apostila sociologia

March 19, 2018 | Author: Romulo Simonassi | Category: Sociology, Knowledge, Metaphysics, Paradigm, Reality


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FACULDADE KURIOSGRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA PROFA. ROSÂNGELA ROCHA DE ALMEIDA CABRAL SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO MINEIROLÂNDIA, PEDRA BRANCA – CEARÁ JULHO – 2011 2 Só sei que nada sei enquanto os outros acreditam saber aquilo que não sabem. Sócrates 3 FACULDADE KURIOS GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO Aos Acadêmicos do Curso de Pedagogia – Mineirolândia, Pedra Branca Ceará Seja bem-vindo(a) à disciplina “Sociologia da Educação” do curso de Pedagogia, Polo Educacional de Mineirolândia, Pedra Branca – Ceará, vinculado à Coordenação Regional de Quixeramobim – Ceará. Esta apostila elaborada e disponibilizada pelos professores Antônio Martins de Almeida Filho, Julieta Rocha de Almeida Lima e Rosângela Rocha de Almeida compreenderá, a partir da ementa institucional, uma série de reflexões e aprofundamentos que nortearão a sua vida acadêmica. Propiciará aprofundamentos em torno das noções introdutórias dos conhecimentos próprios da área de Pedagogia, oportunizando, assim, o aprofundamento dos fundamentos à formação integral do profissional na visão da superação da visão tecnicista de educação. Os conteúdos programáticos serão relevantes para a sua formação profissional e, ao mesmo tempo, será ponte para o estudo das demais disciplinas “LUMEN AD VIAM” - Luz para os seus caminhos ou luz para a vida. Esta é a disciplina que permitirá conhecer a Sociologia da Educação no campo geral e específico. Pautados nas considerações anteriores, confiantes em seu crescimento e formação profissional é que lhe damos as boas vindas e desejamos uma boa aula. Os Autores FORACCHI. São Paulo: Nacional. 2010. Gramsci. DEMO. 14ed.4 FACULDADE KURIOS GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO EMENTA DA DISCIPLINA DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO CARGA HORÁRIA: 80 Horas PROFESSORA: Rosângela Rocha de Almeida Cabral EMENTA: Origem e desenvolvimento da sociologia. Antônio Martins de. aspectos da atual divisão internacional de trabalho. José de Souza. Marx. ed. sociologia contemporânea. 1980. – Iniciação à sociologia. Sociologia da Educação. – Sociologia da educação.Educação. Coordenação Regional de Quixeramobim – Ceará. E. KRUPPA. 1990. Porto Alegre: Feptan. Émile. Pedro . 1993. Sociologia e Sociedade. Faculdade Kurios – FAK. cultura e política social. 1996. São Paulo: FTD. VIEIRA. Marialice M. Nelson D. reprodução e transformação social. Sônia M. 2. 1980. Evaldo – Sociologia da educação: reproduzir e transformar. Apostila Elaborada para o Curso de Graduação em Pedagogia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA FILHO. São Paulo: Cortez. Dermeval – Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. ed. 1994. SAVIANI. DURKHEIM. Teorias sociológicas da Educação. São Paulo: Cortez. P. TOMAZI.principais autores: Durkheim. MARTINS. Weber. ordem cultural e transmissão de herança cultural. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. conceitos analíticos. 1991. São Paulo: Atual. Dewey. . – As regras do método sociológico. 3. produção e conhecimento. Teorias sociológicas da educação sobre a sociedade particulamente suas concepções sobre educação . A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO COMO SOCIOLOGIA ESPECIAL IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO PARA O EDUCADOR CONCEITO SOCIOLÓGICO DE EDUCAÇÃO 21 21 22 .5 SUMÁRIO BOAS VINDAS AOS ACADÊMICOS DO CURSO DE PEDAGOGIA 03 EMENTA DA DISCIPLINA 04 UNIDADE I EDUCAÇÃO? EDUCAÇÕES: APRENDER COM O ÍNDIO 08 UNIDADE II A UNIDADE SOCIEDADE-EDUCAÇÃO-INDIVÍDUO O QUE ACONTECE QUANDO A EDUCAÇÃO É INSUFICIENTE OU SIMPLESMENTE NÃO EXISTE? O “MENINO SELVAGEM” DE AVEYRON: UMA HISTÓRIA VERÍDICA UM OLHAR SOCIOLÓGICO UMA SITUAÇÃO EXTREMA: VIVENDO COM LOBOS CONCLUSÃO 11 11 11 11 12 13 UNIDADE III O PAPEL DA EDUCAÇÃO ESCOLAR E A QUESTÃO DO CONHECIMENTO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO I Conhecimento e educação no paradigma do Ser: ontologia e desvelamento II Conhecimento e educação no paradigma da Reflexão: representação e autonomia III Conhecimento e educação no paradigma da Linguagem: comunicação e Intersubjetividade 14 14 15 16 18 UNIDADE IV A EDUCAÇÃO COMO OBJETO DE ESTUDO SOCIOLÓGICO . EDUCAÇÃO E MOVIMENTOS SOCIAIS AS FORMAS DE LUTA E AÇÃO COLETIVA ALGUNS TIPOS DE MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO 46 47 48 48 49 50 51 52 54 .A educação não está deslocada de seu contexto social EDUCAÇÃO E FAMÍLIA EDUCAÇÃO E FAMÍLIA NO BRASIL A EDUCAÇÃO E A FAMÍLIA 29 30 32 32 UNIDADE VII CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA E JUVENTUDE NA VISÃO DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA E DE JUVENTUDE O SURGIMENTO DAS ESCOLAS E AS VISÕES DA INFÂNCIA A ESCOLA COMO INSTITUIÇÃO SOCIAL PROCESSO DE INDIVIDUALISMO QUESTÕES DO PÚBLICO E DO PRIVADO 35 36 37 38 39 40 UNIDADE VIII A ESCOLA E O CONTROLE SOCIAL A ESCOLA E O DESVIO SOCIAL 43 43 UNIDADE IX MUDANÇA SOCIAL ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL FORMAS DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL MOBILIDADE SOCIAL TIPOS DE MOBILIDADE SOCIAL EDUCAÇÃO COMO FATOR DE MOBILIDADE SOCIAL.6 UNIDADE V A SOCIOLOGIA E A EDUCAÇÃO A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO OS PRIMEIROS GRANDES SOCIÓLOGOS: A EDUCAÇÃO COMO TEMA E OBJETO DE ESTUDO AUGUSTE COMTE ÉMILE DURKHEIM KARL MARX MAX WEBER AS TEORIAS SOCIOLÓGICAS E A EDUCAÇÃO 23 24 24 25 25 26 26 27 UNIDADE VI A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL . 7 UNIDADE X A EDUCAÇÃO E O ESTADO O CONCEITO DE ESTADO E SUAS FUNÇÕES ESTADO E EDUCAÇÃO NO BRASIL EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO X DESENVOLVIMENTO SOCIAL AS DESIGUALDADES SOCIAIS E OS SUBDESENVOLVIMENTOS 56 56 56 57 58 58 UNIDADE XI EDUCAÇÃO E COTIDIANO NO BRASIL PROBLEMA DE EDUCAÇÃO NO BRASIL A PROFISSÃO DO PROFESSOR PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 60 61 63 64 . portanto. que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração.” . Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e. sendo assim. totalmente inúteis. e falavam a nossa língua muito mal. para ensinar. deles. Para saber. Eis o trecho que nos interessa: “. Não sabiam como caçar o veado. e não se aparta de sua água carece de espelho. matar o inimigo e construir uma cabana. Buriti quer todo o azul. Não serviam como guerreiros. homens. mas quem de repente aprende. eles eram maus corredores. embora não possamos aceitá-la. Em casa. na igreja ou na escola. Com uma ou com várias: educação? Educações. e o que ele responde é: a coragem minha. como as promessas e os símbolos da educação sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele. Os chefes responderam agradecendo e recusando. para fazer.. como caçadores ou como conselheiros. logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns de seus jovens às escolas dos brancos. os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa. para ser ou para conviver.. Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz com os Índios das Seis Nações. que Ihes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos. todos os dias misturamos a vida com a educação. quando eles voltavam para nós. E já que pelo menos por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida. João Guimarães Rosa/Grande Sertão: Veredas Ninguém escapa da educação. por que não começar a pensar sobre ela com o que uns índios uma vez escreveram? Há muitos anos nos Estados Unidos.Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência.. Mas. Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e. A carta acabou conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o costume de divulgá-la aqui e ali. Nós estamos convencidos. Ora. . Eles eram. portanto. Mestre não é quem sempre ensina. ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. na rua. para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens. para aprender-e-ensinar..8 UNIDADE I EDUCAÇÃO? EDUCAÇÕES: APRENDER COM O ÍNDIO Pergunto coisas ao buriti. de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender. em mundos sociais sem classes. em tipos de sociedades e culturas sem Estado. na verdade não serve para ser a educação do colonizado. Ela ajuda a pensar tipos de homens. Não há uma forma única nem um único modelo de educação. para os usos escusos que ocultam também na . a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor. em países desenvolvidos e industrializados. trocas que existem dentro do mundo social onde a própria educação habita. com este ou aquele tipo de conflito entre as suas classes. como idéia. em sua sociedade. também possui como um dos seus recursos. entre as incontáveis práticas dos mistérios do aprender. sem classes de alunos. algumas das questões entre as mais importantes estão escritas nesta carta de índios. ou entre povos que se encontram. como trabalho ou como vida.às vezes a ocultar. e ao seu trabalho. Existe entre povos que submetem e dominam outros povos. dos direitos e dos símbolos. professores e métodos pedagógicos. Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo. de classes. como crença. livre e em nome de todos. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder. A educação pode existir livre e.de geração em geração. para que elas reproduzam. o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante. a educação existe difusa em todos os mundos sociais.9 De tudo o que se discute hoje sobre a educação. mais adiante com escolas. às vezes a inculcar . agricultores ou pastores nômades. como saber. do trabalho. bens e poderes que. Mais do que isso. as regras do trabalho. Formas de educação que produzem e praticam. sem livros e sem professores especialistas. do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar. através de passar de uns para os outros o saber que os constitui e legitima.a educação do colonizador. Mais ainda. No entanto. dentro de sua cultura. Assim. ela existe em cada povo. através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens. os segredos da arte ou da religião. na verdade. de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos. Da família à comunidade. Não serve e existe contra uma educação que ele. que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens. entre todos os que ensinam-e-aprendem. E esta é a sua força. a educação é um dos meios de que os homens lançam mão para criar guerreiros ou burocratas. na divisão dos bens. como outras. em sociedades camponesas. Em mundos diversos a educação existe diferente: em pequenas sociedades tribais de povos caçadores. constroem tipos de sociedades. uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam. quando são necessários guerreiros ou burocratas. a educação participa do processo de produção de crenças e idéias. entre tantas outras invenções de sua cultura. em conjunto. o saber que atravessa as palavras da tribo. a fim de usá-lo. a necessidade da existência de sua ordem. que contém o saber de seu modo de vida e ajuda a confirmar a aparente legalidade de seus atos de domínio. todos os dias. A educação é. e desde onde ajuda a explicar . com um Estado em formação ou com ele consolidado entre e sobre as pessoas. pensando às vezes que age por si próprio. pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum. ela ajuda a criá-los. Por isso mesmo . a vida’ do grupo e a de cada um de seus sujeitos. não obstante dominado. usando a educação como um recurso a mais de sua dominância. salas. o educador imagina que serve ao saber e a quem ensina mas. primeiro. ele pode estar servindo a quem o constituiu professor. em seu mundo. aquilo que é comunitário como bem. os códigos sociais de conduta. entre todos.e os índios sabiam . de acordo com as imagens que se tem de uns e outros: “. sempre se espera. a mesma educação que ensina pode deseducar.R. E esta é a sua fraqueza..10 educação . ou sempre se diz para fora. através de seu exercício.nas suas agências. Brandão) . portanto. ali. e deles faremos homens”. e elas podem ser como que um roteiro daqui para a frente. totalmente inúteis”. Aqui e ali será preciso voltar a estas idéias. suas práticas e nas idéias que ela professa.. ou do que inventa que pode fazer: “. Mas. eles eram. de dentro. que a sua missão é transformar sujeitos e mundos em alguma coisa melhor. A educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e. na prática. e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que faz.interesses políticos impostos sobre ela e. de C. à sociedade que habita... (Texto extraído do livro “O que é Educação”. Locomovia-se apoiado nas mãos e nos pés. O psiquiatra Jean-Marie Gaspard Itard. foi objeto de curiosidade e provocou discussões acaloradas principalmente na França. Segundo eles. verificou-se que Victor (assim passou a ser chamado) não pronunciava nenhuma palavra e parecia não entender nada do que lhe falavam. Em 9 de janeiro de 1800. rejeitava roupas e também o uso de cama. da privação do convívio social e da ausência absoluta de educação para a inteligência de um adolescente que viveu assim. Médicos franceses. foi registrado seu aparecimento num moinho em Saint-Sernein. distrito de Aveyron. Era um menino de cerca de 12 anos. olhos negros e fundos. dormia no chão sem colchão. como Jean Étienne Esquirol (1772-1840) e Philippe Pinel (1745-1826). Apesar do rigoroso inverno europeu. Sempre que alguém se aproximava. afirmavam que o menino selvagem sofria de idiotia. correndo como os animais quadrúpedes. Tinha a cabeça.11 UNIDADE II A UNIDADE SOCIEDADE-EDUCAÇÃO-INDIVÍDUO O QUE ACONTECE QUANDO A EDUCAÇÃO É INSUFICIENTE OU SIMPLESMENTE NÃO EXISTE? O “MENINO SELVAGEM” DE AVEYRON: UMA HISTÓRIA VERÍDICA Em 1797. os braços e os pés nus. tinha a pele branca e fina. Quais as conseqüências. ele fugia como um animal assustado. Sua fisionomia foi descrita como graciosa. na França. farrapos de uma velha camisa (sinal de algum contato com seres humanos) cobriam o resto do corpo. uma deficiência mental grave. perguntava ele. não compartilhava da opinião dos colegas. teria sido essa a razão pela qual os pais o haviam abandonado. Provavelmente abandonado na floresta aos 4 ou 5 anos. Após sua captura. diretor de um instituto de surdos-mudos. sorria involuntariamente e seu corpo estava coberto de cicatrizes. um menino quase inteiramente nu foi visto pela primeira vez perambulando pela floresta de Lacaune. rosto redondo. separado de indivíduos de sua espécie? . Um olhar sociológico Victor de Aveyron tornou-se um dos casos mais conhecidos de seres humanos criados livres em ambiente selvagem. cabelos castanhos e nariz comprido e aquilino. vivendo entre lobos. tirar a água necessária para beber. como afirmava o filósofo grego Aristóteles (384-322 a. na falta de comunicação com seus semelhantes. Kamala levou seis anos para andar de forma ereta. a sociabilidade é o que torna possível a vida em sociedade. foram confiadas a um asilo e passaram a ser menino observadas por estudiosos. Trata-se de uma criação literária do escritor anglo-indiano Rudyard Kipling (1865-1936). Mogli é um personagem fictício criado pela imaginação do autor.). O caso do menino selvagem de Aveyron mostra que o ser humano é um animal social por excelência. A outra. Itard reforçou sua tese de que os hábitos selvagens iniciais do menino e sua aparente deficiência mental eramapenas e tão-somente resultado de uma vida afastada de seus semelhantes e da civilização. Sua vida só adquire sentido na relação com outros seres humanos. Victor já fabricava pequenos objetos e podava as plantas da casa. do diagnóstico de deficiência mental para o caso.12 Itard acreditava que a situação de abandono e afastamento da civilização explicava o comportamento diferente do menino. elas cheiravam a comida antes de tocá-la. que na época tinham quatro e oito anos de idade. Cinco anos mais tarde. o pesquisador concluiu que o isolamento social prejudica a sociabilidade do indivíduo. Ambas apresentavam hábitos alimentares bem diferentes dos nossos. Essas crianças. preferindo o convívio com os animais. foram descobertas em 1921. Ora. Mas o que aconteceria realmente a um ser humano. Na história de Kipling. Amala. Locomoviam-se de forma curvada. porém. Com base nesses resultados. a mais jovem. mas tem sua origem na falta de socialização do indivíduo considerado deficiente. numa caverna da Índia. levar ao seu terapeuta as coisas de que necessita. A partir de sua experiência com o menino. não resistiu à nova vida e logo morreu. diverte-se ao empurrar um pequeno carrinho e começa também a ler. descrevendo as etapas de sua educação: ele já é capaz de sentar-se convenientemente à mesa. especialmente de comunicação verbal. Aproximando-se de uma visão sociológica. Como fazem normalmente os animais. que não se . publicado em 1801. (veja o texto a seguir) Uma situação extrema: vivendo com lobos Você certamente já ouviu falar de Mogli. com as mãos apoiadas no chão. o menino-lobo. Itard apresenta seu trabalho com o menino selvagem de Aveyron.C. Itard formulou a hipótese de que a maior parte das deficiências intelectuais e sociais não é inata. como o fazem os quadrúpedes. viveu cerca de oito anos. dilaceravam alimentos com os dentes e faziam pouco uso das mãos para beber e comer. Notou-se também que a menina não ficava à vontade na companhia de pessoas. No livro A educação de um homem selvagem. Amala e Kamala. caso fosse criado entre lobos? A história a seguir pertence à vida real e mostra como o personagem Mogli está longe de refletir a realidade. Duas meninas. Mogli é um menino inteligente e sociável que se dá muito bem com os animais e também com os seres humanos. Possuíam aguda sensibilidade auditiva e o olfato desenvolvido. Discordava. assim. estabelecendo com eles relações sociais. com a ajuda apenas de um livro encontrado em uma cabana. Tarzan aprendeu a ler sozinho. que sobreviveram quase milagrosamente entre os animais e penaram para alcançar algumas das características básicas de uma existência “civilizada”. Para o pensador Lucien Malson. Como obra de ficção. demonstrava sentimentos humanos e defendia valores semelhantes aos da sociedade em que viveu o escritor. Tarzan sempre atraiu o interesse de jovens leitores. crianças que crescem entre animais são incapazes de desenvolver atitudes e sentimentos humanos antes de qualquer contato com outros indivíduos de sua espécie que já vivam em sociedade. jamais ilumina o rosto das crianças isoladas”. 115-6.(Adaptado de: A. Xavier Telles. Na verdade. p.) CONCLUSÃO Assim como no caso do menino de Aveyron. 1969. a conclusão é clara: “Será preciso admitir que os homens não são homens fora do ambiente social. Outro personagem célebre surgido da imaginação do escritor norte-americano Edgar Rice Burroughs (1875-1950). é Tarzan. a experiência das duas crianças criadas entre lobos na Índia mostra que os indivíduos só adquirem características realmente humanas quando convivem em sociedade com outros seres humanos. do qual participa toda criança. Estudos Sociais. Além disso. mas está tão distante da vida real quanto Mogli. deixa uma lição que não pode ser ignorada: sem o denso tecido das relações sociais. o menino-lobo.13 assustavam com sua presença e pareciam até entendê-la. simplesmente não há humanidade. A história das crianças selvagens. . Criado por macacos na África. como o riso ou o sorriso. visto que aquilo que consideramos ser próprio deles. São Paulo. Nacional. Dizer que o sentido do educar depende largamente do entendimento do que seja conhecimento significa. e sinalizar a concepção de educação implicada em cada paradigma. bem como as repercussões delas.15). da agenda da modernidade herdamos uma ênfase na Reflexão. “Todo processo educativo e toda práxis pedagógica necessitam de justificação e de legitimação racional para que explicitem o próprio sentido de educar” (CASAGRANDE.1 SOBRE A RELAÇÃO ENTRE CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO Conhecimento e educação são questões relacionadas: os seres humanos são capazes de conhecer e esse é um dos motivos pelos quais conferimos sentido à atividade educativa. desenvolver e avaliar uma aula. tematizar as estruturas mais gerais do conhecimento. O PAPEL DA EDUCAÇÃO ESCOLAR E A QUESTÃO DO CONHECIMENTO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO 1. esse diálogo registra algumas ênfases: da agenda de Platão e Aristóteles herdamos uma ênfase no Ser. que Marques (1992) chamou de paradigmas. p. para tanto. b) o paradigma da Reflexão. as ênfases e as estratégias de avaliação acompanham tal concepção com maior ou menor coerência. levaram Marques (1992. nas agendas filosóficas contemporâneas a ênfase está na Linguagem. 2008. Para qualificar processos e resultados da educação escolar é decisivo abordar a relação entre conhecimento e educação. É oportuno. é possível desenvolver e mensurar a competência e a qualificação docente. Através dela. Inscrevemos o exame dos paradigmas do conhecimento no amplo e fecundo diálogo entre filosofia e educação. 1993) a distinguir três concepções paradigmáticas de conhecimento e. por conseguinte. Na história do pensamento ocidental. Para a filosofia. o professor lida com uma concepção de conhecimento e que a metodologia. pois a produção deste é uma questão central para refletir questões pedagógicas escolares. . que ao preparar. em termos práticos. o que está relacionado a um conjunto de fatores cuja análise vai além do escopo da nossa reflexão. A pergunta pelo conhecimento já foi respondida de diversas maneiras ao longo da história do pensamento. O que é conhecimento? Como produzimos ou construímos conhecimentos? Tais questões precisam ser enfrentadas. antes de dizer o que entendemos por educação devemos esclarecer a noção de conhecimento que lhe serve de justificativa. Essas ênfases. Para a escola é uma questão sempre pertinente e atual. c) o paradigma da Linguagem. É claro que há professores que as consideram secundárias ou mesmo irrelevantes para a sua atividade.14 UNIDADE III 1. bem como delinear perspectivas de formação continuada. o que requer esforço reflexivo. de educação: a) o paradigma do Ser. trata-se de uma questão central. Assim. graças à confiança que temos na visão e nos outros sentidos. 2001. 2007. que na aparência podem ser muito diferentes umas das outras. eventos e situações. 2002. podermos conhecer e agir” (HAEFFNER. externa a mim) e mental (a árvore enquanto idéia) e a questão a ser respondida é: qual e relação entre a realidade (a partir de si mesma) e sua objetivação no conhecer humano? A resposta ontológica afirma uma relação de identidade entre as categorias: as árvores. Existe uma idéia de árvore. que não muda. 172). Platão entende que o pensar exige. “O ser mesmo. a verdade que pode e deve ser conhecida está na idéia das coisas e não naquilo que aparece. continuar nessa categoria. Categorias propostas. a verdade e uma série de outras noções são desenvolvidas a partir daquela demarcação” (CHATEAUBRIAND. a contemplação do ser verdadeiro. não nos convém” (PLATÃO. Mesmo muito diferentes uma da outra. Como esse conhecimento ocorre? Estamos lidando com duas categorias: físico (a árvore. 19). imaterial. de algum modo. a visão intelectual. 526e) O conhecimento rigoroso só é possível se o juízo que hoje é verdadeiro permanecer verdadeiro . pelo sentido e pelo fundamento da realidade como tal (HAEFFNER. concluímos que todas são árvores. O pensar “obriga a contemplar a essência. como objeto. Não é nem a árvore A. 2002. a pergunta pelo conhecimento é respondida através da demonstração de como elas se articulam entre si (CHATEAUBRIAND. um ser inalterável. Referência primeira do paradigma do Ser. 55). [. O uso da razão permite ao homem chegar a essas idéias” (BOUFLEUER. O esforço de composição de um quadro teórico pode ser de grande valia para a qualificação da atividade educativa escolar. Pode ser conhecida. imutável e perfeita. mentais e abstratos. O olho do espírito é capaz de captar a ordem objetiva. seguramente. 1998. uma vez que o essencial das coisas não muda. por isso. a ontologia procura mostrar como essas categorias “se articulam entre si. pois o homem é dotado de um “olho do espírito”: uma capacidade de apreender as essências que estão por detrás da materialidade do mundo. mas abrange todas. Refere-se à pergunta pela estrutura. que no mundo exterior existem árvores. possuem todas a mesma essência. p. Nas definições de ontologia e metafísica encontramos o pressuposto principal do paradigma do Ser: a realidade enquanto tal pode ser conhecida.. e como o conhecimento. ou seja. Metafísica também é um termo filosófico. I Conhecimento e educação no paradigma do Ser: ontologia e desvelamento Dois termos ajudam-nos a caracterizar o paradigma do Ser: ontologia e metafísica. 12). p. Se a realidade fosse mutável. nem a B.15 O estudo dessas distintas concepções ajuda-nos a refletir a questão proposta. 1995. uma idéia universal. O método da metafísica consiste em “demonstração transcendental e desdobramento especulativo das convicções que já presumimos desde sempre para. Outro é distinguir processos. 172). a verdadeira ordem das coisas” (OLIVEIRA. 336. Uma investigação metafísica procura compreender e examinar as leis fundamentais da realidade. 1998). Que relação há (ou: é possível) entre uma coisa (no sentido físico) e a minha idéia (o que penso dela)? Percebemos. Ontologia é um termo filosófico que designa uma categorização da realidade. p. p. uma teoria que busca uma visão ampla do real através de categorias.. não haveria meio de elaborar categorias ou estruturas gerais da mesma. Um dos legados da filosofia grega clássica é conceber o pensamento “como uma espécie de visão. p. p. É. se é o mutável. Um exemplo de categorização é distinguir objetos físicos. Além de propor uma visão da realidade em grandes categorias.]. O pressuposto da imutabilidade da essência funciona como uma garantia: o que hoje está na categoria “mundo físico” vai. educar “consiste em transmitir fielmente verdades aprendidas como imutáveis. “buscar refúgio nas ideias e procurar nelas a verdade das coisas” (PLATÃO. A possibilidade do conhecimento é explicada pela imutabilidade essencial do objeto. E é apriorista. e não do que a certa altura se gera ou se destrói” (2007. aprender e memorizar” (MARQUES. numa relação de adequação do mental ao físico. na concepção moderna parte-se da noção de que a realidade em si é dispersa e desconexa. Por isso.16 amanhã e sempre. Platão adverte que é cego quem tenta compreender os objetos através dos sentidos.] o fato de os objetos o serem em si mesmos é impossível: não é a pedra que está na alma mas. Os objetos da experiência sensorial. que privilegiam alguns e escravizam outros. Temos. como uma derivação. uma vez que atribui ao conhecimento conceitual uma função cognoscitiva independente da experiência. no paradigma do Ser. o paradigma do Ser sela duas características que marcam toda a história do pensamento ocidental: a) que conhecimento é algo que ocorre entre um sujeito e um objeto. uma crítica contundente a esse paradigma é que ele compromete a perspectiva dinâmica e histórica da própria realidade. Nas conclusões do De Anima. II Conhecimento e educação no paradigma da Reflexão: representação e autonomia A principal característica do paradigma da Reflexão é a confiança otimista na razão humana (FENSTERSEIFER. independente do sujeito. É este último que apresenta ao pensamento o ser inalterável. noções como justiça e bondade também são essencialmente questões de conhecimento. O injusto e o mau o são por ignorância. 2001). p. 527b). 90). 431b25). 112. e a aprendizagem é assimilação passiva das verdades ensinadas. é o mundo das ideias. mantém a ênfase ontológica e metafísica – estudou a interação entre o intelecto e o inteligível. A verdadeira realidade.] . 90). 1993. No Fédon. Está lá. por conseguinte. p.. mas assimilada.) mas.. Para Boufleuer (1995. Através dos sentidos percebemos tão somente aparências que não revelam a autêntica realidade. A partir dessas características. p. ele afirma que “na alma [. p. que reúne e representa. No paradigma do Ser. todavia. Platão “tem em vista o conhecimento do que existe sempre. Para ser justo e bom é imprescindível conhecer a justiça e a bondade. Nesse paradigma. Ao “congelar” a verdade. p. 551).. 1992. Ensinar é repetir. Se no paradigma do Ser a razão apreende essências em um mundo previamente ordenado. 55). antes. a verdade não é produzida e nem construída. 1972. que é condição de possibilidade dessa experiência” (HEINEMANN. 336. A inspiração do paradigma da Reflexão vem da ciência e da matemática: “a modernidade começa com a afirmação cartesiana da ciência que representa o mundo. a sua forma6” (2001. Aristóteles – que se distancia do racionalismo apriorista de Platão (“Platão é racionalista. p. 99d). ordenado à ciência. 1993. O mundo desencantado [. Nenhum saber dos sentidos é seguro e que devemos. imutável e para sempre. A razão humana atua como força unificadora. p. um sujeito cognoscente e um objeto do conhecimento. Para ela reporta-se o mundo dos sentidos. que se oferece ao intelecto do sujeito. pronta. meras opiniões. de tal modo que o juízo do pensar pode ser verdadeiro e certo” (HEINEMANN.. plurais e inconsistentes são. b) que um conhecimento é o desvelamento de uma essência. Somente o pensamento “remete para o mundo das ideias. facilita a manutenção de estruturas sociais aristocráticas. A verdade da árvore está na essência da mesma. que autenticamente existe. 109. por isso. A escola é a possibilidade de acessar a verdade estabelecida e o professor é o portador individual do conhecimento. por ensinar um conhecimento prévio à experiência. p. Re-presentar é. 2005. as regras de ação e a própria realidade. 1995. então procedimentos metodológicos rigorosos são condição para um conhecimento claro e distinto. 2005. que encontra a felicidade na convivência social e que possui um julgamento moral autônomo (BOUFLEUER. fundamento ético e. “Que a ontologia se faça lógica significa que a instância geradora de sentido de todo o real é a subjetividade” (OLIVEIRA. na arena interna da mente. enquanto faculdade inata. o paradigma da Reflexão projeta um homem capaz de dominar com inteligência a natureza e dirigir racionalmente seu próprio destino. fundamento ontológico. Se esta é a linguagem do mundo. A fé na racionalidade e no progresso traduz-se no domínio e no controle da natureza e da história. O que garante que a representação corresponde a algo que tem existência objetiva no mundo externo? A razão. “A razão. uma vez expurgada dos vícios da tradição e conduzida metodologicamente. de um giro epistemológico paradigmático que seculariza as expectativas emancipatórias. a exatidão do que está no espelho. de justiça e de felicidade. Contudo. o paradigma da Reflexão considera: (a) só existe. p. “o sujeito cognoscente assume poder instituinte de uma nova realidade. A ação ou atividade psíquica de representar é. p. o paradigma da Reflexão confere explícita centralidade ao indivíduo e aos seus direitos. A novidade está na dúvida: será que as coisas (mundo externo ao pensamento) são tais como penso que são? Posso confiar amplamente nos sentidos. sustentada por um método. Acredita-se que um acréscimo de racionalidade resulta em um acréscimo de entendimento social. p. Enquanto visão de mundo. em substituição à antiga visão mágica e metafísica” (GOERGEN. exatamente. 1989. pelo uso da razão (GOERGEN. aquilo que o sujeito representa em pensamento (mentalmente). a operação da razão de tornar de novo presente. a noção chave desse paradigma é o conhecimento como representação. progride para um futuro melhor. tornar-se-ia a fiadora de um crescimento seguro a partir do desenvolvimento do conhecimento e da ciência” (CASAGRANDE. A razão. Desse modo. supõe-se um sujeito cognoscente e um objeto a ser conhecido. pode decifrar e conhecer a realidade. 12-13). o que a realidade externa tem de objetivo. Dada a essência especular do homem (RORTY.17 fala a linguagem da Ciência e da Matemática” (MILOVIC. 2001. 2005. Nele. 18). ou não. No paradigma da Reflexão a ontologia é substituída pela lógica. uma referência pré-linguística a objetos. O sujeito torna-se fundamento epistemológico. o exame dos resultados históricos dessa ênfase verifica a consolidação de uma razão . de progresso moral. A capacidade de representar e de julgar a veracidade da própria representação é. 291). 10). bem como o destino da vida coletiva. p. também julga a objetividade da representação. 55). O exposto leva-nos a duas características principais do paradigma da Reflexão: (a) uma confiança ilimitada na razão humana. por fim. que representa. 56). o que “é” pode ser representado com exatidão. segundo Goergen. Também projeta um homem livre dos poderes da cidade e da religião. se eles às vezes me enganam? Que recursos possuo para verificar a correspondência entre o pensamento e o mundo? Para evitar o erro e superar a dúvida. o que diferencia os seres humanos dos animais. p. Tal como no paradigma do Ser. O que escapa ou se furta a uma representação clara e distinta tem a sua realidade posta em suspeição. 29). uma vez que condiciona a existência das coisas à representação clara e distinta (FENSTERSEIFER. como um todo. 1994). 2008a. pois. enquanto capacidade de dominar a natureza em proveito próprio e (b) a crença de que a humanidade. com certeza. para esse paradigma. p. como um olho interior que confirma. (b) as representações mentais precisam ser criteriosamente avaliadas antes de aceitas. Trata-se. Desse modo. A razão individual e monológica legitima o conhecimento. filósofos de variadas tendências passaram a criticar o paradigma da Reflexão. a linguagem é a instância de articulação da inteligibilidade do mundo: “o ser que pode ser compreendido é linguagem” (2005. cujos membros trocam entre si justificações de asserções ou outras ações” (MARQUES. una e sempre posta. Marques (1993) observa que o Iluminismo operou. 1993. ela é “momento necessário e constitutivo de todo e qualquer saber . uma revolução copernicana na educação. por comprimir tudo na relação sujeito-objeto. Antes. que já não reflete sobre si mesma. Tal denúncia é exposta no século XX. p. Para Gadamer. p. p.18 controladora. p. A própria razão torna-se uma função da aparelhagem econômica que a tudo engloba” (GOERGEN. já que o seu uso nos situa “numa comunidade. a tecnologia e o conhecimento reduzidos a instrumentos de produção e dominação da burguesia capitalista. A promessa de humanização cumpriu apenas a dimensão técnico-instrumental. No paradigma da Linguagem essa questão “se transformou na pergunta pelas condições de possibilidade de sentenças intersubjetivamente válidas a respeito do mundo” (OLIVEIRA. No Iluminismo. dominadora e exploradora. Antes. a racionalização. p. as sociedades modernas passaram por quatro processos transformadores: a diferenciação. p. Se a constituição do compreendido é universalmente determinada como linguagem. coisifica o sujeito e suprime a consciência. no paradigma do Ser. 106). “a economia e o poder constituíram-se como verdades naturais que não podem ser mais questionadas e que se auto-regulam” (AHLERT. Segundo esse autor. Ao cabo delas. o paradigma da Reflexão deve ser decididamente abandonado. a destruição. Em nome da ciência e do progresso. maximizaram-se os sofrimentos. a autonomização e a dissociação (FREITAG. 41). a escravização e a manipulação. tal revolução trouxe currículos escolares que justapõe disciplinas auto-suficientes e programas nos quais “os conhecimentos científicos reduzidos a fragmentos desarticulados se acham compartimentados. p. segundo o paradigma mentalista da consciência individual. por um lado. A razão. tal projeto seria uma ilusão e um desastre. 1993). Praticamente. ADORNO. Ao mesmo tempo tema e instrumento. Em sua face negativa. Habermas oferece-nos uma leitura crítica consistente da modernidade. 21). 2001. por pensadores de variadas tendências. separa-se educação e mundo da vida e configura-se aquela como intencional preparação para este. A atenção prioritária à linguagem levou a uma “virada filosófica” que produziu significativas mudanças nas ideias acerca do conhecimento. conforme lemos nos principais autores antigos. III Conhecimento e educação no paradigma da Linguagem: comunicação e Intersubjetividade No século XX. Observa Pizzi (apud AHLERT. perguntava-se pelas condições de possibilidade do conhecimento confiável. fechados em si mesmos e incomunicáveis com as demais regiões do saber (MARQUES. 2008. “é usada como um instrumento universal servindo para a fabricação de todos os demais instrumentos” (HORKHEIMER. 75). e começaram a interessar-se pela linguagem. que perceberam a ciência. A partir do diagnóstico sinalizado nos parágrafos anteriores pode-se perguntar: o potencial racional da humanidade se esgotou? Para alguns. então sequer podemos pensar sem linguagem. a modernidade é um projeto inacabado e cabe resgatar suas intenções originais. por sua vez. 1985. 144). “O pensamento transforma-se num processo matemático que resulta no técnico que. e a força de trabalho. 146) que “a razão torna-se auxiliar do aparato econômico que abrange o capital. p. 1993. 2008. 2005. educar era inserir as novas gerações na ordem do mundo e dos homens. em favor de outra perspectiva. Critica-se o paradigma da Reflexão pela sua fé na racionalidade e no progresso. 13). no paradigma da Reflexão. 612). por outro”. Para outros. o giro é completado e a linguagem torna-se uma forma de ação: jogos de linguagem constituem formas de vida. propõe a relação comunicativa. A validade intersubjetiva da argumentação é central. só existem as nossas experiências. 1989. 35). é. esse novo enfoque distingue-se da modernidade no ensejo de abandonar a noção de conhecimento como algo que ocorre entre um sujeito e um objeto.19 humano” (OLIVEIRA. o que “faz do conhecimento uma relação social argumentativa. p. 74). . p. 18. além de nós. situando-a no espaço lógico das razões. pois “só podemos investigar as coisas depois que elas estão sob uma descrição. descrever algo é uma questão de relacioná-lo com outras coisas” (RORTY. «mesmo» +-ismo". 1993. Na conversação orientada ao entendimento. 13). Como uma reconstrução. A crise do modelo epistêmico pautado numa noção de sujeito solipsista (do latim "solu-. onde vários critérios de sentido são possíveis. A relação é argumentativa. relativa ao entendimento intersubjetivo. «só» +ipse. O giro lingüístico-pragmático evidencia que os pressupostos metafísicos e fundacionistas não dão conta das questões relativas ao conhecimento. No que tange ao conhecimento. p. ou seja. p. p. p. em vez de uma relação com objetos” (MARQUES. e não representativa. 137). 45 e ss. 556). Na primazia pragmática. Daqui por diante as perguntas da filosofia.) aponta para uma crise generalizada dos conceitos e das práticas do Iluminismo: “estão em crise os fundamentos da razão e a própria noção de fundamentos. são perguntas de linguagem. da ciência. assim. que não renuncia aos ideais da razão Iluminista (MARQUES. p. o significado da proposição é visto não como um estado mental. considerando que o Iluminismo significou “a libertação do pensar e da reflexão crítica da superstição e do domínio da autoridade [. Os protagonistas do processo comunicativo argumentam com vistas a um entendimento acerca (a) do mundo objetivo das coisas. 2001. mas como uma capacidade de aprender a jogar determinado jogo de linguagem: “o sujeito é um corpo regido pela palavra significante [. pois “o melhor argumento fornece a força emancipatória ao saber que se constrói na livre e desimpedida participação de todos os interessados na validação das práticas e das teorias” (MARQUES. p. que as palavras sempre pertencem a um contexto concreto de uso público. p. 73). Contudo. da pedagogia. p.] não podemos simplesmente ignorar os avanços e as contribuições do mesmo para a humanidade” (CASAGRANDE. p. Com a intenção de propor um novo enfoque para a razão. 2000. já “não se trata de espelhar a natureza ou de representá-la. a linguagem expõe o mundo.) identifica tipos de racionalidade: reflexiva. 1992. 13). mas de justificar uma asserção perante a sociedade”. Habermas (2004. teleológica e comunicativa. Palavras e expressões têm apenas uma sintaxe histórico-gramatical e a busca de uma sintaxe lógica profunda. Entende-se.] Na ordem do significante constitui-se a corporeidade fundante da subjetividade e da Intersubjetividade” (MARQUES. 2008a.. Com a virada pragmática.. 353-354). 1991. a interação lingüística entre sujeitos. 1997. epistêmica. “a atitude objetivante com que o sujeito cognoscente se refere a si mesmo e às entidades no mundo já não goza de privilégio algum” (HABERMAS.) é a concepção filosófica de que. (b) do mundo social das normas e (c) do mundo subjetivo das vivências e emoções.. não se conseguindo estabelecer uma relação direta entre esses estados e o conhecimento objetivo de algo para além deles. 1993. §23). etc. pretendida no paradigma do Ser e da Reflexão. 71). as condições mesmas da possibilidade do conhecimento” (MARQUES. “O termo „jogo de linguagem‟ deve aqui salientar que o falar da linguagem é uma parte de uma atividade ou de uma forma de vida” (WITTGENSTEIN. Em seu lugar. 1993. Com virada lingüística.. por isso. O solipsismo é a consequência extrema de se acreditar que o conhecimento deve estar fundado em estados de experiência interiores e pessoais. sobre o como e o quando. A validação consensual re-estabelece os vínculos entre o âmbito cognitivo e o âmbito moral da educação: “não se ensinam ou aprendem coisas. ciente da sua fragilidade individual no caminho do esclarecimento. em um programa de pesquisa” (RORTY. p. p. p. p. No plano da livre conversação. como a pretendemos numa sociedade que se quer democrática e pluralista.pdf. No diálogo reside a possibilidade de entender-se mutuamente. da objetividade e da intersubjetividade e por ela se reconstroem as relações sociais. a linguagem caracteriza-se como “confluência da criatividade. 1993. é importante não renunciar aos ideais da razão. Disponível em: http://w3. Acrescenta Marques que o discurso teórico tematiza as pretensões de verdade e que as pretensões de correção e veracidade são tematizadas pelo discurso prático. construída nas interações. por sua vez. mas como pretensões de validade” (MARQUES. O diálogo é o paradigma de toda situação possível de discurso (MARCONDES. 1993. o amor à sabedoria. o que é dito ou feito tem a pretensão de ser compreendido e aceito como verdadeiro. criação e concriação “em vinculações profundas com as situações mutantes e nos espaços e momentos diversos em que ocorre a aprendizagem” (MARQUES.20 Comunicação é uma prática social concreta. p. 102).br/senafe/trabalhos/eixo2/eixo2_cesarfernandomeurer. 2002. mas de forma dialógica. p. 103). Precisamos de uma noção de racionalidade que não se feche em um sistema auto-suficientes. podem ser compatíveis com uma educação em sentido pósmetafísico. 366). também. p. com independência das necessidades e interesses humanos” (RORTY. 79). o ensino e a aprendizagem são construções coletivas. “O conhecimento não se constrói na reflexão isolada. Comenta Fávero que “o amor à verdade e o amor à sabedoria deveriam ser compreendidos como amor à conversação sobre os mais variados temas. ou no interior de uma consciência. não como fundadas em realidades externas e de vez para sempre. da explicação e da justificação. 110). os conceitos com que irão operar sobre os temas que analisam” (1993. O contexto e os elementos constitutivos do discurso dependem da validação. . Nenhuma verdade validada anteriormente. se isso quer dizer conforme a maneira como as coisas são em si mesmas. Entende e toma parte de um jogo de linguagem aquele que entende as regras segundo as quais algo é dito e feito. Isso pode funcionar em uma sociedade em que as pessoas são imaginativas e dispostas a discutir suas convicções. mas com a finalidade de encontrar descrições adequadas de acordo com os nossos mais variados propósitos. Marques sugere “inventar. Marques dedica grande importância pedagógica ao entendimento intersubjetivo sobre as objetivações no mundo. 1993. No paradigma da Linguagem. Acessado em: 25 de junho de 2011. nenhum critério sobre o que ensinar e aprender. tendo como referências básicas o grupo e a linguagem usual” (MARQUES. o paradigma da Linguagem é. uma razão capaz de colocar-se em reciprocidade com outras vozes. não deveria ser pensado como amor à compreensão correta das coisas. Para as questões educacionais. 1992. o paradigma do diálogo. Por isso. veraz e moralmente reto. p. Se desejamos que ela seja democrática e solidária. 1994. então precisamos tentar “prevenir a conversação de degenerar em inquirição. 111). processual. de retomar e avaliar o discurso. são construções históricas” (MARQUES. Nada é definitivo e válido em si mesmo. 1993. A educação passa a ser uma conversação que produz mundos novos. “O amor à verdade. 110). em cada situação e por cada comunidade de sujeitos. Também a educação é geração. Já não conversamos para descobrir a maneira única e determinada de como é realmente o mundo. que poderão nos trazer resultados positivos e valiosos” (2006. de alcançar um acordo justificado. 78). mas relações estabelecidas em entendimento mútuo e expressas em conceitos que.ufsm. p. Nessa condição. no sentido conhecido da expressão “amor à sabedoria”. 138). quando consideramos a sociedade em seu sentido mais amplo. • o papel do professor. como partes do sistema social mais global.21 UNIDADE IV A EDUCAÇÃO COMO OBJETO DE ESTUDO SOCIOLÓGICO . ou seja. Para ele. a Sociologia da Educação estuda: • a educação como processo social global que ocorre em toda a sociedade. da Arte.A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO COMO SOCIOLOGIA ESPECIAL Embora Augusto Comte (1798-1857) seja considerado o pai da Sociologia. o conjunto de uma rede de escolas e sua estrutura de sustentação. da Educação Rural etc. • a escola como unidade sociológica. da Religião. do Trabalho. É geral quando estuda os fatos sociais considerados em suas manifestações gerais. a Sociologia pode ser geral e especial. e é especial quando se ocupa de determinado grupo de fatos sociais da mesma natureza. o que é a Sociologia da Educação? A Sociologia da Educação é um ramo da Sociologia geral que se ocupa dos fatos sociais relacionados com a educação. por ter utilizado pela primeira vez esse termo (em 1839) em seu livro Curso de Filosofia Positiva. foi com Émile Durkheim (1858-1917) que a Sociologia passou a ser considerada uma ciência e a se desenvolver como tal. • os sistemas escolares. Mas... Como ciência. . isto é. do Lazer. Assim. • a sala de aula como subgrupo de ensino. a Sociologia é o estudo dos fatos sociais. que os distinguem dos estudados pelas outras ciências. que nada mais são que Sociologias especiais: Sociologia do Direito. Como uma das Ciências Sociais que estudam de forma sistemática o comportamento social do homem. a Sociologia tem um duplo papel: pode aumentar o conhecimento que o homem tem de si mesmo e da sociedade e contribuir para a solução dos problemas que enfrenta. do Desenvolvimento. Assim. como Sociologia especial. a Sociologia divide-se em várias disciplinas. Durkheim formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os fatos sociais têm características próprias. (Extraído de “Introdução à Sociologia da Educação”. Estudando-a. portanto. A educação visa a transmitir ao indivíduo o patrimônio cultural para integrá-lo à sociedade e aos grupos que a constituem. verificam a influência exercida pelos fatores sociais sobre o processo educativo. esclarece o processo educativo e as relações entre a escola e a sociedade. Assim. utiliza os meios necessários para perpetuar sua herança cultural e ensinar aos mais jovens os costumes do grupo. Do ponto de vista sociológico. com base em estudos da realidade social. a socializar. e analisa a escola como grupo social e sua estrutura interna (nascida da convivência entre educandos e educadores). A natureza social do processo educativo e as relações que existem entre a escola e a sociedade mostram a importância da Sociologia da Educação na formação do educador. CONCEITO SOCIOLÓGICO DE EDUCAÇÃO A educação é uma das atividades básicas de todas as sociedades humanas. A criança se torna socializada porque aprende as regras de comportamento do grupo em que nasceu. sua cultura aos mais jovens. de Pérsio Santos de Oliveira). percebem a relação existente entre os fatores sociais e os fatos pedagógicos. a ajustar os indivíduos à sociedade e. A educação é uma socialização. adquirem uma visão mais nítida e penetrante dos fenômenos educacionais e ampliam sua cultura geral e seus conhecimentos. por conseguinte. Ela abre o horizonte para a compreensão da vida social em si. . costumes e habilidades. que escapa ao administrador e só pode ser compreendida através da análise sociológica da escola. que se compreenda o papel da educação na sociedade e em seu desenvolvimento e que se proponham reformas educacionais. estuda os padrões de interação entre escola e demais grupos sociais da comunidade e analisa os sistemas escolares à luz dos sistemas sociais. a educação é o processo pelo qual a sociedade procura transmitir suas tradições. Toda sociedade. a educação é a ação pela qual as gerações adultas transmitem sua cultura às gerações mais Jovens. com base nesses alicerces científicos. a desenvolver suas potencialidades e as da própria sociedade.22 IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO PARA O EDUCADOR A Sociologia da Educação é uma disciplina fundamental para o educador. pois a sobrevivência de qualquer sociedade depende da transmissão de sua herança cultural aos jovens. ao mesmo tempo. os professores tomam contato mais profundo com a realidade pedagógica e social. visa. permitindo. isto é. A Sociologia da Educação também explica a influência da escola no comportamento e na personalidade de seus membros. portanto. na prática pedagógica. Durante as aulas será visto como se deu o processo de construção da sociologia como ciência fundamental para se pensar em educação hoje. Existem várias teorias que são utilizadas para tornar a sociedade melhor. para pensar na realidade atual. que se modifica sem parar. tendo em vista sempre a democratização do ensino e da sociedade. Para que as teorias vão servir? Como essas teorias nos ajudariam. produzir conhecimento para pensar o processo social e como funciona esse processo social. Ex: A democratização das escolas brasileira.23 UNIDADE V 1. esse processo foi se construindo a partir de alguns autores como: Augusto Comte Émile Durkheim Kall Max Max Weber . se questiona do porque é diferente? Devemos ver esse problema luz. do currículo. Essa construção da sociedade. Outro ponto importante é entender como a sociologia passa a fazer parte da realidade da educação brasileira. a partir da ação de cada um de nós. as matérias que todos estão vendo. A proposta é trabalhar alguns problemas educacionais brasileiros e como será feita essa discussão em outra ótica como um novo olhar. A proposta do curso da disciplina é a interação. como responder certos problemas que estão acontecendo. embasado em determinadas teorias. dos cursos. as culturas existentes e as “diferenças”. • A discussão da realidade dos problemas que afetam a educação. mas além das teorias deve haver discussões sobre os textos. tudo isso e construído e reconstruído o tempo todo. A SOCIOLOGIA E A EDUCAÇÃO A sociologia é uma ciência que tem como proposta pensar sobre o homem e a sua interação. a troca. Também surgiu da necessidade de se explicar os problemas sociais. todos tem acesso da mesma maneira? Com a mesma qualidade? Não! Por quê? A gente para e pensa porque não é da mesma forma. os teóricos servirão para dar embasamento. • O papel da sociologia na realidade educacional brasileira. De que forma como educadores podemos contribuir para educação. a educação está dentro da sociedade como um todo. ela vai deixar de ser teoria quando nós implementar ela na nossa prática que é construída o tempo todo. A teoria não serve de nada sendo apenas teoria. Sociedade que se faz o tempo todo. No convívio social. no dia a dia. 24 Esses autores trazem alguns conceitos como: poder, status, mobilidade, interação e outros mais. A sociologia nasce enquanto ciência como uma tentativa de explicar as mudanças sociais, num momento de grandes mudanças sociais, marcado pela Revolução Industrial, Revolução Francesa e a Formação dos Estados Nacionais, a chamada Modernidade. 2. A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO A Sociologia da educação é uma ciência produtora de conhecimentos específicos que levam a discussão da democratização e do papel do ensino, promovendo uma reflexão sobre a sociedade e seus problemas relacionados à educação. Seu papel é investigar a escola enquanto instituição social, analisando os processos sociais envolvidos, todas as mudanças ocorridas em nossa sociedade, trouxeram mudanças para a educação. As teorias sociológicas fornecem alguns conceitos que servirão de embasamento teórico também para a sociologia da educação. [...] sociologia é uma disciplina potencialmente humanista porquanto pode aumentar a área de escolha que os homens têm sobre suas ações. Ela lhes permite localizar as fontes a que devem recorrer se quiserem mudar as coisas, e os meios necessários, dando ao homem, dessa forma, uma base científica potencial para ação, reforçando-o, em vez de constrangêlo numa camisa de força do determinismo. (COULSON; RIDDELL, 1979, p. 123). 3. OS PRIMEIROS GRANDES SOCIÓLOGOS: A EDUCAÇÃO COMO TEMA E OBJETO DE ESTUDO Entende-se educação como um caminho para propiciar o pleno desenvolvimento da personalidade, das aptidões e das potencialidades, tendo como fim último o exercício pleno da cidadania. De acordo com Tedesco (2004, p. 34), educação [...] é mais do que apenas a transmissão de conhecimentos e a aquisição de competências valorizadas no mercado. Envolve valores, forja o caráter, oferece orientações, cria um horizonte de sentidos compartilhados, em suma, introduz as pessoas numa ordem moral. Por isso mesmo, também deve dar conta das transformações que experimenta o contexto cultural imediato em que se desenvolvem as tarefas formativas, ou seja, o contexto de sentidos e significados que permite que os sistemas educacionais funcionem como meio de transmissão e integração culturais. De acordo com Lakatos (1979, p. 23), a sociologia da educação “examina o campo, a estrutura e o funcionamento da escola como instituição social e analisa os processos sociológicos envolvidos na instituição educacional”. 25 3.1 AUGUSTE COMTE Foi Auguste Comte (1798-1857) quem deu o primeiro passo e a quem é atribuído o uso, pela primeira vez, da palavra sociologia. É de Comte também a preocupação de dotar a sociologia de um método, preferencialmente alguma coisa bem parecida com os métodos usados pelas ciências naturais, para que não restassem dúvidas sobre o fato de ser ela uma ciência – a física social, como ele a definia inicialmente. Acreditava ser necessário que fossem elaboradas leis do desenvolvimento social, isto é, leis que deveriam ser seguidas para que a vida em sociedade fosse possível. Essa maneira de ver a sociedade (como alguma coisa passível de ser controlada apenas por normas, regras e leis) e a sociologia (como a ciência que se encarregaria de fornecer os instrumentos para isso), se dá no contexto do Positivismo. Comte priorizou a noção de consenso, que se apoiaria em idéias e crenças comuns, se não a todos, ao menos à maioria da sociedade, e na supremacia do todo sobre as partes. 3.2 ÉMILE DURKHEIM Durkheim analisou as estruturas e instituições sociais, bem como as relações entre o indivíduo e a sociedade, analisando as novas relações de poder que se configuravam na Europa da sua época. Via a educação como um processo contínuo e como um caminho em direção à ordem e à estabilidade, conforme determinados valores éticos fossem passados. Dizia também que a sociedade é mais do que a soma de seus membros e que, portanto, deveriam ser analisadas suas interações e o sistema que daí se originaria. Enfatiza em sua obra que o comportamento dos grupos sociais não pode ser reduzido ao comportamento dos indivíduos que fazem parte desse grupo. Parte da noção de fato social, isto é, a maneira de pensar, agir e sentir de um grupo social, entendendo a sociedade como um conjunto de fatos sociais que só poderiam ser estudados se fossem tratados como coisas. Caracterizou o fato social como sendo comum a todos os membros da sociedade ou à sua maioria (princípio da generalidade); externo ao indivíduo, isto é, que existe independentemente da sua vontade (princípio da exterioridade); coercitivo, uma vez que acaba por pressionar os indivíduos para que sigam o comportamento esperado, estabelecido como sendo o padrão (princípio da coercitividade). Daí a possibilidade concreta que Durkheim percebeu de se poder tratar o fato social como “coisa”. Distingue dois tipos de sociedades, pautadas no que chamou de solidariedade mecânica e solidariedade orgânica, dependendo da intensidade dos laços que unem os indivíduos. Para ele, [...] as sociedades antigas apresentavam a divisão do trabalho fundamentada na solidariedade mecânica. Nesta, cada indivíduo conseguia realizar um conjunto de atividades [...] onde havia um pequeno número de habitantes e certa semelhança de funções [...] permitindo a um indivíduo ou a outro executar tais ou quais tarefas devido à aproximação entre elas. (VIEIRA, 1996, p. 53). A sociologia da educação para Durkheim, seria um esforço [...] no sentido de refletir sobre os processos da ação educativa no intento de conhecê-los, explicá-los e exprimir a sua natureza, o que deve ser acompanhado pela observação histórica do seu processo evolutivo [...] e, tendo por base o conhecimento científico da sociedade e da educação, é possível encontrar caminhos para a tomada de decisões ou as reformas sociais. (TURA, 2002, p. 39) 26 3.3 KARL MARX Karl Marx (1818-1883) vê a sociedade como um todo composto de várias partes, como a economia, a política e as idéias (a cultura). Mas, para ele, a economia seria a base de toda a organização social e as explicações para os fenômenos sociais viriam do aprofundamento da análise econômica. Marx pensou de forma crítica sobre o Estado, que de alguma forma legitimaria a apropriação por uma minoria dos meios de produção, com o objetivo de explorar a força de trabalho do proletariado, classe que para Marx seria a classe revolucionária. Mas, para tanto, a classe operária deveria conhecer a si mesma em termos teóricos, ao mesmo tempo em que implementaria uma prática social que seria reflexo dessas escolhas conscientes. Parte da premissa de que é em torno da produção que a sociedade se organiza, sendo o homem o sujeito de sua própria história, a partir do trabalho e das atividades criativas que desenvolve. É pelo trabalho, segundo Marx, que o homem se constrói e é em torno da produção que toda a sociedade se organiza as condições de trabalho são determinantes. Entretanto, para que a transformação se realize, a partir da atuação do proletariado, é preciso que a prática seja orientada pela teoria. Daí a importância da sociologia para Marx. De acordo com Costa (2005, p. 125), [...] Para Marx, a sociedade é constituída de relações de conflito e é de sua dinâmica que surge a mudança social. Fenômenos como luta, contradição, revolução e exploração são constituintes dos diversos momentos históricos e não disfunções sociais. A noção de classe social é fundamental na análise que Marx faz dos problemas oriundos, a seu ver, da nova ordem instaurada pelo capitalismo, pautada, segundo ele, na exploração da força de trabalho (classe dominante – a burguesia – sobre classe dominada – o proletariado). Para ele, a mudança social estaria relacionada com a luta de classes e os estudos sociológicos deveriam ter como objetivo a transformação social, que só aconteceria a partir da destruição do capitalismo e sua substituição pelo socialismo. O materialismo-dialético propõe exatamente que sempre se procure perceber que de um embate, de um conflito, sempre surge alguma coisa nova e diferente daquelas que o originaram. A maneira como as forças produtivas e as relações de trabalho estão organizadas é o que mostraria como a sociedade se estrutura, uma vez que as forças produtivas compõem o que ele chamou de condições materiais de existência, constituindo-se nas mais importantes formas de relações humanas. Diante de tudo isso, não é difícil imaginar como Marx via o processo educativo. Não acreditava na idéia de que a educação poderia ser a atividade que seria capaz de promover por si mesma a transformação que a sociedade necessitaria, segundo seu ponto de vista, [...] a atividade do educador era par te do sistema e, portanto, não podia encaminhar a superação efetiva do modo de produção entendido como um todo. O educador não deveria nunca ser visto como um sujeito capaz de se sobrepor à sua sociedade e capaz de encaminhar a revolução e a criação de um novo sistema. A atividade do educador tem seus limites, porém, é atividade humana, é práxis. É intervenção subjetiva na dinâmica pela qual a sociedade existe se transformando. Contribui, portanto, em certa medida, para o fazer-se da história. (KONDER, 2002, p. 19-20). 3.4 MAX WEBER Max Weber (1864-1920) irá analisar a sociedade de seu tempo, quando o capitalismo se consolida como modo de produção, e travará um diálogo profundo com a obra de Marx, de quem discordará em muitos pontos. Partia do princípio de que, para entender a sociedade, era preciso muitos deles ainda bastante atuais. da cultura e da própria sociedade. objetivo maior a ser alcançado na vida social. o papel fundamental que a escola e os intelectuais exerceriam nesse processo. há vários grupos sociais em sociedades diferentes. É o pioneiro nos estudos empíricos na sociologia. que chamou de única (e unitária do ponto de vista do conhecimento) seria freqüentada tanto por operários quanto por intelectuais. sempre considerando seu caráter dinâmico. Destaca. a maior contribuição de Weber esteja no fato de que ele.27 entender a ação do homem. Não nega a luta de classes. mas não enxerga aí todas as causas e/ou possibilidades de mudanças sociais. explicar e interpretar o social em análises não valorativas. funcionamento e ideologia. Mas. Base da interação social. sua estrutura. comprometido com sua classe social e com um saber (erudito e técnicoprofissional). especialmente aqueles ligados com a questão da dominação e reprodução social. em muito contribui para a percepção do papel e da função da educação – os sistemas escolares e a ordem burocrática e das diferentes formas de acesso à educação. estratégias para que o sucesso pudesse ser alcançado. trouxe para a sociologia da educação novos temas para serem discutidos. vista por ele como o processo básico de constituição do ser social. Pautado no recurso metodológico do tipo ideal. tem-se o equilíbrio social. Para ele. preocupava-se com o estudo da ação social e da interação. a comunicação é um aspecto fundamental do pensamento weberiano e exigiria a compreensão das partes envolvidas. Acreditava que somente dessa maneira não se teria mais a separação entre trabalho . talvez. todos recebendo uma formação profissional e a cultura clássica. sempre partindo de uma base teórico-metodológica consistente. Essa escola. Esse processo resultaria na formação do intelectual orgânico. à sua posição. com culturas diferentes e que devem ser consideradas. inclusive na ação educativa. E mesmo não produzindo uma teoria sociológica da educação. por meio de suas análises da escola. Na medida em que há uma aceitação das semelhanças e diferenças entre os indivíduos. e não apenas ao fato de ser ou não possuidor dos meios de produção. o importante para Weber é entender como e por meio de que tipo de relações sociais se mantém o modelo de sociedade e de que maneira os processos de dominação estruturariam a vida social. seria necessário compreender a ação do homem em interação. Sua sociologia compreensiva tem como premissa básica que para entender a sociedade capitalista em seus sistemas sociais e intelectuais. Afasta-se de Marx ao explicar a sociedade a partir das relações estabelecidas pelos homens no capitalismo. AS TEORIAS SOCIOLÓGICAS E A EDUCAÇÃO Para Gramsci. enfim o processo educativo. e uma certa padronização na forma de pensar e de agir a partir de valores e padrões que foram interiorizados. então. seria por meio de uma revolução cultural que se poderia mudar a estrutura da sociedade. Considera que os valores cultivados pelo indivíduo dizem respeito ao seu lugar ideal na sociedade. e não apenas a partir da economia. Assim. a cultura seria o espaço no qual se travaria a luta de classes e. portanto. tentando compreender. 4. por exemplo. Concorda. já notou idéias e/ou atitudes preconceituosas? Como você lida com essas situações? Pense nisso! . certos dispositivos que quando acionados tendem a manter as classes dominantes no poder. gerando e mantendo a reprodução social e submetendo o indivíduo à ideologia dessa classe dominante. mas vai além de Marx ao discutir o conflito e fazer uma conexão entre a educação e o que chamou de aparelhos ideológicos de Estado. sem utilizar a violência e/ou a repressão. A escola seria. As instituições escolares seriam um desses aparelhos e funcionariam como aparelhos de reprodução e alienação. por sua vez. entraria em ação. meios através dos quais o Estado exerceria o controle da sociedade. Quando esse processo não atinge seu objetivo.28 intelectual e trabalho material. crítico do capitalismo e engajado com as questões do seu tempo e do seu país. entre outras coisas. sendo. “modelando-os” para a vida em sociedade. controlar os indivíduos. feita. transformaria a sociedade. Na sua disciplina ou na sua prática pedagógica. Um dos aparelhos repressivos do Estado é a polícia. possibilitando que esse intelectual fosse promotor da mobilização política que levaria à revolução cultural que. especialmente o maio de 19684. o aparelho ideológico mais expressivo. portanto. para conter qualquer manifestação de descontentamento e/ou resistência ao sistema. até em função do tempo em que permanece “exposto” à sua influência. então. Já Althusser identificava-se bastante com o marxismo. isto é. que tinha a idéia de planejamento ( investigar regiões) Educação e desenvolvimento caminham juntos principalmente a partir de 1960. não buscava esse tema como objeto de estudo. No início do século xx se inicia a caminhada da disciplina dentro das instituições educacionais. como passou a fazer parte do currículo e por quê? Em primeiro lugar aparecem os problemas educacionais. procurando soluções. A educação agora é vista como um tema e não mais como objeto Os primeiros sociólogos dessa época vão pensar educação como algo que seja acesso a toda educação. O positivismo encara todos os fatos como coisas. Sudeco). tudo dentro da idéia de que o Brasil tinha de evoluir. mas nada voltado para os problemas da educação. A uma distancia entre sociólogo e educadores. mas vai discutir muito pouco sobre temas como. mas alguns problemas continuam até hoje. e de varias maneiras conforme o contexto histórico. Com isso surgem as superintendências regionais( Sudan. Nesse período vão ser discutidas as diferenças regionais. as grandes cidades sofrem transformações. passíveis de serem analisados. Na década de 1950 e 1960 momentos de industrialização. O tema que não fugiu da educação era o analfabetismo. o Brasil tinha muitas particularidades conforme as regiões. Dentro das transformações que a sociedade passa são momentos de mudanças sociais que o mundo do trabalho vai acontecer. pois a preocupação principal ainda era muito pautado na economia. A formação dos primeiros sociólogos dos anos de 1950 e 1960 vai ser muito importante. porque não é objeto dos sociólogos a educação. . A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL . A sociologia enquanto disciplina vai aparecer num contexto de inquietação social. repetência. e isso tinha de ser resolvido. Sudene. como facilitar o acesso a educação. evasão escolar. se desenvolver.29 UNIDADE VI 1. Nessa mesma década já se tem uma bagagem.A educação não está deslocada de seu contexto social Vamos ver como se deu a institucionalização da disciplina (que foi dentro do processo do positivismo). mas foram tratados desde o início. vão começar a fazer relação entre nível de renda e reprovação escolar. tia e filhos. não tinha interesse de preparar o cidadão era apenas para instrumento para trabalho.aspx?pal=fam%C3%ADlia). se a sociedade é uma forma de inclusão a educação será também. cortesia.priberam. isso é revolucionário dentro da sociologia da educação.. (definição de dicionário Priberam da Língua Portuguesa: Disponível em: http://www. mãe. Naquele momento era inquietante pensar em educação dessa maneira. vai dar um novo tratamento nesse questionamento. . etc. há a palavra “conjunto” ou “grupo”. vão passar a ser um tema efetivo. Enquanto se define EDUCAÇÂO de uma maneira fácil. alguma coisa esta errada e não é o aluno. mas em todas as menções. Disponível em: (http://www.priberam. período de abertura política. Uma nova preocupação do processo educativo só vai surgir na década de 1970. ou seja. Dois franceses Bourdieu e Althusse.idéia de que a educação é um espelho da sociedade. um dos dados que muito chama a atenção é o aumento do número de famílias que chefiadas por mulheres. É exatamente essa diferença que propõe o texto. não se pode definir um estereótipo.pt/DLPO/default. etc. não aceitar mais que a evasão escolar não fosse tema que devessem ser tratados pelos governantes. A sociologia adquire corpo. a composição da família vem mudando. pois apesar de haver sempre uma relação entre pessoas. A família é uma instituição social fundamental e suas características influenciam em todas as demais instâncias da vida social.pt/DLPO/default.momento importante. momento em que os militares na década de 1964 tentam resolver esses problemas. É um contexto que vai se transformando devagar até chegar em 1985. e vai dentro dessa perspectiva. Assim o tema evasão escolar. polidez. uma vez que com o passar do tempo. EDUCAÇÃO E FAMÍLIA EDUCAÇÃO – a educação é o conjunto de normas pedagógicas tendentes ao desenvolvimento geral do corpo e do espírito. Inclusive. mas pode haver pai.a definição de família no mesmo dicionário mencionado acima é muito mais complexa. que produzem instrução. a definição de FAMÍLIA é subjetiva. filhos e avós. mas o objetivo era apenas pra ensinar a ler e escrever. Sociólogos vão ter preocupação com a democratização do estudo.30 Surge o Mobral. mãe e filhos. processo de redemocratização do país. 2.aspx?pal=educa%C3%A7%C3%A3o) FAMÍLIA . enfim. Não é mais somente pai. há muitas variantes nessa composição contemporânea. avô e filhos. avó. a família conquistou uma coesão. Os historiadores conceituam família como FAMÍLIA NUCLEAR e FAMÍLIA EXTENSA. Podemos dizer que. e uma revisão de suas funções. além de consumo. • FAMÍLA NUCLEAR à é a família tradicional. acrescida de agregados de vários tipos. garantindo a sobrevivência e procriação do grupo.31 Assim. ORGANIZA-SE em torno de objetivos comuns que visam aos interesses do grupo. Atividades religiosas e culturais etc. duas gerações. podemos ver que o processo de socialização nunca termina e em cada momento da vida. Após a Revolução Industrial. hoje designada como “família tradicional”. • FAMÍLIA EXTENSA à é a família constituída pelos mesmos elementos da família nuclear. . normas. os quais mudam com o tempo. Há muito tempo. aumentando a privacidade com os novos espaços das casas. estruturou-se. quando o indivíduo assimila valores. o homem se faz ser social. divididas em cômodos privativos. primos. normas e expectativas de seu grupo social. dá-se uma nova organização de família. assumiu outras funções. regras e valores que garantem a manutenção da sociedade. mas aos poucos. a partir de uma rígida disciplina que respeitava a hierarquia etária e de sexo (normalmente o pai). comportamentos e relações entre as pessoas. Daí dá-se a nova organização de família. nesse processo. como apoio à velhice. transmitir conhecimento e práticas acumulados pelo grupo aos mais jovens. há sempre alguém que ensina e alguém que aprende e esta é a essência da SOCIALIZAÇÃO. Sem que se perceba claramente. a partir desse complexo de funções. principalmente. constituída por pai-mãe-filho. o que é conhecido pela sociologia como SOCIALIZAÇÃO SECUNDÁRIA. proteção. por meio desta. a escola e outras instituições e/ou grupos de relacionamento dividem essa tarefa com a família. Na história da família vemos que seu OBJETIVO. É com a família que se tem a chamada SOCIALIZAÇÃO PRIMÁRIA. a família nuclear tem sido o padrão ocidental encontrado. era satisfazer as necessidades básicas do grupo social. Com o passar do tempo. empregados e outros. como avós. inicialmente. A família CONSTITUI-SE de idéias. construiu-se o ideal de família. Mais tarde. É muito considerável lembrar-se da importância da família e da escola para a concretude da vida social e sua organização. ensinar. Assim. consolidando-se como lugar da afetividade. o indivíduo recebe influência maior ou menor de um determinado agente desse processo. geralmente. proteção da integridade física e moral do grupo. acima citada. há a predominância da família patriarcal. essas transformações apontam para mudanças não só na estrutura familiar. segundo alguns estudiosos como Gilberto Freyre. e em que. o que predominou foram os modelos NUCLEARES PATRIARCAL. Com a consolidação do capitalismo. A grande mudança leva a família e ser uma família conjugal. que agrupava. 2. Após a Revolução Industrial. Outros estudiosos questionam tal afirmação uma vez que em SP e outros Estados do Brasil. sob a chefia do homem / pai. que afirma que o modelo da família brasileira é o patriarcal.1 EDUCAÇÃO E FAMÍLIA NO BRASIL No Brasil. também. afirmando a vida doméstica. Duas gerações convivem juntas.2 A EDUCAÇÃO E A FAMÍLIA Educação e família é um agente de socialização que tem como objetivo principal a transformação do homem biológico em um ser social. das escolas e outros agentes. apenas. de socializar seus membros. • Família Nuclear à Pai-mãe-filho. particularmente São Paulo. no Império e até a atualidade. • Família Patriarcal à é aquela em que há mais de duas gerações convivendo juntas e respeitase uma hierarquia etária e de sexo (o pai). Assim. também. mas também para novos valores e atitudes que tornam a família mais democrática. a figura paterna não é tão imperativa e autoritária como antes. . Mas há estudiosos que discordam. o modelo mais encontrado é o da “família nuclear”. As transformações verificadas nos dias atuais denotam que há diferença no modelo familiar apresentado por Gilberto Freyre em “Casa-Grande e Senzala”. A EDUCAÇÃO deixa de ser uma atribuição exclusiva da família e passa a ser atribuição. as famílias eram compostas por mais de duas gerações. duas gerações num mesmo domicílio – pais e filhos. A família passa a ver alteradas algumas de suas funções. havia muito mais famílias nos moldes da “família nuclear”. o que faz surgir uma disciplina na vida da família. apenas. houveram muitas mudanças na sociedade que se refletiram em todos os setores da vida social. deixa de ser uma unidade de produção. desde o Brasil-Colônia. 2. assim como em outras regiões do Brasil (como a região Sul). como mencionado acima.32 Antigamente. dizendo que. pois não tem como todas as pessoas se instalarem juntos. O núcleo patriliniar. ou seja.33 Esse processo nasce quando o bebê nasce à família vai desenvolver um papel importante. é o mais comum no caso brasileiro. comportamento e relações entre as pessoas. separar ambiente de trabalho e casa. E foi se consagrando como modelo. Dando a idéia de “lar”. que antes era apenas de transmitir regras. O modelo ocidental é a família nuclear. Hoje existe uma forma de família nova. e em outra parte garantir uma velhice tranqüila. A idéia que se tem de família não é o mesmo dos anos passados. Essa família vem se transformando mostrando um perfil diferencial. o quanto cresce o numero de famílias chefiadas por mulheres. Antes tinha uma mistura da população entre o local de trabalho e moradia. Família é uma idéia. através de seus papéis de pai.crescida de agregados. O conceito de família seria um grupo de pessoas ligadas por laços de casamento e/ ou efetivos. mãe. por consangüinidade ou adoção. constituindo um único lar. . (diz Gilberto Freyre. Com esse avanço da privacidade vai aparecer nova forma de organização que vai chamar família nuclear que vai se contrapuser com a família extensa. e relacionam-se com os demais grupos da sociedade. a família vai querer seu canto. filho e filha. marido.. Família extensa. As transformações da família vem acontecendo há muito tempo. A família de agregados tende a desaparecer. o público separa do privado. Socialização é tomar uma pessoa capaz de viver em sociedade. Sempre a uma figura central no núcleo familiar que pode ser a mãe (matriliniar) e o pai (patriliniar). esposa. Ela vai acompanhando a sociedade e se conciliando ao longo do tempo. Exemplo. È uma idéia. A partir da Revolução Industrial muda. principalmente por questão de espaço. é um modo de ordenar a vida social. principalmente no Brasil.. mãe e filhos. Família não é concreta. agregando outros níveis de parentesco. econômica. A família pode começar a ter nova funções. O objetivo inicial a família era para suprir a necessidade básica do grupo. Onde seus membros interagem uns com os outros.pai. Isso muda a noção de família Sendo assim a família passa a ser uma lugar de privacidade e efetividade. exemplo.. Família nuclear. etc. Os homens se organizam de várias formas e uma delas é chamada de organização familiar. Esse fato traz conseqüências em vários aspectos no âmbito familiar. vai passar a determinar de que maneira a educação vai ser vista. com as mudanças essa família se torna mais aberta para distorções. Com as mudanças ocorridas vão se refletir também na educação. e é difícil encontrar uma família onde aceita o que o outro fala ou pensa. Dentro da idéia de Gilberto Freyre ao longo do tempo.34 A sociedade brasileira passa por muitas transformações e de certa forma refletem e espelham no que acontecem no mundo inteiro. . a família vai dividir com a escola o processo de socialização. No começo do século XX começa a divisão do papel com a escola. Onde dessa forma cria a crise de identidade de família. amor filial ou a valorização dos laços efetivos entre seus membros. durando apenas enquanto a criança era frágil. ] Para Arries a juventude é a idade do século XVII. O traço marcante da infância é a “falta”. O processo de socialização alem da família será a escola. Arries em seu trabalho trata da descoberta da infância na Renascença e do surgimento de sentimento da infância. Passa assim a ter cuidado com a higiene e a saúde das crianças. No final do século XVII houve uma mudança. percebendo a inocência da criança. onde as crianças são mandadas. ora em casas pequenas cheia de gente. não era vista. Ele concluiu que o sentimento de infância só foi expressivo no final do século XVII. XIX e XX.. a infância sendo XIX e a adolescência XX. A partir daí. a adolescência e a juventude. A família começou a se organizar e viver em torno da criança e suas necessidades. onde tudo deve ser ensinado. Quando se tem uma nova configuração de espaço das casas. Compreender o desenvolvimento físico e psicológico da criança passa a ser quase que uma exigência para a escola e o professor. CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA E JUVENTUDE NA VISÃO DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO O século XXI trouxe a continuidade da discussão sobre a família. o modelo predominante nas sociedades ocidentais até hoje é o progresso da domesticidade e o surgimento da família conjugal. . A criança deixa de ser brinquedo sexual dos adultos.35 UNIDADE VII 1. não encontravam sentimentos de amor conjugal. inicio da escolarização. (traços de família ocidental do sec. se criam condições necessárias para o sentimento de aconchego e domesticidade que antes não existiam. Surgem os colégios. A infância era vista como um período muito curto. As famílias antigamente viviam em ora grandes espaços. a criança. com áreas como sala de jantar e o quarto. quando a escola substitui o aprendizado como meio de educação. que praticamente não existia. vendo os adultos fazer. Infância é uma concepção ou representação que os adultos fazem sobre os primeiros anos de vida do homem. Isso refletia na maneira de ver a criança. e preservandoas. sendo separadas das famílias. e por extensão da educação e do papel da escola no processo de socialização e controle social. A criança aprendia as coisas na prática. 36 Com um sistema de ensino rigoroso os colégios assumem uma estrutura que se aproxima com a atual. Ele defende ardentemente a pureza infantil e o sentimento com um verdadeiro instrumento do conhecimento e o mundo inteiro é que deve ser buscado e não o mundo da razão. Com a privacidade. O autor define “sentimento de infância” falando em paparicação (como sendo um sentimento superficial ligado à criança em seus primeiros anos de vida. e do surgimento de “sentimento de infância”. amor conjugal. Ele ainda destaca que a infância era vista como um período muito curto. filial ou qualquer valorização dos laços afetivos. e crescia sem encontrar afeto. daí a necessidade dos pais se preocuparem com as normas de civilidade e boas maneiras dos filhos. Na idade média as famílias eram mais populosas. . sempre com o objetivo de transformar a criança em um adulto bom. construído historicamente de acordo com suas condições materiais e culturais que caracterizam determinado tempo e espaço 2. que chega ao fim do século XVIII. antes não conhecidos. Logo se misturava aos adultos e aprendia as coisas na prática. e a percepção da inocência e fraqueza da infância. CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA E DE JUVENTUDE Ao longo do tempo. A infância deve ser entendida como um tempo social. compostas por mais de duas gerações. Segundo Philippe Ariès. surge instituições para cuidar disso e a educação aparece como um fator estruturante na sociedade. por palavras e por práticas observadas por adultos. surgem condições apropriadas para o desenvolvimento de sentimentos como aconchego e domesticidade. a duração da infância equivale à duração da escolaridade. ou seja. Para ele a criança aprende por meio do exemplo. Rousseal contribuiu para a discussão de concepção de infância e o surgimento de colégio. Reformulada a configuração espacial das casas. Em ambientes assim. Esse conceito tem relação com a sociedade e sua estrutura econômica e política. ou de civilidade. nuclear e doméstica. e viviam em casas de pequeno espaço e com muita gente. predominante nas sociedades ocidentais até hoje. a criança não “era vista”. o desenvolvimento do conceito de família sofreu várias modificações. No século XIX surge à proteção a infância. Ao seu lado se tem os chamados manuais de boas maneiras. em seu trabalho sobre a descoberta da infância na Renascença. quando é “engraçadinha”). durando apenas o tempo em que a criança era mais frágil. conclui que este sentimento era desconhecido na Idade Média e que essa fase de infância era o tempo de preparação moral do indivíduo. Os colégios passam a ser a moderna expressão de como se deve tratar uma criança. sem qualquer privacidade. da criança e do adolescente. que são preparados pra viver em sociedade e ser civilizados. surge uma família conjugal. ajudando-os. separando-se da família. traço da sociedade ocidental que se estende até o século XX. surgindo os colégios. A família começou a se organizar e viver em torno da criança e de suas necessidades e em torno da profissão. vemos que no séc. XVIII chega a 4 ou 5 anos. Os adultos. Com o passar do tempo. 2. não se ensinava nos colégios. que no fim do séc. Também. também. XIII os colégios eram asilos para os estudantes pobres. surgem os colégios a partir da idéia de que a criança precisava de formação.1 O SURGIMENTO DAS ESCOLAS E AS VISÕES DA INFÂNCIA Como já mencionado.37 A mudança veio no final de século XVII. . mas procuram sim preservar tal inocência e poupá-los das “sujeiras da vida”. de modo a haver uma universalização dos códigos ocidentais de conduta. os colégios tornaram-se institutos de ensino. percebendo a inocência infantil. impondo hierarquia autoritária. procuram não mais fazê-los de “brinquedos”. com respeito à hierarquia autoritária. com um regime disciplinar muito severo. Os colégios passam a ser modelo de como tratar as crianças. com a escolarização. Na análise de Áries sobre o surgimento dos colégios. com manual de boas maneiras ou de civilidade. E uma das mudanças mais consideráveis relaciona-se com a maneira como as crianças e jovens eram tratados pelos adultos. as tendências vão mudando e moldando a educação. não só na família ocorrerá esse processo de socialização. regras e limites. uma vez que nascia totalmente despreparada para viver em sociedade. e a duração da infância equivale à duração escolar. para onde as crianças eram mandadas. em âmbito mundial. uma nova percepção das idades gera a separação das classes por idade. Essa evolução da instituição escolar está ligada a uma evolução paralela do sentimento das idades e da infância. assumindo. com ensino no local. A partir daqui. O sistema disciplinar fica cada vez mais rígido. Na escola será o melhor local. pela falta de valores. e as mudanças podem ser observadas na forma como as crianças e jovens se vestiam e quais os jogos e brincadeiras eram mais comuns. maiores cuidados com a higiene a saúde das crianças. A infância é marcada pela dependência para viver. A criança precisa aprender tudo. ser ensinada. no que tange à sexualidade. dando o tom do avanço do processo de escolarização. A partir do séc. que passaram a ser sinônimo de refinamento e o padrão a ser seguido por aqueles que almejavam ascender socialmente. Já a idéia de adolescência e juventude é mais recente. quando a escola substituiu a aprendizagem como meio de educação. Jean-Jacques Rousseau em muito contribuiu para a discussão das concepções de infância e o surgimento dos colégios. XV. COMO SE MODIFICOU? Não houve outra alternativa. quanto na formação na família. Achavam uma violência a imposição de educação formal. Diante disso. o que acabou por definir novas maneiras de se perceber a criança e a infância. 2. analisar e explicar cada etapa da vida de um indivíduo. com o surgimento de instituições para cuidar disso e a educação é vista como um fator estruturante para a sociedade. No séc. Por fim. Assim.2 A ESCOLA COMO INSTITUIÇÃO SOCIAL ESCOLA = AGENTE DE SOCIALIZAÇÃO. formando-a para o convívio social. XVI rejeitavam a alternativa escolar. a civilização é vista como a grande responsável pela degeneração da natureza humana e sua substituição pela cultura intelectual. Todo o avanço tecnológico. construído historicamente. dentro desta socialização a escola foi modificada e analisada. Com o decorrer do tempo ocorreram muitas mudanças. Percebe-se que surgem instituições que são consideradas adequadas para o aprendizado da criança. Percebemos que houve grandes mudanças na maneira de ver. a infância deve ser entendida como um tempo social. é possível haver diferentes concepções de criança. dando origem a uma área específica dentro da sociologia para tratar destes temas específicos: a sociologia da infância. XIX. Crê que a educação seja um processo contínuo. tanto no conceito. com mais consciência de que interage com outras pessoas. que se prolonga pela vida inteira. é que se torna capaz de ser educada formalmente. de acordo com as condições materiais e culturais que caracterizam determinado tempo e espaço. a não ser modificar a forma como a escola trabalha e estabelece seus vínculos e relações com os seus clientes diretos e indiretos para que a instituição não apenas . inclusive. para Rousseau. as novas funções da família fizeram repensar qual seria o tempo de duração de cada uma dessas fases da vida do homem. para ele. da criança e do adolescente. compreender. a globalização. Podemos ver que. infância e juventude. o processo educativo é visto como algo negativo. Criam no caráter incompleto da criança e na agressão à sua natureza pura com a imposição da educação formal. a premissa básica é a proteção da infância. tratar. Rousseau destaca a primazia do sentimento sobre a razão. e a escola como um lugar privilegiado para se colocar em prática essa concepção de criança e infância. no sentido do que não deve ser feito. pensar. Somente quando a criança está maior.38 Os humanistas do séc. tem como pressuposto básico a crença na bondade natural do homem e atribui à civilização a responsabilidade pela origem do mal. Os cuidados com a infância passam a ser um traço das sociedades e do Estado moderno. normas. portanto. questão ambiental. educação permanente. questão ambiental. políticas públicas. Globalização.39 sobreviva. políticas públicas. dolorosa metamorfose pela qual passa o mundo. estruturas de funcionamento. Esse processo vai ter início com o crescimento da cultura urbana. institucionais que são passados de geração para geração. já que é uma das formas de retratar mais adequadamente a complexidade das relações atuais. acirrada competição nos mercados internacionais e outras temáticas não podem passar despercebidas pela escola. regionalismos. ESCOLA = Objeto de socialização junto com a família vai ensinar os valores culturais. . a sociedade moderno-contemporânea é cheia de heterogeneidade e variedade de experiências e costumes. Globalização. educação permanente. cria um regimento. por vezes. integração de mercados. as pessoas deixaram suas casas para irem para a cidade grande. Perspectiva de “Individualismo e Cultura”. por exemplo. vívida e. regionalismos.. O individualismo nas culturas se torna cada vez mais importante para entender o funcionamento do mundo contemporâneo. acelerada. 2. por este motivo cada vez mais antropólogos contemporâneos têm tomado essa perspectiva como estudo das sociedades. lemos jornais e revistas. A reformulação/reestruturação das escolas pede. integração de mercados. inclusive do Brasil. mas que uso fazemos de tudo aquilo que ficamos sabendo? Por exemplo. Ex. a partir do século XVII inicia-se o processo de aprendizagem forma (Escola). é de essencial importância compreender os novos tempos e como as pessoas com as quais lidamos se modificaram em função do contexto atual. novas tecnologias. mas também para que ela se revigore e demonstre estar preparada para os desafios do novo milênio que começou há pouco. como diz Velho.3 PROCESSO DE INDIVIDUALISMO O individualismo reflete o estilo de vida urbano. uma das constatações de pesquisadores dos mais diversos países. Estamos atualizados quanto à informação. Num primeiro momento. acirrada competição nos mercados internacionais e outras temáticas não podem passar despercebidas pela escola. diga-se de passagem. escolhe currículo. até mesmo da postura assumida pelos profissionais que atuam nas escolas. regras e um sistema de avaliação. refere-se ao fato de que as novas gerações de habitantes do planeta são eminentemente visuais. Escola adota métodos. currículos e. projetos pedagógicos. Pois. planejamentos. materiais e equipamentos. novas tecnologias. Sabemos da intensa. Assistimos televisão. nos plugamos na rede mundial de computadores. Discutir as idéias e produzir um roteiro é etapa importante do processo de criação.. a atualização de suas práticas. que congrega os seus habitantes – cidadãos – em torno de alguns mesmos valores em função da desintegração das redes de comunidades existentes anteriormente. na gestação de um novo projeto de modernização uma construção histórica que foi adquirindo vários sentidos até fixar-se no século XIX. criatura. sujeito. trata-se da noção de indivíduo. do sentimento ou conduta egocêntrica. por sua vez. fazer uma ressalva e distinguir os significados dos termos individualismo e individualidade no contexto geral. personalidade. e pode significar. percebe-se uma alteração nas relações sociais no campo acerca do papel da educação escolar. paulatinamente. Segundo o dicionário Aurélio. no sentido figurado. PRIVADO O privado é ela mesmo sem ser personagem sem máscara. transformação importante para o mundo. vêem-se obrigados a criar um outro sistema de integração que lhes garanta o mesmo sentimento de pertencimento de antes. e não pelo que elas são. o exemplar de uma espécie qualquer. pessoa qualquer. começando por aquele que é raiz e dá origem aos outros termos. orgânica ou inorgânica. é a escola voltada para a formação do individuo e esta formação só cresce. se trata da existência individual. E o que é o Público? PÚBLICO Elementos fortes da cultura urbana.4 QUESTÕES DO PÚBLICO E DO PRIVADO A tendência é o espaço público decrescente diante da família. cabe. a partir de um centro de poder. o caráter especial ou particularidade que distingue uma pessoa ou coisa. ainda. pelo menos. Envolve. materializa um projeto nacional. ESTÉTICA DA APARÊNCIA As pessoas julgam pela aparência. Nesse sentido. para que não haja confusões.40 Falando de um crescente individualismo na sociedade contemporânea. a pessoa humana considerada em suas características particulares. Como um “pequeno mundo” onde os indivíduos são educados a partir de certas regras de comportamento que expressam as formas de pensar. Indivíduo significa indiviso. a nação também pode ser vista como um espaço de socialização. vida diferente enquanto eram rurais. 2. A formação da personalidade do indivíduo esta sendo priorizada. O individualismo leva a essa privacidade. em dois níveis: a) através da criação de um corpo político-burocrático que. São novos valores que se vêem o mundo com novos desafios (professor). que constitui uma unidade distinta. a idéia de um corpo político e social que se estabelece. que é tecido em função da . Cabe aqui também completar a seqüência de termos que estão inseridos neste contexto. Necessário salientar que a nação-Estado. peculiar a. Atualmente. o termo individualidade serve para caracterizar o que constitui o indivíduo. aqui. sentir e agir desse “mundo” a que pertencem. O individualismo. Individualizar é o caráter de tornar (-se) individual. A tendência e o poder público de crescer em prol da família formalizada. como uma nação-Estado. cidadão. ou executado por uma só pessoa. ao pretender legitimar uma dada construção social da realidade consolida-se. O termo individual é relativo a indivíduo. VALORES ÉTICOS E MORAIS Esses valores éticos e morais são cobrados o tempo todo. condicionantes internos (caráter) e externos (costumes) . SOLIDARIEDADE Aparece no século XVII. O que é melhor ou pior. b) por meio de um pensamento social elaborado pelas elites intelectuais. educação e racionalização tem a ver com progresso. A educação. uma “racionalização de métodos e de operações”.41 correlação de forças entre as frações e os grupos sociais dominantes. FORMAS DE SOCIABILIDADE São formas em que as pessoas se interagem umas com as outras. é. pois. tudo é relativo. Mas das formas pelas quais a sociedade moderna procura "corrigir" aqueles que se "desviam". A racionalização também seria capaz de tornar a escola produtiva e eficiente. A SOCIEDADE MUNDO Inovações tecnológicas e reflexões na sociedade. as formas de ver a sociedade com a forma racional. FALTA DE VALORES Não é possível! A sociedade não existe sem a base. a inversão de valores preocupa os educadores e esta falta de valores é típica e moral. Ex. que quebra a produção. pelo trabalho e. porque. enfim. garante à base ética e moral. também passa pela prática. MARGARETH RAGO O processo de racionalização da sociedade. e entre esses e o Estado. Vai mudar não só o padrão de referencia no qual se espelha. Existem. a contrariedade se contrapõe. não se pode perder de vista. o indivíduo opta pelo que ele quer. novos ritmos de trabalho. portanto. novos relacionamentos. forma de ver o mundo urbano. assim. o que implica afirmar que esses dois níveis de análise não se opõem. E quais são esses valores? A cultura moral e social impõe esses valores. mas apenas procuram entender como a nação forja o seu destino. porém.: restaurantes. XVIII e XIX como valor a ser respeitado e mantido. espaços de lazer e sociabilidade. Ética REGRAS COSTUMES VIRTUDES HÁBITOS A Ética seria produto das Leis erigidas pelos costumes e das virtudes e hábitos gerados pelo caráter individual dos indivíduos. que fabricam diferentes versões a respeito da identidade nacional. para acompanhar as modificações da sociedade. classe social. A escola precisa ser reavaliada o tempo todo. a escola não pode ser uma máquina. e a função do professor é mediar. A formação moral dos indivíduos serve também de auxílio à formação do cidadão em sua dimensão política. autônomo intelectual fortalecendo o pensamento crítico. no respeito independentes de sua religião. valores à diferença. Orienta os juízos e decisões dos homens no seio da comunidade. do justo e do injusto. a boa conduta poderia ser também determinada pela educação: • • • • Fornece as regras e ensinamentos morais aos indivíduos. A partir desta perspectiva se vê a escola como mudança. O ALUNO PRECISA DE LIBERDADE PARA APRENDER E respeitar a individualidade é fundamental. por conseguinte. esses conflitos devem ser vistos como algo a se acrescentar. O PROFESSOR NA ATUALIDADE Anos atrás havia falta de valores. hoje se tenta passar para o aluno valores. . A ESCOLA COMO ORGANIZAÇÃO A escola como organização tem um recurso teórico interessante é uma organização complexa que tem aspecto importante que é os objetivos comuns. porque lida com o ser humano. no processo no meio é uma instituição de mudanças e mesmo assim têm conflitos. Hoje. possibilidades para nossos alunos crescerem. Constitui-se como elemento fundamental para a construção da sociabilidade. a cultura e simbólica fazendo à diferença. Se excluirmos esses valores a escola perde seus valores de aprendizado e empreendimento cultural. TIPO PARTICULAR DE PROFISSIONAL O professor é o profissional diferente porque lidamos com formação e nos da um caráter. A educação estaria. moral. na base do esforço para fazer do indivíduo um homem bom e do sujeito. um cidadão exemplar. gerar.42 que determinam a conduta do indivíduo Todavia. podemos dizer que há uma distinção entre ética e moral. Transmite valores acerca do bem e do mal. CONCEITO DE CULTURA = Pode ser colocado na escala que pode ser vista como cultura homem consciente. O professor é um mediador de conhecimentos. uma flexibilidade. • Execução injusta ou corrupta da lei . • Não compreensão das normas sociais. onde essas regras vão ser construídas da partir do momento que determinados valores passam a ser importantes para a organização daquela sociedade ou grupo social.. 2. O controle social é uma relação de “poder”.43 UNIDADE VIII 1. Alguns teóricos trabalhou mais a questão da transformação social. formal... • Sanções fracas. Existem instituições encarregadas pra exercer esses controles. Um dos mecanismo mais utilizados pela sociedade é a persuasão e a coerção e uma das maneira mais utilizadas para exercer essa persuasão e coerção são os meios de comunicação de massa. que é o que se chama de comportamento desviante. Entra o controle social no momento em que cada individuo deve desempenhar seu papel para o funcionamento perfeito da sociedade. e que são aceitos pela sociedade ou não. e a escola é um deles que vai gerar mecanismo a adotar aquele comportamento com modelo aceito. interno e externo. Pierre Bourdieu. A sociedade precisa de normas e regras para convivências com os indivíduos. Padrões de comportamento surge a partir do momento em que os valores vão ser obrigatórios. positivo. A ESCOLA E O DESVIO SOCIAL Definição: Desvio social ou comportamento desviante define-se aquele cujo comportamento não correspondeu ao esperado pelo grupo social. Esse controle social é importante na educação pra ver como a escola enquanto instituição funciona. Para que isso funcione foi criado um mecanismo de controle. Segundo Freud. Fatores facilitadores do desvio social: • Falha no processo de socialização. pois nem todos podem exercer esse controle. sendo eles: Karl Marx.. A ESCOLA E O CONTROLE SOCIAL Controle social é um conjunto heterogêneo de recursos materiais e simbólicos disponíveis em uma sociedade para assegurar que o individuo se comportem de maneira previsível e de acordo com regras e preceitos vigentes. Através do controle social é que a sociedade vai ter seus vários agentes de socialização. O indivíduos pode não aceitar certos padrões impostos. O controle social pode ser negativo. informal. Michael Foucault. O comportamento seria um conjunto de atitudes e reações que tem o individuo em face e em relação ao seu meio social. Esses padrões sociais de comportamento são construídos socialmente. não aceita a idéia de que essa motivação estaria inscrita na natureza humana. Para se caracterizar desvio. e sanções para o caso de rompimento. basta apenas orientá-lo para que deixe de apresentar o comportamento indesejado. QUAIS OS DOIS PRINCIPAIS AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO? A FAMILIA E A ESCOLA O PAPEL DA ESCOLA Exercer a reeducação. Mas deve-se lembrar que pode tratar-se de um indivíduo que está tentando mudar. pode perfeitamente ser o prenúncio de alguma coisa nova. • Contradição Social – De acordo com essa teoria. Seria interessante se os códigos de postura instituíssem recompensas para os casos de conformidade. transformar a sociedade em que vive. realizar uma ação corretiva. passa a ser marginalizado pela sociedade. pode não ser para o outro. Daí pode-se retomar a idéia da escola como sendo uma instituição de controle social. Em todas as sociedades são criados grupos de regras a ser seguidas. como algo ruim ou negativo.44 Devemos observar que o fato de existir um conjunto de punições e sanções não é suficiente para garantir que não haja desvios de comportamento na sociedade. uma vez que se observa que a maioria das pessoas que apresentam desvio de comportamento. mas não seria suficiente. As teorias sociológicas do desvio podem ser agrupadas em três correntes: • Regulação Social – Considera a oposição entre os desejos e as pulsões individuais e as regras impostas pela sociedade. • Cultural – Onde pode haver conflito entre o que o indivíduo interioriza como sendo as normas do seu grupo e as normas legais dominantes da sociedade. e que se mostrará melhor para o grupo. o que deveria ser vir de motivação para os indivíduos. E só é considerado desvio quando for não majoritariamente aceito pela sociedade. Quem não aceita a imposição das normas e adota um comportamento de transgressão. Nem todos os comportamentos que desafiam a ordem estabelecida. e transmitir ás gerações mais novas. Comportamento Desviante: A idéia de comportamento desviante deve ser analisada a partir dos valores da própria sociedade que estabeleceu o padrão a ser seguido. é preciso que o indivíduo apresente um comportamento que infrinja alguma norma ou regra aceita pelo seu grupo social. . a noção do que é e do que não é socialmente aceitável. e são criados mecanismos de controle para garantir que assim aconteça. O que é considerado desvio social para um grupo. E em alguns casos. tem como objetivo romper com a ordem preestabelecida. É preciso tomar cuidado para não olhar para todo e qualquer comportamento desviante. a motivação para o desvio é um produto social. Esse rompimento pode estar relacionada com o desejo de mudança ou até mesmo a transformação da sociedade em que vive. podem ser definidos como desvio social. MAS NÃO HÁ DÚVIDAS DE QUE OCORREM MUDANÇAS NA VIDA DESSES JOVENS. NOVAS NORMAS. QUANDO SÃO ACOLHIDOS PELA ESCOLA.45 CONFORMIDADE / CONFORMISMO Conformidade: é agir de acordo com as normas estabelecidas pelo meio social. QUANDO ELES PERCEBEM QUE ESTÃO SENDO VISTOS E OUVIDOS. NOVOS VALORES. QUANDO A FAMILIA ENFRAQUECEU COMO AGENTE PRINCIPAL DE SOCIALIZAÇÃO. por exemplo. AFETANDO O GRAU DE CONFORMIDADE DESSE GRUPO. ABRINDO ESPAÇO PARA O SURGIMENTO DE NOVAS NECESSIDADES SOCIAIS. desde o primeiro dia. FOI INEVITÁVEL QUE O CONTROLE SOCIAL PASSASSE TAMBÉM A SER EXERCIDO PELA ESCOLA. PODESE IMAGINAR QUE ESSAS MUDANÇAS DE ALGUMA MANEIRA TENHAM GERADO DIFICULDADES. sob pena de vir a sofrer com as conseqüências de um eventual comportamento inadequado. CONSIDERANDO QUE O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO É IMPORTANTE NA INTERNALIZAÇÃO DOS PADRÕES ACEITÁVEIS DE COMPORTAMENTO DE UM GRUPO. ou o regimento escola. sem questioná-las. . Isso gera a alienação e pode levar ao imobilismo. OS COMPORTAMENTOS DESVIANTES TENDEM A DESAPARECER DANDO LUGAR A ATITUDES PRODUTIVAS E TRANSFORMADORAS A ESCOLA PRECISA DESENVOLVER HABILIDADES DIVERSAS EM SEUS ALUNOS. E SUAS NECESSIDADES MAIS PREMENTES SÃO ATENDIDAS. Conformismo: Aceitação de todas as regras. (pessoa que não age. MUITOS JOVENS TORNAM-SE SERES ANTISSOCIAIS DESAFIADORES DA ESCOLA E DA SOCIEDADE. qual é o padrão de comportamento esperado. PARA QUE ELES TENHAM MAIS CONDIÇÕES DE SOCIALIZAR-SE NO GRUPO E NA SOCIEDADE. deve-se recorrer ao regimento para deixar claro aos alunos. não pensa sobre o mundo que o cerca) Na vida escolar. NOVAS IDEOLOGIAS E NOVOS PADRÕES. Características das mudanças sociais 1-mudanças sociais temporários 2-mudanças sociais permanentes 3-mudanças sociais coletivas Mudanças sociais alteram a estrutura social. Fatores determinantes-promotor de mudanças sociais podem ser conflitos. Significa momento de ordem pode ser fraquejada ou questionada mais não necessariamente mudada. ambientes. Fatores determinantes sociais. se ela pode ser controlada. as mudanças sociais reforçam o papel de sujeito da historia do homem. Fator interno ligado a anseios a não aceitação. Fator externo ligado transformar num todo ou num grupo. guerras. que gera mudanças. movimentos culturais geram o tipo de sociedade outra forma de organização social.46 UNIDADE IX 1.significa conduzir de adequar rupturas mudanças. nos somos os agentes da nossa historia. . Causas das mudanças sociais originam de fatores tanto externos tantos internos. se rebelam. Fatores determinantes geográficos. freada ou acelerada se necessário através da mudança social e de sua ação sobre a educação. o dinamismo do social-significa que só o homem tem a possibilidade de mudar o meio que vive. gerar conflitos. pode ser uma troca de idéias. as mudanças sociais mudam história do grupo ou de toda a humanidade. impostas pela natureza onde o grupo vivia. as mudanças sociais são localizadas e mapeadas no tempo. necessidades. da onde vem o extremo inicial para acontecer o impacto na vida social. grandes revoluções. Conflitos ter um aspecto de transformar uma mudança benéfica. Fatores determinantes biológicos. local onde vivia. tentar perceber gual a direções vão essas mudanças num todo. garantir à estabilidade a sociedade. a mudança é benéfica quase sem aspecto de não corresponder os interesses. condições geográficas. transforma Fator determinante vai ver quatro deles. tem pessoas mais capacitadas para criticas social e para a promoção de outras mudanças. mudanças. Fatores determinantes culturais. MUDANÇA SOCIAL Transformação social. etc. historia da humanidade como acontece acompanha através da historia. Perceber qual a fonte dessas mudanças. na Índia a estrutura de castas tem natureza religiosa.colaborar com os problemas na sala de aula o desenvolvimento deles.difundem novos valores. Os papéis das pessoas na sociedade são determinados por sua ascendência (posição que os pais ocupavam na sociedade).Resumindo uns mandam e outros obedecem – . como é facilmente perceptível por todos.se mudar o contesto então se mexe na educação. Não há desigualdade de Direito. mas há desigualdade de fato. 2 ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL Quando se fala em estratificação social se está falando da diferenciação de formas hierarquicas de indivíduos e grupos em posições (status). b) Estamentos: constituem uma forma de estratificação social com camadas sociais mais fechadas do que as das classes sociais e mais abertas do que as das castas. não só consumismo. objetivo transformar o cidadão critico e conciente.cultura. por isso é chamado de fechado.construir a cidadania. estamentos ou classes. novas aliados padrões de comportamentos. O homem é o sujeito da mudança da sua própria historia tem o potencial de transformar a educação. qualquer o temor perde o ponto de equilíbrio gera o conflito para já trazer harmonia ou resgatar a estabilidade.mudanças sociais voltada para o bem da coletividade como um todo . altera funções. A estratificação social pode ser feita através de: a) Castas compostas de um número muito grande de grupos hereditários. independente de sua condição de nascimento.: as sociedades Capitalistas. A formação dos alunos críticos mais desenvolvidos. Ex.47 Sociedade moderna aberto a mudanças. Ex. pois a pessoa que pertence a uma casta só se pode casar com um membro da mesma casta.: a sociedade medieval. prepara para a vida social. o prestigio é o que determina a posição da pessoa na sociedade. Educação e escola . c) Classes: constituem uma forma de estratificação social onde a diferenciação entre os indivíduos é feito de acordo com o poder aquisitivo. Esse é um modelo de estratificação que não apresenta nenhuma possibilidade de mudança de posição social. -. Os Estamentos são reconhecidos por lei e geralmente ligados ao conceito de honra. ela na verdade é estática não muda. motivo pelo qual é chamada semi-aberta. Ex. agentes promotor da mudança social.-forma de fazer isso -a busca do auto conhecimento. se você fazia parte da burguesia morreria burguês.formação.avanços ou adaptações como devemos reagir com as mudanças. pois a lei prevê que todos são iguais.a mudança social significa evolução social. ou seja. Como fica a educação nesse processo – aceção pedagógica e a mudança social a educação deve ser analisadas dentro de um contesto. movimento que o individuo ou grupo faz na escala social (sistema de estratificação). fazendo com que haja pessoas ricas. Ela indica a existência de grupos de pessoas que ocupam posições diferentes. são fatores importante e devem ser levados em conta por que cada um pode ajudar ou atrapalhar o processo de mobilidade social que ocorre se o individuo enriquece ou empobrece. troca de posição na estrutura social. que se constitui na divisão da população por meio da lei. criando a natureza humanizada. religião e educação. em nossa sociedade valorizamos muito mais a profissão de médico do que a profissão de pedreiro.1 FORMAS DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL A estratificação social indica a existência de diferenças. partido político. porém alguns obstáculos podem dificultar ou impedir esse movimento um obstáculo pode ser a dificuldade de acesso a educação. Os sistemas sociais mais conhecidos quando se fala em estratificação são a escravidão. a sociedade capitalista possibilita alterações na posição social de um individuo ou grupo. Estratificação política: baseada na situação de mando na sociedade (grupos que têm e grupos que não têm poder). pobres e em situação intermediária. Por exemplo.48 2. etnia. posição econômica. sexo. tendo uma mudança no seu status social ao longo da vida Ao contrario de outros sistemas de estratificação social. As coordenadas sociais ajudam no processo de identificação da posição social e apontam as possíveis mudanças. Como no caso das relações de parentesco. Na era moderna os valores liberais transformaram o conceito de mobilidade social com fins políticos em nações democráticas. ocupação. A distância e a posição social ocupada na organização social ajudam a medir se há ou não possibilidade de mobilidade social. São três os principais tipo de estratificação social: Estratificação econômica: baseada na posse de bens materiais. idade. de desigualdades entre pessoas de uma determinada sociedade. O espaço social é constituído pelo homem biológico que se transforma em homem social. MOBILIDADE SOCIAL Mobilidade social . . da raça. e a estratificação baseada nas diferenças de classes sociais 3. as castas e os Estados. Estratificação profissional: baseada nos diferentes graus de importância atribuídos a cada profissional pela sociedade. nacionalidade. A sociologia ao analisar identifica que o individuo pode mudar a sua posição de forma ascendente ou descendente. Quando chega a crise no país acontece uma queda de ritmo da mobilidade sócia. Há os casos em que a mobilidade social ocorre no interior de um grupo ou uma sociedade. ascendia socialmente e ganhava prestigio e respeito. isso não impede que as oportunidades sejam desiguais. pode ser muito bom conforme o tipo de mobilidade.49 3. Nas historia do Brasil houve momentos que para se equilibrar a economia foram criados planos econômicos para mudar a economia do país e trazer benefícios para população. Nos dias atuais as sociedades industrializadas e urbanas são mais heterogenias. mudando sua posição na estrutura social. favorecendo a mobilidade social vertical. (empobrece) Mobilidade horizontal: mudanças de posição dentro da sua classe social. mas o que acontece é que poucos sobem muito e muitos sobem poucos. . política e economicamente tem acesso a educação formal e plena e exerce o poder local por conta de riqueza. quanto mais baixo na pirâmide social mais dificuldade de ascender verticalmente e assim as desigualdades se mantém. o individuo da classe dominante social. agora é preciso de trabalho qualificado de nível médio e nível superior. A revolução técnico . Na medida em que o individuo se especializa aumenta suas chances de ascensão social. Por exemplo. Quando a situação econômica ou social permite maiores condições para que a mobilidade social aconteça. Intergeracional: os filhos ocupam melhor ou pior posição que seus pais Intrageracional: posições ocupadas pelo individuo ao longo de sua vida Nas sociedades antigas as possibilidades de mobilidade social eram escassas e limitadas. mais facilidade de ascensão social oferece. quando alguém se tornava feiticeiro em sua tribo. O resultado é o aumento de desigualdade social. Quanto mais aberta à democracia. principalmente ao se tratar de mobilidade vertical ascendente. agravando ainda mais as disparidades sociais então os ricos ficam mais ricos e os pobres perdem mais poder aquisitivo. quando é verticalmente ascendente a sociedade ganha e são diminuídas as desigualdades sociais. Quem já nasce numa posição social privilegiada tem facilidade ascender. O Estado pode colaborar com o processo de mobilidade social por meio da ampliação das políticas publicas voltada para área social ou por medidas econômicas.1 TIPOS DE MOBILIDADE SOCIAL A mobilidade social é algo dinâmico. Mobilidade vertical ascendente: o individuo sobe na escala social ou classe social (enriquece) Mobilidade vertical descendente: queda de posição na escala social ou classe social. porem na maioria das vezes houve o empobrecimento da população gerando uma mobilidade descendente. educação e prestigio social.cientifica gerou a necessidade de novas profissões para atender as inovações tecnológicas. o que agrava a estratificação e dificulta a mobilidade o que pode comprometer a ascensão de uma geração inteira. o que chamou de violência simbólica. atitudes e hábitos em geral hierarquizando os indivíduos. O sistema educacional prioriza o capital cultural de uma classe e acaba reforçando que existem marcas de distinção. Para se haver maior possibilidade de ascensão social para mais indivíduos é preciso haver boas escolas com ensino de qualidade voltado ao interesse do cidadão. manter e legitimar as desigualdades sociais inviabilizando a mobilidade social. As famílias mais pobres vêm na educação a oportunidade que seus filhos têm de “subir na vida”. individuo terá um tipo de educação de acordo com a posição que ocupa na sociedade. Na sociedade capitalista industrial urbana. Pierre Bourdieu chamou atenção: as educação pode se constituir num mecanismo de reprodução social. a camada dominante impõe a cultura internalizando e desvalorizando valores da classe dominada. Conclui-se que a mobilidade social é um conceito dinâmico e que deve ser analisado e compreendido a partir das informações recolhidas dentro da sociedade que é investigada. Por meio da educação e boa formação escolar é possível mudar de posição na escala social (vertical ascendente). ou seja. A sociedade contemporânea tem características relacionadas às novas formas assumidas pelo trabalho a alta competitividade e exigência de qualificação da mão de obra faz com que a educação se ajude a alcançar uma formação diferenciada e atualizada. Marx: a educação não seria agente de transformação social coletiva. formas pelas quais os indivíduos se destacam dos demais. A mobilidade social é um retrato da sociedade e de sua estrutura. mas essa analise não pode prestar-se a ser mais um elemento de discriminação social. A possibilidade de mobilidade ascendente fez com que a educação se tornasse uma reivindicação social. os indivíduos se diferem dos outros pelos gostos. Quando há um crescimento econômico a escola vira alvo de políticas publicas voltas para a capacitação de mão de obra que o mercado exige. . aconteceria apenas para alguns indivíduos e não para a classe trabalhadora e a estrutural social não seria alterada a partir do sistema educacional.2 EDUCAÇÃO COMO FATOR DE MOBILIDADE SOCIAL. Não se questiona mais a educação ao se influenciada pelo aspecto econômico da sociedade.50 3. a educação pode funcionar como via de ascensão social. a posse de um diploma e conhecimento faz com que o individuo alcance outras posições no sistema de estratificação. Um aspecto importante é que à medida que a competitividade aumenta a sociedade cobra de seus governos uma ação efetiva por uma educação de qualidade. A educação é uma despertar de talentos que podem contribuir para as atividades econômicas do país e para a mobilidade social. onde os indivíduos diferem pouco entre si pois partilham dos mesmos sentimentos e valores. de forma muito estrita. que busca não só analisa-los mas.baseiam-se num idealismo que motiva seus membros e os mantém unidos em torno de um mesmo propósito E próprio do capitalismo a existência dos proprietários dos meios de produção(os burgueses classe dominante) e aqueles que só tem a sua força de trabalho para vender (O proletariado – classe dominada). Assim como a própria sociologia. Os autores clássicos da sociologia particularmente Durkheim e Marx viam assim esse momento e suas implicações para a nova Ciência. 4. quase sempre com o objetivo de promover algum tipo de mudança social. • Emile Durkheim essa categoria denotaria a transição de formas de solidariedade simples. base do que deveria ser uma sociedade igualitária. os movimentos sociais surgem na segunda metade do século XIX na Europa. Temas polêmicos.51 No que diz respeito à educação.saúde. colaborar no sentido de buscar caminhos que levem á sua solução. a vários problemas sociais. a atmosfera a impregnar a cultura brasileira contagiou também a educação. Os Movimentos sociais estão relacionados.etc.educação . . • Max Weber viu nos movimentos sociais o fator propulsor da modernização . E é exatamente o desejo de cooperar ou exigir soluções para esses problemas que leva também as pessoas a participarem dessas ações. o que acaba perdendo sua função que é exatamente de incluir e socializar. entre a sociedade civil e o poder constituído. sobretudo. Há por vezes objetivos ligados ao desejo de mudanças em relação ao equilíbrio de forças entre classes. os quais avaliavam a precária situação de oferta da educação a partir de uma ótica predominantemente social. Movimento social é um tipo de ação social voltada para uma causa ou um tema especial. que se constituem em temas de estudo da sociologia. o grande risco é ver o sistema educacional transformando-se em mais uma forma de classificar e excluir pessoas. Enfim.Movimentos sociais urbanos podem ser vistos como sistemas de praticas sociais que procuram dar uma resposta a questões como falta de moradia.O Estado. • Marx considerava que os movimentos sociais serviriam para designar a organização racional da classe trabalhadora em sindicatos e partidos empenhados na transformação das relações capitalistas d produção. EDUCAÇÃO E MOVIMENTOS SOCIAIS Pode-se afirmar que. na década de 50 e início dos anos 60. Marx achava que somente a revolução promovida pelo proletariado poderia acabar com o capitalismo e estabelecer o socialismo . eram recorrentes na agenda política de grupos integrantes de movimentos sociais. como mobilidade e exclusão social. que tem objetivos muito mais amplos do que os interesses que comumente estão em jogo na luta da classes. Pode-se definir movimento social como sendo uma ação coletiva de caráter contestador. com o objetivo de transformação ou a preservação da ordem estabelecida na sociedade.com o objetivo de manter ou conseguir o controle da sociedade . 4. Como se pode perceber. perde algumas das suas características com a chamada pos-modernidade .a falta de apoio governamental etc. pelo contrário.52 Existem também os movimentos conservadores .mobilização e relacionamento com as instituições que compõem a sociedade global. O resultado final dessa equação é sempre o mesmo: DESIGUALDADE e INJUSTIÇA SOCIAL. A urbanização é um dos fatores determinantes de muitos problemas sociais. também a informação e o conhecimento passam a ser elementos importantes da produção.marcada pela lógica da industria e da produção. como os choques decorrentes do confronto entre várias culturas diferentes. especialmente aqueles relacionados com a falta de infraestrutura das cidades. O que se pode notar é que os movimentos sociais são . que não desejam mudanças . Nessa nova sociedade chamada pósindustrial. Um exemplo é a União Democrática Ruralista que se posiciona firmemente contra a reforma agrária no Brasil .em sua maioria.1 AS FORMAS DE LUTA E AÇÃO COLETIVA Os movimentos sociais tiveram uma trajetória. uma vez que ele pode estar ligado a causas que independem de posição do individuo ou do grupo na estrutura social. seu objetivo é se contrapor a qualquer iniciativa de transformação social. Outros problemas estão ligados ás conseqüências daqueles apontados anteriormente.a dificuldade de viver em cidades grandes. que passam a ser mais localizados. Os movimentos sociais são multifacetários e sofrem mudanças em sua forma de organização. A sociedade industrial . trata-se de uma mudança substancial no caráter dos moviemtnos sociais. a desagregação familiar que pode acompanhar a migração. como é o caso dos movimentos ambientalistas .Mas nem sempre um movimento social é um movimento de classes sociais. no âmbito das relações sociais. Este e outros movimentos na verdade lutam pela preservação da ordem estabelecida. desejo que vai contra o maior objetivo do Movimento dos trabalhadores SemTerra(MST) que deseja a Reforma Agrária. particularmente na America Latina e seus períodos foram os seguintes: de meados do século XX aos anos 1970 .ligados a interesses comunitários que busquem a resolução de suas reivindicação junto ás instituições no âmbito das decisões políticas. atos de protesto. Dentre as varias abordagens sobre movimentos sociais tem-se a que os percebe como uma ação que acontece dentro da luta de classes. Nessa segunda fase surge também a discussão em torno da reprodução. No quadro desenhado pela desigualdade e injustiça social .um questionamento em torno de um possível processo de desmobilização .Conforme Scherer-Warren as mudanças verificadas tanto na realidade dos países latino-americanos quanto de outros lugares do mundo .imobilismo ou ate mesmo antimovimento.Independentemente da discussão teórica em torno do conceito de . explicam por que as modificações históricas conduzem ao repensar das teorias. a questão das lutas e reivindicações em torno dos bens e equipamentos de consumo coletivo e as interpretações em termos de lutas históricas nacional-populares. as determinações econômicas cedem lugar à multiplicidade de fatores . O segundo momento traz novas contribuições da determinação econômica à multiplicidade de fatores. A fase final. Essas mudanças acabaram gerando discussão em torno do próprio conceito de movimento social. Alguns atores preconizam a adoção da categoria movimentos sociais rompendo com a idéia de que a identidade dos atores é determinada apenas pela estrutura social e propondo que os estudos dos novos movimentos sociais considerem que a dimensão política da transformação da sociedade está presente em toda pratica social não mias restringindo à atuação da classe operaria dos sindicatos ou partidos políticos.da ênfase da sociedade política para a atenção na sociedade civil.que começa no inicio dos anos 1990 .53 • anos 1970 • anos1980 • anos 1990 A primeira fase é marcada pelas lutas de classes e pelos paradigmas marxista funcionalista.ao mesmo tempo .surgem os movimentos sociais como forma de luta ou resistência.sobretudo nos países socialistas .das lutas de classe para os movimentos sociais.Os processos sociais eram analisados como processos de mudanças Global tomando como referencia o desenvolvimento e a independência pela 1º corrente e a modernização pela 2º. O que realmente deve nortear a discussão em torno dos movimentos sociais é procurar compreender os elementos culturais que compõe seu ideário e caracterizam as formas de mediação entre os movimentos. traz a perspectiva dos chamados novos movimentos sociais. alguns autores viam toda essa ação social com caráter reivindicativo ou de protesto como sendo movimento social não importando o alcance político ou cultural dos seus objetivos.autenticidade e comunitarismo. Os anos 1980 caracterizaram-se por estudos mais intensivos de grupos específicos organizados .Portanto.Outros só consideram como sendo movimento social aquelas ações que atuam na produção da sociedade ou seguem orientações globais e que buscam a mudança na própria sociedade. o economicismo e o politicismo ao olhar na ação da sociedade civil. os cientistas sociais buscam na cultura popular os aspectos políticos Positivos da sua espontaneidade . Na maioria das vezes exprimem um forte sentimento de insatisfação que resulta na organização de pessoas que me outro momento talvez nunca se colocassem umas ao lado das outras. do dinheiro.54 movimento social . o sistema educacional está inserido no contexto do sistema global capitalista. O feminismo . A superação da desigualdade pede a formulação de um projeto emancipatório que pretenda construir uma nova sociedade que vá além do valor . etc.seja para preservar ou para transformar a sociedade.o movimento Hippie. O tema movimento social pode ser explosivo . A escola seria então a encarregada. o movimento de tradição das família.o movimento gay.estrutura física. da mercadoria do Estado e da política.ao longo da sua existência sofreram a influencia da diferentes ideologias e invariavelmente serviram como meio para que vários grupos oprimidos ou excluídos construíssem um espaço de exercício da cidadania.capital.de modo geral . o que se deve observar é que esse tipo de ação social não está necessariamente vinculada a formas de luta. Na luta por direitos sociais básicos ou propondo temas ligados às questões culturais e políticas. Pode-se dizer que os movimentos sociais não são necessariamente um produto da ação educativa.que atualmente se encontra em crise e isso exige um projeto educacional voltado para a emancipação humana. O que queremos é a emancipação da educação como principio educativo e a formação de um sujeito da emancipação como objetivo. .mas pode ser também uma forma de chamar atenção para um fato e dar sinais de que não se esquecerá dele. por meio dos movimentos sociais .desde o séc.projeto políticopedagógico.eles tem em comum o fato de terem ido buscar na ação coletiva a solução para os seus problemas e lutar por eles de forma organizada . ALGUNS TIPOS DE MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO Ao longo da historia se pode ver o quanto as ações coletivas podem e quase sempre são muito mais eficientes do que a ação individual.as exigências do capitalismo e das industrias.XVIII. porque na maioria das vezes se estará tratando de questões no mínimo mal resolvidas. Antes de tudo questionando a sociedade . os movimentos sociais.de algum problema que permanece sem solução ou do que não foi tratado como deveria ter sido.A escola pode contribuir para o despertar nos jovens pela participação política como forma de mudar a realidade.referencialmente sem violência.até o caminho para a resolução da crise. No Brasil ou em qualquer outra sociedade . 5.muito embora possa encontrar no meio educacional um terreno fértil para sua consolidação ou desenvolvimento.de formar cidadãos com a nova ordem política.E isso pode acontecer de forma organizada. o individuo e seu envolvimento com as demandas dessa sociedade e sobretudo questionando a educação em seus múltiplos aspectos. .muitas vezes.seja formal ou informalmente .é provável que se esteja tratando de uma manifestação popular momentânea . que desejam que tudo continue como está.Quando a resposta é negativa. uma das instituições mais resistentes a mudanças. isto é.que são aquelas pessoas que eventualmente apóiam o grupo mas não atuam concretamente. na forma de debates. Quase todo movimento social tem seus membros efetivos.aqueles que realmente se engajam na luta.um protesto contra alguma coisa muito especifica e quase sempre emergencial.primeiramente porque não é mais possível pensar a sociedade sem essa chamada terceira via que ´q exatamente a sociedade civil organizada de alguma forma.Em segundo lugar. Sem uma ideologia comum é muito difícil que um movimento social se mantenha. Porem nem todo os movimentos sociais estão voltados para a transformação ou para a mudança. acabam se refletindo ou se expressando na escola.sobretudo em suas estruturas.55 Mas um dos fatores que dever ser sempre considerado quando se fala em movimento social é tentar perceber se tem uma ideologia que orienta a sua ação. seminários e outras manifestações.e também os chamados simpatizantes. E quando se fala em educação e mobilização tem-se que lidar com o fato de ser a própria escola . Há vários movimentos conservadores . A educação se integra aos movimentos sociais. mesmo que muitas vezes não surjam da educação sistemática. A constituição federal é a lei máxima que rege o país. independentemente da aprovação de outros Estados ou organismos internacionais. Rei. por quem ou pelo quê detém o poder. Nação não é a mesma coisa que estado. o estado é a nação com um governo. o poder de coerção. ou seja. sobre indivíduos. . quando os valores que foram expostos se internalizam e passam a fazer parte da identidade do grupo social (cultura). território e governo. ESTADO – PODER/AUTORIDADE – SOCIEDADE = AGENTE DE CONTROLE SOCIAL A legitimação do poder se fundamenta no reconhecimento e na obediência de quem é dominado ou se deixa dominar. cada estado tem seus municípios com um governo próprio que se submetem ao estado e ao governo federal. necessariamente. soberania. pois uma nação pode existir sem governo. No estado às pessoas que exercem o poder constituem o governo. Note que autonomia não implica. e seu sistema de governo e presidencialista. Toda dominação se inicia pela força. É constituído.1 O CONCEITO DE ESTADO E SUAS FUNÇÕES A soberania de um Estado é a sua capacidade de decidir em última instância. Ex. executivo. Seu surgimento marcou a história da humanidade (As comunidades mais desenvolvidas passaram a dominar as outras. trata-se do direito exclusivo de uma autoridade a um território. A EDUCAÇÃO E O ESTADO ESTADO: É uma nação politicamente organizada.2 ESTADO E EDUCAÇÃO NO BRASIL Uma das características mais marcantes da sociedade atual é seu alto grau de racionalização. formaram grupos através da agricultura que mais tarde tornou-se o “Estado”. portanto. Governo não é sinônimo de estado. em função do aproveitamento de tempo. Uma das características essenciais do estado é exatamente o poder. 1. isto é. Engloba todas as pessoas dentro de um território delimitado . pelo povo.governo e governados. Quando falamos em soberania Nacional. embora cada estado tenha a sua constituição estadual que se submete à federal. Já a autonomia é a liberdade de tomar as suas próprias decisões. de ter a sua decisão respeitada. mas se perpetua pela cultura. sendo um atributo de governo ou de uma agencia de controle político ou por um indivíduo. É anterior ao Estado. cada vez mais organizado. legislativo judiciário. Como se organiza o estado no Brasil: Ele se organiza em Três poderes. 1. Só o estado tem autoridade em seu território – Monopólio.56 UNIDADE X 1. ou melhor. privilégios estão sendo mantidos. Implicações do desenvolvimento: interdependência entre o processo educativo e o desenvolvimento social de um país Nenhum país cresce economicamente sem investir em educação. Mudanças sociais podem ser: conservadora. Difere da atitude anancástica de reagir neuroticamente às mudanças. um país não pode apresentar taxas de crescimento econômico muito inferior ao de outros concorrentes no mercado internacional. políticas. nos costumes). num círculo vicioso de desigualdade social”.57 A educação não fica fora dessa tendência e nem escapa dessa racionalização. o desenvolvimento econômico diz respeito ao processo sistemático de acumulação de capital e a incorporação do processo técnico ao trabalho. quando se pensa o papel do Estado na educação. “Quando poderosos oprimem e subjugam outros grupos. em especial no que se refere ao planejamento e às políticas publicas voltadas a área da educação. . mas sempre compromete o desenvolvimento social. Decide-se tudo. regrida uma vez que o processo de acumulação de capitais e o processo técnico não param. antecipadamente. Mas é possível se perguntar como se pode garantir o sucesso de um esquema assim quando se está tratando de seres humanos e de um processo tão especial quanto o processo educativo. que a desigualdade nem sempre impede o crescimento econômico. que resulta no aumento de salários e dos padrões de bem estar da sociedade. progressista. ao planejar cada etapa do processo. 2. O . o qual possibilita os rearranjos necessários ao longo do caminho? Essa é uma questão a ser considerada . Para se manter competitivo. educador ou não cumpra seu papel na busca de uma sociedade mais justa. mas é imprescindível que cada um. EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO O desenvolvimento está ligado ao capitalismo. porque considera a situação presente satisfatória. reacionária O conservadorismo é a tendência sociopolítica que se opõe às mudanças previsíveis nos processos sociais evolutivos (econômicas. Isso não significa exatamente que o desenvolvimento. Sendo a educação um dos agentes de socialização dos indivíduos. em caso de crise no sistema. O que se vê no Brasil e em vários lugares do mundo é. Sabe-se que a educação sozinha não é nem pode vir a ser promotora do desenvolvimento. As chamadas leis de mercado impulsionam e retroalimentam o processo de desenvolvimento ou. não se estaria retirando dele sua principal característica que é o dinamismo.Não podemos confundir crescimento econômico desenvolvimento social. Pode provocar uma retração. à antimedicina e ao endeusamento da vida primitiva e natural. quanto mais as transformações nos seus fundamentos que abrangem todo o sistema (revolução). ao anticientificismo. 2. Pretende restabelecer regras e instituições desaparecidas como necessidade do progresso social.1 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO X DESENVOLVIMENTO SOCIAL O que se vê no Brasil e em vários lugares do mundo. ou em áreas urbanas. . Os índices de IDH comprovam isso. O reacionarismo é o móvel ideológico que impulsiona as condutas de retorno a situações políticas ultrapassadas pelo progresso. rejeitando mudanças. 2. são moradoras de favelas onde vivem um cotidiano de violência e marginalização ou ainda nas ruas. Estas três posturas políticas são evolucionistas.58 conservador defende as estruturas vigentes no Estado e em outras instituições. sociais e políticos ameaçados ou perdidos pela evolução sociopolítica. dificilmente se terá acesso aos direitos mínimos de cidadania. o Brasil ocupa a 70 na posição numa lista de 170 paises. à condenação da técnica. corresponde ao pessimismo e no plano cultural. indicam o que traz melhoria. No plano filosófico. Moram geralmente em condições miseráveis. Sem acesso à educação escolarizada e vivendo na sociedade como um “marginal cultural”. Em sentido particular. mas sempre compromete o desenvolvimento social. divulgado em 2007. à desigualdade e à exclusão é de crianças provenientes dos setores mais pobres da sociedade brasileira. mesmo de forma (reforma).2 AS DESIGUALDADES SOCIAIS E OS SUBDESENVOLVIMENTOS O que se pode perceber é que a esfera da sociedade mais sofrida com problemas relacionados à educação. Mas pode ser usado para significar o ponto de uma trajetória em relação a um objetivo a ser atingido por um móvel político ou individual qualquer. no relatório de desenvolvimento humano da ONU. é que a desigualdade nem sempre impede o crescimento econômico. Costuma se originar no anseio por privilégios econômicos. Em sentido mais restrito. conservar ou retroagir a marcha do sistema social. Elementos como esses desencadeiam o que se chama de marginalização cultural e que resulta nas alarmantes taxas de repetência e de evasão na educação básica. o termo se confunde com o de defensor da justiça social ou de melhorismo político social (como o desenvolvimentismo). piora ou estabilidade em um processo ou desenvolvimento. enquanto que deverá ficar na posição no ranking das maiores economias do mundo elaborado pelo banco mundial que avalia 146 países. seja em áreas rurais. Nestas últimas. Pressupõem que algumas mudanças representam uma tendência para fazer progredir. sem as mínimas condições de vida. Progressismo é a tendência que presume o curso da história como processo evolutivo previsível e que sustenta posições compatíveis com as etapas que se pode presumir aparecerão no futuro. a questão étnica ainda acaba sendo considerada.59 Essa realidade brasileira é ainda mais cruel com aqueles de origem africana. Além de se configurar historicamente como um dos fatores que distanciaram as populações de origem africana do exercício da cidadania. como um fator de diferenciação entre os rendimentos salariais dos cidadãos. negros ou mestiços. . que encontram maiores dificuldades para ingressar no sistema formal de ensino e para concluir os anos de ensino obrigatório estabelecido por lei. muitas vezes. COMO LIDAR COM O PRECONCEITO NO BRASIL É impossível encarar realidade no Brasil sem pensar em preconceito racial. um dos aspectos favoráveis para que isto ainda aconteça em nosso pais é a inclusão econômica e concentração de renda. Sem estes amparos muitos deles caíram na marginalidade Na tentativa de corrigir este erro histórico surgem políticas afirmativas que buscam criar acesso a educação. Em nenhum momento naquele contexto. diferenças raciais e sociais e diversidade cultural. moradias e educação e saúde básicas. EDUCAÇÃO E COTIDIANO NO BRASIL Ainda nos dias de hoje no Brasil existe alto índice de analfabetismo. idosos) Estigma de ser ou não diferentes Concentração de rendas (diferença entre ricos e pobres) O DIFÍCIL COTIDIANO DOS MENOS IGUAIS. saíram das senzalas para povoar as favelas das grandes cidades da época. Chegando a liberdade não mudou muito. saúde e trabalhos. Adotando uma atitude diferente na educação E começando a mudar os professores trazem para sala de aula estes assuntos. provendo grandes debates sobre: • • • • Descriminação racial (os negros) Descriminação de gênero (mulheres. mostrando que nem sempre pobres e marginalizados seriam assim para sempre. econômico e social. .60 UNIDADE XI 1. O espírito crítico provoca mudanças na situação do analfabetismo e surgiu o analfabetismo funcional que para o IBGE bastava a conclusão das quatro primeira serie do ensino fundamental. Sociedade com baixa qualidade educativa e sem nenhum domínio na tecnologia de informática o conformismo superou nesta época. homens. Os negros com século de escravidão participaram por muito tempo na grande concentração de renda dos patrões. se perguntou o que eles iriam fazer sem acessos a empregos. Na colonização sofremos e fomos vítimas por séculos. sem acesso a educação. A cidadania no Brasil é incompleta. Na tentativa de tornar o processo educativo mais significativos para os educados o governo federal elaborou os PCNs parâmetros curriculares nacionais que passaram a ser referências de qualidade em termos curriculares para o ensino fundamental e médio do país. A conseqüência disso é o êxodo rural que é migração da zona rural para a cidade por falta de trabalho. Objetivos: • O ensino deve ser com conteúdos didáticos revisto e orientado a partir destes PCNs. algumas pessoas têm mais que outras que não tem acesso aos serviços básicos. saúde. aquele que faz a diferença MULTICULTURALISMO É varias culturas heterogêneas todas com seu valor. Na busca de um ensino de qualidade. constituída historicamente que faz sentido a população e suas diversidades culturais. multiculturalismo e éticas. Para analisar.61 CONCEITO DE DEMOCRACIA RACIAL É a percepção do outro. burocracia ao lado da concentração de terras dos grandes proprietários de terras. moradia que é exercício pleno de cidadania. O que isso tem a ver na educação: a criança não permanece na escola. Os problemas nos acompanham há muito tempo desde a época da Colonização Portuguesa. • Os PCNs contemplam a discussão sobre pluralidade cultural. e garantir que crianças e jovens tenham acesso aos conhecimentos necessários para integração na sociedade moderna como cidadão consciente. muitos traços vêm dessa época com a ocupação territorial onde algumas regiões sofrem com o subdesenvolvimento até hoje. responsáveis e participantes. nepotismo. apontar soluções e implementar a política pública para resolver a gente tem que entender. . PROBLEMA DE EDUCAÇÃO NO BRASIL Os problemas ligados a área da educação quanto os problemas sociais como um todo compromete toda a estabilidade social. mas alguma região ainda é assim quem detém o poder político também detém o poder econômico e ele defende o poder econômico e da sua classe e o restante da população fica excluído um exemplo disso são clientismo. A violência urbana nada mais é que o exemplo de uma situação que pode abalar a sociedade e sobre tudo a educação e promover mudanças não tão boas. corrupção. como o nordeste que acabou ficando atrasado no seu desenvolvimento. • Construir um projeto político-pedagógico orientando os professores. pois essas pessoas eram pequenos proprietários isso causa um colapso. 2. pois a cidade não comporta esse estufamento e isso acaba engrossando a periferia. essa criança da escola. A relação professor. Essa indisciplina é o achar que não esta pronto para o mundo. A família pode não perceber a importância da escola e tiram seus filhos da escola para trabalhar Nosso papel quanto educador é pensar e criar soluções que possa trazer essa criança para a escola e manter elas na escola e conscientizar essa família do processo educativo. Proporcionar uma escola mais atraente. Um dos mitos do fracasso escola é o nível de inteligência do educando. a metodologia. mais próxima da realidade dessa criança. Nas praticas pedagógicas vigentes a uma preocupação excessiva com aspectos formais do ensino e muito pouco com a vida do aluno e disso pode depender o fracasso e o sucesso desse aluno. ESCOLA estratégia de manutenção ou de ascensão social .Quando se discute o fracasso escolar nota-se que o investimento da família no processo de educação é proporcional a importância que dá a educação.Os fatores familiares são muito importante. como ela é vista pelos pais. procurar saber a forma como eles vive pra saber atender suas expectativas. O Professor precisa conhecer os seus alunos.aluno é muito mais que uma transmissão de conhecimento. não só a criança. . os livros que essa família leu. O fracasso escolar na vida de uma criança A reprovação faz com essa criança se sinta culpada. Mas os resultados não aparece imediatamente e isso as vezes afasta essa família. O desempenho escolar tem muito a ver com a renda familiar.62 Como analisar estas questões? Procurando estabelecer relações de causa e efeito entre os fenômenos sociais. como eles a entende. os filmes. eles adotam a indisciplina como forma de protesto. essa analise vai servir para implementação de política publica se quisermos buscar soluções. Precisamos ver a real causa e analisar a responsabilidade da família e as condições sociais que favorecem mais ou menos o desempenho escolar do aluno. a forma que o professor ensinou a forma que a família orientou essa criança. a repetência. Temos que buscar a causa do fracasso escolar. Capital Cultural: a formação escolar de todos os membros da família. Precisamos tirar essa responsabilidade da criança. isto é o conceito social. ele não pode pensar que não tem capacidade de continuar na escola e isso é chamado estiguima da burrice. a evasão. Pierre Bourdieu ele é o pai desse conceito capital cultural e da hereditariedade genética Bourdieu parte da idéia que a diferentes maneiras de cada família perceber a escola. a forma de lazer que ela adota tudo isso também influencia no aprendizado dessa criança. o fracasso escolar é uma responsabilidade de um todo. Os mais afetado nesta frustração são os jovens. uma fracassada até se acha “burra” sendo que sabemos que essa repetência envolve a todos. envolve a escola. como deve ser a vida de seus filhos fora da escola. Dentro da escola o professor exerce um tipo de poder e tem capacidade de influenciar a vida dos seus alunos. É um profissional com baixos salários q aos poucos vem perdendo prestigio. via o educador como uma parte da sociedade mas também como resultado de todo sistema. Temos sempre q estar preparados para lidar com certos embates. mal remuneração. A educação não pode ser privilégios de alguns.É uma carreira que precisa ter desprendimento como também potencial. Relatando aqui que faltam professores e a tendência é se ter menos professores devidos as condições de trabalho. por isso q bato na tecla da interação entre aluno e professor. . Karl Marx: pensava na transformação. pois a prática pedagógica tem q ser adequada a esses novos tempos. na criatividade em q o professor vai ter q ter para preparar essas aulas. A PROFISSÃO DO PROFESSOR Na pesquisa da sociologia da educação temos o professor como objeto de estudo uma profissão (PARADOXAL). falta de tempo para se reciclar. Para: Durkhein: a educação era como um fato social como outro qualquer partindo disso pode ser analisado. Seria importante para o professor buscar se aperfeiçoar com essa nova tecnologia q surge nesse mundo moderno. Max Weber: A educação pra ele poderia gerar a desigualdade social. atualmente vem se tentando resgatar essa profissão onde o descaso é muito grande em relação a educação. As funções da escola e da educação é socializar ou mudar a sociedade como um todo. A vontade de aprender do aluno é propiciada pelo professor a questão econômica não pode ser empecilho para esse aluno não receber informação. o professor junto com seu aluno traz na maioria das vezes na sua bagagem um conhecimento onde essa troca de informações é essencial... 3. resumindo na qual se tem opinião que é ao contrário a opinião comum. essa interação tem q ser valorizada. o professor precisa ser criativo nas suas aulas se for se apegar a seguir um modelo padrão . revolução da sociedade.O Professor é muito pouco valorizado por conseqüência do descaso do poder público. usando de todas a sua habilidades e conhecimentos para poder ter a tenção dos seus alunos.63 Ele aluno tem muitas formas de buscar o conhecimento mais a relação humanitária ele só vai ter com o professor." O professor que marca a vida de um aluno". será um problema para seu aluno. tendo dentro da sala de aula um troca de experiência entre professor e aluno. se aprimorar etc. O Oficio do professor tem sido repensado porque é portador de alguma cultura. pois nem sempre a formação nos da condições para desempenhar nosso papel com mais eficiência.É uma profissão composto por vários outros saberes e o valor da experiência tem q ser valorizado cada vez mais. Lembrando sempre. mas se as pessoas se permitirem conviver com essas diferenças pode haver uma troca muito boa e nos enriquecer como seres humanos. reforçamos nossa própria identidade tanto como individuo quanto como ser social. vivem o seu dia a dia com a discriminação e com o pré-conceito. crenças. todas ela com seus respectivos valor e com sua contribuição a dar. PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL Essa tele aula é como uma recapitulação das aulas anteriores. que valorizam a diferença das demais. O pré-conceito deve ser uma das maiores preocupação de qualquer educador. normas. Reconhecer. esses são alguns dos elementos que foi trabalhado ao longo do curso. que o ser humano são diferentes sim e todos tem o seu valor. alguns grupos como os negros apesar de serem maioria (quantitativo) são consideradas minoria na hora de exercerem sua cidadania de forma completa. O principal elemento que compõe a cultura de um povo é: a linguagem. cada cultura tem elementos e características q eu é importante. porque compreender uma nação é importantíssimo para compreender a si mesmo. eles não servem para vagar alguma coisa que é diferente de nós. devemos ter a idéia do MULTICULTURALISMO. isso foi mostrado durante o curso. preservar a diversidade não significa aceitar a desigualdade. conhecer esse novo significado. valores. normas. regionais. Cada um com a sua importância não só dentro da harmonia social. mas da mudança desses elementos e que podem ser mudados na hora que a gente implementa uma mudança deve em pro social. conquistas em termos tecnológicos. fazer com que os nossos alunos entendam que a diversidade cultural enriquece a convivência e não serve para julgar e nem analisar o diferente de nós. pensar no diferente. pensar em nós. pelas diversidades culturais. Utilizar valores ou esquemas pré concebidos gera pré-conceitos que podem não corresponder a realidade e que em um último momento vai gerar preconceito. se permitir. isso é fundamental e devemos passar para as crianças e jovens que multiculturalismos é a marca do mundo. essas mudanças deve ser entendida sempre a luz dos propósitos valores gestados dentro daquele grupo e não de parâmetros de fora. porque sempre que reconhecemos o outro. uma das funções mais importantes do professor dentro do processo educativo e desmistificar. o filme retrata as diferenças culturais e o choque que pode haver nessas diferenças. precisamos trabalhar o ser humano a formação global desse ser humano. Aqui temos o eixo do nosso curso para trabalharmos a educação. começando a destacar os aspectos da cultura e diversidade que foi passado em um pequeno trecho de um filme chamado “7 anos no Tibete”. dessa forma relembramos que existe diferentes e várias culturas para diferentes e várias sociedades. deve ser algo novo que deve ser partilhado. compreender. combater os preconceitos. . regras e valores. considerando as diversidades culturais. num país pautado e marcado pelas diferenças e desigualdades. A diferença que existe no outro só nos enriquece. acabar. e que a cultura é composta de vários elementos uma coisa muito complexa. não cabe a nós nem a ninguém analisar a cultura a partir dos nossos valores para não cair no ETNOCENTRISMO. Temos que mostrar aos nossos alunos que as diferenças culturais são naturais. Temos que repensar nessas perspectivas da educação.64 4. que é a extrema valorização da nossa própria cultura. . Uma característica da socialização é a possibilidade das trocas culturais. eu saberei quem eu não sou. a gente ta perdendo de vista esse aspecto fantástico e característico do MULTICULTURALISMO.65 Eu sei quem eu sou a partir do momento que eu sei quem eu sou. no momento em que a gente não possamos valorizar e criar condições para que elas se enfatizem inclusive em sala de aula. Dessa forma eu valorizo a minha própria identidade quanto o reconhecimento do outro. 66 .
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