Apostila+TAT+ +Resumida



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FACULDADES INTEGRADAS DE CIÊNCIAS HUMANAS, SAÚDE E EDUCAÇÃO DE GUARULHOSCURSO DE PSICOLOGIA TAT TESTE DE APERCEPÇÃO TEMÁTICA Apostila para fins didáticos Disciplina: Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico IV Docente Responsável: Érika Leonardo de Souza 2 Guarulhos / 2006 I - INTRODUÇÃO Henry A. Murray e colaboradores elaboraram o TAT na Clínica Psicológica da Universidade de Harvard, nos EUA. Foi apresentada em 1935 a primeira série de pranchas e em 1945, foi publicada a terceira revisão, a que foi considerada a definitiva e por nós hoje conhecida. Quando o TAT foi elaborado, os autores aplicavam-no em sujeitos a partir de 4 anos de idade, no entanto isso não é realizado atualmente, sobretudo pelo surgimento de teste aperceptivo temático infantil que é o CAT (Teste de Apercepção para Crianças) nas formas Animal (CAT -A), Humano (CAT -H) e animal escala especial (CAT-S), bem como o teste Symonds apropriado para adolescentes. Em geral, TAT atualmente é amplamente aplicado em adultos e, às vezes em pré-adolescentes ou adolescentes. II - FUNDAMENTOS TEÓRICOS Para criar o TAT, Murray partiu do princípio de que diferentes indivíduos, frente a uma mesma situação vital, a experimentam cada um a seu modo, de acordo com sua perspectiva pessoal. Essa forma pessoal de elaborar uma experiência revela a atitude e a estrutura do indivíduo frente à realidade experimentada. Assim, expondo-se o sujeito a uma série de situações sociais típicas e possibilitando-lhe a expressão de sentimentos, imagens, idéias e lembranças vividas em cada uma destas confrontações, é possível ter acesso à personalidade subjacente. Esse procedimento, nas situações apresentadas, favorece a projeção do mundo interno do sujeito. Partindo desse princípio, Murray, com sua assistente Christiana Morgan, procedeu à escolha do material que viria a constituir o TAT: fotografias de pinturas em museus, anúncios em revistas, fotos de filmes de cinema e de outras fontes, que posteriormente foram redesenhados para apresentar um estilo uniforme. O produto final são reproduções de situações dramáticas, de contornos imprecisos, impressão difusa e tema inexplícito. Exposto a esse material, o indivíduo, sem perceber, identifica-se com uma personagem por ele escolhida e, com total liberdade, comunica, por meio de uma história completa, sua experiência perceptiva, mnêmica, imaginativa e emocional. Dessa forma, podem-se conhecer quais situações e relações sugerem ao indivíduo temor, desejos, dificuldades, assim como as necessidades e pressões fundamentais na dinâmica subjacente de sua personalidade. 3 Em relação ao conceito de projeção, Murray comenta que o sujeito percebe o ambiente e responde ao mesmo em função de seus próprios interesses, atitudes, hábitos, estados afetivos, desejos etc. – em outras palavras, o indivíduo estrutura a realidade de acordo com suas próprias características. No caso do TAT, em vez de projeção, falamos em apercepção, ou seja, não uma mera percepção de um objeto, mas toda uma interpretação de uma cena. A percepção depende do campo de estímulos (fator externo) e das necessidades do indivíduo (fator interno). Quando o campo de estímulos é mais estruturado, predomina o fator externo na percepção; quando o campo de estímulos é menos estruturado, predominam os fatores internos na percepção. Nos métodos projetivos, os estímulos são pouco estruturados e as instruções permitem grande liberdade de resposta. Para a mente aberta e humanista de Murray, a teoria de Freud sobre as pulsões inconscientes, sexuais e agressivas pecava por ser uma simplificação excessiva da complexidade multifacetada da motivação humana. Murray admirava Freud e sua obra, mas acreditava que sua primeira teoria libidinal era excessivamente restrita e limitada. Desenvolveu então sua personologia, uma teoria basicamente motivacional em que são centrais os conceitos de necessidade e pulsão. Necessidade é um construto que representa uma força, na região cerebral, que organiza a percepção, a apercepção, a intelectualização, a conação e a ação, de modo a transformá-la em certa direção, ou seja, em uma situação satisfatória existente. Em outras palavras, a necessidade gera um estado de tensão que conduzirá a ação no sentido de chegar à satisfação, que por sua vez reduzirá a tensão inicial, ou seja, restabelecerá o equilíbrio. A necessidade pode ser produzida por forças internas ou externas e é sempre acompanhada por um sentimento ou emoção. A presença de uma necessidade pode ser identificada: 1. efeito ou resultado final do comportamento. 2. padrão ou modo do comportamento envolvido. 3. atenção seletiva e resposta a uma determinada classe de objetos-estímulo. 4. expressão de uma determinada emoção ou afeto. 5. expressão de satisfação quando se obtém determinado efeito, ou de desapontamento quando o resultado é negativo. Admirar e apoiar um superior. o dano físico. Defender-se do ataque. proteger. Procurar relaxar Agressão Altruísmo Apoio Aquisição Autodefesa (física) (Autodefesa Psíquica): Autonomia Compreensão Conhecimento Contra-reação Defesa Deferência Degradação Domínio Entretenimento . cercado. Dissuadir. Promover as necessidades de pessoas desamparadas. Ocultar ou justificar um mal feito. Diminuir a auto-estima. resolver a restrição. Não estar comprometido. quando o objeto adquirido é ajustado socialmente. arruinadas. indiferença dos outros. Ligar-se afetivamente e permanecer leal a um amigo (afiliação emocional). humilhadas. cuidar Ter suas necessidades satisfeitas pela ajuda simpática de pessoa amiga. Ajudar alguém que está em perigo. Vencer a oposição pela força. revidar à injúria. ser protegido (n. aflitas e mentalmente perturbadas. Escapar de uma situação perigosa. Controlar o ambiente. Fugir de situações embaraçosas ou depreciativas: escárnio. Opor-se pela força ou punir a outrem. abandonadas. inexperientes. sem segundas intenções. Conformar-se com os costumes. generalizar. Ser independente e agir segundo o impulso. Sujeitar-se. é associal quando o objeto é para um objetivo desajustado socialmente. Reinvidicar o ego. amado. ridículo. formular. enquanto que. desvalorizar-se. elogiar. Lutar. comprar algum objeto. Atacar. perdoado. Saber os fatos aprofundar-se. Rir. Não se sentir obrigado a cumprir ordens superiores. a morte. confortar. da censura. consolado. avidamente. consolar. curar. Agir por brincadeira. Especular. Reprimir a ação pelo medo do fracasso. guiado. Permanecer ao lado de um devotado protetor. Romper com as convenções. contar anedotas. como crianças ou pessoas fracas. Necessidade Afiliação Definição Tornar-se íntimo a outrem. Fazer amizades e mantê-las. honrar. Superar a fraqueza. à influência de pessoa aliada. reprimir o temor. da crítica. ajudar. Procurar obstáculos e dificuldades a vencer. associar-se a outrem em assuntos comuns (afiliação associativa).4 O autor elaborou uma lista das principais necessidades. Influenciar ou dirigir o comportamento alheio. Alimentar. Defender a honra através de uma ação.proteção). analisar. aconselhado. uma humilhação. Ter um defensor permanente Adquirir. enfermas. matar. Imitar um modelo. sustentado. Perguntar e responder. persuasão ou ordem. Libertar-se. tal como para agredir Evitar a dor. injuriar. um fracasso. Dominar ou vencer o fracasso pelo esforço. Interessar-se por teorias. Tomar medida de autoprecaução. Manter a auto-estima e o orgulho em alto nível. É aquisição social. incapazes. a doença. através de sugestão. Resistir à coerção e à restrição ou mesmo domínio. fatigadas. Desfazer a humilhação pela reação. romper o confinamento. Louvar. restringir ou proibir. Evitar a humilhação. sedução. nos esforços que o indivíduo faz para satisfazer suas necessidades. representando a forma como o sujeito vê ou interpreta seu meio. Planejar e manter uma relação erótica. e ser reconhecido. o arranjo. Separar-se de uma influência negativa. intrigar. diretamente. defeito. para fins especiais. valores ou ainda ao domínio. A pressão está associada a pessoas ou objetos ou mesmo o ambiente que se acham envolvidos. erro. Submeter-se passivamente à força externa. destinada a representar eventos ou influências significativas da infância.5 a tensão. censura crítica. Excluir. Admitir inferioridade. abandonar um objeto inferior ou tornar-se indiferente a ele. atividades desportivas. Render-se. ou seja. "A pressão é um objeto é o que pode fazer ao sujeito ou para o sujeito. Dirigir. Rebelar-se às normas. Promover a limpeza. Deixar uma impressão. reuniões sociais. Exibição Excitação e Dissipação Humilhação ou Pressões são os determinantes do meio externo que podem facilitar ou impedir a satisfação das necessidades. superá-los. Ser visto e ouvido. Rivalizar com os outros. Procurar impressões sensuais e sentir prazer nelas. É desfavorável quando ele dificulta e neutro não está relacionado com a necessidade. a precisão. bailes. a organização. manipular ou organizar objetos físicos. Fazer isso tão rápida e independentemente quanto possível. Exemplo disso é a classificação contida na tabela a seguir. divertir. seres humanos ou idéias. Resignar-se ante a sorte. causar admiração. Participar de jogos. . Sofrer ou receber uma ação ou impressão. Ato ou efeito de reconhecer-se. Provocar. punição. Vencer obstáculos e atingir um alto Reconhecimento Rejeição Retenção Sensitividade sensualidade: padrão. Repelir ou desprezar um objeto. Intercurso sexual. diminuir-se ou mutilar-se. o poder que tem para afetar o bem estar do sujeito". Conhecemos muito mais as possibilidades do indivíduo quando temos uma descrição não apenas de seus motivos ou tendências. pode ser de ordem sexual. fascinar. seduzir O fato de se estimular e posteriormente eliminar ou anular a excitação através da redução da tensão. doença. o equilíbrio. Conservar posse duma coisa alheia ou pessoa. Ambiente é favorável quando ele facilita a obtenção da necessidade. Por as coisas em ordem. Superar a si mesmo. Murray organizou várias listas de pressões. Desejar sofrimento. Aceitar injúria. infortúnio. Oposição Ordem Passividade Realização punição. Aumentar a auto-estima pelo uso bem sucedido dos seus talentos. Confessar e reparar. Censurar-se. mas também a maneira pela qual ele vê ou interpreta seu meio. fracasso. impressionar. Realizar algo difícil. 6 Na prática. mas também. se lhes atribui uma função quantitativa para indicar sua força ou importância na vida do mesmo indivíduo. sedução d) proibição Tipo . essas pressões não apenas são vistas operando em determinadas experiências do indivíduo. Pressão Falta de Apoio (família) a) discordância cultural b) discordância familiar c) disciplina instável d) separação dos pais e) ausência de um dos pais f) enfermidade de um dos pais g) morte de um dos pais h) inferioridade de um dos pais i) dissemelhança (≠) entre os pais I) Perigo Físico: pobreza l) lar desorientado a) Desproteção física b) através da água c) abandono e escuridão d) intempéries. relâmpagos e) através do fogo f) através de acidente Falta ou Perda: g) animal a) de alimentos b) de recursos c) de companhia Afiliação: Agressão: d) de mudança (monotonia) a) associativa (amizades) b) emocional a) emocional b) verbal c) física d) social e) associal f) destruição de propriedade g) mau trato de mais velhos (homem ou mulher) h) mau trato de companheiros Dominação: i) desavença com companheiros a) coerção b) restrição c) indução. ou traição Deferência. O grau de realismo é variável. na série. competidor c) intelectual a) exibicionismo b) sedução (homo/heterossexual) III – MATERIAL DO TESTE O conjunto completo é constituído por 31 pranchas que abrangem situações humanas clássicas. dar afeto Criação. relações familiares. representam situações de trabalho. reconhecimento Nascimento de irmão Rejeição. perfazendo o total de vinte histórias. perigo e medo. e as letras referem-se ao gênero e/ou idade aos qual o estímulo se destina. sendo as 10 primeiras mais estruturadas e as 10 últimas menos estruturadas. a cada sujeito devem ser aplicados 20 estímulos. Tipo de Estímulo Universal Para mulheres Para homens Para crianças do sexo feminino (menina) Para crianças do sexo masculino (rapaz) Convenção Apenas o número Número seguido de F Número seguido de H Número seguido de M Número seguido de R Os quadros. apenas um número ou um número seguido de uma ou mais letras. louvor.7 e) disciplina Inferioridade: f) orientação religiosa a) física b) social Sexo: Apoio. Segundo as instruções originais. O número indica a ordem em que o estímulo deve ser apresentado. atitudes sexuais. desprezo Retenção de objetos Rival. impressos em branco e preto. Cada prancha apresenta impressos no verso. indulgência Decepção. agressão e uma prancha em branco que permite associações mais livres. O uso de figuras nas pranchas tem por . 8 objetivo facilitar a produção do sujeito. que tem que encarar determinadas situações típicas que nos interessa que sejam exploradas e permite padronizar a interpretação. . em relação ao violino ou o percebe mal. dificuldades do herói: ordinariamente pertinentes em sujeitos ambiciosos. expectativas. C) Clichês: Temas que manifestam atitude do sujeito frente ao dever e com freqüência as suas aspirações: 1. . fantasias vocacionais. D) Distorções: Interpreta o menino como sendo cego ou que está dormindo. ideal do Ego. Outras histórias freqüentes se referem às aspirações. impõem ao menino a praticar ou estudar o violino. em geral à do sujeito em condições semelhantes da realidade. confusão do objeto identificado como sendo um livro. E) Omissões: Não consegue ver o arco ou o violino. ou uma das cordas está solta. referido comumente pelos sujeitos como sendo dominados pelos pais.Imagem dos pais B) Interpretação dos adultos: Aparecem temas que expressam a opinião que o sujeito tem de suas atitudes e a imagem dos pais. oposição.Atitude frente ao dever . rebeldia ou fuga à fantasia. conformismo. frustrações. A) Área que explora: . geralmente. Os pais. . reação que corresponde.rebeldia .Aspirações.Dever: submissão . objetivos. 2.9 TEMAS EVOCADOS PELOS ESTÍMULOS 1) PRIMEIRA SÉRIE PRANCHA 1 O MENINO E O VIOLINO Um rapaz está contemplando um violino colocado sobre a mesa à sua frente. ou ambos. ambições. Diante dessa exigência o menino reage com passividade. O herói analisa ou pesquisa acerca do funcionamento e do mecanismo interno do violino: sujeitos preocupados (ansiedade de castração) ou de curiosidade das questões de ordem sexual. . Denuncia como o paciente vê seu ambiente. C) Clichês: Revelam as reações do herói (a jovem do primeiro plano ou o homem do fundo) frente ao ambiente pouco cordial ou que não a (o) estimula.Conflitos de adaptação intrafamiliares .10 F) Simbolizações: 1.Atitude frente aos pais B) Interpretação dos adultos: Aspirações pessoais do sujeito e de sua situação intrafamiliar. O herói está preocupado porque uma corda está solta ou arrebentada. instintivo X intelectual. .Nível de aspiração . PRANCHA 2 A ESTUDANTE NO CAMPO Cena campestre: no primeiro plano está uma jovem com livros na mão. 2. A) Área que explora: . virgindade X maternidade. seu nível de aspiração e suas atitudes frente a seus pais.Conflito com a feminilidade e com as formas de vida: campesina X urbana. um homem está trabalhando no campo e uma mulher mais idosa assiste. ao fundo. portanto intocável: freqüente em sujeitos que tem sentimento de culpa devido à masturbação ou que sofrem de ansiedade de castração. ou diante dos problemas enraizados pelas dificuldades de relacionamento familiar. fracasso. no chão. está agachado um rapaz com a cabeça reclinada sobre o seu braço direito. violentado e perdido. B) Interpretação dos adultos: Principais frustrações do sujeito. apoiando-se numa porta de madeira. E) Omissão: Do revolver PRANCHA 3 MF A JOVEM NA PORTA Uma jovem está de pé e cabisbaixa cobrindo o rosto com a mão direita. . O rapaz foi injustiçado e o mesmo acaba tendo mal procedimento. pelos sujeitos incapazes de expressar sua agressão de forma manifesta. Seu braço esquerdo está estendido para frente. assim como suas reações e seu estilo na resolução dos problemas. C) Clichês: Histórias que expressam depressão. D) Distorções: 1. pelos sujeitos com fortes tendências femininas. suicídio. rejeição e suicídio. O jovem é visto como moça. A) Área que explora: Frustração. há um revolver. fatores aos quais são atribuídas reações frente aos mesmos. Mais especificamente denunciam as situações que o sujeito considera sendo frustradores de seus desejos. encostado a um sofá. depressão. A) Área que explora: Desespero culpa abandono. O revolver é visto como um brinquedo ou outra coisa menos hostil.11 PRANCHA 3 RH RECLINADO (A) NO DIVÃ No chão. Ao seu lado. 2. Traduzem as dificuldades do sujeito em sua vida matrimonial ou suas atitudes frente às mulheres e o sexo. cujo rosto e corpo estão desviados dela.Conflitos vivenciados pelo sujeito na vida real e a forma como o encara e enfrenta. PRANCHA 5 MULHER IDOSA À PORTA Uma mulher de meia-idade está de pé no limiar de uma porta entreaberta. olhando para dentro de um quarto.Conflitos matrimoniais . O homem deseja desvencilhar-se da mulher para realizar algum plano. . RETENDO-O. A) Área que explora: . D) Omissão: Da mulher semidespida. competição. C) Clichês: Dá lugar à expressão de sentimento de desespero e culpa PRANCHA 4 UMA MULHER ENLAÇA O HOMEM. A figura seminua no fundo é a amante ou noiva do homem. Uma mulher enlaça um homem. ciúmes. como se ele tentasse afastá-la. C) Clichês: Histórias de conflitos (discussão ou drama de um eterno triângulo amoroso) do casal que está no primeiro plano.Atitude frente ao próprio sexo e ao sexo oposto B) Interpretação dos adultos: .12 B) Interpretação dos adultos: Revelam os principais fatores causadores das frustrações e sua reação frente aos mesmos.Abandono. . mas ela quer retê-lo. infidelidade. vigilante. casar-se ou alistar-se no exército. a sua esposa ou às situações frente às que sente curiosidade. D) Distorções: A mulher é vista como sendo homem. Seus desejos quase sempre estão em conflito com os da mãe. dependência . castradora). Revela a atitude do sujeito frente à figura materna (sentimentos de culpa. com uma expressão perplexa. Revela as atitudes e expectativas do sujeito frente a sua mãe (visto como superprotetora.Ansiedades paranóides B) Interpretação dos adultos: Inter-relações mãe-filho C) Clichês: A mulher de idade mediana descobriu um ou mais indivíduos em atitudes que prefere ignorar.Abandono. culpa B) Interpretação dos adultos: Comportamento frente à situação edipiana.Atitude frente à figura materna . de costas para um jovem de elevada estatura.Dependência X Independência . proibindo ou censurando). PRANCHA 6RH O FILHO QUE VAI PARTIR Uma mulher madura e gorda está. abandonar seu local para ir trabalhar numa outra cidade. de pé. C) Clichês: Filho solicita a sua mãe permissão para levar ao cabo um projeto largamente planejado. ou inspeciona o quarto por uma ou mais razões. Este olha para baixo. o abajur como sendo uma cortina. a mulher examinando a parte externa da casa. A) Área que explora: .Imagem da mãe ou esposa (protetora.13 A) Área que explora: . dois quartos ao invés de um. . . com um cachimbo na boca.Ameaça de homossexualidade B) Interpretação dos adultos: Comportamento intrafamiliar C) Clichês: O jovem recorre ao velho em busca de conselhos. A) Área que explora: . de apoio. suspeita. autoridade).14 x independência. obediência. B) Interpretação dos adultos: Comportamento frente à figura paterna. aos adultos e à autoridade em geral (dependência. rebeldia .Atitude frente à figura paterna (adulto. olha para trás. para um homem mais velho. A) Área que explora: Expectativas. PRANCHA 7RH PAI E FILHO Um homem grisalho está olhando para um jovem que contempla o espaço com semblante carrancudo. PRANCHA 6 MF MULHER SURPREENDIDA Uma mulher jovem. rejeição. que parece dirigir-lhe a palavra. temores. superproteção) e os fatores que produzem e justificam seu afastamento. ou ambos discutem um problema de mútuo interesse. extorsão.Submissão. desafio). por cima do ombro. Reflete a atitude do sujeito frente ao pai. de ajuda. pressão. orientação.Necessidade de ser aconselhado. . sentada na borda de um sofá. . Pode expressar as tendências anti-sociais e a atitude do sujeito frente à terapia. falando-lhe ou lendolhe. A) Área que explora: . que está com uma boneca no regaço olha para longe.Imagem do pai . ao fundo. O cano de um rifle é visível a um lado e. 1. O cenário ao fundo representa sua fantasia ou desejo de ser médico. 2.Medo da morte B) Interpretação dos adultos: Nada em especial C) Clichês: Em geral o adolescente é o herói. em cujo caso se delata a ambição do sujeito.15 PRANCHA 7MF MOÇA E BONECA Mulher idosa sentada num sofá.Imagem da mãe . como a imagem de uma divagação.Atitude frente à maternidade. A) Área que explora: . a cena nebulosa de uma operação cirúrgica. Atirou contra a pessoa que está sobre a mesa e agora aguarda o resultado da operação: história que expressa as tendências agressivas do sujeito em dadas ocasiões dirigidas contra uma determinada pessoa. próxima de uma menina. . A menina. B) Interpretação dos adultos: Comportamento intrafamiliar PRANCHA 8RH A INTERVENÇÃO CIRÚRGICA Um adolescente olha diretamente para fora do quadro.Direção da agressividade . A) Área que explora: . reflete ansiedade de castração. geralmente. B) Interpretação dos adultos: Relacionamento com o próprio grupo social nas esferas: familiar. As histórias de sujeitos mais esforçados concluem como retorno ao trabalho. PRANCHA 9RH GRUPO DE VAGABUNDOS Quatro homens de macacão estão deitados sobre o gramado. tensões e esforço para solucioná-los. . E) Simbolizações: Se amputar a perna da pessoa que está à mesa. Conflitos atuais. repousando.Homossexualidade. profissional e sexual.Relacionamento com o próprio grupo sexual .Trabalho e ociosidade . seus olhos estão distantes. C) Clichês: Os homens estão descansando ou dormindo após uma dura jornada de trabalho ou tomando um breve descanso antes de retornar ao trabalho. PRANCHA 8 MF MULHER PENSATIVA Uma jovem está sentada com o queixo apoiado sobre a mão. familiar e sexual. A) Área que explora: Problemas atuais e fantasia B) Interpretação dos adultos: Relações com o grupo do próprio sexo nas áreas: profissional.16 D) Omissão: Do rifle. 17 PRANCHA 9MF DUAS MULHERES NA PRAIA Uma jovem com uma revista e uma bolsa na mão, espia detrás de uma árvore uma outra jovem trajada elegantemente, que corre ao longo de uma praia. A) Área que explora: - Competição feminina - Rivalidade feminina - Espionagem, culpa e perseguição. B) Interpretação dos adultos: Relações com o grupo do próprio sexo nas atividades profissionais, familiares e sexuais. PRANCHA 10 O ABRAÇO A cabeça de uma mulher encostada no ombro de um homem. A) Área que explora: - Atitude frente à separação - Conflito do casal B) Interpretação dos adultos: Conflitos amorosos e sexuais C) Clichês: O homem e a mulher expressam seu mútuo afeto. Indica em geral, a atitude do sujeito frente à separação da pessoa amada, assim como seu grau de dependência à figura paterna. Normalmente denuncia como o sujeito considera sua mulher ou as relações entre seus pais. D) Distorções: A idade é confundida e sexo do homem e da mulher as sombras faciais são interpretadas de diferentes maneiras. 18 2) SEGUNDA SÉRIE PRANCHA 11 PAISAGEM PRIMITIVA DE PEDRAS Uma estrada à beira de um profundo desfiladeiro entre elevadas escarpas. Na estrada, aparecem figuras obscuras à distância. De um lado da vertente rochosa assoma a longa cabeça e o pescoço de um dragão. A) Área que explora: - Ansiedade frente ao perigo - Angústia frente aos instintos B) Interpretação dos adultos: - Fantasias e tendências sexuais e agressivas. - Dificuldade de controle e respostas a situações perigosas. C) Clichês: Em geral, reflete a atitude do sujeito frente ao perigo e sua maneira de experimentar a ansiedade. As figuras obscuras (homens ou animais) são vistas como se estivessem sendo atacadas pelo dragão e normalmente descrevem suas técnicas defensivas: indica o temor do sujeito à agressão e os meios desencadeados para vencê-lo. O personagem masculino pode ser um cientista ou um explorador das regiões desconhecidas: revela sua curiosidade ou desejo de experimentar situações novas ou perigosas. D) Distorções Esta prancha oferece a maior quantidade de possibilidades aos erros perceptivos: o dragão é visto como um caminho; a cabeça do dragão como sua margem; o fundo como uma cascata; as paredes do abismo como sendo o castelo; as pedras como sendo cabeças humanas. A confusão do grupo de homens com o inseto é comum e não constitui um indicador especial. E) Omissão Do dragão 19 F) Simbolizações: O monstro geralmente constitui uma representação simbólica das exigências instintivas que ameaçam seu interior. As histórias que se referem às dificuldades para dominar o animal e aquelas em que o herói é perseguido pelos animais, podem refletir dificuldades de se controlar ou se adaptar aos impulsos e tensões sexuais. PRANCHA 12H O HIPNOTIZADOR Um jovem está deitado num sofá com os olhos fechados. Debruçado sobre ele, a forma esguia de um homem idoso, a sua mão estendida para o rosto da figura recostada. A) Área que explora: - Relação transferencial à situação de prova - Ameaça ao homossexualismo B) Interpretação dos adultos: - Atitude frente aos adultos - O papel de passividade e a atitude frente ao terapeuta. - Tendência homossexual latente e experiências homossexuais ocultas. C) Clichês: O herói (em geral o homem que está deitado) está dormindo e o ancião veio despertá-lo, ou é hipnotizado por este homem, ou está enfermo e o ancião veio perguntar-lhe pela sua saúde. Geralmente revelam a atitude do examinando frente aos homens adultos e seu ambiente, o papel da passividade em sua personalidade e, à vezes, sua atitude frente à terapia. D) Distorções: Com respeito aos dedos das mãos, e em casos raros ao sexo de um dos dois homens; o jovem pode ser visto como mulher pelos sujeitos com fortes componentes femininos. E) Simbolizações: As histórias em que o jovem que está deitado está se submetendo ou pode ter sido forçado a ser hipnotizado pelo homem maduro, geralmente denunciam tendências homossexuais latentes ou experiências homossexuais encobertas. Tentação instintiva e defensiva .Relação mãe-filha B) Interpretação dos adultos: . A) Área que explora: .Atitude da filha frente ao controle materno. a figura de uma mulher deitada numa cama. . coberta por seu braço. D) Distorções: Nos casos psicóticos raros. . Não há figuras humanas no quadro. PRANCHA 12RM O BOTE ABANDONADO Um barco a remo está parado à margem de um rio que corre entre o arvoredo de uma floresta. a jovem é vista como um homem. Ao fundo uma velha misteriosa.20 PRANCHA 12 F A CELESTINA Retrato de uma mulher jovem. A) Área que explora: Fantasias desiderativas (desejos) PRANCHA 13 HF MULHER SOBRE A CAMA Um jovem de pé e com a cabeça inclinada. e envelhecimento e o matrimônio. com xale sobre a cabeça faz caretas.Tendências ao controle das irmãs C) Clichês: Proporciona oportunidade de expressar a atitude frente à figura da mãe ou da filha. Atrás dele. está morta ou enferma e se descrevem os sentimentos do jovem. Histórias mais freqüentes: temas sexuais.21 A) Área que explora: . relacionamento e conflitos no amor. A mulher. solidão. contra a esposa ou às mulheres em geral.Sentimento de culpa B) Interpretação dos adultos: Tendências sexuais. noiva ou prostituta) na cama. . e matrimônio e a vida erótica. Homem contempla ou manteve relações sexuais com a mulher (esposa. PRANCHA 13R UM MENINO ESTÁ SENTADO NA SOLEIRA Um menino sentado na soleira da porta de uma cabana de madeira. 1. esposa do herói. saudade. incluindo especulações acerca do fundo e dos objetos sobre a mesa. 2. comumente representam a hostilidade.Atitude frente ao relacionamento heterossexual (ansiedade). .Carências. às vezes frente aos sentimentos de culpa e a atitude frente ao alcoolismo. C) Clichês: Quase sempre traduzem a atitude do sujeito frente às mulheres e ao sexo. E) Omissões: Da mulher que está sobre a cama. D) Distorções: Grande variedade. A) Área que explora: . abandono e expectativas. inclusive suicidas. expectativas.Choque ao negro . A) Área que explora: . C) Clichês: Permite a expressão das frustrações. ou que está subindo em algum lugar.Homem adentro: fantasias. A) Área que explora: .Choque ao negro B) Interpretação dos adultos: Denunciam os determinantes das ambições. expectativas. expectativas e eventualmente.Morte. fantasias de suicídio.Homem afora: evasão. A) Área que explora: . D) Distorções: O homem é visto como uma mulher.Carência. ambições e preocupações. evocação . de mãos unidas. O resto do quadro é totalmente negro. PRANCHA 15 NO CEMITÉRIO Um homem negro. culpa e castigo. aventura sexual. preocupações. . PRANCHA 14 HOMEM À JANELA A silhueta de um homem (ou mulher) contra uma janela iluminada. roubo . está em pé entre sepulturas.22 PRANCHA 13M RAPARIGA SUBINDO AS ESCADAS Uma jovem está subindo um lance de escada em espiral. solidão e expectativas. A) Área que explora: . Em suas mãos retém uma lâmpada ou um livro.23 B) Interpretação dos adultos: . . passados e presentes frente à mesma.Exibicionismo ou narcisismo .Atitude e sentimentos do sujeito frente à morte e à perda de membros da família. C) Clichês: A figura delgada reza ante a tumba de um morto. D) Distorções: O Homem é visto como sendo uma mulher.Masturbação .Ideal do EGO B) Interpretação dos adultos: Aspirações e possessões C) Clichês: Na maioria das vezes gira em torno dos problemas interiores de grande importância. Descreve seus sentimentos e atitudes.Nível de aspiração . os túmulos como sendo platéia de um teatro. PRANCHA 16 PRANCHA EM BRANCO A) Área que explora: . ou deixa manifestar a atitude frente ao examinador.Relação transferêncial à situação da prova. PRANCHA 17RH O ACROBATA Um homem nu está suspenso em uma corda. A pessoa morta geralmente representa a pessoa a quem dirige ou experimenta uma forte agressividade. Está para galgar ou descer pela corda. seu nível de aspiração ou as tendências sujeito ou as reações ante as emergências. Tema que pode expressar as situações ou problemas difíceis de resolver estereotipado. relações interpessoais e atitudes frente às dificuldades do mundo exterior. A) Área que explora: .24 B) Interpretação dos adultos: . D) Distorções: Quanto ao fundo. Ao fundo estão altos edifícios e pequenas figuras de homem. . para o numeroso. o qual revela o desejo de ser reconhecido. representa as expectativas e esperanças do sujeito em escapar-se das PRANCHA 17MF A PONTE Uma ponte sobre a água. 2. nível de aspiração e tendências exibicionistas. Está demonstrando sua habilidade atlética ou física ante um público exibicionistas do sujeito. O homem da corda é visto como: 1. ao homem E) Simbolizações: O herói que sobe e desce pela corda: preocupação masturbatória.Vontade de triunfar. C) Clichês: Em geral não provoca nenhum tema significativo. e seu teor afetivo e seu desenlace são intensos.Problemas pessoais. depressão . Se este tema é repetitivo.Frustração. Uma figura feminina debruça-se do parapeito.Autocastigo. elaborado em excesso suas dificuldades. suicídio . perspectivas equivocadas. Podem. . Fortes sentimentos de dúvida e a tendência do sujeito a manter a esperança ou a ceder (suicídio). assim mesmo. D) Distorções: A ponte é vista como balcão da casa.25 B) Interpretação dos adultos: Frustrações e reações frente ao controle familiar. Atitudes frente à partida ou aparecimento de um objeto amado. expressar a ansiedade do paciente frente à agressão dirigida contra o terapeuta. O herói tem bebido ou sofrido um acidente e as mãos pertencem às pessoas que o ajudam. culpa . ou à bebida.Ansiedade. PRANCHA 18 RH ATACADO PELAS COSTAS Um homem é agarrado por detrás por três mãos. a mulher como homem. 2. ataque homossexual B) Interpretação dos adultos: Atitudes frente às condutas socialmente desaprovadas. A) Área que explora: . E) Omissões: Da mulher ou do grupo de trabalhadores. Sentimentos depressivos e tendências ao autocastigo. 1. que expressam atitudes frente aos vícios (alcoolismo ou ingestão de drogas). C) Clichês: Com freqüência provoca: 1. C) Clichês: Histórias estereotipadas relacionadas a roubos. As figuras dos seus antagonistas são invisíveis.Idéias paranóides. A) Área que explora: . irmã. frustração e segurança. mãe e figuras femininas em geral. B) Interpretação dos adultos: Explora os sentimentos e desejos de segurança. O herói está sendo atacado pelas costas. . a quem parece estar empurrando sobre o corrimão de uma escada. E) Simbolizações: Geralmente denunciam as tendências homossexuais latentes ou experiências homossexuais encobertas do sujeito. vazio e plenitude.Agressividade e apoio B) Interpretação dos adultos: Agressividade e relação com a figura materna e parentais do sexo feminino. C) Clichês: Estimula as atitudes agressivas. e as mãos pertencem aos seus agressores. sentimentos de inferioridade e reação frente a relações submissas. D) Distorções: Os dedos das mãos como correntes. da perspectiva. PRANCHA 18MF MULHER QUE ESTRANGULA Uma mulher aperta o pescoço de uma outra mulher. do sexo dos personagens. os ciúmes. pairando sobre uma cabana coberta de neve. da expressão facial. D) Distorções: Da conotação agressiva. A) Área que explora: . PRANCHA 19 CABANA COBERTA DE NEVE Quadro fantasmagórico com formações de nuvens. como responde o sujeito frente às barreiras que o interceptam. e raramente. Expressam as relações com as figuras da filha. posição e estado da pessoa do fundo.Carência e conforto.26 2. 27 C) Clichês: Oferece dificuldade: os pacientes a consideram como fantasmagórica. Revela os temas que preocupam seus problemas. apoiando-se num candeeiro de rua. preocupações. mas seus habitantes estão acomodados. Descreve-se o estado destes e como superam a situação. reflete o desejo de segurança do sujeito e o modo como enfrenta as circunstâncias frustradoras de seu próprio meio. C) Clichês: A figura medita sobre diversos problemas interiores. D) Simbolizações: A preocupação pelos "olhos" (as aberturas da cabana) pode denunciar os sentimentos de culpa do paciente.Preocupações. castigo. B) Interpretação dos adultos: Problemas íntimos. culpa. A) Área que explora: . numa noite escura. atitudes heterossexuais e as tendências agressivas do sujeito. . ou planeja o ataque a uma vítima. A cabana está cercada pela neve. PRANCHA 20 SOZINHO DEBAIXO DA ILUMINAÇÃO Figura de um homem ou mulher iluminada de modo tênue. tendências sexuais ou agressivas. abandono. de relativa importância: aguarda a noiva (ou o noivo). utilizando-se uma das seguintes formas: Forma A (aconselhável para adolescentes e adultos de grau médio de inteligência e cultura): “Este é um teste de imaginação que é uma das formas da inteligência. Instruções I – Primeira sessão O sujeito deve sentar-se numa cadeira confortável ou. e a sua tarefa será inventar. uma história com o máximo de ação possível. é importante que o sujeito tenha bons motivos para sentir que o ambiente é acolhedor e que capte que estão presentes a receptividade. o que as personagens estão sentindo e pensando. a boa vontade e o apreço por parte do psicólogo. Conteme o que levou ao fato mostrado na prancha.28 IV – ADMINISTRAÇÃO (MURRAY. A meta do psicólogo é conseguir maior quantidade de material. vivacidade e a direção da atividade imaginativa do sujeito. As crianças. p. geralmente. Vou mostrar-lhe algumas pranchas. além de algum motivo razoável para se submeter ao teste. que não pode ser forçado. verbalizadas por meios de brinquedos e brincadeiras. Mas. produzem melhor depois de algumas sessões dedicadas à expressão de suas fantasias. fundamentalmente involuntário. então. as atitudes e a personalidade do psicólogo. Ambiente de teste O ambiente de cordialidade. Procure expressar seus pensamentos conforme eles forem ocorrendo em sua mente. uma de cada vez. Conte depois como termina a história. e também que a criatividade é um processo delicado. assim como o sexo. As instruções serão lidas para ele devagar. frio. conforme as condições circunstanciais. a idade. Você compreendeu? Como você tem cinqüenta minutos . são capazes de afetar a liberdade. 2005. Preparação do Sujeito A maioria dos sujeitos não precisa de nenhum preparo. com a melhor qualidade possível. bem como aqueles que nunca passaram por provas escolares ou testes psicológicos. para cada uma delas. o aspecto do consultório e de seu mobiliário. resistentes ou desconfiados. para os que forem muito limitados. intelectualmente arrogante ou de algum modo não empático. 21-23). nem irá desabrochar num clima áspero. Dado que a execução depende totalmente da boa vontade e criatividade momentâneas do sujeito. reclinar-se num divã. descreva o que está acontecendo no momento. pouco responsivos. é melhor que se comece com uma tarefa menos exigente antes de ser submetido ao TAT. não dizer: “Está é uma oportunidade para você usar livremente sua imaginação”. as circunstâncias antecedentes ou o desfecho. a suspeita de que o psicólogo pretende interpretar o conteúdo de suas associações livres. Aqui está a primeira prancha”. E. Você gastou nela três minutos e meio. o sujeito deve ser discretamente elogiado. é preciso relembrar-lhe as instruções. você pode utilizar cerca de 5 minutos para cada história. no sujeito. Você tem 5 minutos para fazer uma história. deixando a narrativa no ar. As palavras exatas dessas instruções podem ser modificadas para se adaptarem à idade. . Quero que você faça uma história para cada uma delas. Faça o melhor que puder”. adultos pouco inteligentes ou de pouca instrução): “Este é um teste para contar histórias. Mas é melhor. Terminada a primeira história (e desde que haja base para isso). Convém que ele acredite que o psicólogo está interessado tão somente em sua aptidão criativa ou literária. personalidade e condições peculiares de cada sujeito. Compreendeu? Bem. mas você esqueceu de dizer como o menino reagiu quando sua mãe o repreendeu.29 para as 10 pranchas. é preferível que o psicólogo não diga mais nada no restante do tempo. Fale o que as pessoas estão sentindo e pensando e como termina a história. Você pode fazer o tipo de história que quiser. Assim. De modo geral. Procure fazer o melhor que puder com esta segunda prancha”. então aqui está a primeira prancha. Tal suspeita pode causar grave dano à espontaneidade do pensamento do sujeito. Forma B (aconselhável para crianças. por ser importante que o sujeito complete a série de dez histórias e dedique mais ou menos a mesma quantidade de tempo a cada uma delas. e (3) se o sujeito omitir algum detalhe fundamental. pois essa forma de instrução suscita. lembrar-lhe com alguma breve observação tal como: “o que levou a essa situação?” De modo algum deve o psicólogo envolver-se em discussões com o sujeito. como ocorre na psicanálise. Conte o que aconteceu antes e o que está acontecendo agora. inteligência. As outras podem ser um pouco mais compridas. Eu tenho aqui algumas pranchas que vou lhe mostrar. a menos que as tenha seguido com precisão. exceto (1) para informá-lo se estiver muito atrasado ou muito adiantado em relação ao tempo previsto. pois essa pode ser a melhor maneira de incentivar a imaginação. Não houve de fato um verdadeiro desfecho para a sua história. o examinador poderá dizer: “Certamente essa foi uma história interessante. algumas vezes. (2) para estimulá-la com um discreto elogio de vez em quando. de início. perguntando: “E como ela termina”. Depois que o sujeito der uma descrição completa daquilo que imaginou. Se o sujeito não conseguir. Os sujeitos que ficam intensamente absorvidos na descrição literal das pranchas devem ser alertados com tato de que este constitui apenas um teste de imaginação. pelo menos. consideradas como estímulos mais eficazes. o psicólogo deve responder: “Podem ser o que você quiser”. Ter essa expectativa em mente pode levá-lo a se preparar mediante a busca de enredos lidos em livros ou em filmes vistos por ele que. o examinador pode escolher as pranchas mais importantes para a abordagem dos problemas em foco. . o psicólogo deve dizer: “Agora me conte uma história sobre isso”. em duas sessões. podendo dizer ao sujeito que o que importa é o enredo e não uma grande quantidade de detalhes. usando abreviações comuns ou pessoais. nessas condições. Se perceber que está orientando nessa direção. Se o sujeito fizer perguntas sobre detalhes pouco claros. II – Segunda sessão É desejável que haja um intervalo de. Ao marcarmos a segunda sessão. voltaria equipado com um material mais impessoal do que o produzido quando obrigado a inventar as histórias no impulso do momento. Sempre que possível.30 O psicólogo deve interromper uma história demasiado longa e inconsistente. Não se deve permitir que o sujeito construa várias narrativas para uma mesma prancha. um dia entre a primeira e a segunda sessão. A prancha 16 é dada com uma instrução especial: “Veja o que você pode ver nesta prancha em branco. Imagine alguma cena aí e descreva-a em detalhe”. Nessa segunda parte. Em determinados casos. Se não essa possibilidade. recomenda-se o emprego das dez pranchas da segunda série. separadas por um intervalo de tempo mínimo de um dia e um máximo de uma semana. As histórias devem ser registradas com detalhes. O exame completo com o TAT compreende o uso das duas séries de pranchas. o examinador deve dizer: “Feche os olhos e imagine alguma coisa”. o procedimento é semelhante ao utilizado na anterior. convém dizer-lhe que deve aplicar seus esforços numa única história mais longa. convém que o sujeito não saiba ou que não seja levado a pensar que lhe serão solicitadas novas histórias. salvo num aspecto: a ênfase nas instruções sobre a completa liberdade da imaginação. sentimentos. ou uma dissociação mais ou menos forte da personalidade do sujeito". conduta. . traduzem-nos as qualidades que o sujeito possui. para a suplementação de dados imprecisos. Outros autores. cujo ponto de vista o narrador adota. sobretudo se trata de figuras ambíguas. ou aspectos contraditórios. homem maduro ou velho. reconhecem haver projeção em outros personagens.Pessoa que figura no quadro. Multiplicidade de heróis: Tal multiplicidade pode "resultar do deslocamento da identificação e revelar importantes fases. Sexo: Informa-nos sobre a identificação do sujeito com o próprio sexo ou com o sexo oposto. • Identificação: Em geral. criança. assim como para pesquisar a fonte de idéias.31 entretanto deve dar preferência ao exame completo. sobretudo segundo a linha interpretativa de Murray. sobretudo projeções de impulsos não aceitos. SHENTOUB. sua imagem corporal. . Idade: Informa-nos se o sujeito se percebe como jovem. . Personalidade: As atitudes. etc. traços. 2005.O personagem em quem o narrador está mais interessado. porém como Piotrowsky. O herói seria o catalizador principal das projeções do sujeito. crê ou deseja possuir. que o sujeito tem de si. As pranchas são apresentadas na ordem estabelecida pela numeração Após a coleta das histórias procede-se ao inquérito. quanto mais inconscientes seriam os impulsos neles projetados. Aparência física: Relaciona-se com os interesses do sujeito. A – Herói principal (protagonista) Murray centraliza a interpretação no herói principal como catalizador das projeções do sujeito. . real ou ideal. o herói principal é: . Os traços do herói corresponderiam à imagem.Quem mais se assemelha ao sujeito em termos objetivos e reais (regra não rígida). seu ideal físico.Pessoa que desempenha papel principal. 1951). V – Interpretação (MURRAY. profissão. analisa-se nele: .Atitude frente à sociedade. deve-se ter atenção aos seguintes pontos: . melancolia. .o personagem principal pode ser simplesmente um elemento do meio ambiente do sujeito e não alguém com quem ele se identifica. adaptação. . inferioridade.Características psíquicas. sentimentos de culpa.Dados pessoais. desconfiança. . poder. angústia. medo. ascendência. • Caracterização: Identificando o herói principal. . .pode haver numerosos protagonistas parciais.Decepção. realidade. etc. desilusão. interesses. . • Suas Necessidades Caracterizar as necessidades do herói (ver lista) • Seus estados interiores e emoções .prazer. .Mudança emocional. colegas e parentes. aflição. . autoridade.Pode haver uma seqüência de protagonistas. masculinidade-feminilidade. ansiedade. .Alegria.Tendências e traços caracterológicos: superioridade (capacidade.Características físicas. dependência-independência. sexo. depressão. submissão. o protagonista estaria num personagem secundário. vocação.Dois impulsos podem ser representados por dois protagonistas (o conflito seria então mais intenso do que se os dois impulsos estivessem representados num só protagonista). . excitação. habilidades. . idade. felicidade. . desespero (abatimento). passividade-atividade. mágoa. fama). etc.Conflitos.32 Entretanto.Amor. Comentários Toda observação verbal com relação às pranchas e toda expressão de alegria. Seus atributos revelam como o sujeito visualiza as pessoas com as quais se encontram emocionalmente ligado (pai. • Exclamações . elas permitem prejulgar a natureza patológica das respostas. no caso da polícia representar a figura paterna. etc. Esta atitude que reflete certa perda de distância é seguida freqüentemente pelas projeções diretas.ELEMENTOS DE COMPORTAMENTO Os sinais aqui reunidos correspondem à expressão. E . pela conduta. de certa ansiedade e de mal estar provocadas pela prancha.33 B. de surpresa. bem como dos homens de idade. etc. OUTROS PERSONAGENS Faz-se igualmente sua caracterização.OMISSÃO/ DISTORÇÃO Omissão: Não percepção e não inclusão na história de elementos significativos manifestos na Prancha. etc.) Pode haver. de se projetar. Comparam-se os homens e as mulheres. Distorção: Alteração perceptual dos elementos significativos manifestos na Prancha. . como também a necessidade de se identificar com o objeto. como por exemplo. de admiração. Traduz o desejo do sujeito de "neutralizar" o objeto. Segundo o contexto clínico. testemunham certa labilidade emocional e impulsividade. C. Investigam-se os traços das mulheres de idade. AMBIENTE/ PRESSÃO Caracterizar o ambiente e as pressões (ver lista) D . de desgosto. irmão. entrando imediatamente em sua intimidade. entretanto um deslocamento. referências pessoais. • Ansiedade manifesta . não chegam a sobrepujar sua incapacidade de construir uma história. Estas observações têm a mesma significação que as exclamações. # # # • Necessidade de aprovação Toda expressão que tenha por finalidade atrair a atenção do examinador. quer de ordem neurótica ou psicóticas. malgrado às múltiplas perguntas. Suas defesas.: "como faz calor aqui". formulada durante a exibição das pranchas.: "está bem feito? "A necessidade de aprovação se encontra nos sujeitos ansiosos e que. # Sujeitos ansiosos que se põem eles mesmos as perguntas e tem desejos de confirmação para # continuar sua narração. ou o final da mesma (F). têm tendência a uma emotividade lábil. e que se beneficiam com a intervenção do examinador. Ex. além do mais. Um de seus mecanismos de defesa consiste em procurar segurança por meio de uma série de reinvidicações afetivas. são muito mais estruturadas do que as do sujeito da primeira categoria. ou então dos dois (mais. # Sujeitos que. Ex. Podem-se encontrar duas categorias de sujeitos aos quais é necessário fazer perguntas. F). mas confirmam melhor a necessidade que o sujeito experimenta de se subtrair à tarefa de fugir da ansiedade provocada pelo exame ou. • Necessidade de fazer perguntas Toda intervenção do examinador para solicitar a continuação das histórias (mais).34 • Digressão Toda observação "à margem" do teste. por uma determinada prancha. • Observações críticas Toda observação destinada a desvalorizar as situações do exame. pela transpiração. Incluiremos ainda uma outra forma de crítica: aquela que diz respeito aos personagens.. • Recusa . mas não se pode interpretá-lo neste sentido. Ex. e mesmo uma espécie de isolamento afetivo. traduzir um simples "estado febril" ou se indício de doenças de toda sorte. "pra que serve tudo isto?".: (pr. tal como: a temperatura nos doentes. etc. portanto de uma perda de distância em relação à prancha. Esta expressão manifesta agressividade e traduz uma estruturação do caráter muito elaborado e é indicativo de adaptação defeituosa. A ansiedade manifesta pode se exprimir de várias maneiras e. dedos nos cabelos.2) a pessoa da direita está grávida. "parece que o senhor faz questão de escolher as pranchas mais feias". O cinismo indica certo afastamento. se esta ansiedade ocasiona uma perturbação na elaboração do tema. pelas maneiras de olhar a prancha. que é vista como uma realidade "horrível" Ex. É importante observar. Este tipo de respostas testemunha tendências paranóides pronunciadas. senão em um contexto clínico patológico particular. posturais). o que é indício de uma estruturação muito mais caracteriológica. mímicas.. o material usado.: "não é bonito isso que o senhor está me mostrando". ou de ficar sentado. pela careta. É também uma das manifestações do comportamento esquizofrênico. O comportamento ansioso pode se traduzir.. Isto não me agrada.35 Toda manifestação exteriorizada de temor. ou se permanece de qualquer modo isolada. dentre outras por atitudes posturais embaraçadas e gestos estereotipados como: mão na testa. Aqui a crítica é acompanhada por referências pessoais e de uma projeção muito forte. seu interesse. • Cinismo Toda atitude insolente ou desdenhosa desafiando a situação incômoda. etc. fumar nervosamente. de mal estar (expressões verbais. e mostra uma estruturação caracterial de defesa mais séria.. situação de exame e instruções formam um conjunto que o sujeito deve enfrentar e frente ao qual deve adotar certa conduta. embora se encontre também nos sujeitos normais. perder de vista a situação da prancha à qual eles chegam finalmente. A recusa testemunha tanto a agressividade como o bloqueio do sujeito.ELEMENTOS DE LINGUAGEM Estas poucas observações reunidas sob o título "Linguagem" estão longe de abranger tudo o que se pode observar em relação ao sujeito no TAT. em detrimento do presente. mas se perdem e se acham muito desamparados assim que tenham de se reportar à situação representada na prancha. a prancha não lhes serve senão de pretexto para desenvolver um tema central sobre os acontecimentos anteriores. ou se limita ao silêncio. As situações da imagem parecem despertar neles um eco longínquo. Certos sujeitos sentem necessidade de demorar-se longamente sobre o passado. Pode ser considerada como índice patológico engajado na própria estrutura da personalidade. • Insistência no passado Toda história que se desenrola quase exclusivamente no passado. ou o sujeito manifesta conscientemente a agressividade e rompe toda relação. malgrado as instruções em conseqüência de um choque profundo que bloqueou toda expressão. essencialmente como um índice de adaptação à realidade. examinador. nos psicóticos. sem. talvez vivido. ação (A) e fim (F). que não é assinalado senão por alusões ou implicitamente. material. Neste sentido. A obediência às instruções pode ser considerada.36 Rejeição à prancha e recusa a contar uma história. Este tipo de reação não se encontra a não ser. simplesmente recusando uma ou mais pranchas. • Não obediência às instruções Ausência de um ou vários elementos da instrução: história onde falta qualquer coisa: passado (P). e mais particularmente nos psicossomáticos. no entanto. solução (S). Outros sujeitos atêm-se igualmente ao passado. . F . praticamente. Pode ser observado. Os neologismos espontâneos fazem parte do mesmo quadro clínico da esquizofrenia. igualmente. • Neologismo Invenção de palavras novas.37 • Estilo falho ou frustrado Expressão verbal pobre. O estilo pobre. essencialmente neologismo. é encontrado em nível "normal" nos sujeitos com sentimento de inferioridade muito acentuados e que procuram compensar e se afirmar desta maneira particular. ou falho. por exemplo). mas também nos sujeitos de inteligência normal e de um nível cultural pouco elevado. com forte rebaixamento de eficiência (nos hipertensos. As expressões surrealistas ou poético-herméticas. vocabulário restrito. No domínio patológico. nos casos de psicose orgânica e de problemas de origem psicossomáticas. • Estilo rebuscado Todo o pedantismo ou afetação nas expressões verbais. Difluência. • Expressões surrealistas Efeitos verbais que não levam em conta a lógica da língua. perda do fio do pensamento. linguajar sem nexo.: "dois caminhos (ou retas) que se encontra e gritam: "viva o Lula". Ex. • Fluidez verbal . se encontra fatalmente nos débeis. como o emprego repetido de um determinado tempo do verbo. é típico de esquizofrênicos e paranóico. • Perturbação no decurso do pensamento sem procura voluntária de originalidade se encontram na esquizofrenia. freqüentemente de Sintaxe perturbada. e são acompanhados. mas em um contexto diferente. (Obs.. nos psicóticos esta discordância é muito mais manifesta e é característica do quadro esquizofrênico. G .". • Expressões "Percebe-se nitidamente que". dominado pelas associações de idéias sucessivas." Estas expressões categóricas correspondem a uma perda de distância.: "a rigor poderia ser". correspondem a uma tomada de distância mais ou menos grande. (ex.: "É evidente que. verboso. etc. conjunto de idéias simplesmente jogadas). Vai interpretar como os precedentes. traduz um problema da personalidade do sujeito. Nos sujeitos normais.. • Estereotipias (histórias desprovidas de sentimentos) Toda repetição de fórmulas desprovidas de conteúdo afetivo. • Contradição entre o tema e expressão Toda expressão verbal ou mímica do narrador é inadequada ao tema. "Não há dúvida que. se apresenta como sinal de comportamento maníaco ou de deficiência intelectual. Estes relacionamentos não se limitam àquilo . é também a recusa no engajamento de afetos. e que a menor dificuldade com referências a estas.. "pode-se esperar que"). Toda expressão que permite ao sujeito não se comprometer com uma afirmação direta. engajando o sujeito a uma identificação e projeção direta.. que se encontra principalmente nos hesitantes com estrutura obsessiva.. Toda expressão que reforça o engajamento pessoal do sujeito com uma afirmação direta Ex.. • Expressões "isto poderia ser". Etc.38 Linguajar inconsistente. indica um defeito de identificação super compensado.RELAÇÕES INTERPESSOAIS É evidente que um sujeito vive e se desenvolve criando ou mantendo sem cessar relações. O examinador tem uma tendência a supor que as boas relações entre heróis da história traduzem boa relação do sujeito com seu meio ambiente. às vezes. Dever-se-á mesmo. s dificuldades que se encontram aqui são as mesmas que nos sinais precedentes. Nós a encontramos. sobretudo quando os afetos não são explícitos. aquilo que ele é. Pode ser mesmo que a . A explicação está no fato de que as relações interpessoais parciais de um sujeito podem ser excelentes (no seu trabalho. Existe. aquilo que não quer ser. etc. nas histórias de relações homossexuais negativas. o que queria ser. E o conjunto de todos estes relacionamentos com suas tonalidades e as suas qualidades múltiplas que se transportam para os movimentos dos personagens e suas relações nas histórias do TAT compreende-se. às vezes. mas implicam também nos relacionamentos que um sujeito mantém com um objeto material sobre o qual ele transfere os seus sentimentos.). tem relações homossexuais parcialmente positivas. a importância que atribuímos ao significado das "relações interpessoais". E isto é verdade para a maioria dos casos. As relações são negativas quando existe uma ruptura do diálogo e quando nenhum entendimento se estabelece entre os personagens. • Relações positivas (em suas diferentes combinações) um diálogo satisfatório entre os personagens. reconhecê-los como tais. sendo todas negativas no domínio da vida privada. diálogo consciente ou inconsciente. isto é. Uma outra razão de discordância entre as relações dos heróis e as relações dos sujeitos é devida ao fato de que o narrador projeta nas histórias. quando o narrador. a uma só vez. É difícil. e com ele próprio. na realidade. mas não é uma regra absoluta. evidentemente. na vida social. por exemplo. recorrer ao exame das soluções dos conflitos para compreender a qualidade das relações interpessoais.39 que se entende comumente sob esta designação. • Relações negativas (em suas diferentes combinações) um diálogo não satisfatório entre os personagens. portanto. aquilo que ele não é. Sabemos também que cada sujeito conduz um diálogo interior com os sentimentos que tem respeito ao objeto. uma infinidade de modalidades de relações que se podem classificar de "positivas". às relações de pessoa a pessoa. Novamente o contexto e o conjunto do protocolo que darão a chave da interpretação. etc. Traduz certa ambigüidade de relacionamento. um defeito de identificação. traduzindo uma retração importante da libido. • Relações tensas Relações muito carregadas de afeto e que não dão aos personagens a possibilidade de descargas positivas. As histórias são geralmente sem final. isto é. • Relações inconsistentes Relações pouco vividas e às quais não se pode determinar o caráter. em todo caso.40 maior parte das relações homossexuais do sujeito seja positiva com exceção das relações com a mãe (no caso de uma moça) ou com o pai (no caso de um rapaz). A ausência total de relações nos fará pensar em uma estrutura psicótica. Esta ausência é. Traduzem. seja parcialmente entre os personagens) Falta de relações entre os personagens evocados ou não. um sinal grave. em todo caso. • Conflito intrapessoal tenso Conflito entre o herói e ele mesmo. Clinicamente estes conflitos são uma redução maciça dos conflitos interpessoais. • Relações ausentes (seja totalmente. Nós encontraremos esta tensão que invade a personalidade em casos limites ou nas neuroses graves. Os conflitos interpessoais evocados devem ser distinguidos do conflito que se desenrola no interior do herói. H . O conflito é agudo e dramático. intrapessoal.SOLUÇÃO DO CONFLITO EVOCADO (desfecho da história) . a ausência parcial significará um mecanismo obsessivo. uma estrutura psicótica fortemente narcisista e devem ser notados na medida em que substituem os conflitos interpessoais não evocados na história. Nos casos muito pronunciados devemos pensar em neuroses graves ou psicoses. Testemunha somente a possibilidade do sujeito estabelecer e de "manter relações à distância".41 A adaptação de um sujeito à vida será avaliada facilmente. Estas ligações simples entre relações interpessoais e soluções dos conflitos não são mais freqüentes. sem dúvida. o caso deverá ser estudado. Relações interpessoais negativas podem conduzir a soluções negativas ou d ) coexistir com elas. graças. o que é uma imagem fiel da vida. um sujeito normalmente adaptado. ambas tendo sido placadas. estão longe de traduzir um modo de adaptação perfeita. sem afetos e sem engajamento pessoal. a sistema de super compensação. a partir da qualidade das soluções que ele dá aos conflitos evocados em suas histórias. Mas a relação entre a solução encontrada e o modo de adaptação do sujeito é sempre existente. mas conseguem vencer as suas próprias dificuldades. c ) Em nossa experiência com o TAT. É o exame aprofundado do protocolo inteiro que nos permite aproximar da personalidade complexa do sujeito: a tônica deve ser colocada na "estrutura dinâmica" (assim. Encontraremos mais freqüentemente. Isto assinala um grau importante de inadaptação do sujeito ao mesmo tempo em que uma homogeneidade de suas relações. então. Relações interpessoais negativas podem conduzir a soluções positivas: b ) teremos "sujeitos complexados". Com um grau de adaptação decrescente nós podemos classificar as soluções positivas da seguinte maneira: . o índice global de adaptação mais seguro que nos oferece o TAT. é. a ) Relações interpessoais positivas podem conduzir a soluções positivas: teremos. em suma. Isto não quer dizer que uma solução negativa implique necessariamente numa inadaptação do sujeito a todos os domínios da vida. temos tido ocasião de encontrar relações interpessoais positivas ligadas a soluções negativas. índices positivos e negativos. as relações positivas e as soluções positivas. Ao se encontrar isto. num mesmo protocolo. • Compromisso viável Toda tentativa no sentido de evitar a resolução do conflito aberto. Exemplo: "Eles se casarão um dia. É muito difícil catalogar essas soluções de maneira "objetiva". sempre. se tudo correr bem". .42 • Solução adaptada Toda história onde o personagem resolve a situação conflitual em seu proveito e de maneira socialmente integrada. • Placada ou moralização Todo clichê otimista e gratuito em lugar de solução de conflito. sob condição. Exemplo: (Trata-se de determinar se a solução seguinte. Mas a clínica terá a última palavra. sobretudo na clínica que intervém escalas de valores pessoais. esta tenta retê-la. que podem variar segundo as diferentes tradições ou culturas. É evidente. graças às circunstâncias ou às personagens favoráveis do meio exterior. dada pelo narrador. a filha fica por ter pena da mãe". morais e sociais. encontrando- se uma solução intermediária aceitável • Dependente de ajuda exterior Adaptação às situações dadas. é adaptada ou neurótica) "uma moça que queira deixar a mãe. • Hipotética Toda solução positiva do conflito sendo remetida para o futuro. tendo em vista o conhecimento que hoje temos das conseqüências de uma tal solução de conflito. A multiplicidade de soluções. Mas traduz. • Solução discordante com relação ao tema . • Soluções por satisfação dos impulsos Toda história na qual a solução é conseguida graças à satisfação de um desejo ou uma tendência. Se a esta configuração se junta uma má integração do Ego. quando a última solução evocada é má. Esta espécie de solução traduz necessariamente uma má adaptação. Quando são heterogêneas e. estaremos tratando com estrutura psicótica. Se ao contrário. • Solução autopunitiva ou de fracasso Toda história que termina desfavorável ao herói principal.43 A despeito das tradições morais que consideram esta solução como desejável. que trás. uma conduta de fracasso propriamente dita. a última solução for positiva isto significa que as defesas obsessivas são integradas apesar de tudo. na clínica psicanalítica. sobretudo. mesmo boas. • Soluções múltiplas Toda história comportando diversas soluções. com defesas psicóticas. muito infantis em geral. ela será qualificada pelo examinador como neurótica. devemos concluir por uma adaptação defeituosa. O superego de um sujeito que dá tais soluções é impotente ante a força do Id. implicam numa imaturidade afetiva. estaremos em presença de uma personalidade normal. a função de integração do Ego é relativamente boa. sem se levar em conta as exigências sociais e do Superego. testemunha o medo do sujeito em engajar-se e se encontra mais freqüentemente nas estruturas obsessivas. o nome de "neurose de fracasso". As soluções múltiplas podem ser homogêneas quanto a sua qualidade ou heterogêneas. além disso. ao contrário. Mas se. estas respostas. ou se encontramos várias respostas deste gênero. Funcionamento cognitivo A inteligência pode ser estimada a partir do vocabulário usado nas histórias. considerar o modo de o sujeito se relacionar com o examinador durante a testagem. Relações com a figura materna costumam ser expressas nas respostas às figuras 2. Afeto Analisar as principais emoções atribuídas aos personagens e as situações que despertam essas emoções. As características dos heróis expressam a auto-imagem do indivíduo. companheiros amorosos. o sujeito normal que se omitiu à solução. A adequação dos afetos às situações deve ser analisada. Além disso. A significação desta ausência não pode ser explicada senão em função do contexto. psicótico. Relações com a figura paterna . A percepção da realidade pode ser avaliada verificando se o indivíduo percebe ou não as figuras de modo adequado e se as histórias são ou não realistas. como de um psicótico. VI . por definição. 6BM e 7GF. 2.AS PARTES DO RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E O TAT 1. Isto é quase incoerência. logo. 5. As histórias do TAT são uma importante fonte de dados sobre os relacionamentos interpessoais do sujeito. amigos e colegas de trabalho devem ser descritas. em geral. As atitudes frente a diferentes tipos de pessoas. O pensamento pode ser avaliado verificando se as histórias são organizadas ou não. 3 Auto-imagem e auto-estima. sob demanda do examinador. dala-á.44 Todo final de história contradizendo a evolução do conflito. tais como os pais. Pode ser encontrada. Os heróis são competentes ou incompetentes para lidar com as situações? Como reagem ao cometerem erros? Como são vistos pelos outros personagens? 4 Relacionamentos interpessoais. • Ausência de solução O conflito evocado permanece aberto. tanto no protocolo de um neurótico. . Relações com pessoas da mesma idade. 9GF. do mesmo sexo e do sexo oposto. costumam ser expressas nas respostas às figuras 9BM. 4 e 13 MF.45 costumam ser expressas nas respostas às figuras 6GF e 7 BM. " Esse conceito carrrega consigo o sentido subjacente de que o fenômeno.1 São Paulo 2000 A DESVINCULAÇÃO DO TAT DO CONCEITO DE "PROJEÇÃO" E A AMPLIAÇÃO DE SEU USO Vera Stela Telles1 Instituto de Psicologia – USP Crítica à designação de "projetivo" referente aos fenômenos implicados no material do TAT. é precisamente à imprecisão do termo projetivo que os autores atribuem os erros dos "métodos projetivos" (Cattell. citados por Imbasciati & Ghilardi. USP vol. Projeção (Mecanismo de defesa). Psicologia clínica. Ao contrário. de certo modo já é previamente "conhecido" . Também Shentoub (1990) na sua introdução . Procurou-se mostrar que tal designação levou historicamente o teste a ser amarrado às teorias psicanalíticas.11 n. a maior parte da problemática de seu uso em pesquisa e da possibilidade de um consenso geral referente à sua interpretação. nos fenômenos registrados. 1994. obrigasse a tal leitura.46 Psicologia USP Print ISSN 0103-6564 Psicol. para além de qualquer postura teórica prévia do observador. 1952. impede a verdadeira observação do material obtido pelo teste. já que o consenso seria procurado no material. 1951 & Rappaport. O problema dos assim chamados testes projetivos começa na própria definição de "projetivo. Teoria psicanalítica.ele pertence e é circunscrito dentro de uma dimensão "projetiva" (qualquer que seja o sentido dado à palavra). a ser pesquisado. p. 40). sem que nada. Aliás. deve-se aos problemas inerentes à próprias teorias psicanalíticas. Cognição. Essa forma de nomear implica então em uma específica posição frente ao fenômeno. a nosso ver. Sugerimos então sua desvinculação desse termo que o remete a um sistema teórico fechado que como tal. Essa observação dos fenômenos permitiria a superação dos impasses e consequentemente a ampliação de seu uso. Técnicas projetivas. Descritores: Teste de Apercepção Temática. Voltando às suas origens (1935). d. p. o que perturba é evitado enquanto não é percebido. 15-16). nestas distorções a Gestalt localiza "um processo dinâmico devido às leis da "pregnância" e do conceito de transponibilidade.. pp.. Essa configuração perceptiva não é um simples resultado de uma composição. quis então integrá-la num sistema teórico que sublinhasse os problemas de adaptação e as influências ambientais" ((Imbasciati & Ghilardi. A idéia que fundamenta essa posição é a de adaptação e centraliza-se na problemática de harmonizar o interior do sujeito e o exterior. O problema é de tal magnitude que alguns autores põem em dúvida se existe algo neste teste compatível com a função de instrumento diagnóstico (Anderson.. A história do TAT (Teste de Apercepção Temática) poderia ser concebida como uma démarche das mais complicadas. Quanto à sua utilização em pesquisas. 1994. pensamos ter muito mais a ver com essa designação intempestiva do que com problemas suscitados pelos fenômenos psicológicos implicados na tarefa." As imagens percebidas no TAT seriam então "antes de mais nada uma gestalt. 1994. formada desde a memória que fornece a imagem composta real das figuras concretas que lhes correspondem. e das imagens – estímulos fornecidos pelo teste segundo uma organização perceptiva ótima" (Ancona. no nível desta gestalt superior. 1. explicar a "projeção" (e o "inconsciente"). s.. mas a percepção é gestaltizada com os componentes afetivos que estão presentes no sujeito: Estes últimos são responsáveis . grifos nossos).3 Os trabalhos da Gestalt estabelecendo as leis da percepção também preocupam-se em dar sentido às distorções perceptivas. mesmo na concepção mais ampla do termo . desde que eles procedessem de mecanismos que ultrapassam o quadro da projeção. Necessidades que incluem uma força determinada pelos processos internos e. 1967). grifos nossos) .. 15-16). que somente a psicanálise não seria suficiente para fornecer esquemas facilmente utilizáveis na . seriam melhor nomeados de provas de personalidade. e o que não é percebido não existe. suas fundamentações teóricas deixam muito a desejar2 . grifos nossos)...tanto em relação à captação do fenômeno quanto ao consenso sobre sua explicação e sua metodologia. por um processo de distorção de tipo gestáltico que procura a organização mais simples possível. tentando resolver um impasse que.. 1994. pp. praxis da psicologia.." (p. devidos às interferências ambientais "organizadoras de toda atividade do indivíduo em vista de uma modificação de uma situação tida como insatisfatória" (Imbasciati & Ghilard. representado pelo seu ambiente.4 (Ancona. a organização se exprime como a manutenção do equilíbrio psíquico obtido com a exclusão subjetiva da dificuldade da realidade.47 afirma: "Os testes ditos projetivos. o impasse parece insolúvel.. Para descrever as alterações perceptivas introduzidas pelo sujeito. 34). apesar de Henry Murray ter recorrido à teoria psicanalítica clássica para descrever a estrutura de personalidade do indivíduo achava ". Sua linha teórica é basicamente fundamentada nas necessidades do sujeito e nas pressões ambientais. Murray usa o termo psicológico de apercepção (Imbasciati & Ghilard. & Anderson. As mais diferentes formas de avaliação e teorização do teste tentam. Tenta assim (segundo os autores) integrar a clínica e a psicologia experimental.d. no fim. mais freqüentemente. s. apercepção por projeção. então. parece-nos. Contra a decisão dos autores de priorizar o termo que . A apercepção é de fato uma distorção perceptiva porque através dela a nova experiência é assimilada e transformada segundo traços da experiência passada. a não ser a coincidência do nome.d.pertinente à produção do sujeito no TAT seria aquele que precisamente nada tem a ver com mecanismo de defesa .(segundo autores de orientação psicanalítica) . p. onde essas palavras têm um sentido preciso.. designando fenômenos diferentes. grifos nossos). s.. Desse modo a apercepção mencionada nada tem a ver com a projeção como mecanismo de defesa. 1986) analisa e critica longamente um artigo de Laplanche e Pontalis. Cremos que essa passagem acabou por afastar definitivamente o teste da possibilidade das pesquisas de psicologia em geral e determinou as dificuldades nas quais os autores até hoje debatem-se para resolver o problema. Assim. com os mecanismos de defesa descritos pela psicanálise. não àquele advindo de mecanismos de defesa. Como se verá mais adiante. implica uma drástica mudança do referencial teórico. A partir da identificação inoportuna desses conceitos.cada qual provém e explicita um contexto teórico completamente diferente. a substituição de pregnância por mecanismo de defesa.d. implicando conseqüentemente mudanças de perspectivas fundamentais em relação à pesquisa e sentido dos fenômenos. Portanto nada.48 O eu aprende depressa o modo mais econômico de manter constante a própria organização deformando assim as percepções exteriores . a nosso ver.. Essa concepção é improcedente mesmo dentro da avaliação orientada psicanaliticamente. 6 Na história do TAT essa substituição de palavras permitiu que se fizesse uma ponte apressada e. os escritos sobre o TAT têm de preocupar-se em definir o sentido de projeção (além de outros) pertinente à natureza do que é observado na produção do sujeito. por exemplo. de todo instável – entre a proposta primitiva de Murray e as teorias psicanalíticas. 8. Além disso. O problema. o modo mais correto de descrever essa situação é como fez Murray chamando apercepção. a nosso ver. mais ainda. de modo a absorver cada novo estímulo com o mínimo de mudanças" e Ancona acrescenta: "A percepção do mundo exterior torna-se por isso mesmo necessariamente projetiva" (Ancona. e gera a projeção. absurdo falar em mecanismo de defesa. o único "projetivo". (1963) sobre o sentido de projeção em Freud. tentando encontrar qual deles poderia ser usado para explicar a produção no TAT. segundo uma transferência de aprendizagem.5 (Ancona. Faz-se então uma passagem indevida entre dois termos iguais mas de sentidos completamente diferentes (sempre dentro da própria psicanálise). é absurdo fazer a substituição do termo pregnância por defesa. portanto. justifica que se identifiquem as alterações perceptivas ou aperceptivas. Shentoub (citado por Brelet. Mais adiante o autor acrescenta: . s.) Mais ainda.. é muito mais profundo." somente substituindo a noção de pregnância pela de defesa" – Há aqui uma contradição flagrante: o autor está explicando a aprendizagem. o termo projeção aqui descrito (e o único que poderia ser relativo à produção do TAT) refere-se ao conceito "normal" de projeção. este modo de ver as coisas permite considerar os fatos de percepção como aqueles descritos pela psicanálise como "mecanismo de defesa." por isso Bellak tem razão em dizer que "a organização da personalidade constitui um sistema de controles e de balanceamentos. universos teóricos específicos. Cremos que absolutamente não se trata de uma mera substituição de conceitos .. envolvendo. s. projetando nele a sua experiência interior e a própria estrutura da sua personalidade ." que para ele explicaria a superstição. Como vemos. ela arrasta consigo toda problemática filosófica de teoria do conhecimento. enfim toda relação entre "consciente" e "inconsciente" está em jogo (atualmente preocupa-se mais com a possibilidade da consciência do que com o próprio "inconsciente") (Searle. processo com o qual o sujeito organiza e estrutura a sua experiência vital e. p. no limite. pp. 9-10. 49)7 sobre a projeção "normal" está implícita a estrutura geral do indivíduo: – antes de mais nada sua forma sensório-perceptiva de informar a realidade à qual ele compartilha com congêneres de sua espécie (e portanto a própria definição do que é estímulo está assim problematizada. pp. o conceito de projeção ganha tal amplitude que deixou de ter sentido na descrição e ainda menos na explicação do processo. mecanismo de defesa etc. temos já anteriormente Bellak em 1944.. teria que fundamentar as razões de sua escolha. s..49 em Freud é explicitado como mecanismo de defesa (advindo da situação paranóide).. a história do TAT será um verdadeiro roteiro de "correções" e "ajustes" que acompanha problemas e mudanças teóricas da psicanálise. especificamente. Além de Shentoub e Brelet secundando-a. o conceito de projeção nessa ampla acepção.) seguindo-se uma focalização onde ao papel do eu e . Franck (1939) descreve o fenômeno como o "." (grifos nossos). Como explicação da aprendizagem. qualquer material não estruturado que perceba. Em poucas palavras. mais modernamente. Uexküll. histórias banais. ela é uma palavra no mínimo perigosa e pretensiosa no atual estágio da psicologia. etc. 71-72)." começando por considerações formais das histórias (modalidades do discurso. 1994.. Para usá-lo em psicologia com esta acepção. 15-16).. Ainda mais: fora do campo específico da psicologia. 1990. o anímismo e a mitologia (Brelet. na verdade. pp. pp. referências "subter-râneas" muito mais profundas e complexas que não poderiam ser ignoradas na escolha de um tal termo. de 1955 a 1971) (Shentoub. envolve. É só superficialmente que ele "explica" a percepção e a apercepção do indivíduo. 1998).8 Passa-se assim da explicação freudiana clássica para uma centrada na psicologia do ego. praticamente todos os problemas que a ciência psicológica tenta explicar. 1986.d.d. Nessa teoria já existe o conceito de projeção que será depois desen-volvido e elaborado por Bellak" (Imbasciati & Tirelli. considera-se o teste de um ponto de vista de conteúdo depois passa-se a priorizar a forma. Descrito assim. até a escola francesa (centralizada nos estudos de Shentoub.). por exemplo). Esta resume o "drama. 1990). por que priorizar esse enfoque em detrimento das descobertas da própria Gestalt e. frente a posições como as da Psicologia Genética de Piaget (que explica o mesmo fenômeno em termos de assimilação e acomodação)? O conceito de projeção envolve. Dentro do próprio assinalamento de Freud (Imbasciati & Guilardi. 40-41). 1994.. 18). ela cita Freud entendendo a projeção como um mecanismo "normal. Uma vez estabelecida essa conexão com a psicanálise. apontando esse sentido mais geral da palavra projeção em Freud: "um mecanismo perceptivo devido ao qual a percepção atual é recebida e estruturada em relação e dependência dos traços mnêmicos de todos os fatos até agora percebidos" (Imbasciati & Ghilardi. todo estudo da memória e da própria percepção (estudos modernos sobre senso-percepção. toda problemática do aprendizado (que é questionada inclusive com relação às teorias psicanalíticas atuais) (Imbasciati. por exemplo. e sugerir a volta aos fenômenos. Enquanto isso. a constituição de uma metodologia geral frente ao seu uso. A designação de projetivo obriga o pesquisador.estudo de Piaget sobre a constituição evolutiva da inteligência. aparecem trabalhos em outras áreas. 16. põe-se em dúvida o que seja fantasia no TAT. quando na verdade exigiriam revisões teóricas essenciais. do qual nem sempre tem consciência e que aplica sem antever as conseqüências. de assinalar que essas observações críticas não se referem aos achados observacionais derivados da experiência clínica. fechada em seu sistema teórico. tomado em seu conjunto. sua prática acaba por neutralizar os efeitos negativos e contraditórios das mesmas. a construção de uma teoria que seja fruto do próprio material do teste. etc." necessariamente determinariam reformulações teóricas. econômico e tópico sem entretanto confundir situação psicanalítica e situação TAT. em relação à teoria kleiniana) simplesmente englobam tais achados justapondo-os ao seu sistema teórico. Uma vez atado às teorias psicanalíticas o teste perdeu uma preciosa autonomia teórica que poderia proporcionar-lhe correlações altamente criativas dentro do estudo do comportamento em geral. (por exemplo. (e até usando-os para "confirmar" seus pontos de vista). se "levadas a sério. Infelizmente. não nos parece ser algo que remeta necessariamente para além das características dos fenômenos que se encontram presentes no teste. e não como uma possível interpretação dos dados. a psicanálise não pôde considerar descobertas que necessariamente deveriam levar a reformulações conceituais em seu campo de estudo. Alertar para uma crítica epistemológica. p. serem levados em conta numa teorização desse gênero. Gostaríamos..9 Assim. levar em consideração tanto a Primeira como a Segunda tópica (inconscientemente. então.50 das funções conscientes e inconscientes no ato de organização dos estímulos tem prioridade até que em 1967 chega-se à conclusão de que uma teoria do TAT deveria: . de início. A possibilidade de sua utilização em pesquisa. se as pranchas comportam ou não a teoria do conteúdo latente e manifesto. Os clínicos experientes sabem usar bem o teste – apesar das teorias. grifos nossos) Assim. no mínimo.). no cognitivismo moderno. apoia-se nele e dele conclui como se tivesse um fundamento verdadeiro. Quando chegam a tomar consciência das novidades (exemplo a senso-percepção precoce) que. id. referir-se não aos elementos esparços das teorias psicanalíticas.. etc.e antigo . préconsciente. como na neuro-fisiologia. Sua problemática parece ter raízes em determinadas propostas teóricas prévias. mas ao corpo metapsicológico freudiano.. (Shentoub. a história das interpretações do TAT parece apontar continuamente para reconhecimentos da insuficiência das teorias psicana-líticas na abordagem dos fenômenos que ocorrem no TAT (critica-se que seja interpretado como sonho. Toma-o como um apriori inquestionável (no mais das vezes por inconsciência de que se trata de uma teoria). O problema aparece em toda sua gravidade quando se trata de transmitir o que a experiência – mais do que as teorias – lhes ensinou. os vários impasses e defeitos do TAT parecem advir mais de uma herança do enfoque psicanalítico do que serem realmente devidos aos fenômenos que o teste elicia. diríamos. estudos de perceptologia precoce e o próprio . à . Deve-se. associações livres obtidas na cura e fantasias espontâneas dadas no TAT. 1990. entretanto. elas próprias eivadas de contradições. que deveriam. ego e super-ego) e os três pontos de vista clássicos: dinâmico. partir de um referencial teórico básico. nosso trabalho em psicoterapia fundamentada no referencial psicanalítico sofreu modificações. a partir da forma com a qual ele estrutura e dá sentido às suas experiências. muitas vezes. até conseguíamos prever as queixas e dados significativos de sua história de vida. s. conseqüentemente.tivemos de abandonar uma avaliação do teste em termos psicanalíticos e nos concentrar em uma análise formal do texto do sujeito. a validade dessas previsões. ele pode vir a perceber a não adequação daquele antigo sentido (que não é patológico a nosso ver. baseando nossa prática na observação do paciente. Essa postura frente ao teste traria uma visão mais abrangente dos fenômenos implicados. o grau de possíveis desadaptações do indivíduo.estruturadora que logicamente permitiria fazer aquele específico recorte de si e da realidade. A partir da identificação dessa forma. uma fundamentação teórica mais pertinente. Para nossa surpresa tal avaliação "selvagem" revelou-se capaz de permitir uma idéia bastante acurada do modo de funcionamento dos sujeitos e. Insatisfações concernentes à prática e questionamentos teóricos vinham intensificando-se com a experiência. tentávamos avaliar sua produção sem qualquer conhecimento prévio da anamnese do indivíduo (era encarregada da supervisão. tentamos. Ficava muito claro. e ter. eventualmente. ampliar o uso do teste. Desde essa época (1970 – dentro da Psiquiatria do HC) até hoje (desde 1971 lecionando o teste no Instituto de Psicologia da USP) estamos tentando ampliar nossa observação dessa performance do sujeito.12 . permitindo sua utilização em pesquisa por qualquer psicólogo. a partir do texto. os afetos e as ações pertinentes a ele. tendo oportunidade muitas vezes de acompanhar e comparar no trabalho de Psicoterapia. feita essa decodificação do alucinado em termos compreensíveis para a atualidade de sua mente.d. elas são transformadas em representações (sentido piagetiano do termo) que a mente atual do paciente pode compreender. 10 Atualmente trabalhamos em psicoterapia sem recorrer às teorias psicanalíticas. começamos a encarar nossa prática terapêutica de um modo bastante diverso. podíamos fazer previsões sobre que áreas de sua vida estariam prejudicadas em seu funcionamento. Através de suas críticas epistemológicas às teorias psicanalíticas eles ofereciam um modelo de possível superação dos impasses com que nos deparávamos em cada momento de nossa prática. A partir do recorte (Uexküll. como memória alucinada (Ferrão) determina a construção de sentidos obsoletos. tentamos rastrear em sua história (a maioria das vezes deduzida de seu comportamento) o sentido que ele pôde formar naquela etapa da vida e que atualmente.51 observação seria. mas sim desadaptativo porque obedece a uma lógica superada). encontrar características que nos ajudem a posicioná-lo frente a um momento do seu desenvolvimento cognitivo. depois alunos de psicologia . e. Afim de evitar "projeções" de nossa parte. 11 Essa observação nos proporciona a estrutura . e só tinha acesso ao material do teste que os supervisionados traziam para discutirmos). a nosso ver. Nossa postura frente ao TAT Um tanto casualmente. independentemente de suas posições teóricas prévias. a idéia que fazia de si próprio e sua relação mais ou menos objetiva com a realidade.) que fazia da prancha. devido ao público a que se dirigia nosso trabalho clínico primeiro psiquiatras. Amparada em alguns autores (psicanalistas inclusive). Quando essas significações precoces podem ser inferidas. Só conhecíamos o sexo e a idade dos sujeitos. Concomitantemente. ele está inteiro naquela específica forma de recortar a realidade – aliás. e é por isso. não precisamos sair à cata do "inefável" (em ciência devemos construir teorias a partir do observado). pela simples observação. Assim sendo. descritivamente. consideramos os elementos da prancha. a expectativa (real ou não) que possui sobre si próprio para dar conta do problema adaptativo (lembramos aqui que Piaget mostra em termos simplesmente cognitivos que a constituição do eu e do mundo são dialeticamente construídas. a centralizar basicamente nosso parâmetro de comparação na noção biológica de adaptação. vemos o sujeito aparecer nas suas histórias como uma organização total. observacionalmente falando.52 Essa possibilidade crítica das teorias psicanalíticas e a prática terapêutica onde tínhamos oportunidade de verificar um novo modo de conceber teoricamente a "patologia" e a ação terapêutica. também imediatamente. sua experiência. portanto. e. o modo pessoal desse indivíduo recortar a realidade. teremos na sua solução do problema. 1975). enfim sua própria identidade. e não por "projeção. a explicitação do instrumental utilizado. Assim." que podemos inferir as características que intervieram e determinam seu . para estabelecer uma relação significativa entre os elementos figurativos da prancha. Acreditamos que esse modo simples de conceber a tarefa TAT abrange tudo o que o indivíduo é – suas estruturas gerais de comportamento. O tipo de instrução dada a ele. nem pode construir qualquer coisa com algo que não seja ele. A comparação entre a prancha "vista" (seus elementos) e a prancha realmente "contada" nos apresenta de imediato. sua relação. consigo e com o mundo externo. resolva a tarefa dentro do quadro restrito da realidade (a figuratividade da prancha mais instruções) usando sua própria organização. cremos ser de extrema importância nos atermos ao observado. uma tarefa que o indivíduo tem de dar conta. E isso. sua história. funcione. seja o que for que ocorra na sua interioridade. informa a experiência) está aí e à mostra nos seus resultados. implica que se atenha à figura. não pode logicamente ser-lhe consciente (Kant diz que são exatamente as categorias de nossa sensibilidade). Tal exigência vai obrigá-lo a observar e partir da realidade ao mesmo tempo que deve recorrer a si próprio. Tal "inconsciente. Passamos então. aos recursos que tenha (ou pensa ter)." por ser aquilo com que categoriza as suas experiências. Dado a exigüidade de conhecimentos objetivamente fundamentados sobre o mental. Dentro desse quadro referencial lemos o TAT como um problema. e ao mesmo tempo construa subjetivamente uma hipótese que dê sentido à cena. Dentro dessa perspectiva. como em qualquer situação de sua vida. com relação ao TAT. Todo seu "inconsciente" (tudo aquilo que ignora porque é com tal estrutura estruturadora que apreende. fazendo realmente uma ciência do comportamento. evitando assim teorias precoces que enganosamente oferecem pseudos saberes. lógica e reciprocamente constitutivas. são elementos complementares. enfim da identidade através da qual realmente funciona. Piaget. àquilo que ele de fato ou imaginariamente pensa ser. nos deu subsídios para melhor fundamentar o que chamávamos primitivamente de análise de texto das histórias do TAT. enquanto por outro o libera e incentiva a construir a partir de sua subjetividade (o interno) um sentido para ela. independente de sabermos que mecanismos poderiam estar "por trás" dessa ou daquela escolha feita (a ciência ainda não pode nos oferecer as "causas últimas" dos mesmos). somados às instruções fornecidas ao sujeito como sendo a "realidade:" o dado "fixo" que limita o indivíduo a circunstâncias dadas (o externo) por um lado. a proposta requer que ele. os sentidos alucinados que veio a construir durante seu desenvolvimento. Desse modo. Em outros termos. a partir de estudos . mas por motivos da especifica organização cognitiva (sentido que não pressupõe dicotomia entre afeto x cognição) que está funcionando naquela apreensão. o que temos de seguro e observável é que a história. Comparando-se. Por mais "conflitos" que surjam na sua história. elas seriam tempo." se pôde ou não dar conta da tarefa dentro do enquadre proposto. 14 pode ser descrito como onipotente justamente porque está estruturando aquela realidade dentro de uma condição psíquica primitiva. as possíveis deformações introduzidas no real não vão ser concebidas como um ato "voluntariamente – inconsciente" que o indivíduo realizaria para não ver o que não deseja saber.53 processo de apreensão da realidade. Independentemente de como e porque construiu tais apriores. Por exemplo para nós. Todo problema do observador reside em poder ver o que de fato está lá. formal.posicionar-se adaptativa e criativamente a ele. Tais características serão a causa lógica. 1997). a partir daquela particular estrutura estruturadora de suas experiências ele. interno de externo. se teve ou não de "transformá-la. A causa lógica para isso ocorrer está em que tal sujeito funciona dentro de uma dimensão cognitiva onde as categorias que permitem diferenciar idéia de fato. partindo do real – tal como as circunstâncias que a vida lhe apresenta. conservação de objeto e causalidade. daquele conseqüente recorde. Em suas histórias temos como dado de observação 13 as causas formais que fundamentam e justificam logicamente o tipo de escolha que foi possível ao sujeito. por exemplo. é dele. vai aparecer determinada visão da mesma. Não seria então por motivos "afetivos" que o indivíduo deturparia o real. não pode ver de outro modo. A análise da pertinência ou não desse enfoque (segundo o que se espera de acordo com o desenvolvimento cognitivo do indivíduo) nos dá imediatamente as causas formais de suas possibilidades adaptativas.) não estaria revelando rejeição do dado realístico – antes de mais nada estaria evidenciando que para aquele indivíduo é "natural" transformar o real (não o perceber como um dado independente dele). a prancha "vista. na verdade. e conseqüentemente um afeto e uma ação correspondentes. É devido ao tipo de "enquadramento" da realidade que. Telles. e portanto. Sua história nesse sentido é a "descrição" de "caminhos" que ele concebeu durante seu desenvolvimento para adaptar-se. Essas idéias – que são apenas um início de uma pesquisa que pretende visualizar o problema de um outro ângulo . a modificação do estímulo da prancha (retirada de partes. como decorrência. mas como uma demonstração de que com aquela organização utilizada na apreensão desse real. seu sentido. sua expressão . Para que a noção de realidade e a concomitante identidade correspondente do indivíduo sejam estabelecidas deve ocorrer uma evolução cognitiva onde justamente vão constituir-se tais diferenciações (para Piaget. se pôde ou não." Isto é uma descrição de seu comportamento que tem origem em outras causas. introdução de personagens etc. Nesta perspectiva. para além de seu conteúdo temático. então." com a inferida de sua história temos imediatamente a visão de sua forma de "perceber" a realidade. espaço. onde ainda não havia sido solidamente diferenciada a realidade interna da externa. não estão consolidadas. antes de mais nada.não têm a pretensão de criticar os achados observacionais que toda história do uso clínico do TAT colecionou. eles estão necessariamente presentes quando se pede ao sujeito para resolver o problema proposto pela prancha (entendida aqui. E isso não porque ele é "onipotente. é sua produção. como expressão de uma solução pessoal a um problema previamente dado). Tal "consenso"16 não deriva do próprio material obtido através do teste. por um pseudo-saber previamente "garantido" pelos sistemas teóricos da psicanálise. Uma segunda razão – (mais condizente com nossa prática) – e não menos séria. Tentamos explicitar a colocação. dentro de teorias abertas. Mas para isso realmente efetivarse. preferiram trocar esse desconhecimento natural (e incentivador). por pesquisadores pertencentes a qualquer linha teórica de pensamento. o aparente "consenso geral" só é compatível se considerarmos os fundamentos fornecidas pelas teorias psicanalíticas. diz respeito ao ensino do mesmo. a sua história mostra que mesmo entre pesquisadores que desconfiavam haver "algo mais" naquela experiência. (Isso naturalmente vale também para os achados observáveis da psicanálise). da passagem para o conceito de projeção que levou o TAT ser considerado nessa vertente psicanalítica." – serem modificados segundo exige a atualidade das pesquisas de ciências correlatas. E note-se que ele faz parte da formação profissional do psicólogo! Uma vez ligado a uma interpretação psicanalítica. apresentam uma "patologia" encontrada em material de sujeitos desadaptados. Pessoalmente não encontramos em nenhum momento no material por nós consultado. Quando as teorias impedem que conhecimentos novos sejam revolucionariamente incorporados. uma fundamentação coerente com o objeto de estudo que justificasse atá-lo às teorias psicanalíticas. Por isso. O que pretendemos aqui é chamar atenção para as teorias fechadas em sistemas prévios à observação do fenômeno e utilizadas para apreendê-los. achamos inadequado. veremos que. que não podem lidar com o novo criativamente. elas revelam-se obsoletas e impedidoras da continuidade da pesquisa do fenômeno. Nesse sentido. atada a conceitos pertencentes a um sistema fechado que não podem. Poderíamos perguntar aqui sobre a validade de pretendermos assinalar um modo diferente de visualizar e interpretar o material fornecido pelas histórias do TAT." casualmente ou não. sua pesquisa acaba regularmente nos mesmos impasses das teorias psicanalíticas. sobre o mental. Aliás. se ele realmente observa o fenômeno. seu uso vê-se drasticamente limitado e circunscrito aos que elegeram as teorias psicanalíticas como referencial prévio de trabalho. De um ponto de vista epistemológico. sob pena de romper essa "unidade. meramente afirmativa.54 obtidos da experiência. A nosso ver. não há nada que obrigue tal material ser interpretado segundo uma teoria pronta. qualquer teste deve estar . mesmo dentro do âmbito de diagnóstico. Sua interpretação fica. Tais "fixações. Como decorrência. mesmo descritivamente. Se observarmos com atenção. que dessem lugar às reformulações contínuas exigidas pelas novas descobertas. na formação do psicólogo. qualquer que seja a postura teórica básica do observador. deveria haver uma liberdade real de interpretação de seus achados observacionais. prévia. pensar o TAT em termos de projeção. o teste situa-se num lugar privilegiado tanto em termos de diagnóstico quanto como parte de um instrumental de pesquisa do comportamento humano. provisórias. diante do limite de saber imposto por nossa ignorância do fenômeno. Observamos na história do TAT a impossibilidade dele obter um mínimo de validação consensual15 que permitisse seu uso na pesquisa científica da mente. Acreditamos que pela natureza dos fenômenos que intervêm na realização das histórias. suas conclusões diagnósticas deverão ser pertinentes. Os testes fazem parte especifica do seu instrumental de trabalho. então. e nessa dimensão encontrar um consenso geral. garanta uma base mais objetiva de avaliação. na dependência do nível de experiência do avaliador a decisão sobre a objetividade de uma classificação . Essa classificação prévia na verdade provém da decisão do avaliador. . sendo desse modo um empecilho ao desenvolvimento da ciência. Nesse sentido.55 coerentemente alicerçado nas possibilidades de sua formação profissional. no início de sua vida profissional. uma flexibilidade nos conceitos de que se vale para dar sentidos provisórios às suas descobertas. Acreditamos ser um engano ingênuo pensar que a classificação prévia das respostas do sujeito. – e epistemologicamente incorreto. E os testes serão o instrumental básico que ele terá para garantir-se. . Justamente o que a designação de "projetivo" vai impedir. pois estas entravam e mesmo impedem a observação de tudo que o fenômeno tem a nos apresentar. – ligar um teste a uma específica linha teórica de explicação dos fenômenos (qualquer que seja). achamos absurdo. temos um de formação: pensamos que os alunos atuais serão os futuros pesquisadores de nossa incipiente ciência. Eles têm de saber que pouco sabemos e. Ele deve estar baseado em conhecimentos que o campo da formação específica pode oferecer. portanto. contra uma aparência de introdução de uma maior subjetividade na interpretação. contra a falta de experiência. fechadas em sistemas. na medida em que o referencial usado não remete a nada externo à sua constituição. devem ser alertados contra teorias "prontas". baseados antes de mais nada na análise do texto. e portanto. Em terceiro lugar.o que absolutamente não nos assegura que a técnica seja pertinente. Podemos facilmente estar diante de um TAT do observador mais do que do sujeito testado! . portanto. significa treiná-los precisamente em observação – o que a nosso ver deveria ser a base de uma formação inicial na carreira de qualquer pesquisador. depende de sua prática clínica e conhecimentos aprofundados para discernir convenientemente sobre elas. principalmente quando ela não encontra fundamentação na própria ciência psicológica. Fica. O psicólogo não pode esperar transformar-se em psicanalista para usar devidamente esse instrumento de avaliação diagnóstica. essa proposta visa aumentar a objetividade na avaliação das histórias.freqüentemente usada na maioria das avaliações do teste. que todo conhecimento atual é provisório. neste sentido. Como ter a liberdade de conceituar uma observação que não se encaixe na "projeção?" Além desses problemas. Apesar do aluno de psicologia dever ser informado sobre as teorias psicanalíticas. Assim pensamos que treiná-los no TAT. na melhor das hipóteses. como de qualquer outra linha de pesquisa psicológica – ele não recebe "formação psicanalítica" no curso básico de sua preparação. com mais razão ainda quando se trata do estudo de um objeto tão complexo como o fenômeno mental. A pesquisa psicológica deve então ter como requisito básico. Piaget. (1994).d. In Imbasciati & Tirelli. Raffaello Cortina.. Shentoub. A. Manuale d’utilization du TAT. V. which refers itself to implicit phenomena on TAT material. Castrovillari: Teda. (1990). Rio de Janeiro: Zahar. (1990). Il TAT secondo la sistemática di Bellak. though nothing on those phenomena obliged this interpretation to be made. Ed..56 Telles. (1975). (1969). Firenze: Ed. Disconection of TAT from the "Projective" Concept and its Use Enlargement. Anzieu. O. Psicologia USP. since consensus would be searched in the material. Psychoanalytic theory. Brelet. Index Terms: Thematic Apperception Test. A. H. (1993). are due to inherent problems of psychoanalysis theories themselves. A. & Ghilardi. Dunod: Approche Psychanalytique. A. consequently. Milano: Franco Angeli. Projection (Defense mechanism). & Tirelli. D. L. Imbasciati. Psicologias do século XX. the test to be tied up to psychoanalytic theories. Firenze: Giunti. (1986). Anderson. Técnicas projetivas do diagnóstico psicológico.). 11 (1). Cognition. A construção do real na criança. (2000). O. in historical means. Clinical psychology. It was intended to show that the "projective" led. São Paulo: Mestre Jou. & Anderson. S. then. J. 63-83. . Prefácio. the largest part from the problematical of its research using and from the possibility of a general consensus. In V. which prevents a real remark of the material obtained by the test. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ancona. G. Imbasciati. Il TAT: Fantasma e situazione proietiva. beyond any previous theoretical posture from the observer. Heibreder. its disconnection from this term. S.). Manuale clinico del TAT: La diagnosi psicoanalitica. Imbasciati. (1967). F.. S. the enlargement of its use.d. Il TAT secondo la sistemática di Bellak. E. The phenomena observation would allow the impasses overcoming and. (s. (s. L'oggetto e le sue vicissitudini: Storia di un concetto e valore della teoria in psicoanalisi. Abstract: It criticises the "projective" designation. Firenze: Ed. A. Imbasciati. We suggest. H. On the contrary. Projective techniques. Mestre Jou. L. concerning its interpretation. Affetto e rappresentazione: Per una psicoanalisi dei processi cognitivi. " 4 Cremos ter ficado por conta do autor essa correlação com o afetivo e "manutenção do equilíbrio psíquico" excluindo-se o que perturba para não perceber a dificuldade . se servisse de aspectos passados ou presentes da própria personalidade. (1990)." (p. S. Se as necessidades expressas no TAT não coincidiam com o comportamento manifesto. Lisboa: Ed. 7) 3 Descrevendo as fundamentações do TAT segundo Murray (1943. 1994. V. J. E-mail: ippsc@edu. V. podia-se recorrer a alguns conceitos psicanalíticos. (s.usp.). mas à projeção . 8 (1). 5 Recorre-se aqui ao uso da palavra projeção que além de ser problemático como explicação da aprendizagem (seria quando muito descritiva). (1998). 34) diz: ".d. o é também quanto ao seu uso dentro da própria teoria psicanalítica . 1951.CEP 05508-900.d. Stern. o qual foi provido pelo seu autor de uma teoria. (s. diz.). uma grande adaptabilidade deste teste a conceituações diversas.57 Searle. V. citado por Imbasciati & Guilardi. Psicologia USP. a leis de nossa organização perceptiva. como a regressão. comparando o TAT com o teste de Rorschach. Dos animais e dos homens. Av. A leitura cognitiva da psicanálise: Problemas e transformações de conceitos. 1 Endereço para correspondência: Instituto de Psicologia. SP . baseando-se em recordações conscientes ou inconscientes de eventos reais ou imaginários que modelaram a sua personalidade.. a formação reativa e o recalque. J. (1997). donde em contrapartida. (Manuscrito não publicado) Uexküll.. S. 157-182. ele considerava que o sujeito. a interpretação corre atrás de uma teoria que a fundamentaria. Telles. Dunod: Approche Psychanalytique.br 2 Anzieu (1990). R. O mistério da consciência. Mello Moraes. Rio de Janeiro: Paz e Terra. ao descrever o protagonista da história. Manuale d’utilization du TAT. especificamente. (ver citações mais adiante). p. Shentoub. a sublimação. para explicar o desacordo entre história e comportamento. 1721. Paris: Puf. São Paulo. (1989). Prof.O texto da Gestalt falando em organização perceptiva "ótima." e "mais simples" possível refere-se. Livros do Brasil. V. D. além do material e do método de aplicação: "Está aí sua força (do TAT) ao mesmo tempo que sua fraqueza: o material e a aplicação são modificáveis segundo a população estudada. [ Lilacs ] [ SciELO ] Telles. Le monde interpersonnel du nourrisson.Esse termo aqui só se justifica (dentro das teorias psicanalíticas) se fosse referido não a mecanismos de defesa. O paradoxo da constituição de significações precoces antecedendo o pensar e sua solução estética. . 6 Citando um exemplo de percepção visual: "." É interessante notar um viés epistemológico mesmo em autores que podem observar a teoria mais criticamente. .. 1969. 1969. p. para as figuras incompletas serem completadas e tornadas mais definidas e exatas. do mesmo modo de percepções sensoriais. 1994. 303-304) Como pode-se depreender facilmente destes textos.a tornarem-se o que elas são.em figura e fundo. De resto. 1969. ela se verifica também lá onde não existem conflitos.. uma padronização do campo perceptível de tal maneira que as relações importantes são óbvias. este fenômeno serve de exemplo do princípio de "complementação." 8 ". p. 1986).. de modo mais completo e típico.58 descrita como "normal" em Freud. 302) E mais adiante: "." a reação psicológica tende a completá-la. de modo que as formas tendem a se tornar mais exatas e mais bem definidas .. A primeira privilegia a relação entre as pulsões do sujeito e as suas produções no teste.o "insight" é ". da criança e do neurótico são o efeito da projeção dos processos psíquicos primários sobre o mundo externo. é uma projeção do artista na própria obra. 33). a ela é atribuído normalmente uma parte relevante na configuração de nosso mundo interno. A "complementação" é um caso particular da "lei da pregnância." E os autores acrescentam ". citados por Brelet. as "alterações" perceptivas para a Gestalt têm a ver com a nossa forma de organizar a experiência perceptiva (aliás os gestaltistas encontraram inclusive na biologia e mesmo na física exemplos dessa tendência. mas é tão intensa que quando a circunstância externa não está inteiramente "formada. também percepções internas de processos emotivos e mentais." e para os componentes formarem grupos. e que mereceu ser descartada (como veremos adiante) como não significativa na obra de Freud." (Imbasciati & Ghilardi.. segundo a intuição de Freud. Em condições nas quais a natureza não é ainda suficientemente precisa. também a criação artística. quer seja espacial ou temporal. 307) 7 "A projeção.. nota-se fundamentalmente duas diferentes modalidades de enfoque que estão em relação com a evolução da teoria psicanalítica. tende a assumir a melhor forma possível. 9 Por exemplo Stern (1989) ".. e seja qual for a região sensitiva. dizendo que os conceitos psicanalíticos necessitam comprovação experimental." (Heibreder. Köhler vai apontar as gestalten ocorrendo na resolução de problemas .. por exemplo também nas nossas percepções sensoriais. A projeção ao externo de percepções internas é um mecanismo primitivo que subjaz.. (Laplanche & Pontalis. Basicamente." (Heibreder. desse modo são utilizadas para configurar o mundo externo percepções que deveriam legitimamente permanecer no mundo interno..quase que se poderia dizer estratificado . Examinando as contribuições da psicanálise para a compreensão das técnicas projetivas. são projetadas em direção ao externo. pp... enquanto que a segunda analisa as relações entre as funções do ego e o comportamento no teste.. p." Não somente há uma tendência para a "forma" em nossas reações. Eis então como o animismo. existe a tendência para a experiência ser "formada.. e para o campo total ser organizado . o pensamento mágico e a onipotência das idéias dos primitivos.." (Heibreder. Ele não chega a pensar que os conceitos já existentes podem ser modificados. todavia não foi criada para defesa. É como se um processo estivesse em andamento em busca de um estado de equilíbrio e no qual a organização total é mais completa ." de acordo com a qual a experiência. encontram." (Parece soar tautológica uma tal afirmação).o fenômeno está aí . 14 Em psicanálise é comum confundir-se descrição com explicação do fenômeno.abstrato.1. 12 Para melhor esclarecimento ver Telles (1997). professor diretor da cátedra de psicologia junto à Faculdade de Medicina e Cirurgia de Brescia).M. A com livros como Affeto e rappresentazione (1991) e L'Oggetto e le sue vicissitudini (1993).(psicanalista italiano. p." (Imbasciati & Ghilardi. (psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise) com sua clínica inovadora e sua sugestão de voltar à observação do paciente.corpus.. 1994. A técnica não pode ser assimilada por aquele que não possue o conhecimento das teorias. sua ilustração e sua encarnação .. Não se chegou a ordenar segundo um critério unívoco e condiviso os dados recolhidos com os diversos sistemas de classificação utilizados a partir de Murray até hoje. 13 Dentro desse modo de encarar o fenômeno fica "resolvido" o problema da explicitação do objeto estudado . o primeiro problema é constituído pela falta de um orgânico sistema de classificação das respostas em função interpretativodiagnóstica. não são senão o instrumento que permaneceria letra morta se ele não se apoiasse sobre uma teoria da personalidade do qual procede e que permite então que os elementos dispersos recolhidos virem a ordenarem-se em um todo.. mas tais provas constituem também o lugar privilegiado onde os conhecimentos teóricos . 15 ". L. a técnica. (Shentoub. 11 Sentido do termo segundo cognitivistas modernos (citados por Imbasciati) onde é totalmente abolida a dicotomia afeto x cognição. Não obstante a sua ampla aplicação clínica. p.a problemática passa a ser centralizada na visão do observador. Imbasciati. Não teríamos assim o objeto furtando-se ao conhecimento (não existiriam "mecanismo de defesa" escondendo o que ele é) mas com que olhar está sendo encarado pelo observador. 1990..59 10 Por exemplo Ferrão. E dentro desse parâmetro teríamos nas teorias prêvias o grande impedimento da visão do que está aí. 9) 16 Shentoub na introdução explicita essa opinião: "Aqui. ou mais exatamente certos princípios metodológicos. grifos nossos) . . SHENTOUB. Révue de la Psychologie Apliquée. Contribuition à la Recherche de validation du T. v. A. Teste de Apercepção Temática.p.A. et al.1. 273-341. USP. n. Ed. Vera Stela. Adaptado e ampliado. São Paulo. n. 2000 SHENTOUB. V. S. 4. v.. TELLES. Henry A.60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MURRAY.T. São Paulo: Casa do Psicólogo. Silva. 1958. 2005. Psicol. A desvinculação do TAT do conceito de projeção e a ampliação de seu uso. 8. Adaptação e padronização brasileira de Maria Cecília Vilhena M. 3ª.11.
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