Apostila Para Professores Sobre o Paraolimpismo

March 27, 2018 | Author: EduardoAndrade | Category: Paralympic Games, Olympic Games, Association Football, Sports, Summer Olympics


Comments



Description

Manual de Orientaçãopara os Professores de Educação Física www.cpb.org.br Introdução ao Movimento Paraolímpico Manual de Orientação para Professores de Educação Física Introdução ao Movimento Paraolímpico Autores: Antonio João Manescal Conde Pedro Américo de Souza Sobrinho e Vanilton Senatore Brasília – DF 2006 COMITÊ PARAOLÍMPICO BRASILEIRO DIRETORIA EXECUTIVA: 2005/2008 VITAL SEVERINO NETO Presidente SÉRGIO RICARDO GATTO DOS SANTOS Vice-Presidente Financeiro FRANCISCO DE ASSIS AVELINO Vice-Presidente Administrativo ANA CARLA MARQUES TIAGO CORRÊA Assessora Especial para Assuntos Institucionais ANDREW GEORGE WILLIAN PARSONS Secretário Geral WASHINGTON DE MELO TRINDADE Diretor Administrativo CARLOS JOSÉ VIEIRA DE SOUZA Diretor Financeiro EDÍLSON ALVES DA ROCHA Diretor Técnico VANILTON SENATORE Coordenador-Geral do Desporto Escolar RENAUSTO ALVES AMANAJÁS Coordenador-Geral do Desporto Universitário Material produzido para o projeto “Paraolímpicos do Futuro” com recursos da Lei no 10.264/2001 para o desenvolvimento do esporte escolar. Distribuição dirigida e gratuita. Venda proibida. Manual de Orientação para Professores de Educação Física Introdução ao Movimento Paraolímpico . ISBN : 85-60336-00-1 978-85-60336-00-5 1. pela Universidade Johann Wolfgang-Goethe (Frankfurt – Alemanha). Metodologia do esporte. 1990/1993 Coordenador Geral do Desporto Escolar do Comitê Paraolímpico Brasileiro Revisão: Sérgio Augusto de Oliveira Siqueira e-mail: paradesportosergio@hotmail. Movimento paraolímpico. Antonio João Menescal. Vanilton.br www. 1987/1989 Diretor do Departamento de Desportos das Pessoas Portadoras de Deficiência – Secretaria de Desportos da Presidência da República. Título. pelo Instituto de Reabilitação e Esporte Adaptado da Universidade Alemã de Educação Física e Esporte de Colônia – Deutsche Sporthochschule Köln (Alemanha) Estágio. com tese sobre Aspectos Motivacionais nas Terapias pelo Movimento e no Esporte de Reabilitação. Conde.: il. I. durante 1 ano. 74p. CDU: 796. Horst Strohkendl Mestrado: Ciências da Educação. pelo Instituto de Reabilitação e Esporte Adaptado da Universidade Alemã de Educação Física e Esporte de Colônia (Alemanha). doutorado reavaliado no Brasil na área de Ciências da Reabilitação Vanilton Senatore Licenciado em Educação Física pela PUC Campinas/SP. revisão e arte-final: Informação Comunicação Empresarial Tels.com.com Projeto gráfico. com áreas de concentração em Reabilitação e em Didática. Pedro Américo de Souza Sobrinho. Manual de orientação para professores de educação física. desde 1974 Coordenador Adjunto da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. com tese sobre Estimulação Sensoriomotora em Crianças com Paralisia Cerebral e Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade Doutorado: Ciências da Reabilitação. Vanilton Senatore. 2006.Autores: Antonio João Menescal Conde Professor de Educação Física do Instituto Benjamin Constant Secretário-Geral da Confederação Brasileira de Desportos para Cegos Diretor Técnico da International Blind Sports Federation Pedro Américo de Souza Sobrinho Graduação em Educação Física pela UFMG Especialização: Reabilitação e Esporte Adaptado. Pedro Américo de.br Impressão: Gráfica Cidade FICHA CATALOGRÁFICA C745t Conde. 4. Souza Sobrinho.: (61) 3208 1155 / (11) 3021 5445 e-mail: [email protected] . Senatore. III. Antonio João Menescal Introdução ao movimento paraolímpico: manual de orientação para professores de educação física / Antonio João Menescal Conde.icomunicacao. com subáreas em Educação Física Adaptada. 3. – Brasília : Comitê Paraolímpico Brasileiro. Pedagogia Especial e Pedagogia Terapêutica e Psicologia. na área de Basquetebol em Cadeira de Rodas com o Dr. 1972 Professor concursado do GDF.com. II. Deficiente físico. 5. Educação física. 2. IV. ......... 10 3...................................... 44 8................................................. PARALISIA CEREBRAL .................................... 09 2..................................................... 26 3.................................................................. 27 4................................ 48 11.................................................. DEFICIÊNCIA FÍSICA ........... BIBLIOGRAFIA ............................ EFEITOS POSITIVOS DO ESPORTE ESCOLAR PARAOLÍMPICO PARA OS ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA ............................... 33 6...................................................................... DEFICIÊNCIA VISUAL ......................... FONTES DE CONSULTA E PESQUISAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 41 7................................... UM PROJETO DESAFIADOR .... ALGUMAS CONSIDERAÇÕES LEGAIS ...........SUMÁRIO CAPÍTULO 1 PARAOLÍMPICOS DO FUTURO Vanilton Senatore APRESENTAÇÃO ...................... 23 CAPÍTULO 2 O ESPORTE ADAPTADO E PARAOLÍMPICO COMO DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Pedro Américo de Souza Sobrinho 1....................................... 47 10.. UM POUCO DA HISTÓRIA DO MOVIMENTO ............................................................................. 46 9............................................................................... 48 .................................................................................................... 24 2.......................... POSSÍVEIS IMPLANTAÇÕES DA PARALISIA CEREBRAL NA APRENDIZAGEM ESCOLAR ........................................................ PARAPLEGIA E TETRAPLEGIA ....... INCLUSÃO E VALORIZAÇÃO DOS ALUNOS .......................................................... DEFICIÊNCIA MENTAL E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ESCOLAR ................ CONTRIBUIÇÕES DO ESPORTE ESCOLAR PARAOLÍMPICO PARA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM.................... 09 1........................................................................................................... DEFICIÊNCIA ....................................................................................................................................... 31 5.. ......................................................... 69 ..................................................................... 54 CAPÍTULO 4 OS JOGOS PARAOLÍMPICOS Coordenação de Comunicação do CPB Compilação: Leandro Ferraz 1.................................................................................... PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA EM PARAOLIMPÍADAS ..........CAPÍTULO 3 EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA INCLUSIVA E A BASE DO ESPORTE PARAOLÍMPICO Antonio João Menescal Conde ........... DE ROMA A ATENAS ..................................................................... 64 2................................. A idéia é aproximarmos os Jogos Paraolímpicos Escolares das já tradicionais Olimpíadas Escolares e Universitárias. Como fechamento do ano. na qualidade de referência dos alunos. O trabalho tem cronograma de etapas diferenciadas prevendo a preparação do material didático e de divulgação e a sensibilização dos agentes envolvidos diretamente. a Bolsa-Atleta. dentro de uma mesma estrutura organizacional. Ceará (Nordeste) e Pará (Norte). muito contribuiu para a exposição e a conseqüente visibilidade do esporte de alto-rendimento para pessoas com deficiência. de formador de opinião. Minas Gerais (Sudeste). Sempre defendi que.O FUTURO MAIS QUE PRESENTE O projeto Paraolímpicos do Futuro. sem sombra de dúvida. verdadeiro divisor de águas na história do esporte brasileiro. De posse de nova capacitação e de compromisso sedimentado em bases éticas e humanas. VITAL SEVERINO NETO Presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro . De fato. caro(a) professor(a). para 2006. em 2007. o Comitê Paraolímpico Brasileiro realizará em outubro. precisávamos criar uma cultura do esporte paraolímpico no país. o I Campeonato Escolar Brasileiro Paraolímpico de Atletismo e Natação. atende também ao meio escolar. ainda. competições indissociáveis. e treinar 6. hoje. você só tende a alavancar a plena ambientação dos estudantes com deficiência na escola. que ora se inicia. Com uma estratégia de implantação gradativa. A competição possibilitará a criação de ranking dos jovens atletas. média de 600 em cada uma das cinco unidades da Federação. No contexto atual de escola inclusiva. A referida lei. a sociedade está bem mais sensível a esta nobre causa. em 2004. o projeto tem. Como pode ver. que poderão pleitear. E. programa de incentivo do governo federal.000 professores de educação física. bem como Pan-americano e Parapan-americano. O próximo passo será seguir o rumo de integração hoje existente entre Olimpíada e Paraolimpíada. na qual alunos com e sem deficiência estudam juntos. A meta do ano é levar a informação para 3.000 escolas. sua participação é fundamental para o sucesso do projeto. ações programadas nas cinco regiões geográficas do Brasil: Santa Catarina (Região Sul). o Paraolímpicos do Futuro vem preencher importante lacuna: apresentar à comunidade acadêmica o esporte adaptado. que se estenderá até 2008. garimpar futuros talentos. Mato Grosso do Sul (Centro-Oeste). o desempenho de nossos atletas na Paraolimpíada de Atenas. dois em média por unidade escolar. em parceria com o Ministério do Esporte. antes de tomarmos qualquer iniciativa com relação ao desenvolvimento do esporte para crianças e jovens com deficiência na escola. que destina recursos para o fomento a diversas áreas da prática desportiva. torná-lo ferramenta de integração e. quando foi sancionada a Lei Agnelo/Piva. Mais precisamente desde 2001. faz parte de nossos anseios há um bom tempo. . conhecida como Lei Agnelo/ Piva. Para auxiliá-los nesse trabalho. o educacional e o social. da exclusão pela inclusão. contribuirá para a melhoria do entendimento e para o crescimento seguro do esporte paraolímpico. O Comitê Paraolímpico Brasileiro – CPB dá. os professores de educação física estarão rompendo e substituindo muitos paradigmas: da incapacidade pela capacidade. em boa hora. da baixa estima pela alta auto-estima. UM PROJETO DESAFIADOR Há quanto tempo ouvimos que crianças e adolescentes são o futuro do Brasil? De fato. Ao oportunizar a prática esportiva para os alunos com deficiências. que destina parte dos recursos para aplicação no esporte escolar. da prática do esporte para pessoas com deficiência a partir das escolas do ensino fundamental e médio. nosso presente reflete apenas ações e estagnações do passado. em abrangência nacional. É inegável que questões históricas refreiam o progresso do país em campos essenciais. baseada na participação da nossa categoria. 1. promissor e “em desenvolvimento”? Neste contexto. da legislação que assegura o direito a cada um de ter o acesso à prática esportiva e como a escola inclusiva pode contribuir nessa caminhada. os que podem dar a melhor contribuição para o sucesso desse trabalho. no ambiente escolar.Introdução ao Movimento Paraolímpico Capítulo 1 Vanilton Senatore PARAOLÍMPICOS DO FUTURO APRESENTAÇÃO Caros colegas professores. Os profissionais de educação física.264/2001. Certamente a maior vitória nesse processo será nossa contribuição para formação de cidadãos mais conscientes. o CPB centra seus esforços buscando no sistema de ensino fundamental e médio o caminho natural da renovação. Com esta iniciativa o CPB deposita suas esperanças e expectativas em uma proposta que. das barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência neste Brasil eternamente jovem. A convivência deles com crianças. sem sombra de dúvida. vem reforçando preconceitos e equívocos. o desenvolvimento e o aprimoramento humano do nosso país. então. O que dizer. consolidação e fortalecimento do paraolimpismo em nosso país. oportunizar e facilitar a implantação. 9 . por exemplo. das características de cada uma das deficiências que são elegíeis para o paraolimpismo. apresenta o projeto “Paraolímpicos do Futuro”. um passo de suma importância na disseminação do conhecimento sobre o movimento paraolímpico em nosso país ao apresentar o projeto “Paraolímpicos do Futuro” que tem como objetivos e metas aumentar o conhecimento sobre o esporte para as pessoas com deficiência. é a melhor oportunidade e o momento mais adequado para que seja revertida uma situação que. jovens e adolescentes. preocupado em contribuir para a evolução. justos e solidários. estamos apresentando esse primeiro manual que trata um pouco da história do movimento. portadores ou não de deficiências. há muito tempo. Tendo por base o fundamento e a determinação da lei no 10. O projeto tem como objetivos divulgar o movimento paraolímpico. como o econômico. o esporte torna-se uma das mais importantes ferramentas de inclusão social e nele o Comitê Paraolímpico Brasileiro. das redes pública e privada. atuantes nas escolas do ensino fundamental e médio são. marcou seu trabalho de reabilitação médica e social direcionados aos veteranos de guerra. além do crescimento quantitativo do movimento. sem dúvida. O CPB entende que a preparação dos professores envolvidos será o fator fundamental e que propiciará. com a participação de 145 atletas de nove países europeus. onde a história teve seu começo há aproximadamente meio século e já é plena de lutas. também uma vítima da guerra que. Guttmann. Essa foi a primeira competição internacional para pessoas com deficiência. entre outros. Durante o evento. em Paris. Alemanha. Mais que tudo. o nosso maior desafio. Para isso. ainda durante a segunda grande guerra. Em 1944. o governo britânico contratou. Dr. Esse trabalho diferenciado exigirá dos professores envolvidos um perfeito entendimento e um grande compromisso com a proposta apresentada e que não se permita confundi-la com programas esportivos tradicionais que. a qualidade na oferta de opções de programas de treinamentos e competições esportivas para estudantes. a fisioterapia e a medicina esportiva surgiram como recursos importantes na recuperação das cirurgias internas e ortopédicas. é preciso resgatar alguns fatos referentes às origens do esporte paraolímpico no mundo e. 2. Ludwig Guttmann. no dia 24 de agosto. sem dúvidas. conquistas e glórias. como judeu. UM POUCO DA HISTÓRIA DO MOVIMENTO Inicialmente. para começar um trabalho de reabilitação para lesionados medulares dando origem ao Centro Nacional de Lesionados Medulares de Stoke Mandeville na Inglaterra. Dr. foi obrigado a fugir da Alemanha nazista. é muito mais importante ainda para as pessoas com deficiência. pelo uso da prática esportiva como parte do tratamento médico. O esporte para pessoas com deficiência existe há mais de 100 anos. Os profissionais de educação física são de fundamental importância para o projeto ao desempenharem o papel estratégico de agentes na identificação e no incentivo para que os alunos elegíveis para o movimento paraolímpico iniciem a prática esportiva em época mais propícia e adequada do seu desenvolvimento psicomotor. NO MUNDO O esporte tem comprovada importância na qualidade de vida de qualquer pessoa e. jovens e adolescentes com deficiência.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Este deverá ser o norte a ser seguido por este projeto que. via de regra. propõe executar ações de sensibilização e capacitação dos dirigentes e dos profissionais de educação física atuantes no sistema de ensino. Depois da I Grande Guerra (1914/1918). em especial. o neurocirurgião alemão. é importante que se desenvolva um trabalho diferenciado e que todos os alunos possam participar. Para tanto. competições. no Brasil. pretende tornar o movimento paraolímpico mais conhecido em toda a rede de escolas do ensino fundamental e médio. entre suas metas. em Berlim. 10 . As primeiras notícias da existência de clubes esportivos para pessoas surdas datam de 1888. Nos séculos 18 e 19 a contribuição das atividades esportivas foi maior no sentido da reeducação e da reabilitação das pessoas com deficiência. efetivamente e sem nenhum tipo de exclusão. privilegiam somente aqueles que são os mais talentosos no campo esportivo. Em agosto de 1924 foram realizados. foi fundado o Comitê International des Sports Silencieux – CISS. o esporte lhes propicia independência. Nesse diferencial reside. principalmente os mais jovens e menos habilidosos esportivamente. mas principalmente na sua possibilidade como poderosa ferramenta de ajuda na reabilitação e inclusão das pessoas com deficiências junto à sociedade. os Jogos do Silêncio. crianças. Ao fazermos essa afirmação estamos nos baseando não apenas no que a atividade esportiva pode contribuir para o desenvolvimento físico de todas as pessoas. em 1960. A partir de Roma em 1960 e sempre a cada quatro anos. Em 1994 o ciclo foi ajustado passando a ser realizado no mesmo ano dos Jogos Olímpicos de Inverno. fundaram a ISMGF – International Stoke Mandeville Games Federation – Federação Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville. Usando os mesmos espaços esportivos e o mesmo formato das olimpíadas. A contribuição do Professor Strohkendl foi de grande valia para que o princípio da igualdade pelo esporte pudesse ser atingido. Alemanha. na Holanda. mas cuja origem precisa ser esclarecida. em Arnhem. berço do movimento olímpico e Pequim. foi realizada a primeira Paraolimpíada de Inverno. A palavra paraolímpico era originalmente uma combinação de paraplégico e olímpico.“De Roma a Atenas” .você encontrará mais detalhes da história de cada um dos jogos paraolímpicos de verão e da participação brasileira neles. Um dado importante e que demonstra a força do movimento e o seu crescimento contínuo foi o número de países e atletas presentes em Atenas: 3. No capítulo 4 . na China. Em 1952. diretor do Centro de Lesionados Medulares de Ostia na Itália. A palavra Paraolímpico deriva da preposição grega “para” que significa ao lado. em 2006. dando início ao movimento esportivo internacional que viria a ser base para a criação do que hoje conhecemos como esporte paraolímpico. A nona edição das Paraolimpíadas de Inverno aconteceu na cidade de Torino. mostraram que agora os dois movimentos existem lado a lado. os jogos vêm sendo realizados de forma cada vez mais organizada e sempre com um número crescente de países participantes. Canadá. o alemão Horst Strohkendl. A décima segunda edição dos jogos aconteceu em Atenas. em 1960. A partir de então e até 1992 os jogos de inverno aconteceram no mesmo ano dos jogos de verão. foram surgindo diferentes classes de competidores agrupadas por tipo de lesão. Os jogos paraolímpicos começaram em paralelo aos Jogos Olímpicos de Roma. Suécia. a inclusão dos paralisados cerebrais. O dinamismo e a força do movimento paraolímpico levou seus organizadores a mais um desafio: esportes de inverno e. exsoldados holandeses se uniram para participar dos jogos de Stoke Mandeville. na Grécia. 400 atletas de 23 paises participaram da primeira Paraolimpíada. e juntamente com os ingleses. em 1976. Essa junção da classificação médica e funcional tornou ainda mais adequada a divisão das classes de competição permitindo que. os atletas possam participar em condições mais próximas em relação às suas deficiências e com isso os resultados obtidos passam a ser conseqüência natural do talento e do treinamento de cada um. Itália. nas Paraolimpíadas de Toronto. houve por parte dos organizadores dos jogos para as pessoas com deficiência uma grande preocupação em tornar a competição a mais justa possível levando em consideração a situação médica de cada participante e. dessa forma. em praticamente todas as modalidades esportivas. apenas atletas em cadeiras de rodas participavam oficialmente dos jogos. Guttmann a organizar a primeira competição para atletas em cadeiras de rodas e no dia 29 de julho de 1948 – exatamente a data da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. 11 . está-se preparando para receber a décima terceira edição dos jogos em 2008. houve a inclusão dos atletas cegos e amputados e. Pelo uso constante que fizemos nos parágrafos anteriores temos uma palavra que já nos é bastante familiar. paralelo e da palavra “olímpico”. número maior do que os de Munique nos Jogos Olímpicos de 1972. a partir de 1980. incentivados pelo Dr. em 1948. Antonio Maglio.806 atletas representando 136 países. aconteceu a competição denominada Stoke Mandeville Games. Com seus estudos baseados no desempenho dos atletas ele estabeleceu uma classificação funcional que tem por base a possibilidade de utilização da musculatura e das articulações preservadas de cada atleta. Até os jogos de 1972 em Heildelberg. o comitê organizador dos jogos de Stoke Mandeville aceitou o desafio e realizou os jogos em Roma logo após a realização dos Jogos Olímpicos. Oito anos depois. Em 1976. O que inicialmente era apenas uma classificação médica ganhou muito com a contribuição dada pelo professor de educação física. evento que teve como sede a cidade de Ornskoldsvik. Desde seu início. Entretanto com a inclusão de outros grupos de deficientes e a união das associações ao movimento olímpico.Introdução ao Movimento Paraolímpico O sucesso do trabalho motivou o Dr. deaflympics. tivemos a fundação das entidades a seguir relacionadas. Dessa forma e em ordem cronológica. amputados.ISMGF – International Stoke Mandeville Games Federation. da ISOD – Organização Internacional de Esportes para Deficientes. 12 . O CISS é a mais antiga entidade internacional em funcionamento na área do esporte das pessoas com deficiências. as normas de participação dos atletas deficientes mentais. houve a suspensão dos atletas com deficiência mental das atividades promovidas pelo IPC até que se encontre um meio eficaz e seguro de definir sua elegibilidade e por isso eles não participaram dos jogos de Atenas 2004. em 2006. Para maiores detalhes acesse o site: www. o CISS sempre realizou de forma independente os seus próprios jogos. foi reafirmada a definição de não-participação dos atletas com deficiência mental até os Jogos Paraolímpicos de Pequim – 2008.Winter Deaflympics Games. Os eventos de verão e inverno são sancionados pelo Comitê Olímpico Internacional. 2006. A cidade de Sundsvall. Para melhor compreensão inserimos algumas informações complementares sobre as entidades citadas.Federação Internacional de Esportes para Cadeiras de Rodas e Amputados.Deaflympics Summer Games. Em decisão recente do IPC publicada em sua página eletrônica de junho de 2006. Em razão de problemas sérios de irregularidades e fraudes encontradas quanto à elegibilidade de alguns atletas presentes em Sydney. USA. foi criado um grupo de trabalho internacional com a finalidade de realizar novos estudos sobre os problemas do esporte para pessoas com deficiências. foi sede em 2003 dos 15o Jogos Olímpicos de Inverno dos Surdos . O representante brasileiro é a CBDS – Confederação Brasileira de Desportos para Surdos. basquetebol. Desde 1949. Em janeiro de 2005. Em novembro de 2004 a ISMWSF e a ISOD se uniram para formar a IWAS – International Wheelchair and Amputee Sports Federation .com. O surgimento do esporte das pessoas com deficiência e seu crescimento em todo o mundo fez com que gradativamente fossem criadas entidades mundiais nas diversas áreas de deficiência com a responsabilidade de melhor administrá-lo. Em 1960. Posteriormente passou a ser denominada ISMWSF – International Stoke Mandeville Wheelchair Sports Federation – Federação Internacional de Stoke Mandeville para Esportes em Cadeira de Rodas. destinava-se ao esporte para deficientes em cadeira de rodas e sua ação esportiva estava mais concentrada no basquetebol. A ISOD foi fundada como uma federação esportiva internacional para atender a deficientes visuais. em 1964. Em maio de 2001. 1952 . É representada no Brasil pela ABRADECAR – Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas. Austrália.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Aqui abrimos um parêntesis para falar sobre a participação dos atletas com deficiência mental no movimento paraolímpico. na Suécia. com o apoio da Federação Mundial para Ex-Combatentes. Melbourne na Austrália. A primeira participação deles ocorreu em algumas provas de atletismo em caráter de demonstração nos jogos de Atlanta. A partir de 2009 o sistema de elegibilidade passará a ser de responsabilidade de cada modalidade esportiva. Uma das indicações do grupo resultou na criação. o COI – Comitê Olímpico Internacional deu autorização ao CISS para alterar o nome dos seus jogos que passaram a ser denominados Deaflympics Games.uk 1964 – ISOD – International Sport Organization for the Disabled. e dos paralisados cerebrais nas Paraolímpiadas de Arnhem.org. 1924 – CISS – Comité International des Sports Silencieux. cabendo a ela definir. Para os Jogos de Sydney. em 1976. Embora tenham participado entre 1986 até 1995 do movimento paraolímpico. A ISOD começou suas atividades com 16 países filiados e foi muito importante no trabalho que resultou na inclusão dos cegos e amputados nas Paraolimpíadas de Toronto. se for o caso. Canadá. eles foram oficialmente incluídos nas modalidades de atletismo. Mais informações no site: www. foi sede dos 20o Jogos Olímpicos de Verão dos Surdos . paralisados cerebrais e paraplégicos não contemplados pela Federação Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville – ISMGF. Criada inicialmente com o nome de Federação Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville. que em tradução livre podem ser denominados Jogos Olímpicos dos Surdos.wsw. natação e tênis de mesa. o CISS realiza também seus Jogos de Inverno. propiciando o surgimento dos eventos multideficiências e entre eles os de maior importância. Mais detalhes pelo site: www. nos Jogos Paraolímpicos de Sydney. O sucesso no trabalho e a crescente pressão dos países membros por mais representatividade no ICC levaria à fundação. Por decisão própria. o IPC – International Paralympic Committee – que passou a ser responsável pelas atividades do movimento paraolímpico em todo o mundo. No Brasil. possam participar em condições de igualdade.org. 1988.ibsa. as mesmas instalações dos Jogos Olímpicos promovidos pelo Comitê Olímpico Internacional. 1986 – INAS-FID – International Sports Federation for Persons with Intellectual Disability. foi fundada em Paris e tem sua sede na Espanha após um período de mais de 20 anos em que o segmento havia ficado sob a organização da ISOD. em 1980.es. 1981 – IBSA – International Blind Sports Federation. quatro das entidades internacionais existentes criaram em 1982 o ICC – Comitê Internacional de Coordenação das Organizações Mundiais de Esportes para Deficientes – que inicialmente foi composto pelos presidentes da CP-ISRA. de atletas com deficiência visual. Mais informações pelo site: www. Pelas características da deficiência mental. uniu-se. Austrália. Sua filiada no Brasil é a ANDE – Associação Nacional de Esportes para Deficientes. Desde sua criação vem buscando uma forma de definição de elegibilidade que evite a participação de atletas que não sejam efetivamente portadores de deficiência mental.org. em 1989.cpisra. independentemente do seu grau de deficiência. em 2004. pela primeira vez de forma oficial. organizou as Paraolimpíadas de Seul. sua entidade filiada é a CBDC – Confederação Brasileira de Desportos para Cegos. permite que todos os deficientes mentais. cegos e amputados e dos jogos de Arnheim. em 1980. O rápido desenvolvimento do esporte para pessoas com deficiência deu origem a muitas competições nas diversas áreas de deficiência. Embora a INAS-FID seja uma das signatárias da fundação do IPC. Na única exceção ocorrida em 2000. Destinada especificamente ao esporte para cegos e deficientes visuais. No Brasil tem como representante a Special Olympics Brazil.Introdução ao Movimento Paraolímpico Holanda. Assim. de instituição democraticamente organizada. Com base no trabalho desenvolvido pela ISOD a partir de 1964. Seguindo seus objetivos o ICC. o CISS se retirou do movimento paraolímpico em 1995. um secretário-geral e um membro adicional. 1982 – ICC – International Co-ordination Committee of World Sports Organizations for the Disabled. ISMGF e ISOD. houve a comprovação de fraudes na equipe de basquetebol da 13 . a falta de uma forma segura na definição de elegibilidade tem impedido a participação dos deficientes mentais nos jogos paraolímpicos. Mais informações no site: www. à ISMWSF formando a IWAS – International Wheelchair and Amputee Sports Federation – Federação Internacional de Esportes para Cadeiras de Rodas e Amputados. Com essa nova situação de participação de diferentes áreas de deficiência. com a inclusão. em 1989. a partir dos jogos de Toronto em 1976. usando. foi reforçada a necessidade da criação de um organismo para administrar e realizar os eventos com maior eficácia e ao mesmo tempo que também pudesse ter voz junto ao Comitê Olímpico Internacional. Com um sistema de organização próprio em que os atletas de cada esporte são agrupados por nível de rendimento esportivo. a CP-ISRA foi fundada em 1978 para atuar como entidade internacional específica para o esporte e a recreação das pessoas com paralisia cerebral. Com a evolução do esporte para deficientes e a fundação de diversas entidades específicas por área de deficiência a ISOD. Coréia. 1968 – Special Olympics International – Destinada ao esporte para deficientes mentais e fundada pela Joseph Kennedy Foundation tem como principal característica oferecer esportes sem a preocupação do alto-rendimento.specialolympics. O CISS e a INAS-FID juntaram-se ao comitê em 1986. as Paraolimpíadas. Destinada ao esporte de alto-rendimento para deficientes mentais foi fundada na Holanda. tem sido a forma mais adequada de oferecer atividade esportiva para esse segmento. com os paralisados cerebrais. 1978 – CP-ISRA – Cerebral Palsy – International Sports and Recreation Association. IBSA. com a interlocução e o apoio do COI. preferindo continuar realizando seus eventos de forma independente e isolada. que havia ficado exclusivamente com os amputados. A evolução do esporte paraolímpico também contribui para a modernização da estrutura organizacional do IPC que hoje tem a sua Assembléia Geral como principal poder de decisão e está constituída por quatro IOSDs – Entidades Internacionais por Área de Deficiência. das competições multi-deficiências. como os campeonatos mundiais. 14 . e por projetos de fomento desenvolvidos ao redor do mundo. foram o primeiro evento realizado sob a responsabilidade direta do IPC.info. O IPC foi fundado em 22 de setembro de 1989 na cidade de Dusseldorf.IWBF – International Wheelchair Basketball Federation. Mais informações no site: www.wovd. A WOVD tem como sua filiada brasileira a ABVP – Associação Brasileira de Voleibol Paraolímpico. em 1988. Assim. como ficou comprovado nos Jogos Paraolímpicos de Atenas 2004. ISOD e ISMWSF. Finalizando esta parte do breve histórico do esporte para pessoas com deficiência no âmbito internacional mundial. O jogo de voleibol sentado para deficientes surgiu na Holanda em 1956 e foi aceito como esporte no programa da ISOD em 1978. a ISOD estabeleceu uma seção de Voleibol em sua estrutura que. 1993 . INAS-FID. Organização Mundial de Voleibol para Deficientes. O estreitamento das relações entre o movimento olímpico e paraolímpico se dá também nas diversas comissões e comitês do COI e do IPC em que ambos participam em conjunto na busca de melhores caminhos para o esporte mundial. haviam se juntado para criar o ICC. em 1992. Os Jogos Paraolímpicos de Inverno de Lillehammer. o Comitê Paraolímpico Internacional. simplesmente. em 1994. pelas quatro entidades. Como entidade máxima do movimento paraolímpico mundial. em 1982. que é a principal entidade do movimento paraolímpico e tem a responsabilidade de conduzir o programa mundialmente. Tem como filiada brasileira a CBBC – Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas. Federação Internacional de Basquetebol em Cadeira de Rodas. o que vinha sendo feito de maneira informal desde Seul. onze IPC Sports – esportes administrados diretamente pelo IPC por serem multideficiência. A ABDEM – Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Mentais é sua filiada brasileira. Em 1981. de um acordo entre o IPC e o COI que tornou obrigatório a partir de Pequim-2008 que a cidade ao apresentar sua candidatura para os Jogos Olímpicos de Verão e Inverno englobe na mesma proposta a realização das Paraolimpíadas. seis IFs – Federações Esportivas Internacionais. o número de países que hoje são filiados atesta o rápido e crescente desenvolvimento do movimento paraolímpico em todo o mundo. O site da entidade internacional é: www. haviam fraudado laudos e exames para participarem do evento.inas-fid.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Espanha que havia conquistado a medalha de ouro.806 atletas de 136 países estiveram participando da competição. IBSA. Alguns atletas da equipe não eram deficientes mentais e. sete IOSD Sports – esportes sob responsabilidade das IOSDs por serem para uma única deficiência. 1992 – WOVD – World Organization Volleyball for Disabled. no reconhecimento e no respeito da comunidade esportiva internacional em relação ao esporte das pessoas com deficiência.org.iwbf.org. Alemanha. falaremos um pouco do IPC. o IPC vem trabalhando arduamente na promoção e no desenvolvimento do movimento paraolímpico em todo o mundo e tem conseguido avançar na consolidação. Mais detalhes no site: www. Apesar de o IPC ter menos de 20 anos de existência oficial. foi transformada em entidade independente denominada World Organization Volleyball for Disabled. em que 3. o IPC é responsável pela organização e execução dos Jogos Paraolímpicos de verão e de inverno. CP-ISRA. Uma das ações de maior impacto foi. sem dúvida alguma. que. passa a ser requisito na candidatura de qualquer cidade a sede dos jogos olímpicos. Criada a partir de um desmembramento da ISMGF é a responsável internacionalmente pelo basquetebol em cadeira de rodas. O Brasil é representado oficialmente junto ao IPC pelo CPB – Comitê Paraolímpico Brasileiro. Nesse pouco tempo de vida e atividades. a assinatura em 19 de junho de 2001. organizações regionais. 15 .paralympic. entre eles o CPB. O IPC tem um dos mais completos sítios sobre o movimento esportivo das pessoas com deficiência e por isso recomendamos sua visita para conhecimentos e consultas: www.Introdução ao Movimento Paraolímpico quatro ROs . duas IPC Regionais e cento e sessenta e um NPCs – Comitês Paraolímpicos Nacionais.org. O IPC é administrado pela Diretoria Executiva e sua equipe com assessoramento de cinco conselhos e 12 comitês. O passo seguinte foi naturalmente a criação do primeiro clube voltado ao esporte para pessoas com deficiência.br. no ano seguinte. Sua passagem pelo Instituto Kesller. o fez conhecer a reabilitação pelo esporte. Com o sucesso alcançado nas apresentações e incentivado por amigos. Eles fizeram duas apresentações no Brasil. sem dúvida alguma.Manual de Orientação para Professores de Educação Física NO BRASIL Em nosso país podemos considerar como marco inicial do movimento esportivo para deficientes a exibição da equipe de Basquetebol em Cadeiras de Rodas “PAN JETS”. A vinda dos americanos foi possível graças aos contatos mantidos por Sérgio Seraphin del Grande. sua experiência com a reabilitação pelo esporte. um dos fundadores da AACD (Associação de Atenção à Criança Defeituosa) de São Paulo. New Jersey. treinamento e oportunidades de competição para deficientes físicos. apresentou ao Dr.com.cpsp. em Wiste Orange. foi para os Estados Unidos em busca de tratamento. como um dos maiores nomes do esporte paraolímpico brasileiro. Mais informações estão disponíveis no site: www. Sérgio retornou ao Brasil no final de 1955 e. Bonfim passou a ser um dos entusiastas da idéia e deu grande apoio a Sérgio para trazer a equipe americana para as apresentações no Brasil. O CPSP permanece em efetiva atuação até a presente data. Sua primeira diretoria eleita teve o Dr. ao se acidentar em 1951. em novembro de 1957 no Ginásio do Ibirapuera em São Paulo e em seguida no Ginásio do Maracanãzinho no Rio de Janeiro. formada por funcionários deficientes da Pan American World Airlines. O Dr. Em 28 de julho de 1958. um jovem esportista de São Paulo que. aconteceu a assembléia de fundação do CPSP (Clube dos Paraplégicos de São Paulo). Fernando Boccolini como presidente e Sérgio Seraphim Del Grande como vice. oferecendo iniciação. mais uma iniciativa de Sérgio Seraphim Del Grande que podemos considerar. Sérgio formou a primeira equipe brasileira de basquetebol em cadeiras de rodas denominada “azes da cadeira de rodas” que fez a sua estréia em exibição pública em fevereiro de 1958 no Ginásio de Esportes do Conjunto Desportivo Baby Barioni na Água Branca em São Paulo. Cópia do registro da Ata de Fundação do CPSP – Clube dos Paraplégicos de São Paulo 16 . Renato Bonfim. foi apresentada oficialmente durante a solenidade. entidades e profissionais de educação física. dirigentes. O evento contou com a presença de patrocinadores. as entidades nacionais então existentes a Associação Brasileira de Desporto para Cegos – ABDC. em 11 de agosto de 1988. Ana Richa. por meio da Portaria Interministerial no 1207/88 – SEDAP/Secretaria da Administração Pública. no Rio de Janeiro. discutida na comissão.251 de 1975 e do Decreto no 80. Organizados por deficiência ou por esporte. A proposta de criação do Comitê Paraolímpico Brasileiro. na cidade do Rio de Janeiro. o saudoso José Gomes Blanco. tendo como presidente o professor Aldo Miccolis.228 de 1977 que normatizavam a prática esportiva em nosso país. com destaque para Roberto “Dinamite” do futebol. Robson Caetano. Em 1959. o movimento foi conduzido de forma heróica e conseguiu crescer e fincar raízes graças a um grupo de pessoas. Após consultas ao COB e ao CND – Conselho Nacional dos Desportos. baluarte do esporte paraolímpico brasileiro e então presidente da SADEF – RJ e da ABRADECAR. Sem demérito a tantos outros. foi constituída. A comissão assumiu a responsabilidade pela organização administrativa e participação da delegação brasileira nos Jogos de Seul. eles são filiados às diversas entidades dirigentes estaduais e nacionais e garantem o funcionamento contínuo do esporte paraolímpico brasileiro. centenas de entidades de prática esportiva para as pessoas com deficiência foram sendo criadas. do vôlei. Sergio Seraphim Del Grande e Robinson Sampaio de Almeida. Em reunião histórica realizada no Palácio do Itamaraty no Rio de Janeiro em 11 de abril de 1988. da lei no 6. um da SEED/MEC e um da CORDE. firmando-se o propósito que as ações deveriam ser intensificadas após a promulgação da 17 . do basquete. Essas associações e clubes são. imprensa e ídolos do esporte. propôs a criação do Comitê Paraolímpico Brasileiro. para acompanhar os acontecimentos internacionais que sinalizavam um novo rumo na forma de administração do esporte paraolímpico e para organizar adequadamente a participação brasileira nos Jogos Paraolímpicos de Seul . como em todo sistema esportivo. foi verificada a impossibilidade legal da criação do comitê em função das restrições da Constituição vigente. presidida por Mario Sérgio Fontes. a base onde o esporte é efetivamente praticado desde sua iniciação até as competições de mais alto nível. Como opção para o problema e por iniciativa da CORDE. e que contou com o apoio do professor Aldo Miccolis. a Comissão Paradesportiva Brasileira formada por dois representantes do governo federal. os integrantes da equipe Olímpica Brasileira de 1988: “Magic” Paula. do atletismo e o querido e saudoso “João do Pulo” Carlos de Oliveira. Os primeiros 20 anos do movimento brasileiro tiveram como fator principal a dedicação e a abnegação de alguns atletas. dos seus dirigentes e técnicos. órgão do MEC e responsável máximo pela regulamentação do esporte brasileiro. No final da década de 80. Até o final da década de 80. o CPSP e o Clube do Otimismo realizaram o primeiro jogo de basquetebol em cadeira de rodas entre equipes brasileiras. ABRADECAR e ANDE.1988. sem o trabalho muitas vezes silencioso e de completa dedicação. buscaram o apoio do governo federal por meio da Secretaria de Educação Física e Desportos do Ministério da Educação (SEED-MEC) e da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Deficiente (CORDE). Sem sua existência.Introdução ao Movimento Paraolímpico No mesmo ano de 1958. não teríamos os atletas para fazer a história do esporte adaptado em nosso país. foi criado o Clube do Otimismo. Do pioneirismo do CPSP em1958 aos dias de hoje. que não mediram esforços no firme propósito de garantir sustentabilidade ao ainda frágil e incipiente desporto paraolímpico em nossa terra. e pelos presidentes da ABDC. na maioria dos casos voluntariamente. e a Associação Nacional de Desporto para Deficientes – ANDE. às quais rendemos as homenagens e os agradecimentos. idealizado por Robson Sampaio de Almeida. outro grande nome de destaque no esporte paraolímpico. permitimo-nos citar apenas três pessoas que já nos deixaram e que muito bem simbolizaram essa época de lutas: José Gomes Blanco. a Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas – ABRADECAR sob a presidência de José Gomes Blanco. O trabalho da comissão foi apresentado oficialmente ao público com um ato solene no Salão Nobre do Palácio do Itamaraty. 228/77. recursos específicos para o esporte das pessoas portadoras de deficiência. contribuiu para tornar o movimento paraolímpico mais conhecido em nosso país e foi decisivo na formulação do modelo de administração esportiva adotado pelo governo eleito em 1989 que.251/75 e do decreto no 80. Zico. 18 . na sua estrutura organizacional. quando foram conquistadas 27 medalhas. o Departamento de Desportos para Pessoas Portadoras de Deficiência (DEPED). a partir dela. A partir de 1991. criou a Secretaria dos Desportos da Presidência da República (SEDES) tendo. a SEDES incluiu em seu orçamento anual. foi iniciado o processo de reforma da lei no 6. além de amigo pessoal de José Gomes Blanco. A constituição foi promulgada em 3 de outubro de 1988 e. A SEDES teve como seu primeiro Secretário o grande atleta do futebol brasileiro. que. ao assumir em março de 1990. quatro de ouro. era um entusiasta e incentivador do esporte paraolímpico. O sucesso da participação brasileira nas Paraolimpíadas de Seul – 1988.672 de 6 de julho de 1993 e ficou conhecida como Lei Zico. finalizado com a sanção da lei no 8. Arthur Antunes Coimbra. pela primeira vez na história do governo brasileiro. nove de prata e 14 de bronze.Manual de Orientação para Professores de Educação Física nova Constituição Brasileira em debate na Assembléia Nacional Constituinte. 12 de prata e sete de bronze. Não temos nenhuma dúvida em afirmar que a Lei AGNELO/PIVA. de forma incontestável. mais uma vez. Em Barcelona. dentro de uma lógica natural da vida. retrata a luta e a obstinação desses heróis guerreiros. com decisão e firmeza. A proposta de trabalho do projeto “Paraolímpicos do Futuro” ora apresentada possui os pés fincados na experiência vivenciada ao longo dos últimos anos e os olhos voltados para o futuro do movimento e não pode e não deve ser confundida como ação imediatista. com absoluta segurança.264/2001. justamente no berço secular do movimento olímpico mundial. mantendo o mesmo formato adotado em 1988 com a participação de dois representantes do Governo Federal. e os três presidentes das entidades nacionais de desporto para deficientes existentes. A criação oficial do CPB propiciou ao Brasil o início de um segundo estágio no seu ainda jovem movimento paraolímpico. Os trabalhos desenvolvidos pelas duas comissões em 1988 e 1991/1992. na Paraolimpíada de Atlanta . seis de prata e 13 de bronze. o início do terceiro e mais importante estágio até o momento do paraolimpismo brasileiro. nosso país conquistou. Mais quatro anos e nos Jogos de Sydney 2000 nosso país conseguiu 22 medalhas. o Brasil está trilhando. Foi motivo de orgulho e honra para todos os brasileiros poder acompanhar nossos atletas na conquista do melhor resultado da história paraolímpica de nosso país. permitindo a formulação e o desenvolvimento de um planejamento estratégico que está contribuindo. como é conhecida a lei no 10. os atletas paraolímpicos brasileiros conquistaram sete medalhas. a partir de 2001. resultado que. Sem traumas e angústias. Essa base e a nova estrutura legal do esporte brasileiro permitiram que as entidades nacionais. além de se pautarem pelas normas e procedimentos adotados internacionalmente. que a entrada em vigor. podemos afirmar. por si só. espelhadas na tendência mundial e na experiência adquirida na preparação e participação nos Jogos Paraolímpicos de 1988 e 1992. Foram 33 medalhas. ABRADECAR e ANDE. foram base sólida para o estabelecimento de uma nova postura no movimento paraolímpico brasileiro. dez de prata e seis de bronze. caminhassem de forma determinada no processo que terminou. Em 2005.1996. estar cedendo seus lugares a novos campeões. começamos a vivenciar mais um ciclo paraolímpico que se estenderá até Pequim – 2008. Após a garantia dos recursos públicos estabelecida no orçamento federal a partir de 1991.2004. três de ouro e quatro de bronze. em janeiro de 1991.Introdução ao Movimento Paraolímpico Em razão da legislação esportiva vigente e ainda não reformulada que continuava a dificultar as ações para a fundação do Comitê Paraolímpico. A Comissão ficou. ABDC. foi decisiva para que o movimento iniciasse um novo estágio de organização e desenvolvimento. em algum tempo. Com ações que se caracterizaram pela busca da consolidação e do desenvolvimento com mais qualidade. já começam a sentir o peso dos anos e deverão. pelo ICC e IPC. 14 de ouro. Ela tem assegurado ao movimento a condição fundamental de trabalho. com evidências claras de que o trabalho desenvolvido estava no rumo certo. Como demonstram os resultados alcançados nos Jogos de Atenas . sabemos que alguns dos nossos heróis. SEDES e CORDE. da lei no 10. seis de ouro. Com ela temos. É preciso que o trabalho de busca desses novos talentos seja constante e estruturado para garantir que o processo natural de renovação não seja interrompido. com a fundação do CPB em 9 de fevereiro de 1995. sendo duas de ouro. para sua consolidação e expansão em todo o país. representa o grande diferencial da história paraolímpica brasileira. Seus resultados são esperados e devem ser cobrados em médio e longo prazo e começarão a ser percebidos a partir de 2008 com a realização do I Jogos Paraolímpicos Escolares Brasileiros. 19 . em julho de 2001. com a responsabilidade pela coordenação dos preparativos e da participação da delegação brasileira nos Jogos Paraolímpicos de Barcelona – 1992 tendo trabalhado durante 18 meses em estreita parceria com as três entidades nacionais. que definiu o repasse continuado de recursos financeiros das loterias exploradas pela Caixa Econômica Federal para o esporte brasileiro incluído o esporte paraolímpico. naturalmente.264/01. reeditar a Comissão Interministerial. 21 medalhas. a recém-criada Secretaria resolveu. o caminho correto na consolidação do movimento paraolímpico. org. goalball e judô. cegos e excepcionais. Em dezembro de 2006 a entidade decidiu em Assembléia Geral alterar sua denominação para Confederação Brasileira de Desportos para Cegos – CBDC. atletismo e natação. Site: www.br/cbds. cabendo a este celebrar convênios com órgãos de outros ministérios. É filiada internacionalmente a IBSA e nacionalmente ao CPB. A entidade surgiu para atender às modalidades esportivas praticadas por usuários de cadeira de rodas. as entidades que foram criadas para administrar o esporte para pessoas com deficiência em nosso país.ande. ou entidades a eles vinculados. Vale ainda ressaltar que. os surdos realizam os próprios jogos e não participam do movimento paraolímpico.cbdc. autorizou a criação da ABDEM sob responsabilidade da Federação Nacional das APAES. enquanto esteve vigente no Brasil a lei no 6. Filiada internacionalmente à IWAS e em nível nacional ao CPB.br.org. No movimento paraolímpico é responsável pelas modalidades de futebol de cinco.br. ABRADECAR – Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas. Internacionalmente está filiada a CP-ISRA e nacionalmente ao CPB sendo responsável no movimento paraolímpico pelos esportes da bocha e futebol de sete.com. estadual ou nacional. CBDS – Confederação Brasileira de Desporto para Surdos. Com o desenvolvimento do esporte adaptado no Brasil foram sendo criadas as entidades por áreas de deficiência.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Nesse capítulo da história do movimento paraolímpico brasileiro é importante ainda apresentar. surdos.abradecar. A base legal do CND era o Decreto no 80. será estabelecida de acordo com normas fixadas pelo Conselho Nacional de Desportos. A Deliberação 14/83 editada pelo CND em 9 de dezembro de 1983 e publicada no Diário Oficio da União em 26 de dezembro de 1983 autorizou a criação da ABDC. Seu primeiro presidente foi o Professor Aldo Miccolis. Seu primeiro presidente foi Sentil Delatorre. Filada internacionalmente a INAS-FID e no Brasil ao CPB tem como modalidades paraolímpicas atletismo. ABDEM – Associação Brasileira de Desporto de Deficientes Mentais. Sua sede está situada na cidade de São Paulo. Site www. a criação das entidades dirigentes para o esporte das pessoas portadoras de deficiência fossem elas municipal. A CBDS teve a sua criação autorizada pelo CND – Conselho Nacional de Desportos por meio da Deliberação no 07/82 publicada no Diário Oficial da União em 17 de setembro de 1982.” ANDE – Associação Nacional de Desporto de Deficientes. com um breve histórico de cada uma. as atividades no movimento paraolímpico internacional estão suspensas em razão de problemas 20 . ABDC – Associação Brasileira de Desporto para Cegos.org. representa hoje no movimento paraolímpico apenas nas modalidades de esgrima e rugby.br. Entretanto. ficando a ANDE como responsável pelos atletas portadores de paralisia cerebral e os outros.surdos. o esporte para pessoas cegas e deficientes visuais deixou de ser comandado pela ANDE passando a ter administração própria.251/75.228/77 que preceituava em seu Artigo 186: “A organização das entidades dirigentes e das atividades desportivas praticadas por paraplégicos. A Deliberação 03/82 do CND – Conselho Nacional de Desportos publicada no Diário Oficial da União em 31 de março de 1982 autorizou a criação da ABRADECAR. Entretanto. dependia de aprovação prévia do CND – Conselho Nacional de Desportos que emitia deliberações autorizando sua existência. Por decisão própria da entidade internacional.228/77. Com a criação da entidade. basquetebol. quando convier. oferecendo esportes para as pessoas com deficiência mental. Mais detalhes são possíveis pelo site: www. A Deliberação no 04/85 editada pelo CND – Conselho Nacional de Desportos em 06 de março de 1985 e publicada no Diário Oficial da União em 20 de março do mesmo ano. natação e tênis de mesa. regulamentada pelo Decreto no 80. que teve como seu primeiro presidente José Gomes Blanco. Sua ação inicial mais forte se concentrou em basquetebol. somente em 1989 a entidade entrou em funcionamento. Site: www. inclusive para a obtenção de recursos. Foi fundada em 1975 na cidade do Rio de Janeiro com o objetivo de atender aos atletas de todas as áreas de deficiência. Seu primeiro presidente foi professor Aldo Miccolis. A CBDS representa o Brasil no CISS – Comitê Internacional de Esportes de Surdos. org. Foi uma das entidades presentes na criação do Comitê Paraolímpico Brasileiro em 1995. numa decisão conjunta.br. Site: www.voleiparaolimpico. pois os outros esportes que oferece já são desenvolvidos por outras entidades nacionais. no ano seguinte. na linha mundial de entidades por esporte. com a finalidade de desenvolver o esporte de amputados. entidade internacional que desenvolve programas esportivos para pessoas com deficiência mental voltados para o esporte de participação sem preocupação com o alto rendimento. A ABVP está filiada no Brasil ao CPB e internacionalmente a WOVD – Organização Mundial de Voleibol para Deficientes. SP.com.abda. A segunda edição da competição foi realizada no Rio de Janeiro. tem sua atuação basicamente voltada para o futebol.br. surgiu uma tendência mundial para a criação de comitês paraolímpicos nacionais – NPCs. que caminha para ter sua representação por esportes e não mais por área de deficiência. As iniciativas foram desde a divulgação e a organização de competições até o envio de atletas nacionais para eventos no 21 .abdem. Site: www. Site: www. ABDA – Associação Brasileira de Desporto para Amputados.br. a entidade organizou o I Jogos Brasileiros Paradeportivos em Goiânia. pois o IPC precisava ter como filiadas entidades que tivessem representatividade em nível nacional e agregassem modalidades para pessoas com todos os tipos de deficiência. A partir de 2003. foi substituída por uma nova organização criada pela SOI com o nome de Special Olympics Brazil que tem sede em São Paulo. ANDE e ABDEM. Passaram os Jogos de Barcelona 1992 e a formação de NPCs já se tornava necessária. o Comitê Paraolímpico Brasileiro passou a contribuir progressivamente para o fomento do esporte de alto-rendimento para pessoas com deficiência. DF.specialolympicsbrasil. e foi até o ano de 2002 a representante oficial do Brasil junto a SOI – Special Olympics International.Introdução ao Movimento Paraolímpico com a definição de elegibilidade dos atletas e as discussões sobre o assunto somente serão retomadas em 2009 após as Paraolimpíadas de Pequim – 2008.br. Com o passar dos anos.cbbc. Site: www. foi criada em 2003 a ABVP – Associação Brasileira de Voleibol Paraolímpico. a CBTMA não é filiada. Ainda em 1995. Por ainda não haver uma entidade internacional que comande o esporte que continua sob a responsabilidade do IPC. em dezembro de 1990. ABRADECAR. tivemos a fundação da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa Adaptado com o objetivo de promover e incentivar a modalidade do tênis de mesa adaptado. AOEB – Associação Olimpíadas Especiais Brasil. o basquetebol em cadeira de rodas deixou de ser dirigido pela ABRADECAR. Com isso. em 1989. mas deixou de ser filiada ao CPB por não ter vinculação internacional e ainda pelo fato de o futebol de amputados não ser um esporte reconhecido oficialmente pelo IPC – Comitê Paraolímpico Internacional. ABDC. praticado pelos atletas com deficiência física motora. o CPB começou a colocar em prática uma de suas principais funções: a organização de eventos paraolímpicos nacionais para o desenvolvimento deste tipo de esporte no país.org.br. Seguindo a tendência do movimento paraolímpico internacional.org. CPB – Com a fundação do Comitê Paraolímpico Internacional – IPC. Site: www. João Batista de Carvalho e Silva foi indicado para ser o primeiro presidente da entidade. ABVP – Associação Brasileira de Voleibol Paraolímpico. Os representantes da ABDA. Mesmo com o pouco tempo de existência. RJ.gs. com sede na cidade de Niterói. Criada em Brasília. tivemos em dezembro de 1997 a fundação da CBBC – Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas. CBBC – Seguindo uma clara tendência do movimento paraolímpico internacional que caminha para ter sua representação por esportes e não mais por área de deficiência. em 9 de fevereiro de 1995.org. fundaram o Comitê Paraolímpico Brasileiro – CPB.br. CBTMA – Em maio de 2000 e. Site: www. sendo vinculada ao CPB com o qual mantém uma parceria de responsabilidade para o desenvolvimento da modalidade. mais uma vez.tenisdemesaparaolimpico. Fundada em 1990. A CBBC é uma das entidades filiadas ao CPB e internacionalmente seu vínculo é com a IWBF – Federação Internacional de Basquetebol em Cadeira de Rodas. com o intuito de lhes proporcionar uma maior experiência esportiva. mostra-nos um pouco sobre cada uma das deficiências que são elegíveis para o movimento paraolímpico e a base legal que assegura a nossas crianças. ABDEM. Estas ações vieram a surtir o efeito esperado durante a Paraolimpíada de Sydney – 2000. ex-atleta paraolímpico e secretário-executivo da primeira gestão do CPB. Outro motivo foi a maior visibilidade e acessibilidade que o Comitê adquiriu por estar no centro geográfico do país. Foi a primeira vez que uma pessoa com deficiência assumiu o comando da entidade. graduado em Direito. 22 . jovens e adolescentes o direito à prática esportiva. a sede do Comitê Paraolímpico Brasileiro foi transferida de Niterói para Brasília. Atualmente a estrutura do CPB tem como filiadas as seguintes entidades que são oficialmente reconhecidas pelo movimento paraolímpico internacional: ANDE. CBDC. quando o País ficou em 24o lugar no quadro de medalhas. No dia 19 de junho de 2002.Manual de Orientação para Professores de Educação Física exterior. dez pratas e seis bronzes. IPC CPB ABDEM ABRADECAR ABVP ANDE CBBC CBDC CBT FBVM Associação Brasileira de Desporto de Deficientes Mentais Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas Associação Brasileira de Voleibol Paraolímpico Associação Nacional de Desporto de Deficientes Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas Confederação Brasileira de Desportos para Cegos Confederação Brasileira de Tênis Federação Brasileira de Vela e Motor No próximo capítulo. Na Austrália. CBBC. da Universidade Federal de Minas Gerais. Esta medida foi tomada com o intuito de colocar a entidade máxima do esporte paraolímpico nacional na cidade que é o centro das decisões políticas do Brasil. ABRADECAR. foi eleito presidente. e Vital Severino Neto. Federação Brasileira de Vela e Motor e a Confederação Brasileira de Tênis. ocorreram as eleições do Comitê. ABVP. já que Vital é cego desde a infância. o Professor Pedro Américo de Souza Sobrinho. Em 2001. após a conquista de seis ouros. a delegação nacional era composta por 64 competidores. inas-fid.abda.org.abradecar. 2 .gs 23 .ande.Arquivo pessoal do autor com livros e documentos catalogados desde 1973.br.br www.br www.br www.International Blind Sports Federation www.org.com .br www.org.specialolympicsbrasil.com.br www.br/cbds www.com.tenisdemesaparaolimpico. FONTES DE CONSULTA E PESQUISAS BIBLIOGRÁFICAS 1 . The International Committee of Sports for the Deaf Inc.ibsa.deaflympics.org.Introdução ao Movimento Paraolímpico 3.es – IBSA .Sites: www.cbdc.org.org.br www.br www.surdos.org – INAS-FID – International Sports Federation for Persons with Intellectual Disability deficientes mentais www.cbbc. (ICSD) www.CISS.br www.voleiparaolimpico.abdem.org. a difusão de valores fundamentais ao interesse social. por exemplo). disponibilizar material esportivo de qualidade e adequado... III . federais ou particulares. .) das necessárias condições de acessibilidade.. etc. estádios. social e para o trabalho. especialmente no âmbito do esporte escolar paraolímpico..394. que determina: 3. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES LEGAIS Este livro do projeto “Paraolímpicos do Futuro”. dirigentes de federações e clubes esportivos. 24 . à saúde. suficiente para acompanhar os demais textos e cursos relativos à prática do esporte paraolímpico por pessoas com deficiência física e visual. tanto no âmbito esportivo quanto estudantil. pretende-se dar condições para que os leitores dos demais livros. estaduais. ainda que sem grandes aprofundamentos. ginásios. como direito de cada um”. tenham uma formação. Prefeituras e suas Secretarias. alvo do projeto “Paraolímpicos do Futuro”.... à educação. mesmo que não pertencentes aos órgãos públicos (ONGs. ainda. Em seu Artigo 217 dispõe que “é dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais. pais. na realidade. Considerando a lei no 9. as seguintes diretrizes: I . definindo e caracterizando as formas de deficiência física e visual. de respeito ao bem comum e à ordem democrática.. Em seu Artigo 27. torna-se necessário. sensibilizar a população sobre os direitos das pessoas com deficiência à prática esportiva. dojôs.) ou da iniciativa privada.. de iniciativa do Comitê Paraolímpico Brasileiro.. disponibilizar material didático sobre o tema em questão.. de 20/12/1996. membros do Conselho Nacional de Educação.”. Para o efetivo cumprimento destas leis.. promover a oportunidade de participação em competições do esporte adaptado e paraolímpico. que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Capítulo 2 Pedro Américo de Souza Sobrinho O ESPORTE ADAPTADO E PARAOLÍMPICO COMO DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 1. A legislação brasileira assegura às crianças e aos jovens o direito à prática esportiva. Sendo este um preceito legal. aos direitos e deveres dos cidadãos. pistas de atletismo. que “é dever da . etc. etc.. profissionais da educação ou do esporte. entre outras medidas.. tem como objetivo. promover uma introdução à temática relativa às pessoas com deficiência. membros do Ministério Público. que participarem dos cursos de qualificação agora programados pelo CPB e demais cursos vindouros. II . Governo dos Estados.. sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente.. piscinas. ao lazer . torna-se obrigatório o seu cumprimento por todos nós. promover competições e campeonatos. etc. Com isso. 2. Em seu Artigo 227. sejam elas municipais. gestores de políticas públicas. sejamos juristas. à convivência familiar e comunitária . com absoluta prioridade. administradores de escolas.. Considerando que a Constituição do Brasil: 1. bem como os profissionais da educação física e do esporte. prover os diversos ambientes esportivos (quadras. bem como sobre os potenciais dessas pessoas. qualificar professores de educação física para o atendimento de qualidade a estas pessoas. cidadãos. que “os conteúdos curriculares da educação básica observarão. o direito . A seguir são citadas algumas das mais importantes leis brasileiras que asseguram a prática esportiva por crianças e jovens com deficiência. administradores públicos (Governo Federal em todas as suas esferas.. o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência. em seu Capítulo I. ao esporte.. discriminação. Considerando ainda que a lei no 10. incluindo-se aí a necessidade de existência de professores de educação física devidamente qualificados para oferecerem a prática do esporte adaptado. estabelece que a “criança e o adolescente portadores de deficiência receberão atendimento especializado”. estabelece: 5) Em seu Artigo 26. esportes. a pessoa até doze anos de idade incompletos. cultura. Por outro lado. lazer. à saúde. em que dispõe que “a criança e o adolescente têm direito a informação. estabelece. a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico.. exploração. Devendo ser lembrado que. e do Artigo 92 da Lei 9. à cultura. por lei ou por outros meios. portanto. o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que “é dever da família. que “a educação física. que estabelece. em condições de liberdade e de dignidade”. da sociedade em geral e do poder público assegurar. violência. moral. aplica-se excepcionalmente este Estatuto também às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.”. de 13 de julho de 1990. promulgado pela lei no 8. Considerando-se ainda que o Estatuto da Criança e do Adolescente.. que “é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente” e. das Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 20 de dezembro de 1996. Esclarecendo. à educação. No Parágrafo Único do Artigo 4o. à profissionalização. por ação ou omissão. crueldade e opressão. relativo ao Direito à Liberdade.. mantendo-se. Parágrafo 3o..394. diversões.069. b) . para os efeitos desta Lei. integrada à proposta pedagógica da escola é componente curricular obrigatório da educação básica . em seu Parágrafo Único que. mental.promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-formais. que o Artigo 73 estabelece que “a inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica. 25 . também. em seu Artigo 70. aos seus direitos fundamentais”. ao Respeito e à Dignidade.Introdução ao Movimento Paraolímpico IV . à dignidade. Já em seu Artigo 4o. ainda.. todas as oportunidades e facilidades.793. Em seu Artigo 3o.. de 1o de dezembro de 2003. as crianças internadas em hospitais têm o direito à sua escolarização assegurados. e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. a necessidade de que os hospitais ofereçam serviços escolares. ao lazer. punido na forma da lei qualquer atentado. a efetivação dos direitos referentes à vida. devendo ser considerado. Considerando. da comunidade. espiritual e social. em seu Artigo 2o. Considerando que o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece. que altera a redação do Artigo 26. nos termos desta Lei”. o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que a garantia de prioridade compreende: a) . relativo ao Direito à Vida e à Saúde. também. com absoluta prioridade. à liberdade e à convivência familiar e comunitária”. nos casos expressos em lei. do Artigo 16 do Capítulo II. por força de legislação federal. Em seu Artigo 5o. praticar esportes e divertir-se”. ao respeito. Parágrafo 3o. considerando ainda que o Estatuto da Criança e do Adolescente. c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas. no Artigo 71. espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento”. o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que “a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. à alimentação. no § 1o do Artigo 11o. como criança.. sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei. no Inciso IV. assegurando-se-lhes. que o direito à liberdade compreende o direito a “brincar. o Estatuto da Criança e do Adolescente. DEFICIÊNCIA O Decreto no 3. conteúdos relativos a estas formas de manifestação das deficiências. da qual o Brasil é membro.” de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência”. seja. que dispõem que o esporte é um direito das crianças e dos adolescentes. deve ser entendida também como obrigatória a inclusão. Levando-se em conta todas estas “considerações” o CPB sente-se no dever de promover o esporte escolar paraolímpico. de graduados em educação física. relativo à Proteção Judicial dos Interesses Individuais. dentro do padrão considerado normal para o ser humano”. ou seja promovendo a inclusão social. no Artigo 208. de 20 de dezembro de 1999. que o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece. 26 . de 24 de dezembro de 1989. mas também um direito assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. bem como nos currículos dos cursos de formação de bacharéis. referentes ao não oferecimento ou oferta irregular. define deficiência como sendo: “Toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica. que “regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescente. cumpre os nobres objetivos de detectar e desenvolver os potenciais das pessoas com deficiência e proporcionar a elas oportunidades para que sejam reconhecidas como capazes de participar da vida comunitária em condições de igualdade com as demais pessoas. com base nas diversas formas de atuação da esporteterapia. e dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. inicialmente. no sentido tanto de cumprir estes dispositivos legais quanto para melhor exercer seu papel social de fomento às práticas esportivas por pessoas com deficiência.298. deve-se entender também como obrigatória a qualificação dos futuros professores de educação física para atuar no âmbito escolar.853. definindo e caracterizando cada uma das formas de deficiência que são elegíveis para o programa – física. que regulamenta a lei no 7. definiu deficiência. com base na Resolução no 48 de 1996. ainda. nos currículos (curricula) dos cursos de formação de professores de educação física. O esporte. e Sendo a prática do esporte um direito constitucional. a seguir. assim como para assegurar condições para a necessária renovação do quadro de atletas paraolímpicos do Brasil. a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas – ONU. considerando-se a definição de deficiência aprovada pela Resolução no 48 de 1996 da Organização das Nações Unidas – ONU. fisiológica ou anatômica. como sendo: “A perda ou limitação de oportunidades de participar da vida comunitária em condições de igualdade com as demais pessoas”. tanto com base no esporte de reabilitação quanto no esporte competitivo. Um novo passo está sendo dado agora. que gere incapacidade para o desempenho de atividade. Ante estes dispositivos jurídicos. O esporte vem cumprindo eficazmente este papel nas suas mais diversas formas de manifestação. bem como pelas Leis de Diretrizes e Bases da Educação. tanto do esporte adaptado quanto do esporte paraolímpico ou mesmo do esporte olímpico. considerando-se todos os níveis e graus do ensino. nas suas mais diversas formas de manifestação. qualidade dos conteúdos e prática didático-pedagógica que assegure o efetivo e regular cumprimento dos dispositivos legais. Difusos e Coletivos. disciplinas ou conteúdos com volume de informações. consolida as normas de proteção e dá outras providências. de iniciativa do CPB tem como principal objetivo promover uma introdução à temática relativa às pessoas com deficiência. No entanto. Capítulo VII. são apresentados. Como o Livro no 1 do projeto “Paraolímpicos do Futuro”. 2.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Devendo ser considerado. mental e visual –. exercendo uma função terapêutica. respeitando o direito das crianças e dos adolescentes à prática do esporte adaptado e do esporte paraolímpico. que são levados pelo nervo óptico até o cérebro. O funcionamento dos olhos é como o de uma câmera fotográfica: os raios de luz penetram pela córnea. ocorre um erro refracional em que a projeção da imagem ocorre atrás da retina. que possui uma grande capacidade de focalização. escolar. Quando o olho apresenta alguma deficiência em refratar os raios de luz. os raios de luz que penetram nos olhos focam em um plano anterior à retina. após terem experiências esportivas próprias ou mesmo como espectadores. ASTIGMATISMO No astigmatismo a imagem é projetada sobre uma superfície irregular. que está localizada na parte posterior do olho. de programas de desenvolvimento do esporte escolar adaptado e paraolímpico. Com isto ocorre distorção da imagem em função da alteração desigual na inclinação dos raios de luz que incidem nos olhos. MIOPIA A miopia ocorre quando o olho é muito longo em relação à curvatura da córnea. primeiro deve-se falar um pouco sobre as funções dos olhos. bem como sob o ponto de vista social. que viveram confinadas ou pouco estimuladas sob o ponto de vista do lazer e do esporte. tais como: miopia. HIPERMETROPIA Quando o olho é muito curto em relação à curvatura da córnea. Diversas patologias podem ocorrer se não houver uma refração correta dos raios de luz sobre a retina. é imprescindível fazer uma diferenciação entre alunos ou atletas que possuem deficiência visual congênita ou adquirida precocemente daqueles que contraíram a deficiência visual tardiamente. jovens e adultos com deficiência visual que tiveram infância e juventude daqueles que não tiveram infância ou juventude. então. O esporte tem um papel importantíssimo na vida dessas pessoas. A retina transforma a luz em impulsos elétricos. As pessoas míopes podem enxergar muito bem objetos que estiverem perto de seus olhos. jovens e adultos com visão subnormal ou cegueira. em todo o Brasil. tanto para perto quanto para longe. Normalmente a pessoa com hipermetropia enxerga 27 . que faz o ajuste fino na focalização sobre a retina. são pessoas em perfeitas condições de praticar as mais diversas modalidades esportivas. a pessoa pode apresentar dificuldades visuais. Com isto. familiar e laboral. jovens e adultos com visão subnormal das pessoas com cegueira. no caso sobre a córnea ou o cristalino. a visão fica embaçada. ainda. Deve estar claro que crianças. assim como para assumir diversas formas de emprego e assegurarem seu sustento. Praticamente 50% das pessoas com miopia têm astigmatismo. onde é formada a imagem. pelo cristalino. quando apresentam meridianos com curvaturas irregulares. A função mais importante dos olhos é focalizar a luz. hipermetropia e astigmatismo. fazendo com que a imagem fique embaçada (borrada).Introdução ao Movimento Paraolímpico com a implementação. Outra diferenciação importante deve ser feita entre as crianças. desfocada. Sob estas condições. no sentido de dar provas inequívocas de seus potencias à sociedade e às suas famílias. Devem ser diferenciadas. contando com estimulação e apoios de qualidade. Antes de se abordarem os diversos termos relativos à deficiência visual. para cursar os diversos níveis e graus do ensino. porém não conseguem enxergar bem os objetos ou pessoas que estejam distantes. 3. DEFICIÊNCIA VISUAL Ao abordar as questões relativas à prática esportiva por pessoas com deficiência visual. crianças. A luz passa. Ela é definida como sendo uma baixa de visão em olho organicamente perfeito. Entre cada 100 crianças. A cegueira pode ser subdividida em: cegueira total e cegueira parcial. Este fato. também. Pessoas que só percebem vultos. Na cegueira total.05 no melhor olho. A “cegueira parcial” (também denominada de cegueira legal ou cegueira profissional) se refere à situação em que indivíduos com acuidade visual corrigida nos dois olhos (com óculos ou lentes de contato) igual ou inferior a 0. a pessoa só é capaz de ver a uma distância de 6m (20 pés). Entre os agentes causais ambientais. Há um caso especial de cegueira. sendo também chamada de “visão zero”. Organogênicas (da 2a à 6a semana). Neste caso. O tratamento se refere à oclusão do olho sadio. se enquadrariam no que se conceitua como “cegueira parcial”. Entende-se por cegueira total a completa perda da visão. sem que se possa diagnosticar nada que justifique a cegueira. bem como suas interações. podem ser citados: agentes físicos.Manual de Orientação para Professores de Educação Física melhor de longe que de perto. químicos ou infecciosos. Baixa visão: acuidade visual entre 0. por exemplo. no entanto. presentes no nascimento.1.49). se não tiverem esta doença diagnosticada e tratada precocemente. Os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60° ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores. define-se deficiência visual e cegueira como sendo: Cegueira: acuidade visual é igual ou menor que 0. Fetais (do 3o ao 6o mês). bem como aos portadores de campo visual tubular restrito a 20 graus ou menos. as anomalias de desenvolvimento podem ser situadas em três classes: Germinativas ou Gametogênicas (nitidamente hereditárias). Não se enquadram na ambliopia as baixas visuais que podem ser corrigidas pelo uso de óculos. a visão corrigida no melhor olho é de 20/ 200 ou menos. Na cegueira total. em dois tipos: cegueira infantil e cegueira no adulto. sendo considerada fisiológica dentro de certos parâmetros visuais e de idade. Isto significa que. DEFICIÊNCIA VISUAL. uso de óculos ou cirurgia. não é possível distinguir nem mesmo a luz. considera-se que a visão é nula.296 de 02 de dezembro de 2004. Ela também é denominada amaurose. VISÃO SUBNORMAL E CEGUEIRA CEGUEIRA O termo cegueira não é um conceito absoluto. que é denominada ambliopia. Definição: de acordo com o Artigo 70 do Decreto no 5. Rocha e Ribeiro-Gonçalves 1987. lentes de contato. Pode-se diferenciar a cegueira. com a melhor correção óptica. reunindo situações de vários graus de visão residual. cirurgia. até certo ponto é comum em crianças. etc.3 e 0. em torno de 04 podem ser tornar amblíopes. CEGUEIRA INFANTIL Causas da cegueira infantil: as anomalias congênitas. 28 . Entre suas causas podem ser citados fatores genéticos e ambientais. a curta distância. Isto implica programa de prevenção a doenças. Quanto à idade gestacional em que se iniciam.05 no melhor olho. neste caso. devem-se a alguma irregularidade nos processos de desenvolvimento intra-uterino. com exame oftalmológico antes de a criança ser escolarizada aos seis ou sete anos de idade. ainda que em níveis que dificultam seriamente a realização de tarefas da vida diária (vide. p. com a melhor correção óptica. o que uma pessoa com visão normal é capaz de ver a 60m (200 pés). capazes de provocar alterações no desenvolvimento durante a vida intra-uterina. ). Por outro lado. etc. Desvio de conversão dos olhos. 29 . tuberculose. Para evitá-la. DDR (doenças degenerativas da retina): doenças genéticas como a retinose pigmentar e a degeneração macular relacionada à idade. OUTRAS DOENÇAS MAIS COMUNS NA DEFICIÊNCIA VISUAL Catarata: que se refere a uma opacificação do cristalino. os diabéticos com níveis muito elevados de glicemia deverão ter acompanhamento oftalmológico a cada quatro ou seis meses ou com periodicidade determinada pelo oftalmologista.Introdução ao Movimento Paraolímpico As duas últimas são causadas por influências ambientais. mais especificamente em relação à Paralisa Cerebral). bem como em uma posição lateralizada. anos depois. podendo provocar a cegueira. CEGUEIRA NO ADULTO São três as maiores causas da cegueira no adulto: Diabetes (a retinopatia diabética é a causa de 84% da cegueira em diabéticos). Aproximar um objeto muito próximo ou muito distante do rosto. tumores.: retinose pigmentar e a coroideremia) ou que doenças adquiridas podem provocar cegueira no adulto (traumatismo. mais sério poderá ser o comprometimento. Cegueira congênita: causada por uma má formação do aparelho visual na fase fetal. Traumatismos no olho: olhos que recebem algum traumatismo e apresentam hematomas podem desenvolver. A catarata também pode ocorrer em crianças e jovens. descolamento de retina. Degeneração macular senil (ocorre em 15% das cegueiras). Impressão de que existem “estrelinhas” ou “nuvenzinhas” no ar. Cansaço rápido durante a leitura. Nistagmo: que se refere a tremores dos olhos. para facilitar sua visualização. Retinopatia diabética: ocorre um aumento da glicose no sangue que danifica os vasos retinianos e/ou o nervo óptico. Descolamento de retina: a retina se desprende da coróide por deficiência da irrigação sanguínea. Toxoplasmose: infecção causada pelo Toxoplasma gondii. pessoas que sofrem traumatismo no olho devem ter um acompanhamento oftalmológico. SINAIS QUE IDENTIFICAM UMA DEFICIÊNCIA VISUAL Entre os sinais de distúrbios visuais. Visão embaçada.). tais como: rubéola. toxoplasmose. Com isso. Glaucoma (que é caracterizada pelo aumento patológico da pressão intra-ocular). Deve ser lembrado que uma série de doenças podem se manifestar tardiamente (ex. sífilis. a cegueira. dificultando a visualização das imagens (vide ataxia no item relativo à Deficiência Física. quanto mais precoce incidir um desses agentes. podem ser citados: Freqüentes dores de cabeça. infecções. etc. Franzir a testa e/ou “apertar” os olhos na tentativa de enxergar. Olhos freqüentemente remelentos ou avermelhados. Se a pessoa freqüentemente esbarra em móveis. são citadas algumas dessas defasagens: Defasagens Psicomotoras Defasagens Cognitivas Defasagens Socioativas Imagem corporal A possível defasagem cognitiva é uma situação conjuntural e não estrutural no desenvolvimento da pessoa cega. Sentimento de menos valia Esquema cinestésico Auto-estima Equilíbrio dinâmico e estático Insegurança em relação às suas possibilidades Postura Apatia Mobilidade Dependência Marcha Medo de situações e ambientes não-conhecidos Expressão corporal Dificuldade em estabelecer relações básicas do seu “Eu” com as pessoas e com o ambiente Auto-iniciativa para a ação motora Ansiedade estado Coordenação motora Lateralidade Maneirismos peculiares Dificuldade de relaxamento 30 . podem causar uma defasagem no nível cognitivo. Andar com o tronco inclinado para trás. Andar com as mãos à frente do corpo. Menescal (2001. Etc. expresso na formação e na utilização de conceitos. que as pessoas com deficiência visual tenderiam a apresentar. Se a pessoa freqüentemente protege os olhos da luz. deixa cair ou derruba objetos. Autoconfiança Esquema corporal A possível limitação na captação de estímulos. assim como a dificuldade ou falta de relação entre o objeto visualmente percebido e a palavra.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Andar com passos muito curtos. Se a pessoa freqüentemente reage tardiamente a estímulos visuais. e a pobreza de experiências práticas. p. A seguir.140) lista uma detalhada série de defasagens. às implicações sociais.298. DEFICIÊNCIA FÍSICA DEFINIÇÃO O Decreto no 3. como sendo a caracterizada por: “uma alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano. à capacidade de tomar decisões. 1956) quanto no transcurso da reabilitação profissional (JANSEN. p. 31 . etc. amigos. em forma de uma reação inicial. ou seja. às conseqüentes alterações na vida da pessoa.Introdução ao Movimento Paraolímpico Esta listagem de Menescal (2001. é de grande valor na estruturação e na seleção dos objetivos. os distúrbios visuais com incidência nesta forma de deficiência física.) em relação à deficiência.853. aos seguintes fatores (SOUZA.. EFEITOS PSICOLÓGICOS DA DEFICIÊNCIA FÍSICA Os efeitos psicológicos da deficiência física estariam condicionados. métodos e processos de treinamento esportivo de pessoas com deficiência visual. de 20 de dezembro de 1999. conteúdos. acarretando o comprometimento da função física. Além do exposto. pescoço e cabeça. 2004): à própria concepção sobre a deficiência. ao grau de independência ou de dependência. vizinhança. que por sua vez podem provocar dores. de 24 de dezembro de 1989. ao caráter progressivo ou de estabilidade do comprometimento. financeiras. à tendência à depressão. à aparência física ou à visibilidade do comprometimento. entre outros. visando a compensálos ou influir positivamente nestas tendências. afetivas. e dispõe sobre a Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. deve ser mencionado que estes comprometimentos visuais normalmente levam a pessoa a adotar uma postura inadequada do tronco. da deficiência.. relativa às defasagens que as pessoas com deficiência visual tenderiam a apresentar.) membros com deformidade congênita ou adquirida. p. que regulamenta a lei no 7. ao grau e à abrangência do comprometimento. pouco tempo depois da pessoa se tornar portador de uma deficiência física. à concepção e ao posicionamento da família e da sociedade (escola. ainda.137 e ss. 1975). 4.) resumem da seguinte forma os resultados isolados de pesquisas de diversos autores sobre a estrutura da personalidade de pessoas com deficiência física: “durante a reabilitação médica. Poder-se-ia verificar uma elevação da agressividade tanto na fase inicial (GUTTMANN. sob o título de Paralisia Cerebral.. (. à estrutura e à estabilidade emocional da pessoa. ao prognóstico de duração do comprometimento (temporário ou permanente). etc. Possivelmente o desejo de um maior reconhecimento social se manifestaria numa tendência a apresentar-se extrovertido”. define deficiência física. JANZOWSKI et ÖSTERWITZ (1977. haveria indícios de uma marcante depressão. Vide.140). exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções”. Para isto precisamos nos preparar para melhor lidar com este tipo de aluno em sala de aula e sermos capazes de estimular a família a valorizálos como pessoa humana. deve ser vista como um desafio. reconhecimento pelo desenvolvimento de seus potenciais e compensação de suas limitações. por outro lado. que teve uma perna amputada em um acidente. Georgette Vidor: técnica de ginástica olímpica do Flamengo e da Seleção Brasileira. no iatismo. Deve ser ressaltado que as pesquisas mencionadas acima não fazem referências sobre a idade dos pesquisados. tendência a mentir. ganhador de medalha em olimpíada. Christy Brown: portador de paralisia cerebral e autor do bestseller Meu Pé Esquerdo. sociabilidade. Stephen Hawking: físico. que nas telas representou. neuroticismo. que se transformou também em filme de sucesso mundial. os resultados destas pesquisas teriam sido obtidos com base na aplicação de questionários estandardizados. apesar de portarem uma deficiência física. franqueza. Segundo estes autores. motivação para o rendimento. instrumentista e líder do conjunto Paralamas do Sucesso. de auto-avaliação. tais como: nervosismo. maior independência. compositor. Deficiência física. inibição. na vida real. jovens e futuros adultos. tendência a dominar as outras pessoas. de Feliz Ano Velho. Boris Casoy: jornalista. por isto. Marcelo Rubens Paiva: autor. pedagogicamente. agitação. o papel de “Superman” e. entre outros. denominado e respeitado como “O Aleijadinho”. considerado uma das maiores inteligências da história da humanidade.122) não encontrou diferenças entre pessoas com deficiência e sem deficiência em 21 características marcantes da personalidade. 32 . Frank Williams: paraplégico dono da equipe Williams de fórmula 1. portador de deficiência física e. e não uma catástrofe. Christopher Reeve: ator.Manual de Orientação para Professores de Educação Física JANZOWSKI et ÖSTERWITZ comentam que seria problemático tirar-se conclusões sobre o comportamento de pessoas com deficiência física com base nestas pesquisas. temor de uma ocorrência negativa no futuro. amigos. Herbert Vianna: cantor. apesar de que. nem sobre a nacionalidade dos mesmos. rigidez. mas continuou exercendo sua profissão de treinadora. entre outros. portador de uma doença progressiva e incapacitante fisicamente. renda. padronizados. tipo ou grau de comprometimento. depressão. Lars Grael: administrador e atleta. a ocorrência de uma deficiência poderia exercer o papel de desencadeador de uma depressão”. pelo menos no início do processo de reabilitação. as pessoas abaixo continuam sendo admiradas: Antônio Francisco Lisboa: considerado um dos maiores artistas do Brasil. nem sobre o nível cultural ou de escolarização. portador de seqüelas de paralisia infantil (poliomielite). extroversão. Como forma de ilustração sobre efeitos psicossociais da deficiência física deve ser lembrado que. tranqüilidade. “não existe obrigatoriamente nenhuma relação entre deficiência física e comprometimento psicológico. a investir na escolarização destas crianças. inibição da agressividade. que tornouse paraplégica após um acidente automobilístico. que pode e deve ser vencido emocionalmente. que tornou-se tetraplégico (e autor) após um acidente. autor de maravilhosas obras de arquitetura sacra e de esculturas. p. segurança em relação ao futuro. tornou-se tetraplégico (vide Paraplegia e Tetraplegia). já que só a educação poderá assegurar melhores condições de convívio social. Segundo eles. JANSEN (1976. Introdução ao Movimento Paraolímpico 5. PARALISIA CEREBRAL INTRODUÇÃO Inicialmente, deve-se levar em conta que nosso cérebro regula todas as nossas funções: cognição, comportamento, movimentos, visão, audição, fala, atenção e concentração, etc. Havendo uma disfunção cerebral, uma ou mais funções sobre sua esfera de atuação podem ficar comprometidas. Estas disfunções do funcionamento cerebral podem ser causadas tanto por um distúrbio na estruturação do cérebro como por lesões provocadas nele. Com isso, podem ocorrer inibição funcional, desregulação de funções ou perdas de uma ou mais funções. A paralisia cerebral não deve ser vista como uma catástrofe, mas sim como um desafio que a vida nos apresentou e que pode e deve ser superado emocionalmente. Pedro Américo de Souza Definição A paralisia cerebral é definida como sendo o resultado de um distúrbio do desenvolvimento cerebral ou de uma seqüela que acomete o cérebro durante as fases pré-natal, perinatal e pós-natal, sendo limitada sua ocorrência, por questões de definição teórica, até os primeiros anos de vida. A paralisia cerebral designa um grupo específico de desordens motoras, que não são progressivas, não implicando, portanto, risco de piora do quadro clínico, desde que não haja abandono dos cuidados e tratamentos prescritos. Esta definição de paralisia cerebral, limitada ao tempo de sua ocorrência, tem por finalidade diferenciar a paralisia cerebral de outros comprometimentos do cérebro, manifestos na juventude, idade adulta ou senil. Apesar de que o comprometimento do desenvolvimento cerebral ou de seu funcionamento possa afetar todas as funções reguladas pelo cérebro, tais como comportamento, inteligência, padrão dos movimentos, visão, audição, etc., refere-se à paralisia cerebral como sendo o resultado de um comprometimento exclusivamente motor. Deve ser lembrado, no entanto, que: a paralisia cerebral pode estar associada ao comprometimento de outras funções do cérebro (visão, audição, fala, cognição, comportamento, etc.); a paralisia cerebral não implica necessária e obrigatoriamente comprometimentos da inteligência ou distúrbios do comportamento. A denominação paralisia cerebral, popularmente chamada de “PC”, poderia ser considerada como inadequada, já que o cérebro não se encontra paralisado. Na realidade, o cérebro da pessoa com paralisia cerebral apresenta “apenas” algumas disfunções, algumas perdas ou desordens funcionais, mas continua ativo e funcional para grande parte das suas capacidades. O termo paralisia refere-se tanto ao comprometimento mais sério de determinadas funções quanto a perdas ou praticamente ausência de determinadas funções, enquanto o termo paresia se refere a comprometimentos menos marcantes. CAUSAS DA PARALISIA CEREBRAL Antes de serem mencionados os fatores capazes de provocar uma paralisia cerebral, deve ser ressaltado que a incidência de tais fatores não implica obrigatoriamente a ocorrência de uma paralisia cerebral. 33 Manual de Orientação para Professores de Educação Física Isto se deve à resistência, maior ou menor, que o cérebro das diferentes pessoas pode apresentar a estes fatores. As causas da paralisia cerebral são divididas pela sua época de ocorrência em pré-natais, perinatais e pós-natais. a) Causas Pré-Natais: Distúrbios circulatórios. Durante a fase da gestação, distúrbios circulatórios podem provocar deficiências acentuadas de oxigenação no cérebro da criança, sendo manifestos, entre outros, por: deformidades ou distúrbios funcionais do coração da criança ainda em formação, distúrbios nas trocas sangüíneas entre a mãe e a criança, incompatibilidade sangüínea entre a mãe e a criança, enforcamento pelo cordão umbilical, hemorragias sérias da mãe durante a gravidez, etc.; Exposição ao raio X; Redução do número de hemácias; Infecções: sífilis, tuberculose, toxoplasmose, rubéola, paratifo, malária, hepatite, meningite, varicela, etc. Deve ser chamada a atenção para o fato de que muitas destas doenças ainda existem em nosso meio. Muitas vezes é dada atenção para elas quando chegam a matar alguém e isto é noticiado pela imprensa. No entanto, passa despercebida sua ação no cérebro das crianças durante a fase pré-natal. Daí o necessário cuidado com base em exames pré-natais, tratamentos e manutenção de conduta adequada e vacinação preventiva, quando for o caso; Agentes tóxicos: drogas (craque, cocaína, maconha, etc.), medicamentos, produtos químicos (material de limpeza, inseticidas, etc., ingeridos acidentalmente pela gestante), alimentos com validade vencida, nos quais se desenvolveram agentes tóxicos (fungos e bactérias), poluição ambiental, etc.; Distúrbios metabólicos (por exemplo, com insuficiências nutricionais ou incapacidade metabólica do organismo); Traumatismos diretos na barriga da gestante. b) Causas Perinatais: Durante o parto, as causas de paralisia cerebral mais freqüentes são: Asfixias em partos prolongados. Freqüentemente eles implicam sofrimento da criança, sobrecarga cardiovascular, deficit de oxigenação, podendo levar à paralisia cerebral; Edema cerebral; Medicamentos (por exemplo anestesia durante o parto); Rompimento prematuro da placenta; Constituição (crianças prematuras ou subdesenvolvidas). Este fator tende a desaparecer entre as causas da paralisia cerebral. No entanto, ele depende de políticas públicas de saúde responsáveis, assegurando-se à população o atendimento em tempo hábil e de qualidade pelos agentes de saúde: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, auxiliares de enfermagem, além de equipamentos adequados (incubadoras, por exemplo), etc.; Lesões mecânicas. Elas podem ser provocadas por traumatismos durante o parto, como quedas por exemplo, ou pelo uso do fórceps. Recentemente tem sido relativizado o uso do fórceps, considerandose que as condições que implicaram o uso do fórceps é que provocariam a paralisia cerebral e não o uso do fórceps em si. Isto depende, naturalmente, da qualificação do profissional que o utilizará. c) Causas Pós-Natais: Traumatismo craniano (comoção, contusão e fratura). Normalmente, na comoção a pessoa não 34 Introdução ao Movimento Paraolímpico sofre comprometimentos dignos de nota, perdendo momentaneamente os sentidos, mas recuperandose sem seqüelas. Na contusão cerebral, são comprometidas funções cerebrais. A fratura, até relativamente pouco tempo, levava invariavelmente à morte. Com a melhora da formação de médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, medidas eficazes visando à higiene e à assepsia hospitalar, o desenvolvimento e a disponibilização de medicamentos e de equipamentos hospitalares, elevaram-se significativamente os casos de pessoas com traumatismo craniano que sobrevivem a ele. No entanto, as seqüelas ficarão. Entre estas seqüelas é citada a paralisia cerebral; Anomalias dos vasos sangüíneos com conseqüentes isquemias ou hemorragias cerebrais; Infecções (rubéola, varicela, meningite, gripe, etc.); Processos capazes de destruir áreas do cérebro, tais como: tumores cerebrais, isquemia, hidrocefalia, etc.; Distúrbios metabólicos. CLASSIFICAÇÃO DA PARALISIA CEREBRAL As classificações da paralisia cerebral existentes até hoje não são muito satisfatórias, ante o fato de que o cérebro regula uma infinidade de funções, ficando cada área cerebral responsável por uma ou por diversas funções e pela diversidade de combinações entre os comprometimentos (seqüelas). No que se refere à paralisia cerebral, adota-se, no mundo, a classificação proposta por PHELPS, que considera tanto fatores topográficos, relativos à região das manifestações da paralisia cerebral (em um braço, nas duas pernas, em um lado do corpo, etc.), bem como às características das manifestações (comprometimentos do tônus muscular, da coordenação motora, do equilíbrio, da percepção espaçotemporal, da lateralidade, de tremor dos olhos, movimentos oscilatórios das mãos e dos braços, da fala associada a certos padrões motores, etc.). A paralisia cerebral se manifesta, então, em diferentes formas, dependendo da região cerebral afetada, sendo dividida em paralisia cerebral espástica (mais conhecida por espasticidade), ataxia, atetose, coréa e formas mistas. Alguns poucos autores citam também a rigidez muscular e a hipotonicidade muscular como formas de manifestação da paralisia cerebral. Deve ser enfatizado que a paralisia cerebral não é progressiva, mas ela exige uma atenção por profissionais, pelo menos, da medicina e da fisioterapia. A não-utilização dos medicamentos prescritos para reduzir a espasticidade ou o abandono precoce do uso de órteses pode implicar agravamento de alguns comprometimentos, tais como dores, contraturas, acentuação de quadros clínicos patológicos, etc. A medicina, a fisioterapia e a terapia ocupacional oferecem à criança e ao jovem com paralisia cerebral, principalmente durante os primeiros anos de vida, melhores condições clínicas, de estimulação precoce e prevenção da ocorrência de efeitos secundários indesejáveis para o processo de desenvolvimento motor destas pessoas. No âmbito escolar as aulas de educação física possuem uma importância especial para o desenvolvimento motor, social e emocional destas crianças, já que podem proporcionar estimulações motoras capacitantes, centradas nos potenciais remanescentes e que poderiam compensar alguns atrasos no desenvolvimento, além de proporcionarem uma adequada confrontação com situações de desafio, associadas a vivências de “ser capaz”, que são de fundamental importância para o desenvolvimento emocional destas crianças e jovens. Além disso, a educação física, especialmente durante a educação pré-escolar e nas primeiras séries do ensino fundamental, possui como um de seus objetivos o resgate do direito à infância e à juventude, que freqüentemente são colocados pela família num plano secundário em relação ao atendimento médico e fisioterápico. 35 muito citadas como espasticidade). Uma hora a informação é dada de forma mais genérica e nos outros diagnósticos se especifica mais a forma de manifestação da paralisia cerebral. entre outras funções. coréa. do equilíbrio e do esquema corporal. os três diagnósticos informam a mesma coisa. etc. só que de forma diferenciada. Ela se caracteriza por um aumento patológico da tensão fisiológica da musculatura atingida (tônus muscular). Ela é atribuída a comprometimentos das vias piramidais.Manual de Orientação para Professores de Educação Física As atividades lúdicas e de caráter esportivo utilizadas pela educação física. pesos e medidas. diferenciação de formas. as brincadeiras. enquanto ao mesmo tempo promovem vivências de confrontações para a superação do medo. sons. temperaturas. monoparesia. As vias piramidais estão entre as vias de transmissão mais importantes do sistema nervoso central. diparesia.). As formas mais brandas de manifestação espástica da paralisia cerebral são especificadas pelo final “paresia”. provocando como conseqüência a espasticidade. etc. Elas são diferenciadas de acordo com o tipo de distúrbios motores que apresentam. tais como hemiplegia. podendo atingir também todo o corpo. contribuindo para o processo de desenvolvimento. sendo diferenciada em paralisia e paresia. O último médico disse que ele tem uma espasticidade. etc. até hoje só a forma espástica (espasticidade) apresenta uma classificação. tais como: hemiparesia. Os diferentes diagnósticos de uma mesma criança geralmente confundem a família. O outro disse que ele tem uma hemiparesia.. sendo que a cápsula interna é atingida com mais freqüência. grandezas. Formas atáxicas. já que estimulam o processo de memorização (de coreografias. etc. espaço-temporal. do egocentrismo. desenvolvem as diversas percepções (cores. A paralisia cerebral pode se manifestar em diferentes graus de comprometimento. sendo responsáveis pela condução dos impulsos dos movimentos voluntários para a musculatura do corpo. da superação da dependência física e emocional. que ele é espástico”. a escrita. No entanto. Assim. texturas. tátil. principalmente no ensino pré-escolar e nas primeiras séries do ensino fundamental. da lateralidade. a leitura. Espasticidade A espasticidade acomete aproximadamente 70% dos casos de paralisia cerebral. As diversas manifestações da paralisia cerebral são organizadas sob aspectos funcionais e topográficos. promovem o desenvolvimento cardiovascular e a melhora metabólica. podem ser dificultadas pela espasticidade. podendo ser diferenciadas nas seguintes formas: Formas espásticas (hipertônicas. a atetose e a coréa. Com isto os movimentos podem ficar dificultados ou impedidos de serem realizados. etc. serão apresentadas a seguir a espasticidade. afetando um ou mais membros. promovem a melhora da coordenação motora. 36 . indicando um grau maior de comprometimento. As formas mais graves de comprometimento na espasticidade são caracterizados pelo final “plegia” nos diagnósticos. sinestésica. a vida diária. são de especial importância. Como pode ser deduzido por este texto. triplegia.. assim como são responsáveis também pela ocorrência dos reflexos musculares. a ataxia. Formas discinéticas (atetose. Um disse que o meu filho tem paralisia cerebral. balismo e distonia). regras. monoplegia. seqüências motoras. É comum a família comentar que “cada médico fala uma coisa. e para o processo de aprendizagem destes alunos. conforme o grau de comprometimento. Ante sua relevância clínica e estatística. de inclusão social.). diplegia. tamanhos. do auto-conceito de incapacidade. sendo uma forma de manifestação da paralisia cerebral. Por isto. considera-se que o termo paraplegia seria o termo correto. assim como para segurar objetos. Hemiplegia ou hemiparesia O comprometimento de um lado do corpo. Diplegia ou diparesia (paraplegia) A diplegia e a diparesia referem-se ao comprometimento de dois membros iguais. o quadril do lado comprometido é mantido em adução. Na paralisia cerebral espástica. considera-se que o termo adequado para designar o comprometimento de ambas as pernas seria de diplegia. nem flexão do joelho comprometido. No caso de comprometimento das duas pernas. dependendo do grau do comprometimento.Introdução ao Movimento Paraolímpico Geralmente. difícil de ser movimentada. Numa. Quando a perna é comprometida. Em função das áreas funcionais comprometidas no cérebro. muitas vezes formando uma mão “em garra”. Isto pode implicar numa maior ou menor dificuldade para escrever no quadro ou no caderno. a perna e a musculatura do tronco de um mesmo lado são comprometidos. fica aqui registrada a situação (vide Paraplegia e Tetraplegia. que acomete também apenas só um membro. a paralisia cerebral espástica é dividida nas seguintes formas de manifestação: Monoplegia ou monoparesia Caracteriza-se pelo comprometimento de um só membro do corpo. nos casos 37 . o ombro é mantido predominantemente em adução. Na outra. Em função do comprometimento motor desta perna. Com isso é comum a ocorrência de deformidades articulares e de estrabismo. Os dedos são mantidos também em flexão. a paralisia cerebral espástica ou paresia cerebral pode se apresentar em diferentes regiões do corpo. recebe a denominação de hemiplegia ou de hemiparesia. O cotovelo tende a ser mantido em flexão. ela faz um arco ao avançar para a frente ou é arrastada durante a marcha. bem como dos joelhos. Não é feita flexão do quadril do lado comprometido. As deformidades podem até tornar necessária a realização de cirurgias. Já o diagnóstico de monoparesia refere-se a uma forma mais branda de disfunção cerebral. Há flexão permanente dos quadris. ficando o termo paraplegia restrito ao diagnóstico dos comprometimentos das duas pernas apenas nos casos de lesões medulares. estando ausente em outros. O diagnóstico de monoplegia indica o comprometimento mais sério de um membro. os músculos adutores e os flexores têm sua ação exacerbada. recebendo a denominação de “pé eqüino”. Existe uniformidade na medicina em relação ao diagnóstico do comprometimento dos dois braços como forma de manifestação da paralisia cerebral espástica. A espasticidade predomina em alguns grupos musculares. sendo neste caso estabelecido o diagnóstico de diplegia ou diparesia. sendo denominada de espástica exatamente por isso. ou seja junto ao corpo. sendo apoiado no solo pela ponta do pé. elas se tocam na região dos joelhos ou se cruzam. a musculatura atingida apresenta uma resistência ao seu alongamento. há na medicina duas linhas de diagnóstico em caso de comprometimento das duas pernas. assim como o pulso. A musculatura fica mais tensa. Considerando-se que não compete aos professores estabelecer diagnósticos clínicos. Estas contraturas podem implicar a necessidade de tratamentos fisioterápicos ou medicinais. O pé apresenta flexão plantar. No entanto. no item específico sobre lesões medulares). quando atingidos na paralisia cerebral. Os pés apresentam flexão plantar “pé eqüino”. em que o braço. podendo levar a posturas viciosas e até mesmo a contraturas e a deformidades irreversíveis. Quando um braço é comprometido. durante boa parte da vida da pessoa com espasticidade. possibilitando a realização de movimentos suaves e precisos (finos). O ombro apresenta adução. o cotovelo comprometido é mantido em flexão. O cerebelo distinguese do cérebro pela sua superfície estriada. e fala escandida. sendo caracterizadas pelo comprometimento de dois membros de um mesmo lado e um membro do outro lado do corpo. dependendo do grau de comprometimento. por exemplo quando vão cumprimentar alguém. que são: Ataxia: Ela afeta os membros. da perna e do quadril comprometido apresentam as mesmas características descritas nos casos de monoplegia e monoparesia. Triplegia ou triparesia Elas são de manifestação mais rara. quando a perna é comprometida. do ombro. pode ser muito difícil o uso da mão comprometida. baixo tônus muscular. tais como relaxantes musculares (miorrelaxantes). por exemplo. por comprometimento funcional do cerebelo.: O termo tetraespasticidade não vem sendo utilizado no Brasil. movimentos oscilatórios do braço e da mão. Obs. Em casos mais graves. que se assemelha à fala das pessoas embriagadas. Com base nisso é que o 38 . bem como às características dos movimentos destas pessoas. da percepção espaço-temporal. sendo difícil ou impossível fazer movimentos de abdução. tais como: quando o braço é acometido: a mão apresenta dificuldade maior ou menor de preensão de objetos. quando ilustra os sinais de disfunção do neocerebelo. Freqüentemente. As funções motoras da mão. só que acometendo os quatro membros. órteses. Dismetria: Consiste na incapacidade para avaliar corretamente a distância. muitas vezes. sobretudo as extremidades deles. devido à sua participação nos complexos mecanismos de feedback e de regulagem do tônus muscular. Isto não significa que o indivíduo “não mexa nada”. acompanhando-se de desvio da marcha e do corpo para o lado correspondente à lesão. A pessoa com espasticidade apresenta algumas características. Denomina-se atáxico à pessoa com ataxia. Significa que os quatro membros apresentam comprometimentos em algumas funções motoras. Ele atua como um centro de coordenação para a manutenção do equilíbrio e do tônus muscular. O apoio no solo geralmente é feito com a ponta dos pés (“pé eqüino”). do equilíbrio. É difícil para a pessoa espástica fazer flexão do quadril comprometido. A espasticidade pode implicar o uso de medicamentos. Ela se caracteriza por distúrbios de coordenação motora. A ataxia é causada. assim como na realização de tratamento fisioterápico. Ataxia Aproximadamente 5 a 10% das pessoas com paralisia cerebral apresentam ataxia. a marcha é feita fazendo-se um arco com a perna ou arrastando-a. de modo que o movimento cessa precocemente ou então ultrapassa o alvo (hipermetria).Manual de Orientação para Professores de Educação Física mais brandos. assim como também o pulso. que auxiliam as funções da mão ou do pé e da perna. DUUS (1989) nos permite perceber de melhor forma os comprometimentos que acompanham a ataxia. nistagmo (leve tremor dos olhos). Quadriplegia (tetraespasticidade) Refere-se ao comprometimento espástico dos quatro membros do indivíduo. pegar um objeto ou quando estão escrevendo. idênticas às descritas na monoplegia e monoparesia. flexão do joelho e extensão dos quadris. Hipotonia: Caracterizada por flacidez muscular e rápido cansaço da musculatura ipsilateral (astenia). Como a população. Desdiadococinesia (adiadococinesia): O atáxico tem grande dificuldade (desdiadococinesia) ou é incapaz (adiadococinesia) de realizar movimentos que exigem alternância rápida entre agonistas e antagonistas. esbarra nos objetos que deseja pegar. Mesmo assim têm dificuldade para andar em linha reta. Os reflexos tendinosos apresentam-se lentos. Ante a dificuldade de equilíbrio e de coordenação motora os atáxicos andam com os pés separados. como. passando de movimentos mais rápidos durante a marcha a um andar mais devagar e vice-versa. de modo que algumas palavras são ditas de forma mais rápida que as outras. no tálamo e Nucleus ruber) e acomete de 10 a 20% dos portadores de paralisia cerebral. dificultam participar das brincadeiras com outras crianças. Há fortes indícios de que outras partes do cérebro sejam capazes de compensar parcialmente as perdas ou disfunções cerebelares. etc. na prática observa-se que os atáxicos têm grande dificuldade até mesmo para executar movimentos simples de saltar à frente. diminuem a segurança na marcha. desequilibram-se com maior facilidade que as outras pessoas. globo pálido e. o qual aparece quando o atáxico aponta um objeto. difíceis e fora do ritmo adequado. “Todos os impulsos destinados ao córtex precisam passar pelo tálamo. Os movimentos alternantes. a fim de se tornarem conscientes” (DUUS 1989. mais raramente. por exemplo. Apesar da citação se referir especificamente à realização de movimentos “complicados”. necessários para pegar um lápis ou caneta na mesa e escrever. por exemplo. necessária para a realização de movimentos exatos. de um modo geral. as quais representam 80% do diencéfalo. 163). com acentuação inadequada de algumas sílabas. especialmente quando cessam. Fenômeno do rechaço: Este fenômeno é devido à incapacidade do portador de ataxia se adaptar rapidamente às alterações da tensão muscular. tenta pegar um objeto ou pretende cumprimentar alguém. Tremor de intenção: Trata-se de tremor de ação. os atáxicos sofrem grande preconceito. com isto. Assinergia: Perda da coordenação motora na inervação dos grupos musculares. que podem dificultar a escrita e a leitura. assim como no mobiliário. na “amarelinha”. devidos às modificações da inervação tônica. Isto implica que os atáxicos necessitam de mais tempo para fazer anotações ou provas escritas que os demais colegas. Fala escandida: O assinergismo dos músculos que participam da fala resulta em fala mal articulada. O nistagmo é caracterizado por leves tremores dos olhos. Os diversos grupos musculares funcionam de modo independente. Este tremor aumenta à medida que a mão se aproxima do objeto.Introdução ao Movimento Paraolímpico atáxico tem dificuldades para avaliar a altura dos degraus. A velocidade de deslocamento da pessoa atáxica também sofre alterações. bem como a percepção de objetos e de obstáculos e. não conhece a ataxia. Isto pode ocorrer. tais como a pronação e a supinação da mão (virar a palma da mão para baixo e para cima). lenta e hesitante. dependendo do grau do comprometimento. p. na tentativa de melhorar o equilíbrio. Atetose A atetose é causada por lesões nos gânglios basais (estriato. tornam-se lentos. Incapacidade para discriminação do peso: O atáxico terá dificuldade para avaliar o peso de um objeto ou para avaliar a força necessária para movê-lo. O tálamo é composto de duas grandes massas simétricas de substância cinzenta. a resistência à ação que o atáxico faz ao empurrar um objeto. para aumentar a base. A fala escandida se parece com a fala do bêbado. de um momento para outro. sendo incapazes para a execução de padrões motores complicados (decomposição dos movimentos). praticar esportes. Os sinais e sintomas devidos ao comprometimento do 39 . Na atetose ocorre uma alternância no tônus muscular. etc. a paralisia cerebral pode se apresentar combinando características espásticas com atetóides. O quadro clínico na atetose é caracterizado por movimentos involuntários. Estes comprometimentos implicam tratamento precoce e inadiável. a deglutição e a respiração das pessoas com paralisia cerebral também podem estar comprometidas. Coréa A coréa é uma das formas de manifestação da paralisia cerebral menos freqüentes. Com o comprometimento funcional do striatum.. mãos. comprometendo diferentes áreas cerebrais. dificuldade de memorização. que regula a interação entre agonistas e antagonistas. Crianças. Formas Mistas na Paralisia Cerebral Como os distúrbios do desenvolvimento cerebral ou as lesões cerebrais são sempre difusas. geralmente. de alegria. tamanhos. extremos e contralaterais. 40 . maior dificuldade para a inclusão escolar e o aprendizado. ultrapassam o alvo. A isso se acompanham expressões e mímicas faciais acentuadas (caretas. além das características atetóides. Isto implica. de raiva. No entanto. adultos e idosos com paralisia cerebral tendem a apresentar comprometimentos visuais. de acordo com a natureza da afecção. grandezas. irregulares e com transcurso lento. nas diversas formas de manifestação da paralisia cerebral. Estes movimentos involuntários se manifestam ou aumentam em momentos de estresse. À extensão total de um cotovelo corresponde a flexão total do outro. fazendo com que a fala destas pessoas fique muito comprometida. mas desaparecem quando a pessoa com atetose estiver dormindo. 164) cita que os seguintes sintomas podem ser devidos ao comprometimento unilateral ou bilateral do tálamo: “distúrbios da afetividade.Manual de Orientação para Professores de Educação Física tálamo variam consideravelmente. etc. a musculatura passa a relaxada. está comprometida. tais como: distúrbios ou deficiências visuais. o mesmo fato ocorrendo em relação aos joelhos. dismétricos. a síndrome talâmica completa é de ocorrência rara. convulsões. mas sendo possível outras formas de combinação. atingindo diferentes regiões cerebrais. o estrabismo. a miopia e o nistagmo. Os movimentos são extremos. A isso se acompanham movimentos involuntários. p. a hipermetropia. Isto resulta em movimentos hipercinéticos e a musculatura apresenta-se hipotônica. a pessoa com paralisia cerebral pode apresentar outras manifestações.). jovens. contrações da musculatura da face. A fala. de hipotônica a hipertônica e vice-versa. o palidum tem sua ação prevalecendo. Isto implica que pessoas com atetose freqüentemente apresentam também movimentos espásticos e/ou atáxicos. No que se refere ao comportamento do portador de atetose. etc. braços e pernas) são mais atingidos. fala-se em formas mistas de manifestação. Os de maior relevância são: a atrofia óptica total ou parcial. para que não haja um agravamento severo e irreversível. dificuldade ou mesmo deficiência auditiva. DUUS (1989. Recomenda-se que sejam feitas consultas com o oftalmologista principalmente antes de a criança com paralisia cerebral entrar no ensino fundamental. As extremidades (pés. distúrbios de percepção e de diferenciação de formas. manifestando-se por instabilidade emocional e pela tendência ao riso e choro espasmódicos”. embora ocorram também movimentos rápidos e de curta duração. Nesse caso. Outras Deficiências Associadas à Paralisia Cerebral Como o cérebro regula simultaneamente muitíssimas funções e os agentes causais da paralisia cerebral geralmente têm ação difusa. De tensa. A inervação recíproca. Já o ancôneo e o bíceps ficam parcialmente funcionais. contusão e fratura. Quando ocorre uma perda séria das funções motoras. rugby. Um dos pontos críticos de sua ocorrência é de que na maioria dos casos as pessoas atingidas estão na faixa etária dos 17 aos 25 anos de idade. Além disso. Os comprometimentos são só temporários. o diagnóstico será de tetraparesia. no trabalho e por armas. Nas lesões medulares incompletas. Por outro lado. o diagnóstico será de paraplegia. Abaixo deste nível. Na comoção espinhal normalmente não há seqüelas. quando elas ocorrerem na região cervical ou até a primeira vértebra torácica. Com estes músculos os tetraplégicos podem. já que todos os quatro membros e o tronco ficam parcialmente comprometidos. reduzir seriamente a acuidade visual do indivíduo e até mesmo levar um dos olhos à cegueira. como conseqüência de lesões cervicais e em nível da primeira vértebra torácica. 6. da sensibilidade e vegetativos (vide entre outros PAPE et PAESLACK 1997. Quando a lesão medular completa comprometer “apenas” as pernas. tais como perda da sensibilidade e incontinência urinária (vide Manifestações Não-Motoras da Paraplegia e da Tetraplegia). fala-se em paralisia. p. A altura da lesão é determinada com base nas perdas funcionais e distúrbios das funções comprometidas. carro. arremessos e lançamentos). em torno de 60% das crianças com paralisia cerebral apresentam algum grau de estrabismo. Eles são provocados por acidentes de moto. PARAPLEGIA E TETRAPLEGIA INTRODUÇÃO As paraplegias e as tetraplegias são decorrentes de comprometimentos funcionais da medula espinhal. nadar. Os traumatismos são classificados em: comoção. Elas se manifestam em três formas distintas de comprometimentos: motores. resulta em uma lesão medular completa. fala-se em paresia. jogar tênis em cadeira de rodas. por sua vez. Quando ocorre um “leve” comprometimento. p. etc.3). 41 . Vide no capítulo Deficiência Mental referências sobre Possíveis Implicações da Paralisia Cerebral na Aprendizagem Escolar. por exemplo. quando comprometer os 4 membros e o tronco. que é um desvio ocular. A contusão medular. o estrabismo pode provocar visão dupla (diplopia) e perda da visão de profundidade. Esta lesão será diagnosticada como sendo uma tetraplegia. os deltóides ficam com funções perfeitamente normais. no lazer. Observação: em casos de tetraplegia. Quando as vias medulares são totalmente interrompidas. já que ambas as pernas ficam parcialmente comprometidas. assim como o peitoral menor.Introdução ao Movimento Paraolímpico Em crianças portadoras de paralisia cerebral a atrofia óptica total ou parcial é a principal causa de uma acuidade visual baixa em nível severo. o diagnóstico será de paraparesia. fazer atletismo (corridas. O estrabismo pode impedir o desenvolvimento de um dos olhos. sendo esta a segunda causa de dificuldades visuais nestas crianças.306. GERNER 1992. CAUSAS DA PARAPLEGIA E DA TETRAPLEGIA Entre as causas mais freqüentes da paraplegia e da tetraplegia podem ser citadas: Traumatismos medulares: os traumatismos medulares representam em torno de 75% dos casos das lesões medulares. enquanto apenas 3 a 5% da população infantil apresentam estrabismo. leva a comprometimentos neurológicos. As lesões medulares completas quase sempre são de causa traumática e raramente são infecciosas. para o fato de que adultos com incontinência urinária. evitando-se mergulhos em águas rasas ou em ambientes desconhecidos. Também deve-se evitar o acesso a lagoas ou rios contaminados com xistose nas atividades de lazer. que pode provocar tetraplegias ou até mesmo levar à morte. A espinha bífida oculta não tem importância clínica na maioria dos casos. por exemplo. na prática esportiva ou no exercício profissional.). Tetraplegia Paraplegia Lesões cervicais até T1 Lesões medulares abaixo de T1 FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DAS LESÕES MEDULARES As lesões medulares se manifestam de duas formas: flácidas e espásticas. abscessos. mielomeningocele.Manual de Orientação para Professores de Educação Física A compressão medular ocorre pela ação prolongada de fragmentos ósseos e. especialmente. é de fundamental importância o cuidado com acidentes. Processos degenerativos. estando comprometidos inclusive suas membranas e nervos (meningocele. Em muitas regiões brasileiras. mielomeningocistocele.). é grande a infestação por xistose (Schistossoma mansoni). ante a frouxidão ligamentar. TOPOGRAFIA NEUROLÓGICA DA TETRAPLEGIA E DA PARAPLEGIA As lesões cervicais até a altura da primeira vértebra torácica são denominadas de tetraplegia. Já as lesões abaixo da primeira vértebra torácica recebem a denominação de paraplegia. já que geralmente não apresenta seqüelas. que pode se alojar junto à medula e provocar paraplegias. por exemplo. Processos intra-espinhais capazes de destruir áreas medulares (tumores. DELANK et GEHLEN (1999. pela instabilidade cervical (instabilidade atlanto-axial) na síndrome de Down. cistos. sem comprometimentos neurológicos diagnosticados. por hematomas. na esclerose múltipla. Disfunções circulatórias e más formações de vasos sangüíneos. etc. no entanto. como. etc. por exemplo. hérnias de disco. Infecções e infestações: os processos infecciosos comprometem as estruturas neurais. Outras anomalias. Com isso. hematomas. 42 Características da Forma Flácida Características da Forma Espástica Paralisia dos membros inferiores Paraparesia (semiparalisia = relativamente leve comprometimento) dos membros inferiores Atrofia muscular acentuada Nenhuma atrofia muscular degenerativa Hipotonicidade acentuada A espasticidade se sobrepõe à paralisia . p. poderiam ter como causa da incontinência urinária a espinha bífida oculta. Más formações da estrutura neural da medula: espinha bífida oculta e espinha bífida aberta. que não se regeneram e levam a perdas funcionais. A espinha bífida aberta é causada por um distúrbio de desenvolvimento da medula espinhal. como é o caso dos Bombeiros Militares ou mergulhadores. causadas. 333) chamam a atenção. podem provocar desmaio ou.48) e em PSCHYREMBEL (1982. salas de aula abafadas. tênis em cadeiras de rodas. Tendência a ocorrer infecções urinárias. até mesmo a morte por estresse térmico. Disfunção do sistema de regulação térmica. Uma lesão abaixo de C4 permite que a pessoa seja mantida com vida. nas lesões cervicais. que provocam manifestações espásticas ou flácidas nas lesões medulares. As escaras são uma “porta aberta” para infecções. bem como estudar e exercer as mais variadas profissões. dos braços e das pernas. Com isso. Os comprometimentos podem apresentar os mais diversos graus. no plexo e também nos nervos periféricos CONSEQÜÊNCIAS MOTORAS DA PARAPLEGIA E DA TETRAPLEGIA Nas lesões medulares completas. está comprometida a maioria dos músculos do tronco. Os tetraplégicos e os paraplégicos com lesão acima de aproximadamente T5 não apresentam sudorese suficiente para compensar o estresse térmico. restringe a prática esportiva. Osteoporose. As lesões medulares incompletas. é apresentada. As lesões completas implicam o uso de cadeira de rodas por toda a vida. assim como em carros estacionados ou em engarrafamentos no trânsito em horários quentes. que podem provocar insuficiências renais. o deltóide. As lesões nas regiões mais baixas da medula torácica não comprometem a função respiratória. parte do bíceps e o peitoral menor permanecem funcionais. As lesões cervicais provocam também redução da capacidade respiratória. etc.. etc. dirigir carros. nadar. e com eles os tetraplégicos são capazes de digitar um computador. o comprometimento mais importante e mais conhecido da sociedade é a perda da capacidade de locomoção. A pessoa perde a preensão dos dedos da mão. apesar de mais raras. o sistema simpático-parasimpático. Contraturas. Da mesma forma. já que os músculos intercostais passam a apresentar uma paresia. praticar atletismo. praias ou quadras. CONSEQÜÊNCIAS NÃO-MOTORAS DA PARAPLEGIA E DA TETRAPLEGIA Nas lesões medulares. jogar rugby. ocorrem também em nível expressivo. juntamente com os comprometimentos das funções motoras. ginásios abafados e mal ventilados e demais ambientes quentes. e devem ser consideradas como um fator que. caso não sejam adotadas medidas que permitam a compensação térmica. tais como em piscinas. a localização dos comprometimentos.650). e implicam o uso permanente de cadeira de rodas. p. Entre as conseqüências não-motoras da paraplegia e da tetraplegia. No entanto. Forma espástica As formas espásticas resultam de comprometimentos dos fusos piramidais até comprometimentos dos cornos motores anteriores da medula Forma flácida Elas são causadas por lesões nos cornos anteriores da medula. e levada urgentemente para um centro especializado em lesões medulares.. no quadro abaixo. já que podem evoluir para um quadro bem pior. desde que atendida de imediato. Eles variam de discretos enfraquecimentos das capacidades neurológicas até uma total perda funcional. com socorro adequado. temporariamente. no âmbito de várias raízes anteriores. Em função disso. apresentam maior importância: Tendência a ocorrer escaras (úlceras) de decúbito. devem ser adotadas 43 . Os atletas e técnicos devem ser sensibilizados para o fato de que as escaras implicam tratamento sério.Introdução ao Movimento Paraolímpico TOPOGRAFIA DAS FORMAS ESPÁSTICA E FLÁCIDA DA PARAPLEGIA Com base em DUUS (1995. os reflexos. sendo afetados ainda os esfíncteres anal e urinário. são acometidos também a sensibilidade. p. tutores (curtos ou longos) e/ou andadores. Perda de sensibilidade (dor. que regulamenta a lei no 7. Comprometimentos da sexualidade. para uma pessoa ser considerada com deficiência mental.Manual de Orientação para Professores de Educação Física medidas que assegurem a compensação do estresse térmico. ou então em relação à observância de normas de convívio social e relativas ao lazer e ao trabalho. f) habilidades acadêmicas. de lazer. de 20 de dezembro de 1999. A bexiga do paraplégico e do tetraplégico é denominada de neurogênica. de 24 de dezembro de 1989. com manifestação antes dos dezoito anos. cresce a tendência. Redução da pressão arterial e da pressão nos vasos sangüíneos. Portanto. da exposição ao calor com a permanência em lugares mais frescos. tato. Isto implica o uso de fraldas (fralda geriátrica no caso de adultos) e/ou de sondas. alternância. e) saúde e segurança. dando-se menos ênfase à aplicação de tabelas de classificação da deficiência mental. físicos. 7. esportivos. capaz de zelar pela sua saúde e pela própria segurança ou que possua habilidades em atividades de lazer e para o trabalho. sociais. etc. em relação ao cuidado com sua saúde e com sua segurança. de se enfatizar a estimulação da pessoa para que possa se desenvolver. e h) trabalho. num outro exemplo. hoje em dia. frio.298. consolida as normas de proteção e dá outras providências. dificultando a circulação de “retorno”. uma capacidade adaptativa relativa à sua comunicação e ao seu cuidado pessoal ou. cognitivos. sociável.). calor. que são citadas a seguir: 44 . etc. laborais. d) utilização da comunidade. cada vez mais.. b) cuidado pessoal. define deficiência mental como sendo caracterizada pela incidência simultânea de dois fatores determinantes: Funcionamento intelectual significativamente inferior à média. por exemplo. Isto significa que uma pessoa apenas com baixo quociente de inteligência. para fins de ilustração dos diversos níveis ou graus da deficiência mental. Limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas. talvez ainda possa ser considerado como importante se conhecerem algumas classificações da deficiência mental. durante e após a prática esportiva.). c) habilidades sociais. e dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. ela deve apresentar tanto uma capacidade cognitiva significativamente inferior à média quanto.853. contato. não seria classificada como uma pessoa com deficiência mental. Disfunção da atividade da bexiga e do intestino. como no caso de bexigas de crianças menores. Atingindo um certo volume. DEFICIÊNCIA MENTAL E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ESCOLAR O Decreto no 3. considerando-se especialmente seus potenciais (escolares. tais como: a) comunicação. mas com boa capacidade adaptativa. g) lazer. Após o diagnóstico de deficiência mental. automaticamente ela se esvazia. tais como: ingestão de líquidos antes. se for possível. etc. Apesar disso. propriocepção postural. Em função disso. apresentando maior habilidade motora e melhor desenvolvimento social e cognitivo. Aproximadamente 95% dos casos de trissomia resultam de uma não-disjunção na meiose materna. 1999. Nesse caso. Denomina-se mosaicismo a esta composição de células trissômicas com células normais. as pessoas com paralisia cerebral apresentam. assim como dependem também do potencial genético restante (SCHWARTZMAN et al. os portadores de síndrome de Down que são mosaicos (ou que têm mosaicismo). o indivíduo terá uma mistura de células normais com células trissômicas. dos dois componentes do par cromossômico. No entanto. têm menos características da síndrome de Down. daí a denominação de trissomia 21. A incidência da síndrome de Down em recém-nascidos vivos está em torno de 1 caso de síndrome de Down para cada 600 a 800 crianças (MIKKELSEN et al. SCHWARTZMAN et al. que a síndrome de Down freqüentemente é acompanhada de patologias. Ao ocorrer a divisão celular. PÉREZRAMOS et PÉREZ-RAMOS.. 1999. por terem muitíssimas células normais. paralelamente. que ocorre nos períodos pré-natal. não-disjunção. Em 3% dos casos de síndrome de Down há uma mesclagem de células trissômicas com células normais.32). Estes indivíduos são chamados “mosaicos”. o indivíduo terá uma síndrome de Down “pura”. citado por SCHWARZTMAN et al. de forma específica. Já 1. Quase todos os casos de síndrome de Down se originam de uma falha na divisão celular. A trissomia na síndrome de Down ocorre no 21o par cromossômico. A síndrome de Down é descrita como sendo uma doença causada por um desequilíbrio na constituição cromossômica. chamada de não-disjunção. sendo necessária sua separação para que o número de cromossomos permaneça constante nas células filhas. 1999). Deve ser mencionado. Os estudos demonstram não haver diferenças significativas entre a ocorrência de síndrome de Down em populações brancas ou negras. com alguma freqüência. Deve ser relembrado que a paralisia cerebral é um comprometimento motor que ocorre como conseqüência de um distúrbio no desenvolvimento do cérebro ou de uma lesão cerebral. que são resultantes de rearranjos entre os cromossomos. Se a não-disjunção ocorrer durante a 1a divisão do zigoto. Não existe um padrão de comportamento e de desenvolvimento estereotipado e previsível. em que três cromossomos estarão posicionados onde deveriam estar apenas dois.Introdução ao Movimento Paraolímpico NÍVEIS OU GRAUS DE CLASSIFICAÇÃO DA DEFICIÊNCIA MENTAL Escala de Stanford-Binet Escala WISC Leve 63-52 pontos 69-55 pontos Moderada 51-36 35-20 54-40 39-25 19 e menos 24 e menos Classificações da Deficiência Mental Severa Profunda As mais importantes manifestações da deficiência mental ocorreriam na síndrome de Down e na paralisia cerebral. ocorrerá a chamada trissomia. havendo a presença de um cromossomo extra junto ao par cromossômico 21. que se seguem a quebras (vide. 1996). por outro lado.5 a 3% dos casos de síndrome de Down são causados por translocações cromossômicas. também deficiência mental. às vezes a não-disjunção ocorre tardiamente. perinatal ou pós-natal. mas havendo uma incidência bem maior em mulheres mais idosas. p. para pessoas com síndrome de Down. 45 . já que tanto o comportamento quanto o desenvolvimento da inteligência dessas pessoas dependem muito das diversas estimulações que elas venham a receber. Com a nãoseparação. que têm grande chance de se constituírem em um risco adicional para a prática esportiva. os cromossomos também se dividem. sendo o restante de origem paterna. Porém. 1976. entre outros. Pesquisas realizadas por KÖNIG et al.I. Estes distúrbios visuais é que dificultariam o processo de aprendizagem e não a paralisia cerebral. a educação física e o esporte nos apresentam para nosso desenvolvimento cognitivo. É comum a ocorrência de distúrbios visuais em portadores de paralisia cerebral. LOTT (1993) encontrou prejuízos evidentes em portadores de síndrome de Down nas áreas da memória seqüencial auditiva e visual. (s.) indicam os seguintes resultados relativos à inteligência de crianças e jovens com paralisia cerebral: 25% apresentavam inteligência normal. sendo que aproximadamente 60 a 80% dos estudantes com paralisia cerebral apresentam algum tipo de comprometimento da visão e. que também é denominada de “instabilidade cervical na síndrome de Down” e que tem uma ocorrência entre 12 a 20% das pessoas com esta síndrome.. enquanto em pessoas sem deficiência o índice é de 1 a 2%). que eleva em muito o risco de acidentes e. FOWLER (1990) encontrou também achados importantes de comprometimentos da linguagem e da fala. tendo encontrado dois deles com QI acima de 85. apenas com a assistência médica e fisioterápica e deixam de lado o estímulo para que o filho com deficiência tenha a infância e juventude asseguradas.. freqüentemente. a visualização de obstáculos fica prejudicada. encontram-se crianças com comprometimento motor severo e com inteligência normal. assim como podem dificultar o processo de aprendizado na iniciação esportiva. de percepção e diferenciação de formas podem dificultar o processo de aprendizagem de crianças e jovens com paralisia cerebral. são de relevância as pesquisas realizadas por MOORE (1973. em condições de acompanhar as diversas séries do ensino regular desde o nível fundamental ao nível médio e até o ensino universitário. Como o nistagmo é um tremor dos olhos.d. de deficiência visual). Os pais não foram preparados para ter filhos com deficiência e se preocupam. as crianças e os jovens com paralisia cerebral ou com outras formas de deficiência física ou visual. 8. POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES DA PARALISIA CEREBRAL NA APRENDIZAGEM ESCOLAR Muitas vezes.750 portadores de síndrome de Down. Sendo a deficiência mental uma das mais importantes características da síndrome de Down.3%). podem ser citadas. 50% apresentavam limitado Q. que podem induzir a equívocos e a preconceitos. por exemplo: patologias do coração (em quase 40% dos portadores de síndrome de Down). se não for tratado precocemente. Distúrbios visuais. Além disso. social. Com isso.58). físico e emocional. favorecendo a ocorrência de acidentes). 40 a 50% necessitaram de correção óptica (lentes ou óculos). podendo provocar a morte ou uma tetraplegia. por exemplo. 1999.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Entre elas. deste total. que avaliou 2. Muitas dessas crianças e jovens não receberam nenhuma estimulação em casa. 25% apresentavam níveis de inteligência classificados como severos ou profundos. possui extrema relevância na prática esportiva por portadores de síndrome de Down a incidência de instabilidade atlanto-axial. 46 . nistagmo (1. convulsões (menos de 5%. não têm nenhuma experiência com o próprio corpo ou com objetos. já que muitos alunos com paralisia cerebral não só têm inteligência normal como são ótimos alunos. citado por SCHWARTZMAN et al. p. estrabismo (33%. assim como também não estão habituados a conviver com os desafios que as brincadeiras. A diversidade de condições para o aprendizado escolar é muito grande e deve-se evitar o uso de informações generalizadas. e sete com QI entre 70 e 84. CONTRIBUIÇÕES DO ESPORTE ESCOLAR PARAOLÍMPICO PARA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM. táticas ou técnicas). à frente. mencionada a pobreza de experiência motoras.). em linha sinuosa. ao lado. a fisioterapia. atrás. especialmente das crianças e dos jovens. ela é estudada e praticada por diferentes profissões. etc. Promover dinâmicas esportivas e de lazer procurando estimular os alunos a se perceberem como pessoas capazes e a ter prazer nas atividades físicas. Promover a oportunidade de vivenciar diversas formas de atividades. se aproximando. para depois se dar ênfase à iniciação esportiva no ambiente escolar. com os próprios alunos criando brincadeiras ou variando formas jogadas. discriminação de pesos . Proporcionar a vivência de atividades de equilíbrio (estático. por exemplo. seqüências motoras e melódicas. etc. Por outro lado. como ocorre freqüentemente no basquete e no handebol. Ser capaz de selecionar entre estímulos importantes e secundários. poderiam ser citadas as seguintes ações: Exercícios e práticas esportivas que estimulem a atenção e concentração (capacitar-se para manterse atento por cada vez mais tempo e de selecionar entre estímulos secundários e principais). regras. se afastando. com base nas aulas de educação física e na iniciação e na prática do esporte escolar paraolímpico. se deveria promover uma estimulação psicomotora para assegurar uma base de desenvolvimento.). bem como melhorar a coordenação motora. em linha reta. longe. a terapia ocupacional e a medicina. dentro. Proporcionar dinâmicas que favoreçam vencer o medo. A seguir. tamanhos. 47 . Como a psicomotricidade abrange variados aspectos. Favorecer a lateralidade com uso de formas jogadas e brincadeiras: em cima. A estimulação psicomotora. fora. embaixo. em muitos casos. cores.Introdução ao Movimento Paraolímpico 9. passando-as a ver como um desafio que pode ser superado. último. organizado numa certa seqüência. auditiva. entre outros. Estimular a melhora das percepções: tátil (texturas e temperaturas). sociais. somos de opinião que. primeiro. emocionais e esportivas em crianças e jovens com deficiência. a educação física. etc. visual. Capacidade de tomar decisões adequadas. deve-se reconhecer que muitas crianças e jovens com deficiência já apresentam plenas de prática esportiva. da percepção espaço-temporal (perto.). dinâmico e de materiais). Como exemplo de estimulação à cognição. rápido. proximidade e distância. para aprender a se comportar adequadamente. e sua relação com o comportamento motor e emocional das pessoas. por exemplo com as seguintes ações de: passar e receber. poderia ser usada para favorecer os processos cognitivos dos alunos e outras condições fundamentais ao processo de inclusão e à valorização de suas pessoas pelo esporte escolar paraolímpico. deve ser dito que a psicomotricidade é uma área do conhecimento que estuda. citamos alguns exemplos de estimulação psicomotora. quando iniciam o processo de escolarização. porém. Antes. A memorização (de brincadeiras. o equilíbrio. associação de músicas e movimentos). devagar. INCLUSÃO E VALORIZAÇÃO DOS ALUNOS Considerando-se estar já por algumas vezes. A criatividade (por exemplo. tais como a pedagogia. cada caso é um caso. o desenvolvimento das estruturas neurais e da cognição. Ou seja. a psicologia. P. 48 .corpohumano. Schweizer Paraplegiker Zentrum/Deutschsprachige Medizinische Gesellschaft für Paraplegie. Melhora a qualidade de vida. Paralisia cerebral: neurologia. aumento do percentual de plasma sangüíneo. São Paulo: Manole. a valorizar-se.: aumento dos capilares disponíveis e de seu calibre. por exemplo. E.ig. clubes. Diagnóstico topográfico em neurologia. A deficiência motora em pacientes com paralisia cerebral. Trad. Redução da freqüência cardíaca.Fluch oder Segen? In: ZÄCH. Efeitos psicológicos (conhecer-se como alguém capaz e não apenas como um portador de deficiências. Nottwill. melhor auto-aceitação e autoconfiança.. Inclusão social. Menor produção e maior tolerância ao lactato. J. São Paulo: Manole. maior motivação. combater o narcisismo e o egocentrismo. ajudar e aceitar ajuda. B. p. 1990. aprender a ser solidário. et al. L. BOBATH. Melhorar a condição física. EISENHUTH.P. combater a introversão. B.html ARAÚJO. combater a depressão. C.com. desinibir-se. participar ou esperar sua vez. J. etc. por representar suas associações. tático e físico. reabilitação.). etc. CASALIS. p. desenvolver a autoconfiança. M. 1989. 10. canalizar a agressividade. 2000.P. 1978. G. Trad.E. Estado ou País. DUARTE. 11.br/variados/thaty/tathy2. FONSECA. BIBLIOGRAFIA http://www.Manual de Orientação para Professores de Educação Física tocar e ser tocado. tanto sobre o ponto de vista muscular quanto cardiovascular. DUUS.). Aprimoramento técnico. A. 235-239. A. Erstversorgung. H. reduzir a dependência e promover a independência (física e na tomada de decisões).).F. H. Psicologia no tratamento da criança com paralisia cerebral. Lebenslange Betreuung. K. KOCH. In: LIMA.hpg. aprender a reconhecer seus potenciais e o das outras pessoas. Rio de Janeiro/São Paulo: Atheneu. 45-48.A. aprender a liderar e a seguir instruções. sentir-se preparado para também participar. Reduz a possibilidade de ocorrerem doenças relacionadas aos males do sedentarismo. bem como a ser responsável. (Hrsg. BOBATH.. promover o comportamento mais extrovertido. EFEITOS POSITIVOS DO ESPORTE ESCOLAR PARAOLÍMPICO PARA OS ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA Promove adaptações metabólicas positivas. sentir-se aceito. 1979.G. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan 2004.L. Rio de Janeiro: Cultura Médica. a apatia e o medo. ELISABETSKY. GMÜNDER. Querschnitt im Längsschnit. escolas. Aprender a se empenhar.A.. Reabilitação/espasticidade. P. Der psychologische Dienst . Saber valorizar-se e ser valorizado por sua família e pela comunidade. quando adequadamente dosado e aplicado (ex. BENTERBUSCH. ortopedia. Atividade postural reflexa anormal causada por lesões cerebrais. reabilitação.). FONSECA. São Paulo: Mackenzie. p.A. FONSECA. FONSECA. L.119s.E.R. p. C. In: LIMA. ortopedia.M.A... C.L. SLOVIK. S. L.C. 2001.C. FONSECA. In: LIMA. Odontologia e criança portadora de paralisia cerebral.A. et al.J. NOGUEIRA. s. W. In: LIMA.L.B. ortopedia.L.F. Transtorno de déficit de atenção. 2004. Reabilitação/espasticidade. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. SANTOS. FRONTERA. A. P. São Paulo: Memnon 2001.P. de. BURNIER. C. 2002. Eine sporttherapeutische orientierte Methode zur Verbesserung der Gehfähigkeit von Körperbehinderten. P. C.L. 2004..F. Atuação da fisioterapia no tratamento da criança portadora de paralisia cerebral. p.F..e. de. 2004. Gehschule für Cerebralparetiker.. APAE: Mãos que Constroem a Dignidade Humana. reabilitação. 2004. (Ed. 2004. FONSECA. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Paralisia cerebral: neurologia. Paralisia cerebral: neurologia. ortopedia..F. 2004. de. Exercício físico e reabilitação.A. Caxambu. L. ortopedia. P. 49 .L. M.. ortopedia.399-411. SOUZA.431-446. Aspectos motivacionais na reabilitação da paralisia cerebral. J.. Porto Alegre: Artmed. FONSECA.P.S.421-430. reabilitação. Inclusão e escolaridade. Paralisia cerebral: neurologia. p.S. Terapia física.F.249-258..G. p. p.J. FONSECA. R.221-225.A. p. (Org. reabilitação..A. p. TIBÚRCIO. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. L.L. Paralisia cerebral: neurologia. A..N. C. L. Weimar: GFBB Bad Kösen.267-273. FONSECA. ortopedia.. SOUZA. C. de. Esporteterapia como indutora da neuroplasticidade na paralisia cerebral. C. A.. Rio de Janeiro/São Paulo: Atheneu. SILVA et J. FERRARETTO. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.. Anais do 8o Congresso Estadual das APAEs de Minas Gerais..C. SCHWARTZMAN. In: LIMA. Paralisia cerebral: aspectos práticos. P.Introdução ao Movimento Paraolímpico FEDERAÇÃO DAS APAEs do ESTADO DE MINAS GERAIS. SIMÃO.F.. M.P. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. FONSECA. Konzepte der Bewegungstherapie nach Schlaganfall. 2004. Paralisia cerebral: neurologia. I.F. p. (Org. SOUZA.M. In: LIMA. Atuação da terapia ocupacional no tratamento da criança com paralisia cerebral.M.F.B.S. A. L. DAWSON.A.L. reabilitação. reabilitação.P. CURY. et al.211-219. In: SEIDEL.. Paralisia cerebral: neurologia. Paralisia cerebral: neurologia. ortopedia.F.F.F. L. reabilitação.A. Fonoaudiologia na paralisia cerebral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. L. L. V.S. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.). FONSECA. L. GONTIJO..35-48. E. Paralisia cerebral: neurologia. L.. REIS. In: CASALIS. M. SOUZA. Trad. 1995.C. Integração sensorial na criança com paralisia cerebral. S. 2004. L. ortopedia.259-265. Musicoterapia e paralisia cerebral. 2004. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. M. C.C. MOURA.299-309. LAMBERTUCCI. p. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. N. Paralisia cerebral: neurologia. C. D. In: LIMA. M. ortopedia. Paralisia cerebral: neurologia. A.L. SAURON. FONSECA. C. D. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.R. 2004.F. L.). In: LIMA. A tecnologia assistiva na paralisia cerebral. In: LIMA. MÜRER. SILVA. 1990.413-419. F. p.M.L.A. FONSECA. MAGALHÃES.A. 2001. reabilitação. ortopedia. reabilitação.M. A.P. In: LIMA.A. In: LIMA. reabilitação.F.L. e Teresa com as meninas na sombra da mangueira. no Rio de Janeiro. Já no terreno vizinho. existe um pequeno córrego. Chegamos juntos à escola e já estávamos por lá há seis anos. dava a eles esse tempo. Eu com o grupo de meninos. as alunas e até Teresa olhavam para mim. Até que tudo ficou bonitinho. que usava um chapéu para me 50 . Sou professor de educação física em uma escola pública na cidade de São Gonçalo. De dois velhos bancos que estavam nos corredores. É a Escola Municipal Ednoc Lacsenem. pintamos as linhas com cal e meus alunos me ajudaram a fazer as duas traves pintadas de branco. eu estava revendo meus alunos que cursariam a quarta série. Roberto. Entre o campo e o barranco. de um lado o prédio. com torneios entre as turmas de futebol. diretora da Ednoc. temos um terreno. simplesmente. Com o chão de terra batida. “queimada” e voleibol. era cego. Eu. O choque inicial Nossa história se passa em 1996. Todas as turmas têm duas aulas por semana. Fiquei mudo. mas agora todos os alunos. somos dois. É um menino muito inteligente e gosta muito de esportes. No início do ano letivo. sempre que podem. temos. logo depois de um barranco de uns dois metros de altura. e ela só nos visita em ocasiões realmente muito especiais. quando não chove muito. Isso mesmo. esse é seu novo aluno. Muito barulho. teimam em fugir para lá. nome dado em homenagem a um ex-professor de origem eslava. segundo nos contam. muito assunto trazido das férias de verão para ser dividido com os colegas. Esperavam a minha reação. notadamente. trazendo pelas mãos mais um aluno. de dois andares. Junto às laterais. temos os muros que demarcam o terreno da escola. compareceu até a gerente regional de Educação. fizemos um “caminho do Tarzan”. com as salas de aula e do outro um terreno abandonado com muito mato. esse é o professor Pedro Paulo. O silêncio continuava. quer dizer. a escola não possui muros nos fundos e nossas bolas. barras fixas de três alturas. ele veio transferido para nossa escola. junto aos bancos. com tubos galvanizados. penduramos uma corda grossa na mangueira e dela até um poste de madeira esticamos a nossa rede de voleibol. Ela foi logo dizendo – professor. Virei e vi dona Adriana. A Ednoc tem cerca de 250 alunos. todos na faixa de dez a doze anos. Era o Roberto. Por trás dos dois gols. No fundo da escola. nele fizemos nossa quadra. de repente notei que meus alunos pararam com a algazarra e olhavam por cima de meus ombros. improvisamos uma pequena pista de corridas e. De Educação Física. De costas para o prédio da escola. Eu. Minha escola atende a uma comunidade carente da 1a à 8a série do ensino fundamental. pois Roberto. Fazia muito calor naquela manhã de fevereiro. com uma escada e quatro dormentes. fizemos a nossa “arquibancada”.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Capítulo 3 Antonio João Menescal Conde EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA INCLUSIVA E A BASE DO ESPORTE PARAOLÍMPICO ROBERTO É MEU ALUNO – ELE É CEGO Meu nome é Pedro Paulo. abrigados à sombra da árvore. Suas fisionomias iam da surpresa à incredibilidade. eu e a professora Teresa. ainda em terreno nosso. No dia da inauguração. Ao redor do campo. uma enorme mangueira. Mesmo relutante. de forma mecânica. isso sim. Disse-me que todos nós somos diferentes uns dos outros e que o aluno deficiente tem somente uma diferença mais visível. Tinha a aula toda planejada. Ela é a professora da Secretaria de Educação que dá apoio aos alunos com deficiência visual da rede municipal. das amplas possibilidades de Roberto. Com Roberto. muito rápido. Ela falou-me sobre a deficiência e sobre a igualdade. mas que isso não era inerente ao cego. “Pingava” a freqüência. confesso que foi a primeira coisa que pensei. já na sombra de nossa árvore. total incapacidade para ver. Como foi? Eu conto depois. em função da diminuição de suas possibilidades de experimentação concreta. Ela não significa. ou seja. para ele e para todos em nossa escola. minha cabeça explodia de dúvidas e de soluções mágicas. como quase todos nessa idade. prejuízo dessa aptidão em níveis elevados. quando comparadas a indivíduos de visão normal da mesma faixa etária. Pedi que todos corressem ao redor do campo e pedi a Bernardo. Sentaram no chão e começamos a chamada. E agora? O que vou dizer? Como falo com ele? Educação Física. me vi coçando a cabeça. afetivo. mas. inclusive eu. será possível? Eu estava absolutamente sem ação. Mas. eu e toda a turma. o termo cegueira não é absoluto. respondeu. vi que ela não tinha como me ajudar. Contudo. Quem é o meu aluno Roberto? Logo na primeira semana de aula. Juntei o grupo. Respirei fundo e encarei. tirei-o e. Percebi que o caminho era esse. pequeno jogo de iniciação ao handebol. nenhuma outra defasagem lhe é naturalmente inerente. que fosse junto do Roberto. Dei a mão para o Roberto. ainda. dona Leila me falou que o deficiente visual é uma pessoa normal que não enxerga ou possui baixa visão. tudo bem? Tudo. era um grande desafio e eu tinha de enfrentá-lo. e agora? Como inserir Roberto nessas atividades? Dispensá-lo das aulas. disse das generalizações que os formam. Falou-me de preconceitos. Bernardo pegou Roberto pelas mãos e começaram a correr. Faríamos uma brincadeira de “pique ajuda” e depois um “queima-queima”. notei que Roberto e Bernardo. Logo notei que Roberto preferia segurar no braço de Bernardo durante a corrida. de um relacionamento familiar e/ou social inadequados e de intervenções educacionais não apropriadas. ao contrário do que poderíamos supor. um aluno antigo e que gozava de minha confiança e amizade. Informou que. Tempo. futebol e handebol e de nosso torneio interno de julho. pois reúne indivíduos com vários graus de perda visual. necessariamente. 51 . passaram a conversar enquanto corriam.Introdução ao Movimento Paraolímpico proteger dos quase 40 graus do verão fluminense. as quais. era isso de que eu precisava. de sua paixão por futebol. Tinha de pensar em algo e fazê-lo bem rápido. fui procurado por dona Leila. Mas não. inicialmente arredios entre si. absolutamente lacônico. cognitivo e psicomotor. acho que disse para dona Adriana algo assim como “deixe comigo” e o levei até o grupo de alunos. Não sabia. Todos ainda meio atônitos. tínhamos de conversar. enquanto pensava no que fazer. Roberto. sem perceber. Olhei para Teresa como que pedindo socorro. que ali estava começando uma grande caminhada para mim. Ela me respondeu com os ombros e com as mãos. de seu nível de expectativa e. naufragavam num maremoto de incertezas. E aí Roberto. Enquanto isso. falaria das atividades que seriam desenvolvidas naquele primeiro semestre. No primeiro de nossos muitos encontros. e conversamos durante todo o tempo restante. aprendemos coisas que jamais poderíamos aprender em livros e cursos. Contudo. poderá apresentar diferenças no desenvolvimento social. aprendeu o sistema braile. conversando animadamente. Ela também falou da deficiência adquirida. A conversa Passado o choque inicial. se corresponde a um dos critérios seguintes: a visão corrigida do melhor dos seus olhos é de 20/200 ou menos.. caracteriza-se como cego aquele que possui uma acuidade visual até 6/60. se ela pode ver a 20 pés (6 metros) o que uma pessoa de visão normal pode ver a 200 pés (60 metros). o Bernardo foi nomeado monitor de educação física. sendo o campo visual normal de 180º. junto com um bando de outros garotos. A visão é nula. Roberto escreve e lê em braile. Juntos. Ela passou pelas mesmas inquietações que eu. a amplitude da área alcançada pela visão. o tricolor das Laranjeiras. Ela me disse que. ou se o diâmetro mais largo do seu campo visual subentende um arco não maior de 20 graus. eu e ela. voltando à sala de aula. Todos falavam. Percebi isso e perguntei – Roberto do que você gosta? Futebol. Foi o futebol que aproximou os dois alunos durante a corrida.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Disse que a cegueira total. Já no nosso segundo encontro. nós nos despedimos e pude perceber Roberto. por duas escalas: acuidade visual. O Bernardo foi o primeiro a falar “ele é muito legal. delimita-se como cego quem necessita de instrução em braile (sistema de escrita por pontos em relevo) e como portador de baixa visão aquele que lê tipos impressos ampliados ou com o auxílio de potentes recursos ópticos. aquilo que se enxerga a determinada distância e campo visual. então. nascera cego em função de uma doença de sua mãe durante a gestação. todos. fez cursos e de Roberto um de seus melhores alunos. sentamos à sombra e passamos a conversar claramente sobre como seriam nossas aulas naquele semestre para que o Roberto pudesse participar de tudo. Naquele momento. aquele que possui acuidade visual de 6/60 e 18/60 ou um campo visual entre 10 e 20º. eu e muitas outras pessoas inteligentes somos tricolores. ainda que sua acuidade visual nesse estreito campo possa ser superior a 20/200. ou seja. pena que seja flamenguista . disse-nos que se enquadram nesse caso pessoas que nascem sem uma deficiência que só se instala após os dois ou três anos. ou um campo visual de até 10º e como portador de visão subnormal. dona Leila nos informou que Roberto possuía cegueira congênita. pressupõe a completa perda de visão. Ele teria a função principal de fazer seus exercícios junto com o Roberto. nesse momento tornava-se importante listar prejuízos no desenvolvimento de crianças 52 . Uma pessoa é considerada como tendo visão subnormal. ainda no segundo encontro que tivemos. ou seja. Muitas idéias surgiram. isto é. Acabou o horário da aula. ou baixa visão. ou simplesmente amaurose. torcedores do glorioso Fluminense Futebol Clube. ele corre mais que eu”. pedagogicamente. Dona Leila. Eu e dona Cristina Dona Cristina era a professora da turma 401. viria a surpreender a todos nós. Nesse contexto. nem a percepção luminosa está presente e que a delimitação do grupamento de deficientes visuais se dá. fui surpreendido pela observação do Bernardo “eu posso correr sempre com ele. é fácil. e muito bem. Das dúvidas iniciais. ou baixa visão. sempre buscávamos o apoio de dona Leila. menos o Roberto. guiado por Bernardo. disse-nos que. Todos nós decidimos que o futebol seria a unidade do semestre e que o Roberto participaria de tudo aquilo que pudesse. contudo. Depois de alguns comentários sobre os times do futebol carioca. Roberto era também seu aluno. ele segura no meu braço e vamos embora”. Bernardo. embora em sua conceituação tenha dado ênfase à condição do deficiente visual como uma pessoa normal que não enxerga ou possui visão subnormal. A participação dele. disse incisivo. isto é.. achando os seus sempre os melhores. é claro. mas será que vou conseguir? Voltando sua atenção para a dona Cristina. à sua maturação e. A bola rolando não a faz correr atrás dela. a lateralidade. Sua limitação não é temporária. os exercícios de relaxamento e de flexibilidade articulatória. A criança cega não pode tirar o pano dos olhos. a mobilidade. podem causar uma problemática cognitiva no aluno cego e que esta tem como característica básica a dificuldade na formação e na utilização de conceitos. Eu e dona Cristina ficamos absolutamente atentos àquilo que falava e nos perguntávamos por que nunca havíamos pensado nisso. Voltando a mim. Falou ainda que a criança cega tem no movimento o principal veículo das descobertas e que cercear-lhe essa possibilidade. A “cabra cega” percebe-se momentaneamente cercada dos parâmetros visuais que. a visão leva a criança ao movimento. Senti minhas responsabilidades aumentarem. são de maneira mais acentuada na área motora e se dão. Lembro que pensei: bonito isso. mas sim pela limitação de experiências motoras em diversos níveis. Ela sempre aumentando minha responsabilidade. quem pode esquecer.Introdução ao Movimento Paraolímpico cegas que são cientificamente comprovadas e estatisticamente relevantes. assim como a falta de relação entre o objeto visualmente percebido e a palavra. Seus conceitos. de segurança em relação às suas possibilidades. a expressão corporal e facial. a coordenação motora. isolamento e desinteresse pela interação social. ainda olhando em meus olhos. sentimento de mais valia. dona Leila nos disse que a potencialização da ação motora autocontrolada buscará dotar a criança cega de elementos psicomotores. principalmente aqueles que levam à ação motora. Do móbile pendurado sobre o berço. olhou para mim e disse: “professor Pedro Paulo. A visão constitui para a criança o principal elemento de captação de informações e estímulos. à bola rolando no pátio da escola. contudo. quebrando possíveis situações de apatia. capaz e participativo. constitui bloqueio externo ao seu desenvolvimento geral. quando apresentadas. serviam-lhe. como o Roberto. que a defasagem cognitiva é uma situação conjuntural e não estrutural no desenvolvimento da pessoa cega. Disse. 53 . auto-estima. podem não estar adequados à realidade. Ainda no berço. por conseqüência. de formação e desenvolvimento do espírito de coletividade e elaboração dos conceitos de colaboração e co-participação e de diminuição de sua ansiedade... além da falta de experiências práticas. afetivos e cognitivos que a levem. mesmo sabendo da importância da educação física para todos”. a direcionalidade. Quando ela falou isso. que a educação física é excepcional para o aluno cego como ferramenta de desenvolvimento afetivo. Dando ênfase à importância do trabalho realizado pelos profissionais que atuam na área de atividades motoras das crianças cegas. sua mão não vai naturalmente ao móbile. não por um deficit anátomo-fisiológico do sistema motor inerente ao cego. aqueles que passaram por essa experiência podem perceber claramente o privilégio e a vantagem do vidente sobre o não-vidente na orientação espaço-temporal e nas possibilidades de movimentação. o equilíbrio. a perceber-se como ser inédito. Em seguida. quase que exclusivamente. ou na calçada da rua. Ressalvou. ela nos informou que a limitação na captação de estímulos. Disse que essas diferenças. dependência. ao seu adequado e igualitário encontro com a sociedade. para o Roberto o seu trabalho será muito mais importante do que para os demais. ela comentou que alunos cegos. explicou que a maior parte dos conceitos que a criança cega adquire chegam até ela por seu corpo e seu movimento. necessitam de atividades de educação física que atuem e enfatizem a formação adequada da imagem corporal. por meio de um processo gradual e progressivo de ampliação de seu mundo particular e restrito pela falta das informações visuais. dos corporais aos abstratos. . a postura. por ações ou falta delas. na sua interação com o meio ambiente. dos esquemas corporal e cinestésico.Lembram da brincadeira de “cabra-cega”? . Perguntou se nos lembrávamos das brincadeiras infantis de nossa época. a partir do auto-conhecimento corporal e do aumento de suas possibilidades de experimentação ativa em situações de aprendizagem. tendo em vista seu potencial nessa área como fator de aquisição de autoconfiança. até então. Claro. veio o circuito. Foi uma verdadeira aula que tivemos. o cego e o portador de visão residual não desenvolvem naturalmente os sentidos intactos de forma compensatória. ao final daquela primeira aula. empurrar. a corda e a rede de voleibol. todos os demais alunos e eu. sem uma adequada estimulação. pular. a audição e o olfato. carregar e alguns abdominais. subiam e se balançavam na corda pendurada na mangueira. suspensos por suas mãos. nossas duas únicas bolas.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Finalizando. Usaríamos os bancos. certamente. Seria sempre em duplas e não obedeceria a uma ordem fixa de estações. de maneira fidedigna. todos juntos. Eram. eu e o Roberto já somos amigos”. todos os demais sentidos deveriam ser muito bem trabalhados. o “caminho do Tarzan”. o campo. Quem visse de longe. as barras. Olhamos aquilo e pensamos juntos em utilizar nossos equipamentos feitos na escola e parcos materiais montando um pequeno circuito. Eu explicava os exercícios. vibrávamos e percebíamos que nossos limites são muito mais amplos do que julgáramos anteriormente. Antes da aula. Roberto fez todos eles. colocou que. transpunham com facilidade o “caminho do Tarzan”. Eles subiam e pulavam os bancos. todos de mãos dadas. Bernardo. dois amigos e colegas de escola brincando na hora do recreio. faziam barras e oitavas. sempre com Bernardo e Roberto juntos. puxar. como aliás fazíamos sempre no horário de recreio. dele poderia participar. por isso. Depois fizemos duas brincadeiras em grupo. Usava a ajuda física segurando o corpo de Roberto e deixava que ele tocasse o seu corpo para que pudesse perceber as posições e os movimentos. Ele me disse “pode deixar. Bernardo não deixava passar um detalhe sequer. 54 . Foi tudo muito legal. Falei da importância da ajuda e da segurança. Confesso minha insegurança nos primeiros momentos e minha ansiedade para que tudo desse certo. Com o Roberto à frente. duas crianças. Roberto. Passamos para exercícios e brincadeira em roda. Antes da primeira aula Chegara o dia da minha primeira aula de fato para a turma do Roberto. antes de mais nada. Eu e Teresa estávamos juntos. já que Roberto. pude ver que Bernardo e Roberto brincavam juntos em nosso “parquinho esportivo”. só não subiram mais por intervenção de uma preocupada assistente de alunos. tudo ao Roberto. explicava. na hora do recreio. Ali mesmo começamos a desenhar o esquema básico. na diminuição da diferença na captação e elaboração dos estímulos ambientais e que. as cinestesias. Pelo menos parte do problema eu julguei ter resolvido. Enfim uma luz. A primeira aula Antes de começarmos a aula. Eu mostrei estação por estação. O resto do tempo foi gasto com os alunos experimentando as estações e conhecendo o circuito. chamei o Bernardo e conversamos sobre a sua responsabilidade como monitor de Roberto. O circuito Logo depois. Disse que seria um circuito diferente daqueles que nós já havíamos feito. com toda a paciência. não atuam. jamais imaginaria que um deles era cego. estando cerceado no principal dos sentidos. uma idéia genial. Fizemos a corrida. Cada dupla ficaria num determinado aparelho até que eu comandasse a troca. Olhei admirado quando vi que Roberto e Bernardo subiam até os primeiros galhos de nossa mangueira. O tato. demonstrava e Bernardo o ajudava e corrigia. Seria um circuito com algumas estações e que fosse realizado sempre em duplas. e finalizamos a parte inicial da aula com exercícios em duplas – saltitar. decidíssemos qual poderia ser a sua participação no futebol. Vamos a elas: ESTRATÉGIAS BÁSICAS PROPOSTAS E CUIDADOS ESPECIAIS PARA PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE ALUNOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VISUAL Reconhecimento (conceituação e mapa mental) das áreas. ficamos nisso. dona Leila. Faríamos alguns pequenos jogos. dos ambientes e das situações de aprendizagem. recepção. Um “pulo do gato”. Novamente com dona Leila Antes da segunda aula. Naquele dia. ela me deu uma apostila cheia de dicas sobre como trabalhar com o Roberto. nossos exercícios. e conversamos sobre nosso circuito. Os alunos participaram efetivamente num ambiente de alegria e de descontração. superando “situaçõesproblema”. Falou-me da importância que existia para ele do conhecimento. Todos aprovaram e Bernardo e os demais alunos ajudavam e torciam sempre para que Roberto desempenhasse bem suas participações nos grupos dos joguinhos. Não sei o que eu poderia ter feito sem a ajuda dela. eu soube que o Flávio havia pedido para correr com o Roberto. controle e domínio do próprio corpo. e todos queriam guiar o Roberto. logo na corrida de aquecimento. sempre ao meu comando. liberando sua criatividade e sua auto-expressão. favorecendo o perfeito estabelecimento do “EU” e de suas relações. 55 . por sinal. Ela fará barulho e eu saberei da sua posição”. me disse que nem tudo seria possível e adequado ao Roberto. Nosso circuito foi muito bom. Depois. houve um revezamento na corrida. conversando com o Bernardo. fui surpreendido ao ver que Roberto corria com outro colega. recebo. contestes e estafetas centrando em componentes de técnica de futebol. Como fazer com que a participação de Roberto fosse possível? Como adaptar as atividades? Excluí-lo delas? Nunca. importantíssimo. Logo do futebol. Viria a parte principal da aula. Ao final de nosso encontro. Grande. eu ainda cheio de dúvidas sobre o que e como fazer com o Roberto no jogo de futebol. de que ele tanto gosta.Introdução ao Movimento Paraolímpico A bola Já na segunda aula. Pulavam de estação em estação. condução da bola. deve ser dado o tempo necessário ao completo reconhecimento do ambiente de aula. Sentamos. Disse-me que educação física deve buscar com o aluno cego a ampliação das possibilidades de formação de conceitos com o aumento do potencial de exploração dos objetivos. basta colocar a bola dentro de um saco plástico. Depois desse dia. utilizando-o como instrumento básico e do movimento como meio. No circuito. Quando eu já ia saindo. aconteceu a mesma coisa. nossas brincadeiras e sobre futebol. Uma coisa tão simples e que não impedia os outros alunos de jogarem com a mesma bola. Todas as minhas dúvidas voltaram. Era o Flávio. Ao aluno cego. mas que o prazer de poder fazer e de participar efetivamente era. utilizando o corpo e o movimento em descobertas. Passei minhas inquietações para ela que. um problema disciplinar. sempre à sombra de nossa mangueira. para ele. implementos e materiais a serem utilizados nas aulas de educação física. a visita de dona Leila. muito paciente. ela falou para que eu conversasse abertamente com o Roberto e. quase. Bem na hora. juntos. Queria experimentar e ajudar também. uma liderança na turma e. desse de supermercado mesmo. Foi o próprio Roberto que me deu a idéia: “professor. mais uma vez. passes e chutes. inicialmente. Lembre-se de que é uma tendência natural do ser humano o temor do desconhecido. A brincadeira desempenha um papel importante no seu desenvolvimento. ou nos primeiros anos do ensino fundamental. Essa necessidade. e principalmente.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Uso de pistas ambientais: o vento entrando por uma porta ou janela. Lembre-se da importância das pistas sonoras e de uma voz de comando clara. Não tenha melindres de alertar o seu aluno cego sobre qualquer impropriedade no seu vestuário. A criança cega. por meio do movimento. Nessa fase. Sua performance aí não deve ser enfatizada. além da questão afetiva. Além da importância fundamental para a saúde. sem comunicar sua chegada. Ei! Você aí! Pare! Vem aqui! Existindo uma limitação óbvia à demonstração. entre os quais haja um cego. poderá utilizar a ajuda física e a percepção cinestésica. exteriorizar livremente. Não generalize predicados ou defeitos de um deficiente visual a todos os outros. padrões de expressões rítmicas corporais. Não saia de uma conversa com seu aluno cego sem avisar de sua saída. quanto ao interesse por atividades recreativas. se inseridos pelo professor. Ela gosta e tem necessidade de brincar. com adaptações. quer ser tratado com igualdade. use o bom senso. pistas essenciais à sua orientação e locomoção e à formação do mapa mental do ambiente físico. A deficiente não é diferente. o mais importante é que o movimento corporal aconteça. Não demonstre excesso de proteção ao seu aluno cego ou com baixa visão. Ele o segurará acima do cotovelo e caminhará meio passo atrás de você. tem seu desenvolvimento em consonância com a criança de visão normal da mesma faixa etária. as boas condições de higiene são importantíssimas no convívio social. oferecendo-lhe o braço. Procure evitar ambientes profundamente ricos em estímulos sonoros. uma fonte sonora localizada em um ponto constante. Nunca prejulgue o seu aluno cego ou de baixa visão. o seu ritmo próprio. desconhece. Toda criança gosta de brincar. Conduza o seu aluno cego. Contudo. Tente. Dê ênfase às brincadeiras que trazem em si a necessidade da interação ambiental e interpessoal. se for demonstrado. o professor. Lembre-se de que as diferenças individuais constituem-se parâmetro do processo educacional e as generalizações são componentes básicos do preconceito. Enfatize a higiene pessoal. O medo de situações novas não lhe é inerente. considerando-o incapaz de realizar um exercício ou atividade. assume um papel importantíssimo na segurança do aluno. um odor característico. Ela não tem. ao aluno cego. Eles não responderão a expressões quase sempre acompanhadas de gesticulação. além da voz de comando. Embora possam acontecer diferenças psicomotoras. a textura de solos e paredes. a posição do sol. É absolutamente necessário que o professor saiba o nome de seus alunos deficientes visuais. Não julgue que seu aluno cego conte passos para localizar objetos ou portas. antes de mais nada. indicações sem a menor importância. tocando no seu aluno e deixando que ele o toque. naturalmente. Ao aluno vidente. Os jogos de contestes e estafetas. Ele utiliza a memória cinestésica que todos nós temos e que ele desenvolve muito mais. Esses padrões. inserido em uma turma de não deficientes. O sentido rítmico é inerente a todo o ser humano. poderiam demonstrar-se contraproducentes e inibidores na pré-escola. empregue estratégias que propiciem a ela a experimentação física e a formação do conceito ambiental. Lembre-se sempre que ele. a criança cega. enquanto não forma o conceito. lembre-se de que a vida dele será um contínuo superar de obstáculos. À criança cega deve ser dada a possibilidade de. são possíveis e trazem grande participação. 56 . tampouco chegue a um grupo de alunos. Precisa ter oportunidade de descobrir a brincadeira e o prazer e a alegria que ela traz. contudo não poderão limitá-lo por meio da formação de um prognóstico final. do prazer e da alegria sobre os conteúdos formais. ficaria assistindo. durante os jogos. da individualidade sobre o todo. os exercícios técnicos e. mesmo com a bola fazendo barulho. problemas e reforços apresentados de forma individualizada sobre aqueles dirigidos a todo o grupo. quando Roberto e Bernardo ainda brincavam durante o recreio. por fim. Geralmente. ela necessita ser levada ao gosto e ao prazer do lúdico. Essa relação é fundamental e propiciará a significatividade. sendo essa uma das primeiras descobertas de muitas que a vida lhe oportunizará. A pessoa com deficiência visual é um ser lúdico. o professor de educação física poderá utilizar-se de maquetas e plantas baixas em relevo para apresentar aos alunos modelos de quadras desportivas e instalações de educação física. familiar. trocava passes. Confesso que gostei muito. da ludicidade. Teresa estava comigo. dos aspectos utilitários. da auto-iniciativa. Lembre-se sempre de que prazer e deficiência não são incompatíveis. Foi o que aconteceu durante todo aquele semestre. em algumas situações. e. geralmente trazidas pelos cerceamentos da superproteção e de outras reações familiares ao nascimento de uma criança portadora de deficiência. Faria a aula toda. recreativos e formativos sobre a performance. da utilização das pistas ambientais e dos pontos de referência sobre uma voz de comando constante. do movimento livremente expresso sobre aquele construído a partir de um comando externo. exatamente nessa ordem. o circuito. E. Conversando com o Roberto Antes da próxima aula. Roberto ficava junto a mim e eu narrava o jogo para ele. Depois dessa idade. Busque compreender seus alunos como crianças e como crianças com deficiência. O professor de educação física terá também a função de incitar-lhe para o lúdico e para o prazeroso. gritava e comemorava os gols. o privilégio da participação plena. Essas informações lhe darão parâmetros básicos para sua intervenção. chamei os dois e começamos a conversar sobre a participação de Roberto em nossos jogos de futebol durante nossas aulas. a corrida. dos estímulos. social. O professor de educação física deve buscar informações relativas à anamnese médica. saia do meu lado e. as generalizações e as aplicações da aprendizagem proposta. interesses e expectativas. Perguntamos diretamente e Roberto respondeu que.Introdução ao Movimento Paraolímpico Na pré-escola e até aproximadamente os oito anos de idade. acima de tudo. convidado por outro colega. Aos professores de educação física de portadores de deficiência visual caberá buscar a integração de seus conteúdos com aqueles desenvolvidos pelas outras áreas. Muitas das minhas dúvidas estavam respondidas naquela apostila. 57 . ele pensava que não seria bom participar dos jogos diretamente. do movimento sobre sua excelência. nunca esqueça da importância estratégica da predominância absoluta das atividades de animação sobre as de instrução. do desenvolvimento da auto-confiança. Lembre-se sempre do papel e da importância que tem uma coisa tão simples quanto a alegria em uma aula de educação física. psicológica e acadêmica de seu aluno portador de deficiência visual. Sua aprendizagem deve ser a mais concreta possível. Torcia. envolvido no jogo. torcendo ou batendo bola com outro colega que não estivesse. no momento. De vez em quando. não deixando de considerar tudo aquilo que a infância e a deficiência trazem quanto a necessidades. como todo o ser humano. da capacidade de tomar decisões e do prazer de poder fazer sobre a dependência absoluta do aluno ao professor. chutes e brincava de “gol a gol”. transferência e utilização de conceitos sobre a técnica específica. da aquisição. a criança cega não tem a possibilidade de abstrair do modelo para o real. contudo. cerca de dois meses antes. trocava passes e. Escolhido por todos. suas regras.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Sempre na parte final da aula. no período em que todos nós fazemos um balanço sobre aquilo que vivenciamos. havia me ensinado. Ele é fã do Guga. A escola toda. Estava totalmente integrado ao grupo e plenamente participativo. principalmente no verão. Ele me mostrou o verdadeiro significado da palavra superação. Roberto me ensinou o quanto é importante ouvir nossos alunos. chutava e marcava muito bem. conversar com eles. além da conversa. Comentava o jogo com os colegas. Fez dois gols. os alunos tomam banho em uma torneira que fica próxima ao muro da escola. Roberto sabe muita coisa sobre basquete. junto ao banheiro e ainda bem próxima de nosso campo. Parecia saber sempre muito bem a sua posição em relação ao seu gol. Todos se divertiam muito. eu percebi o quanto aquele meu aluno cego. Ensinou-me a importância da igualdade 58 . A equipe da turma 401 foi escalada. conduzia a bola com os dois pés. De todas as turmas. mesmo os goleiros estando sem vendas. Todos cegos Um dia. sempre buscando uma boa posição na quadra. Repetimos esse jogo diversas vezes naquele ano. logicamente. Todos o ouviam. O difícil era dividir as equipes. já vive o clima e a sadia rivalidade da competição. a equipe que contasse com o Roberto. sempre ganharia. ao do adversário. Na nossa escola. voleibol e até sobre tênis. O nosso pequeno jogo terminou 2 a zero. Voltando à calma Na Ednoc nós não possuímos vestiários. contou com o amigo Bernardo como seu auxiliar. história e sobre outros esportes. fazemos sempre uma brincadeira de “volta à calma”. mas isso não tinha mais tanta importância assim. Roberto se destaca por participar de tudo. O torneio de futebol entre as turmas Sempre ao final do semestre letivo. o Roberto. Todos queriam ficar no time do Roberto. também. Com estes. onde estava a bola e as posições de seus colegas de time. Roberto era o centro das atenções. Da impossibilidade pressuposta à participação plena Ao final daquele ano. fazemos nossos torneios entre as turmas de futebol e voleibol. Ao final de todas as aulas. exatamente o Roberto. Lá existe uma mangueira de borracha e todos se divertem bastante. sempre coberta por um saco plástico e presa por uma fita adesiva. levou uma grande vantagem. mas aí viria a minha surpresa. Roberto. principalmente quando Roberto pegava a borracha e jogava água em todos de forma aleatória. Depois das aulas. Fazemos. perguntas sobre futebol. Ele é muito bom nisso. ouvir suas opiniões. eu tive uma idéia. Depois todos vão para o banheiro trocar de roupa e voltar à sala de aula. A bola. reclamava e dava suas opiniões. pedia a bola. Colocaria vendas nos olhos de alguns alunos e faríamos uma partida de futebol onde Roberto jogaria normalmente. principalmente quando fazemos brincadeiras de habilidade mental e resolução de charadas. Nela. A experiência foi ótima. Naquele ano a turma 401 não foi a campeã do torneio. Ele se deslocava por toda a quadra. somente a 401 inscreveu um técnico. 59 . Crescemos como pessoas. De vez em quando. o Roberto. Roberto já disputou campeonatos brasileiros. conversamos como amigos. promotor ou defensor público. em intensidades e nuances diferenciadas. nossos outros alunos e todos da nossa escola. no contexto da escola e na realidade da escola pública brasileira. fora aquele meu aluno cego quem mais me ensinara. De todos que eu já tive. Roberto não está mais na escola Municipal Ednoc Lacsenem. enfim. ele ainda nos visita na Ednoc. mas que está fazendo judô numa academia e joga futebol em uma equipe de cegos. é uma ferramenta que não pode ser desprezada como veículo da inclusão. conheceu diversas cidades. Enfim. Que os estigmas e os preconceitos que todos nós temos. ele conta de seus planos futuros. de como gosta de jogar futebol e de seu entusiasmo por estar na seleção brasileira. de futebol de cegos e lembramos das nossas aulas de educação física. Roberto é meu amigo Hoje. são quebrados no dia-a-dia da convivência e da interação. Provou que a pressuposta incapacidade é uma barreira ao desenvolvimento do pleno potencial do homem. eu. Acho que ele poderia ser professor. falamos de futebol. espaço das potencialidades e do respeito às diferenças. cidade vizinha à nossa. lamenta que lá não esteja tendo aulas de Educação Física. Acabou o ensino fundamental e cursa a segunda série do ensino médio em um colégio em Niterói.Introdução ao Movimento Paraolímpico com o respeito às diferenças. O Roberto me fez perceber que a educação física. Ele quer ser advogado. A equipe está se preparando para jogar um campeonato mundial na Espanha. fez muitos amigos novos e foi convocado para a seleção brasileira. Fala de sua nova escola. Nessas visitas. fala das namoradas. Nós conversamos sobre a sua família. valeu a pena. pensei eu. A cerimônia de abertura foi no dia 4 de novembro de 1968. porém a corrida em cadeira de rodas para homens e mulheres foi disputada pela primeira vez na modalidade 60m rasos. o Dr. e diretor do Centro de Lesionados Medulares de Ostia. natação. Em Roma. Houve aumento significativo no número de esportes. o que marcou o início do processo da consolidação da divulgação do esporte paraolímpico pelos meios de comunicação. o que representa uma diminuição no número de atletas e de delegações participantes. A cerimônia de abertura aconteceu no campo Oda e contou com a presença de mais de 5. seguidos pela Inglaterra e finalmente Itália. arremesso.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Capítulo 4 Coordenação de Comunicação do CPB Compilação: Leandro Ferraz OS JOGOS PARAOLÍMPICOS 1. O país-sede conseguiu obter amplo apoio de pessoas e empresas por meio de doações ao comitê organizador. Até a Paraolimpíada de 1972 apenas atletas cadeirantes participaram. Dois anos depois os mexicanos informaram que não seriam capazes de sediar a Paraolimpíada em função de dificuldades técnicas e financeiras. houve uma inversão no quadro de vencedores. Os Jogos Paraolímpicos. oito esportes foram disputados: snooker. que passaram a 60 .000 espectadores. A Inglaterra teve a maior delegação.1960. imediatamente após a XVI Olimpíada. marcou a quebra de 20 recordes mundiais e contou com intensa cobertura da mídia.000 espectadores. teve todo o apoio das autoridades italianas. Paraolimpíada de Tóquio – 1964 Realizada em 1964. que durou nove dias. de 23 países. propôs que os Jogos Internacionais de Stoke Mandeville se realizassem naquele ano na capital italiana. Em 1964. Guttmann aceitou a proposta de israelenses que queriam realizar os Jogos para pessoas com deficiência na cidade de Tel Aviv. A competição. precursor do esporte para pessoas com deficiência. Antonio Maglio. ela contou com a participação de 375 esportistas de 22 países. sob os olhares atentos de mais de 10. A Itália foi a grande vencedora da competição. Visando a manter a tradição e impedir que a paraolimpíada não fosse realizada. ficando os Estados Unidos em primeiro. basquete em cadeira de rodas. O Papa João XXIII recebeu os participantes em audiência privada e elogiou o trabalho de Guttmann. arco e flecha e pentatlo. DE ROMA A ATENAS Paraolimpíada de Roma – 1960 Roma foi a primeira Paraolimpíada realizada na mesma cidade da Olimpíada. A cerimônia de abertura foi no Estádio Acqua Acetosa e contou com a presença de mais de 5. que aconteceu entre os dias 19 e 24 de setembro. seguida pelos Estados Unidos com 66. Esta versão dos Jogos despertou interesse da mídia mundial. A competição. comparado com Roma . tênis de mesa. entre eles o príncipe Akahito e a princesa Michiko.000 espectadores. com 70 atletas. com a denominação de Olimpíadas dos Portadores de Deficiência. na Itália. seguida pela Inglaterra e pelos Estados Unidos. amigo do Doutor Guttmann. lançamento. O termo “Paraolimpíada” só seria utilizado oficialmente em 1984. Foram mantidas todas as provas da edição anterior. reuniram 400 esportistas em cadeira de rodas. Paraolimpíada de Tel Aviv – 1968 Durante a Paraolimpíada do Japão – 1964 os organizadores da Olimpíada que seria realizada no México quatro anos mais tarde foram convidados a realizar a Paraolimpíada logo após o final dos Jogos Olímpicos. halterofilismo.000 canadenses puderam assistir. natação. A organização conseguiu cumprir as exigências para acomodação dos atletas. ficando com a medalha de ouro. As provas foram mantidas em relação à Paraolimpíada anterior. que durou oito dias. em tempo real. de acordo com as deficiências. A cidade de Heidelberg ofereceu sua hospitalidade para receber a Paraolimpíada de 1972. Uma comissão ligada ao Dr. Com atletas que ainda tinham pouco apoio para realizar seus treinamentos. basquetebol. Gustav Heineman. que não era adaptada e não estaria disponível para os atletas paraolímpicos depois do final dos Jogos Olímpicos. A cerimônia de abertura. esteve na cerimônia de abertura que aconteceu dia 2 de agosto. 61 . Paraolimpíada de Toronto – 1976 A Paraolimpíada do Canadá iniciou a era das transmissões dos Jogos feitas ao vivo. Os competidores ficaram separados nos alojamentos. Nessa Paraolimpíada. algumas provas. 400m. Esta edição recebeu mais de 1. Mais de 1. São eles: atletismo. Contudo. O problema maior ficou por conta das dependências da vila dos atletas em Munique. ficando em primeiro e em segundo lugar respectivamente. porém as corridas para cadeirantes foram bastante ampliadas. os brasileiros ganharam suas primeiras medalhas paraolímpicas: Robson Sampaio de Almeida e Luís Carlos Curtinho conquistaram medalha de prata na bocha. Paraolimpíada de Heidelberg – 1972 Novamente os Jogos não aconteceram no mesmo local da Olimpíada.000 pessoas que aplaudiram de pé o desfile das delegações pela pista de atletismo Woodbine. chegando em terceiro lugar no quadro geral. Os esportes foram mantidos e o goalball e a prova de 100m rasos destinada aos atletas deficientes visuais aconteceram pela primeira vez. Dr. arco e flecha. colocando o país na 31ª colocação no quadro final de medalhas.900 atletas de 42 países participaram.Introdução ao Movimento Paraolímpico ser nove. Novamente EUA e Inglaterra confirmaram sua força no esporte para pessoas com deficiência. na Alemanha. os ingleses não conseguiram um desempenho tão positivo e acabaram as competições em 5o lugar. A surpresa ficou por conta de Israel que superou muitos favoritos e conquistou 15 medalhas de ouro. não levando em conta as subclassificações. O presidente da República Federal Alemã. esgrima e bocha.000 atletas de 44 países. Holanda e Israel. Amputados e deficientes visuais foram incluídos. sinuca. a equipe israelense de basquete em cadeira de rodas derrotou até os americanos. a organização dos Jogos se esquivou de realizar as duas competições. Cerca de 1. os vencedores foram respectivamente: Inglaterra. mais uma vez. 800m e 1500m. A Holanda e a África do Sul lançaram candidaturas. no dia 3 de agosto. Heidelberg representou um marco histórico para nosso país por ser a primeira Paraolimpíada a contar com a participação de brasileiros. foi um grande sucesso e reuniu mais de 24. Os vencedores foram: EUA. Guttmann viajou para lá e constatou que havia uma boa estrutura para receber os Jogos.600 atletas de 42 países participaram das disputas. Em 1976. tênis de mesa. Paraolimpíada de Arhem – 1980 A Paraolimpíada de 1980 deveria acontecer no mesmo lugar da Olimpíada. Os cadeirantes foram alojados em locais adaptados e os deficientes visuais foram para um instituto de cegos. Cerca de 600. EUA e África do Sul. Nesta Paraolimpíada. No quadro de medalhas. sendo a primeira a grande vencedora. os “canarinhos” não conseguiram nenhuma medalha. sendo incluídas as competições de 200m. ainda em caráter demonstrativo. A cidade holandesa de Arnhem foi o palco do maior evento esportivo do mundo para pessoas com deficiência até a época. Ao todo. tiro. Paraolimpíada de Seul – 1988 Os Jogos voltaram a acontecer na mesma cidade da Olimpíada. bocha paraolímpica. esgrima. que conquistou três medalhas de ouro nas provas de disco. natação. EUA. sinuca. Inglaterra. Em 17 de junho o presidente dos EUA. sendo quatro de ouro. A corredora cega. O Brasil foi para a Paraolimpíada na Holanda representado apenas pela seleção de basquete e por um nadador. A princípio existia interesse dos organismos de esporte para pessoas com deficiência em realizar a Paraolimpíada juntamente com a Olimpíada. Anaelise Hermany. O destaque da delegação nacional foi Luís Cláudio Pereira. que ficou sob responsabilidade da Associação Britânica de Esportes para Paraplégicos – BPSS. Pela primeira vez aconteceu a maratona para cadeirantes. A cerimônia de abertura foi no Estádio Olímpico.COI. os locais de competição da Olimpíada e da Paraolimpíada foram os mesmos. mas não subiu ao pódio. Além de muitos recordes e do aumento da profissionalização dos esportistas. que havia decidido realizar os Jogos Olímpicos de 1984 em Los Angeles. dardo e peso. mais especificamente.000 espectadores estiveram nos locais dos 13 tipos diferentes de competição. Paraolimpíada de Nova Iorque / Stoke Mandeville – 1984 Esta edição da Paraolimpíada foi marcada pelo fato de ter sido realizada em dois países diferentes: um localizado na América e outro na Europa.000 pessoas compareceram à cerimônia de abertura naquele dia 21 de junho.000 espectadores. Nosso país ficou em 25o lugar. 62 . A cerimônia de abertura aconteceu dia 22 e contou com a presença do príncipe Charles. Os brasileiros tiveram boa participação. e a corredora Márcia Malsar foi medalha de ouro nos 200m rasos e bronze nos 60m rasos. O Brasil obteve um número recorde de medalhas ao conquistar 27. Os atletas competiram em 10 modalidades: arco e flecha. o que nos colocava entre os 29 melhores países do mundo. Apenas atletas cadeirantes participaram. Mais de 1. Pela primeira vez voleibol. Os EUA e a Inglaterra confirmaram sua supremacia nos esportes para pessoas com deficiência e figuraram no topo do quadro de medalhas. basquete. Os Jogos de Stoke Mandeville aconteceram entre os dias 22 de julho e 1o de agosto. mais de 80. Mais de 3. A preparação da estrutura. 10 de prata e 13 de bronze. Os vencedores no quadro de medalhas foram EUA. Porém houve pouca possibilidade de contato com o Comitê Olímpico Internacional . além de estabelecer três recordes. conquistando seis medalhas. A Paraolimpíada sediada pela Coréia durou 11 dias e foi um marco para a história do esporte. goalball e as competições para paralisados cerebrais foram aceitos no programa paraolímpico e houve disputa de medalha. e contou com a presença de mais de 75. Pela primeira vez. No final dos anos 80 é fundado o Comitê Paraolímpico Internacional – IPC. tênis de mesa e halterofilismo. abriu oficialmente os Jogos em cerimônia realizada no Mitchel Park.000 atletas de 61 países competiram em 16 modalidades. O Brasil teve boa participação e garantiu 21 medalhas. com a Suécia em terceiro. Alemanha e Inglaterra figuraram no topo do quadro de medalhas. atletismo. Ronald Reagan.Manual de Orientação para Professores de Educação Física Cerca de 12. Mais de 1. Alemanha e Canadá. dia 15 de outubro. que duraram de 16 a 30 de junho. foi medalhista de prata nos 100m rasos e bronze nos 800m rasos. foi feita em apenas quatro meses.700 atletas de 45 nações estiveram presentes. a tecnologia empregada nas provas foi compatível com o que existia de mais moderno para a época.100 esportistas de 41 países competiram em 14 modalidades. A mídia ampliou a cobertura e espectadores do mundo todo puderam acompanhar algumas provas pela televisão. dois mundiais no dardo e peso e um paraolímpico no disco. Inglaterra e Espanha. Paraolimpíada de Atlanta – 1996 Na paraolimpíada de 1996. Paraolimpíada de Sydney – 2000 Os Jogos de Sydney foram estruturados a tal ponto que deram à Paraolimpíada de 2000 o título de segundo maior evento esportivo do mundo. Empolgados pelo clima de emoção que caracterizou os Jogos. a cerca de 3. a melhora gradual nas performances foi mantida. Um número recorde de 3. O evento foi um sonho compartilhado – 60 dias de Jogos de Verão.800 atletas de 122 delegações ajudou a compor a mais grandiosa Paraolimpíada do século passado. sendo três em caráter demonstrativo e 17 competitivos. apresentado em caráter demonstrativo em Seul. 10 de prata e seis de bronze. A cerimônia de abertura. A grande decepção. o que nos colocava entre os 37 melhores do mundo. reuniu mais de 65. Alemanha e Inglaterra.200 competidores de 103 países ficaram alojados em uma enorme vila que contava com mais de 8.2004 Pela primeira vez. o que colocou o Brasil em 30o lugar. Suely Guimarães e Luiz Cláudio Pereira quebraram dois recordes mundiais. Os grandes vencedores foram Austrália. não foi tão satisfatória. Segundo especialistas do Comitê Paraolímpico Internacional .000 representantes de mídia. esta edição dos Jogos não poderia ter sido melhor. passou a ser competitivo. Os vencedores no quadro de medalhas foram EUA. os atletas brasileiros tiveram a melhor participação da história até então. sendo duas de ouro. Entre os dias 16 e 25 de agosto aconteceram competições em 20 diferentes esportes. que se iniciou dia 18 de outubro. A cidade foi toda adaptada e o apoio aos atletas era próximo do ideal. No total. Pela primeira vez os atletas deficientes mentais participaram em caráter competitivo. Essas conquistas nos colocaram entre as 24 maiores potências paraolímpicas do mundo. Paraolimpíada de Atenas . condições de competição antes impensáveis. entre fotógrafos. A revelação foi a iniciante velocista Ádria Santos que conquistou sua primeira medalha de ouro. seis de prata e 13 de bronze. Cerca de 1. sendo o dela no lançamento do disco e o dele arremesso de peso. O tênis em cadeira de rodas. realizada em 3 de setembro. sendo três de ouro e quatro de bronze. Foram 63 . na edição australiana. repórteres e assessores de imprensa. Os países vencedores foram os mesmos da última edição dos Jogos: EUA. Participaram mais de 2.IPC. ao conquistarem seis medalhas de ouro.Introdução ao Movimento Paraolímpico Paraolimpíada de Barcelona – 1992 Barcelona – 1992 foi a maior Paraolimpíada até a sua época por ter fornecido. O Brasil voltou a ter uma boa participação com 21 medalhas. Cerca de 280 recordes mundiais foram superados e mais de 450 medalhas de ouro foram distribuídas em 15 modalidades.000 pessoas e várias televisões deram cobertura ao vivo.2 milhão de ingressos foram vendidos. Mais de 300 recordes mundiais e paraolímpicos foram superados em 11 dias de competição. do ponto de vista organizacional. o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos também foi responsável pela organização dos Jogos Paraolímpicos. Novos recordes mundiais foram quebrados e as marcas continuaram a ser superadas. que durou 11 dias. ficando atrás apenas da Olimpíada. Para o Brasil a Paraolimpíada. respectivamente. Houve uma queda no número de medalhas e nosso País conquistou apenas sete. Austrália e Alemanha. mais de 3. respectivamente. foram os EUA que ficaram em quinto lugar no quadro final de medalhas.000 atletas de 83 países. o que representa mais que o dobro de Atlanta – 1996.000 dormitórios. o que possibilitou sintonia de milhares de telespectadores de todo mundo em tempo real. Os destaques brasileiros foram do Atletismo. bocha. odontologia e fisioterapia. dermatologia. goalball.000 atletas disputando 19 modalidades: arco e flecha. O futebol de sete e o de cinco foram jogados em um local diferente dos olímpicos em função das diferenças nas medidas do campo e no material do piso. atletismo. Grande parte da vila dos atletas olímpicos e paraolímpicos era adaptada. Todos os locais com grande apelo turístico. As lojas venderam os mais diversos produtos e ficaram abertas entre 8h da manhã e 11h da noite.000 pessoas de todo o mundo ajudaram na organização. que aconteceram as cerimônias de abertura e encerramento e as competições de atletismo. tênis em cadeira de rodas. entre eles atletas e integrantes das delegações dos países participantes. Mais de 35. hipismo. um subúrbio do norte de Atenas e faz parte do Complexo Olímpico. ficaram ali hospedados. Os residentes provisórios tiveram acesso a centros de recreação e religião. fax e Internet. ortopedia. vela e voleibol.034 apartamentos e 75% deles foram adaptados para receberem os atletas paraolímpicos. o cinema ao ar livre. A mídia e convidados puderam entrar na zona internacional. a danceteria. departamento de achados e perdidos.00m². Zona internacional: nesta área estavam a entrada principal da vila. ginecologia. soluções de problemas. o museu paraolímpico e os prédios administrativos. Foram mais de 300 horas de cobertura televisiva. A área era restrita aos esportistas. o shopping center. a sala de jogos e presenciar as apresentações artísticas ao ar livre. A vila foi dividida em duas zonas: a residencial e a internacional. tanto em Atenas quanto em todas as cidades que foram sede das competições. Quase todos os locais de competição utilizados na Olimpíada foram mantidos para a Paraolimpíada. basquete em cadeira de rodas. futebol de cinco. tiro. Por uma decisão do governo grego. natação. judô. A policlínica. cardiologia. Os chefes de missão ficaram em quartos individuais. spa e centrais de comunicação com telefone. Foi no Estádio Olímpico. esgrima. entre as quais 15. A vila teve uma policlínica com especialistas das áreas de oftalmologia.000 voluntárias. 64 . O estádio comporta um público de 75 mil pessoas. o restaurante e o transporte interno funcionaram 24 horas por dia. os atletas paraolímpicos não tiveram de pagar qualquer taxa de participação. ciclismo. em cada quarto. psiquiatria. os atletas puderam freqüentar os complexos esportivos. Naquela zona. Ele está situado em Marousi. Um número recorde de 2. rugbby em cadeira de rodas.Manual de Orientação para Professores de Educação Física mais de 4. espaços para socialização e aos mais variados serviços como cyber cafés. o estádio principal dos Jogos Paraolímpicos. cirurgia geral. halterofilismo. O restaurante com capacidade para atender três mil pessoas ofereceu vários tipos de comida. Os integrantes das delegações somaram cerca de 2. A zona residencial contou com 1.000 residentes. prédios públicos e regiões urbanas com grande fluxo de pessoas foram revistos a fim de que as barreiras arquitetônicas fossem eliminadas. As portas da vila estiveram abertas a partir de 10 de setembro e se fecharam no dia 1o de outubro. Os apartamentos possuíam quatro quartos e dois banheiros e. Nas dependências da vila só foram aceitos Euro e cartão Visa.240. Mais de 7. tênis de mesa.000 profissionais de mídia deu cobertura aos Jogos.000 pessoas. foram hospedados dois atletas. As casas para hospedagem ficaram próximas ao centro de Atenas numa área de 1. técnicos e convidados especiais. futebol de sete. PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA EM PARAOLIMPÍADAS TOTAL DE MEDALHAS BRASILEIRAS POR MODALIDADE Modalidade Ouro Prata Bronze TOTAL Atletismo Futebol de 5 Futebol de 7 Judô Lawn Bowls Natação TOTAL 21 1 0 3 0 11 36 35 0 1 2 1 16 55 20 0 1 4 0 23 48 76 1 2 9 1 50 139 DESEMPENHO POR PARAOLIMPÍADA Colocação Ano Local País OURO PRATA 1972 Heildelberg 1976 BRONZE TOTAL Alemanha 0 0 0 0 X Toronto Canadá 0 1 0 1 31 a 1980 Arnhem Holanda 0 0 0 0 X 1984 Nova Iorque EUA 1 3 2 6 29 a 1984 Stoke Mandeville Inglaterra 6 14 2 22 14 a 1988 Seul Coréia do Sul 4 9 14 27 25 a 1992 Barcelona Espanha 3 0 4 7 32 a 1996 Atlanta EUA 2 6 13 21 37 a 2000 Sydney Austrália 6 10 6 22 24 a 2004 Atenas Grécia 14 12 7 33 14 a do Brasil LISTA DE MEDALHISTAS BRASILEIROS Paraolimpíada/ Ano Atleta Modalidade Prova Classe Resultado Medalha Toronto 1976 Luiz Carlos da Costa e Robson Sampaio de Almeida Márcia Malsar Lawn Bowls X 2. 4. 5. 6 X Prata Atletismo 200m rasos C6 Ouro Márcia Malsar Atletismo 1.Introdução ao Movimento Paraolímpico 2.000m cross country C6 34s 83 (Recorde Mundial) 5min50s Prata Anelise Hermany Atletismo 100m rasos B2 14s58 Prata Nova Iorque 1984 Nova Iorque 1984 Nova Iorque 1984 65 . 3. Manual de Orientação para Professores de Educação Física Nova Iorque 1984 Nova Iorque 1984 Nova Iorque 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 66 Anelise Hermany Atletismo Salto em distância B2 4.12m Ouro Luiz Cláudio Pereira Atletismo Lançamento de dardo 1C Ouro Luiz Cláudio Pereira Atletismo Arremesso de Peso 1C Ouro Miracema Ferraz Atletismo Arremesso de Peso 1A 15.48m Prata Luiz Cláudio Pereira Luiz Cláudio Pereira M.19m Prata Anelise Hermany Atletismo 800m rasos B2 2min38s87 Bronze Márcia Malsar Atletismo 60m rasos C6 10s60 Bronze Amintas Piedade Atletismo Arremesso de Peso 1C 3. Amorim Natação 100m costas 5 1min24s98 Prata M.88m (Recorde Mundial) 2.18m Maria Jussara Mattos Amintas Piedade Natação 4x50m medley 6 4min15s68 Ouro Atletismo Slalom 1C 1min48s29 Prata Amintas Piedade Atletismo Lançamento de disco 1C 8. Amorim Natação 100m peito 5 1min47s79 Prata Miracema Ferraz Atletismo 1A 38s47 Prata Miracema Ferraz Atletismo 1A 1min22s80 Prata Miracema Ferraz Atletismo 100m rasos em cadeira de rodas 200m rasos em cadeira de rodas 400m rasos em cadeira de rodas 1A 3min08s20 Prata Ouro .92m (Recorde Mundial) 7. Amorim Atletismo Pentatlo 1C 5892.40m Prata Natação 4x50m medley 5 3min15s81 Prata M.8 pts Prata Atletismo Lançamento de disco 1C 20.59m Ouro Amintas Piedade Atletismo Lançamento de dardo 1C 7. 14m Prata Atletismo Lançamento de Dardo 400m rasos B2 52s36 Prata Luiz Cláudio Pereira Márcia Malsar Atletismo Pentatlo 4386.61m (Recorde Mundial) 20.Introdução ao Movimento Paraolímpico Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Stoke Mandeville 1984 Seul 1988 Seul 1988 Miracema Ferraz Atletismo 1A 5min28s39 Prata Atletismo 800m rasos em cadeira de rodas Slalom Miracema Ferraz 1B 1min42s15 Prata Maria Jussara Mattos Maria Jussara Mattos Jorge Graciano– Parré M. Amorim Natação 100m livre 6 1min38s77 Prata Natação 100m costas 6 1min56s74 Prata Atletismo 100m rasos 3 17s53 Bronze Natação 100m livre 5 1min13s94 Bronze Graciana Moreira Alves Luiz Cláudio Pereira Natação 100m livre 6 1min19s45 Ouro Atletismo Arremesso de Peso 1C Ouro Luiz Cláudio Pereira Atletismo de Dardo Lançamento 1C Seul 1988 Luiz Cláudio Pereira Atletismo Lançamento de Disco 1C Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Ádria Rocha Santos Ádria Rocha Santos Anelise Hermany César Antônio Goalberto Cláudio Nunes Silva Elmo Ribeiro Atletismo 100m rasos B2 8.90m (Recorde Mundial) 25.10m (Recorde Paraolímpico) 13s35 Seul 1988 Prata Atletismo 400m rasos B2 1min03s99 Prata Atletismo 800m rasos B2 2min32s50 Prata Atletismo 400m rasos B1 54s21 Prata Atletismo C6 25.06 pts Prata Atletismo 100m rasos C6 16s06 Prata Maria Jussara Mattos Anelise Hermany Carlos Sestrem Fábio Ricci Natação 6 1min45s10 Prata Atletismo 100m borboleta 400m rasos B2 1min05s94 Bronze Atletismo Maratona B1 3h01min59s Bronze Natação 25m costas 1C 26s81 Bronze Fábio Ricci Natação 25m peito 1C 31s31 Bronze Fábio Ricci Natação 100m livre 1C 2min08s94 Bronze Ouro Ouro 67 . Manual de Orientação para Professores de Educação Física Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Graciana Moreira Alves Graciana Moreira Alves Iranilson Oliveira Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Seul 1988 Barcelona 1992 Barcelona 1992 Jaime de Oliveira Júlio Silva Leonel Cunha Filho Maria Jussara Mattos Leandro Ramos Santos Sebastião Antônio Neto Ádria Rocha Santos Luiz Cláudio Pereira Barcelona 1992 Barcelona 1992 Barcelona 1992 Barcelona 1992 Barcelona 1992 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 68 Natação 100m peito 6 2min14s19 Bronze Natação 100m borboleta 100m rasos em cadeira de rodas Até 60Kg 6 1min45s52 Bronze 5. 6 16s25 Bronze X X Bronze Até 65Kg X X Bronze Acima de 95Kg 100m livre X X Bronze 6 1min24s36 Bronze 100m borboleta Arremesso de Peso 100m rasos L6 1min17s53 Bronze C6 9. S4 Natação 50m borboleta 50m costas 9.11m Prata Natação 150m medley Arremesso de Peso 50m livre S2 1min19s19 Bronze Natação 100m livre S2 2min54s50 Bronze Adriano Galvão Pereira Adriano Galvão Pereira Atletismo Ouro .03m (Recorde Mundial) 22.58m Bronze B2 13s52 Ouro Ouro Bronze Atletismo Judô para Cegos Judô para Cegos Judô para Cegos Natação Natação Atletismo Atletismo Atletismo Arremesso de Peso THW4 Suely Guimarães Atletismo Lançamento de Disco THW7 Eduardo Wanderley Genezi Alves de Andrade Ivanildo Vasconcelos Sebastião da Costa Neto Antônio Tenório da Silva José Afonso Medeiros – Caco Ádria Rocha Santos Ádria Rocha Santos Ádria Rocha Santos Douglas Amador Genezi Alves de Andrade Josias Lima Natação S3.40m (Recorde Mundial) 1min14s07 S3 1min07s58 Bronze Natação 200m medley SM5 3min36s24 Bronze Atletismo Club C6 43.50m Bronze Judô para Cegos Até 86Kg X X Ouro Natação S7 33s78 Ouro Atletismo 50m borboleta 100m rasos T10 12s92 Prata Atletismo 200m rasos T10 26s15 Prata Atletismo 400m rasos T10 59s97 Prata Atletismo 200m rasos T37 25s18 Prata Natação SM3 3min34s32 Prata F52 7. 00m (Recorde Mundial) 31.Introdução ao Movimento Paraolímpico Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Atlanta 1996 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Adriano Lima Natação 50m livre S6 33s22 Bronze Anderson Lopes Douglas Amador Douglas Amador Genezi Alves de Andrade Genezi Alves de Andrade Gledson Soares Ivanildo Vasconcelos Maria José Alves – Zezé Maria José Alves – Zezé Suely Guimarães Ádria Rocha Santos Ádria Rocha Santos Atletismo Lançamento de Disco 100m rasos F36 37.54m Bronze Atletismo Lançamento de Disco 100m rasos T12 12s46 Ouro Atletismo 200m rasos T11 Ouro Judô para Cegos Natação Até 90Kg X 24s 99 (Recorde Mundial) X Ouro 50m livre S11 33s51 Ouro Atletismo Arremesso de Peso F58 Ouro Atletismo Lançamento de Disco F58 Atletismo 400m rasos T11 9.42m Bronze Natação Salto em distância 100m livre S3 2min01s97 Bronze Natação 200m livre S3 4min15s76 Bronze Natação SM7 2min54s10 Bronze SB4 1min46s55 Bronze Atletismo 200m medley 100m peito 100m rasos T11 13s38 Bronze Atletismo 200m rasos T11 26s87 Bronze Atletismo F55-57 24.46m Bronze T37 12s31 Bronze F34-37 5.58m (Recorde Mundial) 59s46 Prata Atletismo 100m rasos T13 11s39 Prata André Garcia Atletismo 200m rasos T13 22s75 Prata Adriano Lima Natação 100m livre S6 1min10s60 Prata Antônio Delfino Atletismo 400m rasos T46 50s27 Prata Clodoaldo Silva Natação 100m livre S4 1min32s17 Prata Luís Silva Natação 50m borboleta S6 34s15 Prata Mauro Brasil Natação 50m livre S9 27s17 Prata Adriano Lima Clodoaldo Silva Joon Sok Seo Luís Silva Natação Revezamento 4x50m livre X 2min39s82 Prata Antônio Tenório da Silva Fabiana Harumi Sugimori Roseane Ferreira dos Santos – Rosinha Roseane Ferreira dos Santos – Rosinha Ádria Rocha Santos André Garcia Atletismo Atletismo Natação Ouro 69 . Romildo Chiavelli Clodoaldo Silva Semifinal 1x1 Ucrânia 0x1 (prorrogação) Disputa 3o Lugar 2x1 Portugal Natação 100m S4 1min19s51 Ouro Antônio Tenório Judô livre Antônio Delfino Atletismo 22s41 Ouro André Garcia Atletismo T13 22s70 Ouro Ádria Santos Atletismo T11 12s55 Ouro Clodoaldo Silva Natação S4 2min55s75 Ouro Antônio Delfino Atletismo T46 48s46 Ouro Clodoaldo Silva Natação S4 45s12 Ouro Suely Guimarães Atletismo F56 24. Jean Adriano Rodrigues.97m Bronze Clodoaldo Silva Natação Lançamento de Disco 50m livre S4 41s62 Bronze Danilo Glasser Natação 50m livre S10 25s89 Bronze 150m medley Revezamento 4x100m livre SM3 3min34s97 Bronze X 4min12s18 Bronze X X 1a Fase 2x2 Rússia 1x1 Espanha 4x0 Austrália Bronze Genezi Alves de Natação Andrade Adriano Lima Natação Danilo Glasser Fabiano Machado Mauro Brasil Adriano Biggi Futebol de 7 da Costa. João Aires Pereira. Moisés Tamiozzo. Marcos William da Silva. Douglas (paralisados Amador. Fábio cerebrais) Ferreira. Luciano Rocha. Márcio Lopes.30m Ouro Clodoaldo Silva Natação SM4 2min39s15 Ouro Fabiana Sugimori Natação S11 32s35 Ouro Clodoaldo Silva Natação 200m rasos 200m rasos 100m rasos 200m livre 400m rasos 50m borboleta Lançamento de Disco 150m medley 50m livre 50m livre até 100kg T46 S4 35s41 Ouro Ouro .Manual de Orientação para Professores de Educação Física Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Sydney 2000 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 70 Adriano Lima Clodoaldo Silva Francisco Avelino Luís Silva Anderson Lopes Natação Revezamento 4x50m medley X 2min41s40 Prata Atletismo F37 42. Marcos dos Santos Ferreira (goleiro). João Batista. Damião Robson. Clodoaldo Silva. Fábio Luiz (goleiro). Marcos Felipe. Moisés Tamiozzo (goleiro). Anderson Dias. Francisco Avelino e Luis Silva Andreonni Fabrizius (goleiro). Sandro Soares. Leandro Marinho. José Carlos Monteiro. Joon Sok Seo. Natação Fabiano Bruzzi. Mizael Conrado. Peterson Rosa e Renato da Rocha André Garcia Atletismo Natação Atletismo Futebol de 7 (paralisados cerebrais) Atletismo Ádria Santos Atletismo Gilson dos Anjos Atletismo Daniele Bernardes Silva 5. Nilson Pereira. Luciano Rocha.Introdução ao Movimento Paraolímpico Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Adriano Lima. Severino Gabriel Karla Cardoso Eduardo Paes Barreto Amaral Edênia Garcia Natação Revezamento 4x50 medley Até 20 pontos 2min37s46 Ouro Futebol de 5 (para cegos) X X 1ª Fase 4x0 Coréia 4x0 França 3x0 Espanha 2x0 Argentina 1x0 Grécia Final 0x0 Argentina (3x2 na decisão por pênaltis) Ouro Judô X X Prata Judô X X Prata Natação 50m costas 1500m rasos 200m rasos 100m peito Revezamento 4x50m livre Até 48kg Até 73kg S4 51s51 Prata T12 3min54s06 Prata T11 25s60 Prata SB4 1min48s33 Prata X 2min32s34 Prata T12 15min00s80 Prata X 1a Fase Prata Odair Ferreira dos Santos Ádria Santos Atletismo Ivanildo Vasconcelos Clodoaldo Silva. Jean Adriano.000m rasos X Judô 4x0 EUA 6x1 Holanda 2x1 Rússia Semifinal 4x1 Argentina Final 1x4 Ucrânia 100m rasos 400m rasos 800m rasos X T13 11s06 Prata T12 57s46 Prata T13 1min56s81 Prata Até X 57kg Bronze 71 . Luis Silva e Adriano Lima Odair Ferreira dos Santos Adriano Biggi. Marcos Ferreira (goleiro). Marcos Willian. Flávio Dino. 000m rasos T46 15min02s09 Bronze Atletismo Natação 200m rasos 100m rasos .Manual de Orientação para Professores de Educação Física Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Maria José Alves (Zezé) Maria José Alves (Zezé) Francisco Avelino Atenas 2004 Atenas 2004 Atenas 2004 Terezinha Guilhermina Odair dos Santos Ozivam Bonfim 72 Atletismo T12 26s20 Bronze T12 12s70 Bronze SB4 1min49s37 Bronze Atletismo 100m nado peito 400m rasos T12 57s52 Bronze Atletismo 800m rasos T12 1min54s08 Bronze Atletismo 5. Manual de Orientação para os Professores de Educação Física www.br Introdução ao Movimento Paraolímpico .cpb.org.
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.