APPADURAI 2.pdf

May 21, 2018 | Author: Antonio | Category: Economics, Capitalism, Sociology, Globalization, The United States


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I) ) I t ;; 2 Disjuntura e diferença i r na economIa cultural global t o mero conhecimento dos factos do mundo moderno basta para notar ,'que ele é agora um sistema interactivo num sentido espantosamente novo. Histori<idores e sociólogos, em particular os que se interessam pelos pro- cessos translocais (Hodgson, 1974) e pelos sistemas mundiais associados ao capitalismo (Abu-Lughod, 1989; Braudel, 1981-84; Clirtin, Wal- lerstein, 1974; Wolf, 1982), sempre souberam que o mundo há muitos sé- culos que é um conglomerado de interacções em larga escala. Contudo, · o mundo de hoje implica de uma nova ordem e de uma nova intensidade. No passado, as transacções entre grupos sociais eram em geral restringidas, umas vezes por factores de geografia e eco- logia, outras pela resistência activa à interacção com o Outro (como na. China durante a maior parte da sua história e no Japão antes da Restau- ração Meiji). Sempre que houve transacções culturais duradouras em· grandes zonas do globo, elas estiveram normalmerite relacionadas com as viagens de longo curso das mercadorias (e dos mercadores a elas mais · ligados) e de viajantes e exploradores de todos os tipos CHeIros, 1988 ; 43 franceses e holandeses) esteve desenraizamento. entrámos os Mogóis e os .() para longe da formação de ecúmenos em larga escala.I dialecticamente (Chatterjee. o mundo tem visto muito tráfego cultural de longo prazo).Algures nos séculos transactos. a curiosidade pela Ásia que Pico Iyer despertou recentemente 44 . porém. 1987) ou mesmoesquizofrénico. ·'''\'processos culturais no mundo actual. há que não esquecer que eles criam comunidades «sem sentido do europeus se difundiram no mundo extra-europeu. 1986).einos da Africa pré-colonial (como o Daomé). (Deleuze e Guattari. . truídas é sem dúvida uma fase crucial deste percurso. as quais e grupos por um lado. mesmo daqueles e nos r. Este conjunto ° lugar» (Meyrowitz. Até aqui. mundo em que hoje viVemos é rizomático I mtrIncado e de mundos eurocoloniais (primeiro espanhóis e 'o. ARJUN APPADURAI DIMENSÕES CULTURAIS DA GLOBALIZAÇÃO u 1963). 45 . no Sueste Asiático insular (como os numa fase inteiramente nova das relações de vizinhança. dados os problemas de ·tempo e de distância radoxo do primordialismo construído. Marshall McLuhan. E aqui aproximamo-nos da problemática central dos centes nacionalismos em todo o mundo. dominada em grande medida pelos . Portanto. (e longo. 1983) dos re. do computador e do telefone. para atreções de intimidade e interesse do mundo em que hoje vivemos. mas as teorias ·como esta u conquista e migração se mo·stram capazes de criar vín. As duas princip·ais forças de interacção cultural duradoura U antes deste século foram a guerra (e os grandes sistemas políticos que por Com aquilo a que Benedict Anderson chamou «capitalismo impresso». do avião. entre viajantes e mercadores. ficou-se uma explosão tecnológica.. pro- um de ecúmenos sobrepostos. da necessidade de comunicação presencial ou mesmo de comunicação indirectaentre pessoas e grupos. em parte por causa do" desenvolvimento relati. o que é notável. de cada vez que queremos falar de aldeia (e. eliminar como pareciam :as formas anteriores de tráfego cultural à luz da (J vamente autónomo de formações sociais vastas e agressivas nas Américas revolução da imprensa. trónica por outro. 1985). comerciais ou políticos. começa a que estão muito distantes de nós. no século que passou· veri- CJ de escala menor. As forças de gravidade cultural parecem puxar A revolução do impresso e as afinidades culturais e diá. U . com o advento do navio a vapor. 1989). Com efeito. .Otomanos). po. os tramItes culturais entre grupos socialmente e espacialmente sepa. rencIas de tecnologia e pelas inovações do fim do século XVIII e século XIX trata de meios de comunicação.. É que. a guerra como um dos seus instrumentos de respectiva produção em -larga escala de projectos de afinidade étnica isen. em que conglomerados de curou teorizar este mundo como «aldeia global».U poucos negarão que.Bayly. comunicação (McLuhan e Powers. . na Eurásia (como os Mongóis os seus des. vezes a geraram) e as religiões de conversão que por vezes tiveram como lançou-se no mundo um novo poder. que criaram ordens coloniais complexas com base em global.. das fantasias (ou pesadelos) da contiguidade elec- cnaram por sua vez as comunidades imaginadas (Anderson.· 0 e . foi . móvel.0. é tudo evidente. mas a questão das etnicidades cons- rados foram efectuados com grande custo e só com muito esforço se pro. Empartepor causa da expansão dos interesses marítimos do dominado pela imprensa pareçam tão duras de ganhar e tão fáceis de · U OCIdentaIS a seguir a 1500. Sabemos agora que. entre outros. parece rer mudado a natureza deste cam. sejam eles logos por ela desepcadeados foram. acto de ler coisas em U conjunto dispôs o cenário para movimentos baseados num paradoxo: o pa. apenas modestos precursores () rehgIosos. 1989). do auto. contidas no percurso do colonialismo e nos nacionalismos que ele gerou tos. transportes e pela inforniação que faz com que as interacções de um mun. longaram no tempo.l ) legItImos. requer teorias dO "- portugueses. da alienação e da distância psicológica entre indivíduos base de um permanente tráfego das ideias de povo e indivíduo. caso do islão. Portanto. maiS tarde sobretudo ingleses. (como os Astecas e os Incas). . peregrinos e conquista- dores.O . quando se . parecem ter sobrestimado as implicações comunitárias da nova ordem da mtersocletais duradouros. da fotografia. Claro que há muito mais coisas e as tecnologias para a gestão de recursos em espaços muito vas. o poder da literacia de massas e da . Este processo foi aceleradO pelas transfe.I I ° tos. · ginárias as canções. já não é nostalgia.s um imaginaire social amplamente construído sobre per-realista. Mas ame. As perturbadoramente fiéis às suas origens do que o são hoje nos Estados guerras da droga na Colômbia recapitulam os suores do Vietname. ARJUN APPADURAI DIMENSÕES CULTURAIS DA GLOBALIZAÇÃO I (1988) é de certo modo produto de uma confusão entre uma inefável -modernos talvez achem que não é para ádmirar.. que o resto das suas vidas não ling Stones. ·e são históricas. quinquagenários. a peça a encenar.. satisfazendo ao mesmo não só são mais filipinos do que americanos a cantar versões perfeitas . se seguirmos Jean Baudrillard ou ricana e da violação política das Filipinas de que resultou. I Wayne que esconde Spiro Agnew e todos eles se transfiguram em Syl- ricanização é por certo um pálido termo para aplicar a esta situação.. reposições . Aqui reside uma das gran. por vezes camufladas de passividade e de um apetite insaciável ' anos cinquenta. A nostalgia americana alimenta o desejo fi. de do mundo as-iático pelas coisas do Ocidente. circulam entre rapaziada de dezoito anos está em completa sincronia com o mundo de referência de onde são ori. Toda uma nação parece ter aprendido a mima·r Kenny Rogers Ollie. rais. de dos anos trinta. ! mcdonaldização do mundo e o jogo muito mais subtil das trajectórias in- dígenas do desejo e do medo com fluxos globais de pessoas e coisas. É evidente que o paradoxo tem as suas explicações.são mais a sensibilidade mercantil pós-moderna. ração de memória. intactas. com Unidos. e por certo tem razao (1983).os mais radicais dos pós. Paul McCartney vende os Beatles a novos públicos co- Em mais um passo para a globalização no que Frederic Jameson cha. I reposição (desta vez com happy ending) da guerra do Vietname. róis dos seus pais. se é certo que está já não estão bem no presente quando tropeçam nas megatecnologias do a emergir um sistema cultural global. Tornou-se um armazém ·sincrónico de enredos cultU- lipino representado como reprodução hipercompetente. Jamesonnão hesitou em relacionar a política da Jnostalgia com lares americanas não só são as mais ouvidas nas Filipinas como .o modos I I essenciais de produção e recepção de imagens. tanto tempo uma primeii'\ dama que tocava piano enquanto os bairros da Mas oaostaria de suaerir que a possibilidade aparentemente crescente de o . de moda dos anos quarenta. elas põem a nua questão da missionação ame. a criação de uma nação de americanos a fingir que aturaram durante satracados do seu significado social (todo o mundo é uma Disneylândia). os reféns a salvar. de algumas canções americanas (muitas vezes do passado americano). Com peculiaridades do capitalismo tardio. lata se expandiam e degffldavam em Manila . século XXI com roupagens defilm no ir dos anos sessenta. Jean-François Lyotard ao interior de um mundo de signos totalmen te de- sas. como um grande coro Motown asiático .North e a sua sucessão de máscaras Jimmy Stewart esconde John e as irmãs Lennon. danças dos anos vinte e assim por diante. de jantares dos sistências. lho. tudo em roupagem tec- des ironias da política dos fluxos culturais globais. :D . pois. especialmente no nológica. . de certo modo. Os próprios Americanos I · efeito. as versões filipinas canções popu.. o pastiche e a nostalgia sã. substituir todo um período ou postura por outros nos estilos culturais do 46 47 . as próprias impressões de Iyer testemunham que. que ganha no Afeganistão . tempo a secreta inveja que a América tem do imperialismo soviético e a . campo do entretenimento e diversão. uma espécie de central de ccisting temporal a que recorrer apropria- talgia sem memória. damente. a Tudo isto está em forma para corrida. A própria explicação de Iyer para a estranha afinidade filipina pela No que respeita aos Estados Unidos. pois vester Stallone. bem com9 Adam-12. conforme o filme a realiúr. . estes filipinos contem. ele está porém cheio de ironias e re. poder-se-ia sugerir que a ql1estão música popular americana é um rico testemunho do culto global do hi. lando a sua nostalgia oblíqua ao desejo deles de novidade a cheirar a ve- mou recentemente «nostalgia do presente» (1989). Os Rol- como também se verifica. para não falar de Batman e de Missão: Impossível. pIam um mundo·passado que nunca perderam. evidentemente. que parece não precisar do mecanismo de nostalgia para embarcar nos he. Faz um jogo demolidor com a he. porquanto na crónica das. entre outras coi. Trata-se de nos. ad úzfinitum. mas notavelmente fiel à atmosfera dos originais. Dragnet regressa travestido de anos noventa. ma. O passado deixou de ser uma pátria a que regressar numa simpies ope- gemonia da eurocronologia. Feld. Este desatar da imaginação liga o jogo do pasti... J \ os cordelinhos de um sistema mundial de imagens. sobretudo pelos vi- :. 1987. 1988. ( nizado de práticas sociais. imaginado. ' '\ o pode ser aniponização para os Coreanos: a indianização para os te comum). (imaginaire) como paisagem construída de aspirações colectivas. 1985. já não é simples fuga (de um mun. U capitalismo avançado está ligada a forças globais mais vastas que muito globalmente definidos. f' ! . Assim. a imaginação tornou-se um campo orga-. a ideia da comunidade ramifica-se quase sempre. as produções culturais pós-industriais Homogeneização e heterogen. municação (Hamelink. isto é verdade para ü nicação modernos. então o teu passado pode apresentar-se como uma simples moda.'----J \ país. as forças de várias metró. comO ! '- já não é passatempo de elites (portanto. embora alguns antropólogos continuem a relegar os seus Outros para espaços temporais que eles pró. O Imagem. já não é mera contemplação (irrelevante para novas formas galeses. Nicoll. ' ( O ponto crucial. outras perspectivas (Gans. agora mediatizadas pelo prisma compleXo dos meios de comu. da Arménia soviética e para as repúblicas bálticas. Mas há que notar-que para o povo de Irian Jaya a indo- do definido principalmente por objectivos e estruturas mais concretos). l lidade normalizada dõ teu presente.. 1983. Já não é mera fantasia (ópio do povo 1987. Yoshimoto. Mas. imaginário: são tudo termos que nos orientam rismo. em especial as imagens produzidas meca. O mundo em que hoje vivemos caracteriza-se por um novo papel da muitos deles vieram do lado -esquerdo do espectro dos estudos sobre co- imaginação na vida social.tese da americanização. uma maneira de trabalhar (tanto no sentido ternativos à americanização poderia ser muito maior. se o futuro deles for acção.. irrelevante para as vidas da gen. precisamos de recu. a música e para os tipos de habitação como o é para a ciência e o terro. 1983). I fizeram para mostrar aos Americanos que o passado é normalmente outro che (em certos cenários) ao terror e à coerção dos Estados e doS' seus -. competidores. Mattelart. DIMENSÕES CULTURAIS DA GLOBALlZAÇÃO ARJUN APPADURAI . quer na tese imaginada (no sentido de Anderson). temos que abordar U ricana). Esta lista de medos al. 1988).eização U entraram numa fase pós-nostálgica. 1988. nesianização pode ser mais preocupante dó que a americanização.uma complexa construção transnacional de paisagens imaginá. Poder-se-ia invocar um elo de . porém. para o podermos afirmar com sentido. I i "- 48 49 . pois não passam de homogeneização cultural e heterogeneização cultural. poles tomam-se indígenas de uma maneira ou de outra. é que já não são os Estados Unidos quem puxa o problema no centro das interacções globais de hoje é a tensão entre . 1976).. Atese da nicamente (no sentido da Escola de Frankfurt). . imaginação como prática social. e a ideia francesa do imaginário da mercantilização e quase sempre as duas andam intimamente ligadas. 1989.. Ivy. os espectáculos e as constituições.. . Schiller.. 1989) e muito . A imaginação está agora no centro de todas as formas de lJ \ nização 'e em muitas fantasias turísticas gratificantes).. alguns de perar a velha ideia de imagem. a vietnamização para os Cambojanos e a russificação para 6 povo de desejo e de subjectividade). Iyer. ' cuja verdadeira função está alhures). A dinâmica desta indigenização U para algo de fundamental e de novo nos processos culturais globais: a mal começou a ser explorada sistematicamente (Barber. que não O que estas posições não consideram é que pelo menos tão rapidamente o é mais nem menos real do que as representações colectivas de Émile quanto são trazidas para as novas sociedades.U prios não ocupem (Fabian. Se o teu presente for o futuro deles (como em tanta teoria de moder. do labor como no de prática cultllfalmente organizada) e uma forma de ventário amorfo: para comunidades de menor há sempre o medo "- negociação entre sedes de acção (fl\divíduos) e campos de possibilidade da absorção cultural por comunidades de maior escala.:.. mas não é um in- . é em si um facto social e é o componente-chave da nova ordem ' o teu passado (como no caso dos virtuosi filipinos da música popular ame. outras questões. global. mais há a fazer. . 1983. u Durkheim. quer na. Para o compreendermos. 1989. toda uma série de factos empíricos a favor dq lado da homogeneização e rias. Uma comunidade imaginada pelo homem é mais uma prisão po.:. Proponho um esquema elementar para explorar essas disjunturas: ver a amizade. situadas de pessoas e grupos espalhados pelo globo (cap. isto é. da tradição marxista (Amin. . (b) mediafaisagens. mas sim em m. em parte à custa do seu próprio sentido do que essas paisagens ofe- real do que a ameaça das suas próprias estratégias hegemónicas.. ou de excedentes e défices (como nos modelos tradicio.. der-se como que Scott Lash e John Urry chamaram capitalismo qesor. residência e' outras relação entre cinco dimensões de fluxos culturais globais a que podemos formas de filiação relativamente estáveis. os refugiados do Sri Lanka encontram-se 50 51 .. A nova economia cultural global tem que ser considerada uma ordem Estas paisagens são portarito o material de construção do qU? (por ex- complexa. Não . (c) teenopaisagens. Também não é suscep. os . Um facto im- tível de modelos simples de promoção-retracção (em termos de teoria portante no mundo em que hoje vivemos é que em t?do o globo muitas .. mundo em deslocamento que habitamos: turistas.. das migrações). Paisagem como sufixo pemute-nos -----. loeus deste conjunto perspectivado de paisagens.i ARJUN APPADURAI DIMENSÕES DA GLOBALIZAÇÃO :. tipos de actores: Estados-nações. bam por ser percorridas por agentes que vivem e constituem formações zação (ou o capitalismo. das. "'.. empresas multinacionais. exilados.. 1 que começamos Ja a teonzar . bem como de nascimento. .-r. bairros e famílias. pois estas aca- tivamente às suas próprias minorias mediante apresentarem a mercantili. cultura e política política das nações (e entre as nações) a um grau sem precedentes. 1980. (d) fi. .. que já não podemos compreender tensão de Benedict Anderson) chamarei mundos imaginados. pessoas vivem nesses mundos imaginados (e não apenas em comunidades ' nais de balança comercial). linguística e política de diferentes lítica para o homem. o indivíquó actuante é o último de homogeneização pode também ser explorada por Estados-nações rela. de sub. traba.. estratificante. Com efeito. MandeI. pois os homens e mulheres das aldeias da Índia não pensam bém que estas não são relações objectivamente dadas que parecem o mesmo apenas em deslocar-se a Poone ou Madrasta.... bem como grupos e movimentos subnacionais (sejam religio- também ligada à relação entre Estados e nações. imigrantes. inflectidas pela localização histórica. .. sos. e mesmo' de grupos íntimos e próximos. à nanciopaisagens e Ce) ideopaisagens . políticos ou económicos). quero com isto dizer que não haja. irregular destes horizontes.. comunidades da Esta dinâmica escalar.!. refugiados.lhadores convidados e outros grupos e indivíduos em mo- ganizado (1987).: . recem . 1974.. Além disso. 1. disjuntiva. trabalho e lazer. termos com paisagem como sufixo comum indicam tarn-' maior escala. De momento. comunidades e redes de parentesco. são construções profundamente perspectiva. que tem difundido manifestações globais. estas realidades e estas fantasias funcionam agora em vestuário. zinhos.notemos que a simplificação destas muitas forças (e medos) como aldeias.udarem-se de todos os ângulos de visão.1. está diáspora. a que voltarei mais tarde. 1978. Por etnopaisagem designo a paisagem de pessoas que constituem o \Volf. A complexidade da economia global actual tem a 'ver vimento constituem um aspectQ essencial do mundo e afectar a com certas disjunturas fundamentais entre economia. Quero' dizer qUe por toda a parte chamar (a) etnopaisagens. Mesmo as verter os mundos imaginados ria mente oficial e na mentalidade empre:" teorias mais complexas e flexíveis do desenvolvimento global surgidas sarial que as rodeia. formas que caracterizam a realidade de terem que se deslocar ou as fantasias de quererem deslo- o capital internacional tão profundamente como a moda internacional do car-se. o tecido destas estabilidades é feito no tear dos movimentos humanos. 1982) são inadequadamente rebuscadas e não conseguiram enten. nos termos dos modelos preeXistentes (mesmo os que múltiplos universos que são constituídos por imaginações historicamente podem explicar centros ' e 'periferias múltiplos). ou de consumidores e produtores (como na imaginadas). rried{da que aumenta o número de pessoas e grupos que têm que enfrentar apontar a forma fluida. maior parte das teorias neomarxistas do desenvolvimento). 1).. . Wallerstein.. . . ou qualquer outro inimigo externo) como mais maiores. para o Dubai e para Houston. sendo portanto capazes de contestar e por vezes até. da Universidade da Pensil:. tanto no Sul da Índia como na Suíça. E como o capital internacional desloca as suas neces. mas as complicadas tecnopaisagens (e as etnopaisagens em tran. nacionais a uma velocidade estonteante. a me. rápida e di. mento humano. e' nelas estão O O 52 53 . possibilida. tanto a alta como a baixa. que ligam as duas economias através de uma . já que os mercadós de capitais. China. conforme o seu gé. com implicações vastas e abso. as bolsas na- O I descansar por muito tempo a: sua imaginação. O para os Estados Unidos . mesmo um modelo elementar de economia política global tem que ("" ) '-<. Rússia e Japão. todo o mundo. cin<?ma e cassete) vastos e complexos repertórios de imagens.. as suas ferramentas (electrónicas ou . depois branqueados pelo Departamento relacionadas. transnacional) e os in- . . Portanto.J 1 í cânica e a informacional.d1 relações de complexidade crescente entre fluxos monetários. outros infor- buição desigual das tecnologias. tecnopaisagens e financiopaisagens é profundamente disjuntiva e ' total- bia pode implicar interesses da Índia. O tàdos Unidos ou . Hoje. nacional. tal como os Hmong vão para Londres sem ter em grande atenção os fluxos fiscais e 'de investimento. cionais e a especulação' comercial se movem nas placas ' giratórias i da tecnologia e ao facto de a tecnologia.' ou para Filadélfia. Mas a questão fulcral é que a relação global entre etn9paisagens. fluxo tecnológico e transferências financeiras : o Em refracção destas disjunturas (que aliás não chegam a formar uma lJ renciada .. ao mesmo tempo que exporta criados de mesa e motoristas para o Dubai e para Sharjah. Mediapaisagem refere-se à distribuição da capacidade elec. controlo político ou racionalidade dO$ mercados.grelha sidades. do preço do imobiliário em Nova Iorque e em Tóquio narrativas e etnopaisagens a espectadores de. tas imagens encerram muitas inflexões complicadas. as peculiaridades destas macionais. sempre tão fluida. extrema. pré-electrónicas). logo. teresses daqueles que as detêm e controlam. como a produção e a tecnologia vão gerando necessidades dife. () tradicionais (como faz o Banco Mundial) e estudá-la rios termos das com. de um número crescente de interesses privados e públicos em todo o mun. Es. e mais pelas Assim. O vânia). global de especulação monetária e transferência de capitais? rentes. que são paisagens iconográficas intimamente ' o roughs ou para o Banco Mundial. Portanto.. televisão. sagens ou ideopaisagens. fícil de seguir do que n:\lnca.contratados por pouco tempo para a Tata-Bur. O aspecto mais importante () siçã-o) subjacentes a estes iridicadores e comparações estão mais longe d9 alcance da rainha das ciências sociais do que nunca. ter em linha de conta as relações profundamente disjuntivas entre' movi- des políticas e pela disponibilidade de mão-de-obra.(j. exporta também engenheiros infra-estrutura mecânica global simples) estão o que chamarei mediapai.C. C) de Estado para se tomarem abastados estrangeiros residentes que são por trónica para produzir e disseminar informação Uornais. nero (docUmentário ou diversão). () cala. mente complexos. Conti. porque cada uma dessas paisagens está sujeita aos de diferentes componentes de novas configurações tecnológicas. las actuacomo constrangimento e parâmetro dos movimentos das outras. a Índia. 'U ARJUN APPADURAI DIMENSÕES CULTURi!'IS DA GLOBALlZAÇÃO u i: I. é-nos também útil falar de financiopaisagem. seus próprios constrangimentos e incentivos (uns políticos. ii:f fugiadas. Ü parações tradicionais (como no Projecto Link. os seus públicos (local. estes grupos em movimento podem nunca conseguir deixar sição do capital global é hoje uma paisagem mais misteri. outros técnico-ambientais) ao mesmo tempo que cada uma de- sagens são cada vez menos determinadas por uma óbvia economia de es. empresa multinacional tem raízes: um grande complexo siderúrgico na Lí.osa. ( \ t } Por tecnopaisagem refiro-me à configuração global. são muitos os ·paÍses onde a tempo. transpor agora a grande velocidade diversos ti. lutas para as pequenas diferenças de pontos percentuais e unidades de W pos de fronteiras antes impenetráveis. pois a dispo. Como é que se há-de destas mediapaisagens é que fornecem (especialmente sob a sua forma de o uma comparação significativa dos salários do Japão com os dos Es.. qualificada e indife. fornecedores mente imprevisível. como os Estados-nações alteram a sua política para populações re. r. ü nuamos a poder referir-nos à economia' global nos termos dos indicadores do e das imagens do mundo criadas por esses meios de comuriiçação. A distri.. revistas: estações sua vez objecto de mensagens sedutoras no sentido de investirem o seu de televisão e estúdios de produção de filmes) que estão agora ao dispor O dinheiro e competência em projectos federais e estatais na Índia. nos seus movimentos globais. diferentes palavras-chave (e. democracia história inicial dos Estados Unidos. Portanto. ca: semântica. públicos. de pedaços da realidade. mas são Uornais contra cinema. de modo que. na medida em que o uso dessas palavras . representação e esfera pública. Williams. desagregar-se. por agentes políticos e seus públicos pode estar sujeito a conjuntos muito rativa. enredos e for. até partes do mundo comportam probiemas de natureza semântica e pragmáti- fantásticos. mas im- tura. organizaram a sua cultura política e que gira em torno de As linhas qivisórias entre as paisagens realistas e ficcionais que vêem es. cuidadosa tradll. de outro mundo imaginado. por exemplo) e que espécie de convenções de gé- muitas vezes directamente políticas e com frequência têm a ver com nero pragmático regem as leituras colectivas de diferentes tipos de textos. entre os quais tis da retórica budista ou neoconfuciana encriptada num documento polí- liberdade. no processo da e interligado de imprensa. rrias está no centro de uma série de 54 55 . direitos. sua evolução. as narrati- periência directa da vida metropolitana. cimento industrial democrático? tituir narrativas do Outro e protonarrativas de vidas possíveis. tico. e desagregam-se. muitas variantes no Reino Unido. Estas convenções implicam tarribém uma questão muito mais subtil: que podem tornar-se prolegómenos ao desejo de aquisição e movimento. um público coreano pode reagir aos códigos sub- que consiste num encadeado de ideias. Essas convenções não são apenas questões de retórica po- mas textuais) a partir dos quais podem fomar vidas imaginadas. que conjuntos de géneros comunicacionais são valorizados e de que modo As ideopaisagens são também concatenações de imagens. Em resultado das diferentes diásporas destas palavras-chave. ecrãs electrónicos e painéis de rua. França e Estados Unidos) foi construída quando tomam forma em diferentes contextos nacionais e transnacionais. especialmente a partir do sé. com base nar. 'sejam elas_ produzidas por interesses privados ou texto para contexto.. à antiga União Soviética e à China. 1976). quanto mais longe estes públicos estão da ex. mundo os próprios meios de comunicação são um repertório complicado f lítica pouco estruturada em que diferentes Estados-nações. . fantasias . prosperidade. . A própria relação de ler com ouvir e ver pode variar em importantes minante. e o que oferecem aos que as vivem e as diferentes de con\'enções contextuais que mediatizam a sua traaução para transformam é uma série de elementos (como personagens. O que isto significa é que para muitos públicos em todo o tiva dominante euro-americana.. com uma certa lógica interna e pressupunha uma certa relação entre lei. (Sobre a dinâmica deste processo nà põe-se uma análise urgente. 1990. termos e imagens. representação e o termo do. estéticos. pois ajudam a cons. soberania. g. Estes enredos podem quando se referem aos perigos do hooliganismo? O que querem os dirigen. na medida em que as palavras (e os seus equivalentes 1exi- tiva. em complexos conjuntos de metáforas tes sul-coreanos dizer quàndo falam de disciplina como chave par:a o cres- em que as pessoas vivem (Lakoff e Johnson. Quase ninguém ' reparou nesta sinestesia globalmente variável.. com poderosos ecos desde o HaItl e a''froloma ate ) destes termos e imagens por todo o mundo. o que querem os vetustos dirigentes chineses dizer próprios e as daqueles que vivem noutros lugares. enquanto na Índia o público pode estar atento às ressonâncias de orientados para a tomada do poder de Estado ou de um bocado dele.de cons. lagias de Estados e contra-ideologias de movimentos explicitamente Assim. celulóide. substituindo-a por uma sinóptica da po- . _ ' tão esbatidas. Estas um discurso político em termos de certas palavras-chave e frases reminis- são compostas por elementos da visão do mundo iluminista 'centes do cinema hindu. democracia . aligeirou a coesão interna que os mantinha unidos numa narra- e da política. ARJUN APPADURAI DIMENSÕES CULTURAIS DA GLOBALIZAÇÃO profundamente misturados o mundo da mercadoria e o mundo das notícias culo XIX. 1980). e pragmática. a política oficial. as deles lítica: por exemp10.- J . A narrativa dominante do Iluminismo Ce das suas aspectos que determinam a morfologia destas diferentes ideopaisagens . vas políticas que regem a comúnicação entre elites e apoiantes em diferentes truírem mundos imaginados que serão objectos quiméricos. ver Warner. particularmente se avaliados pelos critérios de outra perspec. tendem a ser explicações centradas na imagem.Ção de con- As mediapaisagens. maior a probabilidade . cais) requerem.) Mas a diáspora um termo dominante. b ti ARJUN APPADURAI DIMENSÕES CULTURAIS DA GLOBALIZAÇÃO 0 t \ ideopaisagens. no' âmago de uma série·de fundamentalismos globais. riados interesses. os Suecos e os Sau.. tecnopaisagens. como os Suíços.O lume de cada um desses fluxos são agora tão grandes. em geral. Hechter. de siques.C) I gens podem criar graves problemas às ideopaisagens que se lhes deparam. imagens e ideias seguem hoje caminhos cada vez mais aniso. muitas vezes apenas guias parciais para os bens e experiências as A destenitorialização. lhante fil!ile de Mira Nair. um sentido exagerado e intensificado da crítica . a escala e o vo- novas "ideopaisagens em que podem começar a irromper conflitos étnicos. em que dmheuo.. incluindo o funda. por exemplo. como os turcos. do mundo. mas a mera velocidade. . a Namíbia e a Eritreia são outros teatros onde se O notoriamente próximos da imigração.ao espaço de sociedades relativamente abastadas. grupos destenitorializados.. É que as ideias C nível. A Margem () a exportar (todas) e a importar (algumas) mercadorias. empresários das artes e agências ?e que O . O base para uma tentativa de formulação das condições em que ocorrem os Ao mesmo tempo. A destenitorialização. uma pátria inventada para a população sique des.. t isso se criam continuamente novos caleidoscópios terminológicos. é evidente O . . Estados (e os grupos que os querem conquistar) procuram pacificar po.. que é o cerne do meu modelo de fluxo o país de origem. por vezes. dorias e pessoas Sé dedicam a caçar-se mútua e incessantemente à roda . reprodução cultural dos hindus no estrangeiro ficou ligado ãpolítica in- Esta longa análise terminológica dos . \ ' e outros grupos circum-mediterrânicos. de palestinianos. constituem a cultural global. é uma das forças fulcrais do mundo populações desterritorializadas transferem umas para as outras.. as mediapaisagens de grupos desterritorializados. dores convidados mantêm contacto continuado com as suas nações de ori. No bri- moderno porque traz as classes trabalhadoras para os sectores da classe .i A fluidez das ideopaisagens complica-se em particular por causa da creS. que as disjunturas territorializada de Inglaterra. 56 57 . levantando de raiz o e as imagens produzidas pelos meios' de comunicação de massas são problema da reprodução num contexto desterritorializado. Canadá e Estados Unidos. .. os Suíços e os Sauditas aceitam populações de traba. ou de ucranianos.O cente diáspora (voluntária e involuntária) de intelectuais que continua. Naturalmente. mesmo I-J I ções toscas de outros termos centrais do vocabulário do Iluminismo. o A criação de Calistão. No entanto. tendem a desejar viver nas suas novas pátrias. que o deslocamento transoceânico inoianos explora?o por va. dentro e fora da India. g. ( .. Os Japoneses são potencial sanguinário dessas mediapaisagens quando interagem com os O particularmente receptivos a ideias e sao estereotipados como propensos colonialismos internos do (e. mas estão também Ocidental [do Jordão]. maquInaria. ao. vemos as inúmeras voltas des- (' . apostas de diferentes configurações pragmáticas de tradu. Alguns desses grupos de trabalha. merca.. islâmico e o hindu: NÇ> caso hindu. italianos É no terreno fértil da destenitorialização. é um exemplo do se tornaram fulcrais para as políticas da cultura global. a desterntorialização cria novos mercados para as O actu:üs fluxos globais: ocorrem dentro e através da crescente disjuntura . requer algumas explicações. (J lhadores convidados. assim criando diásporas laborais de turcos.:. mediapaisagens e apostam na contacto da população com O ideopaisagens. gem. seja de hin·dus.. que as mediapaisagens e ideopaisagens do mundo moderno . claro que em todos os períodos da história humana houvedis- junturas no fluxo destas coisas. podem mUltas vezes tor.. povo. . encen. das etnopaisagens.\ pulações cujas etnopaisagens estão em movimento e cujas mediapaisa. como os migrantes sul7asiáticos de alto encontram a sua contrapartida fracturada e fragmentada.a a negociação sanguinária entre Estados-nações existentes e vários C) ditas. de identificações financeiras e religiosas através das quais o problema da em diferentes partes do mundo. nar-se fantásticas e unilaterais o bastante para fornecerem material para O mórficos. baixa e pa. lndia Cabaret. pois os ou do apego à política na pátria de acolhimento. mas outros. .cinco termos que criei serve de terna hindu do fundamentalismo. para cnar uma complIcada rede () mente injectam novas correntes de significado no discurso da democracia. Primeiro. está agora O . """ . 1975). E por tempo que cria. Esta formulação. estas pátrias inventadas. produtoras de filmes.· dinheiro. É possível dizer que em muitas todo este capítulo: ide ias de nacionalidade parecem aumentar sociedades a nação e o Estado tornaram-se projectos um do outro. as conveniências e seduções da viagem. como entre os tâmiles do Sri Lan- mo tempo os Estados procuram captar e monopolizarideias de nação (Ba. quase sem con. Embora muito mais se pudesse dizer sobre a política cultural da des. criando vários tipos de espectáculo internacional para o próprio sentido do que possam ser as relações entre homens e mulhe. 1988. seja museificando e representando sistema- mens em clubes com números de dança inteiramente derivados das es. seja afirmando-se busca de fortuna como dançari. como entre os Curdos. quebequenses . o alfobre de separatismos brutais . aomes. domesticar a diferença e seduzindo pequenos grupos com a fé). vamente de escala e cruzam regularmente . 1986. significa que há uma luta da xuais em muitos pontos da Ásia e no mundo em geral . Ímaginação. Como trabalho. por outro lado.Em geral. gido do nada e mi. será apropriado. as linhas dormentes.nas e prostitutas de cabaré. políticas radicam nas irregularidades que hoje caractenzam o capItal de- nidades imaginadas que procuram criar Estados próprios ou talhar um bo. bascos . ticamente todos os grupos no seu seio mediante diversas políticas suces- caldantes sequências dançadas dos filmes indianos. é que Estado e nação se agridem mutuamente guecoque e outros elos semelhantes que encadeiam fantasias sobre o Ou. A um outro nível. os Estàdos-na- parte em função da bolsa e dos gostos de autóctones retornados do ções contemporâneos conseguem-no exercendo controlo táxonómico so- dia Oriente. os movirnentos para inflamar a micropolítica de um Estado-nação . 1982. esta relação disjuntiva está pro- na economia global disjuntiva da cultura actual. Herzfeld. Nandy. Ou seja. separatistas transnacionais. finan - 58 59 . por sua : sórias que se afiguram notavelmente· uniformes em todo o mundo (Han- vez. em siparidade de quaisquer ideias de diferença. Assim. Esta relação disjuntiva entre nação e Estado tem dois global e as brutais fantasias de mobilidade que dominam as políticas se. por vezes. aduzirmos o papel do Estado-nação tro do Estado-nação. porque identidades anteriores se esten- cionalidade) procuram captar ou obter Estados e poder de Estado. liberalidade. deram por vastos espaços nacionais ou. Normalmente.: cado de Estados existentes. Os Estados. incluindo os que contam com o terror nos seus Numa análise da política cultural que subverteu o hífen de união en- métodos. Chatterjee.cro-identidades que se tornaram projectos políticos den- prime.ntasia de se res. ka. 1986. com Estado e nação procurando devorar-se um ao outro. 1988). neste passo. mouros. McQueen. É este . Estas cenas. procuram por toda corrência na boémia metropolitana de Bombaim. A relação entre Estados fundamente enredada nas disjunturas globais de que vimos tratando em e 'nações é conflituosa em toda a parte. onde a vida de diáspora longe das mulheres distorceu neles bre a diferença. 1989a). atender os ho-I abertamente coevos da nação. níveis: ao nível de um dado Estado-nação. a economia do comércio dício de disjuntura. é part1Sularmente importante não essas cingaleses..paisagens aqui tratadas. mais propriamente. são exemplos de nações em busca de Estado. sorganizado (Kothari. Lash e Urry. de uma diáspora transnacional foram activadas ruah.Siques. Estas tragédias de deslocamento por certo poderiam ser revistas apresentarem numa espécie de palco global ou cosmopolita. I e o hífen que os une é hoje menos um ícone de conjuntura e mais um in- tro. 1987). vêm para a cidade em i a parte monopolizar os recursos morais da comunidade. rias .ARJUN APPADURAI DIMENSÕES CULTURAIS DA GLOBALIZAÇÃO ta desterritorialização forçada quando jovens mulheres. tâmÍles tre nação e Estado.cada qual representa comu. Um novo as- numa análise mais atenta das relações entre as excursões sexuais japo. enqmnto as nações (ou. . fronteiras estatais existentes. Algumas dessas mulheres são de Kerala. pecto da política cultural global. pelos Estados-nações para pacificar separatistas ou mesmo a potencialfis- onde floresceram os cabarés e a indústria dos filmes pornográficos. ao mesmo tempo que fornecem a essas mulheres simula. 1989c. grupos com ideias sobre na.maioritarismos que parecem ter sur- territorialização e a sociologia mais ampla do deslocamento que ela ex. veiculam ideias sobre as mulheres ocidentais e estrangeiras e sua dler. ligado às relações entre as vá- nesas e alemãs à Tailândia e as tragédias do comércio de sexo em Ban:. as mediapaisagens nacionais e internacionais são exploradas cros de carreiras como álibi. mediatizado pelas indústrias cinematográficas de Hollywood e modelos neomarxistas existentes de desenvolvimento desigual e formação Hong Kong (Zarilli. no terrorismo e na actividade po- o ·i manterem-se abertos pela pressão dos meios de comunicação. por embatem nas vulnerabilidades que caracterizam as relações entre Estados. artes marciais. onde as filiações da salientar que. da tecno. mas paisagens e etnopaisagens (como em Beirute. (" informação). a tre e através das brechas entre Estados e fronteiras. constíh&las pela su a interacção continua- sias da populaç ão jovem contemporânea (por vezes lúmpen). de vizinhança ou de pare?tesco) se glo- o ('! '"\ povo. criam no. fora do mundo ocidental . e minam. o paisagens e mediapaisagens (como em muitos países do Médio Oriente cidade. emergiu o mito do herói Mas a relação entre os níveis económico e cultural deste novo conjunto '--' que infringe a lei para mediatizar esta luta sem tréguas entre as crenças de disjunturas globais não é uma simples via de sentido único em que os e as realidades da política indiana. \-. a ligar imagens de violência às aspirações de comunidade num o pelos novos bens e espectáculos. cuja maior força está na sua capaci. ou entre ideo. tes aos movimentos pela nacionalidade (tão vastos como o islão trans. as volatilidades subjacen. A difusão mundial da AK-47 e da Uzi nos filmes.. 60 61 . diáspora local e translocal travam um combate suicida). tecnologias de produção e medida que os grupos se deslocam. 1989}. v' por ideopaisagens como a democracia são ferozes e fundamentais e onde dade de fazer da intimidade um estado político e da localidade um palco o I"' há disjilnturas radicais entre ideopaisagens e tecnopaisagens (como no para a identidade. C) podem ficar retidos 'nas novas etnopaisagens. ou são coesamente con- brutal e corrupta (Vachani. os sentimentos. que o Estado não pode to. Voltando então às etnopaisagens . mediapaisagens e. O movimento transnacional das . Essa violência é por 'sua Vi A r1 nacional. de comunicação. vés de sofisticados processos de comunicação. d 'h !: separado no Nordeste da Índia. que esses factores primordiais são muitas vezes produto de tradições in- nais influenciam em muito alto grau a política nacional). outrora um génio metido na garrafa de uma qualquer localidade e 'da Ásia) onde os estilos de vida. onde os empréstimos internacio. Há uma mudança mais prQ[unda. ventadas (Hobsbawm e Ranger. licial e militar. termos da política cultural global ganham coesão. entre as paisagens de que falei. tão pequenos como o dos Gurkas por um Estado i vez incen'tivo para um comércio de armamento mais rápido e' amoral. plexo. 1983) ou de filiações retrospectivas. por um ládo. particularmente na e finanças. vas culturas de masculinidade e violência que por sua vez alimentam a u \... estes mesmos a'n seios mundo imaginado. No caso indiano. Por outro lado. requerendo apenas uma modesta modificação dos Asia. de cor da pele. reformuladas para satisfazerem as fanta. mente fluida e insegura e que incide na relação entre produção ti consumo . Ou seja..nbra-nos que as uniformidades técnicas aparentemente o \ simples ocultam muitas vezes um conjunto de elos cada vez mais com- I logia e das viagens. • u (Si r . que alimentaram o consumismo em todo o mundo e aumentaram e fomentaram o anseio.representados nas televis'ões e no ci. ou entre ideo. . vão-se espalhando por espaços vastos e irregulares à o caso de países muito pequenos a que faltam. violência na política nacional e internacional. . devido à interacção disjuntiva e instável dO comércio. na segurança priva?a e pública. . a etni. tornou-se hoje uma força global eternamente a resvalar en- o nema nacionais e internacionais dominam completamente. f ças e tecnologia estão agora muito separados. Há em todo o mundo Estados sitiados. (por mais lata). "-'" finados dentro das vicissitudes dos fluxos internacionais de tecnologia.. ' rI retórica da política nacional. mas mantendo-se ligados entre si atra. ou entre ideopiüsagens é financiopaisagens (por exemplo. acarretada pelas disjunturas dições ancestrais dessas artes. ARJUN APPADURAI DIMENSÕES CULTURAIS DA GLOBALlZAÇÃO I . como a democracia na China. ler. da política étnica no mundo actual é que os factores primordiais lerar como ameaças ao seu próprio controlo sobre as ideias de nação e de linguagem. políticas nacionais e fantasias dos consumidores.. que se foi tomando cada vez mais . o r central o I ideopaisagens. por onde comecei. 1995) é uma boa ilustração do modo como as tra-' de Estados. por fim. especialmente onde as lutas balizaram. meios ./ r'. Não quero com isto negar em países como o Méxicó ou o Brasil. Os Estados são instados a I que penetra no mundo inteiro. tiche que disfarça as forças globalmente dispersas e rege efectivamente o Portanto. pois o seu sentido social é agora composto por uma compli. se esgota em discussões dução local. que os acompanham) em signo. a Albânia e a . que não é o consumidor ' mas lidade. reciprocamente.smo da produção e o segundo por . - 62 63· . tura promovida pelo Estado e etnocídio (com ou sem apoio estatal). técnicas publicitárias. e da homogeneização que.. vezes até operário). tado desempenha um papel cada vez mais delicado:. Estas imagens promocionais . demasiadU abertura · .ção (armamentos.que se apoiam mutuamente. Mas esta repatriação ou exportação das modas e mercadonas . A globalização da cultura não é o mesmo que a sua homogeneização.) e no desenvolvimento vasto leque de alianças pro- de ideias criativas e culturalmente seleccionadas de promoção do consu.. quer no sentido mais lato de Estado-nação) toma-se um fe.. aproxima da forma de um verdadeiro agente social. livre iniciativa e fundamentalismo em que o Es- ' 'tt. Isto gera alienação (no sentido marxista) c0rI! dupla tica do mútuo esforço da semelhança e da diferença para se canibalizarem intensidade. . produtividade nacional e soberania territoriaL Na me. como no sentido de ' " trumentos de prosperidade de pouca exigência tecnológica. de soberania nacional. e modas). o universal triunfalista e o particular resiliente. . O seu gens. na lll - o produtor e as muitas forças que constituem a produção. No geral. ciais enquanto tais. .. em especial de mercadorias de alta tecnologia.. Podemos multIplIcar os exemplos de ambos os tIPQS. assim proclamando o saque vitorioso das ideias gémeas cada dinâmica espacial cada vez mais globaL ' do Iluminismo. tanto lado melhor é a expansão de muitos horizontes individuais de esperança no sentido de Baudrillard. obscurecendo não as relações so.Y dores distantes (empregues em diversos tipos de operações de produção aos fluxos globais. na suscepti?i- uma máscara da verdadeira sede ' da acção. e o Estado sai da cena internacional.:. a principal característica da política global de hoje é a polí- processo de produção. frases própria produção tornou-se um fetiche. o mas a alobalização requer o uso de Uma série de instrumentos de homo- r·. A localidade (quer no sentido da fábrica ou posto de pro. A capacidade do Estado polaco para reprimir a sua própria global é a tecnologia-chave para a disseminação mundial de uma pletora . a gestão global e muitas vezes trabalha. como aconteceu de' diferentes modos com a Birmânia. fluxos de refugiados. mesmo da África do Sul. um simulacro que · só assintomaticamente se e de fantasia.. temas complexos) por dois descendentes .são cada vez mais distorções de um é que os lados da moeda do processo cultural global são hoje ' '').. hegemonias linguísticas fetichismo do consumidor. quem es- esse fetichismo foi substituído no mundo em sentido lato '(e 'vemos agora colhe. a da diferença (sob a forma de mercadorias. que são cada vez mais da diferença exacerba continuamente a política interna do maioritarismo transnacionais.. os fluxos de lucrotransnacionais. sucessórias. ARJUN APPADURAI DIMENSÕES CULTURAIS DA GLOBALlZAÇÃO na ecoriomia global actuaL Introduzo aqui a famosa (e muitas vezes des. como na de alta tecnologia) com o idioma e o espectáculo do controlo local (por síndrome da pouca abertura. especialmente da publicidade. Esta mútua Quanto ao fetichismo do consumidor. anúncios. na difusão global da terapia de re-hidratação e outrOS ins- . ó mundo como um vasto sistema interactivo composto por muitos subsis.Co- dida em que vários tipos de zonas de comércio livre se tornaram modelos reia do Norte. mas as relações de produção. maneiras de vestir) que são absorvidos pelas economias políticas e cul- Por fetichismo da produção entendo uma ilusão criada pelos Zoei da turais locais apenas para serem repatriadas como diálogos heterogéneos produção transnacional contemporânea que mascara o capital translocal. c'-"\rressistas. pretendo por tal indicar que o canibalização mostra o seu lado feio nos motins. à força da opinião pública global. as mais das vezes. mundo de comercialização tão subtil. O ponto mo. no máximo. tor- consumidor foi transformado pelos fluxos mercantis (e pelas mediapaisa. e o Estado-nação é ameaçado pela revolta. . aeneiz. primeiro dos quais designarei por fetichi. o Estado tornou-se o árbitro desta repatn'ação de produção transversal. que equivale a convidar o consumi- virtuada) tese de Marx sobre o fetichismo da mercadoria sugerindo que dor a acreditar que é quem age quando de facto é. f.:. a questão é: como é·que os pequenos grupos. (j tr Inverti os termos principais do título do famoso ensaio de Walter Ben. decência e colectivo se rendem ao assédio da distância e U tas disjunturas. " (. Mais importante do que isso é que o trabalho de reprodução " i U . As gerações dividem-se facilmente quando as ideias 'pro. pois a busca de certezas vai sendo frustrada pela fluidez da comunicação O tura). ternacional. O novas realidades globais quando procuram reproduzir-se e. . Mas assume dimensões novas nas condições globais de que temos A tarefa da reprodução cultural. Muitas vezes. pontos de referência estáveis quando são feitas as opções de vida pode ser f' \ t '. precisa. como a comunidade. À medida que o passado dos grupos vai começando a figu. negaceiam-se novos padrões de comodidade. a cultura vai sendo menos o que Pierre Bourdieu chamaria um so. () teis. Portanto. "-" mente porque estas políticas mais ambiciosas penetram por vezes no go. o pa. de uma prole discordam do pai numa questão fundamental de identifica-:- fazendo deles efectivos repertórios de saber e prática. . É nesta atmosfera que inventar a tradição (e. as normas localizadas preexisten- diásporas laborais globais implicam pressões imensas sobre os casais em tes pOdem ter pouca força. -A obra da reprodução numa era de artes mecânicas (em especial dos jovens) aos vizinhos e pares do sítio novo. um filho que entrou para o grupo Hez- geral e as mulheres em particular.r. O que é novo é que este é um mundo em que tanto os pontos de partida O . o problema nem muitas vezes para públicos especialmente deslocados. essa espécie de estabilidade transgeracional do conhecimen. vemo doméstico e inflamam-no. que é o problema que hoje é normal'mente tratado sob a rubrica rentesco e outros marcadores de identidade) pode ser uma tarefa esquiva. rar em museus. ARJUN APPADURAI DIMENSÕES CULTURAIS DA GLOBALIZAÇÃO 'J' í U li produtos da contestação mútua infinitamente variada de semelhança e di. os Zoei Clássicos da socialização. 1 cultural em novos -ambientes torna-se profundamente complicado porcau- (j sa da política que quer dar da uma representação de normalidade . as relações familiares podem tornar-se volá. Por exemplo.f jamin (1969) para trazer esta análise dos seus voos um tanto altos para como os pontos de chegada estão em fluxo cultural e por isso busca de O •t' um nível mais acessível. Em qualquer dos casos. as ção num cenário transnacional.j . falado neste capítulo. "v to. no espectáculo nacional e no in.:. calibram-se dívidas e .ra novos locais ou os filhos se mudam antes das gerações bairro e o território. Assim. Primeiro. () reprodução (tradicionalmente referido em termos de transmissão de cul. torna-:-se politizada e expos-:- ü -. encaram estas .. exposições e colecções. isto podia enunciar-se como problema de enculturação uma arena de escolha. muito difícil. um problema humano clássico que não de. Quando as famílias ciais por vezes fracturadas . bollah no Líbano pode deixar de se dar com os pais ou irmãos fil iados no (J 64 65 (J. o . ta aos traumas da desterritorialização quando os membros da família com. reproduzem acidentalmente ·formas culturais? Nos termos da antropo. é novo. A níveis mais amplos. priedade.justificação e representação consciente. já não colhe. \. tro de padrões históricos de socialização e novas ideias de comportamento t ferença num cenário caracterizado por disjunturas radicais entre diferentes correcto.1 f tipos fluxos globais e as paisagens incertas criadas dentro e atràvés des. esta politização é muitas vezes o carburante emocio. transnacional. mesmo nas suas arenas mais íntimas. quando dois descendentes () obrigações e os rumores e fantasias sobre o novo cenário. saparecerá por mais que os processos culturais globais. hábito (um domínio tácito de práticas e disposições reprodutíveis) e mais O logia tradic ional. mais velhas. em termos binam e negoceiamos seus acordos e aspirações em configurações espa- ligeiramente mais latos. de socialização).1'.em especial as famílias. do tempo.: O noutros lugares do mundo. o u se mudam p::. nâmica. nesse proces. () ."\. alterem a sua di. como as relações marido-mulher e pais-filhos. pressuposta na maior parte das teorias da enculturação (ou. esta última O '! num período de rápida transformação cultural. ou os filhos mais velhos de temporadas passadas nal para políticas de identidade mais explicitamente violentas. a etnia. -) . Claro que U p nada dis to é novo para o estudo cultural da imigração. pois o casal torna-se o ponto de encon. 1. . pois estas dispõem de poderosos recursos em con. Em torno das disjunturas. mas também disjuntura fundamental uns em relação aos outros. Corrio são as fantasias de vio. mediapaisagem e ideo- chistas de afirmação pessoal em contextos onde muitas vezes lhes é negado paisagem) para sublinhar as diferentes correntes ao longo das quais vemos I. formas novas. pois os jovens (em particular) são arrastados por políticas ma. À medida que a forma das culturas se vai As dores da reprqdução cultural num mundo global disjuntivo. tranódulos identitários que a juventude pode projectar como óbice à vontade cas: esta análise destina-se' a indicar os con.por outro têm que continuar a preservar a herança familiar.. mais fluida e politizada. Muito mais podia. o trabalho evidente. ambas reflectem e refinam a violência sexualizada em globais.o papel dos meios de comunicação de massas no mun- do de hoje é a política de género e violência. a honra das mulheres torna-se não apenas uma armadura dos siste. capital e à tecnologia. ARJUN APPADURAI · DIMENSÕES CULTURAIS DA GLOBALlZAÇÃO AmaI ou em qualquer outro ramo da identidade política xiita do Líbano. estes por sua vez divi. nopaisagem. as comúnidades É particularmente sobre as mulheres que recai o mais aceso deste tipo de desterritorializadas e as populações deslocadas.llturais (7. não são aliviadas pelos efeitos das artes mecânicas (ou meios de de reprodução cultural passa a ser um risco quotidiano. e devia. " . ·ho- que. as mulheres deles têm que lidar com condições cada vez lísticas.. " ". O primeiro é notar que os nossos próprios modelos de contorno cul- Como trabalho e lazer nada perderam do seu carácter sexualizado nes.. da pers- Assim. esqueleto de uma abordagem a uma teoria geral dos processos cl. delimitadoras. . Em suma. dizer-se sobre o trabalho de· reprodução na era das artes mecâni- 1\ ". tural terão que ser alterados: pois as configurações de povo.. fricções. 1989. pectiva estabilizadora de um dado mundo imaginado) se encontram em mas estáveis (ainda que desumanos) de reprodução cultural. tam- . Um elo fundamental entre as fragilidades da Contornos e processo das formações culturais globais reprodução cultural e. ' mais duras no trabalho de casa e fora de casa. e as mulheres. e 'políticas em transformação. por 'mais que gozem dos . Thorn- L) · ' 66 67 O O . Marcus e Fischer.. As deliberações das propostas que até agora desenvolvi constituem o D lência sexualizada que dominam a indústria dos filmes de série B que pu. bém exemplificar o modo como estes vários fluxos (ou paisagens. 1986. financiopaisagem. por um lado. pois tornam-se ·peões na política sucessória do lar e são muitas frutos de no.' cação (bem como as mediapaisagens e ideopaisagens que oferecem) inflec- tem em ir:nportantes aspectos. a honra das mulheres é cada vez mais um antropologia têm feito muito para nos libertar das grilhetas de imagens da identidade de comunidades conflituosas de ao mesmo tempo de forma e substância cultural altamente localizadas. como microcosmos de cultura. terá que en- e aos desejos parentais.>' lulam no mundo. são forçadas a integrar a mão-de-obra de o fluxo de material cultural cruzar as fronteiras nacionais. lugar e he- ta nova ordem global. globalmente informada. Trabalhos recentes em ainda mais subtis. na realidade. pode haver muitas formas de política cultural no seio de populações deslocadas (sejam . frentar. empreguei um de termos (ei- casa e na rua. têm que esgotar os desejos e fantasias destas novas didos quanto à relação entre sucessão e oportunidade em formações es.. antes foram adquirindo representações fetichizadas rança perdem toda a aparência de isomorfismo.vas maneiras de ganhar a vida e de novas vias de acesso ao vezes sujeitas aos abusos e violência dos homens. primordialistas (Hannerz. etnopaisage"ns ao mesmo tempo que se esforçam por reproduzir a farrulia paciais. Quais os passos seguin- uma no va arena para a formação de identidade sexual e políticas familiares tes em direcção a uma teoria geral dos processos culturais globais baseada quando homens e mulheres enfrentam novas pressões no trabalho e novas nestas propostas? fantasias de lazer.) agir.tornos dos problemas que uma J nova teoria da reprodução cultural. como é I tornando menos delimitada e tácita. tecnopaisagem. elas de refugiados ou de imigrantes voluntários) que os meios de comuni . A níveis mais amplos de organização. comunicação de massas). e não das velhas imagens de ordem. to os fluxos laborais e os seus elos de fluxo financeiro entre Kerala e o Ü constituem um sistema simples. mas descartado os processos pelo ca':' 0J i diarias. e tempos e não noutros? Porque é que certos países se descartam de con.:. p. teorias correntes de caos cultural não se desenvolveram o suficiente para dado lugar e não noutros? Claro que se trata das mesmas perguntas tradi. .fractais que são também politeticamente estrati. falar de uma ordem estrutural-causal a ligar estes fluxos por analogia com ' 0 culturais de contornos.. t. gostaria de sugerir que estas formas culturais. Como poderemos comparar formas . fractais. {) ·1 nar à luz da pura matemática (teoria dos conjuntos. são sempre prévios e formadores de outros fluxos? A minha fluxos disjuntivos tenha mais força do que uma teoria da metáfora mecâ. 1988). o papel da ordem económica numa versão do paradigma marxista? O ficadas na sua cobertura do espaço terrestre? mos dizer que alguns destes fluxos. que as ciênçias humanas maiores. qU:lOtO mais para serem teorias 68 69 . precisamos de fazer mais uma per. excepto versões '0 cionais. se bem que menos mecânicas. . {} samos de combinar uma metáfora fractal para os contornos das culturas gunta batida. . O que faria destas notas etapas de um caminho para uma espécie i essas que deveríamos esforçar. poderemos O ciar uma efectiva comparação. Há alguma ordem prévia à (no plural) com uma ' explicação politética das sobreposições e seme- O força relativa que determina estes fluxos globais? Porque . o gico (computadores) e especiais fluxos de capital podem muito bem de-" U venções sobre pagamento da dívida internacional com muito maior des. teremos ido demasiado longe na direcção de uma . Seja qual for a direcção para que levemos estas macrometáforás (frac. 01 biologia (na linguagem das classificações politéticas).' ' @ t .e impor num tais. I. estratificadas. teremos que avançar para qualquer coisa como uma versão humana vários fluxos entre si. contingência e previsão. .teoria dos sistemas culturais globais. serem ao menos modelos parcimonioscis. mas num mundo de fluxos globais disjuntivos talvez seja -' b "de Eric Wolf sobre a relação da Europa com o resto do mundo (1982). Ou seja. classificações politéticas e caos).:. enquan. Sem este último passo. estruturas OU regularidades nãoeucli- mática. xos de pessoas. logo. estabilidade e siste- ® ® t das' formas culturais no mundo actual como basicamente fractais. ' . . Assim.postulei que a lhanças. tais. destas imagens. vamos atolar-nos no trabalho compara. finanças.. O '! de ilusão de ordem que já não podemos dar-nos ao luxo d. mas sim que as nossas nela? Porque é que os acontecimentos-chave têm lugar a altura e em . cJ internacional induz conflitos étnicos e genocídios? Porque é que certos Não isto dizer que a relação histórico-causal entre estes vários flu- Estados saem da cena internacional ao passo que outros clamam por entrar xos seja aleatória ou de insignificante contingência. minho. informação e ideologia.terminar em profundidade O' contorno assumido por etnopaisagens. O dinâmica dos sistemas culturais globais é ditada pelas relações entre flu- tivo assente na . são também estratificadas segundo modelos que andamos a exami. O hipótese. causalidade. De outro modo. que neste passo é apenas experimental. ARJUN APPADURAI DIMENSÕES CULTURAIS DA GLOBALlZAÇÃO CU I' k. O de perguntar como é que estas figuras complexas. não precisamos formas sociais. de caos. quando e onde? () ideopaisagens em Kerala. mas Médio Oriente podem explicar os contornos dos fluxos mediáticos e das sim qual a sua dinâmica: porque ocorrem motins étnicos.' ton. tirada do paradigma marxista. ) preocupação aparente do que outros? Como é que o fluxo de armamento ideopaisaoens e mediapaisagens. ou seja. Mas não se pôs grande coisa no seu lugar.separação nítida das entidades a comparar antes de ini. é que a relação destes nica. estável (ainda que em larga escala). . para que a teoria das interacções culturais globais assente nos ·0 ou históricas. .e cnologias. na Califórnia. como na obra '1) f· sempre fizeram. será radicalmente dependente do contexto. por razões prioritariamente estruturaiS Enfim. o inverso poderá ser verdade para SiIicon Va!- Porque é que os Estados enfraquecem a um ritmo maior em certos lugares ley. como se· tivessem fronteiras. Em segundo lugar.# 0) t. Portanto. quando se congregam em determinados eventos e U da teoria a que alguns cientistas chamam do caos.-nos por considerar absolutamente frac. por exemplo) e da mundó tão declaradamente volátil.. " . preci. onde a especialização intensa num só sector tecnoIo- u. O que gostaria de propor seria começarmos por pensar a configuração importante começar por fazê-las a partir de imagens de fluxo e incerteza. será difícil construir o que J ohn para uma antropologia transnacional Hinks0n. territorial .' . não localizado. o etno 'de etnografia assume um carácter esquivo. Este neologismo tem certas ambiguidades nele integradas deliberadamente. i ARJUN APPADURAI II ) preditivas. delimitados :i 70 ! . que confrontar-se. Mas quis também que este termo indicasse que há alguns fac- tos brutos do mundo do século xx com que todos os etnógrafos têm. podem afectar o processo e o produto da re- presentação. No capítulo 2 uso o termo etnopaisagem. Como os grupos migram. bem como as variações na posição do observador. 84).. e cultural da identidade de grupo em mudança. Começa por referir os di- lemas de perspectiva e representação com que se confrontam inevitavel- mente todos os etnógrafos e admite que as tradições de percepção e pers- pectiva (como as paisagens nas artes visuais). O que procurei dar neste 3 capítul-o foi um vocabulário técnico razoavelmente económico e um delo rudimentar de fluxos disjuntivQs de onde· se possa tirar uma análise Etnopaisagens globais: notas e perguntas global decente. a que as práticas descritivas da antropologia terão que res- ponder.de todo o mundo já não são objectos antropológicos familiares.as etnopaisagens .1 71 I . Sem uma análise dessas. reconstroem. p.damente global (1990. No centro desses factos está a reprodução social. . ' ···refazem em novos locais. na medida em que os grupos já não são rigorosamente territonalizados. o velo de ouro de certa ciência social. a sua história e reconfiguram os . seus projectos étnicos. As paisagens da identidade de grupo . chama «uma teoria social da pós-modernidade» que seja adequa- .
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