois ela confere adesividade à superfície dos grãos. integridade sanitária. a calibragem do equipamento e o seu correto uso são fundamentais para a confiabilidade do resultado. Os métodos elétricos estão sujeitos a erros ocasionados principalmente pela distribuição desuniforme da água no interior do grão. integridade biológica. alguns grãos tendem a escorrer o máximo possível. além das propriedades dielétricas. subestimam o grau de umidade do material durante a secagem intermitente. integridade física. calibrados para grãos em equilíbrio termo-hídrico. Horizontal É o ângulo formado pelos grãos com o plano horizontal. podem resultar em erros de análises. Isto se deve a propriedades intrínsecas dos grãos e aos fatores ambientais. tornando-se necessário um adequado sistema de ajuste para cada condição. ÂNGULO DE TALUDE 2. TIPOS/FORMAS DE ÂNGULO DE TALUDE 2. como uma parede. grãos com o mesmo conteúdo de água registram graus de umidade menores à medida que a água se localize mais no interior do grão. impurezas e/ou matérias estranhas e umidade. segundo a umidade do material.4. 2. apresentam confiabilidade aceitável. Independentemente do método e do aparelho utilizado. quando descarregados numa superfície plana. formando ângulo de talude horizontal pequeno. essencialmente. conforme o sistema de alimentação energética empregado. como baterias gastas e variações nas correntes elétricas.1. pois estão menos sujeitos a erros resultantes da má distribuição da água nos grãos. . Em grãos que formam ângulo de talude horizontal pequeno. Similarmente ao ângulo de talude horizontal. FATORES QUE INTERFEREM NO ÂNGULO DE TALUDE Formato. e outros não.4. Aplica-se uma voltagem de alta freqüência.3. sua soma equivale a 90º. medidas em termos de constante dielétrica. Assim. 2. os determinadores de umidade dielétricos medem. formando ângulo de talude vertical grande.3. tegumento. Pressão estática A pressão estática equivale à resistência que a massa de grãos oferece à passagem do ar.3. da umidade e do fluxo de ar (Figura 08). A pressão estática depende da espécie de grão.3. se for econômico. limpos e secos. Figura 08.4.3. ou ainda usar um espalhador de impurezas.3. Gráfico de Shed. por sua maior higroscopicidade. por conseqüência. da operação de aeração. 2) grãos pequenos oferecem pressão estática maior do que os grandes. Para se verificar se há necessidade de usar um espalhador.3.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 19 2.2. Partículas menores que o grão aumentam a pressão estática.3. predomina a componente vertical das tensões. O menor ângulo de talude ocorre em grãos esféricos. Pode-se. há necessidade de ventiladores de alta potência. Podem ser feitas algumas observações em relação à pressão estática: 1) quanto maior for a espessura da massa de grãos. melhorar a seletividade da operação de limpeza. O ângulo de talude é diretamente proporcional ao atrito É.4. grandes.3. por isso. Se a resistência oferecida pelo grão for muito grande. 4) impurezas e/ou de matérias estranhas também exercem grande influência sobre a pressão estática nos silos e armazéns. podendo inviabilizar o processo. Capacidade estática dos silos A capacidade de carga de uma unidade a granel é inversamente proporcional ao ângulo do talude. 2.4. para que a distribuição das impurezas e/ou matérias estranhas seja mais uniforme.3.3. predomina a componente horizontal das tensões e a pressão será maior nas paredes. das impurezas. diminui o volume útil do cone. facilitando a posterior uniformidade da passagem do ar e.3. A aeração sempre deve ser uniforme. devendo ser maior no plenum do silo para permitir a passagem do ar na aeração por insuflação ou na secagem. inversamente à capacidade de escorrimento. lisos.3. CONSEQÜÊNCIAS DO ÂNGULO DE TALUDE 2. 2. aumentando o ângulo do talude. sendo pequeno.1.4. o que encarece a operação. com maior pressão sobre o piso. íntegros.4. maior será a pressão estática.4. 3) em ângulo de talude grande. . A elevação da pressão estática provoca necessidade de aumento de potência para os ventiladores. aumentando custos na aeração. verifica-se a diferença entre a pressão estática central e lateral. sadios. além de tornar a região contaminada mais susceptível à deterioração. Volume útil do silo = Volume do cilindro + Volume do cone 2. maior liberação de CO2 com menor absorção de O 2. se a umidade aumentar.2. pois as matérias graxas. aminas.5. água e calor. Acima disso.3. Temperatura Quanto mais a temperatura se elevar. a respiração se acelera.3. Pela Lei de Vant’Hoff.2kcal. praticamente sendo equivalente à oxidação completa da glicose. que são oxidadas durante a respiração. aldeídos. são mais pobres em O2 e mais ricas em H2 do que os açúcares. A reação de respiração aeróbia pode ser sintetizada pela equação: C6H12O6 + 6 O2 → 6CO2 + 6 H2O + 667. Por essas razões. assim como maior desorganização do processo respiratório. sejam essas como carboidratos. cetonas. Nesse caso. bases nitrogenadas. os grãos continuam a respirar. consumindo reservas. Esse processo libera menos calor do que o aeróbio e caracteriza oxidações incompletas. Anaeróbia Diferentemente da aeróbia. produzindo gás carbônico.1. RESPIRAÇÃO 2. FORMAS DE RESPIRAÇÃO NO ECOSSISTEMA DE ARMAZENAMENTO Depois de colhidos. os grãos respiram. necessitando maior quantidade de O 2 para a transformação dos ácidos graxos em CO2 e água. Para os grãos oleaginosos. A respiração é processo fortemente relacionado com a deterioração. proteínas e/ou ácidos orgânicos. característico das fermentações.3.1. 2. nos processos respiratórios anaeróbios são perceptíveis odores. num fenômeno de intra-oxidação.2. resultando da respiração também o gás carbônico.5.2. ou seja. mas. a cada 10oC de aumento de temperatura as reações sofrem acelerações de duas a três vezes. Umidade Grãos armazenados com umidade entre 11 e 13% têm discreta respiração. diferindo no Ciclo de Krebs a partir do piruvato.2. esta relação é menor do que 1. Aeróbia Em condições aeróbias. A reação anaeróbia pode se sintetizada com a equação: C6H12O6 → 2CO2 + 2C2H5OH + 22kcal.2. o coeficiente respiratório dos grãos de gramíneas (ou poáceas) se aproxima de CO2/O2 = 1. Pelo caráter hidrófobo das gorduras. há a liberação de água.5. maior será o risco de deterioração. Grãos deteriorados apresentam maior quociente respiratório (CO 2 liberado/O2 absorvido). mas um radical orgânico. os grãos oleaginosos devem ser mantidos umidades menores.1.5.3. 2. lipídeos. a respiração pode cessar como resultado dos efeitos destruidores que o calor elevado tem sobre as enzimas. gás carbônico e energia (esta sob a forma de calor). Dependendo do substrato e do sistema enzimático envolvido. 2. .Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 20 2. em conseqüência do alto conteúdo de carboidratos que predomina nas cariopses.3.3. ao invés de água como em aerobiose. amidas e outras. o calor e uma substância orgânica como o álcool etílico. em condições anaeróbias o aceptor final de hidrogênio não é o oxigênio. ao invés de etanol podem ser produzidas outras substâncias como ácidos orgânicos de baixo peso molecular.3.1.1. o oxigênio utilizado provém do próprio grão. FATORES QUE INTERFEREM NA RESPIRAÇÃO 2.5. até os 40oC.5.5. Enquanto vivos e em condições aeróbias. Conseqüentemente. 2. em seqüência. só através de aeração forçada.2. os insetos e os ácaros o fazem em focos. nesta ordem.3. ao piso e à superfície da massa de grãos. O aquecimento secundário ocorre mais em grãos oleaginosos do que em outros. que tem moléculas quimicamente instáveis. As medidas de manejo operacional para prevenção dos fenômenos e/ou controle de seus efeitos. em função do alto teor de óleo.3. Acima de 55ºC. o calor se acumula. A exigência em umidade para o desenvolvimento é crescente para fungos. em determinada região da massa de grãos no silo.5. Termometria e aeração são importantes aliadas nesse caso. produzidos na respiração de grãos úmidos. Autoaquecimento dos grãos O aquecimento é conseqüência do processo respiratório dos grãos. com destaque especial para as exotérmicas. Se ocorrer localizada. Apenas as pragas primárias atacam grãos íntegros. É mais difícil ao ar circular entre os grãos armazenados a granel do que num armazém de sacarias.5.3. fatores que lhes conferem grande reatividade. insetos e ácaros. fermentos e bactérias. como oxidação de lipídeos. é imprescindível a instalação de um adequado sistema de aeração. formam-se as “bolsas de calor”. a partir de uma dinâmica metabólica intensa. Organismos associados (estado sanitário) Parte significativa do calor e do gás carbônico. complementado pelo sistema de termometria. enquanto pragas secundárias (insetos) e ácaros atacam somente grãos fisicamente comprometidos. 2. Quanto menores forem os grãos. Por essa razão. dos microrganismos.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 21 2. Qualquer variação brusca deve ser encarada com bastante cautela. Ácaros atacam preferentemente materiais pulverulentos. Em circulação natural o ar não atravessa a massa de grãos de modo a resfriá-la convenientemente. Composição do ar ambiente As taxas de CO2 e O2 interferem no processo respiratório dos grãos. incluem limpeza e secagem prévias ao armazenamento. mas podem atacar também grãos danificados. . podendo haver também expurgo e outras medidas sanitárias complementares. seguidos por reações químicas não-enzimáticas.1. diferentemente do que ocorre nos sistemas convencionais de armazenamento. associado ao dos fungos e/ou das pragas. o aquecimento é devido à oxidação por reações não bioquímicas dos grãos. Enquanto os microrganismos tendem à produção de aquecimento generalizado em toda a massa. aumentando a respiração dos próprios grãos e. podendo chegar à autocombustão.4. é atribuída ao metabolismo de microrganismos presentes. perde mais peso se o processo respiratório for intenso.5.3. 2.3. CONSEQÜÊNCIAS DA RESPIRAÇÃO 2. sempre que o armazenamento for a granel.2.3. através da instalação de portas e janelas amplas e devidamente protegidas para não facilitar a entrada de animais e nem a infestação de pragas. Também o metabolismo de insetos e/ou de ácaros pode exercer importante papel no aumento da temperatura dos grãos no armazenamento.5. Alem de o grão se conservar menos. mais gorduras tiverem em sua composição e mais danificados estiverem.3. maiores serão as probabilidades de ocorrer autocombustão. na parte superior da carga. Isto ocorre quando o grau de umidade está acima do satisfatório. por serem ésteres e contarem com cadeias insaturadas nos ácidos orgânicos. As regiões do silo mais suscetíveis a estas variações são aquelas próximas às paredes. Porque os grãos têm baixa condutibilidade térmica. com aeração e/ou transilagem e/ou intra-silagem. aumenta a temperatura da massa de grãos e do ar intergranular. formando bolsas de calor. onde natural deve ser facilitada a circulação do ar por convecção. respiram. Insetos e ácaros se desenvolvem na mesma condição ambiental dos mesófilos. calor e gás carbônico. ar e microrganismos. Em geral. 2. mas também acabam sendo destruídos pelo calor quando ultrapassa sua termorresistência. iniciando-se uma série de reações e fenômenos seqüenciais. pela inativação das enzimas. A deterioração dos grãos é inexorável e irreversível. os metabolismos paralisam acima de 50-55ºC.3. uma vez que os produtos das reações são aceleradores delas próprias. acumulando calor e água. Dinâmica metabólica Em qualquer sistema de armazenamento. o que estimula. ainda que microrganismos termófilos possam suportar temperaturas mais elevadas. Essa seqüência é denominada dinâmica metabólica (Figura 09). A medida da temperatura pode ser feita através de termopares ou termômetros. inicialmente. Em conseqüência. gerando fenômenos de autoaceleração. Insetos R Microrganismos termófilos Reações químicas. depende da temperatura. produzindo água. associado aos dos microrganismos. o calor se acumula. A aeração remove o calor e uniformiza a temperatura do sistema. intensifica a respiração dos próprios grãos e dos organismos associados. Todos esses processos consomem reservas e liberam calor e água. da mesma forma que ocorre com os organismos associados. no mínimo. provoca alterações nas dinâmicas metabólicas. desenvolvimento de microrganismos psicrófilos. aumenta a temperatura.3. .Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 22 A aeração homogeneíza a temperatura interna no silo. das variações no teor de água e do ataque de pragas e microrganismos e pode ser apenas atenuada. Grãos R H2O + calor + CO2 R Microrganismos psicrófilos R Microrganismos mesófilos Ácaros. estarão juntos grãos. seguidos dos mesófilos e dos termófilos.2. que são substâncias termolábeis. reduzindo os efeitos das correntes convectivas e a ocorrência de bolsas de calor. exotérmicas Autocombustão Figura 09. insetos e ácaros. Os grãos são organismos armazenados vivos. que em geral começam com o metabolismo dos grãos. por adequados controles nos manejos de conservação. Dinâmica metabólica no armazenamento. não enzimáticas. Como têm baixa condutibilidade térmica. O aquecimento produzido pelo processo respiratório dos grãos.5. O manejo dos sistemas onde predomina respiração anaeróbia deve ser feito com medidas preventivas. Um expurgo deve ser feito antes de uma transilagem e/ou uma intra-silagem. Manejo conservativo e metabolismo Os manejos conservativos de grãos no armazenamento estão estreitamente relacionados com os metabolismos dos grãos e dos organismos associados. Para uma boa conservação hermética.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 23 Mesmo tendo desaparecido todas as formas de vida. A quantidade de calor produzido e a de gás carbônico liberado são muito menores do que nos processos aeróbios. apenas para acabar com anaerobioses.3. com o grande acúmulo de energia liberada no sistema. Se não for hermético. É recomendável aerar uma vez a cada 30-60 dias. como oxidação de lipídios. 2. preventivamente. devem ser armazenados grãos íntegros. o CO 2 produzido estabiliza o processo e cessa a respiração. liberam calor para o meio. Em conseqüência disso. para que não ocorram disseminações de focos. a partir dessa situação. Se a temperatura aumenta é sinal que aumentou a respiração. sempre tóxica. limpos e secos para não serem estimulados os microrganismos facultativos e anaeróbios. com a diminuição da relação oxigênio/gás carbônico. A termometria é eficiente para detectar metabolismo aeróbio. reações químicas não enzimáticas continuam ocorrendo. . uma vez iniciada tende a continuar autoacelerada. o qual pode atingir uma quantidade tal que pode chegar à autocombustão. Na anaeróbia. juntamente com o gás carbônico produz uma substância orgânica. Se o sistema for hermético. Reações exotérmicas. como é o caso das leveduras nos processos fermentativos. A perda do valor nutritivo é diretamente proporcional aos processos respiratórios.5. o gás é dissipado para a atmosfera.2. caracterizando um processo de oxidação incompleta. A respiração aeróbia produz dois fatores de autoaceleração: a água e o calor. mesmo que não sejam registrados aumentos de temperatura. que começa com os metabolismos e continua na oxidação não biológica do grão.3. Para diminuir a temperatura os grãos devem ser aerados. 98 2. devem ser consumidos em primeiro lugar os grãos com menor integridade biológica.90 4.63 8.16 2. expurgo corretivo. Composição química básica e parâmetros físico-químicos de grãos de três cultivares de arroz.33 74. aeração. Medidas de grãos de três cultivares de arroz. correspondem a média aritmética simples de 3 repetições.78 2.09 Cultivar EMBRAPA-6 1.21 2.51 1.93 7. Tabela 06. embora pré-limpeza e secagem geralmente sejam compulsórias.04 1.11 2. limpeza e/ou seleção e expurgo preliminar. umidade e temperatura da massa de grãos. combate a roedores. recepção.63 85. sendo destinados ao armazenamento os de melhor qualidade e de maior potencialidade de conservação.81 1.19 3.46 Os valores.55 85.05 0.37 176. as operações de pré-armazenamento incluem transporte. o para não ocorrer mistura de produtos de diferentes qualidades ou características (Tabela 05 e 06).78 3.18 23.09 3.12 19.66 1. Colheita e recepção devem ser programadas já no planejamento na semeadura.41 74. pré-limpeza.57 IAS 12-9 1.32 2. FONTE: Elias.35 1. proteção contra o ataque de pássaros e retificação da secagem e/ou limpeza. incidência de defeitos e variação de acidez do óleo.29 1. na seleção dos cultivares.93 160. Sempre que possível. Tabela 05.11 3.03 2. no dimensionamento das áreas e da época de semeadura de cada delas.07 Os valores correspondem a média aritmética simples de 36 repetições por parâmetro. ajustados para grãos com 13% de umidade.21 24.86 0.92 4. FONTE: Elias.03 19.61 Largura Espessura (mm) (mm) BR -IRGA 410 (Classe grãos longo-finos) 2.86 2.42 19. 1998. e assim por diante. mas nem sempre é necessária a realização de todas elas.32 6.45 24.90 2.36 8. Todas devem ser acompanhadas de amostragens periódicas e monitoramento por análises e observações criteriosas.80 EMBRAPA-6 (Classe grãos longo-finos) 2. transilagem.77 17.37 28.68 Peso de 1000 grãos (g) 27. ácaros e/ou roedores.63 18.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 24 3) OPERAÇÕES DE PRÉ-ARMAZENAMENTO Desde a colheita.97 85.94 1.07 6.37 6. de insetos. Os sistemas de manutenção a aplicar.13 21. devendo ser considerados valores e variações de umidade relativa e temperatura do ar.64 7.24 74.13 2.08 8.16 1.75 3. secagem.73 IAS 12-9 (Classe grãos médios) 3. intra-silagem. Constituinte/parâmetro constituintes minerais (%) constituintes orgânicos (%) conteúdo de amilose (%) amilose/amilopectina carboidratos (%) proteína bruta (%) extrato etéreo (%) acidez do extrato etéreo (%) peso volumétrico proporcional BR-IRGA 410 1. As operações de armazenamento e de manutenção dependem do sistema de conservação e podem incluir movimentação ou manuseio.34 18.06 1.94 2. ocorrência microbiana. . dentre outros.74 1. dos resultados observados durante o armazenamento e das medidas de controle de qualidade obtidas nas análises e observações.26 167. Subgrupo do arroz Em casca Integral Polido Em casca Integral Polido Em casca Integral Polido Comprimento (mm) 9. 1998.12 2. sua periodicidade e intensidade dependem da espécie e do uso a que se destina. Tudo isso se destina a preparar o produto para a armazenagem. maior danificação mecânica e/ou estado sanitário mais deficiente.63 0.90 6.71 1.57 2.97 Relação comprimento/largura 3. como facões ou foices. por outro lado requer uso da secagem artificial.1. o terço superior da panícula é a primeira parte que entra em processo de maturação. por um lado. eles devem ser expostos ao sol antes do ensacamento e da armazenagem. como o desfolhamento. Se para armazenagem em espigas. do ponto de vista mecânico. o terço inferior. milho e arroz podem ser colhidos satisfatoriamente. a panícula é retirada com a utilização de ferramentas adequadas para o corte.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 25 3. em paióis secadores-armazenadores. da disponibilidade de mão-de-obra ou de colheitadeiras. Portanto. As regulagens da plataforma e outros detalhes operacionais. os de bambu. Pode haver eficiência em qualquer das situações. com o que se deve esperar um pouco mais para começar a operação. que constituem fatores decisivos no adequado uso das máquinas. ocorre de cima para baixo. assim como de outras espécies. por ataque de pássaros. por último. A colheita mecânica é realizada através de colheitadeiras automotrizes. por ocasião da trilha. para se determinar o ponto de colheita. é recomendável que se deixem os grãos mais tempo na lavoura. Processada a trilha. A escolha mais adequada depende da espécie cultivada. é recomendável que a secagem seja completada até valores de umidade que assegurem a conservação dos grãos. sendo entre 16 e 22% para trigo. Os efeitos da alta umidade dos grãos no armazenamento são mais prejudiciais do que as perdas ocorridas antes da colheita. a trilha pode ser efetuada logo após a colheita. no entanto. pois quanto mais tempo os grãos permanecem expostos às intempéries. das condições climáticas na época da operação. excepcionalmente. a colheita realizada nas faixas de umidade citadas. equipadas com cilindro de barra. Com umidade acima de 25%. como o “Chapecó”. após a . Convém ressaltar que a maturação nas panículas do sorgo. roedores. mas nesse ponto a colheita e as demais operações necessárias ao manejo de pós-colheita são muito prejudicadas. conforme já referido. ou similares. qualquer possibilidade de secagem pós-colheita. é realizada a trilha. COLHEITA DOS GRÃOS A colheita de grãos pode ser realizada tanto manual quanto mecanicamente. Caso o material tenha sido colhido com umidade baixa. Se. isto é. os ripados. maiores são as perdas. Contudo. Durante a operação de colheita. os telados. que pode ser executada através de batedura manual ou com trilhadora estacionária. no campo. para que percam água naturalmente. aumentam as possibilidades de os grãos não se soltarem das panículas ou espigas. para a pré-secagem. conforme a espécie. onde permanecem expostas ao sol. Estima-se que uma quantidade entre 180 e 270 grãos por metro quadrado (conforme o tamanho do grão) corresponda a uma perda de um saco (60kg) por hectare. por exemplo. aveia. A maturação fisiológica de grande parte das espécies de grãos ocorre em umidade próxima a 30%. 22%. devem ser buscados nos manuais técnicos que as acompanham. quando sua umidade se situar entre 18 e 25%. As panículas cortadas são colocadas em carretas e transportadas para um terreiro. é importante realizar a colheita logo que houver condições. mesmo que isso signifique expor os grãos aos riscos de perdas e danos já referidos. insetos e/ou fungos. geralmente feita em pequenas áreas. o despendoamento e/ou a dobradura do colmo. Abaixo de 18%. logo após é o terço médio. também pode ser colhido através de operação manual ou mecanizada. é aconselhável aguardar a redução da umidade para valores mais próximos possíveis a 13%. Na colheita manual do sorgo. o milho deve ser colhido com umidade não superior a 20 ou. que proporcionam melhor utilização das máquinas. Posteriormente. minimiza as perdas. Inexistindo. é preciso se observar a fase de maturação em que se encontra o terço inferior da panícula. e. pode ser precedida de operações que acelerem a maturação do campo. aumentam as perdas na plataforma. do nível tecnológico empregado na exploração e de outros fatores. Grãos de sorgo. Se não houver outro meio mais rápido e mais eficiente. nos agentes autorizados ou com profissionais da área. O milho. A colheita manual. Caso não haja disponibilidade de secador. da extensão e da topografia da área trabalhada. é recomendável que sejam avaliadas as perdas. centeio e cevada. em especial os relacionados à qualidade e aos efeitos sanitários do metabolismo microbiano. pássaros. 3. enquanto umidades muito baixas tendem a provocar trincamentos. Também são exigidos cuidados quanto aos danos mecânicos (ou mesmo térmicos). Afora os aspectos físicos. Para grãos cujo consumo necessite de sua desintegração física. que ocorrem nos rolos espigador e de separação. podem ser agrupadas em: 1) perdas em espigas. a atividade metabólica da planta é reduzida e é alterada a correlação sorção/dessorção de água nos grãos. mas. o comportamento biológico tem na baixa integridade física um acelerador deteriorativo no armazenamento. favorecendo o desenvolvimento fúngico e a produção de toxinas. O trincamento e a quebra de grãos. principalmente. ainda que tipicamente de natureza qualitativa. A inversão da posição das espigas reduz os efeitos das chuvas. do retorno do material para o sistema de debulha e das condições em que estão saindo os sabugos. das fissuras e das quebras dos grãos. insetos. Situação similar à do milho ocorre em relação ao sorgo. antes da secagem. ou se perdem maiores quantidades de grãos com os sabugos ou se quebram mais grãos. desde sua formação estão sujeitos ao ataque de microrganismos.2. são importantes as verificações na carreta graneleira. Cada espécie. A colheita mecanizada e a debulha simultânea ou imediata permitem que o milho seja colhido com umidade mais elevada do que a adequada para a sua conservação. Não havendo secagem forçada. respectivamente. como em forma de farinha. o milho deve sofrer secagem natural na espiga. as quais são dependentes da uniformidade das espigas e da regulagem da distância entre o cilindro e o côncavo. roedores e . no milho. apesar das características morfológicas de resistência e rusticidade próprias de cada espécie. mesmo variedade ou híbrido de grão apresenta melhor condição de colheita numa determinada faixa de umidade. no mecanismo de elevação do sistema de retrilha e na saída da colheitadeira. sua conservabilidade e seu valor no mercado. por exemplo) e durante a colheita. 2) perdas de grãos soltos. Por menores que sejam. Danos mecânicos de colheita podem ser minimizados por adequadas regulagens na colheitadeira. farelo ou outra resultante de moagem ou trituração. 3) perdas de grãos com o sabugo. por exemplo. Cerca de 4%. variáveis de acordo com o cultivar ou híbrido e a umidade. umidades elevadas tendem a provocar dificuldades de liberação dos grãos da panícula ou da vagem. essas regulagens também estão relacionadas com as perdas de grãos na colheita. Na colheita mecânica. reduzem seu valor comercial e diminuem sua conservabilidade durante a estocagem. é necessária uma elevada integridade física dos grãos para não comprometer sua conservabilidade e sua utilização no consumo animal e humano. na plataforma. Assim. onde as dificuldades de separar os grãos das panículas. perdas na plataforma e maiores riscos de se colher grãos já atacados por pragas e com integridade biológica comprometido. perdas de produtos na colheita sempre ocorrerão. de intensidade da ocorrência de grãos quebrados. o que reduz sua tipificação. determinam as principais regulagens na colheitadeira e são as maiores responsáveis pelas perdas ocorridas. A antecipação ou o retardamento da colheita de arroz produz grãos com menores rendimentos de inteiros e maiores incidências de alguns defeitos de classificação. o que também representa perdas. As principais são as que dizem respeito à rotação do cilindro de acordo com a umidade dos grãos e ao espaçamento entre o cilindro e o côncavo. Trigo colhido tardiamente fica mais sujeito a reduções no peso específico durante o armazenamento. Além dos aspectos qualitativos resultantes do trincamento. após a colheita. Com a lignificação dos vasos. com sérios prejuízos à saúde humana e dos animais quando do consumo. são aceitáveis. que ocorrem na pré-colheita (por acamamento das plantas. se muito quebrados ou com grãos ainda presos. SECAGEM E LIMPEZA DE GRÃOS Os grãos. especialmente na colheita e na movimentação. ácaros. numa das formas preconizadas. da colheita ao consumo. para as análises.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 26 maturação fisiológica dos grãos. de acordo com sua natureza ou ocorrência. Elas são devidas a vários fatores. em qualquer fase. esmagamento na colheitadeira. mesmo. No caso de não ser possível a utilização de nenhum sistema de secagem pós-colheita. pelo consumo de reservas e por modificações na composição química dos grãos. redução do valor nutritivo. é preferível que os grãos sejam colhidos com umidade mais elevada. a secagem e a debulha não são mecanizadas (o que se aplica para pequenas quantidades) e todos os fatores são passíveis de controle. durante a armazenagem. Por conseqüência. pelos riscos de ocorrência de intempéries e pelo maior tempo de uso da terra. nem mesmo o natural ou um dos naturais melhorados. para se adequar às respectivas Portarias do Ministério da Agricultura. os grãos protéicos e os amiláceos devem ser colhidos com umidade mais próxima possível a 13%. quantitativas e/ou qualitativas. No primeiro caso. depende tanto das condições de armazenamento como das de produção e colheita. Em qualquer circunstância.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 27 outros animais. se com maior ou menor teor de óleo. estado sanitário. integridade física. acerca de Normas e Padrão Comercial. Isso inclui efetuar a colheita em mais de um período na mesma lavoura. para industrialização. e os oleaginosos a 11 ou 12%. respectivamente. Para isso. e b) o produto é seco. o que exige correções após a colheita. às danificações mecânicas e a alterações químicas e bioquímicas. grau de pureza e umidade. duas situações devem ser consideradas: a) o produto é seco e limpo na propriedade. se não forem adotados métodos adequados e eficientes de conservação. até a massa de grãos alcançar valores próximos a 1% de impurezas e/ou materiais estranhos e 13% de umidade. mas comercializado imediatamente. isso não é possível. a pré-limpeza (Figura 11). o retardamento da colheita é desaconselhável. a secagem e a limpeza ou classificação (Figura 12). acaba comprometendo a utilização do produto para o consumo e. devem ser considerados fatores como integridade biológica. podem ser obtidas maiores uniformidades de procedimentos. . nesta ordem. e desde que sejam observados os fatores de perdas e de integridade biológica do produto. devem ser feitas. A capacidade de manutenção da integridade dos grãos. Para quantidades maiores. limpo e armazenado na propriedade. Moega para recepção de grãos no sistema a granel. Em nível de propriedade.1 Colheita”. devendo ser observados os parâmetros e a razões assinaladas no item “2. formação de substâncias tóxicas e diminuição do valor comercial. Havendo possibilidade de se realizar secagem forçada. Esse conjunto de fatores adversos provoca perdas. pré-selecionando os grãos de acordo com a qualidade e com o ponto de colheita. pelas perdas quantitativas e qualitativas que provoca. Quando a colheita. Figura 10. já a partir da recepção (Figura 10) na unidade de secagem e/ou armazenamento. 0 Meses de armazenamento 12 24 13.0 11. Ilustrativamente são apresentados. termometria e manutenção controlada. Grão 1.5 13. para se obter similar conservabilidade.0 60 11. em condições padronizadas*. se adequadamente secos. A pré-limpeza pode ser .0 *20°C e 65% de umidade relativa. da espécie. umidade crítica para armazenamento seguro a granel.5 12. na Tabela 7.0 9. é recomendável serem executadas as operações de pré-limpeza. deve ser diminuída a umidade dos grãos em meio a um ponto percentual. do tempo de estocagem.5 12.0 11.0 12.5 9. em sistema de armazenagem com termometria e aeração controladas.5 11. para pré-limpeza e/ou limpeza de grãos. podem ser utilizados na ração animal.0 13. Fontes: diversas. Canola/colza 06 14.0 12. Para o armazenamento em sacaria. secagem e armazenamento. arroz.5 11.0 9. Soja 6. Máquina de classificação ou seleção de grãos. Os resíduos da pré-limpeza e da limpeza. centeio. Amendoim 7. Feijão 2. sorgo. Milho 3. aveia. de diversas espécies de grãos.5 10. com base na condição padronizada de umidade relativa de 65% e temperatura ambiente de 20°C. Trigo.5 14. triticale 4. Azevém 5.5 11. Figura 12.5 10.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 28 Figura 11. Tabela 7.0 10. nessa ordem. da finalidade e da forma de consumo dos grãos. O grau de umidade recomendado para uma boa conservação é dependente das condições de armazenamento. ficando a limpeza e/ou seleção para mais tarde. imediatamente. Umidade máxima (%) recomendada para a armazenagem a granel. No segundo caso. em sistema de armazenagem com aeração forçada.0 10.0 7.5 13.0 8.0 12.5 12. ou após algum tempo.0 7. Máquina de ar e peneiras planas. que sempre contêm grandes quantidades de grãos pequenos e pedaços de grãos. em geral são utilizados os dois primeiros. as mesmas máquinas requeridas para a pré-limpeza são usadas. intermitente e seca-aeração). com jogos de peneiras mais seletivas na segunda. até os de secagem forçada (que inclui a estacionária e as convencionais contínua. A secagem pode ser realizada por vários métodos. e na tentativa de facilitar o entendimento do assunto. a ociosidade das instalações. apresenta as vantagens de reduzir a diversificação e a quantidade total de máquinas. no Brasil não há normas oficiais de classificação para métodos de secagem. o que torna a secagem uma operação praticamente obrigatória. sendo os grãos então armazenados. . o teor de grãos quebrados não deve exceder a 5%. é a substituição da secagem na armazenagem dos grãos com umidade de colheita. Outra alternativa. se o produto for armazenado a granel. que tem mostrado resultados promissores pela pesquisa e já é utilizada por produtores. após terem sido armazenados. para remover os grãos quebrados e aqueles com integridade biológica comprometida. e pelo uso de uma peneira adequada. adaptados ou tecnificados. mais difícil é a aeração. Outra alternativa é os grãos serem submetidos a passagens consecutivas em duas máquinas. os grãos devem ser secados até a umidade recomendada para o armazenamento. Embora existam muitas variações de formas e critérios de classificação. diminuindo. o que nem sempre se consegue em outras espécies. Para quantidades pequenas. o percentual de grãos quebrados é ainda mais crítico. desde o natural e os naturais melhorados. Para duração superior a 120 dias. para limpeza. que separem os quebrados para imediato processamento. também. podem comprometer a sua conservabilidade já a partir dos 60 dias de armazenamento. Quanto menor for o grão. pela adição de ácidos orgânicos de cadeia carbônica curta (acético e propiônico). o que é conseguido pela regulagem dos fluxos de ar e de grãos. O resíduo da pré-limpeza pode ser utilizado como ração animal. quando. assim como o produto da limpeza. Logo após. seguindo para o armazenamento aqueles que tiverem as melhores condições de integridade física e biológica. A operação de limpeza será efetuada depois do “pique” (ou pico) da safra. mesmo para armazenagem bem conduzida. desde que imediatamente. Por essas razões. Esse procedimento tem o inconveniente de movimentar a massa de grãos. pode ser adotado. A secagem de grãos pode ser feita por métodos naturais. nas dimensões e no peso específico. maior é a tendência à formação de “bolsas de calor” e mais crítico é o efeito de altos percentuais de grãos quebrados na conservabilidade. considerado para esta a sua maior duração para o consumo. também. então. desde que trocadas as peneiras. o segundo caso citado para a propriedade rural. desde que o tempo de armazenamento não seja muito prolongado. Se os grãos forem recebidos secos. A umidade de colheita dos grãos quase sempre é maior do que a recomendável para o seu armazenamento. Contudo. na alimentação da máquina. por similaridade. enquanto para quantidades médias ou grandes são recomendáveis métodos tecnificados. Valores superiores a 8% de quebrados. ajustando o fluxo de ar e reduzido o de grãos para valores próximos a um terço daqueles usados na pré-limpeza.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 29 feita até valores próximos a 4-5% de impurezas e/ou materiais estranhos. na Tabela 8 é apresentada uma síntese classificatória. devem ser utilizadas máquinas de limpeza com alta seletividade. na massa de grãos. E. pois diferem dos íntegros no formato. Em nível industrial. conforme já referido. Note-se que a operação de limpeza para grãos esféricos serve. Processos. sorgo.3) em paióis aerados B.2.2) em barracas ou túneis plásticos A.1. conforme pode ser verificado na Tabela 9. ou alguma etapa dela. de cabines e outros similares. sistemas e métodos de secagem de grãos.1) em estufas de fumo B. Os adaptados mais comuns são os que utilizam estufas secadoras de fumo.2) intermitentes C.3) em terreiros ou eiras A. Os métodos são considerados naturais quando ocorrem sem interferência humana na temperatura e nem no fluxo do ar.1) em estrados fixos B. Quanto menores forem as dimensões dos grãos. mais delgada deve ser a camada de grãos para a secagem.2. na entrada do secador. Os adaptados têm a interferência em pelo menos um desses fatores e usam estruturas construídas originalmente para outro fim.2) em estantes móveis B. permitem que ocorra secagem.3) em caixas ou tulhas C.2) na lavoura A. São totalmente dependentes das condições ambientais e não há controle técnico sobre a operação.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 30 Tabela 8.1. Por suas características e limitações. Grão Arroz Trigo. .1) contínuos C. mas antes da trilha ou debulha.3) Mistos As condições de secagem variam para cada espécie de grão e finalidade. possibilitarem controle operacional efetivo.2.2. no silo-secador. Processos A) Naturais Sistemas A. ou ainda em estruturas rústicas.2.2.3) silos-secadores de fluxo radial C.1) secadores de leito fixo C. como terreiros ou eiras (antes da debulha/trilha ou após essa). ***Se as câmaras receberem ar de secagem com temperaturas diferenciadas. É importante controlar a temperatura da massa de grãos e evitar os choques térmicos.1) seca-aeração Métodos A. Em geral.1) Secadores de outros produtos B. Após o repouso. Tabela 9.2) silos-secadores de fluxo axial C. na lavoura (imediatamente após a colheita ou concomitante a ela. Os melhorados utilizam meios que permitem alguma forma de interferência técnica.3) em túneis B.2) Outras estruturas C) Tecnificados C.1) Primitivos A. contudo.2. são mais usados como pré-secagem do que como secagem definitiva). Os mais comuns são os que utilizam lonas impermeáveis. Quanto mais longo for o período de armazenamento. em diferentes sistemas tecnificados de secagem de grãos*.1.1. mesmo enquanto chove.1) Estacionários C. enquanto nos tecnificados a movimentação do ar ocorre por meio da ação de ventiladores e/ou exaustores e há controle das condições térmicas do ar. ou após ser aquecido.1. sem. Os primitivos ocorrem na própria planta (antes da colheita). Os métodos naturais podem ser classificados em primitivos e melhorados. a temperatura aplicada deve ser a ambiente. secadores de túneis com estrados. a temperatura mais baixa deve ser utilizada na camada superior.2) em cabines B.2. soja Feijão Estacionário** 30-40 45-50 50-60 45-55 Sistema de secagem Intermitente Contínuo 70-115 70-110 70-120 80-120 90-130 80-100 80-110 Seca-aeração*** 60-80 70-90 79-90 60-80 * Limites mais utilizados para grãos destinados ao consumo animal (ração) e/ou humano.1. sem aquecimento. **Deve ser observada a espessura de camada para cada espécie de grão no silo-secador. mais baixas devem ser as temperaturas de secagem. centeio. barracas plásticas ou túneis.2. o qual pode ser usado nas condições ambientais.1) em lonas A. Temperatura (ºC) do ar de secagem. triticale Milho.2) Melhorados B) Adaptados B.1.1) na própria planta A.1.1.2) Convencionais C. No estacionário. que utilizam insuflação pela base do silo quando operam o ar em fluxo axial ascendente. quando for pelo sistema alternado. na entrada de secador (Figuras 13 e 14). Grandes riscos de danos e choques térmicos são as características mais indesejáveis desse sistema. e grãos secos e resfriados saindo do secador. Secador convencional contínuo. convencionais (contínuos ou intermitentes) e mistos (seca . em geral denominada câmara de resfriamento). grãos passando nas câmaras de secagem e de arrefecimento. os métodos são classificados em secagem com ar em fluxo axial e em fluxo radial. ar e grãos se movimentam durante a operação. exaustão. Em fluxo radial. de acordo com o fluxo de carga/descarga e o contato do ar com os grãos. em ciclos sucessivos. em sentido ascendente. havendo entrada de ar aquecido na câmara de secagem e de ar ambiente. embora nesse sistema predominem os métodos que usam aquecimento do ar na operação. ou ambos alternadamente. na câmara de arrefecimento (de maneira imprópria. os grãos permanecem estáticos e apenas o ar é movimentado durante a secagem. as operações de carga e descarga são simultâneas e os contatos entre ar e grãos são ininterruptos. Pouca rapidez e desuniformidade são as características mais indesejáveis desse sistema. sendo mais comuns os silos-secadores de fundo falso. Durante a operação. No sistema convencional. Os métodos do sistema estacionário são os únicos dentre os tecnificados que podem utilizar ar sem aquecimento. Figura 13. Em fluxo axial. sempre há grãos úmidos entrando no secador. e que seja feita inspeção diária e remoção de poeiras. em toda a operação. Nos métodos contínuos. que tem a rapidez como característica mais positiva. descendente ou alternado. A secagem contínua pode utilizar temperaturas do ar de 70 a 130ºC. o ar se movimenta ao longo do eixo. em função da direção do fluxo de ar.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 31 Para médias e grandes quantidades. Nesse sistema. sendo mais comuns os de tubo central perfurado. que tem a pouca danificação mecânica e a necessidade de baixos investimentos em estrutura operacional como suas características mais positivas. desde que os grãos não contenham muitas impurezas e/ou materiais estranhos. Nesse sistema. para evitar incêndio. os quais podem ser classificados em estacionários (de fluxo de ar axial ou radial). . o ar se movimenta no sentido do raio. sem aquecimento. são mais recomendáveis os métodos de sistemas tecnificados de secagem. para grãos.aeração). os métodos são classificados em contínuos e intermitentes. quando descendente. Secador convencional intermitente de grãos. na entrada do secador (Figuras 15 e 16). A secagem intermitente pode utilizar temperaturas de 70 a 100ºC. a temperatura da massa não deve ultrapassar 40°C. No caso de sementes. podem ser empregadas temperaturas de 60 a 90°C no ar de entrada nas câmaras de secagem. e de até 120°C. Figura 14. Representação esquemática da movimentação dos grãos em secador contínuo. Se em sementes.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 32 Na secagem pelo sistema seca-aeração. no final do processo. comentados na secagem contínua. Figura 15. observados os mesmos cuidados quanto a incêndios. e um período mínimo de repouso de quatro e máximo de doze horas. . a temperatura do ar não deve exceder de 70°C e nem a da massa de sementes os 40ºC. quando os grãos estiverem muito úmidos. no elevador e na câmara de equalização (também denominada câmara de repouso. as operações de carga e descarga não são simultâneas e o contato entre ar e grãos é descontínuo. para a parte estacionária do final da secagem. só havendo contato dos grãos com o ar aquecido na câmara de secagem. não havendo renovação de ar. Diferentemente do que ocorre no processo contínuo. assim como há interferência no condicionamento do ar de secagem por aquecimento e/ou por desidratação desse ar. a secagem intermitente ocorre por bateladas. inicialmente. Para quantidades pequenas. com recirculação de uma carga de cada vez. após um período de espera num silo-secador. com ar sem aquecimento. não há mudança de energia no sistema. com ar sem aquecimento. No início da operação. ocorrendo uma etapa de cada vez. onde não há interferência humana no fluxo nem no condicionamento do ar. enquanto para médias e grandes quantidades predominam os métodos dos processos tecnificados. deixando de haver esse contato durante as passagens dos grãos na descarga. quando perdem parte da água. são muito utilizados os métodos de secagem pertencentes aos sistemas primitivos e melhorados. nem danos ou choques térmicos. não há ingresso de grãos úmidos e nem saída de grãos secos. há interferência no fluxo de ar por meio de ventiladores/exaustores. como nos adaptados. os quais fazem parte do processo natural de secagem natural. Nessa câmara. o secador é carregado enquanto permanecem fechados os dispositivos de descarga de grãos secos. . podendo haver alguma evaporação da água periférica e início de condensação no ar intersticial. sem ser mais uniforme do que o intermitente e nem mais rápido do que o contínuo. Nele geralmente é usado secador contínuo adaptado (o ar aquecido é insuflado em ambas as câmaras .Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 33 câmara de equalização saída de ar exaustor câmara de secagem Figura 16. em geral até cerca de dois a três pontos percentuais de umidade acima do que se deseja como adequada para o final da operação. Grandes riscos de danos mecânicos são as características mais indesejáveis desse sistema. Nesses. os grãos passam. em tempo que geralmente varia entre seis e doze horas sem nenhum contato com o ar. Nos métodos intermitentes. que tem como características mais positivas a uniformidade. a rapidez e os baixos riscos de danos e choques térmicos. Representação esquemática da movimentação dos grãos em secador intermitente de câmaras cilíndricas. É um sistema que praticamente não causa danos mecânicos. Durante a operação. se a relação de intermitência for muito alta). e que permite a obtenção de secagem mais rápida e mais uniforme do que a obtida no estacionário. ocorrendo predominância de difusão de água do interior para a periferia dos grãos. No sistema misto. Também são bastante utilizados métodos dos processos adaptados.a de secagem e a originalmente destinada ao arrefecimento quando do método contínuo) para a parte da secagem convencional e um silo-secador (fundo falso e chapas perfuradas). o qual é denominado período de repouso. Essa etapa de secagem convencional é seguida por uma etapa de secagem estacionária. por uma secagem preliminar convencional. embora alguns a denominem impropriamente de câmara de resfriamento. O método mais comum do sistema misto é conhecido como seca-aeração (não confundir com aeração secante ou aeração em silo secador pelo sistema estacionário). os grãos já debulhados devem ser espalhados no terreiro ou na eira. devendo os grãos ser revolvidos três a quatro vezes ao dia. o fato de possibilitar o fechamento completo da lona. ou imediatamente após essa e antes da debulha e/ou da secagem final. esses métodos podem ser utilizados para secagem definitiva. quando a colheita for manual. de preferência com material impermeável. A secagem em terreiros ou eiras se constitui num método bastante rudimentar. na forma de bolsa. tais grãos devem ser amontoados e cobertos. A estrutura pode ser de bambu. À tardinha. sobre um terreiro ou uma eira. desde duas horas antes de o sol se pôr (num dia). como colza ou canola. amendoim e soja. Efetua-se. por exemplo.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 34 A secagem natural. até se completar a secagem. amendoim. assim como quanto menores forem os grãos e maiores conteúdos de óleo possuírem. são semelhantes às de acampamento. quando é aplicada como secagem complementar ou definitiva. a ponto de facilitar a debulha. são as principais limitações deste sistema. mais delgadas devem ser as camadas. Essas barracas. com o aproveitamento da energia solar e do vento (eólica). maiores conteúdos de óleo possuírem e mais elevada for sua umidade inicial. consiste no espalhamento das panículas (de sorgo) ou das partes das plantas que contém as vagens (nas outras espécies citadas). A secagem em barracas plásticas consiste na colocação dos grãos em camadas de até quinze centímetros sobre o piso revestido com filme plástico. se as condições climáticas forem favoráveis. com algumas vantagens. com palha. túneis ou cabines. tem suas características mais positivas na simplicidade. no baixo custo operacional e na eficiência. os de bambu. feijão. todavia. nas pequenas áreas de produção. Em sorgo. na forma de pré-secagem. em camada de pouca espessura. o que uniformiza e intensifica a secagem. como a secagem de milho na espiga. a lentidão do processo e a pequena quantidade de grãos secados. Na manhã seguinte. os ripados. antes da colheita. até cerca de duas horas após o aparecimento do sol (na manhã seguinte). nos oleaginosos de grãos pequenos. a operação é reiniciada e repetida até os grãos atingirem cerca de 13% de umidade. Além de não permitir a infiltração de umidade do solo. Para quantidades pequenas e em condições bem controladas. rústicas. ou 8 a 9%. ou 11 a 12%. que também servem para armazenamento. a secagem complementar. canos plásticos ou outro material similar . em camadas não superiores a dez ou quinze centímetros. A pré-secagem de milho em espigas. a cada vez. sobre o solo em estrados rústicos de madeira ou de tela. durante as horas de maior insolação. ou ainda também nas estufas de fumo. para panículas de sorgo ou espigas de milho com parte da palha. a pré-secagem. que. Outras alternativas para o método incluem pré-secagem em varais ou em estufas de fumo. também apresenta bons resultados. para que seja reduzida a atividade enzimática e controlado o desenvolvimento microbiano. no caso dos amiláceos e protéicos. sendo feitos três a quatro revolvimentos diários. operacionalmente. podem ser utilizados paióis aerados. em peneiras colocadas em prateleiras adaptadas para tal. antes da debulha. espalhadas ao sol. Lonas também podem ser usadas para esse fim. são recomendáveis o de secagem sobre lonas e o de secagem em barracas plásticas ou túneis. Em casos especiais. construídos em alvenaria. pode ser complementada em terreiros ou eiras. posteriormente. Quanto menores forem os grãos. até que os grãos tenham sua umidade reduzida. É importante que o processo se inicie logo depois da colheita e não seja muito lento. em forma de túnel. A dependência das condições climáticas. é eficiente. Para receberem a secagem complementar ou definitiva. como os telados. para grãos debulhados. ou os de expurgo. quando bem conduzida. gergelim e girassol. menor deve ser a umidade ao final da secagem. com palha. nos oleaginosos de grãos médios. semelhante à secagem em terreiro ou eira. mas é prático e não exige investimentos e. cujo exemplo mais conhecido é o “Chapecó” A secagem sobre lonas é. determina "suadouros” nos grãos. ou outro material impermeável. como soja. já nessa fase. Dentre os métodos melhorados de secagem natural. que começa na lavoura. dependendo da espécie de grão e do manejo operacional empregado. Secador de leito fixo. Em se tratando de sementes. com tela de proteção 2 – passarela circular 3 – anéis tensores internos e externos 4 – plataforma superior 5 – distribuidor de impurezas e grãos 6 – porta para acesso à rosca varredora 7 – fechadura da porta de acesso lateral 8 – transportador horizontal para descarga 9 – fundo falso. nem para grãos. estacionário. sem aquecimento. nem para sementes. durante o dia (não estando chovendo) e possam ser fechados completamente à noite ou quando chover. mais lenta e menos intensa do que a executada em lonas. para que se obtenha a maior ventilação possível. na temperatura ambiente. a temperatura não deve exceder 35-40°C. A barraca deve ser armada em local alto na propriedade. sobre as secas. se a espessura da camada de grãos não superar 50cm e se cada camada for removida à medida que fique seca. é simples. com chapas perfuradas 10 – ventilador/exaustor 11 – base de concreto para sustentação do silo 12 – colunas de sustentação Figura 17.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 35 disponível na propriedade. Exige maiores investimentos e proporciona secagem menos uniforme. os 40°C. a temperatura do ar não deverá ultrapassar 45°C (controlada por termostato) e a da massa de sementes. O piso deve ser forrado com plástico preto. para depois secá-lo. Encher o silo-secador com material úmido. ou aquecidos a temperaturas cujos limites vão de 30 até 60°C. dentro do secador. Caso haja superposições ou sobreposições consecutivas de camadas úmidas. de fluxo de ar axial. 1 – chapéu. os quais devem ser fixados na parte superior e possibilitar o sistema basculante. Figura 18. com a maior dimensão orientada na direção predominante dos ventos. para pequena quantidade de grãos. para camadas não superiores a 80-150cm. a partir da segunda camada. enquanto que a cobertura e as laterais devem ser de plástico transparente. . não é tão dependente das condições climáticas. para secagem estacionária. Silo-secador metálico. não é recomendável. Contudo. A secagem estacionária (Figuras 17 e 18) pode ser feita com ar forçado. eficiente e aplicável a pequenas quantidades. A temperatura do ar pode ser mais elevada. = percentagem de impurezas do produto.a. pedaços de cascas. malformados. Semelhantemente ao que ocorre na avaliação da variação de peso nas operações de pré-limpeza e/ou de limpeza. = percentagem de impurezas do produto..p. Esses materiais são mais leves do que os grãos e acabam sendo arrastados pelo ar de secagem juntamente com resíduos de impurezas/matérias estranhas. A outra fração. cujo percentual pode ser determinado por avaliações periódicas dos materiais de descarte pelas “bicas” das máquinas de pré-limpeza ou de limpeza. grãos chochos. à medida que vai ocorrendo a secagem. em geral. P. cuja natureza é a mesma da verificada pré-limpeza/limpeza dos grãos. Além da perda teórica e da perda por arraste. ou simplesmente perda peso na pré-limpeza ou na limpeza dos grãos.i. = quantidade de água a ser removida.r. f .i.a. após a limpeza. se denomina perda operacional de secagem ou simplesmente perda de peso na secagem. se a operação referida for uma ou outra. (%) = P. = quantidade de impurezas/matérias estranhas a serem removidas. de caules e outros materiais. antes de secagem. após a secagem. Analogamente. ocorre a saída de alguns grãos (principalmente os malformados. é possível ser utilizada a equação 2: Equação 2:  100 . pode ser admitida como aceitável uma variação de peso nas operações de pré-limpeza ou de limpeza na ordem de 1. U.  Q.r.p.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 36 Para o cálculo do fator teórico da perda de peso. os leves e alguns quebrados) juntos com os materiais de descarte. calculada pela Equação 1).i. ao conjunto desses três fatores. é possível ser utilizada a equação 1: Equação 1:  100 . = peso do produto úmido ou peso do produto.i. Em geral. Como a umidade confere adesividade à superfície dos grãos (efeito mais intenso nos grãos de pericarpo menos liso). cuja soma constitui a fração caracterizada como perda por arraste. Quando da remoção das impurezas. = peso inicial do produto ou peso do produto sem limpeza. algumas partículas de grãos quebrados. .i.p. = percentagem de umidade do produto. juntamente com as avaliações dos “leves”. através dos mecanismos de movimentação de grãos e ar.f. vão se “soltando” materiais que estavam aderidos aos grãos quando úmidos. Para o cálculo do fator teórico da perda de peso.p.U .p. U. antes da secagem. onde:    Q.i. . arrastados pelo ar. em água.I. ocasionando o que se denomina “perda por arraste”. calculada pela Equação 2). I. 100 − I . não é representada apenas pela diferença proporcional de impurezas e/ou matérias estranhas entre o produto antes da operação e após essa (perda teórica.r.i. A variação de peso de produto. (%) = P. na operação de secagem.  P.5 a 3 vezes o fator teórico.  Q.f. no cálculo da variação de peso pela operação de secagem também não pode ser considerada apenas a diferença de peso por evaporação (perda teórica de secagem.i.i..  P. é perdida uma certa quantidade de grãos na própria operação. Igualmente. = percentagem de umidade do produto.r.p. 100 −U .i.i. f . pode ser admitida como aceitável uma variação de peso na operação de secagem na . originada do fator de perda pelos mecanismos de movimentação de grãos e ar. antes da limpeza. l. onde:    Q. na operação de limpeza. nas operações de pré-limpeza ou de limpeza (Figura 11). cujo valor corresponde ao somatório das perdas teórica (diferença entre os graus de impurezas/matérias estranhas dos grãos antes da operação e após ela). Ao conjunto desses fatores se denomina perda operacional de pré-limpeza ou de limpeza.i. respectivamente. P. . Quanto mais deficiente for a operação de pré-limpeza. e quanto maiores forem o fluxo de ar e/ou a movimentação de grãos durante a operação.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 37 ordem de 1.5 a 3 vezes o fator teórico (perda de peso por evaporação. que antecede a de secagem. maior é a relação de aumento de perdas em relação ao fator teórico. calculada pela Equação 2). impurezas e aos resíduos metabólicos dos organismos associados. principalmente. Essas transformações provocam o escurecimento dos grãos. o que favorece o crescimento microbiano e das pragas. Aumentos graduais da umidade e da temperatura da massa. As trocas de calor e água entre os grãos e o ar ambiente são dinâmicas e contínuas até o limite de obtenção do equilíbrio higroscópico. de descarboxilização. acelerando a sua atividade. em determinadas condições de temperatura. para o desenvolvimento de microrganismos associados. originam um conjunto de processos físicos. Em equilíbrio higroscópico. originam perda de material orgânico. As condições de elevada umidade dos grãos e a temperatura do ar ambiente aumentam o metabolismo dos grãos. respiram durante o armazenamento. Esse processo ocorre por sorção ou dessorção de água pelos grãos. permanecem em constantes trocas de calor e umidade com o ar no ambiente de armazenagem. enquanto a descarboxilação origina. químicas. resultando na redução do conteúdo da matéria seca dos grãos. resultando em perdas de qualidade e de valor dos grãos.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 38 4) ARMAZENAMENTO 4. aminas. em função de diferentes volumes estáticos de grãos. Os carboidratos dos grãos são diretamente consumidos pelo próprio metabolismo e de microrganismos associados. As alterações que ocorrem durante o armazenamento resultam em perdas quantitativas e/ou qualitativas. proteínas. Tais condições. por isso. podendo haver formação de substâncias tóxicas nos grãos. Por possuírem constituição química específica e estrutura interna porosa que lhes conferem características higroscópicas e de má condutibilidade térmica.1) SISTEMAS E MANEJO DE UNIDADES ARMAZENADORAS Durante o armazenamento. durante o armazenamento. do sistema de armazenagem utilizado e dos fatores ambientais durante a estocagem. com diminuições de massa específica e de matéria seca. se o armazenamento não for adequadamente conduzido. químicos e bioquímicos específicos e acumulativos na deterioração dos grãos. conhecido como efeito de massa. expressas na atividade de água (aw). Já as qualitativas são devidas sobretudo às reações químicas enzimáticas e/ou não enzimáticas. conferindo-lhes odores desagradáveis e fortes. resultando em perdas de valor nutricional e comercial. sob tais condições de armazenamento. A fração protéica sofre reações de hidrólise. de ácaros e de insetos durante a armazenagem. de desaminação e de complexão com outros componentes químicos dos próprios grãos durante o armazenamento. pragas e outros animais associados. através dos espaços intergranulares da massa de grãos. a qualidade dos grãos deve ser preservada ao máximo. Grãos são organismos armazenados vivos e. refletem o metabolismo dos próprios grãos. As perdas quantitativas são as mais facilmente observáveis. à presença de materiais estranhos. lipídeos e vitaminas. de microrganismos. a complexação com . A desaminação dos aminoácidos conduz à formação de ácidos orgânicos e compostos amoniacais. enquanto para os insetos e ácaros está entre 8 e 10%. A velocidade e a intensidade desses processos dependem da qualidade intrínseca dos grãos. em vista da ocorrência de alterações bioquímicas. são estreitamente relacionadas com o metabolismo dos grãos e o desenvolvimento microbiano. em função do diferencial de pressão de vapor de água e/ou de temperatura entre esses e a atmosfera intergranular. é de 14%. a umidade crítica dos grãos. altamente correlacionado com o desenvolvimento e a sucessão microbiana e de pragas durante o armazenamento. por isso há decréscimo do seu conteúdo total durante a armazenagem. físicas e microbiológicas. as quais caracterizam o processo de putrefação dos grãos. Reduções nos teores de carboidratos. na presença de umidade elevada e material nitrogenado. Os tonéis não devem ser expostos à insolação. Já a rancidez cetônica decorre da ação de alguns fungos que. que constituem o grupo das enzimas mais ativas no processo de oxidação de lipídeos. características higrométricas do ar. A integridade física dos grãos. água. a tiamina e a niacina são as que sofrem as maiores perdas. enquanto elevadas a comprometem. polímeros e outros. ácidos. em altas temperaturas. A ocorrência de ácidos graxos livres. O armazenamento em tonéis metálicos ou em bombonas plásticas pode ser feito tanto na forma não hermética como na hermética. ou mesmo constituintes de triglicerídeos e fosfolipídios. produzem metil-cetonas. é. entre outros metabólitos.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 39 açúcares redutores. A rancificação oxidativa consiste na incorporação do oxigênio aos glicerídeos e ácidos graxos livres. predispõe à deterioração da matéria graxa. para ser efetiva. a diminuição do teor de nitrogênio protéico e o aumento do conteúdo de nitrogênio não protéico. caixas. germinação das sementes e avaliação sensorial dos grãos armazenados constituem importantes parâmetros no controle da conservabilidade durante o armazenamento. em tonéis metálicos. por ácaros e/ou por insetos contribuem para o rompimento das ligações éster dos glicerídeos neutros. A redução do teor de extrato etéreo e o aumento do teor de ácidos graxos livres estão diretamente correlacionados com a velocidade e a intensidade do processo deteriorativo dos grãos. galactolipases e fosfolipases dos próprios grãos e produzidas pela microflora associada. Dessa forma. O menor grau de integridade física dos grãos acelera o processo hidrolítico através do contato das enzimas com a matéria graxa. Devem ser evitados os sacos plásticos convencionais não ventilados. A redução do teor e da disponibilidade das vitaminas lipossolúveis é acelerada pelo aumento da acidez e da oxidação do óleo dos grãos. O conteúdo mineral. especialmente nestes. dos constituintes químicos dos grãos. As lipoxidases. mesmo em condições adequadas. podem ter origem nos próprios grãos ou podem ser produzidas por organismos associados. representado pelo teor de cinzas. a qual pode ter ar normal e/ou aerobiose mínima. As atividades metabólicas dos grãos e dos organismos associados consomem a matéria orgânica. Na não hermética. por via hidrolítica oxidativa ou cetônica. podendo transformar estruturalmente a composição mineral sem alterar o seu conteúdo total. oxigênio e/ou íons metálicos. é um fator importante no armazenamento. Pequenas proporções de grãos quebrados possibilitam melhores índices de conservação. A avaliação desses índices é um eficiente parâmetro de controle da conservabilidade durante a armazenagem. . As determinações de peso seco e/ou peso volumétrico. dentre outros materiais. As ações de lipases. aldeídos. seja pela redução do seu conteúdo total e/ou pela suscetibilidade a alterações estruturais. valor nutricional. bombonas plásticas ou caixas de madeira. calor e outros produtos. a determinação do teor de cinzas assume valores proporcionalmente maiores na medida em que a matéria orgânica é consumida. Entre as hidrossolúveis. Vitaminas hidrossolúveis e lipossolúveis são altamente afetadas durante o armazenamento. As presenças de luz. aumentando o teor de ácidos graxos livres. a metabolizando até CO2. teor de micotoxinas. bombonas plásticas. com a formação de peróxidos. acelera o processo. os grãos devem ser armazenados com umidade baixa. tulhas e sacaria. a riboflavina. pelas correlações com a sua conservabilidade. a fração que apresenta as menores variações no seu conteúdo total durante o armazenamento. Os lipídeos caracterizam a fração constituinte mais suscetível à deterioração dos grãos durante o armazenamento. O armazenamento de grãos para pequenas quantidades pode ser efetuado em tonéis. por não apresentar facilidade de aeração natural. contaminação microbiana. presença e ataque de pragas. originando odor característico da rancificação. composição química. umidade e temperatura dos grãos. usa estruturas como armazéns e/ou depósitos de construção relativamente simples. requer grãos secos. ser mantidas em sacaria. devem ser bem reforçados o piso e a parte inferior das paredes. na construção. como a conservação de grãos com umidade de colheita (sem a necessidade de secagem). na mesma construção. e a utilização das edificações para outros fins que não a armazenagem. com a entrada de ar frio. os grãos devem conter 1% menos de umidade do que a recomendada para silos aerados. na parte superior. No sistema convencional de armazenagem. facilitam a aeração e reduzem os problemas de infiltração da umidade. por questões de segurança e operacionalidade. melhorando a conservação do produto. com destinos distintos. podem ser armazenados com boa conservabilidade por até um ano. A maior área específica de trocas térmicas e hídricas. Nas janelas . pelas janelas instaladas no lado oposto e/ou pelos lanternins telados. a armazenagem de grãos secos com a mistura de areia (seca) ou cinzas. nem a termometria clássica no controle da qualidade durante o armazenamento. A tradição. se a umidade estiver próxima a 13%.acético e propiônico ou a mistura de ambos ou. As portas devem ficar na direção dos ventos predominantes e dispor de escada removível. os grãos sem secagem podem.6m das paredes.5m de altura e 19m de comprimento. Tais medidas servem para impedir a construção de galerias e/ou subida de ratos pelas paredes. como a guarda de maquinaria agrícola e adubos. a versatilidade de utilização das instalações. pela incorporação de até 2% de ácidos orgânicos de cadeia curta. igualmente. de alvenaria. Nos galpões de alvenaria. Estas. com a incorporação de até 2% dos ácidos orgânicos de cadeia carbônica curta (Ver item 6. Assim. Nesse caso. é possível a conservação de grãos com até 18% de umidade. o custo da embalagem e a menor operacionalidade são importantes limitações do armazenamento convencional em relação ao sistema a granel. pelas aberturas inferiores (portas) e a saída de ar quente. extensivamente utilizada no Brasil. locais bem ventilados e pilhas com 4. na quase totalidade. As “tampas” das janelas devem ser afixadas por dobradiças presas na parte horizontal superior do marco e devem permanecer abertas enquanto não estiver chovendo. devem ser colocadas telas para evitar a entrada de pássaros. em tonéis ou bombonas. na medida em que permite a estocagem de vários produtos. É conveniente que os de madeira e os de tela ou bambu sejam construídos sobre pilares dotados de “chapéu chinês” ou “saia de lata”. de mais de uma espécie e/ou cultivar de grãos. e também nele não seja possível fazer aeração forçada. Nesse caso. O armazenamento hermético. superando um ano. especialmente se destinados para alimentação animal. Os galpões devem dispor de dispositivos anti-ratos. ser armazenados nesse sistema. Cuidados como estes. também. colocadas sobre estrados de madeiras. Grãos com umidade entre 18 e 25%. As pilhas devem ficar afastadas cerca de 0. Para durações de 90-120 dias. que permite o armazenamento. o maior espectro de contaminação microbiana e ataque de insetos.5m a 0. através de incorporação de ácidos orgânicos .5. Pequenas quantidades podem. É possível ser reduzida a aerobiose com a queima de um chumaço de algodão embebido em álcool. para ser eficiente. que ainda o predomina em nível de propriedade rural. sendo fechado o recipiente enquanto o algodão queima. em se tratando de grãos amiláceos. em galpões bem arejados. também.5 . A armazenagem convencional. além disso. embora ele não aceite automação no manuseio. oferece bons resultados. facilitam a convecção natural. os grãos devem ser armazenados com cerca de 1% menos .Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 40 Existem outras alternativas.todas altas e voltadas para o lado oposto aos ventos predominantes. os custos do investimento inferiores em relação ao silo ou ao armazém graneleiro caracterizam o sistema convencional. O armazenamento em sacaria.2). com o acondicionamento dos grãos em sacaria. precisam ser bem lisas. na mesma construção. a principal vantagem está na versatilidade. As pilhas de sacos. ácaros e roedores durante o armazenamento. no máximo. Quando essa elevação atingir 4 a 5°C. Figura 20. até que a diferença seja reduzida para 1 a 2°C de . ou. e o ventilador for ligado. possibilitando. durante a aeração. A intra-silagem parcial é feita através da interrupção do carregamento de silo. a temperatura deve ser controlada. principalmente em situações emergenciais. os que se encontram no terço inferior do silo (fundo) são retirados e recolocados novamente no silo. A seguir. com ductos de aeração e cabos de termometria. estruturas como silos. são necessários dispositivos de aeração e controle de temperatura. se houver dispositivos de redução de velocidade de carga. são redistribuídos. no máximo. Diariamente. pode ser atenuada. a cada período de 60 dias ou. O armazenamento de grãos nesse sistema exige tratamentos e cuidados especiais contra pragas. pela maior tendência à compactação e pela maior resistência à passagem do ar. Figura 19 – Interior de um armazém graneleiro. O aumento de temperatura da massa de grãos requer a adoção de cuidados para o seu controle. no sentido da insuflação. armazéns graneleiros e/ou granelizados. Assim. maior eficiência da aeração forçada. A armazenagem a granel se caracteriza pela dispensa do uso de embalagem. a compactação fica reduzida e os grãos. enquanto a altura da camada de grãos se situar entre um terço e a metade da capacidade estática do silo. para a estocagem dos grãos. ou outros materiais de construção disponíveis ou adaptados.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 41 de umidade do que a admitida para silos aerados nas mesmas condições ambientais. metálicos ou de concreto. em armazéns graneleiros de alvenaria (Figura 19) em silos de concreto. a fim de manter a sua qualidade durante a armazenagem. providos ou não de sistemas de aeração forçada. que se quebraram ao impacto com o piso. para manutenção da qualidade. no início do carregamento. Por outro lado. Este assunto está contemplado em capítulos (5 e 6) específicos. durante a operação de carregamento. em silos metálicos (Figura 20). para manejo de controle de qualidade dos grãos durante o armazenamento. havendo diferenças em relação aos de maior tamanho. utilizando. Ainda assim. deve ser acionada a ventilação forçada. O maior aproveitamento do espaço disponível e a menor dependência de mão-de-obra são aspectos vantajosos em relação ao sistema de armazenagem convencional. o que evita sua concentração na base do silo. A armazenagem a granel é mais adequada para grandes ou médias quantidades. Tais dificuldades podem ser corrigidas através de intra-silagem parcial ou total da carga de silo e/ou transilagens periódicas. entre a saída do elevador e o silo. durante o armazenamento. Silos metálicos para armazenamento de grãos a granel. a quebra de grãos. por termometria. 90 dias. O comportamento de grãos pequenos num silo ou graneleiro é semelhante para todas as espécies. conseqüentemente. principalmente. durante o armazenamento. aerado. Figura 21. Figura 22. como os anteriormente citados. geralmente milho em espigas. Os ripados (Figura 22) e os construídos com materiais disponíveis nas propriedades. Para isso. se bem construídos. Galpão tradicional de madeira. Paióis de tela. é importante que esteja bem seco e que o local de armazenamento seja bem ventilado. podem também ser utilizados com excelente conservabilidade do produto. na palha. Os paióis tradicionais (Figura 21) podem ser melhorados pelo aumento da ventilação e pela colocação de protetores anti-ratos. Já os paióis de alvenaria. além de facilitarem a secagem e a aeração por convecção natural do ar. com palha. . próprio para expurgo. para armazenagem de grãos. podem continuar a secagem natural do produto após a colheita. também permitem a realização da operação de expurgo. com ventilação por convecção natural e dispositivo anti-rato na forma de saia de lata ou chapéu chinês. com estrutura de construção inadequada para um bom funcionamento. Paiol “Chapecó”. mas de construção mais onerosa. A limpeza dos paióis e dos arredores é indispensável para o controle de roedores e de pragas. como bambu. tipo Chapecó (Figura 23). devem ser utilizados os parâmetros constantes em diagramas de aeração de cereais. O milho pode ser armazenado em espiga. Figura 23. De outro modo.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 42 maneira uniforme. Paiol ripado para armazenamento de milho em espigas. de alvenaria. São mais versáteis. Aos produtores de sementes mais interessa o item h. resultando em perdas do produto. por isso respiram. o calor e a água produzidos no armazenamento aceleram as reações de autodecomposição favorecendo o desenvolvimento microbiano e a produção de toxinas. d) alto peso específico. umidade e gás carbônico. causadas por insetos. pois de pouco adiantam todos os cuidados e despesas para o controle dos danos na lavoura. representam aspectos quantitativos e qualitativos. aos fabricantes de rações. ou em conjunto. Fungos. Os fatores que influenciam a qualidade do grão são: a) características de espécies e variedades. e g. ácaros e roedores. danificados e de materiais estranhos. facilitando o desenvolvimento da microflora. outras reações químicas e bioquímicas provocam consumo e/ou transformação dos compostos químicos. Os grãos armazenados são organismos vivos. os dois últimos são essencialmente quantitativos. o a. Estudados isoladamente. é possível se estabelecer predominância de características diferenciadas para cada origem. Estima-se que as perdas de grãos. e) alto rendimento em farinha (moagibilidade) f) boa conservabilidade do óleo. A autodecomposição é caracterizada pelo metabolismo dos próprios grãos. intensificam as reações de autodecomposição. o b. produzindo calor. b) baixas percentagens de grãos quebrados. produzem substâncias tóxicas denominadas aflatoxinas. encontrados no amendoim e em outros grãos. consumindo reservas nutritivas. se o produto for atacado e destruído nos depósitos. h) alta viabilidade (semente). f.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 43 4. os fungos podem comprometer a sanidade dos grãos. aos comerciantes. Embora existam estreitas correlações entre eles. PRAGAS Os grãos armazenados são atacados por pragas (roedores. Depois da ação de pragas. Enquanto são predominantemente os dois primeiros. c) baixa suscetibilidade à quebra. interessam os itens e. Além da respiração.2) PRAGAS E MICRORGANISMOS DE GRÃOS ARMAZENADOS Os fatores de perdas em grãos armazenados podem ser agrupados em autodecomposição. Há necessidade de se dar a devida atenção a esses seres vivos. g) elevado valor protéico. 4. insetos e ácaros). Embora importantes. aos moageiros. Se não forem removidos da massa de grãos. estejam na faixa de 20 a 30% e sejam devidas. b) condições edafoclimáticas na fase de desenvolvimento das culturas. i) baixos índices de contaminação por microrganismos. como o Aspergillus flavus. dos grãos e/ou do ambiente. Além de reduzirem a qualidade. ataque microbiano. sobretudo. j) alto valor nutricional. e) sistema de armazenamento e métodos de conservação. c) época e condição de colheita. o i. ação de pragas e danos físicos.2. que depreciam o produto. brocados. e o d. o c.1. e o j. Temperatura e umidade elevadas. às precárias condições de armazenamento no Brasil. que em excesso no corpo humano podem causar danos ao . que causam sérios prejuízos qualitativos e quantitativos. além de insetos e ácaros. restam grãos danificados que aceleram a deterioração da massa. nem todas essas propriedades são essenciais para todas as situações. d) métodos de secagem. As propriedades desejáveis para a conservação e/ou consumo do produto são: a) umidade uniforme e relativamente baixa. Por serem roedores. Importantes pelos danos causados no armazenamento de grãos e derivados. Há estimativas de que. já o rato dos telhados tem área de disposição mais ampla. Sendo seus incisivos dotados de polpas persistentes. Figura 24. ROEDORES Os roedores de importância em armazenamento de grãos e derivados pertencem à classe dos Mamíferos. ovais. Podem também causam danos em encanamentos e instalações elétricas (Figura 24). por deposição de urina e excrementos. A importância dos roedores também é ressaltada pelo fato destes animais constituírem um sério perigo à saúde humana e a de animais domésticos. forte e cônica. As espécies mais comuns são Mus musculus. atingem a capacidade de reprodução na idade de 3 a 4 meses. cerca de 210 anéis. podendo causar incêndios (curtos-circuitos). Tabela 10. poliomielite e raiva. como excremento. pois são portadores ou transmissores de pelo menos dez graves doenças. Rattus norvegicus e Rattus rattus. fina. Excrementos médios (10mm por 3 a 4 mm). seja por mordedura direta. Um casal de ratos num armazém consome cerca de 14kg de alimento entre o outono e o inverno. icterícia. Os ratos e as ratazanas representam um problema muito sério no processo de manejo e conservação de grãos armazenados.2. Rattus norvegicus (ratazana) Cauda mais curta que o comprimento do corpo e cabeça. em muitas comunidades do mundo. como cirrose e câncer. com uma média de 8 crias por parto. Orelhas grandes e translúcidas. compensando o forte desgaste a que são submetidos. 5 a 6 pares de mamas. tijolos e até concreto. barro. na maioria das vezes Mus musculus (camundongo) Cauda igual ao comprimento do corpo e cabeça. oblongos.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 44 sistema nervoso de mamíferos e problemas no fígado. à família Muridae e aos gêneros Mus e Rattus. Vibrissas ultrapassando o nível das orelhas. além de perderem milhares de pêlos. além de danos a embalagens e equipamentos. 6 pares de mamas. Vibrissas atingindo o nível das orelhas. O mais grave.1. . Patas com membrana interdigital. Fiação elétrica de armazém danificada por roedores. as quais. Caracterização das espécies mais comuns de roedores de importância para o armazenamento de grãos e outros alimentos. tanto a ratazana (Rattus norvegicus). Estes roedores destroem produtos em quantidades dez vezes maiores do que realmente podem consumir como alimento. porém. como o rato dos telhados (Rattus rattus) e o camundongo (Mus musculus) resistem a mudanças radicais de alimentos. escuros. sacaria. contaminando os produtos dos quais se alimentam. seus dentes incisivos permitem que eles abram orifícios em uma série de materiais. Orelhas curtas (1/3 da cabeça) e um tanto peludas. 5 pares de mamas Patas sem membrana interdigital Vibrissas atingindo o nível das orelhas. milho e outros grãos também podem conte-la. entre outras. Patas sem membrana interdigital. arroz. A ratazana e o camundongo se afastam somente cerca de 20 a 30 metros de suas tocas. como leptospirose. como madeira. em função do tipo de desgaste. Excrementos grandes (9 a 20mm por 3 a 6mm). por sua vez.5 litros de urina. é que neste período (meio ano) expelem. apresentam crescimento contínuo. Excrementos pequenos (3 a 8mm por 2mm). Ratos e ratazanas se reproduzem de 6 a 12 vezes por ano. Tais dentes apresentam sempre a coroa cortada em bisel. se alimentam à noite preferencialmente e se constituem nos principais roedores de armazéns e depósitos. a população de roedores seja igual à humana e de que esses animais possam destruir anualmente quantidades de alimentos equivalentes ao consumo de 10 milhões de pessoas. peste bubônica. na maioria das vezes Rattus rattus (rato preto) Cauda mais comprida que o corpo e cabeça menos forte e de diâmetro quase uniforme cerca de 260 anéis Orelhas longas (1/2 da cabeça) e quase nuas. à ordem Rodentia. Apesar de a aflatoxina estar freqüentemente associada ao amendoim.1. 4. ou através de seus parasitos internos e externos. tifo endêmico. correspondente quantidade de resíduos sólidos e mais de 5. ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS escuros quase pretos. 45 .Moacir Cardoso Elias acastanhados. as trilhas. são os chamados “caminhos de ratos”. os derramamentos de produtos. pois esse decréscimo significará uma vantagem nas operações subseqüentes. Além dos conhecimentos sobre biologia. hábitos. as trajetórias se evidenciam através de poeira e restos de grãos normalmente existentes no chão. preferências alimentares. Geralmente. A efetividade no combate a roedores se apóia basicamente no conhecimento de sua biologia e de seus hábitos. O combate deve ser sistemático. . Nas partes externas das edificações as pistas são evidenciadas pela existência de um caminho liso. A presença de buracos em locais de madeira ou nas sacarias são sinais de presença de ratos. os furos abertos em vasilhames. deve ser exterminado o máximo possível da população. A urina dos ratos normalmente apresenta fluorescência quando exposta à ação de uma lâmpada ultravioleta. A presença de materiais derramados no interior do armazém costuma ser reveladora da existência de infestações. sacaria e/ou outros materiais no interior dos armazéns e as manchas de urina. facilitando a manutenção restante em níveis que não representem danos econômicos importantes. Essa pode ser uma forma de detecção dos locais onde os roedores freqüentam nas infestações. Como os ratos costumam apresentar rotas regulares em seus movimentos.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 46 Figura 25) Rattus norvegicus. Quando roem sacarias e vasilhames. No interior das unidades armazenadoras. constante e realizado de forma integrada. os quais incluem. provocando perdas bem maiores do que o consumo. acabam produzindo pistas mais ou menos bem definidas. produzem aberturas bem maiores do que as necessárias para retirarem os grãos de que necessitam para se alimentarem. uma parte importante na eficiência e na eficácia dos programas de controle é a identificação dos sinais de infestação. locais de reprodução e intensidade de infestação. Figura 26) Mus musculus Figura 27) Rattus rattus. Na primeira aplicação de raticida. principalmente. isento de vegetação. Esta estratégia proporciona excelentes resultados.030 0.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 47 Nos armazéns. Raticidas insolúveis devem estar bem pulverizados no material portador (farinha. Deve-se usar antioxidante para preservar e prolongar a ação tóxica da isca.005 0. devem ser bem fechadas bem as portas e demais aberturas.0 1.025 0.5 Tabela 12. para depôs serem misturados em suspensão com o material portador.005 0.12 1. Este método requer o exame diário de cada armadilha e a sua preparação para o funcionamento contínuo. No controle pelo uso de raticidas.50 1. Características técnicas e dosagem dos principais raticidas anticoagulantes utilizados para controle de roedores em armazéns e depósitos. sendo aumentado o seu número conforme a eliminação dos roedores. é fundamental adequar a dosagem (Tabela 11) e as características técnicas dos produtos (Tabela 12) às necessidades de cada caso. bem distribuídas.005 0.005 É desaconselhável utilizar gorduras que rancifiquem rapidamente e tornem a isca ineficiente.00 16. em doses de 30 a 50g por toca. 1 : Isca. pão moído. é conveniente serem colocadas poucas armadilhas. Principais raticidas anticoagulantes e neurotóxicos para controle de roedores em armazéns e depósitos. 0.005 Pó.0025 0. Sua utilização é restrita para aplicações fora de construções ou no campo. O uso de cianureto de cálcio. pois pode ser fatal.25 Concentração 0. No começo. Iscas envenenadas evem ser atrativas e agradáveis aos roedores.56 0. a fim de ser conquistada a aceitabilidade pelos roedores.kg-1 0.026 0. . saída de tocas e caminho de acesso a outros compartimentos do armazém.025 0. 0.6 2. farinha de batata. que causam a morte somente com uma ingestão.30 1. Nome técnico Anticoagulantes Varfarin Coumacloro Coumafuril Coumatetralil Difanacoum Brodifacoum Neurotóxicos Alfa-naftil-tio-uréia fluoracetato de sódio Arsênico branco Estricnina Fosfato de zinco Sulfato de tálio RATICIDAS Nome comercial Ri-do-Rato Tamorin Funarin Racumin Ratak Klerate Antu Composto 1080 Arsênico branco Estricnina Fosfato de zinco Sulfato de tálio % i. sobretudo no caso de serem usados produtos tóxicos severos e de ação rápida. todos os buracos utilizados pelos roedores dentro ou ao redor do armazém.80 0. é muito eficiente para o combate de roedores dentro e fora dos armazéns. para dificultar o acesso de ratos.05 Pó. seguido de fechamento imediato com a mistura de cimento. em doses de 30 a 60g por toca. A fumigação.a 0. apresenta bons resultados. mas é inflamável e pode apresentar perigo de incêndio. cenoura. É importante tapar.75 : Isca.005 1. amido.12 33. com cimento e pedaços de vidro. Recomenda-se oferecer a isca sem o material tóxico por 2 a 4 dias. grãos cozidos e macerados. Já o bissulfeto de carbono. apresenta bons resultados. etc). farinha de peixe com casca de arroz. terra e vidros.005 0. Nunca deve ser efetuada em construções habitadas pelo homem ou por animais domésticos.2 3. Nome técnico Brodifacoum Bromadiolon Bromadiolon Cumacloro Cumatetralil Difenacoum Difethialone Floucumafen Nome comercial Klerat Contrac Maki Tomorin Racumin Ridak Rodilon Storm Fabricante Zeneca Aventis Novartis Novartis Bayer Zeneca Bayer Cyanamid Doses a aplicar Única Única Única Múltiplas Múltiplas Transição Única Única DL 50 mg. Raticidas solúveis devem ser primeiramente dissolvidos em água.0 0. Armadilhas são usadas geralmente como complemento de outros métodos de controle. grãos quebrados.5 0. Tabela 11. quando aplicada nas tocas. 0. devem ser colocadas em lugares estratégicos: caminho habitual.05 0. dependendo da parte do grão que atacam. Toda vegetação alta em volta dos armazéns. Nos métodos de controle preventivo. tendo como base vigas de concreto de 60cm de espessura. O exemplo mais conhecido desta praga é a traça Plodia interpunctella. A manutenção de inimigos naturais. pragas associadas e de infestação cruzada. As janelas e aberturas de ventilação devem ser protegidas com telas metálicas e as portas devem conter dispositivos que permitam boa vedação. microrganismos ou repelentes apresenta bons resultados. alimentando-se de todo o interior do grão e possibilitando a instalação nele de outros agentes de deterioração. Pragas primárias são aquelas que atacam grãos íntegros e sadios e podem ser denominadas pragas primárias internas ou externas. dificultando também sua reprodução. gatos.2. se desenvolverem no interior do grão. São primárias internas as que perfuram os grãos e neles penetram para completar seu desenvolvimento. A limpeza. em pragas primárias e secundárias.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 48 O controle denominado natural. desvalorizações comerciais do produto. INSETOS Os resultados da ação de insetos em grãos armazenados se traduzem em perdas de peso e de poder germinativo. Os principais exemplos dessas pragas são Rhyzopertha dominica. tanto interna como dos arredores.2. A instalação de dispositivos específicos só tem eficácia se associado com as medidas de limpeza. por exemplo. Sitophilus zeamais e Sitotroga cerealella.1. esteios e/ou colunas devem ser dotadas de saia de lata ou chapéu chinês (Figura 28). como vedantes de borracha ou similares. com uso de predadores (cães. as paredes devem ser recobertas com argamassa até a altura de 30cm e. 4. durante o armazenamento. mas é de difícil utilização prática. com altura mínima entre o piso e o solo de um metro. além de predar. uma medida de grande eficácia no combate aos roedores é a construção de armazéns e paióis com dispositivos anti-ratos. segundo suas características biológicas e de ecossistema. no entanto. Figura 28. apoiadas diretamente sobre o terreno. A destruição do grão é apenas para alimentação. quando fechadas. no mínimo. é o primeiro dos requisitos a ser empregado dentre as medidas destinadas a prevenir a infestação de ratos em unidades armazenadoras. Os insetos encontrados nos produtos armazenados podem ser classificados. Sitophilus oryzae. os entulhos e outros materiais que possam servir de esconderijos para os ratos devem ser eliminados. Esteios de paióis dotados de saia de lata ou chapéu chinês. Os paióis de madeira devem ser elevados. A ação dos insetos nos grãos. Nas construções de alvenaria. . espanta os roedores. disseminação de fungos e origem de bolsas de calor durante o armazenamento. Devem ser vedados todos os buracos e as fendas que não tenham como função a aeração. corujas). Para evitar as subidas de ratos. Já as primárias externas destroem a parte exterior do grão para poderem se alimentar da parte interna sem. é influenciada por vários fatores ambientais e de manejo. corpo ovóide e pubescente. 1758) . Elas só ocorrem na massa de grãos quando estes estão com a integridade física comprometida. Alimentam-se dos resíduos resultantes do ataque das pragas primárias e secundárias e dos fungos associados aos grãos. As espécies mais importantes são Sitophilus zeamais (Mots. trigo. se alimentam do endosperma e o destroem. 1833). tremoço. Na fase adulta. prejudicando o aspecto e a qualidade do produto armazenado. São exemplos as espécies Triboluim castaneum. As lavas desses insetos são de colorarão amarelo clara ou esbranquiçada.gorgulho do trigo e o Sitophilus oryzae . besouros) que. também são de ocorrência bastante comum. podem ser atacados por insetos de mais de trinta espécies. Pragas de infestação cruzada são aquelas que atacam o produto tanto na lavoura como durante o armazenamento. ervilha. Pragas como Tribolium castaneum (Herb.caruncho castanho da farinha e Oryzaephilus surinamensis (L. assim como os de outras espécies e seus subprodutos. 1831) e Zabrotes subfaciatus (Boh. As pragas associadas não atacam diretamente o grão. Sitophilus granarius (L. besouros). Os principais exemplos são o Sitophilus oryzae e S. trincados.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 49 As pragas secundárias se caracterizam por se alimentarem de grãos já danificados por insetos primários ou roedores. zeamais. As pragas mais importantes no armazenamento de grãos de leguminosas (feijão. ao eclodirem no interior do grão. As larvas. Acanthoscelides obtectus. 1758) . 1797) . lentilha. Figura 29. em cuja extremidade estão as peças bucais. também conhecidos como carunchos do feijão.gorgulho do arroz. As espécies mais comuns são: Acanthoscelides obtectus (Say.besouro roedor dos grãos. Multiplicam-se rapidamente e causam grandes prejuízos.gorgulho do milho. Oryzaephilus surinamensis e Cryptolestes ferrugineus. Figura 30. Sitophilus granarius (gorgulho do trigo). 1855) . mas não causam tanto dano como as outras citadas. fava e outros) são os carunchos e as traças. pois não conseguem atacar grãos inteiros. quando adultos. são cascudos de coloração castanho-escura. Os carunchos são insetos pertencentes à ordem coleóptera (cascudos. Grãos de arroz. milho. . quebrados e/ou com defeitos na casca. Os que causam maiores danos são conhecidos como gorgulhos e traças dos cereais. Os gorgulhos são coleópteros (cascudos. São pragas de infestação cruzada e de hábitos cosmopolitas (existem disseminados em todo globo terrestre). possuem corpo alongado e cabeça com uma projeção anterior. sendo desprovidas de pernas (ápodas). Esses insetos podem atacar qualquer tipo de cereal. Figura 35. as espécies que representam maiores prejuízos para os cereais são Sitotroga cerealela (Oliver.traça indiana dos cereais. ataca grãos inteiros. de hábitos noturnos predominantemente. causando deterioração no produto pronto para consumo. ataca a superfície da massa de grãos.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 50 Figura 31. . Rhyzopertha dominica (besourinho dos cereais). Tribolium castaneum. 1813) .traça dos cereais. Figura 32. Oryzaephilus surinamensis. As traças são insetos da ordem lepidóptera. como as mariposas. Sendo praga primária. Destas. Figura 34. Como todo lepidóptero. Figura 36. Sitophilus oryzae / Sitophilus zeamais. Figura 33. Sitotroga cerealella. Também atacam as farinhas. A infestação pode ser verificada pela presença desses insetos voando pelo armazém. 1897) . sendo que a traça indiana é mais ativa à noite. onde se desenvolvem. Plodia interpunctella. Somente as lavas atacam os grãos. e atacam somente a superfície da massa de grãos. e Plodia interpuctella (Hjebner. as terras de diatomáceas podem ser facilmente manuseadas com segurança por operadores de unidades armazenadora. Além de não apresentarem problemas com resíduos tóxicos nos alimentos. como alumínio. o que significa uma vantagem operacional. Por serem praticamente atóxicas. é um entrave na operacionalidade do processo. nem representarem maiores riscos aos manipuladores como os fumigantes. calcário. terras diatomáceas e outros. embora ocorram outros minerais. Essa quantidade. os pós-inertes são considerados muito seguros no uso. O componente mais expressivo desses fósseis é a sílica. apresentam baixa toxicidade aos mamíferos e não afetam a qualidade de grãos para farinhas panificáveis. em nível de pequena propriedade rural. dificultando a aeração e a movimentação dos insetos. São efetivos em dosagens mais baixas do que as terras diatomáceas. como cinzas. Há basicamente quatro grupos de pós-inertes: 1) areias. arroz. Existem certas plantas que exercem efeito repulsivo sobre os insetos e que. alguns problemas causados pelo uso de produtos químicos sintéticos para esse fim têm feito com que essa técnica. sódio e outros (Tabela 13). A morte ocorre por desidratação. magnésio. Efeito inseticida de terra diatomácea (dióxido de silício) sobre Rhyzoperta dominica e Sitophilus oryzae em trigo. como as rochas fosfatadas pulverizadas. as larvas localizadas no interior dos grãos passem à fase adulta e saiam da massa de grãos através do vôo. areias. como em túneis ou tulhas. Os espaços intergranulares ficam ocupados pelo material misturado aos grãos. Podem ser utilizados pós-abrasivos. 3) sílica aerogel. São necessárias exposições freqüentes para que. Os do segundo grupo são provenientes de fósseis de algas diatomáceas. argilas e outros tipos de rochas no controle de pragas de grãos armazenados. Em sua grande maioria são higroscópicos e abrasivos. 4) não derivados de silicatos. voltasse a despertar interesse. areia.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 51 Os métodos tradicionais de controle são mais adequados para pequenas quantidades de produtos armazenados. Tabela 13. nas formas de óxido e de hidróxido têm sido utilizado para proteger grãos destinados à alimentação animal. exercem algum controle. eficiente. principalmente na etapa de clarificação na refinação de óleos vegetais. pela ação abrasiva do pó. reduzindo muito sua utilização pela pouca praticidade. dessecantes ou inertes. Já existem formulações comerciais de pós-inertes. quando em geral é usada em mistura com carvão ativado. antes da filtração. como folhas de fumo e de eucalipto. A mais conhecida sílica aerogel é produzida pela desidratação de solução aquosa de silicato de sódio. quando. A maior parte dos insetos dos produtos armazenados levanta vôo quando estes ficam expostos ao sol. Uma alternativa é a exposição regular ao sol. aerogéis silicosos. destroem a camada cerosa que os protege contra a perda de água. Os do quarto grupo são constituídos pelos não derivados de sílica. aos poucos. 2) terras de diatomáceas ou diatomitas. ainda que pouco prática. O período de proteção é longo e não deixam resíduos em grãos destinados ao consumo humano. misturados com a massa de grãos em doses de 10kg ou mais por tonelada. na proporção de 9:1. Os do primeiro grupo têm sido empregados como uma camada protetora na parte superior dos silos. milho e cevada. Aluminossilicatos também podem ser utilizados para o mesmo fim. Controlam a maioria das pragas dos grãos armazenados. não serem conhecidos casos de resistência de pragas como nos químicos sintéticos. Os do terceiro grupo são pós não higroscópicos. cal. na tentativa de se movimentarem entre os grãos. fero. que possuem naturalmente uma fina camada de sílica amorfa desidratada. muito elevada. quando misturadas aos grãos. argilas expandidas. Essas terras têm expressiva utilização na tecnologia de alimentos. Embora seja conhecido há muito tempo. Cálcio. argilas e terras. o uso de pós. . 2 Média do número de insetos mortos sete dias após a aplicação do produto nos grãos. o que não ocorre nos tratamentos em questão. enquanto na fase de ovos.0 20. consumo animal. 3 Eficiência de mortalidade calculada pela fórmula de Abbott (1925) FONTE: Lorini (1999).00 a 100 20.0 20. matando os insetos em todas as suas fases .0 20.0 R. A densidade do fumigante depende da concentração do inseticida e de sua uniformidade na massa de grãos. a espécie de inseto. a sua fase biológica e as condições ambientais. semente. mas também para o homem e os animais. Métodos químicos de controle Antes da escolha do(s) inseticida(s) a ser(em) aplicado(s). havendo necessidade de forçar a distribuição através de dispositivos de aeração (ventilação forçada).000 0 500 750 1. tipo de estrutura usada no armazenamento e tempo de exposição da massa de grãos ao inseticida. a difusão do gás ocorre através da membrana ou dos canais respiratórios.t-1) 500 750 1.00 a 100 2.0 20.25 b 18. maior é a difusão do gás.50 b 20.0 20. Eles podem apenas eliminar o agente causal). pupa e adulto .50 d 3. Pelas suas características.00 a 100 20.00 a 100 20.Moacir Cardoso Elias Produto Dióxido de silício Dióxido de silício Dióxido de silício Sem pó inerte Dióxido de silício Dióxido de silício Dióxido de silício Sem pó inerte Dióxido de silício Dióxido de silício Dióxido de silício Sem pó inerte Dióxido de silício Dióxido de silício Dióxido de silício Sem pó inerte Dose (g.0 20.00 a 100 0.00 a 2.75 b 52 20. denominado fumigante.00 a 100 1. Não sendo preventivo. ou seja.ovo. larva.000 0 500 750 1.0 20. repetir o processo periodicamente ou complementá-lo com métodos preventivos eficientes.00 a 100 3. não diferem pelo teste de Duncan a 5% de significância 1 Infestação realizada após um dia de aplicação do produto nos grãos. em operações integradas com o expurgo. .0 20. sendo aplicados na forma de envelopamento.0 20. podem ocorrer novas infestações. Neste último.25 a 85 20. daí a necessidade de cuidados muito especiais na sua aplicação. O controle feito através de fumigação ou expurgo é de caráter corretivo (alguns o denominam curativo. dominica Nº2 E (%)3 Trigo 13. liberação de um gás. se bem executada.já estabelecidos nos grãos. tem uma eficiência de 100%. letal para os insetos de grãos armazenados.0 20.000 0 ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS Infestação Inicial1 20. então.0 20. ou outro). Controle com inseticidas fumigantes Nesses métodos de controle de pragas. Gases muito densos podem sedimentar. aplicados na base e na superfície dos silos.00 a 100 20.75 c Cevada 20.75 d 16. para cada praga e cada espécie de grão. sarar.00 a 1.25 c 8. deve ser levado em conta o destino final do produto (consumo humano direto.0 20. processamento industrial.00 a 0.00 b Nº2 6.0 20. também conhecidos por herméticos. A eficiência do fumigante utilizado depende de inúmeros fatores. Os pós-inertes têm apresentado bons resultados nos sistemas que utilizam manejo integrado de pragas. Deve-se.000 0 500 750 1.25 c 17. A fumigação.50 d S.0 20. embora este termo geralmente signifique meio que facilite ao organismo recuperar tecidos.50 b Milho 10. Quanto menos denso. é introduzido o inseticida e há.00 a 0. influem a concentração do inseticida.75 b 20.25 c 11. pois disso dependem o método de aplicação e o(s) inseticida(s) a usar.25 a 95 20. oryzae E (%)3 30 40 100 79 91 100 19 87 100 9 55 100 - 52 Médias seguidas da mesma letra. o inseticida age através do seu sistema respiratório.25 c 4. aos poucos. área de contato do grão com o fumigante. Nos insetos adultos e nas fases jovens (larva e pupa). têm se constituído em alternativa viável para controlar pragas resistentes a inseticidas químicos e mesmo nas cadeias produtivas que não utilizam agroquímicos.75 c Arroz 19.50 b 20.00 b 62 17.0 20. como temperatura e umidade dos grãos e do ar.50 ab 20. Portanto. nem ser feita exposição por tempo muito longo ao fumigante e. As unidades armazenadoras devem estar perfeitamente vedadas durante o expurgo. embora este último seja mais produzido. quando se trabalha com fumigantes sólidos. uma medida de segurança bastante necessária. deve ser usado aparelho de respiração autônomo provido de cilindros de oxigênio ou semelhante. dentre outras razões. Na operação de expurgo. sua fabricação deixou de ser processada e quando acabarem os estoques deixará de circular no mercado. como à camada de ozônio. Maneiras de realização do expurgo Em grãos a granel Geralmente. sendo permitido apenas o uso dos estoques remanescentes e esteja próxima a proibição total de sua utilização. A fosfina é 1. um lacrimogêneo.37 e o brometo de metila é 3. os tabletes ou comprimidos poderão ser aplicados através de sonda. 2) em concentrações acima de 15ppm. sempre que possível. alguns cuidados ou medidas de segurança e proteção individual dos aplicadores são fundamentais: 1) em concentrações até 15ppm. O brometo de metila ainda é encontrado no comércio. Em grãos destinados à alimentação. não deve ser repetido o expurgo com o mesmo produto. durante o carregamento.e papel filtro embebido em solução de nitrato de prata a 10%.33g de ingrediente ativo.. por isso contém 2% de cloropicrina fumigante. na forma líquida (Bromex). a qual revela a presença do fosfeto. No caso em que a unidade armazenadora estiver carregada.27 vezes mais pesado do que o ar. O expurgo só deverá ser realizado sob receita e supervisão de Engenheiro Agrônomo. tem ótimo poder de penetração e se dispersa no ambiente com rapidez.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 53 Os principais fumigantes usados para tratamento de grãos armazenados são a fosfina e o brometo de metila. 3) para detecção do gás. não devendo ser utilizadas doses elevadas. isto é. servindo de alerta durante a fumigação. pelos efeitos cumulativos do bromo. devem ser usadas máscaras de proteção respiratória com filtro próprio para fosfeto de hidrogênio. Conforme já referido. independentemente do tempo de armazenamento. humana ou animal. O gás se origina da hidrólise do fosfeto de alumínio ou de magnésio em contato com a umidade do ar ambiente. não deve ser aplicado brometo de metila mais de três vezes na mesma carga. É um produto altamente tóxico. Esses dispositivos são muito úteis na verificação de possíveis vazamentos. Volatiliza-se em temperaturas acima de 4°C. A indicação varia de 1 a 3g i. Phostoxim). os comprimidos ou tabletes são colocados em intervalos regulares sobre a correia transportadora. para funcionar como gás de alerta.utilizada junto a um tubo com reagente.a. O gás pode afetar a qualidade de sementes (germinação e vigor). uma vez que a fosfina pode causar acidentes fatais para os homens e os animais. É incolor e inodoro. que determina a concentração do gás . devem ser usados bomba manual . pelos nefastos efeitos ambientais causados.m-3. a distribuição é feita durante a operação de carregamento do silo ou armazém. A fosfina é encontrada no comércio na forma de pastilhas ou tabletes e comprimidos (Gastoxim B. só deve ser aplicado se elas estiverem bem secas e forem mantidas em temperaturas baixas. De 1g do composto são liberados 0. de acordo com as reações apresentadas a seguir. . Se for utilizado fosfeto de alumínio: AlP + NH2COONH4 + 3H2O ⇒ PH3 ↑+ Al(OH)3 + 2NH3 ↑+ CO2 ↑ Se for utilizado fosfeto de magnésio: Mg3P2 + NH2COONH4 + 6H2O ⇒ 2PH3 ↑+ 3Mg(OH)2 + 2NH3 ↑+ CO2 ↑ O gás desprendido cheira fortemente a carbureto. acondicionado sob pressão em recipientes metálicos. extremamente eficiente para o controle de insetos de grãos armazenados. Quando da utilização do brometo de metila. Pulverização residual O inseticida é pulverizado no interior das unidades de armazenamento. no ponto de contato do lençol com o piso. nem os que se encontram em esconderijos ou no interior da massa de grãos. nos cantos das filas. para facilitar a exaustão dos gases. O sistema de vedação. que se encontram na superfície e no ambiente. tendo o gás maior densidade do que o ar. Controle com inseticidas não fumigantes Estes produtos são utilizados nas formulações em pó ou líquido. Expurgo em pilha de grãos ensacados cobertos com filme plástico (pvc). Comprimidos ou tabletes são então distribuídos dentro de uma caixinha ou envelope. Geralmente tem efeito residual prolongado. pisos. Ao se retirar o lençol. . O lençol plástico (PVC) deve ser impermeável aos gases e apresentar certa resistência aos choques mecânicos (0. Os grãos. Deve ser aplicado em ambientes fechados.5 a 2. com a finalidade de prevenir a infestação. Seu uso objetiva o extermínio de insetos abrigados em depressões. e não de matar os insetos já instalados no interior da massa de grãos. devendo haver o cuidado de distribuir o líquido na parte superior do produto a ser tratado. sendo o fumigante distribuído nos locais pré-determinado. em paredes. na esteira. sobre sacos e outros invólucros. deve ser feita a vedação com “cobras de areia” ou outro material de similar eficiência. estrados e tetos dos silos e de outros depósitos vazios e limpos.2mm). Imediatamente após. O tempo de exposição varia de 72 a 120 horas. vãos e fendas. Figura 37.2mm). Pessoas e animais domésticos não devem permanecer no local de expurgo e nem arredores. que só são atingidos pelos fumigantes. desce espontaneamente.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 54 Em grãos ensacados A operação de expurgo pode ser feita através de câmaras móveis ou lençóis plásticos (Figura 40). são cobertos com lençol plástico (PVC. é feito com “cobras de areia” (20cm de largura x 1. só eliminando as formas jovens (larva e pupa) e adulta. com espessura de 0.0m de comprimento). pois. milho em palha. Pulverização e nebulização do ambiente É considerado um tratamento corretivo. que permitem a fumigação de cada pilha separadamente. durante o transporte para o silo. e são aplicados de diferentes maneiras. Pulverização e polvilhamento preventivos O inseticida é pulverizado ou polvilhado diretamente sobre os grãos a granel. não atingindo os insetos em qualquer outra fase. Em milho em espiga. ou outra forma. com palha Coloca-se uma quantidade conhecida de milho em palha sobre uma área cimentada ou sobre uma lona plástica. então. as janelas e as portas devem estar abertas. o procedimento é o mesmo. Manejo de temperatura e umidade Estes fatores limitam a produção e a sobrevivência de muitas espécies de insetos. Envolvem. limpeza de grãos e depósitos. remover ou distribuir a umidade e o calor acumulados. A diminuição da umidade relativa cria um ambiente desfavorável aos insetos e diminui a longevidade e a sobrevivência destes. Em geral é aplicada no comércio internacional. A temperatura ótima para o desenvolvimento dos insetos é de 23 a 35°C. entre outras. A umidade relativa do ar ótima para as principais pragas de grãos armazenados está situada em torno de 70%. na qual as espécies têm o melhor desenvolvimento. as seguintes operações: colheita na época própria. usar equipamentos adequados. por ventilação. Fumigação em armazém convencional. as bactérias e as enzimas que regulam o metabolismo dos próprios grãos. Outros métodos de controle Quarentena A quarentena tem por objetivo evitar a introdução e a disseminação de novas pragas. desinfestação das máquinas. Acima desses valores. a maior parte morre. além de ser antieconômico para algumas espécies de grãos.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 55 os quais devem assim permanecer por duas horas no mínimo. a maioria dos insetos não se reproduz e. são favorecidos os fungos. Sanitização das colheitas São medidas de higiene que visam evitar. tomar banho e vestir roupas limpas após o trabalho. O operador nunca deve trabalhar sozinho. não mistura de colheitas de safras diferentes. O inseticida pulverizado deve ser bastante volátil ou ser nebulizado. no ar. aeração e/ou transilados. . a fim de dispersar. Figura 38. É misturado em óleo diesel e aplicado por máquinas especiais que produzam gotículas extremamente pequenas. A reprodução das pragas é favorecida quando a umidade dos grãos estiver entre 12 e 15%. Em temperaturas menores do que 21°C. para uma temperatura na faixa ideal. Assim. Devem ser tomados cuidados especiais na aplicação de inseticidas (Figura 38). Refere-se às proibições ou restrições impostas ao transporte de produtos armazenados supostamente infestados por pragas. sendo a ideal de 28°C. o ambiente deve ser bem ventilado antes que entre alguma pessoa ou animal. os grãos devem ser secados uniformemente e mantidos nas temperaturas mais baixas possíveis. Umidades dos grãos menores do que 9% inibem a reprodução da maioria das pragas. acima de 38°C. por mantidas por longo tempo. permanecendo em suspensão. eliminar ou reduzir a multiplicação e/ou os danos causados por insetos em grãos destinados ao armazenamento. Em seguida. Complementam as medidas de controle e são realizadas antes do armazenamento. por certo tempo. mas este limite é difícil de ser mantido devido ao equilíbrio higroscópico entre a umidade relativa ambiente (atmosférica) e a da massa de grãos. tais como: ler o rótulo e seguir as instruções recomendadas. não fumar nem comer durante a aplicação. As baixas temperaturas podem ser conseguidas com a introdução de ar frio no ambiente. A alta temperatura pode ser conseguida com a introdução de ar aquecido em fornalhas. O método é aplicável para períodos prolongados e os gases mais utilizados são o nitrogênio e o carbônico. pela alteração da concentração dos gases CO 2. b) decréscimo do número de insetos sobreviventes ao tratamento. O2 e N2. o que torna o ambiente letal aos insetos. temperaturas diferenciadas podem ser usadas para retardar a multiplicação de espécies e até mesmo para eliminá-las (Tabela 14). As terras diatomáceas. sempre se levando em consideração que tanto a temperatura de exposição do material quanto o tempo de duração do calor podem afetar a qualidade final do produto. pelo uso de gases inertes. ou a 40% por 17 dias. d) não derivados de sílica. areia ou terra. queimadores de gás. de alimentação e fecundação. durante um período mínimo de 15 dias. Os pós-inertes. pode ser facilmente . Tabela 14. que possuem naturalmente uma fina camada feita de sílica amorfa hidratada. c) sílica aerogel. existindo também outros minerais. não afetam a qualidade de grãos para panificação. porém os problemas que os inseticidas químicos estão apresentando atualmente. Resposta de pragas dos produtos armazenados a diferentes temperaturas (ºC). e outros. resíduos em alimentos. b) terras diatomáceas. Para todos os estádios das principais pragas de grãos armazenados. misturado com os grãos controla a maioria das pragas de armazenamento de forma eficaz. como falhas de controle. o produto deve necessariamente estar contido num depósito hermético. etc. c) concentrações de CO2 inicialmente superiores a 70% e reduzindo para não menos de 35%. como rochas fosfatadas pulverizadas. são provenientes de fósseis de algas diatomáceas. Pós-inertes Com o advento dos químicos sintéticos. As baixas temperaturas provocam dois efeitos básicos: a) a redução das taxas de desenvolvimento. O controle é feito pela redução da concentração de oxigênio a um nível tal que mate a praga ou paralise seu desenvolvimento. as doses e os regimes de aplicação seguintes são necessários: a) concentrações de O 2 mantidas a menos de 1% por mais de 20 dias. magnésio. a 60% por 11 dias. O uso desse método está baseado na modificação da atmosfera. como o alumínio. O maior componente desses fósseis é a sílica. b) concentração de CO2 mantidas a 80% por 5 dias. Existem quatro tipos básicos de pós-inertes: a) argilas. Ação Letal Faixa de temperatura >62 50 a 60 45 a 50 35 a 42 35 32 a 35 25 a 32 13 a 25 2 a 13 2a5 10 a –5 -25 a – 15 Efeito esperado Morte em menos de 1 min. o uso de pós-inertes se tornou uma prática quase que totalmente esquecida. Assim como existe uma temperatura ideal para o desenvolvimento de pragas. A dose eficaz do produto é de 1-2 quilogramas por tonelada de grãos. Esse pó. sódio. além de muito seguros no uso e de apresentarem baixa toxidade aos mamíferos. estão proporcionando o retorno desse método no controle de pragas em grãos armazenados. as mais usadas nesse método. resistência pelas pragas. 1995 Gases inertes ou atmosfera modificada Para conservação de grãos armazenados. uso microondas ou outros dispositivos de aquecimento. Morte em menos de 1 hora Morte em menos de 1 dia Populações podem morrer Temperatura máxima para reprodução Lento crescimento populacional Máxima taxa de crescimento populacional Lento crescimento populacional Lenta mortalidade populacional Cessam os movimentos Morte em poucas semanas ou meses Morte em menos de 1 hora Subótimo Ótimo Subótimo letal FONTE: Banks & Fields. Por ser praticamente atóxico. ferro. através de equipamentos de refrigeração.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 56 Tanto as temperaturas baixas como as altas podem ser empregadas para o controle de insetos. deve ser usado um método corretivo para controlar os insetos que já se encontram nos produtos armazenados.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 57 manuseado de forma segura. assim como aplicação de um inseticida residual que previna a reinfestação das unidades armazenadoras. Sempre que possível. As perdas provocadas por infestações de ácaros podem ser minimizadas pelo armazenamento dos grãos com umidade baixa. seus hábitos e das interações com fatores do ambiente e condições de armazenamento. predominantemente os danificados. Mais de oitenta espécies de ácaros podem ocorrer em grãos armazenados. Figura 39. Métodos como a fumigação ou expurgo e a nebulização são eficientes e não apresentam problemas com efeitos residuais. especialmente em climas temperados. além da avaliação econômica dos danos causados. 4. iniciando com limpeza e desinfestação dos depósitos destinados ao armazenamento. os farelos e todas as espécies de grãos. Pode ser uma alternativa para controlar as pragas resistentes aos inseticidas químicos sintéticos e. Em seguida. Os danos causados por esses seres vivos em cereais não têm sido ainda extensivamente estudados em comparação com os de outras pragas. Interação de vários biotas no armazenamento. etc. A última fase do processo de controle é prevenir nova infestação. utilizando um método que atenda a tal exigência. ser usado no manejo integrado de pragas de grãos armazenados. Existem outros métodos de controle. em diferentes fases de desenvolvimento. em ambientes secos e com baixa temperatura. o uso de feromônios para a localização e monitoramento das populações de insetos. armadilhas luminosas. Também confere um longo período de proteção à massa de grãos. sem deixar resíduos em alimentos destinados ao consumo. que evitam a infestação. ÁCAROS Os ácaros atacam as farinhas. principalmente os de insetos. das máquinas e dos equipamentos utilizados em todo o processo. . O sucesso no controle dessas pragas requer conhecimento profundo de sua biologia. deve ser buscada uma integração entre os métodos de controle. como o uso de envoltórios resistentes à penetração das pragas. para a obtenção de melhores resultados. É indispensável seguir uma seqüência lógica na execução das medidas de controle.2.1. os ácaros atuam associadamente com outros seres (Figura 39). a associação de feromônios com patógenos. No ambiente de armazenamento.3. em feijão. fumo cru e sementes. . em rações. . . 1903). em arroz beneficiado e em farelos de algodão e de soja.Blomia sp. 1905). . 1781). . usar acaricidas como aramite. Os principais ácaros da poeira domiciliar já assinalados no Brasil são: .Cartoglyphus arcuatus (Troupeau.Acarus siro (Lineu. alho.Suidasia nesbitti (Hughes. para mantê-las em valores baixos. . os ácaros requerem umidades dos grãos (Figura 40) mais elevadas (13.Caloglyphus berlesei (Michael.5 a 15%) do que os insetos. em feijão.. 1879). farelos.Glycyphagus sp. Desenvolvimento de ácaros em grãos armazenados em função da umidade. em rações para suínos.Suidasia pontifica (Oudemans. 1902). . 1918).Lepidoglyphus destructor (Schrank. 25 24 23 22 21 20 ! % de umidade no grão 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 50 55 60 65 70 75 80 85 ! ! ! UR 98% UR 80% UR 70% UR 65% % de do do ar perda Ganho de água maior UR que aentre os grãosParalisa as atividades Ganho de água maior do que a perda Ganho de água igual à perda Ganho de água menor do que a perda Não vive muito bem Vive muito bem Morre em 3 a 4 dias Figura 40. durante um mínimo de 10 minutos. . rações) detectados no Brasil são: . em café em grão e em palha de arroz.manutenção da umidade do produto de tal forma que entre em equilíbrio com a umidade relativa do ar a 68% ou menor.Gohieria fusca (Oudemans. 1947. batatas. Os principais ácaros de cereais armazenados e seus subprodutos (farinhas. em rações fareladas e granuladas para aves.Blattisocius dentriticus (Berlese. .Aleuroglyphus ovatus (Troupeau. . em farinhas. adaptado. . . em rações. FONTE: Flechmann (1986).Tyrophagus putrescentiae (Schrank. clorfenson e dicofol. . As principais medidas de controle de ácaros em armazenamento de grãos incluem: . em farelo de soja e rações para bovinos. .Blattisocius keegani Fos. que consiste em manter o produto a 60ºC. .Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 58 Nas condições de armazenamento. 1758). 1948). soja. tetradifon.aplicação de termoterapia nos grãos. Os quatro primeiros são os que ocorrem com mais freqüência no País.integradamente com outras medidas. 1878). 1781) em farinha de mandioca e fumo cru.rigoroso acompanhamento das condições de umidade relativa e da temperatura do ar. Também podem permanecer ativos em temperaturas relativamente mais altas (até 45°C). clorbenzilato. Chortoglyphus arcuatus (Troupeau. pois no primeiro estágio de germinação podem ser suficientes para destruir a viabilidade das sementes. . Uma exceção comum para . . nos grãos. Umidade e temperatura elevadas. . b) alterações na coloração e aparecimento de manchas. 1897). Alternaria. todavia alguns exigem 93%. Diminuir-se a umidade relativa do ar no ambiente de armazenamento para valores abaixo de 65%. Insetos e roedores são controlados no armazenamento comercial. apesar de sua ação invisível. ou após a colheita. A temperatura ótima para o desenvolvimento dos fungos de grãos armazenados se situa entre 25 e 30°C. . enquanto a temperatura mínima é específica e pode ser bastante diferente para cada espécie. É importante conhecer os prejuízos causados pelos fungos.3. 1961. antes do seu armazenamento. A contaminação por fungos pode ocorrer antes da colheita. O mínimo de umidade para a germinação de esporos é 65%. . O tipo de grão e a danificação mecânica limitam a armazenagem de grãos com umidades mais elevadas. Esses fungos podem ser completamente destruídos durante a secagem.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 59 . no campo. d) alterações da composição química. . . 1781). por fungos. 1879). Eles necessitam um mínimo e um ótimo de umidade relativa e de temperatura para se desenvolverem. 4. ou durante ele. A contaminação fúngica pode ter início durante a fase de produção.Euroglyphus mainey (Cooreman.Dermatophagoides fariane Hughes. . significa reduzir a atividade da maioria dos fungos. são: a) aquecimento e emboloramento. Phoma e Aspergillus. causando as maiores perdas em grãos. Danos às propriedades sensoriais e aquecimento dos grãos são sintomas típicos de ataque fúngicos. 1974. Todas essas alterações podem ser visíveis ou não. mas é mais importante conhecer as condições para o seu desenvolvimento. 1903. Fusarium. A faixa de umidade relativa que os fungos suportem é mais importante do que a temperatura ótima. Cerca de cem espécies de fungos já foram isolados em grãos. Os principais danos causados. Helminthosporium. c) alterações no odor e no sabor. ou depois que o grão for colhido.Blomia tropicalis Bronswijck. e) perdas de matéria seca. Os fungos de campo são representados principalmente pelos gêneros Cladosporium. MICRORGANISMOS Os fungos estão entre as principais causas de deterioração dos grãos armazenados.Lepidoglyphagus lukoschusi Fain.Pyroglyphus africanus (Hughes. 1950). se a secagem não for adequada. mas provavelmente sejam os fungos os principais deterioradores. 1973. se os grãos forem adequadamente secos permanecem dormentes. Alguns fungos se desenvolvem bem ao redor de 37°C.Dermatophagoides pteronyssinus (Trouessart. se desenvolvem os fungos de armazenamento e não os de campo. f) diminuição do poder germinativo. aliadas a métodos inadequados de armazenamento e manuseio dos grãos são fatores combinados que resultam em maior desenvolvimento fúngico.Cheyletus malaccensis Oudemans. enquanto as plantas estão crescendo no campo. Coock e Oshima. Existem fungos capazes de suportar até temperaturas de congelamento. sendo superados apenas pelos insetos. 1954). como agentes.Tyriphagus putrescentiae (Schranck. g) produção de toxinas. 5 a 13. Os típicos de armazenamento resistem a umidades maiores. Acelerar excessivamente a secagem para prevenir o desenvolvimento de fungos pode acabar por danificar os grãos e resultar em frustrações de expectativas. assim. As condições do grão no início do período de estocagem afetam o período seguro de armazenamento. na espiga. devido à umidade excessiva de parte deles (16%). O dano pode ocorrer em locais isolados no silo. candidus. têm potencializadas as atividades metabólicas. restrictus. Os fungos podem causar a descoloração e/ou o enrugamento dos grãos. que pode ser atacado por um típico fungo de campo. em restos de grãos mofados em armazéns. A. flavus. Outros gêneros importantes são Penicillium e Fusarium. por exemplo. para o desenvolvimento dos fungos de estocagem. se desenvolvem com umidade relativa de 65%. Poucos esporos dos fungos de armazenamento estão presentes nos grãos antes da colheita. A. a 27°C e com 12. glaucus. onde a umidade for alta. os esporos germinam e crescem. de 22 a 23% (em base úmida). ochraceus e A. Os grãos que quebram durante a colheita. d) as condições de armazenamento dos grãos. não estão a salvo por um longo período de estocagem. Portanto. causando o mofamento de grãos durante o armazenamento. Quando as condições de umidade e temperatura são propícias. causar a perda do poder germinativo. contribuindo. o apodrecimento da raiz e outros efeitos que se manifestam na germinação destas sementes e/ou na fase jovem da planta. b) a temperatura dos grãos. mas variando na faixa de 10 a 16%. Além de umidade e temperatura ambiental favoráveis. Os fitopatogênicos. Algumas espécies de Aspergillus. podem estar propensos a infestações fúngicas.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 60 isso é o milho armazenado úmido. Um grão com tegumento em bom estado dificulta o acesso dos fungos ao amido do endosperma. a secagem. que se equilibra com umidade relativa de 90 a 100%. juntamente com as presenças de impurezas e de outros organismos. f) a presença de organismos estranhos. Grãos armazenados com umidade média relativamente baixa (13%). Os danos causados pelos fungos de armazenamento são bem maiores do que os produzidos pelos fungos do campo. A maioria dos fungos requer umidade alta nos grãos. As condições que possibilitam o desenvolvimento dos fungos de armazenamento são: a) a umidade dos grãos. que são as mais resistentes dentre os fungos de armazenamento. Testes com amostras em relação à umidade e à contaminação por fungos fornecem informações sobre as condições de estocagem que não podem ser obtidas através dos registros do armazém. A. Os fungos de armazenamento são abundantes em redor das propriedades. os fungos de armazenamento requerem um produto como suprimento alimentar. A umidade média do grão no silo não determina a segurança de armazenamento dos grãos. poucos lotes de grãos estão livres da sua contaminação.5% de umidade. e) a quantidade de impurezas na massa de grãos. morrem rapidamente em grãos em equilíbrio com umidade relativa do ar próxima a 70-75%. típicos de campo. Atividades de insetos e ácaros acarretam incrementos na umidade e na temperatura dos grãos. em caixotes. Os principais fungos de armazenamento do gênero Aspergillus são: A. Grãos de milho. aumentando as probabilidades de desenvolvimento de mofos. um grão com tegumento intacto tem melhores condições de armazenamento do que aqueles que estejam com trincamentos e/ou quebraduras. enfraquecer ou matar o embrião. silos e em elevadores de grãos. c) a integridade física dos grãos. a limpeza e/ou as operações de transporte ou armazenamento. . Nem todo o alimento contaminado por fungos possui a toxina. como através do leite. Esta toxina é muito resistente ao calor. A aflatoxina também pode ser letal para cobaias. ainda que o adulto não mostre sinais de toxicidade. sendo mais comuns o de fígado e o de rins. arroz e outros. sendo comum o câncer se manifestar nos casos em que os animais sensíveis consomem várias vezes pequenas quantidades da toxina. patinhos e peruzinhos. se consumida com regularidade ao longo do tempo. É muito comum em amendoim. . Ela passa das mães às crias. A aflatoxina. Ela é considerada uma das mais potentes substâncias cancerígenas naturais. mas ainda assim é preciso cuidado. fazendo mal aos animais jovens. denominadas micotoxinas. cloro gasoso. no leite. Aspergillus flavus (x 1650). mofamento e endurecimento do grão. durante o armazenamento. é a mais importante delas. algodão e torta de soja. alimentados com leite de vaca que tenha ingerido rações contaminadas pela toxina. como oxipropileno. alguns causam as manchas do “olho azul”. Em conseqüência disso. A aflatoxina. Figura 41. tendo menor incidência em grãos inteiros de cereais como trigo. de um dia. muitas vezes uma aparência de produto sadio pode não significar a inexistência de substâncias tóxicas. podem levar à morte em poucos dias. sendo possível sua destruição com substâncias químicas. É toxina letal para animais jovens. torta de amendoim. Alguns fungos produzem substâncias tóxicas. mas como sua presença é invisível a olho nu. Doses elevadas. SO2. 12. centeio. já tendo ocorrido também casos de morte de crianças (raro).5% para sorgo e 13% para milho e trigo. com efeito cumulativo. é interessante se controlar o máximo possível a contaminação por fungos. ácidos e álcalis. Além da descoloração do embrião. e da danificação ou morte do embrião (semente). porém. Colônia de Aspergillus flavus em milho. de partes do grão ou de todo ele. tanto por ingestão direta do alimento contaminado. sorgo. Figura 42. milho.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 61 Os fungos atacam os grãos com umidade a partir de 12% para soja. que é produzida principalmente por Aspergillus flavus. pode causar vários tipos de câncer. Algumas destas transformações são desejáveis e mesmo necessárias a alguns alimentos. Substâncias tóxicas associadas a vegetais ou a produtos de origem vegetal. como A. os quais podem ser controlados por ação rápida de aeração. uma substância também bastante tóxica. As rubratoxinas produzidas por Penicillium rubrum tingem o produto de vermelho. Esta toxina pode também provocar infertilidade e aborto e ainda crescimento de mamas em machos. eventualmente. em muitos casos. devido à ingestão de milho contaminado. Entretanto. flavus. Estão associadas à ingestão de produtos como feno e grãos mofados. associadas a doenças de fígado. se tem observado as diferentes alterações que ocorrem no sabor e na qualidade dos alimentos. substância tóxica relacionada com o efeito de hiperestrogenismo. utilizados para alimentação humana e de animais. que tingem o arroz de amarelo. . têm sido noticiadas desde tempos bíblicos. A decomposição que ocorre nos alimentos in natura e em produtos alimentícios processados nem sempre se caracteriza apenas nas propriedades sensoriais. O fungo Fusarium culmorum também tem sido relacionado a surtos de toxicose em gado leiteiro. o qual infesta cereais e outras gramíneas. alimentados com rações mofadas.C. não são cancerígenas. Os sintomas envolvem a queda de lactação e a perda de apetite. que também causam convulsões e vômitos. Figura 44. como ocorre com o sabor e o odor dos diferentes tipos e variedades de queijos. semelhante a aflatoxina. Existem outras toxinas. além da decomposição e da produção de micotoxinas em graus variáveis. devidas ao crescimento de fungos. acarretar conseqüências danosas e prejudiciais à saúde do homem e dos animais. mas causam principalmente hemorragias. intra-silagem e/ou retificação de secagem.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 62 Figura 43. de sangue e de rins. Fusarium. que ocorre principalmente em suínos. Colônias de Aspergillus niger em milho. transilagens. Outros fungos causam problemas de aquecimento rápido da massa de grãos. O Aspergillus ochraceus e o Penicillium verrucosum produzem a ocratoxina. produzindo sabores e odores desagradáveis. Durante centenas de anos. Um exemplo é o ergotismo. Há vários fungos que produzem a zearalenona. os fungos podem causar transformações indesejáveis aos alimentos. podendo. doença causada pela ingestão de toxinas produzidas pelo fungo Claviceps purpurea. cujos relatos datam de 600 a. São capazes de se manterem em desenvolvimento com baixa umidade. G1. embalados ou não. intensamente fluorescentes quando observadas em luz ultravioleta. Os efeitos dos principais fungos de grãos armazenados aparecem na Tabela 15. gangrena seca das extremidades e surgia de forma epidêmica em conseqüência da ingestão de micotoxinas presentes nos escleródios (esporão do centeio) do fungo Ascomycete Claviceps purpurea. nesses animais. M1. fibras e alimentos. revelam aumentos anuais de 20% na incidência de amostras de grãos contaminados com aflatoxina que ultrapassam os 20ppb de níveis aceitáveis para o consumo humano e diário para animais. Uma das evidências da presença de fungos é o aquecimento da massa de grãos. o termo aflatoxinas se refere a 4 compostos fumarínicos substituídos. juntamente com o Fusarium. As aflatoxinas M1. os quais determinam sua classificação em B 1. são os maiores produtores de micotoxinas. Porém. se manifestava sob a forma gangrenosa e nervosa. foram constatados quadros patológicos ocorridos em populações que se alimentavam com pães elaborados a partir de farinha de centeio. B2. de comprimento de onda longo (366nm). estas substâncias se apresentam como cristais incolores ou levemente amarelados. uma vez que não são visíveis a olho nu. quando consumiam feno. realizadas pela Food and Drug Administration (FDA). quando observadas em luz ultravioleta de 366nm. Os animais domésticos também eram afetados pelos ergoalcalóides. tais como sementes. As aflatoxinas B emitem fluorescência azul (blue). Desde sua descoberta. e M2 apresentam fluorescência azul-violeta. Fungos de armazenamento estão sempre presentes em alto número em todo o tipo de material como ar. água. produzindo toxinas que reduzem a qualidade nutritiva dos grãos e seu valor de mercado. Os fungos podem ser saprófitos ou parasitas. tornando difícil detectar sua presença. Purificadas. septoria. purpurea. centeio e outros cereais contaminados pelo C. oídio. mais de 17 compostos designados como aflatoxinas já tiveram suas estruturas químicas elucidadas e são metabólitos fúngicos secundários ou produtos de biodegradação. . caracterizada posteriormente como ergotismo. dependendo das características do ergoalcalóide ingerido. produzia convulsões. encontradas em alimentos contaminados. enquanto as aflatoxinas G emitem fluorescência verde (green). mas alguns fungos não causam aquecimento. Análises. Os parasitas causam doenças nas culturas no campo. e se diferenciam pela cor da fluorescência emitida. contaminada com fungos. Esses gêneros. O ergotismo. como ferrugem. algumas espécies dos gêneros Aspergillus e Penicillium constituem os fungos que mais proliferam nos grãos armazenados. carvão e outras tantas.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 63 Na França entre os séculos XI e XVI. G2. rações. poeira. A doença. Os sub-índices 1 e 2 indicam a mobilidade cromatográfica relativa. giberella. Dentre os fungos de depósito ou armazenamento. contendo um dehidrofurano fusionado e diferentes radicais. e M2. e são constituintes normais da película de grãos e sementes. grãos. Os saprófitos podem causar a deterioração dos mais variados produtos e subprodutos agrícolas. a agentes oxidantes ou a valores de pH extremos. arroz. Por esta razão. na presença de oxigênio. A proporção com que as aflatoxinas B 1. G1 e G2 estão presentes nos cereais é dependente da espécie de Aspergillus presente. toxicoses humanas agudas. sorgo. O nome Zearalenona é derivado parcialmente do nome da espécie da planta hospedeira (zea. B2. milho e outros oleaginosos trigo. Mesmo a estrutura química sendo estabelecida apenas na década de 1960. insolúveis em solventes apolares e bastante solúveis em solventes orgânicos moderadamente polares. grãos atacados. flavus está adaptado aos grãos e à parte aérea dos cereais. insetos. Os principais fatores que favorecem o desenvolvimento de fungos. O nome aflatoxina se originou do somatório da letra a. cancerígeno. parasiticus) Deoxinivalenol (Fusarium graminearum e espécies aparentadas) Citrinina (Penicillium spp. das sementes ou das rações. G1 e G2). flavus é mais comum em milho e sorgo. Fumonisina (Fusarium moniliforme e espécies aparentadas) Ocratoxina (Penicillium verrucosum. impurezas e matérias estranhas. proveniente do gênero do fungo produtor (Aspergillus). O armazenamento é fator determinante na formação de micotoxinas. por exemplo. O anel lactona das aflatoxinas é suscetível à ação de álcalis fortes. inibição no crescimento dos porcos. B2. para aves. que o Aspergillus flavus fosse o único fungo produtor de aflatoxina. A. o Aspergillus nomius. são: umidade. parasiticus está mais bem adaptado ao solo. nível de oxigênio. acrescido da palavra toxina. enquanto o A. fungos produtores de toxinas e riscos para a saúde. Micotoxinas. enquanto o A. . en da dupla ligação C:1‘-2´ e ona de cetona. cevada e trigo RISCOS PARA A SAÚDE cancerígeno. O A. parasiticus produz as quatro (B1. porcos e aves. milho. tipo clorofórmio. MICOTOXINAS E FUNGOS QUE AS PRODUZEM Aflatoxina (Aspergillus flavus. doenças do fígado e outros efeitos nocivos em suínos e aves. possivelmente cancerígeno para o homem. nível de contaminação. relatos de 1928 já relacionam problemas de vulvovaginites em suínas com a ingestão de milho deteriorado. Aspergillus parasiticus também é capaz de produzi-la. originário da espécie (flavus). doenças do fígado e outros efeitos nocivos para o homem. A zearalenona também teve sua estrutura elucidada em época semelhante. condições físicas e condições sanitárias dos grãos. doenças em cavalos. A aflatoxina também é degradada através da reação com amônia ou hipoclorito de sódio. fla. suínos e bovinos. Aspergillus ochraceous) Zearalenona (Fusarium graminearum e espécies aparentadas) milho e trigo As estruturas químicas das aflatoxinas foram elucidadas na década 1960. As aflatoxinas são pouco solúveis em água (10-30µ g. São instáveis quando expostas à luz ultravioleta. temperatura adequada e protegidos da ação de insetos e roedores têm menor possibilidade de contaminação por micotoxinas. parasiticus é mais comum em amendoim. amendoim. perturbações internas.mL-1).) PRINCIPAIS GRÃOS arroz.Zea mays) ral de resorcylic acid lactone. temperatura. influência na produção porcina.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 64 Tabela 15. metanol e dimetil sulfóxido. enquanto o A. cevada cereais Milho Café. Julgou-se. por muito tempo. tempo de armazenagem. menores do que 3 e maiores do que 10. Produtos armazenados com baixa umidade. suspeita de causar câncer ao esôfago. doenças do fígado no homem e nos porcos. assim como há relatos de produção de aflatoxina por uma espécie rara. o A. durante o armazenamento. Aspergillus flavus produz aflatoxinas B1 e B2. através do isolamento de um composto uterotrófico de milho contaminado por Gibberella zeae. crookwellense e o F. é necessário que o lote esteja em boas condições físicas e sanitárias. para alimentos destinados ao consumo animal.kg-1. além da conhecida eficiência no controle de insetos. que relatam a influência da temperatura e da umidade relativa na produção de aflatoxina em amostras de milho contaminado com A.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 65 A fosfina. Entre todas as espécies. sem. porém a maior produção de zearalenona ocorre com temperaturas entre 12-18ºC. graminearum é o maior produtor. A contaminação máxima permitida para aflatoxinas. Colletotrichum e Cercospora. também pode provocar redução de fungos quando expostos a diferentes concentrações desse fumigante. a 25ºC.kg-1. é absorvida no trato digestivo. A maior parte da aflatoxina responsável pelas intoxicações. a partir de 61. Deve ser tanto menor a umidade dos grãos no armazenamento. a partir de 64% e.kg-1 e a Romênia 3µg. a 15ºC. em grãos e in vitro.kg-1. Algumas pesquisas. haphilicus e A. flavus.5% de umidade relativa. restrictus são fungos que crescem vagarosamente e precisam de períodos mais longos de armazenagem para que sua presença seja observada. Outros fungos que não são considerados de armazenagem. Períodos longos de armazenamento tendem a oferecer melhores condições para o desenvolvimento de fungos que crescem em graus de umidade mais baixos. semitectum também considerados produtores de zearalenona. os índices de grãos quebrados. para alimentos destinados ao consumo humano. por terem características xerofílicas. A legislação brasileira tem como limite máximo 30µg. Estudos recentes demonstram a capacidade da aflatoxina em atravessar a barreira placentária em humanos. a União Soviética 1000µg. o F. matérias estranhas e a contaminação fúngica. gerada pela reação do fosfeto de alumínio com água. concluem que a toxina é produzida pelo fungo. sondo o F. A. resistem às condições de estocagem de 13% e após o reumedecimento crescem rapidamente.kg-1 (30ppb) para a soma das aflatoxinas B1 e G1. Os níveis de tolerância considerados aceitáveis para a contaminação de milho por zearalenona também dependem de cada país. Também é possível a absorção através da pele e das vias respiratórias. podem resistir a períodos longos de armazenagem. partidos. é 25ºC. e de 20 a 50µg. quanto maiores forem os períodos de armazenagem do lote. A melhor temperatura para o crescimento de Fusarium spp. tanto em humanos quanto em animais. a 40ºC. Fungos do gênero Aspergillus. em umidades relativas a partir de 86. A zearalenona é um metabólito secundário produzido por várias espécies de Fusarium. na maioria dos países. contudo. O Brasil tolera até 200µg. Há possibilidade de produção de aflatoxina em milho estocado com 13% de umidade e um posterior reumedecimento. sendo a temperatura ótima de 27-30ºC. em alimentos destinados ao consumo humano. devida à condensação pelo calor. impurezas. como Helminthosporium. assim como seus danos.5%. . Para armazenamento em longo prazo. haver registros de que produzam toxinas. A produção de aflatoxina pode ocorrer em temperaturas extremas de 12 a 42ºC. varia de 5 a 20µg.kg-1. por sua vez. umidade. Fonte: adaptado de Sinha & Muir (1973). visando uma boa conservação. Tanto os fatores abióticos como os bióticos interferem na ação enzimática no ecossistema de armazenagem. esses. como temperatura. são influenciados por fatores abióticos. os grãos são os principais componentes de um ecossistema (Figura 45) dinâmico. AERAÇÃO. para promover a redução e a uniformização da temperatura na massa de grãos armazenados. na massa de grãos há um percentual de poros entre eles. em função também das propriedades do ar. há transferência total. possibilita a passagem do ar entre. Ecossistema de armazenagem. são fatores bióticos de deterioração. porosa. entalpia. gerando deteriorações e outras perdas. pressão. Dentre as propriedades dos grãos. entre outros. outras formas de se promover a ventilação dos grãos são a transilagem e a intra-silagem. Figura 45. influindo diretamente no metabolismo dos grãos e na sua conservação.1. Roedores. pela redução das atividades metabólicas dos próprios grãos e dos organismos associados. Além da porosidade interna. TRANSILAGEM E INTRASSILAGEM Sob o ponto de vista operacional. por onde o ar circula. insetos. ou “vazios” intersticiais. Na primeira. sendo todos os grãos de um silo removidos para outro. cujas interações químicas. a porosidade. O fato de os grãos constituírem uma massa não compacta. eles com trocas constantes de umidade e calor. em constante transformação. Num silo e/ou armazém. ácaros e microrganismos. ou de uma célula . os intergranulares.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 66 5) MEDIDAS ESPECIAIS DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 5. por exemplo. a higoscopicidade e a condutibilidade térmica têm grande importância na aeração. a aeração pode ser definida como a prática de se ventilar os grãos com fluxo de ar cientificamente dimensionado. sistema de circulação do ar. físicas e biológicas promovem alterações quantitativas e qualitativas. Além da aeração. integridade dos grãos. que ocorre pela formação de correntes convectivas. 5.3. A eficiência da aeração é devida em grande parte à homogeneidade da distribuição do ar. enquanto na transilagem e na intra-silagem são os grãos que passam pela massa de ar. Fonte: Adaptado de Peres (2001). com auxílio do elevador. com retorno para o mesmo silo ou a mesma célula. Para que aerar? a) manter baixa e uniforme a temperatura dos grãos. Objetivos da aeração Os objetivos essenciais da aeração são o resfriamento e a manutenção do grão a uma temperatura suficientemente baixa e uniforme para assegurar uma boa conservação. através da redução das atividades metabólicas dos próprios grãos e dos organismos associados. d) complementar a secagem.2.1.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 67 para outra. nas condições ambientais.1. Na aeração. . se o ventilador for subdimensionado. e) corrigir pequenas variações de temperatura e/ou de umidade dos grãos. 5. pela massa de grãos. onde é convenientemente distribuído por sistema de canaletas ou dutos de distribuição. O ar é insuflado ou aspirado por um ventilador ou exaustor. c) evitar a migração da umidade. Na circulação forçada. b) reduzir os riscos de perda. é insuflado ou aspirado por ventilador ou exaustor. no caso de armazéns graneleiros septados. dependendo do sistema. com auxílio de ventilador ou exaustor. desde que sejam corretamente dimensionadas. Como ocorre a aeração? A aeração é realizada pela circulação forçada do ar ambiente através da massa de grãos. através da passagem pelo elevador de parte dos grãos. A insuflação e a sucção têm eficiências praticamente iguais. Por exemplo.1. conduzido na massa de grãos através de condutos. Representação esquemática da aeração de grãos por insuflação e aspiração ou sucção do ar. na insuflação ocorrerá condensação na cobertura ou “chapéu” do silo e na sucção haverá o “embuchamento” do ventilador por partículas menores que certamente serão arrastadas. 5.1. que o distribui convenientemente através da massa de grãos. forçadamente. o ar. ou parcialmente modificadas. Figura 46. o ar passa. na segunda há movimentação parcial. que ocorre na aeração. A eficiência da aeração depende em grande parte da homogeneidade da distribuição do ar. b) reduzir os riscos de perda por deterioração. . em ciclo único ou então progressivamente. Tabela 16. porque se os problemas não estiveram no topo do silo. o ar já está carregado modificado. como fungos e outros associados associados. Se os grãos aquecidos estiverem na base. c) evitar a migração da umidade. Características comparativas operacionais entre aspiração ou exaustão e insuflação.Aquece o que deveria resfriar e pode umedecer o que deveria permanecer seco. esse seja um objetivo secundário. Isso gasta mais energia para ter menor qualidade da massa de grãos. através dos quais o ar pode circular.5. embora. como danos latentes.Rendimento real. há o arrefecimento imediato. ao se promover a aeração de grãos.Ao entrar em contato com os grãos. o ar não transportará calor pela massa .No silo . busca-se: a) manter baixa e uniforme a temperatura dos grãos. em função da irradiação e da condutibilidade térmica. . sai do silo . Operação aspiração insuflação . e) corrigir pequenas variações de umidade e/ou temperatura dos grãos e/ou decorrentes de odores indesejáveis. desde que sejam corretamente dimensionadas. desde que assim o .5. nesse caso. Como é possível a aeração? O fenômeno simples da aeração é possível pelo fato de ser a massa de grãos um material “poroso”. em etapas sucessivas. a aeração é utilizada como meio de conservação temporária enquanto os grãos aguardam a secagem. Isso aumenta sua capacidade de transferência a interna de umidade. provisória.1. Aeração provisória: É utilizada em grãos recém-colhidos.1.1. não compacto.Inspeção . como a incidência de defeitos nos grãos.Permite excelente taxa de ar no momento do enchimento do silo ou do graneleiro.1. Neste caso. 5. Exemplo clássico de problema operacional provocado por incorreção é o subdimensionamento do ventilador: na insuflação provoca condensação na parte interna da cobertura do silo e na sucção o “embuchamento” do ventilador por partículas menores certamente arrastadas. a ventilação é aplicada para corrigir um início de aquecimento ou para resfriá-los. porque se os por análise problemas não estiveram na base do silo.O ar insuflado que entra em contato com os grãos tem ainda as condições ambientais e começa a resfria-los já desde o ingresso. pois o mais importante é a manutenção dos grãos resfriados.1. aumentando a segurança operacional. transferindo calor para o interior do silo. com transferência uniforme de calor e vapor. que ocorre pela formação de correntes convectivas. de acordo com o projeto de aeração . Simultaneamente. Tipos de aeração Em geral. para manter controlado o metabolismo dos grãos e dos organismos que acomopanham os grãos desde a lavoura. se as condições do ar assim o permitirem. O volume total ocupado pelos grãos apresenta certa percentagem de poros intergranular ou “vazios” intersticiais. Fonte: Adaptado de Peres (2001) 5. Aeração de resfriamento ou manutenção Para grãos armazenados em condições de conservação.2.Baixo rendimento. complementar. . limpos e com umidade entre 8 e 14%.4. São tipos mais comuns de aeração: de resfriamento ou manutenção. que cheguem úmidos (com umidade superior à recomendada para uma boa conservação) na unidade de armazenamento.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 68 A aeração por insuflação e aspiração (ou sucção) podem apresentar eficiências equivalentes (Tabela 16).5. corretiva. 5. se eles estiverem no topo. o ar que sai do ar que já interagiu com os grãos em bom estado. dependendo da espécie e de outros fatores.Na aeração . secante e transilagem.Enchimento .A inspeção pode ser mascarada. para controlar não apenas danos imediatos. num silo ou num armazém. que se manifestam durante o armazenamento. o ar que sai já interagiu com os grãos em bom estado. d) complementar a secagem. 5. pode haver remoção de alguns pontos percentuais de água. trabalho triplicado do silo .A inspeção pode ser mascarada. mais ricos em gordura e mais danificados forem os grãos. Figura 47. elaborado por Burges e Burrel. O diagrama de conservação de grãos (Figura 47). São parâmetros médios. Diagrama de conservação de grãos.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 69 permita a temperatura exterior. por isso denominados organismos associados. são consideradas a umidade e a temperatura apenas dos grãos. Fonte: Burges e Burrel (Cristensen.1974). mais drásticos são os efeitos da temperatura e da umidade em sua conservação. Como na aeração é forçada a passagem do ar pela massa de grãos e na transilagem são os grãos que passam pela massa de ar. é uniformizar a temperatura em toda a massa de grãos. É interessante notar que no diagrama de conservação de grãos. muito importantes nas tomadas de decisão no manejo operacional da aeração no armazenamento. a transilagem também pode ser considerada uma aeração de resfriamento. Assim como a intra-silagem. Quanto menores. com valores aproximados. sempre que possível se deve preferir a aeração. Consiste na transferência dos grãos de um silo a outro. enquanto suas relações com as umidades e temperaturas do ar são apresentadas no diagrama de aeração de grãos. Deve ser realizada se o silo não for dotado de um sistema eficiente de ventilação. permite identificar as condições mais propícias para controle metabólico dos próprios grãos. assim como dos principais organismos que os acompanham no armazenamento. . para que haja redução e homogeneização da temperatura. segundo Cristensen (1974). no entanto. Sua finalidade maior. para evitar a formação de correntes convectivas e reduzir seus efeitos. É um processo lento. Aeração corretiva É utilizada. realizada um pouco antes da expedição. fazendo com que haja redução e homogeneização da temperatura. Quando aerar? É necessário ter como primeiro princípio de conduta a redução da temperatura do grão e. se faz passar uma massa de ar pelos grãos. no próprio silo. cerca de 0. ou outra forma de aquecimento do ar.t-1 (metros cúbicos de ar por minuto por tonelada de grãos).1. das características técnicas das instalações e do tempo disponível para secagem. Quando os grãos estiverem ligeiramente úmidos. com ar úmido. São levados em conta dois fatores restritivos: a umidade relativa do ar e a diferença de temperatura entre o ar e o grão. No caso de aeração secante.5.min-1. mas nem sempre isso é possível. na transilagem. 5. pode corrigir essa diferença. por conseguinte. 5. Quando for aeração de manutenção. com fundo falso perfurado. na aeração secante é recomendável o uso de silo-secador.1. A aeração. das condições psicrométricas do ar ambiente. por interesse de conservação.4. os grãos armazenados adquiriram odores estranhos. parece mais racional se realizar a aeração do que a transilagem.min-1. Na aeração propriamente dita. ocasionando uma lenta dessecação. cobertos por chapa perfurada.t-1. intervir quando a temperatura do ar for inferior em alguns graus à temperatura do grão. mas quando a umidade dos grãos estiver próxima das normas comerciais.3.1. diferentemente da aeração de manutenção de grãos armazenados secos. sem afetar a qualidade do produto.t-1 quando o ar for aquecido até 10ºC acima da temperatura ambiente. se o silo não for dotado de um sistema eficiente de ventilação. na aeração secante com ar sem aquecimento. o fluxo de ar dever ser superdimensionado. que pode ser melhorado pelo controle e/ou pela correção das condições psicrométricas do ar.1 a 3m3. são os grãos que passam pela massa de ar. em que é insuflado o ar ambiente quando a umidade relativa for baixa. ar não se destina a remover água. intervir quando a temperatura do ar for inferior em alguns graus à temperatura do grão. O fluxo de ar também deve ser maior do que o usado na aeração para conservação de grãos armazenados secos. maior do que o usado para secagem também em silo-secador quando o ar for aquecido.5. os fluxos de ar na aeração de manutenção podem variar de 4 a 18m 3.1. por conseguinte.6. 5. Dependendo da espécie. normalmente. Este método consiste em se transferir o grão de um silo para outro. É necessário ter como primeiro princípio de conduta a redução da temperatura do grão e.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 70 5. mas visa reduzir e uniformizar a temperatura dos grãos. ao invés do uso de silo-aerador. Leva-se em consideração dois fatores restritivos: umidade relativa do ar e diferença de temperatura entre o ar e o grão. por metabolismo. Transilagem Essa técnica também pode ser classificada como um tipo de aeração de resfriamento.5. Nesse caso. Com a aeração se pode corrigir esse defeito. em duas situações: a) quando. da umidade e das condições sanitárias com que os grãos entram no secador. menor do que a umidade de equilíbrio. os grãos forem armazenados com umidade menor do que a de comercialização. ou 3 a 12m3.min-1. devendo ser evitada a ventilação quando a umidade relativa estiver acima de 70-75%. a diferença de temperatura entre o ar e os grãos é mais importante do que a umidade relativa do ar. como aquecimento parcial pela queima de gás liquefeito de petróleo. os fluxos de ar utilizados são menores. se a diferença de temperatura entre o ar e os grãos for menor do . com dutos de aeração ou canais.5. Por essa razão. O diagrama de aeração de grãos (Figura 48) pode auxiliar nesses casos. b) quando. são igualmente importantes esses dois fatores. Deve ser realizada quando for constatada uma elevação da temperatura do grão. Aeração secante Tem por objetivo manter os grãos a uma temperatura suficientemente baixa. o atrito das moléculas provoca aumentos de sua temperatura e a conseqüente redução de sua umidade relativa. que ocorre na forma de dinâmica metabólica. sendo o equilíbrio higroscópico atingido por um processo dominante de dessorção. se continuar aumentando a temperatura dos grãos. pois só ocorre aumento de temperatura quando há metabolismo e. Segundo Sinha e Muir (1973). Entretanto. Entretanto. se for necessário escolher entre duas alternativas (risco de aquecimento ou perda de peso por perda d’água) as condições de qualidade dos grãos no momento devem ser balizadoras da decidir. nos manuais de aeração. causa e conseqüência do metabolismo. para remediar uma elevação de temperatura pelo aquecimento natural do grão. Diagrama de aeração de grãos. Umidade e temperatura do ar e dos grãos influem no equilíbrio higroscópico de cada espécie. por características de higroscopicidade. quando o ar entra em contato com o ventilador e com as paredes do sistema de transporte. Além disso.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 71 que 3 a 5ºC. deve ser considerada a diferença em relação à temperatura histórica de equilíbrio. Se ultrapassar 2ºC para grãos oleaginosos ou 3ºC para grãos amiláceos ou protéicos. e não corretivamente. havia a recomendação de não ligar o ventilador se a umidade relativa do ar fosse alta. Assim como a umidade. mesmo em dias chuvosos. o grau de umidade dos grãos é superior ao obtido quando o equilíbrio higroscópico se dá por um processo de sorção de água. as perdas já são irreversíveis. a recomendação indica evitar ligar o ventilador nas horas em que as umidades relativas do ar forem muitas elevadas. pois o aumento de temperatura em grãos armazenados indica ação respiratória. Há alguns anos. Fonte: Lasseran (1978). deve ser iniciada a aeração. Modernamente. Esse fenômeno decorre do efeito de . ao mesmo tempo. Outro importante princípio a ser observado na aeração é intervir preventivamente. os grãos têm cerca de sete vezes mais facilidade de perder água do que de sorvê-la. para se dar início à operação de aeração. Também. aí. o calor é. o que favorece a aeração. registrada pelo sistema de leituras diárias através da termometria. Figura 48. podendo levar à autocombustão. em grãos. da intensidade do processo de secagem e de características higrométricas do ar. são os principais atributos a serem levados em consideração na escolha de substâncias conservantes para a utilização em grãos. A metabolização de ácidos orgânicos de baixo peso molecular. a configuração espacial e a cadeia carbônica são importantes características de estabilidade no meio e. são fatores de bloqueio e/ou inativação de sistemas enzimáticos. com requerimentos mínimos quanto à aplicação e ao armazenamento. podendo atingir diferenciais entre meio e dois pontos percentuais nas diversas espécies de grãos. sendo relativamente segura para o manuseio. Apesar de sua baixa corrosividade. O pH e a atividade de água (aw) do meio. a manipulação dessas substâncias deve ser cuidadosa. durante o armazenamento. O pKa ou o pH no qual 50% de um determinado ácido se encontra na forma molecular dissociada. caracterizando a ação biostática e biocida dos ácidos orgânicos em microrganismos associados e perda do poder germinativo nos grãos armazenados. é recomendável a consulta ao diagrama de aeração de cereais. em água. liberando prótons no meio. irritabilidade das mucosas e transtornos respiratórios. A incorporação dos ácidos aos grãos pode ser feita de forma manual ou mecânica. A solubilidade. de acordo com a disponibilidade de recursos econômicos e tecnológicos. diminui com o aumento do seu peso molecular. a estabilidade no meio. para a alimentação animal. sendo importante se evitar seu contato com a pele. Os ácidos orgânicos e seus ésteres são substâncias difundidas na natureza como produtos intermediários. de vegetais. nas condições de armazenamento.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 72 histerese e tem sua intensidade dependente das estruturas biológica e física. da atividade conservativa dos ácidos orgânicos e ésteres correspondentes. por aspersão e/ou mistura. de síntese ou finais. pode acidificar o conteúdo celular até níveis inibitórios para os processos fisiológicos dos grãos e/ou do desenvolvimento microbiano. que considera simultaneamente umidade relativa do ar e diferença de temperatura entre ar e grãos. presentes nos conteúdos celulares dos grãos e microrganismos associados. animais e microrganismos. o potencial de oxi-redução e a pressão de seleção microbiana são importantes fatores de sobrevivência e crescimento de microrganismos. 5. Em qualquer circunstância. Os ésteres correspondentes são relativamente mais estáveis e menos corrosivos em relação às formas moleculares de origem. como o da fosforilação oxidativa. das substâncias conservantes utilizadas em grãos. Essas substâncias são utilizadas como conservantes. ÁCIDOS ORGÂNICOS E HERMETICIDADE Prevenir danos e deterioração dentro de larga faixa de umidade e temperatura. a desestruturação de tecidos e a acidificação do conteúdo celular. por desacoplamento de substratos nos processos de síntese.2. A eficiência conservativa. por conseguinte. pois pode causar abrasividade tópica. As atividades antimicrobianas dos ácidos orgânicos e dos ésteres correspondentes são devidas às formas moleculares não dissociadas destas substâncias. em operação separada ou associada ao fluxo de outras operações de pré-armazenamento ou beneficiamento. o custo relativo. a especificidade. está contido na faixa de 3 a 5. a segurança na manipulação e as características sensoriais constituem os principais fatores na utilização preferencial dos ácidos orgânicos acético e propiônico como substâncias conservantes em grãos armazenados. dos ácidos orgânicos. O peso molecular. . A redução do pH do meio. sem acrescentar problemas de toxicidade ou palatabilidade em rações. em dosagens econômicas. por microrganismos. principalmente. essencialmente devido às suas propriedades antimicrobianas. Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 73 A uniformidade de aplicação de substâncias conservantes nos grãos é determinante para a sua eficiência conservativa. por exaustão do ar. cuja intensidade é estreitamente relacionada com a dos grãos armazenados. ou artificialmente. As condições herméticas de armazenamento de grãos atuam seletivamente sobre as populações de insetos através da diminuição da sua atividade. determinam efeitos conservativos específicos em ecossistemas de armazenamento herméticos.93 kcal. A obtenção e a manutenção da hermeticidade é o principal aspecto técnico para a eficiência do sistema. com o emprego de N2 e/ou CO2. A hidrólise parcial de nutrientes. Essas substâncias. está relacionada com as concentrações dissolvidas na atmosfera intergranular e a sua adsorção na estrutura porosa interna dos grãos. em função do pK a e do peso molecular dos ácidos. através do metabolismo dos próprios grãos e organismos associados. O seu efeito conservativo sob condições herméticas advém de sua ação inibitória sobre a atividade enzimática dos próprios grãos e organismos associados e/ou morte destes últimos. O metabolismo incompleto dos carboidratos. na alimentação animal. o tempo de armazenamento. As absorções seletivas pelas células do germe. inibição e/ou paralisação biológica. em grãos armazenados sob condições herméticas. O CO2 é um dos produtos finais do metabolismo de substratos orgânicos em organismos vivos. O grau de umidade dos grãos. A armazenagem hermética de grãos. através do processo respiratório dos grãos e organismos associados. em condições de aerobiose restrita e/ou de anaerobiose. pode representar vantagem nutricional dos grãos estocados. acético e propiônico. conduzem à formação de álcool etílico e ácidos orgânicos.g-1. resulta em considerável excesso de pressão interna nas estruturas armazenadoras. em condições aeróbias e. ou mesmo com a supressão do O2. as variações climáticas. sob anaerobiose. como acético. podendo alterar as características sensoriais dos grãos com odor e sabor nem sempre removidos ao final do processo. em açúcares simples e aminoácidos. podendo ser obtida espontaneamente através do processo respiratório dos grãos e organismos existentes. . A ação conservativa do CO2. podem representar relativo incremento do valor nutricional dos grãos tratados. e temperatura elevada. láctico e butírico. as características intrínsecas de resistência da espécie e os diferentes estádios de desenvolvimento são os principais fatores que influem na sua eficiência e/ou intensidade. a temperatura da atmosfera intergranular. provocam alterações na estrutura do parênquima do escutelo e no conteúdo celular de grãos de sorgo armazenados com umidade elevada próxima da maturação fisiológica (cerca de 30%). secos ou úmidos. Tais alterações são observadas mais intensamente em grãos tratados com ácido acético do que naqueles tratados com ácido propiônico. sobretudo em ruminantes. as espécies de grãos e as operações de pré-armazenamento. O ácido propiônico possui uma energia digestível avaliada em 4. é baseada na redução do oxigênio disponível no ecossistema de armazenamento a níveis letais ou limitantes para os organismos vivos associados. Esses produtos exercem um efeito conservativo secundário. bem como as desnaturações das proteínas constituintes são aspectos importantes relacionados com as alterações observadas. Inibição e/ou bloqueio de sistemas enzimáticos e formação de carbamatos com grupos funcionais de proteínas são mecanismos relacionados com o processo. como carboidratos e proteínas. O grau de umidade dos grãos. em formas prontamente assimiláveis. não representam riscos de toxicidade na alimentação animal. Tal aspecto é um importante parâmetro técnico a ser considerado no planejamento de estruturas herméticas para a armazenagem. durante a estocagem de grãos sob hermeticidade. As dosagens tecnológicas dos ácidos orgânicos. as estruturas de estocagem. A produção de CO2. principalmente. As incorporações de ácidos. utilizadas para a conservação de grãos. juntamente com a presença de bactérias e leveduras. calhas. Se existir área de operações de pré-armazenamento. larva ou pupa.3. a lavagem e a secagem dos estrados. devendo ser observado seu efeito residual. a lona deve ser retirada e toda a superfície da sacaria deve ser pulverizada com inseticida.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 74 5. como de pré-limpeza. O piso. as paredes. Figura 49. máquinas de limpeza. incluindo as moegas. de acordo com a temperatura e a umidade relativa do ar. Muito importante é a utilização de lonas apropriadas. preferentemente com jato de água sob pressão. deve ser realizado expurgo. devendo ser utilizados dez comprimidos ou duas pastilhas para cada metro cúbico de pilha. as portas. após as quais esses devem ser expurgados com fumigantes à base de fosfeto de alumínio e posteriormente também pulverizados com inseticidas residuais (Figura 50). limpeza e/ou de seleção. principalmente. EM ARMAZÉNS CONVENCIONAIS Após a limpeza do armazém. O telhado deve ser revisado para evitar goteiras. EM PAIÓIS A base de um bom sistema de proteção começa com uma boa limpeza. O tempo de exposição deve variar de 72 a 120 horas. todas as superfícies internas e externas devem ser pulverizadas com inseticida de ação residual (Figura 49). o paiol deve ser pulverizado com inseticida de ação residual. A vedação deve ser feita com cobras de areia. secadores e demais equipamentos. essa deve ser rigorosamente limpa. os sacos devem ser empilhados sobre uma lona de plástico e a pilha coberta por outra. as janelas e. Devem ser eliminados todos os detritos de elevadores. tanto pelo lado interno como pelo lado externo. ácaros e ratos. assim como nas paredes internas e externas. Antes de armazenar o produto. os “cantinhos” devem ser varridos e lavados. com auxílios de aspiradores de ar e aspersores pressurizados de água. Para eliminar os insetos que vêm do campo. PROTEÇÃO CONTRA PRAGAS DE ARMAZENAMENTO 5. Embaixo e ao redor do paiol. nas fases de ovo. Igualmente importante é o controle de ratos nas imediações do armazém.3. 5. Pulverização das paredes internas do armazém convencional com inseticida de poder residual. roscassem-fim e similares. Para realizar esta operação.1. secagem. findo o qual deve ser reaplicado. que não deixem escapar o gás (mínimo de 0.2mm de espessura) e que não apresentem furos. a limpeza deve ser rigorosa para evitar a presença de insetos.3. Após a operação de expurgo. .2. Outro detalhe de grande importância é a limpeza. por um tempo que varia de 72 a 120 horas. As pilhas devem ser cobertas com lonas de plástico e sendo utilizados dez comprimidos ou duas pastilhas de fosfeto de alumínio por metro cúbico de pilha.3. a operação de limpeza é fundamental. toda a superfície da pilha. o primeiro passo é o expurgo.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 75 Figura 50. O controle de ratos é muito importante. nos secadores e nos demais equipamentos devem ser eliminados. nas calhas.m-3). considerando que uma pastilha de três gramas libera um grama de ingrediente ativo e . Após as operações de pré-armazenamento. EM ARMAZÉNS GRANELEIROS Para facilitar o manuseio e as práticas fitossanitárias. É importante observar o período residual.3. Essa operação não dispensa o expurgo. onde a operação deve ser repetida a cada trinta dias. Após o empilhamento. É importante não se esquecer de vedar as entradas do sistema de aeração. principalmente junto às paredes e aos cabos de termometria. Antes de se cobrir a massa de grãos com lona apropriada para expurgo. nas máquinas de limpeza. A dosagem segura do fosfeto de alumínio é de dois gramas de ingrediente ativo por metro cúbico de armazém (2g. para serem prevenidas futuras infestações. Pulverização dos equipamentos com inseticida de poder residual. Após a limpeza e a preparação. Todos os buracos e fendas deverão ser calafetados. Os detritos acumulados na área de recebimento e pré-armazenamento. 5. inclusive o topo. pois há necessidade de eliminar ovos. os armazéns graneleiros são divididos em septos. larvas e pupas no interior dos grãos. As paredes também devem ser pulverizadas. Como nos outros sistemas. todas essas superfícies devem ser pulverizadas com inseticida de ação residual. Após esta operação. A vedação pode ser feita com cobras de areia e com fitas adesivas. com especial atenção para o túnel de descarga/aeração. assim como nos poços e nas bases dos elevadores. Pulverização das pilhas de sacaria com inseticida de poder residual. Figura 51. durante o carregamento. findo o qual a operação deve ser repetida. é necessário se fazer o nivelamento. é conveniente se fazer a pulverização com inseticida na correia. tanto do lado interno como do externo. devendo ser colocados raticidas ao redor do armazém. deve ser pulverizada com inseticida de ação residual (Figura 51). Após o expurgo. assim como dutos de aeração.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 76 um comprimido de seiscentos miligramas (0. também.2g) de ingrediente ativo. a fosfina não deve ser utilizada. quando se tratar de silos verticais metálicos.m-3 750 800 800 775 580 370 640 Em graneleiros com túnel de descarga/aeração. A adição deve ser de maneira contínua. de 96 horas para 40 a 50% e de 120 horas para 25 a 40%. É sabido que os problemas com a eficiência dos fumigantes e a resistência de pragas aos mesmos estão. com exceção da boca de carregamento. de acordo com a velocidade de carregamento. entretanto. após algumas horas. Toda a superfície da massa armazenada deve ser pulverizada com inseticida. relacionados com a má vedação do local de expurgo. O tempo mínimo de exposição do produto armazenado com o gás deve ser de 72 horas. incluindo. sendo desaconselhado o expurgo em situações de umidades relativas inferiores a 25%. Trata-se de um sistema que dificulta a vedação completa. Tabela 17. se as condições permitirem o prolongamento do processo. por exemplo. o sistema de aeração deve ser ligado. Rizoperta dominica. podem ser adotados os pesos volumétricos dos principais produtos armazenados. é importante a adoção de alguns procedimentos: a) antes da fumigação. tem apresentado resistência às dosagens convencionais de fosfina. Abaixo de 10 ºC. principalmente quando as pragas estiverem em fases de desenvolvimento de difícil controle. as estruturas internas e externas. EM SILOS VERTICAIS Entre os diversos tipos de unidades armazenadoras. ou apresentarem indícios de resistência. apresentados na Tabela 17. todas as vedações devem ser retiradas e. resulta em . operação que deve ser repetida a cada trinta dias. Os períodos indicados se referem ao tempo mínimo necessário para o funcionamento adequado do gás. o que normalmente requer maior dosagem do fumigante para compensar as perdas de gás. os silos verticais. e em especial os metálicos. 5. é recomendada a utilização de 2g i. 96 horas para temperaturas de 16 a 20ºC e de 120 horas para a variação de 10 a 15ºC. Como a dosagem é calculada pelo volume da massa de grão. independentemente das condições ambientais anteriormente referidas. maior será a segurança de eficiência.6g) libera duzentos miligrama (0. requerem maior atenção em relação ao controle de pragas dos produtos armazenados. c) calcular o número de pastilhas necessárias e a freqüência com que devem ser adicionadas. pois esses fatores são determinantes da sua eficiência. Durante a operação de expurgo. d) aplicar as pastilhas manualmente ou através de dosador automático sobre as correias ou boca de carregamento. Além disso. todas as fendas. 20% da dosagem devem ser aplicados nestes locais. Neste particular. devem ser fechadas ou seladas.a/m3 de fosfeto de hidrogênio e um tempo de exposição de 5 a 10 dias. b) determinar o tempo de exposição de acordo com a temperatura e a umidade relativa do ar. como ovos e pupas. para temperaturas superiores a 20ºC. porque o expurgo não será eficiente. conseqüentemente. produto milho soja trigo feijão arroz em casca café coco café beneficiado Kg.4. principalmente quando não são adotados os procedimentos corretos.3. o que requer cuidados especiais em relação ao tempo de exposição de acordo com a temperatura e umidade relativa do ambiente. Períodos de 72 horas de exposição são recomendados quando a umidade for superior a 50%. fazendo-se em seguida uma boa vedação. O uso da fosfina requer importantes cuidados com relação à temperatura e à umidade relativa. Peso volumétrico dos principais grãos produzidos no Brasil. trata-se de uma estrutura muito exposta. o que. para gerar boa distribuição das pastilhas na massa armazenada. em sua maioria. Esses locais devem ser varridos. nos túneis. Em expurgos bem sucedidos. o inseto ao entrar em contato com a superfície tratada. ou para evacuação rápida de áreas com até 1. O inseticida pode ser aplicado sobre os grãos através do sistema de aeração ou na correia transportadora. devendo haver especial atenção com seu poder residual. É comum ocorrerem reinfestações localizadas na parte superior da massa armazenada nos silos em que os dutos de respiração não estão protegidos com tela fina. provido de cilindros de oxigênio ou dispositivo semelhante. nos rodapés e nos equipamentos. A operação exige qualificação e treinamento de pessoal. Neste caso. É sempre preferível adaptar uma pequena corrente na extremidade da sonda. esta deve ser preferida e executada simultaneamente. e 30% no duto de aeração na parte inferior. A proteção física consiste na utilização de tela fina nos dutos de aeração inferior e superior. quando a concentração do gás atingir até 15 ppm. as mais simples de executar e as de menor custo. nos elevadores. bem como na parte inferior. etc. 70% da fosfina devem ser aplicados na superfície. providas de filtro próprio para fosfeto de hidrogênio. Neste caso. como os utilizados para secagem estacionária e/ou para seca-aeração. o que evitará aglomeração das pastilhas ou comprimidos num mesmo lugar. A proteção pode ser química ou física. basta vedar a abertura de carregamento. ou quando a concentração for desconhecida. garantindo o efetivo controle de toda a massa armazenada. . Caso isso ocorra. Desta forma. para os silos com boa vedação na parte superior. Em qualquer caso. haverá a formação de bolsa de ar ao redor das mesmas. é recomendável serem aplicados os comprimidos ou as pastilhas através de sondas. tendo o cuidado de se promover boa vedação junto à parede do silo. portanto. seja no silo que receberá o produto a ser armazenado. Acima de 15 ppm. método mais difícil e que não propicia boa distribuição do gás na massa do produto armazenado. havendo. uma vez que não restará nenhum poder residual após a saída do gás. Havendo a possibilidade de transilagem. local de entrada de ar nos silos aerados ou silos-secadores. a possibilidade de reinfestação será sempre periférica. De todos os cuidados que devem ser tomados. Silos cuja operação de carregamento demora mais do que 12 horas não devem ser fumigados pelo método de adição de pastilhas. A proteção química consiste na pulverização ou atomização de inseticida sobre todas as superfícies expostas. nas passarelas. a operação de expurgo deve ser repetida com auxílio da sonda. toda a superfície exposta deve ser protegida.500 ppm.Moacir Cardoso Elias ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS 77 distribuição homogênea de gás. necessidade do uso de equipamento protetor. e os resíduos queimados para se evitar a proliferação de insetos e de fungos que reinfestarão as unidades armazenadoras. Devem ser usadas máscaras de proteção respiratória. toda a superfície do produto armazenado deve ser coberta com lona ou papel betuminado. findo o qual a operação deve ser repetida. após o tempo de exposição requerido. Neste caso. as medidas preventivas são as mais importantes. Reinfestações generalizadas e no centro da massa armazenada são indícios de expurgos mal sucedidos. pois permite a distribuição uniforme das pastilhas de fosfina. Após a limpeza. cujo único objetivo é o de impedir a entrada de insetos que normalmente são atraídos para a periferia do silo. caso contrário. Trata-se da eliminação de todos os resíduos das instalações. tendo-se especial atenção com a vedação. na forma líquida ou de pó. deve ser usado aparelho de respiração autônomo. nos corredores. principalmente da parte superior. Os inseticidas indicados para essa finalidade oferecem bom poder residual e protegem dos insetos que migram para seu interior. morrerá ou será repelido. mas geralmente são as menos praticadas dentro das unidades armazenadoras. impedindo a liberação do gás. através de sonda. esses locais devem ser pulverizados com inseticidas para eliminar possíveis insetos presentes nas paredes. impedindo o início de nova infestação. para melhorar a eficiência. nas moegas. e) ao término da operação. pois deve ser executada rapidamente em função do início do desprendimento do gás. In: VIEIRA. p. J. 26. Lavras. Mas. 25-29... 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