EFEMÉRIDES DA IDADE MÉDIA COMPILAÇÃO DO PROF.MANOEL DE MELLO SOUZA RESENHA CRONOLÓGICA DO MUNDO ISLÂMICO MEDIEVAL INTRODUÇÃO O historiador Ch. Pétit-Dutaillis nos ensina (em ‘La Monarchie Féodal’) que ‘a História é mais complexa e contém tantos fatos que não é possível a um historiador sabê-los e dizê-los’. Ao abordar os assuntos, tive necessidade de mencionar muitos fatos, nomes e datas, dando a impressão que estou simplesmente narrando os eventos... O meu objetivo foi apenas de enfocá-los em sua complexidade e seqüência cronológica. Quanto mais complexos, menor a capacidade de ‘sabê-los e dizêlos’; o envolvimento, entretanto, dos mesmos nos traz à tona uma compreensão maior do passado e nos iluminam em conclusões menos simplistas da História. Até os termos ‘Idade Média’ nos levam a pensar que foi uma fase inexpressiva de evolução da Humanidade. Não sou historiador, mas deveria se repensar a periodização da História nessa época. Eu chamaria de Idade Média apenas o período dos séculos V ao VIII. Nos séculos IV e V do Mundo Antigo Ocidental, o Império Romano se desarticulou tanto internamente - com a falência de suas instituições, quanto externamente - ao ser alvo da convergência de migrações de povos nômades para a Europa Ocidental. A situação do Império Romano no século V era caótica. Em suas fronteiras, as guarnições militares eram constituídas mais de camponeses, que resistiram heroicamente às invasões. O comércio foi vedado aos ricos, nobres e funcionários públicos. A agricultura se reduzia praticamente ao autoconsumo; havia escassez de terras agricultáveis e, por isto, se construíram terraços nas montanhas para seu cultivo, drenaram áreas pantanosas, irrigaram desertos e criaram pequenos animais que comessem os restos das comunidades rurais. A concorrência do escravo tornava difíceis as condições de vida do artesão. A situação do mercado de trabalho era de tanta oferta de mão-de-obra que o moinho d’água, inventado no século I, só começou a ser utilizado de modo mais amplo no século IX, a fim de não provocar desemprego elevado. A partir daí se criou no século XV - pelos Humanistas - a rotulação de Idade Média ao período histórico desde o século V ao XV. Os historiadores mantiveram tal rotulação, menosprezando muitas evidências que a destroem pela profusão de novos dados, demonstrando a complexidade e a riqueza da ‘Idade Média’. Tal atitude nos embota o raciocínio com falsas expectativas e nos encaminha para uma reflexão plena de preconceitos. Este preconceito dos Humanistas criou a falsa idéia de “Idade das Trevas” como se a Humanidade tivesse sido subjugada pelo obscurantismo nesta época. Naquela fase de formação política da Europa, que sucedeu ao esfacelamento do Império Romano do Ocidente, surgiram os chamados ‘Reinos Bárbaros’, perpetuando, assim, o preconceito grego e romano de que só eles tinham o apanágio da cultura (só os que falavam sua língua e adotavam seus valores culturais, eram cultos, o resto do mundo era de ‘bárbaros’). Este mesmo preconceito é aquele que alimentou por quase 4 séculos da ‘Idade Moderna’ o crime hediondo da escravidão negra e indígena, como mercadorias dos brancos. Este mesmo modo distorcido de ver os outros como ‘bárbaros’ que explica o anti-semitismo durante toda a Idade Média e o Holocausto dos judeus, negros e ciganos pelos nazistas na ‘Idade Contemporânea’. É também este modo de ver e sentir a realidade, que deforma o modo de tratarmos as populações pobres das periferias urbanas e do meio rural, bem como nas relações internacionais entre centro-periferia (sobretudo o continente esquecido que é a África). Esta periodização criada pelos Humanistas é eurocêntrica, eu diria etnocêntrica, visto que realça apenas os valores da chamada ‘civilização ocidental e cristã’, desprezando o grande desenvolvimento assistido pela China (tanto sob o ponto de vista cultural, como, sobretudo administrativo - foi o primeiro país a instituir o mérito do sistema de avaliação através de concursos para ter seu corpo burocrático; foi o primeiro a colocar a ênfase na ética na política, através dos ensinamentos confucianos), pela Índia (que, embora desarticulada politicamente, manteve e mantém uma tradição espiritual até hoje), pelas civilizações pré-colombianas dos astecas, maias e incas; e mesmo pela civilização islâmica medieval (que era culta e tolerante com os judeus, ao contrário da cristã anti-semita). O antropólogo Jack Godoy, em sua obra ‘O Roubo da História’ (da Editora Contexto-2008) critica esta visão eurocêntrica realçando valores ocidentais (como a liberdade e a democracia) qualificando-a como um ‘roubo’ da História, encobrindo o colonialismo e o industrialismo europeu em contraponto às civilizações orientais. Esta idéia de Idade Média nos coloca numa posição indefensável diante da luminosa expressão das monarquias feudais da Inglaterra e França e da arquitetura religiosa na Baixa Idade Média (eu chamaria de Idade Pré-Moderna), além do arremedo de um colonialismo europeu com as Cruzadas, e de que houve uma verdadeira Revolução Industrial nos séculos XII e XIII... Quanto ao conteúdo desta introdução, em cada unidade farei uma apresentação do assunto, a fim de delinear, ou melhor, tentar fixar uma abordagem interpretativa das narrativas, que serão esmiuçadas cronologicamente. Aí se corre o perigo de se anatematizar a História com o estigma de ‘decoreba’. Se hasteia a bandeira deste estigma e não se ensina mais a História que, como disse o grande orador romano Cícero, é ‘a mestra da vida’. Quem estuda História não tem o direito de errar no presente, porque conhece os erros do passado. Quem estuda História sem citar datas, acaba refém de uma verdadeira balbúrdia mental sem nunca estabelecer as bases da nacionalidade, pois não sabe como ela se formou ao longo do tempo... As datas, porém, devem ser contextualizadas através de cerimônias cívicas nas escolas e comunidades. Em nosso país, tais atividades foram anatematizadas como resquícios da ditadura. O não conhecimento da História nos faz ignorantes e massa de manobra dos demagogos... Raras são as escolas e comunidades e cidades que comemoram as datas cívicas. Não se cultivam as raízes da cidadania - quanto mais alienado for o indivíduo, mais manipulável ele se torna. Estrategicamente estou colocando em quadros com letras pequenas (como este), comentários atuais para demonstrar que a História é a mestra da vida e contribui para se adquirir mais senso crítico diante da realidade social e econômica em que vivemos. Devemos ser protagonistas da História e não passivos diante do futuro. Mesmo o estudo da Idade Média nos fornece meios para realizar uma critica do mundo atual. O historiador russo V. Klinchevsky comenta que ‘a História nada ensina, apenas castiga quem não aprende suas lições’. Este ensinamento deveria alertar os políticos do Brasil que apostam na ignorância do povo, acreditando que a massa ignara é mais facilmente manipulável; se esquecendo, porém, de que analfabetismo, más condições médico-sanitárias e de distribuição da renda nacional, além (e sobretudo) o descrédito nas instituições representam um fermento revolucionário que pode estourar quando houver uma condição propícia, como aconteceu com as revoltas camponesas (na França e Inglaterra) e o hussismo (na Boêmia). No Brasil analfabeto do Período Regencial (1832-1840) estouraram revoltas populares, sufocadas violentamente; até a República Velha dizia-se que os pleitos sociais de melhoria e suas manifestações eram casos de polícia... Até 1985, as pessoas que pregavam e lutavam por melhorias sociais eram chamados de comunistas... Não é só na Idade Média que os políticos governam ‘de costas para o povo’. A República ainda não foi instaurada em pleno Brasil do século XXI. ABORDAGEM RESUMIDA, ELEMENTAR E PANORÂMICA DA HISTÓRIA DO MUNDO MUÇULMANO O IMPÉRIO ISLÂMICO. A palavra Islam significa “submissão à vontade de Alá”. A religião muçulmana ou islâmica se revelou através dos profetas, dos quais o maior foi Maomé (ou Mohammed), Apóstolo e Profeta de Alá, cuja mensagem inicial foi a de que os árabes deveriam deixar sua idolatria anterior e se submeter à sua vontade. O Islamismo é uma das principais religiões da atualidade; é a última grande religião criada. Hoje se trata como mundo islâmico ou muçulmano toda a área geográfica desde a África Saariana até o Sudeste da Ásia, identificada pela religião, pela língua e pelos costumes. Mesmo no Oriente Próximo, onde surgiu o islamismo, há três tipos étnicos diferentes (conforme Bertham Thomas): o armenóide (na Ásia Menor, a que ele chama de ‘uma espécie de belo judeu’), o mediterrânico (ao norte da Península Arábica - o mais comum) e o camita (de cor morena e cabelos crespos, que vive no sudoeste da Península Arábica e representa o árabe mais antigo). O qualificativo sarraceno que alguns autores dão a este império não é etimologicamente adequado, pois a palavra representa apenas as tribos nômades pré-islâmicas que habitavam entre o interior da Síria e em toda a Península Arábica. Na Idade Média se intitulava com o nome de sarraceno os habitantes do Oriente Próximo (a que chamamos hoje de Oriente Médio), do norte da África e do Califado de Córdoba (na Espanha - portanto os mouros também eram sarracenos). Antes da instalação do islamismo na Arábia, as tribos apresentavam alguns costumes que permaneceram, como a proibição de se alimentar de animais impuros (os que podiam ser comidos, deveriam ser degolados no matadouro); aos 12 anos os pré-adolescentes eram submetidos à circuncisão; as meninas, à excisão; o hábito de se sentar de cócoras e se vestir com roupas drapeadas; o patriarcalismo; a escravidão doméstica (ainda há países africanos em que existe a escravidão); a exclusão feminina dos ritos religiosos e cultos dos ídolos. A força do patriarcalismo se mostrou quando houve a invasão do Afeganistão pelos norte-americanos para acabar com os talibãs radicais - mesmo afastados parcialmente do poder, ainda as mulheres usam a ‘burka’ (para esconder o rosto); as famílias se unem em clãs patriarcais que exercem grande influência política e econômica. 1. MAOMÉ E A SUA DOUTRINA. Maomé (‘o Louvado’, segundo os muçulmanos) nasceu em Meca em 570 - o ano do Elefante; o mesmo ano em que esta cidade sofreu uma incursão de um vice-rei do Iêmen (se tal incursão tivesse sido bem sucedida, Meca ter-se-ia tornado cristã monofisita). 1 Meca era o maior centro comercial e de peregrinação da Arábia (onde se praticava o culto de ídolos e da Pedra Negra na Caaba). Situava-se em posição estratégica de rotas comerciais terrestres que iam do sul da Península Arábica a Damasco (na Síria) e à Mesopotâmia (Bagdá) e daí para a Rota da Seda e Extremo Oriente; além disso, rotas marítimas partiam do Mar Vermelho para o Oriente e a África. Quarenta anos após seu nascimento, Maomé começou a formar seu primeiro núcleo de seguidores. A aristocracia mercantil de Meca não apreciou seu movimento religioso, perseguindo-o. Por isto, ele fugiu para Yatrib (ou Medina), a 450 km de Meca; a esta fuga se denominou Hégira, no dia 16 de julho de 622. Este ano é o início do calendário muçulmano (a diferença de 622 anos entre o calendário gregoriano usado por nós e este novo calendário tende a decrescer porque ele é lunar com 10 dias menos que o nosso). Mesmo em Medina, a comunidade liderada por Maomé continuou sendo alvo de perseguições infrutíferas por parte das autoridades de Meca, sendo derrotados na primavera de 624. Oito anos depois da Hégira, Maomé retornou triunfante para Meca, onde eliminou todos os ídolos da Caaba, tornando-a o ponto central de irradiação de seu novo credo. Ao falecer em 632, com 62 anos de idade, a nova religião tinha se expandido pela maior parte da Arábia (abrangendo o centro e sul da península). Os seguidores da doutrina de Maomé se intitulam muçulmanos, cujo significado é ‘crentes’ - não apreciam o nome ‘maometano’, feito pelos cristãos. A religião é monoteísta - Alá (‘não existe nenhum Deus a não ser Alá e Maomé é o seu profeta’ - um dos pilares do islamismo chamado de ‘chahada’). A Caaba é um edifício em forma de cubo com 9 metros de altura e 12 de largura, todo coberto por um manto negro de seda, no meio de uma praça cercada de um pórtico. Seu livro sagrado é o Corão (Leitura), que representa, igualmente, o seu código máximo de conduta pessoal e institucional. O islamismo se baseia em cinco pilares: a ‘chahada’ já descrita; as cinco orações diárias em atitude religiosa devidamente prosternados em direção à Meca e precedida por abluções; o jejum de sexo, alimentos (carne de porco) e fumo durante o mês de Ramadã (é o nono do calendário muçulmano e deve ser feito durante o dia); o dízimo legal (não confundido com a esmola de caridade, nem com a esmola pelo não cumprimento do jejum); a peregrinação à Meca e à Medina, pelo menos uma vez na vida. A idéia de submissão à vontade de Alá pressupõe a predestinação, de maneira simplista, o ‘maktub’ (‘está escrito’) e, assim, a abdicação do livre arbítrio e o convite à indolência; mas, na verdade, é uma atitude de coragem e paciência diante das angústias em relação à vida. Maomé ensinava: ‘ajuda-te que o céu te ajudará’. Após o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 os Estados Unidos passaram a ter um preconceito enorme contra os muçulmanos, tidos como radicais e fundamentalistas. Responderam seus neoconservadores (na figura de George W. Bush) com outros radicalismos como a Lei Patriótica contra a liberdade de pensamento. Os políticos árabes, por sua vez, desde quando se criou Israel em 1948, pretendiam ‘jogar todos os judeus no mar’. Este radicalismo ainda se faz sentir com certos grupos fundamentalistas, como o Hamas e países que os estimulam, como o Irã. Radicais de um lado e de outro deveriam meditar sobre o que ensina o Corão, nas seguintes mensagens: • Surata da Mesa Servida: ‘Aquele que matar um homem, sem que este tenha assassinado ninguém, nem semeado a desordem no país, será olhado como assassino do gênero humano; e quem tiver devolvido a vida a um homem será olhado como se devolvera a vida ao gênero humano inteiro.’ • ‘É fazer ato de fé desejar para o próximo o que se deseja para si mesmo.’ • ‘Não pratiqueis o mal, e não devolvais o mal pelo mal’ • ‘Nada de coerção em matéria de religião.’ (Corão II, 257) -- Obs. Citações extraídas do livro ‘Maomé e a Tradição Islamítica’- Émile Dermenghem. 2. OS CALIFAS E A EXPANSÃO ISLÂMICA. Há historiadores que colocam na ‘guerra santa’ (ou ‘djihad’) o fator primordial da expansão árabe pelo mundo. Vimos acima que a ‘guerra santa’ não é um dos cinco pilares do islamismo e apresenta-se numa vertente interpretativa como uma forma casual de prestação de serviços e que apenas houve tal evocação ao espírito religioso para a expansão religiosa com Maomé quando perseguido pela aristocracia mercantil de Meca e tendo que fazer frente a ela e no combate à idolatria. A outra vertente interpretativa é a de que os sucessores de Maomé se valeram politicamente da ‘djihad’ para inflamar o espírito guerreiro das tribos árabes. Na primeira vertente explicativa da expansão islâmica há o ensinamento do Corão: ‘as fadigas da guerra são mais meritórias que o jejum, as orações e as demais práticas religiosas. Os bravos que caírem nos campos de batalha são observados no paraíso como mártires. Quantos não se deixam levar por esta mensagem, a fim de serem recebidos no paraíso pelas huris - as formosas virgens que desposam os fiéis muçulmanos - naquele lugar é eterna a primavera, onde ‘repousarão em divãs adornados de ouro e pedraria...’ A expansão islâmica foi facilitada pela debilidade do Império Bizantino após Justiniano, bem como do Império Sassânida ou Persa. Seu exército era constituído parcialmente de árabes, sendo a maioria de convertidos - a conquista da Espanha se fez com 300 árabes e 12.000 bérberes do norte da África (o grande guerreiro Tárique era um bérbere). Quase um século depois da Hégira, os muçulmanos conseguiram construir um imenso império que ia desde o Sind e Punjab - no extremo leste; até a Península Ibérica - no extremo oeste, atravessando todo o norte da África. Tal construção se deveu aos sucessores de Maomé chamados de califas, que exerciam funções religiosas e políticas até a conquista turca em meados do século XI. As conquistas árabes, até 850, se realizaram na direção leste (em direção à Mesopotâmia e Pérsia), oeste (Egito, toda África Setentrional e daí para a Península Ibérica) e setentrional (do corredor sírio-palestino até a Armênia). No século XII tinham chegado ao vale do Indo; no século XIV, ao vale do Ganges e Decão (na Índia); no Extremo Oriente chegaram à Península da Malásia, e Ilhas de Sumatra, Celebes e Molucas (nos séculos XIII e XIV) e Mindanao (uma das ilhas do Arquipélago dos Filipinas, no séculoXV). A) OS CALIFAS PIEDOSOS (632 a 661) - Os primeiros sucessores de Maomé foram apelidados de Califas (lugares-tenente) Piedosos ou Ortodoxos e representavam seus parentes e companheiros das primeiras missões. O primeiro califa foi Abu-Bécker (632-634) que concluiu a unificação de toda a Península Arábica; estendeu a conquista até o sul da Palestina e venceu os sassânidas (em Hira, 634). Foi o único dos Califas Piedosos que não foi assassinado. O segundo califa foi Omar (634-644), sob o qual os persas sofreram derrota em Qadisiya (junto ao rio Eufrates - 636); em Yarmuk (636, no rio Orontes), conquistou o corredor sírio-palestino. Por outro lado, os sassânidas foram submetidos definitivamente em 642 (Batalha de Nehavend, antiga Laodicéia) e 643 (Batalha de Rayi) - incorporando a Pérsia, o Azerbaijão e a Armênia - a partir daí o Império Sassânida se islamizou totalmente no período entre 643 e 1219 (acabou o zoroastrismo, a língua persa cedeu lugar ao árabe como até hoje). Em 642, também foi a vez do Egito e da Cirenaica caírem sob o furor da ‘djihad’. O terceiro califa foi Otman (644 a 656); o quarto, Ali (656-661). Em 651 morreu o imperador sassânida Yazdigird diante dos árabes). Do lado ocidental, se conquistou Trípoli (647), na África. Em 655 se redigiu o Corão. Um ano depois os muçulmanos passaram a ter a sua frota naval. No mesmo ano do assassinato de Ali - em 661 - ocorreu a primeira cisão político-religiosa do império: a dos Karidjitas ou ‘Separados’ na Arábia, se contrapondo tanto aos xiitas como aos sunitas. B) I DINASTIA - Após uma guerra civil contra Ali sucedeu a Dinastia dos Omíadas (661 a 750), criada pelo sunita Moawia.. A transferência da capital de Medina para Damasco, em 661 traçou uma nova destinação ao processo de conquista, já que sob o apoio dos comerciantes sírios e árabes, se visava aumentar o controle nas rotas da Ásia Central e do Mar Mediterrâneo. O Império Omíada foi dividido em emirados (províncias), cuja administração e comando tinham competência civil e militar. Uniformizaramse a língua (o árabe se oficializou) e a moeda. O Estado era leigo, visto que seus funcionários eram recrutados conforme suas habilidades, independente do credo e etnia (os que se convertiam nas regiões conquistadas eram isentos de impostos e podia se tornar soldados ou funcionários recebendo um determinado salário). Os Omíadas prosseguiram a conquista do norte da África: primeiro foi a Tunísia (Kairuan em 670 e Cartago em 698) e daí o restante do Magrebe. Daí atravessaram o Estreito de Gibraltar e conquistaram a Península Ibérica após terem vencido Rodrigo, rei dos visigodos, na Batalha de Guadalete (711). Os cristãos ficaram reduzidos ao território das Astúrias (junto aos Pireneus, ao norte). A partir daí passaram a fazer incursões em terras merovíngias. O Estreito de Gibraltar recebeu este nome para rememorar o feito do líder guerreiro Tárique, que, depois de submeter os bizantinos que dominavam o norte da África, atravessou aquele estreito. Gibraltar é uma corruptela das palavras árabes ‘Djebel-al-Tárik, ou seja, “a montanha de Tárique’. Em 718, o imperador bizantino Leão III conseguiu repelir os muçulmanos de Constantinopla. Em 719, ao contrário, os árabes tiveram sucesso conquistando a Septimânia aos francos (aí permanecendo até 749). Em 732 ocorreu a célebre Batalha de Poitiers (ou de Tours), na qual se defrontaram os muçulmanos (com seus soldados árabes, persas, bérberes e sírios) e cristãos (francos e germanos), estes sob a chefia de Carlos Martel (prefeito do palácio da Austrásia desde 714 e depois rei franco de 718 a 741). A infantaria franca venceu a cavalaria muçulmana. Esta derrota árabe arrefeceu suas investidas na Europa, ficando reduzidos apenas à Península Ibérica. 2 Do lado oriental, os Omíadas conquistaram a Transoxiana (ao tomarem Bukhara), em 712, quando atingiram, igualmente, Samarcanda (famosa pela rota da seda); continuando, chegaram ao Sind (junto ao rio Indo) e Punjab. Em 751, após a Batalha do rio Talas, conseguiram tomar Fergana e Sogdiana ao Império Tang da China e capturaram artesãos chineses que lhes ensinaram o segredo da produção de papel tendo como matéria prima trapos de panos. O papel começou a substituir, progressivamente, o papiro e o pergaminho (na Europa foi a partir da Espanha, desde o século XII). Sob os Omíadas a expansão islâmica atingiu a culminância na Idade Média. O Império Omíada foi dividido em emirados (províncias), cuja administração civil e militar cabia aos emires. Uniformizaram-se a língua (o árabe se oficializou) e a moeda. O Estado era leigo, visto que seus funcionários eram recrutados conforme suas habilidades, independente do credo e etnia (os convertidos nas regiões conquistadas eram isentos de impostos e podiam se tornar soldados ou funcionários recebendo um salário). Os Omíadas sofreram oposição dos xiitas ou aliitas (que só admitiam o governo dos descendentes de Ali e de Fátima, filha de Maomé), dos mawalis (convertidos que não pagavam impostos e aspiravam ascender aos postos de mando político, mas acabaram sendo discriminados) e das oligarquias comerciais (de Meca e Medina que perderam status no começo da expansão muçulmana). C) II DINASTIA - Nestas condições hostis vicejaram revoltas dentre as quais aquela que originou a segunda dinastia do império sarraceno - a dos Abássidas (750 a 1258)- de califas de origem persa- graças aos xiitas, aos mawalis e aos persas. Foram massacrados os Omíadas, exceto Abd al-Ramam, que foi para a Espanha e criou lá um emirato - o de Córdoba (que se tornou califado em 912). Esta dinastia recebeu esta denominação por ter começado com Abul al-Abbas (Saffah). O califa abássida mais famoso foi Harun al-Rashid (786-809), em cujo governo se escreveram “As Mil e Umas Noites”. Foi contemporâneo de Carlos Magno (do Império Carolíngio). Foi nesta época que o Califado Abássida atingiu o máximo de sua extensão. Bagdá atingiu o esplendor graças aos impostos advindos do comércio com o Sudeste da Ásia e China e a comercialização de seus produtos no Mediterrâneo. Era uma das maiores cidades do mundo, chegando a medir 2,64 km de diâmetro seu perímetro urbano e uma muralha com 360 torres. Foi nela que se instalou a primeira fábrica de papel em 900 (depois que venceram a Batalha do rio Talas contra os chineses, aprisionando os que dispunham da técnica de confeccionar o papel). O califado Abássida adotou um caráter teocrático à sua administração por influência persa e caiu em 1258 diante dos turcos seldjúcidas (que eram a Guarda Pessoal do Califa, desde o século IX). À frente da administração central estava o Vizir, logo abaixo do Califa, como um Primeiro Ministro. Mesmo com a divisão do império em califados e emirados permaneceu a unidade da língua, da shariah (lei islâmica) e da circulação dos sábios, peregrinos e comerciantes. Na dinastia dos Abássidas, desde quando os turcos se apoderaram da capital (945), as atribuições dos califas passaram a ser mais de natureza religiosa que política e o califado se dividiu em dinastias locais (de que a mais famosa foi a dos Fatímidas, no Egito). Em 1255 os turcos seldjúcidas venceram os Abássidas e criaram o Sultanato de Bagdá. *Enfraquecimento e dilaceração do Califado do Oriente - Desde o final do século IX os Abássidas gradativamente começaram a perder a soberania tanto territorial como política, ora em função da maior independência dos governos provinciais, ora pelas disputas sucessórias, ora por comandantes militares subtraírem o seu poder. Já sob o califado de Harun-al-Rashid, surgiu em Marrocos uma dinastia pelos xiitas: a dos Idríssidas (que aí manteve o poder de 789 a 985). Antes da formação desta Dinastia dos Idríssidas, entre os bérberes, tinha se organizado pouco antes a Dinastia dos Midráridas (que governou até o século X) e a dos Rustêmidas (776 a 909) entre os bérberes. A partir de 929 o mundo muçulmano passou a ter 3 califados: o abássida de Bagdá (virtualmente o maior), o Fatímida (instaurado em Ifriqyia desde 909 a 973 e que sobreviveu no Egito até 1171) e o Omíada de Córdoba (continuação do emirado, existente desde 756, que se tornou califado de 929 a 1031). Militares, como os Buiídas, de 933 a 1055, governaram Bagdá em nome dos califas. Nas disputas sucessórias se antagonizavam os xiitas e sunitas; os xiitas só admitiam a infalibilidade dos imãs como descendentes de Ali e de Fátima e se julgavam com direito à sucessão. Enquanto isto, a maioria (inclusive os Omíadas e Abássidas) - eram sunitas e tinham a convicção de que apenas os califas nomeados pelas comunidades tinham o direito de sucessão. No final do século IX, os Cármatas (adeptos das idéias do imã xiita Ismail) iraquianos fundaram o Bahrein (que durou até 1078); na Pérsia, Saffar ocupou o Tabaristão e iniciou a Dinastia dos Safarditas. Os xiitas Fatímidas se julgavam descendentes da filha de Maomé, Fátima. Depois de se instalarem na Tunísia (em 880 - substituindo os Aglábidas), foi a vez do Egito (939), onde fundaram Al-Kahirah, atual Cairo, com sua mesquita e universidade. Os Fatímidas exerceram sua soberania até na Síria - em 1171 caíram sob o sultão turco Saladino. Em função do enfraquecimento dos islâmicos, os bizantinos lhes retomaram a ilha de Creta (961) e se tornaram os senhores do comércio marítimo no Mediterrâneo Oriental. Desde o século X se antagonizavam os agricultores e os pastores nômades. Estes forneciam os elementos humanos que constituíram o quadro político de governos centralizadores regionalmente. Foi o que ocorreu no Magreb com os Almorávidas e depois os Almohades (século XI). Neste panorama se enquadra a presença dos turcos seldjúcidas - guerreiros se associando com burocratas, legistas, comerciantes e mesmo com proprietários rurais - exercendo o poder em Bagdá em nome dos Abássidas. No penúltimo ano do século X, turcos provenientes de Qarluk (ao sul do Lago Balcash) se assenhorearam de Bokhara e da Transoxiana, domínios orientais dos muçulmanos. Outras tribos turcas se estabeleceram em Khorassan (nordeste da Pérsia no ano 1.000). No século XI continuou, irremediavelmente, o processo de desmembramento do Califado de Bagdá. Em 1041, os turcos seldjúcidas se apoderaram de Kirman (extremo sudeste da Pérsia, em torno de Ormuzd) e aí ficaram até 1188. Em 1071, após a vitória de Manzikert sobre os bizantinos, fundaram o Sultanato de Rum. Os normandos tomaram a Sicília aos árabes em 1091. Ainda neste século, os Ghaznávidas (dinastia turcomana do Afeganistão) conquistou o Panjab (na Índia), estabelecendo um sultanato de 1026 a 1187. Em 1169 e 1171, o sultão turco seldjúcida Saladino tomou o Egito e acabou definitivamente com o domínio da Dinastia Fatímida. Em 1187, ele se apoderou do Reino de Jerusalém; toda a região da Síria e Palestina ficou sob o domínio de seus descendentes - a Dinastia dos Aiúbidas - até 1250. No século XIII o combalido Império Islâmico sofreu golpes derradeiros com a invasão mongol - em 1258, o khan Hulagu, filho de Gengis Khan, tomou Bagdá e acabou o califado dos Abássidas. Pouco antes, em 1250, os Mamelucos (originários do sul da Rússia e do Cáucaso) se apoderaram do Egito, Síria (ao vencerem os Aiúbidas), região do Hijaz (costa noroeste da Arábia) e norte da África (até Trípoli) e aí permaneceram até 1517. Os Mamelucos impediram a tentativa mongol de se assenhorear do Mediterrâneo com a vitória de Ain Djalut sobre Hulagu (1260). No Afeganistão e norte da Índia os turcos muçulmanos ghuridas estabeleceram o seu sultanato de 1155 a 1215. Até o final da Idade Média, o o mundo muçulmano oriental ficou sob domínio mongol (primeiro dos gengiskânidas ou Il-Khânidas de 1251 a 1370 e depois dos Timuridas, de 1370 a 1506); parte da Anatólia ficou sob os turcos otomanos; o corredor sírio-palestino e Hijaz pelos Mamelucos; o Iêmen sob os Rasulidas (desde 1229 a 1454). No norte da África, o império estava retalhado entre os Hafécidas ou Hafsidas (na Tunísia e leste da Argélia, entre 1228 e 1574), os Merínidas e Watassidas (desde 1196 a 1549, em Marrocos). Enfim, o Império Islâmico não existia mais como unidade política, mas como uma verdadeira colcha de retalhos... * Desmembramento do Califado de Córdoba - A partir do século XI este califado foi sacudido por conflitos internos, ora por contendas pela sucessão do califa, ora pelas turbulências dos ‘taifas’ (emirados independentes) e rivalidades entre os bérberes e os árabes. Toda esta instabilidade desembocou no desaparecimento do califado em 1031, desmembrando-se em 7 emirados (entre eles o de Sevilha, famoso pelo seu palácio); de 1056 a 1145 esteve sob a dominação dos Almorávidas; daí em diante até sua queda em 1492 sob os Almohades. O califado sofreu uma constante deterioração territorial em virtude da Reconquista Cristã - ficou reduzido ao Reino de Granada, no extremo sul da península. Os Almorávidas eram bérberes do Saara Ocidental e representaram a dinastia moura que, no século XI, dominaram o Marrocos e a Península Ibérica (Espanha) até o rio Ebro; na África controlaram as rotas de ouro do Senegal. A origem dos Almohades é marroquina, de uma tribo bérbere que habitava as fraldas da Cadeia do Atlas. Sua hegemonia política ocorreu nos séculos XII e XIII (1145 a 1269) - conquistaram todo o norte da África até o Egito e parcialmente a Península Ibérica. O califa almohade mais famoso foi Al-Mansur (O Vitorioso), mecenas do filósofo Averróis; venceu o rei Afonso VIII de Castela (1195), na Batalha de Alarcos. O domínio muçulmano na Espanha ficou reduzido ao Emirado de Granada (no extremo sul), após a vitória cristã de Las Navas de Tolosa (1212). 3. A CULTURA MUÇULMANA. 3 Os árabes souberam sintetizar uma cultura religiosa, com base no Corão, que lhes deu o ímpeto missionário de conquistar terras para Alá. Conseguiram no norte da África, no Egito, na Palestina e na Síria o que os romanos não conseguiram na totalidade: o domínio não apenas territorial como cultural em todos os sentidos, visto que nestes lugares além da aculturação houve uma conversão total ao islamismo que se enraizou de tal modo que sobrevive até hoje. As razões desta conversão residem no fato de que seus princípios religiosos abstratos satisfaziam plenamente aos intelectuais da época, ofereciam um paraíso cheio de alegrias concretas, tratavam com tolerância os vencidos, concediam descontos tributários aos que se convertiam ao islamismo e não alterou o patriarcalismo dominante nas áreas sob seu domínio. Foi através da Espanha que o acervo cultural dos árabes e dos gregos clássicos foi transmitido para os europeus. O século XI é considerado a Idade de Ouro da cultura espanhola medieval. No Califado de Córdoba, na Espanha, no século XI, surgiram figuras memoráveis como Arzaquel (astrônomo e matemático que construiu o relógio de água e as Tabelas Toledanas com dados astronômicos), Al-Bitruzi (que criou uma teoria sobre os movimentos das estrelas); além de estudiosos de Botânica, de Geografia (como Ibn Batuta), de História (Ibn Kaldun) e de Filosofia (Averróis). Foram os árabes que transmitiram aos europeus os conhecimentos chineses da bússola, papel, pólvora e astrolábio; bem como conhecimentos hindus como os algarismos ‘arábicos’ (criados pelos hindus). Aproximadamente 700 palavras do vocabulário português são provenientes do árabe, sobretudo as iniciadas por al (como álcool, alfazema, alaúde, alazão, alarde, alambique...). A) RELIGIÃO - O símbolo do povo árabe é a palmeira da Caldéia (recordando Abraão, proveniente de Ur, na Mesopotâmia), assim como o cedro é o símbolo do Líbano e a figueira, dos israelenses. A religião é plasmada nas crenças antigas (exceto seus ídolos), no Judaísmo e no Cristianismo. A palavra Alá significa ‘Aquele que é Deus’. As peregrinações para Meca são feitas ainda hoje; realizadas por terra (tradicionais partindo do Cairo, de Bagdá e de Damasco), por mar (Jeda) e por avião. A área sagrada da peregrinação é constituída por um círculo de 100 km em volta de Meca, mais precisamente da ‘Pedra Negra’ (na Caaba). Nesta área se promovem cinco cerimônias: os sete percursos Safa-Merwa; a noite de Arafat; três dias de sacrifícios de propiciação; lapidação dos montes de pedra. A maior parte dos muçulmanos é sunita - adeptos da ‘sunna’, isto é, os hábitos ortodoxos de Maomé e dos quatro primeiros califas. A minoria é de xiitas que não admitem os três primeiros califas (sobretudo Otman) - foram perseguidos pelos Omíadas e Abássidas. Entre os xiitas medievais destacaram-se os Fatímidas Ismaelianos dos Velhos da Montanha - os chamados “Assassinos”, que espalharam o terror na Síria, Pérsia, entre os turcos seldjúcidas, Saladino e cruzados. Em 1257 os “Assassinos” foram exterminados pelo mongol Hulagu. Em português a palavra xiita é sinônima de radical. Aos ministros religiosos islâmicos se dá o nome de imãs ou imames; no Irã (que é uma república teocrática) o exegeta máximo que interpreta a lei islâmica chama-se aiatolá.A religião influi sobremaneira o direito e ainda se usa a lei do talião - na Arábia Saudita se cortam as mãos dos ladrões. A mesquita muçulmana não representa a casa de Deus, como nos templos dos cristãos, mas o local onde os fiéis se encontram para rezar, prosternados e voltados para a ‘quibla’ antigamente (uma pedra que apontava para Meca), depois substituída pelo ‘mirhâb’ (nicho todo decorado, construído pela primeira vez em 709/710 na Mesquita de Medina). A mesquita é encimada pela cúpula - símbolo dos céus, da divindade e da viagem de Maomé de noite para o céu. Separado do prédio principal da mesquita se situa o minarete - torre de três ou quatro andares com balcões onde o muezim ou almuadem convida os fiéis às orações do alto das almádenas. O primeiro minarete foi o da mesquita do Cairo, construído em 673. Na mesquita ainda há os locais para as abluções (verdadeiro ritual de purificação das mãos com água). B) ARTES - O islamismo proíbe a representação da figura humana, daí o desenvolvimento de desenhos florais, caligráficos e geométricos denominados arabescos. Estes desenhos foram muito utilizados na decoração de suas obras arquitetônicas. Os arcos de sua arquitetura são chamados de ‘ferradura’ em face de apresentarem seus semicírculos decorados alternadamente com pedras brancas e vermelhas. Os arcos de ferradura são sustentados por colunas finas. A Mesquita de Córdoba (Espanha) data da segunda metade do século VIII; apresenta 850 colunas de mármore em suas medidas monumentais de 167 m. de comprimento e 119 m. de largura; sua sala de oração apresenta 36 colunas no sentido da largura e 19 no sentido do comprimento. O Palácio de Alhambra, no Reino de Granada, foi construído no século XIII e representa uma das maravilhas da arquitetura árabe medieval. Seu Pátio dos Leões mede 28 m. de largura e 15 de comprimento; no centro do pátio há uma fonte suspensa por leões de mármore negro. O pátio é cercado de pórtico sustentado por 128 colunas de mármore. Nas construções árabes predomina o branco externamente, ainda hoje; as ruas estreitas e a pintura em branco favorecem um ambiente mais fresco no interior das mesmas (em clima desértico quente, a insolação é muito grande, daí as temperaturas serem elevadas). C) LITERATURA - É sobremaneira religiosa. Da literatura laica se sobressaem as “As Mil e Umas Noites” (tendo como protagonista Ali Babá, Aladin, Simbad) e o poema “Rubayat” (do poeta, matemático e astrônomo persa Omar Khayyan). No final do século X destacou-se Al-Mutanabi pela sua poesia (embora este gênero literário não fosse do agrado de Maomé, portanto, praticamente inexistente nos primeiros tempos do islamismo). O Corão, escrito na língua árabe (erudita ao contrário das línguas locais populares), manteve a prosa pré-islâmica das tribos árabes (a mais popular era o relato de histórias - ‘qisa’ -, a dos adivinhos ou ‘saj’ e os sermões ou ‘khutba’). Na época dos Omíadas surgiram as epístolas (risala), inicialmente com temas destinados a aconselhar as autoridades e os moradores dos palácios e mais tarde abordando outros assuntos, como Al-Jahiz (869) que escreveu o ‘Livro dos Animais’. Na História, se notabilizou Ibn Khaldun (1332-1406) considerado um grande filósofo da História da época medieval, tecendo considerações sobre a natureza humana. Escreveu a obra ‘Prolegômenos’ com sete volumes. D) CIÊNCIAS - Os alquimistas árabes prenunciaram a química, ao procurar o elixir da longa vida e a pedra filosofal descobriram o álcool e certos ácidos. A aritmologia surgiu em Kufa (cidade às margens do rio Eufrates, na Mesopotâmia) e contribuiu muito para o desenvolvimento da matemática. O número 5 tem um significado especial para os muçulmanos (como o 12 para os judeus e o sete para os cristãos): cinco são as espécies de jejum, de ablução, de bens para o dízimo, de elementos de peregrinação, de testemunhos do ordálio (no século X), de orações... O cinco representa o ‘mukhamas’, o pentagrama (figura com poderes mágicos). A obra “O Cânon” de Avicena (ou Ibn-Sina-980-1037) foi estudada na França até a época de Luís XIV (século XVIII) com seus ensinamentos aristotélicos. Além de filósofo foi considerado um grande médico. Outro filósofo seguidor de Aristóteles foi Averróis (Ibn-Rushd-1126-1198), de Córdoba. 4. ECONOMIA ÁRABE. A) COMÉRCIO - Os árabes foram grandes comerciantes desde os tempos pré-islâmicos, em que os beduínos (árabes do deserto), sob o comando de seus xeques, acompanhavam como seguranças das caravanas de camelo, além de se dedicarem à pilhagem e à criação de camelos e carneiros (adaptados ao clima desértico). Sabemos que Meca era um centro de convergência de rotas comerciais e de peregrinos, acarretando o enriquecimento de sua elite - a tribo dos Coraixitas - que lutou contra Maomé para preservar a idolatria e seus interesses comerciais. Os árabes eram intermediários no comércio entre o Oriente (de onde importavam seda, porcelana, especiarias) e o Ocidente. Ibn Kaldun enfatizava que ‘os cristãos não conseguem fazer flutuar uma tábua sequer’ no Mar Mediterrâneo. Foi assim que circularam não apenas mercadorias, mas elementos culturais desde o Oceano Índico ao Atlântico, passando pelo Mediterrâneo e pelo Mar Negro. Na medida em que se dilatou o império por conquista, se ampliaram os mercados de consumo e de produção. B) INDÚSTRIA - Os mouros construíram a primeira fábrica de papel da Europa na cidade de Játiba (Espanha). Eram hábeis na indústria artesanal de couro (em Córdoba), na fabricação de musselina (tecido típico de Mossul), de armas (em Toledo e Damasco). A mão de obra era escrava (na Idade Moderna eram comerciantes de escravos e, ainda atualmente na África Saariana, povos islamizados praticam este crime ignominioso). Os árabes tinham o ‘know how’ na fabricação de azulejos e mosaicos. C) AGRICULTURA - Os árabes introduziram a azenha e os moinhos de água de roda vertical. A região de Valença (Espanha) se tornou um grande centro de produção agrícola com suas técnicas de canalização, irrigação e a introdução de novas plantas (como a cana-de-açúcar e o algodão). RESENHA CRONOLÓGICA DO MUNDO MUÇULMANO Mensagens: 4 1) ‘Historia magistra vitae est’ ou ‘A História é mestra da Vida’ - Marco Túlio Cícero (viveu entre 3 de janeiro de 106 a.C. a 7 de dezembro de 43 a.C.). 2) A História é um espelho do passado e uma lição para o presente - Provérbio persa. Observações: 1) Quando não estiver na ordem cronológica, por ausência de datas, coloco simplesmente: ‘neste ano’ e continuo a citação do fato ocorrido, de forma aleatória. 2) Separo um evento cronológico de outro através de hífens (---) e não através de marcadores em outra linha. 3) O símbolo ~ (significa ‘cerca de’) é usado quando não se tem certeza absoluta sobre a data precisa do evento histórico. SÉCULO IV (ARÁBIA PRÉ-ISLÂMICA) * Desde o século III até 636, a Dinastia dos árabes Gassânidas, vassala do Império Romano (depois Bizantino), reinava sobre o corredor síriopalestino (Palestina, Palmirênia, Transjordânia), importante por suas rotas comerciais. Estes árabes eram cristãos. * A partir deste século, o Mar Vermelho foi dominado pelo comércio marítimo feito pelo Reino de Axum (ou Aksum, cidade ainda existente na Etiópia, naquela época chamada de Abissínia), cuja área se estendia ao norte deste país, de Djibuti e Eritreia, exercendo, também, uma hegemonia militar no Iêmen que durou até o início do século VIII. Sua capital, Axum, permaneceu importante até o final do século IX. * Desde o século I até este século IV a Arábia era palco de ação de duas tribos das Terras Altas: ao norte em torno de al-Qâhira-Sancá; ao sul, a confederação dos Himyaridas (dhû-Raydân). * Desde 275 a 571 até a guerra santa do Islamismo (meados do século VII), no sudoeste da Península Arábica o Iêmen foi dominado pelo Reino Himyarida (aí existiu antes o Reino de Sabá). No século IV os Himyaridas atingiram o apogeu com a conquista de Hadramaut, reino que competia com eles no sul. Este domínio foi entrecortado, no entanto, por conflitos internos entre judeus e cristãos, pela conquista de Aden pelos romanos orientais, pela invasão do Reino de Axum (em 340-378). * Do IV ao VIII século floresceu uma modalidade de monasticismo eremita no Egito em que nos dias úteis se viviam como ascetas isolados no deserto, mas no final da semana se reuniam nas igrejas dos povoados para cantarem seus hinos religiosos. Este tipo de ascetismo não totalmente isolado do convívio humano ainda é praticado no Wadi Natrum (no Deserto Líbico, a oeste da cidade do Cairo, no Egito). * A Arábia até a terceira década do século VII é chamada de Pré-Islâmica. A partir daí é mais correto em se colocar Mundo Islâmico ou Muçulmano, porque englobava povos não árabes, como os persas no Irã e os bérberes no norte da África e outros. * Na primeira metade deste século surgiu a Dinastia árabe dos Lakhmidas, no Reino de Hira (Mesopotâmia) sob vassalagem do Império Sassânidas (da Pérsia). Estes árabes não eram cristãos (apenas o seu último rei foi cristão nestoriano). * Neste século, o Cristianismo entrou na Arábia através do Reino de Axum e do Império Romano Oriental na Arábia. Najran, no Iêmen, adotou o nestorianismo com apoio dos Sassânidas. * O Zoroastrismo persa se infiltrou em áreas junto ao litoral do Golfo Pérsico (al-Bahrain e o oásis de al-Ahsâ') * No centro e norte da Península Arábica (entre os romanos orientais e os himiaritas), nos séculos IV e V, se localizou o Reino Hujrida (impropriamente chamado de Reino de Kinda), constituído especialmente por grupos tribais provenientes do sul da pensínsula. Manteve relações com os Impérios Sassânida e Romano Oriental, bem como com os Gassânidas e Lakhmidas. 312 a 364- Selêucidas (dinastia helenística na Síria); datação histórica contínua pela primeira vez. 321 - Início do reino de Ezana (ou Aizenas) em Axum. 323 - Gênese do cenobitismo a partir do anacoreta Panoche (ou Pacome de Tabenesi) que criou em Tabenesi (no sul do Egito) um mosteiro onde os monges viviam em oração e trabalho. Há autores que consideram este monasticismo oriental um fator influente na criação do monasticismo ocidental. 325 - O imperador persa Shapur II lançou-se em campanha de pacificação de tribos árabes e, assim, proteger suas fronteiras ocidentais: o primeiro lugar a ser atacado foi Ayad (ou Sawâd). 328 - Em Nemara, na região banhada pelo Ruhbeh (ou Zelah, no sul da Síria), se enterrou Imru I-Qays, do clã dos Banu Lakhm (de onde se originaram os Lakhmidas, que dominaram Hira, na Mesopotâmia). Seu túmulo tinha uma inscrição em árabe, no qual se outorgava o título de rei de todos os árabes. ~ 330 (ou entre 325 e 328) - A conversão de Ezana ao cristianismo por S. Frumêncio passou para todo o seu reino. Frumêncio era sírio e se tornou o primeiro bispo de Axum. A partir daí o rei Ezana passou a se denominar Abraha; seu irmão, também convertido, passou de Saizanas para Atsabaha. ~ (cerca de) 335 - O Reino africano de Axum conquistou o sul da Arábia (região do atual Iêmen), estratégico pelo controle do atual Estreito de Bab el Mandeb, que liga o Mar Vermelho ao Arábico e Oceano Índico. 335 - O imperador persa sassânida Sapor (Shapur) II, no lado ocidental de sua fronteira, sufocou uma revolta dos Lakhmidas; ao mesmo tempo, rompeu os tratados anteriores que eram desfavoráveis territorialmente ao seu império (firmados por Vahram II e Narseh). Esta frente de guerra do lado oeste foi abandonada quando o Império Persa começou a sofrer a ameaça dos Pequenos-Kuchan e dos Chionites-Heftalitas a leste. 340 a 378 - O Reino de Axum, se aproveitando de conflitos entre os Himyaridas e os Hamdânidas, invadiu e ocupou Tihama e Najran. 350 - Ezana invadiu e conquistou na primavera deste ano a região da Núbia atual (onde existia o Reino de Meroe ou Kush). 356 - Forças de Axum atravessaram o Mar Vermelho e invadiram a planície costeira de Tihama (no litoral do Iêmen atual), fustigando o reino local dos Himyaridas. 373 - Início do governo de Mehadeys no Reino de Axum. 377 - O rei Mehadeys selou aliança matrimonial com a tribo de Banu Azd, de origem Iemenita, dominante na Arábia ocidental, onde se situa Meca. 378 - O reino cristão de Hadramaut (parte do Iêmen atual) se vassalizou a Axum durante o reinado de Mehadeys. --- Há referência de participação dos sarracenos (recrutados na região oriental do Império Romano do Oriente) na III Batalha de Andrinopla (na Trácia) contra as forças do imperador Valente, morto durante o combate. 380 - Um rei dos Himyaridas, Abîkarib As'ad, originário da tribo dos Qahtanidas, ficou propenso a adotar o judaísmo, junto com seu pai Malkikarib Yuha'min. Foi a primeira revolução religiosa monoteísta na Arábia pré-islâmica, acabando com o culto pagão e destruindo seus templos. 381 --- O novo imperador romano oriental Teodósio I proibiu o culto pagão no Império Romano e adotou o cristianismo. --- A rainha Mawia (de sarracenos que habitavam o sul da Síria) impôs derrota às forças romanas orientais nesta região da Síria. 399 - Uazebas sucedeu ao rei Mehadeyis em Axum, mas por pouco tempo: cerca de 400 o trono passou a Eon. 400 - Controle total de Meca (ou Makka, como é chamada pelos árabes e de Makoraba pelo geógrafo grego Ptolomeu) como cidade e centro religioso por Qocayy (líder da tribo dos Qoraicihitas) ao redor do templo da Caaba (e seus 400 ídolos), tornando-se uma república de poderosos mercadores, governada por chefes de clãs e pelos ‘mala’ (notáveis). Meca era um grande centro de convergência de rotas comerciais do Iêmen (em cujo litoral aportavam navios vindos do Oriente e de Axum), da Síria, e dos Impérios Romano e Sassânida (da Pérsia). SÉCULO V (ARÁBIA PRÉ-ISLÂMICA) O Reino dos Himyaridas cresceu através de conquistas mais ao norte da Península Arábica. Houve expansão do judaísmo e cristianismo no Iêmen. O Reino de Axum atingiu a culminância do seu prestígio político e econômico. Foi o primeiro Estado da África a emitir moedas. 412 - Foi nomeado patriarca de Alexandria (no Egito), Cirilo (canonizado mais tarde), exercendo sua função até 444 e combatendo as heresias vigentes na época (como o Novatianismo, o Nestorianismo). 413 - Em Alexandria houve atritos entre o patriarca Cirilo e Orestes (prefeito pagão do Egito) e os judeus, por ter preso cristãos e permitido aos judeus os massacrarem após confiscarem seus patrimônios. 414 - Em Alexandria, o patriarca Cirilo mandou demolir todas as igrejas dos hereges novatianistas e incentivou uma verdadeira guerra contra os judeus pelos cristãos (rivais em jogos circenses): estes destruíram sinagogas e perseguiram os judeus. O prefeito do Egito, Orestes, pediu a intercessão do 5 imperador romano oriental, Teodósio, em favor dos judeus; por isto foi morto a pedradas pelos monges de Nitreia (do Uadi Natrun). --- Neste ano, na Palestina, ocorreu a querela religiosa entre o monge Pelágio e Jerônimo de Stribon (o tradutor da Bíblia, depois canonizado). O discípulo de Pelágio chamado Celéstio foi para Constantinopla com o objetivo de buscar apoio ao Pelagianismo, mas não teve sucesso: foi expulso pelo patriarca Ático. ~ (cerca) de 420 - Aspebetos, chefe de tribo árabe, se converteu ao cristianismo e se tornou vassalo dos romanos orientais: foram os Gassânidas (que governaram a Palmíria, Palestina e Transjordânia), que assim permaneceram até 636 e participaram das guerras mútuas entre persas e romanos orientai 432 - Neste ano, a famosa Escola de Edessa (ou dos Persas) esteve dividida em duas facções doutrinárias: uma de vertente nestoriana com Ibas (diretor da escola, que adotava as idéias de Teodoro de Antióquia ou Mopsueste), outra de vertente dogmática tendo à frente o bispo de Edessa, Rabbula (que se alinhava à postura religiosa do patriarca Cirilo). 440 a 450 - Os Himyaridas atingiram o máximo de sua extensão territorial pelas campanhas militares vitoriosas de 'Abîkarib As'ad e seu filho Hassân Yuhanim sobre os Himyaridas no centro da Península Arábica. Aí criaram um principado caudatário deles sob a autoridade de Huj, príncipe kindita. 450 (ou 451) --- A secular Barragem Ma’rid (remontando ao Reino de Sabá) que irrigava plantações no norte do Iêmen quebrou, enfraquecendo a Dinastia dos Himyaridas e acarretando migração para outras áreas. 458 - Neste ano foi fundada, às margens do rio Kura, a cidade de Tbilisi pelo rei Vakhtang I da Ibérica Caucasiana. Por sua localização geográfica privilegiada controlava as rotas comerciais entre o leste e o oeste da Transcaucásia e foi objeto de conquista de bizantinos, persas e árabes. 470 - Como a religião cristã era considerada uma seita, foi combatida pelos Himyaridas, como ocorreu neste ano com o martírio de Azqir por ordem do rei Sharahbi'îl Ya'far. Eclodiu, então, uma guerra civil entre cristãos e judeus. 489 - Em face de divergências doutrinárias cristãs, a famosa Escola Teológica de Edessa (hoje Urfa, na Alta Mesopotâmia, às margens do rio Eufrates) sofreu uma cisão e teve suas portas cerradas por determinação imperial. Seus mestres foram para Nísibe, onde criaram uma nova escola teológica, que se tornou um centro de expansão do nestorianismo em vários lugares, inclusive na Arábia. 500 - Unificação do sul da Arábia pelo beduíno Abkarib As’ad ao realizar incursões ao norte e nordeste da península. Nomeou-se soberano de Sabá, Dhu Raydan, Hadramaut e Yamanat --- Ghassan, chefe árabe tribal da Transjordânia (um dos ramos dos Azd), com o apoio e vassalagem em relação aos romanos orientais, tornou-se rei e criou a Dinastia Gassânida. --- Objetivando acabar com a influência romana oriental no norte da Arábia (controlando rotas comerciais marítimas de especiarias da Índia), o rei himyarida Abu-Kariba Assad empreendeu uma incursão sobre a área, mas sem sucesso. SÉCULO VI (ARÁBIA PRÉ-ISLÂMICA) Neste século o centro comercial e religioso mais importante de toda a Arábia era Meca; comercialmente tinha superado Petra (das antigas tribos Nabayati ou Nabateus). Era governada pela aristocracia mercantil dos Coraichitas, que se dizia descendente de Abraão; em seus arredores habitavam os artesãos, geralmente escravos. Em meados deste século, na Península Arábica haviam 3 núcleos urbanos importantes: Meca, Medina e Ta’if, todos em oásis ao longo do litoral sudoeste entre o Mar Vermelho e o enorme deserto no interior da península, na região denominada Hejaz (onde os cristãos foram perseguidos). Medina era chamada de Yathrib; Ta’if fica a sudeste de Meca (nela hoje fica a residência do rei saudita da Arábia). Meca era a mais povoada e era abastecida pelo famoso Poço de Zamzan (resultante da emergência de um lençol freático). Durante o reinado do famoso imperador romano oriental (bizantino) Justiniano I, o Grande, sua esposa Teodora, cristã monofisita, mandou missionários desta heresia cristã para o Reino de Axum, que aderiu a ela. O Império Sassânida conquistou o sul da Arábia, que já tinha abandonado a estrutura social de laços tribais e passado para uma economia mercantil. 502 - Neste ano, em contraposição ao Reino de Hira, o imperador Anastácio permitiu a instalação das tribos Gassânidas (e seu chefe Tha'laba ibn ‘Amr, a quem concedeu o título de ‘filarca’) em território romano, como federados (aliados), protegendo sua fronteira desde o Sinai até a Mesopotâmia. 510 a 558 - Período do reinado na Etiópia, mais precisamente no Reino de Axum, de Caleb, ao suceder o seu pai Tazién. 512- Em 24 de setembro foi construído um pequeno monumento sobre o túmulo (o ‘martirium’) do mártir S. Sérgio em Sabad, a sudeste de Alepo, na Síria; a inscrição em árabe representa a mais antiga datada na Arábia. 519 - O rei Caleb, de Axum, deu cobertura ao golpe de Estado que introduziu no trono himyarida o cristão Madîkarib Yafur (Ma`adikarib Ya`fur). 521 - Ma`adikarib Ya`fur começou uma série de campanhas militares contra as tribos da Arábia Central, objetivando aumentar seu poder e mover guerra contra o Reino de al-Hira, dos Lakhmidas. ~ 522 - Em junho, o judeu Yusuf Asar Yathar (ou Dhu Nuwas) usurpou o trono himyarida do rei cristão Ma`adikarib Ya`fur, se declarou anticristão, perseguindo-os, além de massacrar a guarnição axumita sediada na capital Zafar. Dhu Nuwas se outorgou o título de ‘rei de todas as tribos árabes’. Em outubro, massacrou os cristãos do oásis de Najran por sua recusa em converter-se ao judaísmo; o rei Caleb não pode intervir em favor dos cristãos porque no inverno o Mar Vermelho estava revolto por ventos fortes. Em face disto, o imperador romano oriental (bizantino) Justino I solicitou ao rei Caleb (de Aksum), através do patriarca de Alexandria (no Egito), a intervenção na região, o que foi executado em 525. 523 - Em Nejrân (norte do Iêmen) os cristãos sofreram perseguição neste ano por parte do judeu Yûsuf dû Nuwâs (filho de Tabbân As'ad Abî Karb), havendo o martírio de S. Aretas em novembro. 524 - A importante barragem de Marib, no Iêmen, foi submersa por uma inundação (rara, pois o clima é desértico). Mesmo sendo reconstruída, houve um abandono parcial da região pelos agricultores. 525 - Em meados de abril, a cidade de Edessa foi quase totalmente destruída pela inundação do rio Daisan ou Skirtos (no vale do Eufrates). - Depois do dia de Pentecostes (em maio), uma armada axumita, sob o comando do rei Kaleb, desembarcou no Reino Himyarida, vencendo Dhu Nuwas, restabelecendo o cristianismo e massacrando judeus e politeístas. Quando o rei axumita retornou à Etiópia (Axum) os judeus se revoltaram, forçando uma nova intervenção. A partir deste ano, ¾ do Iêmen ficou sob o domínio do Reino de Axum. A região sul da Arábia passou a ser governada por Shumyafa Ashwa, títere dos axumitas, despojado do poder pelo general Abraha (conquistador axumita do Reino Himarita) em 535. 526 - A cidade de Antióquia (no rio Orontes, na Síria) sofreu o terceiro terremoto após a conquista romana. 528 - Os romanos orientais se juntaram com os Ghassânidas para lutar contra os Lakhmidas, na primavera. 528-529 - O imperador bizantino Justiniano I, o Grande concedeu ao rei gassânida al-Harith ib Jalaba (ou Galaba, sucessor de Tha’laba) o título de patrício e filarca, por suas lutas contra os Lakhmidas (vassalos dos persas). Nesta época, estes árabes professavam o cristianismo monofisita (por influência bizantina) e não tinham sua capital fixa. Este rei morreu em combate ao lado do general bizantino Belisário contra os Lakhmidas em 529. 529 - Ocorreu, em 21 de março, a invasão da Síria (chegando até Antióquia) pelo rei Mundhir III (ou Alamundaros III) dos Lakhmidas. Em face disto, em 12 de maio chegou a esta cidade síria um enviado do imperador Justiniano (Hermógenes) para negociar um tratado de paz, não aceito por Kavadh I em julho.-- Em junho foi sufocada violentamente uma revolta dos samaritanos na Palestina pelo rei al-Harith (dos Ghassânidas, aliados dos romanos orientais). 530 - Na primavera, os generais romanos orientais Hermógenes e Belisários sofreram derrota na Batalha de Dara diante das tropas arabo-persas (tendo um contingente árabe sob o comando de um chefe Lakhmida), chefiados por Sepahbod Azarethes. -- No verão, os persas foram derrotados na Batalha de Satala (na Armênia) pela cavalaria romana comandada por Sittas; logo após a derrota, os persarmênios Narsés e seu irmão Arácio, passaram para o lado romano. Em agosto, o imperador sassânida Kavadh I resolveu receber, no outono, os emissários de Justiniano (Hermógenes e Rufino) enviados para negociar um tratado de paz. 531 - Em abril, continuaram os confrontos entre Sassânidas (junto com forças dos Lakhmidas comandadas por Alamundaros) e Romanos Orientais na fronteira: obtiveram uma vitória difícil do general Azarethas sobre o general romano Belisário (tendo ao seu lado os Isaurianos) na Batalha de Calínicon (junto ao rio Eufrates, na Síria). No outono iniciaram-se as negociações de paz entre Kavadh e o general Hermógenes (acompanhado de Rufino). --Justiniano concedeu a Aretas (Harith-ibn-Gabala), chefe gassânida, o título de filarca, criando-lhe o Reino de Bostra (ou Bosra na Síria); seu objetivo era o de se contrapor ao Reino árabe de Hira. 535- O general Abraha (‘al-Achram’, ou seja, ‘’Nariz Cortado’) cortou sua relação com o Reino de Axum e governou o Iêmen (que era cristão monofisita), transferindo a capital de Zafâr para Sanaa (ainda hoje capital do Iêmen). 550 - Abraha mandou construir uma igreja monumental em Sanaa, destruída no século VIII pelo governador muçulmano do Iêmen.--- Foi por volta deste ano que foi erigida a Caaba. 6 554 - Confronto entre os Lakhmidas (grupo liderado por Banu Lakhm), vassalos dos persas sassânidas de 328 a 622, do Reino de Hira, com seus inimigos ferrenhos, os Ghassânidas (vassalos do Império Bizantino desde o século III até 636); estes últimos foram os vencedores em Chalcis (em Quinnasrin, a sudeste de Alepo). 555 - O porto de Lataquia (antiga Laodiceia), no litoral da Síria, foi abalado por um sismo. 558 - O rei Caleb (de Axum) abdicou do trono em favor do seu filho Ghebré-Meskel (que governou até 584) e se asilou em um mosteiro. 562 - Em abril/setembro, os hujridas (kinditas) participaram da campanha militar do rei etíope Abraha, então no trono Himyarita, contra as tribos do leste e centro da Arábia. 569 a 581 - Governo de al-Mundhir III ibn al-Harith (Alamundaros III), sucessor de Aretas, no Reino dos Gassânidas, . 569 (continuação) - Al-Mundhir III (Alamundaros) entrou em conflito com os Lakhmidas, conseguindo vitórias contra seu rei Kaboz (ou Kabus). 570 - Em maio, mais uma vez houve um confronto, em Ain Obagh, entre os Lakhmidas (sob o rei Kabus) e os Gassânidas, estes vitoriosos; o rei Mondir III (também chamado Al-Mundir ou Alamundaros), dos Lakhmidas, morreu neste combate 570-571 - Conflitos entre os Gassânidas e os Lakhmidas, além de apoio bizantino à revolta da Armênia persa contra os Sassânidas, aumentaram mais ainda a animosidade entre os dois impérios. 570 - Em maio, mais uma vez houve um confronto, em Ain Obagh, entre os Lakhmidas (sob o rei Kabus) e os Gassânidas, estes vitoriosos; o rei Mondir III (também chamado Al-Mundir ou Alamundaros), dos Lakhmidas, morreu neste combate. - Neste ano, houve um ataque frustrado de Abraha, sobre Meca, com seu exército montado em elefantes. O ataque se frustrou ora porque as forças Iemenitas sofreram a resistência destemida do avô de Maomé, Abd al-Muttalib, ora por causa da varíola que se abateu sobre elas (incluindo a morte de Abraha). Este foi sucedido por Yaksum e Masruq, seus filhos. --- A barragem de Ma’rid (uma das primeiras do mundo), que armazenava água para irrigação da agricultura no Iêmen, se rompeu, provocando a migração forçada de grande parte da população do Iêmen para o norte. - Atribui-se o nascimento de Maomé neste ano; pertencia do clã de Hachin (pertencente à tribo dos Coraichitas) em Meca. Tinha como pai, Adaballah (que morreu dois meses antes dele nascer) e como mãe a Amina. 571 - Neste ano: No sul da Península Arábica, o reino dos Himyaritas do Iêmen (a bíblica Sabá) mantinha boas relações com os romanos orientais, mas foi conquistado pelo reino etíope de Aksum (que ia desde a Somália à Etiópia). Khosro mandou uma frota naval comandada por Vahriz, que venceu os etíopes e anexou o Iêmen. Os romanos orientais não viram com bons olhos tal conquista, visto que os persas passaram a ter o controle sobre o comércio no Mar Vermelho até a conquista árabe no século VII. 572 - Os persas se apoderaram de Aden, se aproveitando do ataque dos árabes no norte do Iêmen. Aden ocupa uma posição econômica estratégica para o acesso marítimo ao Mar Vermelho. 573 - Em 19 de abril, o general romano oriental Marciano saiu de Dara (atual Oguz, na Turquia), na fronteira, e avançou sobre a Mesopotâmia persa, onde venceu os persas em Sargathon e cercou a cidade de Nisibe; foi abandonado este cerco porque ele foi chamado pelo imperador a Constantinopla, sob suspeição de querer usurpar o trono. --- No verão, o general persa Adarmahan fez incursão sobre a Síria bizantina, devastou os arredores de Antióquia, cercou Apameia (após conquistá-la reduziu seus habitantes à escravidão) e, em seguida, cercou Dara por 6 meses, retomando-a em 15 de novembro. --- O líder gassânida Al-Mundhir III (ou Alamundaros) solicitou ajuda financeira romano oriental para pagar suas tropas, mas o general Justiniano não só recusou, como ainda mandou matá-lo. Ao saber disso, Alamundaros fugiu para o deserto da Síria. 575 - Na primavera, o rei al-Mundhir III ibn al-Harith (Alamundaros III) dos Gassânidas se reconciliou com o imperador romano oriental (bizantino) Justino II e se lançou sobre o Reino dos Lakhmidas, saqueando e queimando sua capital Al-Hira (Hira), exclusive as igrejas cristãs. 578 - Os entrepostos comerciais do Reino de Axum foram destruídos pelos persas sassânidas, eliminando sua presença no Iêmen de maneira definitiva. 580 - Al-Mundhir, chefe gassânida, proibiu ao general bizantino Maurício de atravessar seu território (atual Jordânia) para atacar a capital persa; mas, por outro lado, impediu que os persas invadissem terras romanas orientais e libertaram Edessa ao vencerem os sassânidas e a devolveram a Tibério II, quando este obteve a vitória de Constantina (Tela d’Manzalat,em 581). –Neste mesmo ano, Al-Mundir (Alamundaros) foi preso em Constantinopla por ter sido considerado traidor por tentar intermediar a querela religiosa entre os monofisitas e os calcedonianos. 580-581 - O gassânida Al-Mundir participou, junto com o general bizantino Maurício (futuro imperador) de incursão contra a capital persa Ctesifon, que resultou em fracasso. Maurício o considerou traidor pelo fracasso, resultando em sua prisão em Constantinopla e na revolta de seu filho al-Nu’man VI em 581 - Este último atacou a Síria, tomou Bosra (ou Bostra, cujo governador morreu nesta ocasião). Esta revolta durou 2 anos. Al-Numan VI foi tentar se entender com bizantinos em Constantinopla, mas aí foi preso e exilado na Sicília. 582- Em junho ocorreu a Batalha de Constantina (ou Tela Manzalat, na Mesopotâmia): vitória do general Maurício sobre os generais persas Adarmahan e Tamkhosrau, em que este último morto. Depois as tropas vencedoras atravessaram o Eufrates e ameaçaram Ctesifon. Realizaram negociações de paz com o rei sassânida, mas sem sucesso. 583 - Maomé, junto com seu tio Abû Tâlib (que o criou a partir dos 8 anos de idade), realizou uma visita à Síria. Aí em Bosra (Bostra ou Boçra) um monge nestoriano, Bahira, teria feito a previsão de sua vida futura de profeta. 584 - Maomé, mesmo sendo um adolescente, participou dos conflitos entre os Coraichitas e os beduínos Hawâzin, junto com seus tios. Em conflitos posteriores demonstrou suas qualidades bélicas. ~ 590 - As fundações da Caaba, em Meca, foram parcialmente abaladas pela erosão pluvial provocada por fortes chuvas que se precipitaram na cidade. Em função disto, os Coraichitas a demoliram e a reconstruíram com bases mais sólidas para enfrentar tais adversidades naturais. 594 - A partir daí, Maomé começou a trabalhar em comboio de caravanas a serviço da rica comerciante de Meca, a viúva Khadija, sua futura esposa, com quem se casou, provavelmente, no ano de 595. 597 - Os persas sassânidas estabeleceram seu domínio sobre o Iêmen, Hadramaut e Oman, controlando, pois, os estreitos que ligam o Mar Vermelho e o Golfo Pérsico ao Oceano Índico, que eram estratégicos para o comércio. 600 a 603 - As populações da Síria e da Palestina foram assoladas pela fome. SÉCULO VII Surgimento e expansão do Islamismo tendo como eixo de expansão a Arábia e chegando ao Norte da África (até a Tunísia) e à Pérsia. A partir de 16 de julho de 622 (com a Hégira, ou seja, fuga de Maomé de Meca para Medina) iniciou-se o Calendário Muçulmano. É um calendário lunar, ao contrário do adotado pela maior parte do mundo, o Calendário Gregoriano, que é solar (este tem 11 dias a mais). Daí a dificuldade de perfeita sincronização entre os historiadores islâmicos e os ocidentais e, por conseqüência, da cronologia dos fatos. Neste século houve a invasão muçulmana no litoral oriental da Abissínia onde fundaram o porto de Zeilah (no Golfo de Aden). Surgimento das seitas karidjitas, xiitas e sunitas. Redação do Corão. Fim dos Emirados dos Lakhmidas e Gassânidas. O litoral africano do Oceano Índico (em Mogadiscio, Malindi, Mombasa, Sofala) e ilhas (como Pemba, Zanzibar, Kilwa), a partir deste século e se prolongando até o século XIII, presenciou a formação de estabelecimentos comerciais árabes. Nestes entrepostos, os árabes se dedicavam à exportação de escravos, ouro e marfim e, por outro lado, exportavam tecidos e miçangas. Os mendigos, charlatães, bandidos eram chamados de ‘banu sasan’ durante o período medieval do Islam. 602 - Em face do assassinato do imperador bizantino Maurício, Khosro II se sentiu desobrigado em relação ao seu homizio anterior e acordos feitos em Constantinopla e começou a guerra contra os romanos orientais, tendo um exército bem preparado e generais do porte de Farrokan (‘Razmyozan’ ou ‘buscador de batalha’ e intitulado também ‘Schahrbaraz’ (ou ‘Sahrvaraz’, isto é, ‘Javali’ ou ‘Herói do Império’). 604 - No verão, a fortaleza de Dara (sul de Damasco) foi conquistada e destruída após cerco de um ano pelos persas comandados por Kosroe II. 605 - Maomé intermediou entre conflitos das tribos que disputavam a posse da Pedra Negra na Caaba, cuja reconstrução foi concluída neste ano. Conflito entre os Lakhmidas (vassalos da Pérsia) e os Sassânidas motivado pela recusa do rei Nu’man III (ou Al-Nu'man III ibn al-Mundhir, o último rei Lakhmida de Hira) ter se recusado à uma aliança matrimonial de sua filha com o imperador Khosro II. Este mandou prender o rei Lakhmida e executá-lo sob as patas de um elefante. Este vai um dos fatores que fizeram eclodir a famosa Batalha de Dhi Qar por volta de 610. 606-610 - Neste período, houve frequentes retiros de Maomé numa gruta do Monte Hira, próximo de Meca. Foi nesta gruta que, de acordo com a tradição, que ocorreu a chamada Noite bendita do Corão, ou Noite do Destino, na qual ele recebeu a Palavra Incriada em 610 através do Arcanjo Gabriel, recitandolhe os primeiros versos do sura Iqra (al-Alaq). 608 - A Síria foi sacudida por guerras civis em função da rebelião dos cristãos monofisitas contra os editos do Império Bizantino. 7 ~ 610 - Em Dhû-Qar (ou Dhi Qar), entre Kufa e Basrah (no baixo vale do Eufrates), os persas sofreram derrota diante de árabes Lakhmidas chefiados por Hany bin Masud, na chamada ‘Batalha das Correntes’. A partir daí começou a infiltração maciça dos árabes na Baixa Mesopotâmia. 610-612 - Aproximadamente com seus 40 anos, Maomé, distribuiu parte dos seus bens, foi para as montanhas para rezar e meditar. 610-614 - A revelação e pregação de Maomé ficaram restritas a um grupo familiar e próximo: sua esposa Khadija, Zeid (seu filho adotivo), Ali (seu primo), Abu Bâkr (grande amigo e sogro mais tarde) e Osman (seu genro). Quando pregava em Meca era hostilizado por cantos licenciosos, por lhe cuspirem no rosto e até jogar placenta de ovelha sobre ele; era, no entanto, protegido sempre pelo seu clã, o Hachimita (ou Hachemita, um dos que participavam da tribo dos Coraichitas e que governa a Jordânia). 611 - Em maio ocorreu a invasão da Síria pelos sassânidas, comandados por Farrukhhan Schahr Barâz (ou Shahrbaraz ou Schahryar), se apoderando de Antióquia, Cesareia e Apameia, mesmo sendo defendidas por Heráclio (auxiliado pelos generais Filipicos e Prisco). 616 - Um dos clãs da tribo dos Coraichitas, os Banu Hashim (de onde proveio Maomé), começou a boicotá-lo. Diante deste clima de hostilidade, ele teve que se refugiar junto ao seu tio Abû Tâlib por 3 anos. ~ 617 - Como os muçulmanos mantinham relações amistosas com o cristianismo, os Coraichitas determinaram, em vão, a excomunhão deles. Foi nesta época que houve a conversão de Omar bem al-Khafththâb (que os perseguia antes e depois se tornou califa) e um dos tios de Maomé chamado Hamza. 616 a 618 - Khosro II invadiu o Egito, tomou Babilônia (Cairo), Alexandria e chegou à Abissínia: restauração do antigo Império Aquemênida. 617 - Meca iniciou um processo de boicote ao clã Banu Hashim, mesmo este tendo feito o mesmo há cerca de um ano antes em relação a Maomé. 617 (ou 618) --- A cidade de Yathrib (chamada de Medina após a implantação do Islamismo) foi palco de uma guerra civil entre os Banu Aus e Banu Khasraj; os primeiros tinham o apoio das tribos judaicas de Banu Qurayza e Banu Nadir e pelos beduínos da tribo Muzayna. Quem comandava esta aliança era Hudayr ibn Simak. 619 - Morreu a esposa de Maomé, Khadija, em dezembro. --- Acabou o boicote feito a Maomé pela elite dominante em Meca e pelos Hashemitas; desta forma ele pode retornar para Meca. Segundo a tradição, foi nesta época que Maomé viajou pelo mundo celeste e para Jerusalém montado sobre o cavalo El Barek (O Relâmpago). 620 - Em janeiro, morreu o tio de Maomé, Abû Tâlib (pertencia ao clã dos Banu Hasim). --- Em março, um pequeno grupo da tribo Iemenita, a dos Banu Khazraj, enfraquecida por conflitos com outra tribo do Iêmen e peregrinando a Meca, reconheceu Maomé como profeta. Neste ano se realizaram conversas secretas entre os muçulmanos e os notáveis de Yathrib (Medina). 621 - No verão ocorreu a I Convenção de Acaba. As tribos Banu Aws e Banu Kharzraj, de Yathrib (Medina) se converteram às pregações de Maomé. 622 - No verão, ocorreu a segunda convenção de Acaba, havendo a conversão e juramento de aliança e fidelidade dos principais clãs de Yathrib a Maomé. Os Coraichitas de Meca, descontentes com a crescente adesão de fiéis aos ensinamentos de Maomé (que poderia colocar em xeque seus interesses comerciais) tramaram o seu assassinato, provocando a migração dele e seus seguidores para Yathrib: foi a Hégira, emblemática porque foi consagrada como o início do calendário muçulmano (em 16 de julho) . Em 20 de setembro ele entrava em Quba; 4 dias depois entrava em Yahtrib que passou a ser designada pelo nome de Medina (Madinat an-Nabi). --- Em face desta situação, um pequeno grupo de muçulmanos perseguidos atravessou o Mar Vermelho sob a chefia de um irmão de Ali (chamado Ja’far) em direção ao Reino de Axum, onde foram bem acolhidos. 624 - .Em janeiro os muçulmanos começaram a se mostrar ofensivos militarmente: Maomé mandou uma expedição contra caravana dos Coraichitas, encontrando-as e desbaratando-as em Nakhla.—Em meados de fevereiro, Maomé demonstrou sua aversão ao judaísmo com a mudança de ‘qibla’: as orações passaram a ser feitas com os fiéis voltados para Meca (como se faz até hoje) e não mais para Jerusalém. A Caaba passou a ser considerada como o templo de Abraão e seu filho Ismail (ou Ismael). - Em 17 de março deu-se o primeiro conflito entre muçulmanos e os Coraichitas: foi a Batalha de Badr (entre Meca e Medina), com expressiva vitória dos primeiros e causando enormes prejuízos comerciais aos seus antagonistas.—A partir desta batalha, o clã ao qual pertencia Maomé passou a se designar Hachemita. -- Um poeta judeu, Ka'b ibn al-Ashraf, se indignou contra os muçulmanos após esta batalha e acabou sendo assassinado por estar entrando em entendimentos com os Coraichitas. 625 - Um judeu da tribo dos Banu Qaynuqa (uma das que dominavam Medina) brigou com um muçulmano em um mercado (para alguns autores, um ourives judeu levantou a saia de uma mulher árabe); tal fato exasperou seus ânimos, cercaram a cidade e caçaram os judeus, fugindo muitos deles para a Síria. A primeira intenção de Maomé, no entanto, era o de matar todos os homens. --- Em 23 de março, ocorreu a Batalha de Uhud (nas proximidades de Medina) vencida pelos Coraichitas, sob a chefia de um primo distante de Maomé (Abû Sufyân) sobre Maomé e suas tropas (julgaram-no erradamente morto durante este confronto, mas sim tinha se retirado do palco do confronto). --- Em agosto/setembro, os judeus da tribo Banû Nâdir, desrespeitando o pacto de Medina, tramaram a morte de Maomé (jogando-o de um rochedo), resultando em seu exílio para o oásis de Khaybar. 627 - Os judeus, em clima de revanche contra Maomé, solicitaram ao líder coraichita Abû Sufyân, de atacar Medina. Este foi auxiliado pelos Kinânâ e Ghatafânes (ou Ghatfan). Ocorreu então, em 31 de março, a Batalha da Fossa ou da Trincheira: Maomé (aconselhado por Salman, um persa convertido) cavou uma trincheira para as tropas coligadas de Meca. Estas, ao sofrerem uma tempestade de areia, acabaram retornando para Meca. --- Na última semana de abril, em Medina, deu-se a chacina da tribo judia dos Banu Qurayza por traição: os homens foram mortos, enquanto as mulheres e crianças foram escravizadas. 628 - Em março, se aproveitando do sucesso na Batalha da Trincheira, Maomé realizou uma peregrinação à Meca; foi contido, porém, em seus portões. Maomé não quis se confrontar: assinou o Tratado de Hudaybiya de não agressão com seus inimigos de Meca, acertando uma trégua de 10 anos e conseguindo o direito à peregrinação à Meca em 629. Maomé negociou, também neste ano, relações diplomáticas com os Impérios Sassânida (persas não aceitaram pelo tom da carta enviada a Khosroe II) e Bizantino e com o Reino de Axum. --- Em maio, realizaram-se campanhas militares muçulmanas contra as tribos judias de Fadak. ---Maomé mandou cartas aos imperadores da Pérsia e Bizâncio, ao Príncipe da Abissínia e ao governador do Egito com o convite de se converterem ao Islamismo. O imperador persa simplesmente rasgou a carta na frente do emissário de Maomé; o imperador Heráclio se negou à conversão. O governador do Egito se negou a mudar de sua crença monofisita, mas enviou-lhe um cavalo branco e duas escravas egípcias. 629 - Em fevereiro, Maomé peregrinou em Meca, tocou a Pedra Negra na Caaba, em torno da qual realizou 7 Tawaf (voltas). Enquanto ele estava em Meca, seu tio, Abas, se converteu à nova religião. Seus descendentes foram os protagonistas da Dinastia dos Abássidas (que governou o Império Islâmico de 750 a 1258). O maior inimigo de Maomé, Abu Sufyân, fez as pazes com ele e aceitou o Islam. Seu filho Muawiya, passou a ser um dos secretários de Maomé (ele se tornou o primeiro califa da Dinastia dos Omíadas em 661. --- Em setembro, Maomé mandou uma expedição fora da Arábia contra os Gassânidas, mas não conseguiu sucesso; iniciando a Guerra Bizantino-Árabe, que se manifestou na Batalha de Mutah (ou Mota, nas proximidades de Karak, a leste do rio Jordão), a primeira entre as demais: de um lado as tropas romanas orientais comandadas pelo general Teodoro; de outro lado, os árabes liderados por Zayd ibn Haritha e Jafar ibn Abi Talib; foi um embate encarniçado em que estes líderes árabes foram derrotados, sendo substituídos por Khalid ibn al-Walid que precisou usar 9 espadas (que se quebraram durante o conflito). Ambos os lados conflitantes se outorgaram vitória. --- Maomé, à frente de seus soldados, atacou o oásis de Khaybar, vencendo os judeus na Batalha de Khaybar; tiveram estes últimos que pagar resgate a Maomé e entregar-lhe todas as suas terras; o judeu Huyayy ibn Akhtab (da tribo dos Banu Nadir) foi decapitado por suas tropas. --- Aquela que é considerada a maior poetisa da literatura árabe, mais conhecida por Al-Khansa (que significa ‘gazela’) se encontrou com Maomé neste ano e se converteu ao Islamismo. 630 - Maomé e suas tropas se assenhorearam de Meca após as vitórias sobre suas tribos vizinhas e a dos beduínos Hawâzin e Thaqif na Batalha de Hunayn (entre Meca e Tâ-if), em 31 de janeiro. Em Meca realizou as 7 voltas em torno da Caaba, onde destruiu seus 360 ídolos. Em relação aos seus tradicionais inimigos Coraichitas ele foi magnânimo.—Em julho/agosto os axumitas fizeram incursões marítimas sobre o porto de Shu’aibah, a 70 km de Meca; outras incursões foram realizadas no litoral árabe até 640.—Em outubro, Maomé convenceu as tribos de Nedjd e do Iêmen para uma expedição contra os bizantinos, ao chegar em Tabuk (na fronteira, hoje a noroeste da Arábia Saudita) não encontrou a armada bizantina. - Neste ano a dominação sobre toda a Península Arábica estava completa após a submissão de suas tribos; os judeus tinham o dhimma (direito à vida, inviolabilidade de seus bens e das pessoas, mas inferioridade social e religiosa) que pagar tributo (jizya). - Neste ano morreu o rei Ashama ibn Abjar (ou Ella Tsahan) de Axum: Maomé prestou homenagem a ele em Meca pela sua ajuda nos momentos iniciais de dificuldade (na pregação e na perseguição dos Coraichitas). 632 - ‘Peregrinação da Despedida’ de Maomé e milhares de seus seguidores a Meca (em 23 de fevereiro); em 3 de março, estava na cidade santa, onde se encontra com Ali (que viera do Iêmen com seus acompanhantes); 13 dias depois ele saiu de Meca e parou em Ghadir Khumm (junto ao wadi Rabigh, no meio do caminho entre Meca e Medina), onde fez um sermão e indicou Ali, como seu sucessor (por inspiração divina, segundo ele). No dia 8 de junho, adoentado, Maomé morreu em Medina. Quando morreu se iniciou a ‘djihad’, a ‘guerra santa’ de conquista, tendo como obstáculos políticos externos os Impérios Romano do Oriente ou Bizantino (dominando a Ásia Menor, a Península Balcânica, parte da Itália, o norte da África e o corredor sírio-palestino e suas rotas) e Sassânida (dos persas). Numa reunião de companheiros de Maomé (os ‘Ansars’) escolheram como califa a Abu-Beckr, que era genealogista, juiz tribal (Hakam) e um ‘fiel entre os fiéis’ (‘Al-Saddiq’). 8 632 a 634 - Árabes sob o califado de Abu-Beckr ocuparam a Síria, abrindo caminho para a conquista da Pérsia. Para enfrentar o invasor muçulmano, o imperador persa Yazdgard III procurou fazer uma aliança com o imperador bizantino Heráclio e desposou a princesa Manyanh. Deparou-se com as revoltas de tribos, algumas das quais por apostasia em relação à crença muçulmana (‘ridda’). - Foi em seu califado que se mandou executar a primeira recensão escrita do Corão em Medina, sob a direção do companheiro de Maomé, Zayd ibn Thâbit (ou Zeid ibn Tsâbit); surgiram outras como a de Ubayy, a de Ibn Massud, e, finalmente, a de Ali (xiita). Os primeiros fragmentos escritos do Corão foram feitos em placas de barro, omoplatas de carneiros, peles e palmas. Estes fragmentos foram unidos em capítulos (suratas). 632 - (continuação) - Feita a primeira incursão muçulmana sobre a Ilha de Chipre, na qual a cidade de Cition foi saqueada. --- Em dezembro, na planície de Aqraba (região de Yamama) ocorreu a Batalha de Yamama entre as tropas do califa Abu-Beckr (ou Bekr) e o apóstata Mosailima (Musaylimah), sendo este derrotado. 632 a 660 - Período dos chamados Califas Piedosos ou Ortodoxos. Primeiros 4 califas sucessores de Maomé (Rashidum): Abu Beckr (632-634), Omar (634-644), Othman (644-655) e Ali (655-660). Iniciaram o processo de conquista de território fora da Arábia. Sendo companheiros de Maomé mantiveram hábitos austeros, como Abu Beckr que, ao morrer, tinha apenas seu camelo e escravo desde quando iniciou o califado. A estes 4 califas iniciais se dá o nome de Califado Rashidum. 633 - O general árabe Khâlid Ibn al-Walîd (ou Khaled), margeando a margem direita do rio Eufrates, junto com Mothanna, se sobrepôs às forças persas em Ullais (ou Batalha de Sangue, no rio Eufrates com muitas mortes de ambos os lados)) no final de abril e início de maio; um mês depois, cercou a capital dos árabes Lakhmidas (aliados dos persas), Hira, depois de Obolla; em julho cercou Al-Anbar e tomou a cidade de Ein ut Tamr; em agosto foi a vez da conquista de Daumat-ul-Jandal. Em dezembro teve que retornar ao deserto em face da ameaça de bloqueio das estradas pelas tribos árabes do norte da Arábia desde a vitória em Ullais. --- A partir deste ano começou a haver a conquista do Império Persa pelo Califado Rashidum. 633 a 644 - Dominação do Império Persa pelos muçulmanos. Neste período houve emigração dos persas para as terras do Império Bizantino, onde foram designados pelo nome de 'persas' e se incorporaram até à armada imperial e aí até ocuparam posições hierárquicas relevantes. 634 - Começou a haver a conquista do Império Persa pelo Califado Rashidum. Em janeiro, o general Khalid ibn al-Walid foi vitorioso sobre a coligação armada bizantino-persa na Batalha de Firaz ou Firadz (no Alto Eufrates, área fronteiriça entre a Mesopotâmia persa e a Síria bizantina), em que os derrotados se jogaram no rio ou foram massacrados. --- Na última semana de abril, o general Khalid venceu os gassânidas na Batalha de Marj Rahit (ao norte de Damasco). Ao final de maio, Khalid tomou Bosra (ou Bostra). Em 30 de julho, mais uma vitória muçulmana, então sob comando quádruplo na Palestina, na Batalha de Ajnadayn (entre Ramla e Bayt Jibrim) sobre as tropas bizantinas comandadas pelo irmão do imperador Heráclio (Teodoro), em que morreu o governador de Cesareia; as forças imperiais (com Teodoro) tiveram que recuar para Damasco (acolhidos por Tomás, governador local). Uma boa parte dos fugitivos se dirigiu para Jerusalém. De 21 de agosto a 19 de setembro, Damasco foi sitiada e conquistada pelo general Khalid ibn alWalid (à noite, quando os sitiados estavam celebrando uma festa). Em setembro, perto de Antioquia, ocorreu a Batalha de Marj-ud-Deebaj (ou Batalha do Brocado), na qual, mais uma vez, o general Khalil ibn al-Walid, à frente de cavalaria de elite, atacou os romanos orientais em 4 direções; o general Khalid matou o governador de Damasco, aprisionando muitos, inclusive a filha do imperador Heráclio (viúva de Tomás, que foi devolvida ao pai, mediante pedido deste, sem nenhum resgate). --- Edito imperial obrigando os judeus a se batizar a fim de se assimilarem à cultura bizantina; em função disto, houve sua migração para a Pérsia.- Em 23 de agosto, ao morrer o califa sunita Abu Bekr, iniciou-se o califado de Omar. 634 (23 de agosto) a 644 - Califado de Omar (Umar ou Umar ibn al-Khattab ). Sob seu governo os judeus foram expulsos de Hejaz. Ao lado do título de ‘Enviado de Alá’ colocou o de ‘Príncipe dos Crentes’. Em seu governo foram conquistados o Iraque, a Síria e o Egito. 634 - Começou a haver a conquista do Império Persa pelo Califado Rashidum. Em 21 de janeiro, o general Khalid ibn al-Walid foi vitorioso sobre a coligação armada bizantino-persa na Batalha de Firaz ou Firadz (no Alto Eufrates, área fronteiriça entre a Mesopotâmia persa e a Síria bizantina), em que os derrotados se jogaram no rio ou foram massacrados. Em 15 de fevereiro, este general esteve assistindo, escondido, uma peregrinação à Meca, depois foi para al-Hira (à margem direita do rio Eufrates, no Iraque). Daí atravessou o deserto até a Síria, entre março e abril. --- Em 4 de fevereiro se defrontaram os árabes comandados por Yazid ibn Abi Sufyân e os bizantinos (com o general Sérgio) na Batalha de Dathin (ou Wadi alArabá), perto de Gaza, em que este foi abandonado por suas tropas e morto. Logo depois, nova derrota em Rabbath Moab, agora as tropas imperiais sob o comando do enteado do imperador Heráclio (Teodoro). Em abril houve uma quádrupla penetração em território bizantino, margeando o rio Yarmuk, sob o comando de Yazid, Amr, Abu Ubayda e Hassana. --- Em 24 de abril, o general Khalid venceu os gassânidas na Batalha de Marj Rahit (ao norte de Damasco). Ao final de maio, Khalid tomou Bosra (ou Bostra). Em 30 de julho, mais uma vitória muçulmana, então sob comando quádruplo na Palestina, na Batalha de Ajnadayn (entre Ramla e Bayt Jibrim) sobre as tropas bizantinas comandadas pelo irmão do imperador Heráclio (Teodoro), em que morreu o governador de Cesareia; as forças imperiais (com Teodoro) tiveram que recuar para Damasco (acolhidos por Tomás, governador local). Uma boa parte dos fugitivos se dirigiu para Jerusalém. 634 (23 de agosto) a 644 (7 de novembro) - Califado de Omar ibn al-Khattab, sucedendo a Abu Bakr as-Siddiq, que morreu em 23 de agosto de 634. Era um dos companheiros de Maomé e fazia parte da tribo dos Coraichitas. 634 (continuação) - De 21 de agosto a 19 de setembro, Damasco foi sitiada e conquistada pelo general Khalid ibn al-Walid (à noite, quando os sitiados estavam celebrando uma festa). Em setembro, perto de Antioquia, ocorreu a Batalha de Marj-ud-Deebaj (ou Batalha do Brocado), na qual, mais uma vez, o general Khalil ibn al-Walid, à frente de cavalaria de elite, atacou os romanos orientais em 4 direções; o general Khalid matou o governador de Damasco, aprisionando muitos, inclusive a filha do imperador Heráclio (viúva de Tomás, que foi devolvida ao pai, mediante pedido deste, sem nenhum resgate). --- Em outubro, o velho general persa Parsig Bahman Jadhuyih (ou simplesmente Bahman), usando elefantes em sua força armada, infligiu uma severa derrota aos muçulmanos comandados por Abu Ubaid nas proximidades de Kufa (na chamada Batalha do Ponto), quando este último atravessou o rio Eufrates (onde estava na margem esquerda) para atacar os persas na margem direita (acampados em Quss Natif). 635 - Em janeiro, ocorreu a vitória muçulmana sobre os bizantinos na Batalha de Tabaqat Fahil (ou Pella, ou Fehl, na Palestina). Mesmo vitoriosos, os muçulmanos viveram junto com os cristãos nesta cidade de Pella. Depois desta vitória foi a vez do cerco e conquista de Damasco (de março a 4 de setembro).--- Em novembro foi a vez de Emesa (Homs ou Hims, no norte da Síria) cair sob os muçulmanos comandados por Khalid ibn al-Walid, pagando-lhes grande tributo (para alguns autores tal evento foi em 637). 635 a 650 - Processo de conquista da Pérsia pela ‘djihad’ muçulmana; o islamismo começou a substituir progressivamente o mazdeísmo persa. 636 - Na primavera, os muçulmanos saíram de Damasco e Emeso e foram para Bab al-Jabiya. Ainda na primavera, em maio, os bizantinos partiram de Antióquia (no rio Orontes, norte da Síria) para combater os muçulmanos na Palestina, onde foram derrotados fragorosamente na Batalha de Yarmuk (ou rio Hieromyaks) em 20 de agosto pelo general Khalid ibn al-Walid, utilizando habilmente sua cavalaria de elite e desorganizando as forças bizantinas, que fugiram e foram caçados impiedosamente. Esta batalha selou o fim do Emirato árabe dos Gassânidas (vassalo de Bizâncio, que dominava a Palestina, Transjordânia e Palmira). Neste conflito, os Gassânidas mudaram de lado porque o imperador bizantino não pagou os soldos devidos a eles. Esta batalha abriu possibilidade de conquista de todas as cidades da Síria e dos vales do Tigre e Eufrates aos bizantinos . Estas conquistas muçulmanas frente aos persas e bizantinos foram tão rendosas em espólios e tributos de guerra, que o califa os distribuiu generosamente entre seus generais, conforme o seu tempo de serviço no campo de batalha. --- O imperador persa combateu (em outubro) os árabes, vencendo-os na Batalha de Al-Jisr (perto de Hira), se 9 aproveitando da vitória de Bahman, comandante da armada persa, sobre o árabe Mothanna quando tentava atravessar o rio Eufrates, tentando chegar a Ctesifon. A vitória de Bahman não foi decisiva porque ele teve que voltar para a capital persa, onde eclodiu uma revolta.--- Em 19 de novembro, ocorreu a vitória árabe (comandada por Sa’ad-ibn-Abi Waqqas) sobre persas (comandados pelo general Rostam Farrokhzad) na Batalha de Al Qadisyia (ou Kadisia), próximo de Hira. Os dois primeiros dias de batalha foram favoráveis aos persas, mas os árabes (com reforços da Síria) reagiram, colocando em fuga os persas, prendendo e degolando Rostham. A armada persa (em número triplicado em relação aos árabes) foi praticamente dizimada. Nesta batalha os árabes tiveram como grande troféu de guerra o estandarte de seda enfeitado de jóias (símbolo do poder dos Sassânidas). Observação: há autores que colocam a data desta batalha em maio/junho de 637. --- Ainda neste ano: os árabes fizeram incursão sobre o litoral da Índia. 636 (novembro) a 637 (abril) - Neste período os muçulmanos sob o comando dos generais Khalid ibn al-Walid e Abu Ubaidah cercaram a cidade de Jerusalém; seu patriarca, Sofrônio, diante da falta de alimentos aos bizantinos locais, negociou a rendição sob pagamento de tributo (‘jizya’); o califa veio à cidade para assinar o acordo. Os judeus aí residentes tiveram liberdade de culto. 637 – A cidade de Alepo, de julho a outubro, foi submetida a cerco pelas tropas muçulmanas chefiadas pelos generais Khalid ibn al-Walid e Abu Ubaidah; foi defendida pelo bizantino Joaquim, que não contou com nenhuma ajuda do imperador Heráclio. Houve tentativas infrutíferas de rompimento do cerco; após a queda da cidade, os muçulmanos tiveram a grandeza de permitir a partida dos soldados da guarnição local. --- Em outubro, se protagonizou a Batalha da Ponte de Ferro (sobre o rio Orontes) nas proximidades de Antioquia, para onde fugiram os soldados bizantinos de Damasco; mais uma vitória muçulmana. Após a conquista desta importante cidade de Antioquia, caíram, também, Laodiceia (Latakia) e Tartus Jablah. A partir desta batalha os Montes Taurus passaram a ser o limite geográfico ocidental do califado Rashidun. --- Depois da vitória em Al-Qadisiyya, os árabes se apoderaram de Hira. O imperador Yazdgard III se dirigiu para esta cidade objetivando reconquistá-la. Um general árabe (Abu’Obayd) atravessou o Eufrates para combatê-lo, mas morreu sob as patas de um elefante da armada persa. Outro general árabe, Al-Mothanna, rearrumou a armada, venceu os persas e atravessou o rio Eufrates, chegou ao vale do rio Diyâlâ (afluente da margem esquerda do Tigre). Aí se chocou com os persas em Jalûlâ; estes resistiram por 6 meses, mas não conseguiram conter a ofensiva árabe, que chegou à capital persa, Ctesifon, às margens do Tigre. A parte da capital situada à margem direita do rio Tigre foi conquistada com facilidade, mas a outra parte na margem esquerda não, por falta de barcos. O imperador Yazdgard III, sem alternativa, deixou na capital uma guarnição impotente diante do saque dos árabes (nos cofres de seu palácio encontraram a coroa imperial, armas preciosas, armaduras e um troféu famoso: o 'Tapete da Primavera'). A partir daí a capital persa passou a ter o nome de Madâ'in. O imperador Yazdgard III e família real fugiram para Hulwan, nos Montes Zagros (conquistada pelos árabes em 637). – No final deste ano os árabes se apossaram de Jerusalém. 637 a 651 - Processo de dominação da Pérsia Sassânida. 638 - Em fevereiro, o califa Omar fez sua entrada em Jerusalém. No Monte do Templo (Aelia) se erigiu um lugar para as preces muçulmanas. Os judeus locais conseguiram estabelecer parte de suas famílias junto a Tiberíades (na Palestina). Em meados de agosto, foi a vez de Antióquia cair sob os muçulmanos.—O califa Omar fundou Kufa e Basra (ou Bassorah) como ‘misr’, isto é, campos militares permanentes como bases para descanso e organização de conquistas posteriores. --- O último imperador sassânida Yasdgard III continuou sua fuga, agora na província de Khorassan. --- O companheiro de Maomé, Abu-Musa al-Asha’ari se estabeleceu em Hafar Al-Batim onde cavou poços artesianos, já que esta cidade era passagem para peregrinos que iam para Meca.—A partir deste ano foi introduzido o calendário islâmico nas ciências e artes. 639 – Uma grande armada sob a chefia do imperador Heráclio se dirigiu à Siria para atacar a cidade de Emeso (Homs). O árabe Abû `Ubayda conseguiu reforços de Damasco (com Yazîd ben Abî Sufyân), de Cesareia (com Moawia) e do general Walid e conseguiram sustar o avanço bizantino. -- Neste ano também caíram a Armênia e a cidade de Edessa. – No processo de conquista da Pérsia, os muçulmanos destruíram a célebre cidade histórica de Susa. --Iniciou-se neste ano o processo de conquista do Egito pelo califa Omar. --- A cidade de Emaús (Amwas), na Palestina, foi flagelada pela peste bubônica (a que deram o nome de ‘Praga de Emaús’). 639-640 - A Arábia foi assolada pela fome; a Síria, pela peste chamada de Emaús, entre as pessoas mortas Abu Ubayda e Yazid bem Abi Sufian em Damasco, ensejando a ascensão ao poder local de Moawia ou Mu'awiyya (irmão de Yazid e futuro califa), em 640, por nomeação do califa. 639-640 – A Arábia foi assolada pela fome; a Síria, pela peste chamada de Emaús, entre as pessoas mortas Abu Ubayda e Yazid bem Abi Sufian em Damasco, ensejando a ascensão ao poder local de Moawia ou Mu'awiyya (irmão de Yazid e futuro califa), em 640, por nomeação do califa. 639 a 641 – Conquista do Egito (enfraquecido por conflitos entre ortodoxos e coptas monofisitas). O general Amru (Amr ibn El-As), comandando suas tropas da Síria, invadiu o Egito dos bizantinos, primeiro em El Arish (12 de dezembro de 639), depois Faramâ (Pelusa), em janeiro de 640. Em maio, houve uma incursão sobre Fayum e a queda de Nikiu. Em junho foram recebidos reforços enviados pelo Califa Omar. Em seguida, contornou a região pantanosa do delta do Nilo e se apoderou de Heliópolis (ou Ayn Chams, em julho). Depois foi a vez de cair Menf (Mênfis, capital copta, onde foi recebido sem resistência nenhuma), de onde os bizantinos saíram rapidamente para o porto de Alexandria (sua sede administrativa), onde eles se protegeram na fortaleza de Babilônia (ao norte de Mênfis e na margem direita do rio Nilo). Em setembro de 640 foi cercada e tomada a fortaleza de Babilônia. – Em outubro de 640 iniciaram-se as conversações entre o general árabe e o patriarca bizantino de Alexandria (Ciro); este foi chamado à Constantinopla. -- Em 14 de setembro o patriarca Ciro foi restabelecido como patriarca e interlocutor junto ao general Amru. Iniciou-se o cerco Alexandria (no final de junho de 641), que caiu em 2 de novembro. Logo depois o patriarca Ciro assinou o acordo de capitulação com o general Amru. Dirigiu-se o patriarca à Constantinopla, onde caiu em desgraça pelo imperador Constante II. --- Supõe-se que o califa tenha ordenado a queima dos últimos manuscritos na Biblioteca de Alexandria, depositária da cultura greco-helenística. Aos judeus foi permitida sua presença na cidade. A conquista do Egito prejudicou enormemente o abastecimento de trigo do Império Bizantino. – Os cristãos monofisitas do Egito se refugiaram na Núbia (ao sul) e no norte da África. --Neste período, a Arábia sofreu a calamidade da fome, enquanto a Síria foi vitimada pela ‘peste de Emaús’ (morrendo inclusive Abu Ubayda e Yazid, governadores de Damasco, passando o poder para Moawia ( Mu'awiyya). 640 - Em 6 de julho ocorreu a Batalha de Heliópolis, cuja muralha foi escalada por Zubair e seus soldados, abrindo o portão para o exército principal doo general Amru (Amr ibn El-As), que venceu o bizantino Teodoro. Este conseguiu sobreviver à derrota, mas a maior de suas tropas foi presa ou morta. --Queda da cidade de Dvin, na Armênia, sob as forças muçulmanas em 6 de outubro. --- Conquista de Cesareia, em outubro, encerrou a campanha militar de conquista da Palestina. --- Em 21 de dezembro a fortaleza de Babilônia, defendida por Teodoro, foi tomada pelo general Amru (Amr ibn El-As).— Queda da cidade de Dvin, na Armênia, sob as forças muçulmanas em 6 de outubro. .--- Neste ano: Continuou o processo de conquista da Pérsia, com a tomada de Shustar e Jande Sabur no Kuzistão. --- O califa Omar nomeou Moawia para suceder ao seu irmão Yazid como governador da Síria. 641 - Em 13 de maio foi tomada Nikiu pelas forças árabes comandadas pelo general Amr ib al-As; no fim de junho foi atacado o porto de Alexandria. Em setembro foi cercada e tomada a fortaleza de Babilônia. Em outubro, iniciaram-se as conversações entre o general árabe e o patriarca bizantino de Alexandria (Ciro); este foi chamado à Constantinopla. --- Em 8 de novembro foi ocupada a cidade de Alexandria pelo general Amr ib al-As; muitos soldados bizantinos, uma parte fugiu para Constantinopla. --- Supõe-se que o califa tenha ordenado a queima dos últimos manuscritos na Biblioteca de Alexandria, depositária da cultura greco-helenística. Os bizantinos tiveram o prazo de sair definitivamente da cidade com seus bens no prazo de 11 meses. que estipulou o prazo de 11 meses para a saída dos bizantinos com seus bens. O acordo entre bizantinos e árabes foi garantido com a prisão de 200 bizantinos e egípcios como reféns. Aos judeus foi permitida sua presença na cidade. A conquista do Egito prejudicou enormemente o abastecimento de trigo do Império Bizantino. - Os cristãos monofisitas do Egito se refugiaram na Núbia (ao sul) e no norte da África. --- O general Amru (Amr ibn El-As) lançou os alicerces da primeira capital islâmica do Egito: Fostat (ou Fustat, Fustat-Misr ou Misr al-Fustat) e da Mesquita de Amru (a primeira do Egito e da África. ~ 641 - Os zoroastrianos praticantes do culto do fogo (também chamado de guebro ou deparsis) foram perseguidos pelos árabes e, assim, se refugiaram no sudeste da Pérsia (em Kerman), cujo acesso era difícil. 641-642 - Durante o inverno entre um ano e outro, o general Amru mandou recuperar um canal que ligava o rio Nilo ao Mar Vermelho, a fim transportar o trigo do Egito para abastecer a Arábia. 642 - O general Amru, em julho, concluiu a conquista do Egito e lançou os alicerces da primeira capital islâmica do Egito: Fostat (ou Fustat, Fustat-Misr ou Misr al-Fustat, ao norte da Babilônia do Egito) e da Mesquita de Amru (a primeira do Egito e da África). --- Em 17 de setembro ocorreu a saída definitiva dos bizantinos de Alexandria. De novembro a dezembro, o general Amru se apoderou de Barka ou Cirenaica (a oeste do Egito, cuja conquista completa se efetivou até fevereiro de 643). --- Neste ano: A Armênia, a Mesopotâmia, a Síria e a Palestina tinham sido já conquistadas pelos muçulmanos. -- O califa Omar mandou tropas no encalço do imperador persa. As forças muçulmanas tomaram Djalula e Nehavend (ou Nehawand- antiga Laodiceia), na Média, após ataque de surpresa sobre os persas. Nesta Batalha de Nehavend, o general persa Peroz morreu. Esta vitória muçulmana foi chamada de ‘Vitória das Vitórias’: daí em diante os persas se desorganizaram, havendo reações locais de comandantes militares de fronteiras (os ‘marzban’) ainda fiéis 10 ao imperador Yazdgard III, que se refugiou em Merv. --- Data neste ano o mais antigo papiro árabe ainda existente chamado ‘Perf 558’, onde está registrado o primeiro escrito árabe com sinais diacríticos. 642 a 748 - Política de islamização e arabização da Pérsia implantada pelos Omíadas de Damasco; carga fiscal elevada sobre população persa; desenvolvimento de uma aristocracia árabe detentora dos cargos e do poder, sem nenhuma participação persa: estas foram as sementes do xiismo (ou Islã persa) após a morte do quarto califa (Ali), além da fermentação do nacionalismo persa e da substituição dos Omíadas pelos Abássidas. --- Foram cunhadas neste ano moedas árabo-sassânidas. 643 - Outra vitória árabe sobre os persas em Raí (antiga Rhages), daí conquistando as províncias de Djibal e de Fars, além do Azerbaidjão e da Armênia. - Em fevereiro-março, o general Amru (Amr ibn El-As) conquistou a Cirenaica (na Líbia atual), depois de ter cercado Trípoli da Líbia por um mês; foi nomeado governador ('wali') do Egito. A partir daí, os árabes passaram a controlar também a Tripolitânia. 643-644 - Tomada de Isfahan, na Pérsia, pelos muçulmanos. 644 - Um escravo cristão persa (chamado Hormozan, ou Firûz) feriu gravemente Omar I em Medina, em 4 de novembro, na Mesquita de Medina; morrendo 3 dias após. Em 12 de novembro subiu ao poder Othman, genro de Maomé, mas sem o beneplácito de uma comissão de 6 membros designados pelo seu antecessor. Em face disso, sofreu tenaz oposição dos partidários de Ali (chamados de xiitas), sendo este marido de Fátima, filha de Maomé. 644-645 - A Armênia sofreu a primeira invasão muçulmana de sua História. 644 a 656 - Califado de Othman. Era genro de Maomé e já octogenário. Foi difícil subir ao poder pela não aceitação da comissão de 6 companheiros nomeados por Omar. Seus generais acabaram a conquista da Pérsia e iniciou-se a exploração da Índia. 644 (continuação) - Othman destituiu o general Amr ibn al-As do governo do Egito e colocou em seu lugar Abdullah ibn Saud. O general, no entanto, retornou ao poder em 665. 645 - O imperador bizantino Constante II mandou uma frota naval para retomar Alexandria no final deste ano, mas só pode manter sua ocupação até 646. --- Criado um destacamento militar do califado em Kairuan (Ifrîqiya) para maior facilidade de ligação entre forças muçulmanas de Byzacene com o Egito, além de supervisionar mais detalhadamente os Bérberes do Aurés e eventuais ligações deles com Bizâncio. --- O califa Othman substituiu Amr ibn al-As por Abdulah ibn Saad no governo do Egito. 646 - Entre Alexandria e Fostat ocorreu a Segunda Batalha de Nikiu em que o general Amru se sobrepôs aos bizantinos, recuperando Alexandria; suas muralhas foram destruídas. Com esta vitória muçulmana, findou o período de quase um milênio de domínio bizantino desde a época dos romanos. 647 - O então governador da Síria, Moawia ibn Abi Soufvan (califa em 661) se apoderou da Capadócia, depois da Frígia e mandou seus lugares-tenentes invadirem a Armênia (aí destruíram a fortaleza de Dwin ou Dvin, onde se sediava a antiga capital armênia). Suas tropas retornaram para Damasco carregados de grande butim. Esta foi a segunda invasão da Armênia feita pelos árabes.--- No Exarcado de Cartago, seu titular, Gregório (primo do imperador Constante II), com o apoio da igreja do norte da África, chegou a ser aclamado imperador, mas morreu em combate com os invasores árabes (em Sufetula ou Sbaitla), estes retornaram ao Egito carregados de butim (foi a primeira invasão muçulmana neste exarcado). A sua anexação ao Império Islâmico só se efetivou em 660. 647 a 965 - A Ilha de Chipre foi palco de constantes invasões dos árabes neste período. 648 - Na primavera o governador da Síria, Moawia, lançou um ataque sobre a Ilha de Chipre, sendo saqueada a cidade de Pafos. --- Yazdgard III tentou resistir em Stakhr (antiga e famosa cidade imperial aquemênida de Persépolis, na província da Pérsida, onde se originaram os Sassânidas) aos seus perseguidores árabes. O general anti-islâmico do Tabaristão ofereceu asilo ao imperador persa, mas este não aceitou. 648 a 651 - O imperador persa Yazdgard III fugiu dos árabes primeiro para a província de Khorassan, ficando em Nichapur, daí para Tûss e Merv (antes denominada de Alexandria de Margiana), em 651. 649 - O governador árabe da Síria, Moawia, se apoderou da ilha de Chipre aos bizantinos, colocando em xeque a supremacia comercial bizantina no Mediterrâneo Oriental. Ele mandou matar toda a população de Constantina pela recusa em se converter ao islamismo. As cidades litorâneas e as plantações (como Pafos) foram destruídas.-- A cidade de Istakr (antiga Persépolis) na província de Fars foi tomada pelos muçulmanos. 650 - O califado omíada se instalou em Damasco (na Síria). Com o assassinato do califa Ali (ou Ali ibn Abu Talib, filho adotivo, sobrinho e genro de Maomé) em 661, desenvolveu-se a vertente xiita do islamismo, sob o estandarte dos Alidas, politicamente anti-omíada e anti-abássida (no futuro). - Os khazares conseguiram derrotar os árabes comandados por Abd ar-Rahman ibn Rabiah na Batalha de Balanjar (no baixo vale do rio Sulak, no norte do Cáucaso, entre as cidades de Samandar e Derbent). --- Foi redigido, em latim, o primeiro texto do livro ‘A Tábua de Esmeralda’, semente da alquimia árabe ocidental. 651 - Na Pérsia, os conquistadores árabes chegaram à Amol, na província do Tabaristão , depois foi a vez de Nichapur, Herat (vitória do general Ahnaf ben Qays sobre os Heftalitas na batalha de Qohestan) e Merv. O imperador persa Yazdgard (Yezdeguerd) III, ainda esperançoso de receber ajuda dos Hunos Heftalitas e outras tribos turcas, continuou sendo caçado pelos árabes primeiro em Khorassan (em Nichapur, mais precisamente), depois em Tûss e em Merv. Nesta cidade foi assassinado, segundo duas versões: uma a de que o ‘marzbân’ Mahoe o assassinou; outra a de que, cansado, pediu para dormir num moinho, cujo dono o matou durante o sono para lhe roubar seus trajes imperiais. Seu corpo foi jogado num riacho e recolhido por camponeses; foi identificado por um bispo nestoriano de Merv, que mandou resgatá-lo boiando e o sepultou nesta cidade. Foi o fim inglório do último rei sassânida da Pérsia. Seu filho, Peroz III, foi para as montanhas do Tokaristão (no vale médio do rio Oxus, atual Amu-Darya, na Ásia Central) onde reinou sob suserania da China. --- Neste ano, os árabes, após a conquista de Merv, atacaram e tomaram Herat. 652 - Em 1º de agosto, faleceu Abu Sufyân, chefe da tribo coraichita de Meca, que inicialmente foi contrário a Maomé. --- Neste ano: Dongola, capital do Reino de Makuria (atual Sudão) foi atacada pelo emir egípcio Abdallah ibn Abi Sarhm, mas rechaçada pelo rei Kalidurun (na chamada Segunda Batalha de Dongola) , se assinando um acordo (‘bakt’) que permaneceu até o século XIII. Se estabeleceu a fronteira em Assuan e se pagou um tributo anual em escravos. --- Em Balanjar (norte do Cáucaso), se defrontaram, novamente, as armadas de Abd ar-Rahman e dos Khazares, ambas usando catapultas, mas pendendo o resultado favorável aos árabes. --- Um dos companheiros (‘sahab’) de Maomé, Abd al Rahman bin morreu neste ano e mandou libertar 30.000 escravos. 653 - O patriarca de Constantinopla pressionou tanto os armênios em aceitar as resoluções do Concílio da Calcedônia, que gerou a revolta do chefe de sua armada (Teodoro Rechtuni), negociando com Moawia a abertura da região aos árabes. Mesmo a investida bizantina comandada por Constante II, 4 anos depois, submetendo grande parte da nobreza e do clero, seu domínio na região ficou restrito á uma parte da antiga Persarmênia (oeste do Lago Urmia). 654 - Conquista árabe das províncias persas de Seistan e Herat, completando a dominação do Império Sassânida, sendo governado, a partir daí pelos califas omíadas de Damasco. O domínio árabe na Pérsia se estendeu até 1219. - Após uma trégua de 3 anos, Moawia, comandando uma frota naval, se apossou das Ilhas de Kós e de Rodes, pertencentes aos bizantinos. O famoso Colosso de Rodes (uma das 7 maravilhas da Antiguidade) ainda apresentava vestígios, que foram saqueadas. 654 A 1219 - PERÍODO DO DOMÍNIO ÁRABE SOBRE A PÉRSIA. Mesmo durante a dominação islâmica, na Pérsia existiram dinastias muçulmanas que se outorgavam ser hereditárias dos Sassânidas, sobretudo no Tabaristão (antigo Mazarandan). Desta província surgiram os Dabwaihidas e os Baduspanidas (de 647 a 1597, que se diziam descendentes de Zamasp, através de Gil Gaqwbara, que reinou de 647 a 660); também os Bawandidas (de 665 a 1349), supostos descendentes de Kavadh I, através do seu governante Baw, que governou de 655 a 679. Em Chirvan (na Transcaucásia, região do atual Azerbaijão), de 1028 a 1382, reinaram os Shirvanshah (supostos descendentes de Hormizd IV). Até mesmo no Afeganistão, os turcos Ghaznávidas (977 a 1187) se pretendiam descender de Yazdgard III (a cidade de Merv é chamada desde 1937 de Mary, se localizando no Turquemenistão). Os muçulmanos apelidavam como ‘ajam’ aos não-árabes, se referindo, sobretudo, aos persas. 655 - O governador árabe da Síria, Moawia, atacou as ilhas de Creta e Cós. Enquanto isto, uma armada muçulmana incursionou sobre a Capadócia e uma frota naval (comandada por Abd Allâh ibn Saad ibn Sabd Allâh ibn Saad ibn Sarh) saiu de Trípoli (na Síria) e penetrou pelos Estreitos de Dardanelos e de Bósforo infringindo uma séria derrota à frota bizantina comandada por Constante II no porto de Fenicus (hoje, Finike) no litoral da Lícia, na chamada ‘Batalha dos Mastros’(ou Batalha do Monte Fênix de Lícia). O restante da frota naval bizantina que fugiu, foi destroçada por uma tempestade. Com estas conquistas muçulmanas, Bizâncio perdeu sua hegemonia marítima no Mediterrâneo Oriental. ~ 655 - O califa Othman mandou organizar uma comissão de 4 sábios para fazer nova recensão do Corão, tendo como base aquela feita por Zayd ibn Thâbit (ou Zeid ibn Tsâbit) no califado de Abu Bekr. Reuniu todos os fragmentos ainda dispersos e mandou incinerar os que datavam da época de Maomé. Esta recensão é a única usada atualmente (a de Ibn Massud sumiu no século X). 11 656 - O califa Othman adotou uma política de nepotismo, repartindo terras para seus familiares, bem como lhes atribuindo cargos importantes na administração. Por causa desta distribuição de terras, os árabes de Fustat (no Egito) se revoltaram; também houve motins em Medina, onde os amotinados cercaram a residência real por 40 dias. Assassinato do califa Othman em 17 de junho, em Medina; 6 dias depois Ali se tornou o novo governante. 656 a 660 - Califado de Ali (Ali ibn Abi Talib), genro de Maomé. Sua ascensão ao poder foi manchada pela suspeita de ter mandado matar seu antecessor. Teve o apoio das cidades de Kufa, Fustat e Basra (ou Bassorah). 656 (continuação) - Em 9 de dezembro, se protagonizou a Batalha de Bassorah (mais comumente chamada de Batalha do Camelo) devido à repressão, por parte de Ali, de um movimento de contestação à sua escolha como califa por 2 elementos da tribo dos Coraichitas (Talha e Al-Zubayr), apoiados por Aicha (filha de Abu Beckr e uma das esposas de Maomé). Confrontaram-se os partidários de Ali e os aliados de Aisha (entre os quais Moawia, que era primo de Othman) em Basra (ou Bassorah, na Baixa Mesopotâmia, hoje Iraque), onde assassinaram os que supunham assassinos de Othman; Aicha foi aprisionada e os dois líderes coraichitas mortos. Esta foi a primeira guerra civil entre os árabes. 656 a 661 - O processo de conquista islâmica se efetuou tanto do lado oriental quanto o ocidental (África do Norte). 657 - Ocorreram controvérsias sobre a punição dos assassinos de Osman: de um lado, Ali (suspeito não tomou nenhuma atitude), de outro lado, Talha, Al-Zubayr e Moawia, que pretendiam a apuração e morte dos assassinos. --- Ali estabeleceu sua capital em Kufa (no Iraque atual). --- Ali destituiu Moawia do cargo de governador da Síria, que não o reconheceu como califa, mas este último não aceitou sua decisão. - Em junho/julho ocorreu a Batalha de Siffin (cidade síria perto da atual Ar-Raqqa, às margens do Eufrates). Houve um número considerável de mortos nos dois lados conflitantes, propondose uma arbitragem entre seus chefes. - Foi a partir desta batalha que surgiu uma primeira fissura religiosa e política do Islamismo: a dos Kharidjitas (ou Separados, ‘os que saem’, ou seja, ‘kharadja’), que não quiseram reconhecer Ali (primo e genro de Maomé) como califa. Os Kharidjitas pregavam a igualdade de todos os crentes; sofreram, porém, cisões em ramos: Ibaditas e Nadjaditas (moderados, tendo uma aceitação enorme em todo o Império Islâmico e no norte da África) e os Azraqitas ou Azariqas (da Pérsia e Mesopotâmia), mas ortodoxos e radicais em suas idéias; além dos Moakkimas, Baihassia e Safáridas. Os adeptos de Ali passaram a se chamar de ‘shia Ali’, ou seja, ‘partido de Ali’, de que se originou o xiismo no século IX. - Neste ano, o califa mudou a capital para Kufa. 658 - Em janeiro, o califa aceitou a mediação de Adhruh (ou Edhroh) entre ele e Moawia, perto da cidade de Petra (em Adrah), pela qual se colocou a responsabilidade de Ali em vingar a morte de Othman, ao mesmo tempo em que reconhecia a desobediência de Moawia. Este último, em julho, se apoderou do Egito. — Em 17 de julho, na Batalha de Nahravan, os separatistas Kharidjitas (praticando excessos contra a aristocracia árabe) foram exterminados parcialmente pelo exército do califa Ali (que procurou antes entrar em entendimentos conciliatórios com estes radicais). Os Kharidjitas sobreviventes se reuniram em torno de Abd Allâh ibn Wahb e foram para o Magrebe. 659 - Novo arbitramento para se designar um novo califa : o árbitro de Ali propunha que se fizesse uma eleição ; enquanto o de Moawia, o de ser o sucessor (já reconhecido na Síria). - No outono, Moawia e Constante II assinaram um tratado de paz, sendo que o primeiro pagou imposto em dinheiro, cavalos e escravos (o árabe tentava, assim, neutralizar o bizantino, pois estava em luta pelo poder com o califa Ali). 660 - Moawia foi proclamado califa em Jerusalém no mês de julho e Damasco sua residência oficial. Por outro lado, Ali, ainda era califa, só que em Kufa (no Iraque). Š ālib) na mesquita de Kufa (sede administrativa de seu governo) e o 661 - Em 27 de janeiro, os Kharidjitas assassinaram o califa Ali (ou Alī ibn Abī T general e governador do Egito Amur (ʿAmr ibn al-ʿĀṣ). Com o assassinato de Ali surgiu politicamente o grupo dos ‘xiitas’ na Pérsia, em oposição aos ‘sunitas (de ‘sunna’, ou seja, ‘tradição’). - O assassino de Ali foi o kharidjita Ibn Moldjam; este grupo se refugiou, depois, em Oman (onde tomaram o nome de ibaditas) e no norte da África. - Moawia (ou Muawiyah), à frente do seu valoroso exército sírio, se dirigiu para Kufa e conseguiu persuadir seus habitantes a escolhê-lo como califa, em vez de Al-Hasan (filho de Ali). Este chegou a um acordo com Moawia e foi para Medina, onde foi assassinado pela própria esposa (por instigação de Moawia). Moawia teve sua coroação como califa em Jerusalém, iniciando a Dinastia dos Omíadas. 661 a 680 - Califado de Moawia I (Muʿāwiya Ier ou ʾAbū ʿAbd Ar-Raḥmān, ou ainda, Muʿāwiya ibn ʾAbī Sufyān) do clã dos Omíadas. A capital passou a ser Damasco. Adotaram-se instituições bizantinas: parte dos conselheiros governamentais era de cristãos e o modo de vida na corte se plasmou no de Constantinopla. A sucessão passou a ser hereditária e não eletiva. Moawia mudou o Estado patriarcal anterior para uma realeza militar e administrativa. ---Foi o primeiro governante omíada do ramo dos Sufyanidas (originária da tribo dos Qoraicihitas, a mesma de Maomé) até 684. Deu continuidade ao processo de expansão territorial islâmica. --- Os Azarakitas (ou Azrakitas), um dos grupos dos Kharidjitas, lutaram contra os Omíadas. Em seu califado foram nomeados os primeiros prefeitos omíadas no Irã e na Mesopotâmia. --- Seu pai era um xeque de Meca, que se converteu exatamente quando Maomé conquistou esta cidade. --- Foi o primeiro califa a criar o sistema de correios para facilitar a circulação das notícias e melhor comunicação entre as partes do império. --- Para maior controle da arrecadação tributária criou o ‘Diwan alkhâtan’ (‘Escritório do Selo’).--- O palácio de Kufa (perto de Al-Hîra ou Hira), que fora construído para ser a sede do califado por Omar (que mandou queimá-lo, logo após sua construção) foi reconstruído durante o califado de Moawia. 661 (continuação) - Não aceitaram esta proclamação os partidários de Ali, formando o grupo dissidente dos xiitas (de shia, ou partido), cuja maior parte estava centrada no Iraque; do outro lado, surgiram os sunitas que aceitavam a legitimidade sucessória de Abu-Bekr, Omar, Othman e Moawia. Os xiitas se separaram depois no ‘xiismo dos doze’ (considerando legítimos os imans sucessores de Ali em diante) e o ‘xiismo dos sete’ (também denominados Ismailianos, ou seja, só aceitavam a sucessão a partir de Ismail, o sétimo a partir do califa Ali). 661 a 750 - Primeira dinastia muçulmana: a dos Omíadas, criada por Moawia I. 662 - Tropas árabes empreenderam a conquista do Magrebe (hoje compreendendo o Marrocos, Argélia e Tunísia), mas não puderam manter a conquista. 663 a 668 - O imperador bizantino Constante II, estabelecido em Siracusa (na Sicília), ordenou a vinda de sua esposa e filhos para o local, mas o Senado em Constantinopla não consentiu. Supõe-se que ele quis fazer de Siracusa a capital do império e que ele aí permaneceu para enfrentar os árabes do norte da África. 664 - A conquista de Cabul (capital do Afeganistão atual) pelas forças omíadas foi o ponto de partida para a conquista da Índia. -- O emirado de Ifrîqiya solicitou ajuda dos bizantinos contra o califado omíada de Damasco, mas a ajuda naval bizantina foi destruída em Sussa (Hadrusmetun) e foi ocupada a fortaleza de Ain Djelula. Depois desta ação bélica, as forças militares do califado se retiraram. 665 - O general Oqba ibn Nafi (ou Sidi Okba), lugar-tenente do califa, invadiu e pilhou a região do oásis de Fezzan (no centro-sul da Líbia, cuja cidade importante era Marzuk, para onde convergiam rotas comerciais transaarianas. --- Toda a parte oriental do império omíada passou a ter como vice-rei a Ziyad ben Abu Sufyan (antes aliado de Ali, mas depois se reconciliou com o califa Moawia), que tinha estabilizado a situação convulsiva em Kufa e Bassorah pela presença rumorosa dos Alidas ou xiitas liderados por Ḥuǧr ibn ʿAdiyy. 666 - O general Oqba ibn Nafi avançou suas tropas no Fezzan (em deserto na atual Líbia), chegando até o centro do deserto do Saara, em Ténéré, ocupando a região da Berbéria, iniciando o processo de sua islamização. 668 - O califa Moawia exigiu que os habitantes de Damasco, em primeiro lugar, e, depois, que todo o califado, prestassem juramento de fidelidade ao seu filho Yazid, como seu sucessor. Muitos árabes, entre os quais se destacou Al-Husayn (ou Hussein) se recusaram justificando-se pelo princípio do ‘chura’ ou ‘šūrā’(reunião para escolha do califa). Em função disso ocorreu uma guerra civil (‘fitna’). --- Os árabes penetraram até a região da Calcedônia (hoje chamada de Kodkoi, no noroeste da Anatólia). 669 - O califa mandou uma expedição sob o comando de seu filho Yazid para reforçar a ocupação da Armênia (que era do Império Bizantino). Este levou a armada até o lado asiático do Estreito de Bósforo, a Calcedônia e ocupou a cidade de Amorium. Esta ocupação foi efêmera: no inverno de 669-670 o imperador bizantino Constantino IV retomou a cidade e massacrou a guarnição militar muçulmana. 670 - Árabes sob o comando do emir Fadalas (subordinado a Moawia) tomaram a Ilha de Kios e o porto de Esmirna (no lado oriental do Mar Egeu) e se fixaram na Península de Cízica (no Mar de Mármara) como ponta de lança de ataques à Constantinopla. -- Neste ano, o general árabe Uqba ibn Nafi of Amir Muauia fundou Kairuan (em Ifrîqiya, atual Tunísia), logo depois, entretanto, tomada pelos Bérberes até 688. Kairuan colocou em perigo a Sicília, que pertencia ao Império Bizantino. 671 - Os árabes, continuando sua política expansionista, alcançaram o rio Oxus (Amu-Darya), na Transoxiana. e se apoderaram da importante cidade comercial de Bukhara na Rota da Seda. - Neste ano, para facilitar o domínio no Irã, houve o povoamento de Merv na província de Khorassan por milhares de árabes. 672 - O califa mandou, durante a primavera, frotas para atacar o litoral sul e ocidental da Anatólia, sendo bem sucedidas sobre a força naval bizantina (chamada de ‘karabisianoi’); decorrendo disso a permanência da frota muçulmana na península de Cízica (na província de Mísia, no Mar de Mármara, portanto próximo da capital), Lícia e Lídia (em Esmirna) durante o inverno de 672/3. 12 672 a 677 - Árabes tentaram se apoderar da capital bizantina por 5 vezes. 673 - Entre abril e setembro, a frota naval muçulmana realizou novo cerco fracassado à Constantinopla; pois a resistência local e o uso do ‘fogo grego’ ou fogo marinho (óleo de nafta lançado por propulsores em forma de tubo), inventado pelo sírio Calínico, os demoveu de continuar o cerco voltando para Cízica e aí passando o inverno. 673-77 - Árabes tentaram se apoderar da capital bizantina por 5 vezes. 673-674 - No inverno, Obayd-Allāh ben Zīād, comandando tropas árabes, depois de atravessar o rio Oxus, penetrou na Transoxiana e conquistou a cidade de Bukhara (então sob a regência de Katun, mãe do khan turco ocidental Boḵār-ḵodāt Ṭoḡšāda, ainda menino), pagando tributo e fornecendo-lhe escravos. 674 - O filho de Moawia, Yazid, à frente de frota naval saiu do litoral oriental do Mar Egeu, entrou no Mar de Mármara passou em Cízica, depois em Hebdomon (em abril) e cercou a capital bizantina. --- Há os primeiros registros da presença de turcos mercenários se estabelecendo em Bosra (ou Bostra) na Síria, com autorização do califado. --- Neste ano, foi criado um escritório árabe no litoral oriental da ilha de Sumatra (no sudeste da Ásia). 675 - Neste ano ocorreu o quarto cerco fracassado de Constantinopla pelos árabes, segundo alguns autores. Outros relatam incursão dos árabes Abdallah ibn Qays and Fadhala ibn 'Ubayd sobre a ilha de Creta (onde ficaram durante o inverno), enquanto Malik ibn Abdallah atacou o litoral ocidental da Anatólia.- Houve também uma tentativa fracassada de abordagem no litoral da Espanha, a partir do norte da África (já totalmente dominado pelos muçulmanos). 676 - Em face dos insucessos anteriores, o califa mandou Yazid como reforço para os árabes empenhados no ataque à capital bizantina. 677 - Os árabes começaram a cercar Constantinopla na primavera, tentando forçar a entrada pelo Corno de Ouro, mas a muralha de Teodósio se mostrou inexpugnável. Abandonaram o cerco em 25 de junho. No começo do verão, o imperador bizantino Constantino IV Pogonato cercou Cízica e aí os árabes perderam muitos soldados, obrigando a sua retirada. 678 - A frota imperial naval bizantina conseguiu vitória sobre os árabes num confronto próximo de Syllaeum (no Mar de Mármara). Os navios que escaparam foram a pique em tempestade no litoral da Panfília e por ataques da frota imperial. Com a vitória bizantina, os árabes tiveram que sustar o cerco à capital com a escassez de víveres no inverno, já que não havia mais a possibilidade de abastecê-los. Ao califa Moawia não restou outra saída que, conjunturalmente, assinar um tratado de paz com os bizantinos por três décadas. Este tratado se fazia mister, outrossim, porque o califa estava às voltas com os Mardaítas (cristãos que habitavam as áreas dos Montes Taurus, ou seja, sul da Anatólia, incluindo a Isáuria, além da Síria e Líbano) realizando ataques nas planícies circunjacentes. 680 - Na capital do califado omíada, Damasco, em 6 de maio, faleceu o califa Moawia (talvez acometido por um acidente vascular cerebral). Como escolhera, sucedeu-o o filho Yazid; tal sucessão hereditária, em vez de eletiva como antes, gerou muitas crises sucessórias durante todo o califado. 680 (6 de maio) a 683 - Califado de Yazid I ibn Muawiyah. Apreciava a poesia e os prazeres da caça, da diversão e das mulheres. Governou 3 anos e meio: no primeiro ano, mandou matar o filho de Ali (Hussein); no segundo, atacou e pilhou Medina; no terceiro, atacou a Caaba. 680 (continuação) - Estourou uma revolta em Kufa por aqueles que estavam contra a proclamação de Yazid I como califa e pediram a ajuda de al-Husayn (Hussein), filho de Ali. Este saiu de Damasco acompanhado por Aicha. Em 10 de outubro ocorreu a Batalha de Kerbala (ou Karbala, no centro do Iraque atual) em que o iman (soberano exercendo poder temporal e espiritual) Hussein ben Ali foi morto e decapitado pelos soldados do califa Yazid I, por não tê-lo reconhecido como califa. Sua morte ainda hoje é comemorada pelos xiitas no dia de Achura. Kerbala também é considerada uma cidade santa pelos xiitas. A partir desta batalha houve o rompimento entre os Alidas (xiitas) e os Omíadas. Se comemora a sua morte com procissões em que homens se flagelam. 681 - O general Oqba ibn Nafa retomou o governo em Magrebe e partiu para Kairuan no fim deste ano, daí partiu em direção oeste e prendeu o bérbere cristão Koceila, chefe da tribo dos Aurebas nas imediações de Tlemcen (importante centro de comércio no noroeste da África, hoje Argélia). Tinha a pretensão de chegar a Tânger (no Marrocos atual). Koceila conseguiu escapar da prisão e frustrou sua tentativa.--- Tropas enviadas pelo califa Yazid I tiveram que enfrentar uma revolta dos armênios, ibérios e albanos do Cáucaso. 682 - Um sobrinho de Aicha (uma das esposas de Maomé) chamado de Abd Allah ibn Zobair foi proclamado califa em Medina pelos Kaysitas (seguidores do finado Hussein Ali), contrários à ascensão de Yazid I ao califado. --- O general Oqba ibn Nafa venceu os Berberes e foi para Tânger, onde se encontrou de novo com o governador bizantino Juliano, depois seguiu até o litoral do Atlântico. 683 - A armada omíada , no final de agosto, infringiu derrota aos seus inimigos em Medina e depois atacou Meca, com catapultas, danificaram a Caaba e queimaram o véu negro que a cobre. O cerco a Meca foi suspenso quando chegou a notícia da morte do califa Yazid I (em 11 de novembro) e a armada omíada retornou à Damasco. Seu irmão e sucessor Moawia II (Muʿāwiya II) governou apenas 40 dias, inexpressivo e fraco, se internou em seu palácio, onde possivelmente morreu envenenado (ou de peste segundo alguns autores). Foi sucedido por Marwān I por influencia dos Kalbidas. -- Neste ano ocorreu a Batalha de Tahuda, nas proximidades de Biskra (na Tunísia): o general Oqba ibn Nafa foi morto por Koceila, líder dos Bérberes. Os árabes fugiram do campo de batalha e Koceila se apoderou de Kairuan, governando aí por 5 anos; criando, assim, um principado aliado dos bizantinos e aliviando pressões sobre o Exarcado de Cartago. 683 a 692 - Abd Allāh ibn Az-Zubayr (neto de Abu Beckr, primeiro califa de 632 a 634, cunhado de Maomé e seu sucessor) permaneceu como califa em Hijaz. Estavam governando portanto, simultaneamente, dois califas, até quando Abd el Malik se apoderou de Meca e Abd Allāh ibn Az-Zubayr foi morto. 684 (22 de junho) a 685 (7 de maio) - Califado de Marwān I. Tornou-se, de fato, califa em agosto de 684 após a vitória dos Khalbidas na Batalha de Marj Rahit sobre os Qaisidas (provenientes do norte da Arábia). Já era um idoso com mais de 70 anos de idade. Teve o apelido de ‘filho do banido’, visto que Maomé baniu seu pai (al-Hakan) de Medina. Pertencia a um ramo dos Omíadas, chamado de Marwanidas (que governou até 750) e teve como sede de governo em Damasco. Governou apenas 9 meses, mas foi durante este tempo que se estandardizaram os pesos e medidas em todo o califado. Politicamente o governo foi instabilizado pela questão dinástica (inaugurando novo ramo dos Omíadas) e pelo conflito com Abd Allāh ibn Az-Zubayr (que estava governando o Egito, Iraque e Hedjaz e parcialmente a Síria) e que se considerava califa também, nomeando Dhahak ib Qais como governador da Palestina. Marwan I derrotou este último perto de Damasco. Mesmo Marwān I conseguindo se apoderar do Egito e da Síria, não se sobrepôs totalmente a Abd Allāh ibn Az-Zubayr. Marwān I fez do seu filho Abd al-Malik o sucessor e morreu em 7 de maio de 685. 684 - A Síria foi sacudida pela II Guerra Civil Islâmica entre os Khalbidas (da tribo dos Banu Kalb, originários do Iêmen), favoráveis a o califa Marwan I e os Qaisidas (da tribo dos Banu Qays,vindos do norte da Arábia e chefiados por al-Dahhaq ibn Qays al-Fihri), partidários de Abd Allāh ibn Az-Zubayr (que fora proclamado califa em Meca); os primeiros saíram-se vitoriosos na Batalha de Marj Rahit (em 18 de agosto), ensejando o reconhecimento de Marwan I como califa em Damasco cerca de 1 mês depois. --- Se aproveitando das disputas pelo poder no califado árabe, o imperador bizantino mandou uma frota naval atacar e devastar os portos do Acre, Cesareia e Ascalão (no litoral da Palestina). Durante o outono, ele mesmo comandou uma expedição no leste da Anatólia, retomando a Cilícia e se apoderando de Mopsuesto. 685 - Ao iniciar-se este ano se deflagrou um conflito entre o exército omíadas e os chamados 'Penitentes' na Batalha de 'Ayn al-Warda, estes últimos liderados por um certo Solimão ibn Surad, partidários do finado Husayn ibn Ali, inicialmente em vantagem, mas depois massacrados pelos omíadas e poucos fugindo para Kufa. 685 (7 de maio) a 705 - Califado de Abd al-Malik (ou Abdul Malik), foi considerado ‘Pai dos Reis’ (4 filhos deles foram califas). Durante seu governo a administração islâmica passou a usar os ideogramas arábicos no lugar do grego e do ‘pehlvi’ (escrita sassânida alfabética derivada do aramaico). A arquitetura das mesquitas (como a Cúpula do Rochedo em Jerusalém e a Grande Mesquita dos Omíadas em Damasco) e a decoração com motivos vegetais e geométricos tinham se plasmado de influência bizantina; aboliu a representação de imagens em moedas e nas mesquitas, surgindo os arabescos. --- Foi o primeiro califa omíada do ramo dos Marwanidas, que governou até 750 e , também, o primeiro a proibir terminantemente que as pessoas conversassem na sua presença. --- Ao eliminar o califado de Hijaz (692) estabilizou e unificou politicamente o Império Islâmico que chegou ao norte da África, na fronteira ocidental, e à Índia, na fronteira oriental. - Foi ele quem reconstruiu a Caaba em Meca, que passou a ter o manto preto de seda recobrindo-a. ---- Antes de ser califa, foi juiz em Medina e era leitor ávido do Corão, lhe valendo o apelido de ‘a pomba da Mesquita’. --- Mandou matar o filho de Zubair (chamado de Abd-Allah) e combateu o seu irmão (Mus’ab), que era o emir do Iraque. 685 (continuação) - Abd al-Malik enviou tropas (sob o comando de Ubayd Allāh ibn Ziyād) para fazer frente a mais uma revolta dos kharidjitas, liderados por Al-Muḫtār ibn ʾAbī ʿUbayd, em Kufa, que se estendeu a Bassorá. Este último, ao ser derrotado nesta cidade, procurou o apoio de al-Mukhtar (antigo 13 secretário de Ali), que o elevou à condição de ‘iman’. --- Abd al-Malik assinou o segundo tratado árabe-bizantino com Justiniano II, pagando-lhe tributo em dinheiro, cavalos e escravos anualmente. --- Na Armênia, o califa designou Achot II Bagratuni como governante após a morte do príncipe Gregório I Mamikonian em conflito contra os invasores Khazares ao norte do país. --- Em Jerusalém foi concluída a construção do Domo da Rocha, também chamada de Mesquita de Omar. 686 - Al-Muḫtār ibn ʾAbī ʿUbayd se proclamou califa em Kufa; em função disso, Abd Allāh ibn Az-Zubayr moveu-lhe guerra, resultando em sua prisão e morte em 687. --- O califa mandou Ibn Sa’d (filho do general Abi Waqqas) para debelar uma revolta dos Dailamitas, indo para Dastaba (entre Hamadan e Rayy), mas teve que abandonar a campanha, porque foi chamado para combater outra revolta de adeptos do finado Hussein ben Ali. 686-687 - As portas das igrejas foram pichadas com inscrições muçulmanas e todas as cruzes foram destruídas no Egito por iconoclastas.-- Justiniano II mandou o estratego Leôncio retomar a Armênia aos árabes, o que foi realizado com sucesso visto que o califado estava passando por guerras civis. Esta retomada foi esmaecida pelos saques efetuados pelas tropas, bem como pela pressão para que o clero da Armênia se submetesse às ordens do patriarca bizantino. 687 - Em abril, Al-Muḫtār ibn ʾAbī ʿUbayd se insurgiu em Kufa, em nome de Muhammad ibn al-Hanafiya (filho de Ali), mas foi derrotado por Musab ibn Zobair (irmão de Abd Allah ibn Az-Zubair). --- Neste ano se iniciou a construção da Mesquita de Omar em Jerusalém. Muḥammad ibn Al-Ḥanafiya foi prestar homenagem ao califa em Damasco e depois voltou para Medina, aí morrendo em 700. Seus seguidores (os kaysanitas, uma das vertentes xiitas) o consideraram oculto e não morto. 688 - O imperador bizantino Justiniano II e o califa Abd al-Malik assinaram acordo de paz pelo qual os bizantinos ficaram com metade da ilha de Chipre; em sua administração tributária, política e militar atuavam árabes e bizantinos, por 3 séculos, mesmo havendo conflitos entre eles no continente. Seus habitantes foram parcialmente deslocados para a Península de Cízica (despovoada por causa da ocupação árabe feita anteriormente), onde fundaram a cidade de Justinianópolis. --- Os Bérberes venceram os árabes, comandados por Zobeir ibn Keis, em Kairuan (em Ifrîqiya), forçando-os a ir para Barqa (na Líbia atual, chamada pelos persas de Putaya), onde foram massacrados pelos bizantinos. 689 - O imperador Justiniano II e o califa Abd al-Malik negociaram tratado de paz por 10 anos através do qual o imperador aceitou deslocar os famosos guerreiros Mardaitas do Líbano (montanheses guerreiros cristãos do Amanus que não se converteram ao Islamismo com suas famílias para Atália na Panfília (Ásia Menor), regiões da Grécia (no Peloponeso, no Épiro e na ilha de Cefalônia), Cilícia e Trácia. Acertaram entre si, também, a partilha da carga fiscal aplicada em Chipre, na Armênia e na Ibéria do Cáucaso. --- O califa incumbiu Amr ibn Saʿīd de administrar Damasco, quando foi para o Iraque. ʿAmr ibn Saʿīd se aproveitou disso para usurpar o cargo de califa, forçando o regresso de Abd al-Malik, que cercou Damasco; as tropas do usurpador passaram para o lado de Abd al-Malik, que prendeu o usurpador e mandou decapitá-lo depois. --- Os Berberes venceram os árabes comandados por Hassan ibn al-Nu’man nas proximidades de Ain Beida (na Argélia). 690 - O califado passou a cunhar moedas em árabe, a fim de eliminar a presença das bizantinas e iranianas. --- Mous’ab, filho de Zubayr, foi morto em combate com as tropas de Abd al-Malik. 691 - Em 11 de outubro, o califa Abd al-Malik enfrentou as tropas do governador do Iraque, Musab (Mus’ab) ibn az-Zubair (irmão do califa dissidente Abd Allah ibn az-Zubair) em Maskin (às margens do Tigre), morrendo este último durante o confronto. Em seguida, o califa se dirigiu para a cidade de Kufa, ocupada após a Batalha de Deir ul Jaliq. Daí retornou para a Síria. Depois de ter garantido sua autoridade em Damasco, partiu para retomá-la no Iraque: se apoderou de Kufa, Bassorah, parcialmente da província de Fars; mas Abd Allāh ibn Az-Zubayr continuava dominando o Egito, Iêmen e Hedjaz (oeste da Península Arábica). --- Neste ano, os sectários Caridjitas se rebelaram em Bahrein. --- Conclusão da Mesquita de Omar (ou Cúpula do Rochedo) em Jerusalém. 692 - Em fevereiro, o califa Abd al-Malik mandou Al Hajjaj ben Yussef (ou Al-Ḥağğāğ ibn Yūsuf Aṯ-Ṯaqafiyy), grande defensor dos Omíadas, para mover campanha militar contra Abd Allah ben az-Zubayr em Meca. Para tal, Yussef seguiu seu caminho em direção a Hedjaz, chegando a Taïf, próximo da cidade santa, onde organizou sua base de operações militares. Yussef propôs a Abd Allah ben az-Zubayr que se rendesse para ter a vida salva. Diante da recusa, cercou Meca por 8 meses, sendo morto seu oponente em 30 de setembro. A partir daí, o califa Abd al-Malik tornou-se governante inconteste de todo o Império Islâmico. - O imperador bizantino Justiniano II recusou a moeda de ouro lançada pelo califa. Retaliando, os árabes invadiram o seu território e derrotaram a sua armada bizantina na Batalha de Sebastopol (hoje chamada de Sulusaray, província de Tokat). Os bizantinos estavam, nesta batalha, sob o comando de Leôncio (favorito de Justiniano II), tendo mercenários eslavos (cujo chefe era Nebulos). O comandante das tropas omíadas persuadiu financeiramente a deserção da maior parte destes mercenários, acarretando a derrota de Leôncio e seus comandados. O imperador ficou tão enraivecido e perplexo com esta atitude dos eslavos, que mandou matar os restantes deles. --- Hassan ibn al-Nu'man empreendeu a conquista da região do Magrebe, no norte da África, sendo bem sucedido e nomeado governador (emir) de Ifrîqiya (de onde proveio o nome África) até 705. 693 - Se aproveitando da derrota bizantina, houve uma revolta na Armênia sob a liderança do príncipe Sembat VI Bagratuni, transferindo-se este da suserania bizantina para a sarracena. --- Os árabes aproveitaram o abandono de Cartago (em Ifriqyia) pelos bizantinos para tomá-la; 3 anos depois, entretanto, uma armada bizantina sob a chefia do patrício João a recuperou. 694 a 714 - O califa assinou a nomeação de Al Hajjaj ben Yussef como governador do Iraque Arab, onde governou até 714, tendo, outrossim, o poder administrativo sobre a Pérsia. Aí manteve uma enorme fidelidade aos Omíadas, além de se mostrar bom administrador, mas extremamente severo com seus governados. O árabe foi oficializado como a língua administrativa da região. 695 - As guerras civis no Império Bizantino (até 715) o enfraqueceram de tal modo que os árabes puderam guarnecer melhor suas defesas na Anatólia. --O califa Abd al-Malik enviou uma grande armada sob o comando de Hassan ibn al-Numan al-Ghassani para retomar Cartago aos bizantinos, o que foi conseguido; seus habitantes fugiram para a Sicília. Mesmo sendo libertada em 696 por uma expedição naval sob o comando do patrício bizantino João (se aproveitando da guerra entre Hassan e os rebeldes Bérberes de Kahena), em 698 foi recuperada definitivamente por Hassan. 696 - O califado impôs reformas em todo o Império Islâmico: administrativamente o árabe passou a ser a única escrita; financeiramente se adotou o dinar sem nenhuma figura. 697 - A famosa rainha bérbere al-Kahina (talvez uma heroína semilegendária, também chamada de Damya e Dihya, a ‘Profetisa’), de Aurés, esmagou as forças muçulmanas nas proximidades de Tebessa; os que restaram, fugiram para a Tripolitânia. --- A partir deste ano, a língua oficial da administração no Iraque passou a ser o árabe. 697 a 710 - Governo de Merkurios em Dongola, no Reino de Makurra (Núbia, hoje Sudão), cristão que erigiu igrejas fortificadas para fazer frente tanto às invasões promovidas pelos muçulmanos do Egito como dos nômades bedja. 697-698 - À frente de enorme frota naval Hasan ibn al-Nu’man al-Ghassani, na primavera-verão, se apoderou de Cartago (defendida por João Patrício, auxiliado pelo bérbere Amazigh), selando o fim deste exarcado bizantino. Esta capital do exarcado teve sua população praticamente dizimada, os que restaram foram escravizados; houve saques generalizados. Substituindo Cartago, os árabes fundaram Túnis. No norte da África os bizantinos ficaram apenas com Ceuta (chamada de Septem naquela época). 698 - No outono e inverno, Heráclio, irmão do imperador bizantino Tibério III, realizou incursão sobre a Síria destruindo uma armada árabe em Antioquia e chegando até Samosate (no Eufrates). --- As moedas árabes cunhadas neste ano (os ‘dirham’ ou ‘dirhems’) foram encontradas na Escandinávia, o que revela o comércio com os eslavos orientais (russos), tendo como eixo de articulação o rio Volga. --- O kaghan dos Köktürk ('turcos azuis')Kapaghan, mais conhecido por Mo-tch’o, conquistou parcialmente a região da Transoxiana. 699 - Tropas omíadas atacaram a Armênia e submeteram o generalíssimo Sempad (Smbad VI Bagratuni). --- Al Hajjaj ben Yussef , governador do Iraque, sufocou mais uma rebelião dos Kharidjitas em sua expressão mais radical, a dos Azraqitas, que tinham sua base no oeste da Pérsia. Ao mandar uma expedição à província persa de Sistan sob o comando do general ʿAbd Ar-Raḥmān ibn Muḥammad ibn Al-ʾAšʿat (ou simplesmente Ab Ar-Rahman, ou ainda Ibn al-Ash'ath), este encabeçou uma revolta anti-omíada e saiu-se vitorioso na cidade-fortaleza de Tustar (ou Shustar no Cuzestão) e se estabeleceu em Kufa, onde só foi submetido por Al Hajjaj ben Yussef em 702. 700 - Em fevereiro morreu, em Medina, o filho de Ali, Muhammad ibn al-Hanafiya, interrompendo provisoriamente a agitação provocada pelos xiitas em vários lugares. --- Os Bérberes deixaram de resistir à penetração árabe na Argélia a partir de sua derrota pelo general Musa bin Nusair. --- Se desforrando da campanha militar de Heráclio sobre a Síria em 698, o príncipe omíada Abdallah ibn Abd al-Malik (irmão do califa) se apoderou da fortaleza de Teodosiópolis, na fronteira e atacou a Armênia Menor ou Inferior. SÉCULO VIII Na primeira década deste século se desenvolveu, sobretudo entre os xiitas, a doutrina escatológica da ‘ghayba’ (ocultação) e da ‘radj’a’ (retorno) do Décimo-Segundo Iman, Muhammad al-Mahdi. A doutrina da ocultação iniciou-se em Kufa, entre os xiitas denominados kaysanitas, 14 acreditando que um filho do califa Ali (Muḥammad ibn al-Hanafiya) não morrera, mas sim foi subtraído ao mundo e vivia oculto. A doutrina do ‘retorno’ (raj’a ou radj’a), entre os xiitas, ensina que, no fim dos tempos, ressuscitarão os mártires e os profetas. No começo deste século, ocorreu a volta da população de Chipre, arrasada pelos árabes; estes continuaram a atacá-la durante duzentos anos (nada mais que 24 vezes). O processo de expansão islâmica se estendeu até a Península Ibérica (no Ocidente) e Ásia Central e oeste da Índia (Sind e Punjab). No meio do século a Dinastia dos Omíadas deu lugar à dos Abássidas e a capital do Império Islâmico passou de Damasco para Bagdá. O norte da África praticamente se tornou independente do Califado de Bagdá com os Midraridas em Tafilalet e os Rustamidas, em Tiaret. Deste século até o século X a Pérsia possuía uma grande quantidade de judeus na área em volta da capital abássida. 701 - O general anti-omíada ʿAbd Ar-Raḥmān ibn Muḥammad ibn Al-ʾAšʿat (ou simplesmente Ab Ar-Rahman, ou ainda Ibn al-Ash'ath), em janeiro, se estabeleceu em Kufa, de onde partiu em campanha militar em direção à Basra, se apoderando da mesma. --- A Armênia bizantina (no leste do Alto Eufrates) foi atacada por Muhammad ibn Marwan; o comandante local, Baanes, não ofereceu resistência e se rendeu; a população, por sua vez, aceitou um governador muçulmano. Com isto, todo o território bizantino correspondente à margem esquerda do rio Eufrates passou ao domínio muçulmano. 702 –O governador do Iraque Arab (cuja capital era Isfahan), Al-Hajjaj, foi combater Ab Ar-Rahman vencendo-o na Batalha de Dayr al-Jamajim, nas proximidades de Kufa (em 4 de abril de 702). Al-Hajjaj fundou a cidade de Dayr al-Jamajim, nas proximidades de Kufa. Esta vitória abriu caminho para se assenhorearem da província de Khorassan (no leste da Pérsia). - Neste ano ainda: --- Retaliando a ação militar árabe do ano anterior, os axumitas se apoderaram do porto de Djedda, perto da cidade santa de Meca. Revidando, os árabes destruíram a frota naval do Reino de Aksum no Mar Vermelho; depois se estabeleceram nas ilhas Dahlac, queimaram Adulis e outros portos aksumianos. O Reino de Aksum ficou tão enfraquecido política e economicamente (por ter diminuído seu comércio no Mar Vermelho) que deixou de cunhar sua moeda.--- Traição da bérbere legendária Kahina pelo seu filho adotivo, sendo capturada pelo general Hassan ibn Numan na ilha de Tabarka (na Tunísia atual) com reforços de tropas enviadas pelo califa Abd alMalik; ela foi decapitada e sua cabeça foi remetida para o califa em Damasco. Este general voltou a Kairuan e propôs anistia geral aos bérberes.--- A Armênia se revoltou contra o governador muçulmano tendo o apoio do Império Bizantino. 703 - Mais uma vez os muçulmanos devastaram a Anatólia; além disso, invadiram a Armênia, que tinha se rebelado contra Bizâncio. --- Mopsuesto, na Cilícia, foi conquistada pelos muçulmanos sob o comando de Abdallah ibn Abd al-Malik (irmão do califa). Esta cidade foi fortificada e desempenhou papel importante na linha de fronteira (chamada de ‘Tughur e Awasim’) ao norte da Síria, Cilícia e Alta Mesopotâmia.--- Foi iniciada a primeira campanha de reconstrução da Grande Mesquita de Kairuan pelo governador Hassan Ibn Numan, em Ifriqiya. 704 - Abdallah ibn Abd al-Malik foi afastado da Armênia (onde sufocara nova revolta anti-omíada) para suceder ao seu tio Abd al-Aziz ibn Marwan no Egito. Procurou controlar a administração contrariando os interesses das elites egípcias e determinou o uso do árabe em vez do copta nos negócios governamentais. --- Uma armada árabe foi derrotada e destruída em Sisium (Adana na Cilícia) pelo general bizantino Heráclio. --- Este ano marca o término da conquista sarracena da África bizantina, atingindo até o Oceano Atlântico, executada pelo general Musa ibn Nusair. 705 - Ao morrer de doença, em outubro, o califa Abdul Malik, foi sucedido pelo filho Walid (ou Al Walid). --- O governador da província de Khorassan, o general Qutayba ibn Muslim, realizou campanha militar contra Bactriana (Tocarestão), Kharezm e Sogdiana e sufocou uma revolta dos Azrakitas (ou Azarakitas, um ramo persa dos Caridjitas). --- Mais uma vez ocorreu intervenção militar muçulmana na Armênia, sob a responsabilidade do general Muhammad ibn Marwan, sufocando revolta e deportando o rei Sembad VI Bagratuni e alguns príncipes locais. 705 (outubro) a 715 - Califado omíada de Al-Walīd I. Sob seu governo surgiu a arte figurativa muçulmana nos palácios (não nas mesquitas). Em seu governo foi reconstruída a mesquita de Medina e construídas as mesquitas Al-Aksa (de Jerusalém) e de Damasco. Foi generoso com os leprosos (dava-lhes presentes e os proibia de mendigar), aos cegos (confiou-lhes guias). Em seu governo houve a conquista de Bukhara (na Ásia Central), da Espanha e do vale do Indo. --- A partir de seu califado, os governantes começaram a morar nos chamados ‘castelos do deserto’, residências reais situadas em vários oásis. 705 a 713 - Ifrîqiya esteve sob o governo de Musa ibn Nusayr (ou Nosseyr), estabelecendo o domínio árabe até a cidade de Tânger. 706 - O califa Al-Walid I determinou a adoção do árabe como língua na Síria e Egito. Cristãos coptas mantiveram o copta apenas como língua litúrgica. Ele mandou reerguer a mesquita de Medina. 706 a 714 - O governador de Khorassan, Qutayba ibn Muslim, empreendeu campanha militar contra o reino turco ocidental de Bukhara (na Transoxiana), conquistando-o e, assim, retirando-o da vassalação imposta pelo turco oriental Qapaghan–Qaghab, mais conhecido por Mo-Tch'o. Continuou o leque de suas conquistas: cercou e tomou a cidade comercial de Samarcanda (712), Ferghana e Tashkent em 714. Estas conquistas foram importantes porque estes locais da Ásia Central eram sulcadas por rotas comerciais, como a da seda. 706 a 715 - O califa Al-Walid I mandou construir a Grande Mesquita dos Omíadas de Damasco, no mesmo local onde estava a cátedra de S. João Batista e do templo de Júpiter. 707 - Tiana, na Capadócia, foi cercada por forças muçulmanas sob o comando de Maslamah ibn Abd al-Malik, suportando-o no inverno todo. - Os muçulmanos de Ifrîqiya conquistaram o arquipélago das Ilhas Baleares (ao sul da Espanha). 708 - Em março, a cidade de Tiana sucumbiu ao cerco imposto por Maslamah ibn Abd al-Malik; que continuou sua campanha anti-bizantina, vencendo-os nas proximidades de Amorium (na Frígia) no verão. 708-709 - O irmão do califa, Abadallah ibn Abd al-Malik, foi chamado a Damasco por acusação de corrupção (desvio de dinheiro público); aí foi julgado e todos os seus bens confiscados. Não foi mencionado depois disso, a não ser sua crucificação em al-Hira quarenta anos depois. 709 - Maslamah ibn Abd al-Malik, continuando sua campanha militar, ocupou a Capadócia e promoveu ataques à província de Isauria (habitada por guerreiros montanheses junto ao Taurus). --- Do lado ocidental, os árabes se apoderaram de Ceuta sem resistência do príncipe cristão Juliano, que depois se apresentou ao governador de Ifrîqiya, Musa ibn Nusair, oferecendo-se para participar da conquista da Espanha. Em outubro ou novembro, ele atacou e saqueou a baía de Algeciras. 710 - Na região oriental de Tanger, um Iemenita chamado Salih ibn Mansur al-Himyari, fundou um emirato, o de Nakur ou Nekor, que se desenvolveu no comércio marítimo até 1019. --- O guerreiro isauriano e general bizantino Leo (futuro imperador Leão III) retomou Abkhasia (ou Abasges, no Cáucaso) aos árabes. 711- O lugar-tenente do general árabe Mûssa (Mûssa ibn Nusair, conquistador do Marrocos), o bérbere Tarik ibn Zaid, atravessou o estreito que separa o Mar Mediterrâneo do Oceano Atlântico, desembarcando no sul da Espanha Visigótica nas proximidades de uma pequena montanha a que designou pelo nome Djebel Tarik (Gibraltar), em 28 de abril. Em 26 de julho, Tarik ibn Ziyad com reforços do renegado Juliano (mandado por Mûssa) travou uma batalha nas proximidades de Jérez da Fronteira, no rio Guadalete (Batalha de Guadalete) e venceu os visigodos sob o comando do rei Roderico ou Rodrigo (abandonado em pleno conflito pelos príncipes Akhila), que tinha como auxiliar o príncipe Pelágio. Perseguiu os visigodos em fuga até Córdoba; em seguida, guiado por Juliano, foi até Toledo, saqueando-a. Em alguns meses a metade da Espanha estava conquistada. A conquista da Península Ibérica durou 5 anos. A Espanha (El-Andaluz) ficou sob a dependência do Califado omíada de Damasco. 711-713 - Em 711, Foram feitas as primeiras incursões muçulmanas no vale do Indo: o general Mohammed-ibn-Qâsin, se instalou na região de Sind, após ter passado em Debal (próximo de Carachi, no atual Afeganistão) onde se juntou com uma frota; depois entrou em confronto com o rei Raja Dâhir (de Sind) na Batalha de Raor (em 20 de junho de 712), na qual este rei foi vencido e morto. Em 713, este general se apoderou de Multan; os soldados hindus presos nesta conquista foram decapitados, mas a população pode continuar praticando suas religiões pagando a ‘jiziya’ (ou imposto). 712 - O general Qutayba ibn Muslin se apoderou de Samarcanda, cidade comercial da Rota da Seda, em Transoxiana. --- O Emir da Mesopotâmia atravessou a Anatólia e se apoderou de Amaseia (na província do Ponto no Mar Negro), se aproveitando da instabilidade reinante no império bizantino. --- O general Musa bin Nusair, emir de Ceuta, foi para a Espanha para se juntar a Tarik ibn Zaid para atacar o sul do Reino Franco. 712 –714 - O general Qutayba ibn Muslin continuou suas conquistas em Tashkent e Ferghana; o governante desta última localidade fugiu para a Kachgária onde solicitou a ajuda da China. 713 - O imperador bizantino Anastácio, em início de governo, se preparou diante de eventuais ataques árabes: mandou emissários a Damasco para conseguir informações sobre os preparativos dos inimigos, além de provisão de trigo nos armazéns governamentais, ordens para que os habitantes de 15 Constantinopla guardassem víveres por 3 anos, reparação dos muros da cidade e a aquisição de equipamentos para a frota naval bizantina. -- A Síria foi abalada por um sismo em 28 de fevereiro. --- Os muçulmanos invadiram a região de Tarraconense, no norte da Espanha. Musa ibn Nusair se apoderou de Sevilha e Mérida, ao centro-sul da Península Ibérica. --- O filho do califa, al-Abbas ibn al-Walid, à frente de suas tropas, atacou e saqueou a cidade bizantina de Antioquia da Pisídia de tal maneira que ela nunca mais se recuperou desta rapinagem árabe.--- Os turcos orientais, comandados por Mo-tcho (ou Kapaghan, kaghan do II Império Turco), conquistaram Sogdiana, exceto Samarcanda, antes de serem derrotados neste ano. 714 - A Síria foi abalada por um sismo em 28 de fevereiro. --- Neste ano: Musa ibn Nusair, à frente de suas tropas se apoderou de Saragoça. Tarik, por sua vez, tomou a cidade de Toledo, cujo arcebispo fugiu para Constantinopla. -- Árabes se apoderaram de Tashkent na Ásia Central (Transoxiana). - O general Qutayba ibn Muslim chegou até a Kachgaria, no baixo vale do rio Tarim, pertencente aos chineses da Dinastia Tang. - Na primavera, em território espanhol, os generais Tarik ibn Ziyad e Musa ibn Nusair penetraram pelo vale do rio Ebro, chegando até o seu alto vale e se apoderando de Saragoça, Leão, Astorga. - Neste ano, se aproveitando da situação política degradada no Império Bizantino, o califa omíada Walid organizou uma expedição contra Constantinopla e devastou a Galácia. 715 - Em maio, a frota bizantina, que estava na Ilha de Rodes se preparando para atacar uma frota muçulmana, se revoltou e matou seu comandante, indo para Constantinopla, desembarcaram em Adramítio (na Mísia) e proclamaram um publicano, Teodósio, como imperador, a seu contragosto. --- Neste ano: O califa chamou os conquistadores da Espanha a Damasco para prestação de contas sobre suas operações militares na região. O general Musa deixou o seu filho, Abd al-Aziz, para comandar suas tropas na conquista. --- Antes de Al Walid I morrer tinha mencionado sua preferência pelo filho ʿAbd AlʿAzīz, em vez de Solimão (ou Sulaymān), seu irmão. O filho foi reconhecido apenas por Al-Hajjaj e Qutayba ibn Muslim (governadores do Iraque e do Khorassan, respectivamente). Este último estava em campanha militar em Ferghana (na Ásia Central) e foi morto por suas tropas ao não reconhecer Solimão. 715 (23 de fevereiro) a 717 - Califado de Sulaymān ibn Abd al-Malik (ou Solimão). Antes de se estabelecer em Damasco, ficou na cidade de Ramla (na Palestina). Teve a fama de ser muito glutão. - O fracasso da tentativa de se apoderar de Constantinopla, em que a frota e armada sírias foram destruídas, acarretou o aumento da carga fiscal e a antipatia ao governo. 715 (continuação) - Solimão nomeou novo governador do Iraq Arab, Yazīd ibn Al-Muhallab, enquanto o anterior (Al-Hajjaj) não só foi destituído, como ainda teve os seus bens confiscados (por não tê-lo apoiado na sucessão). - Neste ano, em Ferghana (chamada de Ning-yuan pelos chineses), com a morte de Qutayba, o general chinês Tchang Hiao-song restaurou no poder o rei que tinha pedido o auxílio dos Tang. 715 e 721 - Incursões vitoriosas árabes no sul da França (Narbonne e Toulouse). 716 - Yazīd ibn Al-Muhallab realizou incursões nas áreas montanhosas do Elburz (ao norte), onde praticou extorsões de tal monta que atraiu muitos inimigos. --- Neste ano morreu Ayyub , que seria o sucessor de Solimão; por isto, o califa mandou outro filho atacar a capital bizantina (agosto de 717), mas ele acabou retornando a Damasco por insistência dos conselheiros de Solimão, que consideravam melhor poupá-lo para poder suceder ao pai; ficou com a função de ataque a Constantinopla o seu tio Moslemah. --- Tropas omíadas conquistaram Lisboa (há autores que colocam a data em 6 de agosto de 711; outros a colocam em 714). 717 - Apenas com 5 meses de reinado do imperador bizantino Leão III, uma armada árabe sob comando de Moslemah (ou Maslamah ibn Abd al-Malik, irmão do califa Sulayman) partiu da Galácia, se uniu com frota naval árabe que estava em Abidos, transpôs o Helesponto e cercou Constantinopla, em 15 de agosto (foi o segundo cerco árabe) sem sucesso ora pelo fogo grego, pela fome e por Leão III (levantando o cerco em 15 de agosto de 718, auxiliado pelos búlgaros). A armada árabe foi atacada próximo de Tyane e destruída.-- Solimão resolveu escolher seu primo Omar ibn Abdul Aziz como sucessor, antes de ir reforçar seu irmão no cerco de Constantinopla, quando morreu no trajeto (em Dabiq), em 3 de outubro de 717. Este foi o último ataque árabe à capital bizantina. Esta vitória bizantina protegeu a Europa Oriental de uma invasão muçulmana. 717 (3 de outubro) a 720 - Califado de Omar ibn Abdul Aziz (Omar II ou ʾAbū Ḥafṣ ʿUmar ibn ʿAbd Al-ʿAzīz), neto de Marwan I. - Como o califado era povoado por muitos não-muçulmanos (zoroastrianos, judeus e cristãos), Omar II forçou a sua conversão (o que foi aceito, já que foram isentos da alta carga fiscal a que eram submetidos). — Ao mesmo tempo em que equalizou o imposto para todos, diminuiu a arrecadação tributária. 717 (continuação) - O novo califa mandou prover de víveres os árabes que tinham cercado Constantinopla e mandou Maslama retornar; este, ao chegar a Damasco, tentou entrevistar o califa sem sucesso.—Ele estimulou a conversão dos hindus da região do Sind ao islamismo; entre estes convertidos houve figuras expressivas (como Jaisimha, filho de Raja Dahîr). - Em 24 de dezembro, um sismo abalou o norte da Síria, pondo por terra igrejas de Edessa. --No final deste ano, os muçulmanos conquistaram Barcelona, a nordeste da Espanha. 717-718 - Na Ásia Central, os Turgesh se aliaram com os árabes (da Transoxiana) e os tibetanos para lutar contra a China. 718 - O califa, Omar II, mandou prover de víveres os árabes que tinham cercado Constantinopla e mandou Maslama retornar; este, ao chegar a Damasco, tentou entrevistar o califa sem sucesso. --- Segundo a tradição, em 15 de agosto, Constantinopla foi salva por milagre de Nossa Senhora, cuja imagem foi levada pelas muralhas da cidade e o imperador passou pelo Estreito de Bósforo com as relíquias da Santa Cruz. Ainda hoje, a Igreja Católica consagra o dia 15 de agosto como o da Assunção de Nossa Senhora, comemorada em todo o mundo católico. Na realidade, Leão III recebeu reforços do khan búlgaro Tervel e, assim, pode repelir os árabes. A armada árabe foi atacada próximo de Tyane e destruída (a esquadra remanescente afundou numa tempestade). --- Os reis de Bukhara e Samarcanda, na Transoxiana, pediram ajuda militar do imperador chinês Hiuan-Tsong (da Dinastia dos Tang); este mandou tropas turcas vassalas do império. - Ainda neste ano, o califa mandou chamar o governador do Iraque Arab (Yazīd ibn Al-Muhallab) a Damasco para prestar contas de suas incursões predatórias no norte da Pérsia; ele assim o fez, deixando no governo o filho Muhallad. Ao chegar a Damasco ele foi preso. O califa nomeou outro governador para o Iraque Arab, Al-Jarra al-Hakamî, que exerceu o poder por apenas 18 meses, por cobrança indevida de impostos aos novos convertidos. 719 - Em março-abril, foi nomeado emir dos Mouros da Espanha Al-Samh (ou Al-Samh ibn Malik al-Khawlani ou Azama), terminando o seu mandato em 721. Entre junho e dezembro, ele se apoderou da Septimânia (no Reino Franco), ao tomar Narbonne, aí ficando até 759. Neste ano ele mandou recuperar em pedra uma ponte em Córdoba sobre o rio Guadalquivir. --- O califa Omar II de Damasco se negou a atender o pleito do governador ('wali') do Egito, de renovar a tributação aos novos muçulmanos convertidos (quem era cristão pagava imposto), por ter diminuído a arrecadação de tributos. 720 - Como o califa tinha tomado medidas moralizadoras contra governadores abusivos, perdeu prestígio diante da nobreza, ele foi envenenado e morreu em Alepo em 10 de fevereiro, sendo sucedido pelo filho de Abd al-Malik, Yazid II , que era seu primo. 720 (10/2) a 724 (dezembro) - Califado omíada de Yazīd II. Continuou a guerra de seu antecessor contra os kharidjitas. --- Era considerado um pai extremamente carinhoso com as suas filhas Sallâma e Habâba. --- Ele e seus 2 sucessores fizeram uma reforma fiscal sobre as propriedades rurais. 720 (continuação) - Em 25 de agosto, houve uma rebelião sob o comando Yazid ben al-Muhallab, mas este sofreu derrota (entre Kufa e Wasit) diante de Maslama, que foi nomeado em seu lugar no governo de Khorassan e Iraque Arab. Yazid ben al-Muhallab foi decapitado, em sua família teve as mulheres e as crianças escravizadas e os homens foram mortos. -- Houve incursões árabes no sul do Reino Franco dos Merovíngios. 721 - Em 9 de junho, os mouros de Andalucia, sob o comando do emir Al-Samh ibn Malik al-Khawlani ou Azama, foram derrotados por Eudes, o Grande, duque da Aquitânia, nas proximidades de Toulouse (capital daquela província franca), o emir morreu nesta Batalha da Aquitânia. Abd el Rahman (ou Abdul Rahman Al Ghafiqi) tomou o comando das tropas muçulmanas em retirada e se refugiou em Narbonne. - Em agosto, Anbasa (Anbasa ibn al Suhaym-Kalbi) foi escolhido por Bish Ibn Safwan Al Kalbi (governador da África) como governador (‘wali’) de Córdoba, aí ficando até 726. 722 - Em fevereiro-março os Khazars atacaram as fronteiras do Império Omíada na Armênia, onde venceram o governador local e o de Media Atropatene (atual Azerbaidjão). Revidando, o novo governador de Media Atropatene, o muçulmano Al-Jarra al-Hakami, em 21 de agosto, atacou o Império Khazar e devastou a sua capital Balanjar (situada entre as cidades de Samanda e Derbent, ao norte do Cáucaso); logo depois ele recuou para Wartham (ao sul do Cáucaso). Por 15 anos (até 737) continuaram as hostilidades entre os Omíadas e os Khazars. ~722 - Na primavera, Anbasa ibn Suhaym al-Kalbi, governador de Córdoba (capital da Espanha Muçulmana, às margens do Guadalquivir) mandou tropas para o norte, a fim de sufocar uma revolta nas Astúrias. Estas tropas estavam sob o comando dos bérberes Munuça e al-Kama, com a companhia de Oppas, bispo de Sevilha e irmão do finado rei visigodo Witiza. Este último tentou negociar a rendição dos revoltosos; mas estes, sob o comando do príncipe Pelágio (herdeiro do último rei dos visigodos e aí se refugiara), se recusaram e, através de pequenas escaramuças, conseguiram empurrar as tropas muçulmanas numa região montanhosa, a de Covadonga, onde conseguiram vencê-los. Esta vitória é considerada o início do processo denominado de Reconquista Cristã. Pelágio instaurou o seu centro administrativo em Cangas de Onis (a noroeste de Covadonga, nas Astúrias). 16 723 - A primeira medida iconoclástica não partiu dos bizantinos, mas do califa Yazid II que mandou destruir imagens, ícones e pinturas representando figuras humanas santificadas nas casas e nas igrejas cristãs, seguindo as prescrições islâmicas de proibição de representação humana.--- A cidade de Konia (Iconia), na Anatólia, foi atacada e pilhada pelos muçulmanos; em outra campanha militar, ao se apoderarem do forte de Camachum (ou Camacha, na Cilícia) expulsaram os bizantinos da Armênia. 724 (26 de janeiro) a 743 (6 de fevereiro) - Califado de Hisham (ou Hišām). Sob seu governo foi morto Zaid, neto de Hussein, imân dos Zaiditas. Foi durante seu governo que se atingiu o apogeu militar do califado. 724 - Início da luta dos ‘mawalis’ (persas convertidos ao Islamismo, mas discriminados tributariamente) contra o califado de Damasco, tendo como chefe Bukair ibn Maha, em função de uma reforma fiscal, mesmo sendo isentos parcialmente de impostos, mas não da esmola para os pobres (‘zakat’) e tributando-lhes a terra, não seu possuidor (para isto procedendo a um censo fundiário). --- A Grande Mesquita de Kairuan, em Ifrîqiya, teve o seu processo de reconstrução a partir de deste ano, por ordem do califa e sob a supervisão do governador local Bichr ibn Safwan. 725 –Em meados de agosto, os mouros da Espanha comandados por Anbasa (Anbasa ibn al Suhaym-Kalbi) partiram de Narbonne e conquistaram parcialmente o vale do Loire até Nîmes. Aí encontrou pela frente o duque Eudes, forçando-o a ir para o vale do Ródano, saqueando suas cidades ribeirinhas. Depois disto retomou o caminho de volta pelo rio Saone até Autun (entre o Saone e Loire),que foi saqueada. Sua incursão foi detida em Sens (Yonne), de onde voltou para Córdoba. - O duque de Aquitânia, Eudes, assinou um acordo com o bérbere Munuza Utaman (Othman) Abu Nâsar, governador muçulmano do norte da Espanha (que lutara junto com Tarik em 711) contra o emir de Córdoba, Anbasa. Este último venceu Othman e depois Eudes na Gasconha, penetrou pela Aquitânia adentro e saqueou o tesouro da Basílica de S. Martinho em Tours. --- Tropas foram enviadas ao Egito pelo califa a fim de sufocar uma revolta dos cristãos locais (os coptas) no delta do Nilo, contra o aumento da carga fiscal. Estas revoltas dos coptas ocorreram constantemente até 832. Eles foram massacrados; mesmo assim se revoltaram de novo em 739. -- Mesmo havendo um acordo árabe-bizantino desde 688, a ilha de Chipre foi invadida e saqueada pelos árabes neste ano. --- Foi por volta deste ano que a ilha de Córsega foi ocupada pelos lombardos (com o rei Liutprand), enquanto a Sardenha já era ocupada pelos sarracenos. 726 - Na Espanha, Anbasa (Anbasa ibn al Suhaym-Kalbi), ao se lançar em campanha militar no Reino Franco, foi morto em combate contra o duque Eudes da Aquitânia. Sucedeu-o por pouco tempo Udrra ben Abd Allah al-Fihri; passando a governar Yahya ben Salama al-Kalb (este revogou a injustiça fiscal e fundiária feita por Anbasa). --- Neste ano, o rei de Bukhara, Tugchada, mesmo tendo se vassalado aos árabes em 718-719, mandou seu irmão à corte chinesa dos Tang, para pedir a intervenção de Hiuan-tsong (Ming-huang) em seu reino contra os árabes.--- Os muçulmanos invadiram a Capadócia e saquearam a cidade de Cesareia. 727 - A Sicília, pertencente aos bizantinos, sofreu incursão dos muçulmanos do norte da África.—Neste ano, como em 719, o rei (‘yabghu’) do Tokharestão (Bactriana), Qunduzet Balkh, solicitou sem sucesso a proteção dos Tang (ainda sob o governo de Hiuan-tsong) da China contra os muçulmanos. --- Se aproveitando da situação instável do Império Bizantino, tropas omíadas comandadas pelo general Mu'awiyah ibn Hisham (irmão do califa) e Abdallah ‘al-Battal’ (‘o Herói’) promoveram saque em Germanópolis (ou Gangra, hoje Çankiri, na Turquia) e cercaram Niceia, mas aí não tiveram êxito. 728 - Surgimento de um movimento político-religioso, o Mutazilismo (ou Motazilismo), por parte de Wasil ibn Ata (discípulo do místico sufi Hasan alBasri), pregando uma linha de interpretação do Corão entre o xiismo e a ortodoxia, procurando explicar pela razão as verdades doutrinárias.728-729 - O domínio muçulmano na Ásia Central foi colocado em xeque com revoltas fomentadas pelos Tang da China, como aconteceu em Bukhara com sua população tendo a ajuda dos turcos Turgesh ((confederação de tribos surgidas do que restou dos 'turcos ocidentais'). 729 - Em abril, o novo governador de Andalucia (Espanha), Al-Haythan ibn Ubayd al-Kilabi, mandou atacar o chefe bérbere dos Pireneus, Munuza, por ter se negado a participar de uma expedição contra o Reino Franco dos Merovíngios em face de ter assinado uma trégua com seu genro, Eudes, duque de Aquitânia. Munuza sofreu derrota e foi morto em seu castelo de Llivia (nos Montes Pirineus), enquanto sua esposa, Lampegia, foi presa e levada para Damasco. 730 - Em face da aliança entre bizantinos e khazares, inimigos comuns dos islâmicos, em 9 de dezembro, Barjik, filho do kaghan dos Khazares, atacou as províncias persas de Jibal e Azerbaijão (ou Adaribaidjão), nesta última ele massacrou tropas omíadas comandadas por Abdullah ibn al-Djarrah (Al-Jarrah al-Hakami) na Batalha de Maj Ardabil (nas proximidades de Ardabil). Com esta vitória, o califado foi forçado a deixar de usar o principal caminho do Cáucaso, que era o Passo de Derbend. 730-731 - Seguindo o exemplo geral da Ásia Central contra os muçulmanos, o rei de Samarcanda, Gurek, iniciou uma rebelião com o apoio dos Turgech. 731 - Em julho ocorreu a Batalha do Desfiladeiro (em Tashtakaracha, no Usbequistão atual) em que os Turgesh (ou Turgash) derrotaram, após 3 dias de combate, tropas omíadas. Tal vitória sustou a expansão islâmica por quase 20 anos em direção à Ásia Central. --- O príncipe e general Maslama ibn Abd al-Malik conseguiu conter em Mossul (às margens do rio Tigre, na Alta Mesopotâmia) os khazares que tinham invadido o Iraque logo após sua vitória em Maj Ardabil (no ano anterior). Mossul era um centro importante de fabricação do tecido ainda hoje chamado de musselina. 731-732 - Maslama ibn Abd al-Malik invadiu o Império Khazar se apoderando de sua capital (Balanjar), além de Khanzin e Samandar. 732 - Abd er-Rhaman al Ghafiqi, emir dos Mouros da Espanha, iniciou sua campanha militar contra os francos, no início de março, saindo de Pamplona, depois atravessando a garganta de Roncesvales (nos Pirineus); foi para Gasconha, onde venceu o duque Eudes de Aquitânia em Bordéus, saqueada por ele. O duque Eudes foi pedir a ajuda do ‘prefeito do palácio’ Carlos Martelo (governante da Austrásia e Nêustria). O emir muçulmano continuou sua incursão, devastando Saintes, Perigueus, Agen e Angoulême. Em 25 de outubro, Carlos Martelo conseguiu conter o avanço muçulmano na Batalha de Poitiers ou de Tours (no lugar designado pelo nome francês de Moussay-la-Bataille), na qual o emir sarraceno foi morto e suas tropas retrocederam. Os francos recolheram os saques feitos pelos muçulmanos. Foi a partir desta vitória que o franco Carlos obteve o apelido de Martelo, porque, como um martelo, ‘esmagou os infiéis’. Após a vitória dos francos na Batalha de Poitiers contra os árabes, recomeçou o uso da palavra Europa, embora não adotada em todas as regiões por causa das disputas entre Bizâncio e reinos europeus. —Neste ano, os muçulmanos realizaram ataques contra as Ilhas de Lerins (sul da França) e a Sardenha.--- O filho do imperador Leão III e associado ao trono, Constantino, se casou com a filha do kaghan Bihar dos Khazars (que recebeu o nome bizantino de Irene) para selar uma aliança contra os árabes (tal aliança não se efetivou, porque no ano seguinte o reino foi invadido pelos árabes). 733 - O número de pensões concedidas aos soldados foi limitado pelo califa o que gerou uma revolta em Khorassan. --- Um filósofo (Ghaylan alDimashqi) que pregava a doutrina do livre-arbítrio foi executado em Damasco por determinação do califa. 734 - Para o governo de Ifrîqiya foi nomeado Obeid Allah ibn el-Habhab (até 741), que ordenou a construção do arsenal da marinha e da mesquita Zituna em Túnis.-- Yusuf ibn 'Abd al-Rahman al-Fihri, governador de Narbonne (na Septimânia, França) realizou um acordo com o duque Mauronte de Provença (que liderava os leudes, ou alta aristocracia, do Reino de Borgonha) que lhe passou a posse de Avignon (na margem esquerda do Ródano), como frente de defesa diante dos ataques dos francos.. -- Neste ano, houve as primeiras iniciativas árabes de penetração no Reino de Gana, cujos reis bérberes dominavam os agricultores mauritânios (se chamavam Soninké ou Sarakolé). Entre este reino e Sijilmassa se operava o comércio de ouro e de escravos. 735 - Yusuf ibn 'Abd al-Rahman al-Fihri, governador de Narbonne, se apoderou de Arles, no delta do Ródano, sem nenhuma resistência local, colocando em perigo o Reino de Borgonha (submetida pouco tempo antes por Carlos Martelo). Em represália, Carlos Martelo cercou Narbonne e teve a ajuda de visigodos que ainda existiam nos seus arredores (em Minervois e Razès), sugerindo o rompimento, através de ataque, em duas partes a armada árabe que estava vindo para socorrer Narbonne. 736 - No início de agosto, Carlos Martelo desmantelou a armada árabe que iria ajudar Narbonne, no baixo vale do Ródano, na região pantanosa de Sernhac, nas proximidades de Beaucaire. Depois foi para a Aquitânia a fim de enfrentar os revoltosos de Borgonha e Provença que tinham a ajuda dos árabes da Septimânia. Ao sufocar a revolta, ele conseguiu submeter todo o vale do Ródano até Marselha (na sua foz no Mediterrâneo). 737 - Fundada nova capital no Sind: chamava-se Mansura (inicialmente chamada de Brahmanabad, pois foi construída por Brahman, o mesmo de Bagdá), no vale do Indo (não confundir com Mansura, no delta do Nilo).--- Os mouros (bérberes) de Narbonne se apoderaram de Avignon com o auxílio do duque Mauronte (Maurontius) e devastaram o vale do Ródano até Lyon. O franco Carlos Martelo, junto com seu irmão Childebrando, perseguiram os mouros até a Septimânia, ocuparam Nîmes, Maquelonne e Béziers e cercou Narbonne. Os reforços mandados pelo governador de Andaluzia, sob o comando de Omar ibn Chaled (Anormacha) foram rechaçados na foz do rio Berre (a denominada Batalha de Berre). Carlos Martelo voltou para Narbonne, mas não pode tomá-la pela resistência local e pelo inverno; voltou, assim, para a Austrásia carregado de butim de guerra.--- Os Khazares, sob o comando de Hazer Tarkhan, sofreram derrota diante dos árabes sob a chefia de Maslamah ibn Abd al-Malik e Marwan ibn Muhammad (futuro califa Marwan II), que ocuparam Atil (sua nova capital).--- Cerca de 20.000 eslavos foram aprisionados e transportados para a Síria. 738 - Criação de uma colônia comercial na China por mercadores árabes. --- Árabes dominaram totalmente a Sogdiana (ao sul do Mar de Aral). 17 739 - Em Marrocos, começou uma revolta dos bérberes Karidjitas, chefiados por Maysara, que levou ao califa Hishan suas exigência como a da repartição igualitária dos butins e o término da prática de abrir o ventre de ovelha negra grávida para retirar a pele do feto. Como não houve resposta do califa, estourou a revolta em Tânger, que se prolongou até 742. --- Houve um levante contra a dominação árabe na Transoxiana (Sogdiana); após ter sido sufocada a revolta, o governador árabe de Balkh (antiga Bactres, hoje ao norte do Afeganistão), Mohammed ibn Kaled Azdi, exerceu sua autoridade sobre a região até 751. 739 a 743 - Neste período ocorreram 5 rebeliões coptas no Egito, todas elas sufocadas violentamente. 740 - O líder xiita Zayd ibn Ali, filho de Hussein, iniciou uma revolta, em 6 de janeiro, contra o califa em Kufa; sendo forçado a ir para Medina, mas foi convencido pelos seus adeptos a retornar a Kufa. Aí os xiitas o proclamaram califa, tendo o apoio de outros vindos de Mossul, Wasit, Madâ’in e Basra, além de Rey, Khorassan e Djurdjan (Gorgan). Em conflito com forças governamentais da Síria foi morto por uma flechada em Kufa, logo depois seu corpo foi exumado pelo filho do califa Omar (Yussuf) e queimado, sendo suas cinzas jogadas no rio Eufrates. Os outros chefes da revolta foram presos e queimados. A partir daí surgiu o movimento denominado de Zaydismo, segundo o qual apenas os descendentes de Maomé tinham direito a ser califas. --No início deste ano, o bérbere kharidjita Maysara tomou Tânger, matou o governador Omar ibn Abdallah e assumiu o título de califa. O emir da Espanha não conseguiu tomar Tânger. Enquanto isto, Maysara se apoderava de Souss (sudoeste do Marrocos), assassinando seu governante e assumindo o poder, mas agindo com tal violência que foi deposto e morto por seus próprios partidários. Khalid ibn Hamid al-Zanati o sucedeu e levou os bérberes à vitória na Batalha de Nobles, às margens do rio Chelif (na Argélia). --- Neste ano: Ocorreu a memorável Batalha de Akroinon (hoje chamada de Afyon Karahisar, que significa ‘castelo negro do ópio’, na Frígia) entre os bizantinos (com o imperador Leão III e seu filho Constantino) e os árabes (com participação do filho do califa, Sulayman e comando de Mālik ibn Šubayb e ʿAbd Allāh Al-Baṭṭāl) com uma grande armada que passou pela Capadócia, se encontrando os dois exércitos em Akroinon. Os dois comandantes mencionados morreram durante o combate; Sulayman e outro contingente debandaram. Com esta vitória os bizantinos afastaram os árabes de sua pretensão de conquistar a Ásia Menor. 741 - A armada imperial bizantina invadiu a Síria e o Alto Eufrates (Alta Mesopotâmia), levando seus habitantes para a Trácia. --- Em meados de agosto, o novo governador de Kairuan, o general Kulthum ibn Iyad, recrutou soldados no Egito e Síria para enfrentar os bérberes karidjitas. Este exército omíada abordou primeiro a cidade de Sbiba (oeste da Tunísia). Em outubro, os exércitos se confrontaram na Batalha do Uedi Sebu (ao norte de Marrocos), em que os omíadas foram vencidos pelos bérberes e o general Kulthum foi morto. Esta batalha foi a gênese de governos autônomos no Magrebe: o dos Rustumidas, o dos Idríssidas , o dos Aglábidas e o de Sijilmassa 742 - Houve a invasão da Argélia pelo governador do Egito, Handala ibn Safwan, para sufocar a revolta dos bérberes kharidjitas , o que foi conseguido por sua vitória na Batalha de El-Asnam (hoje Chlef). 743 - O califa Hisham pensou em passar o poder ao filho Yazīd, mas desistiu, pendendo para Al-Walid, que passou a governar a partir de 6 de fevereiro. 743 (6 de fevereiro) a 744 - Califado de Al-Walīd II (ou simplesmente Walid II).- Não era benquisto pela sua dipsomania contrariando as normas islâmicas. Seu curto reinado foi tumultuado por conflitos étnicos. Os caridjitas se rebelaram no Irak Arab e tomaram Kufa. 743 (continuação) - Em junho, o neto do califa Hisham chamado Yahya (filho de Zayd ben Ali) liderou os xiitas Zaiditas na província de Khorassan contra Al-Walid II; esta ação culminou com o massacre de seus partidários na região de Herat (naquela província e grande centro comercial da Rota da Seda). 744 - Os xiitas, ao sul do oásis de Palmira (na Síria), no forte de Bekra, assassinaram o califa Al-Walid II (em 17 de abril), sendo sucedido por Yazid III, que reinou até 25 de setembro, quando morreu de tumor no cérebro. Teve o apoio dos qadaitas (eram antifatalistas e não acreditavam na predestinação) contra seu antecessor, cujos filhos foram encarcerados por serem eventuais sucessores. Foi cognominado de ‘an-Nâqis’ (‘o Redutor’), por ter diminuído em 10% as rendas militares. Com sua morte (talvez envenenado), em 25 de setembro, teve como sucessor o irmão Ibrahim; cuja área de governo estava restrita ao sul da Síria. --- Em outubro, o xiita Abd Allah Ibn Muawiya (inimigo de Abu Muslim) liderou uma revolta em Kufa à frente de Caridjitas e Zaiditas, avançou sobre Al-Madain (local da antiga cidade persa Ctesifon-Selêucia) e a Média, conquistando pontos importantes na Pérsia. – O governador da Armênia e Azerbaijão, Marwan (que teve seu posto homologado por Yazid III), deixou o governo sob a responsabilidade de um de seus oficiais, saiu de Harran (ou Carrhae, no Alto Eufrates) e foi para a Síria com o objetivo de se vingar do assassinato de Al-Walid II. Venceu 2 irmãos de Ibrahim em Alepo, depois o próprio Ibrahim em Anjar (na planície de Bekaa, entre Beirute e Damasco), em 18 de novembro. Enquanto isto, na capital (Damasco) foram assassinados os dois filhos de Al-Walid II, ensejando a pretensão de Marwan em se apossar do trono. Ibrahim, impotente diante da situação, lhe prestou fidelidade, sob promessa de não ser morto, após 70 dias de governo. Em 7 de dezembro entrou em Damasco, onde foi reconhecido como califa. ---- Aproveitando-se desta crise sucessória em Damasco, os ‘mawalis’ persas sob o comando de Abu Salana ibn Sulayman e do xiita nacionalista Abu Muslim, se encontraram com Bukayr em Kufa e reiniciaram sua revolta contra os Omíadas. --- Neste ano, em Tamesna (atual RabatSalé, a oeste de Marrocos) foi criada a confederação tribal bérbere kharidjita dos Berghuatas, estabelecendo um governo nesta região banhada pelo Atlântico, tendo como primeiro governante Tarif al-Maghari; este reino bérbere durou até 1058 (quando sucumbiu diante dos Almorávidas). 744 - 17 de abril a 18 de setembro: califado de Yazid III; daí a 7 de dezembro: califado de Ibrahim (restrito ao sul da Síria). 744 (7 de dezembro) a 750 - Governo do último califa omíada marwanida, Marwan II (ʾAbū ʿAbd al-Malik Marwān ibn Muḥammad) . Aproveitou sua experiência anterior de governador para reorganizar as forças armadas islâmicas, embora tardiamente visto que o seu império estava se desmoronando. Teve o apelido de ‘al-Dja'di’ (‘o Teimoso’) pelo modo como conduzia as campanhas militares e os combates. 744 a 1058 - No litoral do Atlântico, em Tamesna, entre as cidades de Salé e Safi (no Marrocos atual), constituiu-se um reino sob a égide dos bérberes chamados Barghawata (Beghuata), depois que foram derrotados em Marrocos numa revolta (junto com os Karidjitas). Seu primeiro rei foi Tarif alMatghari. Por outro lado, se proclamou profeta Salih ibn Tarif. 745 - Kufa e Mossul foram tomadas pelos caridjitas. Os habitantes de Kufa, diante da fraqueza do governo de Damasco, proclamaram Abd Allah ibn Muawiya (filho de Moawia) como califa, sendo combatido pelo emir da cidade. -- Abd-Allah ibn Muawiya partiu, então, para Madâ’in (antiga CtesifonSeleucia dos persas), atravessou o rio Tigre e se apoderou da cidade de Hulvân e se dirigiu para o leste da Pérsia (Isfahan, Raí , Hamadhan), onde suas tropas foram engrossadas pelos Hachemitas. --- Segundo o historiador Louis Brehier, Constantino V se apoderou de Marash (ou Germaniceu ou, ainda, Germanicia), Dolichê e Sozopetra na Síria; se aproveitava, para tal campanha, da situação instável do Califado Omíada de Damasco. 745-746 - Os habitantes de Kufa, diante da fraqueza do governo de Damasco, proclamaram Abd-Allah (filho de Moawia) como califa, sendo combatido pelo emir da cidade. Abd-Allah partiu, então, para Madâ’in (antiga Ctesifon), atravessou o rio Tigre, se apoderou da cidade de Huhvân e se dirigiu para o leste da Pérsia (Isfahan, Raí , Hamadhan), onde suas tropas foram engrossadas pelos Hachemitas. - Em 746, Marwan II conseguiu retomar Kufa e Mossul, após vencer na Batalha de Rupar Thutha. --- De um vilarejo próximo de Merv (onde foi assassinado Yazdgard III, o último imperador persa) surgiu um novo líder anti-omíada, não-árabe zoroastriano convertido ao Islamismo (a que se designava o nome geral de ‘mawla’ ou ‘mawali’), Abu Muslim alKhurasani (ou simplesmente Abu Muslim, ou ainda Abu Moslem Alkhorassany). Este se lançou contra as forças de Abd-Allah, que morreu em combate. Seu prestígio cada vez maior, o tornou líder de forças não-árabes contra os Omíadas de Damasco em Khorassan. 746 - Em meados de janeiro, a cidade palestina de Cafarnaum sofreu grandes danos por ter sofrido um abalo sísmico. --- Em Kyrenia (cidade litorânea de Chipre) uma frota naval muçulmana foi destruída pelos bizantinos do tema de Cibyrrheotas (sul da Anatólia). --- Em agosto ou setembro, ocorreu a Batalha de Kafartuta na Alta Mesopotâmia, na qual o califa derrotou e matou o líder dos Karidjitas, Dahhak ibn Qays.Marwan II conseguiu retomar Kufa e Mossul, após esta vitória. --- De um vilarejo próximo de Merv (onde foi assassinado Yazdgard III, o último imperador persa) surgiu um novo líder antiomíada, não-árabe zoroastriano convertido ao Islamismo (a que se designava o nome geral de ‘mawla’ ou ‘mawali’), Abu Muslim al-Khurasani (ou simplesmente Abu Muslim, ou ainda Abu Moslem Alkhorassany). Ele era favorável à ‘família de Maomé’ (como os Alidas, representados pela figura de seu aliado Abu al-'Abbas al-Saffah) e contra os Omíadas de Damasco. Se lançou contra as forças de Abd Allah ibn Muawiya, que morreu em combate. Seu prestígio cada vez maior, o tornou líder de forças não-árabes contra os Omíadas. 746 a 749 - Em Khorassan, o religioso persa Behafarid (ou Bihafarid), mesclando zoroastrismo com islamismo, organizou a rebelião anti-omíada, paralelamente ao movimento de Abu-Muslim. Muitos adeptos dele, após sua morte, se incorporaram às tropas do líder revoltoso Ustadh Sis, em 749. 747 - Em 9 de junho, o movimento anti-omíada xiita persa se rebelou contra o governador de Khorassan, Nasr ibn Sayyar, tendo como centro a cidade de Merv (emblematicamente, o mesmo local onde foi morto Yazdgard III). Suas promessas de baixar impostos e de maior igualdade social aos ‘mawalis’, tiveram grande repercussão. Este movimento anti-omíada persa tinha como insuflador o iman Ibrahim (que descendia de al Abbas, tio de Maomé). Sua morte, neste ano, acirrou mais ainda este movimento. -- Em agosto, no Iêmen, os Karidjitas se revoltaram, se dirigiram para a região de Hedjaz e tomaram a cidade santa de Meca. --- Os bizantinos, comandados por Constantino V, arrasaram uma frota naval egípcia mandada de Alexandria no porto de Cerines (Cerameia), em Chipre, retomando esta ilha e Creta, se aproveitando da revolta de Abu-Muslim (general iraniano) contra o califa Marwan II. 18 748 - Em janeiro, um sismo abala a região desde o norte do Egito ao oeste da Alta Mesopotâmia, destruindo vários testemunhos da presença cultural bizantina. --- Em 14 de fevereiro, Abu Muslin (líder dos Hashimitas) se apoderou de Merv e continuou sua campanha militar, dirigindo-se para oeste. Foi nesta tomada de Merv que Abu Muslim desfraldou o estandarte negro (símbolo da dinastia abássida) e suas tropas chamadas de ‘Mussawadéh’. O negro era a cor do ‘bem’ contra o ‘mal’ (os omíadas, cuja cor era o branco, símbolo de luto). --- O patriarca copta de Alexandria (Miguel I) foi aprisionado pelo governador do Egito, despertando a reação do rei copta de Dongola (Núbia), que cruzou a fronteira e ameaçou Fostat, forçando a liberação do patriarca e se elaborando um tratado de paz entre o rei e o governador. 749 - Após sua vitória contra o emir de Khorassan (Nasr bin Sayyar), Abu Muslim junto com sua tropa acrescida dos abássidas (de Abu al-Abbas e Ibrahim, participantes do grupo xiita Hachimiyya), iraquianos e xiitas, atravessaram o rio Eufrates e se apoderaram da cidade de Kûfa, que se tornaria a capital inicial dos Abássidas; nesta cidade foi proclamado califa Abu al-Abbas (em 28 de novembro); a partir daí passou a ter o nome de Al-Saffa (O Sanguinário).—A rebelião que tinha à frente o religioso Bihafarid foi eliminada por Abu Muslim. --- Jerash (ou Gerasa), ao norte do rio Jordão, na Palestina, foi destruída por um terremoto. 749-750 - O imperador bizantino Constantino V se aproveitou desta situação de transição no Império Islâmico para fortalecer suas fronteiras e refazer sua ascendência na Armênia, que estava em revolta contra os árabes. 750 - Ocorreu a memorável Batalha do Grande Zab (afluente da margem esquerda do alto vale do Tigre, na Alta Mesopotâmia), de 16 a 25 de janeiro, entre os exércitos dos revoltosos (sob o comando do tio de Al-Saffa chamado Abd Allah ibn Ali) e seus aliados (como Abu Muslim) e dos omíadas. Nesta batalha morreram 300 pessoas pertencentes à família dos Omíadas. O califa Marwan II tentou voltar para Damasco, mas sua população não o acolheu, daí então fugir para o Egito, onde foi morto (em 5 de agosto) na cidade de Busir (ou Said, no Alto Egito), sendo seu corpo destruído pela turba. --- Em 25 de junho, outros 80 membros da Dinastia Omíada foram envenenados em banquete na Síria pelos abássidas (por ordem de Abu al-Abbas al-Saffah); apenas Abd al-Rahman, neto de Hisham, conseguiu escapar, fugindo para o Marrocos e depois a Espanha, onde continuou a dinastia em 755. ---- Ocorreu um terremoto na região da Galileia causando grandes estragos. --- Neste ano, os árabes criaram o processo de fabricação de papel de farrapos de pano. III - CALIFADO ABÁSSIDA DE BAGDÁ: PRIMEIRO PERÍODO DE 750 A 1055. 750 a 1258 - Dinastia muçulmana (a segunda) dos Abássidas, de origem persa. 750 a 754 - Califado de Abu’l Abbas Saffah (ou Abu al-Abbas al-Saffah), fundador da Dinastia dos Abássidas. Em sua corte não se aboliram as influências bizantinas, mas se enfatizaram as persas sassânidas. Iniciou-se a civilização clássica do Islam, permeando as culturas árabe, bizantina, hebraica, persa e hindu. A primeira capital foi Kufa; em 852 foi Bagdá. Para não deixar nenhum resquício da dinastia anterior, mandou exumar as tumbas de todos os califas em Damasco. Seguindo tradição persa foi criado o cargo de vizir; o primeiro a ocupar este cargo foi Al-Saffah foi Solimão Abu Salama. Depois de morto Abu Salama, o titular do cargo foi Khaled Barmek (de quem se originaram os Barmékidas, que ocuparam este cargo de 754 a 803). 750 - (continuação) - Abu Muslim foi nomeado governador de Khorassan. Sendo considerado por muitos como o criador do Império Abássida, inquietou Al-Mansur (segundo califa abássida), que mandou assassiná-lo (em 755). --- A partir deste ano, em Hamadhan, a poderosa tribo dos Banu Idjl (ou Banu Dulaf) se tornou a mais importante do Jibal (como os árabes se referiam à região compreendida entre Isfahan e Hamadhan). 751 –A cidade de Wasit (no leste da Pérsia) foi conquistada pelas tropas abássidas. --- O califa matou o seu vizir Solimão Abu Salama por suposta trama com Abu Muslim. --- Em julho, na Ásia Central, na cidade de Talas (próximo de Samarcanda), ocorreu a chamada Batalha de Talas (ou de Athlach, ao sul do Lago Baikal, próximo de Samarcanda), em que os árabes (sob o comando do general Ziyad ibn Salih) venceram os chineses: partir daí os árabes dominaram a região em torno de Tashkent, enquanto os turcos Qarluks se estabeleceram no vale do Illi. Nesta batalha os árabes capturaram artesãos chineses que lhes ensinaram o segredo da produção de papel tendo como matéria prima trapos de panos. O papel começou a substituir, progressivamente, o papiro e o pergaminho (na Europa foi a partir da Espanha, desde o século XII). --- Neste ano, o prefeito abássida de Fostat, para celebrar a ascensão desta dinastia, mandou construir Al’Askar, ao norte da cidade. 752 - As ilhas da Sardenha e Sicília e o litoral mediterrâneo do Reino Franco sofreram incursões dos muçulmanos do norte da África. 754 - Em peregrinação à Meca, Abu Muslim, ao passar em Raí (antiga Raghae), se encontrou com o califa Abu’l Abbas Saffah e precisou ficar aí por algum tempo em face de julgá-lo como um perigo para o califado; mesmo assim, ele permitiu-lhe continuar a peregrinação. --- Em 9 de julho morreu o califa em Al-Anbar (a oeste do Iraque atual), sendo sucedido pelo irmão caçula Abû Jafar, com o nome de Al-Mansur. --- Simbad (ou Sunpadh), um clérigo persa que pregava uma doutrina eclética misturando Islamismo com Zoroastrismo foi morto nas proximidades de Hamadhan. 754 (junho) a 775 - Califado de Al-Mansur (Abou Djafar Al Mansûr), um escriba convertido ao Islam. Mandou embaixadas junto ao rei dos francos Pepino III, o Breve, para negociar cooperação militar contra o Emirado de Córdoba do príncipe omíada ‘Abd er-Rhaman I (fundador da Dinastia dos Omíadas da Espanha). 755 - Em 13 de fevereiro, o califa abássida Al Mansur mandou matar Abu Muslim, que poderia colocar seu poder em xeque devido à sua popularidade. --Surgimento da seita dos Rawanditas (colocando Al Mansur como encarnação de Alá pela metempsicose) e, contrário à seita anterior, a dos Khorremitas (partidários de Abu Muslim), ambas em Khorassan. --- O governador da Espanha, Yussuf al-Fihri mandou uma armada para debelar uma revolta contra seu genro, o general Al-Sumayl em Saragoça, conseguindo dominá-la. Ao contrário, sofreu fracasso diante de ataque contra os cristãos de Pamplona, que os repeliu. Em meados de agosto, o omíada Abd al-Rahman aportou em Almuñécar (em Granada, sul da Espanha). 755 a 783 - Os descontentes e revoltosos pelo assassinato de Abu-Muslim formaram o grupo dos ‘Companheiros de Abu Muslim’. Entre estes se destacou Sunbâdz que, a partir de Djibal, se apoderou de grande parte de Khorassan. O califa mandou uma expedição contra ele: o embate entre as duas forças inimigas ocorreu entre Hamadhan e Raí . Sunbâdz colocou à frente de seu exército numerosas mulheres cativas, que tinham vindo em camelos. Estes, diante da confusão, ficaram com medo e correram para o lado das tropas de Sunbâdz. As tropas imperiais se aproveitaram desta situação, penetraram entre os soldados de Sunbâdz e os destroçaram. 756 - Em 15 de maio: criação do Emirato de Córdoba na Espanha pelo omíada Abd al-Rhaman I, tendo o apoio de Iemenitas estabelecidos no norte da África, depois de sua vitória sobre o último governador de Andalucia (sudeste da Espanha e sul da França atual), Yusuf al-Fihri, nos arredores de Córdoba. --- Os muçulmanos que tinham penetrado na Capadócia recuaram diante da aproximação de Constantino V; daí em diante os temas orientais bizantinos conseguiram repelir suas incursões. 757 - A Síria e a Palestina foram sacudidas por um abalo sísmico (em 9 de março). --- O emir de Ifrîqiya sofreu derrota, em maio-junho, diante dos bérberes do sul deste emirado. Eles tomaram e saquearam Kairuan. --- Os bérberes kharidjitas da seita Ibadita fizeram de Trípoli sua capital, tendo à frente o iman Abu al Khattab, exercendo sua autoridade sobre Ifrîqiya e a Tripolitânia até 761. --- Ainda no Magrebe, se criou o Reino de Sijilmassa (em Marrocos) pelos Midraridas do Tafilalet, tornando-se grande pólo comercial de ouro e de escravos provenientes do reino de Gana. Os Midraridas (dinastia bérbere fundada por Semgu Ibn Uassul), governaram a região até 1055. --- Foi executado no Iraque o hindu Rôzbeh ibn al-Moqaffa (tradutor de fábulas da Índia) por acusação de praticar a heresia do Maniqueísmo. --- O rei anglo-saxão de Mércia (Inglaterra) Offa mandou cunhar moedas imitando as árabes e desenvolveu o comércio com os muçulmanos no Mediterrâneo. 758 - Emissários abássidas e delegação dos turcos uigures chegaram no mesmo dia (em 11 de junho) à capital do Império Chinês dos Tang, Chang’an, competindo para entrar primeiro no palácio imperial com seus presentes. O imperador Su-tsong tomou uma resolução sábia: as duas delegações entraram ao mesmo tempo no palácio, mas através de dois portões diferentes. --- O califa determinou a criação da nova capital, nas proximidades da antiga capital persa, Ctesifon. -- Ainda neste ano: Revoltosos kharidjitas de Bassorah (al-Basra) foram mortos ardilosamente (como aconteceu com os omíadas) em banquete, convidados pelo califa. --- O filho do califa, Muhammad, foi apelidado ‘al-Mahdi’ e mandado à província de Khorassan para lutar contra os xiitas. --- Em Kairuan, em Ifrîqiya, se instaurou um governo independente até 761, tendo à frente Abd al-Rahman Ibn Rustam (originário da Pérsia, líder da tribos ibaditas que professavam o ibadismo, ramo moderado dos kharidjitas) após vitória e massacre dos kharidjitas locais. 758 a 792 - Os Tang da China romperam as relações comerciais e políticas com o Califado, por causa de distúrbios provocados por comerciantes árabes e persas em Cantão (no sul da China) pilhando e saqueando casas de comerciantes competidores à sua concorrência no comércio marítimo do Mar da China. 758 a 1055 - Na região de Tafilalet (no sudeste do Marrocos) se criou um emirado pelos Zenetas; cuja capital foi Sijilmassa (daí o nome de Reino de Sijilmassa), criada por Semgu ibn Uassul, da Dinastia dos Midradidas, partidária dos kharidjitas a partir de 883. 759 - Incursões muçulmanas sobre a Anatólia no tema bizantino de Armeníacos, saindo-se vitoriosos sobre seu estratego no rio Melas e valendo-lhes saques valiosos. --- O rei franco Pepino III, o Breve, retomou a cidade de Narbonne, depois que os visigodos locais massacraram a guarnição muçulmana (que aí estava desde 719). --- Forças abássidas invadiram o Tabaristão, cujo líder Khurshid (da Dinastia dos Dabwaihididas) se mantinha independente do califado, forçando-o à fuga em Gilan, onde se suicidou tomando veneno. 19 761 - Em agosto, foi retomada a cidade de Kairuan (em Ifryqia, atual Tunísia, na África), pelo governador do Egito. Seu oponente, o governador de Kairuan, Abd al-Rahman Ibn Rustam, fugiu de Kairuan e fundou Tahert (Tihart), na Argélia, tornando-a a sede da Dinastia dos Rostemidas ou Rustamidas (xiita e autônoma em relação aos califas), que aí reinou até 909. Tahert se tornou um centro próspero como ponto de partida do comércio transaariano; além disso, foi considerada uma cidade santa para os Kharidjitas. O Reino de Tahert foi o primeiro independente da Argélia. 762 - O califa Al Mansur inaugurou (em 31 de julho) nova capital perto da antiga capital persa, entre o Tigre e o Eufrates, onde passavam caravanas comerciais. Seu primeiro nome foi Medinat el Salan, depois Bagdá (ou seja, ‘cidade da salvação’). Para se aproximar desta capital os Tahiridas transferiram, mais tarde, sua capital de Merv para Nishapur. Sua localização a fazia como que herdeira dos persas sassânidas, de tal modo que os Buyidas se intitulavam ‘rei dos reis’ como os reis sassânidas. --- A partir deste ano, os persas que falavam árabe substituíram a burocracia composta por sírios que falavam grego. - Em 23 de setembro, um xiita descendente do califa Ali (Muḥammad An-Nafs Az-Zakiyya, ‘Alma Pura’) se rebelou contra o califa em Medina e enviou Ibrahim (seu irmão) para o Kuzistão e Al Basrah (ou Basra, na Mesopotâmia) em novembro. Em resposta a este movimento rebelde, em dezembro os Alidas (xiitas partidários de Ali, que eram antiomíadas e anti-abássidas) foram perseguidos e o descendente de Ali foi morto em Medina e sua cabeça entregue ao califa (em dezembro). Ibrahim continuou a revolta em Basrah; Al Mansur mandou o vencedor e matador de Muhammad An-Nafs Az-Zakiyya (chamado de Isa) para combater Ibrahim e seus partidários. 763 - Acabou a revolta dos Alidas contra o califa com a Batalha de Bakhamrâ, nas proximidades de Kufa, na qual Ibrahim ibn Abdallah se defrontou com as tropas do califa comandadas por Isa ibn Musa, que foi derrotado inicialmente, mas reagiu, fulminando as tropas de Ibrahim, que foi ferido seriamente e fugiu, mas morreu em 14 de fevereiro. Ele foi chamado de ‘mártir de Bâkhamrâ’. --- Morreu o historiador da Arábia pré-islâmica e começo da Arábia Islâmica, Muhammad ibn al-Kalbi; esta obra foi elaborada conjuntamente com o seu filho Hisham (que morreu em 819), mas sofreu críticas de muçulmanos tradicionalistas. 764 - Em face do inverno rigoroso, conforme o historiador Teófano, as águas do Mar Negro ficaram congeladas, dificultando a navegação. 765 - Houve uma separação entre os dois principais grupos xiitas com a morte do imân Jafar as-Sadiq (em dezembro): de um lado os Imamitas ou Duodecimanos (que reconheciam Musa e os imams alidas), de outro lado, os Ismailianos ou Septímanos, que admitiam Ismail como o sétimo e último imam, tendo seus partidários na Pérsia, Síria e Índia. --- Nas proximidades de Bagdá os muçulmanos entraram em um convento, onde encontraram muitos manuscritos de sábios gregos, que guardaram e depois decifraram zelosamente. 766 - No outono, uma fortaleza bizantina na fronteira com a Pérsia, no leste da Anatólia, a de Kamasha, foi cercada sem sucesso por tropas abássidas.--As províncias persas de Gilan e do Tabaristão (ao sul do Mar Cáspio) foram conquistadas por forças do califa em face de sua teimosa resistência a se curvar diante dos árabes; entre os que resistiram a isto estavam os Baduspanidas (originários da dinastia persa dos Dabwaihididas), que conseguiram manter sua autonomia em Rostamdār e Rūyān até o século XVI. 767 - Os bérberes kharidjitas (da variante sufri), chefiados por Abu Qurra, se apoderaram de Ifrîqiya, onde ficaram até 776; mas já desde 771, após assassinarem o governador Omar Ibn Hais, foram para Tlemcen, onde fundaram um Estado interdependente, o Reino de Banu Ifran. --- Na província de Khorassan eclodiu a revolta de Ustadh Sis, profeta zoroastriano. Conseguiu muitos adeptos entre os seguidores remanescentes de Bihafarida (eliminados anteriormente por tropas enviadas pelo califa Al-Muslim). Seu centro de pregação era a região de Herat. Quando se dirigiram para Merv foram desbaratados por tropas sob o comando do filho do califa. Ustadh Sis fugiu para as montanhas, mas foi perseguido pelo general Khazim ibn Khuzayma alTamini, que o prendeu e o enviou ao califa, este determinou sua execução. 768 a 772 - Período de governo de Khâlid ben Barmak (da família dos Bawandidas, supostos sassânidas) no Tabaristão. 769 - Durante o verão, ocorreu a invasão do tema bizantino dos Armeníacos, na Ásia Menor, em que os árabes cercaram seu governador Sérgio em Camachum (ou Camacha, na Cilícia). Com esta invasão, a partir da Alta Mesopotâmia, foram tomadas as cidades de Germaniceia (Marash) e Samosata (às margens do Alto Eufrates), sendo suas populações deportadas. 770 - Foi inaugurada em Bagdá a primeira farmácia pública. 771 - Incursão árabe no litoral anatoliano do tema (província) de Cibirreotas, quando cercaram Sycae e se saíram vitoriosos sobre armada bizantina organizada pelo imperador Constantino V, quando tentava cortar sua saída da região. 772 - Em março, os kharidjitas foram esmagados na Tripolitânia por tropas de Yazid ibn Hatin, enviadas pelo califa. Em seguida, eles foram expulsos de Ifrîqiya (em maio). -- O general ‘Amr, enviado pelo califa Al-Mansur, invadiu a Armênia enquanto as tropas do nobre armênio Arçrouni estavam atacando uma guarnição árabe na cidade de Artjech. Os armênios foram massacrados na Batalha de Bagrévand (em 25 de abril).--- Neste ano: O califa determinou que todos os judeus e cristãos em Jerusalém estampassem um símbolo distintivo de sua religião em suas mãos. 772 até cerca de 817 - O Tabaristão foi governado por Charvîn (da dinastia dos Bawandidas), que acabou com aglomerações muçulmanas que viviam nas áreas montanhosas desta região (os Montes Elburz) e enfrentou tropas enviadas pelos califas. 773 - Neste ano iniciaram-se os primeiros contatos científicos, sobretudo de astronomia, de matemática (adoção dos símbolos trigonométricos indus, ou seja, conhecimento dos algarismos indus, que hoje conhecemos por ‘arábicos’) entre o Império Islâmico e a Índia. 774 - O novo governador abássida de Ifrîqiya (atual Tunísia), Yazid ibn Hâtin, iniciou a reconstrução da Grande Mesquita de Kairuan (um dos centros religiosos importantes da religião islâmica no norte da África). - Neste ano, o califa Mansur desistiu de ter seu sobrinho (Isa, filho do seu irmão Mussa) como seu sucessor no trono em benefício do seu filho al-Mahdî, antes de morrer em Meca (em 7 de outubro), quando fazia sua obrigatória peregrinação à cidade santa (vestido com a roupa típica chamada de ‘ihrâm’). 775 - Comerciantes de Andalucia estabeleceram um empório em Tênés (na Argélia), demonstrando uma reativação do comércio no Mediterrâneo Ocidental. --- Estimativas demográficas colocavam a capital abássida, Bagdá, como uma das maiores do mundo, nesta época. 775 (7 de outubro) a 785 - Proclamado em Meca como califa al-Mahdî, cujo nome completo era Abu 'Abd Allah Muhammad Mahdî. Durante seu califado tentou inutilmente conciliar os Alidas com os Abássidas. Moveu perseguição religiosa às elites da Mesopotâmia e da Síria, onde ainda havia muita influência do Maniqueísmo. Entre estes maniqueístas se sobressaiu o poeta Bashar ibn Burd que foi executado em 784. Teve como vizires: Abu Oubeïd, Allah Muâwiya e Abu Abd-Allah Yakub Faid. - Por trás das decisões deste califa estava sua poderosa mãe, Khaizurân. 776 - Árabes conquistaram o Reino de Kapiça (Cabul).— O imperador bizantino Leão IV realizou incursões sobre a Síria do Norte, penetrando até a cidade de Samosate; revidando, os árabes invadiram o império até Ancira (atual Ancara, na Ásia Menor). - Neste ano, os bérberes ibaditas (ramo dos kharidjitas) elegeram ‘Abd al-Rahmân Ibn Rostum como imam, iniciando a Dinastia dos Rostemidas no Reino de Tahert. A capital, com este nome, prosperou graças ao comércio de ouro proveniente de Sijilmassa (também karidjita, mas sunita) e do Sudão e se tornou um centro religioso de peregrinação dos Kharidjitas Magrebinos. Por causa de origem doutrinária kharidjita, o imam era assessorado pela ‘chura’ (conselho de muçulmanos muito conhecedores do Corão e aplicando rigidamente sua doutrina). Há autores que consideram esta data ou 777 (e não 761) como o verdadeiro início dos Rostemidas na região. - Bukhara, na Transoxiana, foi sacudida por revolta (chamada ‘Sapid Jamagan’) contra os árabes; seu líder Al-Moqanna foi morto em 779/80 pelos generais árabes Moad ben Moslem (governador de Khorassan) e Saʿīd Ḥarašī. 776 a 909 - Dinastia dos Rostemidas (ou Rostemidas) no Reino de Tahert (ou Tihert-Tiaret) sob os imams puritanos, criando um governo teocrático e democrático simultaneamente. Em 909 foi destruído pelos Fatímidas. Há remanescentes deles (mas sem a direção de imans) na região de Mzab (na Argélia). 777 - O imperador Carlos Magno, depois de uma vitória sobre os saxões, acolheu no palácio emissários enviados pelo governador de Barcelona e Gerona (na Catalunha), revoltado contra o emir Abd al Rahman II, apelando para sua ajuda; a este apelo ele fez a proposta de libertar algumas cidades da Espanha setentrional, como Saragoça. --- Ibn Rustam foi reconhecido como imam em todo o Magrebe. 778 - Uma revolta popular expulsou os árabes da ilha da Sardenha.--- Na primavera, o imperador Carlos Magno atravessou os Montes Pirineus e invadiu Andalucia (Espanha muçulmana) chegando a Saragoça e cercando-a, mas foi vencido pelo emir Abd al-Rahman II. O imperador franco, então, retornou pelo roteiro de Pamplona com butim de guerra; quando entrou em Navarra perdeu este butim por ataque muçulmano. Reagindo, as tropas imperiais francas arrasaram com as muralhas de Pamplona. Os francos, em 15 de agosto, ao passarem pelo desfiladeiro de Roncesvaux (ou Roncescavalles), nos Montes Pirineus, foram esmagados e saqueados pelos bascos. Entre os inúmeros cavaleiros francos mortos destaca-se o nome de Rolando, imortalizado nas gestas da ‘Canção de Rolando’. --- O emir de Herat, Saʿīd Ḥarašī, se tornou o único a chefiar a campanha militar contra o rebelde Al-Moqanna. 778 e 780 - O califado abássida de Al-Mahdi sofreu derrotas fragorosas frente aos bizantinos, comandados por Miguel Lacanodrakôn, nos temas da Cilícia (próximo de Germanicia) e de Armeníacos, respectivamente. 20 781 - A imperatriz-regente bizantina Irene foi obrigada a assinar um acordo pagando um pesado imposto ao califa Al-Mahdi, porque as fronteiras imperiais, já desguarnecidas, estavam ameaçadas mais ainda pela criação, por Harun al-Raschid (filho do califa), de uma Marcha militar ao redor de Tarso (entre a Cilícia e a Síria) com uma guarnição e com habitantes vindos de Khorassan. 782 - Em retaliação ao saque de Hadath (em 779) o califa al-Mahdi mandou seu filho Harun al-Rashid e o general Yazid ibn al-Mayzad Shaybani em uma segunda campanha militar à Ásia Menor, derrotando as forças bizantinas (comandadas por Staurakios e João Lacanodrakon) na Batalha de Nicomédia (Izmit atual) e chegou com suas tropas até Scutari (ou Crisópolis), bem perto de Constantinopla (na outra margem do Estreito de Bósforo). Quando retornava de sua campanha (pelo vale do rio Sangarius) foi preso pelos bizantinos, mas, em face da deserção de Tatzates, fugindo para a Armênia, Harun al-Rashid reverteu a situação: foram presos o generalíssimo Antônio e o ministro eunuco Staurakios. A regente Irene de Atenas foi forçada a assinar uma trégua de 3 anos e pagar um resgate pelos aprisionados. --- Se ergueram muralhas em Bukhara (na Transoxiana) por determinação do governador de Khorassan, Fazl ibn Solayman, a fim de proteger a cidade contra as investidas dos turcos ocidentais. 783 - Piratas árabes procedentes da Ilha de Creta, invadiram a ilha de Chipre e capturaram seu governador. --- Uma revolta em Saragoça, no Emirado de Córdoba, foi sufocada pelo emir Abd al-Rahman I.---- Al-Mahdi debelou uma revolta em Khorassan chefiada pelo ‘Homem de Máscara’ (‘Muqanna’), de tendência mazdakita. Submetidos ao cerco pelas tropas governamentais por longo tempo, seus partidários pediram ‘aman’ (‘paz com a vida salva’). Diante disso, ele ergueu uma fogueira no interior da fortaleza onde estava e se atirou nela com suas mulheres e bens materiais. 784 - Surgiu um cisma do ibadismo magrebino: os nukaritas, se recusando a reconhecer a legitimidade do poder de Abd al-Wahhab, que subiu ao trono pela morte do seu pai Abd al-Rahman Ibn Rustam e tinha estabelecido a hereditariedade do cargo. 785 - Ao morrer o califa Al-Mahdi, em 3 de agosto, sucedeu-o Al-Hadî (Al-Hâdî Mûsâ ibn al-Mahdi) , governando apenas até 786. Em seu governo houve perseguição aos maniqueístas e revoltas dos Alidas, além de turbulências no Egito e no Iraque. Mandou prender Harun alRaschid porque este se recusou a renunciar ao trono a que tinha direito. 786 - Em 11 de junho, iniciou-se a revolta de Ḥusayn ibn ʻAlī Ṣāḥib Fakhkh (ou Hussein), figura importante dos Benu Hachin, que foi proclamado califa em Medina. O califa mandou uma expedição militar contra ele, o encontro entre os dois exércitos ocorreu entre Meca e Medina; Fakhkh aí morreu, sendo decapitado e sua cabeça enviada a al-Hadî. --- Em 14 de setembro Al-Hadi morreu ora por envenenamento ou sufocado por escravos por trama de sua mãe al-Khayzurân, ora por ter sido assassinado por impedir seu irmão, Harun al-Raschid, de sucedê-lo, nomeando infrutiferamente seu filho Djafar, ora por um abscesso no estômago. --- Iniciada a construção da famosa Mesquita de Córdoba, capital de Al Andaluz (como os árabes chamavam a Espanha) e tida pelos muçulmanos como a Meca do Ocidente pelos muçulmanos daquela época. 786 (14 de setembro) a 809 (24 de março) - Califado de Harun-al-Rashid (que significa ‘o bem guiado’). Foi o mais famoso califa abássida. Em seu governo se escreveu o famoso livro ‘Mil e umas Noites’.-- Manteve relações com a China, Índia, Império Franco (com Carlos Magno) e Império Bizantino. - Teve como vizires os últimos Barmekidas até 803: Yahya ben Khalid e seus filhos Fadhl (governador de Khorassan) e Djahar (favoritos e amigos de infância do califa). -- Seu filho Fadl governava as províncias setentrionais do califado. 786 (continuação) - Logo ao subir ao trono, Harun al-Rachîd nomeou o Barmékida Yahya ben Khalid como seu secretário e vizir (administrando o tesouro real); esta função foi motivo do enriquecimento desta família desde 750. Nomeou, também, Salim Yunisi governador de Sindh (no baixo vale do rio Indo). 787 - O califa mandou uma embaixada à corte chinesa dos Tang, cujo imperador era Tô-Tsong. Lá se efetuou um acordo de aliança da Pérsia com a China contra os montanheses tibetanos que estavam constantemente fustigando a fronteira chinesa. --- A armada abássida conseguiu reconquistar todo o Magrebe depois de uma longa guerra de 25 anos. 787-788 - No Magrebe, Ibn Rustem assinou um tratado de paz com os Aglábidas de Kairuan. 788 - Em setembro, tropas bizantinas dos temas Opsikion e Anatólicos sofreram um revés em Podandus, na Capadócia, na Batalha de Kopidnados, diante de uma investida árabe, em que morreu o oficial Diógenes. Este personagem foi a semente de um poema épico do século XII, ‘Digenis Akritas’ 788 (7 de outubro) a 796 - Emirado de Córdoba sob o reinado de Hisham (ou Hixem I). 788 a 926 (segundo o Atlas da História do Mundo-Times e o site Qantara, ou até 828 conforme a Enciclopédia ‘Pléyade’) - Dinastia dos Idríssidas (ou AlAdarissa), em Marrocos e parte oeste da atual Argélia, tendo Fez como capital. Criada pelo xiita zaidita, o imam Idriss inb Abdallah ibn Al Hassan. 789 - Idris foi recebido, em 5 de fevereiro, pela tribo bérbere Ghiyata (pertencente à confederação Auraba) e proclamado imam, se instalando em Volubilis (em 5 de fevereiro). Ele conquistou a cidade de Tlemcen e fundou o Reino de Marrocos. - Neste ano nasceu em Khiva (na região de Kharezm) o famoso astrônomo, geógrafo e matemático Al-Khawarizmi, que foi mestre na Casa da Sabedoria de Bagdá. É considerado o pai da Álgebra e do seu nome veio a palavra ‘algorritmo’. - Foi neste ano que faleceu a mãe de Harun al-Rachîd, Al-Khayzuran, tornando mais efetivo seu poder. O temperamento forte de sua mãe foi um das inspirações dos famosos contos persas das ‘Mil e Uma Noites’ (‘Scheherazade’). 789 a 985 - O Marrocos e oeste da Argélia foi governado pela Dinastia dos Idríssidas, de convicção xiita zaidita. 791 - O emir Idris I, em maio/junho, tentou conseguir a autonomia de Marrocos em relação ao califado, mas foi envenenado por um emissário de Harum al-Raschid. Foi sucedido por seu filho póstumo Mulay Idris II (ainda bebê), assistido por uma regência de companheiros de seu pai. Este conseguiu se impor no norte do Marrocos, onde instalou a capital em Fez (a partir de 808). -- Vitória das tropas muçulmanas do emir de Córdoba, Hisham I, na Batalha de Burbia sobre o exército do rei Bermuda das Astúrias. --- O imperador bizantino Constantino VI promoveu uma incursão militar na Anatólia até a cidade de Tarso, na Cilícia, sem nenhuma resistência árabe, mas não conseguiu nenhum resultado prático de sua iniciativa. - Neste mesmo ano, morreu o autor do primeiro dicionário árabe, o gramático Al Khalil Ibn Ahmed de Basra. Um aluno seu, Sîbawayh, escreveu uma gramática que serviu de fundamentação de todos os livros de gramática publicados depois. 792 - Houve uma guerra civil entre as tribos beduínas na Palestina, sufocada pelo califa em dezembro de 793. - Em Al-Andaluz (ou Ibéria Moura, isto é, a Espanha Muçulmana) o califa Hisham I chamou os muçulmanos para uma guerra santa (jihad) para enfrentar a anti-guerra santa da Reconquista Cristã: a guerra se iniciou, de fato, em 793/4 contra o Condado de Toulouse e o Reino de Asturias. 793 - Tropas da Espanha muçulmana, mandadas pelo emir Hisham I, invadiram território franco em Gerona (massacrando sua guarnição militar) e Setimânia (onde se pilhou as vizinhanças de Narbonne) e a ilha de Sardenha. O conde de Toulouse, Guilherme de Gellone, reagiu a esta invasão, mas foi vencido na Batalha de Villedaigne (junto ao rio Orbieu). Após esta vitória, os árabes andaluzes voltaram para a Espanha cheios de butim e de escravos. 794 - Tropas do emirado de Córdoba, enviadas pelo emir Hishan I, atacaram e saquearam Oviedo, mas ao retornarem foram massacrados na Batalha de Lutos (dos Lodos, na Astúria) pelos asturianos, nela morrendo o general Abd al-Malik ibn Abd al-Walid ibn Mugaith (um dos comandantes das tropas muçulmanas). - Em Bagdá foi inaugurada a primeira manufatura de papel de algodão (o de seda permaneceu sendo importado da China). 795 - Em 8 de agosto, o imperador venceu os muçulmanos em Anusan (no sul da Anatólia) e, ao chegar no porto de Éfeso (onde havia uma grande comunidade judaica) determinou a diminuição dos direitos alfandegários. --- O emir de Córdoba, Hisham I, continuando ‘razzias’ e pilhagens feitas em Oviedo no ano anterior, conseguiu vencer novamente o Reino das Astúrias, em 18 de setembro. Em função destes ataques, o rei Afonso II de Astúrias pediu a ajuda do imperador franco Carlos Magno. Este, para criar uma barreira às invasões árabes, criou a Marca de Espanha, ao longo dos Montes Pirineus. 796 - O famoso Mosteiro de S. Sabas, no deserto da Cisjordânia foi invadido por beduínos em revolta na Palestina (na semana de 13 a 20 de março), assassinando 20 monges. --- Em Córdoba morreu o emir Hisham I, subindo ao trono o seu filho Al-Hakam, tendo um início de governo tumultuado por conflitos sucessórios.--- Morreu um dos mais célebres estudiosos do Islam: o imam Malik ibn Anas. 796 a 822 - O Emirado de Córdoba esteve sob o governo de Al-Hakam I (Abû al-`Âs “al-Murtazî” al-Hakam ben Hichâm), que aumentou a carga fiscal e impôs o rito malikita para todo o emirado. As 4 tendências rituais do Islamismo adotam o Corão, a ‘sunna’, o ‘ijma’ (base consensual dos coranistas), as ‘qiyas’ (analogias); a escola malikita, além disso, segue a ‘fiqh’, isto é, tem como fundamento de sua jurisprudência as práticas religiosas praticadas pelos primeiros habitantes muçulmanos de Medina. 797 - Abadalah, irmão do finado emir de Córdoba Hisham I, foi até a capital dos francos, em Aix-la-Chapelle (Aachen) para pedir o auxílio do imperador Carlos Magno para tirar do trono seu sobrinho; simultaneamente, um rebelde muçulmano chamado Zeid se apoderou de Barcelona e a ofereceu ao imperador franco. Abadalah voltou a Andalucia sem nenhum reforço militar franco na primavera e semeou a discórdia de Toledo contra seu sobrinho, enquanto seu irmão Sulayman (Solimão) aprontava reforços no norte da África. No outono, as duas forças se uniram na Espanha, sem que o sobrinho e emir Al-Hakam I pudesse impedir. - Se aproveitando desta instabilidade interna em Andaluz, o franco Luís de Aquitânia saiu com tropas a mando de seu pai (Guilherme de Gellone) e recuperou Gerone e cercou Huesca (norte da Espanha), mas se retirou daí diante da reação do emir Al-Hakam no final do ano. - Neste ano, o califa Harun al-Rashid recebeu um pedido do imperador Carlos Magno para dar guarida aos peregrinos cristãos que demandavam aos 21 Lugares Santos e proteger os mosteiros do Oriente.--- A imperatriz bizantina Irene permaneceu impassível diante da incursão do califa na Ásia Menor, se apoderando de Amorium e erguendo uma Marcha militar perto de Tarso, entre a Cilícia e a Síria, que foi povoada por gente vinda de Khorassan, criando uma situação de perigo e instabilidade na fronteira dos dois impérios. Além disso, a imperatriz renovou o tratado de 781, pagando tributo aos árabes. 798 - Na primavera ocorreu uma reunião em Toulouse do rei carolíngio da Aquitânia, Luís I, o Piedoso, junto com o rei de Astúrias (Afonso II) e do líder revoltoso de Saragoça, Bahlul ibn Marzuk; nela se decidiu o ataque de Andalucia contra os árabes. Assim, saiu uma expedição sob o comando do conde Borrell (do condado de Osona, a noroeste de Barcelona e vassalo dos francos) que se apoderou da cidade fortificada de Vic e outras cidades nos Pirineus, que serviram de anteparo contra invasões sarracenas futuramente. --- Neste ano, como já tinham efetuado em 781, tropas árabes fizeram incursão no Império Bizantino chegando novamente até o Estreito de Bósforo, portanto, perto da capital. Foram capturados os cavalos da estrebaria imperial de Malagina (ao norte da Bitínia, junto ao rio Sangario) e de Staurakios (eunuco bizantino que era um dos ministros da imperatriz Irene, a ateniense); além disso, saquearam a Lídia e venceram fulminantemente as prestigiadas tropas bizantinas do tema de Opsikion (a noroeste da Anatólia, junto à capital). Por outro lado, ergueram uma Marcha perto de Tarso (entre a Cilícia e a Síria), que foi povoada por gente vinda de Khorassan, criando uma situação de perigo e instabilidade na fronteira dos 2 impérios. Em vista desta situação, a imperatriz assinou uma trégua de 4 anos com o califa Harun al-Rachid; pagando-lhe um imposto anual. --- No ocidente, as ilhas Baleares, no Mediterrâneo sofreram ataques e pilhagens de piratas procedentes de Andalucia. 799 - O imperador Carlos Magno enviou uma frota naval para a defesa das Ilhas Baleares; bandeiras dos piratas foram tomadas como troféus de guerra. 800 - Há registros comprovando que os sírios já não falavam grego (lembrança do período bizantino) nesta época, mas o árabe.--- Ibrahim ibn al-Aghlab, de uma tribo árabe de Tamim, filho de um oficial de Khorassan e vice-governador do Zab, por sua lealdade ao califa, foi por este nomeado emir hereditário de Ifrîqiya, tumultuado pelos ibaditas após a queda da Dinastia dos Muhallabidas (em 791) e pelo governo fraco de seu irmão. --- Em Bagdá foi inventado o astrolábio por Massahalah e criado o primeiro observatório astronômico. O astrolábio teve utilidade por 8 séculos. 800 a 905 - Dinastia dos Aglábidas (ou Al-Aghalida) na Tunísia (Ifrîqiya), bem como no lado oriental da Argélia e a Tripolitânia. Seu fundador, Ibrahim ibn al-Aghlab, mandou construir uma nova capital, El Abbasiyya, para se afastar das críticas feitas ao seu modo de vida pelos teólogos malequitas e pelos juristas. Sua atitude discriminatória em relação aos bérberes, valeu-lhe constantes revoltas. No fim deste século, em Pamplona (norte da Península Ibérica) se firmou um acordo de aliança entre as forças de Inigo Jimenez (pai do primeiro rei local) e a tribo dos Banu Qasi (visigodos que tinham se convertido ao islamismo) para organização de um protetorado no vale do Ebro. SÉCULO IX No começo deste século se concluiu a conquista de Marrocos. Desde o governo do califa Al-Mamum (813-33) os astrônomos e matemáticos começaram a fazer suas observações astronômicas e continuaram até o fim do século X em Damasco e Bagdá. Foi um século pleno de perigos ao califado como poder central: revolta dos Zendjis, surgimento da seita dos Cármatas, predominância dos persas na administração (o califa tentou diminuir esta hegemonia com a introdução dos turcos, cujo chefe de milícias acabou se outorgando o título de ‘emir dos emires’). Além disso, o vizirato cada vez mais se fortaleceu, enquanto o califado viu minguar seu poder. Na Espanha surgiram centros de resistência e de luta contra Andalucia (Espanha Muçulmana) por parte dos reinos cristãos do norte: na região dos Pirineus (em torno de Jaca e Pamplona, de onde se originarão os Reinos de Navarra e Aragão); mais a leste, os condes regionais na Marca da Espanha (desmembrada após sua autonomia em relação ao Império Franco), sobretudo o de Barcelona. Nesta luta anti-omíada de Córdoba, se salientou o Reino das Astúrias (na área dos Montes Cantábricos), sob os reis Ramiro I (842-850), Ordonho (850-866) e Afonso III, o Grande (866-911). Os historiadores e especialistas em Islamismo consideram a fase do século IX ao XII como a Idade de Ouro da Civilização Muçulmana. O sul da Europa (o Império Franco, as ilhas de Sardenha, Córsega, Sicília e Creta e a Itália bizantina) foram alvo de incursões e saques de muçulmanos do norte da África. Iniciou-se a Dinastia dos Fatímidas na Tunísia. Neste século foi elaborada a compilação dos ‘ditos’ de Maomé e dos seus mais próximos seguidores, chamado de ‘Hadith’, base fundamental da tradição islâmica (sunna). Os Bagrátidas, da Geórgia, conseguiram retomar, aos poucos, os territórios que estavam ocupados pelos árabes. 801 - Organização da Marca da Espanha (dos Pirineus ao Ebro) após o cerco por 2 anos e a conquista de Barcelona (na Catalunha) pelo príncipe franco Luís, filho do imperador Carlos Magno, ao Emirado de Córdoba. --- Em outubro, chegou ao Porto Venere (no Golfo de Nápoles, norte da Itália), o único membro da comitiva árabe enviada pelo califa Harun-al-Raschid (o restante foi morta durante o trajeto) a Carlos Magno; passou o inverno em Verceil (no Piemonte), daí saindo na primavera rumo à capital dos francos. 802 - Na semana de 17 a 24 de junho, o imperador Carlos Magno recebeu emissários do califa e do emir de Ifrîqiya. Na capital franca dos carolíngios, Aix-la-Chapelle, a comitiva árabe chefiada pelo judeu Isaac (que sabia a língua dos francos), trouxe para o imperador, entre outros presentes, um elefante branco (que foi apelidado de AbulAbbas). --- Em Marrocos, o regente do emir Idriss II, Rashid, foi assassinado por um agente dos Aglábidas de Ifrîqiya. 803 - Em 29 de janeiro, por ordem do califa, foi decapitado em Bagdá Jaffar ibn Yahya, filho do vizir Yahya ibn Khalid, que foi exonerado do cargo, enquanto os Barmékidas (ou Barmákidas, que exerciam este cargo e estavam se tornando fortes e perigosos administrativamente) foram presos. - Em julho, um exército abássida tendo a frente um filho do califa Harun al-Rashid (Al-Qasim) invadiu a fronteira. Como o imperador bizantino Nicéforo I tinha fraturado o pé em maio, mandou o general Bardonios Turkos (comandante dos 5 temas da Ásia Menor) contra os árabes, chegando até Crisópolis (ou Scutari, hoje Üsküdar, na Turquia). --- Ao norte de Marrocos, os bérberes reconheceram a autoridade de um adolescente, Idris II (filho de Idris I), com apenas 11 anos de idade. 804 - O imperador Nicéforo I se recusou a continuar o pagamento de tributos ao Abássida Harum-al-Rashid, que revidou incursionando sobre a Ásia Menor até Ancira e devastando as ilhas de Chipre e Rodes. Em agosto, Nicéforo I foi atacado de surpresa em Krases (na Batalha de Krases ou Crasus), na Frígia e foi vencido. Teve que assinar um acordo pelo qual o califa Harun al-Rashid (em face de tumultos em Khorassan) aceitou o pagamento de tributo bizantino e troca mútua de prisioneiros. 805 - Foi um ano tumultuado no Emirado de Córdoba: em maio, houve uma tentativa de golpe para destronar o emir Al-Hakam I pelos notáveis da capital; foi severamente reprimida com a crucifixão de 72 deles; a população se insurgiu contra ele neste ano e em 818. Outra revolta foi a dos bérberes de Mérida (sudoeste da Espanha) tendo à frente Asbagh ibn Wansus. --- Chipre foi atacada e pilhada por uma esquadra muçulmana. --- Os sarracenos ajudaram os eslavos do Peloponeso em sua revolta contra os bizantinos e atacaram Patras, sendo vencidos; os eslavos foram obrigados a pagar taxas à igreja local de S. André. --- O califa se dirigiu à Raí (antiga Raghae), no Tabaristão, onde os Bawandidas lhe prestaram juramento de lealdade e se comprometeram a pagar-lhe imposto. 806 - Em novembro, o emir de Córdoba Al-Hakam I retomou o controle sobre a cidade de Toledo (que estava livre desde 797). --- Ainda neste ano, o Reino de Navarra se colocou sob a guarida dos Carolíngios, visto que o Emirado de Córdoba tinha submetido à tribo visigótica dos Banu Qasi e seus aliados bascos. --- O califa outorgou a Ashot Bagratuni, dos Bagrátidas, que se estabelecera na antiga capital da Armênia (Bagaran), o título de Príncipe da Armênia. --- O imperador bizantino Nicéforo I se recusou desde 803 a pagar imposto ao califado. Por causa disto e dos ataques bizantinos na fronteira, 22 Harun al-Rashid comandou a maior operação militar contra Bizâncio até então: atacou Ancyra (Ancara). Em agosto/setembro se sobrepôs aos bizantinos na Batalha de Heracleia Cybistra (ou Eregli), tomando esta cidade, saqueando e arrasando-a e escravizando sua população. Alem disso: as ilhas de Chipre e Rodes foram devastadas; e ocupou a cidade de Tyane (no tema da Capadócia), no caminho de Cesareia, tornando-a base de operações contra eles e construindo até uma mesquita aí. Diante disso, o imperador prometeu pagar tributos, mas não cumpriu sua promessa posteriormente. --- Neste ano, o príncipe Luís, o Piedoso, sufocou uma rebelião dos bascos em Dax (na região da Aquitânia) e, a seguir, realizou uma campanha militar sobre Pamplona. ---- Ainda neste ano, os piratas árabes da ilha de Córsega atacaram e pilharam a Ilha vulcânica de Pantelleria (a oeste da Sicília), vendendo como escravos os monges que aí habitavam em Andaluz. Reagindo, o imperador Carlos Magno mandou resgatá-los e seu filho Pepino (rei da Itália desde 781) mandou uma frota naval que se apoderou da ilha, embora fugazmente (um ano depois foi recuperada pelos árabes). 807 - Em setembro, o imperador bizantino Nicéforo I, após um ataque muçulmano à Ilha de Rodes, se comprometeu a pagar tributo ao califado. --- Na Espanha muçulmana, os moçárabes (cristãos convertidos ao Islam) de Toledo se revoltaram; o governador da cidade, Amrus, convidou ardilosamente os notáveis desta cidade para um banquete, onde são mortos e jogados numa fossa (daí o fato ser chamado de ‘jornada da fossa’). Outra cidade que se revoltou neste Emirado de Córdoba foi Mérida. -- Harun al-Rashid mandou embaixadores ao Império Carolíngio, reconhecendo-lhe o direito aos Lugares Santos e entregando-lhe vários presentes, entre os quais um relógio. --- Os habitantes de Patras (no Peloponeso, Grécia) conseguiram levantar o cerco da cidade feito pelos eslavos e por uma frota árabe (no Estreito de Corinto), antes que houvesse a intervenção bizantina. --- O califa mandou iniiciar a construção da Mesquita de Qazvin, na Pérsia. 808 - Em outubro, em Marrocos, o líder bérbere Awarba e o mutazilita Abu Layla Ishak foram mortos por ordem do emir Idriss II, por suposta lealdade com os Aglábidas. Foi neste ano, também, que ele fundou na outra margem do uadi Fez, um segundo centro urbano a que chamou de Aliyya. 808 - 809 - O príncipe franco, Luís, o Piedoso, governador de Aquitânia, se apoderou de Tarragona na Espanha; tentou seguir para Tortosa, mas foi contido pelo filho do emir de Córdoba, Abd al-Rahman. 809 - Quando o califa estava em peregrinação para Meca, ao chegar em Medina, mandou prender o imã alida Mussa, filho de Djafar, em setembro, mandado para Bagdá, onde morreu envenenado. --- O califa morreu em Tus (na província de Khorassan),em 24 de março, quando estava se dirigindo com suas tropas para Samarcanda, cujo governador foi assassinado por Rafi, que se mostrava uma ameaça ao califado. Logo após sua morte houve conflito sucessório entre seus filhos Amin (que estava em Bagdá e tinha sido indicado pelo pai como seu sucessor) e Mamum (que governava Khorassan e nascera de casamento do seu pai com uma persa). Amin tinha o apoio de tropas sírias e árabes; enquanto seu irmão, de tropas persas. 809 (24 de março) a 813 - Governo do califa Al-Amin, filho de Harun al-Rashid com Zubaida bin Já’far, neta do finado califa Mansur. Mais interessado nos prazeres da vida que no governo. Por outro lado, seu governo foi sacudido pelas guerras civis e pela disputa do trono entre ele e seu irmão, Al Ma'mūn. 809 (continuação) - Conflito sucessório entre os dois filhos de Harun al-Rashid: de um lado, o califa Al-Amin, nascido de mãe-árabe, apoiado por forças sírias e árabes; de outro lado, Al-Ma’mum, nascido de mãe persa e tendo o apoio de forças de Khorassan. Este último não concordou com o desejo do pai em colocar Al-Amin como califa na parte ocidental do império, enquanto ele ficaria com a parte oriental, tendo sua residência real em Merv.- Em 7 de abril, a Ilha da Córsega foi atacada por mouros da Espanha. --- Com a morte do califa Harun al-Rashid (e a guerra civil dela decorrente) e os conflitos constantes de Bizâncio com os búlgaros cessou por duas décadas a Guerra Árabe-Bizantina. 810 - Em Kairuan ( Emirato de Ifrîqiya) eclodiu uma rebelião da milícia árabe, obrigando o emir aglábida Ibrahim ibn al-Aglab a se resguardar em uma fortaleza ao sul da cidade de al-Abbasiya. - Na primavera, os mouros de Andalucia promoveram saques nas indefesas ilhas de Sardenha e Córsega. - Em outubro, o emir de Córdoba, Al-Hakam II, entrou em contato com o imperador franco Carlos Magno em Aix-la-Chapelle, firmando um tratado de paz pelo qual aceitou a suserania franca sobre todas as terras ao norte do rio Ebro. Nesta área se organizou a Marca da Espanha, ligada ao Ducado de Aquitânia administrativamente. 811 - Em janeiro se iniciou a Guerra Civil Abássida ou Quarta Fitna (que se prolongou até 827), quando o califa Al-Amin nomeou Ali ibn Isa Mahan governador de Khorassan e lhe ordena combater o seu irmão Al-Mamun. --- Na Espanha muçulmana foi tomada a cidade de Tortosa, na Catalunha, pelo Conde de Barcelona, chamado Bera, negociando uma trégua de 3 anos com o Emirado de Córdoba. 812 - Mesmo a frota naval bizantina recebendo reforços de Gaeta e Amalfi, de 18 a 21 de agosto, as ilhas de Lampeduza, Ponza e Ischia (na Itália) sofreram o ataque e pilhagem dos árabes da África do Norte. O papa Leão III, em vista da situação, determinou o estado de defesa no litoral italiano; o imperador franco Carlos Magno mandou seu primo, Wala, para afastar esta ofensiva árabe: tiveram sucesso na ilha de Sardenha, mas não conseguiram impedir o saque da Córsega por outra frota árabe. --- De agosto deste ano até setembro de 813 ocorreu a Quarta Fitna: Saíram de Khorassan tropas sob o comando dos generais Tahir e Harthama a mando de Al-Mamun para atacar e cercar Bagdá e destronar Amin. A cidade foi bloqueada (em agosto). --- Em Andalucia, o Império Franco se apoderou de Pamplona aos omíadas de Córdoba; seu domínio, entretanto, foi mais nominal que real, visto que a região basca (Gasconha e Navarra) ficou sob o controle dos omíadas. --- A Sicília, governada pelo estratego bizantino Gregório, sofreu a invasão dos Aglábidas e pediu ajuda da República de Amalfi (no litoral do Mar Tirreno) para defendê-la. 813 - Uma frota naval do Emirado de Córdoba com 100 navios foi destruída por uma tempestade, em junho.--- Continuando a Quarta Fitna: O exército do califa Al-Amin sofreu reveses na periferia da capital e em Basra (Bassorah). Seus inimigos saquearam os palácios e incendiaram arquivos, forçando-o a se asilar em seu próprio palácio em 1 de setembro. 24 dias depois, quando ele tentou fugir da capital abássida, foi morto e decapitado pelos soldados de Tahir; sua cabeça e cetro real e os seus filhos presos foram mandados para o seu irmão Al-Ma’mun. No final do ano, subiu ao poder abássida Al-Ma’mun, que, por precaução e defesa, substituiu as tropas sírias (que apoiavam seu irmão) pelas de Khorassan. Só se instalou definitivamente em Bagdá em 819 por causa da instabilidade decorrente de disputas pelo poder e da destruição ocasionada pela Quarta Fitna. --- As cidades do sul do Império Franco, Nice e Civitavecchia, sofreram uma incursão dos mouros, que tinham saqueado as ilhas de Sardenha e Córsega no ano anterior. 813 (fim deste ano) a 833 (10 de agosto) - Califado do abássida Al-Ma’mun (Abû al-`Abbās al-Ma'mūn `Abd Allah) - Apogeu da dinastia abássida sob o ponto de vista literário, científico e teológico. Foi o fundador da ‘Casa da Sabedoria’ na capital, onde se traduziram filósofos gregos e matemáticos hindus (seus algarismos foram difundidos e acabaram sendo chamados de arábicos). O califado adotou uma postura religiosa eqüidistante do xiismo e da ortodoxia: o mutazilismo (que vigorou até o século XIII). Foi em seu califado que eclodiu o sufismo, cujos seguidores usavam o ‘çuf’ (burel simples de lã) em oposição ao luxo dos califas e primavam mais pela ascese e contemplação mística, ), seguindo a religião do coração, praticando a contemplação e se opondo ao mundanismo produzido pelas conquistas, bem como ao formalismo da estrutura jurídica do califado.—Teve os seguintes vizires: Fadl (assassinado em 818), Hasan (antes era um escravo), Abu Abbad Thabit e Abu Abd Allah Muhammad.- Jovens turcos capturados na Ásia Central eram escravizados e se transformaram em soldados de elite: foram os ‘ghulams’. Houve um hiato em seu governo de 817 a 819 quando o trono foi usurpado por seu tio Ibrahim ibn al-Mahdi. 814 a 820 - Foi proibida a atividade comercial dos bizantinos com os muçulmanos da Síria e do Egito pelo imperador Leão V, o Armênio. 815- O emir de Córdoba, Al-Hakam, ao atacar a cidade de Barcelona, contrariou as normas da trégua feita com o imperador Luís, o Piedoso em 812. --Morreu em Bagdá, talvez envenenado na prisão, o poeta árabe-persa Abu Nowas. Talvez tenha sido o primeiro a glorificar a masturbação, a homossexualidade, a libertinagem. Também satirizava as instituições religiosas. Tudo isto determinou sua prisão. 815-816 - O califado abássida foi sacudido por revoltas: duas pelos xiitas (uma sob o comando de Ibn Tuba Tabs, outra em Meca debelada pelo general Harsama, que fizera parte da armada que colocou Al-Mamun no poder). 816 - Na primeira semana de julho, o emir de Córdoba invadiu a Marca da Espanha, mas logo se retirou em face da resistência das tropas imperiais francas. Em novembro foi renovada uma trégua de três anos entre Al-Hakam (emir de Córdoba) e o imperador franco Luís, o Piedoso. --- Houve uma revolta fracassada no Emirado de Córdoba contra o emir Al-Hakam I. Ao serem derrotados, foram para o Egito, onde ocuparam o porto de Alexandria, mas criaram tantos tumultos lá, que foram obrigados a ir para Creta, que se tornou, então, um foco de pirataria árabe no Mediterrâneo Oriental. --- Houve uma revolta fracassada no Emirado de Córdoba contra o emir Al-Hakam I. Ao serem derrotados, foram para o Egito, onde ocuparam o porto de Alexandria, mas criaram tantos tumultos lá, que foram obrigados a ir para Creta, que se tornou, então, um foco de pirataria árabe no Mediterrâneo Oriental. 816 a 837 - Eclosão de uma revolta religiosa (‘khurrmiya’) de perfil socialista pelo persa muçulmano Babek (ou Bâbak Khurramdîn, ou Korrami), à frente dos seus seguidores, chamados khurramitas. Era filho de um comerciante de óleo, entre os camponeses do Azerbaidjão persa (Adarbaidjão). Sua pregação mesclava o zoroastrismo (mazdeismo) e mazdaquismo (religião dualista como as demais da Pérsia, mas tendo um fundo socialista), pretendendo a distribuição das terras dos latifundiários aos camponeses. Seu centro de difusão foi a área das montanhas Badd ou Baddayn, entre o Azerbaidjão e Arran. 23 817 - O califa Al-Ma’mun, que era sunita, escolheu, em 24 de março, o imam Ali al-Rida (xiita duodecimal e Aliida, descendente de Hussein) como sucessor de Musa al-Kazim, para acalmar os xiitas. Ali ar-Ridah, no entanto, mudou a cor da bandeira de preto (símbolo dos Abássidas) para o verde (dos Alidas), mas este imam morreu em setembro de 818, possivelmente envenenado. Tal fato gerou hostilidades em todo o Iraque, em oposição ao califa. Em 17 de julho, o tio do califa o destronou, usurpando o poder até 10 de agosto de 819. --- Neste ano o general Harsam foi assassinado. 817 (17 de julho) a 819 (10 de agosto) - Califado do usurpador Ibrahim ibn al-Mahdi (filho de Al-Mahdi), tendo um governo tumultuado pelos kharidjitas. Foi obrigado a renunciar quando Al-Mamum retornou a Bagdá e retomou o poder. A partir daí se dedicou à musica e poesia. 817 (continuação)--- O califa Ibrahim mandou dois exércitos, um ocupou a cidade de Kufa, outro de Al Madayn (antiga Ctesifon, capital dos persas). Simultaneamente, houve uma revolta dos kharidjitas na região pantanosa de Sawâd (extremo sul da Mesopotâmia). Só depois que o califa pagou os soldos da tropa é que pode combatê-los, se apoderando da cidade de Wâsit (entre Bagdá e Basra). 818 –Na última semana de janeiro, Al-Ma’mum, partiu de Merv para Tus (onde estava o jazigo do seu pai), parou em Sarakhs (na Rota da Seda), depois em Raí (antiga Raghae); por onde passava, prometia a diminuição da carga fiscal para conseguir o apoio de suas populações. Ao mesmo tempo, abandonou sua política de aproximação com os xiitas. Antes de sua chegada a Bagdá, as tropas do califa usurpador se juntaram a ele.--- Em 25 de março, no Emirado de Córdoba, eclodiu uma revolta nos arredores da capital, sufocada violentamente pelo emir Al-Hakam I; os revoltosos que conseguiram se salvar foram para Toledo, Fez (em Marrocos) e Candia (atual Iraklion) (na ilha de Creta). 819 - Os habitantes de Bagdá deixaram de apoiar o califa usurpador Ibrahim e passaram a admitir AlMa’mum como seu califa legítimo, em 10 de agosto. 819 (10 de agosto) a 833 - Al-Ma’mun (Abû al-`Abbās al-Ma'mūn `Abd Allah ou Al-Ma'mūn) retomou o poder em Bagdá. 819 a 1005 - Governo da Dinastia persa dos Samânidas na Transoxiana: o califa nomeou 4 netos de Saman Khoda (Nuh, Yahya, Ahmad e Elias) como governadores de Samarcanda, Herat, Ferghana, Shash e Ustrushana, nesta região no vale médio do rio Oxus (atual Amu Daria) como prêmio por sua lealdade na luta pelo poder diante do seu irmão. --- Pela 'Encyclopédie de la Pléiade' esta dinastia governou a Transoxiana deste 874 e Khorassan de 892 até ~ 999. 820 - O general Tahir ibn Hussein (Ṭāher b. Ḥosayn Ḏu’l-Yaminayn), em contrapartida à tomada do poder por Al-Ma'mun, recebeu o emirado em Khorassan (com autoridade sobre todas as províncias orientais do califado, desde Raí a Kerman), criando a Dinastia dos Tahiridas. 820 - 821 - Início do processo de islamização de Fergana através da ação do ex-zoroastriano, agora convertido do islamismo sunita Saman Kuda (Aḥmad b. Asad b. Sāmān Ḵodā), nomeado governador de Transoxiana pelo califa. Foi ele o iniciador da Dinastia dos Samânidas (há autores que consideram o início desta dinastia em 874). Fergana foi um celeiro de soldados profissionais do exército persa. 820 a 873 - Dinastia persa dos Tahiridas em Khorassan, província entregue ao general-em-chefe da armada do Califa Al-Mamun, Tahir ibn Hussein. Tinha capital a cidade de Nichapur (Naiçapur). 821- Organização administrativa do Emirado de Córdoba por Ab-er-Rhaman II (emir omíada da Espanha de 821 a 852). --- Ataque da frota dos Aglábidas na ilha de Sardenha não teve sucesso, neste ano. --- Em dezembro, o general bizantino Tomás, o Eslavo (que lutara ao lado de Bardanios Turkos contra Nicéforo I e se refugiara junto aos muçulmanos) se proclamou imperador em Antióquia com apoio dos eslavos da Ásia Menor e dos muçulmanos. 822 - Em 21 de maio, no Emirado de Córdoba, morreu Al-Hakam I, sendo sucedido por Abd alRahman II. --- Tahir caiu em descrédito com o califa, quando soube por Zubaida (viúva de Harum al-Rashid) que ele mandou matar o seu irmão Al-Amin e não prendê-lo como foi sua ordem. Em novembro, o califa colocou um escravo junto aos comensais deste general com a missão de matálo, caso ele demonstrasse sua autonomia. Foi o que aconteceu na oração matinal de 6ª feira ('khotba') , em que ele omitiu voluntariamente o nome do califa. Foi, assim, envenenado pelo escravo espião no mesmo dia à tarde. Como o filho de Tahir (Talha) entrou em acordo com o califa, ficou no governo mantendo a sucessão tahirida, em novembro. 822 (22 de maio) a 852 - O Emirado de Córdoba esteve sob o governo de Abd al-Rahman II. 822 (continuação) - Em represália a um ataque de tropas do Império Franco ao emirado, Abd alRahman no outono realizou incursão sobre as cidades de Barcelona e Urgell. 824 –No final de junho, os habitantes e a milícia árabe de Túnis se rebelaram contra o emir Aglábida (Ziadet Allah I), se espalhando a todo o emirado e só se encerrando em 826, com o auxílio dos bérberes. --- Os mouros expulsos do Emirado de Córdoba e refugiados em Alexandria se apoderaram da ilha de Creta (se aproveitando da revolta de Tomás, o Eslavo no Império Bizantino). --- Neste ano: A cidade espanhola de Pamplona foi atacada por condes francos, que foram emboscados pelos bascos comandados por Eneko Arista. Seus habitantes, por outro lado, pediram a ajuda dos Banu Qasi de Tudela (do vale do Ebro). Mais uma vez, os bascos esmagaram os francos numa emboscada no Desfiladeiro de Roncesvalles (nos Montes Pirineus), A partir desta vitória, se criou o Reino de Pamplona, cujo primeiro soberano foi Eneko Arista. 825 - O califa Al-Mamun recusou um acordo de paz proposto pelo imperador bizantino Miguel II; tal proposta teve continuidade por embaixada enviada pelo imperador Teófilo, tendo como chefe da delegação o seu preceptor, João, o Gramático, em 829. --- Uma armada sob o comando de Umar Abu Hafs, saiu de Alexandria e chegou ao Cabo Charax, no Golfo de Messara sua capital, e repeliu uma tentativa bizantina de forçá-los a sair. A ilha de Creta foi totalmente conquistada até 826 e ficou sob domínio muçulmano até 961. 826 - Na Marca da Espanha, o conde franco Aizon (Ayzun), na cidade de Auzonne (entre Toulouse e Carcassone), se insurgiu, aliando-se com os muçulmanos, contra o imperador Luís I, o Piedoso; os condes de Gothie (que faziam parte da Marca de Espanha) pediram o auxílio do imperador franco. 827 - O general bizantino Eufêmio de Messina, governador da Sicília, se revoltou contra o imperador e pediu a ajuda do emir Aglábida da Tunísia, que mandou Assad ibn al-Furat. Este, em vez do auxílio, iniciou o processo de dominação da ilha (terminado em 831) desembarcou perto de Mazzara, em 15 de julho (com a anuência de Eufêmio); depois conquistou o litoral meridional da ilha e cercou a capital (Siracusa) até 828 (em 827 morrera Eufêmio), desbloqueada por uma frota bizantina. Mesmo assim ele se apoderou de Agrigento e Emma e, depois, Palermo (em 831). Assad morreu aí de peste. Esta conquista da Sicília abriu caminho para os árabes se estabelecerem no sul da Itália (em 840). --- Em maio, em Saragoça, chegaram os reforços do emir Abd al-Rahman II ao conde Aizon, contra os francos. Durante dois meses a cidade de Barcelona ficou sitiada e valentemente defendida por Bernardo de Septimânia. Diante da resistência, os muçulmanos atacaram Gerona em 10 de outubro. O imperador Luís I, o Piedoso mandou tropas sob o comando de seu filho Pepino de Aquitânia, tendo ao seu lado os condes Hugo de Tours e Matfrid de Orléans. Estes, no entanto, recusaram-se a combater os muçulmanos porque eram adversários de Bernardo de Setimânia. Com isto, o príncipe Pepino de Aquitânia apenas chegou em Auzonne (no Império Franco) em 27 de setembro, portanto depois que os muçulmanos tinham abandonado o cerco de Saragoça. Deste modo, a expedição militar franca não cumpriu seu objetivo. -- Em junho deste ano, no califado abássida foi imposto o mutazilismo: doutrina político-religiosa mesclando a ortodoxia com o xiismo, seguindo idéias neoplatônicas (o Corão não representa a palavra de Alá, mas uma criação de Maomé). Os ‘cadis’ (juízes religiosos) tiveram que se submeter à ‘mihna’ (prova); os que acreditavam nos ‘hadiths’ (mensagens do Profeta) e eram contrários ao neoplatonismo foram perseguidos e presos. O governador árabe de Sind (no Indo), Bashar ibn Da’ud, cortou as relações com o califado. 828 - .Em maio-junho, morreu em Marrocos, o emir Idriss II; o emirado foi dividido entre seus filhos, resultando numa guerra civil, tornando-o alvo fácil da cobiça do Emirado de Córdoba e depois dos Fatímidas. - Neste ano: No Emirado de Córdoba, a cidade de Mérida se revoltou com o bérbere Mahmud ibn al-Djabbar e de Sulayman ibn Martin, resultando no assassinato do governador local, Marwan al-Djilliq. Esta revolta só terminou em 834. -- O Aglábida al-Kamuk se apoderou de Enna e fundou a cidade de Alcamo na Sicília. 24 828 a 848 - Período da Inquisição no Califado:divergências sérias entre os ulemás contrariados com o califa porque este criou um tribunal inquisitorial para controlar a ortodoxia religiosa, submetendo-os à prova (‘mihna’), para determinar o cumprimento do mutazilismo. Só terminou no califado de AlMutawakil. 829 - O imperador bizantino Teófilo enviou uma embaixada ao califado de Bagdá sob a chefia de seu preceptor João, o Gramático, para comunicar sua ascensão ao trono e abrir um canal de negociação para um tratado de paz (que novamente não foi efetuado). --- Em outubro, o imperador bizantino mandou uma frota naval para atacar a base de corsários árabes em Creta; estes destruíram a esquadra bizantina na Batalha de Tasos, abrindo-lhes caminho para saques de várias ilhas no Egeu (como as Cíclades) e de Monte Athos (neste local o saque foi tão grande, que foi abandonado por muito tempo). --- O califa era um entusiasta da astronomia, por isto mandou edificar no quarteirão mais alto de Bagdá, próximo da porta Chammassiya, um observatório (o primeiro do mundo medieval), onde se traduziu o livro de astronomia do grego Hiparco e se estudou com afinco os movimentos planetários. --- Neste ano também fracassou uma expedição naval bizantina-veneziana contra os árabes na Sicília. 830 - Na capital abássida foi criada a ‘Casa da Sabedoria’ (‘Bayt al-hikma’), onde se adaptou a matemática hindu (invenção da Álgebra) e se traduziram filósofos gregos e se reuniram matemáticos, filósofos, tradutores, astrônomos. ---.Em função do enfraquecimento do Império Islâmico com a revolta do herege 'comunista' Babak, o imperador Teófilo realizou incursões sobre o território perso-árabe e negociou com os hereges. - Em 20 de março, o califa Al-Ma’mun, passando pela cidade de Harran (ou Carrhes, no oeste da Anatólia) em seu ataque ao Império Bizantino, encontrou sírios pagãos, aos quais iria exigir a conversão, desistindo, porém, ao saber que eram descendentes dos antigos Sabeanos, reconhecidos pelo Corão. --- Em Kairuan, foi erigido o Hospital de Ad-Dima pelo emir Aglábida, Ziyadat Allah I. 831- Continuando a Guerra Árabe-Bizantina, na fronteira oriental do Império Bizantino, o califa Al-Ma’mun, junto com Mutassin e seu irmão Al-Abbas ibn al-Ma’mun, atacaram os temas da Anatólia, tomando fortalezas na Capadócia e Heracleia Cibistra (no início de julho). Aí se dividiram; o califa continuou pela Capadócia e os outros continuaram devastando a Anatólia; Al-Abbas tomou Tiana e a saqueou, mas sofreu contra-ataque do imperador Teófilo, que atravessou os Montes Taurus e avançou até Tarso na Cilícia (alvo de saques) e foi vencido por Al Abbas. --- A Sicília sucumbiu definitivamente sob a ação de armadas dos Aglábidas de Ifrîqiya que cercaram em agosto Palermo, tomando-a em 12 de setembro, com reforços do Emirado de Córdoba. A partir daí eles fizeram inúmeras incursões sobre províncias bizantinas no sul da Itália e até em Roma (em 846). --- O califa reprimiu violentamente uma revolta de cristãos do Baixo Vale do Nilo, chamados de Bachmuritas, cujos homens foram mortos, enquanto mulheres e crianças foram vendidas como escravos (em 832). Em face desta repressão, o rei católico de Dongola, Zacarias, decretou a suspensão de pagamento de tributo aos muçulmanos; além disso, mandou seu filho Jorge a Bagdá para sondar as intenções do califa sobre o seu reino. 832 - Neste ano, o o califa continuou sua investida sobre o Império Bizantino, se apoderou da fortaleza de Lulon, situada em posição estratégica e arregimentou mais tropas no final deste ano, com a intenção de conquistar e colonizar toda a Anatólia e conquistar a capital bizantina. --- Neste ano foi criada pelo califa em Bagdá a ‘Casa da Sabedoria’ (Bayt al-hikma), em que se reuniram matemáticos, filósofos, tradutores e astrônomos. --- Segundo alguns autores, o califa realizou expedição de saque à pirâmide de Quéops, no Egito. 833 - Em abril, houve perseguição aos intelectuais e ulemás que não aderiram ao mutazilismo. --- Em 25 maio, Al Abbas, continuou sua campanha militar contra Bizâncio, fazendo de Tiana, o seu centro de operações, aí aguardando a chegada da armada do califa, seu irmão. --- Em 10 de julho, houve uma tentativa dos Aglábidas em se apoderar da ilha de Malta, mas foram rechaçados pelos bizantinos. --- Em 10 de agosto, morreu o califa Al-Ma’mun perto de Tarso, na Cilícia, em campanha militar contra o Império Bizantino. Antes de morrer tinha escolhido como sucessor o seu irmão Abu Ishaq. 833 (10 de agosto) a 842 - Califado abássida de Al-Mu’tassin (Mu’tasim Abu Ishaq Muhammad), terceiro filho de Harun al-Rashid. Não deu prosseguimento ao apoio aos Mutazilitas e adotou uma política contrária aos xiitas, judeus e cristãos. Seus vizires foram: Fadl (de Baradân), Ahmad, Muhammad e Malik Az-Zayyat. - Ele foi o iniciador de transformação de jovens turcos seldjúcidas em escravos militares (os ‘ghulans’) e depois guardas palacianos. 833 a 837 – Não houve conflitos entre árabes e bizantinos neste período. O imperador bizantino Teófilo deu guarida aos Khurramitas (seita comunista persa) perseguidos pelo califa Al-Mu'tassim; aproveitou, também, para formar uma legião persa, comandada por um desconhecido Teófobo (que se julgava descendente de reis). 834 - Os Tziganes, habitantes da Baixa Mesopotâmia entre Bagdá e Bassorah, foram vencidos em emboscadas por colonos trazidos do Baixo Egito pelo califa Al-Mu'tassin, eliminando problemas para os mercadores que comerciavam com China e Índia. 835 - Frota bizantina mandada pelo imperador Teófilo para atacar a Sicília foi destruída pelos árabes, que continuaram seu empreendimento militar de conquista do interior desta ilha. 835-838 - Repressão do movimento socialista de Babak (Babek) pelo general Afchîn Khaydar ben Kawûs a mando do califa Al-Mu'tassim. 836 - Califado abássida começou a claudicar no poder em face dos emires e da guarda palaciana dos turcos seldjúcidas e dos conflitos religiosos entre xiitas, sunitas e mutazilitas. --- Iniciou-se a edificação da Mesquita de Uqba em Kairuan. 836 a 892 - A capital do califado abássida foi transferida de Bagdá (tumultuada pelos conflitos entre os ‘ghilmans’ turcos e armênios com as tropas árabes) para Samarra, à margem esquerda do Tigre, desde 836. Aí passaram a ter sede os mercenários turcos. 837- Reinício das hostilidades bizantino-árabes: tropas comandadas pelo imperador Teófilo atacaram o alto Eufrates (ou Alta Mesopotâmia) e se apoderaram de Zapetra (ou Zibatra, na Síria, onde nascera o califa) e Melitene, matando seus habitantes.—Na região do Indo, as tribos dos Jats se revoltaram contra a dominação muçulmana. - Nápoles foi atacada por muçulmanos da Sicília. 838 - O califa mandou o general Afchîn ao Azerbaidjão para combater os adeptos de Babak. Foram vencidos e praticamente exterminados, em 4 de janeiro; Babek foi preso e entregue ao califa, que mandou torturá-lo até morrer. --- Os árabes Aglábidas da Tunísia saquearam Bríndisi e Tarento, pertencentes aos bizantinos, na Península Itálica. --- Os bizantinos sofreram dupla invasão muçulmana em represália às ações militares de Teófilo no ano anterior: uma em Armeníacos (comandada por Afshin); outra (chefiada por Al-Mutassim). A coluna chefiada por Afshin foi para a região de Melitene (tema de Armeníacos) e se encontrou com as forças de Omar al-Aqta (emir de Melitene). A força militar do califa saiu de Tarso, passou pelas Portas Cilicianas, tomou Ancira e marchou em direção a Amorium, venceu os bizantinos na Batalha de Dazimon (Dasymon ou Anzen, hoje chamada de Tokat), em 22 de julho, em posição estratégica entre Tokate e Amaseia. As duas armadas muçulmanas se encontraram em Ancira (hoje Ancara, que foi tomada), derrotando os bizantinos na memorável Batalha de Amorium, capital do tema Anatólico (em que foi morto o general Manuel, o Armênio) em 12 de agosto, cercando e tomando a cidade do mesmo nome (onde nascera o imperador bizantino e seu pai e hoje é chamada de Hisarkoy) em 23 de setembro. Os habitantes que se refugiaram em igrejas foram simplesmente queimados, outros escravizados e levados para Samarra (morrendo de fome e sede no caminho). Apenas 40 sobreviveram, mas foram decapitados depois de 7 anos na prisão, por não abjurarem ao cristianismo (são os chamados ‘Quarenta e Dois Mártires de Amorium’, que foram santificados pela igreja ortodoxa grega). Novamente se dividiram em duas alas; sendo que uma delas venceu Teófilo em Anzen. O califa não continuou sua empreitada militar em direção à Constantinopla porque estourou uma revolta na Síria, onde se fazia necessária sua intervenção. - Na invasão do tema de Armeníacos, os árabes, comandados por Afshin, derrotaram as tropas imperiais de Teófilo, que se colocaram em fuga para Constantinopla e assinaram um tratado de paz com eles. --- Se descobriu a urdidura de um golpe de Estado para assassinar o califa Al-Mutassim e substituí-lo pelo sobrinho Al-Abbas ibn al-Mamun. Em face disso, foi feita uma devassa no exército, culminando na morte de AlAbbas e projetando a presença dos turcos neste processo. --- O porto de Marselha foi atacado e pilhado pelos Aglábidas, seus habitantes foram escravizados ou lançados no Mar Mediterrâneo. Por mais 3 décadas eles continuaram fazendo incursões em Marselha e Arles. 839 - Uma frota naval de Veneza tentou impedir que os árabes Aglábidas se apoderassem de Tarento (onde ficaram até 880). Daí partiram para o ataque e pilhagem de Ancona, no centro da Itália. --- No litoral sírio apareceu uma frota bizantina, prenunciando a guerra naval do Mar Egeu entre os Abássidas e o Império Bizantino. 839-841 - O imperador bizantino Teófilo mandou emissários ao emir Abd-er-Rhaman II de Córdoba (na Espanha) para que lutasse pela conquista do território do Califado Abássida, visto que este o tinha usurpado dos Omíadas; outra sugestão foi a de acabar com os piratas de Creta. Tais sugestões foram recusadas pelo emir. 839 a 866 - Guerra naval entre os bizantinos e os Abássidas tendo como palco a área desde o Mar Egeu e ao litoral do Egito a fim de assegurar o controle das rotas que circulavam pelo Mediterrâneo Oriental, bem como coibir as ações de pirataria que infestavam a região. 839 a 923 - Nascimento e morte do grande teólogo e historiador persa, Tabarî (do Tabaristão), que comentou o livro sagrado do Corão e a convergência histórica dos reis-profetas hebreus e dos sassânidas na religião muçulmana. 840 a 880 - Os Aglábidas procederam a conquista do sul da Itália neste período. 25 841 - No início da primavera, uma frota naval de Veneza, em acordo com bizantinos, tentou impedir que os árabes Aglábidas se apoderassem de Tarento (onde ficaram até 880). Estes árabes se tornaram senhores de quase toda a parte oeste da Sicília. --- Corsários árabes tomaram Bari, no litoral do Adriático (aí permaneceram até 871 e ameaçaram todo o centro da Itália); também atacaram navios venezianos, em retaliação ao fato do doge ter auxiliado os bizantinos na tentativa de recuperar Tarento. No final de março, piratas árabes do Adriático saquearam a cidade litorânea de Ossero (na Croácia atual). --Em outubro, o califa mandou seus médicos procederem à uma sangria nele, acarretando uma febre (por infecção) e morrendo em 5 de janeiro de 842, sendo sucedido pelo filho Harun al-Wathik --- Neste ano: Os bizantinos também perderam seus domínios na Ilíria e na Dalmácia.--- O duque lombardo de Benevento, Radalgis, contratou mercenários árabes para atacar e destruir Cápua, no litoral do Mar Tirreno (oeste da Itália), pertencente ao Império Bizantino. Os moradores desta cidade se refugiaram na Colina de Sicopoli. ---- Uma frota naval sarracena objetivando tomar Constantinopla, não o conseguiu por um acidente climático: foi a pique por uma tempestade no litoral do tema dos Cibirreotas (no cabo Celidônia). 842 (5 de janeiro) a 847 - Califado de Harun al-Wathik (ou Harun Wathiq Billah). Segundo o historiador árabe Ibn Al-Tiqtaqa, foi um dos melhores califas abássidas. Seu governo foi politicamente instável: eclodiram revoltas na Palestina e na Síria, tendo como fator comum o antagonismo entre os civis árabes e a armada dos ‘ghilmans’ e ‘ghulams’. Mesmo sendo sufocadas, continuou o antagonismo. Era músico e foi patrono de muitos artistas e sábios. Restabeleceu o mutazilismo. Sua autoridade estava restrita à Pérsia. 842 (continuação) - No fim deste ano, os Aglábidas, prosseguiram seu objetivo de conquistar toda a Sicília (tomaram a cidade de Messina), se aproveitando da fraqueza do Império Bizantino, conseguindo-o em 859. --- Neste ano:Ofensivas muçulmanas no Império Franco (em Arles que foi pilhada) e na Marca da Espanha, Narbonne e Sardenha; estas 3 últimas pelo Emirado de Córdoba. Este último, por sua vez, obteve vitória sobre Eneko Arista e os Banu Qasi; desta forma, o Reino de Catalunha teve uma política oscilante entre autonomia e alianças para manter sua soberania tanto diante dos muçulmanos (ao sul) como dos vikings (ao norte). 843 - Ocorreu neste ano uma rebelião dos habitantes de Saragoça contra o emir de Córdoba. 844 - Ramiro I, rei das Astúrias desde 842, sofreu uma derrota em Albelda diante das tropas do emir de Córdoba, Abd al-Rahman II. Em face disso, teve que se refugiar na colina de Clavijo. A tradição (ou lenda) menciona que aí S. Tomás incentivou este rei à luta contra os muçulmanos, culminando na vitória sua na Batalha de Clavijo, em 23 de maio. --- Os vikings escandinavos, em agosto, continuando suas incursões anteriores em outros reinos, atacaram o Emirado de Córdoba: primeiro foi em Lisboa, depois penetraram no rio Guadalquivir e ocuparam Sevilha (25 de setembro), retornando, foram para o porto de Cádiz. Em face destas investidas, o emir omíada de Córdoba, Abd al-Rahman II reforçou as defesas militares litorâneas do emirado. Além disso, mandou uma embaixada com al-Ghazal à frente para negociar escravos e peles com os vikings da Dinamarca e à Irlanda. --- Neste ano: Guerra contra os Paulicianos (hereges foragidos sob a proteção do emir de Melitène e que formaram seu Estado na Ásia Menor, cuja cidade principal era Tefrik) na qual o ministro Theoktistos sofreu uma severa derrota na Batalha de Mauropótamos (norte de Bitínia ou na Capadócia) frente às tropas daquele emir; grande parte de seus oficiais passou para o lado árabe. 845 - Foi mandada uma legação diplomática bizantina a Bagdá para negociar acordo após a derrota na Batalha de Mauropótamos; em reciprocidade, Bagdá mandou outra para Constantinopla. Resultado: em 16 de setembro, junto ao rio Lamos (fronteira da Cilícia) os bizantinos fizeram troca de prisioneiros com o califado abássida. Depois disso, no inverno, houve uma invasão fracassada das tropas do governador árabe de Tarso; em face desta iniciativa desastrada a fronteira árabe-bizantina permaneceu calma durante os próximos 6 anos. 846 - Piratas árabes do norte da África, na última semana de agosto, atacaram o porto de Ostia, avançaram pelo rio Tibre até Roma, pilhando tudo; violaram tudo que era sagrado na Basílica de S. Pedro. Foram rechaçados pelos lombardos sob o comando de Guy I, Duque de Spoleto. Para aprimorar sua defesa, o papa Sérgio II mandou erigir fortificações na margem direita do Tibre, ajudado financeiramente pelo imperador franco Lotário I. Este último delegou ao seu filho Luís II da Itália de iniciar conversas com nobres europeus para combater os muçulmanos. --- Neste ano, a cidade de Leão (a noroeste da Espanha), foi atacada, incendiada e retomada por tropas do Emirado de Córdoba, pondo em fuga seus habitantes.--- O rei das Astúrias atacou a Velha Castela, pertencente ao emir Abd al-Rahman II, e conseguiu ser vitorioso na sangrenta Batalha de Alveda, na planície homônima, resultando na tomada de Alveda e de Calahorra (em Rioja). 847 - Na última semana de janeiro, o rei Luís II da Itália (filho primogênito de Lotário I) reuniu tropas (formadas não só de francos, mas também de burguinhões e provençais) na cidade de Pávia (norte da Itália) contra os muçulmanos: foi bem sucedido na retomada de Benevento (no centro-sul), mas não conseguiu retomar o porto de Bari (no Mar Adriático), este defendido pelo líder bérbere Khalfun. Este último, em 10 de agosto, se assenhoreou deste porto. --- Neste ano: Na Pérsia, houve uma reação dos muçulmanos ortodoxos contra os xiitas e os mutazilitas. --- O califa abássida Al-Watiq sofria de edema (hidropisia) e, por isto, tinha que tomar banho em estufa. Num destes banhos com temperatura muito elevada acabou encontrando a morte. Os oficiais turcos tinham prestado juramento ao seu filho como sucessor, mas acabaram preferindo seu irmão Jaʿfar al-Mutawakkil, em 10 de agosto. --- Foi neste ano (ou em 850 segundo alguns autores) que morreu o sábio Al-Khuwârizmi, considerado o pai da Álgebra e do seu nome proveio a palavra ‘algorritimo’. 847 (10 de agosto) a 861 (11 de dezembro) - Califado de Djafar Mutawakkil (ou Jaʿfar al-Mutawakkil). Foi ostensivamente contra os Alidas, como demonstrou ao passar por cima do mausoléu do imã Hussein (o terceiro dos xiitas, que era filho do califa Ali e de Fátima) em Kerbala (em 850). A partir de seu califado começaram a ter papel preponderante na política o ‘emir dos emires’ (ou sultão). 848 - Os intelectuais e os Alidas que não se afinaram com o racionalismo mutazilista sofreram perseguição (‘mihna’) durante o califado de Mutawakil e tiveram que seguir a doutrina dos ‘hadiths’, isto é, as tradições e ensinamentos de Maomé e seus companheiros , que serviam de parâmetros de governança. --- Início do processo de ocaso da Dinastia dos Idríssidas em Marrocos, quando Ali I ibn Muhammad foi sucedido pelo seu filho Yahya ibn Muhammad, que, inerte, deixou o poder efetivo nas mãos de seus tios. --- No Emirado de Córdoba, Guilherme de Septimânia ocupou as cidades de Barcelona e Ampurias, na Catalunha, graças à omissão do emir Abd al-Rahman II; este, no entanto, mandou uma frota naval contra o arquipélago das Baleares. --- Os Aglábidas de Ifrîqiya atacaram o Golfo de Lyon (sul do Império Franco), onde saquearam o porto de Marselha. 849 - Os Aglábidas recuperaram Benevento e promoveram ataques novamente no Golfo de Lyon, na região de Provença (sul do Império Franco). --- No sul da Itália as cidades de Amalfi, Gaeta e Nápoles (antes pertencentes aos bizantinos), estimuladas pelo papa Leão IV, se uniram e infringiram uma derrota acachapante sobre os árabes na Batalha de Ostia (imortalizada em quadro do pinto renascentista Rafael); os prisioneiros foram levados para Roma e aí obrigados a construir a ‘civitas leonina’, uma das muralhas da cidade. 850 - No dia da Páscoa, em 18 de abril, em Córdoba, um padre católico chamado Perfeito, foi decapitado por crime de blasfêmia por suas idéias controvertidas sobre Maomé. Cristãos mais exaltados (o moçárabe Álvaro e o padre Eulógio) foram perseguidos no Emirado de Córdoba. Foram condenados 2 anos depois em concílio moçárabe.--- O califa, além de impor de novo a ortodoxia islâmica, adotou uma norma discriminatória contra os judeus e cristãos que, obrigatoriamente, tinham que vestir de modo diferente dos árabes (com um véu amarelo na cabeça), não tinham acesso à burocracia estatal nem às escolas, não podiam ter empregados domésticos e suas casas deviam ter sua frente identificada com esculturas de demônios. Além disso, mandou destruir suas igrejas e sinagogas e estabeleceu que deveriam ser enterrados em cova rasa ao morrerem. --- Os árabes da Sicília se apoderaram da Apúlia; aí, no porto de Bari (no Mar Adriático) o então emir Khakfun mandou construir uma fortaleza, de onde partiam para saques na Campânia. Na Sicília erigiram uma fortaleza central em Castrogiovanni. As esquadras punitivas enviadas por Constantinopla para a região foram quase todas eliminadas. 850 a 866 - O Reino das Astúrias, grande líder antimuçulmano, foi governado por Ordoño I, sucessor de Ramiro I. 851- No mercado de Córdoba foram martirizados cristãos moçárabes em junho. --- O califa abássida al-Mutawakkil mostrou suas tendências sunitas em 27 de agosto, ao destituir o juiz (‘cadi’) mutazilita Ibn Abi Du’ad e seus bens seqüestrados; ele foi substituído pelo sunita Yahya ibn al-Aktham em 852. --- Neste ano esteve no Império da China dos Tang, o comerciante árabe Suleiman al-Tajir que notou o modo como se fabricava a famosa cerâmica de porcelana (na cidade de Guangzu), bem como os seus celeiros e a administração do governo e hábitos alimentares como do vinho, chá e arroz. 852 - Na então capital do Califado Abássida, Samarra, em fevereiro/março, foi inaugurada por Mutawakil a maior mesquita do mundo Seu minarete tem 54 metros de altura e apresenta a forma espiral helicoidal. Foi construída em três anos (849 a 852) e foi usada pelos muçulmanos até o século XI, perdendo gradualmente sua importância, desde quando Bagdá retornou à condição de capital dos Abássidas. - Em 10 de março, o governador armênio nomeado pelo califa foi assassinado em Mus, na região de Sassum (no planalto armênio) por camponeses. Em função disso, o representante do califa prendeu o príncipe de Taron, Bagrat, da prestigiosa família aristocrática dos Bagratuni. Estes, então, se uniram aos Mamikonianos e outros armênios contra o califado. A reação árabe foi impiedosa e massacrante: mandou um grande exército comandado pelo general turco Bugha al-Kabir que, depois de passar o rio Kura (ou Cyrus) esmagou os armênios e arrasou com o país, praticamente eliminando estas famílias nobres (em agosto-setembro). --- Em 16 de setembro, em Córdoba, por acusação de blasfêmia, foram executados os moçárabes cristãos radicais Rogellus e Servus-Dei (Servo de Deus).--- Neste 26 ano, morreu o emir Abd er-Rhaman II de Córdoba, sendo sucedido por Mohammed I. Pouco antes de sua morte, ele solicitou aos arcebispos de Sevilha e de Toledo para realizar um concílio, no qual foi desaprovado o martírio voluntário dos cristãos moçárabes. 852 (23 de setembro) a 886 - O Emirado de Córdoba esteve sob o governo de Muhammad (Mohammed) I. 852-855 - Contra uma revolta que eclodiu na Armênia, o califa Al-Mutawakkil mandou o general Bugha al-Kabir, que a debelou, exterminou com a nobreza local e devastou o país. 853 - Em 22 de maio, uma frota bizantina atacou, saqueou e incendiou Damieta no Egito em represália às constantes incursões árabes na Ásia Menor e as relações do Egito com os corsários de Creta. --- O general turco Bugha al-Kabir, em outubro, debelou uma revolta na Geórgia: venceu e matou o emir Ishaq ibn Ismail incendiou sua capital Tíflis (hoje Tbilisi, sua capital). No final do ano mandou para a capital abássida (Samarra) muitos notáveis caucasianos presos, como o georgiano Kostanti-Kakhay. 854 - Neste ano, uma armada do califa perseguiu os Bedja (em Ifrîqiya) por sonegação de impostos. -- Em junho, o emir Mohammed I de Córdoba enviou armada para debelar uma revolta dos moçárabes contra o governador árabe de Toledo, que tomaram a fortaleza de Calatrava, solicitando reforços, em seguida, ao rei Ordoño I das Astúrias, que enviou a ajuda sob o comando do conde Gatón do Berço, que foi vitorioso sobre os muçulmanos em Andujar, mas foi derrotado na Batalha de Guadalacete (sudoeste de Toledo), no verão (final deste ano e começo de 855). 855 - Na Península Ibérica, o governador árabe de Saragoça, inimigo do emir Mohammed I de Córdoba, em seu intento de conquistar o vale do Ebro e a Rioja, invadiu Álava e Al-Qilá e melhorou as condições de defesa da fortaleza de Albelda (Albayda) de Iregua. O rei de Astúrias, Ordonho I, sentindo a ameaça desta fortaleza em sua fronteira oriental, a atacou em 857. 856 - O ministro e ex-tutor do imperador bizantino Miguel III, Bardas, mandou seu irmão, o general Petronas, retomar ofensiva militar sobre a região do Alto Eufrates contra os árabes. --- Em 17 de março, na Itália, os muçulmanos derrotaram os duques lombardos de Salerno e de Benevento no porto de Bari (litoral do Adriático); em seguida, cercaram Nápoles e destruíram a cidade de Misenum (Miseno). --- A cidade de Damghan (ao norte da Pérsia) sofreu, em 22 de dezembro, um violento sismo, destruindo tudo e matando centenas de milhares de pessoas. 857 - O rei de Astúrias, Ordonho I, após repelir tropas do governador de Toledo, seguiu com suas tropas pelo vale do Ebro, foi até Logronho e cercou a fortaleza de Albelda de Iregua. O governador de Saragoça, Musa II (líder do Banu Qasi) veio com suas tropas desfazer o cerco, mas sofreu uma fragorosa derrota no Monte Laturce e foi ferido. A fortaleza de Albelda foi destruída. 857-858 - O califa mandou o general Bugha al-Kabir guarnecer a fronteira ocidental no Alto Eufrates em face da presença dos bizantinos no local. 859 - Em 24 de janeiro, na Sicília, o emir Abbas ibn Fadl venceu os bizantinos comandados por Teódoto na Batalha de Castrogiovanni (cidade fortaleza na região central da ilha) e se assenhoreou do forte de Enna (ou Castrogiovanni, o mais poderoso da ilha). Todos os homens foram mortos; mulheres e crianças, escravizadas e vendidas em Palermo. --- Na Espanha Muçulmana, em 11 de março, foi martirizado o líder radical cristão Eulógio (arcebispo de Córdoba) no cadafalso (e depois decapitado) por ter se negado a aceitar as determinações de um concílio reunido em 852 por autoridades católicas a pedido de Abd al-Rahman. Findou-se, assim, a revolta dos moçárabes.--- Neste ano: Ainda aí em Al Andaluz: os muçulmanos foram derrotados na Batalha de Abelda diante das forças asturianas do rei Ordonho I e do rei Garcia Inhiguez de Pamplona. Esta vitória significou uma anulação do poder desfrutado pelos Banu Qasi, que reagirão depois. --- Os vikingues atacaram Sevilha e Algeciras, queimaram as mesquitas locais; saquearam, outrossim, o litoral ocidental da Península Ibérica (cujo nome era Shark al-Andalus). --- Ataques muçulmanos no sul do Império Franco (Nimes, Arles e Fraxinetum). - Em Marrocos, os Idríssidas construíram a universidade Al Quarauiyine em Fez, ainda existente. --- O imperador bizantino Miguel III e seu ministro Bardas comandaram tropas contra os árabes na cidade de Samosate, resultando na assinatura de uma trégua entre eles (os bizantinos foram obrigados a voltar para Constantinopla por ameaça de ataque dos russos). 860 - Os Samânidas se expandiram para a Transoxiana, tendo como cidades importantes Bukhara e Samarcanda, centros importantes de comércio na Ásia Central. - Os árabes com o apoio dos maniqueístas Paulicianos de Karbeas (que fundaram um Estado no leste da atual Turquia) fizeram incursões na Anatólia dos bizantinos (até 863). 860 até cerca de 1281 (e de 1590 a 1962) - Governo do Iêmen pelos Imãs Zaidi. 861 - O califa alijou o seu primogênito Al-Muntasir da sucessão ao trono em benefício do seu segundo filho (Al-Mu’tazz). O primogênito contrariado com esta atitude, bem como por injúrias sofridas, se aliou a chefes turcos seldjúcidas (pertencentes à guarda pretoriana) afastados pelo pai (ou emires segundo alguns autores), para tramar sua morte: ele foi assassinado a golpes de sabre junto com o seu favorito (este foi incriminado pelo crime) em 11 de dezembro. 861 (11 de dezembro) a 862 (29 de maio) - Califado de Al-Muntasir (ou Muhammad Muntasir). A partir daí começou o processo de desintegração do califado abássida.—Ao contrário do pai, liberou a peregrinação ao túmulo do xiita Hussein. - Teve um curto governo por ficar adoentado por pouco mais de um ano (de 29 de maio de 862 a 8 de junho de 863, quando morreu, sendo enterrado em Samarra). 861 a 870 - ‘Anarquia em Samarra’: período de grande instabilidade política e social no Califado Abássida em que se sucederam 4 califas, verdadeiros joguetes sob o poder de facções militares rivais entre si. 862 - Em 29 de maio o califa foi acometido por uma doença e em 6 de junho começou o governo de Al-Musta'in. 862 (6 de junho) a 866 - Califado de Musta’în (ou Al-Musta`in). Os militares árabes não apreciaram sua ascensão ao poder por concluírem que o califa estava sendo dominado pelos turcos seldjúcidas. Seus irmãos, entre eles o preferido de seu pai (Al-Mu`tazz), sofreram maus tratos da guarda pretoriana turca; um vizir que tentou interferir na situação, foi despojado do cargo, perdeu seus bens e ainda foi exilado na ilha de Creta. 862 9 (continuação) - Herat (que estava sob domínio dos Tahiridas) sofreu incursões de Yaʿqub ben Layṯ. --- O emir Aglábida Abul Ibrahim mandou fazer uma artística ‘minbar’ (cadeira onde se sentava o pregador) na Grande Mesquita de Kairuan com 300 pequenas peças esculpidas, ainda hoje existente. --- Neste ano morreu em Tudela, na Espanha, o governador de Saragoça, Musa II, que se intitulava ‘terceiro rei da Espanha’ e vivia em constantes rusgas com o emir de Córdoba. 863 - O emir de Melitène (Omar) invadiu o tema de Armeníacos de Bizâncio e tomou o porto de Samsun (ou Amisos, no litoral sul do Mar Negro). --- O general Petronas Mamikonian (tio do basileus) obteve a vitória de Poson (fronteiriça entre os temas de Armeníacos e Paflagônia, nas proximidades de Lalakaon) e retomou Melitene e a Armênia sobre os árabes do emirato de Melitène (cujo emir, Omar, morreu nesta batalha), em 3 de setembro. Karbeas, chefe do Paulicianos, foi morto e sucedido por Chrysocheir (‘mão de ouro’), seu sobrinho e genro.--- O general Petronas Mamikonian saiu-se vitorioso mais uma vez sobre os muçulmanos; desta vez foi sobre o emir da Arminiya (ao sul do Cáucaso). --- Mais uma prova do descontentamento dos árabes contra os turcos seldjúcidas da guarda pretoriana: a população de Bagdá se rebelou contra eles e, por outro lado, conclamou a uma nova guerra santa contra os bizantinos. -- O então rei dos francos, Carlos I, o Calvo, recebeu emissários do emir de Córdoba, Mohammed I. --- Na Península Ibérica, o rei Ordonho I realizou incursões sobre o Emirado de Córdoba: tomou e saqueou Coria, enquanto o Conde Rodrigo de Castela atravessava o colo de Somosierra e fazia o mesmo na fortaleza de Talamanca do Jarama. O emir Mohammed I, reforçado com tropas do norte da África, contra-atacou através do seu filho Abd al-Rahman e do general Ab al-Malik, saindo-se vitoriosos sobre o Conde Rodrigo de Castela e o Conde de Álava, devastando depois o vale do Douro até Pamplona. 864 - Os persas Tahiridas de Khorassan, por causa da aplicação de opressiva carga tributária, ensejaram uma rebelião no Tabaristão protagonizada pelos Zayditas sob o comando de Al-Hasan ibn Zayd, que se apossou desta região, visto que o emir tahirida Muḥammad II não pode fazer frente a ele, pois estava às voltas com os Safáridas (mesmo sendo auxiliado militarmente pelos Samânidas). --- Morreu o ex-vizir (desde a época do califa Al-Mustansir) e agora consultor fiscal do califado, o cristão iraquiano Al-Fadl ibn Marwan. 864 a 928 - Os xiitas Zayditas ou Zeydiyya (contrários à idéia de que havia apenas uma linha de imans), sob a liderança de Al-Hassan ibn Zaid, criaram a Dinastia dos Alavidas no Tabaristão, até a conquista Samânida (em 928). Este foi o primeiro emirato xiita ao sul do Mar Cáspio. Em 898 formaram uma dinastia no norte do Iêmen, que aí permaneceu até 1962. 865-866 - O califa Al Musta’in, sentindo-se inseguro por ameaças dos turcos em Samarra, abandonou-a, indo para Bagdá, que passou a ser a capital novamente. Os turcos o pressionaram a retornar para uma reunião em Bagdá. Por desentendimentos mútuos, o califa foi pressionado a abdicar (em janeiro de 866) em favor de Al-Mutazz (que começou a governar a partir de 17 de fevereiro de 866) e foi para Medina, onde foi decapitado enquanto estava prosternado para sua oração e foi enterrado ao lado do corpo de Al-Muntasir.--- Neste período continuaram as refregas entre muçulmanos e cristãos na Península Ibérica. Em 2 de fevereiro de 865 as tropas do reino de Astúrias sob o comando do conde Rodrigo de Castela foram derrotadas na Batalha da Morcuera. Em 866, tropas muçulmanas tendo à frente primeiro Ibn Alanthir e, depois, com o príncipe Abd al-Rahman este atacando Álava e Castela. Retaliando, os cristãos asturianos com uma frota naval atacaram e pilharam o porto de Lisboa, depois Sevilha, Cadiz e Algeciras. Por outro lado, uma frota naval do emirado atacou a Galícia, mas sofreu revés diante do conde Pedro. 27 865 a agosto de 892 - Emirado do samânida Nasr I, filho e sucessor de Ahmad sobre uma grande parte da Transoxiana (à margem esquerda do rio Oxus ou Amu-Daria, ao sul do hoje quase extinto Mar de Aral). 866 (17 de fevereiro) a 869 - Califado de ‘Al-Mutazz (ou Mohammad al-Mutazz ou Mu'tazz billah, cujo nome era Abu 'Abd Allah Muhammad), filho de Mutawakkil. Mandou prender um de seus irmãos (Abu Ahmed), mesmo sendo este um combatente valoroso nas batalhas junto com ele. Foi deposto pela sua guarda turca em 869. 866 (continuação) - Durante a primavera o imperador bizantino Miguel III e seu tio Bardas comandaram uma frota que teria como alvo a ilha de Creta,em punição aos piratas árabes, que atacavam e pilhavam as ilhas bizantinas no Mar Egeu. Ao fazerem escala na foz do rio Meandro (ao sul da Anatólia), Bardas foi assassinado (21/4), gorando a expedição punitiva, que retornou à capital bizantina. --- Emirado de Córdoba foi sacudido por guerras internas. 867 - Em 16 de agosto, o líder popular Ya`qûb bin Layth as-Saffâr se apoderou de Herat aos Tahiridas; em 869 foi a vez de Kirman e Fars; em 873, Khorassan.--- Cerco de Ragusa pelos Aglábidas. 867 a 903 (ou de 861 a 1003, conforme a Enciclopédia Irânica) - Dinastia persa dos Safáridas na Pérsia Oriental (Seistan e depois Khorassan) criada por Ya`qûb bin Layth as-Saffâr (este último nome, Saffâr, significa ‘caldeireiro’, sua antiga ocupação).Dominaram, também, o sul do Afeganistão, o Sind. Esta dinastia durou até 1003 Esta dinastia durou até 903, quando foi substituída pelos Samânidas. Esta província de Seistan tinha sido um refúgio de cismáticos e hereges depois do massacre dos Omíadas. Os Safáridas após 903 se mantiveram como vassalos dos Samânidas e dos mongóis até 1495. Sua capital era Zarandji (no atual Afeganistão, onde ficaram até o fim do século XV). 868 - Em 15 de setembro, um filho de escravo turco de Ferghana, Ahmad ibn Tulun, foi mandado para o Egito pelo califa Al-Mutazz, como lugar-tenente do governador local, com a incumbência de sufocar revolta, mas aí ele criou seu próprio exército de mercenários e se tornou independente. -- O porto de Ragusa (atual Dubrovnik, na Croácia) foi cercado por uma frota naval dos Aglábidas por 15 meses (desde 867); em função disto, os croatas pediram o auxílio militar do novo imperador bizantino Basílio I. Este enviou uma poderosa esquadra de 100 navios que conseguiu desfazer o cerco muçulmano na primavera deste ano. Esta vitória consagrou a suserania bizantina sobre Veneza e o Mar Adriático, em que o império outorgou ao doge, Urso Partecipato, a honraria formal e palaciana de ‘protospatário’ (‘ordem militar e de nobreza’). Neste ano ainda: no Emirado de Córdoba ocorreu a revolta de Mérida contra Muhammad I que assediou e ocupou a cidade, destruindo suas fortificações; os líderes rebeldes foram levados para a capital. - Neste ano e ainda nesta região, o rei Afonso III de Astúrias, se aproveitando da instabilidade interna do Emirado de Córdoba, tomou a cidade do Porto. --- Morreu o historiador, escritor e polemista religioso Al-Jahiz. 868 a 905 - Dinastia dos Tulunidas no Egito e Síria (após 878), fundada por Ahmad ibn Tulun, filho de escravo turco (de Ferghana). Ele mandou erigir às margens do Baixo Nilo uma nova capital, Kataf. Além disso mandou edificar uma mesquita com o seu nome e fazer reparos no velho Farol de Alexandria. 869 - Em abril, os safáridas, comandados por Ya`qûb bin Layth as-Saffâr, se apoderaram do Kirman, logo depois de Fars. --- O califa Al-Mutazz foi deposto pela guarda pretoriana turca, insatisfeita com o não-pagamento de seus soldos militares; em 17 de junho foi aprisionado, morrendo de fome e sede. Em 14 de julho se alçou ao califado Al-Muhtadi. 869 (14 de julho) a 870 (20 de junho) - Califado de Al-Muhtadi (ou Muhtadi Billah), filho de Wâthiq e primo do antecessor. Foi manipulado pelos turcos, nas mãos dos quais foi morto. Em seu curtíssimo governo foram suprimidos os jogos, o vinho, os cantos e músicas do califado; mas a justiça se tornou ágil e pública. 869 (continuação) - Em 5 de setembro, iniciou-se a revolta comunista de escravos negros, chamados de Zendjis (provenientes de Zanguebar), na Baixa Mesopotâmia (em Basra), onde se plantava cana de açúcar. Estavam atendendo ao pedido de um zaidita, Ali ibn Mohammed al-Alawi. Com esta rebelião ficou dificultada a comunicação entre Bagdá e o Golfo Pérsico.—Enquanto estourava esta revolta, Muhammad ibn’Abbad al-Mu’tamid ou Abad III solicitou o auxílio militar de seu irmão Al-Muwaffaq, que fora destituído do governo de Medina. – Em setembro, mais uma vez o Golfo de Lyon (no sul do Império Franco) sofreu ataque dos árabes em Camargo, aprisionando o bispo de Arles, Rotland, que mesmo tendo sido pago um resgate foi encontrado morto em 19 de setembro. --- Neste ano: Bagdá foi sacudida pelo descontentamento de sua população e de suas tropas (formadas por turcos, persas, bérberes e até mesmo dos escravos negros zendjis), estas por falta de pagamento (dependente das finanças dos Tahiridas de Merv). 869 a 891 - O general Muwaffak (ou Al-Muwaffaq ou Abû Ahmad Al-Muwaffak Tahla), um dos filhos do califa Mutawakkil, foi o verdadeiro governante neste período, como regente de Al-Muhtadi e do irmão Al-Mutamid. 869 a 883 - Revolta comunista de escravos negros, chamados de Zendjis (provenientes de Zanguebar), na Baixa Mesopotâmia, massacrando equeimando as cidades de Obolla (antes chamada de Apólogos), Ahwaz e Abadan. Foram insuflados por um Zaidita (Ali ben Mohammed al Alawi). Foi esmagada esta rebelião pelo general Muwaffaq em combate entre Basra e Wâsit. A maioria deles foi morta ou escravizada e seu chefe foi morto e sua cidade destruída; foi decapitado e sua cabeça mandada para Bagdá. 870 - Na primavera, o imperador bizantino Basílio I, através de seu embaixador Pedro, o Siciliano, tentou se articular com os Paulicianos para que abandonassem sua aliança com os muçulmanos. Chrysocheir, seu chefe, apresentou uma condição exorbitante para abandonar esta aliança: a de ficar com toda a Anatólia. Obviamente esta negociação diplomática não foi adiante. O objetivo da articulação era o de controlar os itinerários pelos quais os árabes invadiam o território bizantino. --- Mais outra sublevação da guarda palaciana turca para pagamento de soldos atrasados. O califa reagiu mandando cortar a cabeça de um dos seus comandantes (Baykibal), aumentando a animosidade, resultando em sua captura no palácio e levado sobre uma mula para a casa de um general turco, onde foi submetido a um suposto processo e, depois, encontrado morto em junho. --- Uma guarnição militar bizantina da Ilha de Malta conseguiu abortar uma abordagem do filho do emir Aglábida de Ifrîqiya, Ahmed. Este, no entanto, solicitou reforços da Sicília e se apoderou desta ilha aos bizantinos, além de algumas cidades ainda restantes à subordinação imperial de Constantinopla, em 29 de agosto de 870. --- Neste ano: A presença de comerciantes islâmicos na China (relatada desde 850) se manifestou neste ano com a ida do comerciante coraichita Ebn al-Wahhāb à capital da Dinastia Tang (a cidade medieval mais moderna chamada de Chang’an (às margens de um afluente da margem direita do rio Amarelo). 870 (20 de junho) a 892 (outubro) - Califado de Ahmad Al-Mu’tamid (ou Mu'tamid 'alâ-Allah, também denominado Abu-l-Abbas Ahmad), terceiro filho de Mutawakkil a se tornar califa. Teve um governo fraco à sombra de seu irmão Al -Muwaffaq. Seus vizires foram: Ubeïd Allah, Hasan, Abou-s-Saqr, Ahmad e novamente Ubeïd Allah. 870 - No Egito, o emir Ahmad ibn Tulun fundou Al-Qatai, ao norte de Fostat, que originou a atual cidade do Cairo; seus oficiais turcos foram agraciados com a doação de terrenos pelo emir na área. - O ducado de Nápoles fez uma aliança com os árabes para lutar contra Amalfi. --- Na primavera, o imperador bizantino Basílio I, através de seu embaixador Pedro, o Siciliano, tentou se articular com os Paulicianos para que abandonassem sua aliança com os muçulmanos. Chrysocheir, seu chefe, apresentou uma condição exorbitante para abandonar esta aliança: a de ficar com toda a Anatólia. Obviamente esta negociação diplomática não foi adiante. O objetivo da articulação era o de controlar os itinerários pelos quais os árabes invadiam o território bizantino. --Os Aglábidas (árabes que governaram Tunísia de 800 a 909, sob suserania dos Abássidas) se apoderaram da Ilha de Malta, em 29 de agosto. 871 - Em 3 de fevereiro, o rei Luís II, o Jovem (da Germânia e Baviera) reforçado pelas frotas do duque croata Domagoj, além de Veneza e do governador bizantino de Otranto (na Itália) retomou o porto de Bari, após longo cerco, aos muçulmanos. Em 28 de agosto, os príncipes de Nápoles e de Benevento, insatisfeitos com a presença de Luís II todo este tempo no sul da Itália, se coligaram e fizeram frente a ele, conseguindo prendê-lo, sendo liberado em 17 de setembro. Sua prisão, no entanto, arranhou muito seu prestígio, beneficiando os bizantinos. --- Em junho-julho, o califa, através do seu vizir Muwaffak, confirmou o Safárida Yakub ibn Layth como governador do Tokaristão e Balkh, exercendo sua autoridade sobre o Kirman, Sistan e Sind. - Em 7 de setembro, os Zendjis se apossaram de Bassorá (Basra), após vencerem tropas enviadas por Muwaffak. Bassorá foi pilhada e a maioria de seus habitantes foi morta. Eles suprimiram a coleta de taxas cobradas de mercadores vindos com seus produtos da China. --- Os Zendjis, após vencerem tropas enviadas por Muwaffaq, se apossaram de Bassorá, que foi pilhada e a maioria de seus habitantes, morta. --- Retomada dos desfiladeiros dos Montes Taurus e AntiTaurus, impedindo futuras agressões dos árabes nas fronteiras bizantinas. Houve, também, uma tentativa fracassada em submeter os Paulicianos nesta região. 871- 872 - Se aproveitando da fraqueza conjuntural do Império Islâmico por seu desmembramento, os bizantinos realizaram campanhas militar contra os Paulicianos: a primeira fracassou em 871; na segunda, em 872, Cristóforo, genro do imperador Basílio, se apoderou da capital pauliciana, Tefriq, venceu e decapitou Chrysocheir na Galácia e mandou sua cabeça para Constantinopla. Acabou, assim, o Estado Pauliciano e, assim, Bizâncio pode controlar os desfiladeiros dos Montes Taurus e Anti-Taurus e o alto Eufrates até 882. 872 - O Império Islâmico começou a se desintegrar: Ahmad Ibn Tulun, emir do Egito, se tornou completamente autônomo em relação ao Califado deBagdá. Ele se tornou simpático diante dos cristãos ao isentá-los de impostos. Foi ele o criador do primeiro hospital do Mundo Islâmico no Cairo.- Em Al-Andalus, na cidade de Toledo estourou uma revolta os Omíadas de Córdoba em face de desavenças étnicas entre os ‘muladis’ (mestiços de árabes e não-árabes) convertidos e os muçulmanos. Esta revolta continuou em 873. 28 873 -.Ao morrer o 12º imân xiita Djafar al-Sadiq, surgiram divisões deste grupo: Ismaelianos ou Septimanos (na Pérsia, Síria e Índia, que admitiam apenas Ismail como o sétimo e último imân), os Zaiditas, os Imamitas ou Duodecimanos (que só reconheciam o imân Musa e seus descendentes) e sua ‘ocultação’, desde 765. --- Em agosto, os safáridas, sob a chefia de Yakub al-Saffar, invadiram Khorassan (pretextando a má acolhida de um oficial seu) se apoderaram da capital dos Tahiridas (Nichapur) e, como efeito, a província de Khorassan. Sua conquista avançou até Kabul (no Afeganistão). Tornouse popular ao diminuir a carga fiscal. --- Neste ano: Morreu o grande filósofo e professor na Casa de Sabedoria de Bagdá chamado de Al-Kindi ou Alkindius (Abū Yūsuf Yaʿqūb ibn Isḥāq al-Kindī), tradutor de várias obras gregas (inclusive Aristóteles). Foi designado como ‘pai dos filósofos muçulmanos, por adaptar e sintetizar a filosofia helenística no mundo muçulmano. ---- O restante dos Paulicianos se alojou na fortaleza de Melitene (na curva do Alto Eufrates), representando, pois, um perigo para Bizâncio. O imperador bizantino Basílio I empreendeu campanha militar isolando-a, inicialmente, ao se apoderar de Sebaste à Tefrik, mas não teve êxito em assediá-la, no verão, retornando, então, à Constantinopla. --- Novas campanhas militares bizantinas na frente ocidental contra os corsários árabes do Emirado de Creta, como a vitória de Nicetas Oryfas sobre eles no Golfo de Corinto. 873-874 - A Espanha muçulmana, a Itália e a Alemanha tiveram um surto de fome em face de uma invasão de gafanhotos (provenientes da Espanha) destruindo plantações e colheitas. 873 a 901 - Amr al-Layth, irmão e sucessor de Yakub al-Saffar, governou o território safárida e foi reconhecido como um emirato independente. 874 - No início de janeiro, o 11º imân xiita, Hasan al-Askari, morreu envenenado a mando do califa e foi sucedido por seu filho Muhammad al-Mahdi (cuja mãe era uma escrava de origem bizantina chamada de Narjis Khatun), que foi o último imân conforme a tradição dos xiitas duodecimais, segundo os quais iniciou-se a primeira ocultação. Neste ano se iniciou a primeira ocultação conforme a tradição xiita duodecimal. Ainda em janeiro, o irmão do emir tahirida Muhammad, Hussein ibn Tahir al-Ta’i, sofreu uma rebelião em Bukhara, que, por sua vez, foi devastada por uma incursão por forças de Kharezm (ao sul do Mar de Aral). Esta mesma cidade, em 1 de julho, foi ocupada pelo samânida Ismail (mandado pelo seu irmão Nasr), passando a ser a capital samânida. 874 a 877 - Simultaneamente às investidas sobre Melitène, o imperador bizantino ocupou a ilha de Chipre neste período; quando pretendeu transformá-la num dos temas (províncias) do império, encontrou resistência por parte de sua população, o que facilitou a sua retomada pelos muçulmanos em 877. 875 –Em Ifrîqiya, em meados de fevereiro, iniciou o governo do emir aglábida Ibrahim II, que passou a capital do emirado para Raqqada (em 876); ele discriminou os judeus e cristãos em seu território. Ele mandou executar trabalhos na Grande Mesquita de Kairuan. --- Em julho, o califa Al Mutamid investiu o samânida Nasr no emirato de toda a Transoxiana, a fim de conter os Safáridas do Seistan em seu ímpeto expansionista. O irmão de Nasr, Ismail, se apoderou da importante cidade comercial de Bukhara, se aproveitando de sua situação precária após os saques perpetrados pelos kharezmianos (do sul do Mar de Aral). Esta cidade se tornou a capital do emirado samânida. --- Na Espanha muçulmana, foi fundada a cidade de Badajós pelo muladi Ibn Marwan, que se rebelara contra o emir Muhammad I. 875-876 (inverno) - Os piratas árabes do Adriático cercaram e pilharam as cidades litorâneas de Grado e Comacchio no norte da Itália.--- Nesta época,o rei da Francia Ocidental, Luís II, o Gago (filho de Carlos, o Calvo) disse que o sul da Itália se tornara uma parte da África (Ifrîqiya) pois suas cidades, unidas aos Aglábidas, saquearam o litoral. 875 a 1005 - Aos iranianos sunitas Samânidas, originários de Balkh (ou Bactres), inicialmente sob o governo de Nasr ben Ahmad, o califa Muhammad ibn’Abbad al-Mu’tamid ou Abad III outorgou a região da Transoxiana, sediando em Bukhara a sua capital. Procederam à islamização dos turcos. Com os Samânidas a língua persa reviveu. 876 - Segunda investida militar do imperador bizantino Basílio I contra o emir de Melitène (ou Malatia) atacando a fortaleza local. 876 - 877 - A campanha romana foi alvo de destruições e saques dos muçulmanos, obrigando o papa João VIII a pagar um tributo anual.--- Do outrolado da Península Itálica, a população de Bari, sentindo-se insegura pela ameaça de cerco dos muçulmanos, pediu a ajuda do governador da cidade bizantina de Otranto, que, no Natal, aí fixou sua residência em nome do imperador. 877 - Em 7 de abril, o papa João VIII pediu a ajuda do rei da Francia Ocidental, Carlos o Calvo, na cidade de Compiègne (onde estava celebrando a Páscoa) contra as incursões dos árabes na Itália (realizadas em 11 e 13 de fevereiro). ---- Em outubro, o califa Muhammad ibn’Abbad al-Mu’tamid ou Abad III nomeou Musa ibn Bugha como governador do Egito e o mandou sufocar uma revolta contra Ahmad ibn Tulon; partiu de Samarra, mas morreu em Bagdá. Ahmad ibn Tulon venceu as tropas sírias enviadas contra ele; deixou o Egito sob o governo provisório de seu filho Khumarawayh e, contando com o apoio do Cármatas, se apoderou da Síria (Damasco), da Cilícia e Mesopotâmia (em 878). Ahmad ibn Tulon e os Cármatas foram os criadores do Estado de Bahrein (ilha no Golfo Pérsico) em 903 e aí ficaram até 1078. --- Neste ano: Cármatas, seita muçulmana ismaelita de vertente igualitária e comunista, se reunindo secretamente, surgiu perto de Hama (na Síria) sob a liderança do camponês iraquiano Hamdan Qarmat. Dominaram a Síria e o Iraque. --- O imperador Basílio I, ainda persistindo em seu objetivo de atacar Melitène, retomou a fortaleza de Luluas (na rota de Tarso para a capital bizantina), na Cilícia (onde estavam os eslavos, que não se opuseram à ação militar do imperador bizantino). --- O duque de Nápoles, Sérgio II, tinha sido excomungado pelo papa João VIII por ter se aliado aos Aglábidas, além disso, foi deposto do ducado, sendo substituído por seu irmão Atanásio (que era bispo), este último o cegou e o mandou prisioneiro para Roma. Esse papa tentou subornar as autoridades de Amalfi pelo ouro ou pressioná-las intimidando-as com a excomunhão para que se desligassem de suas relações comerciais com os árabes. 878 -- Ahmad ibn Tulon, em abril, deixou o Egito sob o governo provisório de seu filho Khumarawayh e, contando com o apoio dos Cármatas,marchou de Ramla (na Palestina) para Homs e Alepo sem nenhuma resistência, cercando e tomando Antióquia (cuja defesa foi feita pelo governador de Alepo, Sima al-Tawil, nela sendo morto) em setembro/outubro. A seguir foi para a Cilícia, chegando a Tarso, onde foi mal recebido; daí voltou para o Egito. --- A árdua conquista de Siracusa (na Sicília), em 21 de maio, após cerco de 10 meses pelos árabes da África (Aglábidas de Ifrîqiya)) e da Sicília, restringiu a soberania bizantina na ilha à Taormina e outras pequenas cidades (no lado oriental). --- No Iraque, os Zendjis se apoderaram de Wasit (entre Bassorá e Bagdá), entre agosto e setembro deste ano. --- O ‘12º iman’ sucessor de Maomé, Mahdi (ou Mehdi), suposto enviado de Alá, sumiu misteriosamente em Samarra e seus seguidores, os Imamitas ou Duodecimanos, consideraram que ele retornará no julgamento final da Humanidade. --- Os emires muçulmanos do leste da Ásia Menor, sob a liderança de Abdallah-ibn-Rachid, reagindo à tomada da fortaleza de Luluas (entre Tarso e Constantinopla) pelos bizantinos, saquearam a região meridional da Capadócia. Forças bizantinas comandadas por Basílio I, os surpreenderam na Porta da Cilícia (hoje chamada de Gülek Boğazı, uma passagem importante nos Montes Taurus), vencendo-os fulminantemente na Batalha das Portas Cilicianas, em que Abdallah foi preso; assim, os bizantinos restabeleceram seu domínio entre Cesareia e Marach. 879 - Após a vitória bizantina na Batalha das Portas Cilicianas, cinco estrategos fizeram incursão em Adana, onde o imperador Basílio e seu filhoConstantino vieram encontrá-los; daí atravessaram a fronteira síria e arrasaram algumas praças fortes. --- O general Saffar (Yakub ibn Laith al-Saffar) tentou inutilmente depor o califa em Bagdá, mas foi derrotado. O califa Muhammad ibn’Abbad al-Mu’tamid ou Abad III delimitou a sua área de atuação, visto que o califado estava desmembrado em emirados e era impotente para castigar o safárida, reconhecendolhe as províncias de Khorassam, Djibal, Fars, Sistan, Kerman, além do Sind e da Transoxiana. - No Emirato de Córdoba eclodiu a revolta do ‘muladi’ (cristão convertido ao Islamismo) Omar ibn Hafsun, conseguindo formar um emirato autônomo perto de Málaga, tendo como centro Bobastro (daí até 918 atacou várias vezes Córdoba). --- Neste ano, em Cantão (na China), os muçulmanos (geralmente comerciantes) foram massacrados em face de revolta protagonizada por Huang Tchao (que se iniciara 5 anos antes). 879-880 - Frota naval bizantina, sob o comando de Nasar (que substituíra Nicetas Oryfas), após sufocar uma rebelião dos remadores (em Methone ou Modon, na Península do Peloponeso), venceu os árabes numa batalha noturna e uma frota dos Aglábidas ao norte da Sicília (tomando Termini e Cefalu) e acabou com a frota inimiga nas Ilhas Lípari. Além disso, os bizantinos exerceram protetorado sobre Salerno, Cápua, Nápoles e Benevento. Estava, assim, reconquistado todo o sul da Itália e se criaram os ducados de Calábria e Langobardia; impuseram a suserania aos príncipes lombardos e criaram 2 bispados ortodoxos. Retornaram para Constantinopla carregados de butim. 880 - Uma grande armada constituída por forças dos temas bizantinos da Europa, tendo à frente Nicéforo Focas (que viera com tropas dos temas orientais em ação simultânea com outra vinda de Nápoles), se apoderou de Tarento aos árabes Aglábidas da Tunísia. -- A Armênia sofreu intervenção de Bizâncio. --- Construção da Mesquita Tarik-kana em Damqan (ao sul das Montanhas Elburz, situadas ao norte da Pérsia). 29 881 - Em 24 de fevereiro, o todo poderoso vizir Al-Muwaffaq com suas tropas iniciou o processo de bloqueio total à capital dos revoltosos escravos negros Zendjis (ou Zandj), chamada de Al-Mukthara (‘a escolhida’). --- Neste ano, o rei Afonso III das Astúrias, com ajuda militar dos Banu Qasi e do Reino de Navarra conquistou terras ao Emirado de Córdoba ao sul do rio Tejo. 882 - O imperador bizantino Basílio I tentou tomar Melitène, mas não conseguiu porque esta fortaleza recebeu reforços de Khada e Marash (ou Maras, no Alto Eufrates). Tentou, outrossim, mas sem conseguir nada, se apoderar destas duas cidades. --- No norte da Itália, na foz do rio Garigliano, os árabes ergueram uma base de operações, aí ficando até 916. No inverno de 882-883 eles atacaram e destruíram a Abadia de Monte-Cassino (entre Roma e Nápoles). --- Em Herat (província de Khorassan e hoje no Afeganistão), Rafe ibn Hartama, com o apoio de sua população, na ‘kotba’ (oração semanal da sexta-feira) mencionou o nome dos Tahiridas. 883 - Após longo cerco, caiu a capital dos Zendjis, Al-Mukthara, em 1 de agosto, pelo vizir Al-Muwaffaq, com auxílio de tropas do Egito. O seu chefe, Ali ibn Mohammed foi decapitado. -- Ainda tentando se apoderar de Melitène, foi destruída, em 14 de setembro, uma armada bizantina (sob o comando de Kesta Stypiotes ou Styppeiotas) pelos árabes comandados por Yazaman ‘al Khadin’ (o Eunuco), emir (governador militar de Tarso) perto de Tarso (na Cilícia), aí morrendo o comandante bizantino. --- Uma investida naval árabe contra a fortaleza bizantina de Euripos (ou Chalkis, na ilha de Eubéia, na Grécia) foi rechaçada pelo governador do tema da Hélade, utilizando o fogo grego. --- De 4 de setembro a 22 de outubro, os árabes (da base de Garigliano) atacaram, saquearam e queimaram a Abadia de Monte Cassino (entre Roma e Nápoles), matando o seu abade Bertário. --- Depois de uma derrota muçulmana em Pancorbo e Castrojeriz frente aos cristãos, foram realizadas negociações entre o Emirado de Córdoba e o Reino das Astúrias (representado por Dulcídio, um clérigo de Toledo) acertando uma trégua entre os dois Estados, de setembro a dezembro, na capital omíada de Andaluz. --- Neste ano: A Dinastia dos Midraridas (do Reino de Sijilmassa, em Marrocos) passou a adotar oficialmente o kharidjismo de rito sufrita e reconhecer a autoridade religiosa dos Abássidas (que eram sunitas). Neste século este reino atingiu o ápice de sua prosperidade graças ao tráfico de ouro comercializado nos países mediterrâneos e no Oriente Médio. 884 -.Os Tulunidas foram reconhecidos pelos Abássidas de Bagdá como governantes independentes do Egito e da Síria, mediante o pagamento de um imposto anual. Em 10 de maio, morreu Ahmad Ib Tulun, sendo sucedido pelo seu filho Khumarawaih, como governante do Egito e Síria até 896. - Em 26 de agosto, foi sagrado rei da Armênia, Achot, o Grande, da família aristocrática dos Bagrátidas, recebendo o título de príncipe dos príncipes pelo califa. Ele manteve boas relações com o imperador bizantino Basílio I, que também lhe enviara uma coroa. Ele reinou até 890. --- O fundador da Dinastia Zaidita (Al-Hasan ibn Zayd) morreu neste ano, sendo sucedido por Muhammad, seu irmão. --- Em Andaluz, reiniciaram as incursões de Ibn Marwan al-Djilliki contra o Emirado de Córdoba (governado ainda por Mohammed I), resultando na fundação da cidade de Badajoz, que se tornou um refúgio de ‘muwallads’ (mestiços de não-árabes com árabes convertidos ao Islamismo), sobretudo dos precedentes de Mérida. --- Os árabes de Garigliano sofreram um ataque e foram submetidos por Guy, marquês de Spoleto ; graças a isto, angariou a simpatia do imperador fraco Carlos III, o Gordo e dominou a Itália, tornou-se defensor do papado (foi coroado rei da Itália em 889 e imperador do Ocidente em 891, sob o nome de Guy II). 884 a 1079 - Dinastia dos Pakraduni (ou Bagrátidas) da Grande Armênia, criada por Achot I , sendo coroado rei neste ano pelo califado em Ani. Foi a terceira dinastia armeniana. ~ 885 - Os Samânidas, com sua capital em Nishapur, iniciaram o processo de definição de sua autonomia em relação ao califado em Bagdá. 886 (9 de agosto) a 888 (29 de junho) - O Emirado de Córdoba esteve sob o governo de Al-Mundhir, filho de Muhammad I. 886 - Revoltas na Espanha muçulmana (sob o novo governo de Al-Mundhir) promovida pelos ‘convertidos’ (‘muwallads’) sob a liderança de Álvaro e Eulógio. --- Ainda neste emirado: foi nomeado novo governador de Saragoça, Ahmad ibn Al-Barra, pelo emir Al-Mundhir. Enquanto o emir organizava seu governo, seu inimigo Omar ibn Hafsun reorganizava suas tropas, ocupou a região montanhosa de Takorona (Montanha de Ronda) e de Rayya (em Málaga) e as cidades de Iznajar e Priego, além de realizar incursões em Cabra e Jaén. 886 a 900 - Em face de contínuas incursões dos emires da Anatólia nas fronteiras do Califado de Bagdá, houve repetidos conflitos entre eles nesta região fronteiriça. Em 896 houve uma trégua para a troca de prisioneiros, mas em 897 continuaram, só que a partir daí se conjugaram expedições por terra e por mar no litoral anatólico. 888 - O emir de Córdoba, Al-Mundhir, no início deste ano, se pôs à frente de suas tropas, cercou e se apoderou de Archidona, mandando matar seus defensores moçárabes e ‘muladis’ (seu líder foi crucificado entre um porco e um cachorro); retomou Priego (onde procedeu da mesma forma) e cercou Bobastro de Andalucia. Omar ibn Hafsun se rendeu em troca de anistia, mas tão logo o emir se retirou ele voltou à luta contra o emir. Al-Mundhir ficou doente e mandou seu irmão 'Abd Allāh ibn Muhammad, quando este retornou à Córdoba, em 29 de junho, Al-Mundhir tinha morrido. ---- Neste ano, os muçulmanos se apoderaram de Fraxinetun (La Garde-Freinet), nas proximidades de Saint-Tropez, em Provença (no Império Carolíngio), transformando-a em base de operações de pilhagem dos mosteiros e das cidades e vilas da região, capturando habitantes e vendendo-os como escravos. As principais ocorrências com esta finalidade foram em 900 e 910. 888 (29 de junho) a 912 - O governo do Emirado de Córdoba esteve nas mãos de Abdallah ibn Muhammad. 889 - No Emirado de Córdoba, o ‘muladi’ Omar ibn Hafsun, que formou território livre em Andaluz, se apoderou de Estepa, Osuna, Ecija e massacrou a guarda de Baena, continuando sua incursão até a capital, Córdoba. Procurou, sem sucesso, legitimar seu poder mandando uma embaixada aos Aglábidas de Ifrîqiya. --- A partir deste ano, o vizir Al-Muwaffaq por estar sofrendo de elefantíase, deixou cada vez mais os encargos políticos sob a responsabilidade de seu filho Al-Mutadid. 889 a 929 - O Azerbaijão iraniano foi governado pela dinastia muçulmana dos Sadjidas, originários da Ásia Central, tendo como primeiro emir a Muhammad ibn Abi’l-Sadj. O estabelecimento dos Sadjidas nesta região não foi do agrado do governo samânida em Raí (tanto amigo como inimigo dos armênios), que era autônomo tanto geograficamente (pelos Montes Elburz) quanto politicamente do califado de Bagdá, e culturalmente (pela religião zoroastriana e língua pehlevi e persa). 890 - O criador da seita dos Cármatas, Hamdan Qarmat, fundou a fortaleza de Dar al-hijra, um refúgio para seus adeptos nas proximidades de Kufa. --- Na Itália, os sarracenos cercaram a abadia de Farfa, que resistiu por 7 anos; a seguir foi destruída a abadia beneditina de Subiaco e saqueados o vale do Anio e Tívoli; nas proximidades de Roma (em Saracinesco) e nos Montes Sabinos (em Ciciliano), tornando a campanha romana um verdadeiro deserto. 891- Em meados de abril, o exército do emir de Córdoba, Abdallah ibn Muhammad arrasou com as tropas do ‘muladi’ Omar Ibn Hafsun na Batalha de Poley (Aguilar); os que puderam fugir foram para Bobastro (localização imprecisa, talvez nas Montanhas de Ronda). --- Em 23 de outubro foi atacada e cercada a fortaleza bizantina de Salandu (a oeste da Cilícia) pelo emir de Tarso, Yazam al Khadal, que foi alvejado por uma catapulta, tendo que sustar o cerco e morreu na volta para Tarso, onde foi enterrado. --- Neste ano: Os muçulmanos aportaram em Nice (em Provença) e saquearam a região do Piemonte, antes de ir para os Alpes e controlar seus desfiladeiros. 892 - Por volta deste ano foram eliminados os remanescentes da revolta comunista dos Zendjis.--- O samânida Ismail I, irmão e sucessor de Nasr (que morreu em agosto), estabeleceu Bukhara como sua capital e governou até 907. --- De 16 para 17 de outubro, o califa Al- Mutamid morreu ingloriamente após uma bebedeira; foi sucedido por al-Mu'tadid. 892 (17 de outubro) a 902 (5 de abril) - Califado Abássida de Mu’tadid (ou al-Mu'tadid, que se denominou Abu-l-'Abbas Ahmad, que era sobrinho de Muthadi). Ele retornou a sede da capital abássida para Bagdá novamente, abandonando definitivamente Samarra. Em Bagdá o palácio do califa ficava na margem esquerda do rio Eufrates, enquanto as casas do povo (‘al Karkh’) e o comércio se localizavam na margem direita (no lado oeste do rio). O tesouro real se esgotou cada vez mais durante o seu califado. Seu governo foi abalado por revoltas dos Caridjitas e dos Cármatas.—Os vizires deste califa foram: Ubeid Allah e Qasim. 892 (continuação) - O emir tulunida do Egito Khumarawayh ofereceu sua filha como dote ao novo califa de Bagdá, Al Mutadid; este concedeu-lhe o título de emir do Egito e da Síria, mas tendo que pagar um imposto anual. 892 a 896 - O emir Khumârawayh, do Egito e Síria, teve reconhecida a sua autonomia pelo califa Al-Mu’tadi, mediante o pagamento de um imposto anual. Ao ser assassinado 4 anos depois, foi sucedido pelos filhos, primeiro por Abû al-`Asâkir e, depois, por Hârûn, mas o emirado caiu na anarquia. 893 - Na Pequena Kabília (norte da Argélia atual), o ismailiano Ubayd Allah al-Mahdi criou o movimento fatímída junto às tribos Kutama, tendo do lado ocidental as tribos Sanhadja. Com suas pregações milenaristas reivindicava ser descendente de Maomé pela sua filha Fátima e seu genro Ali. -- O emir Ismail I dos Samânidas se apoderou de Talas (às margens do rio Iaxartes, hoje chamado de Syr Daria), capital dos turcos Qarluks. Aí transformou uma igreja em mesquita. A região era chamada de Ustrushana e seu governante se converteu ao islamismo. --- Em Ifrîqiya, o emir aglábida Ibrahim II mandou tropas para sufocar uma revolta da guarnição militar da fortaleza de Belezma (na Argélia atual). 893 a 910 - O Rei Afonso III de Astúrias conseguiu se apoderar das cidades de Douro, Zamora, Simancas (ao norte do Emirado de Córdoba) e de Osma e S. Estevão de Gormaz (a leste). 30 894 - No final de julho, o emir aglábida Ibrahim II de Ifrîqiya mudou a capital Kairuan para Túnis. --- Neste ano: O imperador bizantino Leão VI, em função de sua política armeniana (de quem recebeu homenagem de vários feudatários como o príncipe Gregório de Taron) mandou destruir todas as fortalezas árabes (que antes eram igrejas) e ocupou a cidade de Teodosiópolis, na Alta Mesopotâmia. --- Neste ano (ou em 903):- A seita ismailiana dos Cármatas se estabeleceu na Ilha de Bahrein, no Golfo Pérsico, aí permanecendo até o ano de 1078. 896 - Em 16 de setembro, através de uma trégua na guerra de fronteiras na Ásia Menor entre os bizantinos e árabes, estes conseguiram resgatar 2.500 deles que estavam aprisionados. Em 897, porém, se retomaram as hostilidades até 900. --- Em Damasco, Khumaraway foi assassinado; com sua morte, os sucessores fracassaram na manutenção da independência do Egito em relação ao califado. Logo após sucedê-lo, o filho, Abu al-Asakir, também foi assassinado; o outro sucessor, Harun, foi fraco em manter a integridade do seu território. 896-898 - Afshin, governador árabe do Azerbaidjão neste período, e depois seu irmão (Yussuf) incursionaram e promoveram saques na Armênia, em represália ao bom entendimento entre o rei armênio Sempad e o imperador bizantino. 897 - Os muçulmanos atacaram Barcelona, na Espanha, em 11 de agosto, morrendo seu defensor o Conde Guifredo, o Peludo. --- O litoral da Cilícia, pertencente ao Império Bizantino, foi atacado por terra e por mar pelos árabes. 898 - Os muçulmanos da Campânia, de sua posição estratégica em Garigliano, estavam constantemente fazendo pilhagens sobre áreas vizinhas: neste ano, se estabeleceram sobre a Abadia de Santa Maria de Farfa, visto que os monges beneditinos aí residentes a tinham abandonado em face da instabilidade em ficar ali, mesmo estando próximo de Roma (em Farfa). 898-9 - Os bizantinos estavam sempre às voltas com incursões dos árabes da Sicília e do sul da Itália (Calábria e Campânia). Para combatê-los, frotas bizantinas conseguiram ocupar o Estreito de Messina (entre a Sicília e a Calábria) e, assim, expulsar os árabes da Calábria. 898 a 1962 - Foi criada uma monarquia xiita (Imamato) no norte do Iêmen (em Saada) pelo zaidita Al-Hâdi Yahya Ibn al-Hussein, que durou até 27 de setembro de 1962 (a partir daí o Iêmen se tornou uma república). 899 - No Emirado de Córdoba, depois que o aventureiro Omar ben Hafsun (líder dos ‘muladies’ e governando Bobastro, na região montanhosa de Andalucia) foi vencido pelo emir, se converteu ao cristianismo. 900 - Em 28 de maio, Ismail I, emir dos persas Samânidas de Transoxiana e de Khorassan, venceu e prendeu o emir safárida Amr bin Layth próximo de Balkh; fazendo com que este último lhe restituísse Khorassan e se vassalarem a ele. Os Safáridas se restringiram, a partir de então, a Sistan (Seistan) e se tornaram vassalos dos Samânidas e seus sucessores. Também neste ano, ele retomou parte do Tabaristão aos Zaiditas, cujo chefe Muhammad ben Zayd morreu na defesa do seu território. Os zaiditas, em parte, migraram forçadamente para a região vizinha de Gilan (antes chamada de Hircânia, entre o Mar Cáspio e os Montes Elburz). De 900 a 905 os xiitas se dispersaram. --- Em agosto, o irmão do emir aglábida Ibrahim I chamado Abdallah II, após sufocar uma revolta em Ifrîqiya, se lançou contra o último ponto remanescente dos bizantinos na Sicília, que era Taormina (só foi tomada em 902). 900 a 999 - Os Samânidas, já emires da Transoxiana, passaram a governar Khorassan. O final deste século e primeira metade do século X são marcados pelo processo de desagregação do Império Islâmico, tanto do lado oriental (a Transoxiana, com os Samânidas), no centro (o Egito e a Síria com os Tulúnidas, em 879, e depois, separadas sob o governo dos Ikhchidas, em 935). Mais importante ainda foi a formação do Califado dos Fatímidas (em Kairuan, Tunísia atual, em 909); em 929, em Andaluz (Espanha Muçulmana, o emir se proclamou califa. O Império Islâmico ficou cindido, pois, em 3 califados. Do final deste século até a metade do próximo, os Samânidas tornaram sua corte de Bokhara e suas capitais regionais (Marv, Nishapur, Samarcanda e Balkh) centros de saber tão fulgurantes quanto os de Bagdá. Favoreceram o estudo da cultura árabe clássica, da literatura neo-persa e até protegeram os pensadores não ligados ideológica e religiosamente a eles. Com esta proteção surgiram grandes filósofos como Razi (ou Rhazés) e Avicena, os historiadores Bal’amik e poetas (Daqiqi e Ruddaki). SÉCULO X No início deste século, houve ações de pirataria sarracena no noroeste da Itália (região da Riviera Ligura, em San Remo e Albenga) e na região dos Alpes do Piemonte (onde saquearam os mosteiros de Novalaise e de S. Dalmazzo). A expansão do islamismo se fez sentir mais ao sul dos Estados Islâmicos da África Setentrional, como no caso dos Bérberes (tribos que habitavam desde o Atlântico ao Nilo, incluindo o Saara) e dos somalianos. Ainda na África: os entrepostos comerciais entre Sofala (em Moçambique) e Mogadiscio (na Somália), operados por comerciantes persas e árabes, tornaram-se concorrentes entre si. Em Marrocos, um segmento da tribo dos Zenatas, os Banu Ifren, constituíram a primeira dinastia bérbere muçulmana da África, a dos Ifrenidas, cuja área de atuação soberana era a de Tlemcen. Há referencias da presença de comerciantes árabes controlando entrepostos comerciais em ilhas do Sudeste da Ásia (mais especificamente no chamado país das mil ilhas, que é a Indonésia). Criou-se até a fábula de habitantes locais chamados de ‘waq-waq’, humanóides que nasciam em árvores. Na primeira metade deste século a língua neopersa (enriquecida de componentes léxicos árabes) atingiu sua maturidade. Este é o século em que os Abássidas entraram de tal modo em crise de poder, que os persas Buyidas, de 933 a 1055, ficaram à frente do califado na Pérsia ocidental. Separatismo de militares e da aristocracia rural e as disputas palacianas no meio deste século promoveram o enfraquecimento e conquista do Estado Samânida nas últimas décadas do século pelos Caracânidas e pelos Ghaznávidas na Transoxiana e em Khorassan. Quase toda a primeira metade deste século foi permeada por deposições e massacres dos califas Abássidas de Bagdá. Na segunda metade do século os Fatímidas se impuseram no Egito e iniciou-se a conquista do norte do norte da Índia pelos muçulmanos afegãos chamados Ghaznávidas. Os muçulmanos para defender suas fronteiras com Bizâncio tiveram como seus agentes os emires Hamdânidas de Alepo, já que o Califado Abássida de Bagdá estavam em processo de decadência e desmembramento político. Neste século os bizantinos reconquistaram aos muçulmanos uma parcela do norte da Síria (Antióquia e Lataquia) e Edessa. O califado abássida de Bagdá estabeleceu a versão definitiva e oficial do Corão, cujo texto foi redigido por um especialista, Ibn Mujahid. 901- Um missionário ismailiano, Abu abd-Allah (na África do Norte, principalmente em Kabilia situada a nordeste da Argélia atual e habitada pelos bérberes Kutama, na vila de Ikdjan) fazia uma pregação secreta (da’wa), objetivando instaurar um novo califado ismailiano, o dos Fatímidas. --- Os Aglábidas saquearam, em 10 de junho, a cidade bizantina de Reggio de Calábria (sul da Itália) e fulminaram a esquadra bizantina sediada em Calábria. Enquanto isto, eclodiu uma revolta dos bérberes Kutama, liderados pelo xiita Abdullah Abuk, contra o Emirado de Ifrîqiya (dos Aglábidas). - Em 10 de julho, na Península Ibérica, o rei de Astúrias, Afonso III, venceu a Batalha de Zamora sobre os mouros liderados por Ibn al-Qitt (inflamados pela guerra santa pregada por Abu ‘Alial-Sarraj). -- Ocupação do Iêmen pelos Ismaelianos ou Septimanos (seita xiita que se julga descendente do sétimo imã, Ismail, da linhagem de Ali). --- O samânida Ismail I da Transoxiana (desde 892) e do Khorassan venceu, próximo de Balkh (ou Bactres), em 28 de maio, os invasores Safáridas (comandados por Amr bin Layth) em sua província. Amr bin Layth foi mandado para Bagdá, preso e mandado executar pelo califa Al-Mutadid (que estava morrendo). A partir daí, os Safáridas ficaram restritos apenas à província de Sistan e se tornaram vassalos dos Samânidas e os seus sucessores. 901-904 - Os bizantinos se aproveitaram da situação instável do califado abássida de Bagdá para promoveram incursões às fronteiras ocidentais da Pérsia Islâmica; mas, simultaneamente, sofreram revezes diante dos corsários muçulmanos de Creta e do litoral da Síria atacando e pilhando o litoral da Grécia e as ilhas do Egeu. 902 - O califa abássida de Bagdá, Al-Mutadi morreu em 5 de abril, sendo sucedido pelo filho ‘Ali, que tomou o nome de Al-Mukktafi Billah, que ele teve de uma escrava turca, Jayjack. --- Mercadores de El-Andalus (Espanha Islâmica) estabeleceram uma representação sua no porto de Oran (na Argélia). 902 (6 de abril) a 908 (13 de agosto) - Califado de Al-Muktafi Billah. Esta sucessão teve boa acolhida por parte da população de Bagdá, visto que ele revogou algumas medidas repressivas tomadas pelo seu pai e mandou fechar as prisões subterrâneas da cidade. 31 902 (continuação) - Em 20 de abril. foi executado em Bagdá o governador safárida de Khorassan, Amr ibn Layth. Nesta mesma época a capital abássida foi sacudida por sismos.— Em julho, a Síria dos Tulunidas foi invadida pelos Cármatas, chefiados pelos 3 filhos de seu líder Zakarawayh Ibn Mihrawayh (Hussein, Yahya e Ali), chegando em ar-Raqqah (às margens do Eufrates) e pilhando as cidades de Homs, Alepo, Baalbech, Ma’arrat al-Numan e As Salamya (Salamyeh). Nesta última residia o imam dos ismaelitas Al-Mahdi (Ubayd Allah al-Mahdi), que fugiu a tempo, antes do ataque e pilhagem dos Cármatas. O califa, ao ser informado por alguém vindo de lá, mandou tropas, comandadas por Subuk (pagem do califa) para combatê-los, em novembro, morrendo Ali e Yahya; Hussein foi preso e levado para Bagdá e aí foi executado. --- Entusiasmados pela ‘guerra santa’ e prosseguindo a disputa pelo sul da Itália e Sicília, o emir de Ifrîqiya, Ibrahim II, desembarcou em Trapani e conquistou a última cidade ainda em poder dos bizantinos na ilha, Taormina (em 1 de agosto); l mês depois, atravessou o Estreito de Messina e desembarcou de novo na Calábria devastando tudo e cercando Cosenza (1 de outubro), mas morreu 22 dias depois, provocando a saída de sua armada do teatro de operações de guerra. Mesmo assim, ainda permanecia a ameaça dos árabes de Campânia, em sua posição estratégica de Garigliano. No emirado de Ifrîqiya, se aproveitando da morte de Ibrahim II, o imam xiita Abû `Abd Allâh achChî'î agitou os bérberes Kutama (na Kabília, a nordeste da Argélia atual) contra o emirado: cercou e se apoderou de Mila. Foi mandado um exército pelo emir Zyadat Allâh, que teve pela frente o filho do imam, Al-Ahwal, que o venceu; este último, foi chamado à capital aglábida (Túnis) pelo emir, que mandou matá-lo. --- Neste ano: Issan al-Hawlani, a mando do emir de Córdoba, atacou e se apoderou da Ilha Majórica (do Arquipélago das Baleares no Mediterrâneo Ocidental). 902-903 - Continuaram os ataques de corsários árabes de Creta e do litoral da Síria sobre as ilhas do Egeu e do litoral da Grécia, pertencentes ao Império bizantino, cuja frota naval não pode defender sua população, insegura até em cidades fortificadas (como ocorreu na pilhagem de Demetrias, Volo atual, na Tessália). 902 a 998 - Os Samânidas exerceram suserania sobre toda a Pérsia oriental (do Khorassan ao Sistan, esta região era dos Safáridas) e o Afeganistão atual. Segundo o historiador e orientalista francês Gaston Wiet, esta dinastia persa dominou a Transoxiana desde 874 e de Khorassan de 892 até cerca de 999. Já no ‘Atlas da História do Mundo’(do jornal ‘The Times’) se coloca o seu domínio nestas regiões de 819 a 1005. 903 -- No Império Bizantino, fracassou uma revolta de Andrônico Dukas, comandante das tropas de fronteira da Ásia Menor (com o apoio do patriarca Nicolau) por denúncia do eunuco Samonas; Andrônico Dukas se refugiou junto aos árabes, tentando obter sua ajuda para destronar o imperador bizantino Leão VI. 904 – No final de julho, os corsários árabes de Creta, sob o comando de um renegado bizantino, Leão de Trípoli, tomaram a cidade de Atalia (ou Adalia, na Panfília, sul da Anatólia), onde ele tinha se originado. Embevecido pelo sucesso, Leão de Trípoli pretendeu tomar a capital bizantina, passando pelo Helesponto e chegando à Propôntida (Mar de Mármara) até Parion, onde foi surpreendido pelo drongário Himerios, que o perseguiu, mas não conseguiu impedir que ele chegasse a Tessalônica que, mal defendida, foi saqueada (de 29 a 31 de julho). --- Neste ano, o califa mandou tropas para combater os Cármatas na Síria, contando com a ajuda de tropas egípcias sob o comando de Muhammad Sulayman. 904-954 - A capital dos Samânidas, Nîchâpûr, em Khorassan, atingiu o apogeu. 905 - Duas forças conjuntas, uma abássida e outra egípcia, se dirigiram para a capital tulúnida, Fostat e a conquistaram em 10 de janeiro, em face da situação do emirado local. Morreu, então, o último dos Tulúnidas do Egito, Sheiban (Chayban) Ahmed Ibn Tulun (ou Abu al-Manaquib). O primeiro governador abássida do Egito, Eissa al-Nushari, administrou o país até 910. --- Neste ano, curdos se juntaram nas imediações de Nínive. O governador de Mossul, o Hamdânida Abu al-Hayja chefiou tropas árabes e tirou os curdos desta antiga cidade assíria, obrigando-os a fugir para o Azerbaijão. --- Uma poderosa armada bizantina destruiu o que ainda restava de domínio muçulmano no litoral da Cilícia. --- No Magrebe, o líder xiita Abû `Abd Allâh se pôs em fuga para Sijilmassa, cujo governador o colocou sob vigilância, a pedido de Zyadat Allâh. Este último instalou sua base de operações militares em Constantine (antiga Cirta, a nordeste da atual Argélia), colocando em perigo a vida de Abû `Abd Allâh, que se refugiou nas montanhas. 905 a 1004 - A Síria e o norte do Iraque foram governados pela dinastia dos Hamdânidas, formada pelos ex-militares abássidas que pertenciam à tribo dos Taghlib. 906 - Como Damasco resistiu ao ataque dos Cármatas em março, eles se dirigiram para a cidade de Tiberíades, junto ao Lago Tiberíades, na Galiléia, que foi saqueada. Continuando sua incursão, eles tomaram Hit, às margens do Eufrates, em meados de junho; no início de outubro foi a vez de Kufa ser tomada. A partir desta cidade, eles atacaram caravanas de peregrinos de Khorassan que iam à Meca, matando muitos deles. --- O generalíssimo bizantino Himério, à frente de sua frota naval, fulminou os árabes no Mar Egeu, em 6 de outubro. --- Entre outubro deste ano e fevereiro de 907, o califa abássida tentou um acordo de paz com os bizantinos; em resposta, o imperador Leão VI, o Sábio, mandou o emissário Leão Choirosfaktes a Bagdá, conseguindo este uma troca de prisioneiros. 907 - O líder cármata Zakarawayh Ibn Mihrawayh representava uma ameaça ao califado abássida de Bagdá. Em função disto, o califa Al-Muktafi mandou o general turco Wasifa para capturá-lo, conseguindo seu objetivo apenas depois de 2 dias de conflito em al-Qadisiyya ( em 10 de janeiro); foi preso e ferido e morreu no caminho para Bagdá. Colocou-se, pois, um paradeiro a tantos ataques na Síria e Iraque. A população de Bagdá festejou tal evento. Al-Husayn ben Hamdan (que tinha lutado junto com o general Mohammed Sulayman) continuou a perseguir os derrotados na Síria, onde conseguiu exterminá-los. --- Na Espanha muçulmana, o rei Sancho I Garcia de Navarra, conseguiu emboscar e matar o Banu Qasi Lubb ibn Muhammad (do Reino de Saragoça) em Pamplona, no dia 29 de setembro. 908 - Al-Muktafi esteve doente vários meses no leito, ficando em dúvida se escolhia seu segundo irmão ou um de seus filhos, Abdullah ibn Al-Mu’tazz, em 13 de agosto. Seu vizir, Ibn Furat, interesseiramente, indicou o seu filho pequeno, Al-Muqtadir, com 13 anos, mais facilmente manipulável; conspirando e matando o sucessor legítimo. 908 - Abdullah ibn Al-Mu’tazz foi chamado jocosamente de ‘califa de um dia’, por ter governado um dia e uma noite, isto é, no dia 13 de agosto, sendo deposto por conspiração do vizir e depois estrangulado. 908 (14 de agosto) a 932 (31 de outubro) - Califado de al-Muqtadir que se nomeou Abu-l-Fadl Djafar. Tinha apenas 13 anos ao começar seu governo em 14 de agosto. Durante seu governo se estabeleceram grandes banqueiros judeus como Aarão ben Amran e José ben Fineas (este, chefe da comunidade judaica em Bagdá). Seu governo teve 2 fases: a primeira de 908 a 929; a segunda, de 929 a 932. 908 (continuação) - .Por ser considerado muito criança, houve um golpe de Estado, depondo al-Muqtadir em 17 de dezembro, colocando-se no poder o seu tio e poeta lbn al-Mu'tazz; este caiu e foi morto logo depois por ação da guarda pretoriana turca, cujo comandante, o eunuco Mu'nis, repôs al-Muqtadir no trono. Mu'nis, se aproveitando da sua menoridade e se intitulou 'amir al-umara' ('Emir dos Emires'), ou sultão. O califa tornou-se um fantoche. --- O califado passou a ter uma situação financeira tão precária, que jamais se recuperou. --- O califado de Bagdá reconheceu como rei de Vaspurakan (entre os Lagos Van e Urmia, na Ásia Menor) a Gagik Artzruni. 908-945 - Instabilidade política no Califado Abássida de Bagdá com deposição de califas e massacres. Além disso, ocorreu também uma crise financeira tão grande, que jamais se recuperou. 909 - O imperador bizantino Leão VI queria desestabilizar o foco de pirataria árabe da Síria. Para tal, através de emissários em Kairuan (na Tunísia), conseguiu negociar a neutralização do emirato aglábida (antes de sua derrota frente a Abu Abdallah), mas não do emir de Creta (também foco de ações de corsários). Para a missão incumbiu o generalíssimo bizantino Himérios (com mercenários varegues). ---. Em 19 de março, nas proximidades de Laribus (ou Alorbos, em Ifrîqiya) foi esmagado o exército do último aglábida Ziyadat Allah II por Abû `Abd Allâh ach-Chî'î, à frente da tribo bérbere dos Kutama, depois entraram em Kairuan. Findou-se, assim, o domínio dos Aglábidas, fiéis a Bagdá. No dia 25 deste mês, entrou na capital aglábida, Raqqada. Daí partiu para Sijilmassa (onde acabou com o Reino de Tahert dos Rostemidas) para se encontrar com o imam Obeid ou Ubayd Allah, que não conhecia pessoalmente, libertando-o. --- Na última semana de agosto, o imam ismailiano Ubayd Allah se outorgou a linhagem descendente de Ali e de 32 Maomé pela sua filha Fátima. Foi para Raqqada, perto de Kairuan e se proclamou califa e imam, em dezembro. A cidade de Kairuan foi destruída e seus moradores massacrados. --- Neste ano: Sempad (filho e sucessor de Aschod, rei da Armênia) sofreu a traição do seu sobrinho Khatchik-Gagik ou Gagik I (que foi proclamado rei pelos árabes). Logo depois, foi vencido pelo emir do Azerbaijão, chamado de Yussuf, a leste do Lago Sevan. Sempad conseguiu fugir para uma fortaleza, mas, mesmo assim, foi preso e forçado a se converter ao islamismo, ao se recusar, foi martirizado em 914. -- Os eslavos orientais (russos) do Principado de Kiev atacaram e saquearam o porto de Abaskun (ou Abasgun) e as províncias persas do Tabaristão e do Adharbaidjão (Azerbaijão persa). O governador bawandita do Tabaristão, Sari-Ahmad ben al Kasin pediu a ajuda do seu suserano samânida e bloqueou os russos nas proximidades da estepe Mugansk (ao norte dos Mares Negro e Cáspio).--- Invasão do Sistan pelos Samânidas, sendo dominado e preso o safárida Abu Saleh Mansur. 909 a 1171 - Dinastia dos Fatímidas, primeiro dominando a Tunísia (Ifrîqiya) e norte da África, na região de Tihert-Tiaret (909 a 1048) e depois no Egito (de 969 até 1171) . Diziam-se descendentes do sétimo imam (Ismael ibn Jaafar As-Sadiq), que por sua vez era descendente de Ali e Fátima. Eram de vertente xiita ismaelita, seu primeiro califa foi Mahdi billah (que se nomeou Abu Muhammad 'Ubeïd Allah), ou Obeid Allah. Com a dominação de Tihert-Tiaret eles eliminaram o governo dos imans Rostemidas, reinando de forma puritana num regime misto de teocracia e democracia. 910 - Em 6 de janeiro, o imam Obeid-Allah (Ubayd Allah al-Mahdi) se outorgou o título de Mahdi (enviado de Alá que deverá acabar com a obra de Maomé no fim dos tempos), entrou em Raqqada (em Ifrîqiya) trajando uma roupa de seda negra. Os notáveis da cidade lhe prestaram juramento. No dia 15 deste mês, se investiu na autoridade de califa e ‘comandante dos crentes’, proclamou a lei islâmica e reforçou todas as proibições corânicas. Decretou guerra santa contra os Omíadas de Córdoba, os Abássidas de Bagdá e o Império Bizantino, tendo Ifrîqiya como centro desta guerra. - Foi por volta deste ano que a tribo dos Miknassa se apoderou da região entre Taza, Tesul e a fronteira oriental do Magrebe el-Aksa, se aproveitando da fraqueza dos Idríssidas. - O grande rei cristão antimuçulmano por excelência na Espanha, o rei de Astúrias, Afonso III, morreu em 20 de dezembro, sendo o reino distribuído entre seus 3 filhos: Garcia I de Oviedo com o Reino de Leão, Ordonho II com o Reino de Galícia e Fruela, com Astúrias. 910-911 - No verão de 910, o general Himerios, após confronto com os árabes, aportou na ilha de Chipre,onde instalou bases navais de operação militar contra a Síria (segundo maior centro de ações de pirataria, o primeiro era a ilha de Creta), se apoderou de fortalezas no litoral sírio (como o do porto de Laodiceia, hoje chamado de Latakia). Enquanto assim procedia, os árabes (comandados pelo renegado Damian) retomaram Chipre. 911 - Em Raqqada, o califa fatímida Ubayd Allah, em 18 de fevereiro, mandou matar membros da tribo Kutama e Abû `Abd Allâh ach-Chî'î (ou simplesmente, Abu Abdallah) e seu irmão, ao saber que estavam conspirando contra ele. Estabilizou a situação política local, mas teve que enfrentar rebeliões dos Kutama e dos Zenatas e perdeu a Sicília, descontentes com sua repressão em Ifrîqiya. Ao iniciar-se outubro, Ubayd Allah mandou destruir Tahert, a cidade santa dos karidjitas do norte da África, criada pelos Rostemidas. Os sunitas Ibaditas (ou Mozabitas) fugiram daí para para o deserto do Saara (em Uargla e Mzab). --- Neste ano, o califa fatímida iniciou o processo de conquista da Ilha de Sicília aos seus grandes inimigos aglábidas. 912 - A população de Kairuan massacrou centenas de bérberes Kutama que se rebelaram pela segunda vez contra o califa, em 10 de abril. Estes bérberes, em 16 de maio, proclamaram seu ‘Mahdi’, sendo alvos de perseguição do filho do califa, Abu al-Qasim, que entrou em Constantine, em 12 de junho; 9 dias depois derrotou os Kutama nas proximidades de Mila (na região oriental da Argélia de hoje). --- No verão, tribos bérberes da Tripolitânia (norte da Líbia atual), chamados Huaras, se revoltaram contra os Kutama, chegando a Trípoli, cujo governador teve que fugir. --- Em outubro, a frota naval do bizantino Himérios foi destruída pelos árabes ao largo da Ilha de Samos, próximo de Esmirna. 912 a 921 -- No Emirado de Córdoba, em 16 de outubro se iniciou o emirato de Abd al-Rahman III. Sete anos depois se proclamou califa. Iniciouse a partir daí a fase de apogeu do Califado de Córdoba. 913 - Os russos do Principado de Kiev atacaram, novamente, as províncias persas do sul do Mar Cáspio, o Tabaristão e o Azerbaidjão (ou Adharbaydjan) para fazer seus butins. Antes se entenderam com o rei Hagan da Kazária para navegar pelo Estreito de Kerch, para passar do rio Volga para o Mar Cáspio, oferecendo-lhe metade do produto dos saques, ao qual ele assentiu.-- Chiraz (na província de Fars), importante cidade de convergência de rotas comerciais, foi como que a capital persa, mesmo havendo a dominação muçulmana política, mas não a cultural. -- Al-Qa’im, filho do califa Ubayd Allah, comandou uma frota naval que se lançou contra a Sicília, costeou o litoral do Egito dos Fatímidas e tomou a cidade de Trípoli (da Síria), em junho, antes de retornar para Ifrîqiya. --- O emir de Sicília, Ahmed ibn Kohrob, se apoderou das cidades de Sfax e Trípoli. --- A cidade de Sevilha, que tinha se proclamado autônoma, foi retomada pelo Emirado de Córdoba, em 20 de setembro. Também foi neste ano que o emir de Córdoba, Abd al Rahman III reconquistou Jaen e mais outras fortalezas. 914 - Em 15 de janeiro, Ahmad II, emir samânida de Bukhara foi assassinado, sendo sucedido pelo filho, Nasr ibn Ahmad, criança com 8 anos de idade, tendo como regente o vizir Abu Abd-Allah al Haihani. Os Abássidas de Bagdá aproveitaram esta situação para tentar sem êxito recuperar a província persa de Seistan. --- Os Fatímidas de Ifrîqiya iniciaram sua primeira tentativa de tomar o Egito: em 6 de fevereiro, o general fatímida Hubasa ibn Yusuf, chefe dos bérberes Kutama, entrou em Benghazi (Barqah, na Cirenaica-Líbia), após ter se apoderado de Syrte. Em 11 de julho, Al-Qâ'im bi-'Amr Allah, filho do califa Obeid Allah, partiu de Raqqada (na Tunísia) também com este objetivo. Em 27 de agosto, Hubasa ibn Yusuf (não esperando a chegada de Al-Qa’im) se apoderou do porto de Alexandria, no delta do Nilo. O governador abássida do Egito, Zaka al-A’war, não se rendeu e pediu a ajuda à Síria, cujos reforços chegaram em setembro. Em novembro, o maior número de forças fatímidas, sob o comando de Al-Qa’im, entrou em Alexandria. Em dezembro, as forças fatímidas, sob Hubasa, seguidas das de Al-Qa’im, deixaram Alexandria e foram para Fostat (a capital), defendida pelas forças abássidas. Porém, após derrotas dos bérberes africanos pelos turcos (da armada abássida), os fatímidas se retiraram em abril de 915, deixando uma guarnição em Barqah (em 26 de maio de 915). --- Neste ano: Os Zaiditas recuperaram temporariamente o Tabaristão, formando nova comunidade chamada de Nasiriya.--- Na Itália foi eleito novo papa, João X, em 8 de março, que se articulou em campanha contra os árabes de Campanha (em Garigliano) organizando uma aliança cristã formada de príncipes lombardos (como Alberico, marquês de Spoleto), milícias de Gaeta e de Nápoles, gente de Toscana e até o estratego bizantino de Bari; o papa mesmo chegou a chefiar uma expedição pessoalmente. --- Na Armênia, o rei Sembat II foi substituído por Gaghik (da família aristocrática dos Artzruni) este a soldo dos Abássidas. Sembat II foi preso, torturado e executado e seu cadáver mandado para a capital, Dvin. O filho de Sembat II, Achot II Yergat, não reconheceu o fantoche dos Abássidas e adotou tática de guerrilhas contra eles, sendo reconhecido como rei pela aristocracia armeniana e pelo imperador bizantino Constantino VII, governando até 930. --- O emir Abd al-Rahman III retomou a cidade de Carmona, mas sofreu a invasão do seu território pelo rei Ordonho II de Leão que saqueou a região de Mérida e depois se apoderou da fortaleza de Alanje, depois de ter massacrado a população desta cidade e pilhado suas riquezas. --- Uma seca avassaladora na Península Ibérica abortou o processo produtivo e acarretou uma fome generalizada que continuou até 915. Mesmo assim, o emir Abd al-Rahman, para centralizar mais seu poder, tomou Sevilha (segunda cidade mais importante do emirado) ao clã dos Banu Hajjaj. 914 a 930 - A Armênia esteve sob o reinado de Achot II, filho e sucessor de Sembat II, que conseguiu dos árabes o reconhecimento do título nominal de ‘rei dos reis’ (em 919). 914 a 942 - Governo do emir samânida Nasr ibn Ahmad, que se apoderou do Tabaristão ao alida al-Utrush e conseguiu afastar a tentativa dos Abássidas de Bagdá em se apoderar de Sistan; além daí, governou sobre a Transoxiana, o Khorassan e Tabaristão. A capital era Bukhara, cidade comercial da Rota da Seda, na Transoxiana. 915 –Na Itália, os árabes sofreram um duro ataque da liga formada pelo papa João X, sendo cercados por 3 meses no porto de Garigliano (ao norte de Nápoles, foi a Batalha de Garigliano, em agosto); em função disso, fugiram para as montanhas próximas, mas foram massacrados. Desta forma foi eliminada a presença sarracena na Campânia e no sul da Itália.--- A fronteira oriental de Bizâncio foi invadida pelos árabes de Tarso (na Cilícia), enquanto tropas imperiais incursionavam na Alta Mesopotâmia e tomaram a cidade de Marach. Foi assinado um acordo de paz diante disto. --- Em 28 de maio, o fatímida Al-Qa’im estava de volta à Raqqada na Tunísia, após o fracasso no Egito. - Neste ano, o governador fatímida da Sicília foi morto, ensejando aos habitantes de Palermo em organizar uma frota naval, destruindo Sfax e atacando Trípoli. -- A Espanha muçulmana foi assolada pela fome, obrigando o emir Abd al-Rahman III a suspender suas campanhas militares. 916 - A regente bizantina Zoê Carbonopsina iniciou entendimentos, dirigidos pelo patriarca Nicolau Mysticos, para uma trégua com os Abássidas de Bagdá, em face da iminência de um ataque dos búlgaros. --- Iniciou-se, em 11 de maio, a construção da nova capital dos Fatímidas de Ifrîqiya: al-Mahdia (lembrando o califa fatímida Ubayd Allah al-Mahdi), a sudeste de Kairuan; foi terminada 5 anos depois, mas considerada capital a partir de 973. 917. - A imperatriz Zoê Carbopsina, mãe e regente do imperador bizantino Constantino VII Porfirogeneta, mandou dois embaixadores a Bagdá para efetuar troca de prisioneiros. Aí na capital abássida foram muito bem recebidos pelo emir Mu’niz, encarregado pelo califa Al-Muqtadir das frutuosas negociações em 25 de junho. --- Neste ano, o emir de Córdoba mandou Ibn Abi-Abda para saquear a insubordinada região de Mérida; ao voltar no ano seguinte para tentar pacificar a região, acabou sendo morto. --- O emir de Nekor, em Marrocos, em 26 de junho, foi vencido e morto em confronto com o 33 general fatímida Messala ibn Habus; mas o emirado foi retomado logo depois de sua saída pelos filhos do emir (que tinham fugido para Málaga). --- Abd al-Rahman III, emir de Córdoba, foi derrotado, em 4 de setembro, na Batalha de S. Estevão de Gormaz (ou Casto Muros) pelo rei de Leão, Ordonho II. 918 - As tropas coligadas dos reis Ordonho II de Leão e Sancho de Navarra atacaram e pilharam as proximidades de Najera e Tudela, pertencentes ao Emirado de Córdoba. Para fazer frente a eles, o emir Abd al-Rahman III nomeou comandante de suas tropas ao seu vizir (‘hâdjib’) Badr e incitou seus súditos a reagir à humilhação da derrota na Batalha de S. Estevão de Gormaz. Em 7 de julho, o emir e Badr partiram da capital, se encontrando com as tropas coligadas cristãs em 15 de agosto perto de Mutonia, infringindo-lhes uma pesada derrota. 919 - Em 5 de abril, partiu de Raqqada, uma armada sob o comando de Al-Qa’im para tentar a conquista do Egito pela segunda vez; no dia 9 de julho, os primeiros navios de sua armada estavam chegando à Alexandria, tomada de surpresa e se dirigiram para Fostat, cuja defesa esteve a cargo do governador do Egito, Dukas, que morreu em 1 de agosto. --- Neste ano: O califa abássida Al-Muqtadir (Al-Moqtader) mandou uma coroa e conferiu ao rei armênio Achot II Bagratuni o título de ‘rei dos reis’ (‘shanshah’ ou “Šahnšah.”), em homenagem à sua participação, junto com o emir do Azerbaidjão, em confronto contra as incursões de bizantinos. 920 - Logo no início de janeiro, foi nomeado novo governador abássida do Egito Abu Mansour Tekin. Em 20 de fevereiro, tropas abássidas de Bagdá, sob o comando do vizir Mu’nis, com reforços de esquadra síria comandada por um eunuco (Thamal), foram para o Egito; este último conseguiu arrasar a esquadra fatímida perto de Abuquir (em 12 de março). Em 11 de maio, as forças de Al-Qa’im sofreram derrota naval no porto de Roseta (no delta do Nilo), diante da frota abássida. Em 25 de maio, as tropas abássidas de Bagdá entraram na capital egípcia (Fostat) e no final de julho, Al-Qa’im abandonou Alexandria e se apoderou do oásis de Fayyum. --- Na Espanha, em 26 de julho, os reis Ordonho II de Leão e Sancho Garcês I de Pamplona foram derrotados pelo emir de Córdoba, Abd al-Rahman II na Batalha de Valdejunquera (também chamada de Campanha de Muez, sendo esta uma fortaleza no vale de Junquera, perto de Pamplona). Antes desta batalha, o emir saqueou a cidade de Osma (em junho) e retomou S. Estevão de Gormaz. --- Fez, em Marrocos, foi cercada pelo líder dos Miknassa e o idríssida Yahia-ibn-Idris foi obrigado a reconhecer a suserania do sultão fatímida sobre a região. 921- Em 20 de fevereiro, o califa fatímida Ubayd Allah al-Mahdi inaugurou a capital em Madhya, no litoral, por sua posição estratégica e pela presença de um promontório (onde já havia um estabelecimento militar desde a época dos fenícios). --- O governador de Tahert, o general fatímida Messala ibn Habus, executou uma segunda expedição militar ao Marrocos: cercou Fez e demitiu o governador idríssida Yahya ibn Idris. Depois se apoderou de Sijilmassa, em maio, saqueada de novo pela tribo dos Kutama. --- Em novembro, malogrando a segunda tentativa de anexação do Egito, Al-Qa’im saiu daí, mas teve o reconhecimento abássida da ocupação do litoral da Cirenaica (Líbia) até Barqah. --- Neste ano: O governo abássida do Egito foi ocupado por Hilal ibn Badr até 923. --- O líder de um clã vizinho dos Dailamitas, na região de Dakel (a nordeste de Lahijan), chamado de Lili ibn Sahdust (No’man) foi morto em combate, depois de ataque e conquista da cidade de Tus (em Khorassan). --- Sancho I Garcia, rei de Navarra, saiu-se vitorioso sobre o emir Abd al-Rahman II quando este voltava de uma incursão de pilhagem na Aquitânia, em Roncal e Bardenas Reais (entre Tudela e Carcastilho); depois desta vitória, se apoderou de várias cidades da região de La Rioja. 921-922 - Saiu de Bagdá, em 19 de junho de 921, uma embaixada, de que participou o viajante Ahmad Ibn Fadlan, à Bulgária do Volga para entendimentos com o rei Alamis (o primeiro a se converter ao Islamismo). Depois de passarem por Bukhara, Kharezm, Jurjaniya chegaram (após muitas dificuldades) à Sâmara (capital dos búlgaros do Volga) em maio de 922. Esta viagem foi um fracasso: o rei Alamis não conseguiu dos árabes o investimento necessário para construir fortalezas para se defender dos Khazars e se recusou a se converter ao rito chafita de Bagdá (ele era adepto do hanefita). 922 - Em março de 922 foi supliciado em Bagdá o místico Al-Ḥallādj, ‘o cardador de lã’, originário da região de Fars (sul do Irã), acusado de hereje pelos juristas sunitas. Amputaram-lhe as mãos e os pés, o decapitaram e queimaram o seu tronco. --- Neste ano: Saque de Tarento pelos árabes do norte da África, exigindo resgate de seu governante. --- O califa fatímida Ubayd Allah al-Mahdi reforçou suas fronteiras ocidentais nomeando um emir, cujo poder foi relativo visto que a região estava sendo fustigada ao norte pelos omíadas de Córdoba e ao sul pelos Idríssidas (de Marrocos). --- O rei armênio Achot II Bagratuni e o emir do Azerbaidjão persa, Subuk, infringiram derrota às tropas bizantinas invasoras nas proximidades de Dvin. 922 a 926 - Inação bizantina diante de incursões, pilhagens e conquistas árabes na Itália. 923 - Os Cármatas passaram a ter, desde janeiro deste ano, um novo líder, o sírio Abu Tahir, filho de Abu Said, continuando a tradição de saques e destruições de cidades: em 11 de agosto, tomaram a cidade de Basra (Bassorah). --- Na Espanha, a cidade de Najera, ao norte, foi tomada definitivamente aos árabes pelo rei Ordonho II de Leão; neste ano, o rei Sancho I de Navarra se apoderou da cidade de Viguera. 924 – Desde abril, o emir Abd al-Rahman III iniciou uma campanha contra o Reino de Navarra, passando pelo rio Ebro em 10 de julho e chegando às terras daquele reino, cujas fortalezas foram tomadas sem resistência tal era o pânico que ele infundia aos navarrinos; deste modo avançou por Cárcar, Peralta, Falces e Carcastilho e chegou à Pamplona, capital navarrina. Mesmo o rei Sancho tentando defender sua capital, ela foi saqueada e suas moradias destruídas pelas tropas do emir. --- O primeiro vizir do califa Al-Muqtadir chamado de Ibn Fadlan foi preso e executado, em julho, na capital abássida por determinação do califa. --- O khan búlgaro Simeão I tentou uma aliança com os Fatímidas da África, a fim de conseguir o apoio de sua frota naval para atacar a capital bizantina, tanto por terra como pelo mar. Esta tentativa gorou porque seu emissário foi capturado pelos bizantinos. --- Os árabes comandados por Yusuf Beshir invadiram a Armênia, atacaram sua capital (Dvin), mas não conseguiram nada em relação ao rei Ashot (que se refugiou em ilha do Lago Sevan). --- A tribo marroquina dos Meknassas, se aliando a outras tribos, conquistou uma parte do Marrocos, colocando em xeque os Idríssidas, que foram obrigados a se alojar na Fortaleza de Hisn Hajar Annasr (‘rocha da águia’). ~ 924 - Os Aglábidas sofreram derrota diante da coligação dos Idríssidas com os Maghrauas. Entraram depois em conflito com os Kutamas, aliados dos Fatímidas. 925 - Em 26 de junho, um adolescente cristão de apenas 13 anos, Pelágio, foi supliciado em Córdoba, por não abjurar sua fé cristã. --- Em 4 de julho, os árabes executaram incursões e pilhagens em Oria (na Apúlia, sul da Itália) e em Fréjus (em Provença, sul do Império Franco). --- Em Fez, no Marrocos, o idríssida Al-Hassan (ou Al-Hajjan) aí entrou sorrateiramente e se intitulou emir, enquanto o governador Rihan (da tribo dos Kutama) fugiu. Revoltaramse as tribos bérberes (como as Bani Midras de Sijilmassa, as Berghuata de Tamesna e as Bani Salih de Nekor) contra o domínio fatímida. Al-Hajjam moveu guerra contra o governador fatímida Musa ibn Abi al-Afiya, na primeira batalha teve sucesso,morrendo muitos meknassas (tribo amazighe) e até o filho de Musa, Mihal); na segunda batalha, em 927, foi vencido. - O imperador bizantino Romano I Lecapeno, depois que Constantinopla sofreu o cerco pelo rei búlgaro Simeão (em 924), por estar sem forças para proteger as fronteiras orientais contra os árabes, conseguiu uma troca de prisioneiros com o califado. -- Morreu neste ano (ou em 932) o alquimista e médico Rhazés (Mohammed Ibn Zakaria al-Razi), protegido dos Samânidas. É considerado o pai da medicina experimental. Já naquela época ele pregava que a medicina deveria ter como objetivos a prevenção e tratamento de doenças específicas e a saúde pública. 925 a 1255 - Na Abissínia (Etiópia atual) uma judia chamada de Sague (ou Ester), conseguiu tomar o poder em 905, fazendo com que a família real fugisse para Choa. Um monge, Tecla Haimanut, convenceu Ester a passar o trono ao João Amlac. Este reino de falashas (judeus negros) se salientou em guerras anti-islâmicas neste período de 925 a 1255. 926 - Em 15 de agosto, foi conquistada a cidade de Tarento (no sul da Itália) pelo emir da Sicília com apoio naval do eslavo Saian, impondo tributo à Calábria e Campânia. --- O imperador bizantino Romano I Lecapeno mandou o general João Curcuas devastar área adjacente à Melitène, em face de recusa de chefes árabes em pagar-lhe tributos. 927 - O líder dos Cármatas, Abu Tahir, depois de vitória sobre topas do califa, saqueou a cidade de Kufa.. 927 a 928 - Segundo vizirato de Ali ben Isa, que se recusou a homologar a nomeação do governador de Sawâd (zona pantanosa da Baixa Mesopotâmia) e do ‘cadi’ (juiz) de Bagdá. Ele, como também o vizir Ibn al-Furat, exerceram autoridade para além do Iraque: nomearam juízes na Síria e no Egito. 927 a 938 - I Guerra Bizantino-Árabe: o Império Bizantino pretendia fazer incursão na Alta Mesopotâmia e na Cilícia com a ajuda da Armênia. Assim, realizaram-se campanhas militares bizantinas sob o comando do general João Curcuas (ou Gurguen, fiel amigo do imperador desde sua ascensão ao trono) que se apoderou de Samosate (no vale do rio Eufrates, em 927), sofrendo resistência dos Hamdânidas (emires árabes de Mossul e Alepo); além disso, invadiu a Armênia árabe mas sem sucesso em Towin. A reação abássida foi nula em relação à invasão da Alta Mesopotâmia; se manifestando apenas em incursões na Anatólia. 927 a 1090 - Os persas Ziyaridas, de vertente religiosa alida (xiita), constituíram uma dinastia governante sobre a região caspiana de Gurgan e de Mazandaran (Tabaristão). Seu fundador foi Merdalha ibn Ziyar (ou Mardâvij ben Ziyâ), que governou de 926 a 935 e, ardilosamente, se apoderou do norte da Pérsia (na região montanhosa do Daylam, onde se localizam Gurgan e Mazandaran), enquanto as tropas samânidas estavam revoltadas contra o seu emir. Ele chegou a estender seu domínio até Hamadhan e Isfahan, mas seu emirado acabou com seu assassinato pelas próprias tropas turcas suas, revoltadas contra humilhações impostas por ele. Forneceu mercenários ao califado abássida. 34 928 - No Emirado de Córdoba, em 21 de janeiro, foi eliminada a rebelião dos moçárabes em Bobastro. --- O belo Maciço de Aurès (a nordeste da Argélia atual) foi o palco de uma rebelião liderada pelo karidjita Abu Yazid, sua família e seu discípulo Abu Amar (abandonando a escola corânica de que era adepto antes) liderando as tribos zenetas e dos huaras daquela montanha (os Banu Zendek, Banu Berzai, Azzaba e Maghraua), pregando a queda do califa fatímida Ubayd Allâh al-Mahdi. Ele pediu a ajuda de sunitas como os Omíadas de Andalucia (sem sucesso) e os malekitas de Kairuan. --- O general bizantino João Curcuas manteve o controle do Alto Eufrates e transformou as mesquitas das cidades conquistadas em igrejas. 929 - O emir Abd-er-Rhaman III, de tendência sunita, depois que estabilizou a situação política interna na Espanha, se outorgou o título de Califa; iniciando, pois, o Califado de Córdoba, em 16 de janeiro, terminando seu governo em 961. A arte figurativa deste califado europeu adotou modelos de Bagdá (que por sua vez se originaram nos modelos sassânidas). Em 11 de julho, este califa ocupou o principado de Badajós, após o cerco de Beja.--- No final de fevereiro e início de março, houve uma tentativa de golpe de Estado contra o califa abássida de Bagdá, Al-Muqtadir, que deveria passar o trono ao seu irmão Al-Qahir. Fracassou a tentativa pela intervenção do emir Mu’nis. Manteve, no entanto, no cargo o vizir Ibn Muqla. --- De 28 de fevereiro a 2 março, o califa Al-Muqtadir por pressão de cortesãos teve que passar o trono ao seu irmão caçula Al-Qahir e por um golpe de Estado. Recuperou o tro no graças à reação armada do emir turco Mu'nis. Manteve, no entanto, no cargo o vizir Ibn Muqla e se manteve no poder até 932. --- Neste ano:Na Espanha muçulmana, o emir de Córdoba, Ab-er-Rhaman III se proclamou califa de tendência sunita. A arte figurativa deste califado europeu adotou modelos de Bagdá (que por sua vez se originaram nos modelos sassânidas). --- Morreu o astrônomo Al-Bâtrânî, chamado de Ptolomeu Árabe. Uma das crateras da Lua foi batizada com seu nome. ---- A partir deste ano, o mundo muçulmano passou a ter 3 califados: o abássida de Bagdá (virtualmente o maior, de 750 a 1219), o Fatímida (instaurado em Ifriqyia desde 909 e que sobreviveu no Egito até 1171) e o Omíada de Córdoba (continuação do emirado, existente desde 756, que se tornou califado de 929 a 1031). 929 a 1003 - A audaciosa tribo beduína dos Taghlib, saída da Alta Mesopotâmia, criou a Dinastia dos Hamdânidas, centrando seu domínio em Mossul (de 929 a 991) e depois em Alepo (de 944 a 1003), governando Jazira (norte do Iraque) e o norte da Síria. De seus emires se destacaram um de Alepo, Chosan, que obteve o título de Seïf-ad-Dauleh, ou Saif el-Dola (‘espada da dinastia’ dos Abássidas); e Al-Hassan, de Mossul, mais conhecido pelo nome de Nazir-ad-Dauleh (‘defensor do Estado’); para tal, mandou assassinar o emir Ibn Ra’iq. O primeiro esteve em constantes conflitos com os bizantinos; por outro lado era, além de grande guerreiro, um poeta cercado de letrados. 930 - Em 12 de janeiro, os Cármatas, de vertente ismailiana, sob a chefia de Abu Tahir, saquearam Meca, massacrando os peregrinos aí presentes e furtaram a Pedra Negra da Caaba, permanecendo com ela por 25 anos. --- De maio a julho em Andalucia, o califa de Córdoba, Abd al-Raman III cercou e tomou a cidade de Toledo. -- Neste ano, o vizir Ibn Muqla foi preso e exilado na província de Fars (no sudoeste da Pérsia). --- Mardavij Ibn Ziyar foi enviado em missão militar pelo daylamita Asfar para a conquista da fortaleza de Shamiram (em Tarum) do Salarida (ou Musafirida) Muhammad ibn Musafir. Enquanto cercava esta fortaleza, o Salarida o convenceu a se voltar contra Asfar, prometendo-lhe ajuda militar para tal. Assim, com tropas de irmãos de Muhammad ibn Musafir ele, após atacar a tribo de Asfar (Varudavand), foi para Qazvin (ao norte da Pérsia), onde as tropas de Asfar se bandearam para o lado de Mardavij ibn Ziyar, que se apoderou de Ray, Zanjan, Qom, Karaj, Abhar e Qazvin. 930-935 - O filho de Ziyar (criador da dinastia dos Ziyaridas atuante no norte da Pérsia), Mardâwij ben Ziyar, se aproveitando da instabilidade reinante no califado, se apoderou de Hamadan (antiga Ecbátana dos Aquemênidas), Dinavar e Isfahan (hoje Esfahan). Procurou restaurar a religião antiga persa zoroastriana dos magos. Antes tinha prestado serviço militar aos emires alidas do Tabaristão, depois aos Samânidas. Se outorgou o título de « châhanchâh », ou ‘emir dos emires’, mas por pouco tempo: foi assassinado pelos seus soldados turcos no palácio. Este persa não professava a religião islâmica; apenas os seus sucessores da Dinastia dos Ziyaridas. 931 - Forças do Califado de Córdoba ocuparam Ceuta (dos Idríssidas) em 25 de março. Neste mês, Musa ibn Abu l’Afya, governador de Marrocos e chefe dos Miknassa, se assenhoreou de Fez, em aliança com o califa Abd al-Rahman III, prejudicando os Fatímidas; depois se dirigiu para a região montanhosa do Atlas (região de Rif), saqueando Nokur e penetrando o território até Tlemcen (na Argélia atual). --- Em represália à conquista de Samosate, na Alta Mesopotâmia, pelo general bizantino João Curcuas, os árabes invadiram vários lugares da Anatólia. O emir de Tarso (Suml) saqueou Amorium e Ancira (atual Ancara). Em dezembro, os Hamdânidas, tendo a frente Said-ibn-Hamdan, conseguiram desfazer o assédio a que João Curcuas tinha submetido a cidade de Samosate e recuperaram Melitène. --- No início de dezembro, o ziyarida Mardavij ben Ziyar ocupou a cidade de Isfahan, se proclamando 'emir dos emires' e tornando-a capital do seu emirado. --- Os árabes comandados por Yusuf Beshir invadiram a Armênia, atacaram sua capital (Dvin), mas não conseguiram nada em relação ao rei Ashot (que se refugiou em ilha do Lago Sevan). 932 - Governo de apenas um dia de Abd Allah, filho de Mu’tazz (que morreu em 868), pois foi preso e morto pelo califa Muqtadir de modo cruel. O califa Muqtadir, por sua vez, saiu do palácio vestido com manto do profeta Maomé, o seu cetro e a espada de 2 pontas (chamada de zulfikar ou dhû'lfiqâr) para prender o seu vizir Munis al-Muzaffar. Este, porém, com o apoio dos Hamdânidas, em 31 de outubro, matou o califa fora dos muros da cidade. -- Na Espanha Muçulmana, foi sufocada a revolta da cidade de Toledo, em face de um cerco que resultou em fome de seus habitantes. 932 (31 de outubro) a 934 - Califado de Al-Qâhir, irmão de Al-Muqtadir, terceiro filho de Al-Mutadid, que passou a ter o nome de Abu Mansur Muhammad. Quem exerceu o governo realmente foi o emir Mu’niz até 933. Seu único vizir foi Ibn Muqla (notável também por ser um calígrafo, que chegou a ter decepada a sua mão, mas amarrou uma caneta ao punho para continuar escrevendo), que estava preso em Fars e foi chamado de volta à corte do califa. Durante seu governo, os fanáticos Hanbalitas impuseram normas draconianas, como a destruição de instrumentos musicais, perseguição aos muçulmanos contrários aos seus ensinamentos. 932 - Durante a primavera na Espanha, enquanto o rei de Leão Ramiro II estava em campanha militar contra o Emirado de Córdoba, seu irmão Afonso IV se revoltou, forçando-a voltar. Ramiro II venceu o irmão, cegou-o e o internou em um convento.—Neste ano, os Alanos (da Ossétia, na região dos Montes Cáucaso), que eram cristãos, se converteram ao Islamismo. --- No norte da África, Mekanassa se apoderou de Tlemcen, em seguida foi a vez de Tkkur (Alta Muluya) e sua área adjacente. 933 - Houve uma conspiração de Mu’niz, que foi descoberta pelo califa, este mandando decapitá-lo, bem como os chefes da trama. A partir daí, Al-Qahir se tornou um homem marcado pela crueldade: morte de muitos escravos libertos; até sua mãe foi torturada (virada de cabeça para baixo) para tirar dinheiro dela, morrendo pouco depois. -- Se aproveitando desta circunstância na capital abássida, os 3 irmãos Buyidas (ou Bwayidas), xiitas duodecimais, da Pérsia Ocidental, se rebelaram, na primavera, contra o califa: Ali (ou 'Imad alDaula/Emad o-dowleh) se apossou de Fars (tomando sua capital Chiraz em maio/junho, contando com o apoio de seu próprio governador, Yaqut, e do grande proprietário rural Zayd ibn Ali al-Naubandagani); Ahmad (ou Mu'izz ad-Dawla/Mo'ez o-dowleh) e Hasan (ou Rukhn ad-Dawla/Rokn o-dowleh) do Kuzistão e Kerman. --Em Marrocos, um exército fatímida comandado por Mussa, dirigindo-se para o Magrebe al-Aqsa, sofreu derrota na Batalha de Messum (perto de Taza), tendo que fugir para a cidade de Tesul, atacada pelos Idríssidas, se aproveitando de sua fraqueza após a derrota. 933 a 1055 - Dinastia dos Buyidas (ou Buyidas, ou ainda Buwayhidas e Deïlémitas), xiitas duodecimais de origem iraniana (das montanhas do Daylam, ao norte da Pérsia). Foi iniciada pelos 3 filhos do pescador Buyiah (Alî, Ahmad e Hasan). Um dos seus ramos dominou o Iraque de 932 a 1029 (quando foram vencidos pelos Ghaznévidas) e outro a província de Fars (Pérsia), de 933 a 1055, quando foram substituídos pelos turcos seldjúcidas. Os Buyidas foram os verdadeiros donos do poder neste período; os califas, meramente uns títeres deles. 934 - `Ubayd Allah, imam ismaelita, foi assassinado em 3 de março, sendo sucedido pelo filho Abû al-Qâsim al-Qâ'im bi-Amr Allah. --- Mais outra conspiração, agora da guarda dos Sajitas e Hujaritas, instigados pelo vizir Ibn Muqla, contra o califa Al-Qâhir, em que este foi retirado de seu palácio à noite embriagado e pressionado a abdicar, mas recusou. Em resposta, os insurgentes lhe vazaram os olhos e o aprisionaram. Foi substituído por seu irmão Radi billah em 24 de abril. Ibn Muqla fugiu e se escondeu, mas foi reconduzido pelo novo califa. --- Neste ano foi que Mardâwîdj expandiu o seu território no máximo de extensão a partir de Isfahan, conquistando Ahvaz (a oeste). 934 (24 de abril) a 940 - Reino do califa abássida Ar-Râdhî (ou Al-Râdî billâh), que mudou o nome para Abul-'Abbas Ahmad. Durante o seu califado, o mundo muçulmano estava assim dividido: a) Em setembro/outubro o buyida Ali recebeu emissários do califa Radi lhe outorgando a posse da província de Fars e sua capital Chiraz (que ficou com os Buyidas até 1062). b) Seu irmão Hasan ficou com Raí , Isfahan e Jabal.— c) 35 Aos Hamdânidas coube a soberania sobre Mossul, Mudar, Amida (ou Diyârbakir), como a tribo do Beni-Bekr a designou).—d) O Egito estava sob o poder de Mohammed ibn Tughdj, que foi incumbido de defendê-lo contra os Fatímidas de Ifrîqiya (Tunísia); recebendo o título de Ikhshid, isto é, servidor (do califa) em 939. Depois o Egito passou ao domínio dos Fatímidas. - e) A Espanha (Andaluzia) estava sob o Califado Omíada de Abd-er-Raman III. - e) A Pérsia Oriental estava nas mãos dos Samânidas.—Seu maior e mais eficiente vizir foi Ibn Râ’iq, ao qual foi dado o título de ‘emir dos emires’. 934 (continuação) -.Em 19 de maio, a cidade de Melitène foi novamente ocupada pelo general bizantino João Curcuas e chegou depois a Edessa e Amida com a ajuda dos armênios. --- Em maio/junho, no emirado Ziyarida, pouco antes da festa zoroastriana de Noruz (ainda hoje praticada no Irã no início do equinócio da primavera), Mardâvîj foi morto enquanto estava tomando banho por dois de seus escravos turcos, que fugiram para a capital abássida. Ao ser assassinado, se ensejou aos irmãos Buyidas a conquista de seu território em sua maior parte: Ali ficou com Isfahan e a província do Fars; Hasan (que estivera preso por Mardâvîj) com Djibal; Ahmad, com o Kirman e Kuzistão. O sucessor de Mardâvîj foi seu irmão caçula Vushmagîr (ou Vushmgir), que o sucedeu em Raí , tendo ao seu lado as tropas do Gilan e Daylam. --- Neste ano: No Califado de Córdoba, Abd al-Rahman III, retaliando a vitória das tropas cristãs de Ramiro II (rei de Astúrias e de Leão) em 933, arrasou com a cidade de Burgos e várias fortalezas. Não continuou sua campanha militar em face da traição do governador de Saragoça, Mohammed ib-Hachim, que se aliara ao rei de Astúrias e tomou algumas fortalezas muçulmanas. 934-935 - Os árabes do norte da África (de Ifriqiyia) fizeram incursão sobre a cidade de Gênova, saqueando-a. 934 a 944 - Crise política no Califado Abássida de Bagdá. 934 (3 de março) a 946 - Governo do califa fatímida Al-Qa’im bi-Amr Allah em Madhya (Tunísia). 935 - Na Argélia, a sudeste da cidade atual Argel, o líder da confederação das tribos Sanhadja (bérberes dos Montes Atlas), Ziri ibn Menad, criou a sua sede administrativa em Achir, no Maciço de Titteri, cuja posição estratégica lhe valeu um grande desenvolvimento comercial. --- Em agosto, o califa nomeou o turco Muhammed ibn Tughdj como governador do Egito. - Depois que os Buyidas conquistaram Isfahan, aí construíram muralhas, cidadela, mesquitas e biblioteca. 935 a 969 - O califa abássida encarregou o iraniano Mohammed ibn Tughdj de proteger o Egito contra os Fatímidas da Tunísia. Em 939 recebeu o título de Ikhshid, isto é, ‘servidor’. Iniciou-se a Dinastia dos Ikhshîdidas, que reinou no Egito até 969. O emir Ibn Râ'iq impediu que esta dinastia estendesse sua soberania sobre a Síria. 936 - Neste ano, os Daylamitas e os Samânidas, sob a chefia de Makan, se apoderaram do Tabaristão, enquanto o emir Ziyarida Vushmagîr, em contrapartida, retirou Gorgan da soberania sassânida. --- O governo efetivo do Califado de Bagdá passou a ser exercido pelo governador do Iraque, Ibn Râ’iq, que se tornou ‘amîr al-umarâ’ (emir dos emires) exercendo função de controle das finanças e de segurança no império. O califa apenas exercia funções representativas e religiosas. --- Ibn Maqla foi novamente preso e advertido diante da situação econômico-financeira do califa; fugiu da prisão e se escondeu. - Na Espanha muçulmana o califa Abd al-Rahman III transferiu sua residência para Madinat al-Zahra, nas proximidades de Córdoba. 937 a 941 - Bizâncio enviou provisões de trigo aos árabes da Sicília em rebelião contra os Fatímidas de Kairuan (Ifrîqiya); com isto, findaram os ataques árabes sobre o litoral da Itália bizantina. 938 - O emir hamdânida Seïf-ad-Daouleh (Saif el-Dola) invadiu a Alta Mesopotâmia, mas teve que recuar diante do general bizantino João Curcuas momentaneamente, para depois lhe infligir uma severa derrota. O imperador Romano I Lecapeno entrou em entendimentos com o califado de Bagdá para assinar uma trégua visando à permuta de prisioneiros. - O emir persa Ziyarida Vushmagîr (Zahîr ad-Dawla Vushmagîr ben Ziyâr) retomou a cidade de Isfahan, após incursão ao território do buyida Hasan. --- O vizir Ibn Maqla foi preso de novo, aí mutilado e morreu na prisão. -- O emir Ibn Ra’iq tinha se associado, em 936, a um chefe militar de Daylan e seu exército turco, chamado de Bajkam (ou Bejkem). Neste ano, o emir resolveu retirar a associação de poder com Bajkam, cismado com seus conluios. Este último se lançou sobre Bagdá, afastando Ibn Ra’iq e colocando-se em seu lugar. 939 - Em 8 de julho, iniciou-se a ‘Ghaybat el-Kubra’, ou seja, a ‘Grande Ocultação’, conforme os xiitas duodecimais, em face da morte do quarto representante do iman, Muhammad al-Mahdi , sem ter designado um sucessor seu. Vigora a crença de que o imân irá reaparecer para ajudá-los no fim dos tempos. --- De 19 de julho a 5 de agosto, se desenrolou a Batalha de Simancas, próximo de Valladolid, na Espanha, em que os reis cristãos Ramiro II (apelidado de ‘o Demônio’ pelos muçulmanos pelo seu espírito guerreiro), de Leão e Garcia II de Pamplona, foram vitoriosos sobre as tropas mouras do califa Abd al-Rahman III, de Córdoba. Com esta vitória eles asseguraram o controle sobre a região do Vale do Douro. --- Em outra investida, o rei Ramiro II se apoderou de Madri. --- Ao terminar o outono e mesmo começando o inverno, o emir Seïf-ad-Daouleh (ou Saif el-Dola) rompeu a trégua firmada com os bizantinos e promoveu incursões sobre a Armênia, destruindo uma cidade próxima de Erzurum (de tal forma que muitos chefes georgianos e armênios se entregaram a ele) e saqueou o tema de Armeníacos. -- Nesse ano, o emir samânida Abû `Alî Chaghanî ibn Muhtaj fez incursão em Gorgan, derrotando o Ziyarida Vushmagîr nas proximidades de Raí . Vushmagîr teve, ainda, que fazer frente a uma revolta do governador de Sari (capital do Tabaristão), vencendo-o. Como, porém, este governador solicitou o auxílio do samânida Ibn Muhtaj, Vushmagir teve que reconhecer sua subordinação ao emir sassânida. 939 a 945 - Segunda fase das refregas entre os Hamdânidas de Mossul (tendo à frente o emir Sayf ad-Dawla `Alî) e o Império Bizantino. 940 - O novo emir Bajkam persuadiu o califa a atacar os Hamdânidas em Mossul. Enquanto isto, o ex-emir Ibn Ra’iq se juntou aos Cármatas para atacar e se apoderar da capital abássida. Em face disto, Bajkam neutralizou a ação de Ibn Ra’iq concedendo autonomia aos Hamdânidas. --- Em face do enfraquecimento do emirado Ziyarida de Vushmagîr, o Buyida Hasan, se apoderou de Isfahan. -- O emir samânida Abû `Alî Chaghanî ibn Muhtaj pretendeu se tornar o governador de Khorassan. --- Ao morrer o califa Al-Radi em dezembro, deixou um legado negativo de perdas: sem a Tunísia (Ifrîqiya), a Arábia (sob o poder dos Cármatas), a região oriental do império, parcialmente o Iraque, a Síria e Mossul (dos Hamdânidas). --- Faleceu aquele que foi considerado o ‘pai dos poetas persas’, Rudaki. Foi cegado pouco antes de morrer por causa de suas opiniões religiosas; voltando para morrer no mesmo local onde nasceu: Banoj (nas proximidades de Samarcanda). --- Neste ano ainda: No Império Carolíngio, os árabes saquearam Frejus e Toulon e incendiaram a Abadia de S. Maurício de Agaune em Valais (sul da Suíça atual). - Hugo de Arles (ou de Provença, rei da Itália em 926) pediu a ajuda do califa Abd al-Rahman III para dar cobertura aos comerciantes de Provença, que exerciam suas atividades em Andalucia, por sofrerem constantes saques dos piratas árabes de Fraxinetun (Garde-Freinet). 940 (23 de dezembro) a 944 - Califado de Muttaqî lillâh Abou Ishaq Ibrah (ou simplesmente Al-Muttaqî), irmão de Al-Radi. Em seu governo os Hamdânidas se apoderaram de Djézireh (Djazira) e Síria. Seus vizires foram: Sulaimân (que estava servindo ao califa anterior), depois vieram Al-Barîdî (tinha sido vizir por 3 vezes, mas na última vez ocupou o cargo apenas por um mês, porque se desentendeu com as forças armadas de Bagdá, que saquearam sua casa, tendo que se refugiar em Wâsit), Abu Ishaq Muhammad (só 50 dias), Abu-L-Hussein Ali e Ibn Muqla. 940/3 - Guerra civil no califado após a morte de Al-Radi. O Hamdânida Hasan Nasir al Dawla (‘Defensor do Estado’), irmão de Saif-al-Dola, invadiu Bagdá, onde o califa lhe conferiu a autoridade de ‘emir dos emires’ e criou o Emirado de Mossul (retomado pelos Buyidas em 979). 941 - Muhammad Ibn Ra’iq recuperou o cargo de emir com a morte de Bajkam em setembro. --- Em novembro, o governador fatímida de Sicília, Khalil, se apoderou da cidade de Agrigento, após árdua resistência desta. 942 - Muhammad Ibn Ra’iq foi assassinado em fevereiro, sendo mandante o príncipe hamdânida Nasir al-Dawla, que o sucedeu como Amir al-Umara. --No outono, Hugo d’Arles, então rei da Itália e duque de Provença, por não ter esquadra no Mediterrâneo Ocidental, solicitou ao imperador bizantino Romano I Lecapeno, que tinha uma base naval em Sardenha, para ajudá-lo a combater os árabes de Fraxinetun. Ocorreu, então, o bloqueio naval de Fraxinetun pela esquadra bizantina, enquanto por terra por tropas provençais e piemontesas de Hugo d’Arles. Todo este aparato ruiu em face da desistência deste último, por ter que lutar contra o marquês Berenguer de Ivrée por disputas em relação ao trono italiano. 942 a 944 - O general bizantino João Curcuas iniciou, em novembro de 1942, uma incursão sobre a Síria e Armênia, se apoderando de Djazira. Continuou na Armênia se apoderando de Arzen (norte do Lago Van). A seguir, em 943, atacou os domínios do emir de Mossul e Alepo, na Alta Mesopotâmia, submetendo temporariamente as cidades de Martirópolis (Maïafaryqin), Diyârbékir, Dara e Nísibe. Daí foi para o alto vale do Eufrates, onde cercou e tomou Edessa (conseguiu de seu emir a relíquia chamada de ‘mandylion’, isto é, uma imagem milagrosa de Jesus Cristo estampada em um pano, em troca de prisioneiros). Ao terminar sua campanha ainda conquistou Marash (ou Germanicia), no sopé do Monte Anti-Taurus, importante como ponto de encontro de rotas comerciais entre a Ásia Menor e a Síria, bem como era base de operações de ataques árabes ao Império Bizantino. no sopé do AntiTaurus, onde termina o "poço da Síria", que representava as maiores encruzilhadas de rotas que ligavam a Anatólia ao norte da Síria. Voltou para Constantinopla, onde chegou em 15 de agosto de 944. 943 - Em 15 de maio, em face da revolta da guarda turca de Bagdá, o então ‘emir dos emires’ Hamdânida Hasan Nasir al Dawla foi forçado a sair da capital abássida. O governador do Dailam, o turco Tuzun, foi elevado ao ‘status’ de emir dos emires pelo califa Al-Muttaqi, que se refugiou junto aos Hamdânidas de Mossul e depôs ar-Raqqa.. - Neste ano: Os eslavos orientais do Principado de Kiev fizeram incursões nas províncias transcaspianas da 36 Pérsia (Tabaristão e Azerbaidjão), chegando até o vale do Kura, antigo Ciro (ao sul de Baku) e chegaram até a cidade de Berda’a (ou Partav, uma das maiores cidades da Transcaucásia), pertencente aos Muzzafáridas, mas foram rechaçados pelas tropas muçulmanas e pela disenteria que os assolou. --- O buyida Hasan se apoderou de Gorgan (ou Gurgan) pertencente ao Ziyarida Vushmagîr (Zahir ad-Dawla Vushmagîr ben ziyara); este foi forçado a ir para as montanhas a leste do Tabaristão, se asilando junto aos Bawandidas e, depois, aos Samânidas (recebido na corte de Hamid Nuh I). 943 a 947 - O califa fatímida Al-Qâ'im bi-Amr Allah impôs uma carga fiscal tão onerosa aos Zenetas (bérberes da tribo do Banu Ifrân, dos Montes Aurés, na Argélia) que estes se rebelaram sob a chefia de Abu Yazid; a esta revolta se juntou a cidade de Kairuan (outubro de 944), depois cercou a cidade de Mahdia (em dezembro de 944), mas fracassou diante da ajuda feita pelos chefes das tribos Sanhadja e Kutama a esta cidade (janeiro de 945). Estes tiveram pela frente o filho de Abu Yazid, que os dispersou em ataque de surpresa. Os revoltosos cercaram e tomaram Túnis. Em agosto de 945 as tropas revoltosas passaram por surto de fome e pela saída de Abu Yazid do seu comando. --- Abu Yazid cercou e se apoderou de Susse (janeiro a maio de 946), quando o califa fatímida Al-Qa’im morreu. Este foi sucedido pelo filho Ismail Al-Mansur. Em 15 de agosto de 946, este novo califa travou um combate decisivo contra Abu Yazid que estava em Kairuan, vencendo-o. Abu Said não teve outra alternativa senão fugir para as montanhas, de onde foi obrigado a ir para o deserto pelas tropas do califa que estavam em seu encalço. Em agosto de 947, finalmente, Abu Yazid foi capturado extremamente ferido e acabou morrendo. O califa mandou empalhá-lo e o exibiu como trunfo em Mahdia (foi a partir daí que o califa colocou o sobrenome de Al-Mansur, o vencedor). 944 - O turco Tuzum entrou em conflito (em 11 de outubro) com o califa Al-Muttaqi, tendo este que fugir com a família para Mossul junto aos Hamdânidas e depois para Ar-Raqqa. O palácio do califa em Bagdá foi saqueado totalmente e ocorreram vários tumultos na cidade. O turco mandou mensagem ao califa, prometendo fazer-lhe juramento e obediência. O califa, confiando em sua promessa, retornou. Ao chegar a Sindiyya, entretanto, foi covardemente preso, tendo sido arrancados os seus olhos, morrendo 6 anos depois. Foi proclamado imperador Mustakfi. --- Na Argélia, o zirida Buluggin ibn Ziri refundou a cidade de Argel. 944 a 946 - Califado do abássida Mustakfi Billah (ou simplesmente Mustakfi), primo de Al-Muttaqi. 944 (continuação) - Um dos generais de Tuzun, chamado Abû Já’far o matou logo depois e ficou com o seu cargo de 'emir dos emires'. --- Em 30 de outubro, o Hamdânida Saif-el-Dola (ou Ali Seïf-ad-Dauleh, ‘o Gládio do Estado’) criou a Dinastia dos Hamdânidas na Síria, ao se apoderar de Alepo (ajudado pelo seu irmão Hassan Nasir al-Dawla), tendo esta cidade e Homs como centros de sua ação contra os bizantinos; governando até 967. Seu irmão criou também um principado em Mossul (conquistado pelos Buyidas em 979) --- Bagdá, no inverno, teve queda de neve neste ano. --- O emir idríssida Al-Hajjam retornou à cidade de Fez, mas sofreu a traição do chefe dos Aurebas e acabou sendo aprisionado e depois morto ao tentar fugir. 945 - Em agosto, o califa fatímida Al-Qa’im recuperou as cidades de Túnis, Susse e Kairuan, enquanto o revoltoso Abu Yazid deixou o cerco de Mahdia em face da intervenção de Ziri ibn Menad. --- Em 20 de dezembro, o emir Buyida Ahmed ibn Buway (ou Mo'ez o-dowleh ou Mu`izz ad-Dawla, isto é, ‘Reconforto do Império’) se apoderou da capital abássida, onde o califa lhe conferiu a dignidade de ‘emir dos emires’ (Emir al-Oumarâ) e seus distintivos dignitários (colar, bracelete e estandarte) e passou a ter o nome de Mu`izz ad-Dawla, ou seja, ‘Consolação do Império’. Seus irmãos também receberam títulos honoríficos: `Alî com o de `Imâd ad-Dawla, isto é, ‘Pilar do Império’; Hassan com o de Rukhn ad-Dawla (‘Sustentáculo do Império’). Este último foi desalojado de Raí pelo emir samânida de Khorassan, que, outrossim, ajudou o ziyarida Vushmagîr a tomar a província de Gorgan (mas não conseguindo manter sua suserania sobre ela). --- Colocando o Império Bizantino em perigo, Seif-ad-Dauleh se estabeleceu em Alepo (na Síria), conquistada aos Ikhshididas; estes, mesmo retomando Alepo por pouco tempo, entregaram-na aos Hamdânidas, além das cidades de Emesa e Antióquia, em novembro. --- Neste ano, o governador Ikhshîdida do Egito, Mohammed ibn Toughdj, morreu; um eunuco negro, chefe de sua armada, Abu el-Misk Kafur, passou a governar como regente de seu filho Abu al-Qasim, um adolescente de 15 anos. 945 a 1004 - Os Hamdânidas, sob a direção de Seïf-ad-Dauleh, se tornaram senhores de toda a Síria (a partir de Alepo, conquistada aos Ikhshîdidas) e Jazira (ou Jezira - entre Tigre e Eufrates, tendo como capital a cidade de Mossul). Alepo se tornou a capital e se tornou um brilhante centro intelectual muçulmano. O Emirado Hamdânida, se situando entre os Impérios Islâmico e Bizantino, desempenhou papel político importante nesta época. 945 a 1055 - Protetorado dos Buyidas sobre o Califado Abássida de Bagdá. Desintegração política, social e religiosa do império. 946 - Ocorreu a Batalha de Bagdá entre os Hamdânidas de Mossul (com Nasir ad-Dola) e os Buyidas (sob Mu’izz al-Dawla), terminando com a vitória destes e a expulsão dos Hamdânidas de Bagdá. --- Em janeiro, os Buyidas (Deïlémitas ou Dailamitas) levaram o califa e seu harém para a casa de Mu`izz ad-Dawla, onde ficou aprisionado e despojado do trono, tendo seus olhos cegados; o seu palácio em Bagdá foi saqueado. O califa aí ficou preso até sua morte em 949. Foi colocada no poder uma pessoa mais flexível: Al-Muti.--- Foi a partir de 946 que o califado se tornou, de fato, um títere dos Buyidas, que encerraram em suas mãos o vizirato e a autoridade suprema. O califa, além do poder perdido, tinha um magro orçamento para suas despesas. - No Egito, o governo passou a ter a regência de um eunuco abissínio chamado Kâfûr até 966. 946 (17 de maio) a 953 - Califado do fatímida Ismail Al-Mansur em Ifrîqiya. 946 (janeiro) a 973 - Califado de Mutî’Lillah (Al-Muti), filho do califa Muqtadir. Durante seu governo a Pedra Negra foi colocada de volta na Caaba em Meca (que tinha sido retirada daí pelos heréticos Cármatas). 946 (continuação) - Em 24 de julho, ao morreu Ikhshid, a sucessão coube ao eunuco abissínio Kafur, que governo até 966. --- No dia 15 de agosto, o califa fatímida Ismail Al-Mansur de Ifrîqiya venceu fragorosamente o exército caridjita de Abu Zayd em Kairuan, forçando a fuga deste para as Montanhas de Aurés. --- Foi a partir de 946 que o califado se tornou, de fato, um títere dos Buyidas, que encerraram em suas mãos o vizirato e a autoridade suprema. O califa, além do poder perdido, tinha um magro orçamento para suas despesas. --- Neste ano, Reggio (na Calábria) foi tomada pelos Fatímidas da Sicília aos bizantinos. -- Estabeleceu-se a tutela do Califado de Bagdá pelos Buyidas (sob o comando de Mu’izz-el-dola). Os Abássidas passaram a ter o título de califas apenas honorificamente.. 947 - Depois da morte do revolucionário Abu Yazid, em 19 de agosto, seu corpo empalhado foi exibido à população de Kairuan, em Ifrîqiya, como celebração da vitória do califa Ismail Al-Mansur. Os bérberes da confederação Sanhadja (aliados dos Fatímidas), comandados por Ziri ibn Menad, atacaram e venceram os bérberes Zenatas (inimigos dos Fatímidas), reunidos pelo emir de Maghrauas. Tal vitória facilitou o acesso dos Fatímidas ao Magrebe ocidental (Marrocos atual) e os roteiros comerciais de Sijilmassa ao ouro produzido em Gana. Isto criou uma base financeira para que os Fatímidas continuassem com seus anseios de conquista do Egito. -- O Hamdânida de Mossul, Saif el-Dawla, entrou em conflito com os bizantinos e invadiu o Egito até Ramla, negociando um tratado de paz com os Ikhshîdidas do Egito sobre Alepo e Damasco (na Síria). --- Mu`izz ad-Dawla e os Buyidas do Iraque conquistaram Bassora, no Golfo Pérsico. Desta forma eles conseguiram controlar o Estreito de Ormuzd e, assim, aplicar tarifas marítimas aos comerciantes que por aí trafegavam, melhorando a situação financeira do tesouro. 947 a 1040 - O califa fatímida Ismail Al-Mansur nomeou Al Hassan ibn Ali al-Kalbi como governador da Sicília (que tinha vencido os bizantinos em Calábria, no sul da Itália). Este criou a Dinastia dos Kalbidas (originária do Iêmen e vassala dos Fatímidas), tendo como capital Palermo, uma das cidades mais populosas e brilhantes do Mar Mediterrâneo. Em 948 foi concedido a Al Hassan o título de emir. 947 e 949 - O Império Bizantino mandou 2 missões diplomáticas ao Califado de Córdoba a fim de efetuar gestões contra os corsários da Ilha de Creta, que estavam continuamente exercendo ações de rapina sobre o litoral da Grécia e nas ilhas do Mar Egeu. O califa Abd al-Rahman III assinou um tratado de amizade (neutralizando as relações entre este califado e os corsários). 948 - O emir buyida Hassan (ou Rukhn ad-Dawla, isto é, ‘Sustentáculo do Império’) estendeu seu domínio às províncias de Tabaristão e Gorgan (que pertenciam a Vushmagîr), mas tal anexação variou até 955. - Seu irmão, Alî (`Imad ad-Dawla) optou como seu sucessor o sobrinho Fanna Khusraw, filho de Hassan (ou Rukhn ad-Dawla). --- Houve incursão de forças bizantinas sobre território sírio, mas foi repelida por Saif al-Dawla; mesmo assim, elas saquearam e arrasaram com Adata (ou Al-Haddat al-Hamra), próxima dos Montes Taurus (na Cilícia). 948/9 - O generalíssimo (‘doméstico de escola’) bizantino Bardas Focas retomou cidades da Mesopotâmia e da fronteira da Armênia aos árabes (Germanicia ou Marash e Erzerum). O emir hamdânida Saif-ad-Dauleh do Egito e Síria não reagiu a esta ofensiva bizantina porque estava às voltas com problemas internos. 949 - Ao morrer Alî (`Imad ad-Dawla) em dezembro, seu sobrinho não foi aceito pelo califado, ocorrendo uma revolta contra ele. Seu pai, partiu para de fendê-lo, bem como o seu tio Mu`izz ad-Dawla; desta forma Fannâ Khusraw foi resgatado no poder em Chiraz (na província de Fars), recebendo o título de Adhud ad-Dawla (‘Auxiliar do Poder’) pelo califa Al-Muti.--- Pequenas frotas árabes saíram do Mediterrâneo Ocidental e do Mar Adriático e conseguiram destruir, em ataque noturno, grande parte de armada bizantina sob o comando do eunuco inexperiente e incompetente Constantino Gongyles, em Creta. --- O líder idríssida El-Hasen-Kennoun se assenhoreou de Asilah (no Marrocos atual). Simultaneamente, o seu primo Hasen ocupava Tlemcen, mas morreu neste ano mesmo e foi sucedido pelo filho Abu l’Aich-Ahmed, que mantinha boas relações com o califa de Córdoba (sunita) e rompeu com os Fatímidas (xiitas); seu exemplo foi seguido pelos outros idríssidas (exceto os miknasianos dos Beni-Uassul, do reino de Sijilmassa), ficando todo o norte de Marrocos sob a égide do Califado de Córdoba. 37 949 a 983 - Governo do buyida Fannâ Khusraw (Adhud ad-Dawla) em Fars, fazendo de Chiraz um centro político tão importante quanto Bagdá. Conseguiu estender sua soberania ao Iraque e Oman e guerreou contra seus rivais samânidas. 950 - O emir hamdânida Seïf-ad-Dauleh iniciou em agosto sua ‘djihad’ contra o Império Bizantino avançando sobre o tema da Capadócia e se dirigindo para a capital, Constantinopla, mas foi abandonado parcialmente por seus aliados ao se aproximar o inverno, forçando-o a se retirar. O bizantino Bardas Focas, em 26 de outubro, o emboscou na Capadócia, infringindo-lhe enorme derrota e conseguindo volumoso butim. --- O emir fatímida da Sicília lançou uma campanha militar no sul da Itália: a frota naval comandada pelo emir El-Hacen e por um general do califa Ismail Al-Mansur (Fareh, um escravo alforriado) submeteram a Calábria a saques (950/2). --- Morreu em Damasco o filósofo Al-Farabi que aprofundou o conhecimento das artes e ciências daquela época, valendo-lhe o mérito de ser considerado por Averroes o ‘Segundo Instrutor da Inteligência’ (o primeiro foi Aristóteles). 951- Novamente o emir hamdânida Seïf-ad-Dauleh tentou penetrar na Capadócia dos bizantinos, visando atacar Constantinopla.-- Uma armada do Califado de Córdoba foi mandada para o Rif e ocupou Tanger (em Marrocos) forçando el-Fadel a se submeter; isto ocorreu de forma transitória em face de contínuos conflitos de jurisdição territorial entre os Omíadas da Espanha e os Fatímidas de Ifrîqiya; estes acabaram saqueando e se apoderando de Fez. 951 a 1174 - A região setentrional do Kurdistão (na Pérsia) esteve sob os emires da Dinastia dos Chaddaditas. 952 - O trono da Armênia passou a ser ocupado por Achot III Bagratuni, que transferiu a capital para Ani e governou até 977. De 952 a 1064 a Armênia esteve em seu período áureo. --- Fortificação do local antes habitando pelos Beni Mezghana pelo zirida Bologuine Ibn Ziri ibn Manad, batizando-a de ElDjazair, de onde veio o nome atual de Argélia. 952 a 959 - Os conflitos entre os Hamdânidas e Bizâncio alternaram vitórias e derrotas recíprocas na Cilícia e Mesopotâmia. A partir de 958, porém, o emir Seïf-ad-Dauleh começou a fraquejar.952 a 959 - Os conflitos entre os Hamdânidas e Bizâncio alternaram vitórias e derrotas recíprocas na Cilícia e Mesopotâmia. A partir de 958, porém, o emir Seïf-ad-Dauleh começou a fraquejar. 953 (25 de abril) a 997 - Califado fatímida de Al-Mu’izz li-Din Allah (ou Abū Tamim Ma'add al-Mu'izz li-Dīn Allāh). Foi o conquistador dos reinos idríssida e de Sijilmassa (Marrocos), superando, pois, a pretensão do Califado de Córdoba. No lado oriental, se conquistou o Egito. --- Neste ano ocorreu a Batalha de Marash (cidade cujo nome atual é Kahramanmaras) em que o emir Saifal-Dawla conseguiu uma grande vitória sobre os bizantinos comandados por Bardas Focas; sendo aprisionado Constantino Focas e levado para Alepo. 954 - No final de agosto, ao morrer o emir Nuh I (da dinastia dos persas Samânidas de Bukhara) foi sucedido pelo filho Abd al-Malik ibn Nuh, que governou até 961. --- A partir deste ano, a região do Maghreb el Aksa (como os árabes chamavam o Marrocos) passou a ser partilhada por grandes confederações tribais dos Zenetas (entre os quais os Magrauas, ou Magrauídas, pendendo ora pelo lado dos Fatímidas, ora pelo lado dos Omíadas; os Banu Ifrens e os Meknassas), em face do enfraquecimento dos Idríssidas. Em face de suas divergências, a região sofreu um clima de instabilidade enorme. 954 a 961 - O samânida Abd al-Malik ben Nuh sucedeu, em Bukhara, ao seu finado pai Nuh I, morto em 28 de agosto de 964. 955 - Em julho, o califa de Córdoba, Abd al-Rahman III procedeu com suas tropas a uma invasão em Castela, matando milhares de cristãos; o rei Ordonho III de Leão, em revide, invadiu o califado pelo rio Tejo e saqueou Lisboa, enquanto seu cunhado Fernando Gonzalez venceu os mouros em S. Estevão de Gormaz (no vale do rio Douro, ao norte). Para contrabalançar estas incursões, o rei Ordonho III mandou emissários para Córdoba, a fim de negociar uma trégua entre eles. --- Neste ano, os muçulmanos da Sicília, ligados aos Fatímidas, atacaram o porto de Almeria, em Andalucia, destruindo uma esquadra que aí se aprovisionava. Revidando, uma esquadra do Califado de Córdoba promoveu ataques a cidades litorâneas do litoral de Ifrîqiya dos Fatímidas, em 956 - Ao iniciar-se este ano, o califa de Córdoba, Abd al-Rahman III, mandou uma embaixada, sob a chefia de Hasdai ibn Shaprut, à corte do rei Ordonho III de Leão para negociar um tratado de paz.--- Em março, os núbios do Reino de Dongola, ao sul do Egito, invadiram e saquearam e massacraram a população de Assuan. Foram repelidos, no entanto por ofensiva árabe conduzida pelo governador do Egito, Kafur. - Na primavera ocorreu um ataque naval de uma frota enviada pelo Califado de Córdoba contra o litoral dos Fatímidas de Ifrîqiya, queimando uma cidade (El Kala, na Argélia) e os campos agrícolas de Susse e Tabarka (no leste e oeste da atual Tunísia). --- O emir de Tarso, na Cilicia teve sua frota naval esmagada pelo estratego bizantino Basílio Hexamilites, entre setembro e outubro deste ano. --- Ainda na primavera, na Espanha, ao morrer o rei Ordonho III, foi sucedido por seu irmão Sancho I, o Gordo, que não ratificou o tratado de paz feito no início deste ano, reiniciando-se, então, as hostilidades entre cristãos e muçulmanos. --Neste ano, o imperador bizantino Constantino VII mandou uma armada constituída pelos temas da Trácia e Macedônia, sob a chefia do patrício Marianos Argiros, para a Itália, onde exerceu a função de estratego da Calábria (cuja cidade de Reggio fora ocupada pelos árabes da Sicília) e Longobardia. Marianos reprimiu as revoltas fomentadas pelos árabes, refez a influência bizantina na Campânia e atacou a Sicília onde se apoderou da cidade de Termini Imerese (norte da Ilha). --- Morreu o historiador, filósofo e geógrafo Ali al-Masudi.--- O emir buyida Hassan (ou Rukh ad-Dawla) assinou um tratado de paz com os Samânidas, estabelecendo que Vuhmagîr (Zahir ad-Dawla Vushmagîr ben ziyara) passaria a governar apenas no Tabaristão. 957 –Há referências de comércio entre os persas de Chiraz e o litoral oriental da África, no porto de Kiloa (Kilwa), na atual Tanzânia, navegando, pois, pelo Golfo Pérsico e Oceano Índico. --- Na primavera, os árabes da Sicília, revidando o ataque bizantino do ano anterior, fizeram uma contra ofensiva sobre a Calábria. - As tropas do califado de Córdoba conseguiram vitória sobre as do rei de Leão, Sancho I, o Gordo, no verão deste ano. 958 - No início de agosto, a nobreza do Reino de Leão (na Espanha) despojou o rei Sancho I, o Gordo do trono (por sua obesidade), colocando no poder a Ordonho IV. O rei deposto, por sugestão de sua avó (Toda) solicitou o auxílio do califa de Córdoba para voltar ao poder. Este mandou seu diplomata, Hasdai ibn Shatput a Pamplona para negociar tal apoio e convidá-los a ir à Córdoba. - Na Itália Meridional, o governador bizantino Marianos Argiros defendeu seu território contra os príncipes lombardos e os árabes da Sicília. A frota muçulmana se retirou para Otranto (no Mar Adriático), mas foi afundada por tempestades em setembro, quando retornava para a Sicília. --- Entre outubro e novembro deste ano, o general bizantino João Tsimiskés, sobrinho do imperador Nicéforo Focas, se apoderou de cidades da Mesopotâmia Setentrional, cercou Samosate e derrotou o emir Saif-al-Dola. - O emir ziyarida Vushmagîr (Zahir ad-Dawla Vushmagîr ben Zelara) se atreveu a tomar Reiy (Ray ou Raí ), capital do buyida Hassan (ou Rukh ad-Dawla), este retaliou ocupando toda a província de Gorgan 2 anos depois. O mesmo fato ocorreu em 966. --- O general fatímida Gawhar al-Sigilli se apoderou de Ifgan (ou Ain Fekan, na Argélia), capital dos rebeldes caridjitas Banu Yala. Por mais dois anos este general conquistou toda a região setentrional dos atuais Marrocos e Argélia (e cidades como Tanger, Sijilmassa e Tlemcen). 959 - Em abril, na Espanha, Sancho I, o Gordo firmou acordo com o califa de Córdoba e ajudado pela nobreza de Navarra e Leão se apoderou de Zamora e retomou o poder (perdido em 958) em Leão. --- Os Fatímidas de Ifrîqiya, em 24 de novembro, sob o comando do vizir e chefe da armada Jawar (Djawar) se assenhorearam de Fez e de todos os reinos localizados no atual Marrocos, com exceção dos enclaves de Ceuta e Tanger, que pertenciam ao Califado de Córdoba. 959 a 1015 - O território oriental do Kurdistão, na Pérsia, foi governado neste período pelos emires da Dinastia dos Hasanwayhidas. 960 - Em 8 de novembro, Leão Focas (irmão de Nicéforo) emboscou e venceu o emir de Alepo Seïf-ad-Dauleh quando passava no Desfiladeiro de Andrassos junto à passagem do Monte Taurus oriental na Batalha de Andrassos, que se retirou deixando no local um grande butim roubado por ele em ataque ao tema de Charsian (depois do vale do rio Halys). Toda a região oriental do Alto Eufrates passou a ser o tema da Mesopotâmia. --- Neste ano, Sancho I, o Gordo, rei de Leão, conseguiu retomar sua capital, Leão, graças à ajuda do califa de Córdoba. --- O Reino de Axum sofreu uma devastação geral pela invasão de pagãos chefiados pela semi-legendária Yodit Getahun (Gudit ou Judite). 960 - 961 - No fim de junho de 960, saiu de Constantinopla Nicéforo Focas com destino à Creta, concentrando a frota e a armada ao sul de Éfeso (em Figeles), daí se dirigindo para Creta; foi até Candia ( ou Chandax, sua capital), cercando-a (foi a chamada Batalha de Chandax). Mesmo com o inverno (Bringas mandou provimentos) e com reações dos árabes, Candia caiu em 6/3/961; sua população foi massacrada ou aprisionada. Antes disso, o emir Abd al-Aziz ibn Shuayb desta ilha solicitou sem sucesso o auxílio militar do califa fatímida da Tunísia e do de Córdoba. Findou-se, desta maneira, este reduto de corsários, que infestavam o Mediterrâneo Oriental e o Adriático Adriático por 136 anos. Creta ficou sob o domínio bizantino até 1204.--- Enquanto estava havendo esta campanha bizantina em Creta, em novembro de 960, Seïf-ad-Dauleh estava invadindo a Anatólia. 961 - Ao iniciar-se este ano, o turco Alptegîn (ou Alp Tigin ou Alptigin), escravo liberto que se tornou capitão da guarda dos emires samânidas de Samarcanda e Bukhara, foi nomeado por eles como governador da província de Khorassan. --- Ao morrer o emir samânida Abdul Malik de Bokhara e iniciar-se o governo de Mansur I, no final deste ano, eclodiu uma crise política neste emirado. Os Simjuridas, chefiados por Abu al-Hassam Simjuri, e os Ghaznávidas, com Alp Tigin (duas famílias de Guardas-Escravos dos Samânidas) se revoltaram, conseguindo os primeiros a região do Kuzistão (sul de Khorassan); os Ghaznávidas se estabeleceram em Ghazni, no Afeganistão em 962. Estas duas famílias se digladiaram para governar Khorassan. --- O califa Abd-al-Rahman III, morando em novo palácio fora de Córdoba, morreu em 15 de outubro, deixando o trono para al-Hakam II. 961 (15 de outubro) a 976 - No Califado de Córdoba, Abd al-Rahman III foi sucedido pelo filho al-Hakam II, que governou neste período. 38 ~ 961 - Está exposta no Museu do Louvre uma elaborada e artística manta de seda (chamada de ‘Mortalha de Saint-Josse) feita em Khorassan (ou na Ásia Central) para depositar o corpo do príncipe Abu Mansur Bakhtegin, ao ser decapitado. Foi levada por Estevão de Blois (na I Cruzada) para a Abadia de Saint-Josse (perto de Caen, na Normandia, norte da França). 962 - Em janeiro-fevereiro, o general bizantino Nicéforo Focas, invadiu a Cilícia (grande foco de pirataria árabe), conquistou em 3 semanas de 50 a 60 cidades e castelos, aprisionando muitos muçulmanos e retornando para a Capadócia, a fim de promover ajustes em sua tropa. No outono, retomou sua campanha militar na Cilícia, tomou Anazart (Ain-Zarba), ponto importante na rota da Síria. Após atravessar os Montes Taurus, sem resistência síria de Seïf-ad-Dauleh, tomou outras cidades e chegou a Hierápolis (Mabugh, no Eufrates), daí foi para a capital síria, Alepo, submetendo-a a cerco (de 20 a 31 de dezembro), mas desistiu de apoderar da mesma e voltou para Constantinopla levando rico butim e prisioneiros. --- No Estreito de Messina, que separa a ilha da Sicília da Itália, foi arrasada a frota naval bizantina mandada para ajudar os cristãos que lutavam pela sua autonomia na região oriental da ilha frente ao emir Ahmed ibn Hasan. --- Em 24 de dezembro, a cidade de Taormina (que fora tomada em 902, mas reconquistada depois pelos bizantinos), foi cercada por 7 meses pelos muçulmanos e caiu definitivamente sob o seu poder. Aos bizantinos restou apenas a cidade de Rametta, na região leste da ilha. --- Neste ano ainda: Alptegin criou um Estado autônomo em Ghazni, em relação aos Samânidas. Este local foi a semente de origem da Dinastia dos Ghaznávidas, a primeira de origem turca a governar o Afeganistão. Há autores que consideram Altegin como o fundador da Dinastia dos Ghaznévidas (ou Ghaznávidas). --- Achot III Bagratuni, rei da Armênia, doou ao seu irmão Mushel a província de Kars, que se tornou o pequeno reino da Armênia Meridional. 962 a 1040 - Dinastia dos Ghaznévidas (ou Ghaznávidas) de turcomanos convertidos ao islamismo (em sua vertente sunita) no Afeganistão; de 1026 a 1187, se impuseram ao Panjab, na Índia. O fundador da Dinastia foi Alptegin; mas do Império Ghaznévida foi o Sultão Mahmud (997-1030). Em 1029, o Império Ghaznévida era maior que o Abássida. Sua capital, Ghazni, além de centro administrativo, foi importante pela florescência da cultura islâmica. 963 - No verão, o generalíssimo bizantino do Oriente, João Tsimiskés, fracassou em tomar Massissa (Mopsueste), mas venceu o emir de Tarso próximo de Adana. A fome que assolava a Cilícia, provocou o abortamento destas operações militares bizantinas. --- A sucessão no Império Bizantino abriu uma brecha para que o emir Seïf-ad-Dauleh recuperasse Alepo e reconstruísse as muralhas de Anazarb (na Cilícia), mas teve que enfrentar a revolta de seu principal lugar-tenente. --- Ainda neste ano: O Egito sofreu novamente uma incursão dos cristãos dos núbios de Dongola. --- Florescimento da literatura persa no lado oriental do Império Islâmico, juntamente com o árabe. - O vizir samânida de Bukhara, Bal‘amî, traduziu o historiador e exegeta do Corão chamado Tabari para a língua persa. - Os Buyidas estabeleceram as festas xiitas da Achura, que ainda são apresentadas sob a forma de um teatro (Tazieh) no Iran, relembrando o massacre do imân Hussein. 964 - Na primavera, Nicéforo Focas encabeçou expedição para retomar a Cilícia, atravessou as Portas Cilicianas e tomou Anazarb, Adana e vários castelos e Issus dos emires Hamdânidas de Alepo. No inverno recuou para sua base de provisões e armas (a Capadócia), aguardando a outra primavera (965) para continuar a campanha. 964-965 - Em 964 o imperador Nicéforo II Focas mandou uma frota naval para a Sicília sob o comando do general Nicetas Chalkutzes. Em 24-25 de outubro ocorreu a Batalha de Rametta (última praça fortificada ainda remanescente sob o domínio bizantino na ilha) entre a praia e a cidadela de Rametta de forma encarniçada e valente. Os árabes comandados por Ibn Ammar cercaram a cidade e solicitaram a rendição dos bizantinos sem sucesso. Na madrugada de 5 para 6 de maio de 965, os árabes conseguiram se apossar de Rametta, que foi saqueada e incendiada. O general bizantino conseguiu se evadir. 965 - Leão Focas, por determinação de seu irmão e imperador Nicéforo II Focas, cercou Tarso (na Cilícia), enquanto este último avançava com suas tropas e tomava a cidade de Massissa (ou Mopsueste), em 15 de julho; se juntaram os dois em Tarso, que caiu diante deles em 16 de agosto. Com a tomada de Tarso findou o domínio Hamdânida na Cilicia, que se tornou um tema do império. - Em novembro, uma armada bizantina comandada por pelo almirante Nicetas Chalkutzes foi queimada pelos árabes em Reggio de Calábria, continuando esta província a pagar imposto aos muçulmanos. --- No inverno, o almirante Nicetas Chalkutzes recuperou ao domínio bizantino a ilha de Chipre, ocupada pelos muçulmanos. - Morreu neste ano o poeta AlMutannabi, cujas obras se ocupavam da sátira, da filosofia das pessoas que o circundavam e loas em homenagem aos governantes. --- Na Grande Mesquita de Córdoba foi acrescentado um domo na frente do ‘mihrab’ (nicho em forma de semicírculo nas mesquitas que indica a direção de Meca). 966 - Em fevereiro, o ikhshîdida Kâfur (Abu al-Misk Kafur) se proclamou emir do Egito e foi reconhecido pelo califa abássida de Bagdá. --- O Buyida Ahmed (Mu`izz ad-Dawla, ou seja, ‘Consolação do Império’) e seu sobrinho Fannâ Khusraw (ou Azad o-dowleh ou `Adhud ad-Dawla, ‘Auxiliar do Poder’, primogênito de Rukh ad-Dawla) tentaram impor sua soberania sobre Oman (na Península Arábica, em posição estratégica junto ao estreito entre o Golfo Pérsico e o Mar da Arábia). --- Em 23 de junho, o emir hamdânida Seïf-ad-Dauleh (Seïf-ad-Dauleh) fez uma troca de prisioneiros com o Nicéforo Focas, às margens do Eufrates. 967 - Ao morrer o maior inimigo oriental de Bizâncio (Seïf-ad-Dauleh ou Seïf-ad-Dauleh), de tumor no cérebro, em 9/2, o imperador Nicéforo II se lançou no inverno (967-68) sobre a Alta Mesopotâmia onde se situavam as praças fortes da antiga fronteira entre Bizâncio e a Pérsia Sassânida (como Dara, Nísibe, Mabugh); depois atingiu Antióquia. Em 8 de fevereiro, Sa`d ad-Dawla Charîf sucedeu ao finado Saif el-Dawla, em Alepo. --- Morreu o primeiro ‘emir dos emires’ do Iraque, o Buyida Mu`izz ad-Dawla, sendo sucedido por seu primogênito `Izz ad-Dawla Bakhtyar (em 8 de abril, governando até 977). O primo deste, Fannâ Khusraw (ou Azad o-dowleh ou `Adhud ad-Dawla), tentou ocupar parcialmente a província do Kerman, tumultuada pelo conflito entre os Banu Ilyas (ou Ilyadas) o emir Abû `Alî Muhammad ben Elyâs e seu filho Sulayman, no qual o primeiro morreu. --Neste ano, o emir fatímida Al-Mu’izz e o imperador Nicéforo II Focas assinaram um tratado de paz em Mehedia (Mahdia). Foi a partir deste ano, que este emir fatímida incumbiu ao kalbita da Sicília a proceder a mudanças profundas no habitat da ilha (o chamado ‘encastelamento’). Este califa mandou o general Gawhar al-Sigilli atacar o oeste do Magreb, onde se saiu vitorioso em suas operações militares. - O Emirado do Egito sofreu uma incursão dos núbios de Dongola; em 969 eles foram forçados a adotar a tutela do califado. --- Outro ilustre político morto neste ano foi o ziyarida Vushmgir em combate contra os Samânidas (quando retornavam de campanha contra os Buyidas), sendo sucedido por Bisuntun, seu irmão, que foi substituído por Qabus por pressão armada dos Samânidas. 968 - O Buyida Fannâ Khusraw conseguiu, desta feita, se apoderar de parte do Kerman e assinou um tratado de paz com os Safáridas (representado pelo emir Khalaf bin Ahmad) de Sistan, ambos inimigos dos Samânidas (que tinham colaborado com Abû `Alî Muhammad ben Elyâs na luta pela recuperação de Kerman).—Fannâ Khusraw continuou sua política expansionista em direção à Oman, através do território de Kerman, vencendo Sulayman. As tribos da região se converteram ao islamismo e prometeram fidelidade a Fannâ Khusraw. --- No outono, Nicéforo II foi novamente para Alepo (que tinha sido retomada pelo filho de Seïf-ad-Dauleh), mas se decidiu a atacar o norte da Síria, tomando Emeso (Homs), Gabala (ou Djibleh), Cesareia do Líbano e chegando a Trípoli (em novembro), onde deixou uma guarnição. Daí retomou o caminho de volta para Constantinopla, passando por Antióquia, onde mandou construir o castelo de Bagras (estratégico junto ao desfiladeiro de Belém para Alexandreta). Aí deixou o seu sobrinho (Pedro Focas) e o patrício e general Miguel Burtzés com a incumbência de continuar o cerco de Antióquia. Em 28 de outubro ele se assenhoreou da maior parte das fortificações desta cidade; no dia 31, ao chegarem os reforços de Pedro Focas, ela foi conquistada. 969 - Os Fatímidas (xiitas de ascendência ismaelita) já controlando a Tunísia, Argélia, parcialmente o Marrocos e a Sicília, saíram de Kairuan, em 5 de fevereiro, sob o comando de Al-Mu’izz (por mar) e do seu general e vizi Djawar ou Já’far (por terra), chegaram ao Egito em junho e tomaram Fostat (em 6 de julho) aos Ikhshîdidas. Djawar (outras grafias: Jawhar 'al-Siqilli', 'o siciliano, Djauhar, Já’far, Djauher e Jawhar ibn Abdallah) levara uma grande quantidade de dinheiro e o distribuiu aos egípcios; sendo nomeado governador e tomando a iniciativa de mandar construir al-Qâhiran (Cairo atual) e de seu castelo. Em novembro, o general Djawar invadiu a Síria. --- O Mundo Islâmico ficou dividido, pois, em 3 califados: o dos xiitas fatímidas; o sunita de Córdoba e o sunita de Bagdá (sob o protetorado xiita dos Buyidas). -- Em outubro, o patrício bizantino Miguel Burtzés não teve sucesso em tomar a capital da Síria, Alepo (capital dos Hamdânidas), por isto, pediu o auxílio do sobrinho de Nicéforo II (Pedro Focas) em 1 de novembro. Este derrotou o emir Karguyah de Alepo, 39 forçando-o a acordo de vassalagem ao Império Bizantino, em dezembro. Os árabes do Egito e da Mesopotâmia não se sentiram confortáveis com este acordo, pois os ameaçava a presença imperial em suas fronteiras. 969 a 1171 - Fase do Califado Fatímida no Egito. O califa Al-Mu’izz apenas se estabeleceu aí em 973. 970 - Em 17 de fevereiro, o general Djawar (Djauhar ou Já’far) invadiu a Palestina, venceu os Ikhshididas nas proximidades de Ramallah e se apoderou desta cidade e Tiberíades. Em 14 de outubro, ele estava, em Damasco saqueando suas proximidades; uma semana depois se apoderou da cidade (fazendo, pois, fronteira com o Império Bizantino) e saqueou seu mercado, despertando animosidade da população, que foi castigada. Em seguida, foi a vez de Emesa (hoje chamada de Homs) e Antióquia, cercada durante 5 meses (final de 970 até maio de 971). --- Em 4 de abril iniciaram-se os alicerces da construção da mesquita al-Azhar no Cairo, terminada em 972. --- Em dezembro, os árabes do Egito e da Mesopotâmia não se sentiram confortáveis com a conquista de Alepo (capital dos Hamdânidas), ao ser derrotado Karguyah por Pedro Focas, forçando-o a um acordo pelo qual se submetia como vassalo do Império Bizantino. ---- Neste ano: Uma armada fatímida controlou as cidades de Meca e Medina. --- No norte da África, o líder da tribo dos Maghrauas, Mohammed ibn al Khayr venceu e abateu o líder zírida Ziri ibn Menad, aliado dos Fatímidas, se assenhoreando do Magreb Central (parte da Argélia) e Ocidental (Marrocos). 970 a 1068 - O Magrebe central e ocidental esteve sob o domínio, neste período, de um ramo da tribo bérbere dos Zenetas chamado de Maghrauas (ou Magrauídas). Eles foram os primeiros a se islamizarem, adotando o karidjismo e sendo visceralmente inimigos de todas as dinastias regionais do Magrebe. 971 - O general Djawar em julho, desistiu do cerco de Antióquia (conquistada depois pelos bizantinos) e voltou para Damasco. Aí ele se confrontou com os Cármatas, que atacaram a cidade em 31 de agosto. Depois, em 5 de setembro, estes Cármatas tomaram Ramallah, cercaram Jaffa e atacaram, em dezembro, o Egito, sob a justificativa de que não pagaram um tributo anual devido aos Ikhshîdidas (governantes abássidas do Egito). Aí, no entanto, sofreram derrota no Cairo, diante do general Djawar. -- O Buyida Fannâ Khusraw (ou Azad al-dowleh ou `Adhud ad-Dawla, ‘Auxiliar do Poder’), primogênito de Rukhn ad-Dawla, em agosto/setembro, realizou campanha militar no Beluchistão (no atual Paquistão) para punir suas tribos, que se negaram a lhe prestar juramento; esta campanha só foi concluída no início de 972, até se estabelecerem camponeses iranianos como colonos na região. Ainda neste ano, Fannâ Khusraw e seu pai assinaram um acordo de paz com os Samânidas; assim como foi conquistada Zohar (capital de Oman) por Fanna Khusraw; desta forma, ficou o Estreito de Ormuzd sob controle buyida. --- Enquanto isto, Izz al-Dawla (filho de al-Mu’izz Dawla), emir do Iraque, abandonou a fronteira com o Império Bizantino e não tomou nenhuma iniciativa quando João I Tzimiskés realizou incursão sobre Jazira (ou Jezira, no norte da Síria). --- No norte da África, o Zirida Bologhine ibn Ziri (continuando a obra de seu pai Ziri ibn Menad que se assenhoreara parcialmente do Marrocos) se colocou como soberano das cidades mais importantes da região e promoveu incursões sobre os territórios dos Berguata (aliança confederada das tribos Sanhadja e Masmudas). 972 - Em 5 de agosto, o califa fatímida Al-Mu’izz deixou Al-Mansuriya, capital de Ifrîqiya e foi para Sardaniya (perto de Kairuan) para organizar sua ida para o Egito; em 14 de novembro, partiu daí em direção à Alexandria. Em Ifrîqiya, em 2 de outubro, nomeou como governador o filho do sanhadja Ziri, Bologhine, que saiu de Achir (a sudeste de Argel) para se estabelecer em Kairuan. --- O bérbere Buluggin (ou Bologhine ibn Ziri), ao conseguir o título de vice-rei em Ifrîqiya, iniciou a Dinastia dos Ziridas. --- Neste ano: Os sírios, reforçados pelos Cármatas, invadiram sem sucesso o Egito, onde foram vencidos pelo general Jawhar. 972 (20 de dezembro) a 1007 (no leste da Argélia) e Ifrîqiya (de 973 a 1148) - Bérberes sanhadja, sob Bologhine ibn Zari, formaram a Dinastia dos Ziridas, governando esta parte do Norte da África, tendo como capital Kairuan. 973 - Em março, o califa fatímida Al-Mu’izz chegou ao porto de Alexandria. Em 10 de junho, no Cairo (al-Qahira, ou ‘a Vitoriosa’) ele inaugurou o seu palácio; esta cidade passou a ser a capital dos Fatímidas. Em 22 de junho foi inaugurada a grande mesquita-universidade de Al-Azhar, no Cairo, uma das mais famosas do mundo islâmico. --- O imperador bizantino João Tzimiskès mandou tropas sob o comando do generalíssimo Mleh (de origem armênia) para a Alta Mesopotâmia, onde executou uma política de terra arrasada, tomou Melitène (Malatia atual, às margens do Alto Eufrates), mas foi derrotado em Amida (Diyarbakir), na primeira semana de julho, pelo emir hamdânida de Mossul; foi mandado preso para Bagdá, onde morreu.- Neste ano: a Berbéria fatímida ficou sob o apanágio dos Ziridas, cujo governador Bologhine ibn Ziri encetou várias expedições militares contra os bérberes Zenatas até 980. --- O emir buyida do Iraque ‘Izz ad-Dawla Bakhtiyâr fracassou totalmente em sua invasão sobre território Hamdânida, na Síria (região de Mossul). Os Hamdânidas, retaliando, lançaram-se sobre Bagdá, talvez instigados por Sebukteguin. --- O chanceler Sebukteguin (ou Subuktugîn) de Izz ad-Dawla Bakhtiyâr penetrou no palácio do califa Al-Muti de Bagdá e o convidou a reconhecer o seu filho ‘Abd al-Krîm como seu sucessor. Mutî’Lillah (Al-Muti) teve uma paralisia e abdicou o trono para o seu filho ‘Abd al-Krîm, que passou a ter o nome de Tâ'i' liamr Allah. Al-Muti morreu em 975. --- Izz alDawla, tentando resolver situação financeira crítica do Iraque, tomou feudos turcos do Kuzistão e alijou Sebukteguin de seu posto, acarretando a revolta dos turcos. 973 a 991 - Califado de Bagdá sob Tâ'i' liamr Allah (mais um títere dos Buyidas), conforme o historiador muçulmano Ibn al-Tiqtaqâ (em ‘Histoire des dinastias musulmanes'). Na Enciclopédia Wikipedia, conforme o historiador William Muir (em ‘The Caliphate, its rise, decline and fall’) o califa-títere no período de 974 a 991 foi At-Ta’i. Neste seu período de governo, a Síria ficou dividida entre os Fatímidas e os Cármatas; o território dos Buyidas também se dividiu entre facções rivais. 974 - Em abril, os Cármatas sob a chefia de al-A’sam fracassaram na tentativa de atacar o Cairo, ao serem vencidos por Jawhar as-Siqili (Djawar) . --- Em junho, os Fatímidas atacaram e conquistaram Damasco aos Hamdânidas. --- Em outubro, o imperador bizantino João I Tzimiskés se aliou com o rei Aschod e príncipes da Armênia (em Taron, oeste do Lago Van) para reconquistar a Síria, se apoderando de Amida (no Tigre, cujo nome atual é Diyarbakir), queimando Mayyafarikin e tomou Nísibe (em 12 de outubro) e Mossul (ainda no rio Tigre), cujo emir Hamdânida (Abû Taghlib) se tornou seu vassalo. Cheio de butim voltou à capital bizantina. --- Izz al-Dawla fugiu para Wâsît (entre Bassorah e Bagdá), diante da revolta turca. Sebukteguin lhe ofereceu a troca de Bagdá (capital do seu emirado) pelo sul do Iraque, mas ele não aceitou. Os turcos assediaram Wasit e aprisionaram Izz al-Dawla. `Adhud ad-Dawla (filho de Rukhn ad-Dawla) saiu de Fars para conter a revolta turca e salvar Izz al-Dawla do cerco de Wasit. 975 - Em janeiro, Fannâ Khusraw (ou Azad o-dowleh ou `Adhud ad-Dawla) derrotou os revoltosos turcos e livrou o seu primo da prisão em Wâsit; mas este acabou entregando o governo do Iraque a `Adhud ad-Dawla (em 12 de março) em face de intrigas e de revolta dos Dailamitas. `Adhud ad-Dawla se tornou, então, senhor do Fars e do Iraque. Seu pai conciliou os interesses políticos entre os primos de tal modo que Izz al-Dawla voltou ao poder no Iraque, mas reconhecendo-se como vassalo de `Adhud ad-Dawla e tendo o seu tio como ‘o mais velho dos emires’. Quando o seu tio morreu, ressurgiram, no entanto, as rivalidades entre eles. --- Na primavera, o imperador João I Tzimiskés dirigiu nova campanha na Síria: com sua armada se concentrando em Antióquia (em abril); daí se apoderou de Emesa (pagando-lhe imposto), depois Apaméia e Baalbeck (cuja valorosa resistência, valeu-lhe pesado castigo). Pressionou e conseguiu a vassalagem do governador de Damasco, Alptakin (oficial turco que rompeu com os Buyidas e tomou esta idade em abril). Em seguida foi para a Palestina, se assenhoreando de Tiberíades, Beirute, Nazaré, S. João d’Acre, Cesareia, Monte Tabor. Em setembro estava de volta para Antióquia, após conquistar toda a Síria. --- Neste mesmo ano, Fannâ Khusraw invadiu a província de Kerman (sul da Pérsia) para recuperar a cidade de Bam a um militar samânida renegado. --- O califa fatímida do Egito, Al-Mu’izz, antes de morrer, conseguiu recuperar a sua soberania sobre as cidades santas de Meca e Medina; fazendo assim do Egito o maior centro de propaganda ismaelita do mundo muçulmano. Sucedeu-o, em 24 de dezembro, al-Aziz (nome completo: Abu Mansur Nizar al - Aziz Billah). O califa fatímida do Egito Al-Aziz prendeu o general turco Aftain e sua tropa (a serviço dos Hamdânidas) a leste do rio Auja (hoje chamado de Yarkon em Israel) junto às ruínas do castelo de Majdal Yaba. 975-976 - Na primavera de 975, o califa de Córdoba, Al Hakkam II, após ter deixado Madinat al-Zahra e retornado à capital andaluz, nomeou seu filho Hisham (ou Hixem) como novo califa. Em 5 de fevereiro de 976, reuniu os notáveis do califado para homologar a nomeação, designando Al-Mansur para levar a notícia ao restante da Península Ibérica e ao norte da África. Em 1 de outubro, Al Hakkam II morreu; dois dias depois subiu ao trono o seu filho. 975 a 996 - Califado do Fatímida Al-Aziz (ou Abu Mansur Nizar al-Aziz Billah, que era também imam), sucedendo a Al-Mu’izz e estendendo sua autoridade à Síria, fazendo contraponto aos Impérios Islâmico e Bizantino. Ele recrutou turcos em seu exército. Foi tolerante com os judeus e cristãos em seu território. 976 - O Império Bizantino (com a morte do imperador João I resultando em lutas pelo poder e na dificuldade de manter a vassalagem de áreas conquistadas) perdeu a Síria para o califa fatímida Al-Aziz (com tropas aquarteladas em cidades litorâneas), em maio. --- Em julho, o general fatímida Djawar foi cercado e preso pelo governador de Damasco, Alptakin, no porto de Ascalon (hoje Ashquelon, no sul da Palestina); teve que pagar resgate, voltando, a seguir, para o Egito. --- Em setembro, morreu o sultão buyida de Isfahan, Hassan (Rukh ad-Dawla), reacendendo a rixa entre os seus filhos. Um deles fez uma aliança múltipla com Fakhr ad-Dawla (ou Fakhr ad-dawleh), com o líder turco Hasanûya Barzekânî e com os Hamdânidas de Mossul. O irmão caçula Mu'ayyid ad-Dawla Bûyah (‘Auxiliar do Império’) ficou do lado de `Adhud ad-Dawla Fannâ Khusraw. A partir daí surgiram dois Estados 40 diferentes sob os Buyidas: um tendo a capital em Raí (dirigido por Fakr ad-Dawla), outro com a capital em Hamadhan (chefiado por Mu'ayyad adDawla).--- Em al-Andaluz (Espanha muçulmana), subiu ao governo o califa Hichan (Hixen) II, tendo como regente o general Mansur Ibn Abi’Amir, mais conhecido por Almanzor ou Almansur (já que o califa era menor de idade). --- Neste ano, os árabes deram cobertura financeira e ajuda militar à revolta do general bizantino Bardas Skleros, usurpando o trono até 979. --- Um príncipe persa, cuja origem era de Shiraz, estabeleceu em Kilwa (ao norte de Moçambique atual) um sultanato. -- Qabus Vushmagir, da Dinastia dos Ziyaridas, subiu ao poder como emir de Gorgan e Tabaristão. 976 (3 de outubro) a 1013 - Califado de Córdoba sob o governo de Hixen II (ou Abu al Walîd “al-Mu'yyad bi-llah” Hichâm ben alHakim ou Hishâm II), filho da escrava Subh com o califa Al-Hakam II. Foi deposto em 1009, mas recuperou o poder e governou de 1010 a 1013. Foi em seu governo que o califado conseguiu sua expressão política e militar máxima, graças a Mansur ibn Abi’Amir, ou Almansur, que recebeu o título de ‘hachib’ (vizir) e foi o verdadeiro governante. 977 - O sultão samânida da Transoxiana, Nuh II Ibn Mansur (que governou entre 976 e 997), pressionado por turcos da Ásia Central, nomeou Sebuktigin como governador de Ghazni, enquanto o filho de Sebuktigin, chamado Mahmud, ficou com o governo de Khorassan. --- Em 1 de julho o emir buyida ‘Adud ad-Dawlah venceu, em Ahwaz (no Kuzistão) o seu primo Izz ad-Dawla; depois voltou para Wasit para organizar suas tropas e entrou em acordo com o primo, mas as hostilidades entre eles foram reiniciadas em 978. --- Em setembro, morreu o buyida Rukn ad-Dawla, reacendendo a rixa entre os seus filhos. Um deles fez uma aliança múltipla com Fakhr ad-Dawla (que tinha a capital em Raí), com o líder turco Hasanûya Barzekânî e com os Hamdânidas de Mossul. O irmão caçula Mu'ayyid ad-Dawla Bûyah (‘Auxiliar do Império’), tendo como centros políticos Fars e Hamadhan, ficou do lado de `Adhud ad-Dawla Fannâ Khusraw. A região de Multan, no rio Indo, foi conquistada por ataque de surpresa pelos xiitas ismailianos. --- Neste ano, Bologhine ibn Ziri, governador de Ifrîqiya, conseguiu a cessão de Trípoli, Ajdabiya e Syrte por parte do califa fatímida Al-Aziz. 977 a 997 - Em Ghazni, um dos escravos de Alptegîn (ou Alp Tegin), chamado de Sabuktigin (Subuktigin, ou Sabüktekin), o sucedeu, governando até 997, reconhecendo a autoridade dos Samânidas de Bukhara e se apoderando de Balkh, Kunduz, Kandahar e Cabul. 978 - Em 26 de março, o vizir Al-Mushafi, do Califado de Córdoba, foi despojado de seu poder por Almansur, que tinha sua residência em Al-Madinat al-Zahira, nas proximidades da capital. De 31 de maio a 6 de agosto, Almansur realizou incursão militar sobre Pamplona e a planície de Barcelona. --Perto de Samarra, em 29 de maio, o emir Izz ad-Dawla e seus aliados foram vencidos definitivamente pelo seu primo `Adhud ad-Dawla Fannâ Khusraw (de Shiraz), conseguindo este último englobar em suas mãos a autoridade sobre o Iraque (onde reativou os canais de irrigação e construiu mesquitas), a Média Atropatene (a noroeste da Pérsia) e Fars. Em junho, ele venceu o emir hamdânida, Abu Taghlib em Mossul e ocupou Jazira. Este último se refugiou junto ao governador de Damasco. --- Em 29 de agosto, perto de Ramallah (Ramla), os Fatímidas, comandados por Al-Aziz, venceram definitivamente o emir de Damasco (Alp Tekin) e seus aliados (Beduínos e Cármatas) na Batalha de Al-Tawahin (na Palestina). Nesta batalha morreu o emir. 978 a 1009 - No Califado de Córdoba, o vizir Almanzor e depois seus filhos neste período foram os verdadeiros governantes. Não se atreveram, entretanto, a ameaçar a vida do califa Al Hisham (ou Hixem) II primeiro por ser extremamente protegido por sua mãe Subh (até sua morte em 999) e, segundo, ao grande conceito da população em referência à sua dinastia. 978 a 1014 - Reinado de Bagrat III em Abkhazia, reunindo as Geórgias oriental e ocidental (menos Tiflis). 978 a 1012 - Emirado de Vushmagir ((ou Chams al-Ma`âlî Qâbûs ben Wuchmagîr, ou seja, ‘Sol de sua excelência) em Gorgan (a sudeste do Mar Cáspio). Era sunita, ao contrário dos outros emires que eram xiitas. Desempenhou papel importante nos conflitos entre Buyidas e Samânidas. 979 - O general bizantino Bardas Skleros (e usurpador do trono) foi vencido por Bardas Focas, este auxiliado pelo príncipe bagrátida da Geórgia, a leste de Amorium, na Batalha de Pankalia (em 24 de março). Skleros se refugiou em Bagdá, mas o vizir Aud-el-Dauleh o prendeu para torná-lo, sem nenhum sucesso, moeda de troca em relação às conquistas bizantinas em território árabe. --- Em 26 de março, o emir de Ifrîqiya, o zirida Bologhine se apoderou de Fez (em Marrocos) e de Sijilmassa (onde foi morto o emir dos Maghrauas). Conseguiu, assim, exercer domínio sobre o norte do Marrocos (exceto de Ceuta), até 984, que era uma região sob influência do Califado de Córdoba. --- O buyida Fakhr ad-Dawla sofreu a invasão de seu território por parte de seu irmão `Adhud ad-Dawla; por isto teve que se retirar para Qazvin (junto aos Montes Elburz), ao norte da Pérsia, e depois para Nichapur (em Khorassan), tendo suas tropas desertadas em sua maioria. `Adhud ad-Dawla saiu daí em direção ao sul, para Kerman (Kirman) onde nomeou um governador. --- O emir Hamdânida Abu Taghlib (ou 'Uddat ud-Dawlah Abu-Taghlib), ao fugir de Mossul para Damasco, se envolveu em disputas territoriais do governador local e foi morto em combate contra os Fatímidas, quando estava tentando se apoderar de Ramla, em 29 de agosto. --- O califa fatímida demitiu Jawhar as-Siqilli do vizirato do Egito e recolocou Yaqub ibn Killis em seu lugar. 979 a 991 - Vizirato de Yaqub ibn Killis no Califado fatímida do Egito. 980 - O Buyida Fannâ Khusraw (ou Azad o-dowleh ou `Adhud ad-Dawla, ‘Auxiliar do Poder’, primogênito do finado Rukhn ad-Dawla) em agosto/setembro se apoderou de Hamadhan, tornando-se senhor de todo o sul da Pérsia, de grande parte da Mesopotâmia (o Iraque) e Oman. Em outubro/novembro, o vizir de seu irmão Mu'ayyid ad-Dawla veio prestar fidelidade a ele ; em reconhecimento, Fanna Khusraw mandou tropas para ajudálo a atacar as dos Samânidas e Ziyaridas (sob a chefia de Qabus) que estavam tentando se apoderar do Tabaristão, vencendo-os. --- Fanna Khusraw resolveu restaurar as tradições sassânidas, a começar pelo título de ‘châhanchâh’ (‘rei dos reis’). --- Foi neste ano (ou em 981) que o califa fatímida AlAzis recrutou 3 grandes generais que tinham desertado do emirato de Alepo, sendo muito bem pagos e sendo promovidos com presteza. Foi a partir deste ano que a arte fatímida se desenvolveu, sobretudo a joalheria e ourivesaria. 980 a 1037 - Vida do grande filósofo e médico persa Avicena (Abou Ali Husayn ibn Sina) que foi o autor do ‘Qânûn’, uma enciclopédia médica. 981 (novembro), 983 e 986 - O general bizantino Bardas Focas comandou incursões contra o emir Hamdânida Said atacando Alepo. Na última incursão em 986 despertou a reação do califa fatímida Al-Aziz, ao qual o emir hamdânida pediu proteção. Tal reação fatímida foi sustada por um acordo entre ele o imperador Basílio II (este às voltas com guerra civil internamente). 981 - Em Andalucia (Al Andaluz), o vizir do Califado de Córdoba, Almansur (ou Ibn Abi Amir) invadiu as áreas dominadas pelo seus genros Ghalib e Calatayud, entre 11 de maio de 27 de julho, sendo que em 10 de julho venceu Ghalib junto com tropas dos cristãos de S. Vicente. Saiu-se vitorioso em Zamora, quando cercou as tropas do rei Ramiro III de Leão; Zamora e seus arredores foram saqueados. Em agosto, nova vitória sobre cristãos coligados em Rueda, tomando e destruindo a cidade de Simancas; ao voltar para a capital do califado, ele passou a ter o título de Almansur, que significa ‘o Vitorioso’. --- Em novembro, Alepo foi atacada pelo general bizantino Bardas Focas. 981 (novembro), 983 e 986 - O general bizantino Bardas Focas comandou incursões contra o emir Hamdânida Said atacando Alepo. Na última incursão em 986 despertou a reação do califa fatímida Al-Aziz, ao qual o emir hamdânida pediu proteção. Tal reação fatímida foi sustada por um acordo entre ele o imperador Basílio II (este às voltas com guerra civil internamente). 982 - O imperador alemão Óton II, em maio,estava na Calábria, onde venceu os bizantinos e árabes em Rossano e Crótona, mas foi contido pelos árabes da Sicília (os Kalbidas) em conflito arrasador perto de Stilo (Batalha de Stilo ou Cabo Colonne), em 13 de julho. Fugiu a cavalo, foi acolhido em navio bizantino; depois conseguiu rearrumar seu exército em Rossano e foi para a Longobardia, daí para Roma, onde morreu em dezembro de 983. --- No verão, o vizir Almansur do Califado de Córdoba realizou campanha militar contra Gerona (em Pamplona). 983 - Em Bagdá, morreu o buyida Fannâ Khusraw, em 26 de março; um ano depois morreu o seu irmão Mu'ayyid ad-Dawla; seu vizir Sahib ibn `Abbad conseguiu que as tropas subordinadas ao finado aceitassem Fakhr ad-Dawla como novo emir dos emires. Este negou ao Ziyrida Qabus o direito a Gorgan e Tabaristão. O território buyida se esfacelou a partir daí. --- Em setembro, Alepo foi, mais uma vez, atacada pelo general bizantino Bardas Focas. 984 a 996 - Emirado de Al-Mansur ibn Bologhin, da Dinastia dos Ziridas em Ifrîqiya. Foi neste período que o Califado de Córdoba exerceu sua soberania sobre Marrocos. 985 - De 5 de maio a 23 de julho, o vizir Almansur do Califado de Córdoba, cercou e entrou na cidade de Barcelona, destruindo-a, aprisionando seus habitantes e massacrando os judeus aí residentes. O pedido de apoio feito anteriormente por Barcelona ao rei francês carolíngio Luís V não foi atendido, pois estava em conflito com o imperador Óton I do Sacro Império Romano Germânico. --- O chefe das tribos turcas oguzes (originárias dos Kinik), Seldjuk, se fixou na Transoxiana dos Samânidas. Outros turcos se juntaram a ele, concedendo-lhe o título de ‘Chabâchî’, isto é ‘chefe da armada’; também se converteu à religião maometana, a fim de lhe facilitar o acesso às pastagens e direito de montar suas tendas de seu pastoreio. Antes, no entanto, os nomes dos filhos de Seldjuk (Miguel e Israel) já revelavam uma suposta adesão ao judaísmo ou cristianismo. --- Os xiitas Ismaelianos ou Septimanos, se aproveitaram de seu domínio em Multan, no Indo, como ponta de lança para se assenhorear do Sind aos Hibbârîdas; constituindo-se em Estado independente de Bagdá e aliado ao Califado Fatímida do Egito (também xiitas Ismaelianos). 986 - Em 25 de maio faleceu o grande astrônomo persa Al-Sufi, autor do ‘Livro das Estrelas Fixas’ muito ilustrado; uma das crateras lunares foi batizada com seu outro nome (Azofi). --- Neste ano: Os Hamdânidas se colocaram sob proteção do califa fatímida Al Aziz. --- O imperador bizantino Basílio II assinou tratado com o califa fatímida Al-Aziz; uma de suas normas era a da entonação do nome do califa nas orações da mesquita de 41 Constantinopla. -- O turco muçulmano afegão de Ghazni, Sabuktigin venceu a aliança indiana formada pelos Çahi-Bramanes (dinastia do noroeste do Punjab e Gandara), Caxemira e os Chandella (dinastia de Bundelkand). --- Os muçulmanos de Sicília saquearam a cidade de Cosenza (litoral do Mar Tirreno, no sudoeste da Itália). 986-987 - O general bizantino Bardas Skleros conseguiu sua liberação do ‘emir dos emires’ (‘émir-al-oumarâ’) de Bagdá e chegou em Melitene (na Alta Mesopotâmia) em fevereiro de 987, onde foi, novamente, proclamado imperador (mas não o conseguindo de fato). --- Primeira investida dos turcos ghaznévidas (situados no Afeganistão entre Kabul e Kandahar), comandados por Subuktigin, sobre o reino de Gandhâra (antes chamado de Mahajanapada), no vale de Peshawar: os Çahi-brâmanes sofreram derrota, mesmo havendo a aliança entre os Tchandella e Caxemira. Quatro anos depois os Çahi-brâmanes transferiram sua capital para Bhâtinda (no Punjab, noroeste da Índia). 987 - O primogênito de Fannâ Khusraw, Chîrzîl (Charaf ad-Dawla), expulsou seus irmãos dos respectivos emirados, forçando-os a migrar para Bagdá. Nesta capital, um deles, Marzûban (Samsâm ad-Dawla), se proclamou ‘emir dos emires’. Em função disto, Chirzil partiu de Kerman, tirou do poder o seu irmão Marzûban, investindo-se do seu título e aprisionando-o na província de Fars. O califa abássida Tâ'i' liamr Allah (ou At-Tâ'i'), em julho deste ano, títere como era dos Buyidas, reconheceu a Chirzil aquele título. --- Os Ziridas tentaram sem sucesso reconquistar o oeste do Magreb aos Omíadas de Córdoba. - Almansur se apoderou de Coimbra, em Portugal; 7 anos depois a abandonaram para prestar assistência aos domínios mouros ao norte. 988 - A Síria (parte sul, tendo a capital em Alepo) foi absorvida pelos Fatímidas. --- Fakhr ad-Dawla entrou no território samânida de Khorassan para ajudar o turco seldjúcida Tach em disputa pelo governo daquela província persa. Não sendo bem sucedido, o turco rebelde fugiu para Gorgan, de que se tornou governante por ato de Fakhr ad-Dawla. --- Continuando sua campanha militar, o todo poderoso vizir Almansur atacou o Reino de Leão, forçando a fuga do rei Bermudo II para Zamora; a capital do reino, Leão, resistiu ao cerco das tropas mouras por 4 dias, após o qual foi saqueada e incendiada. 989 - O governador de Tahert, Abu al-Behar se revoltou contra o sobrinho Al-Mansur ibn Bologhin; mas fugiu, ao se aproximar este último da região. Foi nomeado outro governador, Ituweft, irmão de Al-Mansur ibn Bologhin. Abu al-Behar pediu ajuda ao Califado de Córdoba; ao voltar recebeu o apoio do líder da tribo Ketama, se apoderando de Fez. Três anos depois retornou a Kairuan e Al-Mansur ibn Bologhin lhe restituiu o governo de Tahert. 989 a 999 - Neste decênio a Síria do Norte, cuja capital era Mossul, esteve sob o domínio do Império Bizantino. 990 - A partir deste ano, o Kurdistão esteve partilhado pelos Chaddaditas, ( desde 951 ao norte) e Hasanwayhidas (desde 959, a leste), pelos Banû Annaz (990-1116) e Marwanidas(990-1096) de Diyarbakir a oeste. --- Início do estabelecimento de Turcos Qarluks (islamizados desde 960) na região de Khorassan. --- Faleceu o matemático Abu'l Hasan Ahmad ibn Ibrahim Al-Uqlidisi, copista de Euclides, que exercia suas funções em Bagdá e Damasco. 990 a 1069 - Zenatas estabeleceram dinastia em Marrocos. 990-1003 - Al-Aziz mandou construir a mesquita chamada de Al-Hakin (porque foi terminada em 1003, sob o governo de Al-Hakim). 991 -- Al-Aziz criou na capital fatímida (Cairo) o ‘ofício do bordado’. --- O ghaznévida Subuktigîn (sucessor de Alp Tigin) ocupou o Reino de Khyber Pakhtunkhwa no Paquistão, após vencer o rei Jayapala em Peshawar (à margem do alto vale do Indo), forçando os Çahi-Bramanes a deslocarem a sua capital para Bhatinda (no Punjab). --- Incursões dos Fatímidas da Sicília nas províncias bizantinas do sul da Itália: Tarento foi cercada neste ano; 3 anos depois, foi tomada a cidade de Matera (na Calábria). --- O buyida Marzûban teve seu território invadido pelo irmão Bahâ' ad-Dawla, mas manteve sua autoridade sobre a província persa de Kuzistão e sobre Omã. Marzûban reconheceu Fakhr ad-Dawla como ‘emir dos emires’, ficando este com autoridade sobre o Kuzistão, Kerman, Fars e Oman. -- Os Buyidas, comandados por Bahâ ad Dawla Firûz (filho de Ahmad ad Dala) destronaram e aprisionaram o califa At-Tâ'i' liamr Allah em Bagdá (e seus bens açambarcados pelos vizires). Chamaram do exílio a Al-Qadir (filho de Al-Muttaqi) para ocupar o trono --- O ghaznévida Subuktigîn (sucessor de Alp Tigin) ocupou o Reino de Khyber Pakhtunkhwa no Paquistão, após vencer o rei Jayapala em Peshawar. --Neste ano se findou o governo de dez anos dos emires de Mossul, Abu-Tahir Ibrahim e Abu-'Abdullah Husain. 991 a 1002 -- Neste ano morreu o emir de Alepo, Sa`d ad-Dawla Charîf I (ou Saïd-ed-Daouleh, conforme Bréhier), sendo sucedido pelo filho menor Sa`îd ad-Dawla Sa`îd, inicialmente tendo como regente Lulu-el-Kebir. 991 (19 de novembro) a 1031 - Califado abássida de Al-Qadir (Kadir), filho de Al-Muttaqi e neto de Al-Muqtadir. Procurou restabelecer o papel do califado a partir de 997 com as querelas de poder entre os Buyidas. 992 - Em maio deste ano, o khan dos Caracânidas (tribo turca cujo canato se localizava ao sul do Lago Balkash, tendo capital Balassagun) chamado Bughra Harun (ou Ḥasan Boḡrā Khan) se apoderou por um período breve de Bukhara, na Transoxiana, pertencente aos Samânidas, com o assentimento do clero e nobreza local. --- Neste ano: Al-Aziz, califa fatímida do Egito, avançou para a Síria do Norte cercou a capital dos Hamdânidas, Alepo, já que Saidal-Dola tinha morrido no ano anterior e deixou um filho menor de idade. --- O rei Sancho II de Navarra esteve em Córdoba em 4 de setembro a fim de negociar um tratado de paz com o califado, após nova incursão militar do vizir Almansur sobre Pamplona. 992 a 1006 - Início da Dinastia dos Uqailidas (árabes xiitas do clã dos Banu Uqayl) sobre o norte da Síria (Mossul, sucedendo aos Hamdânidas) e o Iraque. Seu primeiro emir foi Mohammed ben Musayyi que moveu guerra contra o curdo Badh, terminou com a aliança feita com os Hamdânidas e forçou os Buyidas a conceder a independência de Mossul. Sua autonomia terminou com a dominação da região pelos turcos seldjúcidas. 993 - O califa Al-Aziz, continuando sua campanha militar na Síria, se apoderou das cidades de Shaizar e Apameia. 994 - Na Espanha, Pamplona sofreu novo ataque do vizir Almansur do Califado de Córdoba. -- Em junho, o general fatímida Mangutekin assediou a cidade de Alepo. --- Em agosto, os governadores turcos caracânidas islamizados Abu 'Ali e Fa'iq de Khorassan se voltaram contra o emir Nuh II dos Samânidas; este os venceu e os destituiu com o auxílio do ghaznávida Subuktigin e dos Kharezmianos. O filho de Subuktigin, Mahmud, foi incumbido de governar o Khorassan, saindo do poder o caracânida Abu 'Ali. Os Kharezmianos ficaram com a região de Khiva (ao sul do Mar de Aral). -- Em agosto, os governadores caracânidas Abu 'Ali e Fa'iq de Khorassan entraram em conflito contra o emir Nuh II dos Samânidas; este os venceu e os destituiu com o auxílio do ghaznávida Subuktigin e dos Kharezmianos. O filho de Subuktigin, Mahmud, foi incumbido de governar Khorassan (obtendo o título de Saifad-Dawla, ou seja ‘Espada do Estado’), saindo do poder o caracânida Abu 'Ali. Os Kharezmianos ficaram com a região de Khiva (ao sul do Mar de Aral). -- Miguel Burtzes, duque bizantino de Antióquia, foi vencido próximo ao rio Orontes (na Síria) pelas forças fatímidas ao tentar socorrer os Hamdânidas cercados em Alepo (em 15/9). --- Ao norte de Marrocos, o zenata Ziri ibn Attia fundou a cidade de Ujda (nordeste do Marrocos atual), estabelecendo-se nela em 995, já que era parte da província de Tlemcen. 994 a 1231 - Dinastia dos Corasmianos (Kharezmianos) no oeste do Turquestão, ao sul do Mar de Aral. De 1190 a 1220 eram senhores da Pérsia. 995 - O imperador Basílio II saiu de Tessalônica, atravessou a Anatólia em apenas 16 dias, foi para a Síria, atendendo ao pedido do mameluco Lulu-elKebir (regente Hamdânida), chegando em abril em Antioquia e infligiu severa derrota ao general fatímida Mangûtekîn em Alepo, tendo este que fugir para Damasco. Ao voltar para sua capital (no outono), o imperador ainda se apoderou de várias cidades sírias dos fatímidas. 996 - No final de março, em Ifrîqiya morreu o quinto emir zirida Al-Mansur, sendo sucedido pelo seu filho Badis, que deixou de exercer a soberania sobre todo o Magrebe. Os Ziridas se dividiram em duas dinastias independentes: a de Ifrîqiya (Tunísia), sediando sua capital em Kairuan (Qayrawan) que governou até 1016; outra, a da Argélia, que governou até 1014. --- Em 14 de outubro, o califa fatímida Abū Mansūr Nizār al-Azīz morreu em Bilbeis, quando preparava uma expedição militar para a Síria, sendo proclamado califa o seu filho Al-Hakim (al-Hakim Bi-Amr Allah) tendo apenas 11 anos de idade. Foi o primeiro califa nascido no Egito. Teve papel importante na formação da seita dos Drusos. --- Neste ano, o Uqailida Muqallad de Mossul realizou incursões até em Bagdá. Houve uma aliança efêmera entre eles e os Buyidas para combater os turcos na Síria e no Iraque, em benefício dos Fatímidas. --- Na Espanha Islâmica, Almansur se apoderou da cidade de Astorga. 996 (14 de outubro) a 1021 - Egito governado pelo 6º califa fatímida Al-Hakin bi Amrillah (com apenas 11 anos em 996, daí a regência do eunuco Barjawân até o ano 1000, quando este foi assassinado) . Foi o primeiro califa nascido no Egito. Teve papel importante na formação da seita dos Drusos. Neste período houve constantes conflitos entre os valentes Bérberes da armada egípcia contra os outros componentes desta força. Ardoroso ismaelita combateu os sunitas, perseguiu os cristãos e judeus e destruiu a Igreja do S. Sepulcro em Jerusalém. 997 - O emir Nuh II dos samânidas acolheu um jovem persa chamado Ali ibn Sina, mais conhecido como Avicena, o grande matemático, filósofo, poeta e médico. Em 16 de julho morreu este emir, sendo sucedido pelo seu filho Mansur II, que governou somente até 999. --- Continuando sua campanha militar a noroeste da Espanha, o vizir Almansur destruiu, em 10 de agosto, a célebre igreja de S. Tomás de Compostela (famosa pelas peregrinações de cristãos), fazendo muitos prisioneiros que foram obrigados a levar o sino da igreja para Córdoba. --- Morreu o governador turcomano de Khorassan, Subuktigin (Sabuktigin), em agosto, subindo ao poder seu filho Mahmud de Ghazni (primeiro chefe muçulmano a receber o título de sultão), em agosto, contrário à partilha de poder com seu irmão Ismail. --- Faleceu em outubro (ou novembro) Fakhr ad-Dawla, sendo sucedido pelo filho primogênito Rustam (se intitulando ‘Majd ad-Dawla’, ou seja, ‘Glória do Império’). --- O Ziyarida Qâbûs, que estava no exílio, se aproveitou desta situação de instabilidade decorrente da sucessão para invadir a região, se apoderando de Gorgan e Tabaristão, ao sul do Mar Cáspio (em 998). ---- A partir deste ano, um ramo dos 42 Daylamitas chamado de Salaridas controlou o Zanjan (noroeste da Pérsia). --- O califa abássida Al-Qadir, em face do afastamento de seu tutor buyida, conseguiu maior poder de decisão com a ajuda dos Ghaznávidas. 997 a 1030 - Governo de Mahmud de Ghazni, sultão primeiro do Irã (997), depois do Hindustão (999). Ele matou seu irmão Ismail porque não quis partilhar o poder (como previra seu pai). Durante seu reinado se livrou dos Samânidas, tomando Khorassan (999), além do Afeganistão (cuja cidade de Ghazni foi a capital do Império Ghaznévida) e Gandhâra (pertencente à Dinastia dos Shahi ou Shahiya), do Sind e do reino ismailita de Multan (no vale do Indo). Os Ghaznávidas (ou Ghaznévidas) eram muçulmanos sunitas (Mahmud foi chamado de ‘flagelo dos infiéis’). Foi durante seu reinado que o poeta Ferdawsî (Firdusi) escreveu o ‘Livro dos Reis’ em Bagdá; além dos trabalhos de al-Bêruni e de Avicena. 998 - Em 19 de julho, os bizantinos foram derrotados em Apameia, onde Damiano Dalassenos, duque de Antióquia, e suas tropas foram massacradas em combate com o califa fatímida El-Hakem (ou Al-Hakin, sucessor de El-Aziz). Neste combate ele morreu, ao perseguir uma força composta por beduínos. --- Neste ano: Ali ibn Mazyad, líder da tribo dos Banu Asad, estabeleceu ao norte do Iraque a Dinastia dos Maziadidas, com capital em Kufa (Hilla), sendo a única que se manteve autônoma na época da dominação seldjúcida. --- Um emir do Azerbaijão invadiu a Armênia, auxiliado por tropas de Khorassan, mas foi derrotado na planície de Bagrevand pelos armênios, coligados aos georgianos, sob o comando do general Vahram Pahlavuni. --- O vizir Almansur de Córdoba atingiu a culminância de seu poder, ao conseguir o juramento do califa Hisham III de que seria o sucessor, formando sua própria dinastia. 999 - Em fevereiro, o emir samânida Mansur II foi deposto e cegado, mas seu irmão, Abdul Malik II, não teve condição de manter a dinastia, mesmo com a tentativa de sua recuperação com Ismail II. Isto serviu de pretexto para que Mahmud de Ghazni conquistasse Khorassan assinando um tratado de paz com os samânidas (o emir Fa’iq e o general Bektuzun), na primavera, ficando com Balkh e Herat. Estes samânidas, porém, atacaram a retaguarda do exército de Mahmud, sem nenhuma perda deste, que os atacou nas proximidades de Merv, vencendo-os e tomando as terras a sudeste da Transoxiana. Simultaneamente, antigos vassalos dos Samânidas do norte do rio Oxus prestaram homenagem a Mahmud. Em 23 de outubro, o Caracânida de Uzgen (ou Uzgand, na fronteira sudoeste do Quirguistão atual), ‘Arslan Ilek’ (terceiro título de hierarquia de poder) Nasr ben Ali, invadiu, pelo lado nordeste a Transoxiana e tomou a cidade comercial de Bukhara, onde prendeu o último Samânida, tornando-se o senhor da Ásia Central. Estes fatos determinaram o fim do domínio dos Samânidas na região. --- Os turcos Karluks (que tinham lutado ao lado dos árabes na Batalha de Talis em 751 e que foram islamizados em 960) começaram a se estabelecer na Transoxiana. --- Em abril, o emir de Córdoba, Almanzor, efetivou campanha militar em Pallars (área entre a Montanha do Montseco e os Pirineus, em Lérida) e em Aragão. Mais tarde, neste ano ainda, atacou Pamplona, revidando ataque do Reino de Navarra sobre Calatayud (feito em 997). --- Em setembro, o imperador bizantino Basílio II teve que voltar para a Síria por causa da derrota e morte de Damiano Dalassenos diante do califa fatímida Al-Hakim, no ano anterior. No dia 20 deste mês, Basílio II ameaçava a cidade de Antióquia, dos Fatímidas; depois ocupou Cesareia e Homs (ou Hims) na Síria (em outubro), mas teve que recuar em Trípoli (6-17 de dezembro) e passou o inverno em Tarso (na Cilícia). Foi aí que soube do assassinato do rei Davi da Geórgia (que legou a ele o seu reino), tendo que se dirigir para lá, a fim de garantir a sua herança. -- Nesta ocasião, na cidade do Cairo, foram massacrados centenas de mercadores de Amalfi, sob suspeita de terem queimado os navios que iriam socorrer os fatímidas em Antióquia e Trípoli (da Síria), que estavam ameaçados pelos bizantinos. --- O califa abássida de Bagdá, Al-Qadir, passou a ter mais autonomia em Bagdá e arredores, desde quando os Buyidas se instalaram em Shiraz. --- Neste ano subiu ao pontificado romano o monge Gerberto Aurillac, que se intitulou Silvestre II: foi ele que difundiu os algarismos arábicos (indianos) na Europa. 1000 - Em 25 de março, o eunuco e tutor do califa fatímida, Barjawan, foi assassinado a mando dele; a partir daí, Al-Hakim governou sozinho o Egito, obrigando seus súditos sunitas a aceitar sua fé ismaelita. --- Na Espanha, em 29 de julho, os cristãos coligados (reis Garcia III Sanchez de Navarra, Leão Afonso V de Leão, o conde Sancho Garcês de Castela e Garcia Gómez de Carrión) sofreram derrota diante do vizir Almansur na Batalha de Cervera de Pisuergase, na qual morreu o rei de Navarra, Garcia III Sanchez. --- Neste ano: O novo emir samânida Ismail, filho de Nuh II, tentou recuperar a região da Transoxiana e Khorassan aos Caracânidas e Ghaznévidas, mas não teve sucesso. --- Início da conquista do Punjab (ou Panjab, norte da Índia e Paquistão) pelo turcomano Mahmud de Ghazni (Dinastia dos Ghaznávidas); após 25 anos de ação militar (portanto até 1025) na Índia conquistou a margem esquerda do Indo, a Caxemira, Lahore, tornando-se o arauto da propagação do islamismo no país. --- Tratado de paz entre o Império Bizantino e os Fatímidas (califa El-Hakem). --- O sexto emir zirida de Ifrîqiya, Badis enviou o seu tio Hammad para combater os Banu Khazrun, vencendo-os e mandando matar seus líderes (um deles foi comido por cachorros). --- Foi publicada a obra ‘Livro de ´Ótica’ do filósofo, matemático e astrônomo persa Alhacen, apelidado de ‘Ptolomeu II’ na Idade Média. Também na Pérsia se destacou Abu Mahmud al-Khujandi, matemático e astrônomo.--- Na Espanha muçulmana se salientou o médico Abulcasis, considerado o pai da cirurgia, escrevendo a obra ‘Al-Tasrif’ de 30 volumes. No final deste século, Gênova e Pisa começaram a empreender campanhas para eliminar a presença dos mouros nas ilhas da Córsega e Sardenha, focos de ações de pirataria e saques no litoral norte-ocidental da Itália, obstruindo suas pretensões comerciais. O Mundo Islâmico atingiu a sua Idade de Ouro no final deste século e meados do próximo, não apenas por abranger uma grande área geográfica, como pelo seu pujante comércio e pela sua civilização (a maior parte dos cientistas na época eram muçulmanos, como Avicena, alBiruni, Abu Nasr Mansur, Al-Karaji, Kuhi e outros. SÉCULO XI Na primeira metade deste século terminou o governo da Dinastia Omíada do Califado de Córdoba e iniciou-se o dos Almorávidas. Neste século continuou o processo de fragmentação do Califado de Bagdá e consequente enfraquecimento político. Bagdá foi tumultuado pela anarquia e por conflitos religiosos. No início deste século, os Bérberes do grupo Sanhadja (Lemtuna, Djoddala e Messufa), vassalos do Império de Gana, se uniram e aceitaram ficar sob o governo do emir Tarsina na atual Mauritânia. Do início deste século até o meio do século XIII, a Península Ibérica sofreu novo equilíbrio político com a Reconquista Cristã através das guerras dos reinos católicos pela conquista dos territórios muçulmanos na região. Deste começo de século até 1500, o Islamismo se expandiu para o sul da África (o Magrebe já estava conquistado desde o século VIII) tendo como eixos de penetração o vale do Nilo, as rotas comerciais transaarianas e o litoral setentrional e oriental da Somália. Entre os soberanos que se converteram ao islamismo foram os do Império Kanem Borno, ao norte do Lago Tchad, que tinha se desenvolvido desde o século VIII com o comércio transaariano em direção ao Mediterrâneo e ao tráfico de escravos (cativados no sul e vendidos em Trípoli e Fezzan). No norte da Índia surgiu o Sultanato de Delhi sob a dinastia muçulmana afegã dos Ghaznávidas. Em face do enfraquecimento e caos no Califado de Bagdá, os turcos seldjúcidas se tornaram senhores da Pérsia na segunda metade do século e criaram o Sultanato de Rum na Anatólia. Neste século, o baluarte de proteção do islamismo passou dos decadentes Abássidas para estes turcos, que reiniciaram as hostilidades contra o Império Bizantino. Foi assim que, no final do século, a maior parte da Anatólia e toda a Síria bizantina passou para o lado muçulmano. Os Caracânidas se apoderaram da região centro-asiática pertencente aos Samânidas e formaram um Canato que compreendia a parte ocidental de Xinjiang (oeste da China), o Tien-Shan, a Semirétia e Mavarannahr (Ásia Central), que sobreviveu até o século XIII. 1001 - Bagdá foi sacudida por lutas religiosas e anarquia política. — Tribos turcas oguzes insubmissas e ávidas de rapina, sob a chefia de Seldjuk, atravessaram o rio Oxus e invadiram a província de Khorassan, sob o olhar indiferente de Mahmud de Ghazni. Este último, em 28 de novembro, venceu, perto de Peshawar (em Panjab), a coalizão liderada pelos Pratihara (dinastia dos reis de Kanauj), incluindo os reis indianos Shahiya e Jayapala, matando milhares de indianos e jogando-os aos animais e aves de rapina; saqueou a cidade e templos. Jayapala foi aprisionado, concedeu ao sultão ghaznévida seus filhos e netos como resgate, mas envergonhado pelas humilhações sofridas, se jogou numa fogueira e morreu. A resistência aos muçulmanos foi continuada pelo seu filho Ânandapâla. Daí até 1021, Mahmud executou 17 expedições de saques no norte da Índia. --- O bérbere zenata Khazrun ibn Falful (da tribo dos Banu Khazrun) iniciou o seu governo em Trípoli (da Líbia). 1002 - Em 21 de maio, o vizir Almanzor (Al-Mansur) deixou a capital em campanha militar contra o Reino de Castela; neste avanço queimou o mosteiro de San Millán de la Cogolla (em La Rioja). Em julho, ocorreu a talvez lendária Batalha de Calatañazor, na qual o conde Sancho Garcez de Castela, ajudado pelos reinos de Navarra e Leão, derrotou Almanzor. Este vizir de Córdoba, de 10 para 11 de agosto, morreu adoentado (ou talvez ferido) em 43 Medinaceli (perto de Madri atual), sendo sucedido por Abd al-Malik al-Muzaffar, ensejando uma instabilidade política no califado espanhol. --- Em 10 de agosto os Fatímidas da Sicília são desalojados de Bari pelos venezianos; deste modo, eles perderam o controle sobre o Canal de Otranto, entre os Mares Adriático e Mediterrâneo. O Adriático passou a ser um ‘lago veneziano’. --- Neste ano, os Hamdânidas (sob o governo de Lulu, ou, de acordo com o original, Lû’lû) sofreram derrota diante de tropas bizantinas. - Assinatura de trégua entre os Fatímidas e o imperador Basílio II. 1003- Em 25 de fevereiro, ocorreu a Batalha de Albesa (na cidade com este nome, nas proximidades de Balaguer, na Espanha Muçulmana) em que as tropas cristãs da Catalunha foram vencidas pelas do Califado de Córdoba. --- Neste ano: O emir samânida Ismail foi para a Transoxiana e conseguiu o auxílio militar dos turcos oguzes (do vale do Zeravchan, afluente do rio Oxus ou Amu-Daria, como é chamado hoje) para mover guerra contra os Caracânidas, conseguindo vitórias sobre Nasr. Retornou depois para Khorassan, tentando sem sucesso o apoio de Mahmud de Ghazni para tal empreitada militar contra os Caracânidas. Ao voltar para o vale do Zeravchan, conseguiu apoio aleatório dos turcos oguzes e não conseguiu se sobrepor aos Caracânidas. -- As ilhas de Lerins (S. Margarida e S. Honorato) no litoral de Provença (sul do Reino Franco) sofreram ataque dos árabes do norte da África. --- Tomada de Alepo pelos Fatímidas encerrando o domínio local dos Hamdânidas. 1004 - O poeta Firdusi escreveu a grande epopéia Shahnameh (Châh-nâmeh) e a dedicou a Mahmud de Ghazni. Em outubro: este sultão partiu de sua capital em direção à Índia para atacar o Panjab; o rajah de Bathinda (Bhatiya, hoje chamada de Bhera), ao sul de Lahore, foi vencido e seus habitantes forçados à conversão (quem não se converteu foi morto à espada). --- Em dezembro, o samânida Ismail II fugiu de Khorassan e se dirigiu à Transoxiana, onde se deparou com as tropas do caracânida Nasr e quase foi morto no confronto. --- Neste ano: O califa Al-Qadir não nomeou o novo juiz e presidente do tribunal de Habus (de legislação fundiária) proposto pelo ‘emir dos emires’. --- Piratas árabes saquearam a cidade italiana de Pisa. --- O norte da África foi assolado pela escassez de alimentos e fome. --- A cidade de Manresa, na Catalunha, foi invadida e saqueada por tropas do Califado de Córdoba. 1005 - - Em janeiro/fevereiro, o emir samânida Ismail II foi morto, ao solicitar abrigo junto aos árabes da cidade de Merv (ou Antióquia de Margiana, cidade-oásis da Rota da Seda em Khorassan, perto da atual cidade de Mary, no Turcomenistão). Com isto, ficaram obstruídas as relações comerciais entre o porto bizantino de Trebizonda (ao sul do Mar Negro) e a Ásia Central. Já sem poder efetivo, seus descendentes continuaram a morar em Transoxiana. Este ano é considerado o fim da Dinastia dos Samânidas em Bokhara. Eles são considerados os pais do Tadjiquistão atual. - Em 24 de março, o califa fatímida al-Hakim instituiu a "Casa da Sabedoria" (Bait al-Hikma) no Cairo, com um rico acervo de livros sobre astronomia, filosofia e teologia, mas principalmente dos ‘hadiths’ e do Corão. Nela se preparavam missionários ismaelitas. --- Neste ano: Os bizantinos, com o auxílio de uma frota da cidade mercantil de Pisa (em represália à pirataria do ano anterior), destruíram uma esquadra muçulmana em Reggio de Calábria (no estreito de Messina, entre a Sicília e o extremo sudoeste da Itália). 1006 - Em março-abril, o sultão Mahmud de Ghazni foi reprimir uma rebelião no Panjab; ao chegar no vale do Peshawar, em Ânandapâla, venceu as tropas do rajah Shahiya; apoderou-se, saqueou e colocou por terra a mesquita de Multan (sob pretexto de eliminar a heresia ismaelita local). Enquanto ele estava nesta campanha militar na Índia, os Caracânidas, comandados por Ahmad Arslan, ardilosamente invadiram Khorassan, saqueando as cidades de Balkh e Nichapur (até 1008). Tal investida caracânida forçou o retorno de Mahmud de Ghazni da Índia para combatê-los. - Em julho chegou o novo catapan da Itália, Aleixo Xífias (ou Aleixo Caronte); em 6 de agosto, auxiliado pelos pisanos, venceu uma batalha naval contra os árabes em Reggio de Calábria (no estreito de Messina, entre a Sicília e o extremo sudoeste da Itália). --- No final de agosto, um certo Abu Rakwa, suposto omíada e pretendente ao trono do Cairo, à frente de bérberes e dos Hilalianos (Banu Qurra) de Barqa (na Líbia) investiu contra Fostat sem sucesso diante dos mercenários núbios a serviço dos fatímidas. Ele se pôs em fuga na Núbia, onde foi preso e mandado para o Cairo, aí foi executado em 1007. --- O zyirida Manûchihr (Falak al-Ma`âlî Manûchihr), irmão de Qâbûs, obteve o título de governador do Tabaristão. Armou-se uma conspiração contra seu irmão Manûchir perseguiu-o até Bastam, onde Qabus abdicou de seu poder, indo para um castelo em Astarabad (em Gorgan), onde foi assassinado em 1012. --- Uma pedra encontrada no leste de Java (ilha da Indonésia), chamada de ‘Pedra de Calcutá’ (hoje no museu desta cidade indiana) se refere a uma grande calamidade natural que assolou a região, mais provavelmente uma erupção do vulcão Merapi naquela ilha. 1007 - O filho do zirida Bologhine Ibn Ziri (fundador desta dinastia), o bérbere da tribo sanhadja chamado Hammad Ibn Bologhine, mandou erigir uma vila fortificada (Kalâa dos Beni Hammad), nos Montes do Hodna (na Argélia atual); esta vila se tornou a capital. Em 1014, este bérbere Hammad criou a Dinastia dos Hammadidas, que reinou no Magrebe central até 1152. 1007 a 1119 - Abû Ja`far `Ala' ad-Dawla Muhammed (‘Nobreza do Império’), de origem dailamita (como os Buyidas) fundou a Dinastia dos Kakuyidas (ou Kakwayidas) em Hamadan e Isfahan. 1008 - Na primeira semana de janeiro, Mahmud de Ghazni esmagou as tropas do caracânida Ahmad Arslan em Charkhiyan, nas proximidades de Balkh, expulsando-o de Khorassan. - Em 20 de outubro, na Espanha muçulmana, morreu Abd al-Malik al-Muzzafar, filho de Almanzor. O califa de Córdoba, Hishan II escolheu como vizir o seu irmão Abd al-Rahman Sanchuelo. Iniciou-se uma guerra civil no califado por duas décadas: Al Hishan II foi deposto, ficando em seu lugar Mohammed II, mas ele retomou o poder dois anos depois. --- O califa fatímida Al Hakim mandou um emissário (Domiyat) ao Império da China (sob a Dinastia Song) a fim de restabelecer relações comerciais entre os dois Estados. 1008 a 1031 - Guerra civil colocando um termo final ao califado dos Omíadas em Al-Andaluz (Espanha Muçulmana ou Ibéria Moura). 1009 - O dia 13 de janeiro foi chamado de ‘dia dos turbantes’ no Califado de Córdoba, em face do decreto promulgado pelo califa Al Hishan II ordenando o uso do turbante semelhante ao dos bérberes; não sendo, entretanto, do agrado da maioria dos dignitários do país. Um dia depois, ele mandou o vizir Abd al-Rahman Sânjul (ou Sanchuelo) para combater os cristãos de Toledo. Em fevereiro este vizir se outorgou o direito de suceder o califa, mas não foi aceito. Cerca de 1 mês depois, o califa foi deposto por um movimento popular, subindo ao trono de Andalucia Mohammed II. Quando o vizir regressou em março para Córdoba, foi abandonado por suas tropas, sendo preso e executado. Partidários do vizir, no entanto, atiçaram os bérberes (antes contratados pelo vizir). Em 5 de novembro, Sulayman ibn Al-Hakan, ajudado pelo conde de Castela, Sancho Garcez, saiu-se vitorioso sobre Muhammad II na Batalha de Kantish, nas proximidades de Toledo. Embora tenha tomado Córdoba, preferiu colocar a sede governamental em Madinat al-Zahra. --- Os fatímidas, em 18 de outubro, após uma campanha antissemítica e anticristã, destruiu a Igreja do S. Sepulcro em Jerusalém, por ordem do ‘califa-louco’ do Egito, como era chamado o sucessor de Al-Aziz, Al-Hakim bi-Amr Allah (cujo nome anterior Abu Ali Mansur), ou simplesmente, al-Hakim. 1009 (5 de novembro) a 1010 (23 de junho) - Califado de Córdoba sob o poder de Sulayman ibn Al-Hakan (que se intitulou “Al-Musta'în billah”). De 1010 a 1013 Al Hisham (Hichem) II retomou o poder; de 1013 a 1016, governou novamente Sulayman ibn Al-Hakan. 1009 (continuação) - O conde Sancho Garcez saiu de Córdoba, em 14 de novembro, cheio de butim. --- O ex-califa Muhammad II se refugiou em Toledo, cujo governador era o seu filho Al-Wahid, em 21 de dezembro; aí foi reconhecido como califa pelos governadores desde Coimbra a Tortosa. 1009 a 1027 - A Andalucia neste período teve 7 califas. 1010 - Ano tumultuado no Califado de Córdoba: no final de maio ou começo de junho, os condes catalães de Barcelona (Raimundo Borrell) e de Urgell (Ermengol), a soldo de Muhammad II, foram vitoriosos na Batalha de Aqabat al Baqar (ao norte de Córdoba) e assim entraram na capital do califado. Tal vitória foi curta: em 21 de junho, escravos bérberes se revoltaram e os venceram na batalha do rio Guadiaro, perto de Algeciras, sendo mortos muitos catalães; em 8 de julho, os catalães restantes tiveram que sair de Córdoba. Muhammad II foi assassinado por um general de origem escrava, Wadih. Em 23 de julho, o fraco Al Hisham II foi restaurado no califado, sendo joguete das forças antagônicas se digladiando na capital (até o fim de seu governo em 1012). Em 4 de novembro, os bérberes saquearam e destruíram totalmente o palácio de Madinat al-Zahra, nas proximidades de Córdoba. -- No lado oriental do Mundo Muçulmano, em outubro, depois que Mahmud de Ghazni acabou a conquista do Panjab, foi para Multan (no vale do Indo), cujo rajah abjurou sua conversão ao Islamismo e tinha se revoltado desde 1007. Entrou em Multan e aprisionou o rajah Abul Fateh Daud bin Nasr. 1010 a 1076 - No Califado de Córdoba vicejou o reino ou Taifa de Denia, governado pela Dinastia Amirí neste período. 1011 - Em novembro, um grupo de juristas contestou a legitimidade do califado fatímida do Egito por ser xiita ismailita; tal contestação se efetivou também por parte do califa abássida sunita Al-Qadir, bem como dos Buyidas que eram xiitas, mas da vertente imamiana. 1012 - Com a morte de seu pai (Baha' ad-Dawla Firuz), em dezembro, o buyida Fanna Khusraw tornou-se o emir do Iraque e do Fars e se intitulou Sultan ad-Dawla. A partir daí começou a decadência dos Buyidas no Iraque. --- No Califado de Córdoba, Suleiman II sucedeu a Hisham II. 1013 - No Califado de Córdoba continuaram os tumultos. Em 9 de maio, os bérberes se apoderaram da capital (cercada desde julho de 1010), procedendo a um cruel massacre e destruíram vários monumentos. Um dia depois, reassumiu Sulayman ibn Al-Hakan, governando até 1016. No dia 18 deste mês ainda, o califa Hisham II foi morto pelos bérberes. --- Neste ano: Mahmud de Ghazni se apoderou da fortaleza de Nandanah, abrindo caminho para a tomada e saque da Caxemira. --- O ‘califa louco’ do Egito, Al-Hakim, tornou-se mais condescendente em relação aos cristãos e judeus: o de professarem sua religião ou de emigrar para o Império Bizantino; mas determinou a substituição dos funcionários cristãos por muçulmanos. 44 1014 - O governador fatímida de Alepo, Murtada ad-Dawla Mansur (sucessor de Lu’lu’ desde 1009), investiu contra o acampamento dos Banû Kilab, que estavam cercando a cidade, conseguindo aprisionar muitos homens, crianças e mulheres. --- O território curdo pertencente aos Hasanwayhides foi tomado pelos Banû Annaz, ficando sob sua suserania e defendendo o território a leste de Sarmaj até a conquista dos seldjúcidas. 1014-15 - Na África do Norte, Hammad ibn Bologhine, unilateralmente se tornou autônomo em relação aos Ziridas e reconheceu o califado abássida de Bagdá em vez dos Fatímidas; tal decisão, se deveu à tentativa de seu sobrinho Badis ibn Mansur de Kairuan de destituí-lo da função de governador. A partir daí, portanto, os Ziridas se fragmentaram em duas linhagens: os Hammaditas e os Badicidas (de Badis) 1014 (outubro) a 1015 (março) - Período da décima campanha militar do ghaznévida Mahmud na Índia: venceu tropas com elefantes de guerra e se apoderou de Thanesar ou Thâneçvar (a leste de Panjab, no alto vale do Ganges). Fracassou (em março de 1015) na tentativa de conquistar a Caxemira, mas arrasou templos de Mathura (em Uttar Pradesh), considerada uma das cidades santas do Hinduísmo. 1015 - Mujahid al-Amiri al-Muwaffaq, emir da Taifa de Denia, ocupou o arquipélago das Baleares (no Mediterrâneo Ocidental) e a Ilha de Sardenha, mas foi expulso desta última pelos pisanos auxiliados pelos genoveses, em 1016. --- Um terremoto em Jerusalém destruiu parcialmente a Mesquita de Al-Aqsa (Domo da Rocha). 1016 -.O Zirida Badis de Kairuan morreu, em junho, no cerco das tropas dos Beni Hammad (cujo chefe era o seu tio Hammad ibn Bologhine). O sucessor de de Badis foi Al-Mu’izz. --- O emir de Málaga Al-Qâsîm al-Ma'mûn (da família dos Hammuditas) colaborou militarmente com seu irmão `Alī ben Hammud al-Nāsir em revolta contra o califa Sulayman ibn Al-Hakan de Córdoba, que morreu. Ali, então, ocupou o trono até março de 1018, quando foi morto. - Uma frota naval de Pisa coligada com Gênova atacou Porto Torres na ilha de Sardenha, em que derrotaram as tropas muçulmanas do pirata Muhajid al-Amiri al-Muwaffaq, governante da taifa de Denia. 1016 a 1062 - Período governamental do zirida Al-Mu’izz em Ifrîqiya. 1016 a 1018 - Governo do Califado de Córdoba por `Alī ben Hammud “al-Nāsir”, que era emir de Málaga e Algeciras. 1016 a 1152 - Dinastia bérbere dos Hammadidas (que descendiam dos Ziridas da Tunísia) na região de Kala (parte oriental da Argélia dos Ziridas). Seu fundador foi Hammad ibn Bologgin. 1017 - Em 17 de março, em Kharezm (ao sul do Mar de Aral e norte da Transoxiana), durante uma rebelião dos militares, foi assassinado o cunhado de Mahmud de Ghazni (Abu al-Abbas Mamun II), sucedendo-o Muhammad. Isto foi o pretexto da intervenção do ghaznávida, que repatriou sua irmã e avançou até Balkh, se sobrepondo aos militares revoltados em 3 de julho. Em seguida se dirigiu para Jurjaniyyah e impôs Altuntash no trono, sendo preso Muhammad e levado para Ghazni. A partir daí Kharezm se vassalou aos Ghaznávidas. --- Divinizado o 6° califa fatímida Hakin, em 30 de maio, por influência dos Ismaelianos persas Muhammad al-Darasi ou Anushtekin (vindo da Síria) e Hamza ibn Ali ibn Ahmad, que criaram a religião drusa (expressa basicamente no misticismo, nos princípios corânicos, além de influências das religiões hinduístas e persas, do gnosticismo, neoplatonismo e messianismo). 1018 - Em março, ao morrer o califa Ali (`Alī ben Hammud “an-Nāsir”) em Córdoba, subiu ao trono, por pouco tempo, Abd al-Rahman IV (Abd arRahman ben Muhammad “al-Murtadhâ) em 30 abril, sendo morto numa batalha neste ano mesmo, ao ser abandonado por seus partidários; após isto se proclamou califa Al-Qâsim, já idoso, decretou uma anista pela morte de seu irmão e diminuiu a carga tributária.--- No Cairo, em 19 de maio, o califa fatímida Al-Hakim, se afastou do trono temporariamente. --- Neste ano, a condessa de Barcelona, Ermesinda, pediu para o normando Rogério I de Tosny (ou Toéni) executar uma expedição militar da Catalunha contra o instável Califado de Córdoba. 1018 (27 de setembro) a 1019 (20 de dezembro) - Segunda Campanha Militar de Mahmud de Ghazni na Índia: Partida da capital (em 27 de setembro). Saques e matanças em Matura (depois de ter passado pelo rio Jumna e vencido o rajah Shahi em Trilochanapala em 2 de dezembro) e Kânnauj ou Kanoj, em 20 de dezembro (dos Pratihara, no Ganges, cujos notáveis e artistas foram levados presos para Khorassan). Segundo alguns historiadores além dos saques, é notável o número de templos destruídos: 10.000, segundo alguns autores. Em face disso, vários clãs Rajput, dominados pelos Pratihara, formaram seus próprios reinos. --- No final deste ano e começo do seguinte, houve ataques árabes em Narbonne (nesta época era um porto no sul da França, mas sedimentos aluvionais o transformaram em uma cidade próxima do litoral atualmente). 1018 a 1021- Califado de Córdoba sob o governo de Al-Qâsîm al-Ma'mûn, que era também emir de Málaga e Algeciras (governou alguns meses do ano de 1023, também). 1019 - Todas as interpretações do Corão feitas por seitas como a dos xiitas, mutazilitas, acharitas, ismailitas, foram interditadas no califado de Bagdá, a partir da profissão de fé sunita (‘Risâla al-qâdiriya’) do califa sunita Al Qadir instituindo o Hanbalismo como sua doutrina oficial, em 27 de janeiro. Esta profissão de fé acarretou o fechamento do Islamismo a processos de renovação cultural. --- Neste ano: Acabou o Emirado de Nekor, em Marrocos, sob o governo de Ya’la ibn Futuh, por conquista dos Azdâji (?). 1020 - Em março, aproximadamente 1/3 da cidade do Cairo foi incendiada pelos escravos negros da armada egípcia, a mando do califa fatímida AlHakim. --- No início de setembro, a cidade de Ghor foi submetida por Masûd, filho do sultão Mahmud de Ghazni. --- Na Armênia morreu o rei Gagik I, ocorrendo disputa sucessória entre seus dois filhos, resultando na formação do Reino de Lorri, ao norte da Armênia, pelo filho caçula Achot IV. Com isto, a antiga Armênia estava subdividida em 4 reinos: Vaspurakan, Ani, Lorri e Kars no início do século XI. Obviamente tal divisão contribuiu para a debilitação do reino. 1021 - Em setembro/outubro, mais uma vez o sultão ghaznávida Mahmud invadiu o Panjab vencendo o príncipe (rajá) Trilochampal ou (Trilotchanapâla), coligado com Caxemira; este príncipe morreu em combate em Lahore (no atual Paquistão); sendo o último do Panjab. Com esta vitória os ghaznávidas , conseguiram se assenhorear do alto vale do Indo. Mahmud deixou em Lahore como rei o turco Malik Ayaz. --- Neste ano ainda: o reino armênio de Ani foi invadido pelos turcos seldjúcidas, mas foram repelidos pelos Bagrátidas nas proximidades do rio Kasax. Os turcos, no entanto, conseguiram tomar o Reino de Vaspurakan, cujo monarca migrou para a região de Sebaste (Sivas), aí se instalando com anuência do imperador bizantino Basílio II. --- Em Córdoba, se proclamou califa Yahya, enquanto al-Qasim ficou com seu feudo (Málaga, ao sul, no litoral do Mar Mediterrâneo); mas Yahya não teve respaldo de muitos bérberes e, inseguro, foi para Málaga e Al-Qasim retomou o poder, enquanto Yahya se apoderou de Algeciras.--- Um neto de Almansur, Abd al-Aziz, organizou o pequeno reino da Taifa de Balansiya com a criação da Dinastia Amirida de Valença, independente do Califado. 1021 a 1023 e de 1025 a 1027 - O califado de Córdoba foi governado neste período por Yahyâ, que se intitulou al-Mu`talî (dinastia dos Hammuditas ou Banū Hammūd). 1021 a 1036 - Governo do fatímida Al-Zahir no Egito. Em 13 de fevereiro, o califa fatímida Al-Hakim sumiu nas proximidades da capital (colinas de al-Muqatan), provavelmente morto a mando da sua irmã Sitt al-Mulk. Sucedeu-o Ali az-Zahir, seu filho, desde 20 de fevereiro, governando até 1036, tendo como regente sua tia, Sitt al-Mulk até 1025. De 1021 a 1024 foi rei de Alepo; de 1021 a 1036, de Damasco. Seu governo foi tumultuado por rebeliões de mercenários. A seita dos Drusos (surgida logo após o desaparecimento de seu pai) foi perseguida por Al-Zahir, forçando seus seguidores a migrarem para as montanhas do Líbano. 1022 - O sultão Mahmud de Ghazni realizou mais uma incursão militar (a 15ª) contra o território hindu, agora cercando os fortes de Gwalior e Kalinjar pertencentes aos Chandela, forçando seu rajah Ganda a lhe entregar um imenso tesouro. 1023 - Fugaz segundo califado do hammudita Al-Qâsim al-Mamun de 11 de fevereiro a 2 dezembro em Andalucia, impopular diante dos seus súditos de Córdoba, que, em 13 de julho, se rebelou contra os militares bérberes do califa; em 6 de setembro expulsou-o de Córdoba, mas este cercou a cidade sem sucesso, sendo obrigado, em 31 de outubro a se evadir com sua guarnição bérbere para Xerez (hoje chamada de Jerez de la Frontera). Aí foi cercado e preso por Yahya e levado para Málaga, onde foi estrangulado. --- Enquanto Al-Qasim fugia, em Sevilha o juiz-governador, Abbad, se declarou autônomo em relação à Córdoba e criou o Reino Abbadida de Sevilha (passando ele a ser Abbad I), existente até 1042. Em Córdoba, por sua vez, foi proclamado, por uma multidão de trabalhadores desempregados, como califa a Abd al-Rahman V (que adotou o título de Al-Mustazhir), governando pouco: de 2 de dezembro de 1023 a janeiro de 1024. 1023 a 1079 - O emirado da Síria setentrional esteve sob a dinastia dos Mirdassidas, cujos governos foram acossados constantemente pelos bizantinos (rivais antigos) e turcos seldjúcidas (penetrando na Anatólia neste século). Esta dinastia foi originada do clã dos Kilab (que no século X estava na região norte da estepe sírio-mesopotâmica). Seu fundador foi o beduíno kilabita Salah ibn Mirdas quando, em 1025, tomou a cidadela e a cidade de Alepo. 1023 a 1291 - Dinastia dos Abadidas em Sevilha após a queda da Dinastia dos Omíadas em Córdoba e a formação dos reinos de taifas. Acabou esta dinastia com a invasão dos Almorávidas. 1024 - Em janeiro, um dos primos do califa Abd al-Rahman V (o omíada Muhammad al-Mahdi) atiçou a revolta dos mesmos desempregados que o colocaram no trono; sendo morto e trocado pelo primo ( que passou a ser Muhammad III ou Al-Mustakfi), cujo reinado foi breve também: despertou a ira 45 da aristocracia ao nomear como juiz um tecelão cuja incumbência era a de diminuir seus privilégios. --- Em setembro, os ‘khans’ Caracânidas Ahmad II Toghan e Alitigin, governantes de Balassagun (na Kashgaria) e Bukhara (na Transoxiana), ao tentarem invadir Khorassan, tiveram pela frente o sultão ghaznávida Mahmud que saiu de sua capital em direção a Balkh, na Transoxiana para contê-los. --- O Egito foi assolado por escassez de alimentos em face de poucas cheias do rio Nilo, resultando em fome (só terminada em 1025), saques de escravos negros, revoltas e ataques até a peregrinos que demandavam à cidade santa de Meca e aos dignitários do Cairo (que ficaram fechados em suas casas). Diante da situação caótica, o califa Ali az-Zahir determinou a morte dos escravos. --- Na Índia, Mahmud de Ghazni, promoveu uma carnificina da população e roubou o tesouro do Templo de Somnath. 1025 - Em abril, o imperador bizantino Basílio II mandou uma grande esquadra sob o comando de Orestes para atacar os fatímidas da Sicília, cuja cidade de Messina era foco de pirataria contra o Catapanato (tema) do sul da Itália. O governador bizantino da Itália, Basílio Bojoannès, recuperou as fortalezas de Reggio de Calábria (no sul da Itália), atravessou o Estreito de Messina e ocupou a cidade com este nome, mas a frota naval de Orestes foi derrotada pelos árabes, frustrando o objetivo final de ficar com aquela cidade siciliana. --- Um filho do turco Seldjuk chamado Arslan (Israel) sofreu derrota diante do sultão Mahmud de Ghazni, sendo aprisionado; suas tropas foram deportadas para a província persa de Khorassan; aí foram recrutados pelos principados do Azerbaidjão para lutar contra o Reino de Ani (dos armênios) e contra os bizantinos. --- No final de abril se estabeleceu um acordo de partilha da Transoxiana entre o sultão Mahmud de Ghazni e o rei caracânida de Kahsgar (Yusuf Qadir) nas proximidades de Samarcanda. Depois o sultão Mahmud entrou nesta cidade derrotando outro caracânida, Alitigin (de Bukhara), que fugiu na estepe. Após a partida do sultão de Samarcanda, o caracânida Alitigin tomou esta cidade (em 1026) e Bukhara. --- Na última semana de maio, no Califado de Córdoba, a aristocracia se revoltou contra o califa omíada Muhammad III, expulsando-o da cidade, morrendo talvez envenenado. No governo de Córdoba ficou uma assembléia constituída por aquela aristocracia, que, após um semestre, chamou o governador de Málaga, Yahyâ al-Mu`talî, em novembro. --- Em 18 de outubro, o sultão Mahmud de Ghazni iniciou sua 16ª incursão militar na Índia. Em 10 de novembro ele chegou com suas tropas em Multan 1025 a 1130 - Os turcos islamizados sunitas Caracânidas dominaram a Kashgaria (na Ásia Central), desde 950, já eram senhores da Transoxiana (sul do Mar de Aral, junto ao rio Oxus). 1026 - Em 8 de janeiro, ocorreram saques do ghaznávida Mahmud no litoral sul de Kathiavar (Índia), onde se apoderou da cidade de Ajmir e destruiu o templo de Shiva em Somnath (inclusive despedaçando o lingga sagrado). Mahmud finalizou a conquista de todo o Panjab. --- Após a partida do sultão Mahmud de Ghazni de Samarcanda (em 1025), o caracânida Alitigin tomou esta cidade (em 1026) e Bukhara. --- O Imperador de Kitan (Liao), a nordeste da China, chamado Sheng Tsung, mandou um represente diplomático para entendimentos com o sultão Mahmud de Ghazni. 1026-1027 - O emir Marwanida da Alta Mesopotâmia, Nasr al-Dawla Ahmad, atendeu ao apelo de Edessa para expulsar um chefe árabe local; ele atendeu ao pedido, mas anexou a cidade ao seu emirado. 1026 a 1351 - A região hindu de Sind esteve neste período sob o governo dos ismailitas da Dinastia de Sumra, fundada por Khafif. 1027 - Tratado entre o imperador bizantino Constantino VIII e o califa fatímida Al-Zahir para a reconstrução da Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém. --- No Califado de Córdoba, mais uma revolta da população da capital pela presença de bérberes, enquanto o califa Yahya preferia ficar em Málaga. Em função disto, em junho, a aristocracia de Córdoba escolheu um omíada, Hisham III (ou Hixen), irmão de Abd al-Rahman IV al-Murtadha, mas ele só ocupou o poder em 1029, pois a capital permaneceu ocupada pelos Hamuditas. --- Ainda neste ano, na Espanha muçulmana: Yahya (emir hamudita de Málaga e Algeciras), atacou a cidade de Sevilha, cujo magistrado lhe ofereceu a filha como refém, desde que ele não invadisse a cidade com seus bérberes, a que Yahya concordou. --- Um rabino judeu de Málaga, Samuel ibn Nagrela, pelo seu conhecimento e habilidade política, foi para Granada, cujo emir, o zirida Habus ibn Maksan, o nomeou secretário do seu vizir (em 1025). A partir de 1027, ao morrer o vizir, Samuel foi nomeado em seu lugar, incumbindo-o de organizar a diplomacia, a administração e as tropas bérberes durante seu emirado e do filho e sucessor Badis (a partir de 1038) 1027 (abril) a 1031 - Califado de Córdoba governado pelo omíada Hixem III ( Hichâm ben Muhammad1 ou Hichâm III, que se identificou como ‘Al-Mu`ttad bi-llah’). Na realidade apenas começou a governar a partir de 1029, visto que a capital estava ocupada pelo exército de Yahya (este continuou governando Algeciras e Málaga). 1028 a 1054 - O Magrebe Central (Argélia) esteve sob o governo do Hammadita (variante Zirida) Al-Qaid ibn Hammad. 1028-1029 - O emir ziyarida Manuchir tentou se apoderar da cidade de Raí ao buyida Majd ad-Dawla, mas o sultão Mahmud de Ghazni invadiu o território ziyarida forçando a fuga daquele emir, depois invadiu e saqueou Raí (julho 1029), retirou Majd ad-Dawla do poder e o mandou, junto com o filho, prisioneiro para Khorassan. Aí nesta província nomeou um governador ghaznávida, ampliando sua dominação no Irak-Adjémi (Iraque persa compreendendo as províncias de Lorestan, Kurdistan, Azerbaidjão). 1029 - Foi somente a partir de 18 de dezembro deste ano, que o califa Hixem (Hisham) III pode ocupar o trono em Córdoba. 1030 - Morreu o ziyarida Manuchir, sendo sucedido por Anuchirvan Charaf al-Ma`âlî, que foi o 16º emir a governar Gorgan (ou Gurgan, a sudeste do Mar Cáspio). --- Em fevereiro, os chamados ‘ayyarun’ (‘vagabundos’) sob a chefia de Al-Burjami, tomaram e tumultuaram Bagdá por 3 anos invadindo e pilhando as casas dos ricos. --- Em 30 de abril morreu o sultão ghaznávida Mahmud, sendo sucedido pelo seu filho Muhammad, que foi derrubado, cegado e aprisionado pelo seu irmão Massûd I, em outubro (que governou até 1040 como sultão do Turquestão Oriental e Panjab). --- Desastre militar do imperador bizantino Romano III Argiro diante do governador fatímida de Alepo Shib al-Dawla Nasr (que tinha proposto um acordo de paz ao imperador, mas ele não aceitou), fugindo após derrota na Batalha de Azaz (nas proximidades de Alepo), em 10 de agosto. Esta vergonha foi suavizada pela ação de Jorge Maniakés (resistindo aos árabes ao atacar suas fortalezas) e do duque de Antióquia, Nicetas (que promoveu contra-ataques contra estes inimigos de Bizâncio em 1031). 1030-31 - Novas incursões dos fatímidas da Sicília sobre o Catapanato da Itália pertencente aos bizantinos. 1030 a 1040 - Governo de Massud I no Império Ghaznávida, continuando a política de incursões do seu irmão Mahmud. 1030 a 1099 - Período de decadência do Sultanato Ghaznávida, que abrangia desde as províncias orientais da Pérsia (Khorassan e Seistan) até o alto vale do Ganges na Índia. 1031 - Nicetas e Jorge Maniakés: reação bizantina contra o emir de Alepo na Batalha de Edessa, se apoderando desta cidade e forçando-o a assinar um tratado de vassalagem a Bizâncio (em setembro). Em seguida ao tratado, foi constituído o Catapanato da Baixa Idade Média, juntando os emirados de Alepo e de Trípoli, tendo como ocupante Jorge Maniakés. --- Em dezembro, em revolta liderada pelos notáveis de Córdoba por aumento da carga fiscal, foi morto o vizir e presos o califa Hixem III e sua filha; morrendo ambos de fome. Foi o fim do Califado omíada de Córdoba (queda de Hixem III) e surgimento de 23 pequenos reinos (‘taifa’), autônomos, cujos emires mantiveram relações diplomáticas com os reinos cristãos. Além dos ‘taifas’, haviam os seguintes reinos: o dos Abadidas em Sevilha; o dos Tujibidas, em Almeria e Saragoça; o dos Hamuditas, em Málaga; os dos Ziridas em Granada; o dos Dhu-I-Nunidas, em Toledo; o dos Aftasidas, em Badajós. --- Em dezembro, morreu o penúltimo califa abássida de Bagdá, Al-Qadir, sendo sucedido pelo seu filho, Al-Qa’im (escolhido pelo pai sem a ingerência dos Buyidas).--- Neste ano: Toghrul Beg se tornou o chefe dos turcos seldjúcidas. 1031 a 1041 - Reino do sultão ghaznávida Massud, sucedendo ao pai Mahmud. Em seu governo os Ghaznávidas perderam Khorassan e Kharezm aos turcos seldjúcidas. 1031 (dezembro) a 1075 - Governo do califa Abássida de Bagdá: al-Qa’im (ou Al Qa’im Bi-amr Allah). Foi em seu governo que acabou a tutela dos Buyidas (em 1055) e surgiram os Turcos seldjúcidas como protagonistas importantes no cenário político muçulmano. 1031 (continuação) - Al- Basâsiri foi nomeado comandante das tropas no Iraque pelo califa. 1031 a 1266 - Com o fim do califado de Córdoba, surgiram pequenos reinos chamados de taifas em 3 períodos: o primeiro entre 1031 (quando se dissolveu o Califado de Córdoba) a 1085 (quando os bérberes Almorávidas, do norte da África, conquistaram a Espanha); o segundo, desde 1146 (quando os Almorávidas começaram a soçobrar diante dos Almohades) a 1163 (quando a Espanha muçulmana ficou sob o domínio dos Almohades da África do Norte até 1226); o terceiro foi curto, por 40 anos (desde 1226, quando acabou o domínio Almohade, até 1266, quando a Espanha muçulmana ficou reduzida apenas ao Reino de Granada, no sul da Península Ibérica, sobrevivendo até 1492). 1032 - O emir ziyarida Anuchirvan Charaf al-Ma`âlî se tornou o governante nominal de Gurgan, após a revolta liderada pelo tio de seu pai Abû Kalijarn e pelo chefe de seu exército. Tal mudança foi reconhecida pelo sultão ghaznávida Massud, desde que se mantivesse o pagamento de tributos a ele. Como isto não ocorrera regularmente, Massud invadiu o emirato até Rûyan, se colocando em fuga o emir Anuchirvan. Tão logo Massud voltou ao seu reino, Abû Kalijar tomou o poder em Gurgan e se comprometeu a pagar o tributo ao ghaznávida de forma regular. --- Também neste ano, o sultão Massud conquistou a província persa de Kirman aos Buyidas. --- Novas incursões dos fatímidas da Sicília nos Mares Jônico e Adriático foram contidas pela coalizão de forças bizantinas do estratego de Nauplia e da República de Ragusa (hoje Dubrovnik, no litoral da Dalmácia). --- Altuntash, shah de Kharezm por ordem do sultão gaznávida Massud, atacou o caracânida Ali Tegin, de Bukhara, em Dabusiyya (na Transoxiana), de resultados indefinidos, mas aí Altuntash foi gravemente ferido, morrendo pouco depois. 46 1033 - Durante o verão as tropas ghaznévidas penetraram pelo vale do Ganges, onde tomaram a cidade santa dos hinduístas de Benares (ou Vârânasî). Milhares de cristãos peregrinaram em direção à Jerusalém (hoje considerada uma cidade santa por cristãos, judeus e muçulmanos) para rezar na Igreja do Santo Sepulcro, visto que, no seu entendimento e fé, estava para se completar o milenário da crucificação de Jesus Cristo no Gólgota. Outro fator a estimular este medo foi o aumento enorme de temperatura na primavera européia. --- Neste ano, a trégua assinada entre o Império Bizantino e o Califa Fatímida Al-Zahir foi desfeita: enquanto uma frota naval bizantina se acercava de Alexandria, o emir de Trípoli (cassado por armada egípcia) era reposto no poder pelos bizantinos.-- Foi sufocada a revolta dos ‘vagabundos’ em Bagdá, sendo todos mortos. 1034 - Se aproveitando da situação difícil pela qual passava a Ibéria Moura (al-Andaluz), o português Gonçalo Maia se apoderou de Montemor, o Velho. --- Uma frota de Pisa se apoderou do porto de Annaba (antiga Hipo Reggio) na Argélia, aí ficando por um ano. 1035 - Em maio, foi acertada uma trégua entre o imperador consorte bizantino Miguel IV, o Paflagônio e o emir fatímida da Sicília. --- De 5/11 deste ano a 24/10/1036, peregrinos muçulmanos que estavam em romaria para Meca foram massacrados ou escravizados pelos chamados ‘Sanavina’ da Armênia (que tinham tomado castelos fortes próximos de Khelat). O resultado deste saque foi entregue aos bizantinos. Os árabes tomaram medidas punitivas contra os armênios e de segurança contra os bizantinos. --- Neste ano: Ação militar da República de Ragusa (nordeste da Itália) e do estratego de Nauplia (sul da Grécia) forçaram os fatímidas da Sicília a assinar uma trégua com o imperador Miguel IV. -- O primeiro Estado turco e muçulmano foi criado em Khorassan pelos seldjúcidas. --- Nas proximidades de Sijilmassa, o líder da tribo dos Djoddala,Yahya Ibn Ibrahim (que peregrinou à Meca e se converteu ao Islamismo) se reencontrou com o líder bérbere sunita malekita Abdallah ibn Yacine; ambos foram os unificadores das tribos Sanhadja da Mauritânia. Abdallah ibn Yacine tentou, sem sucesso, converter Yahya Ibn Ibrahim ao malekismo.- Corsários árabes do norte da África tentaram reprisar sua incursão sobre as ilhas bizantinas de Samos e Kios (no Mar Egeu), como fizeram em 1027, mas sua frota naval foi arrasada pelos estrategos destas ilhas. --- Uma esquadra de Pisa atacou os redutos piratas sarracenos na Ilha Lipari (em arquipélago próximo do Estreito de Messina, separando a Sicília de Calábria). 1035-37 - Tentativas frustradas dos emires muçulmanos de Trípoli e Alepo em retomar Edessa e desfazer o Catapanato de Vaspurakan (ou da Baixa Média) dos bizantinos. 1035 a 1070 - Entre os ‘taifas’ da Espanha muçulmana fragmentada se sobressaiu o de Sevilha, que dominou a região centro-sul da Península Ibérica, chegando a ameaçar o taifa dos bérberes Banu Ziri (cuja capital era Granada), ao se apoderar de Córdoba, a eles pertencente. Sevilha foi grande aliada dos Hamudidas de Málaga. 1036 - O Egito foi assolado pela peste, vitimando até o califa Al-Zahir, em 13 de junho, sendo sucedido pelo seu filho, o menino Al-Mustansir, tendo como regente sua mãe, que negociou um tratado de paz com Bizâncio. --- Forças Zíridas fizeram incursão à Sicília e se apoderaram de Palermo aos normandos. 1036 a 1094 - Governo do fatímida Al-Mustansir (ou Al Moustancir Billah) no Egito, inicialmente tendo como regente sua mãe por ter apenas 6 anos de idade. Foi um período caótico política e economicamente do Egito. O exército era composto por turcos, escravos negros, armênios, bizantinos; sua heterogeneidade fomentou rebeliões atiçados por disputas palacianas e pelas desordens regionais. 1036 (continuação) - Renovação da trégua entre o Egito e o Império Bizantino. 1037 - O filósofo, médico e teólogo árabe Ibn Sina (mais conhecido como Avicena) morreu, em agosto, em Hamadan, com 57 anos de idade, esgotado por excesso de trabalho. - Neste ano: Se aproveitando de conflitos entre árabes da Sicília e da Tunísia, o catapan da Itália, Constantino Oropos, foi para a Sicília, venceu os fatímidas locais, libertou escravos cristãos e depois se retirou da ilha. --- No norte da África, o líder espiritual dos bérberes Lamtuna, Abdallah ibn Yasin, iniciou o processo de criação dos fundamentos doutrinários do movimento dos Almorávidas. 1038 - Na Apúlia eclodiu uma revolta, resultando na morte do catapano e seu filho em Bari. Em função disto, o irmão do imperador-consorte, João Orfanotrofe, organizou uma grande expedição para a Itália, comandada por Jorge Maniakés, com tropas de elite e mais um corpo de normandos (sob o comando de Guilherme ‘Braço de Ferro’ e de Dreu) e de varângios noruegueses (sob a chefia do seu rei Harald, o Severo). No verão, eles reconquistaram Messina e Rametta aos árabes. --- Início da ascensão política dos seldjúcidas (clã dos turcos oguzes) sob a liderança de Toghrul beg (ou Tuğrul Bey, neto de Seldjuk), em agosto, revoltou-se contra o sultão ghaznávida Massud e se apoderou da Transoxiana e depois de Khorassan, em cuja capital (Nishapur) se intitulou sultão. O califa abássida de Bagdá, esperançoso de uma recuperação de sua autoridade, o reconheceu como seu lugar-tenente. Os turcos seldjúcidas, a partir daí, começaram a ameaçar a estabilidade territorial do Império Bizantino, do califado de Bagdá e do Reino da Armênia. Em outubro, Toghrul beg promoveu uma verdadeira carnificina dos curdos e dos árabes da Armênia, depois se voltou contra os Mirdassidas do norte da Síria, que entregaram Edessa aos bizantinos, a fim de manter livre a fronteira deste lado. 1038 a 1041 - As conquistas bizantinas na Sicília de 1038 a 1040 se arruinaram por causa dos atritos pessoais e financeiros da armada, ora porque os normandos e e varângios mal pagos voltaram para a Itália, ora porque Jorge Maniakés criticou Estêvão por ter deixado fugir o líder sarraceno vencido em Troina. Maniakés foi chamado à capital bizantina onde foi preso. Seus sucessores na Itália não tiveram capacidade de enfrentar os sarracenos, de tal forma que em 1041, eles conquistaram toda a Sicília, após a vitória sobre o armênio Kekomenos Katakalon; aos bizantinos ficou apenas a cidade de Messina. 1038 a 1063 - Emirato de Toghrul beg em Khorassan, tendo como capital Nishapur. 1038 a 1073 - O Emirado de Granada foi governado por Badis, sucedendo ao seu pai Habus. Inicialmente admitiu a vassalação aos Hamudidas de Córdoba, Málaga e Algeciras, mas depois deixou de reconhecer os últimos omíadas de Córdoba. Para ficar livre de tomar tais decisões teve que eliminar a competição pelo poder em Granada pelo emir de Almeria e do seu sobrinho Yiddir. 1039 - Em maio, o sultão Massud I venceu os turcos seldjúcidas em Herat. No início de setembro, nesta cidade, ele celebrou a ‘festa do sacrifício’ ('Aïd al-Adha’ou ‘Aīd al-Kabīr’) comemorando a sua retomada; em 17 de dezembro, foi a vez dele recuperar Nishapur. --- Na Península Ibérica muçulmana, em 2 de setembro, Al-Mundhir, emir tujibida (do clã Banu Tujibi) do ‘taifa’ de Saragoça, foi assassinado. Em outubro, Sulayman Al-Mustain ibn Hud, após ter conquistado Tudela e Saragoça, aí se instalou, iniciando a Dinastia dos Huddidas, que governou por um século a região. 1040- Os turcos seldjúcidas sob o comando de Toghrul-beg, através de tática de guerrilhas, conseguiram cercar e cortar as linhas de abastecimento de água dos Ghaznávidas e, finalmente, os venceram na Batalha de Dandanaqan (perto de Merv, em Khorassan, região oriental da Pérsia), em 22 de maio. O sultão ghaznávida Massud foi forçado a fugir com esta derrota; a partir daí, o Império Ghaznávida ficou sem a sua região ocidental, restringindo-se praticamente ao Punjab, com a capital em Lahore. --- Na mesma época em que o sultão Massud se retirava para Lahore, o príncipe Yezideyar se dirigia para Ghur a fim de sufocar uma rebelião local. --- Na Sicília, Jorge Maniakés, continuando sua campanha contra os árabes desde 1038, chegou até Siracusa, mas a abandonou; no verão se saiu vitorioso em Troina (a noroeste do vulcão Etna), voltou à Siracusa, conquistando-a no verão. 1040-1041 - - De setembro de 1040 a agosto de 1041 houve conflitos na fronteira asiática entre os bizantinos e os Fatímidas, saindo estes vencedores. 1041 - Na Sicília, os bizantinos ficaram (e por poucos meses) apenas com Messina, devido à vitória de Katakalon Kekomenos (entre seus comandados estava Argiros), estratego do tema de Armeníacos, sobre os árabes do oeste desta ilha e do norte da África (em 10/5, dia de Pentecostes). Árabes, em dezembro, retomaram toda a ilha de Sicília pela desunião da frota e armada bizantinas. -- O sultão gaznávida Massud I foi assassinado eclodindo crise dinástica, da qual se aproveitam os rajás indianos para retomar várias cidades e cercar a capital indiana dos gaznávidas (Lahore). Acabou subindo ao trono ghaznávida Mawdu (filho de Massud). -- Neste ano morreu o rei armênio João Sempad, havendo conflito entre o imperador bizantino Constantino IX e o novo rei Kakig II, este vencendo os bizantinos em Ani. O imperador se aliou com o emir turco de Dwin, este, no entanto, tomou várias cidades armênias por sua conta, forçando Kakig II a ir para Constantinopla, onde foi obrigado a conceder seu reino aos bizantinos. Os armênios se revoltaram e conseguiram manter a região de Ani fora da administração do estratego de Samosate. --- Ainda neste ano, o califa abássida de Bagdá Al-Qa’im restaurou o Islã sunita como doutrina oficial, proclamando o credo ‘Risâla al-qâdiriya’ (de Al-Qâdir). Com isto as outras doutrinas foram condenadas. - Neste ano eclodiu uma revolta dos Ziridas contra os fatímidas (que eram xiitas) do Egito e se passaram para o lado dos Abássidas. 1041 a 1186 - O turco seldjúcida Kara Arslan Kavurd, filho de Tchagri Beg e neto de Seldjuk, se apoderou da província de Kerman (ou Kirman), no sul da Pérsia, criando uma dinastia governante (segundo ramo dos Seldjúcidas) até 1188. 1041 a 1048 - Império Ghaznávida foi governado por Mawdu Abû al-Fath (ou Modud), filho de Massud I. 1042 - Em setembro-outubro, Abdullah Ibn Yassin, líder espiritual (‘marabut’) muçulmano malekita submeteu os Djudalah, até então refratários aos Islamismo. Este líder espiritual continuou sua pregação entre as tribos Sanhadja do Saara e oa negros de Takrur (ao norte de Senegal). Este líder espiritual foi fundador, junto com o líder bérbere da tribo Djudala, Yahya ibn Ibrahim, do movimento dos Almorávidas para purificar o Islam professado pelos bérberes. --- Neste ano, o emir hamadita Al-Qaid (da Argélia) assinou um acordo de paz com o badicida Al-Mu’izz, que saíra de Kairuan (capital de Ifrîqiya) para mover-lhe guerra. --- O Reino de Kharezm deixou de ser província dos Ghaznévidas neste ano, passando aos turcos seldjúcidas até 1077. 47 1042 (27/1) a 1061 - Na Península Ibérica, o ‘taifa’ Reino Abadida de Sevilha foi governado por Abbad III ou Al Motamid I. Segundo o historiador Marcelin Defourneaux (da enciclopédia ‘La Pléiade’), ele e o filho e sucessor, Al Motamid II (1061 a 1095), fizeram do seu reino o ‘herdeiro do Califado’ (mesmo sendo este último um poeta, um homem cruel e conquistador de Córdoba e do Reino de Múrcia). 1043 - A cidade comercial de Abarquh (ou Abarquya), ao norte da província de Fars, governada pelo buyida Abu Kalijar, foi tomada por Alah-dawla Mohammmed em benefício do kakuyida Zahir al-din Abu Mansur Faramaz, inimigo do buyida. --- A dinastia persa dos Ziyaridas (de Gorgan e Mazarandan, ao sul do Mar Cáspio) foi esmagada pelos turcos seldjúcidas. 1044 - O irmão de Abbad II al-Mu’tadid (emir de Sevilha) chamado de Abbad III al-Mu’tamid, retomou o ‘taifa’ de Mértola (situado ao sul do território lusitano atual). 1045 - O rei da Armênia, Kakig (ou Gagik) II, diante da iminência de ataque de seu reino pelo emir turco de Dwin e instigado pelo patriarca Petros foi negociar com o imperador bizantino Constantino IX (que se pretendia com o direito ao reino por herança de João Sempad). Aí acabou renunciando ao reino, recebendo em troca os temas da Capadócia e Licandos (centro e leste da Anatólia). --- Na época do verão deste ano, ocorreu a ocupação definitiva do Reino Armênio de Ani pelos bizantinos, pondo fim à Dinastia dos Bagrátidas (só não foi ocupada a região de Qars). 1045/6 - O emir Badicita (variante dos Ziridas), Al-Mu’izz ibn Badis, de Ifrîqiya, rompeu relações com os Fatímidas do Egito, apenas reconhecendo AlQa’im de Bagdá. Na mesquita de Kairuan se estendeu o estandarte negro dos Abássidas. No palácio se introduziram hábitos luxuosos como os orientais. Para ratificar isto, 4 anos depois destruiu todos os emblemas fatímidas em seu emirado, além de submeter os Zenetas orientais e a região habitada pelos zwāwa (ou zuaua). 1046 - Em 5 de março o escritor persa Naser Khosrow iniciou uma viagem de 7 anos pelo Oriente Médio, descrevendo-a no livro ‘Safarmameh’. --- A cidade de Hamadhan (antiga capital persa sob o nome de Ecbátana), um dos centros comerciais da Rota da Seda, foi tomada por Ibrahim Yinal (chefe turcomano de Transoxiana) em benefício do seu irmão Toghrul-Beg. 1047 - As ilhas de Santa Margarida e S. Honorato (onde havia um mosteiro) do Arquipélago de Lerins (no sul do Reino da França) foi atacado pelos árabes. 1047 - 1048 - Renovação de acordo de paz de Constantino IX com o califa fatímida Al-Mostancer Mustansir Bi-lah (ou Mustansir), promovendo relações amigáveis entre eles. 1048 - Pela primeira vez o Império Bizantino sofreu uma incursão dos turcos seldjúcidas, que saquearam o Vaspurakan. A cidade de Arzen (no tema bizantino de Ibéria e Armênia), perto de Erzerum (dos turcos), foi destruída pelos turcos sob Ibrahim Yinal (irmão de Toghrul-beg, chefe turcomano da Transoxiana) . De 10 a 17 de setembro ocorreu a Batalha de Kapetrou ou Kapetron (hoje chamada de Pasinler ou Basean na Turquia; para alguns autores é Hasan Kale, na Armênia) entre a aliança de Bizâncio (sob Constantino IX) e Geórgia (com Liparit IV Orbéliani) e ainda tendo à frente os generais Aarão e Katakalon Kekaumenos contra os turcos seldjúcidas (sob o comando de Ibrahim Yinal, irmão do sultão Toghrul) acampados junto ao castelo de Gabudru (que os bizantinos chamavam de Kapetrou). Ocorreu esta batalha à noite. As forças coligadas cristãs tentaram envolver seus inimigos; estes, comandados por Ýbrahim Yýnal (Ibrahim Yinal) foram derrotados fulminantemente pelos generais Katakalon Kekaumenos e Aarão, mas conseguiram fugir com o saque feito anteriormente. Liparit IV foi aprisionado pelos turcos e levado para Isfahan (na Pérsia). - Em 13 de dezembro morreu o famoso matemático persa Al-Biruni. --- Ainda neste ano: Em Jerusalém foi levantada a Igreja de S. Maria dos Latinos e de um prédio para hospedar os comerciantes italianos de Amalfi e cuidar dos peregrinos cristãos.--- Os Ziridas de Ifrîqiya (os Badicitas), influenciados pelos malekitas de Kairuan, abjuraram o xiismo e adotaram o sunismo, terminando suas relações com os Fatímidas do Egito.--- O ‘marabuto’ Abdallah ibn Yasin junto com alguns amigos próximos, criou um mosteiro-fortaleza numa ilha costeira do Senegal, foco de formação da Dinastia Bérbere dos Almorávidas (reinante no Magrebe até 1142). 1048 a 1055 - Governo do último Buyida Khosrau Firuz er-Rahim, cuja dinastia decadente neste século, ainda ostentava o título de ‘emir al-omara’ e ocupava Bagdá, o Iraque Arab (ao sul do Iraque Adjémi), Fars, Chiraz e, um dos seus irmãos, a província de Kirman (no extremo sul da Pérsia). 1048 (18 de maio) a 1131 (4 de dezembro) - Período da vida do grande escritor, filósofo, matemático, astrônomo persa (nasceu e morreu em Nishapur) Omar Khayyam, cujos poemas (chamados de ‘rubaiya’) são conhecidos no mundo todo. Uma cratera da Lua tem o seu nome. 1049 - O turco seldjúcida Ýbrahim Yýnall impôs derrota à armada bizantina na planície de Pasin (afluente do rio Araxe, na Armênia). --- O califa fatímida Al Mustansir mandou a tribo dos Beduínos Beni Hillal (que saqueava o vale do Nilo) eliminar a dissidência dos Ziridas (Hammadidas) no Marrocos (pretendendo se ligar aos Abássidas de Bagdá). --- A Ilha de Sardenha, ocupada pelos muçulmanos de El-Andaluz, foi tomada pelos pisanos. 1050 - No início deste ano, foi assinada uma trégua entre Constantino IX e o turco seldjúcida Toghrul-beg para livrar o chefe georgiano Liparit IV Orbeliani e seu contingente da prisão. —Toghrul Beg ocupou o Irã Ocidental e recebeu do califa o título de ‘pilar da fé’ e de sultão. 1050 (1/6) a 1058 - O Egito Fatímida foi administrado neste período pelo vizir al-Yazuri. 1050 a 1070 - Emirado de Kay Kâ’us, da Dinastia Ziyarida, neto de Qabus, que sucedeu ao seu primo Anuchirvan. Seu governo foi nominal, visto que o território (Tabaristão e Gorgan) era dominado primeiro pelos Ghaznévidas, depois pelos Seldjúcidas; sua autoridade ficou reduzida a uma área montanhosa do interior do território original. 1051 - De 15 de maio a 13 de junho, Toghrul (Ṭoḡrel) Beg, atacou os Kakuyidas e, após um ano de cerco, ocupou a cidade de Isfahan (pela fome), conquistando o Irã Ocidental (Iraque Adjémi, Azerbaijão persa - a antiga Média). Os Kakuyidas, a partir daí até o século XII, foram para Yazd (grande centro de cultura zoroastriana) e Abarkuh, exercendo a sua administração como governadores (atabegs). Na segunda metade deste século a região do Kurdistão estava desmembrada entre 4 principados curdos: a oeste os Marwanidas de Diyarbakir (aí reinantes de 990 a 1085); a leste, os Banu Annaz (de 990 a 1116) e os Hassanwahidas (de 959 a 1015); ao norte, os Chaddaditas (de 951 a 1174). 1052 - Em meados de abril, os fatímidas mandaram tribos beduínas dos Hilalianos (Banu Hilal) à Ifrîqiya, onde venceram as tropas dos ziridas de Kairuan na Batalha de Haydaran, nas proximidades de Gabès. Outras tribos invadiram Ifrîqiya : a dos Banu Sulaym e dos Banu Maqtil arruinando o território zirida, já que os fatímidas não conseguiam manter sua autoridade no Magrebe. --- Neste ano, a cidade de Edessa (hoje chamada de Urfa) foi reconquistada pelos bizantinos ao emir Marwanida, Nasr al-Dawla Ahmad, da Alta Mesopotâmia. 1053 - A Síria muçulmana estava passando por falta de alimentos; o imperador bizantino a abasteceu de trigo; como compensação, seu emir ajudou na reconstrução da Igreja do S. Sepulcro em Jerusalém e protegeu, de certa forma, os cristãos sediados na Palestina.-- Os Almorávidas aumentaram seu território ao tomarem o reino de Sijilmassa, dos Zenetas, no centro sul do Marrocos.—Em meados de dezembro deste ano, o papa Leão IX constatou que haviam apenas 5 bispados na África, enquanto no século VIII eram 40, revelando, pois, o declínio do Cristianismo no Magrebe. 1053-54- Campanha fracassada de Toghrul-beg em Vaspurakan, por ter sido derrotado em Mantzikert (ou Malzgerd, junto ao Lago Urmia, na Armênia). 1054 - O oásis e centro comercial de Audaghost (no Tagant meridional de hoje) foi tomado pelo Almorávidas, expulsando daí os tunka do Reino de Gana e, assim, controlando as rotas comerciais transaarianas.—Por causa de cheias insuficientes do rio Nilo o Egito foi assolado pela fome, instabilizando politicamente a região até 1055.--- Neste ano, o emir marwanida da Alta Mesopotâmia e norte da Síria, Nasr al-Dawla, prestou vassalagem a Toghrul-beg. 1055 - Após vitória sobre os Buyidas (a pedido do califa Al-Qa’im e do general Basasiri, ou Al-Baçâcîri), em 17 dezembro de 1055, Toghrul-beg entrou em Bagdá sem nenhuma resistência (a pedido do califa, após conversas com o jurista Al-Mawardi) exerceu protetorado sobre os Abássidas de Bagdá. Ele teve sua autoridade reconhecida no Iraque e em Djazira e peregrinou à cidade santa de Meca, testemunhando sua conversão ao islamismo. Foi concedida a ele a autoridade de ‘émir-al-oumarâ’, ou seja, ‘emir dos emires’ (em 1058); o califa ficou reduzido à condição de ‘rei indolente ou preguiçoso’, despertando a revolta dos hereges Kharedjitas (Caridjitas) e dos Alidas xiitas. O último vizir buyida (que era xiita), Al Malik Rahim Khosrau Firuz, foi preso e morto e seus subordinados fugiram. Os turcos seldjúcidas tornaram-se os paladinos sunitas contra os xiitas e sua capital passou a ser Raí. --- A tomada de Bagdá pelos seldjúcidas estimulou a imigração de tribos turcas para a região. --- Neste ano, ainda, os Almorávidas, monges guerreiros muçulmanos bérberes do sul do Magrebe, chefiados pelo emir lemtuna Yahya Ibn Omar, fizeram incursões ao norte e leste da região. Estes bérberes criaram uma dinastia que durou até 1155 e dominou Andaluzia em 1100. Seu líder espiritual, Abdallah ibn Yassim se apoderou da cidade de Sijilmassa (no Marrocos atual). -- Coptas foram perseguidos pelos Fatímidas do Egito. --- O rei de Castela, Fernando I, iniciou a campanha militar de conquista de al-Andaluz, se apoderando de Seia (no centro de Portugal), habitado por cristãos aliados dos muçulmanos. Para consolidar sua fronteira meridional, repovoou Zamora com habitantes dos Montes Cantábricos. 1055 a 1066 - O pequeno reino (taifa) de Granada, na Península Ibérica, teve como vizir o sefarada (nome genérico dos judeus ibéricos) Joseph Ibn Nagrela, sucedendo ao pai Samuel Ha-Naguid. 48 1055 a 1092 - Dinastia do primeiro ramo, o dos Grandes Seldjúcidas, a mais importante dinastia turcomana islâmica. Estes Grandes Seldjúcidas foram: Toghrul (Toghril) Beg, Alp Arslan e Malik-Chah; que foram reconhecidos pelo califa al-Qa’im como sultões do Oeste e do Leste e colocaram um termo final aos Buyidas. 1055 a 1220 - Segundo período do Califado ‘abássida’ de Bagdá, sob o protetorado dos turcos seldjúcidas, convertidos ao islamismo e adeptos do sunismo (em sua variante hanafita) e revigorando a ‘djihad’. O Império turco seldjúcida abrangia o território desde o rio Oxus (Amur-Darya) a leste, ao Mar Mediterrâneo, a oeste; era uma verdadeira potência política que não iria admitir a presença dos Caracânidas na Transoxiana. 1055 a 1502 - A queda da Dinastia Abássida foi produto da invasão da Pérsia pelos turcos seldjúcidas e do turco-mongol Timur Leng (Tamerlão). A partir daí a capital passou a ser Raí (Teheran, permanecendo até hoje). 1056 - Neste ano: Na Batalha de Tabfarilla (na atual Mauritânia) o almorávida Yahya Ibn Omar, mesmo com a ajuda do rei muçulmano de Tekrur (chamado Lebbi) foi vencido pelos nômades goddala (ou gadala ou djoddala, pertencente ao grupo dos bérberes Sanhadja), em revolta contra os Almorávidas. -- Neste ano, os bérberes Zenatas de Sijilmassa se revoltaram contra os Almorávidas. --- O califa Al-Qa’im aceitou que uma princesa abássida se casasse com Toghrul Beg, homologando, assim o protetorado turco sobre ele. 1057 - Em 9 de janeiro, em Sinjar (a noroeste do atual Iraque, próximo da fronteira com a Síria), o general turco dissidente (Arslan ibn al-Basâsiri) venceu os seldjúcidas, depois foi para Mossul (ao norte do atual Iraque), onde reconheceu a suserania dos Fatímidas. A reação de Toghrul Beg foi imediata: no mesmo mês saiu de Bagdá, retomou Mossul (deixando seu governo ao encargo de Ibrahim Yinal) e voltou para a capital em dezembro. - Em outubro, foi realizado o primeiro ataque dos turcos seldjúcidas sobre o Império Bizantino quando assaltaram e pilharam Malatia (ou Melitène), durante o reinado do imperador Isaac I Comneno. --- No norte da África muçulmana, ao iniciar-se novembro, a capital dos Ziridas, Kairuan (em Ifrîqiya) foi atacada e pilhada pelos Hilalianos. O emir zirida (badicita) Al-Mu’izz ibn Badis e seu filho Tamim se entregaram ao emir Hilaliano da família árabe dos Banu Riyah em Mahdia. Enquanto estavam aí, os árabes saquearam a capital Kairuan (em 1 de novembro) e eclodiram revoltas em vários pontos de Ifrîqiya. Os notáveis locais fugiram para o reino dos Hammadidas. Os Ziridas locais se tornaram piratas, a partir de então, atacando e saqueando o litoral dos reinos cristãos europeus próximos (como a Sicília). Os campos agrícolas foram destruídos pelas tribos invasoras e se transformaram em pastagens itinerantes, que degradaram o solo e se tornaram estepes semiáridas. Em função desta degradação ambiental, houve intenso êxodo rural para as cidades e para as montanhas. --- O rei de Castela, Fernando I, continuando sua campanha militar, se apoderou de Lamego e Viseu, também habitadas por cristãos prómuçulmanos. 1058 - Em 24 de janeiro, Toghrul Beg se tornou o primeiro sultão seldjúcida da Pérsia e emir do leste e oeste pelo califa (até 1063). Teve que lidar com a revolta do seu primo Ibrahim ibn Ynal em conluio com o general Arslan ibn Al- Basâsiri, por trás do qual estavam os Buyidas e os Fatímidas do Cairo. Eles se apoderaram de Bagdá (derrubando o fraco califa Al-Qa’im, por considerá-lo favorável aos seldjúcidas). --- Usurpação do poder do califa alQa’im pelo general turco Arslan ibn al-Basâsiri, desde dezembro, se aproveitando da circunstância de estarem ausentes de Bagdá o califa e seu protetor Toghrul Beg. Os emblemas do califado de Bagdá foram mandados para o Cairo, mas não houve uma efetiva intervenção egípcia em Bagdá. --- O litoral atlântico de Marrocos, habitado pelos Berguata, foi conquistado pelos Almorávidas. 1059 - Em 8 de julho, o teólogo malekita almorávida Abdullah Ibn Yasin em sua campanha missionária e militar no litoral do Atlântico (região de Tamesna) foi morto em combate contra os bérberes Barghawata (também chamados de Barghwata ou Berghouata, governantes da região). Foi substituído pelo sobrinho, Yussuf ibn Tashfine, que partilhou a chefia dos Almorávidas com o pai de outro líder espiritual (Ibn Yassine ou Abdullah Ibn Yassin, de Souss, em Marrocos), Abu Bekr Ibn Omar. A partir deste ano os Almorávidas deixaram de ser uma comunidade religiosa para se tornar um reino. Abdullah Ibn Yasin partiu para a conquista de Marrocos (terminada em 1082). --- Em 23 de julho, Toghrul Beg venceu o seu primo Ibrahim ibn Ynal e o estrangulou; em relação ao general Al- Basâsiri propôs uma aliança em troca da manutenção do califa Al-Qa’im no poder; o general não aceitou, abandonou Bagdá em dezembro. O califa Al-Qa’im reconheceu Toghrul-beg como seu vigário temporal, concedendo-lhe o título de ‘rei do Oriente e do Ocidente’. -- Toghrul-beg, considerado sultão (‘al-umara’, ou seja, ‘emir dos emires’), em julho iniciou guerra santa contra Bizâncio cristão (enfraquecido por querelas internas): invadiu a Capadócia, devastou a Armênia e pilhou a cidade de Sebaste (cujo nome foi mudado para Sivas e permanece até hoje). 1059 a 1159 - Túnis foi governada pela Dinastia dos Banu Khurasan, vassala dos Hammadidas. 1060 - Ao iniciar-se janeiro, o sultão Toghrul Beg entrou em Bagdá e restaurou o califado de Al Qa’im. Ainda neste mês (dia 15), o general al-Basâsiri foi vencido e morto próximo da cidade de Kufa por tropas do sultão. - Em julho, a tribo dos beduínos chamados Banû Kilâb (do Nejd, região centro-leste da Arábia) avançaram sobre Alepo, deixada para trás pelos fatímidas (após derrotas no norte da Síria em agosto); aí estes beduínos fundaram a Dinastia dos Mirdássidas, cujo primeiro emir foi Mahmud. ---- O normando Rogério de Hauteville, quando estava em Mileto, recebeu emissários cristãos de Messina (da Sicília) que lhe solicitaram ajuda militar para libertar esta cidade siciliana do jugo muçulmano. Em setembro/outubro, tentou tomar a cidade siciliana, mas teve que retornar para a Apúlia, ameaçada por uma contra-ofensiva bizantina aí no sul da Itália contra os normandos. --- Neste ano morreu o poeta persa ismailita Nâsir-i Khusraw, autor de ‘Safar-nâme’ (‘Viagem a Meca’), ‘Sa‘ādat-namah’ (‘Livro sobre a Felicidade’) e ‘Rawshanā'ī-namah’ (‘Livro da Clareza’). 1061 - Sevilha, ‘taifa’ sob o reinado de Al-Motamid II, tornou-se a herdeira cultural de Córdoba (antiga capital de Andaluz).--- Neste ano: O vizir do califa, Abu Turab al-Athiri, foi substituído por Ibn Darust (que em 1055 sugeriu o nome do sunita hanafita Abd Allah al-Damaghani como vizir para agradar aos turcos seldjúcidas). 1061 a 1085 - Decadência e término da Dinastia dos Marwanidas da Alta Mesopotâmia. Seu penúltimo emir foi Nizam ad-Dawla Nasr, cuja capital Mayyafarikin foi tomada pelo sultão Malik Shah, pilhando todas as suas riquezas. Em 1079 perdeu totalmente sua autonomia frente aos seldjúcidas; seu filho, Nasir ad-Dawla Mansur, teve a autoridade restrita apenas à cidade de Jazirat ibn Umar (hoje chamada de Cizre, às margens do Alto Tigre, a sudeste da Turquia) até 1085, quando morreu, se extinguindo a dinastia. 1061 a 1107 - Yussef ibn Tachfin, originário da tribo bérbere sanhadjana denominada Lemtuana, do Saara e fundador de Marraquesh, foi o líder religioso e militar dos Almorávidas nesse período. 1062 - Em agosto/setembro, os normandos Hauteville na pessoa de Rogério (que recebeu de seu irmão, Roberto I Guiscardo, a investidura de Conde de Sicília), cercou a cidade de Troina durante 4 meses. --- Os Almorávidas, com Yussef ibn Tachfin, fundaram a cidade de Marrakech, em Marrocos, e iniciaram o processo de conquista do Magrebe. --- As cidades de Malatya (|Melitene) e Diyarbakir (Amida) sofreram ataques dos turcomanos neste ano. 1062 (agosto) a 1108 (fevereiro) - Ao morrer o zirida (badicida) Al-Mu’izz ibn Badis em Ifrîqiya, sucedeu-o o filho Tamin ibn al-Mu’izz, governando neste período. 1062 a 1066 - Instabilidade política no Egito Fatímida: o califado teve 22 vizires neste período. 1063 - Em 8 de maio, na Península Ibérica, o rei de Aragão, Ramiro I, morreu em combate na Batalha de Graus (no local do mesmo nome situado na confluência entre os rios Isabena e Esera, nos Pireneus) diante das tropas aliadas de mouros (do emir de Saragoça) e cristãos (do rei Sancho II de Leão e Castela), conduzidas por D. Rodrigo de Bivar (mais conhecido por ‘El Cid). --- Em junho, na cidade de Cerami, na Sicília, os ziyridas sofreram derrota diante do normando, o duque Rogério I de Hauteville. --- Em 4 de setembro, morreu Toghrul-Beg sendo sucedido pelo sobrinho Alp Arslan. --- O emir almorávida Yussef Ibn Tachfin tomou Fez e conquistou o Marrocos e o oeste da Argélia (até 1082). - Neste ano, o papa Alexandre II afirmou que a guerra contra os perseguidores dos cristãos era justa e aos combatentes se outorgava o perdão de todos os seus pecados. Foi a primeira exortação à Reconquista Cristã, isto é, a conquista das terras ibéricas dos muçulmanos pelos cristãos. Foi, outrossim, o prenúncio das Cruzadas. 1063 (4 de setembro) a 1072 - Sultanato seldjúcida de Muhammed ben Da'ud, cognominado depois Alp Arslam, o ‘Leão Branco’ pela sua bravura e valor pessoal. --- O grande vizir de Alp Arslan foi Nizam al-Mulk (‘Ordem do Reino’), que deu guarida a Omar Khayyam e ao filósofo místico Gazali e foi grande administrador, contratando funcionários procedentes de Khorassan. A capital continuou em Raí (hoje chamada de Teheran). A partir de seu governo foi suprimido o serviço de correios no Império Turco Seldjúcida. 1063 (continuação) - A Geórgia Meridional sofreu a primeira invasão dos turcos seldjúcidas sob o comando de Alp Arslan, que tomou a cidade de Akhalkalaki e arrasou com o país. - Para acabar com as atitudes contrárias ao seu poder no próprio clã familiar, no final deste ano e começo de 1064, este sultão mandou matar o seu primo Qutulmich e prender o seu tio Qâwuard, rebelados em Kirman (este último perdoado em 1064). 1063 a 1092 - Vizirato persa de Khorassan com Nizam al-Muk, administrador civil dos negócios internos. Foi o autor de um ‘Tratado de governo’ (‘Siyaset Name). 1064 - No início do ano, a ‘Cruzada de Barbastro’, constituída principalmente de francos, passou os Montes Pirineus e se juntou com guarnição de catalães em Garonne. No início de agosto, na Espanha, depois de 40 dias de cerco, a cidade muçulmana de Barbastro (no taifa de Lérida) foi tomada por Sancho Ramirez, auxiliado pela ‘Cruzada de Barbastro’ comandado pelo duque Guilherme VIII de Aquitânia, sendo sua população massacrada e a 49 cidade saqueada. --- Durante a primavera, o normando Rogério I de Hauteville tentou se apoderar de Palermo, na Sicília dos ziridas. --- Em junho (ou 16 de agosto) Alp Arslan se apoderou da Armênia Meridional, após tomar Ani e massacrar uma parte de sua população. Apenas o reino armênio de Lorri conseguiu manter sua autonomia por 100 anos.--- No final deste ano, peregrinaram aos Lugares Santos da Palestina cerca de 7.000 cristãos conduzidos pelo bispo alemão Gunter de Bamberg, pelo arcebispo da cidade alemã de Mogúncia e mais outros 2 bispos. Entre os peregrinos haviam cavaleiros e barões, que foram atacados por beduínos nas proximidades de Ramalá (Ramla), em 25 de março de 1065. 1065 - O sultão turco Alp Arslan, continuando sua incursão militar do ano anterior, atacou Edessa (ou Urfa, não tomada pela resistência do duque de Antióquia), conquistou a Anatólia, se dirigindo para Constantinopla. --- O Egito Fatímida foi assolado por epidemias e instabilidade política (devido a conflitos entre mamelucos de origem turca e soldados sudaneses, só terminando em 1072). 1066 - Em dezembro, em Granada na Espanha, houve um episódio bárbaro de anti-semitismo: os muçulmanos crucificaram o vizir judeu José ibn Naghrela e assassinaram os membros da comunidade judia da cidade; os poucos sobreviventes fugiram para outras cidades. --- Neste ano morreu o médico cristão radicado em Bagdá, Ibn Butlan, autor do livro ‘Taqwim al-Sihhah’ (‘A Manutenção da Saúde’). 1067 - Durante a primavera, a Ásia Menor sofreu duplo ataque dos turcos seldjúcidas: um ao nordeste, em que o sultão Alp Arslan invadiu o Ponto e chegou à cidade de Cesareia de Capadócia (onde ocorreu a Batalha de Cesareia contra as tropas do imperador bizantino Constantino X Dukas, em que a cidade de Cesareia foi saqueada pelos turcos, mas retomada depois pelos bizantinos); outro a sudeste, em que a fronteira da Cilícia foi devastada. --- Os Hammadidas, sob o comando de An-Nasir ibn Abanas, se apoderam da montanha de Boiei (ou Bejaia, nome também de seus moradores), onde fundaram a cidade de Naceria (ou Begaia), que passou a capital em 1069. Este reino hammadida conseguiu se desenvolver graças ao fato de que não foi molestado pelos Hilalianos e Almorávidas (até 1152). 1068 - Em 10 de dezembro, uma aliança formada por Alp Arslan com o o rei Gurgen II de Lorri, o emir de Tiflis e o príncipe Aghsartan I de Kakétia (no Cáucaso) contra o rei da Geórgia (Bagrat IV), resultou na devastação das províncias de Argvétia e Kartli até julho de 1069. 1069 - Por causa de saques efetuados pelos turcos em várias cidades da Ásia Menor, o novo imperador bizantino Romano IV Diógenes, com tropas de mercenários realizou uma campanha militar contra eles. Na primavera, sufocou uma revolta do mercenário normando Roberto Crispino, na fortaleza de Maurokastron (no tema de Armeníacos). Continuando sua campanha, expulsou os turcos do tema do Ponto (no sul do Mar Negro), perseguindo-os com suas tropas de elite, obstruindo sua fuga em Tefrik (no tema de Sebaste), procedendo a um grande massacre deles. Enquanto ele se dirigia com suas tropas em direção ao Lago Van, seu lugar-tenente Filareto Brachamios foi derrotado pelos turcos (que tinham voltado para a Capadócia, atravessaram e Licaonia e conquistaram Konia, mas as tropas imperiais de Romano IV Diógenes conseguiram forçar sua saída de Konia). --- Continuando sua campanha, passou por desfiladeiros dos Montes Taurus e avançou sobre o norte da Síria, vencendo os muçulmanos em Mabugh ou Mambij (Hierápolis da Síria, a nordeste de Alepo) em 20 de novembro. Ao retornar para Constantinopla, recuperou a cidade de Iconium (Konia), mas não conseguiu impedir que os turcos seldjúcidas tomassem a cidade de Armorium (no tema de Galácia). --- Neste ano, Nasir al-Dawla (da Dinastia dos Marwanidas) tentou destronar o califa fatímida egípcio Al-Mustansir (Abū Tamīm Ma'add al-Mustanṣir billāh). --- No norte da África, Marrakesh começou a ser edificada como a capital do movimento dos Almorávidas por Abu Bakr ibn Omar. 1069 (28 de fevereiro) a 1091 - Ao morrer em Sevilha (na Espanha) Al-Motamid II (ou 'Al-Mu‘tadid), da Dinastia dos Abbadidas, subiu ao poder seu filho, o último rei Abbad III (ou Abû al-Qâsim Muhammad “Al-Mu`tamid” ben Abbad). Dominou quase todo o sudeste da Espanha, mas pagou tributo ao rei Afonso VI de Castela. 1070 - Entre maio e julho, Abu Bekr ibn Omar mandou erigir uma fortaleza em Marrakech, a de Qasr al-hagar . --- Na primavera, o imperador bizantino Romano IV Diógenes colocou Manuel Comneno (primogênito de João Comneno) no comando da campanha militar contra os turcos seljúcidas na Ásia Menor, mas ele foi vencido e aprisionado perto da cidade de Sebaste pelo turco Krudji (este, por sua vez, revoltado contra Alp Arslan). Manuel Comneno, após negociar com seu vencedor, voltou à capital bizantina. Enquanto isto, o sultão Alp Arslam vassalou o príncipe da dinastia Mirdassida de Alepo (se aproveitando de disputas na tribo dos Kilabitas), mas não teve sucesso em cercar Edessa; depois atacou a ilha de Lesbos (no Mar Egeu) e saqueou o mosteiro de Chonai. 1071 - Em 13 de março, o imperador Romano IV Diógenes, junto com o turco Krudji (Er-Sighun?) e Manuel Comneno (este morrendo durante o trajeto) e mercenários turcos, francos e normandos (além de tropas da Armênia e Geórgia), se defrontou com o sultão turco Alp Arslan em Teodosiópolis (no Alto Eufrates, na Armênia, hoje denominada Erzurum) e se apoderou de Mantzikert ou Malazgerd (no Alto Eufrates), conseguindo recuperá-la (na Batalha de Mantzikert, ao norte do lago Van, no dia 19 de agosto). Em manobra desastrosa, no entanto, ficou sem defesa ao enviar reforços para um de seus auxiliares normandos (Russel de Bailleul) que estava para chegar no Lago Van. O sultão, aproveitou o momento para atacar Romano IV, que perdeu também o apoio dos mercenários turcos (que o traíram no momento do ataque). Assim, foi derrotado, ferido e preso pelo sultão em Mantzikert (em 26 de agosto), considerada a maior derrota da História Bizantina. O imperador Romano IV foi levado para Bagdá coberto de terra e de sangue; Alp Arslan o libertou uma semana depois. Tal vitória deu origem ao novo ramo turco: o dos Seldjúcidas de Rum ou da Anatólia. A partir desta derrota, muitos clãs turcos se instalaram na Ásia Menor. --- Neste ano: O capitão turco Atsiz ben Auq se apoderou da Palestina, pertencente ao califa do Egito. 1071 a 1081 - O Império Bizantino foi sacudido por guerras externas, conflitos internos (guerras civis e entre as próprias forças armadas), facilitando a conquista da Ásia Menor pelo sultão Alp Arslan. 1071 a 1084 - Aproveitando-se da situação instável do Império Bizantino, Filaretos Brakhamios, armênio aventureiro que fora soldado do imperador Romano IV Diógenes, com tropas formadas principalmente de mercenários francos (como Russel de Bailleul, Hervé Frankopulos e Raimbaud) se apoderou de fortalezas nos Montes Taurus, assegurando abrigo a cristãos refugiados dos seldjúcidas; não quis, no entanto, ser tutelado pelo imperador Miguel VII Dukas. Ele governou Melitene (Malatia), Marach, Edessa e Antióquia e a Cilícia, tomadas pelos turcos de 1084 a 1095. Esta área foi a semente da Pequena Armênia. O imperador bizantino Nicéforo III Botaneiates (1078-81) o considerou vassalo, mas esta vassalagem foi nominal. 1071 (26 de agosto) a 1243 (26 de junho) - I Período dos ‘beilicados’, principados turcos na Anatólia, entre os impérios bizantino e seldjúcida. Estes principados foram os seguintes: Artuquidas (ou Ortoquidas), Danichmenditas, Dilmaçoglu, Zachas, Shah Arman, Inalidas, Mengujequidas e Saltukidas. 1072 - Em 10 de janeiro, o normando Roberto Guiscard finalizou a conquista da Sicília aos Fatímidas, após ter se apoderado da cidade de Palermo, cercada durante 5 meses. Ele ficou com esta cidade, metade de Messina e o Val Demone (nordeste da ilha); o restante da ilha ficou com o seu irmão Rogério I de Hauteville após vencer o emir Ben Avert e se apoderou de Trapani (1077) e Taormina (1079). -- O califa fatímida Al-Mustansir foi preso pelo chefe de guerra, o general Nasir el-Dawla; este se subordinou ao califado abássida de Bagdá, Al-Qa’im. -- Em 15 de dezembro, o sultão Alp Arslan morreu em conflito contra os Caracânidas na Transoxiana, governado por Chems el-Mulk Naçr (filho e sucessor de Buri, desde 1068 a 1080). Sucedeu-o filho, menor de idade, Malik-Chah, continuando como grande ministro Nizâm el-Mulk. 1072 a 1076 - Conflitos entre os Fatímidas e os Abássidas. O califa fatímida passou por revoltas internas e se restringiu territorialmente apenas ao Egito a partir de 1076 (quando Damasco foi tomado pelos turcos seldjúcidas). 1072 (15 de dezembro) a 1092 - Sultanato do turco seldjúcida Malik-Chah (ou Malek-Shâh) I. Mais administrador que guerreiro. Seu império se estendeu desde a Ásia Menor e Síria até Herat e o atual Turquemenistão. Sob seu governo viveu o célebre poeta persa Omar Khayyâm. Teve como grande administrador o vizir Nizam al-Mulk. Foi a partir de seu governo que as obras de medicina árabe começaram a se difundir na Europa Cristã. Ao morrer, o Império Seldjúcida se desmembrou. Obs.: Há um homônimo do Sultanato de Rum que reinou de 1096 a 1116. 1073 -- Em junho/julho, um emir turcomano vassalo do sultão Alp Arslan chamado Atsiz ibn Uvaq al-Khwarizmi, em campanha militar contra os Fatímidas. tomou a cidade de Ramla (Ramalah), cercou Jerusalém (conseguindo se apoderar dela em junho/julho de 1073), conquistou a Palestina (exceto a cidade de Ascalon), onde restabeleceu o sunismo --- Neste ano: O khan Chems el-Mulk da Transoxiana se aproveitou da sucessão em Bagdá, na Pérsia, para fazer incursão sobre o leste da província de Khorassan e se apoderou de Balkh. Em represália, forças seldjúcidas atacaram a Transoxiana e, quando se aproximavam de Samarcanda, Chems el-Mulk saiu de Khorassan e se vassalou ao sultão Malik Shah I. --- Os seldjúcidas procederam a uma reforma agrária na Ásia Menor acabando com o latifúndio e conquistando a simpatia dos pequenos proprietários bizantinos. --- O aventureiro armênio Filaretos Brakamios, se aproveitando da instabilidade interna do Império Bizantino, constituiu seu exército de armênios e se apoderou de praças fortes junto aos Montes Taurus, na Cilícia, para servir de refúgio dos cristãos migrantes por causa dos turcos; nesta região ocupada por ele, no entanto, não aceitou a 50 soberania bizantina do imperador Miguel VII. Nesta época o seu território compreendia desde a Antióquia (pertencentes aos turcos seldjúcidas) a Melitène (no Alto Eufrates). --- Ancara, na Anatólia, foi tomada pelas forças turcas seldjúcidas. --- Na Península Ibérica ocorreu a renovação de tratado entre alMuqtadir (do taifa de Saragoça) com o rei de Navarra, Sancho IV. 1074 - Em 19 de janeiro, o governador fatímida da Palestina, Badr al-Jamali (de origem armênia), se dirigiu com suas tropas para a capital, Cairo, e repôs Al-Mustansir Billah no poder. Como gratidão, o califa lhe concedeu o comando da armada, além de vizir. Mandou matar todos os soldados sudaneses e chefes militares sediciosos. Daí resultou tal instabilidade política que o Califado Fatímida se reduziu ao Egito (1076). -- O Canato Caracânida da Transoxiana se tornou vassalo dos turcos seldjúcidas. --- Neste ano: tentativa do general bizantino Filaretos Brakamios, detentor do território entre Melitène (Malatia), a Cilícia e os Montes Taurus, de se apoderar de Antióquia dos turcos, com o apoio do seu patriarca Emiliano. --- Neste ano: tentativa do general bizantino Filaretos Brakamios, detentor do território entre Melitène (Malatia), a Cilícia e os Montes Taurus, de se apoderar de Antióquia dos turcos, com o apoio do seu patriarca Emiliano. --- Tentativa do comandante dos normandos do exército bizantino dos temas orientais, Russel (ou Ursell) de Bailleul em estabelecer um principado no tema de Licaônia (ao sul da Galácia, na Ásia Menor) após marchar até Sebaste (Sivas), saqueando tudo em sua marcha. Este normando forçou o césar João Dukas (após vencê-lo em Zompi, perto de Amorium) a proclamá-lo imperador e marchou até Crisópolis ((Üsküdar ou Scutari), diante de Constantinopla (na outra margem do Estreito de Bósforo), queimando-a. Diante deste perigo o imperador Miguel VII Dukas tentou inutilmente se entender com ele sem sucesso. Em função disto o imperador bizantino Miguel VII pediu a ajuda do sultão Malik Shah I, que enviou um exército sob o comando do seu primo Suleyman ibn Kutulmuch (ou Solimão ibn Kutlumuch) para fazer frente à Russel de Bailleul; este sofreu derrota diante do turco seldjúcida em Nicomédia (Izmit) sendo preso e levado para Constantinopla e jogado num calabouço, onde morreu. Após isto, Malik Shah I doou para Soleïman Ibn Kutlumuch a Anatólia, desde que ele aceitasse ser seu vassalo (ele conquistara a maior parte desta região). --- Malik Shah I mandou o poeta, astrônomo e matemático Omar Khayyam erigir um observatório astronômico em Isfahan; além disso, Omar Khayyam reformou o calendário islâmico.— Ainda neste ano, o sultão seldjúcida invadiu a Transoxiana, chegou a Samarcanda, onde aceitou o pedido de paz de Chems elMulk, que se vassalou a ele. 1075 - Neste ano: Os turcos seldjúcidas são expulsos do tema da Caldéia pelo estratego bizantino Teodoro Gabras, retomando o porto de Trebizonda (litoral sul do Mar Negro) e aí governando como príncipe independente até 1098. --- Damasco e a Síria Meridional foram conquistadas pelo capitão turco Atsiz ben Auq (que tinha se apoderado da Palestina em 1071) aos califas fatímidas do Egito. Este território ficou sob a dependência nominal (não real) do Grande Seldjúcida da Pérsia. - Ao morrer o califa Al-Qa’im foi sucedido por seu neto Al-Muqtadi. 1075 a 1094 - Califado de Muqtadî Bi-Amr Allah (outros nomes: Abû al-Qâsim "Al-Muqtadî bi-ʾAmr Allah" ʿAbd Allah ben Muhammad adDakhîra ben ʿAbd Allah al-Qâ’im) ou, simplesmente, Al-Muqtadî. Foi apenas uma autoridade nominal: os governantes da Pérsia foram Malik Chah (cuja filha se tornou esposa do califa) e o vizir Nizâm al-Mulk. Durante seu califado a vertente sunita do Corão voltou a ser a doutrina oficial, enquanto as cidades santas da Arábia estavam sob o domínio dos Fatímidas do Egito (que eram xiitas). 1076 - O sultão Malik Chah interveio na Sogdiana (Transoxiana) e mandou tropas comandadas por Atzis ben Auq para atacar os Fatímidas, deles tomando Damasco (em junho/julho deste ano) e Jerusalém (em 1077, pela segunda vez), reduzindo o Império Fatímida apenas ao Egito; mesmo assim, se desenvolveu graças ao comércio com a burguesia italiana. --- Neste ano: O vizir do Egito, Badr al-Jamali, foi complacente com minoria copta ao se converter ao islamismo. --- O líder almorávida Abu Bahr atacou a capital do Império de Gana, Kumbi Saleh (centro comercial de ouro e sal), a saqueou e forçou os Soninkes à conversão ao Islamismo (rito malequita, ortodoxo), além da vassalagem fiscal. 1077 - Uma revolta em Jerusalém foi debelada por Atsiz ben Auq, que massacrou grande parcela de seus habitantes e a ocupou. A seguir, tentou se apoderar do Egito, mas as tropas fatímidas o repeliram, forçando-o a voltar para Damasco. -- Neste ano: O califa al-Muqtadi) enviou expedição contra a capital bizantina, mas seu objetivo foi contido pelos generais bizantinos Tatikios e Manuel Butumités. - No Magrebe, para afastar a ameaça representada pelos árabes Hilalianos, o hammadida Al-Mansur ibn al-Nasir transferiu sua capital de Al Qal’a para Bugie (Bejaia). -- Morreu Artuk, vassalo do Emirado de Damasco, sendo o seu território (entre Síria e Armênia) dividido entre os seus filhos Ilghâzi (que ficou com Mayyâfâriqîn ou Silvan e Mardin) e Sökmen (que ficou com Amida, atualmente Diyarbakir, na Turquia). --- Na Península Ibérica, o rei Afonso VI de Castela se apoderou de Coria. --- Morreu o historiador persa Abolfazl Beyhaghi, do qual se tem o relato mais fidedigno do Império Ghaznávida. --- O líder almorávida Abu Bekr ibn Omar consolidou o seu poder ao conquistar todo o nordeste do Magreb. 1077 -1078 - A importante cidade bizantina de Niceia (atual Iznik) esteve submetida a ataques do turco Solimão (Suleyman ibn Kutulmuch), que a tomou várias vezes, mas foi retomada também sucessivas vezes por Aleixo Comneno. Tal situação decorria da instabilidade política no Império Bizantino com o afastamento do imperador Miguel VII por Nicéforo III Botaneiatés. A decisiva e última conquista da cidade se efetivou em 1078. Há historiadores que colocam esta data como o início do Sultanato de Rum; outros colocam em 1081, quando Solimão conquistou o litoral da Bitínia e estabeleceu a capital em Niceia, tornando-se o senhor do litoral oriental do Mar de Mármara (Propôntida e Bósforo). 1077 a 1231 - Os Corasmianos (ou Kharezmianos, ou ainda Khwârazm-Shahs) iniciaram, com o antigo escravo turco seldjúcida Anush Tigin Ghrachai (ou Anūš Tigin Ghrachaī), uma dinastia turco-persa em Khwarezm, Transoxiana e parcialmente a Pérsia Oriental, tendo como capital Kunia-Urguentch. Inicialmente governaram como vassalos do Império Turco Seldjúcida. Este foi o berço do Império Kharezmiano. 1078 - O imperador bizantino Miguel VII, através de seu favorito Nikeforitzes, solicitou a ajuda do sultão Suleyman I contra Nicéforo Botaneiates. O sultão se deparou com as forças de Nicéforo entre Niceia e Cotyaeum; este convenceu-o a aderir a sua revolta, corrompendo-o com promessas maiores que as oferecidas por Miguel VII. --- Em agosto, esteve no Egito Ḥasan Ṣabbāḥ (ficando aí por cerca de 3 anos), líder radical xiita dos ‘Assassinos’, que realizou gestões junto ao Califado Fatímida para se organizar uma frente anti-sunita e anti-seldjúcida. --- Neste ano: O emir de Mossul, Sharaf al-Dawla Muslim ibn Quraish, criou um emirado no Curdistão e norte da Síria, se aproveitando das rixas entre os seldjúcidas de Rum e os da Pérsia. Daí fez uma aliança com o irmão de Malik Shah I chamado de Tutuch (ou Tutus) para cercar Alepo, mas desistiram. Seu objetivo foi conseguido por acaso: em 1079, o emir de Alepo lhe entregou a cidade. --- Os Fatímidas cercaram Damasco; seu governador Atsiz ibn Auq pediu a ajuda do sultão Malik Shah, que mandou seu irmão Tutush (que estava cercando Alepo). Diante de sua aproximação os Fatímidas abandonaram o cerco de Damasco. Como o governador Atsiz se recusou a recebê-lo bem nas portas da cidade, Tutush mandou prendê-lo e executá-lo, se proclamando sultão da Síria, criando uma dinastia fugaz em Damasco e Alepo (durando até 1104 e 1107). --- Os Danichmenditas criaram um principado na Capadócia. --- Novamente o tio de Malik Chah chamado Qâwuard se revoltou em Kirman; desta vez foi preso e estrangulado. --- Foi por volta deste ano, que Omar Khayyan, então diretor de observatório em Isfahan, propôs uma reforma espetacular: a do calendário com 365 dias e 6 horas, testemunhando, pois, seu conhecimento do ano solar. 1078 a 1117 - Dinastia Seldjúcida da Síria (terceiro ramo) criada por Tutush e tendo uma ação de governo intermitente (com intervenções em sua autonomia por parte do seu irmão Malik Shah) de pouca duração: em Damasco até 1104 e em Alepo (até 1117). 1078 a 1307 - Sultanato de Rum sob os turcos seldjúcidas. Fundado por Solimão (Suleyman I). Era de tendência sunita. Criou-se, então, o Quarto Ramo dos Turcos no Sultanato de Rum, na Anatólia. Com sua presença no local, a população rural grega local migrou para outras áreas, restando apenas as populações litorâneas e urbanas. As terras foram ocupadas pelos pastores turcos. 1079 - Os Uqaylidas (ou Banu Uqayl) do Iraque, norte da Síria (Mossul) e região oriental da Anatólia (desde 990 a 1096) tiveram seu apogeu sob o emirado do árabe xiita Sharaf Say al-Dawla Muslim, que governou até 1085, ao substituir os Mirdassidas (então na pessoa do árabe também xiita, Abul Fadl Sabeq), neste ano. Conseguiu suas proezas se aproveitando da instabilidade na Anatólia e norte da Mesopotâmia decorrente da criação de novos Estados seldjúcidas na região. Conta-se que no cerco de Alepo ele estava ao lado de Tutush (irmão do sultão seldjúcida), mas passou para o lado dos sitiados em face de sua identidade étnica e religiosa. --- Na Península Ibérica ocorreram duas batalhas: a) Batalha de Cabra, na qual Rodrigo Dias de Bivar (El Cid) se saiu vitorioso sobre o emir de Granada, Abd Allah, auxiliado este pelo castelhano Conde Garcia Ordonhez. b) Batalha de Coria, em que o rei de Leão e Castela, Afonso VI foi vitorioso sobre o emir de Badajós, Al-Mutawakkil. 1080 - Neste ano: No Cairo, o vizir Badr al-Jamali intimidou o imperador da Etiópia a destruir as igrejas cristãs no Egito se os muçulmanos não tivessem a sua proteção lá (o imperador tinha mandado destruir mesquitas sob a instigação de seu metropolita). Respondendo, o imperador etíope ameaçou mandar uma expedição para destruir Meca. Nesta época, havia uma crença comum no Egito de que os etíopes poderiam provocar fome coletiva lá, retendo as águas do rio Nilo. - A capital bizantina, Constantinopla, recebeu emissários do sultão Malik Shah I, solicitando ao então imperador usurpador Nicéforo III Botaneates que prendesse os filhos de Kutulmush (um deles Suleyman), pois eles eram um obstáculo ao seu projeto de conquista do Egito. Evidentemente não teve sucesso o pedido, visto que consideravam como o maior perigo para os bizantinos o próprio sultão Malik Shah I (na realidade quem iniciou a dominação do oeste da Ásia Menor foi Suleyman ibn Kutulmuch). --- Os armênios, chefiados por Ochim e Rubem, se estabeleceram na Cilícia, autônoma em relação ao Império Bizantino; Ochin em Lambron (região de castelos fortificados na Alta Cilícia), iniciando a Dinastia Hetumiana; Ruben, em Bartzerberd, iniciando a Dinastia Rubeniana e formando a Armênia Ciliciana. --- O Reino da Geórgia sofreu constantes incursões dos turcos seldjúcidas. 51 --- No norte da África, o emir almorávida Yusuf ibn Tashfin, primo de Abu Bekr ibn Omar e criador da Dinastia dos Almorávidas, recebeu o pedido de intervenção em Al-Andaluz (Espanha) pelos governadores dos ‘taifas’, que se sentiam inseguros com as conquistas efetuadas pelo rei Afonso VI de Castela. 1080 até cerca de 1178 - Na Capadócia se formou um principado turco, cujo emir Danichmend iniciou a Dinastia dos Danichmenditas. 1081 –O novo imperador bizantino, Aleixo I Comneno, tentou fazer um acordo com o turco seldjúcida Suleyman ibn Kutulmich pelo qual ele podia fazer de Niceia sua capital e controlar todo o centro e oeste da Ásia Menor, exceto o litoral do Mar Egeu. Em 19 de dezembro, a cidade e fortaleza de Shaizar (ou Larissa, em posição estratégica no rio Orontes, entre Apaméia e Hama, na Síria), pertencente a um bispo bizantino, foi tomada pelo emir árabe Ali Ibn Munqidh. Aí estabeleceu a Dinastia dos Munqidhitas (Banu-Munqidh). O Império Bizantino tentou reconquistá-la várias vezes sem sucesso, no entanto. -- Os turcos seldjúcidas comandados por Solimão I (do Sultanato de Rum), primo de Malik-Chah conquistaram todo o litoral da Bitínia e conseguiram permanecer nos lugares conquistados. Niceia se tornou a capital do Sultanato de Rum (Romania) até 1097, daí até 1302 foi Iconium (Konia). --- Neste ano, o porto de Esmirna e as ilhas de Samos e Rodes foram conquistadas pelo turco Çaka Bey (ou Tzachas). 1081 a 1090 - Tzakhas (Çaka Bey), um arrivista turco, se estabeleceu em Esmirna (no litoral do Egeu),se proclamou emir e procurou reunir em federação pequenos reinos da Anatólia contra os bizantinos, dos quais retirou a soberania do litoral do Egeu, além das ilhas de Samos, Lesbos, Kios e Rodes; pior ainda, com a aprovação de muitos bizantinos que participavam de sua esquadra. Foi o primeiro poder marítimo na História turca. O imperador bizantino Aleixo I recriou sua frota naval e derrotou Tzakhas no Mar de Mármara (em 1090). 1082 - Os Almorávidas se apoderaram da Argélia, estendendo seu domínio até Marraquesh (Marrocos).— Desde este ano se constatou arqueologicamente a presença muçulmana na Ilha de Java através da descoberta de uma estela em Leran (na região leste desta ilha). 1082 a 1408 - A Síria e a Armênia foram governadas pela Dinastia dos Artuquidas (ou Ortoquidas), originária de Artuk, que eram vassalos do emirado de Damasco, nesta ocasião sendo governante Duqaq (filho de Tutush). 1083 - Em 14 de abril, Sancho Ramiro, rei de Aragão, tomou definitivamente a cidade de Graus (em Huesca, na Espanha); em junho, avançou sobre a área entre Pomar e Monzón objetivando atacar Lérida e Saragoça. No fim deste ano foi vitorioso sobre os muçulmanos na Batalha de Pisa, tomando as cidades de Naval e Secastilha. --- Ceuta, no extremo noroeste da África, foi conquistada pelos Almorávidas, em junho, após 5 anos de cerco. 1084 - Na Península Ibérica, reagindo ao ataque do ano anterior, os muçulmanos de Saragoça, sob o comando de ‘El Cid’ infligiram uma derrota ao rei de Aragão, Sancho Ramiro. --- No outono, o rei Afonso VI, rei de Castela, Leão e Astúrias iniciou o assédio à cidade de Toledo. --- Em 13 de dezembro, o sultão seldjúcida Solimão I (de Rum), se apoderou de Konya (Iconium), depois invadiu a Armênia Ciliciana e tomou Antióquia ao general bizantino e aventureiro armênio Filaretos Bracâmio (Vahram). Desta forma, teve sob sua soberania quase toda a Ásia Menor. --- Malik Chah realizou duas campanhas em Balkh contra o seu irmão Takash, revoltado contra ele, terminando por cegá-lo para impor sua autoridade de modo definitivo. 1084 e 1087 - Os turcos seldjúcidas se apoderaram de Antióquia e Edessa, respectivamente nestes dois anos. 1084-85 - O Império Bizantino perdeu seus últimos domínios na Ásia Menor para os turcos, exceto as regiões costeiras (como a Propôntida). Em 13 de dezembro de 1084, Antióquia foi tomada pelos turcos, logo depois Malatia (Melitène) e Edessa (Urfa) povoada por armênios. Ficou para os bizantinos apenas Trebizonda. 1085 - Afonso VI, o Valoroso, rei de Castela, de Leão e das Astúrias, invadiu Saragoça, venceu os muçulmanos (chefiados por Muhammad ibn’Abbad alMu’tamid ou Abad III) e tomou sua capital Toledo, em 25 de maio. Os cristãos descobriram preciosidades na biblioteca desta capital islâmica e, por isto, criaram uma escola de tradutores para trazer a lume aquele conhecimento árabe. --- Neste ano: Sulayman ibn Kutlumuch, não podendo atacar Constantinopla, se voltou para a Síria. Alepo, então, pediu a ajuda de Tutush; este, junto com Ortoq, em julho, venceram o sultão de Rum próximo de Alepo, morrendo no decurso do confronto. Kilitch (Kiliç) Arslan (filho único de Solimão) foi aprisionado em Alepo e entregue ao turco Ak Chungkur, pai do futuro Zengi. Tutush ocupou o norte da Síria e se proclamou sultão de toda a Síria.--- Diante da impotência de Bizâncio e do crescimento do poder de Tutush, Malik-Chah realizou uma partilha dos seus territórios entre os seus emires e mandou suas tropas para a Síria, a fim de ratificar sua autoridade; ao mesmo tempo, os emires da Anatólia tentavam se tornar independentes. O enfraquecimento do Sultanato de Rum na Anatólia foi um dos fatores do sucesso da I Cruzada em 1097/99. 1085 a 1097 - Na África: Reinado de Umé no Kanem (atual Tchad), cuja conversão ao Islamismo, facilitou seu relacionamento com outros países muçulmanos. Sua capital era Njimi. Da tribo dos Magumi saiu a Dinastia dos Sefuwa, que cresceu territorialmente sobre as populações que habitavam o Tibesti, Kauar e Bornu. 1086 - Yussef ibn Tashfin, líder dos bérberes arabizados Almorávidas (ou Murabitunos) de Marrocos, desembarcou em Algeciras, em 30 de junho, atendendo ao pedido de intervenção de Muhammad ibn’Abbad al-Mu’tamid ou Abad III de Sevilha. Ele (junto com tropas de Sevilha, Málaga, Badajoz e Granada) derrotou os cristãos comandados por Afonso VI (junto com italianos, francos, aragoneses e judeus) em Zalaca (ou Sagrajas, na Extremadura, perto de Badajós) em 23 de outubro (também chamada de Batalha de al-Zallaqah). Afonso VI conseguiu escapar, indo para Toledo. Foi o início da conquista de al-Andaluz por eles contando com o apoio das populações dos ‘taifas’ e dos ‘alfaqias’. Após esta derrota cristã, o rei Afonso VI chamou D. Rodrigo de Bivar (El Cid) de volta a serviço dos cristãos, ficando ele à frente de uma armada cristã e moura e recebendo um feudo em Valência. --- Neste ano: Ainda na Espanha, os castelhanos liderados por Álvaro Fañez, colocou al-Qadir como emir de Valência. --- Um rebelde turco Abu'l-Qasim (Qasim Ebul Saltuk) se apoderou de Niceia. Se aproveitando da situação confusa entre os turcos da Ásia Menor o general bizantino Tatikios (ou Taticius) cercou Niceia, da qual desistiu com a chegada de reforços nesta capital. Em revide, Abu’l-Qasim, com os reforços recebidos, atacou a capital bizantina, Constantinopla, mas foi repelido pelos generais Manuel Butumités e Tatikios. O imperador bizantino Aleixo I, por sua vez, recuperou Cízica e assinou um tratado com Abu’l-Qasin. - Tutush se apoderou de Antióquia, em seguida se dirigiu para o Sultanato de Rum para desalojar Abû’l-Qasîm do poder em Niceia, mas as forças bizantinas o impediram. --- Os normandos conquistaram a fortaleza de Siracusa, o último reduto muçulmano na Ilha da Sicília. 1087 - Em maio, cruzados francos penetraram na Espanha para combater os Murabitunos, mas como estes tinham já retornado para Marrocos, eles abandonaram seu propósito. --- Em 6 de agosto, os bérberes Ziridas de Ifrîqiya foram derrotados em sua capital (Mahdia) pelos pisanos e genoveses coligados por iniciativa do papa Vitor III, havendo a libertação dos prisioneiros cristãos, resultando em enorme butim e iniciando o comércio com o norte da África. --- Neste ano: O sultão Malik Shah conquistou a cidade de Edessa (Urfa), cujo governador (o general Filaretol Bracâmio) foi forçado a ir para a fortaleza de Germanicia; o sultão indicou para governá-la o emir turco Buzan. --- Tutush, irmão caçula do sultão Malik Shah teve a veleidade de criar um reino seldjúcida seu, aglutinando Alepo e Damasco no ano anterior; o sultão o obrigou a devolver Damasco e fez uma redistribuição dos feudos entre seus capitães. -- Malik Chah esposou sua filha com o califa Al-Muktadi, em Bagdá, estabelecendo um clima de bom entendimento entre ambos. --- Na Ibéria Moura (Espanha), a fortaleza de Aledo (em Múrcia) foi conquistada pelo rei Afonso VI, fechando, desta forma, a comunicação terrestre de Granada e Sevilha com outros taifas muçulmanos do lado oriental. 1088 - Em maio/junho, o almorávida Yussef ibn Tashfin na Península Ibérica chegou com suas tropas em Algeciras, se juntou com Abd Allah III de Granada e Muhammad ibn’Abbad al-Mu’tamid ou Abad III de Sevilha (além de reforços de Múrcia e Almeria) e cercaram Aledo por 4 meses, mas não foram bem sucedidos (Tashfin, diante disso, retornou para o norte da África). --- Malik Shah mandou construir a grande mesquita de Isfahan. --- Em outubro deste ano, o vizir Nizan al-Mulk foi morto pelos Assassinos. --- No final deste ano, Kılıç Arslan I (Kilitch-Arslan ou Kilij Arslan), chegou à Niceia, onde iniciou seu sultanato. O emir de Esmirna, Tzachas, fez um acordo matrimonial de sua filha com ele, a fim de garantir uma aliança militar contra Bizâncio. 1089 - Em junho, novo ataque do almorávida Yussef ibn Tashfin em al-Andaluz, desta vez na fortaleza de Aledo (no Reino de Múrcia), que conseguiu resistir ao ataque. Como surgiram atritos entre os emires andaluzes, o chefe almorávida preferiu atacar as tropas do rei Afonso VI de Castela, que viera ajudar na resistência de Aledo e não quis mais contar com aqueles emires em suas campanhas militares.--- O sultão Malik Chah se apoderou das cidades de Bukhara e Samarcanda dos Caracânidas, aprisionando Ahmad (ou Ahmed, sobrinho e sucessor de Chems el-Mulk), seu governante, obrigado a aceitar sua suserania. A Transoxiana se tornou uma dependência do Império Turco Seldjúcida e seus governantes como lugares-tenentes do sultão de Bagdá. 1089 a 1091 - O emir Muhammad ibn’Abbad al-Mu’tamid ou Abad III, mostrou-se titubeante diante da presença dos Almorávidas, condicionando seu líder Yussef ibn Tashfin a atacar e tomar Toledo, despojando-o do governo e mandando-o preso para Marrocos, onde morreu em Aghmat (no sopé da cadeia montanhosa do Alto Atlas). 1090 - Na Espanha muçulmana, o emir al-Mamum morreu na batalha do castelo de Almodovar, tentando defender Córdoba contra os Almorávidas, em 26 de março. Sua viúva, a princesa abbadida Zaida, nora de Muhammad ibn’Abbad al-Mu’tamid ou Abad III se refugiou em terra cristã. Entre os dias 30 de abril e 8 de maio, os cristãos se assenhorearam de Santarém, Lisboa e Cintra, que Al-Mutawakkil (de Badajoz) tinha cedido aos Murabitunos. --- Em 13 de setembro, pela terceira vez, o líder almorávida Yussef ibn Tashfin voltou à Espanha, atacou Granada, cujo rei Abdallah ibn Bologhin foi aprisionado e 52 levado para Aghmat (onde também estava Muhammad ibn’Abbad al-Mu’tamid ou Abad III). Deixou na Espanha o seu sobrinho Sir ibn Bekr para continuara as conquistas. --- Em setembro, eclodiu a rebelião dos ‘Assassinos’ na Pérsia sob o comando de seu chefe Hassan Sabbah, assegurando-lhes o controle da fortaleza de Alamut, nas proximidades de Qazvin, com o intuito de preparar a conquista xiita. Foi aí nesta fortaleza que eles criaram a seita radical chamada de ‘Assassinos’ (viciados em haxixe) ou dos Batinidas (batin quer dizer escondido). --- Neste ano os bizantinos sofreram duplo ataque: por mar (pelo arrivista turco Çaka Bey (ou Tzachas) de Esmirna, que fugira de Constantinopla desde a ascensão de Aleixo I Comneno ao trono) e por terra (pelos seldjúcidas do Sultanato de Rum). Em 19 de maio ocorreu a Batalha das Ilhas Koyun (próximas da Ilha de Kios, no Mar Egeu), em que os bizantinos (comandados por Constantino Dukas, cunhado do imperador) sofreram derrota diante de Çaka Bey (ou Tzachas). Este último negociou com os turcos pechenegues, que cercaram Constantinopla por terra. Simultaneamente, o regente do Sultanato de Rum, Abul-Qasim, saiu de Niceia e atacou o porto de Nicomédia (atual Izmit, do outro lado do Estreito de Bósforo, perto da capital bizantina). Este porto foi defendido por cavaleiros mandados pelo Conde de Flandres. 1090 a 1256 - Criação do grupo persa da seita dissidente muçulmana ismailiana chamada de ‘Assassinos’ (ou Hachichia) pelo seu grande mestre Hassan ibn Sabah, tendo como centro Alamut (‘Ninho de Águia’), nas montanhas Elburz, próximas de Kazvin ou Qazvin (no Tabaristão, ao sul do Mar Cáspio). 1091 - Em fevereiro, a Sicília deixou de ser definitivamente dos Ziridas, ao serem vencidos pelo normando Rogério I de Hauteville em Noto (no sul desta ilha). Findou-se, assim, uma guerra que durou 30 anos. Paulatinamente os numerosos árabes da ilha se converteram ao cristianismo. --- Na Espanha muçulmana: O líder murabituno (ou almorávida) Muhammad ibn al-Hajj se apoderou de Córdoba (em 26 de março), no vale do rio Guadalquivir; depois se apoderou de Carmona (em 10 de maio), de Sevilha (em 6 de setembro), cujo emir Muhammad ibn 'Abbad al-Mu'tamid ou Abad III foi preso e exilado para Aghmat, em Marrocos. Desta forma, extinguiu-se a Dinastia Abbadida em Sevilha. Seu filho, al-Radi foi vencido e morto em combate em Ronda pelo murabitano Garur. Diante desta ameaça almorávida, o emir de Badajós, Al-Mutawakkil ibn al-Aftas, procurou entendimento com o rei de Castela, em troca de cidades muçulmanas (como Lisboa, Santarém e Cintra) situadas às margens do rio Tejo. A ajuda militar castelhana, comandada por Álvaro Fanhez, foi abortada em conflito com Muhammad ib al-Hajji. Outro murabituno se apoderou de Aledo e Almeria. --- Neste ano: O aliado de Çaka Bey (ou Tzachas), Abul Qasim, do Sultanato de Rum, enviou expedição contra a capital bizantina, mas seu objetivo foi contido pelos generais bizantinos Tatikios e Butunités. Celebrou, então, um tratado de amizade com Aleixo I; este, interesseiramente, prestou-lhe ajuda quando Niceia foi atacada pelo sultão Malek (ou Malik) Chah. --- No Magrebe, para afastar a ameaça representada pelos árabes Hilalianos, o hammadida Al-Mansur ibn al-Nasir transferiu sua capital de Al Qal’a para Bugie (Bejaia).-- Morreu Artuk, vassalo do Emirado de Damasco, sendo o seu território (entre Síria e Armênia) dividido entre os seus filhos Ilghâzi (que ficou com Mayyâfâriqîn,ou Silvan, e Mardin) e Sökmen (que ficou com Amida, atualmente Diyarbakır, na Turquia). 1092 - Nesse ano, o sultão Malik Chah mandou construir a Grande Mesquita de Diyarbakir.-- Em 14 de outubro, o vizir Nizan al-Mulk (Nezâm-ol-Molk) foi morto a facadas pelos Assassinos em atentado, quando em viagem nas proximidades de Nihavend (Nahâvand), mais precisamente em Kermânshâh. Este atentado foi tramado pela rainha Turcan Khatun (Torkân Khâtun) e seu intendente Tâdj-ol-Molk. --- Em outubro, na Espanha Muçulmana, o ‘qadi’ (juiz) Ibn Jahhaf (de origem nobre iemenita), auxiliado por almorávidas, se rebelou em Valência, expulsou a guarnição cristã, prendeu e executou o emir al-Qadir. El Cid, que estava em Saragoça, se dirigiu à Valência e a cercou até maio de 1094. --- Pouco antes de morrer, o sultão Malik Shah restabeleceu no Sultanato de Rum a Kılıç Arslan I (Kilitch-Arslan ou Kilij Arslan), filho de Solimão, que governou até 1107. Procurou também neutralizar o poder do governador de Antióquia. Outra tentativa foi a proposta de devolver o Ponto e a Bitínia ao imperador bizantino Aleixo I, desde que ele lhe concedesse a filha Ana Comneno para casamento ao seu filho primogênito. Em 19 de novembro, Malik Shah, numa caçada pegou uma febre, sofreu uma sangria e acabou morrendo. Seu irmão, Tutush, entrou em disputa pelo poder turco com os sobrinhos do finado sultão, obrigando Buzan e o governador de Alepo a cerrarem fileiras junto com ele. Estes aceitaram parcialmente, pois em momento decisivo de confronto com as tropas dos sobrinhos de Malik Shah, abandonaram Tutush. --- - Por ocasião da morte de Malik Shah, o Império Turco Seldjúcida era o maior da Eurásia nesta época: toda a Ásia Menor, o corredor sírio-palestino, a Pérsia, a Transoxiana e Kharezm (ao sul do mar de Aral). Após a morte de Malik Shah o império dos Grandes Seldjúcidas foi retalhado entre seus 4 filhos: o primogênito, Barkyaruq (ou Berk-Yaruq) ficou com o Iraque e a região oriental da Pérsia; Sanjar, com a Transoxiana e Khorassan, Muhammad I, com o Azerbaijão persa; e o menino Mahmud (com apenas 5 anos) ficou com Bagdá. Tal divisão gerou muitos atritos entre eles: Barkyaruq, não aceitando a partilha, cercou Isfahan, onde prendeu e executou o intendente da rainha; esta o subornou para não atacar e tomar a capital; em 1095, a rainha e seu caçula Mahmud morreram (ou foram mortos) e Barqyaruq passou a governar a partir de Bagdá. Tutush, irmão de Malik Shah, entrou em disputa pelo poder turco com os seus sobrinhos. 1093 - Em janeiro, os partidários de Barqyaruq enfrentaram e venceram os partidários de Mahmud; os primeiros anexaram, portanto, Bagdá. --- Em fevereiro, Tutush, se aproveitando da instabilidade sucessória reinante em Bagdá, se apoderou de Raheba e Nísibe; em abril foi a vez de cair Mossul. Ao se confrontar com as forças de Barqyaruq, os emires Buzan (de Edessa) e Aq Sunqur al-Hajib (de Alepo) deixaram a aliança com Tutush (a que foram forçados), passando para o lado dos filhos de Malik Shah. - Na primavera, o emir turco de Esmirna, Tzachas, cercou Abidos para controlar a navegação para Constantinopla pelo Estreito de Dardanelos. O imperador bizantino Aleixo I se aliou com o filho e sucessor de Solimão (o sultão Qilidj Arslan) e se juntou com exército comandado por Constantino Dalassene; diante disso, Tzachas encerrou o cerco de Abidos e foi buscar refúgio junto ao sultão; este o embriagou e depois lhe cortou a garganta. Sucedeu-o em Esmirna o seu filho que governou até 1097. --- No final de junho, o vizir armênio dos Fatímidas do Egito, Badr al-Jamali, morreu, sendo sucedido pelo filho Al-Afdhal (que se outorgou o título ‘shahanshah’, ‘rei dos reis’). --- No Natal, faleceu o califa fatímida do Egito Al-Mustansir Billah, sendo sucedido pelo filho caçula Al-Musta’li, em vez do primogênito, que era o herdeiro legítimo. Tal fato exasperou o primogênito, o iman Nizâr ben al-Mustansir, que se refugiou em Alexandria, junto com seus partidários; eles foram esmagados pelo vizir AlAfdhal e Nizâr ben al-Mustansir foi muralhado vivo. Em face disso, Tutush se retirou da disputa provisoriamente, mas atacou Alepo e matou seu emir Aq Sunqur al-Hajib . --- Neste ano: Por ocasião do falecimento do filho de Toghrul-Beg (Djelal-edin) os reis e príncipes seldjúcidas passaram a morar em Alepo, Damasco, Antióquia e Mossul. --- Na Ibéria Moura, uma armada murabituna, sob o comando de Abu Bekr ibn Ibrahim (emir de Saragoça) se encaminhou até Valência, mas não a atacou, acabou recuando estrategicamente , em face do assédio a que estava sendo submetida por El Cid. 1094 - Em 11 de fevereiro, em Bagdá subiu ao poder o 28º califa abássida, Al-Mustazhir, com a morte de seu pai Al-Muqtadi. --- Em Al-Andaluz, no mês de maio, a cidade de Valência sucumbiu diante do cerco imposto por El Cid, após sua vitória em ataque noturno contra Abu Bekr Ibn Ibrahim (que fugiu para Jativa). Aí em Valência, El Cid mandou queimar vivo o juiz Ibn Jahaf. 1094 (11 de fevereiro) a 1118 - Califado de Al-Mustazhir. Durante seu governo os Assassinos (ou Bathenianos), sob a liderança de Hasan (filho de Sabbâh), se tornaram cada vez mais agressivos: conquistaram fortalezas e castelos na província de Khorassan. Este califa procurou tirar proveito dos atritos entre os Seldjúcidas, de um lado, e dos atabeks (atabegues), ou emires que governavam as províncias, de outro lado. Desta forma, o califado retomou uma parte do seu poder temporal obscurecido por meio século. Tinha mais pendores para as artes e arquitetura do que pelo poder. 1094 (continuação). --- Em 26 de maio, os emires Buzan (de Edessa) e Aq Sunqur al-Hajib (de Alepo) foram derrotados em Tell as-Sultan (Jericó, Palestina) por Tutush. Este último, logo depois (no dia 29) entrou em Alepo, prendeu o emir e o decapitou por traição. Seu filho, Zanki (ou Zengi) foi recebido na corte do atabegue de Mossul, Karbuga. --- Em novembro, morreu o sultão Mahmud em Bagdá, sucedendo-o Barkiyârûq, seu irmão. 1094 (novembro) a 1104 - Sultanato de Barkiyârûq, primogênito de Malik-châh, em Bagdá. Ele teve que enfrentar guerras contra seus irmãos até 1104. O antigo Império Turco Seldjúcida ficou retalhado em 3 grupos: o da Pérsia (nominalmente com Barkiyârûq, mas sendo contestado por seus irmãos), o do Sultanato de Rum (com Qizil Arslan, filho de Solimão I) e o dos Emirados de Damasco e Alepo (dos filhos de Tutush). 1094 (continuação) - No Natal, faleceu o califa fatímida e imam do Egito Al-Mustanṣir Billah, decorrendo uma quebra nos padrões da comunidade ismaelita para a sucessão do imamato. O califa desejava que o poder passasse ao seu filho Nizar; mas foi sucedido pelo filho caçula Ahmad, com apoio do vizir Al-Afdhal, tomando o título de Al-Musta’li, em vez do primogênito, que era o herdeiro legítimo. Tal fato exasperou o primogênito, o iman Nizâr ben al-Mustansir que se refugiou em Alexandria, junto com seus partidários; eles foram esmagados pelo vizir Al-Afdhal (Nizâr ben al-Mustansir foi muralhado). Por causa da morte cruel de Nizâr ben al-Mustansir em Alexandria no final de 1094, surgiu a seita dos Nizaritas no Egito, mais fanática que a dos Cármatas; esta seita tinha a mesma linha de pensamento dos Assassinos (cujo fundador o persa Hasan esteve no Cairo). Conforme a tradição ismaeliana (ismailita) o filho de Nizâr, al-Hâdi se juntou com Hassan ibn al-Sabbah (o ‘Velho da Montanha’) em Alamut, em 1096. A seita Nizarita teve como caldo de cultura a grave situação econômica e a desunião entre os ismailitas. 53 1094 a 1101 - Neste período, no Egito, esteve no poder o 9º califa fatímida Al-Musta’li, que ocupava também o imamato (foi o 19º imam ismaelita mustaliano). 1095 - O sultão Barkiyaruq entrou em conflito com seu tio, Tutush (de Damasco e Alepo) por disputa de poder; este foi vencido e morto nas proximidades de Raí (em 26 de fevereiro). O seu filho Ridwan passou a ser o emir de Alepo (aí governando até 1113), que mandou estrangular dois dos seus irmãos, pretensos competidores do emirato; um terceiro, chamado Dukak, conseguiu escapar do estrangulamento e fugiu para Damasco, onde a guarnição militar o proclamou emir, governando até 1104 e sempre em guerra contra o odiado irmão de Alepo. - Neste ano, os armênios recuperaram a cidade de Urfa (Edessa) aos turcos seldjúcidas. --- Em março, na cidade de Placência (Itália) se reuniu um concílio por Urbano II, no qual estiveram emissários de Aleixo I relatando os sofrimentos dos cristãos frente aos muçulmanos. Em 27 de novembro, em outro concílio (o de Clermont, em Auvergne), o papa fez um apelo à cristandade ocidental contra os muçulmanos: daí surgiu a I Cruzada. Neste último concílio esteve presente Pedro, o Eremita. --- Neste ano, o imperador bizantino Aleixo I Comneno se aproveitou da instabilidade no Império Turco Seldjúcida após a morte de Malik Chah para reconquistar Cízica e Apolônia. Por outro lado, a carga fiscal bizantina opressiva foi o fator principal da preferência de habitantes do império preferirem o domínio estrangeiro ora de cumanos, ora de turcos seldjúcidas na Anatólia. O exército bizantino, por sua vez, estava se tornando impotente, visto que era composto cada vez mais por mercenários, como os normandos da Itália, os francos, os turcomanos e os anglo-saxões. --- Na Espanha Muçulmana, houve a conquista de Santarém pelos Murabitunos (Almorávidas). 1095 a 1099 - Nova contra-ofensiva da cristandade ocidental contra o Mundo Islâmico com a Primeira Cruzada tomando Jerusalém; ao mesmo tempo, os normandos promoveram aguerrida competição com os turcos seldjúcidas pelo domínio do Mediterrâneo Oriental. 1096 - Cruzada dos pobres: de 29 de setembro a 17 de outubro, um dos seus contingentes, formado de italianos e alemães, conduzido por um desconhecido Renaud, foi cercado, morto ou preso pelos turcos seldjúcidas de Rum em Xerigordon, perto de Niceia. Em 21 de outubro, a ‘armada dos peregrinos’ foi desviada pelos bizantinos para Civitot, onde os mesmos turcos seldjúcidas a trucidaram (seus poucos sobreviventes foram reconduzidos para Constantinopla pelos bizantinos). --- No fim de outubro, um terceiro grupo de cruzados sob o comando de Raimundo de Saint-Gilles, Conde de Toulouse saiu de Provença no sul da França em direção à Constantinopla. --- Em novembro chegou em Constantinopla o primeiro cruzado, o barão Hugo de França, que prestou vassalagem ao imperador Aleixo I Comneno. No final deste ano até maio de 1097, chegou a Cruzada dos Barões, sob o comando de Godofredo de Bulhão, que se desentendeu com Aleixo I em Constantinopla. Houve desentendimentos entre o imperador e alguns destes barões por causa da exigência de submetê-los à homenagem feudal e a de que suas conquistas fossem revertidas para Bizâncio. A maioria deles aceitou isto, exceto Tancredo de Hauteville (príncipe normando) e Raimundo de Saint-Gilles, Conde de Toulouse. Haviam estereótipos também entre cruzados (achando que bizantinos eram afeminados) e bizantinos (achando que cruzados eram bárbaros) criando barreiras em seu entendimento --- Neste ano: O seldjúcida Sandjar (Sanjar Mu'izz ad-Din Ahmed, filho caçula do finado Malik Shah) tornou-se governador de Khorassan, tendo a sua sede administrativa em Merv. 1097 - Campanha militar da I Cruzada (dos Barões) : Em 20 de janeiro, os cruzados Godofredo de Bulhão, duque da Baixa Lorena, Balduíno de Bolonha (seu irmão) e seus vassalos, após longas negociações após sua chegada à Constantinopla, prestaram juramento de vassalagem ao imperador Aleixo I Comneno que, em troca de abastecer suas tropas, recebeu a promessa dos cruzados em lhe entregar as terras que o império tinha perdido aos muçulmanos e da aceitação como vassalos dele. Em 9 de abril, o cruzado normando Boemundo de Tarento chegou a Constantinopla, onde procedeu ao juramento de vassalagem ao imperador (embora antes tivesse sido seu inimigo). No dia 21 deste mês, chegou à capital bizantina Raimundo IV de SaintGilles, Conde de Toulouse, mais um cruzado, que não concordou em se vassalar ao imperador, 5 dias após sua chegada voltou atrás em sua decisão. --Neste mês de maio, o imperador Aleixo I mandou emissários ao Cairo, para comunicar ao vizir Al-Afdal ‘Shâhânshâh’ (‘o Melhor’) sobre a chegada dos cruzados à Constantinopla; o vizir mandou votos de sucesso. --- Em 14 de maio, iniciou-se o cerco de Niceia. Enquanto ocorria o cerco e a tomada de Niceia, o imperador bizantino firmou um acordo com os cruzados no sentido de respaldar sua segurança no seu território e de liderá-los por ocasião de uma futura tomada de Jerusalém. Após 5 dias de cerco, os cruzados tomaram Niceia (mas a guarnição turca se rendeu ao imperador, desmerecendo o feito dos cruzados).--- O sultão de Rum, Kılıç (ou Quilidj) Arslan, à frente de armada de socorro à Niceia foi vencido. Em face disso, firmou uma trégua com o emir Danichmendita da Capadócia, retrocedeu e teve que ficar perto de Iconium (Konia), em 21 de maio. --- Assim que uma parte dos cruzados saiu de Niceia (em 26 de junho), o sultão Kiliç Arslan, junto com o emir Danichmendita e outros emires turcos da Anatólia, se dirigiram à Konia (nova capital do Sultanato de Rum). Em 1 de julho emboscaram os cruzados normandos da Itália (comandados por Boemundo de Tarento) próximo de Dorileia (na chamada Batalha de Dorileia), mas não tiveram sucesso: Kiliç Arslan e os Danichmenditas tiveram que fugir diante da reação da cavalaria cruzada, que massacrou os turcos remanescentes no campo de batalha. Os cruzados continuaram seu rumo pelo sultanato e pelos Montes Antitauro. - Nesta mesma época, o bizantino João Dukas (cunhado do imperador Aleixo I), comandando uma frota naval, tomou Esmirna (cujo emir era cunhado do sultão Kiliç Arslan), Éfeso, Sardes e parcialmente o tema de Cibirreotes (sul da Anatólia) até a cidade de Atália, enquanto o imperador retomou o tema de Bitínia aos turcos.— No final do mês de julho, os cruzados ocuparam a cidade de Antióquia de Pisídia (ou Yalvach, no centro da Anatólia); em 15 de agosto estavam em Konia e aí permaneceram uma semana para se recuperar fisicamente. --- Em 14 de setembro, o cruzado normando Tancredo de Hauteville, contrariado com o plano de ocupação de Antióquia de Pisídia, saiu de Heracleia com sua guarnição, atravessou as Portas Cilicianas; uma semana depois atingiu a cidade de Tarso, onde se juntou com o cruzado Balduíno de Bolonha. Ambos afugentaram as guarnições militares da Cilícia durante este mês de setembro. Balduíno também firmou uma aliança com os armênios na Alta Mesopotâmia (muitos deles antigos vassalos de Filareto Brakamios) e foi adotado pelo príncipe armênio de Edessa. --- Em 5 de outubro, o exército principal dos cruzados estava em Coxon (Goksun, fortaleza bizantina que controlava rotas comerciais), onde foram bem acolhidos pelos moradores armênios; 8 dias depois chegaram à cidade de Marash, aí permanecendo 3 dias e onde o cruzado Boemundo de Tarento se juntou com a cruzada principal. Depois se dirigiram para Antióquia (com 12 km de muralhas e suas 400 torres) no litoral da Síria, que foi cercada desde 21 de outubro (este foi o primeiro cerco). Em 28 de dezembro, os cruzados Roberto de Flandres e Boemundo de Tarento saíram de Antióquia para pilhar seus arredores, a fim de garantir suprimentos para as forças cruzadas. Um dia depois, a guarnição militar árabe de Antióquia, tendo à frente Yaghi Siyan, fizeram uma incursão sobre os cruzados, sem demovê-los do cerco. Um sismo semeou o medo entre os cruzados. O cruzado Raimundo IV de Saint-Gilles se dirigiu ao rio Orontes para atacar as tropas muçulmanas de Yaghi Siyan, mas perdeu parte de seus soldados ao atravessar a ponte sobre o rio e retrocedeu. Nos dois últimos dias do ano, os cruzados Roberto de Flandres e Boemundo de Tarento sofreram um ataque noturno por parte de um reforço muçulmano do emir de Damasco, Duqaq, em al-Bara (bispado bizantino a noroeste da Síria). Roberto de Flandres e Boemundo de Tarento conseguiram dispersar as forças de Duqaq, que retornou a Damasco. Os cruzados, não conseguindo superar a poderosa muralha de Antióquia, continuaram sua campanha militar para a conquista do corredor sírio-palestino. ---.Fora deste quadro da I Cruzada, do outro lado do Mundo Muçulmano, na Espanha, em fevereiro, o famoso cavaleiro Rodrigo de Bivar (mais comumente conhecido por ‘El Cid’) derrotou os Almorávidas na Batalha de Bairén, nas proximidades de Gandia. Sabendo disso, o líder almorávida Yussef ibn Tachfin atravessou pela quarta vez o Estreito de Gibraltar no meio do ano para lutar contra os cristãos. Em junho, se aproximando de Toledo, o rei Afonso VI de Castela se colocou em defesa e aguardou os reforços do rei de Aragão e de Rodrigo de Bivar. Em 15 de agosto, os cristãos foram derrotados pelo líder almorávida na Batalha de Consuegra (cidade cercada pelo almorávida por 8 dias), na qual se feriu o filho de Rodrigo de Bivar. No dia 23, Yussef ibn Tachfin abandonou o assédio a Consuegra e mandou seu filho Muhammad Ibn Aisa (governador de Mursia) combater os cristãos, encontrando-os perto de Cuenca, no verão. Neste combate morreu o primo de Rodrigo de Bivar. Muhammad continuou sua campanha militar, arrasando uma parte das tropas de Rodrigo de Bivar em Alcira e depois voltou para Múrcia no final do ano. 1098 - Continuação da campanha militar da I Cruzada: O governador de Antióquia, o turco Yaghi Siyan, pediu a ajuda do seu genro Ridwan de Alepo. O seu filho, Chams ad-Dwala, não conseguiu fazer frente aos cruzados, rendendo-se em Alepo. Em função disso, os cruzados saquearam a região para se aprovisionar de víveres. Ridwan, por sua vez, chegou perto de Antióquia em 9 de fevereiro, se aquartelando entre o lago de Antióquia e o rio Orontes. Aí foi abatido pelos cruzados sob o comando de Boemundo de Tarento (ou Boemundo I de Hauteville). As cabeças dos vencidos foram jogadas por catapultas em direção às muralhas de Antióquia. --- Em 7 de março, em Edessa ocorreu uma rebelião contra o príncipe armênio Thoros, resultando na tomada do trono pelo seu filho adotivo Balduíno de Bolonha (irmão de Godofredo de Bulhão) que criou o Condado de Edessa.--- Em 3 de junho, finalmente foi tomada e saqueada Antióquia (governada por Yaghi Siyan) por Boemundo de Tarento e seus habitantes massacrados; dois dias depois chegaram reforços do emir de Mossul, Kerbogha, cercando a cidade e dificultando o seu abastecimento. -- Em 10 de junho, abandonaram a cidade de Antióquia vários cruzados (como Estevão, Conde de Blois e de Chartres) que se encontraram com o imperador bizantino Aleixo I Comneno em Filomelion colocando-o a par da situação. Este devastou tudo na Anatólia em seu caminho de volta à Constantinopla, adotando a tática de terra arrasada, evitando, assim, o aprovisionamento do inimigo turco em uma eventual invasão. --- Em 28 de junho tropas numerosas enviadas pelo sultão persa (entre as quais estavam Ridwan, Kerbogha e Duqaq) foram esmagadas diante das muralhas de Antióquia; mas começaram dissensões internas entre os cruzados: uns, como Boemundo, que se recusaram a aceitar a suserania do imperador bizantino Aleixo I; outros favoráveis, como Raimundo IV de Saint-Gilles 54 (Conde de Toulouse e Marquês de Provença). Boemundo de Tarento foi nomeado governador de Antióquia. - Em 23 de novembro, o cruzado Raimundo de St.-Gilles deixou Antióquia para começar o assédio de Ma'arrat al-Numan, na Síria do Norte, que foi tomada em 11 de dezembro, havendo mais um banho de sangue: sua população foi cruelmente massacrada. Bandos cristãos de fanáticos chamados de Tafurs eram verdadeiros canibais, devorando turcos e árabes cativos. Um mês depois, em janeiro de 1099, a cidade teve suas muralhas destruídas e suas casas queimadas. --- Fora da campanha militar da I Cruzada: Neste ano, a cidade de Pisa conseguiu uma concessão comercial em Jaffa. -- Em 26 de agosto, o vizir fatímida Al-Afdhal (filho de Badr al-Jamali) retomou, em nome do califa Al-Musta’li, a cidade de Jerusalém aos turcos seldjúcidas, que estavam às voltas com os cruzados. Esta cidade foi declarada livre para a peregrinação dos cristãos. 1098 a 1144 - Condado Franco de Edessa, tendo como primeiro governador o cruzado Balduíno de Bolonha. Foi o primeiro Estado cristão do Oriente a cair: em 1144. 1098 a 1268 - Criado o Principado de Antióquia tendo como primeiro governador o cruzado ítalo-normando Boemundo I de Hauteville (príncipe de Tarento). 1099 - (continuação da I Cruzada) - Depois da destruição de Ma'arrat al-Numan (ao sul de Alepo), em 13 de janeiro, Raimundo IV de Saint-Gilles e seus comandados foram para Jerusalém. Em 28/29 de janeiro, atacaram, mas não conseguiram se apoderar de Hosn-el-Akrad (chamada de ‘cidadela dos curdos’), que 4 décadas depois se tornou o ‘Krak dos Cavaleiros’, importante estrategicamente para o controle das rotas comerciais que demandavam a Homs. De 14 de fevereiro a 13 de maio, eles cercaram a cidade de Arqa (a nordeste de Trípoli), resistindo bravamente. Depois se apoderaram de Trípoli com o auxílio naval de Gênova. Neste período, os cruzados receberam uma carta do imperador bizantino Aleixo I Comneno, solicitando a evacuação de Antióquia por Boemundo e a continuação da campanha cruzadística até S. João d’Acre. --- Em 19 de maio, os cruzados passaram o rio do Cão (norte de Beirute), entrando em território fatímida. Em 7 de junho, Godofredo de Bulhão, Raimundo IV de Saint-Gilles (Toulouse), Roberto II de Flandres e Tancredo começaram o cerco à cidade de Jerusalém, tomada em 15 de julho. Calcula-se que nesta época, que restaram 20 mil dos cruzados que tinham partido da Europa em 1097, dizimados pela fome, peste, lutas internas e conflitos com muçulmanos.--- Jerusalém foi conquistada pelos cruzados de forma tão monstruosa e cruel, que espalhou pânico nas cidades litorâneas, que se renderam sem luta. Segundo relatos, Godofredo de Bulhão cavalgou ‘com sangue até os joelhos’, não restando nenhum judeu na cidade santa. Mesmo com esta crueldade, uma semana depois o papa Pascoal II lhe conferiu os títulos de ‘Procurador da Santa Sé’ e de ‘Defensor do Santo Sepulcro’ e foi escolhido como seu rei . --- Em 1 de agosto, Arnoldo Malcorne foi eleito patriarca de Jerusalém; em 26 de dezembro, porém, foi destituído, sendo substituído, 5 dias depois, pelo arcebispo Daimberto de Pisa (que ajudara antes a Boemundo na ofensiva militar contra o emir de Alepo e os armênios da Pequena Armênia). -- Em 12 de agosto, os cruzados venceram os fatímidas na Batalha de Ascalon (no porto de Ascalon, ao norte de Gaza); cujo combate se fez em 3 frentes dos cruzados: à direita, pelo mar, comandada por Raimundo IV de Saint-Gilles; à esquerda, por terra, feita por Godofredo de Bulhão; ao centro, pelos condes de Normandia e de Flandres. As tropas fatímidas eram comandadas pelo vizir Al-Afdhal (que chegaram a Jerusalém atrasados) e os cruzados por Godofredo de Bulhão. O vizir não foi atendido na proposta de acordo com os cruzados se eles abandonassem a Palestina. Em setembro, Raimundo de Saint-Gilles chegou no porto sírio de Lataquia (antiga Laodiceia), onde estava havendo o cerco da guarnição militar bizantina por parte de Boemundo de Tarento, aliado à frota naval de Pisa sob o comando do arcebispo Daimberto. Esta região litorânea, de grande importância comercial, estava sendo palco de conflitos entre Boemundo (príncipe normando de Antióquia), os bizantinos (que reivindicavam a região e que tinha mandado em abril uma expedição naval comandada por Tatikios contra os pisanos, que faziam incursões pelo Mar Egeu) e os muçulmanos da Síria.--- Em 31 de dezembro, Daimberto (Dagoberto) de Pisa foi escolhido Patriarca de Jerusalém. --- Fora da campanha militar da I Cruzada: Neste ano, a cidade de Pisa conseguiu uma concessão comercial em Jaffa. --- Na Espanha Muçulmana: Os Almorávidas cercaram El Cid em Valência; aí, em 10 de julho ele morreu na cama, em seu castelo. Segundo a tradição, sua esposa amarrou seu corpo num cavalo, com a espada na mão. Os Almorávidas, que o julgavam morto, fugiram, foram perseguidos e derrotados. 1099 a 1187 - Reino de Jerusalém, tendo como capital a cidade de Jerusalém; de 1187 até 1291 chamo de Reino de ‘Jerusalém’, pois ficou reduzido, na maior parte do tempo, ao litoral mediterrâneo, tendo a capital em Tiro (até 1191), em S. João d’Acre (até 1229), voltou a Jerusalém por 15 anos (1229 a 1244) e acabou novamente em S. João d’Acre (ou Acre, de 1244 a 1291). 1100 -- Eventos dos Cruzados: Em janeiro é investido como príncipe de Antióquia o cruzado Boemundo de Tarento por Daimberto de Pisa, seu aliado; em junho renovou sua guerra contra o emir de Alepo e os Armênios da Cilícia. -- Em maio, Godofredo de Bulhão iniciou o processo de conquista da Judéia até a Samaria e Galileia.-- Raimundo IV de Saint-Giles, em maio ou junho, foi para a capital bizantina, onde solicitou a ajuda e permissão de Aleixo I para conquistar Trípoli. - Em 18 de julho morreu Godofredo de Bulhão, que quase entrara antes em conflito de atribuições com o patriarca Daimberto que, teocraticamente, pretendia ter Jerusalém como posse da Igreja, por considerá-la uma cidade santa. --- Duqac (filho de Tutuch e irmão, mas também rival, de Ridwan), emir turco seldjúcida de Damasco tentou infrutiferamente, em Nahr al-Kab (ao norte de Beirute), impedir o Conde de Edessa (Balduíno, irmão do finado Godofredo de Bulhão) de receber a coroa de rei em Jerusalém.--- Em 1 de agosto, saiu de Gênova uma frota naval em direção à Lataquia (antiga Laodiceia), aí chegando em 25 de setembro. Ainda neste mês, o príncipe de Antióquia, Boemundo I de Tarento (Hauteville), ao tentar ajudar o governador armênio Gabriel, foi preso em Malatia (Melitène) pelo emir Danichmendita Ghazi ibn Danishmend de Sivas. Em face disso, seu sobrinho, Tancredo de Hauteville ficou na regência do principado. - Em 20 de agosto, o senhor de Tiberíades, Tancredo de Hauteville, se apoderou de Haifa, concluindo a empreitada de expulsão dos muçulmanos da Palestina. -- O conde de Edessa, Balduíno de Bolonha, ao saber da morte do seu irmão Godofredo de Bulhão, saiu daí em direção a Jerusalém em 2 de outubro, deixando como regente o seu primo (Balduíno de Burgo). Ao passar pelo Nahr alKalb (rio do Cão, ao norte de Beirute) foi atacado pelo emir turco seldjúcida de Damasco Duqaq (ainda neste mês). Ele conseguiu se safar deste ataque, chegando em Jerusalém em 11 de novembro; no Natal foi coroado rei de Jerusalém pelo patriarca Daimberto na Igreja da Natividade, passando a ser Balduíno I. -- Fora da ação dos Cruzados no Oriente Médio : O sultão almorávida Yussuf, do norte da África, dominou a Espanha muçulmana, atendendo ao pedido do rei de Sevilha, Al-Motamid II, vencendo os castelhanos na Batalha de Malagón (nas proximidades da atual Cidade Real), em 16 de setembro. - A partir deste ano, o governo de Ahlat (ou Aklat, junto ao lago Van, na região ocidental da Grande Armênia) passou para o emir Sokmen al-Kutbi (ou Sukman) e seus descendentes (dinastia dos Sukmanidas, ou dos Shah Arman).--- Toros I, rei armênio da Dinastia Rubeniana na Cilícia (até 1129), se apoderou de Sis e da fortaleza de Anazarbe aos bizantinos. ~ 1100 - O principado de Hormuz (sob vassalagem dos atabegues de Fars ou de Kerman), para melhor controlar os dois lados da entrada do Golfo Pérsico, conquistaram os portos Qalhat e Jolfar no litoral de Oman. 1100-1103 - O príncipe Tancredo de Hauteville (ou de Antióquia), que já era o senhor de Tiberíades desde 1099, esteve na regência de Antióquia, em função do aprisionamento do seu tio Boemundo I na Síria do Norte pelos turcos Danichmenditas. 1100 a 1118 - Balduíno I de Bolonha, foi rei de Jerusalém (foi também conde de Edessa de 1098 a 1100) neste período. De 1101 a 1105 tornou o litoral do reino seguro contra invasões pelo mar; de 1106 a 1110 estendeu a fronteira setentrional até o Principado de Trípoli. Em 1115 e 1116 criou obstáculos no trajeto entre Damasco e Cairo através de fortalezas no litoral oriental de Araba (entre o Mar Morto e o Golfo de Ácaba). No final deste século e no século seguinte, em Al-Andaluz, a autonomia dos intelectuais (á margem da ortodoxia islâmica) sob mecenato dos reis dos ‘taifas’ e a indulgência dos ‘alfaqias’ (doutores das leis muçulmanas) e a criação de grandes bibliotecas propiciaram um desenvolvimento cultural expressivo. O apoio de uma parte do baixo povo e dos ‘alfaqias’ explicam a conquista e unificação da Espanha muçulmana pelos bérberes Almorávidas e depois pelos Almohades, colocando em xeque a Reconquista Cristã efetuada pelos reinos cristãos do norte da Península Ibérica (sobretudo Astúrias). A partir do final deste século e no século XII, a História de Bizâncio e do Império Islâmico (em sua parte oriental) esteve permeada pela ação das Cruzadas. O papa Urbano II, ao chamar os muçulmanos de ‘raça maldita’, inaugurou uma ‘anti-djihab’, nem sempre apoiada de fato pelos bizantinos (preconceituosos em relação aos ocidentais). SÉCULO XII O Mar Mediterrâneo tornou-se um centro de convergência comercial e cultural entre o Ocidente cristão e o Oriente Muçulmano. Navios mercantes de Veneza, Gênova e Pisa operavam entre as duas áreas. Mesclaram-se os saberes muçulmanos e greco-romanos ocidentais, sobretudo na Sicília e em Al Andaluz (no Ocidente) e nos Estados Latinos (no Oriente Médio). Entre este século e o XIV os ocidentais, notadamente os italianos e os franceses, colonizaram o Oriente Médio (a região litorânea do corredor sírio-palestino, Chipre) e a Península Balcânica (Atenas e Peloponeso) e ilhas do Mar Egeu. Até as duas primeiras décadas deste século, as fronteiras de operação européia chegaram até Mossul e Edessa (na Alta Mesopotâmia). No fim da primeira metade deste século, os bérberes Almohades se sobrepuseram aos Almorávidas na Espanha Muçulmana, aí dominando por pouco mais de um século. 55 Na década de 70, o Califado Fatímida, após 3 séculos governando o Egito e Tunísia, sucumbiu diante dos Aiúbidas, que governaram o Egito, Síria e Mesopotâmia por 80 anos. 1101 - Ações das Cruzadas: Em fevereiro e março partiram da Europa, para servirem na Cruzada, os nobres franceses Guilherme II (Conde de Auxerre e de Nevers) e Guilherme IX de Aquitânia, respectivamente. -- Também em abril, os cruzados sob o comando de Balduíno I se apoderaram de Arsûf (ou Apolônia); em 17 de maio foi a vez de Cesareia; 9 dias depois foi tomado o porto de S. João d’Acre. --- Em abril-maio, saiu de Constantinopla uma armada de cruzados lombardos sob a chefia de Raimundo de Saint-Gilles (que o imperador Aleixo I lhes indicou como guia) com o objetivo de libertar Boemundo de Hauteville (Boemundo I de Antióquia, foi aprisionado pelos turcos Danichmenditas no ano anterior), estes cruzados foram massacrados pelos turcos comandados por Fakhr al-Mulk Radwan, o sultão Kiliç Arslan I e os Danichmenditas entre Ancara e Amasia, em julho-agosto.— Em junho chegou à capital bizantina o nobre francês Guilherme IX de Aquitânia (que era poeta lírico também). --- Em setembro, duas armadas sob a chefia de Guilherme IX de Aquitânia, Guilherme II de Nevers e Welf IV de Baviera tentaram atravessar a Anatólia para chegar ao Reino de Jerusalém, mas foram massacrados pelos turcos Kiliç Arslan e Danichmenditas nas proximidades de Eregli (Heracléia Cybistra) na Capadócia; poucos cavaleiros conseguiram se safar e ir para Jerusalém. --- Em 7 de setembro, o rei Balduíno I foi vitorioso contra os fatímidas (em muito maior número) na I Batalha de Ramla. --O sultão Barkiyaruq, em abril, conseguiu entrar na capital abássida, Bagdá, mas teve que se retirar em setembro, em face de sua derrota diante dos seus dois irmãos coligados; retomou e perdeu de novo em outubro. Em dezembro, conseguiu ficar através de entendimentos com seus irmãos. Por causa destas lutas entre eles, os cruzados francos puderam consolidar suas conquistas na Síria e Palestina. --- Fora das ações das Cruzadas : No Egito morreu o califa Ahmad al-Musta’li, sendo sucedido por Al-Amir. --- Na Península Ibérica, o líder almorávida Yusuf ibn Tashfin, em agosto, cercou a cidade de Valência, defendida pela esposa de El Cid, Jimena Diaz; só conseguiu submetê-la em maio de 1102. 1101 a 1154 - Em dezembro iniciou-se o califado fatímida de al-Amir (Aḥmad al-Musta‘li Al-Āmir bi'Aḥkāmi l-Lah), reconhecido, também, como o 20º imam pela seita Mustali Ismaili Shia. 1102 - Cruzadas: Em fevereiro, os genoveses se juntaram ao cruzado Raimundo IV de Saint-Gilles (ou de Toulouse) e se apoderaram de Tortosa, Djubail (antes chamada de Biblos) e Trípoli, pertencentes aos emires árabes de Trípoli, hoje al-Mina, chamados Banu-Ammar, que viviam sob a suserania dos fatímidas). Raimundo IV se tornou, nominalmente, Conde de Trípoli deste ano até 1105. --- Queda de Laodiceia (Latakia) sob o cruzado normando Tancredo de Hauteville, após 18 meses de cerco. --- Em março, Tancredo de Hauteville atravessou a fronteira e efetivou saques ao redor de Alepo, cujo emir, Ridwan, foi constrangido a colocar uma cruz grande no topo da mesquita local. --- Em 19 de maio, os fatímidas se desforraram da derrota do ano anterior em Ramla (próximo de Jaffa) com uma vitória sobre Balduíno I de Jerusalém; nesta derrota dos cruzados morreu Estevão de Blois (genro do famoso normando Guilherme, o Conquistador da Inglaterra). Em Jaffa, porém, Balduíno I reverteu a situação, conseguindo vitória sobre os Fatímidas. Outra versão deste fato: Em 19 de maio, os egípcios comandados por Charaf (filho do vizir Al-Afdhal), foram para a Palestina e encontraram de surpresa as tropas do rei Balduíno I, nas proximidades de Jaffa; no confronto entre eles, o rei foi capturado e seu exército dizimado, ora por morte ou prisão. É a chamada II Batalha de Ramla.--- Eventos fora das Cruzadas:--- Daimberto (Dagoberto) de Pisa, Patriarca de Jerusalém, foi deposto em setembro de 1102, pois era mais um chefe militar do que um religioso (comandava a esquadra naval pisana). --- Neste ano: Em Sidon, os venezianos inauguraram um armazém de carga e descarga de mercadorias. --- Morreu o grande guerreiro turco, o atabegue de Mossul, Karbuka, sendo sucedido por Jekermish.--- O seldjúcida Sanjar (Sanjar Mu'izz ad-Din Ahmed) teve que defender suas terras da invasão dos caracânidas da Kachgária (Ásia Central) comandados pelo seu khan Qadir-khan Djibrâ’îl, vencendo-os e matando-os nas proximidades de Termedh; colocou no governo da Transoxiana o ghaznávida Arslan-khan. --- Na Ibéria Moura, Majórica (a maior ilha do Arquipélago dos Baleares, no Mediterrâneo Ocidental) e a cidade de Albarracin (em Aragão) se tornaram independentes do ‘taifa’ de Saragoça. --- Valença e o norte da Espanha até o Ebro foi tomada pelos Almorávidas, cujo líder Yussef ibn Tachfin estabeleceu como seu herdeiro o filho Ali ben Yussef. 1102-1103 - Contínuas investidas dos francos na Síria, na cidade de Damasco; neste período, cercaram Muslimiyya, próxima de Alepo. 1102 a 1289 - Existência do Condado de Trípoli no litoral palestino (atual Líbano), tendo como primeiro governante a Raimundo IV de Saint-Gilles. 1103 - Logo no início de maio, Janâh al-Dawla, emir de Homs e sogro de Ridwan de Alepo e Mossul, foi assassinado pelos ‘batini’ (como os cruzados francos chamavam os ‘Assassinos’) na grande mesquita de Alepo. Os Assassinos mandaram o ismailita Abu Tahir, ‘o ourives’, como novo conselheiro para o emir Ridwan (que era ismailita como eles). --- Em 7 de maio, os cruzados Balduíno II (conde de Edessa), Joscelino (Juscelino) de Curtenay, Boemundo I de Hauteville de Tarento e Tancredo de Hauteville (de Tarento) travaram a Batalha de Harran com os turcos Soqman ibn Ortoq (irmão de de Il Ghazi) e Jekermish, estes destruíram totalmente a armada de Edessa (sob chefia de Balduíno e Joscelino (Juscelino),que foram capturados). --- Neste ano: Ao saber que Boemundo I de Hauteville (príncipe de Antióquia) estava preso, o imperador Aleixo I se prontificou a pagar seu resgate ao emir Danichmendita de Siwas, Malik-Ghazi; este, porém, foi convencido a negociar com os francos, o que foi feito através de acordo de aliança em maio. Ao ser libertado, Boemundo I foi para seu principado e se aliou com o conde de Edessa (Balduíno), durante o verão se atirando contra o emir de Alepo, submetendo-o tributariamente. --- Os bizantinos ajudaram financeiramente Raimundo de Saint Gilles a erigir uma fortaleza (‘Qalaat Saint-Gilles’) como proteção estratégica do Condado de Trípoli contra invasões muçulmanas. --- Em Erzurum iniciou-se uma nova dinastia: a dos Saltukidas, por Ali, filho de Ebul Kasin; a expressão máxima desta dinastia foi o neto deste último, Izzedin Saltuk (em 1132).--- Na Espanha, os castelhanos enfrentaram e mataram o almorávida Ali (irmão do emir de Granada, Muhammad ibn al-Hajj) em batalha nas proximidades de Talavera. 1104 - O cruzado Raimundo de Saint-Gilles, Conde de Trípoli, continuou suas conquistas: se apoderou do porto Djubail (antiga cidade fenícia de Biblos), em 23 de abril, auxiliado pelos genoveses. --- Em 26 de maio, ainda no processo de conquista do litoral palestino, o rei Balduíno I de Jerusalém se apoderou de S. João de Acre. - Em junho morreu Duqaq, emir de Damasco, ensejando a intromissão do atabeque Tughtekin. --- Neste ano: Invasão bizantina (sob o comando de Cantacuzeno) ao Principado de Antióquia por mar, tomando o porto de Laodiceia (Lataquia) aos cruzados; simultaneamente os turcos de Alepo invadiram o principado por terra (a partir das proximidades de Harran) e retomaram cidades perdidas antes. 1104 a 1154 - Dinastia dos Buridas no Emirado de Damasco . Ao morrer o turco Duqâq, desapareceu o emirado seldjúcida de Damasco, sendo substituído pelo atabegue turco Tughtekin (ou Tugh Tegin), que criou esta dinastia e governou até 1128, mas sua dinastia permaneceu até 1154. 1105 - Em 5 de janeiro faleceu de tuberculose o sultão Barkiyaruq (Berk-Yaruq), tendo como sucessor Malik Shah II, um menino de apenas 5 anos, que governou poucos meses. O irmão de Barkiyaruq, Muhammad Tapar atacou a capital e cegou Malik Shah II e se apossou do trono. 1105 a 1118 - Sultanato de Muhammad I Tapar (ou Ghiyâth ad-Din Muhammed), irmão de Rukn ad-Duniya wa ad-Dîn Barkiyarûq ou BerkYaruq, sucedendo a Malik Shah II. Governou o Iraque, Síria e oeste da Pérsia (a região oriental foi governada por Sanjar, tendo como capital Balkh). A guerra civil havida antes deixou um rastro de saques e fome pela Pérsia. 1105 (continuação) — Em 27 de fevereiro ocorreu a terceira batalha de Ramla, na qual o rei Balduíno I de Jerusalém conseguiu repelir uma invasão fatímida que teve a cobertura de Tugh Tegin. --- Em 28 de fevereiro morreu Raimundo de Saint-Gilles sem ter tomado a fortaleza de Monte Pelegrino, mas sua empreitada militar continuou com seu primo Guilherme Jordão (que governou Trípoli até 1109). ---- Em 20 de abril: Tancredo de Hauteville (regente de Antióquia) obteve vitória contra os turcos seldjúcidas de Alepo, em Tizin (ou Artah, na Síria), retirando-lhes a soberania sobre os cantões de Zerdana, Atarib, Ma’arrat e Cafartab. --- Em 27 de agosto, na III Batalha de Ramla, o rei de Jerusalém, Balduíno I, conseguiu afastar uma ofensiva dos Fatímidas, que tiveram a cobertura do atabegue de Damasco. --- Em 19 de outubro, frotas de Veneza e da Noruega ajudaram os cruzados a cercar Sidon, que caiu em 4 de dezembro. --- Neste ano, o almorávida Yusuf ibn Tashfin mandou de Sevilha em direção à Palestina uma esquadra para atacar os cruzados, mas ela naufragou no Mediterrâneo em uma tempestade.. 1106 - 14 de setembro: Tancredo de Hauteville (de Antióquia) tomou a cidade de Apaméia (no médio vale do Orontes) aos árabes.—Neste mês ainda, o turco Kiliç (Kilitch) Arslan se apoderou de Mayyafarikin (hoje, Silvan) e Melitene (ou Malatya), na Alta Mesopotâmia aos Artuquidas. --- Foi por volta deste ano que os cruzados cercaram e se apoderaram de Trípoli, mesmo havendo um ataque das tropas de Tugh Tegin atabegue de Damasco. --- Em 2 de setembro, morreu o líder almorávida Yusuf ibn Tashfin, ocupando o seu lugar , o irmão Ali. 1106 a 1143 - Reinado do Almorávida Ali Ibn Yussuf, cujo império se estendia desde o Senegal (na África) até o rio Ebro (norte da Espanha). Neste período a cultura árabe de Andalucia penetrou em território africano. 56 1107 - O sultão de Rum, Kiliç Arslan, entrou em Mossul sob pedido de seus habitantes, expulsou o aventureiro turco Jawali e tomou seu lugar, nomeando seu filho Malik Shah (um menino de 11 anos) como seu lugar-tenente. Sofreu derrota, no entanto, diante do sultão Muhammed I (ou Ghiyath ad-Din Muhammad ou Muhammad Tapa e Bagdá) tendo que se retirar de Mossul; no retorno para seu sultanato, morreu afogado ao atravessar o rio Khabur (afluente do rio Eufrates, na Alta Mesopotâmia) em 13 de julho. Malik Shah foi aprisionado e enviado para a cidade persa de Isfahan. --- Boemundo I, em 9 de outubro, desembarcou suas tropas em Avlona e cercou o porto de Dyrrachium (Durazzo ou Durrés, no litoral do Adriático, na Albânia atual), pertencente aos bizantinos. Aleixo I, coligado com o turco seldjúcida de Rum (Qilidj Arslan) se dirigiu para lá, queimou as máquinas de guerra de Boemundo I e submeteu sua armada à fome. --- Neste ano, o sultão Muhammad Tapar mandou o bawandida Hosâm ad-Dawla a se reunir às suas tropas em luta contra os Nizaritas, mas ele se recusou. Retaliando, o sultão mandou um dos seus generais cercar o bawandida em Sâri (na província persa de Mazandaran), mas não obteve sucesso, obrigando o sultão a contemporizar a atitude de Hosan ad-Dawla. 1108 - Tancredo de Hauteville não avalizou a submissão de Boemundo: auxiliado por esquadra de Pisa retomou o porto de Lataquia (Laodiceia) neste ano, bem como terras aos seldjúcidas de Alepo (em 1110, estes lhe pagando tributo). --- Em agosto/setembro, Balduíno II, Conde de Edessa, foi liberado por Jâwali Saqâwa, atabegue de Mossul, fazendo com ele uma aliança. Ao voltar para Edessa, Tancredo de Hauteville se negou a devolver-lhe o condado de Antióquia. Balduíno deixou Antióquia para se juntar com Jâwali, mas Tancredo de Hauteville tentou impedí-lo. Apenas com a intermediação do patriarca de Antióquia, os dois cruzados chegaram a um acordo: Tancredo devolveu Antióquia. Ao retornar de novo para Edessa, Balduíno libertou muçulmanos presos e executou funcionários cristãos que tinham proferido injúrias contra o Islamismo. --- Em 11 de maio, Tugh Tegin de Damasco armou uma emboscada na Galiléia, aprisionou Gervásio de Bazoche (oficial de Balduíno que era príncipe de Galiléia e Tiberíades) e ofereceu-lhe a liberdade desde que lhe entregasse Acre, Caifa e Tiberíades; como ele se recusou, foi morto. -- Em setembro: depois que o cruzado ítalo-normando Boemundo de Tarento executou um ataque frustrado contra a capital bizantina (Constantinopla) e recuou diante dos bizantinos em Ilírico, foi obrigado a assinar o Tratado de Deabolis (ou Devol) pelo imperador Aleixo I, tornando-se seu vassalo e, como tal, príncipe de Antióquia e não podendo fazer incursões em território bizantino e armênio, bem como teve que devolver o que tinha tomado aos bizantinos após 1097 (Cilícia e Laodiceia). Tancredo de Hauteville, que estava na regência em Antióquia, não avalizou a submissão de Boemundo: auxiliado por esquadra de Pisa retomou o porto de Lataquia (Laodiceia) neste ano, bem como terras aos seldjúcidas de Alepo (em 1110, estes lhe pagando tributo). --- Em outubro, Tancredo de Hauteville (que adotara o título de Emir de Antióquia e usava turbante com uma cruz em cima) se aliou com o emir Ridwan de Alepo contra o atabegue de Mossul, Jawali, coligado com Balduíno II (Conde de Edessa) e conseguiu vitória em Tell Bacher ou Turbessel, feudo de Joscelino (Juscelino) I de Courtenay, primo de Balduíno (em outubro de 1108). Jawali se refugiou em Isfahan e obteve um governo de província na Pérsia por parte do sultão Muhammad I. --- Em Andaluz, em 29 de maio, ocorreu a Batalha de Uclés (ou de Cuenca) entre os murabitunos (almorávidas), sob o comando de Yusuf ibn Tashfin, e os cristãos (com o rei Afonso VI de Castela e Leão), estes sendo derrotados (morrendo o príncipe Sancho, filho único do rei Afonso VI) e tiveram que abandonar Huete e Cuenca. 1109 - Em 12 de julho, o rei de Jerusalém, Balduíno I, rei de Jerusalém, auxiliado por Bertrando (filho de Raimundo de Saint-Gilles), Balduíno de Burgo (de Edessa), de Tancredo de Hauteville (de Antióquia), de Guilherme Jordão e uma frota genovesa, sitiou e se apoderou de Trípoli (considerada o ‘Gibraltar Sírio’, hoje chamada de Tarabulus) ao Emirato de Damasco, conseguindo a partilha das receitas tributárias da planície de Beqa, situada entre os Montes Líbano e Anti-Líbano (Jabal Ash Sharaq). - Neste ano, Tancredo de Hauteville (de Antióquia) se apoderou do porto de Banyas (ou Valenia, no Mar Mediterrâneo, entre Lataquia e Tartus), entregando-o a Renaud I Masoiers. --- O fundador do movimento dos Almohades (no noroeste da África), Ibn Tumert, aderiu à teologia criada por Ghazali, mas depois foi à Bagdá, onde se reencontrou com outros teólogos. --- Na Ibéria Moura, o rei Afonso VI morreu no final de junho. --- Em 14 de agosto, Yusuf ibn Tashfin arrasou com Talavera (às margens do rio Tejo) e a região de Toledo (defendida por Álvaro Fanhez), não conseguindo retomar esta última (que tinha sido perdida em 1085). 1110 - Cruzados: O rei Balduíno I de Jerusalém, continuando suas conquistas no litoral palestino, em fevereiro começou o sítio de Beirute por terra; por mar foi auxiliado por esquadras genovesa e pisana. Beirute resistiu galhardamente (inclusive destruindo suas torres de assalto) e sucumbiu em 13 de maio; como castigo pela sua resistência, a população foi massacrada. Em junho, este rei franco foi combater o atabegue de Mossul, Modud, que estava cercando Edessa (às margens do Eufrates), a mando do sultão. Ele livrou Edessa do cerco, retirou a população da outra margem do Eufrates e a massacrou no meio do caminho. --- Em abril, Tugh Tegin de Damasco cercou e se apossou de Ba’albek, deixando como governador o seu filho Buri. -- No verão chegaram os navios da frota norueguesa do rei Sigurdh Magnusson Jorsolafari; sua esquadra e a do doge Ordelafo Falier, assediaram por mar a cidade de Sidon (Saida), enquanto por terra foi feito o mesmo por Balduíno I. A população, com medo de sofrer o mesmo destino da de Beirute, se rendeu em 4 de dezembro e migrou para Damasco e Tiro. O rei norueguês, como prêmio, recebeu do rei Balduíno e do patriarca de Constantinopla relíquias sagradas, como um suposto fragmento da cruz em que Cristo foi crucificado; quando voltou para a Noruega, as depositou na igreja de Trondheim. --- Em Andaluz: O rei de Aragão, Afonso I, derrotou fragorosamente o taifa de Saragoça, Al-Mustain, na Batalha de Valtierra (em Navarra), em 24 de janeiro (sendo morto Al-Mustain); em 30 de maio, foi a vez dos Almorávidas se assenhorearem deste taifado, destronando Imad al-Din (sucessor de Al-Mustain). 1110 a 1115 - Em contra-ataque, o sultão do Irã, Muhammed I, enviou 4 expedições contra os Estados Cruzados da Síria e Palestina, mas não contou com a concordância do atabegue de Mossul. O objetivo principal do sultão era conter o avanço territorial das conquistas dos cristãos francos na região. 1111 - Em fevereiro, o juiz xiita e patriota de Alepo Ibn al-Khachab chegou a Bagdá a fim de pedir o auxílio do sultão Muhammed I contra Tancredo de Antióquia (que impusera medidas antipáticas aos alepinos como o envio de seus melhores cavalos, de entrega de fortalezas, de pagamento de tributo anual). Não teve o apoio do califa Al-Mustazhir, mas o conseguiu do sultão, conclamando os emires turcos a uma guerra santa contra os cruzados. O atabegue ortoguida de Mossul, Modud (ou Mawdud), atendendo ao sultão, foi para Alepo, tendo ao seu lado o atabegue de Alepo, Ridwan (que fora omisso na reação contra Tancredo) e tropas do sultão. Em julho, ao se aproximarem de Alepo, Ridwan mandou fechar as portas da cidade e prender o juiz Ibn al-Khachab e seus partidários. As tropas do sultão, sem abastecimento de víveres, se amotinaram e pilharam as imediações da cidade. Diante disto, fracassou a iniciativa da guerra contra o cruzado Tancredo (então príncipe de Antióquia, desde a morte do seu tio Boemundo na Itália, onde fora procurar reforços), em 17 de março deste ano. Este príncipe, denunciou as premissas do Tratado de Deabolis feito com o Império Bizantino .--- O rei Balduíno I de Jerusalém foi novamente para Ascalon, cujo governador fatímida Chams al-Khilafa, atemorizado pela fama de crueldade do rei franco, se submeteu. A população palestina local, no entanto, se chocou com a sua tibieza, solicitou a ajuda do califa fatímida do Cairo e conseguiu massacrar a guarnição franca na cidadela junto com a guarda bérbere do governador, assassinado pelos revoltosos (em julho). --- No outono frustrou-se a tentativa do imperador bizantino Aleixo I de retomar Antióquia, enviando, sem sucesso, o emissário Manuel Butumités para Jerusalém e Trípoli para formar uma aliança neste sentido. --- Neste ano, tentou se realizar uma contra-cruzada dos seldjúcidas da Pérsia (com auxílio secreto do imperador Aleixo I); mas sua desunião propiciou uma reação vitoriosa de forças francas coligadas. --- O rei Balduíno I, junto com Bertrand (Conde de Trípoli), Balduíno (Conde de Edessa) e Tancredo (príncipe da Galileia) se envolveram em atrito com Modud (de Mossul), Toghtekin (de Damasco) e Sukman al Qutbi Bursuqi na Batalha de Shaizar (fortaleza na Síria) sem resultados definidos, em que os turcos não puderam conter os cristãos. 1111 e 1113 - Incursões e ataques fracassados dos turcos seldjúcidas sobre a Trácia e a cidade de Niceia, nestes anos respectivos. 1112 - Depois do desastre da guarnição franca em Ascalon (em julho de 1111), o rei Balduíno I se voltou para conquistar Tiro (o maior foco de imigração dos muçulmanos em fuga diante das conquistas francas). Cercou a cidade e mandou construir uma torre de assalto móvel, com um aríete para quebrar sua muralha; os sitiados tentaram desequilibrar a torre ou queimá-la. Após 4 meses e meio de tentativas, Balduíno I se retirou, em 10 de abril, com suas tropas de tal maneira a deixar armas durante a retirada, depois resgatadas pelos sitiados. --- De abril a julho, o atabegue de Mossul, Modud (Mawdûd) tentou conquistar Edessa, mas não teve sucesso. 1113 - O sultanato seldjúcida do Irã enviou expedição contra Balduíno I, sob o comando de Modud (atabegue de Mossul), que estabeleceu o quartelgeneral de suas operações perto de Damasco, sendo recebido pelo atabegue desta cidade, o turco Toghtekin (ou Tughtekin). Teve um confronto e venceu Balduíno I (de Jerusalém) em Sin an-Nabra (perto do Lago Tiberíades, na Palestina), em 28 de junho. Não continuou sua campanha até Jerusalém, porque Balduíno recebeu reforços por parte de Bertrando de Saint-Gilles (Conde de Trípoli) e do normando Tancredo de Hauteville (então regente de Trípoli). Modud voltou para Damasco em 30 de agosto. Sua missão de guerra foi abortada quando, por desavenças com o atabegue Toghtekin, foi apunhalado em 2 de outubro dentro de uma mesquita em Damasco por trama deste último (que se eximiu disto, acusando o emir de Alepo, Ridwan e os Assassinos como os responsáveis). Mossul passou a ser governado por Aq Sonqor Bursuqî. --- O atabegue de Alepo, Ridwan, morreu de enfermidade em 10 de dezembro (como tinha sido constatado pelo juiz (‘cadi’) Ibn al-Khachab ou Ibn al-Khashshâb). Foi sucedido pelo filho Alp Arslan (homônimo do sultão da Pérsia de 1063 a 1072), cognominado ‘O Gago’, adolescente de 16 anos, que aderiu ao ‘cadi’ e seus partidários. Com a morte de Ridwan de Alepo, os Assassinos (‘batinis’) deixaram de ter seu protetor. Desta maneira foram perseguidos, massacrados e até mesmo jogados do alto das muralhas da cidade, neste mês de dezembro. Os que puderam fugir, se dirigiram para território franco. A partir daí, esta seita adotou a tática de infiltração lenta no poder, por orientação de Bahran (que viera de Asterabad ou Astrakan, na província de Gorgan, na Pérsia). 57 1114 -. Em abril, para colocar um paradeiro às constantes incursões de pirataria a partir de Majórica no Mediterrâneo, uma esquadra composta de catalães, provençais e pisanos cercou Palma por 8 meses, após o qual ela caiu e foi saqueada. No entanto, quando Raimundo Berenguer III de Barcelona saiu daí, os pisanos também debandaram diante dos Almorávidas se dirigindo para lá e a ocupando até 1203. --- Na Península Ibérica, em 14 de agosto, a cidade de Tudela foi reconquistada pelo rei Afonso I, o Batalhador (de Aragão e Castela); os habitantes desta cidade eram moçárabes, judeus e muçulmanos (estes passaram a viver nos arredores da cidade). --- Os governadores Almorávidas de Saragoça (Muhammad ibn al-Hajj) e Múrcia quando planejaram atacar e tomar o Condado de Barcelona (sob o governo de Ramon Berenguer II) tiveram pela frente tropas catalães, auxiliados por cavaleiros franceses, se protagonizando a Batalha de Congosto de Martorell, próximo daquela cidade. Os Almorávidas foram derrotados, e, assim, não puderam realizar seu objetivo. --- Anarquia no emirado de Alepo, quando foi assassinado seu emir Alp Arslan pelo eunuco Lulu, em setembro, colocando este no poder um outro filho de Ridwan de apenas 6 anos. A situação tumultuada se retratava nos conflitos entre escravos e soldados e os habitantes procurando se defender de pilhagens. --- Em novembro, o Principado de Antióquia foi abalado por um sismo, destruindo casas mas também suas fortificações; em função disto, o príncipe Rogério de Salerno (ou Hauteville) se apressou em reconstruí-las, sobretudo as de fronteira. 1115 - Na primavera de 1115, o príncipe-regente Rogério de Salerno (ou de Hauteville) soube que o sultão seldjúcida persa Muhammad I encarregou ao atabegue de Mossul, Aq Sonqor il- Bursuqî, de organizar uma anticruzada contra os cristãos, incluindo seu principado. Emires muçulmanos da Síria (como Toghtekin de Damasco, Lulu de Alepo e Il-Ghazi de Mardin), receosos de perderem seu poder diante deste ataque se aliaram com Rogério de Salerno, juntamente com o Conde de Edessa. Em 14 de setembro, as duas forças antagônicas se encontraram na Batalha de Tell Danith, ou Batalha de Sarmin (nesta cidade síria), a leste do rio Orontes. Em emboscada, Rogério de Salerno e seus aliados venceram. --- Neste ano: Balduíno I, de Jerusalém, tomou a região de Moab (Transjordânia) e de Uadi-Musa (neste local erigiu a fortaleza de Chaubac ou Montreal). --- Os governadores Almorávidas de Saragoça e Múrcia atacaram a Catalunha, cercaram Barcelona, mas foram vencidos na Batalha de Congost de Martorell (perto de Barcelona) pelos catalães ajudados por cavaleiros franceses, forçando-os a abandonarem o cerco de Barcelona. 1116 - Massud, irmão de Malik Chah, o destronou do Sultanato de Rum, cegando-o e estrangulando-o depois. - O rei de Jerusalém, Balduíno I, continuou suas conquistas, tomando o porto de Ailah, no golfo de Acaba, no Mar Vermelho e a Ilha de Graye (no Golfo de Ákaba), controlando, pois, rotas comerciais entre a Síria e Egito e, assim, aumentar as rendas obtidas com taxas impostas sobre a circulação de mercadorias. Com estas conquistas, ele também bloqueou o contato terrestre entre as regiões africanas e asiáticas do Mundo Islâmico. -- Outro cruzado, Rogério de Salerno (de Antióquia), conquistou fortalezas nas proximidades de Alepo, assegurando o controle das rotas de comércio e de peregrinos muçulmanos que iam para Meca, obtendo vantagens financeiras. --- No norte da África, os Ziridas de Ifrîqiya, sob o comando de Ali ibn Yahya se apoderaram da Ilha de Jerba (no Golfo de Gabes), centro de pirataria local. --- As Ilhas Baleares foram tomadas pelos Almorávidas, se aproveitando de sua fraqueza por constantes ataques de pisanos e catalanos. 1116 a 1155 - Governo do turco seldjúcida Massud I (Mas`ûd I ou Rukn ad-Dîn Mas`ûd ben Qilij Arslân, Rükneddin Mesud ) no Sultanato de Rum, tendo a capital em Iconium (Konya). 1117 - Em abril-maio, o eunuco Lulu, que estava no poder em Alepo, foi morto pelos soldados de sua guarda. Outro escravo que o sucedeu, pediu o auxílio militar de Rogério de Salerno (príncipe de Antioquia), que cercou a cidade. O juiz Ibn al-Khachab, não aceitando tal interferência franca, se reuniu com os notáveis da cidade e chamou o emir Ilghazi (ou Najm ad-Din Ilghazi ibn Artuq), governador turco de Mardin (perto da atual cidade de Batman, no Alto Eufrates). - Neste ano, Sanjar Mu'izz ad-Din Ahmed se intrometeu nas guerras havidas entre os príncipes ghaznávidas do Afeganistão; desta vez contra Arslan-Chah, tomando Ghazni e colocando no poder outro príncipe ghaznávida, Bahram-chah. - No norte da África, ocorreu a guerra entre Gabés (apoiado pelo normando Rogério I de Hauteville, da Sicília) e Mahdia (com a cobertura dos Ziridas). --- Mohammed ibn Tumert, em sua pregação antialmorávida, esteve no Magrebe, Túnis, Bejaia e Melalla (onde o zenata Abd el Mumen aderiu ao seu movimento e criou a doutrina dos Unitários. --- A cidade de Coimbra, em Portugal, foi retomada, por poucos dias, pelos Almorávidas. --- Neste ano ocorreu a Batalha de Filomelion (hoje Aksehir) com uma série de embates entre as tropas bizantinas comandadas pelo imperador Aleixo I Comneno e as do Sultanato de Rum com Massud I; durantes estes embates foram usadas novas táticas de guerra por Nicéforo Brienne, o Jovem e o enteado do imperador. A vitória coube aos bizantinos; os turcos tiveram que reconhecer as fronteiras de Bizâncio. 1117 a 1126 - Ilghazi (ou Najm ad-Din Ilghazi ibn Artuq), irmão do ortoquida Sökmen, continuou a política de conquistas anteriores: se apoderou de Silvan e de Alepo. --- Desde a morte de Sökmen, os Ortoquidas (Artuquidas) se desmembraram em dois ramos: o de Ilghazi e seus descendentes (centrado em Mardin e Mayyafariqin (Silvan) até 1408 (quando caiu sob os turcos Qara Qoyunlu) e o de Sökmen (centrado em Hasankeyf, Harput e finalmente Amida ou Diarbaquir), este último durou até 1234 (quando foi subjugado pelos Seldjúcidas). 1118 - Balduíno I de Jerusalém, após a conquista do Sinai, atravessou esta Península e atacou o Egito: primeiro tomou a cidade de Faramâ (Pelusa), no delta do Nilo. Aí ficou doente e, ao retornar para a Palestina, morreu em el-Arish (nordeste do Sinai), em 2 de abril. No domingo de Páscoa (14 de abril) foi coroado como rei de Jerusalém, Balduíno II (Balduíno de Burgo, antes conde de Edessa), sendo preterido o irmão de seu antecessor chamado de Eustáquio III de Bolonha. Uma de suas medidas neste ano foi a de doar o feudo de Além-Jordão ao nobre Romano Lê Puy. Outra medida foi a de nomear Garmond de Picquigny como patriarca de Jerusalém. Edessa, por sua vez, teve o governo de Jocelin I de Courtenay. --- Em 18 de abril, no Iraque, subiu ao poder novo sultão turco seldjúcida: Mahmud II, por morte do antecessor (Mohammed ou Mehmed I). --- O atabegue de Mardin, Ilghazi (ou Najm adDin Ilghazi ibn Artuq), durante o verão deste ano, fez incursão sobre o território de Alepo, onde se casou com uma filha de Ridwan, tornando-se, então, emir de Alepo, também. 1118 (18 de abril) a 1131 - Sultanato seldjúcida do Iraque Adjémi (em Hamadhan) nas mãos de Mahmud II (Mahmoûd ibn Mohammed). Embora tenha sido proclamado sultão de todo o Império Seldjúcida, sua soberania estava restrita ao Iraque e Irã Ocidental. Ele foi, portanto, o primeiro sultão do ramo do Seldjúcidas do Iraque; os Grandes Seldjúcidas continuaram no Irã Oriental, sendo representados por Sanjar. Seu governo foi tumultuado por guerras civis, que continuaram com seu sucessor Massud (1133 a 1152). O restante do território persa estava sendo governado pela feudalidade turca e hereditária dos atabegues, dos quais os mais influentes foram os do Azerbaidjão persa (um exemplo: Ildegîz). 1118 (continuação) - Em 11 de junho, o príncipe de Antióquia, Rogério de Salerno, se apoderou de Azaz, pertencente aos turcos seldjúcidas. -- Em 14 de junho, o turco seldjúcida Sandjar (governador de Khorassan desde 1096) se tornou sultão da Pérsia Oriental. - O atabegue de Mardin, Ilghazi ( ou Najm ad-Din Ilghazi ibn Artuq), durante o verão deste ano, fez incursão sobre o território de Alepo, onde se casou com uma filha de Ridwan. A partir deste ano, se tornou emir de Alepo, Suleyman I ibn al-Ghazi. 1118 (3 de agosto) a 1135 - Califado (o 29º) de Al-Mustarchid Abu Mansur, filho de Al-Mustazir. Seu irmão, o emir Abu-l-Hasan foi para Hilla (no rio Eufrates, ao sul de Bagdá). Morreu assassinado em 1135. 1118 (continuação) - --- Como o califa Al-Mustazhir e o sultão seldjúcida Mahmud II morreram neste ano, o novo califa abássida Al-Mustarchid, que governou a partir de 3 de agosto, tentou conseguir sua autonomia, já que o sultanato estava dividido entre Sanjar e Mahmud II. --- Em setembro/outubro, Sanjar venceu e matou o sultão ghaznávida Arslan, escolhendo como seu sucessor a Yamîn al-Dawla Bahrâm Shâh. - Na Espanha, o rei Afonso VI, o Vitorioso (de Astúrias, Leão e Castela) moveu campanha militar contra os mouros, cercando Saragoça em 22 de maio até 18 de dezembro, tomando-a dos murabitunos (almorávidas). --- Neste ano: Em Kemakh-Erzindjan, ou Erzindjan simplesmente (ao sul de Trebizonda, na Ásia Menor) se criou uma nova dinastia turca: a dos Mengüdjedides (ou Mengüçoglu). --- Entre os cruzados: O cavaleiro Hugo de Payns (ou de Pains) da I Cruzada, de origem francesa, fundou a Ordem do Templo para resguardar a segurança dos peregrinos cristãos e suas rotas de peregrinação. — O condado de Edessa perdeu a cidade de Gargar (hoje chamada de Yüksekova) para os turcos. ---- Em Andaluz, o filósofo Avempace se exilou em Fez junto aos Almorávidas, tornando-se vizir por duas vezes, sendo também preso por duas vezes (uma por traição, outra por heresia). --- Ainda na Espanha: o Conde de Barcelona, com a ajuda do arcebispo Olegário Bonestruga, se apoderou de Tarragona (dos mouros). O papa Pelágio II outorgou o qualificativo de ‘cruzada’ às campanhas militares destinadas aos cristãos que fossem lutar pela libertação do Vale do Ebro aos Almorávidas, atraindo para tal muitos cavaleiros normandos, gascões e occitanos (estes do sul da França).--- Sardes (a famosa cidade do antigo Império Persa, na Anatólia), agora domínio dos turcos seldjúcidas, foi tomada pelo general bizantino Filocales. --- Na região do Cáucaso, os turcos seldjúcidas perderam a cidade de Lori ao rei David IV da Geórgia, que estabeleceu tribos dos Kipchaks em seu território. --- Mesmo com a vitória bizantina em Filomelion (em 1117), os seldjúcidas de Rum continuaram suas incursões sobre terras imperiais: foi assim que retomaram Laodiceia da Frigia, isolando Antalya do restante do território. --- Em Kemakh-Erzindjan, ou Erzindjan simplesmente (ao sul de Trebizonda, na Ásia Menor), se criou uma nova dinastia turca: a dos Mengüdjedidas (ou Mengüçoglu). 1118 (setembro/outubro) a 1152 - Governo do último sultão ghaznávida Bahram-Shah (Yamîn al-Dawla Bahrâm Shâh) da Índia. Foi tributário do sultão seldjúcida Ahmad Sanjar e terminou seu governo com a ascensão dos Ghoridas. 58 1118 a 1157 - Governo do turco seldjúcida Sandjar (Sindjar ou Sanjar Mu'izz ad-Din Ahmed) em Khorassan, exercendo sua suserania sobre a Transoxiana caracânida e o Afeganistão ghaznávida. -- Foi nomeado ‘comandante dos crentes’ pelo califa Al-Mustarchid. Teve na fronteira oriental que enfrentar os Kara Khitai (mongóis sinizados e budistas, portanto anti-islâmicos) a partir de 1130, criando um império no Turquestão Oriental. Durante seu governo houve muitas revoltas e ataques de nômades. Ao morrer foi enterrado em mausoléu em Merv. 1118 a 1194 - Governo dos Seldjúcidas do Iraque (dos descendentes de Muhammed I). 1119 - Em 28 de junho ocorreu um confronto (chamado de ‘Batalha do Campo de Sangue’) na Planície de Sarmada, perto de Artah (entre Alepo e Antióquia), em que o exército de atabegue de Mardin, Ilghazi (ou Najm ad-Din Ilghazi ibn Artuq) emboscou o dos cavaleiros do Principado de Antióquia (comandados por Rogério de Salerno); estes últimos foram massacrados numa verdadeira carnificina (conferindo ao local o nome de ‘ager sanguinis’, ou ‘Campo de Sangue’); entre os mortos estava Rogério de Hauteville (dito de Salerno). O rei Balduíno II de Jerusalém saiu de Jerusalém para socorrer Antioquia, colocou em fuga Ilghazi, conseguiu deter o avanço turco e assumiu a regência do principado. - Do final deste ano e início de 1120, enquanto o duque de Trebizonda (junto ao Mar Negro) se intrometia nas disputas entre os emires turcos da Anatólia, o imperador bizantino João II Comneno retomou a cidade de Laodiceia (na foz do rio Meandro, daí podendo chegar até o seu alto vale, onde erigiu uma fortaleza). Sendo chamado à Constantinopla, deixou a responsabilidade do cerco a João Axuch, que terminou por conquistá-la ao emir Abuchar. --- Neste ano: Os sarracenos emboscaram 700 peregrinos cristãos que tinham saído de Jerusalém e se dirigiam ao rio Jordão: 300 deles foram assassinados e 60 escravizados. --- O arcebispo de Tarragona (Espanha), nos Concílios de Toulouse e Reims (na França), pregou com sucesso uma cruzada contra os mouros na Catalunha. 1120 - Em 17 de junho, na Península Ibérica, travou-se a Batalha de Cutanda (em Calamocha), na qual os aragoneses (sob o comando do rei Afonso I, o Batalhador), auxiliados pelo duque de Aquitânia, Guilherme IX, o Trovador, conseguiram deter os Almorávidas, que pretendiam retomar Saragoça. -Neste ano: O imperador bizantino João II Comneno se apoderou de Sozópolis (ou Uluborlu, antiga Apolônia, na Pisídia, entre o planalto da Anatólia e o vale do Meandro) aos turcos seldjúcidas de Rum, facilitando contato terrestre entre Constantinopla e o porto de Atália (no sul da Anatólia). Simultaneamente, mandou o duque de Trebizonda, Constantino Gabras, atacar os Danichmenditas (comandados por Amir Ghazi Gumuchtegin) e o ortoquida Ilghazi, a leste. O duque de Trebizonda, mesmo auxiliado pelo beylicado de Menguchek (região de Erzincan, no Alto Eufrates), foi derrotado por eles, que se desentenderam após a vitória, não tendo nenhum proveito com ela. --- Neste ano: O ortoquida (ou artoquida) Ilghazi esteve ao lado do Danichmendita Amir Ghazi Gumuchtegin na vitória sobre o duque de Trebizonda e o beylicado de Menguchek (região de Erzincan, no Alto Eufrates). --O Reino de Galícia (noroeste da Espanha) sofreu ataque de uma frota almorávida chefiada pelos almirantes Isa ibn Mayum (de Sevilha) e Abu Abd Allah ibn Maymum (de Almeria). 1120 a 1137 - Retomada do litoral da Cilícia pelo imperador bizantino João II Comneno em conflitos com os Seldjúcidas da Pérsia. 1121 - Na Espanha, em Tudela, em meados de abril, uma mesquita foi transformada em igreja católica pelos aragoneses (que tinham conquistada esta cidade no ano anterior). --- Em 11 de dezembro, no Cairo, o califa fatímida Al-Amir, mandou matar o seu vizir Al-Afdal. --- Neste ano : Mohammed ibn Tumert (ou Ibn Tumart), se declarou Imam e Mahdi; seus seguidores infligiram um massacre de Almorávidas chefiados pelo governador de Souss (Abu Bakr bem Mohammed el-Lamtuni) enviados contra ele. --- Os Aragoneses se apoderaram de Calatayud (do emirado de Saragoça). --- Em Córdoba se deflagrou uma rebelião contra seus governantes almorávidas; o emir Yusuf ibn Tashfin saiu da África, cercou a cidade e conseguiu que os revoltosos entregassem as armas. 1122 - A cidade de Tiflis foi retomada pelo rei armênio Jorge David IV, o Construtor, aos muçulmanos, em fevereiro. --- Em 27 de fevereiro, Zardana (no principado de Antióquia) foi cercada pelo atabegue de Alepo, o ortoquida Ilghazi (Il Ghazi ibn Ortoq). O regente Balduíno II, com o apoio de Joscelino (Juscelino) de Edessa, conseguiu afastar Ilghazi. --- Em 8 de agosto, os venezianos embarcaram no porto de Lido (em Veneza) com cruzados e peregrinos para auxiliar o rei Balduíno II; seu objetivo principal, no entanto, era o de retaliar os bizantinos em face de concessões aos seus concorrentes em Constantinopla, onde chegaram na mesma época da Batalha de Beroia. --- Em 13 de setembro, Joscelino (Juscelino) de Edessa e o senhor de Bira (no Alto Eufrates), Galerano de Puiset, resolveram atacar os Danichmenditas para prender Balak ibn Bahram ibn Ortok. A situação se inverteu: este último, ajudado por Ilghazi, os aprisionou em confronto em Kharput (ou Carput, fortaleza em Amida, hoje Diyarbequir). Em novembro morreu Ilghazi em Diyarbequir, sendo sepultado em Mayyafariqin (atual Silvan). Balak ibn Bahram ibn Ortok o sucedeu em Alepo, enquanto seus irmãos Timurtash e Solimão o substituíram em Mardin. --- Na Península Ibérica neste ano: O rei Afonso I, o Batalhador, à frente de suas tropas aragonesas, se apoderou de Daroca. --- Uma frota naval almorávida atacou a Sicília para impedir os ataques de normandos no norte da África. 1123 - O rei Balduíno II de Jerusalém foi tentar soltar o Conde de Edessa; ao intervir no norte da Síria foi cercado pelo emir ortoquida Balak ibn Bahram ibn Ortok e aprisionado em 18 de abril e levado para o forte de Carput (em Amida, atual Diarbaquir, às margens do Alto Eufrates); tentou fugir daí sem sucesso. Em 27 de junho, Balak ibn Bahram ibn Ortok entrou gloriosamente em Alepo e esposou a filha de Ridwan. Alepo se transformou no centro de ataques e conquistas de lugares próximos que estavam sob domínio dos Estados Francos, como o forte de Carput, quando aprisionou o rei de Jerusalém, Balduíno II. - Em Ibelin, no Egito, o condestável senhor de Cesareia, Eustáquio I Grenier, conseguiu sair-se vitorioso sobre os fatímidas. --- Em 30 de maio, uma poderosa frota naval veneziana irrompeu no litoral palestino e destruiu a frota egípcia que estava ancorada em Ascalon. --- O general e aventureiro (talvez lenda) Dubays B. Ṣadaqa, pertencente à tribo dos Banu Mazyad, junto com um irmão do sultão, fez uma incursão sobre Bagdá, mas não teve sucesso pela defesa da capital abássida pelo turco seldjúcida Zengi. --- Em função dos saques perpetrados pelos xiitas Maziadidas árabes de Hilla, o califa (sem nenhuma ajuda do sultão) mandou uma expedição punitiva com sucesso. 1124 – Guilherme de Bures (senhor de Tiberíades e regente do Reino de Jerusalém), auxiliado pela frota veneziana comandada por Domenico Michel, cercou Tiro (de 15 de fevereiro a 7 de julho) e a conquistou aos Fatímidas do Egito; neste período sua população ficou sem água e pediu a ajuda militar do emir Balak e pediu a ajuda militar do atabegue Balak (Balak ibn Bahram ibn Ortok) de Alepo. Este último, em 6 de maio, se decidiu a ajudar os sitiados, mas foi mortalmente ferido por uma flechada desferida das muralhas da cidadela de Alepo e morreu logo depois. . Após a tomada de Tiro, os venezianos instalaram uma base comercial aí. ---- Em 29 de agosto, o rei de Jerusalém Balduíno II foi libertado, mediante resgate em dinheiro, pelo novo emir de Alepo, Timurtach (que foi para sua cidade de origem, Mardin). Pouco tempo depois, Balduíno II saiu de Jerusalém e foi cercar Alepo, defendida pelo juiz Ibn al-Khachab que solicitou, inutilmente, a ajuda militar de Timurtach; depois, a do atabegue de Mossul, al-Borsoki (ou Bursuqui), que rechaçou Balduíno, mas anexou Alepo ao seu domínio territorial. Antes da vinda de Bursuqui, o governador da cidadela de Alepo e o da cidade autorizaram os soldados se servirem dos bens dos grandes e notáveis da cidade, visto que estavam sem seus soldos. No fim do ano, Balduíno II quase conquistou Alepo em face da cumplicidade dos beduínos. --- Neste ano, o sultão seldjúcida de Rum Massud I teve que guerrear contra os emires da Anatólia em suas veleidades autonomistas: foi assim que se apoderou de Melitène (a leste), forçando o seu emir Toghrul a se refugiar na capital bizantina. 1124 a 1152 - Neste período, na Península Ibérica, o arcebispo francês de Toledo, Raimundo de Sovetat, chefiou uma comissão de sábios que traduziram do árabe para o latim várias obras médicas, algébricas, alquímicas, filosóficas e astronômico. 1125 - De 11 a 13 de junho, Balduíno II, auxiliado por Jocelin I de Courtenay (conde de Edessa) e Pons (conde de Trípoli) conseguiu derrotar os turcos (Bursuqui, atabegue de Mossul, e Toghtekin, atabegue de Damasco) na Batalha de Azaz, ao norte de Alepo. A seguir cercou Alepo, cujo ‘cadi’ (juiz), Ibn al-Khachab, solicitou a ajuda do atabegue de Mossul, al-Borsoki (ou Bursuqui), já que o emir Timurtach não atendeu ao seu apelo. Balduíno II conseguiu um butim tão relevante que pode libertar os reféns que ainda se encontravam na fortaleza de Kharput. --- Em setembro a região de Andalucia (Espanha Muçulmana) foi invadida e devastada pelo rei Afonso I, o Batalhador, penetrando até Guadix (em Granada), sem encontrar nenhuma resistência. --- Neste ano: No norte da África: Com o apoio dos bérberes maçmuna, Ibn Tumart (Mahdi) mandou construir uma mesquita em Tinmel (no vale isolado do N’fis, região do Alto-Atlas), que passou a ser sua capital e foco da luta entre Almohades e Almorávidas. --- Em face de disputa sucessória no Sultanato de Rum, o sultão Massud I, em conflito pelo poder com seu irmão Arab, teve que se refugiar na capital bizantina. 1126 - Em 25 de janeiro, o rei Balduíno II invadiu a Síria de novo, para conquistar Damasco, passando pela região de Hauram e reencontrando o exército damasquino ao sul da capital do emirado, derrotando o atabegue Toghtekin na Batalha de Tell al-Shaqhab (ou Chaqab). Prestigiado com a vitória em Chaqab, Balduíno II tentou se apoderar Damasco, auxiliado por forças dos Templários, mas o emir Toghtekin o impediu. Por outro lado, o mameluco Khutlugh se apoderou de Alepo, mas não conseguiu a adesão dos seus habitantes. Em face disso, apresentaram-se dois candidatos ao poder em Alepo: o seldjúcida Ibrahim ibn Ridwan e um ortoquida, Suleyman. O atabegue de Mossul, o emir al-Borsoki foi assassinado com facadas no pescoço (já que vestia um casaco de malha impenetrável à arma branca), em 26 de novembro, pelos Nizaritas (‘Assassinos’ da Síria), sendo sucedido pelo seu filho. Também o juiz Ibn al-Khachab, quando saía da grande mesquita de Alepo, foi morto por um Nizarita.- Neste ano morreu o matemático, poeta e reformador do calendário persa Omar Khayyam de Nichapur. --- Arab, irmão caçula do sultão de Rum, Massud, colonizou Ancira (Ankara) e Kastamonu e se dirigiu com seu exército à Iconium (Konia) para ocupar o trono dos turcos seldjúcidas. Massud se aliou com o imperador João II Comneno para lutar contra Arab, vencendo-o e forçando-o a se asilar na Cilícia; permitindo a retomada de Kastamonu. Tais entreveros permitiram ao emir Danichmendita Amir Ghazi 59 Gumuchtegin dominar até o litoral sul do Mar Negro. Massud, por sua vez, lançou campanha militar e voltou-se para atacar os territórios a oeste; chegando à Cilícia, saiu-se vitorioso sobre os cruzados e dominou até o Alto Eufrates. Em face destas conquistas, o sultão persa Ahmed Sanjar lhe conferiu o título de ‘Mali’ (rei). Ao assegurar o controle de boa parte da Ásia Menor, Gumuchtegin colocou em perigo o Império Bizantino. --- Morreu o matemático, poeta e reformador do calendário persa Omar Khayyam de Nishapur. --- As relações entre o califado e o sultão seldjúcida estavam degeneradas de tal forma que o califa mandou prender Wasit, gerando um conflito que foi apaziguado pelo governador de Bassora. O califa abássida AlMustarchid Abu Mansur se fechou no palácio em Bagdá. --- Na Península Ibérica, o rei Afonso I, o Batalhador, atacou Granada e se saiu vitorioso sobre os Muribitunos em Arinzul, nas proximidade de Lucena; daí avançou até Motril (no litoral do Mediterrâneo Ocidental) e voltou para o seu reino. 1127 - Em abril, Imad ed-Din Zanki (ou Zengi) se tornou o primeiro atabegue de Mossul, mas só entrou na cidade em outubro. --- Tughtekin, em Damasco, velho e doente, estava limitado em seu poder devido à forte presença de milícias dos Assassinos, apoiadas pelo sultão Bahram e pelo vizir alMazdaghani. --- Neste ano, Alepo estava sendo submetida à pressão do exército franco composto por Boemundo II de Antióquia e o filho de Boemundo de Tarento, criando uma instabilidade local em face da presença de 4 emires partilhando o poder. --- Em Bukhara (na Transoxiana, hoje no Usbequistão) se encerrou a construção do minarete de 48 metros da mesquita de Kalyan. 1127 a 1146 - Mossul esteve sob o governo de Zanki (ou Zengi). Foi o fundador da Dinastia dos Zenguidas (Zangidas) reinante na Alta Mesopotâmia (Mossul) e Alepo entre 1128 e 1146. 1127 a 1156 - Governo de Atsyz em Kharezm (sul do Mar de Aral), representante da Dinastia dos Grandes Khorezmchaks (Kharezmianos). 1128 - Logo no início do ano, o emir Tughtekin (Toghtekin) de Damasco indicou seu filho Buri como sucessor; falecendo em 12 de fevereiro. A cidade foi atacada pelos francos, mas não obtiveram sucesso algum. --- Alepo esteve à mercê dos seus inimigos: primeiro foram os cristãos francos; depois, o emir Zengi que se apoderou da cidade em 18 de junho, se definiu como seu atabegue, se casou com a filha do finado Ridwan (viúva de il-Ghazi e de Balak) e conseguiu o reconhecimento do sultão seldjúcida Mahmud II como governador da Síria e do Norte do Iraque (região de Mossul). Zengi podia assim lutar pelo ideal de unificação da Síria muçulmana e criar meios para sua luta contra os Estados Cristãos. Em busca da unidade muçulmana, no entanto, apenas um o apoiou, os outros aderiram ao emir de Damasco (Taj al-Din Buri). --- Neste ano, as cidades de Buzā‘a (e sua cidadela) e Manbiǧ, importantes nas comunicações entre Mossul e Alepo, foram disputadas entre Zengi e os bizantinos. --- Balduíno II teve o auxílio da Ordem dos Hospitalários (representado pelo seu grão-mestre Raimundo de La Puy) em incursão militar sobre a fortaleza de Ascalão. 1128 a 1183 - Mossul (Alta Mesopotâmia) e Alepo (na Síria) foram governados pela Dinastia dos Zenguidas de turcos seldjúcidas, fundada por Zenki (ou Zengi). Seus participantes lutavam pela ortodoxia do Islamismo e contra os cruzados. 1129 - Em setembro, frustrou-se a tentativa do rei Balduíno II em sua conspiração junto com os Nizaritas (Assassinos) contra o atabegue de Damasco, Buri. Foi descoberta a trama por este governador que mandou matar o vizir al-Mazdaghani, protetor dos Assassinos, cujos chefes foram crucificados e os seus partidários massacrados. Os Nizaritas restantes à chacina refugiaram-se na Palestina, onde foram protegidos pelo rei Balduíno II, depois que eles lhe devolveram a Fortaleza de Banyas (ou Paneias), junto ao monte Hermon (no caminho entre Damasco e Jerusalém). --- No início de dezembro, o emir Taj al-Din Buri teve diante de sua capital, Damasco, uma numerosa armada cristã composta de tropas de Trípoli, Edessa, Palestina, Jerusalém e Antióquia. Diante disso, Buri recrutou às pressas tribos árabes e nômades turcos e atacou de surpresa os cristãos na Planície de Ghuta. Balduíno II de Jerusalém abandonou o cerco imposto a Damasco depois que uma tempestade encheu de lama a planície dificultando a movimentação das tropas. --- No final deste ano, o emir Buri foi convidado por Zengi, de Alepo, a unir forças contra o Principado de Antióquia. Buri mandou o seu filho Sawinj (vice-governador de Hama) com um pequeno contingente armado; Zengi, no entanto, os aprisionou, ameaçando de matá-los se Buri não viesse pessoalmente. Zengi não matou ninguém e o filho de Buri apenas foi solto em 1131. --- Neste ano, o rei Afonso I, o Batalhador, derrotou os Murabitunos (Almorávidas) comandados por Ali ibn Majjuz, nas proximidade de Alcira (nas tropas almorávidas se registrou a presença de escravos negros africanos). --- No norte da África, neste ano (ou em 1127) os Almorávidas mandaram uma expedição militar sem sucesso ao Alto-Atlas para destruir o centro da doutrina dos Unitários (dos almohades), a região de Hintata. Os Almohades, por sua vez, sob o comando de El Bechir e Abd el-Mumen, atacaram a capital almorávida, Marrakesh. --Desta feita foi a vez do turco seldjúcida Arab se asilar em Constantinopla, visto que seu irmão Massud I retomou o poder no Sultanato de Rum com o auxílio de Gumuchtegin (seu sogro). 1130 - Em setembro, morreu em Marrocos o líder político e religioso dos Almohades, Ibn Tumert; foi sucedido secretamente por Abd el-Mumen. --Neste ano: O emir Zengi tentou se apoderar de Homs ao emir Qîrkhân ibn Qârâjâ, mas não foi bem sucedido. --- O príncipe de Antióquia, Boemundo II, em fevereiro, partiu em missão militar para o norte, mas foi morto em emboscada pelo emir Danichmendita Malik Ghazi II Gümüchtegin (que estava ao lado do príncipe armênio Leão I). Foi decapitado e sua cabeça embalsamada foi enviada ao califa abássida Al-Mustarchid em Bagdá. Ao saber da notícia, a sua viúva Alix ou Alice (de Jerusalém), filha de Balduíno II de Jerusalém, se alçou ao poder em Antióquia com o apoio de bizantinos, sírios e armênios que viviam lá. Sabendo que Balduíno II apoiava Constança (uma criança) como herdeira do trono, considerando-a usurpadora, Alix pediu a ajuda militar do emir Zengi. Tal urdidura pelo poder foi descoberta por Balduíno II que entrou em Antióquia e exilou Alix no porto de Lataquia. O emir Danichmendita Malik Ghazi II Gümüchtegin, a partir deste ano, e o imperador bizantino João II Comneno estiveram em constantes guerras pela posse de Kastamonu (ao norte da Anatólia). --- No Natal foi coroado rei da Sicília pelo antipapa Anacleto, em Palermo, Rogério II de Hauteville. No poder se manifestou hábil político, respeitando as leis e costumes dos muçulmanos, cuja elite manteve suas terras e seus palácios. --- O caracânida Arslan-khan da Transoxiana, causou aborrecimentos ao seu protetor, o sultão Sanjar, que lhe tomou Samarcanda e o depôs, substituindo-o pelo príncipe Hassan-tégîn ; este foi, também, substituído por Rokn ed-Dîn Mahmoûd, dois anos depois (governando de 1132 a 1141). --- Na Península Ibérica: Tashfin ibn Ali ibn Yusuf, emir de Granada e Almeria, se apoderou do castelo de Aceca, ao sul de Toledo, pertencente aos cristãos. 1131 - O atabegue de Damasco, Buri, foi ferido (em 7 de maio) em atentado urdido pelos Nizaritas (Assassinos), mas só morreu 13 meses depois. -- Em 21 de agosto morreu Balduíno II, rei de Jerusalém, mais por desgosto com sua filha Alix (Alice), que deportara para Lataquia por ter usurpado o trono do Principado de Antióquia (que deveria ser atribuído à sua filha Constança). Foi sucedido por seu genro Folco de Anjou, já que não tinha herdeiro masculino. Este último era casado com a irmã mais velha de Alix, cujo nome era Melissenda. Ele foi coroado em 14 de setembro. - Neste mês de setembro, faleceu, com apenas 26 anos de idade, o sultão seldjúcida Mahmud II, advindo lutas pela sucessão, entre os quais o governador do Azerbaidjão, Ghiyath ad-Dîn Mas`ûd ben Muhammad (apoiado por Zengi) e o filho de Mahmud (chamado de Dawud, ou Davi), indicado pelo califa al-Mustarchid; saiu-se vencedor Davi (Dawud). --- Outro que morreu neste ano foi o Conde de Edessa, Joscelino (Juscelino) I: ao cercar uma fortaleza muçulmana entre Mabbug e Alepo foi ferido gravemente. Quando um emir cercou Kaisun; ele solicitou a ajuda de seu filho, mas este se negou (alegando insuficiência de força armada). Joscelino, numa liteira, foi socorrê-lo, suspendendo o cerco, mas morreu pelo esforço na investida militar. 1131-1132 - O governo do Jibal (que compreendia o Azerbaijão persa, Kerman, Curdistão e Lurestão) foi exercido pelo sultão Dawud (Ghiyath ed-din Dawud). Governo curto e tumultuado com disputas sucessórias com seus irmãos Massud e Toghrul. 1131 a 1135 - O imperador João II Comneno realizou, neste período, na Anatólia, cinco campanhas sucessivas e vitoriosas contra Gumuchtegin, já que este dominava uma boa parte da região. 1131 a 1140 - Neste decênio a fronteira de Amanus (entre a Cilícia Armeniana, que existia desde 1080, e o Principado de Antióquia) ficou sob a vigilância da Ordem dos Templários. 1131 a 1143 - Reinado de Folco de Anjou em Jerusalém. Sua primeira iniciativa para manter seu poder foi a de reprimir a nova revolta de Alix, tentando ser regente de Antióquia; outra foi a de se impor sobre o conde Pons de Trípoli. Circularam boatos sobre a infidelidade de sua esposa, Melissenda, com o cavaleiro Hugo II do Puiset-Jaffa. Este fugiu para o Egito; os Fatímidas colocaram sob seu comando tropas que tomaram Jaffa (em 1132). 1132 - O califa de Bagdá, al-Mustarchid, tentou se libertar da tutela imposta pelo sultanato seldjúcida, se aproveitando de querelas sucessórias com a morte do sultão Mahmud II. Por isto, em 2 de março, o emir de Mossul, Zengi, se dirigiu para Bagdá no sentido de dar cobertura aos seldjúcidas, mas foi vencido pela armada do califa nas proximidades de Tikrit (no rio Tigre, ao norte da capital). Ele não foi aprisionado em face da ajuda do governador de Tikrit, Ayyub (Najm ad-Din Ayyub) ao atravessar o rio Tigre. -- Foi nesta situação tumultuada que o filho de Mahmud II, Ghyas ed Din Massud, foi deposto por Sandjar, substituindo-o por Toghrul II. 1132 -1133 - O governo do Jibal foi exercido por Toghrul II, filho de Muhammad I. 1132 (continuação) - Em 6 de junho, Taj al Muluk Buri, atabegue de Damasco, já convalescente de seu ferimento, com imprudência foi passear a cavalo, abrindo sua ferida e morrendo. Foi sucedido por Shams al-Muluk Isma’il (Ismail ou Ismael), que retomou, em agosto, as cidades de Hama, Shaizar e a fortaleza de Shâqîf Tirun (pertencentes a Zengi); além da fortaleza de Baniyas (junto ao monte Hermon. no caminho entre Damasco e Jerusalém) dos Nizaritas (esta última em 15 de dezembro). --- O emir Zengi planejou tomar Damasco após a morte de Buri, mas teve que abandonar este plano, por causa de sua intervenção em Bagdá. Em 13 de junho travou nova batalha contra as tropas do califa; este contra-atacou indo para Mossul e cercando-a. Zengi 60 conseguiu aguentar o cerco da cidade por 3 meses; quando recebeu a ajuda do sultão Toghrul II, forçando a retirada do califa Al-Mustarchid. --- No norte da África, os Almohades escolheram como seu governante a Abd al-Mu’min, que se tornará o primeiro califa desta dinastia. 1133 - Em janeiro, diante da vitória do califa Al-Mustarchid no ano anterior, os turcos (entre eles Zengi) se uniram e escolheram como sultão a Ghiyath ad-Dîn Mas`ud no lugar de Toghrul II. --- Uma milícia cristã atacou Sevilha e matou seu governador (o murabituno Abu Hafs Umar ibn Ali ibn al-Hajj. Este ataque foi abortado, a seguir, por Tashfin ibn Ali ibn Yusuf. 1133 a 1152 - O Sultanato do Iraque, o Azerbaijão persa e a Pérsia ocidental estiveram sob o governo de Ghiyath ad-Dîn Mas`ud (filho de Muhammad I) sustentado por Sanjar. -- A partir do final de seu governo iniciou-se o processo de decadência do Império Seldjúcida. 1133 (continuação) - O sultão foi para Bagdá para ser homologado em seu poder pelo califa, que o repreendeu fora da cerimônia desta homologação. -O ex-sultão Toghrul II, não aceitou sua substituição no cargo, foi reconhecido pelas províncias orientais e entrou em conflito contra Massud, mas foi vencido em 27 de maio. --- Em outubro, bandos nômades turcomanos atacaram o Condado de Trípoli e cercaram o conde Pons em Montferrand (Bar’in), mas foi salvo pela investida do rei Folco de Anjou de Jerusalém. -- Os Assassinos (ou Nizaritas), que se centravam na região montanhosa entre Hama e Lataquia (na Síria), adquiriram a fortaleza de Qadmûs (denominada Cademois pelos cruzados) do senhor da fortaleza de Al-Kahf, Sayf ad-Dîn. Entre dezembro de 1133 e janeiro de 1134, ocorreu a Batalha de Qinnesrin (antiga Cálcis, ao sul de Qadmûs), entre os turcos de Alepo (sob o emir Sawar) e as forças coligadas dos Ismaelianos de Qadmûs e o rei de Jerusalém, Folco de Anjou. Os coligados atacaram à noite e fizeram uma verdadeira carnificina e conseguiram grande butim. --- O imperador bizantino João II Comneno realizou campanhas vitoriosas contra o emir Danichmendita Malik Ghazi II Gümüchtegin na Capadócia. 1134 - Em setembro, o rei Folco V de Jerusalém invadiu Hauram (na Síria). Ismail, o novo atabegue de Damasco, conseguiu o recuo do invasor franco, procedendo a uma contra-ofensiva sobre o Reino de Jerusalém e forçando-o a assinar uma paz temporária. Internamente, porém, Ismail conseguiu contrariar os damascenos ao elevar a carga fiscal, não seguindo os conselhos de seu pai, nem de seu avô Tughtekin. Sob a justificativa de que os chefes dos descontentes tramavam sua morte, mandou encarcerá-los e executá-los; entre eles até o seu irmão Sawinj, que morreu de fome num calabouço. A situação interna ficou tão instável que Ismail entregou Damasco a Zengi. --- O emir danichmendita Malik Ghazi II Gümüchtegin ao morrer, em setembro, deixou um vazio permeado de guerra civil, facilitando ao imperador João II Comneno em tomar a cidade de Gangra (na província de Galatia), onde ficou uma guarnição militar, assinando, antes, um acordo com o sultão Massud I de Rum. Desta forma, o Império Bizantino voltou a ser uma potência marítima, afirmada mais ainda com a submissão do Reino da Pequena Armênia (Cilícia). --- Na Península Ibérica, em setembro, se protagonizou a Batalha de Fraga, na qual o rei Afonso I, o Batalhador, à frente de suas tropas aragonesas enfrentou os Almorávidas (comandados por Tachfin ben Ali), mas aí encontrou a morte; mas os cristãos foram vitoriosos graças à ajuda da cruzada normanda de Tarragona conduzida por Roberto Burdet. 1134 a 1156 - Processo de conquista de Ifrîqiya pelos normandos da Sicília: caíram Djerba (1134/35), Kerkennah (1146), Sfax e Mahdia (1148). A partir daí Ifrîqiya manteve relações comerciais com Pisa e Gênova. 1135 - Em janeiro, como o atabegue Ismail de Damasco solicitou a intervenção de Zengi, este o atendeu; mas Ismail foi morto por Zomorrod (Esmeralda), sua própria mãe, que colocou no poder o seu irmão Mahmud. Zengi cercou a cidade, que estava sendo defendida pelo turco Mu'in ad-Din Unur. Em 16 de março, após vários confrontos sem resultados definitivos, Zengi conseguiu das pessoas eminentes da cidade o reconhecimento nominal de sua suserania. Um mês depois, Zengi tomou a fortaleza de al-Atharib. Depois disso, para melhorar o moral de suas tropas, Zengi seguiu mais para o norte e conquistou praças fortes ao Principado de Antióquia na área de Além Orontes (Maara, Zerdana e Kafr Tab), que estavam colocando em perigo seu emirado em Alepo. -- Ainda em março, o sultão Ghiyath ad-Dîn Mas`ûd, do Iraque, se desfez de seus competidores e retomou sua autoridade ao califa Al-Mustarchid de Bagdá, que estava sem apoio nenhum dos emires. Em 14 de junho, o sultão o prendeu na Batalha de Dâimarg (entre Bagdá e Isfahan) e mandou matá-lo 2 meses depois (em sua tenda a punhaladas, sendo cortados seu nariz e as orelhas). Em 8 de setembro, foi proclamado novo califa: al-Rashid (Rachid). -- Neste ano ainda: Na África: Na Etiópia (antigo Reino de Axum) os Salomônidas foram substituídos pela Dinastia Zague (cristã ortodoxa). --- O primeiro rei normando da Sicília, Rogério II de Hauteville (também Duque da Apúlia) conquistou a Ilha de Djerba no Golfo de Gabes (em Ifrîqiya, atual Tunísia). --- Os Hamadidas (dinastia reinante no nordeste da Argélia atual) atacaram o porto de Mahdia em Ifrîqiya. --- Na Ibéria Moura foi reconquista a cidade de Mequinenza, no baixo vale do Ebro, pelos Murabitunos (sob a chefia de Yahya ibn Ghaniya e Said ibn Mardanish). 1135 (8 de setembro) a 1137 - Califado de Rachid, filho de Mustarchid. Seu curto governo assistiu ao conflito entre Sanjar e Ghyas ed Din Massud. Este após tomar Bagdá, reuniu os notários e juízes decretando sua incapacidade para governar. 1135 a 1138 - O imperador bizantino João II Comneno realizou operações militares com incursões e conquistas na Galacia (tomando Gangra) e Cilícia (se apoderando de Kastamuni) e Alta Mesopotâmia (conquistando Melitene) aos turcos Danichmenditas. Em 1137 os Armênios da Cilícia e Raimundo de Poitiers (príncipe de Antióquia) se submeteram a ele. Com tais conquistas o Império Bizantino estendeu suas fronteiras até os rios Halys (na Palestina) e Alto Eufrates, voltando a ser uma potência marítima. --- O emir tirano de Damasco Shams al-Mulk Ismail foi assassinado por ordem de sua mãe, sendo substituído por seu irmão Shihab ad-Din Mahmud (governou até 1135-1136 a 1225 – No Lorestan e nos Zagros, os Ildegozidas (ou ATĀBAKĀN) , foram os ‘grandes atabegues’ no sultanato seldjúcida do sudoeste da Pérsia; chegaram a controlar os sultões no período entre 1160 a 1181. Outra versão: Se dividiram em duas dinastias, conforme a Enciclopédia Irânica: a dos atabegues do Grande Lorestān (exercendo o poder de 1155 a 1424) e a dos atabegues do Pequeno Lorestān (exercida pela tribo dos Jangardi, em Ḵorramābād, no período de ~1184 a 1597). 1136 - Em abril, a Ordem dos Hospitalários recebeu de presente a fortaleza de Bethgibelin, entre Hebron (nas colinas da Judéia) e Ascalão (no litoral do Mediterrâneo Oriental). -- Em novembro, Balduíno II realizou ataque à cidade de Damasco, ajudado por Guilherme de Burres e pelo grão-mestre Templário, Hugo de Payns. Guilherme de Burres, objetivando saquear a cidade, sendo o primeiro a atacar, mas suas tropas foram praticamente massacradas pelos muçulmanos. Balduíno II não pode prosseguir o ataque por causa de uma chuva violenta que paralisou sua movimentação. --- Na Argélia, os Hammadidas conseguiram repelir um ataque ao porto de Bugie (Bejaia) realizado pelos genoveses. 1137 - Em março, Zengi (atabegue de Mossul) atacou o Condado de Trípoli e travou combate com seu conde, Pons, em Monte Pelegrino, de resultado duvidoso; os soldados do emir, no entanto, entraram na tenda do conde franco, o capturaram e o levaram a Zengi, que mandou executá-lo. -- Após várias incursões armadas na região entre os Montes Taurus e o Alto Eufrates contra principados armênios independentes, uma armada imperial bizantina (em 19/4) se aglomerou em Atália, aí chegando o imperador pelo mar. Tudo o que o rei armênio Leão (da dinastia dos Arsácidas, o mais importante da região), tinha conquistado (como Adana, Tarso e Mopsueste), foi tomado pelas forças imperiais no inverno. O rei Leão e seus filhos se evadiram para os Montes Taurus, --- Zengi, em junho, assediou a cidade de Homs (Emeso) que era do emirado de Damasco; este (sob o governo de Mu'in ad-Din Unur) solicitou a ajuda ao rei de Jerusalém (Folco V de Anjou). Zengi os enfrentou, cercou as fortalezas de Montferrand (ou Baarin) e de Rafaneia, aprisionou o rei de Jerusalém e o novo conde de Trípoli (Raimundo II), em 10/20 de agosto; depois os libertou sem resgate na iminência de ataque do imperador João II Comneno. Neste ínterim, O imperador bizantino partiu da Cilícia, cercou Antióquia e impôs a vassalagem ao príncipe Raimundo de Poitiers (em 10-20 de agosto). --- Em maio-junho o vassalo de Sandjar da Transoxiana, o caracânida de Samarcanda, Rokn ed-Dîn Mahmoûd, sofreu derrota diante de YeLiu Ta che (primeiro khan Qara-Kitai do Turquestão oriental) em Ferghana. --- Depois que o sultão Massud conseguiu restabelecer sua autoridade internamente, reuniu um conselho que decidiu a demissão do califa al-Rashid; este fugiu para Isfahan onde foi apunhalado (em 1138). --- Neste ano: Efetivou-se o primeiro tratado comercial entre os cristãos e os Almohades no norte da África, em que os genoveses conseguiram privilégios comerciais na área de atuação daqueles bérberes. --- O litoral sul da Península Itálica, sob dominação do Reino da Sicília, foi atacado por uma frota naval dos Almorávidas. 1137 a 1160 - Califado de Al Muqtafi (Muqtafî liamr Allah Abu 'Abd Allah Muhammad), filho de Mustazhir billah e tio de Al-Rachid. Sua autoridade estava restrita inicialmente a Bagdá, onde esteve tutelado pelo sultão turco seldjúcida Massud, mas as disputas entre estes seldjúcidas lhe permitiu estender sua autoridade sobre todo o Iraque. 1138 - Em abril, o imperador bizantino João II Comneno colaborou com o príncipe de Antióquia, Raimundo de Poitiers, na retomada de praças entre Antióquia e Alepo. Em 1 de abril tomou al-Balat; uma semana depois, Bizaa; em 20 de abril desistiu de ocupar a fortaleza de Sawar por ter recebido reforços de Zengi. Desviou-se para o sul e se apoderou de Athareb, 2 dias depois; a seguir, foi a vez de Maarat al Numan e Kafartab (dias 25 e 27 de abril). Sitiou a cidade-fortaleza de Chaizar (ou Schaiar, no vale médio do rio Orontes) defendida pelo emir Sultan ibn Munqidh, em 28 de abril. Este último firmou a paz com o imperador e lhe prometeu entregar a cruz perdida na Batalha de Mantzikert (em 1071). João II Comneno fracassou, porém, contra Alepo (capital de Zengi); em Antióquia, teve que recuar ao estourar uma revolta liderada por Joscelino (Juscelino)II de Edessa. -- Ao retornar para sua capital, o turco seldjúcida Zengi renovou sua soberania sobre os territórios invadidos pelo imperador. Simultaneamente, o imperador se defrontou com o sultão Massud, que tinha invadido território bizantino e o venceu. Chegou à Constantinopla depois de 3 anos de guerras. -- - Em 11 de outubro ocorreu 61 um sismo devastador em Alepo. - Neste ano, um dos vassalos do sultão Sanjar, o turco Atzîs, de Kharezm (Khwârezm) pretendeu se tornar independente, valendo-lhe a intervenção do sultão que o venceu em Hézârasp (Atziz voltou depois e conseguiu ser perdoado pelo sultão em 1141). 1139 - Em junho, o meio irmão do atabegue de Damasco, Mahmud, chamado Jemal ad-Din Muhammad (Shihab ad-Din Mahmud), o sucedeu após seu apunhalamento por 3 de seus escravos, enquanto dormia. --- Em 25 de julho se efetuou a Batalha de Ourique, na qual Afonso Henriques, do Condado Portucalense, neto de Afonso VI, rei de Castela, venceu os Almorávidas, dos quais tomou a cidade de Ourique; os soldados o proclamaram rei de Portugal. --- De 19 de agosto a 21 de outubro, o emir Zengi cercou e tomou Baalbek (no vale de Bekaa), massacrando sua guarnição damascena. Em 6 de dezembro, Zengi cercou Damasco, se aproveitando da saída dos bizantinos da região e do assassinato do seu atabegue. A resistência ao cerco coube ao vizir Aynard (Unur) e se prolongou até maio de 1140 sem sucesso. --- Neste ano, o imperador bizantino João II Comneno finalizou sua campanha militar na Anatólia contra o emir Danichmendita Malik Ghazi III Gümüchtegin; este apelou ao duque Constantino Gabras (de Trebizonda) e se apoderou da fortaleza de Vakha (ou Feke); o imperador João II conseguiu, no entanto, sustar seu avanço sobre a Bitínia e a Paflagônia. 1140 - Ao iniciar-se o ano, o emir regente de Damasco ((Mu’im ad-din Unur) enviou a Jerusalém (sob o rei Folco de Anjou) uma embaixada sob a chefia de Usama Ibn Munqidh para negociar uma aliança frente ao cerco de Damasco por Zengi e de união contra futuros perigos e cobertura dos gastos militares pelos damascenos. Os aliados tomaram a fortaleza de Baniyas e forçaram Zengi a sair de Damasco, em 4 de maio e depois de Baalbek. Zengi, em seguida, passou a guerrear os Ortoquidas e os Curdos em torno de Mossul. Unur, por sua vez, colaborou com o rei de Jerusalém, como forma de gratidão, para se apoderar de Paneias (na Alta Cilícia, fronteira com o emirado de Zengi).— Simultaneamente, o príncipe de Antióquia encarregou um dos seus notáveis de aumentar o poder de defesa de Margat. --- O imperador João II e seu sobrinho João Tzelepes retomaram a fortaleza de Vakha, repeliram Malik Ghazi III da Bitínia e Paflagônia, o perseguiram até a fortaleza de Niksar ou Neocesareia (ao norte da Anatólia, no Ponto), que foi cercada sem sucesso por 6 meses (final de 1140). João Tzelepes abandonou o imperador neste cerco ( segundo alguns autores foi aprisionado), indo para a corte do sultão Massud de Rum; se converteu ao islamismo e se casou com uma das filhas do sultão. Enquanto o imperador retornava para Constantinopla pelo Mar Negro, os turcos seldjúcidas chegaram até próximo de Antalia. --- A partir deste ano, em Marrocos, recrudesceu a campanha militar dos Almohades contra os Almorávidas em direção aos oásis do sul, se apoderando de Taza e Tetuan. 1140 - 1141 - Os Almohades, em processo de expansão, se apoderaram do oásis em Taza (Marrocos) e, mesmo recuando diante de Ceuta, conseguiram se apossar de Melilla e Alhoceima, na Península Ibérica aos Almorávidas. 1141 - O sultão Ahmad Sandjar foi socorrer seu vassalo da Transoxiana, o caracânida Rokn ed-Dîn Mahmoûd, mas foi vencido pelo Qara-Khitai budista Ye-Liu Ta che na estepe de Qatwân (ou Katwan, ao norte de Samarcanda) em 9 de setembro. A partir daí, a Transoxiana passou à soberania de Ye-Liu Ta che. Este invadiu Khwarezm e Atzis teve que se sujeitar a ele, pagando-lhe tributo. --- Em 5 de agosto morreu o escritor, místico e poeta persa Ahmadi Jadi, apelidado ‘sheikh’, isto é, ‘um velho sábio’. 1142 - O imperador João II Comneno realizou nova campanha militar na Síria com o intuito de recuperar Antióquia, acompanhado de seus 4 filhos. Quando chegou a Antalia, seu filho e herdeiro do trono, Aleixo, morreu de uma febre fulminante, em 2 de agosto. Incumbiu, então, seus filhos Andrônico e Isaac a levarem o corpo de Aleixo para enterrar em Constantinopla, ficando com o filho Manuel. -- Raimundo de Poitiers recusou a entrada do imperador João II Comneno em Antióquia (25 de setembro). Em represália, o imperador promoveu uma devastação no entorno da cidade. - Nesse ano: Morreu o almorávida Alib ben Yussef, sendo sucedido pelo filho Tachfin ben Ali, que não conseguiu conter o avanço cada vez maior dos Almohades. Iniciou-se, assim, o processo de fragmentação de Al-Andaluz (Espanha Muçulmana). - Devido à ameaça do emir Zengi, o conde Raimundo II de Trípoli entregou aos Hospitalários a guarda da Fortaleza do Krac, de notável posição estratégica nos Montes Líbano. --- O emir do porto de Mahdia, enfraquecido pelo insucesso em combater a fome que grassava localmente, acabou se submetendo como protetorado do Reino da Sicília, sob Rogério II de Hauteville. 1143 - Em 8 de abril, morreu o imperador João II Comneno, alforriando-se desta forma, o Condado de Antióquia da suserania imposta por ele. Raimundo de Poitiers, conde de Antióquia, se aproveitou para arrasar a Cilícia, mas o novo imperador Manuel I mandou tropas para fazer o mesmo no condado. - Em 26 de junho, foi abortado um ataque a Trípoli por parte dos normandos da Sicília. Seu rei, Rogério II, conseguiu, entretanto, sucesso em Djidelli, Sussa e Sfax. Deste ano até 1146, durante o verão, ele saqueou o litoral de Ifrîqiya. --- Por volta de 10 de novembro, o rei Folco de Jerusalém morreu após cair do cavalo. Foi sucedido pelo filho menor Balduíno III, tendo como regente a sua mãe Melissanda até 1152. -- Raimundo de Poitiers e Joscelino (Juscelino)II de Edessa se aproveitaram da morte do rei de Jerusalém, para extravasar seu ódio recíproco, condicionando a invasão do Condado de Edessa por Zengi em 1144. - No final de novembro, Zengi (se aproveitando da menoridade de Balduíno III) cercou a cidade de Edessa, cuja defesa coube ao bispo Hugo II que se negou à rendição proposta pelo emir. A artilharia muçulmana cavou a muralha e tomou a cidade na véspera de Natal. Todos os habitantes cristãos foram reduzidos à escravidão, ficando livres apenas os sírios e armênios. Depois Zengi e seu exército ocuparam o condado até o rio Eufrates. A queda de Edessa causou tal perplexidade no Ocidente, que o Abade de Claire começou a pregar outra cruzada: foi a II Cruzada de 1147. -- Diante da perda da Transoxiana pelo sultão Sandjar, o shah de Kharezm, Atziz, se revoltou e invadiu Khorassan, ocupando Merv e Nichapur. --- O rei normando da Sicília não teve sucesso em ataque ao estratégico porto de Ceuta (que controlava a navegação pelo Estreito de Gibraltar, no lado norte africano), mas foi frutuoso a sua incursão ao porto de Sfax (em Ifrîqiya). --- O teólogo e astrônomo inglês Roberto de Ketton (radicado na França) foi o primeiro na Europa cristã a traduzir o Corão para o latim (língua culta da Europa na Idade Média e da Igreja até o Concílio Vaticano II). --- No norte da África: Abd el-Mumen, se aproveitando da morte do almorávida Ali ben Yussef, para se assenhorear de Melilla e Al-Hoceima (no norte de Marrocos, que passou a ser o centro de suas operações militares). Daí partiu para o ataque e ocupação de Oran (na Argélia), dos Almorávidas. 1143 (10 de novembro) a 1163 - Reino de Balduíno III, filho de Folco V d’Anjou, em Jerusalém, inicialmente tendo como regente Melisenda. 1143-1144 - Reação militar de Sandjar contra Atsîz invadindo Kharezm, forçando pela segunda vez, em Urgendj, Atsîz a se tornar seu vassalo. 1143 a 1146 - O rei da Sicília, o normando Rogério II de Hauteville, neste período, durante o verão, saqueou o litoral de Ifriqiya. 1144 - No final de novembro, Zengi (se aproveitando da menoridade de Balduíno III) cercou a cidade de Edessa (Urfa), cuja defesa coube ao bispo Hugo II, que se negou à rendição proposta pelo emir. A artilharia muçulmana cavou a muralha e tomou a cidade na véspera de Natal. Todos os habitantes cristãos foram reduzidos à escravidão, ficando livres apenas os sírios e armênios. Depois Zengi e seu exército ocuparam o condado até o rio Eufrates. Sua vitória lhe valeu a fama de ‘defensor da fé’ entre os muçulmanos. A queda de Edessa causou tal perplexidade no Ocidente, que o Abade de Claire começou a pregar por outra cruzada: foi a II Cruzada de 1147. Com a conquista de Edessa, a soberania de Zengi se estendeu pela Mesopotâmia Setentrional e pelo interior da Síria. --- No norte da África: A morte do renegado cristão Reverter da Guardiã (que comandava os almorávidas em Marrocos) facilitou as conquistas dos Almohades. 1144 a 1146 - O imperador bizantino Manuel I Comneno, preocupado com a penetração dos turcos seldjúcidas pelos vales do Gediz e do Meandro, se aliou com o emir danichmendida de Siwas e mandou expedições contra o sultão de Rum (Massud) neste período. Ele conseguiu expulsar os turcos e obteve uma vitória em Akşehir, após devastar os arredores de sua capital, Konia (ou Iconium). 1145 - No início deste ano, os habitantes de Córdoba desalojaram o governo almorávida, substituindo-o pelo emir Hamdin ibn Huhammad; mas, em março, um aventureiro de Saragoça lhe usurpou o poder, não aceito pelos cordobenses, tendo que fugir, assumindo o poder de novo Hamdin. Mais uma vez este último foi destituído por Yahya ibn Ali ibn Ghaniya (governador das Ilhas Baleares e aliado dos Almorávidas). --- No norte da África, os Almohades perseguiram Tachfin ben Ali, que foi encontrado em Oran em 22 de fevereiro (morrendo ao se jogar num precipício); esta cidade foi tomada e continuaram sua investida, ocupando Ujda e Guercif. Tachfin ben Ali foi sucedido pelo filho Ibrahim ben Tachfin, que governou até 1147. --- Em novembro chegou em Viterbo uma embaixada armênia pedindo a ajuda do papa Eugênio III para a luta contra o emir de Mossul que se apoderara do Condado de Edessa. Em 1 de dezembro, este papa publicou uma encíclica, pela qual concedia indulgência aos que lutassem no socorro ocidental ao Patriarcado Latino de Jerusalém: era o germe religioso da II Cruzada e do princípio jurídico do ‘privilégio de cruz’. --- Neste ano, criou-se em Portugal, pelo rei Afonso I, a Ordem de Aviz para combater os muçulmanos na Espanha.--- Data desta época a primeira menção ao lendário rei cristão ‘Prestes João’ que ajudaria os cruzados no Oriente.--- Em Toledo, na Espanha, eclodiu uma rebelião contra os judeus e os franceses. --- Estimativas demográficas demonstram que Merv (hoje chamada de Mary), importante ponto na Rota da Seda, tinha uma população superior à da capital bizantina. --- Os normandos do Reino da Sicília atacaram com sucesso a região da Tripolitânia. 1146 - Afonso VII (rei de Castela e Leão desde 1126 e ‘imperador’ da Espanha desde 1135) venceu os mouros nas proximidades de Albacete, na Planície de Chinchilla, na qual o emir Sayf al-Dawla al-Mustansir foi morto, em 5 de fevereiro. Continuando sua investida militar entrou em Córdoba no dia 23 de maio.-- Em 23 de março, em uma uma assembléia na cidade religiosa de Vezelay, na França, S. Bernardo de Clairvaux pregava a II Cruzada em face da queda de Edessa. --- Em 16 de junho, o rei da Sicília, Rogério II, conquistou Trípoli, depois tomou aos Ziridas de Ifrîqiya as cidades de Barka e Kairuan.--- Em 14 de setembro, Alepo, teve como novo atabegue a Nur al-Din Mahmud até 1174. Enquanto o seu irmão, Saif ad-Din Ghâzi se tornou o governante de Mossul. --- Em campanha militar contra o principado de Qal'at Ja'bar, seu súdito, que dificultava a ligação entre Alepo e |Mossul, o emir 62 Zengi foi morto por um eunuco, na noite de 14 para 15 de setembro. Em 27 de outubro, a população armênia de Edessa, aproveitando-se do assassinato de Zengi, se revoltou tendo a ajuda de Joscelino II, despertando o revide de Nur ad-Din (filho e sucessor de Zengi) atacando e tomando a cidade, em 3 de novembro, antes mesmo que Jocelin II pudesse se defender, não lhe restando senão a fuga para a Armênia; enquanto isto, os armênios foram trucidados , os que puderam migraram para a Cilícia. --- No norte da África, os Almohades (continuando seu processo de dominação de Marrocos) cercaram por nove meses a cidade de Fez, enquanto seu líder Abd al-Mumin (ou el Mumen) se apoderava de Meknes, Salé e Sebta. 1147 a 1149 - II Cruzada ou Cruzada dos Reis, pois era chefiada pelo imperador Conrado III (do Sacro Império Romano Germânico) e do rei capetíngio da França Luís VII (junto com sua esposa Leonor de Aquitânia, que foi acusada de incesto com seu tio Raimundo de Poitiers, príncipe de Antióquia) e constituída de senhores feudais franceses, alemães, normandos, ingleses, flamengos, bem como de ‘ladrões, assassinos e peregrinos’, conforme o seu próprio pregador S. Bernardo de Clairvaux. Saíram em maio de 1147 e chegaram à Constantinopla no começo de outubro; aí se desentenderam com o imperador Manuel I. 1147 -.Em janeiro ocorreram dois movimentos contrários em al-Andaluz: de um lado os Almohades, desembarcaram no pais sob o comando de Abd alMumim e se apoderaram de Sevilha (no dia 17); por outro lado, os cristãos, após terem ido até Granada, chegaram à cidade de Córdoba (no fim do mês). Em 15 de março o rei Afonso I de Portugal, ajudado pelos Templários, reconquistou a cidade de Santarém Em 23 de março, os Almohades (ainda com Abd al Mumin) terminaram sua conquista na África ao tomarem e saquearem Marrakech, assassinando o último chefe Almorávida (Ishaq ben Ali). Estava definitivamente destruído o Império Almorávida. --- De 1 de julho a 25 de outubro, na Península Ibérica, o rei Afonso I de Portugal, auxiliado por uma cruzada anglo-flamenga (que por ali passava em direção ao Oriente), cercou e se assenhoreou do porto de Lisboa. --- Em 17 de outubro a cidade de Almeria, na Espanha, foi ocupada pelos cristãos coligados (Afonso VII de Castela e Leão, Sancho Ramirez IV de Navarra e Ramon Berengar IV de Aragão e genoveses). O papa Eugênio III concedeu aos seus conquistadores o ‘privilégio de cruz’ e a indulgência dele decorrente. - No dia 26 de outubro, ocorreu a Segunda Batalha de Dorileia em que o imperador alemão Conrado III (um dos chefes da II Cruzada) sofreu baixas enormes de seu exército pelas ações de emboscada pelo turco seldjúcida Massud I (filho de Kiliç Arslan I) em Esqui-Cheir (Dorileia), forçando-o a retroceder para a cidade de Niceia (atual Iznik na Turquia). --- Neste ano: Nur ad-Din se apoderou de Artah ou Artésia ao principado de Antióquia (governado por Raimundo de Poitiers).—Ainda neste ano na Espanha: A fortaleza muçulmana de Qal’at Rabah (ou Calatrava, em espanhol), à margem do rio Guadiana, foi conquistada pelo rei Afonso VII, que a entregou aos Templários (dez anos depois a passaram ao rei Sancho III, pela dificuldade que tiveram de defendê-la diante dos Almohades). -- Emires se rebelaram contra o sultão Massud, mas não tiveram sucesso. --- Gabes, em Ifrîqiya, foi conquistada por uma frota naval sículo-normanda mandada por Rogério II de Hauteville. --- No norte da África, os Almohades, após sua vitória em Tlemcen contra os Almorávidas, atacaram e venceram o líder almorávida Ibrahim ben Tachfin em Oran (onde este último morreu lutando). Em seguida, os Almohades invadiram e tomaram, em 4 de março, a capital almorávida, a cidade de Marrakech (sendo morto seu governador, Ishaq bem Ali), forçando os Almorávidas à fuga para as Ilhas Baleares. O líder almohade Abd al Mumin iniciou a construção da Mesquita de Kutubia (em Marrakech) para comemorar este feito. 1147 a 1163 - Processo de dominação de Al-Andaluz pelo Almohade Abd al-Mumim, tornando a Espanha uma dependência do Império Almorávida, tendo como capital a cidade de Sevilha. 1147 a 1269 - Dinastia dos Bérberes Almohades em Marrocos. Seu fundador, Abd al-Mumin criou uma monarquia hereditária ; submeteu os Hilalianos parcialmente e nomeou seu filho como chefe das províncias. 1148 - II Cruzada - Em 6 de janeiro, o rei capetíngio Luís VII, após seguir o caminho do litoral da Anatólia, sofreu perdas imensas diante dos turcos na Batalha do Monte Cadmos (no desfiladeiro de Pisídia). Mesmo assim, chegou ao porto de Antalia (Adália ou Satália), em fevereiro. Em 25 de março ele e sua mulher Leonor de Aquitânia chegaram à Antióquia, onde se enciumou pelas intimidades da esposa com o seu tio, Raimundo de Poitiers, príncipe de Antióquia. Em função disso se recusou a combater o atabegue Nur-ad-Dim, de Alepo e libertar Edessa. De Antióquia foi para Jerusalém, onde se encontrou com o imperador alemão Conrado III de novo (que aí chegara em abril). Os nobres locais acertaram com eles uma reunião em S. João d’Acre, onde planejaram detalhes da ofensiva antimuçulmana contra Damasco. Nesta reunião estavam presente as tropas dos reis Conrado III da Alemanha e Luís VII da França, além dos Condes de Auvergne e Savóia, do Marquês de Montferrat; ingleses, flamengos e frísios (estes 3 últimos ajudaram o rei português Afonso Henrique de Portugal a retomar Lisboa aos mouros). Em 24 de junho, a reunião esteve sob a presidência do rei de Jerusalém, Balduíno III, e sua mãe (a notória Melisanda) que vieram com barões e bispos dos Estados Cristãos. Tomou-se a decisão de atacar Damasco. Em julho o exército franco passou por Banias e, em 24 de julho, iniciou-se o cerco de Damasco, acampando as tropas, primeiro ao sul e depois a leste da cidade (na planície cultivada do Oásis de Ghuta). Ocorreram os conflitos em 4 dias: no dia 24, houve ataque dos damascenos (tendo à frente seu atabegue Unur) sem sucesso e os cristãos deixaram seu acampamento; no dia seguinte, no entanto, continuaram os confrontos; no dia 26, começaram a vir reforços muçulmanos de cavaleiros curdos, árabes, turcos e mesmo de Nur ad-Din de Alepo e seu irmão de Mossul (Saifeddin ou Sayf ad-Din Ghâz), a pedido do governador de Damasco, Mu'in ad-Din Unur; no dia 27, o governador de Damasco fustigou com sua cavalaria os cruzados, que se retiraram para Jerusalém. Assim terminou em fracasso a II Cruzada. Com o retorno da II Cruzada para a Europa firmou-se o conceito de que o Império Bizantino era um estorvo aos intentos dos Cruzados. --- Em setembro, o filho de Afonso Jordão, Bertrando, pleiteou o Condado de Trípoli e, assim, cercou e se apoderou da fortaleza de Araîma (perto de Tortosa). Raimundo II, conde de Trípoli, pediu a ajuda militar de Nur ad-Din, retomando Araîma e prendendo Bertrando. --- Fora da ação das Cruzadas: Os emires, novamente fracassaram ao se insurgiram contra o sultão Massud, proclamando seu sobrinho Malik Shah em seu lugar. --Fim da Dinastia dos Ziridas em Ifrîqiya pelos normandos da Sicília (comandados por Rogerio II de Hauteville) ao se apoderarem de Mahdia (ou Mehdia, em 22 de junho), depois de Susse (1 de julho) e Sfax (12 de julho), se aproveitando da fraqueza do governo local e da fome da população. --- Na Espanha, os Almohades se apoderaram de Córdoba, em maio ou junho deste ano. - Ceuta se revoltou contra os Almohades, seguindo o exemplo de outras cidades de Marrocos, como Meknes e Sijilmassa com al-Massati. --- O rei de Portugal, Afonso I, se apoderou da cidade de Abrantes aos mouros. 1148 a 1424 - No sudoeste da Pérsia, no Grande Lorestan (junto aos Montes Zagros) governaram os atabegues Hazaraspidas sob os Turcos Seldjúcidas, os Il-Cânidas, os Muzaffaridas e os Timuridas. 1149 - Na Espanha, em 11 de janeiro, os Almohades derrotaram o almorávida Yahia ben Ghania na planície de Granada. --- No Oriente Médio, em 29 de junho, na Batalha de Inab (ou Font-Muret), Raimundo de Poitiers, príncipe de Antióquia, foi preso numa campanha contra Nur ad-Din (que tinha dominado as áreas adjacentes ao castelo de Hârim) por Shirkuh (general curdo a serviço de Nur ad-Din) e decapitado, sendo sua cabeça mandada ao califa de Bagdá. O Principado de Antióquia (reduzido a cerca da metade pelas conquistas de Nur ad-Din de Apaméia, Harim, Albarah, Artah) passou a ser governado por Reinaldo de Chatillon e sua esposa Constança. --- Cerca de 2 meses depois, morreu de disenteria o regente de Damasco, Mu'in ad-Din Unur, passando a governar Mujir ad-Din Abaq (adolescente de 16 anos, herdeiro de Tughtekin). -- Neste ano morreu Saif ad-Din Ghazi, irmão de Nur adDin, governador de Mossul, sendo esta cidade ocupada por Qutb ad-Dîn Mawdûd. 1149 -1150 - Desde a vitória de 11 de janeiro de 1149, os Almohades, comandados pelo general Barraz, caçaram os últimos Almorávidas e expulsaram os cristãos de vários lugares. 1150 - Durante a II Cruzada, os Fatímidas fortificaram com 56 torres a cidade de Ascalão, no litoral sírio-palestina, visto que era estratégica para eles, pois protegia a estrada litorânea em direção ao Egito, além de servir de ponto de apoio de ataques aos Estados Cristãos da Palestina. Ela era abastecida por mar por navios vindos de Alexandria; por terra, através de caminhos na Península do Sinai.--- Para cercar esta fortaleza egípcia os cristãos construíram outra nas ruínas de Gaza, ao sul. --- Em abril o atabegue Nur ad-Din tentou em vão conseguir a aliança de Damasco (governado por Mujin ad-din Abaq) contra os francos. Nur ad-Din acabou desistindo de se apoderar de Damasco, sob a condição de ter seu nome (e o do califa) lembrado nos sermões da mesquita local e que sua moeda fosse cunhada com seu nome (em 12 de maio). — Neste ano os sunitas chamados de Auridas (montanheses da região de Gur ou Gor, entre Herat e Bâmiyan, no atual Afeganistão) tomaram e saquearam a capital dos Ghaznávidas, Ghazni, sob o comando de Alah ad-Din Hoseyn (apelidado de ‘o Incendiário do Mundo’). Os ghaznávidas fugiram para a Índia. --- Ainda neste ano, a situação política na Ásia Menor tornou-se extremamente instável com a revolta dos armênios da Cilícia contra o Império Bizantino (sufocada em 1158) e da aliança entre Nur ad-Din e o sultão Massud, colocando em situação difícil os Estados Latinos do Oriente. --- Joscelino (Juscelino) II, saiu de Edessa para a Antioquia para solicitar auxílio militar, mas, no caminho, foi aprisionado por bandidos, que o venderam a Nur ad-Din, que o levou para Alepo, onde ficou por 9 anos. --- Neste ano, a cidade fortificada de Turbessel (próxima da cidade hoje chamada de Gaziantep), a última ainda restante do Condado de Edessa, foi cedida ao imperador bizantino. --- O porto de Faselis, na Lícia (sul da Anatólia) foi ocupado pelos seldjúcidas. 1150 a 1200 - A corte dos califas abássidas se tornou soberana apenas no Iraq’Arabi (‘província dos árabes’); enquanto os turcos seldjúcidas do Irak Adjemi (ou Ajemi, isto é, dos que não entendiam nem falavam árabe, como a Pérsia) governavam o restante do território, mas sucumbiram diante dos turcos kharezmianos em 1194. 63 1151 - Em 12 de julho, a cidade de Turbessel, que havia sido cedida pela condessa Beatriz de Edessa aos bizantinos, foi tomada por um lugar-tenente de Nur ad-Din. Este, por sua vez, conseguiu tomar Edessa e todo o condado. --- Neste ano: Thoros II, rei da Pequena Armênia ou Cilícia, filho e sucessor de Leão I, fugiu da prisão e conseguiu retomar seu reino: ele conseguiu superar dois ataques armados dos bizantinos. --- Na Península Ibérica: O almohade ibn Qasi (ou Abu al-Qasin Ahmad ibn al-Husayn ibn Qasi (governador de Silves e Mértola) acertou um acordo com o rei de Portugal Afonso Henriques pelo qual deveria lhe entregar a cidade de Silves; em agosto/setembro, a população local se revoltou contra ele e o matou, anulando o acordo (a cidade ficou sob a autoridade de Ibn al-Mundhir). --- Os ghuridas, conduzidos por Allaudddin Hussein, se vingando da morte de seu irmão Kutubbddin, se apoderaram, saquearam durante uma semana e incendiaram a cidade de Ghazni. 1151 a 1160 - Período de conquista do Magrebe pelos Almohades, sob o comando de Abd al-Mumim. 1152 - No norte da África, em 7 de maio, o Reino de Bugie (na Argélia) foi atacado de surpresa pelo líder almohade Abd al-Mumim. A seguir, invadiu o território dos Hamadidas, ainda na Argélia, e destronou seu último governante Yahya ibn Abd al-Aziz. Também exigiu a conversão dos últimos cristãos remanescentes nas áreas ocupadas por ele, quem não abjurou sua fé foi condenado à morte, subsistindo apenas algumas comunidades refugiadas na Cadeia do Atlas. Bejaia se tornou o mais importante porto da Dinastia dos Almohades. ---Nesta época, um mercador de Pisa, ao conhecer os números arábicos, os levou para a Europa. --- A situação dos Estados Francos da Síria estava difícil em face da aliança entre o sultão Massud e o emir Nur-ad-din. Tal situação melhorou com a morte do sultão. --- Em 13 de setembro, morreu o sultão seldjúcida Ghiyath ad-Dîn Mas`ûd, passando o governo em Hamadhan do Iraque ao seu irmão Malik Shah III (de 1152 a 1153), que abdicou em favor de seu irmão Rukh ed-din Muhammed II (que governou de 1153 a 1160; a Enciclopédia Iranica assinala o nome de Mohammad ben Mahmud do sultão, que tinha como competidor na sucessão a Solaymānšāh ben Mohammad). --- Neste ano: Na Índia, o sultão ghaznávida de Delhi, Bahram Chah, foi destronado pelo sultão de Ghor. --- Alah ad-Din Hoseyn sofreu derrota na Batalha de Nab, nas proximidades de Herat, diante das forças do sultão Sanjar. --- Ainda na Índia, neste ano, mais precisamente em Multan (no baixo vale do Indo) se erigiu um mausoléu (de Shah Yussuf Ghardisi) igual à Caaba: é o monumento muçulmano mais antigo da Índia, ainda conservado. --- Os sículos-normandos concluíram a conquista de quase todo o litoral de Ifriqiya ( tomando Djerba e Mahdia e pondo em perigo Bejaia). Em face disso, o líder Abd al Mumin obteve vitória expressiva sobre os beduínos (aliados dos Fatímidas do Egito) em Bejaia e Sêtif. 1152-1153 - O Hamdânida Yahya ibn Abd al-Aziz prestou juramento de fidelidade ao líder almohade Abd al-Mumim e lhe entregou virtualmente a cidade de Constantina. Desta forma se distanciou mais ainda dos Fatímidas. 1153 - No mês de abril, Mujir ad-Din Abaq (ou simplesmente Abaq, último atabegue burida de Damasco) bloqueou o exército que o Nur ad-Din mandara para socorrer a fortaleza de Ascalon, cercada pelos francos. Como não pode conquistar Damasco, Nur ad-Din mandou seu oficial curdo Najm ad-Din Ayyub (ou simplesmente Ayyub, pai de Saladino) e o agente Shirkuh para Damasco para tentar conseguir que a milícia urbana da cidade ficasse neutra diante dos francos. Não conseguindo realizar seu intento, Nur ad-Din bloqueou o fornecimento de alimentos direcionados a Damasco, inflacionando seus preços e escasseando de tal modo o abastecimento da cidade, que sua população temia passar fome.--- No final de abril (dia 30), os Hilalianos sofreram derrota em Setif (na Argélia) diante dos almorávidas sob o comando de Abd al-Mumim. - Em abril-maio, os turcos oguzes (que estavam em Balkh e aceitavam até então o governo do sultão e suas normas) atacaram Khorassan e infringiram severa derrota ao exército do sultão Sanjar (Mu`izz ad-Dîn Ahmad Sanjar) em Merv, aprisionando-o e saqueando-a, além de outras cidades de Khorassan. --- Em maio, Constança, viúva de Raimundo de Antióquia, voltou ao principado e se apaixonou pelo arrivista e cruel Renaud (Reinaldo) de Chatillon, logo depois se casou com ele. Suas arbitrariedades o tornaram odiado pelos antioquinos, bem como aos turcos do Emirado de Alepo e do Sultanato de Rum. --- Uma força militar constituída pelas tropas do rei Balduíno III, do Hospitalário Raimundo de Le Puy e do Templário Bernardo Tremelay atacaram a Fortaleza de Ascalon, em agosto. No dia 15, seus defensores atearam fogo à torre de assalto construída pelos cristãos; tal incêndio abriu uma brecha na muralha da fortaleza, por onde penetraram, no dia seguinte, os Templários que foram massacrados e seus corpos decapitados (incluindo o de Bernardo Tremelay) foram pendurados na muralha. Os cristãos não esmoreceram: no dia 19 de agosto, Balduíno III, chefiando suas tropas, conseguiu tomar esta fortaleza, que era o último bastião fatímida na Palestina. --- Neste ano: O rei armênio Thoros II se aliou com Renaud de Chatillon. Este último atacou e saqueou Chipre (em 1156), enquanto Thoros atacou e tomou a Cilícia, que foi reconquistada pelo imperador bizantino Manuel I Comneno em 1158. --- Na Ilha de Jerba eclodiu uma revolta contra os normandos, mas foi sufocada por estes, com auxílio de tropas muçulmanas; além disso, os normandos invadiram a Ilha de Kerkenna. --- No Arquipélago das Maldivas (no Oceano Índico) começou a sofrer a influência do Islamismo, a partir deste ano. 1153 a 1160 - Governo do sultão turco seldjúcida Rukh ed-din Muhammed II (filho de Mughith ed-din Mahmud II), sucedendo a Malik Shah III pertencente ao I Ramo dos chamados Grandes Seldjúcidas reinantes no Irã. Seu governo, entretanto, estava restrito apenas ao Iraque. 1154 - Ocorreu mais um ataque do rei Rogério II de Hauteville, da Sicília, sobre Ifrîqiya, se apoderando da cidade de Bône. --- Em fevereiro, os comerciantes de Pisa, através de Ranieri Bottacci, assinaram um acordo comercial com o califa fatímida do Egito, Az-Zafir, através do qual conseguiram ter um armazém em Alexandria e no Cairo, além de facilidades tarifárias e liberdade comercial. Em 16 de abril, no entanto, este califa foi assassinado, sucedendo-o o filho Al-Faiz que, por ser menor, teve como regente o general de origem armênia Talai ibn Russik.--- Em abril, Damasco sofreu o assédio de Nur ad-Din; seu governador, o Burida chamado Mujir ad-Din Abaq, pediu a ajuda do Reino de Jerusalém, sem sucesso. Após cerca de uma semana de cerco, Damasco caiu; os comerciantes da cidade receberam festivamente Nur ad-Din; os Buridas receberam feudos em Homs. A partir deste ano, Damasco tornou-se a capital da Síria unificada (exceto o Emirato de Chayzar, entre Apaméia e Hama, no vale do Orontes) e foco da ortodoxia islâmica diante dos cristãos e dos xiitas fatímidas. Nur-ad-Din se tornou o ‘homem-forte’ do califado abássida de Bagdá e se aliou com Massud (do Sultanato de Rum) e se estabeleceu em Damasco para reconquistar os Estados Latinos da Terra Santa. --- Um ano depois da queda de Ascalon, os Templários emboscaram forças egípcias do vizir Abbas e seu filho Nasir al-Din, que estavam fugindo após o saque no golpe contra o califa. Abbas morreu e Nasir al-Din foi preso e entregue aos egípcios, sendo mutilado e despedaçado pelas turbas. 1155 - Em abril, morreu o sultão turco seldjúcida de Rum, Massud I, ocorrendo uma crise sucessória, de que se aproveitou o atabegue Nur ad-Din para conquistar, em junho, o que o finado sultão tinha tomado aos edessianos na margem direita do rio Eufrates (como a cidade de Baalbek, antiga Heliópolis, ‘cidade do sol’). Sucedeu a Massud I o seu filho Qilij Arslan II, que governou até 1190. Este último, atacou o rei (‘melik’) Danichmendita de Sivas, Nizam al-Din Yaghi-Basan (ou Nizam-ed-din), que pediu o auxílio militar do emir zêngida Nur ad-Din. --- Neste ano houve a conquista de Granada pelos Almohades, sendo expulsos os Almorávidas daí. 1155 a 1213 - O Afeganistão e o norte da Índia foram governados pela Dinastia dos Guridas (montanheses tadjiques da região de Ghor, limítrofe á província persa de Khorassan). 1156 - Em 25 de fevereiro, em Sfax (em Ifrîqiya) ocorreu uma rebelião contra o domínio normando do Reino da Sicília, em que os cristãos foram trucidados sob incitação do governador Omar. -- Neste ano: O atabegue Nur ad Din tentou reconquistar Harim, na Síria do Norte, conseguindo tão somente partilhar de sua renda.— O califa Al-Muqtafi apoiou a luta do seldjúcida Suleyman Chah para retirar seu pai Muhammad II do poder no sultanato de Hamadhan, sob a condição de manter a autonomia do califado em Bagdá. Suleyman Chah, porém, foi vencido. Muhammad II, em represália, cercou por vários meses Bagdá, só se retirando por causa de problemas em sua fronteira oriental. --- O rei Thoros II da Pequena Armênia (na Cilícia), na primavera, se juntou com o afoito aventureiro Reinaldo de Chatillon (marido de Constança de Poitiers, Princesa de Antióquia) e atacaram a ilha de Chipre, prenderam o sobrinho do imperador bizantino Manuel I (João Comneno, governador da ilha) e o general Branas, saquearam toda a ilha (não respeitando igrejas nem conventos e cortaram o nariz dos padres e monges) e agiram cruelmente com sua população: cortaram as gargantes de crianças e idosos, violentaram as mulheres e mutilaram os adultos. Esta crueldade de ambos contrariou a política de aproximação diplomática iniciada pelo rei Balduíno III d’Anjou, de Jerusalém, com o imperador bizantino. 1157 - De 12 de janeiro a 16 de março, Bagdá foi defendida pelo califa Al-Muqtafi diante da coalizão das forças do atabegue Qutb-adin (de Mossul) e o sultão de Hamadan (Muhammad II). --- No final de abril, Nusret ad-Din, irmão de Nur ad-Din, foi vitorioso sobre os Hospitalários em Panéas (junto ao Monte Panius, na Síria), mandando-os presos para Damasco, em 18 de maio. Não conseguiu, porém, se apoderar de Panéas devido à intervenção de Balduíno III de Jerusalém. --- Em 8 de maio, o Grande Sultão Seldjúcida de Transoxiana e Khorassan, Ahmed Sandjar morreu em Merv (chamada de Mary desde 1937 no atual Turquemenistão, mas naquela época pertencente à província de Khorassan): a partir daí começou o processo de desmantelamento do império persa seldjúcida na Pérsia (face à presença dos turcos oguzes) e na Ásia Central, restando apenas o Sultanato de Rum na Anatólia. Khorassan caiu sob o poder dos Kharezmianos, em disputa com os Ghoridas (Ghuridas) e comandantes seldjúcidas.— Em junho, Nur ad-Din obteve a vitória na Batalha do Lago Meron (ou Vau do Jacó) sobre os Templários, aprisionando seu Grão-Mestre Bertrand de Blanquefort. --- Em agosto a Síria foi abalada por um grande sismo: as muralhas de Alepo foram destruídas, sua população amedrontada fugiu para os campos; em Harran, a fissura do terreno colocou a lume uma cidade antiga. As ondas do terremoto foram sentidas em Trípoli, Beirute, Tiro, Homs, Maara, Hama e Shayzar (dos Monqiditas), esta última foi invadida e saqueada pelos Nizaritas (Assassinos) e cristãos, antes da intervenção do emir Nur ad-Din. 64 Em outubro, este emir, supervisionando as obras de reconstrução de muralhas, ficou doente por cerca de 18 meses. Os cristãos se aproveitaram desta circunstância para devastar as proximidades de Damasco. --- Neste ano, Almeria (na Espanha) foi retomada pelos Almohades, forçando a saída dos genoveses desta cidade. 1157 (30 de julho) a 1172 - Ao morrer o Shah de Kharezm, `Alâ’ ad-Dîn Atsiz, sucedeu-o o filho Il-Arslan, governando neste período. 1158 - Em 1 de janeiro, na Espanha, foi criada a Ordem de Calatrava, composta por monges-soldados, em face da desistência dos Templários em proteger a fortaleza de Calatrava. Foi consagrada pela bula do papa Alexandre III em 14 de setembro de 1164. Desempenhou papel importante na luta contra os muçulmanos. Em Portugal ela teve o nome de Ordem de Aviz. --- O rei Balduíno III de Jerusalém e Teodorico de Flandres retomaram Harim (na Síria do Norte) ao emir Nur ad-Din (por estar doente), em janeiro-fevereiro. --- Em abril, Nur ad-Din já estava recuperado de sua doença; seu general Shirkuh atacou a fortaleza de Ḥabīs Ǧaldak, a noroeste de Aḏri‘āt (no Reino de Jerusalém), mas foi derrotado e a maioria dos seus soldados capturados. --- Em dezembro, o imperador bizantino Manuel I Comneno foi para a fronteira entre Síria e Cilícia, em face disso o rei Thoros II foi forçado a fugir para as montanhas. --- Neste ano: O grão-mestre Templário acompanhado por mais 87 irmãos da sua Ordem e mais 300 cavaleiros, ao atravessarem o rio Jordão, foram emboscados e capturados pelos árabes (nestas ações oportunistas os muçulmanos usavam com maestria as comunicações através de pombos correios principalmente em áreas geográficas de relevo acidentado). 1159 - Em 12 de abril, na cidade de Antióquia, foi acertada uma aliança contra Nur ad-Din, entre Manuel I e o rei Balduíno III, este contratando matrimônio com uma sobrinha do imperador bizantino, Teodora Comneno. Tal aliança não se concretizou: Manuel I assinou uma aliança com o emir Nur ad-Din contra o Sultanato de Rum (no final de maio), que lhe entregou os Templários (em maio-junho) que estavam nas suas prisões. --- Também em Antióquia, Reinaldo de Chatillon pediu perdão pelo seu banditismo em Chipre e reintegrou o patriarca de Antióquia (que se opusera ao seu ataque em Chipre e fora preso). --- Em julho, o emir Nur ad-Din recuperou a cidade de Harran ao seu irmão Nusrat al-din (que a tomou durante a doença do emir).--Os Almohades começaram a reconquista do Magrebe e exigiram a conversão de judeus e cristãos ao islamismo, sob pena de morrerem caso não atendessem à ordem. Em 12 de julho tomaram Túnis. --- Neste ano: Com a morte do sultão seldjúcida Muhammad II, o cargo passou ao seu filho Suleyman Chah. 1160- Os normandos da Sicília foram expulsos do litoral de Ifrîqiya depois que os Almohades tomaram Mahdia, em 22 de janeiro. -- Ao morrer o califa abássida Al-Muqtafi, em 12 de março, foi sucedido pelo filho Al-Mustandjid. 1160 (12 de março) a 1170 - Califado de Al-Mustandjid Billah, filho de Al-Muqtafi. Os dois tiveram como vizir ibn Hubayra, sábio hambalita sunita, que ensinou nas 4 escolas jurídicas muçulmanas e organizou a administração e a armada.-- Impôs medidas tributárias pesadas sobre a propriedade, as capelas dos imans dos Alidas que moravam em Kufa. Em seu governo iniciou-se o processo de conquista do Egito, cuja dinastia fatímida estava decadente. 1160 (continuação) - Em julho, morreu o califa adolescente fatímida Al-Faiz, passando o califado para o seu irmão Al-Adid. Os vizires do Egito passaram a pagar tributo aos cristãos francos, para não serem atacados por eles, já que tinham conquistado a estratégica fortaleza de Ascalão. -- Em novembro, Reinaldo de Chatillon, príncipe de Antióquia, foi preso pelos soldados de Alepo durante uma incursão de pilhagem (roubando gado) na Síria e Armênia; ficou na prisão por 16 anos, sendo resgatado pelo imperador Manuel I, que pagou cerca de 500 kg de ouro. - Foi realizada uma trégua oportunista entre Nur ad-Din e o rei Balduíno III de Jerusalém, para que o primeiro pudesse guerrear no norte da Síria sem ser embaraçado pelo segundo. --- Neste ano, Qilidj Arslan II, governante do Sultanato de Rum, não teve sucesso em ataque ao exército bizantino e teve que se submeter à vassalagem ao império através de tratado, sendo muito bem recebido em Constantinopla. Pelo tratado se obrigou a fornecer tropas complementares à armada bizantina em casos de necessidade, além de devolver cidades conquistadas. --- No norte da África os Almohades assinaram um acordo comercial com a República de Pisa, ficando esta com franquias nos portos da região. --- O Reino de Portugal empreendeu campanhas militares para a região de Alentejo sobre território muçulmano. 1161 - Os Estados Cristãos Latinos se aproximaram dos Fatímidas diante da emergência de Nur ad-Din. ---. Ao prometer eliminar a heresia xiita, Nur adDin fez uma peregrinação à cidade santa de Meca. 1161 a 1170 - Os Nizaritas (Assassinos) da Síria viviam nas montanhas do Anti-Líbano, entre Damasco e Antióquia, onde tinham a fortaleza de Masyat. Seu líder até 1166 foi Hasan ‘Alâ Dhikrihi al-Salâm, que anulou a Lei de Maomé e decretou a Ressurreição, advindo daí excessos de libertinagem com bebidas, drogas (haxixe, do qual veio a outra designação de Haxixita) e sexo sem limites entre os chamados ‘eleitos’. 1162 - Em 21 de dezembro, o vizir fatímida Al-Adil Ruzzîk foi destituído do cargo por Abu-Schuga Schawer (Shawar), se apropriando de seu patrimônio e massacrando-o junto com sua família. --- Neste ano: o emir almohade Abd al-Mumin preparou uma frota naval enorme para invadir a Espanha, mas morreu no ano seguinte, sem completá-la. 1162 a 1174 - Ao morrer Balduíno III de Jerusalém, foi sucedido pelo seu irmão Amauri I, que governou neste período. 1163 - --- Neste ano, o emir Nur ad-Din não teve sucesso em cercar o Krac dos Cavaleiros Hospitalários, sendo vencido pelos francos na planície de La Boquée (entre o Krac e Akkar). --- O ismaelita da seita dos Nizaritas (Assassinos) chamado de Rachid ad-Din Sinan se investiu do título de ‘Velho da Montanha’ na Síria, na fortaleza de Masyaf. 1163 (14 de maio) a 1184 - Governo de Abu Yaqub Yussuf entre os Almohades, como filho e sucessor de Abd al-Mumim. Os Almohades eram senhores da região africana desde Trípoli à Marraquesh. 1163 a 1203 - Khorassan foi governado por Ghiyâs ud-Dîn (Sayf-al-dub) Muhammad junto com o seu irmão da Dinastia Ghurida, Mo’ezz –al-din (ou Sehab-al-din) Muhammad. 1164 -Em abril/maio, o atabegue Nur ad-Din mandou expedição ao Egito sob o comando do general curdo Shirkuk (ou Chircu, tio de Saladino) junto com Shawar. Em 24 de abril ele se apoderou de Bilbéis (Bilbais), venceu Dirgham (que fugiu, mas foi morto durante a fuga) e recolocou Shawar em seu cargo em 1 de maio. Este, no entanto, não apreciou ser tutelado por Chircu e se descomprometeu ao cumprimento da promessa feita a Nur ad-din e solicitou ajuda ao rei Amauri I de Jerusalém. Chircu foi para Bilbais, onde foi cercado por Amauri I e Shawar. Enquanto isto, Nur ad-Din não podia ajudar seu general porque invadira o Principado de Antioquia, vencendo e prendendo o príncipe Boemundo III em Harrim. Diante desta situação, o rei Amauri se viu na necessidade de defender Antioquia. Assim, saiu do Egito ao mesmo tempo que o general Chircu. --- Nur ad-Din se lançou contra o Principado de Antióquia e cercou a fortaleza de Harenc. Boemundo III foi até lá com tropa constituída de armênios, bizantinos e antioquinos e Templários, forçando Nur ad-Din a abandonar o cerco. Boemundo III imprudentemente foi ao seu encalço, o atabegue simulou uma retirada, os francos avançaram sobre os turcos, que os envolveram e massacraram. Em 11 de agosto, o conde de Trípoli, Raimundo III de Poitiers, foi aprisionado por Nur adDin na Batalha de Harim; sendo solto apenas em 1172. --- Em outubro, depois que Nur ad-Din se apoderou da planície de Banias, impôs ao rei de Jerusalém a partilha de rendas do distrito de Tiberíades. --- O armênio Mleh tentou assassinar o seu irmão, o rei Teodoro II (da Armênia); foi descoberta a trama, teve que se evadir para o Principado de Antióquia (onde se fez postulante ao ingresso na Ordem dos Templários) e daí foi para a Síria (aí aderiu ao atabegue Nur-ad-din). --- O gurida Ghiyâs ud-Dîn (Sayf-al-dub) Muhammad na região de Busanj e Herat, exonerou o almirante turco seldjúcida Yelduz (ou Tāj-al-Din Yildiz) e o matou, estendendo a sua autoridade sobre a região de Bādḡis. 1165 - Os cruzados perderam Cesareia de Filipe aos muçulmanos. --- O rei de Jerusalém, Amauri I, que tinha sido preso por Nur-ad-in, foi libertado e se dirigiu para Constantinopla, a fim de se casar com a princesa Teodora, conforme tinha sido acertado pelo acordo de 1158. 1165-66 - O atabegue Nur ad-Din, além das campanhas no Egito e do enfraquecimento dos francos, no período de novembro de 1165 a outubro de 1166, cercou e se apoderou dos castelos de Moinetra (Muneïtra, que significa em árabe 'pequena belvedere) e Akkar (ou Gibelakar, em área montanhosa ao norte do Líbano atual), se apropriando de todas as suas riquezas e massacrando ou aprisionando seus ocupantes. Através desta ação, Nur ad-Din tinha a intenção de dificultar as incursões de seus inimigos em Baalbek e fechar o desfiladeiro que dava acesso ao litoral. 1166 - Neste ano: o atabegue Nur ad-Din cercou e tomou sem resistência nenhuma dos Templários uma caverna-fortaleza na Transjordânia. O rei Amauri I, sem saber do ocorrido, se encaminhou com suas tropas para lá a fim de ajudá-los, mas ao tomar conhecimento do ocorrido, ficou tão irado que mandou executar os Templários. Tal atitude do rei azedou suas relações com aquela ordem militar, pois ela estava submetida juridicamente apenas ao papa. Quando ele pediu ajuda militar aos Templários para invadir o Egito em 1168, eles se recusaram (os Hospitalários não se recusaram por causa de sua situação financeira ruim). --- O senhor de Barut (em Cesareia), Gautier III de Brisebarre, para conseguir meios financeiros a fim de pagar resgate de sua mãe aos muçulmanos, vendeu Barut para o rei de Jerusalém; este, em contrapartida, cedeu-lhe a Fortaleza da Guarda Branca; a partir daí passou ele a adotar para seu ramo de família o nome de ‘Guarda Branca’. 1167 - Logo em janeiro, Nur ad-Din mandou seu general Shirkuh (Chircu) comandando uma terceira expedição para invadir e se apoderar do Egito dos Fatímidas. No final deste mês, o sultão egípcio Shawar pediu a ajuda militar a Amauri I de Anjou, rei de Jerusalém. Este, impotente diante dos ataques do 65 atabeg Nur ad-din e de manter suas posições no Egito dos Fatímidas (ora em decadência), solicitou a ajuda do imperador Manuel I Comneno. Este mandou uma frota que levou as tropas francas de Ascalão para Bilbais. Em 18 de março ocorreu o confronto das forças antagônicas na Batalha de Babain (al-Balbein ou Ashmûnain), no Alto Egito, vencida pelas forças coligadas, que depois foram para o Cairo. Enquanto isto, Shirkuh tomou Alexandria (deixando-a sob a guarda do seu sobrinho Saladino). No final de junho, o rei Amauri I e o exército egípcio assediaram Alexandria, que se rendeu em 8 de agosto. O general Shirkuh se viu obrigado a se retirar do Egito, retornando para Damasco. O sultão Chawar (Shawar), como forma de gratidão, pagou tributo a Jerusalém e aceitou a presença de destacamento militar na capital egípcia. --- Neste ano, o atabegue Nur ad-Din cercou Arqa, ponto estratégico do caminho que ia de Trípoli para o interior da Síria, passando por Homs e Hama. 1168 - Amauri I, inebriado pela vitória anterior, resolveu conquistar o Egito, levando Shawar a pedir auxílio ao ex-inimigo Nur ad-Din, que mandou Chircu ao Egito, forçando Amauri a sair de Damietta. --- Em setembro, o rei Amauri I e o imperador bizantino Manuel I Comneno resolveram fazer um acordo de partilha do Egito, negociado por Guilherme de Tiro. Os Estados Latinos do Oriente ficariam sob a suserania do Império Bizantino. Em 20 de outubro, as forças bizantina e franca partiram de Ascalão para invadir o Egito. Al-Adid, califa egípcio, pediu a ajuda de Nur ad-Din, que novamente mandou Shirkuh, junto com Saladino. Em novembro, as forças coligadas tomaram Bilbeis e massacraram seus habitantes; ao avançarem sobre a capital, ela foi incendiada (em 13 de novembro). No final do ano, Shirkuh forçou a retirada das forças cristãs do Egito. --- Neste ano, o castelo de Qal'at Ja'bar, junto ao rio Eufrates, foi entregue por Nur ad-Din ao seu filho, que empreendeu uma série de reformas nele. 1169 -.Ao iniciar-se janeiro, o rei Amauri I de Anjou, rei de Jerusalém, saiu do Egito; no dia 8, o general Chircu entrou como libertador no Cairo. Dez dias depois, Saladino (Salah al-Din ibn Ayyub) assassinou Shawar numa emboscada com a aprovação do último califa fatímida Al Adid (pela versão do historiador Luís Brehier, sua garganta foi cortada por conspiração contra Nur ad-Din), substituindo-o pelo tio, o general Shirkuh; este, em 23 de março, morreu durante uma refeição. Saladino (que era curdo e sunita como o tio) se tornou vizir do califado xiita fatímida, se impondo como autoridade. --- Com o objetivo de invadir o Egito dos decadentes Fatímidas, em julho, o imperador Manuel I mandou o megaduque Andrônico Kontostefanos com uma poderosa esquadra naval para Chipre, onde se entendeu com o rei Amauri I, seguindo para Tiro (no litoral do Reino de Jerusalém), no final de setembro, onde se juntou com a esquadra deste rei. Daí partiram para o assédio do porto de Damieta (no delta do Nilo, no Egito) de 27 de outubro a 13 de dezembro. Houve, no entanto, sérios desentendimentos entre Amauri I e Kontostefanos, resultando no fracasso desta investida franco-bizantina. Este fracasso repercutiu em maior poder de Saladino, enquanto os Estados Francos da Síria ficaram em posição difícil. 1169-1171 - Saladino, de origem curda, massacrou a ‘guarda-negra’ e prendeu o vizir do último califa fatímida Al-Adid (que morreu em 1171). unificou o Egito e Síria e criou a Dinastia Aiúbida que reinou sobre o Iêmen (de 1173 a 1229), Damasco (de 1174 a 1250) e Alepo (de 1183 a 1260). Controlou o Hedjaz árabe (onde se situam Meca e Medina), parcialmente a Alta Mesopotâmia e a África do Norte (até Cirenaica). Ao contrário dos fatímidas, os Aiúbidas eram sunitas. 1170 - Novo sismo sacudiu a Síria, em 29 de junho, sendo destruída a cidade de Chayzar. --- Em 20 de dezembro foi estrangulado o califa abássida de Bagdá, al-Mustandjid, por seus dignitários da corte num banho; foi sucedido pelo filho Al Mustadi. 1170 (20 de dezembro) a 1180 - Califado Abássida de Al Mustadi (filho e sucessor de Al-Mustanjid). Uma de suas primeiras medidas foi a de mandar executar o vizir de seu pai, Ibn al-Baladi. 1170 (continuação) - Em 21 de dezembro, em dupla ofensiva militar por via terrestre e marítima, Saladino promoveu ataque às fortalezas de Darum e Gaza (no litoral e fronteira com o Reino de Jerusalém) e se apoderou do porto de Ayla (Ácaba) na Península do Sinai (no Mar Vermelho). - Neste ano: O rei armênio Mleh, irmão de Toros II (da Dinastia Rubeniana) conseguiu se apoderar do trono com a ajuda de Nur-ad-din, após mandar assassinar o regente Tomás e o rei Rubem II. 1171 - Em janeiro, Nur ad-Din entrou em Singara (na Alta Mesopotâmia) e reunificou a Síria com Djazira (Jezira ou Jazira, a nordeste da Síria). Em Singara colocou o sobrinho Imad ad-Din, em Mossul outro sobrinho Sayf al-Din Gazi. O califa abássida o reconheceu como o governante do Egito, Síria, Djazira, Mossul, Irbil, Diyar Bekr e áreas limítrofes ao Sultanato de Rum (na Anatólia). --- Em setembro, morreu o último califa fatímida Al-Adid (que era xiita como os antecessores). O poder egípcio passou para Saladino (que era curdo e sunita). Simultaneamente, o califa abássida investiu Nur ad-Din no governo da Síria e do Egito. Se aproveitando desta transição de poder no Egito, o líder ismaelita dos Nizaritas, Rachid ad-Din Sinan (o ‘Velho da Montanha’), de forma oportunista para se isentar de impostos pagos aos Templários, mandou uma mensagem ao rei Amauri I de Jerusalém se propondo à conversão ao cristianismo. 1171 a 1250 - Governo da Dinastia dos Aiúbidas, criada pelo curdo Saladino no Egito (até 1250), o Iêmen (de 1173 a 1229), Damasco (1174 a 1250) e Alepo (1183 a 1260). Recompôs a legitimidade dos Abássidas e o rito sunita, do qual criou madrassas. 1172 – Em 19 de março, ao morrer o shah de Kharezm, Il-Arslan, subiu ao poder seu neto Sultan Shah, prejudicando o primogênito Takash (ou Tekesh ibn il-Arslan, ou ainda Alâ ad-Dîn Tekish), que se colocou sob a guarida dos Kara Khitai. Em 11 de dezembro, ele conseguiu afastar Sultan Shah do poder, com a ajuda dos Kara Khitai. --- O Egito assinou um acordo de paz com o doge de Veneza, Sebastião Ziani. --- Raimundo III de Poitiers (de Trípoli) que esteve preso desde 1164, foi solto por Nur ad-Din mediante resgate. --- O sultão Qilish Arslan II (de Rum) submeteu os turcos danichmenditas de Sivas (até 1176), colocando-se, pois, como o único líder turco da Anatólia frente aos Estados Cruzados e ao Império Bizantino. --- Na Espanha Muçulmana, na cidade de Prades ocorreu uma revolta, que selou o fim da pacificação de terras recentemente tomadas pelos catalães. 1172 (11 de dezembro) a 1200 - Reino de Tekech ibn il-Arslan, neto de Atsiz, em Kharezm, ocupou o trono graças à ajuda dos Kara-Khitan. Foi ele quem libertou a região do domínio turco seldjúcida em 1194. 1173 - O rei Bela III (genro de Manuel I), da Hungria, mandou uma guarnição magiar (comandada pelo ban da Croácia e pelo voivode da Transilvânia) para auxiliar o imperador Manuel I em confronto contra Qilidj Arslan II (do Sultanato de Rum); o imperador foi ferido e salvo por dois húngaros. Em função deste fracasso militar de Bizâncio, se negociou um tratado com o sultão (este em situação confortável visto que tinha acrescido em seu território o Emirato Danichmendita e estava propenso a se aliar com o atabegue Nur-ed-din para mover guerra contra os Estados Francos da Síria). Mesmo com a assinatura do tratado com os bizantinos, começou, então, um processo de unificação dos turcos na Anatólia e se assinou, em julho, uma aliança entre Nur ad-Din e Qilidj Arslan II, tendo em vista o inimigo comum: os cruzados dos Estados Francos da Síria. --- Ainda em julho, Saladino avançou sobre a margem esquerda do rio Jordão e assediou Kerak e Montreal, fortaleza e castelo dos cruzados, respectivamente. O governador Nur ad-Din foi encontrá-lo, mas Saladino, retornou ao Egito, sob pretexto da doença de seu pai Ayyub (em coma por um chute de cavalo), que morreu em agosto. Nur ad-Din, por sua vez, ao observar esta atitude de Saladino, concluiu ter que fazer sozinhos seus negócios políticos. --- Aden, porto em situação estratégica para o comércio entre os Mares Vermelho e Arábico, foi tomado pelo irmão de Saladino chamado Turan Shah. --- Em setembro, os comerciantes de Pisa recuperaram direitos e arrumaram novas concessões (como isenções fiscais e uso de seus próprios pesos e medidas) de Saladino, que iniciou a reconstrução de sua frota com os impostos recebidos. – Neste ano, os Templários emboscaram e mataram mensageiros dos Nizaritas quando voltavam de Jerusalém, para onde foram enviados pelo seu líder Rashid ad-Din Sinan (‘o Velho da Montanha’) ao rei Amauri I; desta forma, evitaram que continuassem seus entendimentos. – A partir deste ano, Ghazni, passou a ser ocupada pelos Ghuridas, sob Ghiyâth ed-Dîn; os sultões ghaznávidas fugiram para Lahore, em Panjab. Ghiyâth ed-Dîn nomeou seu irmão Mohammed como governador de Ghazni, a partir daí iniciou o processo de formação do Império Gurida. --Na Península Ibérica: o Reino de Castela começou a usar imitações de moedas de ouro dos mouros. – O emir almohade Abu Yaqub Yusuf tentou repovoar o oeste de Andalucia, mas não conseguiu em face do esvaziamento demográfico da península. 1174 - Turan Shah, irmão de Saladino, continuou a política expansionista egípcia: daí partiu em 5 de fevereiro, passou pela cidade santa de Meca e submeteu o Iêmen entre maio e outubro. --- Ao morrer Nur ad-Din (na cidadela de Damasco, em 15/5, com febre devido a um abscesso), seu herdeiro foi o filho As-Salih Ismail al-Malik (ou Malik as-Salih Ismail, segundo alguns autores), um menino com apenas 11 anos. --- Em 11 de julho morreu o rei de Jerusalém, Amauri I, sem ter realizado o plano conjunto com o imperador bizantino de lutar contra Saladino e os Zêngidas de Alepo e Damasco. O governo local passou para Balduíno IV, o Leproso, um adolescente com 14 anos, tendo como conselheiro a Raimundo III de Trípoli. --- No final de julho, a frota naval do rei Guilherme II, da Sicília, ameaçou a cidade de Alexandria, no delta do Nilo, mas foi repelida por Saladino. Em 27 de setembro, Saladino entrou em Damasco, a pedido do seu atabegue Ibn al-Muqaddam, onde foi bem recebido pela população e se proclamou virtualmente regente de As-Salih Ismail al-Malik ; daí tomou Homs (10 de dezembro), Hama (18 dias depois) e em 30 de dezembro colocou a cerco a cidade de Alepo. Desta forma controlou a Síria. --- No início de outubro, Raimundo III de Poitiers, Conde de Trípoli, se casou com Eschiva de Bures, viúva de Gautier (Gualtério) de Saint-Omer, passando a ter grande parte do território ao norte do Reino de Jerusalém como príncipe da Galiléia e Tiberíades. --- Neste ano, no Egito, foram perseguidos os coptas, por suposta adesão aos Estados Cruzados; a catedral de Alexandria foi destruída. --- Os francos tentaram sem sucesso instabilizar o governo de Saladino no Egito, fomentando uma revolta xiita que foi debelada. --- Os turcos seldjúcidas de Rum findaram com o domínio dos 66 Danichmenditas de Sivas (cujos governantes tinham o título de ‘melik’, ou seja, rei). Observação: a Enciclopédia Irânica atribui este feito ao emir zêngida Nur ad-Din em 1173. 1174-1175 - Ḡiāṯ-al-Din (Sayf-al-Din) Moḥammad entrou em conflito com o general turco Moʾayyed-al-Din Āy Aba de Nishapur e conseguiu impor sua autoridade sobre Herat e seus arredores. 1174 (15 de maio) a 1181- O Zêngida As-Salih Ismail al-Malik (ou Malik as-Salih Ismail, segundo alguns autores), um menino com apenas 11 anos, filho único e sucessor de Nur ad-Din, governou Damasco, Alepo e Mossul. Sua regência foi disputada pelos governadores de Alepo, Damasco (Ibn al-Muqaddam), Mossul e até do Cairo. 1174 (11 de julho) a 1185 - Reino de Jerusalém sob Balduíno IV, o Leproso, um adolescente com 14 anos. Ele era diferente dos demais cruzados francos: falava fluentemente árabe e apreciava o estudo de livros islâmicos; sua primeira iniciativa foi a de acertar uma trégua de 4 anos com Saladino. 1174 a 1193 - O Egito foi governado pelo sultão Saladino (Salah ad-Din Yusuf ibn Ayyub), que criou a Dinastia dos Aiúbidas. Seus grandes objetivos foram a recuperação do sunismo e o de expulsão dos Cruzados da Síria. Um ano antes de morrer conseguiu reduzir o Reino de Jerusalém a uma faixa litorânea desde Jaffa a Antióquia. 1175 - Em janeiro, As-Salih Ismail al-Malik, pré-adolescente emir de Alepo, foi suscetível à sugestão desastrosa de seus conselheiros de solicitar aos Assassinos (‘batinis’) para planejar um atentado contra Saladino, que fracassou, sendo eles massacrados. Ao iniciar-se o mês de fevereiro, este emir de Alepo solicitou a ajuda de Raimundo III de Trípoli que atacou cidade de Homs, fazendo com que Saladino desistisse do cerco a Alepo. Ainda neste mês, ele soltou o franco e arrivista Reinaldo de Chatillon (que estava preso por 15 anos) após negociações com os francos.--- Na primavera, o primo de AsSalih Ismail al-Malik, o atabegue de Damasco Saif ad-Din Ghazi II mandou um exército sob a chefia de seu irmão Izz ad-Din Massud, se juntando com tropas de Alepo, para o sul da Síria. Saladino ofereceu-lhes a cidadela de Homs (retomada em 17 de março) para que voltassem aos seus destinos, mas eles quiseram mais uma cidade, a de Damasco. Insatisfeito com a demanda dos Zêngidas, Saladino os derrotou em combate em Qurum Hama, no dia 13 de abril. Depois, em 4 de maio, induziu o califa abássida a investí-lo como governante do Egito, da Síria e do Iêmen. --- Neste ano: O Sultanato dos Ghoridas centrou a administração governamental na nova capital: a cidade persa de Herat. --- O sultão gurida Ghias ad-Din mandou Muhammad Shihab ad-Din Ghuri, seu irmão, em campanha militar na Índia para perseguir os Ghasnévidas, ocupando Multan e Uchch Bhārung (no Punjab, Paquistão atual). --- A partir deste ano, com a reconstrução da estratégica área do porto de Aden, aumentou o número de mercadores do Sind (Índia), do Egito, da África e até da China circulando pelo Mar Vermelho. 1175 - 1176 - Os ghuridas se apossaram de Herat 1175 a 1194 - O líder ghurida Ghiyâth ed-Dîn (Ghias ad-Din ) conquistou o Indo (foi sultão de Delhi desde 1193). Foi ele quem criou a Dinastia dos Guridas (ou Goridas). Foi uma dinastia de destruidores e iconoclastas. 1175 a 1194 - Governo do último sultão seldjúcida do Iraque Adjémi, Toghrul III ibn Arslan. Ao tentar se desvencilhar da suserania feita pelo atabegue do Azerbaijão, Qizil Arslan, ele foi preso e destronado por este último que se proclamou sultão; mas foi assassinado em 1191, propiciando o retorno de Toghrul III ao poder. 1176 - No início deste ano, na Anatólia, o sultão de Rum, Kilij Arslan II se negou a entregar ao imperador bizantino Manuel I Comneno as conquistas feitas aos Danichmenditas, iniciando-se, assim um novo conflito entre eles. Manuel I preparou as fortalezas de Dorileia (importante para acesso terrestre para o leste da Anatólia) e de Sublaion para sua ofensiva sobre as tropas do sultão. O exército comandado por Andrônico Vatatzes caminhando para Amasia, sofreu uma emboscada e ele foi morto. Manuel I continuou a incursão objetivando tomar a capital turca (Konia), passando por desfiladeiros cobertos de florestas, onde foi emboscado próximo da fortaleza de Myrioképhalon, ocorrendo a Batalha de Myrioképhalon (onde se situa a nascente do rio Meandro) em 17 de setembro, onde sofreu derrota fragorosa. Esta batalha, como o desastre de Mantzikert (em 1071), deixaram o Império Bizantino debilitado, fortalecendo a presença turca na Anatólia. Manuel I foi forçado a assinar um tratado com o sultão de Iconium (ou Konia). --- Em 22 de abril, na Batalha de Tell al-Sultan (Jericó, entre Hama e Halab, na Palestina) o Zênguida Saif ad-Din Ghazi II (atabegue de Damasco) coligado com os emires de Djazira e Diyarbekir e tropas alepinas sob o comando de Gümüchtekîn, foram derrotados pelo sultão Saladino. Este vitorioso, tomou as fortalezas de Bizâ’a e de Menjib, conseguindo interromper o trajeto entre Alepo e Mossul. Em 26 de maio, enquanto Saladino estava cercando Alepo, foi vítima de atentado contra sua vida pelos Assassinos, que foram executados. O cerco de Alepo até junho não teve sucesso pela defesa encarniçada dos alepinos. Em 30 de julho, como retaliação ao atentado anterior perpetrado pelos Assassinos, Saladino cercou a fortaleza de Masyaf, mas abandonou logo depois. --Logo no início de agosto, o novo rei de Jerusalém, Balduíno IV, o Leproso, venceu Turan Shah (irmão de Saladino), atabegue de Damasco, na planície de Bekaa. --- Neste ano, Saladino mandou erigir uma cidadela a leste do Cairo (Al-Qahira); esta capital teve mais um caráter político que militar e boa parcela de suas muralhas foram demolidas. Fustat foi refeita (tinha sido destruída em 1168). --- Raimundo III, conde Trípoli, saiu de Giblet, passou pelo Líbano (na altura de Moinetre) e chegou ao norte do vale de Bekaa e executou saques na área adjacente a Baalbek. --- Na cidade de Qift (ou Gebtu, no vale médio do Nilo) ocorreu uma revolta dos coptas, reprimida violentamente por Al-Adil I, colocando cerca de 3.000 dos revoltosos pendurados em árvores no entorno da cidade. 1177 - O imperador Manuel I mandou emissários ao Reino de Jerusalém para que o rei Balduíno IV, o Leproso (tendo ao seu lado o conselheiro Raimundo de Trípoli) homologasse o tratado feito anteriormente pelo seu pai. A frota naval que tinha sido enviada para invadir o Egito, aportou em S. João d’Acre e acabou retornando por não conseguir seu objetivo. -- Ao iniciar-se agosto, chegou neste porto o nobre Filipe de Flandres (e Alsácia), atendendo a apelo do seu primo, o rei Balduíno IV de Jerusalém, de combater Saladino. Este reino sofreu os efeitos da derrota bizantina em Myriokefalon: ficou sem seu apoio ao norte (dos bizantinos) e, ao mesmo tempo, estava ameaçado por incursões marítimas e terrestres ao sul por parte de Saladino. - Em setembro, Saladino saiu do Egito em direção ao Reino de Jerusalém. -- Em outubro, Filipe de Flandres saiu de Jerusalém em direção a Trípoli, ajudando sem sucesso o Conde Raimundo III a se apoderar de Hama. Depois foi para Antióquia para ajudar o príncipe Boemundo II a cercar, em novembro, a fortaleza de Harenc (ou Harim), em novembro. --- Saladino, sabedor destas operações francas no norte da Síria através de espiões, se lançou ao ataque do sul do Reino de Jerusalém, saindo do Egito. Em Gaza a guarnição militar dos Templários resistiu; em função disto, Saladino foi atacar Ascalão, cuja defesa coube ao rei de Jerusalém, Balduíno IV (que foi prevenido antes deste ataque e pode preparar a defesa). Saladino iniciou o assédio a Ascalão, mas sabendo que não haveria resistência entre suas tropas acantonadas ali e o Reino de Jerusalém, abandonou o cerco e se dirigiu a Ramalah (Ramla) e Lydda. Como suas tropas ficaram com excesso de confiança e quebraram sua disciplina, os emires se aproveitaram para saquear a região. Enquanto isto, Balduíno abandonou Ascalão e se juntou com os Templários de Gaza. Em 25 de novembro ocorreu a memorável Batalha de Montgisard (entre Montgisard e Guarda Branca, perto de Ramla), entre as tropas francas lideradas por Balduíno IV e as de Saladino, em que este foi derrotado (embora com efetivo mais numeroso). - Neste ano, voltaram da Europa o Grão-Mestre dos Hospitalários e o Patriarca de Jerusalém com magros recursos (apenas do rei da Inglaterra) solicitados como ajuda financeira para combater os muçulmanos. - Durante este ano, o imperador bizantino Manuel I não respeitou o acordo realizado com o sultão Kilij Arslan II após sua derrota em Myriokefalon. Assim, este sultão mandou tropas ao território imperial bizantino para exigir o cumprimento do acordo. O imperador, por sua vez, mandou tropas comandadas pelo seu sobrinho, João Vatatzés, auxiliadas por outras chefiadas por Miguel Aspidites e Constantino Dukas. Os turcos, ao atravessarem o rio Meandro, foram emboscados e derrotados nas Batalhas de Hyelion e Leimocheir. —Na Península Ibérica, o rei Afonso VIII, o Nobre, de Castela se apoderou da cidade muçulmana de Cuenca (na Espanha) auxiliado pelo rei de Aragão e Catalunha. 1178 - O gurida Muhammad ibn Sam foi vencido pelos Chalukia em Kasahrada, nas proximidades do Monte Abu (na Cordilheira Aravalli, no Estado de Rajastão, ao norte da Índia). - Territórios Danichmenditas (no centro da Ásia Menor) foram anexados pelo Sultanato de Rum (com Kiliç Arslan II), selando o fim da Dinastia dos Danichmenditas de Malatia (cujos governantes adotavam o título de emir, sendo Nasir a-Din Muhammad o último deles). --- Na Península Ibérica: Os Almohades perderam a cidade de Beja aos portugueses. 1179 -.Em 10 de junho, na Batalha de Marj Ayoun (ou Marjayun, que significa ‘terra da fonte’), Saladino saiu-se vitorioso, aprisionou Odon de SaintAmand (que morreu preso cerca de um ano depois); no combate morreu o condestável Onfroy II de Toron (que salvou a vida de Balduíno IV); os que puderam fugir, foram para a Fortaleza de Beaufort (perto de Tiro). No verão, Saladino assediou uma fortaleza (a de Chastelet) junto ao rio Jordão no chamado ‘vau do Jacó’ (em posição estratégica dominando a planície fértil do Banias). Balduíno IV foi para lá, auxiliado por forças dos Templários (sob Odon de Saint-Amand) e de Trípoli, mas foi vencido, sendo destruída esta fortaleza em 29 de agosto. --- Em outubro, Saladino mandou frota naval que atacou os portos do Acre e Tiro do Reino de Jerusalém. --- Neste ano, Saladino interveio militarmente no Sultanato de Rum porque Kilij Arslan II atacou Raban que pertencia a um vassalo seu em Commagene. --- Muhammad ibn Sam, general ghurida, se apoderou de Peshawar, forçando os Ismailianos do Sind (os Sumras) de migrarem para Thana (próxima de Mumbai atual), que passou a ser sua capital. 1180 - Na Península Ibérica, em 8 de março, foi criada a cidade de Plasência (Estremadura), fruto de conquista dos castelhanos aos Almohades. 67 1180 (30 de março) a 1225 - O califado abássida sob Nasir Lidin-Allah estava restrito praticamente a Bagdá e suas vizinhanças; mas culturalmente ele atingiu o apogeu literário e místico (como a fase áurea da pintura da Primeira Escola de Bagdá e a produção de belos manuscritos). Foi ele quem recuperou as confrarias e ordens da cavalaria islâmica e as concessões de cartas das guildas comerciais. Constantes atritos entre o califado e o sultanato enfraqueceram a Pérsia, tornando-a presa fácil para a invasão mongol. Ele apoiou os Eldiguzidas ou Ildenhizidas (atabegues do Azerbaijão) contra Tugrîl III. 1180 (continuação) –Em 30 de março, iniciou-se de fato o califado de Al-Nasir Lidin Allah. --- Em maio, foi negociada uma trégua de 2 anos entre o sultão Saladino e o rei Balduíno IV de Jerusalém, mais por causa da seca que assolou a região, se correndo o risco de desabastecimento das cidades. A trégua foi rompida, no entanto,em 1181, pelo ex-príncipe de Antióquia, o aventureiro Reinaldo de Chatillon, que possuía o Krac de Moab (Querac) e Montreal (Chaubac), e, assim, tinha posição privilegiada no caminho entre a Síria e o Egito; ele atacou e assaltou uma caravana comercial árabe que ia para Meca, despertando reação negativa entre os muçulmanos. Saladino reclamou junto ao rei Balduíno IV, mas este não tomou nenhuma iniciativa. --Saladino tentou um ataque contra Antióquia (governado por Raimundo III) antes de proceder a um acordo semelhante com Raimundo III. Nesta ocasião, o templário Arnaldo de Torroja, Rogério de Moulins (grão-mestre Hospitalários) e Heráclio (um padre semi-analfabeto e vaidoso) foram para a Itália, França e Império Romano Germânico para pedir ajuda financeira aos Estados Latinos do Oriente. --- Em 29 de junho faleceu o atabegue Saif ad-Din Ghazi em Mossul, tendo como sucessor o irmão Izz ad-Din Massud I, que foi recebido com alegria na cidade. --- Em 24 de setembro morreu o imperador bizantino Manoel I Comneno, ensejando, assim, uma aliança entre os sultões Saladino (do Egito) e Kilij Arslan II (de Rum) no início de outubro, resultando na conquista do litoral sul da Anatólia. --- Em 4 de dezembro morreu em Alepo o atabegue Al-Sahil Ismail, ao qual foi designado como sucessor o mesmo zênguida de Mossul, Izz ad-Din Massud I; mas em face de resistências ao seu nome, passou o poder ao seu irmão Imad ad-Din Zengi (este cedendo-lhe a cidade de Sinjar). --- Neste ano, na Península Ibérica: Os Almohades invadiram o sul do Reino de Portugal, tentando reconquistar o Alentejo. Ao mesmo tempo, uma frota almohade navegou para atacar Lisboa, mas foi rechaçada pelo almirante português Fuas Roupinho nas proximidades do Cabo Espichel; este almirante (o primeiro de Portugal) seguiu depois em direção ao porto de Ceuta, onde destruiu vários navios muçulmanos. Este conflito luso-muçulmano se prolongou até 1184. 1181 - Neste ano:. Rompimento da trégua anterior pelo ex-príncipe de Antióquia, Reinaldo, cometendo ato inominável de saquear caravana de Meca, despertando ira pan-islâmica. --- Os turcos islamizados de Kharezm (ou Khwarezm e Khwarizm), sob o comando de Sultan-châh, conquistaram as cidades de Merv, Serakhs e Thus em Khorassan (se aproveitando da crise na Pérsia após a morte do sultão Sandjar em maio de 1157) vencendo o último sultão seldjúcida na província do Iraq Adjémi e tomando as cidades de Raí e Hamadhan; ele governou a região até 1193. - O general gurida Muhammad ibn Sam fez incursão sobre a região do Panjab (Índia), tomou Sialkot (no rio Chenab, subafluente da margem direita do Indo) e aí erigiu uma fortaleza. --Shems ad-Dawla Turan Shah (irmão de Saladino e emir do Iêmen) morreu ao invadir o Egito, em Alexandria. Saladino colocou em seu lugar no Iêmen outro irmão Saif al-Ishim Tughgtebin. --- A frota naval dos Almohades, depois de reveses, agora sob o comando do almirante Ahmad al-Siqili, venceu os portugueses e assegurou o controle sobre o Oceano Atlântico. 1181 a 1193 - Governo do turco islamizado de Kharezm, Sultan-châh, sobre Khorassan, mas não pode recuperar o poder em Kharezm. 1182 - Na Índia, o general Muhammad ibn Sam, continuando sua campanha militar, conquistou o porto de Debal (no Rajastão), massacrando sua população e reduzindo os Sumra (ismaelianos) a vassalos do Império Gurida. --- Em mais uma empreitada militar, agora punitiva contra Reinaldo de Chatillon (senhor de Além-Jordão, cuja capital era Montreal), Saladino saiu do Cairo (11 de maio), chegou a Damasco (22 de junho), invadiu as terras daquele aventureiro (Samaria e Galiléia) em julho, saqueando os arredores de Baisan, Jenin e Acre. Os francos vieram atacá-lo, dando-se o embate na Batalha de Belvoir (entre Belvoir e Forbelet), sem resultado positivo para ambos os lados (ainda no mês de julho). Depois disso, Saladino tentou romper a ligação entre o Condado de Trípoli e o Reino de Jerusalém tomando Beirute (na fronteira entre os dois Estados francos) e atacando a fronteira entre o Egito e o Reino de Jerusalém, em agosto. Em manobra diversionista para atrair Saladino, o rei Balduíno IV e Raimundo de Trípoli atacaram as proximidades de Damasco, em outubro-novembro.— No conflito contra os Zênguidas, o sultão Saladino, em setembro, renovou suas investidas contra o atabegue Izz ad-Din Massud I, se apoderando de Edessa e de Djazira; em 10 de novembro foi a vez de cercar Mossul, de que desistiu diante da aliança feita por Izz ad-Din com outros emires da vizinhança e de acordo deste últimos com os francos para realizar manobras diversionistas. --- No final do ano, durante o inverno, o aventureiro Reinaldo mandou galeras (que estavam no Mar Morto) retalhadas e levadas para Eilat (no Golfo de Acaba), onde foram montadas e singraram o Mar Vermelho, promovendo verdadeiras ações de pirataria (saques de navios e peregrinos), desembarcando em Rabigh para uma incursão sobre a cidade santa de Meca, no caminho pilhou um barco de peregrinos muçulmanos. --- Os kharezmianos efetuaram a invasão da Transoxiana, chegando até Bukhara. --- Ao tentar se apoderar de Ceuta aos almohades em ataque de surpresa, o almirante português Fuás Roupinho foi morto. --- Uma frota naval siciliana não teve sucesso em desalojar frota moura na Ilha de Maiorca. 1183 - Em janeiro, Reinaldo de Chatillon voltou para suas terras, carregado de saques. Seus companheiros (desembarcados em Rabigh, no litoral da Arábia) continuaram os assaltos e se dirigiram para Meca com o objetivo funesto de ir à Meca para roubar o corpo de Maomé, o Profeta. Al-Adel, irmão de Saladino, mandou navios para capturar estes bandidos; eles foram levados para Meca e decapitados em público, em maio. --- Ainda em maio, o sultão Saladino estava diante de Alepo, cuja população se mantinha irredutível como das vezes anteriores. Ardilosamente, o sultão corrompeu os assessores do emir Imad ad-Din, que avaramente não pagou os defensores da cidade, mas se dispôs a conversar com Saladino, entregando-lhe Alepo (em junho), mas recebendo as fortalezas de Sinjar (Singara), Raqqa, Saruj e Nisibin e deixando a cidade com seu patrimônio. O emir de Mossul se tornou vassalo de Saladino. Unificando a Síria, Saladino fechou o cerco aos Estados Latinos do Oriente. A partir daí Saladino foi sultão de Alepo (já era de Damasco) e sua dinastia (a dos Aiúbidas) governou até 1260. --- Em novembro, Saladino comandou incursões sobre as terras de Reinaldo de Chatillon, chegando a cercar a Fortaleza de Kerak (Krac de Moab), a que abandonou com a intervenção do rei Balduíno IV. --- Em 20 de novembro, foi coroado rei de Jerusalém, o menino Balduíno V (cujo tio, Balduíno IV, estava cada vez mais tomado pela lepra), tendo como tutor o Conde de Edessa, Joscelino (Juscelino) III, seu avô e senescal do reino. Na mesma cerimônia foi nomeado bailio do reino, Raimundo de Trípoli. No reino foram criados impostos para aumentar a arrecadação fiscal, a fim de prover os gastos militares. 1184 - Na Península Ibérica, em 29 de julho morreu o califa almohade Abu Yaqub Yusuf, após ser ferido no cerco de Santarém diante dos cristãos. Em 10 de agosto, sucedeu-o o filho Abu Yusuf Yaqub Al-Mansur em Sevilha, mas passou a governar a partir de Rabat, em Marrocos. --- Em 13 de novembro, os governantes almorávidas das Ilhas Baleares (os Banu Ghanya) atacaram Bugie (ou Bejaia), na Argélia, pertencente aos Almohades. Durante meio século eles promoveram incursões sobre toda região central e oriental do Magrebee com o auxílio militar dos Hamadidas e Hilalianos. 1184 a 1199 - O Império Almohade teve como governante Abu Yusuf Yaqub al Mansur. Durante este período, por determinação sua, os judeus tinham que usar insígnias que os distinguissem das outras pessoas. 1185 -.Em junho, Saladino não teve sucesso no cerco que impôs a Mossul. -- Trégua entre Saladino e os Estados Latinos do Oriente, que foi rompida, no entanto, dois anos depois.--- O sultão Mahmud de Ghor se apoderou do Punjab e de Lahore aos Ghasnévidas. --- Movimento separatista do bizantino Teodoro Maniafas em formar um Estado em Filadélfia e Lídia; foi expulso pelo duque Basílio Vatatzes e ele se refugiou no Sultanato de Rum, onde conseguiu recursos para invadir e pilhar províncias bizantinas. --- O sultão Kilij Arslan II negociou um tratado de paz com o novo imperador bizantino Isaac II Anjo. --- Os almohades retomaram Argel e Bejaia aos Ghaniya Banu, descendentes dos almorávidas. --- Morreu o filósofo e médico de Andalucia, Ibn Tufail; foi o primeiro a escrever uma novela e a abordar o tema do autodidatismo e da ‘tábula rasa’. 1186 - Em 4 de março, .Massud, atabegue de Mossul, assinou um acordo com Saladino, ficando este com o controle sobre seu governo. - Em maio/junho, o shah de Kharezm`Alâ' ad-Dîn Tekish (Takash) fracassou em sua primeira iniciativa de cercar Nishapur (só conseguiu em 1187). --- Os turcos seldjúcidas de Kerman foram alvo de ataque pelos turcos oghuzes. --- O governo de Damasco ficou a cargo do filho primogênito de Saladino, chamado Al-Afdal, em 11 de agosto. --- Em setembro, morreu Balduíno V (suspeita-se por envenenamento feito por Raimundo III de Poitiers, que pretendia ser rei e tinha entrado em entendimentos com Saladino através de emissários). Como foi indicada para a sucessão a irmã do falecido e não ele, pediu a ajuda de Saladino. --- Neste ano: O último ghaznávida (Khusrav Malik ou Khusro Shah) foi deposto pelo sultão afegão islamizado gurida Maomé de Ghor (Muhammad ibn Sam de Ghor) por sua vitória em Lahore, passando o controle desta cidade ao governador de Multan. --- O sultão seldjúcida de Rum, Kilij Arslan II, passou o governo aos seus nove filhos, resultando em conflito de poder entre eles. 1186 a 1285 - No início de 1186, o príncipe de Antióquia, Boemundo III, autorizou o seu chanceler mostrar o texto de doação do castelo de Margat (próximo de Banias) à Ordem dos Hospitalários por Bertrand Masoiers. Aí esta ordem militar esteve até 1285. 1187 - O sultão Saladino, ao iniciar-se este ano, conclamou os muçulmanos à guerra santa contra os cristãos. --- O rei (shah) de Corasmia (Kharezm ou Khwârazm) Ala ad-Din Tekish (que tinha ocupado o trono graças à ajuda dos Kara-Khitay em 1172) se apoderou da cidade de Nishapur, em maio/junho. -- Em 1 de maio, os Templários (com Geraldo de Ridefort) e Hospitalários (com Rogério de Moulins) foram derrotados por Saladino na Batalha de 68 Cresson (onde tinham parado para se dessedentar numa fonte), perto de Nazaré. --- Rompendo a trégua feita 2 anos antes, o rei Guy (Guido) de Lusignan de Jerusalém não atendeu aos conselhos de Raimundo III de Poitiers, nem de Reinaldo de Chatillon e Geraldo de Ridefort, indo ao encontro das forças de Saladino (que tinha atravessado o rio Jordão em 1 de julho, em Sennabra). O rei franco parou suas tropas em Lubiya (perto de Tiberíades) para se dessedentar, mas o poço d’água estava seco; foi, então, para o planalto dos Cornos de Hattin (de onde se via o exército de Saladino). Em 4 de julho, o exército franco (praticamente exaurido pela sede) foi massacrado na Batalha de Hattin, sendo aprisionado o rei Guido (levado para Damasco), o seu irmão Amauri, Humphrey (Onfroi) de Toron e Reinaldo de Chatillon (tão insolente que Saladino decepou-lhe a cabeça com sua espada). Os cavaleiros templários foram todos decapitados Com esta vitória avassaladora, Saladino demoliu a Síria franca. Depois tomou Acre (em 10 de julho), Sayda ou Sidon (em 29 de julho), Beirute (6 de agosto), Ascalão (4 de setembro). 16 dias depois, Saladino estava cercando Jerusalém (sendo ajudado por Isaac Comneno, governador de Chipre). Em 2 de outubro (data de comemoração da visita de Maomé, o Profeta, ao céu) Saladino conquistou Jerusalém; aí o sultão teve uma grande visão de estadista (incomum naquela época): deixou que os cristãos da cidade saíssem da cidade e não destruiu o Santo Sepulcro (sendo por isto chamado de ‘Cavaleiro do Islam’). A Igreja dos Templários se tornou a Mesquita de Al-Aqsa. A cruz situada no topo da Cúpula da Rocha foi arrastada e golpeada por 2 dias pela cidade. O Reino de Jerusalém ficou reduzido somente ao litoral a partir daí (apenas tendo Tiro como cidade principal); do Principado de Antióquia ficaram apenas Antióquia e o castelo de Marcab; do Condado de Trípoli ficou apenas sua capital Trípoli, além do Krac dos Cavaleiros e Tortosa. --- A queda de Jerusalém gerou comoção na Europa Cristã: em 29 de outubro, o papa Gregório VIII expediu bula conclamando a uma III Cruzada.--- No verão deste ano, o arcebispo de Tiro, Josias, chegou a Palermo, na Sicília, levando a notícia da queda de Jerusalém diante de Saladino. O rei da Sicília, Guilherme II ficou tão indignado que se vestiu de estopa por 4 dias de penitência e depois mandou uma esquadra de 50 galeras para ajudar os Estados Francos do Oriente. --- Em novembro, Saladino cercou Tiro no litoral, que foi defendida valentemente por Boemundo e pelo cruzado aportado aí recentemente, o marquês Conrado de Montferrat. --- Ainda neste ano: Na Tunísia, nas proximidades do Chott el-Jerid, em 24 de junho, ocorreu a Batalha de Umra, em que os Almorávidas, comandados por Ali Ibn Ghaniya, venceram os Almohades (chefiados por Yakub AlMansur). Em 14 de outubro, no entanto, Ali Ibn Ghaniya foi vencido por Al-Mansur no oásis de Al-Hamma, na região de Gabés. Um dia depois, este último retomou a cidade de Gabés ao aliado dos Almorávidas, Karakuch (príncipe de Trípoli); no ano seguinte foi a vez de caírem Tawsar e Gafsa. --Neste ano: Em Bagdá, os palácios do sultão Toghrul III foram destruídos; sendo enviadas tropas contra Hamadhan, mas não foram bem sucedidas. 1188 - No primeiro dia do ano, Saladino abandonou o cerco de Tiro, que se tornou centro de resistência dos cristãos. --- No final de maio, Saladino esteve próximo do Krac dos Cavaleiros (entre Homs e Trípoli), mas passou adiante, seguindo para Tortosa, que foi saqueada (mas não conseguiu tomar a cidadela dos Templários aí). Nesta ocasião, chegou uma frota naval comandada pelo Almirante Margaritus de Brindisi (mandada pelo rei Guilherme II da Sicília), que salvou Trípoli do assédio feito por Saladino. -- Em 27 de março, o imperador alemão Frederico I Barba Ruiva notificou Isaac II Anjo de que iria atravessar o Império Bizantino em sua cruzada. Em função disto, em setembro, foi assinado um acordo em Nuremberg pelo qual Isaac II concordava com esta passagem dos alemães pelo seu território, desde que não houvessem violências. Algumas semanas depois, no entanto, o imperador bizantino rompeu o acordo e entrou em entendimentos com Saladino. --- Em julho, Saladino foi vencido em Valania (no condado de Trípoli) pelos Hospitalários; depois libertou Guy de Lusignan (do reino de ‘Jerusalém’), mediante a promessa (não cumprida) de não combater mais os muçulmanos. Saladino, no final do mês, se apoderou de Saone e dos portos de Djabala e Lataquia (do Principado de Antióquia); em agosto, neste principado, se apoderou de Bourdieu e Bakas Shork; em setembro, ainda neste principado, foi a vez de Gaston. 1189 - No final de agosto, Guy de Lusignan (ajudado por saxões, frísios, daneses, flamengos e franceses) e Geraldo de Ridefort (e seus templários) iniciaram o cerco de Acre, sendo por sua vez sitiado por Saladino numa verdadeira guerra de trincheiras que durou 2 anos. --- Saladino soube, em outubro, o imperador alemão Frederico I Barba Ruiva chegara ao território bizantino com poderoso exército; em função dessa notícia, ele conclamou, mais uma vez, os muçulmanos a uma guerra santa contra cristãos. Sua ação militar se fez sentir na conquista dos castelos de Montreal e Kerak (no vale do Jordão), pertencentes aos cruzados. 1189 a 1192 - III Cruzada ou Cruzada dos Reis: Frederico Barba Ruiva (do Sacro Império Romano Germânico), Ricardo I Coração de Leão (Inglaterra) e Filipe Augusto (França). Nesta expedição figuravam noruegueses e dinamarqueses. As Cruzadas, até então, criaram um efeito multiplicador no comércio marítimo, de que se aproveitaram os genoveses, venezianos, marselheses e pisanos. Os marselheses tinham uma frota comercial tão grande que puderam transportar todo o exército de Ricardo Coração de Leão. 1190 – Os cruzados do imperador Frederico I Barba Ruiva chegaram a Galípoli (final de março), passaram pelos temas (províncias) bizantinos da Lígia e Frígia, invadiram o Sultanato de Rum (se apoderando de sua capital Konia, em 18-20 de maio) e assinaram um tratado de paz com o sultão Qilidj Arslan II. O imperador enviou emissários ao Principado de Antióquia avisando de sua chegada, preocupando os armênios da Cilícia (Pequena Armênia) que pediram a Saladino que lhes desse cobertura contra a invasão do imperador. Seu plano de invadir a Síria fracassou de modo inusitado: ele se afogou no rio Selef, ao pé do Monte Taurus (na Cilícia), em 10 de junho. Seu exército desarvorado se dispersou e apenas algumas centenas deles estiveram com Frederico de Suábia no cerco do Acre. --- Neste ano morreu o célebre astrólogo e poeta de Khorassan chamado de Al Anwari, que vivia na corte do finado sultão Sandjar. --- Toghrul III foi destronado e preso pelo atabegue do Azerbaidjão persa, Qizil Arslan, pois pretendia se libertar de sua tutela. Este último foi morto em 1191 e Toghrul III voltou ao poder. 1191 - O rei cruzado francês Filipe Augusto desembarcou no porto do Acre em 20 de abril. --- O rei cruzado inglês Ricardo I Coração de Leão, devido a tempestades, chegou à Ilha de Chipre em 6 de maio, conquistando-a em 21 de maio com a vitória em Tremitussia sobre os bizantinos (dos quais recebera mau tratamento antes, em sua passagem por Constantinopla). Neste mês ainda, ele transferiu a ilha para Guido de Lusignan (antipatizado em Jerusalém por causa da derrota de Hatin), que facilitou a imigração dos francos que saíram de Jerusalém com a conquista de Saladino. Com esta medida neutralizou o papel dos bizantinos na ilha. Com ele iniciou-se a Dinastia dos Lusignan na ilha, que governou até 1489, quando caiu sob os otomanos. --- Em 12 de julho, os dois reis, já reunidos, se apoderaram de Acre a Saladino; mas nesta luta morreu o grão mestre dos Templários, Geraldo de Ridefort, sendo sucedido por Roberto IV de Sable. Em face de novos desentendimentos com Ricardo I, Filipe Augusto retornou ao seu reino na França em 2 de agosto, mas suas tropas ficaram à disposição dos cruzados. Em 22 de agosto, Ricardo I tomou Haifa a Saladino; prosseguiu o caminho litorâneo (acompanhado por uma esquadra no Mediterrâneo) e em 7 de setembro, venceu o sultão na Batalha de Arsuf (no litoral entre Cesareia e Jaffa); logo após iniciando negociações com ele. Nesta batalha, o rei inglês perdeu seu cavalo; Saladino mandou dois de seus cavalos árabes para ele. - - Neste ano, Mohammed de Ghor foi vencido pelos Tchauân, na Índia, na Batalha de Tarain, nas proximidades de Thanesar. --- Na Península Ibérica, os Almohades iniciaram seus ataques contra Portugal, em Algarves, em abril; apoderaram-se de Alcacer do Sal em 11 de junho e retomaram Silves em 10 de julho (fazendo recuar a fronteira até o rio Tejo). --- Há referência da presença de moinhos de vento na Europa, muito provavelmente pela sua relação com o Mundo Muçulmano desde o meio do século IX. 1192 - De janeiro a abril, Ricardo Coração de Leão fortificou Ascalão antes de ir para Gaza. -- Em 28 de abril, em Jerusalém, Conrado de Montferrat (casado com a Princesa Isabel) foi assassinado por dois ismaelianos Nizaritas (Assassinos), quando estava para ser proclamado rei de Jerusalém. Os barões francos do reino (agora tendo a capital em Acre) escolheram para sucedê-lo a Henrique II de Champagne, nobre francês sobrinho de Ricardo Coração de Leão, e o fizeram casar com a viúva Princesa Isabel (que era a herdeira final do reino), reinando este até 1197. - Nos dias 1 e 5 de agosto, Ricardo Coração de Leão obteve vitórias em Jaffa, mas não teve sucesso em Jerusalém. --- Em 26 de agosto, ao falecer o sultão turco seldjúcida de Rum Qilij Arslan II, o sultanato foi palco de guerra civil entre os seus 12 filhos, disputando o trono, saindo vitorioso Kay Khusraw I. - Quase um ano depois da vitória em Arsuf, Ricardo I Coração de Leão assinou, em 2 de setembro, em Ramla, uma trégua com Saladino por 3 anos, pelo qual este ficou com o interior (tendo os cristãos o direito de peregrinar em Jerusalém)e Ascalon; enquanto o litoral palestino de Tiro a Jafa ficou sob o controle dos cruzados (seria o ‘reino de Jerusalém’ sem a posse de fato de Jerusalém até 1291). Durante estes entendimentos para o acordo, foi veiculada a proposta de casamento de Joana da Inglaterra (irmã de Ricardo I) com o irmão de Saladino (Al-Adel), mas a proposta não foi adiante. Os garantidores sob juramento deste acordo foram os grãos mestres dos Templários e Hospitalários, Henrique de Champagne e Balião de Ibelino (senhor do castelo neste local entre Jafa e Ascalon). --- Em 9 de outubro, o rei inglês, estafado pelos conflitos e preocupado com urdiduras entre o rei francês Filipe Augusto (seu inimigo) e o seu irmão João Sem Terra, se decidiu retornar para a Inglaterra. - Em 3 de novembro, o sultão Saladino chegou a Damasco. --- Neste ano, houve o sequestro dos embaixadores que o sultão Saladino mandou para entrevistar o imperador bizantino, por ordem do genovês Guilherme Grasso. 1192 a 1196 – O Sultanato de Rum foi governado por Kay Khusraw I neste período; ficou destronado de 1196 a 1204. quando restaurou o trono e aí ficou até 1210. 1193 - Em 4 de março morreu Saladino, decorrendo o desmembramento de seu território. --- Com a morte de Sultan Shah, em 29 de setembro, em Khorassan, o poder foi tomado pelo seu irmão Takach (ou Alah al-Din Takesh, Chah de Kharezm). A partir daí, Khorassam fez parte do Império Kharezmiano. --- Neste ano: O escravo do sultão afegão gurida Maomé de Ghor chamado Qutub ad-Din Aybak venceu a segunda Batalha de Tarain (ou 69 Taraori) contra os Tchohan (dinastia indiana de Ajmir, em Rajputana, coligados com os Pala e Sena de Bengala e Bihar, os Tchandella de Bundelkhand, os Gaharwar de Kanoj); ficando o nordeste da Índia sob o jugo muçulmano. Nesta batalha, foi morto o valoroso Prithvi Raj, rajaputro e último rei dos Tchauân. Assim, o Império Gurida se estendia desde o alto vale do Ganges até a capital Herat, na Pérsia, após a conquista de Delhi. Os Ghuridas fundaram Delhi, no vale do rio Ganges, sobre um antigo sítio hindu. Foi aí que Qutub ad-Din Aybak mandou construir uma mesquita enorme com os restos dos monumentos que existiram antes. A cidade de Bihar (onde se originou o Budismo) foi ocupada pelo subordinado dele:o general gurida Muhammad ibn Bakhtiyar Khaldji. 1193 a 1260 - A Dinastia dos Aiúbidas, criada por Saladino, se dividiu em 4 ramos: o do Egito (que reinou de 1171 a 1250), o de Damasco ((1174 a 1260), o de Iêmen (de 1173 a 1229) e o de Alepo ( (1183 a 1260). Esta divisão foi feita entre os seus 3 filhos e o irmão Malik al-Adil (ou Al Malik al-Adel). O ramo do Egito caiu sob os Mamelucos em 1250; os de Alepo e Damasco sob os Mongóis. 1194 - O sultão ghurida Qutub ad-Dîn Aïbak conseguiu vencer o rei Gahadavala (de Benares e Kanauj) nas proximidades de Etawah; também atacou e pilhou a capital do Kathiavar (no golfo de Cambay), importante centro de comércio entre a Índia e o Ocidente. --- Em 19 de março, o Chah de Kharezm, Ala al-din Takesh (ou Takash), açulado pelo califa abássida de Bagdá (Nasir) e diante da impotência dos eldiguzidas em neutralizar o poder do sultão, invadiu o Iraque Adjémi. Aí venceu, em 25 de março, e matou o último sultão seldjúcida Tuğrul ibn Arslan (Toghrul III) nas proximidades de Raí (Rey), sendo decapitado e sua cabeça mandada para o califa abássida An-Nasir (que a expôs na frente de seu palácio em Bagdá). A morte de Toghrul III selou o fim do Sultanato Seldjúcida da Pérsia e a incorporação da região ao Império Kharezmiano. --- Em abril, em Chipre, morreu Guido de Lusignan, sendo sucedido por Amauri II que governou até 1205. --- Na primavera, o rei de ‘Jerusalém’, Henrique II de Champagne, fez um acordo com Sinan, mestre dos Nizaritas (Assassinos) na fortaleza de Al-Khaf. --- Neste ano: Na Espanha, o rei de Castela, Afonso VIII, avançou suas conquistas até Algeciras. 1194 a 1220 - Na África, no Reino de Kanen-Bornu, ao norte do Lago Tchad, a Dinastia dos Téda, foi substituída por uma dinastia muçulmana negra, cujo fundador foi Selmaa (ou Tsilim) ben Bikoru. 1195 - Os Almohades, tendo à frente seu líder Abu Yusuf Yaqub Al-Mansur, partiram do norte da África, desembarcaram em Algeciras, no litoral da Espanha, e infringiram séria derrota sobre Afonso VIII de Castela e os cavaleiros da Ordem de Calatrava na Batalha de Alarcos, em 19 de julho. O Império Almohade atingiu o seu clímax. Nesta batalha participou junto aos Almohades o líder merinida Abd al-Haqq (considerado o criador da Dinastia dos Merínidas ou Banimerinos). - No dia 1º de junho foi travada a Batalha de Shamkor, perto da cidade do mesmo nome no Azerbaijão persa, onde as tropas georgianas conseguiram a mais expressiva vitória sobre Abu Bekr, atabegue do Azerbaijão. --- Em outubro, o rei de Chipre, Amauri II de Lusignan mandou uma embaixada ao imperador alemão Henrique VI, o Cruel para obter o título de rei de Chipre. --- Na Península Ibérica: A Ordem de Calatrava deixou sua fortaleza e foi para Ciruelos, na província de Toledo. Daí alguns cavaleiros se apoderaram do castelo de Salvaterra (na Serra Morena), mantendo-a até 1211 (durante este período esta ordem teve o nome de Ordem de Salvaterra). 1196 - No início de julho, o sultão aiúbida Al-Adel, irmão do falecido Saladino, se apoderou de Damasco ao seu sobrinho Al-Afdhal (Al-Afdhal Nûr adDîn `Alî) por considerá-lo dipsomaníaco e deixar o governo nas mãos de seu vizir ; colocando para governá-la o seu vizir Diyaeddin Ibn al-Athir; AlAfdhal foi exilado na fortaleza de Salkhad. 1197 - Em agosto/setembro, o porto de Jaffa foi retomado pelo sultão aiúbida Al-Adel. --- Em 10 de setembro morreu, em Chipre, Henrique de Champagne acidentalmente (caiu de uma janela de seu palácio na capital do reino de ‘Jerusalém’, a cidade do Acre); os barões passaram o trono ao rei de Chipre, Amauri II de Lusignan (coroado rei de Chipre no outono em Nicósia, capital da ilha, pelo chanceler imperial alemão Conrado de Hildesheim).--Henrique VI ( rei da Sicília e imperador alemão) mandou expedição para reconquistar Jerusalém, sob o comando do Duque de Brabante; em 23 de outubro, se retomaram Beirute e Sidon (renovando, pois, o contato terrestre entre Acre e Trípoli), comandados por Amauri II de Lusignan e continuaram seu roteiro para Jerusalém, mas tiveram que cercar Toron (26 de novembro a 2 de fevereiro de 1198). Ao saberem da morte de Henrique VI em Messina (na Sicília, em 28 de setembro), esta expedição retornou em março de 1198. --- No fim deste ano, o imperador Aleixo III propôs ao sultão de Rum a devolução de Teodoro Mangafas (Branas?), sob promessa de que sua vida seria poupada. O sultão consentiu e Teodoro foi solto (provavelmente em 1204). --- Neste ano, no Sultanato de Rum, Kay Khusraw II foi destronado por seu irmão Sulayman II e buscou guarida em Damasco, depois na capital bizantina, Constantinopla. --- O emir de Ancira (ou Angora, hoje chamada de Ancara) conquistou a cidade de Dadibra (no tema da Paflagônia), expulsou seus habitantes para povoá-la com turcos. --- Um famoso centro de estudos budistas da Índia, a Universidade de Nâlandâ (em Bihar, às margens do médio Ganges, norte da Índia) foi destruído pelo general gurida Muhammad ibn Bakhtiyar Khaldji, lugar-tenente de Mohammed de Ghor e conquistou o Reino de Pâla ao sul de Bihar (ao norte da Índia). - Na Península Ibérica, os Almohades perderam parcialmente o Algarves e Silves (que foi destruída) pelas forças militares do rei de Portugal Sancho I, auxiliado por cruzados holandeses e alemães. --- A cidade de Toulon (em Provença, Reino da França) e o Mosteiro beneditino de S. Honorato (nas Ilhas Lerins) foram alvos de ataques de piratas muçulmanos das Ilhas Baleares. 1197 a 1282 - Dinastia muçulmana dos Khilji (originários de Malik Khildj) governou Bengala (no Delta do Ganges, norte da Índia). 1198 - Amauri II de Lusignan, a partir de janeiro, começou a governar o reino de ‘Jerusalém’ (já era rei de Chipre desde o ano anterior), depois que se casou com Isabel de Jerusalém. Ele renovou uma trégua com Malik al-Adil (ou Al-Adel) por 5 anos e 8 meses, criando uma política de trocas comerciais e coexistência pacífica entre aiúbidas e francos. --- Em 2 de fevereiro, os cruzados alemães abandonaram o assédio a Toron e retornaram para a Europa em março, por causa da morte do imperador. --- Em 5 de março, uma assembléia reunida em S. João d’Acre transformou a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos em força militar. --- No final de novembro, um dos filhos do falecido sultão Saladino, Malik Al-Aziz, morreu em queda de cavalo quando caçava lobos perto das Pirâmides do Egito. Foi sucedido pelo filho Malik Al-Mansur Nâsir ad-Dîn (com apenas 9 anos de idade), que teria como regente o atabegue Baha Al-Din Karakouch, mas houve disputas entre Al-Adel ou Al-Adil Sayf al-Din (filho de Saladino e governador de Damasco) e Al-Afdhal (sultão do Egito) pelo poder local. --- Na França, na cidade de Cerfroid, foi criada a Ordem dos Trinitários (ou da Santíssima Trindade) por Félix de Valois e João de Mata (depois santificados), cujo objetivo era resgatar prisioneiros dos mouros. --- No Iêmen, todos os judeus foram forçados a se converter ao Islamismo. 1199 - Continuando as disputas sucessórias no Egito, Al-Afdhal, junto com seu irmão El-Malik ed-Zahir Ghazi (governador de Alepo) tentou cercar a cidade, de Damasco, em 14 de junho, enquanto Al-Adel estava em Mardin. Em dezembro, os irmãos abandonaram o cerco de Damasco. --- Neste ano: Maomé Ibn Bakhtiyar atacou o reino dos Sena (em Bengala, nordeste da Índia). Ainda na Índia: em Delhi foi iniciada a construção do primeiro minarete. 1199 (22 de janeiro) a 1212 - Ao morrer o califa almohade Abu Yusuf Yaqub Al-Mansur, subiu ao poder o filho Muhammad an-Nasir, que precisou sufocar uma rebelião dos ghorama, tribos das montanhas do Atlas; além da revolta dos partidários do almorávida Yahia ben Ghaniya do leste do Magrebe. 1200 - Al-Adel (Al-Adil Sayf al-Din), irmão de Saladino, venceu Al-Afdal na Batalha de Bilbeis, em 25 de janeiro. Em 5 de fevereiro, depois que se apoderou da capital (Cairo), ele se tornou mais outro sultão aiúbida do Egito (com o nome de Safadin), governando até 1218 e tomando a Mesopotâmia. Al-Afdhal foi mandado para o exílio em Diyârbékir; Al Mansur foi deposto, mas se refugiou em Alepo. --- A Grande Mesquita de Herat (capital do sultanato) foi construída pelos Guridas. --- Neste ano: Em Kharezm morreu Ala ad-Din Tekish, passando o trono a ser ocupado pelo seu filho, Ala ad-Din Muhammad, governando a Transoxiana e a região central e oriental da Pérsia. --- No norte da África, os Almohades promoveram massacres de judeus. 1200 (5 de fevereiro) a 1218 - O Egito foi governado neste período pelo aiúbida Al-Adel ou Al-Adil Sayf al-Din. 1200 a 1220 - Sob o reinado de Allah (Ala) ad-Din Muhammad, Kharezm atingiu o máximo de sua extensão com a conquista de Transoxiana aos Caracânidas (em 1212) e de Khorassan aos Guridas (em 1215), graças também a alianças feitas com os Kiptchaks (da Horda de Ouro) e Oghuzes. Tais conquistas, porém, acarretaram, além das destruições humanas, também um desequilíbrio ecológico com os campos agrícolas sendo usados como pastagens pelas tropas dos nômades Kiptchaks. No final deste século, além dos Estados de menor importância, na Ásia Central despontavam 3 grandes impérios: o Sultanato de Kharezm (na Pérsia e Turquestão Ocidental, até o rio Iaxartes ou Sir-Daria), o Império Ghurida (no Afeganistão e norte da Índia) e o Império Qara-Khitai (mongol e não muçulmano), a leste do rio Sir-Daria. SÉCULO XIII Criou-se o primeiro reino muçulmano no Sudeste da Ásia: foi o Sultanato de Pasai, ao norte da ilha de Sumatra (Indonésia atual). Deste século até o século XIX o norte da Índia foi o foco da cultura islâmica neste subcontinente. Neste século a sociedade muçulmana no Oriente Médio foi alterada com a presença dos povos das estepes asiáticas (os turcos) e com a presença dos mongóis (na Pérsia). Os mongóis gengiscânidas dominaram a Pérsia, aí permanecendo até a terceira década do século XIV. 70 Gêngis Khan, nas primeiras décadas deste século, criou o maior império jamais construído no mundo (cerca de 33.000.000 km 2, do Mar Mediterrâneo oriental ao litoral ocidental do Oceano Pacífico e do centro sul da Sibéria ao norte da Índia e Sudeste da Ásia). Neste século o Império Kanem (no Chade atual) conquistou as terras saarianas até Borno (ou Bornu, na Nigéria atual) e no sentido leste até o oásis de Fezzan e Uaddai (na direção do vale do Nilo). Também na África, ao sul de Marrocos, no oásis de Tafilalet, se estabeleceram os Alauítas (descendentes de Ali, genro de Maomé). - Os entrepostos comerciais persas do litoral centro-oriental da África (em Kiloa e Ilha de Comores) atingiram o seu maior desenvolvimento. - Aquele que é o maior templo muçulmano do norte da África, a Grande Mesquita de Kairuan (na Tunísia atual) passou por uma série de reformas e aprimoramentos sob a Dinastia dos Hafsidas. -- Tribos que falavam o haussa (englobando hoje Costa do Marfim, Camarões, Chade, Níger, Nigéria e Sudão) se converteram ao Islamismo por ação de imigrantes provenientes do Reino de Mali. Foi neste século que se realizou a maior parte das Cruzadas ocidentais, tidas por historiadores muçulmanos como a primeira manifestação do colonialismo europeu, sobretudo da França capetíngia, bem como do colonialismo econômico de Veneza e Gênova. Deste colonialismo nada restou na Idade Moderna, visto que tinha mais caráter administrativo que colonialista de fato. Elas, entretanto, colocaram em contato o Oriente com o Ocidente através do Mar Mediterrâneo. Ao iniciar-se a segunda metade deste século o ramo dos Bahritas dos turcos chamados de Mamelucos se sobrepôs aos Aiúbidas no Egito e corredor sírio-palestino, governando até 1381. A Espanha muçulmana ficou reduzida apenas ao Reino de Granada, sob os Nasridas (última dinastia muçulmana na região), ao sul da Península Ibérica. Foi neste século que surgiu o Reino de Sogut na Ásia Menor: embrião do Império Otomano (fundado no final do século). 1201 - Em 16 de fevereiro, nasceu em Tus (em Khorassan) o sábio Nasîr-ud-Dîn Tûsî, que renovou o conhecimento da astronomia no mundo muçulmano. Além disso, era filósofo, matemático, teólogo e médico. --- Morreu em 5 de junho o autor de uma antologia poética, além de historiador: Imad al-Din al-Isfahani. --- Em julho foi registrado um terremoto na Síria e seca no vale do Nilo. --- A partir deste ano surgiu a Armênia Zacarida (ou Zacariana) por doação de uma parte da Armênia à família dos Zacarianos pela rainha Tamar da Geórgia. 1202 - Em 13 de maio, Veneza traçou acordo comercial com o vice-rei aiúbida do Egito, Al Kamel, pelo qual seus navios mercantes tinham acesso a portos importantes egípcios como Damieta e Alexandria, sob promessa de que não daria cobertura à qualquer expedição ocidental contra o sultanato. Por outro lado, a despeito deste acordo, fez outro com os ocidentais para transportar os cruzados mediante pagamento. -- Veneza impôs aos cruzados a tomada de Zara (hoje chamada de Zadar, na Croácia, porto no litoral do Adriático), de 13 a 24 de novembro. Foi o primeiro sintoma do ‘desvio’ de objetivo da IV Cruzada (em vez de ir ao Oriente para lutar contra os muçulmanos foi para conquistar Constantinopla). --- Fora da ação da IV Cruzada: Em 27 de julho ocorreu a Batalha de Basian, na qual tropas georgianas comandadas por Davi Soslan impuseram derrota aos turcos seldjúcidas de Rum (sob a chefia de Rukhn ad-Din Süleymanshah II). --- Em agosto continuou a ação de conquista dos kharezmianos sobre a província persa de Khorassan, onde estavam ainda os Ghuridas. -- Neste ano o reino de Bengala Meridional, sob a dinastia dos Sena, foi incorporado ao Sultanato de Delhi, após a tomada de sua capital Nadiya. Os que puderam fugir da conquista muçulmana foram para as regiões pantanosas do delta oriental do rio Ganges. --- Uma frota dos Almohades expulsou os Ghanya Banu (Almorávidas) das Ilhas Baleares. --- O matemático Leonardo Fibonacci (ou de Pisa) introduziu o número 0 (zero) na Europa em seu livro ‘Liber Abaci’ (‘Livro de Cálculo’). 1203 - Em 16 de maio, o emir de Hama, Malek Al-Mansur (neto de Saladino) saiu-se vitorioso contra as tropas dos Hospitalários em Hama. Em 31 deste mês, eles saíram do Krac dos Hospitalários e de Margat e foram para Montferrat, onde sofreram nova derrota. --- Em novembro, os Almohades conquistaram o arquipélago das Ilhas Baleares. --- Neste ano morreu o grande poeta épico persa Niâmî.--- O rei de Portugal, Sancho II, se apoderou de Elvas e Alentejo, pertencentes aos Almohades. 1204 - Em setembro, o rei Amauri (sem a ajuda dos cruzados que tinham tomado Constantinopla) ficou sem meios de recuperar Jerusalém; desta forma foi forçado a solicitar ao sultão Al-Adel para renovar a trégua por mais 6 anos. --- Em novembro, o ex-imperador bizantino Aleixo V foi executado (antes ele pedira, sem sucesso, a ajuda militar do sultão Solimão, de Rum). --- Em 13 de dezembro morreu em Fostat, no Egito, o filósofo Maimônides (ou Moisés ibn Maimon). -- Neste ano, a cidade de Herat, na província de Khorassan, foi objeto de disputa entre os Kharezmianos (Allah ad-Din Muhammad) e os Ghuridas (Mohammed de Ghor): este último foi vitorioso em conflito no rio Oxus (Amu-Daria). Os kharezmianos solicitaram o auxílio do khan dos Khara Khitai, prontamente atendido, revertendo a situação: os Ghuridas foram derrotados em Hezarasp e obrigados a sair da região. Em setembro-outubro, Mohammed de Ghor foi novamente derrotado pelos Kara-Khitanos em Andkhui (oeste de Balkh). 1204-1205 - Os Hospitalários novamente entraram em confronto com emir de Hama, Malek al-Mansur, fazendo incursão e devastando a região até o rio Orontes, perto de Hama. Enquanto eles se dirigiam contra Homs, outro grupo de Hospitalários (de Margat e do Krac) junto com tropas de Trípoli fizeram incursão contra Djibal e Lataquia (então, sob os muçulmanos). O governador de Alepo, Malek Zahir Ghazy, mandou tropas, sob o comando de Mubariz ad Din Akdja para cercar Margat; mas ele morreu por uma flechada, resultando em fracasso a operação militar. --- Foi também neste período de 2 anos que o Sultanato de Rum foi governado por Kilij Arslan III. 1205 - O sultão aiúbida Malic al-Adid devolveu Sidon por trégua assinada com Amauri II de Lusignan, ao reino de ‘Jerusalém’ (restrito ao litoral). Este rei morreu em 1 de abril; sucedendo-o o seu filho Hugo I apenas com 10 anos, tendo como regente João de Ibelino, ‘velho senhor de Beirute’. - Ala adDin Muhammad, de Kharezm, passou a se intitular ‘shah’ após vitória e conquista sobre o Grande Seldjúcida de Bagdá. --- O general Muhammad al Inti ibn Abi Hafs, dos Almohades, conquistou a região oriental de Ifrîqiya e avançou sobre Trípoli. 1205 a 1210 - No Sultanato de Rum, Kay Khosraw (ou Kaikhosru) I reassumiu o poder (perdendo-o Kilij Arslan III) e perseguiu a meta de restaurar a unidade política do sultanato. Enquanto o imperador bizantino instalou a capital em Niceia, o sultão de Rum procurou estabilizar a sua fronteira oriental através de acordo com os Artukidas de Kharput e de Mardin e também com o Aiúbidas de Alepo; desembaraçado nesta fronteira, voltou-se à expansão territorial para a fronteira ocidental, em território bizantino. 1206 - O califa almohade An Nasir, em 9 de janeiro, se assenhoreou do porto de Mahdia, na Tunísia; em 11 de fevereiro, ocupou Túnis. Desta forma ele acabou com o domínio local pelo almorávida Yahia ben Ghaniya (que foi para as Ilhas Baleares, mas um ano depois foi desalojado daí) e nomeou Abu Muhammad como governador da Tunísia. --- O sultão Mohammed de Ghor foi morto em Dhamyak (na chamada 'Faixa do Sal') em conflito vitorioso sobre os Khokhar (tribo agrícola do Punjab), em 13 de março e não apresentava sucessores diretos. Com isto, o Sultanato de Delhi voltou a ser independente se proclamando sultão um escravo turco seu chamado Qûtub ud-Dîn Aibak; em Ghazni quem se declarou sultão foi Yildiz, um dos ghulams (escravos-soldados) do morto. 1206 a 1221 - Ala ad-Din Muhammad II, um dos mais famoso Chah de Kharezm (região do atual Turquemenistão) se apoderou de Herat (na Pérsia); em 1215 subjugou os Guridas tomando sua capital Ghazni (no Afeganistão). O império dos kharezmianos durou apenas até 1221. 1206 a 1290 - No Sultanato de Delhi, iniciou-se a Dinastia dos ‘Escravos’, muçulmana, fundada por Aibek (Qûtub ud-Dîn Aibak), ex-escravo e general de Mohmmed de Ghor. Após uma incursão contra o sultão de Ghazni, Yilduz, ele se dedicou à consolidação do seu sultanato. 1207 - Veneza perdeu, em 5 de março, o porto de Antalya (Adália, ao sul da Anatólia) a Kay Khosraw. --- Neste ano: Entre os Ayúbidas do Egito e a burguesia de Pisa se renovou um acordo comercial. Por outro lado, competindo com Pisa, os venezianos fizeram o mesmo com Alepo (expirando o acordo em 1216). --- Ala ad-Din Muhammad II, de Kharezm, aliado ao caracânida Othman ibn Ibrâhim, iniciou neste ano o processo de autonomia em relação aos Qara-Khitai, e lhes tomou as cidades de Bukhara e Samarcanda. --- Os Aiúbidas colocaram um termo final à Dinastia dos Shah Arman (um dos beylicados ou principados da Armênia-Geórgia). 1207 a 1273 - Nesta época viveu em Iconium o poeta persa místico e dervixe Jalal (que significa ‘majestade’) al-Din (‘religião’) Muhammad Rumi, criador do Sufipath ou movimento do Mevlana (ou mevlita), fazendo até de Iconium um centro de peregrinação de seus seguidores. 1208-1209 - Ala ad-Din Muhammad II, de Kharezm, e os Ghoridas novamente se atritaram, nomeando governo títere em Herat. 1209 - Kay Khusraw (do Sultanato de Rum) se aliou com o imperador latino de Constantinopla, Henrique de Hainaut, contra Teodoro I Láscaris, imperador bizantino de Niceia, por estar este pretendendo restabelecer Aleixo III no trono em Constantinopla. --- O rei Lalibela de Aksun (Etiópia) mandou uma embaixada ao Cairo para solicitar nova autoridade religiosa para o reino; a partir daí os metropolitas locais passaram a ser sírios e não coptas como antes. 1210 - Em setembro, a trégua de 1204 entre o reino de ‘Jerusalém’ e o sultanato aiúbida do Egito não foi renovado por interferência dos Templários. O sultão al-Adel, então, mandou erigir uma fortaleza no Monte Tabor, muito estratégica pela visão completa da Planície de Acre (capital do reino de ‘Jerusalém’). - Em 4 de novembro, em Lahore (Índia), o sultão Qutub ud-Din Aibak (Aibek) morreu devido ao coice de seu cavalo durante um jogo, sendo 71 sucedido pelo filho Aram Shah, mas em 1211 foi despojado do poder por Iltutmish, originário de uma tribo do Turquestão (a dos Ilbari). -. - O shah kharezmiano Ala ad-Din Muhammad II venceu os Kara Khitai em Ferghana e no rio Talas e os expulsou da Transoxiana. 1210-1211 - A armada armênio-georgiana, agora sob o controle dos Aiúbidas, conseguiu recuperar totalmente a região oriental da Armênia e parcialmente a parte central, que estavam sob o domínio dos atabegues do Azerbaijão. 1211 – Em junho, o sultão Kay Khusraw (de Rum) foi vencido e morto na Batalha de Antióquia-no-Meandro pelo imperador bizantino de Niceia, Teodoro I Láscaris, este se assenhoreou de grande trecho do litoral da Anatólia com esta vitória. Aleixo III foi preso e internado em mosteiro em Niceia. Tratado de paz entre Niceia e os filhos do finado Kay Khosraw, disputando a sucessão. --- Em julho, o rei de ‘Jerusalém’, João de Brienne renovou uma trégua com o Sultanato de Rum por um quinquênio; simultaneamente mandou emissários ao papa Inocêncio III, a fim de conseguir auxílio militar para uma ofensiva antimuçulmana que seria lançada no verão de 1217. 1211 a 1235 - Governo de Chams-el-Din ou Iltutmich (Îltutmish) no Sultanato de Delhi, da Dinastia dos Escravos, lugar-tenente de Qûtb ud-Dîn Aibak. Sua autoridade foi reconhecida pelo califado de Bagdá e seu domínio se estendia desde Sind ao Panjab até Bengala. 1212.— Em 20 de maio estava concluída a construção da Fortaleza do Monte Tabor pelo sultão al-Adel. --- Em 16 de julho, na Espanha, os Almohades foram vencidos fragorosamente pelas tropas coligadas dos reis cristãos de Castela, Navarra, Aragão e Portugal na Batalha de Las Navas de Tolosa, efetivando um recuo cada vez maior do domínio muçulmano na Península Ibérica. O tesouro de Castela, no entanto, ficou exaurido com dificuldade de pagar os soldados que participaram da batalha. Há autores que colocam este evento como o verdadeiro início da Reconquista Cristã. --- Neste ano, em face da revolta do caracânida Othman ibn Ibrâhim, o shah kharezmiano Ala ad-Din Muḥammad II invadiu o seu território. subjugou e pilhou sua capital Samarcanda e mandou matar Othman, sendo este, portanto, o último da dinastia dos Caracânidas. Samarcanda se tornou capital do Império Kharezmiano 3 anos depois, saindo de Urgendj (perto de Khiva). 1213 - Após a derrota sofrida na Espanha, Muhammad an-Nasir entrou de novo em Marrocos, em 26 de dezembro, onde passou o trono ao seu filho Yusuf al-Mustansir, que governou até 1224. 1214 - Em novembro, o sultão de Rum, Kay Kawus I capturou o imperador de Trebizonda, Aleixo I, quando estava caçando; mesmo soltando-o, Trebizonda teve que lhe entregar a cidade de Sinope e o imperador se tornou vassalo do sultanato. Desta forma, o seu império passou a ter como limites ocidentais os rios Íris e Termodon. - Neste ano: Alah ad-Din Muhammad, chah de Kharezm, colocou em fuga o governador de Ghazni, Taj-ud-din Yildiz, que foi para Lahore e realizou a conquista de Punjab. No entanto, o sultão de Delhi, Iltutmish, venceu e aprisionou este governador de Ghazni em Tarain (próximo de Thanevar), depois se apoderou de Lahore e do Sind muçulmano. --- Na Península Ibérica assolada pela fome, o rei Afonso VIII de Castela desatinadamente cercou sem sucesso a cidade de Baeza dos Almohades. 1215 - Neste ano: O Chah de Kharezm, Ala ad-Din Muḥammad II fez de Samarcanda a capital do império, tomou Ghazni e parte do Afeganistão, além de Khorassan e da Transoxiana. Por outro lado, turcos iranizados ocupavam parcialmente o Afeganistão e Iraque Adjémi. O Sultanato Ghurida foi partilhado entre o Sultanato de Delhi e os Kharezmianos. --- As tropas do almohade Yusuf al-Mustanṣir (com apenas 16 anos de idade) foram derrotadas em conflito no litoral de Rif (em Marrocos) frente aos Merínidas. 1216 - Em 14 de fevereiro, o filho primogênito de Boemundo III de Antióquia, Raimundo Rubem (em disputa de poder com Boemundo IV), com o apoio dos Hospitalários e do seu tio Leão II da Armênia, conseguiu se tornar Príncipe de Antióquia, aí ficando até 1219, em prejuízo de Boemundo IV. --- Em Transoxiana, diante da resistência dos muçulmanos da ordem dos sufi Kubrawi, o sultão kharezmiano Ala ad-Din Muhammad II mandou o sheik (xeque) Medjid ed-Din Baghdadi combatê-los. Também, neste ano, ele insuflou uma reunião de notáveis locais a decretarem a desgraça do califa An-Nasir, como inimigo da fé islâmica e assassino. Desta forma, ele poderia assumir não apenas o poder temporal, mas também o religioso do califa. --- Neste ano, os bérberes Merínidas iniciaram a conquista do Marrocos, se estabelecendo na bacia do Alto Muluya, a leste do atual Marrocos). --- Em Transoxiana, diante da resistência dos muçulmanos da ordem dos sufi Kubrawi, o sultão kharezmiano Ala ad-Din Muḥammad II mandou o sheik Medjid ed-Din Baghdadi combatê-los. Também, neste ano, ele insuflou uma reunião de notáveis locais a decretarem a desgraça do califa An-Nasir, como inimigo da fé islâmica e assassino. Desta forma, ele poderia assumir não apenas o poder temporal, mas também o religioso do califa. 1217 - No final de agosto, o rei da Hungria, André II e o duque da Áustria, Leopoldo VI, ambos comandando a V Cruzada, embarcaram em Spalatro, no Mar Adriático; chegaram na capital do reino de ‘Jerusalém’, o porto do Acre, em setembro; se juntaram a eles João de Brienne e o jovem rei de Chipre, Hugo I. De 29 de novembro a 7 de dezembro, ocorreu o fracasso dos cristãos diante da Fortaleza do Monte Tabor defendida pelos aiúbidas. --- Um governador nomeado por Mohammed de Ghor para Multan e Uch (sul do Punjab) chamado de Nâsir ud-Dîn Qabacha se revoltou e foi derrotado por Iltutmish, sendo expulso da região. --- Neste ano, O shah de Kharezm, Ala ad-Din Muhammad II, solicitou ao califado de Bagdá os mesmos títulos dos Buyidas e Seldjúcidas; diante da recusa do califa invadiu a Pérsia Ocidental, cuja maioria dos atabegues (governadores turcos como os Salguridas do Fars, autônomos e hereditários) lhes prestaram homenagem. Se encaminhou até a fronteira do Iraque Arabî (em Holwân, nos Montes Zagros), território do califado, marchou para Bagdá e se impôs ao califa. Sendo assim, o Império Kharezmiano atingiu o apogeu, mas durou pouco face à invasão mongol: no sentido norte-sul ia desde a Pérsia e Afeganistão ao Pamir; no sentido leste-oeste dede o Azerbaidjão ao Iraque. --- O rei de Portugal, Afonso II, reconquistou a cidade de Alcacer do Sal aos muçulmanos. 1218 - Em 18 de janeiro, o rei André II retornou para a Europa passando pelo Krac dos Hospitalários e a fortaleza de Margat (estabelecendo para eles uma parte da renda real obtida nas salinas de Szalacs, na Hungria); depois, atravessou a Anatólia com seus soldados carregando relíquias como a cabeça de S. Estevão e um dos jarros das bodas de Caná. Uma parte dos húngaros ficou na Palestina, onde construíram a fortaleza do Castelo Peregrino (junto ao Monte Carmelo). --- Em 26 de abril chegaram novos reforços (frísios e renanos) a João de Brienne no Acre. Com estes reforços, ele acreditava que ‘as chaves de Jerusalém estavam no Cairo’, isto é, só atacando o Egito é que poderiam resgatar a antiga capital e cidade santa. Assim, em 24 de maio partiram do Acre para atacar Damieta, metrópole oriental egípcia e porto no delta do Nilo, chegando lá 3 dias depois e cercaram este porto. Cinco dias após, morreu de febre o grão-mestre dos Templários Guilherme de Chartres, sendo sucedido por Pedro de Montaigu. Em 24 de agosto atacaram um forte na entrada do rio Nilo e no dia seguinte conseguiram se apoderar da cidadela de Damieta; no final do mês morreu o sultão al-Adel, passando o governo aiúbida a Malik al-Kamel (Malic al-Camil) como sultão do Egito e da Síria. --- No outono, chegaram novos reforços de cruzados espanhóis, ingleses, franceses e italianos e do papa Honório III, representado pelo cardeal Pelágio. Diante desta situação, em 9 de outubro, o sultão Malik al-Kamel propôs a troca de Damieta pelo antigo reino de Jerusalém, com exceção da Transjordânia. O legado papal Pelágio (que substituíra João de Brienne no comando das tropas), no entanto, com sua intransigência. não aceitou esta proposta e continuou o cerco a Damieta até 5 de novembro de 1219. --- Neste ano, a pretensão de poder máximo ensejou uma estupidez dos kharezmianos: uma caravana mongol de muçulmanos, em que participava um enviado de Gêngis Khan cujo nome era Uquna, foi massacrada e pilhada em Otrar (ou Farab, no rio Oxus, ou Amu-Daria, cidade) pelo governador local Inaltchiq. Gêngis Khan exigiu uma reparação do shah Alah ad-Din Muhammad II, de Kharezm, através de uma embaixada, com a qual ocorreu o mesmo. A resposta mongol foi fulminante e impiedosa: invadiu o Império Kharezmiano. --- Veneza e o sultanato ayúbida do Egito renovaram o acordo comercial firmado em 1202. 1218-1224 - Invasão e conquista do Império Kharezmiano por Gêngis Khan, com a adesão dos Qarluks, dos uigures e do rei de Almalik (do vale do Orkhon). Por onde passavam, massacravam a população (exceto os artífices que mandavam para a Mongólia). 72 1218-1238 - Sultanato do Mameluco Malik Al-Kamel no Egito que manteve uma política de tolerância com a comunidade copta. 1219 – Em 1 de maio, na Armênia, pouco antes de morrer o rei Leão II (4 dias depois), a sucessão coube à sua filha Zabel, que, por ter apenas 3 anos de idade, teve como regente Adão de Bagras. O sobrinho de Leão II, Raimundo Rubem de Antióquia não aceitou isto, capturou a cidade de Tarso e se proclamou rei com o auxílio militar dos Hospitalários; o condestável e nobre Constantino, senhor de Lambron, reagiu, vencendo-o e aprisionando. Zabel foi a última governante da Dinastia Rubeniana da Armênia da Cilícia. O Conde de Trípoli, Boemundo IV, interveio em Antióquia em função de um complô contra Raimundo Rubem, tendo à frente Guilherme de Farabel. Raimundo Rubem foi preso e o Principado de Antióquia foi incorporado ao Condado de Trípoli. --- Em julho, o papa Honório III mandou Francisco de Assis em missão de paz ao Egito, sendo recebido pelo sultão aiúbida Malik alKamel, que aceitou até sua pregação entre os muçulmanos. Sua missão se frustrou; retornando à Itália, Francisco de Assis entregou a direção de sua ordem de frades menores para Pedro de Catânia. --- Em setembro, o mongol Gêngis Cã permitiu que seus filhos Djaghatai e Ogodai cercassem e tomassem Otrar. Depois as tropas mongóis se dividiram: seu primogênito, Djötchi, seguiu o rio Oxus (Syr Daria) até o Mar de Aral e se apoderou e massacrou as populações de Sunhak e Djend e juntou as tropas na foz do rio Oxus. Enquanto isto, outro grupo tomava Benaket e Khodjend. O líder mongol avançou sobre Bukhara, na Transoxiana. – Em 5 de novembro, Damieta caiu diante das tropas do rei de ‘Jerusalém’, João de Brienne. O Cardeal Pelágio decidiu atacar o Egito na época mais inadequada: a das enchentes do Nilo. Os cruzados marcharam em direção ao Cairo, onde ficaram ilhados, onde a magnanimidade do sultão permitiu-lhes que saíssem desde que entregassem Damieta. O sultão, mandou construir Al-Mansurah (na região oriental do delta do Nilo) para proteger sua capital, Cairo. 1219 a 1237 - Governo de Kay Qubadh I (ou Kaikobad I) no Sultanato de Rum, que atingiu o apogeu, abrangendo grande parte da Ásia Menor e se tornou intermediário no comércio entre a Europa e o Oriente. A PÉRSIA esteve SOB DOMINAÇÃO MONGOL de 1219 A 1506, sendo que entre 1219 a 1251 os gengiscânidas governaram indiretamente; de 1251 a 1335 foi governada pelos mongóis Il-Khânidas ou Hulaguidas; de 1335 a 1370 foi uma transição caótica provocada pelo desmembramento territorial e político com dinastias locais, gengiscânidas e até califas títeres; de 1370 a 1506 esteve sob o governo dos Timuridas. 1220 - Os mongóis, com Gêngis Khan e seu filho Tolui, se apoderaram e massacraram as populações de Bukhara (em 10 ou 16 de fevereiro), Samarcanda (onde se encontrou com os filhos Djaghatai e Ogodai, que tinham tomado Otrar) em março, Merv, Nichapur (em novembro, por Tolui) e Raí .Em abril, depois de uma resistência enorme, 3 filhos de Gêngis Khan se apoderaram da capital do Império Kharezmiano, Gurgandj (hoje Urgendj, próximo de Khiva) e, como se procedeu antes, sua população massacrada (com exceção de artesãos qualificados). Acabou o efêmero Império Kharezmiano.--- O shah kharezmiano, perseguido por 2 filhos de Gêngis Khan, se pôs em fuga para Balkh e depois para Khorassan, pediu guarida em Nichapur e depois para Qazwin (a noroeste do Iraque Adjémi) e acabou morrendo esgotado em Abesqun (ou Abuskow, ilhota no Mar Cáspio), em dezembro. Seu filho, o último shah kharezmiano Jalal ad-din (ou Jalâl al-dîn Makobirti, ou Djala ad-Din Mengü Berti, reagrupou sua armada em Ghazni, onde foi perseguido pelos mongóis sob Gêngis Khan. --- No verão, o sultão aiúbida Malik al-Kamel organizou uma frota a oeste do delta do Nilo (próximo de Alexandria) e arrasou uma esquadra ocidental no litoral da ilha de Chipre. Novamente ele ofereceu a proposta de troca de Damieta por Jerusalém, mas foi rejeitada por Pelágio. --- O sultão de Rum, Kay Kawus I morreu de tuberculose neste ano. 1220-1221 - O Império Kharezmiano (que dominava os atuais do Tadjiquistão, Usbequistão, Turquemenistão e Afeganistão) soçobrou ao perder Bokara (16 de fevereiro de 1220), Otrar (17 de março), Samarcanda (ainda em março) e Herat (que foi destruída) para os mongóis.-- O shah Alah ad-Din Muhammad II, de Kharezm teve que fugir para Raí (antiga Raghae), depois para Hamadhan (na Pérsia) perseguido pelos generais mongóis Djebe e Subotai e morreu estafado numa ilha do Mar Cáspio. Seu filho, Djala ad-Din Mengu, reuniu de novo suas forças a Ghazni (1221), onde foi perseguido por Gêngis Khan. 1221 - Em fevereiro, Tiflis, na Geórgia (sob o governo do Bagrátida Jorge IV, o Brilhante) , caiu sob os lugares-tenentes de Gêngis Khan, os generais Subotai e Djebe (de origem yesut); depois saquearam Maragha (no Azerbaidjão) e degolaram sua população (em março), se dirigindo depois para Bagdá. No final de fevereiro, Tolui (filho de Gêngis Khan) tomou Merv, em Khorassan, degolando quase toda sua população. Na primavera, tomou e massacrou os habitantes e saqueou a cidade de Balkh (pertencente aos kharezmianos). --- Em abril, depois de uma resistência enorme, 3 filhos de Gêngis Khan se apoderaram da capital do Império Kharezmiano, Gurgandj (hoje Urgendj, próximo de Khiva) e, como se procedeu antes, sua população massacrada (com exceção de artesãos qualificados). Acabou o efêmero Império Kharezmiano. --- Em 10 de abril, o último filho de Gêngis Khan, Tolui tomou a cidade de Nishapur, fez uma chacina demográfica (organizada pela viúva de Tuqutchar); depois se apoderou de Herat (onde a sanha sangrenta anterior não foi executada em relação aos civis). No mesmo tempo, o terceiro filho de Gêngis Khan, Ögödei, capturou a cidade de Ghazni. --- Em julho, os cruzados receberam novos e insuficientes reforços alemães sob o comando do duque Luís da Baviera (em vez de Frederico II), o cardeal Pelágio (mesmo contrariando a opinião contrária de João de Brienne) resolveu marchar contra a capital aiúbida do Egito, Cairo, na véspera das enchentes do Nilo, visando tomar Al-Mansurah; foram vencidos pelos egípcios porque estavam praticamente atolados em pântanos. O sultão permitiu sua retirada, desde que devolvessem Damieta. Sem outra alternativa, concordaram em 30 de agosto. --- O último shah kharezmiano Jalal ad-din (ou Jalâl al-dîn Makobirti, ou Djala ad-Din Mengü Berti) ainda resistiu nas montanhas do leste do Afeganistão, conseguiu até uma vitória em Parwan ou Perwan (ao norte de Cabul, perto de Ghazni). Em 24 de novembro, porém, foi derrotado nas proximidades de Nesawi. Fugiu para Lahore (na Índia), onde não conseguiu, porém, ajuda militar de Iltutmish, sultão de Delhi (em dezembro). --- Em novembro, a guarnição mongol que ficara em Herat após sua conquista, foi eliminada pela população em revolta. --- Neste ano, desapareceu do cenário da História Medieval a Dinastia dos Ghuridas com a conquista mongol de sua capital Firuskuh (em Mazandaran, norte da Pérsia, junto aos Montes Elburz). 1221 a 1223 - Os lugares-tenentes de Gêngis Khan, os generais Djebe e Subotai, realizaram incursões junto ao litoral do Mar Cáspio até 1223, saqueando Raí , Hamadhan, a Geórgia e a Crimeia. 1221 a 1240 - Os Templários conseguiram se apoderar de terras pertencentes ao governo aiúbida de Alepo, tendo como ponto de ação Gaston, nos Montes Amanus (na região chamada antes de Aram). 1221 a 1259 - No Reino de Kanem-Bomu (ao norte do Lago Tchad, na África) governou o muçulmano Dunama Dibalami. 1222 - Desde novembro de 1221, houve revolta em Herat, sufocada pela intervenção do general mongol Aldjigidäi, que a cercou por cerca de 6 meses, tomando-a em 14 de junho de 1222; durante uma semana degolaram toda sua população. Os persas que foram repovoar Merv cometeram a ousadia de trocar o prefeito nomeado por Tolui pelo shah kharezmiano Djelal ed-Din; como resultado o mongol Chigi-qutuqu os degolou sem piedade (o kharezmiano conseguiu fugir). --- Na primavera, os mongóis chegaram até Multan, no vale do Indo, mas tiveram que recuar diante das adversidades climáticas. --- No outono, Gêngis Khan reentrou na cidade de Bukhara, onde conversou com sábios muçulmanos; se dirigiu, a seguir, para Samarcanda onde permaneceu durante o inverno e determinou que as orações públicas fossem feitas em seu nome, mas isentou de impostos os religiosos islâmicos. --Neste ano, em Acre, houve conflito entre genoveses e pisanos, estes venceram e, assim, genoveses tiveram que abandonar o porto. --- O sultão muçulmano de Delhi (Iltutmich) conseguiu sustar os invasores mongóis, bem com em 1245 (pelo ministro Balban). 1223 - Os mongóis, depois de sua campanha vitoriosa na Rússia em maio, saquearam os armazéns de Gênova em Soldaia (na Criméia); continuando sua incursão, foram repelidos pelos Búlgaros do Volga. Os generais Sugotai e Djebe, depois de um ataque aos turcos kumanos no sul dos Urais, reuniram suas tropas ao norte do Mar Cáspio. 1224 - Em 6 janeiro, houve uma sucessão tumultuada após a morte de Yusuf II al-Mustansir: sucedeu-o Abu Muḥammad al-Wahid, sendo contestado por revoltas em todo o Império Almohade. Em Sevilha foi proclamado califa Abu Muḥammad ibn al-Mansur Abdallah al-Adil; em Córdoba, mais outro proclamado: al-Bayyasi. Enquanto isto, em Marrocos os xeques depuseram Abd el-Uahid. Tal instabilidade sucessória propiciou campo para que um príncipe castelhano se apoderasse da cidade de Quesada (na região de Jaén, na Espanha), em outubro. --- O último shah kharezmiano, Jalal ad-Din (ou Djélâl ed-Dîn), foi expulso do Sultanato de Delhi por suposto envolvimento em trama contra o sultão. --- Os persas que foram repovoar Merv cometeram a ousadia de trocar o prefeito nomeado por Tolui pelo shah kharezmiano Djelal ed-Din; como resultado o mongol Chigi-qutuqu os degolou sem piedade (o kharezmiano conseguiu fugir). 1225 - Na última semana de julho, o kharezmiano Jalal ad-Din invadiu o Azerbaijão persa, se apoderou de sua capital, Tabriz, e despojou do poder Osbeg (sucessor de Abu Bekr). Aí se proclamou atabegue do Azerbaijão, depois invadiu a Geórgia e venceu suas tropas em agosto (em Garni ou Karni) e dezembro, devastando-a e vassalando-a. ---Em 7 de outubro morreu o califa abássida de Bagdá Al-Nasir Lidin-Alá, sendo sucedido pelo seu filho AlZâhir. -- Neste ano, estabeleceu-se na região de Ahlat (perto do Lago Van, na Armênia) a tribo turca Oguz de Kayi, de que iriam se originar os otomanos. 73 1225 (7 de outubro) a 1226 (10 de julho) - Principado do califa (o 35º) Al-Zahir (ou Zahir Biamr Allah). Neste espaço exíguo de governo determinou uma redução na carga tributária. 1225-6 - O Sultanato de Delhi (sob Iltutmish) se expandiu, conquistando Rajaputra (Rajputana). 1226 - As igrejas cristãs de Tiflis (Tblissa) foram destruídas e a cidade saqueada por Jalal ad-Din em 9 de março, em sua segunda investida sobre a Geórgia. --- O sultão de Delhi, Iltutmish (que fora reconhecido como tal pelo califa de Bagdá 6 anos antes) se apoderou da fortaleza de Ranthambhor aos Tchauhân. --- O soberano português Sancho II se apoderou da cidade de Elvas dos muçulmanos. 1226 (11 de julho) a 1242 - Principado do califa Al-Mustansir Billah, filho de Al-Zahir. Foi em seu governo que se erigiu a Universidade Mustansiriyya (em 1234, ainda hoje existente). 1226 (continuação) - O sultão aiúbida do Egito, Malik al-Kamel (Camil), no outono, enviou uma embaixada sob a chefia do emir Fakhreddin Ibn achCheikh para Palermo, na Sicília, para conversações com o imperador Frederico II, tentando o apoio do mesmo na luta contra o seu irmão e inimigo, o sultão de Damasco. 1227 - Em 5 de outubro, foi proclamado como califa na Espanha, o almohade Abdallah-Adil, competindo com Abd el-Uahid. Nestas disputas sucessórias se saiu vencedor Abû al-`Alâ' Idrîs al-Ma'mûn (irmão de Abu Muhammad al-Adil), que governou até 1233. -- O sultão do Egito, Malik al-Kamil mandou embaixadores para negociar com o imperador alemão Frederico II, em Palermo (na Sicília), tentando o apoio do mesmo na luta contra o seu irmão e inimigo, o sultão de Damasco. Em 13 de novembro, subiu ao poder de Damasco, o sultão aiúbida An-Nasir Dâ'ûd em face da morte de seu pai AlMoazzam. Inexperiente e muito jovem, criou a expectativa do sultão aiúbida do Egito, Al Kamel, de poder conquistar Damasco sem a ajuda de Frederico II, criando, assim, um Estado-tampão entre o Egito e a Síria.--- Neste ano: o Azerbaidjão continuou, com o kharezmiano Jalal al-Dim, a ser um bastião contra os mongóis, conquistando IRukh, Dirman, Ispahan e Tabriz (Tauris). -- Na Península Ibérica: O rei Jaime I de Aragão estabeleceu que os comerciantes locais não podiam ir em navios estrangeiros para os portos de Ceuta e do Egito, exceto se não houvesse navios à sua disposição em Barcelona. ---- Morreu o almohade Abu Muhammad al-Adil afogado num tanque do palácio. --- As tribos que habitavam a região entre os rios Bu Regreg e Muluya (em Marrocos) estavam submetidas fiscalmente aos Merínidas. 1227 a 1465 - Dinastia dos Merínidas (proveniente da tribo zenata dos Beni Merin ou Bani Marin) governou o Marrocos. Há autores que consideram o início desta dinastia o ano de 1196. 1228 - O imperador alemão Frederico II de Hohenstaufen, protagonista da VI Cruzada (cujo pregador foi o papa Gregório IX), partiu de Brindisi (Itália), parou em Chipre (de 21 de julho a 1 de setembro, onde o rei Henrique I de Lusignan se colocou sob sua proteção) e ancorou em Acre em 7 de setembro. Começou as negociações sobre os Lugares Santos com o seu amigo sultão do Egito, Al Kamel. --- Em junho/julho, em Ifrîqiya, o líder Hafsida Abu Zacariya Yahya, se proclamou governador em Túnis, se declarando autônomo em relação aos Almohades e quebrando definitivamente a unidade do Magrebe. --- Pela terceira vez, o kharezmiano Djelâl (Jalal) ed-Dîn atacou a Geórgia, venceu o exército do condestável Ivané nas proximidades de Loré (em Mindor). Retornou à Pérsia, cuja província de Khorassan estava vazia demograficamente por causa da invasão mongol. Chegou a ser considerado como sultão pelos atabegues (governadores turcos seldjúcidas) de Kirman (os Kutlug-Khan) e Fars (os Salguridas). Saiu de Chiraz, se apoderou de Isfahan (no Iraque Adjémi). --- Na Península Ibérica: o rei Jaime I de Aragão atacou os muçulmanos da Ilha de Majórica. Por outro lado, o rei Afonso IX de Leão se apoderou de Mérida. --- Em Múrcia, o cadi (e futuro emir Ibn Hud al-Yamadi), sob pressão cristã, se declarou autônomo em relação aos Almohades e se colocou sob proteção do califa abássida, a quem reconheceu como seu superior. 1228-1229 - VI Cruzada chefiada por Frederico II de Hohenstaufen, admirador da cultura islâmica.--- Acordo moderno entre este imperador alemão e o sultão aiúbida Malic al-Camil (ou Al Kamel), que poderia acabar com a guerra santa entre Oriente e Ocidente: Jerusalém teria liberdade de culto para as religiões cristão e islâmica; a Igreja do S. Sepulcro passaria para os cristãos, mas se mantendo as mesquitas de Omar e Al-Aksa e se faria a devolução de Nazaré e Belém para cristãos. Este acordo gorou porque o imperador alemão era um excomungado pela igreja de Roma, entre outros fatores. 1228 a 1574 - Dinastia dos Hafécidas (Hafsidas) na Tunísia, sucedendo ao domínio dos Almohades e se outorgando o título de califa. 1229 - Em fevereiro, o califa de Bagdá outorgou ao sultão de Delhi, Iltutmish, o título de ‘Sultan-i-azam’, isto é, ‘Grande Sultão’. --- O imperador Frederico II, em 11 de fevereiro, diplomaticamente assinou um tratado com o sultão aiúbida do Egito pelo qual conseguiu reaver sem conflito as três cidades santas (Jerusalém, Nazaré e Belém), o feudo de Toron (Tibnin, no sul do Líbano atual), o interior de Sidon e uma trégua de 10 anos, 5 meses e 40 dias; permaneceram no controle muçulmano os territórios que eram controlados pelos Templários e dos Hospitalários. Em 17 de março, ele entrou em Jerusalém (cuja igreja do S. Sepulcro ficou para os cristãos, mas as mesquitas de Omar e Al-Aqsa continuaram muçulmanas) para ser coroado na Igreja do S. Sepulcro. Ficaram longe dele os Templários e os Hospitalários, só o acompanhando os Cavaleiros Teutônicos e os bispos de Winchester e de Exeter. Ele mesmo se coroou porque o patriarca de Jerusalém não o fez porque ele tinha sido excomungado pelo papa Gregório IX. A antipatia ao imperador se manifestou quando saiu da cidade em 1 de maio, de madrugada, para o porto do Acre: ao passar pela rua do Açougue, populares jogaram detritos sobre ele. --- O sultanato aiúbida de Damasco passou de Nasir Da’ud para Al-Ashraf, em 12 de julho. --- Neste ano morreu o geógrafo e biógrafo árabe (mas de origem bizantina) Yaqut al-Hamwi. --- Na Península Ibérica: Cáceres foi reconquistada pelo rei de Leão, Afonso IX. --- Em 31 de dezembro, o rei Jaime I de Aragão, após a vitória na Batalha de Portopi, se apropriou da Ilha de Majórica (depois chamada de Palma) aos mouros; aí estabeleceu burgueses da França e Aragão, que eram seus súditos. 1229 a 1241 - Tornou-se Grande Khan do Império Mongol, o terceiro filho de Gêngis Khan (Tchenkkîz Khan), Ögödeï, logo após a morte de seu pai, continuando a sua obra de expansão e conquista até 1241. Um de seus propósitos era o de conquistar toda a Pérsia. 1229 a 1454 - O Iêmen foi governado pela Dinastia dos Rasulidas. 1229 a 1245 - O rei de Aragão, Jaime I, o Conquistador, se assenhoreou de grande parte da região que seria o Reino de Valença em guerra contra os Almohades. 1230 - Em 2 de abril, o kharezmiano Jalal al-Din se apoderou de Khilat (praça forte a noroeste do Lago Van, na Armênia), sequestrou e violou a esposa do sultão aiúbida al-Ashraf e massacrou seus habitantes. Em revide à ação militar do kharezmiano Jalal al-Din, o sultão Al –Ashraf se aliou ao seldjúcida 'Alâ ed-Dîn Kaï-Qobâd I (do Sultanato de Rum), derrotando-o em 10 de agosto, na Batalha de Erzincan (Erzindjan ou Celtzene, no Alto Eufrates). Esta cidade e Erzurum foram tomadas pelo sultão de Rum, ensejando a abertura da rota comercial entre a Pérsia e o Extremo Oriente. Foi exatamente entre estas ações militares do shah kharezmiano que se preparou uma nova invasão mongol. --- Em novembro de 1230, o sultão Iltutmish, de Delhi, mandou uma armada (segunda expedição) ao Sultanato de Bengala, se impondo a ele em maio de 1231. --- Na Península Ibérica: Em 23 de setembro, os muçulmanos (com Ibn Ud al-Yamani) sofreram derrota na Batalha de Alange (uma das cidades da região de Badajós) diante das tropas do rei Afonso IX, abrindo chance para a conquista de Badajós. --- Continuando sua campanha militar, o rei português Sancho II se apoderou de Beja, Juromenha, Serpa e Moura. 1230-1231 - No sentido de impedir que Jalal al-Din pudesse reunir suas forças, o grande khan Ögödei, mandou tropas comandadas pelo general Tchormagan (ou Chormaqan) que passaram pelo caminho de Khorassan e Raí no inverno de 1230 para 1231 e chegaram ao Azerbaidjão persa. Deste modo, Jalal al-Din saiu apressadamente de Tabris e foi para o baixo vale do Araxe e Kura (planícies de Arrân e Moghân), depois para Dyârbequir, tendo os mongóis no seu encalço; foi justamente aí nas montanhas de Amida (ou Dyârbequir) que um camponês curdo assassinou este último shah kharezminao em 15 de agosto de 1231. 1231 - Em 19 ou 20 de abril, comerciantes de Marselha conseguiram negociar um tratado com o emirato de Ifrîqiya, em Túnis. Em 5 de outubro, ainda em Túnis, Veneza garantiu um acordo por 40 anos de seus comerciantes terem direitos aos seus intercâmbios de mercadorias do Magrebe com o Império Bizantino e com os Aiúbidas do Egito. ---- Neste ano, o octogenário João de Brienne (que fora rei de Jerusalém), se tornou regente e conselheiro de Balduíno II do Império Latino do Oriente, em Constantinopla. --- A região do noroeste da Pérsia ficou sob o controle de Tchormaghan até 1241, quando morreu. Aí nesta região das planícies de Moghan e Arran haviam pastagens excelentes para seus cavalos. — Enquanto isto, o general mongol Tchintimur acabou com os últimos vestígios de resistência kharezmiana em Khorassan, que foi saqueado e sua população massacrada. Estas vitórias mongóis não ensejaram uma ocupação ordenada, mas inorgânica do território persa, composta por Marchas militares que exerciam suserania sobre os emires seldjúcidas da Anatólia, dos atabegues de Mossul, dos reis armênios da Cilícia. O objetivo mongol na Pérsia era de natureza fiscal, favorecendo o grande-khan na China e os seus súditos (ulus), ou seja, os chefes gengiscânidas.. ---- Ainda neste ano: A cidade de Gwalior (em Madhya Pradesh, no centro da Índia) foi retomada pelo sultão Iltutmish de Delhi e incorporou Malwa aos seus domínios. --- Na Espanha foi decretado o uso obrigatório de um símbolo amarelo entre os judeus; os que moravam no Reino de Castela, se recusando a usá-lo, emigraram para regiões muçulmanas. 1232 - No processo de Reconquista Cristã, na Península Ibérica, em 17 de julho, o rei de Aragão, Jaime I, o Conquistador, iniciou a tomada do Arquipélago das Baleares, abordando a Ilha de Minorca. --- No norte da África, os Almohades cercaram a estratégica cidade de Ceuta em face da revolta 74 do irmão do califa, Abu Musa. Este conseguiu a adesão dos habitantes e alugou parte de frota genovesa conseguindo desfazer o cerco. Tornou-se autônomo em relação aos Almohades, mas dependente dos genoveses. Por outro lado,o comércio das rotas transaarianas que demandavam à Ceuta, se deslocaram para leste.--- Em 16 ou 17 de outubro, morreu em Marrocos seu governante El-Mamun por doença, em face de ter perdido Ceuta. ---- Na Península Ibérica: Surgiu a Dinastia dos Nasridas com a vitória de Muhammad ibn Yusuf ibn Nasr sobre Ibn Hud al-Yadami e se apoderando de Arjona (uma das cidades da província de Jaén) e abrindo caminho para a posse de Granada (o último emirado muçulmano na Espanha, que durou até 1492). --Aproximadamente foi neste ano que se mencionou, pela primeira vez, a propriedade de uma agulha imantada (bússola) em textos árabes. 1233 - Os mongóis, comandados pelo general Tchormagan, penetraram na Armênia, ocupando e massacrando as populações de Bitlis e Ardjich. No Azerbaidjão atacaram, tomaram e pilharam Marâgha e massacraram sua população; já Tauriz (Tabriz) conseguiu ficar a salvo da sanha mongol por ter mandado presentes para este general e para o grande khan Ögödei, No sul, foram saqueadas totalmente as cidades de Diarbaquir e a região de Erbil. Ögödei nomeou Tchintimur como governador de Khorassan e Mâzenderan.--- Neste ano, o Krac dos Cavaleiros se tornou o centro de convergência dos mesmos, bem como de tropas dos reinos de Jerusalém, de Chipre, do Principado de Antióquia e dos Templários com o objetivo de atacar Hama. --- O sultão Kay Qubadh, de Rum, pretendia tomar Khilat, Harran e Edessa aos aiúbidas; estes sob o comando do sultão Malik al Kamil reuniu os outros aiúbidas para combatê-lo; o conflito teve resultados indecisos por dois anos por causa do irmão de al-Kamil, chamado Al-Asraf, que se revoltou contra ele. -- O sultão de Delhi, Iltutmish destruiu a fortaleza de Bhilsa em Malwa e promoveu saque em Ujjain (em Maddya Pradesh), onde destruiu o templo Mahakaleshwar dedicado a Shiva. --- Morreu o historiador curdo Ibn al-Athir. --- Na Península Ibérica: No inverno, Ibn Hud al-Yamadi, depois que perdeu Trujillo e Úbeda, foi forçado a assinar uma trégua com o rei Fernando III de Castela. 1234 - Neste ano: O califa de Bagdá mandou construir a escola (madrassa ou medersa) Al Mustansiriya, ainda hoje existente. --- Na Península Ibérica: As cidades de Aljustrel e Mértola foram conquistadas pelo rei Sancho II de Portugal aos muçulmanos. 1234-1235 - Em represália aos incêndios dos estabelecimentos comerciais portuários de Gênova em Ceuta, os genoveses e muçulmanos de Sevilha contratados por eles submeteram o porto de Ceuta a um bloqueio, ao qual abandonaram depois de pesada contribuição em ouro. 1235 - Em 8 de agosto, ainda no processo de conquista do Arquipélago das Baleares aos muçulmanos, o rei Jaime I, o Conquistador, do Reino de Aragão, se apoderou da Ilha de Ibiza. -- Neste ano: O grande khan Ögödei nomeou Korguz, um uigur, como governador civil de Khorassan, em face da morte de Tchingtemur, governando até 1242. Ele fez de Thus a capital de Khorassan (a noroeste de Mechehed). Teve papel importante no repovoamento da região, como o da cidade de Herat e da restauração de Khorassan (no ano seguinte). 1235 a 1554 - O bérbere Banu Zayyan Yaghmorasan Ben Abd el-Ouad, da tribo dos Zenetas, fundou em Tlemcen (noroeste da Argélia atual) um reino sob a sua Dinastia dos Zayyanidas ou Abdalwadidas 1236 - Na Península Ibérica: Em 29 de junho, Fernando III, rei de Leão e Castela, venceu as tropas muçulmanas dos Almohades da Espanha (sob o comando de Ibn Hud al-Yamadi) em Córdoba, antiga capital omíada. --- Protetorado mongol (do Canato Qipchak ou da Horda de Ouro, governado por Batu) sobre a Geórgia, em 1239 sobre a Armênia e sobre os turcos seldjúcidas da Ásia Menor em 1243: Novamente a Geórgia foi atacada pelo mongol Tchormaghan, que se apoderou de Tíflis, antes queimada pelo seu governador, que fugiu na iminência de ser preso. Devido à tomada de Tiflis, a rainha da Geórgia, Russadane (ou Rusudane), transferiu a capital para Kutaissi. --- Também neste ano, a capital da Armênia, Ani, foi tomada e saqueada pelos mongóis; os Zacaridas continuaram a governá-la mas sob a suserania mongol e e não da Geórgia. --- No norte da África: A região do Magrebe foi desmembrada em 2 emirados tendo como capitais Tlemcen (sob os Abdalwadidas) e Túnis (sob os Hafsidas, dinastia bérbere fundada por Abu Zakariya Yahya, cujo território ia de Trípoli até Bejaia). Desde 10 de junho os Hafsidas fizeram com os comerciantes genoveses o Tratado de Túnis, que vigorou por 10 anos. 1236 a 1240 --- Ao morrer o sultão Shams ud-Din Iltutmish, em Delhi, em 29 de abril de 1236, foi sucedido pela sua filha Raziyya (ou Reziyyat). Não concordando com isto, um de seus irmãos, Rukhn ud-Din Firuz, se apoderou do trono por 7 meses, tutelado pela sua mãe Torkhan. após o qual Raziyya o recuperou com apoio popular, enquanto seu irmão foi morto pelos nobres turcos da corte. Ela conseguiu equilibrar a situação política do sultanato graças ao auxílio de Nusrat-ed-din Tayarsi (do feudo de Oudh, às margens do rio Gogra, afluente do Ganges). Para se mostrar governante se vestiu de homem e deixou de usar o véu. Teve como amante o escravo abissínio Jalal ud-Din Yaqut. 1237 - Em 31 de maio morreu o sultão de Rum Kay Qubadh I, passando o poder para o seu filho Kay Khusraw II. --- Ashraf, sultão de Damasco, morreu em 27 de agosto, quando estava para guerrear contra o seu irmão, Malik al-Kamil, sultão do Egito; seu sucessor, Al-Salih Ismael tentou continuar o conflito, mas Damasco foi sitiada e conquistada por Malik al-Kamil, prendendo-o em 29 de dezembro. 1237 (31 de maio) a 1246 - Reinado de Kay Khusraw II no Sultanato turco seldjúcida de Rum na Anatólia. 1238 - Malik al-Kamil (ou Al-Kamel) não pode tirar proveito de sua vitória em Damasco: morreu em 8 de março, sendo sucedido pelo filho Al-Adil II, este passando por uma situação instável no sultanato. Seu irmão As-Salih Ayyub, que era governador da Mesopotâmia precisou defender, com auxílio dos kharezmianos, seu território contra os mongóis. - Na Espanha, o rei de Aragão, Jaime I, iniciou o cerco de Valença, em 22 de abril; tomando-a em 28 de setembro aos mouros, que se retiraram para Granada. --- Mohammed ibn Nasrid (da Dinastia dos Nasridas) iniciou a construção de Alhambra, onde havia uma fortaleza pré-islâmica. 1238 (15 de maio) a 1492- Dinastia dos Nasridas (a última muçulmana da Espanha), com a conquista de Granada por Mohammed ben Nasr, sediando aí sua capital e mandando erigir o famoso Palácio de Alhambra. Este emirato pagou tributo anual aos reis de Castela e Aragão. 1239 - Em 20 de março, o papa Gregório IX excomungou o imperador Frederico II (do Sacro Império Romano Germânico), abortando-lhe o projeto de uma nova cruzada. Além disso, em julho, se encerrou a trégua acordada entre Frederico II e o sultão Al-Kamil; daí o papa Gregório IX pregou uma nova cruzada, a que os reis da Inglaterra e França não se engajaram, mas sim nobres, dos quais se destacaram Teobaldo (Thibaud) IV, Conde de Champagne e rei de Navarra (chamado ‘o Cancioneiro’, por ser compositor musical, a quem coube o comando desta cruzada extra, entre a VI e a VII), além de Hugo IV(duque de Borgonha), Pedro Mauclerc (Conde de Bretanha) e Henrique de Bar. Em agosto uns partiram do porto de Marselha, outros do porto de Águias-Mortas em direção à capital do Reino de ‘Jerusalém’, o porto de S. João d’Acre, onde chegaram em 1 de setembro. Daí saíram em 2 de novembro em direção à Ascalão. Em 12/13 de novembro foram trucidadas as tropas comandadas pelo conde Henrique de Bar, nas proximidades de Gaza, pelos egípcios. --- Neste período de janeiro a novembro, As-Salih Ismael , sultão aiúbida de Damasco, propôs acordo com os francos e cruzados contra o sobrinho As-Salih Ayyub, sultão do Egito, dando em troca as fortalezas de Safed e Beaufort. Este acordo gerou descontentamento dos damascenos, que passaram para o lado dos egípcios; bem como entre os Templários e os Hospitalários (estes fizeram acordo com As-Salih Ayyub). -- Al-Salih Ismael, de surpresa, em 7 de dezembro, conquistou Jerusalém, que foi recuperada por Teobaldo IV de Champagne; este último, por sugestão de João de Ibelino e dos Templários, tentou inutilmente negociar com o sultão de Damasco. --- Na Península Ibérica, o papa Gregório IX outorgou o título de cruzada à expedição militar do rei Fernando III de Castela contra o emirado muçulmano de Múrcia. --- Neste ano ainda: A Armênia sofreu a invasão por parte do mongol Tchormagan, que massacrou a população de Ani e Kars e depois saqueou e queimou estas cidades pertencentes à família do condestável Ivané da Geórgia. --- João III Vatatzes (do Império bizantino de Niceia) conquistou a Galiléia e Ascalon aos Aiúbidas. 1240 –No Sultanato de Delhi, em 13 de abril, houve revoltas dos nobres turcos, liderados por Altuniya (governador de Bathinda) contra Reziyyat (Jalâlat ud-Dîn Raziyâ, única mulher a ocupar este posto neste sultanato) por suposto envolvimento com seu mestre de equitação (um antigo escravo abissínio, talvez seu amante, chamado Yaqut), resultando na morte deste e a sucessão dela pelo irmão, Mu’izz ud-Din Bharâm Shah, em 22 de abril. Quem efetivamente exerceu o poder foi o regente Aitegin, que acabou sendo assassinado em 30 de julho, por conchavos de Bharam Shah. Em 13 de outubro, Reziyyat e seu marido, Altuniya, se dirigiram para Delhi, mas houve a debandada de seus mercenários turcos em Kaithal; não lograram fugir porque foram mortos por um fanático hindu. --- Após a deposição do sultão aiúbida do Egito por oficiais turcos, subiu ao poder seu irmão al-Salih Ayyub em 31 de maio; este criou uma guarda de mamelucos (turcos do ramo dos Bahritas), aquartelada numa ilha do rio Nilo. Na disputa sucessória do império aiúbida, os cruzados de 1239 conseguiram a restituição de Tiberíades e Ascalão (perdidos em 1247). --- De setembro a novembro, no Sultanato de Rum, ocorreu uma revolta social chefiada por um líder religioso chamado Baba Ishak, dos turcomenos, que foram forçados a ir para áreas montanhosas pelos militares seldjúcidas iranizados. A revolta começou em Kafarsud (leste dos Montes Taurus) e chegou a Amasya, ao norte, onde as tropas enviadas pelo sultão Kay Khusraw II foram massacradas. Conquistaram a região de Kayseri, Sivas e Tokat e ameaçavam a capital Iconium (Konia). Foram vencidos na planície de Malya, perto de Kirsehir pelas tropas do sultão com ajuda dos francos em 1242 ou 1243. --- O sultão de Damasco, al-Salih Ismail, devolveu Safet e Beaufort aos francos dos Estados Latinos do Oriente. - Na África surgiu o Império de Mali, cujas capitais eram Kangaba e Niani, depois que o rei do Mali, Sundiata Keita, se apoderou e destruiu Kumbi Saleh 75 (capital do Reino de Gana, hoje localizada na Mauritânia). --- Na Península Ibérica, continuando o processo da Reconquista Cristã, o rei Sancho II de Portugal se apoderou das cidades de Ayamonte e Cacella aos muçulmanos. --- Na Ilha de Sulu, no arquipélago das Filipinas, foi introduzido o islamismo pelo viajante árabe Tuan Mash’ika. 1240 a 1244 - Ao ser morto por um escravo cristão, o merínida Uthman ben Abd al-Haqq, em 1240, foi sucedido por Muhammad ben Abd al-Haqq, que governou até 1244, quando foi, também, morto por milícias cristãs a soldo dos Almohades. 1240 a 1250 - Os mongóis mantiveram-se na Pérsia neste período, outorgando-se o poder de intervir em sucessões dinásticas, de exigir tributos e mesmo de manter a autonomia de certos Estados, como a Geórgia. Toleraram, outrossim, a manutenção da seita dos Assassinos e o Califado Abássida de Bagdá. 1241 - Em 23 de abril, outro cruzado, o nobre inglês Ricardo I de Cornualha (futuro imperador alemão junto com Afonso de Castela) não se digladiou em nenhuma batalha, mas conseguiu renovar o tratado de 1229, bem como realizar um acordo satisfatório com o sultão egípcio Malik al-Salih Ayyub (entregando aos francos a região de Sidon, o leste da Galiléia e a região de Jafa e Ascalão). --- Em 22 de dezembro, o governador militar de Herat, saqueou a cidade de Lahore, mas morreu em incursão ao norte da Índia. 1242 - Em 5 de dezembro, iniciou-se o califado de Al-Mustassim (ou Mustassen), ao morrer o seu antecessor Al-Mustansir. --- Neste ano: Armando de Perigord, grão mestre dos Templários, ao atacar Hebron, colocou por terra os entendimentos anteriores com Malik al-Salih Ayyub e Ismail. Tal atitude foi reforçada mais ainda com a conquista de Nablus, massacrando sua população e queimando a mesquita local. --- Nesta mesma época, os Templários, juntos com Balião de Ibelino (chefe dos barões latinos) boicotaram a ação do bailio imperial Ricardo Filagieri no Acre para resgatar sua autoridade local e dificultaram, também, a assistência e alimentação dos doentes e feridos no hospital do Acre pelos Hospitalários. --- Pierre de Vieille-Brioude, grão-mestre dos Hospitalários, estando em conflito com o sultão de Alepo, fez de Margat o centro das operações militares para coordenar suas operações bélicas. --- O mongol Tchormaghan, ao morrer neste ano, foi sucedido pelo seu lugar-tenente Baidju no comando das tropas da Pérsia (cuja base de operações se situava no baixo vale do Kura) e mandou saquear a cidade de Erzurum ou Teodosiópolis no alto vale do Eufrates (pertencente ao Sultanato de Rum, governado por Kay Khosro II). --- A regente Toregene (do Canato de Djagatai) nomeou Arghun Agha como o administrador de Khorassan e Iraque. ---No norte da África, o emir Abu Zacarias, depois de várias vitórias sobre os Almohades, se tornou o primeiro governante Hafsida, conquistando Tlemcen. --- Na Península Ibérica, em continuação à Reconquista Cristã, o rei português Sancho II se apoderou de Tavira, Alvor e Paderna aos muçulmanos. 1242 a 1255 - Governo de Arghun Agha (antigo chanceler de Ogodai) em Khorassan e no Iraque Adjemi por nomeação de Törägänä. Procurou como seu antecessor resguardar os persas da sanha tributária e das extorsões dos oficiais mongóis na região administrada por ele. 1242 (5 de dezembro) a 1258 (20 de fevereiro) - Governo do último califa de Bagdá: Al-Mustassin (ou Abu-Ahmed Abd-Allah Mostasem-Billah). Seu triste feito foi o saque de um subúrbio de Bagdá (Carkh) autorizado por ele. 1243 - Continuando a Reconquista Cristã, em 2 de abril, o emir do reino (‘taifa’) de Múrcia (da Dinastia Huddita) assinou a capitulação de Alcaraz, pela qual que se subordinou como protetorado dos Reinos de Leão e Castela. Desta forma, o emir conseguia se arregimentar contra o rei Jaime I de Aragão e Ibn al-Ahmar de Granada. O Reino de Castela, por sua vez, conseguia acesso por terra ao Mar Mediterrâneo e iniciou o processo de colonização e cristianização de Múrcia. --- Em 5 de junho, os barões do reino de ‘Jerusalém’ reunidos em Tiro se recusaram a prestar homenagem a Ricardo Filangieri, representante, neste momento, do imperador Conrado IV (filho de Frederico II) do Sacro Império. Uma semana depois, um destes barões, Balian III de Ibelino (filho de João de Ibelino) se apoderou de Tiro, passando este porto para Filipe de Montfort, um de seus parentes. Com isto, os Ibelinos passaram a ter o domínio de Cesareia, Beirute, Arsuf e Jafa. --- Em 26 de junho, o sultão Kay Khusraw II (de Rum, filho de Kay Qubadh), mesmo com a ajuda do imperador de Trebizonda (Manuel I) foi vencido fragorosamente pelas tropas mongóis, tendo à frente Baidju, na Batalha de Köse Dagh (que significa ‘Monte Calvo’), perto de Erzindjan (no Alto Eufrates-Alta Mesopotâmia). O sultão pediu a ajuda do imperador bizantino de Niceia, João III Vatatzés. O general Baidju se apoderou e pilhou a cidade de Sivas; depois devastou Tokat e Kaiseri (Qaïçariya) que tinham se revoltado contra ele. Impôs a suserania sobre o Sultanato de Rum e o Império de Trebizonda. Com isto, o Império Mongol chegava até as bordas da fronteira do Império bizantino de Niceia. Iniciou-se, portanto, o protetorado do Canato mongol da Horda de Ouro (dos turcos Qiptchaks) sobre o Sultanato de Rum. Este canato estendia seu domínio tributário sobre a Europa Oriental dos eslavos kievianos. Após esta derrota na Batalha de Köse Dağ se iniciou o segundo período dos beylicados (principados) na Anatólia. 1244 - Em junho, cavaleiros turcos de Kharezm, fugindo dos mongóis, se encaminharam para a Síria, onde saquearam cidades (inclusive as vizinhanças de Damasco e os campos de Ghuta); daí foram para Jerusalém, que foi pilhada e incendiada em 11 de julho; 1 mês depois tomaram a cidadela da Torre de Davi. Os que puderam fugir, foram para Gaza. --- Em 17 de outubro ocorreu a Batalha de La Forbie (planície arenosa perto de Herbiya), na qual os damascenos, os cavaleiros Templários, Hospitalários, Teutônicos da Palestina e beduínos (sob o comando de An-Nasir, senhor de Kerak) foram derrotados pelos kharezmianos e muçulmanos do Egito (sob Ayyub). Esta segunda perda de Jerusalém reduziu ainda mais o território do reino cristão do Acre (nome mais adequado que reino de ‘Jerusalém’) e levou o rei francês Luís IX a organizar mais uma cruzada, que só saiu da França 4 anos depois. --Neste ano: Na África, o sultão bérbere Marinida (da confederação dos Zenetas) Muhammad ibn Abd al-Haqq foi assassinado por oficial de milícias de mercenários cristãos, sendo sucedido pelo seu filho Abu Yahya ben Abd al-Haqq. --- Nesta época, Sevilha (na Espanha), Ceuta, Tlemcen e Meknes reconheceram o rei hafsida de Túnis como seu suserano. --- O rei Hetum I (da Dinastia Hetumiana da Armênia) perscrutou que a aliança com os mongóis lhe seria propícia na luta contra os turcos e os cristãos: se colocou como vassalo; 3 anos depois mandou o condestável Sembat como embaixador junto a eles; 10 anos depois ele próprio foi a corte na Mongólia (na capital, Karakorum) prestar vassalagem.--- Também o atabegue de Mossul, Bedr ad-Din Lulu se colocou sob o protetorado mongol (assim ficando até 1340). --- Foi neste ano que chegou a Iconium (capital do Sultanato de Rum), o místico persa sufista Chams al-Din Tabrizi, que influenciou Djalâl al-Dîn Rûmi, criador da dança espiritual (sama) e da Ordem Mahlawi (ou Mevlev) dos dervixes ainda existentes. --- Na Península Ibérica: Firmou-se o Tratado de Almizra, em 22 de março, entre o infante Afonso de Castela e o rei Jaime I de Aragão, pelo qual se comprometeram a dividir as terras conquistadas aos muçulmanos a partir daí. --- Em 22 de maio, o rei de Aragão, Jaime I, cercou por vários meses e se apoderou da cidade de Janita, depois foi a vez de Biar e de Altea. --- Castela apoiou os Hudditas de Múrcia a combater redutos rebelados contra eles. 1245 - Em 16 de abril, o papa Inocêncio IV mandou um legado seu, João de Plan Carpin, à corte dos mongóis no Oriente para tentar selar uma aliança contra os turcos, chegando em Caracorum em 1246. --- Em 2 de outubro, o sultão Malik al-Salih Ayyub do Egito, com auxílio militar de mercenários kharezmianos, se apoderou de Damasco, forçando a fuga do seu tio Al-Salih Ismael para Baalbek. Como os kharezmianos se pareceram muito vorazes em tomar a Palestina para si, os príncipes aiúbidas deixaram seus antagonismos de lado, se uniram e dizimaram definitivamente estes mercenários (em 1246). --- Neste ano: O general Bayju reforçou o domínio mongol sobre o Kurdistão ao tomar Khilat (Ahlat) e Diyarbakir (ou Amida), entregando a primeira aos seus vassalos georgianos da família Ivané. --- O atabegue de Mossul, Bedr ed-Din Lulu, reconheceu a suserania mongol. -- Na Geórgia ocorreram problemas sucessórios com a morte da rainha Rusudan I (que era casada com um mongol); o general Bayju prestigiou o sobrinho dela, Davi Ulu, como herdeiro do trono. No entanto, o khan de Qipchak (Canato da Horda de Ouro) apoiou o filho dela, David Narim. Os dois Davi foram à Mongólia pedir a intercessão do grande khan Guyuk, que entregou a Imerétia à Davi Narin e Karthlie para Davi Ulu. --- Em Marrocos, Abu-Yahya-Abu-Bekr-Ibn-Abdel elHach (criador do Império Merínida e filho de Abu-Yahya) se apoderou de Mequinez e, 3 anos depois, fez incursão sobre a cidade de Fez, que se tornou a capital. 1245 a 1389 - Em 1245 a cidade de Herat foi conquistada por Chams (ou Sams) al-Din Muhammad (que saíra do castelo de Khaysar, no Afeganistão e estava ligado à família dos Guridas). Criou aí a Dinastia dos Karts que governou a Pérsia Oriental até 1389 (quando caiu diante de Tamerlão), tendo Khorassan como capital e abrangendo Sistan , Balk, Kabol, Gur e Sabzavar (hoje chamada de Sendand). 1246 - Em abril, no processo de Reconquista Cristã na Espanha, tropas dos reis de Castela e Leão se apoderaram de Jaén. O emir de Granada, Mohammed ibn Nazar, reconheceu, então, a suserania do Reino de Castela. --- Desde 24 de agosto foi escolhido como Grande Khan Mongol, o filho de Ogodei, Guyuk, que mandou (em 11 de novembro) uma carta ao papa Inocêncio IV pelo legado papal João de Plan Carpin. --- O melik (rei) de Herat, Chams alDin (Shandoddin) Muhammad, consciente de sua impotência diante dos mongóis, adotou política colaboracionista com eles: como seu vassalo participou de uma expedição ao Punjab e Multan. --- Neste ano, morreu o sultão de Rum, Kay Khusraw II, deixando como eventuais sucessores seus três filhos de três esposas diferentes, que, sendo menores, tiveram como tutores vizires e mongóis. Houve a intervenção do grande khan Guyuk que entregou o trono a Kilij (Kiliç) Arslan IV, em detrimento de outro pretendente, o primogênito Kay Kâwus III. Ele foi o primeiro governante do Sultanato de Rum sob a vassalagem dos mongóis da Pérsia. 1246 a 1249 - Neste período ocorreu o desmembramento do Sultanato de Rum, por imposição dos Hulaguidas (Il-Khânidas): Kilij Arslan IV (Rukhn ad-Din Kiliç Arslan) governou em Sivas (antiga Sebaste) em 1248; Kay Kaws II (ou Izz ad-Din Kawus), em Konia; e Kay Kubad II (ou `Ala' ad-Dîn Kaydh) em Malatia (antiga Melitene), em 1249. 76 1246 (10 de junho) a 1266 - O Sultanato de Delhi esteve o governo de Nâsir ud-Dîn Mahmûd neste período, tendo como primeiro ministro Balban (na realidade o verdadeiro chefe de Estado). 1247 - Foi recuperada, em 16 de junho, Tiberíades pelo sultão do Egito Malik al-Salih Ayyub; depois, em 15 de outubro, foi a vez de Ascalão e da Galiléia Oriental (dos francos); depois, de Homs em disputa com seu sobrinho, Ismail (de Alepo) pela dominação da Síria. --- Na Península Ibérica, em 1 de dezembro, os muçulmanos (‘mudejars’) rebeldes residentes na região de Valência, pertencente ao Reino de Castela, foram para as áreas dominadas por Azraq, que retinha 8 castelos no vale de Alcala 1248 - O rei francês Luís IX, comandante da VII Cruzada, chegou em Chipre em 7 de setembro e mandou 2 frades dominicanos à corte do grande khan mongol Guimuk para tentar uma aliança anti-islâmica. Em 20 de dezembro recebeu uma embaixada de mongóis que lhe ofereceram uma pretensa conversão ao cristianismo. --- Em 23 de novembro, o rei Fernando III (de Leão e Castela) retomou a cidade de Sevilha, após um mês de cerco. Seus habitantes foram substituídos por catalães, genoveses, castelhanos e judeus, enquanto os ‘mudejars’ (muçulmanos) ficaram em vilas separadas com liberdade, mas pagando tributos aos cristãos. Por outro lado, o príncipe Afonso se apoderou de Alicante (em Al-Andaluz). O único Estado remanescente muçulmano passou a ser o Reino de Granada, no sul da Península Ibérica. --- Neste ano: No norte da África, a cidade de Fez (em Marrocos) foi assenhoreada pelos Merínidas, sob o comando de Abu Yahia, tornando-a sua capital. Ele se declarou independente dos Almohades de Marrakech e se vassalizou em relação ao hafsida Abu Zacarias, de Túnis. 1249 - Durante 3 semanas, em fevereiro-março, no Acre, houve conflitos sangrentos entre os genoveses e pisanos.—No final de maio, os cruzados de Luís IX partiram do Reino de Chipre em direção ao Sultanato do Egito, seguindo a logística de que só vencendo os aiúbidas se poderia retomar Jerusalém. Na madrugada de 5 para 6 de junho, desembarcaram e conquistaram Damieta ao inimigo egípcio Fakhr ad-Din (amigo de Frederico II), notado pelas suas armas de ouro brilhando ao sol. Os egípcios queimaram parcialmente a cidade antes de se retirar. Não se importando com a proposta do sultão Ayyub de trocar Damieta por Jerusalém, Ascalão e Galiléia, os cruzados, em vez de atacarem Alexandria (como sugeriram os barões), marcharam em direção ao Cairo (por sugestão de Roberto d’Artois, irmão do rei), embora fosse época das enchentes do rio Nilo (julho-setembro). Iniciaram a marcha sobre a capital aiúbida em 20 de novembro, sendo acompanhados pelos Templários (com seu grão-mestre Guilherme de Sonac) e de ingleses (sob o comando do Conde de Salisbury). Em ataque contra Fakhr ad-Din, este foi morto (quase seminu, porque estava tomando banho) pouco antes pelos Templários. Ao se aproximarem da capital, o caminho estava fechado pelo canal Bar aç-Çaguir, em cuja parte posterior se situava a cidade fortificada de Mansurah (que estava defendida pelo mameluco Runcinado-Din Baibars Bunduklari). Obs.: Os mamelucos, originalmente, eram meninos turcos kipchaks capturados nas estepes da Rússia meridional, que se tornaram mercenários da guarda palaciana no Cairo. --- No norte da África, em setembro, morreu o hafsida Abu Zacarias Yahya, em Ifriqiya, sendo sucedido pelo filho Abû `Abd Allah Muhammad al-Mustansir. --- Na Península Ibérica, o rei português Afonso III, ao recuperar Faro e Silves (na região de Algarves) concluiu o processo de Reconquista lusitana. --- No Reino de Aragão-Catalunha se desencadeou uma revolta dos muçulmanos que, por pouco, não aprisionaram o rei Jaime I, o Conquistador. 1249 (setembro) a 1277 - Abû `Abd Allah Muhammad al-Mustansir, da Dinastia dos Hafsidas, governou Túnis e depois o Magrebe (como os Ziridas no fim do século X) ao reconhecerem sua suserania os reis de Fez e de Tlemcen. Outorgou-se o título de ‘emir dos crentes’ e fez de Túnis um dos portos mais importantes do Mediterrâneo. 1250 - VII Cruzada: Em 8 de fevereiro, o rei Luís IX conseguiu atravessar o canal Bar aç-Çaguir com suas tropas; houve muitas perdas e seu irmão, Roberto d’Artois, foi morto pelo mameluco Baibars ao atacar Mansurah sem nenhum planejamento. Em vez de se retirar para Damieta neste momento, Luís IX ficou na defensiva; quando se decidiu retirar, suas tropas já estavam debilitadas pelo tifo e ele estava com disenteria (abriram até um buraco na sua ceroula). Nestas condições, foram fustigados pelos egípcios na Batalha de Fariskur, sendo presos Luís IX e seus dois irmãos (Carlos d’Anjou e Afonso de Poitiers) em 6 de abril. --- Em 2 de maio, os Mamelucos mataram o novo e último sultão aiúbida, filho de Ayyub, Turã-xá (ou Al-Malik alMu`azzam Tûrân Châh Al-Mu'adham), iniciando sua dinastia (chamada Bahrita) com ‘Izz ad-Dîn Aybak (esta dinastia durou até 1381), que se casou com a sogra do finado Turã-xá, Chajar ad-Durr ou Shagrat al-Durr. --- Luís IX quase foi morto na prisão, mas acabou sendo solto junto com seu exército 4 dias depois da tomada do poder pelos Mamelucos, em 6 de maio, mediante o pagamento de resgate (pago pelos Templários forçadamente frente à pressão de João de Joinville, de família nobre de Champagne).--- Em 13 de maio, o rei Luís IX aportou no Acre, aí leu cartas de sua mãe pedindo para voltar, mas se decidiu a ficar na Terra Santa para restaurar as fortalezas do Acre, Cesareia, Jaffa e Sidon, se dedicar a normalizar a situação política instável no Principado de Antióquia (dividida por questões familiares) e de harmonizar suas relações com a Armênia. Ficou aí até 24 de abril de 1254. Ainda em maio, o sultão de Alepo, an-Nasir-Yusuf (neto de Saladino) se apoderou de Damasco e pediu ajuda do rei Luís IX contra os Mamelucos. Em 9 de julho unificou a Síria e se apoderou de Gaza, que, entretanto, foi tomada por Aybak em outubro. Em 11 de dezembro, Al Nasir-Yusuf saiu de Damasco em direção ao Egito para combater Aybak. --- No Norte da África, em Ifrîqiya, houve uma revolta dos mouros andaluzianos em Túnis, sendo reprimida violentamente. -- Este ano assinala o fim da Dinastia dos Aiúbidas do Egito, superados pelos Mamelucos de origem turca, iniciando nova dinastia imperante até 1381. --- Kilij Arslan IV concedeu a Karamân ben Nûra Sûfî terras ao sul da Anatólia, como prêmio de sua ajuda nos conflitos fronteiriços havidos com os cristãos da Pequena Armênia (da Cilícia). --- Segundo estudos científicos atuais, este ano representou a transição do Período Quente Medieval (ou Anomalia Climática Medieval) para a Pequena Idade do Gelo (com médias térmicas baixas no Atlântico Norte). 1250 a 1381 –Dinastia dos Bahritas, ramo dos Mamelucos no Egito. Dominaram o Egito, Síria, Hedjaz ou Hijaz (oeste da Arábia, centro original do Islamismo). De 1381 a 1517 (quando a região foi conquistada pelos otomanos), foi continuada pela Dinastia dos Tcherkesses ou Bjorditas. 1250-54 - Luís IX foi para Síria cristã, onde reforçou as fortalezas, acabou a insubordinação dos Templários, mas procurou fazer aliança com os Assassinos do Djebel-Alauita e seu senhor (‘Velho da Montanha’) e mesmo com os mongóis (através de embaixada tendo à frente um frade franciscano, Guilherme de Rubruquis). 1250 a 1337 - Dinastia muçulmana de bérberes Zenata de Tlemcen (parte de Marrocos). 1251 - Em 2 de fevereiro, na Batalha de Abbasa, se enfrentaram as tropas de Al-Nasir-Yusuf com as do mameluco Aybak, inicialmente favorável aos sírios, mas sem resultado definitivo em face da desistência das tropas de Damasco. - Em 16 de abril, na França, sob a justificativa de libertar o rei Luís IX se organizou a chamada ‘ I Cruzada dos Pastorezinhos’ de camponeses e pastores armados apenas com suas ferramentas. Sob a justificativa de que eram contra prelados, bispos e os cavaleiros (na realidade desprezando os pobres) eles foram reprimidos até pelas forças da realeza da França (como em Bordéus, sob Simão V de Montfort). Seu movimento se espalhou pelo norte da Itália e Renânia. Mesmo perseguidos, os poucos que restaram chegaram a Marselha e daí foram para Acre, se juntando aos Cruzados. Neste ano: Argun Agha teve todo o apoio do grande khan Mongka para mudar a administração fiscal desordenada na Pérsia por um sistema como se tinha executado na Transoxiana por Mahmud e Massud Yalawatch. ---- O rei de Herat, Chams alDin Muhammad foi até a corte do khan mongol Mongke para lhe prestar vassalagem; o khan ratificou suas funções e seu território no governo de Herat. 1251 a 1259 - Em julho de 1251, foi escolhido o novo grande-khan gengiscânida Mongka, da Mongólia, irmão de Qubilai, formado na escola confuciana de Pequim, que mandou centralizar o poder mongol sobre as regiões de Khorassan, Iraque e na fronteira ocidental com a Geórgia; ficou à frente do governo no Irã, como vice-rei (Il-khanida ou ‘khan vassalo’), o seu irmão caçula Hulagu. Este iniciou o processo de organização da Pérsia e recebeu a missão de acabar com o poder dos Ismailianos (Assassinos) em Mazandaran, bem como do califa abássida em Bagdá e conquistar a Síria. 1251 A 1506 - DOMÍNIO MONGOL NA PÉRSIA. III - PÉRSIA SOB DOMÍNIO MONGOL dos IL-KHÂNIDAS (1256-1353). 1251 a 1265 - Hulagu foi primeiro vice-rei e, a partir de 1256, o primeiro khan mongol da Pérsia. Ele inicialmente retomou o controle sobre a região do vale do Oxus (a Transoxiana), em 1256 destruiu as fortalezas dos ismaelitas Assassinos em Mazandaran (1256) e submeteu o califado abássida de Bagdá (1258), quando foi morto o último califa Al-Mustassin se tornou o senhor absoluto da Pérsia. Foi o fundador da Dinastia dos Il-Khânidas ou Hulagidas. Em face da enorme influência persa sofrida pelos Il-Khânidas acabaram se islamizando: seu último khan foi Abu Sa’id, que faleceu sem herdeiros em 1353. Se outorgou o título de ‘il-khan’, ou seja, ‘khan subalterno’. A capital era Maragha (leste do lago Urmia). O Il-khanato da Pérsia compreendia territorialmente desde os Montes Cáucaso (entre os mares Cáspio e Negro) até o Oceano Índico (no sentido norte-sul) e dos rios Oxus (hoje chamado de Amu-Daria) ao Eufrates (no sentido leste-oeste). 1252 - Em abril, foi feito o Tratado de Cesareia entre o rei Luís IX e o sultão Mameluco do Egito, ‘Izz ad-Dîn Aybak, pelo qual foram soltos os cruzados prisioneiros no Egito e acertada uma aliança contra os Ayúbidas da Síria e a promessa de devolução de Jerusalém, Belém e quase todo o antigo Reino de Jerusalém. Tal tratado malogrou já no ano seguinte quando Mamelucos e Ayúbidas fizeram a paz entre si por intermediação do califa abássida de Bagdá. -- Neste ano: O grande mestre dos Cavaleiros Templários entrou em acordo com o sultão aiúbida de Damasco, enquanto Luís IX estava em entendimento com os Mamelucos do Egito sobre Jerusalém. --- O mongol Béréké (ou Berké) se converteu ao Islamismo e se tornou o khan da Horda Azul; tal conversão iniciou o processo de desmembramento do império dos mongóis. 77 1253 - Em Ifrîqiya, no dia 24 de fevereiro, o hafsida Abû `Abd Allah Muhammad aceitou a honraria de ser ‘emir dos crentes’ e acrescentou o nome de AlMustansir. Foi a partir daí que seu ‘status’ foi reconhecido pelos Merínidas de Fez e pelos Nasridas de Granada (em Andalucia). --- Neste mês, na Mongólia, o grande khan gengiscânida Mongka, numa assembleia (quritay) mandou seus irmãos Qubilai (ou Kubilai) conquistar a China dos Song e ao caçula Hulegu incorporar ao Turquestão a Mesopotâmia e o Califado de Bagdá. -- Depois do acordo de paz com os Ayúbidas da Síria (em abril), mediado pelo califa Al-Mustassim (de Bagdá), os Mamelucos do Egito fixaram suas fronteiras no rio Jordão, dominando a Palestina. --- Em 16 de setembro, partiu de Constantinopla o franciscano flamengo Guilherme de Rubuquis (ou Ruysbroeck), mandado pelo rei Luís IX, para negociar um acordo com os mongóis (Mongka, o Grande Khan de Caracorum, na Mongólia) contra os islâmicos. Lá chegou em 4 de janeiro de 1254; encontrando com muitos cristãos deportados e conversando com monges que acreditavam na transmigração das almas. Este franciscano foi o primeiro a relatar que o Mar Cáspio não tinha ligação com o Oceano Glacial Ártico (embora os vikings o soubessem antes disso). --- O rei Luís IX tentou uma aliança com os Assassinos (ou Ismaelianos), cujo chefe era Djibal Alauita e seu grande senhor, o chamado ‘Velho da Montanha’. 1253 a 1256 - O rei da Armênia, Hetum I, da Armênia Ciliciana, se empenhou a viajar até Karakorum, onde entrou em entendimentos com o grande khan gengiscânida Mongka, que o reconheceu como rei daquele Estado e ainda lhe prometeu ajuda na defesa do seu reino contra as incursões dos beilicados muçulmanos vizinhos. 1254 - Os cruzados e Luís IX partiram do porto de S. João d’Acre em navios dos Templários, de volta para a França, em 24 de abril, confiando o reino do Acre (chamado de Jerusalém) ao nobre Geoffroy de Sergines como senescal e seu representante. --- Em 21 de maio, o alemão Conradino (ao morrer sua mãe Iolanda de Brienne e seu pai, João de Brienne), foi nomeado rei de ‘Jerusalém’, mas nunca apareceu aí. --- O rei armênio Hetum I esteve pessoalmente na Mongólia prestando vassalagem diante do grande khan mongol Mongka, irmão de Hulagu. 1255 - Em 15 de agosto aportou no Acre o frade Guilherme de Rubroek, vindo da Mongólia. --- Neste ano: O Sultão mameluco Aybak enfrentou uma rebelião de uma parcela de Mamelucos Bahritas, entre os quais Baybars e Qalawun, que fugiram para Damasco, para reorganizar sua guerra contra o sultão. Tal revolta foi pacificada pela mediação do califa de Bagdá e por acordo de Aybak com o sultão aiúbida de Damasco al-Malik al-Nasir Yussuf II, pelo qual este recebeu a Palestina e assinou uma trégua por 10 anos. Baybars e seus correligionários demonstraram, no entanto, que não eram confiáveis diplomaticamente: abandonaram o acordo 6 anos depois na luta contra os mongóis. 1255-1256 - O imperador niceano Teodoro II neutralizou a fronteira oriental com o Sultanato de Rum, renovando aliança feita pelo seu finado pai com o sultão turco seldjúcida. 1256 - O khan mongol Hulagu (neto de Gêngis Khan), depois de ter saído da Transoxiana, reentrou na Pérsia em 2 de janeiro, recebendo os cumprimentos do atabegue do Fars (o Salgurida, Abu Beckr) e do sultanato de Rum (Kai Kawus II e Qilidj Arslan IV), além da homenagem de príncipes do Iraque, Khorassan, Arran, Azerbaidjão, Chirwan e Geórgia. --- Em março, iniciou-se no reino do Acre a ‘guerra de S. Sabas’, os venezianos atacando Tiro com sua esquadra; enquanto os genoveses atacavam Acre. O acordo definitivo dos dois grupos apenas se efetivou em 1270 por intercessão do rei Luís IX; os pisanos, no entanto, continuaram a guerra contra os genoveses até 1288. --- Em outubro, Hulagu mandou Baiju atacar o Sultanato de Rum, saindo-se vitorioso sobre Kai Kawus II e tomando a Anatólia. --- Em 19 de novembro, Hulagu cercou e aprisionou o grande mestre dos Ismailianos, Rokn ed-Din Kurchah em Meimundiz; enviando-o à corte de Caracorum ao irmão Monka, mas ele foi morto no trajeto. Um mês depois, Hulagu se apoderou de Alamut (noroeste de Qazwin na região de Rudhbar Dailã), acabando definitivamente com a seita dos Assassinos de Mazandaran na Pérsia. A partir deste ano, as pastagens de Moghan e Arrân (a nordeste do Azerbaidjão) continuaram a ser locais de preferência dos il-Khânidas, embora se urbanizassem com o tempo e assimilassem a civilização urbana iraniana. 1256 (2 janeiro) a 1335 (30 de novembro) - A Pérsia esteve sob o governo mongol dos Il-Khânidas: foi o Canato Mongol da Pérsia, ou ainda, I Império Mongol da Pérsia. A Dinastia dos Il-Khânidas também é chamada de Hulaguidas, porque foi instituída por Hulagu, que governou a Pérsia e o Iraque de 1256 a 8 de fevereiro de 1265. 1257 - O sultão mameluco do Egito Aybak vivia disputando a primazia do poder com sua esposa Chajar ad-Durr (ou Shagrat al-Durr); esta o mandou estrangular no banho em 11 de abril deste ano; mas ela foi assassinada também 3 dias depois (é considerada a primeira sultana da Dinastia dos Mamelucos Bahritas). Subiu ao trono do Egito, um adolescente de 15 anos, filho de Aybak chamado de Al-Mansûr Nur ad-Dîn `Ali (ou simplesmente Ali ben Aybak) que governou por 3 anos, tendo como regente o emir Qutuz, embora sem o aval do general Baibars - O mongol Hulagu mandou, em 21 de setembro, um emissário para Bagdá praticamente intimando ao 37º califa abássida Al-Musta'sim a reconhecê-lo como suserano; como este se recusou, Hulagu, os generais Baïdju (sucessor de Tchormagan) e Ketboga (ou Kitbuga, lugar-tenente de Hulagu que era cristão nestoriano) marcharam, em novembro, em direção à capital abássida. 1258 - Em 18 de janeiro as 3 forças mongóis (que tinham percorrido rotas diferentes) estavam reunidas nos arredores de Bagdá. A armada do califa tentou se opor às forças mongóis mas foi desbaratada. Em 22 de janeiro, os mongóis fecharam o cerco à capital abássida. O califa tentou articular um acordo com eles, mandando seu vizir e uma autoridade religiosa nestoriana, mas já era tarde demais para o diálogo. Ocorreu a Batalha de Bagdá de 29 de janeiro a 10 de fevereiro, em que os mongóis venceram os muçulmanos. Durante este período, os turcos que guarneciam a cidade negociaram com os turcos (da tribo dos Naiman das estepes asiáticas, em que se avulta a figura de Kitbuga) da armada mongol. No dia 13 de fevereiro começou o saque da cidade que durou 17 dias, permeado de incêndios de casas, mesquitas e monumentos, além do massacre de seus habitantes. Os manuscritos foram queimados e lançados no rio Tigre. Só não massacraram a parte da cidade habitada por cristãos, a pedido da esposa de Hulagu que era cristã nestoriana. No dia 20, o último sultão abássida, Al Mustassin, foi estrangulado e esquartejado (há autores que ensinam que ele morreu no seu palácio em chamas), extinguindo a Dinastia dos Abássidas e começando a mongol dos Il-Khânidas. --- Em março-abril, Hulagu foi para a região de Hamadhan e Azerbaidjão, instalando suas casas reais em Maragha e Tabriz ou Tauris (no Azerbaidjão), onde haviam boas pastagens (em Moghan e Arran) para os cavalos. - Com o fim dos Abássidas , o comércio com o Extremo Oriente não passava mais pela Pérsia, voltando para o Império de Trebizonda, desenvolvendo-o sob os governos dos filhos de Manuel I Comneno (de 1262 a 1297). --- Em 24 de junho, no reino de ‘Jerusalém’, acabou a ‘Guerra de S. Sabas’ com a vitória naval dos venezianos sobre os genoveses; estes, expulsos do Acre, foram para Tiro. - Neste ano, o melik de Herat, Chams al-Din Muhammad conquistou terras mais ao sul do seu reino, procurando uma saída para o mar. Isto preocupou Hulagu, a quem o melik contemporizou, tornando-se seu vassalo e lhe entregando (por determinação do il-khânida) a província de Sistan (no sul da Pérsia e que tem acesso ao mar). 1258 (30 de julho) a 1286 - Governo do rei merínida (marinida) do Marrocos, Abu Yussef Yakub ben Abd al-Haqqq, sucedendo a Abu Yahia, seu irmão. Teve problemas com seu sobrinho que pretendia também o poder e tomou a cidade de Salê. Sua área de atuação governamental se estendia sobre quase todo o Marrocos, apenas ficando fora Marraquesh (sob os Almohades), além de Ceuta e Tanger. 1259 - Em 11 de agosto morreu na Mongólia o grande khan Mongka (em português, Mangu), ocorrendo disputas sucessórias entre Kubilai (ou Qubilai) e Ariq-boga. -- Em setembro, as forças mongóis (com Hulagu, Kitbuga, Baidju, Sundjaq, ou Sugundjaq) saíram do Azerbaidjão para a Síria (já prevista desde a reunião em assembléia em 1251 em Caracorum), com reforços de seus vassalos armênios e georgianos. Hulagu (que estava acompanhado pela esposa nestoriana Doquz-khatun) passou pelo Curdistão e se apoderou de Niçîbîn (ou Nusaybin, ou Nísibe), enquanto as cidades de Harran e Edessa se submeteram (para não serem destruídas), já os habitantes de Sarudj foram massacrados (por resistirem) ; foi a vez, em seguida, de al-Bîra ser tomada. Mandaram um emissário ao Egito para que Qutuz se rendesse, mas este matou o emissário. -- As tropas mongóis passaram pelo rio Eufrates, saquearam Menbîdj e chegaram a Alepo; o seu sultão an-Nâçir fugiu para Damasco; nesta cidade, quem prestou homenagem a Hulagu foi o metropolita jacobita Bar Hebreus. -- Em 12 de novembro o escravo kharezmiano Qutuz (apelidado de ‘o iaque’), regente do trono no Egito, foi proclamado sultão por um golpe de Estado contra Ali ben Aybak (alegando sua pouca idade) e levantou a bandeira da guerra santa contra os mongóis. --- Deste ano até 1261, o governante de Túnis, o hafsida Al-Mustansir foi confirmado pelo guardião (‘cherif’) de Meca como califa. 1259-1261 - Na Armênia oriental eclodiram revoltas contra o o il-khan Hulagu, que foi prontamente debelada por Argun Aka, prendendo e executando o seu chefe (Zacarias). O mesmo desfecho ocorreu com a revolta do armênio Hassan Jalal, príncipe de Khachen (Grand Artsakh, atual Nagorno-Karabakh). 1260 - Em 18 de janeiro, Hulagu, auxiliado interesseiramente por Boemundo VI (príncipe franco de Antióquia-Trípoli) e seu sogro Hetum I (rei da Armênia), cercou Alepo, cuja defesa estava sendo comandada pelo príncipe aiúbida Turan-Chah (alguns notáveis ligados a ele passaram para o lado de Hulagu e talvez tenham participado até da abertura de uma das portas da muralha ao inimigo); uma semana depois entraram na cidade (sua cidadela ainda conseguiu resistir até 25 de fevereiro). Sua população sofreu uma chacina cruel durante uma semana; sua mesquita foi incinerada pelo rei Hetum I, que recebeu parte do saque e dos distritos da cidade e poupada a igreja jacobita. O governador de Alepo foi decapitado 78 pelo próprio Hulagu. Em 1 de março, as tropas saíram da cidade. A destruição de Alepo representou o fim da Dinastia dos Aiúbidas da Síria. Despertou, no entanto, a ira do general mameluco do Egito, Baibars. -- Após a conquista de Damasco, Hulagu soube da morte do grande khan Mongka (em 11 de agosto de 1259), foi, então, para a Mongólia e deixou como governador da Síria a Ketboga (um cristão nestoriano). --- Em seguida, os mongóis invadiram a Palestina, massacraram a guarnição militar de Nablus e avançaram até Gaza. -- O Conde de Sidon, Juliano de Grénier, mandou matar o primo de Ketboga, este revidou atacando, queimando e destruindo este porto. Com isto, a aliança franco-mongol acabou. --- Em 26 de julho, partiu do Cairo uma grande armada sob o comando de Saif ad-Din Qutuz; ao mesmo tempo houve uma rebelião de Damasco contra a guarnição mongol que aí ficara. Saif adDin Qutuz conseguiu tomar Gaza sem nenhuma resistência mongol; depois passou o território do reino de ‘Jerusalém’, onde se reabasteceu com anuência dos francos do Acre. Em 3 de setembro ocorreu a memorável Batalha de Ain Jalut (ou Aindjalut, perto de Jenine ou Zerin), na Galiléia, a chamada ‘Primavera de Golias’, em que os mongóis foram esmagados pelos muçulmanos comandados pelo general Baybars, acabando a presença mongol na Síria muçulmana. Nesta batalha o general Ketboga foi preso e decapitado. Após a vitória de Ayn Jalut, Damasco e Alepo foram libertadas (em novembro) pelo sultão mameluco Saif ad-Din Qutuz, que promoveu incursões punitivas contra Boemundo VI de Antióquia e Hetum I da Armênia por sua ajuda aos mongóis. O general Baibars se proclamou governador de Alepo e se colocou contra o sultão Qutuz (que não placitou a nomeação de Baibars como governador). Baibars foi para a capital, Cairo, onde esfaqueou pessoalmente Saif ad-Din Saif ad-Din Qutuz, se tornando o sultão a partir de 24 de outubro, governando até 1277. --- No final de novembro, uma força mongol avançou sobre a Síria e tomou Alepo uma segunda vez, mas foi repelida por Baibars perto de Homs (em 10 de dezembro). O império Il-khânida da Pérsia, sob Hulagu, passou a ter como fronteira a margem direita do Eufrates. --- Em 5 ou 10 de setembro, a cidade de Salé, no Atlântico, de Marrocos foi atacado por uma esquadra procedente de Castela; a partir daí, se construiu uma muralha para protegê-la. --- Neste ano: Acordo entre o imperador bizantino Miguel VIII Paleólogo e os mongóis invasores da Ásia Menor, sem levar em conta sua aliança com o Sultanato de Rum. 1260 a 1277 - Governo de Baibars, o Besteiro, sultão muçulmano da Dinastia dos Mamelucos no Egito . - Os Canatos mongóis da Pérsia (sob Hulagu) e da Horda Dourada (ao norte dos Mares Negro e Cáspio) e o Sultanato dos Mamelucos precisavam dos Estreitos do Bósforo e dos Dardanelos para se comunicarem, assim estavam na dependência do Império Bizantino para ter acesso livre aos estreitos. 1261 - O sultão Baybars, em 9 de junho, recebeu o califa abássida Al-Mustansîr II no Cairo, se fazendo reconhecer como califa no Egito sob o respaldo do sultão egípcio. Em setembro, os dois começaram uma ofensiva militar contra os Estados Cristãos do Oriente, sobretudo contra as fortalezas dos Hospitalários, visando também Boemundo VI de Antióquia e Hethum, rei da Armênia, no final do ano. --- Neste ano, na Espanha, o emir de Granada, depois de ser proclamado rei pelos mudejars (muçulmanos) de Múrcia, iniciou uma revolta contra o rei Afonso X, o Sábio, de Castela. --- A região do Cáucaso (onde estavam os Reinos da Armênia e Geórgia) foi palco, a partir deste ano, dos confrontos entre os Canatos da Pérsia e da Horda de Ouro. 1261(9 de junho) a 1262 - Sob a tutela dos Mamelucos Bahritas (neste ano personificado em Baybars) governou o primeiro califa abássida do Cairo Abû al-Qâsim Ahmad al-Mustansîr bi-llah (ou Al-Mustansîr II). 1261 a 1300 - Os otomanos dominaram toda a Anatólia no lugar dos bizantinos e dos seldjúcidas do Sultanato de Rum. 1262 -. A cidade de Mossul foi saqueada pelas tropas de Hulagu, em julho/agosto, por causa da passagem dos filhos de Bedr ed-Din Lulu para o lado dos Mamelucos do Egito. Mossul foi anexada ao Canato da Pérsia. --- O Canato de Qipchak (ou Kipchak, ou ainda da Horda de Ouro), sob Berke, se aliou com o sultanato mameluco do Egito (Baibars, que era de origem Qipchak) para promover a guerra contra Hulagu Khan. Este tomou a iniciativa de enfrentá-los: em 8 de dezembro tomou a passagem de Derbent (junto ao Mar Cáspio, na fronteira) e penetrou até o rio Terek, onde foi atacado de surpresa pela armada de Beroé, chefiada pelo seu sobrinho Nogai, sendo forçado a voltar para o Azerbaijão, mas muitos soldados mongóis se afogaram em Terek (quando seus cavalos quebraram o gelo que cobria as águas do rio), em janeiro de 1263. --- O porto muçulmano espanhol de Cádiz (no Oceano Atlântico) foi tomado por Afonso X, rei de Castela, no dia 14 de setembro. Este rei, também, venceu o emir de Granada em Alcala-a-Real e ergueu contra o mesmo os ‘walis’ de Málaga, Gomares e Guadix (em Granada), forçando-o a um acordo mediante pagamento de tributo anual. --- O imperador bizantino Miguel VIII aceitou o pedido do sultão egípcio Baibars de livre passagem de escravos eslavos adquiridos na Rússia nos estreitos de Bósforo e Dardanelos, que seriam incorporados ao exército dos Mamelucos. Em contrapartida, o imperador solicitou o estabelecimento de um patriarcado melquita em Alexandria. --- No norte da África: O emir marroquino merínida Abu Yussef Yakub não teve sucesso em sua primeira tentativa de conquistar a região de Hauz, uma parte de Suss e a área oriental dos Dukkala sob o domínio dos Almohades. 1262 a 1302 - Governo do segundo califa abássida no Cairo: Abû al-`Abbas Ahmad al-Hâkim Ier (ou Al-Hâkim I), descendente do califa abássida de Bagdá, ar-Râchid. Também foi tutelado por Baybars. 1263 - Em 13 de janeiro, o il-khânida Hulagu foi atacado de surpresa e vencido pelas tropas enviadas por Berké (neto de Gêngis Khan e khan muçulmano do Canato da Horda de Ouro), sob o comando de seu sobrinho Nogai, no rio Terek (na região caucasiana); derrotado, teve que retornar ao Azerbaijão, mas muitos soldados mongóis se afogaram em Terek (quando seus cavalos quebraram o gelo que cobria as águas do rio). Outro motivo de sua volta era o fato de que o seu território estava sendo ameaçado por outro inimigo em sua fronteira oriental: os Djaghataidas do Canato de Qaidu (no Turquestão), que se aliaram a Berké. Nesta situação, Hulagu, circunstancialmente, abandonou o seu projeto de se apoderar da Síria e do Egito. Por outro lado, o sultão mameluco Baibars, através de acordo com o khan Berké, conseguiu recrutar soldados no Canato de Kiptchak (ou da Horda de Ouro). --Em 25 de abril, o arcebispo de Tiro, Gilles de Saumur, recebeu o pedido do papa Urbano IV, para pregar a VIII Cruzada na França contra o sultão mameluco Baibars. --- De 20 a 24 de julho ocorreu em Barcelona (Espanha) uma disputa teológica entre judeus e católicos: foi a chamada ‘Disputa de Barcelona’, em que se debateram de um lado, o dominicano Paulo Cristiano (judeu convertido ao Cristianismo) e, de outro lado, o rabino Moisés ibn Nahman (ou Nahmanide), grande talmudista. O tema do debate era sobre Jesus como Messias e sua natureza divina ou humana.-- Neste ano, o imperador bizantino Miguel VIII solicitou a intercessão do sultão mameluco Baibars junto ao Canato da Horda de Ouro, para que o khan Berké deixasse de atacar territórios bizantinos. Por outro lado, foram concluídos os acordos comerciais entre este canato e o imperador bizantino, garantindo o tráfego marítimo pelos estreitos de Bósforo e de Dardanelos, vitais para o comércio de escravos turcos para os Mamelucos do Egito. Se articulava, assim, o porto de Sarai (no Volga e capital do canato) como elo de ligação entre o Oriente e o Ocidente e o norte da Europa (mercadores genoveses e venezianos aí compravam peles, além de escravos). --- Na Espanha, continuando a Reconquista Cristã: o rei Jaime I de Aragão e Catalunha se apoderou de Crevillente; outro rei, Afonso X, o Sábio, de Castela e Leão eliminou a presença dos mouros na parte ocidental da Espanha ao se apoderar da cidade Niebla ao emir Ibn Mahfuz. 1264 - Na Espanha, em 13 de junho ocorreu uma rebelião dos mudejares (muçulmanos) de Múrcia, apoiados pelos Merínidas de Marrocos e pelo emir de Granada. contra o Reino de Castela. O rei Afonso X de Castela, em 9 de outubro, retomou a cidade de Jerez da Fronteira. --- Em dezembro, o poder foi passado pelo il-khan Hulagu à princesa salgurida Abich-khatun (da província de Fars) e a fez esposa do príncipe mongol Mangu Timur (quarto filho do ilkhan), o que representou, de fato, uma anexação de Fars ao Canato da Pérsia. --- Neste ano: No Reino de Chipre, morreu Isabela de Lusignan, regente de Hugo II, transferindo esta função para Hugo de Poitiers, príncipe de Antióquia. --- O rei Jaime I de Aragão e Catalunha reconquistou as cidades de Orihuela (em Alicante) e Elx (em Valência) aos mouros. 1265 - Com o assassinato de Hulagu, em 8 de fevereiro, perto de Marâgha, por mercadores de Qipchak (talvez açulados por Berké) a sucessão coube ao seu filho Abaqa (que se casou com uma filha do imperador bizantino Miguel VIII, Paleólogo, chamada de Maria). A esposa de Hulagu, Doguz-khatun, morreu pouco depois. - O sultão Baibars, realizando o seu intento de restringir os Estados francos cada vez mais próximos do litoral, se apoderou da cidade de Cesareia, em 27 de fevereiro, e de Arsuf, em 26 de abril, após garantir a neutralidade do imperador bizantino e do Sultanato de Rum. Tais conquistas reacenderam o intento ocidental de criar mais uma cruzada: a VIII. - Neste ano: O vizir seldjúcida de Rum, Mu‘in ad-Dîn Suleyman (também chamado de Pervane), regente de Kay Khusraw III, tomou o porto de Sinope aos bizantinos. -- O turco oguz Ertogul (Ertogrud) tomou a cidade bizantina de Thebasion (que passou a ter o nome Sogut, no vale do Sakaria, que desemboca no Mar Negro) e aí criou um pequeno reino entre o Sultanato de Rum e o Império Bizantino; este pequeno reino, chamado de Sogut, foi o embrião do famoso Império Otomano. --- O imperador bizantino Miguel VIII retomou Filipópolis aos búlgaros e depois ocupou os portos de Anchialos e Mesembria, no Mar Negro. O tzar búlgaro solicitou a ajuda do Canato da Horda Dourada (os Kiptchak eram seus aliados); com isto, ocorreu a invasão da Trácia, na primavera, onde derrotaram os bizantinos e saquearam a região. O imperador teve que fugir em um navio genovês para voltar à Constantinopla. Esta invasão decorreu do desguarnecimento das fronteiras pelos ‘akritai’, isto é, os colonos destas áreas, que as defendiam militarmente em troca de isenções fiscais (este privilégio tributário foi retirado por Miguel VIII). --- O talmudista judeu Nachmanida teve que sair da Espanha, indo para Jerusalém, por ter sido acusado de blasfêmia pelos dominicanos. 1265 a 1277 - Vizirato de Mu’in ad-Din Suleyman (Pervane) como regente no Sultanato de Rum, cujo rei era Kay Khusraw III (Ghiyâth ad-Dîn Kay Khusraw, que governou até 1282). Ele perseguiu o objetivo de retirar os mongóis da Ásia Menor e, para tal, procurou se aliar ao sultão mameluco Baibars. 1265 (8 de fevereiro) a 1282 - Governo de Abaqa, primogênito de Hulagu, no Il-Kanato da Pérsia. Embora ligado mais ao budismo, exerceu uma política de aproximação e aliança com os reis cristãos do Ocidente e se casou com uma filha (chamada de Maria) do imperador bizantino Miguel 79 VIII Paleólogo. A capital foi transferida de Marâgha, para Tauris (Tabriz) até o fim da dinastia (exceto no reino de Oldjaitu, de 1304 a 1316, que foi a cidade de Sultaniye). Adotou durante seu governo uma política tolerante em relação ao Cristianismo, embora se mantivesse ligado mais ao budismo. 1266 - Em 8 de fevereiro, os reis espanhóis Jaime I de Aragão e Afonso X de Castela e Leão conquistaram Múrcia, que foi anexada à Castela em 23 de junho. --- Em 18 de fevereiro, usurpou o poder no Sultanato de Delhi (norte da Índia) o turco Balbân, com a morte de Nâsir ud-Dîn Mahmûd. Governou até 1287.--- A invasão do Azerbaijão persa pelo general Nogai, sobrinho de Berké, na primavera foi sustada pelo il-khânida Abaqa no vale do Aqsu. Berké, por sua vez, foi ajudar o sobrinho, atravessou o passo de Derbend (no Cáucaso), mas foi atacado e morto por lugares-tenentes de Abaqa ao tentar atravessar o rio Kura. Junto aos lugares-tenente de Abaqa estava participando também o rei de Herat, Chams al-Din Muḥammad. --- Em 25 de julho, o sultão mameluco Baibars sitiou por 16 dias e se apoderou da fortaleza e castelo de Safed pertencente aos Templários, defendida em sua maior parte por cristãos sírios, que seriam poupados se se rendessem. Um sargento cristão sírio, Leon Cazelier, negociou a rendição, mas só ele foi poupado, o restante não; os Templários foram decapitados, as mulheres e crianças vendidas como escravas. Sua posse garantiu a Baibars o controle da Galiléia e o caminho para Acre, Sidon e Tiro (entre esta cidade e Damasco, se apoderou da maior fortaleza dos cruzados, a de Toron). Em 24 de agosto, Baibars partiu em direção ao território armênio para castigar o rei Hethum I por sua aliança com os mongóis: venceu a Batalha de Mari, perto de Alexandreta, na Cilícia (na qual foi preso seu filho Leão e o outro, Toros, foi morto), arrasou as suas cidades, bem como sua capital, Sis; sua população massacrada em sua maioria. Baibars impôs um tratado oneroso para a Armênia, que não se recuperou mais deste golpe. 1267 - Em janeiro, uma nova tentativa de invasão do Il-Canato da Pérsia por parte das tropas do Canato da Horda de Ouro, foi abortada pela morte do seu khan, Berke, quando estava passando pelo vale do Kura, na região caucasiana, em Tblissi. No Canato Horda de Ouro subiu ao poder Mangu Timur, que governou até 1280. ---. Genoveses conseguiram dos khans mongóis a autorização de ter seu entreposto comercial em Caffa, na península da Crimeia— Sob o reino de Malik al-Saleh (ou Malik ul Salih), no Reino de Pasai, o Islamismo começou a sua penetração no oeste de Sumatra, introduzido por mercadores e piratas provenientes do sul da Índia e de Gujarat. Daí se expandiu para a Península de Málaca. 1268 - Baibars, continuando sua ofensiva contra os francos, lhes retomou Jafa e massacrou sua população, em 7 de março. Depois foi a vez de Beaufort (em 15 de abril), defendida pelos Templários; bem como Antióquia, a maior cidade cristã no ultramar, em 18 de maio, defendida pelo condestável do príncipe Boemundo VI (que estava em Trípoli), Simão Mansel, sendo sua população massacrada ou escravizada, demolindo a cidade, que nunca mais restaurada. Em função deste último evento, Boemundo VI, que era príncipe de Antióquia-Trípoli, ficou com seu governo restrito apenas ao condado de Trípoli. Nove dias depois foi assinada uma trégua entre os francos e o sultão. Esta situação poderia ser revertida pela VIII Cruzada, mas esta foi desviada para a Tunísia. -- Em 29 de outubro, ao falecer o imperador alemão Conradino, reacenderam-se as disputas sucessórias no Reino de ‘Jerusalém’ entre Hugo III de Chipre (que era um príncipe da família de Antióquia), que teve o apoio dos barões, mas encontrou resistência por parte de Maria de Antióquia (por seu parentesco, pelo lado materno, com Isabela de Anjou e com Amaury II de Lusignan). --- No norte da África, os Almohades atiçaram Yghomracen (rei de Tlemcen) a atacar os Merínidas (dos quais eram inimigos), mas este foi derrotado. 1269 - Em 8 de setembro, acabou o domínio do Marrocos pelos Almohades, com a derrota e morte do último de seus sultões, Abu-Debus-el-Uathec, em encarniçada batalha contra o bérbere merínida Abu-Yussuf Yacub em Marrakesh. Esta derrota determinou o fim do domínio e da Dinastia dos Almohades. --- No Reino de ‘Jerusalém’ iniciou-se o governo do rei Hugo III de Chipre em 24 de setembro, tumultuado pela má vontade dos Templários, das comunas e dos barões de tal maneira, que ele foi para Chipre em 1276. --- O filho e sucessor de Hethum, Leão III, rei da Armênia, pediu a ajuda de Abaqa, khan da Pérsia, contra os Mamelucos; Abaqa não pode atendê-lo porque estava às voltas com ataques dos Djaghataidas a nordeste de sua fronteira. --- Neste ano, Baibars se apoderou da cidade santa de Meca. No final do ano, ele fez incursões duas vezes em Hama, para cercar a fortaleza de Margat, mas não teve sucesso diante da resistência dos Hospitalários. 1269 a 1465 - Período de governo da Dinastia dos Benimerinos das tribos bérberes Beni Meri (que venceu a dos Almohades) ou Merínidas reinante em Fez (Marrocos). 1270 - Barak, do Canato Djaghataida da Transoxiana, atacou, em janeiro, a Pérsia (Khorassan) e o Afeganistão; em maio atacou e queimou a cidade de Nishapur e saqueou Herat, após vitória contra um irmão de Abaqa. Em Herat exigiu a homenagem de seu governador Chams al-Dîn Kert. Em 22 de julho, entretanto, Barak teve que se retirar da Pérsia por ter sido derrotado perto desta cidade de Herat por Abaqa. Ele foi para Transoxiana, onde solicitou auxílio ao seu suserano Qaidu, mas morreu logo depois, sendo sucedido por seu filho Duwa. --- No final de janeiro, Baibars invadiu a Síria e continuou seus ataques ao Krac dos Hospitalários, saqueando suas vizinhanças até maio. Em 25 de maio, tinha voltado para sua capital, Cairo, se preparando contra o ataque da VIII Cruzada sob o comando do rei francês capetíngio Luís IX (santificado após sua morte). --- Em 18 de julho, a VIII Cruzada cercou Cartago, nas proximidades de Túnis. --- Durante o verão o sultão Baibars reuniu suas tropas para auxiliar os tunisianos, mas abandonou seu projeto ao receber a notícia do emir Al-Mustansir, de Túnis, de que, em 25 de agosto morreu Luís IX (de peste bubônica ou disenteria) durante o cerco daquela cidade. Sua morte deixou sem esperança os cristãos da Palestina e Síria em reverter sua situação diante de Baibars. Em 30 de outubro, Carlos I (irmão do rei Luís IV e rei da Sicília) assinou um tratado favorável ao seu reino na Sicília. Em 10 de novembro, quando o exército francês (com Carlos I) estava saindo de Tunis, chegou atrasado e inutilmente o príncipe Eduardo da Inglaterra. --- Em 10 de agosto, ocorreu a tentativa de restauração do Reino de Aksum por Yekuno Amlak, se prolongando até 1285. Acabou, então, a dinastia local do Zagues e iniciou-se a dos Salomônidas. --- Em 25 de setembro, Ascalão foi tomada por Baibars. --- Neste ano, foram reerguidas as fortificações de Lahore pelo sultão de Delhi, Balban, a fim de se proteger dos mongóis. 1271 - Em fevereiro, o sultão Baibars se apoderou, sem resistência, de Chastel Branco (ou ‘torre branca’ em Safilt, entre Trípoli e Tortosa) dos Templários, que puderam sair em direção a Acre. Entre 15 de março e 8 de abril, Baibars tomou a poderosa fortaleza do Krac dos Cavaleiros Hospitalários (Hosn-al-Akrad). Em 1 de maio, após um sítio de 2 semanas, caiu o Castelo de Akkai; em 12 de junho, foi a vez de Montfort, dos Cavaleiros Teutônicos, depois de resistirem por 5 dias. Em maio, Baibars assinou trégua com o príncipe Boemundo VI de Trípoli por 10 anos. --- Em 9 de maio, chegaram reforços da IX Cruzada ao Acre sob o comando de Teobaldo Visconti, arcediago de Liège e legado papal em Londres, onde conseguiu o apoio do príncipe inglês Eduardo (filho e herdeiro do rei Henrique III). O príncipe encontrou uma situação desmoralizante na cidade do Acre, em que sua Alta Corte permitia que comerciantes genoveses vendessem escravos (comprados dos muçulmanos) e venezianos vendessem madeira e metal (que serviriam de matérias primas para a confecção de armas dos muçulmanos). Teobaldo Visconti tentou sanar isto, mas não conseguiu e teve que voltar para a Europa: em 1 de setembro foi escolhido papa, adotando o nome de Gregório (depois santificado), mas não deixando de incentivar a cruzada contra os muçulmanos.--No final de outubro, os arredores de Alepo foram arrasados por tropas enviadas pelo il-khânida Abaqa sob o comando do general Samagar. Em 12 de novembro, foram repelidos pelo sultão Baibars, indo para o vale do Eufrates. --- Neste ano: No Turquestão, morreu o sultão Barak e foi sucedido por Duwa. --- A região de Assuan foi devastada pelo rei cristão Davi I de Dongola, que se negara a pagar tributo ao sultão Baibars. ---- Começo da viagem de Marco Polo (junto com Nicolau e Mateu Polo) em direção à China (um dos lugares pelos quais passou foi o sul do Cáspio, Erzurum e Tabriz, na Pérsia). 1271 a 1287 - Viagem do célebre mercador de Veneza chamado Marco Pólo até a corte do mongol Kubilai Khan, em Pequim; na ida passou por S. João d’Acre, seguiu pela Síria, o leste da Anatólia, a Pérsia, o norte do Afeganistão e Ásia Central; voltou pelo Oceano Índico, Golfo Pérsico, Pérsia, Trebizonda, Mar Negro, Constantinopla e daí para Veneza. 1272 - Em 22 de maio, foi assinada uma trégua de 10 anos e 10 meses entre o Reino de ‘Jerusalém’ e o Sultanato do Egito, no Acre; o príncipe Eduardo, porém, já precavido pelos antecedentes do sultão Baibars, mandou construir uma torre de observação na cidade, atribuindo sua defesa à Ordem de S. Eduardo (criada por ele). Ele foi para a Inglaterra buscar reforços para a sua Cruzada, mas seu pai Henrique III morreu em 16 de novembro e, assim, ele teve que ficar lá para dar continuidade à Dinastia dos Plantagenetas. --- Em Transoxiana (ao sul do Canato de Djaghatai), Qaidu, mandou matar o príncipe Nikpaï Oghoul por traição, e colocou novo governante, o príncipe djaghataida Togatemur (ou Tuga Temur). No final do ano, sofreu um ataque do ilkhânida Abaqa, tendo antes passado em Khorassan. --- Neste ano: Davi I, rei de Dongola (ou Makuria), no norte do Sudão, tomou o porto de Aydhab (no Mar Vermelho), após ter saqueado a região de Assuam. Este porto era estratégico para a navegação dos egípcios e para o embarque de peregrinos muçulmanos que iam para a cidade santa de Meca. Em represália, o sultão Baibars invadiu o seu reino. --- Na Península Ibérica: o rei de Portugal, Afonso III, acabou com a última comunidade de mouros em seu território, na cidade de Fars. 1273 - No final de janeiro, o il-khânida Abaqa, continuando seu ataque a Khorassan e Transoxiana, saqueou as cidades de Urgendj, Khiva e Bukhara. --Em dezembro morreu o jurista, teólogo e místico persa sufi chamado de Rumi (ou Jalal al-Din Muḥammad Rumi). --- Neste ano:Foi realizado um recenseamento geral de tudo o que pudesse ser taxada no Il-Khanato, resultando em crescimento abusivo da arrecadação fiscal. 1274 - Em 4 de julho, no Concílio de Lyon (França), o papa Gregório X recebeu emissários do il-khânida da Pérsia, Abaqa, tentando juntar este mongol com o imperador bizantino Miguel VIII Paleólogo em cruzada contra os muçulmanos. Neste concílio esteve participando Guilherme de Beaujeu, em 4 de 80 maio, quando o papa deu continuidade à sua ação militar no Acre à uma cruzada contra os muçulmanos, no caso o sultão Baibars. - Neste ano: O sultão mameluco do Egito, Baibars, se recusou a atender um pedido do rei Yekuno Amlak, da Etiópia, através do rei do Iêmen, de lhe mandar um novo bispo; a justificativa do sultão foi o conflito daquele rei etíope com príncipes muçulmanos a leste da Etiópia, como foi o caso do Sultanato de Ifat (no Golfo de Aden, atual Somália), que ameaçava a província etíope de Choa. -- Em Transoxiana, ao morrer seu príncipe Togatemur, vassalo de Qaidu colocou no poder um filho de Barak chamado Duwa. --- O emir merínida Abu Yusuf Yakub se apoderou do estratégico porto de Ceuta em Marrocos. 1275 - O merínida (ou benimerino) Abu Yusuf Yacub, depois que estabilizou politicamente o oeste de Marrocos, desembarcou em Tarifa (porto de Andalucia no Estreito de Gibraltar), em 12 de abril; depois recebeu reforços do seu filho Abu Zyan em 15 de agosto. Em 7 de setembro, venceram tropas castelhanas em Ecija; em 13 de outubro já estavam em Sevilha; 8 dias depois estavam em Martos cheios de butim. Aí houve uma tentativa de abordagem de suas tropas por Sancho de Aragão (arcebispo de Toledo), selada com a morte deste. O príncipe Sancho de Castela, ao morrer doente seu irmão, Fernando de La Cerda, conseguiu conter este avanço dos Merínidas. --- Em abril, o sultão Baibars do Egito lançou um ataque contra a Armênia Ciliciana, sob o rei Leão III, que foi impotente para impedir o saque do sultão em Sis (Kozan), Adana, Tarso e Ayas (Lajazzo); logo depois interviu no Sultanato de Rum. - Com a morte do papa S. Gregório X, no verão deste ano, reiniciaram-se as negociações entre Miguel VIII e o sultão egípcio Baibars, o Besteiro; por outro lado, findou o projeto de nova cruzada para os Lugares Santos e a tentativa unionista entre Roma e Constantinopla. --- Em junho, o grão-mestre Templário Guilherme de Beaujeu se negou a avalizar ao rei Hugo III de Chipre em ser governante do reino de ‘Jerusalém’, visto que apoiava a pretensão de Carlos de Anjou (irmão do rei Luís IX), que comprara o direito de ser rei daí em transação financeira feita com Maria de Jerusalém e mandara o bailio Rogério de S. Severino como seu preposto no Acre. --- Em setembro, se travou a Batalha de Ecija (em Sevilha, Espanha) na qual os Nasridas do Emirado de Granada e seus aliados Merínidas derrotaram as tropas do Reino de Castela e Leão. --- Neste ano: Partiram da China em peregrinação a Jerusalém os monges nestorianos Rabban Bar Sauma e Yaballah; este último foi escolhido como patriarca de Bagdá (em 1281), o primeiro foi embaixador do il-khan da Pérsia em Paris e Roma (em 1287). --- Na África, o império muçulmano de Mali esteve sob o governo de Mansa Abubakar I. --- Em Dongola (Núbia) foi afastado do governo o sobrinho do rei Davi I (da Etiópia) chamado Chekander (Alexandre); em função foi para o Egito pedir ao sultão Baibars, para auxiliá-lo a recuperar o trono, o que conseguiu, mas teve que aceitar uma influência maior do islamismo em seu reino. ---- Se estabeleceram no centro da Anatólia os germiyanos (nome de um povo talvez de origem curda), que criaram um emirado em 1280 (tendo como primeiro chefe de Estado a Ali Shir), cuja capital era Kutahya (ou Kotyaion). 1275 a 1285 - Os Marinidas de Marrocos efetuaram 4 incursões sobre o território espanhol neste período. 1276 - O rei Hugo III, até outubro, governava Chipre e Acre, mas abandonou este último em função da falta de apoio dos barões e das comunas, das hostilidades dos Templários e da pretensão de Carlos de Anjou, desde quando começou o seu reinado aí em 1269. --- Neste ano, o último reduto dos Almohades, Tinmel, no Atlas marroquino, foi tomada pelos Merínidas (Benimerinos). --- O sultão Baibars anexou a região da Baixa Núbia (ou Al-Maris, entre a I e II Cataratas do Nilo) ao Reino de Makuria. 1277 - O rei da Sicília, Carlos d’Anjou, adquiriu o Reino de ‘Jerusalém mediante um pagamento a Maria de Antióquia. Com o apoio integral do grão mestre dos Templários, Guilherme de Beaujeu, em 15 de janeiro, ele mandou um representante seu, Rogério de S. Severino, para tomar posse em Acre. Em relação ao governo local se dividiam os partidários de Hugo III (rei de Chipre) e Carlos d’Anjou. --- O governador turco seldjúcida de Sinope, Mu’in al-Din Suleyman (Pervane, também vizir do Sultanato de Rum) pediu a ajuda de Baibars para sua luta de autonomia em relação aos mongóis da Pérsia. Baibars, atendendo ao seu apelo, saiu-se vitorioso em 18 de abril na Batalha de Elbistan (ou Albistan, no alto vale do Djihun, na Capadócia) e, em seguida, avançou até Kayseri ou Qaiçariya (junto ao Monte Erciyes), em 23 de abril, seguindo depois para a Síria. Diante da omissão de Mu’in al-Din Suleyman, Baibars voltou para Cairo. --- Em julho, o Il-Khan Abaqa, sabendo das vitórias de Baibars, invadiu a Anatólia e reuniu um conselho militar, que condenou Pervane à morte (seu corpo foi retalhado em pedaços e dispersos nos lugares por onde passou) no dia 23 deste mês. A partir daí, a Anatólia tornou-se um protetorado do Il-Canato da Pérsia. --- Em 15 de maio, o príncipe (bey) de Karaman (Cilícia), Mehmed (ou Shams al-Dîn Muḥammad I), se apoderou de Iconium, capital do Sultanato de Rum, em nome dos turcos seldjúcidas. --- Em 1 de julho, morreu envenenado o sultão Baibars, sendo sucedido pelo seu primogênito Baraka Khan; este passou o governo ao caçula Salamish, em 1279. Nesta época o Sultanato dos Mamelucos ia desde a Núbia (o reino de Dongola era vassalo do Egito) ao Mar Mediterrâneo (sentido N-S) e desde a fronteira do Canato da Pérsia até o deserto da Líbia (sentido leste-oeste). --- Neste ano: Guerreiros turcomanos convertidos ao Islamismo chamados de ‘ghazis’ se estabeleceram no extremo sudoeste da Anatólia (região da antiga Caria), organizando aí seu beylicado (principado ou emirado) pelo seu líder Menteshe (do qual veio o nome do principado como Mentese), cuja capital era Milas. A partir daí exerceram pirataria no Mar Egeu. --- Na Universidade de Paris foi proibida a circulação de doutrinas filosóficas, entre as quais as obras de Averrois. 1277 a 1424 - Com a debilitação política do Sultanato de Rum, surgiu o beylicado de Mentese no extremo sudoeste da Ásia Menor, sob a dinastia dos Menteseidas, cirada por Menteshe Bey. Sua capital era Milas; perto dela se situava a fortaleza de Beçin, onde se sediava o seu quartel-general. 1278 - Na Península Ibérica, em 29 de setembro, o rei Pedro III, o Grande (de Aragão e Catalunha) se apoderou da fortaleza de Montesa (em Valência) acabando com revolta dos ‘mudejares’, que foram todos expulsos do reino. --- Com as invasões dos mongóis houve deslocamentos de populações que habitavam na Anatólia, enquanto os turcos a ocupavam. Formaram-se emirados independentes aí, como os dos Germyianos e dos Menteshe já citados. Outro exemplo: neste ano (ou em 1265, segundo alguns autores), os turcos oguzes (chamados de Kei-Kan-Kli), vindos do Khorassan (leste da Pérsia) por pressão dos mongóis, se colocaram a serviço do sultão Alaeddin Kaykubad I (do Sultanato de Rum) e foram assentados em Sogut (ou Sugyut, entre Brussa e Kutayeh), sob o comando de Ertogrul, com sua autorização. Estava plantada a semente do grande e famoso Império Otomano. 1279 - De agosto a 27 de novembro se protagonizou um breve governo do sultão mameluco (Baharita) Salamish no Egito; foi despojado do trono por AlMansur Qala'ûn ou Kelaun (que governou até 1290), cujo objetivo político maior era o de colocar os francos no litoral, visto que não tinha mais pela frente a Carlos I de Anjou. --- Neste Ano: Balbân, sultão de Delhi, teve sucesso em repelir uma incursão dos mongóis em seu território. --- Morreu Seyid Edjell, um muçulmano de Bukhara ministro das finanças do khan Kubilai (da China), que nomeou Ahmed Benaketi. Este praticou uma política monetária inflacionista, desvalorizando a moeda local, aviltando os preços dos produtos agrícolas, acarretando até a fome dos camponeses, enquanto a elite dirigente mongol se enriquecia. Ainda neste ano, o khan Kubilai proibiu a pregação do Islamismo na China. --- No norte da África, a cidade de Túnis foi tomada por Abu Ishaq (tio do califa Hafsida) junto com almohades rebeldes de Bejaia. 1280 - Em 27 de janeiro, o grande khan mongol Kubilai (Qubilai) determinou a proibição do ritual muçulmano de abate de animais (decapitando-os vivos). --- O comando da cidadela de Damasco foi atribuído a Lajin pelo novo sultão egípcio Al Mansur Qala'ûn ou Kalaun (Saif Al-Mansur-ad-Din alAlfi Qalawun), que governou até 1291; tal nomeação revoltou o antigo governador de Damasco, Sunkur al-Ashkar, que se outorgou o título de sultão, mas sua revolta foi sufocada, em julho, pelo sultão egípcio. --- Na Índia, o sultão de Delhi (Balban), após as chuvas das monções de verão, em setembro, atacou Bengala que se declarara independente; em 1281, após a capitulação de Bengala, ele nomeou seu filho (Bughra Khan) como governador local. --Em 20 de setembro, o Il-khan Abaqa se apoderou de Alepo, sem, contudo, tomar sua cidadela, em outubro. Depois se uniu aos Hospitalários para combater os muçulmanos, derrotando-os nas imediações do castelo de Maracleia. 1281 - Em janeiro, o sultão do Egito Al-Mansur Qala’ûn assinou com o imperador bizantino Miguel VIII Paleólogo um tratado pelo qual o Egito conseguiria se prover de escravos através da rota dos Estreitos de Dardanelos e do Bósforo. Em 29 de outubro, se reconciliou com Sunkur al-Ashkar, para fazer frente ao ataque de Mengu Temur (irmão d Il-Khan Abaqa) na Síria, junto com forças armenianas de Leão III, além de francos e georgianos, estes sofrendo derrota na Segunda Batalha de Emesa (hoje, Homs). Mengu Temur foi ferido nesta batalha. Esta vitória foi favorecida pelas tréguas assinadas antes. --- Em fevereiro, os muçulmanos atacaram e cercaram Margat, mas os Hospitalários conseguiram repelí-los. -- Neste ano: Em Sogut, morreu o chefe turco oguz Ertogrud, sendo ocupado o governo pelo seu filho Othman I (cognominado depois de ‘o Vitorioso’), criador da Dinastia dos Otomanos, que se proclamou independente e sultão em 1299. --- Saque do vale do Meandro e a Caria, na Ásia Menor, por hordas turcas e mongóis. O imperador bizantino Miguel VIII mandou seu filho e imperador-associado Andrônico para proteger a fronteira, onde rebatizou a cidade destruída de Tralles com o nome de Andronicópolis, sem nenhuma condição infraestrutural. Os turcos a tomaram e a batizaram como nome de Aydin em 1284. --- Perto de Selêucia do Tigre (por sua vez, perto de Bagdá), foi consagrado um patriarca nestoriano vindo de Pequim, estando presentes os metropolitas de Samarcanda, Jerusalém e até de Tangut (reino limítrofe à China). 1282 - Em fevereiro, no Principado de Antióquia, Boemundo VII mandou enterrar vivo Guido (Guy) II do castelo de Biblos ou Gibelet (Djubail), com o qual estava em clima de guerra. --- O khan mongol da Pérsia, Abaqa foi morto brutalmente em Hamadhan em 1 de abril, sendo sucedido pelo seu irmão mais velho, Tekudar. Outra versão é a de sua morte por ‘delirium tremens’ por ser dipsomaníaco (o que era comum entre chefes mongóis). Há mais outra versão: envenenamento por Shams ad-Din Juvaini, seu ministro de finanças. ---Em 15 de abril, os Templários do Castelo de Tortosa (no Condado de Trípoli) conseguiram uma trégua do sultão egípcio Qala'um. --- Em junho, no norte da África, tropas espanholas sob o comando do rei Pedro III de 81 Aragão e Catalunha aportaram em Collo (na Argélia atual) para dar apoio ao governador de Constantina, Ibn Wazir, rebelado contra os Hafsidas; como estes sufocaram a revolta e o rei estava preocupado com a situação na Sicília, este último se deslocou para esta ilha (onde ocorreram as Vésperas Sicilianas, sendo aclamado rei em agosto). 1282 (1 de abril) a 1284 (10 de agosto) - Governo do Il-Khan Ahmed Tekudar, irmão de Abaqa. Sua conversão ao islamismo (adotando o nome de Ahmed Tekudar) provocou uma divisão: os budistas e nestorianos queriam se separar do Império Mongol, provocando a reação do grande khan Kubilai, que ameaçou intervir no Il-Canato da Pérsia. Em vez de il-khan passou a ter o título de sultão. 1282 (continuação) - O sultão egípcio Al-Mansur Qala’ûn se aproveitou da morte de Abaqa para romper a trégua feita anteriormente com os cristãos para atacar Margat (dos Hospitalários). Em 15 de abril, os Templários da cidade de Tortosa conseguiram firmar uma trégua com este sultão (que foi rompida 8 anos depois por causa de um massacre de mercadores muçulmanos). --- Em face de sua conversão ao islamismo, Ahmed Tekudar, em agosto, mandou emissários ao sultão mameluco Saif Al-Mansur ad-Din al-Alfi Qala'ûn (ou simplesmente Qalaun) para um acordo de paz e de aliança. Esta negociação fracassou devido aos budistas e nestorianos contrários à tal atitude dele, chegando a mandar protestou junto ao grande khan Kubilai, seu tio e suserano da Pérsia.--- O imperador bizantino Miguel VIII, em 11 de dezembro, morreu em Pachomios (na Trácia), quando em campanha para conquistar a Tessália, com ajuda militar dos mongóis do Canato da Horda de Ouro. --- Neste ano, o sultão de Delhi, Balban (Ghiyasuddin Balban Ulugh Khan) conseguiu sustar uma tentativa de separação de Bengala, cujos governos eram muçulmanos. Seu segundo filho, Danuja Madhav Dasaratha Deva, fundou uma dinastia em Bengala, após assinatura de acordo com seu pai. 1283 - Em 3 de junho, foi renovada a trégua entre o Reino de ‘Jerusalém’ (Acre) e o sultanato mameluco do Egito (Saif Al-Mansur-ad-Din al-Alfi Qala'ûn); este não fez o mesmo com Trípoli e os Hospitalários por terem se aliado com os mongóis. Na realidade durou até 1290 por causa de um massacre de muçulmanos no Acre. ---Neste ano: Criou-se um novo principado turco seldjúcida no centro-oeste da Anatólia: o de Germiyan, em torno da cidade de Kutahya. --- Em Ifrîqiya estourou uma revolta liderada pelo beduíno Abd al-Aziz, destronando o emir Hafsida Ibrahim I. 1284 - O governador de Khorassan, o mongol Arghun, no início de maio, liderou rebelião contra Tekudar, marchando em direção ao Iraque Adjemi travando batalha ao sul de Qazvin, onde sofreu derrota e teve que se entregar a Tekudar (Tejuder). Este último, em 10 de agosto, foi assassinado em um complô palaciano de generais contra ele, sendo sucedido por Arghun. 1284 (11 de agosto) a 1291 (7 de março) - Il-Kanato da Pérsia sob Arghun, filho de Abaqa. Nomeou como ministro das finanças um judeu chamado Sa’d ed-Daulé. Embora budista, deixou-se influenciar muito por cristãos e judeus. Tentou aliança com Filipe IV, o Belo (rei da França) e pediu o auxílio do papa Honório VI contra os mongóis de Kiptchak (Canato da Horda de Ouro) e os Mamelucos do Egito, mas não teve sucesso. 1284 (continuação) - Neste ano:A ilha de Djerba, na Tunísia, foi conquistada pelo almirante Rogério de Lauria para o Reino de Aragão. --- Tropas turcas do beylicado de Mentese conquistaram a cidade de Aydin (Tralles). --- Em Ifrîqiya foi restaurado no governo o Hafsida Ibrahim I pelo seu irmão Abu Hafs Umar I que sufocou a revolta do beduíno Abd al-Aziz. --- Tropas turcas do beylicado de Menteshe conquistaram a cidade de Aydin (Tralles) e seus habitantes escravizados. 1285 - O primogênito do sultão Balban de Delhi, Muhammad Shah, foi vitorioso em sufocar uma revolta dos Sumras (ou Soomra) do Sind (no vale do Indo), mas foi morto durante o conflito. - De 17 de abril a 25 de maio, o sultão Kalaun, após destruir parcialmente uma muralha, sitiou e ocupou o castelo-fortaleza de Marqab (Margat) dos Hospitalários (considerada inexpugnável), deixando-os sair ilesos e com seus pertences para Trípoli. Após esta ocupação, ele exigiu que Boemundo VII, conde de Trípoli, destruísse a fortaleza. 1285 a 1302 - Na África, um escravo liberto chamado de Sakura usurpou o trono em Mali após a morte de Abubakari. Estabilizou politicamente o império e expandiu o seu domínio sobre as regiões de Songhai e Tuculeur. 1286 - De 24 a 29 de junho, o filho e sucessor de Hugo III de Chipre, Henrique II (que governou de 1285 a 1324), mesmo sendo abalado frequentemente por ataques de epilepsia, se apoderou do Acre, sendo coroado rei de ‘Jerusalém’ em 15 de agosto (aí governando até 1290). --- Neste ano, na África, o rei cristão de Dongola, Chékander, mandou executar o emissário enviado pelo sultão mameluco do Egito ao Reino de Alodie (ou Aloa). Em função disso, o sultão Qalaun colocou um títere seu, Chemamun, no trono de Dongola, que pouco tempo depois se tornou independente do Egito. Tropas invadiram Dongola em 1287 e 1289, mas Chemamun recuperou o poder, logo após a invasão. - No norte da África, surgiu um principado rival ao governo dos Hafsidas em Ifrîqiya, em Bejaia (na Argélia) através de ação bem sucedida de Abu Zacarias. --- O merinida Abu Yussuf Yakub morreu, sendo sucedido pelo seu filho homônimo (passando a ser chamado de An-Nasr), tendo que enfrentar resistências de parte de sua família (se aliando com revoltosos de Marrakech e Drâa e com seus rivais, os Abdalwadidas). Ele concedeu aos Nasridas de Granada o porto de Cádiz (no sul da Península Ibérica. 1287 - Em 17 de janeiro, a ilha de Minorca foi conquistada pelo rei Afonso III de Aragão e Catalunha aos mouros, sendo homologada através do Tratado de S. Agayz. --- Lataquia (último porto cristão do Principado de Trípoli), defendido pelos Hospitalários, foi tomado pelo sultão Qalaun, em 20 de abril. --- Ao morrer o sultão de Delhi, Balban (ou Goéthias-ud-din Balban), em julho, foi sucedido pelo neto Mu’izz ud-Dîn Kaiqûbâd, por influência do ministro Nizam-ud-din, governando até 1290. Com a morte de Balban, Bughra (pai do novo sultão) tornou Bengala independente do sultanato, sob o nome de Nasir ud-din Mahmud. -- De setembro a novembro, o emissário do il-khan Arghun, o monge nestoriano Rabban Bar Sauma esteve nas cortes de Filipe IV, o Belo (em Paris), de Eduardo I da Inglaterra (em Bordeaux), mas não conseguiu realizar sua missão de concretizar uma aliança contra os Mamelucos. --- Neste ano: Uma frota naval do Reino de Aragão e Catalunha promoveu ataques sobre as Ilhas Kerkennah de Ifrîqiya. 1288 - Em Trípoli morreu Boemundo VII sem deixar herdeiros com sua esposa Margarida do Acre; veio da Europa sua irmã Lúcia, que não foi aceita. O sultão mameluco Qalaun se aproveitou desta situação para preparar um ataque à cidade. --- Armada do Canato da Horda de Ouro invadiu o Cáucaso, mas foi repelida por forças enviadas pelo il-khânida Argun (o mesmo ocorreu em 1290). --- Morreu o médico sírio Ibn Nafis, da Escola de Mansuriya e descobridor da circulação pulmonar do sangue. 1289 - Após a Páscoa (10 de abril), Argun mandou o genovês Buscarel de Gisolf como seu embaixador para a Europa, a fim de propor ao papa Nicolau IV, aos reis Filipe IV, o Belo (da França) e Eduardo I (da Inglaterra) uma aliança contra os muçulmanos para tomar os Lugares Santos; não obteve resultados concretos (nem em 1290, com o mesmo propósito). --- Mesmo um espião (o emir al-Fakhri) tendo contado previamente um plano de ataque do sultão do Egito ao grão mestre Templário Guilherme de Beaujeu, Qalaun atacou e tomou Trípoli (em 28 de abril), morrendo em combate o comandante templário Pedro de Moncada. Todos os homens foram mortos (menos os que puderam fugir nas águas do Mediterrâneo), as mulheres e crianças vendidas como escravas e depois a cidade foi arrasada. Com isto foi selado o fim do Principado. Ao chegar a notícia da queda de Trípoli em Acre, o rei Henrique II mandou emissários à corte papal de Nicolau IV para solicitar reforços. ---- Em julho, o sultão Qalaun renovou a trégua de 1283 com o Reino de ‘Jerusalém’ para estimular os mercadores muçulmanos em dispor do Acre como base de trocas com a Europa, tendo como intermediários os Templários e os venezianos (banqueiros da Síria) e os comerciantes de Damasco. ---De 15 de julho a 30 de setembro, o papa Nicolau IV recebeu o emissário do ilkhanida Argun, o genovês Buscarel de Gisolf, para ajudar na guerra contra os Mamelucos do Egito; em novembro-dezembro estava na corte do rei francês Filipe IV, o Belo, mas nada conseguiu de concreto. --- Em agosto, um dos filhos de Argun, chamado Oldjaitu (do casamento com a nestoriana Duquz-kathun) foi batizado com o nome cristão de Nicolau, em homenagem ao papa Nicolau IV. 1289-1290 - O il-khânida Argun debelou a revolta protagonizada pelo governador Nauruz (Nawruz), que foi vencido e fugiu para a Transoxiana, sendo acolhido pelo khan djaghataida Kaidu. 1290 - O rei Afonso III de Aragão e Catalunha e os venezianos mandaram tropas para o Acre, onde já encontraram soldados desordeiros no começo do verão. Estes foram os responsáveis pelo massacre de muçulmanos, por suposta sedução de uma cristã. O sultão egípcio Kalaun exigiu que lhe entregassem os envolvidos no massacre, mas não teve retorno. Em 4 de novembro, ele rompeu a trégua feita em 1283 e saiu do Cairo para atacar o Acre, mas morreu adoentado no meio do trajeto (ou foi envenenado, conforme outra versão). Em 10 de novembro, seu filho Al-Ashraf (Malik Achraf Khalil), da Síria, tornou-se o novo sultão mameluco. - O rei de Sogut, Othman (ou Osman) I recebeu o distrito de Eskişehir do sultão seldjúcida de Rum e ratificou sua independência em Karachisar. --- Neste ano acabou a Dinastia muçulmana dos ‘Escravos’ no Sultanato de Delhi , criada por Aibeck (que tinha sido escravo e depois foi general de Mohammed de Ghor) e terminada com Mu’izz ud-Dîn Kaiqûbâd, que ficou paralisado por um AVC (acidente vascular cerebral) e foi assassinado em junho de 1290 durante uma revolta dos Khiljî; reinou durante alguns dias seu filho, uma criança de 3 anos, Kayumars, que foi destronado por um antigo comandante em chefe de Balban,o turco Djelal-ed-Din Firuz Khilji (ou Khaldji Firuz Chah, do mesmo clã revoltado), que tomou o nome de Jalâl ud-Dîn Fîrûz Khaljî, criando a Dinastia dos Khaldjî (ou Khiljî) que reinou até 1320. --- Neste ano: O ilkhânida Arghun iniciou um programa de construção naval em Bagdá com o objetivo de formar uma frota de guerra para dificultar a navegação dos comerciantes egípcios no Mar Vermelho. --- Na Armênia, em função de perseguição aos notáveis e príncipes, eclodiram revoltas que duraram até 1295, reprimidas violentamente pelo general Qutlug Chah, que pilhou e arrasou com o norte da Armênia e o leste da Geórgia. 82 1291 - Arghun conseguiu uma princesa mongol como sua esposa; o grande khan Kubilai encarregou Marco Polo de acompanhá-la até a Pérsia. 14 navios deixaram a China, passaram pelas ilhas de Java e Sumatra, o sul e oeste da Índia; quando estava para chegar em Ormuzd ele soube da morte de Arghun (em em 10 de março). A princesa acabou se casando com um filho do falecido il-khan. Marco Polo chegou à Veneza em 1295. --- O ministro judeu de Arghun, Sa’d ed-Daoulé, foi sequestrado e morto por palacianos. --- Em 10 de março, após uma doença morreu Arghun, passando o governo ao seu irmão Ghaykatu (governante da Ásia Menor seldjúcida) com apoio dos generais. 1291 (10 de março) a 1295 - Governo do il-khan Gaykhatu (Gaikhatu, Geikhatu) no Canato da Pérsia. Nomeou para os negócios do Estado um muçulmano denominado Ahmed el-Khâlidi que colocou em postos chaves da administração seus correligionários. Segundo Grousset, não tinha nenhuma qualificação para o cargo pela sua mediocridade, pederastia e dipsomania. 1291 (continuação) - Em março, o sultão egípcio Al-Ashraf marchou com tropas sírias e egípcias se apoderou de Tiro, Beirute e e, em 5 de abril iniciou o cerco a S. João do Acre. A defesa local foi reforçada por tropas mandadas pelo rei Henrique II de Chipre, além de franceses (capetíngios chefiados por João de Grailly) e ingleses (sob o comando de Oto de Granoso), e do grão mestre da Ordem dos Hospitalários (João de Villiers) e seu marechal (Mateus de Clermont). Depois de 40 dias de cerco, em 18 de maio, a cidade foi conquistada pelo exército mameluco munido de 100 apetrechos enormes de cerco, de muitas catapultas e manganelas. O fraco rei Henrique II de Lusignan fugiu, junto com os nobres para Chipre. Dez dias depois (28 de maio) a cidadela, defendida pelos Templários, também caiu. Foi feita a evacuação durante o verão das cidades de Tiro (em maio), Sidon, Beirute (em julho), Tortosa e o Castelo Pelegrino (em agosto) e arrasadas pelas tropas mamelucas. Dos Estados Francos do Oriente restou apenas o Reino de Chipre, que sobreviveu até 1499, quando caiu sob o domínio turco otomano. Os Hospitalários se estabeleceram nesta ilha a partir de 1291. O único porto cristão aberto oficialmente para o comércio com o Oriente foi o de Alexandreta (pertencente antes ao Principado de Antióquia). -- O rei francês de Nápoles, Carlos II, projetou nova cruzada após a queda de Acre, com a unificação das ordens militares, uma aliança com os mongóis e o bloqueio do Egito. --- Na África, o norte da Núbia (Dongola ou Makuria), após 8 séculos adotando o cristianismo, foi subjugada pelos fatímidas e se islamizou.--- Os Reinos de Castela e de Aragão, em 29 de novembro, acertaram entre si a partilha do norte da África pelo Tratado de Monteagudo, pelo qual Marrocos ficou para Castela, enquanto a Tunísia para Aragão. --- Os Nasridas, vassalos fiscais do Reino de Castela e Leão, juntaram suas tropas com as dos castelhanos para expulsar os Merínidas da Península Ibérica. Com este objetivo cercaram por 4 meses e conquistaram o porto de Tarifa, expulsando-os definitivamente da península. 1292 - Na Espanha, o rei de Castela, Sancho IV, o Bravo, conquistou a cidade de Tarifa aos Mouros. --- Neste ano: Alâ ud-Dîn Khaljî (ou Ala ed-Din) sobrinho do sultão de Delhi conseguiu repelir uma incursão de um grande exército mongol. Um dos seus chefes, Ulghu, juntamente com um grupo grande de mongóis. se converteu ao Islamismo. Ala ed-Din realizou incursão sobre Malwa, se apoderando de sua cidade de Bhilsa. - O príncipe mongol Ghazan, que era budista, se converteu ao Islamismo Sunita e mudou seu nome para Mahmud. --- Depois da saída da corte de Kubilai Khan, Marco Polo passou pelo norte da ilha de Sumatra, onde notou a presença muçulmana. 1293 -.O sultão do Egito Al-Ashraf (Malik Achara Khalil) foi assassinado, em 13 de dezembro, durante uma caça, por emires conjurados contra ele. Foi sucedido pelo filho Al-Nasir Mohammed ibn Kalaun, ainda criança, sendo manipulado pelo mongol islamizado Al-Adil Kitbugha, que se proclamou sultão em dezembro de 1294 e governou até novembro de 1296. Sua primeira medida foi a vingança contra os matadores de seu antecessor. --- Neste ano: A cidade de Tarifa (sul da Espanha) foi defendida por Gusmão, o Bom, frente ao ataque dos Benimerinos (ou Merínidas). -- Introdução do Islamismo no Reino de Srivijaya, a partir de Aceh, no extremo oeste de Sumatra (na Indonésia atual, que é o país atual com o maior número de muçulmanos). 1293 a 1299 - Conflitos entre Gênova e Veneza pela disputa do comércio marítimo no Mediterrâneo e Mar Negro. Neste último, os genoveses tinham a lucrativa colônia de Cafa (na península da Crimeia), desde 1280, cobiçada pelos venezianos (que se aliaram com khan Nogai do Canato da Horda de Ouro). 1294 - Em 12 de setembro, o il-khan Ghaykhatu, sugestionado pelo ministro Ahmed el-Khalidi, autorizou a emissão pioneira de papel moeda ‘(tchao’) em Tauris, no Canato da Pérsia, mas foi obrigado a retirá-lo do mercado por causa de sua não aceitação pelos comerciantes. - ‘Alâ-ed-Din Mohammed (sem autorização do seu tio, o sultão de Delhi, Jalâl ud-Dîn Fîrûz Khaljî) conquistou e pilhou Devagiri, capital dos Yâdavara do Mahârâchtra (cujo governante era Ramachandradeva) , no noroeste do Decã. ---- Neste ano morreu o ‘negus’ (rei) da Etiópia, Salomão I (ou Yagbéa-Syon), sendo sucedido sucessivamente até 1995 por seus 5 filhos. 1295 - Em 24 de março o il-khan Gaykhatu foi deposto e estrangulado por seu primo Baydu (Baidu, Bayju, que era neto de Hulagu), mas este governou apenas até 5 de outubro, quando ocorreu uma revolta em Khorassan, liderada pelo príncipe Ghazan e pelo emir Naûrûz, culminando em sua decapitação (quando tentava fugir para a Geórgia) e ascensão de Ghazan ao poder persa. 1295 (5 de outubro) a 1304 - Governo do Il-khan Ghazan, filho de Arghun, na Pérsia. Foi persuadido por Nauruz a se converter ao Islamismo, seus praticantes deixaram de ser perseguidos, como acontecia antes (os il-Khânidas anteriores eram budistas tibetanos ou cristãos nestorianos); pretendia, assim ter o apoio dos persas contra Baidu. Como sinal desta mudança religiosa, até os mongóis começaram a adotar o turbante árabe. Com a morte do grande khan Qubilai (Kubilai) Ghazan passou a ostentar o título de Khan (e não mais khan subalterno ou ilkhan, como antes), mas se relacionou diplomática e culturalmente com seus primos de Pequim. Embora fosse muçulmano foi inimigo dos Mamelucos. --- A capital era a cidade de Tabriz. Exerceu uma política centralizadora, controlando mais os senhores feudais e protegendo os pequenos proprietários rurais, proibindo pilhagens e espoliações com duras penalidades indistintamente de sua posição social e origem. -- Teve como seu ministro um homem da elite chamado de Rashid al-Din. Criou um sistema tributário que foi usado até a época dos Safávidas (1501 a 1732). 1295 (continuação) - Ghazan era sunita, mas foi tolerante com os xiitas durante seu governo. Ao entrar na capital, Tabriz, porém, mandou demolir os templos budistas e forçou seus monges à conversão ao Islamismo ou saírem da Pérsia; além disso, foram destruídas as igrejas cristãs, as sinagogas dos judeus e as piras mazdeístas. Ele tirou do trono do Sultanato de Rum, o seu vassalo Massud II, substituindo-o por Kai-Kobad II (1298), mas repondo-o no poder em 1304. --- Baydu tentou fugir do Azerbaidjão para a Geórgia, em face de intrigas fomentadas por Nauruz; foi, porém, aprisionado nas proximidades de Nakhitchevân e morto (em 5 de outubro). - Neste ano: O rei da Pequena Armênia, Hethum II, pediu a proteção de Ghazan contra os Mamelucos. 1296 - Em 16 de janeiro, houve uma aliança de Bizâncio com o rei Hethum II através do matrimônio entre o imperador-associado Miguel (futuro Miguel IX) e a irmã deste rei. A razão da aliança foi a eclosão iminente de novo perigo para os bizantinos: os turcos otomanos tendo como eixo de infiltração o vale do Sakaria, no sudoeste da Anatólia. --- Ghazan conseguiu se liberar da influência de Nauruz e restaurou o metropolita Mar Yahballaha, cristão nestoriano de origem mongol, em março/julho. -- No Sultanato de Delhi, em 19 de julho, Jalâl ud-Dîn Fîrûz Khaljî foi assassinado pelo seu sobrinho Alâ ud-Dîn Khaljî (ou Ala ed-Din Mohammed), que se fez proclamar sultão, governando até 1316. --- A guarnição da fronteira de Bizâncio com o Reino turco otomano de Sogut demorou porque, em dezembro deste ano, o imperador teve que sufocar uma revolta militar do general Aleixo Filantropenos (vitorioso contra os turcos na Cária e no vale do Meandro), que foi vencido e cegado. Ao mesmo tempo, Bizâncio perdeu suas províncias marítimas para os emires turcos de Karaman, Sarukan e Kermian. 1297 - Muçulmanos se revoltaram em Marâgha, saquearam a residência do patriarca e a igreja nestoriana, em março. Na mesma época, agentes de Nauruz incitaram os montanheses curdos a cercar a cidadela de Arbela (na Alta Mesopotâmia), que era refúgio dos cristãos nestorianos. -- Ghazan consolidou sua autoridade e mandou, em março, prender e matar em seu palácio os familiares do emir Naûrûz. Este se encontrava em Khorassan à frente de tropas, mas sofreu uma derrota próximo de Nichapur por tropas legalistas. Fugiu, então, para Herat, cujo governador Fahr-ed-Din Kert (filho de Rokn ed-Dîn), o mandou de volta para o khan, que mandou executá-lo (em 13 de agosto). -- Al-Mansûr Husam ad-Dîn Lajin (ou, simplesmente, Lajin) se tornou sultão no lugar de Al-Adil Kitbugha, em novembro, visto que este se tornou impopular por causa de uma fome que grassou no Egito. --- Neste ano, o comandante dos mongóis do Canato de Djaghatai, Duwa, atacou e saqueou Lahore, pertencente ao Sultanato de Delhi. O sultão local, em face das incursões mongóis, reforçou a fronteira ocidental de seu sultanato. Ala-ed-din conquistou os reinos indianos de Gujarat e Kathiavar. --- Malik as-Salik, rei muçulmano de Samudra (norte de Sumatra) morreu neste ano. Nesta época estava em franco processo de islamização a Península de Malaca e a região em torno do Estreito de Sonda no sudeste da Ásia. 1298 - O sultão seldjúcida Mas`ûd de Rum se dirigiu a Tabriz (antes chamada de Tauriz, no Azerbaijão), capital dos Il-Khânidas, para solicitar o auxílio deles no sentido de retomar o controle da Anatólia, onde estavam cada vez mais presentes os turcomanos. Neste mesmo ano, Mas`ûd perdeu o trono e teve que ir para a Armênia; sucedendo-o seu sobrinho `Ala' ad-Dîn Kay Qubâdh (ou Kay Kubadh III), proclamado como sultão por Ghazan Mahmud (que nomeara, também neste ano, como seu vizir. o persa Rashid al-Din). --- O imperador bizantino mandou o general João Tarcaniotas (sucessor de Aleixo Filantropenos, no comando das tropas no sul da Anatólia) para combater os turcos, obtendo vitórias iniciais, mas abandonando sua missão devido à ingerência do patriarca (que foi contrário à sua nomeação por suas idéias arsenitas). 83 1298 a 1303 - O decadente Sultanato de Rum, na Anatólia esteve sob o governo (interregno) de Kay Kubad III, o último a tentar sobreviver politicamente diante dos mongóis da Pérsia. 1299 -- Em 27 de abril, a armada real mongol de Ghazan sufocou uma revolta na Anatólia de Sulamich (neto de Baidju) ao vencê-lo em Aq-chéhir, nas proximidades de Erzindjan (às margens do Alto Eufrates). Sulamich estava pretendendo sua autonomia e contava com o apoio o emir turcomano Mahmûd-Beg de Qaraman (antiga Licaônia, na região montanhosa de Ermenek, a sudeste da Capadócia, na Anatólia). -- O mongol djaghataida Kutlug Dhodja, filho de Duwa, depois de ter saqueado o Panjab aos Khiljî, do Sultanato de Delhi, foi vencido pelo sultão Alâ ud-Dîn Khaljî (ou Ala ed-Din Mohammed) ao atacar Delhi. Este sultão, depois de ter reforçado os correios na fronteira setentrional, conseguiu (antes da vitória sobre Kutlug Dhodja em Delhi) anexar ao seu sultanato o Reino de Anhilvar, ao conquistar Gujarat, destruir seus templos e saquear as cidades. - No outono, os Mamelucos arrasaram a região de Diyarbakir (Amida) e tomaram a cidade de Mardin. Ghazan, il-khânida da Pérsia, retaliando, invadiu a Síria, junto com seu general Kutlug, tomou Alepo (exceto sua cidadela), em 12 de dezembro; 8 dias depois acampou perto de Salamiya; em 22/23 de dezembro aconteceu a Terceira Batalha de Homs, ou Batalha de Wadi al-Khazandar, na qual obteve uma vitória expressiva sobre os Mamelucos (seu sultão, An-Nâsir Muhammad, chegou atrasado ao campo de batalha, retirando-se para a capital). Nesta vitória Ghazan recebeu reforços do rei Hetum II (da Armênia), do rei de Chipre e dos Hospitalários. --- Enquanto o mongol Ghazan e seus aliados armenianos da Cilícia, em dezembro, faziam suas operações militares na Síria (vencendo os Mamelucos na Batalha de Wadi al-Khazandar, em 22/23 de dezembro), o filho de Duwa, Qutluq-khodja (príncipe de Ghazna e Ghor, no Afeganistão) se aproveitou para realizar uma incursão militar e saque em Kirman e Fars. --- Neste ano: Nas proximidades de Konia, o rei Othman I se proclamou sultão e criou um Estado turco e sua própria moeda (imitada do Império de Trebizonda, dos bizantinos). --- No Egito, o líder mameluco Ladjin foi assassinado, sendo restabelecido no poder Al-Nasir Mohammed ibn Kalaun (quem governou de fato foram Sayf al-Din Safar e Rukhn al-Din Baybars). 1299 (6 de maio) a 1307 - Dentro da política bélica de confronto entre os Benimerinos (Merínidas) e Zianidas, a cidade de Tlemcen (capital dos Zianidas) foi cercada neste período pelo sultão merínida Abu Yaqub Yusuf an-Nasr, que morreu em 1307, terminando o cerco. 1300 - Após a vitória em Homs, Damasco se submeteu, sem resistência nenhuma, a Ghazan em 6 de janeiro; cerca de um mês depois, recebeu os impostos das cidades conquistadas e deixou o general Qutlugh Chah como seu representante na Síria (tendo entre seus comandados o emir persa Chupan). --- Neste ano foi destruído no Cairo o mosteiro de Al Khandak. 1300 a 1305 - No império muçulmano de Mali, na África, foi assassinado o imperador Sakura, quando voltava de uma peregrinação à Meca, no litoral de Tadjurah por um guerreiro danakil. Subiu, então, ao poder Gau Keita, retornando a Dinastia dos Keita no império. --- A Ilha de Rodes esteve sob o controle do beylicado de Menteshe. De 1305 a 1522 esteve sob o poder dos Cavaleiros de S. José de Rodes. 1300 a 1326 - O chefe do clã turco oguz da Ásia Menor, Othman I (ou Osman), filho de Ertogul (ou Ertugul), se tornou o primeiro sultão da Dinastia Otomana e foi apelidado ‘o Vitorioso’, porque, neste período, iniciou o processo de conquistas na região, inclusive em território bizantino. No final deste século: Até 1924 os turcos otomanos criaram um grande império, cuja extensão máxima foi atingida em 1699 e compreendia terras nos Bálcãs, no norte da África (até Argélia), grande parte do Oriente Médio (exceto a Arábia). Sua expansão se deveu ao enfraquecimento do Império Bizantino (desde o começo deste século com a criação do Império Latino do Oriente) e dos turcos seldjúcidas frente aos mongóis. Chefes de tribos turcomanas foram colocados em posições-chave no baixo vale do Sakaria, junto às cidades de Niceia (Iznik), Brussa (Bursa) e Nicomédia (Ismit). Não restou mais nada das Cruzadas no Oriente Médio, ora por causa dos conflitos entre os próprios cristãos, ora pela incapacidade da administração feudal franca em territórios que eram colônias militares. Acre foi a última capital franca do então chamado Reino de ‘Jerusalém’ (que estava reduzido ao litoral, a cidade de Jerusalém era domínio dos Mamelucos). Desde o final deste século, os muçulmanos de Gujarat (oeste da Índia) conquistaram Perlak (no norte da ilha de Sumatra), de onde se irradiou o islamismo para a Malásia e a Insulíndia (a Indonésia é atualmente o país muçulmano de maior população absoluta). Iniciou-se o processo de islamização do Reino de Aceh (no norte da Ilha de Sumatra, no sudeste da Ásia), SÉCULO XIV A oligarquia comercial catalã-valenciana (no Reino de Aragão) atingiu seu apogeu neste século: seus navios sulcavam os mares desde a Crimeia (Mar de Azov) ao litoral do Mar Mediterrâneo na África e desde o Mar Báltico (norte da Europa) à Ilha de Chipre. No meio deste século, a grande epidemia da Peste Negra assolou parcialmente a Ásia, o norte da África e a Europa (que perdeu 1/3 de sua população). Esta peste bubônica se disseminou pelos genoveses que foram contaminados por lançamento de cadáveres leprosos pelos mongóis do Canato da Horda de Ouro durante o cerco de Tana (perto do Mar de Azov). Com a queda do Sultanato de Rum neste século, a Anatólia foi o palco de um retalhamento político em principados autônomos (chamada de segunda fase dos beylicados), que foi encerrado com a conquista otomana. A única exceção foi o pequeno Império de Trebizonda (dos bizantinos, na região do Ponto, junto ao litoral sul do Mar Negro). A maior marca da crueldade humana se encarnou na figura do mongol Tamerlão (Timur, o Coxo) representada nas ‘pirâmides de crânios’ em suas abomináveis expedições na Índia e na Pérsia, no final deste século. A Pérsia Ocidental foi retalhada por diferentes e variadas dinastias; a Pérsia Oriental foi governada pelos Timuridas. 1301 - Neste ano, o turco Othman I, filho de Ertogrul, rompeu a linha de fronteira com o Império Bizantino chegando até as proximidades de Nicomédia, no litoral da Propôntida (Mar de Mármara). --- Os Mamelucos se mostraram antissemitas: perseguição aos judeus em todo o Egito; além disso, radicais em sua religião (no Cairo foi decapitado o filósofo Fathadin por ter feito críticas ao livro santo dos muçulmanos, o Corão), além de perseguirem os cristãos. --- Neste ano se iniciou o reino de Amda-Siu (foi até 1331) em Axum (Etiópia) sob o qual os muçulmanos que viviam em seu litoral foram praticamente dizimados. 1302 - Tão logo os mongóis saíram das cidades conquistadas na Síria, houve sua retomada pelos Mamelucos. Estes, por interesses comerciais, colocaram o porto de Alexandria à disposição dos mercadores venezianos, com os quais o sultão realizou um acordo. --- Diante da ameaça turca otomana, o imperador bizantino Andrônico II recrutou forças dos Alanos do Cáucaso e os engajou em armada sob o comando do seu filho Miguel IX Paleólogo e do general Muzalon; estes foram cercados em Magnésia, desfizeram-se do corpo dos Alanos e suas tropas foram esmagadas, em 27 de julho, na Batalha de Bafeus (Koyunhisar), por Osman I (que tomou as fortalezas entre Nicomédia e Niceia); Miguel IX Paleólogo teve que se retirar em direção à Cilícia para se refugiar junto ao rei Hetum II, da Armênia Ciliciana (segundo Louis Bréhier ele foi para Cízica, para outros ele foi para Pérgamo, onde continuou a resistência diante dos otomanos até janeiro de 1304). --- Enquanto isto, o imperador de Trebizonda, Aleixo II Comneno, saiu-se vitorioso contra turcos seldjúcidas da Ásia Menor em Kerasonte. --- Em 26 de setembro, os muçulmanos conquistaram a última fortaleza cruzada no Oriente, a de Ruad (ou Arwad, na ilha do mesmo nome, na Síria). --- Veneza negociou tratado de comércio com os Mamelucos do Egito e com o Império Bizantino (com este último em 4 de outubro). --- O turco Alauddin Alâ ud-Dîn Khaljî (ou Ala ed-Din Mohammed, do Sultanato muçulmano de Delhi na Índia), em guerra contra Rajaputra, se apoderou de Ranshambor Tehtor (em Malva). --- Este foi o último ano em que as moedas circularam com os nomes dos sultões de Rum, vassalados pelos il-Khânidas, nomeando vice-reis para governar em Iconium (Konia), mas tendo à frente os emires tucomanos da Anatólia. 84 1302 a 1340 - Califado abássida de Abû ar-Rabî` Sulaymân al-Mustakfi bi-llâh1 (ou Al-Mustakfi I), ainda sob a tutela do sultão mameluco bahrita (agora, An-Nâsir Muhammad, interrompido por Baybars II em 1309). 1303 - O sultão de Delhi, Alâ ud-Dîn Khaljî (ou Ala ed-Din Mohammed), em 29 de janeiro, iniciou o cerco da fortaleza rajput de Chittorgarh (em Rajasthan), tomando-a, saqueando e decapitando todos os seus defensores em 25 de agosto. --- Na primavera, a armada bizantina da Anatólia (com tropas de Kestel, Bidnos, Adranos e Kete) fez incursão até Yenisehir (perto de Bursa), aí se defrontando com os otomanos chefiados por Osman I na Batalha de Dimbos, onde foram derrotados. --- Os Mamelucos (derrotados em 1299 em Homs e tendo perdido Alepo e Damasco) conseguiram se desforrar dos mongóis de Pérsia (sob a chefia de Kutlug Chah), em 20-22 de abril, infligindo-lhes uma grande derrota na Batalha de Shaqhab (Chaqah ou Mardj alSaffar ou ainda Marj as-Suffer), perto de Al-Kiswa, ao sul de Damasco. Esta foi a última campanha militar mongol na Síria. --- Em junho, Ghazni recebeu o patriarca Mar Yahballaha, cristão nestoriano, em mosteiro mandado reconstruir por ele em Marâgha. --- Em agosto, Duwa, khan djaghataida da Transoxiana e o filho de Qaidu (seu suserano) chamado Djeper, reconheceram-se como subalternos da Dinastia Yuan do Grande Khan da China. --- O sultão de Rum, Kay Qubadh III (`Ala' ad-Dîn Kay Qubâdh) foi acusado de complô contra o il-khânida Ghazan Mahmud e foi condenado à morte em Isfahan, mas não houve a sua execução imediata porque sua esposa era da nobreza mongol. No verão, entretanto, por ordem de Ghazan ele foi apunhalado. --- Neste ano: Os mongóis Djaghataidas, sob o comando de Turgai, cercaram sem sucesso a cidade de Delhi; como não conseguiram tomá-la, saquearam a região do Punjab. 1303 a 1307 - No Sultanato de Rum, ao ser assassinado Kay Qubadh III no verão de 1303, subiu ao trono pela segunda vez, Massud II até 1307. 1304 - Os mercenários catalães Almugavares, em janeiro, foram mandados pelos bizantinos para Cízica (que estava cercada pelos turcos do Emirado de Karasie, chefiados pelo bey Karesi, que foram massacrados), sob o comando de Rogério de Flor e aí passaram todo o inverno. Em abril, esmagaram os turcos que estavam cercando a cidade de Filadélfia. Daí se encaminham para o oeste; no litoral do Mar Egeu, em Magnésia, onde se saíram vitoriosos. Se juntaram com Rocafort em Éfeso e promoveram saques na região. --- Em 11 de maio morreu o il-khânida Ghazan passando o poder para seu irmão caçula Uldjaytu (Oldjaitu). 1304 (11 de maio) a 1316 - Canato de Uldjaytu (Oljeitu, Uljaitu, Muhammad Khudābanda Uldjaytu, Moham) na Pérsia. Ele continuou a política do seu irmão, centralizando poder em prejuízo dos direitos dos feudais. Ele era cristão nestoriano (foi batizado com o nome de Nicolau), mas se converteu ao Islamismo (daí o outro nome Muhammad), tentou impor o xiismo duodecimal no canato e perseguiu os cristãos nestorianos. Sua pretensão em transformar a igreja de Tabris em mesquita, valeu-lhe a intervenção do príncipe mongol Irandji (kerait e, portanto, cristão nestoriano). Sob seu governo, o império atingiu o apogeu. Os mongóis se iranizaram, mas perderam o seu espírito guerreiro e suas técnicas militares. --- Na fronteira leste teve que enfrentar as invasões dos khans djaghataidas da Transoxiana (que eram seus primos), além das tendências autonomistas dos seus vassalos afegãos de Herat (dos Kert). 1304 (continuação) - Em 24 de outubro, Mehmed, um filho de Aydin, se apoderou da cidade de Éfeso, saqueando-a, matando uma parte de sua população e outra parte sendo deportada para Tiro. Foi a semente da criação do beylicado (principado) de Aydin, no extremo sudoeste da Anatólia, inicialmente dependente dos Germiyanidas e sob a suserania dos Huleguidas. Tornou-se um centro de pirataria no Mar Egeu. --- Neste ano: O rei Hetum da Armênia sofreu a perda parcial de seu território frente à invasão dos Mamelucos até Malatia e ainda teve que pagar-lhes tributo. --- O sultão de Delhi, Alâ ud-Dîn Khaljî (ou Ala ed-Din Mohammed se apoderou de Gujarat (oeste da Índia). --- Na Península Ibérica: Vilhena foi retomada pelo rei Jaime II, o Justo, rei de Aragão-Catalunha e da Sicília. 1304-1305 - O imperador bizantino Andrônico II Paleólogo, diante da ameaça otomana, pediu a ajuda do khan mongol da Pérsia, Ghazan, sem sucesso; como este morreu em 11 de maio de 1304, repetiu o pedido ao seu sucessor Uldjaytu, nada conseguindo. - Neste período, outrossim, os Mamelucos fizeram incursões e saques no reino da Pequena Armênia (Cilícia), vassala do Canato da Pérsia. 1305 - Em março, a filha de Uldjaytu, Dowlandi Khatun, ficou noiva do seu ministro, Chupan, com quem se casou em setembro/1307. --- Iniciou-se, em 24 de julho, a construção da nova capital do Il-Canato da Pérsia por Uldjaytu, com o nome de Sultaniye, a noroeste do Iraque Adjémi, terminada em 1306. -- Em agosto, Berenguer de Entença e Bernardo de Roquefort, atravessaram a Anatólia quase toda e infligiram séria derrota aos turcos nas Portas de Ferro, junto aos Montes Taurus da Cilícia, resultando em grande despojo de guerra. 1306 - Oldjaitu mandou Behadur (um general Danichmendita) ao Afeganistão para sustar o movimento pela autonomia de Herat pelo terceiro príncipe da Dinastia Kert, Fakhr ed-Dîn, que se retirou para uma fortaleza em Amân-koh. Behadur ocupou a cidade, exceto sua cidadela (cujo comandante Mohammed Sâm acabou matando Behadur em combate, em setembro). ---- Temür Öljeytü (ou Cheng Zong da Dinastia Yuan), grande khan da China, deu cobertura a Duwa para sair-se vitorioso contra Djeper, filho de Qaidu (que foi kaghan da Alta Ásia) e constituir um reino djaghataida, que abrangia não só a Transoxiana, como o Turquestão oriental, o vale do rio Illi e a Kachgária. No final do ano, Duwa morreu; passando o governo para o seu filho, Kundjunk. --- Neste ano: O patriarca (‘catholicos’) Mar Yahballaha (ou Yahballaha III), aborrecido com as perseguições movidas por Oldjaitu, saiu de Meragha e fixou residência em Erbil (antiga cidade de Arbelas). --- No Cairo, o teólogo fundamentalista Ibn Tymiya foi preso e ameaçado pelos dervixes (praticantes do misticismo sufita) por pregar contra sua doutrina. --- O emir de Karasi se apoderou da província de Pérgamo (oeste da Anatólia). 1307 - Em 24 de março, o general eunuco Malik Kafur, por ordem Alâ ud-Dîn Khaljî do do Sultanato de Delhi, fez incursões no Decan, conquistando e saqueando a região, se apoderando, inclusive, da importante cidade de Devagiri (ou Dolatabad). --- Encerrou-se o governo de Massud II (ou Ghiyâth adDîn Mas`ûd II), o último sultão seldjúcida de Rum, na Anatólia; tão enfraquecido estava o sultanato que foi desmembrado em 20 principados turcomanos sob a suserania mongol. Foi, portanto, o fim do Sultanato de Rum e início da Segunda Fase dos ‘Beylicados’ (‘bey’ era um chefe de clã) na Anatólia que durou até a conquista otomana . --- Neste ano, o il-khan Uldjaytu da Pérsia assinou uma trégua com o sultão mameluco do Egito. --- O genro e ministro do il-khan Uldjaytu, Chupan, teve a missão armada de restabelecer a ordem no Gilan, partindo de Ardabil até Astara (norte da Pérsia), persuadindo o rei local e o de Gaskar (ou Kaskar, em Rasht) a se render sem nenhum confronto. Outro militar enviado, Qutlugh não pode fazer nada, pois foi morto pelos Gilakis. A partir deste ano, Chupan foi elevado ao status de comandante da nação (‘ulus’). Uldjaytu mandou nova expedição militar para Herat sob o comando de Budjai (filho de Behadur) e do emir Yassawul; a cidade foi cercada e se rendeu, entre outras causas, pela fome. Enquanto isto, morreu Fakhr ed-Din, assim, Uldjaytu entregou para o seu irmão Ghiyâth ed-Dîn o governo de Herat. --- Na África, Abu Yaqub foi morto por um de seus eunucos; em função disto, a armada Merínida suspendeu o cerco de Tlemcen. Por sua vez, os Zianidas retomaram integralmente as praças fortes do Magrebe Central. --- Os bizantinos, às voltas com os turcos dos beilicatos e com os mercenários catalães Almugavares, assistiram impotentes aos turcos otomanos, sob Othman I, chegarem às imediações de sua capital. 1308 - Em 31 de outubro, o Reino de Telinggana, no Decã, foi conquistado pelo general de Alauddin, o eunuco Malik Kafur, cercou e tomou a cidade de Waranggal (na margem esquerda do rio Godavari, em Tellinggana, região do Decã Oriental). --- Neste ano: Os osmanlis (otomanos) comandados por Othman, penetraram novamente na península da Nicomédia (no Mar de Mármara), atacaram Brussa, conseguiram derrotar os mongóis que os atacaram por acordo com o imperador bizantino. Um aliado de Othman, o emir Saisan se apoderou de Éfeso (no litoral oriental do Mar Egeu). --- Os Hospitalários tomaram a ilha de Rodes, passando a ter a designação aí de Cavaleiros de Rodes, onde ficaram até 1522, caindo sob a dominação turca otomana. --- O príncipe Mehmed Beg Aydinoglu se apoderou da cidade de Birgi, tornando-a capital de Aydin. Desentendeu-se com seu antigo aliado Sasa Beg e o matou; declarando sua autonomia em relação aos Germiyanidas, se tornando, pois, um beylicado. --- No Canato de Djaghataï, ao morrer o gengiscânida Khundjuk, foi sucedido por Taliku, que procedeu à pregação do islamismo entre os mongóis. 1308 a 1314 - O príncipe do beylicado de Karaman, se apropriou de Konia (Qonya) até a conquista do emirado pelos otomanos em 1468. 1309 - Na Península Ibérica, em 19 de setembro, o rei Fernando IV, de Castela e Leão, se apoderou de Gibraltar (por pouco tempo) em conflito contra o Emirado de Granada. --- Neste ano: O médico da corte, historiador e ministro de Oldjaitu, Rachîd ed-Dîn, mandou construir, a leste da capital, o bairro de Ghâzâniya. --- Em um banquete foi morto o khan de Djaghatai Taliku por parentes de Duwa, cujo filho caçula, Kebek, se tornou o novo khan. 1310 - Na Península Ibérica, em janeiro, o exército de Castela desistiu do cerco de Algeciras após ataque dos mouros com grandes perdas, obrigando o rei de Castela a assinar um tratado de paz, pelo qual devolveu Gibraltar. Em março, o primeiro emir de Granada, o cruel Muhammed III, foi encontrado morto em uma piscina, após ter tramado um golpe contra o seu irmão Nasr. --- Em fevereiro, a nobreza do Reino de Chipre mandou para o exílio na Cilícia o rei Amauri II de Lusignan. Este, em 5 de junho, foi assassinado pelos defensores do rei Henrique II (que tinha sido destituído), reposto no poder pelo seu chefe Ague de Betsã. --- Em 5 de março, no Egito, iniciou-se terceiro governo do sultão mameluco An-Nâsir Muhammad ben Qalâ'ûn (ou simplesmente Kalaun), após vitória e fuga do circassiano usurpador Baibars II (Rukh al-Din Baybars), que foi estrangulado na frente dele; livrou-se também de Sayf alDin Safar. Kalaun moveu tenaz perseguição aos coptas. --- Em abril, o general Malik Kafur, de Delhi aprisionou o rei dos Hoysalas e anexou o Reino dos Cholas (Tcholas), tomando sua capital Dvarasamudra. - O il khan mongol da Pérsia, Uldjaitu, se converteu ao Islamismo xiita e começou a perseguir os cristãos nestorianos. Em 4 de julho, o governador mongol da província onde se situava Arbelas (para onde se refugiaram os cristãos) auxiliado pelos 85 montanheses curdos, por ordem do sultão, se apoderou da cidadela desta antiga cidade assíria (chamada também de Erbil), massacrando os cristãos masculinos nestorianos, escravizando as mulheres e crianças e destruindo todos seus templos. 1310-1313 - Incursões do general Malik Kafur (do Sultanato de Delhi) pela região do Decã e leste da Índia, chegando-se a construir uma mesquita na ilha do Ceilão (chamada de Sarandib na época). 1311 - Neste ano: O Reino dos Pandya de Carnata, no sul da Índia, foi saqueado pelo general Malik Kafur, em abril, sobretudo Madura, sua capital. --- O rei Henrique II de Chipre mandou emissários ao Concílio de Viena e solicitaram o auxílio do papa Clemente V para pregar uma nova cruzada à Terra Santa. --- Neste ano, os turcos saquearam a Trácia e dificultaram o acesso de Constantinopla ao porto de Tessalônica. O imperador Andrônico II Paleólogo autorizou seu chefe, Halil, atravessar o império, mas desistiu, cobiçando o butim. Halim foi interceptado no Helesponto, mas solicitou reforços e venceu o exército imperial sob o comando de Miguel IX, filho do imperador. Os turcos permaneceram na Trácia por mais 3 anos. 1312 - No inverno, os mongóis il-Khânidas da Pérsia fizeram incursão à Síria (incitados pelo renegado muçulmano Qarasonqur) e cercaram a fortaleza de Al-Rahba (no Eufrates), mas fracassaram diante da reação das forças mamelucas e de doença que assolou suas tropas (em janeiro do próximo ano). 1312 a 1337 - No império muçulmano de Mali morreu Abu Bekri II (ou Abubakar), sendo sucedido pelo seu filho, Mansa Mussa, cujo reinado durou até 1337. Sob seu governo o império atingiu o máximo territorial: desde Agadiz ao litoral atlântico e teve relações diplomáticas com o Egito, Tunísia, Marrocos e Portugal. 1312 a 1341 - O Canato da Horda de Ouro sob o governo de Uzbek Khan passou do animismo para o Islamismo como religião oficial, embora praticassem uma política de tolerância em relação às outras religiões. Este canato era,originalmente, constituído de duas regiões com governantes distintos: a Horda Branca (de Orda Khan) e a Horda Azul (de Batu Khan) 1313 –A região de Decã, na Índia, sofreu uma segunda incursão do general Malik Kafur, de Delhi. --- Neste ano, os Cavaleiros de Rodes fizeram apelo para a colonização da ilha, com o objetivo de aumentar sua população. --- Foi criado em Damasco, um tribunal (uma espécie de inquisição) sob a chefia do teólogo Ibn Tamiya com o objetivo de aplicar a lei aos xiitas. --- Foi inaugurada ao sul do Mar Cáspio, a nova capital mongólica da Pérsia: Sultâniyeh (ou Soltanyeh). --- O il-khan Oldjaïtou (Uljeitu) atacou e cercou uma fortaleza dos Mamelucos, a de Rahiba, no médio Eufrates, mas abandonou o sítio por causa do intenso calor. Neste ano, ele entregou ao djaghataida Dâwoud-khôdja a região oriental do Afeganistão. 1314 - Acordo comercial entre o rei de Aragão e Catalunha, Jaime II, e o sultão Hafsida de Bugia (Ifrîqiya) Abu Bekr, em que se negou o direito dos encarregados das duanas fossem inspecionar os navios catalães em seus portos. --- Neste ano: Os Cavaleiros Hospitalários de Rodes conquistaram a ilha de Kós. --- Na Índia, o Sultanato de Delhi perdeu seu domínio sobre o Estado de Mewar (no Rajastão), que se tornou importante centro de produção e comercialização de prata, encontrada em suas jazidas. 1314 a 1358 - Período de governo de Muhammad, filho de Sharaf ad-Dîn al-Muzaffar (criador da Dinastia dos Muzzafaridas), que se apoderou da região central da Pérsia por ocasião da morte do il-khan Abu Said em 1336, aí permanecendo até a conquista por Tamerlão. Sua capital era a cidade dos antigos medos chamada de Yazd. 1315 –Em setembro, o Reino de Dongola (na Núbia), governado pelos cristãos, foi atacado por forças egípcias mamelucas: seu rei, Kérenbés, foi destituído pelo sultão al-Nâsir do Cairo, por se negar a ser tributário dos mamelucos; foi substituído por um títere muçulmano do Cairo, chamado Abdallah ibn-Sanbu, Este último, por sua vez, foi derrubado por Kanz ed-Daula. Com este domínio muçulmanos muitos cristãos de Dongola foram forçados à abjurar sua fé ou seriam escravizados. --- O califa mameluco An-Nâsir Muhammad (governando o Egito pela terceira vez) aliviou a carga fiscal dos camponeses egípcios em detrimento dos grandes proprietários (os emires). --- Uma parcela da província persa de Khorassan foi tomada pelo khan djaghataida Esen-buqa, mas teve que abandoná-la em 1316 por causa de uma invasão de seu território pelo Grande khan da China. --- Os Cavaleiros de Rodes se apoderaram da ilha de Nisiros (do arquipélago do Dodecaneso, no sul do Mar Egeu). 1316 - O sultão de Delhi, Alâ ud-Dîn Khaljî, morreu em 6 de janeiro, de edema ou envenenado a mando do general Malik Kafur, pretendendo tomar o poder; foi, entretanto, decapitado pelos guardas turcos, subindo ao trono o irmão do sultão, tendo como regente Qutb ud-Dîn Mubârak Shâh (ou Mubarak), este cegou o o sultão e usurpou o trono, em abril de 1316, governando até 1320. 1317 –No final de maio, a catedral católica do Reino de Dongola (na Núbia), em Mukurra, foi transformada em mesquita, homologando a conversão do rei Sanbu ao islamismo. --- O metropolita Mar Yahballaha morreu em Marâgha profundamente magoado com o ataque e massacre dos cristãos nestorianos em Arbela. - Em dezembro morreu Uldjaytu, sendo sucedido por Abu Sa'id Bahadur, com apenas l2 anos de idade. --- Neste ano: Meca e Medina reconheceram An-Nâsir Muhammad como califa mameluco do Egito. --- Foi reprimida uma revolta, ao norte de Trípoli da Síria, dos adeptos da seita xiita (Alauita) designada pelo nome de Nusayri, mas eles permaneceram fiéis às suas crenças. --- Na Índia muçulmana, houve a anexação dos reinos de Waranggal e de Maharachtra ao Sultanato de Delhi. --- O exército otomano passou a ser comandado por Orhan (Orkhan), filho de Othman I. --- O emir de Aydin, Mehmed Beg Aydinoglu se apossou da cidade de Esmirna (Izmir), que passou a ser um ponto de saída de ataques de pirataria contra a família Zacarias (na Ilha de Kios) e os Cavaleiros de S. João de Rodes. 1317 (dezembro) a 1335 - Ao morrer Uldjaytu em Sultâniyeh (nas proximidades de Qazvin), o Il-Canato da Pérsia passou ao governo do seu filho Abu Said Bahadur (Abusaid Bahador Khan, Abu Sayed Behauder), o primeiro il-khânida a ter nome islâmico. Durante seu governo o Estado Mongol começou a se desagregar social e politicamente. Paradoxalmente houve um renascimento cultural com a edição de crônicas em árabe e persa e livros ilustrados sob influência da pintura chinesa. Sua capital foi Tabriz. Metade de seu governo foi exercido de fato pelo emir Chupan (Tchopan ou Djuban). 1318 - Em 17 de julho, o vizir judeu do il-khan da Pérsia, Rashid al-Din (chamado de ‘médico de Hamadhan’) e seu filho Ibrahim foram executados (sob a acusação de ter envenenado o il-khan anterior, Uljeitu) e suas propriedades confiscadas. Foi nomeado em seu lugar, o irmão dele, Ghiyāth al-Din. O canato, no entanto, se instabilizou pela anarquia feudal. --- Neste ano, os judeus do Canato da Pérsia foram obrigados a se converter ao islamismo. --Yassawur, príncipe djaghataida exilado na Pérsia, pretendeu tornar Khorassan independente do Canato, mas não conseguiu por ter sido morto em 1320 pelo djaghataida Kebek, seu grande inimigo. 1319 - Em maio, Yassawur (ou Amir Yasaʾur,Yāsāʾur, Yasāvor) cercou a cidade de Herat, mas seu emir Ghiyâth ed-Dîn Kert resistiu bravamente. O ministro todo poderoso e general do Canato da Pérsia, Chupan (Tchopan), se casou com a irmã de Abu Said Bahadur, Sati Beg, em 20 de setembro. --Mahmud-Beg, emir de Qaraman na Anatólia, foi forçado por Tchopan a se submeter ao il-khan Abu Said Bahadur. --- Nesta época, os otomanos, sob Otham I, estavam se expandindo às custas do Império Bizantino; daí uma aliança feita entre o imperador Andrônico II e Abu Said Bahadur (il-khan da Pérsia) para tentar contê-los. 1319-1320 - Os turcos invadiram o Império de Trebizonda e cercaram Cerasus (Kerasonte) e o porto de Sinope no Mar Negro, mas as tropas do imperador Aleixo II conseguiram repelí-los. 1320 - O ministro Chupan mandou destruir igrejas em Chiraz (na província de Fars); mandou reconstruir mesquitas destruídas por calamidades naturais e estabeleceu normas contra a prostituição, os lugares de lazer e o consumo de bebidas alcoólicas. --- De 15 de abril a 6 de setembro, no Sultanato de Delhi, ocorreu a mudança da Dinastia dos Khiljîpara os Tughlûq: Khusrav Khan (ou Khusro (mandou assassinar o sultão Qutb ud-Dîn Mubârak Shâh (ou Mubarak) ocupando o poder (15 de abril), quando massacrou os servidores e amigos do ex-sultão. Por isso, os nobres muçulmanos tendo a frente o turco Ghazi Malik, se dirigiram à capital do sultanato (Delhi), vencendo e decapitando Khusrav e chacinando seus partidários (3 de setembro). Ghazi Malik foi proclamado sultão e adotou o nome de Tughluq, em 6 de setembro, governando até 1325. --- Neste ano, ocorreu uma revolta no Tigré (Etiópia) sob o comando de Yabika-Zegzi, mas foi reprimida pelo rei Amda Seyon I. 1320 a 1414 - A Dinastia dos Tughlûq (Toḡloqid) reinou quase um século no Sultanato de Delhi. 1321 - O sultão mameluco do Egito deflagrou uma perseguição contra os cristãos coptas, destruindo igrejas e mosteiros. 1322 - O ministro Tchopan sufocou uma revolta de Timurtach, seu filho e vice-rei da Ásia Menor. --- O rei Leão V, da Dinastia Hetumiana da Armênia (Cilícia) foi impotente para conter incursões dos Mamelucos e o saque do porto de Lajazo (ou Aias), onde aportavam muitos comerciantes venezianos e genoveses. Um legado papal excomungou venezianos ilustres por manterem relações comerciais com os Mamelucos. 1323 - O príncipe herdeiro do Sultanato de Delhi, Jauna Khan, se apoderou de Waranggal (cidade de Andra Pradesh, ai submetendo o seu rajá, acabando com o poder dos Kâkatiya) e invadiu Jajnagar (em Orissa). --- Através de intermediação inicial de um mercador de escravos (al-Majd al-Sallami), o ilkhan Abu Said Bahadur assinou um tratado de paz com o sultão mameluco An-Nâsir Muhammad em Alepo. 1324 - Kanga Mussa, imperador do Mali, em 10 de maio, realizou sua peregrinação para Meca; ao passar pelo Cairo, em 19 de julho, deixou todos deslumbrados com sua riqueza em ouro, chegando até a abalar sua cotação local. --- Neste ano: Bengala sofreu uma incursão de Ghiyath al-Din Tughlûq; ao retornar para Delhi, em dezembro, o príncipe Harisimha Deva, em Tihur, não se submeteu ao sultão e foi obrigado a ir para o Nepal. Aí se criaram as 86 Dinastias Ayodhya e Malla (esta sobreviveu até o século XVIII). --- Em Chipre subiu ao trono Hugo IV (que governou até 1359), cujo reinado assistiu ao maior desenvolvimento econômico desta ilha (Famagusta se tornou o maior centro comercial do Mediterrâneo Oriental). 1325 - Depois de ter submetido Bengala e Gujerat, Ghiyath al-Din Tughlûq (ou Ghazi Malik), quando voltava para Delhi, sofreu um acidente (pela queda de um arco de triunfo de madeira erigido pelo seu filho Jauna, talvez o causador do acidente), e morreu em fevereiro, sendo sucedido por Jauna (que passou a ter o nome de Mohammed ibn Tughluq) em 13 de julho, governando até 1351. Este, ao contrário do sultão anterior, adotou uma política de respeito ao povo hindu. Um exemplo: a população da região fértil de Doâb estava passando fome pela alta carga fiscal a ela imposta, este sultão aliviou a carga fiscal e a população passou a admirá-lo. --- Neste ano: Na Etiópia, o rei Amda Seyon, em represália às perseguições feitas pelos Mamelucos do Egito aos coptas, ameaçou desviar o curso do Nilo (para afetar as plantações nos terrenos aluvionais às suas margens no Egito) e prejudicar os muçulmanos que passassem pela Etiópia. Seus emissários enviados ao Cairo não conseguiram nada. Além disso, o sultão do Reino muçulmano de Ifat (na Somália) conduziu sua tropa em ataque contra a província etíope de Choa, mandou incendiar suas igrejas. 1325 a 1351 - Governo de Mohammed ibn Tughluq no Sultanato de Delhi, que transferiu a capital de Delhi para Devagiri (Daulatabad), pela sua posição estratégica no Decã. 1326 - Na luta pela hegemonia da Ásia Menor entre otomanos e mongóis, o turco Orkhan Ghazi, tendo como base de operações (como seu pai) o vale do Sakaria (noroeste da Anatólia) se apoderou da cidade de Bursa (ou Brussa), em 6 de abril, na Bitínia (chegando ao litoral do Mar de Mármara), tornando-a capital do seu reino (deixando a capital anterior, Sogut), aproveitando-se da fragilidade bizantina, engolfa em guerra civil. Pouco depois, o seu pai, Othman (ou Osman I) morreu, ficando ele como sucessor. --- Na capital dos Mamelucos, Cairo, o filósofo Ismail al Kurid foi decapitado por ter feito críticas ao livro sagrado dos muçulmanos. --- O poderoso vizir do Il-Canato da Pérsia, Tchopan, executou campanha militar em Khorassan, deixando seu filho Demachq Khâja exercendo poderosa influência na corte mongol persa. Outro filho dele, Hossein, sofreu derrota nas proximidades de Ghazni, mas conseguiu repelir em Transoxiana o khan djaghataida Tarmachirin (ou Alah ed-Din), que fizera incursão sobre Khorassan. 1326 a 1334 - Ao morrer o khan djaghataida Duwa Temur foi sucedido em Transoxiana pelo seu irmão Tarmachirin, que islamizou o seu canato, provocando a revolta dos mongóis contra ele. 1326 a 1359 - Reino do turco otomano Orkhan I Ghazi, tendo como vizir até 1333 o seu irmão Alah-ed-Din. Alguns autores o consideram o criador da famosa e eficiente infantaria dos janízaros (antigos jovens cristãos entregues por províncias vassalas como tributo). Transferiu a capital otomana de Sogut para Brussa em 1227. A maioria dos historiadores os consideram como os fundadores do Império Otomano. 1327 - Ao transferir a capital do Sultanato de Delhi para Devagiri, Mohammed ibn Tughluq forçou a migração da população de Delhi para aí, morrendo muitas pessoas. --- Em agosto, Demachq Khâja cometeu a imprudência de entrar no harém do il-khânida Abu Said Bahadur, sendo, por isto, preso e executado. Seu pai, Tchopan, que estava em Khorassan, se revoltou e marchou em direção ao Azerbaidjão, mas seus soldados desertaram, forçando-o a ir para Herat, em outubro, onde o rei Ghiyâth al-Dîn mandou estrangulá-lo (em outubro/novembro) e enviou seu dedo ao il-khan. Outro filho de Tchopan, Timurtach, que era vice-rei da Ásia Menor, foi buscar guarida junto aos Mamelucos no Egito. --- Neste ano: O khan djaghataida Tarmachirin segundo algumas fontes atacou e pilhou o Sultanato de Delhi, mas segundo outras foi repelido pelo sultão de Delhi Mohammed ibn Tugluq. --- O emir mais poderoso da Anatólia, Kermian conseguiu, por ter uma potente armada, que Timur Miran chah não o atacasse, embora este tivesse realizando incursões ao litoral do Mediterrâneo. --- A revolta do Principado de Tver contra o Principado de Moscou foi sufocada; cinco anos depois, o khan da Horda de Ouro concedeu ao príncipe Ivan Kalita de Moscou o título de Duque de Vladimir. 1328 - O khan mongol da Dinastia dos Djaghataidas do Turquestão (Transoxiana, Kachgária e Mogolistão), Tarmachirin, budista, se converteu ao islamismo após expedição a Delhi em 1327. --- O imperador etíope Amda Seyon conquistou o Sultanato de Ifat e o Fatajar, em represália ao assassinato de seu emissário pelo sultão de Ifat, Haqq ed-Din. 1329 –Em 1 de junho, o novo imperador bizantino Andrônico III resolveu enfrentar os otomanos cada vez mais afoitos: 9 dias depois ocorreu a Batalha de Pelekanon (próximo de Nicomédia, na Bitínia), na qual a armada bizantina, sob o comando de João Cantacuzeno, foi vencida por Orkhan I, abrindo caminho para a tomada de Niceia (em 1331). --- Neste ano: Andrônico III, ajudado por emires turcos (de Esmirna e de Kutayeh), sufocou uma revolta dos genoveses da ilha de Quios, vencendo e prendendo Martim Zaccaria (que se recusara a comparecer diante do imperador em Constantinopla). A ilha passou à soberania bizantina (embora os genoveses a recuperassem de novo em 1346 e a entregassem a Mahone, companhia bancária, que aí permaneceu até 1566, quando foi conquistada pelos turcos). ---- Os Mossi do Yatenga (ao norte da atual República de Burkina Fasso). atacaram e pilharam a cidade comercial de Timbuctu, centro de convergência de rotas transaarianas. --- Na cidade de Lakhnauti (em Uttar Pradesh, na Índia) ao ser assassinado seu governador Qadr Khan, foi sucedido por Alauddin Ali Shah. --- Umur Beg (o ‘Leão de Deus’), emir de Aydin, se apoderou do porto de Esmirna. 1330 - O emir turco de Aydin (na Anatólia), Umur Beg, executou várias incursões navais contra ilhas pertencentes ao Império Bizantino no Mar Egeu e áreas litorâneas dos Bálcãs até 1345. --- Foi a partir deste ano que se fez presente no exército otomano os janízaros (novas milícias), infantaria criada pelo sultão Orkhan constituída de crianças cristãs que foram tomadas de suas famílias em conflitos e convertidas ao islamismo, tendo como sua base de atuação a cidade de Brussa.—O khan de Chagatai, Tarmashirin, foi morto neste ano, sendo sucedido por Changshahi. --- A partir deste ano, o Il-canato da Pérsia sofreu a turbulência política entre os Chobanidas e os Jalayiridas, saindo-se vitoriosos os primeiros. 1331- -- Enquanto o imperador bizantino Andrônico III estava no Mar Egeu, o sultão otomano Orkhan (ou Orhan) se apoderou de uma das cidades mais importantes da Anatólia, Niceia (hoje chamada de Iznik), em 2 de março.--- Em 27 de outubro morreu o geógrafo, historiador (e governador de Hama, na Síria) Abulfeda, nascido em Damasco. --- Na Península Ibérica, o Emirado de Granada se lançou em incursão militar sobre Alicante e Orihuela, onde suas tropas torpedearam estas cidades com uma nova arma de guerra: bolas de ferro impregnadas de fogo. 1331 a 1348 - Reinado de Abu al-Hasan ibn Uthman, da Dinastia dos Merínidas, em Marrocos. Seu governo foi marcado por revoltas populares e militares (se imiscuindo no governo) e por disputas pela sucessão no poder. 1332 - Ao morrer o imperador de Trebizonda, Andrônico III Comneno, seu filho Manuel II Comneno sucedeu-o (em janeiro) com apenas 8 anos, mas apenas durante 8 meses. Neste período, o emir turco de Chalybia, Bayram Beg, invadiu sem sucesso o império. --- O rei cristão da Etiópia, Amda Seyon I, em 18 de fevereiro, começou sua represália militar contra os os muçulmanos de Ifat (cujo rei Sabredin tinha atacado antes a região de Choa e destruído suas igrejas) e Fatajar. --- Em setembro, foi organizada uma liga naval antiturca constituída pelos Cavaleiros de Rodes (com Helionde Villeneuve), pelo Império Bizantino de Niceia (com Andrônico III Paleólogo) e Veneza. Um dos seus objetivos imediatos era colocar um paradeiro final às incursões de pirataria procedentes de Esmirna, do principado de Aydin. Esta aliança só foi efetivada em 1334 em Avignon (França). 1332 a 1370 - O principado independente de Herat teve o governo de Moʿezz-al-Din Moḥammad Pir-Ḥosayn, da Dinastia dos Kart, engrandecendo o poder militar de Herat em Khorassan. 1333 - Em meados de junho, Gibraltar, na Espanha, foi retomada pelo príncipe marroquino merínida, Abu Malik. --- Neste ano: .Assinatura de trégua entre o imperador bizantino Andrônico III e o sultão otomano Orkhan. --- O emir turco de SaRukhhan realizou uma incursão naval no litoral da Trácia; após ter saqueado a Samotrácia, encontraram as tropas bizantinas do imperador Andrônico III, mas não houve embate entre eles. Pouco mais tarde, piratas turcos atacaram e tomaram Rodosto, próximo da capital bizantina, mas o imperador bizantino conseguiu desalojá-los. --- A conversão do khan djaghataida Tarmachirin foi considerada como traição pelos nômades de Issik-kul e de Ili. --- A Ilha de Eubéia (ou Negroponte), pertencente à Veneza, foi saqueada por piratas sob a chefia do emir Umur de Aydin. --- Na Península Ibérica, historiadores da Catalunha, se referem a este ano como ‘o I Ano Mau’ em virtude da fome que se espraiou por todo o sul da Europa. ---Ainda nesta península: Gibraltar foi recuperada pelo Emirado de Granada. 1334 - À aliança de Bizâncio com os Hospitalários de Rodes e Veneza contra os turcos, se juntaram o papa João XXII e o rei francês Filipe IV, o Belo. no verão deste ano, uma expedição naval desta liga operou no Egeu, obteve vitória sobre o emir de Karesi em Adramition (atual Edremit), mas não conseguir avançar sobre Esmirna. --- Em 28 de outubro, o grão-mestre dos Hospitalários, Helionde Villeneuve, se apoderou do castelo de Esmirna, do qual se tinha controle do importante porto local (com o mesmo nome). Aí permaneceram até 1402, não obstante os frequentes ataques dos turcos. --- Neste ano: A revolta contra a conversão de Tarmachirin resultou em sua derrubada do poder e a secessão do Canato Djaghataida: a leste, Canato do Mogolistão, de crença budista; a oeste, o da Transoxiana, muçulmana. --- Neste ano: Enquanto o imperador bizantino e João Cantacuzeno estavam em Tessalônica, os turcos desembarcaram no Golfo Termaico (hoje Golfo Tessalônica), mas não tiveram sucesso diante da investida imperial. 1334 a 1378 - Criação do Sultanato de Madurai, na Índia, separado do Sultanato de Delhi por Sayyid Ahsan Shâh. 1335 - O sultão Mohammed ibn Tughluq tornou-se tão severo que lhe valeu revoltas como a de Djalal-ed-Din em Ma’abar (em Telinggâna ou Telangana). Quando as tropas do sultão estavam chegando próximo desta cidade, em 5 de janeiro, foram acometidas pela cólera, forçando a volta para sua capital e condicionando o reconhecimento de sua independência de Telangana. --- O emir merínida Abu al-Hassan ibn Uthman, em agosto, entrou em conflito com os Abdalwaditas, conquistando Nedroma e iniciando, a seguir, o segundo cerco de Tlemcen (terminado em 1337). --- Em 30 de novembro 87 morreu o il-khanida Abu Said, sem herdeiro direto, surgindo, então, disputas sucessórias e a divisão do Canato Il-Khânida da Pérsia. Entre Tabriz (no Azerbaijão persa, capital dos Il-Khânidas) e Bagdá se criou o sultanato do ‘Iraque’ sob o clã mongol dos Jalayiridas (ou Djalayeridas, tendo à frente Hazan Buzurg, colocando um fantoche no poder, Arpa Ka’on, que tomou posse em 5 de dezembro) e os Chupanidas (tendo à frente Hassan Kutchek).A Armênia, por sua vez, foi palco de disputas entre os Jalayiridas e os Chupanidas. 1335 (5 de dezembro) a 1336 - Principado mongol de Arpa Ke'ün (Arpa Ka'on, ou Arpa Ga'un, Mahmud Arpa Ga'un, e Arpagaon, ou Arpakawan) no oeste da Pérsia. O restante (sua região centro oriental) do antigo Canato da Pérsia ficou sob o governo de 5 dinastias iranianas rivais e influenciadas por vizinhos poderosos (como a dinastia dos Kert e o Canato da Horda de Ouro). - Descendia de Arig Böke, irmão do grande khan Hulagu. Sua subida ao poder impediu a pretensão do khan da Horda de Ouro, Ösbeg, de ascender ao trono, mas não se alinhou à sucessão pela casa de Hulagu. 1335 (continuação) - Arpa Ka’on se casou com Sati Beg (filha de Uldjaitu e esposa de Chupan ou Tchopan). Nesta ocasião, a esposa predileta do harém do finado Abu Sai, a então viúva Delchâd Khâtûn estava esperando um filho deste; assim, por prudência, foi para Diyarbakir, ficando sob a proteção de Alî Pâdchâh (tio de Abu Said), tendo uma filha em maio de 1336. --- Arpa Ka’on continuou a campanha militar de Abu Said contra o khan mongol da Horda de Ouro, Ösbeg; o confronto entre suas tropas ocorreu no rio Koura, sem resultado nenhum, pois Ösbeg teve que se retirar para ir a Kharezm (por ter morrido seu governador). -- Neste ano: Kesh, nas proximidades de Samarcanda (na Transoxiana), ficou sob o clã mongol turquizado dos Barlas, onde nasceu Timur Leng, ou Timur o Coxo, mais conhecido por Tamerlão, em 1336. --- Em Herat, os Karts ou Kerts, aproveitaram a crise política na Pérsia, para restaurar sua autonomia até a invasão de Tamerlão. --- Os otomanos, continuando sua política expansionista, iniciaram a conquista, sob a batuta do sultão Orkhan, do beylicado de Karasi (sob o vassalo bizantino, o emir Demirham), só concluída em 1345. Assim, os otomanos estenderam seu território até o Mar de Mármara. Mesmo com suas conquistas, continuaram as ações de pirataria turca no litoral do Egeu oriental e da Trácia. A morte de Abu Said abriu brechas para que os emires turcos da Anatólia cada vez mais se emancipassem como o de Karaman (no sudeste). --- Umur Beg, príncipe de Aydin, negociou um acordo com o imperador bizantino Andrônico III e deu suporte militar para a retomada da Ilha de Lesbos (então sob o genovês Domingos Cattaneo). 1335 a 1338 - Desde a morte de Abu Said, sucederam-se principados passageiros neste período (Arpa Ka’on, Musa e Mohammed, fantoches dos Jalyridas). 1335 a 1370 - Neste período a Pérsia sofreu um processo de desmembramento territorial e político por disputas entre dinastias locais (como os Chupanidas ou Chobanidas, Jalyridas, Muzaffaridas e Sarbadars) e descendentes gengiscânidas, como os de Ariq Boke (filho caçula de Gêngis Khan, tendo apenas um representante que foi Arpa Ka’on), os de Hulagu (representados por fantoches das dinastias locais, como Musa, Muhammad, Sati Beg, Sulayman, Temur Jahan, Anushirwan e um desconhecido Ghazan II) e os de Djötchi Qasar (irmão de Gêngis Khan, cujos representantes estavam restritos a Khorassan, como Togha Temur e seu filho Luqman, este governando de 1353 a 1388, mas tutelado por Tamerlão). 1336 - Um filho de Sharaf ad-Dîn al-Muzaffar (da Dinastia dos Muzaffaridas), Mobâriz ed-Dîn Mohammed (que governava Yazd e servia ao Il-Canato, tumultuado com a morte de Abu Said neste ano), conquistou a Pérsia Meridional, aí criando um Estado que sobreviveu até a conquista de Tamerlão em 1393. Este último nasceu no clã mongol turquizado dos Barlâs, em Kesh, próximo da cidade de Samarcanda, com o nome de Timur-e-Lang, Timur o Coxo, daí o nome em francês de Tamerlão. -- Alî Pâdchâh, após conseguir a neutralidade do mongol Hazan Buzurg (‘o Comprido’, ou Hassan, o Jalayirida), marchou contra o príncipe mongol Arpa Ka’on, encontrando-o e vencendo-o no rio Zarrineh (no Kurdistão); este foi preso em Sultaniya e levado para Ujan (na Armênia), onde Mahmud Chah (da dinastia transitória dos Injuidas) mandou executá-lo em 15 de maio. Arpa Ka’on foi sucedido por Mûsa, por indicação de Alî Pâdchâh. --- Na Índia, no pequeno reino de Kampili (junto ao vale do rio Tungabhadrâ) eclodiu uma rebelião contra o governador tughluq. O sultão de Delhi não interveio, resultando na criação do Reino de Vijayanâgara (primeiro vassalo dos Hoysalas, após 1343 ficou independente) por um dos filhos do líder de Kampili, chamado de Harihara, que abjurou o islamismo (ao qual tinha aderido antes apenas por conveniência) e renovou sua crença no Hinduísmo. Aí governou por 20 anos. 1336 (15 de maio) a 1337 - Governo de Mûsa, fantoche de Alî Pâdchâh. Não foi aceito pelo sultão Jalayirida Hazan Buzurg, favorável a outro pretendente ao trono (Muhammad). 1336 (continuação) - Disputas pelo poder entre Hassan Buzurg (o Longo), da tribo mongol dos Jalayiridas e Hassan Kütchük (o Pequeno), também mongol e neto de Chopan. --- Talvez tenha sido neste ano que se estabeleceram em Mouch (na Armênia) uma tribo turcomana chamada de Qara Qoyunlu (ou Carneiro Negro, seu símbolo) e invadiram Mossul, mas aí foi rechaçada pelo Jalayrida Oweis. 1336 a 1353 - Dinastia dos Injuídas que apenas disputou às outras dinastias, de maneira intermitente, províncias no sul da Pérsia. 1336 a 1393 - Dinastia árabe-iraniana dos Muzafaridas na Pérsia Meridional, fundada por Mobâriz ed-Dîn Mohammed, que, neste ano, estava em Kirman e Yazd, depois Chiraz (em 1353), Isfahan (1356-1357). Em 1358, em Chiraz, Châh Chudjâ, seu filho, o retirou do poder e o cegou, sucedendo-o. Isfahan passou ao controle de outro ramo dos Muzaffaridas. 1336 a 1432 - Dinastia dos Jalayiridas, fundada por Tajuddin Hasan Buzurg (Hasan Shaikh Hasan, isto é, o Grande), que governou o Iraq Arab e o Azerbaidjão. 1337 - Em 1 de maio, os Merínidas de Fez tomaram a cidade de Tlemcen, selando o fim da dinastia local dos Abdalwadidas, bérberes Zenata. --- As forças militares que apoiavam Musa se encontraram com as dos Jalyridas, sob o comando de Hazan Buzurg na Batalha de Qara Darra (ou Kara Darreh), na região de Alatag, em 10 de julho. Alî Pâdchâh foi morto nesta batalha e Musa teve que fugir. --- Em Khorassan surgiu o terceiro pretendente ao poder no oeste da Pérsia: foi Togha Temur (que descendia de um irmão de Gêngis Khan) patrocinado pelo governador Chaykh 'Ali ben 'Ali Qushji, que reinou em Bistan (noroeste de Khorassan) e Mazanderan. Togha Temur e Musa se uniram para para mover guerra contra seu inimigo comum, Hazan Buzurg: o confronto ocorreu nas proximidades de Maragha (Maragheh, a noroeste da Pérsia, às margens do rio Sufi Chay); aí Togha Temur se escafedeu, enquanto Musa foi preso e morto em 10 de julho. - No oeste de Khorassan surgiu nova dinastia, a dos Sarbedarianos (ou Sarbadars), por Abd er-Razzâq se apoderando da fortaleza de Sebzéwâr; em 1338, seu irmão Wadjîh ed-Dîn Massud o assassinou e tomou Nichapur. --- No verão, o ministro do imperador Andrônico III, João Cantacuzeno, massacrou um bando de turcos que incursionavam nas proximidades de Constantinopla. --Neste ano (ou mais tarde como nos ensina o historiador Louis Bréhier), a armada turca otomana, sob o comando de Orkham, se apoderou de Nicomédia (atual Izmit), no Mar de Mármara, próximo de Constantinopla, mesmo tendo sido atacado várias vezes pelo imperador bizantino Andrônico III Paleólogo, enquanto o otomano estava cercando esta cidade. Foi por esta ocasião, que o sultão otomano, contando com a inércia bizantina, interveio no Emirato da Mísia (a noroeste da Anatólia), se apoderando de várias cidades, das quais a mais importante era a de Pérgamo. A partir deste ano, ao Império Bizantino (de Niceia) restou apenas a cidade de Filadélfia (ou Heracléia do Ponto) em toda a Anatólia; o restante estava sob o domínio turco otomano. - Neste ano foi a vez da progressista Bengala (com Fakhr-ed-din) de conseguir sua autonomia em relação a Togluq (Sultanato de Delhi). --- No oeste de Khorassan surgiu nova dinastia, a dos Sarbedarianos (ou Sarbadārid ou Sarbadars, por Abd er-Razzâq se apoderando da fortaleza de Sebzéwâr; em 1338, seu irmão Wadjîh ed-Dîn Massud o assassinou e tomou Nishapur. 1337 a 1341 - No império muçulmano africano de Mali morreu Mansa Mussa, sucedendo-o Mansa Maghan, que governou neste período. Nesta época, este império ia desde Teghaza (no deserto do Saara) até o Oceano Atlântico, isto é, da margem esquerda do rio Níger até sua foz no Golfo da Guiné. 1338 - O governo de Mohammad (príncipe mongol fantoche na Pérsia) durou praticamente um ano: ele e seu patrono se confrontaram com o Chupanida (ou Chobanida), Hasan Kucek (Kûtchek, ou ainda Hassan Kütchük, o Pequeno), na Batalha de Alataq, próximo de Nakhichevan (atual Nakhtxivan, no Azerbaidjão), em 16 de julho, em que o Jalayirida Hazan Buzurq se escafedeu, enquanto Mohammad foi preso e morto. Tabriz (a capital) foi tomada. Assim, o Chobanida Hasan Kucek dominou o Azerbaidjão e o Iraque Adjémi até sua morte em 15 de dezembro de 1343. --- Hasan Kucek conversou com Pir Husayn (neto de Chupan) para desistir do trono vacante, colocando nele Sati Beg (que desertara do lado dos Jalayiridas junto com seu filho Surgan), como sultana e sua fantoche. Novamente se dirigiu contra o Jalayirida Hasan Buzurg imaginando estar fraco diante da derrota anterior; 88 não conseguiu vencê-lo e chegaram a um acordo fracassado de partilha de terras entre eles e os Injuidas e Muzaffaridas. O próprio Hasan Buzurg, não confiando nesta partilha, apoiou a entronização no poder de Togha Temur. 1338 a 1341 - Cisão do Sultanato de Delhi: os governadores de Bengala se tornaram independentes; em 1352, houve a sua unificação. 1338 a 1353 - Período político muito instável na Pérsia. Governo de Taghay Timur (Togha Timur), descendente de Khassar (irmão de Gêngis Khan) reconhecido pelos Jalayiridas (1338-1344), dos quais foi fantoche; pelos Kartidas (Karts), dinastia de Khorassan (1338-1349) e pelos Sarbadars (leigos xiitas e dervixes que dominavam o oeste da Khorassan, tendo a capital em Sabzevar) em 1338-41, 1344 e 1351. Togha Timur teve como seu centro de administração a cidade de Bastam, restrito seu governo a Khorassan e o leste de Mazandaran pela duplicidade de seus atos diante dos Chupanidas e Jalayiridas. Foi morto pelos Sarbadârs em 1353 e sucedido pelo filho Luqman, cuja soberania ficou restrita mais ainda, tendo a capital em Astarabad (sudeste do Mar Cáspio) em 1388. 1339 - A Dinastia Lohara, da Caxemira, noroeste da Índia, estava tão corroída pela desordem, corrupção e disputas internas que, em fevereiro, o hindu Chah Mir usurpou o poder. Foi o primeiro governante muçulmano da Caxemira, formou uma dinastia muçulmana, adotando o nome de Shams-ud.Din Shah Mir, depois que se casou com a viúva do rei anterior Kota Rani. --- Em maio, o Chupanida Hasan Hucek colocou no trono seu fantoche Sulayman, a quem ofereceu como esposa Sati Beg. Pir Shusayn se apoderou de Chiraz com o auxílio do Injuida Amir Shams. 1339 (no verão) a 1340 - Governo do il-khan Temur Jahan (Jihan Timur, ou Jahan Timur), manipulado pelo Jalayirida Hazan Buzurg. Era filho de AlaFireng e neto do il-khan Gaykhatu. Substituiu Togha Timur apenas neste período, sendo apeado logo do poder pelo jalayirida. 1340 - Armada do Reino de Castela, sob o comando do almirante Alonso Jofre Tenório sofreu derrota em Algeciras, no Estreito de Gibraltar, diante dos Merínidas; aí ele foi preso e degolado, em 8 de abril. A desforra veio em 30 de outubro, na batalha terrestre do rio Salado (ou Batalha de Tarifa), no extremo sul da Espanha, em que as tropas coligadas dos reinos de Portugal (com Afonso IV) e Castela, acrescidas de um contingente de Aragão e da ajuda do grão-mestre dos Hospitalários Helionde Villeneuve, infligiram severa derrota à coalizão dos Merínidas (com Abu al-Hasan ibn Uthman, rei de Marrocos) com os Nasridas (sob Yusuf I de Granada) e tomaram Algeciras.--- Até este ano, o turco otomano Orkhan expandiu as fronteiras do seu reino até Scutari, próximo do Estreito de Bósforo, portanto próximo da capital do Império Bizantino. --- Batalha do Jaghatu (próximo de Ghazni) em que participaram Sulayman Khan e o Jalayirida Hazan Buzurg (que governava Bagdá nesta época) contra os Chobanidas, saindo estes vitoriosos. --- Houve uma tentativa fracassada de intervenção de Mu’izz al-Din, dos Kart de Herat, na província de Kerman. 1340-41 - Revolta frustrada do governador de Oudh (ou Audh, ou Avadh, na planície do Ganges), na tentativa de se libertar do Sultanato de Delhi. Morreu no Cairo o sultão mameluco An-Nâsir Muhammad. 1340 a 1347 - Na Pérsia, Hazan (Hassan) Buzurg conseguiu rechaçar todas as tentativas dos Chobanidas Hassan Kütchük e seu irmão Malek Ashraf de se apoderar de seu território. 1340 a 1403 - O Iraq Arab esteve sob o governo da Dinastia Mongol dos Djelairidas (Jalairidas). 1341 - A Dinastia Hetumiana da Armênia Ciliciana, que se iniciara em 1226, se encerrou neste ano, com a morte de Leão V. - Na Pérsia, os Sarbadars tentaram se aliar com os Chupanidas, estes receberam o pedido de suserania de Sulayman Khan, que foi reconhecido como il-khan. --- Com a morte do sultão mameluco An-Nasir Muhammad (em seu terceiro período governamental), o Egito foi sacudido pela instabilidade política por 4 décadas, sendo governado por 12 sultões (quem governava de fato eram os emires). 1341 a 1360 - O governo do Império de Mali esteve neste período sob Mansa Suleiman, irmão de Mansa Mussa. 1341 a 1352 - O Califado Abássida no Cairo esteve sob Abû al-`Abbas Ahmad al-Hâkim bi-Amr Allah ou Al-Hâkim II. 1342 - Em 18 de julho, Herat sofreu incursão do sarbadars Wajih al-Din Mas’ud, que foi repelida por Moʿezz-al-Din Moḥammad Pir-Ḥosayn (ou Mu’izz Husayn al-Din), da Dinastia dos Hart (ou Hartidas) na Batalha de Zava (hoje denominada Torbat-e Heydarieh). --- Neste ano: Novo tratado de comércio entre Veneza e o Egito. --- O Reino de Bengala, muçulmano, se tornou independente do Sultanato de Delhi com a Dinastia Ilyas Shahi (que governou até 1576), sob a qual o porto de Chittagong se alçou a uma importância comercial muito alta. --- Em Hamra, no Egito, a população em fúria destruiu igrejas católicas (para erigir um hipódromo de dromedários). --- O sultão turco otomano Orkhan (ou Orhan ‘Ghazi’, isto é, ‘combatente da fé’) iniciou a conquista da província de Balikesir na Anatólia, fazendo fronteira com o principado dos Karesioğulları ou Kareshi (junto ao Estreito de Dardanelos e do Mar de Mármara); três anos depois este principado foi submetido por Orkhan. 1342 - 1344 - Em outubro de 1342, na Armênia, iniciou-se a Dinastia dos Lusignan com Guy (Guido) de Lusignan. Seu governo durou apenas 2 anos em face da tentativa de estabelecer uma união com a Igreja Católica de Roma, despertando a ira da nobreza local, ciosa de sua igreja cristã monofisita de rito gregoriano. 1343 - No Canato Djaghataida de Transoxiana iniciou-se o governo de Qazan (filho de Yassawur), mas de fato quem governava era o emir Kazgan (senhor de terras ao norte do rio Oxus). --- O imperador bizantino João VI Cantacuzeno, ainda aliado ao emir de Esmirna Omur-beg, tentou novamente se apoderar do porto de Tessalônica, sem sucesso. Em novembro, retornou para a cidade de Didimótica. --- O Chupanida (ou Chobanida) Hasan Kucek (Kûtchek) foi assassinado em 15 de dezembro e enterrado em Tabriz; sua morte acarretou disputas pelo poder entre sua viúva Sati, o filho Surgan, seu irmão Malek Ashraf e o tio Basti Yagi. O vitorioso nesta disputa foi Malek Ashraf. 1344 - Em 17 de abril foi morto Guido de Lusignan por revolta dos barões armenianos, que introduziram no trono um primo distante hetumida, Constantino IV (que reinou até 1363 - Obs.: Isto é o que nos ensina o historiador René Grousset, mas há outros historiadores que dizem ser Guido de Lusignan e Constantino IV as mesmas pessoas). --- Em 28 de outubro, o rei Hugo IV de Chipre organizou a ‘cruzada do Arquipélago’, ou ‘Santa União’ com o papa, os Cavaleiros de Rodes e Veneza, conquistando Esmirna ao turco Umur Bey. Os Cavaleiros de Rodes aí permaneceram até 1402. A frota turca, por sua vez, sofreu sério revés em Imbros (ilha de Creta), posto comercial genovês. O imperador bizantino João VI Cantacuzeno, portanto, não pode mais contar com Umur Bey; passou a ter, no entanto, o apoio de João Vatatzés (parente do patriarca Kalekas) e de Manuel Apocoque (filho de Aleixo Apocoque). --- Neste ano: Sulayman Khan, que fugira para Karabagh (no Afeganistão) pediu ajuda ao tio Yagi Basti e a Malek Ashraf, que estavam em Tabriz, para onde foi Surgan (que tinha sido preso por Hasan Buzurg). Temeroso por esta junção dos Chupanidas em Tabriz, Sulayman foi para Diyarbakir (Amida); mas os três em Tabriz tiveram um desentendimento, entrando em conflito, no qual Malek Ashraf venceu Surgan e Yagi Basti perto de Anamur (no litoral do Mediterrâneo). Vitorioso, Malek Ashraf colocou no poder em Tabriz um príncipe chamado Anushirwan, que tomou o título de Adil. A partir daí se desconheceu o paradeiro de Sulayman; além disso, retomou o controle de todo o território sob a jurisdição dos Chupanidas. --Moʿezz-al-Din Moḥammad Pir-Ḥosayn (ou Mu’izz Husayn al-Din) morreu em Mazandaran; sucedeu-o um filho escravo, Ay Timur Muhammad. Este aceitou a suserania de Togha Timur. --- Morreu o líder dos Sarbadars de Sabzewar (em Khorassan), Wajih ad-Din Masud, que exerceu sua autoridade de modo duplo, ora secular, ora pautada de radicalismo xiita. Foi sucedido por Muhammad Aytimur. 1344 a 1372 - Período de governo de Newaya Krestos (cognominado Saifa-Arad, isto é, Terror das Espadas), na Etiópia, que sufocou revolta muçulmana do Sultanato de Ifat e estabilizou politicamente a província de Tigray (ao norte da Etiópia). 1344 a 1356 - Na Pérsia, neste período, governou o desconhecido Anushirwan Khan (Anushiravan), marionete nas mãos de Malek Ashraf. 1345 - A partir deste ano, os otomanos puderam controlar a passagem do Estreito de Dardanelos (do Mar Egeu para o de Mármara) com a anexação do Emirato turco de Karasi ou Karesi (ou beylicado dos Karesiogullari). -- Shams al-din Ilyas Shah governou e unificou Bengala até 1358, criou a Dinastia Ilyas-Shahide, na qual se procurou um entrosamento entre as culturas hindu e muçulmana, daí decorrendo um processo de aculturação e o desenvolvimento de literatura poética e mística. 1346 - Em agosto ou setembro, foi assassinado Ay Timur Muhammad (ou Muhammad Aytimur), líder político dos Sarbadars) em Mazandaran. --- Neste ano, o turco otomano Orhan (Orkhan) se casou com Teodora, filha do imperador bizantino João VI Cantacuzeno. --- O khan djaghataida de Transoxiana, Qazan, foi morto pelo emir Kazgan, que colocou no trono Dânich-mendiya, que reinou até 1348. --1346-1350 - A Ásia, África do Norte e a Europa tiveram sua população assolada pela Peste Negra. Esta peste bubônica se propagou pelos genoveses que foram contaminados por lançamento de cadáveres leprosos pelos mongóis do Canato da Horda de Ouro durante o cerco de Tana (perto do Mar de Azov). 1347 - Em 25 de maio, os Mamelucos do Egito atacaram e assumiram o controle do porto de Aias (ou Lajazzo) aos armênios da Cilícia (sob o reinado de Constantino IV), desviando o comércio dos genoveses e venezianos, que aí estavam, para o Egito. --- Em 2 de agosto, o general turco Hasan Zafar Khan, liderando uma revolta contra o sultão de Delhi, Muhammad bin-Tugluq, criou no sul da Índia (em Gulbarga ou Mysore, no Decã), o sultanato muçulmano dos Bahmani, se denominando ‘Alâ-ed-din-Hasan Bahman Châh. --- Na África, em 15 de setembro, foi ocupada a cidade de Túnis pelos Merínidas de Marrocos. --- Houve uma tentativa frustrada, neste ano, do Chupanida Malek Ashraf de tomar Bagdá dos Jalâyridas. --- Neste ano, o turco otomano Orhan se casou com Teodora, filha do imperador bizantino João VI Cantacuzeno. 89 1347 a 1351 - No Egito tumultuado por conflitos dinásticos, apenas Hasan, um dos filhos do finado sultão Al-Nasir, consegui governar por mais tempo:neste período e, depois, de 1354 a 1361. Foi em seu governo, entre 1348 e 1350, que grassou a epidemia da Peste Negra neste sultanato. 1347 a 1527 - Período de governo da Dinastia dos Bahmânidas de muçulmanos no Decã. Houve constantes entreveros entre os muçulmanos locais (chamados de ‘dakhinis’) e os imigrantes turcos, árabes e persas (chamados de ‘afâqis’). Sua capital era Kulbarga. 1348 - Neste ano: Na tentativa de retomar Esmirna aos Cavaleiros de Rodes, o emir de Aydin, Umur Bey, foi morto por uma flechada. --- Na Transoxiana, o emir Danich-mendiya foi retirado do poder e morto pelo emir Kazgan, que colocou em seu lugar o djaghataida Buyankuli (neto de Duwa); desta forma, os senhores feudais turcos da Transoxiana restauraram seu poder. --- Kerasonte (hoje chamada de Giresunte, na Turquia), cidade do Império de Trebizonda, sofreu um ataque dos genoveses, que aprisionaram todos os francos aí residentes. --- Na Tunísia, as tribos árabes do sul e os Ziianidas da Argélia se revoltaram e venceram o merínida Abu al-Hasan na Batalha de Kairuan, sendo forçado a ir para o Marrocos. 1349 - Com o assassinato de Fakr ad-Dawla em 7 de abril pelos filhos de Kiya Afrasiyab, findou a Dinastia dos Bavandidas que governava o Tabaristão. --- Moʿezz-al-Din Moḥammad Pir-Ḥosayn (Hussein de Kart) se intitulou sultão neste ano, revelando-se grande defensor de Herat (chamada de ‘Perola de Korassan’) diante do seu inimigo sarbadar Amir Massud (em 1342) e do chagataida Gazagan. ---Neste ano: A cidade santa dos muçulmanos, Meca, assistiu, também, a irrupção da Peste Negra. 1349 a 1384 - No Reino de Kano (na Nigéria atual) se sagrou rei Yedji, da tribo dos Haussas, que se converteu à fé muçulmana, influenciado por comerciantes mandingas. A maioria dos componentes de sua tribo, no entanto, permaneceu animistas. 1350 - Neste ano houve uma tentativa fracassada do chupanida Malek Achraf de tomar a província de Fars aos Injuídas. 1350-1360 - Nesta década Ani, capital da Armênia, foi assolada por constantes incursões e saques dos Chupanidas. 1351 - Ao morrer o sultão de Delhi, Mohammed Ibn Tugluq, foi sucedido, em 23 de março, por Firuz Shah Tugluq, filho de uma Rajput e do irmão de Ghiyas-ed-din-Tugluq. Ele tinha para seu uso pessoal a quantia de 180.000 escravos; governou até 1388. --- Em Marrocos, em 24 de maio, ao morrer Abu al-Hassan, coube o poder ao seu filho Abu Inan Faris, que governou até 1358. --- Neste ano: O rei djaghataida Qazghan bloqueou Herat e obrigou o Moʿezz-al-Din Moḥammad Pir-Ḥosayn (Hussein de Kart) à vassalagem e prestar-lhe homenagem em Samarcanda. 1351-1355 – Fracassaram os entendimentos diplomáticos entre Bizâncio e Bulgária para fazer frente ao perigo turco otomano. 1351 a 1358 - Governo do Merínida Abu Inân em Marrocos. A partir dele iniciou-se o processo de decadência local: sucederam-no 17 sultões, dos quais 7 foram assassinados. 1352 - No Reino da Etiópia, sob inspiração do metropolita Abba Salama, se exigiu a conversão dos mercadores egípcios que lá operavam em represália à prisão do patriarca de Alexandria, no Egito. --- A partir deste ano, o Reino muçulmano de Bengala se tornou, de fato, independente do Sultanato de Delhi; tendo então como sua capital a cidade de Lakhnauti (Gaur), às margens do baixo vale do Ganges. --- O imperador bizantino Aleixo III Comneno, de Trebizonda, concedeu uma de suas filhas como esposa ao emir turco da Dinastia do Carneiro Branco (da Pérsia), Fakhr-ud-Din. --- Os turcos osmanlis comandados por Solimão (Suleyman) Pasha, tomaram a fortaleza de Tzympé, próximo de Galípoli, junto ao Estreito de Dardanelos, abordando, pela primeira vez, território europeu. 1352 a 1362 - O Califado Abássida no Cairo esteve sob Abû al-Fath Abû Bakr al-Mu`tadid bi-llah ou Al-Mu'tadid I, tutelado, como os anteriores, pelos Mamelucos Bahritas. 1353 - Os Sarbadars assassinaram Togha Temur em dezembro, que foi sucedido pelo filho Luqman, cuja autoridade estava restrita a Astarabad ou Astrabad (antes chamada de Gorgan, no extremo sudeste do Mar Cáspio). Governou até 1388. Há autores que o consideram o último Hulaguida da Pérsia. Com o assassinato, os Sarbadars (persas xiitas) ficaram com o noroeste de Khorassan, enquanto os Kert (afegãos sunitas) tinham a soberania a parcela sudeste do Khorassan; esta distinção sectária entre os dois grupos foi um motivo de constantes conflitos entre eles. --- Os Muzaffaridas exerciam o seu governo nas províncias de Kerman (onde Mubariz ad-Din Muhammad tinha se estabelecido em Yazd) e de Fars. 1353 - Mais um passo da expansão turca otomana, ao se colocarem pela primeira vez em território europeu, atravessando Dardanelos e se apoderando do forte de Jinbi, na Trácia ocidental. 1354 - Galípoli (hoje Gelibolu), porto bizantino no Mar de Mármara, abandonado após um terremoto (em 2 de março), foi ocupado pelos turcos osmanlis (otomanos), sob o comando de Solimão Pacha (filho de Orkhan) ficando eles, assim, com o controle absoluto do Estreito de Dardanelos e de sua navegação. O imperador bizantino João VI Cantacuzeno pagou-os para saírem da fortaleza de Tzympé, mas eles não aceitaram a saída de Galípoli. Com esta atitude acabou a aliança entre eles. --- Neste ano: Pregadores islâmicos egípcios atiçaram violência anti-cristã no sultanato mameluco; os coptas foram forçados a abdicar sua crença e se islamizarem. - O beylicado de Gerede foi invadido pelos turcos otomanos, que se apoderaram de Ancara. --- O sultão de Marrocos nomeou um escriba para registrar as viagens de Ibn Batuta. 1354/55 - A Bulgária foi invadida pelos turcos otomanos chegando até Filipópolis (Plovdiv) e Sofia (Serdica), onde encontraram a heróica resistência do czar Miguel IV Asen, que foi derrotado e morto; mesmo com a vitória dos otomanos houve novo ataque apenas em 1370. 1355 - Em junho, o almirante genovês Filipe Doria saqueou e tomou Trípoli (na Líbia) aos Hafsidas. --- Ainda neste mês, o turco Solimão Pasha invadiu e saqueou a Trácia e proibiu a colheita por seus habitantes (para dificultar o abastecimento de Constantinopla). Pouco depois, o monge Gregório Palamas se dirigindo à Constantinopla por mar, foi aprisionado pelos turcos osmanlis e levado para Lampsaque (cidade antiga famosa pelo culto de Priape, representado pelo símbolo fálico), situada junto ao Estreito de Dardanelos. --- Neste ano: O chupanida Malek Achraf foi enforcado em Tabriz na conquista do Azerbaidjão por tropas do Canato da Horda de Ouro (Qipchak), sob o comando do seu khan Djani beg. --- Foi por volta deste ano que os Mentecheidas (do beylicado de Mentese) tiveram que se acomodar com a presença de venezianos em Mileto. --- Os turcos otomanos invadiram a Bulgária pretendendo tomar sua capital Sofia; o encontro entre eles e búlgaros ocorreu na Batalha de Ihtiman (perto da capital), com grandes perdas de ambos os lados, mas os turcos não atingiram o seu objetivo final. 1356 - A maior parte da Grande Pirâmide de Gizé (uma das 7 Maravilhas do Mundo Antigo) foi desmantelada a mando do sultão mameluco An-Nasir adDin al-Hasan como material para construção de mesquitas e fortalezas. 1356 -1357 - Governo de Ghazan II na Pérsia, do qual se tem conhecimento exclusivamente através da numismática. -- Foi neste período que o muzaffarida Mubariz ad-Din Muhammad se apoderou de Ispahan. 1356 a 1374 - Ao morrer o Jalayirida Hassan Buzurg, foi sucedido pelo filho Oveys I em Bagdá que, cerca de 2 anos depois, se apoderou do Azerbaidjão, governando Bagdá e Tabriz (cujo nome antigo era Tauriz) até 1374 com o título de sultão. 1357 - Em agosto/setembro, na África setentrional, o Merínida Abu Inan Faris se apoderou da cidade de Túnis. - A região de Transoxiana se instabilizou após o assassinato do emir Kazgan e do seu filho, Mirzâ Abdallâh no ano seguinte. --- Fim da Dinastia dos Injuidas (do sul da Pérsia), enfraquecida por disputas internas e conflitos com os Chupanidas de Chiraz, os Jalyridas de Bagdá e os Muzafaridas de Yazd. Seu último governante foi Abu Ishaq, aprisionado pelos Muzafaridas e levado para Chiraz onde foi executado. 1357-1358 - Em Ani, capital da Armênia, o domínio dos Chupanidas foi substituído pelos mongóis do Canato da Horda de Ouro; em 1358, foi a vez dos Jalayiridas tomarem a cidade. Diante destas submissões, a nobreza armeniana teve reduzido severamente o seu poder. 1357 a 1361 - Os turcos osmanlis (otomanos) primeiro sob a chefia de Solimão Pasha (que morreu em 1357 em acidente de caça) e depois de seu irmão (Murad) conquistaram a Trácia, ocupando Tchorlu, Didimótica, Kirk Kilisse e Andrinopla, pertencentes ao Império Bizantino de Niceia. 1358 - No sultanato muçulmano do Decã, ao morrer Hasan Zafar Khan, sucedeu-o o filho Muhammad Shah Bahmani, em 2 de fevereiro.--- O Reino Merínida, em Marrocos, entrou em crise a partir do estrangulamento de Abu Inan Faris, em 3 de dezembro pelas mãos de um dos seus vizires Al-Fududi. -- Neste ano: Em Trebizonda, o imperador bizantino Aleixo III, continuando sua política diplomática através de matrimônios: casou sua filha, ainda criança, com o emir turco de Chalibia, Hadji Omar. --- Jalal ad-Din Shah Shuja aplicou um golpe de Estado em Chiraz, depondo e cegando o seu pai Mubariz ad-Din Muhammad; enquanto o seu irmão Qutb ad-Dîn Shâh Mahmûd ficou com Isfahan. --- O sultão Oweys, irmão do jalayrida Hassan Buzurg, iniciou seu governo em Tabriz, após a expulsão dos mongóis da Horda de Ouro. 1359 - Retomada a cidade de Tlemcen, em 31 de janeiro, por parte do abdalwadida Abu Hammu Musa aos Merínidas. Esta dinastia marroquina sofreu mudança de governo neste ano: Muhammad II foi deposto por Abu Salim Ali II. --- Neste ano: Os Mamelucos se apoderaram das cidades armênias de Adana e Tarso ao rei Constantino IV, tendo este sua autoridade restrita ao entorno de Sis (chamada pelos turcos de Ḳōzān, e hoje de Kozan), capital da Armênia. --- Ao morrer o sultão otomano Orkhan, subiu ao poder Murad I Hüdavendigâr, que governou por 30 anos. --- A Argélia foi retomada por Abu Hamuw II (da Dinastia dos Zayanidas). --- Na Pérsia houve mudança na chefia dos Muzaffaridas: Shah Shuja foi derrubado pelo seu irmão Shah Mahmud. 90 1360 - Em março, a Transoxiana sofreu a intervenção de Tughluq Timur, khan do Mogolistão (região norte do Turquestão chinês), afastando o emir e nobreza local e colocando no poder seu filho Ilyas Khodja, que recuperou a unidade política do Canato Djaghataida. --- Tamerlão começou a demonstrar sua habilidade militar em campanhas feitas na Transoxiana pelo khan de Chagatai. 1360 a 1389 - Ao morrer Orkhan, subiu ao poder o terceiro sultão otomano Murad I Hüdavendigâr, terceiro na sucessão, que governou até 1389 e criou a famosa e aguerrida infantaria dos janízaros (milícia de antigos jovens cristãos roubados de suas famílias e educados na fé islâmica). 1361 - O rei Pedro I de Lusignan, de Chipre, em 15 de janeiro, se apoderou do porto de Coricos (na Cilícia) aos turcos; em 24 de agosto, foi a vez do porto de Adália ou Satália (no litoral da Panfília), conquistado aos turcos do Emirato de Tekê. --- Murad I, sultão otomano, foi vitorioso sobre bizantinos em batalha a nordeste de Lulle Burgas (no litoral da Bulgária). --- O emir de Transoxiana Ilyas Khodja, colocou como seu conselheiro o senhor de Kech e chefe dos Barlas, Timur Leng ( ou Tamerlão). 1361 a 1363 - O Egito foi governado neste período pelo Mameluco Mohammed, neto de Al-Nasir. 1362 - Em janeiro, o sultão Murad I tomou a cidade de Andrinopla (Edirne), aí instalando sua capital. Depois que tomou a cidade de Filipópolis (Plovdiv atual), praticamente finalizou a conquista da Trácia e cortou o caminho terrestre de acesso de Bizâncio ao interior da Península Balcânica, a partir do ano de 1362. --- O rei Pedro I de Chipre, em outubro, solicitou ajuda militar da Itália, do Sacro Império Romano Germânico (governado por Carlos IV) e da França (cujo rei era João II, o Bom, da Dinastia de Valois) em sua empreitada militar contra os Mamelucos do Egito. 1362 a 1366 - No tumultuado Reino de Marrocos, o governo de Muhammad ibn Yaqub se restringiu apenas à metade norte (desde a encosta meridional das Montanhas do Rif até Tadla); foi morto por seu vizir Omar. 1362 a 1402 - O Califado Abássida no Cairo, tutelado pelos Mamelucos Bahritas, esteve nas mãos de Abû `Abd Allah al-Mutawakkil `alâ Allah ( Al-Mutawakkil I), cujo governo foi interrompido duas vezes: em 1377 (pelo exíguo espaço de tempo de apenas 2 semanas) e de 1383 a 1389. 1363 - O sultão otomano Murad I assinou com a República de Ragusa (no litoral nordeste do Adriático) um acordo comercial. --- Este sultão, após vitória sobre os sérvios no vale do Maritza, se apoderou da Macedônia, parte oeste da Trácia e a Bulgária. --- Timur Lang (Tamerlão, ou Timur, o Coxo) rompeu suas relações com o khan de Mogolistão, Tughluk Timur; depois de uma permanência no Irã Oriental, rompeu com Ilyas Khodja, invadiu a Transoxiana, saiu-se vitorioso entre as cidades de Kech e Samarcanda (perto da ponte de pedra sobre o rio Wakhch) e ocupou este emirato. --- Nas proximidades de Megara (na Ática, Grécia) uma frota naval bizantina conseguiu uma vitória sobre uma frota otomana. -- No Iêmen, sob a dinastia dos Rasulidas, ocorrue a sucessão de Al-Mujahid por Al-Afdal al-Abbas. 1363 a 1376 - Período de governo do mameluco Chaban, também neto de Al-Nasir. 1364 a 1381 - Governo do príncipe 'Ali Muayyad (dos Sarbedarianos (Sarbadars) , tendo como sua capital Sebzéwâr (Khorassan ocidental). 1364 a 1384 - Governo do Muzaffarida Jalâl ad-Dîn Shâh Shujâ` nas províncias persas de Fars e Kerman (a partir de 1375 em Isfahan). 1365 - Em 25 de janeiro, o papa Urbano V proclamou uma cruzada contra os turcos, que seria formada pelos reis da Hungria e de Chipre e pelo conde de Sabóia, Amadeu VI (primo de João VI). De 10 a 16 de outubro se efetivou a chamada ‘Cruzada de Jerusalém’: o rei Pedro I de Lusignan (de Chipre) e os cruzados do legado papal Pedro Tomás se apoderaram do porto de Alexandria (no delta do Nilo), mas não tiveram condição de manter sua ocupação, porque afetava os interesses comerciais de Veneza e Gênova. Após sua saída, o sultão Shakhban se apropriou dos bens das igrejas. --- Neste ano: Ilyas Khodja, depois que se refugiara em Tashkent, ao receber a herança do seu pai que morreu, conseguiu reunir forças militares e foi vitorioso sobre Tamerlão e Mir Hossein na batalha dos pântanos, entre Tchinaz e Tashkent (margem norte do rio Sir-Darya), colocando-os em fuga para o vale do Amu-Darya (Oxus). Mir Hossein foi até Balkh, já Tamerlão para perto de Sâli-Sérâï (norte de Qunduz). Depois atacou e cercou Samarcanda sem sucesso, primeiro pela resistência dos muçulmanos locais, segundo por suas tropas ficarem doentes. Em função disso, se retirou para o vale do Illi --- Os turcomanos denominados Kara-Koyunlu (‘Carneiro Negro’) começaram a aparecer no Oriente Médio: neste ano se apoderaram da cidade de Mush, a leste do Lago Van, na Anatólia. --- A capital do Império Otomano passou a ser Adrianópolis (hoje chamada de Edirne) na Trácia. 1366 - O imperador bizantino João V Paleólogo, quando voltava para Constantinopla, foi capturado pelos búlgaros. Para resgatá-lo, no verão, Amadeu VI, Conde de Sabóia, com navios venezianos, retomou Galípoli dos turcos (em 2 de agosto) e solicitou a liberação daquele imperador. --- Em Marrocos, ao ser assassinado o marínida Abu Zayyan, o governo passou para Ab Faris Abdul Aziz. 1367 - Em maio, Amadeu VI de Sabóia atacou castelos dos turcos no Helesponto. --- Neste ano: Pedro I (de Chipre) destruiu Trípoli, Laodiceia e Jaffa e foi para a Europa para solicitar a ajuda ocidental em cruzada contra os turcos otomanos. --- A região oriental da província persa de Gilan, a partir deste ano, esteve sob o controle do chefe alida dos Zaydes penitentes, o emir Kīā Malāṭī. 1368 - O rei Pedro I Lusignan retornou da Europa sem conseguir nada; em Chipre encontrou uma situação embaraçosa pelo mau comportamento de sua esposa Eleonora de Aragão e a nobreza descontente.--- Em Delhi, na Índia, ainda governando Firuz Tughluq, um brâmane foi queimado em face de sua recusa em manter sua crença, já que as regras do Corão eram seguidas à risca. 1369 - Tamerlão fez sua primeira campanha militar no leste da Pérsia (em Khorassan).--- Viagem do imperador João V Paleólogo à Roma com Urbano V, abjurando sua religião ortodoxa, a fim de negociar ofensiva militar ocidental de cruzada contra o otomano Murad. Enquanto isto, o patriarca Filoteu tentava organizar uma cruzada oriental ortodoxa com o mesmo objetivo, se intrometendo, pois, na iniciativa do governo imperial. --- O sultão Murad I entrou no Golfo de Burgas, se apoderando do porto homônimo, no Mar Negro; pressionou o tzar João IV Assen (ou João Alexandre Sisman) a se tornar seu vassalo e lhe entregar sua irmã para seu harém. 1370 - O turcomano Tamerlão, em 10 de abril, depois que matou seu cunhado Husayn, se outorgou o cargo de rei de Balkh (nordeste da Pérsia). Em seguida, se apoderou de Isfahan, onde massacrou a população, fazendo uma pirâmide de 70.000 crânios (que vai caracterizar sua crueldade em quase todas as cidades conquistadas). --- Em 7 de agosto, os Merínidas (Benimerinos) se assenhorearam de Tlemcen. --- Entre 25 de agosto e dezembro, na ilha de Chipre foram realizadas negociações de paz entre o governo local (o rei Pedro II era menor, tendo como regentes sua mãe Eleonora e seus tios paternos João de Antióquia e Jaques) e o Sultanato Mameluco do Egito. --- Neste ano: O emir hafsida Abul-Abbas se apoderou de Túnis, em 9 de novembro, e se proclamou califa. --- Foi por volta deste ano, que o chefe do clã dos Bahārlū, Bayram, reuniu em federação as tribos turcomenas Kara Koyunlu (‘Carneiro Negro’), se desembaraçou da vassalagem do Jalyridas e se apoderou de várias cidades, entre as quais a mais importante foi Mossul. --- O tzar búlgaro João IV Assen (ou João Alexandre Sisman), com tropas cedidas pelo otomano Murad I, tomou Vidin;desta forma, pela primeira vez os otomanos chegaram ao baixo vale do Danúbio. --- O rei Luís I d'Anjou, rei da Hungria, ao se tornar também rei da Polônia, vassalou o príncipe sérvio Lázaro Hrebeljanovic da Sérvia, iniciando uma série de conflitos contra os turcos otomanos. 1370 a 1405 - Governo de Tamerlão, turco muçulmano, rei de Transoxiana, gênio militar (embora coxo) e conhecedor do Corão e da literatura persa, mas um dos homens mais sanguinários da História do Homem com suas pirâmides de cabeça... 1370 a 1506 - A Pérsia foi governada pelos Timuridas. Primeiro sob o governo direto de Timur Leng (Tamerlão) até sua morte em 1405. A partir daí até 1506 se dividiu em dois ramos: o dos Timuridas Ocidentais (governando a Pérsia propriamente dita, a partir de Bagdá e Tabriz, até a vinda dos turcomenos) e o dos Timuridas Orientais (no leste da Pérsia e na Transoxiana, a partir de Herat e Samarcanda, até a invasão dos Usbeks). ---Depois de 1447 a capital passou de Herat para cidades da Transoxiana. A Pérsia Ocidental esteve sob o domínio da dinastia turcomana dos ‘Carneiro Negro’ (Kara Koyunlu) de 1387 a 1467, passando depois (de 1467 a 1502) para os ‘Carneiro Branco’ (Ak-Koyunlu), estes dominando totalmente o Azerbaidjão e o norte do Iraque. Há historiadores que consideram como Timurida a Pérsia após a morte de Tamerlão em 1405, a partir do seu filho Shah Rukh. - Há autores que consideram o período timurida de 1369 a 1453; daí até 1501 houve o domínio dos turcomanos Ak Koyunlu. 1371 - Como Murad I estava indo com suas tropas em direção à Sofia, o tzar João IV Assen (ou João Alexandre Sisman), se juntando com forças sérvias e e Manuel Paleólogo, tentou contê-lo sem sucesso, sendo derrotado em Samakov (no vale do Isker) e fugindo com seus aliados para as Montanhas Rodopé. Em 17 de fevereiro morreu João IV Assen. Ao penetrarem na região das Montanhas Rodope os turcos encontraram resistência dos búlgaros nas 91 termas de Tzepina, em Bitolice e Rakovitza; bem como na Trácia (em Yambol e Karnobat). --- Em abril, o imperador bizantino João V saiu de Veneza (onde estava junto com seu filho Manuel Paleólogo) com frota naval de Veneza, conseguida através de acordo com ela. Em outubro chegou à capital bizantina. Aí se comprometeu a ser leal aos otomanos para evitar que eles a atacassem.--- Dois nobres da corte sérvia, originários da Dalmácia, os irmãos Vukasin Branković e João Ugliesia, criaram uma província autônoma entre Serres e o Danúbio, sob o nome de Kosovo, tendo Vukasin Branković como seu primeiro déspota. Formaram um exército de húngaros, valáquios e sérvios e atacaram os turcos otomanos, mas foram esmagados e mortos na travessia do rio Maritza, na chamada Batalha do Maritza ou de Tchernomen, na Bulgária (26/9). --- Manuel Paleólogo, governador da Macedônia e Tessalônica, se aproveitou desta circunstância para se apoderar de Serres em novembro. --- Como o khan Hosseîn Çoûfî (que era do Canato de Qipchak e criara um reino independente em 1360 em Kharezm) se recusou a entregar duas cidades para Tamerlão, este invadiu a região, se apoderou de Kâth e cercou Hosseîn Çoûfî em Urgendj, matando-o. Seu irmão e sucessor Yussuf Çufi se submeteu às imposições de Tamerlão, entregando-lhe a região de Khiva (Kath). 1372 - Em maio, o papa Gregório XI (sabendo da derrota dos aliados cristãos no vale do Maritza) convidou o rei Luís I d’Anjou, o Grande (da Hungria e da Polônia, então) e a República de Veneza a juntar forças contra os muçulmanos e convocou um congresso de todos os Estados Cristãos no ducado de Atenas e Tebas, governado pela Grande Companhia Catalã. --- Em 12 de outubro, enquanto Pedro II (rei de Chipre) estava sendo coroado como rei de Jerusalém em Famagusta (porto mais importante da ilha), eclodiu um conflito entre mercadores venezianos e genoveses (estes últimos tomaram o porto em outubro de 1373 e aprisionaram o rei, forçando-o a entregar o porto para eles). --- Neste ano: O bey Evrenuz (antigo príncipe de Karasi) foi mandado pelo sultão Murad I para a Bulgária (debilitada por uma revolta anterior fomentada pela Hungria) e ocupou a área banhada pelos rios Vardar (a Velha Sérvia), parte da Albânia e a Bósnia (até os Alpes Dináricos) e Strimon, ameaçando Tessalônica. A Sérvia ficou dividida em Sérvia do Norte e do Sul, ficando esta última sob o governo de Marko Kralievitch, filho de Vukasin Brankovic, com o título de Kral, mas vassalado aos otomanos.--- O Reino de Marrocos é novamente dividido em dois: em Marrakech o governo foi tomado pelos zauias (uma confraria religiosa sufita de Suss), enquanto em Tlemcen estão os Merínidas (que superaram os Abdalwadidas desde 1370). 1372 a 1382 - Governo tranquilo de Neuya-Maryam na Etiópia, visto que o vizinho Sultanato de Ifat estava às voltas com questões sucessórias. 1373 - Em outubro, uma esquadra genovesa se apoderou do porto de Famagusta, o principal de Chipre, aprisionando seu rei Pedro II que obteve a soltura assinando acordo de cessão daquele porto para Gênova, além do pagamento de indenização de guerra. --- Reiniciou-se o conflito entre Tamerlão e o novo reino de Kharezm porque Yussuf Çufi se arrependeu do acordo feito anteriormente e invadiu a região de Kath; a situação se apaziguou quando o rei Yussuf Çufi ofereceu sua bela filha Khânzâdé a Djahângîr, um dos filhos de Tamerlão. 1374 - O imperador bizantino mandou o unionista João Láscaris Kaloferos à Europa para solicitar uma cruzada antiotomana, mas não conseguiu nada com o papa em Avignon, com o rei Carlos V em Paris, nem com o rei Luís I d'Anjou, o Grande. Em outubro, o papa de Avignon mandou um emissário à Constantinopla comunicando que tal pleito bizantino seria facilitado se houvesse a união das igrejas. --- Enquanto o príncipe bizantino Manuel Paleólogo estava resistindo aos turcos em Tessalônica antes de julho, João V Paleólogo (em virtude da falência de suas gestões para formar nova cruzada cristã na Europa contra os turcos) assinou tratado com Murad I se vassalando fiscalmente (pagando-lhe imposto) a ele e avisou o papa de Avignon em dezembro através de seus embaixadores. Neste período, associou ao trono seu filho caçula e favorito, Manuel, em vez de Andrônico, seu primogênito, menos maleável ao sultão Murad I (o que pressupõe sua influência na decisão do imperador). Este se revoltou sem sucesso contra o pai, envolvendo até o filho de Murad I (Saudj). Ao serem presos, Murad I cegou o seu filho e mandou João V fazer o mesmo com Andrônico (este ficou apenas com um olho e levado para a ilha de Lemnos). Este, obviamente, guardou um rancor profundo em relação ao pai. --- Murad I conquistou a Trácia ocidental. --- Neste ano: O merínida, Abu al-Abbas, em 20 de junho, foi para Fez e tomou o poder em Marrocos, depois que obteve uma vitória sobre os legalistas em Zarhun, auxiliado pelo emir Mohammed V al-Ghani, de Granada. --- Os barões da Armênia colocaram no trono um príncipe de Chipre, Leão VI de Lusignan; que ao chegar em Sis, a capital, sofreu o cerco dos Mamelucos do Egito. - Em face da morte do Jalayirida Oveis (Oweïs) foram designados como co-príncipes de Bagdá e Tauris (Tabriz) os seus filhos, Hasan e Husayn (Hussein), este último que era mais novo, no entanto, assassinou-o, assumindo o governo como Jalâl ad-Din Husayn I. Com a morte de Oveys, o chefe Carneiro Negro (Qara Qoyunlu), Baïrâm Khwâdja, se aproveitou da circunstância favorável para retomar Mossul e Sindjar e estabelecer sua capital em Herat (leste da Pérsia). Os domínios dos Jalayiridas na Armênia foram disputados pelos curdos, mongóis e turcomanos. 1374 a 1410 –Floresceu a II Escola de Bagdá com suas pinturas, tendo como mecenas o mongol islamizado Ahmad Djalâyer. 1374 a 1387 - Reino de Musa II no Império de Mali. 1375 - Em 13 de abril, Leão VI de Lusignan, rei da Armênia, após resistência heróica diante dos Mamelucos desde 1374 em sua capital Sis, foi capturado e levado para o Egito. Este fato representou o fim da Dinastia dos Lusignan e a extinção do Estado da Armênia Ciliciana ou Pequena Armênia e o triunfo da guerra santa muçulmana. --- Neste ano: O rei Luís I d'Anjou, o Grande (da Hungria e Polônia) fez frente à campanha turca na Valáquia.--- O sultão Firuz Tughluq se apoderou da fortaleza de Jajnagar e destruiu o famoso templo hinduísta de Jagannath (‘senhor do universo’). 1375-1376 - Como nos ensina o historiador Louis Bréhier, 'a indiferença e as divisões dos Estados Cristãos (da Europa, como a Inglaterra e França na Guerra dos Cem Anos) foram os melhores auxiliares dos turcos': todos eles fizeram ouvidos moucos à pregação de nova cruzada pelo papa de Avignon, Gregório XI, para combater o crescente perigo otomano. 1375 a 1378 - Ala-ud-din Mujahid Shah (ou simplesmente Mujahid) governou o Sultanato de Bahman (no Decã, Índia). Concedeu benefícios aos turcos e persas que viviam em seu reino. Ele sofreu um sério revés em Vijayanagar (capital do reino hindu do mesmo nome, seu grande inimigo mais ao sul). 1376 - O príncipe Andrônico foi resgatado na Ilha de Lemnos pelos genoveses (estes fazendo represália a João V por colocar a ilha de Tenedos à disposição dos venezianos em 1370), auxiliado por Murad I. Ele devolveu Galípoli a Murad I para ter sua armada. Em seguida, ainda auxiliado por Gênova, cercou e tomou a capital (12/8) e aprisionou seus pais e o irmão Manuel, subindo ao trono sob o título de Andrônico IV. --- Com o assassinato do sultão Mameluco Chaban (Al-Achraf Zayn ad-Dîn Chabân, neto de An-Nâsir Muhammad) no Egito, subiu ao poder seu filho, um menino de apenas 10 anos, Mansûr `Alâ ad-Dîn `Alî, cujo tutor, Barquq, lhe usurpou o poder 6 anos depois. 1377 - O sultão mameluco Alah ad-Din teve que enfrentar uma revolta sob a chefia de Sayf ad-Din Barquq (Berkuk).Ainda no Egito, o filho de Ibrahim al-Wâthiq, Zacarias al-Musta'sim, usurpou o trono do califa abássida Al-Mutawakkil I. 1377 a 1447 - O filho caçula de Tamerlão, Shah Rukhh, governou Khorassan, tendo a capital em Herat, ajudado por seu filho Baysunghur; outro filho, Ulugh Beg, foi governador de Samarcanda. Outros dois filhos, Muhammad Juki e Ibrahim Sultan, foram bibliófilos. 1378 - O terceiro governante do Sultanato dos Bahmani, no Decã, chamado Ala-ud-din Mujahid Shah, que tomara posse em 1375, foi assassinado por Massud Khan e Daud Khan; este último, um usurpador, passou a governar sob o nome de Daud Shah I, mas também foi assassinado neste ano, quando estava rezando na grande mesquita do Forte de Gulbarga. Ocupou o trono Muhammad II, que reinou até 1397. --- Surgimento da tribo turcomana dos AkKoyunlu (‘Carneiro Branco’) na Pérsia Ocidental, comandada por Kara Yülük Osman. --- Os otomanos se apoderaram da cidade de Ihtiman (oeste da Bulgária). --- A situação social e política de Constantinopla era crítica: ao lado de duplicidade de imperadores e disputas da família imperial, os que moravam fora da cidade estavam dominados pelos otomanos; os que habitavam seu interior eram oprimidos pelas revoltas e miséria. 1378 a 1397 - No Sultanato dos Bahmani houve uma sucessão de assassinatos de sultões neste período: primeiro foi Ala-ud-din Mujahid Shah, segundo foi Daud Shah I (assassino do primeiro), ao qual aconteceu o mesmo enquanto rezava na mesquita do Fort de Gulbarga; terceiro foi Muhammad II. 1378-1399 - Tamerlão interferiu nos atritos sucessórios que ocorreram no Canato da Horda de Ouro ( Canato Kipchak) e suas intervenções militares aí influíram na sua desagregação futura e na autonomia dos eslavos da Rússia. 1379 - O imperador bizantino João V Paleólogo e seu filho Manuel Paleólogo, em junho, se evadiram da prisão com auxílio dos venezianos. Se encontraram com Murad I para pedir ajuda na conquista do trono, este lhes forneceu uma armada em troca de tributos e da cidade de Filadélfia (na Ásia Menor) e entraram em Constantinopla em 1 de julho. --- Timur Leng (Tamerlão) se apoderou de Urgentch (capital de Kharezm). --- Nas terras sob o controle de Tamerlão foi proibida a escolha de chefes jacobitas.--- No reino de Kharezm, Yussuf Çufi se aproveitou enquanto Tamerlão estava em campanha militar contra a Horda Branca no baixo vale do Sir-Darya (Jaxartes), para devastar os campos de Samarcanda e chegou perto desta capital da Transoxiana. O revide de Tamerlão foi pronto e inexorável: invadiu o território kharezmiano, cercando Urgendj por 3 meses e levando Yussuf ao desespero e morte. A cidade foi tomada e sua população massacrada. Desta forma, o Reino de Transoxiana anexou Khwârezm (ou Kharezm). 1380 - O sultão Firuz Tughluq de Delhi colocou na cidade de Firuzabad, construída por ele, uma inscrição demonstrando sua ojeriza pelos hindus, chamando-os de idólatras, e, como tais, destruindo seus templos e, matando seus líderes políticos e religiosos. --- Morreu Bayran (do ‘Carneiro Negro’), sendo sucedido pelo filho Muhammad Qara Yussuf, que fez de Tabriz sua capital e se declarou autônomo em relação ao sultão e ao califa (por isto, alguns autores colocam esta data como início desta dinastia). Recebeu a parte ocidental do Irã, por sua aliança com Bajazé I (filho do sultão otomano Murad I) para guerrear contra Tamerlão. --- Toqtamich, khan do Canato da Horda Branca (existente no Cazaquistão de 1226 a 1428) se apoderou do Canato de 92 Qipchak ou da Horda de Ouro.--- Tamerlão exigiu que o mélik (como os árabes intitulavam os chahs) Ghiyâth ed-Dîn II Pîr 'Alî (filho de Mo’izz ed-Dîn Hosseîn), de Kert, se vassalasse a ele junto a sua quriltaï (assembleia de notáveis), mas este se recusou. --- Prosseguindo a expansão otomana, o sultão Murad I ocupou Monastir (antes chamada de Bitola) na Macedônia e Istip (na Sérvia), na bacia do Vardar. --- O jalayrida Jalâl ad-Din Husayn I teve a inimizade de outro irmão, Ali, que se apoderou de Bagdá. 1380 a 1387 - Efetivou-se a conquista da Pérsia por Tamerlão sendo vitorioso sobre os principados de Herat, Djurdjan, Mazanderan, Seistan, Farz e Azerbaijão. 1380 a 1399 - Reino do príncipe e poeta turco Bourhân ed-Dîn, do clã dos Artena-oghlu, sobre um antigo território dos seldjúcidas de Rum, o emirato de Sivas e Qaiçariya, na Anatólia Oriental (em 1400 passou à soberania dos Aq Koyunlu, ou Carneiro Branco). 1381 - As tropas mongóis de Tamerlão, após destruírem Busanj, chegaram a Herat, em abril. A província de Khorassan (de que Herat fazia parte) estava abalada pelo conflito entre os Kert (sob Ghiyâth ed-Dîn II Pîr 'Alî) e os Sarbedarianos (dinastia iraniana), que perderam Nishapur. -- O irmão de Ghiyâth ed-Dîn II Pîr 'Alî se submeteu a Tamerlão em Seraks (fortaleza ao sul de Herat), mas ele não. Por isto, Tamerlão, na primavera, se assenhoreou e destruiu a fortaleza de Buchang e tomou Herat, submetendo Ghiyâth ed-Dîn II Pîr 'Alî, que passou a morar forçadamente em Samarcanda. O tesouro do governo de Herat foi mandado para Transoxiana e Tamerlão exigiu tributo anual, deixando seu irmão, Miran-shah, como seu preposto no local (aí ficando até 1393). Há autores que ensinam ter ele deixado em Herat como governador um irmão chamado Muhammad, que reinava em Sarakhs, no Khorassan. --- Em Dubrovnik, nas proximidades de Paracin (na Croácia atual), ocorreu a memorável vitória cristã na chamada Batalha de Dubrovnik dos sérvios comandados pelos generais Vitomir e Crep venceram os otomanos. 1382 - Em 26 de novembro, no Egito, o ramo turco dos Mamelucos chamados de Bahritas foi substituído pelo ramo dos Tcherkesses ou Bjorditas, tendo estes como primeiro sultão a Barquk, que governou até 1389 e depois de 1390 a 1399. - No final deste ano, os habitantes de Herat, com ajuda de afegãos de Ghor, se rebelaram contra o domínio mongol de Tamerlão; seu terceiro filho, Miran-chah sufocou cruelmente a revolta: a população foi decapitada, fazendo-se pirâmide de cabeças como era seu cruel hábito. 1382 a 1396 - Mais secessão no Sultanato de Delhi, na Índia: as províncias de Kandesh (na margem esquerda do rio Narmada), Malva (na margem direita deste rio), Jaumpur (entre o rio Ganges e o Himalaia) e Gujarat (Ahmadabad - na Península de Kathiavar) se tornaram reinos autônomos. 1382 a 1410 - Governo do mongol Jalayirida Ghiyat ad-Din Ahmad, filho de Oweys, sobre a região do Iraque Adjémi, Azerbaijão e Bagdá. Antes de 1405 teve que fugir para o Egito, em face da tomada de Bagdá por Tamerlão. 1382 a 1517 - Reinado no Egito da Dinastia dos Mamelucos Burdjitas (Bjorditas) ou Circassianos (tcherkesses, originários do Cáucaso), adotando a escolha do califa na aristocracia militar. Em vez do sistema hereditário anterior, adotaram a eleição no processo sucessório, ensejando golpes de Estado, conspirações e assassinatos. 1383 - Ordenado por Murad I, o turco Kaireddin, em 19 de setembro, se assenhoreou de Serres (cidade importante da Macedônia, cuja capital era Tessalônica, e era governada pelo príncipe bizantino Manuel Paleólogo, filho de João V Paleólogo). Manuel Paleólogo se juntou com os nobres revoltados de Serres e massacrou a guarnição militar otomana deixada ali por Murad I. Este retaliou cercando Tessalônica, que resistiu por 4 anos. --- Neste ano: Sebzewâr e Zarendj (esta última, capital de Seistan), foram conquistadas por Tamerlão; aí procedeu da maneira habitual e sanguinária, decapitando grande parte da população e construindo pirâmides de cabeças, enquanto os corpos eram jogados para aves de rapina e animais. Não contente com isto, promoveu a destruição do sistema de canalização de águas para os campos da região, desertificando-os (Grousset ensina que turcos e mongóis, pastores nômades, foram os primeiros responsáveis pela saarificação da Ásia Central). Em seguida se dirigiu para Kandahar (no Afeganistão) e se apoderou desta importante cidade. Ao conquistar Seistan (Sistan), Tamerlão forçou os Mihrabanidas a se vassalarem a ele. --- Houve mais uma revolta em Herat, sendo subjugada e seus habitantes tiveram que pagar mais imposto a Tamerlão. Os professores, artistas e artesãos foram todos deportados para a Transoxiana. --O sultão mongol Jalayirida Ahmed Djelair ibn Oveys se sobrepôs aos seus outros irmãos, exercendo o poder sobre o Iraque Adjémi, Azerbaidjão (exclusive Tabriz) e Bagdá. --- O místico sufista Bedreddin (Badraldin), realizou sua peregrinação à Meca, depois voltou para a capital mameluca, Cairo. Em seguida, começou a pregar suas idéias comunistas na Anatólia, que tiveram grande acolhida no seio do povo, fermentando uma revolta que eclodiu mais tarde. 1384 - O Emirado de Granada interveio em Marrocos na sucessão de governo local. --- O príncipe de Mâzandérân, o emir Walî tentou se sobrepor à avalanche destruidora de Timur Leng em Atrek (tentando surpreender suas tropas à noite na floresta), não conseguindo impedir que ele tomasse a cidade de Astarabad, massacrando toda a sua população (até bebês). Impotente, o emir Wali teve que se refugiar no Azerbaidjão. Depois disto, Timur Leng invadiu o Iraq Adjémi. 1385 - Em 18 de setembro, os turcos otomanos sob o comando de Hayreddin Pasha, derrotaram os sérvios (chefiados por Ivaniš Mrnjavčević e Balša II) na Batalha de Sawra (Savra), próximo de El-Bassan. Cerca de 1 ano depois, foi a vez de caírem Croia e Scutari. Muitos albaneses, a partir dessas derrotas, se islamizaram e participaram da armada turca otomana. --- Parte do território jalayirida foi conquistado por Tokhtamys (do Canato da Horda de Ouro). --Quando Ahmed Djelair ibn Oveys estava em Sultâniyé (cidade principal do Iraque Adjémi), Timur Leng avançou sobre ela (12 de fevereiro). Diante disto, ele saiu daí para Tabriz se safando de Timur Leng que retornou à Samarcanda, passando pelo caminho de Amol e Sârî (ainda em 1385). Retornou ainda este ano para invadir o Azerbaidjão (do sultão jalayirida Ahmed ) pela rota do Chirvan e se apoderou e saqueou da capital (Tabriz). --- Neste ano: Otomanos conquistaram a Albânia chegando até Scutari (junto ao lago do mesmo nome); muitos habitantes da região se converteram à religião muçulmana e se alistaram na armada turca. 1386 - Início da conquista do oeste e noroeste da Pérsia por Timur Leng pretextando o saque de uma caravana comercial que se dirigia à Meca. Novamente fez uma incursão sobre o Azerbaidjão oriental, se apropriou de sua capital Tabris (o jalayirida Ahmed Djelair ibn Oweis teve que fugir para Bagdá) e aí estabeleceu sua corte no verão. --- Neste ano: O príncipe sérvio Lázaro Hrebeljanović, que tinha formado uma união de senhores sérvios contra os otomanos, foi obrigado a se vassalar a Murad I. 1386 e 1387– No inverno (1386/7), Timur Leng esteve na província de Qarabagh (no Cáucaso), ao norte do Azerbaidjão. Passou em Nakhitchevân, arrasou Kars e, finalmente, assolou a Geórgia, tomando Tiflis, e praticando deportações, destruição de mosteiros e igrejas (inclusive a mais famosa delas, a catedral de Sveti-Tzkhoveli), padres queimados vivos; seu rei (Bagrat V) e família foram presos (mas conseguiram sua liberdade depois ao abjurar, espertamente, o cristianismo e se converterem ao islamismo). --- Murad I conseguiu se apoderar de dois centros de convergência de rotas terrestres que iam para os Mares Egeu e Adriático e o rio Danúbio: a planície de Sofia (ou Serdica) aos búlgaros (1386) e a cidade de Nisch aos sérvios. ---- Primeira invasão de Timur Leng na Armênia. 1386 a 1401 - Tamerlão empreendeu a anexação do reino persa dos Jalayiridas do Azerbaidjão e Bagdá. 1386 a 1403 - Ruína do Reino da Geórgia, no Cáucaso, em face das 8 invasões turco-mongóis, destruindo suas cidades e aniquilando sua infraestrutura social e econômica. 1387 - Em 9 de abril, o importante porto da Tessalônica (capital da Macedônia, pertencente aos bizantinos) foi tomado por Murad I, após um cerco de 4 anos. --- Na primavera, o khan Tokhtamish, da Horda de Ouro (Kiptchak), foi combater Tamerlão no Azerbaidjão. Depois de atravessar o desfiladeiro de Derbent (no Cáucaso) se dirigiu para Qarabagh. Foi vitorioso ao norte do rio Kura, no inverno, mas teve que retroceder em face da intervenção armada de Miran Shah, terceiro filho de Tamerlão e dos rigores do inverno. --- Tamerlão acampou suas tropas nas proximidades do Lago Göktcha (ou Lago Sevan, a leste da Armênia) iniciou a conquista da Grande Armênia Ocidental (então sob o poder de turcos otomanos muçulmanos), tomando Zerumba, Erzindjan (cujo emir Taherten se declarou tributário a ele). Daí mandou tropas comandadas por Miran Shah para fazer frente aos Qara-Qoyunlu (Carneiro Negro, cujo líder era Kara Mohammed Turmuch), superando-os em combate em Mouch (na Armênia, cujo saque foi feito por Tamerlão) e no Curdistão, forçando a fuga dos inimigos para as gargantas do Cáucaso. Concluiu a conquista do território armênio com a tomada e massacre de Van. --- Em outubro, Tamerlão passou por Hamadhan e conquistou Isfahan ao príncipe muzaffarida Chodja; mas um mês depois, aproximadamente, houve uma revolta aí, provocando a retaliação de Tamerlão que massacrou sua população (cerca de 45 pirâmides de 1.000 a 2.000 cabeças) e a incendiou. Em dezembro, se assenhoreou de Fars e parcialmente do Iraque, tomou e saqueou a sua capital, Chiraz (onde morreu Chodja). Com todos estes avanços e conquistas, Tamerlão submeteu a Pérsia. -- Neste ano, Firuz Tughluq, sultão de Delhi, foi obrigado a abdicar do trono pelo seu filho Muhammad, que fugiu diante de uma revolta servil. --Na Hungria, morreu a rainha Maria, esposa de Sigismundo de Luxemburgo, este, já rei, recebeu o pedido do papa Bonifácio IX e do imperador bizantino João V Paleólogo para realizar uma cruzada contra os otomanos, o que foi aceito, visto que a presença otomana no Danúbio representava um enorme perigo ao seu reino. --- O sultão Murad I tentou conquistar o maior dos emirados turcos da Ásia Menor, o de Karaman, cujo titular Alaeddin, era seu genro. O confronto entre os dois, perto de Konia (antiga capital do Sultanato de Rum) não teve vencedores nem vencidos; assinando-se, logo após, um tratado de paz entre ambos. --- O príncipe Lázaro I da Sérvia do Norte, objetivando se livrar da suserania turca, se rebelou e pediu a ajuda a Stjepan 93 (Estevão) Tvrtko I, rei da Bósnia. Perto de Prokuplje, no vale do Toplitsa, ao sul da Sérvia atual, ocorreu a segunda batalha entre os otomanos (comandados por Şahin Bey ou Kula Şahin Bey) e o exército sérvio e bósnio: foi a Batalha de Pločnik (ou Plochnik), em que se notabilizou o cavaleiro sérvio Miloš Obilić, em que os sérvios foram os vencedores. Observação: alguns autores situam cronologicamente esta batalha em 1386. 1387-1388 - Murad I não se incomodou com a autonomia do reino da Bósnia, governado por Stepan (Estevão) Tvrtko I, que se apoderou da Croácia e parcialmente da Dalmácia; ao morrer em 1391 possuía uma frota naval capaz de afrontar os venezianos no Adriático. 1387 a 1391 - Emirados turcos independentes da Ásia Menor foram submetidos lentamente aos otomanos. 1387 a 1405 - O território dos Jalayiridas foi tomado pelos Timuridas; em 1401 caiu Bagdá. Seu poder foi recuperado em 1405 com a morte de Tamerlão. 1387 a 1467 - Dinastia dos Koyunlu ou Qara Koyunlu (Carneiro Negro) de turcomanos da Pérsia Ocidental, compreendendo, ao longo do tempo, as áreas atuais da Anatólia Oriental, o Azerbaijão iraniano, o norte do Iraque, a Armênia e a Baixa Mesopotâmia (após a conquista de Bagdá em 1410 aos Jalayiri das, estes reduzidos à área em torno dos estuários dos rios Tigre e Eufrates, que eram separados naquela época). O período de vigência desta dinastia não é unanimidade: ora entre 1380 a 1468, ora entre 1375 e 1468. 1388 - Tamerlão, após sua campanha na Pérsia Ocidental e no Cáucaso, teve que retornar (no inverno, 1387/88) para a Transoxiana por causa da invasão do khan Tokhtamish da Horda de Ouro, que chegou até Ferghana com a ajuda do khan do Mogolistão, Qamar ed-Din. Após se safar desta invasão, ele atacou e destruiu a cidade de Urgentch (no Usbequistão atual) e, assim, submeteu todo Kharezm; seus habitantes foram levados para Samarcanda. --- Os sérvios e bósnios conseguiram vitórias em Rudnik e Bilece (ou Bileca, na batalha do mesmo nome em 27 de agosto contra o turco Lala Şahin Paşa), se espalhando a revolta antiturca por toda a Península Balcânica (como o albanês Jorge Castriota, os príncipes búlgaros Ivanko e Sisman e o príncipe da Valáquia). --- Em 18 de setembro, morreu o sultão de Delhi, Fîrûz Shâh Tughlûq, sucedendo-o o neto Tughluq Khan, se outorgando o título de Ghyiased-din-Tughluq II. As províncias mais distantes se recusaram a pagar impostos. --- Tomada de Sinjbar e Tabriz pelos Qara Qoyunlu, tornando-se autônomos em relação aos Jalayiridas. 1389 - Em 20 de fevereiro, Ghyias-ed-din-Tughluq II, sultão de Delhi foi assassinado por uma conspiração chefiada por Zafar Khan (neto de Fakhr-eddin), sendo sucedido por seu primo Abu Baqr, mas este teve que renunciar em 1390 em benefício do seu tio Muhammad. --- Reação de Murad I diante de revolta nos Bálcãs: mandou Ali-Pacha contra o príncipe Sisman da Bulgária, vencendo-o após o cerco de Nicópolis, forçando-o à entrega de Silistra (Dorostol).--- Na primavera, Murad I e seu filho Bajazé atacaram a Sérvia moraviana, onde entraram em confronto com os sérvios (com o príncipe Lázaro I e seus aliados cristãos) na Batalha de Kossovo Polje (Campo dos Melros), ao norte de Skopje. Esta batalha foi árdua: os aliados romperam uma ala do exército otomano; o nobre sérvio Miloš Obilić, conseguiu chegar à tenda de Murad I e o apunhalou; mas os turcos conseguiram a vitória final com a traição do genro do príncipe Lázaro Hrebeljanovic (Vuk I Brankovic, déspota de Kossovo), em 15 de junho. Conforme o historiador Louis Bréhier, o resultado deste conflito foi duvidoso. -- O príncipe Lázaro, preso durante a batalha junto com outros nobres, foi supliciado por Bajazé pela morte de seu pai; foi, entretanto, complacente com seu filho, Estevão Bulcovic (que passou a governar a Sérvia como Estevão III). Morrendo o sultão Murad I nesta batalha, de imediato sucedeu-o o filho Bajazet I ‘Yıldırım’ (o ‘Relâmpago’), que governou até 1403; sua primeira medida foi a de mandar estrangular seu irmão Iakub, que era popular no exército e poderia lhe criar problemas futuramente. --- Neste ano: Houve uma revolta fracassada dos sírios contra os Mamelucos Bjorditas (Cairo estava tumultuado neste ano pela retomada temporária de poder pelo Baharita As-Sâlih Zayn ad-Dîn Haji), de junho deste ano até fevereiro de 1390. --- Toqtamich, khan da Horda de Ouro (ou Canato de Kiptchak) reapareceu em Transoxiana, mas foi perseguido por Tamerlão nas estepes, que o venceu perto dos Montes Urais (em junho de 1391). - Miran-Shah matou o último ‘melik’ de Herat, Ḡiāṯ al-Din II Pir-ʿAli. --- Na região ocidental da Argélia, o ziyanida Musa II foi sucedido por Abd ar-Rahmân II. Na parte oriental também houve mudança de governo: o abdalwadida Abu Hammu II sucedeu ao seu tio Abu Tashufin II. 1389 (28 de junho) a 1402 - Sultanato otomano sob o governo de Bajazé I (Bayazid Yildrim) que conquistou a Anatólia central e ocidental. Uma de suas primeiras iniciativas foi a determinação de estrangulamento do seu irmão Yakub, muito conceituado na armada turca; inaugurou, assim, um costume sanguinário entre eles. 1389 a 1420 - Como o sultão Muhammad Turmush, dos Kara Koyunlu, foi morto em abril de 1389, o poder passou para Kara Yusuf que se evadiu para o Egito (em 1400 e 1406) por ser contrário a Timurleng. 1389 a 1468 - Dinastia dos Koyunlu ou Qara Koyunlu (Carneiro Negro) de turcomanos da Pérsia Ocidental, compreendendo, ao longo do tempo, as áreas atuais da Anatólia Oriental, o Azerbaidjão iraniano, o norte do Iraque e a Armênia. 1390 - Em 1 de julho, o nobre francês Luís II de Bourbon (tio do rei Carlos VI, o Louco) saiu do porto de Marselha, foi para Gênova e daí comandou uma armada para atacar Mahdia, porto da Tunísia, em face de constantes ações de pirataria saídas daí. Mahdia foi cercada em 22 de julho, mas foi levantado o cerco no outono. --- Após uma guerra civil no sultanato de Delhi entre os partidários do filho de Zafar Khan e do último filho de Firuz, o príncipe Mohammed, este conseguiu assumir o poder em Firuzabad, em agosto, tomando o título de Nâsir-ed-din Mohammed (ou Muhammad III Tughluq), em agosto. O general deste sultanato chamado de Malik Zada conquistou Kalpi (em Uttar Pradesh) e a rebatizou como Muhammadabad, destruindo todos os templos hindus e construiu mesquitas em seu lugar. --- O imperador bizantino João V foi desautorizado pelo sultão otomano Bajazé I na construção de novas muralhas em Constantinopla, tendo que demolir o que tinha construído (se não o fizesse, cegaria seu irmão Manuel). Este sultão exigiu pagamento de imposto ao imperador João V e que este lhe enviasse um reforço militar para suas lutas contra os emires da Anatólia. Foi este sultão, outrossim, que ajudou o filho de Andrônico IV (João VII Paleólogo, que escapou dos genoveses), na primavera, para ocupar Constantinopla, destronar o seu avô, o imperador João V Paleólogo em 14 de abril. --- Neste ano: Na Sérvia, o sultão Bajazé firmou um tratado de vassalagem com a viúva do príncipe Lázaro, se casou com sua filha Olivera Despina e, demonstrando apreço pelo espírito guerreiro dos sérvios, começou sua conscrição ao exército turco. A Sérvia ficou autônoma, mas pagando tributo aos turcos. --- Na Anatólia, o emirado de Karaman (no centro-sul) sucumbiu diante de Bajazé após a derrota do seu governante (Alaeddin, preso e estrangulado) perto de Kutayeh. --- Morreu o grande panegirista e poeta persa Hafiz. --- O filho de Tamerlão, Omar Cheik, venceu o khan da Horda de Ouro, Toqtamich.--- A cidade bizantina de Filadélfia (a última da Anatólia ainda independente em relação aos otomanos) caiu sob o domínio de Bajazé I; contraditoriamente, com os reforços de Manuel Paleólogo (ordenado pelo sultão). 1390 (agosto) a 1394 - Período governamental de Muhammad III Tughluq no Sultanato de Delhi. 1391 - O território dos Muzaffaridas no centro da Pérsia foi conquistado pelo timurida Shah Mansur. Uma parte dos Muzaffaridas, sob a liderança de Zaffar Khan Muzaffar, se deslocou para a Índia, se estabelecendo em Gujarat. Aí o sultão de Delhi, Nasir ud-Din Muhammad bin Tughluq IV o nomeou governador. Deixou Delhi, em 21 de fevereiro, Zaffar Khan, nomeado governador do Gujarat, onde criou a Dinastia dos Muzaffaridas; passando Gujarat ao ‘status’ de sultanato autônomo em relação ao de Delhi. --- Em 4 de junho, na Espanha, iniciou-se uma onda antissemítica com violência em Sevilha (arrasando com um quarteirão inteiro onde habitavam) e se disseminando por Andalucia e Aragão, com milhares de mortos; os que se salvaram se converteram ou migraram para o norte da África (como Josef ben Menir para Constantina e Simão Duran para Argel). Em 4 de agosto, em Palma de Majórica os judeus foram trucidados. --- O imperador bizantino Manuel II Paleólogo conseguiu fugir de Brussa e voltou para Constantinopla, em 7 de março, onde destronou seu sobrinho João VII Paleólogo, governando até 1425. Bajazet I, em represália à fuga de Manuel II, cercou Constantinopla por 7 meses e atacou Moreia. Impôs ao novo imperador a implantação de uma guarnição militar otomana em Gálata, a criação de uma mesquita na capital e a vassalagem fiscal e o envio de tropas para sua campanha militar no sul e leste da Anatólia. O imperador deixou sua mãe, Helena Cantacuzeno, na regência e se pôs a disposição do sultão, em 8 de junho. Praticamente ¼ de Constantinopla ficou nas mãos de Bajazet. --- Campanha militar de Tamerlão contra Toqtamich pelas estepes ao norte do Mar de Aral por 18 semanas, finalizando-se com a sua vitória nas proximidades de Oremburgo (no vale do rio Kondurcha, ou Kunduztcha) em 19 de junho. Após a vitória ele nomeou para governar em seu nome o neto de Urus Khan, Timur Kutlug. --- Neste ano: Em Jerusalém, monges franciscanos ousaram insultar o profeta Maomé, acarretando sua decapitação. --- Bajazet I tentou se apoderar de Esmirna (que estava sob a soberania dos Cavaleiros Templários desde 1345), após a conquista dos emirados marítimos de Sarukhan, Aydin e Menteshe; devastou as ilhas de Kios, Eubeia (Negroponte) e o porto de Adalia (do emirado de Tekke), este se tornando o primeiro porto otomano no Mar Mediterrâneo. --- No último reduto muçulmano na Península Ibérica, o Emirado de Granada (no sul da Espanha), houve a sucessão de Muhammed V por Yussuf II. 1391 a 1393 - Neste período, Os otomanos tomaram a cidade de Larissa e se apoderaram da Tessália, pertencente ao Império Bizantino. 1392 - Em 19 de janeiro, os otomanos, com Bajazé I, se apoderam de Skopje (passando a se chamar Uskub). A seguir, vassalizou os sucessores do sérvio Lázaro: Estevão Lazarevic, Marko Kralevic, Constantino Dragas e Vlak Brankovic. Formaram-se, pois, estados-tampões entre o Império Otomano e o rio Danúbio, frente à coalizão entre os húngaros e os valáquios (sob Mircea I). Após a vitória contra os húngaros, Bajazé I retornou para Karaman, venceu Alaeddin e o estrangulou, ocupando definitivamente o emirado. --- Em junho, Tamerlão deixou sua capital, Samarcanda (na Transoxiana), para encerrar definitivamente a conquista da Pérsia: partiu para a chamada ‘Guerra dos Cinco Anos’ nas províncias caspianas e na Mesopotâmia até 1396. Primeiro foi 94 em Mâzenderan, onde ocupou Amol, Sârî e Mechedhissâr (pertencentes aos Seyyidas). Enquanto isto, seus filhos empreenderam a invasão da Bacia do Tarin (Turquestão oriental). --- Neste ano: Na Índia central, o governador muçulmano de Malwa passou a não mandar seus impostos para o Sultanato de Delhi, tornando-se independente. 1392 a 1396 - Neste período, os otomanos submeteram a Bulgária. --- Também neste período, Tamerlão realizou campanhas militares na Pérsia e no Canato da Horda de Ouro. 1392 a 1402 - A capital bizantina, Constantinopla, foi cercada pelos otomanos, bloqueando-a até 1402. Para ajudar os bizantinos, os venezianos mandaram uma esquadra. 1393 - Em abril, Tamerlão foi combater uma rebelião dos Muzaffaridas, liderada pelo xá Mansur, nas províncias persas de Fars e Isfahan. No caminho para Chiraz (capital de Fars) tomou a poderosa fortaleza de Qal’a-i-Séfîd. Em 22 de maio, ele entrou e saqueou Chiraz e devastou aquelas províncias, selando o fim desta dinastia na região. --- A Bulgária (cujo tzar Ivan Chichman era suspeito de ações diplomáticas com Sigismundo de Luxemburgo para se livrar do domínio turco) perdeu definitivamente sua autonomia depois que um filho de Bajazé (Solimão Celebi), em 17 de julho, se apoderou de sua capital (Tirnovo ou Tarnovo), cujos habitantes foram deportados para a Anatólia e o nome Bulgária foi eliminado dos documentos oficiais. O tzar foi decapitado em 1395. --- Em 10 de outubro, Miran-shah quase prendeu o Jalayirida Ahmed próximo da cidade religiosa de Kerbala (esta, por sua vez, perto de Bagdá). Ahmed fugiu para Bagdá, mas Tamerlão se apoderou desta cidade e da província Iraque Arab. Mais uma vez, o governador Ahmed, em dezembro, fugiu para o Egito junto ao sultão Barquq, retornando logo em 1394. --- Neste ano:Nerio I, duque de Atenas, foi obrigado a se tornar tributário de Bajazé I. --- Queda do emirato de Candar (ou Kastamonu), cujo governante se refugiou junto aos mongóis do Canato de Horda de Ouro, a partir daí os otomanos conseguiram acesso ao Mar Negro, tendo nesta região o importante porto de Sinope. --- No Sultanato de Delhi houve tumultos sucessórios: morreu Muhammad Shah III, sucedendo-o Sikander Shah I, mas este foi despojado do poder por Mahmud II dois meses depois. --- O soberano de Chipre, Jaime I, obteve o título nominal de rei da Armênia após a morte do soberano local Leão VI, mas realmente os governadores eram os Mamelucos do Egito. 1393 a 1394 - Bajazé I empreendeu a construção da fortaleza de Anadoluhisari (no litoral asiático do Estreito de Bósforo) para realizar um segundo cerco da capital bizantina. 1393 a 1396 - Ao morrer subitamente o sultão merínida Abu al-Abbas em Taza (no Marrocos), sucedeu-o Abu Faris Abd al-Aziz ben Ahmad. A instabilidade de ascensão ao governo destes últimos, propiciaram condições para que os reinos cristãos da Espanha interviessem no Marrocos. 1394 - Em janeiro, o Jalayrida Ahmed, com a ajuda de tropas do sultão mameluco Barquq e com a saída de tropas timuridas, retornou para Bagdá. -- Em janeiro, no Sultanato de Delhi, com a morte de Nâsir-ed-din Mohammed (ou Muhammad III Tughluq), subiu ao trono o seu filho Humayun, que governou apenas até 8 de março de 1395, sendo sucedido pelo último filho de Nâsir-ed-din Mohammed com o título de Nâsir-ed-din Mahmud Tughluq, cujo governo foi tumultuado por disputas pelo poder. --- Em fevereiro, Tamerlão atacou e se apoderou, ao norte, da fortaleza de Tekrit (no alto vale do Tigre) e do castelo-forte do Curdistão, em que foi flechado e morto o seu filho Omar Cheîkh. Em março, ele assediou e tomou Mardin; depois foi a vez de Amida (Diyarbakir), na Alta Mesopotâmia. Continuou sua campanha na Grande Armênia, invadindo a região de Mouch de onde expulsou Qara-Yussuf, líder dos Qara Qoyunlu e, pelo caminho de Van, chegou à Geórgia no final do ano. --- Bajazet I demonstrou o apogeu do seu império ao reunir todos os seus vassalos (em abril e maio) na corte que reuniu em Serrés (no baixo vale do Strimon, na Tessália). Nesta reunião, intimidou e humilhou publicamente o rei sérvio Estevão Lazarevic e o imperador Manuel II. Este, ao voltar para Constantinopla, começou a se organizar para mover guerra contra o sultão. --Pedro de Saint-Exupéry (de Aqueia) e Paulo Mamonas pediram a ajuda de Bajazet na Grécia. O primeiro por estar ameaçado por Teodoro I Paleólogo (déspota de Mistra) e seus aliados (os Acciaiuolli); o segundo, que era governador de Monenvasia (na Península do Peloponeso) que pretendia ser autônomo em relação do déspota de Mistra. Bajazet os convocou a Serrés, primeiro condenando-os à morte, segundo cegando seus conselheiros, retrocedeu relativamente à condenação à morte, mas exigiu que Teodoro I Paleólogo lhe entregasse Argos e suas praças fortes para serem ocupadas por guarnições otomanas. --- Em maio, saiu de Delhi para Jawmpur, Malik Sarwar (ou Khwaja Jahan), aí criando um sultanato independente com a Dinastia dos Sharqi (que aí reinou até 1479). --- Em 10 de outubro, a Valáquia (sul da atual Romênia), sob a chefia do voivode Mircea Batran conseguiu se opor à invasão dos turcos otomanos (comandados por Bajazé I, junto com tropas dos seus vassalos búlgaros e sérvios) na Batalha de Karanovasa (ou Batalha das Trinceiras), perto da margem do rio Arges, ao sul dos Montes Cárpatos. --- Neste ano: O sultão mameluco do Egito, Barquq e o khan Toqtamich do Canato da Horda de Ouro fizeram uma aliança militar para se defrontar contra Timur Leng. Assim, tentou atacar o sul de Derbend, na província de Chirvan, mas desistiu diante da aproximação de forças timuridas. --- Começo de gestões diplomáticas do rei Sigismundo (da Hungria) com Carlos VI de Valois (da França, que desde 1392 mostrava os primeiros sinais de demência), com o Duque de Lancaster (da Inglaterra) e outros nobres europeus numa cruzada contra os turcos. --- Na Península Ibérica, na Batalha de Egea, a armada de Granada foi a primeira a manusear armas de fogo. 1394 a 1398 - No outono de 1394 os turcos iniciaram o segundo cerco à Constantinopla, que se encerrou 4 anos depois. --- Na África, foi o período do reinado de Omar em Bornu, que tinha abandonado o Kanem para os bulala (tribo muçulmana que vivia às margens do Lago Filtri) e mudou a capital de Nijmi (a oeste do Lago Tchad) para Kagha (em Bornu). 1394 (6 de junho) a 1434 - Ao morrer em Túnis o emir hafsida Abul Abbas, sucedeu-o Abu Faris, que governou neste período.. 1394 (maio) a 1479 - Na Índia, Khwaja Jahab (ou Malik Sarwar) abandonou a cidade de Delhi e foi para Jawnpur (em Uttar Pradesh), onde fundou um sultanato independente e a Dinastia dos Sharqi. 1395 - Em 7 de março, o rei da Hungria, Sigismundo de Luxemburgo, acertou acordo de coalizão anti-otomana com o príncipe Mircea I (o Antigo) de Valáquia. Em 17 de maio ocorreu a Batalha de Rovina (Arges), na Valáquia, cujo príncipe, Mircea I junto com Andrijaš Mrnjavčev e Sigismundo de Luxemburgo enfrentaram as tropas otomanas de Bajazé I (e seus vassalos Marco Mrnjavčević, Constantine Dragaš e Estevão Lazarević). Mesmo vencendo, Mircea I se colocou sob a proteção de Sigismundo e foi para a Transilvânia. Bajazé colocou no seu lugar Vlad I, o Usurpador, que aceitou a suserania turca, a qual pagou tributos. Quando a notícia desta vitória chegou a Paris foi celebrada festivamente com um Te Deum na Igreja de NotreDame. --- Campanha de Tamerlão no Canato da Horda de Ouro (Qipchak) em represália ao ataque de Toqtamich: em 15 de abril (1395) foi vitorioso, pela terceira vez contra ele (no rio Terek, região do Cáucaso) e nomeou Timur Kutlug como governador do canato. Empreendeu uma perseguição a Toqtamich, que foi obrigado a fugir para o Reino da Lituânia (se abrigando na corte de Vytautas), onde morreu. Tamerlão invadiu o Principado da Rússia, ameaçou sua capital, Moscou e saqueou a província de Riazan. Diante da ameaça de ataque a Moscou, o príncipe Vassili I mandou que levassem para outro lugar o ícone de Nossa Senhora chamada ‘de Vladimir’, protetora da cidade. --- No outono, Tamerlão, retornando de Moscou, devastou a Península da Crimeia, saqueou Tana, no Mar de Azov (onde escravizou todos os cristãos) e desorganizou o mercado genovês de Caffa. Ainda no baixo vale do rio Volga, arrasou a cidade de Hâdjdji-tarkhan (hoje Astrakan, no sul da Rússia) e colocou fogo em Sarai (capital do Canato de Ouro e grande centro comercial de passagem de caravanas que iam para a Ásia Central e o Extremo Oriente), no inverno entre 1395 e 1396. -- Neste ano: As cidades de Cesareia da Capadócia e de Siwas foram entregues forçadamente pelo emir da Capadócia (Burhaneddin) a Bajazet I, que invadira o emirado. --- O emir de Kastamuni teve que se refugiar junto aos mongóis, enquanto seu emirado foi atacado por Bajazet I, que se apoderou dos portos de Samsum e Sinope no Mar Negro. Na região litorânea deste mar apenas restou o Império de Trebizonda livre dos otomanos. 1395 (8 de fevereiro) a 1413 (fevereiro) - Reino de Nasir ad-Din Mahmud (sob o nome de Mahmud II) no Sultanato de Delhi. 1396 - Em fevereiro, uma embaixada bizantina chegou à cidade húngara de Buda (às margens do Danúbio), onde se formalizou a ajuda de Sigismundo de Luxemburgo ao imperador bizantino Manuel II Paleólogo contra os otomanos. --- Na primavera de 1396, Tamerlão passou pelo desfiladeiro de Derbend (na província de Chiraz) e entrou na Pérsia, daí retornando para Samarcanda, capital da Transoxiana. -- A última grande expedição militar ocidental, a ‘Cruzada de Nicópolis’ liderada pelo rei húngaro Sigismundo de Luxemburgo e tendo a participação do marechal Boucicault, do duque de Borgonha (João sem Medo) e do almirante João de Viena. Os cruzados se uniram na cidade de Buda e se dirigiram para a capital bizantina no verão, navegando pelo Danúbio. Encontraram-se, no entanto, com os aguerridos janízaros da infantaria turca sob o comando de Bajazé I, na cidade de Nicópolis (hoje chamada de Nikopol, à margem direita do Baixo Danúbio, na Bulgária), em 12 de setembro (conforme o historiador René Grousset). Os franco-borgonheses cometeram o erro flagrante de combaterem direto os janízaros, sem esperar os húngaros. O resultado foi uma derrota vergonhosa: Sigismundo (cuja vida foi salva pelo conde Herman II de Celje) fugiu em um barco pelo Danúbio, os franco-borgonheses foram massacrados e seus chefes tiveram que pagar resgate. --- Após esta vitória, o califa abássida do Cairo, Al-Mutawakkil I, concedeu a Bajazé o título de Sultão da Anatólia. --- O terceiro filho de Tamerlão, Miran-chah, não teve sucesso no cerco de Alindjaq (nas proximidades de Nakhitchévân) em 16 de outubro na Geórgia. --- Neste ano: A Valáquia se tornou a província de Eflak do Império Otomano, após a vitória sobre Mircea, o Grande (um dos derrotados em Kossovo), que foi mandado para Brussa, onde foi forçado a assinar tratado de vassalagem. --- A República de Ragusa, existente desde 1358, no litoral da Dalmácia (litoral nordeste do Mar Adriático) se vassalou a Bajazé I, tendo a garantia de ser uma intermediária comercial entre ocidente cristão e oriente muçulmano. 95 1397 - Os sultanatos hindus estavam em crise: o de Delhi por causa dos nobres, facilitando a autonomia de Gujarat, Malva e Khandech; o do Decã, por disputas pelo poder: o sultão Bahmani Ghiyas-ud-din Tahmatan Shah foi cegado e preso pelos partidários de Shams-ud-din Daud Shah II (em 14 de junho), mas 5 meses depois aconteceu o mesmo com este último, tomando o trono seu primo Tâj al-Dîn Fîrûz, que governou até 1422. --- Enquanto isto, Tamerlão, já com 60 anos, passou pelo Afeganistão (cujo governador era seu neto Pir Muhammad), atravessou o rio Indo e cercou e tomou a cidade de Utcha (às margens do Jamad). --- Depois da vitória esmagadora de Nicópolis, Bajazet I despejou sua ira sobre os bizantinos e venezianos principalmente: tomou Selímbria (praça forte avançada de Constantinopla no Mar de Mármara); se apoderou, em 2 de junho, de Argos (sul da Grécia, pertencente aos venezianos), submetendo a Moreia a saques (até Modon), deportando sua população (30.000 habitantes) para a Ásia Menor e vencendo a armada do bizantino Teodoro I Paleólogo próximo de Leontarion (em 21/6) e, depois, se retirando para a Tessália. --- O imperador bizantino Manuel II mandou para a Europa seu tio Teodoro Cantacuzeno para solicitar ajuda contra os otomanos: em outubro, em Paris, o rei Carlos VI, o Louco, consentiu em mandar uma pequena armada tendo à frente o marechal Boucicault. --- O caçula de Tamerlão, Šāhroḵ, foi nomeado governador de Herat, a partir do qual Khorassan gozou de enorme prosperidade cultural e econômica. --- No Emirado de Granada, foi inaugurado o primeiro hospital da Espanha Muçulmana. 1398 - Em janeiro, Tamerlão mandou seu neto Pir Muhammad atacar a Índia. Atravessou o rio Indo, cercou e se apoderou da cidade de Multan, após cerco de 6 meses (em maio). Em 24 de setembro, Tamerlão, pessoalmente, passou o rio Indo, saqueou a cidade de Talamba (noroeste de Multan) e se juntou com Pir Muhammad. Venceu, a seguir, Djasrat (chefe dos Khokhar) no Sutledj. Na tomada da cidadela de Bhatnir (sob a guarda do rajaputro Ray Dul Tchand) Tamerlão foi flechado no ombro, os víveres foram saqueados, seus prédios queimados e ‘a espada do Islam foi lavada no sangue dos infiéis’, segundo um cronista da época. --- Continuando sua campanha militar, Tamerlão se apoderou de Sirsuti e ocupou o forte de Loni, de que fez seu quartelgeneral, em face da proximidade de Delhi, em 10 de dezembro. Quando a armada estava à cerca de 7 km de Delhi resolveram matar os 100.000 prisioneiros capturados antes. Antes mesmo da queda e destruição de Delhi, em 17 de dezembro (quando se sobrepôs ao vizir Mallu Ikbal e um exército com 120 elefantes de guerra) os hindus homens mataram seus filhos e mulheres, tal era o medo infundido pela crueldade das tropas invasoras. Depois de tomar Delhi, Tamerlão conquistou a fortaleza de Mirat (em Uttar Pradesh), o vale do Hardwar e a área montanhosa de Siwalik.--- O khan de Kiptchak (Horda de Ouro), Timur Kutlug, em 17 de agosto, mandou emissários para negociar com Tamerlão uma coalizão contra seu inimigo Tokhtamish. Em face disso, este último se refugiou junto ao rei Vitoldo da Lituânia, que foi derrotado por Timur Kutlug no Vorskla em 1399. --- Neste ano: Em Chipre, enfraquecida comercialmente pelas disputas entre genoveses e venezianos, morreu o rei Jaques I, subindo ao trono Jano, que governou até 1432. --- O sultanato dos Bahmani, governado por Firuz, foi atacado por Bukka II, filho do rei de Vijayanagar, mas foi derrotado em 1399 e teve que pagar tributo. --O sultão Bajazé I aprisionou o emir karamanida Alâeddin Ali e seus filhos, sendo morto o emir e anexado o emirado (beylicado) ao Império Otomano e mandou suspender o cerco de Constantinopla (iniciado em 1394) na iminência da invasão das terras otomanas por Tamerlão. --- Na Península Ibérica: o rei Martinho I, o Velho, de Aragão, liderou uma cruzada para atacar o norte da África contra os mouros. 1399 - Logo no início de janeiro, Tamerlão deixou Delhi, destruindo tudo em sua volta como na tomada de Firuzabad e Meerut (em 9 de janeiro); venceu novamente perto de Haridwar (no Ganges), tomou Kangra (em 16 de janeiro) e saqueou Jammu, massacrando seus habitantes e prendendo seu rajá. Em 19 de março atravessou o rio Indo, deixando como seu lugar-tenente Khizir Khan (de Multan) em Lahore, Dipalpur e Multan. Seu legado na região foi macabro: fome, anarquia, doenças, destruição dos campos e das indústrias artesanais. --- Em 15 de abril atravessou o rio Syr Daria em Termez; chegou à Transoxiana e em Samarcanda, aí carregado de despojos de guerra, mas também de prisioneiros de alta qualificação (como sábios e arquitetos), em maio. Depois, retornou ao Cáucaso para se vingar da derrota do seu filho Miran-shah (três anos antes), saqueando e destruindo a região de Kakheth (no leste da Geórgia).--- Só em 26 de junho deste ano saiu a expedição naval francesa do porto de Aigues-Mortes, sul da França, para Constantinopla (chegou no outono), recebendo antes reforços venezianos de Rodes e de Lesbos (em Tenedos). Boucicault, seu comandante, tendo uma pequena frota, se resumiu a desalojar posições turcas no Mar de Mármara e no Estreito de Bósforo (onde destruiu um castelo na entrada do Mar Negro). --- Em 13 de agosto se protagonizou a Batalha de Vorska (afluente do rio Dnieper) entre as tropas mongóis da Horda de Ouro, com Temur Kutlugh vencendo as coligadas de Toqtamich (com lituanos do grande duque Vytautas, russos, rutênios, poloneses, moldáveis, valáquios e Cavaleiros Teutônicos). --- Neste ano, no norte da África, o rei Henrique III de Castela atacou e destruiu a cidade de Tetuan (perto de Ceuta), que era um covil de corsários que infestavam a região; metade de seus habitantes foi morta e outra metade reduzida à escravidão. Esta cidade pertencia ao decadente reino dos Merínidas. --- Tropas otomanas invadiram o Principado de Aqueia, mas não lograram êxito em face da tenaz resistência local. 1399 (20 de junho) a 1412 - No Sultanato do Egito, morreu, em 20 de junho, o mameluco burjita Barquq, sendo sucedido pelo filho Faradj (que governou neste período). Teve pela frente que acabar com a revolta do governador de Damasco, conseguindo-a por sua vitória em Gaza. Ele se recusou a prestar juramento a Tamerlão e de lhe entregar certos fugitivos, contrariando-o. 1400 - Tamerlão voltou-se contra o sultão Faradj do Egito: os emissários enviados a ele foram presos, daí a sua declaração de guerra. Na primavera se encaminhou para a Geórgia, devastada por ele, instalando uma guarnição militar na cidadela de Tíflis, enquanto o rei Jorge VI se pôs em fuga nas montanhas. --- Enquanto isto na Ásia Menor, Bajazet I não agia diplomaticamente com Tamerlão, despertando sua ira ao querer impor sua suserania sobre os emires vassalos deste último (que tinham se acolhido junto a ele) e recebeu um inimigo dele (o khan da Pérsia Ocidental, da dinastia do Carneiro Negro, Kara Yussuf). --- Em agosto, Tamerlão penetrou na Anatólia, onde o emir turco de Erzincan (no leste da Anatólia), Taherten, lhe prestou homenagem. Venceu, em seguida, o turcomano Kara Yussuf (dos Qara Koyunlu, do Irã Ocidental, que se pôs em fuga para o Egito). Iniciou sua incursão sobre o Império Otomano tomando a cidade de Siwas (no alto Eufrates, a leste do império) após cerco de 20 dias (onde milhares de guerreiros armênios foram enterrados vivos, as mulheres foram atadas a cavalos em cavalgada e as crianças pisadas pelos cavalos),matando Ertogrul,filho de Bajazé. Em 15 de setembro foi a vez de Malatia (posição avançada dos Mamelucos na Anatólia, no alto Eufrates) cair, mesmo sendo defendida pelo sultão mameluco Faradj. Tomou o caminho de Aintab em outubro; no dia 30 deste mês, em Alepo derrotou Timurtach, comandante de tropas mamelucas, usando até elefantes (que trouxera do Sultanato de Delhi para amedrontar os soldados egípcios) e saqueou esta cidade comercial. Depois foi a vez de Hama, Homs e Baalbek. Em 25 de dezembro, venceu Faradj em Damasco, que foi saqueada e a grande mesquita dos Omíadas foi incendiada (junto com as pessoas refugiadas nela), a população massacrada fazendo a habitual pirâmide de cabeças, apenas respeitando a vida dos artesãos, artistas e sábios que foram levados para Samarcanda. Aí ficou até março de 1401. --- Enquanto Tamerlão estava na Síria, o sultão otomano Bajazé, atendendo aos apelos dos refugiados de Sivas, mandou seu filho Solimão com mais 14 emires aliados, cercando e se apoderando de Erzincan e aprisionando Taherten (que tinha sido investido por Tamerlão) e sua família. --- Neste ano, o governador de Caxemira, Sikander (ou Sikandar), mandou destruir todos os templos hindus (daí o cognome de ‘destruidor de ídolos’) e impôs pesados tributos aos brâmanes para forçá-los à conversão ao islamismo. --- Foi criado o Reino de Málaca, na Península Malaia (sudeste da Ásia) pelo príncipe Parameswara. 1400 a 1406 - O território ocidental do Irã, domínio dos ‘Carneiros Negros’, esteve neste período sob a ocupação dos Timuridas. No final deste século: Se protagonizou a última grande cruzada da Europa Ocidental, a chamada ‘Cruzada de Nicópolis’, que foi um fracasso flagrante diante dos otomanos. O turco Timur Leng (Timur, o Coxo, mais conhecido por Tamerlão), julgando-se descendente de Gêngis Khan, criou um grande império cuja capital era Samarcanda, na Transoxiana. SÉCULO XV No início deste século, no Azerbaidjão persa, mais precisamente em Ardabil, eclodiu uma seita mística sunita pelo sheik Safi al-Din, cognominado Safâwî. Encontrou uma receptividade enorme entre os turcomanos, considerando-o como uma encarnação divina, descendente dos imans husseinitas saídos de Ali, genro de Maomé. Formaram os ‘Cabeças Vermelhas’ (‘Kizilbach’) que se apoderaram da Pérsia no século XVI. Na primeira metade deste século, ocorreram as cruzadas húngaras, cujos resultados iniciais foram positivos diante dos otomanos, mas acabaram em fracasso. Em meados deste século o Canato da Horda de Ouro se desmembrou em 4 Estados: Kasimov (que esteve sob vassalagem do Principado de Moscou), Astrakan, Crimeia e Kasan. Em 1453 caiu Constantinopla sob os turcos otomanos. Este fato desfavoreceu o comércio com o Oriente. Culturalmente, eméritos sábios da capital bizantina migraram, desde o século XIV, para a Europa, contribuindo para a eclosão do Humanismo neste continente. Na segunda metade deste século os Timuridas de Herat e Samarcanda promoveram um verdadeiro renascimento cultural. Na década de 60 caiu o último reduto bizantino frente aos otomanos: foi o Império de Trebizonda. 96 Em 1492, o Reino de Leão e Castela colocou um ponto final ao último Estado muçulmano na Europa, o Reino de Granada. Também neste ano houve a descoberta da América. A partir daí, as viagens oceânicas passaram a integrar cada vez mais os continente; o eixo comercial marítimo saiu do Mediterrâneo e passou para o Oceano Atlântico no século XVI. 1401 - Em 10 de janeiro, em Damasco, o filósofo magrebino Ibn Kaldun (acompanhado antes pelo sultão mameluco Faradj) se encontrou de novo com Tamerlão, sendo tratado muito bem. --- Em 19 de março, Tamerlão deixou Damasco (levando artesãos, artistas, sábios e o futuro historiador Ibn Arabchâh, que escreveu um livro relatando suas atrocidades) em direção à Samarcanda. --- Em 9 de julho Bagdá foi reconquistada por Tamerlão (após resistência chefiada pelo sultão Ghiyâth ad-Dîn Ahmad com a ajuda do emir Qara (Kara) Yussuf, do Carneiro Negro), massacrando sua população e erigindo 120 pirâmides de cabeças (como era verão, a decomposição dos corpos gerou odor nauseabundo que forçou a saída dos soldados). O sultão jalayirida Ghiyâth ad-Dîn Ahmad de Bagdá se asilou junto a Bajazé, retornando a esta cidade depois da Batalha de Angora (antiga Ancira e hoje, Ankara), em 1402. --- Foi restaurado no trono de Delhi o sultão Nasir-ad-din Mahmud (Mahmud II), em 14 de outubro; entretanto, quem exerceu a administração do sultanato destruído (e população esfaimada) foi seu vizir Mallu Ikbar (que tinha se exilado em Baran) até a sua morte em 1405. Se aproveitando desta fraqueza do sultanato, o governador de Malwa se emancipou de Delhi, se tornando seu sultão, tendo como capital em Mândû, no vale do Narmada. --Neste ano, Tamerlão perdoou o rei Jorge VII Bagrátida da Geórgia mediante o pagamento de tributo; em 1403, no entanto, retornou à Geórgia, saqueando tudo, destruindo 700 burgos, demolindo igrejas cristãs em Tíflis e massacrando suas populações. 1401-1402 - No inverno (entre um ano e outro) Tamerlão ficou na região de Qarabagh (ou Qezlar, no norte de Khorassan); na primavera de 1402 estava na fronteira da Geórgia com o objetivo de atacar os otomanos, invadindo suas terras em junho. Restaurou Taherten no poder em Erzindjan e inspecionou suas tropas nas planícies de Sîwâ. --- De 1401 (fevereiro) a 1402 (22 de novembro) o imperador bizantino Manuel II Paleólogo (de Constantinopla) permaneceu na França em sua campanha de angariar recursos e ajuda militar contra os otomanos. Todo este esforço diplomático do imperador bizantino estava fadado ao fracasso porque estava ocorrendo a chamada Guerra dos Cem Anos (entre França e Inglaterra desde 1353) e o Grande Cisma ou Cisma Ocidental (desde 1378 a 1429). 1402 - Em junho, Tamerlão invadiu o território dos Mamelucos (da Síria) e começou a incursão sobre a Ásia Menor. O imperador Manuel III de Trebizonda teve que fornecer navios para ele. --- No ducado de Atenas, o filho bastardo de Nerio chamado Antônio, para não sofrer a intervenção otomana, reconheceu-se como vassalo do sultão Bajazé. --- Em 20 de julho, deu-se o combate entre as forças de Tamerlão e os janízaros de Bajazé I em Ancira ou Ancara (mais precisamente em Tchibukabad, a nordeste de Ancira): as tropas turcas da Ásia Menor abandonaram o palco da luta; a ala dos sérvios morreu heroicamente; os janízaros foram esmagados. Bajazé I ao tentar se evadir, seu cavalo foi morto; ele foi preso junto com um dos seus filhos . Seu filho mais velho, Solimão, conseguiu sair ileso da batalha graças aos sérvios dando-lhe cobertura na retirada, indo para Brussa junto com o vizir Ali Pasha. No outono, Tamerlão se apoderou de Éfeso (Ayasoluk). Em dezembro, ele conquistou Esmirna aos Cavaleiros de Rodes; uma esquadra que veio socorrê-los foi recebida com uma saraivada de cabeças cortadas e seus habitantes foram massacrados. --- Enquanto Tamerlão estava em conflito com Bajazé, o obstinado sultão jalayirida Ghiyâth ad-Dîn Ahmad voltou para Bagdá, mas sofreu derrota e perseguido logo depois pelo seu antigo aliado Qara Yussuf. --- Após a batalha de Ancara, o bizantino João VII Paleólogo pagou tributo a Tamerlão (que antes pagava a Bajazé). Esta vitória de Tamerlão deu uma sobrevida de mais 50 anos ao Império Bizantino; mas os otomanos, engolfados em guerra civil, perderam os emirados turcos da Anatólia, devastados por Tamerlão, sendo pilhada e depois incendiada a cidade de Brussa. --- Nesta ocasião, Kara Uluk Osman (fundador da dinastia Ak Koyunlu ou Carneiro Branco) recebeu de Tamerlão, a região de Diyarbakir. --- O beylicado de Menteshe foi restaurado por Tamerlão (seu príncipe mandou erigir a Mesquita Ilyas Bey). --- Na África, neste ano, o Reino da Etiópia, sob Davi I, acolheu cristãos fugidos da perseguição movida a eles pelos egípcios. Entre eles estava um copta chamado Fakhr al-Daulet, acolhido na corte e criou nova estrutura administrativa e incentivou a indústria artesanal local. Também o rei Davi mandou embaixada para Veneza sob a chefia do florentino Antonio Bartoli; o doge de Veneza, em contrapartida, mandou arquitetos que erigiram a Igreja de Debra-Uork (a Abadia de Ouro, na região de Godjan). 1402 a 1413 - Guerra civil no Império Otomano com disputas entre os filhos de Bajazé I: Solimão na Bulgária e Trácia (capital - Andrinopla ou Edirne); Isa em Brussa; Mehmet I em Amásia; Musa em Balikesir. O grande império otomano ficou restrito à Bitínia e parcialmente à antiga Frígia, na Anatólia. Os emires turcos da Anatólia (Germiyano, Saruhan e Aydin) restauraram seus territórios. 1402 a 1424 - Com a instabilidade política do Império Otomano decorrente da derrota de Bajazé I, o beylicado dos Karamanidas se recompôs: os irmãos Nâsıreddin Mehmed e Dâmâd Bengi Alâeddin Ali se alternaram no governo até o ano de 1424. 1403 - Em fevereiro foi assinado tratado de paz de Galípoli entre o imperador João VII Paleólogo, Estevão Lazarevic, Veneza, Gênova, Solimão (filho de Bajazé) e o duque de Naxos. --- Com a morte de Bajazé (em 8/3, numa liteira ardente) se acirrou a guerra civil no território otomano entre seus filhos. --- O imperador bizantino Manuel II Paleólogo aportou em Constantinopla em 9 de junho. Aí, o imperador destronou o seu sobrinho João VII (exilando-o para a Ilha de Lemnos), mandou demolir ou fechar as mesquitas e eliminou os privilégios comerciais aos muçulmanos. Depois da sua chegada se realizou um tratado de paz, no outono, com Solimão, este lhe devolvendo a região da Tessalônica, portos fluviais do Strymon, a Moreia, portos do Mar Negro e ilhas do litoral da Trácia. --- O marechal Boucicault, governador de Gênova, em 3 de abril, saiu desta cidade para levantar o cerco imposto à cidade de Famagusta em Chipre pelo rei Janos de Lusignan, não só vencendo-o, como forçando-o a assinar um tratado em 7 de julho, mantendo o monopólio comercial genovês na ilha. Este marechal se dirigiu à Moreia, onde foi derrotado na Batalha naval de Modon pelo almirante veneziano Carlo Zeno, em 7 de outubro. --- Manuel III Comneno, do Império de Trebizonda, realizou tratado de paz, no outono, com Solimão, este lhe devolvendo a região da Tessalônica, portos fluviais do Strymon, a Moreia, portos do Mar Negro e ilhas do litoral da Trácia. Este imperador manteve seu império intacto, graças ao seu cunhado turco (o emir de Erzindjian) que conseguiu ter a simpatia de Tamerlão e por ter fornecido navios e tropas que participaram do conflito em Ancara. Mesmo assim, ele deixou parte de seu exército em Kerasonte, naquele império, promovendo saques até o limite das montanhas que cercam esta cidade. --- O Reino da Geórgia, na região caucasiana, foi devastada por Tamerlão, arrasando com 700 burgos, massacrando seus habitantes, inclusive da capital, Tiflis, cujas igrejas foram destruídas. --- Qara Yussuf foi vencido em ofensiva militar timurida chefiada por Abu Bekr, neto de Tamerlão. Qara Yussuf e o sultão Ghiyâth ad-Dîn Ahmad, pediram asilo no Cairo, ao sultão mameluco, onde ficaram até 1405 (quando morreu Tamerlão). 1403 a 1406 - Nova onda de peste negra assolou a população egípcia, dizimando 1/5 dela e provocando dificuldades econômicas ao Erário por menor entrada de impostos com a menor produção. 1404 - Em 12 de abril, católicos originários da Índia chegaram à Sicília, conseguiram do papa Bonifácio IX indulgência plenária em Roma e fizeram peregrinação a Santiago de Compostela. --- Mustafá (filho do sultão otomano Maomé I Çelebi) se encontrara com Tamerlão, retornando depois para tentar destronar o pai, sem sucesso. --- Em Samarcanda, capital da Transoxiana, Tamerlão recebeu a visita, em 8 de setembro, do viajante espanhol Rui Gonzalez de Clavijo, enviado por Henrique III, rei de Castela. Em dezembro, ele planejou uma campanha militar contra os Ming da China. --- Neste ano: Solimão, filho de Bajazé, entregou aos venezianos todas as escalas comerciais na Ásia Menor, a cidade de Atenas e terras na região de Negroponte (na ilha de Eubéia). --- O otomano Maomé I se apoderou de Brussa (do seu irmão Isa), mas daí foi retirado por Solimão. Este último também entrou em conflito contra o novo emir de Aydin, Djuneid. 1405 - Tamerlão, em sua campanha em direção à China, foi acometido por febres e peste e, em 19 de janeiro, morreu em Otrar (cidade às margens do rio Iaxartes, hoje Syr-Daria, que deságua no quase extinto Mar de Aral atualmente). Como ocorria de modo geral, sucederam-se disputas pelo poder entre seus filhos e netos. ---- Logo após a morte de Tamerlão, se restabeleceu em Bagdá o governo do Jalayirida Ghiyâth ad-Dîn Ahmad (que tinha se refugiado no Egito). --- Seu império deveria ser repartido assim: Pir Mohammed com a região oriental do Afeganistão (Cabul, Balkh e Kandahar); Miran-Shah com o Azerbaijão, Moghan e o Iraque-Árabe (Bagdá); Shah Rukhh (ou Šāhroḵ) no Khorassan; Omar Cheik I, em Fars e Iraque Adjemi (Isfahan e Hamadhan). Destes, um deles, o filho Miran Shah tinha problemas mentais e vivia tutelado pelo filho Khalil. --- Tamerlão escolhera como sucessor Pîr Mohammed ibn Djahângîr, mas não estava em Transoxiana, sendo preterido; outro neto, Khalil teve seu nome indicado pela armada em Tashkent e foi para Samarcanda, onde ocupou o trono (18 de março). Pîr Mohammed ibn Djahângîr reagiu mas foi vencido por Khalil perto de Qarchi (Nésef) e depois 97 morto pelo seu próprio vizir no Afeganistão 6 meses depois (em 1406). Khalil se revelou fraco, esbanjando a riqueza acumulada pelo avô e se submetendo aos caprichos de sua bela esposa Châd el-Molk. --- .Mallu Ikbal, vizir do Sultanato de Delhi, morreu, em 12 de novembro, em combate contra o governador de Multan na tentativa de se apoderar desta cidade. --- Neste ano: Solimão, filho de Bajazé, entregou aos venezianos todas as escalas comerciais na Ásia Menor, a cidade de Atenas e terras em frente de Negroponte (na ilha de Eubéia). --- Na Ásia Menor continuaram os atritos entre os filhos de Bajazé: Maomé expulsou o seu irmão Isa de Brussa (ou Bursa); mas, por sua vez, foi expulso daí por Solimão, este preocupado com seus avanços e do emir Djuneid (este herdando o território de Omur-beg, emir de Aidin) no final do ano de 1406. Isa tentou recuperar Bursa com a ajuda de Solimão, mas Maomé mandou assassiná-lo. 1405 a 1433 - Proeza marítima da viagem do almirante chinês muçulmano chamado Zheng He que saiu da China e navegou pela Índia, Oriente Médio e litoral oriental da África. Entre seus pontos de escala, teve a Ilha de Java na Indonésia, notando no Reino de Majapahit a presença de comunidades de chineses muçulmanos. 1405 a 1447 - Governo de Shah (Chah) Rukh (ou Šāhroḵ ou Shāhrukh Mīrzā), filho caçula de Tamerlão que, ao contrário da crueldade do pai, se celebrizou pelo mecenato aos sábios e artistas. Sua capital foi Herat. Seu filho, Ulugh-Beg exerceu a regência em Samarcanda e se celebrizou por ser astrônomo e bibliófilo. Sua autoridade direta se exercia sobre a Transoxiana e Irã Oriental (Khorassan). Seus irmãos exerciam a autoridade sobre Fars e Isfahan, mas estiverem constantemente em conflito por aumento de território, exigindo a sua intervenção. Teve como vizir Giat-alDin-Mohammad, que criou normas fiscais e administrativas. Seu governo, no entanto, não concedeu nenhum incentivo à agricultura. 1405 a 1506 - Efetivo governo da Dinastia dos Timuridas na Pérsia. Cada um deles se intitulava ‘grande emir’. Tiveram competidores territoriais: no lado ocidental (o do ‘Carneiro Negro’, de 1387 a 1467) e no oriental os Shaibanidas (de 1500 a 1598). Eles se dividiram em 3 ramos: o da Transoxiana (capital em Samarcanda, continuando a sucessão de Tamerlão até a conquista dos usbeques Shaibanidas, em 1500); o do Irã Ocidental (exceto o território do ‘Carneiros Negro’) e Iraque (nos territórios abrangidos pela soberania de Shah Rukh e seus sucessores) e o da Pérsia Oriental (em Khorassan, desde a morte de Ulugh Beg à conquista Shaibanida). 1406 –Tabris foi reconquistada por Qara Yussuf (que também estava asilado no Egito), restabelecendo o domínio da Dinastia ‘Carneiro Negro’ e eliminando a presença de Abu Bekr (neto de Tamerlão e filho de Mirân-chah), derrotado nas proximidades de Nakhitchévân (ao sul do atual Azerbaijão). Começou aí a disputa entre os Kara Koyunlu (‘Carneiro Negro’) e os Aq Koyunlu (‘Carneiro Branco’) pela posse de Diyarbakir. --- O emir Solimão, senhor da rica região de Rumelia, preocupado pelo fato de seu irmão Mehmet (Maomé) ter se apoderado de Brussa, realizou incursão sobre o noroeste da Anatólia, forçando seu irmão a reconhecer-lhe a região desde Ancara ao Mar Egeu. Em face disso, os emires seldjúcidas da Anatólia solicitaram a ajuda do príncipe da Valáquia, Mircea I, o Antigo, para sustar este avanço otomano. --- O emir karamânida Nâsıreddin Mehmed foi forçado a entregar a Maomé os seus domínios territoriais. Em contraponto, o emir cercou Brussa e a destruiu, voltando para o seu beylicado; em 1414 e 1415 ele reprisou suas incursões ao Império Otomano. --- O emir de Aydin, Djuneid, herdou o território de Umur-beg, no final do ano de 1406. 1406-1407 - O timurida Khalil, com seu desgoverno em Transoxiana, despertou a ira dos emires que promoveram um golpe de Estado, colocando no poder o quarto filho de Timur Leng, o governador de Khorassan, Châh Rukh. Este último, lhe concedeu, como consolação, a província do Iraque Adjémi, onde morreu em 1411. 1406 a 1414 - O califado abássida no Cairo esteve nas mãos de Abû al-Fadhl al-`Abbâs al-Musta`in bi-llah (ou Al-Musta'in), tutelado (como os outros califas locais) pelos Mamelucos Burjitas. Em poucos meses de 1412 pode ostentar o título de sultão. 1407 - O governador Zafar Khan, de Gujarat, retomou o poder pelo falecimento do seu filho Tatar Khan e se colocou como sultão independente de Delhi, outorgando-se o título de Muzaffar Shah. Devido a este título, os historiadores atribuem à sua dinastia a designação de Muzaffaridas. 1407-1408 - A guerra civil entre os otomanos se circunscreveu a Solimão e Maomé; tendo Solimão conquistado Ancara, enquanto Maomé fracassou diante de Brussa; entretanto, se recuperou ao se aliar com o emir de Karamânia (Karaman) e de ter ao seu lado, o irmão Musa (que fora preso junto com seu pai na Batalha de Ancara). 1408 - Em 20 de abril, o turcomano Qara Yussuf venceu e matou Miran Shah , que estava tentando reaver o Azerbaidjão ao seu filho Abu Bekr. Tal fato merece registro pelo efeito de eliminar totalmente as conquistas de Tamerlão no Iran Ocidental (onde seus herdeiros foram perseguidos em 1411). Tabriz continuou sendo a capital do Azerbaidjão. Depois Qara Yussuf se apoderou da Armênia, onde foi feito rei o seu irmão Iskandar, passando a se chamar Shah-i Armen. --- Solimão invadiu Carniola (parte da Áustria atual) e acertou um tratado comercial com Veneza, que se comprometeu a pagar imposto pelos seus entrepostos comerciais na Albânia (em 1409). 1409 - Shah Rukh, em 13 de maio, chegou a Samarcanda, retirou do trono o seu irmão Khalil e nomeou o seu filho filho Ulugh Beg como governante da Transoxiana. Na Pérsia, ele estabeleceu sua capital em Herat, de onde exercia a autoridade sobre Khorassan, Mazandaran e o Fars. --- Neste ano: Em Damasco foi determinada a decapitação de todos os cristãos lá existentes. 1410 -- Em 13 de fevereiro, Musa (ou Musa Çelebi) enfrentou as tropas de Solimão (que promovera antes saques na Bósnia) em Yamboli (no rio Tunja, na Trácia, hoje na Bulgária), vencendo-o e se apoderou de sua residência real em Andrinopla. Os dois irmãos se digladiaram na Bulgária por cerca de 9 meses (desde junho de 1409). Musa foi derrotado por Solimão em 15 de junho. --- Disputando o poder sobre o Azerbaijão, Qara Yussuf (da dinastia ‘Carneiro Negro’) venceu o antigo aliado, o sultão de Bagdá (o Jalayirida Ahmed ou Ghiyâth ad-Dîn Ahmad), próximo de Tabriz em 30 de agosto. Se apoderou, assim, do reino do Iraque Árabe, que compreendia as terras entre Bagdá (onde executou Ahmed) e Tabriz; reconheceu, no entanto, a suserania de Shah Rukh sobre seus territórios. Muitos pintores que estavam em Bagdá conseguiram guarida junto ao filho de Shah Rukh, o príncipe de Chiraz. A partir deste ano, a Dinastia dos Jalayiridas teve seu domínio reduzido à área ao redor de Bassorah (na foz dos rios Tigre-Eufrates, no Kuzistão) até serem derrubados, em 1432, pelos mesmos Kara Koyunlu. --- No norte da África, o hafsida Abu Faris tomou a cidade de Argel (há autores que colocam este evento em 1411), que se tornou foco de ação de corsários e piratas (como era Bugie, antes). --- Na Península Ibérica, o Emirado de Granada perdeu a cidade de Antequera para os castelhanos. 1411 - Em 17 fevereiro, Solimão foi vencido e morto próximo de Andrinopla por seu irmão, Musa Çelebi, este aliado ao príncipe Mircea (da Valáquia). Musa, que se instalou na residência real de Andrinopla, se proclamou sultão e procurou reconquistar Galípoli. Em 12 de agosto, rompeu o tratado feito entre seu irmão morto (Solimão) e Veneza e marchou sobre Constantinopla, cercando-a sem sucesso; depois, recuou para Selímbria e Tessalônica (no outono). --- Em 13 de maio, o timurida Shah Rukh entrou em Samarcanda; seu irmão Khalil passou-lhe o governo em 4 de novembro, transferindo-o para Ulugh beg (filho de Shah Rukh). --- Neste ano: O sultão de Gujarat (no oeste da Índia), Muzaffar Shah, morreu, sendo sucedido por seu neto Ahmed Shah, que encetou a construção de Ahmedabad, nova capital. --- O rajá hinduísta de Málaca (no sudeste da Ásia) se converteu ao islamismo, a fim de participar do lucrativo comércio feito entre Oriente e Ocidente pelos árabes e venezianos. 1411 a 1421 - Reino de Oveys II, filho de Chah Valad, da Dinastia dos Jalayiridas, em Bassorah (no Kuzistão). 1411 (27 de julho) a 1442 - O sultão de Gujarat (no oeste da Índia), Muzaffar Shah, morreu, sendo sucedido por seu neto Ahmed Shah, que encetou a construção de Ahmedabad, nova capital. 1412 - Qara Yussuf saiu-se vitorioso, em dezembro, sobre o rei da Geórgia, Constantino I, na Batalha de Chalagan (perto da cidade do mesmo nome, no Azerbaijão); este último e seu meio-irmão foram executados após o confronto. Subiu ao trono da Geórgia, Alexandre I. - No Egito, morreu o sultão mameluco Faradj; sendo substituído por Al-Mustain, califa abássida de Bagdá aí refugiado, mas foi retirado do poder por El-Muayyad. --- Maomé (Mehmet I) recebeu uma embaixada do imperador bizantino Manuel II Paleólogo, solicitando sua ajuda contra Musa Çelebi, que cercava a Constantinopla pela segunda vez. Ele colocou à disposição do imperador embarcações para transporte de suas tropas, a fim de defendê-la. 1412 a 1415 - O rei da Polônia, Ladislau II Jagellon (um dos fundadores da Ordem do Dragão para mover guerra contra os muçulmanos, sobretudo os otomanos) manteve constantes entendimentos diplomáticos, neste período, com o imperador bizantino. 98 1412 a 1420 - No Egito, El Muayyad, antigo chefe circassiano (originário do noroeste do Cáucaso), governou como califa mameluco, ao tomar o lugar do califa abássida de Bagdá Al-Mustain, que estava no Cairo, e tinha sido indicado para tal cargo. Realizou campanhas militares na Cilícia e na Anatólia para tentar restaurar a fronteira setentrional do sultanato até os Montes Taurus. 1412 a 1422 - Relações diplomáticas e culturais entre o Império Timurida da Pérsia (tendo como centro Herat) e os Ming (Império da China). 1413 - Em fevereiro, morreu em Delhi, o último sultão da Dinastia dos Tughlug, Mahmud II. A nobreza local indicou como seu sucessor a Daulat Khan Lodi. --- Em junho, Maomé chegou à Trácia (bem recebido porque a população não suportava autoritarismo de Musa Çelebi) com sua armada (cujo transporte foi feito por navios bizantinos), onde recebeu reforços dos sérvios (Estevão Lazarevic) e búlgaros; daí reencontrou Musa em Tschamurli (no vale do Isker, próximo de Samokov). Este último foi traído e ferido, depois estrangulado a mando de seu irmão, em 5 de julho. Em seguida foi para Sofia e se proclamou sultão (Maomé I ou Mehmed I Çelebi). 1413 a 1421 - Sultanato otomano sob Maomé ou Mehmed I Çelebi. Começou a reorganizar seus domínios anarquizados com a incursão de Timur-leng e a autonomia dos emirados da Anatólia. Uma de suas primeiras medidas foi a de exilar o teólogo, místico e sheik Badraldin (Bedreddin) para a cidade de Nicomédia (atual Iznik), visto que tinha sido nomeado juiz-chefe militar pelo seu finado irmão Musa. 1413 a 1566 - II Império Otomano e seu apogeu, iniciando-se este período com Mehmet I (Mehmed I Çelebi). 1414 - Em 26 de maio, o governador mongol de Multan, Khizir Khan (que fora nomeado por Tamerlão) cercou por 4 meses e tomou a capital do Sultanato de Delhi e criou sua própria dinastia, a dos Sayyid, que terminou em 1451. --- Se aproveitando das rixas entre os otomanos, o imperador Manuel II lançouse à reconquista do Peloponeso, na Grécia. Saiu com suas tropas de Constantinopla (deixando em seu lugar aí ao primogênito João) em 25 de julho, se safou de um ataque naval dos genoveses na Ilha de Tassos e passou o final do ano (inverno) em Tessalônica. --- Neste ano: O príncipe timurida de Shiraz, Eskandar-Soltan, se rebelou contra Shah Rukh pela sua autonomia; a revolta foi debelada e Shah Rukh mandou cegá-lo (mesmo sendo seu sobrinho), colocando em seu lugar o filho, Ibrahim-Soltan. 1414 a 1424 - Período do reinado de Mohammed Iskandar Shah no Sultanato de Málaca. 1414 a 1447 - Florescimento de escola de pintura em Herat, sob a proteção do filho preferido de Shah Rukh, o príncipe Baysunghur (e depois pelo neto de Chah Rukh); seus alunos se espalharam por Bagdá, Shiraz, Tabriz e Samarcanda. 1415 - Desde março, Veneza começou a efetuar ataques contra corsários turcos que punham em perigo seus domínios na Ilíria (no Mar Adriático). -- Os portugueses, em 21 de agosto, tomaram Ceuta em Marrocos, marcando o início de sua expansão marítima pelo litoral africano. Na luta pela conquista morreram 8 marinheiros, mas o butim foi expressivo: ouro do Sudão, sedas, especiarias orientais. A mesquita local foi transformada em templo cristão. A partir daí, os portugueses passaram a ter acesso a rotas comerciais terrestres árabes do norte da África, obstruíram sua passagem pelo Estreito de Gibraltar e acabaram com a ação de piratas marroquinos na área. --- No outono, Maomé I passou pela ilha de Tenedos com sua esquadra e venceu os emires Djuneid (que tinha tomado Éfeso, Esmirna e Pérgamo) e o de Karamania, em Brussa. --- Neste ano: Os Estados cristãos estimularam a competição entre o sultão Maomé I e Mustafá (pretenso descendente de Bajazé I), este conseguindo os apoios de Mircea I (do principado da Valáquia), do emir de Karamania, do imperador bizantino Manuel II Paleólogo e de Veneza, que fazia jogo duplo: ora aliada da liga contra os otomanos, ora renovando acordos comerciais com o sultão Maomé I (feito na época de Musa). Uma esquadra veneziana comandada por Pedro Loredano foi para o Mar de Mármara a fim de supervisionar a movimentação de frota naval turca. Ajudado por uma frota das ilhas do Egeu Oriental (em sua maioria dominadas por Veneza) passou a controlar esta via marítima. --- O rei etíope Yeshaq I entrou em conflito com o sultão de Ifat, Saad ad-Din II, se apoderando do estratégico porto de Zeilah (no litoral do Golfo de Aden, ao sul do Mar Vermelho) e matando-o; nesta ocasião os 10 filhos do sultão migraram forçadamente para a Arábia. --- Os curdos professavam a religião monoteísta yazidis e fizeram de Mossul seu centro religioso, tendo Lalish como seu centro administrativo. Por causa disso, sofreram perseguição religiosa na Síria Setentrional. --- Shah Rukh interveio em Isfahan, destronando Iskander e colocando como seu lugar-tenente a Rustem; depois se encaminhou para Chiraz com o fito de acabar com a rebelião de um de seus sobrinhos, Baiqara, que foi exilado. 1416 - Em 30 de junho ocorreu um intenso combate naval entre as frotas veneziana (sob o comando do almirante Loredano) e otomana ao largo de Galípoli (no Estreito de Dardanelos); esta última foi arrasada (e seu almirante, Çali Bey foi morto), afastando, assim, o perigo de um domínio marítimo otomano no Mediterrâneo. Foi firmado um acordo entre Veneza e otomanos (tendo como intermediário o imperador bizantino) pelo qual se trocaram prisioneiros, acertaram o compromisso mútuo de combater a pirataria e Veneza teve vantagens comerciais com os otomanos. Este acordo, no entanto, só foi homologado em 1419. Esta perda de controle sobre o Estreito de Dardanelos pelos otomanos facilitou a ida do pretenso irmão de Maomé I, Mustafá (que estava abrigado na Valáquia) para os Bálcãs, onde liderou revolta contra Maomé. O imperador, por sua vez, mandou seu primogênito João para Tessalônica. No outono, Maomé I venceu Mustafá em Tessália (tendo ao seu lado Djuneid). Mustafá foi para Tessalônica, onde foi recebido pelo príncipe João. Maomé I, por sua vez, acertou um acordo com o imperador bizantino Manuel II Paleólogo pelo qual Mustafá foi mandado para a ilha de Lemnos e Djuneid foi internado em um mosteiro na capital bizantina. 1416-1417 - Enquanto o sultão otomano Maomé I (Mehmet) I estava às voltas com os venezianos e Sigismundo de Luxemburgo (rei da Hungria), eclodiu em Karaburum (em Nicomédia) uma revolta social comunista e anti-islâmica protagonizada por Bedreddin (antigo juiz de armada de Musa) e seus companheiros (Kemal, Torlak e Borkluce Mustafá), liderando fanáticos dervixes (ou daroes) pregando a igualdade das religiões e dos bens materiais. Borkluce Mustafá conseguiu vencer expedições militares contra ele por duas vezes, mas foi subjugado pelo grande vizir de Maomé I, o albanês islamizado Bajazé-Pacha na batalha do Vale da Tormenta (entre a baía de Gerence e a vila de Balikliova), próximo de Karaburum e, depois, crucificado, juntamente com os outros líderes revoltosos. Bedreddin foi encontrado mais tarde e enforcado (em 1420). Foi, assim, eliminada esta revolta igualitária. 1417 - Em janeiro/fevereiro, o rei Mircea I de Valáquia, por ter abrigado Mustafá, sofreu a invasão de seu país pelo sultão Maomé I, obrigando-o a se vassalar e entregando-lhe a região de Dobruja (junto à foz do Danúbio no Mar Negro), mas gozando de liberdade internamente sob o ponto de vista dinástico e religioso, pagando tributo e tarifas sobre o comércio (a Valáquia tornou-se importante na relação comercial entre a Ásia e Europa, pelo Mar Negro) e aceitando a construção de fortalezas turcas no Danúbio. --- Neste ano: Em Alepo, foi decapitado o sheik Nasim Attabrizi por suposta heresia. --Novos contatos entre a Pérsia Timurida e a China dos Ming para estreitar suas relações comerciais, já existentes entre os il-Khânidas e os djaghataidas. --Os venezianos, após sua vitória em Galípoli, fizeram um tratado de paz com Maomé I; afastando-se, pois, dos Estados Cristãos em relação aos otomanos. Este acordo, no entanto, só foi homologado em 1419. 1418 - Em 12 de agosto, os mouros de Marrocos e Granada se uniram para fazer incursão sobre Ceuta por terra e por mar, cercando-a sem sucesso pela intervenção militar dos Infantes portugueses Henrique e João. --- A princesa persa Alose de Gohar, esposa de Shah Rukh, patrocinou a construção de duas grandes mesquitas e universidades teológicas em Herat e Mashad. 1419 - Em 8 de abril morreu na ilha de Java um comerciante persa (ou do litoral oeste da Índia) chamado de Maulana Malik Ibrahim, supostamente tido como apóstolo do Islã. - Neste ano: Aproveitando a circunstância de novas querelas entre os Timuridas, Kara Yussuf se apoderou do Iraque Adjemi, de Sultanya e Qazvin (junto aos Montes Elburz, no norte da Pérsia). --- Shah Rukh se decidiu a vingar a morte do seu irmão Miran-chah e de tomar a Pérsia Ocidental: saiu de Herat em direção ao Azerbaijão com poderoso exército. Antes de sua chegada morreu Qara Yussuf, em dezembro, ocorrendo a costumeira disputa pelo poder entre seus 4 filhos (Iskandar, Ispand, Abu Said e Jahan Shah, este último ficou com terras em torno do Lago Van). Iskandar tentou resistir, mas foi submetido por Shah Rukh, este exercendo seu poder total em Azerbaijão em 1421. 1420 - Em Scutari houve entendimentos amistosos entre Maomé (Mehmed Çelebi) I e o imperador Manuel II. Em agosto, no entanto, o imperador mandou uma missão diplomática para a Europa a fim de solicitar o auxílio contra os turcos, passando primeiro em Veneza e depois junto à corte do rei da Polônia, Ladislau II Jagellon. --- Se aproveitando da instabilidade da Valáquia decorrente de disputas sucessórias (desde a morte de Mircea I, em 1418), em 25 de agosto, os turcos otomanos invadiram a Moldávia e se apoderaram das cidades de Kilia e Cetatea Alba (hoje, esta última chamada de BielgorodDnietrovski, ambas na Ucrânia). Em contra-ofensiva morreu o príncipe Miguel I, ocupando o trono Dan II da Valáquia, que não contou com a anuência do sultão Mehmet I, este impondo no governo um filho bastardo de Mircea I, Radu, o Calvo. Dan II, descontente, passou ao confronto, com apoio da Hungria, enquanto o bastardo (sob o nome de Dràculesti), com a cobertura político-militar do sultão otomano. Em 24 de setembro, os otomanos invadiram a Transilvânia do Sul, saindo-se vitoriosos nas proximidades das ‘Portas de Ferro’ (garganta em que o rio Danúbio se estreita, sendo uma fronteira natural entre o sul dos Montes Cárpatos e o norte dos Bálcãs), mas não sendo bem sucedidos no cerco de Sibiu. --- Em 21 de outubro, os Wattasidas (ou Banu Wattas) passaram a ser os tutores dos Merínidas de Marrocos (até 1465), com o assassinato Abu Said Uthman ibn Ahmad pelo seu vizir. Sucedeu a Abu Said Uthman ibn Ahmad, o seu filho de apenas um ano de idade, Abu Muhammad Abd al-Haqq, o último merínida de Marrocos; obviamente, pela sua idade, teve como vizir a Abu Zacarias Yahya. 1420 a 1431 - Governo, permeado de interrupções, do voïévode (príncipe) Dan II no Principado da Valáquia tumultuado por conflitos contra os turcos otomanos (e seu protegido, Radu, o Calvo, ou Praznaglava, pretendente ao governo), conseguindo vitórias graças ao apoio militar da Hungria. 99 1421 - Em março, os otomanos continuaram na Transilvânia e tentaram se apoderar de Brasov.--- Mehmed I ou Mehmed Çelebi foi acometido por um ataque de apoplexia em Andrinopla, morrendo 41 dias depois (em 26 de maio) em Brussa. Segundo Luís Bréhier ele morreu em acidente de caça, talvez armado pelo filho Murad. Houve ligeira disputa sucessória entre Murad (que exercia o poder na Anatólia) e Mustafá (que governava a parte européia do império), em que o primeiro foi o vencedor sob o nome de Murad II. Ao morrer Maomé I em 1421, o clima amistoso foi se apagando ao poucos entre otomanos e bizantinos. ---O emir karamânida Nâsıreddin Mehmed, já libertado pelos mamelucos e retomando o poder em seu beylicado, aproveitou-se do conflito sucessório entre os otomanos Murad II e Mustafá para atacar e cercar a cidade de Adalia (Antalia), mas aí foi morto em 1423. --- Os Qara Qoyunlu Iskandar e Ispand foram derrotados pelo timurida Shah Rukhh após 3 dias (de 30 de julho a 1 de agosto) de confronto na planície de Alashgird (em Yahsi, leste da Anatólia). Este último retomou o Azerbaijão e Armênia, mas teve que se retirar de Khorassan. Iskandar retornou e conseguiu se apoderar do Azerbaijão, tornando-se o chefe dos Qara Qoyunlu (em 1424). --- Em setembro, os otomanos Mustafá e Djuneid se safaram da prisão de Lemnos, cercaram Galípoli (que fora tomada por Murad II), deixando uma guarnição bizantina diante deste porto no Mar de Mármara. Mustafá se encaminhou para Andrinopla (Edirne), onde se saiu vitorioso sobre tropas mandadas por Murad II, no fim deste ano. --- --- Neste ano, o porto de Aden recebeu a visita de 2 emissários do imperador chinês Yong lo com presentes ao rei local. 1421 (20 de maio) a 1434 - No combalido Sultanato de Delhi (na realidade um pequeno reino), morreu Khizir (Khirz) Khan (da Dinastia Sayyid), sendo sucedido por seu filho Mubarak Shah, que governou durante este período. 1421 (junho) a 1470 - Período de reinado de Shadi Khan, da Dinastia Shah Mir, na Caxemira, onde praticou uma sábia política religiosa eqüidistante entre o Islamismo (criando escolas em Srinagar) e o Bramanismo (mandou reerguer templos destruídos anteriormente e favoreceu a tradução do Mahābhārata). Se mostrou, outrossim, hábil administrador ao estimular a agricultura e o artesanato em seu reino. 1422 - Em janeiro, a guarnição otomana de Murad em Galípoli se rendeu à Mustafá, diante da notícia da derrota em Andrinopla (no final do ano anterior). Mustafá, no entanto, não permitiu a entrada das tropas bizantinas, que foram enviadas para Constantinopla. O imperador bizantino tentou renegociar, sem sucesso, um acordo com o sultão otomano Murad II, mas este tinha já feito um tratado vantajoso com os genoveses da Nova Foceia. --Em 22 de janeiro, Mustafá, traído por Djuneid e sem suas tropas, fugiu, mas foi perseguido por Murad, que o prendeu em Edirne (Andrinopla) e amarrado num poste para suplício diante do povo. --- Aborrecido com a atitude anterior de Manuel II Paleólogo, o sultão Murad II em 13 de junho cercou Tessalônica e em 24 de agosto atacou a capital bizantina. Aí estava João VIII Paleólogo (seu pai abandonou o trono e foi para um mosteiro), frustrado em tentativa de um acordo com o otomano, este intimidando-o com o posicionamento de uma artilharia poderosa desde o Corno de Ouro ao Mar de Mármara. Mesmo assim, em 6 de setembro, o sultão determinou a saída parcial de suas tropas (uma parte ficou aí ainda), diante da resistência bizantina. --- Na iminência do ataque das forças otomanas sob o comando do general Turakhan beg, o déspota bizantino de Moreia resolveu acertar uma trégua com o Principado de Aqueia, ambos pressionados por Veneza, em 17 de dezembro. O papel de Veneza, no entanto, foi dúbio: acertava também a formação de uma liga quando os otomanos invadiram a Aqueia. 1422 (13 de junho) a 1430 - Por causa das intromissões bizantinas na política interna de Murad II, este mandou cercar, em 13 de junho de 1422, Tessalônica (a segunda cidade mais importante do Império Bizantino). Quem a defendeu, realmente, foi Veneza, já que Bizâncio não tinha condições para tal. Após sua queda em 1430, esta cidade ficou sob o governo turco até 1912. 1422 (22 de setembro) a 1436 - No Sultanato dos Bahmani, na Índia, o sultão Firuz Shah abdicou do trono, passando o governo ao seu irmão Ahmad Shah Vali neste período. 1422 (abril) a 1437 - No Egito, em clima de sucessão tumultuada do sultão mameluco Muayyad, passou a governar Barsbay, que promoveu o reerguimento institucional egípcio. Foi reconhecido como autoridade em Meca e Medina. 1423 - No início do ano, o sultão Murad II venceu o irmão (que tinha tomado Niceia no final de 1422) e mandou estrangulá-lo. --- Este sultão, em maio, mandou uma expedição militar contra o despotado bizantino de Moreia (capital Mistra no Peloponeso) sob o comando do general Turakhan-beg (que estava na Tessália). Turakhan-beg destruiu a muralha de Hexamilion e arrasou o despotado, exceto Mistra que resistiu ao ataque. Após a saída do general otomano, reiniciaram-se as hostilidades locais. --- Depois de realizarem incursões na Albânia, os turcos cercaram Tessalônica, cujo impotente déspota, Andrônico Paleólogo, propôs sua venda, bem como também a do baixo vale do Vardar e da península de Kassandreia, aos venezianos. Estes aceitaram (em julho), mas não conseguiram o aval de Murad II para isto. –João VIII Paleólogo deixou o governo sob o seu irmão Constantino Dragases e saiu de Constantinopla em 23 de novembro para a Europa, a fim de conseguir alianças contra os otomanos. 1424 - Em fevereiro, os emissários (entre os quais o historiador Frantzes) do bizantino Constantino Dragases se encontraram com o sultão Murad II em Éfeso e assinaram um tratado vergonhoso vassalando Bizâncio, sendo obrigado a pagar tributo e ainda entregar-lhe portos no Mar Negro (exceto Derkos e Mesembria), só mantendo o vale do Strimon.Antes disso, neste ano, João VIII Paleólogo tinha passado em Veneza, Milão, Hungria e Moldávia, retornando para Constantinopla. --- Neste ano, os Timuridas persas selaram o fim da Dinastia dos Hazaraspidas, que governavam o Grande Luristão, no sudoeste da Pérsia, desde 1148, tendo passado incólumes diante dos turcos seldjúcidas, dos mongóis il-Khânidas e dos Muzaffaridas. --- Na África, o reino da Etiópia foi atacado pelos filhos do sultão de Ifat, Saad ad-Din (que tinham se refugiado desde 1415 no Iêmen); tendo se apoderado da capital etíope (Jedaya) e deportando muita gente. Este ataque foi propiciado pela ausência do rei Yeshaq, que estava na Europa tentando formar uma liga internacional de guerra contra todos os países islâmicos. 1424-1425 - Murad II esteve em campanha militar contra o Emirato de Kastamonu (ou Candar, ao norte da Anatólia), que dava guarida a Djuneid; impondo um tratado de paz ao emir e obrigando-o a lhe entregar sua filha como esposa. Enquanto Murad II se casava na sua capital (Andrinopla), Djuneid foi para o porto de Esmirna (no litoral leste do Mar Egeu), daí fugindo para a Cilícia, onde recebeu apoio armado do emir de Karamania. Daí se deslocou para a região da Lídia, onde foi vencido e estrangulado com toda a família. 1425 - Na primavera, Murad II impôs um tratado de paz draconiano ao imperador bizantino Manuel II Paleólogo, cuja autoridade ficou restrita às cidades litorâneas de Selímbria, Ankialos, Mesembria, Tessalônica (na realidade nas mãos dos venezianos, já que os bizantinos não tinham condição de protegêla), e Constantinopla; foi constrangido, ainda, ao pagamento de tributo anual. 1425-1426 - O reino de Chipre, governado por Jano, sofreu ataque, em agosto, do sultão mameluco Burjita Al-Ashraf Sayf-ad-Din Barsbay, revidando ataques de corsários cipriotas e, assim, promovendo saque no porto de Limassol. --- Châh Rokh (Shah Rukh) mandou seu irmão Ulugh-beg atacar o canato djaghataida do Mogolistão, derrotando Chir Mohammed. 1426 - Em 5 de julho se abateu sobre o Reino de Chipre uma expedição militar enviada pelo sultão mameluco Al-Ashraf Sayf-ad-Din Barsbay, que destroçou o exército local em Chirokitia (ou Quieroquitia, no sul da ilha), aprisionou o rei Jano. Mesmo antes de retornarem, os egípcios saquearam a capital de Chipre, Nicósia, de 10 a 12 deste mês. Quem ficou no governo provisório de Chipre foi o arcebispo de Nicósia, Hugo de Lusignan. 1426-1427 - Revolta de camponeses gregos em Chipre contra os latinos (barões e clero), jugulada em maio de 1427. 1426-1430 - Murad II conseguiu impor a suserania sobre o Emirado de Karamania, o mais importante da Ásia Menor. 1427 - O timurida Ulugh Beg comandou, em março/maio, um ataque ao Canato da Horda de Ouro, mas foi vencido pelo khan Baraq. Em função desta derrota, seu avô Shah Rukh o destituiu do governo da Transoxiana, em caráter provisório, em 28 de maio. --- O rei Jano de Chipre conseguiu sua liberdade no Cairo ao se vassalar ao sultão mameluco burjita Al-Ashraf Sayf-ad-Din Barsbay, pagando tributo ao Egito. --- O sultão otomano Murad II impôs vassalagem sobre Jorge (Durad) I Brankovic (sobrinho de Estêvão Lazarevic e primeiro governante da Sérvia), que foi forçado a negar a suserania exercida pelos húngaros. Com esta ação otomana, os sérvios perderam sua capital Krusevac; em face disso, Jorge (Durad) I Brankovic formulou o projeto de uma nova sede administrativa em Smeredevo (ou Semendria). 1427-1428 - Ao iniciar-se o ano de 1427, se efetivou a campanha de João VIII na Moreia, segunda área mais importante da frágil defesa bizantina diante dos otomanos. Junto com forças de Mistra se confrontou com Carlos I Tocco (dos condados palatinos de Cefalônia e Zante e déspota do Épiro), vencendoo nas ilhas Equinades (perto do Golfo de Corinto); que lhe entregou Clarência e prometeu sua sobrinha em casamento para Constantino Dragases. Ao retornar da campanha na Moreia, João VIII mandou reconstruir a Grande Muralha em Constantinopla. Esta vitória naval bizantina nas Ilhas Equinades foi a última de sua História. 1428 - Na Pérsia, o sultão Shah Rukh teve que vir novamente ao Azerbaijão, tomou Tabriz (Tauriz, segundo René Grousset) e reduziu Abu Saíd à condição de seu vassalo. Iskandar retomou novamente o Azerbaijão dois anos depois e mandou matar Abu Said. 1428 a 1468 - Reino de Abul-Khair (filho de Djotchi e neto de Gêngis Khan) no Usbequistão e criador da Dinastia turco-mongol dos Chaibanidas na região. Seu reino se situava na região oriental do rio Ural (região de 100 Sari-Su e Turgai). --- Em incursão sobre a Sérvia, o sultão Murad II vassalizou o príncipe Jorge Brankovic (sobrinho de Estevão Lazarevic e seu sucessor), saindo este da suserania húngara. 1429 - Sigismundo de Luxemburgo (rei da Hungria, imperador do Sacro Império Romano Germânico e rei da Boêmia) assinou uma trégua com os turcos otomanos no início deste ano. --- Em agosto, o rei etíope Yeshaq morreu em luta contra os muçulmanos, sem ter conseguido expulsá-los de seu território. Seus filhos e sucessores sofreram golpes: Endreyas governou apenas 8 meses; Hezaba-Nagn, 3 anos; Mehreka-Nagn e Badel-Nagn, um ano. --Em 18 de setembro, Shah Rukh se impôs aos Qara Qoyunlu na Batalha de Salmas (ou Salama) no oeste do Azerbaijão; no entanto, logo após sua saída daí, Iskandar recuperou o poder. --- Neste ano, Ulugh-Beg acolheu em Samarcanda, Yunuskhan (ou simplesmente Yunus) fugido do Mogolistão por ser perseguido pelo seu irmão o khan Esen-buga II. 1430 - Em 29 de março, o sultão Murad II, depois de ocupar os arredores de Tessalônica desde 1425, cercou e tomou esta cidade, transformando suas igrejas em mesquitas e repovoando-a com muçulmanos. Esta circunstância levou o imperador bizantino João VIII Paleólogo, em agosto, a pedir ao papa Martinho V a reunião de um concílio ecumênico em Constantinopla para se organizar uma cruzada cristã contra os otomanos. --- Foi conquistada a região de Kharezm pelo turco mongol Chaybanida Abul-Khair, que saqueou sua capital Urgench. 1430 a 1804 - A República de Ragusa (no litoral oriental do Mar Adriático) foi vassalada pelos otomanos neste período. 1431 - Durante a primavera, os turcos otomanos chegaram até o Istmo de Corinto, no Despotado de Moreia, e destruíram o muro de Hexamilion. --- Na Valáquia: morreu, em confronto com otomanos, Dan II (que tinha se subordinado à suserania de Sigismundo da Hungria), em junho, e houve disputa pelo trono entre Bassarab (filho de Dan), Vlad (o Drácula) e Aldea (estes 2 últimos filhos de Mircea I, em que Aldea tinha por trás o príncipe Alexandre da Moldávia e Vlad, o rei Sigismundo). Os otomanos vitoriosos impuseram como governante um filho ilegítimo de Mircea I, Aldea, que adotou a denominação de Alexandre Aldea e governou até 1436. Nesta época, ainda na Valáquia, foi agraciado como príncipe Vlad Drácula, outro filho de Mircea I, por parte do rei Sigismundo de Luxemburgo da Hungria; foi também admitido como membro da Ordem do Dragão, se estabelecendo em Sighisoara, na Transilvânia (hoje parte da Romênia), cuja fronteira meridional ficou sob sua responsabilidade. Aí ele tinha o direito de cunhar sua própria moeda. Além disso, Murad II se apoderou de Semendria. Tais conquistas otomanas despertaram receios na Europa, mas não houve nenhuma reação militar, mesmo se encaminhando uma embaixada da Hungria à Veneza, em setembro, para solicitar o envio de uma cruzada. --- Em 1 de julho, na Espanha, os Nasridas sofreram derrota diante dos castelhanos na Batalha de La Higueruela (Albacete). --- Em 9 de outubro, o sultão Murad II despojou Carlos II Tocco (déspota do Épiro, cuja família governava o condado de Cefalônia desde 1358) da posse de Janina e impôs suserania sobre o Épiro e Acarnania (na Grécia). --Neste ano houve uma tentativa do papa Martinho V de estabelecer contatos com o rei da Etiópia através dos monges etíopes de Jerusalém, com o objetivo de livrar o Egito da presença muçulmana dos Mamelucos. 1432 - Em junho, houve a intervenção de Murad II na Valáquia, assinando trégua com Sigismundo de Luxemburgo (rei da Hungria, que apoiava o príncipe Vlad, o Drácula). Seu objetivo era saquear a Transilvânia, dividindo-se em três grupos de ações militares, vencidas pela coligação de tropas da Transilvânia, da Moldávia e dos Cavaleiros Teutônicos. --- Neste ano: Na Pérsia, o último dos Jalâyiridas, o emir Husayn II, praticamente governando Bassorah e seus arredores, teve seu reinado e território assenhoreado pelos Qara Qoyunlu, representando o término desta dinastia. --- Por volta deste ano: O sultão otomano Murad II não apreciou a atitude do rei da Sérvia Jorge Brankovic de postergar a ida de sua filha para o harém dele e o obrigou a entregar a fortaleza de Krusevac (que passou a ter o nome de Aladsche-Hissar). Este rei, a fim de salvar praticamente a metade do seu território, foi forçado a fazer aliança matrimonial de sua filha Mara com o sultão (o casamento ocorreu em 4 de setembro de 1435 em Edirne ou Andrinopla). 1433 - O sultão mameluco Barsbay tentou conquistar a Pérsia Ocidental, sendo vencido por Kara-Yuluk (turcomano fundador da Dinastia do Carneiro Branco) em Diyarbakir (à margem direita do alto vale do rio Tigre), nesta época capital destes turcomanos. -- Em setembro/outubro, corsários catalães fizeram incursões sobre Trípoli. --- A República de Ragusa conseguiu autorização de realizar comércio com os muçulmanos, em 22 de dezembro, no Concílio de Basiléia. - Neste ano, na África, Akil, um líder tuaregue atravessou o rio Niger e atacou o Reino de Mali, se apoderando da importante cidade comercial pela convergência de rotas de camelo, a cidade de Timbuctu, saqueando tudo ao seu redor e exercendo seu domínio na região até 1468. 1434 - Terceira expedição militar punitiva do sultão persa Shah Rukh, em 18 de abril, no Azerbaijão contra Iskandar, que fugiu. Aí colocou no poder Jahan Shah, filho de Iskandar (em vez de nomear um vice-rei timurida). --- Murad II rompeu a trégua acertada com Sigismundo de Luxemburgo e promoveu incursão sobre o sul da Hungria. 1434 (19 de fevereiro) a 1443 - O sultão Mubarak (Dinastia Sayyd, da Índia) Shah foi morto durante um complô; sucedeu-o Muhammad Shah que governou neste período. 1435 - Tadj al-din Ibrâhim Beg (que foi o último emir dos Karamanidas de 1423 a 1464) ousou atacar o sultão Murad II, mas foi derrotado e teve que assinar um tratado de paz, submetendo-se a ele. 1435 (16 de setembro) a 1488 - A Dinastia dos Hafsidas, dominante na Tunísia, foi representada no governo por Abu Amr Uthman, neste período, sucessor de seu irmão Abû `Abd Allâh Muhammad al-Mustansir. Seu governo foi tumultuado por conflitos separatistas tribais, por incursões de piratas europeus e por conspirações palacianas. 1436 - Neste ano: O Reino de Chipre, então sob o governo de João II, sofreu ataque de uma frota naval egípcia enviada pelo sultão Barsbay em represália contra os comerciantes catalães nesta ilha. Estes, por sua vez, retaliaram pela última vez, atacando o porto de Abukir (no norte do Egito). No ano seguinte, eles foram expulsos desta ilha. --- Foi descoberto num atelier real dos Timuridas em Herat um manuscrito com uma das raras figuras de Maomé rezando. --- Morreu em Samarcanda, o grande astrônomo e matemático persa Qāḍī Zāda al-Rūmī, que fizera observação de 992 estrelas. 1437 - Como o imperador bizantino partiu de Constantinopla para a Europa, em 27 de novembro, sem a aprovação de Murad II, este quase atacou a capital, mas foi persuadido a não fazê-lo pelo seu vizir Khalil. ---- Em 19 de dezembro, o rei Sigismundo de Luxemburgo, rei da Hungria e da Boêmia e imperador do Sacro Império Romano Germânico, morreu; o príncipe Vlad Drácula da Valáquia sem sua proteção. --- Neste ano: No vale do Indo, o sultão de Malva, Mahmud Khalji, foi derrotado pelo Rajput (‘filho de príncipe’ do Rajputana, a noroeste da Índia) Maharana Khumba, levando-o prisioneiro para Chittor, aí ficando por um semestre. Para comemorar este feito, ele construiu nesta cidade a Torre da Vitória (ainda existente lá). O patronímico Kumbha lembra uma planta que produz um fruto considerado símbolo de fecundidade. 1438 - Em janeiro, os otomanos invadiram o sul da Hungria e impuseram vassalagem fiscal a Vlad Drácula na Valáquia. Para garantir sua vassalagem a Murad II, Vlad Drácula enviou seus filhos como reféns à Porta de Ferro, no Danúbio. O sucessor de Sigismundo, Alberto II de Habsburgo, em seu curto reinado de apenas um ano, não deixou de continuar a guerra contra os otomanos. --- Neste ano: O Sultão Mameluco Barsbay faleceu, sendo seu herdeiro o filho adolescente Yusuf, que passou a se denominar Al-Aziz Jamal ad-Din e presenteou largamente os Mamelucos quando tomou posse, a fim de angariar seu apoio. Eclodiu, então, um complô visando destroná-lo: de um lado, seu oponente Jaqmaq, alto funcionário; de outro, o sultão e os Mamelucos na cidadela. Nesta disputa, o vencedor foi Jaqmaq. --- Mais uma vez no Azerbaijão, o turcomano Qara Qoyunlu, Iskandar, pretendeu reaver o Azerbaijão: se encaminhou para a sua capital Tabriz (Tauriz), mas foi derrotado pelo filho Jahan Shah em Sufiyan (ao norte de Tabriz) já que perdera o apoio de alguns de seus emires. Conseguiu fugir para a fortaleza Alincak (outras grafias: Alandjak, Alanjik e Alinjagala), onde foi morto por seu filho. 1438-9 - O príncipe e vassalo de Murad II, Vlad Drácula, o guiou em ações de saque na Transilvânia, durante o outono, como ocorreu em sua capital Alba Iulia; mas as cidades de Sibiu (inexpugnável com suas 2 muralhas) e Brasov (também com muralhas). Em seguida, Murad II invadiu a Sérvia. 1438 a 1453 - O Egito foi governado pelo sultão mameluco burjita Tchakmak ou Jaqmaq (Az-Zâhir Sayf ad-Dîn Jaqmaq). 1438 a 1467 - O emir do Azerbaijão, Djahan Chah (Jahānšāh) foi proclamado o líder do clã dos Qara Qoyunlu, aí governando até 11/11/1467, quando foi assassinado e a região passou ao domínio dos Ak Qoyunlu (Carneiro Branco). Sua esfera de ação política abrangia Iraq Arab (1445), as cidades de Sultaniye, Qazvin (1447) e, depois, de Isfahan e províncias de Fars e Kerman. 1438 a 1552 - Na antiga área ocupada pelos Búlgaros do Volga surgiu um canato mongol, produto do desmembramento do Canato da Horda de Ouro: foi o Canato de Kazan (nome de sua capital situada às margens do Volga, quando recebe seu afluente Kavanka). Sua área de atribuição era a Mordóvia, Tchuvachia, Mari El e Tatarstan, além de uma parte da Bachkiria e da Udmurtia. 1439 - União de Florença (prosseguindo entendimentos no Concílio de Ferrara), em 6 de julho, no qual o papa Eugênio IV prometeu recursos para o imperador bizantino em seu objetivo de lutar contra os otomanos. --- O sultão Murad II se apoderou de Semendria (agosto de 1439), cercou a capital sérvia, Belgrado, sem sucesso durante 6 meses, forçando, no entanto, o déspota da Sérvia, Jorge I Brankovic, se refugiar em Ragusa (Dubrovnik), depois em Veneza; sua soberania territorial ficou restrita a apenas algumas cidades do Adriático (1440). Depois do cerco de Belgrado, Murad II invadiu e vassalizou a Transilvânia. 1440 - De abril a setembro, o sultão otomano Murad II tentou minar a resistência de Belgrado, mas esta capital resistiu bravamente sob a liderança de João Hunyadi (filho de Voicu) e sua artilharia coligado com os poloneses conseguindo vitória sobre ele. O sultão assinou uma trégua de 10 anos com a 101 Hungria, mas esta a rompeu, vencendo os turcos em Nich (ou Nisch) e Serdica (Sofia atual). --- O sultão Djamaq do Egito, em 15 de setembro, mandou uma frota naval à ilha de Rodes, atacando e vencendo os Cavaleiros de Rodes e se apoderando de Kastelórizo; em Kós, no entanto, esta frota naval sofreu derrota diante de João de Lastic (grão-mestre daquela ordem de cavalaria). 1440-42-44 - João de Lastic, Grão-mestre dos Cavaleiros do Hospital de S. João de Jerusalém (mais conhecida como Cavaleiros Hospitalários), conseguiu conter 3 investidas dos mamelucos do Egito sobre Rodes. 1441 - No inverno (de 1441 para 1442) o lugar-tenente de Murad II, Mezid (bey de Vidin), invadiu a Transilvânia, saqueou a cidade de Hermanstadt e continuou sua arremetida pela planície húngara do vale do Maros. Enquanto isto, João Hunyade (filho de Voicu),‘o cavaleiro branco dos Valáquios’, ispan do comitato de Temes (entre o Danúbio e o rio Maros), se preparava à frente de tropas romenas dos Sete Distritos. --- Neste ano: Criação do Canato da Crimeia sob o governo de Haci Giray, se emancipando do Canato da Horda de Ouro com o auxílio do Grande Ducado da Lituânia. 1441 a 1451 - O califado abássida no Cairo foi ocupado por Abû ar-Rabî` Sulaymân al-Mustakfî bi-llah (Al-Mustakfî II), tutelado pelo sultão mameluco burjita Jaqmaq. 1442 - Entre 18 e 25 de março (final do inverno e começo da primavera) ocorreu a Batalha de Hermannstadt (entre Sibiu e Sântimbru,ou Maros-SzentImre) em que os cristãos (João Hunyade, Gyïorgy Lepes e Simon Kamonyai) derrotaram os otomanos Mesid bey e Chehab-Uddin (ou Shehabbedin), mas morreram Gyïorgy Lepes e Simon Kamonyai e Chehab-Uddin (há a versão de que este último morreu na Batalha de Vasag, em 23 de março, diante de João Hunyade). Após esta vitória, João Hunyade colocou no trono da Valáquia um dos filhos de Dan, Bassarab Il (que tinha fugido para a Transilvânia). Em 2 de setembro, infligiu, coligado com os valáquios, nova derrota aos turcos sob o comando de Sehabeddin (Shihâb Ad-Dîn Pacha), no rio Ialomita (afluente da margem esquerda do Baixo Danúbio) e partilhou seu poder na Transilvânia com Miklos Ujlaki. --- Em julho/agosto, o príncipe de Eflaq (Valáquia) Vlad Drácula, foi intimado pelo sultão Murad II a se entregar em Edirne e depois foi mandado preso para Galípoli por estar sendo acusado de traição. Quem assumiu o poder em Eflaq, em seu lugar, foi Bassarab II que governou somente até 1443. --- Demétrio, irmão do imperador bizantino João VIII Paleólogo, com ajuda de tropas búlgaras (de seu cunhado Assen) e turcas, cercou sem sucesso a capital bizantina (de abril a julho). Constantino Dragasés de Moreia foi ajudar João VIII, mas foi abordado por esquadra turca e ficou bloqueado na ilha de Lemnos (até outubro). --- Neste ano: Morreu o historiador egípcio Al-Maqrizi. --- Novamente o sultão egípcio Jaqmaq sofreu uma segunda derrota em ataque às ilhas de Chipre e de Rodes. 1443 - Logo no início do ano (1/1) deveria se efetivar a Cruzada de Varna conforme o que foi acertado com o papa Eugênio IV; na primavera, entretanto, os húngaros não acertaram detalhes corretamente com os turcos do Emirado de Karaman, cujas tropas foram destroçadas pelos otomanos. --- Em fevereiro/março, Vlad recuperou o trono da Valáquia com o apoio dos otomanos (mesmo tendo sido preso antes por eles, mas deixou em Galípoli seus dois filhos como garantia). --- Ibrahim, emir de Karamânia, se aproveitou da derrota dos turcos no ano anterior, para se revoltar contra Murad II, forçando este a ir para a Anatólia durante o verão deste ano para sufocar sua rebelião. --- No inverno, João Hunyade com Vlad, o Drácula (hospodar da Valáquia) e Jorge I Brankovic, atravessaram o Danúbio em Belgrado, passaram pelo vale do Morava (na Sérvia), infligiram séria derrota a Murad II em Nish (em 3/11, quando Scanderbeg abandonou os turcos e foi para a Albânia, conseguindo liberar Kruja do domínio otomano em 28 de novembro) e depois em Serdica, atual Sofia (4/12). --- Neste ano: Vijayanagar, na Índia, recebeu a visita de Abdur Razzaq de Herat. 1443 a 1468 - O grande herói da Albânia, Jorge Castriota (ou Scanderbeg, isto é, Alexandre, o Grande) resistiu por 5 vezes aos ataques dos otomanos. 1444 - Em 2 de março se constituiu a Liga Albanesa (ou de Lezhë, estabelecida nesta cidade) que proclamou Scanderbeg como o chefe da resistência albanesa diante dos otomanos. Em 29 de junho, ele, à frente da Liga Albanesa, venceu os turcos na Batalha de Torviolli ( ou da Baixa Dibra, na planície de Shumbat, ou Torvioli). --- Em 12 de julho, João Hunyade (que vencera na Sérvia e Bulgária) e Murad II, em Edirne, assinaram uma trégua (este último ficou sem as conquistas obtidas na região) por 10 anos. O sultão otomano se propôs a consentir com o restabelecimento do poder sérvio sob Jorge Brankovic, renunciando às suas províncias danubianas e à Bulgária. A trégua, no entanto, foi derrubada na Dieta da Hungria por pressão do legado pontifício do papa Eugênio IV (que desde a bula de 16 de janeiro de 1443 decretara nova cruzada antiotomana). --- Neste mês, o sultão abdicou em favor de seu filho Mohammed (Mehmed II al Fatih, o Conquistador), com apenas 12 anos, visto que morreu o seu primogênito e herdeiro `Alâ’ Ad-Dîn. --- Em julho, novamente uma frota egípcia foi mandada pelo sultão mameluco Jaqmaq contra Rodes, mas em face de sua resistência, ela voltou ao Egito e foi assinado um tratado de paz com os Cavaleiros Hospitalários. --- Em 4 de agosto, os cristãos assinaram o Manifesto de Szeged (na Hungria), rompendo acertos diplomáticos de trégua com otomanos em Edirne e esperando a vinda de uma frota de Veneza; em 1 de setembro partiram para a guerra; em 18-22 deste mês estavam transpondo o rio Danúbio. Murad II, que tinha abdicado do trono em favor do filho Mehmed II, voltou ao comando dos otomanos na guerra contra a ‘última grande cruzada’ sob o comando de João Hunyade, Mircea II e o rei Ladislau III Jagellon (participando tropas dos reinos da Boêmia, Hungria, Polônia e Croácia, do Ducado da Lituânia, dos Cavaleiros Teutônicos, e rebeldes búlgaros), massacrada em Varna (aí morrendo o rei Ladislau III Jagellon da Polônia e Hungria, chamado de Władysław III Warneńczyk na Polônia), em 10 de novembro. As esquadras veneziana (sob o comando de Loredano) e papal chegaram atrasadas neste confronto. Esta vitória otomana na Batalha de Varna teve enorme repercussão entre os muçulmanos. 1444 a 1446 - O Despotado de Mistra, sob o governo de Tomás Paleólogo e Constantino Dragasés, se tornou o lugar de maior resistência à ameaça otomana com a reconstrução da Muralha do Hexamilion. Por outro lado, Constantino Dragasés exigiu que Nerio Acciaiuolli (duque de Atenas) lhe pagasse tributo (e não aos otomanos, de quem era vassalo) e se apoderou do território grego até os Montes Pindo. 1444 a 1481 - Em julho de 1444 iniciou-se o governo do sultão otomano Mohammed (Mehmed) II al Fatih (o Conquistador), com apenas 12 anos até 1446, quando seu pai, Murad II voltou ao poder e o exerceu até sua morte em 1451. Depois disso, ele governou até 1481. Inicialmente se antagonizaram o vizir Çandarh (arauto de uma política pacifista) e, de outro lado, Zaganos e Ibrahim (adotando uma política de conquistas). 1445 - O grão mestre dos Hospitalários, Jacques de Milli, conseguiu impedir a ocupação de Rodes por Murad II. --- Em 29 de agosto, navios com tropas do papa e do ducado de Borgonha (da França) atravessaram o Mar Negro, entraram pela foz do Danúbio e atacaram forças turcas em Silistra, Turtucaia, Girgui e Rusciuc. Em 12 de setembro, estas tropas se juntaram com as de João Hunyade (regente da Hungria porque seu rei Ladislau IV ainda era uma criança), que tinha recebido o legado papal estimulando-o à guerra. --- Em 10 de outubro, o albaniano Skanderbeg derrotou tropas otomanas comandadas por Firuz Pacha na Batalha de Mokra, nas proximidades de Prizren, Kossovo (na Sérvia, então vassalada aos otomanos). Foi a segunda vitória albanesa sobre os otomanos. --- No Chifre da África, o sultão muçulmano de Adal foi derrotado pelos etíopes (sob o comando de Zara Yaqob) na Batalha de Gomit em 25 de dezembro, em que foi derrotado e morto o sultão Arwe Bardlay (ou Badlay ibn Sa'ad ad-Din, de Adal) e seu corpo esquartejado e mostrado em vários lugares da Etiópia. 1445 a 1451- O Sultanato de Delhi esteve, neste período, sob o governo de Alan Shah Sayyid. 1446 - Em 25 de fevereiro, o almirante Loredano acertou um tratado de paz com o sultão Mohammed II, demonstrando, pois, a saída de Veneza da cruzada. O sultão Murad II, seu pai, em 2 de agosto, voltou à Magnésia e abrandou a revolta dos janízaros simplesmente com sua presença. Predisposto a retaliar os bizantinos por terem cooperado com os cruzados: invadiu o despotado de Mistra (ou Moreia), junto com o general Turahan beg (governador da Tessália), em novembro, bombardeou a Muralha de Hexamilion (matando e aprisionando seus defensores) em 10 de dezembro, colocou fogo em Corinto, invadiu o Peloponeso e devastou Patras. Recolocou Nerio Acciaiuolli em Atenas e perseguiu o déspota Constantino Dragasés (futuro imperador Constantino XI Paleólogo). --- Em 27 de setembro, mais uma vez o exército da Liga dos Lezhë comandado por Scanderbeg foi vitorioso sobre os otomanos (sob o comando de Mustafá Pacha) na Batalha de Otonetë (na Albânia). ---Neste ano: Tratado de paz entre o Qara Qoyunlu Djahan (Jihan) Chah e o timurida Shah Rukh, que sustou em 1447 com a morte deste timurida. 1447 - Em 12 de março morreu o sultão timurida Shah Rukh, sendo o Império Persa dividido entre seus filhos e netos: Ulugh-Beg continuou na Transoxiana; Mirza-Abd-Allah, seu neto, ficou com Fars; entre outros. Sua viúva Gawhar-Shâd (ou Gueuher-Schad-Begum) se apossou do governo prejudicando Ulugh-Beg e prestigiando Abd-el-Latif-Mirza. A Pérsia Ocidental estava sob os turcomanos ‘Carneiro Negro’, com capital em Tabriz, a noroeste próximo do Lago Urmia. --- Em maio, João Hunyade entrou em entendimentos com Veneza para uma cruzada contra os otomanos. 1447 (12 de março) a 1449 (27 de outubro) - Governo da Pérsia pelo timurida Ulugh Beg, que era vice-rei na Transoxiana (cuja capital se transformou num centro cultural brilhante). Mais poeta, matemático e sobretudo astrônomo do que político. Em função disto, os turcomanos Qara Qoyunlu (com Djahan Chah) anexaram ao seu domínio parcialmente o Iraque Arabe e o litoral oriental da Arábia (cujo centro administrativo era Tabriz); os Timuridas ficaram com o leste da Pérsia (cujo centro foi Herat). Em Herat, a governante verdadeira foi a imperatriz Gawhar-Shâd. 1447 (continuação) - A região de Turgai e Agtiubinsk, províncias de soberania timurida, foi ocupada por tribos turco-mongóis dos usbeques sob a liderança dos Chaibanidas com Abul-Khayr; daí fizeram incursões sobre Samarcanda. --- O sheik Safávida Djunayd foi expulso de Ardabil pelos Qara Qoyunlu e se ligou com seus inimigos os Aq Qoyunlu (Carneiro Branco). Haydar, seu filho, contraiu matrimônio com uma filha de Uzun Hasan, mãe do 102 fundador da dinastia dos Safávida (Ismail). --- No verão deste ano, ocorreu o confronto entre o príncipe Vlad Drácula (da Valáquia) com João Hunyade, que, em 23 de novembro, saiu da Transilvânia, atravessou os Montes Cárpatos e atacou o norte da Valáquia. 1447 a 1457 - O Império Timurida se desmembrou por conflitos internos entre os príncipes timuridas e pelo poder ascendente dos Qara Qoyunlu. 1448 - Em março, João Hunyade se entendeu inutilmente com Scanderbeg (que estava ligado a Afonso V de Aragão e Jorge Brankovic, da Sérvia, contra os venezianos) e conseguiu a cobertura da Republica de Ragusa (no litoral do Adriático) em seus objetivos bélicos antiotomanos. --- Teodoro e Tomás Paleólogo tentaram aliciar Demétrio para nova conspiração contra o imperador. Este último se negou, mas aceitou ir à Selímbria. Em julho morreu Teodoro, irmão do imperador. --- Em 23 de julho, os venezianos conseguiram vitória sobre a Liga Albanesa na ponte de Scutari (Shkodër). Ainda neste dia, o sultão Murad II, insuflado por Veneza, invadiu a Albânia, mas recuou ao chegar em Croia. --- Em 14 de agosto, os venezianos junto com turcos otomanos (tendo à frente Mustafá Pasha) foram derrotados pela Liga Albanesa (ou de Lezhë) na I Batalha de Oronichea (ou Oranik). --- Em 28 de setembro, os cruzados passaram o rio Danúbio (na altura do castelo de Severino) e prosseguiram até Nish. --- Em 4 de outubro, Scanderbeg, após a assinatura de tratado de paz com Veneza, veio ajudar João Hunyade.--- De 17 a 19 de outubro, houve a última tentativa de João Hunyade de livrar os Bálcãs do domínio otomano: sofreu derrota novamente na II Batalha de Kossovo, onde sofreu a traição do rei sérvio Jorge Brankovic (que o prendeu) e a desistência do contingente romeno (que fugiu em direção a Belgrado). Foi solto depois mediante resgate, além de devolução dos gastos pelo noivado do primogênito dele com uma princesa sérvia. - Neste ano, Os judeus e cristãos no Egito foram obrigados a seguir as normas islâmicas, do contrário seriam mortos. 1449 - Constantino XI Dragasés foi coroado imperador bizantino em Mistra (em 6/1); em 12 de março estava em Constantinopla. Daí mandou presentes para Murad II, que assinou novo tratado com Bizâncio. -- Este sultão, com numeroso exército, em 14 de maio, em guerra contra a Liga das Lezhe (de principados da Albânia) cercou a fortaleza de Svetigrado (hoje chamada de Dervenik, situada no alto vale do Dibra, na Macedônia) conseguindo, penosamente, se apoderar dela. -- Em agosto-setembro, o bizantino Tomás Paleólogo tomou a parte que deveria caber ao seu irmão Demétrio (com ajuda militar dos turcos); em função desta usurpação de terras, Demétrio solicitou a intermediação de Murad II, que obrigou Tomás a retroceder em sua atitude. --- Em 27 de outubro, foi preso e assassinado Ulugh-beg pelo seu filho 'Abd el-Latif Mirza, que liderava uma rebelião em Balkh (no Tokaristão, vale médio do Oxus). Exerceu o poder por pouco tempo, entretanto, porque foi assassinado em 9 de maio de 1450. –Neste ano: Pela primeira vez apareceu em textos a palavra ‘usbeque’, se referindo às tribos turco-mongóis que ocuparam as estepes de Marenavakhr (ao norte de Fergana). 1449 a 1506 - Governo do ramo timurida de Khorassan. Nesta metade de século é que se erigiu a famosa Mesquita Azul de Tabriz (ou Tauriz) no Azerbaijão persa.—Também ocorreu o renascimento da seita ismaelita nizarita dos Assassinos por imans, se fazendo de sufitas e se alojaram em Anjudan, próximo de Mahallat Bin Yanis. 1450 - Em 9 de maio foi assassinado o timurida 'Abd ul-Latif por Abd Allah, filho de Baysunghur I, neto de Miran-chah, assumindo o trono de Samarcanda, na Transoxiana, auxiliado pelo lider dos usbeques Abu’l Khair. -- Murad II realizou 5 cercos sucessivos, de julho a 23 de novembro, à fortaleza de Kruje (Croia), na Albânia, mas não teve sucesso diante do heroísmo de Scanderbeg, mesmo sendo alvo da hostilidade veneziana, mas com a ajuda militar da República de Ragusa. A partir deste fiasco, os otomanos abandonaram a Albânia. --- Os franceses se instalaram no litoral africano entre Túnis e Bonés se dedicando à pesca de coral e ao comércio. --- Segundo alguns historiadores, este ano é o prenúncio da chamada ‘Era das Descobertas’ ou das Grandes Navegações, entre o final da Idade Média e a Idade Moderna (continuou até o século XVII), marcada por relevantes conhecimentos de oceanos e continentes e povos. 1450 a 1451 - Governo do emir timurida Abd Allah Mirza na Transoxiana, sucedendo ao seu primo Abd ul-Latif. Era sobrinho de Ulugh Beg e filho de Baysunghur. Recebeu o apelido de 'Padarkush', isto é, 'Patricida'. Pouco depois de entronizado no poder, ele assassinou o seu irmão 'Abd al-'Aziz. Poucos meses após sua posse foi sucedido pelo sobrinho Abdallah Mirza. Este, por sua vez, em 1451, foi assassinado por Abu Sa'id Mirza, que se apoderou do trono e governou até 1469 (desde 1459 governou Herat também). 1451- Em 5 de fevereiro, Murad II morreu próximo de Andrinopla, vítima de apoplexia. Sucedeu-o o filho Maomé II, o Conquistador (Mehmed II al Fatih), a partir de 18 de fevereiro deste ano até 1481, adotando como primeira medida a de mandar estrangular o bebê que Murad tivera de uma princesa de Sinope. Seu primeiro e grande desejo era o de conquistar Constantinopla. -- Em 19 de abril, o afegão Bahlul (Bahlol) Lodi, que governava o Panjab, recebeu o trono do último sultão Sayyda, Alam Shah Sayyud (o historiador Arnold Toynbee ensina que o sultão obrigado a renunciar foi Khirz Khan), de Delhi, iniciando nova dinastia, a dos Lodi. Ele governou até 1489 e foi o primeiro rei Pathan (originário de clãs montanheses habitantes da região norte do Paquistão e Caxemira ocidental e no sudeste do Afeganistão) em Delhi. --- Em maio, o rebelado emir de Karamania, Ibrahim, se submeteu simplesmente com a aproximação de Maomé II; ocorreu o mesmo com os descendentes dos emires de Kermian. --- Em 21 ou 22 de junho o sultão Abd Allah Mirza foi vencido e morto por Abu Sa'id Mirza (descendente de Miran-chah ou Mirānšāh), que se apoderou do trono auxiliado por tribos usbeques. --- Em 10 de setembro, Maomé II tomou a primeira medida visando isolar Constantinopla: assinou um acordo com Veneza (indisposta com o imperador bizantino); depois, em 20 de novembro, negociou um tratado com João Hunyade, se comprometendo a não erigir fortalezas novas no Danúbio, nem criar problemas nas relações entre a Hungria e Vladislau (príncipe da Valáquia). --- Alguns autores ensinam que, no final deste ano, o sultão mandou iniciar a construção, no lugar chamado de Asomata (na margem européia do Estreito de Bósforo), de um castelo-fortaleza, o Bogas-Kessen (chamado hoje de Rumeli-Hissar). Do outro lado do estreito, no litoral da Anatólia, já existia desde 1394 a fortaleza otomana Anadolu Hisari (mandada erigir por Bajazé I). Controlava-se, portanto, toda a navegação pelo Estreito de Bósforo (que liga o Mar Negro ao Mar de Mármara) e impedia qualquer ajuda aos bizantinos. 1451 a 1455 - Tutelado pelos mamelucos no Cairo, esteve no trono, neste período, o califa abássidaAbû al-Baqâ' Hamza al-Qâ'im bi-Amr Allah ( Al-Qâ'im). 1451 a 1469 - Sultanato de Abu Said Mirza, timurida da Transoxiana. Sua autoridade abrangia o território desde o vale do Syr-Darya (Oxus) a Tobolsk (na confluência entre os rios Tobol e Irtysh, no sul da Sibéria). Ele representou o último de sua dinastia a tentar a restauração do II Império Mongol (de Timur Leng, de quem era neto) e conquistou Herat em 1459. Seu vizir mandou construir um sistema de irrigação a nordeste de Herat, aumentando muito sua produtividade agrícola. 1451 a 1526 - Último governo medieval no Sultanato de Delhi: a Dinastia dos Lodi (ou Lodhi), muçulmana sunita originária do Afeganistão. 1452 - Em 31 de agosto o castelo-fortaleza chamado Rumeli-Hissar estava concluído. Logo no início de setembro, o sultão otomano Maomé II e sua armada estiveram, acintosamente, diante de Constantinopla, atiçados pelo dervixe Ak-Chems-ed-Din, sem nenhuma reação das autoridades bizantinas. Pouco depois, diante da inércia bizantina, a infantaria turca dos janízaros queimou as colheitas na área rural de Constantinopla e massacraram os camponeses que estavam tentando proteger o fruto de seu trabalho. O imperador mandou uma nota de protesto ao sultão, este lhe respondeu com uma declaração de guerra. --- Em outubro, Maomé II neutralizou a Moreia, a fim de que não pudesse dar apoio à capital bizantina. -- Navios mercantes venezianos carregados de trigo, saindo do Mar Negro e navegando pelo Estreito de Bósforo foram afundados, em 10 de novembro, quando estavam diante do castelo-fortaleza de Rumeli-Hissar. Só diante deste fato é que Veneza rompeu relações com o Império Otomano e se propôs a ajudar militarmente os bizantinos, mas já era muito tarde (só chegou em 15 de maio de 1453). --- Ainda em novembro, os emissários papais Leonardo de Kios e o cardeal Isidoro de Kiev (protagonistas da União de Florença) chegaram à Constantinopla com um reforço diminuto de 200 soldados. Enquanto o sultão otomano bloqueava Constantinopla (desde novembro), internamente ocorriam os conflitos verbais de oposição entre unionistas e antiunionistas: no momento em que estava sendo proclamada a União de Florença na Igreja de Santa Sofia (estando presente o imperador, os legados do papa Nicolau V e o patriarca Gregório), os antiunionistas impunham penitências aos 300 membros do clero que estavam no interior da igreja em 12 de dezembro. As pessoas que estavam na igreja, quando ouviram falar o nome do cardeal Isidoro como oficiante da missa, saíram gritando indignadas. --- Neste ano (para outros autores foi em 1420-30) aconteceu uma das maiores erupções vulcânicas (como a da Ilha Santorini, no Mediterrâneo): a das Ilhas Epi e Tongoa (na Oceania) formando a ilha de Kuwae (na Oceania), causando perturbações climáticas em todo o mundo pelo lançamento de fumaça na atmosfera entre os anos de 1453 a 1457. Na véspera da queda de Constantinopla, a Lua ficou encoberta pelas nuvens vulcânicas, tidas como presságio de sua queda. 103 1452/3 - No verão (até o mês de abril) a expedição otomana enviada à Albânia foi vencida por Scanderbeg, mas este não pode ajudar Constantinopla porque estava às voltas com a guerra contra Afonso V, o Magnânimo (rei aragonês de Nápoles), que se fizera reconhecer como rei da Albânia (desde abril de 1452) e pretendia ser imperador bizantino. 1452 a 1469 - Governo fraco, cultural e politicamente falando, do timurida Abû Sa’îd, filho de Muhammed Umar, em Khorassan. 1453 - Em fevereiro, os otomanos se apoderaram de cidades próximas de Constantinopla, aprisionando grande parte de sua população. --- De 2 a 6 de abril as tropas otomanas se postaram diante das muralhas em posição de ataque à cidade. A porta S. Romano, que seria a parte mais vulnerável ao ataque, foi ocupada por Girolamo Giustiniani. --- Os bombardeios iniciais da poderosa artilharia otomana (com 14 baterias e 4 grandes canhões, inclusive aquele construído em Andrinopla pelo húngaro Orban com 7,80 m de comprimento) ocorreram de 11 a 18 de abril. Logo após houve a primeira tentativa dos otomanos em penetrar na cidade, mas foram repelidos pelo fogo grego jogado do alto das muralhas e pela defesa de Girolamo Giustianiani e do megaduque Lucas Notaras. Em 20 de abril chegaram 3 galeras genovesas e 1 navio com provisões e soldados; Maomé II mandou o renegado búlgaro Baltoglu impedí-los de entrar no porto, sem sucesso. --- Na noite de 22 para 23 de abril, os otomanos fizeram a proeza de transportar por terra 70 navios, contornando Gálata, levando-os até o Corno de Ouro. No dia 23, diante do crescente avanço turco, o imperador tentou um acordo de paz mediante pagamento de tributo a Maomé II, mas este se negou prontamente.--- Na noite de 28 de abril, o comandante veneziano Jacó Cocco de uma galera quis incendiar a frota otomana, mas sua trama foi denunciada por genoveses de Gálata, colocando tudo a perder. --- Nos dias 7 e 12 de maio ocorreram novas investidas otomanas pelos buracos abertos por sua poderosa artilharia, mas foram rechaçados pelos bizantinos valentemente, chefiados pessoalmente pelo imperador. --- A partir de 14 de maio as ações de bombardeio da artilharia otomana se intensificaram, usando até uma elevada torre de assalto (que os bizantinos conseguiram queimar). Houve 14 tentativas de se tomar o palácio de Blachernes (sendo 4 entre os dias 21 e 25 de maio). --- No dia 23 de maio chegou a notícia por um navio veneziano de que o socorro à capital bizantina tinha falido; no mesmo dia, Maomé II lançara um ultimato ao imperador Constantino XI, este não o aceitou. --- Em 26 de maio, o sultão reuniu um conselho de guerra e foi decidido o ataque final; no dia seguinte, ficou acertado com os soldados que eles teriam direito a todo o produto do saque da cidade. De 28 para 29 ocorreu o ataque sob um alarido geral e som de cornetas e luzes dos navios para criar um clima de pânico entre os já cansados bizantinos. O imperador se atirou no meio da horda guerreira otomana com apenas dois ou três elementos, segurando uma espada e uma faca, num misto de loucura, martírio e heroísmo. A capital foi completamente dominada em 29 de agosto. A cidade ficou à mercê da sanha dos otomanos saqueando, tudo o que encontravam. Os que puderam, foram para a Igreja de S. Sofia esperando um derradeiro milagre; os turcos quebraram a golpes de machado as portas da igreja, a saquearam, assassinaram ou escravizaram os que lá se encontravam. Depois de toda a carnificina, Maomé entrou na igreja junto com um iman, rezou uma prece, subiu ao altar e pisou em cima dele... Assim acabou tristemente a Constantinopla dos bizantinos, passando a ser a Istambul dos turcos otomanos. Cumpria-se a tradição apocalíptica islâmica turca da ‘maçã vermelha’. --- Os comerciantes genoveses de Gálata se renderam e Maomé II lhes concedeu as vantagens antes auferidas com os imperadores bizantinos. - As autoridades políticas e religiosas que puderam, migraram para o Império de Trebizonda. 1453 a 1461 - O Egito esteve sob o sultanato do mameluco Inal, que se sobrepôs a Osman, filho de Jaqmaq. 1453 a 1468 - Vizirato de Mahmud Pacha Angelovic no Império Otomano, após a execução do vizir anterior, Khalil Pacha, em Edirne. Em 1468 foi destituído, mas voltou a exercer a função de 1472 a 1473. 1453 a 1478 - Período de governo de Uzun Hasan, da Dinastia dos Ak Koyunlu (‘Carneiro Branco’), cujo território de ação administrativa se expandia sobre o dos Kara Koyunlu (‘Carneiro Negro’), que foram praticamente eliminados a partir de 1467. 1454 - O sultão otomano designou, em 6 de janeiro, como patriarca de Constantinopla a Jorge Scholarios (ou Genádio II), líder anti-unionista. - O papa Nicolau V, em 8 de janeiro, através de bula, autorizou o rei de Portugal a escravizar os ‘muçulmanos, pagãos e outros inimigos de Cristo’. --- Em 18 de abril, o sultão renovou as concessões comerciais para Veneza. Em junho/julho cercou Smeredevo, capital da Sérvia, tumultuada pela invasão de nobres do Condado de Cilli (atual Eslovênia). Em 20 de setembro, João Hunyade veio socorrer esta capital; os otomanos se retiraram em direção à Bulgária. Uma parte deste exército em retirada foi derrotada por ele nas proximidades de Krusevac, no rio Morava e depois incendiou a cidade de Vidin (na Bulgária). O sultão continuou sua retirada, indo para Edirne (Andrinopla). --- Em outubro, esteve na Grécia o turco Umur Pacha com o objetivo de normalizar a situação política local, mandando Manuel Cantacuzeno para o exílio. Continuaram, no entanto, as divergências entre os irmãos Demétrio e Tomás Paleólogo no Despotado de Moreia; além disso, os latifundiários locais tinham autonomia para suas ações, instaurando o caos na região. 1455 - O papa Calixto III, em 15 de maio, através de bula, mandou organizar uma nova cruzada contra os turcos otomanos. --- Em junho, Rodes foi atacada pelo almirante turco Hamza Pacha, visto que os Cavaleiros de Rodes se negaram a pagar seu imposto ao sultão. O almirante turco atacou a ilha de Lesbos, cujo governador genovês lhe entregou presentes; depois investiu sobre as ilhas de Kios, Rodes e Cós, nesta última cercou por 22 dias a fortaleza de Racheia. Em seguida, voltou com sua frota para a ilha de Kios, mas no trajeto perdeu uma nave, onde grassou um motim. --- Em 30 de junho, o sultão otomano declarou guerra a Kios, sob a responsabilidade de novo almirante, Yunis Pacha (o outro caiu em desgraça). --- Em 5 de outubro, se firmou um tratado de paz entre a Moldávia e o Império Otomano, depois que uma frota otomana (com apoio dos Tártaros) ocupou o litoral. O príncipe da Moldávia se sujeitou a um pagamento anual de tributo. --- No final do mês de outubro e na véspera de Natal, a frota naval turca se apoderou de Foceia (porto no Golfo de Esmirna), pertencente aos genoveses, determinando o fim da presença dos Mahone, companhia bancária italiana, que ficou apenas com a Ilha de Kios. Aí neste porto, o almirante Yunis Pacha procedeu à prisão e escravização de cerca de 100 jovens. 1455 a 1479 - O califado abássida no Cairo esteve sob Abû al-Mahasin Yûsuf al-Mustanjid bi-llâh1 (Al-Mustanjid). 1456 - Na Hungria, a Dieta de Buda, em agosto, se declarou guerra contra os turcos otomanos. --- Em 4 de junho, os otomanos se apoderaram de Atenas, capital do ducado do mesmo ano, pertencente à dos Acciaiuoli, família de banqueiros de Florença. Permaneceu em suas mãos apenas a Acrópole, em que Francisco II Acciaiuoli resistiu heroicamente até 1458. --- Em 9 de junho, os comerciantes de Cetatea Alba começaram a ter acesso ao mercado otomano, em face de tratado de paz entre Maomé (Mohammed) II e a Moldávia. --- Em 11 de junho, a frota naval mandada pelo papa Calixto III, sob o comando do Cardeal Ludovico, deixou o porto de Ostia para Nápoles, chegando à Sicilia em 6 de agosto ; em dezembro, aportava na Ilha de Rodes. --- As forças otomanas iniciaram o cerco de Belgrado em 4 de julho; 10 dias depois, a frota naval turca no Danúbio foi dispersada por ataque de João Hunyade; em 21/22 de julho, João Hunyade e seus cruzados conseguiram desfazer o cerco de Belgrado, forçando a retirada de Mehmed (Mohammed) II, ferido por uma flecha. Esta vitória foi alardeada pelo papa Calixto III pelo mundo cristão europeu. - Neste ano, o sultão Mehmed II mandou cunhar moedas de ouro, que se tornaram prestigiadas no comércio. 1457 - O timurida Abû Sa’îd se apoderou de Herat (em 19 de julho), após a morte do rei de Khorassan Bâbour-mîrzâ e mandou matar a imperatriz Gawhar-Shâh, mas não se inquietou em perder o Irã Ocidental nas mãos dos Qara Qoyunlu de Tabriz. Abu Said reinou sobre Khorassan e Transoxiana.--Em agosto, a frota naval papal conseguiu se sobrepor à do sultão otomano diante da Ilha de Lesbos, no Mar Egeu. --- Em 7 de setembro, o grande patriota albanês Scanderbeg (Jorge Castriota) conseguiu mais uma vitória sobre os otomanos, agora na Batalha de Albulena (ou Uji Bardhe). --- No inverno (1457-1458), o sultão Mehmet II passou a sede administrativa do seu império para Constantinopla, a partir daí teve o nome de Istambul. 1458 - Na Sérvia, em 3 de fevereiro houve problemas palacianos de disputa de poder quanto à regência entre o vizir otomano Mahmud Pacha Angelovic (chefe da armada) e a viúva do déspota, a bizantina Helena Paleóloga e seu filho Estevão, o Cego. Estes últimos favoráveis a uma aliança com a Hungria, enquanto o vizir não; em face disto foi preso na Hungria (em 31 de março), fazendo com que o sultão reagisse. O vizir otomano saiu da prisão e tomou a maioria das fortalezas sérvias, exceto Semendria (em agosto). Ao passar pelo Danúbio foi repelido pelos valáquios em Turnu Severino. --- Em 6 de agosto, caiu Corinto sob os otomanos, selando definitivamente o fim do Ducado de Atenas e do governo dos Acciaiuolli. --- O Qara Qoyunlu Djahan Chah invadiu Khorassan e tomou Herat (em julho); mas em dezembro, Abû Sa’îd derrotou seu filho, Pir Budaq nas margens do Murghab, livrando Khorassan daquele domínio e se delimitando a cidade de Semnân, entre Reiy e Damghâm, como fronteira. Nesta época, os rivais dos Qara Qoyunlu, que eram os Aq Koyunlu, se estabeleceram em Diyarbakir. 1459 –Em 3 de junho subiu ao trono em Gujarat o sultão Mahmûd Shâh. --- Em 20 de junho ocorreu a conquista otomana de Semendria (ou Semendire ou Smerendevo, no norte da Sérvia, na embocadura do Morava com o Danúbio). A partir daí a Sérvia passou ao domínio do Império Turco. --- Em 20 de setembro, o voivode Vlad III Drácula, o Empalador, construiu sua corte em Bucareste (foi a primeira notícia sobre esta atual capital da Romênia). Ele mandou cunhar moedas para pagar os custos dos mercenários turcos encarregados da defesa do seu principado e extinguiu os direitos comerciais dos mercadores de Brasov, acarretando descontentamento da Hungria. --- Neste ano iniciou-se a construção do Palácio de Topkapi, em Istambul, que foi inaugurado em 1465, tornando-se a residência urbana oficial dos sultões otomanos até o ano de 1853.--- Na África, o sultão merínida Ab al-Haqq, em 6 de julho, mandou matar o vizir watassida do Marrocos, Yahya e sua família. 1459 (3 de junho) a 1511 - O sultanato muçulmano de Gujarat, na Índia, esteve sob o governo do muzaffarida Mahmud Shah, no qual seu território atingiu o máximo de extensão. 104 1460 - Em 14 de janeiro, mais uma vez, o papado tendo à frente Pio II, em Mântua, decretou, através de bulas, a formação de uma cruzada para sustentar a resistência dos albaneses e húngaros diante da pressão otomana; mas ela, de fato, nem saiu da Itália. --- Em 4 de março, nas proximidades de Tabarsaran (no Azerbaijão), o shah do Shirvan venceu e matou o sheik Safavieh Djunayd, que foi sucedido pelo filho Haydar (este governando Shirvan até 1488). --Em maio, os otomanos tomaram Tebas e mataram Francisco II Acciaiuolli, acabando com o domínio local desta dinastia de banqueiros florentinos sobre o Ducado de Tebas. Em 30 de maio, o déspota Demétrio Paleólogo entregou a fortaleza e a cidade da metrópole de Moréia (a cidade de Mistra) e todo o seu território ainda restante; depois foi mandado para Istambul. A cidade se tornou grande centro comercial e produtor de seda. Demétrio se vendeu por dinheiro aos otomanos e ainda ganhou algumas ilhas do Mar Egeu como apanágio. Tomás Paleólogo procurou resistir na Messênia, mas acabou fugindo para a ilha de Corfu (em 28 de setembro) e daí para Roma (junto ao papa Pio II, em novembro). Os governadores ainda restantes na Grécia que resistiram à ocupação foram vencidos e supliciados. --- Neste ano: Outro timurida Hossein-i Baiqaraq se assenhoreou de Djordjan (Gorgan) e Mazanderan, tendo sua capital em Asterabad (em setembro), mas seu primo, Abû Sa’îd o expulsou daí. 1461 - Na primavera, Maomé II se apoderou de Sinope (no Mar Negro), cujo emir Ismael era aliado de David II Comneno, de Trebizonda. Logo depois atravessou os desfiladeiros do Monte Taurus e, 17 dias depois, atacou Diyarbakir, capital de Uzum-Hassan, que se submeteu e fugiu para Trebizonda. Este porto foi cercado por terra e mar por Maomé II, após 28 dias caiu em 15 de agosto. Assim desapareceu o último Estado Bizantino. --- Em 22 de junho, o líder albanês Scanderbeg efetivou um tratado de paz com o sultão otomano Mehemet II, que durou até 1465, quando o albanês derrotou os otomanos em Croia. --- Neste ano: A Moreia se tornou um ‘pachalik’, isto é, uma província governada por um paxá. De toda a região, apenas conservou sua autonomia o porto de Monemvasia, no sul do Peloponeso, graças ao destemor de Manuel Paleólogo e se pôs sob a proteção do papa Pio II (este morrendo em 1464, o porto ficou protegido por Veneza, que aí se manteve até 1540). --- O governador turco otomano da Bósnia, Isa-Beg Isakovic, fundou a cidade de Serajevo. 1461 a 1467 - O sultão Ahmed, filho de Inan, do Egito, foi deposto por Kuchkadam (Az-Zâhir Sayf ad-Dîn Khuchqadam), este à frente de uma parte dos Mamelucos, que estavam revoltados com o sultão Ahmed por reformas que iriam prejudicá-los. 1462 - Em 4 de junho, os otomanos passaram o Baixo Danúbio (em Vidin, cidade búlgara, à margem direita do rio) e penetraram na Valáquia. Duas semanas depois, eles foram atacados à noite, de surpresa, por Vlad III Drácula, para tentar aprisionar o sultão em sua tenda, mas não tiveram sucesso. O exército turco continuou sua campanha chegando a Targovista (cidade valáquia, à margem esquerda do rio Ialomita, afluente do Danúbio), onde encontrou milhares de valáquios empalados; depois foram para Braila, ainda em território valáquio. --- Neste ano: O Estreito de Gibraltar, que separa o Oceano Atlântico do Mar Mediterrâneo, portanto de alto valor estratégico, foi tomado pelos espanhóis (sob o comando de Alonso de Arcos, a mando do Duque de Medina Sidonia) ao Reino de Granada (último reduto muçulmano na Península Ibérica). --- Sobre as ruínas da Igreja dos Santos Apóstolos, Maomé II mandou construir a primeira mesquita imperial otomana de Istambul. 1462 a 65 - Após a conquista da Bósnia e Herzegovina, os Bálcãs passaram totalmente ao domínio otomano. 1463 - Em 3 de abril, os pontos fracos da cidade de Argos (no Peloponeso), pertencentes aos venezianos, foram ocupados pelos otomanos. --- De 29 de maio a 10 de junho, o sultão Maomé II se apoderou de Jajce (na Bósnia), aprisionando e decapitando o príncipe Estevão Tomasevic. Matias I, dito Corvino (filho de João Hunyade), rei da Hungria desde 1458, com o auxílio do papa Pio II, retomou a cidade de Jajce em 16 de dezembro e repeliu os otomanos. -- O papa Pio II solicitou para que os cruzados (entre os quais Filipe III de Borgonha) se reunissem em Ancona, mas ao morrer aí, em 1464, o projeto cruzadístico anti-otomano gorou totalmente. --- Em 1 de novembro, o sultão otomano mandou trazer Davi II de Trebizonda e seus 7 filhos da prisão perto de Serrés para Istambul. Aí foram forçados a escolher entre o Islamismo ou a morte; escolheram a morte: foram decapitados um a um e seus corpos retalhados e espalhados pelo campo. A imperatriz Helena, às escondidas, recolheu o que pode de seus restos mortais e morreu de tristeza pouco tempo depois. --- Neste ano foi estabelecido o tratado de aliança e confederação entre o senhorio de Veneza e os reis Jorge de Podebrady (que não se afinava com o novo papa Paulo II), da Boêmia, e Luís XI de Valois (da França) para promover uma resistência à expansão otomana na Europa e organizar uma cruzada contra Maomé II. 1464 - No início de janeiro, Jaques II, o Bastardo, rei de Chipre e arcebispo, retomou o porto cipriota de Famagusta aos genoveses. Também neste ano, procedeu ao massacre da guarda mameluca, sem retaliação do sultão Ashraf. --- Neste ano: O beylicado de Karaman, na Anatólia, foi palco de disputas sucessórias entre Ishak (apoiado por Uzun Hasan, da Dinastia Carneiro Branco) e Pir Ahmed (apoiado pelo sultão Maomé II). Este último, no entanto, tentou acertar apoio veneziano e com isto foi retirado o apoio de Maomé II que se apoderou de Iconium (Konia) e do beylicado, forçando a sua fuga junto a Uzum Hassan. O confronto entre as tropas dos dois (Maomé II e Uzum Hassan) ocorreu em 11 de agosto de 1473, nas proximidades de Otlukbell (perto de Erzincan), cuja vitória coube aos otomanos. --- O líder Kara Koyunlu (Carneiro Negro) Jihan Shah, mesmo tendo feito conquistas territoriais, sofreu revoltas de seus filhos e dos dirigentes de Bagdá. --- O sultão timurida de Khorassan, Abû Sa’îd, não conseguiu impor sua autoridade sobre as associações comerciais (as guildas) do seu reino. --- Neste ano, o papa Paulo II, levado pelo espírito de Cruzada, nomeou Scanderbeg como general-capitão da Santa Sé, além do título honorífico de ‘Atleta de Cristo’; em função disto, o herói albanês abandonou o tratado de paz feito com os otomanos realizado no ano anterior e atacou as tropas otomanos nas proximidades de Ohrid. 1465 - Em Marrocos, estourou uma revolta popular, no curso da qual foi degolado o sultão merínida Abu Muhammad Abd al-Haqq, em 23 de maio, em Fez. Como não tinha herdeiros, a partir daí iniciou-se o período de anarquia que permaneceu até 1472. 1466 - Jihan Shah sofreu uma grande derrota e morreu em Diyarbakir diante de tropas dos turcomanos da Dinastia ‘Carneiro Branco’. 1466-1467 - As tentativas otomanas de conquistar a Albânia foram rechaçadas por Scanderbeg liderando outros senhores de guerra da região. Mesmo este grande herói morrendo em 1468, os otomanos foram contidos até 1480. --- Neste período, o sultão entrou em entendimento com a República de Ragusa para conseguir duas obras latinas sobre uma obra de Avicena intitulada ‘Canon’ (enciclopédia de medicina). 1467 - Em 28 de julho, o sultão Maomé II, cercou Croia (Kruje), na Albânia, pela terceira vez inutilmente: não conseguiu se apossar da fortaleza. 1468 - Após duas décadas de resistência heróica aos otomanos, o patriota Scanderbeg morreu em 17 de janeiro; estava aberto o caminho para a conquista da Albânia. - Em 31 de janeiro, após um golpe de Estado, subiu ao poder no Egito, o sultão mameluco, Kaitbay (Qaitbay), que colocou um fim à dominação do Alto Eufrates pelos turcomanos Dhulkadiridas (cujo emir Shah Suwâr tinha apoio dos otomanos), conquistando a região até 1472. - Na primavera, o vizir otomano Mahmud Pacha Angelovic caiu em desgraça pelo sultão Maomé II ao voltar do emirato de Karaman por intrigas. --- O líder Carneiro Negro Djahan-châh (Jahānšāh), tentando eliminar a competição dos seus antagonistas, os turcomanos do clã ‘Carneiro Branco’ (Aq Qoyunlu), se dirigiu com suas tropas para Diyarbakir (Amida, no Alto Eufrates), mas foi pego de surpresa em Kighi (entre Erzindjân e Much) por Uzum Hassan (Hassan, o Grande, líder Aq Quyunlu ou Ak Koyun-Lu), sendo derrotado, em 11 de novembro; ao se retirar do campo de luta, foi morto. Desta forma, se encerrou o ciclo de poder dos ‘Carneiro Negro’. Uzun Hassan passou a dominar o território dos antigos rivais, manteve Tabriz como a capital. Ao se apoderar da Pérsia Ocidental (Azerbaijão, Alta Mesopotâmia e Curdistão), invadiu o Império Timurida da Pérsia Oriental, forçando o príncipe Hosayn Mirza Bayqara a se refugiar nas montanhas. --- Neste ano: O rei português Afonso V, ‘o Africano’, mandou uma poderosa esquadra naval para o Marrocos, onde tomou e destruiu Anafe (ou Anfa, hoje denominada de Casablanca). 1468-1469 - O timurida Abû Sa’îd se aproveitou do conflito entre os turcomanos ‘Carneiro Negro’ e ‘Carneiro Branco para intervir na região, por pedido de Hassan Ali, filho de Djahan Chah (Jahānšāh) , que pretendia tomar o Azerbaijão a Uzun Hassan. Assim, ele avançou sobre o Iraque Adjemi, entrou no Azerbaijão e foi ao ataque à casa de Uzun Hassan em Qarabagh (na estepe entre os baixos vales do Araxe e Kura). Era época de inverno e Abû Sa’îd ficou sem saída em Mahmûdâbâd (em Mazanderan) diante de Uzun Hassan; tentou uma retirada, mas foi aprisionado em 11 de fevereiro de 1469 e 6 dias depois morto. Ele foi o último timurida a tentar recompor o Império de Tamerlão. 1468 a 1496 - Governo do mameluco Kaitbay (Qaitbay) após disputas sucessórias no Egito. 1469 - Em 25 de março, os moradores de Herat reconheceram como sultão o timurida Husayn Bayqara (ou Husayn Mirza Bayqara), sendo coroado como tal em 14 de abril. - Neste mês de abril ocorreram, novamente, disputas sucessórias entre os Kara Koyunlu (Carneiro Negro): Hassan Ali sucedeu a Yussuf (que fora cegado por Uzun Hasan e se suicidou), mas foi morto por Ughurlu Mehmed (filho de Uzun Hasan). Extinguiu-se, assim, de modo definitivo a linhagem dos Kara Koyunlu e suas terras passaram para os ‘Carneiro Branco’. --- Como os venezianos estavam promovendo incursões no Império Otomano e em suas bases militares do Mar Egeu, o sultão Mehmed (Maomé) II resolveu conquistar a Ilha de Eubéia, começando pelo cerco e tomada de sua principal cidade de Cálcis. 1469 a 1478 - O sultão da dinastia ‘Aq Qoyunlu’ (Carneiro Branco), Uzun Hasan (ou Hasan, o Grande) se tornou o senhor de Tauris (ou Tabriz no Azerbaijão), Bagdá, Chiraz, Isfahan, Sultanyé, Raiy, enfim, de toda a Pérsia Ocidental; seus sucessores aí permaneceram até a emergência da dinastia persa dos Sefévidas (1502). Ele manteve, inicialmente, uma política de alianças. 105 1469 a 1494 - Governo de Khorassan pelo filho de Abû Sa’îd, o príncipe timurida chamado de Omar Cheikh II ou Omar Sheikh Mirza. Conseguiu superar tentativas de invasão por parte dos Kara Koyunlu, mas não teve a mesma sorte em conquistar Herat. 1469 (25 de março) a 1506 (4 de maio) - Reinado de Hossein-I-Baiqara (ou Hosayn Mîrzâ Bayqarâ) em Khorassan, tendo como capital Hérât, valoroso centro cultural tendo como mecenas o ministro Mîr ‘Alî Shêr Nawâ’î. Herat foi considerada a ‘Florença’ do Oriente. Desenvolveu a agricultura e se tornou o mais ilustre dos príncipes timuridas de Herat. Ao terminar este século se criaram até associações de caridade (‘waqf’) em seu território. 1470 - Continuando sua campanha anterior, o sultão Mehmet II se apoderou da cidade de Negroponte (na Ilha de Eubéia, a leste da Grécia, no Mar Egeu) em 12 de julho aos venezianos. Cerca de 50% de sua população foi massacrada. --- Neste ano: O emir timurida Bayqara reconquistou a Pérsia Oriental e protagonizou a segunda idade do ouro de Herat, sendo muito ajudado pelo ministro Mir Ali Sher Nawai. 1471 - A cidade de Azila, em Marrocos, foi tomada, em 24 de agosto, pelo rei de Portugal, Afonso V, o Africano. - Outra cidade conquistada pelos portugueses em Marrocos, foi a de Tânger (do outro lado de Gibraltar), em posição estratégica no controle de navegação entre o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo. --- Ainda no noroeste de Marrocos, mouros fugidos da Espanha, conduzidos por Mulay Ali ben Musa Rached el Alami, fundaram a cidade de Chefchauen. 1471 a 1554 - Em Fez (em Marrocos), entre 12 e 20 de março, Mohammed Cheikh se proclamou sultão e criou a Dinastia dos Watássidas (ou Uatássidas), que reinou até 1554. Como os Merínidas eram bérberes zenatas (tribo dos Beni Wattas). Seu local inicial de expansão e conquista do território marroquino foram as montanhas do Rif, no norte, a partir da fortaleza de Tazuta (entre Muluya e Melilla). 1473 - Em 11 de agosto, o exército otomano conseguiu a vitória na Batalha de Bashkent (ou de Otlukbeli), em Erzincan (região oriental da Anatólia) frente aos Ak Koyunlu, comandados por Uzun Hasan (que não recebeu em tempo a ajuda veneziana, acertada antes). --- Neste ano na África: No Reino de Bornu (ao norte do Chad atual) iniciou-se o reinado de Ali Dunama (que se denominou ‘al-Ghazi’, isto é, ‘o Conquistador’) que retomou a outra parte do reino (Kanem) perdida no final do século XIV. 1473 a 1479 - Os otomanos estiveram em conflitos permanentes com o Reino da Hungria e o Principado da Moldávia. 1474 - O vizir turco otomano Mahmud Pacha Angelovic (de origem bizantina) foi executado em 18 de julho em face de suposta negociação com os venezianos para restaurar o Império Bizantino em seu proveito. --- De maio a agosto foi cercada a cidade de Scutari, na Albânia, mas não conquistada porque os otomanos, que a cercavam, foram assolados pela malária, o mesmo acontecendo com uma frota veneziana que circulava pelo Mar Adriático na ocasião. --- Em dezembro, o sultão Mehmet II mandou invadir o Principado da Moldávia (no baixo vale do Danúbio) em face de recusa de Estêvão III, o Grande, no pagamento de tributo. 1474-1475 - Houve um processo de desertificação na Transilvânia e Vojvodina (no Reino da Hungria) em face de saques de turcos na região, acarretando o êxodo rural dos habitantes das aldeias. 1475 - Na África muçulmana, o rei Sonni Ali Ber, de Songhai, ingressou em sua capital, Gao, após 10 anos de campanhas militares. - Em 10 de janeiro, o príncipe Estevão III, o Grande, da Moldávia, conseguiu uma vitória monumental na Batalha de Vaslui (ou Rahova), perto da cidade do mesmo nome (hoje na Rumânia) sobre as tropas otomanas comandadas por Solimão Pacha.--- Em 1º de junho, os otomanos cercaram Caffa (ou Teodósia) na Crimeia, que foi tomada, forçando o khan Mengli Girey I a se vassalar a Maomé II, que o estimulou a promover incursões no Reino da Polônia para arrebatar escravos para venda. A Crimeia, até então, pertencia à Gênova, que perdeu seus estabelecimentos comerciais no Mar Negro, como Kilia (em Dobruja) e Akkerman (‘Cidade Branca’, na Moldávia). A partir daí, as rotas marítimas de seda e de escravos pelo Mar Negro foram dominadas pelos otomanos, erguendo instalações portuárias na região e fortalecendo sua frota naval para concorrer com venezianos e genoveses. Além disso, os comerciantes lituanos de Lemberg tiveram cortado o seu acesso ao Mar Negro. No Mar Mediterrâneo, os genoveses perderam a Ilha de Samos aos otomanos. --- Em 12 de julho, o voivode (príncipe) Estêvão III da Moldávia assinou um acordo em sua capital, Iasi, com o rei Matias Corvino da Hungria, se colocando sob sua proteção, a fim de se manter ileso frente às pretensões otomanas. Tal acordo foi fortalecido com uma aliança defensiva e ofensiva assinada entre ambos na capital húngara, Buda. --- Neste ano: O príncipe Ivan III de Moscou mandou embaixadores à Pérsia com o intuito de negociar uma eventual aliança para uma guerra contra o Canato da Horda de Ouro. 1476 - O sultão Mehmet II junto com os seus vassalos Basarab III Laiotă cel Bătrân, o Velho (da Valáquia) e o khan tártaro Mengli Girey I (da Crimeia) se dirigiram para a Moldávia em maio. Em 26 de julho, as forças moldávias, com Estevão III chefiando, foram massacrada na Batalha de Valea Alba (ou Războieni) e, depois, cercaram Cetatea Neamtului (ou Akkerman, que significa ‘Cidade Branca'), mas tiveram que retroceder em face da fome e peste assolando as tropas coligadas. Em 15 de agosto, os turcos remanescentes foram atacados pelas tropas transilvanianas de Vlad III Drácula da Valáquia) e dos Báthory (família ilustre da Hungria) e, a seguir, atacaram a capital valáquia Târgovişte, que foi tomada em 8 de novembro; 8 dias após, foi a vez de cair Bucareste. Em 26 de novembro, Vlad III Drácula retomou o trono da Valáquia. Sua ascensão ao poder foi breve: no final do ano, Basarab III Laiotă cel Bătrân ascendeu ao trono com a ajuda de príncipes turcos do Danúbio, após confronto com Vlad III (que foi morto no combate, sendo retirada a pele de seu rosto, embalsamada e mandada ao sultão Mehmet II). --- Em 11 de julho, o príncipe Ivan III de Moscou foi intimado por emissários de Ahmad Khan a ir pessoalmente à Saray (no baixo vale do Volga), capital do Canato da Horda de Ouro. Evidentemente, o príncipe não aceitou a intimação e mandou os emissários de volta à Saray, juntos com seu emissário Matvej Bestuzev. 1477 - Em outubro, a frota naval otomana adentrou pelo Mar Adriático, saqueou a Península de Ístria e a Friúlia, se apoderou de algumas ilhas dos venezianos no seu litoral oriental (até 1480) e os pressionaram até a cidade de Veneza antes de se retirar em 2 de novembro. 1477 (outubro) a 1488 - Governo do Sultanato de Málaca (no sudeste da Ásia) sob Ala'ud-din Riayat Shah, durante o qual o império marítimo de Málaca chegou ao clímax. 1478 - Em 6 de janeiro, Khalil Mirza ascendeu ao poder como sultão dos Ak Koyunlu, em face da morte por doença de seu pai Uzun Hasan em Tabriz. No entanto, seu governo durou pouco: em 15 de julho, seu irmão caçula Ya’qub (junto com os generais Solimão Beg e Bayandur) o venceu e o matou na Batalha de Khoy, nas proximidades de Tabriz, governando os Ak Koyunlu até 1490. --- A fortaleza de Croia (ou Kruja) na Albânia foi tomada pelos otomanos, em 16 de junho, depois devastaram a Friúlia e entraram na Caríntia (em 25 de junho, ou 26 de julho), atravessaram o Passo do Predil, nas proximidades de Arnoldstein (na fronteira atual entre a Eslovênia e a Itália) e massacraram os camponeses revoltados da Caríntia (província do sul do Sacro Império Romano Germânico). 1478 a 1490 - Governo do sultão Ya‘qûb Pādešāh (dos Ak Koyunlu), no qual floresceu a escola de pintura ‘romântica’ em contraponto á escola ‘clássica’ de Herat. Durante seu governo, a estrutura feudal da Armênia, já decadente durante este século, ruiu com o confisco de propriedades rurais. Os nobres que aderiram ao Islamismo tiveram, no entanto, mantido o seu direito de propriedade. 1479 - O conflito entre os venezianos e otomanos, que remontava a 1463, acabou pela assinatura de um tratado de paz entre ambos, em Istambul, no dia 26 de janeiro. Veneza aceitou a perda de Argos, Negroponte (Eubeia) e outros lugares do Mar Egeu, além de pagar um imposto, mas teve o direito de comerciar nos Mares Jônio e Egeu. --- Na Índia, o Sultanato de Jaunpur (sob a Dinastia dos Sharqi) foi conquistado pelos Lodi (sob o sultão Bahlul Lodi) do Sultanato de Delhi. --- Em 26 de abril, os turcos otomanos, ao conquistarem a fortaleza albanesa de Scutari (Shkodra), praticamente concluíram o processo de domínio da Albânia (faltou apenas o porto de Durazzo ou Dyrrachium, hoje Durrés). --- Em 13 de outubro, os otomanos sofreram fragorosa derrota na Batalha de Kenyérmező (ou Brodfeld, perto do rio Mures, na Transilvânia) diante dos húngaros coligados ao voivode da Transilvânia Basarab Laiota cel Batran. 1479 a 1497 - O califado abássida na capital egípcia foi ocupado por Abû al-`Izz `Abd al-`Azîz al-Mutawakkil `alâ Allah1 (Al-Mutawakkil II). 1480 - Em abril ocorreu um pacto de aliança entre o Canato da Crimeia (com Mengli Giray) e o Principado de Moscou (com Ivan III) no sentido de promover a guerra contra os Jagelons (dinastia lituano-polonesa reinante na Polônia, Hungria e Boêmia) e o Canato da Horda de Ouro (já decadente desde 1430, com seu esfacelamento). Em 8 de outubro, Ahmed Khan (da Horda de Ouro) marchou contra Ivan III, encontrando-se com suas tropas nas margens do rio Ugra. Como ele não recebeu os reforços dos Jagellons, foi vencido em 11 de novembro. Ivan III se proclamou tzar da Rússia e iniciou o processo unificador da Rússia. --- O grão mestre dos Hospitalários, Pedro de Aubusson foi chamado de ‘escudo da cristandade’ ao impedir a tomada da ilha de Rodes por Maomé II (só aconteceu isto em 1522 pelo sultão Solimão) em 3 investidas de junho a 18 de agosto na ilha. ---- Outra armada otomana invadiu a Áustria (então província do Sacro Império Romano Germânico), em 29 de julho, e devastaram a região de Carniola. Em 5 de agosto atravessaram o rio Sava (afluente da margem direita do Danúbio) e invadiram a Caríntia, que foi saqueada e sua população massacrada. --- O vizir otomano Gedik (ou Keduc) Ahmed Pacha, em 14 de agosto, venceu a Batalha de Otranto, no estreito do mesmo nome no Mar Adriático (de importância estratégica para o controle da navegação marítima local). Cerca de 800 otrantinos foram decapitados por não abjurarem o catolicismo; a rica biblioteca do 106 Mosteiro de S. Nicolau de Casole foi destruída. Cerca de metade dos habitantes foi massacrada, outra parte vendida como escravos; o comandante das tropas locais, o bispo e os sacerdotes tiveram seus corpos serrados em duas partes. 1481 - A partir de 6 de janeiro se finalizou o processo de desmembramento total do Canato da Horda de Ouro, com a morte do seu khan Ahmad em conflito com o khan de Sibir às margens do rio Donets. --- Na Índia, o sultão bahmânida Shams al-Dîn Muhammad, em 5 de abril, mandou executar, por suposta traição, o regente Mahmûd Gâwân. A partir daí o sultanato se esfacelou nos chamados 5 sultanatos do Decã, que duraram até 1527. --- Durante o trajeto em uma campanha militar para o Oriente, o sultão Mehmed II morreu (talvez envenenado), em 3 de maio. Subiu ao poder otomano o sultão Bajazé II, após sufocar a revolta pela sucessão, liderada pelo seu irmão Zizim (ou Djem). Este fugiu para a ilha de Rodes, cujo governante, Pedro de Aubusson o prendeu, enviando-o depois para a França. --- Testemunho do respeito aos expoentes intelectuais de Herat foram as cartas enviadas pelo sultão otomano Bajazé II ao poeta e teólogo Djâmî. 1481 a 1512 - Governo de Bajazé II no Sultanato Otomano. 1482 - Em 17 de junho, Bajazé II venceu o irmão Zizim (ou Djem) em Ancara. Entabolaram-se negociações entre ambos sobre a partilha do Império Otomano, mas redundaram em fracasso. Djem fugiu para a ilha de Rodes (em 30 de julho), cujo governante, Pedro de Aubusson, o prendeu, enviando-o depois para a França (1 de setembro). --- Na Espanha, em 28 de fevereiro, eclodiu a Guerra de Granada, em que os castelhanos se apoderaram de Alhambra, na planície de Granada; depois, em 14 de julho, cercaram a cidade muçulmana de Loja, pertencente ao Reino de Granada. 1483 - Neste ano: O sultão Bajazé II se apoderou das ‘terras do duque de Herzog’ (Stefan Vukčić Kosača), isto é, a ‘Herzegovina’ (assim denominada desde 1448). Este sultão e o rei da Hungria, Matias I (dito Corvino, filho de João Hunyade) assinaram uma trégua de cinco anos. 1485 - Em maio, na Anatólia, o emir de Karaman, Karagöz, se apoderou das cidades de Tarso e Adana, na Cilícia. Logo depois estas cidades foram tomadas pelo sultão mameluco Kaitbay. --- Na Espanha, continuando as Guerras de Granada, em 22 de maio, o rei de Aragão Fernando II, conquistou a cidade de Ronda. 1485 a 1491 - O sultanato mameluco do Egito (sob Kaitbay) e o Império Otomano (sob Bajazé II) estiveram constantemente em conflito. Terminou em acordo, após vitória de Kaitbay, que tomou para si algumas cidades da Cilícia. 1487 - O papa Inocêncio VIII, em 27 de maio, pregou mais uma cruzada contra os turcos. --- O pequeno Sultanato de Adal (em posição privilegiada no leste da África, controlando o Estreito de Bab-el-Mandeb, entre os Golfos de Aden e Pérsico) teve um ano agitado por assassinatos: primeiro foi o de Shams ad-Din (em abril-maio), depois do seu usurpador Ibrahim; acabando esta situação apenas em setembro com a ascensão de Muhammad ibn Azhar ad-Din que governou até 1518. --- Neste ano: Na Espanha, em continuidade à Guerra de Granada, os reis católicos, Fernando de Castela e Isabel de Aragão, conquistaram Málaga e bloquearam o litoral do Reino de Granada (sob os muçulmanos Nasridas). 1488 - O sheik safávida Haydar, para se vingar da morte do seu pai, resolveu fazer a terceira campanha militar no Cáucaso, contra o genro do sultão Ya’qub (do Ak Qoyunlu) chamado Chirvanchah Ferruh Yesâr. Foi vitorioso nas proximidades de Chemakhi, mas sofreu derrota e foi morto nas proximidades de Tabarsaran (no vale do rio Samur, que deságua no Mar Cáspio), em 9 de julho. Foi decapitado e sua cabeça mandada para Ya’qub. --Neste ano, na África: Ao morrer o emir Othman, após um longo governo (1435-1488), da Dinastia bérbere dos Hafsidas na Tunísia, a região foi convulsionada em disputas pelo poder propiciando sua decadência e ataques em seus portos pelos espanhóis e turcos. 1489 - Em 13 de março, o irmão de Bajazé II, Djem, chegou à Roma, cujo papa, Inocêncio VIII, tinha pago resgate pela sua soltura ao grão-mestre dos Hospitalários, Pedro de Aubusson (do Reino de Chipre). 1489 a 1517 - O sultão Bahlul Lodi morreu no retorno de uma campanha militar em Gwalior, sendo sucedido por seu filho Sinkandar Lodi que governou até 1517 e restabeleceu a fronteira do Sultanato de Delhi até Bengala (cujo governante, Hussain Shah, assinou um acordo de não-agressão com ele). 1489 a 1686 - O otomano Yusuf Âdil Shâh, tio de Bajazé II, que conseguira se safar do morticínio logo após a morte (Bajazé não queria competidores ao trono) e se refugiara em Bîjâpur (na Índia) onde, em 1489, se apoderou do trono e fundou a Dinastia dos Adilchahidas, que aí governou até 1686. 1490 - Em 30 de novembro, pela primeira vez em Roma, o papa Inocêncio VIII recebera uma embaixada islâmica da parte de Bajazé II, passando a manter relações diplomáticas com o Império Otomano, visto que o sultão lhe mandou a Santa Lança (que transpassou o coração de Jesus Cristo, quando foi crucificado). - Em 24 de dezembro, no Sultanato dos Ak Qoyunlu houve disputas sucessórias, com a morte de Ya’qub, entre seus filhos e sobrinhos. 1491 - Guerra de Granada na Espanha: Em 23 de abril, os reis católicos Fernando e Isabel mandaram construir Santa Fé, a dez quilômetros de Granada, para alojar o acampamento militar para por um termo final à conquista de Granada, que foi cercada nesta data e conquistada em 25 de novembro. 1492 - Na Espanha, os reis católicos (Fernando de Castela e Isabel de Aragão), em 22 de janeiro, entraram em Granada, o último bastião muçulmano na Espanha. Este fato marcou o fim da Reconquista Cristã e representou como que uma desforra pela queda de Constantinopla, em 1453 . O rei nasrida, Boabdil (ou Abu abd Allah) abriu as chaves da cidade com o intuito de garantir a liberdade religiosa para mouros e judeus (a que os reis concordaram pelas capitulações de Granada, em 25 de novembro). ---- O Sultanato do Egito foi assolado pela peste, vitimando cerca de 200.000 pessoas, 1/3 das quais eram Mamelucos. ---- Em 31 de março, os reis católicos de Castela e Leão e Fernando II de Aragão publicaram o Decreto de Alhambra, pelo qual os judeus safáridas tinham o prazo de conversão até 31 de julho ou sair do país. Na negativa, cerca de 200.000 foram expulsos pela Inquisição da Espanha migraram principalmente para Tessalônica e Istambul (o sultão mandou uma frota para recolhê-los na Espanha), mas também para a Itália e África do Norte. Este decreto vigorou até 1967. --- Em 17 de abril, os reis católicos assinaram as Capitulações de S. Fé autorizando o navegador genovês Cristóvão Colombo a atravessar o Mar Tenebroso, isto é, o Oceano Atlântico. Em 3 de agosto partiu do porto de Palos; 9 dias depois aportou em La Gomera (uma das Ilhas Canárias), daí saindo em 6 de setembro; em 12 de outubro atingiu a Ilha de Guanaani (no Arquipélago das Bahamas). Estava, assim, descoberta a América. Há historiadores que admitem esta data como o fim da Idade Média (outros ensinam que foi em 1453). Para a Índia o marco cronológico do fim da Idade Média é o ano de 1526. --- Neste ano, em Herat, morreu Jami (ou Djami), um grande poeta persa. 1493- Corsários e piratas do Magrebe atacaram o litoral da Espanha. 1494 - O Sultanato Mameluco do Egito sofreu a escassez de alimentos e a fome. 1494 (8 de junho) a 1502 - Governo do timurida Bâber (Babur ou Zahir ad-Din Mohammed) em Khorassan e Turquestão (ao se apoderar de Tashkent, neste ano). Foi ele o fundador da Dinastia dos Grandes Mongóis na Índia. 1496 a 1503 - Os comerciantes venezianos perderam todos os seus entrepostos e possessões aos otomanos. NO FINAL DO SÉCULO XV E COMEÇO DO XVI O MUNDO MUÇULMANO TINHA COMO EXPOENTE O IMPÉRIO OTOMANO (desde a Anatólia aos Bálcãs e norte do Mar Negro, enfim desde o Curdistão à Bósnia e do Mar Vermelho à Crimeia no Mar Negro), SECUNDADO PELOS MAMELUCOS DO EGITO (que sucumbiram em 1517 diante dos otomanos). A PÉRSIA, DIVIDIDA ENTRE OS TURCOMANOS DO CARNEIRO BRANCO E OS TIMURIDAS (estes perderam a Transoxiana aos Usbeques) foi unificada pelos xiitas Safávidas (inimigos dos otomanos) desde 1502 até 1722). Em 1502 os turcos otomanos tomaram Crimeia (o último reduto do Canato Mongol) da Horda de Ouro. NA ÁFRICA: todo o norte estava sob o domínio de dinastias muçulmanas locais e estava penetrando na região do Senegal e Kanen-Bornu (junto ao lago Chad). Na Península Arábica apenas Omã e Hadramaut estavam vivendo em regime tribal. Haviam colônias muçulmanas em Zanzibar e Mombasa (na África). NA ÁSIA: no litoral da Índia e China, em Sumatra e Java. SITES CONSULTADOS: catholiquedu.free.fr/cultes/ISLAM/HISTCHRONO.htm fr.wikipedia.org/ (Foi a base deste trabalho, mas apenas em francês e inglês, visto que em português é muito deficiente nos dados) asiecentrale.revues.org/ --Publication de l'Institut Français d'Études sur l'Asie centrale (IFEAC) http://www.passion-egyptienne.fr/histoire%206.htm wikipedia http://www.alternatehistory.com www.unicitylight.info http://www.cosmovisions.com/ http://www.qantara-med.org/qantara4 http://savoir-du-monde.fr http://www.islamophile.org http://www.persee.fr/web/revues http://www.mediterranee-antique.info/Moyen_Age/Divers 107 www.templiers.net/ www.andalous.ma http://remmm.revues.org (Revue des Mondes Musulmans et de la Méditerranée) http://www.teheran.ir (Revista de Teheran)
[email protected] --LA MEDITERRANEE AU XIIe SIECLE :LE CARREFOUR DE TROIS CIVILISATIONS www.universalis.fr/ (enciclopédia). Além dela a Larousse e Britânica, embora a consulta seja parcial (integralmente só pagando). http://www.templiers.net/saladin/index.php?page=28-chronologie-islam-orient http://www.atthalin.fr/louvre/histoire_art/islam/islam4.html (Ciências, artes e literatura árabop-persa) http://www.islam-nouralhidaya.com/printthread.php (Arábia pré-islâmica) CONSULTAS BIBLIOGRÁFICAS: Wiet, Gaston - L’Islam - Histoire Universelle II - Encyclopédie de la Pléiade- Éditions Gallimard. MacDonald, A.W. –L’ Inde - Extrême-Orient - idem. Palou, Jean et Christiane - La Perse Antique - PUF -1962 Toynbee, Arnold - A Humanidade e a Mãe-Terra - Uma História Narrativa do Mundo –Zahar Editores- Rio de Janeiro-1982 The Times - Folha de S. Paulo - Atlas da História do Mundo - 1995 Latrie, M.L. de Mas - Traités de Paix et de Commerce... - digitalizado pelo Google. Bianquis, Thierry - Pouvoirs arabes à Alep aux Xe et Xe siècles - Persée A HISTORY OF PERSIA BY LIEUT. - CoL. P. M. SYKES --C.M.G., C.I.E - download de Archives Text Nature, Science et Societé dans la Mediterranée (IXème - XVème siècle) - Unesco - Cosenza- Italie-1999 Grousset, René - L’empire des steppes- download de UCAQ Grousset, René - As Cruzadas - Difusão Européia do Livro - S. Paulo -1965. IBN AL-TIQTAQÂ : Histoire des Dynasties musulmanes (download). Encyclopédie de la Pléiade - Histoire Universelle - volume II - L’Expansion Arabe - Gaston Wiet - pág. 3 a 137. Bréhier, Louis - Le Monde Byzantin –I volume : Vie et mort de Byzance –Paris-1946/9- Éditions Albin Michel:uqac.ca/classiques/brehier_louis/monde_byzantin/brehier_vie_et_mort_byzance.pdf e da Université de Paris XI-Orsay - Courriel :
[email protected] Dictionnaire Chronologique d’Histoire Universelle Du Moyen-Age par Daniel Legrand -- Liens:<http://www.dictionnairechronologique.cabanova.fr> e <http://danielgr.free.fr/Dictionnaire%20Chronologique.pdf> Le Brun, Charles - Les Croisades- Dossier Actualité de l’Histoire- septembre 1999 HistoryOrb.com 108