APOSTILA.PORTUGUES.FHEMIG+2010

March 24, 2018 | Author: Ronald Silva | Category: Languages


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Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 1 PORTUGUÊS E REDAÇÃO OFICIAL Professora Leila Maria Rodrigues PROGRAMA DE FORMAÇÃO, QUALIFICAÇÃO E CAPACITAÇÃO DOS SERVIDORES Escola de Governo Prof. Paulo Neves de Carvalho Belo Horizonte Agosto/2010 Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 2 ÍNDICE PARTE I Semântica 03 PARTE II A Ordem Direta e a Indireta; os diversos tipos de Sujeito 24 PARTE III Pronomes 30 Regência Verbal 41 Crase 45 Concordância Nominal 50 Concordância Verbal 54 Pontuação 64 O Acordo Ortográfico 69 PARTE IV Vocabulário 76 Como reduzir um texto 79 Como evitar a repetição 81 Como usar os conetivos 84 PARTE V Produção de textos As qualidades e os defeitos de um texto 86 A questão paragrafal 89 A organização de um texto 90 PARTE VI O texto Oficial: Ofício, Memorando, e-mail 95 PARTE VII Referência Bibliográfica 98 Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 3 , , , ,, , , , ´ , , , , , , Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 4 PARTE I SEMÂNTICA “Em horas, a agressividade dos atuais meios sônicos de comunicação transformam erros de linguagem em padrões de vernaculidade. Não preparados para cirandar vocábulos e expressões, locutores de rádio e de televisão os passam para os ouvintes como os vêem num precipitado comunicado escrito e dão ao erro foros de uso, de popularidade, de acerto. Às carradas, como a doença, o erro aparece e se alastra, mas não sai como as doenças, às polegadas: fica. Não há escolas em quantidade capaz de erradicar erros do idioma plantados por tais meios de comunicação verbal; só as mesmas estações emissoras e os mesmos locutores poderão corrigi-los, mas como inteirarem-se eles do engano? ‘Televisão a cores’ faz parte da ganga impura que não encontrou bateia nem garimpeiro que a separasse da pedra rutilante. Coberta da lama da leviandade, dos cascalhos da precipitação, dos estorvos da pressa, da tapa da inconsciência, a expressão aí está, usada e já surrada nas notícias, nos anúncios, no linguajar comum... mas é impureza.” (Napoleão Mendes de Almeida) Semântica é a parte da gramática que estuda a significação das palavras e as mudanças de sentido que elas sofrem através dos tempos ou em diferentes regiões. A Semântica compreende: a) significação das palavras (sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia); b) linguagem figurada. Uma palavra pode ter um significado que independa de contexto – denotação; ou um significado ampliado, variado, subjetivo, criado para determinado contexto – conotação. Ex: O pé do menino está sujo (parte do corpo) – denotação No pé do morro fez sua casa (base) – conotação Arranjou um pé de briga. (motivo) – conotação O pé da cadeira quebrou. (suporte) – conotação SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS a) sinônimos e antônimos b) homônimos e parônimos SINONÍMIA: as palavras têm significantes diferentes, mas significados idênticos ou aproximados. Ex.: prédio = edifício casa = lar ANTONÍMIA: as palavras têm significantes diferentes e significados opostos Ex.: abrir  fechar esperar  desistir HOMONÍMIA: as palavras homônimas têm o mesmo som ou a mesma grafia. Elas podem ser : homófonas (têm o mesmo som) homógrafas (têm a mesma grafia  As homógrafas podem ser heterofônicas: mesma grafia e pronúncia diferente. Só se distinguem quando contextualizadas. Ex.: Ele assinou o acordo ontem. Eu acordo cedo.  As homófonas podem ser heterográficas; também precisam ser contextualizadas. Ex.: O gato dormiu na cesta. O gato dormiu na sexta. PARONÍMIA: há paronímia quando duas palavras apresentam grafia e pronúncia semelhantes e significados diferentes. Ex.: inflação (desvalorização, inchaço) retificar (corrigir, reconsiderar) infração (transgressão) ratificar (confirmar) Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 5 ASPECTOS ORTOGRÁFICOS 1. A ou Há A = tempo futuro Só nos veremos daqui a uma semana. = distância Estamos a dez quilômetros do aeroporto HÁ = tempo passado Não nos vemos há um mês. = existir Há muitas pessoas na festa. (existem muitas pessoas) 2. ABAIXO ou A BAIXO Abaixo = embaixo, sob Ele classificou-se abaixo de mim. A baixo = até embaixo Ele me olhava de alto a baixo. 3. ACERCA DE, HÁ CERCA DE , CERCA DE Acerca de = sobre, a respeito de Falávamos acerca de você. Há cerca de = existe perto de Há cerca de dez pessoas na reunião Cerca de = aproximadamente Cerca de trinta pessoas compareceram à festa. 4. ACIMA ou A CIMA Acima = em cima Ele está acima de mim. A cima = até em cima Subiu morro a cima. 5. AFIM ou A FIM Afim = que tem afinidade Possuem pensamentos afins. A fim = para, com o propósito de Veio a fim de trabalhar. 6. AFORA ou A FORA Afora = exceto, exclusive: Afora este caso, não resolveu mais nada. A fora = para fora: Nada vi, olhando de dentro a fora. 7. A PAR ou AO PAR A par = estar ciente Estou a par do assunto. Ao par = duplicidade (na Bolsa de Valores) O câmbio está ao par. 8. AO ENCONTRO DE ou DE ENCONTRO A Ao encontro de = conformidade, situação favorável Sua decisão foi ao encontro dos funcionários De encontro a = contrariedade, ideia de oposição Discutimos, pois suas ideias vão de encontro às minhas. 9. CONQUANTO ou COM QUANTO Conquanto = embora Foi aprovado conquanto não estudasse. Com quanto = com que quantidade ou quantia Com quanto você ficou depois do jogo? Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 6 10. DEBAIXO ou DE BAIXO Debaixo, seguido da preposição de Trazer o embrulho debaixo do braço. De baixo, não seguido da preposição de, oposto a de cima: Minha sala fica no andar de baixo. 11. DEMAIS ou DE MAIS Demais = muito, demasiado, ou os outros Ele trabalha demais. Um latia, os demais comiam. De mais = opõe-se a de menos Compareceram convidados de mais. 12. DETRÁS ou DE TRÁS Detrás = posteriormente, depois Bebia um copo detrás de outro. De trás = oposto a de frente Saiu de trás da porta e gritou. 13. EM PRINCÍPIO ou A PRINCÍPIO Em princípio = teoricamente, em tese Em princípio não somos contra o negócio. A princípio = inicialmente, no começo A princípio éramos contra a venda, porém, depois, os argumentos nos convenceram. 14. EM VEZ DE ou AO INVÉS DE Em vez de = ideia de substituição Fui ao clube, em vez de ir à praia. Ao invés de = ideia de contrariedade O diretor subiu, ao invés de descer. 15. ENQUANTO ou EM QUANTO Enquanto = ao mesmo tempo Ele trabalhava enquanto ela estudava. Em quanto = em que quantidade 16. MAIS ou MAS ou MÁS Mais = opõe-se a menos Compareceram mais pessoas que o esperado. Mas = porém, todavia Não foram convidados, mas compareceram. Más = plural de má Não eram pessoas más. 17. MAL ou MAU Mal = opõe-se a bem Ele foi mal orientado. = doença, problema O seu mal é falar demais. = logo que, assim que: Mal ele chegou, todos se levantaram. Mau = opõe-se a bom. Ele é um mau caráter. 18. MALGRADO ou MAU GRADO Malgrado = apesar de, embora Malgrado seu esforço, foi demitido. Mau grado = má vontade, opõe-se a bom grado Recebeu-nos de mau grado. 19. NENHUM ou NEM UM Nenhum = opõe-se a algum Nenhum gerente é eterno. Nem um = nem sequer um Não compareceu nem um diretor, quanto mais os três. 20. PORISSO ou POR ISSO Não existe a forma “porisso” Ele trabalha muito, por isso merece uns dias de folga. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 7 21. PORQUE, POR QUE, PORQUÊ ou POR QUÊ  Porque = indica causa ou explicação Ele foi promovido porque é muito competente. Não saia porque está chovendo muito.  Por que = inicia frases interrogativas diretas Por que ele não compareceu? = no meio de frases aceita o acréscimo da expressão motivo Quero saber por que ele não compareceu. = no meio de frases quando substituível por por qual Este é o motivo por que ele faltou. Desconheço as razões por que não compareceu.  Porquê = é substantivo, pode ser substituído pelas palavras motivo, causa, razão; é antecedido de artigo o ou um; pode ser pluralizado. Quero um porquê para tudo isso. Não sei o porquê da sua ausência. (os porquês, as razões, os motivos, as causas)  Por quê = em frase interrogativa indireta Você viajou por quê? Obs.: todo quê em fim de frase é acentuado. Você está rindo de quê? 22. PORTANTO ou POR TANTO Portanto = por isso, então Ele trabalha muito, portanto será promovido. Por tanto = por muito (quantidade ou quantia) Ele viajou por tanto tempo que o esqueceram. Não poderei comprá-lo por tanto dinheiro. 23. PORVENTURA ou POR VENTURA Porventura = talvez, por acaso Você, porventura, fez o trabalho? Por ventura = por sorte, ou pela misericórdia Ele só será promovido por ventura. Por ventura divina, sobrevivemos. 24. SENÃO ou SE NÃO Senão = de outro modo, do contrário: Resolva agora, senão estamos perdidos. = mas sim, porém: Não era caso de expulsão, senão de repreensão. = apenas, somente: Não se viam senão os pássaros. = defeito, falha: Não houve um senão em sua apresentação. Se não = caso não: Se não chover, haverá jogo. 25. SOB ou SOBRE Sob = embaixo, debaixo Ficou sob controle. Sobre = em cima de A lágrima correu sobre a face. 26. TAMPOUCO ou TÃO POUCO Tampouco = nem Não trabalha tampouco estuda. Tão pouco = muito pouco Trabalha tão pouco que já foi demitido. 27. TODO ou TODO O Todo = qualquer Ele realiza todo trabalho que se solicita. Todo o = inteiro Ele realizou todo o trabalho ontem. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 8 28. ACENDER ou ASCENDER Acender = pôr fogo Ele foi acender a vela. Ascender = subir, elevar-se Ele quer ascender de posto. 34. ACENTO ou ASSENTO Acento = intensidade, sinal gráfico Coloque o acento na sílaba tônica. Assento = lugar onde se senta Saiu, e eu ocupei o seu assento. 35. ACIDENTE ou INCIDENTE Acidente = desastre, acontecimento com consequências mais graves. Houve um acidente na Via Dutra. Incidente = desentendimento, ocorrência com consequências menores: Perdoe-me pelo incidente de ontem. 36. ACONDICIONAR ou CONDICIONAR Acondicionar = preservar, guardar É necessário acondicionar melhor estes aparelhos. Condicionar = regular, tornar dependente de condição: Vai condicionar sua permanência ao seu esforço. 37. ACURADO ou APURADO Acurado = cuidadoso, feito com cuidado. Ele passou em um acurado exame. Apurado = refinado, seleto . Ele possui um gosto muito apurado. 38. AFEITO ou AFOITO Afeito = habituado, costumado: Ele está afeito a este trabalho. Afoito = corajoso, ousado: Ele é o mais afoito dos meus funcionários. 39. AFERIR ou AUFERIR Aferir = conferir pesos, medidas... É preciso aferir constantemente os taxímetros. Auferir = obter, colher Só vai auferir algum lucro no final do ano. 40. ALISAR ou ALIZAR Alisar = tornar liso Ela pretende alisar o cabelo. Alizar = guarnição de portas e janelas Só falta pintar os alizares das portas. 41. AMORAL ou IMORAL Amoral = indiferente à moral A ciência é amoral. Imoral = contrário à moral A pornografia é imoral. 42. APRENDER ou APREENDER Aprender = instruir-se, adquirir conhecimento Ele aprendeu tudo que ensinaram. Apreender = tomar, prender, assimilar O guarda apreendeu as peças encontradas. 43. APREÇADO ou APRESSADO Apreçado = valorizado, pôr preço As mercadorias foram apreçadas ontem à noite. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 9 Apressado = com pressa Saiu apressado, porque estava atrasado. 44. ÁREA ou ÁRIA Área = espaço A área estava repleta de pessoas. Ária = peça musical Ouvimos uma bela ária no Teatro Municipal. 45. ARREAR ou ARRIAR Arrear = pôr arreios Vou arrear o seu cavalo. Arriar = baixar, fazer descer Faça o favor de arriar a cortina. 46. ÁS ou AZ Ás = exímio, o maior, ou a primeira carta do baralho Ele é o maior ás do automobilismo. Az = ala e exército Os soldados formavam um az. 47. ASADO ou AZADO Asado = com asa, alado: É necessário desasá-lo. (tirar-lhe as asas). Azado = oportuno, propício: Tudo ocorreu no momento azado. 48. ASSOAR ou ASSUAR Assoar = limpar o nariz Ele assoava o nariz seguidamente. Assuar = vaiar, apupar A torcida assuava o juiz durante o jogo. 49. ATUAR ou AUTUAR Atuar = agir, exercer influência Ele atuou condignamente neste caso. Autuar = processar, reunir em processo O réu foi autuado em casa. 50. BOCAL ou BUCAL Bocal = abertura, embocadura Colocou a lâmpada no bocal. Bucal = relativo à boca Ele está com problemas bucais. 51. BROCHA ou BROXA Brocha = prego Fixou a moldura com pequenas brochas. Broxa = pincel Pintou a parede com uma broxa nova. 52. BUCHO ou BUXO Bucho = estômago de animais. O bucho do boi estava cheio de capim. Buxo = arbusto ornamental Vou podar os buxos do jardim. 53. CAÇAR ou CASSAR Caçar = apanhar É proibido caçar animais. Cassar = anular O povo cassou o presidente. 54. CADAFALSO ou CATAFALCO Cadafalso = tablado para executar criminosos. O condenado se ajoelhou no cadafalso. Catafalco = estrado onde se coloca o morto. O catafalco foi armado no meio do salão. 55. CARDEAL ou CARDIAL Cardeal = ave ou religioso A missa só começou com a chegada do nosso cardeal. Cardial = ponto (adjetivo) Quais são os quatro pontos cardiais? Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 10 56. CAVALEIRO ou CAVALHEIRO Cavaleiro = quem anda a cavalo: No campo, mostrava-se um grande cavaleiro. Cavalheiro = homem gentil, cortês: Ele era muito cavalheiro com as mulheres. 57. CHÁCARA ou XÁCARA Chácara = sítio, pomar Visita sua chácara nos fins de semana. Xácara = poesia popular Só declamava xácara. 58. CÉDULA ou SÉDULA Cédula = documento, papel Recebeu uma cédula de R$100,00. Sédula = aplicada Era uma aluna muito sédula. 59. CEGAR ou SEGAR. Cegar = ficar ou tornar cego A poeira me cegou. Segar = cortar Ele segou toda a plantação. 60. CELA ou SELA Cela = quarto, repartição Ficou preso em sua cela. Sela = arreio de cavalo Sentou-se sobre a sela e partiu. 61. CERRAR ou SERRAR Cerrar = fechar O gerente vai cerrar a porta da loja após as 18 horas. Serrar = cortar As árvores foram totalmente serradas. 62. CERVO ou SERVO Cervo = veado O rei gostava de caçar cervos. Servo = criado O rei possuía muitos servos. 63. CÍRIO ou SÍRIO Círio = vela grande Havia quatro círios acesos em torno do morto. Sírio = relativo à Síria. O dono da loja era um velho sírio. 64. CÍVEL ou CIVIL Cível = referente ao Direito Civil Teve de comparecer à 4ª Vara Cível Civil = referente às relações dos homens Os direitos devem ser iguais para civis e militares. 65. COMPRIMENTO ou CUMPRIMENTO Comprimento = extensão: Qual é o comprimento deste objeto? Cumprimento = saudação: Receba os nossos cumprimentos. 66. CONCERTO OU CONSERTO Concerto = sinfonia Assistiram a um belo concerto no Municipal. Conserto = reparo, correção Consertam-se rádios e televisores. A sua gravata não estava concertada com o terno. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 11 67. CONJECTURA (=CONJETURA) ou CONJUNTURA Conjectura = hipótese, suposição Não me venha com essas conjecturas. Conjuntura = situação, circunstância A conjuntura brasileira não permite abusos. 68. COSER ou COZER Coser = costurar É necessário coser esta calça. Cozer = cozinhar Gosto muito de um cozido à portuguesa. 69. COXO ou COCHO Coxo = manco Mancava porque era coxo. Cocho = carro puxado por animal Até o século passado, andava-se de cocho. 70. CUSTEAR ou COSTEAR Custear = pagar as despesas O acontecimento foi custeado pelo Banco do Brasil. Costear = navegar junto às costas O navio costeava o Brasil de norte a sul. 71. DECENTE ou DESCENTE DOCENTE ou DISCENTE Decente = honesto Esta diretoria é formada por pessoas decentes Descente = que desce, vazante Foi encontrado na descente do rio. Docente = quem ensina O corpo docente desta escola é de alto nível. Discente = quem aprende Os discentes estão informados das provas. 72. DEFERIR ou DIFERIR Deferir = despachar, atender Ele deve deferir o nosso documento. Diferir = fazer diferença É necessário diferir uma coisa da outra. 73. DEGRADAR ou DEGREDAR Degradar = rebaixar, tornar vil: Há muita degradação moral. Degredar = expulsar do país: Os traidores da pátria foram degredados. 74. DESCRIÇÃO ou DISCRIÇÃO Descrição = ato de descrever Fez a descrição do acidente. Discrição = qualidade de quem é discreto Comportou-se com discrição. 75. DESPENSA ou DISPENSA Despensa = cômodo para armazenagem Guardou os enlatados na despensa. Dispensa = ato de dispensar, licença Pediu dispensa do serviço e foi embora. 76. DESPERCEBIDO ou DESAPERCEBIDO Despercebido = que não é percebido, notado O fato passou despercebido. Desapercebido = que está em falta de Está desapercebido, pois não se abasteceu. 77. DISTRATAR ou DESTRATAR Distratar = romper um trato Ele já assinou o distrato. Destratar = tratar mal Ele a destratou em público. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 12 78. DISCRIMINAR ou DESCRIMINAR/ (DESCRIMINALIZAR: é um neologismo. É o mesmo que descriminar) Descriminar = inocentar A própria vítima o descriminou. Discriminar = segregar, separar, enumerar Sou contra qualquer discriminação. 79. EMERGIR ou IMERGIR Emergir = vir à superfície O submarino emergiu devido ao problema técnico. Imergir = afundar, mergulhar Ela adora banho de imersão. 80. EMIGRAR ou IMIGRAR ou MIGRAR Emigrar = deixar o país de nascença O brasileiro emigrou para a Itália. Imigrar = estabelecer-se num país estrangeiro O imigrante italiano vive em São Paulo. Migrar = mudar de região dentro do país O nordestino migrou para o sul. 81. EMPOÇAR ou EMPOSSAR Empoçar = meter em poço ou poça A água está empoçada. Empossar = dar ou tomar posse O ministro já está empossado. 82. ENFEAR ou ENFIAR Enfear = tornar feio Estes ornamentos vão enfear o nosso desfile. Enfiar = introduzir Ele enfiou a chave na porta errada. 83. ESPAVORIR ou ESBAFORIR Espavorir = ficar apavorado Ficou espavorido diante das máscaras. Esbaforir = ficar ofegante Correu tanto que ficou esbaforido. 84. ESPECTADOR ou EXPECTADOR Espectador = quem assiste a um espetáculo Deixou os espectadores satisfeitos. Expectador = quem está na expectativa Somos expectadores do novo governo. 85. ESPERTO ou EXPERTO Esperto = vivo, astuto Ele é um garoto esperto. Experto = perito, expert Ele é um experto neste tipo de negócio. 86. ESPIAR ou EXPIAR Espiar = olhar, observar Ele nos espiava pela janela. Expiar = cumprir pena Expiou o resto da vida nesta prisão. 87. ESPIRAR ou EXPIRAR Espirar = respirar, exalar O doente ainda espirava. Expirar = morrer, terminar O prazo já expirou. 88. ESTADA ou ESTADIA Estada = permanência de pessoas Isto ocorreu durante minha estada nesta cidade. Estadia = permanência de meios de transporte Está mais cara a estadia de automóveis. 89. ESTÁTICO ou EXTÁTICO Estático = paralisado Ficou estático diante do perigo. Extático = em êxtase Ficou extático diante de tanta beleza. 90. ESTÂNCIA ou INSTÂNCIA Estância = fazenda, sítio: Passarei esse fim-de-semana na sua estância. Instância = jurisdição, foro: Lutarei até a última instância. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 13 91. ESTANTE ou INSTANTE Estante = armário Colocou os livros na estante. Instante = momento, ocasião Ele pode chegar a qualquer instante. 92. ESTERNO ou EXTERNO Esterno = osso dianteiro do peito A radiografia provou que não houve fratura no esterno. Externo = do lado de fora Espere-me no pátio externo. 93. ESTRATO ou EXTRATO Estrato = tipo de nuvem Estratos embelezavam o céu. Extrato = essência, concentrado Recebeu o extrato de sua conta bancária. Comprou um extrato de tomates e um extrato do seu perfume preferido. 94. FLUIR ou FRUIR Fluir = escorrer O líquido fluiu cano a baixo. Fruir = desfrutar Vai fruir a herança que lhe deixaram. 95. FLUIDO ou FLUÍDO Fluido = qualquer líquido ou gás Acabou o fluido do isqueiro. Fluído = particípio do verbo fluir A água já tinha fluído completamente. 96. FRAGRANTE ou FLAGRANTE Fragante = que tem perfume Adorava a fragrância das flores. Flagrante = evidente Foi preso em flagrante. 97. FUZIL ou FUSÍVEL Fuzil = arma, carabina O soldado atirava com o seu fuzil. Fusível = para proteger contra excesso de corrente elétrica Faltou luz porque queimou o fusível. 98. HISTÓRIA ou ESTÓRIA O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa só reconhece a grafia com h História = real Quero conhecer mais a história mundial. Estória = ficção Ninguém podia acreditar naquela estória. 99. INCONTINENTE ou INCONTINENTI Incontinente = imoderado Incontinenti = imediatamente 100. INFLAÇÃO ou INFRAÇÃO Inflação = ato de inflar A nossa inflação está muito alta. Infração = ato de infringir Cometeu uma infração de trânsito. 101. IMANAR ou EMANAR Imanar = magnetizar Os dois estão imanados. Emanar = sair de, exalar Cheirava mal devido à emanação de gases. 102. IMINENTE ou EMINENTE Iminente = está prestes a ocorrer A chuva é iminente. Eminente = ilustre, célebre É um eminente advogado. 103. INCERTO ou INSERTO Incerto = duvidoso, incorreto Ela tem um futuro incerto. Inserto = inserido Seu nome foi inserto na lista. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 14 104. INCIPIENTE ou INSIPIENTE Incipiente = principiante, novato Ele era um incipiente na empresa. Insipiente = ignorante Pelas respostas demonstrou ser um insipiente. 105. INDEFESO ou INDEFESSO Indefeso = sem defesa Ficou indefeso diante dos meus argumentos. Indefesso = incansável Era indefesso em seu trabalho. 106. INTIMORATO ou INTEMERATO Intimorato = destemido, valente. Era um herói intimorato. Intemerato = puro, íntegro Era o único político intemerato. 107. LOCADOR ou LOCATÁRIO Locador = proprietário do imóvel O locador queria aumentar o valor do aluguel. Locatário = quem toma por aluguel O locatário foi despejado. 108. LISTA ou LISTRA Lista = relação Seu nome não estava na lista. Listra = risco, linha Estava com uma camisa listrada. 109. LUSTRO ou LUSTRE Lustro = polimento, período de cinco anos ou quinquênio Vou esperar um lustro para fruir outra licença-prêmio. Lustre = candelabro O lustre da sala estava quebrado. 110. PAÇO ou PASSO Paço = palácio Vivia no paço real. Passo = ato de andar Deu dois passos e caiu. 111. PEÃO ou PIÃO Peão = indivíduo que anda a pé Nesta fazenda há muitos peões. Pião = brinquedo Teu filho ganhou um pião. 112. PEQUENEZ ou PEQUINÊS Pequenez = qualidade do que é pequeno Sua pequenez levou-o à derrota. Pequinês = raça de cachorro (originário de Pequim) Cuidava do pequinês com carinho. 113. PERCEBER ou APERCEBER-SE Perceber = notar Ele não percebeu os detalhes. Aperceber-se = prover-se de Ele não se apercebeu do necessário. 114. PLEITO ou PREITO Pleito = eleição Venceu o pleito de 15 de novembro. Preito = homenagem Receba o nosso preito pela sua luta. 115. PRAGA ou PLAGA Praga = maldição, desgraça Era uma praga de gafanhotos. Plaga = região, terra Levar a glória a plagas distantes. 116. PRECEDENTE ou PROCEDENTE Precedente = antecedente É um criminoso sem precedentes. Procedente = proveniente, legítimo Ele é procedente do sul. Era um argumento procedente. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 15 117. PRESCRIÇÃO ou PROSCRIÇÃO Prescrição = ordem, receita: Está sob prescrição médica. Proscrição = expulsão, eliminação: O soldado foi proscrito. 118. PREVIDÊNCIA ou PROVIDÊNCIA Previdência = que prevê Sua previdência evitou o desastre. Providência = medida a ser tomada Não tomou nenhuma providência contra o abuso dos lojistas. 119. PREVIDENTE ou PROVIDENTE Previdente = prudente Vive bem hoje, porque foi um jovem previdente. Providente = que se abastece de O estoque estava em dia porque foi providente. 120. PROVER ou PROVIR Prover = abastecer Ele deve prover o seu armazém. Provir = vir de, originar-se Isto pode provir do espaço sideral. 121. PROSTRAR-SE ou POSTAR-SE Prostrar-se = curvar-se Ele se prostrou diante da imagem sagrada. Postar-se = colocar-se Ele se postou diante da porta até ser atendido. 122. RECREAR ou RECRIAR Recrear = divertir Ele recreava crianças em festas infantis. Recriar = criar de novo Ele recriou toda a obra do mestre. 123. RETENÇÃO ou RETENSÃO Retenção = ato ou efeito de reter Houve uma retenção no trânsito. Retensão = tensão excessiva Os fios apresentaram uma retensão. 124. RETIFICAR ou RATIFICAR Retificar = corrigir: Ele precisa retificar os seus erros. Ratificar = confirmar: Na verdade, ele só ratificou o que eu já dissera. 125. REVEZAR ou REVISAR Revezar = trocar, fazer revezamento Os médicos vão revezar-se no plantão. Revisar = rever, fazer revisão Os professores vão revisar as notas. 126. RUÇO ou RUSSO Ruço = meio pardo, gasto As calças já estavam meio ruças. Russo = relativo à Rússia É um problema entre russos e americanos. 127. SELEIRO ou CELEIRO Seleiro = quem fabrica selas Além de cavaleiro, era o seu próprio seleiro. Celeiro = para guardar provisões Colocou tudo que colheu no celeiro. 128. SENSO ou CENSO Senso = juízo, de sentir Não teve senso crítico nem de humor. Faltou bom senso. Censo = recenseamento No próximo ano, será feito novo censo escolar. 129. SERRAÇÃO ou CERRAÇÃO Serração = ato de serrar A serração das árvores começou cedo. Cerração = nevoeiro denso Na serra, a cerração estava grande. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 16 130. SESSÃO ou SEÇÃO (SECÇÃO) ou CESSÃO Sessão = reunião durante um período Hoje não houve sessão na Câmara. Seção ou Secção = departamento, repartição Trabalha na seção de brinquedos. Cessão = ato de ceder Ele fez a cessão de seus bens. 131. SESTA ou SEXTA ou CESTA Sesta = descanso após o almoço Gosta de uma sesta aos sábados. Sexta = numeral ordinal de seis Ela foi a sexta colocada. Cesta = objeto para guarda ou transporte Jogou o lixo na cesta. 132. SOBRESCREVER ou SUBSCREVER Sobrescrever = escrever sobre, endereçar É necessário sobrescrever no envelope. Subscrever = escrever embaixo, assinar Ele se esqueceu de subscrever a carta. 133. SORTIR ou SURTIR Sortir = prover-se É necessário um sortimento maior de mercadorias. Surtir = produzir resultado A propaganda já surtiu efeito. 134. SUAR ou SOAR Suar = transpirar (de suor) É necessário suar a camiseta. Soar = produzir som A campainha vai soar daqui a pouco. 135. SUCINTA ou SUSCITA Sucinta = resumida Ele deu uma resposta muito sucinta. Suscita = causa, provoca O caso suscita mal-estar. 136. TACHA ou TAXA Tacha = pequeno prego Usou tachinha para prender a tela. Taxa = tributo Não queria pagar a taxa do lixo. 137. TACHAR ou TAXAR Tachar = considerar, qualificar, apelidar Ele o tachou de corrupto. Taxar = estabelecer a taxa Ele taxou todos os produtos. 138. TENÇÃO ou TENSÃO Tenção = intenção = propósito, intento Minha tenção é aproveitá-lo na empresa. Tensão = tenso Vivemos atualmente uma grande tensão. 139. TRÁFEGO ou TRÁFICO Tráfego = movimento, trânsito Era uma avenida de muito tráfego. Tráfico = comércio ilegal Sou contra o tráfico de negros, de drogas e de crianças. 140. VIAGEM ou VIAJEM Viagem = (substantivo) ato de viajar A viagem foi ótima.Viajem = (verbo - 3ª pessoa do plural) Quero que vocês viajem amanhã. 141. VULTUOSO ou VULTOSO Vultuoso = inchado e avermelhado Ele está com o rosto vultuoso. Vultoso = de vulto, volumoso Recebeu uma quantia vultosa. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 17 ALGUMAS EXPRESSÕES INTERESSANTES DEFINIR - Evite o uso impreciso e o uso excessivo. Definir a estratégia de combate é decidir "como" se pretende lutar, é descrever o modo, a forma de combate. Se a ideia for a de escolher entre duas ou mais estratégias, não estamos "definindo", e sim decidindo, estabelecendo, escolhendo, determinando... Definir não é "dar fim": "Zezinho marcou o quinto gol, definindo (= fechando) o placar." Contra o uso excessivo, devemos usar verbos mais precisos: "Já está decidido (em vez de definido) quem será o próximo adversário de Popó"; "A diretoria é que vai determinar (em vez de definir) qual será a multa"; ''A polícia ainda não descobriu (em vez de definiu) quem estava dirigindo o caminhão"; "Parreira ainda não escalou (em vez de definiu) o time titular"; ''A CBF ainda não marcou ou fixou (em vez de definiu) as datas das finais"; "O PMDB ainda não indicou (em vez de definiu) o seu candidato"; "Ele ainda não escolheu (em vez de definiu) quem será seu sucessor". DELE / DE ELE - Embora muitos autores considerem um caso facultativo, é preferível a forma de ele diante de verbos no infinitivo: "Eu cheguei antes dele", porém "Eu cheguei antes de ele sair". O mesmo caso se aplica aos artigos e pronomes: "Está na hora de o candidato falar"; "Os bandidos invadiram o banco antes de a agência abrir"; "Estavam todos insatisfeitos apesar de esses craques terem sido convocados". DELETAR - Só em textos de informática. É preferível apagar ou excluir. DENGUE - Caso facultativo: o dengue ou a dengue. A forma feminina é a mais usual: "a dengue", "dengue hemorrágica”. DENUNCIAR - Rigorosamente, só o Ministério Público (= um promotor) pode apresentar uma denúncia. Hoje em dia, no meio jornalístico, é aceitável o uso de denúncia como uma "revelação": "... como foi denunciado ontem aqui no Jornal Nacional". Devemos, entretanto, usar com cuidado e moderação. Exemplo inaceitável: "O Jornal Nacional denunciou (= mostrou) ontem a última viagem de um caminhão roubado no Paraná" (= nesse caso não há nenhuma denúncia). DESCOLAMENTO - É o "ato de descolar, desgrudar": "Sofreu o descolamento da retina." (veja deslocamento) DESLOCAMENTO - É o "ato de deslocar, mudar de lugar": "Há a necessidade do deslocamento de todos os soldados que estão na região." (veja descolamento) DESINFETAR - Não é sinônimo de esterilizar. Desinfetar é "limpar"; esterilizar é "tornar estéril, matar bactérias, vírus": "É necessário desinfetar os banheiros e a cozinha”. "Todo dentista é obrigado a esterilizar seus instrumentos". DESMITIFICAR / DESMISTIFICAR Desmitificar é "deixar de ser mito", "é eliminar o caráter de mito": ''A crônica esportiva brasileira tentou desmitificar o craque Maradona"; desmistificar é "acabar com a mística, com a farsa”, é desmascarar, desmoralizar”: "O oponente conseguiu desmistificar sua sapiência." DESPENCAR - No sentido de "cair, diminuir, descer", só usar se houver ideia de "repentino ou queda muito grande": Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 18 "As bolsas europeias despencaram (= queda muito acentuada)"; "Ele despencou para o oitavo lugar (= repentinamente ele caiu do segundo para o oitavo lugar)". DETENTO - É quem está detido. Ainda não foi julgado. É diferente de presidiário (= já condenado). DETERIORAÇÃO - Vem do verbo deteriorar (-se). Não há registro de "deteriorização" nem "deteriorizar". DETONAR - Só se for bombas. Não devemos usar no sentido figurado: "Foi isso que acabou detonando (= gerando, provocando) a crise do México"; "Foi a tia que detonou (= despertou) nela a paixão pela música". Pode provocar ambiguidade. DIFERENTEMENTE - Significa "de um modo diferente": "Diferentemente do que foi publicado ontem, Romário fez 23 gols com a camisa do Fluminense, e não 22." (veja ao contrário de) DISPARAR - No sentido de "subir ou crescer", apresenta uma carga muito forte. É melhor usar subir ou crescer: "Ele começa a disparar (subir ou crescer) nas pesquisas de opinião" (= há subjetividade, uma carga perigosa). Deve ser evitado no sentido de "dizer": "Ele é covarde", disparou a atriz. DISPONIBILIZAR - Neologismo já dicionarizado. Para quem não gosta, ainda se pode dizer que "os documentos estão disponíveis", em vez de "os documentos foram disponibilizados" DIVISA - Usamos para estados: "Na divisa de Pernambuco com a Paraíba." DIZIMAR - Vem de dízimo, ou seja, a décima parte. Originariamente é a matança de um soldado em cada grupo de dez. Portanto, seria incoerente dizermos que uma raça foi "totalmente dizimada". É melhor usar o verbo exterminar. DOMICÍLIO - O correto é "entregas em domicílio". É o mesmo que fazer entregas "em casa, no escritório, no quarto do hotel". Só usamos a domicílio com verbos de movimento: "Conduziram o doente a domicílio" (melhor: “...ao seu domicílio”). DUBLÊ - É um "substituto". Não devemos usar para quem exerce "dupla função": "O baiano Lindoberto, por exemplo, é um dublê de zagueiro e pescador." Além de ser um lugar-comum, a palavra dublê apresenta uma clara carga pejorativa. ECOLOGISTA - Só usar em referência a um estudioso do assunto. Se for apenas um defensor da natureza, use ambientalista. ELENCAR - Modismo. É um neologismo a ser evitado. É melhor "enumerar, listar". EMENDA - é o “ato e emendar, e uma correção”: “O projeto de lei recebeu várias emendas." (veja ementa) EMENTA - um “apontamento, sumário”: “A coordenadora exigiu as ementas das disciplinas do curso de Letras." (veja emenda) EMERGIR - É "vir à tona, aparecer": "O submarino teve de emergir rapidamente." (não confundir com imergir) Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 19 EMIGRAR - É "sair de um país para se fixar em outro": "Preferiu emigrar para o Japão." (não confundir com imigrar) EMINENTE - É "importante": "É uma pessoa eminente dentro do governo." (não confundir com iminente) EM QUE PESE(M) A - É invariável quando se refere a pessoa: "Conseguimos o contrato em que pese aos concorrentes”. Quando se refere a “coisa”, devemos concordar com o sujeito: "Vencemos em que pesem os argumentos contrários’. ENQUANTO - Indica "tempo simultâneo". Exige correlação de tempo verbal: "Eu trabalho enquanto você dorme" (no presente); "A inflação cresceu enquanto a renda dos assalariados caiu" (no pretérito). Evite: 1. Falta de correlação dos tempos verbais: "Enquanto o diretor insiste (= presente) no projeto, os acionistas contestaram (= pretérito) as ideias básicas"; 2. A forma “enquanto que”: “Fumava enquanto que todos buscavam a solução para o problema”; 3. O modismo de usar enquanto com o sentido de "na função de" ou "sob o aspecto de": "Ele, enquanto diretor, tem total responsabilidade sobre os fatos." ENTRETANTO - É sinônimo de "no entanto". Não existe "no entretanto". EPIDEMIA / ENDEMIA / EPIZOOTIA Epidemia - doença infecciosa de caráter transitório que atinge um grande número de pessoas numa área extensa. Endemia - doença infecciosa que ocorre habitualmente e com incidência significativa em determinada população ou região. Epidemia e endemia só devem ser usadas para seres humanos. Para animais, usamos epizootia. ESCASSEZ - Ocorre quando "há pouco": "As prateleiras dos supermercados quase vazias comprovam a escassez do produto." Quando "não há", ocorre falta: ''A falta do produto é comprovada pelas prateleiras totalmente vazias." ESTRELA - Só para mulheres. Não use para homens: "Oscar é a maior estrela do basquete brasileiro." Para homens, é preferível usar astro. Advérbio "sequer" é mal utilizado A palavra "sequer" nem sempre é bem utilizada. Parece que boa parte das pessoas tem a impressão de que essa palavra tem sentido negativo, o que é um equívoco. "Sequer" é um sinônimo de "ao menos". Em uma frase como 'Tudo teria sido diferente se eles tivessem demonstrado sequer um pouco de compreensão', não há sentido negativo e o 'sequer' está bem empregado. O problema surge em construções como "Ele passou por mim e sequer me cumprimentou". Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 20 O sujeito da frase tem a intenção de dizer que alguém não o cumprimentou, mas o que acaba dizendo é que alguém, ao menos, o cumprimentou, ou seja, exatamente o oposto do que pretendia. Numa frase como essa, o ideal seria a anteposição de uma partícula negativa ao advérbio 'sequer'. 'Ele passou por mim e nem sequer me cumprimentou'. O uso do "sequer" neste caso poderia ser dispensado, já que apenas enfatiza a ideia negativa. A frase ficaria "Ele passou por mim e nem me cumprimentou". O que não pode faltar é a negativa. É muito simples: basta, mentalmente, substituir o 'sequer' por 'ao menos' e será fácil perceber a necessidade - ou não - de acrescentar uma partícula negativa à frase". Competência e atribuição Desde que a Operação Satiagraha foi deflagrada pela Polícia Federal, o banqueiro Daniel Dantas foi preso e solto mais de uma vez. Em meio a essas circunstâncias, o ministro da Justiça, Tarso Genro, disse, em entrevista à Folha, que considerava difícil Dantas provar ser inocente. O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, descontente com a declaração do ministro, disse que Genro não tinha "competência para decidir inquéritos, muito menos prisão preventiva". A questão possui, além de importância política, interesse do ponto de vista linguístico. Após se reunirem com o presidente da República, tanto o presidente do STF como o Ministro da Justiça negaram ter havido alguma divergência entre ambos. Nessa circunstância, Gilmar Mendes declarou que havia dito apenas que Tarso Genro não tinha como 'atribuição' decidir inquéritos ou prisão preventiva. Afinal, competência e atribuição são sinônimos? Sim e não. Do ponto de vista jurídico, sim. Competência é a 'faculdade concedida por lei a um funcionário, juiz ou tribunal para apreciar e julgar certos pleitos ou questões', ou seja, um sinônimo de 'atribuição'. Na linguagem corrente, entretanto, a palavra tem sentido mais amplo e está ligada à capacidade de fazer alguma coisa, à habilidade, à aptidão e até à idoneidade. Prova disso, é que a palavra "incompetente" é usada como insulto. O fato é que Mendes explicou que usou o termo no sentido jurídico e que apenas pretendeu dizer que não era atribuição legal de Genro decidir inquéritos ou prisão preventiva. Então, está explicado. Não houve intenção de ofender e, mesmo que tenha havido em algum momento, o incidente se desfez graças à troca da 'competência' pela 'atribuição'. OBSERVAÇÃO/OBSERVÂNCIA – Observação é “o ato de observar, perceber pelos sentidos”, é “o reparo, a advertência”: “O diretor fez duas observações importantes.” Observância é “o cumprimento, a execução fiel”: “Para evitar acidentes, é importante que haja a observância das normas.” OPORTUNISTA – Cuidado. Palavra perigosa. Apresenta carga negativa: “Romário é um atleta muito oportunista.” Se ele aproveita bem as oportunidades para fazer seus gols, o melhor é dizer que “ele tem senso de oportunidade”. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 21 ÓPTICO/ÓTICO – Óptico refere-se à visão: “Apresentava problemas no músculo óptico.” Ótico, a princípio, refere-se ao ouvido: “A labirintite afetou-lhe o nervo ótico.” Hoje em dia, porém, aceita- se o uso de ótica em referência à visão: “Comprou seus óculos numa ótica popular”; “Na sua ótica, o contrato não deveria ser assinado”; “Não passou de uma ilusão de ótica”. PAULISTA – Refere-se ao estado de São Paulo. PAULISTANO – Refere-se à cidade de São Paulo. PELADA – Cuidado. Apresenta carga pejorativa. É melhor dizer que “ela estava nua” (= se houver sensualidade) ou despida (= se não houver carga de sensualidade). PENALIZADO – É melhor só usar no sentido de “ter pena, dó, compaixão”: “Sentia-se penalizado diante de tanta miséria.” Embora já esteja registrado no novo Aurélio e no dicionário Houaiss, é bom evitar o uso de penalizado no sentido de “punido”: “O zagueiro foi punido (e não penalizado) com cartão vermelho.” PONTO PERCENTUAL – Não devemos confundir com percentagem. Se a inflação subiu de 2% para 4%, ela subiu 100% ou dois pontos percentuais. PORTENHO – Vem de porto. Refere-se a quem nasce ou vive em Buenos Aires. Não é sinônimo de argentino. POSAR/POUSAR – Posar é “fazer pose”: “Ela posou para duas revistas masculinas.” Pousar é “descer, aterrissar, descansar”: “O avião pousou com vinte minutos de atraso”; “Os viajantes pousaram neste albergue”. POSSUIR – Devemos evitar o uso de possuir como simples sinônimo de ter. Rigorosamente possuir equivale a “ter a posse de, ter a propriedade de, poder dispor de”: “Ele possui muitos bens no estrangeiro”. Em geral, é mais seguro e correto usar o verbo ter: “Ela tem duas filhas”; “Ele tem direito adquirido”; “Eles têm duas liminares”… PROCRASTINAR – Cuidado. Na língua do dia a dia, apresenta carga negativa: “enrolar”. É preferível adiar ou prorrogar. PROTOCOLAR/PROTOCOLIZAR – Segundo a tradição, protocolar é adjetivo, é “o que segue o protocolo”: “São ações protocolares.” Hoje em dia, porém, aceita-se como verbo. Seria sinônimo de protocolizar: “Os documentos foram protocolizados ou protocolados.” QUESTIONAR – É “pôr em dúvida”: “O deputado questionou a legalidade do contrato.” Não é sinônimo de perguntar: “O deputado perguntou (e não questionou) se o banqueiro iria depor hoje à tarde ou somente amanhã”. RAPTO – Não é sinônimo de sequestro. Rapto é só de mulheres e com fins sexuais: “É hábito, nesta tribo, a mulher ser raptada pelo futuro marido”. Exemplo inaceitável: “Os dois confessaram que, na época do rapto, compraram três crianças nas mãos de Matilde” (= Embora seja frequente, devemos evitar o uso de RAPTO para crianças). REFUTAR – Significa “contestar, apresentar argumentos contrários”. “O mestre refutou (= contestou) as minhas ideias.” Não é sinônimo de rejeitar: “O diretor rejeitou (= não aceitou) a minha proposta”. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 22 REGULARIZAR – O que se regulariza é a situação e não a pessoa: “A situação do atleta já foi regularizada na federação.” Devemos evitar construções do tipo: “O atleta ainda não foi regularizado na federação”; “Os camelôs não estão regularizados”. RENDER – Palavra de carga positiva. Não devemos usar em situações negativas: “As fotos nuas lhe renderam um processo.” O mais adequado é “…custaram um processo”. REPERCUTIR – O que repercute é a coisa: “A derrota repercutiu muito mais do que se esperava”. Devemos evitar construções em que “alguém repercute alguma coisa”: “Vamos repercutir a derrota no vestiário do Vasco.” É melhor: “Vamos ver a repercussão da derrota no vestiário do Vasco”. RESTO – Palavra de carga negativa. Devemos evitar: “O primeiro pode entrar, o resto deve permanecer sentado”. É melhor: “…os demais devem permanecer…”. “São Paulo assiste a Palmeiras e Grêmio, o resto fica com o jogo Flamengo e Bahia”. É melhor: ”A rede Globo transmitirá Flamengo e Bahia; para São Paulo, Palmeiras e Grêmio”. ROUBO – É diferente de furto. Se houver qualquer tipo de “violência”, é roubo. O cleptomaníaco tem “mania de furtar”. Se houver roubo e assassinato, é latrocínio. SALÁRIO/VENCIMENTO – Empregado de empresa privada e funcionário público contratado com base na CLT recebem salário; funcionários públicos em geral recebem vencimento; soldo é a parte fixa dos vencimentos dos militares. Parlamentares recebem subsídio. SANÇÃO – Cuidado. Pode ser “aprovação” ou “punição”: “Esperamos a sanção do presidente” (= aprovação); “Teme-se que haja sanções contra o Iraque” (= punições). SANCIONAR – Deve ser usado somente com o sentido de “aprovar, promulgar”: “O governo deve sancionar a lei até o fim desta semana.” SANEAR – Para “finanças”, devemos usar sanear, e não “sanar“: “O empréstimo visa a sanear nossas finanças.” No sentido de “curar, tornar são”, podemos usar sanar ou sanear. SEQUESTRO – É a apreensão de bens ou pessoas, com fins políticos ou para extorquir dinheiro. Pode haver sequestro sem extorsão. Um exemplo questionável: “Isso ocorreu logo depois do anúncio do sequestro dos cruzados novos, na época do Plano Collor.” (= Na verdade, os cruzados novos foram bloqueados.) O sequestro de bens ocorre quando eles ficam indisponíveis. No caso de pessoas, sequestro é o fato de se tirar a sua liberdade; a exigência de dinheiro já é outro crime: extorsão. Sequestro não é sinônimo de rapto. SUPLEMENTAR – É “extra, adicional”. Não é sinônimo de complementar. Uma “verba complementar” é a segunda parte ou a parte que faltava; uma “verba suplementar” é uma verba extra, adicional, não prevista. SURTO – Atinge um número limitado de pessoas numa área restrita. TODO – Significa “qualquer”: “Ele é capaz de fazer todo trabalho (= qualquer trabalho)”; Isso acontece todo dia (= qualquer dia, todos os dias). Não devemos confundir com todo o, que significa “inteiro”: “Ele fez todo o trabalho (= o trabalho inteiro)”; “Trabalhou todo o dia (= o dia inteiro)”; “E a previsão para este domingo é de sol em todo o estado (= para o estado inteiro)”; Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 23 “Haverá vacinação em todo o país (= no país inteiro)”. TRANSPLANTADO – É o órgão, não a pessoa: “O coração transplantado…” Devemos evitar: “A menina transplantada passa bem.” TRIMENSAL/TRIMESTRAL – Trimensal é “três vezes por mês”; trimestral é “de três em três meses”. ALGUMAS FRASES INCORRETAS DO NOSSO DIA A DIA Segundo a lei, "estupro" é só de mulheres. Algo parecido ocorre com a palavra "rapto". Com alguma frequência, temos o desprazer de ler em nossos jornais que "uma criança foi raptada". Novamente, encontramos o mau uso de uma palavra: um menino não pode ser raptado, pois rapto é sempre de mulheres e com fins libidinosos. Na verdade, as crianças são sequestradas. Como não há pedido de resgate, preferem dizer que elas foram "raptadas". Há quem pense que, se não houver pedido de resgate, não há sequestro. Outro engano. Quando o sequestrador entra em contato com a família e exige alguma coisa em troca para libertar o sequestrado, temos um outro crime: a extorsão. Assim sendo, o que os jornais chamam de "sequestro" na maioria das vezes trata- se de um sequestro seguido de extorsão ou extorsão mediante sequestro. Sequestrar é "tirar a liberdade de alguém ou alguma coisa". É por isso que um bem pode ser sequestrado, ou seja, torna-se indisponível (seu dono não pode vendê-lo, por exemplo). É interessante lembrar o velho caso do "roubo" e do "furto". Só há roubo se houver algum tipo de "violência". É comum as pessoas definirem os cleptomaníacos como "aqueles que têm a mania de roubar". Está errado. O cleptomaníaco tem a mania de furtar. Em geral, ele não agride ninguém. O seu prazer é "pegar escondido". É também comum lermos ou ouvirmos no meio jornalístico: "Fulano entrou com uma liminar." Ora, ninguém entra com liminar. Liminar é algo que se pede, e o juiz concede ou não. É a mesma história do "entrar com efeito suspensivo". Isso é muito comum no meio esportivo. "Efeito" é consequência. Ninguém "entra" com efeito suspensivo. Mais uma vez é algo que se pede. O certo, portanto, é dizer que "se pediu efeito suspensivo". Agora, se você quer ver um juiz ficar "louco da vida", é só dizer que ele "deu um parecer". Quem dá parecer é consultor, perito, advogado... Juiz decide. E em relação ao termo "denúncia": a verdadeira denúncia só pode ser feita pelo Ministério Público. Apenas o promotor pode apresentar uma denúncia. Rigorosamente, você não pode denunciar o seu vizinho porque ele bate na mulher. O cidadão comum acusa. Na verdade, nós estamos falando de uma denúncia formal, pois na linguagem popular o uso do verbo denunciar já está consagrado. Depois do "disque-denúncia", então, não tem mais jeito. EXERCITANDO 1) Preencha os espaços com a palavra homônima entre parênteses: a) Flautista de profissão dera um _________ em Bragança. (concerto/conserto) b) Antes disso, mandara fazer um _________em sua flauta. (conserto/concerto) c) Os passageiros do trem de Maguari amotinaram-se jogando os __________ no leito da estrada. (acentos/assentos) d) A palavra trem não leva ___________ por ser monossílaba terminada em “em”. (acento/assento) e) Todos os passageiros do trem de Maguari estavam facilmente __________ em não denunciar a nenhum dos companheiros. (concertados/consertados) f) A _____________ do júri em que foi réu o cego do trem, estendeu-se noite a dentro. (sessão/cessão/seção/secção) Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 24 g) Durante a __________ parlamentar, uma ________ do partido do Governo manifestou-se contrária à ___________ de terras a imigrantes japoneses. (sessão/seção, secção/cessão) h) O aluno revelou, pelo teste, grande _______ artístico. (senso/censo) 2) Marque a alternativa cujo homônimo foi empregado corretamente: a) A Câmara caçou o mandato do Prefeito. (cassou/caçou) b) Ovos cosidos não prejudicam a saúde. (cozidos/cosidos) c) Estamos a três passos do paço episcopal. (passo/paço) d) O preso, em sua cela, espiava os crimes que cometera. (cela/sela, espiava/expiava) e) Quem é expectador jamais dispensa seu televisor. (espectador/expectador, dispensa/despensa) 3) Preencha as lacunas: a) Foi preso em __________, ao roubar uma _________ de cem reais, pelo que foi conduzido _________ à presença do delegado que lhe _________ o castigo merecido. (flagrante/fragante, sédula/cédula, incontinenti/incontinente, infringiu/infligiu) b) Um rapaz __________ não se apresenta em público com um terno _________. (destinto, distinto) c) Receba o ___________ da minha admiração pela sua vitória sem ________. (pleito, preito / procedentes, precedentes) d) Já disse que fui _________ pelo Tribunal do Júri, exijo a reposição das despesas do processo. (destratado, distratado) 4) Marque a opção cujas palavras preenchem as lacunas na ordem: 1. Neste ano a __________ sobre mercadorias importadas foi muito alta. 2. Pôs uma ___________ na parede para dependurar o quadro. 3. Ele pagou __________ quantia pelo videocassete. 4. Quando o Juiz expediu o ___________ de prisão, ele fugiu. 5. Ao terminar o __________ , o Presidente do clube sentia-se satisfeito. a) tacha, taxa, vultuosa, mandado, mandato. b) taxa, tacha, vultosa, mandado, mandato c) tacha, taxa, vultosa, mandato, mandato d) taxa, tacha, vultuosa, mandado, mandato e) tacha, taxa, vultosa, mandado, mandato 5) Marque a opção em que não há correspondência quanto ao sentido da parônima: a) lustro - período de cinco anos d) édito - ordem judicial lustre - candelabro edito - decreto lei b) listra - risco (linha) e) estada - permanência de pessoa lista - rol estadia - permanência do veículo c) fluir - desfrutar fruir - correr 6) Assinale a alternativa que preenche as lacunas, pela ordem: 1 – Era __________ em corridas de Fórmula 1, pois começara há apenas um ano. 2 – Os ___________ da construção civil estão em greve. 3 – Era o brasileiro mais __________ na sua cidade. 4 – Era o brasileiro mais __________ na sua cidade. a) incipiente, peões, eminente, cumprimentado b) insipiente, piões, eminente, cumprimentado c) incipiente, peões, iminente, comprimentado d) insipiente, piões, eminente, comprimentado e) incipiente, peões, iminente, cumprimentado Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 25 7) Não há correspondência de sentido em: a) sobrescritar = endereçar b) subscritar = assinar c) vadear = levar a vida à toa d) vívido = vivaz, entusiasmado e) proscrição = proibição, eliminação 8) Reescreva as frases, completando-as com um dos porquês. a) Não lhe telefonei.........................não pude. Você não me telefonou........................? b) Para lhe dizer a verdade, nem eu mesmo sei o.........................de não lhe ter telefonado. c) Não sei....................... se toma tanto dinheiro emprestado. Você sabe...............................? d) Pergunte ao porteiro ..............................ele não pode comprar um televisor em cores. e) Não posso dizer nada sobre o rapaz.........................não o conheço. f).....................................não conta a dificuldade............................passou? g)............................. o Brasil não pode pagar sua dívida externa: será esse o tema da palestra. PARTE II A ORDEM DIRETA, A ORDEM INDIRETA, A ORAÇÃO E SEUS TERMOS HINO NACIONAL BRASILEIRO Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da liberdade em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante. Pergunta-se: Qual o sujeito de ouviram? Ponha a primeira estrofe na ordem direta (sujeito+verbo+complementos verbais+adjuntos) A ORAÇÃO E SEUS TERMOS Ao fazermos a análise dos termos da oração, veremos que, entre eles, uns são totalmente dispensáveis; outros, não. Alguns podem ser retirados, mas com eles a informação fica mais completa , mais detalhada. São eles: 1. ESSENCIAIS  SUJEITO  PREDICADO  COMPLEMENTOS VERBAIS  Objeto Direto  Objeto Indireto 2. INTEGRANTES  AGENTE DA VOZ PASSIVA  COMPLEMENTO NOMINAL COMPLETAM O SENTIDO DE OUTROS 3. ACESSÓRIOS  ADJUNTOS  Adverbiais  Adnominal  APOSTO SERVEM PARA AMPLIAR A INFORMAÇÃO E SÃO DISPENSÁVEIS. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 26 Obs: O VOCATIVO, por não estar ligado sintaticamente a outro termo da oração, não pertence ao esquema acima. É um termo isolado, que, no discurso direto, serve para chamar o interlocutor. Os termos, na oração, estão numa relação de dependência de determinante / determinado. SUJEITO é o termo que indica o ser sobre o qual se faz a declaração expressa no predicado. É o termo com o qual o verbo concorda. NA PRÁTICA, É O TERMO QUE RESPONDE À PERGUNTA “O QUÊ? OU “QUEM?”, FEITA ANTES DO VERBO, DEPOIS DE DESCARTADA A POSSIBILIDADE DE ORAÇÃO SEM SUJEITO. ORAÇÃO SEM SUJEITO Na oração sem sujeito, o verbo é empregado na 3ª pessoa do singular, isto é, impessoalmente. Diz- se, então, que o sujeito é inexistente. CASOS DE ORAÇÃO SEM SUJEITO: 1. Quando o verbo ou locução verbal indicam um fenômeno meteorológico: Choveu e ventou tanto que o barco virou. Oração sem sujeito oração sem sujeito Está nevando no Paraná. Oração sem sujeito Se gear neste ano, a safra de soja estará perdida. Oração sem sujeito OBS: Se esses verbos forem empregados em sentido figurado, eles terão sujeito: Choveram pedidos de renúncia com a mudança de planos. Trovejaram os motores dos carros à espera do sinal de largada. 2. O verbo HAVER no sentido de: EXISTIR Não havia sinal de vida. Devia haver mais flores no salão. OCORRER Houve vários acidentes neste cruzamento e ainda vai haver muitos Outros se não tomarem providências. TEMPO DECORRIDO Havia duas horas que o aguardava. Devia haver uma eternidade que não se viam. 3. O verbo FAZER no sentido de: TEMPO CRONÓLOGICO Já fazia algumas semanas que trabalhava no projeto. Sei que vai fazer dez anos de profissão. TEMPO METEOROLÓGICO Aqui faz invernos insuportáveis. Não fazia tanto calor nesta cidade. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 27 4. Os verbos IR, ESTAR e FICAR indicando tempo cronológico e meteorológico: Já vai para dois anos que ele partiu. Estava tarde quando ele saiu, Ficou quente de súbito 5. O verbo SER indicando: TEMPO CRONOLÓGICO Já são dez horas. Hoje são três de junho. Devem ser 15 horas. É meio-dia. TEMPO METEOROLÓGICO Era inverno quando cheguei. LUGAR Foi em Minas que aconteceu a Inconfidência. Obs: O verbo SER, embora impessoal, concorda com o numeral que indica o tempo. 6. O verbo PASSAR + DE, indicando tempo: Já passa de doze horas. Acho que deve passar de dez horas. 7. Os verbos BASTAR e CHEGAR + DE: Creio que basta de comentários. Chega de gritos por hoje. Obs: Todos esses verbos, estando numa locução verbal, transferem a impessoalidade para o verbo auxiliar. ORAÇÃO COM SUJEITO Faz-se a pergunta “quem?” ou “o que?” antes do verbo. a) “Ah! Que doce lua verá nossa calma face!...” Quem verá? R. Que doce lua. núcleo do sujeito b) Parecia-se ele com a irmã. quem parecia? R. ele c) Amanhã teremos muito pouco a contar. Obs.: O sujeito está na desinência -mos Quem terá muito pouco a contar? Sujeito desinencial Nós d) Dois e dois são quatro. O que são quatro? R. Dois e dois e) Faleceram o pai e os irmãos dele. Quem faleceu? R. o pai e os irmãos dele f) Hoje parece que o sonho acabou. O que parece? R. que o sonho acabou → SUJ. ORACIONAL Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 28 Observe que o sujeito é toda a oração que o sonho acabou. Esta, por sua vez, também tem seu sujeito. O que acabou? R. o sonho → núcleo: sonho. Nos exemplos dados, todas as orações têm sujeito claro, determinado e que se apresentam de diferentes maneiras. Portanto, o sujeito determinado pode ser: a) Com apenas um núcleo → SUJEITO SIMPLES. As sombras do campo moravam em Matacavalos → sujeito simples. Aconteceu que não o vimos → sujeito simples (oracional). Teremos pouco a contar → sujeito simples (desinencial). Obs: Quando o sujeito é oracional, não há como destacar o núcleo, pois a oração (subjetiva) está substituindo um substantivo. b) Com mais de um núcleo → SUJEITO COMPOSTO Dois e dois são quatro. → sujeito composto. A sala e os quartos foram pintados de azul-celeste. Sabe-se que ele chegou e que já partiu. ORAÇÃO COM SUJEITO INDETERMINADO Indetermina-se o sujeito da oração quando NÃO SE SABE ou NÃO CONVÉM DECLARAR quem é o autor da ação ou a respeito de quem se faz a declaração. Feita a pergunta “o quê?” ou “quem?”, antes do verbo, obtém-se resposta indefinida: não se sabe, qualquer um, etc. Mandaram-me flores hoje. Quem mandou? R: Não se sabe. Tocaram a campanhia e correram. Quem tocou? Quem correu? R: Não se sabe. Esqueceram as chaves aqui. Quem esqueceu? R: Não se sabe. Falaram tanto mal do governo que acabaram derrubando-o. Quem falou? Quem derrubou? R: Não se sabe. R: Não se sabe. Não se morre de amor, mata-se por ódio. Quem não morre? Quem mata? R: Não se sabe. Há, portanto, três maneiras de se indeterminar o sujeito : 1. Usando os verbos na 3ª pessoa do plural, sem que haja referência a substantivo (pl.) ou pronome (pl.) expressos na frase. Tentaram arrombar a porta, mas não conseguiram. Quem? Não se sabe Observe que não basta o verbo estar na 3ª pessoa do plural. É necessário que ele se refira a um sujeito indeterminado. 2. Com o verbo na 3ª pessoa do singular + se (índice de indeterminação do sujeito – IS). Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 29 Esse verbo só pode ser: a) Transitivo indireto (Verbo que pede preposição.) Não se confia nos políticos. Desconfiou -se de que ele era o culpado. IIS VTI VTI IIS b) Intransitivo (Verbo que não pede complemento.) Mora-se bem no interior. Dorme -se pouco nas grandes cidades. VI IIS VI IIS c) De Ligação Nos concursos, fica- se ansioso. Era- se feliz antigamente VL IIS VL IIS Obs: Se o verbo é transitivo direto e se apresenta na 3ª pessoa seguido de SE, este é o pronome apassivador. Essa estrutura sintática é a VOZ PASSIVA SINTÉTICA e pode ser transformada na VOZ PASSIVA ANALÍTICA. VOZ PASSIVA SINTÉTICA VOZ PASSIVA ANALÍTICA Compram-se roupas usadas. ↓ ↓ ↓ VTD PA suj. paciente Roupas usadas são compradas. ↓ ↓ ↓ suj. paciente v. aux. V. principal EXERCÍCIOS Indique e classifique os sujeitos das orações abaixo: 1. Decorreram alguns instantes de silêncio. 9. Eu e o chefe chegamos atrasados. 2. Vendeu-se o apartamento. 10. Não dê ouvidos a boatos. 3. Sabe-se que eles se separaram. 11. “Havia jardins naquele tempo.” 4. Contaram-me coisas estranhas. 12. Chegou o trem das onze. 5. Faltam dez dias para a prova. 13. Alguém perguntou por você. 6. Choveram tomates sobre o orador. 14. Convém que estudes mais. 7. Fala-se em greve. 15. Aqui se estuda muito. 8. Os livros contemplei, os quadros e as 16. Fizeste bem em não vir. outras obras guardei. VOZES VERBAIS – AGENTE DA PASSIVA As vozes do verbo são indicadas pelo sujeito que pode ser agente, paciente ou ambos, simultaneamente. VOZ SUJEITO EXEMPLO ATIVA Agente O anjo trouxe a mensagem ↓ sujeito agente PASSIVA Analítica Paciente A mensagem foi trazida pelo anjo ↓ ↓ ↓ sujeito paciente agente da passiva verbo auxiliar + verbo principal Sintética Paciente Venderam - se os livros. ↓ ↓ ↓ verbo trans. dir suj paciente pronome apassivador Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 30 REFLEXIVA ↓ O sujeito pratica e sofre a ação João se vendeu por pequena recompensa ↓ ↓ ↓ suj.agente e paciente pron. refl/OD verbo transitivo direto Na voz passiva analítica, usa-se, geralmente, o verbo SER como auxiliar: O livro foi escrito. / A casa será construída. Entretanto, são comuns construções na voz passiva com outros verbos auxiliares como estar, andar, ficar, viver, ir, vir: Ela vivia acompanhada da avó. / A avó sempre a acompanhava. A voz reflexiva também pode indicar reciprocidade (um ao outro): As duas meninas contemplam-se com alegria. /Os homens se odiavam tanto que acabaram se matando numa briga. Para converter a voz ativa em passiva Sujeito agente O professor +verbo de ação(trans. direto) + explicou objeto direto a fórmula. A fórmula Sujeito paciente foi explicada v. auxiliar / v. principal (particípio) pelo professor agente da passiva AGENTE DA VOZ PASSIVA  Termo ligado a um VTD na voz passiva.  sempre regido de preposição → POR / PER/DE;  é o ser que pratica a ação verbal sofrida pelo sujeito (paciente). (Corresponde ao sujeito da voz ativa);  aparece na VP analítica. Sujeito verbo na voz passiva agente da passiva O campo Os reféns O morro foi invadido foram libertados está cercado pela torcida. pelos sequestradores. de policiais. Obs.: Na voz passiva sintética, o agente da voz passiva fica indeterminado: Alugam-se bicicletas. / Bicicletas são alugadas. EXERCÍCIOS 1) Passar a voz passiva analítica dos seguintes verbos para a passiva pronominal, atentando-se para o problema da concordância do verbo com o sujeito: conservem-se os mesmos tempos e modos: 1. Foram promulgadas novas leis. 2. Serão discutidos muitos projetos. 3. Seriam tomadas as providências necessárias. 4. Foram obtidos muitos favores. 5. Têm sido inscritos novos sócios. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 31 PARTE III Pronomes Regência Verbal Regência Nominal Crase Concordância Verbal Concordância Nominal Pontuação O Acordo Ortográfico PRONOMES Observe os pronomes desta frase: Pegue o seu ônibus; eu pegarei o meu É um pronome que É um pronome que substitui o nome (ônibus) acompanha o nome Portanto, pronome é uma palavra que acompanha ou substitui o nome, relacionando-o a uma das três pessoas do discurso. Dependendo da função de substituir ou acompanhar o nome, o pronome é, respectivamente, pronome substantivo ou pronome adjetivo. Os pronomes são classificados em pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos. Pronomes Pessoais Indicam as três pessoas do discurso: a que fala: eu, nós / a com quem se fala: tu/você; vós, vocês / a de quem se fala: ele, ela; eles, elas Pronomes Retos Pronomes oblíquos Pessoas /singular Tônicos com preposição Átonos sem preposição 1ª pessoa eu mim, comigo me 2ª pessoa direta tu ti, contigo te 2ª pessoa indireta você 3ª pessoa ele, ela a ele, a ela, si, consigo se, o, a, lhe Pessoas/plural 1ª pessoa nós conosco, nos 2ª pessoa direta vós convosco, vos 2ª pessoa indireta vocês 3ª pessoa eles, elas a eles, a elas, si, consigo se, os, as, lhes Obs.: Chamamos de 2ª pessoa indireta os pronomes que, embora se refiram à pessoa com quem se fala, levam o verbo para a 3ª pessoa. A ela pertencem, além de você, vocês, vários pronomes de TRATAMENTO, como o senhor, a senhora, Vossa Senhoria, Vossa Excelência, Vossa Alteza, Vossa Majestade, etc. A maioria dos pronomes de tratamento se costuma escrever abreviadamente. Eis suas abreviaturas e a indicação do seu emprego: Emprego dos pronomes pessoais 1. Como esses pronomes sempre substituem as pessoas do discurso, eles sempre são pronomes substantivos. 2. Os pronomes retos funcionam quase sempre como sujeito. 3. Os pronomes oblíquos funcionam como complemento. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 32 4. Quando o pronome oblíquo estiver na pessoa do pronome reto, é chamado de reflexivo. Ela admirava-se no espelho = a si mesma (pronome reflexivo) 5. Os pronomes oblíquos o, a, os, as assumem as formas lo, la, los, las e no, na, nos, nas depois de formas verbais terminadas em -r, -s, -z ou -m, -ão, -õe. Queria preservar (+ o) = queria preservá-lo Fez (+ o) = fê-lo Pôs (+ o)= pô-lo Conduziram ( + os) = conduziram-nos Dão (+ a) como certa = dão-na como certa. Põe (+ os) sobre a mesa = põe-nos sobre a mesa Obs.: por uma questão de eufonia, o s também cai nas formas verbais da primeira pessoa do plural (nós) diante do pronome oblíquo nos. Ex. Oferecemos-nos a prestar-lhe socorro = Oferecemo-nos a prestar-lhe socorro Importante a) Só podemos empregar as formas oblíquas o, a, os, as, quando o verbo pedir objeto direto, e somente usaremos os oblíquos lhe e lhes quando o verbo reclamar objeto indireto. Foge, portanto, ao padrão culto quem diz “eu lhe felicito”, uma vez que o verbo felicitar, sendo transitivo direto, pede objeto direto. O oblíquo que deve ser usado é, pois, o. Por outro lado, foge à regra quem diz “eu o obedeço”, porque o verbo obedecer é transitivo indireto, já que quem obedece, obedece a alguém. b) Me, te, se, nos, e vos podem ser tanto objetos diretos como indiretos. Funcionarão como objetos diretos se os pudermos substituir pelos oblíquos o, a, os, as e, como objetos indiretos quando for possível substituí-los pelos oblíquos lhe ou lhes. c) Os pronomes eu e tu, em linguagem padrão, não devem ser acompanhados de preposição. Assim, deve-se escrever: “ Entre mim e ti....” e não “ Entre eu e tu ...” Isso porque as formas pronominais eu e tu funcionam sempre como sujeito e não podem vir regidas de preposição. d) Nós e vós, quando usados com a preposição com, assumem a forma conosco e convosco. Porém, se estão acompanhados por um modificador como outros, próprios ou um numeral, não se modificam. Ele brincou conosco ontem. Ele brincou com nós dois. e) Me, te, lhe, nos e vos também podem ser empregados com valor possessivo, equivalendo a meu, teu, seu, dele, nosso e vosso. Quebraram-me os dentes. (Quebraram os meus dentes.) Louvei-lhe a atitude. (Louvei a atitude dele) Pronomes de Tratamento Breve História dos Pronomes de Tratamento O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após serem incorporados ao português os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”, passou-se a empregar, como expediente linguístico de distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue o autor: “Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.” A partir do final do século XVI, esse modo de tratamento indireto já estava em voga também para os ocupantes de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego de pronomes de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às autoridades civis, militares e eclesiásticas. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 33 Concordância com os Pronomes de Tratamento Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”. Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa ... vosso...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”. Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação. Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado é: Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor. Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações. Veja o quadro a seguir: DESTINATÁRIO TRATAMENTO ABREV. VOCATIVO ENVELOPE Presidente da República; Vice-Presidente da República Vossa Excelência Não se usa Excelentíssimo Senhor Presidente da República Excelentíssimo Senhor Presidente da República Federativa do Brasil Chefe do Gabinete Civil e Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República; Ministro de Estado; Chefes Militares Vossa Excelência V.Exa. Excelentíssimo Senhor Exmo. Sr. Fulano de Tal... Chefe do... Membros do Congresso Nacional e do Senado Vossa Excelência V.Exa. Excelentíssimo Senhor Exmo. Sr. Deputado... Câmara dos Deputados Governador de Estado, Territórios e Distrito Federal Vossa Excelência V.Exa. Excelentíssimo Senhor Excelentíssimo Senhor Governador do Estado Prefeitos; Presidentes de Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais (só para presidentes) Vossa Excelência V.Exa. Exmo. Sr. Deputado ... Presidente da Assembléia Legislativa do Estado Outras pessoas e demais autoridades. Diretores; Chefes de Seção; Capitão; Tenente Vossa Senhoria V.Sa. Prezado Senhor Fulano de Tal... Reitor de Universidade Vossa Magnificência (Vossa Excelência) Não há Magnífico Reitor Excelentíssimo Senhor Prof. Fulano de Tal Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 34 Magnífico Reitor da Universidade... Bispos e Arcebispos Vossa Excelência Reverendíssima V.Exa. Reverendíssimo Senhor Bispo ou Arcebispo Reverendíssimo Senhor Dom... Bispo... Monsenhores; Cônegos; Padres e Freiras Vossa Reverendíssima V.Revmª Reverendíssimo Senhor Reverendíssima Senhora Reverendíssimo Senhor Padre Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal; Presidente e Membros do Tribunal Federal de Recursos; Presidente e Membros do Tribunal Superior Eleitoral; Presidente e Membros do Tribunal Superior do Trabalho; Vossa Excelência V.Exa. Excelentíssimo Senhor Presidente Exmo. Sr. Fulano de Tal Presidente do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho Juízes em geral e Auditores da Justiça Militar Vossa Excelência V. Exa. Meritíssimo Exmo. Sr. Fulano de Tal Juiz de ... Procurador-Geral da República; Procurador- -Geral dos Tribunais; Embaixadores Vossa Excelência V. Exa. Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral Exmo. Sr. Fulano de Tal Procurador-Geral da República O endereço só interessa aos Correios; portanto, virá apenas no envelope. Observações: 1. Doutor não é forma de tratamento, e, sim, título acadêmico. 2. Nas comunicações oficiais, empresariais devem ser utilizados somente dois fechos: Respeitosamente – para autoridades superiores, inclusive o presidente da República; Atenciosamente – para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior. Pronomes possessivos Pronomes possessivos são os que indicam posse em relação às três pessoas do discurso. Concordância dos pronomes possessivos a) Concordam em gênero e número com a coisa possuída, em pessoa, com o possuidor. Eu guardo meus segredos. Nós recordamos nossas conquistas. b) Quando o pronome possessivo se refere a mais de um substantivo, ele concordará com o mais próximo. Gosto de ouvir meus discos e gravações. Gosto de ouvir minhas gravações e discos. Emprego dos pronomes possessivos 1. O normal é o pronome possessivo vir antes do substantivo a que se refere; nada impede, porém, que ele venha depois do substantivo, podendo ocorrer mudança de sentido. Recebi suas notícias. Recebi notícias suas. 2. O emprego do possessivo de terceira pessoa (seu e flexões) pode deixar a frase ambígua. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 35 Maria saiu com sua bolsa . Nesse caso deve-se reforçar o possessivo por meio da forma dele (e flexões). Maria saiu com a bolsa dela. 3. Em certos casos o pronome possessivo não exprime ideia de posse. Ele indica aproximação, afeto ou respeito. Aquele homem deve ter seus sessenta anos. Meu caro professor, ainda não entendi. Minha senhora, queira sentar-se. 4. Não se deve usar o possessivo antes de termos que indiquem partes do corpo, quando estes forem complementos do verbo. Quebrei o braço. ( e não: Quebrei meu braço.) 5. A palavra seu que vem antes de nomes de pessoas não é pronome possessivo, mas uma corruptela de senhor. Seu Manuel, o senhor conhece meu irmão? Pronomes demonstrativos São os pronomes que indicam a posição dos seres em relação às pessoas do discurso. Este, esta, isto: referem-se à primeira pessoa do discurso. Esse, essa, isso: referem-se à segunda pessoa do discurso. Aquele, aquela, aquilo: referem-se à terceira pessoa do discurso. Importante O, a, os e as passam a ser pronomes demonstrativos sempre que puderem ser substituídos por isto, aquilo, aquele(s), aquela(s). Você sabe o que lhe convém? (=aquilo) Os que têm persistência vencem. (= aqueles) Das estações eu prefiro a do verão (=aquela) Ele te pediu em casamento. Não o sabias? (=Não sabias isto?) Também podem ser demonstrativos: a) mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s) – quando reforçam pronomes pessoais ou servem de identificação: Elas mesmas passaram no concurso. Ele fez o próprio exame. b) tal, tais, semelhante(s) – quando equivalem a esse(s), essa(s) Não digas tais asneiras. (= essas) Semelhante disposição nunca vi. Os demonstrativos servem para indicar a posição temporal, denotando proximidade ou afastamento no tempo, em relação à pessoa que fala. Este, esta e isto denotam tempo presente ou próximo do momento em que se fala. Esta noite é agradável para sair. Esse, essa e isso denotam tempo passado, relativamente próximo ao momento em que se fala. O mês passado foi muito bom: nesse mês completei meu curso. Aquele, aquela e aquilo denotam tempo remoto ou bastante vago. Meu pai formou-se em 1952. Naquele tempo as coisas eram bem diferentes. Os demonstrativos podem indicar ainda o que vai ser falado e o que já foi falado. Este (e variações) quando queremos nos referir a alguma coisa que ainda vai ser falada. A relação das filhas é esta: Carolina, Luciana, Mariana e Laura. Esse (e variações) quando queremos nos referir a alguma coisa já falada. Carolina, Luciana, Mariana e Laura: são essas as filhas citadas. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 36 Usamos este (e variações) em oposição a aquele (e variações) quando queremos nos referir a elementos já mencionados. Ex. O amor e o ódio são sentimentos opostos: este destrói, aquele constrói. Pronomes indefinidos Pronomes indefinidos são os que indicam a terceira pessoa e têm sentido indefinido, impreciso. Ex.: Alguém passou no corredor. Alguns desses pronomes são variáveis em gênero e número; outros são invariáveis. Variáveis: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, vário, tanto, quanto, qualquer Invariáveis: alguém, ninguém, tudo, outrem, algo, quem, nada, cada Podemos caracterizar assim os pronomes indefinidos: a) Quem, ninguém, nada, alguém, outrem, algo: sempre são pronomes substantivos. Ninguém tem o direito de poluir o ambiente. Quem luta, vence. b) Certo: sempre é pronome adjetivo. Ela estava com um certo olhar triste. c) Os demais podem ser pronomes substantivos ou adjetivos. Todos conseguiram chegar ao final da corrida. (pron. substantivo) Todos os minutos são importantes. (pron. adjetivo) Observações Existem grupos de palavras que equivalem a um pronome indefinido, sendo então chamados locução pronominal indefinida: cada um, cada qual, quem quer que, todo aquele que, seja quem for, seja qual , etc. Emprego dos pronomes indefinidos a) Algum, posposto ao nome, assume um valor negativo, equivalendo a nenhum. Motivo algum (= nenhum) me impedirá de ir à festa. Ação alguma (= nenhuma) me desviará de meu objetivo. b) Qualquer, quando posposto ao substantivo, assume um valor pejorativo. Era um livro qualquer. c) Cada não deve ser empregado desacompanhado de um substantivo ou numeral. Ganharam cem mil reais cada um. ( e não... cem mil reais cada.) d) Certo, quando vem depois de um substantivo, passa a ser adjetivo: Certo dia encontraram-se no bar. (pron.indefinido) No dia certo encontraram-se no bar. (adjetivo) e) Todo e toda (no singular), sem o artigo, significam qualquer; com o artigo, dão a ideia de inteiro. Todo homem é mortal (qualquer homem) Todo o mundo exige justiça ( o mundo inteiro) Colocação correta dos pronomes átonos Na língua escrita, o uso dos bons escritores vem, desde muito tempo, estabelecendo certas normas, às vezes diferentes do que ocorre na língua falada, para a colocação dos pronomes átonos em relação ao verbo. Para escrever com correção, neste particular, você deve observar estas regras: 1ª) Não se começa uma frase com pronome átono. “Esperei-te longo tempo, procurei-te por toda a parte e fui-me embora.” Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 37 Observação Na língua FALADA se usa a anteposição (próclise) do pronome: “Me diga uma coisa” 2ª) Se houver uma palavra NEGATIVA na frase (não, nunca, ninguém, nada etc.) o pronome se coloca ANTES do verbo. “Não ME aborreça!; “Nunca o vi tão alegre”; “Ninguém Te chamou.”; “Nada ME detém.”; 3ª) Também se coloca o pronome átono ANTES do verbo se este vier precedido de pronome relativo (que, quem, cujo, onde...) ou de conjunção subordinativa (que, porque, como, se, embora, ainda que, mesmo que, antes que, para que, etc.) Ex.: “Desejo que Te saias bem no exame a que Te submeteste.”; “Mesmo que ME convides, não poderei ir. 4ª) O pronome fica igualmente ANTES do verbo nas frases começadas com os pronomes e os advérbios interrogativos (que, quem, como quando, onde, por que, quanto). Ex.: “Quem TE chamou?”; “Que LHE aconteceu?”; “Como TE arranjaste?”; “Quando o verei outra vez?”. 5ª) Também costuma o pronome anteceder o verbo se a frase contiver certos pronomes indefinidos e advérbios como: tudo, alguém, cada um, cada qual, bastante, muito, pouco, sempre, já, aqui, hoje, amanhã, também, talvez, só, somente, etc. Ex.: “Devagar SE vai ao longe.”; “Sempre o admirei.”; “Já TE disse...”, SE morre de velhice.”; “Só TE peço uma coisa.”; “Tudo NOS une, nada NOS separa.” 6ª) Nas frases que exprimem desejo (=optativas) fica também o pronome ANTES do verbo. Ex.: “Deus TE acompanhe.”; “Que a sorte o ajude.” 7ª) Nunca se coloca um pronome átono depois de um futuro (do presente ou do pretérito); se for possível (regras 2ª a 6ª), coloca-se antes: “Nunca TE esquecerei”; “O pedido que TE faria...”; “Se não for possível, então se intercala o pronome no verbo (= mesóclise): “Esquecer-ME-ás um dia?; “Pedir-TE-ia um favor.” 8ª) Nunca se coloca um pronome átono depois de um particípio. Escreve-se, pois, “Tenho-TE procurado” ou “Tenho TE procurado” (esta última forma, que é a colocação brasileira, injustificavelmente, não é aceita por alguns); “Ele ME havia feito uma observação” ou “Ele havia-ME feito uma observação. 9ª) Sempre é correto colocar um pronome átono depois de infinitivo não flexionado, mesmo em casos em que se usa também a anteposição. Assim, poderá escrever-se: “Por que descuidar-SE do estudo” ou “Por que SE descuidar do estudo?” 10ª) É indiferente a colocação quando o sujeito, em orações declarativas, é um pronome pessoal ou um substantivo. Ex.: “Ela ME disse” ou “Ela disse-ME”. Observação: A anteposição do pronome no verbo chama-se PRÓCLISE, a posposição, ÊNCLISE; a interposição, MESÓCLISE Pronomes relativos “Aves, animais e homens vinham a minha sombra colher os frutos, que se espalhavam pelo chão.” “Colocaram-me em uma prensa, da qual saí enfardado para uma longa viagem.” “Nasci no Brasil, cujo futuro ainda será mais glorioso que o passado.” “Ama e respeita teus pais, a quem deves tudo quanto és .” “Ela, que é minha irmã, não se parece comigo.” “Aquela é a casa onde morava.” Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 38 Repare agora nas equivalências que a seguir mostramos: Que se espalhavam = os frutos se espalhavam; Da qual saí enfardado = saí da prensa enfardado; Cujo futuro será glorioso = o futuro do Brasil será glorioso. A quem deves tudo = a teus pais deves tudo; Quanto és = és tudo. Que é minha irmã = ela é minha irmã Onde morava = morava naquela casa. Podemos concluir: As palavras que, a qual, cujo, quem, onde e quanto, que evitam a repetição de um substantivo ou pronome citado anteriormente, ligando, relacionando, ao mesmo tempo, esses substantivos ou pronomes a uma declaração que a respeito dele se faz – são chamadas pronomes relativos. O pronome relativo tem sempre um antecedente. Observações sobre os pronomes relativos. Quem, assim como que, equivale a “o qual”, “a qual”, e flexões, mas só se usa para pessoas. (Adriano da Gama Kury, Português Básico, Ed. Nova Fronteira, p.150) Como pronome relativo quem vem sempre precedido de preposição. Exemplo: As pessoas de quem (= das quais) dependo... Eis a professora a quem (= à qual) devo minha formação. Onde equivale a em que; e por incluir uma preposição no seu significado, mais acertadamente se classificaria como advérbio relativo. Quanto tem sempre como antecedente um pronome indefinido “tudo, todos”: Daí o seu caráter também indefinido. Cujo indica posse; tem sempre um consequente substantivo, a que serve de adjunto e com o qual concorda em gênero e número; é o único pronome relativo adjetivo. Vem muitas vezes precedido de preposição pedida pela verbo que a segue. Surgiram borboletas cujo colorido me encantou. É difícil a matéria a cujo estudo me dedico. É uma pessoa de cuja honestidade não se duvida. COMO USAR O RELATIVO? O uso do pronome relativo pode cair em abuso e daí as incorreções ou o mau gosto. Uma causa bastante comum do mau uso do pronome relativo consiste em posicioná-lo muito afastado de seu antecedente, gerando imprecisões ou ambiguidades: Vou indicar um capítulo deste livro que me parece muito interessante. “De hoje em diante fica proibido amarrar os burros aqui fora para não incomodar os que estão lá dentro” Outra razão do mau uso é o esquecimento da preposição pedida pelo verbo da frase relativa: Este é o esporte de que gosto. (e não Este é o esporte que gosto) No terreno do mau gosto, o problema mais frequente é o excesso: Vi seu irmão que me deu notícias de sua tia que está doente desde o acidente que teve quando ia à festa que se realizou no domingo. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 39 * Em caso de supressão do pronome relativo, pode-se pensar nas seguintes técnicas.  Emprego de um substantivo como aposto, geralmente seguido de complemento: O exército que libertou a cidade... O exército, libertador da cidade,...  Emprego de um adjetivo sem complemento: Dois acontecimentos que ocorreram ao mesmo tempo. Dois acontecimentos simultâneos.  Emprego de um adjetivo com complemento: O professor que perdoa facilmente os erros dos alunos. O professor indulgente com os alunos.  Emprego de preposições: O livro que tem muitas folhas. O livro de muitas folhas.  Emprego de formas reduzidas: O livro que comprei no sábado... O livro comprado no sábado... EXERCÍCIOS GERAIS SOBRE PRONOME 1) Reescreva a frase, reduzindo o número de pronomes relativos. “Encontrei o irmão dele que me deu notícias de sua tia que passa por dificuldades desde o momento em que perdeu o emprego que tinha naquela empresa que faliu.” 2) Outra forma de eliminar as frases relativas é substituí-las por um adjetivo sem complemento. Observe: Um movimento que não pára. Um movimento contínuo. Faça o mesmo com as frases a seguir. a) Dois ruídos que se produziram ao mesmo tempo. b) Dois partidos que militaram na mesma época. c) Uma atividade que não pára nunca. d) Uma glória que logo é esquecida. e) Uma frase que não se entende. f) Uma enfermidade que se prolonga por muito tempo. g) Grupos humanos que vivem sem residência fixa. h) Uma fruta que tem sabor. i) Uma comida que não tem sal. 3) Complete as lacunas com o pronome relativo adequado. Não se esqueça da preposição exigida pelo verbo. a) O homem, ________________ casa comprei, embarcou ontem. b) Não conheci o atleta ______________ te referiste. c) Feijoada é o prato _____________ mais gosto. d) Trabalho numa empresa ____________ todos os funcionários são amigos. e) Foi muito interessante a conferência ____________ assistimos. f) O violão ___________ toco foi presente de meu pai. g) Ela mora num edifício ____________ moradores são educados. h) Ela mora num edifício ____________ os moradores são educados. i) Ele é a pessoa ______________ tanto falo. j) Eis o livro _____________ retirei a citação. k) Ele é o deputado _____________mandato foi cassado. l) Ele é o mestre __________________ teorias pela primeira vez discordo. m) Ele é o mestre __________________ teorias não concordei. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 40 n) Há uma lindíssima moça no prédio _____________ resido. o) Eis alguns fatos _____________ todos nós devemos recordar. p) Eis alguns fatos ______________ todos nós nos devemos lembrar. q) Há uma moça _______________ falo sempre que vou lá. r) É justa a ideia __________________ vem lutando aquele velho político. s) Devemos respeitar as pessoas _____________ convivemos. 4) Construa um período composto, iniciado pelos termos comuns aos dois períodos. a) Estou entusiasmado pelo livro. O livro é um romance policial. b) Encarreguei o diretor da nomeação. A nomeação será difícil. c) Mandaram a máquina para o gabinete. O gabinete fica no primeiro andar. d) O ministro falou dos funcionários públicos. Os funcionários públicos receberão aumento. 5) Preencha as lacunas das frases a seguir com os pronomes eu, tu, mim, ou ti: a) Não se esqueça de trazer um café para........... . b) Trouxe o vinho para .......... provar. c) Entre ............ e você não pode haver segredos. d) Este é um trabalho para........... realizar. e) Foi fácil para..............vender o carro. f) Este é o momento para .... tomares a iniciativa. 6) Assinale a frase em que o pronome destacado tem valor possessivo. a) Espero que o cargo lhe convenha. b) Vi quando ele lhe beijou as mãos. 7) Preencha as lacunas com os pronomes demonstrativos este, esse, aquele (ou flexões): a) José de Alencar e Castro Alves foram os que mais sobressaíram na época romântica;............ na prosa; ............... na poesia. b) Guarde bem ....... palavras que acabo de dizer. c)......... mala que trago comigo pertence ao Fernando. d) Anote ......recomendação: fechar o portão às dez horas. 8) Use, agora, contigo ou consigo, conforme convier: a) Elisabete costuma conversar ................... mesma a todo o momento. b) Elisabete, eu gostaria muito de conversar ..............um instante. c) Manuel, os professores querem falar ............... d) Jeni, não quero mais conversa ................; até agora não entendi por que fui fazer amizade .................. . e) Juçara não queria levar todo aquele dinheiro ....................: era muito perigoso. 9) Assinale a alternativa incorreta a) Seria mais econômico para mim vender o carro. b) Pesam sérias acusações sobre mim e ti. c) Depois do espetáculo, todos queriam falar consigo. d) Tenho certeza, porque ela falou com nós mesmos. e) Ainda cantas aquelas músicas? Canta-as para nós. 10) Complete as lacunas abaixo com os pronomes demonstrativos isto/este, isso/esse, aquilo/aquele (ou flexões) a) --------- carro que dirijo não é meu. b) --------- teu fascínio é que me apaixona. c) ----------- que vês lá em alto-mar é a tempestade, o ciclone. d) De todos os livros que li---------------aqui foi o mais complicado. e) Os tipos de predicados são ---------------: nominal, verbal, verbo-nominal. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 41 f) Você, que está no Chile, poderia dizer-me quantos brasileiros vivem----------------país? g) Sei que vou alcançar meus objetivos e -----------------está bem próximo. h) O que você quis dizer com ---------------? i) ----------------- que eles estão fazendo é crime de lesa-pátria. 11) Assinale o período com erro relacionado ao emprego dos pronomes relativos. a) O livro a que me referi é este. b) Ele é uma pessoa de cuja honestidade ninguém duvida. c) O livro em cujos os dados nos baseamos é aquele. d) A pessoa perante a qual compareci foi muito agradável. 12) Coloque C ou E nas frases sobre colocação pronominal a. Quando se estudaram as propostas, descobriram-se todas as falhas. b. Segundo informaram-me na seção, já se encontram prontos os contracheques. c. Os papéis que remeteram-me estão em ordem, ainda hoje devolvê-los-ei. d. Os professores haviam-nos instruído para as provas. f. Que Deus te acompanhe por toda a vida. g. Quando lhes entregariam as provas, era um mistério que não lhes era possível desvendar. h. A respeito daquelas fraudes, os auditores já haviam prevenido-os há muito tempo. i. Os amigos entreolharam-se emocionados, mas não lhes deram mais nenhuma informação. j. Aquele foi o livro que lhe dei como prova de admiração. l. Ainda não me havias falado essas injúrias. m. Dir-se-ia que todos preferem lhe ocultar os fatos. REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL Existem verbos que não necessitam de complementos (verbos intransitivos) e verbos que exigem complementos (verbos transitivos). Os verbos transitivos exigem complemento sem preposição obrigatória (verbos transitivos diretos), ou com preposição (verbos transitivos indiretos). Alguns nomes exigem igualmente um termo que lhes complete o sentido: complemento nominal. A parte da gramática que trata das relações entre os termos da oração, verificando se um termo pede ou não complemento, chama-se sintaxe de regência. Observe as orações seguintes: Eles amam a vida. Eles gostam da vida. Temos amor à vida. No primeiro exemplo o verbo amar exige complemento sem preposição (objeto direto); no segundo, o verbo gostar exige complemento com a preposição de (objeto indireto); no terceiro, o nome amor exige complemento com a preposição a (complemento nominal). A sintaxe de regência vai estudar a relação entre um termo e seu complemento, procurando verificar se o complemento virá ou não introduzido por preposição. Damos o nome de regente ao termo que pede o complemento e o nome de regido ao complemento. Regente Regido Eles amam a vida Eles gostam da vida Temos amor à vida Quando o termo regente for um verbo, dizemos tratar-se de regência verbal. Se o termo regente for um nome, trata-se de regência nominal. Regência é a parte da gramática que estuda a relação de dependência entre os termos da oração, verificando se um termo pede ou não complemento. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 42 I. REGÊNCIA VERBAL 1) Intransitivos: expressam uma ideia completa ou geral, não aparecendo acompanhados de determinantes (complementos) de natureza substantiva (substantivo, pronome ou numeral). Ex.: As crianças brincavam. Pedro partiu ontem. As estrelas luziam. 2) Transitivos: aparecem acompanhados de um determinante (complemento representado por palavra ou oração de valor substantivo), que lhes integra a significação. Podem ser: a) Verbos Transitivos Diretos (VTD) – normalmente não pedem preposição: Vi o menino no parque. VTD OD Mas isso pode ocorrer: Eu amo a Deus. VTD OD (preposicionado) Os pronomes oblíquos o, a, os, as são os “representantes oficiais” do objeto direto. Eu amo meu pai. (Eu o amo.) Cumprimentei as jovens. (Cumprimentei-as). b) Verbos Transitivos Indiretos (VTI) pedem preposição: Obedeço ao regulamento. Eu gosto de você. VTI OI VTI OI Os pronomes LHE e LHES são as “marcas registradas” do objeto indireto: Obedece a teu superior. (Obedece-lhe) Não pagou ao médico. (Não lhe pagou.) Os pronomes oblíquos ME, TE, SE, NOS, VOS, dependendo do verbo, podem exercer a função de objeto direto ou de objeto indireto. Tu não me amas. Tu não me obedeces. OD VTD OI VTI Não se deve dar complemento comum a termos de regência diferente. É errado: Entrei e saí da sala. É certo: Entrei na sala e dela saí. (Entrar pede a preposição EM e sair pede a preposição DE.) Existem verbos bitransitivos (transitivo direto e indireto simultaneamente) que admitem a alternância dos complementos de pessoa e coisa (objeto direto de coisa e indireto de pessoa/direto de pessoa e indireto de coisa). Informei ao diretor o ocorrido. OI de pessoa OD de coisa Informei o diretor do ocorrido OD de pessoa OI de coisa REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS Indicamos a seguir uma lista de verbos que apresentam problemas com relação à regência. Muitos desses problemas ocorrem porque o uso popular está em desacordo com a norma culta, ou porque um verbo pode apresentar mais de uma regência. 1- ASSISTIR a) TRANSITIVO DIRETO no sentido de “prestar assistência”, “confortar”, “ajudar”, “socorrer”: O médico assiste o doente. b) TRANSITIVO INDIRETO (com preposição a) no sentido de “presenciar”: Não assisti à missa. c) TRANSITIVO INDIRETO no sentido de “favorecer”, “pertencer”: Não lhe assiste o direito de reclamar. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 43 d) INTRANSITIVO (com preposição “em”) seguido de adjunto adverbial de lugar. Nesse caso tem o sentido de “morar”, “residir”: O vereador assiste em Lambari . 2- PREFERIR No sentido de “achar melhor”, “querer antes” é TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO e exige a preposição “A”: Prefiro um inimigo declarado a um falso amigo. OD OI  Este verbo não se constrói com as expressões “QUE” ou “DO QUE”: Errado: Prefiro trabalhar DO QUE passar fome. Certo: Prefiro trabalhar A passar fome.  Este verbo repele expressões como MAIS, MUITO MAIS, MIL VEZES, ANTES: Errado: Prefiro mil vezes Medicina que Direito. Certo: Prefiro Medicina a Direito. 3 - PAGAR / PERDOAR / AGRADECER a) TRANSITIVOS DIRETOS (quando o objeto for COISA): Pagou a dívida. Jesus perdoou os seus pecados. Eu já agradeci o presente. b) TRANSITIVOS INDIRETOS (quando o objetivo for PESSOA): Pagou ao cobrador. Jesus perdoou ao ofensor. Eu já agradeci aos meus pais. c) TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS: Pagou a dívida ao cobrador. OD OI Jesus perdoou-lhe os pecados. OI OD Eu já agradeci o presente ao meu pai. OD OI 4 - ESQUECER / LEMBRAR/ RECORDAR Compare! Eu esqueci o dinheiro. Eu me esqueci do dinheiro. Eu lembro o fato. Eu me lembro do fato. Eu recordei o fato. Eu me recordei do fato A que conclusão se pode chegar? Se não houver pronome, não haverá preposição, e são transitivos diretos. Se houver pronome, também haverá preposição, e passam a ser transitivos indiretos. OBSERVAÇÃO: ESQUECER e LEMBRAR no sentido de “cair na lembrança” ou “apagar-se da memória” são transitivos indiretos. Esqueceu-me a sorte. Lembram-me os compromissos. 5 - CHAMAR a) TRANSITIVO DIRETO no sentido de “invocar”, “fazer vir”: O professor chamou o aluno OBSERVAÇÃO: O objeto direto neste caso pode vir regido da preposição “POR”: A velhinha chamava por você. b) TRANSITIVO DIRETO OU INDIRETO no sentido de “apelidar”, “tachar”. São quatro as construções admissíveis: O povo chamava-o maluco. O povo chamava-o DE maluco. O povo chamava-lhe maluco. O povo chamava-lhe DE maluco. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 44 6 - VISAR a) TRANSITIVO DIRETO no sentido de “dirigir o olhar para”, “apontar arma contra”: Visei o alvo. Visava um pardal. Visaram o seu olho. b) TRANSITIVO INDIRETO (com preposição a) no sentido de “ambicionar”, pretender”: Visei ao bem da comunidade. Eis o progresso a que o governo visa. 7- ASPIRAR a) TRANSITIVO DIRETO no sentido de “sorver”, “tragar”, “atrair” (o ar) aos pulmões, “pronunciar guturalmente”: Aspirei o perfume de seus cabelos. b) TRANSITIVO INDIRETO (com preposição a) no sentido de “ambicionar”, “desejar ardentemente”: Aspiram a altos cargos. Observação: Nesta acepção o verbo “aspirar” recusa a forma pronominal LHE(S), só aceitando A ELE(S), A ELA(S): Aspiro ao título. Aspiro a ele. 8 - AMAR / VER / VISITAR / CUMPRIMENTAR / ADMIRAR / ADORAR / LOUVAR / ESTIMAR / ABANDONAR São VTD (com ou sem a preposição a) 9 - PROCEDER a) INTRANSITIVO no sentido de “portar-se”, “agir”: Ela procedeu honestamente. Adj. Adv. de Modo b) INTRANSITIVO no sentido de “provir”: A língua portuguesa procede do latim. Adj. Adv. de Lugar (= ORIGEM) c) INTRANSITIVO no sentido de “ter fundamento”: Esse argumento não procede. d) TRANSITIVO INDIRETO (com proposição a) no sentido de realizar, dar início a: A firma procedeu ao sorteio do carro. O secretário procedeu à leitura da ata. 10 - QUERER a) TRANSITIVO INDIRETO no sentido de “querer bem”, “gostar”, “estimar”, “amar”: Um beijo de quem muito lhe quer. (= nas cartas) Quero muito aos meus pais. b) TRANSITIVO DIRETO no sentido de “desejar”: Eu quero o livro. 11 - AVISAR / INFORMAR / COMUNICAR / CERTIFICAR / PREVENIR / ADVERTIR Objeto direto de pessoa, objeto indireto de coisa: Informei o diretor do ocorrido. OU Objeto direto de coisa, objeto indireto de pessoa: Informei ao diretor o ocorrido. 12 - MORAR, RESIDIR, SITUAR e derivados Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 45 Pedem a preposição em (e não a) junto à expressão de lugar. Moro em Curitiba. João reside na rua Riachuelo. 13 - CHEGAR Com a expressão de lugar, usa-se a (de): O presidente chegou a Belo Horizonte. Com a expressão de tempo, usa-se em: O presidente chegou na hora combinada. 14 - OBEDECER, SUCEDER e OBSTAR Pedem a preposição a: Todos devem obedecer à lei. 15 - NAMORAR Este verbo não admite a preposição com: Ela namora o moço louro. A moça que ele namora é linda. 16 - CHEGAR / IR Pedem a preposição a para indicar o lugar a que se quer chegar ou ir. O presidente chegou a Belém. Foi a um desfile na Sapucaí. 17 - CUSTAR Com o sentido de “ser custoso”, “ser difícil”, virá com a preposição a ou sem ela. Custou ao aluno aceitar o fato. Quanto me custa manter este emprego! 18 - IMPLICAR No sentido de “acarretar”, exige complemento sem preposição. Tal procedimento implicará anulação da prova. 19 - SIMPATIZAR Exige a preposição com Simpatizei com aquela pessoa. ATENÇÃO: Este verbo não é pronominal. EXERCITANDO 1) Substitua, nas frases abaixo, o verbo sublinhado pelo verbo pedido entre parênteses, fazendo as adaptações necessárias: a) Há pessoas que só desejam o dinheiro. (aspirar) b) O Cônsul deu visto no meu passaporte. (visar) c) Vi uma bela cena na rua. (assistir) d) Jamais desejei ocupar o seu lugar. (aspirar) e) Gosto mais de peixe do que de carne. (preferir) f) Informaram-lhe que o concurso será adiado.(avisar) g) Recordei o seu nome. (lembrar) h) O professor auxilia o aluno no plantão. (assistir) i) Informei-o de que haverá concurso este ano. (prevenir) j) Cabe ao aluno esse direito (assistir) k) Esqueci-me do seu aviso. (lembrar) l) Almejamos ir à praia nas férias. (aspirar) m) Entender a sua atitude é muito difícil para mim. (custar) n) O Secretário continuou a leitura da ata. (procedeu) 2) Assinale com C o que estiver correto e com E o incorreto: a) ( ) A greve geral não agradou os diretores. b) ( ) Você aspirava ao cargo? Sim, aspirava-lhe. c) ( ) O residente assiste o cirurgião na operação. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 46 d) ( ) Não atenderam seu pedido por falta de amparo legal. e) ( ) Lemos e gostamos muito de seus poemas. f) ( ) Vamos proceder uma investigação minuciosa. g) ( ) Devemos visar, acima de tudo, ao bem da família. h) ( ) Às vezes, chamavam-no tolo e arrogante. i) ( ) O pai custava sentir a revolta do filho. j) ( ) Já respondi todos os cartões. k) ( ) Supressão da liberdade implica, não raro, em violência. l) ( ) Lembrei-me que era tarde e corri. m) ( ) Avise-o que os fiscais chegaram. n) ( ) Aonde quer chegar e aonde quer morar? o) ( ) Obedecia-lhe porque o respeitava. p) ( ) Aos amigos, perdoa-lhes todas as ofensas. CRASE Para você entender bem o fenômeno da crase, é fundamental dominar a regência, sobretudo dos verbos e dos pronomes que exigem a preposição a. A crase nada mais é do que fusão da preposição a com um outro a. Para indicar, na escrita, que ocorreu a junção (crase) dos dois as, utilizamos o acento grave. Observe: Vou a escola. Vou à escola. No exemplo, temos a ocorrência de dois as: o primeiro é a preposição a exigida pelo verbo ir, e segundo é o artigo a que aparece determinando o substantivo feminino escola. Quando estas duas vogais se encontram, essas se fundem, e a fusão delas é indicada pelo acento grave. I. CRASE DA PREPOSIÇÃO COM O ARTIGO DEFINIDO FEMININO Sempre que a regência do termo antecedente exigir a preposição a e o termo posterior admitir o artigo definido feminino a (ou as ), ocorrerá a crase. Amanhã devo ir à praia. Observe que o termo antecede (ir), pela sua regência, exige a preposição a, e o termo posterior (praia) admite a anteposição do artigo a; portanto, se temos dois as, eles se fundem, ocorrendo a crase. Veja mais exemplos: Eu me dirigi a a aluna daquela sala. Eu me dirigi à aluna daquela sala. Fiz referência a as pessoas interessadas. Fiz referência às pessoas interessadas. Evidentemente, se o termo antecedente não exigir a preposição a, ou o termo posterior não aceitar o artigo definido feminino a (ou as), a crase não ocorrerá. Veja: Conheço a cidade. Nesse exemplo, não ocorre a crase porque o verbo conhecer não exige a preposição a. Lembre-se de que quem conhece, conhece alguém ou alguma coisa (verbo transitivo direto); logo, temos, no exemplo, um único a (o artigo definido a), que determina o substantivo cidade. O diretor fez referência a ela. Nesse exemplo, também não ocorre a crase, porque o pronome pessoal ela não é precedido de artigo. Portanto, temos ali apenas a preposição a, exigida pelo nome referência. Como não existe artigo, não pode ocorrer crase II. CRASE DIANTE DE NOMES DE LUGAR Os nomes de lugar podem aparecer ou não precedidos de artigo. Para saber se um nome de lugar vem precedido do artigo feminino a, construa uma frase com esse nome de lugar Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 47 precedido do verbo vir. Se obtiver a contração da (preposição de + artigo a), é óbvio que ocorreu o artigo e, consequentemente, haverá crase com aquele nome de lugar. Veja: Vou à Bahia. Vou à Itália. Utilizando o verbo vir: Venho da Bahia. Venho da Itália. Verifique que os nomes de lugar Bahia e Itália vêm precedidos do artigo a. Como o termo antecedente vou exige a preposição a, ocorre a crase. III. CRASE NAS EXPRESSÕES ADVERBIAIS FEMININAS Utilizamos o acento indicativo da crase no a que abre as locuções adverbiais femininas: às claras, às pressas, às cotoveladas, à proporção que, à cata de, às ocultas, às escuras, à vontade... Chegou à tarde e saiu à noite. Ele comprou o relógio à vista. Ando à procura de uma solução para o caso. Às vezes fico preocupado com a situação do país. Caminhava às pressas pela rua. Fez um gol à moda de Pelé. Observação importante: com a expressão adverbial feminina à moda de ocorre o acento indicativo da crase mesmo que a palavra moda fique subtendida. Fez um gol à Pelé. No restaurante, pediram um filé à Camões. IV. CRASE COM OS PRONOMES DEMONSTRATIVOS AQUELE, AQUELA E AQUILO Ocorrerá crase com os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo, sempre que o termo antecedente, por sua regência, exigir a preposição a. Chegamos àquela cidade. Assisti àquele filme que você recomendou. Prefiro isto àquilo. V. SITUAÇÕES EM QUE NÃO OCORRE CRASE 1ª Antes de substantivos masculinos Ex.: Graças a Deus. Vendas a prazo Ando mais a pé do que a cavalo. Percorri o Brasil de norte a sul 2ª Antes de infinitivo de verbos Ex.: Começou a chover Preços a partir de R$20,00 3ª Antes do artigo indefinido uma Ex.: Foi submetido a uma cirurgia. O prêmio coube a uma aluna do 2º ano Obs.: Como numeral, uma admite a crase À uma hora serviu-se o almoço. 4ª Antes dos pronomes que não podem vir precedidos do artigo a: a) Pessoais: a mim, a ti, a si, a ela, a nós, a eles. b) De tratamento: você, Vossa Senhoria, Vossa Excelência,... Obs.: entre os pronomes de tratamento excetuam-se senhora e senhorita, já que admitem artigo. Ex.: Peço à senhora que fique mais um pouco. c) Indefinidos: alguma, nenhuma, cada, pouca, certa, toda, muitas, vária, alguém, ninguém, qualquer outra, quantas, tal, uma determinada. Ex.: Avistei-o a pouca distância. d) Demonstrativos: esta (s), essa(s): Ex.: Aferrava-se ora a esta, ora àquela opinião. e) Relativos cuja (s), quem: Ex.: A única pessoa a quem obedecia era a mãe. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 48 5ª Não se acentua o a antes da expressão Nossa Senhora ou de nomes de santas. Ex.: Recorria a Nossa Senhora e a Santa Rita. 6ª Não se acentua o a sozinho que antecede palavra no plural. Ex.: Não respondo a perguntas tolas (compare: não respondeu às perguntas formuladas) 7ª Não se acentua o a antes de numerais cardinais Ex.: de 15 a 20 deste mês 8ª Não se acentua o a que precede substantivos femininos tomados em sentido geral, indeterminado. Ex.: Foi submetido a operação delicada. CASOS ESPECIAIS 1. Com a palavra CASA: Quando indica lar, morada, não admite a crase Ex.: Chegou cedo a casa. Quando aparece uma especificação depois da palavra CASA, haverá crase. Ex.: Voltou à casa paterna. Usada na acepção de prédio, edifício, estabelecimento, dinastia, qualquer instituição ou sociedade, haverá crase. Ex.: Pedro II pertencia à Casa de Bragança. 2. Com a palavra TERRA Quando se opõe a bordo, ao elemento químico, não se usa crase: Ex.: Os marinheiros voltaram a terra. Nos demais casos, usa-se a crase: Ex.: Voltou à terra onde nascera. O agricultor tem apego à terra 3. Com nomes de mulher: Usa-se a crase quando essa mulher for familiar a quem escreve. Se for estranha, não. Ex. Dei um presente à Joana (pessoa familiar) Entreguei uma carta a Joana (pessoa estranha) 4. Com a palavra DISTÂNCIA: Seguida da preposição de, haverá crase; caso contrário, não. Ex.: Ele parou à distância de três metros. Ele ficou observando a distância 5. Antes de substantivos masculinos, quando houver um substantivo feminino subentendido: Ex.: Comi um filé à Rossini ( à moda de) 6. Não se usa crase antes de expressões formadas por palavras repetidas: cara a cara, face a face,... Ex.: Uma a uma, todas as pessoas se retiraram. CASOS EM QUE A CRASE É FACULTATIVA 1. Antes dos possessivos Ex.: Obedecia a sua mãe ou Obedecia à sua mãe Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 49 2. Depois da locução até a Ex.: Leu o artigo até a última frase ou Leu o artigo até à última frase. EXERCITANDO 1) Omitiu-se o acento indicativo da crase. Coloque-os adequadamente. a) “ A moça me disse ontem que a lua estava linda. A noite me telefonou e me animou a chegar a janela.” (Resende, Otto Lara. Folha de S.Paulo. 2-9-92) b) “ Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar a noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui.” (Rubem Braga) c) “ A noitinha a mãe chegou, viu a caixa, mostrou-se satisfeita, dando a impressão de que já esperava a entrega do volume.” ( Lourenço Diaféria) d) “Perguntei por que não tinha ido a escola, respondeu que não ia mais, nunca mais, e me contou a história do cavalo. Disse que não adiantava ir a escola porque estava resolvido a fugir”. (José J.Veiga) e) “O homem já estava solto, graças a intervenção do cônsul holandês, a quem ele fez compreender com meia dúzia de palavras holandesas”. (Lima Barreto) f) “Levantava cedo, tomava seu café com leite e saía as pressas para a rua. Voltava, as vezes, meia hora depois. No jantar era o primeiro a chegar a mesa”. (Marcos Rey) g) Caminhava passo a passo a procura de um lugar onde pudesse estar a vontade. h) Perguntou a ela, a meia voz, se estava disposta a contar as novidades as colegas. 2) Complete as lacunas, utilizando àquele(a) ou aquele(a). a) Entreguei o recado ............ pessoa. b) O livro de que preciso está sobre ............mesa. c) Deram o emprego ............ senhora. d) Não pertenço ............... grupo. e) Assistiam.................... novela. 3) Preencha adequadamente as lacunas das frases abaixo, utilizando a, à ou há. a) Foi ...... mais de um século que , numa reunião de escritores, se propôs a maldição do cientista que reduzira o arco-íris ...... simples matéria: era uma ameaça ...... poesia. b) ...... noite, todos os operários voltaram ...... fábrica e só deixaram o serviço ...... uma hora da manhã. c) Diga ..... elas que estejam daqui .... pouco ...... porta da biblioteca. d) Daqui ...... vinte quilômetros, o viajante encontrará, logo ...... entrada do grande bosque, uma estátua que ..... séculos foi erigida em homenagem .... . deusa da floresta. e) Para muitas ...... qualquer coisa de heróico numa fila: ...... espera, ...... paciência e o que é o mais importante, ..... entrada triunfal em casa sobraçando o tão disputado produto.” f) ” O céu está limpo, não ..... .nenhuma nuvem acima de nós. O avião, entretanto, começa ...... dar saltos , e temos de pôr os cintos para evitar uma cabeçada na poltrona da frente.” g) “...... partir deste momento confio este carro, com todos os seus pertences, ...... distinção dos senhores passageiros.” Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 50 4) Assinale com V as frases corretas e com F as incorretas a) ( ) A assistência às aulas é indispensável b) ( ) Nunca te dirijas à pessoas despreparadas. c) ( ) Não vai a festa nem a igreja: não vai a parte alguma. d) ( ) Usarias um bigode à Salvador Dali? e) ( ) Notícias ruins vêm à jato; as boas, à cavalo. f) ( ) Esta novela nem se compara a que assistimos. g) ( ) Não me referi a essas caixas, mas as que estão na sala. h) ( ) Florianópolis possui muitas praias, as quais visitaremos. i) ( ) Prefiro esta matéria aquela que estudávamos. j) ( ) Obedecerei àquilo que for determinado em lei. k) ( ) O deputado foi a Grécia comprar vinho. l) ( ) O professor foi a Taguatinga comprar pinga. m) ( ) Vocês visitarão a Europa. n) ( ) Gostaria de ir a Curitiba dos pinheirais. o) ( ) Chegou a casa e logo se jogou na cama. p) ( ) Jamais voltou à casa paterna. q) ( ) Irei a casa de meus pais. r) ( ) Os marinheiros foram à terra comprar bebidas. s) ( ) Os marujos desconheciam a terra do capitão. t) ( ) Acabaram chegando à terra dos piratas. u) ( ) Será que aqueles astronautas voltarão a Terra? v) ( ) A polícia observava os manifestantes a distância. w) ( ) Via-se, a distância de cem metros, uma pequena rocha. x) ( ) O diretor fez alusões a sua classe e não a minha. y) ( ) O cônsul enviou várias cartas as suas filhas. CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL Concordância Nominal Regra geral O artigo, o adjetivo, o pronome adjetivo e o numeral adjetivo concordam em gênero e número com o nome a que se referem. Esse nome será o núcleo do termo. Aqueles dois meninos estudiosos leram os livros antigos. sujeito objeto direto _____________________________ _________________ núcleo núcleo Casos especiais 1. Um único adjetivo para mais de um substantivo Quando temos um só adjetivo qualificando mais de um substantivo, podemos distinguir dois casos:  adjetivo vem antes dos substantivos a que se refere. Nesse caso, o adjetivo deverá concordar com o substantivo mais próximo. Tiveste má ideia e pensamento. Tiveste mau pensamento e ideia. Quando funciona como predicativo (do sujeito ou do objeto), o adjetivo anteposto poderá concordar com o substantivo mais próximo (conforme a regra) ou ir para o plural. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 51 Estava calmo o aluno e a aluna. ou Estavam calmos o aluno e a aluna. Se o adjetivo anteposto referir-se, porém, a nomes próprios, o plural será obrigatório. As simpáticas Carolina e Luciana são irmãs.  adjetivo vem depois dos substantivos. Quando o adjetivo vem posposto aos substantivos a que se refere, há duas opções de concordância. O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo: Encontramos um jovem e um homem preocupado. Evidentemente, o adjetivo concordará apenas com o último substantivo se apenas ele estiver sendo qualificado. Comeu peixe e laranja madura. Da janela avistava sol e mar azul. O adjetivo vai para o plural, concordando com todos os substantivos: Encontramos um jovem e um homem preocupados. Quando se opta pela concordância no plural, é preciso levar em conta que o adjetivo deverá ir para o masculino plural se pelo menos um dos substantivos for masculino. Encontramos uma jovem e um homem preocupados. Se o adjetivo posposto aos substantivos funcionar como predicativo, o plural será obrigatório. O aluno e a aluna estão reprovados. 2. Um único substantivo para mais de um adjetivo Quando há um único substantivo determinado por vários adjetivos, encontramos duas construções possíveis: Estudava os idiomas francês, inglês e italiano. Estudava o idioma francês, o inglês e o italiano. Note que, quando se coloca o substantivo no plural, não se usa artigo antes dos adjetivos. Se, no entanto, o substantivo estiver no singular, será obrigatório o uso do artigo a partir do segundo adjetivo. 3. As expressões é bom/ é necessário / é proibido. As expressões formadas do verbo ser mais um adjetivo (é bom, é necessário, é proibido, etc. ) não variam. Aspirina é bom para dor de cabeça. É necessário paciência. Bebida alcoólica é proibido para menores de 18 anos. Entretanto, se o sujeito vier antecedido de artigo ou palavra equivalente, a concordância será obrigatória. A aspirina é boa para dor de cabeça. É necessária muita paciência. A bebida alcoólica é proibida para menores de dezoito anos. Verifique este exemplo clássico: É proibido entrada de estranhos. ou É proibida a entrada de estranhos. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 52 4. As palavras anexo / incluso Anexo e incluso são palavras adjetivas; devem, portanto, concordar com o nome a que se referem. Segue anexo o livro. Seguem anexos os livros. Segue anexa a fotografia. Seguem anexas as fotografias. Vai incluso o documento. Vão inclusos os documentos. Vai inclusa a procuração. Vão inclusas as procurações. A expressão em anexo fica invariável. Segue em anexo a fotografia. Seguem em anexo as fotografias. Observação: Seguem também esta regra as seguintes palavras: mesmo, próprio, obrigado, agradecido, grato, apenso, quite, leso. Ele mesmo falou: obrigado. Ela mesma falou: obrigada. Ele próprio disse: agradecido. Eles próprios resolveram as mesmas questões. O menino ficou grato. A menina ficou grata. Os meninos ficaram gratos. As meninas ficaram gratas. O documento está apenso aos autos. A duplicata está apensa aos autos. O aluno está quite com o serviço militar. Os alunos estão quites com o serviço militar. Cometeram crime de leso-patriotismo. Cometeram crime de lesa-soberania. 5. Menos / alerta / pseudo As palavras menos e alerta e o prefixo pseudo são sempre invariáveis. Havia menos alunos na sala. Havia menos alunas na sala. O rapaz ficou alerta. Os rapazes ficaram alerta. Era um pseudo professor. Era uma pseudo professora. 6. A palavra bastante A palavra bastante pode funcionar como adjetivo ou como advérbio. Como adjetivo, estará ligada a um substantivo e concordará normalmente com ele. Bastantes pessoas compareceram à reunião. Havia bastantes razões para ele comparecer. As provisões foram bastantes para as férias. Como advérbio, estará ligada a um verbo, adjetivo ou advérbio e nunca variará. Elas falam bastante. Elas são bastante simpáticas. Elas chegaram bastante cedo. É muito fácil verificar se a palavra bastante deve ou não ser flexionada: basta substituí-la na frase por muito. Quando se flexiona a palavra muito, bastante também deve ser flexionada. Encontraram bastantes ( = muitos) motivos para justificar a falta. Na prova havia bastantes ( = muitas ) questões de concordância. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 53 Observação: Seguem também a mesma regra as seguintes palavras: meio, muito, pouco, caro, barato, longe. Como adjetivo ou pronome adjetivo Tomou meio litro de vinho. Tomou meia garrafa de cerveja. É meio-dia e meia (hora). Muitos alunos compareceram à formatura. Poucas pessoas assistiram ao jogo. Os sapatos eram caros. A mercadoria é barata. Andei longes caminhos e longes terras. Como advérbio Ela é meio louca. A porta estava meio aberta. Ela anda meio aborrecida. Os alunos estudaram muito. Elas gastaram pouco. Aqueles sapatos custaram caro. Aquelas mercadorias custaram barato. Eles moram longe. 7. A palavra só A palavra só, quando é um adjetivo ( equivalendo a sozinho), concorda normalmente com o nome a que se refere. Ela ficou só. Elas ficaram sós. Quando é um advérbio (equivalendo a somente), naturalmente não será variável. Depois da batalha só restaram cinzas. Os artistas só esperam ter seu talento reconhecido. A locução adverbial a sós é invariável. Gostaria de ficar a sós com você. Eles precisam conversar a sós. 8. A palavra possível A palavra possível, quando acompanha expressões superlativas tais como o mais, a menos, o melhor, a pior, os maiores, as menores, varia conforme o artigo quer integra essas expressões. Quero um carro o mais barato possível. Comprou alimentos o menos caros possível. Recebemos a melhor notícia possível. Vestia roupas as mais modernas possíveis. Dirigiu-lhes os maiores elogios possíveis. As previsões eram as piores possíveis. A expressão quanto possível é invariável. Proporcionou-lhes conforto quanto possível. Obteve informações quanto possível. 9. Pronomes de tratamento Os pronomes de tratamento concordam sempre em terceira pessoa. Vossa Excelência não precisa incomodar-se com seus problemas. Vossa Alteza conhece muito bem os seus inimigos. O adjetivo referente a um pronome de tratamento concordará com o gênero da pessoa representada por esse pronome. Vossa Majestade está preocupado. (o rei) Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 54 Vossa Majestade está preocupada. (a rainha) 10. Substantivo com valor de adjetivo Um substantivo empregado como adjetivo (derivação imprópria) não varia. mulher monstro, mulheres monstro. blusa vinho, blusas vinho 11. Particípios Os particípios concordam normalmente com o substantivo a que se referem. Iniciado o trabalho, todos saíram. Iniciada a aula, o professor fez a chamada. Iniciados os trabalhos, todos saíram. Iniciadas as aulas, os professores fizeram a chamada. O material foi comprado pelo pedreiro. Os materiais foram comprados pelo pedreiro. A aula foi iniciada pelo professor. As aulas foram iniciadas pelo professor. Quando integra um tempo composto conjugado na voz ativa, o particípio permanece invariável. O professor tinha iniciado a aula. A professora tinha iniciado a aula. Os professores tinham iniciado a aula. As professoras tinham iniciado a aula. Concordância ideológica Muitas vezes a concordância não é feita com a forma gramatical das palavras, mas com a ideia ou o sentido que está subentendido nelas. A esse tipo de concordância dá-se o nome de concordância ideológica ou silepse. A dinâmica e populosa São Paulo continua sofrendo com as enchentes. ( Silepse de gênero: subentende-se a cidade de São Paulo ) Os brasileiros lamentamos a derrota do esquadrão canarinho. ( Silepse de pessoa: subentende-se nós, os brasileiros). Os sertões conta a Guerra dos Canudos. (Silepse de número: Subentende-se a obra Os Sertões). EXERCÍCIOS Assinale com C os que forem corretos e com E os incorretos 1. ( ) Percorria bosques e montanhas nevados. 2. ( ) Nas noites frias, usávamos meias e casaco grossos. 3. ( ) Víamos, ao longe, os carneiros e o roseiral floridos. 4. ( ) Que assim mereça eterno nome e glória. 5. ( ) Ofereci-lhes perfumados rosas e lírios. 6. ( ) Os alunos mesmo pediram repetição da aula. 7. ( ) Foi necessário termos bastante cuidado na viagem. 8. ( ) Os crimes de lesos-patriotismos não são definidos em lei. 9. ( ) Aos vinte anos, já estava quite de suas obrigações militares. 10. ( ) Admiro-os: são rapazes que se fizeram por si só. 11. ( ) Anexas à carta, seguirão os relatórios. 12. ( ) Conheci escritores, os mais brilhantes possíveis. 13. ( ) Será vedado pesca em todo o litoral brasileiro. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 55 CONCORDÂNCIA VERBAL REGRAS GERAIS 1. Sujeito simples Quando o sujeito é simples, o verbo concorda em número e pessoa com ele. Sujeito verbo Eu cheguei Tu chegaste. O aluno chegou. Os alunos chegaram. 2. Sujeito composto Quando o sujeito é composto, o verbo deve ir para o plural. O técnico e os jogadores chegaram. sujeito composto Chegaram o técnico e os jogadores. sujeito composto Se o sujeito composto vier posposto, porém, o verbo poderá concordar com o núcleo mais próximo (concordância atrativa). Chegou o técnico e os jogadores. “Depois veio a claridade, os grandes céus, a paz dos campos (.. .)” Há também casos em que o sujeito composto, mesmo anteposto, admite o verbo no singular:  quando os núcleos do sujeito são sinônimos ou quase sinônimos: O rancor e o ódio deixou-o perplexo.  quando os núcleos do sujeito vêm dispostos em gradação: Uma indignação, uma raiva profunda, um ódio mortal dominava-o.  quando o sujeito é formado de dois infinitivos: Trabalhar e estudar fazia dele um homem feliz.  Caso os infinitivos exprimam ideias opostas, ocorrerá o plural. Rir e chorar se alternam. 2.1 Sujeito composto resumido por pronome indefinido Quando o sujeito composto vem resumido por palavras como tudo, nada, ninguém, etc.., o verbo concorda obrigatoriamente com a palavra resumitiva. Alunos, mestres, diretores, ninguém faltou. A casa, os móveis, a roupa, tudo estava fora de lugar. 2.2 Sujeito composto formado de pessoas diferentes Quando o sujeito composto é formado de pessoas diferentes e entre elas há primeira pessoa do singular, o verbo vai obrigatoriamente para a primeira pessoa do plural. Eu, tu e ele resolvemos o exercício. O professor, tu e eu saímos apressados. No caso de o sujeito composto ser formado de segunda e terceira pessoas do singular, o verbo poderá ir para a segunda ou para a terceira pessoa do plural. Tu e teu colega chegastes cedo. Tu e teu colega chegaram cedo. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 56 CASOS ESPECIAIS 1. Núcleos do sujeito ligados por ou Quando os núcleos do sujeito vêm ligados pela conjunção ou, podemos distinguir dois casos:  se a conjunção ou tiver valor excludente, o verbo ficará no singular. China ou Japão será a sede das próximas Olimpíadas.  se a conjunção ou não tiver valor excludente, o verbo irá para o plural. China ou Japão são excelentes locais para as próximas Olimpíadas. 2. Um ou outro/Nem um nem outro As expressões um ou outro e nem um nem outro exigem verbo no singular. Um ou outro jogador marcará o gol. Nem um nem outro aluno fez o exercício. 3. Um e outro Já na expressão um e outro, o verbo pode ir para o plural (construção preferível) ou ficar no singular. Um e outro ambiente incomodam-me (ou incomoda-me). 4. Um dos que Há dupla sintaxe: com o verbo no singular, construção talvez mais lógica; ou, atendendo-se de preferência à eufonia, com o verbo no plural. “Esta cidade foi uma das que mais se corrompeu da heresia.” “Uma das coisas que muito agradou sempre a deus em seus servos foi a peregrinação...” “O reitor foi um dos que mais se importou com a preocupação do homem.” “Patrocínio foi um dos brasileiros que mais trabalharam em prol da Abolição.” 5. Mais de um Fica no singular o verbo, concordando com o substantivo que acompanha a expressão. “Mais de um jornal fez alusão nominal ao Brasil.” “Mais de um réu obteve a liberdade.” Obs.: se a expressão mais de um estiver repetida, ou se for intenção do escritor inculcar ideia de reciprocidade, é ao plural que recorrem bons autores. “Mais de um oficial, mais de um general, foram mortos nesta batalha.” “Mais de um político de princípios adversos deram-se as mãos naquela crise medonha do país.” 6. Sujeitos resumidos Quando a vários sujeitos se seguir uma das palavras de síntese – tudo, nada, algo, alguém, ninguém, etc. – fica o verbo no singular, mesmo que entre os sujeitos haja algum ou alguns no plural. As cidades, os campos, os vales, os montes, tudo era mar. Comandantes, oficiais, soldados, ninguém escapou com vida naquele dia lutuoso. 7. Expressões de sentido quantitativo acompanhadas de complemento no plural Se a um nome ou pronomes no plural antepomos uma expressão quantitativa como grande número de, grande quantidade de, parte de, grande parte de, a maior parte de, e equivalentes, o verbo fica no singular ou no plural. A maioria dos condenados acabou nas plagas africanas. A maior parte de suas companheiras eram felizes Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 57 Obs.: quando a ação do verbo só pode ser atribuída à totalidade e não separadamente aos indivíduos, é óbvio que se deve preferir o singular. Um troço de soldados enchia o primeiro pavimento do edifício. 8. Tanto... como, assim... como, não só... mas também, etc. Se o sujeito é construído com a presença de uma fórmula correlativa, deve preferir-se o verbo no plural. Não só a nação, mas também o príncipe estariam pobres. Mas pode-se também usar o singular: Tanto uma, como a outra, suplicava-lhe que esperasse até passar a correnteza. 9. Cerca de, perto de, mais de, menos de Postas antes de um número no plural para indicar quantidade aproximada, estas expressões requerem a concordância no plural, exceto com o verbo ser, em que há vacilação. Mais de sete séculos são passados depois que tu, ó Cristo, vieste visitar a terra. 10. Núcleos do sujeito ligados por com O mais frequente é usar-se o verbo no plural, visto que ambos os sujeitos podem considerar-se como enlaçados por e. Eu com outros amigos consertamos a cerca. Porém, emprega-se (mas raramente) o verbo no singular quando o segundo sujeito é posto em plano tão inferior, que se degrada à simples condição de um complemento adverbial de companhia. Por este meio – mais pertencente à linguagem afetiva – dá-se relevo especial ao primeiro sujeito. A viúva, com os dois filhos, está conseguindo arrombar o cofre. 11. Números percentuais e fracionários exigem a concordância normal Trinta por cento da cidade estão inundados. Um terço da cidade está inundado, dois terços estão sob as águas. Os percentuais também admitem a concordância irregular ou figurada, isto é, a concordância com o nome que se lhes segue. Trinta por cento da cidade está inundada. Sessenta por cento das mulheres ficaram feridas. Se o número percentual vem determinado por artigo ou por pronome adjetivo, faz-se com eles a concordância. Os 30% da população serão exportados. Esses 2% do lucro já me bastam. 12. Sujeito coletivo Quando o sujeito é um coletivo, o verbo fica no singular. A multidão aplaudiu com entusiasmo a linda jogada. sujeito verbo Se o coletivo vier especificado, o verbo pode ficar no singular (conforme a regra) ou ir para o plural. A multidão de fanáticos torcedores aplaudiu (ou aplaudiram) a linda jogada. Isso se aplica também aos coletivos partitivos. A maioria dos torcedores aplaudiu (ou aplaudiram) a jogada. sujeito verbo Grande parte dos torcedores aplaudiu ( ou aplaudiram ) a jogada. sujeito verbo 13. Sujeito é substantivo que só se usa no plural Quando o sujeito é um substantivo que só se usa no plural e não vem precedido de artigo, o verbo fica no singular. Caso venha antecipado de artigo, o verbo concorda com ele ( o artigo). Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 58 Alagoas possui lindas praias. ou As Alagoas possuem lindas praias. Férias faz bem. ou As férias fazem bem. Pêsames não traz conforto. ou Os pêsames não trazem conforto. Os Estados Unidos enviaram poderoso reforço. O Amazonas fica longe. 14. Sujeito é pronome de tratamento Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo fica sempre na terceira pessoa. Vossa Alteza sabe o lugar. Vossas Altezas sabem o lugar. Vossa Excelência pediu calma. Vossas Excelências pediram calma. 15. Sujeito é o pronome relativo que Quando o sujeito é o pronome relativo que, o verbo concorda com o antecedente do pronome relativo. Fui eu que falei. Foste tu que falaste. antecedente sujeito verbo 16. Sujeito é o pronome relativo quem Quando o sujeito é o pronome relativo quem, o verbo deve ficar na terceira pessoa do singular, concordando com ele. Fui eu quem falou. Foste tu quem falou. São, porém, frequentes os exemplos em que o verbo concorda com o antecedente do pronome relativo quem. Fui eu quem falei. Fomos nós quem falamos antecedente sujeito verbo 17. Sujeito é formado das expressões mais de um/mais de dois Quando o sujeito é formado pela expressão mais de um, mais de dois, etc..., o verbo concorda com o numeral empregado na expressão. Mais de um aluno faltou. Mais de dois alunos faltaram. 18. Sujeito é formado das expressões alguns de nós/poucos de nós Quando o sujeito é formado de um pronome indefinido no plural – alguns, poucos, muitos, quantos, quais, etc. – seguido dos pronomes pessoais nós ou vós, o verbo concordará com o indefinido plural ou com o pronome pessoal. Alguns de nós resolveram (ou resolvemos) os problemas. Quais de vós receberam (ou recebestes) o prêmio? Muitos dentre nós saíram (ou saímos). É importante notar que, quando o pronome indefinido está no singular, o verbo obrigatoriamente fica no singular, concordando com ele. Algum de nós resolveu o problema. “Qual de nós dois inventou o outro” Qual de vós saiu ? 19. Sujeito oracional Quando o sujeito é uma oração subordinada, o verbo deve ficar na terceira pessoa do singular. Ainda falta resolver vários exercícios. verbo suj. oracional Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 59 20. Verbo com índice de indeterminação do sujeito Quando vem acompanhado pelo índice de indeterminação do sujeito se, o verbo fica obrigatoriamente no singular. Precisa-se de digitadores. Acredita-s em marcianos. Trabalha-se em lugares poluídos. (Observe que, quando funciona como índice de indeterminação do sujeito, a partícula se sempre está ligada a um verbo que não é transitivo direto (transitivo indireto, de ligação, intransitivo). 21. Verbo com partícula apassivadora Quando vem acompanhado pela partícula apassivadora se, o verbo concorda normalmente com o sujeito expresso na oração. Vende-se uma casa na praia. Vendem-se casas na praia. Consertam-se sapatos. Plastificam-se documentos. Observe que, como partícula apassivadora, a palavra se está sempre ligada a um verbo transitivo direto. 22. Verbos dar, bater e soar na indicação de horas Na indicação de horas, os verbos dar, bater e soar concordam normalmente com o sujeito. O relógio deu duas horas. sujeito verbo Os sinos da igreja bateram uma hora. sujeito verbo A mesma regra deve ser seguida quando não está expresso na frase quem deu as horas. Nesse caso, o sujeito passa a ser as horas dadas. Deu uma hora no relógio da igreja. Deram duas horas no relógio da igreja. verbo sujeito 23. Verbos impessoais haver e fazer Os verbos haver, nos sentidos de existir e de tempo decorrido, e fazer, no sentido de tempo decorrido, são impessoais. Devem, portanto, ficar na terceira pessoa do singular. Quando um verbo auxiliar se juntar a eles, esses verbos também ficarão no singular. Havia sérios compromissos. Fazia dez anos que ele não vinha a São Paulo. Deve haver sérios compromissos. Vai fazer dez anos que ele não vem a São Paulo. O verbo existir também é impessoal ? Não; portanto, existir concorda normalmente com o sujeito expresso na oração. Existem sérios compromissos. Devem existir sérios compromissos. E o verbo, ter ? Também não. Considera-se errado o emprego do verbo ter como impessoal. Assim, não se diz: Tinha vários alunos na sala de aula. A forma correta é : Havia vários alunos na sala de aula. 24. Haja vista Com expressão haja vista há três construções possíveis: Haja vista os problemas. Haja vista aos problemas. Hajam vista os problemas. Observe que o substantivo vista fica sempre no feminino, como nas expressões ponto de vista, tenham em vista. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 60 25. Verbo parecer + infinitivo Com o verbo parecer seguido de um infinitivo, flexiona-se ou este verbo ou o infinitivo. Os alunos pareciam chegar. Os alunos parecia chegarem. 26. Flexão do infinitivo Como se trata de uma das questões mais polêmicas e controvertidas da língua portuguesa, é impossível formular normas inflexíveis para a distinção entre o infinitivo pessoal (flexionado) e o impessoal (não flexionado). As regras abaixo expressam, de forma geral, o consenso de boa parte dos gramáticos, tanto “tradicionais” quanto “modernos”, a respeito do assunto. Flexionado Flexiona-se o infinitivo quando o seu sujeito e o do verbo principal são diferentes: Acreditamos todos (nós) serem os candidatos (eles) muito bons. Peço-lhes (eu) o favor de não chegarem (vocês) atrasados. Convém saírem vocês primeiro. O chefe julgava estarem seus empregados superados. Se o sujeito for o mesmo, o infinitivo não será flexionado: Temos (nós) o prazer de lhe participar (nós) ... Exceção Com os verbos deixar, fazer, mandar, ver, ouvir e sentir o infinitivo fica no singular, mesmo que haja mais de um sujeito na frase: Deixai vir a mim as criancinhas. Mandei-os começar o serviço. Senti-os exalar o último suspiro. Faça-as sair depressa. Vi tantos homens perder o juízo. Ouviu os mestres explicar a questão. Regra complementar Se você tiver dúvidas na aplicação da regra básica, apele para esta outra (no fundamental as duas coincidem): o infinitivo é flexionado quando pode ser substituído por um tempo finito (indicativo ou subjuntivo, em geral): É preciso saírem logo (saírem = que saiam). O coronel intimou-os a se renderem (a que se rendessem) É tempo de partires (de que partas). Não compete a vocês queixarem-se de nós (que se queixem). Convém chegarmos ao fundo da questão (que cheguemos). Outros casos de infinitivo flexionado a) Quando o sujeito é indeterminado: Vi executarem os criminosos. Ouvi cantarem o hino de várias formas. b) Quando o infinitivo é o sujeito: O quereres tudo me surpreende. O morrerem pela pátria é sina de alguns soldados. Não flexionado Infinitivo usado com verbos impessoais ou com outros, pessoais, mas empregados de forma impessoal: Viver é lutar. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 61 É proibido proibir. É possível haver dúvidas. Infinitivo com valor de imperativo: Honrar pai e mãe. Infinitivo em locução verbal: As peças estavam estragadas, devendo ser (e nunca serem) substituídas. Lamentando não poder atendê-lo, desejamos... Costumavam os filhos reunir-se (e não reunirem-se). Com preposição Não se flexiona o infinitivo com preposição que funcione como complemento de substantivo, adjetivo ou do próprio verbo principal: O pai convenceu os filhos a voltar cedo. Continuamos dispostos a comprar a casa. Remédios ruins de tomar. As emissoras conquistaram o direito de transmitir todos os jogos de vôlei. Eram exercícios fáceis de resolver. Não se flexiona o infinitivo com preposição que apareça depois de um verbo na voz passiva: Os jornalistas foram forçados a sair da sala. As pessoas eram obrigadas a esperar em fila. Não se flexiona o infinitivo com preposição que tenha o valor de gerúndio: Os trabalhadores estavam a comer ( = comendo). Estavam a cantar. ( = cantando). Nos demais casos de preposição (ou locução prepositiva) mais infinitivo, é opcional flexionar ou não o infinitivo. Quando ela vier antes do verbo principal, é preferível usar a forma flexionada: Por serem milionários, tudo lhes parecia barato. Para nos mantermos em forma, fazemos ginástica diariamente. Quando colocados depois, prefira a forma não flexionada: Viemos aqui para cumprimentar o ancião. Aceitaram o trabalho sem hesitar. Observações finais Use o bom senso e o ouvido: o ritmo da frase, a eufonia e a clareza em muitos casos se sobrepõe a qualquer regra, neste assunto. Em caso de dúvida, siga este conselho do gramático Napoleão Mendes de Almeida: “Devemos limitar a flexão do infinitivo aos casos de real necessidade de identificação do seu sujeito. Não verificada essa necessidade, deixemos intacto o infinitivo.” 27. Verbo ser Não é fácil sistematizar a concordância do verbo ser, já que, muitas vezes, ele deixa de concordar com o sujeito para concordar com o predicativo. Vejamos, pois, os casos mais comuns. O verbo ser concordará obrigatoriamente com o predicativo quando o sujeito for um dos pronomes interrogativos quem ou que. Que são parônimos ? Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 62 sujeito predicativo Quem foram os artilheiros do campeonato ? sujeito predicativo O verbo ser concordará obrigatoriamente com o predicativo quando indicar tempo, data ou distância. É uma hora. São duas horas. É um quilômetro. São dois quilômetros. É primeiro de maio. São dez de julho. Note que na indicação de tempo ou distância, o verbo ser concorda com o primeiro numeral que aparece. É uma hora e trinta minutos. É bem mais de uma hora. Já são dez para a uma. O verbo ser concordará obrigatoriamente com o predicativo quando este for um pronome pessoal ou nome de pessoa. Os culpados somos nós. As esperanças do time era Isabel. Havendo dois substantivos comuns de números diferentes, o verbo ser concordará, de preferência, com aquele que estiver no plural. Ex. O mundo são estas ilusões. Faz-se, no entanto, a concordância com o sujeito quando se quer dar destaque a esse elemento. “O rebanho é meus pensamentos”. (Fernando Pessoa) Quando o sujeito do verbo ser for o pronome indefinido tudo ou os demonstrativos neutros isto, isso, aquilo, o, a concordância se fará, de preferência, com o predicativo, embora seja admissível concordar com o sujeito. Tudo são flores. Isto são sintomas menos graves. Aquilo eram lembranças de um triste passado. O que nos preocupava eram as atitudes daquele rapaz. Quando aparece nas expressões é muito, é pouco, é suficiente, é bastante, que denotam quantidade, distância, peso, etc., o verbo ser fica sempre no singular. Cem metros é muito. Dois reais é pouco. Dez quilos é suficiente. Concordância do verbo ser com a expressão é que Quando a expressão de realce é que aparece antes do sujeito ou do objeto direto, o verbo ser deve concordar com esses termos: São esses alunos que resolveram aqueles exercícios na última semana. São aqueles exercícios que os alunos resolveram na última semana. Quando, porém, a expressão é que enfatiza qualquer outra função sintática, o verbo ser deve ficar invariável. É em momentos difíceis que se conhecem os verdadeiros amigos. É de jogadores talentosos que o time precisa para ser campeão. Veja ainda que, quando empregamos a expressão é que, normalmente não utilizamos a vírgula que separa a circunstância colocada antes do sujeito. Com muito trabalho, conseguiremos bons resultados. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 63 É com muito trabalho que conseguiremos bons resultados. Essa expressão pode aparecer em vários tempos de acordo com outro(s) verbo(s) da frase. Era naquele lugar que ele passava as férias. Será na África que se realizarão os Jogos Olímpicos. EXERCITANDO 1) Assinale com V o que for correto e com F o incorreto. 1. ( ) À autora e à leitora do romance só interessam a verdade. 2. ( ) Tu e teu colega devereis comparecer ao tribunal. 3. ( ) Não quero que fique contra ela o pai e os amigos. 4. ( ) Aflição, dores, tristezas, nada o fazia abandonar a luta. 5. ( ) A tranquilidade e a calma transmite segurança ao público. 6. ( ) Um grito, um gemido, um sussurro acordava a pobre mãe. 7. ( ) A viúva, com o resto da família, mudaram-se para Santiago. 8. ( ) A riqueza e o poder o livrou do processo. 9. ( ) Alunos ou aluno farão a homenagem. 10. ( ) Ler e escrever provocam entusiasmo na juventude. 11. ( ) O jovem com o adulto têm os mesmos conflitos. 12. ( ) Um e outro vício nega os foros da natureza. 13. ( ) Mais de um atleta completaram o percurso da maratona. 14. ( ) Não serei eu um dos alunos que cruzaremos os braços. 15. ( ) O bando assaltou a joalheria e, depois, fugiram pelas ruas. 16. ( ) Um grande número de pessoas observavam os atores. 17. ( ) Os dez por cento da comissão desapareceu. 18. ( ) Quantos de nós será aprovado nesse concurso? 19. ( ) Os Lusíadas imortalizaram Camões. 20. ( ) Não mais viajaremos, haja visto os problemas. 21. ( ) Já não se fazem planos mirabolantes. 22. ( ) Fala-se de festas em que se assistem a filmes instrutivos. 23. ( ) A partir de agora, sou eu quem passa a transmitir o jogo. 24. ( ) Com certeza ainda faltam discutir todas as questões. 25. ( ) Faz muitos anos que não chovem flores em minha vida, mas houve casos de chover tomates. Basta de problemas. 26. ( ) São seis e meia da tarde e hoje é seis de março. 27. ( ) Cem mil reais é menos do que preciso. 2) Assinale a alternativa com erro. a) Já se ouviam os primeiros cantos dos pássaros. b) Na torre da igreja, bateram, agora mesmo, duas horas. c) No meu registro, ainda faltam algumas notas. d) Não se vê mais pessoas como aquelas por aqui. 3) Assinale a frase incorreta: a) Realizam-se várias inspeções naquela área. b) Pode haver, no máximo, dez pessoas no auditório. c) Vai fazer dois dias que está chovendo em Brasília. d) O regulamento diz que não pode haver rasuras no documento. 4) Qual das opções está incorreta? a) Vêem-se, ao longe, inúmeros alunos. b) Ocorreram, simultaneamente, várias explosões. c) Só veio eu e meus irmãos. d) Ainda não se fizeram os preparativos da festa. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 64 5) A frase que apresenta erro é: a) Já faz vinte dias que ele partiu para a América. b) Ele é um dos que veio confortar-se na desgraça. c) Quando bate cinco horas na torre, já não se ouve mais as preces das beatas. d) Deve haver poucos alunos bons. 6) Apenas uma das construções não está correta. Assinale - a. a) Mais de um jornal revelou a verdade sobre o crime. b) Haja vista os fatos, comprova-se a teoria. c) Qual dentre vós será capaz de tal gesto? d) Não creio que deva existir muitas pessoas interessantes ali. 7) Marque a opção incorreta: a) Deve fazer dois dias que a estrada está interditada. b) Sem educação não pode haver cidadãos conscientes. c) Há de existir profissionais capazes para o trabalho. d) Não deve haver vagas para todos os inscritos. 8) A concordância verbal está CORRETA em: a) A investidura em cargos ou empregos públicos dependem de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos. b) A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-á por lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal. c) Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17. d) A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerão aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 9) A concordância nominal está CORRETA em: a) Os Deputados e Senadores são invioláveis, civis e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. b) É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria com a remuneração de cargo, emprego ou função pública. c) É assegurado ao partido político a autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais. d) Extinto o cargo ou declarado a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo. 10) A concordância verbal está CORRETA em: a) Os dias se passam e com eles crescem o fluxo informacional nas empresas e no mercado. b) Uma das mulheres que entraram no campo conseguiram abraçar o jogador Ronaldinho Gaúcho. c) No que se refere a esses armamentos, o fato de serem leves e de fácil manuseio os torna atraentes para os principiantes. d) Um dos papéis da escola é formar cidadãos críticos, capazes de acompanhar as transformações sociais e de digerir a realidade que os cercam. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 65 SINAIS DE PONTUAÇÃO CURIOSIDADES (Deonísio da Silva) EXCLAMAÇÃO: Do latim exclamatione, declinação de exclamatio, ação de elevar a voz, gritar, fazer ruído para chamar a atenção. Em latim, chamar é clamare. O ponto de exclamação, surgido na escrita por volta do século XVI, para indicar dor, admiração ou alegria no final das frases, tem a forma atual devido à interjeição latina “io”, que exprime tais significados. Na sequência, o “i”, maiúsculo, passou a ser escrito em cima do “o” minúsculo. Com o tempo, esse “o” transformou-se num ponto, que posto sob o “i” passou a indicar exclamação INTERROGAÇÃO: Do latim interrogatione, declinação de interrogatio, ação de perguntar, pedir, solicitar, dirigir-se a alguém. A raiz rog está presente no verbo rogar, que tem também o sentido de rezar, presente na Ave-Maria. “Rogai por nós, agora e na hora de nossa morte.” Na expressão “a rogo”, indica pedido ou substituição, como é o caso das assinaturas de analfabetos em documentos públicos, feitas por outras pessoas, modalidade frequente nos cartórios. O ponto de interrogação surgiu no século XVI, na Inglaterra. O sinal foi baseado na palavra latina quaestio, questão, pergunta, cuja letra inicial , “q”, posta sobre a última, o “o” minúsculo, indicava que a frase não afirmava, mas questionava. Nas escritas antigas, como a egípcia e a hebraica, não havia ponto nenhum. Quem lia os textos pela primeira vez eram os próprios autores. Eles o faziam em voz alta, fazendo as marcações na fala, sem que houvesse os respectivos sinais de pausa, interrogação ou ênfase na escrita. Vários textos já eram conhecidos da comunidade à qual se destinavam, como é no caso dos relatos bíblicos, antes de serem escritos. Um bibliotecário de Alexandria fixou sinais gráficos nos textos, definindo um ritmo para a leitura, por volta do ano 200 aC. EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO Leia o texto Eu não o conheci Meu filho foi embora e eu não o conheci. Acostumei-me com ele em casa e me esqueci de conhecê-lo. Agora que sua ausência me pesa, é que vejo como era necessário tê-lo conhecido. Lembro-me dele. Lembro-me bem em poucas ocasiões. Um dia, na sala, ele me puxou a barra do paletó e me fez examinar seu pequeno machucado. Foi um exame rápido. Uma outra vez me pediu que lhe consertasse um brinquedo velho. Eu estava com pressa e não consertei, mas lhe comprei um brinquedo novo. Na noite seguinte, quando entrei em casa, ele estava deitado no tapete, dormindo e abraçado ao brinquedo velho: o novo estava a um canto. Eu tinha um filho e agora não o tenho mais porque ele foi embora. E este filho, uma noite me chamou e disse: fica comigo, só um pouquinho, pai! Eu não podia; mas a babá ficou com ele. Sou um homem muito ocupado. Mas meu filho foi embora. Foi embora e eu não o conheci. Ao ler este texto em voz alta você utilizou recursos como a entonação, o jogo de elevação e descida de voz, o prolongamento do silêncio, as pausas etc. Além disso, poderia se valer de gestos, de mímica, enfim, de recursos que auxiliassem a tradução do pensamento e das emoções expressas no texto. Todos esses recursos (entonação, jogo de silêncio, pausas) são exclusivos da língua falada. A língua escrita não possui esses recursos e, por isso, tenta suprir tais deficiências através dos sinais de pontuação para indicar: a) a intensidade b) a entonação c) as pausas Sinais que indicam a intensidade: agudo, grave e circunflexo Sinais que indicam entonação e pausas , . ; : ? ! ... “ “ - ( ) Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 66 Vírgula Emprega-se a vírgula 1. a) em caso de aposto: Giuseppe Garibaldi, o herói de duas pátrias, lutou pela liberdade. b) em caso de vocativo: “Um minutinho, estrangeiro, que teu café já vem cheirando...” c) em caso de enumeração: Os homens, os animais, os vegetais fazem parte do ecossistema. d) em datas: Belo Horizonte, 22 de julho de 1957. e) Com certas palavras e/ou expressões explicativas, conclusivas, retificativas ou enfáticas, tais como: pois, porém, isto é, a saber, assim, bem, com efeito, sim, não, ou melhor, digo, por exemplo, etc.: Com efeito, valeu a pena o nosso esforço. Todos viram o filme, ou melhor, a maioria. f) em caso de supressão do verbo (zeugma): Excelente jogador, aquele ponta-direita. (A vírgula está no lugar do verbo ser.) Pedro lê contos; Luciana, romances. (A vírgula está no lugar do verbo ler.) g) com adjuntos adverbiais, especialmente quando deslocados de sua posição normal: O caboclo enrolava seu cigarro no banquinho de três pés. (posição normal) No banquinho de três pés, o caboclo enrolava seu cigarro. (deslocado) Nota: No caso de o adjunto adverbial ser curto, ainda que deslocado, não precisa ser isolado por vírgula, a não ser que haja uma sequência de advérbios. Observe pelos exemplos: O chefe voltou hoje. Hoje o chefe voltou. Hoje, agorinha mesmo, inesperadamente, o chefe voltou. h) em caso de um adjunto adverbial modificando uma oração inteira: Lamentavelmente, ele não vai a Barcelona. i) em caso de complemento repetido (pleonasmo): Aos jovens, devemos-lhes falar a verdade. A mentira, sempre a detestei. Devotei-te, a ti, a máxima estima. j) entre o nome da rua e o número do imóvel: Rua 24 de Outubro, 7023. l) antes da abreviação etc.: O juiz mostrou-se calmo, amável, educado, etc. m) em caso de transposição de elementos: Contente e vitorioso, entrou o chefe da equipe. n) em caso de gradação: Aqui, canta-se; ali, dança-se; acolá, bebe-se. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 67 Sem a vírgula, o pronome oblíquo se teria que vir anteposto, atraído pelos adjuntos adverbiais aqui, ali, acolá. Assim: aqui se canta, ali se dança, acolá se bebe. 2. Nos seguintes casos, não se usa vírgula: a) entre o verbo e o seu complemento (objeto direto ou indireto), tanto na ordem direta como na inversa: Ofereci um livro ao amigo. Ao amigo ofereci um livro. Um livro ofereci ao amigo. b) entre o verbo e o seu sujeito, por mais extenso que seja: A enxurrada provocou deslizamentos. A oferta internacional de produtos primários diminui. c) entre o nome e seu complemento ou adjunto: Todos temos necessidade de auxílio mútuo. d) entre o aposto especificativo e a palavra fundamental, se ele for colocado antes: O orador romano Cícero era senador O imperador do Brasil D. Pedro I proclamou a Independência. e) entre o verbo e o último termo de um sujeito composto: A terra, o céu, o mar são obras de Deus. 3. Emprego da vírgula entre orações a) Para separar orações coordenadas assindéticas: “Vai, vem, corre, galopa, atravessa as ruas...” b) Para separar orações coordenadas sindéticas, exceto as iniciadas pela conjunção e: Todos leram o livro, mas poucos gostaram. A palestra foi interessante, porém tudo foi ilustrado. Estudas, trabalhas e ainda praticas esportes. Observação As orações coordenadas sindéticas, introduzidas pela conjunção e, são também isoladas por vírgula quando:  têm sujeitos diferentes: Ele terminou a tarefa, e nós partimos.  a conjunção e é repetida por motivos estilísticos e enfáticos: “Clamo, e reclamo, e fico.” “Antônio entrou, e reclamou, e desculpou-se, e depois conversou calmamente, e ficou para jantar.”  a oração tem valor adversativo: Tinha tudo na vida, e faltava-lhe a saúde. c) Abaixem as velas, gritava o corsário, que a tempestade vem forte! d) Para separar as partes de provérbios: Papagaio come milho, periquito leva a fama. A razão é dos homens, mas a justiça é de Deus. e) Para separar orações subordinadas adverbiais: Se venta um pouco o minuano, logo o clima esfria. Começavam a brigar, mal se viam. f) Para separar orações subordinadas adjetivas explicativas: A neve, que é branca, cobriu as árvores. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 68 g) Para separar orações aditivas negativas, iniciadas pela conjunção nem. O louco não entrava, nem saía, nem se levantava, nem se calava. h) Para separar orações subordinadas reduzidas de infinitivo, particípio e gerúndio. Ao entrar a candidata, todos se levantaram. Acabado o concurso, houve premiação. A Comissão encerrou a tarefa, distribuindo presentes. Ponto-e-vírgula Representa uma pausa mais forte que a vírgula e é empregado: a) num trecho longo, onde já existem vírgulas, para enunciar pausa mais forte: Os indignados réus mostravam suas razões para as autoridades de forma firme; alguns, no entanto, por receio de punições, escondiam detalhes aos policiais. b) para separar as adversativas em que se quer ressaltar o contraste: Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte, porém, para ver a alma. c) na redação oficial para separar os diversos itens de um considerando, lei ou outro documento. Considerando: a) a alta taxa de desemprego no país; b) a excessiva inflação; c) a recessão econômica; Dois-pontos Os dois-pontos marcam uma sensível suspensão da melodia de uma frase para introduzir algo bastante importante. Utilizam-se os dois-pontos para: a) dar início à fala ou citação textual. “ A porta abriu-se, um brado ressoou: – Até que enfim, meu rapaz!” b) dar início a uma sequência que explica, esclarece, identifica, desenvolve ou discrimina uma ideia anterior. Descobri a grande razão da minha vida: você. Já lhe dei tudo: amor, carinho, compreensão, apoio. Tivemos uma ótima ideia: abandonar a sala. O resultado não se fez esperar: fomos chamados à diretoria. Ponto-de-interrogação. Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogativa: Esqueceu alguma coisa? perguntou Laura. A interrogação indireta não sendo enunciada em entonação especial, dispensa ponto de interrogação. Você não veio por quê. Ponto-de-exclamação Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclamativa: Que gentil estava a espanhola! Há escritores que denotam a gradação da surpresa por meio da narração com o aumento progressivo do ponto de exclamação ou de interrogação: Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 69 “E será assim até que um senhor Darwin surja e prove a verdadeira origem do Homo sapiens... – ?! – Sim . Eles nomear-se-ão Homo sapiens do teu sorriso, Gabriel, e ter-se-ão como feitos por mim de um barro especial e à minha imagem e semelhança.” Reticências Denotam interrupção do pensamento (ou porque se quer deixar suspenso, ou porque os fatos se dão com breve espaço de tempo intervalar ou porque o nosso interlocutor nos toma a palavra) ou hesitação em enunciá-lo: Moro na rua ... Não quero saber onde mora, atalhou Quincas Borba. Obs.: Em uma citação as reticências podem ser colocadas no início, no meio ou fim, para indicar supressão. Quando há supressão de um trecho de certa extensão, costuma-se usar uma linha pontilhada. Depois de um ponto de interrogação ou exclamação podem aparecer reticências. Travessão No diálogo, indica a fala de cada personagem ou a mudança de interlocutor. Outras vezes, é usado para realçar palavras ou expressões no meio do discurso: – Torce para que time? – Para o Clube Atlético Mineiro – o melhor de todos. Acrescente que o travessão pode substituir os parênteses para assinalar uma expressão intercalada: (...) e eu falava-lhe de mil coisas diferentes – do último baile, da decisão das câmaras, berlindas e cavalos, de tudo – menos dos seus versos ou prosas. Ponto-final O ponto simples final - dos sinais o que denota maior pausa - serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo de oração que não seja a interrogativa direta ou exclamativa. EXERCÍCIOS GERAIS 1) Pontue convenientemente: a) Um cientista moderno chegou à conclusão de que a vida na Terra existe por um triz pois se a Terra estivesse um pouquinho mais próxima do Sol teríamos tido em vez de um planeta capaz de entreter a vida outro completamente deserto como Vênus ou Marte b) A ideia de que a violência provém da má índole dos indivíduos que a praticam é bastante generalizada ouvem-se com bastante frequência grupos de cidadãos que exigem maior eficiência da polícia e até mesmo a intervenção do Exército como forma de garantir a segurança dos indivíduos e seu patrimônio mais raras são as vozes que se levantam para denunciar uma sociedade hipócrita em que aqueles que posam como pais de famílias exemplares se transformam em exterminadores sem escrúpulos assim que seguram o volante de um automóvel saliente-se que nesse caso a culpa é atribuída à neurose do trânsito das grandes cidades e não à má índole individual dos que a praticam Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 70 O ACORDO ORTOGRÁFICO "A Pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo." Olavo Bilac O mundo globalizado nos leva a comunicar cada vez mais rápido, porém com clareza e concisão. O texto escrito é a imagem de nossa instituição e, às vezes, um deslize ortográfico pode causar uma situação constrangedora. Como deve ser de seu conhecimento, desde 1º de janeiro, o Brasil adotou a nova ortografia, constante do Acordo Ortográfico que visa a unificar a forma como o português é escrito nos oito países em que é língua oficial: Brasil, Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique e Timor Leste. O português é falado por 230 milhões de pessoas: é a 6ª língua mais falada no mundo e, no Ocidente, é a 3ª. Assim, visando a sua atualização, estamos oferecendo-lhe informações que lhe propiciarão maior segurança ao grafar as palavras que sofreram tais modificações. O QUE MUDA Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 71 Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 72 Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 73 Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 74 Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 75 Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 76 Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 77 Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 78 Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 79 Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 80 Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 81 9 - Todos os termos compostos estão corretamente grafados na opção: a) ultraconfiança – paraquedas – reestruturar – sub-bibliotecário – super-homem; b) hiperativo – rerratificar – subsecretário – semi-hipnotizado – manda-chuva; c) interregional – macroeconmia – pontapé – ressintetizar – sub-horizontal; d) superagasalhar – arquimilionário – interestadual – passa-tempo – sub-rogar; e) paraquedístico – panamericano – mini-herói – neo-hebraico – sem-teto. 10 - Deveriam ter sido acentuadas as palavras alistadas na opção: a) azaleia – estreia – colmeia – geleia – pigmeia; b) benzoico – dicroico – heroico – Troia – urbanoide; c) chapeu – coroneis – heroi – ilheu – lençois; d) alcaloide – reumatoide – tabloide – tifoide – tipoia; e) apneia – farmacopeia – odisseia – pauliceia – traqueia. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 82 11 - O hífen foi indevidamente empregado em: a) capim-açu; b) anajá-mirim; c) abaré-guaçu; d) tamanduá-açu; e) trabalhador-mirim. 12 - Assinale a sequência integralmente correta: a) sino-japonês – sinorrusso; b) hispano-árabe – hispano-marroquino; c) teutoamericano – teutodescendente; d) anglo-brasileiro – anglo-descendente; e) angloamericano – anglofalante. 13 - Marque a opção em que uma das formas verbais está incorreta: a) averíguo – averiguo; b) averíguas – averiguas; c) averígua – averigua; d) averíguamos – averiguamos; e) averíguam – averiguam. 14 - Marque a opção em que ambos os termos estão incorretamente grafados: a) coabitar – coerdeiro; b) coexistência – coindicado; c) cofundador – codominar; d) co-ordenar – co-obrigar; e) corresponsável – cossignatário. 15 - Paramédico é grafado sem hífen, da mesma forma que: a) parabactéria; b) parabrisa; c) parachoque; d) paralama; e) paravento. 16 - Para-raios é grafado com hífen, da mesma forma que: a) para-biologia; b) para-psicologia; c) para-linguagem; d) para-normal; e) para-chuva. 17 - Uma das palavras está grafada de forma incorreta na opção: a) pró-ativo – proativo; b) pró-ótico – proótico; c) pré-eleição – preeleição; d) pré-demarcar – predemarcar; e) pré-eleito – preeleito. 18 - Identifique a alternativa em que há erro de ortografia: a) predelinear; b) predestinar; c) pré-questionar; d) preexistência; e) proembrionário. 19 - As formas verbais a seguir estão corretamente grafadas, exceto: a) arguiamos; b) arguiríamos; c) arguíssemos; d) arguímos; e) arguirmos. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 83 20 - Assinale a opção em que há erro de ortografia: a) arco e flecha; b) arco de triunfo; c) arco de flores; d) arco da chuva; e) arco da velha. 21 - Considerando o quadro abaixo, que contém adjetivos pátrios compostos, marque a alternativa correta: 1 austro-húngaro 2 greco-romano 3 fino-brasileiro 4 nipo-americano 5 ítalo-germânico a) estão corretamente grafados todos os termos compostos; b) está incorretamente grafado o termo composto da opção 4; c) está incorretamente grafado o termo composto da opção 2; d) está incorretamente grafado o termo composto da opção 1; e) está incorretamente grafado o termo composto da opção 3. 22 - Levando em conta o quadro a seguir, que contém não apenas adjetivos pátrios compostos, mas também substantivos, marque a alternativa correta: 1 euro-centrismo 2 euro-siberiano 3 euro-divisa 4 euro-mercado 5 euro-asiático a) estão corretamente grafados todos os termos compostos; b) está corretamente grafado o termo composto da opção 5; c) estão corretamente grafados os termos compostos das opções 2 e 5; d) estão corretamente grafados os termos compostos das opções 1, 3 e 4; e) estão corretamente grafados os termos compostos das opções 3 e 4. 23 - As seguintes paroxítonas estão corretamente grafadas, exceto: a) contêiner; b) destróier; c) Méier; d) blêizer; e) geóide. 24 - Marque a opção em que uma das formas verbais está incorreta: a) águo – aguo; b) águas – aguas; c) água – agua; d) águais – aguais; e) águam – aguam. 25 - Assinale a opção em que há erro de ortografia: a) mão de obra (designando trabalho); b) mão de vaca (designando pessoa avarenta); c) mão de vaca (designando planta); d) mão de criança; e) mão de moça. 26 - O hífen foi corretamente empregado em: a) presidente-mirim; b) parati-mirim; c) diretor-mirim; d) secretário-mirim; e) tesoureiro-mirim. 27 - Marque a opção incorreta: a) bem-educado; b) mal-educado; c) bem-comportado; d) mal-comportado; e) bem-vindo. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 84 28 - Identifique a opção em que os termos não se alternam: a) amígdala – amídala; b) receção – recessão; c) corrupto – corruto; d) concepção – conceção; e) caracteres – carateres. 29 - Em compacto mantém-se a consoante pronunciada; é o mesmo caso de: a) acto; b) afectivo; c) direcção; d) exacto; e) adepto. 30 - Os prefixos que são seguidos de hífen quando o segundo termo da palavra composta inicia-se com h, m, n ou vogal são: a) hiper-, inter- e super-; b) circum- e pan-; c) sub- e sob-; d) ab- e ob-; e) recém- e aquém-. 31 - Marque a opção incorreta: a) pan-telegrafia; b) pan-helenismo; c) pan-islâmico; d) pan-mágico; e) pan-negro. 32 - Identifique a alternativa em que o hífen foi indevidamente usado: a) circum-meridiano; b) circum-hospitalar; c) circum-escolar; d) circum-navegação; e) circum-polaridade. 33 - Assinale a opção incorreta: a) inter-humano; b) inter-hemisférico; c) inter-relacionar; d) interrelacionar; e) intersocial. 34 - Marque a opção em que o hífen foi indevidamente usado: a) hiper-hepático; b) hiper-emotivo; c) hiper-realismo; d) hipertireoidismo; e) hipersensibilidade. 35 - Marque a opção incorreta: a) inter-humano; b) inter-hemisférico; c) inter-relacionar; d) interrelacionar; e) intersocial. 36 - Identifique a alternativa em que o hífen foi indevidamente usado: a) abrupto; b) ab-rupto; c) obrogatório; d) ob-rogatório; e) ab-reação. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 85 37 - Marque a opção incorreta: a) sobescavar; b) sob-saia; c) sobpesar; d) sobpor; e) sob-roda. 38 - Marque a opção em que o hífen foi indevidamente usado: a) sob-escavar; b) sobsaia; c) sobpesar; d) sobpor; e) sob-roda. 39 - Marque a opção incorreta: a) sub-bosque; b) sub-humano; c) sub-reitor; d) subdiretor; e) sub-epidérmico. 40 - Identifique a alternativa em que há erro de ortografia: a) mandachuva; b) salário-família; c) vagalumear; d) vaga-lume; e) bóia-fria. 41 - O verbo enxaguar está incorretamente grafado em: a) enxáguo; b) enxaguo; c) enxagúas; d) enxáguas; e) enxaguam. 42 - Pré-pago é grafado com hífen assim como: a) pré-bossa nova – pré-produção – pré-Oscar; b) pré-opinar – pré-definir – pré-sentimento; c) pré-rogativa – pré-maturo – pré-julgado; d) pré-excelso – pré-excelência – pré-estabelecimento; e) pré-eminente – pré-ordenar – pré-existencialismo. 43 - Prejacente é grafado sem hífen assim como: a) pregravado – precarnavalesco – prefrontal; b) precontrato – prevenda – prediabetes; c) prejulgamento – predecessor – prefaciador; d) precirúrgico – previsualização – prevoto; e) presselecionado – preprogramado – pregravação. 44 - Assinale a opção em que um dos termos compostos foi indevidamente grafado: a) os cursos não-presenciais – os resíduos pós-consumo; b) os brindes pós-compras – o mundo pós-11 de setembro; c) o período pós-soviético – o período pós-crise internacional; d) a política pós-racial – o período pós-batidas africanas; e) o período pós-funk – o período pós-Bush. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 86 Observações: a questão da norma culta 1) Em termos históricos, após um período fonético da grafia das palavras (da fase inicial da língua até a metade do século XVI) e outro período pseudo-etimológico (marcado pelo eruditismo do período entre os séculos XVI e XVIII, em que se inventavam símbolos extravagantes e se duplicavam as consoantes intervocálicas, a pretexto de uma aproximação artificial com o grego e o latim, em critério pretensioso, que contrariava a própria evolução das palavras), adveio um terceiro período, marcado pela renovação dos estudos linguísticos em Portugal, época em que surge Gonçalves Viana, o qual, após “algumas tentativas, consegue apresentar um sistema racional de grafia, com base na história da língua”, apresentando em 1904 sua Ortografia Nacional, obra que serviu de roteiro à comissão de filólogos encarregada pelo governo português, em 1911, de elaborar um novo sistema ortográfico, que foi oficializado em setembro do mesmo ano e adotado também em nosso país em 1931, por acordo entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, com aprovação de ambos os governos. Após alterações nesse sistema, foi elaborado pela Academia Brasileira de Letras, com aprovação da Academia das Ciências de Lisboa, o Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, oficializado no Brasil em 1943 e revigorado pelo Congresso Nacional em 1955 (Lei 2.623, de 21-10-55). 2) Pode-se dizer, em termos bem práticos, que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa é, assim, uma espécie de dicionário que lista as palavras reconhecidas oficialmente como pertencentes à língua portuguesa, bem como lhes fornece a grafia oficial. 3) Também conhecido pela sigla VOLP, seu objetivo é reconhecer a existência e consolidar a grafia dos vocábulos, além de classificá-los pelo gênero (masculino ou feminino) e categoria morfológica (substantivo, adjetivo...). 4) Difere dos dicionários convencionais, por não explicar usualmente o significado dos termos que registra. 5) É elaborado pela Academia Brasileira de Letras, que tem a responsabilidade legal de editá-lo, em cumprimento à vetusta Lei Eduardo Ramos, de nº 726, de 8 de dezembro de 1900. 6) As primeiras instruções para sua efetiva organização vieram com o Formulário Ortográfico, e foram aprovadas unanimemente pela Academia Brasileira de Letras, na sessão de 12 de agosto de 1943 (mais tarde, modificadas pela Lei 5.765, de 18/12/71); anote-se que “essas instruções tiveram por base o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, edição de 1940”. 7) A tais instruções, juntaram-se as diretrizes mais recentes da Lei 5.765, de 18/12/71, cujo art. 2º assim determinou: “A Academia Brasileira de Letras promoverá, dentro do prazo de dois anos, a atualização do Vocabulário Comum, a organização do Vocabulário Onomástico e a republicação do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa nos termos da presente lei”. 8) Em sua edição de setembro de 1998, incorporou à língua aproximadamente 6.000 termos às 350.000 palavras já reconhecidas, em geral relativos ao desenvolvimento científico e tecnológico, figurando entre as novidades diversos termos de Informática. 9) Oportuno é reiterar que, incumbido por lei específica para sua confecção, quem o elabora goza de autoridade para, nesse campo, dizer o Direito, motivo por que, ao consultá-lo, legem habemus e devemos prestar-lhe obediência, como devemos fazer com respeito aos demais diplomas legais. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 87 10) Em comunhão com tal pensamento, para José de Nicola e Ernani Terra, esse vocabulário “é a palavra oficial sobre a ortografia das palavras da língua portuguesa no Brasil”3, não se podendo olvidar que também é a palavra oficial no que concerne à própria existência dos vocábulos em nosso idioma. 11) Reitere-se: a Academia Brasileira de Letras, quando edita normas sobre questões de sua competência, age por delegação legal do Congresso Nacional, de modo que suas determinações são, em última análise, normas jurídicas, e não meras normas técnicas da arte da comunicação; são determinações a serem obedecidas, não apenas conselhos, que o usuário acata, se quer. 12) Bem por isso, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa é palavra oficial sobre a existência, a pronúncia, a categoria gramatical, o gênero e a grafia dos vocábulos. Assim, se não registra desproceder, despronunciar, improver e inacolher, só se pode concluir que tais palavras não existem em nosso léxico e, assim, não devem ser usadas. Se diz que adrede deve ser pronunciada com o som fechado e abrupto como abirrupto, não há como fazê-las soar de modo diverso. Se diz que adrede e amiúde são advérbios, não há como aceitar adredemente ou amiudemente, já que advérbios vêm de adjetivos, não de outros advérbios. Se diz que cônjuge pode pertencer ao masculino ou ao feminino, não há como condenar nem o cônjuge nem a cônjuge. Se, de acordo com a Lei 5.765, de 18/12/71, diz que o único acento diferencial de timbre que perdurou foi em pôde (pretérito perfeito), para diferenciar de pode (presente do indicativo), não há como pretender grafar fôrma, como faz, por exemplo o Dicionário Aurélio. Qualquer divergência, discussão ou polêmica, aqui, só pode perdurar no campo da doutrina, da ciência e “de lege ferenda”. Não mais do que isso. 13) Já quanto aos aspectos de construção ou sintaxe (concordância nominal, concordância verbal, regência nominal, regência verbal, crase, colocação de pronomes), a autoridade fica com os autores que cultuaram e cultuam o idioma, em cujo rol raramente se incluem os modernistas, os quais, em busca de maior comunicação, passaram a incorporar em seus escritos uma linguagem coloquial, plebeísmos e equívocos gramaticais; a norma culta, nesse aspecto, encontra-se hoje sedimentada nos bons livros de Gramática. 14) No que respeita à pontuação, observa-se que apenas a partir da década de cinquenta do século XX, tomou significativo impulso e passou a orientar-se – além das razões sintáticas tradicionais e dos impulsos subjetivos – pelas recomendações e exigências mais apuradas da redação técnica, o que faz concluir que os chamados clássicos de nossa literatura nem sempre lhe atribuíram posição de relevo, e, assim, não é incomum encontrar, mesmo em abalizados escritores, exemplos de inadequação, nesse campo, para os dias atuais. Os livros de Gramática, ademais, pouco trazem a esse respeito, sobretudo no que concerne ao uso da vírgula. 15) Se o usuário do idioma tiver que se expressar pela língua falada ou escrita, em sua atividade profissional ou científica, é obrigatório que se valha da norma culta, a cujo respeito podem ser fixados, em resumo, os seguintes aspectos: a) a norma culta é o nível formal de expressão do idioma, própria de todos os que assim devem expressar-se, sendo uma só para todos os usuários; b) eventual vocabulário típico de certa gama de usuários não faz nascer uma norma culta própria de determinada categoria profissional, até porque seria impensável entender pela existência de uma linguagem formal que fosse correta para uns e não para outros; c) o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa é a palavra oficial sobre a existência, a pronúncia, a categoria gramatical, o gênero e a grafia dos vocábulos em nosso idioma; Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 88 d) quanto aos aspectos de construção ou sintaxe, a norma culta encontra-se, hoje, sedimentada nos bons livros de Gramática. PARTE IV COMO ADEQUAR O VOCABULÁRIO ? * Um ato de comunicação envolve elementos linguísticos e extralinguísticos e, para que o vocabulário empregado possa surtir o melhor efeito, devem-se levar em conta algumas observações. * Em primeiro lugar, não há, a priori, uma palavra melhor que a outra, sendo todas elas igualmente válidas, desde que adequadas às circunstâncias do ato de comunicação; em segundo lugar, para que uma palavra seja empregada de modo adequado, é necessário levar em conta todos os elementos que participam do ato de comunicação, ou seja, o emissor e o receptor, o canal, o código, o referente, todos inseridos em uma situação contextual e psicossocial. * Para tornar uma palavra adequada ao referente é necessário considerar prioritariamente a sua precisão, ou seja, sua maior especificidade: assento é melhor que móvel, cadeira é melhor que assento. Em muitos casos, porém, a situação de comunicação pode fazer com que se prefiram os termos de conteúdo geral. * A adequação da palavra aos participantes do ato de comunicação, emissor e receptor, leva em conta não quem são, mas a imagem deles. Desse modo, um senador da república não pode usar as mesmas palavras de um policial, assim como um policial não pode usar as de um senador, salvo circunstâncias de apropriação da imagem do outro. Também aqui se deve levar em conta o uso do jargão profissional, já que cada profissão desenvolve um vocabulário próprio de sua atividade. * A adequação ao código leva à correção: cada palavra tem sua forma própria que envolve uso correto de letras e acentos gráficos, além de sua adequação semântica ao referente. As palavras que têm som semelhante ao de outras, os “parônimos”, são fonte comum de erro nessa área. * A adequação à situação de comunicação pode levar à escolha de vocábulos positivos ou negativos, curtos ou longos, regionais ou não, de vários níveis de linguagem, etc., tudo com o mesmo objetivo de retirar os melhores efeitos do uso dos vocábulos. Como dizia Guimarães Rosa, um vocábulo deve ser um “cacho de sensações”. PRÁTICA TEXTUAL Preencha as lacunas com palavras adequadas aos novos contextos, derivados da substituição dos vocábulos em destaque. 1) O aluno deixou repentinamente a carteira. a) O soldado deixou repentinamente. b) O camelô deixou repentinamente. c) O médico deixou repentinamente. 2) O turista ficou alegre com a feliz notícia. a) O turista ficou com a repentina notícia. b) O turista ficou com a trágica notícia. c) O turista ficou com a misteriosa notícia. 3) O menino chegou com a roupa molhada de chuva. a) O menino chegou com a roupa de sereno. b) O menino chegou com a roupa de tinta. c) O menino chegou com a roupa de óleo. d) O menino chegou com a roupa de lama. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 89 4) Ergueu o polegar como símbolo de sucesso. a) Ergueu a taça como símbolo de . b) Ergueu a espada como símbolo de . c) Ergueu a cruz como símbolo de . d) Ergueu a bandeira como símbolo de . 5) Resolveu mandar embora a empregada. a) Resolveu o funcionário. b) Resolveu o ministro. c) Resolveu o operário. d) Resolveu o presidente. 6) O artista pretendia escrever um romance. a) O artista pretendia um quadro a óleo. b) O artista pretendia uma peça em pedra-sabão. c) O artista pretendia bonecos de barro. d) O artista pretendia uma ópera. e) O artista pretendia um boneco de pano. 7) O político falava alto. a) O político baixinho. b) O político descontente. c) O político o dia inteiro. d) O político enraivecido. e) O político para o público. f) O político no ouvido do amigo. 8) Segundo o modelo, substitua o verbo ter por outro de sentido mais específico, fazendo as adaptações necessárias. Tenho dez minutos para almoçar. Disponho de dez minutos para almoçar. 1. Meu avô tem um sítio em Minas. 2. Ontem à tarde, tinha um sujeito se afogando na lagoa. 3. O que ele tem? 1. Tenha a gentileza de entrar! 2. Espero que tenhamos boas férias! 3. Os turistas tiveram momentos de angústia. 4. O jogo teve poucos assistentes. 5. O porteiro tinha asma desde criança. 6. Cada pacote tinha apenas dez livros. 9) Preencha a lacuna com a palavra mais adequada de acordo com o contexto. abaixo — a baixo — baixo — debaixo — de baixo — embaixo a) A temperatura no Sul estava de zero. b) Examinaram o suspeito de alto . c) A modelo nada usava do vestido. d) A namorada o esperava na portaria. e) Pendurou a gravura do quadro a óleo. f) Carregava o pão do braço. g) Entrou no buraco de cabeça para . h) O livro estava da pilha de cadernos. i) Na lista, meu nome estava do dele. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 90 j) Resolveu descer rua . l) Examinava os produtos para cima. m) O soldado está do cabo. n) O viaduto veio . o) Eles ainda não chegaram lá . 10) Preencha as lacunas com uma das seguintes palavras: comunicar — informar — declarar — avisar — participar a) O diretor decidiu a resolução a todos. b) A enfermeira achou melhor sobre os riscos da operação. c) Queremos a todos o nosso casamento. d) A testemunha resolveu o que havia ouvido. e) aos empregados que o salário deste mês será pago com atraso. f) É bom que há risco de incêndio. g) Ninguém deve a vítima sobre as consequências do desastre. h) O presidente foi à televisão para ao povo sobre as suas últimas decisões. i) Nada tinham a os jogadores da Seleção. 11) Preencha as lacunas com a palavra mais adequada, escolhida na seguinte relação: observar – contemplar – avistar – enxergar - distinguir – ver – olhar - fitar - espionar a) Tentava na escuridão alguma forma, mas nada conseguia . b) Cabral chegou a alguns montes de terra. c) O artista quis por mais alguns minutos a bela estatueta. d) Nada conseguia escuridão. e) Pretendia seguir o criminoso, tentaria a distância os seus passos. f) O namorado queria os olhos da namorada, mergulhar naquele azul que o atraía. g) O oculista mandou-o para o quadro de letras na parede. h) Apesar das dificuldades, procurava as fotos do acidente. i) Do avião tentou sua casa na praia. j) No microscópio pôde as asas do inseto. l) O céu escuro mal deixava a pista de pouso. m) Depois da operação, nunca mais pôde . n) Cobrindo com um negativo de filme os olhos, conseguiu o eclipse. 12) Substitua o verbo fazer nas frases a seguir por outros de significado mais específico. a) A árvore faz sombra na parede. b) Ontem meu irmão fez dez anos c) O governo vai fazer as escolas prometidas. d) Faz frio em Friburgo. e) O ministério fez a carta em pedacinhos. f) Ele se fez de bobo. g) Maria fez o jantar. h) A empregada fez a cama bem cedo. i) Não devemos fazer mal a ninguém. j) Fizemos seis pontos na loteca. l) Fez a barba de manhã. 13) Preencha as lacunas com um adjetivo adequado. a) A água que se pode beber é água . b) Uma fortaleza que não pode ser destruída é . c) Uma ação que merece condenação é . d) Uma lei em que não se pode mexer é . e) Um terreno que não se pode medir é . Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 91 f) Uma carta que não se consegue ler é . g) Uma planta que pode servir de alimento é . h) Uma obra que pode ser feita é . COMO REDUZIR UM TEXTO Reduzir um texto é fazer com que ocupe menor espaço; para isso, adotam-se várias técnicas estritamente relacionadas com as condições gerais que envolvem o resumo. Quando o texto original não é passível de alteração, pode-se reduzi-lo de modo puramente gráfico, substituindo os tipos de impressão ou reduzindo o espaço entre letras ou linhas. Quando o texto pode ser alterado na forma, mas não é possível cortar qualquer informação, a solução é apelar para a redução extensiva dos termos, ou seja, a substituição de vocábulos e expressões por outros equivalentes no sentido, porém, mais curtos. Geralmente se trata da substituição de elementos por outros de mesma função. Se o texto original pode ter informações eliminadas, emprega-se a redução seletiva, com corte das informações consideradas menos importantes. Nesse caso, os cortes variarão bastante, já que distintas situações poderão gerar prioridades diferentes para as informações veiculadas pelo texto; por isso esse tipo de redução apela para o espírito do leitor. Normalmente se eliminam introduções textuais não significativas, explicitações de termos desnecessárias, redundâncias, informações sem decorrência textual, etc. Às vezes o texto deve sofrer cortes para que tenha sua qualidade melhorada. Trata-se do que se poderia chamar de redução estética, com a eliminação de segmentos vistos como de mau gosto ou desnecessários, em geral, redundâncias, circunlóquios, vocábulos sem significação precisa, etc. Há ainda a redução acadêmica, que se refere à produção de resumos de livros ou artigos com finalidade de trabalho escolar, a resenhas de livros, etc. Trata-se de redução de caráter especial, pois deve levar em conta a estrutura original do texto a ser reduzido, obedecendo a normas específicas traçadas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). PRÁTICA TEXTUAL Se temos que reduzir um texto sem retirar nenhuma informação, o processo mais simples é o da redução extensiva, ou seja, a substituição de palavras longas por outras mais curtas, de sentido equivalente. Utilize esse processo com as palavras em destaque das frases a seguir: 1) Substitua as locuções em destaque por um único vocábulo de sentido equivalente. a) A história é a ciência da infelicidade dos homens. b) As almas das mulheres são impenetráveis. c) As montanhas com neve são atração no inverno. d) O temperamento da família era explosivo. e) A guerra está por um fio no Oriente Médio. f) O presidente usa roupa fora de moda. g) O estudante era um rapaz de bons modos. h) A guerra deixou o Iraque de pernas pro ar. i) Um homem com fome não é um homem livre. j) O trabalho de todo dia traz monotonia. 2) Substitua por um adjetivo de sentido equivalente as locuções adjetivas destacadas. a) Comida com sabor / sem sabor b) Terreno com água / sem água c) Flor com cheiro / sem cheiro d) Pintura com figuras / sem figuras Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 92 3) Preencha as lacunas com adjetivos correspondentes às orações adjetivas entre parênteses. a) O senador padece de uma enfermidade .(que tem longa duração) b) O médico disse tratar-se de uma enfermidade .(que logo passará) c) Seu pai sofre de uma enfermidade .( que afeta o coração) d) Possuía um mal. . (que pode transmitir-se a outro) e) A asma é uma enfermidade .(que se transmite de pais a filhos) f) Meu tio se queixa de dores .(que lhe afetam as costas) g) O computador não pôde ser utilizado. (que veio da França) 4) Preencha as lacunas com adjetivos de significado correspondente ao das orações adjetivas entre parênteses. a) Era uma sensação . (que durava pouco tempo) c) O tapete era um objeto . (que não tinha mais utilidade) d) O marido era o tipo de homem . (que não gostava de sair de casa) e) Falaram de algumas pessoas . (que não estavam presentes) f) Fora um bebê . (que nascera antes do tempo normal de gestação) g) O livro foi retirado da livraria. (que tratava de assuntos obscenos) h) Era uma pessoa . (que tinha pouca resistência) 5) Substitua as palavras em destaque por um só vocábulo de sentido equivalente. a) Um objeto que se pode comprar porque não é caro. b) Um telefonema que se faz entre duas cidades c) Um homem que diz sem reservas o que pensa. d) Uma pessoa que se deixa comprar . e) Um homem que sempre diz a verdade. f) Uma notícia que parece verdadeira. g) Um acordo entre duas ou mais nações. h) Uma folha de árvore que não morre nunca. i) Uma mulher que sempre tenta conseguir o que quer. j) Um homem que prefere viver isolado. 6) Escreva um sumário para o texto a seguir: É difícil uma linha divisória entre umbanda e candomblé. Entretanto algumas noções gerais podem esclarecer as diferenças entre os dois cultos. No candomblé, os deuses vêm à Terra para dançar e ser cultuados; só aparecem em possessão depois de longo período de iniciação. Eles auxiliam os homens na solução de problemas, mas a comunicação se faz sobretudo sob a forma de oráculo (jogo de búzios), onde o intermediário é o pai ou a mãe-de-santo. Na umbanda, as entidades vêm à terra para “trabalhar”: dar consultas, passes, oferecer conselhos. Não há função oracular : fala-se diretamente com a divindade incorporada. COMO EVITAR A REPETIÇÃO Um dos princípios fundamentais da coerência/coesão de um texto é a necessidade de se repetir, em seu desenvolvimento linear, elementos anteriores. Mas, se por um lado as repetições são inevitáveis, por outro devem ser feitas sob determinadas condições, a fim de não tornar o texto deselegante ou monótono. Em termos gerais, a repetição de palavras só é considerada um problema na composição de um texto sob algumas condições expostas a seguir.  Quando há proximidade entre vocábulos repetidos: Oscar tinha um sítio. Um dia Oscar resolveu viajar.  Quando os vocábulos são rigorosamente os mesmos, sem qualquer expansão ou redução e mesmo sem variação de gênero ou número: Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 93 Ao divulgar sua tabela de preços, a Sunab poderá anunciar a tabela de preços do frango vendido em corte, anexando-a à atual tabela de preços dos alimentos.  Quando ocorre em número excessivo. Ainda assim, em alguns casos especiais (textos publicitários, literários, ditados populares, intencionalmente repetitivos), a repetição não é vista como deficiência: Quem bebe cerveja alemã, não bebe outra cerveja; quem bebe cerveja dinamarquesa, bebe qualquer cerveja; quem bebe cerveja inglesa, não gosta é de cerveja. Também no caso de o termo repetido estar sendo usado em outro sentido, a repetição não é vista como um problema textual: Há duas espécies de mulheres: as que arrumam a casa e as que se arrumam. Como evitar a repetição problemática de palavras? Muitos são os processos empregados com essa finalidade, podendo-se reuni-los em quatro grupos: substituição, omissão, redução e ampliação. Substituição A substituição pode ocorrer de tal modo que o termo substituto nada acrescente ao significado do termo substituído ou, ao contrário, pode contribuir com informações de ordens diversas, chegando a incluir certos julgamentos de valor. Os processos de substituição mais importantes são:  Pronominalização, ou seja, o uso de pronomes em lugar de outros termos já expressos. Os pronomes empregados nesse caso podem ser de vários tipos. Pronomes pessoais: A pressão da sociedade de consumo foi levada a tais extremos que os presentes de Natal já não os damos por generosidade, mas por medo. Pronomes demonstrativos: Dinheiro não traz felicidade. Quem diz isso está pensando em reais, porque dólar traz. Pronomes relativos: O homem é o único animal que ri. Pronomes indefinidos: O mundo tem muitos idiotas, mas, felizmente, estão todos nas outras mesas. Pronomes adverbiais: Devagar se vai ao longe, mas quando se chega lá não se encontra mais ninguém. Pronomes numerais: Chegaram separados o homem e a mulher, mas logo os dois se sentaram juntos.  Uso de sinônimos ou quase-sinônimos em substituição a termos anteriormente expressos. Como normalmente esses vocábulos não trazem nenhuma informação nova significativa, o interesse maior por eles está no fato de evitarem as repetições: Os alunos das escolas particulares estão em greve, pois esse foi o caminho que os estudantes encontraram para protestar contra as altas mensalidades. Muitas vezes empregamos nessa substituição os chamados “hiperônimos”, ou seja, termos de conteúdo geral que, semanticamente, abarcam um conjunto de outros termos: ferramenta é hiperônimo de martelo, serrote, alicate, lima, por sua vez denominados “hipônimos”. No caso Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 94 dos hiperônimos, duas situações podem apresentar-se. Ou o hiperônimo tem por antecedente um só de seus hipônimos: Logo depois de o sargento ter sido vítima de um acidente, o militar foi levado ao hospital. (caso típico em que se procura evitar a repetição); ou pode abarcar uma série de hipônimos, caso que envolve também uma condensação de texto: Ditados, cópias, redações, todas essas atividades preenchiam o tempo de aula. Ocorre também a substituição por certos termos extremamente gerais, como coisa, fato, elemento, fenômeno.  Emprego de termos resumitivos, que funcionam como uma espécie de conclusão parcial, reformulando o tema e reduzindo-o ao essencial: Até o século XIX as cidades ficavam em contato bastante estreito com o campo ou com o mar, de maneira que o homem podia satisfazer suas necessidades fisiológicas e psicológicas. Com a industrialização, elas se desenvolveram unicamente em função de imperativos econômicos ou políticos, ignorando os imperativos ecológicos naturais. As consequências dessa expansão desordenada foram trágicas. Nominalização, ou seja, a transformação de uma frase ou de uma proposição em grupo nominal, que pode ser feita a partir de um verbo: Verificaram-se os resultados/A verificação dos resultados. ou de um adjetivo: Este trabalho é fácil. A facilidade deste trabalho.  Emprego de termos cognatos dos termos antecedentes: O emprego da vírgula é bastante difícil, mas não é por isso que devemos desistir de empregá-la.  Emprego de termos referentes não ao conteúdo do enunciado mas à sua enunciação, ao funcionamento do discurso: Diz-se que não se tem mais tempo de ler... Temos, no entanto, tempo para ver televisão. Não é que a vontade de ler não exista mais. O problema é que mergulhar numa leitura é uma tarefa cansativa, bastante desagradável se comparada ao prazer do espectador diante da telinha. E como é o relaxamento e o prazer que se procura, é-se levado rapidamente a abandonar a leitura... Feita essa constatação, muitas perguntas surgem ao educador...  Utilização de símbolos: Santo Inácio foi um soldado da Igreja e divulgou, por meio de sua ordem, os ideais da cruz. Omissão O segundo processo usado para evitar repetições é a omissão do termo que, hipoteticamente, se repetiria: O soldado pretendia casar-se no final de semana. (?) Decidiu deixar o quartel e procurar a noiva. Redução O terceiro processo é o da redução do termo inicial, que passa a ser representado por uma de suas partes. Pode-se, assim, conceber um grupo nominal comportando várias expansões. Esss grupo seria retomado várias vezes com reduções sucessivas: Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 95 O ditador Getúlio Vargas; O ditador; Getúlio Vargas; O ditador Vargas; O ditador Getúlio; Getúlio; Vargas. Um processo também ligado à redução é o emprego de sigla ou abreviação no lugar do antecedente: A Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro pretende enfrentar as greves sem que seja necessário apelar para a polícia. O Metrô tem a intenção de dialogar com as lideranças do movimento. Ampliação O quarto e último processo é o da ampliação, que consiste em aumentar de algum modo o termo antecedente, ora com o acréscimo de expansões que possuam julgamento de valor, ora com a inclusão de um novo elemento que já poderia estar contido no antecedente. Comprei esta casa no ano passado. Agora esta bela casa já custa dez vezes mais. PRÁTICA TEXTUAL 1. Para que um texto seja coerente estruturalmente é indispensável que apresente elementos repetidos; a repetição, porém, pode ser um problema da expressão escrita. 1. Substitua o elemento destacado por um termo equivalente, de conteúdo geral. a) Ronaldinho vestiu pela primeira vez a camisa do clube espanhol. O ............... deve embarcar para a Europa até o fim do ano. b) Ontem esteve tensa a situação no Iraque. A população do .................. não recebeu instruções contra um possível ataque americano. c) A polícia apreendeu a cocaína mas não conseguiu prender os traficantes que trouxeram........................ da Bolívia. d) “Ficamos todos mais pobres num mundo menos bonito”, lamentou um amigo do pintor Alfredo Volpi ao acompanhar o sepultamento do ........................... e) Os militares que estiverem em motocicletas ou bicicletas não precisam mais bater continência ao passar por superiores, devendo apenas manter ................... em velocidade moderada f) O Parque Nacional se destaca por suas cachoeiras e saltos; as ................ são sua maior atração turística. g) O hábito de usar um anel simbolizando um compromisso é bastante antigo. Sabe-se que os egípcios já usavam um(a).................................. no dedo. 2. Substitua a palavra repetida por um pronome pessoal. a) Todos têm uma função e todos precisam cumprir sua função. b) O professor pretendia usar o computador, mas não sabia como ligar o computador. c) Alguns receberam o governador de braços abertos, mas outros nem queriam ver o governador. d) A representante recebeu dos alunos a reclamação e apresentou as reclamações à diretoria. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 96 e) O editor prometeu um prêmio aos escritores mas não disse aos escritores quando seria entregue. f) As empregadas limpam os tapetes e colocam os tapetes nas janelas. COMO USAR OS CONECTIVOS * Os conectivos são vocábulos gramaticais que estabelecem relações entre as palavras de uma frase ou partes de uma frase. Em português há três espécies de conectivos:  as preposições;  os pronomes relativos;  as conjunções. * As preposições ora são usadas por exigências gramaticais: gosto de ler. ora com função semântica: pulseira de ouro. No primeiro caso, são chamadas “relacionais”; no segundo, “nocionais” * Os pronomes relativos, enquanto conectivos, devem vir precedidos das preposições exigidas pelos verbos presentes nas frases em que estão inseridos: Este é o livro a que me referi. (e não: que me referi) Esta é a casa de que gosto. (e não: que gosto). * Conjunções, locuções conjuntivas 1. Adição: e, nem, também, não só ... mas também. 2. Alternância: ou ... ou, quer ... quer, seja ... seja. 3. Causa: porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, por (+infinitivo). 4. Conclusão: logo, portanto, pois. 5. Condição: se, caso, desde que, a não ser que, a menos que. 6. Comparação: como, assim como. 7. Conformidade: conforme, segundo. 8. Consequência: tão ... que, tanto...que, de modo que, de sorte que, de forma que, de maneira que. 9. Explicação: pois, porque, porquanto. 10. Finalidade: para que, a fim de que, para (+infinitivo). 11. Oposição: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, embora, mesmo que, apesar de (+infinitivo). 12. Proporção: à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos. 13. Tempo: quando, logo que, assim que, toda vez que, enquanto. O conhecimento desses termos de transição ajuda a dar maior organicidade ao pensamento, o que faz o texto progredir mais facilmente. Mas é preciso advertência: não devemos usá-los a cada frase começada. Se fizermos assim, tornaremos o texto pesado. Também não devemos cair no oposto: ignorá-los completamente. Nosso texto correrá o risco de ficar cansativo, quando não incompreensível. Saber usar os termos de transição deve ser uma preocupação constante de quem deseja escrever bem. Eles são muito úteis ao mudarmos de parágrafos, porque estabelecem pontes seguras entre dois blocos de ideias. Eis os mais importantes e suas respectivas funções: 1. Afetividade: Felizmente, queira Deus, pudera, Oxalá, ainda bem (que). 2. Afirmação: com certeza, indubitavelmente, por certo, certamente, de fato. 3. Conclusão: em suma, em síntese, em resumo. 4. Consequência: assim, consequentemente, com efeito. 5. Continuidade: além de, ainda por cima, bem como, também. 6. Dúvida: talvez, provavelmente, quiçá. 7. Ênfase: até, até mesmo, no mínimo, no máximo, só. 8. Exclusão: apenas, exceto, menos, salvo, só, somente, senão. 9. Explicação: a saber, isto é, por exemplo. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 97 10. Inclusão: inclusive, também, mesmo, até. 11. Oposição: pelo contrário, ao contrário de. 12. Prioridade: em primeiro lugar, primeiramente, antes de tudo, acima de tudo, inicialmente. 13. Restrição: apenas, só, somente, unicamente. 14. Retificação: aliás, isto é, ou seja. 15. Tempo: antes, depois, então, já, posteriormente. COESÃO O texto é produzido por meio da organização de palavras que se unem, adequadamente, umas às outras. Assim, os termos vão formando uma oração, e as orações vão constituir períodos. Essa união ou ligação entre os elementos de um texto deve apresentar um sentido lógico, coerente; para isso é necessário observar as relações semânticas existentes entre eles. Na verdade, há uma relação de dependência entre os termos e as orações que se estabelece pela coordenação ou subordinação das ideias. Um texto torna-se bem construído e coeso quando usamos os elementos gramaticais ou coesivos (conjunções, pronomes, preposições e advérbios), no interior das frases, de forma adequada. Se esses elementos de ligação forem mal empregados, o texto não apresentará noção de conjunto, ou ainda, sua linguagem se tornará ambígua e incoerente. Portanto, a coesão refere-se à forma ou à superfície de um texto. Ela é mantida por meio de procedimentos gramaticais, isto é, escolha do conectivo adequado na conexão dos diversos enunciados que compõem um texto. EXERCITANDO 1) Você tem a seguir um pequeno parágrafo. Escreva outros parágrafos, a partir dos elementos de coesão (conectivos) propostos. Observe a relação de sentido ou valor expresso por cada um deles. Todo mundo sabia que a inflação era um imposto perverso que impedia as pessoas de planejar sua vida. Mas... Além disso... Dessa forma... 2) Organize as frases abaixo em um pequeno texto. Empregue os articuladores adequados e faça as adaptações necessárias. I a) Os homens não ficam deslumbrados na frente de uma vitrine. b) Eles não compram por impulso. Não têm paciência para a burocracia do crediário. c) O público feminino sente uma atração irresistível pelas ofertas e liquidações do mercado consumidor. d) As propagandas normalmente são direcionadas às mulheres. e) As mulheres têm papel importante na decisão de compra do homem. f) Eles dizem que as mulheres têm bom gosto, conhecem marcas e sabem se um produto é bom, caro ou barato. 3) Não se faz uma boa redação sem o uso adequado dos termos de transição. Complete cada item com uma frase que dê sequência à primeira, considerando o termo de transição presente. Não se esqueça de acrescentar uma informação nova. 1) Não há brasileiro que não anseie por sair do subdesenvolvimento. Por enquanto, ... . 2) Tomar uma decisão é sempre difícil. Em primeiro lugar, ... Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 98 3) Sonhar faz parte do dia a dia de todos nós. Às vezes, ... 4) Para concretizarmos qualquer sonho, devemos estar certos de que ele é realmente necessário à nossa vida. Além disso, ... 5) Votar nulo sempre termina por favorecer este ou aquele candidato. No entanto, ... 6) Se o Brasil não investir em educação e saúde, nunca sairá do subdesenvolvimento. Com efeito, ... 7) A pena de morte é solução perigosa. De um lado, ... de outro, ... 8) A nação precisa apurar todos os casos de corrupção denunciados pela imprensa. Primeiramente, ... . Depois, ... 9) Ser cidadão é ter seus direitos respeitados. No entanto, ... . Mais do que nunca, ... 10) O mundo finalmente se volta para a Amazônia. Ainda bem que ..... Assim, PARTE V PRODUÇÃO DE TEXTOS AS QUALIDADES E OS DEFEITOS DE UM TEXTO AS QUALIDADES Não existem fórmulas mágicas para fazer uma boa redação. O exercício contínuo, aliado à prática da leitura de bons autores e a reflexão é indispensável para a criação de textos. Convém, todavia, observar os seguintes aspectos:  A concisão Ser conciso significa que não devemos abusar das palavras para exprimir uma ideia. Deve- se ir direto ao assunto, não ficar “enrolando”, “enchendo linguiça”. Significa, enfim, eliminar tudo aquilo que é desnecessário.  A correção A linguagem utilizada na redação deve estar de acordo com a norma culta, ou seja, deve obedecer aos princípios estabelecidos pela gramática. Conhecer as normas que regem o uso da língua é fundamental para a produção de um texto correto. Evidentemente, a maioria das pessoas não conhece de cor todas as regras gramaticais. Por isso, em caso de dúvidas na redação, não hesite em consultar um bom livro de gramática. Tome cuidado com alguns desvios de linguagem que comumente aparecem em redações: 1º) Grafia - tome cuidado com a grafia de palavras que não conheça. Em caso de dúvidas, consulte o dicionário. Se não for possível, substitua a palavra por outra cuja grafia você conheça. Lembre-se: a língua portuguesa é muito rica em sinônimos. 2º) Flexão das palavras - cuidado com a formação do plural de algumas palavras, sobretudo as compostas (primeiro-ministro, abaixo assinado, luso-brasileiro, etc). 3º) Concordância - lembre-se de que o verbo sempre concordará com o sujeito e os nomes devem estar concordando entre si. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 99 4º) Regência - fique atento à regência de verbos e nomes, sobretudo daqueles que exigem a preposição a, a fim de não cometer erro no emprego da crase. 5º) Colocação dos pronomes - observe a colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos, lhe, o, a os as). Não inicie frases com eles.  A clareza A clareza consiste na expressão da ideia de forma que possa ser rapidamente compreendida pelo leitor. Ser claro é ser coerente, não contradizer-se, não confundir o leitor. São inimigos da clareza: a desobediência às normas da língua, os períodos longos, o vocabulário rebuscado ou impreciso.  A elegância A elegância consiste numa leitura de texto agradável ao leitor. É conseguida quando se observam as qualidades que apontamos acima (a correção gramatical, a clareza e a concisão) e também pelo conteúdo da redação, que deve ser original, criativo. Lembre-se de que a elegância deve começar pela própria apresentação do texto. Deve apresentar-se limpo, sem borrões ou rasuras e com letra legível. OS DEFEITOS  Ambiguidade A ambiguidade pode ser : polissêmica ou estrutural. No primeiro caso, ela se localiza no terreno do vocábulo polissêmico, ou seja, que apresenta mais de um sentido; no segundo caso, ocorre devido a problemas de construção. A ambiguidade derivada da polissemia do vocábulo pode ser evitada pelo esclarecimento maior do contexto ou pela substituição do vocábulo polissêmico por outro de sentido equivalente. Uma série de causas estruturais pode causar ambiguidade. As mais comuns são indicadas a seguir. * Difícil distinção entre agente e paciente: A desorganização da empresa prejudicou a obra. *Mau uso da coordenação: Pedro e Paulo vão desquitar-se. *Má colocação de palavras: O aluno enjoado saiu da sala. * Mau uso de pronomes relativos: Conheci o prefeito e o local de que gosto. * Não distinção de pronome relativo e conjunção integrante: O jogador falou com a secretária que mora perto daqui. *Indefinição de complementos: O juiz quis prorrogar a partida, mas o bandeirinha não quer. * Mau uso de possessivos. João encontrou Maria e lhe disse que sua prima estava doente. * Mau uso de formas nominais: O advogado encontrou o réu entrando no tribunal. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 100  Obscuridade Obscuridade significa ‘falta de clareza’. Vários motivos podem determinar a obscuridade de um texto: períodos excessivamente longos, linguagem rebuscada, má pontuação.  Pleonasmo O pleonasmo consiste na repetição desnecessária de um termo.  Cacofonia A cacofonia consiste na produção de som desagradável pela união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais de outra.  Eco Consiste na repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.  Prolixidade A prolixidade consiste na utilização de mais palavras do que o necessário para exprimir uma ideia; é, portanto, o oposto da concisão. Ser prolixo é ficar “enrolando”, enchendo linguiça, não ir direto ao assunto. O uso de cacoetes, expressões que não acrescentam nada ao texto, servindo tão-somente para prolongar o discurso, também pode tornar um texto prolixo. Expressões do tipo: “antes de mais nada”, “pelo contrário”, “por outro lado”, “por sua vez” são, muitas vezes, utilizadas só para prolongar o discurso. EXERCÍCIOS 1) Indique as ambiguidades das frases a seguir, decorrentes do mau uso dos pronomes relativos. a) Vi o livro e a autora de que gosto. b) Tenho trabalho para entregar ao professor, que me deixa preocupado. c) Estou fazendo um livro para a editora, que me ocupa o dia todo. d) Há um ano comprei uma casa com um vistoso portão, que venderei agora. e) Trata-se de um estudo sobre Machado de Assis, cuja leitura recomendo. g) Falo de Pedro, filho de nosso vizinho, que você conhece bem. A QUESTÃO PARAGRAFAL O parágrafo é a unidade de informação construída a partir de uma ideia-núcleo, materializada no tópico-frasal, que, por sua vez, deve ser bastante claro e adequadamente desenvolvido. Assim, por exemplo, um bom parágrafo não pode incluir elementos que não estejam contidos na ideia-núcleo. Um parágrafo deve apresentar quatro qualidades fundamentais: ° ser completo; ° ter unidade; ° apresentar organização; ° ter coerência. Um parágrafo tem coerência quando suas frases formam um todo ou se encaixam perfeitamente. Se um parágrafo é coerente, o leitor passa de uma frase à outra sem vacilações, saltos ou lacunas. Assim, deve-se observar a coerência interna do parágrafo, materializada nas Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 101 conexões entre as frases e no emprego de termos de referência, e a coerência entre os parágrafos, em que se destaca a perfeita articulação entre o dado e o novo, ou seja, a apresentação e retomada dos elementos do texto. Leia o texto abaixo, divida-o em parágrafos e destaque as ideias principais. As Catedrais do Consumo Parece que de uns tempos para cá, as pessoas passaram a sentir mais fome um simples armazém já não satisfaz mais o apetite o supermercado é um fenômeno mundial em uma sociedade onde ninguém quer engordar, o crescimento dos supermercados é um tanto contraditório a febre de emagrecimento deveria beneficiar o desenvolvimento de pequenas quitandas e não desses monstruosos templos de consumo é difícil, entretanto, fugir ao irresistível apelo dos supermercados é lá que o homem satisfaz todas as necessidades de consumidor a primeira intenção de quem entra num supermercado é comprar tudo a colocação dos artigos nas prateleiras é matematicamente calculada os que têm saída certa ficam embaixo os de venda difícil são colocados à altura dos olhos dos olhos e principalmente das mãos e há ainda as embalagens, feitas de forma a atrair o consumidor tem muita gente que só compra pela embalagem as últimas pesquisas demonstram que os homens já estão se equiparando às mulheres na frequência aos supermercados revelam ainda que eles vêm mostrando um talento incrível para donas- de-casa os homens são os melhores fregueses nas chamadas compras de impulso – termo que surgiu com o supermercado – é aquela que não se coloca na lista você chega lá, olha para a mercadoria, verifica quanto tem no bolso e depois se justifica: “Vou comprar só desta vez para experimentar” as pesquisas assinalam ainda que nas compras o impulso ocorre da classe média para cima abaixo da classe média diminui sensivelmente até mesmo porque, se houvesse impulso, não haveria dinheiro. (Carlos Eduardo Novaes - adaptado) A ORGANIZAÇÃO BÁSICA DO TEXTO Como é organizado um texto bem redigido? As partes que compõem o texto - a introdução, o desenvolvimento e a conclusão - devem se organizar de maneira equilibrada. A introdução é uma entrada no assunto e, nos textos bem redigidos, caracteriza-se como um argumento inicial. O desenvolvimento é a parte maior do texto, responsável pela relação entre a introdução e a conclusão. Esta, por sua vez, é a parte mais importante do texto. É o ponto de chegada. Os dados apresentados, as ideias e os argumentos convergem para esse ponto em que se fecha a discussão ou a exposição. 1. Uma boa introdução A introdução apresenta a ideia central do texto. Essa apresentação deve ser direta. Em um bom texto, o autor entra no assunto sem “rodeios” porque o ensaio é uma exposição objetiva que deve estimular o leitor a pensar sobre o conteúdo desde a leitura do título. Assim, é preciso evitar os “chavões”, os lugares comuns. 2. Desenvolvimento As ideias, os dados e os argumentos que explicam as posições do autor são apresentados nessa parte do texto. O desenvolvimento orienta a compreensão do leitor até a conclusão. Sua função é fazer a relação entre a introdução e a conclusão. 3. A Conclusão Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 102 Parte mais importante do texto, é o ponto de chegada. Os dados utilizados, as ideias e os argumentos convergem para este ponto em que a discussão ou a exposição se fecha. A conclusão tem o valor da síntese no pensamento dialético. Um texto bem concluído é aquele que evita repetir argumentos já utilizados. A repetição de argumentos e o uso de fórmulas feitas empobrecem qualquer redação. Além disso, o caráter de fecho da conclusão deve ficar evidente na clareza e força dos argumentos do autor. Portanto, é desnecessário e pouco elegante escrever o “Concluindo(...)” ou “Em conclusão” (...) EIS O QUE DEVEMOS OBSERVAR AO SE CONSTRUIR UM TEXTO 1. O parágrafo é um conjunto de enunciados que se unem em torno de um mesmo sentido. 2. Não se deve esgotar o tema no primeiro parágrafo. Este deve apenas apontar a questão que vai ser desenvolvida. 3. O parágrafo seguinte é sempre uma retomada de algo que ficou inexplorado no parágrafo anterior ou anteriores. Pode ser uma palavra ou uma ideia que ameaça ser desenvolvida. 4. Um texto é construído por parágrafos interdependentes, sempre em torno de uma mesma ideia. 5. Reconheça mentalmente o que você sabe sobre o tema. É possível fazer um plano, mas talvez seja mais prático você listar as palavras-chave com que vai trabalhar. Preocupe-se com a sequenciação do texto, utilizando os recursos de coesão de frase para frase e de parágrafo para parágrafo, sem perder de vista a coerência. 6. O parágrafo final deve retomar todo o texto para concluí-lo. Por isso, antes de escrevê-lo, releia tudo o que escreveu. A fim de fechar bem o texto, o parágrafo conclusivo deve retomar o que foi exposto no primeiro. 7. Todo texto representa o ponto de vista de quem o escreve. E quem escreve tem sempre uma proposta a ser discutida para se chegar a uma conclusão sobre o assunto. 8. O texto deve demonstrar coerência, que resulta de um bom domínio de sua arquitetura e do conhecimento da realidade. Deve-se levar em conta a unidade de ideias, aliada a um bom domínio das regras de coesão. 9. Desde que o tema seja de seu domínio e você tenha conhecimento dos princípios de coesão e da estruturação dos parágrafos, as dificuldades de escrever serão bem menos. 10. Leia tudo o que for possível sobre o tema a ser desenvolvido para que sua posição seja firme e bem fundamentada. PARTE VI O que é Redação Oficial Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo. A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 103 obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro está que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais. Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e concisão. Além de atender à disposição constitucional, a forma dos atos normativos obedece a certa tradição. Há normas para sua elaboração que remontam ao período de nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de anos transcorridos desde a Independência. Essa prática foi mantida no período republicano. Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade, concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de linguagem. Nesse quadro, fica claro também que as comunicações oficiais são necessariamente uniformes, pois há sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o público). Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações oficiais foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de tratamento e de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para comunicações oficiais, regulados pela Portaria n o 1 do Ministro de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937, que, após mais de meio século de vigência, foi revogado pelo Decreto que aprovou a primeira edição deste Manual. Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou fazer das características específicas da forma oficial de redigir não deve ensejar o entendimento de que se proponha a criação – ou se aceite a existência – de uma forma específica de linguagem administrativa, o que coloquialmente e pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de frases. A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência particular, etc. Apresentadas essas características fundamentais da redação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada uma delas. 1.1. A Impessoalidade A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a) alguém que comunique, b) algo a ser comunicado, e c) alguém que receba essa comunicação. No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União. Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais decorre: a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padronização, que permite Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 104 que comunicações elaboradas em diferentes setores da Administração guardem entre si certa uniformidade; b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma homogênea e impessoal; c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo temático das comunicações oficiais se restringe a questões que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe qualquer tom particular ou pessoal. Dessa forma, não há lugar na redação oficial para impressões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta da interferência da individualidade que a elabora. A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impessoalidade. 1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade. As comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dúvida que um texto marcado por expressões de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem sua compreensão dificultada. Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as transformações, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de si mesma para comunicar. A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer de determinado padrão de linguagem que incorpore expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz da língua, a finalidade com que a empregamos. O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por sua finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, e b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos os cidadãos. Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de expressão, desde que não seja confundida com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios da língua literária. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 105 Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada. A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são de difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. 1.3. Formalidade e Padronização As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação. A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a administração federal é una, é natural que as comunicações que expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que se atente para todas as características da redação oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definitivo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padronização. 1.4. Concisão e Clareza A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias. O esforço de sermos concisos atende, basicamente , ao princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve de forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já foi dito. Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo texto de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas existem também ideias secundárias que não acrescentam informação alguma ao texto, nem têm maior relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas. A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das demais características da redação oficial. Para ela concorrem: a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto; b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e o jargão; c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível uniformidade dos textos; d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos que nada lhe acrescentam. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 106 É pela correta observação dessas características que se redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais provém principalmente da falta da releitura que torna possível sua correção. Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos que não possam ser dispensados. A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que são elaboradas certas comunicações quase sempre compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. O Ofício Os documentos Ofício devem obedecer à seguinte forma de apresentação: a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé; b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings; c) é obrigatório constar a partir da segunda página o número da página; d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”); e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda; f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0 cm de largura; g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco; i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento; j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco ou, preferivelmente, nos recicláveis. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e ilustrações; l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm; m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos documentos de texto; n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos; o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do documento + palavras-chaves do conteúdo q) há também o estilo semibloco: está sendo o mais usual. Usa-se 2,5 cm para as margens e espaço duplo entre os parágrafos. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 107 EXERCÍCIO Observe o ofício abaixo. Aponte todas as incoerências ortográficas, gramaticais e semânticas. Depois, reestruture-o. Belo Horizonte, 09 de Janeiro de 2.006. Excelentíssimo Senhor Prefeito. Com os meus cordiais cumprimentos, informando-lhe sobre as diretrizes para a implementação, da ação que fazem parte do Programa Saneamento Básico: mais saúde para todos, constante do Plano Plurianual de Ação Governamental, e do Orçamento Fiscal do Estado de Minas Gerais, aprovado pela Lei nº 15.031, de 01/04/2.004 observado o Decreto nº 43.754, de 19/05/2.004 que, dispõe sobre a programação orçamentária e financeira do Poder Executivo para o exercício de 2004. Informamos-o que, a ação visa ampliação da cobertura dos sistemas de abastecimento de água, de coleta de esgotos sanitários, de coleta e destinação final de lixo, incrementar o tratamento de esgotos, melhorar a condição de saúde da população, a qualidade da prestação dos serviços de saneamento básico, as condições sanitárias das famílias de baixa renda. Informo a V.Sª, que para a implementação da ação, para aplicação dos recursos do Orçamento Fiscal do Estado de Minas Gerais, se usará contrapartida dos municípios e outras fontes à ser definidas através de recursos financeiros. Informamos-lhes de que nos três meses que antecede ao pleito eleitoral, é vetada a realização, de transferência voluntária de recursos do Estado aos Municípios, sobre pena de nulidade de pleno direito, ressalvados aos recursos destinados à cumprir obrigação formal pré-existente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma pré-fixado e os destinados à atender situações de emergência e de calamidade pública, nos termos da Lei n° 9504, de 30.09.1.997. Nada mais havendo a informar, aproveito a oportunidade para reiterar as minhas expressões de apreço e distinta consideração. Sem mais para o momento, sou mui Cordialmente, JOSÉ INÁCIO DE LOIOLA SECRETÁRIO DE ESTADO Exmº Sr. Dr. Antônio Augusto da Silva DD. Prefeito Municipal de Lambari Rua das Camélias, nº 09 LAMBARI 31.920.000 Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 108 O Memorando O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação eminentemente interna. Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por determinado setor do serviço público. Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do número de comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplificado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, e permitindo que se historie o andamento da matéria tratada no memorando. Correio Eletrônico O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na principal forma de comunicação para transmissão de documentos. Forma e Estrutura Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial. O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a organização documental tanto do destinatário quanto do remetente. Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo. Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da mensagem pedido de confirmação de recebimento. Valor documental Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser aceita como documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei. Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 109 ANEXOS Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 110 TEXTO 1 "Escrevendo muderno", copyright O Globo, 15/04/01 João Ubaldo Ribeiro "A nível de governo, acho maravilhosa a idéia de resgatar o português, atualmente tão relegado a favor do inglês. Acho também maravilhoso achar que pelo menos 90% da população concorda que essa medida, pois essa medida, ela é fundamental para resgatar nossa cultura, hoje tão penalizada pelo domínio do inglês. Mas também acho que essa nova lei, ela não pode ser colocada a nível de povo propriamente dito, porque, apesar de maravilhosa em sua intenção, de boas intenções, o inferno, ele está cheio. Como citei acima, nada tenho contra o governo, ele emitir suas próprias normas, aplicáveis aos funcionários dele e aos documentos dele. Porém, a nível corporativo, acho que o governo, ele deveria reconsiderar tal decisão, porque a globalização, ela não pode ser brecada, não importa os antigos, que persistem no seu nacionalismo ultrapassado. Basta colocar o assunto objetivamente para se obter um insight maravilhosamente simples: a nível corporativo, o inglês já é universal, ao ponto de que já há - e, de certa forma, sempre houveram - empresas que exigem, ao nível médio de seus funcionários, o conhecimento da língua de Shakespear, até mesmo em função do processo irreversível, a nível de informática. Coloco também que, a nível de fala popular, esta lei, ela com certeza terá o mesmo destino que sobreviu a tantas outras, de não pegar, ou seja, a lei, ela corre o risco de nunca vim a ser aplicada. Vou ir mais longe: esta lei, ela não vai pegar na população, pois a verdade é que ela só iria penalizar os que usam termos em inglês ou inglesificados, que hoje são a maioria, isto devido de que a língua portuguesa, ela não tem a capacidade de expressão da língua bretã, necessitando então de que usemos o vocabulário inglês. Seria maravilhoso que nós tivéssemos uma língua capaz de expressar nossas idéias tão maravilhosamente quanto o inglês, ele é capaz de fazer. Não nego, o mérito de nossos artistas, que hoje atinge um nível maravilhoso. Na verdade, devo colocar a ressalva de que acho que os nossos artistas, eles são, em sua grande maioria, maravilhosos, principalmente na televisão, este poderoso meio de comunicação. Menas verdade seria declarar o contrário. Mas a realidade é que a língua portuguesa, ela não é circunsquita a televisão, ela é do povo em geral. E, mesmo na televisão, ela perde bastante do inglês, que é uma língua muito mais apropriada para o diágolo do que o português. I love you, ele tem o som super mais natural do que eu te amo. Muitos negam isso para não ir ao encontro dos nacionalistas que dominam as mídias, mas, se a pessoa for examinar bem sua conciência, verá que estou super coberto de razão. Na música, é a mesma coisa. A nossa música, ela é reconhecidamente rica, com supertalentos maravilhosos, que eu adoro. Adoro, não. Muito mais do que isso, eu amo a música brasileira, do funk ao axé e seria tapar uma peneira com o sol querer negar como são maravilhosos artistas do porte de Chico Buarque, Caetano Veloso e tantos outros que me não deixam (o que atrai o pronome - mas ninguém fala assim, ou sejam, as regras por si só não querem dizer nada, o que só vem de encontro as minhas afirmações anteriores), que me não deixam mentir. Mas, contudo, a verdade é que a grande música é em inglês e sempre foi, através por seus maravilhosos intérpretes, do saudável Frank Sinatra ao superturbinado Michael Jackson. A lista dos grandes artistas americanos é inenumerável, de tão longa. E vamos pensando com objetividade, a nível do racional, sem posicionamentos baseados em preconceitos super sem sentido: a música brasileira, com todos os seus talentos, é meia Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 111 medíocre, se defrontada com a música americana. Alguém, a guisa de exemplo, pode imaginar um clássico como ‘Nigth and Day’ cantado em português? Não dá. A nível de literatura, nossa língua, vamos reconhecer, ela não tem ninguém que chegue perto do já mencionado maravilhoso Shakspear. E onde está, por exemplo, o nosso Stephen King? Vamos catando por aí e a ninguém chegaremos com tal estrutura supermaravilhosa de talento literário. Pode-se alegar que temos um Machado de Assis, mas hoje, ao contrário do próprio Shekspear, que qualquer um pode ir no teatro e entender, são raros os que podem ler Machado de Assis, que, apesar de seu grande valor, usa uma linguagem superultrapassada, que já foi maravilhosa em seu tempo, mas esse tempo, vamos colocar as coisas com esenção, ele já é superantigo, não importe o quanto já foi maravilhoso. Haveriam muitas mais coisas a colocar a respeito dessa lei, mas a falta de espaço penaliza a quem almeija de esgotar determinado assunto num espaço superlimitado. Está certo, o brasileiro, ele é um povo superalegre, superbom, supercordial, um povo efetivamente maravilhoso. Mas sua língua, ela já era, e tem exemplos claros desse fato, como qualquer pessoa que vá na Barra da Tijuca poderá atestificar. Ao invés de ficar se preocupando com esses assuntos que já foi vencido pela globalização, os nossos políticos, eles deviam era de estarem preocupando-se com a fome, a inclusão social, ou sejam, coisas que de fato interessa. Eu diria mesmo de que essa lei é fruta de falta de ter o que fazer, porque, se não pudemos nos livrarmos de tantas mazelas herdadas da colonização portuguesa, pudemos pelo menos nos livrar de uma língua que nos isola do mundo e atrapalha a nossa ascenção como povo. Que o governo lhe conserve, tudo bem, seria uma tradição louvável. Todavia, porém, posso concluir garantindo super com certeza: se essa lei fosse subemetida a um plebicito, não exito em fazer uma previsão, no meu ver, supercorreta. Essa lei, ela seria rejeitada por praticamente toda a população, sem excessão. Mas não, tudo indica que será aprovada. Durma-se com um barulho destes." Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 112 TEXTO 2 VERBOS NOVOS E HORRÍVEIS... Ricardo Freire Não, por favor, nem tente me disponibilizar alguma coisa, que eu não quero. Não aceito nada que pessoas, empresas ou organizações me disponibilizem. É uma questão de princípios. Se você me oferecer, me der, me vender, me emprestar, talvez eu venha a topar. Até mesmo se você tornar disponível, quem sabe, eu aceite. Mas, se você insistir em disponibilizar, nada feito. Caso você esteja contando comigo para operacionalizar algo, vou dizendo desde já: pode ir tirando seu cavalinho da chuva. Eu não operacionalizo nada para ninguém e nem compactuo com quem operacionalize. Se você quiser, eu monto, eu realizo, eu aplico, eu ponho em operação. Se você pedir com jeitinho, eu até implemento, mas operacionalizar, jamais. O quê? Você quer que eu agilize isso para você? Lamento, mas eu não sei agilizar nada. Nunca agilizei. Está lá no meu currículo: faço tudo, menos agilizar. Precisando, eu apresso, eu priorizo, eu ponho na frente, eu dou um gás. Mas agilizar , desculpe, não posso, acho que matei essa aula. Outro dia mesmo queriam reinicializar meu computador. Só por cima do meu cadáver virtual. Prefiro comprar um computador novo a reinicializar o antigo. Até porque eu desconfio que o problema não seja assim tão grave. Em vez de reinicializar, talvez seja o caso de simplesmente reiniciar, e pronto. Por falar nisso, é bom que você saiba que eu parei de utilizar. Assim, sem mais nem menos. Eu sei, é uma atitude um tanto radical da minha parte, mas eu não utilizo mais nada. Tenho consciência de que a cada dia que passa mais e mais pessoas estão utilizando , mas eu parei. Não utilizo mais. Agora só uso. E recomendo. Se você soubesse como é mais elegante, também deixaria de utilizar e passaria a usar. Sim, estou me associando à campanha nacional contra os verbos que acabam em "ilizar". Se nada for feito, daqui a pouco eles serão mais numerosos do que os terminados simplesmente em "ar". Todos os dias, os maus tradutores de livros de marketing e administração disponibilizam mais e mais termos infelizes, que imediatamente são operacionalizados pela mídia, reinicializando palavras que já existiam e eram perfeitamente claras e eufônicas. A doença está tão disseminada que muitos verbos honestos, com currículo de ótimos serviços prestados, estão a ponto de cair em desgraça entre pessoas de ouvidos sensíveis.Depois que você fica alérgico a disponibilizar, como vai admitir, digamos, "viabilizar"? É triste demorar tanto tempo para a gente se dar conta de que "desincompatibilizar" sempre foi um palavrão. Precisamos reparabilizar nessas palavras que o pessoal inventabiliza só para complicabilizar. Caso contrário, daqui a pouco nossos filhos vão pensabilizar que o certo é ficar se expressabilizando dessa maneira. Já posso até ouvir as reclamações: "Você não vai me impedibilizar de falabilizar do jeito que eu bem quilibiliser". Professora Leila Maria Rodrigues e-mail [email protected] telefone 9157-9139 113 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ABAURRE, Maria Luíza; Pontara, Marcela Nogueira. Coleção Base; Português – Vol.Único 1ª Edição – São Paulo Moderna - 1999 ANDRÉ, Hildebrando A . de. Gramática Ilustrada – 4ªed. São Paulo Moderna – 1990 BECHARA, Evanildo, Moderna Gramática Portuguesa Brasil, Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República; Gilmar Ferreira Mendes [et al.]. Brasília: Presidência da República, 1991 CADORE, Luís Agostinho – Curso Prático de Português, Literatura. Gramática. Redação CARNEIRO, Agostinho Dias – Redação em Construção . A Escritura do Texto ; Ed. Moderna 1997 CARNEIRO, Agostinho Dias – Texto em Construção . Interpretação de Texto ; Ed. Moderna 1996 CEGALLA, DOMINGOS Pascoal . Novíssima Gramática da Língua Portuguesa – 30 ed. S.P.Nacional – 1998 CUNHA, Celso, CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985 EPSTEIN, Isaac. Gramática do poder. São Paulo: Ática, 1993 GARCIA, Oton Moacir. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. 5 ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1977 KOCH, Ingedore G. Villaça. A coesão textual. 7. ed. São Paulo: Cortez LIMA, Carlos Henrique da Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. MARTINS, Eduardo – Manual de Redação e Estilo de O Estado de S.Paulo; Ed. Moderna 1997 SOARES, Magda Becker – Técnica de Redação; Ed. Ao livro Técnico 1997 TERRA, Ernani – Curso Prático de Gramática: Ed. Scipione VIANA, Antônio Carlos [ et al.] – Roteiro de Redação . Lendo e Argumentando; Ed. Scipione 1998
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